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Numero do processo: 10380.900761/2009-36
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2005
PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL.
Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-004.442
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO PELO IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CGTF CENTRAL GERADORA TERMELETRICA FORTALEZA S.A. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello. Solicitou apresentar declaração de voto a Conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 07 61 /2 00 9- 36 Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, de acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF n.º 527, de 2010, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF n.º 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão n.º 3101001.721, que possui a seguinte ementa, transcrita na parte de interesse: PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Constatado que a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, não é descaracterizado o preço predeterminado, com a incidência cumulativa das contribuições de PIS e COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte A divergência foi suscitada pela Fazenda Nacional em razão do entendimento de que a previsão de cláusula de reajuste com base no IGPM não desnaturaria o requisito de “preço predeterminado” estatuído no art. 10, XI, “b” da Lei n.º 10.833/2003, condição necessária para manutenção da contribuinte no regime cumulativo do PIS/COFINS. Para comprovar o dissenso foram colacionados, como paradigmas, os Acórdãos nºs 210200.001 e 20219.497. O Contribuinte apresentou contrarrazões postulando, preliminarmente, o não conhecimento do Recurso Especial e, caso seja conhecido, seu nãoprovimento, mantendo a decisão recorrida nos termos em que proferida. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.432, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.900758/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303004.432): Da Admissibilidade "Entendemos que o recurso especial deve ser conhecido. Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 4 3 É que, como restou comprovado no exame de sua admissibilidade, enquanto, no acórdão recorrido, entendeuse que o índice aplicado no contrato celebrado pela contribuinte – o mesmo de que se tratou no primeiro acórdão paradigma – não o desqualificava como predeterminado, neste último chegouse a uma conclusão diversa, ou seja, a de que a aplicação do mesmo índice desnaturou tal condição. Assim sendo, e sem necessidade de maiores digressões, entendemos que o recurso especial interposto pela Procuradoria deve ser conhecido." Do Mérito "A questão posta nos autos cingese a esclarecer se a receita advinda do contrato firmado, por ser anterior a 31 de outubro de 2003, estaria alcançado pelo comando dos artigos 10 e 15 da Lei nº n.º 10.833/03, em razão da Instrução Normativa n.º 468/04, aplicandose, portanto, a sistemática da nãocumulatividade. Por unanimidade de votos, a decisão recorrida reconheceu o direito do Contribuinte de compensar com débitos próprios os créditos de que é titular, decorrentes de pagamentos efetuados a maior realizados a título de COFINS nãocumulativa, sobre as receitas de vendas de energia elétrica, quando esse tributo deveria ter sido calculado no regime cumulativo, de acordo com a a alínea "b" do inciso XI do artigo 10 e no artigo 15 da Lei n.° 10.833/03, do § 3 do artigo 3 da IN SRF n.° 658/06 e do item 3.1 da IN SRF n.° 21/79, por resultarem de contrato firmado antes de 31.10.2003 a preço predeterminado, com prazo de vigência superior a 1 (um) ano (CONTRATO), celebrado com a Companhia Energética do Ceará ("COELCE"). Para melhor elucidar a questão, transcrevo a seguir os dispositivos que serão tratados na presente decisão, iniciando com a art. 10, inciso XI, alínea “b”, da Lei n.º10.833/03, in verbis: "Lei 10.833/03 (...) Art. 10. Permanecem sujeitas às Normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (...) XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços;" Fl. 606DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 5 4 E artigos 1º e 2º da IN SRF n.º 468/04, trazem a seguinte redação: "Art. 1º Permanecem tributadas no regime da cumulatividade, ainda que a pessoa jurídica esteja sujeita à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, as receitas por ela auferidas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) II com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços “Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Se estipulada no contrato cláusula de aplicação de reajuste, periódico ou não, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços verificada após a data mencionada no art. 1º. (...)." Verificase que a Instrução Normativa da Receita Federal determina a alteração do regime tributário com a existência de cláusula de reajuste, ou seja, altera a situação da pessoa jurídica do regime tributário da cumulatividade para o não cumulativo. Acredito, que referida instrução normativa ultrapassou o poder regulamentar. Isto porque, ao definir a cláusula de reajuste como marco temporal para modificação do caráter predeterminado do preço, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). Cumpre asseverar que o entendimento jurisprudencial só admite alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação ao princípio da legalidade tributária, senão vejamos: "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. FUSEX. NATUREZA TRIBUTÁRIA. FIXAÇÃO DA ALÍQUOTA POR PORTARIA. IMPOSSIBILIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. É entendimento sedimentado o de não haver omissão no acórdão que, com fundamentação suficiente, ainda que não exatamente a invocada pelas partes, decide de modo integral a controvérsia posta. 2. 'Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 6 5 foi apreciada pelo tribunal a quo' (Súmula 211/STJ). 3. 'O Fundo de Saúde do Ministério do Exército (FUSEX) é custeado pelos próprios militares que gozam, juntamente com seus dependentes, de assistência médicohospitalar. A contribuição de custeio, tendo em vista seu caráter compulsório, tem natureza jurídica tributária, sujeitandose ao princípio da legalidade. Precedente: REsp 789260/PR, Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ 19.06.2006' (REsp 761.421/PR, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 01.03.2007). 4. '(...) por se tratar de lançamento de ofício, o prazo prescricional a ser aplicado às ações de repetição de indébito de contribuições ao FUSEX é o qüinqüenal, nos termos do art. 168, I, do CTN' (REsp 1.068.895/RS, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJe de 20/10/2008) 5. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 857.464/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 2.3.2009.) Diante, disto, o STJ e o TRF tem posicionado no sentido de declarar a ilegalidade do art. 2º, §2º, da Instrução Normativa SRF n.º 468/04 (redação repetida pelo art. 3º, §2º, da Instrução Normativa SRF n.º 658/06). "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. REGRA DE TRANSIÇÃO. ART. 10, XI, "B", DA LEI N. 10.833/03. REGULAMENTAÇÃO. SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. ART. 92 DA LEI N. 10.833/03. CONCEITO DE "PREÇO PREDETERMINADO". ART. 2º, § 2º, DA IN/SRF N. 468/2004 E ART. 3º, §2º, DA IN/SRF N. 658/2006. ILEGALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO (ART. 932, IV, CPC/2015 C/C ART. 255, § 4º, II, RISTJ). Processo REsp 1476922 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Data da Publicação DJe 29/06/2016." "TRIBUTÁRIO. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. Cuidase de recurso especial interposto pelo contribuinte, questionando o poder regulamentar da Secretaria da Receita Federal, na edição da Instrução Normativa n. 468/04, que regulamentou o art. 10 da Lei n. 10.833/03. 2. O art. 10, inciso XI, da Lei n. 10.833/03 determina que os contratos de prestação de serviço firmados a preço determinado antes de 31.10.2003, e com prazo superior a 1 (um) ano, permanecem sujeitos ao regime tributário da cumulatividade para a incidência da COFINS. (Grifo meu.) 3. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa n. 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços " e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 4. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. 5. No mesmo sentido do voto que eu proferi, o Ministério Público Federal entendeu que houve ilegalidade na regulamentação da lei pela Secretaria da Receita Federal, pois "a Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 7 6 simples aplicação da cláusula de reajuste prevista em contrato firmado anteriormente a 31.10.2003 não configura, por si só, causa de indeterminação de preço, uma vez que não muda a natureza do valor inicialmente fixado, mas tão somente repõe, com fim na preservação do equilíbrio econômicofinanceiro entre as partes, a desvalorização da moeda frente à inflação ." (Fls. 335, grifo meu.) Mantenho o voto apresentado, no sentido de dar provimento ao recurso especial (REsp. n. 1.089.998 RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18.10.2011). " "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no art. 557 do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo regimental, como bem analisado no REsp 824.406/RS de Relatoria do Min. Teori Albino Zavascki, em 18.5.2006. 2. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços" e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 3. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. Precedentes: REsp 1.089.998RJ, DJe 30/11/2011; REsp 1.109.034PR, DJe 6/5/2009; e REsp 872.169RS, DJe 13/5/2009. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp. n. 1.310.284 PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 06.09.2012)." "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. INTIMAÇÃO PESSOAL DA FAZENDA. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. NATUREZA PREVENTIVA. SÚMULA 7/STJ. ART. 10, XI, "B' DA LEI 10.833/03. CONCEITO DE PREÇO PREDETERMINADO. IN SRF 468/04. ILEGALIDADE. PRECEDENTE. ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. MULTA. AFASTAMENTO. SÚMULA 98/STJ. 1. O provimento do recurso especial por contrariedade ao art. 535, II, do CPC pressupõe seja demonstrado, fundamentadamente, entre outros, os seguintes motivos: (a) a questão supostamente omitida foi tratada na apelação, no agravo ou nas contrarrazões a estes recursos, ou, ainda, que se cuida de matéria de ordem pública a ser examinada de ofício, a qualquer tempo, pelas instâncias ordinárias; (b) houve interposição de aclaratórios para indicar à Corte local a necessidade de sanear a omissão; (c) a tese omitida é fundamental à conclusão do julgado e, se examinada, poderia levar à sua anulação ou reforma; e (d) não há outro fundamento autônomo, suficiente para Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 8 7 manter o acórdão. Esses requisitos são cumulativos e devem ser abordados de maneira fundamentada na petição recursal, sob pena de não se conhecer da alegativa por deficiência de fundamentação, dada a generalidade dos argumentos apresentados. Incidência da Súmula 284/STF. 2. Não cabe recurso especial quanto à controvérsia em torno da intimação pessoal da Fazenda, sob pena de usurparse competência reservada ao Supremo, nos termos do art. 102 da CF/88, já que o aresto recorrido decidiu com base em fundamentos essencialmente constitucionais. 3. Inadmissível recurso especial que demanda dilação probatória incompatível, nos termos da Súmula 7/STJ. No caso, a Corte de origem afirmou, expressamente, tratarse de impetração preventiva, o que afasta o prazo decadencial de 120 dias para a impetração, premissa que não pode ser revista neste âmbito recursal. 4. O preço predeterminado em contrato, previsto no art. 10, XI, "b", da Lei 10.833/03, não perde sua natureza simplesmente por conter cláusula de reajuste decorrente da correção monetária. Ilegalidade da IN n.º 468/04. Precedente. 5. A multa fixada com base no art. 538, parágrafo único, do CPC, deve ser afastada quando notório o propósito de prequestionamento dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 98/STJ. 6. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer em parte do recurso e, nessa parte, darlhe parcial provimento nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Cesar Asfor Rocha votaram com o Sr. Ministro Relator.” Egrégio Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1169088 MT 2009/02357184" Com efeito, inferese da leitura da legislação federal que não houve nenhuma previsão de alteração do regime de contribuição por aplicação de cláusula de reajuste nos contratos firmados, não podendo instrumento normativo hierarquicamente inferior determinar a alteração do regime tributário, em observância da princípio da legalidade. Ademais, as Instruções Normativas constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis. De conseqüência, à luz dos art. 97 e 99 do Código Tributário Nacional, Instruções Normativas não podem modificar Lei, inovar a ordem jurídica, mas apenas conferir executoriedade às leis, nos estritos limites estabelecidos por elas. Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 9 8 Não obstante à essa constatação, temse que, posteriormente à IN SRF n.º 468/04, especificamente em 22.11.05, foi publicada a Lei n.º 11.196/05 que trouxe o seguinte dispositivo (Grifos meus): “Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1o de novembro de 2003.” Pela leitura desse dispositivo, confirmase que não havia nenhuma previsão legal, até o advento da Lei n.º 11.196/05, de alteração do regime de contribuição por aplicação de cláusula de reajuste nos contratos firmados. Vale ainda esclarecer que a introdução de cláusula de reajuste é admitida para assegurar às partes a manutenção do equilíbrio econômico e financeiro da avença. Deve haver uma permanente equivalência entre os encargos suportados pelo particular e a remuneração a ele paga pela Administração. E o artigo 40 da Lei n.º 8.666 de 21 de junho de 1993, que rege as licitações, estabelece a observância obrigatória de determinadas regras, das quais a cláusula de reajuste de preço deve constar não apenas do instrumento contratual, mas também do próprio ato convocatório do processo de licitação. A mesma lei, dispõe que a aplicação de reajuste apenas representa o repasse da correção monetária durante a vigência do contrato, e não o estabelecimento de um novo contrato. O reajuste não provoca alteração contratual, motivo pelo qual é registrado mediante simples apostila. "Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, o dia e a hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: (...) XI – critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; (...) Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: (...) Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 10 9 III o preço e as condições de pagamento, os critérios, database e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios da atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;" "Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: (...) § 8.º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato , as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo , podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento." (grifouse.) Dessa forma, o reajuste, resultante da simples aplicação do índice de correção monetária não tem o poder de alterar o preço predeterminado. Tanto é assim, que não implica em obrigatoriedade de aditamento do contrato, bastando a previsão de cláusula de reajuste com a estipulação de um índice oficial para a atualização monetária do preço. Quanto à IN SRF n.º 658/06, publicada posteriormente à Lei n.º 11.196/05 e que revogou a IN SRF n.º 468/04, que trouxe os arts. 3º e 4º, in verbis: "Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico financeiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. Art. 4º Na hipótese de pactuada, a qualquer título, a prorrogação do contrato, as receitas auferidas depois de vencido o prazo contratual vigente em 31 de outubro de 2003 sujeitarseão à incidência não cumulativa das contribuições.” (Grifos meus) Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 11 10 É de se considerar, em vista do exposto, que a IN SRF n.º 658/06, especificamente sem eu art. 3º, § 3º, está em consonância com o art. 109 da Lei n.º 11.196/05 ao dispor que o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei n.º 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. No caso concreto dos autos a recorrente celebrou, em 31 de agosto de 2001, contrato de compra e venda de energia elétrica com a Companhia Energética do Ceará COELCE, por um prazo de 20 anos, contados a partir da data inicial de fornecimento, que foi devidamente aprovado pela ANEEL através do Oficio n° 243/2002 SFF/ANEEL, de 09/04/2002. E através dos laudos apresentados foi comprovado que o Índice previsto para reajuste do preço predeterminado, constante do contrato de fornecimento de energia elétrica para a Companhia Energética do Ceará COELCE, não restou descaracterizado quando do primeiro reajuste, porquanto tal índice refletira os acréscimos dos custos de produção de energia elétrica, nos exatos termos condicionados pela legislação aplicável, tendo como consequência a tributação de suas receitas pelo PIS e COFINS no sistema cumulativo. E foi demonstrado que a fórmula de reajuste de preços não foi derivada de Índice refletor da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, Quanto a variação do custo de produção, os peritos ao analisar o Laudo apresentado pela recorrido, apresentaram a seguinte resposta: 'Nesse contexto de forte definição por parte do Estado, os reajustes aplicados desde o inicio do suprimento CGTFCOELCE não ultrapassaram os custos de produção ou a variação ponderada dos insumos pelas seguintes razões: 1As Regras de Reajuste Contratual foram estabelecidas na legislação setorial; 2O contrato foi analisado e aprovado pela ANEEL; 3As regras de reajuste contratual definidas pela legislação setorial visam a variação ponderada dos custos de produção ou dos insumos, em consonância estrita com o princípio da legalidade, observado com todo o natural zelo pelo Regulador, em especial obedecendo o que dispõe o art. 27 da Lei n° 9.069/1995 no que diz respeito às condições necessárias para a utilização de índice diferente do IPC; e 4A variação de preço de venda não foi superior à dos insumos.' Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 12 11 E posteriormente a recorrida apresentou, o complemento do Laudo Técnico, no qual consta a composição final do preço com base nos nesses insumos e também foi apresentada a evolução ponderada dos insumos e produto. Diante de todos esses elementos ficou comprovado que em todos os anos do período apresentado, a evolução acumulada do preço da energia elétrica se deu em proporção inferior à variação ponderada de seus insumos, ficando demonstrado que a correção no preço da energia elétrica praticada no período em questão (2005) não foi superior ao que ocorreu com seus insumos. Dessa forma, o reajuste praticado não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado, sujeitandose a recorrente à alíquota cumulativa das contribuições, subsistindo indébito tributário passível de repetição e compensação. Ademais, a Recorrida apresentou Ofício nº 1431/2006 da ANEEL, onde foi confirmado que os índices por ela aprovados ou homologados, bem como nos contratos celebrados nos moldes dos examinados nesses processos 'visam exatamente refletir a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados'. Diante dos fatos apurados, nego provimento ao recurso especial da Fazenda, para manter a decisão recorrida." Deixase de transcrever a íntegra da declaração de voto apresentada pela Conselheira Vanessa Marini Cecconello por ter sido apresentada no Acórdão 9303004.432 (processo paradigma), e por não ser essencial à solução do presente litígio. Transcrevese, tão somente, o seguinte fragmento da declaração de voto, que resume o entendimento adotado por parte dos integrantes do Colegiado, que votaram pelas conclusões: "A previsão de cláusula de reajuste do contrato, baseada no IGPM ou outro índice ou fórmula de correção monetária, não descaracteriza a condição de preço predeterminado, prestandose à simples manutenção do valor da moeda no tempo. Portanto, a previsão de reajuste do preço do suprimento de energia elétrica da CGTF à COELCE busca evitar que o valor predeterminado pelas partes contratantes seja corroído pelos efeitos da inflação. Portanto, não havendo a descaracterização da condição de preço predeterminado por cláusula contratual prevendo o reajuste por índice de correção monetária, estáse diante de contrato que preenche integralmente os requisitos estabelecidos na exceção do inciso XI, do art. 10 da Lei nº 10.833/2003, sendo imperiosa a manutenção da tributação das receitas dele decorrentes pelo regime de tributação do PIS e da COFINS cumulativo, havendo o direito da Contribuinte à restituição dos valores indevidamente recolhidos a tal título pela sistemática da nãocumulatividade." Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10380.900761/200936 Acórdão n.º 9303004.442 CSRFT3 Fl. 13 12 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, mas, no mérito, negolhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 615DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002068/2009-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracterizam omissão de rendimentos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 2201-003.513
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte, o Dr. Pedro Raposo Jaguaribe , OAB/DF 42.473, que se comprometeu a apresentar a procuração no prazo de 15 dias da sessão de julgamento, conforme prerrogativa do Estatuto da OAB.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 11/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho (Suplente).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de rendimentos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte, o Dr. Pedro Raposo Jaguaribe , OAB/DF 42.473, que se comprometeu a apresentar a procuração no prazo de 15 dias da sessão de julgamento, conforme prerrogativa do Estatuto da OAB. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 11/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 20 68 /2 00 9- 06 Fl. 741DF CARF MF 2 Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho (Suplente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Contra o contribuinte em questão foi lavrado o auto de infração (fls. 412/417) com o lançamento de imposto de renda relativo ao anocalendário 2006 de R$ 1.761.790,20, de multa de ofício de R$ 1.321.342,65 e de juros de mora calculados até 29/05/2009 de R$ 416.134,84. A presente ação fiscal contra o contribuinte foi iniciada, em 18/03/2008, com a ciência do Termo de Início de Fiscalização de fls. 05, em que o contribuinte foi intimado a apresentar extratos bancários de suas contas correntes, informes de rendimentos e a comprovar a origem dos recursos depositados nas contas bancárias. Como o contribuinte não atendeu integralmente às intimações encaminhadas, foram encaminhadas Requisições de Movimentação Financeira às instituições em que o contribuinte mantém contas correntes, para apresentação dos extratos bancários (fls. 105/107). De posse dos extratos bancários foi elaborada planilha com a individualização dos créditos (fls. 146/155) e encaminhada ao contribuinte com intimação para comprovação de origem (fl. 145). O Termo de Intimação Fiscal foi recebido pelo contribuinte em 19/12/2008, conforme AR de fls. 156. Conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 396/398), apresentadas as justificativas pelo contribuinte, foi considerada comprovada a origem dos créditos referentes a recebimentos de créditos de operações em Bolsa, provenientes das corretoras Novinvest e Laeta e transferências de contas de investimentos do próprio contribuinte no Banco Cruzeiro do Sul. Em relação aos créditos efetuados pelas empresas Cingular Fomento Mercantil Ltda e Royster Serviços S/A não foram aceitas as alegações de tomadas de empréstimos por falta de apresentação de documentação hábil comprobatória. Assim, a ação fiscal é encerrada com a lavratura do auto de infração, tendo em vista que foi apurada a seguinte infração à legislação tributária: Omissão de Rendimentos Caracterizada por Depósitos Bancários sem Origem Comprovada. Omissão de rendimentos provenientes de valores creditados em conta de depósito ou de Fl. 742DF CARF MF Processo nº 19515.002068/200906 Acórdão n.º 2201003.513 S2C2T1 Fl. 3 3 investimento, mantida em instituição financeira, cuja origem dos recursos utilizados nestas operações não foi comprovada mediante documentação hábil e idônea, conforme descrição dos valores tributáveis e respectivas datas dos fatos geradores, no citado auto de infração, e sob o seguinte fundamento legal: artigo 42 da Lei 9.430/96; artigo 4° da Lei 9.481/97; artigo 21 da Lei 9.532/97. O contribuinte toma ciência do auto de infração 16/06/2009, e, inconformado com o lançamento, apresenta impugnação, em 07/07/2009 de fls. 421/445, em que alega, em síntese, que: 1. cumpre ressaltar que comprovou através das justificativas apresentadas grande parte dos valores levantados pela fiscalização. Conforme relatório resumido com base no Auto de Infração o próprio contador das empresas (doc.02) ressalta as comprovações referente aos créditos levantados pela fiscalização comprovados nas justificativas entregues ao FISCO; 2. a fiscalização não examinou detidamente os extratos das corretoras em confronto com a declaração de imposto de renda do contribuinte e seus extratos bancários; 3. contribuinte que atua em bolsa de valores, pode apresentar perdas ou ganhos, e o "prejuízo" de um período pode ser compensado no período seguinte, para fins de tributação; 4. valores tributados em um mês devem ser considerados como renda tributada, no mês seguinte, mormente no caso do contribuinte que atua como corretor de valores e trabalha com o mercado de capitais; 5. a se considerar os cálculos e metodologia da fiscalização, a cada operação em bolsa é como se o dinheiro, depois de voltar para a conta corrente do aplicador, desaparecesse, e a sua reaplicação, quando volta novamente da Corretora para a conta corrente de pessoa física do aplicador, é considerada novo ganho em sua totalidade; 6. a fiscalização, no caso de aplicações em bolsa, teria necessariamente de levantar um demonstrativo de cada aplicação, o valor originário aplicado, o ganho auferido, a tributação na fonte, e o demonstrativo de ganhos de capital do contribuinte; 7. a fiscalização seguiu o caminho fácil da tributação de todos os créditos em conta corrente do contribuinte, como se tudo fosse receita nova, levantando valores absolutamente irreais; 8. embora comprovadas a origem dos créditos, em se tratando de pessoa física não necessitariam de escrituração; 9. não pode a fiscalização entender que por falta de escrituração ou comprovação de origem toda a movimentação bancária trata se de rendimento; Fl. 743DF CARF MF 4 10. é extensa a jurisprudência que se manifesta no sentido de não considerar os débitos de imposto de renda que tenham por • base a renda presumida através de arbitramento sobre os valores de extratos ou de comprovantes bancários; 11. pensa de maneira diferente a Receita Federal que tendo em vista o art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu a presunção juris tantum de caracterização de omissão de receita ou de rendimento ou depósito bancário em relação ao qual o contribuinte não comprove a origem dos recursos através de documentação hábil e idônea; 12. sucede que as pessoas físicas estio desobrigadas de escrituração contábil, o que por si só gera um complicador para o contribuinte, que geralmente faz a sua declaração levando em consideração as correspondentes informações anuais de renda fornecidas pelas instituições bancárias; 13. neste contexto cabe aqui destacar mais uma vez que algumas operadoras e corretoras das quais operava o Impugnante na Bolsa não forneceram qualquer documento hábil para comprovação junto a fiscalização, e o Impugnante não conseguiu localizar os depósitos do período autuado devido ao grande numero de operações que realizou na mesma época; 14. o único erro do contribuinte foi não possuir contabilidade, o que a lei desobriga, e quanto à omissão de rendimentos alegada pelo FISCO explicará a seguir; 15. a movimentação bancária não corporifica fato gerador do Imposto de Renda. Para usar • uma linguagem econômica, depósito bancário é estoque e não fluxo, e não sendo fluxo não tipifica renda. Juridicamente, só o fluxo tem a conotação de acréscimo patrimonial; 16. consoante a Súmula n° 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos — TFR, restou averbado ser ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários; 17. a presunção legal estabelecida pelo art. 42 da Lei 9.430/96 colide com as diretrizes do processo de criação das presunções legais, pois a experiência haurida com os casos anteriores evidenciou que entre esses dois fatos não havia nexo causal, vale dizer, constatou se não haver liame absoluto entre o depósito bancário e o rendimento omitido; 18. a despeito do artigo 42 da Lei n° 9.430/96 criar a figura da presunção legal de rendimentos omitidos para os depósitos cuja origem não for comprovada, tal regra não pode se sobrepor as regras de superior hierarquia quais sejam as do art. 142 do Código Tributário Nacional; 19. autoridade administrativa, e só ela, tem o poder/ dever de verificar a ocorrência do fato gerador. Assim, o mero depósito bancário não é atividade constituinte do fato gerador, não traduz disponibilidade econômica ou jurídica de renda; 20. não se discute a ilegalidade ou inconstitucionalidade da norma da Lei n° 9.430/96, porém se trata de procedimento de Fl. 744DF CARF MF Processo nº 19515.002068/200906 Acórdão n.º 2201003.513 S2C2T1 Fl. 4 5 interpretação das normas jurídicas, no caso, interpretação sistemática da legislação, tendo em vista que as normas de hierarquia inferior submetemse ao comando das normas de maior hierarquia, no caso, a Lei n° 9.430/96, não colidindo com a norma Complementar à Constituição (CTN); 21. o art.42 da Lei n° 9.430/96, pelas razões acima expostas, não é aplicável ao caso, porque, bate de frente com o art. 142 do Código Tributário Nacional; 22. exaustivamente já foi explicado ao FISCO que sendo operador da bolsa de valores o Impugnante além de trabalho com o dinheiro de terceiros tem o mesmo valor de dinheiro seu entrando e saindo da contacorrente diversas vezes; 23. o fato de ter o contribuinte depósitos em sua contacorrente bancária poderia ad argumentandum dar ensejo à apuração pelo fisco, mas o que não se pode admitir é que tal fato, por si só, seja bastante para constituir o crédito tributário, por se presumir tratarse de rendimentos sem a efetiva comprovação; 24. o depósito bancário, mesmo após o advento da Lei n° 9.430/96, não constituise, por si só, fato gerador da aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza, pois é necessária a prova cabal e robusta de que ele foi utilizado como renda consumida; 25. sendo o acréscimo patrimonial o fato gerador do Imposto de Renda, certo é Que nem todo o ingresso financeiro implicará a sua incidência. Temse que analisar a natureza de cada ingresso para verificar se realmente se trata de renda ou proventos novos, que configurem efetivamente acréscimo patrimonial. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme se extrai da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Após 1° de janeiro de 1997, com a entrada em vigor da Lei 9.430 de 1996, consideramse rendimentos omitidos, autorizando o lançamento do imposto correspondente, os depósitos junto a instituições financeiras, quando o contribuinte, regularmente intimado, não logra comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SALDOS MENSAIS PARA COMPROVAÇÃO DE ORIGEM NOS MESES SUBSEQÜENTES. Fl. 745DF CARF MF 6 Na tributação da omissão de rendimentos ou receitas caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, os depósitos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subseqüentes. EMPRÉSTIMOS COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. A alegação de empréstimos contraídos para comprovação de origem de depósitos bancários deve vir acompanhada de provas inequívocas da efetiva transferência do numerário do credor para o devedor. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese, que: a) foi entregue à fiscalização todos os extratos bancários e documentos comprobatórios da origem e dos fatos jurídicos relativos ao recebimento dos valores tidos como omitidos, num arcabouço probatório de mais de 200 folhas, mas a DRJ manteve o lançamento ao argumento de que o contribuinte não comprovou com documentos hábeis e idôneos a origem dos recursos utilizados; b) como pessoa física, não está obrigada a manter escrituração contábil, ainda que simplificada das operações; c) há diversos depósitos cujo histórico reporta a origem dos recursos como sendo provenientes das empresas Royster serviços S/A e Cingular Fomento Mercantil Ltda de propriedade do contribuinte ora fiscalizado; d) não pode a fiscalização deixar de reconhecer a origem dos depósitos das empresas pertencentes ao próprio contribuinte fiscalizado; e) deve ser baixado o processo em diligência para serem saneadas as incorreções apontadas pelo contribuinte. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois presentes os requisitos de admissibilidade. Conforme narrado, tratase de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada. Acerca do presente lançamento, o acórdão recorrido assim concluiu: Fl. 746DF CARF MF Processo nº 19515.002068/200906 Acórdão n.º 2201003.513 S2C2T1 Fl. 5 7 É, portanto, função do Fisco, comprovar o crédito dos valores em contas de depósito ou de investimento, examinar a correspondente declaração de rendimentos e intimar o titular da conta bancária a apresentar os documentos, informações, esclarecimentos, com vista à verificação da ocorrência de omissão de rendimentos. Por outro lado, a comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações cabe exclusivamente ao contribuinte. Essa comprovação, nos termos do disposto legal examinado, deve ser efetuada com a apresentação de documentação hábil e idônea que permita identificar a fonte do crédito, o valor, a data e, principalmente, que deixe clara a natureza de tais depósitos. Há necessidade de se estabelecer uma relação biunívoca entre cada crédito em conta e a origem que se deseja comprovar, com coincidências de data e valor, não cabendo a “comprovação” feita de forma genérica com indicação de uma receita ou rendimento em um determinado documento a comprovar vários créditos em conta. É de se ver, como já analisado acima, que o ônus desta prova recai exclusivamente sobre o contribuinte, não bastando, para tal mister, a simples apresentação de justificativas trazidas na peça impugnatória, mas, também, que estas sejam amparadas por provas hábeis, idôneas e robustas. Esse ônus independe de qualquer exigência legal de escrituração, no caso das pessoas físicas, como tenta direcionar o impugnante as suas argumentações. Como o impugnante não juntou aos autos qualquer documento hábil que tivesse o condão de comprovar os empréstimos citados e, tampouco, comprovou a efetiva transferência de numerário entre o credor e devedor, a presunção paira incólume. Não obstante as ponderações do mencionado acórdão sobre a comprovação dos empréstimos, inclusive sobre a necessidade de se estabelecer uma relação individualizada entre cada crédito em conta e a origem que se deseja comprovar, com coincidências de data e valor e demais documentos correlatos; o recorrente, em sede de recurso voluntário, apenas reiterou alguns argumentos dispostos em sua impugnação e não efetuou a juntada de provas que pudesse dar suporte as suas alegações e atender, dialeticamente, ao exigido. Assim, mesmo sendo entregue alguns documentos à fiscalização, não houve comprovação individualizada da origem dos depósitos, de modo que não restou afastada a presunção da omissão de rendimentos. Salientase que, mesmo se tratando de pessoa física, fazse necessária a apresentação dos esclarecimentos e provas solicitados para o fim da comprovação da origem dos depósitos, pois, pela própria natureza da exigência, não há como admitir prova genérica. Fl. 747DF CARF MF 8 Além disso, a alegação do recorrente sobre a comprovação da origem dos depósitos das empresas pertencente ao próprio contribuinte também não merece guarida, tendo em vista a ausência de documentação que dê suporte ao exposto, bem como em razão do fato de o patrimônio da empresa não se confundir com o patrimônio do sócio. Com relação à solicitação da conversão do julgamento em diligência, insta destacar que foi oportunizada ao contribuinte a juntada da documentação necessária à demonstração dos seus argumentos, de modo que não há necessidade de conversão em diligência, pois presentes as informações necessárias ao deslinde da controvérsia. Nesse contexto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 748DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.003269/2007-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 02 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o presente julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram a presente Resolução.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o presente julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram a presente Resolução. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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score : 1.0
Numero do processo: 10830.912293/2012-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.961
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara /2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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decisao_txt : ACORDAM os membros da 4ª Câmara /2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Recorrente CASA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE VALINHOS GRUPO GENTE NOVO RUMO Recorrida FAZENDA NACIONAL ACORDAM os membros da 4ª Câmara /2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu o Pedido de Restituição Eletrônico PER, referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF. Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos do § 7º do art. 195, c/c 146, inc. II, ambos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Isso porque tem a natureza jurídica de associação civil sem fins lucrativos e o objetivo de prestar assistência integral à criança e ao adolescente, na forma dos arts. 203 da CF/88 e 2º do Estatuto da Criança. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 12 29 3/ 20 12 -0 1 Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10830.912293/201201 Resolução nº 3402000.961 S3C4T2 Fl. 3 2 Uma vez processada a manifestação de inconformidade, esta foi julgada improcedente nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 RESTITUIÇÃO. PIS – FOLHA DE PAGAMENTO. ATIVIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. INCIDÊNCIA. São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salário, e não sobre o faturamento, as instituições beneficentes de assistência social, de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, quando atendidas as condições e requisitos legais. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido.. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs o recurso voluntário em que alegou, em suma: (i) que é imune ao pagamento do PIS, haja vista o disposto no art. 195, § 7º, c.c. o art. 146, inciso II, ambos da Magna Lex, bem como o disposto no art. 14 do CTN; e, ainda (ii) que a recorrente atende todos os requisitos estabelecidos em lei para gozar da imunidade citada e que, para o período em tela, foi declarada entidade pública federal, nos termos da Portaria Federal n. 685, de 04/04/2007, bem como possui o CEBAS Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social, sob o n. 71000.114296/200930. É o relatório. Resolução Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402000.939, de 28 de março de 2017, proferida no julgamento do processo 10830.912270/201298, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402000.939: "5. O presente recurso voluntário preenche os pressupostos formais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. 6. Como visto alhures, tratase de pedido de ressarcimento com o fito de ver reconhecido crédito de PIS decorrente da imunidade da recorrente, uma vez que a mesma enquadrarseia no conceito de entidade beneficente. Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10830.912293/201201 Resolução nº 3402000.961 S3C4T2 Fl. 4 3 7. Para provar sua condição de entidade beneficente, a recorrente anexa à sua manifestação de inconformidade os documentos de fls. 21/28 [(i) certificado de utilidade pública nacional, emitido pelo Ministério da Justiça; (ii) atestado de registro no Conselho Nacional de Assistência Social; (iii) Portaria Municipal que reconhece o caráter assistencial da recorrente; e, ainda, (iv) cópia da lei municipal n. 4.812/2012, que autoriza a concessão de subvenções às entidades assistenciais do Município de Valinhos, dentre as quais encontrase a recorrente]. 8. Não obstante, juntamente com seu recurso voluntário, o contribuinte apresenta outro documento (fl. 65) que atestaria sua condição de entidade beneficente. Tratase do ofício n. 959/20013, emitido pela Coordenação Geral de Certificação das Entidades Beneficentes de Assistência Social, que assim comunica: 9. Da análise de todos os documentos aqui tratados, é possível cogitar que, de fato, a recorrente enquadrase no conceito de entidade assistencial apta a gozar de imunidade tributária. Acontece que, todos os documentos trazidos nos autos pela recorrente com o escopo de provar tal condição referemse à momento posterior ao período do crédito em análise, o qual diz respeito ao mês de fevereiro de 2006 (fl. 32). 10. Neste diapasão, tendo em vista que o acervo probatório trazidos aos autos aparentemente induz à conclusão de que a recorrente preenche as condições para gozar de imunidade tributária, bem com ainda pautado pela ideia de instrumentalidade do processo, resolvo por converter o presente julgamento em diligência para que a unidade preparadora providencie: Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10830.912293/201201 Resolução nº 3402000.961 S3C4T2 Fl. 5 4 · a intimação do contribuinte para apresentar o Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social CEBAS válido para o período do crédito aqui vindicado. 11. É a resolução." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório alegado, também foram juntados em cópias nestes autos. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, convertese o presente julgamento em diligência, para que a unidade preparadora intime o contribuinte para apresentar o Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social CEBAS válido para o período do crédito aqui vindicado. Após, retornemse os autos para julgamento. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 74DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.906070/2012-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-000.969
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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COMPENSAÇÃO. Recorrente MOABE ENERGIA INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido e não homologando a compensação, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração (DCTF) prestada pelo contribuinte. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: "Tal indeferimento não pode prosperar porque os créditos oriundos de pagamento indevido ou maior já tinham sido devidamente disponibilizados em RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 60 .9 06 07 0/ 20 12 -0 3 Fl. 44DF CARF MF Processo nº 10660.906070/201203 Resolução nº 3401000.969 S3C4T1 Fl. 3 2 razão da desvinculação dos mesmos das DCTFs daquele período." Os Julgadores de 1º piso consideraram improcedente a manifestação da contribuinte, não reconhecendo o direito creditório e mantendo a não homologação, nos termos do Acórdão 14044.331. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário, por meio da qual esclarece a procedência do seu direito de crédito e apresenta petição, nos seguintes termos: "O aludido recurso de MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE interposto pela recorrente, se deu porque esta entendeu que os pagamentos efetuados indevidamente ou a maior, na data do pedido de restituição/compensação, estavam devidamente desvinculados das declarações acessórias daqueles períodos, fato este que. por si só, já seria suficiente para demonstrar e provar a disponibilidade desses créditos pretendidos, dispensando assim a necessidade de instruir a exordial com as provas, possíveis de serem verificadas pelas informações acessórias fiscais regularmente prestadas ao fisco, pela recorrente, por meio eletrônico, com amparo na produção de provas previstas no art. 332, do crc. Contudo, infelizmente, a recorrente não se atentou para o fato de que a defesa sustentada no recurso anterior, não foi cumprida pelo seu departamento fiscal, o qual estava incumbido de enviar as devidas retificações acessórias, ensejando assim o presente passivo tributário. Diante disso, a recorrente requer a ampliação do prazo para apuração adequada do efetivo direito ao crédito tributário, anteriormente pleiteado, providenciando todas as retificações das declarações acessórias, assim previstas no art. 113, parágrafo 2o, do CTN, para demonstrar a relação dos créditos que tem direito. Reintera ainda sobre a importância da dilação do referido prazo, com base no Principio da Capacidade Contributiva, nos termos do art. 145, §1°, juntamente com o Princípio do não Confisco, nos termos do art. 150, IV, da CF. tendo em vista que, a sua não prorrogação ensejará à recorrente insolvência econômica, uma vez que, o seu patrimônio, não é suficiente para garantir os passivos tributários oriundos das referidas declarações acessórias. Ademais, diante da presente situação, não restou a recorrente outra alternativa senão interpor a presente demanda." É o relatório Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.964, Fl. 45DF CARF MF Processo nº 10660.906070/201203 Resolução nº 3401000.969 S3C4T1 Fl. 4 3 de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10660.906083/201274, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.964): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. Como soe, nessas situações, a contribuinte somente compreende inteiramente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Por isso, tendo em vista nem a administração tributária, nem a instância anterior, ter ido além do despacho decisório de processamento automático, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10660.906070/201203 Resolução nº 3401000.969 S3C4T1 Fl. 5 4 prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 47DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.721877/2011-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INSUMO DE PRODUÇÃO OU FABRICAÇÃO. DEDUÇÃO DE CRÉDITOS. SIGNIFICADO E ALCANCE.
No regime de incidência não cumulativa da Cofins, insumo de produção ou fabricação compreende os bens e serviços aplicados diretamente no processo de produção (insumos diretos de produção) e os demais bens e serviços gerais utilizados indiretamente na produção ou fabricação (insumos indiretos de produção), ainda que agregados aos bens ou serviços aplicados diretamente no processo produtivo.
REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. AQUISIÇÃO DE BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedada a apropriação de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins em relação à aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das referidas contribuições.
REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. VENDA COM SUSPENSÃO POR PESSOA JURÍDICA OU COOPERATIVA QUE EXERÇA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. OBRIGATORIEDADE.
É obrigatória a suspensão da cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins na operação de venda de insumo destinado à produção de mercadorias de origem animal ou vegetal, realizada por pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial ou por cooperativa agroindustrial, se o adquirente for pessoa jurídica tributada pelo lucro real (art. 9º, III, da Lei 10.925/2004).
CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. INSUMOS APLICADOS NA PRODUÇÃO DE MERCADORIAS DE ORIGEM ANIMAL. PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO DEFINIDO SEGUNDO O TIPO DA MERCADORIA PRODUZIDA. POSSIBILIDADE.
A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial de produção de bens de origem animal destinados à alimentação humana ou animal, especificado no § 3º, I, do art. 8º da Lei 10.925/2004, independentemente da natureza do insumo agropecuário, tem o direito de apropriar-se do crédito do presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, calculado pelo percentual de 60% da alíquota normal das referidas contribuições, a ser aplicado sobre o custo de aquisição do insumo utilizado no processo de produção.
VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS LEGAIS. MANUTENÇÃO DA ISENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE
Para caracterizar as receitas como decorrentes de vendas efetuadas com o fim específico de exportação e, consequentemente, usufruir da isenção da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, faz-se necessário a comprovação que os produtos foram remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora.
REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. VENDAS A EMPRESAS EXPORTADORAS. ISENÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.
No âmbito do regime não cumulativo das Contribuições para o PIS e da Cofins, a responsabilidade tributária pelo pagamento das contribuições devidas e seus consectários legais, no caso de venda (com fins específicos de exportação) a empresa exportadora sem o preenchimento dos requisitos legais da isenção no momento da venda, é do contribuinte vendedor das mercadorias.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.606
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à reclassificação dos créditos vinculados às receitas desconsideradas como fim específico de exportação, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Lenisa Rodrigues Prado. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao crédito sobre aquisições de pallets, vencido o Conselheiro Hélcio Lafetá Reis que dava provimento em relação ao paletes "one way" e os Conselheiros Lenisa Rodrigues Prado e Walker Araújo que davam provimento total. Por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário quanto aos créditos sobre facas, vencidos os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar e Hélcio Lafetá Reis. Por qualidade, em dar provimento ao recurso voluntário quanto ao créditos sobre as demais peças, equipamentos para manutenção, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar e Hélcio Lafetá Reis. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao crédito de gasolina comum combustível, vencidos os Conselheiros Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria Linhares de Araújo Paes De Souza. Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário quanto ao crédito de óleo diesel e álcool etílico combustível. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao crédito sobre produtos de desinfecção e limpeza, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. Por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário quanto à glosa de créditos de aquisições de PJ com suspensão obrigatória, reconhecendo os créditos presumidos relativos a estas aquisições. Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário quanto aos créditos de serviços, para reconhecer os créditos sobre "Serviço de Expedição e Armazéns", "Serviço de Transporte de Aves e Serviço de Carga e Descarga (transbordo) e "serviços de sangria". Por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto às glosas de despesas de armazenagem e fretes nas operações na venda. Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para a aplicação da alíquota de 60% das alíquotas básicas das contribuições a ser aplicada sobre o valor do custo de aquisição de todos insumos utilizados na fabricação dos produtos discriminados no art. 8º, § 3º, I, da Lei 10.925/2004. Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito sobre as aquisições de pintos de 1 dia adquiridos de pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária, à alíquota de 60% das alíquotas gerais das contribuições. O Conselheiro José Fernandes do Nascimento foi designado para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral: Dr. Fabio Calcini - OAB 197.072 - SP.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Lenisa Rodrigues Prado - Relatora.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Hélcio Lafetá Reis, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INSUMO DE PRODUÇÃO OU FABRICAÇÃO. DEDUÇÃO DE CRÉDITOS. SIGNIFICADO E ALCANCE. No regime de incidência não cumulativa da Cofins, insumo de produção ou fabricação compreende os bens e serviços aplicados diretamente no processo de produção (insumos diretos de produção) e os demais bens e serviços gerais utilizados indiretamente na produção ou fabricação (insumos indiretos de produção), ainda que agregados aos bens ou serviços aplicados diretamente no processo produtivo. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. AQUISIÇÃO DE BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedada a apropriação de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins em relação à aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das referidas contribuições. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. VENDA COM SUSPENSÃO POR PESSOA JURÍDICA OU COOPERATIVA QUE EXERÇA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. OBRIGATORIEDADE. É obrigatória a suspensão da cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins na operação de venda de insumo destinado à produção de mercadorias de origem animal ou vegetal, realizada por pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial ou por cooperativa agroindustrial, se o adquirente for pessoa jurídica tributada pelo lucro real (art. 9º, III, da Lei 10.925/2004). CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. INSUMOS APLICADOS NA PRODUÇÃO DE MERCADORIAS DE ORIGEM ANIMAL. PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO DEFINIDO SEGUNDO O TIPO DA MERCADORIA PRODUZIDA. POSSIBILIDADE. A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial de produção de bens de origem animal destinados à alimentação humana ou animal, especificado no § 3º, I, do art. 8º da Lei 10.925/2004, independentemente da natureza do insumo agropecuário, tem o direito de apropriar-se do crédito do presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, calculado pelo percentual de 60% da alíquota normal das referidas contribuições, a ser aplicado sobre o custo de aquisição do insumo utilizado no processo de produção. VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS LEGAIS. MANUTENÇÃO DA ISENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE Para caracterizar as receitas como decorrentes de vendas efetuadas com o fim específico de exportação e, consequentemente, usufruir da isenção da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, faz-se necessário a comprovação que os produtos foram remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. VENDAS A EMPRESAS EXPORTADORAS. ISENÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. No âmbito do regime não cumulativo das Contribuições para o PIS e da Cofins, a responsabilidade tributária pelo pagamento das contribuições devidas e seus consectários legais, no caso de venda (com fins específicos de exportação) a empresa exportadora sem o preenchimento dos requisitos legais da isenção no momento da venda, é do contribuinte vendedor das mercadorias. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 51; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2023; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 1.487 1 1.486 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.721877/201113 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.606 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de fevereiro de 2017 Matéria PIS RESSARCIMENTO Recorrente BRF S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INSUMO DE PRODUÇÃO OU FABRICAÇÃO. DEDUÇÃO DE CRÉDITOS. SIGNIFICADO E ALCANCE. No regime de incidência não cumulativa da Cofins, insumo de produção ou fabricação compreende os bens e serviços aplicados diretamente no processo de produção (insumos diretos de produção) e os demais bens e serviços gerais utilizados indiretamente na produção ou fabricação (insumos indiretos de produção), ainda que agregados aos bens ou serviços aplicados diretamente no processo produtivo. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. AQUISIÇÃO DE BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedada a apropriação de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins em relação à aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das referidas contribuições. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. VENDA COM SUSPENSÃO POR PESSOA JURÍDICA OU COOPERATIVA QUE EXERÇA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. OBRIGATORIEDADE. É obrigatória a suspensão da cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins na operação de venda de insumo destinado à produção de mercadorias de origem animal ou vegetal, realizada por pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial ou por cooperativa agroindustrial, se o adquirente for pessoa jurídica tributada pelo lucro real (art. 9º, III, da Lei 10.925/2004). CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. INSUMOS APLICADOS NA PRODUÇÃO DE MERCADORIAS DE ORIGEM ANIMAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 18 77 /2 01 1- 13 Fl. 1487DF CARF MF 2 PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO DEFINIDO SEGUNDO O TIPO DA MERCADORIA PRODUZIDA. POSSIBILIDADE. A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial de produção de bens de origem animal destinados à alimentação humana ou animal, especificado no § 3º, I, do art. 8º da Lei 10.925/2004, independentemente da natureza do insumo agropecuário, tem o direito de apropriarse do crédito do presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, calculado pelo percentual de 60% da alíquota normal das referidas contribuições, a ser aplicado sobre o custo de aquisição do insumo utilizado no processo de produção. VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS LEGAIS. MANUTENÇÃO DA ISENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE Para caracterizar as receitas como decorrentes de vendas efetuadas com o fim específico de exportação e, consequentemente, usufruir da isenção da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, fazse necessário a comprovação que os produtos foram remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. VENDAS A EMPRESAS EXPORTADORAS. ISENÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. No âmbito do regime não cumulativo das Contribuições para o PIS e da Cofins, a responsabilidade tributária pelo pagamento das contribuições devidas e seus consectários legais, no caso de venda (com fins específicos de exportação) a empresa exportadora sem o preenchimento dos requisitos legais da isenção no momento da venda, é do contribuinte vendedor das mercadorias. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à reclassificação dos créditos vinculados às receitas desconsideradas como fim específico de exportação, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Lenisa Rodrigues Prado. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao crédito sobre aquisições de pallets, vencido o Conselheiro Hélcio Lafetá Reis que dava provimento em relação ao paletes "one way" e os Conselheiros Lenisa Rodrigues Prado e Walker Araújo que davam provimento total. Por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário quanto aos créditos sobre facas, vencidos os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar e Hélcio Lafetá Reis. Por qualidade, em dar provimento ao recurso voluntário quanto ao créditos sobre as demais peças, equipamentos para manutenção, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar e Hélcio Lafetá Reis. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao crédito de gasolina comum combustível, vencidos os Conselheiros Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria Linhares de Araújo Paes De Souza. Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário quanto ao crédito de óleo diesel e álcool etílico combustível. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao crédito sobre produtos de desinfecção e limpeza, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. Por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário quanto à Fl. 1488DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.488 3 glosa de créditos de aquisições de PJ com suspensão obrigatória, reconhecendo os créditos presumidos relativos a estas aquisições. Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário quanto aos créditos de serviços, para reconhecer os créditos sobre "Serviço de Expedição e Armazéns", "Serviço de Transporte de Aves e Serviço de Carga e Descarga (transbordo) e "serviços de sangria". Por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto às glosas de despesas de armazenagem e fretes nas operações na venda. Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para a aplicação da alíquota de 60% das alíquotas básicas das contribuições a ser aplicada sobre o valor do custo de aquisição de todos insumos utilizados na fabricação dos produtos discriminados no art. 8º, § 3º, I, da Lei 10.925/2004. Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito sobre as aquisições de pintos de 1 dia adquiridos de pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária, à alíquota de 60% das alíquotas gerais das contribuições. O Conselheiro José Fernandes do Nascimento foi designado para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral: Dr. Fabio Calcini OAB 197.072 SP. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Lenisa Rodrigues Prado Relatora. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Hélcio Lafetá Reis, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório A questão submetida a este Colegiado tem início em pedido eletrônico de ressarcimento (PER), transmitido em 25/08/2009, de créditos de contribuições para o PIS/Pasep e COFINS de incidência nãocumulativa, vinculados à receita de exportação, apurados no período entre 2006 a 2008. O pedido de ressarcimento foi indeferido pela fiscalização que, após averiguar a situação dos créditos informados no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), concluiu pela inexistência de quaisquer créditos. Além das glosas efetuadas, a autoridade fiscal recalculou os valores dos créditos a descontar do PIS/Pasep e da COFINS do período, com o ajuste na base de cálculo da contribuição. A autoridade fiscal relata que, como não houve exportação direta registrada no SISCOMEX e as vendas com fim específico de exportação não cumpriram os requisitos legais, não houve a venda para o mercado externo que pudessem ser exoneradas das Contribuições ao PIS e a COFINS. Fl. 1489DF CARF MF 4 Assim, foram consideradas como receitas auferidas no mercado interno as receitas registradas pela recorrente como decorrentes das vendas de mercadorias com fim específico de exportação (Notas Fiscais com CFOP 5501/6501). A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade contra o despacho decisório, oportunidade na qual alega que a Receita Federal exigiu, indevidamente, os valores decorrentes das contribuições de PIS e da COFINS sobre as operações de vendas com fim específico de exportação. Isso porque o Fisco não admitiu as vendas com a finalidade específica de exportação para a Perdigão Agroindustrial S.A. (habilitada no Siscomex), pelo fato que as mercadorias destinadas a essa adquirente ficaram armazenadas em locais que não seriam entrepostos aduaneiros (foram transportadas para os armazéns Arfrio e Refribras). Ademais não foram reconhecidos créditos vinculados ao regime não cumulativo de PIS e COFINS, relacionados a bens e serviços utilizados como insumos, despesas com armazenagem e frete na operação de venda, bem como o crédito presumido da atividade agroindustrial. Os argumentos defendidos pela contribuinte foram rechaçados pela Delegacia da Receita Federal de Julgamentos em Florianópolis, em acórdão que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano calendário: 2008 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano calendário: 2008 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Respeitados pela autoridade administrativa os princípios da motivação e do devido processo legal, improcedente é a alegação de cerceamento de defesa e nulidade do feito fiscal. DIREITO DE CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. É do contribuinte o ônus de demonstrar e comprovar ao Fisco a existência do crédito utilizado por meio de desconto, restituição ou ressarcimento e compensação. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. Em estando presentes nos autos do processo os elementos necessários e suficientes ao julgamento da lide estabelecida, Fl. 1490DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.489 5 prescindíveis são as diligências e perícias requeridas pelo contribuinte, cabendo a autoridade julgadora indeferilas. DIREITO DE CRÉDITO. ALEGAÇÕES CONTRA O FEITO FISCAL. PROVA. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Nos processos administrativos referentes ao reconhecimento de direito creditório, deve o contribuinte, em sede de contestação ao feito fiscal, provar o teor das alegações que contrapõe aos argumentos postos pela autoridade fiscal para não reconhecer, ou reconhecer apenas parcialmente o direito pretendido. PIS. COFINS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. APURAÇÃO DO CRÉDITO. DACON. No âmbito do regime não cumulativo das Contribuições para o PIS e da COFINS, a apuração dos créditos é realizada pelo contribuinte por meio do Dacon, não cabendo a autoridade tributária, em sede de contencioso administrativo, assentir com a inclusão, na base de cálculo desses créditos, de custos e despesas não informados ou incorretamente informados neste demonstrativo. PIS. COFINS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. VENDAS A EMPRESAS EXPORTADORAS. ISENÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. No âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS e da Cofins, a responsabilidade tributária pelo pagamento das contribuições devidas e seus consectários legais, no caso de venda a empresa exportadora sem o preenchimento dos requisitos legais da isenção no momento da venda, é do contribuinte vendedor das mercadorias. Assunto: Contribuição para o PIS/PASEP Ano calendário: 2008 PIS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. HIPÓTESES DE CREDITAMENTO. As hipóteses de crédito no âmbito do regime não cumulativo de apuração da contribuição para o PIS são somente as previstas na legislação de regência, dado que esta é exaustiva ao enumerar os custos e encargos passíveis de creditamento, não estando suas apropriações vinculadas à caracterização de sua essencialidade na atividade da empresa ou à sua escrituração na contabilidade como custo operacional. PIS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. CONCEITO DE INSUMO. No regime não cumulativo da contribuição para o PIS, somente são considerados como insumos, para fins de creditamento de valores: os combustíveis e lubrificantes, as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano Fl. 1491DF CARF MF 6 ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de sua aplicação direta na prestação de serviços ou no processo produtivo de bens destinados à venda; e os serviços prestados por pessoa jurídica, aplicados ou consumidos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens destinados à venda. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. No âmbito do regime não cumulativo da contribuição para o PIS, a natureza do bem produzido pela empresa que desenvolva a atividade agroindustrial é considerada para fins de aferir seu crédito ao aproveitamento do crédito presumido, já no cálculo do crédito deve ser observada a alíquota conforme a natureza do insumo adquirido. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO. REQUISITOS ESTABELECIDOS NA LEGISLAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. É obrigatória a suspensão estabelecida pelo art. 9º da Lei n. 10.925/2004 na operação de venda dos produtos a que este se refere, quando o adquirente seja pessoa jurídica tributada com base no lucro real, exerça atividade agroindustrial e utilize o produto adquirido com suspensão como insumo na fabricação de produtos de que tratam os incisos I e II do art. 5º da IN SRF 660/2006. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. ISENÇÃO. VENDA COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. Para que a operação de venda se enquadre na definição de fim específico de exportação e faça jus à isenção da contribuição o produtorvendedor deve remeter os produtos vendidos a empresa exportadora diretamente para embarque de exportação, por conta e ordem do exportador, ou para recinto alfandegado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada contra a decisão acima detalhada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, oportunidade na qual repisa os argumentos expostos na manifestação de inconformidade. Em 22/07/2014 a 1ª Turma da 1ª Câmara desta 3ª Seção de julgamentos converteu o julgamento do recurso voluntário em diligência, por constatar que a ausência de provas inviabilizaria a devida análise do caso. Naquela oportunidade determinouse que a autoridade preparadora intimasse o contribuinte para que: a) Apresentasse laudo técnico descritivo de todo o processo produtivo da empresa, subscrito por profissional habilitado e com anotação de responsabilidade técnica do órgão regulador profissional, com a indicação individualizada da fase de produção cujos insumos adquiridos, objeto do litígio, foram utilizados, incluindo sua completa identificação e descrição funcional dentro do processo; Fl. 1492DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.490 7 b) Identifique cada insumo à respectiva exigência de órgão público, se assim for, descrevendo o tipo de controle ou exigência, e qual o órgão que exigiu , apresentando o respectivo ato (Portaria, Resolução, Decisão, etc) do órgão público ou agência reguladora. Em resposta a diligência ordenada, o contribuinte trouxe aos autos os seguintes documentos: (i) laudo técnico do INT Instituto Nacional de Tecnologia, onde está retratado o processo de produção e a utilização de diversos insumos; (ii) fluxograma do processo produtivo com a respectiva descrição deste por meio de seu engenheiro responsável; (iii) fluxograma de processo produtivo com ilustrações; (iv) plantas da estrutura dos estabelecimentos; (v) atos regulatórios pertinentes (portarias, resoluções, etc); (vi) planilha descritiva de diversos bens utilizados como insumos. Cumpridas as determinações insertas na resolução, os autos retornaram a este Conselho para julgamento do recurso voluntário. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Relatora Lenisa Prado A contribuinte foi intimada sobre o teor do acórdão proferido no julgamento da manifestação de inconformidade e, tempestivamente interpôs o recurso voluntário em sob julgamento. Por esse motivo, é de rigor o seu conhecimento. Serão apreciados, a seguir, os principais argumentos apresentados no recurso voluntário sob julgamento1. 1. PRELIMINARES. 1 Insta registrar que "não há omissão quando o Tribunal de origem se manifesta fundamentadamente a respeito de todas as questões postas à sua apreciação,(...) o Magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos apresentados pela parte" (RESP 1.146.772/DF, Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, julgado em 24/02/2010, publicado em 04/03/2010. Fl. 1493DF CARF MF 8 1.1. NULIDADE. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO CLARA E EXPLÍCITA PARA INDEFERIR OS PEDIDOS DE RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA E AO DEVIDO PROCESSO LEGAL ADMINISTRATIVO. A recorrente sustenta que o despacho decisório violou o Princípio da Motivação (art. 2º da Lei n. 9.784/1999), já que não apresentou as razões de fato e de direito que embasaram o indeferimento do pedido de ressarcimento dos créditos das contribuições. Em suas palavras: "O termo de verificação fiscal vinculado ao lançamento de ofício NÃO TRAZ qualquer fundamentação jurídica e fática sobre os créditos glosados, valores e as razões de direito e de fato que permitiriam esta conduta em desfavor do contribuinte (...) Não é possível remeter aos eventuais processos de ressarcimento e compensação. Isto não é motivação! O descumprimento fica ainda mais evidente a partir do fato de que o lançamento de ofício e o termo de verificação é o elemento principal no caso concreto. Equivale dizer: quando os créditos não são suficientes no regime nãocumulativo, primeiro se faz o lançamento de ofício, depois se indefere o ressarcimento/ compensação. O movimento não é inverso. (...) Vale ainda ressaltar que juntamente com a entrega do lançamento de ofício ou mesmo do indeferimento dos pedidos de ressarcimento/compensação, NÃO houve a entrega de uma planilha com os bens, os serviços e itens glosados e as justificativas fáticas e jurídicas. O que se entregou para a recorrente foi o lançamento de ofício com o termo de verificação fiscal, bem como os indeferimentos dos pedidos de ressarcimento/compensação. Não houve, pois, a entrega juntamente com a notificação de qualquer relação dos itens glosados com a respectiva fundamentação fática e jurídica. Muito menos de eventual planilha e documento que dão suporte. Isto pode ser facilmente comprovado pelo TERMO DE CIÊNCIA a própria fiscalização informa que na notificação somente entregou à recorrente o termo de verificação fiscal, demonstrativo consolidado do crédito tributário e autos de infração. Nada mais. Era dever e ônus do Fisco entregar juntamente com o auto de infração, do termo de verificação fiscal e eventual planilha e documentos que davam suporte ao lançamento e glosa, sob pena de nulidade, principalmente, quando inexiste adequada fundamentação e justificativa dos itens e a razão da glosa". Fl. 1494DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.491 9 A recorrente alega que a ausência de fundamentação na decisão que indeferiu seu pedido, a par de ensejar violação direta ao art. 9º do Decreto n. 70.235/19722, também acarreta, por conseqüência, o cerceamento ao direito a ampla defesa. Os documentos que constam nos autos não respaldam a objeção do recorrente. Ao contrário. Como restará demonstrado ao longo deste voto, o documento intitulado Informação Fiscal, acostado às folhas eletrônicas 962 a 993 aponta, de forma suficiente, os motivos que ensejaram as glosas objeto do recurso voluntário sob análise. 1.2. ILEGITIMIDADE PASSIVA. RESPONSABILIDADE DA PERDIGÃO AGROINDUSTRIAL S.A. EXPORTAÇÃO. A recorrente defende que o lançamento é nulo, já que a fiscalização desconsiderou as exportações realizadas e, por esse motivo, lavrou a exigência das contribuições de PIS e COFINS. A recorrente BRF Foods S.A., na qualidade de vendedora dos produtos exportados sustenta ser parte ilegítima para figurar no pólo passivo da ação onde deveria ser alocada a empresa compradora, Perdigão Agroindustrial S.A. de acordo com a lógica retratada nos art. 7º da Lei n.10.637/2002 e 9º da Lei n. 10.833/2003, os quais reproduzo: Lei n. 10.637/2002 Art. 7. A empresa comercial exportadora que houver adquirido mercadorias de outra pessoa jurídica, com o fim específico de exportação para o exterior, que, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data da emissão de nota fiscal pela vendedora, não comprovar o seu embarque para o exterior, ficará sujeita ao pagamento de todos os impostos e contribuições que deixaram de ser pagos pela empresa vendedora, acrescidos de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados na forma da legislação que rege a cobrança do tributo não pago. Lei n. 10.833/2003 Art. 9. A empresa comercial exportadora que houver adquirido mercadorias de outra pessoa jurídica, com o fim específico de exportação para o exterior, que, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da data da emissão da nota fiscal pela vendedora, não comprovar o seu embarque para o exterior, ficará sujeita ao pagamento de todos os impostos e contribuições que deixaram de ser pagos pela empresa vendedora, acrescidos de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados na forma da legislação que rege a cobrança do tributo não pago. No entanto, percebese que não existem empresas vendedoras e consumidoras, mas sim sucessão empresarial, de acordo com o que atesta o documento intitulado Informação Fiscal, onde está esclarecido que: 2 Art. 9. A exigência do crédito tributário e a aplicação da penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Fl. 1495DF CARF MF 10 "A pesquisa no sistema CNPJ comprova a incorporação da Perdigão Agroindustrial Mato Grosso pela Perdigão S.A., CNPJ 01.838.723/000127 (...) Ainda de acordo com o cadastro do CNPJ , a Perdigão S.A. mudou seu nome empresarial para Brasil Foods S.A. e estabeleceu seu domicílio tributário em Itajaí/ SC. Em virtude da incorporação, caracterizase a responsabilidade tributária por sucessão, consoante o art. 129 e 132 do Código Tributário Nacional, e, por esse motivo, a BRF Brasil Foods S.A. foi intimada de todos os atos de ofício". A ora recorrente não se insurge sobre a alegada sucessão empresarial informada e a conseqüente transmissão de responsabilidades tributárias (artigos 129 e 132 do CTN). Deste modo, devem ser considerados verídicos e incontestes os fatos sobre a sucessão empresarial. 2. MÉRITO 2.1. SOBRE A EXISTÊNCIA DE CRÉDITOS. DOS FATOS INCONTROVERSOS QUE COMPROVAM QUE OS PRODUTOS FORAM EXPORTADOS. A recorrente inicia seus argumentos esclarecendo que às operações de exportação, a Constituição Federal lhes confere imunidade tributária objetiva, destinada à desonerar os custos de exportação (§ 2º do art. 149 da Constituição Federal de 1988), e não isenção. Nessa mesma linha, é o conteúdo dos art. 5º da Lei n. 10.637/20023 e art. 6º da Lei n. 10.833/20034, bem como os artigos 44 e 45 do Decreto n. 4.524/20025, que desoneram as exportações das Contribuições PIS e COFINS. Deste modo, conclui que não poderia a fiscalização simplesmente desconsiderar as operações de exportação pelo fato que as mercadorias vendidas à exportadora foram alocadas nos armazéns Arfrio e Refribras, e não em entrepostos aduaneiros. 3 Art. 5º. A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; (...) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. 4 Art. 6º. A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; (...) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. 5 Art. 44. O PIS/Pasep nãocumulativo não incide sobre as receitas decorrentes das operações de I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, com pagamento em moeda conversível, e; III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Art. 45. São isentas do PIS/Pasep e da Cofins as receitas: (...) VIII de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do Decreto lei n. 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; e (...) IX de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. §1º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. Fl. 1496DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.492 11 Sustenta que existem nos autos "diversos fatos relevantes e incontroversos capazes de conduzir à correta conclusão no sentido de que a recorrente realizou a exportação, mesmo que indireta, por meio da venda com fim específico". São os fatos apontados pela recorrente que corroboram a comprovação da exportação: 1. Não há no relatório fiscal uma afirmação ou um dado sequer que sustente a assertiva que os produtos não foram exportados pela Perdigão Agroindustrial S.A; 2. As exportações ocorreram dentro do prazo de 180 dias previsto nas normas de regência; 3. Como a recorrente comercializou as mercadorias com o fim específico de exportação, essa receita não gera créditos no regime não cumulativo das Contribuições de PIS e COFINS; 4. As notas fiscais e a escrituração contábil da recorrente demonstram que as vendas realizadas para a Perdigão Agroindustrial S.A. tinham a finalidade específica de exportação. Diante desses fatos, a contribuinte concluiu que a questão dos autos é, ao que tudo consta, a apuração de mera irregularidade perpetrada pela empresa Perdigão Agroindustrial S.A., já que foi a responsável pelo depósito das mercadorias por ela adquiridas. Por ser essencial ao deslinde da questão submetida a julgamento, reproduzo os fundamentos adotado pela autoridade fiscal na decisão que indeferiu o pedido do ora recorrente: "Segundo os DACON, a contribuinte teria auferido em 2008 receitas de exportação ou de vendas, com fim específico de exportação, que foram incluídas das bases de cálculo de PIS e COFINS. No entanto, durante o procedimento de verificação, constatamos que não houve qualquer exportação direta para o exterior registrada no SISCOMEX no período em tela e que quase todas as vendas de mercadorias com fim específico de exportação destinaramse à filial 108 da Perdigão Agroindustrial S.A., situada na rua Jorge Tzachel, 475, Itajaí/SC. (...) Tendo em vista que a unidade 108 da Perdigão Agroindustrial S.A. não é armazém alfandegado, foram tomadas duas providências: primeiro, foi intimada a Perdigão Agroindustrial S.A., por meio do Termo de Intimação Fiscal n. 004/01109 a explicar o funcionamento da filial 108; depois, foi intimada a Perdigão Agroindustrial Mato Grosso Ltda., por meio do Termo de Intimação 003/01111, a prestar esclarecimentos e juntar documentos acerca das vendas com fim específico de exportação. Novamente, é preciso lembrar que as duas intimações foram entregues à BRF Brasil Foods S.A., que é sucessora de ambas. Sinteticamente, a BRF Brasil Foods informou (..) que: (a) a Perdigão Agroindustrial depositava em oito armazéns as mercadorias recebidas de terceiros com fim específico de exportação e que, destes, três eram alfandegados (Brasfrigo, Fl. 1497DF CARF MF 12 Martini e Ponta do Felix) e cinco não eram alfandegados (Arfrio dois, Refribrás, Safrio e Itazem); (b) que a exportação era efetuada após o contêiner ser 'estufado'; e (c) que estava autorizada por atos administrativos a proceder ao embarque antecipado da mercadoria destinada à exportação. (...) Regularmente intimada, a BRF Brasil Foods informou, em relação à Perdigão Agroindustrial Mato Grosso Ltda que: (a) as vendas eram feitas para as filiais 107 e 108 da Perdigão Agroindustrial S.A. e que ambas eram 'trading companies'; (b) relacionou os mesmos recintos onde eram depositadas as mercadorias; (c) que os depósitos eram de uso público e não de uso privativo da Perdigão Agroindustrial S.A. Apresentou, também, planilha detalhando as vendas com fim específico de exportação".(grifos nosso). Percebese que a conclusão adotada pela autoridade fiscal e rechaçada pela recorrente está amparada, essencialmente, nas seguintes premissas: 1. Não existem registros no SISCOMEX sobre as supostas exportações diretas para o exterior realizada pela recorrente para o período sob fiscalização, e; 2. Todas as mercadorias destinadas à exportação foram remetidas à filial 108 da Perdigão Agroindustrial S.A. É importante considerar que o SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior) é o procedimento regulamentar disponibilizado pela administração pública para obtenção das autorizações, certificações e licenças para exportar produtos brasileiros. O fato de terem sido exportadas as mercadorias, ainda que sem o registro no SISCOMEX, não convalida a conclusão da autoridade fiscal, já que tratarseiam, em tese, de vendas promovidas pela recorrente para trading company. A fiscalização desconsiderou essa peculiaridade e considerou, apenas, o fato que as mercadorias foram entregues a recintos não alfandegados. Transcrevo a conclusão do fiscal : "Ao apreciar a planilha que detalha as vendas com fim específico de exportação (doc. 857 a 961), constatamos que a maior parte das operações não cumpriu os requisitos minuciosamente estudos acima porque as mercadorias eram entregues em recintos não alfandegados de uso público. Concluímos, a partir das informações prestadas e dos documentos apresentados pela contribuinte e obtidos junto à Perdigão Agroindustrial S.A. que , na maior parte das vendas com CFOP 5501/6501, não se configurou o 'fim específico de exportação', de acordo com as normas detalhadas acima". Sobre a remessa dos produtos à filial 108 da Perdigão Agroindustrial (suposta trading company), a recorrente afirma que estava autorizada por atos administrativos a proceder o embarque antecipado das mercadorias destinadas à exportação, remetendoos aos recintos não alfandegados (Arfrio, Refribrás, Sagrio e Itazem) e que esses entrepostos eram de uso público, o que lhes conferia a característica própria de recinto alfandegado. Importa esclarecer que a recorrente apresentou os documentos que atestam a autorização administrativa conferida e, sobre tais documentos, o fiscal autuante não teceu considerações. Fl. 1498DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.493 13 Não se questiona, diante de uma interpretação sistêmica e ajustada do §2º do art.39 da Lei n. 9.532/1997 que as vendas às empresas comerciais exportadoras podem ser incluídas no cálculo de crédito presumido, e não apenas as vendas as empresas favorecidas pelo tratamento tributário conferido pelo DecretoLei n. 1.248/1972. Isso porque o artigo 39 da Lei n. 9.532/1997 prevê a suspensão do IPI não apenas quando da aquisição por empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação, como também quando o produto for remetido à recintos alfandegados ou outros locais onde se processo o despacho aduaneiro da exportação. A propósito: Art. 39. Poderão sair do estabelecimento industrial, com suspensão do IPI, os produtos destinados à exportação, quando: I adquiridos por empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação; II remetidos a recintos alfandegados ou a outros locais onde se processo o despacho aduaneiro de exportação. § 1º. Fica assegurada a manutenção e utilização do crédito do IPI relativo às matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na industrialização dos produtos a que se refere este artigo. § 2º. Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. § 3º. A empresa comercial exportadora fica obrigada ao pagamento do IPI que deixou de ser pago na saída dos produtos do estabelecimento industrial, nas seguintes hipóteses: a) transcorridos 180 dias da data da emissão da nota fiscal de venda pelo estabelecimento industrial, não houver sido efetivada a exportação; b) os produtos forem revendidos no mercado interno; c) ocorrer a destruição, o furto ou roubo dos produtos. Importa ressaltar que vendido o produto para empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação, passa a ser dela a responsabilidade pela exportação no prazo de 180 dias. De modo que a empresa exportadora tem, portanto, 180 dias para demonstrar a exportação dos produtos, caso contrário deverá arcar com o tributo suspenso quando da sua aquisição. Recintos alfandegados são áreas demarcadas pela autoridade aduaneira competente, na zona primária dos portos organizados ou na zona secundária a estes vinculada, a fim de que nelas possam ocorrer, sob controle aduaneiro pela Receita Federal, movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias procedentes do exterior, a para lá destinadas, inclusive sob regime aduaneiro especial. Fl. 1499DF CARF MF 14 A questão é regulamentada pelo Decreto n. 6.759/09, artigo 9º, Incisos I a III, que assim dispõe: Art. 9º. Os recintos alfandegados serão assim declarados pela autoridade aduaneira competente, na zona primária ou na zona secundária, a fim de que neles possam ocorrer, sob controle aduaneiro, movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de: I – mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive sob regime aduaneiro especial; II – bagagem de viajantes procedentes do exterior, ou a ele destinados, e; III – remessas postais internacionais. Parágrafo único. Poderão ainda ser alfandegados, em zona primária, recintos destinados à instalação de lojas francas. Sobre o tema, importa conhecer os termos do Decreto Lei n. 1.455, de 7 de abril de 1976, que traz a seguinte exceção: Art. 10. O regime de entreposto aduaneiro na exportação compreende as modalidades de regimes comum e extraordinário e permite a armazenagem da mercadoria destinada a exportação, em local alfandegado I – de uso público, com suspensão do pagamento de impostos, no caso da modalidade de regime comum; II – de uso privativo, com direito a utilização dos benefícios fiscais previstos para incentivo à exportação, antes do seu efetivo embarque para o exterior, quando se tratar de modalidade de regime extraordinário. §1º. O regime de entreposto aduaneiro na exportação, na modalidade extraordinário, somente poderá ser outorgado a empresa comercial exportadora constituída na forma prevista pelo DecretoLei n. 1.248, de 29 de novembro de 1972, mediante autorização da Secretaria da Receita Federal § 2º Na hipótese de que trata o § 1º, as mercadorias que forem destinadas a embarque direto para o exterior, no prazo estabelecimento em regulamento, poderão ficar armazenadas em local não alfandegado Aqui evidenciase o equívoco na interpretação conferida pelo fiscal, já que o parágrafo segundo do art. 10 do Decreto lei 1.455/19766 expressamente dispõe sobre a entrega 6 Sobre a exceção prevista no Decreto Lei acima transcrito, a Superintendência Regional da Receita Federal da 6ª Região Fiscal, ao responder a processo de consulta, reconhece que na hipótese de venda a comercial exportadora é possível a remessa dos produtos ao recinto não alfandegado: "Considerase fim específico de exportação a remessa direta dos produtos vendidos a embarque de exportação ou a recinto alfandegado, por conta e ordem da empresa comercia exportadora. Se a venda for feita a comercial exportadora constituída nos termos do Decreto lei n. 1.248, de 1972, também se considera fim específico de exportação a remessa direta dos produtos vendidos ao recinto de uso privativo de que trata o art. 14 da Instrução Normativa SRF 241, de 20026". (Processo de Consulta n. 40/12, Superintendência Regional da Receita Federal SRRF/ 6ª RF). Fl. 1500DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.494 15 das mercadorias nesses locais, em operação por conta e ordem da empresa comercial exportadora. Ou seja, o parágrafo segundo admite a possibilidade, na hipótese de venda com fim específico de exportação, que a empresa comercial exportadora que adquire o produto, mas, por sua conta e ordem, manda entregálo diretamente para exportação ou para recinto alfandegado. Mas, naturalmente, essa regra não significa que a empresa comercial exportadora não pode adquirir diretamente e contar com a entrega do produto em seu estabelecimento, pois, como o próprio artigo 39 estabelece que ela dispõe de 180 dias para efetivar a exportação da venda realizada pela industrializadora, que, no presente caso, é a Recorrente. Desta forma, resta evidente que o dispositivo estabelece obrigação não para a Recorrente, na qualidade de industrial, mas sim para a comercial exportadora, porém em hipótese específica, quando, por sua conta e ordem, determinar a entrega do produto por ela adquirido para embarque de exportação ou recinto alfandegado. No presente caso, a recorrente tomou o cuidado não apenas de comprovar a venda por ela realizada, mas também comprovou que a exportação foi efetivamente realizada dentro do prazo legalmente determinado. Dai porque assiste razão a recorrente, de tal forma que as receitas de tais operações devem ser incluídas no cálculo presumido, pois demonstrada a venda para comercial exportadora com fim específico de exportação7. Ademais, o próprio auditor não contesta a alegação que os produtos foram efetivamente exportados dentro do prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sequer a afirmação que a filial 108 da Perdigão Agroindustrial é uma trading company. Diante da precariedade de fundamentos que ensejaram a resposta da autoridade, é de rigor reconhecer o acerto nos argumentos da recorrente e a validade para fins de apuração de crédito das vendas realizadas sob o CFOP 5501/6501, já que amparado pelas provas e normas pertinentes. 2.2. SOBRE AS GLOSAS. CRÉDITOS DE INSUMOS. PIS E COFINS. A recorrente apresenta a cronologia das normas e leis sobre o aproveitamento de créditos no regime não cumulativo, bem como robusta doutrina e recentes precedentes deste Conselho. Mais especificamente sobre cada glosa, a recorrente aponta os desacertos das autuação e motivos pelos quais não devem prevalecer: Ficha 6A Linha 02 Bens utilizados como insumos * foram glosados os valores empenhados na aquisição de bens porque que não se enquadrariam na definição restritiva de insumos adotada na legislação de regência do IPI. Esta glosa também padece da ausência de descrição dos produtos rechaçados; 7 Nesse mesmo sentido é o voto proferido pelo Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista no julgamento do recurso voluntário objeto do Processo Administrativo n. 10840.901468/200841 pela 3ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção em 10/12/2014, que resultou na publicação do Acórdão n. 3403003.440 Fl. 1501DF CARF MF 16 * a fiscalização não descreve no termo de autuação qualquer item, mesmo que exemplificativamente, que demonstrem que os bens utilizados como insumos foram adquiridos à alíquota zero de PIS/COFINS; * não estão descritas nos termos de autuação quais foram os itens glosados sob a justificativa que as notas fiscais apresentam códigos de operação que não concedem os créditos reclamados. Ficha 6A Linha 03 Serviços utilizados como insumos * foram glosados os valores empenhados na contratação de serviços porque que não se enquadrariam na definição restritiva de insumos adotada na legislação de regência do IPI. Esta glosa também padece da ausência de descrição dos serviços contratados; * não estão descritas nos termos de autuação quais foram os itens glosados sob a justificativa que as notas fiscais apresentam códigos de operação que não concedem os créditos reclamados. Ficha 6A Linha 04 Despesas com energia elétrica * Foram glosados o valor das notas fiscais em valor inferior ao lançado em DACON. A recorrente alega que os valores foram lançados em livros fiscais e se presumem verdadeiros. Requer diligência ou perícia para comprovar a diferença Ficha 6A Linha 07 Despesas com armazenagem e frete na operação de venda *A fiscalização desconsiderou os créditos devidos pelos serviços portuários de carga e descarga (transbordo) e outros não identificados nas operações de venda (art. 3º, IX, da Lei n. 10.637/2002). Ficha 16A Linhas 25 e 26 Crédito presumido da atividade agroindustrial (art. 8º da Lei n.10.925/2004) * A recorrente informa que os motivos que ensejaram as glosas sobre os créditos oriundos da atividade agroindustrial foram: (i) aplicação incorreta do percentual de 60% (art. 8º, § 3º, I da Lei n. 10.925/2004); (ii) inclusão de aquisições que não se enquadram no conceito de insumos (animais reprodutores, animais para lactação, animais para recria, laudo técnicos, lenha, retentores, e; (iii) inclusão de insumos sujeitos à alíquota zero (pinto de 1 dia, pois este não está sujeito à suspensão, mas sim à alíquota zero). A recorrente considera que tais glosas refletem a interpretação incongruente e desconexa da lei (Lei n. 10.925/2004, artigo 8º) com a realidade, isto porque: "dentro da cadeia produtiva deste setor, os produtos dos Capítulos 2 a 4, 16 e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18, que permitem a alíquota de 60% para apuração do crédito presumido, são os produzidos por esta e não adquiridos". A Relação das Notas Fiscais Glosadas (folhas 489 a 505) apresenta, de forma detalhada, os itens que não foram admitidos para fins de contabilização do pedido de ressarcimento feito pelo ora recorrente. Naquele documento, a fiscalização apresenta os códigos que informam o motivo de cada um das glosas8. Por ser demasiadamente repetitiva a 8 NI Não é insumo,serviço, frete ou armazenagem com direito a crédito CFOP O Código fiscal de operação indica operação sem direito a crédito Fl. 1502DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.495 17 relação, para melhor compreender o que foi indeferido pela fiscalização e quais os motivos, podemos organizar os itens em 6 grupos: a) pallets, b) peças de reposição, conserto e equipamentos, c) combustíveis em geral e energia elétrica. d) produtos químicos vinculados à desinfecção e limpeza, e) serviços, e f) crédito presumido da atividade agroindustrial (art. 8º da Lei n.10.925/2004). *SOBRE O CONCEITO DE INSUMO: A recorrente aponta que a divergência entre seu posicionamento e o das autoridades fiscais e julgadoras repousa, unicamente, no conceito de insumos para fins de apuração de créditos de PIS e COFINS. Sustenta que o seu pedido de ressarcimento foi indevidamente negado, pois adotado pelos fiscais o conceito restritivo de insumo, equivalente àquele adotado na legislação que rege o IPI. Sobre a questão, é pacífico o entendimento deste Conselho9 no sentido que não se aplica, para apuração do insumo de PIS ou COFINS não cumulativos (previsto no art. 3º da Lei n. 10.833/2003) o critério estabelecido para insumos do sistema não cumulativo de IPI/ICMS, uma vez que não importa, no caso das contribuições, se o insumo consumido obteve ou não algum contato com o produto final comercializado. Da mesma forma, não interessa em que momento do processo de produção o insumo foi utilizado. Por outro giro, também não se aplica o conceito específico do imposto de renda que define custo e despesas necessárias. Isso porque os sistema da não cumulatividade do IPI se diferencia do sistema do PIS/COFINS, na medida em que no IPI a técnica utilizada é imposto contra imposto (inciso II, do § 3º do art. 153 da CF/88), enquanto no PIS/COFINS a técnica é de base contra base (§ 12, do art. 195 da CF/88 c/c com o § 1º dos arts. 2º e 3º das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003). É no mesmo sentido a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que confirma que a "a conceituação de insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002 e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva" (RESP n. 1.246.317/MG, relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 29/06/2015). O Parecer Normativo CST n. 65/79 consigna a interpretação adotada pela Fazenda Nacional que, para que sejam gerados créditos de IPI, o produto intermediário deve assemelharse à matériaprima, pois a base de incidência do IPI é o produto industrializado. A NT Mercadoria sujeita a alíquota zero de PIS/PASEP e COFINS. Dentro do grupo de notas glosadas pela justificativa NT, a fiscalização apresentou a subdivisão dos motivos determinantes: CAPT78 e 0407ovos Lei n. 10.865/04, art. 28, inciso III CORR25 Lei n. 10.925/04, art. 1, inciso IV Defensivo Lei n. 10.925/04, art. 1º, inciso II FARMilho Lei n. 10.925/04, art.1º, inciso IX Inc V Lei n. 10.925/04, art. 1º, inciso V LEITE Lei n. 10.925/04, art. 1º, inciso XI (Lei n. 11.196/05) NA Não é armazenagem 9 Sobre o tema adoto os fundamentos contidos no Acórdão n. 3302002.260, este proferido no julgamento do recurso voluntário interposto pela Sucocítrico Cutrale Ltda, nos autos do Processo Administrativo n. 12893.000208/200785, sob a relatoria da Conselheira Fabíola Cassiano Keramidas. Fl. 1503DF CARF MF 18 partir dessa premissa é certo afirmar que para se apropriar de créditos oriundos dos produtos intermediários, esse que não se incorpora ao produto final, é imprescindível que este sofra desgaste ou alteração em suas propriedades químicas ou físicas quando em contato direto com o produto em sua fabricação. Já no regime não cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS, os eventos que dão direito à apuração do crédito estão citados no art. 3º das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003, onde se percebe que houve uma ampliação das hipóteses que conferem créditos em relação àquelas previstas na legislação do IPI. Concluise, da leitura dos dispositivos mencionados, que a diferença entre os regimes jurídicos do IPI e das contribuições PIS/COFINS não cumulativas está que no IPI o direito a crédito vinculase ao produto industrializado, já no âmbito nas contribuições está relacionados ao processo produtivo. Contudo, tal ampliação do conceito de insumo não autoriza a inclusão de todos os custos e despesas operacionais a que alude a legislação do Imposto de Renda, pois no rol de despesas operacionais existem gastos que não estão diretamente relacionados ao processo produtivo da empresa. Ou seja, para o regime não cumulativo das contribuições PIS/COFINS, adotase o conteúdo semântico de insumos mais amplo do que aquele previsto na legislação que rege o IPI, porém mais restrito do que aquele previsto nas normas do Imposto de Renda, abrangendo os bens e serviços que não sendo expressamente vedados em lei, forem essenciais ao processo produtivo para que se obtenha o produto ou serviço desejado. Como visto, o conceito de insumo para o sistema não cumulativo do PIS e da COFINS é próprio, sendo que deve ser considerado insumo aquele que for utilizado direta ou indiretamente pelo contribuinte na produção/fabricação de produtos/serviços; for indispensável para a formação do produto/serviço final e for relacionado ao objeto social do contribuinte. Em virtude dessas especificidades, os créditos oriundos dos insumos postulados no recurso voluntário devem ser analisados individualmente. Para análise, item a item, dos produtos e serviços que foram glosados pela fiscalização, é oportuno lembrar que a recorrente é (em sua própria definição): "tradicional e importante agroindústria, tendo por objeto social as atividades no mercado interno e externo de industrialização, comercialização e exploração de alimentos em geral, principalmente, derivados de proteína animal e produtos alimentícios que utilizem a cadeia de frio como suporte e distribuição, industrialização, e comercialização de ração, prestação de serviços de alimentação em geral, industrialização e refino de óleos vegetais, exploração, conservação, armazenamento, ensilagem e comercialização de grãos, entre outras atividades". A. PALLETS A fiscalização considerou que os pallets de madeira não são insumos da atividade econômica praticada pela recorrente. Por sua vez, a recorrente afirma (amparada no laudo técnico apresentado em resposta à diligência ordenada), que: Fl. 1504DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.496 19 "os pallets são amplamente aplicados dentro do processo produtivo da requerenda, sendo essenciais. São relevantes e participam do processo produtivo, uma vez que são utilizados na: (i) industrialização (emprego para movimentar as matérias primas e os produtos em fase de industrialização a serem utilizados); (ii) armazenagem de matériasprimas em condições de higiene para serem utilizados no processo fabril; (iii) armazenagem de produto industrializado a ser comercializado, e; (iv) armazenagem durante o ciclo de industrialização". Está esclarecido no laudo técnico apresentado em resposta à diligência que: "No sistema de movimentação de cargas de pequenas dimensões, na maioria aquelas que possam ser empilhadas manualmente, empregase uma espécie de estrado com geometria plana que facilita e aumenta a velocidade de transporte de arrumação dos produtos sobre ele empilhados. Tratase de dispositivo denominado pallet que foi normalizado nacional e internacionalmente com o objetivo de garantir segurança na carga em movimentação, mecanização para levantamento e deslocamento da massa transportada, entre outros, e principalmente, buscar a unitização de todo um quantitativo de produtos ou até mesmo de matériasprimas entre fornecedor e cliente, entre setores produtivos internos a uma mesma unidade industrial e, ainda, com a possibilidade do pallet ser retornável ou não". "Em suma, os pallets são relevantes para toda a indústria, especialmente a alimentícia, pois, participa do processo produtivo, uma vez que são utilizados na própria industrialização para movimentação das matériasprimas e dos produtos em fase de industrialização a serem utilizados, evitando que estes fiquem em contato direto com o solo (diminuindo o risco de contaminação)". E a utilização dos pallets é indispensável para atender aos requisitos das normas de vigilância sanitária, a qual a recorrente deve obediência. A propósito e a título ilustrativo, trago a conhecimento o conteúdo da Portaria SVS/MS (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) n. 326, de 30 de julho de 1997, que aprova o Regulamento Técnico; “Condições HigiênicosSanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”: “5.3.10Os insumos, matériasprimas e produtos terminados devem estar localizados sobre estrados e separados das paredes para permitir a correta higienização do local” “8.8Armazenamento e transporte de matériasprimas e produtos acabados; 8.8.1 – As matériasprimas e produtos acabados devem ser armazenados e transportados segundo as boas práticas respectivas de forma a impedir a contaminação e/ou a proliferação de microrganismos e que protejam contra a alteração ou danos ao recipiente ou embalagem. Durante o Fl. 1505DF CARF MF 20 armazenamento deve ser exercida uma inspeção periódica dos produtos acabados, a fim de que somente sejam expedidos alimentos aptos para consumo humano e sejam cumpridas as especificações de rótulo quanto as condições e transporte, quando existam”. A utilização de pallets, portanto, atende a exigência de acondicionamento e transportes previstas pelo Ministério da Saúde, e tem por finalidade impedir a contaminação do produto final, o que lhe garante a característica de insumo para as atividades da recorrente. B. PEÇAS DE REPOSIÇÃO, CONSERTO E EQUIPAMENTOS Algumas peças de reposição, conserto e equipamentos foram excluídas do cálculo pela fiscalização, a fiscalização considerou que os códigos CFOP registrados nas Notas Fiscais indicavam produtos que não conferiam direito ao crédito reclamado, por que não condiziam com operações de aquisição de insumos. O laudo técnico acostado aos autos descreve da seguinte forma a finalidade de alguns produtos descartados pela fiscalização: *Rolamentos Utilizado na produção de mortadela, steaks, frango, bacon. Também é utilizado na caldeira. *Esteira Utilizada na produção de steak e presunto. *Correias São utilizadas nas linhas de corte de frango, de suínos, e na produção de bacon. *Respirador São utilizados nas granjas. *Mangueiras são peças de reposição de empilhadeiras e também existem as que são utilizadas nas produção de mortadela, bacon. *Mangote é utilizado em toda indústria. *Chapas São utilizadas na produção de lingüiças. *Parafusos e porcas São utilizados nas produções de mortadelas, bacon, steak. *Bucha É utilizada na produção de mortadela . *Suporte Bronze Mordaça São utilizados no processo de abate do frango. *Lateral Mordaça É utilizada no processo de abate do frango. *Bucha Bronze É utilizada no processo de abate do frango. *Pinto de 1 dia (macho e fêmea) São utilizados na integração das aves no primeiro dia de granja. *Faca Inox São utilizadas nos cortes dos frangos *Peneira Moinho É utilizada na fabricação da ração moinho da fábrica e moinho de milho. *Filtro de ar é utilizado no abate de frango, na sala de cortes e na fabricação de ração e farinhas. Fl. 1506DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.497 21 *Filtro de óleo é utilizado no abate de frango, na sala de cortes e na fabricação de ração e farinhas. Considerando as informações contidas no laudo técnico e a simples descrição dos produtos feita pelo próprio fiscal, considero que os produtos efetivamente são insumos (em conformidade com a definição adotada e já esclarecida), já que evidentemente indispensáveis para a industrialização dos produtos comercializados pela recorrente. C. COMBUSTÍVEIS EM GERAL E ENERGIA ELÉTRICA Dentro dessa categoria, foram glosados os seguintes itens: GAS GLP 13 Óleo diesel combustível Gasolina Comum Álcool etílico. Por sua vez, conta no laudo técnico que tais produtos têm finalidades diversas além da típica (abastecer veículos automotores) como, por exemplo, manter em funcionamento o equipamento que serve para manter a temperatura de frigoríficos. Trago a conhecimento as utilidades: *Óleo Diesel É utilizado para geração de energia do frigorífico, da incubadora e das caldeiras. *Álcool combustível É utilizado nos túneis de congelamento. *Gasolina combustível É utilizada nos veículos da empresa. Vêse, portanto, que os combustíveis, diante do que esclarece o laudo técnico, é integrado ao próprio processo produtivo da recorrente, já que sem ele não seria possível obter o produto final comercializado. Como já esclarecido, é coerente afirmar que os insumos que propiciam ao contribuinte a obtenção de créditos estão relacionados à prestação de serviços ou industrialização. Seguindo tal raciocínio, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar recurso interposto por indústria de alimentos considerou que é possível o creditamento de PIS e COFINS dos custos incorridos pela aquisição de combustíveis. Transcrevo a ementa do julgamento: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES AO PIS E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. COMBUSTÍVEIS, LUBRIFICANTES E PEÇAS UTILIZADAS COMO INSUMOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENTREGA DE Fl. 1507DF CARF MF 22 MERCADORIAS VENDIDAS PELA PRÓPRIA EMPRESA. ARTS. 3º, II, DAS LEIS N. 10.647/2002 E 10.833/2003. 1. O creditamento pelos insumos previsto nos arts. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 e 10;637/2002 abrange os custos com peças, combustíveis e lubrificantes utilizados por empresa que, conjugada com a venda de mercadorias, exerce também a atividade de prestação de serviços de transporte da própria mercadoria que revende. 2. Recurso especial provido. (Recurso Especial n. 1.235.979/RS, julgado em , sob a relatoria do Ministro Herman Benjamin pela Primeira Seção). Nesse mesmo sentido assim decidiu a 3ª Turma da 4ª Câmara desta 3ª Seção de julgamentos: CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CARF Terceira Seção MATÉRIA: COFINS RESSARCIMENTO ACÓRDÃO: 3403002.915 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 COFINS. CRÉDITOS DE ICMS CEDIDOS A TERCEIROS. NÃO INCIDÊNCIA. RE 606.107/RSRG. Não incidem a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sobre créditos de ICMS cedidos a terceiros, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 606.107/RS, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62A de seu Regimento Interno. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, conseqüentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos os combustíveis utilizados em caminhões da empresa para transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos. Por outro lado, não constituem insumos os combustíveis utilizados em veículos de passeio, motocicletas, e kombis que eventualmente transportam funcionários. Considerando que além das finalidades atípicas, os combustíveis são necessários para o transporte dos insumos vivos (frangos, suínos, bovinos) das granjas para o abatedouro, entendo que devem ser considerados como insumos para fins de creditamento, diante da evidente essencialidade e indispensabilidade dos produtos para a recorrente. Fl. 1508DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.498 23 No que concerne os gastos com energia elétrica, entendo que concluiu mal o auditor fiscal ao glosar tal insumo. Isso porque o inciso IX do art. 3º da Lei n. 10.637/200210 e o inciso III do art. 3º da Lei n. 10.833/200311 expressamente permitem o desconto de créditos das contribuições do PIS e da COFINS correspondente aos valores gastos pelos custos de energia elétrica utilizadas pelas pessoas jurídicas. Assim, por estar em evidente desalinho com a previsão legal, entendo que é de rigor o cancelamento da glosa sobre os gastos com energia elétrica. D. PRODUTOS QUÍMICOS VINCULADOS À DESINFECÇÃO E LIMPEZA Sobre as glosas determinadas pela fiscalização sobre os produtos químicos utilizados para limpeza e desinfecção, a recorrente esclarece que são indispensáveis para atender as determinações dos órgãos reguladores e fiscalizadores aos quais está submetida por ser frigorífico e produtor de alimentos para consumo humano (Anvisa, Ministério da Agricultura, Ministério da Saúde, dentre outros). Cita, como exemplo, a regulamentação prevista na Resolução n.10, de 31/07/1984 emitida pelo Ministério da Agricultura, que determina a forma de conservação dos produtos industrializados perecíveis até a chegada ao consumidor final. Além dos motivos já apresentados no item a pallets, entendo que os produtos químicos glosados são essenciais para a desinfecção e limpeza dos abatedouros e locais de processamento dos produtos da recorrente. Adoto como fundamentos específicos aqueles apresentados pelo Ministro Mauro Campbell Marques ao julgar recurso que trata sobre matéria similar a que aqui está submetida a julgamento: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. (...) 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art.3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de 10 Art. 3º. Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos em relação a: IX energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. 11 Art. 3º.Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos em relação a: III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. Fl. 1509DF CARF MF 24 "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n.10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015 grifos nossos) Diante do exposto, considero que conferem direito a crédito os valores despendido para aquisição dos produtos químicos destinados à limpeza e desinfecção do estabelecimento industrial da recorrente. E. SERVIÇOS Os serviços não reconhecidos como insumos para fins de apuração de crédito foram aqueles elencados na linha 03, da ficha 06A dos DACONS12. A recorrente defende que os serviços são insumos, por constituírem custos essenciais no processo produtivo. Os serviços não reconhecidos pelo auditor fiscal são: Serviço de mãodeobra Serviço de expedição e armazenagem de cereais Serviço técnico mecânicos Serviços gerais Serviço de transporte de funcionários Serviço imobilizado geral Serviço apanhe de animais Serviço de carga e descarga Fl. 1510DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.499 25 Serviço de sangria. Transbordo Armazenagem e frete Consta no parecer técnico oportunamente acostado aos autos as seguintes definições: *Serviços de Expedição e Armazéns São necessários na produção de rações. *Serviços de Transporte de Aves São utilizados nas granjas de matrizes e transferem as aves das granjas de recria para as granjas de produção. *Serviços de Carga e Descarga São necessárias para realizar o recebimento de cereais que serão utilizados na composição das rações. É de fácil conclusão que os serviços acima listados e descritos são empregados na atividade precípua da recorrente fabricação de alimentos para consumo humano. São essenciais para as etapas descritas no laudo técnico e, percebese ainda, que não são passíveis de substituição pelas máquinas, o que reforça a essencialidade e indiscutível característica de insumo. Mais especificamente sobre o serviço de sangria, o laudo técnico informa que: "A unidade industrial do interessado em Carambei/PR produz frangos que são exportados para o Oriente Médio e, por isso, contratualmente por exigência dos clientes as aves são abatidas conforme os preceitos da religião islâmica. As exigências contratuais incluem a forma em que é feita a sangria que inclui a impossibilidade de automação da linha de corte e, mais ainda, que seja feita por pessoas com formação espiritual islâmica e nunca por funcionários da própria BRF S.A. Para viabilizar este requisito do contrato de exportação existe pessoal que atende a estes princípios e que são organizados para prestarem seus serviços nesta etapa de produção industrial". Percebese que a essencialidade do serviço de sangria decorre da atuação da recorrente no mercado internacional, o que torna indiscutível o seu reconhecimento como insumo para fins do creditamento reclamado. A Secretaria da Receita Federal do Brasil adota a conceituação de transbordo13 como sendo a transferência direta de mercadoria de um para outro veículo. No caso da agroindústria, admitese o creditamento não só dos bens e serviços qualificados, com insumos na própria industrialização, mas também daqueles insumos utilizados na fase agrícola que lhe precede14. Não encontra amparo no inciso IX do art. 3º das 13 Disponível em http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/transito aduaneiro/topicos/controledoregime/transbordoebaldeacao 14 Nesse mesmo sentido está o Acórdão n. 3402003.041, lavrado no julgamento do recurso voluntário apresentado pela Usina Moema Açúcar e Álcool objeto do Processo Administrativo n. 16004.720550/201371, julgado pela 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção de julgamentos em 27 de abril de 2016. Fl. 1511DF CARF MF 26 Leis n. 10.833/2003 e 10.637/2002, a pretensão de descontar os valores das contribuições das despesas que não são de armazenagem, mas que corroboram essa atividade. Há de se ter em mente o laudo técnico que esclarece que os animais vivos são transportados em caminhões, dentro de caixas com controle de temperatura. Assim que chegam ao local do abate, não são desembarcados um a um. A caixa em que chegam é transbordada para o caminhão que percorre os vários locais dentro da planta industrial (alimentação, limpeza e abate dos animais). São custos com serviços indispensáveis para o transporte dos insumos dentro da indústria da recorrente, já que existem peculiaridades técnicas que exigem a manutenção da temperatura e a diminuição dos fatores que possam estressar os animais antes do momento do abate. O transbordo é, ao meu ver, essencial para o processo produtivo, já que sem a prestação desse serviço não é possível obter o produto final. No que concerne os créditos oriundos dos serviços de frete e armazenagem considero que tais são devidos, sem sobra de dúvidas. Isso porque o inciso IX do art. 3º da Lei n. 10.833/2003 permite expressamente que a contribuinte desconte créditos calculados em relação a "armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, no caso dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor". F. CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL (ART. 8º DA LEI N. 10.925/2004). De forma sucinta, os motivos que ensejaram as glosas sobre os créditos oriundos da atividade agroindustrial foram: (i) aplicação incorreta do percentual de 60% (art. 8º, § 3º, I da Lei n. 10.925/2004); (ii) inclusão de aquisições que não se enquadram no conceito de insumos (animais reprodutores, animais para lactação, animais para recria, laudo técnicos, lenha, retentores, e; (iii) inclusão de insumos sujeitos à alíquota zero (pinto de 1 dia, pois este não está sujeito à suspensão, mas sim à alíquota zero). Sobre as aquisições se enquadrarem ou não no conceito de insumos, não houve qualquer esclarecimento mais específico no laudo técnico apresentado. Assim, por ausência de fundamentos aptos a ensejar a reforma da decisão recorrida, esta deve ser mantida (apenas no que concerne esses insumos: animais reprodutores, para lactação, para recria, lenha, laudos técnicos e retentores). Já no que concerne a interpretação do inciso I, do § 3º do artigo 8º da Lei n. 10.925/2004, passo a tecer as seguintes considerações. Ao julgar o Recurso Especial n. 993.164/MG, este submetido a sistemática dos recursos repetitivos e apontado como paradigma da tese, o Superior Tribunal de Justiça definiu que é ilegal ato que exclui da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI as aquisições, relativamente aos produtos oriundos de atividade rural, de matériaprima e insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/Pasep e COFINS. E trouxe o seguinte esclarecimento: “É que (i) a COFINS e o PIS oneram em cascata o produtor rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtorexportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição; (ii) o Decreto n. 2.367/98 – Regulamento do IPI , posterior à Lei n. 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais, e; (iii) a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos Fl. 1512DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.500 27 insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes”. Estabelecida a premissa inicial que é ilegal a exclusão da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI as aquisições, relativamente aos produtos oriundos de atividade rural, de matériaprima e insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/Pasep e COFINS passo ao seguinte ponto, que é definir o percentual a que a recorrente tem direito. Da leitura sistemática da Lei n. 10.925/2004 é possível concluir que o critério de definição dos percentuais de crédito é a natureza dos produtos a que dá saída. Sendo os produtos de origem animal, configura devido os 60% defendidos pela recorrente. E tal conclusão é robustecida pelo texto da Lei n. 12. 865/2013 que em seu artigo 33 acrescentou o § 10 ao artigo 8º da Lei n. 10.925/2004, que passou a constar nos seguintes termos: §10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3º, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos. Esse dispositivo é nitidamente interpretativo, de modo que deve prestar os seus efeitos benéficos ao contribuinte ora recorrente, nos moldes do que determina o inciso I do artigo 106 do Código Tributário Nacional. Diante do exposto, voto por dar provimento integral nessa parte. Lenisa Prado Relatora Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Na Sessão do dia 26 de janeiro de 2017, este Conselheiro pediu vistas deste processo, para melhor análise do litígio. Após minuciosa análise dos autos, não se vislumbra qualquer dissenso quanto os fundamentos do voto da i. Relatora sobre às questões preliminares suscitadas pela recorrente. Já no que tange às questões de mérito, este Relator, com a devida vênia, discorda parcialmente do entendimento da nobre Relatora, pelas razões a seguir aduzidas. Do lote processos que este integra Inicialmente, cabe esclarecer que, o presente processo, faz parte de um lote composto de 9 (nove) processos, sendo um relativo a auto de infração (processo n° 11516.721009/201214) e os demais relativos a pedidos de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins dos 1º ao 4º trimestres de 2008, a seguir relacionados: TRIMESTRE PROCESSO DO PIS PROCESSO DA COFINS 1º TRI/2008 10183.905478/201141 11516.721881/201173 Fl. 1513DF CARF MF 28 2º TRI/2008 11516.721876/201161 11516.721884/201115 3º TRI/2008 11516.721875/201116 11516.721882/201118 4º TRI/2008 11516.721877/201113 11516.721883/201162 Os processos de n°s 11516.721009/201214 (autos de infração) e 10183.905478/201141 (PIS 1º trimestre de 2008), na Sessão de 9/12/2015, foram distribuídos para o Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, integrante da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta Seção. Na Sessão de 11/7/2016, com respaldo no art. 6º, do Anexo II, do RICARF/2015, por meio da Resolução nº 3402000.799, o processo de n° 11516.721009/2012 14 (autos de infração) foi convertido em diligência perante a DRF Florianópolis (SC), para fim de aguardar a conclusão do julgamento dos demais (oito) processos acima referenciados e, que após concluído o dito julgamento, retornasse ao CARF, com os respectivos julgados anexados (a este PAF), com vistas ao prosseguimento do julgamento do recurso voluntário colacionados aos presentes autos. Por sua vez, na Sessão de 20/7/2016, o processo de n°10183.905478/201141 (PIS 1º trimestre de 2008) foi submetido a julgamento, formalizado por meio do Acórdão nº 3402003.153, em que, por maioria, o Colegiado deu provimento parcial ao recurso voluntário, para reverter as glosas quanto “aos itens ‘peças de reposição de máquinas e equipamentos’, discriminados no item 8.1.3 do voto; óleo diesel e álcool combustível, conforme item 8.1.4 do voto; e crédito presumido das atividades agroindustriais.” Em 13/9/2016, o Fazenda Nacional interpôs recurso especial perante a 3ª Turma da CSRF, o qual encontrase em fase de triagem no âmbito deste Conselho, conforme informação extraída do sítio do CARF no dia 6/2/201715 Os demais processos do lote (sete), incluindo este, foram distribuídos para a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, integrante deste Colegiado, na Sessão de 22/7/2016. Com exceção do processo nº 11516.721882/201118 (Cofins 3º trimestre de 2008), os restantes foram colocados na pauta de julgamento do dia 26 de janeiro de 2017, quando, após leitura parcial do voto pela Relatora, este Conselheiro pediu vistas, para melhor análise do litígio. Com base nesses breves esclarecimentos, fica evidenciado que os 8 (oito) processos que tratam dos pedidos de ressarcimento estão vinculados por conexão, conforme definido no art. 6º, § 1º, I, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF 343/2015 (RICARF/2015). Logo, por força dessa condição, antes de prolatada a decisão, todos os processos conexos poderiam ter sido distribuídos ao conselheiro prevento, ou seja, aquele que primeiro recebeu um ou parte dos processos conexos. Entretanto, no caso em tela, essa providência não revelase impossibilitada, haja vista que, os dois processos distribuídos ao Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, integrante da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 3ª Seção, já foram julgados, o que afasta a possibilidade de remessa dos demais processos conexos, ainda pendentes de julgamento, ao citado Conselheiro, por expressa disposição do art. 6º16, § 2º, do Anexo II do RICARF/2015. 15 Disponível em: <https://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarInformacoesProcessuais/ exibirProcesso.jsf> 16 "Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; Fl. 1514DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.501 29 Dessa forma, passase analisar as questões de mérito em relação as quais não há concordância com as razões de decidir apresentadas pela nobre Relatora. A) DAS QUESTÕES DE MÉRITO Nos presentes autos, o mérito da controvérsia cingese às razões que motivaram o indeferimento integral do Pedido Eletrônico de Ressarcimento (PER) do saldo remanescente dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep de incidência não cumulativa do 3º trimestrecalendário de 2008, vinculados à receita de exportação do respectivo período de apuração. Portanto, aqui não serão analisadas as questões atinentes ao auto de infração integrante do processo nº 11516.721009/201214, por ser matéria estranha. De acordo com a Informação Fiscal colacionada aos autos, o motivo do indeferimento foi (i) a glosa parcial dos valores de determinados itens integrantes da base cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins e (ii) reclassificação de parte do valor da receita de exportação (isenta/imune) para receita de venda no mercado interno (tributada). I DA GLOSA DA BASE DE CÁLCULO DOS CRÉDITOS. As glosas recaíram sobre os valores, totais ou parciais, dos seguintes itens informados no Dacon e memória de cálculo pela recorrente: a) bens utilizados como insumos; b) serviços utilizados como insumos; c) despesas com energia elétrica; d) despesas de armazenagem e fretes na operação de venda; e e) crédito presumido agroindustrial. 1 Da glosa dos Bens Utilizados Como Insumos (Ficha 16A Linha 02) Em relação aos bens utilizados como insumos, as glosas foram realizadas sobre os valores das (i) aquisições de bens que não se enquadram no conceito de insumo, (ii) aquisição de bens sujeitos à alíquota zero, (iii) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de insumos e nem outra operação com direito a crédito e (iv) notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas, que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Na “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008”, elaborada pela autoridade fiscal, estão identificadas todas as notas fiscais, valores glosados e a indicação clara e precisa dos respectivos motivo e fundamentação legal da glosa, o que é suficiente para demonstrar a improcedência da alegação de nulidade do procedimento fiscal, bem como a desnecessidade da produção da requerida prova pericial. 1.1 Da aquisição de bens que não se enquadram no conceito de insumo (Grupo NI) II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. [...]" Fl. 1515DF CARF MF 30 De acordo com a referida Informação Fiscal, a autoridade fiscal glosou os valores das aquisições dos bens que não se enquadravam no conceito insumo, veiculado pelo art. 8º, § 4º, I, “a”, da Instrução Normativa SRF 404/2004. De outra parte, a recorrente alegou a improcedência das referidas glosas, baseada no entendimento de que de todos os dispêndios ocorridos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a obtenção da receita auferida e submetida à tributação da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Assim, fica evidenciado que o cerne da controvérsia gira em torno do significado e alcance do termo insumo, utilizado no art. 3º, II, das Leis 10.637/2002 10.833/2003, a seguir transcrito: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, [...]; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) grifos não originais O entendimento deste Relator é um pouco mais amplo do que aquele apresentado pela autoridade fiscal (extraído da legislação do IPI), porém, um pouco mais restrito do que o utilizado pela recorrente (veiculado pela legislação do Imposto sobre Renda da Pessoa Jurídica). Cabe ainda consignar que, no âmbito da jurisprudência deste Conselho, vem se firmando também entendimento intermediário, que considera insumo tanto as matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados diretamente na produção ou fabricação do bem destinado à venda, que, em termos financeiros, equivalem aos custos diretos de produção ou fabricação, quanto os bens e serviços gerais utilizados indiretamente na produção ou fabricação dos citados bens, que, em termos financeiros, equivalem aos custos indiretos de produção ou fabricação. Com a ressalva de que insumo e custo são termos que representam a mesma realidade de forma dista. O insumo representa a coisa, o bem material ou imaterial (ou serviço), enquanto que o custo representa o valor financeiro despendido na aquisição do respectivo bem. Em outros termos, o insumo representa o fluxo físico, enquanto o custo representa o fluxo financeiro da mesma realidade. E, no âmbito da pessoa jurídica, enquanto o fluxo financeiro é relevante para a contabilidade, o fluxo físico interessa à administração e auditoria do estoque. Com base nessa breve digressão, entende este Relator, com a devida vênia aos que entendem diferente, essa é a definição que melhor reflete o significado e alcance jurídico do termo insumo, veiculado pelos citados preceitos legais. Assim, respaldado nesse entendimento, podese asseverar que, no âmbito do regime não cumulativo da referida contribuição, enquadramse na definição de insumo tanto a matéria prima, o produto intermediário e o material de embalagem, que integram o produto final, quanto aqueles bens ou serviços aplicados ou consumidos no processo de produção ou fabricação, que compreendem os insumos diretos de produção. Também são considerados insumos os bens ou serviços previamente incorporados aos bens ou serviços diretamente aplicados no processo produtivo, desde que estes bens ou serviços propiciem direito a créditos da referida contribuição. Fl. 1516DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.502 31 Por outro lado, não integram a definição de insumo de produção ou fabricação os bens e serviços não aplicados ou consumidos no processo de produção ou fabricação. Em outras palavras, todos os bens ou serviços utilizados antes do início ou após a conclusão do processo de produção ou fabricação, que incluem os bens e serviços utilizados (i) na etapa anterior ao processo de produção ou fabricação, que, em termos financeiros, compreende às despesas préindustriais, ou (ii) na etapa posterior ao processo de produção ou fabricação, que, em termos financeiros, equivalem às despesas operacionais ou não operacionais da pessoa jurídica (as despesas de propaganda, administrativas, de vendas, financeiras etc.). Com base nesse entendimento, aqui será analisada as glosas dos créditos apropriados sobre os valores de aquisição de bens e serviços utilizados como insumo de fabricação pela recorrente. Inicialmente, rejeitase a alegação da recorrente de que os itens glosados a título “de bens que não se enquadram no conceito de insumo” não foram identificados pela fiscalização. Diferentemente do alegado, na referida “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008” consta, além do número da nota fiscal, o grupo e motivo da glosa e a correspondente descrição do bem adquirido. E se da simples leitura da referida descrição foi possível a este Relator identificar o tipo de bens descritos, certamente, não se revela crível que a recorrente, que dispõe de todos os dados sobre os bens adquiridos, conforme se verifica na memória de cálculo por ela elaborada, não tenha identificado os itens glosados. Pela mesma razão, afastase o alegado cerceamento do direito de defesa, por falta de motivação. Ainda em relação a presente glosa, a recorrente afirmou que os itens glosados, a exemplo do barbante e pallets, davam direito a crédito por serem produtos utilizados direta ou indiretamente no seu processo produtivo. Esclareceu que o barbante era utilizado dentro do processo produtivo industrial para costura e também embalagem dos bens produzidos e destinados ao comércio. Acerca dos pallets acrescentou: O pallet e demais produtos glosados e não identificados em relatório são relevantes e participam do processo produtivo, uma vez que são utilizados na: (i) industrialização (emprego para movimentar as matériasprimas a serem utilizados); (ii) – armazenagem de matériasprimas em condições de higiene para serem utilizadas no processo fabril; (iii) armazenagem de produto industrializado a ser comercializado; (iv) armazenagem durante o ciclo de industrialização. [...]Portanto, tais materiais objetivam garantir regras de higiene e limpeza, como enuncia a ANVISA e MINISTÉRIO DA AGRICULTURA (SIF). As alegações genéricas dispensam qualquer análise e rejeitase de plano, por se revelarem improcedentes. No que tange ao barbante, compulsando a coluna da “Descrição do Material” da referida “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008”, não foi encontrada menção à glosa do custo de aquisição desse tipo de produto, o que dispensa qualquer consideração a respeito. Fl. 1517DF CARF MF 32 Em relação aos pallets, cabe trazer a lume os esclarecimentos apresentados no Relatório Técnico nº 000.903/13, da lavra do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), anexado pela recorrente em atendimento ao pedido de diligência deste Conselho, que se encontra colacionado aos autos. Especialmente, a partir do item 13, em que apresentadas a descrição e forma de utilização, no estabelecimento da interessada, dos vários tipos pallets. De todos, merece destaque especial o item 15, que segue transcrito: No caso da BRF S. A., nas unidades visitadas, foi apurado que existem três tipos de paletes em uso sendo dois de madeira e outro em fibra de vidro (sic). Nos casos das peças fabricadas em madeira há um tipo que é retornável (denominado PBR) e outro que é enviado para o cliente e descartado pelo mesmo (denominado “one way”), ambos utilizados sempre nas movimentações externas às linhas de produção. Já no ambiente interno, onde são utilizados para armazenar e transportar matériasprimas e produtos em elaboração no interior da unidade produtora, há exigência do Serviço de Inspeção Federal – SIF para que sejam utilizados somente paletes de fibra de vidro [...] (sic). destaques não originais. Com base no texto transcrito, fica esclarecido que a recorrente utiliza três tipos pallets: um de fibra de vidro e os outros dois de madeira. E conforme explicitado, apenas os pallets de fibra de vidro são utilizados nas linhas de produção, logo, os custos de aquisição, se não ativados, são considerados insumo de produção. E assim entendeu a autoridade fiscal, uma vez que não houve glosa desse tipo de pallet, conforme se infere da leitura da citada “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008”. No que concerne aos pallets de madeira há um tipo que é retornável e o outro descartável. E conforme explicitado no texto transcrito, ambos são utilizados nas “movimentações externas às linhas de produção”. Logo, inferese que tais pallets não são utilizados no processo produtivo, portanto, não são considerados insumos de produção, incluindo os descartáveis. E dada essa forma de utilização, chegase a conclusão de que, no âmbito da atividade da recorrente, os pallets de madeira são considerados meros equipamentos de transporte dos produtos acabados. Aliás, sabidamente, os pallets são considerados unidades de carga destinadas a viabilizar a otimização do transporte dos produtos acabados, por meio do uso de paleteiras e empilhadeiras. Logo, em face dessa condição e forma utilização, os referidos pallets de madeira, em hipótese alguma, podem ser considerados insumos de produção, porque utilizados exclusivamente no transporte dos produtos acabados, e tampouco despesas de armazenagem ou de frete, conforme alegado, alternativamente, pela recorrente, especialmente, aqueles retornáveis, que, dependendo do prazo de vida útil, devem ser registrados no ativo permanente e não contabilizados como despesas. E como não se trata de insumo nem despesa de armazenagem ou de frete, obviamente, não tem qualquer relevância para o deslinde da controvérsia o fato de a utilização dos referidos pallets atender ou não exigências referentes à higiene e limpeza determinada em normas da Anvisa e do Ministério da Agricultura. Por todas essas considerações e tendo em conta que os custos de aquisição dos pallets de madeira não são considerados insumos de produção nem despesa de armazenagem ou frete, conforme definido no art. 3º, II e IX, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, por falta de previsão legal, não integram a base de cálculo dos créditos da Fl. 1518DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.503 33 Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, portanto, deve ser mantida, integralmente, a glosa realizada pela fiscalização. 1.2 Da aquisição de bens sujeitos à alíquota zero Com base nos dados da memória de cálculo apresentada pela recorrente, a autoridade fiscal procedeu a glosa das aquisições dos bens sujeitos à alíquota zero, para os quais há expressa vedação à apropriação de créditos das referidas contribuições, nos termos do art. 3º, § 2º, II, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a seguir reproduzido: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) grifos não originais Na manifestação de inconformidade e no recurso em apreço, a recorrente alegou cerceamento do direito de defesa, por falta de identificação dos itens glosados e da motivação da glosa. No entanto, contraria o alegado, a afirmação da própria recorrente de que “diversos produtos descritos como tributados por meio de alíquota zero, nos moldes da Lei nº 10.925/2004, em seu art. 1º, não se tipificam nas classificações fiscais descritas” e cita o manjericão como “provável” item glosado indevidamente. No mesmo sentido, a simples leitura da referida “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008” evidencia a improcedência da referida alegação. No referido documento, verificase que, para cada nota fiscal glosada, além da descrição e valor de aquisição do bem, há expressa indicação do motivo da glosa, acompanhado da menção ao respectivo dispositivo legal, que reduziu a zero a alíquota das citadas contribuições. E ao perceber o equívoco de tal alegação, ao se manifestar sobre o resultado da diligência, a recorrente alegou que: Temos ainda produtos químicos, desinfetantes e afins que são bens utilizados especialmente no processo produtivo da recorrente, inclusive, em razão de normas que regulam a atividade e emitidas por órgãos reguladores e fiscalizadores, tais como ANVISA, MAPA, SIF, entre outros. Neste sentido foram glosados: Calc. Calcit. Pá 38% Cálcilo, Desinfetante Hipoclorito Sódio, DL Metionina Pà 99%, Desinfetante Enilconazole, Desinfetante Glut 40%, Desinfetante TEK, Ceftiofur, Treonina 98,5%, Antibiótico Amoxicilina 50%, Sulfato de Beomicina 50%. Fl. 1519DF CARF MF 34 Na seqüência, a recorrente concluiu que: [...] não pode a Receita Federal desconsiderar um custo ou despesa vinculado à atividade empresarial que é obrigatória e necessária ao próprio desempenho desta. A noção de insumo é técnica e, muitas vezes, os órgãos que fiscalizam e orientam determinada atividade, possuem mais condições de evidenciar o que é relevante para aquela atividade. No caso, inexiste controvérsia de que o motivo da glosa foi o fato de os referidos produtos terem sido adquiridos sem a tributação das referidas contribuições (produtos sujeitos à alíquota zero). Por conseguinte, a condição deles serem insumos de produção ou não, induvidosamente, não tem qualquer relevância para infirmar o motivo da glosa, já que a natureza produto não teve qualquer influência em ralação ao motivo da glosa. Também não procede a alegação da recorrente de que era totalmente viável a manutenção do crédito em relação aos produtos “vinculados à noção de insumos”, tais como “vacinas, antibióticos, treonina, ivermectina, entre outros”, pinto de 1 dia (macho e fêmea) etc. A razão, segundo a recorrente, era evidente: se não houve cobrança das referidas contribuições na aquisição desses produtos, logo, era vedado o direito de apropriação de crédito, por expressa determinação no citado preceito legal. Enfim, por expressa proibição, determinada no art. 26A do Decreto 70.235/1972, no âmbito deste Conselho, não cabe a análise da alegação no sentido de que a glosa de créditos, na hipótese de aquisição sem tributação, se sujeita à tributação na operação posterior, viola o princípio da não cumulatividade e da capacidade contributiva, bem como implica efeito confiscatório. Aliás, em conformidade com essa proibição, exisnte o entendimento manifestado no enunciado da Súmula CARF nº 02, de acatamento obrigatório por todos os integrante deste Conselho, por força do disposto no art. 62 do Anexo II do RICARF/2015. Em relação à aquisição dos produtos agropecuários (por exemplo, pinto de 1 dia, entre outros), relacionados no art. 8º da Lei 10.925/2004, em caráter alternativo, a recorrente pleiteou a manutenção, pelo menos, do crédito presumido, “pois esta lei especial se sobrepõe ao art. 3º, § 2º, II, da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003, como também art. 1º, da Lei n. 10.925”. Assiste razão à recorrente apenas no que tange às aquisições dos pintos de 1 dia, desde que, adquiridos de pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária, nos termos do art. 8º, § 3º, III, da Lei 10.925/2004, uma vez que, inequivocamente, tais animais integram o processo produtivo dos produtos de origem animal da posição 02.07 “carnes e miudezas, comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, das aves da posição 01.05”, produzidos pela recorrente e destinados à alimentação humana. Assim, ainda que tais bens tenham sido adquiridos com alíquota zero das referidas pessoas jurídicas, sobre tais aquisições a recorrente faz jus a apropriação do crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004. Por todas essas razões, restabelecese apenas o direito de a recorrente apropriar, parcialmente, do crédito presumido agroindustrial, calculados mediante a aplicação do percentual de 60% das alíquotas normais das contribuições, previsto no art. 8º, § 3º, I, da Lei 10.925/2004, sobre o valor das aquisições dos pintos de 1 dia. 1.3 Notas fiscais com CFOP de operação sem direito a crédito Fl. 1520DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.504 35 De acordo com a citada Informação Fiscal, foram glosados os valores das notas fiscais, listadas na “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008”, cujo CFOP não representava operação de aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito. Da leitura da referida listagem, constatase que as notas fiscais glosadas em razão de o CFOP “indicar operação sem direito de crédito” estão identificadas na coluna "Motivo glosa" com a informação “CFOP”, que significa “Código Fiscal da operação indica operação sem direito a crédito”. As referidas glosas foram integralmente mantidas pela decisão recorrida, com base nos seguintes argumentos, in verbis: [...] os CFOP de tais notas não representam operações que consistam de aquisição de bens ou outra operação que dê direito a crédito, tais como as representadas pelas notas com os seguintes: os CFOP 2.556 Compra de material para uso ou consumo e 1.653 Compra de combustível ou lubrificante por consumidor ou usuário final. De outro turno, tendo em conta a "Descrição do Material", verificase que os bens claramente não consistem de insumo ou não há como afirmar que o sejam, haja vista não ser possível identificar sua real natureza e aplicação dentro da atividade da empresa. Na manifestação de inconformidade e no recurso em apreço, a recorrente limitouse em alegar a legitimidade dos créditos, por serem bens “caracterizados pela utilidade, inerência e relevância no processo produtivo”. Evidentemente, tratase de alegação genérica, desprovida de qualquer respaldo probatório. Já na manifestação sobre o resultado da diligência, a recorrente apresentou novas alegações, a seguir analisadas. 1.3.1 Das Peças, equipamentos e ferramentas em geral Na referida manifestação, com base nos fluxogramas integrantes do Laudo Técnico do INT, a recorrente informou que, na relação de bens glosados, havia peças e diversos itens de reposição de máquinas, equipamentos e ferramentas utilizados no processo produtivo, tais como: Suporte Bronze Mordaça, Lateral Mordaça, Bucha Bronze, Anel vedante, Anel trava, Rolamento, Fuso, Gancho, Engrenagem, Mola, Bucha, Placa Sincronizadora, Retentor, Pistão Hidráulico, Arruela Lisa, Correias do carro, Espátula, Bloco alumínio, Bucha Inox, Módulo completo, Acoplamento, Mangueira, Chave bloco, chave segurança, Bloco Bronze, Anel elástico, Cilindro bomba, Reparo de Pistão, Conectores, Faca Inox, Esteira placa quente, Peneira Moinho, Filtro Ar, Filtro óleo, Frezas Sep. vísceras PM 300, Navalha CW System e Filtro de óleo. E, em seguida, alegou que tais itens: São peças, equipamentos, ferramentas em geral destinadas à manutenção e consecução do processo produtivo. A mais disso, o próprio Laudo técnico deixa evidente que tais itens estão vinculados ao processo produtivo da recorrente, Fl. 1521DF CARF MF 36 especialmente, diante de sua atividade e plantas industriais juntadas. Ora, se a própria recorrente afirmou que tais bens eram “peças, equipamentos, ferramentas em geral destinadas à manutenção e consecução do processo produtivo”, certamente, eles não eram insumos de produção. E pelas características e aplicação, informadas na “planilha complementar referente aos insumos utilizados na produção”, colacionada aos autos, apresentada após a referida manifestação, inferese que, se efetivamente utilizados na produção, o custo de aquisição de tais bens era passível de apropriação como créditos, mas sob forma de encargo de depreciação, nos termos do art. 3º, VI, e § 1º, III, das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, a seguir reproduzido: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços;(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) [...] III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI do caput, incorridos no mês;(Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) grifos não originais. Assim, em vez da apropriação como crédito de insumo de produção, como equivocadamente fez a recorrente, com suporte nos citados preceitos legais, se aplicados na produção, a apropriação correta e permitida do crédito sobre o valor do custo de aquisição dos referidos bens era sob forma de encargo mensal de depreciação, segundo os procedimento determinados por legislação específica, o que não foi feito pela recorrente. Por essas razões, fica demonstrado que os referidos bens eram insumo produção, portanto, não merece reparo a glosa dos créditos calculados sobre o valor do custo de aquisição dos mencionados bens. 1.3.2 Dos combustíveis em geral Sobre a glosa dos combustíveis, na referida manifestação, a recorrente alegou o seguinte: Temos ainda, os combustíveis (Óleo Diesel), Álcool Combustível, Gasolina Combustível, etc), que além de existir expressa previsão legal para o crédito, também se vinculam diretamente ao processo de produção, como se pode notar claramente dos fluxogramas e laudo juntado. Fl. 1522DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.505 37 Na referida planilha complementar, a recorrente informou que o Óleo Diesel fora utilizado no gerador de energia do Frigorífico, no gerador do Incubatório e nas Caldeiras 1 e 2, enquanto que o Álcool Combustível fora utilizado no setor de Embalagem final e nos Túneis de congelamento (diminuição do gelo acumulado no frigorífico). Como tais itens foram utilizados na área fabril, eles são considerados insumos de produção e como tal o valor do custo de aquisição foram corretamente apropriado como créditos das referidas contribuições. Consta da referida planilha a Gasolina Comum Combustível fora utilizada nos veículos da empresa, o que desqualifica tal produto como insumo de produção, logo, deve ser mantida a glosa. Dessa forma, fica restabelecido o direito de a recorrente apropriarse apenas do valor do crédito calculado sobre o valor de aquisição do Óleo Diesel e do Álcool Etílico Combustível. Em relação aos demais combustíveis, fica mantida a glosa dos créditos apurada pela fiscalização. 1.4 Das aquisições de pessoas jurídicas sujeitas à suspensão obrigatória da cobrança da contribuição De acordo com a referida Informação Fiscal, o que motivou a glosa dos créditos normais apurados sobre os valores das aquisições de pessoas jurídicas de frangos vivos (Posição 0105) e demais produtos agropecuários, utilizados como insumos de produção pela recorrente, foi o fato de tais aquisições não estarem sujeitas à cobrança, mas à obrigatória suspensão da cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, nos termos dos arts. 8º, 9º e 15 da Lei 10.925/2004. Segundo a autoridade fiscal, as operações de venda de produtos agropecuários, para a pessoa jurídica Perdigão Agroindustrial Mato Grosso Ltda, preenchiam todos os requisitos fixados no art. 4º da Instrução Normativa SRF 660/2006, logo, por força do disposto nos referidos arts. 8º e 9º, tais aquisições não estavam sujeitas a cobrança das referidas contribuições. Porém, asseverou a autoridade fiscal, caso o vendedor tivesse apurado e recolhido as ditas contribuições sobre as vendas dos citados produtos, tal recolhido era indevido. E, sabidamente, o pagamento indevido não assegurava o direito ao crédito ao comprador, mas repetição de indébito ao contribuinte, no caso o vendedor, conforme preceituava o art. 165, I, do CTN. Por sua vez, a recorrente defendeu a manutenção integral do crédito, sob o argumento de que as aquisições ocorreram mediante tributação de 9,25% (Cofins + Contribuição para o PIS/Pasep) e que a Lei 10.925/2005 somente era aplicável, nas condições estipuladas, quando houvesse venda com suspensão das referidas contribuições; se houve aquisição de insumo sem a suspensão, aplicavase o art. 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Alegou ainda que se podia concluir, da redação descrita pela IN SRF 660/2006 e a posterior alteração dada pela IN RFB 977/2009, que antes desta última IN a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins era uma faculdade e dependia de procedimentos formais (declaração). Alternativamente, a interessada pleiteou que se reconhecesse a procedência parcial do crédito, mediante aplicação do percentual do crédito presumido agroindustrial, previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004. A partir da vigência da Lei 10.925/2005, foi permitido às pessoas jurídicas produtoras de mercadorias de origem animal ou vegetal, destinadas à alimentação humana ou animal, classificadas nos capítulos e códigos mencionados no caput do art. 8º da referida lei, Fl. 1523DF CARF MF 38 deduzirem da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido calculado mediante a aplicação de alíquota diferenciada sobre o montante dos insumos adquiridos de pessoa jurídica com atividade agropecuária ou de cooperativa de produção agropecuária. Em decorrência, suspendeu a cobrança das referidas contribuição nas vendas dos referidos insumos, realizadas pelas pessoa jurídicas que exerçam atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária, nos termos do art. 9º da citada Lei que segue transcrito: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1º do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1º do art. 8º desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6º e 7º do art. 8º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) grifos não originais Da simples leitura do referido preceito legal, inferese que, uma vez existentes as condições nele estabelecidas, a pessoa jurídica vendedora, obrigatoriamente, adotará o regime suspensão da cobrança das referidas contribuições. Se a assim não procedeu, a citada pessoa jurídica agiu descompasso com a lei e se cobrança houve das referidas contribuições, elas foram indevidas e assim devem ser tratadas. Em consonância com o disposto no transcrito art. 9º, § 2º, o assunto foi regulamentado, inicialmente, por meio da Instrução Normativa SRF 636/2006, depois revogada pela Instrução Normativa SRF 660/2006, com as alterações da Instrução Normativa SRF 977/2009. Como a recorrente alegou que antes das alterações da Instrução Normativa SRF 977/2009 a suspensão da cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins era uma faculdade e dependia de procedimentos formais (declaração), reveste de todo oportuno, para melhor análise, transcrever os seguintes trechos relevantes da redação originária da Instrução Normativa SRF 660/2006: Fl. 1524DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.506 39 Art. 1º Esta Instrução Normativa disciplina a comercialização de produtos agropecuários na forma dos arts. 8º, 9º e 15 da Lei nº 10.925, de 2004. Da Suspensão da Exigibilidade das Contribuições Dos produtos vendidos com suspensão Art. 2º Fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda: [...] III de produto in natura de origem vegetal destinado à elaboração de mercadorias classificadas no código 22.04, da NCM; e IV de produtos agropecuários a serem utilizados como insumo na fabricação dos produtos relacionados no inciso I do art. 5º. § 1º Para a aplicação da suspensão de que trata o caput, devem ser observadas as disposições dos arts. 3º e 4º. § 2º Nas notas fiscais relativas às vendas efetuadas com suspensão, deve constar a expressão "Venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", com especificação do dispositivo legal correspondente. Das pessoas jurídicas que efetuam vendas com suspensão Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: [...] III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. §1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: [...] II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e [...] Das condições de aplicação da suspensão Art. 4º Aplicase a suspensão de que trata o art. 2º somente na hipótese de, cumulativamente, o adquirente: I apurar o imposto de renda com base no lucro real; Fl. 1525DF CARF MF 40 II exercer atividade agroindustrial na forma do art. 6º; e III utilizar o produto adquirido com suspensão como insumo na fabricação de produtos de que tratam os incisos I e II do art. 5º. § 1º Para os efeitos deste artigo as pessoas jurídicas vendedoras relacionadas nos incisos I a III do caput do art. 3º deverão exigir, e as pessoas jurídicas adquirentes deverão fornecer: I a Declaração do Anexo I, no caso do adquirente que apure o imposto de renda com base no lucro real; ou II a Declaração do Anexo II, nos demais casos. § 2º Aplicase o disposto no § 1º mesmo no caso em que a pessoa jurídica adquirente não exerça atividade agroindustrial. [...] Do Crédito Presumido Do direito ao desconto de créditos presumidos Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de não cumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: [...] Dos insumos que geram crédito presumido Art. 7º Somente gera direito ao desconto de créditos presumidos na forma do art. 5º os produtos agropecuários: I adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País com o benefício da suspensão da exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º; II adquiridos de pessoa física residente no País; ou III recebidos de cooperado, pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no País. (grifos não originais) Dos referidos comandos regulamentares, extraise que, se atendidas as condições estabelecidas nos incisos I a III do art. 4º, acima transcrito, obrigatoriamente, a receita de venda auferida pelas referidas pessoas jurídicas fica sujeita a suspensão da cobrança das referidas contribuições e, em decorrência dessa situação, a pessoa jurídica vendedora obrigase a exigir e a compradora obrigase a fornecer as declarações mencionadas nos incisos I e II do § 1º do citado artigo. Logo, temse que as condições estabelecidas nos incisos do art. 4º são necessárias e suficientes para a adoção obrigatório do regime de suspensão em comento, enquanto que os incisos do § 1º do art 4º apenas estabelecem obrigações acessórias a serem cumpridas pelas partes envolvidas na operação. Fl. 1526DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.507 41 Diferentemente do alegado pela recorrente, antes da edição da Instrução Normativa SRF 977/2009, que deu nova redação ao art. 4º em comento, deixou expressa a obrigatoriedade da referida suspensão e revogou o § 1º, que previa a exigência de apresentação da referida obrigação, com vigência desde 4 de abril de 2006, conforme explicitado na nova redação, que segue transcrita: Art. 4º Nas hipóteses em que é aplicável, a suspensão disciplinada nos arts. 2º e 3º é obrigatória nas vendas efetuadas a pessoa jurídica que, cumulativamente: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) I apurar o imposto de renda com base no lucro real; II exercer atividade agroindustrial na forma do art. 6º; e III utilizar o produto adquirido com suspensão como insumo na fabricação de produtos de que tratam os incisos I e II do art. 5º. § 1º (Revogado pela Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) §2º (Revogado pela Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) § 3º É vedada a suspensão quando a aquisição for destinada à revenda. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) [...] Art.11. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I em relação à suspensão da exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que trata o art. 2º, a partir de 4 de abril de 2006, data da publicação da Instrução Normativa nº 636, de 24 de março de 2006, que regulamentou o art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004; (grifos não originais) Portanto, não foi a edição da Instrução Normativa SRF 660/2006 e tampouco a referida alteração que tornaram obrigatória a suspensão da cobrança das contribuições em apreço. Tal obrigatoriedade, certamente, já existia desde a vigência dos arts. 8º e 9º da Lei 10.925/2004. As referidas normas regulamentares apenas explicitaram tal obrigatoriedade, bem como os requisitos implícitos nos referidos preceitos legais. Assim, resta demonstrado que a venda com suspensão constitui direito do vendedor, quando presente as condições estabelecidas implicitamente no referido preceito legal e expressamente no referido preceito regulamentar. Assim, se tal operação de venda foi indevidamente tributada pelo vendedor, essa condição não permite que o adquirente se aproprie do crédito normal (integral) das contribuições, por se tratar de procedimento contrário ao prescrito nos mencionados comandos normativos. No caso, se houve pagamento de contribuição indevida, em tese, o direito de repetir o indébito pertencente à pessoa jurídica vendedora. Entretanto, por falta de amparo legal, essa circunstância não assegura à pessoa jurídica compradora o direito de apropriarse do crédito normal (integral) das contribuições. Fl. 1527DF CARF MF 42 Enfim, em caráter alternativo, a recorrente solicitou o restabelecimento parcial do crédito glosado, “mediante aplicação do percentual do crédito presumido”, instituído no art. 8º do da Lei 10.925/2004. O referido pedido alternativo merece acolhida, porque as referidas aquisições de insumos aplicados na produção de mercadoria de origem animal foram feitas de pessoa jurídica que exercem atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária, portanto, em conformidade com disposto no art. 8º, § 1º, III, combinado com o disposto no art. 9º, III, da Lei 10.925/2004, tais operações asseguram ao estabelecimento agroindustrial adquirente o direito de deduzir crédito presumido em destaque, calculado mediante aplicação do percentual de 60% sobre o valor das aquisições dos insumos agropecuários aplicados na produção dos produtos de origem animal destinados à alimentação humana ou animal. Com base nessas considerações, deve ser restabelecido, parcialmente, o direito de a recorrente apropriarse do valor do crédito presumido agroindustrial, calculado mediante aplicação do percentual de 60% das alíquotas normais das contribuições sobre o valor dos insumos agropecuários adquiridos de pessoas jurídicas sujeitas à suspensão, mas indevidamente tributadas. 2 Da glosa dos Serviços Utilizados Como Insumos (Ficha 06A, Linha 03) De acordo com a Informação Fiscal, a autoridade fiscal glosou as aquisições de serviços que não se enquadravam no conceito de insumo, nos termos do o art. 8º, § 4º, I, “b” da Instrução Normativa SRF 404/2004. A glosa compreende os valores das notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de serviços e nem outra operação com direito a crédito. A recorrente contestou essa glosa remetendo “a todos os fundamentos ventilados até o momento” acerca da “noção de insumo no sistema não cumulativo de PIS e COFINS” e aduziu que o termo de verificação fiscal não mencionava expressamente um item sequer glosado e a razão fática e jurídica. Diferentemente do alegado, embora não tenha sido mencionado na informação fiscal, há na “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008” identificação das notas fiscais glosadas, descrição e valor do serviço, bem como o motivo da glosa, procedido da informação “NI” que indica que o serviço “Não é insumo”. E da leitura da descrição das operações glosadas, não é possível saber se os serviços são ou não insumos de produção e não há elementos suficientes para essa confirmação, haja vista não ser possível identificar sua real natureza e aplicação dentro da atividade da empresa. Para ratificar o afirmado, a título de exemplo, apresentase a descrição das seguintes operações: SERVIÇOS GERAIS, SERVICO MÃODEOBRA, SERVICO IMOBILIZADO GERAL. Na manifestação sobre a diligência, a recorrente informou que “com clareza meridiana são considerados insumos, em especial: Serviços de Expedição e Armazéns, Serviço Técnico Mecânico, Serviço de transporte de aves, Serviço de carga e descarga, entre outros.” Na referida planilha complementar, nos itens 53 a 56, foi informado o local onde era prestado o serviço e a sua descrição. Com base nessas informações e tendo em conta o conceito de insumo aqui adotado, são considerados insumos apenas os seguintes serviços: “Serviço de Expedição e Armazéns”, “Serviço de Transporte de Aves” e “Serviço de Carga e Descarga”. Fl. 1528DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.508 43 Em relação aos demais serviços glosados, a recorrente não dignou apresentar elementos suficientes, com vistas a demonstrar que eram insumos de produção, portanto, deve ser mantida a glosa. Por essas razões, deve ser restabelecido o crédito, apenas para custo de prestação dos seguinte serviços: Serviço de Expedição e Armazenagem Gerais, Serviço de Transporte de Aves e Serviço de Carga e Descarga. 3 Das Despesas com Energia Elétrica (Ficha 06A Linha 04) De acordo com a “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008”, verificase que foram glosados os valores informados na Ficha 06A Linha 04 do Dacon, que não representavam despesas com energia elétrica consumida. As operações glosadas, por exemplo, tinha a seguinte descrição: PALLET MAD 120X100X14CM EXPORT PL7 REFO, CALC. CALCIT. Pà 38% CALCIO BAG 1300KG, PINTO 01 DIA MATRIZ COBB FEMEA, ANTIB AMOXICILINA 50% BALDE 5KG SC 200G. Com base apenas na descrição, já fica demonstrados que tais operações não são despesas com energia elétrica. Entretanto, diante tão evidente equívoco, a recorrente teve a coragem de alegar que os valores das despesas com energia foram lançados em livros fiscais, que se presumia verdadeiros, pelo que requereu a realização diligência ou perícia com o objetivo de comprovar a diferença mediante ofício à concessionária de energia. Inacreditável! Em vez de apresentar as provas do que alegara, invertendo as regras sobre ônus da prova, sem qualquer justificativa plausível, a recorrente alegou que era autoridade fiscal que deveria provar que aquisição de pallet de madeira era despesa de energia elétrica consuma. Assim, na ausência de provas de que os valores registrados não eram despesas com energia elétrica ou térmica, mantém a glosa integral determinada pela fiscalização. 4 Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda (Ficha 16A Linha 07) De acordo com a planilha que integra a Informação Fiscal, foram excluídos da base de cálculo (glosados) as diferenças entre os valores informados no Dacon e os informados na memória de cálculo, apresentada pela recorrente. Segundo a autoridade fiscal, a referida glosa diz respeito aos custos com “SERVICO CARGA E DESCARGA ( TRANSBORDO) e outros, que não se enquadravam no prescrito pelo art. 3º, inciso IX, da Lei nº 10.833/2003”. Cabe informa ainda que não há na “Relação De Notas Fiscais Glosadas de 2008” a indicação de notas fiscais para Linha 07 da Ficha 16A do Dacon, porque as glosas referemse às diferenças apuradas entre os valores informados no Dacon e os informados na memória de cálculo, para cada mês do trimestre. Fl. 1529DF CARF MF 44 A recorrente alegou que o frete na venda e armazenagem “inclui o procedimento a fim de realizar a exportação do transbordo” por tratarse de “serviço natural e essencial ligado ao frete para a exportação do bem”. Sem razão à recorrente. O teor do art. 3º, IX, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 não comporta sentido e alcance tão amplo, de modo a incluir os demais serviços relacionados ao transporte do bem. Além disso, a recorrente não apresentou qualquer documento que comprovasse a realização da parcela das despesas glosadas. Por todas essas razões, deve mantida a glosa realizada pela autoridade fiscal. 5 Créditos Presumidos das Atividades Agroindustriais (Ficha 06A Linhas 25 e 26) Da referida Informação Fiscal, extraise que, em relação aos insumos não pertencentes ao inciso I do § 3º do art. 8º da Lei 10.925/2004, no cálculo do crédito a alíquota aplicada foi reduzida de 60% da alíquota normal da contribuição, percentual utilizada pela interessada, para 35% da alíquota normal, nos termos do inciso III do mesmo parágrafo. No corpo do relatório fiscal, encontrase uma listagem contendo os insumos adquiridos com o benefício do crédito presumido que sofreram glosa, totalizados por descrição em cada mês, e na planilha “Crédito Presumido – Detalhe”, colacionada aos autos, encontram se individualizadas as notas fiscais correspondentes. A recorrente, por seu turno, alegou que o art. 8º da Lei 10.925/2004, ao definir os percentuais (60% ou 35% da alíquota da contribuição) para fins de cálculo do crédito presumido a ser apropriados pelas pessoas jurídicas que produzissem mercadorias de origem animal, destinadas à alimentação humana e classificadas nos capítulos e códigos que indica, não vincula tais percentuais ao tipo de bem que é adquirido pela pessoa jurídica, mas sim ao tipo de produto que é fabricado com o bem adquirido. Com base nesse entendimento, a recorrente defendeu a legitimidade do crédito presumido apurado no percentual de 60% da alíquota normal da contribuição, em relação aos insumos destinados à fabricação dos produtos destinados a alimentação humana ou animal, descritos nos Capítulos 2 a 4, 6 da NCM e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e às misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18. Do cotejo entre os dois posicionamentos, fica evidenciado que a controvérsia cingese ao parâmetro de definição do percentual de apuração do crédito presumido agroindustrial. Para a recorrente, seria a natureza do bem produzido pela pessoa jurídica que desenvolvesse a atividade agroindustrial, ao passo que, para autoridade fiscal, seria a natureza do insumo adquirido pelo referido estabelecimento agroindustrial. Para melhor compreensão da controvérsia, veja o teor do caput e do § 3º, I e III, do art. 8º da Lei 10.925/2004, na época vigentes, que seguem transcritos: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, Fl. 1530DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.509 45 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e [...] III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007) No âmbito deste Conselho, até a vigência do art. 33 da Lei 12.865/2013, que acrescentou o § 12 ao art. 8º da Lei 10.925/2004, havia amplo dissenso sobre a questão. A partir de então, em face da natureza interpretativa do novel preceito legal, por força do disposto no art. 106, I, do CTN, passou a ser aplicada o entendimento em que o percentual de presunção seria definido em função da natureza do produto industrializado e não dos insumos nele aplicado. Senão, veja como ficou a redação do citado § 10: Art. 8º [...] [...] § 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3o, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos. (Incluído pela Lei nº 12.865, de 2013) grifos não originais Com base nessas considerações, deve ser restabelecido o direito de a recorrente apropriarse do valor do crédito presumido agroindustrial, mediante a utilização do percentual de 60% da alíquota normal das referidas contribuições, respectivamente, definidas no art. 2o das Leis 10.637/2002 e10.833/2003, a ser aplicado sobre o valor do custo de aquisição de todos insumos utilizados na fabricação dos produtos discriminados no art. 8º, § 3º, I, da Lei 10.925/2004, independente do tipo, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, ou de pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e de cooperativa agropecuária, na forma do art. 8º, § 1º, da Lei 10.925/2004. II DA GLOSA DAS RECEITAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO Fl. 1531DF CARF MF 46 De acordo com referida Informação Fiscal, a autoridade fiscal apurou que a recorrente não havia registrado operação de exportação no Siscomex o ano de 2008 e que grande parte das vendas com fim específico de exportação, realizadas com CFOP 5501/6501, não cumpriram os requisitos da legislação de regência, porque as mercadorias eram entregues em recintos não alfandegados de uso público. A autoridade fiscal ainda informou que: Em verdade, era a Perdigão Agroindustrial S/A, em seu próprio nome, que “estufava” os contêineres e realizava as exportações. Dessarte, as vendas da Perdigão Agroindustrial Mato Grosso Ltda para a Perdigão agroindustrial S/A eram vendas normais no mercado interno. Em decorrência dessa constatação, a autoridade procedeu a reclassificação das referidas vendas do grupo das receitas de exportação para o das receitas de vendas tributadas no mercado interno, bem como procedeu o recálculo das proporções entre os valores das receitas de vendas no mercado interno (tributadas e não tributadas) e das receitas de exportação, para fim de determinação do novo percentual de rateio dos créditos das referidas contribuições, passíveis de ressarcimento e compensação, nos termos da legislação vigente. A relação das notas fiscais glosadas, emitidas pela recorrente em nome da exportadora Perdigão Agroindustrial S/A., encontramse discriminadas na Planilha denominada “Listagem de locais de entrega das vendas com fim específico de exportação fornecida pelo contribuinte e formatada pela fiscalização”, colacionada aos autos, em que, além de outras, consta a informação do local onde foram armazenados os produtos remetidos pela recorrente. Assim, fica demonstrado que o motivo da glosa em apreço foi a descaracterização da receita de venda com fim específico de exportação em razão do descumprimento dos requisitos estabelecido para o referido regime de isenção. No recurso em apreço, a recorrente alegou que a não incidência (desonerações) das referidas contribuições sobre as receitas decorrentes das operações de exportação de mercadorias para o exterior, estabelecida nas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, não se tratava de hipótese de isenção, mas de imunidade tributária objetiva, prevista no art. 149, § 2, I, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), que objetivava “desonerar receitas vinculadas (direta ou indiretamente) à exportação”. Além de ser matéria estranha ao motivo da glosa em apreço, para a recorrente não existe diferença entre a imunidade tributária da operação de exportação, estabelecida no art. 149, § 2, I, da CF/1988, a isenção das operações de “vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação”, previstas no art. 5º17, III, da Lei 10.637/2002 e no art. 6º18, III, da Lei 10.833/2002, respectivamente, para a Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins do regime de incidência não cumulativa. No caso, diferentemente do regime de imunidade tributária das operações de exportação, o regime de isenção em comento está condicionado a que a venda seja feita (i) a empresa comercial exportadora e (ii) para o fim específico de exportação. Logo, tratase 17 “Art. 5º A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; [...] III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação.” 18 “Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; [...] III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação.” Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.510 47 matéria regulada por lei, cuja análise de compatibilidade com a CF/1988 é expressamente vedada aos integrantes deste Conselho pelo art. 26A do Decreto 70.235/1972. Assim, uma vez demonstrada a possibilidade de afastamento, passase a analisar o significa e alcance dos preceitos legais que disciplinam o assunto. No ordenamento jurídico do País, existem duas espécies de empresas comerciais exportadoras: (i) a empresa comercial exportadora comum, constituída de acordo com a legislação comum (Código Civil e legislação esparsa) e registrada como exportadora no Registro de Exportadores e Importadores (REI) da Secex e (ii) a trading company (ou ECE), constituída na forma do art. 2º19 do Decretolei 1.248/1972. Enquanto que as vendas com o fim específico de exportação devem os requisitos estabelecidos no parágrafo único do art. 1º Decretolei 1.248/1972, a seguir transcrito: Art.1º As operações decorrentes de compra de mercadorias no mercado interno, quando realizadas por empresa comercial exportadora, para o fim específico de exportação, terão o tratamento tributário previsto neste DecretoLei. Parágrafo único. Consideramse destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtorvendedor para: a) embarque de exportação por conta e ordem da empresa comercial exportadora; b) depósito em entreposto, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, sob regime aduaneiro extraordinário de exportação, nas condições estabelecidas em regulamento. (grifos não originais) Na exportação, o regime de entreposto aduaneiro, que compreende as modalidades de regimes comum e extraordinário, encontrase definido no art 10 do Decretolei nº 1.455/1976, a seguir reproduzido: Art. 10. O regime de entreposto aduaneiro na exportação compreende as modalidades de regimes comum e extraordinário e permite a armazenagem de mercadoria 19 "Art. 2º O disposto no artigo anterior aplicase às empresas comerciais exportadoras que satisfizerem os seguintes requisitos mínimos: I Registro especial na Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil S/A. (CACEX) e na Secretaria da Receita Federal, de acordo com as normas aprovadas pelo Ministro da Fazenda; II Constituição sob forma de sociedade por ações, devendo ser nominativas as ações com direito a voto; III Capital mínimo fixado pelo Conselho Monetário Nacional. § 1º O registro a que se refere o item I deste artigo poderá ser cancelado, a qualquer tempo, nos casos: a) de inobservância das disposições deste DecretoLei ou de quaisquer outras normas que o complementem; b) de práticas fraudulentas ou inidoneidade manifesta. § 2º Do ato que determinar o cancelamento a que se refere o parágrafo anterior caberá recurso ao Conselho Monetário Nacional, sem efeito suspensivo, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados da data de sua publicação. § 3º O Conselho Monetário Nacional poderá estabelecer normas relativas à estrutura do capital das empresas de que trata este artigo, tendo em vista o interesse nacional e, especialmente, prevenir práticas monopolísticas no comércio exterior." Fl. 1533DF CARF MF 48 destinada a exportação, em local alfandegado: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) I de uso público, com suspensão do pagamento de impostos, no caso da modalidade de regime comum; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) II de uso privativo, com direito a utilização dos benefícios fiscais previstos para incentivo à exportação, antes do seu efetivo embarque para o exterior, quando se tratar da modalidade de regime extraordinário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O regime de entreposto aduaneiro na exportação, na modalidade extraordinário, somente poderá ser outorgado a empresa comercial exportadora constituída na forma prevista peloDecretoLei no1.248, de 29 de novembro de 1972, mediante autorização da Secretaria da Receita Federal. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 2º Na hipótese de que trata o § 1o, as mercadorias que forem destinadas a embarque direto para o exterior, no prazo estabelecido em regulamento, poderão ficar armazenadas em local não alfandegado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) O entreposto aduaneiro na exportação encontrase regulamentado nos arts. 410 a 415 do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009), dos quais, pela pertinência, transcrevese os arts. 410 e 411 a seguir: Art. 410. O regime especial de entreposto aduaneiro na exportação é o que permite a armazenagem de mercadoria destinada a exportação (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 10, caput, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 69). Art. 411. O entreposto aduaneiro na exportação compreende as modalidades de regime comum e extraordinário (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 10, caput, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 69). § 1º Na modalidade de regime comum, permitese a armazenagem de mercadorias em recinto de uso público, com suspensão do pagamento dos impostos federais (DecretoLei nº1.455, de 1976, art. 10, caput, inciso I,com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 69). (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) § 2º Na modalidade de regime extraordinário, permitese a armazenagem de mercadorias em recinto de uso privativo, com direito a utilização dos benefícios fiscais previstos para incentivo à exportação, antes do seu efetivo embarque para o exterior (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 10, inciso II,com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 69). § 3º O regime de entreposto aduaneiro na exportação, na modalidade extraordinário, somente poderá ser outorgado a empresa comercial exportadora constituída na forma prevista no art. 229, mediante autorização da Secretaria da Receita Federal Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.511 49 do Brasil (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 10, §1º, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 69). § 4º Na hipótese de que trata o § 3o, as mercadorias que forem destinadas a embarque direto para o exterior, no prazo estabelecido pela autoridade aduaneira, poderão ficar armazenadas em local não alfandegado (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 10, § 2º, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 69). Com base nos referidos comandos normativos, inferese que as vendas com fim específico de exportação, para serem beneficiadas com a isenção das referidas contribuições e integrarem a receita de exportação, para fim rateio do crédito apropriado, depende do cumprimento dos seguintes requisitos: a) remessa das mercadorias para embarque de exportação ou entrega em entreposto aduaneiro de regime comum ou extraordinário, nas vendas para trading companies; e b) remessa das mercadorias para embarque de exportação ou entrega em entreposto aduaneiro de regime comum, nas vendas para demais comerciais exportadoras comum. Assim, quer os produtos sejam vendidos a trading companies, quer o sejam vendidos a empresas exportadoras comuns, para usufruir os benefícios fiscais de incentivo à exportação, o produtorvendedor de remetêlos diretamente para embarque de exportação, por conta e ordem da empresa adquirente, ou para depósito alfandegado de uso público ou privativo (neste último caso, se a venda foi para trading company). A única exceção a exigência de armazenamento em local não alfandegado, encontrase prevista no art. 411, § 4º, do RA/2009. Porém, ela se aplica apenas às vendas realizadas à trading company e para “as mercadorias que forem destinadas a embarque direto para o exterior, no prazo estabelecido pela autoridade aduaneira”, situação que não se vislumbra no caso em apreço, em que a adquirente dos produtos fora uma empresa comercial exportadora comum. Dessa forma, para que as vendas fossem consideradas com fim específico de exportação, a remessa das mercadorias deveriam ter sido realizadas sob a forma de (i) embarque direto para o exterior ou (ii) armazenagem das mercadorias em recinto alfandegado de uso público sob regime de entreposto aduaneiro comum. Nos presentes autos, inexiste controvérsia quanto ao fato de que a recorrente não cumpriu nenhum dos dois requisitos. De fato, a própria recorrente reconheceu que, o caso concreto envolvia a venda com fim específico de exportação da recorrente (Perdigão Agroindustrial Mato Grosso S/A.) para a Perdigão Agroindustrial S/A., “a qual, após estufar contêineres, realiza a exportação dentro do prazo de 180 dias do recebimento dos produtos.” Para a recorrente, a fiscalização se apegou a formalismo desnecessário (desproporcional), ao descaracterizar as vendas com fim específico exportação e reenquadrá las como vendas normais no mercado interno, “na medida em que os fatos confirmam claramente que houve uma exportação, atingindo claramente a finalidade normativa, desde a Constituição Federal até as demais legislações”. Com a devida vênia, diferentemente da recorrente, entendese que as formalidades estabelecidas na referida legislação não são desnecessárias e tampouco Fl. 1535DF CARF MF 50 desproporcional. Deveras, tais requisitos visam assegurar o controle da utilização do regime de isenção e dos benefícios fiscais de incentivo à exportação, especificamente, para evitar que haja utilização da isenção e utilização em duplicidade dos correspondentes benefícios fiscais. Também não procede a alegação da recorrente de que o suposto descumprimento da exigência do depósito da mercadoria em armazém alfandegado não se dera por mera liberalidade sua, mas em razão da falta de estrutura do próprio Estado, uma vez que, diante da quantidade de produtos exportados pela recorrente, a Receita Federal não tinha locais suficientes. A uma, porque não há provas do alegado. A duas, porque parte das mercadorias foram depositadas em depósito alfandegado, o que não justifica que as demais não o tenham. A recorrente alegou ainda que a responsabilidade e a culpa por esta “mera irregularidade” não podia serlhe imputada, mas a pessoa jurídica adquirente dos produtos. Sem razão a recorrente. Ora, se cabia a recorrente o cumprimento da exigência legal, para que a venda por ela realizada fosse caracterizada com fim específico de exportação, logo somente se a operação tivesse sido feita de acordo com os requisitos legais, certamente, ela deixaria de ser a responsável por quaisquer créditos tributários decorrentes de tais operações, mesmo que a exportação eventualmente não fosse efetivada pela adquirente/exportadora. Porém, no caso em tela, não foi o que aconteceu, conforme anteriormente demonstrado. Por todas essas razões, deve ser mantida integralmente a glosa do valor da receita das vendas com fim específico de exportação. B) DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, no mérito, votase pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para restabelecer: a) o direito ao crédito da contribuição a ser calculado sobre (i) o custo de aquisição do Óleo Diesel e do Álcool Etílico Combustível e (ii) custo de prestação dos seguintes serviços: Serviço de Expedição e Armazenagem Gerais, Serviço de Transporte de Aves e Serviço de Carga e Descarga, nos trimestres em que adquiridos tais insumos; e b) o direito de apropriarse do valor do crédito presumido agroindustrial, mediante a utilização do percentual de 60% da alíquota normal das referidas contribuições, a ser aplicado sobre o valor do custo de aquisição de todos os insumos aplicados na fabricação dos produtos de origem animal utilizados na alimentação humana e animal, discriminados no art. 8º, § 3º, I, da Lei 10.925/2004, incluindo o valor (i) das aquisições dos pintos de 1 dia, adquiridos com alíquota zero de pessoa jurídica com atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária e (ii) das aquisições de pessoa jurídica com atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária, sujeitas a obrigatória suspensão, mas indevidamente tributadas pelas contribuições. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 11516.721877/201113 Acórdão n.º 3302003.606 S3C3T2 Fl. 1.512 51 Fl. 1537DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.910983/2011-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.928
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza/CE que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do acórdão recorrido in verbis: Consta no referido Despacho Decisório o seguinte motivo para indeferimento do Pedido: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 10 98 3/ 20 11 -6 0 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13896.910983/201160 Resolução nº 3402000.928 S3C4T2 Fl. 112 2 Contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. ... De acordo com a Defesa, as operações que destinem mercadorias à Zona Franca de Manaus – ZFM se equiparam, para todos os efeitos fiscais, a uma exportação para o exterior, conforme disposto no art. 4º da Decretolei nº 288/1967. O disposto no referido artigo foi recepcionado pelo art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, que garante a manutenção do referido benefício por prazo determinado. No entanto, o § 2º, inciso I, do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858/1999, posteriormente reeditada pela Medida Provisória nº 2.037/2000, excluiu da isenção das receitas de exportação das Contribuições PIS/COFINS, as vendas efetuadas a Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.348, em 07/12/2000, por unanimidade, concedeu a liminar pleiteada, para “suspender a eficácia do artigo 51 da Medida Provisória nº 2.03724, de 23 de Novembro de 2000, relativamente ao inciso I do § 2º do artigo 14 quanto à expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ ”. Assim, tendo em vista a suspensão da eficácia do disposto no art. 14, § 2º, inciso I, quanto às Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, entende o Manifestante que restou assegurada a isenção das Contribuições PIS/COFINS sobre a receita de vendas efetuadas à Empresa estabelecida na citada região. Com efeito, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional, deve ser reconhecido o direito à restituição dos valores indevidamente recolhidos pelo Manifestante. Sobreveio então o Acórdão 0831.125, da 3ª Turma da FOR/CE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Mantémse o Despacho Decisório de não homologação da compensação, quando a Defesa não comprova a certeza e liquidez do crédito pretendido. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade, bem como apresentando notas fiscais por amostragem que dizem respeito às vendas à Zona Franca de Manaus, o que, no seu entender, suprimiria o problema da falta de prova Fl. 99DF CARF MF Processo nº 13896.910983/201160 Resolução nº 3402000.928 S3C4T2 Fl. 113 3 É o relatório Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim, relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402000.905, de 28 de março de 2017, proferida no julgamento do processo 13896.910963/201199, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402000.905: "Como se depreende do relato acima, o pedido de restituição da Recorrente fundase na alegação de ter tributado indevidamente a Contribuição ao PIS sobre receitas de vendas de produtos à estabelecimentos localizados na Zona Franca de Manaus, sendo que tais receitas seriam isentas pela legislação federal, uma vez que foram equiparadas às exportações (artigo 4º do Decreto lei nº 288/1967). Tal direito ao indébito, em tese, foi reconhecido pelo julgamento da DRJ, que somente não conferiu o direito em concreto por falta de provas a certeza e liquidez do crédito pretendido. Para suprir tal falta, a Recorrente trouxe em seu recurso voluntário cópias de notas fiscais de vendas, do período em questão, de bens para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus. Tais provas, apesar de induzirem à conclusão do direito ao crédito, não lhe confere certeza e liquidez, de modo que não foi completamente suprido o ônus da prova da Recorrente, nos moldes do artigo 373 do Código de Processo Civil, uma vez que se trata de pedido de restituição de indébito, de sua iniciativa. Assim é que tem decidido esse Colegiado, conforme se depreende do conteúdo do Acórdão 3402002.881. 1 Pelos os motivos acima expostos, justifico a necessidade de conversão do presente processo em diligência, como requer o artigo 18 caput do Decreto 70.235/72 (PAF), para o arremate do convencimento deste Colegiado sobre os fatos em discussão. Para tanto, devem ser tomadas as seguintes providências pela Repartição Fiscal de origem: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração 1 Nas palavras do Conselheiro Relator do caso, Antonio Carlos Atulim: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade." Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13896.910983/201160 Resolução nº 3402000.928 S3C4T2 Fl. 114 4 do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. Importante registrar que os documentos apresentados pelo contribuinte no paradigma são os mesmos que instruem o presente processo, de tal sorte que os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso daquele também se justificam neste. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, determino a conversão do autos em diligência para que a Repartição Fiscal de origem adote as seguintes providências: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS/COFINS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Fl. 101DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.721115/2012-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
NULIDADE POR AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO.
Não há nulidade do ato quanto estão claramente descritos os motivos da autuação.
ESTAGIÁRIOS. CONTRATAÇÃO EM DESACORDO COM A LEI. SEGURADO EMPREGADO.
Os estagiários contratados em desacordo com a Lei nº 11.788, de 2008, devem ser considerados como segurados obrigatórios da Previdência Social na qualidade de empregados. Para a caracterização das bolsas de estágios, necessária se faz a comprovação da existência de termo de compromisso entre o estudante e a parte concedente do estágio, a intermediação da instituição de ensino e a realização de acompanhamento efetivo.
Numero da decisão: 2401-004.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarine - Presidente.
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 NULIDADE POR AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. Não há nulidade do ato quanto estão claramente descritos os motivos da autuação. ESTAGIÁRIOS. CONTRATAÇÃO EM DESACORDO COM A LEI. SEGURADO EMPREGADO. Os estagiários contratados em desacordo com a Lei nº 11.788, de 2008, devem ser considerados como segurados obrigatórios da Previdência Social na qualidade de empregados. Para a caracterização das bolsas de estágios, necessária se faz a comprovação da existência de termo de compromisso entre o estudante e a parte concedente do estágio, a intermediação da instituição de ensino e a realização de acompanhamento efetivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarine - Presidente. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira.
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Não há nulidade do ato quanto estão claramente descritos os motivos da autuação. ESTAGIÁRIOS. CONTRATAÇÃO EM DESACORDO COM A LEI. SEGURADO EMPREGADO. Os estagiários contratados em desacordo com a Lei nº 11.788, de 2008, devem ser considerados como segurados obrigatórios da Previdência Social na qualidade de empregados. Para a caracterização das bolsas de estágios, necessária se faz a comprovação da existência de termo de compromisso entre o estudante e a parte concedente do estágio, a intermediação da instituição de ensino e a realização de acompanhamento efetivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 11 15 /2 01 2- 38 Fl. 1039DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarine Presidente. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira. Fl. 1040DF CARF MF Processo nº 10280.721115/201238 Acórdão n.º 2401004.644 S2C4T1 Fl. 1.040 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto no Processo Administrativo nº 10280.721115/201238, em face da decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém (DRJ/BEL), que julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário, conforme ementa do Acórdão nº 0127.073 (fls. 996/1.010): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 ESTAGIÁRIO. CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO EMPREGADO. Nos termos do artigo 9º, inciso I, alínea "h" do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, os estagiários que prestam serviços à empresa, em desacordo com a Lei nº 11.788/08, são segurados obrigatórios da Previdência Social, como empregados. NÃO INCIDÊNCIA. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de demonstrar a observância da Lei nº 11.788/08 no estágio remunerado, de forma a garantir a não incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração paga. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga em desacordo com a Lei nº 11.788/08, integra o salário de contribuição, nos termos do artigo 28, parágrafo 9º, alínea “i” da Lei 8.212/91. PROVA. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriores trazidas aos autos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O Presente processo teve sua origem em dois autos de infração distintos, consolidados em 14/06/2012 em face do ESTADO DO PARÁ ASSEMBLÉIA Fl. 1041DF CARF MF 4 LEGISLATIVA, tendo como período de apuração 01/2007 a 12/2010 e período do débito 01/2009 a 12/2009. São eles: 1. AI – Auto de Infração DEBCAD nº 51.021.3847 (fls. 3/10), no valor de R$ 2.059.861,12, referente a contribuições a cargo da empresa, destinados à Previdência Social e ao financiamento do SAT, não declarados em GFIP; 2. AI – Auto de Infração DEBCAD nº 51.021.3855 (fls. 11/17), no valor de R$ 578.328,71, referente a contribuições a cargo do segurado, destinados à Previdência Social, não declarados em GFIP e não descontadas da remuneração; No Relatório Fiscal dos Autos de Infração (fls. 20/34), o Auditor Fiscal assevera o seguinte: 1. O procedimento fiscal teve como escopo a verificação do correto cumprimento das obrigações previdenciárias, sendo lançados nos autos de infração: a. As contribuições, a cargo da empresa, destinadas à previdência social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho; b. As contribuições, a cargo dos segurados, não descontadas, baseadas nas remunerações pagas ou devidas aos estagiários, que foram caracterizados como segurados empregados, em virtude do descumprimento de dispositivos legais. 2. A Natureza Jurídica do sujeito passivo auditado é de entidade pública vinculada ao Estado do Pará; 3. O ente público tem Regime Próprio de Previdência Social; 4. Os documentos examinados, que serviram de base para apuração do crédito tributário, foram as folhas de pagamento apresentadas pelo sujeito passivo, as Guias de Recolhimento do FGTS e as Informações à Previdência Social – GFIP aceitas como válidas pelo sistema de informática da Receita Federal do Brasil, e entregues antes do início da ação fiscal; 5. Os créditos lançados foram oriundos dos seguintes levantamentos fiscais: a. ET2 – ESTAGIÁRIOS (fls. 4/8) onde encontramse lançadas as remunerações dos segurados descaracterizados como estagiários, competências de 01 a 12/2009, não declaradas em GFIP; b. SE2– CONTRIBUIÇÃO SEGURADO/ESTAGIÁRIOS (fls. 12/15) onde encontramse lançadas as contribuições a cargo dos segurados descaracterizados como estagiários, Fl. 1042DF CARF MF Processo nº 10280.721115/201238 Acórdão n.º 2401004.644 S2C4T1 Fl. 1.041 5 competências de 01 a 12/2009, não descontadas e não declaradas em GFIP; c. CM2 – COMISSIONADOS (fls. 4/8) onde encontramse lançadas as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos servidores exclusivamente comissionados, competências de 01 a 07 e 09/2009, não declaradas em GFIP; d. SC2–CONTRIBUIÇÃO SEGURADO COMISSIONADO (fls. 12/15) onde encontramse lançadas as contribuições a cargo dos servidores exclusivamente comissionados, competências de 01 a 07 e 09/2009, não descontadas e não declaradas em GFIP; 6. Quanto aos Estagiários: a. A sua descaracterização, com consequente criação de vínculo empregatício, colocandoos na condição de segurado empregado, deuse pelo descumprimento do requisito formal da exigência do Termo de Compromisso tripartite (Empresa estagiárioInstituição de Ensino) nos anos de 2007, 2008 e 2009. b. Os fundamentos legais para tal exigência são: i. O art. 3º, da Lei 6.494/77, vigente entre 07/12/1977 e 26/09/2008; ii. O art. 3º, inciso II, da Lei 11.788/2008, vigente desde 26/09/2008; c. O contribuinte apresentou vários documentos que supostamente seriam os termos de compromisso, mas sem a assinatura das Instituições de Ensino; d. Foram intimadas 12 Instituições de Ensino, por amostragem, e 10 responderam revelando, explicitamente ou tacitamente, não existir nenhum termo de compromisso com o contribuinte antes do ano de 2010; 7. Quanto aos servidores exclusivamente comissionados, os fundamentos legais que diz aplicarse a eles o Regime Geral de Previdência Social – RGPS são: a. O art. 40, § 13, da CF/88; b. O art. 9º, inciso I, alíneas “i”, “j”, “l”, “m” e “p” do Decreto nº 3.048/99 Regulamento da Previdência Social; c. O art. 10, do Decreto nº 3.048/99 Regulamento da Previdência Social. Fl. 1043DF CARF MF 6 8. Constatouse também, em tese, a ocorrência do crime de sonegação de contribuição previdenciária, pela omissão, nas GFIP, da remuneração de segurados empregados que lhes prestaram serviços em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração (art. 337A, inciso III, Decretolei nº 2.848/1940, CP) Em 21/06/2012 o Contribuinte tomou ciência do lançamento (fl. 657) e, em 23/07/2012, tempestivamente, apresentou impugnação (fls. 664/676), instruída com os anexos de fls. 677 a 995, onde argumenta que: 1. O auto de infração é nulo por inexistência de justa causa para a sua lavratura, por terem sido caracterizados como segurados empregados os estagiários que atuam no Poder Legislativo paraense; 2. Quanto aos comissionados, acosta à impugnação os demonstrativos de recolhimento das contribuições previdenciárias, mas, segundo o Auditor Fiscal, não satisfaz o quantum devido; 3. A Assembléia Legislativa do Estado do Pará tem natureza jurídica de entidade pública por ser parte integrante do ente federativo Estado do Pará (art. 25, da CF/88), exerce autonomia própria e legislação que regula matéria de seu interesse interno ou administrativo (art. 114, Constituição do Estado do Pará). A admissão do seu pessoal se dá através de decreto legislativo e sua regulamentação é feita através de resoluções; 4. O Ente Federativo não se submete à Legislação do Direito Privado e nem às normas regulamentadoras de cunho inferior às ditadas pela União aos Entes federativos, principalmente aquelas destinadas às empresas já que a Administração Pública não tem cunho empresarial; 5. Segundo o artigo 12, § 2º, da Lei Federal nº 11.788/2008, os estagiários são contribuintes facultativos podendo, ou não, inscrever se no RGPS; 6. A Lei Federal, que dispõe sobre a faculdade do estagiário vir a contribuir espontaneamente para o RGPS, não é vinculativa em relação àqueles admitidos na Assembléia Legislativa do Pará de acordo com as normas contidas na Resolução nº 3, de 1990, regulamentada pelas Resoluções nºs. 26/90 e 65/91; 7. Mesmo querendo aplicar a Norma Federal subsidiariamente aos estagiários do Poder Legislativo do Pará, a contribuição previdenciária seria dos estagiários, não havendo obrigatoriedade da contribuição patronal para o Regime Previdenciário; 8. A fundamentação legal utilizada pelo Fisco foi derrogada pela Lei Federal nº 11.788/2008, no que tange aos estagiários; 9. Os demonstrativos anexados, com relação aos recolhimentos da previdência social dos comissionados, anocalendário de 2007 a 2011, demonstram que o impugnante cumpriu com suas obrigações legais. Ocorreu excesso de exação: Fl. 1044DF CARF MF Processo nº 10280.721115/201238 Acórdão n.º 2401004.644 S2C4T1 Fl. 1.042 7 10. Não se pode falar de violação de obrigação tributária sem que haja confirmação após apreciação judicial; 11. A fiscalização ocorreu devido a uma Ação Cautelar Inominada deflagrada em 30/01/2012, contra a impugnante, pelo Promotor de Justiça, que solicitou a quebra do sigilo bancário da impugnante junto ao Banco do Estado do Pará – BANPARÁ, com vistas a comprovar o desvio ou malversação da verba pública depositada no pagamento da folha de pagamento da impugnante. Assim, o Juízo da 1ª Vara da Fazenda Pública autorizou a quebra do sigilo bancário, com a finalidade de apurar a existência de fraude na folha de pagamento, e determinou que fosse oficiada a Receita Federal para informar se os valores descontados à título de Imposto de Renda na folha de pagamentos foram recolhidos; 12. Os fatos revelaram a existência de fraude na folha de pagamento, pois os contracheques e os depoimentos dos seus beneficiários confirmaram a existência de um esquema criminoso para extrair dos cofres públicos valores que deveriam ser destinados a servidores, mas que eram recebidos por “servidores fantasmas”. 13. Se as informações obtidas pela Receita Federal não correspondem à realidade dos pagamentos efetuados, tal fato irá gerar resultados irreais nas fiscalizações. Encaminhado o processo para apreciação e julgamento, a 4ª Turma da DRJ/BEL julgou improcedente a impugnação do contribuinte, sendo este notificado do Acórdão de nº 0127.073 em 15/10/2013 (fl. 1015). Em 08/11/2013 apresentou Recurso Voluntário (fls. 1016/1034), onde, com relação aos estagiários reprisa os argumentos elencados na impugnação e, com relação aos funcionários exclusivamente comissionados, nada alega, conforme se destaca: 1. Em preliminar pleiteia a nulidade do auto de infração por considerar que a caracterização dos estagiários como segurados empregados não configura a justa causa para o lançamento; 2. Aduz que o ente Federativo não se submete à Legislação do Direito Privado e nem às normas regulamentadoras de cunho inferior às ditadas pela União aos Entes federativos, principalmente aquelas destinadas às empresas, já que a Administração Pública não tem cunho empresarial; 3. Assevera que de acordo com o artigo 12, § 2º, da Lei nº 11.788/2008, os estagiários são contribuintes facultativos podendo, ou não, inscreverse no RGPS, sendo que a faculdade do estagiário vir a contribuir espontaneamente para o Regime não é vinculativa em relação àqueles admitidos na Assembleia Legislativa do Pará, de acordo com as normas contidas na Resolução nº 3, de 1990, regulamentada pelas Resoluções nºs. 26/90 e 65/91; 4. Conclui o Recurso Voluntário considerando a improcedência do crédito tributário pretendido, por não ter sido comprovada a ilicitude arguida na Fl. 1045DF CARF MF 8 autuação, e alega restar comprovada a ilegitimidade da autuação, por não ocorrência do fato gerador; 5. Por fim, roga pelo acolhimento do recurso a fim de que seja tornado nulo ou insubsistente o Acórdão combatido, cancelandose o débito fiscal reclamado, por não haver amparo legal para a pretensão do fisco. É o relatório. Fl. 1046DF CARF MF Processo nº 10280.721115/201238 Acórdão n.º 2401004.644 S2C4T1 Fl. 1.043 9 Voto Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Da preliminar de nulidade Alega a pessoa jurídica Recorrente, a nulidade do lançamento em face da inexistência de justa causa na peça acusatória, tendo em vista que foram caracterizados como segurados empregados os estagiários que atuam no poder legislativo paraense, sem fundamentação legal. Entendo que não assiste razão à Recorrente. Não há que se falar em nulidade quando estão explicitados todos os elementos concernentes ao lançamento e claramente descritos os motivos da autuação. Portanto, rejeito a preliminar suscitada pela parte. Mérito Conforme se verifica dos autos, assevera a Recorrente que o ente federativo (Estado do Pará) exerce a autonomia administrativa e legislativa, e que, através de normas próprias, dispõe sobre a admissão do seu pessoal efetivo e estagiários, não estando, assim, submetida à legislação do direito privado destinada a empresas. Não merece prosperar a argumentação da Recorrente. Primeiramente, há de se observar que a Constituição da República estabelece a competência privativa da União para legislar sobre a seguridade social (art. 22, XXIII), a qual será financiada por toda a sociedade, mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada, senão vejamos: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Fl. 1047DF CARF MF 10 I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Nesse sentido, a Lei nº 8.212/91, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e institui Plano de Custeio, estabelece em seu artigo 15 que considerase empresa, para os fins de aplicação das normas previdenciárias, os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional: Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; Por tais razões, não prevalece o argumento aduzido na peça recursal, conforme os ditames postos no ordenamento jurídico nacional. Com relação aos estagiários, inicialmente, há de se observar que o artigo 28 da Lei n° 8.212/91, ao definir o salário de contribuição para os diversos segurados da Previdência Social, estabelece a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Por outro lado, em seu parágrafo 9°, define diversas normas de não incidência tributária, sendo que a alínea ‘i’ estatui, de forma expressa, não integrar o Salário de contribuição a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; Da mesma maneira, o Regulamento da previdência social (Decreto nº 3.048/1999), dispõe acerca do bolsista e do estagiário o seguinte: Fl. 1048DF CARF MF Processo nº 10280.721115/201238 Acórdão n.º 2401004.644 S2C4T1 Fl. 1.044 11 Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei no 11.788, de 25 de setembro de 2008; Diante de tais regras, para que reste caracterizada a não incidência tributária, a bolsa educacional de estagiário deve ser paga nos termos da Lei nº 6.494/1977, que foi posteriormente revogada pelo art. 22 da Lei nº 11.788/2008, cujo art. 3º reprisou as disposições contidas no art. 4º da Lei despejada. Transcrevo: Art. 3o O estágio, tanto na hipótese do § 1o do art. 2o desta Lei quanto na prevista no § 2o do mesmo dispositivo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, observados os seguintes requisitos: I – matrícula e freqüência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. § 1o O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7o desta Lei e por menção de aprovação final. § 2o O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. Art. 7o São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educandos: I – celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente legal, quando ele for absoluta ou relativamente incapaz, e com a parte concedente, indicando as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar; Fl. 1049DF CARF MF 12 II – avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural e profissional do educando; III – indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário; IV – exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não superior a 6 (seis) meses, de relatório das atividades; V – zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário para outro local em caso de descumprimento de suas normas; VI – elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos estágios de seus educandos; VII – comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas de realização de avaliações escolares ou acadêmicas. Parágrafo único. O plano de atividades do estagiário, elaborado em acordo das 3 (três) partes a que se refere o inciso II do caput do art. 3o desta Lei, será incorporado ao termo de compromisso por meio de aditivos à medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante. Art. 9o As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, observadas as seguintes obrigações: I – celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando, zelando por seu cumprimento; II – ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando atividades de aprendizagem social, profissional e cultural; III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente; IV – contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso; V – por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de desempenho; Fl. 1050DF CARF MF Processo nº 10280.721115/201238 Acórdão n.º 2401004.644 S2C4T1 Fl. 1.045 13 VI – manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio; VII – enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses, relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário. Nesse diapasão, em consonância com as regras contidas na Lei nº 11.788/2008, as exigências fixadas no diploma legal para não se subsumir à incidência do artigo 28 da Lei nº 8.212/91, são a comprovação dos seguintes requisitos: 1. Matrícula e frequência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; 2. Celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; 3. Compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso; 4. Acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios das atividades e por menção de aprovação final. De acordo com a disposição insculpida no §2º do art. 3º da Lei nº 11.788/2008, o descumprimento de qualquer dos requisitos elencados ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso, caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. Nessa prumada, a Fiscalização constatou a existência de estágiários sem os respectivos termos de compromisso e sem a indispensável interveniência das instituições de ensino, razão porque considerou os valores pagos a título de bolsa de estágio como salário de contribuição para efeito de incidência das contribuições previdenciárias. Compulsando os autos, em especial a resposta das instituições de ensino aos ofícios expedidos pela DRFB objetivando os esclarecimentos necessários relativos aos estágios (fls. 45, 69, 75, 107, 178, 218/219, 233/235, 264/265, 274/275, 336/337, 366/367, 404/406), resta constatado que não foram cumpridos os requisitos necessários para a obtenção da norma isentiva, no período levantado pela fiscalização. Não há termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino, no período correspondente ao lançamento, além de não existir o acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente. Fl. 1051DF CARF MF 14 Ademais, em nenhum momento a Recorrente contrapôs a acusação fiscal com argumentos concretos ou provas hábeis suficientes para refutar o lançamento efetuado. Os documentos carreados aos autos comprovam o que foi asseverado pela fiscalização. Portanto, ressai demonstrado a inobservância da Lei 11.788/2008, o que tem o condão de descaracterizar o contrato de estágio e impor a norma de tributação sobre os valores das bolsas pagas à esse título, por integrarem a base de cálculo da contribuição previdenciária. Assim, improcedente os argumentos da Recorrente. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Fl. 1052DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.009149/2010-21
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário:2007
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VALOR INFORMADO NA DIPJ E NÃO ESPECIFICADO EM DCTF. NÃO É CABÍVEL O LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO.
Para efeitos da aplicação do artigo 47 da Lei 9.430/96, admitese
a utilização da DIPJ.
Numero da decisão: 1803-001.046
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Meigan Sack Rodrigues
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VALOR INFORMADO NA DIPJ E NÃO ESPECIFICADO EM DCTF. NÃO É CABÍVEL O LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO. Para efeitos da aplicação do artigo 47 da Lei 9.430/96, admitese a utilização da DIPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Fl. 117DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 110 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Meigan Sack Rodrigues e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório A fiscalização, através do cruzamento das informações prestadas pela recorrente, em sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, com as informações constantes da Declaração de Débitos e Créditos Federais DCTF e guias de recolhimento, todas referentes ao anocalendário de 2007, constatou que a empresa deixou de declarar em DCTF, e também de recolher, o valor de IRPJ e CSLL, apurados no último trimestre do ano em comento, o que motivou o lançamento de oficio dos tributos devidos. A contribuinte tendo tomado ciência do início da fiscalização e, em atendimento à intimação fiscal recebida, apresentou cartaresposta (fl. 5), em 29/10/2010, na qual admitiu a falta de pagamento dos referidos tributos e informou ao Fisco o recolhimento, em 26/10/2010, dos montantes devidos, tendo anexado os DARF correspondentes. Segundo a interessada, tal pagamento estaria respaldado na prerrogativa conferida pelo art. 47 da Lei n° 9.430/96. Alegou que, tendo em vista que o Termo de Intimação Fiscal n° 813/2010 foi recebido em 07/10/2010, teria o direito de proceder ao recolhimento do IRPJ e CSLL informados espontaneamente em DIPJ, com a multa de mora de 20%. Os argumentos ofertados pela recorrente não foram acolhidos pela Fiscalização, cujo entendimento foi no sentido de que não teria ocorrido a denúncia espontânea, pretendida pela empresa. Aplicou a multa de ofício de 75% sobre os valores apurados. Cientificada das exigências, a recorrente apresentou impugnação em tempo hábil, contrapondose ao feito. Menciona a recorrente a sua concordância com a falta de recolhimento dos respectivos tributos, cujos vencimentos ocorreram em 31 de janeiro de 2008; porém, rebate as assertivas da fiscalização, com fundamento no art. 47 da Lei n° 9.430/97, pugnando pela improcedência dos autos de infração, porquanto entender que a empresa se utilizou da possibilidade prevista em tal dispositivo, tendo efetuado o pagamento dos referidos tributos antes de decorrido vinte dias da data de ciência do termo de início de fiscalização correspondente. Ademais disso, assevera que o benefício se aplica aos tributos já declarados e que os valores objeto da autuação haviam sido informados, e portanto declarados, na DIPJ relativa ao anocalendário de 2007. A decisão proferida pela autoridade “a quo”, Delegacia de Julgamento, foi no sentido de manter a autuação. Isto porque o julgador observa que a lide restringese basicamente ao valor da multa exigida, posto não pairar divergência quanto aos valores devidos de principal. A discussão está no entendimento da recorrente de que esta tem o direito de recolher o montante devido com acréscimo de juros e multa de mora e o da Fiscalização de entender ser devida a multa de oficio de 75%, visto que o pagamento dos valores devidos de IRPJ e CSLL deramse após o início da ação fiscal. Fl. 118DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 111 3 Em suma, a autoridade julgadora a quo menciona a norma insculpida no art. 47 da Lei n° 9.430/96, que autoriza o contribuinte submetido à ação fiscal a pagar, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, os tributos já declarados, de que for sujeito passivo como contribuinte ou responsável, com os acréscimos legais aplicáveis nos casos de procedimento espontâneo. Contudo, afirma que essa norma, entretanto, não autoriza a adoção do mesmo procedimento em relação a débitos não declarados. Por sua vez, a recorrente alude que, embora os tributos não tenham sido declarados em DCTF, eles o foram na DIPJ correspondente. Frente a esse impasse, a autoridade julgadora a quo buscou evidenciar quais as características necessárias às obrigações acessórias para que os tributos nelas informados possam ser considerados declarados ou, em outras palavras, confessados pelo contribuinte, cita farta legislação. Aduz que mesmo frente à relevante diferença entre seus efeitos, é notória a necessidade de distinguir informação que constitui confissão de dívida das demais informações prestadas pelo sujeito passivo, nos diversos documentos analisados pelo Fisco. Isso porque, na primeira hipótese, como o saldo a pagar do crédito tributário é inscrito diretamente em divida ativa, contase prazo prescricional a partir da entrega da declaração que constitui o crédito tributário ou do vencimento do tributo, se aquela ocorrer primeiro. Não há multa de oficio em relação a este crédito, uma vez que é dispensável o lançamento de oficio. Já, na segunda hipótese, em relação às informações que não têm caráter de confissão de dívida, quanto à eventual identificação de tributo devido, refere que corre prazo decadencial, ensejando lançamento de ofício, com aplicação da multa de oficio de que trata o art. 44 da Lei n. 9.430/96 e alterações posteriores. Prossegue a autoridade aludindo que não pode o sujeito passivo insurgirse contra multa de oficio sobre eventual débito lançado de oficio, ao argumento de que o mesmo foi informado na DIPJ, quando podia e devia têlo declarado na DCTF. Por outro lado, não se mostra regular a inscrição de saldo a pagar, apurado apenas a partir de informação na DIPJ, diretamente em dívida ativa, sem precedência de lançamento de oficio e oportunidade de contraditório, já que não há ato normativo prevendo este procedimento. A DIPJ não se constitui em instrumento de confissão de dívida; por conseguinte, declarado o débito em DIPJ, mas não em DCTF, cabe lançamento de ofício. Já no que diz respeito ao artigo 47, da Lei 9.430/96, em que a recorrente fundamenta suas razões de impugnação, enfrenta a autoridade julgadora a quo¸ referindo que o artigo mencionado encontrase sem aplicação prática, haja vista que a administração tributária não mais procede à constituição de crédito tributário considerado como confissão de dívida. Todo e qualquer tributo declarado nos instrumentos considerados como confissão de dívida, em consonância com a legislação em vigor, são imediatamente inscritos em Dívida Ativa da União, sem necessidade de se oferecer o contraditório ao sujeito passivo. Fundamenta a sua posição no artigo 19 da Lei 3.470/58, no artigo 71 da Medida Provisória n. 2.15834/2001, em que a expressão "recolhimento do imposto devido" foi substituída por "recolhimento do crédito tributário constituído". Por fim, conclui ser improcedente a impugnação apresentada e determina que seja alocado o pagamento efetuado ao crédito tributário constituído por meio do lançamento constante deste processo, cobrandose o saldo devedor remanescente. Cientificado da decisão proferida e dentro do prazo legal de 30 dias, a recorrente apresenta as suas razões em Recurso Voluntário. Refere que, frente à documentação Fl. 119DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 112 4 acostada pela mesma, restou claro que recolheu espontaneamente os tributos apontados pelo Fiscal, quando do início da Fiscalização. Portanto, obedecendo o prazo legal esculpido no art. 47 da Lei 9.430/96, não faz jus à multa de ofício arbitrada no percentual de 75%, sob o pretexto de que a recorrente não declarou o débito, vez que houve sim a declaração do débito por parte da empresa na DIPJ – Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica anocalendário 2007. Prossegue dizendo que a mesma valeuse dos preceitos legais denominados de Denúncia Espontânea, conforme o artigo 138 do CTN, cumulado com o artigo 47, da Lei 9.430/96. Ainda, observa que apesar de ser um dever por parte da recorrente, na qualidade de contribuinte, cumprir com as obrigações tributárias, a Denúncia Espontânea foi inserida pelo legislador tributarista na criação do Código Tributário Nacional com a finalidade de incentivar o sujeito passivo, a facilitar a arrecadação, concedendolhe o benefício da exclusão da responsabilização por qualquer infração. Cita doutrina a respeito do tema e jurisprudência do CARF. Prossegue, referindo que ao fazer a exegese do artigo supra mencionado, que também está transcrito ipsi literis nos Atos Normativos: Decreto 3000 (Regulamento do Imposto de Renda), de 26/03/1999, Artigo 909; Decreto 4494, de 03/12/2002, Artigo 54 e no Decreto 4544, 26/12/2002, Artigo 468, temse que estando declarado ou lançado o débito e tendo iniciado a fiscalização, através do termo de fiscalização, os efeitos da denúncia espontânea se estendem até o vigésimo dia após o dia do termo início de fiscalização. Refere que o parágrafo único, do art. 138, do Código Tributário Nacional, dispõe que não considera espontânea a denúncia após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, enquanto a norma ordinária Lei 9.430/96 e os Regulamentos supra mencionados alongam este prazo até o vigésimo dia após a entrega do termo de início de fiscalização. Todos os dispositivos legais que alongam o prazo estão em vigor e a própria Receita Federal os reconhecem como válidos, de acordo com o Livro Perguntas e Respostas, ACRÉSCIMOS LEGAIS, pergunta 798, editado pela mesma, pág. 511. Conclui, a recorrente rebatendo as alegações da autoridade a quo, quando esta aduz que o valor objeto da presente autuação não foi declarado em DCTF e que portanto não operouse a confissão de dívida, no sentido de que a referendada assertiva não pode prosperar, vez que inexiste na legislação correlata situação definida em lei que imponha que o pagamento previsto no art. 47 da lei 9.430/96 seja precedido de apresentação do débito na DCTF, portanto há de se impor a confissão do débito. Fundamenta suas razões no princípio da verdade material, precursor do processo administrativo. É o relatório. Voto Conselheira Meigan Sack Rodrigues, Relatora Fl. 120DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 113 5 O recurso preenche os requisitos de sua admissibilidade e dele tomo conhecimento. A discussão no presente feito cingese tão somente à multa de ofício, no montante de 75%, incidente sobre o recolhimento com atraso dos tributos devidos, haja vista que os tributos lançados foram todos pagos, conforme se depreende dos DARFs carreados ao presente feito. Desse modo, temse que a discussão remanescente se perfaz tão somente a respeito da multa de 75%, incidente sobre o recolhimento com atraso dos tributos devidos. Isso porque a empresa recorrente entende ter direito de recolher o montante devido com acréscimo de juros e multa de mora e a fiscalização entende que o recolhimento deve ser feito com a multa de ofício, tomando em conta que o pagamento dos valores devidos de IRPJ e CSLL deramse após o início da ação fiscal, mas antes do vigésimo dia subseqüente. A fiscalização alega que os tributos não se encontravam declarados, já que constantes apenas da DIPJ da recorrente e não em DCTF, razão pela qual não faz jus à espontaneidade disposta na legislação pátria, qual seja o artigo 138 do CTN. A recorrente, por sua vez, refere que a norma que disciplina tal questão é a disposta no artigo 47 da Lei 9.430/96 e que essa aduz o direito de recolher os tributos com os acréscimos aplicáveis ao procedimento espontâneo, desde que efetuado até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início da fiscalização. Entendo que a empresa recorrente faz jus ao recolhimento dos tributos com os acréscimos legais cabíveis e aplicáveis à espontaneidade, tomando em conta o disciplinado na norma disposta no artigo 47 da Lei 9.730/96. Isso porque o referido dispositivo legal determina expressamente que o benefício da espontaneidade deverá ser aplicada quando os tributos forem recolhidos até o vigésimo dia subseqüente ao início da fiscalização e desde que estejam declarados. A norma não determina de forma detalha ou exige de forma explicativa por qual instrumento deveria ter o contribuinte declarado os seus tributos, se por DIPJ ou através da DCTF, antes a norma aduz tão somente que devem encontrarse declarados os tributos. Nesse caminho, mister que se atente para o fato de que, embora as Instruções Normativas da Receita definam a DCTF como um instrumento de confissão de dívida, na qual o contribuinte declara seus débitos e estes, uma vez não pagos, podem ser inscritos diretamente em dívida ativa, não determina que esse seja o único meio pelo qual o contribuinte possa fazer valer o direito à espontaneidade, qual seja de cumprir com a obrigação, recolhendo os tributos com os acréscimos legais, sem a multa de ofício. No mesmo caminho, não há uma norma ou mesmo uma Instrução Normativa que determina que o artigo 47 da Lei 9.430/96 só será aplicado nos casos em que o contribuinte declare seus débitos em DCTF. No caso presente, a norma em momento algum distingue ou determina que a DIPJ não é declaração hábil ou suficiente para isentar do benefício da denuncia espontânea, bem como em momento algum verifiquei a retirada da norma disciplinada no artigo 47 da Lei 9.430/96 do sistema jurídico brasileiro, portanto vigorando está e entendo ser instrumento hábil para constituição do crédito tributário, assim como a DCTF. Ademais, diferentemente da restrição estabelecido pela instância julgadora anterior, quando se fala em valor declarado, para o fim proposto pelo artigo em comento, entendo que se busca falar em valor informado em qualquer das obrigações acessórias e apenas Fl. 121DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 114 6 na DCTF. E neste caminho, amparo o meu entendimento nos julgados deste Egrégio Conselho, senão vejamos: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS. APLICAÇÃO DE ACRÉSCIMOS DE PROCEDIMENTO ESPONTÂNEO. ART. 47 DA LEI N° 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. DÉBITO DECLARADO. ALCANCE. INFORMAÇÃO PRESTADA EM DIPJ.POSSIBILIDADE. O beneficio concedida pelo legislador (pagamento com os acréscimos de procedimento espontâneo) aos contribuintes que recolherem seus débitos no prazo de vinte dias contados do inicio da ação fiscal alcança também os débitos declarados na DIPJ e não apenas na DCIT. Recurso Provido. (340100.558 — 4° Câmara/1Turma Ordinária) Diante do exposto, voto no sentido de Dar Provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora Fl. 122DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES
score : 1.0
Numero do processo: 11080.934336/2009-98
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-004.525
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO. IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEEGT ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 93 43 36 /2 00 9- 98 Fl. 910DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803005.970, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a não homologação de compensação declarada (PER/DCOMP). A compensação está lastreada em crédito oriundo de pagamento de contribuição supostamente efetuado a maior, em razão de apuração efetuada na sistemática nãocumulativa. O colegiado a quo entendeu, em síntese, que a correção dos preços pelo IGP M não descaracteriza a natureza de preço predeterminado para os efeitos da tributação pelas contribuições cumulativas, incidentes sobre contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº10.833/2003. Com esse entendimento, ficou caracterizado o pagamento a maior em razão da apuração da contribuição na sistemática não cumulativa. Para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional aponta decisões que enfrentaram exatamente a mesma situação mesmo setor econômico, mesmo índice em discussão e concluíram de modo antagônico. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.467, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.909061/201179, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.467): O recurso cumpre os requisitos regimentais para que seja apreciado; dele conheço. Começo com o registro de que concordo com quase todos os fundamentos da decisão recorrida, da lavra do douto e coerente ex Fl. 911DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 4 3 membro desta casa, o dr. Belchior Melo de Souza. De fato, apenas discordo dele quando vislumbra diferença semântica relevante entre as locuções presentes na lei ("reajuste em função de ...") e no ato normativo que buscou regulamentar o assunto ("reajuste em percentual ... "). Para mim, nenhuma diferença há aí: reajuste "em função de" quer dizer exatamente "aplicando o percentual previsto no" índice. O que se tem de ver é se o índice cumpre os requisitos da lei, isto é, refletir "a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995". É que, como já reiteradamente transcrito, a norma que temos de aplicar autoriza a adoção de dois critérios alternativos e mutuamente excludentes para fixação do reajuste do preço: pode ele expressar a variação dos custos ou se basear em índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Por "variação dos custos", entendo eu, quer o ato legal se referir à variação efetivamente ocorrida e devidamente apurada pela empresa em sua escrita contábil. Já o índice que se empregue pode, em princípio, ser qualquer um objeto do acordo celebrado com o cliente, mas não pode superar a efetiva variação dos custos. A meu sentir, a norma sob análise decorre das especificidades do setor em discussão. Como é bem sabido, tratase de uma atividade essencialmente monopolizada, na qual prestador e tomador acordam condições que prevalecerão por períodos de tempo bastante longos. Nesses casos, inexistente um "mercado fixador", o preço é contratualmente definido, especificando o contrato também a forma de reajuste que o preserve dos efeitos inflacionários. Outra especificidade do setor diz com o elevado aporte de capital necessário a sua exploração, o que o fez, até há duas décadas, exclusivamente estatal. A privatização do setor, ocorrida nos idos dos anos 90 do século passado, exigia, por isso, que se garantisse (até onde possível) uma remuneração ao capital privado suficiente a estimular o seu ingresso. E na fixação desse percentual, obviamente, um fator essencial é a "margem de contribuição", no dizer dos contabilistas, ou o markup, na dos economistas: em ambos as acepções, a diferença entre o preço e o custo (unitário, na primeira; marginal, na segunda). E tal diferença, sabidamente, é influenciada pela tributação que incida sobre o setor. É por isso que o legislador, a meu ver acertadamente, previu que o reajuste do preço em percentual "compatível" com a variação efetiva dos custos, por si só, não afetaria a forma de tributação pelas contribuições PIS e COFINS que vigia quando os contratos foram assinados. A rigor, tal regra limitaria a correção dos preços à efetiva variação ocorrida nos custos, mas o legislador a ampliou ao deferir que fosse usado índice, desde que ele refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. É importante aqui considerar, como minudentemente feito no voto do dr. Belchior, a diferença entre reajuste, recomposição e repactuação. Citoo: Fl. 912DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 5 4 Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho1 define o que vêm a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômico financeira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 19972. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Novamente, em nada posso divergir dessa conceituação, mas tampouco posso concordar com a conclusão que dela extrai meu celebrado colega: para mim, a possibilidade de o contrato estabelecer cláusula de alteração em consequência de mudança tributária que venha a afetar o preço, implementada posteriormente à assinatura do contrato, está exatamente a validar o meu entendimento. É que ela seria totalmente desnecessária (ao menos no tocante às contribuições em tela) se fosse possível mantêlo no regime cumulativo pela aplicação de qualquer índice contratual, pois, nesse caso, nunca haveria impacto tributário do reajuste. Penso que, ao contrário, ela pode se dar (caso a correção pelo índice leve à tributação não cumulativa) o que atrai o procedimento de recomposição. Divirjo, portanto, dos que entendem (como parece ser a conclusão da decisão recorrida) que a autorização legal esteja a permitir que a 1 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 2 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 913DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 6 5 empresa adote um determinado índice e não mais precise averiguar se ele é inferior ou superior à efetiva variação dos seus custos. É óbvio que se for inferior, não estará autorizada a deixar de aplicar o índice contratualmente previsto para reajuste. Aplicamse, nesse caso, as disposições contratuais relativas à recomposição e/ou repactuação, conforme didaticamente exposto pelo dr. Belchior em seu voto. O que isso não implica, porém, é que, em qualquer caso, mantém se o regime cumulativo, pois não é isso o que diz o ato legal. Necessário, pois, provar. Quando se trata de lançamento de ofício, essa prova, a meu sentir, há de ser exigida e desconstituída fundamentadamente pela fiscalização para que possa ser mantido o lançamento. Já nos casos, como o presente, em que é a própria empresa quem postula administrativamente a sistemática cumulativa, ela deve ser a primeira peça a instruir o seu pleito. No presente caso, do relatório da decisão recorrida e da leitura da íntegra do processo, não encontro qualquer prova, no entanto, ainda que a empresa tenha afirmado em seu recurso voluntário que: "(...) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção". Como já repetidamente afirmado, tal prova competia a ela, postulante, e não à fiscalização. Fora isso, a defesa da empresa lastreiase essencialmente no ato da ANEEL, que efetivamente afirma que o IGPM cumpre o requisito legal relativo à tributação aqui discutida. Isso não obstante, rejeito o argumento, pois a competência da ANEEL não alcança matéria tributária. Com efeito, entre as atribuições daquela agência reguladora, exaustivamente elencadas na própria lei que a criou3, nada há acerca da tributação incidente sobre o setor. Assim, as Notas Técnicas e as Resoluções daquela agência reguladora aplicamse às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. Sua competência, pois, restringese à seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos. Por óbvio, entre tais atribuições está dizer que possa ser contratualmente previsto o IGPM. O que não pode é dizer que isso implica tal ou qual consequência tributária. No presente caso, como já afirmado, embora postule a compensação, nada trouxe a empresa que comprovasse a adequação do índice aos ditames legais. Voto, pois, por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. 3 Lei 9.427/96, arts. 3º e 4º Fl. 914DF CARF MF Processo nº 11080.934336/200998 Acórdão n.º 9303004.525 CSRFT3 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 915DF CARF MF
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