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Numero do processo: 10380.006732/2010-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2005 a 31/12/2006
CERCEAMENTO DE DEFESA
Não se configura cerceamento de defesa a impossibilidade de dilação do prazo de defesa, posto que a matéria vem regulada em lei.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. DILAÇÃO DE PRAZOS LEGAIS. É cediço que à Administração Pública só é lícito fazer o que a lei autoriza. Assim, não lhe compete alargar prazo legal se o contribuinte não demonstra a incidência de qualquer exceção normativa que autorize a prática a destempo. Inteligência do artigo 5°, II, da CF; e artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235/72.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BASE IMPONÍVEL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
O art. 195, I, a, da CF, estipula os limites constitucionais do fato gerador das contribuições previdenciárias da empresa, determinando que incidam sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados.
No que se refere à contribuição dos segurados, a Constituição não faz qualquer menção aos seus contornos básicos (art. 195, II), exceto quando estipula no § 11 do art. 201 que os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BASE IMPONÍVEL. LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA.
Dentro dos parâmetros constitucionais estabelecidos, a Lei n° 8.212/1991, em seu art. 11, delimitou a base de cálculo da contribuição das empresas, a qual incide sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço (parágrafo único, alínea a) e dos trabalhadores, que, por sua vez, incide, sobre o seu salário-de-contribuição (parágrafo único, alínea b).
REMUNERAÇÃO. SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. ABRANGÊNCIA CONCEITUAL E LEGISLATIVA.
O conceito de remuneração permite à legislação abarcar rubricas como vencimento, soldo, subsídios, pro-labore, honorários ou qualquer outra espécie de retribuição que remunere, de sorte a englobar, nos exatos limites da Lei n° 8.212/91, não só a contraprestação (trabalho efetivamente prestado) e a disponibilidade (tempo à disposição), como também quaisquer outras obrigações decorrentes da relação de trabalho, inclusive as interrupções remuneradas do contrato de trabalho e outras conquistas sociais, ressalvadas as regras de inclusão, exclusão e limites descritos nos parágrafos do artigo 28 da Lei n° 8.212/91.
Quanto ao conceito de salário-de-contribuição para empregados e avulsos, a Lei n° 8.212/91 foi generosa em termos extensivos, definindo-o como a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho (art. 28 da Lei n° 8.212/91), ressalvadas, igualmente, as regras de inclusão, exclusão e limites descritos nos parágrafos do artigo 28 da Lei n° 8.212/91.
VERBAS INDENIZATÓRIAS. QUINZE PRIMEIROS DIAS DO AFASTAMENTO POR AUXÍLIO-DOENÇA.
Diante da moldura constitucional e em razão da amplitude conceitual e legislativa dos conceitos de remuneração e salário-de-contribuição, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxílio-doença ou auxílio-acidente (art. 60, § 3°, da Lei n° 8.213/91), temos típica hipótese de interrupção do contrato de trabalho, razão pela qual, a despeito de inexistir prestação de serviço, há remuneração e, havendo remuneração paga, devida ou creditada, há incidência de contribuições previdenciárias.
RECURSOS REPETITIVOS. SISTEMÁTICA DO ART. 543 DO CPC. VINCULAÇÃO. ART. 62-A DO RICARF. DECISÕES NÃO TRANSITADAS EM JULGADO.
O STJ, no REsp 1.230.957, julgado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil (recurso repetitivo), estabeleceu a não incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração (i) nos 15 dias anteriores à concessão de auxílio-doença, (ii) do terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas; e (iii) do aviso prévio indenizado.
Todavia, a vinculação de Conselheiro ao quanto decidido na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C do CPC somente ocorre quanto às decisões definitivas de mérito (art. 62-A, do RICARF), o que somente ocorre com o trânsito em julgado das decisões. Em sentido semelhante, são os argumentos contidos na Nota/PGFN/CRJ/N° 640/2014.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.400
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento relativo às contribuições descontadas da remuneração dos servidores comissionados, temporários, agentes políticos e contribuintes individuais. Vencidos na votação os Conselheiros Fábio Pallaretti Calcini, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que os valores pagos nos primeiros quinze dias do auxílio-acidente não integram o salário de contribuição.
(assinado digitalmente)
LIEGE LACROIX THOMASI Presidente
(assinado digitalmente)
ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e André Luís Mársico Lombardi.
Nome do relator: Relator André Luís Mársico Lombardi
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No que se refere à contribuição dos segurados, a Constituição “não faz qualquer menção aos seus contornos básicos (art. 195, II), exceto quando estipula no § 11 do art. 201 que os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 67 32 /2 01 0- 10 Fl. 150DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 2 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BASE IMPONÍVEL. LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA. Dentro dos parâmetros constitucionais estabelecidos, a Lei n° 8.212/1991, em seu art. 11, delimitou a base de cálculo da contribuição das empresas, a qual incide sobre a “remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço” (parágrafo único, alínea a) e dos trabalhadores, que, por sua vez, incide, sobre o seu “saláriodecontribuição” (parágrafo único, alínea b). REMUNERAÇÃO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. ABRANGÊNCIA CONCEITUAL E LEGISLATIVA. O conceito de remuneração permite à legislação abarcar rubricas como vencimento, soldo, subsídios, prolabore, honorários ou qualquer outra espécie de retribuição que “remunere”, de sorte a englobar, nos exatos limites da Lei n° 8.212/91, não só a contraprestação (trabalho efetivamente prestado) e a disponibilidade (tempo à disposição”), como também quaisquer outras obrigações decorrentes da relação de trabalho, inclusive as interrupções remuneradas do contrato de trabalho e outras conquistas sociais, ressalvadas as regras de inclusão, exclusão e limites descritos nos parágrafos do artigo 28 da Lei n° 8.212/91. Quanto ao conceito de saláriodecontribuição para empregados e avulsos, a Lei n° 8.212/91 foi generosa em termos extensivos, definindoo como a remuneração auferida, “assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho” (art. 28 da Lei n° 8.212/91), ressalvadas, igualmente, as regras de inclusão, exclusão e limites descritos nos parágrafos do artigo 28 da Lei n° 8.212/91. VERBAS “INDENIZATÓRIAS. QUINZE PRIMEIROS DIAS DO AFASTAMENTO POR AUXÍLIODOENÇA. Diante da moldura constitucional e em razão da amplitude conceitual e legislativa dos conceitos de remuneração e saláriodecontribuição, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxíliodoença ou auxílioacidente (art. 60, § 3°, da Lei n° 8.213/91), temos típica hipótese de interrupção do contrato de trabalho, razão pela qual, a despeito de inexistir prestação de serviço, há remuneração e, havendo remuneração paga, devida ou creditada, há incidência de contribuições previdenciárias. RECURSOS REPETITIVOS. SISTEMÁTICA DO ART. 543 DO CPC. VINCULAÇÃO. ART. 62A DO RICARF. DECISÕES NÃO TRANSITADAS EM JULGADO. O STJ, no REsp 1.230.957, julgado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil (recurso repetitivo), estabeleceu a não incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração (i) nos 15 dias anteriores à concessão de auxíliodoença, (ii) do terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas; e (iii) do aviso prévio indenizado. Todavia, a vinculação de Conselheiro ao quanto decidido na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do CPC somente ocorre quanto às decisões definitivas de mérito (art. 62A, do RICARF), o que somente ocorre com o trânsito em julgado das decisões. Em sentido semelhante, são os argumentos contidos na Nota/PGFN/CRJ/N° 640/2014. Recurso Voluntário Negado Fl. 151DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10380.006732/201010 Acórdão n.º 2302003.400 S2C3T2 Fl. 151 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento relativo às contribuições descontadas da remuneração dos servidores comissionados, temporários, agentes políticos e contribuintes individuais. Vencidos na votação os Conselheiros Fábio Pallaretti Calcini, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que os valores pagos nos primeiros quinze dias do auxílioacidente não integram o salário de contribuição. (assinado digitalmente) LIEGE LACROIX THOMASI – Presidente (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e André Luís Mársico Lombardi. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação da recorrente, mantendo o crédito tributário lançado. Adotamos trechos do relatório do acórdão do órgão a quo (fls. 116 e seguintes), que bem resumem o quanto consta dos autos: Tratase de processo de Auto de Infração de obrigação principal, DEBCAD 37.281.8072, no valor de R$ 2.893.946,32 (dois milhões, oitocentos e noventa e três mil, novecentos e quarenta e seis reais e trinta e dois centavos), recebido pessoalmente pelo sujeito passivo em 26/05/2010, relativo às contribuições sociais dos segurados, destinadas à Seguridade Social, incidentes sobre a folha de pagamento de servidores comissionados, temporários, agentes políticos e contribuintes individuais, descontadas pelo órgão público, no período de 04/2005 a 12/2006. Do Relatório Fiscal, fls. 55/60, extraemse os excertos abaixo: DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS EM RELAÇÃO À FOLHA DE PAGAMENTO GERAL APRESENTADA EM RESUMO a) O órgão apresentou sua folha de pagamento em resumo de todo o período da auditoria (04/2005 a 12/2006 e 13°salário de 2005 e 2006); b) A auditoria solicitou no termo inicial e em termo específico datado de 04/05/2010 que o órgão apresentasse relatório extraído do sistema de folha de pagamento que indicasse, para cada código de verba da folha, a sua incidência tributária, com vistas a averiguar quais as verbas tributáveis e as não tributáveis. Tal relatório não foi apresentado; c) Mesmo sem essa informação, a auditoria procurou avaliar pelo título do código de verba a sua incidência para a contribuição previdenciária. Partindo do valor bruto da folha de pagamento, deduziu todas as verbas que, segundo sua ótica, seriam verbas não incidentes, chegando, assim, ao valor BASE DE CÁLCULO da contribuição previdenciária de cada competência. Em anexo, relação dos códigos para os quais a auditoria atribuiu a condição de não incidente ou de valor dedutível do bruto da folha de pagamento. Neste caso, foi lançada a diferença encontrada entre a base de cálculo da folha de pagamento e a base de cálculo declarada pela empresa em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP). O Relatório Fiscal continua: EM RELAÇÃO A DIÁRIAS QUE EXCEDERAM A 50% DA REMUNERAÇÃO Fl. 153DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10380.006732/201010 Acórdão n.º 2302003.400 S2C3T2 Fl. 152 5 a) A auditoria apurou os valores pagos de diárias na contabilidade do órgão e intimou para apresentação de relatório que demonstrasse o montante das diárias pagas em comparação com a remuneração de cada trabalhador e tal relatório não foi apresentado. Neste caso, o valor integral da rubrica foi considerado base de cálculo da contribuição previdenciária, tendo sido a contribuição do segurado apurada à alíquota mínima. Continua o Relatório Fiscal: EM RELAÇÃO AO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL a) A auditoria apurou os valores liquidados para contribuintes individuais das categorias de autônomos e transportadores autônomos na contabilidade do órgão, uma vez que estes não foram incluídos na folha de pagamento do órgão, tampouco foi apresentada folha de pagamento específica para tais segurados. c) Quanto à contribuição do segurado, a auditoria calculou a contribuição de cada trabalhador pela alíquota de 11% (onze por cento) sobre a remuneração do autônomo e 11% (onze por cento) sobre 20%> (vinte por cento) da remuneração do transportador autônomo, sempre limitandose ao teto de contribuições: d) Apurouse também na contabilidade o valor descontado desses segurados, observandose que esse desconto não foi realizado para todos os pagamentos. A auditoria deu tratamento de valor descontado para o que foi efetivamente descontado e para a diferença entre o devido e o descontado, o tratamento foi de valor não descontado. Neste caso, também foi lançada a diferença encontrada entre a base de cálculo apurada e a base de cálculo declarada pela empresa em GFIP. Tratase, enfim, de apropriação indébita previdenciária, tendo em vista que houve o desconto da contribuição do segurado, sem o respectivo recolhimento. Os elementos que serviram de base para o presente lançamento foram folhas de pagamento e lançamentos contábeis. (...) (grifos nossos) Cientificada dos lançamentos constantes dos presentes autos, a recorrente apresentou defesa que, como afirmado, foi julgada improcedente. Novamente cientificada, apresentou o seu recurso, no qual alega, em síntese: * o relatório fiscal não é claro, quando expressa que os fundamentos legais do débito estão em outro relatório anexo, composto de duas páginas, contendo uma imensidão de referências legais, o que torna impossível uma defesa melhor. Alega cerceamento de seu direito de defesa ainda por considerar exíguo o prazo de trinta dias para apresentação de impugnação, Fl. 154DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 6 especialmente por terem sido lavradas várias autuações na mesma ação fiscal. * o fisco deveria ter compensado de ofício os recolhimentos indevidos de contribuições incidentes sobre a remuneração dos exercentes de mandato eletivo, para fatos geradores até 18/09/2004; * indevida utilização da taxa Selic; * cobrança indevida sobre os salários pagos nos quinze primeiros dias de afastamento do trabalhador; * em 2001, o município teria assinado termo de parcelamento autorizando o INSS a efetuar retenção diretamente do Fundo de Participação dos Municípios; * os valores recolhidos devem ser apropriados inicialmente para a obrigação dos segurados e só depois para as obrigações patronais, a fim de se evitar a apropriação indébita; * as bases de cálculo do lançamento foram extraídas de diversas fontes, dentre elas "apurado na contabilidade do Município, com base nos arquivos digitais do Sistema de Informações Municipais SIM", o qual informa os pagamentos em sua totalidade, sem discriminar material e mão de obra, de forma que tais valores não poderiam ter sido usados integralmente. Aos autos foram indevidamente encaminhados à Primeira Seção de Julgamento deste Conselho, sendo que a 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, no Acórdão 1103 000.863, declinou competência para esta Segunda Seção. É o relatório. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10380.006732/201010 Acórdão n.º 2302003.400 S2C3T2 Fl. 153 7 Voto Conselheiro Relator André Luís Mársico Lombardi Cerceamento de defesa. Em que pese a recorrente afirmar que falta clareza ao relatório fiscal quanto à fundamentação da autuação e por confundir empresas prestadoras de serviço e pessoas físicas, verificase que, conforme explicitado no Relatório Fiscal, os fundamentos legais do débito estão relacionados minuciosamente, por rubrica e por período, no anexo Fundamentos Legais do Débito, às fls. 47/48, que integra o Auto de Infração. Da mesma forma, na planilha de fl. 120 do processo principal n° 37.281.8064 (10380.006731/201075) estão relacionados, por competência, os segurados contribuintes individuais, transportadores autônomos, o número da nota de empenho e o valor utilizado na apuração do frete e. na planilha de fls. 121/171 do processo principal, estão relacionados, por competência, os contribuintes individuais pessoas físicas, o número da nota de empenho e o valor devido à Seguridade Social, entre outras informações. Os lançamentos fiscais estão constituídos por uma diversidade de Termos, Relatórios e Discriminativos, sendo certo que a captação e compreensão das condições de contorno que individualizam e modelam a exação exigida decorrem não de um único relatório, mas, sim, da interpretação conjunta, sistemática e teleológica de todos os documentos que integram o lançamento de ofício, apreciados à luz da legislação de regência. Desta forma, considerando a discriminação tanto dos fundamentos legais do débito, quanto a identificação dos segurados, não há que se falar em falta de clareza e cerceamento do direito de defesa do contribuinte. O direito ao contraditório também foi observado, uma vez que o município teve a oportunidade de se manifestar através da impugnação e do recurso. A alegação de que foi entregue somente o Discriminativo de Débito não pode prosperar, uma vez que da folha de rosto da autuação consta a indicação dos relatórios entregues e o Procurador Geral do Município declarou ter sido cientificado do Auto de Infração e seus anexos, dos quais recebeu a 2a via, conforme se verifica à fls. 1. Finalmente, quanto à exigüidade do prazo concedido para apresentação de defesa, cabe esclarecer que o prazo de trinta dias está previsto no art. 15 do Decreto 70.235, de 1972, o qual rege o processo administrativo fiscal. Com efeito, é cediço que à Administração Pública só é lícito fazer o que a lei autoriza. Assim, não lhe compete alargar prazo legal se o contribuinte não demonstra a incidência de qualquer exceção normativa que autorize a prática a destempo (artigo 5°, II, da CF; e artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235/72). Assim, concluise que, incontestavelmente, o lançamento encontrase revestido de todas as formalidades exigidas por lei, dele constando diversos relatórios e termos, tendo sido o sujeito passivo cientificado de todas as decisões de relevo exaradas no curso do presente feito, restando garantido, por conseguinte, o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Inexiste, portanto, qualquer óbice procedimental da parte da fiscalização. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 8 Taxa Selic. Multa. Alega a recorrente a ilegalidade de juros equivalentes à Taxa Selic. Especificamente quanto à aplicação da Taxa Selic como juros moratórios temse a Súmula CARF n° 4: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, não há qualquer viabilidade jurídica para o acatamento, por esta instância recursal, do pleito da recorrente. Quanto à multa, cumpre destacar que não foi aplicada multa, conforme se verifica na folha de rosto da autuação, tendo em vista se tratar de órgão público e de período anterior a 02/2007. Quinze Primeiros Dias. AuxílioDoença. Verbas “Indenizatórias”. Para o enfrentamento da questão relativa à incidência ou não de contribuição previdenciária sobre os valores pagos nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxíliodoença ou auxílioacidente, é preciso investigar sobre os limites de incidência das contribuições previdenciárias. Vejamos. A base de cálculo das contribuições previdenciárias está definida no art. 28 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, que estabelece o conceito de saláriodecontribuição e discrimina as verbas que sofrem ou não a incidência da contribuição previdenciária. Em que pese os limites estabelecidos para a análise da inconstitucionalidade de lei no âmbito administrativo (Súmula CARF n° 2 e art. 62 do RICARF), não se pode dizer que o art. 28 tenha extrapolado os lindes normativos definidos pela Constituição Federal. Com efeito, conforme já observamos em nossa dissertação de mestrado, “o art. 195, I, a, da CF, estipula os limites constitucionais do fato gerador das contribuições previdenciárias da empresa, determinando que incidam sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados”.1 No que se refere à contribuição dos segurados, a Constituição “não faz qualquer menção aos seus contornos básicos (art. 195, II), exceto quando estipula no § 11 do art. 201 que os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. De tal referência extraise apenas o elemento da base de cálculo”.2 Assim, podese concluir que, fora destes limites da base imponível do tributo “folha de salários”, “demais rendimentos” e “ganhos habituais”, sendo que este último não deixa de ser “rendimento” , “a lei não pode estabelecer a incidência, salvo mediante a 1 A importância da execução de ofício das contribuições previdenciárias no processo do trabalho. 2012. Dissertação (Mestrado em Direito), USP, São Paulo, p. 54. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2138/tde05122012162954/ptbr.phpest. Acesso em 19/06/2014. 2 Idem p. 57. Fl. 157DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10380.006732/201010 Acórdão n.º 2302003.400 S2C3T2 Fl. 154 9 instituição de nova fonte de custeio por lei complementar, conforme determinação do art. 195, § 4º, da CF”. 3 E, dentro dos mencionados parâmetros constitucionais, a Lei n° 8.212/1991, em seu art. 11, delimitou a base de cálculo da contribuição das empresas, a qual incide sobre a “remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço” (parágrafo único, alínea a) e dos trabalhadores, que, por sua vez, incide, sobre o seu “saláriodecontribuição” (parágrafo único, alínea b). Portanto, temos que adentrar na análise da lei previdenciária para definir o conceito de “remuneração” e de “saláriodecontribuição”. Entendemos que remuneração “pode ainda abarcar os conceitos de vencimento, soldo, subsídios, prólabore, honorários ou qualquer outra espécie de retribuição que “remunere”4, de sorte a englobar, nos limites da Lei n° 8.212/91, não só a contraprestação (trabalho efetivamente prestado) e a disponibilidade (tempo à disposição”), como também outras obrigações decorrentes da relação de trabalho, inclusive as interrupções remuneradas do contrato de trabalho e outras conquistas sociais. Quanto ao conceito de saláriodecontribuição para empregados e avulsos, a Lei n° 8.212/91 foi generosa em termos extensivos, definindoo como a remuneração auferida, “assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho” (art. 28 da Lei n° 8.212/91). Notese que a Lei não falou em “contraprestação” (uma prestação por outra), mas sim em “retribuição”, ressoando a crítica da doutrina trabalhista quanto à definição de salário contida no art. 457 da CLT, que faz uso da expressão “contraprestação” ao invés de “retribuição”. Daí Alice Monteiro de Barros afirmar que: preferimos conceituar o salário como a retribuição devida e paga diretamente pelo empregador ao empregado, de forma habitual, não só pelos serviços prestados, mas pelo fato de se encontrar à disposição daquele, por força do contrato de trabalho. Como o contrato é sinalagmático no conjunto e não prestação por prestação, essa sua característica justifica o pagamento do salário nos casos de afastamento do empregado por férias, descanso semanal, intervalos remunerados, enfim, nas hipóteses de interrupção do contrato. (Curso de direito do trabalho. 7ª ed., São Paulo: LTr, 2011, p. 591) Assim, verificase que, quanto ao segurado empregado e avulso, o conceito legal estabelecido é amplo, de forma a abarcar todo e qualquer título que sirva para retribuir a prestação de serviços. Todavia, é preciso ressaltar que a base de cálculo é apurada mediante o cotejamento dos conceitos supradescritos com as regras de inclusão, exclusão e limites descritos nos parágrafos do mesmo artigo, os quais não serão examinadas no presente estudo. Todas essas regras valem também para a formação da base de cálculo da contribuição das empresas, que é a “remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço” (parágrafo único, alínea a, do art. 11 da Lei n° 8.212/1991, bem como art. 22, I e II, da mesma lei). 3 Idem p. 68. 4 Ibidem p. 69 e seguintes. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 10 Assim, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por auxílio doença ou auxílioacidente (art. 60, § 3°, da Lei n° 8.213/91), temos típica hipótese de interrupção do contrato de trabalho, razão pela qual, a despeito de inexistir prestação de serviço, há remuneração e, havendo remuneração paga, devida ou creditada, há incidência de contribuições previdenciárias. Notese que não se desconhece a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1.230.957, na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil (recurso repetitivo), que estabeleceu a não incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração (i) nos 15 dias anteriores à concessão de auxíliodoença, (ii) do terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas; e (iii) do aviso prévio indenizado. Ocorre que este relator opta por manter o seu entendimento quanto à base imponível do salário decontribuição, tendo em vista não estar ainda vinculado ao decisório, posto que não se trata de decisão definitiva de mérito (art. 62A, do RICARF). Em sentido semelhante, são os argumentos contidos na Nota/PGFN/CRJ/N° 640/2014, cuja ementa é: Art. 19 da Lei nº 10.522/2002. Pareceres PGFN/CRJ nº 492/2010; PGFN/CRJ nº 492/2011; PGFN/CDA nº 2025/2011; PGFN/CRJ/CDA nº 396/2013. Portaria PGFN nº 294/2010. Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014. Recurso Especial nº 1.230.957/RS. Recurso representativo de controvérsia. Processo submetido à sistemática do artigo 543C do CPC Nota Explicativa para delimitação da matéria decidida e esclarecimentos acerca da aplicação do julgado. Nãoinclusão do tema em lista de dispensa de contestar e recorrer. Sendo assim, entendo que o lançamento deve ser mantido quanto à suposta incidência de contribuição previdenciária sobre a rubrica contestada pela recorrente. Informações. SIM. Quanto à impossibilidade de utilização das informações contidas no SIM, devese esclarecer que, de acordo com o item 4 do relatório fiscal, as remunerações dos segurados foram obtidas das folhas de pagamento e de lançamentos contábeis do órgão público. Compensações. A recorrente alega que, no lançamento, a autoridade fiscal deveria ter efetuado a compensação das contribuições apuradas com as devidas sobre a remuneração dos exercentes de mandato eletivo. Devese esclarecer que a compensação das referidas contribuições é um procedimento facilitado ao contribuinte, nos termos do art. 6° da mencionada IN SRP n° 15, de 2006, o qual deve seguir rito próprio, não podendo a autoridade administrativa realizálo de ofício por ocasião da constituição do crédito tributário, por falta de previsão legal. Ademais, cabe esclarecer que a glosa de compensação foi efetuada não por ter o município deixado de solicitar a referida compensação ao órgão competente, como argui a Fl. 159DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10380.006732/201010 Acórdão n.º 2302003.400 S2C3T2 Fl. 155 11 recorrente, mas por não ter apresentado a memória de cálculo, explicitando a origem e a apuração dos valores compensados. FPM. Quanto à retenção do FPM, alardeada pelo recorrente, então prevista no art. 38 da Lei n° 8.212, de 1991, revogado pela Lei n° 11.941, de 2009, cumpre esclarecer que tratavase de retenção de valores objeto de acordo para pagamento parcelado, o que não é o caso das contribuições apuradas no presente lançamento, que sequer foram consideradas bases de cálculo pelo recorrente. Ressaltese que, nos termos do inciso IV do art. 32 da Lei n° 8.212, de 1991, é obrigação da empresa, e não do INSS, declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS. Apropriação. Ao contrário do alegado pela recorrente, os valores espontaneamente recolhidos pelo município foram apropriados, inicialmente, aos valores declarados em GFIP e, em seguida, aos valores da contribuição dos segurados empregados e contribuintes individuais descontados pelo órgão e não declarados. Depois, os recolhimentos remanescentes foram apropriados à contribuição dos segurados não descontada e às contribuições patronais, conforme se verifica no Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados (RADA), fls.41/46, na ordem Prioridade utilizada (A, 1, 2, 3). Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Fl. 160DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI
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Numero do processo: 16561.720188/2012-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 16 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA.
IN SRF 243/02. PROPORCIONALIZAÇÃO. LEGALIDADE.
A proporcionalização determinada pelos incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 é uma interpretação razoável e que não desborda dos parâmetros hermenêuticos do art. 18, II, da Lei 9.430/96.
ACONDICIONAMENTO PARA FINS COMERCIAIS. PRL 60. APLICÁVEL.
As operações que se restringem ao acondicionamento para fins comerciais e aposição de marca se enquadram no conceito legal de industrialização, pois, inegavelmente, há agregação de valor ao produto, razão pela qual, correta a aplicação do PRL60. Apenas o acondicionamento feito unicamente com o propósito de facilitar o transporte do produto fica afastado do conceito de industrialização.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratando-se da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada sobre o lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A melhor exegese do caput do art. 30 da Lei n° 10.522/02 leva à conclusão de que tal dispositivo é aplicável aos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, razão pela qual, incidem juros de mora calculados pela taxa Selic sobre as multas de ofício ad valorem.
Numero da decisão: 1302-001.585
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Leonardo Marques.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto, Leonardo Marques, Eduardo Andrade, Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Waldir Rocha.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. IN SRF 243/02. PROPORCIONALIZAÇÃO. LEGALIDADE. A proporcionalização determinada pelos incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 é uma interpretação razoável e que não desborda dos parâmetros hermenêuticos do art. 18, II, da Lei 9.430/96. ACONDICIONAMENTO PARA FINS COMERCIAIS. PRL 60. APLICÁVEL. As operações que se restringem ao acondicionamento para fins comerciais e aposição de marca se enquadram no conceito legal de industrialização, pois, inegavelmente, há agregação de valor ao produto, razão pela qual, correta a aplicação do PRL60. Apenas o acondicionamento feito unicamente com o propósito de facilitar o transporte do produto fica afastado do conceito de industrialização. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratando-se da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada sobre o lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A melhor exegese do caput do art. 30 da Lei n° 10.522/02 leva à conclusão de que tal dispositivo é aplicável aos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, razão pela qual, incidem juros de mora calculados pela taxa Selic sobre as multas de ofício ad valorem.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Leonardo Marques. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto, Leonardo Marques, Eduardo Andrade, Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Waldir Rocha.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. IN SRF 243/02. PROPORCIONALIZAÇÃO. LEGALIDADE. A proporcionalização determinada pelos incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 é uma interpretação razoável e que não desborda dos parâmetros hermenêuticos do art. 18, II, da Lei 9.430/96. ACONDICIONAMENTO PARA FINS COMERCIAIS. PRL 60. APLICÁVEL. As operações que se restringem ao acondicionamento para fins comerciais e aposição de marca se enquadram no conceito legal de industrialização, pois, inegavelmente, há agregação de valor ao produto, razão pela qual, correta a aplicação do PRL60. Apenas o acondicionamento feito unicamente com o propósito de facilitar o transporte do produto fica afastado do conceito de industrialização. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratandose da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada sobre o lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A melhor exegese do caput do art. 30 da Lei n˚ 10.522/02 leva à conclusão de que tal dispositivo é aplicável aos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, razão pela qual, incidem juros de mora calculados pela taxa Selic sobre as multas de ofício ad valorem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 88 /2 01 2- 32 Fl. 11967DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Leonardo Marques. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto, Leonardo Marques, Eduardo Andrade, Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Waldir Rocha. Relatório Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 1646.911 da 5ª Turma da DRJ/SP1 (doc. a fls. 3900 – vol. XII), cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. AGREGAÇÃO DE VALOR. VEDAÇÃO DE UTILIZAÇÃO DO MÉTODO PRL20. O método do PRL20 não pode ser aplicado nas hipóteses em que haja, no País, agregação de valor ao custo dos bens, não configurando, assim, simples processo de revenda dos mesmos. MÉTODO PRL60. PREÇOS PARÂMETRO. ILEGALIDADE DA INSTRUÇÃO NORMATIVA. Não compete à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. MÉTODO PRL. PREÇO PARÂMETRO. DEDUÇÃO DO PIS E DA COFINS. No método PRL, uma das parcelas a ser deduzida da média aritmética dos preços de revenda para a obtenção do preçoparâmetro são os impostos e contribuições incidentes sobre as vendas (entre eles, o PIS e a COFINS). O benefício previsto no artigo 3º da Lei nº 10.147/2000 consiste, simplesmente, no direito do contribuinte, enquadrado nesse regime especial, de deduzir, do montante devido a título de PIS e COFINS, um crédito presumido, não tendo nenhuma repercussão na apuração dos preços de transferência. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. O cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC tem previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. Quanto à cobrança de juros sobre a multa de ofício, a autoridade julgadora não se manifesta a respeito, pois trata se de aspecto que não faz parte da presente lide. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplicase à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A recorrente, cientificada do Acórdão nº 1646.911 em 19/06/2013 (Termo a fls. 11.907), interpôs, em 11/07/2013 (Termo a fls. 11.908), recurso voluntário (doc. a fls. 11.909), no qual alega as seguintes razões de defesa: Fl. 11968DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16561.720188/201232 Acórdão n.º 1302001.585 S1C3T2 Fl. 11.968 3 a) que a Recorrente é empresa do ramo farmacêutico que, no regular exercício de suas atividades, é contribuinte de diversos tributos, dentre os quais, ao que interessa o presente Recurso Voluntário, do IRPJ e da CSLL; b) que a Recorrente importou determinados medicamentos de empresa a ela vinculada no exterior, sendo que tais medicamentos foram importados: (i) "in bulk" ou "a granel", ou seja, em sua forma acabada, sendo embalados, rotulados e revendidos no Brasil pela Recorrente ou (ii) na forma de princípios ativos, estando sujeitos adição de excipientes no Brasil; c) que, sendo as transações realizadas com pessoa vinculada no exterior, a Recorrente efetuou os cálculos previstos na Lei 9430/96 a fim de que fossem realizados os ajustes de preços de transferência, os quais foram feitos com base no Método Preço de Revenda Menos Lucro PRL, com aplicação de margem de lucro de 20% ("PRL20%") nos casos dos medicamentos importados em sua forma acabada (a granel) ou com aplicação de margem de 60% ("PRL60%); d) que, no decorrer de procedimentos fiscalizatórios com relação a tais importações, entretanto, a autoridade fiscal federal detectou, no que toca às operações praticadas durante o anocalendário de 2008, que: d.1) que a Recorrente teria indevidamente efetuado o cálculo do preço parâmetro de produtos importados para a revenda por meio do PRL20, quando, na verdade, deveria ter utilizado o PRL60, uma vez estarem sujeitos a industrialização; d.2) que, com relação à importação de insumos, sujeita ao método PRL60, a recorrente não teria efetuado o cálculo do preço parâmetro segundo a metodologia prevista na IN SRF 243/02, o que teria reduzido os ajustes tributáveis no período; e d.3) que a recorrente teria deixado de deduzir o valor da Contribuição para o PIS e da COFINS incidentes na revenda interna de produtos importados para fins de cálculo de preçosparâmetro e aplicação de métodos de preços de transferência; e) que, em conseqência destas constatações, a recorrente teve lavrado auto de infração contra si, exigindo a tributação devida em decorrência de tais supostas irregularidades, acrescida de multa de ofício de 75% e juros de mora; f) que, impugnada a autuação, a DRJ negoulhe provimento; g) quanto à ilegalidade da IN 243/02 – “agregação de valor”: g.1) que o parágrafo 9º do art. 12 da IN 243/02 inova ao limitar a aplicação do PRL20 às situações em não haja agregação de valor aos bens importados, pois o conceito de “agregação de valor”não está previsto na lei; g.2) que todo produto importado acaba por ter, em algum nível, agregação de valor no Brasil; g.3) que, de acordo com o art. 18 da Lei 9.430/96, diferentemente do conceito de agregação de valor trazido pela IN 243/02, o PRL60 será obrigatório somente quando os bens importados forem aplicados à produção; g.4) que produção significa a transformação de um bem em outro, pois o termo utilizado na Lei 9.430/96 é produção e, não, industrialização; g.5) que de acordo com o art. 6º, § 2º, do Decreto 2.637/98, o conceito de acondicionamento ou reacondicionamento será restrito apenas a processos atrelados ao transporte da mercadoria, exceto quando sua natureza e as características do rótulo atendam, apenas, a exigências técnicas ou outras constantes de leis e atos administrativos – isto é, exatamente o caso da recorrente, que, conforme destacado no item anterior, é sujeita a exigências legais com relação aos rótulos e embalagens dos medicamentos que importa e Fl. 11969DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 4 revende; g.6) que a COSIT, na Solução de Consulta nº 9, publicado em 6 de junho de 2003, assim se manifestou: “Para efeito de determinação do preço de transferência, é vedada a aplicação do Método do Preço de Revena menos Lucro (PRL), com margem de lucro de vinte por cento, às operações que se enquadram no conceito de produção de outro bem, assim entendidas aquelas em que haja alteração de bem importado, que envolva transformação ou agregação de seu valor, para posterior comercialização no mercado nacional. Em tais operações, é admitido o uso de qualquer dos seguintes métodos: Preços de Revenda menos Lucro (PRL) – com margem de lucro de sessenta por cento ; Custo de Produção mais Lucro (CPL); Preços Independentes Comparados (PIC).” h) quanto à ilegalidade da IN 243/02 – “método de cálculo do PRL”: h.1) que a sistemática da IN 243/02 claramente não segue os parâmetros estabelecidos pelo art. 18, II, da Lei 9430/96 e provoca um aumento substancial no valor dos ajustes tributáveis, introduzindo uma série de elementos no cálculo do PRL 60% que sequer se interpretam do artigo 18, II, da Lei 9.430/96; h.2) que a margem de lucro de 60%, nos termos da IN 243/02, deve ser aplicada somente sobre o valor da participação do bem importado sobre o preço líquido de venda, e não sobre o preço líquido de venda total, como determina a Lei 9.430/96; h.3) que, por meio da proporcionalização prevista na IN 243/02, o desconto do valor agregado não se faz na apuração da margem de lucro (como propõe a alínea do inciso II do artigo 18 da Lei 9.430/96), mas sim diretamente do preço liquido de venda, como se o valor agregado fosse equivalente aos descontos, impostos e comissões, previstos nas alíneas 'a', 'b' e 'c' do artigo 18, II, da Lei 9.430/96; h.4) que as alterações havidas na sistemática de cálculo do PRL implica justamente mudança na determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, tornandoos mais onerosos, logo, tal alteração sópoderia ser implementada por lei e, não, por meio de instrução normativa; h.5) que a MP 478/09 e a Lei 12.715/12 tiveram, ambas, o intuito de tornar legal a forma de cálculo prevista ple a IN 243/02, logo, são importantes indicativos da ilegalidade da IN 243/02 e, por consequência, do presente lançamento, realizado com base nessas disposições; i) quanto à dedução de PIS e COFINS do preçoparâmetro: i.1) que o valor a ser deduzido do preço parâmetro para tais produtos é nulo, tendo em vista que eles são sujeitos ao regime introduzido pela Lei 10.147/00, que concede créditos presumidos de PIS e Cofins sobre a receita bruta decorrente da venda de tais produtos mediante a aplicação das mesmas alíquotas de PIS e Cofins incidentes nestas operações – isto é, 2,1% e 9,9%, respectivamente; i.2) que tal crédito presumido é concedido justamente com o objetivo de assegurar a repercussão nos preços da redução da carga tributária, nos termos do art. 3º da Lei 10147/00, ou seja, referido regime especial tem por objetivo a redução nos preços dos referidos medicamentos por meio da neutralização da carga de PIS/Cofins em sua venda; i.3) que a existência de crédito presumido, logo, resulta na neutralização Fl. 11970DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16561.720188/201232 Acórdão n.º 1302001.585 S1C3T2 Fl. 11.969 5 da incidência de PIS e COfins nas operações envolvendo estes medicamentos, ou seja, tais créditos fazem com que não haja pagamento de PIS e COfins nas vendas dos medicamentos em questão; i.4) que o STJ se posicionou (REsp nº 1.003.029/RS) no sentido de que seria indevida a incidência de tributos sobre os créditos presumidos, vez que, em se adotando tal procedimento, o resultado seria a neutralização de um benefício fiscal concedido por lei, logo, de maneira análoga, no presente caso a autoridade fiscal autuante, respaldada pelo julgamento em primeira instância, subtraiu do preço parâmetro de determinados bens importados pela recorrente os créditos de PIS e Cofins apurados com base na Lei 10.147/00, incorrendo exatamente naquilo que foi rechaçado no julgamento destacado acima, isto é, a neutralização de um benefício fiscal concedido por lei; i.5) que, ao reduzir o preço parâmetro dos medicamentos em questão, valendose de tributos que não impactam o preço de revenda das mercadorias em análise, as autoridades fiscais federais criaram preços de venda fictícios e significativamente inferiores ao preço de venda efetivamente praticado pela recorrente, dando ensejo a ajustes em completa dissonância à realidade econômica das operações fiscalizadas; j) que, no que se refere aos juros de mora sobre o principal, cabe lembrar que a jurisprudência tem reconhecido a inaplicabilidade da taxa SELIC aos créditos tributários, uma vez que aquela taxa não foi criada por lei para fins tributários; l) que não cabe a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, sob pena de ser caracterizado o agravamento da sanção, o que é inaceitável. É o relatório. Voto Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior. O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por mandatários com poderes para tal, conforme procuração a fls. 11737 e substabelecimento a fls. 11739, razão pela qual dele conheço. DOS PRODUTOS IMPORTADOS A GRANEL No mérito, a primeira questão posta em julgamento reside em saber se o processo de blisterização, embalagem e aposição de marca porque passaram os produtos importados a granel impunha a adoção do PRL60. Primeiramente, saliento que o art. 18, II, d, 1 da Lei 9.430/96 (vigente à época) dispunha que o PRL60 era aplicável em caso de “na hipótese de bens importados aplicados na produção”. Ora, bens aplicados na produção são insumos no processo de industrialização, logo, há que se perquirir se o processamento consistente na blisterização, acondicionamento e aposição de marca podem ser entendido como industrialização segundo o Direito pátrio. O art. 3º, II, da Lei 4.502/64 dispõe que não se considera industrialização o acondicionamento destinado apenas ao transporte do produto. Assim, é nesse sentido que deve ser entendida a resposta dada no “Perguntas e Respostas” da RFB, citado pela recorrente. Fl. 11971DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 6 Apenas o acondicionamento feito unicamente com o propósito de facilitar o transporte do produto fica afastado do conceito de industrialização. Tanto é assim, que o RIPI/10, no seu art. 4º, IV, ao interpretar o art. 3º, II, da Lei nº 4.502/64, dispõe que se considera industrialização a operação que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento). Ora, no presente caso, fica claro que a operação não se restringia ao acondicionamento apenas para o transporte, mesmo porque havia a alteração da apresentação do produto. Ademais, é inegável que a aposição de marca agrega valor ao produto, pois, por exemplo, 50 mg de Citrato de Sildenafil valem menos do que 50 mg de Viagra, ainda que aquele seja o princípio ativo desse, tendo em vista a reputação da marca no mercado. Por último, não há como negar que a blisterização (colocação dos comprimidos em cartelas) também agrega valor ao produto, já que facilita o manuseio e aumenta a segurança contra a violação do produto. Assim, a operação em tela se enquadra no conceito legal de industrialização e inegavelmente agrega valor ao produto, razão pela qual, correta a aplicação do PRL60 para apuração dos ajustes no caso de venda de produtos importados a granel, após sofrerem o processo de blisterização, embalagem e aposição de marca. DA LEGALIDADE DA IN 243/02 A segunda questão posta em julgamento neste Colegiado reside em saber se a metodologia de cálculo do preço parâmetro pelo método PRL60 previsto nos incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 encontra amparo na norma legal de regência, ou seja, no inciso II do art. 18 da Lei nº 9.430/96. Inicialmente, ressalvo que qualquer instrução normativa da Receita Federal que veicule matéria sob reserva legal, na parte em que desbordar da simples literalidade da norma legal de regência, nada mais é do que mera interpretação da administração tributária. Muitas das vezes, as instruções normativas da Receita Federal cumprem, extraordinariamente, a função de consolidar normas legais esparsas, estruturandoas de forma a tornar mais fácil a consulta pelos diversos operadores do Direito Tributário (auditores, advogados, contadores etc). Isso decorre do fato de que as instruções normativas percorrem um trâmite muito mais célere para sua publicação do que os Decretos (diploma apropriado para veicular regulamentos de tributos), o que as torna mais aptas a acompanharem o dinamismo (volatilidade) das leis tributárias. Todavia, a força normativa dos dispositivos da Instrução Normativa como do Decreto, em matéria sob a estrita legalidade (art. 150, I, CF/88), não decorre de tais atos por si só, mas das LEIS que os fundamentam. Assim, tanto o Decreto como a Instrução Normativa só têm força normativa, em matéria sob reserva legal, quando sejam meras transcrições de normas legais em vigor (consolidações de normas legais) ou, quando dispositivos autônomos, estes se enquadrarem nos parâmetros hermenêuticos da norma legal de regência da matéria. Com efeito, a norma jurídica, em matéria sob estrita legalidade, é apenas aquela veiculada por LEI ou Medida Provisória (observados os limites estabelecidos no § 2º do art. 62 da CF/88). Logo, os dispositivos da Instrução Normativa que desbordam da simples literalidade da norma legal não são normas jurídicas, mas meras interpretações da administração tributária, cabendo, assim, ao intérprete verificar se tal exegese encontra amparo na LEI. Tanto é assim, que o Regimento Interno da RFB (Portaria MF nº 203/2012), no inciso II do seu art. 1º dispõe que é finalidade da Receita Federal do Brasil “interpretar e aplicar a Fl. 11972DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16561.720188/201232 Acórdão n.º 1302001.585 S1C3T2 Fl. 11.970 7 legislação tributária, aduaneira, de custeio previdenciário e correlata, editando os atos normativos e as instruções à sua execução”. É verdade que, por força do disposto no art. 13 combinado com o art. 42 da Lei Complementar nº 73/93, este Colegiado é obrigado a observar interpretações exaradas em pareceres da Procuradoria da Fazenda Nacional, quando ratificados pelo Ministro de Estado da Fazenda. Tratase, apenas, de uma regra de competência que não transforma o parecer em norma jurídica, mas apenas em uma interpretação vinculante para os órgãos do Ministério da Fazenda. Da mesma forma, os julgadores da Delegacia de Julgamento da Receita Federal estão vinculados, por uma regra de competência, às interpretações exaradas pelo Secretário da Receita Federal do Brasil, por meio de Atos Declaratórios e Instruções Normativas. Vínculo esse ao qual não está submetido o julgador do CARF, até mesmo porque é função deste Colegiado fazer o juízo de legalidade das interpretações da lei tributária feitas pela RFB. Pelo contrário, as interpretações do CARF é que podem vincular a RFB, uma vez que, por proposta do Presidente do CARF, do Secretário da Receita Federal do Brasil ou do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional ou de Presidente de Confederação representativa de categoria econômica de nível nacional, habilitadas à indicação de conselheiros, o Ministro de Estado da Fazenda poderá atribuir à súmula do CARF efeito vinculante em relação à administração tributária federal (art. 75 do Anexo II da Portaria MF 256/09). Notese, por igual ao já dito, que não se trata de erigir a Súmula CARF à categoria de norma jurídica, mas de mera interpretação da norma tributária vinculante à toda administração. Assim, primeiramente, temos que os incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 não veiculam uma norma jurídica, pois não encontra amparo ipsis litteris no inciso II do art. 18 da Lei nº 9.430/96. Em verdade, os referidos incisos do § 11 são mera interpretação da Receita Federal do disposto no inciso II do art. 18 da Lei 9.430/96, o qual deve ser objeto de juízo de legalidade por parte do julgador deste CARF, mormente por tal questão ser objeto do recurso voluntário. Assim, passo a analisar a questão posta, razão pela qual vale a transcrição dos dispositivos em cotejo: LEI 9.430/96 “Art. 18. Omissis. [..] II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; [..]” Fl. 11973DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 8 IN SRF 243/02 “Art. 12. Omissis. [...] § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV.” Sustenta a recorrente que a margem de lucro de 60%, nos termos da IN 243/02, deve ser aplicada somente sobre o valor da participação do bem importado sobre o preço líquido de venda, e não sobre o preço líquido de venda total, como determina a Lei 9.430/96 e que, por meio da proporcionalização prevista na IN 243/02, o desconto do valor agregado não se faz na apuração da margem de lucro (como propõe a alínea do inciso II do artigo 18 da Lei 9.430/96), mas sim diretamente do preço liquido de venda, como se o valor agregado fosse equivalente aos descontos, impostos e comissões, previstos nas alíneas 'a', 'b' e 'c' do artigo 18, II, da Lei 9.430/96. Ou seja, sustenta a recorrente que o cálculo do preço parâmetro devia seguir a equação abaixo: Preço parâmetro = PLV – 60% (PLV – VA), onde PLV é o preço líquido de venda e VA é o valor agregado no país. Assim, essa linha interpretativa, que foi adotada pela IN SRF 32/01, sustenta que o percentual de 60% deva incidir sobre o preço líquido de revenda já diminuído do valor agregado, o qual entende ser a diferença entre o custo total e o os insumos importados. Essa, certamente, não é a melhor exegese, pois, concordo com o Ilustre Conselheiro João Thomé, quando sustentou que: “Portanto, em que pese a formulação do texto legal, quanto à sua disposição nas alíneas e itens, do inciso II do artigo 18 da Lei nº 9.430/96, não tenha atendido à melhor técnica legislativa, o fato é que as regras de concordância da língua portuguesa levam à conclusão de que a segunda parte do item 1 (‘e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção’) exerce a função, em verdade, de uma alínea à parte, dissociada do cálculo da margem de Fl. 11974DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16561.720188/201232 Acórdão n.º 1302001.585 S1C3T2 Fl. 11.971 9 lucro, i.e., consta ali como se se tratasse de uma alínea ‘e’, aplicável, contudo, somente no caso de bens importados aplicados à produção, mas não às demais hipóteses” (trecho da declaração de voto no Acórdão nº 110200.419, conforme transcrição em Preços de Transferência no Direito Tributário Brasileiro, 3ª ed., ed. Dialética, p. 254, obra de Luís Eduardo Schoueri). Ademais, por essa interpretação, o inciso II do art. 18 da Lei nº 9.430/96 levaria ao mesmo preço parâmetro para os diversos insumos importados que compussessem o produto vendido, já que não leva em conta, nos cálculos, a participação do custo unitário de cada insumo importado no custo total. Isso também torna a norma inócua toda vez que a participação do insumo importado no custo total não for majoritária, o que não significa, em absoluto, que não se possa transferir lucros para coligadas no exterior por meio de superfaturamento em importação de insumos de menor participação no custo total do produto. A título ilustrativo, vejamos que, se o preço líquido de venda for, no mínimo, 60% superior ao custo total, desde que o custo do insumo importado não ultrapasse 40% do custo total, não haverá ajuste de preços de transferência. Por exemplo, desde que o preço líquido de venda do automóvel seja, no mínimo, 60% superior ao custo total (insumos importados mais valor agregado), os pneus podem ser importados da coligada no exterior por até 40% do custo total do automóvel que nenhum ajuste de preços de transferência seria gerado relativo a este item. Logicamente, que tal exegese não é a melhor, pois ela anula a finalidade da norma, bastando para tal que se manipule apenas esses dois fatores. Importante também lembrar que a norma de preços de transferência não visa conceder benefícios fiscais nem estimular a produção nacional, pois o seu objetivo é apenas impedir a transferência de bases tributárias para outras jurisdições, pelos diversos motivos que levam os contribuintes a fazêlo, inclusive para reduzir carga tributária. O vetusto, mas nunca esquecido, ensinamento de Carlos Maximiliano professava que: “A palavra é um mau veículo do pensamento; por isso, embora de aparência translúcida a forma, não revela todo o conteúdo da lei, resta sempre margem para conceitos e dúvidas; a própria letra nem sempre indica se deve ser entendida à risca, ou aplicada extensivamente; enfim, até mesmo a clareza exterior ilude; sob um só invólucro verbal se conchegam e escondem várias idéias, valores mais amplos e profundos do que os resultantes da simples apreciação literal do texto” (in Hermenêutica e Aplicação do Direito, ed. Forense, 17ª ed., p. 36). Com esse pensamento, afasto também uma segunda linha interpretativa que se contrapõe à do Fisco, a qual se prende ao conteúdo literal (gramatical) do inciso II do art. 18 da Lei 9.430/96, para sustentar que o valor agregado deve ser diminuído do resultado da aplicação do percentual de 60% sobre o preço líquido de venda (PP = PLV – 60% PLV – VA). Ocorre que as duas linhas interpretativas tomam como plenamente definido na norma legal o método de cálculo pelo qual seria excluído o “valor agregado no País” do preço parâmetro, o que não é verdade. Assim, a questão posta reside em saber se da expressão “diminuídos... do valor agregado no país” poderia o exegeta concluir que deveria ser levado em conta, para aplicação do percentual de 60%, a parcela do preço líquido de vendas proporcional à participação do insumo importado sobre o custo total. Entendo que sim, pois a proporcionalização determinada pelos incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 é uma interpretação que atende o critério da: Fl. 11975DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 10 a) razoabilidade, pois é mais conforme com o espírito de uma norma (art. 18, II, da Lei 9.430/96) que visa o controle de preços de transferência na importação, garantindo um tratamento isonômico de contribuintes que se encontrem na mesma situação; b) adequação, pois não cabia ao legislador pormenorizar, em texto de lei, o método de cálculo do preço parâmetro, bastando que desse contornos legais, os quais são observados pela IN 243/02; e c) necessidade, pois retificou a equivocada interpretação dada pela IN SRF 32/01, aperfeiçoando o método de cálculo do PRL60, de forma a permitir o controle de preços de transferência quando mais de um insumo importado estiver compondo o produto final vendido. Vale trazer à colação o seguinte julgado que também sustenta a legalidade da IN SRF 243/02, in verbis: APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL. LEI Nº 9.430/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 243/02. APLICABILIDADE. 1. Caso em que a impetrante pretende apurar o Método de Preço de Revenda menos Lucro PRL, estabelecido na Lei n.º 9.430/96, sem se submeter às disposições da IN/SRF n.º 243/02. 2. Em que pese sejam menos vantajosos para a impetrante, os critérios da Instrução Normativa n. 243/2002 para aplicação do método do Preço de Revenda Menos Lucro (PRL) não subvertem os paradigmas do art. 18 da Lei n. 9.430/1996. 3. Ao considerar o percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido, a IN 243/2002 nada mais está fazendo do que levar em conta o efetivo custo daqueles bens, serviços e direitos na produção do bem, que justificariam a dedução para fins de recolhimento do IRPJ e da CSLL. 4. Apelação improvida. (AMS 17381 Processo nº 2003.61.00.017381 4/SP, TRF/3ª Região). Em razão do exposto, nego provimento ao recurso também nesse ponto. QUANTO À DEDUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DO PIS e DA COFINS DO PREÇO PARÂMETRO Com a devida vênia do patrono, a tese de defesa é carecedora de qualquer fundamento jurídico, pois a Lei 10.147/00 não excluiu a incidência da Contribuição p/o PIS e da Cofins sobre a venda dos produtos em tela, quando realizada por industrial ou importador. Além disso, a Lei 9.430/96 determinava, à época, expressamente, que se excluisse do preço parâmetro os impostos e contribuições incidentes sobre a venda. Ora, a Lei 10.147/00, concedeu apenas um crédito presumido para ser deduzido da Contribuição sobre o PIS e da Cofins devidas, calculadas pela alíquota expressamente, fixada na letra “a”, do inciso I do seu art. 1º, razão pela qual se tais contribuições incidiam sobre a venda, haveriam de ser excluídas do preço de venda, para fins de cálculo do preço parâmetro. Ora, o que se busca com a apuração dos ajustes de preços de transferência é verificar se houve transferência de lucros para empresas vinculadas no exterior. Assim, o legislador previu três métodos facultativos para cálculo do preço parâmetro no caso de ajustes de importação, sendo que o PRL é um método que presume, a partir de margem de lucro prefixada em lei, o preço do produto importado que seria praticado se as operações fossem efetivadas entre partes independentes (arms lenght), ao contrário do PIC e do CPL que apuram efetivamente preços parâmetros reais. Ora, se o PRL é um método presuntivo e facultativo, o Fl. 11976DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16561.720188/201232 Acórdão n.º 1302001.585 S1C3T2 Fl. 11.972 11 cálculo do preço parâmetro deverá observar rigorosamente o que dispõe o art. 18 (dedução dos impostos e contribuições sobre vendas), sob pena de se criar um quarto método presuntivo de apuração do preço parâmetro. Por essas mesmas razões, é totalmente descabida a comparação do caso em tela com a jurisprudência do STJ citada pela recorrente. No caso julgado pelo STJ, o que se discutia era a incidência de PIS e Cofins sobre o crédito presumido de IPI, já o que se discute, nestes autos, é apenas o cálculo do preço parâmetro a partir de um método presuntivo estabelecido em lei. Ou seja, não se discute, neste autos, se deve ou não incidir tributos sobre o crédito presumido estabelecido no art. 3º da Lei 10.147/00, razão pela qual descabida a comparação do presente caso com a citada jurisprudência do STJ. Por essas razões, nego também provimento a esse ponto do recurso. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No que tange a questão da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, renovo o pedido de vênia aos meus pares, para reproduzir, mutatis mutandis, voto que proferi na 1ª Turma da CSRF (acórdão nº 9101001.474), o qual foi acolhido pelo voto de qualidade. De plano, vale analisarmos o art. 161 do CTN, o qual assim dispõe: "Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. ................................................................................................................" Notese que o termo crédito no caput do art. 161 vem desacompanhado do adjetivo "tributário", o que deixa clara a intenção do legislador de, nele, incluir também multas (ad valorem ou específicas). A mesma preocupação teve o legislador nos §§ 1˚ e 3˚ do art. 113 do CTN, pois, ao dispor que a penalidade se converte em obrigação qualificou apenas com o adjetivo principal (obrigação de dar), mas não com o adjetivo "tributário". Com isso, já se desconstitui qualquer argumento de ofensa ao conceito de tributo do art. 3º do CTN. Por sua vez, não procede a alegação de que a expressão "sem prejuízo de outras penalidades cabíveis" levaria à conclusão de que a multa de ofício (punitiva) não estaria contida no termo "crédito". Ora, a referida expressão autoriza o legislador ordinário a criar multas de caráter moratório, pois, da simples leitura do dispositivo, verificase que a penalidade ali tratada tem como causa apenas a impontualidade. Realmente, à luz do caput do art. 161 do CTN não incidem juros de mora sobre multa de mora, logicamente, quando for o caso de sua aplicação. Agora, quanto à multa de ofício, cuja causa não reside na mera impontualidade, esta compõe o crédito devido e, por consequência, sofre a incidência dos juros de mora. Assim sendo, em caso de vazio normativo, incidirá, por força do § 1˚ do art. 161, juros de mora à taxa de 1% a.m.. Cabe, então, agora, verificarmos se a matéria foi realmente disciplinada no art. 30 da Lei n˚ 10.522/02. Para tanto, trago à colação tanto o art. 30 como o dispositivo a que ele se remete, in verbis: Fl. 11977DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 12 "Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1˚ de janeiro de 1997. § 1° A partir de 1° de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. ................................................................................................................... Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1 de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento.”. Surge de plano uma questão a ser dirimida, qual seja, se a remissão feita, pelo caput do art. 30, aos débitos referidos no art. 29, limitase ou não aos débitos cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994. Ora, a remissão é técnica legislativa que visa abreviar o texto legal, evitando repetições desnecessárias. Todavia, há que ser cuidadosamente analisada, pois não pode levar a uma interpretação desarrazoada, resultante da absorção puramente mecânica e literal de uma norma pela outra. Desarrazoado é aquilo em que não se observa a lógica, a razão, é o despropósito. Logo, fere a lógica concluir que apenas as multas de oficio anteriores a 1995 sofreriam a incidência da taxa SEL1C, enquanto que as multas posteriores sofreriam a incidência de outra taxa de juros. Assim, entendo que a melhor exegese levanos a concluir que a remissão feita pelo caput do art. 30 alcança apenas a expressão "débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União", razão pela qual, no presente caso, concluo que incidem juros de mora à taxa Selic sobre as multas de ofício ad valorem. TAXA SELIC Deixo de apreciar a questão relativa a inaplicabilidade da taxa Selic no cálculo dos juros de mora, por ser ponto de defesa que contraria a Súmula nº 04 deste Colegiado, a saber: “Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Por último, tratandose da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada sobre o lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL. Em face do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 11978DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16561.720188/201232 Acórdão n.º 1302001.585 S1C3T2 Fl. 11.973 13 Fl. 11979DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 18088.000137/2008-72
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2403-000.300
Decisão:
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o processo em diligência.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Marcelo Magalhães Peixoto e Daniele Souto Rodrigues.
Nome do relator: PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO
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Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro – Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Marcelo Magalhães Peixoto e Daniele Souto Rodrigues. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 80 88 .0 00 13 7/ 20 08 -7 2 Fl. 3221DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.981 2 RELATÓRIO Tratase de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário apresentado contra Acórdão nº 1427.768 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto SP, que julgou procedente em parte a autuação por descumprimento de obrigação principal, AIOP nº. 37.143.8438, com ciência do Contribuinte em 03.06.2008, às fls. 01, com valor consolidado de R$ 7.242.471,36 que foi reduzido após o julgamento de primeira instância para R$ 1.471.359,36. O crédito previdenciário se refere às contribuições previdenciárias destinadas à Seguridade Social correspondentes a parte devida da empresa, por pagamento de remuneração a segurados contribuintes individuais diretores, no período 01/1998 a 09/2007. Os fatos geradores foram disponibilizados no Relatório Discriminativo Analítico de Débito DAD, sob as rubricas e títulos: (i) FND — período de 07/2004 a 02/2005 VIrs em folha no decl GFIP, valores pagos aos administradores declarados em folhas de pagamento mas não em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social — GFIP; (ii) FNF — período 08/2003 a 04/2004 VIrs folha no decl FPAS 507, valores pagos aos administradores declarados em folhas de pagamento mas não em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social — GFIP, período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507 (iii) EMP — em 05/2004 Empréstimo no devolvido, referente a concessão de valores a diretor a título de empréstimo, sem respectivo reembolso à empresa; (iv) DV — período de 05/2004 a 09/2007 Despesas de Viagem; referente aos valores pagos aos diretores a título de transporte especial da diretoria e despesas de viagem sem o respectivo comprovante, que traduzse em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo; (v) DVA — período de 04/1998 a 12/1998 Despesas de Viagem antes GFIP; referente aos valores pagos aos diretores a título de transporte especial da diretoria e despesas de viagem sem o respectivo comprovante, que traduzse em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuiçãO previdenciária pelo sujeito passivo, no período anterior a obrigatoriedade da declaração em GFIP; (vi) DVF — período de 01/1999 a 04/2004 Despesas de Viagem FPAS 507, referente aos valores pagos aos diretores a título de transporte Fl. 3222DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.982 3 especial da diretoria e despesas de viagem sem o respectivo comprovante, que traduzse em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507; (vii) PF período de 05/2004 a 09/2007 Psico Fofo, referente aos valores pagos aos diretores a título de reembolso de terapia complementar, benefício não estendido a todos os laboradores, traduzindose em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo; (viii) PFA — período de 05/1998 a 12/1998 Psico Fono antes GFIP, referente aos valores pagos aos diretores a título de reembolso de terapia complementar, benefício não estendido a todos os laboradores, traduzindose em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período anterior a obrigatoriedade da declaração em GFIP; (ix) PFF — período de 01/1999 a 04/2004 Psico Fono FPAS 507, referente aos valores pagos aos diretores a título de reembolso de terapia complementar, benefício não estendido a todos os laboradores, traduzindose em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507; (x) RO — período de 05/2004 a 09/2007 Reembolso Odonto; referente aos valores pagos aos diretores a título de reembolso de gatos com tratamento odontológico, benefício não estendido a todos os laboradores, traduzindose em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo; (xi) ROA — período de 01/1998 a 12/1998 Reembolso Odonto antes GFIP, referente aos valores pagos aos diretores a título de reembolso de gatos com tratamento odontológico, benefício não estendido a todos os laboradores, traduzindose em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período anterior a obrigatoriedade da declaração em GFIP; (xii) ROF — período de 01/1999 a 04/2004 Reembolso Odonto FPAS 507, referente aos valores pagos aos diretores a título de reembolso de gatos com tratamento odontológico, benefício não estendido a todos os laboradores, traduzindose em salário de contribuição e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507; (xiii) SV — período de 05/2004 a 09/2007 Seguro de Vida, parcela de seguro de vida em grupo paga pela empresa referente aos diretores a título, não previsto em acordo / convenção coletiva, traduzindose em salário de contribuição (salário indireto) e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo; Fl. 3223DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.983 4 (xiv) SVA — período de 01/1998 a 12/1998 Seguro de Vida antes GFIP, parcela de seguro de vida em grupo paga pela empresa referente aos diretores a título, não previsto em acordo / convenção coletiva, traduzindose em salário de contribuição (salário indireto) e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período anterior a obrigatoriedade da declaração em GFIP; (xv) SVF — período de 01/1999 a 04/2004 Seguro de Vida FPAS 507, parcela de seguro de vida em grupo paga pela empresa referente aos diretores a título, não previsto em acordo / convenção coletiva, traduzindose em salário de contribuição (salário indireto) e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507; (xvi) AM período de 05/2004 a 09/2007 — Assistência Médica, convênio médico de padrão específico concedido aos diretores, arcado pela empresa, traduzindose em salário de contribuição (salário indireto) e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo; (xvii) AMA período de 05/1998 a 12/1998 Assistência Médica antes GFIP, convênio médico de padrão específico concedido aos diretores, arcado pela empresa, traduzindose em salário de contribuição (salário indireto) e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período anterior a obrigatoriedade da declaração em GFIP; (xviii) AMF período de 01/1999 a 04/2004 Assistência Médica FPAS 507, convênio médico de padrão específico concedido aos diretores, arcado pela empresa, traduzindose em salário de contribuição (salário indireto) e não fora considerado na base de cálculo da contribuição previdenciária pelo sujeito passivo, no período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507; (xix) PP — período de 11/2005 a 08/2007 — Previdência Privada, valores apropriados na contabilidade com este título, sem contrapartida, histórico deficiente e sem apresentação de documentos, fora considerado salário de contribuição (aferição); (xx) PPA período de 01/1998 a 11/1998 — Previdência Privada antes GFIP, valores apropriados na contabilidade com este título, sem contrapartida, histórico deficiente e sem apresentação de documentos, fora considerado salário de contribuição (aferição), no período anterior a obrigatoriedade da declaração em GFIP; (xxi) PPF — em 08/1999 — Previdência Privada FPAS 507, valores apropriados na contabilidade com este título, sem contrapartida, histórico deficiente e sem apresentação de documentos, fora considerado salário de contribuição (aferição), no período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507; (xxii) G período de 05/2004 a 09/2007 — Gratificações, valores apropriados na contabilidade com este título, sem contrapartida, Fl. 3224DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.984 5 histórico deficiente e sem apresentação de documentos, fora considerado salário de contribuição (aferição); (xxiii) GA período de 01/1998 a 12/1998 — Gratificações antes GFIP, valores apropriados na contabilidade com este título, sem contrapartida, histórico deficiente e sem apresentação de documentos, fora considerado salário de contribuição (aferição), no período anterior a obrigatoriedade da declaração em GFIP; (xxiv) GF período de 01/1999 a 04/2004 — Gratificações FPAS 507, valores apropriados na contabilidade com este título, sem contrapartida, histórico deficiente e sem apresentação de documentos, fora considerado salário de contribuição (aferição), no período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507; (xxv) M — período de 05/2004 a 12/2005 — Mutuo; valores apropriados nas contas contábeis com títulos de empréstimo, em que houve perdão da dívida em favor dos administradores, ou identificadas em seu históricos /documento apresentado com nome dos diretores, ou ainda sem identificação, considerados salário de contribuição da contribuição social; (xxvi) MA — período de 01/1998 a 08/1998 Mutuo antes GFIP; valores apropriados nas contas contábeis com títulos de empréstimo, em que houve perdão da dívida em favor dos administradores, ou identificadas em seu históricos /documento apresentado com nome dos diretores, ou ainda sem identificação, considerados salário de contribuição da contribuição social, no período anterior a obrigatoriedade da declaração em GFIP; (xxvii) MF — período de 04/1999 a 04/2004 Mutuo FPAS 507, valores apropriados nas contas contábeis com títulos de empréstimo, em que houve perdão da dívida em favor dos administradores, ou identificadas em seu históricos /documento apresentado com nome dos diretores, ou ainda sem identificação, considerados salário de contribuição da contribuição social no período em que a empresa era enquadrada no FPAS 507. Informa também o Relatório Fiscal, às fls. 479 a 535, que os valores a título de remuneração indireta foram pagos em desconformidade com a legislação que rege cada matéria, conforme o explicitado pela Auditoria Fiscal, razão pela qual compõem o saláriode contribuição. No período exigível, não foram declarados pela Empresa em GFIP. Foram lavrados os seguintes AutosdeInfração por descumprimento de obrigação acessória: AIOA n°37.143.8446 — deixar de incluir valores em Folhasde Pagamento AIOA n°37.143.8454 — deixar de exibir livro AIOA n° 37.143.8462 — omitir fatos geradores em GFIP AIOA n° 37.143.8470 — deixar de apresentar documento e esclarecimentos Fl. 3225DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.985 6 AIOA n° 37.143.8489 — não lançar em títulos próprios da contabilidade AIOA n° 37.143.8497 — apresentar GFIP com dados incorretos. Conforme o Relatório de Caracterização do Grupo Econômico, às fls. 788 a 800, restou caracterizado Grupo Econômico de fato, composto pelas Empresas: (i) Citrosuco Serviços Portuários SA — CNPJ 03.100.114/000100 (ii) Fischer Cítricos Agroindústria Ltda — CNPJ 06.313.539/000187 (iii) Fischer Agropecuária Ltda — CNPJ 06.319.567/000101 (iv) Citrosuco Paulista Lida — CNPJ 06.319.604/000181 (v) Fischer Sucos Indústria e Comércio Ltda — CNPJ 38.777.694/000140 (vi) Fischer S/A — Comércio, Indústria e Agricultura — CNPJ 33.010.786/000187. O Relatório de Caracterização do Grupo Econômico, às fls. 788 a 800, aponta a formação do grupo econômico em função, principalmente, dos diretores/administradores das empresa serem os mesmos: 2 A participação entre elas indica a constituição de um grupo econômico de fato, conforme Instrução Normativa/SRP N° 03 de 14 de julho de 2005: "Art. 748. Caracterizase grupo econômico quando duas ou mais empresas estiverem sob a direção, o controle ou a administração de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica." 3 Tal constituição do grupo é ratificada quando verificamos que os '— diretores/administradores (que gerem e representam as pessoas jurídicas) das empresas são os mesmos, conforme abaixo (dados extraídos dos bancos de dados da Receita Federal do Brasil). (...) 6 Observando os cadastros da Receita Federal notase a proximidade senão a coincidência dos domicílios fiscais (filiais e matrizes) com as caracterizadas como integrantes do grupo. 7 A existência de contas do ativo no balancete da Fischer S/A Agroindústria abaixo listadas (algumas com movimento), não deixa dúvidas acerca do enquadramento realizado pela auditoria 8 Por fim a contabilização dos valores pagos ao Sr Edgard Assumpção Filho por ocasião de seu afastamento da empresa chancela todo o entendimento da auditoria uma vez que seus valores transitam em duas empresas do Grupo (R$ 774.720,00 está apropriado na conta 3.2.01.20.0005 Serviços diversos contratados da empresa Fischer S/A Comércio, Fl. 3226DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.986 7 Indústria e Agricultura, e sua movimentação financeira na conta 1.1.01.02.0001 Bancos C/movimento da empresa Citrosuco Paulista). O período objeto do AIOP, conforme o Relatório Discriminativo Sintético de Débito DSD, às fls. 126, é de 01/1998 a 09/2007. A Recorrente teve ciência do Auto de Infração no dia 03.06.2008, conforme fls. 01. DAS IMPUGNAÇÕES. Contra a autuação, as empresas autuadas apresentaram Impugnação, conforme o Relatório da decisão de primeira instância, às fls. 2752 a 2784: (i) Fischer S.A. Agroindústria: a) inicialmente, reportase à autuação, em que fora apontada nove supostas infrações listadas, que teriam sido cometidas, e com exceção de parte das infrações referidas nos itens (i) — folhas de pagamento, (ii) — empréstimo e (iii) — despesas de viagens, cujos valores foram recolhidos no prazo de defesa (doc. 3), são improcedentes as exigências, que decorrem da análise incompleta da documentação bem como da interpretação equivocada da legislação tributária; Das preliminares: b) Do prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento tributário. Por não ter sido respeitado o prazo decadencial previsto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN, requer o cancelamento da exigência, relativa aos meses de janeiro de 1998 a maio de 2003; c) Da nulidade do auto de infração. O auto é nulo, uma vez que a fiscalização não aprofundou as suas investigações, valendose de presunção não prevista em lei para determinar a base de cálculo, relativa às infrações listadas nos itens (viii) — previdência privada e gratificação — aferição, respectivamente, por não preencher as condições previstas no art. 28, § 9°, "p", da Lei n° 8.212/91 e por não ficar demonstrado que os valores pagos foram considerados na apuração da base de cálculo e (ix) — mútuos — aferição, por entender que a Impugnante perdoava, sistematicamente, as suas dividas. Assim, com base em meras alegações, desprovidas de quaisquer elementos de provas, efetuou o lançamento, presumindo as bases, nos termos do art. 233 do Decreto n° 3.048/89. Ao deixar de aprofundar as suas investigações e identificar eventuais pagamentos realizados aos diretores, que não foram computados na base de cálculo e optar pelo cômodo procedimento previsto no transcrito art. 233, sem amparo em Fl. 3227DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.987 8 norma legal, a fiscalização maculou irremediavelmente o lançamento tributário. Invoca o Principio da Legalidade e art. 142 do CTN, não observados pela fiscalização, que realizou o lançamento sobre parte dos saldos existentes em registros contábeis, que não se referem à remuneração dos diretores da Impugnante, devendo ser declarada a nulidade do lançamento, relativo aos supostos pagamentos efetuados a titulo de previdência privada, gratificações e mútuos; Do Mérito. d) Folhas de Pagamento. Ao contrário do que sustenta a fiscalização, foram computados na base de cálculo os valores pagos aos seus diretores, conforme comprovam os documentos anexados. E aponta, por competência, o recolhimento. E, conclui, que não houve a suposta falta de recolhimento da contribuição em foco, devendo esse item ser cancelado; e) Gratificações. No caso especifico das gratificações, os valores apontados foram devidamente computados na apuração das bases tributáveis, conforme se verifica pelos documentos anexos. E traz, por competência, sua alegação. Resta comprovado que a quase totalidade dos valores das gratificações, glosados pelo Sr. Auditor, foi computada nas bases de cálculo e recolhida nos períodos fiscalizados. Deve ser integralmente cancelada a exigência correspondente a este item; f) Mútuos — aferição. Por entender a fiscalização que a documentação apresentada era insatisfatória para comprovar a destinação dada aos valores lançados nas contas de empréstimos e que os respectivos registros têm históricos insuficientes para determinar a natureza dos valores, deveriam integrar a base de cálculo. Ainda que a preliminar suscitada, das razões que justificam a nulidade deste item, não fosse suficiente para afastar a pretensão fiscal, o que se admite apenas para argumentar, as exigências correspondentes aos empréstimos não podem prevalecer, pois como comprovam os documentos anexados, foram computados na base de cálculo lançamentos contábeis que não guardam a mínima relação com verbas que devem compor a base de cálculo da contribuição previdenciária, conforme especifica por competência. É pacífico em jurisprudência, que os lançamentos não podem se valer de meros indícios e suspeitas e traz Acórdãos da Câmara Superior de Recursos Fiscais e do Conselho de Contribuinte, que decidiram pelo cancelamento da exigência fiscal, quando não ficou demonstrada e comprovada a ocorrência do fato gerador. Os documentos anexados, a título meramente exemplificativo, comprovam que os valores exigidos não possuem a natureza jurídica de verbas remuneratórias e requer o cancelamento integral dessa exigência; g) Previdência Privada. No entender do Sr. Auditor, as contribuições feitas às companhias que cita não podem ser excluídas do saláriode contribuição, porque não teria sido observada a condição prevista no art. 28, § 9°, "p", da Lei n° 8.212, qual seja, o oferecimento de plano de previdência privada a todos os seus empregados. Além disso, por considerar insatisfatório a documentação apresentada, conforme exposto no item 2.2 da Defesa, e, caso não seja acolhida a preliminar Fl. 3228DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.988 9 de nulidade, apenas para argumentar, a exigência não merece prevalecer, haja vista que não há fundamento legal que a sustente. Não há dúvida sobre os pagamentos efetuados para custeio dos planos previdenciários de seus funcionários e diretores. A discussão se restringe ao alcance da citada alínea "p". Até meados de 2001, era incontestável que a exclusão desses valores da base de cálculo dependia da observância do oferecimento do plano a todos os empregados e dirigentes da pessoa jurídica. Contudo, com a Lei Complementar n° 109/2001, que regulou o art. 202 da CF, foi revogado as condições impostas na alínea "p", no caso dos planos de entidades abertas. Apenas os planos de benefícios das entidades fechadas devem ser, obrigatoriamente, oferecidos à totalidade dos empregados. Transcreve art. 89 e 69 da Lei Complementar, que conduz à conclusão de que não integram a base de cálculo as contribuições realizadas para custeio de planos de benefício de entidades abertas, ainda que tais planos não sejam oferecidos à totalidade de seus empregados. Deve ser cancelada a respectiva exigência fiscal; h) Assistência Médica e Reembolso Odontológico dos Diretores. De acordo com o Sr. Auditor, a Empresa não pode conceder planos de assistência médica distintos a seus empregados e diretores, sob pena de perder o benefício fiscal, previsto no art. 28, § 90, alínea "q" da Lei n° 8.212, embora disponibiliza a todos os funcionários, gerentes e diretores. Alega, ainda, a fiscalização que o reembolso de despesas odontológicas não pode ser excluído da base de cálculo, porque não é estendido a todos os seus funcionários. Alegação equivocada, resultado da análise parcial das políticas adotadas, com o objetivo de garantir a todos os seus funcionários e diretores acesso a tratamento odontológico. Possui duas políticas. A primeira consiste no sistema de reembolso de despesas gastas por seus diretores e a segunda aplicável a todos os funcionários, oferecendolhes assistência odontológica junto a dentistas conveniados. Portanto, todos tem direito à assistência odontológica e atendida a condição prevista na alínea "q", que transcreve, e que não contém qualquer determinação que a assistência médica ou odontológica deve ser uniforme a todos. Apenas exige que seja disponibilizada a todos. Também a Instrução Normativa MPS/SRP n° 03 não contém qualquer regra que ampare a pretensão fiscal (art. 72, inc. XVII). Conclui que não há fundamento legal que justifique o lançamento, devendo ser cancelada a exigência fiscal; i) Terapias complementares. Entende o Sr. Auditor que tal benefício deve ser concedido a todos os empregados e dirigentes, nos termos da já mencionada alínea "q". Porém como não é oferecido aos trabalhadores contratados por prazo determinado, não pode ser excluído da base tributável. Contudo, a glosa fiscal não merece prevalecer, pois desconsidera a natureza dos serviços assistenciais oferecidos aos seus empregados e diretores bem como não leva em conta as peculiaridades do ramo de atividade da Impugnante, qual seja, a industrialização de produção própria e de terceiros, o que torna necessário contratar trabalhadores nos meses de Fl. 3229DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.989 10 colheita de frutos. A esses trabalhadores contratados por período de tempo determinado, é garantido o acesso aos serviços médicos e hospitalares, mediante plano de saúde. No entanto, pela própria natureza das terapias complementares, cujos efeitos são verificados ao longo de um período, não faz qualquer sentido lógicojurídico exigir que esse benefício seja estendido àquela classe de trabalhadores. Prevalecendo a linha do raciocínio da fiscalização, o objetivo da norma da alínea "q" restará prejudicada. Conclui que não merece ser mantida a exigência da contribuição sobre esses valores; j) Seguro de Vida em Grupo. Pretende o Sr. Auditor tributar os valores correspondentes ao seguro de vida em grupo, oferecido a todos os seus empregados, por inexistir sua previsão em acordo coletivo de trabalho, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Matão (doc. 861). No entanto, os Acordos sempre previram a possibilidade de ser disponibilizado aos seus trabalhadores seguro de vida em grupo, em substituição do chamado auxílio funeral, e traz, a título exemplificativo, a cláusula 31 do Acordo, relativo ao ano de 2007. Equivocase o Sr. Agente Fiscal ao afirmar que essa cláusula não se enquadra na regra do art. 214, § 90, inc. XXV, do Decreto n° 3.048, que transcreve. A leitura atenta da cláusula 31', previu que as empresas podem manter seguro de vida em grupo para seus empregados, em substituição ao auxílio funeral. E a fiscalização constatou que o benefício é disponibilizado a todos os seus funcionários e estagiários. Diante disso, estão presentes os dois requisitos previstos no dispositivo regulamentar: está previsto no acordo coletivo e à totalidade dos funcionários, razão pela qual deve ser reconhecido o seu direito de excluir da base de cálculo os respectivos montantes, com o cancelamento da exigência fiscal; k) Do Pedido. E, ao final, requer que seja julgado a improcedência do auto de infração impugnado, cancelandose integralmente as correspondentes exigências. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial a realização de diligências e a juntada de documentos. Informa que a matéria, objeto da impugnação, não foi submetida à apreciação judicial. E requer, ainda, que as futuras intimações sejam feitas em nome de seus advogados constituídos. Junta farta documentação e cópias de Guias de Previdência Social GPS, fls. 853 a 856, quitadas dentro do prazo de Defesa, referentes ao presente processo. (ii) Citrosuco Paulista Lida — CNPJ 06.319.604/000181 Informa que a Fischer S/A Agroindústria protocolizou defesa ao presente AI, junta cópia, onde se pode verificar que a maior parte das exigências fiscais não merece prevalecer. Observa que a parte incontroversa, que não foi contestada, foi recolhida no prazo de impugnação, com o benefício da redução da multa, conforme comprovam as GPS (doc. 03). Fl. 3230DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.990 11 Diante disso, reitera os fundamentos da anexa impugnação que devem ser considerados como integrantes desta manifestação, requerendo o cancelamento integral da exigência fiscal. Junta cópia de GPS referentes aos processos n° 37.143.8446, 37.143.845 4, 37.143.8470, 37.143.8489 e 37.143.8497, recolhidas dentro do prazo de Defesa. (iii) Citrosuco Serviços Portuários SA — CNPJ 03.100.114/000100 Informa que a Fischer S/A Agroindústria protocolizou defesa ao presente AI, junta cópia, onde se pode verificar que a maior parte das exigências fiscais não merece prevalecer. Observa que a parte incontroversa, que não foi contestada, foi recolhida no prazo de impugnação, com o benefício da redução da multa, conforme comprovam as GPS. Diante disso, reitera os fundamentos da anexa impugnação que devem ser considerados como integrantes desta manifestação, requerendo o cancelamento integral da exigência fiscal. Junta cópia de GPS referentes aos processos n° 37.143.8446, 37.143.845 4, 37.143.8470, 37.143.8489 e 37.143.8497, recolhidas dentro do prazo de Defesa. (iv) Fischer S/A — Comércio, Indústria e Agricultura — CNPJ 33.010.786/000187. Na qualidade de Sucessora, por Incorporação, de FISCHER SUCOS INDÚSTRIA e COMÉCRIO LTDA, FISCHER CÍTRICOS AGROINDUSTRIA LTDA e FISCHER AGROPECUÁRIA LTDA, informa que a Fischer S/A Agroindústria protocolizou defesa ao presente AI, junta cópia, onde se pode verificar que a maior parte das exigências fiscais não merece prevalecer. Observa que a parte incontroversa, que não foi contestada, foi recolhida no prazo de impugnação, com o benefício da redução da multa, conforme comprovam as GPS. Diante disso, reitera os fundamentos da anexa impugnação que devem ser considerados como integrantes desta manifestação, requerendo o cancelamento integral da exigência fiscal. Junta cópia de GPS referentes aos processos n° 37.143.8446, 37.143.845 4, 37.143.8470, 37.143.8489 e 37.143.8497, recolhidas dentro do prazo de Defesa. Informa a DRFB em Araraquara SP, às fls. 2287, que os recolhimentos efetuados dentro do prazo de Defesa, referente ao presente processo, foram apropriados, nos Levantamentos DV — total; DVF — competências 06/2003 a 04/2004; EMP —competência 05/2004 e FND — competência 10/2004: Fl. 3231DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.991 12 3 Em 27/06/2008 emitimos guias para pagamento do referido auto conforme abaixo discriminado: composição de guia às fls. 2275 totalizando o valor a ser pago de R$ 228.100,13 (Duzentos e vinte e oito mil, cem reais e treze centavos), referente ao levantamento DV na sua totalidade. GPS as fls. 2276 título 26839517. 3 composição de guia às fls. 2277 totalizando o valor a ser pago de R$ 64.338,11 (Sessenta e quatro mil, trezentos e trinta e oito reais e onze centavos), referente ao levantamento DVF competências de 06/2003 a 04/2004. WS as fls. 2278 título 26839519. composição de guia às fls. 2279/2280 totalizando o valor a ser pago de R$ 7.263,60 (Sete mil, duzentos e sessenta e três reais e sessenta centavos), referente ac, levantamento EMP competência 05/2004. GPS as fls. 2281 título 26839478. composição de guia às fls. 2282/2283 totalizando o valor a ser pago de R$ 24.267,14 (Vinte e quatro mil, duzentos e sessenta e sete reais e quatorze centavos), referente ao levantamento FND competência 10/2004. A empresa apresentou a guia devidamente quitada no valor de R$ 5.153,82 (Cinco mil, cento e cinqüenta e três reais e oitenta e dois centavos), não alterando nenhum campo da GPS. Tal valor foi apurado pela empresa tomando como base de cálculo o valor de R$ 2.940,00 (Dois mil, novecentos e quarenta reais), estando os valores dos acréscimos legais corretos. GPS as fls. 2284 título 26841186. 4 Os valores recolhidos foram recebidos pelo Sistema SICOB e se encontram apropriados na situação APROPRIADA (fls. 2285). DOS AUTOS BAIXADOS EM DILIGÊNCIA FISCAL Foram os autos baixados em Diligência Fiscal, às fls. 2309 a 2316, a fim de que a AuditoriaFiscal se manifestasse a respeito das alegações da Recorrente, além de apresentar: Porém, antes do julgamento do presente AI, necessário se faz o retorno do presente à Auditoria Fiscal para se manifestar quanto às alegações da Defendente, no tocante aos valores lançados no sentido de que parte já foi recolhida e parte não guarda relação com verbas componentes da base de cálculo da contribuição previdenciária, apresentando um demonstrativo, por competência e por Levantamento, dos valores que devem ser mantidos e dos que devem ser excluídos, se for o caso. Manifestarse, ainda, sobre o Levantamento "Reembolso Odontológico dos Dirigentes", que conforme Relatório Fiscal, é aplicado aos Diretores, Gerentes de Divisão e de Departamentos e com "status de" e seus dependentes legais, enquanto a Defendente alega que possui duas políticas e que todos os seus funcionários e diretores tem direito à assistência odontológica. (,,,) Fl. 3232DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.992 13 Da consulta ora efetuada junto ao Sistema Informatizado da RFB, revela a existência de recolhimentos de contribuições efetuadas pela Empresa para esse período, conforme tela ora juntada aos autos, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN. Dessa forma, por ocasião do julgamento, será excluído por decadência o período de janeiro/1998 a maio/2003, como, inclusive, requerido pela Defendente. E, conseqüentemente, o pronunciamento fiscal deve se ater apenas para as competência a partir de 06/2003. Na oportunidade, junto também aos autos, telas do Sistema Informatizado, especificamente do Sistema de Cobrança — Lista de Competências de Processos, de onde se verifica que o Setor competente já efetuou a "Apropriação" dos valores recolhidos durante o prazo de Defesa, o que resultou na exclusão dos valores referentes aos Levantamentos DV — de 05/2004 a 09/2007 total; DVF — 06/2003 a 04/2004; EMP 05/2004 total, bem como alteração no FND — 10/2004 — de R$ 13.843,21 para R$ 10.903,21. DA INFORMAÇÃO FISCAL PRESTADA PELA FISCALIZAÇÃO A Informação Fiscal prestada pela Auditoria, às fls. 2320 a 2332, após a análise das alegações da Recorrente, manteve parcialmente o lançamento fiscal efetuado, em síntese: 3. Sub item 3.2 — Folhas de Pagamento FND/FNF RESUMO (conforme o relatado na decisão de primeira instância): A Auditoria faz uma análise, competência por competência, e finaliza pela retificação do débito, conforme demonstrativo, excluindo os valores lançados, a exceção da competência 07/2004, para a qual manteve a base de cálculo no valor de R$ 3.968,19. LEVANTAMENTO FNF improcedente em sua totalidade e LEVANTAMENTO FND manter o valor de R$ 3.968,19 INFORMAÇÃO FISCAL: 3.1 Neste tópico a autuada questiona a contribuição social constituída com base em valores pago aos administradores constantes em folhas de pagamento, entretanto não declarados em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social — GFIP. 3.2 A exação questionada consta das competências 08/2003, 10/2003, 11/2003, 12/2003, 01/2004, 04/2004, 07/2004, 10/2004, 11/2004 e 02/2005. 3.3 Imperioso relembrar que auditoria limitouse a analisar os valores pagos a título de prólabore. Fl. 3233DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.993 14 3.4 A fiscalização mencionara ainda na folha 05 do relatório fiscal em seu item 19 que não obstante não haver declarado os montantes em GFIP, poderia a contribuição social correspondente ter sido quitada. 3.5 Como não havia valores de produção rural declarados em GF1P, a auditoria solicitou que o contribuinte informasse os montantes adquiridos de pessoa física a tal título ou comercializados no mercado interno, ou ainda exportado via comercial exportadora, limitandose o sujeito passivo a informar somente os valores adquiridos de produtores rurais pessoas físicas. 3.6 Com base neles e nos montantes declarados em GFIP foram apurados os valores totais devidos e confrontados com os montantes recolhidos para que pudesse ser verificada a possibilidade de um recolhimento descoberto da respectiva declaração, que levaria a convicção de que houve uma falha apenas no cumprimento da obrigação acessória, entretanto a principal estaria adimplida. 3.7 Contudo não foi o constatado. 3.8 Não podemos olvidar de citar que atualmente os valores apurados pela auditoria fiscal constam das GFIP, contudo todas ou foram declaradas no curso, ou após o cerrar da auditoria. Importante citar por isso artigo 635A da Instrução Normativa 03. (...) 3.16 Análise competência 07/2004 3.16.4 Em 09/06/2008, após o encerramento da auditoria, a pessoa jurídica fizera uma nova declaração, nesta oportunidade com os administradores, entretanto com R$ 3.968,19 de diferença, conforme planilha abaixo. Devido declarado Diferença referente a 28.166,60 26.886,30 1.280,30 ANTONIO FRANCISCO ARMEL GOMES 13.589,82 12.972,10 617,72 BENEDITO FRANCISCO JORGE 30.983,26 29.574,93 1.408,33 NORBERTO FARINA 14.560,52 13.898,68 661,84 TALES LEMOS CUBERO 3.16.5 Tendo em vista, que os montantes pagos sobrepujavam os declarados, considerando o inciso 11 do §6° do artigo 635 — A da IN 03, uma vez ainda que não fora oportunizada a correção da GFIP pela auditoria, mas esta fora realizada pela empresa, razão assiste ao impetrante, sendo necessária a retificação do valor desta competência do presente crédito,mantendose apenas a diferença ainda não declarada de R$ 3.968,19. 5. Sub item 3.2 Gratificação Aferição G / GF Fl. 3234DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.994 15 RESUMO (conforme o relatado na decisão de primeira instância) De início, informa que como a documentação anexada aos autos era insuficiente para sua conclusão, solicitou novos documentos e faz uma análise das competências questionadas, separando aquelas que a Empresa demonstrou que os valores foram pagos a empregados e foram declarados em GFIP daquelas que também ficou comprovado que foram efetuados a empregados, porém sem a declaração em GFIP. E como o presente referese estritamente a valores incidentes sobre a remuneração de contribuintes individuais, necessária a retificação do crédito. Além delas, quando intimada, a Fischer disponibilizou documentação comprobatória de valores pagos a empregados nas competências set/2005, out/2005, nov/2005 e fev/2006, portanto, necessitam ser retificados. Ao final, traz uma tabela demonstrando os montantes apurados a título de gratificação de diretores a serem excluídos do crédito previdenciário. INFORMAÇÃO FISCAL: 5.1. No item, a Fischer segregou a apuração realizada pela auditoria sob o tópico "Previdência Privada e Gratificações Aferição" abordando somente a gratificação. Menciona que os montantes incluídos no levantamento já haviam sido incluídos na apuração de suas bases tributáveis e recolhidas, apresentando um relato por competência e apresentando documentos. 5.2. Uma vez que a documentação anexada ao processo não fora suficiente para um despacho conclusivo, foram requeridos outros documentos através de Termo de Início de Procedimento Fiscal TIPF. 5.4. Análise 01/2004, 12/2004, 08/2005, 07/2006, 02/2007, das competências 07/2003, 08/2003, 10/2003, 11/2003, 03/2004, 04/2004, 07/2004, 09/2004, 10/2004, 11/2004, 01/2005, 02/2005, 03/2005, 05/2005, 06/2005, 07/2005, 12/2005, 01/2006, 03/2006, 04/2006, 05/2006, 06/2006, 08/2006, 09/2006, 10/2006, 11/2006, 12/2006, 01/2007, 03/2007, 06/2007 e 07/2007. 5.4.1. A empresa apresentou folhas de pagamento que demonstram que o montante corresponde a gratificação paga a empregados. 5.4.2. Os salários de contribuição destes empregados foram declarados em GF1P, portanto razão assiste ao sujeito passivo, necessitando os valores serem excluídos do levantamento fiscal 5.5. Análise das competências 05/2004, 06/2004, 05/2007 e 09/2007. 5.5.1. A empresa apresentou folhas de pagamento que demonstram que o montante corresponde a gratificação paga a empregados. 5.5.2. Contudo os valores não foram localizados nas GFIP da empresa. Fl. 3235DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.995 16 5.5.3. Não obstante o fato supra, uma vez que o levantamento tratase de contribuição por montantes pagos a contribuinte individual, necessária a retificação do crédito. 6. Sub item 3.3 Mútuos Aferição. RESUMO (conforme o relatado na decisão de primeira instância) De início, informa que como a documentação anexada aos autos era insuficiente para sua conclusão, solicitou novos documentos e faz uma análise das competências questionadas, apartando nos mesmos padrões da Defendente, e explicita as razões dos valores mantido, e ao final de cada tópico traz uma tabela demonstrando os montantes apurados a título de mútuo de diretores a serem excluídos do crédito previdenciário. INFORMAÇÃO FISCAL: 6.1. Tendo em vista que a notificada sofrera uma constituição de crédito em seu desfavor por seus históricos de lançamentos contábeis inconclusivos e por ter se omitido na apresentação da documentação de suporte, contribuinte em pauta discriminou os valores levantados trouxe uma explicação para eles e anexou documentos comprobatórios. (...) 6.4. Variações Monetárias (competências 07/2003, 08/2003, 09/2003, 10/2003, 11/2003, 12/2003, 01/2004, 02/2004, 03/2004, 04/2004, 07/2004, 08/2004, 09/2004, 10/2004, 11/2004, 12/2004, 01/2005, 02/2005, 03/2005 e 04/2005). 6.4.1. Foram identificadas as contrapartidas dos valores apurados pela auditoria, na conta indicada pelo sujeito passivo 3.2.04.09.0015, os quais devem ser excluídos do levantamento fiscal, 6.5. Empréstimos liquidados (competência 072003) 6.5.1. Neste a Fischer alega que são montantes emprestados a seus funcionários e ressarcidos mediante desconto em folhas de pagamento. 6.5.2. Disponibilizara os contratos firmados, as folhas de pagamento, e razões das contrapartidas. 6.5.3. O montante de R$ 259,22 corresponde a juros ativos contabilizados, devendo por isso ser excluído da exação fiscal. 6.5.4. O restante teve origem na conta 1.1.05.07.0001 — Contas a receber — funcionários, e se foram reclassificados, para melhorar o controle, indica que se tratam de empréstimos de valores, o que nada altera a essência do apurado. 6.5.5. Todavia como o crédito fora constituído com base no descumprimento do art 22, III da lei 8212 e para os valores de R$ 1.195,00, R$ 400,00, R$ 400,00, R$ 600,00, R$ 650,00, R$ 1.000,00 e Fl. 3236DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.996 17 R$ 300,00 ficou inequívoco o repasse dos valores a empregados, eles devem ser extirpados do levantamento. 6.5.6. Quanto aos R$ 62.700,00, não foram disponibilizados seus documentos de origem, devendo ser mantido na apuração fiscal. 6.6. Transferências contábeis (competências 12/2003 e 04/2005) 6.6.1. Relata a empresa que a auditoria incluíra na base, valores que tratam apenas de reclassificações. 6.6.2. Quanto ao montante de R$ 1.500.933,08, razão assiste ao contribuinte, pois tratase de mera transferência da conta 1.1.05.07.0004, incluída no crédito tributário. 6.6.3. O mesmo não se pode afirmar do valor de R$ 74.901,20, já que sua origem foi da conta 1.1.05.01.0047 — Contas a receber — clientes, não incluída na apuração da auditoria, tratandose com isso de alocação de empréstimo para a conta correta, e uma vez que o sujeito passivo não provou, não corresponder a valor repassado aos diretores, deve permanecer no crédito constituído. 6.7. Despesas médicas (competências 06/2003 e 07/2003) INFORMAÇÃO FISCAL: .1. A notificada alega que os valores de R$ 626.003,12 e R$ 62.700,00 referemse a despesas médicas de diretores assumidas pela empregadora. 6.7.2. Tendo em vista o levantamento sob o título "Assistência Médica", que trata exatamente de valores despendidos com assistência médica de diretores e estes montantes não estarem lá incluídos, os valores devem permanecer no levantamento fiscal. 6.8. Implantação de saldos iniciais (competências 05/2005, 06/2005, 08/2005, 10/2005 e 12/2005) INFORMAÇÃO FISCAL: 6.8.1. Declara a empresa que os valores referemse a transferências entre contas contábeis em virtude de implantação de um sistema operacional. 6.8.2. Através TIPF a auditoria requereu as contrapartidas dos valores apurados. 6.8.3. Atendendo a requisição, a empresa comprovara a mera transferência de alguns montantes. 6.8.6. A empresa apresentara então a conta 1.2.03.01.0024 Empréstimo a Funcionários, comprovando a origem do montante e ainda a mera transferência do valor conforme alegado em sua defesa; Fl. 3237DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.997 18 6.8.7. Portanto necessária a exclusão dos montantes abaixo do crédito previdenciário. 6.9. Venda de Bens Imóveis (competência 12/2005) INFORMAÇÃO FISCAL: 6.9.1. Indica a Fischer que os valores tratamse de receita com venda de imóvel para empresa Comf rio Armazéns Gerais S.A 6.9.2. Para comprovar a transação trouxe cópia do contrato com a compradora. 6.9.3. Provocada pela auditoria através do TIF 01, relacionou o histórico da apropriação iniciando com a alienação e a apropriação nas contas 3.4.01.01.0004, 1.2.03.01.0005 até sua reclassificação, onde resta comprovado o alegado. 6.9.4. Os montantes expostos abaixo devem ser excluídos do lançamento fiscal. 6.10. Amortização de empréstimo (competência 12/2004) INFORMAÇÃO FISCAL: 6.10.1. Alega a empresa que o valor concedido fora devolvido a impugnante de forma parcelada, apresentando extrato bancário e apropriações a crédito nas contas contábeis 1.2.03.01.0024 e 1201030005. 6.10.2. Comprovada a manifestação da empresa, contudo a soma dos valores do extrato bancário e a crédito da contabilidade montam R$ 91.187,16. 6.10.3. Com isso necessária a retificação excluindo os R$ 91.187,16 permanecendo no levantamento R$ 8.812,84 conforme tabela seguinte. 6.11. Transferência de empréstimos concedidos a funcionários (competência 12/2004) INFORMAÇÃO FISCAL: 6.11.1. Menciona trataremse os montantes de reais empréstimos a funcionários. 6.11.2. Não houve comprovação da devolução dos valores, contudo inequívoco que foram concedidos a empregados. 6.11.3. Tendo em vista que o crédito fora constituído com base no descumprimento do art 22, III da lei 8212, necessária a exclusão do montante abaixo. Fl. 3238DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.998 19 7. levantamento Reembolso Odontológico dos Diretores RO / ROF RESUMO (conforme o relatado na decisão de primeira instância) Relata a Auditoria a constatação de concessão de benefícios odontológicos aos funcionários, porém, o objeto deste levantamento é um benefício exclusivo de diretores e laboradores de escalões mais elevados. E junta aos autos cópia de "Procedimentos de Recursos Humanos — Assistência Odontológica" e traz ainda: "11. O beneficio que alega a empresa conceder a todos na realidade, além de possuir restrição de acesso aos trabalhadores contratados a prazo determinado, tem uma série de outras restrições, sendo um beneficio totalmente díspar daquele objeto da notificação, não sendo avaliado, pois o escopo da auditoria abrangia somente os montantes pagos a diretores." INFORMAÇÃO FISCAL: 8. A Fischer alega que o benefício é extensivo a todos. 9. Entretanto esta informação não é escorreita. 10. Havia sido constatada a existência de uma política de concessão de benefícios odontológicos aos funcionários, entretanto a que foi objeto do levantamento fiscal é um benefício exclusivo de diretores e laboradores de escalões mais elevados do sujeito passivo. 11. O benefício que alega a empresa conceder a todos na realidade, além de possuir restrição de acesso aos trabalhadores contratados a prazo determinado, tem uma série de outras restrições, sendo um benefício totalmente díspar daquele objeto da notificação, não sendo avaliado, pois o escopo da auditoria abrangia somente os montantes pagos aos diretores. Terapias Complementares PF / PFF RESUMO (conforme o relatado na decisão de primeira instância) Desnecessária a manifestação da Auditoria para esta parcela. SEGURO DE VIDA EM GRUPO SV/SVF RESUMO (conforme o relatado na decisão de primeira instância) Desnecessária a manifestação da Auditoria para esta parcela. ASSISTÊNCIA MÉDICA AM/AMF RESUMO (conforme o relatado na decisão de primeira instância) Desnecessária a manifestação da Auditoria para esta parcela. Fl. 3239DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 2.999 20 PREVIDÊNCIA PRIVADA AFERIÇÃO PP RESUMO (conforme o relatado na decisão de primeira instância) Desnecessária a manifestação da Auditoria para esta parcela. DA MANIFESTAÇÃO DO CONTRIBUINTE (A) FISCHER S.A. — AGROINDÚSTRIA, O Contribuinte cientificado da Informação Fiscal, se manifestou às fls. 2456 a 2465, em síntese: Como visto, a fiscalização reconheceu a improcedência de uma considerável parcela das exigências fiscais em questão nos autos, acolhendo boa parte das razões expostas pela requerente em sua impugnação. Todavia, melhor sorte não assiste às parcelas mantidas, seja porque os valores pretendidos ou foram integralmente quitados, ou sequer deveriam ser recolhidos por não se enquadrarem no conceito de saláriocontribuição, o que torna a manutenção da presente cobrança manifestamente ilegal. O mesmo digase dos demais itens constantes da autuação fiscal que foram objeto de defesa na impugnação apresentada, mas que não foram abordados pela diligência fiscal. Assim, diante de todo o exposto, a requerente reitera seu pedido de que seja julgado improcedente o presente auto de infração, cancelandose integralmente as correspondentes exigências da contribuição destinada à Seguridade Social. (B) Citrosuco Paulista Lida — CNPJ 06.319.604/000181 Cumpre esclarecer que a ora requerente foi incluída no processo em epígrafe sob a alegação de responsabilidade solidária pelo cumprimento das obrigações previdenciárias, na forma do art. 30, inciso IX da Lei n. 8212 de 24 de julho de 1991, por ser empresa integrante do "Grupo Fischer". Diante disso, requerse a juntada da manifestação ao resultado da mencionada diligência fiscal elaborada pela Fischer S/A Agroindústria, cuja cópia segue anexa (doc. 02), reiterando seus fundamentos, que devem ser considerados como integrantes desta manifestação, requerendo o cancelamento integral da exigência fiscal, nos termos do quanto ali exposto. Fl. 3240DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.000 21 (C) Fischer S/A — Comércio, Indústria e Agricultura — CNPJ 33.010.786/000187. Na qualidade de Sucessora, por Incorporação, de FISCHER SUCOS INDÚSTRIA e COMÉCRIO LTDA, FISCHER CÍTRICOS AGROINDUSTRIA LTDA e FISCHER AGROPECUÁRIA LTDA, informa que a ora requerente foi incluída no processo em epígrafe sob a alegação de responsabilidade solidária pelo cumprimento das obrigações previdenciárias, na forma do art. 30, inciso IX da Lei n. 8212 de 24 de julho de 1991, por ser empresa integrante do "Grupo Fischer". Diante disso, requerse a juntada da manifestação ao resultado da mencionada diligência fiscal elaborada pela Fischer S/A Agroindústria, cuja cópia segue anexa (doc. 02), reiterando seus fundamentos, que devem ser considerados como integrantes desta manifestação, requerendo o cancelamento integral da exigência fiscal, nos termos do quanto ali exposto. DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Após análise dos autos, a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto SP, emitiu o Acórdão nº 1427.768, às fls. 2752 a 2784, julgando procedente em parte a autuação, conforme a Ementa a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1998 a 30/09/2007 CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA INCIDENTES SOBRE A REMUNERAÇÃO DE CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. A empresa é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados contribuintes individuais. PRAZO DECADENCIAL. OCORRÊNCIA EM PARTE. Nos tributos sujeitos ao regime de lançamento por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador. Quando não há pagamento antecipado, ou na hipótese de fraude, dolo ou simulação, aplicase a regra geral disposta no art. 173, I, do CTN. AUTUAÇÃO. LEGALIDADE. NULIDADE. INCABÍVEL. O AutodeInfração devidamente motivado, com a descrição das razões de fato e de direito, contendo as informações suficientes ao exercício do contraditório e da ampla defesa, é ato administrativo que goza de presunção de legalidade e veracidade, sendo descabida a argüição de nulidade do feito. Fl. 3241DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.001 22 SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. ARBITRAMENTO. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. RETIFICAÇÃO DE DÉBITO. Integra o saláriodecontribuição do segurado contribuinte individual empresário a remuneração auferida em uma ou mais empresas. É permitido o lançamento de crédito por arbitramento no caso de não exibição dos documentos solicitados e/ou apresentação deficiente, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Em razão da comprovação por ocasião da diligência procedida, cabe retificação do débito para excluir os valores recolhidos em data anterior à autuação e os que não devem compor a base de cálculo. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. SEGURO DE VIDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. ASSISTÊNCIA MÉDICA, ODONTOLÓGICA E REEMBOLSO DE DESPESAS. Integra o saláriodecontribuição o valor relativo a seguro de vida, pago em desacordo com a legislação pertinente. Integra o saláriodecontribuição o valor atinente a programa de previdência privada, quando não comprovada a regularidade da concessão. Integra o saláriodecontribuição a importância concernente a assistência médica, odontológica e de reembolso de despesas, quando pago em discordância com a legislação correspondente. LEGALIDADE E CONSTITUCIONALIDADE. ÂMBITO ADMINISTRATIVO. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis e a legalidade dos atos normativos infralegais. PROVAS. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. A prova documental no contencioso administrativo deve ser apresentada juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, salvo se fundada nas hipóteses expressamente previstas. INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. PEDIDO REJEITADO. Dada a existência de determinação legal expressa, as intimações são endereçadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado o endereço postal, eletrônico ou de fax, por ele fornecido, para fins cadastrais. PRAZO PARA MANIFESTAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. A apresentação de alegações após o prazo concedido para a empresa se pronunciar enseja o seu não conhecimento. Fl. 3242DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.002 23 VÍCIO FORMAL INSANÁVEL. EXCLUSÃO DO LEVANTAMENTO ESPECÍFICO. INCLUSÃO POSTERIOR. Embora concluise pela procedência parcial, a constatação de vicio formal insanável em determinado levantamento enseja a exclusão em sua totalidade para posterior inclusão em futura autuação. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Acórdão Acordam os membros da 6a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar PROCEDENTE EM PARTE A IMPUGNAÇÃO E MANTER O DÉBITO REMANESCENTE NO VALOR DE R$ 1.471.359,36 (UM MILHÃO, QUATROCENTOS E SETENTA E UM MIL, TREZENTOS E CINQÜENTA E NOVE REAIS E TRINTA E SEIS CENTAVOS), consolidado em 21/05/2008, conforme DADR Discriminativo Analítico do Débito Retificado, parte integrante. Recorrese de ofício desta Decisão ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, nos termos do art. 366 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, na redação outorgada pelo Decreto n° 6.224/07, haja vista que o valor exonerado é superior ao fixado na Portaria MF n.° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). Cientifiquese os Contribuintes deste Acórdão bem como do DADR, nos termos da legislação vigente. Sugerese cópia também ao Órgão lançador, para ciência e providências que julgar cabíveis, quanto ao tópico LEVANTAMENTO MF, que embora concluiuse pela procedência parcial dos valores ali constantes, referido Levantamento está sendo totalmente excluído, em razão de equívoco insanável em sua classificação. Ademais, o Acórdão da decisão de primeira instância, às fls. 2752 a 2784, decidiu em relação a: (i) Valores não questionados pela Autuada "Despesas de Viagens" e "Empréstimos" e parte de "Folha de Pagamento: Antes de adentrarmos nas alegações contidas na Defesa, é bom destacar que a Autuada não questionou em nenhum momento os aspectos relativos ao mérito dos Lançamentos "Despesas de Viagens" e "Empréstimos" e parte de "Folha de Pagamento". Muito pelo contrário, tanto concordou que no prazo de defesa efetuou os recolhimentos devidos, conforme cópia de GPS juntada aos autos, e, de acordo com telas do Sistema Informatizado, especificamente do Sistema de Cobrança — Lista de Competências de Processos, se verifica que o Setor competente já efetuou a "Apropriação" dos valores recolhidos durante o prazo de Defesa, o que resultou na exclusão dos valores referentes aos Levantamentos abaixo: DV — de 05/2004 a 09/2007 total; Fl. 3243DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.003 24 DVF — 06/2003 a 04/2004; EMP 05/2004 — total; FND — competência 10/2004 — de R$ 13.843,21 para R$ 10.903,21. Apenas esclarecendo, tais valores, embora já quitados, continuam a fazer parte dos autos, constando, inclusive do DADR, uma vez que o julgamento e retificação se reportam à data da autuação/consolidação dos valores, e os recolhimentos ocorreram em data posterior, cabendo ao Órgão de origem as providências cabíveis. (ii) Decadência aplicação do art. 150, § 4º, CTN 01/1998 a 05/2003 A Defendente requer o cancelamento da exigência, relativa a janeiro/1998 a maio/2003, em respeito ao prazo decadencial previsto no § 4° do art. 150 do CTN. Assiste razão à Empresa. (...) Da consulta efetuada junto ao Sistema Informatizado da RFB, revela a existência de recolhimentos de contribuições efetuadas pela Empresa para esse período, conforme tela juntada aos autos, devendo ser aplicado o art. 150, § 4 0, do CTN. Dessa forma, excluise, por decadência, o período de janeiro/1998 a maio/2003. (iii) Descabimento de Nulidade do processo Em sua Defesa, a Empresa aponta para a nulidade do AI em tela, uma vez que a fiscalização não aprofundou as suas investigações, valendo se de presunção não prevista em lei para determinar a base de cálculo, relativa às infrações listadas nos itens previdência privada, gratificação e mútuos, e efetuou o lançamento, presumindo as bases, nos termos do art. 233 do Decreto n° 3.048/89. Porém, não vislumbro qualquer vício nos autos. Antes de mais nada, é importante esclarecer que o Relatório Fiscal detalha os fatos verificados no procedimento fiscal que deram origem ao presente lançamento. Deixa claro a apuração das bases de cálculo com a fundamentação legal correspondente. No tocante aos valores lançados por aferição indireta, explicita as razões do procedimento e deixa claro que os valores foram apropriados na contabilidade com os títulos supracitados, sem contrapartida, histórico deficiente e sem exibição de documentos e, ainda, que em relação aos valores a título de empréstimos, que houve o perdão da dívida em favor dos administradores. Fl. 3244DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.004 25 Discrimina os fatos geradores das contribuições devidas, os documentos que serviram de base para a constituição do débito e a forma de apuração das contribuições. Impõe ressaltar que o procedimento fiscal adotado no presente AIOP pautouse estritamente na legislação que rege a matéria para efetuar a apuração por aferição das contribuições sociais incidentes sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais sócios. É essencial, de início, destacar a situação fática constatada durante a ação fiscal e explicitada no Relatório, relativa a esses itens, que pela sua importância, parte transcrevese abaixo (...) Demonstrada cabalmente a existência de irregularidades na contabilidade da empresa bem como a não apresentação de documentos solicitados ou a sua exibição deficiente, a Auditoria Fiscal fica autorizada por dispositivo legal, a realizar os lançamentos por aferição indireta, cabendo à Autuada o ônus da prova em contrário, em consonância com a legislação pertinente art. 33, §§ 2° e 3°, da Lei n° 8.212/91, c/c art. 233 parágrafo único do RPS. (...) Irreparável, portanto, o procedimento fiscal que desaguou no arbitramento da base de cálculo e a decorrente aferição indireta das contribuições devidas. A técnica adotada pela fiscalização para arbitrar o valor do crédito está assentada em presunção legitimamente aceitável, louvandose em elementos probatórios, idôneos e razoáveis para fundamentar o cálculo, viabilizando o lançamento do crédito previdenciário pela técnica de arbitramento, e teve o cuidado de demonstrar com claros e suficientes elementos os critérios e parâmetros utilizados para apuração do crédito, através de Relatório Fiscal circunstanciado, integrante do AI em exame (...) Assim sem razão a Empresa, no tocante à alegada nulidade. A declaração de nulidade de qualquer ato só se impõe no caso de associado a ele estar algum prejuízo concreto para as partes. Essa previsão norteiase pelo princípio da instrumentalidade das formas e dos atos processuais, delineado no §1 0 do art. 249 do CPC, também conhecido como princípio da finalidade e do prejuízo, segundo o qual o ato irregular não deve ser anulado se atingiu sua finalidade sem causar prejuízo às partes ou à ordem pública. Ademais, ainda que houvessem os vícios que a Empresa entende ter ocorridos, as irregularidades não teriam o condão de levar a autuação à nulidade por não se enquadrarem nas hipóteses de nulidade previstas na legislação. (iv) O LEVANTAMENTO FOLHAS DE PAGAMENTO — FND /FNF Fl. 3245DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.005 26 Pelo contido na IF, fruto da diligência, cabe a retificação dos valores referentes aos levantamentos Folhas de Pagamento: LEVANTAMENTO FNF improcedente em sua totalidade e LEVANTAMENTO FND manter o valor abaixo: COMPETÊNCIA LANÇADO EXCLUÍDO MANTIDO 07/2004 87.300,20 83.332,01 3.968,19 (v) MANTER o Levantamento TERAPIAS COMPLEMENTARES — PF / PFF O art. § 9°, alínea "q", da Lei n° 8.212/91, traz textualmente as exigências para que tal parcela não integre o saláriodecontribuição: "Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9°. Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa;" (Incluído pela Lei n°9.528, de 10.12.97). Da leitura atenta da mencionada alínea "q", vêse claramente que para não integrar o saláriodecontribuição, o valor relativo à assistência médica ou odontológica e reembolso de despesas deve obrigatoriamente abranger a universalidade dos empregados e dirigentes. E contrariando o dispositivo legal, de acordo com o relato da Auditoria e ratificado pela Defendente, a Complementação de tratamentos — (Psico Fono), é pago os funcionários e dependentes, exceto funcionários contratados na modalidade de prazo determinado. Alega a Autuada que a exclusão dos trabalhadores contratados por prazo determinado se deve pela natureza dos serviços assistenciais oferecidos aos seus empregados e diretores, cujos efeitos são verificados ao longo de um período, bem como pelas peculiaridades do ramo de atividade da Impugnante, daí sua discordância quanto à autuação neste tópico. Porém, não cabe prosperar a visão da Empresa. Clara a legislação transcrita acima quando dispõe que a cobertura do plano de saúde deve abranger a totalidade dos empregados e dirigentes, sem qualquer exceção, e em nenhum momento traz a possibilidade de que existindo exclusão de determinada categoria de trabalhador, manterseia a isenção das contribuições previdenciárias incidentes sobre esses valores pagos. Fl. 3246DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.006 27 (vi) Manter o Levantamento REEMBOLSO ODONTOLÓGICO DOS DIRETORES — RO / ROF O art. § 9°, alínea "q", da Lei n° 8.212/91, traz textualmente as exigências para que tal parcela não integre o saláriodecontribuição: "Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9°. Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa;" (Incluído pela Lei n°9.528, de 10.12.97). Da leitura atenta da mencionada alínea "q", vêse claramente que para não integrar o saláriodecontribuição, o valor relativo à assistência médica ou odontológica e reembolso de despesas deve obrigatoriamente abranger o conjunto de todos os empregados e dirigentes. E contrariando o dispositivo legal, podese verificar nitidamente a existência de duas políticas no tocante a tratamento odontológico, fato esse inclusive registrado pela Defendente. Enquanto o Relatório traz a concessão do benefício de "Reembolso Odontológico dos Diretores", aplicado aos Diretores, Gerentes de Divisão e de Departamentos e com "status de" e seus dependentes legais, na diligência deparase com a "Assistência Odontológica", que é aplicado a todos os funcionários e seus dependentes legais, exceto os com contrato de trabalho na modalidade de prazo determinado. Portanto, temse planos distintos. O primeiro que beneficia somente os Diretores, Gerentes de Divisão e de Departamentos e com "status de", objeto do presente, e o segundo que restringe a totalidade dos segurados. E quanto ao argumento que a alínea em foco não contem determinação que a assistência odontológica deve ser uniforme, não merece prosperar. Para a Defendente, o texto legal quer dizer que desde que todos os empregados e dirigentes tenham alguma cobertura, embora não necessariamente idêntica. E, como todos têm algum tipo de assistência, estaria atendida a condição posta na lei de custeio, para efeito da não incidência de contribuições previdenciárias. No entanto, a literalidade do texto conduz ao entendimento de que a (e não alguma) cobertura relativa àquela assistência deve abranger a todos os empregados e dirigentes da empresa, isto é, todos devem ser igualmente protegidos, sob pena de considerarse não atendida a condição imposta na lei e, por conseguinte, o respectivo valor deve ser mantido no campo de incidência das normas de tributação. Fl. 3247DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.007 28 A situação fática relatada afasta o permissivo excludente da incidência de contribuição social, previsto no art. 28, § 9°, alínea "q", da Lei n° 8.212/91, portanto, constatada tal situação, o Fisco tem o dever de lançar. (vii) Manter o Levantamento SEGURO DE VIDA EM GRUPO — SV / SVF Como mais uma política, foram apurados valores dispendidos pela Empresa com seguro de vida em grupo de seus diretores, com o objetivo de garantir o recebimento de indenização quando da ocorrência de sinistros e é aplicado a todos os funcionários e estagiários. No entanto, tal benefício não foi contemplado em Acordo/Convenção Coletiva, o que afronta o art. 214, § 9 0, inc. XXV, do RPS, com a redação do Decreto n° 3.265/99. Em razão de que na conta contábil não segregar o montante apropriado e tampouco a identificação do beneficiário, os valores apurados foram extraídos dos descontos alocados nas Folhas de Pagamento, usando a prerrogativa prevista no art. 233 do RPS. (...) Não consta dentre o rol de exclusões do art. 28, do §9°, da Lei n° 8.212/91, o seguro de vida em grupo. No entanto, seu inciso III dispõe que saláriodecontribuição para o contribuinte individual é a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria (...) Assim, apenas em novembro/1999, com a vigência do Decreto n° 3.265/99, é que a rubrica pertinente ao Seguro de Vida em Grupo passou a fazer parte do rol das verbas não incidentes de contribuições, desde que obedeça as duas condições impositivas, quais sejam: • estar previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho; e • estar disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes. Caso contrário, incide contribuição, em consonância com o teor do § 10 do artigo 214 do RPS. E resta claro o descumprimento dos requisitos obrigatórios, de acordo com o Relatório Fiscal. (...) Examinando o dispositivo que cuida da matéria, verificase que a isenção exposta está condicionada à previsão do beneficio prêmio do seguro de vida em grupo em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Ocorre, entretanto, que a Empresa, contrariando disposição, não previu, em seus acordos ou convenções coletivas de trabalho, o pagamento do prêmio de seguro de vida em grupo, fato este devidamente constatado pela Fiscalização e relatado nos autos. Fl. 3248DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.008 29 A primeira condição, referente à disponibilidade a todos os segurados, conforme Relatório, encontrase presente. Porém, a segunda permaneceu esquecida. Ou seja, não há Acordo Coletivo com previsão para o pagamento do seguro de vida em grupo aos segurados. O prêmio do seguro de vida em grupo, pago pela empresa à Seguradora, só não integra o saláriodecontribuição, a partir de 11/1999, se for pago em consonância com o disposto na art. 214, § 90, inc. XXV, do RPS, o que no presente caso não ocorreu, conforme relatado pela Auditoria Fiscal em seu Relatório, em razão de ausência de Acordo Coletivo. Fica evidente, portanto, que a empresa não atendeu o objetivo buscado pelo legislador na hipótese de exclusão estabelecida no inc. XXV do § 90 do art. 214 do RPS, ou seja, que o pagamento do prêmio de seguro de vida em grupo esteja previsto nos acordos ou convenções coletivas de trabalho. Assim, os pagamentos efetuados a este título integram o saláriodecontribuição, nos termos do disposto no art. 28, inc. III, da Lei n° 8.212/91 combinado com o art. 214, §9°, inc. XXV, e §10 do mesmo artigo do RPS. (viii) Manter o Levantamento ASSISTÊNCIA MÉDICA — AM / AMF O art. § 9°, alínea "q", da Lei n° 8.212/91, traz textualmente as exigências para que tal parcela não integre o saláriodecontribuição: "Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9°. Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa;" (Incluído pela Lei n°9.528, de 10.12.97). Da leitura atenta da mencionada alínea "q", vêse claramente que para não integrar o saláriodecontribuição, o valor relativo à assistência médica ou odontológica e reembolso de despesas é condição fundamental que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes e, mais, com igualdade de tratamento de saúde a todos. E, ao contrário do que entende a Empresa, de que o dispositivo legal não contém qualquer determinação que a assistência deve ser uniforme a todos, apenas exige que seja disponibilizada a todos, a norma determina sim a identidade de cobertura, ou seja, a mesma cobertura para todos os empregados e dirigentes. (...) Fl. 3249DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.009 30 Realmente, pelo contido no Relatório, constatase que o plano de assistência médica é aplicado a todos os funcionários e seus dependentes legais. No entanto, no mesmo documento traz, também, que o padrão de atendimento é estabelecido de acordo com a classificação do grupo salarial. Assim, temse o Plano Semiprivativo, Plano Privativo e o Plano Plus, esse último destinado para os cargos com "status" gerencial, Gerentes de Departamento/Divisão e Diretores. Portanto, temse planos distintos de acordo com o grupo salarial. Entretanto, o dispositivo legal é taxativo que a cobertura deve atingir a totalidade dos empregados e dirigentes. Dessa forma, o benefício deve ser concedido igualmente à totalidade dos empregados e dirigentes, ao contrário do procedimento da empresa, pois o empregado de faixa salarial inferior não tem a sua disposição o Plano Plus. A oferta de coberturas distintas e condições privilegiadas para os detentores de cargos gerenciais em relação aos demais, caracteriza remuneração, sujeitandose, assim, à incidência de contribuições. (ix) Manter o Levantamento PREVIDÊNCIA PRIVADA — AFERIÇÃO — PP Inicialmente, é importante esclarecer os motivos que ensejaram o lançamento dos valores apurados nos registros contábeis em conta intitulada Previdência Privada, corno componentes do saláriode contribuição, pois como relata a Auditoria, solicitou documentos pertinentes e nada fora disponibilizado, embora a existência da conta contábil indica que a empresa dispende valores com pagamento de previdência privada de seus laboradores, lembrando que quanto à nulidade argüida pela Defendente, já foi afastada por esta Julgadora em tópico específico acima. E exatamente pela não apresentação dos documentos solicitados pela fiscalização e considerando que os registros contábeis são sucintos, não foi possível verificar se os valores pagos enquadramse no disposto no 28, § 9°, alínea "p", da Lei n° 8.212/91 "Art. 28. ... § 9° Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9°c e468 da CLT; " (redação acrescentada pela MP n° 159614/97, convertida na Lei n°9.528/97). Da leitura dos dispositivos acima, verificase que o valor pago a título de plano de previdência privada não é considerado saláriode contribuição para fins de incidência de contribuição previdenciária, se Fl. 3250DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.010 31 efetivamente for disponibilizado a todos os empregados e dirigentes da empresa. Entretanto, justamente pela não exibição da documentação pertinente e pela escrituração contábil deficiente, temas já tratados no tópico "DA NULIDADE DO PROCESSO. INCABÍVEL", não foi possível verificar se a situação se enquadrava estritamente dentro da alínea "p" do § 9° do art. 28 da Lei n° 8.212/91, razão pela qual foi considerado como parte integrante da remuneração dos empresários, com incidência das contribuições previdenciárias. (x) Manter em parte o Levantamento GRATIFICAÇÃO — AFERIÇÃO — G / GF Inicialmente, é importante esclarecer os motivos que ensejaram o lançamento dos valores apurados nos registros contábeis em conta intitulada Gratificações, como componentes do saláriode contribuição, pois como relatou a Auditoria, solicitou documentos pertinentes e nada fora disponibilizado, embora a existência da conta contábil indica que a empresa dispende valores com pagamento de gratificações, lembrando que quanto à nulidade argüida pela Defendente, já foi afastada por esta Julgadora em tópico específico acima. E pelo contido na IF, resultado da diligência, inclusive, com novas intimações para a Empresa exibir documentos além dos juntados aos autos, e notadamente a planilha elaborada pela Auditoria trazendo os valores que devem ser excluídos e considerando os Anexos específicos DAD — Discriminativo Analítico de Débito e RL — Relatório de Lançamento, devese retificar o débito a fim de afastar os valores apontados pela fiscalização e manter apenas os valores parciais nas competências 10/2004 e 11/2004 e total na competência 09/2003, competência essa sequer questionada pela Defendente, o que vai ao encontro do afirmado pela Autuada, no final da Defesa pertinente a esse tópico, que "... resta devidamente comprovado que a quase totalidade dos valores das gratificações, glosadas pelo Sr. Auditor Fiscal, foi computada nas bases de cálculos da contribuição destinada à Seguridade Social, recolhida pela impugnante nos períodos fiscalizado." (destaquei). No entanto, não há como atender o pleito da Defendente, logo a seguir, "... deve ser integralmente cancelada a exigência fiscal correspondente a este item da autuação", pois a "quase totalidade" não significa a totalidade, e fica mantido os valores de SaláriodeContribuição — SC abaixo: LEVANTAMENTO G manter os valores abaixo: COMPETÊNCIA LANÇADO EXCLUÍDO MANTIDO 10/2004 851.063,14 2.855,99 848.207,15 11/2004 18.438,67 15.547,64 2.891,03 Fl. 3251DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.011 32 LEVANTAMENTO GF manter o valor abaixo: COMPETÊNCIA LANÇADO EXCLUÍDO MANTIDO 09/2003 74.330,44 0,00 74.330,44 (ix) Manter em parte o Levantamento MÚTUOS — AFERIÇÃO — M / MF Verificado na escrituração contábil contas nominadas como empréstimo e a deficiência dos registros impossibilitaram qualquer conclusão relativo à regularidade e devolução dos empréstimos. Para os valores em que foram apresentados distratos com perdão da dívida, não houve qualquer dúvida acerca de seu enquadramento no conceito de saláriodecontribuição. Para os demais, mais uma vez, arrogouse da prerrogativa prevista no art. 233 do RPS, e lançouos como base de cálculo. (...) Do resultado da Diligência Fiscal — Informação Fiscal IF. De início, informa que como a documentação anexada aos autos era insuficiente para sua conclusão, solicitou novos documentos e faz uma análise das competências questionadas, apartando nos mesmos padrões da Defendente, e explicita as razões dos valores mantido, e ao final de cada tópico traz uma tabela demonstrando os montantes apurados a título de mútuo de diretores a serem excluídos do crédito previdenciário. Da conclusão desta Relatora. Primeiramente, é importante esclarecer os motivos que ensejaram o lançamento dos valores apurados nos registros contábeis em conta intitulada Empréstimo, como componentes do saláriodecontribuição, pois como relata a Auditoria, solicitou documentos pertinentes, os quais foram disponibilizados apenas parcialmente e a deficiência dos registros contábeis impossibilitaram conclusão relativa a regularidade e devolução dos empréstimos registrados nas contas citadas, lembrando que quanto à nulidade argüida pela Defendente, já foi afastada por esta Julgadora em tópico específico acima. E pelo contido na IF, fruto da diligência, inclusive, com novas intimações para a Empresa exibir documentos além dos juntados aos autos, notadamente a planilha elaborada pela Auditoria trazendo os valores que devem ser excluídos e considerando os Anexos específicos DAD — Discriminativo Analítico de Débito e RL — Relatório de Lançamento, devese retificar o débito a fim de afastar os valores apontados pela fiscalização. Ressalto que considero apropriado o procedimento fiscal adotado no subitem 6.7, referente às Despesas Médicas — competências 06/2003 e 07/2003, cujos valores citados, lançados no Levantamento Mútuos, comprovouse tratar de despesas médicas dos diretores, e, no entanto, Fl. 3252DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.012 33 como tais valores não foram incluídos no Levantamento Assistência Médica, conforme constatado também por esta Relatora, devem permanecer no Levantamento, ora em foco. Despesa Médica consta no levantamento MF (anulado por vício formal) (gn) Até porque ambas rubricas — Assistência Médica e Mútuos — compõem o saláriodecontribuição dos contribuintes individuais, de acordo com o inc. III do art. 28 e § 9° da Lei n° 8.212/91. E que fique claro que também nenhum prejuízo vai causar à Autuada, pois em nada altera o valor do débito da Empresa. LEVANTAMENTO M manter os valores abaixo: COMPETÊNCIA LANÇADO EXCLUÍDO MANTIDO 05/2004 20.591,26 20.339,75 251,51 06/2004 22.465,30 21.731,92 733,38 07/2004 21.165,78 20.914,27 251,51 08/2004 20.973,96 20.566,55 407,41 09/2004 86.645,74 15.603,63 71.042,11 10/2004 20.844,24 20.844,24 0,00 12/2004 164.214,39 155.401,55 8.812,84 01/2005 7.559,31 7.559,31 0,00 02/2005 5.094,37 5.094,37 0,00 03/2005 101.691,95 14.904,55 86.787,40 04/2005 89.532,56 14.631,36 74.901,20 05/2005 1.787.886,69 1.787.886,69 0,00 06/2005 56.751,20 0,00 56.751,20 08/2005 1.632.779,58 1.632.779,58 0,00 10/2005 19.805,47 19.805,47 0,00 12/2005 1.160.285,95 1.072.788,97 87.496,98 LEVANTAMENTO MF manter os valores abaixo: COMPETÊNCIA LANÇADO EXCLUÍDO MANTIDO 06/2003 627.194,26 0,00 627.194,26 07/2003 67.504,22 4.804,22 62.700,00 08/2003 6.556,42 6.295,90 260,52 Fl. 3253DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.013 34 09/2003 21.441,48 19.624,72 1.816,76 10/2003 6.658,86 6.394,40 264,46 11/2003 8.542,52 8.276,74 265,78 12/2003 1.511.364,04 1.510.896,92 467,12 01/2004 13.879,25 1.137,91 12.741,34 02/2004 10.135,72 0,00 10.135,72 03/2004 94.582,91 16.268,73 78.314,18 04/2004 28.464,58 18.562,50 9.902,08) Embora não haja qualquer dúvida a esta Julgadora quanto à procedência das contribuições incidentes sobre as bases de cálculo constantes do demonstrativo pertinente ao LEVANTAMENTO MF acima, em razão da classificação equivocada para referido levantamento como "Período anterior à implantação da GF1P" (DAD — fl. 60) para período posterior à exigência da GFIP, necessário se faz a exclusão da totalidade dos valores ali lançados, em razão de vício formal insanável. E exatamente aí reside o vício insanável. Não há como alterar a classificação originalmente procedida pela fiscalização, ainda que seja gritante o equívoco fiscal, razão pela qual outra alternativa não resta a não ser a exclusão integral do Levantamento MF, pois não há qualquer possibilidade de saneamento. E para que fique claríssimo, repito, os valores constantes supra são procedentes e estão sendo excluídos tão somente pelo vício formal insanável apontado, o que deverá ensejar a reinclusão desses valores em nova autuação. CÓDIGOS DE LEVANTAMENTO QUE PERMANECERAM NA AUTUAÇÃO FISCAL APÓS A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. A fim de possibilitar uma melhor compreensão do estágio do presente processo administrativofiscal, após a decisão de primeira instância no Acórdão nº 1427.768, às fls. 2752 a 2784 se depreende do Relatório Discriminativo Analítico do Débito Retificado DADR, às fls. a 2660 a 2751 que foram mantidas a tributação referente aos seguintes Códigos de Levantamento: (i) Levantamento: AM ASSIST MED (ii) Levantamento: AMF ASSIST MED FPAS 507 (iii) Levantamento: DV DESPESAS DE VIAGEM (iv) Levantamento: DVF DESPESAS DE VIAGEM FPAS 507 Fl. 3254DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.014 35 (v) Levantamento: EMP EMPRESTIMO NO DEVOLVIDO (vi) Levantamento: FND VLRS EM FOLHA NO DECL GFIP (vii) Levantamento: FNF VLRS FOLHA NO DECL FPAS 507 (viii) Levantamento: G GRAT1F (ix) Levantamento: GF GRATIF FPAS 507 (x) Levantamento: M MUTUO (xi) Levantamento: MF MUTUO FPAS 507 (xii) Levantamento: PF PSICO FONO (xiii) Levantamento: PFF PSICO FONO FPAS 507 (xiv) Levantamento: PP PREV PRIVADA (xv) Levantamento: RO REEMBOLSO ODONTO (xvi) Levantamento: ROF REEMBOLSO ODONTO FPAS 507 (xvii) Levantamento: SV SEGURO DE VIDA (xviii) Levantamento: SVF SEGURO DE VIDA FPAS 507 DO RECURSO DE OFÍCIO Acordam os membros da 6a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar PROCEDENTE EM PARTE A IMPUGNAÇÃO E MANTER O DÉBITO REMANESCENTE NO VALOR DE R$ 1.471.359,36 (UM MILHÃO, QUATROCENTOS E SETENTA E UM MIL, TREZENTOS E CINQÜENTA E NOVE REAIS E TRINTA E SEIS CENTAVOS), consolidado em 21/05/2008, conforme DADR Discriminativo Analítico do Débito Retificado, parte integrante. Recorrese de ofício desta Decisão ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, nos termos do art. 366 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, na redação outorgada pelo Decreto n° 6.224/07, haja vista que o valor exonerado é superior ao fixado na Portaria MF n.° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). DO RECURSO VOLUNTÁRIO (A) FISCHER S.A. — AGROINDÚSTRIA Fl. 3255DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.015 36 Inconformada com a decisão, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, fls. 2789 a 2813, combatendo a decisão de primeira instância e reiterando os argumentos já deduzidos, em apertada síntese: Inicialmente, reportase à autuação, em que fora apontada nove supostas infrações listadas, que teriam sido cometidas, e com exceção de parte das infrações referidas nos itens (i) — folhas de pagamento, (ii) — empréstimo e (iii) — despesas de viagens, cujos valores foram recolhidos no prazo de defesa (doc. 3), são improcedentes as exigências, que decorrem da análise incompleta da documentação bem como da interpretação equivocada da legislação tributária; Após a decisão de primeira instância, restaram integralmente mantidas as exigências da contribuição destinada à Seguridade Social, relativas às demais infrações supostamente cometidas pela recorrente, no período de junho de 2003 a setembro de 2007, a saber: "assistência médica e reembolso odontológico dos diretores", "terapias complementares", "previdência privada" e "seguro de vida em grupo". Das preliminares: a) Da nulidade do auto de infração. O auto é nulo, uma vez que a fiscalização não aprofundou as suas investigações, valendose de presunção não prevista em lei para determinar a base de cálculo, relativa às infrações previdência privada e gratificação — aferição, respectivamente, por não preencher as condições previstas no art. 28, § 9°, "p", da Lei n° 8.212/91 e por não ficar demonstrado que os valores pagos foram considerados na apuração da base de cálculo e (ix) — mútuos — aferição, por entender que a Impugnante perdoava, sistematicamente, as suas dividas. Assim, com base em meras alegações, desprovidas de quaisquer elementos de provas, efetuou o lançamento, presumindo as bases, nos termos do art. 233 do Decreto n° 3.048/89. Ao deixar de aprofundar as suas investigações e identificar eventuais pagamentos realizados aos diretores, que não foram computados na base de cálculo e optar pelo cômodo procedimento previsto no transcrito art. 233, sem amparo em norma legal, a fiscalização maculou irremediavelmente o lançamento tributário. Invoca o Principio da Legalidade e art. 142 do CTN, não observados pela fiscalização, que realizou o lançamento sobre parte dos saldos existentes em registros contábeis, que não se referem à remuneração dos diretores da Impugnante, devendo ser declarada a nulidade do lançamento, relativo aos supostos pagamentos efetuados a titulo de previdência privada, gratificações e mútuos; Do Mérito. b) improcedência da exigência da contribuição previdenciária sobre despesas médicas, lançadas a titulo de mútuo. Contudo, as autoridades julgadoras "a quo" mantiveram a exigência da contribuição previdenciária, relativa às competências 06/2003 e 07/2003, com base na alegação de que a respectiva base de cálculo Fl. 3256DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.016 37 engloba despesas médicas, que não foram consideradas no correspondente levantamento. Para que fique clara a posição sustentada no v. acórdão recorrido, a recorrente transcreve a seguinte passagem de seu voto condutor: "Ressalto que considero apropriado o procedimento fiscal adotado no subitem 6.7, referente às Despesas Médicas — competências 06/2003 e 07/2003, cujos valores citados, lançados no Levantamento Mútuos, comprovouse tratar de despesas médicas dos diretores, e, no entanto, como tais valores não foram incluídos no Levantamento Assistência Médica, conforme constatado também por esta Relatora, devem permanecer no Levantamento, ora em foco. Até porque ambas rubricas — Assistência Médica e Mútuos — compõem o saláriodecontribuição dos contribuintes individuais, de acordo com o inciso III do art. 28 e § 9° da Lei n. 8212/91. E que fique claro que também nenhum prejuízo vai causar à Autuada, pois em nada altera o valor do débito da Empresa." (fls. 2.781). Vêse, pois, que a r. decisão recorrida subverteu toda a ordem jurídica, mantendo parte do lançamento da contribuição destinada à Seguridade Social, relativo aos mútuos, mas sobre valores que se referem a supostas despesas médicas, alegando que não há prejuízo à recorrente, pois, por uma ou outra razão, tal exação seria devida. c) improcedência da exigência sobre empréstimos, posteriormente, devolvidos pelos funcionários da recorrente. Parte das exigências fiscais correspondentes aos mútuos concedidos pela recorrente, que foi mantida pelo v. acórdão recorrido, merece ser cancelada, na medida em que os seus funcionários vêm devolvendo as quantias que lhe foram emprestadas, razão pela qual não podem ser consideradas como remuneração deles. Com efeito, os valores considerados pela fiscalização nas bases de cálculo da contribuição previdenciária, relativas às competências 09/2004, 04/2005 e 12/2005, referemse a verdadeiros empréstimos concedidos pela recorrente, conforme comprovam os anexos instrumentos particulares de mútuo (docs. 1 e 2). Além disso, os montantes emprestados pela recorrente estão sendo devolvidos por seus diretores e funcionários nos termos previstos naqueles contratos. É o que demonstram os anexos recebidos (docs. 3 e 4). Desse modo, é incontestável a natureza jurídica dos contratos em foco (mútuo), devendo as correspondentes exigências fiscais ser canceladas. d) Dos valores considerados em duplicidade. Restou mantida a exigência da contribuição destinada à Seguridade Social sobre empréstimos supostamente concedidos pela recorrente, nos meses de Abril e de junho de 2005, nos valores de R$ 74.901,20 e R$ 56.751,20, respectivamente. Esclareçase que a maior quantia engloba a menor, ou seja, os R$ 56.751,20 estão compreendidos nos R$ 74.901,20, que corresponde à Fl. 3257DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.017 38 soma daquele valor ("emprest. carro Nelson Ivan") e de R$ 18.150,00 ("empr. compra celular Citric") (doc. 5). Por conseguinte, o lançamento do empréstimo ao Sr. Nelson Ivan foi considerado em duplicidade pelo Sr. Auditor Fiscal, devendo a respectiva exigência fiscal ser cancelada. e) Assistência médica. O v. acórdão recorrido entende que a recorrente não pode conceder planos de assistência médica distintos a seus empregados e diretores, em função de seus cargos, sob pena de perder o benefício fiscal, previsto no art. 28, parágrafo 9°, alínea "q", da Lei n. 8212. Muito embora seja fato incontroverso que a recorrente disponibiliza a todos os seus funcionários, gerentes e diretores planos de assistência médica, as d. autoridades julgadoras "a quo" alegam que a sua política de recursos humanos, que visa a garantir o tratamento médico e hospitalar, a todos os seus funcionários e dependentes, não atende os requisitos legais, na medida em que tal política não é uniforme a todas as categorias de empregados. (...) A partir do momento em que foi constatado que a todos os funcionários da recorrente, mesmo aqueles que não exercem cargos de gerência ou diretoria, é concedida assistência médica, não haveria outra alternativa a não ser reconhecer que restou atendida a condição prevista na alínea "q" do parágrafo 9° do art. 28 da Lei n. 8212 É oportuno observar que o referido dispositivo legal não contém qualquer determinação no sentido de que a assistência médica deve ser uniforme a todos os empregados e dirigentes da empresa. A referida norma legal exige, tão somente, que esse benéfico seja disponibilizado a essas pessoas. Tanto isso é verdade que a orientação da extinta Secretaria da Receita Previdenciária, constante na Instrução Normativa MPS/SRP n. 3, de 14.7.2005, também não contém qualquer regra que ampare a pretensão fiscal, repetindo, basicamente, aquele dispositivo legal (art. 72, inciso XVII). f) Terapias complementares. A r. decisão recorrida manteve a exigência fiscal sobre as despesas incorridas pela recorrente com tratamentos complementares, tais como, tratamentos psicológicos, fonoaudiólogos, etc., não cobertos pelos planos de saúdes. Isso porque, no entender dos Srs. Julgadores, tais benefícios devem ser concedidos a todos os empregados e dirigentes da recorrente, nos termos da alínea "q" do parágrafo 9° do art. 28 da Lei n. 8212, porém, como não são oferecidos aos trabalhadores contratados por prazo determinado, não podem ser excluídos da base tributável. Contudo, a exigência fiscal em foco não merece prevalecer, pois desconsidera a natureza dos serviços assistenciais oferecidos aos seus Fl. 3258DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.018 39 empregados e diretores bem como não leva em conta as peculiaridades do ramo de atividade da Recorrente. Em virtude da atividade por ela desenvolvida, qual seja, a industrialização de produção rural própria e de terceiros, tornase necessário contratar trabalhadores nos meses do ano em que ocorre a colheita da laranja, e de outros frutos. A esses trabalhadores contratados por período de tempo determinado, é garantido o acesso aos serviços médicos e hospitalares, mediante plano de saúde. No entanto, pela própria natureza das terapias complementares, cujos efeitos são verificados ao longo de um período, não faz qualquer sentido lógicojurídico exigir que esse benefício seja estendido àquela classe de trabalhadores. Prevalecendo a linha de raciocínio desenvolvida pela fiscalização, o objetivo visado pela norma consubstanciada na alínea "q" do parágrafo 90 do art. 28 da Lei n. 8212, qual seja, permitir o acesso à saúde aos trabalhadores, restará evidentemente prejudicado. g) Previdência privada. O v. acórdão recorrido manteve o lançamento da contribuição destinada à Seguridade Social incidente sobre as contribuições por ela feitas a entidades abertas de previdência privada, visando a garantir a seus funcionários benefícios complementares àqueles previstos no regime geral de previdência social. De acordo com as alegações constantes no voto condutor dessa decisão, as contribuições feitas pela recorrente à entidade de previdência privada não devem ser excluídas do saláriode contribuição, porque não teria sido devidamente demonstrado o cumprimento da condição prevista no art. 28, parágrafo 9 0, a alínea "p", da Lei n. 8212, qual seja, o oferecimento dos planos de previdência privada a todos os seus empregados. É oportuno destacar que, apesar de a matéria ter sido enfrentada sob o prisma da Lei Complementar n. 109, de 29.5.2001, a r. decisão recorrida simplesmente ignorou os ditames desse diploma legal, limitandose a repetir as alegações do Sr. Auditor Fiscal, constantes no auto de infração. Antes de expor as razões que justificam a reforma do v. acórdão recorrido, a recorrente destaca que, conforme exposto no tópico 2.1 deste recurso, o lançamento tributário é nulo, uma vez que todo o procedimento fiscal se baseou em dispositivo regulamentar ilegal, razão pela qual, a rigor, seriam desnecessárias quaisquer considerações acerca da matéria em foco. (...) Nos autos deste processo administrativo, não foi levantada dúvida acerca da efetividade das contribuições feitas pela recorrente, destinadas ao custeio dos planos previdenciários de seus funcionários e diretores, razão pela qual a discussão se restringe ao alcance da norma inserta no art. 28, parágrafo 9 0, a alínea "p", da Lei n. 8212. Fl. 3259DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.019 40 Pois bem. Até meados do anocalendário de 2001, era incontestável que a exclusão das contribuições relativas aos planos de previdência privada, da base de cálculo da contribuição destinada à Seguridade Social, dependia da observância do oferecimento do plano a todos os empregados e dirigentes da pessoa jurídica. Contudo, com o advento da Lei Complementar n. 109, que regulou o art. 202 da Constituição, dispondo sobre o regime da previdência privada de caráter complementar ao regime geral de previdência social, foram revogadas as condições impostas pelo art. 28, parágrafo 9°, a alínea "p", da Lei n. 8212, no caso dos planos das entidades abertas. Isso porque, a partir da vigência da referida lei complementar, apenas os planos de benefícios das entidades fechadas devem ser, obrigatoriamente, oferecidos à totalidade dos empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores (art. 16), não havendo qualquer norma neste sentido dirigida aos planos das entidades abertas. h) Contribuições a entidades abertas de previdência privada tidas como gratificações. Dentre os lançamentos contábeis realizados na conta gráfica "gratificações", competências 10/2004 e 11/2004, existem dois valores, totalizando R$ 851.098,18, que dizem respeito a contribuições feitas pela recorrente a entidades abertas de previdência privada, mas que, contabilmente, foram classificados erroneamente. Para que se verifique o equívoco cometido pela recorrente, atentese para o histórico dos respectivos lançamentos contábeis, "outros pagamentos previdência privada", realizados nas anexas folhas de seu Livro Razão e das cópias das respectivas solicitações de pagamento (docs. 6 a 8). Desse modo, o lançamento da contribuição destinada à Seguridade Social supostamente incidente sobre aquelas quantias deve seguir a mesma sorte demais valores pagos pela recorrente às entidades abertas de previdência complementar. (i) Seguro de vida em grupo. O v. acórdão recorrido manteve a exigência fiscal sobre os valores correspondentes aos seguros de vida em grupo, oferecidos pela recorrente a todos os seus empregados, nos termos de sua política de recursos humanos. Os Srs. Julgadores "a quo" apenas reiteraram a alegação fiscal de que "inexiste a previsão de seguro de vida em grupo" no acordo coletivo de trabalho, firmado entre o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Matão e a recorrente. No entanto, ao contrário do que alega a fiscalização, os acordos coletivos de trabalho celebrados pela recorrente sempre previram a possibilidade de ser disponibilizado aos seus trabalhadores seguro de vida em grupo, em substituição do chamado "auxílio funeral". Confira Fl. 3260DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.020 41 se, a título exemplificativo, a cláusula 31 a do acordo coletivo, relativo ao ano de 2007, que constava nos acordos dos anos anteriores: "No caso de falecimento do empregado as empresas pagarão aos seus dependentes legais, a título de auxílio funeral, 05 salários normativos da categoria profissional convenente, vigentes à data do falecimento, no caso de morte natural ou acidente, e 7 salários normativos, no caso de morte por acidente de trabalho. Ficam excluídas desta obrigação as empresas que mantenham seguro de vida em grupo, com a subvenção por parte das mesmas, bem como as que adotarem procedimentos mais favoráveis ou subvencionem totalmente as despesas do funeral." (grifos da recorrente) Equivocamse as d. autoridades julgadoras "a quo", do. mesmo modo que se equivocou o Sr. Agente Fiscal, quando afirmam que essa cláusula não se enquadra na regra do art. 214, parágrafo 90, inciso XXV, do Decreto n. 3048, com a redação dada pelo Decreto n. 3265, de 29.11.1999, segundo a qual "não integram o saláriode contribuição, exclusivamente (..) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a prêmio de seguro de vida em grupo, desde que previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9° e 468 da Consolidação das Leis do Trabalho". Com efeito, a leitura atenta da cláusula 31a do acordo coletivo de trabalho, acima transcrita, evidencia que está previsto que as empresas que o subscreveram podem manter seguro de vida em grupo para os seus empregados, em substituição ao pagamento do "auxílio funeral". Essa foi a única saída encontrada para acomodar os diversos interesses das partes daquele acordo, razão pela qual aquele dispositivo convencional deixou duas alternativas de benefícios que podem ser disponibilizados aos empregados daquelas empresas. A primeira alternativa é o pagamento de determinada quantia a título de "a çJ funeral", ao passo que a segunda consiste na manutenção de seguro de vida em grupo. (B) Fischer S/A — Comércio, Indústria e Agricultura Na qualidade de Sucessora, por Incorporação, de FISCHER SUCOS INDÚSTRIA e COMÉCRIO LTDA, FISCHER CÍTRICOS AGROINDUSTRIA LTDA e FISCHER AGROPECUÁRIA LTDA, informa que a Fischer S.A. — Agroindústria protocolou, nesta data, o seu recurso voluntário contra o v. acórdão n. 1427768, de 3.3.2010, da 6a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, em Ribeirão Preto, SP, o qual manteve parte do auto de infração DEBCAD n. 37.143.8438, que deu origem ao processo em referência. Como se pode verificar pela análise dos fundamentos expostos no recurso apresentado por aquela companhia, cuja cópia segue anexa Fl. 3261DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.021 42 (doc. 02), a parte desfavorável da referida decisão deve ser modificada, cancelandose a parcela remanescente das exigências fiscais, que decorrem da interpretação equivocada da legislação tributária vigente. Diante disso, a ora peticionária reitera os fundamentos do anexo recurso, que devem ser considerados como integrantes desta manifestação, requerendo o cancelamento integral da exigência fiscal, nos termos ali expostos. (C) Citrosuco Serviços Portuários S.A. Informa que a Fischer S.A. — Agroindústria protocolou, nesta data, o seu recurso voluntário contra o v. acórdão n. 1427768, de 3.3.2010, da 6a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, em Ribeirão Preto, SP, o qual manteve parte do auto de infração DEBCAD n. 37.143.8438, que deu origem ao processo em referência. Como se pode verificar pela análise dos fundamentos expostos no recurso apresentado por aquela companhia, cuja cópia segue anexa (doc. 02), a parte desfavorável da referida decisão deve ser modificada, cancelandose a parcela remanescente das exigências fiscais, que decorrem da interpretação equivocada da legislação tributária vigente. Diante disso, a ora peticionária reitera os fundamentos do anexo recurso, que devem ser considerados como integrantes desta manifestação, requerendo o cancelamento integral da exigência fiscal, nos termos ali expostos. (D) Citrosuco Paulista Ltda Informa que a Fischer S.A. — Agroindústria protocolou, nesta data, o seu recurso voluntário contra o v. acórdão n. 1427768, de 3.3.2010, da 6a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, em Ribeirão Preto, SP, o qual manteve parte do auto de infração DEBCAD n. 37.143.8438, que deu origem ao processo em referência. Como se pode verificar pela análise dos fundamentos expostos no recurso apresentado por aquela companhia, cuja cópia segue anexa (doc. 02), a parte desfavorável da referida decisão deve ser modificada, cancelandose a parcela remanescente das exigências fiscais, que decorrem da interpretação equivocada da legislação tributária vigente. Fl. 3262DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.022 43 Diante disso, a ora peticionária reitera os fundamentos do anexo recurso, que devem ser considerados como integrantes desta manifestação, requerendo o cancelamento integral da exigência fiscal, nos termos ali expostos. Os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão. É o Relatório. Fl. 3263DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.023 44 VOTO Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro , Relator PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Voluntário foi interposto tempestivamente, conforme informação nos autos. Avaliados os pressupostos, passo para o exame das Questões Preliminares. DAS QUESTÕES PRELIMINARES. Tratase de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário apresentado contra Acórdão nº 1427.768 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto SP, que julgou procedente em parte a autuação por descumprimento de obrigação principal, AIOP nº. 37.143.8438, com ciência do Contribuinte em 03.06.2008, às fls. 01, com valor consolidado de R$ 7.242.471,36 que foi reduzido após o julgamento de primeira instância para R$ 1.471.359,36. O crédito previdenciário se refere às contribuições previdenciárias destinadas à Seguridade Social correspondentes a parte devida da empresa, por pagamento de remuneração a segurados contribuintes individuais diretores, no período 01/1998 a 09/2007, sob os títulos de: (i) Folhas de Pagamento — FND/FNF Confronto entre valores da Folhas de Pagamento e GFIP, cujos recolhimentos não ficaram comprovados; (ii) Empréstimo EMP Valor pago a Maurílio Lobo Filho na competência 05/2004, antes de concretizado formalmente sua inclusão da diretoria; (iii) Despesas de Viagem — DV/DVA/DVF Reembolso por Km rodado pela utilização de veículo próprio, para os cargos executivos. Parte foi apurada com a prerrogativa prevista no art. 233 do RPS — Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99; (iv) Terapias Complementares — PF/PFA/PFF Complementação de tratamentos — (Psico Fono), pagos aos funcionários e dependentes, Fl. 3264DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.024 45 exceto funcionários contratados na modalidade de prazo determinado, tratandose de parcela tributável, pois não atende a todos os empregados e dirigentes, ficando excluído do plano os laboradores contratados a prazo determinado; (v) Reembolso Odontológico dos Diretores — RO/ROA/ROF Tratamento odontológico nas situações preventivas e curativas, aplicado aos Diretores, Gerentes de Divisão e de Departamentos e com "status de" e seus dependentes legais. Parcela tributável, pois atende apenas os escalões mais elevados; (vi) Seguro de Vida em Grupo — SV/SVA/SVF Indenização quando da ocorrência de sinistros. Aplicado a todos os funcionários e estagiários. Benefício não contemplado em Acordo/Convenção Coletiva. Em razão de que na conta contábil não segregar o montante apropriado e tampouco a identificação do beneficiário, os valores apurados foram extraídos dos descontos alocados nas Folhas de Pagamento, usando a prerrogativa prevista no art. 233 do RPS; (vii) Assistência Médica — AM/AMA/AMF Plano de Assistência Médica e Hospitalar. Aplicado a todos os funcionários e seus dependentes legais, porém em planos distintos entre seus prestadores de serviço no momento da concessão do benefício; (viii) Previdência Privada — Aferição — PP/PPA/PPF Valores apurados em conta contábil intitulada Previdência Privada, com históricos sucintos e sem exibição de documentos, usando a prerrogativa prevista no art. 233 do RPS; (ix) Gratificação — Aferição — G/GA/GF Valores registrados em conta contábil denominada Gratificações, com históricos sucintos e sem exibição de documentos, usando a prerrogativa contida no art. 233 do RPS; (x) Mútuos — Aferição — M/M_A/A/IF Verificado na escrituração contábil contas nomeada como Empréstimo e a deficiência dos registros impossibilitaram qualquer conclusão relativo à regularidade e devolução dos empréstimos. Da mesma forma, com fundamento no 233 do RPS. Conforme o Relatório de Caracterização do Grupo Econômico, às fls. 788 a 800, restou caracterizado Grupo Econômico de fato, composto pelas Empresas: (i) Citrosuco Serviços Portuários SA — CNPJ 03.100.114/000100 ii) Fischer Cítricos Agroindústria Ltda — CNPJ 06.313.539/000187 (iii) Fischer Agropecuária Ltda — CNPJ 06.319.567/000101 (iv) Citrosuco Paulista Lida — CNPJ 06.319.604/000181 (v) Fischer Sucos Indústria e Comércio Ltda — CNPJ 38.777.694/000140 Fl. 3265DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.025 46 (vi) Fischer S/A — Comércio, Indústria e Agricultura — CNPJ 33.010.786/000187. Contra a autuação, as empresas autuadas apresentaram Impugnação, conforme o Relatório da decisão de primeira instância, às fls. 2752 a 2784 Foram os autos baixados em Diligência Fiscal, às fls. 2309 a 2316, a fim de que a AuditoriaFiscal se manifestasse a respeito das alegações da Recorrente. A Informação Fiscal prestada pela Auditoria, às fls. 2320 a 2332, após a análise das alegações da Recorrente, manteve parcialmente o lançamento fiscal efetuado. O Contribuinte cientificado da Informação Fiscal, se manifestou às fls. 2456 a 2465. Após análise dos autos, a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto SP, emitiu o Acórdão nº 1427.768, às fls. 2752 a 2784, julgando procedente em parte a autuação. Inconformada com a decisão da recorrida, as Recorrentes apresentaram Recurso Voluntário, onde combatem fundamentadamente a decisão de primeira instância e reiteram os argumentos deduzidos em sede de Impugnação. DA NECESSIDADE DE DILIGÊNCIA FISCAL O ponto central em discussão é o referente a matéria fática que precisa ser apreciada pela AuditoriaFiscal a fim de subsidiar a decisão deste Colegiado. Neste sentido, temos alguns itens a seguir que necessitam de um posicionamento conclusivo da AuditoriaFiscal, a partir da decisão prolatada no Acórdão de primeira instância que analisou as decisões veiculadas na Informação Fiscal e reconheceu a decadência até a competência 05/2003, inclusive, com base no art. 150, § 4º, CTN: (i) Se ocorreu de fato o alegado pela Recorrente de que despesas médicas de diretores foram lançadas pela AuditoriaFiscal no Código de Levantamento MF, relacionado a Mútuos, nas competências 06/2003 e 07/2003. Ainda assim, temse a referência do subitem 6.7 da Informação Fiscal e o posicionamento da decisão de primeira instância às fls. 2781. (ii) Se ocorreu de fato o alegado pela Recorrente de que, em relação ao Código de Levantamento EMP, ou seja, os mútuos concedidos pela Recorrente aos seus funcionários vêm sendo quitados, conforme se verifica nas competências 09/2004, 04/2005 e 12/2005 com os anexos instrumentos particulares de mútuo no Recurso Voluntário. (iii) Se os empréstimos concedidos pela Recorrente, nos meses 04.2005 e 06.2005, nos valores de R$ 74.901,20 e R$ 56.751,20, respectivamente, foram considerados pela AuditoriaFiscal em duplicidade. Neste sentido a Recorrente alega que a maior quantia Fl. 3266DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.026 47 engloba a menor, ou seja, os R$ 56.751,20 estão compreendidos nos R$ 74.901,20, que corresponde à soma daquele valor ("emprest. carro Nelson Ivan") e de R$ 18.150,00 ("empr. compra celular Citric") (doc. 5), sendo então o lançamento do empréstimo ao Sr. Nelson Ivan foi considerado em duplicidade. (iv) Qual o Código de levantamento e as competências referentes ao relatado no item (iii) acima. (v) Em relação aos Códigos de Levantamento AM ASSIST MED e AMF ASSIST MED FPAS 507, a AuditoriaFiscal informe se a Recorrente disponibiliza planos de assistência médica a todos os empregados, gerentes e diretores. (vi) Em relação aos Códigos de Levantamento RO REEMBOLSO ODONTO e ROF REEMBOLSO ODONTO FPAS 507, a AuditoriaFiscal informe se a Recorrente disponibiliza planos de assistência odontológica a todos os empregados, gerentes e diretores. (vii) Em relação ao Código de levantamento GF, nas competências 10.2004 e 11.2004, se procede o alegado pela Recorrente de que existem dois valores, totalizando R$ 851.098,18, que dizem respeito a contribuições feitas pela recorrente a entidades abertas de previdência privada, mas que, contabilmente, foram classificados erroneamente, conforme os docs. 6 a 8) em anexo no Recurso Voluntário. CONCLUSÃO CONVERTER o presente processo em DILIGÊNCIA para que a Unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do contribuinte informe, considerandose a decisão prolatada no Acórdão de primeira instância que analisou as decisões veiculadas na Informação Fiscal e reconheceu a decadência até a competência 05/2003, inclusive, com base no art. 150, § 4º, CTN: (i) Se ocorreu de fato o alegado pela Recorrente de que despesas médicas de diretores foram lançadas pela AuditoriaFiscal no Código de Levantamento MF, relacionado a Mútuos, nas competências 06/2003 e 07/2003. Ainda assim, temse a referência do subitem 6.7 da Informação Fiscal e o posicionamento da decisão de primeira instância às fls. 2781. (ii) Se ocorreu de fato o alegado pela Recorrente de que, em relação ao Código de Levantamento EMP, ou seja, os mútuos concedidos pela Recorrente aos seus funcionários vêm sendo quitados, conforme se verifica nas competências 09/2004, 04/2005 e 12/2005 com os anexos instrumentos particulares de mútuo no Recurso Voluntário. Fl. 3267DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 18088.000137/200872 Resolução nº 2403000.300 S2C4T3 Fl. 3.027 48 (iii) Se os empréstimos concedidos pela Recorrente, nos meses 04.2005 e 06.2005, nos valores de R$ 74.901,20 e R$ 56.751,20, respectivamente, foram considerados pela AuditoriaFiscal em duplicidade. Neste sentido a Recorrente alega que a maior quantia engloba a menor, ou seja, os R$ 56.751,20 estão compreendidos nos R$ 74.901,20, que corresponde à soma daquele valor ("emprest. carro Nelson Ivan") e de R$ 18.150,00 ("empr. compra celular Citric") (doc. 5), sendo então o lançamento do empréstimo ao Sr. Nelson Ivan foi considerado em duplicidade. (iv) Qual o Código de levantamento e as competências referentes ao relatado no item (iii) acima. (v) Em relação aos Códigos de Levantamento AM ASSIST MED e AMF ASSIST MED FPAS 507, a AuditoriaFiscal informe se a Recorrente disponibiliza planos de assistência médica a todos os empregados, gerentes e diretores. (vi) Em relação aos Códigos de Levantamento RO REEMBOLSO ODONTO e ROF REEMBOLSO ODONTO FPAS 507, a Auditoria Fiscal informe se a Recorrente disponibiliza planos de assistência odontológica a todos os empregados, gerentes e diretores. (vii) Em relação ao Código de levantamento GF, nas competências 10.2004 e 11.2004, se procede o alegado pela Recorrente de que existem dois valores, totalizando R$ 851.098,18, que dizem respeito a contribuições feitas pela recorrente a entidades abertas de previdência privada, mas que, contabilmente, foram classificados erroneamente, conforme os docs. 6 a 8) em anexo no Recurso Voluntário. É como voto. Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Fl. 3268DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 29/12/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 16624.001160/2009-15
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1801-000.375
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, devolver os autos à unidade de jurisdição para cumprimento cabal da Resolução nº 1801-000.332, deliberada em 03 de junho de 2014, nos termos do voto da Relatora. Ausente justificadamente o Conselheiro Alexandre Fernandes Limiro.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Fernanda Carvalho Álvares, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH
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score : 1.0
Numero do processo: 35413.001200/2007-97
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. RETENÇÃO. OBRIGATORIEDADE DO CONTRIBUINTE.
A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão-de-obra deve reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida, na forma da lei, em nome da empresa cedente da mão-de-obra.
O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com a legislação previdenciária, nos termos do § 5o do art. 33 da Lei 8.212/91.
GRUPO ECONÔMICO DE QUALQUER NATUREZA. SOLIDARIEDADE.
As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da legislação previdenciária, nos termos do art. 30, inciso IX da Lei 8.212/91.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2803-003.899
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Oseas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior e Ricardo Magaldi Messetti.
Nome do relator: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. RETENÇÃO. OBRIGATORIEDADE DO CONTRIBUINTE. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão-de-obra deve reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida, na forma da lei, em nome da empresa cedente da mão-de-obra. O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com a legislação previdenciária, nos termos do § 5o do art. 33 da Lei 8.212/91. GRUPO ECONÔMICO DE QUALQUER NATUREZA. SOLIDARIEDADE. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da legislação previdenciária, nos termos do art. 30, inciso IX da Lei 8.212/91. Recurso Voluntário Negado.
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EMPRESAS EM GERAL. Recorrente MANUFATURA DE BRINQUEDOS ESTRELA S/A E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. CESSÃO DE MÃODEOBRA. RETENÇÃO. OBRIGATORIEDADE DO CONTRIBUINTE. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãode obra deve reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida, na forma da lei, em nome da empresa cedente da mãodeobra. O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com a legislação previdenciária, nos termos do § 5o do art. 33 da Lei 8.212/91. GRUPO ECONÔMICO DE QUALQUER NATUREZA. SOLIDARIEDADE. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da legislação previdenciária, nos termos do art. 30, inciso IX da Lei 8.212/91. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 41 3. 00 12 00 /2 00 7- 97 Fl. 1063DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.064 2 Helton Carlos Praia de Lima – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Oseas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior e Ricardo Magaldi Messetti. Fl. 1064DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.065 3 Relatório DO LANÇAMENTO Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD 37.072.2876/2007, atinente às contribuições previstas no artigo 31 da Lei 8.212/91, correspondentes a 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços emitida pela prestadora, não retidas pela notificada e não recolhidas. Integram o lançamento fiscal os levantamentos R14, R16, R17, R18, R19, R20, R21, R23, R24, R25, R26, R27, R29, R30, R31, R32, R33, R34, R35, R36, R37, R38, R40, R42, R43, R44, R45, R46, R47, R48, R49, R51, R52, R53, R54, R55 e R56, correspondentes aos serviços de cobrança, manutenção, trabalho temporário, eventos, pesquisa de mercado, produções artísticas, agenciamento prof. ativs. esportivas, culturais e artísticas, instalações, serviços de saúde p. empregados e transporte de mercadorias, prestados pelas empresas relacionadas no quadro de fls. 149 dos autos digitalizados. Acrescenta a fiscalização que se verificou a existência de grupo econômico do qual a notificada faz parte, composto também pelas empresas GIOEX Com. Exp. Imp. Ltda, Brinquemolde Arm. Gerais Ltda, Brinquemolde Lic. Ind. Com Ltda, Brinq. Estrela Ind. Com. Ltda e Starcom Ltda, sendo a notificada sócia majoritária das quatro primeiras enquanto a Starcom é a holding do grupo e tem como responsável o presidente da notificada, Sr. Carlos Tilkian. DA CIÊNCIA DO LANÇAMENTO O grupo econômico foi cientificado do lançamento fiscal, apresentando impugnação as empresas Manufatura de Brinquedos Estrela S/A (Recorrente) e a Starcom e o Sr. Roberto Bárbaro Burti. Os autos foram convertidos em diligência para que a autoridade fiscal se pronunciasse sobre as impugnações apresentadas. Em resposta foi emitido relatório fiscal complementar com ciência do grupo econômico. Foi emitido, também. Informação fiscal de 12/11/2008 com seguinte teor: quanto ao grupo econômico, o contribuinte não contesta as relações entre as empresas trazidas pelo Relatório Fiscal, mas tenta desqualificar os critérios utilizados pela fiscalização, os quais possuem sólidos fundamentos normativos (transcreve legislação); ainda quanto ao tema, o contribuinte afirmou que o enquadramento do grupo econômico baseouse em presunções, no entanto, foram apresentados na página 9 do relatório (fls. 74) os fatos que levaram à conclusão fiscal (a notificada é sócia majoritária direta ou indireta das demais empresas, a exceção da Starcom, cujo principal responsável é o próprio presidente da notificada), dispensados de provas tais fatos por se encontrarem registrados em documentos sujeitos a registro público (atos constitutivos), cabendo ao contribuinte, se tivesse Fl. 1065DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.066 4 sólidos elementos, trazer aos autos tais documentos para embasar suas alegações. O que se percebe é que o contribuinte não apresenta uma prova sequer das suas ponderações; a figura do Sr. Carlos Tilkian reforça a vinculação entre as empresas. Esta pessoa física detém o controle do grupo, possibilitando a combinação de recursos e esforços das empresas sob seu controle. A existência de pacto ou convenção entre as empresas não é necessário para caracterizar o grupo econômico de fato; afirma proceder a juntada dos documentos constitutivos das empresas integrantes do grupo econômico; quanto ao Sr. Roberto Bárbaro Burti, concorda com sua exclusão ante a documentação apresentada, informando que o cadastro da empresa já foi atualizado; quanto à alegação de que algumas das empresas que prestaram serviços eram optantes pelo SIMPLES, manifestouse a fiscalização pela procedência da alegação em relação às empresas que relaciona às fls. 688, propondo a exclusão dos valores então mencionados. O grupo econômico foi cientificado da informação fiscal apresentando manifestação. A decisão da 9ª Turma de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) DRJ/POR julgou a impugnação procedente em parte, com a exclusão: (a) dos levantamentos: R14 na competência 02/2002, R37 na competência 08/2002 e R42 na competência 12/2001, tendo em vista que as empresas prestadoras nesse período eram optantes pelo SIMPLES; (b) das competências 10/2001 e 11/2001 para todos os levantamentos, tendo em vista a ocorrência da decadência; (c) das competências 12/2001 a 05/2002 para os levantamentos R16, R19, R20, R30, R31, R32, R38, R43, R46, R47, R51 e R52, tendo em vista a ocorrência da decadência de acordo com a regra do artigo 150, § 4o do CTN (d) das competências 12/2001 a 03/2002 para o levantamento R44, tendo em vista a ocorrência da decadência de acordo com a regra do artigo 150, § 4o do CTN. DO RECURSO VOLUNTÁRIO O grupo econômico foi cientificado da decisão. As empresas Estrela – Distribuidora de Brinquedos Com. Imp. Exp. Ltda, Brinquemolde Licenciamento Ind. E Com. Ltda, Brinquemolde Armazéns Gerais Ltda, Starcom Ltda e Manufatura de Brinquedos Estrela S/A, apresentaram o mesmo teor do recurso voluntário, alegando em síntese: a superficialidade da fiscalização sobre a pretensa existência de grupo econômico, gerando a desconsideração da personalidade jurídica e cerceamento de defesa. Foi descumprido o art. 142 do CTN. A desconsideração da personalidade jurídica é ato do poder judiciário; a fiscalização deveria ter verificado a existência de débito na origem ou nos sistema de recolhimento previdenciário ou o adimplemento das contribuições para validar a cobrança junto às empresas contratadas e solidárias e para não gerar duplicidade de lançamento fiscal; Fl. 1066DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.067 5 a impossibilidade da exigência por solidariedade das contribuições sociais de empresas prestadoras de serviços optantes pelo sistema Simples à época dos fatos geradores, exclusão de todo período lançado pela fiscalização. A necessidade de ciência do contribuinte tido como solidário para se manifestar sobre o lançamento fiscal; para a contagem do prazo decadencial, requer que o início da contagem do prazo seja a data da constituição do crédito tributário e não a data da ciência do contribuinte; a inconstitucionalidade da taxa Selic; a suspensão da exigibilidade do crédito até o final do julgamento administrativo; por fim, requer o cancelamento do lançamento fiscal. É o relatório. Fl. 1067DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.068 6 Voto Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima, Relator O Recurso voluntário é tempestivo, pressuposto de admissibilidade cumprido, passase ao exame das questões suscitadas. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL É A DATA DA CIÊNCIA DO LANÇAMENTO FISCAL PELO SUJEITO PASSIVO O lançamento fiscal só terá validade com a ciência do sujeito passivo e só poderá ser alterado em razão da impugnação do contribuinte, recurso de ofício ou iniciativa de ofício da autoridade fiscal no caso de revisão de ofício, nos termos do art. 145 da Lei 5.172/66 (CTN). Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. O parágrafo único do art. 173, inciso I do CTN, também define o início da contagem do prazo para efeito da decadência, que é a ciência ou notificação do sujeito passivo. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Assim sendo, o início da contagem do prazo decadencial é a data da ciência do lançamento fiscal pelo contribuinte, e não a data da constituição do crédito tributário, como quer o contribuinte. RETENÇÃO DE 11% SOBRE SERVIÇOS PRESTADOS POR CESSÃO DE MÃODEOBRA Fl. 1068DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.069 7 Consta do relatório fiscal (fls. 148/156) que a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD 37.072.2876/2007 é atinente às contribuições previstas no artigo 31 da Lei 8.212/91, correspondentes a 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços por cessão de mãodeobra, não retidas pela notificada e não recolhidas, período de 10/2001 a 12/2006. Integram o lançamento fiscal os levantamentos R14, R16, R17, R18, R19, R20, R21, R23, R24, R25, R26, R27, R29, R30, R31, R32, R33, R34, R35, R36, R37, R38, R40, R42, R43, R44, R45, R46, R47, R48, R49, R51, R52, R53, R54, R55 e R56, correspondentes aos serviços de cobrança, manutenção, trabalho temporário, eventos, pesquisa de mercado, produções artísticas, agenciamento prof. ativs. esportivas, culturais e artísticas, instalações, serviços de saúde p. empregados e transporte de mercadorias, prestados pelas empresas relacionadas no quadro de fls. 149. A fiscalização verificou que a recorrente integra grupo econômico formado pelas empresas Estrela – Distribuidora de Brinquedos Com. Imp. Exp. Ltda, Brinquemolde Licenciamento Ind. E Com. Ltda, Brinquemolde Armazéns Gerais Ltda, Starcom Ltda e Manufatura de Brinquedos Estrela S/A. DA DECISÃO RECORRIDA A decisão recorrida (fls. 845/858) assim se pronunciou sobre os principais pontos guerreados: Grupo Econômico Informa que de acordo com a fiscalização, o enquadramento do grupo econômico resultou do fato da recorrente ser sócia majoritária direta ou indireta das demais empresas, à exceção da Starcom Ltda, cujo principal responsável é o próprio presidente da Manufatura de Brinquedos Estrela S/A. O grupo econômico pode ser “de fato” ou “de direito”. A caracterização do grupo econômico de direito, além da existência de empresas controladora e controladas, exige também a convenção na qual as sociedades se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns (artigo 265 da Lei 6.404/76 – Lei das S/A). A caracterização do grupo econômico de fato exige a comprovação por parte da fiscalização de que as empresas estão sob a direção ou administração de uma delas e no presente caso, ocorrem as seguintes situações: a) o Sr. Carlos Antonio Tilkian sócioadministrador da notificada também é o responsável por todas as outras empresas relacionadas pela fiscalização (conforme informações constantes no banco de dados institucional, fato argüido pela fiscalização e não impugnado). b) A notificada possui 99,999% do capital social da Gioex (fls. 758/761). A participação societária restante pertence ao Sr. Carlos Antonio Tilkian; Fl. 1069DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.070 8 c) A Gioex é sócia da Brinquedos Estrela Indústria e Comércio (fls. 762/763). d) A notificada e a Brinquedos Estrela Indústria e Comércio, em conjunto, contratam outras empresas como prestadoras de serviços assumindo expressamente a condição de integrantes do mesmo grupo econômico (fls. 703 e seguintes). e) A Brinquemolde Licenciamento cujo sócio gerente é o Sr. Carlos Antonio Tilkian é sócia da Brinquemolde Armazéns, com 99% de participação societária. O 1% restante das cotas societárias pertence ao Sr. Carlos Antonio Tilkian (fls. 764/767). f) A Starcom tem como sócio majoritário e gerente o Sr. Carlos Antonio Tilkian, que detém 99% do capital social (fls. 770/780). Assim, as informações constantes nos sistemas informatizados, acrescidas dos instrumentos de constituição societária e contratos de prestação de serviços trazidos aos autos, permitem que se conclua pela existência do grupo econômico. Não se observa apenas a participação direta ou indireta da mesma pessoa física em diversas pessoas jurídicas, mas que a mesma pessoa física é titular e administradora de várias empresas. Além disso, em relação à notificada e a Brinquedos Estrela Indústria e Comércio, há elemento no qual as empresas expressamente reconhecem o fato de que integram o mesmo grupo econômico. Deve ser destacado que se trata de grupo econômico de fato (já foi esclarecido a respeito da possibilidade do mesmo ser de fato ou de direito), de modo que não há que se falar nos requisitos previstos na Lei das S/A, os quais referemse ao grupo econômico de direito. Quanto à desconsideração da personalidade jurídica das empresas, tal raciocínio mostrase equivocado, pois, em nenhum momento a fiscalização deixou de considerar a personalidade jurídica das empresas componentes do grupo econômico, o que aliás, seria incompatível com a caracterização do grupo econômico que pressupõe a existência de mais de uma empresa. Quanto às alegações de que houve ofensa ao direito de defesa e contraditório, e da necessidade de prévio conhecimento pelo contribuinte das medidas que a Administração Tributária irá adotar, cabe esclarecer que o processo administrativo fiscal é precedido de uma fase na qual a autoridade administrativa pratica atos de ofício tendentes à aplicação da legislação tributária à situação de fato, que resultam na individuação da obrigação tributária – lançamento tributário. Nessa fase preliminar, conhecida como oficiosa ou não contenciosa, a autoridade administrativa coleta dados, examina documentos, solicita esclarecimentos do contribuinte, procede à auditagem dos dados contábeis e fiscais e verifica a ocorrência ou não de fato gerador de obrigação tributária. Assim não houve cerceamento ao direito de defesa ou ofensa ao contraditório, devendo serem observados apenas se instaurado o contencioso administrativo fiscal. Fl. 1070DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.071 9 Corroborando o entendimento, o art. 5o. LV da Constituição Federal/88 assegura o contraditório e a ampla defesa aos litigantes, após a impugnação do lançamento, nos termos do art. 14 do Decreto 70.235/72. Também não se pode acolher o argumento de que a Starcom desconhece as atividades da notificada, vez que as duas empresas estão sob o controle e administração da mesma pessoa física. A Starcom argumentou que a cientificação sem o fornecimento de cópias dos autos não permite o exercício do direito de defesa. Tal procedimento está em conformidade com o que dispõe o artigo 749 da Instrução Normativa SRP 03/2005, então vigente, com base no qual a empresa integrante do mesmo grupo econômico da notificada será cientificada acerca de quem recebeu a cópia dos documentos constitutivos do crédito (não receberá, portanto, outra cópia dos documentos constitutivos do crédito), sendolhe assegurado o direito de vista do processo. Sendo integrantes do mesmo grupo econômico, não é necessário o encaminhamento de várias cópias às diversas empresas. Além disso, vêse que a Starcom, ao se manifestar após a segunda diligência fiscal realizada, tomou conhecimento dos fatos que lhes são imputados, pois adentrou na discussão a respeito dos mesmos. Das contribuições lançadas: A notificada alega que não foram adotadas medidas pela fiscalização para minimizar a chance de lançamento em duplicidade, mencionando trechos extraídos do Parecer 2.376/2000 da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social e julgado proferido pela CaJ/CRPS, todos tratando da questão “responsabilidade solidária na prestação de serviços”. Na solidariedade, prevista na redação original do artigo 31 da Lei 8.212/91, observase a pluralidade de sujeitos no pólo passivo da relação jurídicotributária, respondendo cada um dos devedores pela mesma obrigação tributária. Já na retenção, prevista no mesmo artigo 31 da Lei 8.212/91, a partir da redação que lhe conferiu a Lei 9.711/98, observase a existência de obrigações tributárias distintas, devendo o contratante/tomador de serviços efetuar a retenção e o recolhimento do valor retido, obrigações que independem da análise das contribuições à cargo do contratado/prestador. Desta maneira, o argumento de que deve ser evitada a duplicidade de cobrança, construído para a situação em que se observa a solidariedade, quando dois ou mais sujeitos respondem pela mesma obrigação e a cobrança desta poderia ser feita duas vezes, uma em relação a cada um dos sujeitos, não se aplica ao presente caso, que trata da retenção, situação na qual se depara com obrigações distintas para cada um dos sujeitos passivos, não havendo que se falar em duplicidade. Neste caso não é possível cobrar duas vezes a mesma obrigação por não se tratar da mesma obrigação. Quanto à alegação de que a notificada deve ser cientificada da defesa eventualmente apresentada pelo contribuintecontratado, o argumento também não merece acolhida, pois quem responde pela obrigação tributária que deu origem ao lançamento é apenas Fl. 1071DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.072 10 o contratante/tomador e não o contratado/prestador, o qual, conforme visto, responde por obrigação diversa, de modo que não haverá defesa por parte do contratado/prestador em relação ao débito do contratante/tomador. Quanto às prestadoras optantes pelo SIMPLES, a notificada menciona as empresas a seguir relacionadas, que conforme o Discriminativo Analítico do Débito (DAD), correspondem aos seguintes lançamentos: Prestadora Levantamento Período Callera Cobranças R14 02/2002, 09/2002, 11/2002, 12/2004 a 07/2006 09/2006 a 11/2006 HIQ R23 11/2003 a 10/2004 GA Serv Financ R26 06/2005 a 12/2005 Transportadora Nazareth R37 08/2002 a 11/2002 Transportes LDR R42 12/2001, 09/2002 a 03/2003, 05/2003 e 06/2003. Não prevalece o argumento da notificada de que a competência para arrecadar e lançar tais contribuições não pertencia ao órgão previdenciário, já que se encontravam abrangidas pelo recolhimento unificado do SIMPLES, a cargo da Secretaria da Receita Federal. Isso porque, como já foi visto, a obrigação referente à retenção pelo tomador distinguese das obrigações referentes às contribuições devidas pelo prestador e quanto a estas, existem contribuições englobadas pelo recolhimento unificado do SIMPLES (contribuições patronais), mas também as contribuições dos segurados, que a empresa desconta e recolhe pela Guia da Previdência Social (GPS), e que também são quitadas mediante os valores retidos pelo tomador de serviços nos termos do artigo 31 da Lei 8.212/91, justificandose assim, a retenção ainda que a prestadora seja optante pelo SIMPLES. A legislação mantém a obrigação da tomadora de efetuar a retenção quando a prestadora é optante do SIMPLES, exceto no período de 01/2000 a 08/2002. O artigo 142, parágrafo único da Instrução Normativa SRP 03/2005 dispunha nos seguintes termos: Art. 142. A empresa optante pelo SIMPLES, que prestar serviços mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, está sujeita à retenção sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emitido. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica no período de 1º de janeiro de 2000 a 31 de agosto de 2002. Portanto, apenas para os lançamentos referentes às competências 01/2000 a 08/2002 a retenção e o lançamento efetuado são indevidos, estando correta a retificação proposta pela fiscalização, pela qual deverá ser excluído o levantamento R14 na competência 02/2002, levantamento R37 na competência 08/2002 e levantamento R42 na competência 12/2001. Fl. 1072DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.073 11 Do Sr. Roberto Bárbaro Burti: A questão já restou esclarecida pela fiscalização que concordou com a exclusão do Sr. Roberto do cadastro da empresa Brinquedos Estrela Indústria e Comércio Ltda. Conclusão: A decisão recorrida votou pela procedência em parte da impugnação, com a exclusão: a) dos levantamentos: R14 na competência 02/2002, R37 na competência 08/2002 e R42 na competência 12/2001, tendo em vista que as empresas prestadoras nesse período eram optantes pelo SIMPLES; b) das competências 10/2001 e 11/2001 para todos os levantamentos, tendo em vista a ocorrência da decadência; (c) das competências 12/2001 a 05/2002 para os levantamentos R16, R19, R20, R30, R31, R32, R38, R43, R46, R47, R51 e R52, tendo em vista a ocorrência da decadência de acordo com a regra do artigo 150, § 4o do CTN; d) das competências 12/2001 a 03/2002 para o levantamento R44, tendo em vista a ocorrência da decadência de acordo com a regra do artigo 150, § 4o do CTN. DA ANÁLISE DO RECURSO VOLUNTÁRIO Todas as empresas consideradas do grupo econômico apresentaram o mesmo teor nos recursos voluntários. Os argumentos dos recursos voluntários seguem a mesma teste da impugnação já apreciada pela decisão recorrida. Ficou demonstrado no relatório fiscal (fl. 156), na decisão recorrida (fls. 845/858) e nos documentos constantes dos autos (contrato social e alterações, fls. 651 e ss; e fatos caracterizadores do grupo econômico narrados na decisão recorrida, fls. 765/787 dos autos digitalizados) a existência de grupo econômico. O enquadramento do grupo econômico resultou do fato da recorrente ser sócia majoritária direta ou indireta das demais empresas, à exceção da Starcom Ltda, cujo principal responsável é o próprio presidente da Manufatura de Brinquedos Estrela S/A. As sociedades coligadas são as que em suas relações de capital, são controladas, filiadas ou de simples participação, nos termos do art. 1.097 da Lei 10.406/2002, que instituiu o Código Civil Brasileiro. O sócio Sr. Carlos Antonio Tilkian é administrador da notificada e responsável por todas as outras empresas relacionadas pela fiscalização no grupo econômico (conforme informações constantes no banco de dados institucional). Há participação societária entre as empresas do grupo econômico. A contratação em conjunto pela notificada e a Brinquedos Estrela Indústria e Comércio de outras empresas prestadoras de serviços assumindo expressamente a condição de integrantes do mesmo grupo econômico (fls. 703 e seguintes). A Starcom tem como sócio majoritário e gerente o Sr. Carlos Antonio Tilkian, que detém 99% do capital social (fls. 770/780). Não houve a desconsideração da personalidade jurídica das empresas. Em momento algum a fiscalização deixou de considerar a personalidade jurídica das empresas componentes do grupo econômico. Fl. 1073DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.074 12 Todos os atos da fiscalização foram cientificados ao grupo econômico que teve o direito de defesa e contraditório. Durante o processo de auditoria fiscal a fiscalização foi atendia pelo Sr. Márcio Cruz, contador, e o Sr. Leandro Mantelato, responsável pelo departamento de recursos humanos da recorrente, a quem foram prestados todos os esclarecimentos a respeito da origem e do montante do débito, conforme item 19 do relatório fiscal (fl. 156). Assim sendo, não houve cerceamento ao direito de defesa ou ofensa ao contraditório. Também não se pode acolher o argumento de que a Starcom desconhece as atividades da notificada, vez que as duas empresas estão sob o controle e administração da mesma pessoa física, como demonstrado. Nos termos do art. 749 da Instrução Normativa SRP 03/2005 a empresa integrante do mesmo grupo econômico da notificada será cientificada acerca de quem recebeu a cópia dos documentos constitutivos do crédito, não havendo necessidade de outra cópia dos documentos constitutivos do crédito, sendolhe assegurado o direito de vista do processo. A Starcom ao se manifestar após a segunda diligência fiscal realizada tomou conhecimento dos fatos que lhes são imputados, adentrando na discussão dos fatos. Desse modo, diante dos fatos narrados permitese concluir pela existência do grupo econômico. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da legislação previdenciária, nos termos do art. 30, inciso IX da Lei 8.212/91. Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:(Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) (...) IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; Não houve a superficialidade da fiscalização sobre a existência de grupo econômico. Não houve a desconsideração da personalidade jurídica pela fiscalização, nem cerceamento de defesa. O art. 142 do CTN foi cumprido, pois o crédito tributário está constituído pelo lançamento fiscal, contendo a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o montante do tributo devido e identificado o sujeito passivo. O lançamento fiscal se refere a retenção prevista no art. 31 da Lei 8.212/91. A partir da redação que lhe conferiu a Lei 9.711/98 é obrigação do contratante dos serviços executados mediante cessão de mãodeobra a retenção de onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e o recolhimento da importância retida em nome da empresa cedente da mãodeobra. Fl. 1074DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.075 13 O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com a legislação previdenciária, nos termo do § 5o do art. 33 da Lei 8.212/91. Destarte, não há que se falar em necessidade da fiscalização ter verificado a existência de débito na origem ou nos sistema de recolhimento previdenciário ou o adimplemento das contribuições para validar a cobrança junto às empresas contratadas e solidárias e para não gerar duplicidade de lançamento fiscal. A responsabilidade é direta da empresa contratante dos serviços de mãode obra de reter e recolher as contribuições sociais, não havendo que se falar em responsabilidade solidária ou duplicidade de lançamento, ou ainda, em necessidade de ciência do contribuinte tido como solidário para se manifestar sobre o lançamento fiscal. A legislação mantém a obrigação da tomadora de efetuar a retenção quando a prestadora é optante do sistema Simples, exceto no período de 01/2000 a 08/2002, nos termos do art. 142, parágrafo único da Instrução Normativa SRP 03/2005. O período proibitivo estabelecido na IN/SRP 03/2005 foi excluído do lançamento fiscal conforme consta da decisão recorrida. Desse modo, não há que se falar na proibição da retenção de contribuições sociais do art. 31 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 9.711/98, para as empresas prestadoras de serviços optantes pelo sistema Simples, pois há norma legal em vigor exigindo a contribuição. TAXA SELIC A aplicação dos juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil é devida e legal, bem como, a aplicação da taxa SELIC, enunciada nas súmulas 4o e 5o do CARF, in verbis: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO Decorre do art. 151, inciso III do CTN, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, impossibilitando o fisco de inscrever em divida ativa. Destarte, a exigibilidade do crédito permanecerá suspensa enquanto não estiver definitivamente julgada na esfera administrativa. MULTA. LEGALIDADE. NÃO CONFISCATÓRIA. Fl. 1075DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 35413.001200/200797 Acórdão n.º 2803003.899 S2TE03 Fl. 1.076 14 A multa aplicada no lançamento fiscal encontra respaldo na lei 8.212/91, conforme demonstrado no relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD. Aplicada a multa na forma da lei não pode ser considerada confiscatória, pois este juízo de admissibilidade já foi feito pelo poder legislativo quando da sua aprovação. Cabe a autoridade administrativa aplicar as determinações legais e zelar pelo cumprimento da obrigação tributária, respeitando o princípio da legalidade. A lei em vigor, cuja invalidade ou inconstitucionalidade não foi declarada, deve ser cumprida pela administração pública por força do ato vinculado. Não é possível, no âmbito administrativo, afastar aplicação de legislação nos termos do art. 26A do Decreto nº. 70.325/72, acrescentado pela MP nº 449/2008. Ademais, consta da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante de todo o exposto, entendese que a decisão recorrida deve ser mantida. O crédito tributário encontrase revestido das formalidades legais do art. 142 e § único, e arts. 97 e 114, todos do CTN, com período apurado, discriminação dos fatos geradores, a base de cálculo, o Discriminativo Analítico do Débito – DAD, a Instrução para o Contribuinte – IPC, os Fundamentos Legais do Débito – FLD, Relatório Fiscal, consoante artigo 33 da Lei 8.212/91 e demais dispositivos mencionados nos autos. CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Fl. 1076DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 08/ 12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
score : 1.0
Numero do processo: 13603.906824/2012-90
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/07/2011
PRAZO. DOMICILIO ELETRÔNICO. DUPLICIDADE DE NOTIFICAÇÃO. TERMO DE ABERTURA E TERMO DE CIÊNCIA POR DECURSO DE PRAZO.
Havendo duplicidade de notificação do acórdão da DRJ, emitindo-se Termo de ciência por Decurso de Prazo mesmo depois da expedição de Termo de Abertura, deve prevalecer a forma de contagem que assegure a ampla defesa do contribuinte. Além disso, até o advento da Lei nº 12.844/2013 (DOU de 19/07/2013) a ciência por via eletrônica apenas acontece validamente por decurso de prazo, devendo prevalecer em relação ao termo de abertura (PA nº13864.720116/2012-92) .
RETIFICAÇÃO DE DCTF. PRAZO. MOMENTO. EFEITOS.
Depois de proferida a decisão que nega em todo ou em parte a homologação da Declaração de Compensação (DCOMP), a posterior retificação da DCTF, bem como do Dacon, DIPJ ou de qualquer outra declaração não tem qualquer efeito em relação à decisão já proferida, a qual apenas pode ser reformada por meio da inter
COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO - DDE. PROVA DO INDÉBITO.
Entende este Conselho que depois de negada a homologação por meio de DDE, cumpre ao contribuinte, no âmbito do contencioso administrativo, demonstrar o indébito, carreando todas as provas necessárias para tanto, não surtindo qualquer efeito a tão-só retificação da DCTF ou do DACON. Isto de tal modo que, se o contribuinte não comprova o indébito, mantém-se a decisão pela não-homologação da compensação. Ressalva do entendimento pessoal do Relator.
Recurso negado.
Numero da decisão: 3403-003.371
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Sustentou pela recorrente a Dra. Bárbara Cristina Romani Silva, OAB/DF 43.792.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Ivan Allegretti - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: IVAN ALLEGRETTI
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DOMICILIO ELETRÔNICO. DUPLICIDADE DE NOTIFICAÇÃO. TERMO DE ABERTURA E TERMO DE CIÊNCIA POR DECURSO DE PRAZO. Havendo duplicidade de notificação do acórdão da DRJ, emitindose Termo de ciência por Decurso de Prazo mesmo depois da expedição de Termo de Abertura, deve prevalecer a forma de contagem que assegure a ampla defesa do contribuinte. Além disso, até o advento da Lei nº 12.844/2013 (DOU de 19/07/2013) a ciência por via eletrônica apenas acontece validamente por decurso de prazo, devendo prevalecer em relação ao termo de abertura (PA nº13864.720116/201292) . RETIFICAÇÃO DE DCTF. PRAZO. MOMENTO. EFEITOS. Depois de proferida a decisão que nega em todo ou em parte a homologação da Declaração de Compensação (DCOMP), a posterior retificação da DCTF, bem como do Dacon, DIPJ ou de qualquer outra declaração não tem qualquer efeito em relação à decisão já proferida, a qual apenas pode ser reformada por meio da inter COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO DDE. PROVA DO INDÉBITO. Entende este Conselho que depois de negada a homologação por meio de DDE, cumpre ao contribuinte, no âmbito do contencioso administrativo, demonstrar o indébito, carreando todas as provas necessárias para tanto, não surtindo qualquer efeito a tãosó retificação da DCTF ou do DACON. Isto de tal modo que, se o contribuinte não comprova o indébito, mantémse a decisão pela nãohomologação da compensação. Ressalva do entendimento pessoal do Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 90 68 24 /2 01 2- 90 Fl. 146DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Sustentou pela recorrente a Dra. Bárbara Cristina Romani Silva, OAB/DF 43.792. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Ivan Allegretti Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti. Relatório Tratase de Declaração de Compensação na qual o contribuinte apresenta como crédito valor de recolhimento a maior de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) em relação ao fato gerador de julho de 2011. A Delegacia da Receita Federal de Belo Horizonte/MG (DRF), por meio de Despacho Decisório Eletrônico – DDE (fl. 7), indeferiu o pedido de compensação pelo fundamento de que “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. O contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 24/31) sustentando, em síntese, o seguinte: Diante do recolhimento a maior da COFINS não cumulativa referente a julho de 2011, no valor de R$30.049.30, surgiu para a Requerente o direito à restituição do crédito decorrente do pagamento a maior. Ainda que. por meta hipótese, se entenda que as informações prestadas na DCTF retificadora não seriam suficientes á comprovação da existência do crédito, a Requerente junta documentos que comprovam a correta apuração do débito de COFINS nao cumulativa na competência de abril de 2007. Com a impugnação junta cópia da DCTFretificadora e do DACON retificador transmitidos pela contribuinte depois da notificação do DDE e uma planilha intitulada Apuração de PIS e Cofins. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo I/SP (DRJ), por meio do Acórdão nº 0244.013, de 22 de abril de 2013 (fls. 113/120), negou provimento à manifestação de inconformidade, resumindo seu entendimento na seguinte ementa: Fl. 147DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13603.906824/201290 Acórdão n.º 3403003.371 S3C4T3 Fl. 147 3 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/07/2007 a 31/07/2007 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A compensação demanda a existência de créditos líquidos e certos da contribuinte contra a Fazenda Pública. A mera redução do valor do débito anteriormente confessado não basta para justificar a reforma da decisão contestada, fazendose mister a prova de que houve erro no preenchimento da declaração. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 125/137), por meio do qual reiterou os fundamentos da manifestação de inconformidade, reafirmando que o valor correto da base de cálculo da contribuição é a que consta no DCTF e no DACON retificados, acrescentando que: O saldo credor pleiteado nesses autos, no valor de R$30.049,30, decorre exatamenU da redução da base de cálculo da contribuição, no montante de R$395.3v ' 5. como afirmado pelo d. acórdão recorrido à fl. 117. De fato, ao rever a sua apuração, a Recorrente verificou que havia considerado, equivocadamente, como receita de serviços, valores referentes ao repasse de despesas (taxa de administração das operações de Sociedade em Conta de Participação) por parte da Recorrente, sócia ostensiva, para depósito em Instituição Financeira em nome das concessionárias (sócios ocultos). Por meio da planilha anexa (doc. 1), comprovase que o valor indevidamente incluído na base de cálculo da COFINS não cumulativa perfaz R$395.384,52, sobre o qual, aplicada a alíquota da referida contribuição (7,6%). chegase ao valor do R$30.049,30, que c exatamente o montante do crédito decorrente do pagamento a maior pleiteado nesses autos. O contribuinte também se insurge contra o entendimento manifestado pela DRJ no sentido de que a retificação das declarações não seria válidas porque realizadas fora do prazo. Sustenta o contribuinte que o prazo para a retificação começa no 1º dia do exercício seguinte àquele em poderia ser exigido o tributo objeto da declaração, de maneira que seriam válidas as retificações que realizou. É o relatório. Voto Fl. 148DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 Conselheiro Ivan Allegretti, Relator O recurso voluntário foi protocolado em 17/06/2013 (fl. 125). A ciência do acórdão da DRJ aconteceu pelo acesso do contribuinte ao sítio da RFB, conforme certificado em Termo de Abertura de Documento (fl. 122), em 03/05/2013. Ocorreu, no entanto, que na mesma data houve a expedição de Termo de Ciência por Decurso de Prazo (fl. 123) pelo sistema informatizado, certificando que “foi dada ciência ao contribuinte” em relação ao mesmo Acórdão da DRJ, estabelecendo como data de disponibilização dia 03/05/2013, relacionados dentro do prazo de 30 dias contados da notificação do acórdão da DRJ, ocorrido em 18/05/2013 (fl. 123). Diante desta confusão de datas, causada pelo próprio sistema, entendo que se deve conceder ao contribuinte a interpretação que lhe assegura o direito de defesa, promovendo a contagem a partir da data certificada pelo Termo de Ciência expedido pela Administração. Além disso, antes do advento da Lei nº 12.844/2013 a ciência por via eletrônica só ocorria por decurso de prazo, tendo sido esta Lei publicada no DOU de 19/07/2013 (PA nº13864.720116/201292) . Considerando a data do Termo de Ciência por Decurso de Prazo, é tempestivo o recurso. No mérito, deve prevalecer o entendimento que vem sendo reiterado pela maioria desta Turma, e do qual serve de exemplo o Acórdão 3403002.722 (PA 10880.934550/200966), no qual prevaleceu o entendimento do Conselheiro Rosaldo Trevisan, cujo cerne transcrevo abaixo: Nos casos de despachos decisórios eletrônicos, acordase com o relator que a questão da dificuldade (ou até, em alguns casos, impossibilidade) de defesa assume protagonismo. Já tivemos a oportunidade de externar em diversos votos (acolhidos unanimemente pela turma) que: “No presente processo, como em todos nos quais o despacho decisório é eletrônico, a fundamentação não tem como antecedente uma operação individualizada de análise por parte do Fisco, mas sim um tratamento massivo de informações. Esse tratamento massivo é efetivo quando as informações prestadas nas declarações do contribuinte são consistentes. Se há uma declaração do contribuinte (v.g. DCTF) indicando determinado valor, o sistema certamente indicará que o pagamento foi localizado, tendo sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte (...) Assim, diante dos despachos decisórios eletrônicos, é na manifestação de inconformidade que o contribuinte é chamado a detalhar a origem de seu crédito, reunindo a documentação necessária a provar a sua liquidez e certeza. Enquanto na solicitação eletrônica de compensação bastava um preenchimento de formulário DCOMP (e o sistema informatizado checaria eventuais inconsistências), na manifestação de inconformidade é preciso fazer efetiva prova documental da liquidez e da certeza do crédito. E isso muitas vezes não é assimilado pelo sujeito passivo, que acaba utilizando Fl. 149DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13603.906824/201290 Acórdão n.º 3403003.371 S3C4T3 Fl. 148 5 a manifestação de inconformidade tãosomente para indicar porque entende ser o valor indevido, sem amparo documental justificativo (ou com amparo documental deficiente). O julgador de primeira instância também tem um papel especial diante de despachos decisórios eletrônicos, porque efetuará a primeira análise humana do processo, devendo assegurar a prevalência da verdade material. Não pode o julgador (humano) atuar como a máquina, simplesmente cotejando o valor declarado em DCTF com o pago, pois tem o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Nesse contexto, relevante passa a ser a questão probatória no julgamento da manifestação de inconformidade, pois incumbe ao postulante da compensação a prova da existência e da liquidez do crédito. Configurase, assim, uma das três situações a seguir: (a) efetuada a prova, cabível a compensação (mesmo diante da ausência de DCTF retificadora, como tem reiteradamente decidido este CARF); (b) não havendo na manifestação de inconformidade a apresentação de documentos que atestem um mínimo de liquidez e certeza no direito creditório, incabível acatarse o pleito; e, por fim, (c) havendo elementos que apontem para a procedência do alegado, mas que suscitem dúvida do julgador quanto a algum aspecto relativo à existência ou à liquidez do crédito, cabível seria a baixa em diligência para sanála (destacandose que não se presta a diligência a suprir deficiência probatória a cargo do postulante). Em sede de recurso voluntário, igualmente estreito é o leque de opções. E agregase um limitador adicional: a impossibilidade de inovação probatória, fora das hipóteses de que trata o art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972. No presente processo, o julgador de primeira instância não motiva o indeferimento somente na ausência de retificação da DCTF, mas também na ausência de prova do alegado. Diante da ausência de amparo documental para a compensação pleiteada, chegase à situação descrita acima como “b”. E, tendo em conta que o ônus probatório é do postulante do crédito, cabível a negativa do direito à compensação.” (Acórdão no 3403002.655, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 28.nov.2013) (No mesmo sentido, v.g., os Acórdãos no 3403002.579 e no 3403002.653). Assim, não é todo despacho decisório eletrônico que impossibilita a defesa do interessado. Quando a impossibilita, esta turma recorrentemente acorda pelo cancelamento (v.g. Acórdãos no 3403002.258 e no 3403002.729). E naqueles que a dificultam (sem impossibilitála), esta turma tem majoritariamente admitido, em nome da verdade material, a apreciação de documentos/elementos apresentados em sede de recurso voluntário (v.g. Resolução no 3403000.518). Fl. 150DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 As considerações expostas buscam sempre a evidenciação das peculiaridades do caso concreto, sem generalizações. Assim, discordase da afirmação contida no voto vendido de que: “deve ser anulado o DDE que, sem qualquer procedimento prévio de fiscalização, recusa sumariamente a compensação com fundamento exclusivamente em que o valor do tributo informado na DCTF é o mesmo do valor do DARF.” Os despachos decisórios eletrônicos, como exposto, apenas diferem dos demais pelo fato de serem expedidos por máquinas, a partir de tratamento massivo de informações, como instrumento derivado da (e necessário diante dos desafios da) modernidade. Fosse necessária uma fiscalização individualizada por seres humanos, perderia toda a razão de ser o despacho eletrônico. E os inúmeros benefícios do tratamento eletrônico massivo de informações (visíveis na esmagadora maioria dos processos) não podem ser mitigados pela existência de eventuais situações em que reste dificultada ou prejudicada a defesa. Como exposto anteriormente, se inviabilizada a defesa, simples é a solução: cancelamento do despacho. E se dificultada for, incumbe ao julgador sopesar o fato na apreciação das provas. No presente processo, percebese, pela manifestação de inconformidade, que a empresa compreende a motivação da autuação, e informa cometeu erro no preenchimento da DCTF, que foi retificada posteriormente ao despacho decisório. Contudo, não ampara a retificação em nenhum documento fiscal ou contábil: somente apresenta a DCTF original e a retificada. E, em sede de recurso voluntário, agregam somente planilhas e cópias parciais de documentos, que continuam a não alicerçar o direito creditório, nem semeiam dúvida no julgador a demandar diligência (que não se presta a suprir deficiência probatória, seja da postulante ou do fisco). Estáse, assim, diante de carência probatória exatamente da parte que tem o ônus de provar seu direito creditório: a postulante. Assim, entendo que a recorrente não possibilita a comprovação da existência e da liquidez do crédito, como exige o comando do art. 170 do Código Tributário Nacional: “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública”. (grifo nosso) E a ausência de comprovação da existência e da liquidez do crédito tributário pleiteado culmina na impossibilidade de compensação. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13603.906824/201290 Acórdão n.º 3403003.371 S3C4T3 Fl. 149 7 No presente caso temse situação similar: o contribuinte limitouse a alegar que promoveu a retificação depois de ter recebido o DDE, apresentando apenas cópia das declarações retificadas e uma planilha, sem trazer elementos de prova que demonstrem o indébito. Aliás, apenas no recurso voluntário houve a explicação da origem do indébito. Por isso deve ser aplicado ao presente caso o mesmo entendimento do precedente acima referido. Ressalvo meu entendimento pessoal a respeito desta situação, cujo teor pode ser conferido no votovencido que apresentei no mesmo precedente acima citado. Esclareço, por fim, que é impertinente a discussão quanto à validade em si mesmo da retificação da DCTF, pois não interferirá no resultado do presente processo. O contribuinte tem razão quando diz que o prazo para a retificação apenas começa a correr a partir do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o tributo poderia ser exigido. E, salvo se o contribuinte se encontrar em procedimento de fiscalização, a retificação surtirá o efeito de alterar tudo quanto esteja nela veiculado. Mas não se pode pretender, no entanto, que a retificação obrigue a Administração a revisar as decisões e lançamentos realizados antes da retificação, em que tenha utilizado os dados das declarações existentes na época. Com efeito, depois de negada a homologação por meio de despacho decisório, cumpre ao contribuinte, no âmbito do contencioso administrativo, demonstrar o indébito, carreando todas as provas necessárias para tanto, não surtindo qualquer efeito a tãosó retificação da DCTF ou do DACON. Isto de tal modo que, se o contribuinte não comprova o indébito, mantémse a decisão pela nãohomologação da compensação. Voto, por tais razões, por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ivan Allegretti Fl. 152DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 15868.000431/2010-23
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA MÉDICO / ODONTOLÓGICA. COOPERATIVAS OPERADORAS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. PECULIARIDADES, INCLUSIVE LEGISLATIVAS. INAPLICABILIDADE DO INCISO IV DO ART. 22 DA LEI Nº 8.212/91. NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA, QUANDO OBSERVADA A REGRA DISPOSTA NA ALÍNEA Q DO § 9º DO ART. 28 DA LEI Nº 8.212/91. SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 77 - COSIT. RE 595.838 SÃO PAULO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO INCISO IV DO ART. 22 DA LEI Nº 8.212, DE 1991.
A 3ª Turma Especial da 2ª Seção do CARF, na assentada de 23 de janeiro de 2014, no julgamento do processo nº 10660.721971/2011-38, reconheceu a não incidência do tributo, nos convênios saúde firmados com operadoras de plano de assistência à saúde, constituídas sob a forma de sociedades cooperativas.
O valor relativo a plano de saúde pago por empresa a cooperativa médica não integra o salário de contribuição, desde que a empresa disponibilize o referido plano à totalidade dos seus empregados e dirigentes, ainda que alguns deles, por motivos particulares, manifestem por escrito que não pretendem participar do plano. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, § 9º, q.
O fato de o RE 595.838 ainda não ter transitado em julgado em nada afetará este julgamento, notadamente sob a alegação de que a decisão ainda não é definitiva, conforme dispõe o inciso I do art. 62 do RICARF, tendo em vista que a UNIÃO opôs Embargos de Declaração.
In casu, porém, os Embargos não contesta o mérito do julgamento que declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991. Os Embargos tratam apenas da necessidade de modulação de efeitos temporais, bem como requer a repristinação da norma revogada, ou seja, a Lei Complementar nº 84/96.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2803-004.001
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. Os lançamentos em relação às cooperativas devem ser excluídos.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima Presidente
(Assinado digitalmente)
Amílcar Barca Teixeira Júnior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato.
Nome do relator: AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR
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CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA MÉDICO / ODONTOLÓGICA. COOPERATIVAS OPERADORAS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. PECULIARIDADES, INCLUSIVE LEGISLATIVAS. INAPLICABILIDADE DO INCISO IV DO ART. 22 DA LEI Nº 8.212/91. NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA, QUANDO OBSERVADA A REGRA DISPOSTA NA ALÍNEA “Q” DO § 9º DO ART. 28 DA LEI Nº 8.212/91. SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 77 COSIT. RE 595.838 SÃO PAULO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO INCISO IV DO ART. 22 DA LEI Nº 8.212, DE 1991. 1. A 3ª Turma Especial da 2ª Seção do CARF, na assentada de 23 de janeiro de 2014, no julgamento do processo nº 10660.721971/201138, reconheceu a não incidência do tributo, nos convênios saúde firmados com operadoras de plano de assistência à saúde, constituídas sob a forma de sociedades cooperativas. 2. O valor relativo a plano de saúde pago por empresa a cooperativa médica não integra o salário de contribuição, desde que a empresa disponibilize o referido plano à totalidade dos seus empregados e dirigentes, ainda que alguns deles, por motivos particulares, manifestem por escrito que não pretendem participar do plano. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, § 9º, “q”. 3. O fato de o RE 595.838 ainda não ter transitado em julgado em nada afetará este julgamento, notadamente sob a alegação de que a decisão ainda não é definitiva, conforme dispõe o inciso I do art. 62 do RICARF, tendo em vista que a UNIÃO opôs Embargos de Declaração. 4. In casu, porém, os Embargos não contesta o mérito do julgamento que declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991. Os Embargos tratam apenas da necessidade de modulação de efeitos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 00 04 31 /2 01 0- 23 Fl. 657DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 3 2 temporais, bem como requer a repristinação da norma revogada, ou seja, a Lei Complementar nº 84/96. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. Os lançamentos em relação às cooperativas devem ser excluídos. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima – Presidente (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato. Fl. 658DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) lavrado em desfavor do contribuinte acima identificado, referente a pagamentos dos serviços prestados por trabalhadores cooperados, contratados por meio da Brascoop Cooperativa de Trabalho do Brasil (01/2006 a 11/2006) e através da UNIMED de Lins Cooperativa de Trabalho Médico (01/2006 a 12/2009), bem como sobre a remuneração paga ou creditada aos contribuintes individuais que lhe prestaram serviços sem vínculo empregatício, no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2007, conforme registros contábeis dos pagamentos e cópia dos documentos apresentados à fiscalização. O Contribuinte devidamente notificado apresentou defesa tempestiva. A impugnação foi julgada em 27 de junho de 2012 e ementada nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 Ementa: OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CÓDIGO DO DÉBITO. FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO. A inserção, no sistema informatizado de auditoria fiscal, de códigos específicos relativos ao crédito tributário, propicia que a fundamentação legal demonstrada no relatório de Fundamentos Legais do Débito seja coerente com os procedimentos levados a termo durante a fiscalização. ENTREGA DO AUTO DE INFRAÇÃO. ARQUIVOS DIGITAIS E MEIO PAPEL. ENVIO POR AVISO DE RECEBIMENTO. Os termos e folha de rosto do Auto de Infração devem ser entregues em meio papel, podendo os demais relatórios do débito serem entregues em meio digital, sendo admitido o envio de ambos mediante Aviso de Recebimento. FUNDO DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. FPAS. ATIVIDADE DA EMPRESA. O código do FPAS a ser utilizado para enquadramento da empresa perante às contribuições sociais previdenciárias é aquele que reflete a sua atividade econômica. RELATÓRIOS DO AUTO DE INFRAÇÃO. DEMONSTRAÇÃO DOS VALORES APURADOS. A cognição e exegese da lavratura fiscal se implementa pela leitura conjunta de todos os relatórios integrantes do Auto de Infração. COOPERATIVAS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR COOPERADOS. A emissão de notas fiscais/faturas relativas a serviços relacionados às atividades precípuas das cooperativas, corroborados por contratos firmados entre as mesmas e as Fl. 659DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 5 4 empresas contratantes, caracterizam a prestação de serviços pelos cooperados. ARBITRAMENTO. CABIMENTO DO PROCEDIMENTO. É plenamente cabível o procedimento de arbitramento quando no exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não demonstra o movimento real de segurados a serviço da empresa. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. LEGITIMIDADE DA EMPRESA EM CONTRIBUIR PARA A SEGURIDADE SOCIAL. A empresa é, por força de lei, contribuinte da seguridade social em relação aos segurados contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, não se confundindo esta contribuição com aquela a cargo do contribuinte individual, a qual a empresa também deve arrecadar e recolher. MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENIGNA. A fiscalização deve, em atendimento ao Código Tributário Nacional, efetuar o cotejo entre a multa vigente à data da ocorrência dos fatos geradores e aquela em vigor quando da constituição do crédito tributário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado com resultado do julgamento da primeira instância administrativa, o Contribuinte apresentou recurso tempestivo, onde alega, em síntese, o seguinte: A Recorrente foi cientificada do AI em epígrafe no qual foram constituídos créditos tributários de Contribuições incidentes sobre serviços prestados por trabalhadores cooperado, contratados por meio de Cooperativas de Trabalho, bem como sobre a remuneração paga a contribuintes individuais (antes designados autônomos) que lhe prestaram serviços sem vínculo empregatício. A Recorrente apresentou a competente Impugnação que restou julgada improcedente pela DRJ/RJI, todavia, como restará demonstrado, o posicionamento merece ser reformado por este CARF, como medida da mais lídima justiça! Preliminares. O r. acórdão merece ser reformado porque no Auto os Auditores Fiscais deixaram de especificar o código do tipo de débito no Discriminativo do Débito (DD) e ainda indicaram um Código FPAS nº 5150 equivocado relacionado ao contestado lançamento. Fl. 660DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 6 5 O r. acórdão recorrido também merece ser reformado porque os relatórios e arquivos constitutivos da instrução do processo administrativo fiscal somente foram entregues em arquivos digitais. Este procedimento ofende flagrantemente a legislação, que estabelece a necessidade desses documentos serem entregues tanto em arquivo digital como impressos para o contribuinte notificado. O AI também merece ser cancelado, porqu os auditores Fiescais indicaram um código FPAS não aplicável para a realização do lançamento tributário. O r. acórdão recorrido também merece ser reformado para cancelar o auto de infração por terem sido equivocados e precários a apuração e levantamento fiscal dos quais resultaram a definição da base de cálculo considerada para fins de determinação das contribuições constituídas no lançamento. O r. acórdão também merece ser reformado para cancelamento do AI, pois não permite a Recorrente exercer sua ampla defesa e contraditório pelas seguintes razões: i) os valores indicados nos relatórios não correspondem ao valor das faturas e demais documentos fiscais anexados no AI; ii) não existe prova de corresponderem as Faturas da BRASCOOP e UNIMED a prestação de serviços por cooperados; iii) não terem sido indicados os códigos FPAS e dos débitos no lançamento; e iv) não existe uma planilha descrevendo de forma clara e precisa o montante específico de cada um dos tributos lançados diferenciados para cada uma das cooperativas e contribuintes individuais. O r. acórdão recorrido não merece prosperar devendo ser reformado, tendo em vista que o AI é nulo porque os auditores fiscais realizaram um indevido arbitramento conforme se depreende da análise das fls. 04 do Relatório Fiscal em relação aos valores vinculados as faturas emitidas pela UNIMED. Do direito. No caso das preliminares arguidas não serem acatadas para garantir a nulidade do AI, ad argumentandum tantum, no mérito também não prevalece o lançamento, como restará demonstrado. O r. acórdão merece ser reformado, tendo em vista que a Recorrente não merece suportar a cobrança de contribuições incidentes sobre os serviços supostamente suportados por cooperados em razão da inconstitucionalidade do artigo 22, inciso IV da Lei Ordinária nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei Ordinária nº 9.876/99. No tocante a tais contribuições, a Recorrente é parte ilegítima porque as mesmas somente podem ser exigidas dos contribuintes individuais conforme garante a legislação aplicável. É indevida a multa de ofício de 75%. Por tudo o que foi exposto, requer a Recorrente a reforma do Acórdão recorrido para ser declarada a total improcedência do lançamento realizado no auto de infração Fl. 661DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 7 6 impugnado, no qual está sendo exigido crédito tributário, bem como dos acréscimos dos juros de mora e multa moratória. Requer, por fim, a realização de sustentação oral pelo signatário da presente ou por advogado devidamente constituído. Não apresentadas as contrarrazões. É o relatório. Fl. 662DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Amílcar Barca Teixeira Júnior, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Da análise destes autos, resta evidenciado que o lançamento abrange duas situações distintas, ou seja, a ausência de recolhimento de contribuições patronais destinadas à Seguridade Social, decorrente de pagamentos por serviços prestados por trabalhadores cooperados, vinculados à Brascoop Cooperativa de Trabalho do Brasil e UNIMED Lins Cooperativa de Trabalho Médico, bem como sobre a remuneração paga ou creditada aos contribuintes individuais que prestaram serviços à autuada, sem vínculo empregatício. O período fiscalizado diz respeito às competências de janeiro de 2006 a dezembro de 2007. A apuração dos fatos foi realizada em estrita observância dos registros contábeis dos pagamentos e cópias dos documentos apresentados à fiscalização. Em relação aos pagamentos feitos aos contribuintes individuais (sem vínculo empregatício), não vislumbro qualquer possibilidade de alterar o resultado do julgamento da primeira instância administrativa, porquanto correto o lançamento. O contribuinte, de fato, não cumpriu o dever legal de reter e recolher aos cofres públicos os valores que lhes são devidos. Contudo, em relação aos pagamentos realizados aos cooperados, por intermédio das cooperativas referidas, não vislumbro a possibilidade de manutenção do lançamento. Na parte referente às cooperativas, o lançamento em discussão diz respeito às contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre pagamentos concernentes a serviços prestados ao sujeito passivo, por cooperados, por intermédio de cooperativa de trabalho, conforme as disposições contidas no inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91. Sobre o assunto, nomeadamente em relação às cooperativas operadoras de planos de assistência à saúde, a 3ª Turma Especial da 2ª Seção do CARF, na assentada de 23 de janeiro de 2014, no julgamento do processo nº 10660.721971/201138, reconheceu a não incidência do tributo, nos convênios saúde firmados com operadoras de plano de assistência à saúde, constituídas sob a forma de sociedades cooperativas. A decisão referida no parágrafo anterior foi assim ementada: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2006 a 31/12/2010 Ementa: PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO – NFLD. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA MÉDICO / ODONTOLÓGICA. COOPERATIVAS Fl. 663DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 9 8 OPERADORAS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. PECULIARIDADES, INCLUSIVE LEGISLATIVAS. INAPLICABILIDADE DO INCISO IV DO ART. 22 DA LEI Nº 8.212/91. NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA, QUANDO OBSERVADA A REGRA DISPOSTA NA ALÍNEA “Q” DO § 9º DO ART. 28 DA LEI Nº 8.212/91. 1. Mesmo havendo a intermediação da cooperativa de trabalho, com contrato Armado entre esta e o tomador, o contratado é o cooperado – contribuinte individual – e não a cooperativa. 2. Pela própria natureza jurídica da cooperativa de trabalho, esta não presta serviços a terceiros, senão aos próprios cooperados. 3. Diferentemente das demais empresas, a cooperativa é constituída, exclusivamente, para prestar serviços aos seus cooperados e, por isso, o tomador dos serviços da cooperativa é o próprio cooperado. 4. A parte inicial do art. 293 da então IN SRP nº 03/2005 inova ao fazer referência à cooperativa médica ou odontológica, dispondo, assim, de forma diversa da previsão legal (inciso IV do art. 22 da lei nº 8.212/91), que fala em cooperativa de trabalho. 5. No concernente ao correto enquadramento de que trata estes autos, é de extrema importância para o deslinde da questão, verificar, também, a evolução legislativa, notadamente o art. 1º da Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012, que dispõe sobre a Organização e o Funcionamento das Cooperativas de Trabalho; institui o Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Trabalho – PRONACOOP; e revoga o parágrafo único do art. 442 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo DecretoLei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. 6. A inovação do legislador infralegal expressa na parte inicial do art. 293 da IN SRP nº 03/2005, como se pode observar, já era prenúncio de radical mudança legislativa futura. 7. O legislador de 2012, ao cuidar especificamente da lei própria das cooperativas de trabalho, já de pronto (parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.690), exclui do âmbito da mencionada lei, I – as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar; II – as cooperativas que atuam no setor de transporte regulamentado pelo poder público e que detenham, por si ou por seus sócios, a qualquer título, os meios de trabalho; III – as cooperativas de profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios estabelecimentos; e IV – as cooperativas de médicos cujos honorários sejam pagos por procedimento. 8. Refletindo sobre as inovações legislativas trazidas pela Lei 12.690/2012, resta totalmente evidenciado que a Fl. 664DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 10 9 exclusão do âmbito da lei própria das cooperativas de trabalho abrange as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar. 9. Como se pode observar, o legislador reconheceu que as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar não são cooperativas de trabalho nos moldes previstos no inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91. 10. Aliás, tal reconhecimento já tinha ocorrido em 1998, pela Lei nº 9.656, de 03 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde. 11. De acordo com o inciso II do art. 1º da Lei nº 9.656/98, a pessoa jurídica constituída sob a modalidade de cooperativa será uma Operadora de Plano de Assistência à Saúde. 12. Tendo em vista que verba constante do lançamento diz respeito à assistência à saúde, disponibilizada aos membros da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Varginha e Região, por intermédio de convênio saúde, sou obrigado a reconhecer que se trata de matéria abrangida pelo instituto da não incidência, conforme expressamente dispõe a alínea “q” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. 13. Desse modo, efetuar o enquadramento do fato à norma, sob a alegação de que a contratação de serviços por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho determina o recolhimento de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, ex vi do art. 22, IV, da Lei nº 8.212/91, sem considerar as disposições contidas na última linha do parágrafo anterior, data vênia, é fazer letra morta o instituto da não incidência previsto na Lei de Custeio da Previdência Social. 14. Reconhecer a não incidência do tributo, nos convênios saúde firmados com operadoras de plano de assistência à saúde, constituídas sob a modalidade de sociedade civil ou comercial ou entidade de autogestão nos moldes estabelecidos pela Lei nº 9.656/98 e não enquadrar as cooperativas também operadoras de plano de assistência à saúde, na mesma situação, é a caracterização de odiosa discriminação contra esse tipo societário. Recurso Voluntário Provido No concernente ao enquadramento do fato à norma dentro do conceito da não incidência condicionada, em 28 de março do corrente ano, a Receita Federal do Brasil, por intermédio da CoordenaçãoGeral de Tributação, na Solução de Consulta nº 77 – Cosit, concluiu que: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 665DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 11 10 PLANO DE SAÚDE DISPONIBILIZADO A TODOS EMPREGADOS E DIRIGENTES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. O valor relativo a plano de saúde pago por empresa a cooperativa médica não integra o salário de contribuição, desde que a empresa disponibilize o referido plano à totalidade dos seus empregados e dirigentes, ainda que alguns deles, por motivos particulares, manifestem por escrito que não pretendem participar do plano. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, § 9º, “q”. O dispositivo legal que trata da não incidência, está assim redigido: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º. Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta lei, exclusivamente: (...) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. (grifouse e destacouse) Notase, portanto, que no caso ora em discussão, a autoridade administrativa não conseguiu demonstrar que os valores lançados são efetivamente devidos. De mais a mais, estou de acordo com a decisão recorrida, que a constitucionalidade das leis é vinculada para a Administração Pública. Contudo, sobre o argumento de inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91 apresentado pelo Recorrente, sabese que em 23/04/2014, no julgamento do RE 595.838 São Paulo, o plenário do STF, por unanimidade, assim decidiu: Diante de tudo quanto exposto, é forçoso reconhecer que, no caso, houve extrapolação da base econômica delineada no art. 195, I, a, da Constituição, ou seja, da norma sobre a competência para se instituir contribuição sobre a folha ou sobre outros rendimentos do trabalho. Houve violação do princípio da capacidade contributiva, estampado no art. 145, § 1º, da Constituição, pois os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus associados, não se confundem Fl. 666DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 12 11 com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. Ademais, o legislador ordinário acabou por descaracterizar a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis in idem. A contribuição instituída pela Lei nº 9.876/99 representa nova fonte de custeio, sendo certo que somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4º com remissão feita ao art. 154, I, da Constituição. Diante do exposto, dou provimento ao recurso extraordinário para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, do a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Como se pode observar, a decisão do STF, no RE 595.838 São Paulo, encerra a discussão sobre a matéria. O fato de o RE 595.838 ainda não ter transitado em julgado em nada afetará este julgamento, notadamente sob a alegação de que a decisão ainda não é definitiva, conforme dispõe o inciso I do art. 62 do RICARF, tendo em vista que a UNIÃO opôs Embargos de Declaração. In casu, porém, os Embargos não contesta o mérito do julgamento que declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991. Os Embargos tratam apenas da necessidade de modulação de efeitos temporais, bem como requer a repristinação da norma revogada, ou seja, a Lei Complementar nº 84/96. Destarte, no caso dos serviços prestados pela Brascoop, a contribuição discutida não é devida, tendo em conta a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo legal que ampara sua cobrança. Assim, mantenho posicionamentos anteriores a respeito da não incidência (condicionada) do tributo em relação às cooperativas operadoras de planos de assistência à saúde (UNIMED), bem como em relação às demais cooperativas de trabalho, em virtude da declaração de inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991. CONCLUSÃO. Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO. Os lançamentos em relação às cooperativas devem ser excluídos. É como voto. (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior – Relator. Fl. 667DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15868.000431/201023 Acórdão n.º 2803004.001 S2TE03 Fl. 13 12 Fl. 668DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 31/01/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 16707.005182/2007-72
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 26/09/2007
FOLHAS DE PAGAMENTO. PREPARO DE ACORDO COM AS NORMAS LEGAIS. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
A empresa é obrigada a preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, consoante Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, I, combinado com o art. 225, I e parágrafo 9º., do Regulamento da Previdência Social- RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2803-003.941
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
assinado digitalmente
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
assinado digitalmente
Oséas Coimbra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Fábio Pallaretti Calcini, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti.
Nome do relator: OSEAS COIMBRA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 26/09/2007 FOLHAS DE PAGAMENTO. PREPARO DE ACORDO COM AS NORMAS LEGAIS. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. A empresa é obrigada a preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, consoante Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, I, combinado com o art. 225, I e parágrafo 9º., do Regulamento da Previdência Social- RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Fábio Pallaretti Calcini, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti.
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Obrigação Acessória Recorrente VSV VISAO SEGURANÇA DE VALORES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 26/09/2007 FOLHAS DE PAGAMENTO. PREPARO DE ACORDO COM AS NORMAS LEGAIS. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. A empresa é obrigada a preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, consoante Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 32, I, combinado com o art. 225, I e parágrafo 9º., do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima Presidente. assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 70 7. 00 51 82 /2 00 7- 72 Fl. 2643DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16707.005182/200772 Acórdão n.º 2803003.941 S2TE03 Fl. 3 2 Oséas Coimbra Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Fábio Pallaretti Calcini, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti. Fl. 2644DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16707.005182/200772 Acórdão n.º 2803003.941 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório A empresa foi autuada por descumprimento da legislação previdenciária, por ter deixado de preparar folha(s) de pagamento(s) das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados. Não foram declarados os pagamentos feitos a contribuintes individuais, identificados no relatório de fls. 11/13 dos autos. O r. acórdão – fls 2578 e ss, conclui pela improcedência da impugnação apresentada, mantendo o Auto lavrado. Inconformada com a decisão, apresenta recurso voluntário tempestivo, alegando, na parte que interessa, o seguinte: · Declarou os contribuintes individuais em GFIP e em novas folhas de pagamento. · Deve ter tratamento diferenciado por ser empresa de pequeno porte e encontrase desobrigada de elaborar escrituração contábil. · Deve ser aplicada a relevação da multa. · Requer a nulidade do presente Auto de Infração, em decorrência da correção realizada na folha de pagamento e GFIP. É o relatório. Fl. 2645DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16707.005182/200772 Acórdão n.º 2803003.941 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Oséas Coimbra O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Tratase de autuação por descumprimento de obrigação acessória – preparar folha de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente pela Seguridade Social – obrigação essa também estendida as pequenas e micro empresas e optantes do SIMPLES . A legislação previdenciária, em especial o artigo 32, inciso I da Lei n°8212/91, c/c o artigo 225, inciso I, e parágrafo 9° do Regulamento da Previdência Social RPS aprovado pelo Decreto n° 3048/99, determina a obrigatoriedade de se preparar folhasde pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social, senão vejamos. Lei 8212/91 Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhasdepagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; RPS Art. 225. A empresa é também obrigada a: I preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos; ... § 9º A folha de pagamento de que trata o inciso I do caput, elaborada mensalmente, de forma coletiva por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços, com a correspondente totalização, deverá: I discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, função ou serviço prestado; II agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado empregado, trabalhador avulso, empresário, trabalhador autônomo ou a este equiparado, e demais pessoas físicas; Fl. 2646DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16707.005182/200772 Acórdão n.º 2803003.941 S2TE03 Fl. 6 5 II agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual; (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) III destacar o nome das seguradas em gozo de salário maternidade; IV destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais; e V indicar o número de quotas de saláriofamília atribuídas a cada segurado empregado ou trabalhador avulso. Está caracterizada a regular intimação para apresentação das folhas de pagamento através de TIAF acostado às fls 07 e, uma vez que a empresa não apresentou tais documentos nos padrões e normas estabelecidos, pela ausência de remunerações dos contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, temos a procedência da autuação. As cópias de GFIP anexadas não comprovam a regular confecção das folhas de pagamento, documento diverso. Igualmente não possibilita o favor legal da relevação vigente à época em razão da não correção da falta. A multa foi corretamente aplicada, tendo valor fixo, não variando em razão do número de irregularidades cometidas. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, negolhe provimento. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. Fl. 2647DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16707.005182/200772 Acórdão n.º 2803003.941 S2TE03 Fl. 7 6 Fl. 2648DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR
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Numero do processo: 19647.002302/2003-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2009
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. IRRETROATIVIDADE.
A alteração promovida na Lei 9.311/96 através da Lei 10.174/01 - no que diz respeito à utilização das informações obtidas via CPMF para a constituição de outros tributos que não a própria contribuição, somente deve ser levada em consideração após o inicio de sua vigência, não sendo possível sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores à sua edição.
Acolhida preliminar.
Recurso provido.
Numero da decisão: 3401-000.072
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, acolher a preliminar de irretroatividade da Lei n° 10.174/2001 e dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Ana Neyle Olímpio Holanda, Giovanni Christian Nunes Campos, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calamina Astorga e Valéria Pestana Marques.
Nome do relator: Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti
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MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO--jt4itert-ty.s. Processo n° 19647.002302/2003-04 Recurso n° 157.809 Voluntário Acórdão n° 3401-00.072 — 4' Câmara / 1 Turma Ordinária Sessão de 01 de junho de 2009 Matéria IRPF - Ex(s): 1999 Recorrente JOÃO ALVES BARBOSA FILHO Recorrida 1 TURMA/DRJ-RECIFE/PE ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 1999 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. IRRETROATIVIDADE. A alteração promovida na Lei 9.311/96 através da Lei 10.174/01 - no que diz respeito à utilização das informações obtidas via CPMF para a constituição de outros tributos que não a própria contribuição, somente deve ser levada em consideração após o inicio de sua vigência, não sendo possível sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores à sua edição. Acolhida preliminar. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, acolher a preliminar de irretroatividade da Lei n° 10.174/2001 e dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Ana Neyle Olímpio Holanda, Giovanni Christian Nunes Campos, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calamina Astorga e Valéria Pestana Marques. a 4, Gonçalo Bonet A le — Presidente em exercício y fel / i/14,762frúa/10/ dol(er‘de ilzeredop erreira Pagetti - Relat4ra EDITADO EM: 1e 201ii Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Ana Neyle Olímpio Holanda, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Giovanni Christian Nunes Campos, Janaina Mesquita Lourenço de Souza, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Ana Paula Locoselli Erichsen (Suplente convocada), Valéria Pestana Marques (Suplente convocada) e Gonçalo Bonet Allage (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana Maria Ribeiro dos Reis. Relatório Em face do contribuinte acima identificado foi lavrado Auto de Infração de Lis. 04/17 para exigência do Imposto de Renda Pessoa Física — IRPF, relativamente ao ano- calendário de 1998, em razão da: a) omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas; e b) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada. Tendo tomado ciência do lançamento, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 456/484, na qual alegou, em síntese, que: - seria nulo o procedimento fiscal por vício Mona!, justificando que o lançamento foi baseado unicamente em prova ilícita (em razão da impossibilidade de a Lei n° 10.174/01 ter efeitos retroativos) e por ter sido cerceado o direito de defesa; - o cerceamento ao direito de defesa decorre do fato de que o Termo de Intimação de fl. 450 só foi entregue ao contribuinte em 22.09.2003, conforme fl. 451, e como o contribuinte tinha 20 dias para seu atendimento, tal prazo somente se encerraria em 12/10/2003, que, por ser um domingo, ficou prorrogado para o dia 13/10/2003, entretanto, dentro do prazo originalmente concedido pela auditora foi surpreendido pelo Auto de Infração datado de 02/10/2003, com ciência em 09/10/2003; - que não dispunha dos extratos do Banco Real que estavam sendo encaminhados pela Secretaria da Receita Federal, razão pela qual ficou materialmente impossibilitado de fazer as análises determinadas, enquanto a fiscalização considerando que não houve resposta à intimação, tomou como receita omitida a totalidade dos valores depositados naquele estabelecimento bancário; - com relação à origem dos depósitos, que no curso da ação fiscal, por diversas vezes, informou haver movimentação financeira, em suas contas correntes pessoais, da Pessoa Jurídica João Barbosa Assessoria Jurídica S/C Ltda, da qual é sócio majoritário, possuindo 99% das cotas; - no segundo documento mencionado foram listadas transferências de valores de contas bancárias da pessoa jurídica para a pessoa física: e que tais operações foram comprovadas pela juntada de cópia dos extratos bancários da pessoa juridica; - foi informado o ingresso em 08/07/1998, do valor de R$ 201.370,78, na conta mantida no Unibanco/Bandeirantes, correspondente ao valor liquido da Nota Fiscal n° \ 2 \l/ Processo n0 19647.002302%2003-04 S3-C4T1 Acórdão n.° 3401-00.072 Fl. 2 005767, de mesma data, emitida pela pessoa jurídica, contra o HSBC — Bamerindus Companhia de Seguros, tendo sido apresentada cópia do referido documento fiscal; - por ser sócio majoritário da empresa não havia preocupação em segregar os recursos financeiros movimentados pela pessoa tísica, ou pela pessoa jurídica, independentemente de sua origem, considerando que é através da Sociedade Civil da qual faz parte que o defendente exerce sua atividade profissional de advogado; - pelo porte de seus clientes e pelo tipo de serviço prestado, especificamente na área de cobrança, evidencia-se o recebimento, pelo contratado, de valores significativos, em nome de seus contratantes; - o escritório de advocacia repassa a seus clientes os valores recebidos, descontados das comissões que lhe caibam (no percentual máximo de 10%), conforme cláusula contratual; - a remuneração pela cobrança de valores muitas vezes se resume aos honorários de sucumbência ou a percentuais cobrados dos devedores juntamente com o principal; - a sistemááca de recebimentos em nome dos clientes faz com que transite, nas contas bancárias da prestadora de serviços, volume de recursos desproporcional a sua própria receita auferida; - a atividade exercida exige a manutenção de inúmeras contas correntes para controle em separado quando possível dos recebimentos efetuados em nome de cada cliente; porém os sócios da pessoa jurídica se dedicam precipuamente à prestação de serviços advocaficios, absorvendo seus tempos e não lhes permitindo controle rigoroso da movimentação financeira, não havendo uma rígida separação entre os recursos dos sócios e da sociedade pessoa jurídica, que se socorrem uns aos outros em casos de necessidade financeira, como costumar acontecer nas pequenas empresas; - os aportes de recursos são registrados em livro Caixa da empresa e os reembolsos se dão ou via depósito bancário ou em espécie; - que durante o procedimento fiscal foi possível informar à fiscalização a ocorrência de transferências e comprovar inúmeros depósitos efetuados nas contas correntes da pessoa tísica provenientes de cheques emitidos pela pessoa jurídica, mas que a fiscalização se limitou a receber as informações sem exigir do contribuinte quaisquer comprovantes de que tais recursos houvessem sido devolvidos ou contabilmente registrados; - a fiscalização teria cometido alguns enganos na apuração do crédito tributário (elenca um a um os enganos supostamente cometidos); - anexava à sua impugnação uma cópia do livro Caixa da empresa, através do qual seriam comprovados os empréstimos e devoluções que relaciona na sua impugnação; assim como planilha identificando cheques e/ou ordens de pagamentos e cópias dos extratos da pessoa jurídica; - todos os recursos que transitam pela conta de pessoa fisica provêm da pessoa jurídica, inclusive a titulo de lucros e pro labore; 3 - cita art. I°, §1° da IN SRF 246/02 que dispõe que quando comprovado que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos é efetuada em relação ao terceiro. Transcreve jurisprudência; - depósitos bancários, por si só, não constituem renda tributável, sendo imperioso que se configure acréscimo patrimonial ou renda consumida; - quanto à quantificação da receita, a fiscalização não aceitou as transferências de valores ocorridas da conta no BBV em que não houve incidência de CPMF com a justificativa, da fiscalização, segundo o impugnante, de que só ocorre isenção de CPMF quando há transferência de valores entre contas de mesma titularidade; - a fiscalização não atentou para o fato de que o fiscalizado mantinha contas- correntes individuais e também em conjunto com sua companheira, Sra. Marta Suely Velozo Muniz, CPF 321.318.104-82; - a cobrança da CPMF por si só não pode ser tomada como prova de que a transferência se deu entre contas de diferentes titularidades, pois os bancos não são infalíveis e podem cometer erros; - exigir imposto de renda sobre transferências só porque houve cobrança de CPMF é presunção de omissão de receitas não prevista pela legislação tributária e que corno presunção simples caberia ao fisco a prova cabal da omissão de rendimentos; - que embora a fiscalização tenha verificado que recursos da empresa transitaram nas contas-correntes da pessoa física, deixou de perquirir o emprego desses recursos e que o impugnante constatou que muitos dos cheques emitidos em 1998 configuram transferências de recursos para a pessoa jurídica; e - teria ocorrido a decadência, pois, de acordo com o art. 38 do Decreto 3.000/99 e art. 42, §4° da Lei 9.430/96, o fato gerador do IR é mensal, de modo que, tendo ocorrido a autuação e ciência do auto de infração em outubro/2003, restariam decaídos os períodos de janeiro a setembro de 1998. Na análise da impugnação apresentada, os membros da DRJ em Recife decidiram pela parcial manutenção do lançamento, em julgado do qual é possível extrair a seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1998 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não restando comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa nem de qualquer outra hipótese expressamente prevista na legislação, não há que se falar em nulidade do lançamento. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Consolida-se, na esfera administrativa, o crédito tributário correspondente à matéria que não houver sido expressamente contestada pelo impugnante. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF (4 Processo no 19647.002302/2003-04 53-C4T1 Acórdão 9.2 3401-00.072 Fl. 3 Ano-calendário: 1998 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPOSITO BANCÁRIO. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o artigo 42 da Lei n°9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários cuja origem dos recursos não for comprovada pelo titular, mormente se a movimentação financeira for incompatível com os rendimentos declarados. ÓNUS DÁ PROVA. Se o ónus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, quando devidamente intimado. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1998 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA PELO FISCO. É licito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de Fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorizaçâojudicial. LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI. O art. 6' da Lei Complementar n°105/2001 e o art. 1° da Lei n° 10.174/2001, que deu nova redação ao § 3° do art. 11 da Lei n° 9.311/1996, disciplinam o procedimento de fiscalização em si, e não os fatos económicos investigados, de forma que os procedimentos iniciados ou em curso a partir de janeiro 2001 poderão valer-se dessas informações, inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos. NÃO VIOLAÇÃO DAS GARANTIAS INDIVIDUAIS LVSERIDAS NA CF/88. SIGILO FISCAL. O sigilo bancário só tem sentido enquanto protege o contribuinte contra o perigo da divulgação ao público, nunca quando a divulgação é para o fisco que, sob pena de responsabilidade, jamais poderá transmitir o que lhe foi dado a conhecer. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. As autoridades administrativas não podem negar aplicação às leis regularmente emanadas do Poder Legislativo. O exame da constitucionalidade ou legalidade das leis é tarefa estrita mente reservada aos órgãos do Poder Judiciário. DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR. 5 No caso do Imposto de Renda, quando houver a antecipação do pagamento do imposto pelo contribuinte, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito Tributárioattingue-se após cinco anos contados do fato gerador. IRPF. DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR. Sendo a tributação das pessoas fisicas sujeita a ajuste na declaração anual e independente de exame prévio da autoridade administrativa, o lançamento é por homologação, devendo o prazo decadencial, na hipótese de. entrega tempestiva da declaração e pagamento do imposto, ser contado a partir da ocorrência do fato gerador, que é complexivo e ocorre em 31 de dezembro. DECISÕES ADMIMSTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiadas não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Consideraram não impugnada a parcela do lançamento relativa à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, e quanto à parcela exonerada, esta se deveu à exclusão da base de cálculo de valores relativos à mera transferência entre contas de sua titularidade. Inconformado com tal decisão, o contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 929/970, no qual faz um resumo dos fatos e, em síntese, reitera os argumentos expostos em sua impugnação. É o Relatório. (Ty • 6 Processo n° 19647.00230212003-04 S3-C4T1 Acerdeo n.° 3401-00.072 Fl. 4 Voto Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relatora O recurso é tempestivo e preenche os requisitos da lei, por isso dele conheço. Trata-se de lançamento fundado em suposta omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, bem como da presunção de omissão baseada em depósitos bancários de origem não comprovada. O contribuinte não se insurgiu contra a parcela do lançamento relativa à omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, razão pela qual esta parcela foi considerada como não impugnada pela decisão recorrida. Quanto à parcela do lançamento que está em litígio — omissão de rendimentos decorrente da falta de comprovação da origem de depósitos bancários - a decisão recorrida acolheu em parte as alegações do contribuinte suscitadas em sede de impugnação. Determinou que fossem excluídos da base de cálculo do lançamento os valores de transferências entre contas de sua própria titularidade. Em sede de recurso, o Recorrente repisa os argumentos de sua impugnação. São eles: preliminar de nulidade em razão da ilegal quebra do seu sigilo bancário via CPMF quando estava em vigor o art. 11, § 3° da Lei n°9.311/96, bem como preliminar de nulidade da prova utilizada, tendo em vista a impossibilidade de quebra do sigilo bancário sem ordem judicial que o determine. Quanto ao mérito, alegou que: a) os recursos movimentados em suas contas bancárias pertenciam à pessoa jurídica da qual era sócio e não a ele mesmo, e por isso se receitas fossem não seriam suas, mas sim da referida pessoa jurídica; b) mantinha contas em conjunto com a Sra. Marta Suely Velozo Muniz, sua esposa e dependente, motivo pelo qual foi feita a cobrança de CPMF em algumas das transferências ocorridas entre suas contas, mas o que não siginifica que as contas não eram suas; c) estaria decadente o direito do Fisco de efetuar o lançamento de valores relativos a fatos geradores ocorridos antes de outubro de 1998, tendo em vista que a lavratura do Auto se deu em outubro de 2003. Preliminarmente, é preciso apreciar o pedido de nulidade do lançamento em razão da irretroatividade da Lei n° 10.174/01. A meu ver, a quebra do sigilo bancário através do cruzamento de dados do contribuinte com as informações obtidas através da CPMF não pode ser aplicada a fatos geradores anteriores à entrada em vigor da mencionada lei. No caso em exame, os fatos geradores do imposto exigido pela autoridade lançadora ocorreram em 1998, período em que vigia a anterior redação da Lei n° 9.311/96, que criou a CPMF. À época, as instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da contribuição estavam obrigadas a prestar informações à Secretaria da Receita Federal no que diz respeito aos contribuintes e aos valores por eles movimentados apenas com relação à CPMF. o 7 Era vedada, então, a utilização destas mesmas informações para a constituição de crédito tributário relativo a outras contribuições ou impostos, como se depreende da leitura do texto legal original, verbis: Art. li. Compete à Secretaria da Receita Federal a administração da contribuição, incluídas as atividades de tributação, fiscalização e arrecadação. § 1°. No exercício das atribuições de que trata este artigo, a Secretaria da Receita Federal poderá requisitar ou proceder ao exame de documentos, livros e registros, bem como estabelecer obrigações acessórias. ,5S. 2°. As instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da contribuição prestarão à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias à identcação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações, nos termos, nas condições e nos prazos que vierem a ser estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda. § 3°. A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicada à matéria, o sigilo das informações prestadas, vedada sua utilização para constituição do crédito tributário relativo a outras contribuições ou impostos. (sem grifes no original) • Portanto, as informações prestadas pelas instituições financeiras à SRF não pumitiam a constituição de crédito tributário relativo ao imposto de renda da pessoa física. Esta era a regra vigente à época da ocorrência dos fatos geradores objeto do lançamento em questão. Ocorre que, passados três anos, em 09.01.2001, foi editada a Lei n° 10.174, que alterou a regra contida naquele dispositivo, o qual passou — a partir de então — a ter a seguinte redação: § 3 0 A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicável à matéria, o sigilo das informações prestadas facultada sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente, observado o disposto no artigo 42 da Lei n` 9.430, de 17 de dezembro de 1996, e alterações posteriores. (sem grifos no original) A nova redação do referido artigo remete, por seu turno, ao lançamento previsto no art. 42 da caput da Lei n° 9.430/96, que assim dispõe: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 8 Processo n°19647.002302/2003-04 S3-C4T1 Acórdão n.° 3401-00.072 9. 5 A interpretação sistemática da nova redação do art. 11, § 3°, da Lei n° 9.311/96 combinado com o art. 42 da Lei n° 9.430196, permite concluir que restou facultada— somente a partir da edição da Lei n° 10.174/01 - a utilização dos dados da CPMF para a constituição de créditos tributários pela Secretaria da Receita Federal, por presunção legal de omissão de receitas, quando a pessoa física ou jurídica não conseguir comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento, de que seja titular. E esta é uma nova forma de lançamento, que foi — repita-se - criada pela Lei n° 10.174, a qual foi publicada em 10.01.2001, razão pela qual só poderia atingir fatos ocorridos a partir desta data. Cabe aqui reiterar que o fato gerador do tributo em discussão ocorreu no ano de 1998, quando o artigo 11, § 3°, da Lei n° 9.311/96 vedava a lavratura de autos de infração com base na movimentação bancária dos contribuintes para exigência de tributos diversos da CPMF. - Nem se alegue que seria aplicável à espécie o disposto no § 1° do art. 144 do CTN. É que não se trata, aqui, de lei procedimental, mas sim de lei de conteúdo material. A este respeito, releva transcrever trechos do voto proferido pelo Conselheiro Roberto William Gonçalves, em acórdão no qual cita, por seu turno, voto anteriormente proferido pelo Conselheiro João Luis de Souza Pereira, verbis: O que se lê do dispositivo acima transcrito é que a Lei n° 10.174/2001 é norma de conteúdo material, que autoriza o lançamento do imposto de renda e demais tributos com base nas informações colhidas dos recolhimentos da CPMF. Especificamente em relação ao imposto de renda, a nova lei, inclusive, estabeleceu a forma de tributação, que ocorrerá nos termos e condições do artigo 42 da Lei n°9.430/96. Ou seja, não foram ampliados os poderes fiscalizatórios. Foi autorizada uma nova forma de tributação, admitindo uma nova presunção legal de omissão de receita que se insere no mecanismo introduzido pelo artigo 42 da Lei n°9.430/96. No entanto, nunca foi afastada a possibilidade de ser constituído o crédito tributário do imposto de renda através da intimação de instituições financeiras. Mas, não havia previsão legal para a tributação dos depósitos resultantes dos dados colhidos da arrecadação da CPMF. Ou seja, os dados obtidos pela fiscalização da CPMF, enquanto durou a redação original da Lei n°9,311/96, não estavam sujeitos ao imposto de renda, muito embora os valores dos depósitos bancários pudessem ser objeto de fiscalização e lançamento na forma do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Somente a partir da Lei n° 10,17412001 é que passou a estar legalmente descrita esta nova hipótese de incidência do imposto de renda (e outros tributos), passando a ser licita a tributação 9 • • dos mesmos valores advindos do cruzamento de dados dos recolhimentos da CPMF, ainda que se utilize dos mesmos meios de determinação da base de cálculo. • É por esta razão que a Lei n°10.174/2001 inovou a sistemática de tributação do imposto de renda e, por esta mesma ratão, somente pode ser aplicada a eventos futuros, obedecidos os princípios constitucionais da irretroatividade e da anterioridade da lei tributária. Mas, ainda que se considerasse a Lei n° 10.174/2001 como uma norma de procedimento, a verdade é que o imposto de renda é tributo devido por período certo e a data da ocorrência do fato gerador é facilmente identificável e prevista na legislação. Dai, há de ser aplicado - o artigo 144, parágrafo 20 do Código Tributário Nacional, que submete estes tributos à regra prevista no caput do mesmo artigo, ou seja, da observância e aplicação da lei vigente à época da ocorrência do fato 'gerador, sem exceções para as chamadas normas de procedimento. (Acórdão g" 104-19.407, de 12 de junho de 2003, Rel. Cons. Roberto William Gonçalves) A utilização retroativa dos termos da Lei n° 10.174/2001,. atingindo situações ocorridas no ano-calendário 1998, implica, como se viu, grave ofensa à segurança jurídica do contribuinte, na medida em que, à época vigia uma norma de direito material, esculpida no artigo 11, § 3°, da Lei n° 9.311/96 que assegurava ao Recorrente a garantia de que não teria contra si lavrado auto de infração exigindo imposto de renda pessoa fisica, em decorrência das informações fornecidas pelas instituições financeiras para a Secretaria da Receita Federal, relativas à sua movimentação bancária. Relevante destacar que a 6" Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes já adotou referido entendimento, conforme comprova a ementa do seguinte acórdão: OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁMOS - IRRETROATIVIDADE - A alteração promovida na Lei 9.311/96 pela Lei 10.174/01, somente deve ser levada em consideração após o inicio de sua vigência, não sendo possível sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores à sua edição. Recurso provido. (Primeiro Conselho, Sexta Câmara, acórdão n° 106-13.962, redator designado Conselheiro José Carlos da Matta Rivitti, julgado em 12/05/2004 — sem grifos no original)Em face dos argumentos acima expostos, concluo pela impossibilidade de io • Processo ri° 19647.002302/2003-04 S3-C4T1 Acórdão n.° 3401-00.072 Ft 6 manutenção do lançamento, em razão da indevida aplicação da Lei n° 10.174/2001 a fatos geradores ocorridos anteriormente à sua vigência, acolhendo a preliminar suscitada pelo Recorrente. Diante de todo o exposto voto no sentido de dar provimento ao Recurso. 444 Cli1:4£11:201 ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA P • IETTI li • • si.11:4k MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS r CAMARA/2' SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo 19647.002302/2003-04 Recurso n°: 157.809 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3° do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial 110256, de 22 de junho de 2009, intime-se o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão n° 3401-00.072 Brasília/DF, 18 MI 2010 EVEL1NE COÊLHO DE 'ELO HOMAR Chefe da Secretaria Segunda Câmara da Segunda Seção - Ciente, com a observação abaixo: ( ) Apenas com Ciência ( ) Com Recurso Especial ( ) Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional
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Numero do processo: 19515.003157/2004-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2101-000.190
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para esclarecimento acerca da natureza das contas-correntes analisadas (se individuais ou conjuntas) e, caso haja contas conjuntas, se houve intimação a todos os co-titulares.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
Presidente
(assinado digitalmente)
DANIEL PEREIRA ARTUZO
Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO (Relator), MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEÃO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
Nome do relator: DANIEL PEREIRA ARTUZO
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ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para esclarecimento acerca da natureza das contas correntes analisadas (se individuais ou conjuntas) e, caso haja contas conjuntas, se houve intimação a todos os cotitulares. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) DANIEL PEREIRA ARTUZO Relator Participaram do julgamento os Conselheiros LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO (Relator), MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEÃO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Tratase de recurso voluntário (efls. 130/155) interposto contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP) (e RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 03 15 7/ 20 04 -5 7 Fl. 176DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 16/12/201 4 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.003157/200457 Resolução nº 2101000.190 S2C1T1 Fl. 173 2 fls. 107/120), o qual, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento tributário de efls. 61/64. O acórdão teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 PRELIMINAR. IRRETROATIVIDADE DA LEI Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas (Art.144, § 1° do CTN). A Lei Complementar n° 105/2001 e a Lei n° 10.17412001, que deu nova redação ao § 3° do art. 11 da Lei n° 9.311/1996, disciplinam o procedimento de fiscalização em si, e não os fatos econômicos investigados, de forma que os procedimentos iniciados ou em curso a partir do mês de janeiro de 2001, poderão valerse dessas informações inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n° 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Com a edição da Lei n.° 9.430/96, a partir de 01/01/1997 passaram a ser caracterizados como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de oficio, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE A multa de oficio prevista na legislação de regência é de aplicação obrigatória nos casos de exigência de imposto decorrente de lançamento de ofício, não podendo, a autoridade lançadora furtarse à sua aplicação. Lançamento Procedente” (efls. 107/108). Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs recurso voluntário (efls. 130/155), reiterando todos os argumentos da impugnação e requerendo o cancelamento do lançamento tributário. É o relatório. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 16/12/201 4 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.003157/200457 Resolução nº 2101000.190 S2C1T1 Fl. 174 3 Conselheiro DANIEL PEREIRA ARTUZO, Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos legais. De acordo com a Súmula CARF nº 29: "Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento." Analisando os autos, percebemos que nos extratos encaminhados pelo Banco Bradesco S/A existe indício de existência de cotitular na contacorrente, uma vez que no campo "Nome" dos extratos bancários juntados aos autos consta como titular "NILTON PINTO E/OU" (fls. 10/32). Assim, para analisarmos a legalidade/regularidade do lançamento tributário em discussão, entendo ser prudente a conversão do julgamento em diligência para que a Fiscalização (i) intime as instituições bancárias para que esclareçam se as contascorrentes analisadas eram individuais ou conjuntas, e (ii) caso existam contas conjuntas, a Autoridade deverá esclarecer se houve intimação de todos os cotitulares durante a fiscalização. Dessa forma, voto por converter o julgamento em diligência para que a Fiscalização intime as instituições bancárias (Caixa Econômica Federal e Banco Bradesco S/A) para que esclareçam se no período de 01/01/2001 a 31/12/2001 as contascorrentes do Recorrente eram individuais ou conjuntas. Caso existam contas conjuntas, a Autoridade deverá informar se se houve intimação de todos os cotitulares durante a fiscalização, dando ciência do resultado da diligência à Recorrente para que se manifeste em 30 dias. É o meu voto (assinado digitalmente) DANIEL PEREIRA ARTUZO Relator Fl. 178DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 16/12/201 4 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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