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Numero do processo: 15983.000710/2010-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 06 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2007, 2008
Ementa:
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE.
Não se conhece do Recurso Voluntário apresentado fora do prazo legal.
Numero da decisão: 2201-002.604
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestividade.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH Relator
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), NATHALIA MESQUITA CEIA, GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA e EDUARDO TADEU FARAH.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece do Recurso Voluntário apresentado fora do prazo legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestividade. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH – Relator Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), NATHALIA MESQUITA CEIA, GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA e EDUARDO TADEU FARAH. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 07 10 /2 01 0- 71 Fl. 432DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto Sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), consubstanciado no Auto de Infração, fls. 03/20, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 99.448,28, calculado até 31/08/2010. A fiscalização apurou falta de recolhimento do imposto retido, nos anos calendário 2006 e 2007, incidente sobre: (i) trabalho assalariado; (ii) trabalho sem vínculo de emprego; (iii) rendimento de capital; (iv) remuneração de serviços profissionais prestados por PJ; e (v) serviços de propaganda. De acordo com o Termo de Verificação e Constatação Fiscal, fls. 19/33, foi efetuado o confronto dos valores declarados na DCTF e na DIRF, exclusivamente “com a finalidade de verificar se a empresa recolheu ou não, integralmente, o IRRF, para fins de instrução do processo de SUSPENSÃO do benefício fiscal da IMUNIDADE TRIBUTÁRIA, cuja responsabilidade pela retenção e recolhimento lhe é devida”. Cientificada do lançamento, a interessada apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: Alega que a exigência não pode subsistir, porque baseada exclusivamente em divergências apontadas na DIRF e DCTF, não condizendo com a realidade. Ademais, diz que parte dos valores devidos foram quitados, tendo sido promovida a inclusão do restante no parcelamento estipulado pela Lei nº 11.941/09, estando, portanto, suspensa a exigibilidade. Em preliminar, protesta pela nulidade do lançamento, pois, “tanto da análise do Termo de Verificação e Constatação Fiscal quanto do Auto de Infração lavrado, verificase que não há qualquer dispositivo legal que discipline o dispositivo legal tido por afrontado pela fiscalização”. Argui não se poder comparar a falta de recolhimento do tributo com a omissão de dados na DCTF. Toma a Instrução Normativa SRF nº 695/06, vigente à época, para apontar as penalidades devidas em razão da falta ou omissão de dados na entrega da referida declaração. E acusa que, da análise do lançamento, não se sabe quais os valores se referem à falta de recolhimento e quais são relativos à falta de informação em DCTF, conforme excertos utilizados pela fiscalização, tomados como exemplo. Argumenta que a atividade do lançamento deve observar diversos princípios, dentre os quais o da legalidade. Cita doutrina, concluindo: “A falta de indicação dos dispositivos legais que ensejaram os valores tidos por devidos, bem como a ausência de discriminação do que se refere a tributo não recolhido e valores omitidos em DCTF, cujas penalidades são totalmente diferentes, além que caracterizar a nulidade do auto de infração, afronta os princípios constitucionais da legalidade, da ampla defesa e do contraditório. Além de afrontar o princípio da legalidade, os direitos constitucionais da ampla defesa e do contraditório, o agente da fiscalização, ao igualar a falta de recolhimento de tributo com a omissão de valores na entrega da DCTF, deixando de apontar os valores que ensejaram cada infração separadamente, deixou de aplicar ainda o princípio da verdade material.” Fl. 433DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 15983.000710/201071 Acórdão n.º 2201002.604 S2C2T1 Fl. 3 3 Cita mais doutrina, agora acerca do princípio da verdade material, segundo o qual a autoridade administrativa lançadora e julgadora tem liberdade para colher as provas necessárias à demonstração do fato jurídico tributário. Acusa que o critério utilizado pela fiscalização para apurar os valores devidos não encontra qualquer respaldo legal, porque, no seu entender, não basta apurar diferenças entre declarações prestadas, devendo ser comprovada a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Por tais razões, julga ter havido ofensa às disposições do art. 10, inciso IV, do Decreto nº 70.235, de 1972, ensejando a nulidade do feito. No mérito, propriamente dito, diz que promoverá a inclusão dos débitos realmente devidos no parcelamento estipulado pela Lei nº 11.941, de 2009. Faz remissão ao item 14.4 do Termo de Verificação e Constatação Fiscal, concluindo que a verdade material não foi buscada, pois “o fiscal se limita a verificar os documentos com base nos números por ele apontados, os quais não possuem sequer fundamentação legal”. A fim de comprovar o parcelamento e a consequente suspensão da exigibilidade, reproduz as tabelas constantes do item 14.4 do Termo de Verificação e Constatação Fiscal, promovendo os apontamentos que julga cabíveis, descritos às fls. 194/211. Encerra com as seguintes conclusões: “À vista do exposto, requer a Impugnante seja acolhida a presente defesa administrativa, tendo em vista que o lançamento afronta o disposto no Decreto nº 70.235/72, mediante a falta de indicação dos dispositivos legais que ensejaram os valores tidos por devidos e a ausência de discriminação do que se refere a tributo não recolhido e valores omitidos em DCTF, afrontando os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Ultrapassada a preliminar argüida, requer a Impugnante seja extinto o lançamento, vez que parte do débito foi liquidado e o remanescente incluído no parcelamento estipulado pela Lei nº 11.941/09.” A 2ª Turma da DRJ em Campinas/SP julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado nas ementas abaixo transcritas: Nulidade. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. Cerceamento do Direito de Defesa. Tendo sido perfeitamente descrito o fato e juridicamente qualificado pelas normas no enquadramento legal pertinente, Fl. 434DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 4 com a elaboração de um conjunto de demonstrativos e planilhas, o qual, combinado com os termos e a descrição dos fatos no auto de infração, demonstra cabalmente a forma como foi apurado e calculado o tributo devido, caracterizando plenamente todos os elementos do fato jurídico tributário, não se vislumbra qualquer prejuízo à contribuinte para a perfeita inteligência acerca da matéria autuada. IRRF. Confronto DIRF X DARF X DCTF. É devido pela fonte pagadora o imposto de renda informado em DIRF que não tenha sido recolhido e nem declarado em DCTF, mormente quando não se logra demonstrar eventual erro no preenchimento das declarações. Impugnação Improcedente Intimada da decisão de primeira instância em 28/01/2013 (fl. 354), a autuada apresenta Recurso Voluntário em 28/02/2013 (fls. 356/424), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O prazo estipulado na legislação para apresentação de Recurso Voluntário é de 30 (trinta) dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, conforme disposição expressa do art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, in verbis: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão. Como se colhe dos autos, a contribuinte tomou ciência da decisão de primeira instância em 28/01/2013, conforme Aviso de Recebimento (AR), fl. 354. Por sua vez, o recurso foi apresentado em 28/02/2013 (fls. 356/424), após ultrapassado o prazo de 30 dias do recebimento da decisão de primeira instância. É forçoso concluir, portanto, pela intempestividade do recurso, o que torna definitiva, na esfera administrativa, a decisão de primeira instância, nos termos do inciso I do art. 42 do Decreto nº 70.235/1972, verbis: Art. 42. São definitivas as decisões: I – de primeira instância, esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; Ressalte que o próprio Recurso Voluntário interposto pela recorrente foi datado de 28/02/2013 (fl. 388). Fl. 435DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 15983.000710/201071 Acórdão n.º 2201002.604 S2C2T1 Fl. 4 5 Isso posto, o Recurso Voluntário não deve ser conhecido. Ante a todo o exposto, voto por não conhecer do recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 436DF CARF MF Impresso em 12/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 10970.000389/2010-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Mar 12 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.177
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto da Conselheira Relatora. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal
Nome do relator: MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGÃO CALOMINO ASTORGA
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto da Conselheira Relatora. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga - Relatora Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. Fl. 543DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 28/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MO NIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 10970.000389/2010-50 Resolução n.º 2202-00.177 S2-C2T2 Fl. 2 2 Relatório Contra o contribuinte acima qualificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 2 a 5, integrado pelos demonstrativos de fls. 6 e 7, pelo qual se exige a importância de R$1.052.056,60, a título de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, acrescida de multa de ofício de 75% e juros de mora, em virtude da apuração de omissão de rendimentos decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, anos-calendário 2006. DA IMPUGNAÇÃO Inconformado, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 181 a 204, instruída com os documentos de fls. 205 e 206, cujo resumo se extraí da decisão recorrida (fl. 291): O sujeito passivo apresentou em 27/08/2010, por intermédio dos procuradores nomeados pelo instrumento de folha 205, a impugnação de fls. 181 a 204, a qual passa pelos seguintes pontos, os quais serão individualmente analisados no VOTO: 1 - destaca o contribuinte a lavratura do presente lançamento tributário; 2 - ressalta o contribuinte a tempestividade da peça impugnatória; 3 - suscita o contribuinte preliminar de nulidade do lançamento fiscal, dada a quebra do sigilo bancário do interessado, sem qualquer autorização judicial; 4 - aponta o contribuinte como questão de mérito, que os depósitos bancários, por si sós, não autorizam o lançamento efetuado, não se constituindo em fato gerador do imposto de renda, tendo em vista não caracterizarem disponibilidade de renda e proventos, não podendo, por consequência, caracterizarem sinais exteriores de riqueza; 5 - afirma o contribuinte que na hipótese de ser aceito como válido um lançamento "baseado apenas em depósitos bancários", que de toda sorte não deve prosperar a exigência da forma como se encontra, devendo ser retirados da autuação depósitos que foram devolvidos, valores decorrentes de empréstimos efetuados, e transferências entre conta correntes de titularidade do mesmo CPF. Por fim, argumenta o defendente que após subtrair os cheques devolvidos, os empréstimos, os valores declarados e as transferências entre contas, o que restou dos depósitos não podem ser considerados como sua renda, sendo esses depósitos apenas movimentação da sua principal atividade exercida no ano de 2006, de intermediário de café entre produtores e indústria, onde o valor 'TRANSITAVA " cm suas contas correntes de pessoa física. Acresce o contribuinte que sobre a referida transação, o impugnante recebia "um percentual módico de no máximo 3% (três por cento) do valor movimentado. E ressalta: "Esses depósitos trazidos no Auto não são rendimentos do recorrente, mas apenas movimentação de sua principal atividade exercida no ano de 2006". Esclarecendo essa atividade exercida, o contribuinte diz que quando era informado por produtores da existência de lotes de produtos para serem vendidos, procurava empresas interessadas na compra, intermediando a transação. Realizado o negócio, o comprador depositava os valores em sua conta corrente, e ele ficava encarregado da entrega da mercadoria adquirida. Fl. 544DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 28/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MO NIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 10970.000389/2010-50 Resolução n.º 2202-00.177 S2-C2T2 Fl. 3 3 Ressalta ainda o contribuinte "era responsável também pelo repasse dos valores ao vendedor/produtor rural, cooperativa ou comerciante, sendo fácil a verificação de inúmeras transferências no ano de 2006 conforme relatórios bancários em anexo". Ainda sobre as atividades comerciais por ele desenvolvidas afirma o interessado que embora movimentasse grandes somas de dinheiro, já que os valores da transação, em sua totalidade, passavam pela sua conta corrente, a sua renda era apenas um pequeno percentual sobre aquela transação que intermediou. Acresce que as notas fiscais eram tiradas diretamente de quem vendeu o produto para o adquirente onde o impugnante exercia o papel de garantidor do negócio, que ele recebia e pagava com o dinheiro que transitava em sua conta corrente, pois tinha o autuado a responsabilidade da mercadoria. Solicita por fim que sejam aceitos os esclarecimentos ora prestados, trazendo, sobre o tema, ementa do Acórdão 104-19405 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A defesa vem instruída com os documentos de íls. 209 a 285. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Apreciando a impugnação apresentada pelo contribuinte, a 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Juiz de Fora (MG) manteve parcialmente o lançamento, proferindo o Acórdão no 09-32.201 (fls. 290 a 296), de 28/10/2010, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de rendimentos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF n° 26). DEPÓSITOS. DATAS E VALORES. ANÁLISE INDIVIDUALIZADA. Para efeito de determinação da receita omitida, os depósitos serão analisados individualizadamente, na forma do artigo 42, § 3°, da Lei n° 9.430/1996. Logo, na hipótese de contribuinte atuando como intermediário em operações comerciais, para ele seja tributado somente em relação à comissão percebida por tais operações, deve apresentar documentação idônea desse negócio jurídico. A decisão a quo excluiu da base de cálculo os cheques devolvidos, no montante de R$633.276,43, assim como a importância de R$14.400,00, correspondente a depósitos Fl. 545DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 28/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MO NIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 10970.000389/2010-50 Resolução n.º 2202-00.177 S2-C2T2 Fl. 4 4 mensais de R$1.200,00, recebidos a título de alugueis devidamente oferecidos à tributação na declaração de ajuste do interessado (fls. 294 e 295). DO RECURSO VOLUNTÁRIO Notificado do Acórdão de primeira instância, em 28/01/2011 (vide documento de fl. 300), o contribuinte interpôs, em 28/02/2011, tempestivamente, o recurso de fls. 334 a 349, expondo as razões de sua irresignação, que não serão aqui minudentemente relatadas em razão do que se prolatará no voto desta Resolução. DA DISTRIBUIÇÃO Processo que compôs o Lote no 02, distribuído para esta Conselheira na sessão pública da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de 25/07/2011, veio digitalizado até à fl. 5421. 1 Processo digital. Numeração do e-processo. O processo físico foi numerado até a fl. 531 (fl. 538 da digitalização). Fl. 546DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 28/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MO NIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 10970.000389/2010-50 Resolução n.º 2202-00.177 S2-C2T2 Fl. 5 5 Voto Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Relatora. A apreciação do presente recurso encontra-se prejudicada por uma questão preliminar, suscitada de ofício por esta relatora com fulcro no art. 62-A, §1o, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pela Portaria MF no 586, de 21 de dezembro de 2010). Com o advento da Portaria MF no 586, de 21 de dezembro de 2010, que alterou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF (aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009), os julgados no âmbito deste Tribunal deverão observar o disposto nas decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C do Código de Processo Civil, devido a inclusão do art. 62-A, in verbis: Art. 62-A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543- C da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1o Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543- B. §2o O sobrestamento de que trata o §1o será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Trata-se de lançamento relativo ao ano-calendário 2006 decorrente da apuração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, prevista no art. 42 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Numa análise preliminar dos autos, observa-se que os extratos bancários que compõem o presente processo foram entregues diretamente pela instituição financeira, sem prévia autorização judicial, com base no art. 3o do Decreto no 3.724, de 10 de janeiro de 2001, conforme consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal às fls. 4 e 5. Sobre o assunto, importa trazer à colação o julgamento do Recurso Especial no 601.314/SP, de 22/10/2009, em que o Supremo Tribunal Federal - STF reconheceu a existência de repercussão geral, nos termos do art. 543-A, §1o, do Código de Processo Civil, combinado com o art. 323, §1o, do Regimento interno do STF, no que diz respeito à constitucionalidade do art. 6o da Lei Complementar no 105, de 2001, no tocante ao fornecimento de informações sobre a movimentação bancária de contribuintes, pelas instituições financeiras, diretamente ao Fisco por meio de procedimento administrativo, sem a prévia autorização judicial, assim como a aplicação retroativa da Lei no 10.174, de 9 de janeiro de 2001, que alterou o art. 11, §3o da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996, e possibilitou que as informações obtidas, referentes à Fl. 547DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 28/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MO NIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 10970.000389/2010-50 Resolução n.º 2202-00.177 S2-C2T2 Fl. 6 6 CPMF, também pudessem ser utilizadas para apurar eventuais créditos relativos a outros tributos, no tocante a exercícios anteriores a sua vigência. O mérito da questão não foi ainda julgado e, portanto, os demais processos que versam sobre a mesma matéria encontram-se sobrestados até o pronunciamento definitivo daquele Tribunal, por força do disposto no art. 543-B, §1o, do Código de Processo Civil. Conclui-se, assim, que parte da discussão no presente processo refere-se à matéria reconhecida como de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal, pendente de decisão definitiva daquele tribunal. Diante de todo o exposto, voto no sentido de SOBRESTAR o julgamento do presente recurso, conforme previsto no art. 62, §1o e 2o, do RICARF. (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga . Fl. 548DF CARF MF Impresso em 02/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 28/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por MARIA LUCIA MO NIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
score : 1.0
Numero do processo: 10735.721451/2009-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO.
É intempestivo o recurso interposto após os 30 (trinta) dias contados da ciência da decisão recorrida, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o do vencimento, ao teor dos arts. 5º e 33 do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 2201-002.597
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestividade.
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente.
Assinado Digitalmente
NATHÁLIA MESQUITA CEIA - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), NATHALIA MESQUITA CEIA, GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA e EDUARDO TADEU FARAH. Presente ao julgamento o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA.
Nome do relator: NATHALIA MESQUITA CEIA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestividade. Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente. Assinado Digitalmente NATHÁLIA MESQUITA CEIA - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), NATHALIA MESQUITA CEIA, GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA e EDUARDO TADEU FARAH. Presente ao julgamento o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. É intempestivo o recurso interposto após os 30 (trinta) dias contados da ciência da decisão recorrida, excluindose o dia do início e incluindose o do vencimento, ao teor dos arts. 5º e 33 do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestividade. Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente. Assinado Digitalmente NATHÁLIA MESQUITA CEIA Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), NATHALIA MESQUITA CEIA, GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA e EDUARDO TADEU FARAH. Presente ao julgamento o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 72 14 51 /2 00 9- 90 Fl. 185DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 17/11/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Por meio da Notificação de Lançamento de fls. 05 lavrada em 30/11/2009, exigese do Contribuinte GRANJA JURITY LTDA o montante de R$ 5.579,58 de imposto territorial rural (ITR), R$ 2.821,59 de juros de mora e R$ 4.184,68 de multa de ofício, totalizando um crédito tributário de R$ 12.585,85, referente exercício 2005, do Sítio Santa Rita situado no Município de Petrópolis/RJ. A Descrição dos Fatos e Enquadramento legal aponta que o lançamento decorreu: (i) da falta de comprovação da Área de Preservação Permanente (APP) e da Área de Interesse Ecológico (AIE) declaradas e (ii) não comprovação do Valor da Terra Nua (VTN) mediante laudo de avaliação do imóvel nos moldes da NBR 14.6533 da ABNT. Às fls. 08 foi juntada espelho da página do SIPT no qual consta os Valores da Terra Nua por aptidão agrícola para o Município de Petrópolis concernente ao exercício de 2005. O Contribuinte foi notificado do lançamento em 11/12/2009, conforme documento de fls. 11, vindo a apresentar Impugnação, em 07/01/2010, acostada às fls. 13, aduzindo: · Discorda do procedimento fiscal, por arbitrar o VTN declarado e pela glosa das citadas áreas ambientais, comprovadas por ADA tempestivo e laudo técnico, transcrevendo a descrição dos fatos e o enquadramento legal, além de informar ter atendido à intimação inicial. · Para contestar o VTN arbitrado com base nos dados superavaliados do SIPT, sistema esse discricionário e inacessível ao contribuinte, anexa laudo técnico de avaliação patrimonial com ART e nos termos das normas da ABNT, elaborado por empresa especializada, que indica estar correto o VTN declarado. · Transcreve parcialmente a legislação de regência e acórdão do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF, para referendar seus argumentos. Na sessão do dia 28/11/2012, a 1ª Turma da DRJ/BSB através do Acórdão 03 49.848, de fls. 101, julgou a Impugnação procedente em parte, para reestabelecer a APP, mantendo a glosa da AIE e o VTN arbitrado nos seguintes termos: DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para fins de isenção do ITR/2005, deverá ser restabelecida a área declarada como de preservação permanente, por ter sido objeto de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado em tempo hábil no IBAMA. DA ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. A área declarada de interesse ecológico, para fins de exclusão do ITR, deveria ter sido objeto de ato específico do órgão competente, federal ou estadual, além de ter o ADA protocolado tempestivamente no IBAMA. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2005 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART/CREA, em consonância com a NBR 14.6533 da ABNT, com fundamentação e grau de precisão II, demonstrando o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis. O Contribuinte foi notificado da decisão em 23/01/2013, conforme AR de fls. 116, apresentando Recurso Voluntário, em 25/02/2013, às fls. 117 e seguintes, aduzindo que: Fl. 186DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 17/11/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10735.721451/200990 Acórdão n.º 2201002.597 S2C2T1 Fl. 3 3 · Ao informar o ADA, não se referiu a áreas de que necessitem de autorização especial para serem consideradas como dedutíveis do cálculo do imposto, e sim, de áreas impróprias para atividade rural, compostas de afloramentos rochosos, inacessíveis e, na sua maioria, de áreas cobertas com mata nativa (mata atlântica), as quais não podem ser removidas e, portanto, imprestáveis para o desenvolvimento de qualquer atividade econômica. · A obrigação de verificar se os dados informados no ADA estão corretos e compatíveis com a realidade no campo é do IBAMA. De posse das informações prestadas, cabe a este órgão, no caso de informações incorretas ou fraudulentas emitir um novo ADA, com as alterações eventualmente verificadas, cabendo então à Receita Federal, em consequência, o lançamento de ofício dos valores decorrentes. · Há processo de desapropriação por parte do INCRA da referida propriedade e de outras duas propriedades, também sob processo administrativo fiscal, que restou infrutífero em razão do reconhecimento por aquela autarquia da reduzida área aproveitável, que é produtiva. · Por recomendação do INCRA, que prosseguiu com um processo de natureza cadastral , foi determinado que as três áreas da Fazenda Jurity, LTDA, fossem reagrupadas em quatro áreas distintas, independentemente do número de matriculas junto ao RGI, mas com quatro novos cadastros, junto ao INCRA. Do trabalho em questão resultaram novos levantamentos topográficos das quatro áreas resultantes, com as respectivas plantas, topografia, mapa de uso e imagens, que junta ao presente processo administrativo fiscal, no intuito de demonstrar que apenas 11% da área total é disponível para utilização pelo Contribuinte. · Esses novos percentuais de utilização já foram objeto de recadastramento no INCRA em 2012, resultando em novos CCIR, contendo de forma discriminada as diversas áreas com as suas respectivas características. Assim, após a abertura dos novos cadastros as áreas passíveis de redução no cálculo do ITR, nas mesmas propriedades, são bem superiores àquelas declaradas atualmente na DITR. · Uma vez que as APP não sofreram alteração, nem as matas nativas uma simples vista sobre as plantas de declividade de usos além da de imagens, que foram anexadas, deixa nítido que de fato as áreas aproveitáveis são diminutas – e atestadas por um órgão oficial – o INCRA. · Quanto ao VTN contesta a afirmação do Acórdão recorrido de que o laudo não veio acompanhado da respectiva ART, uma vez que a mesma seguiu acostada ao laudo, tendo sido encadernada com ele. Entretanto, caso a referida ART tenha sido extraviada junta aos autos novamente a referida ART. · O agente fiscal ao declarar que o laudo não tem validade por não atender às normas da ABNT faltou com a verdade, porque: (i) quem dá credibilidade ao laudo é o CREA através da emissão da ART, específica para aquele procedimento, (ii) para balizar esta afirmação, seria necessário apontar os detalhes omitidos ou falhos, indicando quais os procedimentos relativos à norma da ABNT que não foram considerados, o que não ocorreu, (iii) o laudo somente pode ser contestado, por outro profissional com a mesma expertise. · A referência de uma avaliação, a um exercício posterior àquele objeto da Impugnação, não é razão para que o mesmo seja caracterizado, até porque, por óbvio o valor de Fl. 187DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 17/11/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 uma avaliação de 2007 será sempre superior ao valor levantado para os anos de 2003, 2004 e 2005. Se os valores cadastrados eram superiores ao valor trazido pelo laudo, não é motivo para colocálo em suspeição. É apenas a prova de que não houve subavaliação e principalmente, não houve informações inexatas, incorretas e nem fraudulentas. · A contratada AGROSUISSE manifestouse nessa questão, afirmando que seria muito mais complicado e, consequentemente custoso para a contratante, buscar no ano de 2008 valores referentes a exercícios de 2003 a 2005, sugerindo levantar os dados de 2007, que seriam suficientes e adequados para confirmação dos valores cadastrados. · Uma vez que a fiscalização apontou como alternativa ao laudo de avaliação a apresentação de avaliação oriunda das secretarias estaduais, ou entidades auxiliares ou correlatas, a recorrente junta por ocasião da apresentação do Recurso Voluntário, as Resoluções da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, emitidas ano a ano, a partir do ano de 2009, ano base 2008, divulgando o VTN por hectare, nos municípios do Rio de Janeiro. · Insurgese contra utilização do SIPT uma vez que os contribuintes não possuem acesso ao mesmo. Assim, há falta de transparência nos critérios adotados pelo SIPT, quanto mais quando levado em consideração que a variação do VTN de 2005 para 2008 foi de 394% (de R$ 4.000,00/ha para R$ 15.751,11/ha). É o relatório. Voto Conselheira Nathália Mesquita Ceia. O Recurso Voluntário não atende aos pressupostos de admissibilidade, razão pela qual não conheço. Conforme se verifica da análise das datas apresentadas no relatório supracitado (intimação da decisão da DRJ em 23/01/2013 e apresentação do Recurso Voluntário em 25/02/2013) o Recurso Voluntário apresentado é intempestivo e, portanto, não pode ser conhecido. O Contribuinte tomou ciência do Acórdão por meio de AR de fls. 116 no qual consta como data de recebimento o dia 23/01/2013, uma quartafeira. O Recurso Voluntário foi protocolado em 25/02/2013, uma sextafeira, conforme carimbo na primeira página do Recurso Voluntário de fls. 117. O art. 33 do Decreto nº 70.235/72 dispõe que dentro dos trintas dias seguintes à ciência da decisão caberá Recurso Voluntário: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. A contagem do referido prazo deve ser realizado nos termos do art. 5º do referido diploma legal: Fl. 188DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 17/11/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10735.721451/200990 Acórdão n.º 2201002.597 S2C2T1 Fl. 4 5 Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Assim sendo, tendo em vista que o dia 23/01/2013, dia de recebimento da intimação pelo Contribuinte do Acórdão aquo, foi uma quartafeira, a contagem do prazo para apresentação de Recurso Voluntário, teve seu início no dia 24/01/2013, primeiro dia útil subsequente, uma quinta feira, expirando em 30 dias, ou seja, dia 22/02/2013, uma sexta feira. Vale salientar que os prazos recursais são peremptórios e preclusivos razão pela qual, com o mero decurso in albis do lapso temporal respectivo, extinguese, pleno jure, como sucedeu na espécie, o direito do Contribuinte deduzir o recurso pertinente. Desta feita, impõese a conclusão de que a decisão aquo já se tornou definitiva, nos termos do art. 42 do Decreto nº. 70.235/72: Art. 42. São definitivas as decisões: I de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; II de segunda instância de que não caiba recurso ou, se cabível, quando decorrido o prazo sem sua interposição. Conclusão Diante do exposto, oriento meu voto no sentido não conhecer do Recurso Voluntário. Assinado Digitalmente Nathália Mesquita Ceia Fl. 189DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 17/11/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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Numero do processo: 13502.000107/2009-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA.
O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão.
INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. MATÉRIA SUMULADA
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2)
IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. MATÉRIA SUMULADA
Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. (Súmula CARF nº 12)
IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA LEGAL. UNIÃO.
A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda.
IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS
Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda.
ISENÇÃO. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. NECESSIDADE DE LEI. INTERPRETAÇÃO LITERAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda.
IMPOSTO DE RENDA. MULTA DE OFÍCIO. INFORME DA FONTE PAGADORA. PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. INDUÇÃO AO ERRO. EXCLUSÃO. MATÉRIA SUMULADA
Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. (Súmula CARF nº 73).
IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA.
São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença judicial, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aquelas decorrentes de reclamação trabalhista nas situações em que o trabalhador perde o emprego ou quando a verba principal é isenta ou está fora do campo de incidência do IR, nos termos do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC (STJ).
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. LEGALIDADE. MATÉRIA SUMULADA
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
Numero da decisão: 2201-002.575
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. O Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández votou pela conclusão.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Nathalia Mesquita Ceia, German Alejandro San Martín Fernández, Gustavo Lian Haddad, Francisco Marconi de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah.
Nome do relator: FRACISCO MARCONI DE OLIVEIRA
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NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. MATÉRIA SUMULADA O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2) IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. MATÉRIA SUMULADA Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. (Súmula CARF nº 12) IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA LEGAL. UNIÃO. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda. ISENÇÃO. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. NECESSIDADE DE LEI. INTERPRETAÇÃO LITERAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 01 07 /2 00 9- 95 Fl. 276DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 2 Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda. IMPOSTO DE RENDA. MULTA DE OFÍCIO. INFORME DA FONTE PAGADORA. PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. INDUÇÃO AO ERRO. EXCLUSÃO. MATÉRIA SUMULADA Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. (Súmula CARF nº 73). IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA. São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença judicial, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aquelas decorrentes de reclamação trabalhista nas situações em que o trabalhador perde o emprego ou quando a verba principal é isenta ou está fora do campo de incidência do IR, nos termos do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC (STJ). JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. LEGALIDADE. MATÉRIA SUMULADA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. O Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández votou pela conclusão. (ASSINADO DIGITALMENTE) MARIA HELENA COTTA CARDOZO – Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Nathalia Mesquita Ceia, German Alejandro San Martín Fernández, Gustavo Lian Haddad, Francisco Marconi de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 13502.000107/200995 Acórdão n.º 2201002.575 S2C2T1 Fl. 3 3 Relatório Neste processo foi lavrado o auto de infração do Imposto de Renda de Pessoa Física (fls. 24 a 32), exercícios 2005 a 2007, pela omissão de rendimentos classificados indevidamente como isentos, no qual se apurou o imposto de valor de R$ 71.480,88, acrescido da multa de ofício de R$ 53.610,66 (75%), sobre os quais incidem juros de mora. O julgamento foi sobrestado em 24 de agosto de 2011, por meio da Resolução nº 220200.032, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento (fls. 264 a 270), tendo em vista o disposto no artigo 62A, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF). Porém, com a edição da Portaria nº 545/2013 do Ministério da Fazenda, que revogou o supracitado artigo, os autos foram novamente distribuídos para apreciação. Aproveito para transcrever parte do preciso relatório do Ilustre Conselheiro Relator: IMPUGNAÇÃO Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação (fls. 38 a 103). Alegou, consoante relatório do acórdão de primeira instância (fls. 164 a 165), que: a) o lançamento fiscal teve como objeto verbas recebidas pelo impugnante a título de diferenças de URV, que não representaram qualquer acréscimo patrimonial, mas sim o ressarcimento por erro cometido pela fonte pagadora no cálculo da remuneração paga no período de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001; b) o referido erro ocorreu no procedimento de conversão de cruzeiro real para URV a que eram submetidos os salários pagos aos membros do Ministério Público Estadual. Tal procedimento tinha o intuito de preservar o ganho mensal, compensando as perdas em face dos altos índices de inflação, o que evidencia a feição indenizatória da URV; c) o acordo para o pagamento das diferenças de URV se deu através da Lei Estadual Complementar nº 20, de 08 de setembro de 2003, tendo o impugnante recebido tais valores ao longo dos anos de 2004, 2005 e 2006; d) a referida diferença consistiu apenas em correção do capital, ou seja, recomposição de quantias que deveriam integrar a remuneração ao longo do tempo passado. Não correspondeu a qualquer permuta do trabalho/serviço por moeda que configurasse a natureza salarial. Assim, por ser mera atualização do principal, e por não ter sido implementada em tempo certo, não deveria ser levada à tributação, haja vista o entendimento doutrinário e jurisprudencial, que veda a tributação da correção monetária; e) a mera correção monetária não aumenta ou acresce patrimônio do contribuinte, apenas lhe torna indene das perdas inflacionárias, portanto, não integra a base de cálculo do imposto de renda; f) havia um evidente caráter compensatório da URV desde sua gênese, e as diferenças recebidas representaram uma reparação por danos, tendo clara natureza de indenização, e não de salário. Dessa maneira, por não caracterizar aumento patrimonial, a verba recebida não subsume nos conceitos de renda e proventos de qualquer natureza, previstos no art. 43 do CTN; g) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, deixou claro que o abono conferido aos magistrados federais em razão das diferenças de URV tem natureza indenizatória, e que por esse motivo está isento da contribuição previdenciária e do imposto de renda; Fl. 278DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 4 h) apesar de a citada resolução ter sido dirigida à magistratura federal, é impositiva e legítima a equiparação do tema por analogia às verbas recebidas pelos magistrados estaduais, conforme preceitua o art. 108 do CTN. Negar o caráter indenizatório destas verbas é afrontar o princípio constitucional da isonomia, não só na sua concepção geral, mas, também, no que tange a tratamento diferenciado entre membros do Ministério Público Federal da União e Estadual. Viola, também, o disposto no inciso II do art. 150 da Constituição Federal que proíbe o tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação equivalente; i) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do imposto ao estabelecer no art. 3º da Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga. Implementou todos os pagamentos sem qualquer retenção de IR e informou aos beneficiários dos rendimentos a natureza desta parcela como indenizatória; j) o sujeito passivo da obrigação de tributária, na condição de responsável, era a fonte pagadora, que estava obrigada a reter o imposto. Desta forma, a discussão acerca da classificação dos rendimentos pagos deveria ser travada entre o fisco federal e a fonte pagadora. Entretanto, não se instaurou qualquer procedimento fiscal contra a fonte pagadora, mas sim contra o impugnante, que sofreu os dissabores e ônus da ação fiscal, inclusive com a imposição de multa de ofício e juros moratórios; l) de forma transversa o Estado Membro devedor da obrigação mensal de retenção não exauriu sua obrigação e gerou para o contribuinte o dever de pagar mais imposto; conseqüentemente o Estado se beneficia com os acréscimos que sua inação causou. Assim, ao lançar o tributo nos termos da autuação gera quebra da capacidade contributiva do signatário; m) o impugnante não agiu com intuito de fraude, simulação ou conluio, simplesmente seguiu a informação prestada pela fonte pagadora, e fez constar em suas declarações de rendimentos relativas aos períodos bases de 2004 a 2006 as parcelas recebidas como isentas de tributação. Isto posto, mantida a exigência fiscal, devese observar o princípio da boafé, da qual estava imbuído o impugnante, e afastar a exigência da multa de ofício e juros de mora; n) a informação prestada pela fonte pagadora estava fundamentada na Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV. Portanto, os valores declarados pelo impugnante tratase de informação lastreada em ato normativo expedido por autoridade administrativa, que se enquadra na hipótese do inciso I do art. 100 do CTN. Assim, de acordo com o parágrafo único do mesmo artigo, devem ser afastados a multa de ofício e os juros de mora; o) o lançamento fiscal tributou isoladamente os rendimentos apontados como omitidos, deixando de considerar os rendimentos e deduções já declarados. Caso fosse mantida a tributação das verbas recebidas, caberia sujeitálas ao ajuste anual, o que resultaria em um imposto devido menor; p) parte dos valores recebidos a título de URV se referia à correção incidente sobre 13º salários e férias indenizadas (abono férias), que respectivamente estão sujeitas à tributação exclusiva e isentas, conseqüentemente, mesmo que prevalecesse o entendimento do órgão fiscalizador, caberia a exclusão de tais parcelas na apuração da base de cálculo sujeita ao lançamento fiscal; q) os juros de mora constantes no cálculo da diferença de URV representam um indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio. Assim, os juros de mora têm natureza distinta da originária do principal ao qual incidiu acessoriamente, porque não se constituíram em aquisição de disponibilidade de renda, produto do trabalho remunerado pelo Estado da Bahia. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento baixou o processo em diligência determinando o ajuste do lançamento fiscal para, ao invés de lançar os rendimentos recebidos acumuladamente com base nas tabelas e alíquotas vigentes nos anos de recebimento, o fizesse levando em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global (fls. 156 a 157). Efetuado o procedimento (fls. 158 a 162), o sujeito passivo foi cientificado do resultado da diligência fiscal, mas não se manifestou a respeito. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Fl. 279DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 13502.000107/200995 Acórdão n.º 2201002.575 S2C2T1 Fl. 4 5 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou procedente em parte o lançamento, em julgamento consubstanciado na seguinte ementa (fls. 163 a 166): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário:2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte RECURSO AO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS (CARF) Cientificado da decisão de primeira instância em 7/10/2010 (fl. 166v), o contribuinte apresentou, em 29/10/2010, o recurso de fls. 169 a 252, onde: a) afirma que o acórdão recorrido deixou de enfrentar as questões suscitadas pelo recorrente relativas à falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda que pertence, por determinação constitucional, ao Estado, e que essa omissão caracteriza supressão da instância administrativa, o que viola também o direito do recorrente ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa, devendose anular o julgado e se remeter o processo à instância originária para novo julgamento; b) perora a ilegitimidade ativa da União para cobrança de imposto de renda sobre rendimentos pagos pelo Estado da Bahia, pois a ele pertence o produto de sua arrecadação, nos termos do art. 157 da Constituição Federal, e que esse ente federativo abriu mão dessa arrecadação ao editar a Lei Complementar nº 20; c) pugna pelo caráter indenizatório da parcela recebida a título de URV, citando precedentes judiciais e administrativos nesse sentido; d) argúi violação princípio da isonomia, pois não houve tributação das diferenças de URV pagas aos membros da Magistratura e do Ministério Público da União, devido à edição da Resolução no 245, de 12 de dezembro de 2002, pelo Supremo Tribunal Federal; e) argumenta que o lançamento utilizou alíquotas incorretas do imposto de renda, aplicando as alíquotas de 26,6% e 27,5% para os anos de 1994 e 1998, respectivamente, quando o correto seria 25%, e que foram tributados indevidamente os valores referentes ao 13º salário e férias indenizadas; f) acrescenta que o lançamento está incorreto, pelo fato da autoridade fiscal não ter levado em conta as deduções cabíveis, as quais o recorrente tinha direito; g) defende ser do Estado da Bahia a responsabilidade pelo pagamento do imposto, pois foi ele quem deixou de efetuar a retenção na fonte; h) afirma não ser cabível a aplicação de multa, pois foi a própria Lei Complementar nº 20 que determinou o caráter indenizatório da verba, e que a fonte pagadora informou que os valores pagos eram isentos, tendo ocorrido erro escusável do contribuinte. Além disso, o Ministério da Fazenda, em consulta feita pelo Ministério Público do Estado da Bahia, manifestouse pela inaplicabilidade da multa de ofício; i) solicita a não incidência de multa e juros de mora, pela observância de normas complementares, nos termos do art. 100, parágrafo único do CTN, pois seguiu as orientações da fonte pagadora e da lei estadual, que classificaram os rendimentos como isentos. j) argumenta que não incide imposto de renda sobre os juros moratórios. [...]. É o relatório. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 6 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira O recurso voluntário é tempestivo e, atendidas as demais formalidades, dele tomo conhecimento. Em resumo, as questões tratadas no recurso voluntário são: (a) nulidade da decisão recorrida por falta de enfrentamento de alegações; (b) caráter indenizatório do rendimento (c) violação princípio da isonomia em ralação às verbas pagas aos membros da Magistratura e do Ministério Público da União, (d) aplicação incorreta das alíquotas, (e) não inclusão das deduções cabíveis e o cálculo do imposto sem levar em conta os rendimentos já levados ao ajuste anual, (f) não exclusão da base de cálculo das parcelas de 13º salários e abono de férias; (g) a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto seria do Estado da Bahia, (h) não aplicação de multa por ser erro escusável do contribuinte, (i) não incidência de multa e juros de mora, (j) não incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios aplicado sobre os rendimentos principais. Nulidade da decisão recorrida O recorrente afirma que a decisão da DRJ deixou de enfrentar as questões relacionadas à falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda pertencente, por determinação constitucional, ao Estado, caracterizando assim supressão da instância administrativa, o que violaria o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, devendose anular o julgado. Compulsando os autos, não se vê a indicação expressa dessa tese no âmbito da impugnação. A argumentação do recorrente é no sentido de que a “responsabilidade da fonte pagadora”, seria do “Estado da Bahia através do Ministério Público Estadual e não o contribuinte” que, “de boa fé”, “respeitou a natureza do crédito recebido”. Porém, mesmo assim, constatase que no acórdão da DRJ, ainda que de forma sucinta, a referida matéria foi apreciada. No que toca a alegada legitimidade ativa, a decisão recorrida concluiu que “é da competência exclusiva da União” exigir o imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física (IRPF). Sobre a suposta quebra na capacidade contributiva, entendeu o julgador a quo que a tributação independe da denominação do rendimento, e que as indenizações não gozam de isenção indistintamente. Ressaltese que o julgador não está obrigado a rebater todas as questões levantadas na peça recursal, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão (art. 31 do Decreto nº. 70.235/1972). Por isso, não assiste razão à defesa. Ilegitimidade da União Quanto à alegada legitimidade da União para exigir o tributo, observase que o inciso III do art. 153 da Constituição Federal atribui à União competência exclusiva para legislar sobre imposto de renda e proventos de qualquer natureza. O fato de o produto da arrecadação do imposto de renda retido na fonte pertencer ao Estado, conforme prevê o inciso I Fl. 281DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 13502.000107/200995 Acórdão n.º 2201002.575 S2C2T1 Fl. 5 7 do art.157 da CF, não altera a competência Federal, conforme consta do parágrafo único do art. 6º do Código Tributário Nacional (CTN). A Lei nº 9.250, de 1995, ao disciplinar sobre a elaboração da Declaração Anual de Ajuste, determina nos artigos 7º e 8º que sejam incluídos na base de cálculo do imposto “todos os rendimentos percebidos no anocalendário”, sem qualquer ressalva ao fato de ter havido ou não a respectiva retenção na fonte. Esse também é entendimento constante da Súmula CARF nº 12: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. Portanto, não há relação entre o dever de reter o imposto e o fato de o produto da arrecadação do imposto retido pertencer à Unidade Federada, ou, ainda, com a responsabilidade tributária da fonte pagadora. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual. Capacidade contributiva e inconstitucionalidade O recorrente ainda questiona a sobre a quebra do Princípio Constitucional da Capacidade Contributiva. Entretanto, a administração tributária se submete ao principio da legalidade. Assim, não cabe à autoridade administrativa lançadora e julgadora afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar a inconstitucionalidade da lei, expressamente vedado pelo art. 62 do Regimento Interno do CARF. É importante ressaltar que o citado princípio dirigese ao legislador, que deve observálos quando da elaboração das leis tributárias. Os Órgãos da Administração não podem deixar de aplicar as leis aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pelo Presidente da República, ao qual estão vinculados pelo poder hierárquico. Essa tarefa é reservada pela Constituição Federal ao poder Judiciário. A questão de inconstitucionalidade de lei foi pacificada no CARF por meio da Súmula nº 2, a qual diz: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Rendimentos recebidos, isonomia, base de cálculo e alíquotas Em relação aos rendimentos recebidos em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 08 de 2003, sobre "diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV", apesar de já ter votado em sentido contrário, reviso o meu entendimento para reconhecer que essas diferenças, em sua origem, têm natureza eminentemente salarial, por se incorporarem à remuneração. Tais diferenças se referem a salários (vencimentos) não recebidos ao longo dos anos, sendo o objetivo da ação judicial ou da Lei do Estado da Bahia simplesmente o de pagar ao recorrente aquilo que não fora pago à época. E, nessa condição, incide o imposto nos termos do artigo 43 do CTN, in verbis: Fl. 282DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 8 Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Os valores sobre os quais se lançou o crédito objeto destes autos são, assim, oriundos de rendimentos do trabalho e não verbas indenizatórias, como pretende o recorrente, portanto, de natureza tributária. E, sendo as verbas pagas aos membros do Ministério Público da Bahia por rendimento do trabalho, a elas é aplicado o art. 3º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1998, a seguir reproduzido: Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. Também não se poderia falar em isenções porque estes rendimentos não incluídos naqueles listados no art. 6º da citada Lei. As isenções, por conta da previsão explicita dos art. 176 e 177 do CTN, devem ser sempre decorrente de lei, e interpretada, em função do art. 111 do mesmo Código, de forma literal. Assim, para que as verbas fossem consideradas isentas, seria necessário que a lei ordinária fosse produzida pela casa legislativa detentora da respectiva competência, na forma do art. 153, III, da Constituição Federal. No que diz respeito ao princípio constitucional da isonomia, verificase no caso da Magistratura Federal que o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, regulamentado no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, teve a natureza jurídica conferida pela Resolução nº 245/2002 do Supremo Tribunal Federal. No caso do Ministério Público Federal, o art. 2º da Lei nº 10.477, de 2002, diz expressamente ser aplicável aos membros daquela instituição Pública da União o abono variável concedido pelo art. 6º da Lei no 9.655, de 2 de junho de 1998. Ressaltese que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN/Nº 529/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, reconheceu a natureza indenizatória do abono para a Magistratura Federal e MP Federal, respeitando a interpretação do STF. Portanto, a verba recebida pelos servidores estaduais não é exatamente igual àquela percebida Magistrados e Membros do Ministério Público da União e, uma vez que não há lei federal determinando o mesmo tratamento tributário. Se por um lado o CTN exige a interpretação literal da lei, por outro lado veda o uso da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação semelhantes. Pensar diferente implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º do art. 150 da CF e o art. 176 do CTN. Fl. 283DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 13502.000107/200995 Acórdão n.º 2201002.575 S2C2T1 Fl. 6 9 O contribuinte argumenta que o lançamento utilizou alíquotas incorretas do imposto de renda, aplicando as alíquotas de 26,6% e 27,5% para os anos de 1994 e 1998, respectivamente, quando o correto seria 25%, e que foram tributados indevidamente os valores referentes ao 13º salário e férias indenizadas, bem como por não ter se levado em conta as deduções e rendimentos já declarados. Inicialmente, não se verifica nos comprovantes juntados aos autos a descrição de 13º salário e férias indenizadas dos rendimentos questionados. Por essa razão não é possível fazer qualquer analise ou exclusão de tais valores. Em relação às alíquotas, cabe observar que foi efetuada a revisão do lançamento fiscal para ajustálo ao Parecer PGFN/CRJ n° 287/2009, aprovado pelo Despacho do Ministério da Fazenda S/N, de 11 de maio de 2009, que foi editado nos termos do inciso II do art. 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002, visando dar o mesmo tratamento da jurisprudência pacificada do Superior Tribunal de Justiça. No novo calculo do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, às fls. 159 e 160, foram levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos. Como observou a decisão recorrida, nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas legalmente em suas declarações de ajustes. Juros de mora recebidos em ação judicial O recorrente argumenta que os juros de mora constantes no cálculo da diferença de URV representam um indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio. Sobre esse tema, a jurisprudência corrente do CARF é de que estes juros, por sua característica acessória, seguem a natureza tributável da verba principal, fundamentada no art. 55, inciso XIV, do Decreto nº 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda), que determina serem tributáveis “os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis”. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) em sede de Embargos de Declaração no Recurso Especial nº 1.227.133/RS, julgados na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil (CPC), fixou o entendimento de que não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial. Entretanto, posteriormente, esclareceu que estes seriam restritos às situações de “despedida ou rescisão de contrato de trabalho”. Tal entendimento foi externado quando do julgamento do REsp nº 1.089.720/RS, em 10 de outubro de 2012, relatado pelo Ministro Mauro Campell Marques. Essa decisão definiu o alcance do acórdão proferido no REsp nº 1.227.133RS, que não é amplo, mas sim restrito às situações de perda do emprego ou quando a verba principal é isenta ou está fora do campo de incidência do imposto sobre a renda. Depois, isso fora confirmado pela nota intitulada “Primeira Seção esclarece parâmetros para incidência de IR sobre juros de mora”, publicado pelo STJ em 23 de outubro de 2012, na “Sala de Notícias” (www.stj.gov.br), conforme segue: Fl. 284DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 10 Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu entendimento sobre tema repetidamente submetido aos tribunais: o Imposto de Renda, em regra, incide sobre os juros de mora, inclusive aqueles pagos em reclamação trabalhista. Os juros só são isentos da tributação nas situações em que o trabalhador perde o emprego ou quando a verba principal é isenta ou está fora do campo de incidência do IR (regra do acessório segue o principal). O julgamento, apesar de não ter se dado no rito dos recursos repetitivos previsto pelo artigo 543C do Código de Processo Civil, fixou interpretação para o precedente em recurso representativo da controvérsia REsp. 1.227.133, a fim de orientar os tribunais de segunda instância no tratamento dos recursos que abordam o mesmo tema. [...] (grifos nossos) Esse entendimento foi reiterado nas decisões seguintes, entre elas: AgRg no REsp 1.234.294/RS (11/04/2013) e REsp 1.235.681/RS (18/02/2014). Assim sendo, como os valores contestados decorrem de diferenças salariais, considerados tributáveis, concluíse que incide o imposto de renda sobre os juros de mora recebidos pelo contribuinte. Multas e juros Quanto à imposição da multa de ofício, observase que o contribuinte apenas reproduziu as informações da fonte pagadora. Ou seja, o erro no apontamento da natureza dos rendimentos auferidos foi provocada pela fonte pagadora e não intencionalmente por iniciativa contribuinte. Nesses casos, quando o sujeito passivo é induzido ao erro pela fonte pagadora, que forneceu comprovantes informando os rendimentos como isentos e não tributável, o posicionamento deste Colegiado é que deve ser excluída a penalidade, aplicandose o disposto na Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Por esse motivo, deve ser excluída a multa de ofício aplicada nestes autos, Por fim, o recorrente pede a não incidência de multa e juros de mora, pela observância de normas complementares, nos termos do art. 100, parágrafo único do CTN, pois seguiu as orientações da fonte pagadora e da lei estadual, que classificaram os rendimentos como isentos. Em relação a multa de mora, esta não é objeto de litígio, portanto, não cabe a sua discussão neste autos. No que diz respeito aos juros de mora, este são devidos conforme expressamente afirmado na Súmula CARF nº A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, considerando que, nos termos do artigo 72 do Anexo II do RICARF, as súmulas são de observância obrigatória pelos membros do CARF, não procedem as alegações do recorrente em relação à taxa de juros. O conjunto das questões tratadas nesses autos são muito bem identificadas na ementa do AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.262.609, a seguir transcrito: Fl. 285DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 13502.000107/200995 Acórdão n.º 2201002.575 S2C2T1 Fl. 7 11 TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇA SALARIAL DECORRENTE DA CONVERSÃO DA URV (11,98%). INCIDÊNCIA. RESOLUÇÃO 245 DO STF. INAPLICABILIDADE. JUROS E MULTA. INCIDÊNCIA. 1. Se o recurso especial foi conhecido e examinado em seu mérito, obviamente, a questão que se alega omitida na origem foi tida por prequestionada, o que torna prejudicada a alegação de contrariedade ao art. 535, II, do CPC. Ausência de supressão de instância. 2. As verbas percebidas por servidores públicos resultantes da diferença apurada na conversão de suas remunerações da URV para o Real (11,98%) têm natureza salarial e, portanto, estão sujeitas à incidência do Imposto de Renda. Precedentes. 3. A Resolução Administrativa 245 do Supremo Tribunal Federal é inaplicável ao caso. A mencionada norma faz referência ao abono variável concedido aos magistrados pela Lei 9.655∕1998, e não à parcela correspondente aos 11,98% em favor dos servidores públicos. Precedentes. 4. Dispõe o art. 136 do CTN: "Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato". 5. Se o imposto de renda deixou de ser retido na fonte no momento próprio, sobre o tributo incidem juros de mora e multa, independentemente da boafé do agente, ainda que a ausência de retenção tenha sido imputada à instituição pagadora. 6. A ausência de retenção na fonte pela instituição pagadora não retira a responsabilidade do contribuinte que recebeu o rendimento de submeter a renda à incidência do imposto, arcando, obviamente, com os consectários legais decorrentes do inadimplemento. 7. Agravo regimental não provido. AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.262.609 PE (2011∕01487774) Isto posto, voto em rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Fl. 286DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 8/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 21/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO
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Numero do processo: 11516.008279/2008-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. HIPOSSUFICIÊNCIA. RELAÇÃO CONTRIBUINTE E FISCO. INAPLICABILIDADE NO CAMPO DO DIREITO TRIBUTÁRIO.
O conceito de hipossuficiência não se aplica à relação Fisco/Contribuinte.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
As garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa só se manifestam com o processo administrativo, iniciado com a impugnação do auto de infração. Não existe cerceamento do direito de defesa durante o procedimento inquisitório da ação fiscal.
DECISÕES ADMINISTRATIVAS. SEM CARÁTER DE NORMA GERAL. EXTENSÃO. RESTRITAS AO OBJETO E À AÇÃO ESPECÍFICA.
As decisões administrativas não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão.
IRPF. DEDUÇÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. GLOSA.
As deduções informadas na Declaração de Ajuste Anual estão condicionadas à comprovação de sua ocorrência. A alegação de suposto erro no preenchimento da declaração não é suficiente invalidar o lançamento fiscal.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO. FALTA DE INTENÇÃO. RESPONSABILIDADE.
A responsabilidade por infração independe da intenção do contribuinte.
MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. MESMA BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE.
Improcedente a exigência de multa isolada com base na falta de recolhimento do Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física devido a título de carnê-leão, quando cumulada com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas, em relação às autuações relativas a períodos anteriores a entrada em vigor da MP nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007.
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. LEGALIDADE. MATÉRIA SUMULADA
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
Numero da decisão: 2201-002.601
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa isolada do carnê-leão, aplicada concomitantemente com a multa de ofício.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Nathalia Mesquita Ceia, German Alejandro San Martín Fernández, Gustavo Lian Haddad, Francisco Marconi de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah. Presente aos julgamentos o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva.
Nome do relator: FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. HIPOSSUFICIÊNCIA. RELAÇÃO CONTRIBUINTE E FISCO. INAPLICABILIDADE NO CAMPO DO DIREITO TRIBUTÁRIO. O conceito de hipossuficiência não se aplica à relação Fisco/Contribuinte. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. As garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa só se manifestam com o processo administrativo, iniciado com a impugnação do auto de infração. Não existe cerceamento do direito de defesa durante o procedimento inquisitório da ação fiscal. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. SEM CARÁTER DE NORMA GERAL. EXTENSÃO. RESTRITAS AO OBJETO E À AÇÃO ESPECÍFICA. As decisões administrativas não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. IRPF. DEDUÇÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. GLOSA. As deduções informadas na Declaração de Ajuste Anual estão condicionadas à comprovação de sua ocorrência. A alegação de suposto erro no preenchimento da declaração não é suficiente invalidar o lançamento fiscal. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO. FALTA DE INTENÇÃO. RESPONSABILIDADE. A responsabilidade por infração independe da intenção do contribuinte. MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. MESMA BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE. Improcedente a exigência de multa isolada com base na falta de recolhimento do Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física devido a título de carnê-leão, quando cumulada com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas, em relação às autuações relativas a períodos anteriores a entrada em vigor da MP nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. LEGALIDADE. MATÉRIA SUMULADA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
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HIPOSSUFICIÊNCIA. RELAÇÃO CONTRIBUINTE E FISCO. INAPLICABILIDADE NO CAMPO DO DIREITO TRIBUTÁRIO. O conceito de hipossuficiência não se aplica à relação Fisco/Contribuinte. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. As garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa só se manifestam com o processo administrativo, iniciado com a impugnação do auto de infração. Não existe cerceamento do direito de defesa durante o procedimento inquisitório da ação fiscal. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. SEM CARÁTER DE NORMA GERAL. EXTENSÃO. RESTRITAS AO OBJETO E À AÇÃO ESPECÍFICA. As decisões administrativas não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. IRPF. DEDUÇÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. GLOSA. As deduções informadas na Declaração de Ajuste Anual estão condicionadas à comprovação de sua ocorrência. A alegação de suposto erro no preenchimento da declaração não é suficiente invalidar o lançamento fiscal. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO. FALTA DE INTENÇÃO. RESPONSABILIDADE. A responsabilidade por infração independe da intenção do contribuinte. MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. MESMA BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE. Improcedente a exigência de multa isolada com base na falta de recolhimento do Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física devido a título de carnêleão, quando cumulada com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 82 79 /2 00 8- 41 Fl. 147DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 4/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 2 de rendimentos recebidos de pessoas físicas, em relação às autuações relativas a períodos anteriores a entrada em vigor da MP nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. LEGALIDADE. MATÉRIA SUMULADA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa isolada do carnêleão, aplicada concomitantemente com a multa de ofício. (ASSINADO DIGITALMENTE) MARIA HELENA COTTA CARDOZO – Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Nathalia Mesquita Ceia, German Alejandro San Martín Fernández, Gustavo Lian Haddad, Francisco Marconi de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah. Presente aos julgamentos o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 4/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 11516.008279/200841 Acórdão n.º 2201002.601 S2C2T1 Fl. 3 3 Relatório Neste processo foi lavrado o auto de infração do Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 82 a 97), exercício 2007, no qual se apurou o imposto de valor de R$ 5.301,71, acrescido da multa de ofício de 75% e da multa isolada de 50% pela falta de recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa Física devido a título de CarnêLeão e dos respectivos juros de mora. As infrações apuradas foram: omissão de rendimentos recebidos de pensão alimentícia judicial, dedução indevida com dependente, com despesas médicas e com instrução, além da multa isolada pela falta de recolhimento do carnêleão. A interessada apresentou a impugnação, cujos argumentos foram assim resumidos na decisão recorrida: Afirma que as despesas declaradas como pagas a Iria Heiderscheidt são comprovadas pelos recibos reproduzidos às fls. 56 a 58 e se referem a serviços de enfermagem que esta prestou na residência da Interessada. Argumenta que a autoridade fiscal, ao glosar as deduções declaradas a título de despesas pagas a Iria Heiderscheidt, apenas alegou que as mesmas não são previstas cm lei, sem citar a lei. Aduz que realmente recebeu R$ 26.162.27 a título de rendimentos de pensão alimentícia judicial pagos pelo Sr. Renato Heusi de Almeida, mas que declarou apenas R$ 24.070,12 devido a erro no documento enviado pela Fundação CODESC de Seguridade Social. Dessa forma, tendo em vista que o erro não foi seu, sustenta que deve ser afastada a multa aplicada sobre esta infração. Assevera que na declaração de ajuste anual retificadora que entregou antes do início do procedimento fiscal, excluiu todas as deduções que havia informado a título de dependentes e de despesas com instrução. Alega que a declaração retificadora entregue foi indevidamente desconsiderada pela autoridade fiscal. Diz que a multa isolada aplicada não pode ser mantida, já que, além de não possuir amparo legal, apresenta vícios de forma, de consentimento e de vontade. Sustenta que, "na verdade, a lei não estabelece que o carnêleão só será realizado caso necessário o parcelamento do tributo, o que não é o caso dos autos, vez que a Impugnante pagou o tributo sem o parcelamento”. Por fim, requereu a declaração de nulidade do auto de infração. Os membros da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis (SC), por meio do Acórdão nº 0724.778 (fls. 104 a 107), de 3 de junho de 2011, consideraram a impugnação procedente em parte para considerar a declaração retificadora e com isso excluir as deduções com dependentes e as despesas com instrução informadas na declaração original. Fl. 149DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 4/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 4 Posteriormente, a contribuinte apresentou embargos à decisão por omissões, obscuridade e contradições, analisados como pedido de revisão, que foram prontamente rejeitados por não haver indicação objetiva dos pontos a merecer correção, bem como por não encontrar erros materiais, de escrita ou de cálculos no acórdão. Cientificada, por meio postal em 22 de dezembro de 2011 (fl. 136), o contribuinte interpôs o recurso voluntário em 10 de janeiro de 2012 (fls. 138 a 144), no qual rebate a decisão recorrida nos seguintes pontos: a) se o acórdão recorrido teria aceito a retificadora, não poderia aplicar a multa referente às deduções com despesas de instrução e com dependentes; b) não poderia ser culpada pela falta de informação da Fundação CODESC quanto aos rendimentos recebidos a título de pensão alimentícia; c) despesa médica paga à Unimed Grande Florianópolis; d) despesa médica paga com serviços de enfermagem; e) seria indevida a multa isolada; f) há relação de hipossuficiência do contribuinte em relação à Receita e que houve cerceamento do direito de defesa; g) por fim, requer que a multa seja reduzida a 30% e a taxa de juros de mora seja adequado ao percentual de 1% nos termos do art. 59 da Lei nº 8.383/1991. É o relatório. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 4/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 11516.008279/200841 Acórdão n.º 2201002.601 S2C2T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira O recurso voluntário é tempestivo e, atendidas as demais formalidades, dele tomo conhecimento. A contribuinte apresenta diversas questões no recurso que, para fins de análise, serão assim agrupadas: a) cerceamento do direito de defesa e relação de hipossuficiência do sujeito passivo; b) deduções de despesas médicas; c) não culpabilidade pela falta de informação da Fundação CODESC quanto aos rendimentos recebidos a título de pensão alimentícia; d) inaplicabilidade da multa isolada e da multa de ofício, por serem indevidas sobre as deduções com despesas de instrução e com dependentes excluídas na retificadora aceita, e que sejam reduzidas a 30%; e e) adequação da taxa de juros de mora ao percentual de 1% nos termos do art. 59 da Lei nº 8.383/1991. Hipossuficiência do sujeito passivo e cerceamento do direito de defesa e A contribuinte alega que é hipossuficiente perante a Receita Federal do Brasil e que o agente público teria extrapolado o limite imposto na lei para o exercício das suas atribuições ao deixar de lado as provas e, por mera presunção sem fundamento legal, glosado as despesas comprovadas, bem como por não ter, em momento algum, procurado orientála, e, agindo de forma a condenála, não elucidou suas intenções, ocorrendo assim cerceamento do direito de defesa. O termo “hipossuficiente” tem sua aplicação jurídica em duas hipóteses: no art. 4º da Lei n.º 1.060/50 (Lei de Assistência Judiciária), que concede o benefício da justiça gratuita aos que alegarem pobreza; e na inversão do ônus da prova, prevista no inciso VIII do art. 6º do Código de Defesa do Consumidor. Não há na doutrina e na jurisprudência referências de sua aplicação no campo tributário. A outra alegação diz respeito ao cerceamento do direito de defesa e ao contraditório, previsto no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal. Entretanto, esse direito é uma garantia do processo administrativo, ou seja, da fase litigiosa do procedimento fiscal, iniciado apenas com a impugnação, conforme dispõe o 14 do Decreto nº 70.235, de 1972. No procedimento que antecede a fase litigiosa, a participação do contribuinte se limita ao fornecimento de informações, quando requisitado pela autoridade fiscal. As contestações quanto às informações contidas no auto de infração, aos documentos juntados ou das eventuais irregularidades somente podem ser realizadas no momento da impugnação, quando é iniciado o devido processo administrativo. Assim, considerando que à contribuinte foi possibilitada a defesa por meio da impugnação e do recurso, não se verifica qualquer desacordo às normas legais que caracterize cerceamento do direito de defesa. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 4/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 6 Deduções de despesas médicas A recorrente discorda do posicionamento da DRJ que, a analisar a impugnação, manteve o lançamento. Porém, não há qualquer reparo a ser feita naquela decisão. As alegações da contribuinte são de que este Conselho já teria considerado em outro processo como dedutíveis do imposto de renda as despesas com prestação de serviços de enfermagem, e que no caso da despesa da Unimed teria sido erro no preenchimento da declaração, não intencional, por isso não deveria ser condenada ao pagamento da diferença nem dos juros e multas, conforme já teria sido decido no acórdão nº CSRF nº 0103548. Em relação às deduções com despesas médicas, o art. 8º da Lei nº 9.250, de 1996, permite aquelas relativas aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. As despesas com profissionais de enfermagem apenas são dedutíveis se realizadas por motivo de internação e integrem a fatura emitida pelo estabelecimento hospitalar. No que diz respeito ao suposto erro no preenchimento da declaração, não há amparo legal para atender o pleito da contribuinte, que informou nas declarações como tendo pago despesas médicas à UNIMED Grande Florianópolis no valor de R$ 5.919,84, quando, conforme apurado pela fiscalização, pagou apenas R$ 4.919,84. A simples alegação de erro não invalida o lançamento fiscal. Quanto ao entendimento constante nos Acórdãos proferidos pelas Turmas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, embora eles possam ser utilizados como reforço tese, não estão entre as normas complementares contidas no art. 100 do CTN. Portanto, não são estendidas genericamente a outros casos, aplicandose somente às situações específicas analisada naquele recurso interposto e vinculando unicamente as partes envolvidas no litígio. Assim, correto o lançamento em relação às glosas das despesas médicas. Ausência de culpa quanto aos rendimentos recebidos de pensão alimentícia A contribuinte alega que a omissão teria sido da fonte pagadora e, portanto, não poderia ser responsável por tal erro. Nesse ponto, a auditoria, comparando os documentos apresentados pela Fundação Codesc de Seguridade Social (fls. 15) e pelo Sr. Renato Heusi de Almeida (fls. 18 a 28) com a Declaração de Ajuste Anual de 2007 da contribuinte (fls. 03 e 04), verificou que uma parte dos rendimentos foi equivocadamente lançada como recebidos de Renato Heusi de Almeida no campo “rendimentos recebidos de pessoa jurídica” quando se tratava de rendimentos recebidos de pessoa física. Esses valores foram reclassificados como sujeitos ao carnêleão. Porém, foi verificado que a recorrente não tributou a pensão alimentícia recebida que foi descontada do décimo terceiro salário de Renato Heusi de Almeida (R$ 2.092,15 em dezembro de 2.006). Fl. 152DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 4/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 11516.008279/200841 Acórdão n.º 2201002.601 S2C2T1 Fl. 5 7 Quanto a isso não há qualquer dúvida que os rendimentos oriundos da pensão alimentícia estão integralmente sujeitos à tributação, conforme dispõe o § 1º do art. 3º da Lei nº 7.813, de 1988. Inaplicabilidade da multa isolada cobrança indevida da multa de ofício Em relação às multas, a contribuinte alega diversas questões. A primeira delas, que seriam indevidas sobre as deduções com despesas de instrução e com dependentes excluídas na retificadora aceita na decisão de primeira instância. Entretanto, como se observa na apuração efetuada pela DRJ, tais glosas foram excluídas do lançamento não restando a infração ou quaisquer acréscimos ou penalidades sobre elas. A segunda questão é que a multa de ofício seja reduzida a 30%. Também, não há amparo legal para atendimento ao referido pleito. De acordo com a Lei nº 9.430, de 1996, a multa de ofício, salvo situações em que ocorram qualificação ou agravamento, é de 75% (setenta e cinco por cento): Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] A terceira seria sobre a aplicação da multa isolada, que, nestes autos, é aplicada sobre o rendimento omitido que fora recebido a título de pensão alimentícia e que perfaz a base de cálculo do imposto apurado no lançamento de ofício. Neste caso, filiome ao entendimento proferido nos Acórdãos nº 9202003.163 (glosa de dedução de despesa de Livro Caixa) nº 920202.196 (entre outros, omissão de rendimentos sem vínculo empregatício recebidos de pessoas físicas sujeitos ao CarnêLeão), nº 9202002.297 (omissão de Rendimentos de Fontes no Exterior), n º9202002.743 (entre outros, omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, decorrentes de trabalho sem vinculo empregatício), respectivamente dos Ilustres Conselheiros Relatores Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage (relator designador) e Gustavo Lian Haddad, em cujas decisões têm prevalecido que, havendo diferença de imposto a ser cobrada com a aplicação da multa de ofício, e sendo a mesma base de cálculo, não há que se falar em multa isolada, sendo esta devida apenas quando o imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual houver sido pago, mas havendo omissão do recolhimento do Carnê Leão. Nesses termos, concordo que deve ser reconhecida a impertinência do lançamento concomitante da multa vinculada ao imposto e da multa isolada pelo não recolhimento do CarnêLeão, pois a conduta de não oferecer os rendimentos aqui vergastados no ajuste anual absorveu a conduta do não recolhimento mensal obrigatório. Juros de mora No que se refere à aplicação da taxa de juros, essa questão está superada no âmbito do CARF com a edição da Súmula CARF nº 4, assim redigida: Fl. 153DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 4/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 8 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por esse motivo e considerando que, nos termos do artigo 72 do Anexo II do RICARF, as súmulas são de observância obrigatória pelos membros do CARF, não procedem as alegações do recorrente em relação à taxa de juros. Nesses termos, voto em rejeitar as preliminares e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso da contribuinte para excluir a multa isolada. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator Fl. 154DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 4/11/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 10675.720106/2007-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA / RESERVA LEGAL.
As áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do ITR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA/órgão conveniado, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente ADA, além da averbação tempestiva da área de utilização limitada/reserva legal à margem da matrícula do imóvel.
DO VALOR DA TERRA NUA - VTN
Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base nos VTN/ha apontados no SIPT, exige-se o Laudo Técnico de Avaliação. emitido por profissional habilitado, atenda aos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando, de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN em questão. Laudo apresentado e que atende aos requisitos legais.
Numero da decisão: 2201-004.747
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar o Valor da Terra Nua arbitrado pela fiscalização a partir das informações registradas no Sistema de Preço de Terras - SIPT, restabelecendo-se o VTN declarado.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Douglas Kakazu Kushiyama - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA
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As áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do ITR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA/órgão conveniado, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente ADA, além da averbação tempestiva da área de utilização limitada/reserva legal à margem da matrícula do imóvel. DO VALOR DA TERRA NUA VTN Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base nos VTN/ha apontados no SIPT, exigese o Laudo Técnico de Avaliação. emitido por profissional habilitado, atenda aos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando, de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN em questão. Laudo apresentado e que atende aos requisitos legais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar o Valor da Terra Nua arbitrado pela fiscalização a partir das informações registradas no Sistema de Preço de Terras SIPT, restabelecendose o VTN declarado. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 72 01 06 /2 00 7- 29 Fl. 202DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 160/172, interposto contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), de fls. 158/173, a qual julgou procedente o lançamento de Imposto Territorial Rural ITR, exercício de 2003, acrescido de multa lançada e juros de mora, tendo como objeto o imóvel denominado "Fazenda Vazante", cadastrado na RFB sob o nº 4.048.5560, com área declarada de 2.640,5 ha, localizado no Município de Lagamar/MG. O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado no valor de R$ 211.145,03 (duzentos e onze mil, cento e quarenta e cinco reais e três centavos), já incluídos os juros e a multa. Ante a clareza do Relatório constante da decisão proferida pela DRJ, transcrevo: A ação fiscal, proveniente dos trabalhos de revisão das DITR/2003 incidentes em malha valor, iniciouse com a intimação de fls. 06/07, para o contribuinte apresentar os seguintes documentos de prova: 1° cópia do Ato Declaratório Ambiental ADA requerido junto ao IBAMA; 2° cópia da matrícula do registro imobiliário, caso exista averbação de áreas de reserva legal, de reserva particular do patrimônio natural ou de servidão florestal; 3° cópia do Termo de Responsabilidade/Compromisso de Averbação da Reserva Legal ou Termo de Ajustamento de Conduta da Reserva Legal, acompanhada de certidão emitida pelo Cartório de Registro de Imóveis comprovando que o imóvel não possui matrícula no registro imobiliário; 4° Ato específico do órgão competente federal ou estadual, caso o imóvel ou parte dele tenha sido declarado como área de interesse ecológico; 5º Laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados. A falta de apresentação do laudo de avaliação ensejará o arbitramento do VTN, com base nas informações do SIPT. , Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10675.720106/200729 Acórdão n.º 2201004.747 S2C2T1 Fl. 204 3 Em resposta, foi apresentada correspondência, às fls. 08; e juntados aos autos os documentos de fls. 09/10, 11, 12, 13/14, 15, 16, 17/18, 19/25, 26, 27/57 e 58. No procedimento de análise e verificação da documentação apresentada e das informações constantes da DITR/2003, a autoridade fiscal resolveu glosar integralmente as áreas de utilização limitada de 2.432,4 ha, e alterar, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), instituído pela então SRF, o Valor da Terra Nua (VTN) do imóvel, que passou de R$ 243.240,87 (R$ 92,12 por hectare) para R$ 1.056.200,00 (R$ 400,00 por hectare), com conseqüentes aumentos da área tributável/área aproveitável e do VTN tributável, disto resultando o imposto suplementar de R$89.184,81, conforme demonstrativo às fls. 04. A descrição dos fatos e os enquadramentos legais das infrações, da multa de oficio c dos juros de mora constam às fls. 02/03 e 05. Da Impugnação Recebida a cientificação do lançamento, em 10.12.2007 (fls. 69), apresentou, em 18.01.2008 (fl. 90), impugnação de fls. 71/82, alegando em síntese: Fez um breve relato da exigência fiscal e da tempestividade da impugnação; Discorda da fiscalização, que considerou toda a área do imóvel como aproveitável e afirma que isso não corresponde à verdade material, pois apenas pouco mais de 7% da área total pode ser aproveitada; Esclarece que quase toda a totalidade da área enquadrase como imprestável para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüicola ou florestal, considerando terem sido declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente estadual, conforme declaração do IEF, em anexo; Pelo documento do IEF, 2.432,4 ha foram declarados de interesse ecológico, sendo 2.000 ha de área de preservação permanente e 432,4 ha de área de inclinação, portanto, restou apenas 208,1 ha de área 'aproveitável e que a área declarada de interesse ecológico é imprestável para qualquer exploração pode ser comprovada por meio de Laudo emitido pela EMATER; Ressalta que pelos argumentos e documentos anexados e em nome dos princípios da estrita legalidade e da verdade material, e nos termos do art. 147, § 2º do CTN deve ser considerada como nãoaproveitável a área de 2.432,4 ha, sendo essa área nãotributável e para calcular o GU, deve ser levado em conta como área aproveitável apenas 208,1 ha; Na hipótese de não serem acatados os argumentos anteriores, deve ser retirada, da área aproveitável do imóvel, a área Fl. 204DF CARF MF 4 declarada pelo IEF como de preservação permanente de 2.000,0 ha; Ressalta que a área de preservação permanente nao necessita mais de prévia comprovação por meio do ADA, conforme art. 10 da Lei n° 9.393/96, alterado pela MP n°2.166/2001 e cita Acórdão do Conselho de Contribuintes para referendar a sua tese; Da área aproveitável do imóvel, que é de 208,1 ha, conforme explicado, arrendou 200,0ha para o Sr. Ranulfo Cardoso Naves, conforme contrato anexo, sendo a área explorada por ele; Comprovase essa exploração pela inscrição de produtor rural do arrendante e pela Declaração do Produtor Rural do ano de 2003, que demonstra que existiam no local 90 bovinos, assim, foi devidamente utilizado 200,0 ha do imóvel, resultando no GU de quase 100%, devendo a alíquota ser de 0,30%; Afirma que o VTN arbitrado não tem nenhum embasamento e que por meio de uma presunção, sem qualquer prova concreta, a fiscalização arbitrou um valor de quatro vezes maior do quevale realmente e para isso foi utilizado o SIPT; Considera absurdo a fiscalização considerar que todas as terras de uma região possuem o mesmo valor de mercado; Considera, também, injusto generalizar a potencialidade produtiva de terras, tributar pela média e não admitir a existência das diversidades; Ressalta que antes de fazer o lançamento, com base no SIPT, deveria a fiscalização verificar as condições das terras, e com isso provar a sua alegação, pois alegações vagas, sem comprovação, não possuem qualquer tipo de força em nosso ordenamento jurídico; Afirma que, não obstante a total ausência de provas do fisco, que por si só, são suficientes para o cancelamento do lançamento, o impugnante traz e trará provas robustas de que o valor de mercado de suas terras é o que foi declarado, logo, muito inferior ao que foi alegado; Informa que irá juntar um laudo técnico elaborado por engenheiro agrônomo competente, o qual está em fase de elaboração, e diante mão, anexa, laudo da EMATER/MG, feito em janeiro de 2003, que atribui o valor do imóvel em R$324.707,11; Por fim, requer o cancelamento total do lançamento fiscal e o prazo de quinze dias para juntada de laudo de avaliação. 'Em 07.04.2008, foram juntados ao presente processo, de acordo com o Termo de Juntada, às fls. 146, os documentos de fls. 94/145. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10675.720106/200729 Acórdão n.º 2201004.747 S2C2T1 Fl. 205 5 Quando da apreciação do caso, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) julgou procedente a autuação, conforme ementa abaixo (fls. 143/144): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício : 2003 DA NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO Contendo a notificação de lançamento todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fiscal PAF e tendo sido o procedimento fiscal instaurado em conformidade com as normas e os princípios constitucionais vigentes, possibilitando ao contribuinte exercer plenamente o seu direito de defesa, não há que se falar em qualquer irregularidade que macule o lançamento (Nulidade). DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA / RESERVA LEGAL. As áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do ITR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA/órgão conveniado, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente ADA, além da averbação tempestiva da área de utilização limitada/reserva legal à margem da matrícula do imóvel. DA ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/ INTERESSE ECOLÓGICO Para exclusão dessas áreas de tributação, se faz necessário, além da comprovação da exigência relativa ao ADA, a existência de Ato de órgão competente federal ou estadual reconhecendo as áreas imprestáveis do imóvel como sendo de interesse ecológico. DO VALOR DA TERRA NUA VTN Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base nos VTN/ha apontados no SIPT, exigese o Laudo Técnico de Avaliação. emitido por profissional habilitado, atenda aos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando, de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN em questão. Do Recurso Voluntário O Recorrente, devidamente intimado da decisão da DRJ, conforme aviso de fls. 177, recebido em 20.05.2009, apresentou o recurso voluntário de fls. 178/192. Fl. 206DF CARF MF 6 Em sede de Recurso Voluntário, praticamente repetiu os argumentos em sede de impugnação. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Relator Douglas Kakazu Kushiyama O Recurso interposto pelo contribuinte é tempestivo e, portanto, dele conheço. Da exigência do Ato Declaratório Ambiental para a Área de Preservação Permanente A questão que se discute nos presentes autos é quanto à exigência do protocolo do Ato Declaratório Ambiental ADA dentro do prazo legal, para a Área de Preservação Permanente, bem como a necessidade de averbação tempestiva da reserva legal junto à matrícula do imóvel, para fins de isenção do Imposto Territorial Rural ITR. Vejamos o que dispõe a legislação de regência, quanto à necessidade de protocolo do Ato Declaratório Ambiental ADA dentro do prazo legal, para as áreas de preservação permanente, reserva legal: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; (...) § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10675.720106/200729 Acórdão n.º 2201004.747 S2C2T1 Fl. 206 7 Já o Decreto nº 4.382/02, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, tratou da área tributável da seguinte forma: Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas (Lei nº 9.393, de 1996, art. 10, § 1º, inciso II): I de preservação permanente (Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 Código Florestal, arts. 2º e 3º, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989, art. 1º); II de reserva legal (Lei nº 4.771, de 1965, art. 16, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 24 de agosto de 2001, art. 1º); § 1º A área do imóvel rural que se enquadrar, ainda que parcialmente, em mais de uma das hipóteses previstas no caput deverá ser excluída uma única vez da área total do imóvel, para fins de apuração da área tributável. § 2º A área total do imóvel deve se referir à situação existente na data da efetiva entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR. § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 17O, § 5º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000); e II estar enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos I a VI em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador do ITR. § 4º O IBAMA realizará vistoria por amostragem nos imóveis rurais que tenham utilizado o ADA para os efeitos previstos no § 3º e, caso os dados constantes no Ato não coincidam com os efetivamente levantados por seus técnicos, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, que apurará o ITR efetivamente devido e efetuará, de ofício, o lançamento da diferença de imposto com os acréscimos legais cabíveis (Lei nº 6.938, de 1981, art. 17O, § 5º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 2000). O artigo 17O da Lei n° 6.938/81, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 10.165/00, passou a prever: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, Fl. 208DF CARF MF 8 deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA. (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. Tanto era assim que a Receita Federal, no Manual de Perguntas e Respostas referente ao Exercício 2005, elaborado após a edição das citadas Medidas Provisórias, na Questão 066, embasada na Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 17O, § 1°, com redação dada pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000, art.. 1”, assim orientava: Pergunta 066: Qual é 0 prazo legal para protocolízação do ADA? "O ADA deve ser protocolizado no Ibama ou em órgãos ambientais estaduais delegados por meio de convênio, no prazo de até 6 (seis) ' meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração. " Ou seja, para cada período de incidência do ITR deve ser protocolizado um ADA e não foi o que ocorreu no presente caso. Conforme se verifica do ADA juntado à fl. 17 (nº 10631310008928), foi apresentado em 27/09/2006, de modo que não se presta a isentar o exercício de 2003. Do Valor da Terra Nua VTN Com relação a este ponto, verificouse que houve uma subavaliação, tendo em vista que os valores constantes do Sistema de Preço de Terras (SIPT), instituído pela então SRT em consonância ao art. 14, caput, da Lei nº 9.393/96, razão pela qual o VTN declarado para o imóvel na DITR/2003 de R$ 243.240,87 (R$ 92,12 por hectare) para R$ 1.056.200,00 (R$ 400,00 por hectare), com conseqüentes aumentos da área tributável/área aproveitável e do VTN tributável, disto resultando o imposto suplementar de R$89.184,81, conforme demonstrativo às fls. 04, valor este apurado com base no valor apontado no SIPT fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura de Minas Gerais, nos termos do § 1º do art. 14, da Lei nº 9.393/96. Apesar da apresentação do "Laudo Técnico de Avaliação de Imóvel Rural", fls. 29/59 e estar acompanhado por ART fl. 60/61, não está assinado e referese ao ano de 2001. Por outro lado, foi apresentado outro laudo constante às fls. 100/138, com ART fl. 155/156, que concluiu por um VTN de R$ 275.000,00, conforme se verifica à fl. 134. Merece destaque o fato de que o último laudo apresentado segue a integralidade das normas ABNT, demonstrando com clareza e de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do ITR/2003 (1.01.2003) e a existência de características particulares desfavoráveis, que justificassem a revisão do VTN/ha abaixo do arbitrado pela fiscalização, extraído da SIPT. Neste sentido, verificase a prestabilidade do laudo apresentado, que cumpriu os requisitos da norma ABNT em que é possível considerar, com segurança, que o Valor da Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10675.720106/200729 Acórdão n.º 2201004.747 S2C2T1 Fl. 207 9 Terra Nua VTN arbritrado pela fiscalização está supervalorizado, de modo que mencionado laudo se presta para o fim de desconstituir a imputação de VTN com base no SIPT. Conclusão Em razão do exposto, conheço do recurso voluntário e dou lhe parcial provimento, para afastar o Valor da Terra Nua arbitrado pela fiscalização a partir das informações registradas no Sistema de Preço de Terras SIPT, restabelecendose o VTN conforme constou no laudo, de R$ 275.000,00 (duzentos e setenta e cinco mil reais). (assinado digitalmente) Relator Douglas Kakazu Kushiyama Fl. 210DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.722768/2016-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 03/12/2011
AUTO DE INFRAÇÃO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. ALTERAÇÃO.
Não demonstrada pela autoridade fiscal a existência de dolo, fraude ou simulação, a qualificação da multa de ofício deve ser afastada, restabelecendo-se o percentual de 75 % (setenta e cinco por cento).
Afastados os motivos que levaram à contagem do prazo decadencial como sendo o art. 173, I, do Código Tributário Nacional, a contagem dar-se-á pelo art. 150, § 4º, do CTN.
GRATIFICAÇÃO ESPECIAL.
Por se tratar de gratificação ajustada, incide contribuições sobre a verba paga aos trabalhadores na rescisão de contrato de trabalho sem justa causa.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. INFRINGÊNCIA LEGAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES. POSSIBILIDADE.
O pagamento de participação nos lucros ou resultados em desacordo com a lei de regência viabiliza a incidência das contribuições devidas à Seguridade Social, das contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, bem como das contribuições destinadas a outras entidades ou fundos.
Numero da decisão: 2201-004.761
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2011 a 03/12/2011 AUTO DE INFRAÇÃO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. ALTERAÇÃO. Não demonstrada pela autoridade fiscal a existência de dolo, fraude ou simulação, a qualificação da multa de ofício deve ser afastada, restabelecendo-se o percentual de 75 % (setenta e cinco por cento). Afastados os motivos que levaram à contagem do prazo decadencial como sendo o art. 173, I, do Código Tributário Nacional, a contagem dar-se-á pelo art. 150, § 4º, do CTN. GRATIFICAÇÃO ESPECIAL. Por se tratar de gratificação ajustada, incide contribuições sobre a verba paga aos trabalhadores na rescisão de contrato de trabalho sem justa causa. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. INFRINGÊNCIA LEGAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES. POSSIBILIDADE. O pagamento de participação nos lucros ou resultados em desacordo com a lei de regência viabiliza a incidência das contribuições devidas à Seguridade Social, das contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, bem como das contribuições destinadas a outras entidades ou fundos.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 03/12/2011 AUTO DE INFRAÇÃO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. ALTERAÇÃO. Não demonstrada pela autoridade fiscal a existência de dolo, fraude ou simulação, a qualificação da multa de ofício deve ser afastada, restabelecendose o percentual de 75 % (setenta e cinco por cento). Afastados os motivos que levaram à contagem do prazo decadencial como sendo o art. 173, I, do Código Tributário Nacional, a contagem darseá pelo art. 150, § 4º, do CTN. GRATIFICAÇÃO ESPECIAL. Por se tratar de gratificação ajustada, incide contribuições sobre a verba paga aos trabalhadores na rescisão de contrato de trabalho sem justa causa. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. INFRINGÊNCIA LEGAL. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES. POSSIBILIDADE. O pagamento de participação nos lucros ou resultados em desacordo com a lei de regência viabiliza a incidência das contribuições devidas à Seguridade Social, das contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, bem como das contribuições destinadas a outras entidades ou fundos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 27 68 /2 01 6- 23 Fl. 5954DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.955 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório Tratamse de Recursos de Ofício e Voluntário contra o acórdão nº 0963.622 5a Turma da DRJ/JFA, que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Adotamos, em parte, o relatório da decisão de primeira instância, por bem sintetizar os fatos: Tratase de Auto de Infração acostado às fls.4350/4563, emitido em 13/12/2016, para cobrança das contribuições previdenciárias patronais destinadas ao custeio da Seguridade Social, no valor de R$ 45.724.861,84 relativo ao período de 01/01/2011 a 30/12/2011, abrangendo vários estabelecimentos da empresa, no percentual de 20% (vinte por cento) e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT), incidentes sobre a remuneração de segurados empregados com fixação de multa de ofício qualificada de 150%. Neste processo às fls. 3898/4348 foram exigidas as contribuições destinadas ao custeio da outras entidades e fundos SENAC; SESC; SESI, SENAI, INCRA; SALÁRIOEDUCAÇÃO; SEBRAE, no montante de R$ 11.000.639,60 incidentes sobre a remuneração de segurados empregados, com fixação de multa de ofício qualificada no percentual de 150%. Os fatos geradores relativos à contribuição patronal, ao GILRAT e diferença da FAP, foram identificados como verbas não oferecidas à tributação relativas a: Prêmios; Ajuda de Custo; Gratificação; PLR Participação nos Lucros ou Resultados. Somente com a exigência da contribuição patronal foram apurados os fatos geradores decorrentes de: Valores Pagos a Contribuintes Individuais. Fl. 5955DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.956 3 o Auditor apresenta, por estabelecimento, planilhas contendo: fls. 4568/ 4569 o valor, fls.4591/4594 a identificação dos trabalhadores recebedores da ajuda de custo; fls 4570/4576 as diferenças entre GFIP e FP na base de calculo de pagamentos a Carreteiros , diretores e contribuintes individuais diversos; fls.4577 o valor, fls. 4595 a identificação dos diretores não empregados com FGTS que receberam gratificação na competência 02/2011; fls. 4578 o valor e fls. 4597/4598 a identificação dos trabalhadores que receberam gratificação de liberalidade; fls. 4579 o valor e fls. 4598/4598 a identificação dos empregados que receberam o prêmio de inovação em três estabelecimentos nas competências 02/2011; 05/2011 e 11/2011; fls. 4580/4590 o valor por competência e fls. 4599/4949 a identificação dos trabalhadores que receberam parcelas do programa, antecipações e diferenças de PLR; fls. 4950/4952 quadro comparativo entre os valores recebidos a título de salários ou de prólabore. No Termo de Verificação Fiscal do Auto de Infração de fls.3861/3897 o Auditor, após descrever, detalhadamente, todas as intimações feitas durante a ação fiscal, indicando as datas e os seus motivos, justifica a apuração dos fatos geradores, nos seguintes termos: Como se vê, da leitura do art. 22, I e do art, 28, I da Lei n° 8.212/91 e, ainda, do art. 201, § 1° do RPS, que somente é exigido o requisito da habitualidade no que diz respeito ao "salário in natura”, por incluir, expressamente, no conceito de remuneração os "ganhos habituais sob a forma de utilidades", sem fazer menção ao requisito habitualidade para os pagamentos em espécie. Logo, como as verbas foram pagas em espécie, não há que se falar em habitualidade ou não, devendo a empresa ter declarado o valor em GFIP. Ad argumentandum tantum, caso fosse entendido pela empresa que as referidas verbas pagas aos empregados e aos contribuintes individuais tivessem a natureza de verbas eventuais, estando, portanto, amparadas pela isenção concedida pelo art. 28, § 9°, alínea "e", item "7", da Lei n° 8.212/91, também estaria cometendo um equívoco a empresa, pois a eventualidade aqui trazida referese tãosomente a casos fortuitos, ou seja, que não são previsíveis. Convém reforçar que os maiores valores das Gratificações por Liberalidade e à Diretoria, bem como, Ajuda de Custo foram pagos a gerentes e gestores da empresa, o que demonstra total Fl. 5956DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.957 4 vinculação desses pagamentos às remunerações a que tinham direito. Anexamos planilha que demonstram, por amostragem, os valores pagos no ano de 2011, a título de Gratificações por Liberalidade aos segurados empregados e a contribuintes individuais. É de se perceber que as gratificações correspondem a grande parcela dos salários dos segurados, podendo ainda em alguns casos, serem bem maiores que o salário anual e que, coincidentemente, os contribuintes individuais receberam a Gratificação de Diretoria no mesmo mês que os empregados receberam PPR. Quanto ao Prêmio Inovação, também não há nada na legislação que exonere a incidência da contribuição social sobre esta rubrica. Por fim, não há qualquer embasamento legal, ou judicial, que autorizasse a empresa a deixar de declarar e recolher a contribuição previdenciária e a contribuição devida a outras entidades e fundos sobre essas rubrica à Diretoria, bem como, Ajuda de Custo foram pagos a gerentes e gestores da empresa, o que demonstra total vinculação desses pagamentos às remunerações a que tinham direito. Em razão da falta de declaração em GFIP de todos os fatos geradores relacionados aos pagamentos efetuados a contribuintes individuais, os mesmos também são objeto do presente levantamento. Sobre o Programa de Participação nos Resultados PLR no Termo de Verificação Fiscal (fls. 3884), o Auditor primeiro indicada toda a legislação de regência e, especificamente, com relação a representação dos empregados, como irregularidades diz que: o Instrumento Particular de Acordo da Participação nos Resultados está datado de 20/12/2011, contém assinaturas de dois representantes da empresa, constam os nomes da comissão dos empregados, mas assinatura de apenas um deles, o campo de assinatura dos demais está em branco, não consta nome do representante sindical que assinou. a Procuração dos representantes, Sra. Merinalva Correa Fontes, Sr Christiano de Aguiar Moreno e Sr. Rodrigo Rios, que homologaram o Acordo Coletivo de Trabalho e os Acordos sobre o Programa de Participação nos Resultados da Empresa, continha data posterior às assinaturas do referido Acordo. os representantes do Sindicato constantes nas atas como participantes das negociações do acordo, Hermes Ricardo Lima Pertence e José Aparecido Duarte, não constam do próprio Acordo, que menciona como representante do Sindicato, Sr Sidnei Fernandes Cruz. não ficou demonstrado quem assinou pelos sindicatos, pois no campo do Sindicato de SP existe somente uma rubrica. Os Fl. 5957DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.958 5 campos destinados às assinaturas dos representantes legais dos outros sindicatos envolvidos (Bauru, Piracicaba, São José dos Campos, Campinas, Santo André, Embu, São Miguel Paulista) estão em branco. mesmo intimada várias vezes, a empresa não comprovou o arquivamento do acordo celebrado na respectiva entidade Sindical. algumas das procurações de Sindicatos de empregados, autorizando o Sr. Sidnei Cruz (nome contido no corpo do Acordo), a representálos na negociação, estavam totalmente ilegíveis, outras, em folha de papel simples, sem timbre do respectivo Sindicato, apenas com assinaturas, sem firma reconhecida e sem identificar quem assinou e se o mesmo tinha poderes para tanto, e, num dos casos, a data da procuração era de ano posterior à assinatura do Acordo, 2012. a Procuração da unidade Piracicaba apresentada estava totalmente ilegível e pareceu constar no corpo da mesma, poderes para o ano de 2009 e a assinatura data de 11/2011; nas procurações de Santo André e de Bauru, os poderes de representação são para negociações coletivas de data base em 01/10/2011, não especifica negociações de PPR, sendo que para esta última, nem mesmo papel timbrado do Sindicato foi utilizado. A de São José dos Campos está com data de 28/09/2012, ano posterior ao ano em fiscalização que é 2011. deixou de apresentar a Ata de Eleição da Comissão constituída para representar os empregados na negociação do PPR. Atendendo a este pedido apresentou o termo de Acordo Coletivo já apresentado anteriormente, pela Ata de Negociação foi possível constatar que o representante do Sindicato questionou à identidade e legitimidade da Comissão eleita pela empresa, pois alegou não ter existido a participação do Sindicato na eleição e na composição, deixa expresso que não reconhece a Comissão eleita e que gostaria de conversar em particular com 100% das pessoas da comissão, sem interferência do DHO, como também, solicita relação dos empregados eleitos para a Comissão. Outro questionamento é a retirada das cláusulas do PPR referente a diferenciação de GS (Grupo Salarial), que entendem ser discriminatório aos empregados (são pagos valores diferenciados às pessoas que tem cargo de gestão). Com relação ao conteúdo dos Termos de Formalização dos programas o Auditor registra que foram fixadas metas coletivas e mistas e que o enquadramento dos empregados observou os seguintes critérios: Os empregados enquadrados até o GS (grupo salarial) 31 estão sujeitos ao cumprimento de metas coletivas. Os empregados enquadrados no GS 32 e acima, estão sujeitos a metas mistas Fl. 5958DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.959 6 (individuais e coletivas) por ocuparem cargos de gestão, são os ocupantes de cargo de diretoria, gerência e coordenação. Na composição dos pagamentos aos gestores, constantes do GS 36 e acima, verificouse a existem valores pagos como metas diferidas, de acordo com as tabelas de apuração do cálculo dos pagamentos apresentadas, no entanto, a referida meta não está prevista no Acordo Coletivo apresentado, não faz parte de nenhuma cláusula do Acordo. Não há regras claras que disponha sobre esta modalidade diferenciada de participação nos resultados, apenas é mencionado em Termo Aditivo, vide item 65 acima, onde se cita que permanecem inalterados os critérios do PPR Diferido. Intimada a esclarecer a meta diferida informou que são pagas três anos depois de sucessivos cumprimentos de metas. A empresa possui próximo de 200 estabelecimentos, sendo que a maioria deles foi por incorporação em setembro de 2010. Foram solicitados instrumentos de negociação para a totalidade dos estabelecimentos que fazem pagamento de PPR e não estão contidos no Acordo apresentado, porém, foram apresentados apenas alguns, para a maioria, não. Sobre a definição prévia dos índices de produtividade, qualidade ou lucratividade, programa de metas, resultados e prazos comprovouse que o acordo foi firmado depois de transcorridos quase 100% de todo período base de conclusão das metas. No quadro explicativo do Pagamento constante no anexo I apresentado, lêse que: "Até 15 de agosto de 2011 será realizado adiantamento de valores aos funcionários (50% do resultado apurado até junho/11) Este pagamento está vinculado à assinatura deste acordo” Neste caso, o pagamento do adiantamento foi feito de forma irregular, uma vez que o acordo nem tinha sido assinado no momento do pagamento, agosto de 2011, pois, o mesmo só foi assinado em 20/12/2011. Quanto à fixação das regras de participação no PLR diz o Auditor: No acordo e seus anexos não ficaram demonstradas regras claras e objetivas, bem como, nenhum documento apresentado indica clara e objetivamente como foram previamente pactuados obrigações e direitos ou a ciência destes pelos participantes. Os anexos do Acordo não apresentam critérios claros quanto àprodutividade, quanto ao mecanismo de aferição para cada setor produtivo, quanto às exigências para obtenção da remuneração, quais objetivamente os requisitos necessários para alcançar a meta e o pagamento, ou seja, o que deveriam fazer Fl. 5959DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.960 7 para receber o quanto, como poderiam os empregados aumentar produtividade ou lucros. No anexo II, o quadro "Apuração" menciona que cada funcionário é responsável pela criação de seu painel de metas no sistema assim como seu preenchimento, (no caso das metas mistas). Neste caso, fica demonstrado o caráter de retribuição pelo trabalho prestado individualmente em razão da função desempenhada, dando lhe caráter de gratificação ajustada e, assumindo, portanto, natureza salarial, na forma do parágrafo primeiro, do art. 457 da CLT. Os documentos não demonstram como deve ser calculado o valor para cada empregado ou como cada conceito dado se converte em valor. Em relação à Memória de cálculo dos 20 maiores valores pagos a título de PPR, informou que "os 20 maiores valores pagos se enquadram no Programa de Metas Mistas", sem, no entanto, apresentar qualquer cálculo que demonstrasse a composição dos valores pagos. Posteriormente, apenas apresentou algumas tabelas que por si só não demonstravam os cálculos. No caso da Meta Coletiva, simplesmente indica o resultado de 118,39 e 102,00, por amostragem, dos funcionários Alvim Antônio de Andrade e Maria de Lourdes Zabot, sem demonstrar como o empregado atingiu tal índice. Igualmente procedeu em relação à demonstração dos demais pagamentos relativos às metas mistas e diferidas. Posteriormente apresentou mais 5 quadros, vide exemplos no item 46 acima. Os poucos quadros apresentados como memória de cálculo não indicam como se atingiu os índices constantes dos mesmos ou o critério objetivo de referência para obtenção do valor pago a cada segurado. No item intitulado " Vedado antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil" diz a fiscalização que: O interstício entre os pagamentos e antecipações de valores classificados pela empresa como PLR desobedecem literalmente ao parágrafo 2°, do artigo 3° da Lei 10.101. Temos pagamentos feitos em quase todos os meses do ano a saber: Antecipação de PPR pagas nos meses de agosto, setembro, novembro e dezembro; Diferenças de PPR pagas nos meses de março, abril, maio, setembro, outubro, novembro e dezembro; Fl. 5960DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.961 8 PPR pagos em fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e dezembro. Justificando a qualificação da multa o Auditor no item IV, fls. 3892/3893, diz o seguinte: 1 A aplicação da multa qualificada de 150% é justificada nos casos em que fique comprovada a ação dolosa com intuito evidente de sonegação e fraude. É posta em nosso ordenamento para que iniba a conduta fraudulenta. 2 A simetria necessária entre direitos e deveres da sociedade com a Previdência Social é peça chave para o bemestar de toda a população. O dever de recolher a contribuição tem significado para toda a coletividade e qualquer conduta que intente deteriorar o bemestar coletivo em beneficio próprio deve ser punida com os rigores da Lei. Neste contexto, resta evidente o abuso na medida em que a empresa, propositalmente, tenta evitar a ocorrência da obrigação com o Fisco, omitindo informações e enquadrando seus pagamentos de uma forma que lhe seja mais benéfica, à revelia do disposto na legislação. Quanto às gratificações, a fraude tornase mais evidente quando se percebe que os gestores da empresa recebem as maiores gratificações. E não é só isso, como já dito anteriormente alguns gestores receberam salários menores que as próprias gratificações. Tais segurados não foram, tampouco serão, prejudicados quanto a eventuais benefícios previdenciários que venham exigir, pois a maior parte deles já recebia remuneração acima do teto previdenciário, que é o valor máximo que serve de base para o pagamento de benefícios. Neste caso especifico, somente a Previdência Social foi prejudicada em razão da redução da contribuição previdenciária não recolhida. Desse modo, a empresa é a única beneficiária com a não inclusão dessas rubricas na base de cálculo da previdência. Outrossim, não foram declaradas em GFIP a totalidade dos pagamentos efetuados a contribuintes individuais por serviços prestados, em especial aos carreteiros autônomos. Como é sabido, ao realizar a apuração da contribuição previdenciária devida, o contribuinte deve incluir todas as rubricas, exceto aquelas excluídas por força de lei ou que possua decisão judicial favorável. Isso se deve ao fato de que a Previdência Social deve ser financiada por toda a sociedade e pelo Estado, pois tem como pilar principal custear o beneficio máximo de um trabalhador brasileiro, que é a aposentadoria. Outrossim, a legislação de regência deixa muito claro que a relação de rubricas sobre as quais não incide a contribuição Fl. 5961DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.962 9 previdenciária é taxativa, não cabendo aos contribuintes interpretála da forma que lhe aprouver. Dessa forma, restam caracterizados os fatores que ensejam a aplicação da multa qualificada, ante a nítida fraude com intuito específico de não oferecer à tributação a contribuição previdenciária e a contribuição devida a outras entidades e fundos incidentes sobre totalidade das remunerações pagas, quais sejam, Ajuda de Custo, Gratificação Liberalidade, Gratificação Diretoria e Prêmio Inovação, aos seus funcionários e gestores, bem como a totalidade dos pagamentos efetuados a Contribuintes Individuais. Por fim o Auditor informa que em razão da falta de declaração em GFIP de todos os fatos geradores foi formalizada Representação Fiscal para Fins Penais, em face da comprovação em tese dos ilícitos: "crime de sonegação de Contribuição Previdenciária, previsto no artigo 337A, inciso III, do Código Penal, com redação dada pela Lei n° 9.983, de 14/07/2000. As contribuições destinadas a outras entidades e fundos configuram, em tese, Crime Contra a Ordem Tributária, previsto na Lei n° 8.137/90, arts. 1°, inciso II e 2°, inciso I”. Cientificada eletronicamente empresa, conforme Termo de Solicitação de Juntada de documentos, acostado às fls. 4960, com data de 12/01/2017 oferece a impugnação de fls. 4961/5008 onde após descrever o histórico da fiscalização, no item intitulado: Inexistência de Fraude que tem como consequência a impossibilidade de exigência de Multa Qualificada de 150%, e a necessidade de aplicação da Decadência nos termos do artigo 150, §4°, do Código Tributário Nacional, discorre sobre a conduta da fiscalização, ocasião em que registra reclamação quanto à formalização "diante da perspectiva de que se aproximava o prazo decadencial para exigências relativas a partir de janeiro de 2.011, preferindo logo cobrar estas supostas diferenças, sem dar oportunidade ao contribuinte de demonstrar o porquê das diferenças". Sustenta que as diferenças de base de cálculo não configuram sonegação, fraude ou tentativa de ludibriar a fiscalização. Após transcrever a legislação e o conteúdo do Relatório Fiscal que justificou a qualificação da multa ressalta que: Com a devida vênia, não se verifica no presente caso qualquer pálido indício de sonegação ou fraude praticados pela Impugnante, necessárias para justificar a multa qualificada, que como acima visto, está fundada em meras suposições de que o PPR não teria obedecido aos ditames legais e, por isto, os valores pagos aos empregados representariam salário, diante do que, segundo sustenta a fiscalização, seria devida a contribuição previdenciária. Da mesma forma, a Impugnante entendia (e continua entendendo) que sobre a Ajuda de Custo, Gratificações e Prêmios pagos, ora questionados pela fiscalização, não incide a Fl. 5962DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.963 10 contribuição previdenciária, e por este motivo não efetuou o lançamento na GFIP. NÃO HÁ QUALQUER COMPORTAMENTO FRAUDULENTO NESTA CONDUTA!!! As justificativas constantes do Termo de Verificação Fiscal para aplicação da multa qualificada não são verdadeiras, pois a Impugnante em momento algum propositadamente omitiu informações da fiscalização. Pelo contrário, como se verifica em diversos itens do mesmo, a Impugnante sempre apresentou os documentos solicitados pela fiscalização, bem como prestou os devidos esclarecimentos (vide, por exemplo, itens 17, 19, 26, 27, 38, 45, 50, 55, 57, 61, 62, 65, 77, 79, 81, 82, 83, 89, 92, 93). E justamente com base nessas informações é que foram lavrados os Autos de Infração ora combatidos. Como é sabido, a fraude não pode ser presumida, e deve ser efetivamente comprovada pela fiscalização para justificar a aplicação da multa qualificada, o que não se verificou no presente caso. 21. Com a devida vênia, a quantificação da penalidade imposta ao contribuinte deve guardar relação com a suposta falta praticada. Se estivermos diante de hipótese de contribuinte que atua de forma fraudulenta, razão assiste ao legislador em aplicar a multa qualificada. Por outro lado, se estivermos diante de hipótese de contribuinte com escrituração regular, como é o caso da Impugnante, que atendeu corretamente à fiscalização e franqueou toda a sua documentação, agindo com boafé e sem qualquer intenção de fraudar o fisco, não faz o menor sentido penalizála com a multa qualificada. Em hipótese em que a Impugnante apenas tem entendimento diverso do Fisco quanto ao recolhimento da contribuição previdenciária, o erro na determinação da dosimetria penal traz sérias implicações e deve ser corrigido. Corroborando com o seu ponto de vista, cita doutrinadores e várias decisões do CARF, destacando ser a jurisprudência administrativa pacífica no sentido da manutenção da multa qualificada somente na hipótese em que o contribuinte realiza verdadeiro planejamento tributário, criando até outras empresas para alocação de funcionários e segregação de atividades, com vistas a burlar o fisco. Cita ainda que, no caso, é claro tratarse de entendimento diverso da fiscalização sem qualquer intuito sonegatório ou fraudulento. Alega ainda a natureza de confisco da multa em valor tão elevado. Em consequencia, aduz que, sem a comprovação do dolo, afasta se a aplicação do artigo 173, 1, do Código Tributário Nacional, dai a contagem do prazo decadencial, no caso, deverá obedecer ao disposto no artigo 150, parágrafo 4°, do Código Tributário Nacional. Fl. 5963DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.964 11 Sobre este aspecto diz o seguinte: 33. No presente caso, da simples análise do lapso temporal ocorrido entre (i) o surgimento da obrigação tributária (fatos geradores anteriores a 14.12.2011) e (ii) a data da constituição do crédito tributário, ocorrida em 14.12.2016, pela cientificação da Impugnante dos autos de infração ora combatidos, operouse a DECADÊNCIA do direito do Fisco de exigir o referido crédito tributário previdenciário, visto que já se exauriu o prazo de cinco anos para sua constituição, considerado, desta forma, "homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito" (trecho do artigo 150, parágrafo 4° do CTN g.n.). 39. No caso concreto, a fiscalização, para lançar os valores das contribuições previdenciárias que estão sendo exigidos nos autos de infração ora combatidos deveria têlo feito no prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência dos fatos geradores. Em não o fazendo, a fiscalização decaiu do seu direito e nada poderá exigir da Impugnante, em razão da extinção do respectivo crédito tributário (artigo 150, parágrafo 4°do CTN). Ampara seus argumentos em citações doutrinárias, transcreve decisões do CARF e a Súmula 99 editada pelo CARF, onde foi consolidada a jurisprudência administrativa quanto à aplicação da regra decadencial do art. 150 §4°, para as contribuições previdenciárias . "Súmula CARF n° 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, §4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração." No mérito, sustenta a não incidência das contribuições previdenciárias sobre a Gratificação Liberalidade, Ajuda de Custo, Prêmio Inovação, e Programa de Participação nos Resultados PPR, pagos a segurados empregados, e sobre as Gratificações pagas aos contribuintes individuais (Diretores Estatutários), por terem caráter indenizatório e não existir habitualidade. Cita que a não incidência sobre tais verbas tem guarida no art. 28 §9° alínea "e" itens 5,7 e alínea "g" da Lei 8.212/1991. Especificamente, sobre a verba paga aos empregados a título de Gratificação Liberalidade, diz que tem natureza indenizatória e se incluem no item 5 da alínea "e" do art. 28 da Lei 8.212/1991 como sendo "Gratificação de Demissão/Desligamento". Entendimento este manifesto em decisões do CARF, que transcreve. Sobre situações pontuais de alguns empregados, destaca o seguinte: Fl. 5964DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.965 12 Ainda com relação à "Gratificação de Demissão / Desligamento" importa destacar que os valores pagos ao Sr. Álvaro Luis Veloso (Diretor de Negócios que se desligou da empresa em 30.04.2010) e à Sra. Lilian Taniguchi (Gerente de Novos Negócios desligada da empresa em 23.07.2009), também se configuram como verbas eventuais e indenizatórias. No caso do Sr. Álvaro, que já havia recebido uma gratificação no ano de 2010 quando do seu desligamento, a empresa apenas efetuou o pagamento de ajustes de diferenças em razão de sua expatriação. Já com relação à Sra. Lilian, que em 2010 também recebeu uma gratificação quando do seu desligamento, o pagamento efetuado em 2011 refere se à denominada "cláusula de noncompete ", verba absolutamente eventual, que objetiva a não transferência imediata do empregado para algum concorrente. Enfim, em razão da inexistência de habitualidade, bem como de seu caráter indenizatório, as verbas relacionadas com a "Gratificação de Demissão / Desligamento" paga aos funcionários, não estão sujeitas à incidência da contribuição previdenciária. No que tange à empregada Jesiele Cristina Chaves Cabral Stanchak, o valor foi pago pela Impugnante como "Gratificação de Admissão" Sobre a "Gratificação de Admissão" aduz que 63. No presente caso, não se verifica nos autos qualquer prova por parte da fiscalização de que o pagamento da "Gratificação de Admissão " se deu de forma compulsória, por exigência de uma das partes. Tratase, sim, de mera liberalidade da Impugnante, que voluntariamente ofereceu este bônus para que o novo funcionário passasse a integrar o seu quadro. Com relação aos pagamentos a título de "Bônus / Adicional de Desempenho”, que foram realizados a gerentes da estrutura, no ano seguinte às contratações, destaca a natureza indenizatória, eventual e a formalização por mera liberalidade, bem como ser verba de não incidência prevista no item 7, do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei n2 8.212/91. Quanto à "Ajuda de Custo Transferência", diz que foram pagas em razão da mudança de local de trabalho dos funcionários indicados no Anexo identificado como doc.6. Tal situação também está abrangida pela exclusão de incidência prevista na alínea "g" do §9° do art. 28 da Lei 8.212/1991. Sustentando seu ponto de vista, transcreve Acórdão do STJ. Sobre a rubrica "Prêmio Inovação" paga a 28 empregados diz que representa verdadeiro abono único, pago de forma eventual, completamente desvinculado do salário, que também se enquadra na exceção da alínea "e", item 7, do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei 8.212/91, e que, portanto, não pode estar sujeita à incidência da contribuição previdenciária. Fl. 5965DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.966 13 No tocante ao PLR a autuada, após transcrever os itens do Relatório Fiscal onde foram apontadas as irregularidades, aduz que as conclusões da Fiscalização são inverídicas. Como supedâneo da regularidade dos seus programas cita que no período de 2001 a 2006, também ocorreu questionamento por parte da fiscalização, no entanto, a regularidade foi confirmada pelo CARF no Processo 14485.001784/200787; Acórdão 2803 001.388, da 32 Turma Especial, da Segunda Seção de Julgamento do CARF, julgado em sessão de 12.03.2012. Sobre a composição da comissão de negociação, informa que anexou à peça de impugnação documentos que comprovam a regularidade da eleição dos responsáveis pela elaboração dos termos do programa para o ano de 2010 e 2011. Cita que: 86. De qualquer forma, como se verifica da ata de reunião realizada em 12 de julho de 2011 (doc 13), a documentação relativa à eleição da comissão foi devidamente entregue ao Sindicato. Ora. Srs. Julgadores, devese ter em mente que o espírito da lei foi devidamente respeitado, com uma negociação democrática, contando com a participação de representante do sindicato e de funcionários escolhidos em eleição específica. Ressalta que se comparados os Acordos coletivos anteriores é possível verificar que sempre existiu regras "bastante claras, objetivas e idênticas desde 2009 (os Anexos I e II de cada acordo contêm as regras e diretrizes básicas para o pagamento do PPR), não havendo qualquer "surpresa" para os funcionários." Esclarece que: O que divergiu em 2011, foi o fato de que, após demorada negociação, restou acordado em benefício de um grupo de funcionários mais graduados, com Metas Coletivas, que caso atingissem 120% da meta estabelecida, poderiam receber até 3 (três)salários nominais, e, ainda, estabeleceuse a possibilidade de um PPR Diferido (que constou em Termo Aditivo) para os Grupos Salariais 36 a 39, representado por uma parcela adicional da remuneração variável, com carência de 3 anos para pagamento. E justamente em razão da demora desta negociação é que se acabou assinando o acordo no final de 2011, que, como visto, beneficiou ainda mais os empregados (ou seja, mais uma vez foi respeitado o espírito da legislação). As perguntas que devem ser respondidas são: Algum prejuízo tiveram os funcionários com o fato do PPR de 2011 ter sido assinado no final de 2011? Desconheciam os funcionários as regras do PPR, que vigoravam desde 2009? Sobre este aspecto, para sustentar a inexistência de prejuízo aos empregados, transcreve acórdãos do CARF. Fl. 5966DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.967 14 Com relação ao pagamento do PLR explica que a primeira parcela do PPR é adiantada em agosto, e o saldo final é liquidado em fevereiro do ano seguinte. Assim sendo, no ano de 2011, a maior parte dos valores pagos pela Impugnante a título de PPR, que ocorreu em fevereiro/2011, se refere ao saldo final/liquidação do PPR do ano de 2010, que em momento algum foi questionado pela fiscalização (basta verificar a autuação de 2010, ora em discussão no Processo n2 1 0314.728381/201508). Neste contexto, por qualquer ângulo que se analise esta questão, esses valores não podem estar sujeitos à incidência da contribuição previdenciária, e devem ser excluídos destes autos de infração. Por seu turno, os pagamentos efetuados em março/2011, referemse aos empregados desligados em 2010, como consta do acordo celebrado. Já em agosto de 2011 foi apenas adiantada parte do PPR daquele ano, que só foi efetivamente ajustado/finalizado em fevereiro de 2012, razão pela qual a assinatura do acordo no final de 2011 não causou nenhum prejuízo aos empregados da Impugnante. Vale repisar, aqui, que a assinatura do acordo de PPR ao final do ano de 2011 se deu única e exclusivamente em razão de ampliação da negociação, que gerou um termo aditivo que beneficiou ainda alguns funcionários, que passaram a ter a possibilidade de receber um PPR diferido e, em atingindo 120% das metas, receber até 3 salários. Os demais pagamentos que ocorreram em 2011 cuidam apenas de ajustes do PPR (seja do adiantamento de 2011, seja do saldo final de 2010), em razão da aplicação dos dissídios anuais relacionados aos Acordos Coletivos de Trabalho celebrados com os diversos sindicatos que representam cada uma das categorias a que pertencem os milhares de empregados da Impugnante. Em suma, nunca houve descumprimento da legislação, pois o PPR sempre foi pago em duas parcelas, nos exatos termos do acordo celebrado. Conclui que cumpriu todas as exigência legais da Lei 10.101/2000 tendo sido realizadas negociações transparentes e democráticas, com a participação dos representantes do Sindicato. "As metas, objetivos e prazos dos PPRs sempre foram estipulados com a participação do Sindicato, e ao que tudo indica vem sendo aceitos e estão dando os devidos resultados, já que as regras básicas permanecem as mesmas desde 2009. Quanto à verba intitulada "Gratificação de Diretoria" alega que é legítima em face do disposto no artigo 9° §2° do Estatuto Social da autuada que prevê a participação dos diretores nos lucros dos exercícios sociais, por esta razão estão incluídos no Programa de Participação, especificamente no Programa de Metas Mistas. Aduz que a jurisprudência do CARF é no sentido da não incidência da contribuição previdenciária sobre os valores Fl. 5967DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.968 15 pagos a título de participação nos lucros e resultados. Colaciona decisões do CARF. Por fim, protesta pela juntada de novas provas e resume os seus pedidos nos seguintes itens: diante da comprovação inequívoca da inexistência de qualquer comportamento fraudulento ou sonegatório da Impugnante, que apenas possui entendimento diverso da fiscalização quanto à incidência da contribuição previdenciária sobre os pagamentos ora em discussão, seja afastada a multa qualificada de 150%, bem como aplicado ao caso o artigo 150, §4, do Código Tributário Nacional, que resultará na decadência integral do direito do Fisco de efetuar o lançamento, e, consequentemente, no cancelamento das exigências dos Autos de Infração ora combatidos; diante da demonstração de que a contribuição previdenciária não incide sobre os pagamentos ora em discussão, que não são habituais, possuem verdadeiro caráter indenizatório, e se enquadram nas excepcionalidades do parágrafo 92 do artigo 28 da Lei n2 8.212/91, declararse a insubsistência dos Autos de Infração ora combatidos, determinandose o cancelamento das respectivas exigências e, ao final, o arquivamento do processo com a consequente baixa no sistema da Receita Federal do Brasil, ou, no mínimo, caso assim não se entenda, sejam excluídos da base de cálculo destas autuações os valores pagos em fevereiro de 2011 a título de Programa de Participação nos Resultados PPR, já que estes pagamentos estão relacionados ao PPR do ano de 2010, que não foi objeto de questionamento pela fiscalização. É o Relatório. A decisão de primeira instância restou ementada nos termos abaixo (fls. 5859/5888): FALTA DE COMPROVAÇÃO PELO FISCO DA OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SONEGAÇÃO. AFASTAMENTO DA MULTA QUALIFICADA. Não deve prevalecer a multa qualificada, quando o fisco deixa de demonstrar que o sujeito passivo incorreu em fraude, dolo ou sonegação. PRÊMIO. GRATIFICAÇÃO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Prêmio ou gratificação, não estando expressamente excluídas do salário de contribuição pelo § 9°, do art. 28 da Lei n° 8.212/91, têm natureza salarial e integram a remuneração para efeito de contribuição à Previdência Social. Fl. 5968DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.969 16 Em face da decisão supra, da qual o sujeito passivo foi cientificado em 03/07/2017 (fl.5914), foi interposto Recurso Voluntário, tempestivamente, em 01/08/2017, em que se reiterou as razões já expostas por ocasião do protocolo da peça defensiva. É o Relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Recurso de Ofício Admissibilidade O Recurso de Ofício preenche aos requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Do mérito A decisão recorrida não considerou suficientemente demonstrada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, e, conseqüentemente, afastou a qualificação da multa de ofício, além de transmudar a regra de contagem do prazo decadencial para o art. 150, § 4º, do CTN. Assim, restou hígida no presente lançamento apenas a competência 12/2011, sem a qualificação da multa de ofício. As demais competências (01/2011 a 11/2011) foram fulminadas pela decadência. O julgador a quo formou sua convicção baseado nas seguintes constatações: Em consonância com votos exarados em outros processos já manifestei minha posição de que a aplicação de penalidade mais grave, mediante a majoração da multa de ofício, somente tem cabimento em situações específicas, onde fique evidenciado o comportamento anormal do sujeito passivo, seja no tocante ao dolo, conluio ou fraude, situações que, por sua gravidade, devem ensejar reprimenda punitiva de maior monta, com o fito de punir o infrator que assim age, extrapolando a conduta do mero inadimplente, e desestimular novos procedimentos desta natureza. Conforme se depreende da legislação, para que a multa seja qualificada, é necessária a conduta dolosa por parte do agente. Ensina a Doutrina que “dolo ocorre quando o indivíduo age de máfé, sabendo das consequências que possam vir a ocorrer, e o pratica para de alguma forma beneficiarse de algo”. Assim, para que haja dolo deve haver a intenção de “burlar a lei”, enganando o próximo em proveito próprio ou alheio, o que, no meu sentir, não ocorre no caso concreto. A Lei 4.502/1964, nos artigos 71 a 73, tratou das situações caracterizadoras da ocorrência de sonegação, fraude e conluio. Dentre essas questões, há a exigência de ação ou omissão dolosa Fl. 5969DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.970 17 com finalidade de deixar de recolher o tributo ou fazêlo a menor, in verbis: No presente caso não observo as hipóteses da legislação supratranscrita, que justifiquem a qualificação da multa aplicada. O fato de o contribuinte omitir informações na GFIP verbas que entende estarem inseridas no § 9° do art. 28 da Lei 8.212/1991, portanto, excluídas de isenção, sem a comprovação de subterfúgios com vistas a camuflar, dificultar o conhecimento destas condutas, não se traduz em dolo, mas, sim, conforme alegado, em entendimento jurídico diverso e em conseqüência em inadimplemento no pagamento. “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Para facilitar o entendimento repito aqui as justificativas do Auditor para a qualificação da multa. A aplicação da multa qualificada de 150% é justificada nos casos em que fique comprovada, a ação dolosa com intuito evidente de' sonegação e 'fraude. É posta em nosso ordenamento para que iniba a conduta fraudulenta. A tentativa de constituir rubricas com nomenclaturas distintas àquelas associadas à incidência da contribuição previdenciária denota evidente intuito de ludibriar a fiscalização e torna piores contornos se considerarmos a consequência social que uma fraude à Previdência acarreta. A simetria necessária entre direitos e deveres da sociedade com a Previdência Social é peça chave para o bemestar de toda a população. O dever de recolher a contribuição tem significado para toda a coletividade e qualquer conduta que intente deteriorar o bemestar coletivo em beneficio próprio deve Ser punida com os rigores da Lei Neste contexto, resta evidente o abuso na medida em que a empresa, propositalmente, tenta evitar a ocorrência da Fl. 5970DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.971 18 obrigação com o Fisco, omitindo informações e enquadrando seus pagamentos de uma forma que lhe seja mais benéfica, à revelia do disposto na legislação. Quanto às gratificações, a: fraude tornase mais evidente quando se percebe que os gestores da empresa recebem as maiores gratificações. E não é só isso, como já dito anteriormente alguns gestores receberam salário menores que as próprias gratificações. Tais segurados não foram, tampouco serão, prejudicados quanto a eventuais benefícios previdenciários que venham exigir, pois a maior parte deles já recebia remuneração acima do teto previdenciário, que é o valor. Máximo que serve de base para o pagamento de benefícios. Neste caso específico, somente a Previdência Social 'foi prejudicada em razão da redução da contribuição previdenciária não recolhida. Desse modo, a empresa é a única beneficiária com a não inclusão dessas rubricas na base de cálculo da previdência. Como é sabido, ao realizar a apuração da contribuição previdenciária devida, o contribuinte deve incluir todas as rubricas, exceto aquelas excluídas por força de lei ou que possua. decisão judicial favorável. Isso se deve ao fato de que a Previdência Social deve ser financiada por toda a sociedade e pelo Estado, pois tem como pilar principal custear o beneficio máximo de um' trabalhador brasileiro, que é a aposentadoria. Outrossim; a legislação de regência deixa muito claro que a relação de rubricas sobre as quais não incide a contribuição previdenciária é taxativa, não cabendo aos contribuinte interpretála da forma que lhe aprouver. No presente caso não observo as hipóteses da legislação supratranscrita, que justifiquem a qualificação da multa aplicada. O fato de o contribuinte omitir informações na GFIP verbas que entende estarem inseridas no § 9° do art. 28 da Lei 8.212/1991, portanto, excluídas de isenção, sem a comprovação de subterfúgios com vistas a camuflar, dificultar o conhecimento destas condutas, não se traduz em dolo, mas, sim, conforme alegado, em entendimento jurídico diverso e em conseqüência em inadimplemento no pagamento. A decisão recorrida não merece retoque. Extraise dos apontamentos do relatório fiscal que não restou suficientemente comprovada a conduta dolosa do sujeito passivo com o intuito evidente de simulação ou fraude. O fato de ter sido descaracterizado o Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), bem como consideradas como integrantes do salário de contribuição, as gratificações que a recorrente considerava como parcelas indenizatórias, ou omitir informações na GFIP, por si só, não podem ser tidas como condutas a justificar a qualificação da multa. Inexistindo conduta dolosa, com conluio, simulação ou fraude, incabível a qualificação da multa de ofício. Como consequência, deve ser aplicado ao caso concreto a Fl. 5971DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.972 19 regra de contagem do praz decadencial inserta no art. 150, § 4º, do CTN, uma vez que, à toda evidência, houve antecipação de pagamento. Nos termos do Termo de Verificação Fiscal, a contribuinte foi intimada a apresentar esclarecimentos acerca da divergência entre o valor declarado em DIRF em GFIP. Do Recurso Voluntário Das parcelas integrantes do salário de contribuição A controvérsia cingese na natureza da gratificação paga os trabalhadores como ajuda de custo e por incentivo à demissão ser considerada ou não salário de contribuição, nos termos do art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991. Na definição de salário de contribuição, o legislador adotou o conceito bem mais amplo de remuneração para efeitos de apuração da contribuição previdenciária, abrangendo o salário, com todos os componentes, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma. Neste sentido, também é o § 11 do art. 201 da Constituição Federal: " § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Segundo a recorrente, a gratificação especial aos funcionários desligados que era um plano de incentivo à demissão. Não há previsão legal para incidência sobre esta parcela.Não se trata esse verba de indenização, posto que não é disponibilizada para ressarcir um prejuízo do trabalhador decorrente de sua prestação laboral ou mesmo para reembolsálo de despesas que tenha feito na execução do contrato de trabalho. A meu ver, tratase de uma gratificação ajustada que é paga ao final do contrato de trabalho. É um prêmio dado ao trabalhador pelo tempo que esteve à disposição do empregador e por não haver dado causa à demissão. Transcrevemos a seguir o art. 28 da Lei n.° 8.212/1991, no que pertine ao conceito de salário de contribuição: " Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa;" Se um ganho tem por finalidade retribuir o trabalho, independente da forma como seja pago deve integrar o salário de contribuição, quer pelo trabalho efetivamente prestado, quer pelo tempo que tenha ficado à disposição do empregador. Fl. 5972DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.973 20 Há quem defenda que este tipo de gratificação deve ser excluído da base de cálculo por representar um ganho eventual, o que atrairia a aplicação do item 7 da alínea "e" do § 9.° do art. 28 da Lei n.° 8.212/1991, assim redigido: "§ 9° Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) e) as importâncias: (...) 7.recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (...) Não concordo com esse entendimento. Eventual é uma característica do que é incerto, que se realiza por uma causa não esperada. A gratificação sob enfoque não pode ser considerada uma verba eventual, mas se vincular ao salário e se encontram na expectativa do trabalhador. Nesse sentido, entendo que a gratificações denominadas prêmio inovação por desempenho devem integrar o salário de contribuição. Melhor sorte não assiste ao recorrente, no que diz respeito à denominada ajuda de custo por mudança de local de trabalho. O § 9.° do art. 28 da Lei n.° 8.212/1991, está assim redigido: "§ 9° Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT” Não há nenhuma prova nos autos de que houve o pagamento em parcela única e que se destinou a custear despesas pela mudança no local da prestação dos serviços. O documento nº 6, anexado à impugnação, mencionado pelo recorrente, trata de uma planilha unilateral e que sequer faz menção à mudança do legal de trabalho dos obreiros, sendo imprestável como prova das alegações recursais. Destarte, não merece provimento o voluntário quanto à não incidência de contribuição previdenciária sobre as gratificações pagas pela recorrente. A participação dos empregados no lucro das empresas tem sede constitucional no Capítulo que trata dos Direitos Sociais. Eis o que preleciona a Carta Magna: Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) Fl. 5973DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.974 21 XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) Para regulamentar o dispositivo constitucional foi editada a Medida Provisória n° 794/2004, sucessivamente reeditada até a conversão na Lei n° 10.101/2000. O art. 1.° da Lei n° 10.101/2000, estabelece: Art. 1° Esta lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Esse diploma veio normatizar diversos aspectos atinentes à participação dos trabalhadores no resultado do empregador, tais como: forma de negociação, impossibilidade de substituição da remuneração por esse benefício, periodicidade, isenção tributária etc. Como já abordado, a Lei n° 8.212/1991, alínea “j” do § 9° do art. 28, que regula a isenção previdenciária sobre a participação nos lucros, prevê que não haverá a incidência de contribuições previdenciárias sobre a citada verba, mas condiciona o benefício fiscal ao pagamento da parcela dos resultados em conformidade com a lei específica, no caso a Lei n.° 10.101/2000. Não é exaustivo repetir o dispositivo: Art. 28. (...) § 9 Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (...) De acordo com o Relatório Fiscal, o fisco concluiu que houve desobediência à Lei n° 10.101/2000. A redação do §2° do art. 3o da Lei n° 10.101/2000, vigente na data dos fatos geradores, veda o pagamento da PLR em duas vezes no mesmo semestre civil. Para a fruição do benefício fiscal, o § 2° do art. 3° da Lei n° 10.101/2000, estabeleceu regras quanto à periodicidade dos pagamentos realizados a título de participação nos lucros ou resultados. Na redação vigente à época dos fatos geradores, o legislador fixou o limite anual de 2 (dois) pagamentos, desde que efetuados num intervalo mínimo de um semestre: Art. 3° A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) § 2° É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou Fl. 5974DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.975 22 resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil.(Grifouse). A finalidade da instituição pelo legislador desse critério básico para a não incidência da contribuição previdenciária foi buscar evitar a utilização da parcela como uma forma disfarçada de substituição ou complementação da remuneração devida ao segurado empregado. De acordo com a autoridade lançadora, a empresa realizou o pagamento da PLR em quase todos os meses do exercício, em desacordo com o § 2° do art. 3° da Lei n° 10.101/2000. A lei não prevê exceção à regra geral que possa abarcar a tese de defesa, prevendo taxativamente que é vedado pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de PLR, mais de uma vez no mesmo semestre civil ou mais de duas vezes dentro do mesmo ano, segundo a redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores. De outro lado, são abalizadas as teses que se formaram neste Conselho acerca do momento da assinatura do PLR. Alguns firmaram entendimento no sentido de que a formalização do plano deve ser anterior ao exercício a que corresponde; outros entendem que essa formalização pode ocorrer mesmo após o início do período de apuração dos critérios pertinentes ao programa de PLR. É sabido que a assinatura do plano representa o encerramento formal de todo um ciclo de negociações, muitas vezes pautadas por inúmeras reuniões para se chegar a um acordo de PLR, que atenda aos objetivos traçados pela legislação de regência. Todavia, mesmo não me filiando ao entendimento dos que pensam que a assinatura do programa deve ser obrigatoriamente anterior ao exercício a que se refere, entendo que a formalização do PLR/PPR deverá se dar anteriormente ao pagamento de qualquer uma de suas parcelas, bem como a formalização deverá ocorrer, se não antes, ao menos no decorrer do exercício a que se refere. No caso dos autos, o Auditor notificante assinala que o PPR foi assinado no dia 20/12/2011. A primeira parcela do PPR foi paga ainda no mês de agosto/2011. A ausência de assinatura antes do pagamento de quaisquer uma de suas parcelas, a meu ver, descaracteriza o programa, eis que, a rigor, houve o pagamento sem a fixação de regras para o seu recebimento. Ainda que se possa dizer que as regras estariam estabelecidas no decorrer das negociações, a ausência de formalização do acordo, não gera qualquer garantia que as regras que estavam sendo negociadas seriam as definitivas. Destarte, entendo que o pagamento de parcela em agosto/2011, e a assinatura do acordo de PPR apenas no final do exercício (dezembro/2011), culminaram no descumprimento da obrigação imposta na Lei n° 10.101/2010, de que as metas deverão ser previamente pactuadas. Assim, nego provimento ao recurso nesse tocante. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por negar provimento aos recursos de Ofício e Voluntário. Fl. 5975DF CARF MF Processo nº 10314.722768/201623 Acórdão n.º 2201004.761 S2C2T1 Fl. 5.976 23 (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Fl. 5976DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.720140/2012-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO PARCIAL. DISPOSITIVO. OMISSÃO.
Deve ser retificado o dispositivo sintético do julgado, quando não explicitado de forma clara e objetiva, todos os motivos que levaram ao provimento parcial do recurso voluntário.
Numero da decisão: 2201-004.771
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos propostos pelo Fazenda em face do Acórdão 2201.003.721, de 04 de julho de 2017, para, sem efeitos infringentes, sanar o vício apontado nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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ACOLHIMENTO PARCIAL. DISPOSITIVO. OMISSÃO. Deve ser retificado o dispositivo sintético do julgado, quando não explicitado de forma clara e objetiva, todos os motivos que levaram ao provimento parcial do recurso voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos propostos pelo Fazenda em face do Acórdão 2201.003.721, de 04 de julho de 2017, para, sem efeitos infringentes, sanar o vício apontado nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente (Assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 01 40 /2 01 2- 33 Fl. 374DF CARF MF Processo nº 10783.720140/201233 Acórdão n.º 2201004.771 S2C2T1 Fl. 375 2 Tratamse de Embargos de declaração apresentados pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN, em face de acórdão proferido pela 1a Turma Ordinária da 2a Câmara da 2a Seção, cuja ementa transcrevese abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAISPREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não merece acolhida a alegação de cerceamento de defesa, haja vista que todos os relatórios foram entregues ao contribuinte, nos quais constam a indicação de onde os valores foram extraídos, bem como porque o relatório fiscal, presumidamente verídico, foi expresso ao afirmar a existência das deduções devidas dos valores efetivamente pagos. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO PARCIAL DO CRÉDITO. NECESSIDADE DE APROVEITAMENTO DOS VALORES EFETIVAMENTE PAGOS. Deve ser efetuado o recálculo do crédito geral, a fim de que haja o aproveitamento dos valores efetivamente apropriados e que ainda não foram considerados na autuação. MULTA QUALIFICADA. DESCABIMENTO. Ausente a comprovação necessária da prática de sonegação, impõese a exclusão da multa qualificada, reduzindoa ao patamar de 75%. A decisão foi registrada nos seguintes termos: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar o aproveitamento dos valores comprovadamente pagos e não apropriado pela Fiscalização. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, e Marcelo Milton da Silva Risso, que votaram por converter o julgamento em diligência para verificação da disponibilidade dos recolhimentos efetuados. Os autos foram encaminhados à Procuradoria da Fazenda Nacional PFN em 01/08/2017 (despacho de encaminhamento de fl. 420). Em 04/09/2017 (despacho de encaminhamento de fls. 428), a Fazenda Nacional opôs embargos de declaração (fls. 421/27). A embargante aponta que a decisão do CARF apresentase omissa e contraditória e resume as máculas nos tópicos abaixo. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10783.720140/201233 Acórdão n.º 2201004.771 S2C2T1 Fl. 376 3 Apropriação de valores A decisão, ao determinar a apropriação de recolhimentos, deveria ter sido clara no sentido de expressar a manutenção de todos os consectários legais incidentes sobre o tributo pago, inclusive a multa de oficio, considerandose que não houve espontaneidade na conduta. E arremata: Considerando que o pagamento se deu após o início do procedimento fiscal, sem qualquer espontaneidade, devese manter expressamente a exigência constante da autuação, sob pena de haver interpretação de que a determinação acórdão alcança a exclusão de juros e/ou multas devidos. Multa qualificada Embora na fundamentação da Relatora e na ementa constem a exclusão da qualificação da multa, tal resultado não constou nem no acórdão, tampouco na ata da sessão. Além da integração requerida, a PFN faz pedido referente apreciação de fundamentos do fisco para imposição da multa qualificada. Assim se pronunciou: Assim, revelase imprescindível analisar todos os fundamentos expostos pela fiscalização, sobretudo para verificar se esses elementos, provas, e indícios, considerados de forma conjunta, são suficientes para o convencimento do julgador em relação à comprovação do dolo, elemento subjetivo, do contribuinte. Não há prejuízo na análise da matéria, haja vista que, segundo ata de julgamento e texto do acórdão, a matéria não foi submetida à votaçãodo Colegiado, ou ao menos não foi registrado seu resultado nos documentos pertinentes. Logo, cumpre referir a falta de fundamentação do acórdão, sendo omisso em relação à matéria, nos termos do disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, no artigo 50 da Lei n° 9.784/99 e art. 31 e da Lei n° 9.784/99, vício que acarreta a decretação de nulidade. (destaque da PFN) Ao final, requer que os embargos sejam recebidos, conhecidos e providos, a fim de que sejam saneados os vícios apontados. Em 25 de setembro de 2017, o Presidente da 1ª TO/2a Câmara/2a Seção do CARF, por meio do Despacho de Admissibilidade de Embargos de fls. 430/433 acolheu os aclaratórios de forma parcial nos termos seguintes: Pelo exposto, os embargos de declaração devem ser admitidos em parte, para que sejam incluídos em pauta de julgamento, de modo que se discuta tãosomente o saneamento da omissão decorrente da falta de registro no acórdão embargado do Fl. 376DF CARF MF Processo nº 10783.720140/201233 Acórdão n.º 2201004.771 S2C2T1 Fl. 377 4 afastamento da qualificação da multa, não cabendo rediscussão dos outros pontos abordados nos embargos, que são matérias em que o teor do presente despacho é irrecorrível. Ressaltese, todavia, que a presente análise se restringe à admissibilidade dos embargos, sem uma apreciação exauriente da alegação apresentada. O exame em profundidade dos pressupostos de admissibilidade e de toda a matéria registrada na peça recursal (Embargos de Declaração) será realizado pelo colegiado. É o Relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Ratificando o despacho de admissibilidade de fls.430/433, acolho os embargos de declaração de forma parcial, eis que não há necessidade de esclarecimentos adicionais no acórdão embargado acerca da manutenção no crédito dos acréscimos de juros e multa. A turma decidiu que os recolhimentos não aproveitados na apuração deveriam ser considerados e devidamente apropriados. A apropriação dos valores será feita pelo órgão responsável pela liquidação do acórdão, levando em conta a data em que foi efetuado o recolhimento, de modo que não haverá a exclusão de juros e multa para recolhimentos efetuados após o início do procedimento fiscal. No que tange ao afastamento da qualificação da multa, matéria em que a embargante não considera suficientemente fundamentada no acórdão recorrido, entendo que não há como fazer a integração nessa estreita via recursal. Inferese do teor da decisão recorrida que a fundamentação existiu, e os elementos fáticos e de direito foram utilizados de maneira clara e suficiente para demonstrar o convencimento da julgadora acerca da matéria submetida a julgamento. Por derradeiro, no que pertine à ausência de menção ao afastamento da qualificação da multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75% (setenta e cinco por cento), assiste razão à embargante. Foi registrado na ata e no dispositivo sintético do acórdão recorrido: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar o aproveitamento dos valores comprovadamente pagos e não apropriado pela Fiscalização. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, e Marcelo Milton da Silva Risso, que votaram por converter o julgamento em diligência para verificação da disponibilidade dos recolhimentos efetuados. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10783.720140/201233 Acórdão n.º 2201004.771 S2C2T1 Fl. 378 5 Todavia, o dispositivo correto para fielmente retratar o entendimento do colegiado deverá ser: acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar o aproveitamento dos valores comprovadamente pagos e não apropriado pela Fiscalização, bem como afastar a qualificação da multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75% (setenta e cinco por cento). Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, e Marcelo Milton da Silva Risso, que votaram por converter o julgamento em diligência para verificação da disponibilidade dos recolhimentos efetuados. Conclusão Ante o exposto, voto em conhecer e acolher os embargos declaratórios, para, alterando a parte dispositiva sintética do acórdão recorrido, fazer constar a seguinte redação: “Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar o aproveitamento dos valores comprovadamente pagos e não apropriado pela Fiscalização, bem como afastar a qualificação da multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75% (setenta e cinco por cento). Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, e Marcelo Milton da Silva Risso, que votaram por converter o julgamento em diligência para verificação da disponibilidade dos recolhimentos efetuados”. (Assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Fl. 378DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11634.720435/2015-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/07/2012
DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO.
Quando restar evidenciado que a empresa se utilizou de artifício para permanecer no Simples Nacional e, dessa forma, não efetuou qualquer antecipação de pagamento da contribuição previdenciária a cargo da empresa e das contribuições para terceiros, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO.
Demonstrado que a contabilidade da empresa não retrata os fatos econômicos, existindo movimentação financeira não justificada em montante bastante superior às receitas declaradas, comprovado a inexistência de estabelecimento fabril nos endereços informados e que os empregados declarados pelo sujeito passivo na verdade trabalham em benefício de outra empresa do mesmo grupo econômico, e não incluída no mesmo regime favorecido de tributação, está suficientemente caracterizada a existência de conduta dolosa voltada à prática de sonegação, fraude e conluio.
GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO.
Havendo um conjunto extenso de elementos de convicção evidenciando que as empresas operam no mesmo ramo, pertencem às mesmas pessoas, utilizam os mesmos empregados, movimentam recursos financeiros entre elas sem registros confiáveis, caracterizada está a existência de grupo econômico de fato a ensejar a responsabilidade pelos créditos tributários previdenciários.
MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA.
A mudança de critério jurídico ocorre quando se atribui aos mesmos fatos já conhecidos diferentes efeitos jurídicos. Não há mudança de critério jurídico quando os diferentes efeitos decorrem de informações anteriormente desconhecidas sobre a realidade das operações são realizadas.
Numero da decisão: 2201-004.731
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2010 a 31/07/2012 DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Quando restar evidenciado que a empresa se utilizou de artifício para permanecer no Simples Nacional e, dessa forma, não efetuou qualquer antecipação de pagamento da contribuição previdenciária a cargo da empresa e das contribuições para terceiros, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO. Demonstrado que a contabilidade da empresa não retrata os fatos econômicos, existindo movimentação financeira não justificada em montante bastante superior às receitas declaradas, comprovado a inexistência de estabelecimento fabril nos endereços informados e que os empregados declarados pelo sujeito passivo na verdade trabalham em benefício de outra empresa do mesmo grupo econômico, e não incluída no mesmo regime favorecido de tributação, está suficientemente caracterizada a existência de conduta dolosa voltada à prática de sonegação, fraude e conluio. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. Havendo um conjunto extenso de elementos de convicção evidenciando que as empresas operam no mesmo ramo, pertencem às mesmas pessoas, utilizam os mesmos empregados, movimentam recursos financeiros entre elas sem registros confiáveis, caracterizada está a existência de grupo econômico de fato a ensejar a responsabilidade pelos créditos tributários previdenciários. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. A mudança de critério jurídico ocorre quando se atribui aos mesmos fatos já conhecidos diferentes efeitos jurídicos. Não há mudança de critério jurídico quando os diferentes efeitos decorrem de informações anteriormente desconhecidas sobre a realidade das operações são realizadas.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2224; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 459 1 458 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11634.720435/201529 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201004.731 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 02 de outubro de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS EXCLUSÃO DO SIMPLES Recorrente BRASIPAR INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA. ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/07/2012 DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Quando restar evidenciado que a empresa se utilizou de artifício para permanecer no Simples Nacional e, dessa forma, não efetuou qualquer antecipação de pagamento da contribuição previdenciária a cargo da empresa e das contribuições para terceiros, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO. Demonstrado que a contabilidade da empresa não retrata os fatos econômicos, existindo movimentação financeira não justificada em montante bastante superior às receitas declaradas, comprovado a inexistência de estabelecimento fabril nos endereços informados e que os empregados declarados pelo sujeito passivo na verdade trabalham em benefício de outra empresa do mesmo grupo econômico, e não incluída no mesmo regime favorecido de tributação, está suficientemente caracterizada a existência de conduta dolosa voltada à prática de sonegação, fraude e conluio. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. Havendo um conjunto extenso de elementos de convicção evidenciando que as empresas operam no mesmo ramo, pertencem às mesmas pessoas, utilizam os mesmos empregados, movimentam recursos financeiros entre elas sem registros confiáveis, caracterizada está a existência de grupo econômico de fato a ensejar a responsabilidade pelos créditos tributários previdenciários. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. A mudança de critério jurídico ocorre quando se atribui aos mesmos fatos já conhecidos diferentes efeitos jurídicos. Não há mudança de critério jurídico AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 72 04 35 /2 01 5- 29 Fl. 459DF CARF MF 2 quando os diferentes efeitos decorrem de informações anteriormente desconhecidas sobre a realidade das operações são realizadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 436/449) pelo qual se pretende a revisão do Acórdão nº 01033.279, da 5ª Turma da DRJ/BEL (fls. 396/422), que negou provimento à impugnação do sujeito passivo (fls. 369/389) ao lançamento que exige crédito tributário relativo à contribuição previdenciária da empresa e contribuições para outras entidades e fundos das competências compreendidas no período de janeiro de 2010 a julho de 2012. Segundo o relatório fiscal (fls. 308/352), o lançamento decorre de exclusão do sujeito passivo do Simples Nacional, discutido no âmbito do processo nº 11634.720174/201547. A exclusão foi motivada pelos fatos minuciosamente descritos no termo de verificação fiscal, cuja cópia se encontra às folhas 6/107, e que são bastante resumidos a seguir: 1. A empresa Brasipar apurou receita bruta total nos anoscalendário 2010 e 2011 no valor de R$ 2.228.906,35, contudo suas entradas na contabilidade no mesmo período somam mais de R$ 22.000.000,00, sendo que parte significativa delas decorre de transferência de outras empresas que fariam parte do mesmo grupo econômico de fato. 2. Os valores registrados na contabilidade não refletem a movimentação bancária da empresa. 3. A movimentação financeira nos anoscalendário 2010 e 2011 foi na ordem de R$ 36.000.000,00 e a empresa não justificou sua discrepância com a contabilidade. 4. A autuada alega a realização de mútuos com empresas do grupo (Somopar e Mobisul), contudo a fiscalização entendeu que sua operacionalização não foi comprovada, já Fl. 460DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 460 3 que os contratos não foram registrados em cartório e também não há registro dessas transações na contabilidade. 5. A empresa apresentou dois contratos de mútuo com a Somopar, contudo os mútuos seriam cruzados, uma vez que em um a fiscalizada apareceria como mutuante e no outro como mutuária. 6. Foi constatada a existência de grupo econômico de fato, formado por onze empresas constituídas por membros da mesma família e por funcionários vinculados ao grupo, com sede nos mesmos endereços, havendo registro contábil de movimentação financeira entre elas mesmo quando se declaravam inativas ou registros contábeis de operações realizadas por outras empresas do suposto grupo. 7. A Brasipar viria acumulando prejuízo, já que seu faturamento não seria suficiente nem para cobrir sua folha de pagamentos, fato que evidenciaria sua falta de autonomia financeira e a necessidade de suplementação de caixa, que teria sido realizada pela empresa Somopar. 8. Diligência realizada nos endereços informados pela Brasipar revelou que não havia nenhum estabelecimento industrial neles, contudo em endereços próximos foram localizados estabelecimentos de filial da Somopar, com várias pessoas uniformizadas que trabalhavam na fabricação de sofás e outros estofados. 9. A pessoa que se apresentou como controller da Somopar consta no banco de dados na RFB como contador da Brasipar desde fevereiro de 2013. 10. Em consulta ao banco de dados da RFB, verificouse que no endereço onde foi localizado o estabelecimento industrial da Somopar não há registro de empregados, mas apenas de dois administradores, por outro lado a Brasipar teria registrado no mesmo período centenas de pessoas trabalhando, o que evidenciaria que o serviço fabril é efetivamente realizado pela Somopar, mas os empregados permanecem registrados na Brasipar e outras empresas do grupo incluídas no Simples. 11. Grande parte das notas fiscais apresentadas pela Brasipar para justificar seu faturamento declarado contém a logomarca da Somopar. Com base nesses fatos e em vários outros detalhados no termo de verificação fiscal, a empresa foi excluída da sistemática favorecida de tributação (Simples Nacional) por meio do Ato Declaratório Executivo nº 26 de 01/06/2015, com efeitos a partir de 01/01/2010. Essa exclusão está sendo discutida no âmbito do processo nº 11634.720435201529, onde já existe decisão deste CARF. Com efeito, através do Acórdão nº 1201002.081, da 1ª Turma Ordinária, 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, Relatora Gisele Barra Bossa, foi negado provimento o recurso voluntário do sujeito passivo e mantida sua exclusão do Simples Nacional. Como a contribuinte apresentou GFIP no período de 01/2010 a 07/2012 como optante pelo Simples Nacional, deixou de recolher a contribuição à seguridade social a cargo da empresa, o adicional SAT/RAT e as contribuições destinadas a outras entidades e fundos (Salário Educação/FNDE, INCRA, SEBRAE, SENAI e SESI) que estão sendo cobradas neste processo. Fl. 461DF CARF MF 4 A base de cálculo está composta pelo montante da remuneração declarada em GFIP e não oferecida a tributação. Foi atribuída responsabilidade solidária à empresa Somopar Sociedade Moveleira Paranaense Ltda., em virtude da formação de grupo econômico, e aplicada a multa qualificada de 150% pela utilização de mecanismo artificioso para o fim específico de evitar o pagamento de contribuição previdenciária. A ciência do lançamento deuse em 06/11/2015 (fls. 360 e 363). Em sede de impugnação, as empresas alegaram, em síntese, que (fls. 369/389): 1. O período de 01/2010 a 10/2010 já estava decaído quando ocorreu o lançamento. 2. A multa de 150% deve ser excluída já que tem nítido caráter confiscatório. 3. A caracterização do grupo econômico é fantasiosa e fruto da imaginação fértil da fiscalização. 4. Só quem teve o patrimônio acrescido em virtude das operações que deram origem ao fato gerador pode responder pelo crédito tributário. 5. Não há obrigatoriedade de que empresas conexas exerçam todas as atividades em uma única pessoa jurídica. 6. A alegação de que foram utilizados laranjas está calcada em meros erros nas declarações das pessoas físicas mencionadas no TVF. 7. Não é possível presumir o intuito fraudulento, pois ele precisa ser evidente. 8. A quebra do sigilo bancário é inconstitucional e ilegal. 9. A empresa Somopar demonstrou que obteve vários empréstimos com instituições diversas para obter recursos e repassálos via mútuos. As falhas na contabilização não invalidam as transferências. 10. A Brasipar e a Somopar já haviam passado por várias fiscalizações sem a aplicação de sanções, assim o que ocorreu foi mudança de interpretação, que não pode ser retroativa a teor do que determina o art. 146 do Código Tributário Nacional CTN. Os argumentos dos sujeitos passivos não foram acatados pela decisão de piso que manteve integralmente o lançamento efetuado. Além disso, em vista de falha no documento de procuração juntado, a DRJ não acatou a representação da Somopar, considerando que esta não impugnou o lançamento. A ciência dessa decisão foi dada em 21/09/2016 (fl. 434) e o recurso voluntário foi tempestivamente apresentado em 19/10/2016 (fls. 436/449) em nome das empresas Brasipar e Somopar. Como razões recursais, alegase, em síntese, que: Fl. 462DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 461 5 1. A empresa Mobisul não pode ser arrolada como solidária, já que não há interesse comum e não desfrutou dos resultados, não tendo se demonstrado a existência de grupo econômico. 2. Não restou caracterizado dolo específico, de modo a justificar a aplicação da multa qualificada, que deve ser reduzida para 75%. 3. As competência de 01/2010 a 10/2010 já estavam decaídas quando ocorreu o lançamento. 4. A caracterização do grupo econômico é absurda, pois não foi evidenciada confusão patrimonial, mas apenas que a empresa Somopar é provedora de empréstimos às demais empresas do grupo. 5. Não foi demonstrado o interesse comum que exige o art. 124, I, do CTN. 6. Meros erros nas declarações das pessoas físicas ou na contabilização de contratos não são suficientes para descaracterizar os empréstimos, de forma que as conclusões de que houve fraude e utilização de laranjas são exageradas. 7. Os mútuos existiram e foram comprovados pelas recorrentes não tendo havido omissão de receita. 8. Reprisa seu argumento quanto à aplicação do art. 146 do CTN. 9. A procuração outorgada pela Somopar dá direito de representação, de forma que ela deve ser tratada como recorrente. Com base nesses argumentos, as recorrentes pedem: que seja acatada a preliminar de decadência dos meses de 01/2010 a 10/2010; a redução da multa; a exclusão da Somopar como responsável tributária; a exclusão da Mobisul do presente PAF; que seja declarado que as mudanças nos critérios jurídicos sejam aplicados apenas a fatos geradores futuros; o retorno da Brasipar ao Simples; a reforma do acórdão guerreado. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta Relatora. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Inicialmente, deve ser enfrentada a questão da empresa Somopar, que a DRJ considerou como não integrante da lide, por falha de representação. Fl. 463DF CARF MF 6 Quanto a esse aspecto, tendo a empresa saneado a falha apontada na decisão recorrida (fl. 450) e tendo havido impugnação total por parte da coresponsável (Brasipar), que a todos aproveita, admitoa como recorrente neste sede. Ademais, deve ser registrado que todas as alegações apresentadas em conjunto pela defesa foram enfrentadas pela Delegacia de Julgamento, não havendo que se falar em prejuízo ou supressão de instância. Isto posto, e tendo em vista que o recurso voluntário apresentado preenche os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. Por outro lado, é necessário delimitar a matéria a ser tratada nesta sede, já que o recurso voluntário apresenta argumentos para justificar o pedido de exclusão da empresa Mobisul deste processo. Compulsandose os documentos que o compõem, vêse que a empresa Mobisul não foi arrolada como sujeito passivo. Além disso, não consta que as recorrentes tenham poderes para representála, de modo que está se pleiteando em nome próprio direito alheio, o que não é possível por carência de legitimidade. Portanto, não se conhece das alegações pertinentes a essa matéria. Preliminar de mérito Decadência Alegam as recorrentes que as competências de 01/2010 a 10/2010 já estavam decaídas quando o lançamento se aperfeiçoou, em 06/11/2015. Quanto a esse aspecto, em decorrência do julgamento dos Recursos Extraordinários nº 556.664, 559.882, 559.943 e 560.626, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do Decreto Lei nº 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Assim, definindo o STF a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212, de 1991, que estabelecia o prazo decenal para constituição dos créditos previdenciários e para terceiros, a matéria passou a ser regida pelos artigos 173, inciso I, e 150, § 4º, do Código Tributário Nacional: Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 464DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 462 7 Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (...) Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Com respeito à forma de contagem de prazos relativos às contribuições sociais previdenciárias e às contribuições para terceiros, o Ministro da Fazenda aprovou, em 18 de agosto de 2008, o Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008, que estabelece orientações a serem observadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em face da edição da Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: 49. (...) a) A Súmula Vinculante nº 8 não admite leitura que suscite interpretação restritiva, no sentido de não se aplicar efetivamente o prazo de decadência previsto no Código Tributário Nacional; é o regime de prazos do CTN que deve prevalecer, em desfavor de quaisquer outras orientações normativas, a exemplo das regras fulminadas; b) apresentada a declaração pelo contribuinte (GFIP ou DCTF, conforme o tributo) não há necessidade de lançamento pelo fisco do valor declarado, podendo ser lançado apenas a eventual diferença a maior não declarada (lançamento suplementar); c) na hipótese do subitem anterior, caso o Fisco tenha optado por lançar de ofício, por meio de NFLD, as diferenças declaradas e não pagas em sua totalidade, aplicase o prazo decadencial dos arts. 150, § 4º, ou 173 do CTN, conforme tenha havido antecipação de pagamento parcial ou não, respectivamente; o prazo prescricional, ainda, e por sua vez, contase da constituição definitiva do crédito tributário; d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4º do art. 150 do CTN; f) para fins de cômputo do prazo de decadência, todas as vezes que comprovadas as hipóteses de dolo, fraude e simulação deve se aplicar o modelo do inciso I, do art. 173, do CTN; Fl. 465DF CARF MF 8 (...) A esses esclarecimentos deve ser adicionado o que expressa o enunciado nº 99 da Súmula do CARF: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Na hipótese em análise, mesmo que não se adentre à questão da existência de dolo, não seria possível a aplicação da regra do art. 173, I, do CTN, uma vez que, declarando se como optante pelo Simples Nacional, a empresa fiscalizada não realizou antecipações de pagamentos dos tributos aqui exigidos, de forma a atrair a aplicação do art. 150, § 4º, como pretende. Além disso, como será tratado com mais detalhes adiante, a existência dos elementos que revelam o dolo e a fraude é mais do que evidente neste processo, o que também seria suficiente para justificar a contagem do prazo pelo art. 173, I. Neste caso, não se operou a decadência alegada. Multa qualificada dolo específico Segundo as recorrentes, não restou caracterizado dolo específico, de modo a justificar a aplicação da multa qualificada, que deveria ser reduzida para 75%. No que diz respeito a essa alegação, temse que a fiscalização trouxe um relato minucioso em que descreve graves inconsistências nas informações prestadas pela empresa fiscalizada e a imprestabilidade de sua contabilidade para registrar os fatos econômicos. Foi amplamente demonstrado que os eventos do mundo fenomênico não estão retratados na documentação fornecida pela contribuinte, o que demonstra a falsidade dela. Essas inconsistências provocaram a redução dos tributos devidos e dificultaram o conhecimento da fiscalização quanto à ocorrência do fato gerador, o que caracteriza a sonegação. Os fatos foram praticados por diversas pessoas naturais e jurídicas, evidenciando a existência de conluio. As receitas omitidas foram disfarçadas de operações de mútuo, o que modificaria características essenciais do fato gerador, conduta fraudulenta. A empresa declarava como seus, empregados que operavam em unidade industrial de outra empresa, falsidade. Fl. 466DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 463 9 Não havia unidade industrial nos endereços onde a fiscalizada supostamente exercia suas operações e que foram informados às autoridades públicas, mais uma vez, prestação de informação falsa à autoridade pública. A todo o conjunto de fatos descritos pela autoridade fiscal e lastreados em documentação, as recorrentes limitamse a apresentar argumentos de ordem genérica, desacompanhados de qualquer comprovação documental. Ou seja, toda a defesa está calcada em meras negativas que desafiam a experiência e a lógica, não tendo se produzido um único documento ou demonstrativo que lance dúvida sobre a narrativa zelosamente construída pela fiscalização. Portanto, entendo que neste processo está amplamente demonstrada a existência de dolo na realização de condutas que caracterizam sonegação, fraude e conluio, sendo correta a aplicação da multa qualificada de 150%. Solidariedade Segundo a defesa, a caracterização do grupo econômico seria absurda, por ausência de evidência de confusão patrimonial. Alegase que a empresa Somopar seria apenas provedora de empréstimo às demais empresas do grupo. Também não teria sido demonstrado o interesse comum que exige o art. 124, I, do CTN. Os fatos que deram origem aos tributos ora exigidos consistem no pagamento de remuneração aos empregados registrados na autuada. Como foi demonstrado pelo relatório fiscal, essas pessoas atuavam na sede da empresa Somopar, utilizando seu uniforme e produzindo para ela. Portanto, havia sim uma confusão entre as empresas na contratação e pagamento desses empregados, que trabalhavam para uma e eram registrados pela outra. Ou seja, há um interesse comum na situação que constitui o fato gerador. Além disso, o que a fiscalização apurou não foi um ou outro erro de declaração ou contabilização como querem fazer crer as recorrentes. Os fatos apurados são todos convergentes para a prática de fraude, sonegação e conluio através de vários expedientes, inclusive utilização de interpostas pessoas. A confusão na utilização de mãodeobra e na transferência de recursos, a contabilização de operações de outras pessoas jurídicas e até mesmo a alegação apresentada pela defesa de que a Somopar era provedora das demais empresas do grupo, não deixam dúvida quanto à existência de grupo econômico. Portanto, por qualquer ângulo que se analise foi correta a imputação de responsabilidade levada a cabo pela autoridade fiscal. Omissão de receitas Fl. 467DF CARF MF 10 A defesa procura afastar a presunção de omissão de receitas, alegando a efetiva existência de mútuo. Entendo que essa matéria não é pertinente ao lançamento em análise, já que nele está sendo tributada a folha de pagamentos. Na verdade, a omissão de receitas que deu origem à exclusão do Simples Nacional foi discutida em processo próprio, no qual o sujeito passivo não logrou êxito, o que autoriza a continuidade da exigência aqui realizada. Aplicação do art. 146 do CTN As recorrentes também invocam em seu favor o art. 146 do CTN. Esse dispositivo trata de mudança no critério jurídico. Não foi isso o que ocorreu no caso em análise. Mudar critério jurídico significa dar um novo significado aos mesmos fatos já conhecidos. Quando novos fatos são descobertos pela fiscalização e ela lhes atribui novos efeitos, não há qualquer mudança. Tanto é assim, que a jurisprudência dos tribunais superiores admite inclusive revisão de lançamentos já realizados. Com efeito, ao analisar a possibilidade de revisão de lançamento pela autoridade fiscal, já se manifestou o STJ em recurso submetido à sistemática do art. 543C do CPC/1973. Dessa decisão, é de se destacar: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO E PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. IPTU. RETIFICAÇÃO DOS DADOS CADASTRAIS DO IMÓVEL. FATO NÃO CONHECIDO POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO ANTERIOR (DIFERENÇA DA METRAGEM DO IMÓVEL CONSTANTE DO CADASTRO). RECADASTRAMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. REVISÃO DO LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. ERRO DE FATO. CARACTERIZAÇÃO. 1. A retificação de dados cadastrais do imóvel, após a constituição do crédito tributário, autoriza a revisão do lançamento pela autoridade administrativa (desde que não extinto o direito potestativo da Fazenda Pública pelo decurso do prazo decadencial), quando decorrer da apreciação de fato não conhecido por ocasião do lançamento anterior, ex vi do disposto no artigo 149, inciso VIII, do CTN. 2. O ato administrativo do lançamento tributário, devidamente notificado ao contribuinte, somente pode ser revisto nas hipóteses enumeradas no artigo 145, do CTN, verbis: "Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149." Fl. 468DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 464 11 3. O artigo 149, do Codex Tributário, elenca os casos em que se revela possível a revisão de ofício do lançamento tributário, quais sejam: "Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública." 4. Destarte, a revisão do lançamento tributário, como consectário do poderdever de autotutela da Administração Tributária, somente pode ser exercido nas hipóteses do artigo 149, do CTN, observado o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário. 5. Assim é que a revisão do lançamento tributário por erro de fato (artigo 149, inciso VIII, do CTN) reclama o desconhecimento de sua existência ou a impossibilidade de sua comprovação à época da constituição do crédito tributário. Fl. 469DF CARF MF 12 6. Ao revés, nas hipóteses de erro de direito (equívoco na valoração jurídica dos fatos), o ato administrativo de lançamento tributário revelase imodificável, máxime em virtude do princípio da proteção à confiança, encartado no artigo 146, do CTN, segundo o qual "a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução". 7. Nesse segmento, é que a Súmula 227/TFR consolidou o entendimento de que "a mudança de critério jurídico adotado pelo Fisco não autoriza a revisão de lançamento". 8. A distinção entre o "erro de fato" (que autoriza a revisão do lançamento) e o "erro de direito" (hipótese que inviabiliza a revisão) é enfrentada pela doutrina, verbis: "Enquanto o 'erro de fato' é um problema intranormativo, um desajuste interno na estrutura do enunciado, o 'erro de direito' é vício de feição internormativa, um descompasso entre a norma geral e abstrata e a individual e concreta. Assim constitui 'erro de fato', por exemplo, a contingência de o evento ter ocorrido no território do Município 'X', mas estar consignado como tendo acontecido no Município 'Y' (erro de fato localizado no critério espacial), ou, ainda, quando a base de cálculo registrada para efeito do IPTU foi o valor do imóvel vizinho (erro de fato verificado no elemento quantitativo). 'Erro de direito', por sua vez, está configurado, exemplificativamente, quando a autoridade administrativa, em vez de exigir o ITR do proprietário do imóvel rural, entende que o sujeito passivo pode ser o arrendatário, ou quando, ao lavrar o lançamento relativo à contribuição social incidente sobre o lucro, mal interpreta a lei, elaborando seus cálculos com base no faturamento da empresa, ou, ainda, quando a base de cálculo de certo imposto é o valor da operação, acrescido do frete, mas o agente, ao lavrar o ato de lançamento, registra apenas o valor da operação, por assim entender a previsão legal. A distinção entre ambos é sutil, mas incisiva." (Paulo de Barros Carvalho, in "Direito Tributário Linguagem e Método", 2ª Ed., Ed. Noeses, São Paulo, 2008, págs.445/446) "O erro de fato ou erro sobre o fato darseia no plano dos acontecimentos: dar por ocorrido o que não ocorreu. Valorar fato diverso daquele implicado na controvérsia ou no tema sob inspeção. O erro de direito seria, à sua vez, decorrente da escolha equivocada de um módulo normativo inservível ou não mais aplicável à regência da questão que estivesse sendo juridicamente considerada. Entre nós, os critérios jurídicos (art. 146, do CTN) reiteradamente aplicados pela Administração na feitura de lançamentos têm conteúdo de precedente obrigatório. Significa que tais critérios podem ser alterados em razão de decisão judicial ou administrativa, mas a aplicação dos novos critérios somente pode darse em relação aos fatos geradores posteriores à alteração." (Sacha Calmon Navarro Coêlho, in Fl. 470DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 465 13 "Curso de Direito Tributário Brasileiro", 10ª Ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2009, pág. 708) "O comando dispõe sobre a apreciação de fato não conhecido ou não provado à época do lançamento anterior. Dizse que este lançamento teria sido perpetrado com erro de fato, ou seja, defeito que não depende de interpretação normativa para sua verificação. Frisese que não se trata de qualquer 'fato', mas aquele que não foi considerado por puro desconhecimento de sua existência. Não é, portanto, aquele fato, já de conhecimento do Fisco, em sua inteireza, e, por reputálo despido de relevância, tenhao deixado de lado, no momento do lançamento. Se o Fisco passa, em momento ulterior, a dar a um fato conhecido uma 'relevância jurídica', a qual não lhe havia dado, em momento pretérito, não será caso de apreciação de fato novo, mas de pura modificação do critério jurídico adotado no lançamento anterior,com fulcro no artigo 146, do CTN, (...). Neste art. 146, do CTN, prevêse um 'erro' de valoração jurídica do fato (o tal 'erro de direito'), que impõe a modificação quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua ocorrência. Não perca de vista, aliás, que inexiste previsão de erro de direito, entre as hipóteses do art. 149, como causa permissiva de revisão de lançamento anterior." (Eduardo Sabbag, in "Manual de Direito Tributário", 1ª ed., Ed. Saraiva, pág. 707) (...) Considerando que a revisão do lançamento não se deu por erro de fato, mas, por erro de direito, visto que o recadastramento no imóvel foi posterior ao primeiro lançamento no ano de 1998, tendo baseado em dados corretos constantes do cadastro de imóveis do Município, estando o contribuinte notificado e tendo quitado, tempestivamente, o tributo, não se verifica justa causa para a pretensa cobrança de diferença referente a esse exercício." (...) 10. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Portanto, o fato de ter havido fiscalização de outros períodos sem os mesmos resultados, não confere um salvo conduto para a empresa, sendo possível, diante do surgimento de novas informações, inclusive a revisão da fiscalização de períodos já fiscalizados. Aliás, tratandose de relações continuativas, cada fato gerador é um novo fato gerador, como evidencia o seguinte enunciado da Súmula do Supremo Tribunal Federal: Súmula 239 decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores. Logo, na situação em análise, não restou caracterizada a mudança de critério jurídico, sendo inaplicável o art. 146 do CTN. Fl. 471DF CARF MF 14 Conclusão Pelas razões expostas, voto por conhecer do recurso apresentado e lhe negar provimento. Dione Jesabel Wasilewski Fl. 472DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.725148/2013-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA.
Faltando nos autos a prova da violação às disposições contidas no art. 142, do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59, do Decreto nº 70.235, de 1972, e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento.
MULTA DE OFÍCIO. USO DE INFORMAÇÃO FALSA. DOLO. APLICABILIDADE. QUALIFICADA.
Aplica-se a multa qualificada quando restar comprovada, como no caso apurado, que o contribuinte se utiliza intencionalmente de informação falsa para acobertar as variações patrimoniais e omitir os rendimentos utilizados na aquisição dos bens apurados pela fiscalização e, por consequência, reduzir ou suprimir tributo.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. MATÉRIA SUMULADA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2).
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INAPLICABILIDADE
A vedação constitucional quanto à instituição de exação de caráter confiscatório dos tributos, se refere aos tributos e não as multas e dirige-se ao legislador, e não ao aplicador da lei.
Numero da decisão: 2201-002.432
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
MARIA HELENA COTA CARDOZO Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Eduardo Tadeu Farah, Nathalia Mesquita Ceia, Francisco Marconi de Oliveira, Guilherme Barranco de Souza (Suplente convocado) e Odmir Fernandes (Suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad.
Nome do relator: FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA
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VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Faltando nos autos a prova da violação às disposições contidas no art. 142, do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59, do Decreto nº 70.235, de 1972, e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento. MULTA DE OFÍCIO. USO DE INFORMAÇÃO FALSA. DOLO. APLICABILIDADE. QUALIFICADA. Aplicase a multa qualificada quando restar comprovada, como no caso apurado, que o contribuinte se utiliza intencionalmente de informação falsa para acobertar as variações patrimoniais e omitir os rendimentos utilizados na aquisição dos bens apurados pela fiscalização e, por consequência, reduzir ou suprimir tributo. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. MATÉRIA SUMULADA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INAPLICABILIDADE A vedação constitucional quanto à instituição de exação de caráter confiscatório dos tributos, se refere aos tributos e não as multas e dirigese ao legislador, e não ao aplicador da lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (ASSINADO DIGITALMENTE) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 51 48 /2 01 3- 71 Fl. 936DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 2 MARIA HELENA COTA CARDOZO – Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Eduardo Tadeu Farah, Nathalia Mesquita Ceia, Francisco Marconi de Oliveira, Guilherme Barranco de Souza (Suplente convocado) e Odmir Fernandes (Suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad. Fl. 937DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 3 3 Relatório Neste processo foi lavrado o auto de infração de IRPF (fls. 742 e 743), exercício 2011, contra o contribuinte acima e o sujeito passivo solidário Geovani Pereira da Silva, por omissão de rendimentos baseada em depósitos bancários de origem não comprovada, sendo apurado de imposto de renda de pessoa física no valor de R$ 190.838,71, sobre o qual foi aplicada a multa de ofício qualificada. Conforme descrição dos fatos no Termo de Verificação de Infração, fls. 728 a 737, o lançamento decorreu da fiscalização na empresa JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda, CNPJ nº 11.682.299/000128, investigada pela Polícia Federal na chamada “Operação Monte Carlo”, que tinha o objetivo de desarticular uma “organização” que explorava o jogo ilegal em Goiás e no Distrito Federal. Segundo apurado na investigação fiscal, a empresa era utilizada exclusivamente para permitir que o sujeito passivo Carlos Augusto de Almeida Ramos, considerado chefe da referida “organização”, pudesse movimentar recursos financeiros sem oferecêlos à tributação. A empresa não existia de fato. Em 3 de julho de 2012, os auditores fiscais responsáveis pelo procedimento estiveram no endereço cadastrado na RFB para dar ciência do início da fiscalização à pessoa jurídica, mas no local encontraram havia uma casa fechada, com aviso de que o imóvel estava disponível para aluguel. O proprietário do imóvel, localizado por meio da imobiliária anunciante, informou que há mais ou menos dois anos foi procurado por pessoas que queriam alugar uma sala para uma empresa cujo nome começava com JR, mas que as pessoas desapareceram. A fiscalização, a partir dos contratos sociais obtidos na Junta Comercial do Estado de Goiás, intimou os sócios Jairo Barbosa Junior, CPF 778.715.29153, e Crizeugleydson Pereira dos Santos, CPF 035.287.33101. Jairo Barbosa Junior informou que ele e Crizeugleydson Pereira dos Santos foram orientados por uma pessoa a abrir uma empresa de prestação de serviços na construção de casas populares; que foram alugar uma sala e entregaram os papéis a uma pessoa indicada para fazer a firma; que o negócio não deu certo; que não voltaram mais ao local onde haviam acertado o aluguel; que, como estava chegando correspondência na sala, foram providenciar o fechamento da firma; e que um contador pediu um mil reais para fazer o serviço. Depois, teria aparecido um senhor com a indicação de uma pessoa para ficar com a firma, pagando todas as despesas. E, como foi ao cartório transferir a firma, pensou que tudo estaria resolvido, ressaltando que nunca abriu conta alguma e nem emitiu notas fiscais; e que tem uma conta no Banco Bradesco, mas não a movimenta. Crizeugleydson Pereira dos Santos confirmou o que o outro sócio havia dito e apresentou uma certidão emitida pelo 2º. Ofício de Notas de Anápolis (GO), mostrando que foi passada procuração a Geovani Pereira da Silva, para representar a JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda perante os bancos em geral. Acrescentou também que trabalha como pedreiro e que está se mudando para casa de sua sogra, pois não tem como pagar o aluguel. Fl. 938DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 4 Diante da negativa do titular de direito da conta, a fiscalização requisitou as informações do Banco Bradesco. Entre os documentos enviados pela instituição financeira, na resposta à RMF, consta uma procuração, com data de 12 de dezembro de 2006, na qual o sócio Francisco de Assis Oliveira Junior dá poderes a Geovani Pereira da Silva, CPF 319.166.001 15, para movimentar a conta corrente (fls. 64/66). Posteriormente, analisando os documentos relativos a débitos lançados na conta da empresa, verificouse que esses eram assinados pelo senhor Geovani Pereira da Silva. Não tendo sucesso nas intimações sucessivas à empresa e aos sócios, a fiscalização enviou as Requisições de Movimentação Financeira (RMF) às instituições referidas, solicitando extratos em papel e em meio magnético, além de dados da ficha cadastral do correntista, bem como o instrumento de procuração outorgando poderes a terceiros para movimentarem a conta. Na documentação remetida pelo Bradesco consta a procuração para Geovani Pereira da Silva, CPF 319.166.00115, com amplos poderes para representar a empresa, bem como a sua assinatura em todos os documentos relativos aos débitos lançados naquela conta, inclusive no cartão de autógrafo. A conta corrente era alimentada, quase totalmente, por duas outras empresas, Brava Construtora e Alberto & Pantoja, que também foram objeto de análise pela fiscalização. A auditoria, ao concluir pela evidência de interposição de pessoa, cita trechos da sentença judicial com a narrativa de parte da peça acusatória do Ministério Público Federal, na qual se afirma que a organização utilizava “interpostas pessoas, além de empresas de fachada”, sendo liderada por “um articulador dotado de poderio econômico e político anormal”. Na sentença, o magistrado afirma que Geovani Pereira da Silva era pessoa de confiança do chefe da organização com grau de culpabilidade acentuada, agindo sob o comando deste, “sendo responsável por operar a contabilidade do grupo, constituir empresas fantasmas, esconder capitais, além de ter se prestado a ser procurador dos chefes junto às operações bancárias”. Uma das empresas utilizadas pelo “grupo” era a JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda., cuja movimentação financeira era incompatível com os rendimentos declarados à Receita Federal. Intimados, o senhor Carlos Augusto de Almeida Ramos informou desconhecer a origem de tais depósitos e Geovani Pereira da Silva, apesar de solicitar prazo para atendimento para a resposta, não atendeu à intimação. Assim, considerando que o contribuinte Carlos Augusto de Almeida Ramos era o real beneficiário da conta cadastrada em nome da empresa JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda. no Banco Bradesco, foi realizado o lançamento na forma estabelecida no art. 42, § 5º da Lei nº 9.430/1996. O senhor Geovani Pereira da Silva foi considerado pela auditoria como sujeito passivo solidário, na forma do art. 124, inciso I, do CTN, tendo em vista o interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária, inclusive pelo fato de ter feito dezenas de retiradas em espécie que totalizaram mais de três milhões e quinhentos mil reais. O contribuinte principal e o solidário apresentaram as suas impugnações, cujas razões foram assim resumidas no relatório da decisão de primeira instância: Cientificado do lançamento em 24/06/2013, conforme Aviso de Recebimento dos Correios, fl. 763, apresentou o contribuinte Carlos Augusto de Almeida Ramos, em 19/07/2013, a defesa, de fls. 767/793, por meio de procurador devidamente habilitado, conforme documentos de fls. 707/708, reproduzindo trechos do Termo de Verificação Fl. 939DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 4 5 Fiscal, que concluíram pela responsabilidade solidária entre a sociedade empresária, o peticionário e Geovani Pereira da Silva, ressaltando a forma em que foi realizada a aferição da movimentação financeira, por meio de acesso à movimentação bancária da sociedade empresária. Acrescenta o defendente, em síntese, que: O acesso às informações da sociedade empresária, seguradas por sigilo constitucionalmente qualificado, se deu mediante mera notificação à instituição bancária, fato que macula todo o lançamento fiscal, pois eivado de nulidade a importar seu encerramento. O Auto de Infração é nulo, pois viola a reserva constitucional de jurisdição para afastamento do sigilo bancário do contribuinte. Foi lançado como fundamento jurídico da autuação o art. 42 da Lei 9.430/96, havendo fatos que são dignos de nota: a administração fazendária entendeu como inexistente de fato a sociedade empresária JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda.; notificaramse as casas bancárias para que fornecessem a movimentação bancária da referida sociedade empresária; tal sociedade tinha como mandatário Geovani Pereira da Silva; com base na sentença penal, entendeu a fiscalização que a referida sociedade era interposta pessoa do contribuinte peticionário; por não terem justificado a origem da movimentação bancária, lançouse o tributo tendo como sujeito passivo Carlos Augusto de Almeida Ramos e como solidário Geovani Pereira da Silva. A autoridade fazendária, por seu beltalante, obteve os dados bancários que entendeu necessários por meio de mera requisição às instituições financeiras. O tributo tão só foi lançado com base em suposta discrepância entre os valores depositados na conta corrente da sociedade empresária e os valores expostos em declarações fiscais tanto do contribuinte principal, quanto do solidário. A obtenção dos dados não se deu pela entrega das informações pelo contribuinte originário, ou seja, a sociedade empresária, mas sim por ato forte da autoridade fazendária. Apenas o magistrado pode afastar o sigilo bancário, premissa que não fica afastada pelo fato de haver contra o impugnante sentença penal a estabelecer haver utilização de interposta pessoa para movimentação bancária. Isso se dá por um par de motivos. O primeiro decorre do fato de que a referida sentença não passou em julgado e o segundo pelo fato de a sentença penal não ser decisão própria para afastar o sigilo fiscal do contribuinte para fins de lançamento fiscal. Isso decorre da sedimentada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, quanto à independência das esferas administrativa e judicial. (Reproduz jurisprudência). O fato de haver sentença penal a estabelecer a existência de interposta pessoa não afasta o dever de a administração pública obter, pela via judicial, autorização para afastar seu sigilo bancário, pois as esferas de atuação são independentes. O STF já sedimentou o entendimento de que a quebra de sigilo bancário pela autoridade fiscal, para fins de apuração da base imponível, há de ser precedida pela autorização judicial para tal fim. A proteção ao sigilo bancário constitui espécie do direito à intimidade consagrado no art. 5º, X, da Constituição Federal, sendo uma das garantias do indivíduo contra o arbítrio do estado e, apesar de não ser absoluta, sua relatividade deve guardar contornos com a própria lei, sob pena de abrir caminho para descumprimento da garantia à intimidade constitucionalmente assegurada. (Reproduz doutrina e jurisprudência) Se houve quebra de sigilo bancário sem ordem judicial, está maculado na origem, por inconstitucionalidade, o lançamento e se este foi obtido por meio de prova inválida, todas as demais dela decorrentes também o serão. Fl. 940DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 6 É a teoria do “fruto da árvore envenenada”. O fruto (lançamento fiscal) decorre de uma árvore podre (sigilo bancário indevidamente afastado). O Auto de Infração deve ser anulado, pois o lançamento se baseou em prova maculada de inconstitucionalidade. Da ilegalidade da majoração da multa – 150% A sonegação, a fraude e o conluio são definidos, segundo os artigos 71 a 73 da Lei 4.502/64. A autuação ora impugnada entendeu ter ocorrido fraude, no entanto não é toda e qualquer ação praticada com o objetivo de impedir a ocorrência do fato gerador que pode ser qualificada como fraude. O que caracteriza a fraude, do ponto de vista fiscal, é o dolo, questionando se a lei fiscal que define fraude como o ato doloso tendente a impedir a ocorrência do fato gerador do tributo está se referindo ao dolo civil ou penal. Entende a defesa que se trata do dolo definido pela lei penal. Fraude Fiscal é aquela caracterizada pela prática de uma ação ou omissão intencionalmente criminosa, tendente a impedir a ocorrência do fato gerador, como a falsificação de um documento, emissão de nota fiscal espelhada ou calçada, é a adulteração de documentos contábeis, entre outros. A conduta do contribuinte não almejou o impedimento da ocorrência do fato gerador. A acusação que lhe é feita é de omitir dados da movimentação financeira, que pode ser aferida mediante programa da Receita Federal, estando impossibilitado o aferimento da conduta dolosa. (Reproduz jurisprudência do Conselho de Contribuintes e doutrina) Não se pode falar em fraude à lei sem que exista dolo e não se pode falar em dolo onde não ocorra uma especial direção subjetiva e consciente da vontade do agente que possa caracterizar intenção fraudulenta e, por sua vez, não se pode falar em intenção fraudulenta toda vez que a autoridade fiscal tiver a possibilidade de rever as declarações eterna vigilância desta autoridade. O contribuinte não agiu com o intuito de impedir, retardar, excluir ou modificar as características essenciais do tributo (art. 72 da Lei 4.502/64). No caso de a declaração de rendimentos não conter nenhum valor, não impede o fisco de obter por outros meios. Da inconstitucionalidade da multa aplicada Se, apenas por argumentação hipotética, for mantida a autuação, a multa na forma em que foi estabelecida não pode prevalecer, pois se afigura confiscatória. O STF já se manifestou sobre essa espécie de multa, que exorbita o valor do tributo. A limitação ao poder de tributar, art. 150, inciso IV, da Carta da República, se estende também às multas decorrentes de obrigações tributárias, ainda que não tenham elas natureza de tributo. Reproduz o contribuinte trechos do voto do relator Ministro Ilmar Galvão no âmbito da Adin 551 e do Ministro Marco Aurélio de Melo, concluindo que a parte do Auto de Infração que impôs a incidência de multa deve ser anulado, eis que tem essência confiscatória, uma vez que se amolda em exatidão no caso julgado pela suprema Corte, no qual se declarou a inconstitucionalidade do dispositivo que impôs multa confiscatória. Por fim, requer o contribuinte o cancelamento do Auto de Infração. O sujeito passivo solidário, Geovani Pereira da Silva, cientificado do lançamento em 21/06/2013, fl. 762, apresentou contestação, em 19/07/2013, fls. 797/823, reprisando os argumentos expendidos por Carlos Augusto de Almeida Ramos em sua impugnação. Fl. 941DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 5 7 Os membros da os membros da 21ª Turma de Julgamento da DRJ Rio de Janeiro I, por unanimidade de votos, consideram improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido com os acréscimos legais (fls. 831 a 848). Cientificados em 11 e 18 de dezembro de 2013 (fls. 856 e 857), o contribuinte Carlos Augusto de Almeida Ramos e o sujeito passivo solidário Giovanni Pereira da Silva apresentaram os recursos voluntários, respectivamente em 10 e 18 de janeiro de 2014, reprisando as razões apresentadas nas impugnações, as quais podem ser assim resumidas: I – Carlos Augusto de Almeida Ramos: a) Alega a nulidade do auto de infração, por afastamento arbitrário de sigilo bancário sem a prévia autorização judicial e por quebra de reserva de jurisdição, uma vez que a autoridade teria usado como base do lançamento uma sentença penal pendente de trânsito em julgado; e que caberia à autoridade administrativa provar a existência de renda, e não imputar o ônus ao contribuinte. b) Argui que depósito bancário não se configura em renda; seria ilegal a majoração da multa de 150% – inexistência de dolo ou fraude e desconfiguração da hipótese de incidência da multa agravada de 150%, do art. 44, II, da Lei nº 9.430, de 1996; e há inconstitucionalidade na multa aplicada, por ser confiscatória desproporcional e contrariar a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. II – Geovani Pereira da Silva: a) Reprisa os argumentos apresentados pelo sujeito passivo principal no que diz respeito ao afastamento de sigilo bancário sem prévia autorização judicial e à reserva de jurisdição; e b) Também questiona a legalidade e constitucionalidade da multa qualificada. É o relatório. Fl. 942DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 8 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira Os recursos voluntários são tempestivos e, atendidas as demais formalidades, deles tomo conhecimento. Inicialmente, cabe tratar da nulidade do auto de infração, por reserva de jurisdição e afastamento arbitrário de sigilo bancário. Nulidade por afastamento arbitrário de sigilo bancário e reserva de jurisdição e necessidade de o Fisco provar a existência de renda. Os recorrentes alegam que as informações não teriam sido entregues por eles, e sim requisitadas pelo Fisco às instituições financeiras, com base em decisão judicial não transitada em julgado, e que deveria ser mantida a reserva de jurisdição. Ainda, que haveria entendimento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a quebra do sigilo bancário pela autoridade fazendária, sem a determinação judicial, seria inconstitucional, tornando, assim, nulo o procedimento. Porém, ao contrário do que aduz o recorrente, as informações fiscais para apuração do crédito tributário não são desdobramento da citada sentença judicial, como já ressaltado pela decisão de primeira instância. Basta verificar que a sentença penal foi prolatada pela 11ª. Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás em 7 de dezembro, posterior ao início da ação fiscal na empresa JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda., ocorrida em 3 de julho, e também da Requisição de Movimentação Financeira destinada ao Banco Bradesco em 14 de agosto de 2012. Compulsando os autos, verificase que a infração apurada foi decorrente de fiscalização realizada na pessoa jurídica JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda., empresa inexistente de fato, e que as requisições para fornecimento das informações bancárias por meio das instituições financeira ocorreram somente depois de intimados, sem sucesso, a empresa e seus sócios, ocasião em que se verificou que os recursos movimentados nas contas correntes tinham como beneficiários os senhores Carlos Augusto de Almeida Ramos e Geovani Pereira da Silva, conforme se extraí do Termo de Verificação Fiscal: [...] as infrações relatadas a seguir foram verificada a partir da fiscalização da empresa JR PRESTADORA DE SERVIÇOS, CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA., CNPJ nº 11.682.299/000128 (JR CONSTRUTORA). Ao longo do referido procedimento, constatamos que a JR CONSTRUTORA é inexistente de fato, e que foi utilizada, em 2010, única e exclusivamente, com o objetivo de permitir que o sujeito passivo acima qualificado, Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos, pudesse movimentar recursos financeiros próprios na rede bancária, sem oferecêlos à tributação. [...] Em 03/07/2012, por volta das 13:00 horas, estivemos no endereço AV. URUGUAI QUADRA 19 LOTE 16, Jardim das Américas, Anápolis (GO), para dar ciência ao sujeito passivo JR CONSTRUTORA [...]. No local, havia uma casa fechada, com uma placa no muro, indicando que o imóvel estava disponível para aluguel [...]. Fl. 943DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 6 9 Em 06/07/2012, encaminhado o Termo de Início do Procedimento Fiscal para os sócios JAIRO BARBOSA JR, de CPF 778.715.29153, e CRIZEUGLEYDSON PEREIRA DOS SANTOS, CPF 035.287.331014. Apenas o Sr. Jairo foi encontrado, mas deu conhecimento do Termo de Início ao Sr. Crizeugleydson (fls. 025031). Em 12/07/2012, o Sr. Jairo respondeu (fls. 032035) o Termo de Início de Fiscalização dizendo que foram orientados por uma pessoa a abrir uma empresa de para prestar serviço na construção de casas populares; que foram alugar uma sala e entregaram “todos os papéis” a uma pessoa indicada “para fazer a firma”; que ficou enrolando e terminou as casas e não deu certo”, e que não voltaram mais ao local onde haviam acertado o aluguel da sala; que, depois, “o pessoal da sala” avisou que estava chegando correspondência na sala, e pediu que tomassem providências; que, já sem trabalho, foram providenciar o fechamento da firma, e um contador pediu um mil reais para fazer o serviço; que, aí, apareceu “um senhor que indicou uma pessoa que ficaria com a firma”, pagando todas as despesas; e que foram ao cartório transferir a firma; que pensou que estava tudo resolvido, quando recebeu o Termo de Início de Fiscalização; que não sabiam da existência da existência, nem nunca abriram conta alguma e nem notas fiscais emitiram; que tem uma conta no Banco Itaú, que não movimenta há mais de um ano; que está desempregado há mais de um ano, e faz bico como motorista e serviços em geral. O Sr. Jairo anexou uma certidão emitida pelo 2º Ofício de Notas de Anápolis (GO), mostrando a procuração que foi passada ao foi passada procuração a Geovani Pereira da Silva, para representar a JR PRESTADORA DE SERVIÇOS, CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA. perante os banco em geral. O Sr. Crizeugleydson (fls. 036039) nos enviou sua reposta ao Termo de Início de Fiscalização, confirmando, basicamente, tudo o que o Sr. Jairo havia dito, ou seja, não chegaram a operar com a empresa, e passaramna para outra pessoa (ou pensaram que haviam passado). Acrescentou que, atualmente, trabalha como pedreiro, numa obra particular, e que está saindo da casa onde mora para a casa de seu sogro, porque não tem como pagar aluguel. Em 14/08/2012, enviamos a RMF nº 01.2.02002012000159 ao BANCO BRADESCO, por negativa, pelo titular de direito da conta, da titularidade de fato ou da responsabilidade pela movimentação financeira, e, também, por presença de indício de que o titular de direito é interposta pessoa do titular de fato. [...] (destaque do original) Verificando que os recursos beneficiavam os contribuintes pessoas físicas autuadas, a auditoria enviou ao sujeito passivo principal e ao solidário um Termo de Verificação Fiscal solicitando que fosse justificada a origem/natureza dos recursos recebidos nas contas bancária em nome da empresa JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda. O primeiro alegou desconhecer a origem de tais depósitos; o segundo solicitou prazo para prestar esclarecimentos e, mesmo assim, não atendeu. Em função disso, foi efetuado o lançamento. Quanto à requisição da movimentação financeira, cabe esclarecer que foram adotadas as medidas legais para inicio da ação fiscal, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105, in verbis: Art. 6°. As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver procedimento administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. (grifos nossos) Fl. 944DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 10 Assim, considerando a necessidade e a imprescindibilidade de acesso aos significativos valores movimentados em contas bancárias para levantamento do imposto de renda devido, já que não houve a apresentação da informação, cabe a requisição informações diretamente às instituições financeiras, como consta consolidado no art. 918 do RIR/1999: Art. 918. Iniciado o procedimento fiscal, os AuditoresFiscais do Tesouro Nacional poderão solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei n°4.595, de 1964 (Lei n° 4.595, de 1964, art. 38, §§ 5° e 6°, e Lei n° 8.021, de 1990, art. 8°). Observase ainda que não há quebra de sigilo bancário, e sim, mera transferência de informações, já que elas, de posse da Receita Federal do Brasil, estão sujeitas ao sigilo fiscal, de acesso restrito aos agentes do fisco e ao contribuinte, conforme consta do RIR/1999: Art. 998. Nenhuma informação poderá ser dada sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado dos seus negócios ou atividades (Lei n° 5.172, de 1966, arts. 198 e 199). [...] § 2° A obrigação de guardar reserva sobre a situação de riqueza dos contribuintes se estende a todos os funcionários públicos que, por dever, de ofício, vierem a ter conhecimento dessa situação (Decretolei n° 5.844, de 1943, art. 201, § 1°). § 3º É expressamente proibido revelar ou utilizar, para qualquer fim, o conhecimento que os servidores adquirirem quanto aos segredos dos negócios ou da profissão dos contribuintes (Decretolei n° 5.844, de 1943, art. 201, § 2°). Art. 999. Aquele que, em serviço da Secretaria da Receita Federal, revelar informações que tiver obtido no cumprimento do dever profissional ou no exercício de oficio ou emprego, será responsabilizado como violador de segredo, de acordo com a lei penal (Decretolei n°5.844, de 1943, art. 202). Portanto, descabem as alegações de ilicitude no acesso aos extratos bancários. Quanto à tributação dos valores apurados, cabe destacar que o legislador ordinário presumiu que há aquisição de riqueza nova nos casos de movimentação financeira em que o contribuinte não demonstre a origem dos recursos. E, nesse caso, ante a vinculação do princípio da legalidade que rege a administração pública, tem a fiscalização a obrigação de autuar a omissão no valor dos depósitos bancários recebidos. Assim está expresso no artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. A caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se dá pela constatação de depósitos bancários, mas pela falta de esclarecimentos por parte do contribuinte da origem dos numerários depositados em contas bancárias, com a análise individualizada dos créditos, conforme expressamente previsto na lei, resultando na presunção de omissão de rendimentos. As presunções legais, ao contrário do que alega o contribuinte Carlos Augusto de Almeida Ramos, invertem o ônus da prova, cabendo ao Fisco comprovar tão somente a ocorrência da hipótese descrita na norma como presuntiva da infração. Nos autos, o contribuinte não apresentou provas, mediante documentação hábil e idônea, da origem dos Fl. 945DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 7 11 valores depositados/creditados nas contas correntes, constante do Termo de Verificação Fiscal, caracterizando, assim, a omissão de rendimentos, como definida no artigo 42, da Lei 4.930, de 1996, com os limites alterados pelo art. 40 da lei n° 9.481, de 1997, e no artigo 849 e parágrafos do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999). Também, diferentemente do que afirmam os recorrentes, as informações da movimentação bancária não foram extraídas de sentença judicial, mas apurada a partir da fiscalização na pessoa jurídica JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda., iniciada com base em informações disponíveis nos bancos de dados da Receita Federal e dados públicos obtidos na Junta Comercial do Estado de Goiás (GO), e, em sequência, com a identificação dos reais beneficiários dos recursos transitados na conta do Banco Bradesco S/A. A jurisprudência do Conselho de Contribuinte citada pelo Contribuinte, além de tratar de interpretação anterior à edição da Lei Complementar 105/2001, não tem caráter de norma geral, razão pela qual não se aproveita em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Portanto, não há qualquer ilegalidade na apuração dos valores lançados que implique nulidade do auto de infração, nem se sustenta a argumentação de que os recursos financeiros movimentados não são capazes de configurar o fato gerador do imposto cobrado diante da ausência de provas de sua ocorrência. Ilegalidade da majoração da multa de ofício, inconstitucionalidade e confisco. Os contribuintes argúem ilegalidade na majoração da multa de ofício por inexistência de dolo ou fraude, desconfigurando a hipótese de incidência da multa qualificada de 150%, do art. 44, § I, da Lei nº 9.430, de 1996. Nos autos, a razão da qualificação da multa é a utilização intencional de conta bancária em nome de uma pessoa jurídica inexistente de fato (interposta pessoa), para que as pessoas físicas não apareçam como reais beneficiárias dos recursos que transitaram pelas referidas contas. Assim, nos termos propostos pela fiscalização, terseia agido com evidente intuito de fraude, ensejando a aplicação da multa qualificada. Nesse aspecto, o fato ocorrido é uma simulação, que implica conduta dolosa na utilização de informação falsa, enquadrando a situação nas hipóteses dos art. 71 e 72 da Lei 4.502/1964, cujas operações realizadas em nome da pessoa jurídica serviram para acobertar as omissões de rendimentos apurados pela fiscalização. Também, devese lembrar que a Administração Tributária se submete ao principio da legalidade, não podendo se furtar em aplicar a lei. Não pode a autoridade lançadora ou julgadora administrativa, por exemplo, invocando o principio do nãoconfisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar a inconstitucionalidade da lei que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de oficio). No caso específico do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tem aplicação o art. 62 de seu Regimento Interno, que veda expressamente a declaração de inconstitucionalidade de leis, tratados, acordos internacionais ou decreto pelos seus membros. A questão de inconstitucionalidade de lei foi pacificada no CARF por meio da Súmula 2, a qual diz: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Fl. 946DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 12 Ademais, o princípio constitucional que trata da vedação ao confisco, por força de exigência tributária, deve ser observado pelo legislador no momento da criação da lei, e não na sua aplicação. Isto posto, voto em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator Fl. 947DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA
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