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Numero do processo: 13629.001636/2006-37
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE RESERVA LEGAL - DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - ADA, PARA ISENÇÃO DA ÁREA NO CALCULO DO IMPOSTO DEVIDO.
A falta de ADA tempestivo não consiste em elemento capaz de obstar o direito ao reconhecimento de área de utilização limitada. Para reconhecimento da Área de Reserva Legal, esta exigência pode ser suprida pela averbação da área de reserva à margem da matricula do registro de imóveis, desde que ocorrida, tempestivamente, antes do fato gerador do tributo.
Numero da decisão: 9202-005.591
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento parcial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE RESERVA LEGAL DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA, PARA ISENÇÃO DA ÁREA NO CALCULO DO IMPOSTO DEVIDO. A falta de ADA tempestivo não consiste em elemento capaz de obstar o direito ao reconhecimento de área de utilização limitada. Para reconhecimento da Área de Reserva Legal, esta exigência pode ser suprida pela averbação da área de reserva à margem da matricula do registro de imóveis, desde que ocorrida, tempestivamente, antes do fato gerador do tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento parcial. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 62 9. 00 16 36 /2 00 6- 37 Fl. 228DF CARF MF 2 Ana Paula Fernandes – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci. Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pelo Contribuinte face ao acórdão 220200.780, proferido pela 2ª Turma Ordinária / 2ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de Auto de Infração de fls. 01/09 e 53/54, no qual a contribuinte em referência foi intimada a recolher o crédito tributário de R$ 890,42, correspondente ao lançamento do ITR2002, da multa proporcional (75,0%) e dos juros de mora calculados até 31/10/2006, incidente sobre o imóvel rural "Horto Piçarrão" (NIRF 0.671.8655), com 4.671,9 ha, localizado no município de Itabira MG. De acordo com o Auto de Infração, a autoridade fiscal lavrou o citado auto de infração, com a glosa parcial da área declarada de utilização limitada/reserva legal, reduzida de 954,6 ha pra 545,8 ha, com os conseqüentes aumentos das áreas tributável/aproveitável e do VTN tributável, apurando imposto suplementar de RS 360,60, conforme demonstrativo de fls. 08. O Contribuinte apresentou impugnação, à fl. 23/35. A DRJ de Brasília/DF julgou parcialmente procedente o lançamento, fls. 140/145, constituído pelo auto de infração/anexos de fls. 01/09 e 53/54, para acatar área de utilização limitada/reserva legal de 751,5 ha, com redução do imposto suplementar apurado, conforme demonstrado, de R$ 360,60 para R$ 179,19, a ser acrescido de multa lançada (75,0%) e juros legais atualizados. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 149/158, requerendo, em síntese, fosse reformado o acórdão recorrido, para o cancelamento da exigência fiscal, haja vista a comprovação nos autos de que a área de Reserva Legal corresponde a 1.988,7ha ou, quando menos, deve ser cancelada a exigência fiscal, acatandose a área de Reserva, declaradas pela Recorrente, de 954,6ha. A 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 161/169, NEGOU PROVIMENTO ao Recurso Ordinário. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 AVERBAÇÃO DA RESERVA LEGAL. CONDIÇÃO PARA EXCLUSÃO. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 13629.001636/200637 Acórdão n.º 9202005.591 CSRFT2 Fl. 10 3 Por se tratar de ato constitutivo, a averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel no Registro de Imóveis competente à época do fato gerador é condição essencial para fins de exclusão da área tributável a ser considerada na apuração do ITR. Às fls. 173/188, o Contribuinte interpôs Recurso Especial por divergência em relação à necessidade de averbação da ARL – Área de Reserva Legal na matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, para exclusão da tributação do ITR. A recorrente indicou como paradigmas os Acórdãos CSRF/0305.167 e 30333.404. Às fls. 215/216, a 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, DANDO SEGUIMENTO ao recurso especial para que seja rediscutida a necessidade de averbação da ARL Área de Reserva Legal na matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, para exclusão da tributação do ITR. Às fls. 218/226, a Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões, alegando, no mérito, a imprescindibilidade da apresentação tempestiva do ADA junto ao IBAMA, sob pena de não reconhecimento pela SRF das áreas de preservação permanente ou de utilização limitada. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração de fls. 01/09 e 53/54, no qual a contribuinte em referência foi intimada a recolher o crédito tributário de R$ 890,42, correspondente ao lançamento do ITR2002, da multa proporcional (75,0%) e dos juros de mora calculados até 31/10/2006, incidente sobre o imóvel rural "Horto Piçarrão" (NIRF 0.671.8655), com 4.671,9 ha, localizado no município de Itabira MG. O Acórdão recorrido negou provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pelo Contribuinte trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante à glosa da ARL – Área de Reserva Legal. A questão controvertida diz respeito à exigência da averbação da área de reserva legal a época dos fatos geradores para fins de isenção do ITR. Para se dirimir a controvérsia, é importante destacar, do Imposto Territorial Rural ITR, tributo sujeito ao regime de lançamento por homologação, a sistemática relativa à sua apuração e pagamento, e para isso adoto as razões do acórdão 9202.02146, proferido Fl. 230DF CARF MF 4 pela Composição anterior da 2ª Turma da Câmara Superior, da lavra do Conselheiro Elias Sampaio Freire. Para tanto, devemos analisar a legislação aplicável ao tema e para isso transcrevo os trechos que interessam do art. 10 da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluída pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008) (...) § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Da transcrição acima, destacase que, quando da apuração do imposto devido, excluise da área tributável as áreas de preservação permanente e de reserva legal, além daquelas de interesse ecológico, das imprestáveis para qualquer exploração agrícola, das submetidas a regime de servidão florestal ou ambiental, das cobertas por florestas e as alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Como se percebe da leitura do citado artigo, a área de preservação permanente é isenta de ITR, e como este é um imposto sujeito a lançamento por homologação o contribuinte deverá declarar a área isenta sem a necessidade de comprovação, sujeito a sanções caso reste comprovada posteriormente a falsidade das declarações. Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da comprovação da área como de RESERVA LEGAL. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 13629.001636/200637 Acórdão n.º 9202005.591 CSRFT2 Fl. 11 5 A DRJ, além da área de 545,8ha, já acatada pela fiscalização (fls.08), considerou que foram averbadas como áreas de reserva legal, ainda, 205,7ha em 04/09/1996, conforme cópias das matrículas AV. 04.993 (102,85 ha) e AV. 041.322 (102,85 ha), anexadas às fls. 108 a 111, excluindoas da área tributável para fins de apuração do ITR (fl. 116), perfazendo um total de 751,5 ha. O acórdão recorrido assim dispôs: No que se refere ao mapa apresentado pela contribuinte (fls. 99 a 106), com o intuito de comprovar a existência de uma área de utilização limitada/reserva legal de 1.988,7 ha, conforme já salientado pelo julgador a quo, ele é irrelevante para o caso em questão, uma vez que não se está discutindo a materialidade e dimensão da área ambiental, mas o cumprimento de requisito formal, sem o qual perde a contribuinte o direito à isenção pretendida. Quanto aos precedentes mencionados pela recorrente, cumpre lembrar que esses não têm caráter vinculante, valendo apenas entre as partes, ainda que existam decisões reiteradas sobre o assunto. Somente quando a questão em discussão estiver sumulada, nos termos do art. 72 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 (publicada no DOU de 23/06/2009),é que o Conselheiro está obrigado a adotar o entendimento sumular. Verdade é que está comprovado nos autos a averbação de uma área de apenas 751,5ha destinada à reserva legal, conforme reconhecido pela decisão recorrida, por conseguinte, devese manter a glosa da área declarada remanescente. Saliento que a partir de 2001, para fins de redução do ITR, a previsão expressa é a de que haja comprovação de que houve a comunicação tempestiva ao órgão de fiscalização ambiental, e que isso ocorra por meio de documentação hábil. Entendo aqui que a documentação hábil engloba um conjunto de documentos possíveis e não apenas o protocolo de ADA. Em linhas gerais temos condições diferentes para reconhecimento da isenção quando se trata de (a) área de reserva legal e (b) área de preservação permanente. (a) Assim quanto a área de Reserva Legal, e meu ver não existe prazo para comprovação de sua existência, logo não é necessário que a averbação da reserva legal seja realizada antes do fato gerador, pois se a área tinha condições de ser considerada isenta, e o foi posteriormente, é isso que importa para consagração do Direito do Contribuinte, em virtude da aplicação da Verdade Material, privilegiada nos Processos Administrativos Federais por força da Lei 9784/99. (b) Já quanto a área de preservação permanente, para que esta seja considerada isenta do ITR, consoante o disposto no art. 10, § 1º, II, "a", da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, não considero a apresentação de ADA como prova exclusiva de sua Fl. 232DF CARF MF 6 existência, pois a meu ver existem outros documentos hábeis a esta comprovação, como, por exemplo, laudos, fotos, averbações. Isso é quanto ao direito. Passo agora a análise das provas. No caso dos autos, a autuação se refere ao imóvel Horto do Piçarrão, exercício 2002, cujas área controvertidas declaradas pelo contribuinte se refere a Reserva Legal. O Contribuinte tenciona provar 1.988, 7 ha, declarou na DITR 954,6 ha. A fiscalização apurou 545,8 ha, tanto a DRJ quanto a Turma Ordinária corrigiam esta área apurada para 751,5 ha. Para fins de delimitação da lide é importante registrar que a matéria controvertida dos autos se restringe a área de 954,6 ha, porção declarada pelo Contribuinte na DITR, e contrariada pelo auditor no lançamento. Compulsando detalhadamente os autos, verifico que assiste razão as decisões que me sucederam. Tanto o ADA (fls.20) quanto a averbação anexada aos autos apontam para uma área de 751, 5 ha. Como citado anteriormente, além da área de 545,8 ha, já acatada pela fiscalização (fls.08), foi comprovada também a averbação de mais 205,7 ha em 04/09/1996, conforme cópias das matrículas AV. 04.993 (102,85 ha) e AV. 041.322 (102,85 ha), anexadas às fls. 108/111, considerandose cumprida exigência de averbação tempestiva de uma área de reserva legal de 751,5 ha (545,8 ha + 205,7 ha), para fins de exclusão da incidência do ITR/2002. Cumpre registrar que a maioria do colegiado vota pelas conclusões em razão do entendimento um pouco mais restritivo, qual seja: (a) Para ARL o ADA precisa ser apresentado ao IBAMA até a data do fato gerador, e sua ausência pode ser suprida por averbação nas mesmas condições. (b) Para APP o ADA pode ser posterior ao exercício fiscal mas deve obrigatoriamente ser anterior ao inicio da ação fiscal. Sendo assim, o acórdão recorrido não merece reforma. Por todo o exposto, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e no mérito negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 233DF CARF MF Processo nº 13629.001636/200637 Acórdão n.º 9202005.591 CSRFT2 Fl. 12 7 Fl. 234DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15956.000218/2009-99
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Oct 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.658
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 02 18 /2 00 9- 99 Fl. 255DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional cujo objeto é a discussão acerca da aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. Importante mencionar que, conforme termo de desapensação juntado aos autos, este processo encontravase apenso ao Processo 15956.000216/200908, principal, e foi desapensado para permitir o julgamento do respectivo recurso na sistemática prevista no art.47, §§1º e2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de2015. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: Fl. 256DF CARF MF Processo nº 15956.000218/200999 Acórdão n.º 9202005.658 CSRFT2 Fl. 256 3 a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) tem o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Fl. 257DF CARF MF 4 Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é o entendimento deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 15956.000218/200999 Acórdão n.º 9202005.658 CSRFT2 Fl. 257 5 § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Fl. 259DF CARF MF 6 Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 15956.000218/200999 Acórdão n.º 9202005.658 CSRFT2 Fl. 258 7 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora Fl. 261DF CARF MF 8 fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 262DF CARF MF Processo nº 15956.000218/200999 Acórdão n.º 9202005.658 CSRFT2 Fl. 259 9 Fl. 263DF CARF MF
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Numero do processo: 10183.004486/2007-92
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003, 2005
APP - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. GLOSA. ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL INTEMPESTIVO.
Incabível o acolhimento de Área Preservação Permanente cujo ADA foi protocolado após o início da ação fiscal.
ARL - ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. ATO CONSTITUTIVO.
A averbação da Área de Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, autoriza o acolhimento da área averbada, independentemente do protocolo do ADA.
Numero da decisão: 9202-005.684
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, para (i) restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) no exercício de 2005 e (ii) restabelecer, em parte, a glosa da Área de Reserva Legal (ARL) no exercício de 2003, no que ultrapassar a área averbada de 3.364,48 ha, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento e, ainda, os conselheiros Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial em menor extensão. Ausente, momentaneamente, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, substituída pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Joao Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício) e Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003, 2005 APP - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. GLOSA. ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL INTEMPESTIVO. Incabível o acolhimento de Área Preservação Permanente cujo ADA foi protocolado após o início da ação fiscal. ARL - ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. ATO CONSTITUTIVO. A averbação da Área de Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, autoriza o acolhimento da área averbada, independentemente do protocolo do ADA.
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GLOSA. ADA ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL INTEMPESTIVO. Incabível o acolhimento de Área Preservação Permanente cujo ADA foi protocolado após o início da ação fiscal. ARL ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. ATO CONSTITUTIVO. A averbação da Área de Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, autoriza o acolhimento da área averbada, independentemente do protocolo do ADA. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial, para (i) restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) no exercício de 2005 e (ii) restabelecer, em parte, a glosa da Área de Reserva Legal (ARL) no exercício de 2003, no que ultrapassar a área averbada de 3.364,48 ha, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento e, ainda, os conselheiros Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial em menor extensão. Ausente, momentaneamente, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, substituída pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 44 86 /2 00 7- 92 Fl. 372DF CARF MF 2 Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Joao Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício) e Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira). Relatório Trata o presente processo de exigência de ITR Imposto Territorial Rural dos exercícios de 2003 e 2005, acrescido de multa de ofício e juros de mora, relativo ao imóvel denominado "Fazenda Camararé I e II" (NIRF 1.595.3068), localizado no Município de Sinop/MT. Quanto ao exercício de 2003, foi glosada a Área de Reserva Legal de 5.553,1 hectares e, em relação ao de 2005, foram glosadas as Áreas de Preservação Permanente de 264,2 hectares e de Reserva Legal de 4.764,2 hectares, por falta de apresentação tempestiva do ADA Ato Declaratório Ambiental. Em ambos os exercício foi efetuado o arbitramento do VTN Valor da Terra Nua pelo SIPT Sistema Integrado de Preços de Terras. Em sessão plenária de 16/10/2013, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão 2202002.498 (efls 272 a 284), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003, 2004 IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) E ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). Por se tratar de áreas que independem do reconhecimento do Poder Público para a exclusão da base tributável, desnecessária a apresentação de ADA para o reconhecimento de APP e ARL declaradas em DITR. Precedentes. RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO PRÉVIA NA MATRÍCULA DO IMÓVEL COMPROVADA. Tendo sido comprovada a prévia averbação de ARL na matrícula do imóvel, tal deve ser reconhecida e excluída da base tributável do ITR. VALOR DA TERRA NUA VTN ARBITRADO COM BASE NO SIPT. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO EM RECURSO VOLUNTÁRIO. MANUTENÇÃO. Não tendo sido impugnado o fundamento da decisão recorrida que confirmou o VTN arbitrado com base no SIPT, tal deve ser mantido para fins de cálculo do ITR, especialmente porque baseado na média por aptidão agrícola do município.” Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10183.004486/200792 Acórdão n.º 9202005.684 CSRFT2 Fl. 373 3 A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer os valores declarados como Área de Preservação Permanente APP e Área de Reserva Legal ARL. Vencido o Conselheiro Antonio Lopo Martinez que negava provimento ao recurso." O processo foi recebido na PGFN em 14/01/2014 (Relação de Movimentação de efls. 286). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a ciência presumida do Procurador ocorreu em 13/02/2014 e, em 28/02/2014, foi interposto o Recurso Especial de efls. 290 a 308 (Relação de Movimentação de efls. 289), com fundamento no 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009. O Recurso Especial visa rediscutir a necessidade de apresentação tempestiva do ADA Ato Declaratório Ambiental, para exclusão das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal da tributação do ITR Imposto Territorial Rural dos exercício de 2003 e 2005. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, por meio do Despacho de Admissibilidade de 25/09/2015 (efls. 309 a 311). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos, em síntese: para efeito da exclusão das Áreas de Preservação Permanente e de utilização limitada da incidência do ITR, a partir do exercício de 2001, é indispensável que o contribuinte comprove o reconhecimento formal, específico e individual da área como tal; para isso, deverá protocolizar o ADA no Ibama ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração do ITR; nesse sentido, confirase o teor da Instrução Normativa SRF nº 73/00, vigente à época do fato gerador do tributo em questão: Art 17. Para fins de apuração do ITR, as áreas de interesse ambiental de preservação permanente ou de utilização limitada serão reconhecidas mediante ato do IBAMA, ou órgão delegado por convênio, observado o seguinte: I as áreas dc reserva legal, para fins de obtenção do ato declaratório do IBAMA, deverão estar averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente, conforme preceitua a Lei n° 4.771, de 1965; II o contribuinte terá o prazo de seis meses, contado a partir da data final daentrega da DITR, para protocolizar requerimento do ato declaratório junto aoIBAMA; (...) (grifo do recorrente) nos termos da legislação retro citada, o contribuinte teria o prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR, para protocolizar requerimento do ato declaratório junto ao Ibama; Fl. 374DF CARF MF 4 no caso específico, com relação à Área de Preservação Permanente, não apresentou o Ato Declaratório Ambiental, condição inafastável para o gozo da pretendida isenção; a súmula n.° 41 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, preceitua que: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000; ou seja, a partir do exercício de 2001, a apresentação do ADA é inarredável, pelo que não há que se acatar quais dos argumentos expendidos pelo contribuinte recorrente em sua peça impugnatória; ora, no processo sob estudo, tratase de ITR relativo ao exercício de 2005 e o ADA apresentado pelo contribuinte se refere ao exercício de 2008, não cumprindo, pois, as exigências legais pertinentes; nesse ponto, vale a pena destacar que a Administração Tributária, ao estabelecer a obrigatoriedade de apresentação do ADA, fixou condição para a não incidência tributária sobre as Áreas de Preservação Permanente e de utilização limitada, elencadas e definidas no Código Florestal e na legislação do ITR; dessa maneira, a exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, visto que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, definida no art. 113, §§ 2° e 3", da Lei n° 5.172/1966 (Código Tributário Nacional CTN), ou seja, a ausência do ADA não enseja multa regulamentar o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória , mas sim incidência do imposto; o Manual de Perguntas e Respostas do ITR, editado no ano de 2002 portanto, após a edição da Medida Provisória n° 2.16667/2001 ratifica, em suas perguntas de n°s 66 e 67, o entendimento de que não houve qualquer alteração na legislação, no que tange à existência de prazo para requerimento do ADA: 066 Qual é o prazo legal para requerimento do Ato Declaratório Ambiental (ADA)? O ADA deve ser protocolizado no Ibama no prazo de até 6 (seis) meses, contado a partir do término do prazo lixado para a entrega da declaração. Caso o ADA não seja requerido tempestivamente, ou seja denegado o requerimento, será efetuado lançamento de ofício com os acréscimos legais cabíveis.(Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 170, § 1 °, com a redação dada pela Lei n° 10.165, de 27 de dezembro de 2000, art. Io) 067 Caso o Ato Declaratório Ambiental (ADA) não tenha sido requerido, quais asconseqüências? Caso não seja requerido o Ato Declaratório Ambiental (ADA) dentro do prazo legal, poderá ocorrer uma das situações seguintes: 1) o contribuinte poderá pagar a diferença de imposto, com os acréscimos relativos à mora (multa e juros), desde que o faça Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10183.004486/200792 Acórdão n.º 9202005.684 CSRFT2 Fl. 374 5 antes do início de qualquer procedimento fiscal tendente a verificar a infração tributária (pagamento espontâneo); ou 2) a Secretaria da Receita Federal (SRF) apurará o ITR efetivamente devido e efetuará, de ofício, o lançamento da diferença de imposto com os acréscimos legais cabíveis. (Lei n° 6.938, de 1981, art. 170, § Io, com redação dada pela Lei n° 10.165, art. Io, de 2000) desse modo, o prazo para apresentação do requerimento para emissão do ADA jamais deixou de existir, tanto é assim que o Decreto n° 4.382, de 19/09/2002, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do ITR (Regulamento do ITR), e que consolidou toda a base legal deste tributo que se encontrava em vigor à data de sua edição dispõe em seu art. 10: Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas: 1 de preservação permanente (Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965 Código Florestal, arts. 2o e 3o, com a redação dada pela Lei n° 7.803, de 18 de julho de 1989, art. Io); II de reserva legal (Lei n° 4.771, de 1965, art. 16, com a redação dada pela Medida Provisória n° 2.16667, de 24 de agosto de 2001, art. Io); III de reserva particular do patrimônio natural (Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, art. 21; Decreto n° 1.922, de 5 de junho de 1996); IV de servidão florestal (Lei n° 4.771, de 1965, art. 44A, acrescentado pela MedidaProvisória n° 2.16667, de 2001); V de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas nos incisos I e II do caput deste artigo (Lei n° 9.393, de 1996, art. 10, § Io, inciso II, alínea " b"); VI comprovadamente imprestáveis para a atividade rural, declaradas de interesseecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual (Lei n° 9.393, de1996, art. 10, § Io, inciso II, alínea " c" ). (...) § 2o A área total do imóvel deve se referir à situação existente na data da efetiva entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR.. § 3o Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Fl. 376DF CARF MF 6 Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo (Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 170, § 5o, com a redação dada pelo art. Io da Lei n° 10.165, de 27 de dezembro de 2000); e estar enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos I a VI em Io de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador do ITR. (destaques não constam no original) a CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit), que tem a competência regimental de interpretar a legislação tributária no âmbito da Secretaria da Receita Federal, editou a Solução de Consulta Interna n° 12, de 21/05/2003, que ratifica o entendimento acima exposto, sendo oportuna a transcrição do trecho final do citado ato: 3.1.Diante do exposto, concluise que, para fins de exclusão das áreas não tributáveisda incidência do ITR, o sujeito passivo deverá, cumulativamente: a) atender a todas as condições exigidas para a caracterização de cada área declarada como não tributável; e b) informar, obrigatoriamente, as áreas mencionadas no item "a" em ADA, protocolado no Ibama no prazo de seis meses, contado a partir do término do período de entrega da declaração, obrigatoriedade esta que foi imposta desde o exercício de 1997, com base na Instrução Normativa SRF n° 43/97, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF n° 67/97, ambas de 1997; na Instrução Normativa SRF n° 73/00, de 2000, e a partir do exercício de 2001, com base na Lei n° 6.938, de 1981, com a redação dada pela Lei n° 10.165, de 2000, e Instruções Normativas SRF n° 60, de 2001, e n° 256, de 2002. 3.2.Portanto, respondendo às questões formuladas na Consulta Interna: a) a falta de ADA, protocolado no Ibama, implica o não reconhecimento nela SRF das áreas de preservação permanente ou de utilização limitada: b) a SRF deve exigir toda a documentação comprobatória das áreas de preservação permanente ou de utilização limitada, inclusive o ADA protocolado tempestivamente no Ibama, sendo que este não substitui os demais documentos exigíveis; c) além de todos os demais documentos comprobatórios das áreas de preservação permanente ou de utilização limitada, deverá ser apresentada pelo contribuinte cópia do ADA entregue ao Ibama, não sendo suficiente a apresentação do protocolo de entrega, sendo que, na hipótese de descumprimento de tais exigências, ou se, após vistoria realizada pelo Ibama, seus técnicos verificarem que os dados constantes no Ato não coincidem com os efetivamente levantados e, por conseqüência, lavrarem, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, deverá ser apurado o ITR efetivamente devido c efetuado, dc ofício, o lançamento da diferença dc imposto com os acréscimos legais cabíveis, (destaques não constam no original) Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10183.004486/200792 Acórdão n.º 9202005.684 CSRFT2 Fl. 375 7 a exigência do ADA se encontra consagrada na Lei n" 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 170, § 1o, com a redação dada pelo art. Io da Lei n° 10.165/2000; de fato, esse diploma reitera os termos da Instrução Normativa n° 73/00, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, com vista à redução da incidência do ITR; nesse passo, convém assinalar alguns aspectos da exigência do ADA; primeiro, a obrigatoriedade da apresentação do ADA, registrese, não representa qualquer violação de direito ou do princípio da legalidade; ao contrário, a exigência se alinha com a norma que consagrou o benefício tributário (art. 10, § Io, II, da Lei n° 9.393/96), apontando os meios para a comprovação da existência das áreas de preservação permanente e de utilização limitada; com esse desiderato, foi prevista a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA. Nos termos da IN SRF n° 43/97, com a redação da IN SRF n° 67/97, o contribuinte, para se valer do benefício, deve protocolar requerimento do ato declaratório junto ao Ibama; ora, o exercício do direito do contribuinte está atrelado a uma simples declaração dirigida ao órgão ambiental competente, tratase de norma amplamente favorável ao contribuinte do ITR, que, na hipótese de sua ausência, estaria sujeito a meios de prova notadamente mais complexos e dispendiosos, como, por exemplo, os laudos técnicos elaborados por peritos; de posse da declaração (ADA), o Ibama deverá, em momento oportuno, certificar a veracidade dos dados informados pelo proprietário do imóvel; a obrigatoriedade do ADA, portanto, não desborda da regulamentação dos dispositivos legais, porquanto não viola direitos do contribuinte, além de lhe ser claramente favorável; o que não se pode conceber é que o contribuinte queira se valer da exclusão das áreas tributáveis da incidência do ITR sem cumprir as exigências previstas na legislação; não é juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da declaração do contribuinte de que sua propriedade está inserida em área de preservação permanente ou de utilização limitada, não possa a autoridade pública exigir a comprovação do alegado através da documentação competente; com efeito, o direito ao benefício legal deve estar documentalmente comprovado, sendo o ADA, apresentado tempestivamente, é documento exigido para tal fim; registrese que, no presente processo, não se discute a materialidade, ou seja, a existência efetiva das áreas de preservação permanente e utilização limitada, o que se busca é a comprovação do cumprimento de uma obrigação prevista na legislação, para fins de exclusão da tributação; Fl. 378DF CARF MF 8 no caso concreto, o contribuinte não apresentou o ADA, razão pela qual deve ser mantida a glosa efetivada pela fiscalização das áreas de preservação permanente e de utilização limitada. Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e provimento do recurso, restaurandose o inteiro teor da decisão de Primeira Instância. Cientificado em 02/03/2016 (AR Aviso de Recebimento de efls. 366), o Contribuinte, em 16/03/2016 (carimbo aposto às efls. 334), ofereceu as Contrarrazões de efls. 334 a 357, argumentando, em síntese: em sintonia com o acórdão recorrido, a Contribuinte possui, desde 1991, devidamente disposto nas matrículas de registro de imóveis, as devidas averbações das áreas de utilização limitada, confirmadas via laudo técnico e imagens, emitidos por profissional competente e habilitado, atestando as existências as referidas áreas não tributáveis, ou seja, que as deduções das Áreas de Reserva Legal e Preservação Permanente estão de acordo com a realidade e legalidade; o próprio acórdão paradigma (nº 920201.008) atesta que Área de Reserva Legal devidamente averbada no corpo da matrícula de registro de imóveis não é tributável, independentemente da apresentação do ADA, ou seja, referido acórdão atesta que a área de proteção ambiental deve ser excluída do cômputo do ITR, não havendo assim qualquer divergência ao disposto no acórdão ora decorrido, restando correto afirmar também que, no tocante à Área de Preservação Permanente, a parte naqueles autos não comprovou sua existência; em resumo, no caso dos presentes autos (ITR 2003 e 2005), somada à existência das devidas averbações nas matrículas de registro de imóveis (desde 1991), restou comprovado nos autos a existência de tais áreas não tributáveis (Reserva Legal e Preservação Permanente), por meio de laudos e imagens, emitidos por profissional competente e habilitado, conforme destacado no acórdão proferido; assim, concluise, nos moldes das Planilhas de Cálculo em anexo, para fins de ITR/2003, há corretamente averbado no corpo das referidas matrículas de registro de imóveis 5.553,10 ha de Área de Reserva Legal; e para fins do ITR/2005, há devidamente averbado no corpo de referidas matrículas de registro de imóveis 4.764,20 ha de Área de Reserva Legal, bem como restou comprovada nos autos a existência de 264,20 ha de Área de Preservação Permanente; o entendimento proferido no acórdão exarado não merece reforma quanto ao fato das áreas não tributáveis não dependerem da apresentação do ADA para fins de suas exclusões no cômputo do ITR, uma vez que existem suas averbações nas matrículas de registro de imóveis (ARL); quanto a Área de Preservação Permanente, indicada no ITR/2005, restou comprovada sua existência mediante laudo técnico competente, que trouxe a verdade (sequer fora impugnado pela fazenda Nacional). Ao final, o Contribuinte pede que se negue provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Voto Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10183.004486/200792 Acórdão n.º 9202005.684 CSRFT2 Fl. 376 9 Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Trata o presente processo de exigência de ITR Imposto Territorial Rural dos exercícios de 2003 e 2005, relativo ao imóvel denominado "Fazenda Camararé I e II" (NIRF 1.595.3068), localizado no Município de Sinop/MT. Quanto ao exercício de 2003, foi glosada a Área de Reserva Legal de 5.553,1 hectares e, em relação ao de 2005, foram glosadas as Áreas de Preservação Permanente de 264,2 hectares e de Reserva Legal de 4.764,2 hectares, por falta de apresentação tempestiva do ADA Ato Declaratório Ambiental. Em ambos os exercício foi efetuado o arbitramento do VTN Valor da Terra Nua com base no SIPT Sistema Unificado de Preços de Terras. O Termo de Intimação Fiscal foi cientificado ao Contribuinte em 29/11/2006 (efls. 20 a 22). No acórdão recorrido, foram restabelecidas as áreas ambientais. A Fazenda Nacional, por sua vez, visa rever a necessidade de apresentação tempestiva do ADA Ato Declaratório Ambiental, para exclusão das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal da tributação do ITR Imposto Territorial Rural. No que tange à APP Área de Preservação Permanente, examinandose a legislação de regência, verificase que, com o advento da Lei n° 10.165, de 2000, foi alterada a redação do §1° do art. 170, da Lei n° 6.938, de 1981, que tornou obrigatória a utilização do ADA Ato Declaratório Ambiental, para efeito de redução do valor a pagar do ITR. Assim, a partir do exercício de 2001, tal exigência passou a ter previsão legal, portanto é legítima, conforme a seguir: “Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000. § 1ºA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA (incluído pela Lei nº 10.165, de 2000). § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória”. É certo que, no caso da APP, tratase de acidentes geográficos já existentes na natureza, porém a exclusão da tributação desta área ambiental não está condicionada à criação da área e sim da sua preservação, como a própria denominação está a indicar. Como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, no que tange ao ITR, este foi fixado em 1º de janeiro (art. 1º da Lei nº. 9.393, de 1996), a fruição do benefício está condicionada à preservação à época do fato gerador. Nesse passo, a Receita Federal, utilizandose da prerrogativa de regulamentar a forma e os prazos para cumprimento de obrigações acessórias, especificou o prazo de seis meses após a data de entrega da DITR. Tratandose de declarar algo que a priori já existiria na natureza, este Colegiado consolidou a Fl. 380DF CARF MF 10 jurisprudência no sentido de aceitarse o ADA protocolado antes do início da ação fiscal, em respeito à espontaneidade do Contribuinte. Entretanto, no presente caso, a glosa da APP é relativa ao exercício de 2005, e o ADA Ato Declaratório Ambiental somente foi protocolado em 27/09/2007 (efls. 68/69), sendo que a ação fiscal foi cientificada ao Contribuinte em 29/11/2006 (efls. 20 a 22), portanto não há como acolher a APP de 264,2 hectares, no exercício de 2005. No que diz respeito à ARL Área de Reserva Legal, há um requisito específico para a sua exclusão da tributação do ITR, qual seja, a averbação no registro de imóveis competente. Tal obrigação encontra amparo na Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal), com a redação dada pela Medida Provisória nº 16667, de 24/08/2001, conforme a seguir: “Art. 16 As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) § 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código." Nesse passo, filiome ao posicionamento adotado nesta Câmara Superior de Recursos Fiscais, no sentido de que a averbação da ARL Área de Reserva Legal à margem do registro do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, supre a necessidade de apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental. Compulsandose os autos, constatase a existência das seguintes averbações nas matrículas dos imóveis: Matrícula 9.565 AV019.565, de 17/07/1991: 1.175,8118 hectares (efls. 31/32); Matrícula 9.564 AV019.564, de 17/07/1991: 4.377,3472 hectares (e fls.34/35); AV039.564 – Termo de Responsabilidade de Manutenção de Floresta Manejada, de 31/10/2002: 2.188,6736 hectares (efls. 35); e AV059.564 Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal, de 09/09/2003: 3.588,4386 hectares (efls. 35/36). Assim, em síntese, relativamente à ARL Área de Reserva Legal, observase a seguinte situação, considerandose as duas matrículas e as respectivas datas: de 17/07/1991 a 30/10/2002 5.553,1590 hectares (1.175,8118 + 4.377,3472); de 31/10/2002 a 08/09/2003 3.364,4854 (1.175,8118 + 2.188,6736); de 09/09/2003 em diante 4.764,2504 hectares (1.175,8118 + 3.588,4386) Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10183.004486/200792 Acórdão n.º 9202005.684 CSRFT2 Fl. 377 11 Destarte, quanto ao ITR/2003, cujo fato gerador ocorreu em 1º/01/2003, a ARL Área de Reserva Legal averbada é de 3.364,48 hectares; quanto ao ITR/2005, com fato gerador em 1º/01/2005, o total é de 4.764,25 hectares. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento parcial para: relativamente ao ITR/2003, reduzir a ARL Área de Reserva Legal a 3.364,48 hectares; e quanto ao ITR/2005, restabelecer a glosa do total da APP Área de Preservação Permanente (264,2 hectares). (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 382DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721384/2011-16
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2006 a 30/08/2008
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BÔNUS DE CONTRATAÇÃO (HIRING BÔNUS). PAGAMENTO VINCULADO A PERMANÊNCIA DO EMPREGADO NA EMPRESA E EM SUBSTITUIÇÃO DAS VANTAGENS SALARIAIS DEVIDAS DURANTE O PERÍODO DO LABOR. PARCELA DE NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA.
Tendo em vista que o pagamento do bônus de contratação se deu de forma a retribuir os trabalhos prestados na empresa contratante, com expressa determinação contratual de que o mesmo substitui e engloba todas as vantagens que o empregado poderia auferir no exercício de suas funções junto ao contratante, além de exigir-lhe tempo mínimo de permanência na empresa, é de se reconhecer a natureza salarial da verba, devendo compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas.
Numero da decisão: 9202-005.156
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva e Fábio Piovesan Bozza , que lhe deram provimento e, ainda, a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deu provimento parcial. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Fábio Piovesan Bozza.
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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BÔNUS DE CONTRATAÇÃO (HIRING BÔNUS). PAGAMENTO VINCULADO A PERMANÊNCIA DO EMPREGADO NA EMPRESA E EM SUBSTITUIÇÃO DAS VANTAGENS SALARIAIS DEVIDAS DURANTE O PERÍODO DO LABOR. PARCELA DE NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA. Tendo em vista que o pagamento do bônus de contratação se deu de forma a retribuir os trabalhos prestados na empresa contratante, com expressa determinação contratual de que o mesmo substitui e engloba todas as vantagens que o empregado poderia auferir no exercício de suas funções junto ao contratante, além de exigirlhe tempo mínimo de permanência na empresa, é de se reconhecer a natureza salarial da verba, devendo compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva e Fábio Piovesan Bozza , que lhe deram provimento e, ainda, a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deu provimento parcial. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 13 84 /2 01 1- 16 Fl. 1144DF CARF MF 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Fábio Piovesan Bozza. Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pelo Contribuinte face ao acórdão 2401003.708, proferido pela 1ª Turma Ordinária / 4ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de processo que agrupa os Autos de Infração (AI), compreendendo o período de 02/2006 a 08/2008, lavrados: a) para a cobrança de contribuições previdenciárias destinadas a terceiros incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados (AI 37.318.1116); b) para a cobrança de contribuições previdenciárias parte da empresa e as destinadas ao financiamento do GILRAT incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados (AI 37.318.1108); e c) para a cobrança de multa por ter a recorrente deixado de informar em GFIP os fatos geradores das contribuições previdenciárias indicadas nos autos de infração supra (AI 37.318.1094). O Contribuinte apresentou sua impugnação em 28/11/2011, conforme fls. 268/299. A 12ª Turma da DRJ de São PauloI, às fls. 306/335, manteve o lançamento do crédito tributário. Em sede de Recurso Voluntário, às fls. 339/382, alegou, em síntese, que a imunidade dos pagamentos de PLR, prevista no art. 7º, inciso XI, da Constituição Federal deve ser autoaplicável, pois se trata de norma constitucional de eficácia plena. Afirmou, por conseguinte, que as verbas pagas a título de PLR efetivamente possuem tal natureza, tendo em vista que efetivamente decorrem dos resultados obtidos pela recorrente naquele período, sendo que todas as exigências constantes na Lei 10.101/00 fora atendidas. Pugnou pela exclusão dos juros sobre a multa de ofício e o reconhecimento da decadência para as competências de 02/2006 e 08/2006. Fl. 1145DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202005.156 CSRFT2 Fl. 10 3 A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 865/887, DEU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, restando assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2006 a 30/08/2008 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N. 08 DO STF. É de 05 (cinco) anos o prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário relativo a contribuições previdenciárias. Decadência reconhecida por qualquer das regras do Código Tributário Nacional. PLR PAGA A DIRETORES NÃO EMPREGADOS.IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. IDENTIDADE DE OBJETOS. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Tendo em vista que a recorrente impetrou Mandado de Segurança e Ação Ordinária com o mesmo objeto do presente processo administrativo fiscal, pleiteando o reconhecimento da não incidência das contribuições sobre pagamentos creditados a diretores não empregados, é de se reconhecer a renúncia ao contencioso administrativo fiscal. Aplicação da Súmula CARF n. 01. PLR PAGA A SEGURADOS EMPREGADOS. NÃO APRESENTAÇÃO DE MEMÓRIAS DE CÁLCULO DOS VALORES PAGOS. DESCONSIDERAÇÃO DO ACORDO EFETUADO. LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. A não apresentação das memórias de cálculo dos valores pagos a título de PLR autoriza que o lançamento das contribuições tidas por devidas seja realizado pela sistemática do arbitramento em conformidade com o art. 33 da Lei 8.212/91, o que não foi observado no presente caso, já que, pela não apresentação, houve a simples descaracterização do acordo levado a efeito pelas partes. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BÔNUS DE CONTRATAÇÃO (HIRING BÔNUS). PAGAMENTO VINCULADO A PERMANÊNCIA DO EMPREGADO NA EMPRESA E EM SUBSTITUIÇÃO DAS VANTAGENS SALARIAIS DEVIDAS DURANTE O PERÍODO DO LABOR. PARCELA DE NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA. Tendo em vista que o pagamento do bônus de contratação se deu de forma a retribuir os trabalhos prestados na empresa contratante, com expressa determinação contratual de que o mesmo substitui e engloba todas as vantagens que o empregado poderia auferir no exercício de suas funções junto ao contratante, além de exigirlhe tempo mínimo de permanência na empresa, é de se reconhecer a natureza salarial da verba, devendo compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas. INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Incidem juros sobre a multa de ofício, a serem aplicados após a constituição do crédito. Recurso Voluntário Provido em Parte. Fl. 1146DF CARF MF 4 Após manifestarse expressamente seu desinteresse em recorrer (fl. 891), às fls. 895/897, a Fazenda Nacional apresentou Embargos de Declaração, sob a alegação de obscuridade do voto, porém, os mesmos restaram negado pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 905/907, por serem intempestivos. Às fls. 917/928, o Contribuinte interpôs Recurso Especial, alegando divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas trazidos para analise, em relação a dois temas: bônus de contratação, pois enquanto a decisão recorrida entendeu que, mesmo não ocorrendo a prévia prestação de serviço por parte do segurado, o valor pago deve ser base de incidência da contribuição previdenciária, os paradigmas apontados são taxativos em dizer que é condição indispensável para que os valores sejam base da incidência contributiva previdenciária a efetiva prestação de serviço por parte do segurado, ou que a pessoa já tenha se colocado à disposição do empregador; e sobre juros sobre multa de ofício, verificase a divergência de entendimento nos acórdãos recorrido e paradigmas, tendo em vista que, enquanto a decisão recorrida entende que é legal a incidência dos juros sobre a multa de ofício, os paradigmas dizem que inexiste no ordenamento jurídico previsão para tal incidência. Às fls. 1123/1130, a 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, DANDO SEGUIMENTO ao recurso, uma vez vislumbrada a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e paradigmas, configurando a divergência jurisprudencial apontada. Às fls. 1132/1142, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, adotando como suas contrarrazões, em síntese: em relação ao bônus de contratação, aduziu que tal parcela, também denominada hiring bonus, signon bonus, ou “luvas”, pode ser conceituado como a soma em dinheiro que a empresa oferece à profissional qualificado, normalmente com o perfil altamente especializado, como atrativo à respectiva contratação e consequente desvinculação do emprego anterior. Outrossim, tal montante traz ao futuro contratado o dever de permanência na empresa por determinado período. Tanto se está diante de uma remuneração pelo trabalho que, se deixar a empresa (se deixar de trabalhar), o empregado devolve o dinheiro antecipado na proporção dos meses que faltarem para completar o prazo abrangido pela antecipação. Nesse sentido, alega não ser uma verba indenizatória, pois entende que as verbas indenizatórias, em sua essência, são devidas por quem tenha de alguma maneira lesado o patrimônio ou um bem jurídico de outrem, sendo o seu escopo justamente o de recomposição desse patrimônio. Na hipótese dos bônus de contratação, data venia, não há que se falar em indenização no seu estrito sentido jurídico, pois o novo empregador não cometeu nenhum ato ilícito que ensejasse o dever legal de recomposição do patrimônio do empregado. Com relação aos juros de mora sobre multa de ofício, argumentou que a aplicação do art. 161 do Código Tributário Nacional decorre apenas de interpretação literal, porém, Em uma análise sistemática do Código Tributário Nacional, concluirseá que o crédito tributário engloba tanto o tributo quanto a multa. O art. 113, § 1º do CTN preceitua que a obrigação principal tem por objeto o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária, donde se observa, conforme leciona Luciano Amaro2, que o critério utilizado pelo Código Tributário Nacional para distinguir obrigação acessória de obrigação principal é o conteúdo pecuniário. A obrigação acessória consiste em um fazer ou não fazer, enquanto que a obrigação principal implica em obrigação de dar dinheiro. Neste passo, resta evidente que a multa tem natureza de obrigação principal, visto que incontestável o seu conteúdo pecuniário. O conceito de crédito tributário está esculpido no art. 139 do CTN: “Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.” Desta forma, por ser a multa, indubitavelmente, obrigação principal, não se pode chegar a outra conclusão se não a de que o crédito tributário engloba o tributo e a multa. Logo, tanto sobre o tributo (principal) quanto sobre a multa deve incidir juros, como determina o § 1º do art. 161 do Código Tributário Nacional. Fl. 1147DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202005.156 CSRFT2 Fl. 11 5 Após, vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de processo que agrupa os Autos de Infração (AI), compreendendo o período de 02/2006 a 08/2008, lavrados: a) para a cobrança de contribuições previdenciárias destinadas a terceiros incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados (AI 37.318.1116); b) para a cobrança de contribuições previdenciárias parte da empresa e as destinadas ao financiamento do GILRAT incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados (AI 37.318.1108); e c) para a cobrança de multa por ter a recorrente deixado de informar em GFIP os fatos geradores das contribuições previdenciárias indicadas nos autos de infração supra (AI 37.318.1094). O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pelo Contribuinte trouxe para análise as divergências jurisprudenciais no tocante a bônus de contratação e juros de mora sobre multa de ofício. A meu ver, mantendo posicionamento que já adotei em outros julgamentos, a exemplo do acórdão 9202004.308 – 2ª Turma, esta questão não gera dúvidas quanto a não aplicabilidade de contribuição previdenciária pela expressa não ocorrência do fato gerador do tributo em questão: Trabalho. Observese que o pagamento em questão (bônus de contratação), ocorre antes da relação de emprego ser instaurada. Se ocorre antes, logo não representa a contraprestação de um trabalho realizado pelo empregado, pois este ainda nem é empregado da empresa. A própria Consolidação das Leis do Trabalho – CLT não trata desse instituto, por não a considerar sob a rubrica de remuneração advinda do exercício de um trabalho. E por que a Justiça do Trabalho não considera o bônus de contratação como remuneração advinda de relação de trabalho? Por que no momento em que ela é operacionalizada, faltalhe o elemento fundamental da relação de emprego habitualidade. E por que a Justiça Federal Previdenciária não admite o bônus de contratação como salário de contribuição? Por que, da mesma forma, faltalhe o elemento da habitualidade para configurar a existência da relação de emprego da qual decorre a remuneração tributável. O argumento principal está na Constituição Federal, que prevê expressamente em seu artigo 201, § 11, que "os ganhos habituais devem incorporar o salário, originando obrigatoriamente o recolhimento de contribuições previdenciárias". A Constituição Federal, berço do custeio do Sistema de Regime Geral da Previdência Social não engloba verbas eventuais, ao contrário, as excetua. Assim, resta claro que, no caso em tela, não estamos tratando de ganhos habituais, portanto, estes não podem incorporar o salário de contribuição do empregado. Ainda, e não menos importante, a legislação previdenciária §9º do artigo 28 da lei 8.212/91 e decreto 3.048/99 (artigo 214, inciso IV, § 9º, letra “j”), é taxativa em Fl. 1148DF CARF MF 6 descrever todas as verbas que compõem o saláriodecontribuição do empregado, sendo que o bônus de contratação não foi discriminado, bem como há previsão expressa de isenção da contribuição previdenciária no pagamento de gratificações eventuais desvinculadas do salário de remuneração do trabalhador. Para a doutrina dominante, o bônus de contratação é a indenização oferecida pela empresa a um empregado que ela tenha interesse de contratar, pelo abandono que este empregado teria de expectativa de ganhos na atividade anterior. Representa um convite de risco com prévia indenização para que este empregado aceite a contração já previamente indenizado, justamente em razão do aceite desse “risco”, de largar algo estável e certo, ou até mesmo sua autonomia por algo novo (relação de emprego). Observese que a base de cálculo da Contribuição Previdenciária está amplamente prevista e debatida no texto da lei, a qual não comporta ilações, quanto menos alargamento forçado. É cabível cobrança de Contribuição Previdenciária patronal, portanto, exclusivamente, para rendimentos advindos do exercício do trabalho. É a Lei que diz isso. Contudo, registrese que no caso em tela fica nítido que a Fazenda Nacional não logrou êxito em provar o contrário, os rendimentos tributados equivocadamente não são fruto de contratos que os relacionem com contraprestação do exercício de trabalho, nem sequer com o cumprimento de metas advindas da contratação, quanto menos há compensação desta verba com o salário percebido posteriormente após o início da relação de emprego, logo, não há que se falar da incidência do tributo. Ainda no tocante ao caso concreto, importante ressalvar que o pagamento do referido bônus de contratação se deu em uma única parcela, ao contrário de outros pagamentos que sofrem críticas por serem parcelados por diversos meses nos quais já se iniciou o contrato de trabalho, não foi o que houve no caso dos autos, embora para meu posicionamento seja irrelevante. Diferentemente da norma tributária, a legislação previdenciária, no que tange às contribuições devidas pelo empregador, não permite presunções. A base de custeio previdenciário está disposta pormenorizadamente na norma legal, não podendo ser elastecida para atender os interesses da Administração Pública Fisco. Quanto ao juros sobre multa de ofício considero indevidos nos mesmos termos do acórdão paradigma, face a absoluta falta de previsão legal. Diante do exposto, conheço do Recurso do Contribuinte para no mérito dar lhe provimento, face a inequívoca falta de previsão legal para o lançamento e cobrança do tributo pretendido, bem como da cobrança de juros sobre multa nas contribuições previdenciárias. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 1149DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202005.156 CSRFT2 Fl. 12 7 Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora Designada. Peço licença a ilustre conselheira Ana Paula Fernandes para divergir do seu entendimento quanto a exonerar o contribuinte de obrigação principal em relação a concessão de bônus de contratação HIRING BÔNUS. Recurso Especial do Contribuinte Em relação aos fundamentos que norteiam considerar o pagamento do bônus de contratação, como salário de contribuição, entendo que a questão foi devidamente fundamentada pelo acórdão recorrido, inclusive razão pela qual acompanhei o relator nessa parte. Dessa forma, transcrevo as partes pertinentes, adotandoo como razões de decidir. Senão vejamos Do bônus de contratação. Relativamente a este rubrica, assim fora justificado o lançamento pela fiscalização tributária: 45. não obstante a amplitude do conceito de salário de contribuição, o próprio artigo 28 em seu parágrafo 9º, prevê inúmeras situações especiais onde, mesmo havendo pagamento direto ao empregado, não haverá a incidência da contribuição previdenciária. Tais hipóteses consubstanciam isenções concedidas àqueles que têm o dever de contribuir com a Previdência Social, desonerandoos da exação. Por sua vez, a interpretação da norma isentiva não permite incluir nela situações que não estejam expressamente previstas no texto legal, em face da literalidade em que deve ser interpretada, conforme artigo 111, inciso II da Lei nº 5.172/66 – CTN. 46. Esta verba é paga no ato da contratação, negociada entre a empresa e o empregado, faz parte do pacote de remunerações para incentivar o empregado a ingressar nos quadros da empresa, denominada no mercado como "luvas", "hiring bônus" ou bônus de contratação, tem como natureza uma gratificação ajustada, não estando nas hipóteses de isenção previdenciária; 47. Da mesma forma é o entendimento da legislação trabalhista, conforme disposto no artigo 457, §1º da CLT; 48. Nesse sentido, quando a lei define remuneração paga a qualquer título, o pagamento de "luvas", que tem natureza de gratificação ajustada, está contido na definição legal de remuneração, sendo parte integrante do salário de contribuição; Fl. 1150DF CARF MF 8 49. No caso, verificase através dos contratos firmados entre a empresa e os empregados contratados a natureza de remuneração em troca do trabalho, conforme transcrito a seguir: "Abono de contratação firmado entre Itaú Corretora de Valores S A e Ricardo Jorge Fernandez Fernandez: (...) 2. Em reciprocidade pelo recebimento da importância acima, que após as deduções legais resultará no valor líquido de R$ 99.852,80 (Noventa e nove mil, oitocentos e cinqüenta e dois reais e oitenta centavos), o colaborador assume expressamente o compromisso de permanecer trabalhando nesta empresa por um período de 24 (vinte e quatro) meses.". Aditivo ao contrato individual de trabalho entre Itaú Corretora de Valores S A, empregador e Luiz Gustavo Cherman: (...) 1.m O funcionário comprometese a manter a relação de emprego pelo prazo mínimo de 36 meses e a cumprir todas as metas previstas até 30 de abril de 2011.” Em contrapartida, argumenta a recorrente que se trata, em verdade, de verba desvinculada do salário, uma vez que fora paga aos beneficiários no ato da contratação, momento no qual ainda não se dava a prestação dos serviços, motivo pelo qual deve ser reconhecido sobre ela não incidirem as contribuições previdenciárias. Pois, bem, sobre o assunto, inicialmente cabe frisar que a CF/88, em seu art. 195, I, “a”, definiu que o financiamento da Seguridade Social se faria, em parte pelas contribuições do empregador e do empregado incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos provenientes do trabalho, senão vejamos: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:(Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Por sua vez, em face de referido comando constitucional, tais contribuições vieram a ser instituídas por meio da Lei 8.212/91, que em seu artigo 22, assim dispôs: Fl. 1151DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202005.156 CSRFT2 Fl. 13 9 rt. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). E ao definir o conceito de salário de contribuição, no caso a base de cálculo das contribuições previdenciárias, a própria Lei n ° 8.212/91 definiu que, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição: Art.28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97)grifo nosso. Resta claro portanto que a cobrança das contribuições sociais previdenciárias somente poderá ser levada a efeito sobre valores que vierem ser creditados a segurados empregados ou contribuintes individuais quando estes venham a auferir remuneração destinada a retribuir um trabalho por eles prestado ao seu empregador ou tomador de serviços, não sendo abarcados na hipótese de incidência eventuais ganhos que não possuam qualquer vinculação com a prestação de trabalho com ou sem vínculo empregatício. O pagamento de verbas a título de hiring bônus ou bônus de contratação é uma ferramenta utilizada pelas empresas, sobretudo com o intuito de angariar funcionários de alta performance de mercado, com vínculo empregatício ou não, para os quadros de colaboradores de determinada empresa, diante da atual escassez no mercado de trabalho de profissionais especializados em determinada expertise ou mesmo de profissionais de alta capacidade operacional que se destacam no exercício de suas funções no empresariado brasileiro. Fl. 1152DF CARF MF 10 Tratase de uma forma encontrada, ainda, pelas empresas de adoçar a boca de executivos, para que os mesmos venham a auferir vantagens para que deixem os seus antigos postos de trabalho e venham a se filiar a uma nova empresa, pois, sem a concessão de melhores benefícios, certamente tais profissionais continuariam a exercer sua funções no antigo posto de trabalho não havendo para eles qualquer vantagem em transferir sua força de trabalho e conhecimentos a um novo empregador. Fato é que o pagamento do bônus de contratação não possui qualquer previsão legal acerca de sua obrigação ou não de pagamento, se traduzindo em nova prática de mercado, atualmente adotada por empresas brasileiras à exemplo da prática há muito já realizada no exterior, como forma das mesmas se manterem vivas e competitivas, certamente pela força de trabalho de profissionais mais especializados e mais respeitados em determinada área. Em se tratando de uma prática mais atual, também não houve qualquer previsão sobre tal pagamento nas hipóteses de isenção das contribuições previdenciárias previstas no §9o do art. 28 da Lei 8.212/91, de modo que o próprio legislador constituinte e o ordinário, ao definirem o salário contribuição, pela impossibilidade de previsão de todas as formas de remuneração que poderiam vir a ser criadas, determinou que todo o pagamento auferido em uma ou mais empresas que tiver como escopo a retribuição do trabalho prestado, deverá ser considerado como base de cálculo para fins de incidência da tributação pelas contribuições previdenciárias. Assim, em face do silêncio da legislação relativamente ao pagamento de bônus de contratação, cabe ao julgador, diante do caso em concreto, apurar se o pagamento efetuado teve realmente ou não a finalidade de retribuição de trabalho prestado, não havendo que se falar, apenas na tributação da verba sobre o argumento de que ela não consta expressamente dentre as hipóteses de isenção previstas no art. §9o do Art. 28 da Lei 8.212/91. A meu ver, o primeiro elemento que deve considerado para definição ou não do caráter de retributividade da verba, o qual a meu ver é incontroverso no presente caso, pois não veio a ser questionado pela fiscalização ou mesmo pela própria recorrente, é o momento em que a verba veio a ser paga. Consta do relatório fiscal que a verba foi paga no ato da contratação, ou seja, em momento no qual o seu beneficiário sequer estava formalmente ligado ao quadro de colaboradores da recorrente ou mesmo tenha até iniciado a prestação dos serviços para o qual fora contratado. Logo, em não havendo a prévia prestação do serviço, a meu ver, considerandose tal elemento, por si só no caso em concreto, não há que se falar que o pagamento da verba ou remuneração destinouse a retribuir qualquer trabalho prestado, diante da clara impossibilidade de tal fato pudesse mesmo ocorrer. [...] Fl. 1153DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202005.156 CSRFT2 Fl. 14 11 Dessa forma não concordo com a conclusão da fiscalização no presente caso de que o bônus de contratação se trata, em todos os casos, de uma gratificação ajustada, de modo a atrair a incidência das contribuições com fundamento no art. 457 da CLT. A meu ver uma gratificação, qualquer que seja sua forma, caracterizase como um pagamento feito por liberalidade do empregador, como uma forma de agradecimento ou reconhecimento de algo, no caso, uma vez que creditada ao seu empregado, certamente busca gratificálo pelos serviços já prestados ou mesmo como recompensa pelo respectivo tempo de serviço na empresa ou performance na execução de determinado serviço. [...] Pois bem. Não obstante as ponderações acima, no presente caso, o fiscal trouxe aos autos interessante dado, no caso, a informação de que o bônus de contratação, fora pago no ato da contratação e fora condicionado ao um período de permanência dos seus beneficiários nos quadros funcionais da recorrente, por vezes por um período de 24 (vinte e quatro) meses, por vezes por um período de 36 (trinta e seis) meses. Transcrevo o que consta no contrato dos beneficiários da verba: “O funcionário comprometese a manter a relação de emprego pelo prazo mínimo de 36 (trinta e seis meses) e a cumprir todas as metas até 30 de abril de 2011” E não é só. O instrumento que regulou o pagamento do hiring bônus no presente caso, além de determinar um prazo mínimo no qual o empregado deve manterse no seu emprego, prevê de forma expressa que: (i) o valor pago a título do bônus de contratação se caracteriza num adiantamento pelo compromisso firmado de permanecer no cargo pelo prazo de 36 meses; (ii) o recebimento de tal quantia quitará quaisquer vantagens que venha o empregado a adquirir até 30 de abril de 2011, excetuados os salários fixos e comissões de seu cargo; (iii) na hipótese de ocorrer abandono de emprego ou pedido de demissão antes de 36 meses, o empregado tem a obrigação de restituir o adiantamento na proporção de 1/36 por mês faltante para o cumprimento de referido prazo; E em face da presença de tais condições, indago se o fato da verba ter sido paga no ato da contratação, mesmo sem ter havido a efetiva prestação do serviços, pode ensejar a conclusão de que o pagamento visou/teve como finalidade atrair tais empregados para uma nova empresa e está desvinculado, neste caso, do trabalho prestado. Creio que não. Ora, somente o fato de constar no acordo do pagamento do hiring bônus que tais valores são um adiantamento pelo período futuro em que o empregado deverá ficar vinculado à empresa, já demonstra forte indício de que existe uma vinculação do seu Fl. 1154DF CARF MF 12 pagamento em razão da contraprestação do serviço no presente caso na forma de uma remuneração antecipada. Aliandose a tal condição, a obrigação de devolução dos valores em caso da quebra prematura do contrato de trabalho e a de que os valores constituem o pagamento de qualquer vantagem que o empregado venha ou possa adquirir em função do seu trabalho, realmente, não vejo como concluir pela desvinculação do pagamento em razão do trabalho a ser prestado como forma de atrativo ao empregado para compor os quadros de funcionários da recorrente. A meu ver, a forma pactuada pelas partes para o pagamento do bônus de contratação, se mostra muito mais e claramente como uma forma de manter o empregado vinculado à recorrente, e não como forma de atraílo a vir a fazer parte de seu quadro de colaboradores. Assim, afasto as alegações da recorrente. Pela análise da legislação previdenciária, qualquer rendimento pago em retribuição ao trabalho, qualquer que seja a forma de pagamento, enquadrase como base de cálculo das contribuições previdenciárias. Todavia, tendose em conta a abrangência do conceito de salário de contribuição, o legislador achou por bem excluir determinadas parcelas da incidência previdenciária, enumerando em lista exaustiva as verbas que estariam fora deste campo de tributação. Essa relação encontrase presente no § 9.º do artigo acima citado. De pronto, afasto qualquer argumentação de que esses ganhos seriam eventuais e por isso estariam livres da tributação em razão da norma inserta no item 7 da alínea “e” do § 9.º do art. 28 da Lei n. 8.212/1991. Senão vejamos: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) e) as importâncias: (...) 7.recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (...) A interpretação do dispositivo acima não pode ser dissociada daquele inserto no “caput” do mesmo artigo, acima transcrito, mas que não custa apresentar mais uma vez: Entendo que somente os pagamentos que não guardam relação com o contrato de trabalho podem ser tidos por ganhos eventuais desvinculados, devendo decorrer de condições específicas de um trabalhador , como por exemplo destinação de valores em eventos de doença e outros sinistros fortuitos, sem relação direta ou indireta pela prestação de serviços. Não há dúvida de que o pagamento de bônus de contratação Hiring bônus, ou mesmo, gratificação em razão da admissão do empregado (utilizados por algumas empresas) tem relação direta com o vínculo contratual estabelecido entre as partes, e o seu principal objetivo é atrair profissionais para o quadro funcional da empresa, representando, a bem da verdade, um pagamento antecipado pela futura prestação de serviço do trabalhador. Fl. 1155DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202005.156 CSRFT2 Fl. 15 13 Assim sendo, observase que o referido bônus, nada mais é que um artifício para atrair trabalhadores valorizados em seu segmento profissional, funcionando como um diferencial em relação aos concorrentes. Por esse motivo, mesmo que a recorrente tente rotulá la como mera liberalidade, a rubrica em questão ostenta, no seu âmago, uma ponta de contraprestação, posto que tem por desiderato oferecer um atrativo econômico ao obreiro para com este firmar o vínculo laboral. Conclusão Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial do Sujeito Passivo. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 1156DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720085/2013-26
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2009
STOCK OPTIONS. NATUREZA REMUNERATÓRIA X MERCANTIL. DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. TRIBUTOS DIFERENTES. POSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO.
Restando demonstrado que outro colegiado ao analisar a natureza de plano de stock options ofertado em situações semelhante pela recorrente, atribui-lhe natureza diversa, é possível o conhecimento do recurso especial para dirimir dita divergência entre o acórdão recorrido e o paradigma.
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS NÃO ATENDIDOS. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO.
Não há que se falar em dar interpretação divergente à legislação tributária, quando estão em confronto julgados exarados à luz de arcabouços normativos diversos, regulando incidências diferentes.
Hipótese em que discute-se o momento da ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, tendo sido trazido, como acórdão paradigma, decisão em que foram discutidos aspectos do fato gerador de contribuições previdenciárias.
REMUNERAÇÃO BASEADA EM AÇÕES. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR.
Sobre a retribuição pela prestação de serviços na forma de acréscimo patrimonial derivado de ativo financeiro, opções de ações, conferidas a colaboradores vinculados à pessoa jurídica, incide imposto de renda, devendo ele ser retido pela fonte originária do acréscimo a esse direito.
IMPOSTO DE RENDA. FALTA DE RETENÇÃO E DE RECOLHIMENTO PELA FONTE PAGADORA. MULTA ISOLADA APLICÁVEL.
Encerrado o prazo para entrega da declaração de pessoa física, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, tendo ou não os rendimentos sido submetidos à tributação no ajuste.
Numero da decisão: 9202-005.443
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto (i) à ocorrência do fato gerador pela natureza mercantil ou remuneratória do programa de remuneração por stock options e (ii) à multa isolada, por falta de retenção e recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que conheceram integralmente do recurso. Originalmente, nos termos do art. 60 do Anexo II da Portaria MF n° 343, de 2015, (a) os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (relator), Maria Helena Cotta Cardozo e Heitor de Souza Lima Júnior haviam votado por conhecer parcialmente do recurso, apenas quanto à multa isolada por falta de retenção e recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, (b) a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, havia votado por conhecer parcialmente do recurso, quanto à multa isolada e à ocorrência do fato gerador, pela natureza do programa e (c) os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri haviam votado por conhecer integralmente do recurso. No mérito, na parte conhecida, por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao recuso, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Designada para redigir o voto vencedor, quanto ao conhecimento, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Solicitaram apresentar declaração de voto as conselheiras Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício e Relator.
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora-Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Recorrente UNIBANCOUNIAO DE BANCOS BRASILEIROS S.A. Interessado PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2009 STOCK OPTIONS. NATUREZA REMUNERATÓRIA X MERCANTIL. DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. TRIBUTOS DIFERENTES. POSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO. Restando demonstrado que outro colegiado ao analisar a natureza de plano de stock options ofertado em situações semelhante pela recorrente, atribuilhe natureza diversa, é possível o conhecimento do recurso especial para dirimir dita divergência entre o acórdão recorrido e o paradigma. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS NÃO ATENDIDOS. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO. Não há que se falar em dar interpretação divergente à legislação tributária, quando estão em confronto julgados exarados à luz de arcabouços normativos diversos, regulando incidências diferentes. Hipótese em que discutese o momento da ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, tendo sido trazido, como acórdão paradigma, decisão em que foram discutidos aspectos do fato gerador de contribuições previdenciárias. REMUNERAÇÃO BASEADA EM AÇÕES. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Sobre a retribuição pela prestação de serviços na forma de acréscimo patrimonial derivado de ativo financeiro, opções de ações, conferidas a colaboradores vinculados à pessoa jurídica, incide imposto de renda, devendo ele ser retido pela fonte originária do acréscimo a esse direito. IMPOSTO DE RENDA. FALTA DE RETENÇÃO E DE RECOLHIMENTO PELA FONTE PAGADORA. MULTA ISOLADA APLICÁVEL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 00 85 /2 01 3- 26 Fl. 1873DF CARF MF 2 Encerrado o prazo para entrega da declaração de pessoa física, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, tendo ou não os rendimentos sido submetidos à tributação no ajuste. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto (i) à ocorrência do fato gerador pela natureza mercantil ou remuneratória do programa de remuneração por stock options e (ii) à multa isolada, por falta de retenção e recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que conheceram integralmente do recurso. Originalmente, nos termos do art. 60 do Anexo II da Portaria MF n° 343, de 2015, (a) os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (relator), Maria Helena Cotta Cardozo e Heitor de Souza Lima Júnior haviam votado por conhecer parcialmente do recurso, apenas quanto à multa isolada por falta de retenção e recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, (b) a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, havia votado por conhecer parcialmente do recurso, quanto à multa isolada e à ocorrência do fato gerador, pela natureza do programa e (c) os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri haviam votado por conhecer integralmente do recurso. No mérito, na parte conhecida, por voto de qualidade, acordam em negar provimento ao recuso, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Designada para redigir o voto vencedor, quanto ao conhecimento, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Solicitaram apresentar declaração de voto as conselheiras Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício e Relator. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – RedatoraDesignada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Fl. 1874DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.862 3 Relatório Trata o presente processo de exigência de multa exigida isoladamente por falta de retenção de Imposto sobre a Renda na Fonte – IRRF, conforme auto de infração de efls. 1190 a 1192, cientificado ao contribuinte em 21/02/2013 (efl. 1190). O procedimento fiscal com as razões da exigência dele decorrente está descrito no Termo de Verificação Fiscal – TVF, às efls. 1194 a 1215, sendo o montante do crédito tributário exigido de R$ 15.809.054,34. Os fatos geradores das multas isoladas lançadas foram as remunerações pagas a empregados e pessoas físicas sem vínculo empregatício, na forma de concessão de opções de compra de units (Certificado de Depósito de Ações grupo de ativos negociados em conjunto), stock options, sobre as quais não houve a devida retenção do imposto sobre renda pela fonte pagadora. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, o procedimento de remuneração por stock options se deu da seguinte forma: Linha Temporal Evento Características (1) Outorga da Opção Concessão gratuita do direito de futura aquisição de opção Condicionada à prestação de serviço durante o "prazo de exercício" (2) Aquisição da Opção Aquisição da opção de compra de ações ou units (Fato Gerador do IRRF) Gratuita e sem pendência de condição Na proporção de 1/3 das opções outorgadas por ano, após o prazo de 3 anos Retribuição pelo serviço prestado no "prazo de exercício" (3) Exercício da Opção Aquisição da Ação ou Unit, pelo preço predefinido na opção adquirida (4) Alienação da Ação ou Unit Venda da Ação ou Unit, no mercado Identificado o fato gerador nos termos acima, a fiscalização apurou a base de cálculo da seguinte forma: Base de Cálculo ( ) Preço de Mercado da Unit / Ação () Preço de Exercício da Opção (=) Valor da Remuneração por Unit / Ação (*) Qtd. de Opções Outorgadas/Adquiridas (=) Valor Total da Remuneração (Base de Cálculo) O auto de infração foi objeto de impugnação pelo contribuinte, em 25/03/2013, anexada às efls. 1219 a 1228 dos autos. A impugnação foi apreciada na 10ª Turma da DRJ/SP1 em que, em 04/07/2013, julgou a impugnação improcedente, por unanimidade, mantendo o crédito tributário exigido. Fl. 1875DF CARF MF 4 Irresignado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em 20/08/2013, às efls. 1286 a 1296. Naquele recurso, argumentou em síntese: § o plano de opções de compra de ações não tem natureza remuneratória, não se ligando ao contrato de trabalho, buscando apenas reter os colaboradores na empresa e sendo um típico negócio societário, como investimento em um mercado de risco, com os riscos desta natureza de negócio; § acórdãos da justiça trabalhista têm marcado o entendimento que planos de stock options não tem natureza salarial; § diferentemente do que entendeu a fiscalização, não haveria renda a ser tributada quando do término da carência para o exercício da opção, sem que ela fosse exercida, pois não se realizaria acréscimo patrimonial nesse momento; § não devem incidir juros de mora sobre a multa aplicada no corrente processo. Em 23/10/2013, às efls. 1325 a 1338, Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões ao recurso voluntário, no qual reafirma o caráter remuneratório das stock options, na partir também da análise de cláusulas do plano do banco e também assevera a legalidade da incidência de juros moratórios sobre as multas lançadas. Apreciando o recurso, a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento veio a prolatar, em 11/02/2015, o acórdão nº 2201002.685, às efls. 1377 a 1400, que foi assim ementado: OPÇÃO DE COMPRA DE AÇÕES. STOCK OPTIONS. FATO GERADOR DE IMPOSTO DE RENDA. Os pagamentos efetuados a funcionários, executivos e demais prestadores de serviço da empresa, por meio de opção de compra de ações, caracterizamse como fato gerador de imposto de renda. FALTA DE RETENÇÃO/RECOLHIMENTO. MULTA. CABIMENTO. É cabível a aplicação da multa sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida, conforme dispõe o art. 9º da Lei n.° 10.426/2002, com a redação dada pelo artigo 16 da Lei nº 11.488/2007. MULTA PELA FALTA DE RETENÇÃO/RECOLHIMENTO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa, que constitui espécie do gênero crédito tributário. O acórdão teve a seguinte redação: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros NATHALIA MESQUITA CEIA e GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, que deram provimento integral ao recurso, inclusive relativamente à multa por falta de retenção na fonte e aos juros de mora sobre ela incidentes. O Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD declarouse impedido. Fizeram Fl. 1876DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.863 5 sustentação oral pelo Contribuinte o Dr. Ricardo Krakowiak, OAB/SP 138.192 e pela Fazenda Nacional a Dra. Lívia da Silva Queiroz. As Conselheiras NATHALIA MESQUITA CEIA e MARIA HELENA COTTA CARDOZO farão declaração de voto. RE da contribuinte Cientificada do acórdão acima em 25/05/2015 (fl. 1542), o contribuinte apresentou recurso especial de divergência RE, às fls. 1544 a 1549, em 09/06/2015. No RE foram alegadas divergências quanto a três matérias: a) momento da ocorrência do fato gerador do imposto de renda nas operações de Stock Options; b) não ocorrência do fato gerador do imposto de renda nas operações de Stock Options; e c) não cabimento da multa isolada pela falta de retenção e recolhimento do IRRF por parte da fonte pagadora, após o término do prazo de entrega da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF. Quanto a primeira matéria, indica divergência do momento da ocorrência do fato gerador. Para isso, argumenta que: (a) o acórdão recorrido entendeu estar correto o critério da autuação, que considerou como ocorrido o fato gerador do IRRF no dia seguinte ao vencimento da carência das opções e que, entretanto; (b) no acórdão nº 2401003.891, indicado como paradigma, a 1ª Turma da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento considerou como marco do fato gerador de contribuição social previdenciária a data do exercício em relação às ações outorgadas. Além do acórdão acima referido, foi apontado também, como um segundo acórdão paradigma divergente, a decisão da mesma Turma, de nº 2401003.044, na qual se apurou a base de cálculo pela diferença entre o valor de mercado na data do exercício e o preço do exercício. A segunda matéria recorrida diz respeito a inexistência do próprio fato gerador que, no entendimento da recorrente, não seria remuneração. Nesse sentido, aponta como divergência jurisprudencial, o disposto no acórdão paradigma de nº 2401003.889 que viu nos stock options caráter mercantil e não remuneratório, por trabalhar sobre valor de mercado, liberdade de adesão e risco. Adicionalmente, indica ainda um segundo acórdão paradigma, de nº 280303.815, da 3ª Turma especial da Segunda Seção de Julgamento, que também trata de contribuições sociais previdenciárias em plano de stock option, com opção de compra. Por fim, quanto à multa isolada, por falta de rentenção e recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, o contribuinte entende indevida a multa, por falta de base legal para sua aplicação de forma isolada. Para comprovação da divergência, apresenta paradigmas da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, de números 9202002.288 e 9202 Fl. 1877DF CARF MF 6 001.886. Ambos esses paradigmas determinam o afastamento da multa isolada por falta de retenção e recolhimento do imposto de renda, quando não mais for possível exigirse da fonte pagadora o próprio imposto que deveria ter sido anteriormente retido. Em análise de admissibilidade do recurso especial do contribuinte, a Presidente da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento emitiu despacho, de fls. 1773 a 1788, em 30/03/2016, no qual deu seguimento parcial ao recurso, apenas no tocante à matéria c): não cabimento da multa isolada por falta de retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte. Quanto às demais matérias, a) e b), negoulhes seguimento, por serem os paradigmas referentes ao conceito de salário de contribuição, relativos aos fatos geradores das contribuições sociais previdenciárias, portanto matérias diversas, não fazendo sentido falar em interpretação divergente da lei em casos de legislações distintas. Em face da negativa parcial de seguimento ao recurso especial, a decisão da Presidente da Câmara foi apresentada ao Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, com base no art. 71, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015 (com a redação anterior à vigência da Portaria MF nº 152 de 03/05/2016, que o modificou), para reexame. O Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais apreciou o recurso, conjuntamente com o despacho da Presidente da Câmara recorrida, e, em sede de reexame, no despacho às efls. 1789 e 1790, confirmou as conclusões do exame de admissibilidade, dando seguimento ao recurso apenas quanto à questão da possibilidade de aplicação da multa isolada e negandolhe seguimento quanto às matérias concernentes (i) ao momento de ocorrência dos fatos geradores e (ii) da própria existência destes. Contrarrazões da Fazenda Nacional Cientificada do recurso e dos despachos em 04/04/2016, a Procuradoria da Fazenda Nacional manejou contrarrazões ao recurso especial do contribuinte em 07/04/2016, conforme fls. 1792 a 1800. Naquele momento, a Fazenda Nacional arguiu apenas a preclusão com relação à discussão da alegada não incidência da multa isolada, sob a alegação de que a matéria não fora expressamente impugnada pelo contribuinte e que que, em sede de recurso voluntário não teria sido sequer contestada. Nesse sentido, argumenta que a insurgência do contribuinte teria se resumido à incidência de juros moratórios sobre a multa. Mandado de Segurança Em 22/11/2012, o contribuinte juntou aos autos decisão liminar, no Mandado de Segurança nº 100921286.2016.4.01.3400, às efls. 1828 a 1833. Naquele mandamus, a magistrada determinou que fosse dado seguimento ao recurso especial do contribuinte para que fossem apreciadas, pela 2a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, as três matérias que o contribuinte arrolou em seu recurso especial de divergência. Resolução Em 23/11/2016, com a 2a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais reunida para apreciação do recurso especial, que havia sido devidamente pautado conforme publicação no Diário Oficial da União, no prazo regimental de dez dias da sessão de julgamento, em face da decisão no mandado de segurança, o relator votou por converter o julgamento do recurso em diligência, para que se desse ciência à Fazenda Nacional da Fl. 1878DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.864 7 admissão integral do recurso especial do contribuinte, abrindolhe prazo para contrarrazões quanto a todas essas matérias então admitidas. Contrarrazões complementares da Fazenda Nacional Cientificada para apresentação de complemento às suas contrarrazões em 12/12/2016, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou seus argumentos em 19/12/2016, às efls. 1842 a 1857. Inicia sua argumentação, procurando demonstrar que as stock options são um conjunto de benefícios e vantagens oferecidos aos colaboradores de companhias como parte da retribuição pela execução de tarefas, a lado dos planos de saúde, planos de aposentadoria, bônus e comissões. Afirma ausência de risco, ou contrato de natureza mercantil, pois não há óbice à venda imediata de metade das ações adquiridas, realizando a diferença entre preço de exercício e o valor de mercado, tendo a outra metade apenas restrição formal a sua venda, na medida que o Comitê pode autorizar a sua realização independentemente do referido prazo de dois anos. Quanto ao momento da ocorrência do fato gerador, reafirma o entendimento da fiscalização de que seria o momento de término da condição suspensiva, após ser cumprido o prazo de carência, quando o colaborador obtém efetiva vantagem vinculada a seu liame laboral com a empresa. É o relatório Fl. 1879DF CARF MF 8 Voto Vencido Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator. O recurso é tempestivo, entretanto, quanto a seu conhecimento, cabem as seguintes colocações. Do conhecimento do RE Foi dado integral seguimento ao recurso especial de divergência em razão do Mandado de Segurança nº 100921286.2016.4.01.3400 (efls. 1828 a 1833), impetrado contra ato do Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, sem que até o momento haja qualquer decisão que afaste sua eficácia. Extraise da efl. 1832 o teor do mandamus: Ante o exposto, defiro o pedido liminar para determinar à Autoridade Impetrada seja dado seguimento integral ao Recurso Especial interposto pelo Impetrante (alíneas "a", "b" e "c") no Processo Administrativo nº 16327.720085/201326. (Sublinhei, negrito do original.) Observase que (a) o mandado de segurança foi impetrado contra ato monocrático do Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais e que (b) o pedido do contribuinte, então impetrante, objetivou que fosse dado seguimento ao recurso especial interposto, em sua totalidade, conforme se pode observar no primeiro parágrafo da decisão, à e fl. 1828. Em sua decisão, a magistrada expôs o seguinte argumento: Ressalto que o Presidente da Câmara Especial, em reexame de ofício, confirmou a conclusão do Presidente da Câmara recorrida, mantendo a decisão que deu seguimento apenas parcial ao Recurso Especial do impetrante, decisão contra a qual não havia previsão de recurso na via administrativa, devendo a parte interessada se valer da via judicial para buscar o resguardo do direito reputado líquido e certo. Atualmente, o art. 71 da RICARF foi alterado para admitir a interposição de Agravo pela parte prejudicada pela negativa de seguimento do recurso especial. E conforme bem explicado pela impetrante, a alteração teve por finalidade oportunizar ao interessado a explanação de suas razões para ver revista a decisão obstativa do seguimento do recurso especial, já que a anterior previsão era de reexame de ofício, em que a parte não tinha a faculdade de explanar seus argumentos. Assim, cumprida a decisão judicial, e tendo sido afastado o óbice de ver devolvida a este colegiado a competência para apreciar o integralmente o recurso especial, inicio aqui sua análise. Pois bem, assim como na apreciação de qualquer recurso especial Fl. 1880DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.865 9 admitido, inicio a análise deste recurso pelo conhecimento de suas matérias, com base no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, vigente até 09/06/2015, data da interposição do referido recurso. Salientese que, não houve qualquer provimento jurisdicional que impedisse o colegiado de analisar o conhecimento do recurso. Com efeito, apenas foi afastada a decisão monocrática do Sr. Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais e determinado o seguimento do recurso em sua totalidade. Assim, apresento ao colegiado meu entendimento sobre a questão, nos termos a seguir. No presente caso, foram enfrentadas, pelo colegiado ora recorrido, as questões (a) da ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda na Fonte, no caso de remuneração por stock option e (b) do momento da ocorrência desse fato gerador. Entretanto, os acórdãos trazidos ao processo, a título de paradigma, pelo contribuinte, trataram das matérias: (a) momento da ocorrência do fato gerador de contribuições previdenciárias nas operações de stock options e (b) não ocorrência do fato gerador dessas contribuições previdenciárias nas operações de stock options. Ora, os fatos geradores de Imposto de Renda e de Contribuições Previdenciárias têm por base legislações específicas e diferentes, não se configurando em hipótese alguma norma geral de direito tributário. Sem dúvida, existe similitude fática, quanto aos negócios e procedimentos realizados, afinal de contas, todos os processos tratavam de remuneração por stock options. Entretanto, a questão é que os processos, envolvendo tributos distintos, analisam os fatos à luz de legislações distintas. Repitase, os paradigmas tratam de questões atinentes à contribuição social previdenciária, enquanto o recorrido trata de multa por falta de retenção de imposto de renda pela fonte. Para que haja infração no acórdão a quo, haveria a obrigação da realização da retenção de imposto de renda na fonte. Ainda que as contribuições sociais incidam sobre remuneração decorrente da contraprestação de serviços, e essa possa ser sujeita ao imposto de renda, o alcance deste tributo é maior que daquele, abrangendo até mesmo variações patrimoniais, que não decorram da percepção de remuneração pela contraprestação laboral. Portanto, tratandose de tributos distintos, a legislação, evidentemente, não é a mesma. Os fatos que se subsumem às normas podem até, eventualmente, ser idênticos, mas as normas não o são. Situações equivalentes a essa já foram apreciadas por este colegiado, que entendeu por não conhecer de recursos quando, apesar de o procedimento discutido ser similar, a legislação aplicável ao recorrido fosse diferente daquela aplicável ao paradigma. Nesse sentido, cabe referir o caso de recurso especial da Fazenda Nacional contra decisão que julgou improcedente a exigência de multa isolada por falta de recolhimento da antecipação mensal da pessoa física (denominada carnê leão), concomitantemente com o lançamento do tributo e da multa referentes à declaração de ajuste do IRPF. Compre referir que, nesse caso, a Fazenda Nacional havia apresentado, como paradigmas, decisões que julgaram procedente a exigência de multa isolada por falta de recolhimento da antecipação mensal da pessoa jurídica (denominada estimativa sobre a receita bruta e acréscimos), concomitantemente com o lançamento do tributo e da multa referentes à declaração de ajuste do IRPJ/CSLL. Frente a essa situação, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, em que pese a Fl. 1881DF CARF MF 10 total semelhança dos procedimentos de antecipação mensal e ajuste de final de período, para pessoas físicas e jurídicas, pelo fato de os procedimentos estarem baseados em legislações diversas, não foi conhecido o recurso especial da Fazenda Nacional. Para ilustração do caso, cabe referência ao acórdão n° 9202003.434, cuja ementa e dispositivo encontramse a seguir reproduzidos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício:2000 NORMAS PROCEDIMENTAIS/REGIMENTAIS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA MULTA DE OFÍCIO. RECURSO ESPECIAL . DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. NÃO CONHECIMENTO. Com arrimo no artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, somente deverá ser conhecido o Recurso Especial, escorado naquele dispositivo regimental, quando devidamente comprovada a divergência arguida entre oAcórdão recorrido e o paradigma, a partir da demonstração fundamentada, acompanhada da cópia da publicação da ementa do Acórdão paradigma ou do seu inteiro teor, impondo, ainda, a comprovação do pré questionamento a respeito do tema. Mais especificamente, no caso de multa isolada relativo ao IRPF, pela falta de recolhimento mensal a título de carnê leão (artigo 44, § 1º, inciso III, da Lei nº 9.430/96), não se presta como paradigma o Acórdão que contempla a multa isolada inscrita no inciso IV daquele dispositivo legal, concernente a sistemática de recolhimento mensal da CSLL, com base no regime de estimativa, conforme precedentes do Pleno desta Egrégia Câmara Superior de Recursos Fiscais. Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. A decisão acima ilustra o fato de que o caput e o § 1º do art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 343 de 09/06/2015, publicada no D.O.U de 10/06/2015, exige comprovação de interpretação diversa da legislação tributária, nos seguintes termos: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 12/02/2016) ... Fl. 1882DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.866 11 § 6º Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até 2 (duas) decisões divergentes por matéria. ... § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. (Sublinhei.) Como o recurso especial foi protocolado em 08/06/2015, cabe a análise de sua admissibilidade pelo mesmo artigo 67 do Anexo II, mas do regimento anterior, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, vigente até a data em que ele foi interposto, onde se dispunha exatamente no mesmo sentido, conforme a seguir reproduzido: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1° Para efeito da aplicação do caput, entendese como outra câmara ou turma as que integraram a estrutura dos Conselhos de Contribuintes, bem como as que integrem ou vierem a integrar a estrutura do CARF. ... § 4° Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até duas decisões divergentes por matéria. ... § 6° A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. (...) (Sublinhei.) Ou seja, considerandose tanto o regimento atual quanto o regimento então vigente, as divergências arguidas teriam que ser demonstradas com base na interpretação da legislação aplicável a fatos fatos semelhantes. Assim, os fatos devem ser similares a ponto de atrairem a mesma legislação para seu tratamento fiscal. Aliás, o Manual de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial dessa casa, em sua versão 2.0 de maio de 2016, quando trata de análise de divergências, já orientava, à sua pág. 45, nesse sentido, conforme a seguir: 4.1 Caracterização de divergência jurisprudencial Fl. 1883DF CARF MF 12 A divergência jurisprudencial se caracteriza quando os acórdãos recorrido e paradigma, em face de situações fáticas similares, conferem interpretações divergentes à legislação tributária. (Destaquei.) Além disso, há nesse menual orientação específica para o tratamento de incidência tributária diversa da que orientou o recorrido, fundamentandose a negativa de seguimento ao recurso, à pág. 46: 4.1.2 Paradigma que trata de incidência tributária diversa da que orientou o recorrido É possível a demonstração de divergência jurisprudencial mediante o cotejo de acórdãos que, embora tratem de espécies de incidências diversas (ex.: o recorrido trata de IRPJ e o paradigma de ITR), a matéria suscitada diga respeito a normas gerais (ex.: necessidade de pagamento antecipado, para aplicação da decadência com base no art. 150, § 4º, do CTN). Entretanto, mesmo sem tratarse de normas gerais, é comum a indicação de paradigma que cuida de incidência tributária diversa daquela retratada no recorrido, o que de forma alguma caracteriza divergência jurisprudencial. Com efeito, não há que se falar em interpretação divergente, quando estão em confronto incidências diversas, regidas por legislações específicas, cada qual com suas características e nuances. (Destaquei.) Ou seja, admitirseia tratar de paradigmas com incidências tributárias distintas, mas somente se a matéria de divergência disser respeito a normas gerais; não é esse o caso aqui debatido. O manual salienta em nota que a alteração do regimento a partir de 10/06/2015, com a publicação da Portaria MF nº 343, simplesmente tornou mais patente esse entendimento, conforme dispõe em seu § 1º, determinando que não se conheça de tais recursos. Dessa forma, mantendo a coerência da jurisprudência deste colegiado e não tendo sido declarada a inconstitucionalidade ou ilegalidade, seja de forma incidental, seja de forma direta, das Portarias que se aplicam ao procedimento a ser seguido nessa casa, tendo em vista que a legislação base dos paradigmas e do recorrido são distintas, até porque se referem a distintos tributos, e não tendo o recorrente arguido matéria de norma geral, voto por não conhecer o RE no tocante a essas matérias, por não atender aos pressupostos regimentais. Prossigo o julgamento do mérito do recurso no tocante à matéria admitida no despacho do Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF e como fiquei vencido reste vencido quanto ao conhecimento, apresento, em seguida, também, a análise de mérito da matéria adicionalmente conhecida: a ocorrência do fato gerador. Cabimento da multa isolada pela falta de retenção e recolhimento do IRRF No tocante a aplicação da penalidade, entendo correta sua incidência, não havendo impossibilidade de seu lançamento de forma isolada, na forma realizada pela fiscalização. Fl. 1884DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.867 13 Primeiramente, a penalidade do art. 9º da Lei nº 10.426/2002, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.488/2007 descreve uma infração que é deixar a fonte pagadora de reter ou recolher o imposto ou contribuição, independentemente de ser o tributo pago ou não. Logo, não me parece lógico que a remissão ao artigo 44 da Lei 9.430/1996, também com a redação dada pela mesma lei de 2007, viesse para impossibilitar a penalização da conduta reprovada pelo sistema, que já existia. Entender diferente seria aceitar que a conduta reprovável não fosse sancionada pela mesma norma que impõe a sua sanção. Outrossim, o art. 44 da Lei 9.430/1996, definia fato gerador autônomo de penalidade e a multa por falta de recolhimento do IRRF se lastreava apenas na base de cálculo daquela norma; continuou a fazêlo após a edição da Lei nº 11.488/2007. Adoto ainda as considerações e argumentos sobre a matéria expostos pela i. Conselheira Dra. Maria Helena Cotta Cardozo, tratando da mesma matéria, em voto exarado no acórdão nº 9202003.583, de 03/03/2015, nesta 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, que aliás é quase idêntico ao voto por ela declarado no acórdão recorrido. Seguese o voto daquele acórdão: Referida multa foi aplicada à fonte pagadora, com fundamento no art. 9º, da Lei nº 10.426, de 24/04/2002, com a redação dada pelo artigo 16, da Lei nº 11.488, de 15/06/2007. De plano, não há que se falar em suposta retroatividade benigna (art. 106, inciso II, “a”, do CTN), considerandose que a penalidade em tela teria sido extinta inicialmente pela Medida Provisória n° 303, de 29/06/2006, que perdera eficácia, e depois pela Medida Provisória n° 351, de 22/01/2007, convertida na Lei n° 11.488, de 15/06/2007. Ora, os fatos geradores objeto da autuação ocorreram em novembro e dezembro de 2007, portanto já na vigência da Lei nº 11.488, de 15/06/2007, de sorte que se a penalidade ora tratada houvesse efetivamente sido extinta – o que aqui não se admite – ela haveria de ser afastada pela simples aplicação direta da citada lei, e não por meio do art. 106, II, “a”, do CTN. Entretanto, tal nuance não merece ser discutida, tendo em vista que a multa em tela nunca foi extinta, conforme será demonstrado. (...) O que está sendo cobrado, no presente caso, é unicamente a multa pelo não cumprimento, por parte da fonte pagadora, da obrigação de efetuar a retenção e o recolhimento do IRRF, a título de antecipação. A penalidade em tela foi instituída pela Medida Provisória nº 16, de 27/12/2001, convertida na Lei nº 10.426, de 2002, que assim estabelecia, em sua redação original: “Art.9º. Sujeitase às multas de que tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a fonte pagadora obrigada a reter tributo ou contribuição, no caso de falta de retenção ou Fl. 1885DF CARF MF 14 recolhimento, ou recolhimento após o prazo fixado, sem o acréscimo de multa moratória, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado.” O dispositivo acima não deixa a menor brecha para que se entenda que a penalidade nele prevista poderia ser exigida de outra forma, que não a isolada. Com efeito, a penalidade está sendo aplicada à fonte pagadora, que não é a beneficiária dos rendimentos, portanto resta descartada qualquer possibilidade de cobrança desta multa juntamente com o imposto, cujo ônus, repitase, não é da fonte pagadora, e sim do beneficiário. Confirmando esse entendimento, o parágrafo único especifica a base de cálculo da multa, que nada mais é que o tributo que deixou de ser retido ou recolhido. O art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, tinha a seguinte redação: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I. de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II. cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II. isoladamente, quando o tributo ou a contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III. isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazêlo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; IV. isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; V. isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido. (...)" Como se pode constatar, o art. 44, acima, não trata de multas incidentes sobre imposto cobrado por meio de responsabilidade tributária de fonte pagadora, e sim de penalidades que recaem diretamente sobre o imposto exigido do sujeito passivo, na qualidade de contribuinte, que relativamente ao Imposto de Renda é o próprio beneficiário dos rendimentos. Nesse passo, nenhuma das modalidades de exigência elencadas no § 1º se Fl. 1886DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.868 15 amolda à exigência estabelecida no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, portanto não há que se falar que este último dispositivo tenha se referido ao art 44 da Lei nº 9.430, de 1996, para tomar de empréstimo algo além dos percentuais nele estabelecidos – 75% e 150%. Isso porque a problemática que envolve as modalidades de exigência das penalidades constantes do § 1º do art. 44 – vinculadas ao imposto ou exigidas isoladamente – não se coaduna com a multa por falta de retenção na fonte. Esta, quando exigida, obviamente será isolada, eis que o principal, ou seja, o imposto, será cobrado não da fonte pagadora, mas sim, repitase, do beneficiário dos rendimentos. Com estas considerações, constatase que a referência feita pelo art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, aos incisos I e II, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, está focada nos incisos I e II do caput, e não nos incisos I e II do § 1º, do contrário estarseia atribuindo à fonte pagadora o papel de sujeito passivo contribuinte do tributo, e não o de mera intermediária entre este e o Fisco, responsabilidade esta conferida por lei. Ora, se os incisos I e II do caput do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, tratam de penalidades aplicáveis ao sujeito passivo na qualidade de contribuinte, que no caso do Imposto de Renda é o próprio beneficiário dos rendimentos, e o art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, trata exclusivamente de multa por descumprimento da obrigação de reter e recolher o tributo, aplicável à fonte pagadora na qualidade de responsável, o único elemento passível de empréstimo, do art. 44 para o art. 9º, diz respeito efetivamente aos percentuais de 75% ou 150%. Com efeito, não existe qualquer outro liame entre os dois dispositivos legais. Corroborando este entendimento, a Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 16, de 27/12/2001, que foi convertida na Lei nº 10.426, de 2002, encaminhada ao Congresso Nacional, assim esclarece: “Os arts. 7º a 9º ajustam as penalidades aplicáveis a diversas hipóteses de descumprimento de obrigações acessórias relativas a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, reduzindoas ou, no caso do art. 9º, instituindo nova hipótese de incidência, preenchendo lacuna da legislação anterior." (grifei) O texto acima não deixa dúvidas, no sentido de que o art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, trata unicamente de multa por descumprimento de obrigação acessória pela fonte pagadora, portanto descartase a sua exigência juntamente com o respectivo imposto, cujo ônus é do beneficiário dos rendimentos. Ademais, fica patente que se trata de nova hipótese de incidência, o que também a desvincula definitivamente das hipóteses de incidência elencadas no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, eis que estas já existiam no ordenamento jurídico muito antes do advento da Medida Provisória nº 16, de 2001. Fl. 1887DF CARF MF 16 Com a edição da Medida Provisória nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.488, de 15/06/2007, foi alterado o art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, dentre outras finalidades, para extinguir a multa de ofício incidente sobre o pagamento de tributo ou contribuição fora do prazo, desacompanhado de multa de mora. Dito dispositivo passou a ter a seguinte redação: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I. de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II. de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...)” Assim, o art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, foi reformulado, mantendose a aplicação das multas de ofício vinculadas ao tributo, nos percentuais de 75% e 150%, a primeira mantida no inciso I, do caput, e a segunda não mais abrigada no inciso II, do caput, mas sim no inciso I, do §1º. O inciso II, do caput, que anteriormente continha a multa no percentual de 150%, passou a prever a multa isolada, no percentual de 50%, nos casos de falta de pagamento do carnêleão e de falta de pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devido por estimativa (alíneas “a” e “b”). Quanto à multa isolada pelo pagamento de tributo ou contribuição fora do prazo sem o acréscimo de multa de mora, esta foi extinta. Observese que a extinção da multa isolada acima destacada, levada a cabo pela nova redação do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, promovida pela Lei nº 11.488, de 2007, não tem qualquer reflexo nas multas do art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, eis que, conforme já patenteado no presente voto, os dois dispositivos legais tratam de penalidades distintas, o primeiro disciplinando as exigências em face do sujeito passivo contribuinte, que no caso do Imposto de Renda é o beneficiário dos rendimentos, e o segundo regulamentando a incidência pelo descumprimento de obrigação de retenção e recolhimento do tributo pela fonte pagadora, na qualidade de responsável. Como ficou assentado, a conexão entre os dois dispositivos diz respeito unicamente aos percentuais de 75% e 150%. Fl. 1888DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.869 17 Tanto é assim que o art. 9º teve de sofrer também um ajuste, em função da realocação da multa de 150% (do caput para o § 1º). Ademais, também havia neste dispositivo a previsão de aplicação de multa de ofício à fonte pagadora, pelo recolhimento em atraso do Imposto de Renda Retido na Fonte, sem o acréscimo da multa de mora. Assim, na mesma linha da exclusão levada a cabo na nova redação do art. 44, esta penalidade teria de ser excluída do art 9º, já que não haveria sentido em permanecer no ordenamento jurídico apenas para apenar a fonte pagadora. Confirase a alteração do art. 9º, promovida pela mesma Lei nº 11.488, de 2007: “Art. 9º Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1º, quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado.” Ora, se a multa pela falta de retenção e recolhimento na fonte houvesse sido efetivamente extinta, não haveria qualquer razão para que se alterasse o art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, como foi feito acima. A alteração visa claramente adaptar esse dispositivo à nova topografia do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, o que de forma alguma sinaliza que dita penalidade teria sido extinta. Além disso, repitase que a nova redação visou excluir a exigência de multa de ofício pelo recolhimento, pela fonte pagadora, do IRRF fora do prazo sem multa de mora, tal como ocorrera com penalidade semelhante, que antes também era imposta ao beneficiário do rendimento, relativamente ao recolhimento do principal. Assim, igualouse a exoneração desta penalidade, tanto em face do sujeito passivo contribuinte da obrigação principal, como perante a fonte pagadora, na qualidade de responsável pela obrigação de reter e recolher o tributo. As conclusões acima ficam evidenciadas no quadro comparativo a seguir: Fl. 1889DF CARF MF 18 Além de todas as razões que conduzem à conclusão de que não ocorreu a alegada extinção da multa de ofício pela falta de retenção ou recolhimento do IRRF, é o fato de que a adoção de tal tese equivaleria a admitirse a instituição de uma obrigação – retenção e recolhimento do imposto pela fonte pagadora – sem o estabelecimento de sanção, o que seria inusitado no Sistema Tributário Nacional. Ademais, ninguém põe em dúvida a manutenção da multa pela falta de recolhimento do carnêleão, que pressupõe relação entre pessoas físicas, que nem sempre possuem estrutura para cumprir com a obrigação, sendo que quem recolhe a antecipação, nesse caso, é o próprio contribuinte que arca com o encargo financeiro do tributo, descartada a possibilidade de apropriação indébita. Nesse passo, causa ainda maior perplexidade a conclusão de que a multa pela falta de retenção e recolhimento do imposto pela fonte pagadora teria sido extinta, já que as Fl. 1890DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.870 19 fontes pagadoras, na sua maciça maioria, são pessoas jurídicas, que dispõem de meios adequados ao cumprimento da obrigação. Acrescentese que a retenção na fonte sem o respectivo recolhimento caracteriza apropriação indébita, portanto terse ia ainda a possibilidade do cometimento de crime, sem qualquer previsão de sanção na esfera tributária, o que também seria inédito no Sistema Tributário Nacional. Em síntese, no entender desta Conselheira, há que se diferenciar o imposto devido, cuja obrigação principal é do beneficiário do rendimento, da multa pela falta de retenção/recolhimento do IRRF, cuja obrigação é da fonte pagadora, na qualidade de responsável. Assim, após o prazo final para entrega da declaração de pessoa física, o que cessa é a responsabilidade da fonte pagadora sobre o recolhimento do tributo – cuja obrigação passa a ser do beneficiário. Entretanto, a falta de responsabilidade sobre o recolhimento do tributo não exime a fonte pagadora do pagamento da multa pelo descumprimento da obrigação de reter e recolher o imposto, e é exatamente esta a exigência que ora se analisa. Nesse passo, assim estabelece o item 16 do Parecer Normativo COSIT nº 1, de 2002, que deve ser considerado na sua integralidade, e não apenas em parte. Confirase: “16. Após o prazo final fixado para a entrega da declaração, no caso de pessoa física, ou, após a data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica, a responsabilidade pelo pagamento do imposto passa a ser do contribuinte. Assim, conforme previsto no art. 957 do RIR/1999 e no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, constatandose que o contribuinte: a) não submeteu o rendimento à tributação, serlheão exigidos o imposto suplementar, os juros de mora e a multa de ofício, e, da fonte pagadora, a multa de ofício e os juros de mora; b) submeteu o rendimento à tributação, serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora.” Destarte, tendo ou não os rendimentos sido oferecidos à tributação, remanesce a aplicação da penalidade pela falta de retenção e recolhimento por parte da fonte pagadora. Não há que se falar aqui de aplicação do percentual de 50% à multa, por falta de previsão legal expressa, mas sim a aplicação dos percentuais defnidos em lei (75% ou 150%), conforme acima esclarecido. Assim, é de se negar provimento ao recurso especial do sujeito passivo quanto a esta matéria. Sobre a ocorrência do fato gerador Apesar de ter votado por não conhecer da matéria "ocorrência do fato gerador", como restei vencido quanto ao conhecimento, passo à análise de mérito da questão, Fl. 1891DF CARF MF 20 expressando, a seguir, meu entendimento em relação à ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, na remuneração baseada em stock options. Para enfrentamento da questão da ocorrência, ou não, de fato gerador do Imposto de Renda em operações de remuneração baseada em ações, é necessário conhecer o conceito da operação. Como introdução, simplificada, cabe afirmar que as stock options são transações de remuneração de serviços com pagamento baseado em instrumento patrimonial (derivativo) outorgado, utilizadas nos casos em que a entidade negocia serviços, de seus administradores e empregados, para pagamento mediante a entrega de ações ou outros instrumentos financeiros que permitam a posterior aquisição de ações por valores vantajosos ao empregado ou administrador. O valor do serviço prestado é, de início mensurado pelo valor justo das ações ou dos instrumentos financeiros outorgados, porém nem sempre o valor de mercado dos títulos é facilmente obtido e, assim, é admitido que os instrumentos sejam mensurados pelo valor justo do serviço prestado. De qualquer forma, o valor atribuído a esses serviços, recebidos pela entidade, é registrado: a crédito de reserva de capital, representando o direito, do administrador ou do empregado, de adquirir ações da entidade em condições pré estabelecidas e a débito de despesa operacional, em virtude do serviço prestado à entidade, podendo também ser debitado à conta de estoque em elaboração, no ativo, no caso de o serviço estar sendo utilizado na fabricação de produtos. Na verdade, o lançamento acima é o resultado da reunião de dois lançamentos, que representam as duas faces da operação, conforme a seguir. (a) por um lado, pela prestação de serviços realizada pelo empregado ou administrador, a empresa deveria pagar um valor em dinheiro e reconhecer despesas ou custos: D = Despesa com benefícios a empregados ou diretores C = a Caixa XXX,XX (b) por outro lado, para que empregados, diretores ou terceiros pudessem adquririr o direito de entrar no quadro societário da companhia por um valor inferior ao de mercado, eles deveriam entregar algum valor, geralmente em dinheiro, para a sociedade: D = Caixa C = a Reserva de Capital (bônus de subscrição/opções outorgadas) XXX,XX Reparase que os lançamentos acima têm em comum a saída e a entrada de valor equivalente em caixa. Ora, no caso do pagamento baseado em ações, o empregado ou administrador adquire o direito de entrar no quadro societário da empresa sem entrega de dinheiro, mas com a entrega de seu serviço. Assim, não há entrada nem saída de dinheiro do caixa, mas remanescem: (a) o reconhecimento da despesa com a remuneração do empregado ou administrador e (b) o registro da reserva de capital, representando o dirieto de o empregado, ou o administrador, entrar no quadro societário da companhia. A seguir, o lançamento: D = Despesa com benefícios a empregados ou diretores Fl. 1892DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.871 21 C = a Reserva de Capital (bônus de subscrição/opções outorgadas) XXX,XX Num singelo exemplo: considere que um executivo tenha sido contratado por uma entidade e compondo sua remuneração ele tenha o direito ao recebimento de 10.000 opções de ações da companhia, por seu trabalho ao longo de três anos. Considere ainda que, na data da contratação, uma opção tenha valor de mercado de R$ 15,00. Repare que a parcela do serviço, prestado pelo executivo ao longo dos três anos contratados, a ser remunerada pelas opções outorgadas, está avaliada em R$ 15,00 x 10.000 opções = R$ 150.000,00. Portanto, a cada ano trabalhado, o executivo fará jus a 1/3 desse valor: D = Despesa com Salários C = a Opções Outorgadas 50.000,00 PL Todo esse tratamento é detalhadamente descrito no Pronunciamento Técnico CPC n° 10 (R1) Pagamento Baseado em Ações. Entendida a concepção básica do que é a remuneração baseada em stock options, é possível enfrentar o argumento do contribuinte, que tenta enquadrar seu plano como investimento em mercado, procurando demonstrar existência de risco, baseado em Termo de Constatação de empresa de auditoria (KPMG Tax Advisors Ltda.) que juntou às efls. 1407 a 1428, em 26/09/2014. Nesse sentido, cabe ressaltar que o mercado de opções, em sua gênese, se trata de mercado de derivativos voltado à gestão de risco, sendo as opções direitos de compra (ou de venda), a um preço predeterminado de um ativoobjeto em uma data específica ou até uma certa data. As opções negociadas em um mercado com liquidez são padronizadas pela instituição que o gerencia, como a BMF/Bovespa, no Brasil, a qual define as séries de opções a serem abertas, discriminadas por vencimento. Portanto, em negócios envolvendo opções de compra, os agentes econômicos podem, ao comprar determinadas opções na bolsa, buscar proteção contra as oscilações de preço de mercado, caso possuam ações da empresa; poderão simplesmente especular, ao adquirir opções de compra que não precifiquem, a seu ver, adequadamente as possibilidades de incremento no valor da empresa; ou ainda, montar estratégias de renda fixa mediante o uso simultâneo de opções de compra e de venda do ativo ("box" de opções). Tudo isso é viabilizado pela negociação em um mercado de livre acesso, que possibilita a adequada mensuração do preço do ativo que é a opção, preço esse chamado "prêmio", o qual por sua vez requer dos operadores a consideração de elementos tais como a volatilidade do ativoobjeto, a taxa de juros do mercado, tempo entre a negociação e o vencimento da opção, assim como, por óbvio, a diferença entre o preço do ativo em questão e o preço de exercício. Para tal feito, são utilizados sofisticados modelos matemáticos, sendo o mais conhecido dentre eles o modelo denominado "Black and Scholes". Todavia, a remuneração baseada em ações, pelas denominadas employee stock options, nos termos antes abordados, pelo menos até o momento em que o empregado ou administrador recebe um instrumento financeiro por seus serviços prestados, possuem natureza bastante diversa das operações de mercado, revestindose de características muito mais próximas da remuneração de serviços. Fl. 1893DF CARF MF 22 Historicamente, essa maneira peculiar de remuneração surgiu nos países do primeiro mundo, como parte do pacote de benefícios e vantagens oferecidas a administradores e empregados, visando: não somente a sua retenção nos quadros da empresa, em especial nas de pequeno e médio porte, que, descapitalizadas, necessitavam de trabalhadores qualificados para a consecução de seus objetivos, mas também a convergência dos interesses da empresa e seus acionistas com os interesses de longo prazo dos administradores, que passariam a se comprometer em maior grau com a valorização das ações da companhia. Por outro lado, para os empregados e administradores, a concessão de um direito de aquisição de uma participação no capital de uma empresa com potencial de crescimento, com a consequente perspectiva de valorização dessa participação ação revela se bastante atrativa, representando a outorga desse direito opção uma efetiva vantagem econômica para o beneficiário, frente a terceiros que não possuam vínculos com a companhia. Essa remuneração passou a ser, tão ou mais interessante, no médio e longo prazos, quanto à própria remuneração em espécie. No Brasil, a outorga de opções de compra de ações a administradores, empregados ou terceiros, por serviços prestados, está prevista no § 3° do art. 168 da Lei das S.A.: Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social independentemente de reforma estatutária. (... ) § 3° O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite de capital autorizado, e de acordo com plano aprovado pela assembléiageral, outorgue opção de compra de ações a seus administradores ou empregados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia ou a sociedade sob seu controle. A Comissão de Valores Mobiliários, por meio do Ofício Circular/CVM/SNC/SEP nº 01/2007, de 14/02/2007, no seu item 25.3, ao tratar da matéria na qualidade de regulador dos mercados mobiliários, também entende os planos de outorga de opções a empregados, administradores ou terceiros como uma maneira de remuneração, nos seguintes termos: A companhia aberta empregadora pode adotar vários tipos de planos para remunerar executivos e funcionários pela outorga de opções de compra de ações emitidas pela companhia. Nos planos de outorga de ações convencionais, por exemplo, a companhia empregadora outorga opções para compra de um número fixo de ações da companhia, a um preço estabelecido, durante um período específico, em troca de serviços correntes ou futuros dos executivos e funcionários. Este tipo de remuneração é usual no mercado americano e, em menor escala, nos mercados da comunidade européia, como forma de alinhar os objetivos dos investidores ao objetivo dos administradores e empregados. (grifos na transcrição) Fl. 1894DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.872 23 Aliás, o caráter remuneratório desse tipo de operação é reafirmado no âmbito do processo de convergência das normas contábeis brasileiras aos padrões internacionais de contabilidade, pela CVM, em sua Deliberação CVM n° 562/2008, que aprova o Pronunciamento Técnico CPC n ° 10, pagamento baseado em ações, em linha com o IFRS 2 Sharebased Payment, nos seguintes termos: Deliberação CVM n° 562, de 17 de dezembro de 2008 A PRESIDENTE DA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS CVM torna público que o Colegiado, (...) DELIBEROU: I aprovar e tornar obrigatório, para as companhias abertas, o Pronunciamento Técnico CPC 10, anexo à presente Deliberação, que trata de Pagamento Baseado em Ações, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC; (...) 12. Em geral, ações, opções de ações ou outros instrumentos patrimoniais são concedidos aos empregados como parte da remuneração destes, adicionalmente ao salário e outros benefícios concedidos (...) Ao beneficiar empregados com a concessão de ações ou opções de ações adicionalmente a outras formas de remuneração, a entidade visa a obter benefícios adicionais (...) (Grifos na transcrição.) A Leitura do próprio CPC 10 esclarece os procedimentos para contabilização desse tipo de transação, revelando sua natureza remuneratória de serviços, senão vejamos: 1. O objetivo do presente Pronunciamento é estabelecer procedimentos para reconhecimento e divulgação, nas demonstrações contábeis, das transações com pagamento baseado em ações realizadas pela entidade. Especificamente, exigese que os efeitos das transações com pagamento baseado em ações estejam refletidos no resultado e no balanço patrimonial da entidade, incluindo despesas associadas com transações por meio das quais opções de ações são outorgadas a empregados. (...) 8. Os produtos ou serviços recebidos ou adquiridos em transação com pagamento baseado em ações que não se qualifiquem para fins de reconhecimento como ativos, devem ser reconhecidos como despesa do período. ... 12. Via de regra, ações, opções de ações ou outros instrumentos patrimoniais são outorgados aos empregados como parte do pacote de remuneração destes, adicionalmente aos salários e outros benefícios. Normalmente, não é possível mensurar, de forma direta, os serviços recebidos por componentes específicos do pacote de remuneração dos empregados. Pode não ser Fl. 1895DF CARF MF 24 possível também mensurar o valor justo do pacote de remuneração como um todo de modo independente, sem se mensurar diretamente o valor justo dos instrumentos patrimoniais outorgados. Ademais, ações e opções de ações são, por vezes, outorgadas como parte de acordo de pagamento de bônus, em vez de serem outorgadas como parte da remuneração básica dos empregados. Objetivamente, tratase de incentivo para que os empregados permaneçam nos quadros da entidade ou de prêmio por seus esforços na melhoria do desempenho da entidade. Ao beneficiar os empregados com a outorga de ações ou opções de ações, adicionalmente a outras formas de remuneração, a entidade visa a obter benefícios marginais. Em função da dificuldade de mensuração direta do valor justo dos serviços recebidos, a entidade deve mensurálos de forma indireta, ou seja, deve tomar como base o valor justo dos instrumentos patrimoniais outorgados. ... 15. Se o direito aos instrumentos patrimoniais outorgados não for adquirido (do not vest) até que a contraparte complete um período de tempo específico de prestação de serviços, a entidade deve presumir que os serviços a serem prestados pela contraparte, em contrapartida aos instrumentos patrimoniais outorgados, serão recebidos no futuro, ao longo do período de aquisição de direito (vesting period). A entidade deve contabilizar os serviços prestados pela contraparte à medida que são prestados, ao longo do período de aquisição de direito (vesting period), com o correspondente aumento do patrimônio líquido. Por exemplo: (a) se a um empregado forem outorgadas opções de ações condicionadas ao cumprimento de três anos de serviços, então a entidade deve presumir que os serviços a serem prestados pelo empregado, em contrapartida às opções de ações, serão recebidos no futuro, ao longo dos três anos estabelecidos como período de aquisição de direito (vesting period). (Grifei.) Nos termos acima, é evidenciada a natureza de contraprestação pela prestação do trabalho em determinado período, e orienta para a contabilização do valor justo do direito à compra, a correção desse, com os seus respectivos débitos ao longo do vesting period (enquanto recebe a prestação dos serviços) como despesa, com contrapartida de créditos em reservas de capital. Todo o cuidado de mensurar o valor justo dos instrumentos patrimoniais, associandoos ao período de carência, que corresponde à fruição de tempo de trabalho, antes de findar a condição suspensiva da outorga do direito de compra das ações, demonstra claramente a natureza de contraprestação a ser remunerada ou gratificada, que é registrada como despesa para empresa, analogamente ao salário. Por fim, a doutrina também expressa o mesmo entendimento, de caráter remuneratório das opções outorgadas a empregados, administradores e terceiros, em oposição à natureza das operações de opção livremente negociadas no mercado. Nesse sentido, cabe referir a obra de Sérgio de Iudícibus, Eliseu Martins e outro, o Manual de Contabilidade Societária FIPECAFI, Ed. Atlas, à fl. 539, nos termos a seguir reproduzidos: Fl. 1896DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.873 25 Algumas empresas optam por remunerar seus empregados (executivos, administradores ou outros colaboradores) por meio de pacotes que incluem ações e opções de ações. A idéia subjacente à remuneração com base em ações é fazer com que os funcionários sejam incentivados a atingir determinadas metas e, assim, se tornem, também, donos da entidade ou tenham a oportunidade de ganhar pela diferença entre o valor de mercado das ações que subscrevem e o valor da subscrição. Esse tipo de remuneração visa incentivar os empregados ao comprometimento com a maximização do valor da empresa, alinhando seus interesses com aos dos acionistas. Isso é necessário, pois de acordo com a Teoria da Agência, os empregados (agentes) e os acionistas (principais) possuem objetivos que, por muitas vezes, podem ser conflitantes. Nesse cenário, os planos de ações e de opções de ações constituem uma característica comum da remuneração de diretores, executivos e outros empregados. (grifos na transcrição) Por tudo o que se encontra acima colocado, vemos claramente que: (a) até o final do vesting period, a relação é de prestação de serviços e remuneração, com despesa reconhecida pela empresa, mediante a entrega de instrumento financeiro ao empregado, administrador ou prestador de serviço; e (b) somente após esse período é que o empregado, administrador ou prestador de serviço, já titular do instrumento financeiro, poderá, aceitando o risco de mercado, decidir mantêlo, cedêlo, exercer ou não a opção que ele representa etc. No entender deste conselheiro, o recorrente tenta confundir esses dois períodos, enfatizando diferenças acidentais entre a remuneração por salário em espécie e a remuneração por stock options plan. Com efeito, mesmo que o plano não estabeleça um valor fixo de salário, ele define claramente a remuneração na forma de instrumento financeiro outorgado, que tem valor determinável, como retribuição pela continuidade do trabalho na organização. Esclareçase que o conceito de instrumento financeiro, definido no parágrafo 11 do Pronunciamento Técnico CPC n° 39 como um contrato que (i) para uma parte estabelece o surgimento de um recurso e (ii) para a outra parte estabelece o surgimento de uma obrigação ou um instrumento patrimonial. Ora, essa definição se aplica tanto a depósitos bancários, quando a aplicações financeiras, ações ou opções de ações, entre outros. Portanto, passado o vesting period, o direito pode, ser exercido. Se após o vencimento do prazo de exercício da aquisição o colaborador não puder ou não quiser pagar para exercer o direito que lhe foi outorgado (a opção de compra), não terá deixado de ter recebido sua retribuição, na forma do instrumento financeiro, pelo período trabalhado. No recurso, houve alegação de que, com base em auditoria da KPMG, após o prazo de carência, o valor de mercado das units seria inferior ao preço de exercício da opção de sua compra. Aqui, cabem três esclarecimentos: (1) não houve recurso especial quanto aos valores apurados pela fiscalização; Fl. 1897DF CARF MF 26 (2) o recorrente, apesar dos cálculos apresentados pela KPMG, não indicou qualquer erro nas tabelas em que a fiscalização apurou os ganhos no período autuado, elaboradas a partir de parâmetros informados em planilha da própria empresa, conforme TVF, às efls. 1212 e 1213; apenas afirmou a possibilidade de perda quando da aquisição das opções, sem demonstrar em quais das apurações feitas pela fiscalização essa perda teria ocorrido; e (3) a variação do preço das ações ou das units após o vesting period, não afetam o valor da remuneração, que foi realizada na forma de opções de compra. Em resumo, para fins de imposto de renda, o que importa é que se constate a existência de vantagem jurídica ou econômica, ainda que sob a forma de utilidades, no caso, opções de ações, conferidas de forma exclusiva a pessoas físicas prestadoras de serviços à pessoa jurídica. Dessa forma, voto pela improcedência do recurso especial do contribuinte quanto a essa matéria, reconhecendo a existência do fato gerador. Conclusão Pelos motivos expostos, voto por conhecer em parte do recurso especial de divergência, no que tange ao cabimento da multa isolada pela falta de retenção do imposto de renda pela fonte pagadora, após o término do prazo de entrega da declaração de imposto de renda da pessoa física DIRPF, para negar provimento ao recurso nessa matéria e, como restei vencido quanto ao não conhecimento da matéria ocorrência do fato gerador do imposto de renda nas operações de Stock Options, voto por também negar provimento, no mérito, ao recurso do contribuinte, com relação a essa matéria. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 1898DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.874 27 Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora designada. Peço licença ao ilustre conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, para divergir do seu entendimento com relação ao conhecimento do recurso especial do sujeito passivo. Do conhecimento Inicialmente, convém destacar que o presente processo, somente chegou para apreciação desse colegiado, face existência de liminar em mandado de segurança impetrado pelo sujeito passivo contra o despacho de admissibilidade que negou seguimento ao seu recurso. Para que a análise possa ser clara, primeiramente, devemos separar as matérias objeto de recurso especial do sujeito passivo: I) Momento de ocorrência do fato gerador – Quanto a inocorrência de Fato gerador do IRRF pelo simples vencimento do prazo de carência das Stock options; II) Quanto a inocorrência em si do fato gerador do IRRF em razão do CARATER NÃO REMUNERATÓRIO DOS STOCK OPTIONS; III) Multa pela ausência de Retenção na Fonte. No caso, para tratar de forma objetiva a questão, peço vênia aos ilustres conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (relator do processo) e Maria Helena Cotta Cardoso (que apreciou a admissibilidade do recurso) para discordar de seus posicionamentos quanto a demonstração da divergência APENAS em relação a segunda matéria suscitada pelo recorrente (II) Quanto a inocorrência em si do fato gerador do IRRF em razão do CARATER NÃO REMUNERATÓRIO DOS STOCK OPTIONS). Quanto as demais matérias trazidas no recurso, concordo que não há como conhecer do recurso, tendo em vista ser impossível a demonstração da divergência considerando que a legislação que fundamenta o lançamento de IRRF e Contribuições Previdenciárias ser totalmente distinta. Ultrapassado esse esclarecimento trago a baila trecho do recurso especial do recorrente às fls. 1553, onde encontramse descritos os argumentos para demonstrar tratamento divergente entre colegiados: Fl. 1899DF CARF MF 28 Contudo, ressaltou que ao assim decidir, o acórdão recorrido divergiu de decisão proferida pela 1ª turma da 4ª câmara em que, analisando o plano de outorga de opções mantido pelo ITAU UNIBANCO HOLDINGS, plano mantido por sociedade do mesmo grupo econômico do recorrente, que é idêntico em essência ao plano analisado no presente processo, foi dado provimento ao recurso voluntário: STOCK OPTIONS. CARÁTER MERCANTIL. PARCELA NÃO INTEGRANTE DO SALÁRIO REMUNERAÇÃO. No presente caso, o plano de stock options é marcado pela onero sidade, pois preço de exercício da opção de compra das ações é estabelecido a valor de mercado, pela liberalidade da adesão e pelo risco decorrente do exercício da opção de compra das ações, de modo que resta manifesto o seu c aráter mercantil, não devendo os montantes pagos em decorrência do r eferido plano integrarem o salário de contribuição. Recurso Voluntário Provido. Destaca que os mesmos argumentos utilizados pelo acórdão recorrido para negar provimento ao recurso voluntário do recorrente foram rejeitados por este primeiro paradigma. Quanto a este ponto, entendo restar demonstrar a divergência entre os julgados. Nesse ponto não se trata de empregar legislação diferentes para definir fato gerador, mas o discussão para por um ponto comum entre a legislação do IR e da Previdência social, qual seja, possuem os contratos de outorgas de ações, chamados de stocks options natureza mercantil ou remuneratória. Entendo que nesse ponto, para a averiguação do caráter mercantil ou remuneratório o paradigma apresentado mostrase válido, mesmo tratando de lançamento de contribuições previdenciárias. Observamos também essa discussão no acórdão recorrido, fls. 4: Cuida o presente processo de exigência fiscal de multa por falta de retenção do Imposto Sobre a Renda Retido na Fonte, relativo a pagamentos de valores a título de stock option. De um lado, a contribuinte aduz que a opção pela compra de ações é uma operação mercantil e não proporciona ao trabalhador qualquer vantagem de natureza salarial. Fl. 1900DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.875 29 Assevera que eventual lucro obtido com a venda das ações não se vincula direta ou indiretamente à força de trabalho. Sustenta ainda que o resultado é incerto e ilíquido, pois a participação societária adquirida não pode ser vendida de imediato, a não ser parcialmente. Finaliza seu inconformismo afirmando que “... se pretende exigir tributo sem a ocorrência do fato gerador que o suporte”. Em outra via, a autoridade lançadora entendeu que a outorga de opções de compra de ações para trabalhadores tem caráter salarial, sendo uma espécie de remuneração a longo prazo, devendo, portanto, integrar os rendimentos do trabalhador para fins de incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Nesse passo, para que não tenha natureza salarial, não pode o exercício da opção de compra de ações pelo empregado estar atrelado ao trabalho de forma a caracterizar um “plus”, “prêmio” ou um tipo de “saláriocondição” em decorrência da prestação de serviços. Na verdade, na compra de ações deve sempre estar presente o risco do negócio, característica principal das operações mercantis. Tratase de situação completamente alheia à prestação de serviços, já que o contrato de outorga de opções de compra deve ser baseado na legislação societária, que não se confunde com o contrato de trabalho, uma vez que representa uma relação meramente mercantil, embora ensejada no curso da relação de emprego. Portanto, a vantagem não pode ser concedida pelo serviço prestado ou para o serviço prestado. Aliás, conforme trazido pelo próprio recorrente em sede de mandado de segurança para ter sua preensão atendida, disse que existe recurso da PGFN envolvendo questão idêntica, qual seja, natureza remuneratória ou mercantil do plano de stock options de outra empresa do grupo, onde o encaminhamento deuse no mesmo sentido, No caso citado, aceitouse para fins de demonstração da divergência quanto ao caráter mercantil ou remuneratório, paradigma de outro tributo, mesmo não se tratando de recurso acerca de norma geral. Contudo, em relação ao momento de ocorrência do fato gerador (I) Momento de ocorrência do fato gerador – Quanto a inocorrência de Fato gerador do IRRF pelo simples vencimento do prazo de carência das Stock options, entendo que razão não assiste ao recorrente, a definição do momento de ocorrência do fato gerador, obedece a legislação própria, o que não nos permite ultrapassar questões específicas de cada tributação para fazer o recurso do contribuinte ser apreciado sob a incidência de outra legislação. É como se estivessemos utilizando a fundamentação de outro tributo para subsidiar o lançamento, o que sabemos não é aceito nos nossos julgados. Ao contrário do discussão sobre natureza mercantil ou remuneratória da outorga de opções, que pode ser encontrada em qualquer dos tributos, seja lançamento de contribuições previdenciárias, IRPF ou mesmo IRPJ, por tratarse de uma discussão mais ampla, o momento e as condições para a incidência de cada um dos tributos obedece uma Fl. 1901DF CARF MF 30 sistemática restrita e objetiva que impossibilita o comparativo entre as situações, por tratarse de arcabouços juridicos diversos. Conclusão Face o exposto, encaminho por CONHECER EM PARTE do recurso especial do sujeito passivo. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 1902DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.876 31 Declaração de Voto Conselheira Ana Paula Fernandes. Em que pese o excelente voto do relator peço vênia para registrar meu entendimento pessoal no que se refere ao item do seu voto – “ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, na remuneração baseada em stock options”. O Relator afirma que “a remuneração baseada em ações, pelas denominadas employee stock options, nos termos antes abordados, pelo menos até o momento em que o empregado ou administrador recebe um instrumento financeiro por seus serviços prestados, possuem natureza bastante diversa das operações de mercado, revestindose de características muito mais próximas da remuneração de serviços.”, e neste ponto específico acredito serem cabíveis uma série de ponderações. A meu ver atualmente o comportamento da Administração Pública face ao conceito de salário de contribuição tem demonstrado uma insistente tentativa de alargamento forçado da base de cálculo das contribuições previdenciárias e demais reflexos que porventura a remuneração possa causar no imposto de renda, no tocante as obrigações ditigidas as empresas. É estranho acreditar que a Justiça do trabalho com viés nitidamente social e protetivo ao trabalhador, o qual é muitas vezes criticado pela sociedade, desconsidere a natureza remuneratória de uma verba sem elementos legais para tanto. Dessa forma, o que vemos é que a jurisprudência majoritária dos Tribunais do Trabalho não atribui natureza salarial a stock option, conforme se vê das seguintes ementas: “STOCK OPTIONS – INCENTIVO AO EMPREGADO – CARÁTER NÃO SALARIAL. Tratandose as denominadas stock options de incentivo ao empregado no desenvolvimento de seus misteres, condicionado, porém, a regras estabelecidas e não sendo gratuito, visto que sujeito a preço, embora com desconto, temse que não guardam tais opções de compra da empresa caráter salarial. Recurso Ordinário obreiro a que se nega provimento, no aspecto” (TRT 2ª Região – 42364200290202002 ROAc.20030636234 – 7ª T – Relª Juíza Anélia Li Chum – DOESP 5.12.2003) OPÇÃO DE COMPRA DE AÇÕES ("STOCK OPTION"). REMUNERAÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. Os lucros decorrentes de opções de compra de ações (stock options) não configuram remuneração, nos termos do artigo 457 ou do artigo 458, da Consolidação das Leis do Trabalho. Embora normalmente resultem em acréscimo patrimonial, não visam a remunerar o trabalho, mas a incentivar a obtenção de um Fl. 1903DF CARF MF 32 melhor desempenho da companhia empregadora, o que as aproxima da participação nos lucros ou resultados. Por outro lado, a aquisição não é obrigatória e, sim, opcional, e as ações são transferidas a título oneroso, o que exclui a hipótese de constituirse salárioutilidade. Além do mais, tais opções implicam risco para o empregado adquirente, uma vez que as ações adquiridas podem valorizarse ou desvalorizarse, circunstância que a distingue do salário "stricto sensu", cujo caráter "forfetário" é conhecido. TRT 15ª Reg. (Campinas/SP), RO 0387200304515857, (Ac. 31971/07PATE, 3ªC.), Rel. Juiz Ricardo Regis Laraia. DJSP 13.7.07, p.76) “STOCK OPTIONS. NATUREZA JURÍDICA. Não se tratando de parcela destinada a contraprestação pelos serviços prestados,os Planos de Opção de Compra de Ações (Stock Option Plan) não ostentam natureza salarial, não integrando a remuneração do empregado nos termos definidos pelos artigos 457 e 458 da CLT.(TRT 15ª Região, RO 0212520071091500 2, Ac 80161/08 PATR 1ªC, DOE 05.12.08, p.54, Luiz Antonio Lazarim) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. Compra de ações vinculada ao contrato de trabalho. Stock options. Natureza não salarial. Exame de matéria fática para compreensão das regras de aquisição. Limites da Súmula nº 126/TST. As stock options, regra geral, são parcelas econômicas vinculadas ao risco empresarial e aos lucros e resultados do empreendimento. Nesta medida, melhor se enquadram na categoria não remuneratória da participação em lucros e resultados (art. 7º, XI, da CF) do que no conceito, ainda que amplo, de salário ou remuneração. De par com isso, a circunstância de serem fortemente suportadas pelo próprio empregado, ainda que com preço diferenciado fornecido pela empresa, mais ainda afasta a novel figura da natureza salarial prevista na CLT e na Constituição. De todo modo, tornase inviável o reconhecimento de natureza salarial decorrente da possibilidade de compra de ações a preço reduzido pelos empregados para posterior revenda, ou a própria validade e extensão do direito de compra, se a admissibilidade do recurso de revista pressupõe o exame de prova documental O que encontra óbice na Súmula nº 126/TST. Agravo de instrumento desprovido. (TST; AIRR 85740 33.2009.5.03.0023; Sexta Turma; Rel. Min. Mauricio Godinho Delgado; DEJT 04/02/2011; Pág. 2143) PRELIMINAR DE NÃOCONHECIMENTO DO RECURSO DE REVISTA ARGUIDA EM CONTRARAZÕES. I. (...) STOCK OPTION PLANS. NATUREZA SALARIAL. Não se configura a natureza salarial da parcela quando a vantagem percebida está desvinculada da força de trabalho disponibilizada e se insere no poder deliberativo do empregado, não se visualizando as ofensas aos arts. 457 e 458 da CLT. (...). (TST; RR 3273/199806402 Fl. 1904DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.877 33 00; Quarta Turma; Rel. Min. Antônio José de Barros Levenhagen; Julg. 15/03/2006; DJU 31/03/2006) Este entedimento não nasceu pronto, ele veio sendo construído ao longo do tempo pela doutrina e jurisprudência. Para o desembargador Sérgio Pinto Martins, no plano de ‘stock option’ o empregado aceita os riscos inerentes ao negócio que lhe é oferecido e às condições contratualmente estabelecidas, pois não há garantia alguma contra perdas decorrentes das flutuações do preço das ações, que são negociadas na Bolsa, o que afasta qualquer natureza salarial: “Stock option plano. Natureza comercial. O exercício da opção de compra de ações pelo empregado envolve riscos, pois ele tanto poderá ganhar como perder na operação. Tratase, portanto, de operação financeira no mercado de ações e não de salário. Não há pagamento pelo empregador ao empregado em decorrência de prestação de serviço, mas risco do negócio. Logo, não pode ser considerada salarial a prestação" (TRT 2ª R. (20030145141) 3ª T Rel. Sérgio Pinto Martins DOESP 08.04.2003). Em decisão ainda mais recente o Tribunal Superior do Trabalho no RR 20100002.2008.5.15.0140, manteve este posicionamento, não entendendo pela natureza remuneratória: (...) PLANO DE AÇÕES. STOCK OPTIONS. INTEGRAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. Em que pese a possibilidade da compra e venda de ações decorrer do contrato de trabalho, o trabalhador não possui garantia de obtenção de lucro, podendo este ocorrer ou não, por consequência das variações do mercado acionário, consubstanciandose em vantagem eminentemente mercantil. Dessa forma, o referido direito não se encontra atrelado à força laboral, pois não possui natureza de contraprestação, não havendo se falar, assim,em natureza salarial. Precedente. Recurso de revista de que não se conhece. Alegações de que o que é considerado pela Justiça do Trabalho não impactam naquilo que é compreendido pela Fazenda Nacional no momento de tributar o Contribuinte não podem prosperar. Repiso aqui meu próprio entendimento já registrado no Processo 10680.722449/201054, que embora trate de situações bem diversas aproveita na discussão central. Sendo a meu ver inadmissível para a segurança jurídica que o mesmo fato seja considerado de diferentes formas para o Estado ao mesmo tempo, ou seja, que para a Justiça do Trabalho não seja reconhecida natureza remuneratória de uma verba e para a Receita Federal o seja, unicamente com a finalidade de cobrar contribuição previdenciária, ou dar nova interpretação ao fato gerador do imposto de renda. Fl. 1905DF CARF MF 34 O mesmo fato não pode ser considerado de forma distinta quando aplicado sobre a ele a mesma lei. Para cobrar contribuição previdenciária é necessário que seja reconhecida a relação de emprego ou a natureza da verba havida nesta relação, dentro das hipóteses de prestação de serviço previstas em lei que o tomador é o responsável tributário. Nesta seara, a manifestação da Justiça do Trabalho se mostra mais específica, pois é de sua competência o reconhecimento destas relações. Entendo que vínculo de emprego deve ser vínculo de emprego ou a natureza da verba deve ser a mesma sob as mesmas circunstancias seja para o direito do trabalho seja para o tributário. Fato é que, em havendo sua comprovação aí sim, gera efeitos reflexos tributários que estão previstos na legislação previdenciária/tributária. Assim não há dúvida da ocorrência do fato gerador do imposto de renda para a pessoa física, contudo não se confunde com remuneração, mas apenas com ganho de capital. Em não havendo ligação lógica entre a verba discutida e a natureza remuneratória não há que se falar, por exemplo, na obrigação da Empresa pelo Imposto retido na fonte muito menos na aplicação da multa isolada. Desse modo, conheço do Recurso do Contribuinte para no mérito darlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes. Fl. 1906DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.878 35 Declaração de Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. O objetivo da presente declaração é deixar claro as razões pelas quais acompanhei o relator pelas conclusões. No processo paradigma, que aliás, entendi que serviria para demonstrar a divergência em relação a matéria caráter remuneratório X mercantil do stock option fornecido pela autuada aos seus colaboradores, já havia apresentado declaração de voto destacando os motivos pelos quais entendo estar claramente demonstrado o carater remuneratório. Dessa forma, colaciono as razões lá apresentadas no presente processo, por entender que o plano apresentado assemelhase ao aqui apresentado. Primeiramente, naqueles autos, discordei da então relatora que havia trazido informação no meu entender equivocada de que a turma ao analisar situações anteriores firmou convicção nos acordãos acórdãos n.s 2401003.044 e 2401003.045, de que se trataria de típico contrato mercantil. [...] Na verdade nos citados acordãos, por maioria, entendeuse que os planos ali ofertados constituiriam sim, salário de contribuição, contudo, enquanto relatora iniciei meu voto, fazendo uma abordagem téorica sobre o tema, indicando que em sua concepção originária os stock options constituiriam contrato mercantil, mas, destaquei que, não é a mera nomenclatura atribuída pelo sujeito passivo elemento suficiente para excluir uma verba do conceito de remuneração, restando naquele caso demonstrado pela autoridade fiscal, que o plano de stock options posuia sim natureza salarial. Assim, repriso meu entendimento acerca do tema. Apenas, para melhor esclarecer, trago meu entendimento a repsito da questão, fazendo a seguir o cotejamento com o plano ora sob análise. DA DEFINIÇÃO DO STOCK OPTIONS Doutrinariamente, ou seja, em sua concepção original, o Stock Option Plan (Plano de Opção de Compra de Ações) representa um plano que determina regras e critérios para outorga a determinados trabalhadores da possibilidade de aquisição de ações da empresa. Esses trabalhadores podem encontrarse na situação de empregados, autônomos, administradores (contribuintes individuais para a previdência social). A opção por ações proporciona ao beneficiário a assinatura de um contrato mediante pagamento de um valor, para ter direito de compra de ações por uma valor pré determinado, após um período de carência previamente fixado (permanência na empresa) e a possibilidade de vendêlas no mercado de capitais auferindo lucro ao final desse prazo. No ordenamento jurídico brasileiro, a opção de compra de ações esta prevista no § 3º do artigo 168 da Lei nº 6.404/76, verbis: Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social, independente de reforma estatutária. Fl. 1907DF CARF MF 36 Parágrafo 3º. O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite do capital autorizado, e de acordo com o plano aprovado pela assembléia geral, outorgue opção de compra de ações a seus administradores ou empregados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia ou à sociedade sob seu controle. Para elucidar a definição do Plano de Opção de Compra de Ações, podemos citar o texto da lavra de “CALVO, Adriana Carrera. A natureza jurídica dos planos de opções de compra de ações no direito do trabalho – “employee stock option plans”. Clubjus, BrasíliaDF:25 ago. 2007”, que assim aborda a matéria: 1. Introdução Nas últimas décadas, o sistema de remuneração adotado pelas empresas brasileiras modificouse drasticamente, devido à transferência de investimentos de empresas estrangeiras para o Brasil, principalmente da área de tecnologia. Tal fato alterou o nosso cenário empresarial e influenciou diretamente a nossa política de recursos humanos. A nova política de remuneração abandonou como modelo único o sistema de salário fixo e introduziu o sistema remuneração variável. A mais importante estratégia de remuneração variável passou a ser a promessa da distribuição agressiva de planos de opções de compra de ações por preço prefixado (“employee stock options”). No início, estes programas foram implementados no Brasil com o intuito de manter os benefícios que os expatriados possuíam quando eram empregados da matriz da empresa no exterior. Posteriormente, passou a ser comum a oferta destes benefícios não somente aos empregados estrangeiros, como também aos novos gerentes contratados no Brasil. Mais tarde, passou a ser estendido também aos demais empregados brasileiros da empresa. Segundo o dicionário Barron’s Dictionary of Legal Terms, o termo “stock option” significa; “a outorga a um individuo do direito de comprar, em uma data futura, ações de uma sociedade por um preço especificado ao tempo em que a opção lhe é conferida, e não ao tempo em que as ações são adquiridas”. O plano de opção de compra de ações permite que o empregado tenha uma participação na valorização futura da empresa. O intervalo de tempo entre a atribuição das opções e a compra de ações transforma o plano em típico sistema de remuneração diferida, na medida em que quem recebe as opções de ações não pode dispor imediatamente do valor dessa remuneração. Esta prática permite alcançar 2 (dois) grandes objetivos primordiais para o sucesso de qualquer empresa: retenção dos empregados considerados “talentos” da empresa e o atingimento de resultados por meio de uma parceria entre os acionistas e empregados da empresa. É à busca da verdadeira relação do tipo “ganhaganha” no ambiente de trabalho. 2. O plano de opção de compra de ações Fl. 1908DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.879 37 O sistema de “stock options” consiste no direito de comprar lotes de ações por um preço fixo dentro de um prazo determinado. A empresa confere ao seu titular o direito de, num determinado prazo, subscrever ações da empresa para o qual trabalha ou na grande maioria da sua controladora no exterior, a um preço determinado ou determinável, segundo critérios estabelecidos por ocasião da outorga, através de um plano previamente aprovado pela assembléia geral da empresa. Em geral, o plano de “stock options” contém os seguintes elementos: (1) preço de exercício – preço pelo qual o empregado tem o direito de exercer sua opção (“exercise price”); (2) prazo de carência – regras ou condições para o exercício das opções (“vesting”) e; (3) termo de opção – prazo máximo para o exercício da opção de compra da ação (“expiration date”): O preço de exercício é o preço de mercado da ação na data da concessão da opção, sendo comum estabelecerse um desconto ou um prêmio sobre o valor de mercado. Neste aspecto, vale destacar que o referido valor do desconto ou prêmio não pode ser tão significativo que elimine o risco da operação futura, pois implicaria em gratuidade na concessão do plano, critério típico do salário utilidade. Quanto ao prazo de carência é definido como um número mínimo de tempo de serviço na empresa, que costuma variar de 3 (três) a 5 (cinco) anos. A prática de mercado é de um prazo máximo de termo de opção que varia de 5 (cinco) a 10 (dez) anos da data da concessão da opção de compra. Segundo o dicionário 'Barrons Dictionary of Legal Terms', o termo stock option significa: “a outorga a um indivíduo do direito de comprar, em uma data a futura, ações de uma sociedade por um preço especificado ao tempo em que a opção lhe é conferida, e não ao tempo em que as ações são adquiridas”. Assim, as opções representam o direito de comprar ações a um preço fixo, definido na data em que as opções são concedidas (preço de exercício). Após um determinado período (prazo de carência, também chamado de 'vesting'), esse direito de opção de compras pode ou não ser exercido, já que não se trata de obrigação, como mencionado acima e envolve risco para o empregado. Ou seja, no meu entender, na sua concepção original o stock options, ao possibilitar a assinatura de um contrato com o correspondente pagamento de um preço ajustado para ter o direito de comprar ações futuras (sem a devolução do valor já pago), é mera expectativa de direito do trabalhador (seja empregado, autônomo ou administrador). Consistiria em um regime de opção de compra de ações por preço prefixado, concedida pela empresa aos contribuintes individuais ou mesmo empregados, garantindolhe a possibilidade de participação no crescimento do empreendimento (na medida que o sucesso da empresa implica, valorização das ações no mercado), não tendo, dentro dessa concepção caráter salarial. Assim, não parto da premissa, de que qualquer plano de stock options teria natureza salarial, como também não há como se afirmar que ao atribuir a nomenclatura de "stock options", estará a empresa desobriga de incluir tal verba na base de cálculo de contribuições previdenciárias ou de qualquer outro tributo. Fl. 1909DF CARF MF 38 No mesmo sentido, temse encaminhado os renomados doutrinadores trabalhistas brasileiros, dentre eles citese a professora Alice Monteiro de Barros (in Curso de Direito do Trabalho, 6.ª ed., São Paulo: LTR, 2010, p. 783): "As stock option constituem um regime de compra ou de subscrição de ações e foram introduzidas na França em 1970, cujas novas regras encontramse na Lei n. 420, de 2001. Não se identificam com a poupança salarial. O regime das stock option permite que os empregados comprem ações da empresa em um determinado período e por preço ajustado previamente. É no mesmo sentido, que entendo que o simples fato de uma empresa ofertar aos seus trabalhadores, um plano de outorga de opção pela compra de ações de forma onerosa, não pode ser fundamentação isolada para a configuração de fato gerador de contribuições previdenciárias, partindo da premissa de que toda a forma de STOCK OPTIONS, tende a remunerar, premiar o trabalhador pela prestação de serviços. Contudo, a análise realizada acima, teve por escopo aspectos doutrinários do termo “STOCK OPTIONS”, sendo que a conclusão acerca da procedência do lançamento, ou seja, sobre a efetiva natureza salarial do plano de outorga ora apresentado, merece uma análise não apenas conceitual, mas especialmente, se o pagamento feito pela recorrente encontrase em perfeita consonância com a concepção original descrita acima, afastandose a natureza remuneratória, conforme argumentado pelo recorrente. Entendo que, apenas restando respeitada essa concepção original que envolveria um risco na assinatura do contrato, já que o trabalhador teria que pagar um valor para ter direito a participar do plano de stock options é que poderíamos dizer que a natureza seja mercantil. Em todos os demais casos, como nos presentes autos, onde a única exigência para que se tenha direito a participar do plano e comprar ações com um valor de deságio futuro, seja permanecer trabalhando, ou seja, cumprir uma carência de tempo de trabalho, fica nítido o carater salarial do plano, pois não envolve qualquer risco ao trabalhador. CONFIGURAÇÃO DA NATUREZA REMUNERATÓRIA DO STOCK OPTIONS Assim como descreve a doutrina, o recorrente e o próprio auditor fiscal, o surgimento do Plano de Opção pela Compra de Ações – chamado de stock options, deuse na lei da S.A em seu art. 128, o que lhe conferiu inicialmente caráter mercantil. Mas, o objetivo desse lançamento e de toda a discussão acerca do tema, é se o fato de a previsão para outorga de ações ter se dado na lei das S.A, afastaria qualquer possibilidade de considerar o benefício como salário indireto, e por conseguinte, incluílo na base de cálculo de contribuições? Acredito que não! O fato da legislação das S.A ter previsto essa modalidade de pagamento, não a excluiu do conceito do salário de contribuição. Nesse ponto, entendo oportuno a indicação do auditor que a verba não está contida no rol de exclusões do art. 28, §9º, mas devemos nos aprofundar nos fatos indicados no relatório fiscal para constituição do crédito ora sob análise. Tal fato mostrase relevante para evitar que as empresas passem a adotar sistemáticas de remuneração indireta, passando as chamálas de stock options. Vimos, no decorrer dos últimos anos, nascer, disseminar, e morrer diversas formas de pagamentos indiretos, como é o caso das empresas de premiação, que surgiram como ideias legítimas de satisfação dos empregados, ou mesmo de diminuição dos custos das Fl. 1910DF CARF MF Processo nº 16327.720085/201326 Acórdão n.º 9202005.443 CSRFT2 Fl. 1.880 39 empresas. É certo que o planejamento estratégico, muito presente nos dias atuais, tanto na contratação de trabalhadores, como organização das empresas, impulsiona os empresários a buscar formas de vencer no mercado, com a conseqüente diminuição de custos e aumento da eficiência. Mas, não podemos entender que o simples uso de uma nomenclatura seja capaz de excluir determinado benefício do conceito de remuneração. No caso, deve a autoridade fiscal e órgão julgador verificar se na essência o pagamento cumpriu sua premissa básica, aquela na qual original encontravase consubstanciado. Assim, não interessa se a nomenclatura atribuída a verba conferi lhe caráter indenizatório, se o pagamento da mesma consubstanciase em verba com cunho remuneratório. Como defendeu a autoridade fiscal, o caráter remuneratório nasce, na medida que se observa que o benefício concedido surge como um meio indireto de satisfazer o trabalhador, fidelizálo, ou simplesmente oferecerlhe um atrativo, de forma, que o mesmo veja no trabalho prestado na empresa uma possibilidade de remuneração indireta. Destaco, porém, que embora, não concorde com a frase dita de forma isolada, no contexto apresentado pelo auditor, entendo que a conclusão mostrase acertada. Os próprios comunicados e instrumentos de gerenciamento descrevem a nítida intenção de remunerar os trabalhadores por meio do stock options. E aqui, conforme descrito acima, não importa se estamos falando de empregado, ou mesmo prestador de serviços contribuinte individual. O termo “remuneração” deve ser tomado em sua acepção mais ampla, como qualquer pagamento tendente a remunerar o trabalho prestado ou o tempo a disposição do empregador. Partindo do posicionamento acima exposto, o qual já adoto nos meus julgados a respeito do tema, discordo do entendimento da relatora de que a fiscalização não aponta as características do plano que demonstram a sua natureza salarial. Realmente a primeira indicação da auotridade fiscal, é que o plano em questão é na verdade remuneração, mas ao contrário do que tenta demonstrar a relatora foram apreciados pontualmente características que me fazem concordar com o caráter salarial do benefício fornecido. Uma leitura do termo de verificação fiscal, deixa claro, ter a autoridade fiscal se debruçado sobre os planos e demais instrumentos e comunicados gerenciais da empresa, assim, como descrito pelo ilustre relator desse voto. No caso, restou suficientemente demonstrado que a nítida intenção do plano ofertado era de conferir um ganho indireto ao trabalhador, razão pela qual restou caracterizada a sua natureza salarial. Conforme descrito anteriormente, o argumento consistente para que a opção de compra de ações se afasta da natureza remuneratória e assuma a sua condição conceitual é o fato do risco atribuído ao empregado ou contribuinte individual, quando lhe é feita a opção pela compra de ações. Todavia, no presente caso, esse elemento resta mitigado, na medida que a empresa, vai criando políticas que permitem o acesso ao plano sem o desembolso de qualquer valor no momento de assinatura do contrato de opção pela compra de ações. Conforme podemos identificar nos autos não há pagamento no momento da assinatura do contrato de outorga de opção. Ou seja, não estabeleceu a empresa um valor ou antecipação no momento da contratação da outorga, demonstrando que o recorrente simplesmente atribuiu a possibilidade de aquisição (digase que não é obrigatório), permitindo, ao beneficiário a escolha do melhor momento para aquisição das ações (dentro de uma prazo limite estipulado pela empresa). Esse fato mostrase relevante, quando em outras oportunidades (outros planos de stock options) identificouse um desembolso no momento da assinatura do contrato de opção, sem nesse momento exercer qualquer tipo de direito, mas tão somente para Fl. 1911DF CARF MF 40 ter direito de futuramente exercêlas por um preço previamente estipulado. A atribuição de um valor no momento de assinatura do contrato, denotaria um risco, pois se o trabalhador futuramente não tiver interesse em exercer o direito de comprar, não terá direito ao reembolso do valor. Por fim, outro elemento trazido pelo recorrente para afastar a natureza salarial que não merece prosperar, posto que não enseja qualquer risco capaz de afastar a natureza salarial do plano é a impossibilidade de vender metade das ações por um determinado período (denominado lock up). Pelo contrário, entendo que a possibilidade de venda antecipada das ações (no caso de 50%), sem que se tenha cumprido todo o período de carência é que reforça a natureza salarial da verba, pois o beneficiário pode escolher momentos oportunos para realização da venda. Assim, pelas razões apresentadas acima, chego a mesma conclusão do relator de restar nitidamente caracterizado o caráter salarial do plano de stock options ofertado pela recorrente aos seus trabalhadores. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Viera. Fl. 1912DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.000591/2008-94
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/1999 a 31/07/2004
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. TERMO A QUO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO SOBRE AS RUBRICAS LANÇADAS. ART. 173, INCISO I, DO CTN.
O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante de n º 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991.
Não tendo havido pagamento antecipado sobre as rubricas lançadas pela fiscalização, há que se observar o disposto no art. 173, inciso I do CTN.
Numero da decisão: 9202-005.551
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício)
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. TERMO A QUO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO SOBRE AS RUBRICAS LANÇADAS. ART. 173, INCISO I, DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante de n º 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991. Não tendo havido pagamento antecipado sobre as rubricas lançadas pela fiscalização, há que se observar o disposto no art. 173, inciso I do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 05 91 /2 00 8- 94 Fl. 505DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício) Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão n.º 2803 00.770, proferido pela 3ª Turma Especial da 2ª Seção do CARF em 13/05/2011, interpôs recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais com fulcro no art. 67 do regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n.º 256, de 22 de junho de 2009, com a seguinte ementa: A Fazenda Nacional embargou a decisão quem acolhidos parcialmente, externaram um "novo entendimento" da Turma no sentido de manter a exigibilidade do mês de dezembro de 1999, mas que não faria essa alteração naquele momento, obrigando esta Câmara Fl. 506DF CARF MF Processo nº 13888.000591/200894 Acórdão n.º 9202005.551 CSRFT2 Fl. 506 3 Superior a manifestarse quanto à decadência do mês de dezembro de 1999, que segundo aponta a divergência jurisprudencial, deve ter sua cobrança mantida. O contribuinte apresenta contrarrazões para que seja mantida a decisão a quo. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora Pelo constante do processo entendo atendidos os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual conheço o recurso especial da Fazenda Nacional. Já quanto ao mérito, importa frisar que a decisão a quo em tese já contemplaria a decisão do STJ sobre a incidência do art. 173, I do CTN, quando não há pagamentos no período, entretanto, não foi o que prevaleceu, seja no acórdão, seja na decisão dos embargos. O período contido na NFLD abrange as competência de 04/99 a 07/2004, tendo sido consideradas como decaídas, pela Turma a quo, as competências lançadas até 12/1999, inclusive. Entretanto, a competência de dezembro de 1999 não decaiu, pois o crédito somente poderia ser constituído após o vencimento, data na qual se exigia o pagamento antecipado, ou seja, em janeiro de 2000. Com efeito, no julgamento do Resp nº 1.120.295SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 2152010, submetido ao rito dos recursos respectivos (art. 543C do CPC/73) decidiuse que o “prazo prescricional quinquenal para o Fisco exercer a pretensão de cobrança judicial do crédito tributário contase da data estipulada como vencimento para o pagamento da obrigação tributária declarada (mediante DCTF, GIA, entre outros), nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, em que, não obstante cumprido o dever instrumental de declaração da exação devida, não restou adimplida a obrigação principal (pagamento antecipado), nem sobreveio quaisquer das causas suspensivas da exigibilidade do crédito ou interruptivas do prazo prescricional”. Assim, o prazo decadencial possui como termo de início, a teor do art. 173, I do CTN o primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, 1 de janeiro de 2001, o qual findaria somente em 1 de janeiro de 2006. Como visto o lançamento foi cientificado ao contribuinte em 04/11/2005, não havendo, portanto, a decadência de dezembro de 1999. Fl. 507DF CARF MF 4 Outrossim, voto em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 508DF CARF MF
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Numero do processo: 15979.000199/2007-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007
AUTO DE INFRAÇÃO - MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL- APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL - RETROATIVIDADE BENIGNA
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.503
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 AUTO DE INFRAÇÃO - MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL- APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL - RETROATIVIDADE BENIGNA APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 97 9. 00 01 99 /2 00 7- 71 Fl. 350DF CARF MF 2 Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão 2803 00.663, proferido em 14/04/2011, interpôs o presente Recurso Especial. Vejase a Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2007 REMUNERAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. CONTRIBUIÇÃO. A contribuição do segurado empregado encontra respaldo nos artigos 12 inciso I; 20; 28 inciso I, 30 inciso I, todos da Lei n º8.212/91. A contribuição do segurado contribuinte individual encontra respaldo nos artigos art. 12, inciso V; art. 21; art. 28, inciso III, art. 30 inciso II e parágrafos 2o ., 4o . e 5o ., da Lei n º8.212/91. A contribuição a cargo da empresa encontra respaldo legal nos artigos 22 e 33, da Lei n º8.212/91. PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE DO LANÇAMENTO. Há presunção de veracidade dos atos da administração pública que somente se sucumbe quando se demonstra o equívoco do alegado. MULTA. RETROATIVIDADE. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte. O presente lançamento referese à cobrança de contribuições previdenciárias correspondentes à parte da empresa e as destinadas aos Terceiros (Salário Educação, INCRA, SEST, SENAT e SEBRAE), competências 01/2005 a 01/2007, relativas às remunerações de segurados empregados e contribuintes individuais (transportadores autônomos e retirada de prólabore dos sócios), não declarados em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP. Consoante Relatório Fiscal de fls. 54/59, a fiscalização observouse que o contribuinte consta como "não optante pelo simples", tendo sido excluído a partir de 01/01/2000. O contribuinte demonstrou que o Ato Declaratório Executivo DRF/STS n° 11/2005 que determinou sua exclusão foi cancelado mediante decisão da 1° Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento São Paulo, fato este que restabelecia sua condição de empresa optante pelo Simples. Ocorre que, no exercício de 2005, o sujeito passivo espontaneamente adotou a forma de tributação pelo Lucro Presumido ao recolher segundo este sistema o imposto devido referente ao primeiro período de apuração, situação esta definitiva e irretratável, conforme expressa disposição do art. 516 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.000/99. Fl. 351DF CARF MF Processo nº 15979.000199/200771 Acórdão n.º 9202005.503 CSRFT2 Fl. 351 3 Saliente se que o contribuinte ratificou esta opção com a entrega do Ajuste Anual pelo Lucro Presumido (fls. 60/69). Ademais, no exercício de 2005 o sujeito passivo ultrapassou o limite legal para sua possível manutenção no sistema simplificado(receita bruta neste exercício atingiu o montante de R$ 1.548.864,30; sendo que o limite legal vigente para época era de R$ 1.200.000,00, conforme art. 9° da Lei n° 9.317/96). O contribuinte tomou ciência da notificação em 28/03/2007 (fls. 01). Inconformado, apresentou impugnação às folhas 73 a 75. A decisão de primeira instância administrativa fiscal julgou procedente o lançamento, fls. 84 a 90. O contribuinte tomou ciência da decisão em 17/09/2007 (fls. 95), apresentando recurso voluntário em 25/10/2007, fls. 98 a 100, alegando em síntese: a eventual mudança do regime fora por iniciativa da empresa, sem qualquer interesse de prejudicar os recolhimentos exigidos e legais. O regime do ramo de fretes sempre fora o “simples”. A aplicação da multa, não pode prevalecer porque o ato declaratório de excluíla do simples para outro sistema fora por absoluta desconexidade, naturalmente por informações errôneas. não há comprovação do nexo causal de ter praticado a infringência dos não recolhimentos das contribuições aos empregados. Não há ilícito de sonegação. Foram prestadas todas as informações exigidas, inclusive com o fornecimento de documentos. A exclusão do regime “simples” fora por imposição da fiscalização; reitera o desbloqueio da soma que se encontra a disposição da recorrida, por tutela antecipada, atendendo o artigo 273, do C.P.C., também, o 649, do mesmo CODEX, posto que se refere ao pagamento de salários. Requer a dispensa do depósito recursal. A Fazenda se insurgiu contra a aplicação da multa, recurso admitido. O contribuinte, em contrarrazões pugna pelo não conhecimento sob o argumento que a Fazenda somente está revisitando discussão da Turma a quo. É o relatório Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora Na interposição do presente recurso, foram observados os pressupostos gerais de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. A lide tem como objeto a multa a ser aplicada no descumprimento de obrigações principais e obrigações acessórias previdenciárias, cujos fatos geradores ocorreram antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008. Antes de analisar o debate em questão, importante tecer algumas considerações sobre a sistemática da Lei nº 8.212/91 no tocante à penalidade pelo descumprimento das obrigações (principais e acessórias) sob a ótica do princípio da retroatividade benigna. Fl. 352DF CARF MF 4 Como se sabe, a MP nº 449/2008 trouxe relevantes alterações na sistemática das multas aplicáveis. Antes de sua entrada em vigor, o descumprimento das obrigações principais era penalizado da seguinte forma: As obrigações declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, eram sancionadas com multa variável entre 8% a 20%, de acordo com o art. 35, I, da Lei nº 8.212/91 (redação anterior à MP nº 449/2008); As obrigações que não tinham sequer sido lançadas em GFIP, cujos lançamentos se deram de ofício pela autoridade fiscal, eram punidas com a multa variável entre 24% a 50%, nos termos do art. 35, II, da mesma Lei. Caso os créditos fossem incluídos em dívida ativa, a multa aplicável era de 60% a 100%, conforme o inciso III. Em que pese ambas as multas serem denominadas de “multa de mora”, os percentuais diferenciavamse pela existência de uma prévia declaração do tributo ou pelo lançamento de ofício. A nova sistemática trazida pela MP nº 449/2008 estabeleceu uma distinção mais visível entre as multas, denominando de multa de mora a multa incidente sobre as obrigações já declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, e de multa de ofício as obrigações lançadas de ofício pela autoridade fiscal, objetivando abrandar a multa de mora e aplicar uma penalidade mais severa às obrigações lançadas de ofício. Desta forma, a multa pelo pagamento em atraso das obrigações já declaradas (anteriormente prevista no art. 35, I) passou a ser de 0,33% ao dia, limitada a 20%, nos termos do atual art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91, que faz remissão ao art. 61, da Lei nº 9.430/96. Já para as obrigações lançadas de ofício, a multa (antes prevista no art. 35, II) passou a ser fixa, de 75%, nos termos do art. 35A, da mesma Lei, que faz remissão ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96. Quanto às obrigações acessórias, o descumprimento das obrigações era penalizado com as multas previstas no art. 32, §§ 4º, 5º e 6º, da Lei nº 8.212/91. A MP nº 449/2009 revogou os referidos dispositivos, instituindo a multa do art. 32A, da mesma Lei, que é de “R$ 20,00 (vinte reais) para o grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas” e “de 2% ao mês calendário ou fração incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento)”. Como se observa, em determinados pontos a nova sistemática foi mais benéfica ao contribuinte, mas em outros estabeleceu multa mais severa. Assim, para o cálculo das multas incidentes sobre fatos geradores ocorridos antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008, mas realizado após 12/2008, devese levar em conta o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106, do CTN. Assim, sob a ótica do referido princípio, as multas de fatos geradores ocorridos antes de 03/12/2008, mas aplicadas posteriormente a essa data, devem ser calculadas comparando a legislação anterior com a atual, isto porque a Lei nº 8.212/91 é clara ao estabelecer penalidades distintas para o descumprimento das obrigações principais declaradas e pagas em atraso (multa de mora do art. 35, caput), para as obrigações principais lançadas de ofício (multa de ofício do art. 35A) e para o descumprimento de obrigações acessórias ( multa do art. 32A). Todavia, a Receita Federal vem adotando posicionamento no sentido da aplicação de uma multa única quando houver descumprimento de obrigações principais e acessórias, por entender ser a sistemática mais favorável ao contribuinte, em virtude da proibição do bis in idem. Fl. 353DF CARF MF Processo nº 15979.000199/200771 Acórdão n.º 9202005.503 CSRFT2 Fl. 352 5 Desta forma, para o cálculo das multas por descumprimento das obrigações previdenciárias, o Fisco vem adotando a seguinte sistemática, de acordo com o art. 476A, da Instrução Normativa RFB 971/2009, vejamos: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores:(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) Observase, portanto, que ao instituir uma multa única, deixase de estipular qualquer comparação entre os dispositivos anteriores e atuais da Lei nº 8.212/91, considerando se viável a aplicação da multa de ofício de forma generalizada. Em julgados anteriores, vinha adotando o posicionamento de que, em respeito ao art. 106, do CTN, na execução do julgado a autoridade fiscal deverá verificar a situação mais benéfica ao contribuinte a partir da comparação entre as multas anteriormente previstas nos arts. 35, I e II, e 32, com as multas atuais dos arts. 35, caput, 35A e 32A, de acordo com a natureza da infração cometida. Fl. 354DF CARF MF 6 Isto porque, entendo que não é possível admitir que a penalidade por descumprimento de obrigação acessória seja estabelecida de uma forma quando aplicada de forma isolada e de forma distinta quando cumulada com multa referente à obrigação principal, pois não há previsão legal nesse sentido. À Receita Federal cabe implementar meios para recalcular os débitos de forma a aplicar a penalidade mais benéfica ao contribuinte, comparando os dispositivos da lei anterior ao atual, e não criar condições prejudiciais aos contribuintes. Ressalvada minha tese sobre a questão, constatase que o meu posicionamento diverge da posição deste colegiado, que em outros julgados tem se manifestado quase à unanimidade, não fosse o voto divergente da ora relatora, no sentido de dar provimento ao recurso especial da Fazenda, razão pela qual modifico o meu posicionamento para me adequar à jurisprudência deste Conselho. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, para que seja reformado o acórdão recorrido na parte em que determinou a aplicação da multa prevista no art. 35 com redação original da Lei n° 8.212/91, permitindo que a Fazenda Nacional realize a aferição acerca da opção mais benéfica, nos moldes requeridos pela Recorrente, a saber: a soma das duas multas, aplicadas nos Autos de Infração de descumprimento de obrigações principais e acessórias; ou a multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 355DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.002235/2006-02
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
ARL - ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL.
Incabível a manutenção da glosa total da ARL - Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA - Ato Declaratório Ambiental, quando consta a averbação de parte da área na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 9202-005.682
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, momentaneamente, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, substituída pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Joao Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício) e Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Incabível a manutenção da glosa total da ARL Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA Ato Declaratório Ambiental, quando consta a averbação de parte da área na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, momentaneamente, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, substituída pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 22 35 /2 00 6- 02 Fl. 245DF CARF MF 2 Heitor de Souza Lima Junior, Joao Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício) e Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira). Relatório Trata o presente processo, de exigência de ITR Imposto Territorial Rural do exercício de 2002, acrescido de multa de ofício e juros de mora, referente ao imóvel denominado "Fazenda Rio Preso", cadastrado na RFB sob o nº 14586444, tendo em vista glosa da ARL Área de Reserva Legal de 308,0 hectares. Em sessão plenária de 21/09/2010, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 280100.892 (efls. 81 a 85), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 AREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE AVERBAÇÃO. A averbação à margem da matricula do imóvel da Área de Reserva Legal junto ao respectivo cartório de Registro de Imóveis serve de comprovação de sua existência, para efeito de sua exclusão da base de cálculo de ITR conforme previsto na Lei no 9.393/96. Recurso Voluntário Provido em Parte.” A decisão foi assim resumida: “ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para restabelecer Área de Utilização Limitada/Área de Reserva Legal no montante de 153,8 ha. Os Conselheiros Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Tânia Mara Paschoalin e Amarylles Reinaldi e Henriques Resende votaram pelas conclusões.” O processo foi recebido na PGFN em 03/05/2012 (carimbo aposto na RM Relação de Movimentação de efls.87) e, em 04/05/2012, a Fazenda Nacional interpôs o Recurso Especial de efls. 89 a 99 (Relação de Movimentação de efls. 88). O Recurso Especial está fundamentado no art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a necessidade de apresentação tempestiva do ADA Ato Declaratório Ambiental, para exclusão da ARL Área de Reserva Legal da tributação do ITR/2002. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, por meio do Despacho de Admissibilidade de 06/06/2014 (efls. 132 a 134). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: Fl. 246DF CARF MF Processo nº 13971.002235/200602 Acórdão n.º 9202005.682 CSRFT2 Fl. 246 3 para efeito da exclusão das Áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente da incidência do ITR, é necessário que o contribuinte comprove o reconhecimento formal específica e individualmente da área como tal, apresentando o ADA respectivo ou protocolizando requerimento perante o Ibama ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração; a exigência do ADA encontrase consagrada na Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 170, § 1°, com a redação dada pelo art. 1° da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, lei em vigor para o ITR do exercício de 2001; de fato, esse diploma reiterou os termos da Instrução Normativa nº 43/97 e atos posteriores, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de utilização limitada, com vista à redução da incidência do ITR; nesse sentido, confirase o caráter impositivo da norma legal aludida: "Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a titulo de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei n° 10.165, de 2000) (...) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." (grifos do recorrente) assim, a obrigatoriedade de apresentação do ADA ou do protocolo de requerimento para sua emissão é exigência que sempre decorreu da legislação tributária e, atualmente, encontra previsão expressa no art. 17O, § 1º, da Lei n° 6.938/81, em vigor a partir de 27/12/2000, em tudo se aplicando ao ITR do exercício de 2002, tal como é o caso dos autos; da mesma forma, a Instrução Normativa SRF n° 60, de 2001, que revogou a Instrução Normativa SRF n° 73, de 2000, consolidou, em seu art. 17, caput e incisos, a exigência de lei: "Art. 17. Para fins de apuração do ITR, as áreas de interesse ambiental, de preservação permanente ou de utilização limitada serão reconhecidas mediante ato do IBAMA ou órgão delegado por convênio, observado o seguinte: I as áreas de reserva legal e de servidão florestal, para fins de obtenção do ato declaratório do IBAMA, deverão estar averbadas à margem da inscrição da matricula do imóvel no registro de imóveis competente, conforme preceitua a Lei n° 4.771, de 1965; II o contribuinte terá o prazo de seis meses, contado a partir da data final da entrega da DITR, para protocolizar requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA; Fl. 247DF CARF MF 4 III se o contribuinte não requerer, ou se o requerimento não for deferido pelo IBAMA, a Secretaria da Receita Federal fará lançamento suplementar, recalculando o ITR devido." (grifos do recorrente) o Decreto nº 4.382, de 19/09/2002, por sua vez, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do ITR (Regulamento do ITR), e que consolidou toda a base legal deste tributo que se encontrava em vigência à data de sua edição em um único instrumento inclusive a Medida Provisória n° 2.16667/2001 , assim dispõe em seu art. 10: "Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas: I de preservação permanente (Lei n°4.771, de 15 de setembro de 1965 Código Florestal, arts. 2° e 3°, com a redação dada pela Lei n°7.803, de 18 de julho de 1989, art. 1°); II de reserva legal (Lei n° 4.771, de 1965, art. 16, com a redação dada pela Medida Provisória n° 2.16667, de 24 de agosto de 2001, art. 1°); Ill de reserva particular do patrimônio natural (Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, art. 21; Decreto n° 1.922, de 5 de junho de 1996); IV de servidão florestal (Lei n° 4.771, de 1965, art. 44A, acrescentado pela Medida Provisória n° 2.16667, de 2001); V de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas nos incisos I e II do caput deste artigo (Lei n°9.393, de 1996, art. 10, § 1°, inciso II, alínea " h" ); VI comprovadamente imprestáveis para a atividade rural, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual (Lei n°9.393, de 1996, art. 10, § 1°, inciso II, alínea " c" ). (...) § 2° A área total do imóvel deve se referir CI situação existente na data da efetiva entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR. § 3° Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo (Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 170, § 5°, com a redação dada pelo art. 1° da Lei n° 10.165, de 27 de dezembro de 2000); e Fl. 248DF CARF MF Processo nº 13971.002235/200602 Acórdão n.º 9202005.682 CSRFT2 Fl. 247 5 II estar enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos I a VI em 1° de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador do ITR."(grifos do recorrente) a CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit), que tem a competência regimental de interpretar a legislação tributária no âmbito da Secretaria da Receita Federal, editou a Solução de Consulta Interna nº 12, de 21/05/2003, que ratifica o entendimento acima exposto; nos termos da legislação retro, o contribuinte teria o prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR, para protocolizar requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA; logo, ao estabelecer a necessidade de reconhecimento pelo Poder Público, a Administração Tributária, por meio de ato normativo, fixou condição para a não incidência tributária sobre as Áreas de Preservação Permanente e de utilização limitada, elencadas e definidas no Código Florestal e na legislação do ITR; a exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, visto que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, definida no art. 113, §§ 2° e 3°, da Lei n°5.172/1966 (Código Tributário Nacional CTN), ou seja, a ausência do ADA não enseja multa regulamentar o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória mas sim incidência do imposto; por outro lado, é inteiramente equivocado o entendimento, no sentido de que não mais existe a exigência de prazo para apresentação de ADA, em virtude do disposto no § 7° do art. 10 da Lei n°9.393/1996, incluído pelo art. 3° da Medida Provisória n° 2.16667, de 24/08/2001, pelas razões expostas a seguir; a literalidade do texto dispensa maiores comentários; o que não é exigido do declarante é a prévia comprovação das informações prestadas, portanto o contribuinte preenche os dados relativos às Áreas de Preservação Permanente e de utilização limitada, apura e recolhe o imposto devido, e apresenta a sua DITR, sem que lhe seja exigida qualquer comprovação naquele momento; no entanto, caso solicitado pela Secretaria da Receita Federal, o contribuinte deverá apresentar as provas das situações utilizadas para dispensar o pagamento do tributo; o "Manual de Perguntas e Respostas do ITR", editado em 2002 após a edição da Medida Provisória n° 2.16667/2001 disponível no endereço eletrônico da Secretaria da Receita Federal na Internet, ratifica, em suas perguntas de nºs 66 e 67, o entendimento de que não houve qualquer alteração na legislação, no que tange à existência de prazo para requerimento do ADA: "066 Qual é o prazo legal para requerimento do Ato Declaratório Ambiental (ADA)? O ADA deve ser protocolizado no lbama no prazo de até 6 (seis) meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração. Caso o ADA não seja requerido Fl. 249DF CARF MF 6 tempestivamente, ou seja denegado o requerimento, será efetuado lançamento de oficio com os acréscimos legais cabíveis. (Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 170, § 1 °, com a redação dada pela Lei n° 10.165, de 27 de dezembro de 2000, art. 1°)" "067 Caso o Ato Declaratório Ambiental (ADA) não tenha sido requerido, quais as conseqüências? Caso não seja requerido o Ato Declaratório Ambiental (ADA) dentro do prazo legal, poderá ocorrer uma das situações seguintes: 1) o contribuinte poderá pagar a diferença de imposto, com os acréscimos relativos à mora (multa e juros), desde que o faça antes do inicio de qualquer procedimento fiscal tendente a verificar a infração tributária (pagamento espontâneo); ou 2) a Secretaria da Receita Federal (SRF) apurará o ITR efetivamente devido e efetuará, de oficio, o lançamento da diferença de imposto com os acréscimos legais cabíveis. (Lei n° 6.938, de 1981, art. 170, § 1°, com redação dada pela Lei n° 10.165, art. 1°, de 2000)" a obrigatoriedade da apresentação do ADA para o ITR exercício 2002, registrese, é determinação que decorre do art. 170, § 1°, da Lei n° 6.938/1981, alinhandose com a norma que consagrou o beneficio tributário (art. 10, § 1°, II, da Lei n° 9.393/96) e apontando o meio para a comprovação da existência das áreas de utilização limitada e de Preservação Permanente, e com esse desiderato foi prevista a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA; nos termos do art. 17 da IN SRF nº 60/2001 c/c art. 10 do Decreto nº 4.382/2002, para se valer do beneficio, o contribuinte deve protocolar requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA; ora, o exercício do direito do contribuinte está atrelado a uma simples declaração dirigida ao órgão ambiental competente; tratase, por evidente, de norma amplamente favorável ao contribuinte do IIR, que, na hipótese de sua ausência, estaria sujeito a meios de prova notadamente mais complexos e dispendiosos, como, por exemplo, os laudos técnicos elaborados por peritos; o que não se pode conceber é que o contribuinte queira se valer da exclusão das áreas tributáveis da incidência do ITR sem cumprir as exigências previstas na legislação; não é juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da declaração do contribuinte de que sua propriedade está inserida em área de utilização limitada e de Preservação Permanente, não possa a autoridade pública exigir a comprovação do alegado através da documentação competente; o direito ao beneficio legal deve estar documentalmente comprovado, e o ADA, apresentado tempestivamente, é o documento exigido para tal fim; registrese que, no presente processo, não se discute a materialidade, ou seja, a existência efetiva das áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que se busca Fl. 250DF CARF MF Processo nº 13971.002235/200602 Acórdão n.º 9202005.682 CSRFT2 Fl. 248 7 é a comprovação do cumprimento, tempestivo, de uma obrigação prevista na legislação, referente à área de que se trata, para fins de exclusão da tributação; a condição acima referida está vinculada ao aspecto temporal, não sendo coerente nem prudente que a regularização junto ao Ibama das áreas excluídas da tributação do ITR pudesse ser feita a qualquer tempo, de acordo com a conveniência do contribuinte; no caso concreto, o contribuinte não apresentou ADA tempestivamente, não atendendo, portanto, às exigências da legislação do ITR, razão pela qual deve ser mantida a glosa efetivada pela fiscalização das áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente (SIC). Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja admitido e provido o Recurso Especial. Cientificado em 22/08/2014 (AR Aviso de Recebimento de efls. 188), o Contribuinte quedouse silente (Despacho de Encaminhamento de efls. 244). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de exigência do ITR Imposto Territorial Rural do exercício de 2002, tendo em vista glosa da ARL Área de Reserva Legal, sobre a qual a Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal), com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 1989, assim especifica: “Art. 16 (...) § 2.º A reserva legal, assim entendida a área de, no mínimo, 20% (vinte por cento) de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área”. (grifei) Sobre a matéria, o acórdão recorrido assim se manifestou: "De acordo com artigo acima mencionado do Código Floresta a averbação à margem da inscrição de matricula do imóvel é maneira legalmente prevista de comprovar a preservação e conseqüentemente a existência das áreas de Reserva Legal. A recorrente desde a resposta da intimação de fls. 03/04, já havia juntado aos autos certidão do competente cartório de registro de Imóveis, na qual se verificavam averbados 153,85 hectares a título de área de Reserva Legal. Fl. 251DF CARF MF 8 Além da averbação supramencionada, que por si só já constitui prova suficiente, também foi juntado aos autos laudo de Avaliação Técnica que afirma que tantos a área declarada como de Preservação Permanente quanto à de Reserva Legal estão devidamente preservadas." (grifei) Com efeito, a averbação citada no trecho acima foi efetuada em 07/05/1999 (efls.21). Nesse passo, filiome ao posicionamento adotado nesta Câmara Superior de Recursos Fiscais, no sentido de que a averbação da ARL à margem do registro do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, que no presente caso ocorreu em 1º/01/2002, supre a necessidade de apresentação do ADA. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 252DF CARF MF
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Numero do processo: 11075.002100/2007-06
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/1997 a 30/12/2005
PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA
O prazo decadencial para os lançamentos sujeitos a homologação obedece ao art. 150, § 4º, do CTN, quando houver antecipação do pagamento, mesmo que parcial, e ao art. 173, I, do CTN, quando não houver pagamento do tributo. Nos termos da Súmula CARF nº 99, o pagamento antecipado caracteriza-se pelo recolhimento de valor na competência do fato gerador, razão pela qual os fatos geradores devem ser considerados isoladamente.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
Havendo lançamento apenas da obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96.
Numero da decisão: 9202-005.471
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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DECADÊNCIA O prazo decadencial para os lançamentos sujeitos a homologação obedece ao art. 150, § 4º, do CTN, quando houver antecipação do pagamento, mesmo que parcial, e ao art. 173, I, do CTN, quando não houver pagamento do tributo. Nos termos da Súmula CARF nº 99, o pagamento antecipado caracterizase pelo recolhimento de valor na competência do fato gerador, razão pela qual os fatos geradores devem ser considerados isoladamente. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Havendo lançamento apenas da obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. Acordam, ainda, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 5. 00 21 00 /2 00 7- 06 Fl. 499DF CARF MF 2 por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Em sessão plenária de 20 de outubro de 2010, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF julgou Recurso Voluntário, proferindo a decisão consubstanciada no Acórdão n° 230101.688 (efls. 431/439), que decidiu, por unanimidade de votos, dar provimento parcial em relação à decadência de parte do período com base no art. 150, §4º do CTN, cuja ementa é a seguir transcrita: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/1997 a 30/12/2005 Ementa: REMUNERAÇÃO DECLARADA EM GFIP Toda empresa está obrigada a recolher a contribuição devida sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais que lhe prestam serviços. DECADÊNCIA – De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. Fl. 500DF CARF MF Processo nº 11075.002100/200706 Acórdão n.º 9202005.471 CSRFT2 Fl. 500 3 Havendo recolhimento antecipado da contribuição previdenciária devida, aplicase o prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte. O Acórdão foi recepcionado na Procuradoria da Fazenda Nacional em 27/03/2012, RM n° 14904, fl. 391, considerandose intimada 30 (trinta) dias após (§§ 7o ao 9o, do artigo 23, do Decreto n° 70.235/72, com a redação dada pela Lei n° 11.457, de 16/03/2007, D.O.U. de 19/03/2007). Recurso Especial apresentado em 02/04/2012, segundo RM de fl. 392, dentro, portanto, do prazo de 15 (quinze) dias estabelecido no artigo 68 do RICARF. O pedido foi devidamente instruído com cópia do acórdão indicado como paradigma e/ou reprodução integral de sua ementa no corpo do recurso, nos moldes dos §§ 7o a 9o do artigo 67 do RICARF. A Fazenda Nacional se insurge contra o acórdão que declarou a decadência de parte do período pela regra do artigo 150, §4° do CTN para provimento parcial ao recurso (fls. 419verso), entendendo a recorrente que o aresto merece reforma, visto que, segundo seu entendimento, negou vigência ao art. 173, I, do CTN (fls. 385), e que a aplicação dessas normas está umbilicalmente associada à verificação do pagamento parcial antecipado das contribuições e tal exame foi realizado de maneira equivocada na espécie (fls. 398). Segundo a recorrente, o acórdão recorrido diverge do paradigma que apresenta, proferido pela Quinta Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 399). Cientificado do acórdão em 30/05/2012, consoante Termo de Entrega de Documentos acostado aos autos (efl. 456), o contribuinte interpôs, tempestivamente, em 08/06/2012, o Recurso Especial (efls. 461/464), visando a revisão do julgado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF. Recurso este admitido in totum. Já o contribuinte, quando cientificado da decisão, em seu arrazoado, a alega que o acórdão recorrido teria contrariado entendimento já firmado por este com relação à aplicação da multa mais benéfica. Esclarece que o acórdão recorrido entendeu que as competências 02/1997 a 03/2001 estavam decadentes, subsistindo a exigência com relação à competências 04/2001 a 12/2005. Salienta que, em 2009 com a edição da Lei nº 11.941, foram alterados os critérios de multa aplicável aos débitos previdenciárias, portanto, deve ser revisto o crédito remanescente em cotejo com as novas normas que regulam a imposição de penalidades. Histórico Na origem tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição dos segurados, à da empresa, à destinada ao financiamento dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho e aos terceiros. Conforme Relatório da NFLD (fls. 140/147), constitui fato gerador da contribuição lançada o pagamento de remunerações aos segurados empregados e contribuintes individuais, que prestaram serviços à empresa no período entre 02/1997 a 12/2005. Fl. 501DF CARF MF 4 A autoridade lançadora informa que a cooperativa remunerava os serviços prestados por pessoas físicas e não recolhia a contribuição previdenciária devida, incidente sobre esse pagamento, registrandoos nas contas contábeis Honorários Advocatícios, Comissões, Honorários dos Conselhos de Administração e Fiscal, Serviço de Vigilância, entre outras. Relata, ainda, que foram encontrados documentos de Caixa que demonstram a remuneração dos segurados por intermédio de folha complementar, que discriminava pagamento de horas extras de empregados do setor industrial, e que não foram informadas em GFIP. Esclarece que a empresa recolhia suas contribuições para terceiros no FPAS 531, quando o correto era, a partir de 03/97, no FPAS 795, o que gerou uma diferença de contribuições para Terceiros até 09/2003, data em que passou a recolher suas contribuições no FPAS correto. Consta, também, que a cooperativa se compensou de valores indevidos, decorrente de ação judicial ainda não tramitada em julgado, e que foram apurados débitos no período de 03/2000 a 04/2004, e 12/13/2004, quando somente recolheu parte das contribuições devidas. A notificada impugnou o débito e a Secretaria da Receita Previdenciária, por meio da Decisão Notificação nº 19.427.4/0137/2006, fls. 259 a 272, julgou o lançamento procedente. Inconformada com a decisão, a notificada apresentou recurso tempestivo (fls. 275 a 292), repetindo basicamente os argumentos já apresentados na impugnação. Preliminarmente, alega decadência de parte do débito. No mérito, classifica de ilegal e arbitrária a cobrança de contribuição previdenciária sobre a participação de associados em reuniões ordinárias e extraordinárias do conselho fiscal, argumentando ser inaplicável a previsão contida no art. 22, I, da Lei 8.212/91. Salienta que todos os participantes das reuniões dos conselhos deliberativos são associados da cooperativa, pois, por determinação legal, é obrigatória condição de associado, não sendo, portanto, empregados da cooperativa e muito menos trabalhadores avulsos, de onde conclui que inexiste fundamento legal para a imposição fiscal. Sustenta que os valores pagos representam unicamente reembolso de despesas, despendidas pelos associados para comparecerem nas reuniões, e são excluídos da tributação por força do disposto na letra “m”, do § 9o, do art 28, da Lei 8.212/91, uma vez que os associados residem no meio rural, e sua participação nas reuniões demanda tempo e custos. Reitera que a contribuição ao INCRA é desprovida de validade a partir da vigência da Lei 8.212/91 e que a taxa SELIC é inaplicável ao caso em tela. Requeria, por fim, que fosse revisto o percentual de multas apurado, reduzindo em 50%, eis que não existe mais omissão por parte do contribuinte, uma vez que houve a apresentação das GFIPs, protocolizadas em defesa ao AI 35.831.9366, cujas cópias estão acostadas aos autos. É o relatório. Fl. 502DF CARF MF Processo nº 11075.002100/200706 Acórdão n.º 9202005.471 CSRFT2 Fl. 501 5 Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora Recurso da Fazenda Nacional Na interposição do presente recurso, foram observados os pressupostos gerais de admissibilidade, inclusive o de similitude fática, razão pela qual dele conheço. A questão da decadência, a meu ver foi corretamente aplicada pelo acórdão a quo, verbis: A NFLD foi consolidada em 24/04/2006, e sua cientificação ao sujeito passivos. deu cm 25/04/2006, conforme fl. 01, do processo. Constatase que, por qualquer regra do CTN, os levantamentos FPA, HEX e FPT encontramse totalmente decadente. Para os levantamentos FP, CTB e GLO aplicase a regra do art. 150, § 4o, citado acima, uma vez que houve recolhimento antecipado de parte da contribuição devida, conforme informado no Relatório Fiscal e consignado no RADA (fls. 118/19). Portanto, para esses levantamentos ocorreu a decadência dos valores lançados nas competências compreendidas entre 02/1997 a 03/2001, inclusive. Assim conheço e nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Já no que tange ao Recurso do Contribuinte: Na interposição do presente recurso, foram observados os pressupostos gerais de admissibilidade, inclusive o de similitude fática, razão pela qual dele conheço. A lide tem como objeto a multa a ser aplicada no descumprimento de obrigações principais e obrigações acessórias previdenciárias, cujos fatos geradores ocorreram antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008. Antes de analisar o debate em questão, importante tecer algumas considerações sobre a sistemática da Lei nº 8.212/91 no tocante à penalidade pelo descumprimento das obrigações (principais e acessórias) sob a ótica do princípio da retroatividade benigna. Como se sabe, a MP nº 449/2008 trouxe relevantes alterações na sistemática das multas aplicáveis. Antes de sua entrada em vigor, o descumprimento das obrigações principais era penalizado da seguinte forma: As obrigações declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, eram sancionadas com multa variável entre 8% a 20%, de acordo com o art. 35, I, da Lei nº 8.212/91 (redação anterior à MP nº 449/2008); As obrigações que não tinham sequer Fl. 503DF CARF MF 6 sido lançadas em GFIP, cujos lançamentos se deram de ofício pela autoridade fiscal, eram punidas com a multa variável entre 24% a 50%, nos termos do art. 35, II, da mesma Lei. Caso os créditos fossem incluídos em dívida ativa, a multa aplicável era de 60% a 100%, conforme o inciso III. Em que pese ambas as multas serem denominadas de “multa de mora”, os percentuais diferenciavamse pela existência de uma prévia declaração do tributo ou pelo lançamento de ofício. A nova sistemática trazida pela MP nº 449/2008 estabeleceu uma distinção mais visível entre as multas, denominando de multa de mora a multa incidente sobre as obrigações já declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, e de multa de ofício as obrigações lançadas de ofício pela autoridade fiscal, objetivando abrandar a multa de mora e aplicar uma penalidade mais severa às obrigações lançadas de ofício. Desta forma, a multa pelo pagamento em atraso das obrigações já declaradas (anteriormente prevista no art. 35, I) passou a ser de 0,33% ao dia, limitada a 20%, nos termos do atual art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91, que faz remissão ao art. 61, da Lei nº 9.430/96. Já para as obrigações lançadas de ofício, a multa (antes prevista no art. 35, II) passou a ser fixa, de 75%, nos termos do art. 35A, da mesma Lei, que faz remissão ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96. Quanto às obrigações acessórias, o descumprimento das obrigações era penalizado com as multas previstas no art. 32, §§ 4º, 5º e 6º, da Lei nº 8.212/91. A MP nº 449/2009 revogou os referidos dispositivos, instituindo a multa do art. 32A, da mesma Lei, que é de “R$ 20,00 (vinte reais) para o grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas” e “de 2% ao mês calendário ou fração incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento)”. Como se observa, em determinados pontos a nova sistemática foi mais benéfica ao contribuinte, mas em outros estabeleceu multa mais severa. Assim, para o cálculo das multas incidentes sobre fatos geradores ocorridos antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008, mas realizado após 12/2008, devese levar em conta o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106, do CTN. Assim, sob a ótica do referido princípio, as multas de fatos geradores ocorridos antes de 03/12/2008, mas aplicadas posteriormente a essa data, devem ser calculadas comparando a legislação anterior com a atual, isto porque a Lei nº 8.212/91 é clara ao estabelecer penalidades distintas para o descumprimento das obrigações principais declaradas e pagas em atraso (multa de mora do art. 35, caput), para as obrigações principais lançadas de ofício (multa de ofício do art. 35A) e para o descumprimento de obrigações acessórias ( multa do art. 32A). Todavia, a Receita Federal vem adotando posicionamento no sentido da aplicação de uma multa única quando houver descumprimento de obrigações principais e acessórias, por entender ser a sistemática mais favorável ao contribuinte, em virtude da proibição do bis in idem. Desta forma, para o cálculo das multas por descumprimento das obrigações previdenciárias, o Fisco vem adotando a seguinte sistemática, de acordo com o art. 476A, da Instrução Normativa RFB 971/2009, vejamos: Fl. 504DF CARF MF Processo nº 11075.002100/200706 Acórdão n.º 9202005.471 CSRFT2 Fl. 502 7 Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores:(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) Observase, portanto, que ao instituir uma multa única, deixase de estipular qualquer comparação entre os dispositivos anteriores e atuais da Lei nº 8.212/91, considerando se viável a aplicação da multa de ofício de forma generalizada. Apesar de não ter sido o entendimento inicial desta relatora, após exaustivos debates sobre o tema, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: Fl. 505DF CARF MF 8 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. Assim, é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Diante do exposto, dou provimento parcial ao Recurso Especial Contribuinte, para que seja reformado o acórdão recorrido na parte em que determinou a aplicação da multa prevista no art. 35 com redação original da Lei n° 8.212/91, permitindo que a Fazenda Nacional realize a aferição acerca da opção mais benéfica, nos moldes de acordo com a Portaria 14/2009. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 506DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.720207/2008-24
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma.
Numero da decisão: 9202-005.420
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Recorrente INDUMA S/A INDÚSTRIA DE PAPEL E PAPELÃO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 02 07 /2 00 8- 24 Fl. 216DF CARF MF 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o contribuinte por meio do qual exigese a diferença do Imposto Territorial Rural ITR relativo ao exercício de 2006, referente ao imóvel rural denominado Fazenda Carioca I, localizado no Município de TaióSC. Conforme descrição dos fatos (efl. 03) a autuação foi assim resumida pelo órgão fiscal: Área de Reserva Legal não comprovada Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a titulo de reserva legal no imóvel rural. 0 Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Enquadramento Legal ART 10 PAR 1 E INC II E AL "A" L 9393/96 Complemento da Descrição dos Fatos: GLOSA DA AREA DECLARADA COMO DE RESERVA LEGAL MAS CUJA AVERBAÇÃO NA MATRICULA DO IMÓVEL NÃO FOI COMPROVADA, SENDO MANTIDO O VALOR DE 88,0 HECTARES CONSTANTE DA CERTIDÃO DO REGISTRO DE IMÓVEIS DDE(sic) TAIÓ/SC, REFERENTE LIVRO 3B, FOLHA 239, REGISTRO N ° 2405. Exercício ARL Declarado ARL Apurado Averbação ADA 2006 287,9ha 88ha 02/06/1987 (apenas dos 88ha) efls. 25/26 2008 (apenas dos 88ha) efls. 29 Irresignado com a autuação o Contribuinte apresentou Impugnação (efls. 34/55), que foi julgada improcedente conforme o acórdão n° 0420.972, proferido pela DRJ em 02/07/2010, possuindo a seguinte ementa (efls. 78/86): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 RESERVA LEGAL. REQUISITOS. AVERBAÇÃO Por exigência de Lei, para ser considerada isenta, a área de reserva legal deve estar averbada na Matricula do imóvel junto ao Cartório de Registro de Imóveis e ser reconhecida mediante Ato Declaratório Ambiental ADA, cujo requerimento deve ser protocolado dentro do prazo estipulado. Impugnação Improcedente Fl. 217DF CARF MF Processo nº 13971.720207/200824 Acórdão n.º 9202005.420 CSRFT2 Fl. 216 3 Crédito Tributário Mantido Devidamente intimado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 91/110). Em sessão plenária de 03/12/2014, foi julgado o recurso, prolatandose o Acórdão nº 210203.213 (efls. 126/134), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. Áreas de reserva legal são aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, de sorte que a falta da averbação, na data da ocorrência do fato gerador, impede sua exclusão para fins de cálculo da área tributável. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO. Compete à autoridade fiscal rever o lançamento realizado pelo contribuinte, revogando de ofício a isenção quando constate a falta de preenchimento dos requisitos para a concessão do favor. MULTA DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DO NÃOCONFISCO. EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009) JUROS MORATÓRIOS SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 26, 27 e 28/06/2006). Recurso Voluntário Negado Cientificada do acórdão em 02/02/2015 (efls. 140), o Contribuinte interpôs, no dia 13/02/2015, o Recurso Especial de efls. 142/148, com fundamento no artigo 64, II c/c artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, visando rediscutir o restabelecimento da ARL – Área de Reserva Legal declarado, alegando contrariedade à lei nº 9.636, de 1996 e ao art. 16, § 2º, da Lei nº 4.771, de 1965 (com redação dada pela Lei n° 7.803/89). Em exame de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial, conforme o Despacho s/n, de 30/09/2015 (efls. 176/178). O paradigma indicado pela Contribuinte possui a seguinte ementa: Fl. 218DF CARF MF 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2000 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965. Reconhecese o direito à subtração do limite mínimo de 20% da área do imóvel, estabelecido pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965, relativo à área de reserva legal, porquanto, mesmo antes da respectiva averbação, que não é fato constitutivo, mas meramente declaratório, já havia a proteção legal sobre tal área. Recurso especial negado. O contribuinte peticionou reiterando os fundamentos já apresentados em sede do Recurso Especial (efls. 180/182). A Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões sustentando que “a Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 disciplinou o instituto da reserva legal e consagrou a exigência de sua averbação ou registro à margem da inscrição da matrícula do imóvel, vedada “a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou desmembramento da área” (Art. 16 § 2°)” considerando, portanto, a averbação da ARL à margem da matricula do imóvel de caráter constitutivo. (efls. 192/207). Ao final, a Fazenda Nacional pede seja negado provimento ao Recurso Especial, mantendose o inteiro teor da decisão recorrida. O Contribuinte, às efls. 232/236, apresenta petição na qual apresenta argumentação de que ocorreu prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, razão pela qual pede o reconhecimento da extinção do crédito fiscal em discussão. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial do Contribuinte, contra decisão por maioria dos votos proferida em 03/12/2014, foi interposto na modalidade de divergência jurisprudencial previsto nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF). Conhecimento do Recurso Em pese ser o recurso ser tempestivo, fazse necessário analisar outro requisito, qual seja o da divergência jurisprudencial. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 13971.720207/200824 Acórdão n.º 9202005.420 CSRFT2 Fl. 217 5 Analisando mais detidamente a existência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas, entendo que tal requisito não foi observado. A inexistência de divergência jurisprudencial mostrase na medida em que as situações fáticas do presente caso e do caso do acórdão paradigma são distintas. O acórdão paradigma traz a situação em que a ARL foi desconsiderada pela fiscalização pois a averbação se deu em data posterior ao fato gerador. No presente caso a ARL foi desconsiderada pois não há averbação, bem como não a ADA do quantum declarado pelo contribuinte. Portanto, caso a jurisprudência indicada pelo Contribuinte como paradigma fosse aplicada ao presente processo o Contribuinte não teria benefícios, pois segundo o posicionamento contido no acórdão paradigma a averbação deve ser considera ainda que intempestiva, contudo, na presente situação não há que se falar em intempestividade, afinal não há averbação da ARL declarada. Para que se pudesse conhecer do recurso neste ponto, deveria ter sido indicado como paradigma um acórdão onde o relator também tivesse analisado a possibilidade de isenção de ARL mesmo sem averbação à margem da inscrição do imóvel ou ADA. Importante relembrar que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, perante situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas, obviamente que em face de incidências tributárias da mesma espécie. Não estou aqui adentrando ao mérito de estar ou não correto o entendimento descrito no acórdão recorrido, mas que as situações diversas impendem que se avance no conhecimento da questão por parte desta CSRF. Face o exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Especial do Contribuinte pela ausência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e o paradigma apresentado. É como voto. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 220DF CARF MF
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