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Numero do processo: 13520.000307/2009-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/1999 a 31/08/1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO.
Constatada a ocorrência de contradição na decisão embargada, deve ser dado provimento aos embargos de declaração com vistas a sanear tais incorreções.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2401-004.515
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, para retificar o dispositivo do acórdão embargado.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Relatora e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: Relator
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score : 1.0
Numero do processo: 12466.722060/2013-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 10/06/2013
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO E CONVERSÃO EM MULTA.
Não apresentada documentação capaz de comprovar a origem e disponibilidade dos recursos utilizados nas transações, tem-se por reconhecida a interposição fraudulenta de terceiros a causar dano ao erário. Cabível, pois, a substituição por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta for consumida ou não localizada.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. PESSOA QUE CONCORRA OU SE BENEFICIE DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO. POSSIBILIDADE.
A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações.
ARGUIÇÃO DE NULIDADE. DESCRIÇÃO DOS FATOS. INCOMPLETUDE. INOCORRÊNCIA.
A minudente descrição dos fatos constante do Termo de Verificação Fiscal, anexo aos autos de infração, descaracteriza a arguição de nulidade das autuações por incompletude da motivação.
PROVA EMPRESTADA. EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
Instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao contraditório e à ampla defesa, não havendo que se falar em nulidade.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3302-003.365
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento aos Recursos Voluntários. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá e Walker Araújo, Relator, e a Conselheira Lenisa Prado, que excluíam do polo passivo a empresa Savix. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
RICARDO PAULO ROSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
WALKER ARAUJO - Relator.
(assinado digitalmente)
JOSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO - Redator designado.
EDITADO EM: 13/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 10/06/2013 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO E CONVERSÃO EM MULTA. Não apresentada documentação capaz de comprovar a origem e disponibilidade dos recursos utilizados nas transações, tem-se por reconhecida a interposição fraudulenta de terceiros a causar dano ao erário. Cabível, pois, a substituição por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta for consumida ou não localizada. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. PESSOA QUE CONCORRA OU SE BENEFICIE DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO. POSSIBILIDADE. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. DESCRIÇÃO DOS FATOS. INCOMPLETUDE. INOCORRÊNCIA. A minudente descrição dos fatos constante do Termo de Verificação Fiscal, anexo aos autos de infração, descaracteriza a arguição de nulidade das autuações por incompletude da motivação. PROVA EMPRESTADA. EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao contraditório e à ampla defesa, não havendo que se falar em nulidade. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido
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E OUTRAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 10/06/2013 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO E CONVERSÃO EM MULTA. Não apresentada documentação capaz de comprovar a origem e disponibilidade dos recursos utilizados nas transações, temse por reconhecida a interposição fraudulenta de terceiros a causar dano ao erário. Cabível, pois, a substituição por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta for consumida ou não localizada. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. PESSOA QUE CONCORRA OU SE BENEFICIE DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO. POSSIBILIDADE. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. DESCRIÇÃO DOS FATOS. INCOMPLETUDE. INOCORRÊNCIA. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 20 60 /2 01 3- 11 Fl. 5605DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 2 Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento aos Recursos Voluntários. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá e Walker Araújo, Relator, e a Conselheira Lenisa Prado, que excluíam do polo passivo a empresa Savix. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. (assinado digitalmente) RICARDO PAULO ROSA Presidente. (assinado digitalmente) WALKER ARAUJO Relator. (assinado digitalmente) JOSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO Redator designado. EDITADO EM: 13/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Tratase de Auto de Infração para cobrança do débito no valor de R$ 334.177,30, relativo a conversão da pena de perdimento em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas por meio das DI´s abaixo especificada, nos termos do §3º, do artigo 23, do DecretoLei nº 1.455/76, com a redação dada pelo artigo 59, da Lei nº 10.637/2002, c/c o inciso III, do artigo 81, da Lei nº 10.833/2003. Nº DI REGISTRO DESEMBARAÇO VALOR ADUANEIRO 1006903730 28/04/10 29/04/10 23.114,64 1008746195 26/05/10 27/05/10 78.082,43 1009212623 02/06/10 04/06/10 112.407,39 1011155151 02/07/10 05/07/10 63.162,80 1013645385 09/08/10 10/08/10 23.120,78 1017631397 06/10/10 07/10/10 34.289,26 TOTAL 334.177,30 Fl. 5606DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 3 3 Foram incluídas no polo passivo do processo a empresa Savixx Comércio Internacional Ltda., na qualidade de devedora principal; e as empresas Felix Serviços Administrativos Ltda. ME e Moderatto Materiais de Construção Ltda., nos termos do artigo 1241, do Código Tributário Nacional, e dos artigos 1062 e 6743, do Decreto nº 6.759/2009. A motivação e o fundamento para imputar responsabilidade as referidas empresas consta do relatório anexo ao Auto de Infração de fls. 0291. Em resumo, a fiscalização apurou que as operações que embasaram o lançamento foram realizadas da seguinte forma4: 1. Com base na investigação sobre Declarações de Importação (DI) onde a FELIX MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO (doravante FELIX), CNPJ nº 09.518.724/000104, figurou como encomendante, identificaramse as infrações de interposição fraudulenta de terceiros e uso de documento falso no despacho aduaneiro de importação, as quais ensejam a aplicação da pena de perdimento de mercadorias. As DI investigadas foram registradas por dois importadores distintos: SAVIXX COMÉRCIO INTERNACIONAL S/A (doravante SAVIXX), CNPJ nº 28.477.685/000180, e LOG TRADING & SUPPLY CHAIN LTDA (LOG TRADING), CNPJ nº 08.997.092/000138. Assim, houve necessidade de se lavrar vários Autos de Infração, segregados por importador e demais sujeitos passivos identificados. No presente Auto de Infração, lavrado ao respaldo do MPF Nº 0727600201300344 (MPF 0727600 2013 00344 SAVIXX), emitido em face da SAVIXX COMERCIO INTERNACIONAL S/A, foram autuadas operações de importação registradas pela SAVIXX onde a FELIX figurou como encomendante. 2. A fiscalização apurou que a empresa FELIX figurou como encomendante nas operações de importação investigadas, entretanto as mercadorias eram pré destinadas a outros interessados, verdadeiros encomendantes das mercadorias e sujeitos passivos das obrigações tributárias, mas que se mantiveram ocultos nas operações. 3. A Alfândega do Porto de Vitória (ALF/Porto Vitória) durante procedimento especial de controle aduaneiro aplicado à DI nº 10/04369249 constatou indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômicofinanceira da empresa FELIX, decidindo pelo procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF 228/2002, conforme determina a IN RFB 1.169/2011, art.8º. 1 Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. 2 Art. 106. É responsável solidário: IV o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 32, parágrafo único, alínea “d”, com a redação dada pela Lei nº 11.281, de 2006, art. 12); 3 Art. 674. Respondem pela infração (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95): I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; ... VI conjunta ou isoladamente, o importador e o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 95, inciso VI, com a redação dada pela Lei nº 11.281, de 2006, art. 12). 4 Trecho extraído da decisão de piso. Fl. 5607DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 4 4. Na importação registrada através da referida DI foi constatada a ocultação do real comprador e responsável pela importação das mercadorias estrangeiras, a empresa PIASTRELLA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA (doravante PIASTRELLA), CNPJ nº 02.069.769/000191, mediante fraude ou simulação, pela interposição fraudulenta de terceiro, infração considerada dano ao Erário e punível com a pena de perdimento das mercadorias, conforme art. 23, inc. V e §§ 1º e 2º, do DecretoLei nº 1.455/1976. Por meio do Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal nº 12466.721744/201134 foi proposta a aplicação da pena de perdimento das mercadorias (aparelhos de ar condicionado). A DI em questão foi registrada pela importadora SAVIXX, para suposta revenda à encomendante pré determinada FELIX. Entretanto, a fiscalização constatou que a real compradora responsável pela importação foi a oculta PIASTRELLA, uma loja da rede varejista AMOEDO, do estado do Rio de Janeiro, uma das maiores do país no ramo de materiais de construção. 5. Constatouse que a PIASTRELLA e outras empresas/lojas da REDE AMOEDO bancaram a atuação da interposta FELIX com créditos em sua conta bancária no valor total de R$ 2.880.000,00, apenas no período de dez/2009 a abr/2010. Somente da PIASTRELLA, havia nove créditos que totalizam R$ 1.461.000,00. A FELIX, regularmente intimada, recusouse a explicar e a comprovar a motivação e a origem desses créditos, que eram efetuados sempre que ocorria um débito de valor semelhante em sua conta. Os procedimentos de investigação identificaram a origem dos créditos (empresas/lojas da rede AMOEDO) que bancaram toda a atuação da FELIX. A fiscalização anexou ao presente Auto de Infração cópias de documentos do processo nº 12466.721744/201134 (Doc B, Doc C, Doc E, Doc F, Doc G, Doc H, Doc K, Doc L, Doc M e Doc O), referentes ao Procedimento Especial de Controle Aduaneiro aplicado à DI nº 10/04369249 e que possuem estrito relacionamento com as infrações investigadas e constatadas no presente caso. Segundo apurou a fiscalização, a empresa FELIX ocultou outras empresas do referido grupo em outras importações onde atuou como encomendante pré determinada. Segundo dados dos sistemas de informação da RFB, de setembro de 2009 até o início de maio de 2011, a FELIX atuou como encomendante pré determinada em 68 DI’s, com valor total declarado de US$ 3.833.026,07 (CIF; custo da mercadoria incluindo seguro e frete). Verificouse, ainda, que os sócios da FELIX integraram o quadro societário da PIASTRELLA em 2003, e que consta na ficha de habilitação no SISCOMEX da FELIX capital social de R$ 50 mil, sendo que havia figurado como encomendante em operações de importação da ordem de US$ 4,1 milhões nos últimos três anos. A incompatibilidade do capital social com o montante transacionado no comércio exterior, bem como os demais indícios de interposição fraudulenta, serviram de fundamentos para a inclusão da empresa encomendante prédeterminada no procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF 228/2002. (...) 7. Com relação à SAVIXX, conforme descreve minuciosamente a fiscalização, sabiase de ante mão que figurou como importadora em parte das DI onde a FELIX atuou como encomendante prédeterminada, registradas entre 03/09/2009 e 06/10/2010. Foi intimada a apresentar esclarecimentos e documentos em relação a essas operações. Depois de sucessivos pedidos de prorrogação de prazo para resposta apresentou, em 11/04/2012, documentos referentes a 49 operações de importação e outros documentos solicitados, porém dois dos quesitos formulados no Termo de Intimação Fiscal nº 201200062003 (quesitos 2 e 7) não foram atendidos satisfatoriamente. Houve reintimação para atendimento daquela parte insatisfatória, Fl. 5608DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 4 5 inclusive requisição de correspondência comercial trocada com o encomendante pré determinado das mercadorias importadas. Na resposta de 17/05/2012 foram apresentados novos esclarecimentos e documentos que visavam comprovar a origem e efetiva transferência de recursos por meio do Banco BANESTES S/A, deixando, entretanto, de apresentar documentos relativos a transferência realizadas através do Banco do Brasil. Depois de nova prorrogação de prazo, em 25/06/2012, a SAVIXX apresentou informação complementar anexando comprovantes TED, alegando se tratar de todos os documentos faltantes, e acrescentando não ser possível identificar o remetente dos recursos no caso de depósito online. 8. Foram constatadas inconsistências nos TED apresentados. Dois deles indicavam recebimentos no BANESTES, mas se tratavam de recursos recebidos no Banco do Brasil, conforme comprovantes antes apresentados. São os TED referentes aos lançamentos constantes no AI, no quadro anexo transcrito em seguida: (...) A SAVIXX foi intimada a esclarecer essas inconsistências. Em 07/07/2012 apresentou sua resposta, afirmando que os recursos foram recebidos através do BANESTES, mas que imediatamente transferiu os valores para a conta do Banco do Brasil. Acostou documentos emitidos pelas instituições financeiras. 9. Segundo a fiscalização, a FELIX figurou como encomendante em importações no período de 2009 até 2011 totalizando o valor de R$ 7.116.256,94, conforme a tabela abaixo: (...) 10. Para exemplificar as perdas de arrecadação, apresentouse a análise dos efeitos da quebra da cadeia de incidência do IPI, nos termos demonstrados pela fiscalização do SAPEA/ALF/Porto de Vitória no procedimento especial aplicado à DI nº 10/04369249, com base em documentos apresentados em resposta às intimações (Doc G e Doc H). O demonstrativo foi elaborado usando como exemplo as mercadorias da DI nº 09/18290583, importadas pelas empresas SAVIXX (importador) e FELIX (“encomendante”), e posteriormente “revendidas” para a empresa PIASTRELLA, identificada naquela fiscalização como real encomendante, que se manteve oculta na operação. Por meio da DI 09/18290583, a SAVIXX importou 170 aparelhos de arcondicionado de 9.000 BTU’s. A SAVIXX vendeu esses aparelhos para a FELIX pelo preço unitário de R$ 585,26, incluindo o IPI (NFe SAVIXX nº 2429, de 30/12/2009). Em seguida, a FELIX vendeu todos os 170 aparelhos para a PIASTRELLA por R$ 632,09 (apenas 8% a mais), incluindo o IPI (NFe FELIX nº 29, de 05/01/2010). Posteriormente, com grande “salto” de valor, parte desses aparelhos foi vendida por R$ 899,90 sem incidência de IPI (NF PIASTRELLA nº 412393, de 18/01/2010). Ora, se, no lugar da FELIX, a verdadeira encomendante PIASTRELLA tivesse sido indicada como encomendante, o IPI teria incidido na venda feita por R$ 899,90. Como tal obrigação não foi cumprida, a incidência de IPI ocorreu somente até a venda que a FELIX fez pelo reduzido valor de R$ 632,09. É a chamada “quebra da cadeia do IPI”. (...) 11. Além disso, a correta incidência do IPI sobre a mercadoria estrangeira equipara a carga tributária do produto importado ao produto nacional. Com a sonegação do IPI, a concorrência desleal do produto importado aumenta os obstáculos ao crescimento da indústria nacional. Fl. 5609DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 6 Também se deve considerar o interesse de se beneficiar dos incentivos concedidos às empresas fundapeanas. O FUNDAP (Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias) é um benefício concedido às empresas de comércio exterior que se estabelecem no Espírito Santo e são autorizadas pelo BANDES (Banco de Desenvolvimento do ES) a operar no sistema. Na sistemática do FUNDAP, ocorre desoneração da importação: para as operações que promoverem no ES, é garantida a postergação do prazo de pagamento do ICMS incidente nas importações, e a empresa pode obter financiamentos de longo prazo junto ao BANDES, no valor de cerca de 70% do ICMS recolhido, com juros de 1% ao ano, 5 anos de carência, 20 anos para amortização da dívida, com opção de recompra da dívida em leilões realizados periodicamente pelo Banco, onde os contratos são liquidados por cerca de 10% do saldo devedor. Tratase de um incentivo financeiro sob o aspecto formal, mas, sob o aspecto material, configura um verdadeiro subsídio às importações. O FUNDAP tem papel relevante na guerra fiscal entre os estados da federação, que nesse caso é conhecida como “guerra dos portos”. Algumas empresas domiciliadas em outros estados têm interesse em usufruir desses benefícios, porém sem mudar seu domicílio, e acabam optando por usufruir o benefício de forma oblíqua. 12. Na jurisprudência do STF, quanto ao disposto na CF/88, art.155, §2º, IX já se firmou que o sujeito ativo do ICMS incidente na importação de mercadoria é o estado da Federação em que estiver localizado o destinatário final da operação. Quando se utiliza da fraude/simulação, pela interposição de terceiro que se apresenta como “encomendante de fachada” sediado no estado do Espírito Santo, este aparentemente faz as operações de importação através de uma empresa FUNDAPEANA e se beneficia da redução de custos e descontos financeiros concedidos para operações FUNDAP. Posteriormente, a mercadoria é remetida aos verdadeiros destinatários finais em outro estado da federação, o real encomendante, como uma mera venda interestadual. Assim, o fisco do estado de destino é ludibriado e o real destinatário final das mercadorias importadas se beneficia de um crédito de ICMS que sequer foi integralmente pago. 13. A ocultação do real beneficiário/interveniente na operação de comércio exterior caracteriza simulação, pela prática das condutas descritas nos incisos I e II do parágrafo 1º do art. 167 do Código Civil, Lei nº 10.406/02. Na simulação há presença de dois atos: o ato simulado, para o qual há documento (ainda que material e/ou ideologicamente falso), e o ato dissimulado, o que se pretende esconder. Assim, é necessário desvendar a real intenção dos agentes no momento da prática do ato simulado. Para apurar a verdadeira operação realizada, devese lançar mão de provas indiciárias e presuntiva, conforme abalizada doutrina de Heleno Torrres, in “Direito Tributário e Direito Privado: autonomia privada, simulação e elusão tributária”: "É o caso das provas da simulação. Porque a ação desta é geralmente encoberta e de pouca expressão material ou documental, sua prova exigirá sempre mais apelo às formas de provas indiciárias e presuntivas, visando alcançar um conhecimento que corresponda o mais próximo possível à realidade.” (...) 25. Da Rede de Lojas AMOEDO MATERIAS DE CONSTRUÇÃO. Em tabela indicada no AI foram relacionadas as quantidades e os valores totais das Notas Fiscais de Saída emitidas pela FELIX, por destinatários constantes das referidas Notas Fiscais. Todas as empresas destinatárias das mercadorias, que aparentemente seriam pessoas jurídicas independentes, “clientes” da FELIX, são na realidade a ela vinculadas através dos atuais e de exintegrantes dos quadros societários. Para facilitar a visualização dos relacionamentos entre as empresas foi elaborado o Diagrama da Figura 1 (ver no AI; Diagrama com as relações entre Fl. 5610DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 5 7 empresas, sócios atuais e exsócios) representando as empresas destinatárias das Notas Fiscais de Saída da FELIX e apontando as pessoas físicas integrantes e ex integrantes dos quadros societários. Para simplificar a visualização, as empresas foram representadas apenas pelo primeiro nome. A única empresa do diagrama que não foi destinatária de Notas Fiscais da FELIX foi a TRAVERTINO MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA, CNPJ nº 05.798.065/000148, adicionada ao diagrama para permitir a visualização de alguns dos relacionamentos com pessoas físicas. 26. Num primeiro momento, é possível visualizar que as pessoas físicas com maior quantidade de vínculos societários são os Srs. ALDO ALEX OGNIBENI, CPF nº 664.176.51720, e HÉLIO MOREIRA DIAS, CPF nº 245.701.76704, atuais sócios administradores da FELIX. Os Srs. ALDO e HÉLIO ainda são sócios em mais 8 (oito) empresas não indicadas no diagrama, a maioria atuantes na área de materiais de construção ou atividades correlatas. Remetese à leitura no AI dos destaques de alguns interrelacionamentos relevantes identificados. 27. Há outras empresas vinculadas à FELIX que figuraram nas operações “comerciais”. Durante o procedimento especial de controle aplicado pela SAPEA (Seção de Procedimentos Especiais Aduaneiros), à DI nº 10/04369249, foram apresentados pela FELIX alguns extratos bancários (Doc L), dentro do período de dezembro de 2009 a abril de 2010. Foram relacionados débitos e créditos desses extratos na tabela especificada no AI, trazendo as datas, os valores e o histórico dos lançamentos, excluindose resgates e aplicações automáticos e valores inferiores a R$ 30.000,00. Quanto à DI nº 10/04369249, a FELIX foi intimada a esclarecer a motivação do recebimento e pagamento dos recursos, entretanto, recusouse a prestar informações a respeito (Doc M). 28. As coincidências entre sócios e exsócios dessas empresas, a intricada rede de relacionamentos com a FELIX, o fato da FELIX só ter efetuado “vendas” para empresas vinculadas, bem como ter recebido recursos das mesmas em datas e valores coincidentes com os pagamentos a importadora SAVIXX não são obra do acaso, mas decorrem de um fato: as empresas são todas pertencentes a um grupo econômico, a REDE DE LOJAS AMOEDO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO (ver o Doc. O – pesquisa na internet realizada pela SAPEA, cujo anúncio de venda de “Split” de 9.000 BTU’s da marca KOBE é idêntico aos aparelhos de ar condicionado acobertados pela DI n 10/04369249 em junho de 2011. O aparelho encontravase à venda no sítio da Rede de Lojas AMOEDO (ver fig 2 doc de fls.59, Anúncio de venda no sítio da AMOEDO) 29. Foram anexadas a este processo (Doc O), páginas do sítio da AMOEDO contendo o anúncio do aparelho de 9.000 BTU, as informações sobre a sua história e sua relação de lojas. O nome “AMOEDO” aparece em mensagens eletrônicas (e mails) apresentadas pela importadora SAVIXX antes da submissão da DI 10/04369249 ao procedimento especial (Doc C). Essas mensagens em sequência mostram procedimentos prévios à importação das mercadorias e demonstram que a Rede de Lojas AMOEDO foi a responsável e verdadeira interessada na importação. Ver informações detalhadas às fls.60/64 consideradas para a conclusão de que a Rede de Lojas AMOEDO negociou diretamente com os exportadores estrangeiros, através do Sr. Ricardo Torres, o qual não tinha vínculo empregatício com a FELIX, mas sim com outra empresa do mesmo grupo, a REALE TINTAS. As encomendas eram realizadas através do Sr. Ricardo Torres aos importadores com os fornecedores estrangeiros e os preços já definidos, ou seja, as negociações com o exterior eram realizadas para as outras empresas do grupo sem qualquer interferência da FELIX. Logo após a nacionalização e emissão das Notas Fiscais de Saída dos importadores, a FELIX emitia Notas Fiscais de Saída destinando as mercadorias diretamente do Fl. 5611DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 8 recinto alfandegado para as Lojas Amoedo. Portanto, as Lojas AMOEDO foram as verdadeiras encomendantes das mercadorias. A comparação entre a relação de Lojas AMOEDO, no sítio da rede na internet (Doc O), e as informações cadastrais das empresas destinatárias das Notas Fiscais da FELIX ou que forneceram créditos na conta da FELIX, revelou que a maioria das empresas são Lojas AMOEDO, conforme a Figura 3 constante no AI. 30. A fiscalização destaca que não se conseguiu identificar a existência formal da Rede AMOEDO. As empresas FELIX, PIASTRELLA, GAZ WORLD e outras empresas do grupo tiveram seus CNPJ identificados e apresentados neste relatório, mas a Rede AMOEDO não. Existindo ou não do ponto de vista formal, é inegável que a Rede AMOEDO existe de fato, e coordena a atuação da FELIX e de suas lojas CARRARA, BOTTINO, MONITORE, etc. A FELIX não é uma loja AMOEDO, mas é parte do grupo econômico. Restou constatado neste procedimento fiscal que a FELIX não dispunha de capacidade econômicofinanceira própria para constituir garantias às operações de importação focadas. As garantias oferecidas foram de fato suportadas por Lojas da Rede Amoedo, reais interessadas na importação das mercadorias, conforme descrito detalhadamente no AI. As lojas e demais empresas AMOEDO são todas do Rio de Janeiro, enquanto a FELIX é a única empresa do grupo no Espírito Santo, sendo interposta pessoa usada pelas Lojas AMOEDO. A função da FELIX é assumir o papel de encomendante prédeterminada de importações, de forma a ocultar as demais empresas do grupo, as responsáveis/interessadas de fato pelas operações e verdadeiras encomendantes das mercadorias. 31. Ao final do procedimento especial de investigação restou constatado que: “• A rede de lojas AMOEDO negociou diretamente as mercadorias no exterior, através do Sr. Ricardo Torres de Oliveira, funcionário de uma das empresas da Rede de Lojas Amoedo e responsável pelos trâmites de todas as operações de comércio exterior do grupo; • Há um intricado interrelacionamento da FELIX com outras empresas do grupo, por meio de sócios e/ou administradores integrantes ou excluídos dos quadros societários. Tais empresas foram responsáveis pelos créditos não contabilizados na conta bancária da FELIX e foram as destinatárias das mercadorias de procedência estrangeira; • Na conta bancária da FELIX, há inegáveis coincidências de datas e valores dos créditos efetuados pelas Lojas da Rede Amoedo e dos débitos para pagamento aos importadores, sem a devida escrituração contábil, demonstrando que as importações foram na verdade pagas pelas outras empresas do grupo; • Empresas da Rede de Lojas Amoedo foram as verdadeiras responsáveis pela prestação de garantias a importadora SAVIXX para realização das operações de comércio exterior, na forma de carta de fiança; • Há confusão de gerentes e administradores entre as empresas da Rede de Lojas AMOEDO; • A FELIX não dispõe e nunca dispôs da capacidade operacional e logística necessária para estocar e movimentar mercadorias para atuar no comércio exterior nos montantes transacionados; Fl. 5612DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 6 9 • A FELIX não dispõe e nunca dispôs dos funcionários necessários para atuar no comércio exterior nos montantes transacionados, e nem para comercializar as mercadorias importadas no mercado interno. 32. As evidências reunidas demonstram inequivocamente que a FELIX tem atuado reiteradamente como interposta pessoa nas importações sustentadas pelo grupo de lojas AMOEDO, reais encomendantes das mercadorias, ocultadas nessas operações. 33. Sobre o fluxo de pagamentos, a ocultação dos reais encomendantes, a cessão de nome para acobertamento dos reais beneficiários das operações de importação, ver a análise posta no AI, de onde a fiscalização concluiu que: 33.1. Após o desembaraço e antes da emissão de qualquer Nota Fiscal, os valores para pagamento das importações eram transferidos das Lojas AMOEDO para a FELIX [QUADRO (B)]; 33.2. Após o recebimento desses valores, no mesmo dia ou no dia seguinte, a FELIX efetuava a transferência para a SAVIXX [QUADRO (C)]; 33.3. Após o recebimento dos valores, a SAVIXX emitia as Notas Fiscais de Saída para a FELIX [QUADRO (D)]. Tais Notas Fiscais representam saídas fictícias, pois as mercadorias não eram destinadas a estabelecimento da FELIX, mas diretamente para as Lojas AMOEDO; 33.4. No mesmo dia ou em data bem próxima, a FELIX emitia as Notas Fiscais de Saída para a Loja AMOEDO destinatária final das mercadorias (QUADRO E), que recebia as mercadorias importadas diretamente do recinto alfandegado; 33.5. Os valores transferidos das Lojas AMOEDO para a FELIX (QUADRO B) são valores redondos, na ordem de milhares, que não coincidem com as datas e valores das Notas Fiscais, até porque elas sequer estavam emitidas. As datas das transferências são anteriores a emissão das Notas Fiscais. Resta claro que tais transferências não são de fato pagamentos de compras, mas “suprimentos de caixa” fornecidos à FELIX pela verdadeira encomendante das mercadorias, para possibilitar o pagamento adiantado da importadora SAVIXX, antes da emissão das Notas Fiscais de Saída, e garantir a entrega das mercadorias importadas; 33.6. Para algumas operações, uma das Lojas “AMOEDO” transferiu totalidade ou parte dos valores para a FELIX (QUADRO B), enquanto outra loja foi a destinatária final das mercadorias (QUADRO E) Vide fls.79/82. Tal situação demonstra a confusão patrimonial na chamada Rede de Lojas AMOEDO, pois a loja que de fato pagava as importações nem sempre era a mesma destinatária final das mercadorias importadas; 33.7. Para uma das operações, os valores nem sequer transitaram pela FELIX, foram transferidos diretamente de uma das Lojas AMOEDO (RHODES 116) para a SAVIXX (vide linha REF 9 – na DI). Para maior clareza estão descritas, no AI, algumas linhas do Fluxo de Pagamentos identificado, a partir do qual se compreende como ocorreram as operações de importação, restando indubitável que a “Rede AMOEDO” foi a verdadeira encomendante das importações, quem de fato custeou as referidas importações (ver na TAB 1 a vinculação entre os verdadeiros encomendantes identificados e as respectivas DI registradas). Fl. 5613DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 10 34. Constatouse que a importadora SAVIXX declarou nas DI que a encomendante era a FELIX, porém, conforme foi constatado, os verdadeiros encomendantes foram outras empresas, concluindose assim que as DI registradas estavam eivadas de falsidade. 35. São documentos obrigatórios na instrução das DI as faturas comerciais e os romaneios de carga (packing list). Aquelas são documentos emitidos pelos vendedores das mercadorias, devendo conter todas as características da transação comercial. O romaneio de carga é utilizado para listar a carga transportada. Destaca se que a correta identificação doencomendante na DI é obviamente requisito essencial para a fatura comercial idônea, informação que em geral também deve constar no romaneio de carga, nos termos do Regulamento Aduaneiro (RA). No caso, as faturas comerciais e os romaneios de carga que instruíram as DI consideradas apresentadas pela SAVIXX à autoridade aduaneira apontavam a FELIX como se fosse a encomendante (ver os campos “BUYER, ORDERER, NOTIFY”). No entanto, conforme demonstrado no procedimento investigatório fiscal, os reais encomendantes foram outras empresas, portanto as faturas comerciais e os romaneios de carga apresentados à administração aduaneira são ideologicamente falsos. Nos termos do Código Civil, art.167, são simuladas as compras no mercado externo e as vendas no mercado interno dessas mercadorias importadas mediante ocultação do verdadeiro adquirente. 36. Consideradas as condutas desvendadas, as quais representam irregularidades praticadas pela SAVIXX e pela FELIX, procedeuse à aplicação da penalidade prevista no Dl 1.455/76, art.23. Constitui dano ao erário, por força de lei, a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou do responsável pela operação de comércio exterior, mediante fraude, simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, infrações passíveis da aplicação da pena de perdimento das mercadorias, que por sua vez foi convertida em aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro em face da não localização das referidas mercadorias. 37. O Auto de Infração objeto deste processo foi lavrado contra Aquela que se apresentou formalmente, nas DI, como a importadora das mercadorias, a SAVIXX COMÉRCIO INTERNACIONAL S/A. A FELIX SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA – ME foi apontada como responsável solidária, por haver concorrido para a prática infracional ou dela ter se beneficiado. A Moderatto Materiais de Construção Ltda., CNPJ Nº 05.979.004/000187, foi identificada como verdadeira encomendante/adquirente das mercadorias, havendo concorrido para a prática e tendo se beneficiado da infração, sendo assim também apontada como responsável solidária. Ver enquadramento legal destacado no AI. Intimadas da lavratura do Auto de Infração, a empresa Savixx Comércio Internacional Ltda. apresentou tempestiva impugnação de fls.5.0795.110; a empresa Felix Serviços Administrativos Ltda. ME apresentou tempestiva impugnação de fls. 5.1475.163; e a empresa Moderatto Materiais de Construção Ltda. apresentou tempestiva impugnação de fls. 5.1725.181, requerendo, em síntese, o cancelamento do lançamento fiscal pelos motivos e fundamentos apresentados nas peças defensivas. Em sessão realizada no dia 10 de junho de 2014, houve por bem a 6ª Turma da DRJ/REC julgar improcedentes as impugnações apresentadas pelos sujeitos passivos para manter a exigência do crédito tributário nos termos da ementa abaixo reproduzida: Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 10/06/2013 Fl. 5614DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 7 11 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. INFRAÇÃO SUJEITA A PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DAS MERCADORIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Ainda que houvesse interesse legítimo de faturamento, a empresa importadora fundapeana se prestou a participar de esquema de fraude contra o controle aduaneiro, atuando como importador por suposta encomenda de empresa que, com seu conhecimento, apenas cedeu o nome para ocultar os reais adquirentes das mercadorias importadas irregularmente mediante interposição fraudulenta de terceiros. Tratase de infração passível de pena de perdimento das mercadorias. Na impossibilidade de sua apreensão porque não localizadas, a pena de perdimento foi legalmente convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, nos termos da legislação regente. A importadora é sujeito passivo legítimo, responsável solidariamente pela infração juntamente com o real adquirente ocultado e com o suposto encomendante, todos devidamente arrolados no pólo passivo da relação jurídica sancionatória. A empresa Savixx foi intimada da decisão de piso em 11.07.2014 (fls.5.281) e interpôs recurso voluntário em 12.08.2014 (fls.5.2845.310); a empresa Felix foi intimada da decisão de piso por edital afixado em 09/07/2014 (fls.5.280) e interpôs recurso voluntário em 20.08.2014 (fls.5.5445.560); e a empresa Moderatto Materiais de Construção Ltda. foi intimada da decisão de piso em 22.07.2014 (fls.5.282) e interpôs recurso voluntário em 19.08.2014 (fls.5.5915.600). Resumidamente, as razões de inconformismo apresentadas pelas referidas empresas, ora Recorrentes, foram as seguintes: A) Empresa Savixx Comércio Internacional Ltda. Questões de Mérito: (i) não há no relatório fiscal nenhuma comprovação da prática de qualquer conduta, comissiva ou omissiva, que pudesse ensejar a sua inclusão na autuação, sequer como sujeito passivo, na medida em que não houve no caso concreto, de sua parte (i.1) negócio jurídico simulado; (i.2) supressão no pagamento de qualquer tributo; e (i.3) qualquer ganho ou vantagem ilícita com as operações investigadas e autuadas, incluindo, por óbvio; (ii) erro na imputação da multa tipificada no artigo 23, inciso V, do Decreto nº 1.455/76 em face da Recorrente, considerando que referida norma visa punir o sujeito oculto da importação, que no presente caso seria a empresa RHODES, sendo que na eventual manutenção do lançamento fiscal, a multa aplicada no presente caso deveria ter sido aquela prevista no artigo 33, da Lei nº 11.488/2007. B) Empresa Felix Serviços Administrativos Ltda. Preliminar: (i) Nulidade do Auto de Infração: ausência de justificação que motivem e dê ensejo na cobrança, constando apenas meras explicações e presunções para induzir na penalidade aplicada. Questões de Mérito (i) Abusividade da Multa Aplicada: a multa aplicada pelo fisco não deve prevalecer, já que não é razoável, nem proporcional, revelandose flagrantemente confiscatória. C) Empresa Moderatto Materiais de Construção Ltda. Fl. 5615DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 12 Preliminar: (i) Cerceamento de Defesa: (i.1) ausência de intimação da Recorrente para prestar esclarecimentos na fase fiscalizatória; e (i.2) impossibilidade de manifestação oportuna. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade Os recursos voluntários interpostos pelos sujeitos passivos atendem aos demais requisitos de admissibilidade, deles tomo conhecimento. II Revelia As Recorrentes Felix e Moderatto não impugnaram as questões relativas as operações de importação deflagradas pela fiscalização que culminaram na ocorrência de interposição fraudulenta, reservando seu direito de defesa apenas para arguir questões preliminares de nulidade do lançamento fiscal, as quais serão devidamente enfrentadas. Em relação as matérias não impugnadas, aplicase as determinações contidas no artigo 54, do Decreto 7574, de 29 de setembro de 2011, que assim dispõe: Art. 54. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora declarará a revelia, permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobrança amigável (Decreto no 70.235, de 1972, art. 21, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). § 1o No caso de identificação de impugnação parcial, não cumprida a exigência relativa à parte não litigiosa do crédito, o órgão preparador, antes da remessa dos autos a julgamento, providenciará a formação de autos apartados para a imediata cobrança da parte não contestada, consignando essa circunstância no processo original. § 2o Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago ou parcelado o crédito tributário, o órgão preparador encaminhará o processo à autoridade competente para promover a cobrança executiva. III Recurso Voluntário III.1 Preliminares III.1.a Nulidade do Auto de Infração arguida pela Recorrente Felix A Recorrente Felix requer a decretação de nulidade do Auto de Infração com base nos seguintes fundamentos: "...embora a fiscalização tenha realizado extensa e pormenorizada descrição dos fatos, não logrou êxito em justificar razões que efetivamente corroborem para inclusão da Recorrente como sujeito passivo solidário. O que se verifica durante o discorrer do Mandado de Procedimento Fiscal, foi que a fiscalização apresentou meras presunções e, em inúmeras ocasiões, fatos que não correspondiam à época do fato gerador, para fundamentar a cobrança". Fl. 5616DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 8 13 E conclui: " De acordo com o artigo 2º e artigo 50, II, §1º da Lei 9.874/99 um dos princípios do processo administrativo âmbito da Administração Pública Federal é o da motivação, que assegura a utilização de critérios e a indicação de pressupostos fáticos que ensejam na decisão da fiscalização. Sem razão à recorrente. O presente procedimento fiscal não foi realizado com base em meras presunções, mas embasado em robusto acervo probatório, que se encontra colacionado aos autos. Diferentemente do alegado pela recorrente, há nos autos diversas provas documentais carreadas pela empresa Savixx e colhidas pela fiscalização que demonstram efetivamente o modus operandi de todas as empresas que atuaram no esquema de importação fraudulenta em referência, todos descritos pormenorizadamente no relatório de fiscalização anexo ao Auto de Infração. Com efeito, a fiscalização apontou os elementos que caracterizavam a falta de capacidade econômica e financeira, apresentando quadro com o capital social e do Patrimônio Líquido em comparação com o volume de importações, bem como sobre a existência de empréstimos bancários avalizados pelos reais adquirentes da mercadoria (empresas grupo AMOEDO), demonstrando que a Recorrente Felix de fato não possuía capacidade financeira para realizar importações de vultuosos valores. Descreve, ainda, como seriam os adiantamentos feitos para cada DI, tendo em vista a falta de capacidade financeira para quitar as obrigações relativas às importações. Neste ponto, destacase os motivos que levaram a fiscalização concluir que houve de fato ocultação do real adquirente das mercadorias, no caso a Recorrente Moderrato, cujos trechos foram reproduzidos na decisão de piso: No curso daquele procedimento especial focado na importação patrocinada pela PIASTRELLA, a FELIX foi regularmente intimada sobre o motivo de haver recebido daquela empresa cerca de R$ 1.461.000,00, transferidos em nove operações de creditamento, mas nada explicou, nem muito menos explicitou ou buscou demonstrar a origem dos recursos recebidos. A fiscalização apurou, e demonstrou em anexo ao auto de infração, que esses créditos eram efetuados sempre que ocorria débito em valor semelhante em sua conta corrente. A investigação produzida identificou que na origem do suprimento de tais créditos estava empresa/loja da chamada rede AMOEDO, sendo estas as verdadeiras adquirentes, posto que delas é que partiram os recursos necessários ao custeio das importações. O mesmo esquema ocorreu nas operações focadas em oito processos que figuram nesta mesma pauta de julgamento: 12466.722057/201306, 12466.722058/201342, 12466.722059/201397, 12466.722060/201311, 12466.722061/201366, 12466.722062/201319, 12466.722063/2013 55 e 12466.722064/201308. Segundo dados obtidos nos sistemas de informação da RFB, de setembro de 2009 até o início de maio de 2011, a FELIX atuou como suposta encomendante pré determinada em 68 DI’s, com valor total declarado de US$ 3.833.026,07 (CIF; custo da mercadoria incluindo seguro e frete). Não bastasse isso, restou comprovado que os sócios da Recorrente mantinham interesse comum com as empresas do grupo AMOEDO, reais importadoras das Fl. 5617DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 14 mercadorias importadas, considerando que eles integraram o quadro societário da PIASTRELLA no ano de 2003. A fiscalização também formou sua convicção com base na análise do Plano de Contas e escrita contábil carreada aos autos, onde constatou ausência de registro da movimentação bancária nos períodos de 2008, 2009 e 2010. Além disso, a fiscalização realizou apuração das movimentações bancárias através dos documentos fornecidos pelos Bancos Itaú e Unibanco (vide fls.4.0664071 e 40724.093). Toda essa documentação, inequivocamente, infirma a alegação da recorrente de que a fiscalização havia se utilizado somente dos documentos relativos ao ano 2012 para comprovar os fatos motivadores da presente autuação. Por outro lado, no que tange especificamente ao controle aduaneiro, nos termos determinados no Decreto nº 1.455/76, artigo 23, §2º, com a redação dada pela Lei 10.637/2002, é suficiente para caracterizar a presunção legal de interposição fraudulenta de terceiros, a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência de recursos empregados na operação de comércio exterior. Assim, resta demonstrado que o procedimento fiscal encontrase respaldado em fartos elementos probatórios e que as operações de importação foram consideradas por conta e ordem por presunção legal relativa (juris tantum), em razão da robusta comprovação de que a Recorrente utilizou recursos financeiros da real importadora, no presente caso a empresa Moderatto Materiais de Construção Ltda., para custear a totalidade das importações realizadas no período da autuação. Assim, cabia a recorrente infirmar as robustas provas colacionadas aos autos pela fiscalização, com base em elementos probatórios hábeis e idôneos. No entanto, em vez de tentar infirmar tais provas, sem qualquer respaldo, a recorrente preferiu o caminho fácil de simplesmente alegar nulidade do Auto de Infração por ausência de motivação. Desta forma, rejeita a preliminar de nulidade arguida pela Recorrente Felix. III.1.b Cerceamento de Defesa arguida pela Recorrente MODERATTO Extraise da decisão de piso que a Recorrente alegou que: "Considerandose a natureza das provas consignadas pela fiscalização, deveria a ora Recorrente ter tido o direito de acompanhar a sua produção e assim poderia fiscalizar a sua adequada mensuração. A acusação fiscal partiu do que a doutrina convencionou chamar de prova emprestada. No entanto, para que esse tipo de prova seja admissível é imprescindível que o processo tenha envolva as mesmas partes e que a respectiva produção tenha sido submetida ao contraditório. Nenhum desses requisitos foi observado in casu. Portanto, todas as provas imputadas contra a ora impugnante são ilegítimas por vício de produção. Em conclusão, não se trata aqui materialmente de um mero MPF, mas de um verdadeiro instrumento de acusação, demonstrandose assim afronta ao direito da ora impugnante de ter apresentado, à época da apuração dos fatos, a sua defesa plena, o que implica na absoluta nulidade do auto de infração, violando diretamente os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e devido processo legal. Em resumo a Recorrente responsável solidário alegou nulidade do procedimento fiscal por ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, sob o argumento de não foi submetida a prévio procedimento fiscal, visando o levantamento das informações e documentos relacionados ao fato jurídico infracional. Sem razão a recorrente. Fl. 5618DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 9 15 Isto porque, no âmbito do processo administrativo fiscal de exigência de crédito tributário, a fase do contraditório tem início com a ciência do auto de infração pelo autuado e responsáveis solidários, o que foi feito, de forma regular no caso em tela. Além disso, com a regular ciência de todos os responsáveis solidários foi facultada a possibilidade deles impugnarem a exigência fiscal, o que foi regulamente exercido por todos. E tanto as peças impugnatórias quanto os recursos voluntários apresentados pelos recorrentes, constitui prova inconteste de que o contraditório e o direito de defesa foram assegurados aos sujeitos passivos solidários em toda sua plenitude, inclusive a faculdade de apresentar a provas que entendessem adequadas à comprovação das aduzidas razões de defesas. Tanto é verdade, que a devedora principal contestou integralmente sua participação na operação que envolve as importações sob análise, tudo com base nos documentos e fatos disponibilizados às partes. Portanto, revelase de todo descabida a alegação de mácula do procedimento fiscal, em razão da ausência de intimação do devedor solidário para participar da fase fiscalizatória. Cabe salientar que a Recorrente nunca teve seu direito de defesa preterido, na medida em que que teve conhecimento de todas as provas juntadas ao processo, dos argumentos invocados pela autoridade fiscal, das medidas adotadas pela fiscalização. Também em nenhum momento de sua defesa, em apego a um formalismo excessivamente exacerbado demonstra o efeito prejuízo que teve no seu direito de defesa de todas essas alegações de nulidade. No caso, o questionado auto de infração atende todos os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/1972. E o relatório fiscal que o integra contém todos os dados e informações necessárias e suficientes para a perfeita avaliação das irregularidades aduaneiras imputadas ao sujeitos passivos principal e solidários. E na fase de instrução ou inquisitorial do procedimento fiscal, sabidamente, não há qualquer determinação legal no sentido de obrigar a fiscalização instaurar procedimento contra cada um responsáveis solidários, ou até mesmo cientificar todos eles da instauração e do curso do procedimento contra o contribuinte sob fiscalização. Tais medidas somente serão adotadas, se curso do procedimento elas se revelarem indispensáveis, para fins de instrução processual, o que não ocorreu na autuação em apreço. Por essas razões, diferentemente do alegado, não há que falar em prejuízo ao direito defesa e tampouco em vulneração do contraditório, no curso da fase de procedimental ou de instrução. Em decorrência, revelase de todo inapropriado alegar cerceamento do direito de defesa antes de iniciado o prazo para a impugnação do lançamento, que, se apresentada tempestivamente pelo autuado, instaura a fase litigiosa do processo, nos termos do art. 14 do Decreto 70.235/1972. Enfim, depreendese que as conclusões foram produzidas no próprio procedimento e expostas no próprio relatório fiscal, possibilitando à recorrente o exercício do contraditório e da ampla defesa, não havendo que se falar em cerceamento de defesa, razões pelas quais, rejeito preliminar arguida. Ultrapassadas as preliminares, passase à análise do mérito relativo à interposição fraudulenta. Fl. 5619DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 16 III.2 Questões de mérito No mérito, cabe analisar se as importações realizadas pela Recorrente Savixx a pedido da Recorrente Felix (encomendante da mercadorias) caracterizam interposição fraudulenta, mediante fraude, simulação ou falsidade documental, bem como questões envolvendo a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas objeto das DI´s 1006903730 R$ 23.114,64; 1008746195 R$ 78.082,43; 1009212623 R$ 112.407,39; 1011155151 R$ 63.162,80; 1013645385 R$ 23.120,78; 1017631397 R$ 34.289,26. Novamente, ressaltase que, as devedoras solidárias não impugnaram a acusação de interposição fraudulenta feita pela fiscalização, presumindo verdadeiro os fatos à elas imputados. Desta forma, adianto meu entendimento no sentido de que as Recorrentes Felix e Moderatto Materiais de Construção Ltda. devem responder pelo pagamento da multa exigida nestes autos, a primeira por sua participação no sentido de ocultar os reais adquirentes de mercadorias importadas, fazendo as vezes de encomendante predeterminada para ocultar aquele que de fato forneceu os recursos financeiros para custear as operações de comércio exterior especificadas, no caso a segunda. III.2.a Alegações da Recorrente Savixx A Recorrente Savixx alega que (i) não há no relatório fiscal nenhuma comprovação da prática de qualquer conduta, comissiva ou omissiva, que pudesse ensejar a sua inclusão na autuação, sequer como sujeito passivo, na medida em que não houve no caso concreto, de sua parte (i.1) negócio jurídico simulado; (i.2) supressão no pagamento de qualquer tributo; e (i.3) qualquer ganho ou vantagem ilícita com as operações investigadas e autuadas, incluindo, por óbvio. De fato, entendo que não há no relatório fiscal nenhum indício de irregularidade praticada pela Recorrente Savixx capaz de lhe imputar qualquer responsabilidade pela infração apurada neste processo administrativo. Isto porque, todos os fatos apurados pela fiscalização retratam que o ato negocial tido por fraudulento foi realizado única e exclusivamente pelas demais empresas envolvidas na importação, a Recorrente Felix por sua participação no sentido de ocultar os reais adquirentes de mercadorias importadas, fazendo as vezes de encomendante predeterminada para ocultar aquele que de fato forneceu os recursos financeiros para custear as operações de comércio exterior especificadas, no caso a Recorrente Moderatto Materiais de Construção Ltda. O relatório fiscal, reproduzido na decisão de piso, não deixa dúvida que a Recorrente Savixx, na qualidade de mera importadora, não cometeu nenhuma irregularidade passível de punição. Vejamos os indícios reunidos pela fiscalização: As Declarações de Importação investigadas na ação fiscal foram registradas por dois importadores distintos: SAVIXX COMERCIO INTERNACIONAL S/A, CNPJ nº 28.477.685/000180, e LOG TRADING & SUPPLY CHAIN LTDA, CNPJ nº 08.997.092/000138. No presente Auto de Infração, lavrado ao respaldo do MPF Nº 0727600. 2013.00471 SAVIXX, emitido em face SAVIXX COMERCIO INTERNACIONAL S/A, foram autuadas operações de importação registradas pela SAVIXX onde a FELIX figurou como encomendante. Fl. 5620DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 10 17 A regular importação “para revenda a encomendante prédeterminado” é uma forma de terceirização das operações de comércio exterior, onde uma empresa (a importadora) é contratada para promover, em seu nome, e em razão de contrato previamente firmado, a importação de mercadorias para revenda à empresa que encomendou as mercadorias (a encomendante). Em que pese a obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante prédeterminado, é o importador quem formaliza a compra internacional, logo deve dispor de capacidade econômica e financeira para o pagamento da importação, bem como das demais despesas da nacionalização. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica e financeira para adquirir as mercadorias revendidas pelo importador contratado, conforme se depreende do art. 5º da IN SRF nº 634/06. Portanto, na importação para revenda a encomendante prédeterminado está presente a característica essencial do interesse do encomendante em adquirir mercadorias estrangeiras, razão que o motiva a contratar um importador para adquirir a mercadoria no exterior, providenciar a nacionalização e depois revendêla ao encomendante. Mas, relembrase, que nessa modalidade, para ser considerada uma operação de importação por encomenda perfeitamente regular, é necessário que tanto a empresa encomendante quanto a empresa importadora sejam habilitadas para operar no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), e, além da importadora contratada, a encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir no mercado interno as mercadorias que lhe sejam revendidas pela importadora. Por outro lado, numa regular importação por conta e ordem, a atuação da empresa importadora também pode abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, mas o promotor da operação é o real adquirente. Este é o mandante da importação, quem efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional, embora possa fazêlo por via de um mero mandatário (o intermediário importador). Além disso, é o real adquirente quem pactua a compra internacional e dispõe (ou deveria dispor) de capacidade econômica para o pagamento da importação, pois é deste que se originam (ou deveriam se originar) os recursos financeiros. Tanto na importação por conta e ordem de terceiros como na importação para revenda a encomendante prédeterminado, a legislação estendeu a condição de sujeição passiva solidária ao adquirente ou ao encomendante, para permitir o adequado controle e fiscalização do comércio exterior exercido pela Administração Aduaneira. Neste caso restou demonstrado que a empresa FELIX foi apresentada na DI, pela importadora SAVIXX, como suposta encomendante nas operações de importação investigadas, entretanto as mercadorias eram predestinadas a outros interessados, verdadeiros adquirentes das mercadorias, supridores dos recursos que custearam as respectivas operações, mas se mantiveram ocultos da autoridade aduaneira. O fio da meada surgiu no curso do procedimento especial aplicado à DI nº 10/04369249, para a qual foi constatada a ocultação do real comprador e responsável pela importação das mercadorias estrangeiras, a empresa PIASTRELLA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA (PIASTRELLA), CNPJ nº 02.069.769/000191, tendose caracterizado a interposição fraudulenta de terceiro, infração considerada dano ao Erário e punível com a pena de perdimento das mercadorias, conforme art.23, inc. V e §§ 1º e 2º, do DecretoLei nº 1.455/1976. Fl. 5621DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 18 (Vide o processo nº 12466.722061/201366 constante desta mesma pauta de julgamento, que trata da autuação específica da PIASTRELLA) Nessa investigação acima referida para a DI especificada, registrada pela importadora SAVIXX, foi declarada como suposta encomendante prédeterminada, a FELIX para qual deveriam ser revendidas s mercadorias. Entretanto, a fiscalização constatou que naquele caso a real compradora (supridora dos recursos necessários), responsável pela importação, foi a oculta PIASTRELLA, uma loja da rede varejista AMOEDO, do estado do Rio de Janeiro, uma das maiores do país no ramo de materiais de construção. No curso daquele procedimento especial aflorou que outras empresas/lojas da rede AMOEDO em operações com arquitetura similar, também bancaram, em diversas operações distintas, a atuação da mesma interposta FELIX com créditos em sua conta bancária no valor total de R$ 2.880.000,00, apenas no período de dez/2009 a abril/2010. Nesta pauta de julgamento estão oito processos, incluído este, que abrangem oito distintas empresas da chamada rede AMOEDO desvendadas como as reais provedoras dos recursos necessários às respectivas importações, executadas pela intermediária SAVIXX, a qual declarou em todos esse oito casos, como suposta encomendante mesma FELIX, dentro do mesmo esquema fraudulento descortinado, mesmo sabendo ser a origem dos recursos daquelas distintas lojas participantes da chamada rede AMOEDO (considerados os oito processos desta pauta, inclusive este, os reais adquirentes identificados nesse mesmo esquema simulado são PIASTRELLA, ABITARE, CARRARA, GAZ WORLD, MODERATTO, RHODES, ROSSIO e VENATTO – vide quadro de fls.11/12 do relatório precedente a este voto) Por outro lado, identificouse também que os sócios da FELIX integraram o quadro societário da PIASTRELLA em 2003, e na ficha de habilitação da FELIX no SISCOMEX consta um capital social registrado de apenas R$ 50 mil, no entanto conforme descrito foi flagrada como suposta encomendante em operações de importação da ordem de US$ 4,1 milhões nos últimos três anos. Destacase neste momento a incompatibilidade do capital social registrado pela FELIX com o montante transacionado no comércio exterior, suficiente para justificar que também essa empresa, suposta encomendante prédeterminada, fosse submetida ao procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF 228/2002. Apurouse que FELIX foi constituída em 23/04/2008, quando seu contrato social foi registrado na Junta Comercial do Estado do Espírito Santo (JUCEES). O capital registrado era de R$ 20.000,00, e estaria totalmente integralizado em moeda corrente conforme Cláusula 4ª do Contrato Social. Posteriormente foi registrada, em 03/07/2008, Alteração do Contrato Social na qual se indica aumento do capital social de R$ 30.000,00, integralizado em moeda corrente, perfazendo o total de R$ 50.000,00, constituído da seguinte forma: É de se ver, que os indícios apurados pela fiscalização demonstram claramente que o ilícito envolveu apenas a Recorrente Felix e as demais empresas do grupo AMOEDO (real adquirentes das mercardorias), dentre elas a Recorrente RHODES, sendo que não há nenhum fato capaz imputar responsabilidade a Recorrente Savixx. Com todo respeito ao trabalho realizado pela fiscalização, o simples fato da Recorrente Savixx ter realizado as importações das mercadorias encomendadas pela Recorrente Felix, no pleno exercício de suas atividades, não pode servir de respaldo jurídico sofrer qualquer tipo penalidade por atos ilícitos praticados em etapas posteriores a importação. Com efeito, as irregularidades apontadas pela fiscalização de fraude, simulação ou falsidade documental, dizem respeito apenas as operações posteriores a importação da mercadoria, onde restou comprovado que a Recorrente Felix ocultou os reais adquirentes de mercadorias importadas, fazendo as vezes de encomendante predeterminada Fl. 5622DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 11 19 para ocultar aquele que de fato forneceu os recursos financeiros para custear as operações de comércio exterior especificadas, no caso a Recorrente Moderatto Materiais de Construção Ltda. Além disso, restou comprovado que a única empresa que não detinha capacidade econômica e financeira para suportar as operações de importação era a Recorrente Felix; que os reais adquirentes das mercadorias eram as empresas do grupo AMOEDO; e que existiam interesse comum entre elas. Por outro lado, restou comprovado (i) que as importações eram custeadas pela Recorrente Savixx, por meio de subsídios próprios; (ii) que os valores primeiramente eram transferidos da lojas AMOEDO para a Felix e posteriormente transferidos desta última para a Recorrente Savixx; e (iii) que somente após o recebimento dos valores a Recorrente Savixx emitia as notas de saída a Recorrente Felix. Ademais disso, há contrato de prestação de serviços de importação firmado entre as partes, demonstrando a lisura dos negócios realizados. Ou seja, não há nenhum ato praticado pela Recorrente Savixx que seja passível de irregularidade. Sobre atos simulados, trazemos à baila os ensinamentos do professor Silvio Rodrigues5: "A simulação é, na definição de Beviláqua, uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. Negócio simulado, portanto, é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam. Encontramse aí os elementos básicos caracterizadores da simulação, pois nela é elementar a existência de uma aparência contrária à realidade. Tal disparidade é produto da deliberação dos contraentes. De fato, a simulação caracterizase quando duas ou mais pessoas, no intuito de enganar terceiros, recorrem a um ato aparente, quer para esconder um outro negócio que se pretende dissimular (simulação relativa), quer para fingir uma realidade jurídica que nada encobre (simulação absoluta). Tratase, portanto, de uma burla, intencionalmente construída em conluio pelas partes que almeja disfarçar a realidade enganando terceiros." (destaques incluídos). Segundo Silvio de Salvo Venosa6 caracteriza a simulação, fundamentalmente, a divergência consciente entre a vontade e a declaração realizada, confira se: "Há, na verdade, oposição entre o pretendido e o declarado. As partes desejam mera aparência do negócio e criam ilusão de existência. Os contraentes pretendem criar aparência de um ato, para assim surgir aos olhos de terceiros. A disparidade entre o querido e o manifestado é produto da deliberação dos contraentes. Na simulação, há conluio. Existe uma conduta, um processo simulatório; acerto, concerto entre os contraentes para proporcionar aparência exterior do negócio". 5 Rodrigues, Silvio Direito Civil Parte Geral. vol. 1 São Paulo Saraiva, 2000 0 30ª Edição. pag. 222228 6 VENOSA, SILVIO SALVO. Direito Civil, Parte Geral, Editora Atlas Jurídico, 6a edição, pág. 523. Fl. 5623DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 20 Interessante, também, verificar o magistério de Paulo Ayres Barreto7: "A simulação em sentido lato é definida como a declaração de vontade irreal, emitida conscientemente, que visa a aparentar um negócio jurídico inexistente, ou que, se existe, é diferente daquele que se realizou, com o propósito de iludir terceiros. E requisito indispensável, portanto, que haja uma divergência entre a vontade interna e a declarada, como bem lembra César García Novoa. No âmbito fiscal, o prejuízo ocasionado pelo ato simulado é o não recolhimento ou a diminuição do valor que efetivamente deveria ser recolhido a título de tributo. Sobre esse assunto, o Direito Tributário, por força do art. 109 do Código Tributário Nacional, segue o conceito dado pelo Direito Privado, o qual distingue duas espécies de simulação:a absoluta e a relativa. A simulação será absoluta quando não houver relação negocial efetiva entre as partes, isto é, elas praticam um ato de forma ostensiva, mas este, verdadeiramente não ocorre. Por conseguinte, não esperam nenhum efeito do ato simulado. É, por exemplo, o caso de venda simulada para executar uma fraude contra credores. Por outro lado, caracterizase a espécie relativa (dissimulação) quando há dois negócios jurídicos sobrepostos: o simulado aparece para terceiros, mas sua função na verdade é ocultar outro negócio, dissimulado, aqueles que as partes realmente desejam." Os requisitos para configurar simulação estão previstos no Código Civil, em seu artigo 167, §1º, que assim dispõe: "Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. §1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados. Sobre o tema, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais têm adotado o seguinte posicionamento: “SIMULAÇÃO/DISSIMULAÇÃO – Configurase como simulação, o comportamento do contribuinte em que se detecta uma inadequação ou inequivalência entre a forma jurídica sob a qual o negócio se apresenta e a substância ou natureza do fato gerador efetivamente realizado, ou seja, dáse pela discrepância entre a vontade querida pelo agente e o ato por ele praticado para exteriorização dessa vontade, ao passo que a dissimulação contém em seu bojo um disfarce, no qual se encontra escondida uma operação em que o fato revelado não guarda correspondência com a efetiva realidade, ou melhor, dissimular é encobrir o que é”. (acórdão 10194.771) Depreendese dos citados ensinamentos que simular é o ato de fingir, mascarar, esconder a realidade, camuflar o objetivo de um negócio jurídico valendose de outro, eis que o objetivo intentado seria alcançado por negócio diverso, daí o motivo de o 7 BARRETO, Paulo Ayres. Ato Simulado e Sonegação Fiscal. São Paulo: Editora Noeses, 2014. Pág. 7. Fl. 5624DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 12 21 artigo 167 do Código Civil dispor que o negócio jurídico simulado será nulo, porém, subsistirá o que se dissimulou, se for válido na substância e na forma. Por isso, incumbe ao Fisco desconstituir a presunção de legitimidade de que gozam os atos e negócios jurídicos atacados, provando que não passam de mera aparência ou ocultam uma outra relação jurídica de natureza diversa, escamoteando a ocorrência do fato gerador, há de se valer da prova indireta, de indícios, que hão de ser graves, precisos, concordantes entre si, resultantes de uma forte probabilidade e indutores de ligação direta do fato desconhecido com o fato conhecido. Em resumo, não vejo nos autos nenhum indício de ato simulado praticado pela Recorrente Savixx, posto que as irregularidades apontadas pela fiscalização, que poderiam configurar a famigerada "simulação", não restaram comprovadas. O mesmo não se diga aos atos praticados pelas Recorrentes Felix e MODERATTO, estes sim eivados de irregularidades passíveis de penalidades, conforme devidamente comprovado nos autos. III.2.b Abusividade da Multa Aplicada arguida pela Recorrente Felix Sustenta a Recorrente que a multa aplicada pelo fisco não deve prevalecer, já que não é razoável, nem proporcional, revelandose flagrantemente confiscatória, conforme previsto no artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, a multa aplicada não é confiscatória, pois o valor aplicado foi o valor estabelecido pelo legislador no seu trabalho de competência constitucional. Além disso, a relação entre a infração e a punição, bem como a observação aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade por certo foram levados em consideração pelo legislador quando do processo legislativo de discussão do projeto de lei, só cabendo ao fisco aplicar a legislação existente, vigente e válida. No mais, por estar devidamente fundamentada as exigências, não cabe a este órgão administrativo perquirir de sua constitucionalidade, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal. Corroborando esse posicionamento, a Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, fez constar o artigo 62, o qual dispõe "Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade" . Por fim, a matéria já está sumulada no âmbito deste Tribunal Administrativo: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. VI. Conclusão Fl. 5625DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 22 Diante do exposto, voto por afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, dou provimento ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente Savixx e nego provimento aos Recursos Voluntários interpostos pelas Recorrentes Felix e Moderatto Materiais de Construção Ltda. É como voto. Walker Araujo Relator Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Em relação ao bem fundamento voto proferido pelo i. Relator, com a devida vênia, ousase discordar apenas em relação ao ponto da lide, apreciado no seu brilhante e bem fundamento voto, relativo à legitimidade passiva da solidária SAVIXX. Em apertada síntese, a premissa apresentada pelo nobre Relator para afastar a citada pessoa jurídica do polo passivo da presente autuação fora baseada na alegação de não havia, no relatório fiscal, nenhum indício de irregularidade praticado pela recorrente SAVIXX capaz de lhe imputar qualquer responsabilidade pela infração por interposição fraudulenta apurada neste processo, haja vista que todos os fatos apurados pela fiscalização retratavam que o ato negocial tido por fraudulento fora realizado única e exclusivamente pelas demais empresas envolvidas na importação. Por sua vez, a recorrente SAVIXX alegou que era parte passiva ilegítima, porque não havia prova de que praticara qualquer conduta, comissiva ou omissiva, que pudesse ensejar a sua inclusão no polo passivo da autuação, sequer como sujeito passivo solidário, na medida em que não houve, no caso concreto, de sua parte, “(i) nenhum negócio jurídico simulado; (ii) supressão no pagamento de qualquer tributo; e (iii) qualquer ganho ou vantagem ilícita com as operações investigadas e autuadas”. Diferentemente do i. Relator, para este Conselheiro os argumentos apresentados pela recorrente não foram suficientes para infirmar os fatos, comprovados nos autos, de que ela tinha conhecimento e, na condição de importadora ostensiva, colaborara para a consumação da prática da infração por interposição fraudulenta objeto da autuação em questão. Para se chegar a essa conclusão, é pertinente esclarecer que, no plano abstrato, sob o aspecto subjetivo, a tipificação da interposição fraudulenta na operação de importação inclui a prática de várias condutas e a necessária participação, comprovada ou presumida, de mais de uma pessoa, que de forma, omissiva ou comissiva, concorrem para a a configuração da referida infração. Portanto, tratase de infração de natureza complexa. Especificamente no âmbito da operação de importação por encomenda, o cometimento da referida infração exige, no mínimo, a participação da importadora contratada, da encomendante aparente e da real encomendante/adquirente das mercadorias. Essa tríade de pessoas, mediante simulação e cada uma a seu modo, de forma comissiva ou omissiva, concorrem para a prática da interposição fraudulenta ocorrida no âmbito da referida modalidade de importação indireta. Fl. 5626DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 13 23 Dada essa característica, no plano pragmático, a participação de cada uma das citadas pessoas revelase imprescindível para a materialização da conduta infratora em comento, a saber: a importadora aparente por realizar a operação de importação por encomenda simulada, a encomendante aparente por cumprir a função de interposta pessoa e a real encomendante/adquirente por fornecer os recursos financeiros necessários a compra da mercadoria importada. Nesse contexto, a real encomendante/adquirente, com a aquiescência da importadora, transfere e concentra todo o passivo tributário, decorrente da operação subsequente ocorrida no mercado interno, na encomendante aparente interposta, por se tratar de pessoa jurídica, geralmente, inexistente de fato e sem capacidade econômicofinanceira, com quadro societário inidôneo, formado por “testas de ferro” ou “laranjas”. Por meio desse procedimento fraudulento, os ganhos financeiros provenientes do não pagamento dos tributos devidos na operação regular de importação, induvidosamente, acabam sendo apropriados pela importadora e pela real encomendante/adquirente das mercadorias, as reais beneficiárias da fraude cometida. Assim, uma vez demonstrada a simulação, com o evidente intuito de ocultar a real encomendante, a operação de venda e compra simulada entre a importadora e encomendante interposta deve ser desconsiderada e mantida a real operação de venda e compra entre a importadora e a real encomendante, conforme preceitua o art. 167 do Código Civil, a seguir transcrito: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. (grifos não originais) Nesse contexto, em que a importadora e a real encomendante concorrem para a prática da infração e dela se beneficiam, independentemente, da intenção e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato infracional, conjunta ou isoladamente, as duas devem responder pela prática da infração, por força do que determina o art. 95, I, combinado com o disposto no art. 94, § 2º, ambos do Decretolei 37/1966, a seguir transcritos: Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. [...] Fl. 5627DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 24 § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]. (grifos não originais). Assim, ainda que a recorrente SAVIXX não tenha realizado, direta e exclusivamente, o negócio jurídico simulado, suprimido o pagamento de qualquer tributo e obtido qualquer ganho ou vantagem ilícita, na condição de importadora, certamente, ela concorreu para a prática da infração por interposição fraudulenta em apreço e dela se beneficiou, haja vista que não só auferira os ganhos financeiros normais decorrentes da atividade de importação por encomenda, como também obtivera expressivos ganhos financeiros provenientes do incentivo fiscal gerido pelo Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias (FUNDAP). E esse fato incontroverso contraria a alegação da recorrente de que não obtivera nenhuma vantagem e nenhum tipo de ganho com as citadas operações de importação. Também não procede a alegação da recorrente SAVIXX de que não tinha conhecimento do esquema de interposição fraudulenta em referência, pois, ao contrário do alegado, as mensagens eletrônicas (emails) sobre faturas próforma, ordem de compra e demais procedimentos prévios de importação das mercadorias, efetivamente, trocadas entre o Sr. Ricardo Torres de Oliveira, funcionário da “Rede de Lojas AMOEDO”, que atuava na área de importação do grupo, e os prepostos da recorrente SAVIXX, reproduzidas na descrição dos fatos integrante do auto de infração, revelam que os representantes da SAVIXX, induvidosamente, sabiam que as reais encomendantes e adquirentes das mercadorias por elas importadas eram as pessoas jurídicas integrantes do grupo de “Rede de Lojas AMOEDO”, as quais, por meio da interposta e recorrente FELIX, forneciam os recursos financeiros necessários e suficientes para o pagamento dos custos e despesas devidas nas correspondentes operações de importação. No mesmo sentido, em outras mensagens, parcialmente reproduzidas no corpo do auto de infração, o preposto da recorrente SAVIXX justifica a necessidade de pagar taxas de sobreestadia de contêineres e solicita autorização ao Sr. Ricardo Torres de Oliveira para realizar o pagamento. O teor das referidas mensagens revela, de forma convergente, que era o citado funcionário do grupo de “Rede de Lojas AMOEDO”, responsável pela área de importação, quem negociava diretamente com os exportadores estrangeiros, incluindo as encomendas perante os exportadores/fornecedores estrangeiros, os preços das mercadorias etc., sem qualquer interferência da recorrente FELIX, até porque esta era apenas uma empresa fachada, utilizada para acobertar a respectiva pessoa jurídica integrante do grupo de “Rede de Lojas AMOEDO”, conforme fartamente demonstrados nos autos. Com o objetivo de comprovar que desconhecia a referenciada interposição fraudulenta, na resposta à intimação da autoridade fiscal, com data de 17/5/2012, a recorrente confirmou que as negociações internacionais das mercadorias importadas foram acompanhadas pelo Sr. Ricardo Torres Oliveira, que entendia ser funcionário da recorrente FELIX, sem contudo apresentar elemento de prova adequada que corroborasse essa última informação. Ainda na tentativa de demonstrar que desconhecia que a recorrente FELIX não era a real encomendante, a recorrente SAVIXX apresentou à fiscalização contratos de Fl. 5628DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 14 25 garantia para as operações de importação, sob a forma de fiança bancária, emitida pelo Unibanco e Banco Itaú, em favor da SAVIXX, no valor de R$ 2.000.000,00, que alegara terem sido prestadas pela recorrente FELIX. No entanto, após a realização de diligência, a fiscalização obteve documentos, devidamente registrados em cartórios, que demonstravam que as citadas garantias, de fato, não forma prestadas pela recorrente FELIX, mas prestadas e suportadas pelas empresas do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”, conforme se infere das certidões extraídas da descrição dos fatos, que seguem transcritas: Certidão emitida pelo 3º Ofício de Registro de Títulos e Documentos (OFÍCIO CARTÓRIO 3 RTD 204 2012) apresentou o seguinte documento: I) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE GARANTIA FIDEJUSSÓRIA nº 0101059740001, entre o UNIBANCO e a FELIX, assinado em 15/05/2009. Conforme o número do contrato e do campo “CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO”, se trata da fiança no valor de R$ 2.000.000,00 prestada para a SAVIXX. A título de garantia, foram anexados ao contrato três TERMOS DE CESSÃO FIDUCIÁRIA DE DEBÊNTURES em favor do UNIBANCO, pelas seguintes CEDENTES/PRESTADORAS DAS GARANTIAS e respectivos valores: a) PIASTRELLA MAT DE CONSTR LTDA, CNPJ nº 02.069.769/000191, 35% da operação, R$ 700.001,55; b) ROSSIO 14 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ nº 09.218.915/000142, 35% da operação, R$ 700.001,55; c) POSTO NOVE MAT DE CONSTR LTDA, CNPJ nº 02.117.717/000143, 12% e 20% da operação, respectivamente R$ 249.443,94 e R$ 400.016,22. Certidões emitidas pelo 6º Registro de Títulos e Documentos (CERTIDÕES 6º OFÍCIO) apresentaram os seguintes documentos: II) TERMO DE CONSTITUIÇÃO DE GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX, registrado em 14/06/2010, tendo como garantidora a empresa POSTO NOVE MAT DE CONSTR LTDA, CNPJ nº 02.117.717/000143. Conforme os dados da operação garantida, se trata da fiança no valor de R$ 2.000.000,00. Os ativos dados em garantia (item 2.3.1) foram “direitos sobre operações compromissadas com o Itaubanco”, no valor de R$ 487.145,50, vinculadas a conta nº 015795, agência 8851, que não é conta da Felix, logo, a garantia foi cedida pela POSTO NOVE, conforme se depreende do item 3 do termo; III) TERMO DE CONSTITUIÇÃO DE GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX, registrado em 14/06/2010, tendo como garantidora a empresa Fl. 5629DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 26 PIASTRELLA MAT DE CONSTR LTDA, CNPJ nº 02.069.769/000191. Conforme os dados da operação garantida, tratase da fiança no valor de R$ 2.000.000,00. Os ativos dados em garantia (item 2.3.1) foram “direitos sobre operações compromissadas com o Itaubanco”, no valor de R$ 852.471,95, vinculadas a conta nº 015654, agência 8851, que não é conta da Felix, logo, a garantia foi cedida pela PIASTRELLA, conforme se depreende do item 3 do termo. Certidão emitida pelo 4º Registro de Títulos e Documentos (OFÍCIO CARTÓRIO 177 2012 4º RTD) apresentou o seguinte documento: IV) TERMO DE CONSTITUIÇÃO DE GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX, registrado em 14/06/2010, tendo como garantidor a empresa BOTTINO MT DE CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ nº 05.879.152/000120. Conforme os dados da operação garantida, tratase da fiança no valor de R$ 2.000.000,00. Os ativos dados em garantia (item 2.3.1) foram “direitos sobre operações compromissadas com o Itaubanco”, no valor de R$ 826.128,79, vinculadas a conta nº 015704, agência 8851, que não é conta da Felix, logo, a garantia foi cedida pela BOTTINO, conforme se depreende do item 3 do termo. (grifos em negrito e sublinhados não originais). O teor dos textos transcritos revela que a garantia das referidas fianças foram, efetivamente, prestadas pelas pessoas jurídicas integrantes do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”. Assim, por não ser a real garantidora das referidas fianças, a presença da recorrente FELIX nos referidos contratos de garantia revestese de caráter meramente figurativo, com o único propósito de encobrir a participação das pessoas jurídicas reais encomendantes e adquirentes das mercadorias importadas. Além disso, os referidos contratos revelam mais uma operação simulada engendrada pela recorrente SAVIXX e pelas reais encomendantes, com vistas a dissimular e a ocultar a efetiva participação destas últimas nas correspondentes operações. No caso, como a recorrente FELIX era, comprovadamente, uma empresa inexistente de fato, sem patrimônio e com quadro societário constituído por sócios “laranjas”, fica evidenciado que a finalidade das referidas garantias fora uma forma da importadora SAVIXX de se garantir de um eventual inadimplemento da encomendante interposta. Portanto, diferentemente do alegado, tais contratos representam um indício, convergente com os demais anteriormente mencionados, no sentido de que a recorrente SAVIXX sabia sim que a recorrente FELIX não existia de fato e estava sendo utilizada como pessoa interposta, com o evidente propósito de ocultar as reais encomendantes e adquirentes das mercadorias importadas e, com esse procedimento, fraudar o pagamento dos tributos devidos nas operações de compra e venda no mercado interno realizadas entre importador e real encomendante. O teor das referidas mensagens e dos referidos contratos de garantia, conjugado ao fato de que, após o desembaraço aduaneiro, as mercadorias importadas eram remetidas diretamente do recinto alfandegado para o estabelecimentos das reais encomendantes, de forma congruente, revelam que a recorrente SAVIX não só tinha pleno conhecimento do esquema fraudulento, como dele participara direta e efetivamente, na Fl. 5630DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722060/201311 Acórdão n.º 3302003.365 S3C3T2 Fl. 15 27 condição de importadora, e que fora uma das pessoas beneficiárias com os resultados financeiros advindos das correspondentes operações de importação fraudulentas. Essas constatações também demonstram a improcedência da alegação da recorrente de que não lhe era possível saber se os recursos utilizados pela recorrente FELIX eram provenientes das empresas do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”, o que somente fora possível após análise dos documentos protegidos por sigilo bancário, os quais a recorrente não poderia exigir que lhe fossem apresentados. Também não tem qualquer relevância para o deslinde da controvérsia, a alegação da recorrente de que não se beneficiara com a quebra da cadeia do IPI, porque, a presente autuação não trata da cobrança do referido imposto, mas, exclusivamente, da aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas. A recorrente SAVIXX alegou ainda que, ao enquadrar as condutas supostamente praticadas pela empresas autuadas no art. 23, V, §§ 1º e 3º, do Decretolei 1.455/1976, a fiscalização cometera grave erro na capitulação legal, sob argumento de que a referida penalidade deveria ser aplicada somente na pessoa jurídica encomendante oculta integrante do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”, no caso, a recorrente MODERATTO, e não na importadora. Assim, caso este Colegiado entendesse que ela havia participado do suposto esquema fraudulento, o que admitia apenas por amor à argumentação, a penalidade que lhe deveria ser imposta seria a multa de 10% (dez) por cento sobre o valor da operação acobertada, prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007, a seguir transcrito: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Sem razão a recorrente. Da simples leitura do texto transcrito, inferese que a referida multa de 10% (dez por cento) destinase a sancionar a conduta da pessoa jurídica que apenas cede o nome, com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários das operações de comércio exterior. Portanto, dada essa característica, a referida multa somente se aplica se configurada a interposição fraudulenta comprovada na importação por conta e ordem, que se materializa mediante a comprovação da interposição do adquirente (ou mandante aparente) e a identificação do real adquirente da mercadoria, intencionalmente ocultado do conhecimento das autoridades aduaneiras e tributárias. Nessa modalidade de interposição fraudulenta comprovada, como a operação de importação é realizada por conta do mandante interposto (ou adquirente aparente), o importador assume a condição de mero cedente do nome. E dada a condição de não ser o proprietário da mercadoria em nenhuma fase da operação de importação, nem de fato ou de direito, o importador responde apenas pela multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, nos termos do caput art. 33 da Lei 11.488/2007, enquanto que o adquirente interposto (ou mandante aparente) e o adquirente oculto (ou real adquirente), por Fl. 5631DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 28 força do disposto no art. 95, I e V, do Decretolei 37/1966, em regime de coautoria, respondem pela pena de perdimento da mercadoria ou pela multa substitutiva equivalente ao valor da mercadoria, prevista no art. 23, V e §§ 1º e 3º, do Decretolei 1.455/1976. Na presente autuação, induvidosamente, não foi o que ocorreu com a recorrente SAVIXX. A descrição dos fatos que integra o questionado auto de infração revela que foi a recorrente quem realizou as correspondentes operações de importação com recursos próprios, o que, obviamente, infirma a conduta infracional consistente na mera cessão do nome. Neste caso, ela foi a proprietária da mercadoria até se consumada a tradição da mercadoria a operação de compra e venda realizada no mercado interno. Nos autos ficou demonstrado, que a interposição fraudulenta ocorreu no âmbito da operação de aquisição no mercado interno, de sorte que a interposta pessoa, a recorrente FELIX, ocupou fraudulentamente o lugar da real encomendante e adquirente das mercadorias integrante do citado grupo econômico. Portanto, tratase de interposição fraudulenta comprovada no âmbito da operação de importação por encomenda, em que o importador atuou como o real importador/proprietário da mercadoria importada e não como mero cedente do nome. No caso, tratase de interposição fraudulenta comprovada na importação por encomenda, em que quem cedera o nome não foi a pessoa jurídica importadora, mas a encomendante interposta, com vistas ao acobertamento da pessoa jurídica real encomendante das mercadorias importadas, o que se materializa mediante a simulação de uma operação de compra e venda no mercado interno celebrada entre a encomendante aparente (ou formal) e a encomendante oculta (ou real) apenas para ocultar a participação da real responsável pela operação de importação. Ressaltase, novamente, que a conduta motivadora da autuação da recorrente SAVIXX foi o fato de ela ter concorrido e se beneficiado da infração, conforme anteriormente demonstrado. Por todo o exposto, votase pela manutenção da recorrente SAVIXX no polo passivo da autuação, conforme determinado no questionado auto de infração. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 5632DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO
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Numero do processo: 10980.933425/2009-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.750
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 34 25 /2 00 9- 19 Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10980.933425/200919 Acórdão n.º 3402003.750 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10980.933425/200919 Acórdão n.º 3402003.750 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10980.933425/200919 Acórdão n.º 3402003.750 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10980.933425/200919 Acórdão n.º 3402003.750 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 118DF CARF MF
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Numero do processo: 13804.000781/99-04
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Nov 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1996
PERC. FINOR. DIPJ RETIFICADORA. INSUFICIÊNCIA PARA INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
O art. 60 da Lei nº 9.069, de 1995, exige tão somente a prova da regularidade fiscal. Em que pese o Ato Declaratório (Normativo) nº 26, de 18 de novembro de 1985, interpretado pelo Parecer Cosit n.º 31, de 19 de novembro de 2002 e a Nota SRF/COSAR nº 131, de 15 de agosto de 2001, o entendimento constante nesses atos administrativos é incompatível com a Instrução Normativa SRF nº 166, de 1999, que determina que a DIPJ retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindo-a integralmente.
Numero da decisão: 9101-002.457
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, com retorno dos autos à unidade preparadora.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal De Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal De Araujo, Demetrius Nichele Macei.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1996 PERC. FINOR. DIPJ RETIFICADORA. INSUFICIÊNCIA PARA INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. O art. 60 da Lei nº 9.069, de 1995, exige tão somente a prova da regularidade fiscal. Em que pese o Ato Declaratório (Normativo) nº 26, de 18 de novembro de 1985, interpretado pelo Parecer Cosit n.º 31, de 19 de novembro de 2002 e a Nota SRF/COSAR nº 131, de 15 de agosto de 2001, o entendimento constante nesses atos administrativos é incompatível com a Instrução Normativa SRF nº 166, de 1999, que determina que a DIPJ retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento parcial, com retorno dos autos à unidade preparadora. (documento assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal De Araujo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 07 81 /9 9- 04 Fl. 381DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 358 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal De Araujo, Demetrius Nichele Macei. Relatório A Contribuinte acima identificada formalizou em 11.03.1999, fl. 01, o Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais (PERC) no valor de R$4.220,97 destinado ao Fundo de Investimento do Nordeste (FINOR) correspondente à aplicação do percentual de 24% (vinte e quatro por cento) do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) apurado com base no lucro real constante na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) retificadora de cisão parcial entregue em 29.12.1999 relativamente ao período de 01.01.1996 a 31.05.1996, fls. 8588. Sucede que originalmente houve a apresentação em 31.07.1996 da Declaração de Rendimento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (DIRPJ) do período de 01.01.1996 a 31.05.1996 de cisão parcial com o valor de R$238.049,33 destinado ao FINOR correspondente à aplicação do percentual de 24% do IRPJ apurado com base no lucro real, fls. 0218. Na Informação Fiscal da DERAT/São Paulo/SP, fl. 89, consta: O presente processo trata de Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais PERC, referente à declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica exercício 1997 anocalendário 96, período de 01/01/96 a 31/05/96, situação especial — Cisão Parcial. O contribuinte acima identificado, somente entregou a declaração referente a este período em 29/12/1999, conforme consta em tela à fl.85. De acordo com o AD CST N° 26, de 18/11/1985 publicado no DOU de 20/11/1985; não fará jus à opção para aplicação em incentivos fiscais, a pessoa jurídica que apresentar declaração de rendimentos fora do exercício de competência. Sendo assim, , proponho que o processo de PERC Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais , do exercício de 1997 anocalendário 96, seja indeferido. Tendo em vista a apresentação regular da manifestação de inconformidade foi proferido o Acórdão da 7ª TURMA/DRJ/SPO I/SP nº 8.601, de 06.01.2006, fls. 116120, em cuja parte dispositiva consta: Acordam os julgadores da 7ª Turma da DRJ em são Paulo I, por unanimidade de votos, INDEFERIR a manifestação de inconformidade à negativa ao Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais — PERC, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. [...] Notificada, a Contribuinte apresentou o recurso voluntário nos termos normativos e assim foi exarado o Acórdão nº 19500.109, de 10.12.2008, efls. 303316, em cujas ementa e excerto do voto condutor constam: Fl. 382DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 359 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA — IRPJ Exercício: 1997 INCENTIVOS FISCAIS "PERC" DIPJ RETIFICADORA EFEITOS. A mera retificação da DIPJ (isoladamente) não pode ensejar o indeferimento da apreciação do PERC, mormente se a opção foi regularmente exercida na DIPJ original. [...] Acordam os membros do colegiado da Quinta Turma Especial, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para determinar o exame do PERC. [...] Verificase que o PERC apresentado pela recorrente não foi apreciado pela autoridade administrativa pelo fato de o contribuinte ter apresentado DIPJ retificadora. Destaquese, porém, que esta razão, per si, não é suficiente a. justificar a não apreciação do PERC, mormente pelo fato de que a DIPJ original já contemplava a opção do contribuinte pelo FINOR. Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09.06.2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), alegando divergência jurisprudencial em relação a decisão do CARF que determinou o exame do Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais (PERC). A PGFN afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que tem sido dada em outro processo, especificamente quanto aos efeitos de declaração retificadora fora do exercício de competência e com alteração dos valores de incentivos fiscais suscitando: I — BREVE SÍNTESE DOS FATOS Insurgese a Fazenda Nacional contra o r. acórdão proferido pela Quinta Câmara do então Primeiro Conselho de Contribuintes que deu provimento ao Recurso Voluntário para declarar que não perde o direito A. opção pela aplicação cm incentivos fiscais o contribuinte que entrega declaração retificadora após o encerramento do exercício de competência com alteração dos valores destinados aos fundos de investimento. Entretanto, o acórdão recorrido não empreendeu a melhor análise da matéria objeto dos autos e divergiu do entendimento manifestado por outro Colegiado do Conselho, merecendo ser reformado, consoante restará demonstrado a seguir. II DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL EXISTENTE [...] Neste contexto, no cumprimento da determinação regimental, cumpre transcrever a ementa do acórdão paradigma n" 10809.111 (Doc. 1), proferido pela Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, que analisando caso em tudo similar ao dos presentes autos, decidiu de forma diametralmente oposta, no sentido de que a pessoa jurídica que apresenta DIPJ retificadora fora do exercício de Fl. 383DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 360 4 competência, com alteração dos valores a serem aplicados em incentivos fiscais regionais, não faz jus a essa opção. [...] Dessa forma, mostrase evidenciada a divergência jurisprudencial existente entre a Quinta Câmara e a antiga Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, no que toca à possibilidade, ou não, de manter a opção pelo incentivo fiscal, quando apresentada declaração retificadora fora do exercício e com alteração dos valores a serem aplicados nos referidos incentivos fiscais. Devidamente demonstrada a divergência de entendimentos entre Colegiados do Conselho, passase a demonstrar, doravante, as razões pelas quais merece ser adotado o entendimento exarado no paradigma, reformandose, assim, o v. acórdão ora recorrido. III — DAS RAZÕES PARA REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO Como demonstrado no sintético relatório acima, a e. Quinta Câmara conferiu contribuinte o direito à emissão de certificado de incentivo fiscal (PERC), ao entendimento de que o direito à opção ficaria mantido, mesmo quando apresentada declaração retificadora fora do exercício de competência e com alteração dos valores de incentivos fiscais, desde que a declaração primitiva tenha sido apresentada no exercício respectivo. Ocorre que a antiga Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em análise de caso similar, fixou entendimento diverso do esposado no acórdão ora refutado, sob o fundamento de que, "a pessoa jurídica que apresentar declaração de rendimentos original ou retificadora fora do exercício de competência, com alteração dos valores a serem aplicados em incentivos fiscais regionais, não fará jus a essa opção, mesmo com imposto parcial ou totalmente recolhido no exercício correspondente". Considerando a clareza da fundamentação do voto condutor do acórdão paradigma e a exata aplicação de tais argumentos ao caso em exame, necessário se mostra transcrevêlos, a fim de corroborar as razões do recurso ora apresentado, nestes termos: [...] Por seu turno o Ato Declaratório Normativo do COORDENADOR DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO CST nº 26 de 18.11.1985 (DOU 20111985), dispôs: [...] Ao argumento de que essas normativas não poderiam ser aplicadas por se reportar ao "RIR/80", já não mais em vigor à época dos .fatos tratados nestes autos, não prospera. Os regulamentos são apenas a compilação dos dispositivos legais, referentes a cada matéria (no caso o Imposto de Renda das Pessoas jurídicas) atualizadas periodicamente. O dispositivo existirá enquanto a matriz legal estiver vigorosa. As razões oferecidas, embora tentem dizer ao contrário, confirmam as normativas quando assim versaram, fls. 94: "2) (..) "Ao contrário do que alega a SRF, a DIPJ foi entregue em 27/04/1998, sendo, portanto, entregue tempestivamente, configurando cumprimento obrigacional por parte da manifestante. Nesta DIPJ de 1998, ano calendário de 1997, houve por parte da manifestante intuito claro c evidente de fazer a destinação de parte do imposto a ser pago a titulo de Incentivo fiscal (FINOR), sendo a destinação no valor de R$ 101.987,58. Fl. 384DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 361 5 Em 30/11/1999, .fora entregue a DIPJ retificadora a qual teve o fito único de retifica cão de dados da DIPJ original, e não retificação de opção. Daí não se pode inferir que a manifestante descumpriu seus compromissos fiscais ou o fez a destempo, eis que a opção pelo investimento regional ocorrera na DIPJ original, o que não foi modificado na DIPJ retificadora. (Grifos do original) Tanto é prova disso que na DIPJ retificadora foi destinado um montante inferior 70.979,87) ao originalmente declarado e que o excesso de destinação — R$ 31.027,71 — foi arcado pela própria manifestante como forma de destinação com recursos próprios, para que não houvesse qualquer prejuízo para o Fundo e para o Fisco. (...)" [...]. Pelo exposto, considerando o disposto pelo artigo 60 da Lei nº 9.069/1995, voto para que seja negado provimento ao Recurso, restando prejudicados os demais argumentos expendidos nas razões oferecidas". [...]. Segundo se observa a partir da leitura das disposições acima, não há que se reconhecer o direito à opção para aplicação em incentivos fiscais a pessoa jurídica que apresenta declaração retificadora fora do exercício de competência, ainda que conste imposto parcial ou totalmente recolhido no exercício correspondente c mesmo que a declaração primitiva tenha sido apresentada no exercício correlato. É o que se pode extrair do Ato Declaratório Normativo CST nº 26/85 e ainda do Parecer COSIT nº 31/2002, todos devidamente transcritos e elucidados no voto condutor do acórdão paradigma. Tal conclusão é tanto mais incidente quando se considera que, entre a declaração original e a retificadora, há alteração dos valores a serem aplicados nos mencionados incentivos, por expresso descumprimento também as disposições constantes da Nota SRF/COSAR nº 131/2001, nestes termos: [...] Nesta esteira, observese que no caso ora posto à apreciação, os valores dos incentivos transcritos na retificadora, apresentada fora do exercício competente, foram alterados, em evidente afronta às determinações existentes no que tange As regras para fruição dos incentivos fiscais disponibilizados aos contribuintes. Com efeito, considerando o efetivo descumprimento das regras para opção pela aplicação nos incentivos fiscais, constante de diversos normativos expedidos pela Administração Tributária, necessária se mostra a reforma do acórdão em tela no sentido de vedar a opção irregular do contribuinte. IV — DO PEDIDO Ante o exposto, requer a Unido (Fazenda Nacional) seja conhecido e provido o presente recurso para reformar o acórdão recorrido, a fim de que reste reconhecido que não faz jus ao incentivo fiscal o contribuinte que apresenta declaração retificadora após o encerramento do exercício de competência com alteração dos valores destinados aos fundos de investimento. No Despacho de Exame de Admissibilidade de 23.10.2012, efls. 318320, o Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF deu seguimento ao recurso especial da PGFN, reconhecendo a divergência em relação à matéria matéria, nos seguintes termos: Trata o presente de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL contra o Acórdão nº 19500.109, de 10/12/2008, o qual, por Fl. 385DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 362 6 unanimidade, deu provimento ao recurso voluntário para determinar o reexame de PERC. Cientificada em 05/06/2012 (fl. 153), a recorrente interpôs recurso especial em 11/06/2012 (fls. 156/163) alegando divergência jurisprudencial em relação ao entendimento do acórdão recorrido de que a mera retificação da DIPJ não pode ensejar o indeferimento da apreciação do PERC. A recorrente argumenta em síntese que, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido, o acórdão paradigma considera que a apresentação de DIPJ original ou retificadora fora do exercício de competência, com alteração dos valores a serem aplicados em incentivos fiscais regionais impede o deferimento do PERC. Indica como paradigma hábil para sustentar a divergência o acórdão nº 10808.911, da Oitava Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, proferido em 09/11/2006. Posto isso, passo à análise dos pressupostos recursais, nos termos do art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009, in verbis: [...] O presente recurso especial atende aos pressupostos de tempestividade e legitimidade. Assim, passo a apreciação da admissibilidade da divergência; Para melhor compreensão da matéria, transcrevo abaixo a ementa do acórdão apresentado como paradigma, na parte que interessa ao presente exame: Acórdão nº 10809.111 RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS APRESENTADA FORA DO EXERCÍCIO DE COMPETÊNCIA, COM ALTERAÇÃO DE VALORES DA OPÇÃO A pessoa jurídica que apresentar declaração de rendimentos original ou retificadora fora do exercício de competência, com alteração dos valores a serem aplicados em incentivos fiscais regionais, não fará jus a essa opção, mesmo com imposto parcial ou totalmente recolhido no exercício correspondente. De outra parte, a ementa do acórdão recorrido foi vazada nos seguintes termos, na parte que interessa ao exame deste recurso: INCENTIVOS FISCAIS "PERC" DIPJ RETIFICADORA EFEITOS. A mera retificação da DIPJ (isoladamente) não pode ensejar o indeferimento da apreciação do PERC, mormente se a opção foi regularmente exercida na DIPJ original. Examinando o acórdão paradigma em seu inteiro teor verificase que o mesmo traz o entendimento de que ao apresentar declaração retificadora fora do exercício de competência, a pessoa jurídica perde o direito à opção pela aplicação de parte do imposto em incentivos fiscais regionais. De outra parte, o acórdão recorrido diverge desta interpretação ao dispor que a mera retificação da DIPJ não é óbice ao deferimento do PERC. Portanto, as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados revelamse divergentes, restando plenamente configurada a divergência jurisprudencial apontada pela recorrente. Fl. 386DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 363 7 Em 21.02.2013, efls. 320321, a Contribuinte foi intimada do Despacho de Exame de Admissibilidade e em 08.03.2013 apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso especial da PGFN, efls. 321330, com os argumentos descritos a seguir: DOS FATOS O Pedido de Revisão de Ordem de Emissão Incentivo Fiscal PERC apresentado pela Recorrida foi indeferido em razão de sua suposta situação cadastral irregular perante a Fazenda Pública. Segundo a autoridade julgadora, a Recorrida teria apresentado DIPJ retificadora após o encerramento do exercício de competência, desatendendo norma que regulamenta o incentivo fiscal contida no Ato Declaratório Normativo CST n° 26/1985. Face à decisão proferida, a Recorrida apresentou Manifestação de Inconformidade. Porém, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento indeferiu a solicitação, mantendo a decisão anterior, sob a alegação de que a Recorrida não teria atendido regulamento do PERC. A decisão desfavorável ensejou a interposição de Recurso Voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Após os trâmites do processo administrativo, sobreveio acórdão que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso interposto pela Recorrida para reconhecer seu direito ao incentivo fiscal. Citese a ementa do Acórdão n° 19500.109, proferido pela Sétima Turma, da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1997 INCENTIVOS FISCAIS PERC DIPJ RETIFICADORA EFEITOS A mera retificação da DIPJ (isoladamente) não pode ensejar o indeferimento da apreciação do PERC, mormente se a opção foi regularmente exercida na DIPJ original. A Fazenda Nacional, inconformada, apresentou Recurso Especial, ao argumento de que o acórdão proferido neste processo diverge do Acórdão n° 108 09.111, proferido Primeira Turma do antigo Conselho de Contribuintes. Todavia, as alegações apresentadas no recurso especial não merecem prosperar, conforme se demonstrará. III DO DIREITO A Procuradoria da Fazenda Nacional sustenta, com base na divergência apresentada, que o Recorrido não faria jus ao benefício pleiteado, pois apresentou DIPJ retificadora após o encerramento do exercício de competência, desatendendo assim, norma que regulamenta o incentivo fiscal, contida no Ato Declaratório CST n° 26/85, verbis: [...] Ocorre que a disposição trazida pelo Ato Declaratório acima mencionado já foi devidamente suplantada pelo artigo 1º da Instrução Normativa n° 166/99, que determina que a declaração retificadora produz os mesmos efeitos da Declaração original, senão vejamos: [...] Além do mais, salientese que a opção pelo incentivo já tinha sido feita quando da transmissão da DIPJ original, sendo que a DIPJ retificadora apenas reduziu o valor do incentivo destinado ao FINOR. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 364 8 O E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou diversas vezes no mesmo sentido do entendimento adotado no presente acórdão, seguem alguns dos mais recentes acórdãos sobre o tema: [...] Assim, não merece reparo o acórdão recorrido, devendo ser integralmente mantido, já que, a DIPJ retificadora produz os mesmos efeitos da DIPJ original, salientandose ainda que, a opção pelo incentivo já constava na primeira declaração, o que não impede a concessão do benefício pleiteado, situação amplamente reconhecida pela jurisprudência do CARF. IV DO PEDIDO Diante do exposto, requer o não provimento do Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, pelas razões de direito esposadas. É o Relatório. Fl. 388DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 365 9 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O recurso especial apresentado pela PGFN atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Assim, dele tomo conhecimento. A PGFN aduz "em síntese que, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido, o acórdão paradigma considera que a apresentação de DIPJ original ou retificadora fora do exercício de competência, com alteração dos valores a serem aplicados em incentivos fiscais regionais impede o deferimento do PERC. Indica como paradigma hábil para sustentar a divergência o acórdão nº 10808.911, da Oitava Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, proferido em 09/11/2006." Vale esclarecer que originalmente houve a apresentação em 31.07.1996 da DIRPJ do período de 01.01.1996 a 31.05.1996 de cisão parcial com o valor de R$238.049,33 destinado ao FINOR correspondente à aplicação do percentual de 24% do IRPJ apurado com base no lucro real, fls. 0218. Supervenientemente houve a entrega em 29.12.1999 da DIPJ retificadora do período de 01.01.1996 a 31.05.1996 de cisão parcial com o valor de R$4.220,97 destinado ao FINOR correspondente à aplicação do percentual de 24% do IRPJ apurado com base no lucro real, fls. 8588. À época a questão estava disciplinada pelo Regulamento para a Cobrança e Fiscalização do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza aprovado pelo Decreto nº 1.041, de 11 de janeiro de 1994, (RIR, de 1999) com a orientação indicada: Art. 601. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá optar pela aplicação de parcelas do imposto de renda devido, nos termos do disposto neste capítulo, em incentivos fiscais especificados nos arts. 619, 621 e 623 (DecretoLei n° 1.376/74, art. 1°). Art. 602. O valor dos impostos recolhidos na forma dos arts. 422, 678, 683, 687, 688, 697, 700, 703, 704, 709, 713, 718 e 818, mantidas as demais disposições sobre a matéria, integrará o cálculo dos incentivos fiscais destinados ao Finor, Finam e Funres (Lei n° 8.541/92, art. 11). Art. 603. Os incentivos a que se refere este capítulo não se aplicam aos impostos devidos por lançamento de ofício ou suplementar (Lei n° 4.239/63, art. 18, 5°, a, e DecretoLei n° 756/69, art. 1°, § 6°). Art. 604. As deduções do imposto feitas em conformidade com este capítulo serão aplicadas, conforme o caso, no Fundo de Fl. 389DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 366 10 Investimentos do Nordeste (Finor), no Fundo de Investimentos da Amazônia (Finam) e no Fundo de Recuperação Econômica do Estado do Espirito Santo (Funres) (DecretosLeis n°s 880/69, art. 1°, 1.376/74, arts. 2° e 3°, 2.304/86, art. 1°, e 2.397/87, art. 12, II, e Lei n° 7.714/88, art. 1°, I e II). Art. 605. O Finor será administrado e operado pelo Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB), sob a supervisão da Sudene (DecretoLei n° 1.376/74, arts. 2° e 5°). Art. 606. O Finam será administrado e operado pelo Banco da Amazônia S.A. (Basa), sob a supervisão da Sudam (DecretoLei n° 1.376/74, arts. 2° e 6°). Art. 607. O Funres será administrado e disciplinado pelo Grupo Executivo para a Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo (Geres) (DecretoLei n° 880/69, art. 7°). [...] Art. 610. A opção pelos investimentos e respectivo percentual de aplicação será indicada na declaração de rendimentos da pessoa jurídica (DecretoLei n° 1.376/74, art. 11). Art. 611. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real mensal que optar pela dedução prevista nos arts. 619, 621 e 623 recolherá nas agências bancárias arrecadadoras de tributos federais, mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) com código específico e indicação do Fundo de Investimento beneficiário, o valor correspondente a cada parcela ou ao total do desconto, observado o disposto nos parágrafos do art. 904 (Lei n° 8.167/91, art. 3°). Art. 612. Até 31 de dezembro de 1999, das quantias correspondentes às opções para aplicação, nos termos deste capítulo, no Finor (art. 619) e no Finam (art. 621), serão deduzidos proporcionalmente às diversas destinações dos incentivos fiscais na declaração de rendimentos: I 24%, que serão creditados diretamente em conta do Programa de Integração Nacional (PIN), para financiar o plano de obras de infraestrutura nas áreas de atuação da Sudene e da Sudam e promover sua mais rápida integração à economia nacional (DecretosLeis n°s 1.106/70, arts. 1° e 5°, e 2.397/87, art. 13, parágrafo único, e Lei n° 8.167/91, art. 2°); II dezesseis por cento, que serão creditados diretamente em conta do Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à AgroIndústria do Norte e do Nordeste (Proterra), com o objetivo de promover o mais fácil acesso do homem à terra, criar melhores condições de emprego de mãodeobra e fomentar a agroindústria nas áreas de atuação da Sudene e da Sudam (DecretosLeis n°s 1.179/71, arts. 1° e 6°, e 2.397/87, art. 13, parágrafo único, e Lei n° 8.167/91, art. 2°). Art. 613. A Secretaria da Receita Federal, com base nas opções exercidas pelos contribuintes e no controle dos recolhimentos, encaminhará, para cada anocalendário, aos fundos referidos no Fl. 390DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 367 11 art. 604, registros de processamento eletrônico de dados que constituirão ordens de emissão de certificados de investimentos, em favor das pessoas jurídicas optantes (DecretosLeis n°s 1.376/74, art. 15, e 1.752/79, art. 1°). § 1° As ordens de emissão de que trata este artigo terão seus valores calculados, exclusivamente, com base nas parcelas do imposto recolhidas dentro do exercício financeiro e os certificados emitidos corresponderão a quotas dos Fundos de Investimento (DecretosLeis n°s 1.376/74, art. 15, § 1°, e 1.752/79, art. 1°). § 2° As quotas previstas no parágrafo anterior serão nominativas, poderão ser negociadas por seu titular, ou por mandatário especial, e terão sua cotação realizada diariamente pelos bancos operadores (DecretosLeis n°s 1,376/74, art. 15, § 2°, e 1.752/79, art. 1°, e Lei n° 8.021/90, art. 2°). § 3º As quotas dos fundos de investimento terão validade para fins de caução junto aos órgãos públicos federais, da administração direta ou indireta, pela cotação diária referida no § 2° (DecretosLeis n°s 1.376/74, art. 15, 4°, e 1.752/79, art. 1°). § 4° Reverterão para os Fundos de Investimento os valores das ordens de emissão cujos títulos pertinentes não forem procurados pelas pessoas jurídicas optantes até o dia 30 de setembro do terceiro ano subseqüente ao anocalendário a que corresponder a opção (DecretosLeis n°s 1.376/74, art. 15, § 5°, e 1.752/79, art. 1°). § 5° A Secretaria da Receita Federal, com base nas opções exercidas pelos contribuintes e no controle dos recolhimentos, expedirá, em cada anocalendário, à pessoa jurídica optante, extrato de conta corrente contendo os valores efetivamente considerados como imposto e como aplicação nos Fundos de Investimento (DecretoLei n° 1.752/79, art. 3°). Nesse sentido, a pessoa jurídica pode optar pela aplicação de até 24% do IRPJ devido no Fundo de Investimento do Nordeste (FINOR), mediante indicação em sua declaração de rendimentos. O exercício da opção para aplicação em incentivos fiscais deve constar na declaração, mediante a indicação do fundo em que pretende investir e do respectivo percentual. a RFB, por sua vez, com base nas opções exercidas pelos contribuintes, e no controle dos recolhimentos, deve encaminhar, para cada anocalendário, aos mencionados fundos, registros de processamento eletrônico de dados que constituirão ordens de emissão de certificados de investimentos, em favor das pessoas jurídicas optantes, bem como deve expedir, em cada anocalendário, à pessoa jurídica optante, extrato de conta corrente contendo os valores efetivamente considerados como imposto e como aplicação nos Fundos de Investimento. No que se refere aos efeitos decorrentes da apresentação de DIRPJ retificadora fora do exercício de competência e com alteração dos valores de incentivos fiscais, o Ato Declaratório Normativo do CST nº 26, de 18 de novembro de 1985, prevê: Fl. 391DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 368 12 1. Não fará jus à opção para aplicação em incentivos fiscais especificados nos artigos 503 a 510 do RIR/80, a pessoa jurídica que apresentar declaração de rendimentos ou retificação desta fora do exercício de competência, mesmo com imposto parcial ou totalmente recolhido no exercício correspondente. A interpretação institucional dada pelo Ato Declaratório (Normativo) nº 26, de 18 de novembro de 1985, pelo Parecer Cosit n.º 31, de 19 de novembro de 2002, foi no seguinte sentido: 15. Com o advento do Decreto n.º 2.259, de 20 de junho de 1997, e da Lei n.º 9.532, de 10 de dezembro de 1997, a opção passou a ser manifestada, também, no curso do anocalendário, nas datas do imposto apurado trimestralmente ou mensalmente. Contrariamente à legislação antiga, portanto, a atual tornou o processamento dos valores aplicados ainda mais complexo. A declaração, portanto, ganhou mais destaque para o controle dos incentivos, porque nela há fechamento dos valores aplicados no curso do anocalendário e na declaração. 16. Então, se pelos motivos já mencionados, quando a pessoa jurídica podia aplicar nos Fundos apenas na declaração, tevese o entendimento do ADN n.º 26, de 1985, no sentido de impedir a liberação dos recursos aplicados, na hipótese de a pessoa jurídica retificar declaração fora do exercício de competência, por melhores razões, atualmente esses recursos não devem ser liberados em tais circunstâncias, em face da complexidade da teia de informações contábeis e das atuais formas de aplicação que passaram a ser manifestadas, também, no curso do ano calendário. A Nota SRF/COSAR nº 131, de 15 de agosto de 2001, assim esclarece: Somente serão acatadas as aplicações em incentivos fiscais provenientes de declarações retificadoras, entregues após 31/12 do respectivo exercício, obedecidas as seguintes condições: 1 — Declaração original entregue dentro do exercício, 2 — Não houver retificação que altere o valor ou Fundo de Investimento da opção exercida na última declaração entregue dentro do exercício de competência. Analisando esses atos administrativos verificase que a pessoa jurídica que apresentar declaração de rendimentos ou retificação desta fora do exercício de competência, mesmo com imposto parcial ou totalmente recolhido no exercício correspondente não pode optar pela aplicação de até 24% do IRPJ devido no FINOR. Ocorre que, diferentemente, a Instrução Normativa SRF nº 166, de 23 de dezembro de 1999, instituiu a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, de natureza meramente informativa, e ainda: Art. 1º A retificação da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ e da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR anteriormente Fl. 392DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 369 13 entregue, efetuada por pessoa jurídica, darseá mediante apresentação de nova declaração, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. § 1º Aplicase o disposto neste artigo às Declarações do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica DIRPJ relativas a anos calendário anteriores a 1998. § 2º A declaração retificadora referida neste artigo: I terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, inclusive para os efeitos da revisão sistemática de que trata a Instrução Normativa SRF nº 094, de 24 de dezembro de 1999; II será processada, inclusive para fins de restituição, em função da data de sua entrega.[...] Art. 3º Quando a retificação da declaração apresentar imposto maior que o da declaração retificada, a diferença apurada será devida com os acréscimos correspondentes. Art. 4º Quando a retificação da declaração apresentar imposto menor que o da declaração retificada, a diferença apurada, desde que paga, poderá ser compensada ou restituída. Analisando o conflito de normas no tempo, verificase que o Secretário da Receita Federal em 1999 deu nova formatação normativa ao entendimento esposado no Ato Declaratório Normativo do CST nº 26, de 1985, no que se refere ao efeito jurídico da apresentação espontânea de documento retificador fixando que esta tem a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e a substitui integralmente. Demonstrada está a incompatibilidade entre o Ato Declaratório Normativo do CST nº 26, de 1985 e a Instrução Normativa SRF nº 166, de 23 de dezembro de 1999. Embora o princípio da conciliação verse sobre a possibilidade de convivência das normas gerais com as especiais que tratem do mesmo assunto, notese que a Nota SRF/COSAR nº 131, de 15 de agosto de 2001 e o Parecer Cosit nº 31, de 19 de novembro de 2002, também são inconciliáveis com a Instrução Normativa SRF nº 166, de 23 de dezembro de 1999, que além de ser norma hierarquicamente superior contrariaos de forma absoluta. Ademais, os atos normativos invocados pela PGFN pressupõem que a opção de aplicação em incentivo fiscal fora efetuada em declaração retificadora, o que não é o caso, eis que a opção foi exercida na declaração original. A alteração da retificadora não representa nova opção, posto que não houve acréscimo à opção já exercida e sim decréscimo do valor. Além disso, os dispositivos legais que regem o assunto não estabelecem que a retificação da declaração têm o condão de afastar o direito à opção da pessoa jurídica, ou seja, não há norma que vede a manutenção da opção em declaração retificadora, que, afinal, substitui a retificada para todos os efeitos legais. Ainda nesse sentido vale mencionar transcrever excertos dos seguintes julgados: Acórdão CSRF nº 9101002.339, de 05.05.2016: Fl. 393DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 370 14 DIPJ RETIFICADORA. INSUFICIÊNCIA PARA INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. O art. 60 da Lei nº 9.069/95 exige tão somente a prova da regularidade fiscal. Em que pese a existência de regulação infralegal, ela não tem o condão de impedir a concessão de benefício, especialmente após a emissão da IN SRF nº 166/1999. [...] O artigo 60 da Lei nº 9.069/1995 vincula a concessão do reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, tão somente, à comprovação da quitação de tributos e contribuições federais, e essa questão sobre a apresentação de declaração retificadora nem mesmo consta das Instruções Normativas da Receita Federal. O Ato Declaratório Normativo CST 26/1985, por sua vez, foi editado num contexto legal que só previa o exercício da opção através da declaração de rendimentos, diferentemente da legislação atual que possibilita exercer opção também por meio de pagamento efetuado sob código específico, como ocorreu no presente caso. Também é importante destacar que a partir da IN nº 166, de 1999, a declaração retificadora passou a ter a mesma natureza da declaração original, substituindoa integralmente, de modo que a retificação da DIPJ, por si só, não poderia implicar em perda total do incentivo cuja opção foi realizada no momento oportuno. Acórdão nº 1102001.334, de 24.03.2015: DIPJ RETIFICADORA. INSUFICIÊNCIA PARA INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.O art. 60 da Lei nº 9.069/95 exige tão somente a prova da regularidade fiscal. Em que pese a existência de regulação infralegal, ela não tem o condão de impedir a concessão de benefício, especialmente após a emissão da IN nº 166/1999. [...] “Portanto, inconteste que não houve alteração do percentual de IRPJ destinado (i.e. 12%) e tampouco do fundo de investimento (i.e. FINOR), pelo que se verifica que não houve, in casu, nova Opção com a entrega da DIPJ Retificadora, sendo inaplicável as disposições do Ato Declaratório Normativo CST nº 26/1985 e da Nota SRF/COSAR nº 131/2001.” [...] A Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) já decidiu sobre o tema no acórdão nº 9101001.438, de 19/07/2012, que ficou assim ementado: DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO. REGRAS ATUAIS. EFEITOS. A partir da edição da Instrução Normativa da Receita Federal nº 166, de 1999, os efeitos da declaração retificadora têm a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, inclusive para efeitos da revisão sistemática de que trata a Instrução Normativa da Receita Federal nº 094, de 1997. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 371 15 Acórdão nº 1102001.298, de 03.03.2015: DIPJ RETIFICADORA. INSUFICIÊNCIA PARA INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. O art. 60 da Lei nº 9.069/95 exige tão somente a prova da regularidade fiscal. Em que pese a existência de regulação infralegal, ela não tem o condão de impedir a concessão de benefício, especialmente após a emissão da IN nº 166/1999. [...] “Como visto, o ponto nodal do presente feito consiste em saber se é possível as empresas obterem a Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais na situação em que a pessoa jurídica beneficiada apresentou a declaração retificadora após o encerramento do exercício de competência. O acórdão recorrido posicionase no sentido de que é possível, já que entende que, a partir da IN nº 166, de 1999, os efeitos da declaração retificadora, nos dizeres dessa normativa, art. 1º, §2º, I, tem a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, inclusive para efeitos da revisão sistemática de que trata a IN SRF nº 094, de 24 de dezembro de 1997. Não há dúvidas de que o Ato interpretativo, (Nota SRF/Cosar nº 131/2001), informou que somente seriam acatadas aplicações em incentivos provenientes de declaração retificadores entregues depois de encerrado o exercício referido se, cumulativamente, a declaração original fosse entregue dentro do exercício e não houvesse retificação que alterasse o valor da opção exercida na última declaração entregue dentro do exercício. Por outro lado, o artigo 60 da Lei nº 9.069, de 1995, vincula a concessão do reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, tão somente, à comprovação da quitação de tributos e contribuições federais. A bem da verdade, apenas nas normas interpretativas consta a proibição do gozo do incentivo quando há declaração retificadora fora do prazo. Ora, tem toda a razão a Recorrente quando invoca o artigo 1º da IN nº 166, de 1999, que autorizou retificar todas as informações contidas na declaração originária. E o §1º estendeu a autorização aos anos calendários anteriores. Os efeitos da declaração retificadora, nos dizeres da própria norma normativa, teria a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindo integralmente, inclusive para efeitos da revisão sistemática de que trata a IN SRF nº 094, de 1997. A tese protetora exposta pela PGFN, assim sendo, não está demonstrada. Ocorre que, superada esta preliminar referente a possibilidade jurídica de opção pelo FINOR em declaração retificadora, devem ser analisados os demais requisitos de fruição do benefício fiscal. Necessária se faz a apreciação pela autoridade administrativa preparadora do efetivo cumprimento das demais condições legais. Fl. 395DF CARF MF Processo nº 13804.000781/9904 Acórdão n.º 9101002.457 CSRFT1 Fl. 372 16 O fato de o único fundamento da decisão ser a impossibilidade de alteração do valor do FINOR em declaração retificadora, não permite concluir de plano pelo indeferimento do PERC. A autoridade administrativa centrou sua decisão, exclusivamente, na possibilidade do pedido, e assim não analisou o cumprimento dos demais requisitos legais. Superada esta questão, necessário se faz a apreciação do mérito pela autoridade administrativa preparadora, quanto aos demais requisitos legais, inclusive aqueles previstos no RIR, de 1999 e no art. 60 da Lei nº 9.069, de 1995. Vale registrar, inclusive, que, enquanto a Recorrente não for cientificada de uma nova decisão quanto ao mérito da verificação dos demais requisitos legais de deferimento do PERC, develhe ser facultada nova impugnação, possibilitandolhe a discussão do mérito do litígio nas duas instâncias administrativas de julgamento, nos termos do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, voto no sentido de DAR provimento EM PARTE ao recurso especial da PGFN e determinar o retorno dos autos à autoridade preparadora para apreciar o mérito do litígio. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 396DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.723214/2014-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009, 2010, 2011, 2012
NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. OMISSÃO.
Uma vez constatado que parte da matéria impugnada não foi apreciada pelo colegiado de primeira instância, impõe-se a declaração de nulidade parcial da decisão recorrida, devendo os autos retornarem à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para que seja prolatada nova decisão suprindo a omissão, evitando-se o cerceamento do direito de defesa e supressão de instância.
Numero da decisão: 2202-003.567
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a nulidade parcial da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para que seja prolatada nova decisão suprindo a omissão apontada, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a nulidade parcial da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para que seja prolatada nova decisão suprindo a omissão apontada, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
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DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. OMISSÃO. Uma vez constatado que parte da matéria impugnada não foi apreciada pelo colegiado de primeira instância, impõese a declaração de nulidade parcial da decisão recorrida, devendo os autos retornarem à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para que seja prolatada nova decisão suprindo a omissão, evitandose o cerceamento do direito de defesa e supressão de instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a nulidade parcial da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para que seja prolatada nova decisão suprindo a omissão apontada, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 32 14 /2 01 4- 22 Fl. 1364DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 Reproduzo o relatório da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (SP), que bem descreveu os fatos ocorridos até a decisão daquela instância. Contra o sujeito passivo acima identificado foi lavrado o auto de infração de fl. 1043/1080, em 19/05/2014, relativo ao imposto sobre a renda das pessoas físicas dos exercícios 2009, 2010, 2011 e 2012, anoscalendário 2008, 2009, 2010 e 2011, respectivamente, no qual se exige imposto sujeito à multa de ofício, no valor de R$ 1.186.670,79, além dos acréscimos legais previstos na legislação de regência, totalizando crédito tributário de R$ 3.338.562,62 (demonstrativo à fl. 1081). De acordo com o Termo de Verificação Fiscal de fl. 1061/1068, que é parte integrante do auto de infração, a ação fiscal foi realizada em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 01.1.01.002013007073, abrangendo o período de 2008 a 2011, expedido no contexto da apuração de fraudes na entrega de Declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física. A autoridade fiscal descreveu os fatos que motivaram a fiscalização, nestes termos (fl. 1061/1062): O referido Mandado de Procedimento Fiscal foi expedido em decorrência de investigação levada a efeito pelo setor de pesquisa e investigação da Receita Federal do Brasil, que identificou um grupo especializado em "assessorar" contribuintes que buscavam incrementar os valores de imposto a restituir. O esquema baseavase essencialmente em informar nas declarações de imposto de renda da pessoa física pagamentos fictícios a terceiros. Estas despesas deduzidas da base de calculo do imposto, reduziam o valor do imposto devido e conseqüentemente aumentavam o valor do imposto a restituir. De acordo com o Relatório de Informação de Pesquisa e Investigação, elaborado pelo Escritório de Pesquisa e Investigação da Ia Região Fiscal ESPEI/1RF da Secretaria da Receita Federal do Brasil (fls. 510 a 522), tal esquema era realizado por Luís Joubert dos Santos Lima, conhecido por Dr. Santos e por mais algumas outras pessoas comandadas por ele, o qual cobrava pelo "serviço", tanto para elaborar as declarações como também um percentual incidente sobre o valor de o imposto restituído indevidamente. Diante disso, foi expedido, a pedido do Ministério Público Federal, Mandado de Busca e Apreensão pela juíza Pollyanna Kelly Maciel Medeiros Martins Alves, da 12a Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal (fls.507 a 509). para serem cumpridos nos endereços apontados no referido pedido. Referido mandado foi cumprido nos termos em que foram determinados, sendo apreendidos documentos e computadores, em residências e escritórios de pessoas que participaram da fraude tributária em diversas declarações de imposto de renda de vários contribuintes. Fl. 1365DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10166.723214/201422 Acórdão n.º 2202003.567 S2C2T2 Fl. 1.365 3 Dentre os documentos apreendidos foi encontrada uma relação de números de CNPJ válidos e de nomes das pessoas jurídicas que eram informados falsamente como beneficiários dos pagamentos nas declarações. A identificação dos contribuintes que em princípio teriam se beneficiado do esquema, ocorreu, conforme relatório do ESPEI/13 por meio de diversos cruzamentos de informações nos sistemas da Receita Federal do Brasil. A partir daí, foi possível identificar os Protocolos da Internet IP (protocolo de comunicações utilizado pelos computadores conectados à Internet) que eram utilizados para transmitirem as referidas declarações. Dessa forma, foram expedidos em tomo de setecentos Mandados de Procedimento Fiscal, dentre eles o relativo ao contribuinte acima identificado, cujas respectivas declarações de imposto de renda, que apresentaram indícios de irregularidades, teriam sido transmitidas pelos IP's identificados pelo ESPEI/1aRF. A fiscalização teve início em 19/04/2013, quando o contribuinte tomou ciência (fl. 2/3) do procedimento fiscal e foi intimado a apresentar os documentos comprobatórios das deduções pleiteadas em suas declarações da pessoa física relativas aos exercícios de 2009 a 2012. Posteriormente, o procedimento foi ampliado para incluir a verificação dos rendimentos isentos e não tributáveis e também omissão de rendimentos de aluguéis, tendo sido, ao final, apuradas as seguintes infrações à legislação tributária pela autoridade fiscal: • Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica Omissão de rendimentos de aluguéis Omissão de rendimentos de aluguéis relativos aos prédios comerciais e residenciais objetos das inscrições: 4.788.3405, 1.760.8848, 1.760.926 7 e 1.727.2092. Fato Gerador Valor Apurado R$ Multa (%) 31/12/2008 324.832,45 150,00 31/12/2010 340.507,97 150,00 31/12/2010 367.920,14 150,00 31/12/2011 365.539,18 150,00 • Rendimentos recebidos por sócios de empresas Omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído (real, presumido ou arbitrado) excedente ao escriturado Rendimentos pago a sócio ou acionista de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, excedente ao valor escriturado. Fl. 1366DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 Fato Gerador Valor Apurado R$ Multa (%) 31/12/2008 698.489,14 150,00 31/12/2009 722.884,33 150,00 31/12/2010 638.510,10 150,00 31/12/2011 668.426,59 150,00 • Dedução da base de cálculo (ajuste anual) Dedução indevida de despesas médicas Redução da base de cálculo do imposto de renda apurado na Declaração de Ajuste Anual com dedução a título de despesas médicas, pleiteadas indevidamente. Fato Gerador Valor Apurado R$ Multa (%) 31/12/2009 2.988,05 75,00 31/12/2010 10.483,20 75,00 31/12/2011 22.775,32 150,00 • Dedução da base de cálculo (ajuste anual) Dedução indevida de pensão judicial Redução da base de cálculo do imposto de renda apurado na Declaração de Ajuste Anual com dedução a título de pensão judicial, pleiteada indevidamente. Fato Gerador Valor Apurado R$ Multa (%) 31/12/2008 39.000,00 150,00 31/12/2009 43.840,00 150,00 31/12/2010 46.600,00 150,00 31/12/2011 25.800,00 150,00 Cientificado do lançamento na data de 21/05/2014 (fl.1083/1084), o fiscalizado impugnou a exigência em 18/06/2014, por intermédio do instrumento de fl. 1086/ 1117, apresentado pelos seus procuradores regularmente constituídos (procuração à fl. 1118). A impugnação se baseou, em síntese, nas seguintes razões de fato e de direito sustentadas na peça de defesa: a) o impugnante contesta que haja qualquer tipo de relacionamento seu ou de suas declarações de IRPF com as pessoas citadas na investigação referida no Termo de Verificação Fiscal de fl. 1061/1068, ou mesmo da representação fiscal, processo n° 10166.723.563/201444; b) o impugnante não manteve e nem mantém qualquer tipo de relacionamento com indivíduos citados na investigação referida no termo de verificação fiscal ou na representação fiscal; Questões preliminares: Fl. 1367DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10166.723214/201422 Acórdão n.º 2202003.567 S2C2T2 Fl. 1.366 5 c) o lançamento seria nulo, porquanto a ação fiscal se estendeu de abr/ 2013 a mai/2014, sendo que o prazo regulamentar de conclusão dos trabalhos seria de em 60 (sessenta) dias, a não ser que a autoridade competente tenha promovido as respectivas prorrogações e que estas tenham sido informadas ao impugnante; o que não aconteceu; d) ademais, no curso da fiscalização, o procedimento teria sido ampliado para incluir a verificação dos rendimentos isentos e não tributáveis e omissão de rendimentos de aluguéis, sem que outro MPF fosse expedido e cientificado ao impugnante; e) uma vez que o impugnante não foi cientificado das prorrogações de prazo, se existentes, é certo que a autoridade fiscal não tinha autorização para prosseguir e concluir os trabalhos, faltandolhe competência legal que implica em nulidade do procedimento; f) um outro vício do procedimento, que importa no cerceamento do seu direito de defesa, seria o fato de o termo de verificação fiscal trazer informações no sentido de que foram expedidas várias intimações a terceiros, para que prestassem informações, com a consequente juntada de documentos diversos, sem que disso fosse dada a ciência ao impugnante; g) a juntada de documentos obtidos junto a terceiros, sem que estes tenham sido trazidos, na época oportuna, até ao impugnante implicaria em vício de cerceamento do direito de sua defesa e por conseqüência, na anulação de todos os atos que se seguiram, até porque, tratase de intimação incompleta; h) o lançamento da omissão de rendimentos de alugueis (item 001 do autor de infração) também seria nulo, "uma vez que decorrentes de procedimentos alicerçados em dados e condutas inservíveis aos fatos noticiados"; i) a infração apontada se relaciona a imóvel cedido ao Posto Iticar Ltda., mediante contrato de comodato/locação gratuita, em relação ao qual foi arbitrado aluguel à razão de 10% do valor do imóvel, constante da guia do IPTU, arbitramento esse efetuado, segundo consta, com base no art. 49, parágrafo 1°, do RIR/99; j) contudo, tendo a empresa ocupante do imóvel como sócio o impugnante, não há por que estabelecer aluguel em patamar muito superior àquele aceitável na cidade do GAMA, onde o índice médio não chega a 4% (quatro por cento) anual; k) assim, os valores de arbitramentos que instruíram a cobrança são indevidos, eis que não atendem às disposições mínimas aceitáveis para casos semelhantes; l) em situação semelhante, o Tribunal Federal da 4a Região anulou um lançamento apurado na forma de arbitramento, onde o fisco fugiu do principio da finalidade do referido procedimento Fl. 1368DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 e buscou valores inservíveis como base de cálculo, em face da discrepância com a realidade; m) para que o arbitramento abrangendo todos os imóveis tivesse condições de prevalecer como forma de cobrança do IRPF, deveria atender, no mínimo, aos ditames do art . 148 da Lei n° 5.172, de 1966; n) não se pode confundir 'arbitramento com 'arbitrariedade, e no caso presente, considerando as características de cada imóvel, sua localização, bem como a baixa taxa de ocupação na cidade do GAMA, com certeza o procedimento tendente a cobrança do imposto deve estar fundamentado em elementos idôneos e não apenas em percentual previsto para os casos de cessão gratuita; Questões de mérito: o) a infração apontada no item 001 do auto de infração (omissão de receitas decorrentes de aluguéis de imóveis) é insubsistente; ela não decorre de omissão comprovada, mas de um procedimento inicial de pesquisa junto a alguns locatários, linha de fiscalização posteriormente abandonada para, no prosseguimento, efetuar um arbitramento alcançando os anos calendários de 2008 a 2011; p) o arbitramento foi totalmente injusto e ilegal, eis que o único parâmetro utilizado foi a aplicação do percentual anual de 10% sobre o valor de avaliação constante do cadastro do IPTU, muito embora dispusesse o fisco de várias outras informações, recibos e contratos, que atestam que o aluguel real é bem menor; q) tratase de parâmetro regulamentar aplicável apenas ao caso de cessão gratuita de imóvel e, por conseqüência, deve o referido levantamento fiscal ser considerado nulo por deficiência material, isto é, incorreção na apuração da base de cálculo do imposto; r) para que pudesse prevalecer a cobrança, o fisco teria que promover um aprofundamento probatório, com relação aos créditos/ingressos; s) o fisco, ao tipificar o fato gerador como omissão da receita, não pode fazêlo através de uma mera "presunção iuris", mas de uma prova efetiva e cabal dos elementos que justificariam a omissão; a aquisição de renda deve ser devidamente comprovada, e não meramente presumida, como no presente lançamento ora impugnado; t) a infração apontada no item 002 do auto de infração (omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído real, presumido ou arbitrado excedente ao escriturado) é insubsistente; u) não está na responsabilidade do impugnante a conferência dos registros contábeis das empresas declarantes nem tampouco o questionamento se estes cálculos estariam sendo considerados como corretos à luz da legislação comercial e tributária; Fl. 1369DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10166.723214/201422 Acórdão n.º 2202003.567 S2C2T2 Fl. 1.367 7 v) ainda que as declarações de rendas a título de lucros distribuídos não estejam em conformidade com a legislação, não caberia a imposição de multa agravada, já que o impugnante desconhecia totalmente a questão, até o momento da autuação; e a penalidade aplicável admitida só poderia ser a mínima legal, ou seja, aquela decorrente de mero atraso no pagamento; w) a imputação de omissão de receitas pelo fisco apresentase inadequada e incorreta, pois referese a receitas declaradas pelo impugnante; x) caso se confirme a incorreção de valor na distribuição dos lucros, e se essa distribuição ocorreu a maior, a solução não é a tributação da diferença, já que o impugnante teria como responsabilidade a devolução do valor pago a maior, para a empresa; y) não sendo receita sua, o procedimento de tributação de valores pertencentes à empresa afigurase incorreto e deve ser declarado improcedente; z) ainda que tardia, a solução para a questão não é a tributação, mas a retificação das informações, trazendo os valores para aqueles que a legislação tributária considera como corretos; aa) a glosa dos valores deduzidos a título de despesas médicas foi indevida, pois se tratam de despesas efetivamente incorridas e devidamente comprovadas por documentos idôneos, que foram apresentados para a fiscalização; bb) ainda que alguma das despesas tivesse motivação regulamentar para sua exclusão, a imposição da multa de 150%, não teria motivação fundamentada na legislação constante da Lei n° 4.502, de 1964, c/c a Lei n° 9.430, de 1996; cc) a glosa dos valores deduzidos a título de pensão alimentícia judicial foi indevida, pois a pensão foi instituída por sentença no Processo de Exoneração n° 2010.01.1.1947152, da Sexta Vara de Família da Circunscrição Judiciária de Brasília, e os pagamentos foram efetivamente comprovados, mediante documentos entregues à fiscalização; dd) ainda que no entendimento da autuante a glosa em questão fosse cabível, por determinação regulamentar, a penalidade aplicável só seria possível no seu grau mínimo, e não em 150%, como ocorreu; ee) a situação descrita neste item de autuação não se refere a nenhuma hipótese daquelas previstas na Lei n° 9.430, de 1996, c/c a Lei n° 4.502, de 1964, que justificasse a aplicação de penalidade majorada; pelo contrário, tratase de despesa efetivamente incorrida e comprovada, tanto pelo desconto nos pagamentos de salário do impugnante, quanto pela determinação judicial; Fl. 1370DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 8 ff) no tocante à penalidade de 150% aplicada em itens do lançamento, embora tenha previsão na legislação tributária vigente, não deve ser mantida, porquanto representa imposição de caráter confiscatório, porquanto subtrai do patrimônio do impugnante a possibilidade de pagamento sem a respectiva insolvência; gg) ainda que devidamente prevista em regulamento, seja decorrente de decreto ou de lei ordinária, e mesmo que tais diplomas legais tenham sido recepcionados pelo sistema vigente, o dispositivo que trata da penalidade estará incompatível com a ordem constitucional, e portanto, tornase ilegítima a cobrança, por representar o confisco vedado pelos mandamentos da Lei Fundamental; hh) nessa linha de raciocínio, reiterase a Súmula n° 25 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, no sentido de que a presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos art. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964. Ao final, depois de citar farta doutrina e jurisprudência, a defesa solicitou o acolhimento das preliminares de nulidade suscitadas e o julgamento, quanto ao mérito, da improcedência da exigência. Requer ainda a realização de diligência para avaliação do valor real de locação do imóvel ocupado pelo "posto de gasolina". É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em em São Paulo (SP) julgou procedente em parte a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009, 2010, 2011, 2012 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. No processo administrativo fiscal, são nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Outras irregularidades, incorreções ou omissões não implicam em nulidade do lançamento e podem ser sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. IMÓVEL CEDIDO GRATUITAMENTE. DEZ POR CENTO DO VALOR VENAL DO IMÓVEL. RENDIMENTO TRIBUTÁVEL. Constitui rendimento tributável, na declaração de rendimentos, o equivalente a dez por cento do valor venal de imóvel cedido gratuitamente, ou do valor constante da guia do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU correspondente ao anocalendário da declaração. Fl. 1371DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10166.723214/201422 Acórdão n.º 2202003.567 S2C2T2 Fl. 1.368 9 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO. COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. O lançamento do crédito tributário com base em ilações, sem a concreta demonstração da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, é insubsistente, devendo ser cancelada a exação desses casos. LUCRO PRESUMIDO. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE TRIBUTOS. MAJORAÇÃO INDEVIDA DO LUCRO CONTÁBIL. Ao apurar e escriturar tributos em valor menor do que o devido em face da legislação, a empresa optante pelo lucro presumido majora o lucro contábil de forma artificial e indevida, com infração à legislação tributária. A parcela do lucro contábil distribuído aos sócios correspondente ao valor dos tributos que deixaram de ser contabilizados não se enquadra na não incidência prevista no art. 10 da Lei nº 9.249, de 1995, e devem ser oferecidos à tributação no ajuste anual. REVENDA DE COMBUSTÍVEL POR COMERCIANTE VAREJISTA. PIS/COFINS. PASEP. NÃO INCIDÊNCIA. É improcedente a apuração da Cofins e do Pis/Pasep sobre a mesma base de cálculo do IRPF e da CSLL no caso de receitas provenientes da revenda de combustível realizada por estabelecimento comercial varejista, pois a legislação tributária prevê alíquota de zero por cento para ambas as contribuições. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA QUALIFICADA. PREVISÃO. Nos casos de lançamentos de ofício, deve ser aplicada multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Esse percentual é duplicado nos casos de sonegação, fraude ou conluio, conforme definidos nos art. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A decisão da DRJ excluiu parte do crédito tributário lançado, conforme tabela abaixo: DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO CONSOLIDADO (em R$) EXERCÍCIO 2009 EXIGIDO EXCLUÍDO MANTIDO IMPOSTO SUPLEMENTAR (sujeito à multa de 150%) 290.709,10 178.481,21 112.227,89 MULTA DE OFÍCIO 150% (passível de redução) 436.063,65 267.721,82 168.341,83 TOTAL 726.772,75 446.203,04 280.569,71 EXERCÍCIO 2010 EXIGIDO EXCLUÍDO MANTIDO IMPOSTO SUPLEMENTAR (sujeito à multa de 150%) 210.849,19 92.833,67 118.015,52 MULTA DE OFÍCIO 150% (passível de redução) 316.273,79 139.250,50 177.023,28 IMPOSTO SUPLEMENTAR (sujeito à multa de 75%) 821,71 0,00 821,71 Fl. 1372DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 10 MULTA DE OFÍCIO 75% (passível de redução) 616,28 0,00 616,29 TOTAL 528.560,97 232.084,17 296.476,80 EXERCÍCIO 2011 EXIGIDO EXCLUÍDO MANTIDO IMPOSTO SUPLEMENTAR (sujeito à multa de 150%) 383.709,11 266.322,94 117.386,17 MULTA DE OFÍCIO 150% (passível de redução) 575.563,67 399.484,40 176.079,26 IMPOSTO SUPLEMENTAR (sujeito à multa de 75%) 2.882,88 0,00 2.882,88 MULTA DE OFÍCIO 75% (passível de redução) 2.162,16 0,00 2.162,16 TOTAL 964.317,82 665.807,34 298.510,47 EXERCÍCIO 2012 EXIGIDO EXCLUÍDO MANTIDO IMPOSTO SUPLEMENTAR (sujeito à multa de 150%) 291.435,59 176.398,55 115.037,04 MULTA DE OFÍCIO 150% (passível de redução) 437.153,38 264.597,82 172.555,56 IMPOSTO SUPLEMENTAR (sujeito à multa de 75%) 6.263,21 0,00 6.263,21 MULTA DE OFÍCIO 75% (passível de redução) 9.394,82 4.697,41 4.697,41 TOTAL 744.247,00 445.693,78 298.553,22 Tendo em vista que o total do crédito exonerado foi superior ao limite de alçada previsto na Portaria MF nº 03/2008, que é de um milhão de reais, foi interposto Recurso de Ofício. Cientificado da decisão em 07/04/2015, por via postal (A.R. de fl. 1.292), o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 04/05/2015 (fls. 1.294 a 1.359), no qual repisa os argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. Tratase de lançamento de ofício contra o Contribuinte acima identificado, relativo ao imposto sobre a renda da pessoa física dos exercícios 2009, 2010, 2011 e 2012 (anoscalendário 2008, 2009, 2010 e 2011), no qual se exige imposto de renda no valor de R$ 1.186.670,79, além dos acréscimos legais previstos na legislação de regência, totalizando crédito tributário de R$ 3.338.562,62. Tendo em vista que o total do crédito exonerado pela DRJ foi superior ao limite de alçada previsto na Portaria MF nº 03/2008, que é de um milhão de reais, o Recurso de Ofício deve ser conhecido. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Inicialmente cabe observar que a decisão de primeira instância não se pronunciou sobre a qualificação da multa em relação à omissão de rendimentos de aluguéis. Transcrevo abaixo trecho do voto condutor da decisão recorrida sobre a qualificação da multa: Tratarei aqui apenas da penalidade aplicada sobre a omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedente ao escriturado (2008 a 2011) e sobre a dedução indevida de despesas médicas (2011), tendo em vista que, acolhido o presente voto, deverá ser cancelada a parcela do crédito Fl. 1373DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10166.723214/201422 Acórdão n.º 2202003.567 S2C2T2 Fl. 1.369 11 tributário relacionada à omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa jurídica e à dedução indevida de pensão alimentícia, bem como, por via de consequência, a penalidade pecuniária a elas vinculadas. No entanto, a decisão não cancelou integralmente o crédito tributário relativo à omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa jurídica, tendo restado ainda a tributação sobre alguns valores, conforme se depreende do excerto do voto condutor abaixo: Analisando os elementos de prova do processo, constato que, na qualidade de comodante, o contribuinte celebrou contrato de comodato com Auto Posto Iticar Ltda. (fl.561/562), datado de 15/01/2003, pelo prazo de vinte anos, tendo por objeto os seguintes imóveis de sua propriedade: a) lote 680 da QI 07, Setor Leste Industrial, com 800m2, matrícula 4361; b) lote 700 da QI 07, Setor Leste Industrial, com 800m2, matrícula 4260; c) lotes 720 da QI 07, Setor Leste Industrial, com 800m2, matrícula 4261. Inicialmente, observo que, nesse caso específico, a matéria em litígio não trata de arbitramento, conforme impropriamente referido tanto no relatório fiscal como na impugnação. O parágrafo 1° do art. 49 do Regulamento do Imposto de Renda, acima transcrito, estabelece que, no caso cessão gratuita, o montante correspondente a dez por cento do valor venal do imóvel, ou do valor constante da guia do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU, se constitui em rendimento tributável sujeito ao ajuste anual na declaração de rendimentos. Ao ceder imóveis seus gratuitamente para a pessoa jurídica, o interessado deveria ter oferecido à tributação, no ajuste anual, o valor correspondente a 10% do valor venal do imóvel ou do valor constante da guia do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU correspondente ao anocalendário da declaração, nos termos da legislação tributária já citada. Ao não fazêlo, incorreu em omissão de rendimentos passível de lançamento de ofício pela administração tributária, com os acréscimos legais previstos nesse caso, pelo que deverá ser mantido crédito tributário neste caso, no valor de R$ 236.281,47 em 2008; R$ 253.175,59 em R$ 2009; e R$ 285.177,77 em 2010 e 2011, conforme demonstrativo à fl. 1071. (destaquei) Também se observa das tabelas denominadas "Demonstrativos dos Valores (em R$)", ao final do voto condutor da DRJ (fls. 1.282/1.284), que foi realmente mantida pela decisão a quo a tributação sobre os valores acima descritos, relativos à omissão de rendimentos de aluguéis. Fl. 1374DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 12 Assim, concluo que a decisão de primeira instância contém um vício que merece ser reparado, pois foi omissa quanto ao pedido do Contribuinte para desqualificar a multa de ofício em relação à omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa jurídica, na parte em que o lançamento restou confirmado pela DRJ. Em tais condições, o Decreto nº 70.235/72 impõe a declaração de nulidade da decisão recorrida: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Assim, uma vez constatado que parte da matéria impugnada não foi apreciada pelo colegiado de primeira instância, impõese a declaração de nulidade parcial da decisão recorrida, devendo os autos retornar à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para que seja prolatada nova decisão suprindo a omissão, evitandose o cerceamento do direito de defesa e supressão de instância. Esclareçase não ser possível a aplicação do §3º acima transcrito, uma vez que eventual decisão de mérito proferida nesta instância administrativa de julgamento favorável ao sujeito passivo implicará prejuízo à Fazenda Nacional, caracterizando supressão de instância, uma vez que foi interposto Recurso de Ofício, o qual abarcaria a matéria que foi omitida. Por economia processual, é desnecessário prosseguir na análise dos demais argumentos dos recorrentes e aferir o posicionamento de todos os membros do Colegiado a respeito deles. Diante do exposto, voto no sentido de declarar a nulidade parcial da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para que seja prolatada nova decisão suprindo a omissão apontada. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 1375DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10166.723214/201422 Acórdão n.º 2202003.567 S2C2T2 Fl. 1.370 13 Fl. 1376DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 11516.006696/2008-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
PDV. COMPROVAÇÃO. A existência de plano de demissão incentivada deve ser comprovada formalmente. No caso dos autos, a existência de mensagens eletrônicas trocadas entre particulares sobre o assunto não caracteriza a existência do plano.
PREVIDÊNCIA PRIVADA. ATUALIZAÇÃO DE VALORES. Os valores das contribuições a planos de previdência privada são atualizados conforme legislação pertinente. No caso dos autos, foram utilizados os índices do art. 5 da IN RFB 1.343/2013.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.534
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, negar-lhe provimento
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Cleci Coti Martins - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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COMPROVAÇÃO. A existência de plano de demissão incentivada deve ser comprovada formalmente. No caso dos autos, a existência de mensagens eletrônicas trocadas entre particulares sobre o assunto não caracteriza a existência do plano. PREVIDÊNCIA PRIVADA. ATUALIZAÇÃO DE VALORES. Os valores das contribuições a planos de previdência privada são atualizados conforme legislação pertinente. No caso dos autos, foram utilizados os índices do art. 5 da IN RFB 1.343/2013. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 66 96 /2 00 8- 50 Fl. 246DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, negarlhe provimento (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira. Fl. 247DF CARF MF Processo nº 11516.006696/200850 Acórdão n.º 2401004.534 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Recurso Voluntário interposto em 24/03/2015 em face do Acórdão 0832.534 1a. Turma da DRJ/FOR, que considerou parcialmente procedente a impugnação do contribuinte para o crédito tributário objeto deste processo administrativo. A ciência à decisão recorrida deuse em 20/02/2015. O lançamento fiscal referese à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, conforme a seguir: Fundação Sistel de Seguridade Social – R$ 138.882,94 TIM Participações – R$ 44.928,00 Considerando que não houve intimação prévia, o lançamento foi primeiramente analisado pela DRF de origem, através de Termo Circunstanciado, no qual o valor do lançamento restou modificado de R$ 50.548,01 para R$ 33.209,87 (Despacho Decisório à efl. 163/165). O Acórdão de Impugnação, a seguir ementado, manteve o valor do imposto a pagar. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Prevalece parte do lançamento de ofício da infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, não oferecidos a tributação na Declaração de Ajuste Anual, e devidamente informados em DIRF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. RESGATE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. Constitui rendimento tributável na declaração o montante do resgate/benefício recebido de entidade de previdência privada. Somente se exclui da incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de rendimentos o valor do resgate de contribuições de previdência privada recebido por ocasião de desligamento do plano de benefícios da entidade de previdência privada, cujo ônus tenha sido da pessoa física, que corresponder às parcelas de contribuições efetuadas no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995. Dispositivos Legais: arts. 39, XXXVIII, e 43, XIV, 623 e 633 do RIR/99 (Decreto nº 3.000/99). OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). TRIBUTAÇÃO Consideramse Programas de Demissão Voluntária apenas os instituídos pelas pessoas jurídicas a título de incentivo à demissão voluntária de seus empregados, e entendese como verba indenizatória contemplada pela dispensa de constituição de créditos tributários, nos termos da IN SRF nº 165, de 1998, os valores especiais recebidos a título de incentivo à adesão a PDV; quaisquer outros rendimentos, mesmo que decorrentes de acordo entre as partes e remunerados a título de indenizações, por caracterizar mera liberalidade do empregador, devem compor o rendimento bruto para efeito de tributação. Fl. 248DF CARF MF 4 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões judiciais não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de realização de diligência. O recorrente aduz as seguintes razões. Entende que uma parcela dos rendimentos recebidos na rescisão contratual com a TIM e de outras, no caso da SISTEL, já anteriormente tributadas na fonte, constituídas pelas contribuições custeadas pelo próprio recorrente, inerentes ao período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 seria não tributável, conforme art. 39 do Decreto 3000/1999. Adicionalmente, dois rendimentos seriam tributados exclusivamente na fonte, sendo, um representado por parcela correspondente às contribuições do associado, incidentes sobre o 13. salário do período integral de contribuição – janeiro 1978 a abril de 2005 – e o outro, representado pelo resultado dos rendimentos financeiros obtidos pela aplicação dos fundos para preservação do poder aquisitivo das contas de participação dos associados, bem como, do próprio custeio operativo da fundação (SISTEL). Tentou, sem sucesso, junto à TIM e à SISTEL corrigir os erros relativos aos rendimentos tributáveis. Decidiu então elaborar cálculo estimado de quanto representariam os valores das suas contribuições a SISTEL no período janeiro/1989 a dezembro/1995 e, juntamente com o valor pago pela TIM, identificado como incentivo ao desligamento do quadro de pessoal, declarou tais valores como isentos ou não tributáveis. Adicionalmente, também foi tributado o valor de R$ 44.928,00 recebido a título de incentivo ao desligamento aos empregados de faixa etária avançada, muitos oriundos do Sistema Telebrás. Cita jurisprudência. Na decisão de primeira instância teria sido mantida a tributação sobre valores recebidos da SISTEL, inclusive os decorrentes de 13o. salário, nos respectivos valores históricos das datas em que ocorreram, e também mantida a tributação relativa aos rendimentos pelo desligamento voluntário haja vista não ter ficado comprovado a existência do plano de desligamento voluntário. O contribuinte alega que as contestações relevantes que implicariam em modificações substantivas da base de cálculo do imposto sequer foram mencionadas no relatório do julgador a quo. Entende que a contestação não analisada importa em bitributação dos valores recebidos (contribuições efetuadas pelo associado incidentes sobre o 13o salário anual, que já teriam sido tributadas exclusivamente na fonte por ocasião dos pagamentos, durante o período jan/1978 a abr/2005). Argumenta que a atualização dos valores das contribuições informadas pela SISTEL, que diferem das que havia efetuado, o que estaria causando a diferença entre os valores que apurou e os definidos na decisão a quo. As contribuições do período jan/1989 a dez/1985 foram informadas pela Fundação SISTEL em valores históricos e nas moedas ou bases monetárias da época em que ocorreram. Entendo que a atualização com base na IN RFB Fl. 249DF CARF MF Processo nº 11516.006696/200850 Acórdão n.º 2401004.534 S2C4T1 Fl. 4 5 1343/2013 é inaplicável pois se destina a três tipos de situações específicas, nas quais, em nenhuma delas se enquadra a situação do contribuinte. O contribuinte não se aposentou pela Fundação SISTEL. Aderiu ao pedido de demissão incentivada e pelo resgate do saldo de sua conta de participação e, portanto, não há subsunção legal à norma da RFB. O julgador a quo não atendeu o pedido do recorrente no sentido de intimar a SISTEL para que informe os valores exatos relativos a contribuições que devem ser abatidas dos rendimentos tributáveis, alegando que estaria fazendo prova em favor do contribuinte, com o que não pode concordar, e explicita os motivos no recurso. Entende que o valor recebido da TIM Participações S/A, equivalente a 6 (seis) salários que percebia à época, se trata de indenização, porquanto pago à titulo de incentivo à demissão voluntária dos empregados mais antigos, comprovado com Ata de Reunião de Diretoria como pacote de incentivo objetivando redução do quadro de pessoal. Cita jurisprudência e Súmula 215/1998 do STJ. Em suma, a)discorda dos cálculos de atualização dos valores isentos de tributação para as contribuições do período janeiro/1989 a dez/1995, efetuados pela autoridade fiscal, b) entende que não deve incidir tributação sobre as contribuições relativas a 13o salário do valor recebido da previdência privada, uma vez que a forma de tributação dessa parcela é diferente (definitiva na fonte), e c) que o valor de R$ 44.928,00 não deve ser tributado, pois se trata de parcela indenizatória recebida a título de Plano de Demissão Incentivada. É o relatório. Fl. 250DF CARF MF 6 Voto Conselheira Maria Cleci Coti Martins Relatora O recurso é tempestivo, atende aos requisitos legais e dele conheço. Conforme a decisão a quo, o contribuinte deixou de declarar o valor de R$ 138.882,94, tendo em vista considerar que tais valores seriam isentos, pois se refeririam ao período jan/89 a dez/95, atualizados pelo próprio contribuinte. Na revisão de ofício, a Fundação SISTEL, intimada, apresentou planilhas dos valores das contribuições feitas pelo contribuinte, relativos ao período jan/89 a dez/95. As contribuições pagas pelo contribuinte para o plano de previdência referentes ao período jan/1989 a dez/1995 estão discriminados por mês de referência às efls. 146/148. Os valores foram atualizados pela autoridade fiscal utilizando os índices do art. 5 da IN RFB 1.343/2013. A planilha com os valores atualizados pela autoridade fiscal está às efls. 157/158. O montante apurado pela autoridade fiscal referente às contribuições de 1989/1995, atualizado até maio/2005, considerado não tributável, é de R$ 63.047,79. O recorrente entende que a atualização com base na IN RFB 1343/2013 é inaplicável no caso deste processo, pois se referem a: Ainda, afirma que os cálculos relativos à atualização dos valores não poderiam ter sido efetuados conforme a IN supra. Contudo, não indica qual seria o dispositivo legal que entende seria o correto. Ademais, verifico que a IN em questão tem como anexo a tabela para os referidos cálculos, cujo título é: REGIME PROGRESSIVO – AJUSTE ANUAL Tratamento tributário relativo à apuração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) aplicável aos valores pagos ou creditados por entidade de previdência complementar a título de complementação de aposentadoria, resgate e rateio de patrimônio, correspondente às contribuições efetuadas, exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995. Equivocouse o recorrente quando se refere aos casos especiais tratados pela IN nos artigos 2, 3 e 4. Deveria ter analisado o artigo 1 da IN, que trata de forma geral o objeto do instrumento legal, qual seja: Art. 1º Esta Instrução Normativa estabelece normas e procedimentos relativos ao tratamento tributário a ser aplicado na apuração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) Fl. 251DF CARF MF Processo nº 11516.006696/200850 Acórdão n.º 2401004.534 S2C4T1 Fl. 5 7 sobre os valores pagos ou creditados por entidade de previdência complementar a título de complementação de aposentadoria, resgate e rateio de patrimônio em caso de extinção da entidade de previdência complementar, correspondentes às contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995. O art. 7 da referida IN, vigente à época, reforça que a mesma se aplica ao caso de resgate de contribuições de previdência privada, conforme a seguir. Art. 7º O disposto nesta Instrução Normativa aplicase ao resgate de contribuições de previdência privada e ao rateio de patrimônio em caso de extinção da entidade de previdência complementar. (grifei) A partir de 30/09/2014, a redação desse artigo fora modificada, mas sem alterar o item que interessa a este processo, conforme pode ser verificado a seguir. Art. 7º O disposto nesta Instrução Normativa aplicase ao resgate de contribuições de previdência privada, ao rateio de patrimônio em caso de extinção da entidade de previdência complementar e ao regime a que se refere o § 8º do art. 3º. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1495, de 30 de setembro de 2014) (grifei) Desta forma, entendo que, não apenas a referida IN é o instrumento legal para a atualização dos valores, como também possui em seu corpo a planilha demonstrativa de como devem ser feitas as atualizações dos referidos valores. Assim, não assiste razão ao contribuinte quanto a esse item do recurso, pois observo que a autoridade fiscal utilizou a planilha sugerida na referida IN, cujo título é bastante esclarecedor de que se aplica sim ao caso dos valores recebidos pelo recorrente. Melhor sorte não se observa no questionamento do contribuinte relativo às contribuições do 13o. salário, pois tais contribuições não foram incluídas na planilha de cálculos da efl. 157. Ademais, o contribuinte não juntou aos autos o demonstrativo dos valores mensais recebidos que propiciasse a análise de que os valores relativos ao 13o. foram incluídos no cálculo do IRRF recolhido pela fonte pagadora. Desta forma, não se pode analisar tal alegação por falta de elementos probatórios do direito do recorrente. Com relação à alegação sobre o Plano de Demissão Incentivada, s.m.j., o contribuinte não apresentou qualquer documento da empresa que corroborasse a existência de tal plano. Juntou sim emails e explicações sobre os motivos de ter recebido o valor adicional. Mesmo na explicação à efl. 232, a seguir transcrita, o recorrente admite que o plano não fora formalizado publicamente no âmbito da empresa. Desta forma, sem razão o recorrente, pois não apresentou documentação hábil e idônea capaz de afastar a tributação dos valores rescisórios recebidos por mera liberalidade da empresa. Fl. 252DF CARF MF 8 Dado o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente Maria Cleci Coti Martins. Fl. 253DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13811.003678/2003-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 31 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Data do fato gerador: 30/06/1998, 31/07/1998, 31/08/1998, 30/09/1998
Impossibilidade de retificação de declaração para alocação de pagamentos após a lavratura do Auto de Infração.
Súmula CARF nº 33: A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício.
Numero da decisão: 1401-001.670
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregório, Marcos de Aguiar Villas-Bôas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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Súmula CARF nº 33: A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregório, Marcos de Aguiar VillasBôas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 36 78 /2 00 3- 01 Fl. 164DF CARF MF 2 Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão nº. 0733.837 3ª Turma da DRJ/FNS, que julgou integralmente procedente o lançamento contra BCEM COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA. O auto de infração de CSLL no valor do principal de R$ 13.809,12, acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora, totalizando R$ 36.609,72 (fls. 14 a 25).com origem em procedimento de auditoria interna em DCTF, conforme IN SRF nºs 45 e 77, de 1998, não foram localizados pela RFB os pagamentos de IRPJ informados pelo contribuinte nas DCTF dos períodos de julho a dezembro de 1997. Apreciada a impugnação, afastada a alegação de extinção por pagamento o lançamento foi julgado totalmente procedente em decisão fundamentada nos seguintes termos: Ressaltese que o auto de infração de CSLL objeto do presente processo se refere aos períodos de apuração de junho, julho, agosto e setembro de 1998. Conforme demonstrado, os Darf de CSLL trazidos aos autos, recolhidos em 29/05/1998, 30/07/1998, 31/08/1998 e 30/09/1998, referemse a outros débitos de CSLL do contribuinte, para os quais foram alocados. Observese que o interessado não alegou e não apresentou a escrituração e outros documentos comprobatórios sobre eventuais erros nos débitos de CSLL confessados na DIRPJ e nas DCTF do anocalendário de 1998. Ademais, se efetivamente fosse informado incorretamente nas DCTF e/ou na DIRPJ o valor da CSLL a pagar, fato que não foi aventado na defesa, competia ao sujeito passivo empreender a retificação das respectivas declarações. Ressaltese que as informações prestadas em DCTF e DIRPJ reputamse verdadeiras, competindo ao contribuinte a comprovação efetiva de que houve erro na identificação dos fatos geradores declarados nesses documentos. [...] Portanto, não assiste razão ao impugnante, pois os referidos débitos confessados nas DCTF dos meses junho, julho, agosto e setembro de 1998 estão em aberto, tendo em vista que os pagamentos realizados mediante os DARF juntados aos autos se referem a outros débitos de CSLL para os quais foram alocados. A Contribuinte apresentou recurso voluntário tempestivo, no qual repisa os argumentos apresentados na impugnação acrescentando que o equívoco da decisão de piso, poderia facilmente ser sanado quando admitidas as DCTFs retificadas com nova alocação dos pagamentos indicados nos DARFs anexados aos autos. Era o der essencial a ser relatado. Passo a decidir Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Relatora. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 13811.003678/200301 Acórdão n.º 1401001.670 S1C4T1 Fl. 161 3 Por tempestivo e pela presença dos pressupostos recursais exigidos pela legislação, conheço do recurso. Notase que mesmo após apreciados os documentos reproduzidos na fase recursal, persiste a ausência de comprovação efetiva de que houve erro na identificação dos fatos geradores e alocação dos respectivos pagamentos declarados nos documentos considerados na decisão de piso. Além do mais, eventuais retificações efetivadas após o início da ação fiscal, não tem o condão de produzir efeito sobre o lançamento dela decorrente, nestes termos: Súmula CARF nº 33: A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. Por todo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso para manter o lançamento do crédito tributário. Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora Fl. 166DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.002514/2008-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004
EMBARGOS INOMINADOS. EXISTÊNCIA DE ERRO MATERIAL. CORREÇÃO MEDIANTE A PROLAÇÃO DE NOVO ACÓRDÃO. Demonstrada a existência de erro material na decisão, deve-se acolher os embargos inominados de modo a suprir a mácula apontada, passando esse acórdão a ter as seguintes ementa e decisão:
Ementa:
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS
BASE DE CÁLCULO. REGIME DE CAIXA E DE COMPETÊNCIA. A adoção do regime de competência ou de caixa pelo contribuinte no registro das mutações da variação cambial de seus ativos e passivos atrelados a moeda estrangeira se faz mediante prova documental, sobretudo mediante a escrituração contábil e fiscal do contribuinte, prova esta não produzida pelo contribuinte no presente caso.
BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL. RECEITA. De acordo com o artigo 9 da Lei n. 9.718/1998, as variações cambiais ativas ou passivas de direitos e obrigações em função da taxa de câmbio são consideradas, conforme o caso, como receita ou despesa para fins de determinação das bases do PIS e da COFINS. No regime cumulativo tais variações devem ser apuradas mensalmente e não na liquidação, como ocorre com o regime de caixa.
Recurso Voluntário Negado.
Dispositivo:
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e do Voto que fazem parte integrante do presente. A Conselheira Mônica Monteiro de los Rios participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida que se declarou impedido de votar.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 3301-003.098
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos formulados pela Fazenda Nacional, para sanar o erro material apontado para retificar o dispositivo do Acórdão nº 3403003.523, sem efeitos infringentes, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos formulados pela Fazenda Nacional, para sanar o erro material apontado para retificar o dispositivo do Acórdão nº 3403003.523, sem efeitos infringentes, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro - Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro.
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EXISTÊNCIA DE ERRO MATERIAL. CORREÇÃO MEDIANTE A PROLAÇÃO DE NOVO ACÓRDÃO. Demonstrada a existência de erro material na decisão, devese acolher os embargos inominados de modo a suprir a mácula apontada, passando esse acórdão a ter as seguintes ementa e decisão: Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS BASE DE CÁLCULO. REGIME DE CAIXA E DE COMPETÊNCIA. A adoção do regime de competência ou de caixa pelo contribuinte no registro das mutações da variação cambial de seus ativos e passivos atrelados a moeda estrangeira se faz mediante prova documental, sobretudo mediante a escrituração contábil e fiscal do contribuinte, prova esta não produzida pelo contribuinte no presente caso. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL. RECEITA. De acordo com o artigo 9 da Lei n. 9.718/1998, as variações cambiais ativas ou passivas de direitos e obrigações em função da taxa de câmbio são consideradas, conforme o caso, como receita ou despesa para fins de determinação das bases do PIS e da COFINS. No regime cumulativo tais variações devem ser apuradas mensalmente e não na liquidação, como ocorre com o regime de caixa. Recurso Voluntário Negado. Dispositivo: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e do Voto que fazem parte integrante do presente. A AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 25 14 /2 00 8- 56 Fl. 612DF CARF MF Processo nº 13502.002514/200856 Acórdão n.º 3301003.098 S3C3T1 Fl. 11 2 Conselheira Mônica Monteiro de los Rios participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida que se declarou impedido de votar. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos formulados pela Fazenda Nacional, para sanar o erro material apontado para retificar o dispositivo do Acórdão nº 3403003.523, sem efeitos infringentes, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de Embargos Inominados opostos pela Fazenda Nacional, em face do acórdão nº 3403003.523, proferido em 28 de janeiro de 2015 pela 4ª Câmara da 3ª Turma Ordinária. A decisão embargada foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/01/2004, 29/02/2004, 30/04/2004, 31/05/2004, 30/06/2004, 31/07/2004 BASE DE CÁLCULO. REGIME DE CAIXA E DE COMPETÊNCIA. A adoção do regime de competência ou de caixa pelo contribuinte no registro das mutações da variação cambial de seus ativos e passivos atrelados a moeda estrangeira se faz mediante prova documental, sobretudo mediante a escrituração contábil e fiscal do contribuinte, prova esta não produzida pelo contribuinte no presente caso. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL. RECEITA. De acordo com o artigo 9 da Lei n 9.718/1998, as variações cambiais ativas ou passivas de direitos e obrigações em função da taxa de câmbio são consideradas, conforme o caso, como receita ou despesa para fins de determinação das bases do PIS e Fl. 613DF CARF MF Processo nº 13502.002514/200856 Acórdão n.º 3301003.098 S3C3T1 Fl. 12 3 da COFINS. No regime cumulativo tais variações devem ser apuradas mensalmente e não na liquidação, como ocorre com o regime de caixa. Recurso Voluntário Negado. Aponta a Fazenda Nacional que houve erro material no dispositivo do acórdão, que deu provimento ao recurso voluntário, ao passo que o voto condutor e a ementa estamparam a negativa de provimento do mesmo recurso. Os embargos foram admitidos como inominados em 21 de julho de 2015 (e fls. 581582). É o relatório. Voto Com razão a Fazenda Nacional, configurado está o erro material. Observese a conclusão do voto condutor do acórdão: Dessa forma, não assiste razão à Recorrente, que não logrou êxito em demonstrar o que alegou, ou seja, que teria efetivamente adotado o regime de caixa no reconhecimento de suas receitas de prestação de serviços, inclusive no recebimento de juros e de variação cambial. Por fim, no tocante à variação cambial, a tese defendida pela Recorrente, de que a variação cambial positiva não importaria receita, não traduzindo riqueza nova, apenas espelhando a mutação de seu direito de crédito, não posso deixar de observar que o artigo 9 da Lei n. 9.718/1998 a enquadra como receita ou despesa financeira, conforme o caso: Art. 9° As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas, para efeitos da legislação do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição PIS/PASEP e da COFINS, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso. Por essa razão, qualquer reconhecimento, ainda que tangencial à tese da Recorrente, implicaria negativa de vigência a dispositivo de Lei em vigor, o que é expressamente vedado ao CARF. Por outro lado, julgo relevante observar que como a Recorrente adotou o regime de competência no reconhecimento da receita que classificou como variação cambial, naturalmente que o registro de um aumento de seu ativo ("débito") gera como contrapartida o reconhecimento de uma receita ("crédito") pelo método das partidas dobradas, de modo que o seu raciocínio contraria a própria contabilização por ela adotada. Fl. 614DF CARF MF Processo nº 13502.002514/200856 Acórdão n.º 3301003.098 S3C3T1 Fl. 13 4 Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. Luiz Rogério Sawaya Batista Relator Cotejando a conclusão do voto e a ementa, concluise que o recurso voluntário foi negado. Todavia, no dispositivo do acórdão consta: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e do Voto que fazem parte integrante do presente. A Conselheira Mônica Monteiro de los Rios participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida que se declarou impedido de votar. Indo além, ao consultar a ata da reunião de julgamento do período de 27/01/2015 a 29/01/2015 (fl. 846), de fato, é inegável o não provimento do recurso: Relator(a): LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA Processo: 13502.002514/200856 Recorrente: PETRORECONCAVO S.A. e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 3403003.523 Informações Adicionais: Por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. A Conselheira Mônica Monteiro de los Rios participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida que se declarou impedido de votar. Votação: Por Unanimidade Questionamento: RECURSO VOLUNTÁRIO Resultado: Recurso Voluntário Negado Demonstrada está, pois, a hipótese do art. 66 do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, que assim estabelece: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Conclusão Diante do exposto, voto por acolher os embargos formulados pela Fazenda Nacional, para sanar o erro material apontado para retificar o dispositivo do Acórdão nº Fl. 615DF CARF MF Processo nº 13502.002514/200856 Acórdão n.º 3301003.098 S3C3T1 Fl. 14 5 3403003.523, sem efeitos infringentes, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 616DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.729815/2012-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009
Ementa:
NULIDADE. PROCEDIMENTO FISCAL. INEXISTÊNCIA.
Não há nulidade do procedimento por suposta usurpação de competência do agente fiscal autuante se este, no auto de infração, trata de suposta injuridicidade de créditos correlatos vindicados em PERD/COMP's e que são objeto de procedimento administrativo próprio, já que tal assertiva fiscal em nada afeta o julgamento do caso decidendo.
ISENÇÃO. IPI. CRÉDITO. AMAZÔNIA OCIDENTAL.
No art. 6º do Decreto-Lei nº 1.435/75 entende-se por "matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional", aquelas produzidas na área da Amazônia Ocidental, tal como definida no art. 1º, § 4º, do Decreto-Lei n. 291/67 (Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima), não se confundindo com a Amazônia Legal (Lei nº 5.173/66).
ISENÇÃO. CRÉDITOS. IPI. ZONA FRANCA DE MANAUS.
Não existe amparo legal para a tomada de créditos fictos de IPI em relação a insumos adquiridos com a isenção prevista no art. 9º do Decreto-Lei nº 288/67.
IPI GLOSA DE CRÉDITOS. AUTO DE INFRAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO FISCAL
Em se tratando de auto de infração para a glosa de créditos do IPI é ônus fiscal (art. 373 do CPC/2015) provar que as rubricas registradas contabilmente são indevidas, não bastando, como no caso, a partir da premissa fixada nos itens 11 do Parecer Normativo CST nº 65/79 e 13 do Parecer Normativo nº 181/74, simplesmente cotejar o objeto social da empresa fiscalizada com o nome das citadas rubricas registradas, sem qualquer análise fática de como os bens glosados interferem no processo produtivo do contribuinte, sob pena de uma indevida inversão do ônus da prova.
IPI. "BIS IN IDEM". BEBIDAS. REGIME MONOFÁSICO. COMPROVAÇÃO. PAGAMENTO.
Restando comprovado que o contribuinte debita os impostos indevidamente creditados na saída dos produtos em alienação a terceiros, oferecendo tudo quanto devido à tributação pelo regime monofásico, significa que não existe falta de pagamento do imposto a ensejar cobrança do IPI.
Numero da decisão: 3402-003.810
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para: (i) reverter as glosas referentes aos créditos tomados na aquisição de (a) óleos e lubrificantes (destinados à limpeza e assepsia) e, ainda (b) outros produtos (aditivos, detergentes e sanizante) utilizados para a assepsia, limpeza e tratamento da água; bem como (ii) reverter, integralmente, a glosa dos créditos registrados na entrada de bebidas prontas para o consumo e que foram recebidas de terceiros e de outros estabelecimentos da própria Recorrente. Vencidos o Conselheiro Hélcio Lafetá Reis quanto ao item (ii) e a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula quanto ao item (i). O Conselheiro Hélcio Lafetá Reis participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire, que se declarou impedido. Sustentou pela recorrente o Dr. Marcos Maron, OAB/DF nº 32.631
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Hélcio Lafetá Reis, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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PROCEDIMENTO FISCAL. INEXISTÊNCIA. Não há nulidade do procedimento por suposta usurpação de competência do agente fiscal autuante se este, no auto de infração, trata de suposta injuridicidade de créditos correlatos vindicados em PERD/COMP's e que são objeto de procedimento administrativo próprio, já que tal assertiva fiscal em nada afeta o julgamento do caso decidendo. ISENÇÃO. IPI. CRÉDITO. AMAZÔNIA OCIDENTAL. No art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75 entendese por "matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional", aquelas produzidas na área da Amazônia Ocidental, tal como definida no art. 1º, § 4º, do Decreto Lei n. 291/67 (Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima), não se confundindo com a Amazônia Legal (Lei nº 5.173/66). ISENÇÃO. CRÉDITOS. IPI. ZONA FRANCA DE MANAUS. Não existe amparo legal para a tomada de créditos fictos de IPI em relação a insumos adquiridos com a isenção prevista no art. 9º do DecretoLei nº 288/67. IPI GLOSA DE CRÉDITOS. AUTO DE INFRAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO FISCAL Em se tratando de auto de infração para a glosa de créditos do IPI é ônus fiscal (art. 373 do CPC/2015) provar que as rubricas registradas contabilmente são indevidas, não bastando, como no caso, a partir da premissa fixada nos itens 11 do Parecer Normativo CST nº 65/79 e 13 do Parecer Normativo nº 181/74, simplesmente cotejar o objeto social da empresa fiscalizada com o nome das citadas rubricas registradas, sem qualquer análise fática de como os bens glosados interferem no processo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 98 15 /2 01 2- 83 Fl. 2931DF CARF MF 2 produtivo do contribuinte, sob pena de uma indevida inversão do ônus da prova. IPI. "BIS IN IDEM". BEBIDAS. REGIME MONOFÁSICO. COMPROVAÇÃO. PAGAMENTO. Restando comprovado que o contribuinte debita os impostos indevidamente creditados na saída dos produtos em alienação a terceiros, oferecendo tudo quanto devido à tributação pelo regime monofásico, significa que não existe falta de pagamento do imposto a ensejar cobrança do IPI. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para: (i) reverter as glosas referentes aos créditos tomados na aquisição de (a) óleos e lubrificantes (destinados à limpeza e assepsia) e, ainda (b) outros produtos (aditivos, detergentes e sanizante) utilizados para a assepsia, limpeza e tratamento da água; bem como (ii) reverter, integralmente, a glosa dos créditos registrados na entrada de bebidas prontas para o consumo e que foram recebidas de terceiros e de outros estabelecimentos da própria Recorrente. Vencidos o Conselheiro Hélcio Lafetá Reis quanto ao item (ii) e a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula quanto ao item (i). O Conselheiro Hélcio Lafetá Reis participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire, que se declarou impedido. Sustentou pela recorrente o Dr. Marcos Maron, OAB/DF nº 32.631 Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Hélcio Lafetá Reis, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Na qualidade de Relator do presente caso, já tive a oportunidade de nele me manifestar quando da elaboração da resolução n. 3402000.767 (fls. 1.094/1.096), razão pela qual me valho do que já fora lá desenvolvido (com alguns acréscimos) a título de relatório do presente voto, o que passo a fazer nos seguintes termos: 1. Conforme se observa do caso, tratase de Auto de Infração lavrado para a exigência de crédito tributário relativo ao Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, com período de apuração compreendido entre janeiro de 2008 a dezembro de 2009, implicando a exigência fiscal no valor de R$ 24.444.935,89, o qual compreende principal, multa e juros. 2. Segundo consta do Termo de Verificação Fiscal, recai sobre o contribuinte, ora Recorrente, três acusações fiscais distintas, as quais podem ser assim sumarizadas: Fl. 2932DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.932 3 (i) glosa de créditos de IPI apropriados na compra de produtos isentos do imposto junto a estabelecimentos situados na Zona Franca de Manaus ("ZFM"); (ii) registro indevido de créditos básicos de IPI decorrentes da aquisição de produtos intermediários (partes e peças, óleos, aditivos e sanitizantes) que não foram consumidos no processo de industrialização; e , por fim (iii) glosa de créditos registrados na entrada de bebidas prontas para o consumo e que foram recebidas de terceiros e de outros estabelecimentos da própria Recorrente, sujeitas à sistemática monofásica de apuração e recolhimento do imposto. 3. Devidamente notificado, o contribuinte apresentou a Impugnação de fls. 554/578, a qual foi julgada improcedente pela DRJPOA nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009 CRÉDITOS INDEVIDOS. GLOSA. Inexiste direito a créditos do IPI nas aquisições de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem em operações isentas, exceto quando houver lei específica possibilitando o creditamento ficto. INSUMOS QUE DÃO MARGEM A CREDITAMENTO DO IPI Não geram direito ao creditamento partes e peças de máquinas, óleos e lubrificantes, e produtos para assepsia e tratamento de água, bem como produtos intermediários e matériasprimas que não integrem o produto final e não sofram, em função da ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, alterações tais como desgaste, o dano ou perda de propriedades físicas ou químicas. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA Cervejas e refrigerantes são tributados uma única vez na saída da estabelecimento fabril, pelo que não geram direito a crédito se transferidas ou vendidas a outro estabelecimento. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 1.055/1.083, oportunidade em que repisou os fundamentos trazidos em sua Impugnação. (...). Fl. 2933DF CARF MF 4 2. Não obstante, em sessão de 26 de abril de 2016, este colegiado, por unanimidade de votos, baixou o presente processo em diligência (resolução n. 3402000.767 fls. 1.094/1.096) para que fossem tomadas as seguintes providências, in verbis: (...). a) intime o autuado para fazer prova cabal de sua alegação de glosa de créditos em operações posteriormente sujeitas a indevido débito na saída, alertandose o contribuinte de que a atividade de provar não se limita a simplesmente juntar documentos nos autos, sem a necessária conciliação entre os registros contábeis fiscais e os documentos que os legitimam, evidenciando o indébito, inclusive em razão de aplicação subsidiária do art. 6o do NCPC; b) com base na prova produzida nesses termos pelo contribuinte, reconstituase a escrita fiscal dos períodos de apuração alvo, excluindose os débitos porventura indevidamente lançados; c) repercuta a reconstituição da escrita no lançamento de ofício ora sub judice, em parecer circunstanciado, em que se mencionem também quaisquer outras informações pertinente; e, por fim d) seja dada ciência do supra citado parecer ao autuado, abrindolhe o prazo regulamentar de trinta dias para eventual manifestação. 3. Diante deste quadro, o contribuinte foi regularmente intimado a respeito da sobredita diligência, oportunidade em que apresentou nos autos parecer fundamentado da lavra da empresa de auditoria KPMG Assessores Ltda. (fls. 1.160/1.180), devidamente instruído com os documentos de fls. 1.183/2.926. 4. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 5. O presente recurso é tempestivo e atende os demais pressupostos formais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. I. Preliminar (i.a) Da nulidade do procedimento adotado pela fiscalização 6. Preliminarmente, a recorrente alega a existência de uma nulidade no procedimento adotado pela fiscalização no presente caso. 7. Segundo aduz o contribuinte, ao efetivar o lançamento do crédito tributário no presente caso, decorrente da glosa de créditos de IPI, teria o fiscal autuante, concomitantemente, adentrado em seara que não seria de sua competência. Isso porque, ainda segundo o contribuinte, ao glosar tais créditos e lançar o débito aqui questionado, o fiscal também teria concluído pela inexistência de direito creditório vindicado pela recorrente em diferentes PER/DCOMP's e retratadas no processo administrativo n. 10980.724555/201250. Fl. 2934DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.933 5 8. A prática fiscal alhures retratada seria indevida, uma vez que teria maculado o disposto no art. 12 do Decreto n. 70.235/72, já que a competência para o indeferimento dos créditos pleiteados não seria do agente autuante, mas sim dos chefes de unidades do Fisco com jurisdição no domicílio do estabelecimento ou sujeito passivo, consoante reza o disposto no art. 117 do Decreto 7.574/11, c.c. o estatuído no art. 71 da IN 1.300/12. 9. Ocorre que, ainda que a tese desenvolvida pelo contribuinte seja hígida em um plano teórico, ela não traz qualquer reflexo para o julgamento do presente caso. A manifestação do agente autuante quanto à inexistência de saldo credor no processo administrativo n. 10980.724555/201250 em nada afeta o presente processo administrativo, ao ponto, inclusive, de tal manifestação fiscal ser passível de um tratamento análogo ao de um obiter dictum em uma decisão de caráter judicante. 10. Eventualmente, tal manifestação fazendária deverá ser questionada em palco próprio, ou seja, no âmbito do processo administrativo n. 10980.724555/201250, isto, é claro, na hipótese da manifestação fiscal aqui referida ser utilizada como fundamento para indeferir o pedido de crédito lá veiculado. 11. Neste diapasão, não há qualquer nulidade a macular a presente autuação, motivo pelo qual rechaço a preliminar aventada pelo contribuinte. II. Mérito (ii.a) Do direito ao creditamento de IPI de produtos oriundos da Zona Franca de Manaus 12. Em relação ao presente tópico, a recorrente aduz dois fundamentos distintos para combater a glosa perpetrada pela fiscalização, os quais abordaremos separadamente no presente voto. (ii.a.1) Do cumprimento dos requisitos legais para o aproveitamento do crédito de IPI (art. 6º do Decreto 1.435/75 e art. 82, inciso III do RIPI/2002) 13. Segundo alega o contribuinte, a glosa aqui debatida seria indevida, na medida em que o recorrente teria cumprido as exigências legais estabelecidas pelo 6º do Decreto 1.435/75, c.c. o estatuído no art. 82, inciso III do RIPI/2002, para o aproveitamento do crédito de IPI na hipótese de produtos isentos oriundos da ZFM1. 14. A divergência aqui externada diz respeito ao conteúdo semântico da expressão "de produção regional". Isso porque, convém lembrar, as matériasprimas em questão são concentrados adquiridos pela recorrente da PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., os quais são fabricados a partir de corante caramelo, que, por sua vez, é fabricado a partir do açúcar de cana, produzido no Estado do Mato Grosso. 1 Segundo dispõe tais prescrições, o contribuinte fará jus ao aludido creditamento na hipótese de o produto adquirido (i) ter sido elaborado por estabelecimentos industriais com projeto aprovado pela SUFRAMA, (ii) ter sido elaborado com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia ou Roraima, e, por fim, (iii) ser empregado como matéria prima, produto intermediário ou material de embalagem, na industrialização, em qualquer ponto do território nacional, de produtos efetivamente sujeitos ao pagamento do IPI. Fl. 2935DF CARF MF 6 15. Assim, segundo a fiscalização, a matériaprima em questão não seria de produção regional, vale dizer, da Amazônia Ocidental (Estados do Amazonas, Acre, Rondônia ou Roraima), diferentemente do que alega a recorrente, para quem a expressão “regional” não se limitaria à "Amazônia Ocidental”, mas se estenderia à “Amazônia Legal”, a qual abrange o Estado do Mato Grosso. 16.Referida questão já foi enfrentada reiteradas vezes por esse colegiado em casos da mesma empresa recorrente, só que por intermédio de diferentes filiais. É o que se observa, v.g., da ementa abaixo transcrita e extraída do acórdão n. 3402002.933, de relatoria da Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/01/2007 a 31/12/2009 ISENÇÃO. IPI. CRÉDITO. AMAZÔNIA OCIDENTAL. No artigo 6º do DecretoLei nº 1.435/75, entendese por "matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional", aquelas produzidas na área da Amazônia Ocidental, tal como definida no art. 1º, § 4º, do DecretoLei n. 291/67 (Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima), não se confundindo com a Amazônia Legal (Lei nº 5.173/66). (...). Recurso Voluntário provido em parte. (grifos nosso). 17. No mesmo sentido foi o acórdão n. 3402002.927, também desta Turma julgadora, de relatoria do Conselheiro Antonio Carlos Atulim, cuja ementa restou assim positivada: Ementa Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Anocalendário: 2008 (...). ISENÇÃO. AMAZÔNIA OCIDENTAL. No art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75, entendese por "matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional", aquelas produzidas na área da Amazônia Ocidental. (...). Recursos voluntário provido em parte. 18. Nesta oportunidade, assim se manifestou o então Relator do caso a respeito desta questão: (...). O contribuinte entende que o objetivo do DecretoLei nº 1.435/75 foi o de fomentar a expansão econômica da região com menor desenvolvimento econômico do país e de propiciar a Fl. 2936DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.934 7 ocupação dessa região. Por tal motivo, o termo "regional" deveria ser entendido como Amazônia Legal. A argumentação do contribuinte é improcedente. Os Decretos Leis nº 288/67 e 1.435/75 estabeleceram um tratamento fiscal privilegiado para industrializar as áreas da Zona Franca de Manaus e da Amazônia Ocidental. A industrialização dessas áreas traria o desenvolvimento econômico e como consequência a ocupação populacional daqueles territórios. Exatamente por essa razão é que o vocábulo "regional" contido no art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75 abrange apenas e tãosomente as matériasprimas vegetais e extrativas produzidas na Amazônia Ocidental. No DecretoLei nº 1.435/75 o vocábulo "regional" só foi empregado uma única vez no art. 6º. Esse mesmo artigo 6º remete o leitor à área definida no § 4º do art. 1º do DecretoLei nº 291/67. O DecretoLei nº 291/67 estabeleceu incentivos para o desenvolvimento da Amazônia Ocidental da Faixa de Fronteiras abrangida pela Amazônia. E o § 4º do art. 1º do DecretoLei nº 291/67, estabelece que a Amazônia Ocidental é constituída pela área abrangida pelos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Tendo em vista que se trata de isenção, deve incidir o comando do art. 111, II, do CTN, que determina que as normas sobre isenção devem ser interpretadas de forma literal. Se o próprio art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75 remete à delimitação de Amazônia Ocidental contida no art. 1º, § 4º, do DecretoLei nº 291/67, não há como sustentar que "regional" se refere à Amazônia Legal. O conceito de Amazônia Legal foi criado apenas para os fins da Lei nº 5.173/66 (que instituiu o plano de valorização econômica da Amazônia) e abrange praticamente a metade do território brasileiro. Tanto que o art. 2º da referida lei já inicia a definição de Amazônia Legal da seguinte forma: "A Amazônia, para os efeitos desta lei, abrange a região compreendida pelos Estados do Acre, Pará e Amazonas, pelos Territórios Federais do Amapá, Roraima e Rondônia, e ainda pelas áreas do Estado de Mato Grosso a norte do paralelo de 16º, do Estado de Goiás a norte do paralelo de 13º e do Estado do Maranhão a oeste do meridiano de 44º. (...)". Quisesse o legislador do DecretoLei nº 1.435/75 se referir à Amazônia Legal, teria remetido o leitor do art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75 à Lei nº 5.173/66 e não ao DecretoLei nº 291/67. A interpretação pretendida pelo contribuinte é inadmissível, não só em face do art. 111, II, do CTN, mas também por não ser crível que ao instituir uma isenção voltada especificamente ao desenvolvimento e à ocupação das áreas mais inóspitas do território nacional, o legislador tenha pretendido incluir no Fl. 2937DF CARF MF 8 incentivo metade do território nacional, onde se localizam Estados como Mato Grosso e Goiás, verdadeiros celeiros da produção nacional de grãos. Assim, é evidente que o termo "regional" contido no art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75 se refere às matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais produzidas na Amazônia Ocidental, tal como definida no art. 1º, § 4º, do DecretoLei nº 291/67 e não na Amazônia Legal, que é um conceito meramente político criado exclusivamente para os fins da Lei nº 5.173/66. Reforça esta interpretação o texto da exposição de motivos do DecretoLei nº 1.435/75, onde se nota claramente que sua edição teve por objetivo corrigir falhas e distorções constatadas nos benefícios concedidos à Zona Franca de Manaus e à Amazônia Ocidental. É evidente que no caso concreto não foi respeitada a condição estabelecida na Resolução CAS nº 356/2002, pois não foram empregados na fabricação do concentrado matériasprimas de produção regional, uma vez que o açúcar que deu origem ao corante caramelo foi produzido no Mato Grosso e não na Amazônia Ocidental, o que justifica a glosa dos créditos no estabelecimento adquirente para o fim de exigência do IPI. Além disso, cabe acrescentar que o açúcar produzido no Estado do Mato Grosso e o próprio corante caramelo não se enquadram no conceito de matériaprima, pois são na verdade produtos intermediários industrializados e não "matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional" referidas no art. 6º do DL nº 1.435/75. A exigência legal é clara no sentido de que os produtos beneficiados pela isenção devam ser produzidos com matérias primas vegetais provenientes de cultivo ou de extrativismo na região da Amazônia Ocidental. A lei não se referiu a produtos intermediários, mesmo que sejam produzidos com matériasprimas extraídas ou cultivadas na região, como parece ser o entendimento da recorrente. Reforça essa interpretação a redação do § 1º do mesmo art. 6º, na parte em que estabelece que os produtos mencionados no caput gerarão crédito ficto do IPI quando forem empregados como matériasprimas, produtos intermediários ou materiais de embalagem na industrialização de produtos tributados. No âmbito do IPI, quando o legislador quer abranger os insumos em geral ele menciona as três espécies (matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem). Sendo assim, se o caput do art. 6º só mencionou "matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional", não há espaço para a interpretação mais alargada pretendida pela recorrente, para o fim de incluir produtos intermediários fabricados na região, ainda que esses produtos intermediários tenham sido produzidos com matériasprimas de origem vegetal. Fl. 2938DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.935 9 Decorre daí que não têm nenhuma valia para a pretensão da recorrente a declaração emitida pela PepsiCola Industrial do Amazonas (fl. 2114/2115); a informação de que a SUFRAMA validou Laudo Técnico de Auditoria Independente, que teria demonstrado a conformidade da fornecedora com os requisitos legais (fls. 372/380), pois a competência para fiscalizar o IPI e as respectivas isenções é da Receita Federal. Também não tem nenhuma valia para o deslinde do caso concreto as disposições da Portaria MDIC/MCT nº 842/2007, pois além desta portaria se referir ao processo produtivo básico estabelecido para produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, o açúcar supostamente produzido no Estado do Mato Grosso e o corante caramelo não podem ser enquadrados como "matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional", mas sim como produtos intermediários industrializados, os quais não atendem ao requisito estabelecido no art. 6º do DL nº 1.435/75. (...). (grifos constante no original) 19. Com base em tais fundamentos e, ainda, conforme disposto no art. 50, §1o da lei no 9.784/99, entendo que não foram cumpridos os requisitos legais para a utilização do crédito de IPI em questão, uma vez que a matériaprima empregada é egressa da Amazônia Legal e não da Amazônia Ocidental, conforme estabelece a legislação. (ii.a.2) Dos créditos sobre os insumos isentos originários da ZFM 20. O outro fundamento empregado pelo contribuinte para justificar a injuridicidade da glosa de créditos de IPI seria a possibilidade de aproveitamento dos créditos na hipótese de aquisições desoneradas com produtos oriundos da ZFM. Referida questão também não é nova para este colegiado, tendo sido muito bem enfrentada pela Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz¸ quando da lavratura do já citado acórdão n. 3402002.933. Naquela oportunidade assim se manifestou a r. Conselheira: (...) A Zona Franca de Manaus, nos termos da Lei n. 3.173/1957, foi criada como um porto franco. Com o advento do Decretolei n. 288/1967, tornouse “área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatôres locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos.” Vêse que se trata de regime jurídico com objetivo desenvolvimentista para o norte do país, muito anterior ao atual texto constitucional. Entretanto, o Artigo 40 Ato das Disposições Constitucionais Transitória (“ADCT”)2 da Constituição de 1988 recepcionou claramente a legislação referente à Zona Franca de Manaus.3 Fl. 2939DF CARF MF 10 Não poderia ter sido outra a opção do constituinte, uma vez que a legislação referente à Zona Franca de Manaus dá efetividade à ideologia nacional desenvolvimentista trazida pelo texto de 1988, que elencou a redução das desigualdades regionais como objetivo fundamental da República (artigo 3º, inciso III)4 e da ordem econômica (artigo 170, inciso VI), 5 tudo na linha iniciada pela Constituição de 1934 (artigo 177) 6 e seguida pela Constituição de 1946 (artigo 199). 7 É neste contexto, de patente zelo constitucional sobre a matéria, que deve ser analisada toda a legislação brasileira atinente ao desenvolvimento da região amazônica, nela incluindose, por óbvio, as leis que implementarem as isenções de IPI para produtos ali fabricados, editadas justamente para cumprir os ditames constitucionais aludidos acima. Afinal, é consabido que o IPI é tributo com nítido caráter extrafiscal (artigo 153, §1º da Constituição), vale dizer, espécie tributária utilizada pela União como instrumento de intervenção sobre o domínio econômico.8 Isto quer dizer que o tributo (IPI) é manejado para que seja alcançado determinado fim (desenvolvimento da região amazônica), pela indução do comportamento dos particulares (instalaremse na região, que, pela sua posição geográfica, tem condições de desenvolvimento muito aquém do necessário). A finalidade do tributo, em casos como este, é preponderantemente extrafiscal, e não fiscal (arrecadatória), fato que deve guiar a interpretação da respectiva lei. Neste contexto é que a discussão sobre o direito ao crédito de IPI, decorrente de produtos oriundos da Zona Franca de Manaus, não se limita à não cumulatividade, como ocorre nos demais casos de isenção, alíquota zero e não incidência do IPI, nos quais é preciso que o tributo seja efetivamente exigido e pago na etapa antecedente da cadeia produtiva para que exista o direito ao crédito. Tal situação já é consolidada pelo STF, bem como sumulada pelo CARF (Súmula 18). Com efeito, a discussão não termina neste ponto, pois os incentivos criados pela Zona Franca de Manaus são benefícios fiscais regionais, que, para que sejam efetivos e alcancem a finalidade para a qual foram constitucionalmente criados, devem ser interpretados de forma diversa. O histórico dos julgamentos do STF a respeito do direito ao crédito de IPI oriundo de operações onde não há cobrança do imposto comprova tal necessidade de separação dos assuntos. Efetivamente, a situação dos créditos de produtos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus vem sendo entendidos como um assunto “especial” no STF, em relação ao não dão direito ao crédito, como firmando na alteração de jurisprudência consolidada nos RE 370.682 e 566.891). A diferenciação entre as duas situações se depreende com nitidez tanto dos esclarecimento do Ministro Marco Aurélio no julgamento do RE 566.819, como do RE n. 592.891, que trata especificamente do crédito de IPI decorrente de produtos munidos de isenção da Zona Franca de Manaus, cuja repercussão geral foi reconhecida Fl. 2940DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.936 11 mesmo depois da consolidação do entendimento do STF sobre o “assunto geral” do crédito de IPI. Este último processo encontrase ainda pendente de julgamento. (...). Pois bem. Destacado meu entendimento pessoal, no sentido de que a única forma de fazer com que os mandamentos constitucionais e legais sobre o desenvolvimento da região amazônica sejam efetivos, e não fictícios, é dando direito ao crédito de IPI relativamente aos produtos de lá advindos, necessário se faz admitir que não é de competência deste Conselho resolver o caso em favor do contribuinte. Explico. A legislação do IPI traz duas situações distintas sobre o direito ao crédito de IPI relativo a produtos da região amazônica, quais sejam: i) o artigo 9º do Decretolei n. 288/67, regulado pelo artigo 69, incisos I e II do RIPI/2002, que concede a isenção porém não traz previsão expressa para o aproveitamento do crédito presumido; ii) o artigo 6º do Decreto n. 1.435/75, regulado pelo artigo 82, inciso III do RIPI/2002, o qual expressamente estabelece o direito ao aproveitamento do crédito de IPI “calculado como se devido fosse” (sob condição de cumprimento de seus requisitos, como discutido no tópico acima). Disso, conjuntamente com todo o arcabouço constitucional traçado nas linhas acima, constatase que o entendimento segundo o qual, mesmo sem previsão expressa da lei sobre o direito ao crédito de IPI relativo ao artigo 9º do Decretolei n. 288/67, ele deve ser concedido, equivale ao julgamento de que a legislação trouxe uma omissão inconstitucional, justamente ao não prever o direito ao crédito. De fato, não só atos comissivos, mas também os omissivos são passíveis de representar afronta ao texto da Constitucional,10 resultando em vício de validade que deve ser corrigido pelo Poder Judiciário via controle de constitucionalidade da lei. Tal faculdade, contudo, não alcança o CARF, que está vedado a se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária (Súmula CARF n. 2). 11 Assim, é a sentença judicial, capaz de constituir direito do contribuinte ao efetuar a interpretação/integração da lei tributária, bem como declarar a inconstitucionalidade da omissão legislativa, que poderá suprir tal deficiência da legislação do IPI. É tal pedido que, no fundo, requer a Recorrente em sua defesa, pautada em questões constitucionais e pragmáticas. (...). 21. Adiro, integralmente, ao voto alhures transcrito, inclusive em relação à ressalva feita pela Conselheira no sentido de entender com válida a manutenção do crédito na hipótese de operações desoneradas com produtos da ZFM, o que não pode ser enfrentado por esse colegiado em razão do que dispõe a Súmula CARF n. 02 e o RICARF. Assim, com base Fl. 2941DF CARF MF 12 no já citado no art. 50, §1o da lei no 9.784/99, me valho de tais fundamentos para também rechaçar os argumentos trazidos pelo contribuinte e aqui enfrentados. (ii.b) Das glosas de partes, peças de máquinas, aparelhos, equipamentos, óleos e lubrificantes destinados à limpeza e assepsia e outros produtos (aditivos, detergentes e sanizante) utilizados para a assepsia, limpeza e tratamento da água 22. Não obstante, outra controvérsia instaurada na presente demanda diz respeito à glosa dos créditos de IPI referentes à aquisição dos seguintes bens: (i) partes, peças de máquinas, aparelhos e equipamentos; (ii) óleos e lubrificantes (destinados à limpeza e assepsia); e, ainda (iii) outros produtos (aditivos, detergentes e sanizante) utilizados para a assepsia, limpeza e tratamento da água. 23. Tal questão também já foi enfrentada por este colegiado em caso da mesma contribuinte. É que o se observa do bem elaborado acórdão n. 3402003.227, da lavra da Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. Naquela oportunidade, por unanimidade de votos, esta turma julgadora afastou as pretensões da recorrente nos seguintes termos: (...). No que concerne às demais glosas, de itens de manutenção e reparação de máquinas (gaxetas, mangueiras, aneis de vedação, selo mecânico, disco separador, retentor, etc.), elas foram efetuadas pela fiscalização pelo fato de os produtos adquiridos não se enquadrarem no conceito de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. Não obstante a técnica da não cumulatividade do IPI tenha amparo no art. 153, §3° da Constituição Federal, esse dispositivo, por si só, não assegura o direito ao crédito do IPI sobre os produtos adquiridos, havendo a necessidade de lei ordinária, regulamento e normas complementares (art. 100 do CTN) que tragam as condições e as formas para que esse crédito possa ser aproveitado pelo contribuinte, conforme já decidido no Acórdão nº 3302002.127 – 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária, j. 22/05/2013, Rel. Gileno Gurjão Barreto. Nesse contexto é que dispõe o art. 226, I do Regulamento do IPI/2010, e dispunha o art. 164, I do RIPI/2002, vigente à época dos fatos geradores, que os estabelecimentos industriais e os que lhe são equiparados podem creditarse do imposto relativo às matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de fabricação, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. Também os Pareceres Normativos CST nº 65/79 e nº 181/74, que são atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas, nos termos do art. 100, I do CTN, auxiliam na determinação do sentido e alcance das normas legais e do regulamento acerca de quais insumos ensejam aproveitamento de créditos do IPI. Com efeito, dispõem o item 11 do Parecer Normativo CST nº 65/79 e o item 13 do Parecer Normativo nº 181/74 que: Fl. 2942DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.937 13 [Parecer Normativo CST nº 65/79] 11 Em resumo, geram o direito ao crédito, alem dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediá7rios, “stricto senso”, material de embalagens), quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação; ou viceversa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, desde que não devam, em face dos princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente. [Parecer Normativo nº 181/1974] (...) 13 Por outro lado, ressalvados os casos de incentivos expressamente previstos em lei, não geram direito ao crédito do imposto os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas equipamentos e ferramentas, mesmo que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização, bem como os produtos empregados na manutenção das instalações, das máquinas e equipamentos, inclusive lubrificantes e combustíveis necessários ao seu acionamento. Entre outros, são produtos dessa natureza: limas, rebolos, lâmina de serra, mandris, brocas, tijolos refratários usados em fornos de fusão de metais, tintas e lubrificantes empregados na manutenção de máquinas e equipamentos etc.” [grifos da Relatora] Assim, em consonância aos dispositivos e atos normativos acima mencionados, o aproveitamento do crédito de IPI relativo aos insumos que não integram o produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata (direta) e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa. De forma que não há como acolher a pretensão da recorrente de ter reconhecido o direito ao crédito do IPI sobre tudo aquilo que contribui para o processo produtivo. Neste mesmo sentido decidiu o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo (REsp nº 1.075.508), cujos termos vincula este colegiado consoante regra referida acima contida no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. O RECURSO ESPECIAL Nº 1.075.508 SC (2008/01532905), representativo de controvérsias, nos termos do artigo 543C do CPC, traz a seguinte ementa: EMENTA PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98. Fl. 2943DF CARF MF 14 1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel.Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditarse do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose ‘aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente’. 3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos ‘que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final’, razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (...). No caso, a recorrente não discorda que os produtos adquiridos para manutenção e reparação não tenham tido contato físico direto, nem sofreram ou exerceram diretamente ação no produto industrializado. No entanto, o desgaste geral das peças e equipamentos, decorrentes de sua utilização normal, e não por ação direta no produto em fabricação, não dá o direito ao creditamento do IPI, conforme se depreende as normas acima transcritas. De outra parte, a glosa não se deu em face de tais bens integrarem o ativo permanente, sendo desnecessária tal comprovação pelo Fisco, como sustentado pela recorrente. (grifos constantes no original, sublinha nossa). 24. No presente caso, há coincidência de parcela dos bens glosados e aqui debatidos em relação àqueles que foram objeto de glosa e análise no sobredito acórdão. Os bens abrangidos pelo sobredito voto são as partes, peças de máquinas, aparelhos e Fl. 2944DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.938 15 equipamentos. Assim, para tais bens indefiro o creditamento nos exatos termos expostos no supracitado decisório, o que também faço nos termos do art. 50, §1o da lei no 9.784/99. 25. Por sua vez, no caso decidendo também houve glosas de outros bens que não foram abordados no acórdão mencionado, quais sejam: (i) óleos e lubrificantes (destinados à limpeza e assepsia); e, ainda (ii) outros produtos (aditivos, detergentes e sanizante) utilizados para a assepsia, limpeza e tratamento da água. Assim, compete analisálos separadamente. 26. A premissa adotada pela fiscalização para a glosa de tais créditos é a mesma referida alhures, i.e., no sentido de que tais óleos e lubrificantes destinados à assepsia e outros produtos destinados ao tratamento da água não configuram produtos intermediários que se consomem no processo produtivo. 27. Pois bem. Para a devida resposta ao caso em comento não se pode perder de vista que o se analisa aqui é um auto de infração decorrente da glosa de créditos de IPI, o que é relevante para a resolução da presente demanda. Isso porque tais créditos foram devidamente registrados nos correlatos documentos fiscais e contábeis desenvolvidos pelo contribuinte, os quais gozam de presunção, ainda que relativa, de veracidade. Logo, para afastar esta presunção, compete ao órgão responsável pela autuação fazer prova que vá ao encontro de suas pretensões fiscais, à medida que é justamente a iniciativa do processo administrativo que determina o ônus probatório, nos termos do que prevê o art. 373 Código de Processo Civil2. Assim já decidiu este colegiado, conforme se observa do seguinte trecho do acórdão n. 3402002.881, da lavra do Conselheiro Antonio Carlos Atulim: É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. 28. Partindo de tais pressupostos e voltandose novamente ao caso, vale frisar que, dentre outras atividades, o contribuinte produz e comercializa cervejas, concentrados, refrigerantes e demais bebidas, bem como alimentos em geral, incluindo composto líquido para consumo, preparado líquido aromatizado, guaraná em pó ou bastão (contrato social fl. 607), o que demanda, para a sua produção, o emprego de óleos e lubrificantes destinados à assepsia de vasilhames e outros recipientes, bem como outros produtos destinados ao tratamento da água empregada no processo de industrialização das bebidas e alimentos por ela 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 2945DF CARF MF 16 fabricados. Nesse sentido, inclusive, é o teor das Portarias SVS/MS da ANVISA registradas sob os n.s 326/97 e 540/97. 29. Para os itens especificadamente aqui tratados, a fiscalização limitouse a glosar os créditos aproveitados apenas com base na fundamentação há pouco exposta e que se enquadra bem para as hipóteses de partes, peças de máquinas, aparelhos e equipamentos que, sabidamente, são componentes de máquinas empregadas no processo industrial e que se desgastam ao longo do tempo como processo natural do uso de tais bens e não em razão do seu consumo no processo de industrialização aqui particularmente tratado. 30. Em outros termos, os itens agora apreciados e correlatos à assepsia e tratamento de água foram glosados pela fiscalização exclusivamente com base nos itens 11 do Parecer Normativo CST nº 65/79 e 13 do Parecer Normativo nº 181/74, ou seja, sem qualquer análise do efetivo processo produtivo desenvolvido pela Recorrente. Por outro giro verbal, a partir dos referidos Pareceres Normativos, a presente autuação promoveu um confronto entre o objeto social da Recorrente e seus registros contábeis a título de créditos de IPI. Tal prática fiscal não é novidade para esse colegiado e já foi aqui rechaçada, nos termos do sobredito acórdão citado e cujo trecho segue abaixo transcrito: (...). Voltando ao caso concreto, a análise dos autos demonstra que a fiscalização efetuou as glosas pautandose na regra geral da experiência do homem médio, que a defesa denominou como presunção hominis. A partir da descrição dos bens e serviços existentes nas planilhas oferecidas pelo contribuinte, o exator confrontou esses bens e serviços com aquilo que o homem médio conhece sobre a atividade de mineração e de produção de alumínio. Conforme ficou assentado na análise da preliminar, este processo versa sobre a determinação e exigência de créditos tributários. Foi o fisco quem se dirigiu ao estabelecimento do contribuinte e disse a ele que determinados itens em relação aos quais ele havia tomado o crédito não eram aptos a gerarem aqueles créditos. E disse também que como os créditos eram indevidos, eles seriam retirados do DACON e, com isso, as diferenças das contribuições que deixaram de ser recolhidas seriam exigidas por meio de lançamentos de ofício, com os consectários inerentes a esse procedimento. Entretanto, para executar esse procedimento a fiscalização está submetida ao que preceitua o art. 142 do CTN e aos arts. 9º e 10 do PAF. Em outras palavras: cabe ao fisco investigar a matéria tributável, declinar a motivação do lançamento e apresentar as provas dos fatos que alegar até o momento da notificação do auto de infração ao contribuinte, quando então encerrase para o fisco a instrução processual. (...). 31. No presente caso, em especial em razão do que dispõe as citadas Portarias ANVISA, quem garante que tais itens glosados não são utilizados para a assepsia dos vasilhames e demais recipientes que receberão as bebidas e alimentos produzidos pela Recorrente, o que, por conseguinte, configuraria uma etapa do processo de industrialização? Quem garante que os itens afetos à água não têm por escopo dar o devido tratamento ao Fl. 2946DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.939 17 referido líquido para que este seja adequadamente utilizado, i.e., segundo as prescrições sanitárias estabelecidas pela ANVISA, para a produção das citadas bebidas e alimentos? 32. No particular caso dos itens aqui tratados, a glosa perpetrada pelo agente fiscal, sem uma verificação in locu do processo produtivo da Recorrente se assemelha a uma missão de fé por parte do agente público, o que, por óbvio, implica a ausência de motivação do ato administrativo em cotejo. 33. Ademais, chancelar este pretenso "método" fiscal de autuação no caso em concreto seria, em última análise, subverter, indevidamente, o ônus legal da prova estabelecido no art. 373 Código de Processo Civil, o que não se pode aqui admitir. 34. Sendo assim, neste tópico em particular dou parcial provimento ao recurso voluntário interposto para reverter as glosas que recaíram sobre os seguintes itens: (i) óleos e lubrificantes (destinados à limpeza e assepsia); e, ainda (ii) outros produtos (aditivos, detergentes e sanizante) utilizados para a assepsia, limpeza e tratamento da água. (ii.c) Das glosas de créditos em operações sujeitas à incidência monofásica do IPI 35. Por fim, a última questaõ debatida no presente caso diz respeito à glosa de créditos registrados na entrada de bebidas prontas para o consumo e que foram recebidas de terceiros e de outros estabelecimentos da própria Recorrente, operações essas sujeitas ao sistema monofásico de apuração e recolhimento dos tributos. 36. Em relação à tal glosa, um dos fundamentos desenvolvidos pelo Recorrente é de que há, no presente caso, um bis in idem em relação à exigência do imposto sobre os produtos recebidos em transferência. E isso porque, embora reconheça a irregularidade do procedimento adotado (creditamento de IPI para operações sujeitas à incidência monofásica do imposto), o contribuinte alega que inexistiu prejuízo ao Fisco, haja vista que o imposto creditado na entrada era debitado na saída com a promoção do recolhimento do tributo. Foi exatamente este o fato que motivou a resolução n. 3402000.767 (fls. 1.094/1.096). 37. Pois bem. Em resposta a tal diligência a recorrente traz aos autos robusto "termo de constatação" elaborado pela KPMG Assessores Ltda. (fls. 1.160/1.180), cujo objeto foi justamente averiguar se a Recorrente debitava ou não o imposto creditado na saída dos produtos autuados no momento de sua alienação a terceiros. 38. Para alcançar as conclusões externadas no aludido "termo de constatação", a citada auditoria analisou inúmeros documentos fiscais do contribuinte para o período fiscalizado, dentre os quais destacamse os controles internos da composição de entradas e saídas dos produtos autuados, o livros registro de entradas, o livro registro de saídas, o livro registro de apuração do IPI e, por fim, o relatório de giro do estoque, os quais foram devidamente acostados aos autos (fls. 1.183/2.926). 39. E, a conclusão alcançada pela citada auditoria, é no sentido de que a recorrente debitou todas as operações sujeitas à incidência monofásica e que foram objeto da fiscalização aqui referida. É o que se observa dos seguintes trechos do trabalho pericial: Fl. 2947DF CARF MF 18 Fl. 2948DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.940 19 (...). Fl. 2949DF CARF MF 20 40. Percebese, portanto, que 100% (cem por cento) dos créditos glosados foram objeto de débito de IPI na operação subsequente, motivo pelo qual manter a glosa tal como lançada no presente tópico implicaria notório bis in idem em relação à exigência do Fl. 2950DF CARF MF Processo nº 10980.729815/201283 Acórdão n.º 3402003.810 S3C4T2 Fl. 2.941 21 imposto sobre os produtos recebidos em transferência, o que justifica a reversão da referida glosa por intermédio do presente voto. Dispositivo 41. Diante do exposto, voto no sentido de prover parcialmente o recurso voluntário interposto para: (i) reverter as glosas referentes aos créditos tomados na aquisição de (a) óleos e lubrificantes (destinados à limpeza e assepsia) e, ainda (b) outros produtos (aditivos, detergentes e sanizante) utilizados para a assepsia, limpeza e tratamento da água; bem como (ii) reverter, integralmente, a glosa dos créditos registrados na entrada de bebidas prontas para o consumo e que foram recebidas de terceiros e de outros estabelecimentos da própria Recorrente. 42. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 2951DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13826.720374/2011-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ATRAVÉS DE AÇÃO JUDICIAL. DEDUÇÃO DE DESPESAS NECESSÁRIAS AO SEU RECEBIMENTO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. A dedução das despesas com ação judicial necessárias ao recebimento da renda está sujeita à comprovação (art. 12 da Lei nº 7.713/1988).
IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Precedentes do STF e do STJ na sistemática dos artigos 543-B e 543-C do CPC.
INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA REFAZER O LANÇAMENTO. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. O lançamento adotou critério jurídico equivocado e dissonante da jurisprudência do STF e do STJ, impactando a identificação da base de cálculo, das alíquotas vigentes e, consequentemente, o cálculo do tributo devido. Não compete ao CARF refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas apenas cancelar a exigência.
INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA RETIFICAR A DIRPF. 1. Não compete ao CARF retificar a declaração do contribuinte.
2. A retificação somente pode ser feita de acordo com as regras e os prazos estabelecidos na legislação tributária.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.466
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, a fim de cancelar o lançamento no tocante à acusação de omissão de rendimentos recebidos acumuladamente.
(Assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(Assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Recorrente MARIA DOMINGAS DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ATRAVÉS DE AÇÃO JUDICIAL. DEDUÇÃO DE DESPESAS NECESSÁRIAS AO SEU RECEBIMENTO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. A dedução das despesas com ação judicial necessárias ao recebimento da renda está sujeita à comprovação (art. 12 da Lei nº 7.713/1988). IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Precedentes do STF e do STJ na sistemática dos artigos 543B e 543C do CPC. INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA REFAZER O LANÇAMENTO. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. O lançamento adotou critério jurídico equivocado e dissonante da jurisprudência do STF e do STJ, impactando a identificação da base de cálculo, das alíquotas vigentes e, consequentemente, o cálculo do tributo devido. Não compete ao CARF refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas apenas cancelar a exigência. INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA RETIFICAR A DIRPF. 1. Não compete ao CARF retificar a declaração do contribuinte. 2. A retificação somente pode ser feita de acordo com as regras e os prazos estabelecidos na legislação tributária. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 82 6. 72 03 74 /2 01 1- 44 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e darlhe parcial provimento, a fim de cancelar o lançamento no tocante à acusação de omissão de rendimentos recebidos acumuladamente. (Assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13826.720374/201144 Acórdão n.º 2402005.466 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 19ª Turma da DRJ/RJ1, cuja ementa e resultado são os seguintes: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase incontroversa a matéria não contestada. RENDIMENTOS OBTIDOS ACUMULADAMENTE. DECISÃO JUDICIAL. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Os rendimentos do trabalho recebidos acumuladamente, até 27 de julho de 2010, estão sujeitos à incidência do imposto de renda, juntamente com os juros e atualização monetária, no mês do recebimento ou crédito, devendo ser informados ainda na declaração de ajuste anual. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Assim, foi mantida integralmente a exigência do crédito tributário constituído através de Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física, no valor total de R$ 9.945,06, decorrente da seguinte acusação: 1. Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica: confrontando o valor dos Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica declarados, com o valor dos rendimentos informados pelas fontes pagadoras em Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF, para o titular e/ou dependentes, constatouse omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$17.544,96, conforme relacionado abaixo: Para julgar improcedente a impugnação, a decisão a quo se sustentou nas seguintes premissas: 1. a defesa deixou de contestar, expressamente, a infração de omissão de rendimentos recebidos da pessoa jurídica Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Assis, no valor tributável de Fl. 88DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 R$1.071,24. Tratase, pois, de matéria não impugnada, pelo que não será objeto de decisão no presente Acórdão; 2. quanto à infração de omissão de rendimentos recebidos da pessoa jurídica Caixa Econômica Federal, no valor tributável de R$16.473,72, a defesa alega que os rendimentos reputados omitidos decorrem de decisão da Justiça Federal em ação movida com vista ao recebimento de benefício previdenciário; 3. deve observar que o artigo 43, I, do CTN, determina que o fato gerador do imposto de renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda e de proventos de qualquer natureza, enquanto o § 2º do artigo 2º do RIR/99 determina que o imposto será devido pelas pessoas físicas à medida que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos; 4. a tributação no momento do recebimento, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, é expressamente determinada pelo artigo 56 do RIR/99, com base no artigo 12 da Lei nº 7.713/98; 5. assim, os rendimentos referentes a anos anteriores, recebidos por força de decisão judicial, devem ser oferecidos à tributação no mês de seu recebimento com incidência sobre a totalidade dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária (regime de caixa); 6. a edição do parecer pela PGFN nº 287/2009 não significa que a Fazenda Nacional tenha incorporado a interpretação de que o regime de caixa não pode ser aplicado na tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente [item 18 – “(...) o presente parecer não implica, em hipótese nenhuma, o reconhecimento da correção da tese adotada pelo STJ.”]; 7. com base no Parecer, foi editado Ato Declaratório PGFN nº1/2009, que autorizou a dispensa de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante (“devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias e a que se referem tais rendimentos, devendo o calculo ser mensal e não global”); 8. por ter o STF modificado entendimento anterior e reconhecido a repercussão geral à matéria nos RE nº 614.406 e nº 614.232, a PGFN exarou o Parecer PGFN/CRJ nº2.331 de 27/10/2010, que suspendeu a AD PGFN nº1, de 2009, voltando a vigência da regra de tributação pelo regime de caixa; 9. o artigo 12A da Lei nº 7.713/88 tratase de um regime especial, pelo qual o imposto é calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento do crédito; Fl. 89DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13826.720374/201144 Acórdão n.º 2402005.466 S2C4T2 Fl. 4 5 10. entretanto, considerando que o ADPGFN nº 1/2009 encontrase suspenso pelo Parecer nº 2.331/2010, e que os valores recebidos acumuladamente antes de 1º de janeiro de 2010 não se submetem ao regime especial do art. 12A da Lei nº 7.713/88, há que se aplicar o regime de caixa do artigo 12. A contribuinte tomou ciência da decisão em 07/04/2014 (fl. 45) e interpôs recurso voluntário em 06/05/2015 (fl. 46), alegando em síntese que: 1. em 2008, recebeu o valor de R$68.480,26, referente a uma ação judicial movida contra o INSS, deduzindo o IRRF no valor de R$ 2.054,41 e honorários advocatícios de R$ 20.544,07; 2. o advogado não emitiu o recibo referente aos honorários; 3. o próprio advogado elaborou a declaração da recorrente, tendo incorrido em erro; 4. obteve rendimentos tributáveis de aposentadoria no valor de R$1.071,24; 5. na DAA original, a contribuinte recolheu R$ 3.881,30; 6. contudo, e conforme elaboração correta da declaração (sem valor fiscal, pois não foi transmitida para a SRFB), o valor efetivamente devido seria de R$2.141,29, havendo, portanto, R$1.740,01 a ser restituído; 7. requer o cancelamento do crédito tributário apurado e a restituição no valor de R$ 1.740,01. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da omissão de rendimentos Conforme se observa na acusação fiscal, a recorrente teria omitido rendimentos (i) recebidos acumuladamente e (ii) oriundos de aposentadoria. No tocante aos rendimentos previdenciários, observase que a contribuinte não negou a existência da citada omissão, tendo se insurgido apenas contra a omissão dos rendimentos recebidos acumuladamente. Nesse particular, argumenta que os valores seriam oriundos de ação judicial e que a diferença não oferecida à tributação corresponderia aos honorários pagos ao advogado, o qual, contudo, não teria oferecido o recibo dos honorários. Argumenta, ainda, que o próprio advogado teria elaborado a sua DAA e que teria incorrido em erro, pois, se fosse apresentada a declaração correta, ela teria imposto a restituir. Ocorre, contudo, que a contribuinte não comprovou, através de recibo ou de nota fiscal, ter efetivamente pago a quantia mencionada a título de honorários advocatícios, não tendo se desincumbido de seu ônus probatório, ex vi do art. 15 do Decreto nº 70.235/1972 e do art. 12 da Lei 7713/1988, este último vigente à época do fato gerador. Entretanto, há circunstância jurídica de grande relevo para o caso em questão. O § 2º do art. 62 do RICARF estabelece que as decisões de mérito proferidas pelo STF e pelo STJ na sistemática dos arts. 543B e 543C do CPC deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Até pelo uso do verbo (deverão), vêse que se trata de norma cogente, de aplicação obrigatória por parte deste Conselho. É sabido, ademais, que a tradição jurídica brasileira adotou a tese da nulidade absoluta do ato inconstitucional. Isto é, prevalece o entendimento segundo o qual são absolutamente nulos os atos normativos contrários à lei fundamental, pois tais atos são repudiados pela necessidade de se preservar o princípio da supremacia da Constituição e, consequentemente, a unidade da ordem jurídica nacional. Tomandose de empréstimo a assertiva do Min. Celso de Mello (STF, ADI 652), "esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras inscritas na Carta Política, sob pena de sua ineficácia e de sua completa inaplicabilidade". Daí porque, nas palavras do citado Ministro: Fl. 91DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13826.720374/201144 Acórdão n.º 2402005.466 S2C4T2 Fl. 5 7 – Atos inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em conseqüência, de qualquer carga de eficácia jurídica. – A declaração de inconstitucionalidade de uma lei alcança, inclusive, os atos pretéritos com base nela praticados, eis que o reconhecimento desse supremo vício jurídico, que inquina de total nulidade os atos emanados do Poder Público, desampara as situações constituídas sob sua égide e inibe – ante a sua inaptidão para produzir efeitos jurídicos válidos – a possibilidade de invocação de qualquer direito. – A declaração de inconstitucionalidade em tese encerra um juízo de exclusão, que, fundado numa competência de rejeição deferida ao Supremo Tribunal Federal, consiste em remover do ordenamento positivo a manifestação estatal inválida e desconforme ao modelo plasmado na Carta Política, com todas as conseqüências daí decorrentes, inclusive a plena restauração de eficácia da lei e das normas afetadas pelo ato declarado inconstitucional. Esse poder excepcional – que extrai a sua autoridade da própria Carta Política – converte o Supremo Tribunal Federal em verdadeiro legislador negativo. (destacouse) Nessa toada, considerandose a nulidade absoluta do ato inconstitucional, e considerandose que a declaração de inconstitucionalidade alcança atos pretéritos praticados com base na lei destituída de carga de eficácia jurídica, devese conhecer de ofício da matéria que se passa a analisar e julgar logo abaixo. No caso concreto, vêse que os rendimentos cuja omissão foi apurada pela fiscalização são atinentes a uma ação judicial movida perante a Justiça Federal. Os valores a ela atinentes são de anoscalendário pretéritos e foram pagos de forma acumulada, tendo a DRJ entendido que os rendimentos recebidos acumuladamente estão sujeito à incidência do imposto no mês do recebimento ou crédito. Essa matéria, reiteradamente debatida no Judiciário e neste Conselho, foi solucionada definitivamente pelo STF por ocasião do julgamento do RE 614.406, com repercussão geral e trânsito em julgado, Rel. Min. Rosa Weber, tema 368, redigido nos seguintes termos: Tema 368 Incidência do imposto de renda de pessoa física sobre rendimentos percebidos acumuladamente. Como se vê, o citado tema trata exatamente da incidência do IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, hipótese esta idêntica a dos autos, na qual os rendimentos acumuladamente percebidos pela recorrente foram objeto de lançamento de ofício que se baseou na premissa de que eles deveriam ser tributados no mês do seu recebimento (regime de caixa), e não de acordo com a época em que eles deveriam ter sido efetivamente pagos (regime de competência). Naquele recurso extraordinário, com trânsito em julgado em 09/12/2014, a Suprema Corte manteve o acórdão do TRF4, que decidiu pela inconstitucionalidade, sem redução de texto, da regra do art. 12 da Lei nº 7.713/88, no tocante aos rendimentos recebidos Fl. 92DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 acumuladamente decorrentes de remuneração, vantagem pecuniária, proventos e benefícios previdenciários, mormente para afastar o regime de caixa e determinar a incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor (regime de competência). Foi seguida a divergência aberta pelo Min. Marco Aurélio, para quem os contribuintes, em casos idênticos aos dos autos, são penalizados duplamente, pois, não recebendo as parcelas nas épocas devidas, são compelidos a ingressar em Juízo e ainda sofrem a junção dos valores para efeito de incidência do imposto, o que viola o princípio da isonomia. Mais ainda, e considerando que o imposto de renda tem como fato gerador a disponibilidade econômica ou jurídica, não se poderia, na visão do citado Min., desconsiderar o fenômeno das épocas próprias, reveladas pela disponibilidade jurídica. A título de ilustração, segue a ementa do julgado: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27 112014) A análise do tema, da ementa e do acórdão do recurso extraordinário demonstram que o caso julgado sob o regime da repercussão geral é idêntico ao dos autos. Mas não é só, pois a Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.118.429∕SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), sob a sistemática de que trata o art. 543C do CPC, já havia decidido que "o imposto de renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente." Segue a ementa do decisum: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art.543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. (REsp 1118429/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2010, DJe 14/05/2010) Cumpre observar que o regime jurídico instituído pela Lei nº 12.350/2010, conversão da Medida Provisória nº 497/2010, que acrescentou o art. 12A à Lei 7.713/1988, Fl. 93DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13826.720374/201144 Acórdão n.º 2402005.466 S2C4T2 Fl. 6 9 não é aplicável ao presente lançamento, pois aplicável apenas aos rendimentos recebidos nos anoscalendário 2010 e seguintes. Vejase: Art. 12A. [...]. § 7o Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1o de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória no 497, de 27 de julho de 2010, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. Em sendo assim, deve ser aplicado o art. 62, §2o, do RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 343/2015, segundo o qual as decisões definitivas de mérito do STF e do STJ, na sistemática dos artigos 543B e 543C do CPC, devem ser reproduzidas pelas suas Turmas. Noutro giro verbal, o imposto deve ser apurado com base nas tabelas e nas alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, e não no mês do seu recebimento. Ocorre que o lançamento em apreço, ao determinar a tributação do imposto de renda no mês do recebimento, adotou critério jurídico totalmente equivocado e dissonante da jurisprudência do STF e do STJ. Esse critério equivocado impactou a identificação da base de cálculo e das alíquotas vigentes, impactando, por conseguinte, o cálculo do tributo devido, ex vi do art. 142 do CTN. A adoção do regime de competência, em substituição ao regime de caixa, poderia inclusive colocar os rendimentos numa faixa de isenção do imposto, ou, ainda, numa faixa de tributação menos onerosa ao recorrente. Não pode passar despercebido, também, o fato de que a distribuição dos valores mês a mês certamente atingiria exercícios pretéritos ao exercício objeto do recurso, o que demonstra que seria necessário outro lançamento de ofício, e não mera retificação do lançamento anteriormente efetuado. Cumpre lembrar que lançamento é justamente o procedimento administrativo (ou ato administrativo) tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível, na dicção do art. 142 do CTN. No caso, repitase, houve incorreta identificação da base de cálculo, da alíquota e, por consequência, do montante do tributo devido. Nesse contexto, e como não compete a este Conselho refazer o lançamento com base em outros critérios jurídicos, mormente porque tal procedimento é da competência privativa da autoridade administrativa, deve ser cancelada a exigência. Em caso análogo, assim se decidiu: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2010 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. Em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente recebidos por força de ação judicial, embora a incidência ocorra no mês do pagamento, Fl. 94DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 o cálculo do imposto deverá considerar os meses a que se referem os rendimentos. Precedentes do STJ e Julgado do STJ sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil de aplicação obrigatória nos julgamentos do CARF por força do art. 62A do Regimento Interno. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidá lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas tão somente afastar a exigência indevida. Recurso Voluntário Provido. (Número do Processo 13002.720640/201122, RECURSO VOLUNTÁRIO, Sessão de 11 de março de 2015, Relator(a) Marcelo Vasconcelos de Almeida, Acórdão nº 2802003.359) 3 Da restituição A recorrente argumenta que teria valor a ser restituído, pois, conforme simulação correta da sua declaração de ajuste, o valor efetivamente devido seria de R$2.141,29, e não de R$ 3.881,30, como originariamente pago, havendo, portanto, R$1.740,01 de restituição. Entretanto, e como dito acima, a recorrente não comprovou o montante pago a título de honorários advocatícios, não servindo a declaração unilateral de fl. 49, elaborada pela própria parte, como comprovante de pagamento. Sendo assim, não está correta a simulação da declaração retificadora juntada ao recurso, devendo ser indeferido o pedido de restituição. Ademais, e como a própria recorrente admite, para ser deferida a restituição, seria necessário retificar a sua declaração de ajuste anual, o que foge da competência deste Conselho. Com efeito, e conforme preleciona o art. 64 da Lei nº 9.784/1999, que regulamenta o processo administrativo federal, "o órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência". Tendo competência apenas para confirmar, modificar, anular ou revogar a decisão recorrida, é evidente que este Conselho não tem competência para retificar a declaração de rendimentos da parte. Em segundo lugar, e nos termos da legislação retro mencionada, eventuais erros ou omissões verificados na DAA devem ser retificados pelo contribuinte, o que exclui a possibilidade de retificação pela autoridade julgadora. Por tais razões, negase provimento ao recurso neste ponto. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13826.720374/201144 Acórdão n.º 2402005.466 S2C4T2 Fl. 7 11 4 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, a fim de cancelar o lançamento no tocante à acusação de omissão de rendimentos recebidos acumuladamente. (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 96DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 4/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 02/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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