Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,789)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,075)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,150)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,600)
- Primeira Turma Ordinária (11,657)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,140)
- Terceira Câmara (63,037)
- Segunda Câmara (50,365)
- Primeira Câmara (16,033)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,564)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,567)
- Segunda Seção de Julgamen (107,512)
- Primeira Seção de Julgame (70,657)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,496)
- Câmara Superior de Recurs (36,965)
- Terceiro Conselho de Cont (25,918)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,028)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,839)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,774)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,779)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,826)
- 2012 (23,619)
- 2023 (22,449)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10480.908693/2009-25
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/09/1999 a 30/09/1999
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ.
Não existe cerceamento do direito de defesa quando o órgão julgador aprecia de forma fundamentada as razões da manifestação de inconformidade.
PROCESSO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. MATÉRIA IDÊNTICA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA.
A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica na renúncia à instância administrativa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.665
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado:
I - Por unanimidade votos, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância;
II - Pelo voto de qualidade, não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo que não reconheciam a concomitância e negavam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
FLÁVIO DE CASTRO PONTES Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/09/1999 a 30/09/1999 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ. Não existe cerceamento do direito de defesa quando o órgão julgador aprecia de forma fundamentada as razões da manifestação de inconformidade. PROCESSO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. MATÉRIA IDÊNTICA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica na renúncia à instância administrativa. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Dec 19 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10480.908693/2009-25
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5414024
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3801-004.665
nome_arquivo_s : Decisao_10480908693200925.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : FLAVIO DE CASTRO PONTES
nome_arquivo_pdf_s : 10480908693200925_5414024.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I - Por unanimidade votos, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância; II - Pelo voto de qualidade, não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo que não reconheciam a concomitância e negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) FLÁVIO DE CASTRO PONTES Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
dt_sessao_tdt : Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
id : 5778337
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475920568320
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1934; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.908693/200925 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3801004.665 – 1ª Turma Especial Sessão de 13 de novembro de 2014 Matéria COFINS SOCIEDADES CIVIS Recorrente FILIPE CARLOS ALBUQUERQUE ADVOGADOS E CONSULTORES ASSOCIADOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/1999 a 30/09/1999 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ. Não existe cerceamento do direito de defesa quando o órgão julgador aprecia de forma fundamentada as razões da manifestação de inconformidade. PROCESSO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. MATÉRIA IDÊNTICA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica na renúncia à instância administrativa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I Por unanimidade votos, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância; II Pelo voto de qualidade, não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo que não reconheciam a concomitância e negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) FLÁVIO DE CASTRO PONTES – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 86 93 /2 00 9- 25 Fl. 163DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Por meio de PER/Dcomp (Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação) a requerente postula a compensação de débitos de diversos tributos com crédito referente a valor que teria sido recolhido indevidamente a título da contribuição Cofins (cód. 2172). A Delegacia da Receita Federal do Brasil no Recife (PE), conforme Despacho Decisório Eletrônico, não reconheceu o direto creditório e não homologou as compensações efetuadas. Após ter sido cientificado dessa decisão, a interessada apresentou manifestação de inconformidade. Aduziu, em resumo, que ocorreu apenas uma falha de procedimento da empresa em não retificar as DCTFs onde constavam as informações dos débitos cuja compensação era solicitada. Tal erro de procedimento não anula a existência dos créditos, vez que estes decorrem da existência de decisão judicial favorável à OABPE, da qual a empresa é sindicalizada, garantindo a isenção de Cofins para as empresas exclusivamente prestadoras de serviços relativos a profissões legalmente regulamentadas. A fim de comprovar a veracidade das suas alegações, anexou cópia da ação judicial impetrada pela OABPE que garantiu o direito de isenção de Cofins da empresa, assim como a certidão de trânsito em julgado relativa a mesma ação. A DRJ no Recife (PE) não conheceu da manifestação de inconformidade, nos termos da ementa transcrita abaixo: MATÉRIA SUBMETIDA À APRECIAÇÃO JUDICIAL. DESCABIMENTO DE ANÁLISE PELA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA DE JULGAMENTO. Tendo em vista o princípio de unicidade de jurisdição judicial, é descabida a análise, pela autoridade administrativa de julgamento, de matéria submetida à apreciação na esfera judicial. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, instruído com diversos documentos, cujo teor é sintetizado a seguir. Após comentar a decisão da DRJ, sustenta a incoerência entre a decisão da DRF/Recife e a DRJ/Recife. Argumenta que referidas decisões são totalmente diferentes. A decisão da DRF/Recife que considerou não homologadas as compensações baseouse no fato de que os DARFS aos quais estavam vinculados os créditos estarem totalmente utilizados, razão pela qual, em nosso argumento de defesa, apresentamos as informações obtidas no CAC/Recife de que houve apenas um problema de não retificação das respectivas DCTFS da empresa. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 5 4 Pontua que a decisão da DRJ/Recife procedeu em uma inovação completa do conteúdo do indeferimento inicial das compensações. Insiste que toda a decisão proferida pela DRJ/Recife prendese à análise da ação judicial, quando a decisão primeira, proferida pela DRF/Recife, ocorreu apenas em razão da falha procedimental da empresa. Concluiu este tópico afirmando que por estes fatos merece reparo a decisão proferida pela Turma da DRJ/Recife, por ter cerceado o direito de defesa da empresa, ao inovar juridicamente os argumentos sem prévia comunicação de prazo para alegações da empresa sobre os novos fatos e informações apresentadas ao processo e que seriam objeto de análise, ofendendo frontalmente o art. 5º, Constituição Federal de 1988, quanto ao direito de defesa da empresa. Quanto ao direito creditório, discorda do entendimento da decisão da DRJ/Recife de que não seria possível à empresa a utilização dos créditos para compensação em razão de existir liminar em sede de Reclamação suspendendo os efeitos da decisão que garantia aos filiados à OAB/PE o direito de isenção de Cofins. Argumenta que a decisão judicial em Mandado de Segurança que concedeu o benefício da isenção da empresa da Cofins já havia sido encerrada e reconhecido o direito. Apenas em sede de ação rescisória foi reanalisada a questão, na qual o TRF da 5a. Região decidiu por conceder parcial provimento à rescisória a fim de conceder efeitos exnunc à decisão, ou seja, a rescisão da decisão que concedia o benefício da isenção da Cofins somente surtiria efeitos para frente, não abrangendo os fatos pretéritos. Esclarece que apenas contra esta decisão do TRF foi que concedeuse a liminar do Ministro Joaquim Barbosa do STF, suspendendo a modulação dos efeitos da decisão da rescisória. Aduz que liminar, como o próprio nome diz, é decisão precária e não anulou, como quer fazer crer a decisão da DRJ/Recife, os efeitos do decidido na ação rescisória. Seus efeitos estão apenas suspensos, aguardando um pronunciamento do órgão colegiado do STF quanto à manutenção ou não da liminar. Por fim requer que seja processado regularmente o presente Recurso Voluntário, e, ao final, julgado integralmente procedente para, reformando as decisões proferidas pela DRF/Recife e DRJ/Recife reconhecer o direito de crédito da empresa relativo aos pagamentos indevidos, realizados a título da Cofins e, conseqüentemente, homologar a compensação realizada na PERDCOMP relacionada a este processo que utilizaram tais créditos. É o relatório. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Flávio de Castro Pontes O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento.. De início, examinase a tese de irregularidade na decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Recife. A interessada sustenta cerceamento no direito de defesa em relação à decisão da DRJ/Recife, uma vez que esta inovou no conteúdo do indeferimento inicial das compensações, pois a decisão proferida pela DRJ/Recife prendese à análise da ação judicial, quando a decisão primeira, proferida pela DRF/Recife, ocorreu apenas em razão da falha procedimental da empresa. Não merece prosperar essa tese. Ao contrário do alegado, o colegiado de primeira instância discutiu todas as teses necessárias e suficientes para a solução da lide administrativa. Exemplificando, o julgado “a quo” motivou a decisão em relação a argumentação da recorrente em relação ao fato de que seu direito creditório era decorrente da ação judicial impetrada pela OABPE. Ora, foi a recorrente que trouxe ao litígio essa tese, de sorte que a decisão de primeira intância não inovou juridicamente no julgamento. Destarte, o órgão julgador administrativo estava obrigado a apreciar essa tese da interessada de maneira motivada e fundamentada. Assim, não há reparos a serem feitos na decisão a quo. Não se pode perder de vista que a decisão recorrida apreciou todas as questões relevantes necessárias a solução do litígio, em especial a eficácia das decisões judiciais apresentadas pela própria interessada. Assim, o julgador apresentou razões coerentes e suficientes para embasar a decisão. Além disso, no âmbito do processo administrativo fiscal as hipóteses de nulidade são tratadas de forma específica no art. 59 do Decreto nº 70.235/72: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa." No caso vertente, nenhum dos pressupostos acima encontrase presente, uma vez que não ficou evidenciada a preterição do direito de defesa, tendo em vista que a decisão recorrida motivadamente demonstrou de forma clara e concreta as razões da não homologação das compensações, de sorte que não ficou caracterizado qualquer prejuízo à recorrente. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 7 6 Por tais razões não há que se falar em qualquer irregularidade da decisão guerreada por cerceamento de direito de defesa. O litígio tem como principal controvérsia eventual direito creditório em razão de ação judicial. Transcrevo de uma decisão da DRJ o histórico das ações judiciais em debate: 10.1. A OABPE impetrou ação de mandado de segurança coletivo em nome dos seus Escritórios de Advocacia associados, autuada em 31/05/2001, sob o nº 2001.83.00.0145250, objetivando, principalmente, em síntese, a isenção do recolhimento da Cofins prevista no inciso II do art. 6º da Lei Complementar (LC) nº 70, de 30 de dezembro de 1991, e a compensação dos valores pagos indevidamente. A segurança foi denegada pelo juízo de primeiro grau, com fundamento em que não havia obstáculo para a revogação da isenção concedida pela LC nº 70, de 1991, pela Lei (Ordinária) nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, tendo em vista que a isenção não é matéria reservada à lei complementar. O magistrado considerou, então, prejudicada a análise do pleito de compensação. 10.2. À apelação da OABPE junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5ª Região) – que obteve o nº AMS 80.558PE – foi pela Quarta Turma concedido provimento, por unanimidade, nos termos do voto do relator, que esposou entendimento diametralmente oposto ao do juiz singular, dando pela impossibilidade da revogação da referida isenção com fundamento no princípio da hierarquia das leis. 10.3. De tal decisão, foi interposto pela Fazenda Nacional Recurso Especial (REsp), que foi inadmitido. Irresignada, a Fazenda Nacional manejou agravo de instrumento, ao qual foi negado provimento. Assim, a decisão transitou em julgado em 09/09/2004, restando reconhecido o direito à isenção postulada. 10.4. Posteriormente, a OABPE atravessou petição alegando que a edição da Lei nº 10.833, de 30 de dezembro de 2003, em seu art. 30, poderia obstruir o cumprimento da decisão judicial que reconheceu a isenção da Cofins para as sociedades civis dedicadas ao exercício da advocacia, mediante a retenção na fonte da referida contribuição. Requereu, na ocasião, fosse oficiada a Receita Federal para que se abstivesse de exigir o pagamento da Cofins sobre as receitas auferidas pela prestação de serviços de advocacia, bem como de exigir a retenção na fonte de tal contribuição pelas pessoas jurídicas tomadoras dos referidos serviços. O pleito foi deferido monocraticamente e, ao depois, atacado por agravo regimental aviado pela Fazenda Nacional, o qual foi provido com base nos fatos de não ter sido debatida, nos autos, a Lei nº 10.833, de 2003, e de que não seria admissível, naquele momento processual, inovar a actio, transmudandoa. 10.5. Contra essa decisão, recorreu a OABPE, mediante o REsp nº 739.784 (nº 2005/00540062), cujo provimento foi negado por Fl. 168DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 8 7 unanimidade pela Segunda Turma do STJ em sessão de 19/11/2009, tendose, em resumo, concluído que a superveniência da Lei nº 10.833, de 2003, não pode ser alcançada pelos efeitos da coisa julgada que concedera a segurança pleiteada, de modo a ampliar o objeto da lide. Registrese que, no decorrer do voto, o ministro relator, Mauro Campbell Marques, após afirmar, a título ilustrativo, que a tese adotada pela instância de origem para reconhecer a isenção postulada pela recorrente não mais subsistia em razão de o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 377.457 3/PR, relator o Ministro Gilmar Mendes, ter proclamado que a revogação da isenção da Cofins concedida pela LC nº 70, de 1991, pelo art. 56 da lei nº 9.430, de 1996, foi plenamente válida e eficaz, porquanto o referido diploma, não obstante formalmente complementar, ostenta, materialmente, caráter de lei ordinária , esclareceu que Primeira Seção do STJ, ao julgar a Ação Rescisória (AR) nº 3.761/PR, na sessão de 12/11/2008, deliberara pelo cancelamento da Súmula nº 276, que enunciava a isenção da Cofins perante as ditas sociedades, independentemente do regime tributário adotado. 10.6. Da decisão do STJ referida no subitem 10.3, a ProcuradoriaRegional da Fazenda Nacional na 5ª Região propôs Ação Rescisória (AR) nº 5.471PE (processo nº 2006.05.00.0442426/03) junto ao TRF5ª Região, que foi parcialmente procedente, por lhe terem sido dados efeitos ex nunc. No acórdão exarado, aquele tribunal regional afirmou que o acórdão rescindendo fora proferido antes da manifestação do STF sobre ser a matéria constitucional ou não. 10.7. Contra os efeitos exnunc da decisão do TRF5ª Região – que, em tese, daria aos escritórios de advocacia filiados à OAB PE o direito de não pagarem a Cofins no período abrangido pela ação coletiva até a publicação da decisão na ação rescisória –, a Fazenda Nacional protocolou Reclamação (Rcl) nº 6.917 junto ao STF, tendo o Ministro Joaquim Barbosa deferido, em 10/12/2008, liminar para suspender o acórdão da ação rescisória na parte em que conferiu efeitos meramente prospectivos ao acórdão que julgou procedente a ação rescisória. Encontrase o processo aguardando apreciação desse Colegiado. 10.8. Embargos de declaração opostos pelas partes – OABPE e Fazenda Nacional – contra a decisão proferida pelo TRF5ª Região no bojo da Ação Rescisória nº 5471/PE (processo nº 2006.05.00.0442426/03) foram julgados, não tendo, no entanto, ocorrido nenhuma alteração no resultado do julgamento originário por essa corte. Do exame das ações judiciais, constatase que a matéria está sub judice, uma vez que este processo administrativo tem o mesmo objeto da ação judicial em referência, homologação de compensação em face de pedido de restituição decorrente da legalidade da revogação da isenção do pagamento da Cofins, por parte das sociedades civis de profissão legalmente regulamentada, pela Lei nº 9.430, de 27/12/1996, que, em seu art. 56, revogou a veiculada pelo art. 6º, inciso II, da Lei Complementar nº 70, de 30/12/1991. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 9 8 Como se nota, o direito creditório está dependendo do desfecho da Reclamação no Supremo Tribunal Federal. Destarte, incide no caso vertente o parágrafo único do art. 38, da Lei nº. 6.830/80, que dispõe: Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.(grifouse) O excelso Supremo Tribunal Federal já manifestou acerca da constitucionalidade desse dispositivo, conforme decidido no recurso extraordinário nº 233.582: EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO DESTINADO À DISCUSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE EM RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO QUE TAMBÉM TENHA POR OBJETIVO DISCUTIR A VALIDADE DO MESMO CRÉDITO. ART. 38, PAR. ÚN., DA LEI 6.830/1980.(...). É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto". Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento.(STF, RE 233582, DJe088 de 1605 2008).(grifouse) Em relação ao conteúdo desse dispositivo legal, Leandro Paulsen, René Bergmann e Ingrid Schroder explicam: O parágrafo em questão tem como pressuposto o princípio da jurisdição una, ou seja, que o ato administrativo pode ser controlado pelo Judiciário e que apenas a decisão deste é que se torna definitiva, com o trânsito em julgado, prevalecendo sobre eventual decisão administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a ser tomada. Considerando que o contribuinte tem direito a se defender na esfera administrativa mas que a esfera judicial prevalece sobre a administrativa, não faz sentido a sobreposição dos processos administrativo e judicial. A opção pela discussão judicial, antes do exaurimento da esfera administrativa, demonstra que o contribuinte desta abdicou, levando o seu caso diretamente ao Poder ao qual cabe dar a última palavra quanto à interpretação e à aplicação do Direito, o Judiciário. Entretanto, tal pressupõe a identidade de objeto Fl. 170DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 10 9 nas discussões administrativa e judicial". (Leandro Paulsen, René Bergmann Ávila e Ingrid Schroder Sliwka. Direito Processual Tributário: processo administrativo fiscal à luz da doutrina e da jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 447 e 448). De fato, se o sujeito passivo recorre ao Poder Judiciário, por uma questão de lógica, ele está desistindo tacitamente da esfera administrativa, visto que a decisão do Poder Judiciário é soberana. Eventuais decisões antagônicas, nas esferas administrativa e judicial, teriam uma única solução, qual seja, prevaleceria a da esfera judicial, em razão do princípio constitucional da jurisdição única, art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Destarte, não faz sentido a continuação da discussão no âmbito administrativo, pois o mérito da questão será decidido pelo Poder Judiciário com efeito de coisa julgada. Corroborando esta teoria, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do recurso especial nº 840.556, assim se pronunciou: TRIBUTÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA.AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA DE RECORRER NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IDENTIDADE DO OBJETO. ART. 38, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI Nº 6.830/80. 1. Incide o parágrafo único do art. 38, da Lei nº 6.830/80, quando a demanda administrativa versar sobre objeto menor ou idêntico ao da ação judicial. 2.(...) 3. In casu, os mandados de segurança preventivos, impetrados com a finalidade de recolher o imposto a menor, e evitar que o fisco efetue o lançamento a maior, comporta o objeto da ação anulatória do lançamento na via administrativa, guardando relação de excludência.4. Destarte, há nítido reflexo entre o objeto do mandamus – tutelar o direito da contribuinte de recolher o tributo a menor (pedido imediato) e evitar que o fisco efetue o lançamento sem o devido desconto (pedido mediato) com aquele apresentado na esfera administrativa, qual seja, anular o lançamento efetuado a maior(pedido imediato) e reconhecer o direito da contribuinte em recolher o tributo a menor (pedido mediato).5. Originárias de uma mesma relação jurídica de direito material, despicienda a defesa na via administrativa quando seu objeto subjugase ao versado na via judicial, face a preponderância do mérito pronunciado na instância jurisdicional. (...) (STJ, REsp 840556/AM, DJ 20/11/2006) (grifouse) Assim sendo, a existência de uma ação judicial, por parte da requerente, com o mesmo objeto desse processo administrativo fiscal importa na renúncia à esfera administrativa. Em relação a essa discussão, aplicase a Súmula nº 01 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) que uniformizou o seguinte entendimento: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois Fl. 171DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 11 10 do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.(grifouse) Além disso, os Conselheiros têm o dever de observar as súmulas, nos termos do art. 72 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009. Em caso análogo da mesma recorrente, esta tese também foi acolhida, em outro julgado do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: TRIBUTÁRIO. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER. CONFIGURAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL. CUMPRIMENTO. A propositura pelo contribuinte de ação judicial onde se alterca matéria veiculada em processo administrativo, antes ou após a inauguração da fase litigiosa administrativa, conforme o caso, importa em renúncia ao direito de recorrer ou desistência do recurso interposto, não competindo ao CARF se manifestar acerca do alcance, efeitos e forma de cumprimento de decisões judiciais cuja execução não lhe caiba. DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não configura inovação de motivação do despacho decisório a fundamentação da decisão que, acolhendo ou rechaçando a pretensão deduzida em manifestação de inconformidade, examina elementos novos introduzidos na lide administrativa pelo próprio recorrente e que, até então, eram desconhecidos da Administração Tributária (CARF. 3ª Seção, 4ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, Acórdão 3401002.634, de 29/05/2014, rel. Robson José Bayerl, Processo nº 10480.905883/200818) Em remate, não se toma conhecimento das alegações decorrentes do direito creditório, isenção ou não da Cofins, visto que a recorrente submeteu à apreciação do Poder Judiciário esta matéria. Ante ao exposto voto no sentido de: I – negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância; II não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 172DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.908693/200925 Acórdão n.º 3801004.665 S3TE01 Fl. 12 11 Fl. 173DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 11516.001843/2010-10
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009
CONFISSÃO E PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO.
Quando o contribuinte confessa e parcelando o débito, demonstra a desistência, mesmo que tácita, do recurso voluntário. Logo, o mesmo não deve ser conhecido.
Recurso Voluntário Não Conhecido - Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 2803-003.648
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso pela desistência do contribuinte.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Gustavo Vettorato - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira dos Santos, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009 CONFISSÃO E PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Quando o contribuinte confessa e parcelando o débito, demonstra a desistência, mesmo que tácita, do recurso voluntário. Logo, o mesmo não deve ser conhecido. Recurso Voluntário Não Conhecido - Crédito Tributário Mantido
turma_s : Terceira Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11516.001843/2010-10
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5404427
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2803-003.648
nome_arquivo_s : Decisao_11516001843201010.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : GUSTAVO VETTORATO
nome_arquivo_pdf_s : 11516001843201010_5404427.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso pela desistência do contribuinte. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. (Assinado digitalmente) Gustavo Vettorato - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira dos Santos, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
id : 5749274
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475924762624
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1691; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE03 Fl. 186 1 185 S2TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.001843/201010 Recurso nº 11.516.001843201010 Voluntário Acórdão nº 2803003.648 – 3ª Turma Especial Sessão de 10 de setembro de 2014 Matéria Contribuições Previdenciárias Recorrente PRECISAO EVENTOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009 CONFISSÃO E PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Quando o contribuinte confessa e parcelando o débito, demonstra a desistência, mesmo que tácita, do recurso voluntário. Logo, o mesmo não deve ser conhecido. Recurso Voluntário Não Conhecido Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso pela desistência do contribuinte. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado digitalmente) Gustavo Vettorato Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira dos Santos, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 18 43 /2 01 0- 10 Fl. 185DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 11516.001843/201010 Acórdão n.º 2803003.648 S2TE03 Fl. 187 2 Tratase de Recurso Voluntário que busca a reforma de decisão que manteve o lançamento impugnado. O autos vieram à apreciação da presente turma, mas após a indicação de pauta, foi protocolizado no dia 29.08.2014 pedido de desistência dos mesmos. É o relatório. Fl. 186DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 11516.001843/201010 Acórdão n.º 2803003.648 S2TE03 Fl. 188 3 Voto Conselheiro Gustavo Vettorato Preliminarmente, os recurso voluntário não deve ser conhecido. Indiferente das alegações da parte, a mesma apresentou pedido de desistência, para fins de parcelamento, não havendo mais questões a serem conhecidas administrativamente. O disposto art. 78,§§2º e 3º, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF/MF, é claro: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1° A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2° O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente, descabendo recurso da Procuradoria da Fazenda Nacional por falta de interesse. Isso posto, voto em não conhecer o recurso voluntário, em razão de desistência. É como voto. Gustavo Vettorato Relator Fl. 187DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 11516.001843/201010 Acórdão n.º 2803003.648 S2TE03 Fl. 189 4 Fl. 188DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
score : 1.0
Numero do processo: 11020.724449/2011-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
Auto de infração se revestiu de todos os requisitos legais, e o procedimento fiscal esteve inteiramente adstrito ao princípio da legalidade. A preliminar de nulidade suscitada não tem sustentação fático - jurídica
NULIDADE POR ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. INOCORRÊNCIA.
A ocorrência de fiscalização anterior não confere ao sujeito passivo o direito subjetivo a não mais sofrer ação fiscal.
DEBCADS N°S: 37.331.019-6 E 37.331.020-0 - DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE ISENÇÃO. MULTA APLICADA CORRETAMENTE.
Cabe À fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil verificar se a entidade beneficente certificada está cumprindo as exigências legais para continuar usufruindo do benefício.
A fiscalização identificou que a entidade não atendeu, cumulativamente, aos requisitos do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991, mais especificamente os incisos IV e V. Nos termos do artigo 32 da Lei nº 12.101/2009, foi efetuado este lançamento das contribuições devidas nas competências 01/2007 a 11/2009, período em que o direito à isenção das contribuições está suspenso.
A multa de ofício qualificada de 150% aplicada nas competências 12/2008 e 13/2008 dos Autos de Infração Debcad nº 37.331.019-6 e 37.331.020-0 está definida na legislação. O artigo 35-A da Lei nº 8.212/1991 remete ao artigo 44 da Lei nº 9.430/1996 ambos com redação dada pela MP n. 449 de 04.12.2008, convertida na Lei n. 11.941, de 27.05.2009
DEBCAD Nº 37.331.021-8 - DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO DECLARAÇÃO EM GFIP DE FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE.
A apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias, constituía, à época da infração, violação ao art. 32, IV, §3º da Lei 8.212/91, ensejando a aplicação da multa prevista no art. 32, §5º da mesma Lei.
Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pelo art. 32-A, I da Lei nº 8.212/1991, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação, de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, c do CTN).
Inaplicável ao caso o art. 44, I da Lei nº 9.3430/1996 quando o art. 32-A, I da Lei nº 8.212/1991, específica para contribuições previdenciárias, tipifica a conduta e prescreve penalidade ao descumprimento da obrigação acessória.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.348
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento das contribuições previdenciárias patronais, frente à suspensão da isenção pelo descumprimento dos incisos IV e V do artigo 55 da Lei n.º 8212/91, bem como para manter também a incidência da multa qualificada, na forma do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. Por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a multa do Auto de Infração de Obrigação Acessória, lavrado no Código de Fundamento Legal 68, seja recalculada, tomando-se em consideração as disposições inscritas no inciso I do art. 32-A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, na estrita hipótese do valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao contribuinte, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, 'c' do CTN. Fez sustentação oral: Dyogo César Batista Viâna Patriota OAB/DF 19397
Liege Lacroix Thomasi - Presidente
Leonardo Henrique Pires Lopes Relator
Conselheiros presentes à sessão: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), FABIO PALLARETTI CALCINI, ARLINDO DA COSTA E SILVA, ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES.
Nome do relator: LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Auto de infração se revestiu de todos os requisitos legais, e o procedimento fiscal esteve inteiramente adstrito ao princípio da legalidade. A preliminar de nulidade suscitada não tem sustentação fático - jurídica NULIDADE POR ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. INOCORRÊNCIA. A ocorrência de fiscalização anterior não confere ao sujeito passivo o direito subjetivo a não mais sofrer ação fiscal. DEBCADS N°S: 37.331.019-6 E 37.331.020-0 - DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE ISENÇÃO. MULTA APLICADA CORRETAMENTE. Cabe À fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil verificar se a entidade beneficente certificada está cumprindo as exigências legais para continuar usufruindo do benefício. A fiscalização identificou que a entidade não atendeu, cumulativamente, aos requisitos do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991, mais especificamente os incisos IV e V. Nos termos do artigo 32 da Lei nº 12.101/2009, foi efetuado este lançamento das contribuições devidas nas competências 01/2007 a 11/2009, período em que o direito à isenção das contribuições está suspenso. A multa de ofício qualificada de 150% aplicada nas competências 12/2008 e 13/2008 dos Autos de Infração Debcad nº 37.331.019-6 e 37.331.020-0 está definida na legislação. O artigo 35-A da Lei nº 8.212/1991 remete ao artigo 44 da Lei nº 9.430/1996 ambos com redação dada pela MP n. 449 de 04.12.2008, convertida na Lei n. 11.941, de 27.05.2009 DEBCAD Nº 37.331.021-8 - DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO DECLARAÇÃO EM GFIP DE FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. A apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias, constituía, à época da infração, violação ao art. 32, IV, §3º da Lei 8.212/91, ensejando a aplicação da multa prevista no art. 32, §5º da mesma Lei. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pelo art. 32-A, I da Lei nº 8.212/1991, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação, de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, c do CTN). Inaplicável ao caso o art. 44, I da Lei nº 9.3430/1996 quando o art. 32-A, I da Lei nº 8.212/1991, específica para contribuições previdenciárias, tipifica a conduta e prescreve penalidade ao descumprimento da obrigação acessória. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Feb 06 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 11020.724449/2011-14
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5424310
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Feb 06 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2302-003.348
nome_arquivo_s : Decisao_11020724449201114.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
nome_arquivo_pdf_s : 11020724449201114_5424310.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento das contribuições previdenciárias patronais, frente à suspensão da isenção pelo descumprimento dos incisos IV e V do artigo 55 da Lei n.º 8212/91, bem como para manter também a incidência da multa qualificada, na forma do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. Por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a multa do Auto de Infração de Obrigação Acessória, lavrado no Código de Fundamento Legal 68, seja recalculada, tomando-se em consideração as disposições inscritas no inciso I do art. 32-A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, na estrita hipótese do valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao contribuinte, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, 'c' do CTN. Fez sustentação oral: Dyogo César Batista Viâna Patriota OAB/DF 19397 Liege Lacroix Thomasi - Presidente Leonardo Henrique Pires Lopes Relator Conselheiros presentes à sessão: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), FABIO PALLARETTI CALCINI, ARLINDO DA COSTA E SILVA, ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
id : 5807122
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:35:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475936296960
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 2; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 28; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2616; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 2 1 1 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.724449/201114 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2302003.348 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de setembro de 2014 Matéria Contribuições Previdenciárias Recorrente ASSOCIAÇÃO CULTURAL E CIENTÍFICA VIRVI RAMOS E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Auto de infração se revestiu de todos os requisitos legais, e o procedimento fiscal esteve inteiramente adstrito ao princípio da legalidade. A preliminar de nulidade suscitada não tem sustentação fático jurídica NULIDADE POR ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. INOCORRÊNCIA. A ocorrência de fiscalização anterior não confere ao sujeito passivo o direito subjetivo a não mais sofrer ação fiscal. DEBCADS N°S: 37.331.0196 E 37.331.0200 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE ISENÇÃO. MULTA APLICADA CORRETAMENTE. Cabe À fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil verificar se a entidade beneficente certificada está cumprindo as exigências legais para continuar usufruindo do benefício. A fiscalização identificou que a entidade não atendeu, cumulativamente, aos requisitos do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991, mais especificamente os incisos IV e V. Nos termos do artigo 32 da Lei nº 12.101/2009, foi efetuado este lançamento das contribuições devidas nas competências 01/2007 a 11/2009, período em que o direito à isenção das contribuições está suspenso. A multa de ofício qualificada de 150% aplicada nas competências 12/2008 e 13/2008 dos Autos de Infração Debcad nº 37.331.0196 e 37.331.0200 está definida na legislação. O artigo 35A da Lei nº 8.212/1991 remete ao artigo 44 da Lei nº 9.430/1996 ambos com redação dada pela MP n. 449 de 04.12.2008, convertida na Lei n. 11.941, de 27.05.2009 DEBCAD Nº 37.331.0218 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO DECLARAÇÃO EM GFIP DE FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 44 49 /2 01 1- 14 Fl. 4431DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 3 2 A apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias, constituía, à época da infração, violação ao art. 32, IV, §3º da Lei 8.212/91, ensejando a aplicação da multa prevista no art. 32, §5º da mesma Lei. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pelo art. 32A, I da Lei nº 8.212/1991, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação, de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Inaplicável ao caso o art. 44, I da Lei nº 9.3430/1996 quando o art. 32A, I da Lei nº 8.212/1991, específica para contribuições previdenciárias, tipifica a conduta e prescreve penalidade ao descumprimento da obrigação acessória. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento das contribuições previdenciárias patronais, frente à suspensão da isenção pelo descumprimento dos incisos IV e V do artigo 55 da Lei n.º 8212/91, bem como para manter também a incidência da multa qualificada, na forma do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. Por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a multa do Auto de Infração de Obrigação Acessória, lavrado no Código de Fundamento Legal 68, seja recalculada, tomandose em consideração as disposições inscritas no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, na estrita hipótese do valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao contribuinte, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, 'c' do CTN. Fez sustentação oral: Dyogo César Batista Viâna Patriota OAB/DF 19397 Liege Lacroix Thomasi Presidente Leonardo Henrique Pires Lopes – Relator Conselheiros presentes à sessão: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), FABIO PALLARETTI CALCINI, ARLINDO DA COSTA E SILVA, ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES. Relatório Fl. 4432DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 4 3 Tratase do Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Principal, DEBCAD nº 37.331.0196:, consolidado em 17/12/2012, em face de ASSOCIAÇÃO CULTURAL E CIENTÍFICA VIRVI RAMOS E OUTROS no valor de R$ 13.340.252,93 (treze milhões, trezentos e quarenta mil, duzentos e cinqüenta e dois reais e noventa e três centavos), referente às contribuições previdenciárias, parte patronal, incidentes sobre pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados e contribuintes individuais, bem como às contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados., no período de 01/2007 a 13/2008. Tratase, também, do Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Principal, DEBCAD nº 37.331.0200, consolidado em 17/12/2012, em face de ASSOCIAÇÃO CULTURAL E CIENTÍFICA VIRVI RAMOS E OUTROS no valor de R$ 3.459.706,88 (três milhões, quatrocentos e cinqüenta e nove mil, setecentos e seis reais e oitenta e oito centavos)referente às contribuições devidas a outras entidades e fundos (FNDE, INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE), incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados, no período de 01/2007 a 13/2008. Tratase, ainda, do Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Acessória, DEBCAD nº 37.331.0218:, fundamento legal AI 68, consolidado em 17/12/2012, em face de ASSOCIAÇÃO CULTURAL E CIENTÍFICA VIRVI RAMOS E OUTROS no valor de R$ 743.875,20 (setecentos e quarenta e três mil, oitocentos e setenta e cinco reais e vinte centavos), referente a apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciária, no período de 01/2007 a 13/2008. Segundo relatório fiscal, a empresa é uma Associação que após o reconhecimento da isenção/imunidade pelo INSS teve sua folha salarial inflada com funcionários de outras pessoas jurídicas, que continuarem a prestarlhe serviços. A Associação conseguiu obter o CEBAS e a concessão de isenção/imunidade das contribuições previdenciárias ainda que não tenha preenchido todos os requisitos necessários para isto. No ano de 2002, a fiscalização encaminhou representação Administrativa ao CNAS, cujos fatos e provas deveriam culminar na anulação do CEBAS, todavia, a Representação foi extinta sem análise seguindo o determinado pelo artigo 37 da MP 446. Posteriormente, outros pedidos de CEBAS foram deferidos, todos sem análise dos requisitos exigidos pela MP supracitada. Afirmou a Auditoria Fiscal que o lançamento das Contribuições se deu pelo fato de estar suspenso o direito a isenção, nos termos do artigo 32 (caput e parágrafos) da Lei 12.101/2009, na medida em que a entidade não atende, cumulativamente, aos requisitos do Art. 55 (incisos IV e V) da Lei 8.212/91. Entendeu, também, que as empresas CLAVA, CLINIMAGEM, Drogaria Fátima, N. Ramos Participações, PRÓ SALUTE e SOMAR são devedores solidários do crédito tributário. Assim sendo, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS, entendeu por manter o crédito tributário. A ementa de tal decisão foi proferida nos seguintes termos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 4433DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 5 4 Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 NULIDADE. O lançamento que observa as disposições da legislação para a espécie nãoincorre em vício de nulidade.Não há que se falar em cerceamento de defesa quando o procedimento fiscal obedece ao princípio da legalidade, sendo prestadas todas as informações necessárias ao sujeito passivo para que este exerçaplenamente o seu direito à defesa. CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS E ATOS NORMATIVOS. Não cabe à instância administrativa pronunciarse acerca da constitucionalidade das normas inseridas no ordenamento jurídico. PRODUÇÃO DE PROVAS. A prova documental deve ser juntada por ocasião da impugnação, precluindo o direito do interessado fazêlo em outro momento processual,quando não comprovada nenhuma das hipóteses de exceção previstas na legislação. Não há previsão na legislação que rege o processo administrativo fiscal para a produção de prova testemunhal. A autoridade julgadora pode indeferir o pedido para realização de diligências ou perícias que não atendam aos requisitos previstos na legislação, ou ainda que considerar prescindíveis ou impraticáveis. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 DECADÊNCIA Não tendo sido esgotado o prazo decadencial de que trata o artigo 173, I do Código Tributário Nacional, o lançamento pode ser efetuado. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Cabível a aplicação da multa qualificada quando constatado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo enquadrase nas hipóteses previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As pessoas que têm interesse em comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, assim como as pessoas expressamente designadas por lei, são solidariamente obrigadas ao pagamento do crédito tributário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 SUSPENSÃO DA ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕESPREVIDENCIÁRIAS. LEGISLAÇÃO. Fl. 4434DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 6 5 A imunidade prevista no artigo 150, VI, “c” da Constituição Federal diz respeito apenas a impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda ou serviços, não se estendendo às contribuições previdenciárias que têm bases de cálculo distintas. O direito à isenção das contribuições sociais previsto no artigo 195, § 7º da Constituição Federal está condicionado, até 29/11/2009, ao cumprimento cumulativo dos requisitos exigidos pelo artigo 55 da Lei nº 8.212/1991, e após, aos requisitos do artigo 29 da Lei nº 12.101/2009.Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados na legislação, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil deve lavrar o auto de infração relativo ao período correspondente e relatar os fatos que demonstram o não atendimento dos requisitos para o gozo da isenção. AI Debcad nº 37.331.0196 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕESDA EMPRESA. O contribuinte que não goza de isenção está obrigado a cumprir com toda as obrigações principais e acessórias previstas na legislação tributária para as empresas em geral. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração:01/01/2007 a 31/12/2008 AI Debcad nº 37.331.0200 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕESDEVIDAS A OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS. Suspensa a isenção das contribuições previdenciárias, o contribuinte é devedor das contribuições devidas a terceiros, incidentes sobre a totalidade das remunerações pagas a segurados empregados, nas mesmas bases de cálculo das contribuições previdenciárias patronais. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/10/2008 AI Debcad nº 37.331.0218 INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. GFIP. MULTA. A apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias configura infração à legislação previdenciária. A multa por descumprimento de obrigação acessória definida na legislação previdenciária não pode ser reduzida ou dispensada. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada com a decisão, a Entidade interpôs Recurso Voluntário tempestivo, alegando, em síntese: Fl. 4435DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 7 6 a) É nulo o Processo administrativo, tendo em vista o cerceamento do direito de defesa quando da rejeição de todas as formas de realização de provas pretendidas pela ora recorrente. Já que as provas documentais foram rejeitadas por interpretação legal, e as provas periciais e testemunhais por questões formais; b) Nulos são os Autos de infração posto a alteração dos critérios jurídicos utilizados pela fiscalização. É fato que a fiscalização, em outro momento e outro MPF, de posse dos mesmos documentos não encontrou nenhuma irregularidade, e a presente fiscalização encontrou até indícios de sonegação. Este proceder é vedado pelo artigo 146 da CF, porque implica em violação do princípio da boa fé objetiva, do disposto no inciso XL e XXXV e princípio da segurança jurídica; c) Houve reconhecimento do caráter filantrópico da Entidade, tanto pelo poder judiciário (Proc. N° 2002.71.07.0015820), quanto pelo poder executivo posto a realização de contratos com o Estado do Rio Grande do Sul, e o Município de Caxias do Sul, cujos editais de chamamento davam preferência a contratação de entidades filantrópicas. d) a recorrente cumpre integralmente o disposto nos artigos 8° e 11 da lei 11.096/05, que instituiu o PROUNI, de maneira que tem direito a imunidade prevista no Art. 195 da CF; e) Não houve violação ao inciso IV, Art. 55, da Lei 8.212/91: extremamente possível, se apresenta a remuneração do Dr. Virvi Ramos pelas atividades realizadas como médico da Associação. Este, apesar da idade avançada, ainda exercia a atividade de médico na recorrente, acompanhando pacientes no hospital; Assim também, os associados ou diretores da associação não receberam vantagens ou benefícios. A quantia disponibilizada se deu apenas por prestação de serviços, Ademais, A contabilização e conservação de documentos relativos a despesas do motorista devidamente registrado como seu empregado implica em despesas necessárias à consecução dos seus objetivos sociais, de modo que quaisquer pessoas que estivessem sendo conduzidas no veículo estavam a seu serviço; f) É sabido que entidades beneficentes gozam de imunidade às contribuições sociais, contudo é uma imunidade sui generis,já que o gozo ao benefício fiscal se dá apenas em caso da instituição aplicar em gratuidades destinadas ao público hipossuficiente. Assim sendo, temse uma imunidade compensatória em que o valor das aplicações em gratuidades não poderá ser inferior à imunidade usufruída. Das demonstrações financeiras da entidade, verificase que nos anos de 2007 a 2009 a recorrente praticou o dobro da exigência legal de aplicação de receitas em gratuidades aos hipossuficientes, o que leva a um saldo positivo. Ademais, o cancelamento às imunidades não leva a desconsideração de todos os valores aplicados em gratuidades o que leva à conclusão de que não há crédito tributário a ser lançado, pois o pagamento dos tributos foi realizado a tempo e modo pela promoção das Fl. 4436DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 8 7 atividades beneficentes da instituição. Neste âmbito, não havendo crédito tributário principal, não há a necessidade de preenchimento de GFIP, e não há descumprimento de obrigação acessória; g) Não há proibição às entidades beneficentes em proceder ao arrendamento de atividades de saúde anteriormente desenvolvidas por empresas, e por não existir dispositivo que trate do tema, a fiscalização se utilizou do Art. 55 da Lei 8.212/91 como motivação, argumentando por empréstimo interpretativo a ocorrência de desvio de finalidade. Contudo, a lógica jurídica demonstra que o desvio de finalidade só teria ocorrido se não tivesse existido o arrendamento; h) Com o arrendamento, houve a sucessão dos contratos trabalhistas e não uma manobra pra reduzir encargos tributários. Ademais, mesmo que houvesse ingerência de funcionários da recorrente em atividades pontuais da empresa, ou vice versa, tal fato não promove o cancelamento da imunidade tributária, cria apenas a responsabilidade trabalhista solidária. Não há, pois, proibição legal à contratação de empresas prestadoras de serviços que tenham em seus quadros societários seus associados, a vedação legal é de que os associados sejam remunerados pelas atividades estatutárias que realizem decorrente da ocupação de cargos na entidade mantenedora recorrente; i) Não houve formação de grupo econômico com quaisquer das empresas privadas arroladas, embora as tenha como parceiras em diversas atividades, de diferentes formas, e seus sócios assumam responsabilidades de grande relevância para a Instituição. A sua administração é distinta e absolutamente independente destas empresas, que não exercem qualquer ingerência tanto nas suas decisões cotidianas como nas estratégicas; Ademais, os documentos da empresa Assem – Administração e Participações Ltda, que estavam em poder da Associação, em nada corroboram a tese de formação de grupo econômico, posto que se tratam de documentos relativos às relações estabelecidas à época entre a empresa Assemed Assessoria Médica e Serviços Ltda. j) Não existem administradores ou empregados ocultos, o que existe é uma estreita relação entre as equipes, até mesmo porque as soluções para os problemas têm que ser imediatas no sentido de proteção à saúde e às vidas das pessoas; k)A absorção da estrutura física, incluindo imóveis, do business e dos bens móveis e imateriais da então Companhia Hospitalar Nossa Senhora de Fátima Ltda pela Associação se deu em virtude da decisão de voltar a atuar diretamente no ensino superior e na administração hospitalar. O negócio se concretizou em 01/05/2002, e para que não houvesse qualquer prejuízo e solução de continuidade na prestação dos serviços, assumiu, em uma operação legítima, todos os funcionários e prestadores de serviços vinculados à Companhia Nossa Senhora de Fátima – Participações e Empreendimentos Imobiliários (nova denominação da Companhia Hospitalar Nossa Senhora de Fátima Ltda), de modo que em todos os casos procedeu à anotação na carteira Fl. 4437DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 9 8 de trabalho, regularizou a responsabilidade previdenciária e perante o FGTS de todos os colaboradores, mas resguardouse de eventuais responsabilidades trabalhistas por meio da subscrição do Contrato Particular de Assunção de Obrigação Trabalhista Solidária; l) A interação entre os sites, correio eletrônico e impressos, justificase pela necessidade de prestar o melhor atendimento possível, não havendo qualquer ilegalidade ou ilegitimidade; m) Os apontamentos contábeis são justificados pela interação entre as Instituições em função da ligação entre os serviços prestados, quando, eventualmente,clientes de uma ou fornecedores de outra podem se confundir nos pagamentos ou remessa de bens; n) Já que a autuação reportase restritivamente ao ano de 2007, inviável se apresenta a utilização, como seu fundamento, de documentos e livros fiscais relativos ao ano de 2006, pois se trata de período prescrito, devendo ser desconsiderado. De outra parte, Para as despesas relativas aos anos de 2006 e 2007, no valor total de R$ 2.658,23deve ser observado o Princípio da Insignificância, devendo ser relevado. Mais evidente, ainda, a insignificância dos valores se consideradas somente as despesas relativas ao ano de 2007 (R$ 324,13); o) As fianças e avais prestados decorrem do fato de que os membros da família Ramos se julgam responsáveis pela continuação da obra de benemerência iniciada por seu pai.Materializa o compromisso da família com a sustentação financeira e estratégica da Associação. p) Não cabe a aplicação da multa de ofício, posto que a MP 449/08 apenas foi convertida em Lei em 28.05.2009 através da edição da Lei 11.941, não gerando efeitos, por determinação constitucional, no ano de 2009; q) No que concernem as auditorias realizadas nas empresas, temse que: i) na Assem – Administração e Participações Societárias Ltda, todos os casos narrados dizem respeito ao ano de 2006, não podendo ser fundamento para as autuações. Reiterase que foi controladora da marca e do business da Assemed Assessoria Médica e Serviços Ltda no período de 22/05/2006 até o final do ano de 2008, não havendo qualquer intenção ou formação de grupo econômico com as empresas relacionadas, nem confusão de endereços ou violação de dispositivos legais; ii) na Clava Clínica de Avaliação Audiológica Ltda. e na Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltda. todos os documentos fiscais lançados por estas contra a Associação são lastreados em serviços efetivamente prestados no ramo da saúde. E não há, nesta última, nenhum funcionário da Associação no comando da empresa, mas auxiliando na prestação dos serviços, ressaltase que a Clinimagem está sediada no próprio estabelecimento da Associação em função de maior agilidade e competência dos serviços para os usuários. Alem disso, há que se considerar que eventual Fl. 4438DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 10 9 pagamento de obrigações da Associação pela empresa em nada macula a relação de prestação de serviços que há entre ambas; iii) Em se tratando da Drogaria Fátima Ltda. A Associação adquiriu a Drogaria Fátima Ltda em 08/05/2006, negócio que depois foi revertido por conta da interpretação da legislação e jurisprudência, que não aconselhava instituições filantrópicas a operar com o varejo de mercadorias; iiii) Com a M. Ramos Participações Imobiliárias Ltda. A Associação possui um contrato de Arrendamento de Bens Móveis e Imóveis que lhe oportunizou atuar diretamente nas áreas da saúde, hospitalar, assistência social e educação superior. A negociação obedeceu à legislação civil vigente e todos os ajustes entre as partes vêm sendo devidamente cumpridos. As relações contratuais e as obrigações entre as partes continuam vigentes, e os contatos, reuniões, trocas de documentos e informações persistem desde a formação do ajuste em 01/06/2002. A complexidade e a responsabilidade do ajuste determinaram uma ampla interação entre as partes, inclusive após a celebração do contrato. Há uma estreita interação no que diz respeito à intervenção e manutenção das instalações físicas do local onde se encontra estabelecida a Associação, cuja proprietária é a M. Ramos Participações e Empreendimentos Imobiliários Ltda. A Associação não fornece qualquer funcionário seu para que desenvolva quaisquer atividades para terceiros. O arrendamento é pago em razão das obrigações assumidas contratualmente e em obediência à legislação aplicável, nada tendo de ilegítimo ou ilegal. iiiii). A Pró Salute é um dos principais clientes da Associação, que presta serviços de saúde aos segurados daquela, e responsável por uma parcela significativa do seu faturamento. Não há nenhum empregado da Pró Salute submetido à Associação. A Associação não realiza nenhum serviço que possa ser considerado como desvio de suas funções, não realiza pagamentos de obrigações de terceiros, não possui administradores ocultos bem como não contabiliza despesas indevidas ou recebe bens de terceiros. A Associação presta serviços para várias outras instituições e empresas privadas. Existe uma estreita e profunda relação entre as instituições, o que faz com que o compartilhamento de serviços, informações e atividades seja amplo, mas sem gerar qualquer outro tipo de ligação que não aquelas legalmente estabelecidas e devidamente documentadas, trazidas aos autos. iiiiii) Com a Somar Empreendimentos Imobiliários Ltda. a Associação possui contrato de locação de imóveis (local onde se encontra estabelecida) e não autoriza qualquer funcionário seu a prestar serviços ou utilização de seus materiais por terceiros. As empresas Pró Salute Serviços para a Saúde Ltda, Clinimagem Clínicade Diagnóstico por Imagem Ltda, Drogaria Fátima Ltda, M. Ramos Participações eEmpreendimentos Imobiliários Ltda, Clava – Clínica de Avaliação Audiológica Ltda e Fl. 4439DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 11 10 SomarEmpreendimentos Imobiliários Ltda, sujeitos passivos solidários, apresentaram recursos voluntários, cujos argumentos estão resumidos a seguir: Preliminarmente, as Empresas aduzem que não restou comprovado que as mesmas se beneficiaram da isenção concedida à Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, assim também, a suposta confusão patrimonial não foi sequer caracterizada e dimensionada. De outra parte, alegam a impossibilidade de sua responsabilização solidária,já que apenas prestam serviços à autuada, não possuindo qualquer interesse ou ingerência sobre sua atividade. Afirmam não possuir qualquer vínculo com o fato gerador do tributo,ainda mais em função de o seu objeto social ser diverso daquele da autuada.Discorrem sobre os artigos 124, 125 e 128 do CTN, bem como o artigo896 do Código Civil.Requerem a exclusão do pólo passivo da autuação, por não serem as responsáveis solidárias pelo débito cobrado. No Mérito: A Pró Salute Serviços para a Saúde Ltda alegou que a relação entre ela e a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos se dá exclusivamente por conta dos contratos de prestação de serviços de saúde, não existindo, pois, formação de grupo econômico, nem confusão patrimonial, apenas as suas sedes situamse no mesmo endereço (prédio). Seus funcionários são regidos pela CLT, e os encargos são todos pagos. Ademais, os pequenos equívocos apontados pela fiscalização fazendária foram saneados e não restou comprovado que os contratos de prestação de serviços são fraudulentos. A Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltdaconsignou que a relação jurídica existente entre ela e a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos dáse exclusivamente por conta das atividades operacionais desenvolvidas por ela, na medida em que seu objeto social é a prestação de serviços hospitalares em exames radiológicos e ultrassonográficos. Aduziu que não existe formação de grupo econômico, nem confusão patrimonial, que situamse no mesmo endereço porque sublocou um espaço para melhor realizar seus serviços e que seus respectivos quadros societários são independentes e seus administradores distintos, sem qualquer ingerência uns sobre os outros. Salientou que muito embora existam sócios dela que também façam parte do quadro societário da Associação estes não são seus dirigentes. Argumentou que a Receita Federal demonstra a ocorrência de fatos que não passam de pequenos equívocos, e que os lucros por ela auferidos decorrem de sua atividade, sendo natural que sejam divididos entre os sócios, consoante participação societária. Afirma que o pagamento realizado em nome da Associação caracterizase como um erro contábil, já sanado, mas que não trouxe prejuízo ao erário público, vez que a tributação desta é pelo lucro presumido. Afirmou que a Sra. Eleonora Ramos é empregada da autuada e responsável pelos equipamentos de exames, dentre os quais aqueles à sua disposição. Assim, seria compreensível que ela figurasse nos emails relacionados aos equipamentos, bem como tenha contato com os colaboradores da Clinimagem. Impugnou a afirmação sobre a utilização de impressos, material de expediente, utilização de telefone, por não condizer com a realidade. Afirma que não pode ser responsabilizada pelo fornecedor ter feito constar o telefone da autuada em sua nota fiscal. Fl. 4440DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 12 11 Aduziu, também, que e não restou comprovado que os contratos de prestação de serviços são fraudulentos. A Drogaria Fátima Ltda, sustentou que é uma pessoa jurídica de direito privado cumpridora de suas obrigações fiscais, sociais, trabalhistas, entre outras, e prestadora de serviços com fins lucrativos. Afirmou que a autuada adquiriu, em 22/05/2006, por meio do Contrato de Cessão de Direitos de Propriedade Comercial, os direitos sobre as atividades comerciais, bem como suas instalações, benfeitorias, móveis, utensílios e a própria marca Drogaria Fátima, ou seja, todo o seu conjunto imobilizado, porque entendia que este ajuste significava uma ampliação de suas atividades na área da saúde, através do comércio de varejo de medicamentos. Contudo, considerando as orientações do CNAS e interpretação e jurisprudência sobre legislação relativa às instituições filantrópicas, e para que não houvesse qualquer insinuação de desvio de finalidade, entendeu a autuada por rescindir o contrato,retirandose da atividade, conforme Instrumento de Rescisão. Aduziu não haver formação de grupo econômico, confusão patrimonial e, ainda,asseverou que os seus sócios e os associados da autuada são pessoas físicas distintas, sem qualquer ingerência ou interferência nas decisões da autuada, apenas figurando um sócio que ao mesmo tempo é associado da autuada. A M. Ramos Participações e Empreendimentos Imobiliários Ltda, alegou que a relação entre ela e a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos se dá exclusivamente por conta dos contratos de arrendamentos havidos, não existindo, pois, formação de grupo econômico, nem confusão patrimonial. Asseverou que os valores pagos a título de retribuição (aluguéis) estão de acordo com os valores praticados no mercado de Caxias do Sul. Ademais, salientou que os pequenos equívocos apontados pela fiscalização fazendária foram saneados e não restou alegado ou comprovado que os contratos de arrendamento são fraudulentos. A Clava – Clínica de Avaliação Audiológica Ltda. Sustentou ser uma sociedade simples revestida de todas as formalidades legais, com fins lucrativos, e com todas as suas receitas decorrentes de suas próprias atividades. Consignou que a relação jurídica existente entre ela e a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos dáse exclusivamente por conta das atividades operacionais desenvolvidas por ela, na medida em que seu objeto social é a prestação de serviços em diagnósticos médicos audiológicos, indicação, adaptação e comercialização de prótese auditiva, bem como acompanhamento fonoaudiológico. Quanto à alegação do Fisco em relação aos documentos inidôneos verificados pela auditoria, aduziu que o preenchimento de forma incompleta decorreu da falta de orientação pelo escritório contábil responsável pela sua escrituração, mas que não houve lesão o erário público, já que recolheu os tributos relativos aos documentos fiscais emitidos (ainda que de forma incompleta). Rechaçou a afirmação apresentada pelo Fisco em relação à existência de grupo empresarial, pois a autuada e a Clava são empresas distintas, com quadro societário independente e administradores distintos, sem qualquer ingerência uns sobre os outros. Fl. 4441DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 13 12 Salientou que muito embora existam sócios dela que também façam parte do quadro societário da Associação estes não são seus dirigentes. Aduziu não haver confusão patrimonial, e que situamse no mesmo endereço porque sublocou um espaço para melhor realizar seus serviços. Afirmou que sua forma de tributação é o lucro presumido, e que recolhe todos os encargos sociais, trabalhistas e tributários. Sustentou que as afirmações da Fazenda Pública em relação aos lucros auferidos por seus sócios estão equivocadas, pois o investimento decorre da expectativa da obtenção de lucros. Assim é natural que os sócios façam retiradas de seus lucros, porque as receitas já foram oferecidas à tributação. E por fim, com relação à sua representante legal, Sra. Ircy Sturmer Ramos, que estaria a dar ordens a funcionários da autuada, esclareceu a recorrente que ela era prestadora de serviços da autuada na área de saúde auditiva, e esta prestava serviços dessa natureza por meio da empresa ASSEMED Assessoria Médica e Serviços Ltda, e foi designada como coordenadora de projetos nesse ramo; nessa condição é que fazia a orientação dos funcionários da autuada. A Somar Empreendimentos Imobiliários Ltda. consignou que a relação jurídica existente entre ela e a autuada se dá exclusivamente por conta do contrato de arrendamento havido entre as partes. Asseverou que os supostos empregados da Associação que estariam à disposição da autuada é uma falácia, posto que as correspondências citadas na autuação dizem respeito aos bens arrendados pela autuada. Rechaçou a afirmação apresentada pelo Fisco em relação à existência de grupo empresarial, pois a autuada e a impugnante são empresas distintas, com quadro societário independente e administradores distintos, sem qualquer ingerência uns sobre os outros. E que, embora existam sócios em comum, não há vinculação entre os entes. Impôs não haver confusão patrimonial, apenas as suas sedes situamse no mesmo endereço (prédio). Salientou que os pequenos equívocos apontados pela fiscalização fazendária foram saneados e que não restou alegado ou comprovado que os contratos de arrendamento são fraudulentos. É o relatório . Voto Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, Relator. Dos Pressupostos de Admissibilidade Fl. 4442DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 14 13 Sendo o presente Recurso Voluntário tempestivo e apresentando os requisitos de admissibilidade, passo ao seu exame. Da nulidade por cerceamento do direito de defesa – Associação Cultural e Científica Virvi Ramos Alega a autuada a nulidade do auto de infração posto o cerceamento do direito de defesa quando da rejeição da produção de provas, todavia tal alegação não merece êxito. Primeiramente, cabe consignar que o Auto de infração se revestiu de todos os requisitos legais, e o procedimento fiscal esteve inteiramente adstrito ao princípio da legalidade. A preliminar de nulidade suscitada não tem sustentação fático – jurídica, na medida em que as infrações imputadas estão devidamente narradas, minuciosamente descritas, com respectiva fundamentação legal, demonstradas e comprovadas nos autos pelo fisco. O Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, que rege o Processo Administrativo Fiscal – PAF, dispõe em seu artigo 15 que a impugnação, juntamente com aprova documental, deve ser apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias a contar da data em que for feita a intimação da exigência. A juntada de documentos em outro momento processual, cujo requerimento à autoridade julgadora se dará mediante petição em que se demonstre a ocorrência de uma das condições a seguir, só é cabível, conforme determina o artigo 16 do PAF, quando (a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (b) refirase a fato ou a direito superveniente; (c) destine se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Não sendo o caso dos autos, cabível o indeferimento. De outra parte, também, não constitui cerceamento do direito de defesa o indeferimento do pedido de perícia contábil considerado desnecessária. A perícia técnica não é meio de prova para comprovação de fato que possa ser feito mediante a mera apresentação ou juntada de documentos cuja guarda e conservação compete à contribuinte, mas sim para esclarecimento de pontos duvidosos que exijam conhecimentos especializados. No que concerne à prova testemunhal, impossível o seu deferimento no processo administrativo fiscal, por falta de previsão legal. Da nulidade por alteração de critério jurídico Alega a entidade a recorrente serem nulos os Autos de infração posto suposta alteração nos critérios de fiscalização, já que teria sido fiscalizada anteriormente em relação aos períodos 01/2004 a02/2005 e 03/2005 a 12/2005, não tendo resultado materializada nenhuma exigência de créditos tributários, tampouco qualquer referência à existência de conduta fraudulenta com sentido de sonegação por conluio. Todavia tal alegação não merece prosperar, visto que enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública constituir seus créditos, podem ser objeto de inspeção e lançamento Fl. 4443DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 15 14 de períodos já fiscalizados anteriormente, sem que isto represente qualquer violação à segurança jurídica do sujeito passivo. A ocorrência de fiscalização anterior não confere ao sujeito passivo o direito subjetivo a não mais sofrer ação fiscal. Em caso de conduta que impede a Entidade de usufruir de isenção fiscal e a consequ ente existência de débitos referentes a contribuições não recolhidas ou o descumprimento de obrigações acessórias, é obrigação da fiscalização efetuar o respectivo lançamento, quando não transcorrido o prazo decadencial. Importa consignar que embora a fiscalização tenha relatado situações que envolvem períodos anteriores, o lançamento constante deste processo abrangeu apenas o período de 01/2009 a 11/2009, e obedeceu a todas as disposições da legislação para a espécie. Das Preliminares levantadas pelas empresas consideradas responsáveis solidárias. Todas as Empresas Requereram a exclusão do pólo passivo da autuação, por não serem as responsáveis solidárias pelo débito cobrado. Aduziram que não restou comprovado que as mesmas se beneficiaram da isenção concedida à Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, assim também, a suposta confusão patrimonial não foi sequer caracterizada e dimensionada. De outra parte, alegaram a impossibilidade de sua responsabilização solidária, já que apenas prestam serviços à autuada, não possuindo qualquer interesse ou ingerência sobre sua atividade. Afirmam não possuir qualquer vínculo com o fato gerador do tributo, ainda mais em função de o seu objeto social ser diverso daquele da autuada.Discorrem sobre os artigos 124, 125 e 128 do CTN, bem como o artigo896 do Código Civil. Estas questões serão tratadas em sede de mérito, mas adiantase em primeira análise que embora tivessem aparência de unidades autônomas, na verdade as empresas atuavam de forma complementar, onde todas foram beneficiadas com a isenção concedida à Associação Cultural e Científica Virvi Ramos. Restou demonstrada a confusão operacional e patrimonial, a vinculação gerencial e a coincidência de sócios e administradores,configurando se o grupo econômico de fato, a que se atribui a responsabilidade solidária, imposta pela Lei 8.212/91 em seu art. 30, IX. 2. Do Mérito Debcads n°s : 37.331.0196 e 37.331.0200 – Descumprimento de Obrigação Principal Aduziu a recorrente que teve seu caráter filantrópico reconhecido pelo poder judiciário e pelo poder executivo, informou que faz jus ao benefício fiscal por se enquadrar como entidade beneficente que atende aos requisitos constitucionais à imunidade tributária, bem como cumpre integralmente o disposto nos artigos 8° e 11 da lei 11.096/05, que instituiu o PROUNI. Ressaltou ainda não ter violado o Inciso IV do artigo 55 da lei 8212/91 Fl. 4444DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 16 15 Pretende, pois, a recorrente, neste recurso, ver reconhecido o seu enquadramento como beneficiário da imunidade atribuída às sociedades de assistência social, para afastar o lançamento do crédito tributário referente às contribuições sociais previdenciárias, fundamentando sua argumentação a partir da exaustiva documentação juntada aos autos no sentido de corroborar seu enquadramento nos requisitos exigidos para a caracterização da imunidade. Não obstante todas as alegações, tais argumentos não são dotados da devida procedência. Vejase: A Constituição Federal de 1988, ao trazer para o texto constitucional o referido benefício fiscal, alterou a sua natureza de isenção para imunidade. No entanto, remeteu à Lei Ordinária o disciplinamento da matéria, o que permitiu que a Lei nº 8.212/91 incluísse novas exigências à concessão e manutenção da imunidade, que deveriam ser observadas pelo beneficiário também por força constitucional. Estabelece, pois, o artigo 55 da referida Lei: “Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. § 2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção. § 3o Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar § 4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. § 5o Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento.” Fl. 4445DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 17 16 No presente caso, não se discute se a entidade teve ou não reconhecido seu direito à isenção das contribuições destinadas à seguridade social, previstas no artigo 22 da Lei nº 8.212/1991, mesmo porque diante dos documentos juntados, essa é questão que se mostra incontroversa. Todavia, cabe a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil verificar se a entidade beneficente certificada está cumprindo as exigências legais para continuar usufruindo do benefício. Desta feita, a fiscalização identificou que a entidade não atendeu, cumulativamente, aos requisitos do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991, mais especificamente os incisos IV e V. Nos termos do artigo 32 da Lei nº 12.101/2009, foi efetuado este lançamento das contribuições devidas nas competências 01/2007 a 11/2009, período em que o direito à isenção das contribuições está suspenso. Dentre os fatos apontados no Relatório Fiscal como passíveis de motivar a suspensão do benefício apontase o Contrato de Arrendamento de Bens Imóveis e Móveis com a Companhia Nossa Senhora de Fátima – Participações e Empreendimentos Imobiliários Ltda firmado pela Associação em 01/06/2002, após o reconhecimento da isenção. O objeto era o arrendamento pelo prazo de dez anos dos imóveis do Hospital Nossa Senhora de Fátima, de propriedade da arrendante, e dos 120 leitos instalados, bem como os demais móveis e equipamentos, e ainda os serviços ambulatoriais mantidos pela arrendante fora da sede. Pelo arrendamento a Companhia Nossa Senhora de Fátima receberia o valor mensal correspondente a 6% do faturamento mensal bruto da arrendatária, que deveria ser de no mínimo R$ 90.000,00 por mês. A contratação foi precedida de assembléia geral extraordinária realizada na Associação e também na Companhia Nossa Senhora de Fátima. A Assembléia Geral Extraordinária da Associação Cultural e Científica Nossa Senhora de Fátima de 10/05/2002 aprovou, com a presença da totalidade de seus sócios, o arrendamento dos imóveis, móveis e equipamentos da Companhia Hospitalar Nossa Senhora de Fátima e dos imóveis da Somar Empreendimentos Imobiliários Ltda, bem como a assunção, ativa e passivamente, dos contratos de trabalho dos empregados e demais prestadores de serviços da Companhia Hospitalar Nossa Senhora de Fátima. Em verdade, verificase dos autos que a relação entre a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos e as empresas, aqui tratadas como responsáveis solidárias, ainda que as mesmas aleguem o contrário em sede recursal, ultrapassa os limites da mera relação de prestação de serviços ou comercial entre empresas distintas. Os fatos e os documentos juntados revelam claramente o desvio de finalidade em que incorreu a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, em sua atuação conjunta com as demais empresas, o que culminou com a suspensão do benefício. Diante do quadro que se apresenta, não há como acatar o argumento de que o arrendamento ora referido não configurou um desvio de finalidade. De outra parte, também não há como afastar a configuração que se perfaz da existência de um grupo econômico, isto fica mais claro quando ao se analisar as Atas de Assembléia tanto da Associação realizada em 01/06/2002 quanto da Companhia Hospitalar Nossa Senhora de Fátima realizada em 23/05/2002, constatase as mesmas pessoas figurando como associados em ambas. Assim, embora a impugnante insurjase contra a afirmação da fiscalização de que a transação constituiuse em um subterfúgio do grupo econômico para evitar o pagamento de tributos, na realidade a situação relatada permite esta conclusão. Isto Fl. 4446DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 18 17 porque a decisão, embora envolvesse entidade/empresas diferentes, com objetivos também distintos, foi tomada pelas mesmas pessoas, que atuaram tanto de um lado como do outro do negócio. O conceito de grupo econômico pode ser extraído do senso comum, o qual foi incorporado ao direito positivo através da CLT, cujo art. 1º, §2º dispõe que “sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiver sob a mesma direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis à empresa principal e cada uma das subordinadas”. Tal norma não tem sua aplicação restrita às relações trabalhistas, pois além de ser norma conceitual, que define instituto, possui hierarquia de lei ordinária, suficiente para dispor sobre os conceitos societários. O art. 30, IX da Lei nº 8.212/1991, por sua vez, dispõe que “as empresas que integram o grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei”. Por ser norma de natureza tributária, deve ser necessariamente interpretada conforme as disposições do Código Tributário Nacional acerca da solidariedade: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. (...). Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Conforme se depreende dos dispositivos acima, a solidariedade somente pode ser imposta àquele que tiver relação com o fato gerador do tributo. Assim também será nos casos em que a responsabilização por solidariedade decorrer da existência de grupo econômico entre as empresas envolvidas, hipótese em que não será suficiente a relação de uniformidade de direção, sendo necessária também a relação da coresponsável com o fato gerador do tributo. Por esta razão é que a responsabilidade de uma empresa pelos débitos previdenciários das demais empresas do grupo econômico depende da existência de seu interesse no fato gerador daquelas contribuições previdenciárias. Sendo a contribuição incidente sobre a folha de salários, deverá se verificar se existe funcionários prestando serviços em comum para as empresas envolvidas; se a contribuição previdenciária incidir sobre a comercialização da produção rural, terá a Fl. 4447DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 19 18 fiscalização que comprovar que as coresponsáveis também participaram da operação comercial que deu ensejo à tributação. Por sua vez, o art. 124 do CTN prevê que “são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal” e as “expressamente designadas por lei”. Ora, devidamente fundamentada a consideração de que existe grupo econômico, não cabe qualquer alegação de que foi indevida a colocação das empresas como solidárias, pois enquadradas nos dispositivos legais acima citados. Ainda de acordo com o relato fiscal, também as empresas Pró Salute Serviços para a Saúde Ltda e Assem – Administração e Participações Societárias (à época Assemed) transferiram vários empregados para a Associação em maio/2002. As empresas tinham como sócios, à época, as mesmas pessoas. A autoridade fiscal conclui, acertadamente, que os valores do contrato de arrendamento, em conjunto com os decorrentes dos Contratos de Cessão de Direitos de Propriedade Comercial firmados pela Associação em 22/05/2006 com as empresas Assemed Assessoria Médica e Serviços Ltda e Drogaria Fátima Ltda, e com os decorrentes do Contrato de Cessão de Mercadorias e Direitos a Receber firmado com a Drogaria Fátima Ltda em 01/06/2006, contabilizados como receita nas empresas ligadas, resultam em lucro distribuído aos detentores do capital social e que também são associados da entidade. Nesse âmbito, diante dos fatos aqui relatados e dos demais elementos apontados no relatório fiscal, afastase a alegação de que não há desvio de finalidade da Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, bem como a de que não há formação de grupo econômico. Após tratar do mérito propriamente dito, passo agora discorrer sobre algumas questões específicas levantadas no recurso voluntário pela Associação Cultural e Científica Virvi Ramos: Aduz a recorrente que interação entre os sites, correio eletrônico e impressos, justificase pela necessidade de prestar o melhor atendimento possível, não havendo qualquer ilegalidade ou ilegitimidade. Em que pese não haja ilegalidade, esse fato só corrobora mais uma vez que as empresas agiam como um grupo econômico, compartilhando o endereço eletrônico, materiais de expediente e impressos que continham, além do logo único, as várias razões sociais e endereços. Alega a recorrente Os apontamentos contábeis feitos pela Autoridade lançadora são justificados pela interação entre as Instituições em função da ligação entre os serviços prestados, quando, eventualmente,clientes de uma ou fornecedores de outra podem se confundir nos pagamentos ou remessa de bens; todavia, ao contrário do entendimento do sujeito passivo, as questões relacionadas ao recebimento de valores ou mercadorias de uma empresa por outra não são singelas, e sim reforçam o panorama encontrado pela fiscalização acerca da inexistência de separação real entre as empresas. Impossível também neste caso acatar o argumento de mero equívoco. E finalmente, sobre as fianças e avais prestados informa a autuada que estes decorrem do fato de que os membros da família Ramos se julgam responsáveis pela continuação da obra de benemerência iniciada por seu pai. Tudo materializa o compromisso da Fl. 4448DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 20 19 família com a sustentação financeira e estratégica da Associação. Não obstante, a fiscalização relatou a situação incomum constatada na ação fiscal de que associados, filhos dos associados e empregados assumem o risco da contratação de empréstimos e financiamentos. Este não é um fato a ser tomado isoladamente, mas sim analisado em conjunto com os demais elementos verificados, que apontam para a existência de um grupo econômico. Cabe, ainda, analisar as questões abordadas empresas Pró Salute Serviços para a Saúde Ltda, Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltda, Drogaria Fátima Ltda, M. Ramos Participações e Empreendimentos Imobiliários Ltda, Clava – Clínica de Avaliação Audiológica Ltda e Somar Empreendimentos Imobiliários Ltda e pela Associação Cultural e Científica Virvi Ramos que tratam das auditorias realizadas nestas: Auditoria na Assem (ex Assemed) Assiste razão parcial à Associação Cultural e Científica Virvi Ramos quando afirma que os todos os casos narrados pela fiscalização em relação à empresa Assem dizem respeito ao ano de 2006, não podendo ser fundamento para as autuações. No entanto, não se pode olvidar que os documentos anexados aos autos demonstram de forma clara a confusão operacional e financeira existente entre a Associação, a Pró Salute e a Assemed, tanto antes como durante o período em que a Assemed foi controlada pela Associação. Ademais, no documento de fls. 995 cuja contabilização pela Assem – Administração e Participações Societárias Ltda deuse em fevereiro/2008 (correspondente a uma autorização ao Bradesco para transferência de numerário entre contas da Assem e da Pró Salute), consta no rodapé a identificação: Plano de Saúde e Assemed – Medicina do Trabalho, Hospital Nossa Senhora de Fátima, Centro Clínico Fátima e Farmácia Fátima, demonstrando mais uma vez que as empresas agiam e apresentavamse perante terceiros como um grupo econômico de fato. Auditoria na Clava Clínica de Avaliação Audiológica Ltda A empresa Clava Clínica de Avaliação Audiológica Ltda afirma em sua defesa que se constitui em sociedade simples, revestida das formalidades legais, e prestadora de serviços com fins lucrativos. Argumenta ainda que a Receita Federal demonstrou a ocorrência de fatos que não passariam de pequenos equívocos, e justifica que o preenchimento de documentos de forma incompleta decorreu da falta de orientação pelo escritório contábil responsável pela sua escrituração. Já a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos afirmou que todos os documentos fiscais lançados pela empresa Clava contra a Associação estavam lastreados em serviços efetivamente prestados no ramo da saúde auditiva. Ocorre que as notas fiscais emitidas, como demonstrou a fiscalização não contêm a discriminação dos serviços prestados, não podendo ser aceitas como comprovação. A fiscalização constatou que a entrada dos recursos na Clava por meio destes documentos inidôneos resulta no final do ano em distribuição de lucros aos seus proprietários associados da Associação. Ademais, as recorrentes não trouxeram aos autos documentos comprobatórios de suas alegações. Com relação à sua representante legal, Sra. Ircy Sturmer Ramos, que estaria a dar ordens a funcionários da autuada, esclareceu a recorrente que ela era prestadora de serviços da autuada na área de saúde auditiva, e esta prestava serviços dessa natureza por meio da Fl. 4449DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 21 20 empresa ASSEMED Assessoria Médica e Serviços Ltda, e foi designada como coordenadora de projetos nesse ramo; nessa condição é que fazia a orientação dos funcionários da autuada. Em que pese tais alegações, as constatações da fiscalização não dizem respeito a meras orientações, como alega a empresa Clava. Como exemplo, citase a autorização em papel timbrado da Associação efetuada por Ircy Ramos para pagamento de km rodado à empregada da Associação Marilise Benini, referente a deslocamento para Farroupilha na data de 17/10/2007. Este fato demonstra que Ircy Ramos, esposa do associado Virgílio Carlos Manfro Ramos, e ambos sócios da Clava, tinha participação efetiva na Associação Cultural e Cientifica Virvi Ramos. Afirmou a empresa Clava que sua forma de tributação é pelo Lucro Presumido, e que recolhe todos os encargos sociais, trabalhistas e tributários, porém tal alegação se apresenta inócua no presente caso, na medida, em que este processo trata dos tributos devidos pela Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, cobrados em razão da suspensão da isenção das contribuições previdenciárias, sendo a empresa Clava Clínica de Avaliação Audiológica Ltda responsabilizada solidariamente em razão dos fatos verificados pela fiscalização, que identificou o interesse comum e a formação de grupo econômico de fato entre as empresas listadas no Relatório Fiscal. Auditoria na Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltda A empresa Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltda consignou que a relação jurídica existente entre ela e a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos dá se exclusivamente por conta das atividades operacionais desenvolvidas por ela, na medida em que seu objeto social é a prestação de serviços hospitalares em exames radiológicos e ultrassonográficos. Esse também foi o argumento trazido pela Associação. A Clinimagem argumentou que a Receita Federal demonstra a ocorrência de fatos que não passam de pequenos equívocos, e que os lucros por ela auferidos decorrem de sua atividade, sendo natural que sejam divididos entre os sócios, consoante participação societária. Afirma que o pagamento realizado em nome da Associação caracterizase como um erro contábil, já sanado, mas que não trouxe prejuízo ao erário público, vez que a tributação desta é pelo lucro presumido. Aduziu que não existe formação de grupo econômico, nem confusão patrimonial, que situamse no mesmo endereço porque sublocou um espaço para melhor realizar seus serviços e que seus respectivos quadros societários são independentes e seus administradores distintos, sem qualquer ingerência uns sobre os outros. Salientou que muito embora existam sócios dela que também façam parte do quadro societário da Associação estes não são seus dirigentes. Não obstante, a fiscalização demonstrou que, de fato, a Associação e a Clinimagem não eram independentes. Embora formalmente tivessem a aparência de empresas distintas, o exame da documentação e os demais procedimentos da ação fiscal demonstraram que, na realidade, tratase de um grupo econômico de fato. Ademais, suas alegações no tocante aos empregados da Associação auxiliarem na prestação de serviços em função da natureza deste e também de que sua sede se encontra no mesmo espaço da Associação apenas corrobora a constatação da fiscalização Fl. 4450DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 22 21 quanto à confusão entre as empresas e a existência de grupo econômico. Nesse mesmo sentido está a informação de que a Sra. Eleonora Ramos é empregada da autuada e responsável pelos equipamentos de exames, dentre os quais aqueles à sua disposição. E que,dessa forma, seria compreensível que ela figurasse nos emails relacionados aos equipamentos, bem como tenha contato com os colaboradores da Clinimagem. Portanto, improcedentes as alegações da Associação Cultural e Científica Virvi Ramos e da Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltda, que, ao contrário do relato fiscal, não vieram acompanhadas de documentos hábeis a afastar o lançamento. Em se tratando da afirmação da Clinimagem de que sua forma de tributação é pelo Lucro Presumido, e que recolhe todos os encargos sociais, trabalhistas e tributários, tem se que tal alegação se apresenta inócua no presente caso, na medida em que, este processo trata dos tributos devidos pela Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, cobrados em razão da suspensão da isenção das contribuições previdenciárias, sendo a empresa Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltda responsabilizada solidariamente em razão dos fatos verificados pela fiscalização, que identificou o interesse comum e a formação de grupo econômico de fato entre as empresas listadas no Relatório Fiscal. Auditoria na Somar Empreendimentos Imobiliários Ltda A Somar consignou que a relação jurídica existente entre ela e a autuada se dá exclusivamente por conta do contrato de arrendamento havido entre as partes, e asseverou que a autuada e a impugnante são empresas distintas, com quadro societário independente e administradores distintos, sem qualquer ingerência uns sobre os outros. E que, embora existam sócios em comum, não há vinculação entre os entes. Impôs não haver confusão patrimonial, apenas as suas sedes situamse no mesmo endereço (prédio), e informou que os supostos empregados da Associação que estariam à disposição da autuada é uma falácia, posto que as correspondências citadas na autuação dizem respeito aos bens arrendados pela autuada. Salientou, ainda,que os pequenos equívocos apontados pela fiscalização fazendária foram saneados e que não restou alegado ou comprovado que os contratos de arrendamento são fraudulentos. A Associação, por sua vez, afirmou possuir contrato de locação de imóveis (local onde se encontra estabelecida) e não autorizar qualquer funcionário seu a prestar serviços ou utilização de seus materiais por terceiros. A documentação juntada aos Autos, bem como o Relatório Fiscal demonstram que aqui também há que se refutar os argumentos das recorrentes. Aponta a fiscalização que a empresa Somar Empreendimentos Imobiliários não possui qualquer empregado registrado, e que empregados da Associação realizaram consultas a empresa Exatec Organizações Contábeis Ltda para saber como fazer a distribuição do valor que seria passado para a Somar referente ao aluguel, tendo sido orientada a distribuir R$ 24.000,00, que seria o valor que a Somar poderia distribuir de lucros até 31/05/2005, de acordo com o capital social de cada sócio. Além disso, também receberam orientações sobre pagamentos de débitos da Somar com as empresas Assemed e Pró Salute. De outra parte, o empréstimo efetuado pela Somar à Associação para a compra de um equipamento de RX demonstra que, ao contrário da alegação da primeira, a Fl. 4451DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 23 22 relação jurídica entre as empresas não é decorrente apenas do arrendamento havido entre as partes. Auditoria na Pró Salute Serviços para a Saúde Ltda A Pró Salute alegou que a relação entre ela e a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos se dá exclusivamente por conta dos contratos de prestação de serviços de saúde, não existindo, pois, formação de grupo econômico, nem confusão patrimonial, apenas as suas sedes situamse no mesmo endereço (prédio); seus funcionários são regidos pela CLT, e os encargos são todos pagos. Ademais, os pequenos equívocos apontados pela fiscalização fazendária foram saneados e não restou comprovado que os contratos de prestação de serviços são fraudulentos. A Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, por sua vez, afirmou que a Pró Salute é um dos seus principais clientes, que presta serviços de saúde aos segurados desta, e é responsável por uma parcela significativa do seu faturamento. Argumentou não haver nenhum empregado da Pró Salute submetido à Associação. Esta não realiza nenhum serviço que possa ser considerado como desvio de suas funções, não realiza pagamentos de obrigações de terceiros, não possui administradores ocultos bem como não contabiliza despesas indevidas ou recebe bens de terceiros. Apenas existe uma estreita e profunda relação entre as instituições, o que faz com que o compartilhamento de serviços, informações e atividades seja amplo, mas sem gerar qualquer outro tipo de ligação que não aquelas legalmente estabelecidas e devidamente documentadas, trazidas aos autos. Tais alegações são improcedentes, posto que que a fiscalização identificou a confusão existente nas atividades do plano de Saúde Pró Salute Serviços para a Saúde Ltda e da Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, trazendo vários exemplos de forma bastante detalhada no Relatório Fiscal: As constatações da fiscalização levam ao entendimento de que, ao contrário dos argumentos da Pró Salute e da Associação, a relação que se identifica não é coerente com empresas que se dizem independentes, sem qualquer ingerência de uma sobre a outra. Embora formalmente tivessem a aparência de empresas distintas, o exame da documentação e os demais procedimentos da ação fiscal demonstraram que na realidade tratavase de grupo econômico de fato, e era assim que se apresentavam perante terceiros. Auditoria na Drogaria Fátima Ltda A Drogaria Fátima Ltda, sustentou que é uma pessoa jurídica de direito privado cumpridora de suas obrigações fiscais, sociais, trabalhistas, entre outras, e prestadora de serviços com fins lucrativos. Afirmou que a autuada adquiriu, em 22/05/2006, por meio do Contrato de Cessão de Direitos de Propriedade Comercial, os direitos sobre as atividades comerciais, bem como suas instalações, benfeitorias, móveis, utensílios e a própria marca Drogaria Fátima, ou seja, todo o seu conjunto imobilizado, porque entendia que este ajuste significava uma ampliação de suas atividades na área da saúde, através do comércio de varejo de medicamentos. Contudo, considerando as orientações do CNAS e interpretação e jurisprudência sobre legislação relativa às instituições filantrópicas, e para que não houvesse Fl. 4452DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 24 23 qualquer insinuação de desvio de finalidade, entendeu a autuada por rescindir o contrato, retirandose da atividade, conforme Instrumento de Rescisão. Aduziu não haver formação de grupo econômico, confusão patrimonial e, ainda, asseverou que os seus sócios e os associados da autuada são pessoas físicas distintas, sem qualquer ingerência ou interferência nas decisões da autuada, apenas figurando um sócio que ao mesmo tempo é associado da autuada. A Associação, por sua vez, informou ter adquirido a Drogaria Fátima Ltda em 08/05/2006, negócio que depois foi revertido por conta da interpretação da legislação e jurisprudência, que não aconselhava instituições filantrópicas a operar com o varejo de mercadorias; Pois bem, a fiscalização em momento algum desconsiderou o fato de que formalmente a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos (então Associação Cultural e Científica Nossa Senhora de Fátima) havia firmado em 22/05/2006 um Contrato de Cessão de Direitos de Propriedade Comercial com a Drogaria Fátima Ltda, absorvendo suas atividades comerciais, instalações, benfeitorias, móveis, utensílios e a marca. A empresa não foi extinta, mas apenas trocou sua razão social para Fátima Administração e Participações Societárias. Também não desconsiderou que tal situação foi revertida a partir de 21/10/2010, quando novamente a razão social voltou a ser Drogaria Fátima Ltda. Não obstante, foi verificada a confusão entre as empresas, tendo a fiscalização identificado que a Fátima Administração permaneceu como um apêndice da Associação/Drogaria no período de 2006 a 2010, e continuou a ser chamada de Drogaria. Em se tratando da afirmação da Drogaria Fátima Ltda de que sua forma de tributação é pelo Lucro Presumido, e que recolhe todos os encargos sociais, trabalhistas e tributários, temse que tal alegação se apresenta inócua no presente caso, na medida em que, este processo trata dos tributos devidos pela Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, cobrados em razão da suspensão da isenção das contribuições previdenciárias, sendo a empresa Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltda responsabilizada solidariamente em razão dos fatos verificados pela fiscalização, que identificou o interesse comum e a formação de grupo econômico de fato entre as empresas listadas no Relatório Fiscal. Auditoria na empresa M. Ramos Participações Imobiliárias Ltda A M. Ramos Participações e Empreendimentos Imobiliários Ltda, alegou que a relação entre ela e a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos se dá exclusivamente por conta dos contratos de arrendamentos havidos, não existindo, pois, formação de grupo econômico, nem confusão patrimonial. Asseverou que os valores pagos a título de retribuição (aluguéis) estão de acordo com os valores praticados no mercado de Caxias do Sul. Ademais, salientou que os pequenos equívocos apontados pela fiscalização fazendária foram saneados e não restou alegado ou comprovado que os contratos de arrendamento são fraudulentos. A autuada, por sua vez, aduziu que possui com a M. Ramos Participações Imobiliárias Ltda. um contrato de Arrendamento de Bens Móveis e Imóveis que lhe oportunizou atuar diretamente nas áreas da saúde, hospitalar, assistência social e educação superior. Segundo a entidade, a negociação obedeceu à legislação civil vigente e todos os ajustes entre as partes vêm sendo devidamente cumpridos. As relações contratuais e as Fl. 4453DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 25 24 obrigações entre as partes continuam vigentes, e os contatos, reuniões, trocas de documentos e informações persistem desde a formação do ajuste em 01/06/2002. Ademais, a complexidade e a responsabilidade do ajuste determinaram uma ampla interação entre as partes, inclusive após a celebração do contrato. E que há uma estreita interação no que diz respeito à intervenção e manutenção das instalações físicas do local onde se encontra estabelecida a Associação, cuja proprietária é a M. Ramos Participações e Empreendimentos Imobiliários Ltda. Informou também que não fornece qualquer funcionário seu para que desenvolva quaisquer atividades para terceiros. O arrendamento é pago em razão das obrigações assumidas contratualmente e em obediência à legislação aplicável, nada tendo de ilegítimo ou ilegal. Em que pese todas as alegações, vários exemplos trazidos pela fiscalização, assim como os documentos juntados aos Autos apontam no sentido contrário, constam, pois, dos autos, entre outras coisas, vários formulários HF/192 com o logotipo Fátima Saúde e Educação, correspondentes a cópias de cheques emitidos pela M. Ramos. cópias de cheques emitidos pela M. Ramos. Obviamente, caso se tratasse de empresa verdadeiramente independente, não haveria possibilidade da M. Ramos utilizar os impressos da Associação em suas atividades de rotina. Outro item que consta do relato fiscal são as notas fiscais emitidas pela Pró Salute Serviços para a Saúde Ltda para o sacado M. Ramos Participações e Empreendimentos Imobiliários Ltda, cujo endereço consta como Rua Feijó Júnior, 778 – 5º andar, Caxias do Sul. Ocorre que este nunca foi o endereço da M. Ramos, mas sim da filial /000899 da Associação. Fica, porquanto, demonstrado que não há como aceitar os argumentos das recorrentes, que não trouxeram qualquer documento que provasse o alegado. Em se tratando da afirmação da M. Ramos de que sua forma de tributação é pelo Lucro Presumido, e que recolhe todos os encargos sociais, trabalhistas e tributários, tem se que tal alegação se apresenta inócua no presente caso, na medida em que, este processo trata dos tributos devidos pela Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, cobrados em razão da suspensão da isenção das contribuições previdenciárias, sendo a empresa Clinimagem Clínica de Diagnóstico por Imagem Ltda responsabilizada solidariamente em razão dos fatos verificados pela fiscalização, que identificou o interesse comum e a formação de grupo econômico de fato entre as empresas listadas no Relatório Fiscal. Da multa aplicada Não merece prosperar a alegação do não cabimento a aplicação da multa de ofício. Conforme detalha o Relatório Fundamentos Legais do Débito, a multa de ofício qualificada de 150% aplicada nas competências 12/2008 e 13/2008 dos Autos de Infração Debcad nº 37.331.0196 e 37.331.0200 está definida na legislação. O artigo 35A da Lei nº 8.212/1991 remete ao artigo 44 da Lei nº 9.430/1996 ambos com redação dada pela MP n. 449 de 04.12.2008, convertida na Lei n. 11.941, de 27.05.2009, que assim dispõe: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 4454DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 26 25 I – de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e de declaração inexata; (...) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas oucriminais cabíveis. Mostrase valioso revisitar também os conceitos jurídicos assentados na Lei nº 4.502/64, verbatim: Lei nº 4.502/64 Art. 68. A autoridade fixará a pena de multa partindo da pena básica estabelecida para a infração, como se atenuantes houvesse, só a majorando em razão das circunstâncias agravantes ou qualificativas provadas no processo. (Redação dada pelo DecretoLei nº 34/66) (...) §2º São circunstâncias qualificativas a sonegação, a fraude e o conluio. (Redação dada pelo DecretoLei nº 34/66) (...) Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. O conceito de dolo, por sua vez, encontrase estabelecido no artigo 18, inciso I, do DecretoLei n.º 2.848, de 07 de dezembro de 1940 Código Penal, que define o crime doloso como aquele “em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo”. Olhando com os olhos de ver, os fatos relatados, e provados, demonstraram que a Autuada e as Empresa tidas como responsáveis solidárias agiram em conjunto com o Fl. 4455DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 27 26 objetivo de evitar opagamento das contribuições previdenciárias patronais e das devidas a outras entidades efundos incidentes sobre a remuneração dos trabalhadores que lhe prestavam serviços. Vislumbrase, neste caso, a conduta dolosa de conluio entre as empresas para a prática da fraude,que teria levado à sonegação das contribuições devidas. Necessário consignar que não se está julgando se houve, ou não, a prática de crime, posto essa ser competência atribuída ao Poder Judiciário, mas tão somente se foram preenchidos os requisitos estabelecidos em lei para a aplicação do aumento de multa previsto no parágrafo 1º do artigo 44 da Lei n.º 9.430/1996. Porquanto, justifica se a aplicação da multa de ofício qualificada de 150%, incidente sobre as contribuições não recolhidas pela autuada. Debcad nº 37.331.0218 – Descumprimento de Obrigação Acessória Da aplicação de penalidade benéfica No caso dos autos, verificase que o auto de infração foi lavrado por ter o contribuinte apresentado de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciária, no período de 01/2007 a 13/2008, omitido fatos geradores, sendolhe aplicada a penalidade prevista no art. 32, §5º da Lei nº 8.212/1991, na redação vigente à época da ocorrência do fato gerador, ou seja, equivalente a 100% da contribuição devida e não declarada. Eis a redação do referido dispositivo: Art. 32, §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. No entanto, com o advento da Lei 11.941/09, o dispositivo acima transcrito fora revogado em sua totalidade, passando a regular a matéria o seu art. 32A, inciso I, in verbis: "Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo.” Diante da existência de uma nova lei dispondo de forma diversa sobre a penalidade a ser aplicada à conduta de apresentar GFIP com omissões ou erros, deve o Fisco perquirir sobre qual seria a legislação mais benéfica ao contribuinte, já que a novel legislação poderá retroagir nos termos do art. 106, II, alínea “c” do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: Fl. 4456DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 28 27 I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Assim, a partir de uma análise no caso concreto de qual seria a penalidade mais favorável ao contribuinte, se de 100% do valor das contribuições omitidas ou de R$ 20,00 para cada grupo de informações incorretas ou omissas, é que se definirá a norma que será aplicada. Não se pode perder de vista, contudo, que existe entendimento de que, pela nova legislação instituída pela Lei nº 11.941/2009, o art. 32A da Lei nº 8.212/1991 somente seria aplicado nos casos em que a omissão ou erro em GFIP não fosse acompanhado de supressão no pagamento da contribuição previdenciária, pois, quando houvesse também descumprimento da obrigação principal, seria aplicado somente o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, que dispõe: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Este entendimento, contudo, não pode prevalecer. Em primeiro lugar, a Lei nº 8.212/1991 é específica para disciplinar as contribuições previdenciárias e todas as obrigações principais e acessórias a elas inerentes. Somente nos casos em que a própria Lei nº 8.212/1991 remeterse a outras normas é que serão estas aplicáveis, como ocorreu expressamente, a título de exemplo, com os seus arts. 35 e 35A, ao se referirem aos art. 61 e 44 da Lei nº 9.430/1996, respectivamente. Assim, se na disciplina da penalidade aplicável aos casos de descumprimento da obrigação acessória (GFIP apresentada com omissão ou incorreções ou GFIP não apresentada) a própria Lei nº 8.212/1991 já tipifica a conduta e impõe a penalidade, não fazendo qualquer ressalva quanto à existência ou não de pagamento, não há por que se perquirir sobre a aplicação de outro dispositivo legal, sendo aquela lei a específica para o caso concreto. A referência feita pela Lei nº 8.212/1991 ao art. 44 da Lei nº 9.430/1996 somente ocorre no art. 35A, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009 que tem sua aplicação limitada aos casos de descumprimento de obrigação principal, e não aos de descumprimento de obrigação acessória relacionado a GFIP, pois para este já teria sido introduzida pela mesma Lei nº 11.941/2009 a punição para os casos de não apresentação de GFIP, apresentação com incorreções relacionados ou não a fatos geradores. Fl. 4457DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI Processo nº 11020.724449/201114 Acórdão n.º 2302003.348 S2C3T2 Fl. 29 28 Por outro lado, não existe razão para que o art. 32A da Lei nº 8.212/1991 seja aplicado somente nos casos em que o descumprimento da obrigação acessória não for acompanhado, também, de diferenças de contribuições a recolher, já que o próprio dispositivo ou qualquer outro não faz essa ressalva. Ao contrário, o inciso II deste mesmo dispositivo deixa evidente que a multa será paga ainda que integralmente pagas as contribuições previdenciárias, isto é, havendo ou não pagamento da contribuição, será aplicada a multa, o que ratifica o entendimento de que, mesmo havendo diferenças do tributo, deverá ser aplicado o dispositivo em comento. Por essa razão é que não pode ser aplicado o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 como penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória quando se tratar de contribuição previdenciária, estando sua aplicação por falta de declaração ou declaração inexata limitada aos tributos de outras espécies. Portanto, no meu entendimento, o comparativo da norma mais favorável ao contribuinte deverá ser feito cotejando os arts. 32, §5º com o art. 32A, I, ambos da Lei nº 8.212/1991, sendo aplicada a multa mais favorável ao contribuinte. Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário para DARLHE PARCIAL PROVIMENTO mantendo o crédito fiscal constantes nos DEBCADS de ns° 37.331.0196, 37.331.0200, reformando a decisão no que concerne a penalidade a ser aplicada no – DEBCAD 37.331.0218, recalculando a conforme as disposições inscritas no art. 32A, I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor da multa assim calculado se mostrar menos gravoso à Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. É como voto. Sala das Sessões, em 09 de setembro de 2014. Leonardo Henrique Pires Lopes Fl. 4458DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 0 4/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX T HOMASI
score : 1.0
Numero do processo: 10280.902967/2011-43
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 30 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 14/01/2008
PIS. ISENÇÃO. SERVIÇOS PRESTADOS A DOMICILIADO NO EXTERIOR. INGRESSO DE DIVISAS. CONDIÇÕES. COMPROVAÇÃO.
Para efeito da isenção de receitas decorrentes da prestação de serviços a empresa domiciliada ou residente no exterior com ingresso de divisas no país, cabe ao contribuinte o ônus da prova da satisfação de tais condições, em termos específicos, quando esteja supostamente envolvida nas operações representante brasileira da suposta tomadora de serviços.
A contratação de agente ou representante no País não descaracteriza a operação, desde que a empresa seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica domiciliada no exterior e totalize, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-003.986
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente).
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Francisco José Barroso Rios e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Solon Sehn.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 14/01/2008 PIS. ISENÇÃO. SERVIÇOS PRESTADOS A DOMICILIADO NO EXTERIOR. INGRESSO DE DIVISAS. CONDIÇÕES. COMPROVAÇÃO. Para efeito da isenção de receitas decorrentes da prestação de serviços a empresa domiciliada ou residente no exterior com ingresso de divisas no país, cabe ao contribuinte o ônus da prova da satisfação de tais condições, em termos específicos, quando esteja supostamente envolvida nas operações representante brasileira da suposta tomadora de serviços. A contratação de agente ou representante no País não descaracteriza a operação, desde que a empresa seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica domiciliada no exterior e totalize, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Dec 30 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10280.902967/2011-43
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5414281
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3802-003.986
nome_arquivo_s : Decisao_10280902967201143.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 10280902967201143_5414281.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Francisco José Barroso Rios e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Solon Sehn.
dt_sessao_tdt : Thu Dec 11 00:00:00 UTC 2014
id : 5778594
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475968802816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1950; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 135 1 134 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.902967/201143 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3802003.986 – 2ª Turma Especial Sessão de 11 de dezembro de 2014 Matéria PER/DCOMP PIS/Pasep Recorrente EMPRESA DE PRATICAGEM DO NORTE S/S LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 14/01/2008 PIS. ISENÇÃO. SERVIÇOS PRESTADOS A DOMICILIADO NO EXTERIOR. INGRESSO DE DIVISAS. CONDIÇÕES. COMPROVAÇÃO. Para efeito da isenção de receitas decorrentes da prestação de serviços a empresa domiciliada ou residente no exterior com ingresso de divisas no país, cabe ao contribuinte o ônus da prova da satisfação de tais condições, em termos específicos, quando esteja supostamente envolvida nas operações representante brasileira da suposta tomadora de serviços. A contratação de agente ou representante no País não descaracteriza a operação, desde que a empresa seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica domiciliada no exterior e totalize, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente). (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 29 67 /2 01 1- 43 Fl. 135DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Francisco José Barroso Rios e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Solon Sehn. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2ª Turma da DRJ de Belém PA (fls. 88/94 do processo eletrônico), a qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra a não homologação de compensação de débito tributário com crédito decorrente de aduzido pagamento indevido ou a maior de PIS/Pasep, no valor de R$ 2.753,26, relativo ao PA mês de maio de 2003. No Despacho Decisório (fls. 7/8), a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belém (PA), aponta que a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP apresentado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados par a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP (fls. 2/6). Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: (...) A DRF em Belém emitiu Despacho Decisório eletrônico, no qual não homologa a compensação pleiteada, com suporte no argumento a seguir: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A contribuinte apresenta manifestação de inconformidade onde alega, em resumo, que: (...) dentre as atividades desenvolvidas pela Empresa está à prestação de serviços para armadores estrangeiros. Na consecução de suas atividades, até pouco tempo, desconhecia a lei que traz o benefício da não incidência da contribuição ao Pis/Pasep e Cofins sobre receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. Esses armadores estrangeiros, contudo, atuam no território nacional auxiliados por empresas brasileiras expressamente nomeadas como suas representantes. Dessa forma, o pagamento desses representantes brasileiros é suportado pelo armador estrangeiro que, de acordo com o que a Fl. 136DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10280.902967/201143 Acórdão n.º 3802003.986 S3TE02 Fl. 136 3 legislação brasileira lhes exige, remete previamente ao país divisas suficientes para fazer frente às despesas assumidas com a passagem de seus navios por águas e portos nacionais As Leis n° 10.637/2002 e n° 10.833/2003, que tratam das Contribuições para o PIS e COFINS, dispõem que a não incidência dessas contribuições dependem de duas condições: 1. o tomador, pessoa física ou jurídica, estar domiciliado no exterior e, 2. o pagamento do respectivo preço deve se dar em moeda conversível. Podemos concluir assim, que muito embora um dado serviço tenha sido executado totalmente no território nacional e aqui se verificar seu resultado, poderá estar abrangido pela não incidência, contanto que o tomador seja domiciliado no exterior e sua contraprestação acarrete a entrada de divisas. No caso, os serviços contratados pelos armadores estrangeiros são intermediados pelos representantes no Brasil. Todavia, essa intermediação do agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços (armador) por si só, não é suficiente para descaracterizar a situação, uma vez que toda atividade por ela exercida é desenvolvida exclusivamente em favor de empresa não domiciliada no País. Estando, portanto, atendida a condição legal imposta. Vale ressaltar que, embora os pagamentos sejam feitos pelos representantes dos armadores, são esses últimos que arcam com os encargos, enviando, previamente ao Brasil divisas suficientes a sua quitação. Os representantes em questão atuam como meros repassadores de recursos do exterior e assim atuam por imposição das leis brasileiras, que prescrevem a utilização desse elo para a remessa dos fretes contratados. (...) Frisando, os pagamentos realizados pelos armadores relativos àqueles serviços prestados aos seus navios de passagem por águas brasileiras são realizados em nome dos agentes, mas por conta dos armadores, dos quais são representantes. Embora realizados pelos representantes, tais pagamentos são, suportados pelos armadores, que, como exige a legislação brasileira, remetem previamente ao País divisas suficientes para fazer frente às despesas assumidas com a passagem de seus navios pelos portos nacionais. (...) Todas as despesas assumidas pelas empresas estrangeiras em território nacional estão pormenorizadamente identificadas com o navio e o percurso a que se vinculam. As notas fiscais de prestação de serviços permitem correlacionar a atividade da Consulente (enquanto fornecedora de serviços) àquela atividade desenvolvida pelos armadores estrangeiros em águas nacionais. Fl. 137DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Assim, a Recorrente disponibiliza as notas fiscais para conferência, no momento em que Vossa Excelência entender ser devido. É o relatório. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 14/01/2008 Ementa: DCOMP. HOMOLOGAÇÃO Para que ocorra a homologação da compensação declarada pela contribuinte, faz se necessário a comprovação da existência de direito creditório líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada da referida decisão em 04/02/2014 (fl. 97), a Recorrente, em 05/03/2014, apresentou o recurso voluntário (fls. 98/117), descrevendo, em síntese, as seguintes razões: Inicialmente, a Recorrente esclarece sobre o objeto social da empresa e faz um relato da origem do crédito, alegando sua materialidade. Segue apresentando os demais argumentos, conforme abaixo: Dos fatos: faz uma abordagem sobre o direito a nãoincidência e da restituição do PIS/Pasep e da COFINS, alega que dentre as atividades desenvolvidas pela empresa está a prestação de serviços para armadores estrangeiros; que até pouco tempo, desconhecia a lei que traz o benefício da não incidência da contribuição ao Pis/Pasep e Cofins sobre receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente e domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; que esses armadores estrangeiros, contudo, atuam no território nacional auxiliados por empresas brasileiras expressamente nomeadas como suas representantes; que dessa forma, o pagamento desses representantes brasileiros é suportado pelo armador estrangeiro que, de acordo com o que a legislação brasileira lhes exige, remete previamente ao país divisas suficientes para fazer frente às despesas assumidas com a passagem de seus navios por águas e portos nacionais; reproduz a legislação que trata dessa matéria; que todas as despesas assumidas pelas empresas estrangeiras em território nacional estão pormenorizadamente identificadas com o navio e o percurso a que se vinculam. Notese que esta vinculação pode ser evidenciada nas respectivas “ordens de pagamento” emitidas por cada comandante do navio com sua respectiva origem estrangeira. que as notas fiscais de prestação de serviços permitem correlacionar a atividade da Recorrente (enquanto fornecedora de serviços) àquela atividade desenvolvida pelos armadores estrangeiros em águas nacionais. Fl. 138DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10280.902967/201143 Acórdão n.º 3802003.986 S3TE02 Fl. 137 5 Do Direito: reproduz um arcabouço de toda a legislação que rege a matéria discutida, informando diversas considerações sobre as interpretações possíveis das hipóteses de incidência das contribuições (PIS e da COFINS) e cita vários posicionamentos da RFB, alegando corroborar com a não incidência do fato gerado nas relações jurídicas desenvolvidas pela recorrente. Ao final, afirma estar demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, clama pela reforma da decisão recorrida, para dar provimento ao presente recurso, cancelando o procedimento administrativo, reconhecendo o valor do crédito, homologandose a compensação declarada. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Tempestivamente interposto e atendido os requisitos de admissibilidade do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso Voluntário e passo à análise das razões recursais. Análise dos Fatos Conforme se verifica nos autos, o valor do indébito com o qual a Recorrente declarou a compensação, objeto deste processo, seria originário de pagamento indevido ou a maior de PIS, referente a serviços prestados para pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior, relativo ao mês de maio de 2003. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belém (PA), no seu Despacho Decisório, não reconheceu qualquer direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, não homologou a compensação declarada, ao fundamento de que o pagamento informado como origem do indébito já havia sido integralmente utilizado pára quitação de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito informado na PER/DCOMP ora examinada. Já na decisão recorrida, a DRJ descreve em seus fundamentos que o reconhecimento do indébito depende da efetiva comprovação do alegado recolhimento indevido ou maior do que o devido e que, apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme disposto no artigo 170 do CTN. Vejase trecho do acórdão abaixo transcrito: (...) Ocorre que, nos termos da disposição normativa acima transcrita, a não incidência da contribuição vinculase a que a prestação dos correspondentes serviços seja efetuada a pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior e que o correspondente pagamento represente ingresso de divisas, também se fazendo necessário que a prestadora dos serviços seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica (armador)residente ou domiciliada no exterior. Caso contrário, Fl. 139DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 se a contratação for com o agente/representante da empresa estrangeira no Brasil, a prestação de serviços não alcança o benefício da não incidência do PIS/Pasep e da COFINS”. Portanto, conforme esclarecido no relatório, a questão aqui discutida é essencialmente de prova nos autos, uma vez que em relação à matéria legal a DRJ não discordou das alegações do Recorrente. No entanto, a Recorrente em seu recurso não juntou novos elementos de provas no processo, mas tão somente acrescentou argumentos aos já aduzidos na manifestação de inconformidade. No caso sob análise, em que pesem serem coerentes os seus argumentos do direito, a questão da prova (que a prestadora dos serviços seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica – armador, residente ou domiciliada no exterior), é fundamental sempre que se trate de condições de isenção. Nesse contexto, são especialmente relevantes para a elucidação da lide, os seguintes argumentos apresentados no acórdão de primeira instância: (...) Nesse sentido, ao invés de a interessada comprovar a alegação de que é signatária de contrato de direito privado com pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, bem como trazer aos autos os contratos de câmbio relativos aos pagamentos correspondentes, as notas fiscais dos serviços prestados para pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior e, ainda, o livro fiscal em que haveriam sido escrituradas tais receitas, limitouse à informação de “disponibiliza as notas fiscais para conferência, no momento em que Vossa Excelência entender ser devido”. Esclareçase ao sujeito passivo, ainda, que na hipótese de mera intermediação, haveria de existir o contrato original firmado com o armador estrangeiro, bem como o mandato autorizando o seu representante em território nacional a atuar em seu nome, no limite dos poderes então conferidos. Na ausência de tais instrumentos jurídicos (ao que consta dos autos), as afirmações de que se trata, no caso concreto, de serviços prestados a pessoas jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior limitam se a mero exercício imaginativo. Registrese, também, que o possível fato de haver o pagamento por pessoa jurídica estrangeira, em etapa comercial anterior, a uma terceira pessoa jurídica domiciliada em território nacional não autoriza a dedução de que todos os ulteriores contratos de serviço tomados por aquela terceira pessoa também representarão “prestação de serviços a residente ou domiciliada no exterior, com o ingresso de divisas”. Assim, na hipótese em tela, apresentaria relevo para a finalidade pretendida pelo sujeito passivo que demonstrasse, por intermédio de prova hábil, que de fato ocorreu pagamento indevido, sob pena de, não o fazendo, atrair a incidência da máxima de que alegar sem provar é o mesmo que não alegar. E nesse sentido, não é demais referir o fácil alcance, por parte do contribuinte, dos supostos elementos probatórios, haja Fl. 140DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10280.902967/201143 Acórdão n.º 3802003.986 S3TE02 Fl. 138 7 vista tratarse de documentos que, acaso existissem, haveriam de integrar o seu próprio acervo. Como é cediço, conforme assevera a legislação, para fazer prova da não incidência das contribuições, tornase relevante e essencial a Recorrente provar dois requisitos fundamentais: da prestação de serviços e do ingresso de divisas. 1) quanto a prestação de serviços: verificase, pois, que não há nos autos prova inequívoca de que a beneficiária dos serviços prestados foi pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, vez que a contribuinte não juntou nos autos os contratos de prestação de serviços firmados. Afirma que o contrato de representação é feito entre o agente/representante e o armador estrangeiro e apresentou (em sede de manifestação de inconformidade) apenas uma relação de notas fiscais, que não atende as formalidades exigidas para o caso. 2) quanto ao ingresso de divisas: a Recorrente não apresentou nenhum contrato de câmbio. Afirma em seu recurso que “embora os pagamentos sejam feitos pela recorrente, são esses últimos que arcam com seus respectivos encargos tributários, enviando previamente ao Brasil divisas, específicas e suficientes a sua quitação. As empresas em questão, como a recorrente, atuam como meros repassadores de recursos do exterior e assim atuam por imposição das leis nacionais, que prescrevem a utilização desse elo para remessa, única e exclusivamente dos fretes contratados. Assim, todas as despesas assumidas pelas empresas estrangeiras em território nacional estão pormenorizadamente identificadas com o navio e o percurso a que se vinculam. Notese que esta vinculação pode ser evidenciada nas respectivas “ordens de pagamento” emitidas por cada comandante do navio com sua respectiva origem estrangeira. Em outras palavras, as notas fiscais de prestação de serviços permitem correlacionar a atividade da Recorrente (enquanto fornecedora de serviços) àquela atividade desenvolvida pelos armadores estrangeiros em águas nacionais. Ao final, ressalta que “Continua a Recorrente a disponibilizar todas as notas fiscais para a conferência do referido período em questão, no momento em que V. Exa. Entender ser devido”. Como já abordado pela DRJ, a Recorrente encaminhou consulta sobre a matéria à SRRF da 2ª RF, sendo emitida para o deslinde da questão a Solução de Consulta nº 5, de 08 de fevereiro de 2007, daquela superintendência, a este anexada, referente ao processo 10280.005047/200618, onde constam as condições necessárias para não incidência da contribuição na situação ali aventada, de onde se extrai que: (...) 13. A consulente afirma que presta serviços às embarcações de bandeira estrangeira pertencente a empresas com domicílio no exterior. No caso em análise, para atender a primeira condição prevista no dispositivo legal convém alertar que é necessário que a consulente seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica (armador) residente ou domiciliada no exterior. Caso contrário, se a contratação for com o agente/representante da empresa estrangeira no Brasil, a Fl. 141DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 prestação de serviços não alcança o benefício da não incidência do PIS/Pasep e da Cofins. 17. Desse modo, o fato do pagamento ser efetuado por pessoa diferente do transportador estrangeiro não inibe a norma tributária em comento de produzir seus efeitos, visto que não é requisito dela que o pagamento seja realizado pela mesma pessoa a quem o serviço foi prestado. O que se exige, para a não incidência do PIS/Pasep e da Cofins, é um nexo causal entre o pagamento que representa o ingresso de divisas e a prestação de serviços a pessoa situada no exterior. Esse nexo é evidenciado pela própria legislação do Bacen, que autoriza esse tipo de transação. 19. Assim sendo, ficam evidenciadas as premissas básicas para a não incidência, desde que a consulente seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica domiciliada no exterior, e totalize, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais, para conferência com o(s) contrato(s) de câmbio fechado(s) pelo agente/representante do contratante no exterior.(grifos não originais) Por oportuno e tratar dessa mesma matéria, transcrevese a conclusão exposta na Solução de Consulta n° 30, da SRRF/2ª RF/Disit, de 16 de outubro de 2007: “Concluise que, sendo o contratante a empresa estrangeira, a atuação do agente ou representante não descaracteriza o real contratante, nem o ingresso de divisas, o que é confirmado pela leitura da legislação cambial do Banco Central do Brasil (Bacen) p.ex., Carta Circular Bacen 2.297, de 8 de julho de 1992, revogada pela Circular Bacen n° 3.249, de 30 de julho de 2004, revogada pela Circular Bacen n° 3.280, de 9 de março de 2005, que divulga o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI). “19. Assim sendo, ficam evidenciadas as premissas básicas para a não incidência, desde que a consulente seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica domiciliada no exterior, e totalize, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais, para conferência com o(s) contrato(s) de câmbio fechado(s) pelo agente/representante do contratante no exterior.” (g.n) No caso vertente, verificase que o Recorrente não trouxe, juntamente com sua manifestação de inconformidade e tampouco agora em sede de recurso voluntário, documentos que comprove de que é signatária de contrato de direito privado firmado com a(s) pessoa(s) jurídica(s) domiciliada(s) no exterior para a(s) qual(ais) alega ter prestado serviços, e nem os contratos de câmbio relativos aos respectivos pagamentos. Também não apresentou as cópias de notas fiscais relativas à prestação de serviços para pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior, totalizado, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais obrigatórios. Assim, não quedouse comprovado que a Recorrente possui contratos de direito privado firmado com a pessoa jurídica (armador) residente ou domiciliada no exterior e, também, que a mesma não conseguiu comprovar o ingresso de divisas e, tampouco, o nexo causal de ingresso de divisa por meio, de pagamento direto, mediante fechamento de câmbio Fl. 142DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10280.902967/201143 Acórdão n.º 3802003.986 S3TE02 Fl. 139 9 em banco devidamente autorizado; ou, por pagamento indireto, a débito da conta de custeio mantida pelo agente ou representante do armador adquirente do produto. Por conseguinte, acerca da comprovação de suas alegações, apenas aduziu, em sua manifestação de inconformidade, que: (...) Todas as despesas assumidas pelas empresas estrangeiras em território nacional estão pormenorizadamente identificadas com o navio e o percurso a que se vinculam. As notas fiscais de prestação de serviços permitem correlacionar a atividade da Consulente (enquanto fornecedora de serviços) àquela atividade desenvolvida pelos armadores estrangeiros em águas nacionais. Assim, a recorrente disponibiliza as notas fiscais para conferência, no momento em que Vossa Excelência entender ser devido (g.n). Em sede de recurso voluntário, repisa os mesmos argumentos acima reforçando que a Recorrente disponibiliza as notas fiscais para conferência, no momento em que a Fazenda entender ser devido. .Frisese, portanto, que os elementos probatórios (documentos, contratos, fechamento de câmbio, livros e as notas fiscais) e essenciais como provas, não foram anexadas aos autos e portanto não se pode acatar as alegações efetuadas de forma genérica pela recorrente, desprovidas de sua comprovação. Sabese que no contencioso administrativo de iniciativa do sujeito passivo, originado de pedidos de ressarcimento ou restituição ou de declarações de compensação, o crédito reivindicado consubstancia o “fato constitutivo” do direito do requerente e, portanto, fato este cuja prova lhe cabe, em princípio (CPC, artigo 333, I). Nesse diapasão, assinalese que o Decreto nº 70.235/1972, assim dispõe acerca do tema: “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) (grifouse) Como visto nos autos, quando da transmissão da DCOMP, a Recorrente era conhecedora das condições necessárias para não incidência da contribuição na situação que lhe geraria o suposto direito creditório e teria que apresentar as provas do cumprimento daquelas premissas com o seu recurso voluntário (Solução de Consulta nº 5, de 08 de fevereiro de 2007, PAF nº 10280.005047/200618). Fl. 143DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 10 Em síntese, a Recorrente não logrou comprovar que auferiu receitas que se subsumam ao art. 5º, II, da Lei nº 10.637/2002. Desta forma, é da Recorrente a responsabilidade pelo o não reconhecimento do direito creditório pleiteado em face da inexistência de prova de que a isenção da receita dos serviços prestados estejam, de fato, respaldados nas condições legais permissivas e portanto, resta caracterizado que as alegações da Recorrente não são suficientes a caracterizarem as condições previstas em lei. Conclusão Logo, tendo o Recorrente disposto de todas as oportunidades para comprovar seu direito creditório e não o fazendo no momento apropriado, e considerando o acima exposto e adotando os demais fundamentos do acórdão de primeira instância, com fulcro no art. 50, §1º, da Lei n. 9.784, de 1999, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 144DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10183.901235/2009-10
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2003,2004
RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA.
Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringe-se a aspecto preliminar de utilização em duplicidade do direito creditório anteriormente pleiteado. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRJ/CGE/MS, que originalmente proferiu a decisão de primeira instância.
Numero da decisão: 1803-002.531
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2003,2004 RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringe-se a aspecto preliminar de utilização em duplicidade do direito creditório anteriormente pleiteado. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRJ/CGE/MS, que originalmente proferiu a decisão de primeira instância.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10183.901235/2009-10
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5428179
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1803-002.531
nome_arquivo_s : Decisao_10183901235200910.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : CARMEN FERREIRA SARAIVA
nome_arquivo_pdf_s : 10183901235200910_5428179.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
id : 5821574
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:36:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475989774336
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 21; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1793; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 509 1 508 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10183.901235/200910 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1803002.531 – 3ª Turma Especial Sessão de 04 de fevereiro de 2015 Matéria PER/DCOMP Recorrente TODIMO TRANSPORTES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2003,2004 RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringese a aspecto preliminar de utilização em duplicidade do direito creditório anteriormente pleiteado. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRJ/CGE/MS, que originalmente proferiu a decisão de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 90 12 35 /2 00 9- 10 Fl. 509DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 510 2 A Recorrente formalizou originalmente o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 28810.65163.280905.1.3.048357, apresentada em 28.09.2005, utilizandose do crédito relativo ao pagamento a maior de Imposto sobre a renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$51.853,25 recolhido em 31.12.2004, apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados, fl. 07. De acordo com o Despacho Decisório Eletrônico, fl. 07, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido: Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 51.853,25 Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, não foi confirmada a existência do crédito informado, pois o DARF a seguir, discriminado no PER/DCOMP, não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. [...] Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. [...] Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, fls. 1124, com os argumentos a seguir discriminados. II. DA MATÉRIA DE FATO II.I. ORIGEM DO CREDITO: A Recorrente é contribuinte da IRPJ com base no lucro real, porém vinha recolhendo a Contribuição Social sobre Lucro Líquido, mensalmente, por estimativa, e ao final do exercício, encerrava seu balanço, donde verificava que em todos os períodos restava saldo negativo de IRPJ, ou seja, era recolhido mais que o realmente devido. Como citado recolhimento é passível de restituição ou compensação nos exercícios seguintes, a empresa Recorrente assim o fez: pretendeu compensar o montante devido nos exercícios subseqüentes, com o montante pago a maior nos exercícios anteriores, de tributos administrados pela Receita Federal. Quando da apreciação e análise das Per/DComp, e cruzamento dos dados com o constante deste escrito com as DCTF, e DIPJ, a Autoridade Administrativa desconsiderou o crédito informado, glosando a totalidade da compensação. Não houve defesa preliminar, e a autoridade, por Despacho Decisório, não homologou as compensações outrora pretendidas, conforme documento do Anexo II. Mencionado documento trata da Per/DComp nº 28810.65163.280905.1.3.04 8357, transmitida em 28/09/2005, apontando crédito do tipo "pagamento indevido ou a maior". Fl. 510DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 511 3 Tal evento ocorrera por um motivo justificável: erro formal, quanto ao preenchimento do campo específico informativo do "motivo" da compensação, através do "crédito" apontado naquele documento fiscal. Supracitado, campo, ao invés de fazerse constar "Saldo negativo / IR / Contribuição Social equivocadamente lançouse como "pagamento indevido ou a maior". Logicamente, a Autoridade, quando da verificação, determinou a apresentação das DARF, devidamente recolhidas, que concederiam à Recorrente, a solícita compensação pretendida e declarada nas escritas fiscais, por tratarse de "pagamento indevido ou a maior"; todavia, as DARF simplesmente não existiam. Ou seja: significa dizer que a Recorrente não possuía quaisquer créditos a compensar, porque tecnicamente não "despendeu pagamentos a maior"; entretanto, o crédito, sim, existe e foi oportunamente retificado e apresentado à autoridade julgadora, que nada fez. Ou seja, ainda que se tenha operado lançamento sob equivocada nomenclatura na Per/DComp, constando "pagamento indevido ou a maior estendendose o equívoco às DCTF, quando na realidade, o correto seria "Saldo Negativo / IR / Contribuição Social", os demais dados encontramse acertados à realidade tributária da empresa, tanto quanto, os valores constantes daquele documento, como créditos a serem compensados. Verdade Fática, Primazia da Realidade A autoridade administrativa glosou as compensações, com aparente "legalidade". Mas, os valores pagos "a maior", compensáveis com aqueles dos exercícios subseqüentes, realmente existem, devendo ser considerados pela autoridade administrativa. II.II. DAS PROVAS: Como prova cabal da origem do crédito citado alhures, a Recorrente apresenta nas planilhas do Anexo XV, que em apertada síntese, apresenta os seguintes resultados: Saldo Negativo IRPJ de 2002 R$11.476,98 Saldo Negativo IRPJ de 2003 R$14.770,36 Total R$26.247,34* * Sem correção pela Selic. A prova do pagamento e valores lançados nas planilhas, estão assim dispostas: b) Exercício de 2002: DCTF nos Anexos VI, VII, VIII e IX; c) Exercício de 2003 : DCTF nos Anexos XI, XII , XIII e XIV. Das compensações, expressamse na PER/DCOMP: a) 2º trimestre de 2005 : Anexo III; retificadora Anexo IV; Fl. 511DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 512 4 Já as declarações, que demonstram da existência do Saldo Negativo da Contribuição Social, estão devidamente demonstrados na DIPJ dos exercícios competentes, sendo: a) DIPJ 2003, Exercício 2002, à fl. 11, do Anexo V (R$11.476,98); b) DIPJ 2004, Exercício 2003, à fl. 11, do Anexo X (R$14.770,36); II. III. DO MONTANTE DO DÉBITO Necessário, após o que se descrevera acima, esboçar dos créditos lançados na Per/DComp 07509.75145.220205.1.3.046014. No quadro abaixo fica demonstrado o débito que foi objeto do pedido de compensação, que consta do Anexo III: Código Receita Período de Apuração Vencimento Valor Original do Débito (em reais) 5993 30/04/2005 31/05/2005 6.518,00 5993 31/05/2005 30/06/2005 982,20 5993 30/06/2005 31/07/2005 729,60 TOTAL 8.229,80 Vejam, Ilustres Julgadores, que se fez constar como tipo de crédito, no campo próprio, "Pagamento Indevido ou a Maior", apenas um erro formal. A Recorrente pretendeu corrigir o citado equívoco, com o preenchimento de uma Declaração de Compensação manual, retificadora, alterandose a origem do crédito utilizado, para: "Outros", detalhando "Saldo Negativo de IRPJ", como demonstra o documento do Anexo IV. Sem êxito, todavia, a pretendida retificação, vez que a autoridade administrativa sequer a analisou. E insta salientar: caberia a ela, obrigatoriamente, analisar. II.IV. DO MONTANTE DO CRÉDITO Nos anoscalendário de 2002 e 2003, a Recorrente pagou, por estimativa, valores superiores aos realmente devidos, a título de Contribuição Social, e isto, porque ainda que a empresa estivesse "dando prejuízos", ou seja, verificandose ausência de lucro, ainda assim, adiantava pagamentos sob código de receita 5993. Observando a DIPJ de 2003, do Anexo V, tanto quanto, as DCTF dos Anexos XI, XII, XIII e XIV, e cruzandose os dados com a Planilha "Apuração Saldo Negativo do Exercício de 2002" (Anexo XV), vêse um acúmulo de R$11.476,98 [...], montante pago por estimativa, e que não era devido, ante "ausência de lucratividade". Já analisandose a DIPJ de 2004, do Anexo X, e as DCTF dos Anexos XI, XII, XIII e XIV, e também, conflitando as informações da Planilha "Apuração Saldo Negativo do Exercício de 2003", constante do Anexo XV, temos valor negativo de saldo, de R$14.770,36 [...], na exata situação verificada do exercício anterior, supracitado. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 513 5 Portanto, quando da entrada do exercício fiscal de 2004, havia um crédito acumulado pela empresa, de R$26.247,34 [...], expresso nas planilhas citadas acima, do Anexo XV. Finalmente, pelo que s e extrai, portanto, das informações das DIPJ, tal qual das DCTF constantes deste petitório, e em conluio à Planilha "Apuração Saldo Negativo do Exercício de 2002 e 2003", do Anexo XV, exatamente quando se pretendeu à utilização d o crédito, no segundo trimestre do período fiscal de 2005, havia crédito mais do que suficiente para a compensação efetuada. Das planilhas respectivas (Anexo XV), vemos que a Recorrente utilizouse do IRPJ Saldo Negativo de períodos anteriores (ou R$26.247,34), para compensar através de DCOMP, os valores de R$6.518,00; R$982,20 e R$729,60, respectivamente, do 2º trimestre de 2005. No caso em comento, temos que a autoridade glosou a compensação efetuada no 2º trimestre de 2005 (R$8.229,80), justamente, por ausência da respectiva DARF, que provasse o "pagamento indevido ou a maior", quando realmente, a existência do crédito fosse flagrante, e apenas e tão somente, fosse lançado a origem do crédito equivocadamente, quando na verdade, o crédito decorria de "Saldo negativo IR CS". Evidente, com o cruzamento das informações que possibilitaram a edição das tabelas constantes do Anexo XV, que o crédito existe, está em valor correto, e que apenas restou equívoco quando do lançamento da "origem" do crédito, pretendido à compensação. III. DO DIREITO PLEITEADO DO ERRO DE FATO Conforme cabalmente demonstrado, pelos documentos em anexo, tanto quanto através das planilhas de cálculo apresentadas neste petitório, a Recorrente, embora contribuinte do CSLL e IRPJ com base no lucro real, recolhia os tributos, mensalmente, por estimativa, o que, ao final do balanço, lhe proporcionava saldo negativo, de Imposto de Renda ou Contribuição Social, justamente pelos recolhimentos a maior dos tributos, qual crédito se pretendia utilizar através do instituto da compensação. Como os recolhimentos eram feitos periodicamente, a Recorrente, certa de que cumpre com todas suas obrigações para com o Fisco, apurava o montante devido e efetuava as compensações nos exercício seguintes. Assim, a compensação se verificou com o montante devido no exercício subseqüente com o montante pago a maior no exercício anterior. Ocorre que, sob entendimento contrário, a Autoridade Administrativa desconsiderou a forma com que se as compensações foram feitas, opinando pela inexistência de créditos, de titularidade da Recorrente, passíveis de compensação, glosandoas da Per/DComp. In casu, há de se considerar, todavia, a existência de um erro meramente formal, isto porque a Recorrente recolhia, de boafé, mês a mês, os tributos por estimativa, e o valor recolhido a maior, que inclusive constava da DIPJ anual, fora regularmente compensado. Logo, ainda que aparentemente a decisão da autoridade administrativa, de não homologar as compensações pretendidas e constantes da Per/DComp, sob o fundamento de que não foram apresentadas as DARF correspondentes do Fl. 513DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 514 6 "pagamento indevido ou a maior", os recolhimentos estimados configuram meras antecipações do tributo devido, a ser apurado a posteriori; se ocorreu qualquer equívoco, o erro foi meramente formal, portanto passível de alteração ou correção, isto em razão de que a finalidade pretendida pela Recorrente foi diversa daquela ora analisada pelo agente administrativo. Pretendendo a correção do equívoco, operou a contribuinte ora Recorrente à Declaração de Compensação Retificadora (Anexo IV); todavia, não trouxe ao documento, informações complementares, que lhe permitiriam êxito na retificação da Per/DComp. Pertinente mencionar também, que a pretendida retificação resta autorizada pela Instrução Normativa SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005, que assim dispôs em seus artigos 56, 57, 58 e 59 [...]. No caso, exatamente é o que se verifica do art. 56, parágrafo único. Pretendeu a Recorrente fazer a retificação através de formulário de papel, baseado na entrega da Per/DComp (Anexo IV). Corolário lógico, e em observância ao disposto no art. 58, temos que a Recorrente pretendera à apresentação de Declaração de Compensação Retificadora, por formulário de papel, exatamente por "inexatidões materiais verificadas no preenchimento do referido documento". Justamente, porque como podem observar Vossas Senhorias, aos documentos anexados, que o crédito é existente, fazendose apenas menção errônea à "origem do crédito". Em primeiro lugar, lançara a Recorrente sob título de "pagamento indevido ou a maior"; e, quando da retificação, apontou corretamente a origem creditícia: "Saldo Negativo de IR / Contribuição Social". Ocorreu exatamente a hipótese prevista na IN 600/2005, e artigos supracitados. A Recorrente quis corrigir o equívoco do lançamento da origem do crédito, erro meramente de preenchimento do documento, através da apresentação da declaração retificadora (Anexo IV); todavia, a autoridade sequer a apreciou. Nem se diga que o caso em análise se tratou da hipótese do art. 59, acima transcrito, pois que quando da retificação, através do formulário de papel, não se pretendeu a reconhecimento de crédito em montante superior ao declarado; nem inclusão de novo débito. Ressaltese que a Recorrente somente pretendeu à correção de preenchimento da per/dcomp, através da retificação, no campo próprio, a fazer constar que o crédito era oriundo de "Saldo Negativo / IR / CS", e nada mais. Inegável, portanto, que a compensação, e respectiva retificação, encontramse arraigadas pelo abstrato legislativo aplicável à espécie, ou, IN 600/2005, da SRF. Indeferido novamente o intento compensatório, restou por mantida a glosa do crédito. E, corolário lógico, pendente de pagamento os valores dantes objeto de compensação. Por mais que se vislumbre os atos administrativos como "atividade vinculada", a sua revisão poderá vir a ser concretizada, quando, dentre outros, se verifique a existência de erro meramente formal ou "de fato", até porque o direito da Recorrente quanto ao pedido de restituição dos créditos tributários não pode restar prejudicado, vez que ao créditos existem, como exaustivamente provado. Fl. 514DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 515 7 Por sinal, o princípio da razoabilidade exige que no presente caso, a conduta do agente administrativo deve estar norteada pelo bom senso, desprovida de caprichos ou arbítrios, devendo estar atento à finalidade pretendida quando efetuado o pedido de restituição e compensação (Per/DComp), bem como aos valores universalmente vigentes. Por acaso seria razoável a Recorrente ter seu pedido de restituição indeferido apenas em razão de um erro simplesmente formal? A empresa incorreria em inúmeros prejuízos financeiros como multas, impossibilidade de novas compensações, sujeição à execuções fiscais, falta de caixa, etc, podendo, inclusive, ter a regular continuidade de suas atividades prejudicada. Tudo, causado por um erro ínfimo quando da elaboração do pedido, e errôneo preenchimento do campo "Origem do Crédito". Todavia, como pessoas altamente capacitadas à fiel consecução das atividades administrativas que são, os agentes fiscais tinham o poder/dever, tendo em vista bom senso e a razoabilidade, interpretar o pedido da Recorrente, como a praxe daqueles realizados, retificando eventuais inexatidões. [...] Como visto o erro de fato não obsta qualquer hipótese de compensação do crédito tributário, isto porque se tem a visão de que a intenção do contribuinte era de realmente atuar nos moldes estabelecido na lei, fazendo com que o crédito tributário seja extinto por expressa autorização legal. No presente caso, fica provada a existência do crédito tributário e a ocorrência de erro formal no preenchimento da per/dcomp, qual inclusive pretendera a Recorrente retificar, ainda que sem sucesso. E plenamente escusável tal erro de fato, devendo inclusive, ter sido de oficio corrido pela autoridade administrativa. [...] Neste ínterim, podese dizer inclusive que acaso a Autoridade Administrativa houvesse cruzado dos dados da Per/DComp, das DCTF, tanto quanto das DIPJ apresentadas, poderia, ex officio, ter procedido à correção do malfadado equívoco; ou alternativamente, solicitado à Recorrente, que prestasse informações, ante a divergência verificada, entre "fatos" e o constante dos documentos fiscais. É certo que diante de todas as alegações já apresentadas não paira dúvida de que, quanto a presente falha, em decorrência do erro humano, no caso em comento, totalmente defeso subverterse a verdadeira natureza fática, ou seja, a finalidade pretendida, e o real direito da contribuinte, ora Recorrente, ainda que, frente ao equívoco, pelo não êxito de retificação daquela, pelos meios disponíveis. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Ante o exposto, requer que seja recebido o presente recurso e que em seu mérito: a) Seja reconhecido o crédito d a recorrente, determinandose a homologação da compensação constante da PER/DCOMP e posterior Declaração de Compensação Retificadora, e corolário lógico, declarando esse Colendo Colegiado extinto Fl. 515DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 516 8 definitivamente o débito tributário nos termos do artigo 156, inciso II do Código Tributário Nacional; a.1) Ou, alternativamente, seja considerada possível a retificação apresenta (Anexo IV), por estar r alterando apenas erro formal (de preenchimento), e que seja determinada a autoridade julgadora a nova análise do processo considerando as alterações introduzidas pelo pedido retificador desta Per/DComp. b) Em não sendo julgado procedente nenhum dos pedidos supra descritos, reconheça a possibilidade de utilização dos créditos de Saldo Negativo do Imposto de Renda e da Contribuição Social em períodos futuros, pelo prazo de 5 (cinco) anos da decisão definitiva, ou seja, que durante o processo administrativo ocorra a suspensão da prescrição conforme definido já na majoritária decisão deste órgão. c) Seja possibilitado à contribuinte fazerse representar por s e u procurador e advogado, quando d a Sessão de Julgamento, para fins de sustentação oral, para tanto, intimandose da data e hora a realizarse. A Recorrente apresenta em 13.03.2009 o Per/DComp retificador em formulário papel utilizandose do crédito relativo ao somatório dos saldos negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor de R$8.229,90, que foi analisado como sendo referente aos anos calendário de 2002 e 2003 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados, fl. 59, tendo em vista a aplicação do princípio da verdade material, nos termos da Informação Fiscal Seort DRF/Cuiabá/MT nº 0258/13, fls. 357358, em cujo teor consta: IRPJ – ANOCALENDÁRIO 2002/2003 Proposta de diligência por parte da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS). Foi enviado ao Seort pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) uma Proposta de Diligência referente a contribuinte Todimo Transportes Ltda, CNPJ 26.792.523/000101. A Proposta de Diligência solicita que a contribuinte seja intimada a definir a que período pertence o saldo negativo que deseja utilizar como crédito e, em seguida, para que o setor competente efetue a análise dos documentos apresentados, pronunciandose sobre a disponibilidade do crédito e a possibilidade de homologação da compensação declarada, levando em conta inclusive a provável existência de outras Dcomps relacionadas. Está registrado como ementa do Acórdão da 2ª TURMA/DRJ/CGE/MS nº 0433.983, de 29.10.2013, fls. 364370: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. CONHECIMENTO PARCIAL. Conhecese parcialmente da manifestação de inconformidade no caso de parte das razões não serem pertinentes ao litígio instaurado. PRIMEIRA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO. SUSTENTAÇÃO ORAL. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 516DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 517 9 Não há previsão para sustentação oral por advogado do contribuinte na sessão de julgamento administrativo em primeira instância. DCOMP. DUPLICIDADE. Tendo havido duplicidade quanto aos créditos declarados em DCOMP’s, não se reconhece aquele da declaração apresentada posteriormente ao reconhecimento do informado na primeira. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Notificada em 26.12.2013, fl. 389, Recorrente apresentou o recurso voluntário em 22.01.2014, fls. 385400, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Acrescenta que: II. DO DIREITO II.I DA CONTEXTUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DA RECORRENTE Antes de passar à análise do mérito, é preciso repisar que a Recorrente solicitou equivocadamente o ressarcimento/compensação de diversos créditos a título de pagamento indevido ou a maior, quando na verdade o crédito decorreu de saldo negativo de IRPJ. Nestes casos, a jurisprudência administrativa reconhece o erro do contribuinte e admite a retificação da declaração equivocadamente transmitida. Aliás, importante destacar, a título de exemplo, que foi dada à Recorrente essa faculdade em diversos procedimentos. Vale dizer, a possibilidade de indicação substitutiva de crédito de saldo negativo foi conferida nos processos administrativos fiscais nº 10183.901235/2009 10, nº 10183.901945/200940, nº 10183.901716/200844, nº 10183.901919/200831, nº 10183.901235/200910, nº 10183.900996/200610, nº 10183.900995/200667, nº 10183.901918/200896, nº 10183.901919/200831 entre outros, todos estes envolvendo a Recorrente. [...] Cumpre alertar que o procedimento de retificação que vem sendo facultado á Recorrente, invariavelmente, conduziria a desencontros de informações. É o que ocorreu no presente caso, sobretudo em razão do vasto período de tempo que tal medida se prolongando. No caso em tela, a primeira Per/DComp foi apresentada em 2005 e a primeira decisão somente veio a ser proferida em 2009 (quatro anos após). Neste momento, em janeiro de 2014, ainda se pretende esclarecer uma situação que ocorrera há quase 10 anos. Também não se pode negar que as homologações supervenientes, vale dizer, os acórdãos da DRJ e do CARF que determinam o reconhecimento do crédito, abrindo a oportunidade da a Recorrente indicar o correto período do saldo negativo, pode ter causado uma defasagem nos bancos de dados da Receita Federal, que passaram a ficar desatualizados em face das decisões recentes. Fl. 517DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 518 10 No caso em tela, há evidente desencontro de informações, aliado à desatualização dos bancos de dados da Receita Federal por força das decisões emanadas pela DRJ e pelo CARF, consoante se passará a demonstrar adiante, para ao final requerer o que segue. II.II. DO ERRO MATERIAL PROVA INEQUÍVOCA DAS ALEGAÇÕES DA RECORRENTE Apenas por cautela, cumpre verberar que não há dúvida que a Recorrente efetivamente pagou, guiada pela boafé, mensalmente, os tributos por estimativa, fazendoos constar na DIPJ anual. Logo, se ocorreu qualquer equívoco quando do pedido de ressarcimento/compensação, tratase de erro meramente formal, passível de alteração ou correção. Notese que está absolutamente comprovado nos autos que a intenção da Recorrente ao apresentar a Per/DComp nº 28810.65163.280905.1.3.048357 foi diversa daquela que efetivamente se fez constar no aludido documento. Para desfazer o equívoco, foi apresentada declaração retificadora (anexo IV da petição de fls. 2/15). Pertinente recordar que a pretendida retificação era admitida pela Instrução Normativa SRF n° 600/2005, nos termos dos arts. 56, 57, 58 e 59 [...]. No caso, é exatamente o que se verifica do art. 56, parágrafo único. Pretendeu a Recorrente fazer a retificação através de formulário de papel, baseado na entrega da Per/DComp (Anexo IV da petição de fls. 58/61). Corolário lógico, e em observância ao disposto no art. 58, temos que a Recorrente pretendera à apresentação de Declaração de Compensação Retificadora, por formulário de papel, exatamente por "inexatidões materiais verificadas no preenchimento do referido documento". Logo, o crédito existe, como podem observar Vossas Senhorias por meio dos documentos anexados à primeira defesa dos autos, sendo equivocada apenas a menção à sua origem. Ocorreu exatamente a hipótese prevista na IN 600/2005, e artigos supracitados. A Recorrente pretendeu corrigir o equívoco do lançamento da origem do crédito, erro meramente de preenchimento do documento, através da apresentação da declaração retificadora (Anexo IV da petição de fls. 58/61). Ressaltese que a Recorrente somente pretendeu à correção de preenchimento da per/dcomp, através da retificação, no campo próprio, a fazer constar que o crédito era oriundo de "Saldo Negativo / IR / CS". Nada mais! Inegável, portanto, que a compensação, e respectiva retificação, encontramse arraigadas pelo diploma legislativo aplicável à espécie: IN 600/2005, da SRF. Em tempo, devese prestigiar o princípio da razoabilidade, segundo o qual o agente administrativo deve guiarse pelo bom senso, desviandose de entendimentos caprichos ou arbitrários. E mais, deve estar atento à finalidade pretendida quando efetuado o pedido de restituição e compensação (Per/DComp), bem como aos valores universalmente vigentes. Cumpre questionar: seria razoável a não homologação do pedido em questão em razão apenas de simples erro simplesmente formal? Se a resposta for positiva, a empresa incorreria em inúmeros prejuízos financeiros como multas, impossibilidade de novas compensação, sujeição a execuções fiscais, falta de caixa, etc, podendo, inclusive, ter a regular continuidade Fl. 518DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 519 11 de suas atividades prejudicada. Tudo em razão de um erro ínfimo e errôneo quando da elaboração do pedido, especificamente no campo "Origem do Crédito". Todavia, como pessoas altamente capacitadas à fiel consecução das atividades administrativas que são, os agentes fiscais têm o poder/dever, em razão da margem de interpretação fornecida pelo princípio da razoabilidade, de interpretar o pedido da Recorrente, como a praxe daqueles realizados, retificando eventuais inexatidões. [...] Isto posto, pugnase sejam consideradas os dispositivos legais, doutrinas e jurisprudências supra, bem como o que mais consta na petição de fls. 06/22 e anexos. II.III. DA AUSÊNCIA DE DUPLICIDADE DE PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DO SALDO NEGATIVO DE 2001 Comprovada a possibilidade de retificação da declaração originária, especialmente nos casos em que se verifica erro formal do contribuinte, aliado à sua mais absoluta boafé, cumpre demonstrar, doravante, que a análise levada à efeito pelo AFRFB na Informação Fiscal de fls. 357 está equivocada, data venia. Segundo afirmou a DRJ (fls. 36/70), com base nas informações colhidas em diligência (fls. 340), o crédito de saldo negativo apontado pela Recorrente na peça de fls. 303 teria sido consumido em razão da apresentação dos Per/DComp nº 266233612 e nº 053302852. Ocorre que a afirmação está equivocada, uma vez que o Per/DComp nº. 5330 2852 foi homologado parcialmente. Vale dizer, uma parcela do crédito indicado na indigitada compensação (R$11.663,5) não foi utilizado, tendo em vista que ainda se encontra pendente de homologação. Nesse sentido, importante elucidar que a referida Per/DComp nº 053302852 tratou de indicar um crédito que então configurava o montante de R$14.770,36 [..], dos quais apenas R$3.107,21 [...] foram homologados, posto que adimplidos por meio de DARF's, conforme demonstra o campo "Pagamentos Confirmados" do extrato da Receita Federal do Brasil (Anexo III). Por outro lado, consoante também se nota em mesmo extrato da RFB (Anexo III), houve uma "sobra" de crédito correspondente à soma de R$11.663,15 [...], os quais se encontram como "compensação não confirmada". Nesse ponto, importante salientar que tal "não confirmação" se deve ao fato de todas as DCOMP's integrantes da PER/DCOMP n. 053302852 quais sejam as de n. 04475.77766.150803.1.3.046400, 7936.88557.231003.1.3.04¬ 5500 e 09245.02267.110204.1.3.042890 encontraremse pendentes de homologação exatamente pelo mesmo impasse descrito anteriormente, ou seja, de mero erro formal quando do seu preenchimento. Relevante sublinhar, ainda, que a Recorrente já se valeu de ações administrativas para o reconhecimento desses créditos, as quais se encontram hodiernamente pendentes de resolução, conforme se comprova dos extratos do sistema COMPROT em anexo IV, demonstrando, inclusive, que se tratam de processos administrativos versando sobre "pagamento a maior ou indevido". Observese, ainda, que o valor pendente de homologação na Per/DComp de nº 053302852 (R$11.663.15) configura soma muito superior ao valor do debite carente de pagamento naquela Per/DComp, consistente em R$720,49 [...]. Fl. 519DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 520 12 Com efeito, se considerarmos os valores referidos acima, teremos que a homologação dos créditos apresentados e ainda pendentes de confirmação seria suficiente ao adimplemento de todo o valor ainda devido e ainda acarretaria uma "sobra" de R$10.942.66 [...]. Valor esse que, inclusive, se mostra plenamente capaz % de adimplir, com folga, os débitos alvos da Per/DComp nº 28810.65163.280905.1.3.048357, correspondentes a R$8.229.80 [...] Portanto, estão equivocados o acórdão da DRJ (fls. 364) e a informação do AFRFB (fls. 357), uma vez que existe saldo negativo de 2003 não utilizado no Per/DComp nº 053302852. Dessa forma, pugnase seja anulada a decisão da DRJ e determinada a suspensão do presente processo administrativo fiscal, até que os valores ainda carentes de homologação referentes à Per/DComp nº 053302852 encontrem sua resolução, por ser medida de Justiça! II.IV. SUBSIDIARIAMENTE DO NOVO PERÍODO DE SALDO NEGATIVO Conforme dito, a possibilidade de substituir o crédito inexiste pelo saldo negativo da recorrente decorre da constatação de evidente erro e da absoluta boafé da recorrente. Em todos os casos idênticos ao presente, que envolveram a recorrente4, houve o provimento dos pedidos de homologação. De toda forma, seguindo a mesma conduta que a recorrente adotou em todos, absolutamente todos, os procedimentos idênticos ao presente, apontase, ad cautelam, novo crédito jamais utilizado e dentro do período prescricional que antecede a transmissão do Per/Dcomp nº 28810.65163.280905.1.3.048357, a saber: Período do Saldo Negativo Tributo Valor Original AnoCalendário 2004 CSLL R$15.478,57 Assim, pugnase pela juntada da DIPJ 2005, onde constam todos os pagamentos e demonstrações que tornam induvidoso o saldo negativo de IRPJ apurado anocalendário de 2004. Reiterando o que já foi dito na petição de fls. 11 a 25, bem como no item II.I. (supra), tratase de mero erro formal, que não impede a retificação, sobretudo quando fica evidente que a contribuinte agiu de boafé, entregando todos os seus documentos fiscais que comprovam a existência do débito e que comprovam, também, que a informação constante na Per/DComp nº 28810.65163.280905.1.3.04 8357 está em descompasso com a realidade. II.V. DA DILIGÊNCIA Caso Vossas Senhorias entendam pela necessidade de maiores documentos e esclarecimentos, seja quanto ao saldo negativo de 2001, 2002 ou 2003, pugnase seja convertido o julgamento em diligência para que a Recorrente possa comprovar derradeiramente a higidez de seu crédito (art. 18, Dec. nº 70.235/72). Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Fl. 520DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 521 13 Conclui que: Ante ao exposto, pugnase seja conhecido o presente recurso voluntário e julgado totalmente procedente os pedidos, para o especial fim de: (i) DETERMINAR a suspensão do presente processo administrativo, a fim de aguardar o desfecho das DCOMP's integrantes do Per/DComp nº 05330.97007.251108.1.7.022852, que pendentes de homologação, para, após, determinar a compensação requerida nestes autos, conforme item II. III; (ii) SUBDSIDIARIAMENTE, determinar a utilização do saldo negativo de CSLL de 2005 no presente Per/DComp, conforme item II.IV.; (iii) CONVERTER o julgamento em diligência, acaso entendam necessário, para que a recorrente possa apresentar mais documentos e informações, à semelhança do que ocorreu em diversos outros processos idênticos. Protestase, desde já, pela juntada de novos documentos que porventura se façam necessários, motivo pelo qual a Recorrente colocase à inteira disposição das autoridades fiscais. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). A Recorrente suscita que o Per/DComp retificador deve ser deferido, já que remanescem valores a serem reconhecidos a título de somatório dos saldos negativos de IRPJ dos anoscalendário de 2002 e 2003. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Assim até 30.09.2002 a compensação entre tributos da mesma espécie poderia ser tão somente registrada nos assentos contábeis do sujeito passivo, que não apurados em procedimento de ofício, independentemente de requerimento (art. 14 da Instrução Normativa SRF nº 21, de 10 de março de 1997). Fl. 521DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 522 14 Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 1. A Per/DComp é modo de constituição do crédito tributário e de confissão de dívida, bem como instrumento hábil e suficiente para inscrição em Dívida Ativa da União dispensando, para isso, o lançamento de ofício234. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso Especial Repetitivo nº 1101728/SP 5, cujo trânsito em julgado ocorreu em 29.04.2009 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF6. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais7. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. 1 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 2 Fundamentação Legal: DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984 e Portaria do MF nº 118, de 28 de junho de 1984. 3 BRASIL. Câmara Superior de Recursos Fiscais. Acórdão nº 40201967. Conselheiro Relator: Henrique Pinheiro Torres, Segunda Turma, Brasília, DF, 4 de julho de 2005. Disponível em: <http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:camara.superior.recursos.fiscais;turma.1:acordao:200507 04;40201967> Acesso em: 09 mar. 2012. 4 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 126, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa SRF nº 255 de 11 de dezembro de 2002, Instrução Normativa SRF nº 482, de 21 de dezembro de 2004, Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007, Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008, A Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 e Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010. 5 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1101728/SP. Ministro Relator:Teori Albino Lawascki, Primeira Seção, Brasília, DF, 11 de março de 2009. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/jsp/revista/abreDocumento.jsp?componente=ITA&sequencial=864597&num_reg istro=200802440246&data=20090323&formato=PDF>. Acesso em: 06 mar.2012. 6 Fundamentação legal: art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. 7 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 522DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 523 15 Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta excluídos, via de regra, as vendas canceladas, os descontos concedidos incondicionalmente e os impostos incidentes sobre vendas. Excepcionalmente a legislação prevê taxativamente as hipóteses em que a pessoa jurídica pode deduzir outras parcelas da receita bruta. O lucro bruto é o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua seu objeto e corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços e o custo dos bens e serviços vendidos. O lucro operacional é o lucro bruto excluídos os custos e as despesas operacionais necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora incorridas para a realização operações exigidas pela sua atividade econômica apropriadas simultaneamente às receitas que gerarem, em conformidade com o regime de competência e com o princípio da independência dos exercícios. O lucro líquido é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações e deve ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial8. A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do IRPJ pelo regime de tributação com base no lucro real anual deverá apurar o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões legais em 31 de dezembro de cada ano. A pessoa jurídica pode deduzir do tributo devido o valor dos incentivos fiscais previstos na legislação de regência, do tributo pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real, bem como o IRPJ determinado sobre a base de cálculo estimada no caso utilização do regime com base no lucro real anual, para efeito de determinação do saldo de IRPJ a pagar ou a ser compensado no encerramento do ano calendário, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza9. Ainda sobre o Per/DComp, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, determina que cabe a RFB disciplinar a matéria. No exercício da competência regulamentar, foi editada Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, que fixava que o Per/DComp somente pode ser retificado pelo sujeito passivo caso se encontre pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador. Adotando basicamente os mesmos critérios a respeito da retificação do Per/DComp, atualmente a matéria está prevista a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. 8 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 9 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. Fl. 523DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 524 16 No sistema eprocesso, analisando os processos da Recorrente temse que: 10183.900996/200610 crédito referente ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (IRPJ), código 2484, no valor de R$3.643,06 recolhido em 31.11.2003 (Per/DComp nº 1885.52419.231003.1.3.04.7186), que se encontra pendente de julgamento do recurso especial da PGFN; 10183.900449/200979 crédito referente ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (IRPJ), código 2484, no valor de R$40.042,82 recolhido em 31.12.2003 (Per/DComp nº 07509.75145.220205.1.3.046014), que se encontra em julgamento na segunda instância; 10183.901919/200831 crédito referente ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (IRPJ), código 2484, no valor de R$41.375,66 recolhido em 30.06.2004 (Per/DComp nº 24816.23979.121104.1.3.045656), que se encontra pendente de julgamento em segunda instância; 10183.901945/200940 crédito referente ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (IRPJ), código 2484, no valor de R$55.234,96 recolhido em 31.12.2004 (Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.040057), que se encontra em julgamento na segunda instância; 10183.900995/200667 crédito referente ao pagamento a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$4.236,17 recolhido em 30.10.2003 (Per/DComp nº 27936.86557.231003.1.3.045500), que se encontra no arquivo único; 10183.901716/200844 crédito referente ao pagamento a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$42.812,71 recolhido em 31.12.2003 (Per/DComp nº 17527.69428.110804.1.3.048220), que se encontra pendente de julgamento em segunda instância; 10183.901918/200896 crédito referente ao pagamento a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$32.114,15 recolhido em 30.06.2004 (Per/DComp nº 02361.09942.121104.1.3.045347), que se encontra pendente de julgamento em segunda instância; 10183.901235/200910 – crédito referente ao pagamento a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$51.853,25 recolhido em 31.12.2004 (Per/DComp nº 28810.65163.280905.1.3.048357), que se encontra em julgamento na segunda instância. A Recorrente procura demonstrar que o crédito utilizado era em verdade relativo aos saldo negativo de IRPJ dos anoscalendário de 2002 e 2003 nos valores respectivos de R$19.346,77 e R$10.329,28 e para tanto apresenta o Per/DComp retificador em formulário em 13.03.2009 com essas informações, fls. 4951. Houve realização de diligência em sede de primeira instância de julgamento cujas informações fiscais constam às fls. 357358, da qual a Recorrente foi validamente cientificada, fl. 360: Fl. 524DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 525 17 Foi enviado ao Seort pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) uma Proposta de Diligência referente a contribuinte Todimo Transportes Ltda, CNPJ 26.792.523/000101. A Proposta de Diligência solicita que a contribuinte seja intimada a definir a que período pertence o saldo negativo que deseja utilizar como crédito e, em seguida, para que o setor competente efetue a análise dos documentos apresentados, pronunciandose sobre a disponibilidade do crédito e a possibilidade de homologação da compensação declarada, levando em conta inclusive a provável existência de outras Dcomp’s relacionadas. Feita a intimação (fl. 333), a interessada manifestouse (fls. 338 a 356) informando os seguintes períodos para utilização do crédito de Saldo Negativo de IRPJ: AnoCalendário Valor Original 2002 R$11.476,98 2003 R$14.770,36 TOTAL R$26.247,34 Em consulta aos sistemas fazendários, constatouse que já existem Dcomp’s analisadas (fls. 338 a 356) para os mesmos períodos objetos do pedido, referente a Crédito de Saldo Negativo de IRPJ; segue tabela: AnoCalendário Per/DComp Valor do Saldo Negativo Valor RDC Data do Despacho Decisório 2002 26623.17631.051006.1.3.023612 11.476,98 11.476,98 13/10/2009 2003 05330.97007.251108.1.7.022852 14.770,36 3.107,21 04/07/2013 Deste modo, pronunciandose sobre a disponibilidade do crédito e a possibilidade de homologação da compensação declarada, verificase a duplicidade do pedido, não subsistindo crédito algum informado no Per/DComp nº 28810.65163.280905.1.3.048357, tampouco em sua retificação, realizada por meio de formulário (fls. 59 a 61). Tendo sido atendida a solicitação de diligência proposta pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) e prestados os esclarecimentos a respeito do saldo negativo de [IRPJ], proponho o retorno do presente processo à referida DRJ. A Recorrente reitera em várias oportunidades na peça recursal que o direito creditório referese somatório dos saldos negativos de IRPJ dos anoscalendário de 2002 e 2003 e procura minuciosamente demonstrar a sua liquidez e certeza. A decisão de primeira instância de julgamento acatou a retificação do Per/DComp, tendo em vista a observância do princípio da verdade material. Na diligência restou evidenciado que os referidos saldos negativos de IRPJ dos anoscalendário de 2002 e 2003 foram utilizados nos Per/DComp nºs 26623.17631.051006.1.3.023612 e 05330.97007.251108.1.7.022852. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 526 18 Analisando as informações constantes nos Per/DComp que foram objeto da Informação Fiscal Seort DRF/Cuiabá/MT e da decisão de primeira instância de julgamento temse que: a) o de nº 26623.17631.051006.1.3.023612, fls. 338345: tipo de documento : declaração de compensação; valor do saldo negativo do ano calendário de 2002 R$11.476,98; total de crédito original utilizado nesta DComp R$11.180,95; saldo do crédito original R$296,03; (b) 05330.97007.251108.1.7.022852, fls. 346353: tipo de documento : declaração de compensação; valor do saldo negativo do ano calendário de 2003 R$14.770,36; total de crédito original utilizado nesta DComp R$3.003,40; saldo do crédito original R$11.766,96. O Pedido de Restituição tem natureza distinta da Declaração de Compensação, conforme as normas de regência distinguem e que está refletido no sistema interno da RFB próprio para transmissão do Per/DComp. No preenchimento do Per/DComp o sujeito passivo deve indicar o tipo de documento, se Pedido de Restituição ou se Declaração de Compensação. No Pedido de Restituição o direito creditório pleiteado e devidamente reconhecido se não utilizado em sua totalidade para compensação dos débitos indicados nas DComp em uma oportunidade, fica resguardado o direito do sujeito passivo de utilização posterior do saldo porventura remanescente em outras DComp apresentadas posteriormente, caso em afastase o aspecto temporal, nos termos da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012 que foi editada no exercício da competência prevista no § 14 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 41. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 56 a 60, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB da Declaração de Compensação gerada a partir do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação à RFB do formulário Declaração de Compensação constante do Anexo VII a esta Instrução Normativa, ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 527 19 § 2º A compensação declarada à RFB extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento. [...] § 4º A Declaração de Compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. [...] § 7º Os débitos do sujeito passivo serão compensados na ordem por ele indicada na Declaração de Compensação. § 8º A compensação de crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, será efetuada pelo sujeito passivo mediante a apresentação da Declaração de Compensação [...] § 10. O sujeito passivo poderá apresentar Declaração de Compensação que tenha por objeto crédito apurado ou decorrente de pagamento efetuado há mais de 5 (cinco) anos, desde que referido crédito tenha sido objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento apresentado à RFB antes do transcurso do referido prazo e, ainda, que sejam satisfeitas as condições previstas no § 5º. No caso em que o sujeito passivo apresenta tão somente a DComp e o crédito efetivamente utilizado restringirseá ao valor total dos débitos ali confessados. A natureza do direto creditório ali discriminado, não sendo absorvido integralmente pelos débitos, a legislação resguarda o direito de o sujeito passivo utilizar o saldo do crédito original para que o utilize em outra DComp, desde que observadas as condições legais, entre elas o aspecto temporal. A Recorrente fez prova de que houve equívoco na Informação Fiscal Seort DRF/Cuiabá/MT e na decisão de primeira instância, porque não se tratam de Pedidos de Restituição e sim de Declarações de Compensação. A Recorrente apresentou Declarações de Compensação em outro procedimento como está registrado na Informação Fiscal Seort DRF/Cuiabá/MT e na decisão de primeira instância nos seguintes montantes: valor do saldo negativo do ano calendário de 2002 R$11.476,98; e valor do saldo negativo do ano calendário de 2003 R$14.770,36. Nas DComp analisadas em outro procedimento remanescem saldos de créditos, conforme expresso nos próprios documentos, que observadas as condições legais, podem ser analisados nos presentes autos: saldo do crédito original do ano calendário de 2002 R$296,03; e saldo do crédito original do ano calendário de 2003 R$11.766,96. A Recorrente apresenta em 13.03.2009 o Per/DComp retificador em formulário papel utilizandose do crédito relativo ao somatório dos saldos negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), no valor de R$8.229,80, que foi analisado como Fl. 527DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 528 20 sendo referente aos anoscalendário de 2002 e 2003 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados, fl. 59, tendo em vista a aplicação do princípio da verdade material. Desse modo, a liquidez e a certeza da existência do direito creditório relativo aos saldos negativos de IRPJ dos anoscalendário de 2002 e 2003 supostamente remanescentes foram evidenciados nos autos para fins de compensação dos débitos confessados, mesmo porque não foram objeto de avaliação em outro procedimento. Cumpre registrar, inclusive, que, enquanto a Recorrente não for cientificada de uma nova decisão quanto ao mérito de sua compensação, os débitos compensados permanecem com a exigibilidade suspensa, por não se verificar decisão definitiva acerca de seus procedimentos. E, caso tal decisão não resulte na homologação total das compensações promovidas, develhe ser facultada a oposição de novas peças de defesa, possibilitandolhe a discussão do mérito da compensação nas duas instâncias administrativas de julgamento, nos termos do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 197210. Os efeitos do acatamento da preliminar da possibilidade de deferimento dos Per/DComp afastamento a preliminar de utilização em duplicidade do direito creditório anteriormente pleiteado., impõe, pois, o retorno dos autos à DRJ/CGE/MS para que seja analisado o mérito do pedido e evitar supressão de instância. Devem ser examinadas a origem e a procedência do crédito pleiteado, em conformidade com a escrituração mantida com observância das disposições legais, desde que comprovada por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, bem como com os registros internos da RFB. Também devem ser avaliados conjuntamente os Per/DComp que tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas, se for o caso11. Em assim sucedendo, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário e determinar o retorno dos autos à autoridade julgadora para apreciar o acatamento da retificação do pleito inicial e o mérito do litígio e ainda para reconhecer a possibilidade de formação do somatório dos saldo negativos de IRPJ dos anoscalendário de 2002 e 2003 no valor total de R$8.229,80 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados, mas sem homologar a compensação por ausência de análise do mérito pela DRJ/CGE/MS, que originalmente proferiu a decisão de primeira instância, com o conseqüente retorno dos autos a essa unidade da RFB, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido no Per/DComp retificador, inclusive no que diz respeito à juntada por anexação dos processos administrativos, cujas declarações tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas, se for o caso12. 10 Fundamentação legal: art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. 11 Fundamentação legal: art. 9º do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008. 12 Fundamentação legal: Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008. Fl. 528DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901235/200910 Acórdão n.º 1803002.531 S1TE03 Fl. 529 21 (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 529DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 10580.730957/2011-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA SOBRE A REMUNERAÇÃO DE CORRETORES.
No caso de compra e venda de imóveis com a participação de corretores, ainda que todas as partes do negócio acabem usufruindo dos serviços de corretagem, a remuneração é devida por quem contratou o corretor, ou seja, em nome de quem atua. Nesse sentido, ensina Orlando Gomes que se somente uma das partes haja encarregado o corretor de procurar determinado negócio, incumbe-lhe a obrigação de remunerá-lo. E ainda, entre nós, quem paga usualmente a comissão é quem procura os serviços do corretor (GOMES, Orlando. Contratos. 20ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 382).
É legítimo que, após a prestação dos serviços no interesse de uma das partes, haja estipulação de cláusula de remuneração, por se tratar de direito patrimonial, disponível. No entanto, tal prerrogativa não significa dizer que não houve ainda a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias, pois o crédito jurídico do corretor decorre de sua prévia prestação de serviços, ainda que a quitação seja perpetrada, posteriormente, por terceiro (adquirente).
Para fins de incidência das contribuições previdenciárias, em cada caso, é preciso verificar quem são as partes da relação jurídica, para se saber quem é o credor e o devedor da prestação de serviços e, conseqüentemente, da remuneração (crédito jurídico), pouco importando de onde sai o dinheiro, podendo nem mesmo haver transação financeira como sói ocorrer com as prestações in natura (utilidades).
MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS.
Tendo a multa de ofício natureza jurídica penalidade tributária, ela integra o conceito de crédito tributário, nos termos do artigo 142 do CTN, sujeitando-se aos juros moratórios referidos nos artigos 161 do CTN e 61 da Lei n° 9.430/96.
MULTA DE OFÍCIO. ART. 35-A DA LEI Nº 8.212/91.
As multas previstas anteriormente no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 ostentavam natureza mista, punindo a mora e a necessidade de atuação de ofício do aparato estatal (multa de ofício), de sorte que aqueles percentuais devem ser comparados com as disposições hoje contidas no artigo 35-A da Lei n° 8.212/91, para fins de apuração da multa mais benéfica (art. 106, II, c do CTN). Para fatos geradores ocorridos antes da alteração legislativa, aplicam-se as multas então estipuladas no artigo 35 da Lei n° 8.212/91, observado o limite máximo de 75%.
AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES.
Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP com incorreções ou omissão de informações relativas a fatos geradores de contribuições previdenciárias. No período anterior à Medida Provisória n° 448/2009, aplica-se o artigo 32, IV, § 5º, da Lei nº 8.212/91, salvo se a multa no hoje prevista no artigo 32-A da mesma Lei nº 8.212/91 for mais benéfica, em obediência ao artigo 106, II, do CTN.
AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 69. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES.
Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP com omissões ou contendo informações inexatas, incompletas ou incompletas relativas a dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias. No período anterior à Medida Provisória n° 448/2009, aplica-se o artigo 32, IV, § 6º, da Lei nº 8.212/91, salvo se a multa no hoje prevista no artigo 32-A da mesma Lei nº 8.212/91 for mais benéfica, em obediência ao artigo 106, II, do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.572
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que as penalidades aplicadas nos Autos de Infração de Obrigação Acessória DEBCAD 37.333.978-0, lavrado no Código de Fundamento Legal 68 e DEBCAD 37.333.987-9, lavrado no Código de Fundamento Legal 69, sejam recalculadas, tomando-se em consideração as disposições inscritas no art. 32-A, I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor da multa assim calculado se mostrar menos gravoso à recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, 'c' do CTN. Quanto ao mérito, restou decidido que no caso de compra e venda de imóveis com a participação de corretores, ainda que todas as partes do negócio acabem usufruindo dos serviços de corretagem, a remuneração é devida por quem contratou o corretor, ou seja, em nome de quem atua. Para fins de incidência das contribuições previdenciárias, em cada caso, deve-se verificar quem são as partes da relação jurídica, para se saber quem é o credor e o devedor da prestação de serviços e, conseqüentemente, da remuneração (crédito jurídico), pouco importando de onde sai o dinheiro, podendo nem mesmo haver transação financeira como sói ocorrer com as prestações in natura (utilidades).
(assinado digitalmente)
LIEGE LACROIX THOMASI Presidente
(assinado digitalmente)
ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), ARLINDO DA COSTA E SILVA, ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI e LEO MEIRELLES DO AMARAL.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201501
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA SOBRE A REMUNERAÇÃO DE CORRETORES. No caso de compra e venda de imóveis com a participação de corretores, ainda que todas as partes do negócio acabem usufruindo dos serviços de corretagem, a remuneração é devida por quem contratou o corretor, ou seja, em nome de quem atua. Nesse sentido, ensina Orlando Gomes que se somente uma das partes haja encarregado o corretor de procurar determinado negócio, incumbe-lhe a obrigação de remunerá-lo. E ainda, entre nós, quem paga usualmente a comissão é quem procura os serviços do corretor (GOMES, Orlando. Contratos. 20ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 382). É legítimo que, após a prestação dos serviços no interesse de uma das partes, haja estipulação de cláusula de remuneração, por se tratar de direito patrimonial, disponível. No entanto, tal prerrogativa não significa dizer que não houve ainda a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias, pois o crédito jurídico do corretor decorre de sua prévia prestação de serviços, ainda que a quitação seja perpetrada, posteriormente, por terceiro (adquirente). Para fins de incidência das contribuições previdenciárias, em cada caso, é preciso verificar quem são as partes da relação jurídica, para se saber quem é o credor e o devedor da prestação de serviços e, conseqüentemente, da remuneração (crédito jurídico), pouco importando de onde sai o dinheiro, podendo nem mesmo haver transação financeira como sói ocorrer com as prestações in natura (utilidades). MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS. Tendo a multa de ofício natureza jurídica penalidade tributária, ela integra o conceito de crédito tributário, nos termos do artigo 142 do CTN, sujeitando-se aos juros moratórios referidos nos artigos 161 do CTN e 61 da Lei n° 9.430/96. MULTA DE OFÍCIO. ART. 35-A DA LEI Nº 8.212/91. As multas previstas anteriormente no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 ostentavam natureza mista, punindo a mora e a necessidade de atuação de ofício do aparato estatal (multa de ofício), de sorte que aqueles percentuais devem ser comparados com as disposições hoje contidas no artigo 35-A da Lei n° 8.212/91, para fins de apuração da multa mais benéfica (art. 106, II, c do CTN). Para fatos geradores ocorridos antes da alteração legislativa, aplicam-se as multas então estipuladas no artigo 35 da Lei n° 8.212/91, observado o limite máximo de 75%. AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES. Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP com incorreções ou omissão de informações relativas a fatos geradores de contribuições previdenciárias. No período anterior à Medida Provisória n° 448/2009, aplica-se o artigo 32, IV, § 5º, da Lei nº 8.212/91, salvo se a multa no hoje prevista no artigo 32-A da mesma Lei nº 8.212/91 for mais benéfica, em obediência ao artigo 106, II, do CTN. AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 69. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES. Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP com omissões ou contendo informações inexatas, incompletas ou incompletas relativas a dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias. No período anterior à Medida Provisória n° 448/2009, aplica-se o artigo 32, IV, § 6º, da Lei nº 8.212/91, salvo se a multa no hoje prevista no artigo 32-A da mesma Lei nº 8.212/91 for mais benéfica, em obediência ao artigo 106, II, do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Feb 06 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10580.730957/2011-15
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5424303
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Feb 06 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2302-003.572
nome_arquivo_s : Decisao_10580730957201115.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
nome_arquivo_pdf_s : 10580730957201115_5424303.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que as penalidades aplicadas nos Autos de Infração de Obrigação Acessória DEBCAD 37.333.978-0, lavrado no Código de Fundamento Legal 68 e DEBCAD 37.333.987-9, lavrado no Código de Fundamento Legal 69, sejam recalculadas, tomando-se em consideração as disposições inscritas no art. 32-A, I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor da multa assim calculado se mostrar menos gravoso à recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, 'c' do CTN. Quanto ao mérito, restou decidido que no caso de compra e venda de imóveis com a participação de corretores, ainda que todas as partes do negócio acabem usufruindo dos serviços de corretagem, a remuneração é devida por quem contratou o corretor, ou seja, em nome de quem atua. Para fins de incidência das contribuições previdenciárias, em cada caso, deve-se verificar quem são as partes da relação jurídica, para se saber quem é o credor e o devedor da prestação de serviços e, conseqüentemente, da remuneração (crédito jurídico), pouco importando de onde sai o dinheiro, podendo nem mesmo haver transação financeira como sói ocorrer com as prestações in natura (utilidades). (assinado digitalmente) LIEGE LACROIX THOMASI Presidente (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), ARLINDO DA COSTA E SILVA, ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI e LEO MEIRELLES DO AMARAL.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
id : 5807115
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:35:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047476002357248
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2679; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 5.370 1 5.369 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.730957/201115 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2302003.572 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de janeiro de 2015 Matéria Remuneração de Segurados: Parcelas em Folha de Pagamento Recorrente CIALSALVADOR LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA SOBRE A REMUNERAÇÃO DE CORRETORES. No caso de compra e venda de imóveis com a participação de corretores, ainda que todas as partes do negócio acabem usufruindo dos serviços de corretagem, a remuneração é devida por quem contratou o corretor, ou seja, em nome de quem atua. Nesse sentido, ensina Orlando Gomes que se “somente uma das partes haja encarregado o corretor de procurar determinado negócio, incumbelhe a obrigação de remunerálo”. E ainda, “entre nós, quem paga usualmente a comissão é quem procura os serviços do corretor” (GOMES, Orlando. Contratos. 20ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 382). É legítimo que, após a prestação dos serviços no interesse de uma das partes, haja estipulação de cláusula de remuneração, por se tratar de direito patrimonial, disponível. No entanto, tal prerrogativa não significa dizer que não houve ainda a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias, pois o crédito jurídico do corretor decorre de sua prévia prestação de serviços, ainda que a quitação seja perpetrada, posteriormente, por terceiro (adquirente). Para fins de incidência das contribuições previdenciárias, em cada caso, é preciso verificar quem são as partes da relação jurídica, para se saber quem é o credor e o devedor da prestação de serviços e, conseqüentemente, da remuneração (crédito jurídico), pouco importando de onde sai o dinheiro, podendo nem mesmo haver transação financeira como sói ocorrer com as prestações in natura (utilidades). MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS. Tendo a multa de ofício natureza jurídica penalidade tributária, ela integra o conceito de crédito tributário, nos termos do artigo 142 do CTN, sujeitando AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 09 57 /2 01 1- 15 Fl. 5370DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 2 se aos juros moratórios referidos nos artigos 161 do CTN e 61 da Lei n° 9.430/96. MULTA DE OFÍCIO. ART. 35A DA LEI Nº 8.212/91. As multas previstas anteriormente no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 ostentavam natureza mista, punindo a mora e a necessidade de atuação de ofício do aparato estatal (multa de ofício), de sorte que aqueles percentuais devem ser comparados com as disposições hoje contidas no artigo 35A da Lei n° 8.212/91, para fins de apuração da multa mais benéfica (art. 106, II, c do CTN). Para fatos geradores ocorridos antes da alteração legislativa, aplicamse as multas então estipuladas no artigo 35 da Lei n° 8.212/91, observado o limite máximo de 75%. AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES. Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP com incorreções ou omissão de informações relativas a fatos geradores de contribuições previdenciárias. No período anterior à Medida Provisória n° 448/2009, aplicase o artigo 32, IV, § 5º, da Lei nº 8.212/91, salvo se a multa no hoje prevista no artigo 32A da mesma Lei nº 8.212/91 for mais benéfica, em obediência ao artigo 106, II, do CTN. AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 69. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES. Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP com omissões ou contendo informações inexatas, incompletas ou incompletas relativas a dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias. No período anterior à Medida Provisória n° 448/2009, aplicase o artigo 32, IV, § 6º, da Lei nº 8.212/91, salvo se a multa no hoje prevista no artigo 32A da mesma Lei nº 8.212/91 for mais benéfica, em obediência ao artigo 106, II, do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que as penalidades aplicadas nos Autos de Infração de Obrigação Acessória DEBCAD 37.333.9780, lavrado no Código de Fundamento Legal 68 e DEBCAD 37.333.9879, lavrado no Código de Fundamento Legal 69, sejam recalculadas, tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor da multa assim calculado se mostrar menos gravoso à recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, 'c' do CTN. Quanto ao mérito, restou decidido que no caso de compra e venda de imóveis com a participação de corretores, ainda que todas as partes do negócio acabem usufruindo dos serviços de corretagem, a remuneração é devida por quem contratou o corretor, ou seja, em nome de quem atua. Para fins de incidência das contribuições previdenciárias, em cada caso, devese verificar quem são as partes da relação jurídica, para se saber quem é o credor e o devedor da prestação de serviços e, conseqüentemente, da remuneração (crédito jurídico), pouco importando de onde sai o Fl. 5371DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.371 3 dinheiro, podendo nem mesmo haver transação financeira como sói ocorrer com as prestações in natura (utilidades). (assinado digitalmente) LIEGE LACROIX THOMASI – Presidente (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), ARLINDO DA COSTA E SILVA, ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI e LEO MEIRELLES DO AMARAL. Fl. 5372DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação da recorrente, mantendo os créditos tributários lançados. Adotamos trecho do relatório do acórdão do órgão a quo (fls. 5.254 e seguintes), que bem resume o quanto consta dos autos: Do lançamento. Tratase de processo que agrupa Autos de Infração (AI) lavrados por descumprimento de obrigação tributária principal e acessória, consolidados em 04/10/2011. A tabela abaixo apresenta um resumo dos Autos de Infração que compõem o processo sob julgamento: (...) Segundo o auditor fiscal Ivan Kertzman, a operação de venda de imóveis e a comissão de venda dos lançamentos imobiliários, recebida pelas imobiliárias e pelos corretores de imóveis envolvidos se dá da seguinte forma: a) A pessoa física compradora do imóvel é obrigada no ato da compra a desmembrar os valores pagos à construtora, à Fl. 5373DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.372 5 imobiliária e aos corretores pessoa física envolvidos na venda (o corretor, o supervisor, o gerente e o diretor da imobiliária); b) Somente o valor pago à construtora é considerado como valor fiscal do imóvel. O valor da comissão não integra o valor do imóvel. Assim, o negócio jurídico delineado nessa formatação provoca grande evasão fiscal. As seguintes conseqüências podem ser notadas: a) A construtora deixa de registrar como valor da venda do imóvel, o valor da comissão paga pela pessoa física à imobiliária e aos próprios corretores. O correto seria que a construtora registrasse como valor do imóvel o efetivo valor pago pelo comprador, somandose o valor da comissão, e que o valor total fosse pago diretamente à construtora. A comissão de venda deveria ser repassada da construtora (vendedora) para a imobiliária (intermediária), uma vez que se trata de comissão de venda. b) Com essa formatação a imobiliária registra o faturamento apenas do valor recebido diretamente do comprador pessoa física, que corresponde à cerca de 50% da comissão total paga na operação. Como mencionado, a outra metade é paga diretamente pelo comprador aos corretores ligados à imobiliária. Se a operação fosse realizada da forma correta, a imobiliária deveria faturar 100% da comissão contra o vendedor, ou seja, contra a construtora. Como resultado, a imobiliária vem deixando de registrar como receita cerca de 50% das comissões. O valor deste faturamento omitido, por outro lado, representaria, na sua maior parte, custo de remuneração dos contribuintes individuais (corretores de imóveis), pois a comissão deveria ser recebida pela imobiliária e repassada aos corretores. c) Os corretores deixam de declarar os valores recebidos como remuneração pelos seus serviços, para fins de recolhimento de Imposto de Renda Pessoa Física. Como a imobiliária não contabiliza os valores pagos aos corretores de imóveis, também deixa de declarar os valores pagos aos corretores de imóveis na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte. d) Assim, a imobiliária omite receita, reduzindo a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e demais tributos que tem como base o faturamento; deixa de recolher as contribuições patronais e arrecadar a contribuição pessoal dos valores pagos aos corretores de imóveis junto à Previdência Social além de não descontar o imposto de renda na fonte. (...) Intimada através do Termo de Intimação Fiscal nº 01 de 15/08/2011, a detalhar a forma de contabilização das receitas com venda/aluguel de imóveis e os pagamentos aos corretores, a empresa se negou a prestar esclarecimentos. Fl. 5374DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 6 Dado que a empresa não contabiliza os pagamentos aos corretores de imóveis em seus livros contábeis, nem prestou esclarecimentos sobre o pagamento aos corretores de imóveis, foi utilizado como base de cálculo para esse levantamento as planilhas fornecidas pela própria empresa durante a diligência efetuada pelo auditor fiscal da Receita Federal do Brasil, Ivan Kertzman. Por deixar a empresa de prestar à RFB esclarecimentos sobre os pagamentos efetuados aos corretores de imóveis, foi lavrado o AI 51.007.9083, com código de fundamentação legal 35. (...) Nessa planilha, fica claro que para cada empreendimento imobiliário, corresponde o pagamento de corretagem aos próprios corretores de imóveis, aos supervisores, aos gerentes e aos diretores das imobiliárias. Segundo informações da funcionária da empresa, senhora Edvânia Maria Santos Brito, o pagamento aos corretores de imóveis é realizado pela própria imobiliária, após verificação do cadastramento junto à Prefeitura Municipal de Salvador e respectivo recolhimento do Imposto sobre Serviços. Em relação à contribuição pessoal do contribuinte individual de 11%, foi observado o limite mensal de contribuição (...) (...) Como a empresa não efetuou o desconto da contribuição do segurado contribuinte individual, a responsabilidade pelo pagamento foi atribuída à empresa, conforme previsão do art. 4º da Lei nº 10.666, de 08/05/2003, e o §5º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991. A empresa não entregou a documentação relacionada a seguir, solicitada mediante Termo de Início de Procedimento Fiscal, de 20/06/2011, sujeitandose, em tese, ao Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória com CFL Código de Fundamentação Legal 23. Informação em meio digital com leiaute previsto no Manual Normativo de Arq. Dig. da SRP atual ou em vigor à época de ocorrência dos fatos geradores. Dos autos de infração por descumprimento de obrigação acessória e da aplicação da multa de ofício de acordo com a Lei n° 11.941/2009. (...) para o período de apuração anterior à data da edição da MP n° 449, fezse necessário verificar qual a penalidade menos onerosa ao contribuinte; se a oriunda da legislação ao tempo da prática ou da legislação atual. Para todas as competências de 01/2008 a 11/2008, a multa menos severa foi a anterior a MP n° 449/2008: autos de infração por descumprimento de obrigação principal, com multa Fl. 5375DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.373 7 de mora de 24%; e autos de infração por descumprimento de obrigação acessória com Código de Fundamentação Legal CFL 68 e 69. As competências posteriores a 11/2008 tiveram a aplicação da metodologia definida pela MP n° 449/2008, com auto de infração por descumprimento de obrigação acessória CFL 78, com a multa de ofício de 75%. AI nº 37.333.9780 (CFL código de fundamentação legal 68). A empresa apresentou Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, infringindo assim, ao disposto na Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, art. 32, inciso IV, acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, combinado com o art. 225, inciso IV, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99. A empresa deixou de declarar nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) os valores referentes à folha de pagamento, constantes do levantamento FN – Folha de pagamento não declarada em GFIP; e os valores referentes aos levantamento CN – Conrtribuintes Individuais, notadamente as contribuições incidentes sobre as quantias pagas aos corretores de imóveis. Os valores não declarados nas GFIP estão detalhados nos Relatórios de Lançamentos, anexos ao presente processo, e discriminados no auto de infração com Código de Fundamentação Legal 68. (...) AIOA 37.333.9879 (CFL código de fundamentação legal 69). A empresa apresentou Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), com informações inexatas, incompletas ou omissas, em relação aos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias, infringindo, assim, ao disposto na Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, art. 32, inciso IV e § 6º, acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, combinado com o art. 225, IV e § 4o do Decreto 3.048, de 06 de maio 1999. As GFIP do período de 01/2008 a 11/2008 foram apresentadas com erro de informação nos campos: CNAE Fiscal preponderante e CNAE Fiscal. (...) Fl. 5376DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 8 Na mesma ação fiscal, foram também lavrados outros autos de infração, insertos no processo nº 10580.730958/201160, dentre os quais destacamse os que seguem: Foi lavrado o AI nº 51.007.9083, com código de fundamentação legal 35, no valor de R$ 15.244,30, por deixar a empresa de prestar à RFB esclarecimentos, por escrito, à respeito da forma de contabilização das receitas com venda/aluguel de imóveis e com relação aos pagamentos dos corretores de imóveis, solicitados pela fiscalização, mediante Termo de Intimação Fiscal nº 1, recebido pelo contribuinte em 15/08/2011. A empresa também não entregou a documentação relacionada a seguir, solicitada pela fiscalização mediante Termo de Início de Procedimento Fiscal, de 20/06/2011, sujeitandose ao auto de infração por descumprimento de obrigação acessória CFL 23. Informação em meio digital com leiaute previsto no Manual Normativo de Arq. Dig. da SRP atual ou em vigor à época de ocorrência dos fatos geradores. Pela infração cometida (não apresentação de arquivos e sistemas no prazo estabelecido), deveria ser aplicada multa de 0,02% (dois centésimos por cento) por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de 1% (um por cento) dessa. No entanto, caso a empresa, durante o período auditado, tenha em alguma competência, a aplicação do Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória CFL 78, a multa relativa ao AIOA CFL 23 não deve ser aplicada, substituindose a sua aplicação pelo agravamento em 50% (multa agravada não atendimento à fiscalização) da multa de 75%, atingindo o percentual de 112,5%. Ou seja, o AIOA com CFL 23 não deve ser emitido, caso, em relação a uma mesma fiscalização, não sejam apresentadas informações em meio digital e haja lançamento de ofício com multa agravada nos termos do inciso II do § 2º do art. 44 da Lei n° 9.430/96, independentemente do período ao qual se refere o lançamento de ofício contemplar ou não a totalidade do período para o qual não foram apresentadas informações em meio digital. Das impugnações. A empresa CIALSALVADOR LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA foi cientificada deste lançamento (AI 37.333.9984, AI 37.333.9992, AI 37.333.9780 e AI 37.333.9879), pessoalmente, em 28/10/2011. O sujeito passivo apresentou impugnações em 25/11/2011, aduzindo, em síntese, o que se relata a seguir. (...) Como afirmado, a impugnação apresentada pela recorrente foi julgada improcedente, tendo a recorrente apresentado, tempestivamente, o recurso de fls. 5.317 e seguintes, no qual alega, em apertada síntese, que: Fl. 5377DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.374 9 * nulidade por não ter a fiscalização relacionado no CD entregue no final do procedimento fiscal o demonstrativo da base de cálculo da contribuição previdenciária apurada; * não houve apuração do limite de contribuição a cargo do segurado; * na venda de qualquer imóvel novo, há sempre um contrato de corretagem celebrado entre o adquirente, as imobiliárias e os corretores autônomos, no qual o adquirente obrigase a pagar comissão à imobiliária e aos corretores. “No caso específico da recorrente, após a concretização da venda, é celebrado um contrato de intermediação (de corretagem) que contém um anexo denominado “Carta Proposta” (doc. 03 acostado à impugnação), em que estão relacionados os valores de comissão devidos pelo comprador a cada um dos corretores envolvidos na venda, assim como o valor que cabe à pessoa jurídica”. O contrato de corretagem comporta a transferência do ônus do pagamento da comissão para o comprador. Assim, houve lançamento contra quem não realizou o fato gerador da contribuição previdenciária. Os valores nunca transitaram no caixa da empresa; * quanto aos fatos geradores anteriores à MP n° 449/2008, deve ser aplicada multa de 20% prevista no art. 35 da Lei n° 8.212/91 (retroatividade benigna). Quanto aos fatos geradores posteriores, não cabe o agravamento da multa pela falta de entrega dos arquivos magnéticos no padrão MANAD; * não incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. É o relatório. Fl. 5378DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 10 Voto Conselheiro Relator André Luís Mársico Lombardi Nulidades. Demonstrativo da Base de Cálculo. Alega a recorrente nulidade por não ter a fiscalização relacionado no CD entregue no final do procedimento fiscal o demonstrativo da base de cálculo da contribuição previdenciária apurada. De acordo com o que consta dos autos, os valores das remunerações pagas aos corretores (contribuintes individuais) constam do Relatório de Lançamentos – RL do AI 37.333.9984, parte integrante do Relatório Fiscal (Vide os elementos elencados no Relatório Fiscal Documentos Anexos), bem como, o nome dos contribuintes individuais e o nº do contrato a que se referem. Os valores das remunerações constantes do RL correspondem aos valores das bases de cálculo registradas no DD – Discriminativo do Débito, por competência. Ademais, tais valores foram extraídos das planilhas fornecidas pela própria recorrente. Consta dos autos recibo de arquivos entregues ao contribuinte, confirma o recebimento do Relatório Fiscal (REFISC) pelo contribuinte, e por conseguinte do seu anexo, Relatório de Lançamentos, o qual informa as bases de cálculo e as contribuições previdenciárias objeto do presente lançamento, razão pela qual fica afastada a alegação da recorrente de cerceamento de defesa. Incidência. Contribuição. Remuneração de Corretores. Aduz ainda a recorrente que na venda de qualquer imóvel novo, há sempre um contrato de corretagem celebrado entre o adquirente, as imobiliárias e os corretores autônomos, no qual o adquirente obrigase a pagar comissão à imobiliária e aos corretores. “No caso específico da recorrente, após a concretização da venda, é celebrado um contrato de intermediação (de corretagem) que contém um anexo denominado “Carta Proposta” (doc. 03 acostado à impugnação), em que estão relacionados os valores de comissão devidos pelo comprador a cada um dos corretores envolvidos na venda, assim como o valor que cabe à pessoa jurídica”. O contrato de corretagem comporta a transferência do ônus do pagamento da comissão para o comprador. Assim, houve lançamento contra quem não realizou o fato gerador da contribuição previdenciária. Os valores nunca transitaram no caixa da empresa; Do que consta dos autos, verifico que os Contratos de Coordenação e Intermediação de Vendas de Imóveis (fls. 4836/4852 e 4863/4867) constituem prova material de que a corretagem dos imóveis é realizada pela recorrente, mediante a prestação de serviços de corretores (pessoas físicas). Nos aludidos instrumentos, os serviços da recorrente são contratados para a “a comercialização das unidades autônomas do empreendimento”. A recorrente fica responsável pela coordenação das vendas em caráter de exclusividade”, sendo que a intermediação decorrerá dos serviços realizados pela recorrente “e demais empresas imobiliárias por ela cadastradas”. A recorrente tem obrigação de “destacar e manter enquanto durar o presente, uma equipe própria com atuação voltada à comercialização dos imóveis”, tal equipe capacitará “todos os corretores de imóveis que vierem a intermediar imóveis”, (...)“informando claramente sobre todas condições técnicas e comerciais pertinentes às Fl. 5379DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.375 11 vendas”, sendo que “o treinamento deverá ser ministrado e repetido de forma rotineira, de modo que todos os envolvidos nas vendas, estejam sempre aptos a prestar informações de forma clara e precisa”. Como se vê, há uma contratação prévia por parte da vendedora, que repassa toda a intermediação, em caráter exclusivo, à recorrente, que realiza os serviços contratados mediante seus colaboradores. Ora, a intermediação é realizada em função dos interesses da recorrente ou do adquirente do imóvel, que sequer escolhe quem e como deverá ser atendido? Os contratos ainda especificam que, durante a fase de vendas, deverá a recorrente “manter equipe própria de corretores de imóveis com atuação na comercialização dos imóveis”, competindo “supervisionar todos atendimentos e vendas que vierem a se efetivar, auxiliando os corretores de imóveis e clientes interessados, usando de todos os meios necessários para que sejam sanadas e esclarecidas todas e quaisquer dúvidas decorrentes”. Deve ainda “cadastrar todos os interessados em adquirir imóveis” (...) “notadamente os visitantes” (...), de sorte que se retornar no “prazo de até 30 (trinta) dias para a aquisição do imóvel a comissão” será paga ao primitivo atendente. Portanto, quem determina o beneficiário da comissão não é o adquirente do imóvel, que nenhum vínculo tem, até então, com os corretores que intermedeiam negócios em nome da recorrente. Notese ainda que, a empresa autuada, apesar de intimada a prestar esclarecimentos, por escrito, à respeito da forma de contabilização das receitas com venda/aluguel de imóveis e com relação aos pagamentos dos corretores, mediante Termo de Intimação Fiscal nº 01, de 15/08/2011, não o fez. Este fato ensejou a lavratura do AI 37.333.9984, AI 37.333.9992 e AI 37.333.9780, insertos no presente processo, bem como, do AI 51.007.9083, com código de fundamentação legal 35, inserto no processo nº 10580.730958/201160. Diante da recusa de esclarecimentos e ao constatar que os pagamentos efetuados aos corretores de imóveis não se encontram registrados na contabilidade da empresa, resolveu se utilizar do procedimento excepcional, lançamento por aferição indireta, para apuração da base de cálculo das contribuições sociais, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário. Portanto, se alguma operação não obedecia aos padrões indicados, cumpriria à recorrente ter feito prova adequada de suas afirmações. Se fossem aceitas as afirmações da recorrente, teríamos que concluir que o contrato de corretagem seria celebrado entre o comprador e os corretores, quando fica claro que, na hipótese em comento, a corretagem é contratada muito antes da própria existência de qualquer comprador e os serviços são formatados para o atendimento dos interesses da recorrente, contratada por vendedores para a realização de tal intermediação, em caráter exclusivo. Assim, o corretor faz a intermediação em prol da recorrente, prestando serviços por ela contratados. Como poderia o adquirente ser o contratante dos serviços de corretagem se ele sequer pode escolher o corretor? Como afirma a própria recorrente, somente “após a concretização da venda, é celebrado um contrato de intermediação (de corretagem) que contém um anexo denominado “Carta Proposta” (doc. 03 acostado à impugnação), em que estão relacionados os valores de comissão devidos pelo comprador a cada um dos corretores envolvidos na venda, assim como o valor que cabe à pessoa jurídica”. Ou seja, somente após a “concretização”, a recorrente estipula o que, quanto e a quem pagar. É claro que o contrato de corretagem é celebrado entre a recorrente e corretor, já estando praticamente concluído nessa fase e que a tal “Carta Proposta”, Fl. 5380DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 12 para fins de corretagem, é um mero termo de transferência de responsabilidade pelo pagamento dos serviços em grande parte já finalizados (captação, orientação e convencimento do cliente). É verdade que ambos acabam usufruindo dos serviços do corretor, mas a remuneração é devida por quem lhe contratou, em nome de quem atua. Nesse sentido, ensina Orlando Gomes que se “somente uma das partes haja encarregado o corretor de procurar determinado negócio, incumbelhe a obrigação de remunerálo”. E ainda, “entre nós, quem paga usualmente a comissão é quem procura os serviços do corretor” (GOMES, Orlando. Contratos. 20ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 382). Não se nega que as partes possam estipular cláusula de remuneração, por se tratar de direito patrimonial, disponível. No entanto, tal prerrogativa não significa dizer que não houve ainda a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias, pois o crédito jurídico do corretor decorre de sua prévia prestação de serviços, ainda que a quitação seja perpetrada, posteriormente, por terceiro (adquirente). A prosperar a tese da recorrente, o salário pago com cheque de cliente do empregador deixaria de ser salário. O que se investiga em situações como essas é quem são as partes da relação jurídica, para se saber quem é o credor e o devedor da prestação de serviços e, conseqüentemente da remuneração (crédito jurídico), pouco importando de onde sai o dinheiro. Assim, para fins de incidência das contribuições previdenciárias, em cada caso, é preciso verificar quem são as partes da relação jurídica, para se saber quem é o credor e o devedor da prestação de serviços e, conseqüentemente, da remuneração (crédito jurídico), pouco importando de onde sai o dinheiro, podendo nem mesmo haver transação financeira como sói ocorrer com as prestações in natura (utilidades). Por fim, cumpre mencionar que, mesmo sob a ótica consumerista, a prática descrita pela recorrente vem sendo questionada quanto à atribuição de tal ônus ao consumidor, caracterizando venda casada em razão de o adquirente não ter a faculdade de abrir mão da contratação do corretor ou mesmo de elegêlo (ofensa aos artigo 51, IV, e art. 39, I do CDC), como tem decidido a justiça (TJRJ. Processo nº 2008.001.24235. 16ª Câmara Cível. 15 de Setembro de 2008; TJSP. Apelação nº 000178747.2011.8.26.0562. 2ª Câmara de Direito Privado, j.13.12.2011; Processo 20120910254374ACJ, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do DF Distrito Federal, Publicado no DJE: 15/02/2013; STJ. AResp 350052, Data da Publicação: 08/08/2013). Asseverou a recorrente que não houve apuração do limite de contribuição a cargo do segurado. Como visto, os valores foram apurados por aferição indireta e houve sim a obediência aos limites de contribuição. Caso haja algum corretor que já tivesse contribuído com algum valor em alguma competência, por atribuição legal, cumpriria à recorrente apresentar esta certificação na condição de responsável (art. 4º da Lei nº 10.666, de 08/05/2003, e o §5º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991). Destarte, não há como prosperar as alegações da recorrente quanto à não incidência ou incorreção do lançamento. Juros sobre multa de ofício. Aduz a recorrente que não há incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. Vejamos o que determina a legislação a respeito: Fl. 5381DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.376 13 Código Tributário Nacional (CTN) Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Lei n.º 9.430/96 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) (destaques sempre nossos) É sabido que, no Direito, as relações jurídicas obrigacionais pressupõem a existência de credores e devedores (vide nomenclatura classicamente adotada pelos nossos Códigos Civis de 1916 e 2002). Portanto, podemos afirmar que, a cada obrigação, há um correspondente um crédito e um respectivo débito. No entanto, o Código Tributário Nacional e a legislação tributária em geral atribuem um sentido particular ao crédito tributário, de sorte que ele não surgiria concomitantemente à obrigação tributária (artigo 113, § 1°, do CTN), como se imaginaria em uma relação jurídica de qualquer outro ramo do direito, mas somente com a sua devida formalização, em regra pelo lançamento tributário (artigo 142 do CTN). Aqui cabe fazer algumas ressalvas. O fato de o Direito Tributário definir a constituição do crédito tributário como uma etapa evolutiva na formação da exigibilidade, liquidez e certeza da obrigação tributária, não impede que reconheçamos a existência de um crédito jurídico, na acepção comum do Direito, até porque não há obrigação sem crédito e débito correspondente, como afirmado anteriormente. Tal concepção apenas representa uma posição garantista do legislador face a eventuais abusos do Estado, até porque o Estado é o único ente de nossa sociedade que pode constituir, unilateralmente, um crédito líquido, certo e, futuramente, exigível. Portanto, a estrutura normativa da obrigação tributária não é excludente do conceito vulgar de crédito (e de débito), apenas devemos estar atentos que este crédito é diferente daquele constituído na forma da legislação tributária. Fl. 5382DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 14 Pois bem. Estabelece o artigo 142 do CTN que a autoridade administrativa constitui o crédito tributário pelo lançamento e que este inclui a obrigação tributária principal e, ser for o caso, a “penalidade cabível”. Ora, sendo a multa é penalidade, é inequívoco que a multa de ofício faz parte do crédito tributário e, assim, incluise na referência que o artigo 161 do CTN faz à incidência de juros de mora. Quanto ao conceito de débito, referido pelo artigo 61 da Lei n. 9.430/96, podese afirmar, após a prévia incursão nos conceitos gerais do Direito, que o débito corresponderá à obrigação não paga no vencimento. Este inadimplemento, no Direito Tributário, pode ocorrer sem formalização da exigência pela autoridade administrativa (crédito jurídico na acepção geral do Direito ou mera obrigação tributária, como afirmado anteriormente); ou com a formalização da exigência, seja pela autoridade administrativa, seja por ato do contribuinte (crédito tributário constituído). Em ambos os casos, teremos o débito, sendo que na hipótese de formalização pela autoridade administrativa, o débito será integrado pelo tributo e também pela penalidade (multa de ofício), nos termos do já referido artigo 142 do CTN . Ademais, a previsão do caput do artigo 61 da Lei n° 9.430/96 é ampla, incluindo qualquer débito decorrente de tributos não recolhidos. Repetimos aqui o julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), mencionado na decisão a quo: Acórdão CSRF/0400.651, de 18/09/2007 JUROS DE MORA — MULTA DE OFICIO — OBRIGAÇÃO PRINCIPAL — A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Recurso não provido. (...) Entendo, assim, que a obrigação tributária principal compreende tanto os próprios tributos e contribuições, como, em razão de seu descumprimento, e por isso igualmente dela decorrente, a multa de oficio proporcional, que é exigível juntamente com o tributo ou contribuição não paga. (...) Em decorrência, o crédito tributário, a que se reporta o art. 161 do CTN, corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo seus acréscimos legais, notadamente a multa de oficio proporcional. (...) O art. 61, parágrafo terceiro, da Lei n. 9.430/97, fundamento legal da multa aplicada no caso concreto, prevê a aplicação de juros de mora sobre os débitos decorrentes de tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorreram a partir de 01 de janeiro de 1997. Dentre os débitos decorrentes dos tributos e Fl. 5383DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.377 15 contribuições, entendo, pelas razões indicadas acima, incluemse as multas de oficio proporcionais, aplicadas em função do descumprimento da obrigação principal, e não apenas os débitos correspondentes aos tributos e contribuições em si. (...) Ressaltese, com relação aos juros de mora, que o art. 161 do CTN determina que o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora à taxa de 1% ao mês, caso a lei não disponha de modo diverso, e a Lei n. 9439/96 determina a aplicação da taxa Selic aos casos em questão. Como dito crédito, deve ser entender, pelas razões expostas, a obrigação tributária principal como um todo, incluindo a multa de oficio proporcional. (...) (grifos nossos) Outra não é a conclusão que se extrai da Súmula CARF n° 4, que também faz referência à incidência ampla, de todos os “débitos tributários”: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por fim, é bom que se ressalte que a matéria encontrase pacificada no STJ: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1335688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 10/12/2012) Fl. 5384DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 16 Demonstrada a legalidade da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, concluise ser improcedente o inconformismo da recorrente. Multa. Retroatividade Benigna. Obrigação Principal. Aduz a recorrente que, quanto aos fatos geradores anteriores à MP n° 449/2008, deve ser aplicada multa de 20% prevista no art. 35 da Lei n° 8.212/91 (retroatividade benigna). Consta dos autos que foi procedida a comparação das multas, sendo que a legislação anterior é mais benéfica ao contribuinte em todas as competências. Portanto, no período de 01/2008 a 11/2008, sobre as contribuições lançadas nos Autos de Infração por descumprimento de obrigação principal, foi aplicada a multa de mora de 24%, prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991. Tal percentual está correto por se tratar de lançamento de ofício. A multa invocada pela recorrente, trata de multa de mora. A confusão se deve à antiga redação do artigo 35 da Lei n° 8.212/91. Com efeito, o art. 35 da Lei n ° 8.212/1991, na época dos fatos geradores, assim dispunha a respeito das multas de mora, aplicáveis, inclusive, nas hipóteses de lançamento de ofício: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) quatro por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) sete por cento, no mês seguinte; c) dez por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c) vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 5385DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.378 17 c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) trinta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; b) trinta e cinco por cento, se houve parcelamento; c) quarenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; d) cinqüenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008)(Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 5386DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 18 (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) (destaques nossos) Verificase dos trechos destacados que a multa prevista anteriormente no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 era aplicável em diversas situações, inclusive no lançamento de ofício (“créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento”) e com percentuais que avançavam não só em relação ao tempo de mora como também em razão da fase processual ou procedimental (lançamento, inscrição em dívida ativa, ajuizamento da execução fiscal, etc.). Nesse sentido, concluise que, a despeito de ser intitulada de multa de mora, punia não só a prática do atraso, mas também a necessidade de movimentação do aparato estatal que cumpria o dever de ofício de se mobilizar para compelir o contribuinte ao recolhimento do tributo, agora, acompanhado da denominada multa de ofício. Ora, multa de mora pressupõe o recolhimento espontâneo pelo contribuinte e a multa de ofício tem como premissa básica a atuação estatal. Destarte, se o dispositivo reuniu duas hipóteses de naturezas jurídicas distintas, pouco importa a denominação utilizada pelo legislador (“multa de mora”), sendo de se reconhecer, conforme o caso, de que instituto jurídico efetivamente está se tratando. Isso importa no caso em comento porque os dispositivos legais que disciplinavam a cominação de penalidades pecuniárias decorrentes do não recolhimento tempestivo de contribuições previdenciárias sofreram profundas alterações pela Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009. Podese afirmar, de pronto, que a legislação ora vigente faz distinção mais precisa entre multa de mora e multa de ofício, não incidindo no equívoco terminológico da redação vigente à época dos fatos geradores. É sabido que em razão do que dispõe o art. 144 do CTN, vigora com intensidade no Direito Tributário o princípio geral de direito intertemporal do tempus regit actum, de sorte que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Ocorre que, apesar do princípio de direito intertemporal citado, o art. 106, II, ‘c’ do CTN, prevê a retroatividade benigna em matéria de infrações tributárias: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Portanto, é preciso reconhecer que se aplica a lei vigente à data da ocorrência do fato gerador, exceto se nova legislação cominar penalidade menos severa. Importanos aqui, não a multa de mora, que continua prevista no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 c.c. artigo 61 da Lei n° 9.430/96, mas a multa de ofício, hoje estabelecida no artigo 35A da Lei n° 8.212/91 c.c. artigo 44 da Lei n° 9.430/96: Lei n° 8.212/91: Fl. 5387DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.379 19 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no9.430, de 27 de dezembro de 1996.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Lei n° 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Se cotejarmos os percentuais de multa previstos no antigo artigo 35 da Lei n° 8.212/91 com o percentual de multa previsto no artigo 44, I, da Lei n° 9.430/96, concluiremos que, a princípio, a multa prevista na legislação pretérita, vigente à época dos fatos geradores, é menor e, portanto, mais benéfica que a multa estabelecida na novel legislação. Como visto, equivocase a recorrente ao pretender comparar os percentuais de multa previstos no antigo artigo 35 da Lei n° 8.212/91 com a multa de mora que continua prevista no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 (nova redação) c.c. artigo 61 da Lei n° 9.430/96. Aqui se trata de lançamento de ofício, razão pela qual o lançamento não merece qualquer reparo. Multa. Fatos Geradores posteriores à MP446/2008. Quanto aos fatos geradores posteriores à MP 446/2008, aduz a recorrente que não cabe o agravamento da multa pela falta de entrega dos arquivos magnéticos no padrão MANAD. Não assiste razão à recorrente, pois tendo deixado de prestar os esclarecimentos, no prazo marcado de intimação, agiu corretamente a fiscalização ao agravar, em 50%, a multa de ofício, aplicada sobre o valores lançados na competência 12/2008, nos AI 37.333.9984 e 37.333.9992; e nas competências 01/2009 a 12/2010, nos AI 51.007.9172 e 51.007.9156. Por conseguinte, a multa aplicada no AI com CFL 35 só alcança as competências em que não houve lançamento de ofício com multa agravada nos termos do inciso I do § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/96, ou seja, alcança apenas o período de 01/2008 a 11/2008, anterior à vigência da MP nº 449/2008. No período de 01/2008 a 11/2008, sobre as contribuições lançadas nos Autos de Infração por descumprimento de obrigação principal, foi aplicada a multa de mora de 24%, prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991. Portanto, não há bis in idem para este período. Na mesma ação fiscal, também, caberia a lavratura de AI com Código de Fundamentação Legal CFL 23, por deixar a empresa de entregar a documentação solicitada pela fiscalização, mediante Termo de Início de Procedimento Fiscal, recebido pelo contribuinte em 20/06/2011. Fl. 5388DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 20 No entanto, como a recorrente teve nas competências 12/2008, 01/2009 a 12/2010 lançamento de ofício com multa agravada nos termos do inciso II do § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/96, não foi lavrado o AI com CFL 23. Assim, todo os critérios adotados encontramse claros e coerentes. Multa. Retroatividade Benigna. Obrigações Acessórias (CFL 68 e CFL 69). Quanto às obrigações acessórias, no entanto, há que se reconhecer que a retroatividade benigna não foi aplicada de maneira adequada. Ocorre que a autoridade fiscal, a fim de apurar a multa mais benéfica, fez um somatório da multa moratória de vinte e quatro por cento pelo descumprimento da obrigação principal mais as multas pelo descumprimento da obrigação acessória (CFL´s 68 e 69) e comparouas com a multa de ofício de 75% da novel legislação mais a multa de obrigação acessória hoje prevista no artigo 32A, I, da Lei n° 8.212/91. Ou seja, misturou a legislação relativa à obrigação acessória com as disposições legais pertinentes aos acréscimos legais da obrigação principal. Vejamos nosso entendimento: Apurado o descumprimento de obrigação acessória (obrigação de fazer/não fazer), compete à autoridade fiscal lavrar Auto de Infração, aplicando a penalidade correspondente, que se converterá em obrigação principal, na forma do § 3º do art. 113 do CTN. No presente caso, as obrigações acessórias correspondem: * ao dever de informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por intermédio de documento definido em regulamento (GFIP), TODOS os dados relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias e outras informações de interesse do INSS (CFL 68); e * ao dever de informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por intermédio de documento definido em regulamento (GFIP), dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias (CFL 69). Ao deixar de informar fatos geradores de contribuições previdenciárias, a recorrente infringiu: * o artigo 32, IV, § 5º, da Lei n.º 8.212/91; e o artigo 225, IV, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99 (CFL 68); e * o artigo 32, IV, § 6º, da Lei n.º 8.212/91; e o artigo 225, IV, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99 (CFL 69). Entretanto, as multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória nº 449 de 2008, que beneficiam o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212, já na redação da Lei n.º 11.941/2009, nestas palavras: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: Fl. 5389DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.380 21 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Como afirmado, no caso em tela, o Fisco ao aplicar a multa fez um somatório da multa moratória de 24% pelo descumprimento da obrigação principal mais as multas pelo descumprimento da obrigação acessória (CFL´s 68 e 69) e comparouas com a multa de ofício de 75%. Mas, quanto à aplicação de multa nos Autos de Infração de obrigação acessória, nosso entendimento é que, à luz da legislação vigente, as multas devem ser aplicadas de forma isolada, conforme o caso, por descumprimento de obrigação principal ou de obrigação acessória, da forma mais benéfica ao contribuinte, de acordo com o disposto no artigo 106, do Código Tributário Nacional. Embora, em algumas vezes, a obrigação acessória descumprida esteja diretamente ligada à obrigação principal, isto não significa que sejam únicas para aplicação de multa conjunta. Pelo contrário, uma subsiste sem a outra e mesmo não havendo crédito a ser lançado, é obrigatória a lavratura de auto de infração se houve o descumprimento de obrigação acessória. As condutas são tipificadas em lei, com penalidades específicas e aplicação isolada. O art. 44 da Lei n º 9.430/96, traz que a multa de ofício de 75% incidirá sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Portanto, está claro que as três condutas não precisam ocorrer simultaneamente para ser aplicada a multa: Fl. 5390DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI 22 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Quando o contribuinte tiver recolhido os valores devidos antes da ação fiscal, não será aplicada a multa de 75% prevista no art. 44 da Lei n º 9.430; porém, se apesar do pagamento, não tiver declarado em GFIP, é possível a aplicação da multa isolada do art. 32A da Lei n º 8.212, justamente por se tratar de condutas distintas. Se o contribuinte tiver declarado em GFIP não se aplica a multa do art. 44 da Lei n º 9.430, sendo aplicável somente a multa moratória do art. 61 da Lei n º 9.430, pois os débitos já estão confessados e devidamente constituídos, sendo prescindível o lançamento. Portanto, a multa prevista no artigo 44 da Lei n º 9.430 somente se aplica nos lançamentos de ofício. Ocorre que pode ocorrer de o contribuinte não ter recolhido o tributo e tampouco ter declarado em GFIP. Nessa situação, temos duas infrações distintas e, conseqüentemente, duas penalidades de natureza diversa: por não recolher o tributo e ser realizado o lançamento de ofício, aplicase a multa de 75%; e, por não ter declarado em GFIP, a multa prevista no art. 32A da Lei n º 8.212. Pelo exposto, é de fácil constatação que as condutas de não recolher ou pagar o tributo e não declarar em GFIP não estão tipificadas no mesmo artigo de lei, no caso o art. 44 da Lei nº 9.430/96. Acrescentese que a lei, ao tipificar essas infrações em dispositivos distintos, denota estar tratando de obrigações, infrações e penalidades tributárias distintas, que não se confundem e tampouco são excludentes. Assim, no caso presente, há cabimento do art. 106, II, “c”, do Código Tributário Nacional, o qual dispõe que a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Destarte, o comparativo da norma mais favorável ao contribuinte deverá ser feito cotejando os arts. 32, § 5º e § 6°, com o art. 32A, I, ambos da Lei nº 8.212/1991, sendo aplicada a multa mais favorável ao contribuinte. Fl. 5391DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10580.730957/201115 Acórdão n.º 2302003.572 S2C3T2 Fl. 5.381 23 Pelas razões ora expendidas, CONHEÇO do recurso para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo as penalidades aplicadas nos AIOA´s 37.333.9780 (CFL 68) e 37.333.9879 (CFL69) serem recalculadas, tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor da multa assim calculado se mostrar menos gravoso à recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Fl. 5392DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI
score : 1.0
Numero do processo: 10830.907605/2011-75
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1802-000.598
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o processo em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Correa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Junqueira Carneiro Leão - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa e Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Relatório
Nome do relator: GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10830.907605/2011-75
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5404639
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1802-000.598
nome_arquivo_s : Decisao_10830907605201175.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO
nome_arquivo_pdf_s : 10830907605201175_5404639.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o processo em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Correa - Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa e Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. Relatório
dt_sessao_tdt : Thu Nov 27 00:00:00 UTC 2014
id : 5750570
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047476012843008
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1392; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 2 1 1 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.907605/201175 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1802000.598 – 2ª Turma Especial Data 27 de novembro de 2014 Assunto IRPJ Recorrente OCC ONCOLOGIA CLÍNICA DE CAMPINAS SOCIEDADE EMPRESARIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o processo em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Correa Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa e Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 07 60 5/ 20 11 -7 5 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora (MG), que por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente, não reconhecendo o seu direito creditório. Por economia processual passo a adotar o suscinto relatório elaborado pela DRJ, in verbis: “O interessado transmitiu a Dcomp nº 29147.48196.180907.1.3.049591, visando compensar os débitos nela declarados com crédito relativo a pagamentos indevidos ou a maior do IRPJ; A DRF/Campinas/SP emitiu Despacho Decisório eletrônico, no qual não reconhece o direito creditório e não homologa as compensações pleiteadas; A empresa apresenta manifestação de inconformidade na qual alega, em síntese, que: a) DA INEFICÁCIA DO DESPACHO DECISÓRIO REFUTADO; b) DA NECESSIDADE DE LANÇAMENTO PARA ALTERAR A APURAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE A RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DA PESSOA JURÍDICA; c) SERVIÇOS HOSPITALARES – POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PERCENTUAL DE 8% NA APURAÇÃO DE IRPJ PELO LUCRO PRESUMIDO – LEI Nº 9.249/95, Art. 15, § 1º, III, “a”; d) DO PAGAMENTO INDEVIDO DE IRPJ E A POSSIBILIDADE DE SE PLEITEAR A RESTITUIÇÃO; É o breve relatório.” A DRJ de Juiz de Fora (MG) julgou improcedente a impugnação, consubstanciando sua decisão na seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 DIPJ RETIFICADORA. A DIPJ retificadora, por si só, não se constitui em instrumento hábil para a exigência dos valores nela informados. IRPJ E CSLL. LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 4 3 A expressão “serviços hospitalares” somente abrange aqueles prestados por estabelecimentos qualificados como “hospital”, portanto, somente esses podem apurar o lucro presumido no percentual de 8% da receita bruta. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Dessa decisão da qual tomou ciência em 28/11/2013, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 19/12/2013. No Recurso faz extenso arrazoado sobre os motivos pelo qual o acórdão exerado pela DRJ não deve prosperar, reiterando em seguida as alegações feitas por ocasião da sua manifestação de inconformidade e, no fim, pugnando pelo provimento do seu Recurso Voluntário. É o relatório. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Relator. O Recurso é tempestivo, portanto dele tomo conhecimento. A presente lide consiste na interpretação da Delegacia da Receita Federal em Ribeirão Preto que entendeu que a contribuinte, optante pelo lucro presumido, deveria utilizar o percentual de lucro de 32% sobre sua receita bruta de prestação de serviços hospitalares, portanto divergente do percentual de 12%, o qual a contribuinte utilizou entendendo ser pertinente às suas atividades. De acordo com o entendimento da fiscalização, a Lei nº 10.684/2003 criou a alíquota de 32% para a apuração da CSLL para as pessoas jurídicas optantes pelo Lucro Presumido, enquadradas na mesma situação da contribuinte, embora a mesma tenha continuado a utilizar a alíquota de 12%. Vejamos o diploma legal em questionamento: “Art. 22. O art. 20 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do ano calendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. Parágrafo único. A pessoa jurídica submetida ao lucro presumido poderá, excepcionalmente, em relação ao quarto trimestrecalendário de 2003, optar pelo lucro real, sendo definitiva a tributação pelo lucro presumido relativa aos três primeiros trimestres." (NR) Passo portanto a análise do mérito. Para tanto colaciono o dispositivo questionado, constante da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995: “Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do ano calendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. (Redação dada Lei nº 10.684, de 2003) (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) (Vide Lei nº 11.119, de 205) (Vide Medida Provisória nº 627, de 2013) (Vigência)” Fl. 95DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 6 5 Reproduzindo também o dispositivo referente ao IRPJ, o qual ampara a CSLL: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: [...] III trinta e dois por cento, para as atividades de: (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) [...] Como de plano se observa, a Lei n° 11.727, de 23 de junho de 2008, promoveu alteração no sentido de adicionar atividades específicas no rol de exceções à aplicação da alíquota de 32%, sem adicionar contudo, os serviços radiológicos. Ocorre que tal alteração não afeta o caso em tela em virtude de: (I) não servir de caráter expressamente interpretativo para o termo “serviços hospitalares”, fato que poderia ensejar a retroatividade nos termos do art. 106, I, do Código Tributário Nacional; e (II) vir após a ocorrência dos fatos geradores que lhe deram causa (anos calendário de 2003, 2004, 2005 e 2006). Portanto, da análise devese verificar o texto legal vigente à época dos fatos geradores, que era “prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares”. Neste prisma, a Recorrente entende prestar serviços hospitalares e, nesta condição, entende que nos fatos geradores supra estaria na regra de exceção à aplicação da alíquota de presunção de lucro a 32%. Confrontada com idêntica situação, o STJ através do REsp n° 859.574, de relatoria do Ministro Castro Meira, julgado em 23/06/2009 se pronunciou no sentido de se interpretar o termo “serviços hospitalares” objetivamente. No voto do Ilustre Ministro, que também citou precedente do decidido no REsp 951.251/PR, concluiuse o seguinte: ... a Seção decidiu que o benefício fiscal de redução de base de cálculo foi concedido de modo objetivo, pois leva em consideração o serviço prestado e não a natureza ou estrutura do prestador. Nesses termos, Fl. 96DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 7 6 definiuse que a alíquota reduzida beneficia todos os prestadores de serviços tipicamente hospitalares – que são aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde , independentemente da complexidade ou da estrutura para internação de pacientes. A mens legis da norma em debate busca, através de um objetivo extrafiscal, minorar os custos tributários de serviços que são essenciais à população, não vinculando a prestação desses a determinada qualidade do prestador capacidade de realizar internação de pacientes , mas, sim, à natureza da atividade desempenhada. No julgamento citado, excetuaramse, apenas, as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos. Na oportunidade foram fixadas duas situações que convergem para a concessão do benefício: a prestação de serviços hospitalares e que esta seja realizada por instituição que, no desenvolvimento de sua atividade, possuía custos diferenciados do simples atendimento médico, sem, contudo, decorrerem estes necessariamente da internação de pacientes. No caso, tratase de entidade que presta serviços de radiologia, ultrassonografia e diagnóstico por imagens dentro do Hospital Geral pertencente à Associação de Caridade Santa Casa do Rio Grande, que não possui esses serviços e, portanto, os terceiriza à recorrente. Não se trata de simples consulta médica, mas de atividade que se insere, indubitavelmente, no conceito de “serviços hospitalares, já que demanda maquinário específico, geralmente adquirido por hospitais ou clínicas de grande porte.” É importante deixar consignado – por sugestão do Min. Teori Zavascki no julgamento do REsp 951.251/PR – que a redução da base de cálculo somente deve favorecer a atividade tipicamente hospitalar desempenhada pela recorrente – especificamente a prestação de serviços de radiologia, ultrassonografia e diagnóstico de imagens – excluídas as simples consultas e outras atividades de cunho administrativo. [...] (Grifouse) Retornando a matéria ao pleito do STJ, decidiu este pacificar seu entendimento no julgamento do REsp n° 1.116.399/BA, quando aplicou o regime do art. 543C do Código de Processo Civil, representativo da controvérsia, assim ementado: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 8 7 DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543C DO CPC. 1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL. Discutese a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poderse restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares". 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl.. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo Fl. 98DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 9 8 pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso especial não provido. (REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010) Tal decisão ainda foi consolidada pelo julgamento de Embargos Declaratórios, cuja ementa também transcrevo a seguir, por adicionar elementos interessantes, em especial, a inaplicação do conceito de “serviços hospitalares” para “consultas médicas”, vejamos: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Os embargos de declaração são cabíveis quando o provimento jurisdicional padece de omissão, contradição ou obscuridade nos ditames do art. 535, I e II, do CPC, bem como para sanar a ocorrência de erro material. 2. A parte embargante aduz que há no acórdão embargado, basicamente, três questões a serem esclarecidas, quais sejam: (i) a atividade de consulta médica realizada no interior dos hospitais por profissionais com vínculo com a instituição deve ser conceituada como serviços hospitalares para efeito de beneficiarse da redução da base de cálculo?; (ii) estão (ou não) abrangidas pelo benefício fiscal as consultas médicas prestadas em consultório médico não localizado no interior do hospital, mas com prestação de serviços que não a simples consulta médica?; e (iii) as consultas médicas prestadas em consultório médico de forma exclusiva se incluem no benefício? 3. No caso dos autos, o Colegiado foi claro e preciso ao afirmar que são excluídas dos benefícios tendentes à redução das alíquotas ora pleiteadas as atividades destinadas unicamente à realização de consultas médicas, de sorte que a conclusão ora buscada pela embargante decorre da simples leitura do acórdão embargado. 4. Não obstante, a fim de dirimir quaisquer dúvidas sobre o que foi efetivamente decidido pelo colegiado, prevenir interpretações errôneas do julgado, bem como o manejo de novos aclaratórios, devese esclarecer que a redução da base de cálculo de IRPJ na hipótese de prestação de serviços hospitalares prevista no artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei 9.249/95, efetivamente, não abrange as simples atividades de consulta médica realizada por profissional liberal, ainda que no Fl. 99DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 10 9 interior do estabelecimento hospitalar. Por conseguinte, também é certo que o benefício em questão não se aplica aos consultórios médicos situados dentro dos hospitais que só prestem consultas médicas. 5. Ademais, por ocasião do julgamento dos embargos declaratórios opostos pela Fazenda Nacional em face do acórdão proferido no REsp 951.251PR, o eminente Ministro Relator afirmou que: "Não há que se estender o benefício aos consultórios médicos somente pelo fato de estarem localizados dentro de um hospital, onde apenas sejam realizadas consultas médicas que não envolvam qualquer outro procedimento médico." 6. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/09/2010, DJe 29/09/2010) Como se observa, o entendimento jurisprudencial de “serviços hospitalares” ficou consolidado em sentido amplo, relacionandose ao serviço prestado, e não à natureza ou a estrutura do prestador. A interpretação do dispositivo, portanto, é objetiva. Ressaltese que o CARF se sujeita ao definido nos termos do art. 543C do Código de Processo Civil, nos termos da Portaria CARF n° 256, de 22 de junho de 2009: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. A contrario sensu, a DRJ havia entendido pela aplicação temporã dos fatos geradores, à luz das Instruções Normativas vigentes a cada tempo, que vinham restringindo o conceito de serviços hospitalares. “Seguindo este raciocínio, pacificouse no âmbito da administração tributária federal o entendimento de que serviços hospitalares são aqueles prestados em decorrência da internação e tratamento de doentes ou aqueles que necessitam de intervenções cirúrgicas em hospitais. Não se consideram como tais, para os fins específicos da tributação pelo imposto de renda e CSLL das pessoas jurídicas, mormente no regime do lucro presumido, os serviços ambulatoriais, os meros serviços de clínica médica, de exames clínicos, de análises clínicas (laboratoriais, radiológicas, ecográficas, de ressonância magnética, de tomografia computadorizada, etc.), de clínica odontológica que não necessitam de um complexo hospitalar, ou seja, dos recursos materiais e humanos próprios de um hospital, inclusive para promover a internação dos pacientes. Não bastassem estes argumentos, outra justificativa que aponta a intenção do legislador em distinguir, para fins tributários, os serviços profissionais de médico dos serviços hospitalares encontrase no custo suportado pelas pessoas jurídicas que atuam no ramo da saúde. Com efeito, os custos e despesas operacionais dos hospitais são bem superiores aos de outros serviços médicos/odontológicos/psicológicos Fl. 100DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 11 10 prestados em clínicas, consultórios médicos e laboratórios, o que fundamenta a diferenciação de percentual adotada pela lei para fixação do lucro presumido da pessoa jurídica. De fato, aos custos dos serviços prestados por hospitais, além dos gastos dos profissionais especializados e dos materiais empregados no atendimento, somamse, permanentemente, os custos de hotelaria, alimentação, enfermagem, lavanderia e pesquisa, além do que devem abranger o estado de prontidão para o atendimento a possíveis situações de emergência (atendimento 24 horas). Este, pois, é o sentido teleológico da norma: considerar como base de cálculo do imposto de renda uma porcentagem menor da receita bruta para quem atua no ramo de serviços hospitalares em relação aos serviços médicos ou odontológicos em geral, uma vez que seus custos são bem superiores aos serviços prestados em clínicas, ambulatórios, consultórios médicos ou laboratórios. Claro está, mais uma vez, a especificidade do conceito de serviços hospitalares para fins do artigo 15, III, a, in fine, da Lei nº 9.249/95. A INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº 306/2003 E A PORTARIA GM Nº 1.884/1994 À época dos fatos, a CoordenaçãoGeral do Sistema de Tributação da Secretaria da Receita Federal do Brasil solicitou parecer ao Ministério da Saúde a respeito do conceito de “serviços hospitalares” com o desiderato de esclarecer caso concreto em solução de consulta a ela formulada, cuja resposta consubstanciada na Nota Técnica CGPI/DP/SIS/MS nº 020, de 18 de fevereiro de 2002, assim concluiu a questão: Conforme exposto acima podemos concluir que as definições sobre serviços hospitalares e serviços préhospitalares devem ser elaboradas a partir da normatização atualmente vigente, podendose resumir da seguinte forma: SERVIÇOS HOSPITALARES: para a verificação de serviços hospitalares, devese avaliar se no caso concreto a pessoa jurídica exerce uma das seguintes atribuições: i) promoção, prevenção e vigilância à saúde da comunidade; atendimento eletivo de assistência à saúde em regime ambulatorial; ii) atendimento imediato de assistência à saúde: prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação por período superior a 24 horas; iii) atendimento a pacientes internos e externos em ações de apoio direto ao reconhecimento e recuperação do estado da saúde. Em face dessas conclusões, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio da Instrução Normativa SRF nº 306/2003, acolheu o posicionamento externado na Nota Técnica CGPI/DP/SIS/MS nº 020/2002, ao estabelecer em seu art. 23, as hipóteses em que os serviços prestados por determinadas pessoas jurídicas poderão ser considerados como serviços hospitalares, para os fins previstos no art. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 12 11 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei nº 9.249/95. Eis o teor do dispositivo: Art. 23. Para os fins previstos no art. 15, § 1º inciso III, alínea "a", da Lei nº 9.249, de 1995, poderão ser considerados serviços hospitalares aqueles prestados por pessoas jurídicas, diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura física condizente para a execução de uma das atividades ou a combinação de uma ou mais das atribuições de que trata a Parte II, Capítulo 2, da Portaria GM nº 1.884, de 11 de novembro de 1994, do Ministério da Saúde, relacionadas nos incisos seguintes: I – realização de ações básicas de saúde, compreendendo as seguintes atividades: (...) II – prestação de atendimento eletivo de assistência à saúde em regime ambulatorial, compreendendo as seguintes atividades: (...) III – prestação de atendimento imediato de assistência à saúde, compreendendo as seguintes atividades: (...) IV – prestação de atendimento de assistência a saúde em regime de internação, compreendendo as seguintes atividades: (...) V – prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia, compreendendo as seguintes atividades: (...) Frise se: para que sejam considerados hospitalares, exigese que os serviços descritos nos incisos do art. 23 da IN SRF 306/2003 sejam prestados por estabelecimentos que possuam estrutura física condizente com as atividades que desempenha. Para que se verifique isso, fazse necessária a apresentação de provas que demonstrem que os estabelecimentos cumprem as condições exigidas em lei para ser considerado como estabelecimento assistencial de saúde (EAS). Neste ponto, a Portaria GM nº 1.884/94 disciplinou sobre a organização físicofuncional dos estabelecimentos assistenciais de saúde, determinando quais as condições necessárias exigidas para que um estabelecimento possa prestar serviço hospitalar. Lembrese, ainda, que o caput do art. 23 da IN SRF nº 306/2003, exige que o estabelecimento assistencial de saúde possua estrutura física condizente com as atividades que desempenha, sendo obrigatório, portanto, oferecer os seus serviços de maneira plena e integral. Além Fl. 102DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 13 12 disso, é imprescindível a pessoa jurídica contar com todas as instalações e os equipamentos adequados para a prestação do serviço hospitalar equiparado, devendo estar apta a prestar os serviços necessários para os quais foi criada e executálos em local onde se encontram seus equipamentos, materiais, mãodeobra especializada, etc., os quais justificam os custos assemelhados à atividade hospitalar. Se, porventura, o contribuinte tãosomente dispensa atendimentos superficiais, sendo incapaz de propiciar o efetivo diagnóstico e tratamento de seus pacientes, concluise que ela não possui uma estrutura capaz de usufruir os proveitos fiscais em análise. Aduziu, portanto, que a definição de empresário e sociedade empresária não se coaduna como elemento de empresa pela simples prestação de serviços profissionais na área médica, afastando pelas características estruturais o contribuinte da condição de estabelecimento hospitalar de que trata a lei. Ora, como já abordado, o STJ decidiu que o termo “serviços hospitalares” deve ser analisado objetivamente. No caso, houve uma interpretação subjetiva, levandose em conta outros fatores que não se relacionam à prestação do serviço, mas à estrutura e outras condições do estabelecimento, restringindo sua aplicação ao caso. Neste estigma, é oportuno ressaltar que este Conselho não se submete aos atos da Secretaria da Receita Federal, que é parte interessada na arrecadação, mas deve atenção ao conteúdo estabelecido por leis, decretos, tratados ou acordos internacionais, nos termos da Portaria CARF n° 256, de 22 de junho de 2009: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: [...] Assim, é de se afastar a interpretação restritiva emanada através do Ato Declaratório Interpretativo (ADI) SRF n° 18, de 23 de outubro de 2003, bem como, as Instruções Normativas SRF n° 306, de 12 de março de 2003, n° 480, de 15 de dezembro de 2004 e n° 539, de 25 de abril de 2005, que não se coadunam ao conceito objetivo de “serviços hospitalares” e se apegar ao precedente jurisprudencial representativo da controvérsia emanado pelo STJ supracitado. Por derradeiro, ainda que possam haver discussões, vale colacionar decisões deste Conselho já levadas a efeito nesta matéria que consolidam a interpretação esposada: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 SERVIÇOS HOSPITALARES. ESPÉCIE DE SOCIEDADE. HIPÓTESE NÃO PREVISTA EM LEI. PERCENTUAL DE APURAÇÃO DO LUCRO PRESUMIDO. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 14 13 A expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva, ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte, porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Para a empresa que presta “serviços hospitalares”, o percentual de apuração do lucro presumido sobre as receitas da atividade, para os anos de 2002 a 2005, é de 8% para o IRPJ e de 12% para a CSLL, consoante arts. 15 e 20 da Lei nº 9.249/95. (Acórdão n° 1202000.584, Relator Conselheiro Carlos Alberto Donassolo, Segunda Câmara, Primeira Seção, julgado em 04/10/2011) IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006 LUCRO PRESUMIDO. CLÍNICA DE DIAGNÓSTICOS. DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. COEFICIENTE No julgamento do Recurso Especial nº 1.116.399BA (2009/00064810), havido na sistemática dos recursos especiais repetitivos, o STJ decidiu, com a ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727 de 2008 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, que a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde), excluindose, contudo, as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Subsistindo o lançamento principal, na seara do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica, igual sorte colhe o lançamento que tenha sido formalizado em legislação que toma por empréstimo a sistemática de apuração daquele. (Acórdão n° 1103000.552, Relator Conselheiro Jose Sergio Gomes, Primeira Câmara, Primeira Seção, julgado em 04/10/2011) Assim a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei nº 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva, ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte, porquanto a lei, ao conceder o menor percentual estimado de lucro, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Para a empresa Fl. 104DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10830.907605/201175 Resolução nº 1802000.598 S1TE02 Fl. 15 14 que presta “serviços hospitalares”, o percentual de apuração do lucro presumido sobre as receitas da atividade é de 12% para a CSLL, consoante o art. 20 do mesmo diploma legal. Apesar de tudo o que foi dito o julgamento do presente processo necessita de uma instrução complementar para que se verifique a natureza do serviço prestados no período em que os créditos foram apurados. Isto posto, voto pela conversão do presente processo em diligência para que a Delegacia de origem verifique: a) através das notas fiscais de saída a natureza dos serviços que estão sendo faturados; b) a existência de ativos, próprios ou alugados de terceiros, condizentes com a prestação de serviços que tenham custos diferenciados em relação à simples consultas; c) demais elementos julgados pertinentes que possam esclarecer a natureza das receitas auferidas pera ora Recorrente, bem como o coeficiente para presunção do lucro. Concluída a diligência fiscal, a DRF deverá intimar a Recorrente para, querendo, se manifestar e lavrar relatório circunstanciado, pormenorizado e conclusivo dos resultados apurados. (documento assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Fl. 105DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 06/12/2014 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA
score : 1.0
Numero do processo: 11080.008922/2005-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. FRETE ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA.
O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins que gera direito de crédito restringe-se aquele utilizado na produção ou fabricação de bens e produtos, não alcançando despesas posteriores ao processo produtivo.
PIS E COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART 8º DA LEI N.10.925/2004. ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO SRF 15/05. ILEGALIDADE INEXISTENTE.
O crédito presumido previsto na Lei nº 10.925/04, só pode ser utilizados para a dedução de Pis e Cofins no mês de sua apuração, não podendo ser utilizado em pedido de ressarcimento ou de compensação de períodos diversos de apuração. Precedentes do STJ.
RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. A isenção prevista no art. 14 da Medida Provisória no 2.037-25, de 2000, atual Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplica-se, exclusivamente, às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido artigo. No que se refere à Cofins, a isenção não alcança os fatos geradores ocorridos entre 1º de fevereiro de 1999 e 17 de dezembro de 2000, período em que produziu efeitos a vedação contida no inciso I do § 2º do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858-6, de 1999, e reedições (atual Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001). Quanto ao PIS, a isenção aplica-se somente para os fatos geradores ocorridos a partir do dia 18 de dezembro de 2000.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PIS NÃO CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO DOS DÉBITOS DIFERENÇA A EXIGIR NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No âmbito de pedido de ressarcimento de créditos da contribuição não cumulativa, é legítima a redução do valor objeto do pedido de ressarcimento pela inclusão na base de cálculo de valor desconsiderado pelo sujeito passivo, uma vez que o objeto do procedimento é a apuração do saldo passível de ressarcimento e não a exigência de tributo. RESSARCIMENTO. PIS NÃO-CUMULATIVO. JUROS SELIC INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento não se aplicam os juros Sebe, inconfundível que é com a restituição ou compensação, sendo que no caso do PIS e COFINS não cumulativos os arts. 13 e 15, VI, da Lei n° 10833/2003, vedam expressamente tal aplicação.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3302-01.170
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a glosa decorrente da inclusão das vendas para a ZFM na base de cálculo do PIS devido no mês, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Walber José da Silva, que negava provimento ao recurso, e Alexandre Gomes (relator), Leonardo Mussi da Silva e Fabiola Cassiano Keramidas, que reconheciam o direito ao crédito sobre fretes entre estabelecimentos da empresa e consideravam a receita da venda para a ZFM como receita de exportação. O Conselheiro Leonardo Mussi da Silva apresentou declaração de voto. Designado o Conselheiro José Antonio da Silva para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Adriana Oliveira e Ribeiro, OAB/DF 19961 e, pela recorrida, o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Rodrigo Burgos.
Nome do relator: Alexandre Gomes
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201108
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. FRETE ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins que gera direito de crédito restringe-se aquele utilizado na produção ou fabricação de bens e produtos, não alcançando despesas posteriores ao processo produtivo. PIS E COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART 8º DA LEI N.10.925/2004. ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO SRF 15/05. ILEGALIDADE INEXISTENTE. O crédito presumido previsto na Lei nº 10.925/04, só pode ser utilizados para a dedução de Pis e Cofins no mês de sua apuração, não podendo ser utilizado em pedido de ressarcimento ou de compensação de períodos diversos de apuração. Precedentes do STJ. RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. A isenção prevista no art. 14 da Medida Provisória no 2.037-25, de 2000, atual Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplica-se, exclusivamente, às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido artigo. No que se refere à Cofins, a isenção não alcança os fatos geradores ocorridos entre 1º de fevereiro de 1999 e 17 de dezembro de 2000, período em que produziu efeitos a vedação contida no inciso I do § 2º do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858-6, de 1999, e reedições (atual Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001). Quanto ao PIS, a isenção aplica-se somente para os fatos geradores ocorridos a partir do dia 18 de dezembro de 2000. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PIS NÃO CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO DOS DÉBITOS DIFERENÇA A EXIGIR NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No âmbito de pedido de ressarcimento de créditos da contribuição não cumulativa, é legítima a redução do valor objeto do pedido de ressarcimento pela inclusão na base de cálculo de valor desconsiderado pelo sujeito passivo, uma vez que o objeto do procedimento é a apuração do saldo passível de ressarcimento e não a exigência de tributo. RESSARCIMENTO. PIS NÃO-CUMULATIVO. JUROS SELIC INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento não se aplicam os juros Sebe, inconfundível que é com a restituição ou compensação, sendo que no caso do PIS e COFINS não cumulativos os arts. 13 e 15, VI, da Lei n° 10833/2003, vedam expressamente tal aplicação. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
numero_processo_s : 11080.008922/2005-51
conteudo_id_s : 5404108
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3302-01.170
nome_arquivo_s : Decisao_11080008922200551.pdf
nome_relator_s : Alexandre Gomes
nome_arquivo_pdf_s : 11080008922200551_5404108.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a glosa decorrente da inclusão das vendas para a ZFM na base de cálculo do PIS devido no mês, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Walber José da Silva, que negava provimento ao recurso, e Alexandre Gomes (relator), Leonardo Mussi da Silva e Fabiola Cassiano Keramidas, que reconheciam o direito ao crédito sobre fretes entre estabelecimentos da empresa e consideravam a receita da venda para a ZFM como receita de exportação. O Conselheiro Leonardo Mussi da Silva apresentou declaração de voto. Designado o Conselheiro José Antonio da Silva para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Adriana Oliveira e Ribeiro, OAB/DF 19961 e, pela recorrida, o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Rodrigo Burgos.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2011
id : 5746062
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047476033814528
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 59; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2518; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.008922/200551 Recurso nº 507.478 Voluntário Acórdão nº 330201.170 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de agosto de 2011 Matéria PIS NÃO CUMULATIVO Recorrente AVIPAL S/A AVICULTURA E AGROPECUÁRIA Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. FRETE ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins que gera direito de crédito restringese aquele utilizado na produção ou fabricação de bens e produtos, não alcançando despesas posteriores ao processo produtivo. PIS E COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART 8º DA LEI N.10.925/2004. ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO SRF 15/05. ILEGALIDADE INEXISTENTE. O crédito presumido previsto na Lei nº 10.925/04, só pode ser utilizados para a dedução de Pis e Cofins no mês de sua apuração, não podendo ser utilizado em pedido de ressarcimento ou de compensação de períodos diversos de apuração. Precedentes do STJ. RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. A isenção prevista no art. 14 da Medida Provisória no 2.03725, de 2000, atual Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplicase, exclusivamente, às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido artigo. No que se refere à Cofins, a isenção não alcança os fatos geradores ocorridos entre 1º de fevereiro de 1999 e 17 de dezembro de 2000, período em que produziu efeitos a vedação contida no inciso I do § 2º do art. 14 da Medida Provisória nº 1.8586, de 1999, e reedições (atual Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). Quanto ao PIS, a isenção aplicase somente para os fatos geradores ocorridos a partir do dia 18 de dezembro de 2000. Fl. 317DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 2 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PIS NÃO CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO DOS DÉBITOS DIFERENÇA A EXIGIR NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No âmbito de pedido de ressarcimento de créditos da contribuição não cumulativa, é legítima a redução do valor objeto do pedido de ressarcimento pela inclusão na base de cálculo de valor desconsiderado pelo sujeito passivo, uma vez que o objeto do procedimento é a apuração do saldo passível de ressarcimento e não a exigência de tributo. RESSARCIMENTO. PIS NÃOCUMULATIVO. JUROS SELIC INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento não se aplicam os juros Sebe, inconfundível que é com a restituição ou compensação, sendo que no caso do PIS e COFINS não cumulativos os arts. 13 e 15, VI, da Lei n" 10833/2003, vedam expressamente tal aplicação. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a glosa decorrente da inclusão das vendas para a ZFM na base de cálculo do PIS devido no mês, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Walber José da Silva, que negava provimento ao recurso, e Alexandre Gomes (relator), Leonardo Mussi da Silva e Fabiola Cassiano Keramidas, que reconheciam o direito ao crédito sobre fretes entre estabelecimentos da empresa e consideravam a receita da venda para a ZFM como receita de exportação. O Conselheiro Leonardo Mussi da Silva apresentou declaração de voto. Designado o Conselheiro José Antonio da Silva para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Adriana Oliveira e Ribeiro, OAB/DF 19961 e, pela recorrida, o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Rodrigo Burgos. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) Alexandre Gomes Relator (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Redator designado Fl. 318DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 2 3 EDITADO EM: 14/09/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Alan Fialho Gandra, Alexandre Gomes e Leonardo Mussi. Relatório Por fielmente retratar a controvérsia tratada no presente processo, transcreve se o relatório produzido pela decisão recorrida: Trata o presente processo de Declarações de Compensação de débitos de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com créditos de PIS não cumulativo apurados no 3° trimestre de 2005. O Despacho Decisório n° 1910/2007 (fls.182), aprovou a informação Fiscal de fls. 165/173 e reconheceu parcialmente o direito creditório requerido, homologando parcialmente as compensações declaradas até o limite do direito creditório reconhecido. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal (11s.165/173), inicialmente, constatouse a existência de divergência entre os valores informados no DACON e aqueles apresentados à Fiscalização por meio da memória de cálculo de fls. 145. A empresa reconheceu a existência de erro no preenchimento da DACON, afirmando que faria a retificação do demonstrativo, ratificando os valores informados à Fiscalização. A empresa deixou ainda de incluir na base de cálculo da contribuição vendas para cliente com sede na cidade de Tabatinga, por considerar que essas operações estariam albergadas pelo benefício de alíquota zero concedido à Zona Franca de Manaus. Tal município está localizado a mais de mil quilômetros da cidade Manaus, não compondo a região da Zona Franca de Manaus, estabelecida pelo Decreto n° 61.244/1967. Dessa forma, os valores referentes a essas vendas foram incluídos na base de cálculo da contribuição. Com relação aos créditos apontados no DACON, verificou a fiscalização a existência de divergências nos valores informados. A empresa reconheceu as divergências que tiveram origem no cômputo em duplicidade de créditos calculados sobre aquisições de determinados serviços. Sobre o montante reconhecido como correto pelo contribuinte, constatouse que as contas "Frete Transferências para Vendas" referemse a fretes pagos pela transferência de produtos acabados entre diversos estabelecimentos da empresa ou então para estabelecimentos de terceiros não clientes e, portanto, não geram créditos, por falta de previsão legal. Sendo assim, essa parcela foi glosada pela Fiscalização. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 4 Observouse também que o crédito presumido, concedido pelo art. 8° da Lei n° 10.925/2004, não pode ser objeto de compensação, nos termos do disposto no Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005. A parcela de crédito vinculada à receita bruta tributada no mercado interno também não é passível de compensação, só podendo ser objeto de dedução da própria contribuição. Já os créditos que decorrem dos custos e despesas vinculados à receita bruta não tributada no mercado interno, tendo em vista vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência, bem como a parcela de créditos vinculada à receita de exportação são passíveis de compensação com débitos de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A segregação desses créditos, no 3° trimestre de 2005, foi efetuada com base na receita bruta auferida, uma vez que essa foi a opção da interessada no DACON do primeiro trimestre de 2005 (fls.85). Tempestivamente, a interessada apresenta manifestação de inconformidade, onde inicialmente pondera que: a) apurou no 3° trimestre de 2005 créditos de exportação no valor total de R$ 4.051.950,90, sendo que parte deste valor foi utilizado para quitar débitos de PIS decorrentes de operações realizadas no mercado interno (R$ 1.125.547,55); b) apresentou pedido de ressarcimento do saldo remanescente (R$ 2.926.403,35) em 21/10/2005; c) entregou Declaração de Compensação (fls.01, retificada fls.70)no valor de R$ 1.620.793,92 para compensar débitos da própria Cofins e a DCOMP de fls.188191 retificada a fls.192/198 para extinguir débitos de IRRF. A empresa prossegue na sua manifestação juntando Declarações de Ingresso emitidas pela SUFRAMA, as quais teriam o condão de comprovar a internação na Zona Franca de Manaus das mercadorias constantes das notas fiscais desconsideradas pela Fiscalização. Insurgese contra a glosa de créditos escriturados nas contas "Fretes Transferências para Vendas", alegando que a legislação admite o aproveitamento de créditos em duas situações: no caso de serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda e na hipótese de frete na operação de venda. Na primeira situação, o frete representaria custo de produção e, na segunda, uma despesa operacional sendo passível de creditamento. Entende que a autoridade fiscal não poderia embasar tal glosa nas afirmações da empresa de que os fretes escriturados nessas contas referemse à etapa anterior à venda (fls.236). Afirma que não houve comprovação nos autos da situação descrita pela fiscalização. Com relação ao crédito presumido concedido pelo art. 8° da Lei n° 10.925/2004, afirma que houve inovação na interpretação dada pelo Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005, que teria restringido a utilização do crédito presumido apenas para Fl. 320DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 3 5 dedução da contribuição para o PIS e Cofins nãocumulativos, não podendo ser ressarcido ou utilizado para compensação de outros débitos tributários. Acredita que o crédito presumido deveria compor a totalidade dos créditos de PIS — Exportação e somente após a apuração total ser utilizado a) • dedução do débito da contribuição mensal, afim de não diminuir a base de cálculo dos créditos de PIS — Exportação. Argumenta que a receita provenientes das vendas efetuadas para a Zona Franca de Manaus deveria compor o receita bruta de exportação na segregação de créditos de PIS, por serem vendas equiparadas à exportação nos termos do disposto no DecretoLei n° 288/1967. Após análise do processo, a DRJ de Porto Alegre entendeu por bem indeferir a solicitação em decisão que assim ficou ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 ZONA FRANCA DE MANAUS ALÍQUOTA ZERO Apenas as vendas; para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus estão albergadas pelo benefício concedido de redução a zero da alíquota para o PIS e para a Cofins não cumulativos, não sendo extensivo tal benefício para outras cidades da região norte. FRETES Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar do PIS nãocumulativo sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa ou para estabelecimentos de terceiros não clientes. CRÉDITO PRESUMIDO UTILIZAÇÃO LIMITAÇÃO A própria Lei n° 10.925/2005 já limitou a utilização do crédito presumido previsto em seu art. 8° à dedução de débitos das contribuições para o PIS e para a Cofins não cumulativos. TAXA SELIC VEDAÇÃO LEGAL De acordo com o disposto nos arts. 13 e 15 da Lei n° 10.833/2003, não incide correção monetária e juros sobre os créditos de PIS e de Cofins objeto de ressarcimento. Solicitação Indeferida Contra esta decisão foi proposto Recurso Voluntário onde, em síntese, alega: a) sobre a questão das vendas para a Zona Franca de Manaus aduziu que: “Não assiste razão à fiscalização reconstituir a base tributável do PIS no referido mês, pois as receitas de vendas computadas no (novo) cálculo se referem a mercadorias internadas na Zona Franca de Manaus (ZFM) como provam as Declarações de Ingresso — SUFRAMA, anexadas aos autos, de números 450673cb02b6b14bb771073830abac3f, 2c4b5efc5883275d26013a2864f2163a e 77d814ebe17fc582832aa01c3dbe3116, confirmando se que a receita proveniente da venda desses produtos não está sujeita à tributação, considerando que referidas operações são equiparadas a exportação como demonstraremos posteriormente” e ainda que “se examinadas as Declarações de Ingressos na SUFRAMA em referência, será possível constatar que nelas contém os dados mínimos previstos na Portaria Fl. 321DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 6 da SUFRAMA, uma prova inequívoca de que efetivamente as mercadorias ingressaram na Zona Franca de Manaus. Ao contrário, se mantido o entendimento da autoridade julgadora a quo de que as Declarações de Ingresso não comprovam o internamento das mercadorias na Zona Franca de Manaus, o ônus da prova se inverte para a Administração Tributária”; b) que possui direito aos créditos de fretes “uma vez O texto legal não admite interpretação que não a literal. Como vimos, a legislação prevê duas situações para o aproveitamento de créditos de PIS calculados em relação a: (i) serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda (art. 30 inciso I); (ii) a frete na operação de venda (art. 3° inciso IX). Na primeira, o frete representa custo de produção e na segunda tratase de despesa operacional. c) que possui direito crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925/04 uma vês que “O permissivo legal é o de que o crédito presumido de PIS apurado pela pessoa jurídica deve ser compensado com a contribuição de PIS devida em cada período de apuração. O mesmo procedimento deve ser adotado com relação a COFINS. A lei não diz que a compensação só é admitida com relação ao crédito presumido calculado sobre os insumos da produção vendida no mercado interno, ou determina que a pessoa jurídica beneficiária deva segregar os créditos presumidos • em razão do destino das vendas (mercado interno ou externo). d) que foram realizadas segregações ilegais da uma vez que conforme se verifica no “demonstrativo às fls. 170 fine (Tabela 5), a fiscalização segregou receitas auferidas pela Recorrente no 3° trimestrecalendário de 2005, em: (i) receita bruta tributada no mercado interno; (ii) receita bruta não tributada no mercado interno; (iii) e receita bruta de exportação, para fins de apurar os respectivos créditos em percentual (%) e em valor (R$), observando a opção da Impugnante pela segregação dos créditos com base na proporção da receita bruta total. A fiscalização considerou receitas brutas não tributadas no mercado interno as seguintes: (i) vendas de leite UHT e leite tipo C; (ii) vendas para a Zona Franca de Manaus e; (iii) vendas de ovos. E como receita bruta de exportação apenas a proveniente das vendas para o exterior. Neste particular, fazemos o seguinte questionamento. (...) Embora estas receitas tenham sido contabilizadas pela Recorrente em separado das receitas de exportação, inclusive destacadas na Memória de Cálculo (fls. 149), decorrem de operações equiparadas à exportação, consoante legislação sobre a Zona Franca de Manaus, devendo, portanto, integrar a receita bruta de exportação para fins de apuração dos créditos de PIS exportação”. e) por fim, que é devida a atualização dos créditos pela SELIC. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Alexandre Gomes, Relator O presente Recurso Voluntário é tempestivo, preenche os demais requisitos e dele tomo conhecimento. Conforme se depreende do relatório acima são cinco os temas a serem analisados no presente processo: (i) a reconstituição da base de calculo do PIS por conta da tributação de vendas consideradas pela Recorrente como sujeitas a alíquota zero; (ii) não existência de direito ao credito relativo aos fretes realizados entre estabelecimentos da mesma Fl. 322DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 4 7 empresa ou para estabelecimentos de terceiros não clientes; (iii) a limitação ao ressarcimento e a compensação do credito presumido estabelecido pelo art. 8º da Lei 10.925/05; (iv) incorreta segregação das vendas para a Zona Franca como sendo vendas no mercado interno; e (v) a correção dos créditos pela SELIC. Para melhor entendimento trataremos pontualmente cada um dos itens acima listados. (i) a reconstituição da base de calculo do PIS por conta da tributação de vendas consideradas pela Recorrente como isentas. A Fiscalização ao analisar o pedido de ressarcimentos de créditos decorrentes da não cumulatividade do PIS, entendeu por bem glosar parte dos créditos pleiteados sob o argumento que a Recorrente deixou de incluir na base de cálculo da contribuição declarada e recolhida valores relativos a vendas que não teriam sido alcançadas pela isenção uma vez que não haveria prova de que teriam sido efetuados com destino a Zona Franca de Manaus. Independente da questão de terem sido internalizadas corretamente na SUFRAMA e terem de fato sido destinadas a Zona Franca de Manaus, há tema de fundo que merece análise preliminar, qual seja, a modificação da base de cálculo do tributo em sede de pedido de ressarcimento. A matéria tratada é de ordem publica, podendo ser conhecida de ofício pelo julgador administrativo, pois claramente ofende o principio da legalidade, afrontando o disposto nos 13, §º I; 114, 115, 116, incisos I e II, 142, 144 e 149, todos do Crédito Tributário Nacional. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem reiteradamente se manifestado a respeito do tema, como vemos da ementa abaixo transcrita: Assunto: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÃO AO PIS NO REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS GERADOS. PEDIDO DE, COMPENSAÇÃO DOS CRÉDITOS COM OUTROS TRIBUTOS. FISCALIZAÇÃO PARA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO NO MESMO PERÍODO. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO. A sistemática de creditamento da COFINS e do PIS não cumulativos não permite que, em pedido de compensação, seja sumariamente subtraída, do montante a ressarcir, a diferença de valores que a fiscalização considerar como recolhidos a menor, decorrentes da revisão da apuração da base de cálculo da contribuição. Se a fiscalização entende que valores como o de transferências de créditos de ICMS devem sofrer a incidência da Contribuição, tem de promover a sua exigência necessariamente por meio de lançamento de oficio, não podendo fazer a subtração sumária do crédito que o contribuinte utilizou para o pagamento de outros tributos, que ficariam a descoberto. Fl. 323DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 8 Recurso Voluntário Provido. Do voto do eminente Conselheiro Ivan Alegretti, cito e adoto como razão de decidir o seguinte trecho: “Assim, por entender que o contribuinte teria deixado de fazer incidir a Contribuição ao PIS em relação aos valores correspondentes à venda de créditos de 1CMS, a Fiscalização utilizou parte do saldo de créditos para o pagamento do valor que corresponderia ao débito de l'IS relativo à venda de créditos de ICMS. Na linha de manifestações anteriores deste Conselho, entendo que o procedimento é equivocado. A sistemática não cumulativa da Contribuição ao PIS e da COFINS não funciona tal como a sistemática de apuração do IN, como parece pretender a Fiscalização. No caso do IPI se promove a escrituração de créditos e débitos para, no final do período de apuração, mediante o balanço entre tais valores, obterse (a) ou um saldo credor que é transferido para aproveitamento no período subseqüente (b) ou um saldo devedor —que implica em recolhimento do tributo. No caso do PIS e da COFINS a incidência e a apuração não dependem do confronto entre créditos e débitos. Sua incidência se dá sobre a receita ou o faturamento, determinando o valor devido, independente da existência de créditos que possam ser usados para redução deste valor. Com efeito, a única diferença da sistemática não cumulativa reside em permitir que "Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação (...)" (art. 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003). É nítido, portanto, que os créditos gerados no sistema não cumulativo da COFINS e do PIS não compõem nem interferem na apuração da base de cálculo destas mesmas Contribuições. No âmbito do pedido de compensação que utiliza créditos de PIS não cumulativo não é cabível que a Fiscalização utilize parte do crédito a titulo de "irregularidade", reduzindo o saldo de créditos — como meio indireto para promover a revisão e ampliação da base de cálculo da Contribuição, para o efeito de cobrança dos valores que entende devidos. Se a Fiscalização entende que determinado valor recebido pelo contribuinte configura receita sujeita às referidas Contribuições, de modo que o contribuinte teria declarado e recolhido tributo menor que o devido, é imprescindível que promova a constituição do crédito pelo meio próprio: o lançamento. Confirase, ademais, que o presente entendimento reitera a jurisprudência deste Conselho em julgamentos anteriores: PEDIDO DE RESSARCIMENTO. COF1NS NÃO CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO DOS DÉBITOS DIFERENÇA A EXIGIR NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO A sistemática de ressarcimento da COFINS e do Fl. 324DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 5 9 PIS nãocumulativos não permite que, em pedidos de ressarcimento, valores como o de transferências de créditos de 1CMS, computados pela fiscalização no faturamento, base de cálculo dos débitos, sejam ,subtraídas do montante a ressarcir. Em tal hipótese, para a exigência tais Contribuições carece seja efetuado lançamento de oficio.. RESSARCIMENTO. COFINS NÃOCUMULAIIVA. JUROS SELIC INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento não se aplicam os juros SELIC, inconfundível que é com a restituição ou compensação, sendo que no caso do PIS e COFINS não cumulativos os arts. 13 e 15, VI, da Lei nº 10833/2003, vedam expressamente tal aplicação. Recurso provido em parte. (Acórdão 2031.1852, Recurso Voluntário nº 130.611, Conselheiro EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS D.O.U de 06/06/2007, Seção I, pág. 49) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL LANÇAMENTO. Constatado que, na apuração do tributo devido, no âmbito do lançamento por homologação, o sujeito passivo não oferecera à tributação, matéria que a fiscalização julga tributável, impõese o lançamento para formalização da exigência tributária. pois a mera glosa de créditos legítimos do .sujeito passivo configura irregular compensação de oficio com crédito tributário ainda não constituído e, portanto, destituído da certeza e da liquidez imprescindíveis a sua cobrança. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. PIS NÃO CUMULATIVO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA 1NCABÍVEL. É incabível a atualização monetária do .saldo credor do PIS não cumulativo objeto de ressarcimento. Recurso Voluntário Provido em Parte. (Recurvo Voluntário nº 140.760, PA nº 11065.002884/200511, Conselheira SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, j. 22/07/2008) No mesmo sentido citamos ainda: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL PIS/Pasep NÃO CUMULATIVO. RESSARCIMENTO. ERRO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS/Pasep . LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A sistemática de ressarcimento do PIS/Pasep Não Cumulativo não exime a autoridade fiscal de proceder ao lançamento de ofício para exigir eventual diferença da contribuição deduzida do valor do crédito para fins de ressarcimento. No caso, a Fl. 325DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 10 autoridade fiscal limitouse a reduzir o valor do saldo a ressarcir mediante mero ajuste escriturai, aumentando o valor da contribuição ao PIS/Pasep diminuída do ressarcimento, em detrimento de lançamento de ofício para a constituição do crédito tributário correspondente. RESSARCIMENTO PIS/PASEP REGIME NÃO • CUMULATIVO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS. O artigo 15, combinado com o Artigo 13, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento. Recurso provido em parte (Processo n° 11065.005339/200315. Recurso n° 134.005 Relator ODASSI GUERZONI FILHO. J 27/01/2007) Como se vê, é fato inconteste que, havendo discordância da base de cálculo utilizada para a apuração da contribuição devido no mês é dever da autoridade fiscal promover o respectivo lançamento, não lhe sendo permitido, em substituição a este, promover a glosa de créditos em pedidos de ressarcimento ou compensação. Diante dos precedentes citados, entendo que as glosas decorrentes da inclusão das vendas para a Zona Franca de Manaus devem ser canceladas, e eventual discussão a cerca da incidência sobre as operações efetuadas pela Recorrente deverá ser tratada mediante lavratura de auto de infração. (ii) não existência de direito ao credito relativo aos fretes A fiscalização negou o direito ao crédito decorrente dos fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa ou para estabelecimentos de terceiros não clientes É certo que nessas contas não se faz o registro de aquisição de serviços de frete utilizados como insumo na produção de bens destinados à venda, pois para isso existem outras contas especificas, principalmente no subgrupo "Estoques de Matéria prima" (folha 118). Do exame de alguns documentos fiscais comprobatórios de operações lançadas nas contas "Fretes s/ Vendas" e "Fretes Transferência p/ Vendas", observouse que os fretes objeto de registro na primeira conta foram aqueles pagos pelo transporte dos produtos acabados de um estabelecimento do contribuinte até seus clientes (folhas 122 e 123). Já os fretes objeto de registro na segunda conta foram aqueles pagos pela transferência de produtos acabados entre os diversos estabelecimentos do contribuinte ou então para estabelecimentos de terceiros, não clientes, o que caracteriza fretes não vinculados a operações de venda (folhas 124 a 128). Em conseqüência, não geram créditos, por falta de previsão legal. (g.n) A lei 10.637/02 que dispõe sobre a nãocumulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), assim prescreve: Fl. 326DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 6 11 Art. 3º Do valor apurado na firma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) A Lei 10.833/03, que tratou da nãocumulatividade da COFINS, possui o mesmo dispositivo legal acima transcrito, tratando a matéria de forma igual. Do exame atento do art. 3° caput e parágrafo 1º das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03, verificase que estas leis adotaram uma sistemática em que as contribuições incidem sobre a totalidade da receita auferida pela pessoa jurídica, com o desconto de créditos através da aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, relativamente aos custos, encargos e despesas suportados pela empresa no decorrer de suas atividades. Vale destacar que a chamada “não cumulatividade” do PIS e da COFINS não guarda qualquer simetria com aquele delineado pelas legislações do IPI e do ICMS. Assim, a primeira diferença que destacamos é de ordem jurídica: a sistemática “não cumulativa” do PIS e COFINS, diferentemente da existente parA o IPI e o ICMS, não vem prevista na Constituição Federal e sim em lei ordinária. Outra diferença tem relação com o método da “não cumulatividade” formalmente erigido pelo legislador ordinário para o PIS e COFINS. Para essas contribuições, o Poder Executivo, ao editar as MPs 66/02 e 135/03, optou, conforme exposição de motivos da lei, pelo chamado “Método Indireto Substantivo”, como forma de garantir apenas neutralidade parcial do impacto tributário sobre os agentes da cadeia de valor. Ou seja, na sistemática do PIS e da COFINS não cumulativa o direito ao crédito não leva em consideração o valor das contribuições pagas nas etapas anteriores, mas sim certas bases de créditos e débitos (valor dos bens e serviços) desde que sujeitos a tributação nesta etapa anterior. De outro lado, no caso do IPI, temos o método de crédito do imposto que determina que o cálculo do crédito a ser utilizado leva em consideração o valor destacado de IPI na nota fiscal de aquisição dos insumos. Porém a falta de melhor definição dos termos utilizados na Lei 10.637/02 e 10.833/03 acabou por permitir uma grande discussão a respeito do alcance da possibilidade de utilização dos créditos para abatimento das contribuições devidas. De um lado, a Receita Federal que procura restringir o direito ao crédito igualando a sistemática de apuração a do IPI, ou seja, somente dariam direito ao creditamento Fl. 327DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 12 as aquisições de insumos que se consumirem ou se desgastarem no processo produtivo, e de outro, os contribuintes, buscando um alargamento deste conceito de insumo. A respeito do tema vale destacar recente decisão do Conselho Administrativo de Recurso Fiscal – CARF: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO. RESSARCIMENTO. A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de combustíveis e de lubrificantes denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Recurso negado. (CSRF. Resp 248.457. Relator Henrique Pinheiro Torres Data Julgamento: 23/08/2010) Do voto do eminente Relator Henrique Pinheiro Torres destacase pela relevância para o aqui discutido: A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Júlio César Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo nº 13974.000199/200361, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Destarte, aplicada a legislação do IPI ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de “insumos” aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão “insumos”, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que aí incluiu “serviços”, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Após analisar o tema e os dispositivos legais relacionados, assim conclui o nobre relator: Fl. 328DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 7 13 Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Como vemos a jurisprudência administrativa do CARF caminha a passos largos para um distanciamento cada vez maior da aplicação dos conceitos do IPI na apuração dos créditos de PIS e COFINS não cumulativo. No mesmo norte, decidiu a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção do CARF, de forma unânime, nos autos do processo 11020.001952/200622, de cuja ementa destacase: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de Apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 (...) REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e COFINS deve ser entendido como toda e qualquer despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI. Uma vez que a materialidade de tal tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço. (...) Recurso Voluntário provido em Parte. Neste contexto, entendo que assiste razão a recorrente, que pode creditarse de frete realizado pela empresa, uma vez que se tratam de despesas operacionais indispensáveis e essenciais ao funcionamento da Recorrente, sem os quais a atividade industrial da empresa fica evidentemente prejudicada. (iii) a limitação ao ressarcimento e a compensação do credito presumido estabelecido pelo art. 8º da Lei 10.925/05 Entre os valores a serem utilizados nas compensações realizadas a recorrente incluiu a parcela excedente dos créditos presumidos de que trata o art. 8º da Lei 10.925/05. Assim prescreve citado dispositivo: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos Capítulos 2 a 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 01.03, 01.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os Fl. 329DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 14 códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 09.01, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Neste ponto também não assiste razão a Recorrente. A leitura da legislação é clara ao afirmar que o credito presumido poderá ser deduzido da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração. Assim me parece correto afirmar que os valores do credito presumido só podem ser utilizados para a dedução de PIS e Cofins no mês de sua apuração, não podendo ser utilizado em pedido de ressarcimento ou de compensação de períodos diversos de apuração. A propósito, esta também é a interpretação uníssona do STJ, senão vejamos: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART 8º DA LEI N.10.925/2004. ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO SRF 15/05. ILEGALIDADE INEXISTENTE. 1. Ambas as Turmas integrantes da Primeira Seção desta Corte Superior firmaram entendimento no sentido de que o ato declaratório interpretativo SRF 15/05 não inovou no plano normativo, mas apenas explicitou vedação que já estava contida na legislação tributária vigente. 2. Precedentes: REsp 1233876/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 1.4.2011; e REsp 1118011/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 31.8.2010. 3. Recurso especial não provido. (REsp 1240954 / RS. Relator. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES. Dje 21/06/2011) Assim correta a decisão exarada pela DRJ de Porto Alegre. (iv) incorreta segregação das vendas para a Zona Franca como sendo vendas no mercado interno A fiscalização contabilizou os créditos decorrentes de vendas para a Zona Franca de Manaus como créditos oriundos de receita bruta não tributada no mercado interno, já que estas estão sob o abrigo da alíquota zero para a contribuição em tela. Fl. 330DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 8 15 A Recorrente, por sua vez, entende que as vendas para a Zona Franca de Manaus equiparamse, para todos os efeitos, a uma venda para o exterior, devendo, portanto, ser incluídas na parcela denominada receita bruta exportação. Afirma a Recorrente que “a fiscalização considerou receitas brutas não tributadas no mercado interno as seguintes: (i) vendas de leite UHT e leite tipo C; (ii) vendas para a Zona Franca de Manaus e; (iii) vendas de ovos. E como receita bruta de exportação apenas a proveniente das vendas para o exterior. Neste particular, fazemos o seguinte questionamento. Informa ainda que, embora tenham sido escrituradas em conta separada das receitas de exportação, tratase de vendas efetivadas para a Zona Franca de Manaus revestindo se de natureza equiparada a exportação. Com razão a Recorrente. Quando da criação da Zona Franca de Manaus, assim prescreveu o art. 4º do DecretoLei 288/67: Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. A Constituição Federal de 1988, nos Atos das Disposições Transitórios assim tratou do tema: Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de Manaus. Estado as vendas para a Zona Franca de Manaus equiparadas às vendas para o exterior, para todos os efeitos legais, correta o critério de incluílas entre a denominada “RECEITA BRUTA DE EXPORTAÇÃO”. (v) a correção dos créditos pela SELIC. Em relação a SELIC sem razão a recorrente. A lei 10.833/03, sem seu art. 15, combinado com o art. 13, veda expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros aos pedidos de ressarcimento por ela regulados.. Estando a aplicação da SELIC expressamente afastada por Lei em vigor, é vedado ao julgador administrativo afastála. Fl. 331DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 16 Assim, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário nos termos do voto acima transcrito. (Assinado digitalmente) Alexandre Gomes Voto Vencedor Conselheiro José Antonio Francisco, Relator Designado Divirjo do ilustre Relator em relação ao direito ao crédito sobre fretes entre estabelecimentos da empresa e à equiparação da receita da venda para a ZFM à receita de exportação, matérias para as quais fui designado redator para o acórdão. Em relação à primeira questão, destaquese que o creditamento das despesas de frete é somente permitido em relação às operações de venda, “quando o ônus for suportado pelo vendedor”. De fato, frete representa, por definição, prestação de serviço de transporte. Dessa forma, quando se fala em frete estáse falando de serviço prestado por terceiro, sendo, portanto, discutido, no âmbito de sua natureza, a possibilidade ou não de creditamento. Afora a expressa previsão acima mencionada, o creditamento de despesas de frete somente seria admissível na definição do art. 3º, II, da Lei no 10.833, de 2003 (ou da Lei no 10.637, de 2002, no caso do PIS). Referido dispositivo referese a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de produtos destinados a vendas. Dentro desse conceito é que se tentam enquadrar as mais variadas despesas incorridas pela empresa produtora para o fim de creditamento das contribuições não cumulativas. Entretanto, é preciso ter em conta que, de um lado, tal conceito não se confunde com o de insumo de IPI, restrito a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem. De outro, não é qualquer bem ou serviço adquirido que gera direito de crédito. A condição é de que o bem ou serviço seja insumo, mas não qualquer insumo, uma vez que o dispositivo especifica claramente que deva ser utilizado na prestação de serviços ou na produção e fabricação de produtos. Portanto, embora insumo seja genericamente qualquer elemento necessário para produzir mercadorias ou serviços, a lei exige que, para gerar crédito, ele seja utilizado na produção ou fabricação. Tal disposição, singela e bastante clara, restringe drasticamente as pretensões de interpretar a disposição legal citada como referente a todo e qualquer insumo de produção. A primeira conclusão é elementar: custos e despesas posteriores à produção ou à prestação de serviços não geram direito de crédito com base no dispositivo. Assim, somente os casos Fl. 332DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 9 17 previstos em outros incisos específicos do citado dispositivo geram crédito, quando não enquadrados no conceito de insumo utilizado na produção. Dessa forma, embora o frete entre estabelecimentos seja insumo, relativamente ao produto final, ele não se enquadra na definição do dispositivo legal citado, não gerando direito a crédito das contribuições. Quanto às vendas para a Zona Franca de Manaus ZFM, primeiramente há que se analisar a questão da necessidade de lançamento para efetuar a inclusão dos débitos na apuração do saldo passível de ressarcimento. Em regra, o crédito tributário não constituído por meio de declaração do sujeito passivo tem que ser objeto de lançamento, atividade vinculada e obrigatória, nos termos do art. 142 do CTN. Entretanto, no presente caso, embora não tenha havido um lançamento sob o ponto de vista formal (não há ato administrativo denominado de lançamento nos presentes autos), houve lavratura de atos administrativos que contêm todos os requisitos de um lançamento. Houve autorização para reexame (fl. 52); termo de início de fiscalização (fl. 53); relatório que descreveu as infrações, apurou a base de cálculo e o valor devido (fls. 68 e seguintes), efetuado por auditorfiscal; ciência de todo o procedimento com direito ao processo previsto no Decreto no 70.235, de 1972, satisfazendo o procedimento ao disposto no art. 11 do referido decreto. Portanto, devese considerar que o procedimento adotado foi hábil e idôneo para o efeito de constituir o crédito do fisco, tornandoo líquido e certo, sujeito à impugnação. Ademais, ainda que não fosse legítima a interpretação acima exposta, devese considerar que o procedimento, desde seu início, foi o de apuração do saldo passível de ressarcimento, conforme requerimento do sujeito passivo. Nas verificações que se seguiram, o fisco apurou irregularidade na apuração dos débitos. Como o saldo a ser ressarcido é a diferença positiva entre os créditos e os débitos, tanto a majoração irregular de créditos como a redução indevida dos débitos influem o resultado apurado. Assim, da mesma forma como é possível, por meio do procedimento adotado nos presentes autos, reduzir o montante de créditos do sujeito passivo, também é possível a majoração de débitos, independentemente de lançamento, uma vez que o objetivo não é exigir tributo, mas apenas apurar o montante de ressarcimento devido ao sujeito passivo. Quanto ao mérito, primeiramente há que se esclarecer que, se uma lei dispõe em sentido contrário ao que determina a constituição, há inconstitucionalidade material. Não há como simplesmente “abandonar” suas disposições para “preferir” as disposições constitucionais sem considerar que a lei contraria a Constituição. Nesse contexto, aplicamse o art. 62 do Regimento Interno do Carf e a Súmula Carf no 2, descabendo também sua apreciação no âmbito do presente recurso. Fl. 333DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 18 Quanto ao mérito, adoto o entendimento do Acórdão 20308988, RV 122018, de lavra da Ilustre Conselheira Luciana Pato Peçanha Martins, cujo teor foi o seguinte: No que se refere às receitas de exportação, a Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, estabeleceu em seu art. 7º: “Art 7º É ainda isenta da contribuição a venda de mercadorias ou serviços destinados ao exterior, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo.” O Decreto nº 1.030, de 29 de dezembro de 1993, que regulamentou o disposto no art.7º da Lei Complementar nº 70, de 1991, estabeleceu as condições para a concessão de isenção, assim dispondo: “Art.1º Na determinação da base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), instituída pelo art. 1º da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, serão excluídas as receitas decorrentes da exportação de mercadorias ou serviços, assim entendidas: I vendas de mercadorias ou serviços para o exterior, realizadas diretamente pelo exportador; II exportações realizadas por intermédio de cooperativas, consórcios ou entidades semelhantes; III vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras, nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IV vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo; e V fornecimentos de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível. Parágrafo único . A exclusão de que trata este artigo não alcança as vendas efetuadas: a) a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus, na Amazônia Ocidental ou em Área de Livre Comércio; b) a empresa estabelecida em Zona de Processamento de Exportação; c) a estabelecimento industrial, para industrialização de produtos destinados a exportação, ao amparo do art. 3º da Lei nº 8.402, de 8 de janeiro de 1992; d) no mercado interno, às quais sejam atribuídos incentivos concedidos à exportação. (...)”(grifouse) Fl. 334DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 10 19 Por sua vez, a Lei Complementar nº 85, de 15 de fevereiro de 1996, em seu art. 1º alterou a redação do art. 7º da Lei Complementar nº 70, de 1991, para isentar da Cofins as receitas provenientes das hipóteses adiante mencionadas, determinando ainda no seu art. 2º que seus efeitos retroagissem aos fatos geradores ocorridos a partir do dia 1º de abril de 1992, data de início dos efeitos do disposto na referida Lei Complementar nº 70, de 1991. “Art.1º O art. 7º da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art.7º São também isentas da contribuição as receitas decorrentes: I de vendas de mercadorias ou serviços para o exterior, realizadas diretamente pelo exportador; II de exportações realizadas por intermédio de cooperativas, consórcios ou entidades semelhantes; III de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras, nos termos do Decretolei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IV de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo; V de fornecimentos de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações ou aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; VI das demais vendas de mercadorias ou serviços para o exterior, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo." Art. 2º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação, retroagindo seus efeitos a 1o de abril de 1992.” (grifouse) A Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, não fez qualquer referência à exclusão de receitas de exportações ou à isenção das contribuições sobre tais receitas. A Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de junho de 1999, e reedições até a Medida Provisória nº 2.03424, de 23 de novembro de 2000, redefiniu no seu art. 14 as regras de desoneração da contribuição em tela nas hipóteses especificadas e revogou expressamente todos os dispositivos legais relativos a exclusão de base de cálculo e isenção, existentes até o dia 30 de junho de 1999. A respeito do instituto da isenção, deve ser lembrado que o Código Tributário Nacional dispõe, em seu art. 111, que interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção. Fl. 335DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 20 Não procede a argumentação da recorrente de que, para fins de isenção da Cofins, teria o art. 4º do DecretoLei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, equiparado a venda de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro à exportação brasileira para o exterior. O referido dispositivo estabelece: “Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.” (grifouse) Sobre o alcance do artigo referido, deve ser ressaltado que abrangia tãosomente os efeitos fiscais previstos na legislação então vigente, conforme norma inserta no dispositivo suso transcrito, verbalizada na expressão seguinte: constante da legislação em vigor. De outro lado, essa equiparação não é absoluta, podendo ser mitigada para não alcançar incentivos fiscais que o legislador pretendeu ou pretenda estender exclusivamente às exportações efetivas para o exterior. Para que não paire dúvida do aqui afirmado, basta dar uma espiada na norma inserta no artigo 7º do DecretoLei nº 1.435/1975, que se transcreve abaixo: “Art. 7º A equiparação de que trata o artigo 4º do DecretoLei no 288, de 28 de fevereiro de 1967, não compreende os incentivos fiscais previstos nos DecretosLeis nº s 491, de 5 de março de 1969; 1.158, de 16 de março de 1971; 1.189, de 24 de setembro de 1971; 1.219, de 15 de maio de 1972, e 1.248, de 29 de novembro de 1972, nem os decorrentes do regime de “drawback”. Vejase que o legislador, no dispositivo legal acima transcrito, restringiu o alcance da equiparação em comento para evitar que os incentivos específicos para a exportação, previstos nos diplomas legais enumerados nesse artigo 7º, fossem estendidos às remessas para a Zona Franca de Manaus. Se o legislador pretendesse contemplar, indistintamente, com a isenção dessa contribuição, todas as receitas de vendas efetuadas para quaisquer empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, teria feito constar expressamente na legislação específica da Cofins, mas isso não foi feito, ao contrário, dispôs inequivocamente que a isenção não alcança as vendas efetuadas a empresas estabelecidas nessa área de livre comércio, como disposto no parágrafo único do artigo 1º do Decreto nº 1.030, de 29 de dezembro de 1993, que regulamentou o disposto no art.7º da Lei Complementar nº 70, de 1991. Por seu turno, a discussão a respeito do art. 40 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1988, conforme dito preliminarmente, não será realizada por considerar que o contencioso administrativo não é o foro próprio e adequado para questionamentos de natureza constitucional. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 11 21 Registrese, por oportuno, que o Supremo Tribunal Federal, na ADIN nº 2.3489, impetrada pelo Governador do Estado do Amazonas, na sessão plenária do dia 7 de dezembro de 2000, deferiu medida cautelar quanto ao disposto no inciso I do § 2º do artigo 14 da Medida Provisória nº 2.03724, de 2000, suspendendo ex nunc a eficácia da expressão “na Zona Franca de Manaus”. Acatando a liminar concedida pelo STF, na edição da Medida Provisória nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000, publicada no Diário Oficial da União de 22 de dezembro de 2000, atual Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, foi suprimida a expressão "na Zona Franca de Manaus" do inciso I do § 2º do art. 14 que constava de suas edições anteriores. Assim, enquanto não julgada definitivamente, a ADIN apenas suspende a eficácia da incidência de Cofins sobre as receitas de vendas efetuadas a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus a partir da concessão de liminar pelo STF. Vale observar que o § 1º do art. 11 da Lei nº 9.868, de 1999 determina que “a medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva concederlhe eficácia retroativa.” Para complementação do voto, adoto o entendimento do Acórdão 20401806, de lavra da Ilustre Conselheira Nayra Bastos Manatta: Portanto, os efeitos da liminar concedida não se aplicam aos períodos compreendidos entre janeiro a dezembro/97, primeiro em virtude dos efeitos ex nunc concedidos pelo Tribunal, e segundo porque a alteração normativa incidiu sobre a Medida Provisória nº 2.03724, de 2000. Quanto à aplicação do disposto no art. 7º da Lei Complementar nº 70/91 às vendas à ZFM, é de se observar que o referido dispositivo legal contempla apenas as operações de exportação e o CTN no seu art. 111, inciso II determina que se interpreta literalmente a lei que dispõe sobre outorga de isenção. Assim sendo, não se pode estender os efeitos do disposto no referido art. 7º, bem como do disposto no DecretoLei nº 288/67, uma vez que naquele dispositivo consta expressamente que só diz respeito à legislação em vigor quando da sua edição, o que não é o caso dos autos. No que diz respeito ao PIS, mantémse as mesmas considerações tecidas para a Cofins sobre os efeitos da liminar concedida pelo STF em sede do ADIN nº 23489 e sobre a modificação normativa trazida pela Medida Provisória nº 203724, de 2000, bem como quanto à impossibilidade de se estender os efeitos do disposto no DecretoLei nº 288/67 ao caso dos autos. Alem disto é de se observar que a partir da edição da Lei nº 7714/88, as vendas efetuadas a empresas estabelecidas na ZFM não estavam isentas desta contribuição, pelo que dispôs literalmente o art. 5º, §2º, alínea “a” do referido dispositivo legal. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 22 “Art. 5º Para efeito de cálculo da contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PASEP e para o Programa de Integração Social PIS, de que trata o DecretoLei nº 2.445, de 29 de junho de 1988, o valor da receita de exportação de produtos manufaturados nacionais poderá ser excluído da receita operacional bruta. “§ 1º Serão Consideradas exportadas, para efeito do disposto no caput deste artigo, as mercadorias vendidas a empresa comercial exportadora, de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972. (Parágrafo incluído pela MP 622, de 22.09.94) “§ 2º A Exclusão prevista neste artigo não alcança as vendas efetuadas:(Parágrafo incluído pela MP 622, de 22.09.94) a) a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus, na Amazônia Ocidental ou em Área de Levre Comércio;” Ademais, adoto o entendimento da Receita Federal, que considera que “A isenção da Cofins (ou PIS/Pasep) prevista no art. 14 da Medida Provisória no 2.03725, de 2000, atual Medida Provisória no 2.15835, de 2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplicase, exclusivamente, às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido artigo.” O entendimento acima, exposto na Solução de Consulta n. 8, de 2002, é exatamente de que somente aquelas isenções previstas à época do mencionado DecretoLei n. 288, de 1967, é que se aplicam e não todos os casos do art. 14 da MP citada. À vista do exposto, na parte em que dá provimento ao recurso, voto por seguir o relator apenas em relação às glosas decorrentes da inclusão das vendas para a ZFM na base de cálculo do PIS (item IV de seu voto). (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Declaração de Voto Conselheiro Leonardo Mussi 1) A questão da reconstituição da base de cálculo do PIS por conta da tributação das vendas para Zona Franca de Manaus. O ilustre Relator, de forma brilhante, rechaçou a possibilidade de, em procedimento, visando a homologar a compensação, as autoridades administrativas promoverem a redução do crédito, por suposto erro do contribuinte na apuração do débito tributário a ser quitado mediante compensação. Com razão o Relator. Ao tratar “da competência para apreciar pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e declaração de compensação”, a IN 900, deixa patente que o objeto da análise a ser realizada pela autoridade competente é tão somente sobre a resituição, o ressarcimento ou a homologação da compensação, verbis: Fl. 338DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 12 23 “Art. 57. A decisão sobre o pedido de restituição de crédito relativo a tributo administrado pela RFB, o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins e o pedido de reembolso, caberá ao titular da Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF), da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (Derat) ou da Delegacia Especial de Instituições Financeiras (Deinf) que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, ressalvado o disposto nos arts. 58 e 60. Parágrafo único. A restituição, o reembolso ou o ressarcimento dos créditos a que se refere o caput, bem como sua compensação de ofício com os débitos do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional, caberão à DRF, à Derat ou à Deinf que, à data da restituição, do reembolso, do ressarcimento ou da compensação, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. . . . . Art. 63. A homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo à RFB será promovida pelo titular da DRF, da Derat ou da Deinf que, à data da homologação, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo.” A competência atribuída é tão somente para julgar o pedido de restituição ou homologar a compensação. O fisco pode negar a restituição ou deixar de homologar a compensação se há problema em relação ao crédito a ser restituído. Mas não é dado o direito de, no âmbito restrito do processo instaurado para se discutir o pedido de restituição ou compensação, a autoridade exigir, por vias obliquas, eventuais débitos encontrados na revisão, como no caso dos autos, da base de cálculo do tributo. A competência de exigir o crédito tributário é regulada por outras regras, que visam dar certeza, liquidez e exigibilidade ao crédito do fisco. Nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício ou por declaração, o fisco apura o montante do tributo devido e expede a notificação de lançamento, estabelecendo a data ou termo para o pagamento da dívida. A certeza, liquidez e exigibilidade do crédito foram devidamente determinadas pela legislação e pela administração pública. Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a questão é um pouco diversa. Num primeiro momento, a legislação determina que a dívida tributária seja apurada pelo próprio contribuinte, devendo este, verificar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável e recolher antecipadamente, se for o caso, o montante do débito acrescido ou não de penalidades. Além de realizar esta atividade (apurar e, eventualmente, pagar), o lançamento por homologação somente se opera, nos termos do artigo 150 do CTN, isto é, somente produz efeitos, se as autoridades administrativas tomarem conhecimento daquela atividade exercida pelo contribuinte. As autoridades administrativas tomam conhecimento da atividade exercida pelo contribuinte por intermédio das obrigações acessórias, notadamente das declarações Fl. 339DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 24 criadas com esta finalidade. Estas declarações constituem instrumento hábil à exigência do crédito, consoante expressamente previsto no § 1º do art. 5º do DecretoLei nº 2.124/84: “§ 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito.” Se o contribuinte deu ciência às autoridades administrativas quanto à atividade por ele exercida (determinar a matéria tributável, apurar o montante do tributo devido e, se for o caso, recolher o tributo devido com ou sem multa), operase o lançamento por homologação. Nesta hipótese, tendo em vista o lançamento realizado pelo contribuinte, as autoridades administrativas poderão realizar a sua revisão nos termos da cabeça do art. 149 do CTN. Se o fisco não encontrar qualquer erro na atividade exercida pelo contribuinte, haverá a sua homologação expressa, que ocorre com o simples termo de encerramento de fiscalização. Mas se as autoridades, ao realizarem a revisão, encontrarem algum equivoco na atividade realizada pelo contribuinte, deverão proceder ao lançamento de ofício, de modo a exigir eventual diferença do tributo, nos termos do inciso V do artigo 149, que assevera: “Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: ….. V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;” O artigo seguinte mencionado no dispositivo acima é exatamente o artigo 150 que trata do lançamento por homologação, que vem a ser, segundo o dispositivo: “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.” (grifamos) Desta forma, se o contribuinte apurou e deu conhecimento da atividade exercida às autoridades administrativas, eventual revisão desta atividade, poderá ser realizada pelas autoridades administrativas nos termos do artigo 149, V, do CTN antes mencionado, que condiciona a revisão “quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade” realizada no âmbito do lançamento por homologação. Toda esta revisão é executada por intermédio de um procedimento administrativo de fiscalização regulado, dentre outras regras, pelo Decreto nº 3.724/01, que prescreve: "Art. 2º Os procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil serão executados, em nome desta, pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e somente terão início por força de ordem específica denominada Mandado de Fl. 340DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 13 25 Procedimento Fiscal (MPF), instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. . . . . § 2º Entendese por procedimento de fiscalização a modalidade de procedimento fiscal a que se referem o art. 7o e seguintes do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972.” O Decreto nº 70.235/72 também estabelece que: “Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos.” A função do procedimento de fiscalização é a de dar a certeza e liquidez necessárias ao crédito tributário. A exigibilidade, necessária a qualquer crédito, depende da formalização de um ato administrativo, qual seja, o auto de infração ou a notificação de lançamento, conforme estabelece o artigo 9º do Decreto 70.235/72, verbis: “Art. 9º A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.” Em apertada síntese, o crédito tributário no caso do lançamento por homologação possui exigibilidade em razão de o contribuinte ter realizado a atividade que determina o artigo 150 do CTN, apurando a dívida e informando as autoridades administrativas, ou se estas, tomando conhecimento da atividade assim exercida, ao realizarem a revisão daquela atividade, encontram eventual diferença, lavrando o auto de infração ou a notificação de lançamento. No caso dos autos, as autoridades administrativas encontraram diferenças na base de cálculo do tributo apurado pelo contribuinte no âmbito do lançamento por homologação. Ao invés de promoverem o início de um procedimento de fiscalização, nos termos da legislação acima mencionada, optaram por simplesmente negar parte da restituição do contribuinte. Fl. 341DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 26 Ou seja, exigiram o crédito tributário de forma oblíqua, por intermédio de um procedimento interno sem previsão legal e em manifesta violação com as regras do Decreto nº 70.235/72 e do Decreto nº 3.724/01. E o que é pior, com a possibilidade de violar a regra fundamental do parágrafo único do artigo 149 do CTN, que prescreve que “a revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública”, que é de 5 anos contado do fato gerador do tributo. Ademais, ao realizar este procedimento interno, deixando de lavra o auto de infração para exigir tributo, as autoridades, discricionariamente, estarão abrindo mão da multa de ofício, o que é vedado pelo artigo 142, parágrafo único do CTN, que diz ser a atividade administrativa do lançamento vinculada e obrigatória. Neste caso, essas autoridades deverão ser responsabilizadas pessoalmente pela multa que deixou de ser exigida. E mais, além de violar todas as regras acima mencionadas, o procedimento pretendido constitui verdadeira compensação de ofício, sem obediência às regras desta modalidade de compensação, e sem existir dívida líquida e certa, necessária a qualquer tipo de compensação, nos termos do artigo 170 do CTN. No mérito, acompanho o entendimento do relator, exarado em seu voto, no sentido de que as vendas para a zona franca de Manaus constituem, ao fim e ao cabo, uma receita de exportação isentas às contribuições ao PIS e à COFINS, na esteira de diversos julgados deste Conselho. 2) A questão envolvendo o crédito de PIS sobre frete A questão objeto dos autos, diz respeito exclusivamente ao direito do crédito de PIS sobre gastos efetuados pelo contribuinte a título de frete entre estabelecimento da mesma empresa. Como a legislação que regula a nãocumulatividade está “consolidada” na Lei nº 10.833/04, que trata da COFINS, vou me referir na maior parte do voto apenas a esta norma legal, valendo o mesmo raciocínio para o PIS. 2.1) A não aplicação da regra do IPI e do IRPJ à nãocumulatividade do PIS e da COFINS Recentemente, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, de forma acertada, rejeitou a aplicação da legislação do IPI como fonte de inspiração para se interpretar e aplicar a nãocumulatividade do PIS, em aresto assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO. RESSARCIMENTO. A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de combustíveis e de lubrificantes, denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos Fl. 342DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 14 27 intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada.” (Grifos nossos) (Acórdão 930301.35) Esse aresto rechaçou o entendimento que aplicava a legislação do IPI, mais precisamente, o Parecer Normativo nº 65/79, à nãocumulatividade do PIS e da COFINS. O Parecer Normativo nº 65/79, cabe ressaltar, alterou um posicionamento anterior mais restrito sobre as regras que tratavam do direito de crédito no âmbito do IPI, em razão da alteração legislativa no RIPI/72 perpetrada pelo Decreto nº 83.263, de 09 de março de 1979 (RIPI/79). Eis o que diz a ementa do referido Parecer Normativo, a saber: “A partir da vigência do RIPI/79, "ex vi" do inciso I de seu art. 66, geram direito ao crédito ali referido, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários "stricto sensu", e material de embalagem), quaisquer outros bens, desde que não contabilizados pelo contribuinte em seu ativo permanente, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas. Inadmissível a retroação de tal entendimento aos fatos ocorridos na vigência do RIPI/72 que continuam a se subsumir ao exposto no PN CST nº 181/74.” De acordo com o inciso I do art. 32 do Decreto nº 70.162/72 (RIPI), o crédito de IPI dependia do consumo imediato e integral do produto. O novo regramento à época (RIPI/79), por sua vez, deixou de prever esta restrição, ampliando o próprio conceito de matériaprima, produto intermediário "stricto sensu", e material de embalagem, para abarcar outros bens equivalentes que sofram alteração no processo de produção. Eis o que diz o Parecer: “10. Resumese, portanto, o problema na determinação do que se deva entender como produtos "que, embora não se integrando no novo produto, forem consumidos, no processo de industrialização", para efeito de reconhecimento ou não do direito ao crédito. 10.1. Como o texto fala em "incluindose entre as matérias primas e os produtos intermediários", é evidente que tais bens hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários stricto sensu, semelhança esta que reside no fato de exercerem na operação de industrialização função análoga a destes, ou seja, se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida. 10.2. A expressão "consumidos", sobretudo levandose em conta que as restrições "imediata e integralmente", constantes do Fl. 343DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 28 dispositivo correspondente do Regulamento anterior, foram omitidas, há de ser entendida em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre o insumo. 10.3. Passam, portanto, a fazer jus ao crédito, distintamente do que ocorria em face da norma anterior, as ferramentas manuais e as intermutáveis, bem como quaisquer outros bens que, não sendo partes nem peças de máquinas, independentemente de suas qualificações tecnológicas, se enquadrem no que ficou exposto na parte final do subitem 10.1 (se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida).” Duas observações são necessárias. A primeira, diz respeito ao alcance da legislação do IPI, pois esta sempre tratou tão somente da definição legal de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, e nunca definiu o conceito de insumo. E assim o faz pelo simples motivo de que no IPI o crédito denominado de básico é do “imposto relativo á matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente;” (art. 226, I, do Decreto 7.212/10 – RIPI). O Decreto 7.212/10, ao fim e ao cabo, incorpora o entendimento exarado pelo referido Parecer Normativo nº 65/79. A segunda observação diz respeito ao fato de que a legislação do IPI estabeleceu apenas uma definição legal dos termos (i) matériaprima, (ii) produto intermédio e (iii) material de embalagem, que pode variar de acordo com a convenção normativa. Estes termos podem ser estipulados pelo legislador de forma estrita, como no RIPI/72 ou de forma mais ampla, com a alteração do RIPI/79. A definição legal pode, ainda, ser delimitada em razão da aplicação do Direito aos casos concretos, que demandam uma interpretação específica e uma decisão do caso em concreto à luz da não cumulatividade prevista na Carta Magna. No âmbito do IPI não é inusitado a discussão se determinados bens conferem ou não crédito para efeito da não cumulatividade. O que quero demonstrar com essa singela evolução legislativa é que a legislação do IPI sempre cuidou da definição legal de matériaprima, produto intermédio e material de embalagem para efeito de crédito de IPI, na vigência do RIPI/72, de forma mais restrita, e a partir do RIPI/79 até os dias atuais, como o RIPI/10, de forma mais ampla. E tratou apenas destas espécies de insumo, posto que o direito ao crédito está inexoravelmente jungido ao imposto incidente na aquisição desses produtos. Em verdade, a legislação do IPI nunca tratou do conceito de insumo, até mesmo por lhe ser despiciendo. Quando a legislação do IPI utiliza o termo insumo, o faz em substituição aos termos específicos matériaprima, produto intermediário e material de embalagem. O faz, por exemplo, no artigo 42 do RIPI/10, ao dispor que podem sair com suspensão “as matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem destinados à industrialização, desde que os produtos industrializados sejam enviados ao estabelecimento remetente daqueles insumos” (inciso VI). Fl. 344DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 15 29 Não há a menor dúvida que matériaprima, produto intermediário e material de embalagem são espécies do gênero insumo, mas daí a dizer que o conceito de insumo restringese apenas àquelas três espécies, é contrariar a natureza das coisas. Em resumo, o que importa e foi amplamente discutido e delineado pela legislação do IPI foram os conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, que são meras espécies de insumo. O gênero insumo nunca foi conceituado pela legislação do IPI para efeito de crédito. Então, é totalmente descabido, violador das regras mais comezinhas da hermenêutica jurídica, utilizar os conceitos da legislação do IPI que definem tão somente os termos matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, espécies do gênero insumo, como paradigma na aplicação da não cumulatividade do PIS e da COFINS, cuja legislação em momento algum utiliza tais termos. Não é possível estabelecer uma sistemática de nãocumulatividade similar àquela aplicável ao IPI e ao ICMS, até porque o pressuposto de fato é diferente, como reconhece Marco Aurélio Greco, em brilhante estudo: "Embora a nãocumulatividade seja uma idéia comum a IPI e a PIS/COFINS, a diferença de pressuposto de fato (produto industrializado versus receita) faz com que assuma dimensão e perfil distintos. Por esta razão, pretender aplicar na interpretação das normas de PIS/COFINS critérios ou formulações construídas em relação ao IPI é: a) esconsiderar os diferentes pressupostos constitucionais; b) agredir a racionalidade da incidência de PIS/COFINS; e c) contrariar a coerência interna da exigência, pois esta se forma a partir do pressuposto de "receita" e não "produto". Além disso, a constatação de que o ponto de partida constitucional é outro implica em o sentido das normas que compõem o subordenamento do PIS/COFINS, ainda que eventualmente utilizem as mesmas palavras utilizadas no âmbito do IPI, serem também diferentes. O significado não é algo que se agregue indissociavelmente à palavra – como já o demonstrou Alf Ross no seu clássico Tû Tû. O significado é evocado no interlocutor e determinado pelo contexto em que utilizada a palavra. No caso, o significado das palavras utilizadas nas leis examinadas é definido pelo respectivo pressuposto de fato constitucionalmente qualificado. A palavra utilizada num contexto cujo pressuposto de fato é a receita assume sentido e alcance diferente do que resulta do contexto em que o pressuposto de fato é o produto industrializado ou a circulação de mercadoria."(Não cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS, p. 108109) Fl. 345DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 30 Mas se é verdade que a legislação que trata do IPI não serve como paradigma à interpretação das regras da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, não é menos correto que não se presta a esta finalidade as regras do IRPJ, como pretende o ilustre Relator do caso, com a devida venia. Por exemplo, a mão de obra ligada a fabricação é custo, e portanto, insumo aplicado na produção, de acordo com a legislação do imposto de renda. Porém, esse custo foi excluído expressamente para efeito de crédito de PIS e COFINS, pela simples razão de não influenciar na cumulatividade do tributo, na medida em que as pessoas físicas estão fora do campo de incidência do PIS e COFINS. Há outros exemplos de insumos que seriam custos ou despesas para o imposto de renda, mas que não dariam direito a crédito do PIS e da COFINS, exatamente por não violar a nãocumulatividade. Outro exemplo interessante, a demonstrar que é equivocado usar a legislação do IRPJ como parâmetro para se interpretar as regras atinentes aos créditos do PIS e da COFINS, diz respeito ao período de competência do reconhecimento do custo. Para a legislação do IRPJ, o custo somente impactará a base de cálculo do tributo quando da efetiva venda da mercadoria ou do produto, havendo a baixa do estoque, no ativo, contra Custo do Produto/Mercadoria Vendido, no resultado. Esse mesmo custo, por outro lado, gera o crédito de PIS e da COFINS quando da aquisição do bem ou do serviço, e não quando o custo impactar o resultado, o que demonstra um descasamento entre a legislação do IRPJ e das contribuições em tela no que tange ao tratamento fiscal dos custos e despesas fundamentais a ambos os tributos. Então como decidir a questão posta nos autos? Só há uma resposta a essa indagação: resolvese o problema por intermédio da interpretação jurídica específica das normas legais atinentes a não cumulatividade das contribuições ao PIS e COFINS. Vejamos. 2.2) A necessidade de se interpretar a regra da nãocumulatividade do PIS e da COFINS É fundamental para se dirimir a questão posta nos autos, utilizar as regras da hermenêutica jurídica que fixam o “instrumento a ser utilizado pelo intérprete para alcançar o núcleo semântico da norma”1, de modo a interpretar as normas legais atinentes à não cumulatividade do PIS e da COFINS. A hermenêutica, em apertada síntese, elenca os seguintes métodos interpretativos: o gramatical, que diz respeito à forma do texto e significado das palavras; o lógico, que, pelo raciocínio, busca encontrar o pensamento jurídico subjacente à edição da lei e esclarecer sua finalidade, através da perquirição acerca da sua razão e da sua intenção; o histórico, caracterizado pela investigação de elementos históricos subjacentes à edição da lei, os motivos pelos quais os legisladores editaram a lei; o sistemático, aquele em que se confronta o dispositivo legal com as outras normas, visando à manutenção da unidade do sistema previsto no ordenamento jurídico; e o teleológico, que se caracteriza pela busca da finalidade da norma, ou seja, a finalidade da edição da lei. 1 Celso Bastos, op. cit., p. 3435. Fl. 346DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 16 31 Esses métodos de interpretação constituem os parâmetros delimitadores da subjetividade do intérprete2, de modo a evitar juízos sem a devida fundamentação ou justificativa e, portanto, arbitrários do ponto de vista jurídico, na medida em que afastam, ou melhor, não permitem o controle de sua verossimilhança. Veja que o controle é da verossimilhança e não da verdade, que é estranha ao direito. Buscase o justo e não o verdadeiro, sendo que “o sentido do justo comporta sempre mais de uma solução [Heller]”, daí Eros Grau sustentar que a interpretação do direito é uma prudência, pois, o intérprete pratica a juris prudentia, e não juris scientia. Segundo Eros, o: “intérprete atua segundo a lógica da preferência, e não conforme a lógica da conseqüência [Comparato]: a lógica jurídica é a da escolha entre várias possibilidades corretas. Interpretar um texto normativo significa escolher uma entre várias interpretações possíveis, de modo que a escolha seja apresentada como adequada [Larenz]. A norma não é objeto de demonstração, mas de justificação. Por isso a alternativa verdadeiro/falso é estranha ao direito; no direito há apenas o aceitável (justificável). Mas esta prudência recomenda que seja a interpretação adequada a algumas pautas, assim elencadas por Grau: (i) a primeira relacionada à interpretação do direito no seu todo; (ii) a segunda, à finalidade do direito; (iii) a terceira, aos princípios. A primeira das pautas emana que a interpretação leve em consideração o direito como um todo, não de textos isolados, desprendidos. Daí a celebre frase de Eros Grau de que “não se interpreta o direito em tiras, aos pedaços.” Assevera o ilustre Professor paulista que “a interpretação de qualquer texto de direito impõe ao intérprete, sempre, em qualquer circunstância, o caminhar pelo percurso que se projeta a partir dele – do texto – até a Constituição. Um texto de direito isolado, destacado, desprendido do sistema jurídico, não expressa significado normativo algum.” Com essa pauta, alcançaríamos a necessária coerência do ordenamento jurídico, pois, na dicção de Bobbio (1996), “num ordenamento jurídico não devem existir antinomias”3, como condição de justiça do próprio ordenamento.4 É certo que existem normas jurídicas incoerentes, mas há regras que visam justamente dirimir os conflitos das leis.5 Portanto, não é dado ao intérprete produzir algo que leve a incoerência do ordenamento. Muito 2 Idem, Ibidem, p. 56. 3 Norberto Bobbio, Teoria do Ordenamento Jurídico. 8. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996, p. 110 4 Idem, Ibidem,, p. 113 5 “A coerência não é condição de validade, mas é sempre condição para a justiça do ordenamento. É evidente que quando duas normas contraditórias são ambas válidas, e pode haver indiferentemente a aplicação de uma ou outra, conforme o livrearbítrio daqueles que são chamados a aplicálas, são violadas duas exigências fundamentais em que se inspiram ou tendem a inspirarse os ordenamentos jurídicos: a exigência da certeza (que corresponde ao valor da igualdade). Onde existem duas normas antinômicas, ambas válidas, e portanto ambas aplicáveis, o ordenamento jurídico não consegue garantir nem a certeza, entendida como possibilidade, por parte do cidadão, de prever com exatidão as conseqüências jurídicas da própria conduta, nem a justiça, entendida como o igual tratamento das pessoas que pertencem à mesma categoria.” (BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. 8.ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996, p. 113) Fl. 347DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 32 pelo contrário, seu trabalho precípuo é construir conceitos tratando o ordenamento como um sistema harmônico, como uma unidade, pois, o “direito objetivo, de facto, não é um aglomerado caótico de disposições, mas um organismo jurídico, um sistema de preceitos coordenados ou subordinados, em que cada um tem o seu porto próprio, conforme ensina Ferrara (2002)6. No âmbito do direito tributário esta pauta é fundamental, visto que, consoante Amaro (2006), “não se legisla, nem se teoriza, nem se ensina matéria tributária sem que se tenha presentes conceitos estruturados noutros ramos da ciência jurídica.”7 Por este motivo é fundamental à compreensão dos institutos, conceitos e formas de outros ramos do Direito. Isto porque as regras tributárias são ditas de sobreposição. Segundo Francisco Bianco: "o direito tributário, como todo mundo sabe, é aquele direito de sobreposição, é um direito que se sobrepõe ao direito privado para dele extrair o conceito e regular os efeitos tributários decorrentes".8 Esta sobreposição, inclusive, foi regulada pelo próprio CTN, ao estabelecer dentre as “regras legais”9 de hermenêutica, no artigo 109, que "os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários”, e também no art. 110, que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. A segunda pauta diz respeito à finalidade. Com arrimo em Von Jhering, diz Eros que “a finalidade é o criador de todo o direito e não existe norma ou instituto jurídico que não deva sua origem a uma finalidade”, concluindo que “a “contemplação, no sistema jurídico, de normasobjetivo importa a introdução, na sua “positividade”, de fins aos quais ele – o sistema – está voltado. A pesquisa dos fins da norma, desenrolada no contexto funcional, tornase mais objetiva; a metodologia teleológica repousa em terreno firme.” A terceira e última pauta da interpretação como prudência, requer que o intérprete esteja vinculado pelos princípios, asseverando Grau que “a interpretação do direito deve ser dominada pela força dos princípios; são eles que conferem coerência ao sistema.” As regras de hermenêutica e as pautas da interpretação como prudência, que na minha opinião se complementam, dão à intepretação a qualificação de jurídica e a necessária verossimilhança. Mas é importante frisar, para encerrar este tópico, que há limites à interpretação. Celso Bastos ensina que “a interpretação aparece diante do juiz como se fosse um quadro, ou melhor, uma moldura, dentro da qual o intérprete tem a faculdade de exercer a sua escolha, sendo que qualquer que seja a sua opção desde que dentro deste perímetro ela é válida. Todavia, se a escolha recair fora deste quadro, será inválida.” O que delimita a moldura é o texto normativo, como assevera Eros Grau: “Todo intérprete, embora jamais esteja submetido ao “espírito da lei” ou à “vontade do legislador”, estará sempre vinculado 6 Francesco Ferrara, Como aplicar e interpretar as leis, trad. Joaquim Campos Miranda – Belo Horizonte: Líder, 2002. p. 37. 7 Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 12ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2006, p 9 8 BIANCO, João Francisco. O Planejamento Tributário e o Novo Código Civil. In: Eduardo de Carvalho Borges (Coordenador).Impacto Tributário do Novo Código Civil. São Paulo: Quartier Latin, 2004, p. 124. 9 V. R. Limongi França, Hermenêutica Jurídica. 6ª ed. Ver. E aum. – São Paulo: Saraiva, 1997, p. 21 Fl. 348DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 17 33 pelos textos normativos, em especial – mas não exclusivamente – pelos que veiculam princípios (e faço alusão aqui, também, ao “texto” do direito pressuposto). Ademais, os textos que veiculam normasobjetivo reduzem a amplitude da moldura do texto e dos fatos, de modo que nela não cabem soluções que não sejam absolutamente adequadas a essas normasobjetivo.” E finaliza o ilustre Professor da Universidade do Largo de São Franciso, que: “A “abertura” dos textos de direito, embora suficiente para permitir que o direito permaneça ao serviço da realidade, não é absoluta. Qualquer intérprete estará, sempre, permanentemente por eles atado, retido. Do rompimento dessa retenção pelo intérprete autêntico resultará a subversão do texto. Além disso, outra razão impeleme a repudiar o entendimento de que o intérprete autêntico atua no campo de uma certa “discricionariedade”. Essa razão repousa sobre a circunstância de ao intérprete autêntico não estar atribuída a formulação de juízos de oportunidade – porém, exclusivamente, de juízos de legalidade. Ainda que não seja o juiz meramente a “boca que pronuncia as palavras da lei”, sua função – deverpoder – está contida nos lindes da legalidade (e da constitucionalidade). Interpretar o direito é formular juízos de legalidade. A discricionariedade é exercitada em campo onde se formulam juízos de oportunidade (= escolha entre indiferentes jurídicos), exclusivamente, porém, quando uma norma jurídica tenha atribuído à autoridade pública a sua formulação.” São estas as premissas que pretendo adotar nas razões do meu voto, que passo a expor. 2.3) O princípio da nãocumulatividade e o seu papel na aplicação da lei. Muito se discute sobre a natureza da nãocumulatividade no âmbito da Carta Magna, se esta norma seria um princípio ou uma regra jurídica. Esta norma foi primeiramente fixada para o IPI e ICMS e, mais recentemente, para o PIS e a COFINS. Canotilho propõe um método para distinguir as regras dos princípios, de acordo com as seguintes razões, a saber: “a) Grau de abstracção; os princípios são normas com um grau de abstracção relativamente elevado; de modo diverso, as regras possuem uma abstracção relativamente reduzida. b) Grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto: os princípios, por serem vagos e indeterminados, carecem de mediações concretizadoras (do legislador, do juiz), enquanto as regras são susceptíveis de aplicação directa. Fl. 349DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 34 c) Carácter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito: os princípios são normas de natureza estruturante ou com um papel fundamental no ordenamento jurídico devido à sua posição hierárquica no sistema das fontes (ex.: princípios constitucionais) ou à sua importância estruturante dentro do sistema jurídico (ex.: princípio do Estado de Direito). d) “Proximidade” da idéia de direito: os princípios são “standards” juridicamente vinculantes radicados nas exigências de “justiça” (Dworkin) ou na “idéia de direito” (Larenz); as regras podem ser normas vinculativas com um conteúdo meramente funcional. f) Natureza normogenética: os princípios são fundamento de regras, isto é, são normas que estão na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética fundamentante.” Alerta Canotilho que “a distinção entre princípios e regras é particularmente complexa”, e mais adiante assevera que: “Os princípios interessarnosão, aqui, sobretudo na sua qualidade de verdadeiras normas, qualitativamente distintas das outras categorias de normas, ou seja, das regras jurídicas. As diferenças qualitativas traduzirseão, fundamentalmente, nos seguintes aspectos. Os princípios são normas jurídicas impositivas de uma optimização, compatíveis com vários graus de concretização, consoante os condicionalismos fácticos e jurídicos; as regras são normas que prescrevem imperativamente uma exigência (impõem, permitem ou proíbem) que é ou não é cumprida (nos termos de Dworkin: applicable in allornothing fashion); a convivência dos princípios é conflitual (Zagrebelsky), a convivência de regras é antinômica; os princípios coexistem, as regras antinômicas excluemse. Conseqüentemente, os princípios, ao constituírem exigências de optimização, permitem o balanceamento de valores e interesses (não obedecem, como as regras, à “lógica do tudo ou nada”), consoante o seu peso e a ponderação de outros princípios eventualmente conflituantes; as regras não deixam espaço para qualquer outra solução, pois se uma regra vale (tem validade) deve cumprirse na exacta medida das suas prescrições, nem mais nem menos. Como se verá mais adiante, em caso de conflito entre princípios, estes podem ser objecto de ponderação e de harmonização, pois eles contêm apenas “exigências” ou “standards” que, em “primeira linha” (prima facie), devem ser realizados; as regras contêm “fixações normativas” definitivas, sendo insustentável a validade simultânea de regras contraditórias. Realçase também que os princípios suscitam problemas de validade e peso (importância, ponderação, valia); as regras colocam apenas questões de validade (se elas não são correctas devem ser alteradas).” Fl. 350DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 18 35 A nãocumulatividade, em sua essência, é uma mera técnica de apuração do tributo, que pode ser concretizada de várias maneiras (impostocontraimposto, basecontra base, dentre outras técnicas). Porém, quando alçada a nível constitucional, a não cumulatividade pode adquirir feições de princípio ou regra, ao talante do legislador constitucional. A definição quanto a ser um princípio ou uma regra, a não cumulatividade, dependerá exclusivamente (i) do grau de abstração; (ii) do grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto; (iii) do carácter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito; (iv) da “proximidade” da idéia de direito; (v) da natureza normogenética. No caso do IPI e do ICMS, me parece que a Constituição instituiu uma regra, estabelecendo, de plano, qual seria a técnica da não cumulatividade a ser empregada pelo legislador ordinário. Com isso, a regra da não cumulatividade do IPI e do ICMS é aplicada diretamente e com um conteúdo meramente funcional, perdendo certo grau de abstração, o carácter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito, e a natureza normogenética. Por outro lado, quando a Constituição estabelece a não cumulatividade para as contribuições sociais, o faz de forma principiológica, exatamente pelo elevado grau de abstração e pela necessidade de determinabilidade na aplicação do caso concreto, pois, carece de mediação concretizadora (do legislador e do juiz). E neste contexto, a não cumulativide ganha um carácter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito, pois deve ser visto com um subprincípio concretizador de outros princípios (o da capacidade contributiva, da legalidade, dentre outros), passa a ter mais proximidade da ideia de direito, tendo natureza normogenética, ao ser fundamento das regras legais necessárias à sua concretização. Este é o ponto fundamental, ao deixar ao talante do legislador ordinário traçar as normas legais concretizadoras da nãocumulatividade, a Constituição a traçou como uma verdadeira ratio para tais regras. O legislador possui liberdade para traçar os parâmetros da nãocumulatividade, mas a sua atuação não é absoluta, na medida em que poderá ser mediada pelo juiz, que dirá se em determinado caso concreto a regra legal da não cumulatividade respeitou o princípio constitucional da nãocumulatividade. 2.4) A concretização do princípio pela regra da nãocumulatividade, que adotou o método indireto subtrativo: crédito sobre aquisição de bens e serviços e custos, despesas e encargos A Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 135/03 (EM no 197A/2003 – MF), posteriormente convertida na Lei nº 10.833/03, esclarece que a legislação adotou o denominado “método indireto subtrativo”, para efeito de aplicar a regra da nãocumulatividade das contribuições em comento, assim descrito: “Por se ter adotado, em relação à nãocumulatividade, o método indireto subtrativo, o texto estabelece as situações em que o contribuinte poderá descontar, do valor da contribuição devida, créditos apurados em relação aos bens e serviços adquiridos, custos, despesas e encargos que menciona.” (Grifos nossos) Fl. 351DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 36 O legislador optou por usar o denominado “método indireto subtrativo” como forma de aplicar ou concretizar a nãocumulatividade no âmbito do PIS e da COFINS. Assim, do valor apurado das contribuições calculadas sobre as receitas (vendas, serviços e outras) auferidas pelo contribuinte, deduzse créditos calculados sobre os “bens e serviços adquiridos, custos, despesas e encargos mencionados pela norma legal”. É importante notar que o crédito de PIS e COFINS não é sobre “insumo”. Em momento algum a norma legal diz isso. Mas voltaremos a falar sobre isso mais adiante. O crédito é sobre bens e serviços adquiridos e custos, despesas e encargos incorridos, pagos ou creditados. Basta uma leitura perfunctória pelos dispositivos das Leis 10.637/02 e 10.833/03 para verificar que o crédito sempre está ligado à aquisição de bens e serviços ou de um custo, despesa ou encargo. O § 3º do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, é expresso neste sentido ao explicitar que o direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; Mas há diferença entre bens e serviços adquiridos e custos, despesas e encargos incorridos, pagos ou creditados? Certamente que sim. Em relação a bens e serviços, não há grande dificuldades. O Código Civil cuida tanto de um quanto de outro, bem como o Código de Defesa do Consumidor e outras normas que dão a conformação do conceito jurídico de bens e serviços, a servir de parâmetro para aplicação da regra tributária, ex vi do artigo 109 e 110 do CTN. Porém, a questão não é tão simples relativamente a custos, despesas e encargos. A dúvida que exsurge é a de se existe um conceito jurídico de custo, despesa e encargo, que possa ser utilizado para efeitos da legislação tributária? Acreditamos que sim. Com efeito, o conceito jurídico de custo, despesa e encargo há ser perquirido no conjunto da legislação que regula a geração e a divulgação das informações contábeis, que vem sendo chamado pela doutrina de Direito Contábil. Segundo Edmar Oliveira Andrade Filho: “No Brasil, o Direito Contábil é formado pelo conjunto das normas jurídicas que dispõe sobre a formação, elaboração e divulgação de demonstrativos contábeis, e visam á tutela de diversos direitos dos usuários imediatos de tais informações (os sócios ou acionistas) ou mediatos, como são os investidores potenciais Esse conjunto de normas é formado por normas imperativas (também denominadas normas de ordem publica) e por normas jurídicas dispositivas ou facultativas.”10 E complementa Andrade mais adiante, verbis: “No ornamento jurídico brasileiro, a Lei n. 6.404/76, diversas vezes modificadas, é o principal diploma em matéria contábil porque veicula inúmeras regras sobre o registro, e mensuração e 10 O Direito Contábil e a Disciplina Jurídica das Demonstraçoes Financeiras Andrade Filho, Edmar Oliveira Fl. 352DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 19 37 a divulgação de fatos contábeis. Também o Código Civil de 2002 contém normas de índole contábil que devem ser adotadas pelas sociedades empresárias sujeitas a ele. A lei ordinária não é a única fonte formal de introdução de normas jurídicas no ornamento estatal, na medida em que certa parcela do poder de legislação vem sendo transferida a órgãos do Poder Executivo que são constituídos sob a forma das denominadas Agências ou semelhantes, como é o caso da CVM. A lei outorga poderes normativos a vários órgãos: assim, por exemplo, o poder de expedir normas contábeis é deferido á CVM pelo parágrafo 3º do artigo 177 da Lei n. 6.404/76, que tem o seguinte enunciado: “ § 3º As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão.” No fim do ano de 2007, foi editada a Lei n. 11.638/07, que introduziu o parágrafo 5º do artigo 177 da Lei n. 6.404/76, para reafirmar os poderes normativos da CVM em matéria contábil que, a partir de então, recebeu autorização para editar normas que introduzissem no ornamento jurídico brasileiro regras alinhadas com padrões contábeis adotados em outros países. O preceito em questão tem a seguinte redação: ‘’ § 5º As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3º deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. ‘’11 A legislação tributária utiliza reiteradamente os conceitos e qualificações dos fatos fornecidos por este conjunto de regras do Direito Contábil, notadamente da Lei nº 6.404/76, para manter os mesmos efeitos que estes fatos produzem no resultado da empresa também em âmbito fiscal. Em outras situações, a legislação tributária utiliza o fato qualificado pelo Direito Contábil e regula os seus efeitos, para restringir total ou parcialmente ou para ampliálos. O regramento do IRPJ sobre despesas é um bom exemplo. As despesas, pelo Direito Contábil, todas elas, reduzem o lucro líquido da pessoa jurídica. Porém, a legislação do imposto de renda somente permite a redução do lucro tributável (lucro real) pelas despesas a que denominou de “despesas operacionais” ou “despesas necessárias”. Tais despesas, segundo a legislação fiscal, são aquelas “necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora” (art. 299 do RIR/99)”. Para não deixar o conceito de necessidade ao juízo subjetivo de cada aplicador da norma, a legislação, ademais, definiu que: “são necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa” (§ 1º); e que: “as despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa” (§ 2º). 11 Ob. cit. Fl. 353DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 38 Veja que a legislação tributária não altera o conceito de despesa dada pelo Direito Contábil, esta continua sendo um gasto despendido para obtenção de receitas, cujo efeito é o de reduzir o lucro líquido da sociedade, em termos gerais. A norma tributária apenas qualifica, para efeitos tributários, dentre a totalidade daquelas despesas, quais as que serão admitidas para redução do lucro tributável. As que não forem admitidas fiscalmente serão somadas ao lucro líquido exclusivamente para efeito da apuração do lucro real (lucro tributável). Ou seja, a legislação tributária restringiu o efeito fiscal das despesas conceituadas pelo Direito Contábil. Mas a norma fiscal também pode ampliar os efeitos do Direito Contábil para beneficiar o contribuinte, como no caso da depreciação acelerada, dentre outros exemplos. Em diversas oportunidades as autoridades administravas manifestaram o entendimento quanto a estreita relação entre a norma contábil e a tributária. Neste sentido é o Parecer Normativo CST nº 26/82, cuja ementa preceitua: “EMENTA As expressões "inexatidão quanto ao períodobase de escrituração" e "inexatidão quanto ao períodobase de competência", contidas no "caput" e no § 1º do art. 171. do Regulamento do Imposto de Renda/80, significam inobservância do regime de competência contábil previsto no art. 177. da Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações).” Mais recentemente, a Lei nº 11.683/07, ao alterar a Lei nº 6.404/76, expressamente dispôs: “Art. 177........................................................... § 2º As disposições da lei tributária ou de legislação especial sobre atividade que constitui o objeto da companhia que conduzam à utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou à elaboração de outras demonstrações não elidem a obrigação de elaborar, para todos os fins desta Lei, demonstrações financeiras em consonância com o disposto no caput deste artigo e deverão ser alternativamente observadas mediante registro: I – em livros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil; ou II – no caso da elaboração das demonstrações para fins tributários, na escrituração mercantil, desde que sejam efetuados em seguida lançamentos contábeis adicionais que assegurem a preparação e a divulgação de demonstrações financeiras com observância do disposto no caput deste artigo, devendo ser essas demonstrações auditadas por auditor independente registrado na Comissão de Valores Mobiliários.” A norma demonstra a prevalência da escrituração mercantil sobre a tributária, estabelecendo que eventual efeito fiscal diverso daquele estabelecido pela lei societária deva ser registrado de forma apartada (em livros ou escrituração própria). Por outro lado, deflui deste dispositivo que se inexistir “lei tributária ou de legislação especial sobre atividade que constitui o objeto da companhia que conduzam à utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes”, prevalece os critérios da norma contábil para efeito fiscal. O que estou querendo dizer é que o conceito jurídico de custo, despesa e encargo para efeito da aplicação das regras do PIS e da COFINS, relativamente à não cumulatividade, deve ser perquirido no conjunto da legislação que regula a geração e a Fl. 354DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 20 39 divulgação das informações contábeis, no Direito Contábil, notadamente na Lei nº 6.404/76 e sua regulação. De posse destes conceitos do Direito Contábil é que devemos identificar se a legislação desses tributos, do PIS e da COFINS, os absorveu e deu o mesmo tratamento ou se os tratou de forma diversa do ponto de vista fiscal, para extrair o correto alcance da norma. 2.5 O conceito jurídico de bem e serviços e de custo, despesa e encargos. Bens, segundo Silvio Rodrigues, “são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico.”12 Segundo o Vocabulário Jurídico, “toda coisa, todo direito, toda obrigação, enfim, qualquer elemento material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio de alguém e passível de apreciação monetária, pode se designada como bens” (De Placido e Silva, p. 208). Quanto a serviço, o código civil dispõe que: “a prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou á lei especial, regerseá pelas disposições deste Capítulo” (Art. 593), estabelecendo ainda que: “toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição” (Art. 594). O Código de Consumidor, no art. 3º, § 2°, prevê que serviço “é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. Há uma relação direita entre o conceito de bens e serviços e o de custo, despesas e encargos. A rigor, para o Direito Contábil, todos os bens e serviços adquiridos por uma empresa constituem ou custo, ou despesa ou geram um encargo. A classificação do bem ou serviços dentre uma destas categorias depende exclusivamente do destino a ele dado dentro da empresa. Posso adquirir um serviço que pode ser reconhecido como um custo, num momento, e o mesmo serviço, ser uma despesa ou um encargo noutro, dependendo da utilidade deste serviço. Podemos dizer que para o Direito Contábil custo, despesa e encargo são bens e serviços devidamente qualificados de acordo com a sua destinação dada pela empresa. E qual a diferença entre custo, despesa e encargo? Vejamos o que diz o Direito Contábil. O artigo 187 da Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/76), separa, didaticamente, o “custo das mercadorias vendidas” das “despesas” com vendas, financeiras, gerais e administrativas, se referindo, ainda, a outras despesas operacionais, a saber: “Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: .... II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; 12 Direito Civil, 34ª ed., at., São Paulo. Saraiva. 2003., p.116 Fl. 355DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 40 III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;” Os custos, despesas e encargos impactam o resultado da mesma forma, reduzindo o lucro comercial (lucro líquido), mas cada um ao seu tempo e modo devidos, de acordo com o tratamento despendido pela norma em comento. O artigo 187 da Lei nº 6.404/76 não faz por mero acaso a distinção entre “os custos das mercadorias e serviços vendidos” (i) das “despesas” (ii). Ensina o Professor Eliseu Martins da FEA/USP, que custo constitui o “gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”, enquanto que despesa representa o “bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”. Veja que bem e serviço podem ser tanto custo quanto despesa. Será custo quando o bem ou serviço forem empregados na produção de outros bens e serviços e despesa quando consumidos na obtenção de receitas. Noutras palavras, considerase custo todos os gastos da entidade com a aquisição de bens e serviços (gastos com MP, PI, ME, serviços de manutenção, fretes, energia, aluguel etc.) para a produção daqueles bens e serviços que serão postos a venda pela companhia. O conjunto desses gastos denominase “custo de produção”. Segundo o catedrático paulista: “são custos de produção os gastos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços colocados à venda, e somente eles. Não se incluem nesse grupo as despesas financeiras, os de administração e as de vendas(...)”. Todos os dispêndios realizados após o produto ser colocado à venda pela empresa constituemse despesas, que podem ser de vendas (comissões e fretes), administrativas (estabelecimento de venda, aluguel, luz etc.), financeiras (juros, encargos etc.). Eliseu Martins assevera que “teoricamente, a separação é fácil: os gastos relativos ao processo de produção são custos, e os relativos à administração, às vendas e aos financiamentos são despesas”. O ilustre Professor da USP, ainda, em sua festejada obra, ao tratar da questão de “Onde Terminam os Custos de Produção”, assevera o seguinte: “É bastante fácil a visualização de onde começam os custos de produção, mas nem sempre é da mesma maneira simples a verificação de onde eles terminam. É relativamente comum a existência de problemas de separação entre custos e despesas de venda. A regra é simples, bastando definirse o momento em que o produto está pronto para a venda. Até aí, todos os gastos são custos. A partir desse momento, despesas. Por exemplo, os gastos com embalagens podem tanto estar numa categoria como noutra, dependendo de sua aplicação; quando um produto é colocado para venda tanto a granel quanto em pequenas quantidades, seu custo terminou quando do término de sua produção. Como a embalagem só é aplicada após as vendas, deve ser tratada como despesa. Isso implica a contabilização do estoque de produtos acabados sem a embalagem, e esta é ativada num estoque a parte. Fl. 356DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 21 41 Se, por outro lado, os produtos já são colocados à venda embalados de forma diferente, então seu custo total inclui o de seu acondicionamento, ficando ativados por esse momento.” (grifamos) Todos os custos estão diretamente ligados ao processo de produção de bens e serviços, até a efetiva venda do produto acabado. Enquanto não vendidos, os custos são contabilizados na conta de estoque. De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 16(R1), estoques são ativos: (a) mantidos para venda no curso normal dos negócios; (b) em processo de produção para venda; ou (c) na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção ou na prestação de serviços. Ainda de acordo com o referido Pronunciamento: “10. O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais. Custos de aquisição 11. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. (NR)” Então, todos os “gastos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços colocados à venda, e somente eles” são “custos de produção, conforme ensina Eliseu Martins, e são agrupados na conta de estoque da empresa até o momento da venda do produto. Quando se efetiva a venda do produto, e tão somente neste momento, o estoque é baixado mediante um crédito contra um débito na conta de “Custo dos produtos Vendidos” (art. 187, II, da Lei 6.404/76), que é uma conta de resultado. De acordo com o Manual de Contabilidade FIPECAF, “a apuração do custo dos produtos vendidos está diretamente relacionada aos estoques da empresa, pois representa a baixa efetuada nas contas dos estoques por vendas realizadas no período.” Sérgio Iudícibus e José Carlos Marion demonstram que para cada setor da economia deve haver uma denominação para o custo de venda ou custo de produção, a saber: para empresas industriais o custo das vendas é denominado Custo do Produto Vendido (CPV); Fl. 357DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 42 para empresas comerciais o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas (CMV); para empresas prestadoras de serviços o custo das vendas é denominado Custo dos Serviços Prestados (CSP).13 Alexandre Assaf Neto demonstra com muita propriedade o custo de venda por cada atividade: “O custo das mercadorias vendidas na empresa comercial nada mais representa do que o custo histórico de aquisição desses bens. Nesse custo foram incluídos, ainda na forma de estoque, os gastos com colocação das mercadorias em condições de venda, como transporte, seguros, etc. (...) No caso da indústria, o custo dos produtos vendidos é obtido em função da soma dos estoques iniciais com os custos de produção do período e a diminuição dos estoques finais. Nesses custos de produção, como também comentado na seção relativa a imobilizado, é adotado, no Brasil, o custeio por absorção. Nesse principio de avaliação entram todos os custos relativos á área de produção, quer direitos com relação aos produtos, quer indiretos, quer fixos, quer variáveis. (...) Nas vendas de serviços as regras são as mesmas, teoricamente, é comum encontrar empresas que não apuram o custo dos serviços prestados e acabam tratando todos esses gastos diretamente como despesas do exercício e misturandoas ás despesas administrativas. Dentro de algumas áreas, com energia elétrica e telefonia, há certa homogeneidade de tratamento no custo desses serviços, mas tal fato não é comum em outras áreas. Isso, porem, não é tão grave já que a maioria dessas empresas não estoca serviços e tal tratamento não afeta o resultado do exercício. Para as sociedades que executam projetos e ordens de serviços, isso é altamente relevante, pois muitas vezes deveriam constar no Ativo como serviços em elaboração os custos com serviços parcialmente elaborados, mas cujas receitas ainda não foram apropriadas porque mesmo sendo serviços de curto prazo, não foram ainda transferidos aos clientes.14 Registrese, por ser importante à questão dos autos, na lição de Assaf Neto, que são tidos como custos todos “os gastos com colocação das mercadorias em condições de venda, como transporte, seguros, etc.” Ou seja, os gastos realizados pela empresa até o momento da colocação do produto em condições de venda, o que abarca os fretes, inclusive entre estabelecimentos da própria empresa, constituem custo de produção.Com o advento da venda, há a baixa do estoque e o correspondente registro do custo do produto/mercadoria/serviço vendido, não se falando mais em “custos”. 13 Contabilidade comercial: atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 / Sérgio de Iudícibus, José Carlos Marion. – 9. Ed. – São Paulo : Atlas, 2010, p. Pagina 229 14 Finanças corporativas e valor / Alexandre Assaf Neto. – 3. Ed. – 2. Reimpr. – São Paulo : Atlas, 2008, Pagina 102 Fl. 358DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 22 43 A partir deste evento, a venda, a empresa reconhece apenas despesas, que “constituemse das despesas pagas ou incorridas para vender produtos e administrar a empresa e, dentro do conceito da Lei nº 6.404/76, abrangem também as despesas liquidas para financiar suas operações; os resultados líquidos das atividades acessórias da empresa são também considerados operacionais.”15 Despesa, portanto, são todos os “gastos que se destinam às fases de administração, esforço de venda e financiamento”.16 As despesas mais comuns são as de venda e as administrativas. As de venda “representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda, constando dessa categoria despesas como: o pessoal da área de vendas, marketing, distribuição, pessoal administrativo interno de vendas, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, gastos estimados com garantia de produtos vendidos, perdas estimadas dos valores a receber, provisão para créditos de liquidação duvidosa etc.” 17 As despesas administrativas são “os gastos, pagos ou incorridos, para a direção ou gestão da empresa, e constituemse de varias atividades gerais que beneficiam todas as fases do negócio ou objeto social. Constam dessa categoria itens como honorários da administração (Diretoria e Conselho), salários e encargos do pessoal administrativo, despesas legais e judiciais, material de escritório etc.” Dentre as despesas administrativas “estarão registradas as despesas com a ocupação física dos imóveis e as instalações representadas por alugueis e despesas de condomínio, quando os imóveis ou bens forem de terceiros”, sendo certo que “para os bens próprios, a despesa seria de Depreciação e Amortização”, isto é, os denominados encargos. Desta forma, o art. 187 da Lei nº 6.404/76, quando menciona o “custo das mercadorias e serviços vendidos”, está se referindo exatamente a todos os custos atinentes à produção de bens e serviços postos à venda, que são denominados também de custos de venda, todos estes calculados até o momento em que o produto/serviço está pronto para a venda. Estando o produto/serviço pronto para a venda, ou seja, efetivamente colocado no ponto de venda da pessoa jurídica (no estabelecimento vendedor), não mais se cogita de custos, e sim, de despesas com as vendas, despesas financeiras, administrativas e outras operacionais. Do exposto, em apertada síntese, pelas regras do Direito Contábil, mais precisamente do artigo 187 da Lei nº 6.404/76 e das normas que o regulam, concluise que: Custo é o gasto relativo à aquisição de bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços; Despesa representa o bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. 15 Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável ás demais sociedades / FIPECAFI; diretor responsável Sergio de Iudícibus. 7ªed. – 4. Reimp. – São Paulo : Atlas, 2008 manual ..... 16 Cf. Eliseu Martins, ob. cit. P. 27 17 Ob. cit. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 44 Os custos de produção agrupados no estoque da empresa são os gastos despendidos até o momento em que o produto está pronto para a venda, no estabelecimento vendedor da empresa; Com a venda, o estoque é baixado contra o Custo de produtos vendidos no resultado da empresa; A partir da venda somente há de se falar em despesas, como as despesas de venda, as administrativas e financeiras. Determinados dispêndios, com aquisição de bens e serviços podem ser tanto custos como despesas. Será custo quando o bem ou serviço servir para a produção de outros bens e serviços e despesa quando usado para a obtenção das receitas, como a embalagem utilizada até o momento em que o produto é posto à venda, ou despesa (de venda), se, por exemplo, a embalagem for utilizada após a venda. Identificando o conceito legal de custos, despesas e encargos, devemos verificar o tratamento fiscal dado a cada um destes itens pela legislação fiscal que engendrou a sistemática da não cumulatividade do PIS e da COFINS. 2.6) Dos créditos regulados pelas normas legais que tratam da não cumulatividade do PIS e da COFINS O artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que cria a regra da não cumulatividade, com as alterações perpetradas posteriormente, estabelece que do débito de COFINS “a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 360DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 23 45 VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção.” Esta regra deve ser analisada na sua íntegra. Não há como compreender o inciso I e II dos demais incisos da norma legal. Eles se completam como norma e sentido. Vejamos. 2.7 O crédito de bens adquiridos para a revenda (atividade comercial) O item I do dispositivo, a toda evidência, cuidou da atividade comercial, ou seja, aquela em que o bem é adquirido para ser revendido, sem ingressar em qualquer processo de produção ou fabricação. Tanto é assim que o próprio dispositivo, ao excetuar determinados bens para efeito do crédito, utiliza o termo mercadoria e não produto, sendo este ligado apenas à atividade industrial. Na atividade comercial, portanto, o crédito de PIS e da COFINS, para efeito da não cumulatividade, será apurado sobre os “bens adquiridos para revenda”. Consoante o §1º do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, este crédito de bens adquiridos para a revenda será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista na Lei sobre o valor: “dos itens mencionados (...), adquiridos no mês”. Noutro giro, o crédito nesta hipótese será calculado sobre o valor do bem adquirido para revenda e apropriado pelas aquisições ocorridas no próprio mês. Duas importantes observações devem ser feitas. A primeira diz respeito ao significado de “bens adquiridos para revenda” para o Direito Contábil. “Bens adquiridos para revenda” representa exatamente o custo das vendas ou, mais acertadamente, o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), nas atividades comerciais, nos termos do artigo 187 da Lei nº 6.404/76. Eis as palavras de Assaf Neto, que vale novamente transcrever, quando diz que “o custo das mercadorias vendidas na empresa comercial nada mais representa do que o custo histórico de aquisição desses bens.” Fl. 361DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 46 A segunda observação referese ao efeito fiscal do crédito de PIS e COFINS, tratado de forma diversa do efeito previsto no Direito Contábil, mais precisamente no que tange ao momento de apropriação. Para a legislação comercial o custo de venda ou custo da mercadoria vendida (CMV) somente é apropriado e impacta o resultado da empresa no momento da efetiva venda da mercadoria. Para a legislação em tela, o crédito de PIS e COFINS calculado sobre este custo da mercadoria vendida (CMV) é apropriado no mês de aquisição, que, em regra, não coincide com o momento da venda da mercadoria. 2.8) O crédito de bens e serviços adquiridos para serem usados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda (atividade industrial e de prestação de serviços) O II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 estabelece que “a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes”. Analisemos esse dispositivo detalhadamente. ...crédito calculado em relação a bens e serviços... Dissemos acima que bens são todas coisas, direitos, obrigações, enfim, qualquer elemento material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio de alguém e passível de apreciação monetária, e que serviços são quaisquer atividades fornecidas no mercado de consumo, mediante remuneração. O dispositivo é de clareza meridiana ao dizer que o crédito é sobre bens e serviços. Insisto neste ponto, porque não é inusitado encontrar afirmações no sentido de que o crédito do PIS e da COFINS é sobre insumos, buscando no conceito deste a delimitação do alcance da norma. Em nossa opinião, constitui equívoco manifesto esta forma de interpretar o dispositivo, invertendo a equação da norma. O crédito não é calculado em relação aos insumos, mas sim sobre bens e serviços, não constituindo esta questão mero jogo de palavras, como demonstraremos adiante. ... utilizados como insumo ... O crédito é sobre bens e serviços utilizados como insumo, diz a norma. O verbo utilizar neste trecho possui o sentido de “empregar (algo) em ou para determinado fim” (Houaiss). Tal verbo no particípio (forma nominal) expressa uma ação plenamente concluída. Ou seja, o crédito somente pode ser calculado em relação aos bens e serviços que foram efetivamente empregados em determinada finalidade. Se o bem ou o serviço for desviado da finalidade, o crédito não poderá ser usado. Fl. 362DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 24 47 A finalidade condicionante do crédito estipulada pelo legislador foi a de que o bem ou serviço seja utilizado/empregado “como insumo”. No contexto do dispositivo o termo “como” expressa uma equivalência, uma semelhança, tratandose de uma conjunção comparativa. Isto que dizer, no contexto, que o bem ou serviço não são necessariamente insumos, mas “utilizados como insumo”. Há uma diferença substancial de ser insumo ou ser utilizado como insumo, com adiante veremos. Insumo, segundo o Dicionário Houaiss, constitui “cada um dos elementos (matériaprima, equipamentos, capital, horas de trabalho etc.) necessários para produzir mercadorias ou serviços”. Para o Dicionário Michaellis insumo “designa todas as despesas e investimentos que contribuem para a obtenção de determinado resultado, mercadoria ou produto até o acabamento ou consumo final”. O Dicionário Aulete, o conceitua como “cada um dos elementos ou fatores (como máquinas e equipamentos, energia, trabalho ou mão de obra) envolvidos na produção de mercadorias ou serviços.” O sentido funcional de insumos não discrepa do sentido econômico, constituindo insumos os bens e serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços, também denominados de fatores de produção, abarcando as matériasprimas, bens intermediários, uso de equipamentos, capital, horas de trabalho, energia e etc. De acordo com Robert S. Pindyck e Daniel L Rubinfeld, professores, respectivamente, da M.I.T (Massachusetts Institute of Technolog) e da Universidade da Califórnia, em sua festejada obra sobre Microeconomia, asseveram: “Durante o processo produtivo, as empresas transformam insumos, também denominados fatores de produção, em produtos. Os fatores de produção são tudo aquilo que a empresa utiliza no processo produtivo. Em uma padaria, por exemplo, os insumos incluem o trabalho; matériasprimas, como farinha e açúcar; e o capital investido nos fornos, batedeiras e em outros equipamentos necessários à produção de pães, bolos e confeitos. Como se vê, podemos dividir os insumos em amplas categorias de trabalho, matériasprimas e capital, podendo cada uma dessas incluir subdivisões mais limitadas. O trabalho abrange os trabalhadores especializados (carpinteiros, engenheiros) e os não especializados (trabalhadores agrícolas), bem como os esforços empreendedores dos administradores da empresa. As matériasprimas incluem o aço, o plástico, a eletricidade, a água e quaisquer outros materiais que a empresa adquira e transforme em produto final. O capital inclui o terreno, as instalações, a maquinaria e outros equipamentos, bem como os estoques.” O conceito jurídico adota o sentido econômico de insumo, consoante Maria Helena Diniz, que diz ser insumo: “1. Despesa e investimentos que contribuem para um resultado, ou para a obtenção de uma mercadoria ou produto até o consumo final. 2. É tudo aquilo que entra (input), em contraposição ao produto (output), que é o que sai. 3. Tratase da combinação de fatores de produção, diretos (matériaprima) e indiretos (mãodeobra, energia, Fl. 363DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 48 tributos), que entram na elaboração de certa quantidade de bens ou serviços.18(grifamos) Pois bem, os insumos do ponto de vista econômico e jurídico podem ser divididos em várias categorias. Mas o que importa ao presente caso é a divisão de insumos como fatores de produção diretos e indiretos. Os insumos diretos são, por exemplo, as matérias primas, e os indiretos, a energia, apenas para citar estes dois. Os fatores de produção direitos podem ser, por sua própria natureza, tidos como insumo. Os fatores de produção indiretos são insumos, não pela sua natureza, mas sim por equivalência. O que quero dizer, é que a expressão “bens e serviços utilizados como insumo” abarca não apenas aquelas coisas que são insumos por sua própria natureza (matéria prima), ou insumos diretos, mas sim, todas as coisas que são empregadas como fator de produção e que, portanto, são também consideradas insumo, os denominados insumos indiretos. Por exemplo, um serviço de manutenção, por sua natureza, não constitui um insumo. Porém, se este serviço for empregado na produção ele equivalerá, para todos os fins, a um fator de produção ou insumo. A energia elétrica, a rigor, também não é um insumo, mas o será quando for empregado na produção. Os combustíveis e lubrificantes também não são insumos propriamente ditos, mas adquirem esta qualificação se utilizados como fator de produção. Aliás, este exemplo foi dado pela própria norma, o que comentaremos mais adiante. Assim, verificamos que há bens e serviços que são, por sua natureza, insumos, como a mão de obra, a terra, o capital, a matéria prima, que são ligados diretamente à produção de bens e serviços. São os denominados fatores de produção diretos, que são assim identificados por estarem ligados inexoravelmente à produção. Mas há outros bens e serviços que somente ganharão o status de insumo (indiretos) ou fator de produção, pelo fenômeno da equivalência, quando (estes bens e serviços) forem efetivamente empregados no processo de produção da empresa. São os denominados fatores de produção indiretos. Em resumo, o crédito do PIS e da COFINS são calculados em relação a todos os bens e serviços empregados como insumo, assim entendido como todos os fatores de produção diretos e indiretos aplicados na prestação de serviço ou no processo de produção das empresas, os termos do II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03. ... na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ... O crédito é sobre bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. A evolução legislativa deste dispositivo revela, neste particular, a abrangência do seu alcance e a amplitude do termo insumo. Com efeito, na redação original do inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.637/02, que tratava apenas do PIS, a previsão era de que o crédito seria calculado sobre: “II bens e 18 DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico, vol. 2. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 870 Fl. 364DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 25 49 serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes”. A redação deste dispositivo era confusa, pois dava a entender que no caso de prestação de serviço o crédito previsto era tão somente de bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos que seriam usados, os produtos fabricados, na prestação de serviços. Ou seja, o crédito não seria de bens e serviços usados na prestação de serviços, mas sim de bens e serviços utilizados na fabricação de produtos que seriam destinados à prestação de serviços. Por ser confuso, o inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.637/02 foi rapidamente alterado pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003, passando a dispor que o crédito seria sobre “II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes.” A substituição foi sutil, a troca do “à” por “na”, mas alterou substancialmente o sentido da frase, pois o crédito passou a ser conferido sobre os bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços, abarcando, como demonstrado acima, todos os fatores de produção, diretos e indiretos, aplicados na prestação de serviço. Mas repare que, até este momento, o dispositivo mencionava apenas créditos calculados sobre bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados á venda. Ou seja, apenas os bens e serviços empregados no processo de fabricação poderiam gerar o crédito, o que na minha opinião abarcava apenas os fatores de produção diretos. Posteriormente, o legislador alterou novamente a regra, inclusive para o PIS, ao instituir a nãocumulatividade para a COFINS, por intermédio da Lei nº 10.833/03, que estabeleceu o crédito sobre “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes”. Este dispositivo foi alterado pela Lei nº 10.865, de 2004, que deu a redação atual acima transcrita. Para facilitar, vejamos a evolução deste normativo num quadro comparativo: Lei 10.637 Lei nº 10.684 Lei nº 10.833 Lei nº10.865 II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes” II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes.” II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes” II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 365DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 50 Portanto, até o advento da Lei nº 10.833/03, os bens e serviços que davam direito ao crédito eram os utilizados como insumo apenas na atividade de fabricação, ou seja, os insumos ou fatores de produção diretos. Após aquele normativo, a regra ampliou sobremaneira o seu alcance, passando a admitir o crédito dos bens e serviços não apenas usados como insumo na fabricação (fatores de produção diretos), mas sim em todo o processo de produção (fatores de produção diretos e indiretos). O sentido teleológico da alteração foi o de ampliar o alcance da regra de crédito, não apenas para abarcar os bens e serviços usados como insumo na fabricação, que é uma das formas de produção, mas os bens e serviços usados como insumo em todas as atividades em que haja produção. Fabricação, na verdade, foi mantido no texto e passou a ser um termo meramente expletivo do gênero produção. Neste sentido o “ou” que liga produção a fabricação, tem a função de uma conjunção explicativa. Assim, o dispositivo passou a abarcar o conceito econômico de produção, que, segundo Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos, “é o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda no mercado.”19 No mesmo sentido assevera Antonio Barros de Castro e Carlos Francisco Lessa, a saber: “A produção baseiase no trabalho humano dirigido no sentido do atendimento de necessidades econômicas individuais e coletivas. Em dependência do produto que se tenha em vista, o processo produtivo envolverá o uso de determinadas formas de trabalho, capital e recursos naturais. Cada combinação de fatores trabalho, capital e recursos naturais constituindo uma unidade produtora é alimentada pelo resto do sistema, que lhe provê matériasprimas, combustíveis, energia, serviços de diversas ordens etc. Notese, enquanto o emprego de fatores não implica modificar substancialmente sua existência, os bens correntemente adquiridos pelas unidades produtoras para alimentar seu processo produtivo ditos insumos sofrem sucessivas transformações, pelas quais chegam ulteriormente a convertese em bens de utilização final. Com efeito, a produção constitui, por vezes, uma longa cadeia composta de diversas fases nas quais os bens, em processo de elaboração, incorporam, progressivamente, as características com que se deverão apresentar em mercado quando prontos para uso final.” O legislador optou por conferir o crédito abarcando o conceito de insumo ligado à produção ou fator de produção, em razão da diversidade de atividades produtivas sujeitas a nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Empresas que, a despeito de serem industriais, não possuíssem unidade fabril, por esta ser em parte ou totalmente realizada por terceiros, como é comum no setor de bebidas e automotivo, por exemplo, estariam prejudicadas se não fosse o alargamento da regra referente ao crédito. 19 Cf., in Economia Micro e Macro, 4ª ed. – SP: Atlas. 2011, p. 109. Fl. 366DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 26 51 A produção agrícola, mineral e outras, por exemplo, estariam também prejudicadas com o conceito restrito de insumos empregados na fabricação, na forma da legislação anterior. Com o alargamento perpetrado pela Lei nº 10.833/03 para abarcar bens e serviços empregados como insumo na prestação de serviços ou produção e fabricação, todas as atividades produtivas estão alcançadas pela norma, de forma a dar a máxima efetividade ao princípio da nãocumulatividade. Cabe ressaltar que não há como restringir o sentido de produção à determinada atividade, como pretendem alguns, que sustentam que este termo foi inserido no dispositivo apenas para abarcar a produção agrícola. Com a devida vênia, além de ser uma interpretação que contraria o princípio da nãocumulatividade, esta pretensa restrição do dispositivo viola as regras mais comezinhas da hermenêutica, pois, ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus (onde a lei não distingue, não pode o intérprete distinguir). Como ensina Carlos Maximiliano: “Quando o texto menciona o gênero, presumemse incluídas as espécies respectivas; se faz a referência ao masculino, abrange o feminino; quando regula o todo, compreendemse também as partes. Aplicase a regra geral aos casos especiais, se a lei não determina evidentemente o contrário. Asseverando de forma contundente o saudoso Maximiliano, que: “Quando o texto dispõe de modo amplo, sem limitações evidentes, é dever do intérprete aplicalo a todos os casos particulares que se possam enquadrar na hipótese geral prevista explicitamente; não tente distinguir entre as circunstancias da questão e as outras; cumpra a norma tal qual é, sem acrescentar condições novas, nem dispensar nenhuma das expressas.” 20 O termo “produção” mencionado no dispositivo em comento, constitui o processo de transformação dos fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda, sendo gênero de várias espécies (produção industrial, agrícola, mineral, agropecuária e etc), todas elas abarcadas pelo dispositivo para efeito de crédito. Tratou do gênero produção, e não apenas de um processo produtivo, que é a fabricação. ... inclusive combustíveis e lubrificantes O advérbio inclusive, significa “com inclusão de, de forma inclusiva” (Aulete) ou ainda, “inclusivamente” (Michaellis). Inclusivamente significa “de maneira inclusiva, com inclusão, de modo que fique incluído ou compreendido; sem exceção, sem exclusão” (Aulete). O legislador desde a edição da Lei nº 10.637/02, ao tornar incluso os combustíveis e lubrificantes dentre os bens e serviços que dariam direito ao crédito, explicitou que não apenas os bens e serviços empregados como insumo diretamente no processo de fabricação, isto é, os fatores de produção diretos, serviriam para o cálculo do crédito, mas 20 Hermenêutica e Aplicação do Direito, Rio de Janeiro : Forense, 1996, p. 246/247 Fl. 367DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 52 também os fatores de produção indiretos, aqueles bens e serviços equivalentes a insumo em razão de serem empregados no processo de produção (fatores indiretos), como são os combustíveis e lubrificantes. A questão controvertida estava em saber se, com a inclusão de combustíveis e lubrificantes, o legislador ampliou o dispositivo para abarcar todos os fatores de produção indiretos, ou apenas aqueles que mencionaram. Essa discussão, entretanto, tornouse despicienda com a alteração legislativa levada a efeito pela Lei nº 10.833/03, que inseriu o termo “produção” no texto do normativo, para deixar claro que todos os insumos ou fatores de produção diretos e indiretos conferiam o crédito de PIS e da COFINS. Então o crédito do PIS e da COFINS é calculado em relação a todos os bens e serviços empregados como insumo, assim entendido como todos os fatores de produção diretos e indiretos aplicados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. 2.9) O valor e o momento de apropriação do crédito O § 1º do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 estabelece que o crédito calculado sobre os “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833) será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista na Lei sobre o valor “dos itens mencionados (...), adquiridos no mês”, ou seja, dos bens e serviços empregados como fator de produção direto ou indireto. No Direito Contábil o valor dos fatores de produção diretos e indiretos ou insumo é representado pelo custo de produção ou custo das vendas, ou mais precisamente, usando o termo legal previsto no artigo 187 da Lei nº 6.404/72, e na lição de Iudícibus e Marion: para empresas industriais, o custo das vendas é denominado Custo do Produto Vendido (CPV); para empresas comerciais, o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas (CMV); para empresas prestadoras de serviços, o custo das vendas é denominado Custo dos Serviços Prestados (CSP).21 É fundamental observar que os termos “insumo” ou “fator de produção”, “custo de produção”, “custo de venda”, “Custo do Produto Vendido (CPV)”, “Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)”, “Custo dos Serviços Prestados (CSP)”, são representações de uma mesma realidade, o que muda é apenas a visão do observador. Quando se fala em insumo ou fator de produção a realidade é descrita pela ótica da economia. Ao mencionar custo de produção, custo de venda, esta mesma realidade é descrita pelos contadores. Quando falamos em Custo do Produto Vendido (CPV), Custo das 21 Contabilidade comercial: atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 / Sérgio de Iudícibus, José Carlos Marion. – 9. Ed. – São Paulo : Atlas, 2010, p. Pagina 229 Fl. 368DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 27 53 Mercadorias Vendidas (CMV), Custo dos Serviços Prestados (CSP), àquela realidade é tratada pelo Direito Contábil. Do ponto de vista fiscal esta mesma realidade foi absorvida pela legislação do PIS e da COFINS ao dispor sobre os créditos calculados sobre os “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda”. Aliás, se fizermos uma comparação entre os conceitos de custo, custo de produção e a referida norma fiscal, veremos que todos tratam de uma mesma realidade: Conceito da Lei nº 10.833 Conceito de custo Conceito de custo de produção “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” “gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços” (Eliseu Martins) “os gastos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços colocados à venda”. (Eliseu Martins) O sentido teleológico do dispositivo é muito simples, os custos ou custos de produção, ou CPV e CSP, são os gastos realizados pela empresa na aquisição de bens e serviços empregados ou utilizados na obtenção dos produtos destinados à venda. Para o direito fiscal, esses dispêndios são os essenciais à obtenção da receita tributável pelo PIS e pela COFINS. O legislador, em nossa opinião, empregou este conceito de custo de produção ou de CPV, CMV e CSP exatamente por serem conceitos técnicos, razoavelmente definidos pelo Direito Contábil, deixando ao intérprete apenas a função de analisar as operações concretas de cada empresa para identificar se este ou aquele gasto é efetivamente um custo de produção. É vasta a doutrina sobre custo, seja na economia, na contabilidade ou no Direito Contábil, por serem estes os gastos fundamentais à Teoria da Empresa, na medida em que estão ligados à sua produção. Cabe ressaltar que dois equívocos são comumente praticados ao se analisar a questão em tela. O primeiro, e mais comum, é de inserir determinadas despesas no rol dos gastos que seriam custo. Custo e despesa são termos técnicos e possuem conceitos diversos e delimitados, como demonstrado acima. Um dispêndio não é custo ou despesa ao talante do aplicador da norma, pois as normas do Direito Contábil delimitam com razoável precisão o alcance de cada termo. O inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 tratou do crédito de PIS e COFINS apenas dos custos de produção, e não de despesas. As despesas, que geram o crédito de PIS e COFINS, foram taxativamente determinadas nos demais incisos III a IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/03. Ou seja, o legislador didaticamente separou os custos de produção, Fl. 369DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 54 permitindo que todos eles gerassem crédito de PIS e da COFINS, no inciso II acima mencionado, e nos demais inciso cuidou de determinadas despesas, e apenas estas, dariam direito ao crédito. O segundo equívoco é trazer para a análise do caso o conceito de necessidade, ou seja, sustentar que daria direito ao crédito de PIS e COFINS os gastos que seriam necessários à empresa. Daí advém a dúvida: os créditos gastos seriam necessário à produção? Necessários à atividade? Necessários ao empreendimento? Necessários ao dono da empresa? Necessários para a Receita Federal do Brasil? Ora, o legislador ao regular o crédito do PIS e da COFINS em momento algum usou o termo “necessidade”. Utilizou o termo “utilizado”, no sentido de empregado, para regular os bens e serviços ligados à prestação de serviço ou produção, para efeito de conferir o crédito. E mais, quando se traz o conceito de necessidade haverá sempre a tentação de se buscar na legislação do imposto de renda a definição de “despesas necessárias”, para se aplicar, por analogia, as regras referentes ao crédito do PIS e da COFINS. Veja que a legislação do imposto de renda define as “despesas necessárias”, como um limitador do conceito de “despesa” do Direito Contábil, como acima demonstrado. Esta definição em hipótese alguma se aplica aos custos ou custos de produção. Os custos são gastos sempre e inexoravelmente essenciais à empresa, e não apenas necessários. O conceito de necessidade não se aplica aos custos de produção. Mas qualquer custo de produto (direto e indireto) é passível de conferir o crédito de PIS e COFINS? A resposta é negativa. Sobre esta questão, mais uma vez o legislador foi didático, criando as seguintes restrições: veda o crédito sobre custos diretos e indiretos de mãodeobra paga a pessoa física; veda o crédito da aquisição de bens ou serviços (custos de produção) não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição; limita o crédito exclusivamente aos bens e serviços (custo de produção) adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; e que os custos incorridos, sejam pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País. A título de conclusão, podemos ressaltar que, nos termos do inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, o crédito do PIS e da COFINS é calculado em relação a todos os bens e serviços empregados como insumo, assim entendido como os fatores de produção diretos e indiretos, na prestação de serviço ou no processo de produção das empresas. O valor do crédito será apurado aplicandose a alíquota regular sobre o Custo do Produto Vendido (CPV)” ou o “Custo dos Serviços Prestados (CSP)”, registrado na contabilidade da empresa, e serão apropriados no mês da aquisição do bem ou serviço. 2.10) O frete como custo de produção. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 28 55 Feitas as considerações acima, a respeito do conceito legal de bens e serviços e custo e despesa, para efeito do crédito de PIS e COFINS, vejamos onde se enquadram os gastos feitos pelas empresas a título de frete. Num ciclo de produção, até o momento em que o produto é colocado efetivamente para venda no estabelecimento vendedor da empresa, pode haver inúmeros gastos com transporte (frete). Assim, da fábrica o produto pode ser enviado para armazéns, para centros de distribuição (CD), inclusive em outros Estados. Todas essas remessas ainda fazem parte do processo de produção da empresa, segundo o Direito Contábil. Mesmo estando o produto acabado, apenas o processo de fabricação foi esgotado, não o processo de produção o qual se finaliza apenas quando o produto é colocado efetivamente à venda. Os gastos de frete da empresa até o momento em que o produto está colocado à venda, mesmo se este frete for despendido após o produto estar acabado, irão integrar o custo da mercadoria ou produto vendido, segundo o Direito Contábil (art. 187, II, da Lei nº 6.404/76). Nesses casos, em todos eles, o frete é tido como custo de produção ou fator de produção. Na verdade, a produção iniciase com a aquisição das matériasprimas, antes de iniciado qualquer processo de fabricação. Com a fabricação, o ciclo de produção somente encerra após o produto estar disponível para a venda. Durante todo este processo de produção os gastos com transportes irão integrar o custo de produção, ou custo de venda, ou, ainda, custo do produto vendido. Aliás, a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil vem reconhecendo reiteradamente o direito ao crédito sobre o custo de fretes na aquisição de matéria prima, isto é, o custo de algo que sequer ainda integrou o processo de fabricação. E o fundamento para o deferimento desse crédito é singela, pois o valor do frete integra o custo do bem, conforme diversas soluções de consulta, a saber: “CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. O valor do frete pago pelo adquirente à pessoa jurídica, para transportar bens adquiridos para serem utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda, compõe o custo do bem, podendo, portanto ser utilizado como crédito a ser descontado do PIS/Pasep nãocumulativo.” (Solução de Consulta nº 132 de 10 de maio de 2005) ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: CRÉDITO. FRETE. O valor do frete pago na aquisição de insumo pode integrar a base de cálculo do crédito previsto no art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, desde que a aquisição do insumo dê direito à apuração de crédito e desde Fl. 371DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 56 que a aquisição do frete esteja sujeita à incidência da Cofins. ( SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 63 de 12 de Julho de 2010) ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: O VALOR DO FRETE INTEGRA A BASE DE CÁLCULO NA APURAÇÃO DOS CRÉDITOS QUE COMPÔEM O CÁLCULO DA INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA O contribuinte poderá descontar créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda ou utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O valor do frete incidente na compra destes bens integra o custo de aquisição, podendo, portanto, compor a base de cálculo na apuração dos créditos da COFINS. (SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 234 de 13 de Agosto de 2007) Este é o ponto fundamental, nobres colegas. O fato é que pelo Direito Contábil, todos os valores despendidos com transporte (frete) desde a aquisição da matéria prima até o produto acabado ser colocado à venda nos pontos de vendas, fazem parte do custo do produto e são considerados custo de produção. Em outras palavras, os fretes pagos pela empresa durante todo o processo produtivo, que abarca além da aquisição de matéria prima, a fabricação, a distribuição do produto acabado e a remessa para os pontos de venda, compõem o custo do produto destinado à venda, nos termos do artigo 187 da Lei nº 6.404/76. Esta é, aliás, a jurisprudência reiterada do próprio Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aresto cuja ementa é a seguinte: “FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA O preço do frete de mercadorias entre os estabelecimentos da empresa complementa o custo de aquisição delas, nos termos do disposto no parágrafo único do art. 182 do RIR/80 (Ac. 1º CC 10182.937/92 DO 08/05/95).” O Conselheiro José Eduardo Rangel de Alckmin, Relator, em seu aresto asseverou: “Está correto o entendimento da autoridade revisora, segundo o qual o custo com a transferência de mercadorias entre os estabelecimentos da empresa complementa o custo de aquisição delas, nos termos do disposto no parágrafo único do art.182 do RIR/80. Com efeito, o preço do transporte da mercadoria de um para outro estabelecimento é inerente à própria mercadoria e a ela se agrega para comporlhe o custo. Há um vinculo específico do frete à mercadoria transportada, não podendo dela ser apartado para ser incluído em despesas gerais como pretende a recorrente.” A despeito de ser aplicada no âmbito do IRPJ, esta decisão é inteiramente aplicável ao presente caso, exatamente porque trata do frete como custo de aquisição da mercadoria antes dela ser colocada a venda. O Conselho reconheceu que o frete como custo é Fl. 372DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 29 57 do Direito Contábil, devendo, pelas regras do IRPJ, ser mantido o mesmo efeito. No IRPJ o impacto de se reconhecer este gasto como custo de produção ou despesa é temporal. Se fosse despesa o contribuinte anteciparia o impacto do gasto, pois como custo este gasto somente reduziria o lucro líquido quando da venda, com a baixa do estoque. O Conselho decidiu que o frete entre estabelecimentos, pelo Direito Contábil, é efetivamente custo do produto ou mercadoria. Neste mesmo sentido, são os seguintes arestos do antigo Conselho de Contribuintes, verbis: “FRETES SUBAVALIAÇÃO DE ESTOQUES Os dispêndios com fretes de mercadorias integram o custo de aquisição e são imputados proporcionalmente aos estoques, sendo elementos constitutivos do custo das mercadorias vendidas nas posteriores saídas. Em havendo subavaliação de estoques no balanço de encerramento do período, decorrente da não inclusão do valor dos fretes correspondentes, correta é a glosa dos valores apropriados indevidamente como despesas, quando nos exercícios envolvidos foram apurados ou compensados prejuízos fiscais.” (Ac. CSRF/011.253/91 DO 25/11/94). “FRETES A subavaliação de estoques tem por efeito acarretar o diferimento da tributação do lucro para o exercício seguinte. Os fretes, por se integrarem ao custo das mercadorias vendidas, não podem constar como despesas relacionadas com as mercadorias que se encontram em estoque no momento da apuração dos resultados do exercício. Em ambos os casos, há postergação do pagamento do imposto.” (Ac. 1º CC 1038.957/89 Resenha Tributária, IR Jurisprudência Administrativa 12.2, pág. 261). O frete como custo de aquisição não é uma regra do direito tributário, da legislação do IRPJ, mas sim do Direito Contábil, que regula e limita o conceito de custo. E neste ponto, é fundamental trazer a baila novamente a questão da coerência. Não há como interpretar e aplicar a norma dizendo que os dispêndios com fretes integram o custo de aquisição e são imputados proporcionalmente aos estoques, sendo elementos constitutivos do custo do produto vendido para efeito do IRPJ, e não aplicar este mesmo raciocínio para efeito da legislação do PIS e da COFINS. A coerência é fundamental a qualquer pessoa que queira realizar um pouco de justiça! A realidade é que o Direito Contábil regula e determina que todos os valores pagos de frete, desde a aquisição da matériaprima até o produto ser posto à venda, fazem parte do custo de produção, estando o crédito assegurado pelo inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03. Desta forma, o contribuinte possui o direito de utilizar o crédito do PIS e da COFINS sobre os fretes pagos para a movimentação de seus produtos até a sua colocação no Fl. 373DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 58 estabelecimento vendedor, visto que todos esses gastos constituem, exatamente, o custo de produção, crédito este assegurado pelo inciso II, do artigo 3º, da Lei nº 10.833/03. E não se pode confundir o crédito de PIS sobre o frete utilizado como insumo na produção, isto é, como custo de produção, crédito este que tem fundamento no inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, com o frete pago na venda do produto, tido como despesa, cujo crédito foi assegurado no inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/03. 2.11) O crédito de PIS e de COFINS sobre as despesas de frete Se é verdade que pelo Direito Contábil todos os gastos do frete pagos antes da venda da mercadoria compõem o custo da mercadoria ou produto vendido, não é menos correto que o dispêndio com frete na venda do produto será tido como despesa. Esta despesa decorre de operações mercantis de compra e venda, em que cabe ao vendedor a obrigação de entregar a mercadoria ao comprador em seu estabelecimento, correndo por conta do vendedor as despesas com frete. São negócios com a denominada cláusula CIF (abreviatura da expressão inglesa “Cost, Insurance and Freight”), nos quais o preço da venda abarca as despesas com seguro e frete até o local de destino o vendedor. A cláusula CIF se contrapõem a cláusula FOB (“Free On Board”), quando é atribuído ao comprador as despesas decorrentes do transporte (frete e seguro). O inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, ao estabelecer o crédito calculado em relação ao “frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”, cuidou exatamente do frete tido como uma despesa, aquele pago pela empresa nas operações realizadas com a cláusula CIF. O legislador foi didático e cuidou neste dispositivo apenas do frete “na operação de venda” e apenas quando “ônus for suportado pelo vendedor”, referindose às operações de venda com cláusula CIF. Cabe registar que a referência a que o dispositivo faz a “nos casos dos inciso I e II”, tem o condão de restringir o crédito com despesas frete. É que somente dará crédito os fretes cujo ônus foi assumido pelo vendedor (cláusula CIF) na operação de venda de mercadorias revendidos, no caso da atividade comercial (inciso I do art. 3º da Lei nº 10.833/03), ou na operação de venda de produtos, no caso da atividade produtiva (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/03). Com esta restrição, por exemplo, o frete pago pela empresa na venda, de um ativo, não estaria abarcado pelo dispositivo. Na minha ótica, seria um nonsense a conclusão de que o legislador concedeu o crédito sobre uma despesa de venda, isto é, o frete “na operação de venda”, na forma do inciso IX, e não ter concedido o crédito sobre os custos que a empresa realizou com fretes, o que decorreria da interpretação do inciso II. Os custos, inclusive com frete, fazem parte da própria existência, da razão de ser das empresas, sem eles não há produto, não há receita, não haveria PIS e COFINS. Não existe nem na legislação contábil ou na tributária um conceito de custo necessário, pois o adjetivo necessário seria um pleonasmo. Todo o custo é necessário à empresa, diferente das despesas. E é por esse motivo que os incisos I e II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 asseguram os créditos sobre os custos de produção das empresas nas atividades neles Fl. 374DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 30 59 mencionadas (atividade comercial, de serviço e de produção), estabelecendo os demais incisos (III a IX) daquele normativo a regra de crédito de PIS e COFINS sobre determinadas despesas neles especificadas. Em conclusão, a Lei nº 10.833/03, em homenagem ao princípio da não cumulatividade, estabelece o direito de crédito de todos os custos ou despesas com frete, o primeiro, o frete como custo de produção, no inciso II do artigo 3º, e, o segundo, despesas com frete, no inciso IX, do artigo 3º, ressaltando que este crédito está condicionado à assunção do custo pelo vendedor (cláusula CIF) e a que as operações sejam de venda de mercadorias ou produtos. Por estas razões, neste particular, acompanho o voto do ilustre Relator, para dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte, mas o faço apenas pelas conclusões. É como voto. (Assinado digitalmente) Leonardo Mussi Fl. 375DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO
score : 1.0
Numero do processo: 10314.004777/2007-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 08/05/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE.
No presente caso as questões atinentes à ilegitimidade passiva e à falta de prova da acusação fiscal são matérias de mérito, e de forma alguma podem ser consideradas vícios formais. Não há qualquer contradição ou obscuridade, devendo os embargos de declaração opostos, dessa forma, serem rejeitados.
Embargos Rejeitados
Numero da decisão: 3202-001.452
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos de declaração.
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira - Presidente.
Rodrigo Cardozo Miranda- Relator.
EDITADO EM: 09/02/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Rodrigo Cardozo Miranda, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201501
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 08/05/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. No presente caso as questões atinentes à ilegitimidade passiva e à falta de prova da acusação fiscal são matérias de mérito, e de forma alguma podem ser consideradas vícios formais. Não há qualquer contradição ou obscuridade, devendo os embargos de declaração opostos, dessa forma, serem rejeitados. Embargos Rejeitados
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10314.004777/2007-48
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5428070
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3202-001.452
nome_arquivo_s : Decisao_10314004777200748.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : RODRIGO CARDOZO MIRANDA
nome_arquivo_pdf_s : 10314004777200748_5428070.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos de declaração. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira - Presidente. Rodrigo Cardozo Miranda- Relator. EDITADO EM: 09/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Rodrigo Cardozo Miranda, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
id : 5821089
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:36:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047476058980352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1715; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T2 Fl. 1.330 1 1.329 S3C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.004777/200748 Recurso nº 142.490 Embargos Acórdão nº 3202001.452 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de janeiro de 2015 Matéria Imposto sobre a Importação II Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado CARLOS GERALDO EGYDIO RAMEH ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 08/05/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. No presente caso as questões atinentes à ilegitimidade passiva e à falta de prova da acusação fiscal são matérias de mérito, e de forma alguma podem ser consideradas vícios formais. Não há qualquer contradição ou obscuridade, devendo os embargos de declaração opostos, dessa forma, serem rejeitados. Embargos Rejeitados Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos de declaração. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente. Rodrigo Cardozo Miranda Relator. EDITADO EM: 09/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Rodrigo Cardozo Miranda, Luís Eduardo Garrossino AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 47 77 /2 00 7- 48 Fl. 1375DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/02/2 015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CAR DOZO MIRANDA 2 Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza e Thiago Moura de Albuquerque Alves. Relatório Cuidase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional (fls. 1326 a 1328) contra o v. acórdão prolatado pela Colenda 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF (fls. 1317 a 1321) que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso de ofício. A ementa do referido julgado é a seguinte: Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 08/05/2007 Ementa: RECURSO DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE DE ADMINISTRADORES E REPRESENTANTES. SUJEIÇÃO PASSIVA. Não são imputáveis as infrações aduaneiras, indiscriminadamente, a administradores, representantes ou prepostos de pessoas jurídicas, exceto se demonstrada a ofensa por parte de tais pessoas à lei civil que rege as pessoas jurídicas, ou abuso de personalidade jurídica, manifesta em atos praticados com excesso de poderes ou infração a contrato social ou estatutos. No caso concreto, a autoridade aduaneira imputou infração a advogado simplesmente pelo fato de tal pessoa ser procurador da empresa, ausente imputação de atos que possam ser enquadrados no artigo 50 do Código Civil e no artigo 135 do Código Tributário Nacional. ÔNUS DA PROVA. O auto de infração deve ser instruído com todos os elementos de prova. O ônus da prova é da autoridade autuante. A ausência de prova da materialidade da infração imputada – “mercadoria estrangeira, exposta à venda, depositada ou em circulação comercial no país, se não foi feita prova de sua importação regular” (artigo 618, X, do Regulamento Aduaneiro) – impede que seja julgada procedente a autuação. A Fazenda Nacional apontou, em síntese, contradição e obscuridade entre a decisão embargada e seus fundamentos nos seguintes termos, verbis: De um lado, o colegiado, ao julgar o lançamento improcedente, profere decisão de mérito, que impede a realização de novo lançamento para apuração dos mesmos fatos, enquanto, de outro, em sua fundamentação, aponta a ilegitimidade passiva e a falta de prova da acusação fiscal. Este dois fundamentos, no entanto, constituem vícios formais, que conduzem a anulação Fl. 1376DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/02/2 015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CAR DOZO MIRANDA Processo nº 10314.004777/200748 Acórdão n.º 3202001.452 S3C2T2 Fl. 1.331 3 do lançamento e não a sua improcedência, pois, em tais hipóteses, a exigência fiscal pode ser novamente lançada dentro do prazo decadencial, nos termos do art. 173, II do CTN. O acórdão embargado, portanto, foi contraditório e obscuro, pois, julga improcedente o lançamento, fundamentado em vícios, que, no entanto, conduzem a sua anulação. Verificados os vícios de obscuridade e contradição na r. decisão, justificase a interposição dos presentes embargos. É o relatório Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Conforme exposto acima, a eventual omissão, contradição e/ou obscuridade do v. acórdão ora embargado estaria contida no seguinte excerto da petição de embargos da Fazenda Nacional: De um lado, o colegiado, ao julgar o lançamento improcedente, profere decisão de mérito, que impede a realização de novo lançamento para apuração dos mesmos fatos, enquanto, de outro, em sua fundamentação, aponta a ilegitimidade passiva e a falta de prova da acusação fiscal. Este dois fundamentos, no entanto, constituem vícios formais, que conduzem a anulação do lançamento e não a sua improcedência, pois, em tais hipóteses, a exigência fiscal pode ser novamente lançada dentro do prazo decadencial, nos termos do art. 173, II do CTN. O acórdão embargado, portanto, foi contraditório e obscuro, pois, julga improcedente o lançamento, fundamentado em vícios, que, no entanto, conduzem a sua anulação. Verificados os vícios de obscuridade e contradição na r. decisão, justificase a interposição dos presentes embargos. Pois bem, o que se verifica, com todas as vênias, é que inexiste qualquer contradição ou obscuridade. As questões atinentes à ilegitimidade passiva e à falta de prova da acusação fiscal são matérias de mérito, e de forma alguma podem ser consideradas vícios formais. Não há qualquer contradição ou obscuridade. Os embargos, portanto, não merecem acolhida. Por conseguinte, em face de todo o exposto, entendo que os embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional devem ser REJEITADOS. Fl. 1377DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/02/2 015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CAR DOZO MIRANDA 4 Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 1378DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 13/02/2 015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CAR DOZO MIRANDA
score : 1.0
Numero do processo: 10314.010302/2010-96
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 16/08/2010
CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA.
É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial.
JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE.
Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
Numero da decisão: 3803-006.664
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 16/08/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
turma_s : Terceira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10314.010302/2010-96
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5413894
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3803-006.664
nome_arquivo_s : Decisao_10314010302201096.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : BELCHIOR MELO DE SOUSA
nome_arquivo_pdf_s : 10314010302201096_5413894.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
id : 5778207
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047476062126080
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2318; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. 300 1 299 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.010302/201096 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3803006.664 – 3ª Turma Especial Sessão de 11 de novembro de 2014 Matéria II/PISCOFINSIMPORTAÇÃO AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente SOC. BENEFICIENTE DE SENHORAS HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 16/08/2010 MATÉRIA SUBMETIDA AO JUDICIÁRIO. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. INTIMAÇÕES. ATOS PROCESSUAIS. PROCURADOR As normas do Processo Administrativo Fiscal não têm previsão para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do advogado constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 16/08/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontravase suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 01 03 02 /2 01 0- 96 Fl. 300DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes. Relatório O presente processo é constituído de autos de infração, lavrado para exigência de crédito tributário referente a Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, CofinsImportação e PISImportação, incidentes sobre a importação de equipamentos de procedência estrangeira destinados, conforme declarado pela Interessada, à utilização nas atividades essenciais da entidade. Conforme a descrição dos fatos, os desembaraços das Declarações de Importação (DIs), foram efetuados sem o recolhimento dos tributos incidentes na importação, em cumprimento da decisão nos autos do processo judicial 2004.61.00.0289717, aviado na 22ª Vara Federal de São Paulo, em que foi determinado que se procedesse ao desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas por esta pessoa jurídica. O objeto da ação judicial é a declaração da inexistência da relação jurídico tributária que a obrigue a recolher impostos e contribuições sociais federais devidos na importação, tendo como fundamento a imunidade de que goza em relação aos impostos e isenção às contribuições. Houve decisão favorável ao deferimento de tutela antecipada, e, posteriormente, a confirmação por meio de sentença, sem decisão definitiva transitada em julgado até a data das autuações. Ante este provimento, os autos de infração foram lavrados com o fito de prevenir a decadência, sendo informando que a exigibilidade estava suspensa até a decisão final. Em impugnação apresentada, a Autuada arrazoou, em síntese, que: a) o Auto de Infração é meio que se configura inadequado à constituição do crédito tributário, nas circunstâncias do caso. Se não houve prática de infrações por parte do Fl. 301DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.010302/201096 Acórdão n.º 3803006.664 S3TE03 Fl. 301 3 contribuinte, não se trata o caso de aplicação de penalidade, decorrendo disso que o instrumento jurídico correto é a Notificação de Lançamento; b) os juros moratórios devem ser afastados, pois inexistem os pressupostos de fato que autorizariam a sua imposição; c) é uma entidade de assistência social, que atua na área da saúde, tendo sido declarada de utilidade pública federal, fazendo jus, portanto, à imunidade prevista na Constituição Federal; d) o Ato Declaratório n° 9/06 do Procurador Geral da Fazenda Nacional reconhece a imunidade de entidades como a da Impugnante, encerrando qualquer discussão; Em julgamento da lide, a DRJ/Florianópolis assentou, em síntese, que: a) a interessada indicou na declaração de importação não haver valor de crédito tributário a ser recolhido. O benefício que pleiteou não foi reconhecido pela Autoridade Aduaneira; b) a lavratura de Auto de Infração não pode ser considerada inadequada, visto que sob a ótica da Fazenda a interessada deixou de recolher, por ocasião do registro da declaração de importação, os tributos em questão; c) dos dispositivos do art. 9º e 10º do Decreto n° 70.235/72 tanto a exigência do crédito tributário quanto a aplicação de penalidade isolada podem ser formalizados por Auto de Infração ou Notificação de Lançamento; visto que a redação do dispositivo legal não permite estabelecer limites ao alcance de cada espécie de instrumento para formalização; d) a formalização do presente crédito tributário mediante a lavratura de Auto de Infração assegura maior benefício ao exercício do direito de defesa e do contraditório à Interessada, pois este instrumento possui não apenas a Disposição Legal Infringida, mas a Descrição do Fato; Quanto ao mérito: a) da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade não conheceu do recurso, por ter sido a matéria levada à apreciação do Judiciário, o que implica em renúncia às instâncias administrativas. b) da incidência dos juros de mora no lançamento sustentou que mesmo inexigível o crédito tributário, o prazo de pagamento do tributo não é alterado, prevalecendo tal prazo para fins de sua incidência no caso de decisão judicial final desfavorável ao contribuinte. Considerou que, a rigor, os juros de mora não precisam ser indicados na autuação para serem exigidos, porque, como acessório, seguem o principal. O destaque dos juros de mora incidentes até a data da lavratura da autuação é apenas demonstrativo. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 16/08/2010 Fl. 302DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. LANÇAMENTO DESTINADO A PREVENIR DECADÊNCIA. FORMALIZAÇÃO CABÍVEL. A discussão da matéria tributável na esfera judicial não elide o dever da autoridade administrativa de constituir o crédito tributário. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa, porém a matéria divergente terá prosseguimento normal. Cientificada da decisão em 10/10/2013, irresignada, a Interessada apresentou recurso voluntário, em 25/10/2013, em que reitera os termos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa, Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para sua admissibilidade, dele conheço. Preliminar de Nulidade Auto de Infração como meio inadequado à constituição do crédito tributário A Recorrente apela para a nulidade da constituição do crédito tributário, em virtude de ter sido formalizada por meio de Auto de Infração e não Notificação de Lançamento, uma vez que o crédito constituído encontrase com a exigibilidade suspensa, não tendo cometido qualquer infração à legislação. Vista unicamente sob o seu ângulo, tem razão a Defendente quando afirma não ter cometido infração, considerando que se encontra amparada pelo provimento judicial provisório antecipatório da tutela, obtido em 29//11/2004. Sob o olhar do Fisco, porém, a subsistência da lide, o mérito da controvérsia em aberto e a possibilidade (não importa em que medida) de resultado favorável à Fazenda, são os eventos que motivaram a constituição do crédito tributário. Neste prisma, o campo Descrição dos Fatos do Auto de Infração consigna o registro tanto do fato jurídico tributário como do fato jurídico da ocorrência da infração consistente na falta de recolhimento, ao desamparo da imunidade invocada. 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE II 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE IPI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS IMPORTAÇÃO DI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS/PASEP IMPORTAÇÃO DI 0 importador submeteu a despacho aduaneiro de importação, pleiteando IMUNIDADE TRIBUTARIA para o Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e para as contribuições sociais (PIS e COFINS) incidentes na Fl. 303DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.010302/201096 Acórdão n.º 3803006.664 S3TE03 Fl. 302 5 importação das mercadorias descritas e amparadas pelas declarações de importação no 09/02330394 e 10/12642404 (anexo I). Cumpre observar que a alegada imunidade abrange apenas os impostos sobre patrimônio, renda e serviços das entidades previstas na alínea "c", do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Este entendimento tem como fundamento o disposto na alínea "a" do inciso III do art. 146 da Constituição Federal, que remete a Lei Complementar a definição das diversas espécies de tributos. Esta definição, por sua vez, é tratada pelo Código Tributário Nacional (aprovado pela Lei no 5.172/66 e recepcionado pelo atual texto constitucional) em seu Titulo III. [...] Além de todo o exposto acerca da não extensão da imunidade constitucional, o importador ao pleitear a imunidade dos tributos não apresentou, no curso do despacho, documentação que atestasse o cumprimento dos requisitos necessários para obtenção da renuncia fiscal dos tributos bem como Certificado de Entidade de Assistência Social válido, documento que atesta seu caráter de assistência social, pleiteando a liberação das mercadorias com base na ação judicial preventiva supracitada. Portanto, entende esta fiscalização que o beneficio fiscal da imunidade não pode ser concedido à autuada. [...] A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei no 9.430/96 não foi aplicada em cumprimento ao disposto no § 1º do artigo 63 do mesmo dispositivo Legal (a Decisão Judicial suspendeu a exigibilidade do crédito tributário em 29/11/2004, anterior ao registro das DI's). O registro do fato jurídico tributário implicou no lançamento, que corresponde ao valor dos tributos que deveriam ter sido recolhidos no desembaraço aduaneiro. O registro do fato jurídico da ocorrência da infração, traz na esteira a sustação do seu efeito que corresponderia à imposição da multa de ofício, em face da tutela antecipada obtida na ação judicial aviada sob o nº 2004.61.00.0289717[1]. Assim, não obstante descrita a infração, o Auto de Infração deixa de fixar apenas a relação jurídica quanto à imposição da penalidade. Dado o contorno sob o qual se lavra Auto de Infração para prevenção de decadência quando sua materialidade encontrase em discussão na esfera judicial e presente a infração, ante o não reconhecimento do direito pleiteado, pela Autoridade aduaneira , podese sustentar que este instrumento não é impróprio para a constituição do crédito tributário, pelo fato de seu conteúdo estar adstrito unicamente ao lançamento. Este entendimento encontrase bem ajustado ao que dispõe o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, que não distingue os usos do Auto de Infração e da Notificação de Lançamento seja para tributo ou penalidade, verbis: 1 Em cumprimento ao art. 63, § 1º, da Lei nº 9.430/96. Fl. 304DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Grifos acrescidos) Entre os requisitos obrigatórios do Auto de Infração está a descrição do fato, ausente das exigências para a Notificação de Lançamento, ao tempo em que o seu inciso III aponta para a necessidade de indicação da disposição legal infringida (ainda que na condição de "se for o caso"), denotando que este instrumento pode veicular também penalidade: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. A doutrina, por sua vez, apenas identifica o uso indistinto de um ou outro instrumento de que as Administrações Tributárias tem se servido para introduzir suas imposições, tanto tributárias como sancionatórias. Assim, esclarece James Marins: "O auto de infração, no âmbito da Receita Federal e a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD), utilizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), são espécies de documentos fiscais elaborados pela Administração para corporificar atos de imposição. O auto de infração ou a NFLD frequentemente engloba no mesmo suporte físico vários atos impositivos referentes a diversas relações jurídicas, ora não Fl. 305DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.010302/201096 Acórdão n.º 3803006.664 S3TE03 Fl. 303 7 sancionatórias, como o lançamento, ou relações jurídicas sancionatórias, como aplicação de multa por Paulo de Barros Carvalho, na mesma vertente, noticia o uso do auto de infração como peça portadora não só do ato de imposição de penalidade: Em súmula, dois atos administrativos, ambos introdutores de norma individual e concreta no ordenamento positivo: um, de lançamento, produzindo regra cujo antecedente é fato lícito e o consequente uma relação jurídica de tributo; outro, o auto de infração, veiculando u'a norma que tem, no suposto, a descrição de um delito e, no consequente, a instituição de liame jurídico sancionatório, cujo conteúdo da prestação tanto pode ser um valor pecuniário (multa) como uma conduta de fazer ou não fazer. Tudo seria simples, realmente, se o auto de infração apenas conduzisse para o ordenamento a mencionada regra individual e concreta que mencionei. Nem sempre é assim. Que, de vezes, sob a epígrafe "auto de infração", deparamonos com dois atos: um de lançamento, exigindo o tributo devido; outro, de aplicação de penalidade, pela circunstância de o sujeito passivo não ter recolhido, em tempo hábil, a quantia pretendida pela Fazenda. Dáse a conjunção, num único instrumento material, sugerindo até possibilidades híbridas. Mera aparência. Não deixam de ser normas jurídicas distintas postas por expedientes que, por motivos de comodidade administrativa estão reunidas no mesmo suporte físico. Pela frequência com que ocorrem essas conjunções, falam alguns, em "auto de infração" em sentido largo (dois atos no mesmo instante) e "auto de infração"stricto sensu", para denotar a peça portadora de norma individual e concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário. A lição acima destaca a natureza distinta dos atos administrativos do lançamento e da imposição sancionatória e a decorrente autonomia destes. Uma vez autônomos e, via de regra, postos no mesmo instrumento de constituição das exigências, o Auto de Infração, não se deve ver inadequação se vier veicular apenas um desses atos: a formalização da relação jurídica tributária tendente a prevenir decadência, mesmo que inexista a penalidade. Pelo exposto, rejeito a preliminar. Mérito Da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade Travase no processo judicial nº 2004.61.00.0289717 discussão sobre a in/existência de relação jurídica tributária que obrigue a Recorrente ao pagamento de tributos tais como os lançados no presente Auto de Infração , que não estejam classificados no rol dos impostos obre o patrimônio, na acepção restrita que dá a Fazenda a esta classe de tributos. Fl. 306DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Corroboro o entendimento já assentado na decisão recorrida, segundo o que este debate não pode ser travado no âmbito deste processo administrativo. O provimento que aqui se der ou negar tornarseá sem efeito ante decisão superveniente em rumo diverso no aludido processo. Logo, de raso, devese aplicar a Súmula CARF nº 1, eis que presente a conexão de matérias[2]. Da incidência dos juros de mora no lançamento Cabe lembrar que o presente processo é dependente da ação nº 2004.61.00.0289717. O provimento judicial definitivo, a seu tempo, deitará por terra este processo. Alternativamente, o desprovimento referenderá a incidência prevenida, suscitará a mora e ensejará a cobrança dos tributos aqui lançados com a inclusão dos juros de mora, com amparo do art. 61, § 3º, cujo lapso de tempo de sua aplicação estenderseá até o mês do pagamento. Uma vez que é vedada a incidência somente da multa de ofício no lançamento para prevenir decadência, os juros podem ser incluídos no lançamento, sem o caráter de ser valor fixo, como o são o principal e a multa. Demais disso, considero que os juros não estão constituídos na data e na linguagem normativa do lançamento, distintamente do que se dá com o principal. Concebo que ao estarem presentes em todo e qualquer lançamento representam o conteúdo declaratório da mora até o momento em que não haja impugnação, para fins da incidência futura, na conformidade com o art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, quando se tornar eficaz o lançamento, seja com o trânsito em julgado do desprovimento do pedido em ação judicial ou com a definitividade da decisão em processo administrativo. Os juros não estão a incidir (no que entendo ser o melhor sentido jurídico deste verbo), na composição do crédito tributário pelo lançamento, porquanto seu valor não é definitivo, na hipótese de suspensão de exigibilidade, vindo a sêlo somente quando, em tempo futuro, a então Contribuinte vier a ser chamada a efetuar a quitação do crédito lançado. Nesse diapasão, os juros no lançamento são mero indicativo de sua aderência ao principal e do dies a quo do intervalo de tempo até o mês do pagamento, na ocasião da cobrança. Se se pudesse dizer que os juros têm sua constituição efetivada no lançamento, como admitir a sua fluência protraindose no tempo até a quitação do crédito tributário? Por fim, mesmo não estando configurada a mora no momento do lançamento, em face da suspensão da exigibilidade, a presença dos juros no lançamento, pela razão supra, não representa prejuízo algum à Recorrente. Pedido de intimação no endereço do advogado Quanto a este pedido, no rito do Processo Administrativo Fiscal não há respaldo legal para que a Administração Tributária efetue as intimações na pessoa e no domicílio do advogado constituído pelo contribuinte. Este entendimento é assente nos julgamentos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). O princípio do informalismo é próprio do processo administrativo, e nesse pressuposto os administrados detêm a capacidade de postular, sendo facultativa a representação por advogado. Em observância das disposições do art. art. 23 do Decreto nº 70.235/72, as 2 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 307DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.010302/201096 Acórdão n.º 3803006.664 S3TE03 Fl. 304 9 intimações devem ser feitas diretamente ao administrado, em seu domicílio tributário, não implicando em nulidade do acórdão o desatendimento deste pleito da Contribuinte: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. [...] § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; III se por meio eletrônico: a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. [grifos aqui] Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; por não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Judiciário, e por negar provimento quanto à incidência dos juros no lançamento. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 309DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0