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Numero do processo: 13888.904202/2009-82
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/06/2004
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.069
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente CRISTINA APARECIDA FREDERICH & CIA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/06/2004 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 42 02 /2 00 9- 82 Fl. 272DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904202/200982 Acórdão n.º 9303004.069 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3303002.490, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 273DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904202/200982 Acórdão n.º 9303004.069 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904202/200982 Acórdão n.º 9303004.069 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 275DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904202/200982 Acórdão n.º 9303004.069 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 276DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904202/200982 Acórdão n.º 9303004.069 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904202/200982 Acórdão n.º 9303004.069 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904202/200982 Acórdão n.º 9303004.069 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 279DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10580.721788/2015-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. PROVA DOCUMENTAL. SÚMULA CARF Nº 63
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63).
A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos.
Numero da decisão: 2202-003.544
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. PROVA DOCUMENTAL. SÚMULA CARF Nº 63 Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 17 88 /2 01 5- 56 Fl. 91DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.721788/201556 Acórdão n.º 2202003.544 S2C2T2 Fl. 92 2 Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento em virtude de uma omissão de rendimentos do trabalho recebidos pela pessoa física acima identificada, no valor total de R$ 271.507,42, referente à fonte pagadora Ministério Público do Estado da Bahia, CNPJ 04.142.191/000166, no anocalendário de 2011, resultando em uma exigência de imposto de renda suplementar de R$ 14.747,85, incluídos multa de ofício e juros de mora. A contribuinte apresentou a impugnação de fls. 03/08, acompanhada dos documentos de fls. 09/48, alegando, em síntese, que os rendimentos considerados como omitidos são isentos, por se tratar de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão recebidos por portador de moléstia grave (cardiopatia grave). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP) julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO COM VÍNCULO E/OU SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO. MOLÉSTIA GRAVE. RENDIMENTOS OMITIDOS DE PROVENTOS, REFORMA, APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE DE ISENÇÃO Os aposentados, reformados e ainda os pensionistas portadores de doenças graves são isentos do Imposto de Renda desde que se enquadrem cumulativamente nas seguintes situações: a) Os rendimentos sejam relativos à aposentadoria/reforma/pensão, incluindo a complementação recebida de entidade privada; e b) Seja portador de uma das doenças relacionadas em lei, e que a doença seja comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A conclusão da DRJ foi no seguinte sentido: No caso concreto, compulsandose a documentação apresentada pelo impugnante e acostada aos autos, observase que às fls.24 consta laudo médico emitido pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, datado de 22/01/2013, que atesta ser o contribuinte portador de cardiopatia grave, CIDs I10 e I25, e diabetes mellitus, CID 10 E14, iniciada em 21/03/2005. Contudo, às fls.25, consta laudo médico emitido por junta médica do Governo do Estado da Bahia, datado de 18/12/2013, Fl. 92DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.721788/201556 Acórdão n.º 2202003.544 S2C2T2 Fl. 93 3 que afasta a conclusão do supracitado laudo médico de 22/01/2013, nos seguintes termos: LAUDO MÉDICO PERICIAL NEGADO Nº 1260/2013 A Junta Médica, após exames clínicos procedidos na data de 18/12/2013 na pessoa da Sra Helena Nascimento, CPF nº 031.069.18500, cadastro nº 146.042, declara que a inspecionada NÃO É PORTADORA de patologia especificada pelo Art.1º da Lei 11.052/2004 em atividade no momento. Cumpre observar que o impugnante apresenta, às fls.14/23, laudos médicos e exames realizados por serviços médicos particulares, nenhum dos quais atende a condição legal de ser um laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Da mesma forma, a manifestação feita pela Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Bahia, às fls.31, também não se configura como um laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios Assim, o último laudo pericial emitido por serviço médico oficial trazido aos autos, às fls.25, explicitamente informa que o contribuinte NÃO É PORTADOR de patologia especificada pelo art.1º da Lei 11.052/2004, razão pela qual não foi atendido o requisito legal previsto no art.30, da Lei n° 9.250, de 1995. Cientificado dessa decisão em 09/09/2015, por via postal (A.R. de fl. 76), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 07/10/2015 (fls. 78 a 87), apresentando novos documentos, dentre os quais o laudo médico de fl. 87. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria, pensão ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...] Fl. 93DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.721788/201556 Acórdão n.º 2202003.544 S2C2T2 Fl. 94 4 XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (destaquei) A Súmula CARF Nº 63 assim dispõe sobre as condições para gozo da isenção do imposto de renda: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. O Contribuinte apresentou, em sede de recurso voluntário, o laudo oficial de fl. 87, emitido pelo Médico Perito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, no qual a paciente está classificada como portadora de cardiopatia grave desde 21/03/2005. Reconheço que o Decreto 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação posterior de provas, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16, porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte ou integralmente a pretensão fiscal, bem como se prestam a corroborar alegações suscitadas desde o início do processo. Nesse sentido os seguintes acórdãos da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: 9202002.587, 920201.633, 920202.162 e 920201.914. Observase pelos documentos de fls. 26/27 que a Contribuinte é aposentada desde agosto de 1994. Os rendimentos considerados como omitidos pela Fiscalização referem se a proventos de aposentadoria recebidos da fonte pagadora Ministério Público do Estado da Bahia, no anocalendário de 2011. Dessa forma, estando atendidas as condições legais, a Contribuinte faz jus à isenção do imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria, no anocalendário de 2011. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 94DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.721788/201556 Acórdão n.º 2202003.544 S2C2T2 Fl. 95 5 Fl. 95DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10980.725202/2013-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
RENDIMENTO SUBMETIDO AO AJUSTE ANUAL. RETENÇÃO INDEVIDA PELA FONTE PAGADORA. RESTITUIÇÃO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA.
Admite-se a restituição de valores recolhidos, solicitados mediante pedido de restituição e não por meio de declaração retificadora, quando os valores são reconhecidamente indevidos.
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. PROVA DOCUMENTAL. SÚMULA CARF Nº 63
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63).
A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos.
Numero da decisão: 2202-003.500
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2031; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 62 1 61 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.725202/201358 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.500 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 16 de agosto de 2016 Matéria IRPF moléstia grave Recorrente GLEUSA DA FONSECA CAMPOLIM Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 RENDIMENTO SUBMETIDO AO AJUSTE ANUAL. RETENÇÃO INDEVIDA PELA FONTE PAGADORA. RESTITUIÇÃO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. Admitese a restituição de valores recolhidos, solicitados mediante pedido de restituição e não por meio de declaração retificadora, quando os valores são reconhecidamente indevidos. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. PROVA DOCUMENTAL. SÚMULA CARF Nº 63 Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 52 02 /2 01 3- 58 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10980.725202/201358 Acórdão n.º 2202003.500 S2C2T2 Fl. 63 2 Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório Trata o presente processo de pedido de restituição do imposto de renda incidente sobre os proventos de aposentadoria relativos ao anocalendário de 2012, auferidos a partir de 11/2012, sob a alegação do Contribuinte de que era portador de moléstia grave (cardiopatia grave) desde então. A unidade de origem indeferiu o pedido alegando que o contribuinte não se utilizou dos meios próprios para solicitar a restituição, os quais seriam a DIRPF retificadora para os valores retidos na fonte e PER/DCOMP para eventuais quotas pagas em DARF, conforme IN RFB nº 1.300/2012. O contribuinte manifestou sua inconformidade às fls. 23/24, requerendo a isenção de seus rendimentos e a restituição do imposto retido na fonte e/ou pago a maior que o devido, por ser portadora de cardiopatia grave a partir de 21/11/2012. Alegou, ainda, que não foram devidamente especificados no Despacho Decisório quais procedimentos teriam sido desrespeitados nos termos da IN RFB 1300/2012. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (RS) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 ESTATUTO DO IDOSO. PRIORIDADE NO JULGAMENTO Constatandose que o contribuinte tenha mais de 60 anos, concedese a ele o direito assegurado no artigo 71 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso) que assegura prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. Somente são isentos os proventos de aposentadoria ou reforma, por moléstia grave, reconhecida por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Manifestação de Inconformidade Improcedente A conclusão da DRJ foi no seguinte sentido: Fl. 63DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10980.725202/201358 Acórdão n.º 2202003.500 S2C2T2 Fl. 64 3 Consta à fl. 06, dos autos, o laudo médico pericial de isenção de imposto de renda nº 211/2013 emitido pela Diretoria de Previdência Perícia Médica da Paraná Previdência declarando que a interessada é portadora de cardiopatia grave desde 21/11/2012. Como se vê o laudo pericial não foi emitido nos termos dos dispositivos legais acima transcritos, ou seja, não de se trata de laudo emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Município. Portanto, não faz jus a interessada a alegada isenção de seus rendimentos. No que diz respeito a Instrução Normativa SRF nº 1.300 de 20/11/2012, esclareçase que a mesma explicita os meios a serem utilizados para solicitação de restituição de impostos, conforme especificados no item 3. do Despacho Decisório em fl. 17. Assim, as quotas de imposto de renda (código 0211) por ventura recolhidas a maior devem ser requeridas mediante a utilização do programa de Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP). Cientificado dessa decisão em 30/01/2014, por via postal (A.R. de fl. 47), o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 28/02/2014 (fls. 49 a 56), no qual alega que o laudo pericial foi expedido por órgão oficial do Estado do Paraná (Paraná Previdência). Afirma que o próprio Conselho de Contribuintes já reconheceu isso por ocasião da decisão no julgamento do recurso nº 151.464 (Processo nº 10950.001076/200328). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...] XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Fl. 64DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10980.725202/201358 Acórdão n.º 2202003.500 S2C2T2 Fl. 65 4 Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (destaquei) A Súmula CARF Nº 63 assim dispõe sobre as condições para gozo da isenção do imposto de renda: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. O Contribuinte apresentou um extrato de conclusão médico pericial, emitido pela fonte pagadora Paraná Previdência fl. 6, assinado pelo Médico Perito Supervisor, no qual se conclui que a beneficiária é portadora de cardiopatia grave a partir de 21/11/2012. No ofício de fl. 5, a Coordenadoria de Manutenção de Benefícios da Diretoria de Previdência da Paraná Previdência informa que a partir de maio/2013 a beneficiária ficou isenta da retenção de imposto de renda. A Paraná Previdência é um órgão oficial da Secretaria da Administração e da Previdência do Estado do Paraná e é fonte pagadora da Contribuinte. Seria até contraditório aceitar que a fonte pagadora Paraná Previdência estivesse apta a deixar de efetuar a retenção na fonte do imposto de renda sobre os rendimentos pagos à beneficiária, com base em um laudo emitido por aquele órgão, e não se acatar a isenção retroativa fundamentada nesse mesmo laudo. Quanto ao fato de o Contribuinte não ter utilizado os meios próprios para solicitar a restituição, tenho acompanhado o entendimento desta Turma de Julgamento no sentido de que não se deve negar a restituição de valores reconhecidamente indevidos apenas pelo fato de o Contribuinte não ter se utilizado do procedimento próprio. Esse entendimento foi manifestado no Acórdão nº 2202003.279, de 10/03/2016, Relatora Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio, o qual foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 RENDIMENTO SUBMETIDO AO AJUSTE ANUAL. RETENÇÃO INDEVIDA PELA FONTE PAGADORA. RESTITUIÇÃO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. Não deve ser negada a restituição de valores reconhecidos como indevidos pela própria autoridade julgadora por não ter a contribuinte se utilizado do procedimento próprio. Os valores indevidamente recolhidos devem ser restituídos, ainda que solicitados mediante pedido de restituição e não por meio de declaração retificadora. (destaquei) Fl. 65DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10980.725202/201358 Acórdão n.º 2202003.500 S2C2T2 Fl. 66 5 Transcrevo abaixo trecho da fundamentação do voto da ilustre Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio: Dessa forma, a matéria controvertida nos presentes autos não se refere ao direito creditório, mas, se esse direito, mesmo quando requerido no prazo previsto no artigo 168 do Código Tributário Nacional, pode ser negado por não ter o contribuinte utilizado do procedimento adequado. Entendo que não. Isso porque os procedimentos utilizados pela administração pública para organizar a fiscalização e arrecadação dos tributos não podem interferir no conteúdo do direito. Assim, uma vez reconhecido o direito ao crédito, ainda que o contribuinte não possa mais pleiteálo por meio do procedimento adequado, há que se reconhecer o direito a devolução dos valores indevidamente recolhidos. Nesse sentido, importante mencionar o Parecer Normativo Cosit nº 8 de 03 de setembro de 2014, que assim dispõe: "As declarações entregues para comunicar a existência de crédito tributário, representando confissão de dívida nos termos do §1º do art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, tais como DCTF, DIRPF, DITR e GFIP, podem ser retificadas espontaneamente pelo sujeito passivo, com espeque no art. 18 da Medida Provisória nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001, atendidos os limites temporais estabelecidos em normas específicas (§ 2º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010 – DCTF, art. 5º da IN RFB nº 958, de 15 de julho de 2009 – DIRPF e DITR; art. 463 da IN RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009 – GFIP), respeitado o prazo de cinco anos para retificação (conforme Parecer Cosit nº 48, de 07 de julho de 1999). Não mais sendo possível retificação por iniciativa do sujeito passivo, esta poderá ser realizada de ofício pela autoridade administrativa da unidade local de jurisdição para reduzir os débitos a serem encaminhados ao órgão da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa, haja vista orientação contida na Portaria Conjunta SRF/PGFN nº 1, de 1999, antes referida. Nos termos desta portaria, mesmo após a inscrição do débito em dívida ativa, e ainda que iniciada a execução fiscal, a retificação de ofício poderá ser efetuada se comprovado o erro de fato no preenchimento da declaração A administração pública deve se pautar pela legalidade, autotutela e eficiência. Sendo assim, em nome desses postulados, não deve ser negada a restituição de valores reconhecidamente indevidos por não ter a contribuinte se utilizado do procedimento próprio. Não faz qualquer sentido impor ao contribuinte o ajuizamento da ação anulatória prevista no artigo 169 do Código Tributário Nacional, quando a própria Fl. 66DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10980.725202/201358 Acórdão n.º 2202003.500 S2C2T2 Fl. 67 6 administração pública reconhece a legitimidade do crédito tributário por ela pleiteado. (grifos do voto transcrito) Dessa forma, entendo que se encontram atendidas as condições para a isenção do imposto de renda da Contribuinte, a qual faz jus à restituição dos valores do imposto retido e/ou pago sobre os proventos de aposentadoria do anocalendário 2012, a partir de 11/2012. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 67DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10711.724522/2011-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 22/12/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-003.483
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 22/12/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo, no que for relevante, o relatório da decisão de piso proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 45 22 /2 01 1- 07 Fl. 111DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.724522/201107 Acórdão n.º 3302003.483 S3C3T2 Fl. 3 2 O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação Antes de adentrar na descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a autoridade lançadora fez longa explanação acerca do comércio marítimo internacional, na qual esclarece quem são os intervenientes nessa atividade, a documentação utilizada, as informações a serem prestadas e seus respectivos prazos e a sistemática de utilização delas. Foram apresentados tópicos específicos sobre a obrigatoriedade de prestar informação pelo transportador e sobre a importância, para o controle aduaneiro, de os dados exigidos serem prestados correta e tempestivamente. A fiscalização expôs detalhadamente quais as informações que devem ser prestadas e os respectivos prazos estabelecidos na legislação regente. Em seguida apresentou dispositivo legal que trata da denúncia espontânea esclarecendo que, depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior, esse instituto não é mais aplicável para infrações imputadas ao transportador, por força de expressa disposição do Regulamento Aduaneiro (art. 683, § 3°). Foi também comentado sobre os danos causados ao controle aduaneiro pelo descumprimento das normas referentes à prestação de informações pelos intervenientes no transporte internacional de cargas. Na sequência, a fiscalização discorreu sobre o tipo de infração verificada, inclusive no tocante a sua penalização. Depois, passou a demonstrar a irregularidade apurada que, de acordo com o relatado no tópico Dos Fatos, consistiu na prestação de informação intempestiva referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali identificado. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no parágrafo único, inciso II, do art. 50 da Instrução Normativa RFB n° 800, de 27/12/2007. Assim, a fiscalização considerou caracterizada a infração tipificada no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, e aplicou a multa ali prescrita, que entende ser cabível para cada CE incluído ou retificado após o prazo para prestar informações. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação e, apresentou impugnação na qual aduz os seguintes argumentos. Inobservância do art. 50 da IN RFB 800/2007. Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional. Duplicidade de multa para o mesmo navio/viagem. O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma Fl. 112DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.724522/201107 Acórdão n.º 3302003.483 S3C3T2 Fl. 4 3 embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento. A Turma Julgadora "a quo", por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo integralmente o crédito constituído. Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, reproduzindo os mesmos argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.395, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10711.006561/201030, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.395): 1. Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 2. Preliminar 2.1 Duplicidade: Cobrança de múltiplas multas decorrente do mesmo fato gerador Em síntese apartada, alega a Recorrente que" O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados em seu recurso voluntário, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/20081." 1 Trecho destacada no voto: Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque de uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumpri a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.724522/201107 Acórdão n.º 3302003.483 S3C3T2 Fl. 5 4 Em relação ao primeiro ponto suscitado pela Recorrente, na parte em que ela afirma ser impossível existir mais de uma penalidade para o mesmo fato, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu da seguinte forma: "No caso sob análise não houve uma infração. Examinandose as ocorrências citadas pela fiscalização, verificase que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos. Sendo assim, não se pode afirmar sequer que as infrações são idênticas, uma vez que são diferente seus objetos materiais." Já em relação ao segundo ponto (aplicação da solução de consulta interna Cosit nº 8/2008), a fiscalização justificou seu afastamento com base nos seguintes argumentos. "Todavia, esse entendimento não é aplicável ao caso sob exame. As informações cujos atrasos na prestação deram ensejo ao lançamento são referentes a importação de mercadorias, enquanto a citada decisão soluciona consulta relativa à exportação. Cada um desses tipos de operações envolve peculiaridades próprias, especialmente no tocante ao controle administrativo, as quais se refletem na legislação regente e não podem ser desprezadas. O caso ora apreciado diz respeito à importação de cargas consolidadas, as quais são acobertadas por documentação própria, cujos dados devem ser informados de forma individualizada para a geração dos correspondentes conhecimentos eletrônicos (CE). Esses registros devem representar fielmente as correspondentes mercadorias, a fim de possibilitar à Aduana definir previamente o tratamento a ser adotado a cada caso, de forma a racionalizar procedimentos e agilizar o despacho aduaneiro. Nesses casos, não é viável estender a conclusão trazida na citada SCI, conforme se passa a demonstrar. Pois bem. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, fato é que não houve comprovação da existência de duplicidade de cobrança por parte da fiscalização, tampouco argumentos capazes de infirmar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou " que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos". Sequer um demonstrativo analítico, com os registros relativos as operações tratadas em cada processo apontado no recurso foram produzidas pela Recorrente, em total desrespeito ao artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou inexplicavelmente de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte, restando, assim, prejudicado a análise dos demais argumentos por ela suscitado. Fl. 114DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.724522/201107 Acórdão n.º 3302003.483 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Mérito 3.1. Ilegalidade do Auto de Infração O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que "Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional". Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, que assim disciplina: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Fl. 115DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.724522/201107 Acórdão n.º 3302003.483 S3C3T2 Fl. 7 6 § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007, assim dispõem: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § 1o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2º As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.724522/201107 Acórdão n.º 3302003.483 S3C3T2 Fl. 8 7 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4º O prazo previsto no inciso I do caput reduzse a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 5º Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 6º Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1º de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.724522/201107 Acórdão n.º 3302003.483 S3C3T2 Fl. 9 8 Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destacase que o artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2º, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, arguindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar distorce conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3º, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." 2 Art. 2o Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: § 1o Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: IV o transportador classificase em: e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; Fl. 118DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.724522/201107 Acórdão n.º 3302003.483 S3C3T2 Fl. 10 9 Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito. Por todo exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeitase a preliminar de nulidade e, no mérito, negase provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Fl. 119DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720823/2014-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. REGISTRO DE CUSTOS. PROPORCIONALIDADE COM A RECEITA.
De acordo com as normas de regência, na atividade de incorporação imobiliária o registro dos custos deve ocorrer proporcionalmente à receita recebida. Entretanto, a ausência de receita não deve implicar necessariamente na desconsideração dos custos incorridos, sem que seja demonstrada documentalmente o descumprimento à proporcionalidade.
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. REGISTRO DE CUSTOS. PROPORCIONALIDADE COM A RECEITA NÃO COMPROVADA. LUCRO ARBITRADO.
A ausência de comprovação dos custos incorridos em volume significativo justifica o arbitramento do lucro. Entretanto, se a acusação fiscal dirige-se ao registro dos custos na atividade de incorporação imobiliária sem obedecer à proporcionalidade com a receita auferida, caberia a apuração de eventual postergação, mas não a desconsideração da escrituração da pessoa jurídica.
Numero da decisão: 1402-002.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins e não conhecer do recurso de ofício por perda de objeto.
ASSINADO DIGITALMENTE
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010 INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. REGISTRO DE CUSTOS. PROPORCIONALIDADE COM A RECEITA. De acordo com as normas de regência, na atividade de incorporação imobiliária o registro dos custos deve ocorrer proporcionalmente à receita recebida. Entretanto, a ausência de receita não deve implicar necessariamente na desconsideração dos custos incorridos, sem que seja demonstrada documentalmente o descumprimento à proporcionalidade. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. REGISTRO DE CUSTOS. PROPORCIONALIDADE COM A RECEITA NÃO COMPROVADA. LUCRO ARBITRADO. A ausência de comprovação dos custos incorridos em volume significativo justifica o arbitramento do lucro. Entretanto, se a acusação fiscal dirige-se ao registro dos custos na atividade de incorporação imobiliária sem obedecer à proporcionalidade com a receita auferida, caberia a apuração de eventual postergação, mas não a desconsideração da escrituração da pessoa jurídica.
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REGISTRO DE CUSTOS. PROPORCIONALIDADE COM A RECEITA. De acordo com as normas de regência, na atividade de incorporação imobiliária o registro dos custos deve ocorrer proporcionalmente à receita recebida. Entretanto, a ausência de receita não deve implicar necessariamente na desconsideração dos custos incorridos, sem que seja demonstrada documentalmente o descumprimento à proporcionalidade. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. REGISTRO DE CUSTOS. PROPORCIONALIDADE COM A RECEITA NÃO COMPROVADA. LUCRO ARBITRADO. A ausência de comprovação dos custos incorridos em volume significativo justifica o arbitramento do lucro. Entretanto, se a acusação fiscal dirigese ao registro dos custos na atividade de incorporação imobiliária sem obedecer à proporcionalidade com a receita auferida, caberia a apuração de eventual postergação, mas não a desconsideração da escrituração da pessoa jurídica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins e não conhecer do recurso de ofício por perda de objeto. ASSINADO DIGITALMENTE Leonardo de Andrade Couto– Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 08 23 /2 01 4- 97 Fl. 2666DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 2667DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.720823/201497 Acórdão n.º 1402002.344 S1C4T2 Fl. 2.666 3 Relatório Trata o presente de auto de infração para cobrança do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins referentes ao anocalendário de 2010 no montante de R$ 25.532.209,56; R$ 6.534.214,30; R$ 18.941.779,86 e R$ 4.104.052,32; respectivamente, aí incluídos multa de ofício aplicada no percentual de 75% ou 150% de acordo com a infração, e juros de mora. De acordo com o Termo de Constatação Fiscal, a interessada teria praticado irregularidades que comprometeram a apuração dos custos nos empreendimentos imobiliários que executou, o que implicou na desconsideração desses custos e arbitramento do lucro. Apurou a fiscalização que para algumas unidades imobiliárias vendidas, foram apropriados custos orçados de materiais sem os correspondentes valores proporcionais de receitas. Constatou ainda a apropriação de custos orçados na base de cálculo para apuração de créditos presumidos de PIS/Cofins no anocalendário de 2009 e também custos incorridos, em relação a empreendimentos concluídos em anos anteriores. Afirmou que os valores referentes a recebimento, distrato e custo orçado de material apropriado informados na planilhas apresentadas pela fiscalizada não guardam proporcionalidade e sustenta incorreções na apuração do custo orçado, que teriam sido apurados de forma aleatória para alguns empreendimentos. A partir de algumas informações contidas no Livro de Inventário, concluiu que teria sido escriturado apenas durante a Fiscalização de forma simulada e com valores fictícios. Sustenta que a fiscalizada não mantinha registro de estoque dos custos orçados das unidades imobiliárias vendidas. Para as irregularidades entendidas como simulação foi imputada multa qualificada. Constatado pelo Fisco a entrega do SPED contábil com incorreções, foi também aplicada multa regulamentar. Foi apresentada impugnação pela autuada, assim resumida: Faz extenso arrazoado teórico sobre a apuração do resultado tributável na atividade de incorporação imobiliária, com detalhamento no que se refere ao custo orçado; Questiona a apuração do resultado por arbitramento, no entendimento de que se trata de medida extrema diante de circunstâncias que não ocorreram no presente caso; Afirma que no período sob exame o incremento de custos foi comum às empresas do setor, inclusive em relação à impugnante, o que justificaria o crédito presumido de PIS/Cofins ser maior que as contribuições efetivamente apuradas. Tal circunstância explicaria também a suposta falta de proporcionalidade entre os valores referentes ao recebimento, distrato e cuso orçado. Menciona circunstâncias de alguns empreendimentos que justificaram o implemento de custos; Fl. 2668DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 4 Defende que possui registro permanente de controle de estoques de materiais dos empreendimentos administrados, pois seria esse seu objeto, e apresenta documentos por amostragem que demonstrariam esse controle; Alega que a apropriação de custos orçados sem a receita proporcional tem origem em reajustes no custo total orçado do empreendimento cuja receita já havia sido apropriada em períodos anteriores, com previsão no item 17, da INSRF 84/79, como ocorreu no empreendimento Quintas do Sauípe; Esclarece que um empreendimento pode ser considerado concluído apenas em relação a algumas unidades o que justificaria a apropriação de custos em momento posterior. Sustenta que as divergências encontradas na demonstração do custo orçado de material apropriado pelo impugnante ou decorrem de equívoco na apuração da Fiscalização ou mostramse insignificantes e não geram efeitos fiscais; Ressalta que escriturou o Livro de Inventário e que o mesmo contém as informações exigidas pela legislação e apresenta documentos que demonstrariam a inexistência de omissão quanto ao registro de unidades imobiliárias; Admite a diferença no valor da conta de estoque no final de 2009, mas em valores sem impacto fiscal; Afirma que não se apropriou de custos incorridos pelo regime de competência e receitas recebidas pelo regime de caixa, mas sim de forma proporcional nos termos da legislação; Acata a imputação da multa pela transmissão do SPED contábil com erros que foi , inclusive, objeto de pedido de compensação, mas contesta o valor decorrente da irregularidade referente a dezembro, pois o faturamento seria inferior àquele utilizado pelo Fisco; Reclama pela impossibilidade de tributação do PIS/ Cofins no regime cumulativo; Alega não existirem motivos para imputação da multa qualificada; e: Requer a aplicação do art. 112, do CTN em caso de voto de qualidade. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento prolatou o Acórdão 0263.576 dando provimento parcial ao recurso exclusivamente para reduzir a multa ao percentual de 75%. A decisão foi objeto de recurso de ofício e consubstanciouse na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercicio: 2010 ARBITRAMENTO DO LUCRO O IRPJ será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte contiver vicios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para determinar o lucro real; Fl. 2669DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.720823/201497 Acórdão n.º 1402002.344 S1C4T2 Fl. 2.667 5 AUSÊNCIA DE DISCRICIONARIEDADE A atividade administrativa de lançamento e vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. LIVROS OBRIGATÓRIOS E SEUS REQUISITOS A pessoa jurídica, alem dos demais livros de contabilidade previstos em leis e regulamentos, devera possuir livro para registro de inventario, em que deverão ser arrolados, com especificações que facilitem sua identificação, as mercadorias, os produtos manufaturados, as matériasprimas, os produtos em fabricação e os bens em almoxarifado existentes na data do balanço patrimonial levantado ao fim da cada período de apuração. HIERARQUIA DAS LEIS Um ato administrativo do Secretario da Receita Federal nao tem poder para revogar, no todo ou em parte, um decreto presidencial e, menos ainda, as leis que este decreto regulamente. REGRAS CONTÁBEIS A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo. REGIME CUMULATIVO As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado sujeitamse ao regime cumulativo. ENDEREÇO DE CORRESPONDÊNCIA O encaminhamento de intimações e notificações a outro endereço que não do cadastro de pessoa jurÍdica não tem amparo legal. Impugnação Procedente em Parte Devidamente cientificado, o sujeito passivo recorreu a este Colegiado ratificando as razões expedidas na peça impugnatória. É o relatório. Fl. 2670DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 6 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. A autoridade lançadora entendeu que a contabilização dos custos orçados na atividade de incorporação imobiliária exercida pela interessada não seguiu o critério de proporcionalidade estabelecido na legislação e, portanto, tais custos mereceriam ser desconsiderados. Para que não houvesse a glosa da integralidade desses valores, a Fiscalização promoveu o arbitramento do lucro da fiscalizada. A análise do presente caso deve ocorrer sob dois aspectos simultaneamente: confirmar se de fato ocorreram as irregularidades suscitadas e, em caso positivo, verificar se o impacto desses equívocos daria azo ao arbitramento do lucro. O procedimento fiscal teve como principal fio condutor a suposta desobediência aos critérios de proporcionalidade na apropriação de receitas e custos decorrente da atividade de incorporação imobiliária com impacto, inclusive, na apuração do crédito presumido das contribuições ao PIS/Cofins. Verificase, pelo teor do Termo de Constatação, que a autoridade lançadora não aceita a apropriação de custo sem que haja uma receita proporcional correspondente, fato esse que ocorreu em relação a alguns dos empreendimentos administrados pela interessada. Levandose em consideração o conteúdo da IN/SRF nº 84/79, que regulamenta a apuração e tributação do lucro nas atividades de incorporação de imóveis, pareceme que a autoridade fiscal agiu com rigor excessivo. O normativo em questão prevê que o custo orçado do empreendimento pode ser aumentado ocorrendo algumas das hipóteses elencadas. Em tais casos, principalmente quando decorrente de situações não previstas no projeto original , o incremento do custo não necessariamente vem acompanhado do imediato aumento de receita que depende também de claúsulas contratuais junto ao adquirente do imóvel que integra o empreendimento. Em outras palavras, o empreendimento pode se mostrar deficitário sem que tal fato decorra necessariamente de alguma irregularidade. A linha de defesa da recorrente caminhou nesse sentido, inclusive com exemplos práticos de circunstâncias ocorridas nos moldes descritos no parágrafo anterior. Terseia uma razoável explicação para as alegadas desproporcionalidades suscitadas pela autoridade fiscal e que subsidiaram o arbitramento do lucro. No que se refere à apropriação de custos em empreendimentos tidos como concluídos, a defesa sustenta ser comum a concessão de habitese para algumas unidades residenciais enquanto ainda são realizadas obras nas áreas comuns. Fl. 2671DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.720823/201497 Acórdão n.º 1402002.344 S1C4T2 Fl. 2.668 7 Os argumentos possibilitam, no mínimo, o benefício da dúvida a favor da interessada. Por outro lado, este relator tem consciência de que alguns pontos da defesa talvez merecessem maior aprofundamento investigatório. Entretanto, fica patente que esse aprofundamento deveria ter sido feito durante o procedimento fiscal. A autoridade lançadora fixouse na impossibilidade de apropriação de custos sem a proporcionalidade com a receita, mas não auditou a força probante dos documentos referentes àqueles custos para, quem sabe, poder estabelecer com precisão qual seriam os valores passíveis de dedução. Se assim o fosse, poderseia firmar a convicção em relação ao que me parece um indício: a possível ocorrência da postergação, aspecto sob o qual o lançamento poderia ser constituído com mais propriedade. As divergências apontadas pelo Fisco (itens 2.6, 2.7, 2.8, 2.9, 2.10 do Termo de Constatação Fiscal) ou foram devidamente explicadas na peça de defesa, ou são favoráveis ao sujeito passivo, ou são irrelevantes. Do até aqui exposto, sem embargo do respeito que merece a autoridade fiscal pelo trabalho realizado, entendo que não foram apresentadas razões suficientes que justificassem o arbitramento do lucro. As questões até aqui enfrentadas não foram abordadas pela decisão recorrida que, tudo indica, de forma tácita entendeu na mesma linha do exposto neste voto. O acórdão hostilizado manteve o lançamento (exceto pela qualificação da multa) com base nas irregularidades apontadas pelo Fisco referentes ao Livro de Inventário. Aqui também vale a consideração feita no início deste voto. Para que a irregularidade justifique o arbitramento do lucro, importa não apenas que tenha ocorrido de fato mas, principalmente, que impeça ou prejudique a apuração do lucro real. Sob essa ótica, o registro no Órgão competente não se mostra relevante. Quanto às unidades imobiliárias do empreendimento Boulevard Empresarial que deveriam constar do inventário, a defesa apresentou provas documentais de que foram vendidas no anocalendário de 2009 e objeto de distrato e posterior revenda apenas em anos posteriores. Assim, não se justificaria que constassem nos registros de inventário no período sob exame. O questionamento fiscal de que estariam registradas apenas as unidades imobiliárias sem constar os materiais utilizados nas obras não me parece razoável. Concordo com as razões de defesa no sentido de que a especificidade da IN/SRF nº 84/79 que, como já dito, regulamenta a apuração e tributação do lucro nas atividades de incorporação de imóveis, prevalece sobre a regra geral referente às demais pessoas jurídicas obrigadas à escrituração do Livro de Inventário. Nesses termos, o normativo em questão estabelece que o Livro de Inventário deve conter os imóveis em estoque destinados a venda, sem qualquer menção aos materiais. Não vislumbro a irregularidade suscitada pela Fiscalização. Fl. 2672DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 8 Quanto à divergência no valor do estoque no anocalendário de 2009, a defesa admite o equívoco mas traz elementos indicativos de que a diferença seria em valor muito inferior àquele indicado. Ratificase, outrossim, que o cerne da questão é a apuração do resultado através do lucro arbitrado. Diferenças de estoque poderiam sob determinadas circunstâncias, em tese, implicar na presunção legal de omissão de receita mas não justificariam o arbitramento. Em relação à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), o exame das informações nela contidas levou o Fisco à conclusão de que a interessada na apuração do resultado teria feito o estorno dos valores correspondentes aos custos orçados de material e mão de obra e considerados os custos incorridos. Mais ainda, entendeu a autoridade lançadora que a apropriação da receita ocorreu pelo regime de caixa e o custo incorrido pelo regime de competência, em ofensa à legislação de regência. Este relator admite ter ficado um pouco confuso com as observações da Fiscalização. O procedimento fiscal teve como norte principal a desproporcionalidade na apropriação dos custos orçados das receitas. Agora, ao analisar a DRE a autoridade lançadora suscita o que seria o estorno dos custos orçados? Entendo que tal fato mereceria análise mais elaborada. Quanto à desobediência ao regime de competência que, ressalto, entendo não ser de fácil constatação com base na DRE, ainda que se mostrasse irrefutável deveria ser objeto de apuração da postergação conforme já mencionado e não subsidiar o arbitramento do lucro. Do exposto, entendo não terem sido caracterizadas situações que justificassem o arbitramento do lucro, motivo pelo qual voto por cancelar a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. Resta a análise da multa regulamentar, aplicada em decorrência da transmissão de arquivos digitais (SPED Contábil) com omissões e/ou incorreções. Em função das alterações legislativas nos dispositivos que tratam dessa penalidade, a norma mais benéfica implicou na apuração da multa com base no art. 8º, da Lei 12.766/2012, ou seja, no percentual de 0,2% sobre o faturamento do mês anterior ao da entrega da declaração. A contestação do sujeito passivo envolveu o arquivo referente ao mês de dezembro, entregue em 29/01/2010. De acordo com a defesa, a Fiscalização teria utilizado como base de cálculo um valor equivocado do faturamento do mês de dezembro (R$ 101.551.111,04) quando o correto seria R$ 74.426.027,32. De imediato, descartamse as considerações feitas pela decisão recorrida no sentido de que o Fisco teria utilizado o faturamento de novembro. A apuração foi efetuada com base no faturamento de dezembro o que é o correto, eis que o arquivo foi entregue em janeiro (29/01/2010) e a norma fala na utilização do faturamento do mês anterior à entrega. Quanto ao valor correto, a defesa não levou em consideração a receita decorrente de permuta de terrenos (R$ 27.125.083,53). Sendo assim, a reclamação é improcedente e o lançamento deve ser mantido por inteiro nessa questão. As questões relativas à suposta quitação parcial dessa multa mediante compensação devem ser dirimidas junto à autoridade responsável pela execução desta decisão. Fl. 2673DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.720823/201497 Acórdão n.º 1402002.344 S1C4T2 Fl. 2.669 9 No que se refere ao RECURSO DE OFÍCIO, tendo em vista a proposta de votos no sentido de cancelar a exigência decorrente do arbitramento, deixo de conhecêlo por perda de objeto. Caso seja vencido pelos meus pares, endosso o posicionamento da decisão recorrida pela improcedência da multa qualificada, eis que não foram apontadas com precisão as razões da imputação. É como voto. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 2674DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 17/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 19647.001625/2003-72
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 19 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Contribuição Social Sobre O Lucro Liquido - CSLL
Ano-calendário: 1991
Ementa: REGRAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA.
LANÇAMENTO ANULADO POR VÍCIO MATERIAL. PRAZO
PARA L,AVRATURA DE NOVO AUTO DE INFRAÇÃO.
O prazo estabelecido no art. 173, inciso II, do CTN, somente é
aplicável quando a nulidade do lançamento de oficio original for
declarada em virtude de vicio formal. Neste caso o fisco deve retificar
o lançamento de oficio antes do transcurso do prazo decadencial.
Numero da decisão: 1802-000.489
Decisão: Acordam os membros do colegiada, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Éster Marques Lins de Soa, que não ,reconhecia a decadência, por aplicar o art. 173, II, do CTN.
Nome do relator: Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior
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Edwal Casoni 21e-Piaula Eánan€1851-unior — Relator. EDITADO EM: 51-TE02 FL 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 19647.001625/2003-72 Recurso n° 158.575 Voluntário Acórdão n° 1802-00.489 — 2" Turma Especial Sessão de 19 de maio de 2010 Matéria CSLL. Recorrente Construtora Incorporadora JB Ltda. Recorrida 5a Turma/DRJ - Recife/PE. Assunto: Contribuição Social Sobre O Lucro Liquido - CSLL Ano-calendário: 1991 Ementa: REGRAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO ANULADO POR VÍCIO MATERIAL. PRAZO PARA L,AVRATURA DE NOVO AUTO DE INFRAÇÃO. O prazo estabelecido no art. 173, inciso II, do CTN, somente é aplicável quando a nulidade do lançamento de oficio original for declarada em virtude de vicio formal. Neste caso o fisco deve retificar o lançamento de oficio antes do transcurso do prazo decadencial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiada, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Éster Marques Lins de Soa, que não ,recanhecia a decadência, por aplicar o art. 173, II, do CTN. Participaram da essão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista (Suplente Convocado), Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, João Francisco Bianco. Processo n° 19647.001625/2003-72 S1-TE02 Acórdão n,° 1802-00.489 Fl. 2 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte acima qualificado contra decisão proferida pela 5 a Turma da DRJ de Recife/PE. Contra a recorrente foi lavrado o Auto de Infração (fls. 04 — 05), para formalização e exigência de crédito tributário relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com referência ao ano calendário 1991. Consoante Relatório de Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 02), a autoridade Fiscal constata apuração incorreta da CSLL, ante um apontado erro na cálculo da dita contribuição. Devidamente notificada, a recorrente impugnou (fls. 28 — 34), arguindo a decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário, tendo em vista que entre a data de ocorrência do fato gerador da obrigação tributária (31/12/1991) e a data de ciência do Auto de Infração (15/09/2003, conforme fl. 04 grifos amarelos), transcorreu período de tempo superior a cinco anos, previsto no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Sustentou ainda, que ser inaplicável o o prazo decadencial de dez anos, mas caso o fosse, teria transcorrido mais de onze anos entre as datas mencionadas no parágrafo anterior. infração. Teceu ainda suas razões de mérito e aclamou a improcedência do auto de A 5a Turma da DRJ de Recife, nos termos do acórdão e voto de folhas 55 a 60, julgou o lançamento procedente, consignando que o prazo decadencial seria de dez anos, e como dito no Teimo de Encerramento (fl. 06), o procedimento fiscal foi no sentido de refazer em boa e devida forma, lançamento suplementar, formalizado por meio do processo n° 10480.011569/96-88 (apensado), cuja nulidade, por vício formal, ocorreu em 21/09/1998, data de expedição da Decisão DRJ/RCE n° 639/98, neste processo, reproduzida às folhas 10 e 11. Destarte, entendeu a decisão recorrida, que em uma primeira análise, nos termos dos acima reproduzidos artigo 11, inciso II e parágrafo único, alínea "d", e artigo 45, inciso II, da Lei n° 8.212/1991 (declarado inconstitucional), novo lançamento poderia ter sido efetivado até 21/09/2008, desde que não contivesse qualquer inovação de matéria ou agravo de exigência com relação ao primeiro, salientando nessa ordem de ideias que a recorrente tomou ciência do Auto de Infração (fls. 04 — 05) em 15/09/2003, conforme consta à folha 01, e não tendo sido verificada qualquer inovação quanto ao lançamento anterior, não haveria falar em decadência. Ainda tratando da eventual decadência, a decisão recorrida ressaltou ser equivocado o entendimento da recorrente de que o prazo decadencial, no caso, seria contado da data de ocorrência do fato gerador (31/12/1991), pois aqui não se trata do lançamento primitivo, consubstanciado na Notificação de Lançamento a que se refere a Decisão de folhas 10 e 11, mas de lançamento decorrente da nulidade da referida notificação. Sendo assim, a regra determinante da contagem do prazo decadencial para founalização de novo lançamento, Processo n° 19647.001625/2003-72 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.489 Fl, 3 nos mesmos termos do lançamento anulado, é a constante do já citado artigo 45, inciso II, da Lei n° 8.212/1991. No mérito, entendeu a decisão recorrida que o objeto da autuação decorreu do fato de ter sido equivocadamente infoiinado, pela própria empresa, na declaração de IRPJ do ano calendário 1991, o valor de Cr$ 423.276.829,00, a título de "Imóveis Destinados à Venda" (item 05 do Quadro 03 do Anexo A), quando o correto teria sido o preenchimento de tal valor como sendo "Despesas Pré-Operacionais" (item 39 do Quadro 03 do Anexo A) e que, devido a tal equívoco, foi calculado um lucro líquido indevido de Cr$ 157.820.887,00, sobre o qual a autoridade fiscal fez incidir a Contribuição Social. Com respeito à questão, teve-se que a recorrente, em nenhum momento, acostou aos autos qualquer documento de sua contabilidade que viesse a atestar a ocorrência do alegado erro de fato. Ademais, analisando-se a declaração de IRPJ do exercício 1992, ano calendário 1991, arquivada na DRF/Recife sob o número 0047415 e reproduzida no presente processo às folhas 14 a 18, verificou-se, no Quadro 05 — Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados do Anexo A (fl. 15 verso), que a recorrente informou que no início do ano de 1991, existia saldo de lucros acumulados no valor de Cr$ 6.177.472,00. Cientificada, a recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 65 — 83), sustentando a tempestividade daquela medida, a decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário ante a ocorrência da decadência para os tributos com fatos geradores ocorridos no ano calendário 1991, bem como, em caráter alternativo, a inexistência dos fatos que geraram o suposto crédito tributário, refutando os juros de mora e utilização da taxa Selic, para ao fim requerer seja provido o recurso. É o relatório. Processo n° 19647.001625/2003-72 S1-TE02 Acórdão ri.° 1802-00.489 Fl. 4 Voto Conselheiro Relator, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Como visto do relatório acima, o recorrente sustenta preliminarmente a ocorrência do fato decadencial, capaz, por seu turno, de extinguir o crédito tributário nos moldes descritos no inciso V, do artigo 156 do Código Tributário Nacional. Verifica-se no bojo do auto de infração, do qual a recorrente foi cientificada em 15 de setembro de 2003, que os fatos geradores da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido aqui exigida, teriam ocorrido em 31 de dezembro de 1991. Ao se verificar pura e simplesmente as datas acima expostas, já se poderia concluir pelo decaimento do direito de o Fisco constituir o crédito tributário por meio do lançamento, ainda que se levasse em conta o artigo 45 da Lei n°. 8.212/91, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. No entanto, atentou-se a decisão recorrida para o fato de que o auto de infração aqui apreciado, é substitutivo àquele julgado nulo no âmbito do processo administrativo n° 10480.011589/96-88 (apenso), em sessão realizada no dia 28 de setembro de 1998, razão pela qual, entendeu-se que a partir de então o Fisco disporia de mais dez anos para realizar lançamento substitutivo. Pois bem, numa primeira análise pode-se concluir que diante da nulidade do primeiro lançamento, a regra de contagem do prazo decadencial se deslocaria para o disposto no inciso II, do artigo 173 do Código Tributário Nacional, ou seja, cinco anos a contar da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, e diante disso não teria ocorrido a aclamada decadência. Todavia, o caso dos autos comporta uma particularidade, porquanto a decisão reproduzida às folhas 10 e 11, extraídas do processo administrativo n° 10480.011589/96-88, permite a conclusão de que o primitivo lançamento, teria se dado em desconformidade com o artigo 142 do CTN, razão pela qual, escapa das hipóteses de nulidade por vício founal. Não se desconhece que em se tratando de vicio formal, a exemplo da falta de um demonstrativo, falha na impressão e demais imprecisões sem o condão de cercear o direito de defesa, o Fisco dispõe de 5 (cinco) anos para sanear o lançamento, nos termos do já citado artigo 173, inciso II, do Código Tributário Nacional , no entanto, na situação versada foram detectadas diversas falhas no lançamento original, dentre elas a falta de descrição dos fatos, identificação da autoridade entre outras, não atendendo-se o artigo 142 do CTN e art. 10, inciso IV, do Decreto 70.235 de 1972. Processo n° 19647.001625/2003-72 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.489 Fl. 5 Essas imperfeições detectadas, geradoras da nulidade no lançamento original, acarretariam cerceamento do direito de defesa do contribuinte, e neste caso o Fisco deveria retificar o lançamento de oficio antes do transcurso do prazo decadencial. Contrariamente a isso, observa-se que o novo lançamento corrigiu as falhas anteriores, forçando a conclusão de que sendo material a causa da nulidade do lançamento anterior, não é aplicável, o quinquênio decadencial previsto no artigo 173, II, do CTN, cabível tão somente na hipótese de decisão anulatória do lançamento por vício formal. Portanto, considerando que o vício apontado na decisão não tem natureza formal, mas equívoco material do lançamento, afastando-se a aplicação do artigo 173, II do CTN, consoante precedentes do extinto Conselho de Contribuintes abaixo reproduzidos em caráter exemplificativo: Processo n.° 10805.001554/2001-10 Recurso n° : 140.463 Matéria .• IRPF — EX. 1994 • Recorrente .• WILSON CAUVILLA Recorrida. 30 TURMA/DRJ-BRASILIA/DF Sessão de : 13 de setembro de 2005 Acórdão : 102-47.084 NULIDADE DO LANÇAMENTO — VICIO MATERIAL — DECADÊNCIA — ARTIGO 150, 40 DO C77V - É de natureza material o vicio de nulidade do lançamento que não atende aos requisitos estabelecidos no art. 142 do CTN, sendo inaplicável ao novo lançamento a regra do artigo 173, inciso II, cabível apenas nos casos de vício meramente formal. (..) Preliminar acolhida. Processo: 10830.004733/2002-74 Recurso: 141.970 Voluntário Matéria: IRPF - Exercício 1994 Ementa: LANÇAMENTO ANULADO POR VÍCIO MATERIAL - FALTA DE DESCRIÇÃO DAS IRREGULARIDES - PRAZO PARA LAVRATURA DE NOVO AUTO DE INFRAÇÃO - O prazo estabelecido no art. 173, inciso II, do CT1V, somente é aplicável quando a nulidade do lançamento de oficio original for declarada em virtude de vicio formal. A falta de descrição dos fatos ou irregularidades é vicio material e não formal, haja vista que acarreta cerceamento do direito de defesa do ( Processo n° 19647.001625/2003-72 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.489 Fl. 6 contribuinte. Neste caso o fisco deve retificar o lançamento de oficio antes do transcurso do prazo decadencial. Decadência acolhida. Recurso provido. Pelo exposto, recquuiieço o decaimento do direito de o Fisco constituir o crédito tributário, votando no sentidq de DAR provimento ao Recurso Voluntário. Edwal Casoni delPaúla FernanUes---J°Ü-riior 6 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA CÂMARA - PRIMEIRA SEÇÃO PROCESSO: 19647.001625/2003-72 TERMO DE INTIMAÇÃO Intime-se um dos Procuradores da Fazenda Nacional, credenciado junto a este Conselho, da decisão consubstanciada nos despachos supra, nos termos do art. 81, § 3 0 , do anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria Ministerial n° 256, de 22 de junho de 2009. Brasília, 16 dezembro de 2010. Maria Cokeição de Sousa Rodrigues Secretária da Câmara Ciência Data: Nome: Procurador(a) da Fazenda Nacional Encaminhamento da PFN: [ ] apenas com ciência; [ ] com Recurso Especial; [ ] com Embargos de Declaração.
score : 1.0
Numero do processo: 13161.001381/2007-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições.
ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA.
A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial.
CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE.
1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro.
2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições.
VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF.
As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes.
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.266
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho - Relator
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Redator Designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 48; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1981; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 48 1 47 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13161.001381/200728 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.266 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de agosto de 2016 Matéria PIS/COFINS RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO Recorrente COOPERATIVA AGROPECUÁRIA E INDUSTRIAL COOAGRI "Em Liquidação". Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelecese o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 13 81 /2 00 7- 28 Fl. 349DF CARF MF 2 Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANOCALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir anocalendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do anocalendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.15835/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 49 3 Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Fl. 351DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator Designado. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário em razão do Acórdão que negou o direito ao crédito pleiteado referente aos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, e, manteve o indeferimento parcial da pretensão do reconhecimento do direito creditório relativo ao PIS/PASEP e a COFINS, conforme se vê do voto. Em sede de Embargos Declaratórios foram acolhidos os argumentos da Embargante, aqui Recorrente, para o exame da Manifestação de Inconformidade em toda a sua plenitude, diante de omissão quando da análise procedida que resultou num Acórdão da 2ª Turma da DRJ/CGE. Em sendo assim, está em exame o Acórdão de nº 3302003.266. O pleito foi deferido parcialmente pelos motivos elencados no relatório fiscal, o que restou acolhido pelo julgador de piso. Em sua conclusão resume os ajustes nos cálculos realizados pela contribuinte: “I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); Fl. 352DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 50 5 IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a matéria circunscrevese a questão se Recorrente é considerada agroindustrial ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); VI. Deferimento dos créditos básicos vinculados às operações de exportações realizados no período.” Do relatório fiscal constatas as razões das glosas: 1. CRÉDITO BÁSICO 1.1 AQUISIÇÃO DE INSUMOS No período em análise a contribuinte registrou créditos integrais da não comutatividade das contribuições para o Pis e da Cofins sobre as compras de pessoa jurídica. Através do Termo de Intimação Fiscal 003, por amostragem, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição registradas na memória de cálculo do Dacon. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.2 FRETES / DESPESAS DE ARMAZENAGEM O contribuinte apurou créditos da contribuição para Pis e da Cofins sobre os fretes de operações de venda/armazenagem, transferência e compras de mercadorias. Conforme será demonstrado, apenas os fretes vinculados a operações de venda geram direito a apuração de crédito da contribuição para Pis e da Cofins. 1.2.1 FRETE SOBRE OPERAÇÕES DE VENDAS / ARMAZENAGEM Nas operações com fretes sobre vendas somente existe direito ao crédito da nãocumulatividade das contribuições para o Pis e da Cofins se for comprovado que o ônus foi suportado pelo vendedor (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IX c/c art. 15, inciso II e art. 93) Através do Termo de Intimação Fiscal 003 a contribuinte foi intimada a apresentar cópia digitalizada dos comprovantes de pagamento a título de fretes sobre venda/despesa de armazenagem as pessoas jurídicas. Fl. 353DF CARF MF 6 Pela análise da documentação solicitada, a contribuinte comprovou que, no período entre agosto de 2004 e dezembro de 2007, foi a responsável pelo pagamento dos serviços de fretes contratados. Portanto, atende ao requisito legal para apuração do crédito, ou seja, o ônus foi suportado pela vendedora. 1.2.2 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA As transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte implicam em mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores. Portanto, não integram a “operação de venda” referida no art. 3º, inciso IX da Lei nº 10.833/2003. Somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias para o consumidor final, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, gera direito ao crédito do PIS/PASEP e da Cofins. Cumpre registrar que somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes é que geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, consoante entendimento da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), exarado na Solução de Divergência nº 11, de 27 de setembro de 2007, cuja ementa está disponível no sítio da RFB na internet. A exclusão das transferências de mercadorias foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.2.3 FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA Os fretes sobre compras, quando por conta do comprador, integram o custo dos bens. Se tais bens geram direito a crédito de PIS e Cofins, logo, indiretamente, o frete incidente na compra dos mesmos também gerará. Porém, se a aquisição destes bens não gerarem crédito, o frete sobre a compra também não gerará direito ao crédito. As mercadorias transportadas nos fretes das operações de compra foram fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero (conforme, inciso I e III do art. 1º da Lei 10.925/2004). Portanto, nos fretes de operações de compra não existe a apuração do crédito. A exclusão dos valores relativos a estas operações foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.3 ENERGIA ELÉTRICA Fl. 354DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 51 7 As despesas com energia elétrica geram créditos da cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins contratadas com pessoa jurídica domiciliada no País, incorridas a partir do período de apuração de fevereiro de 2004 (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso III e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IX do caput). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição conforme os registros da memória de cálculo do Dacon apresentado pelo contribuinte. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.4 ALUGUÉIS PESSOA JURÍDICA É permitida a apropriação de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o Pis e da Cofins sobre os valores relativos as despesas utilizadas na atividade da empresa, em relação a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica domiciliada no Pais, utilizados na atividade da empresa (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IV e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IV). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos decorrentes de despesa com aluguéis. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04) 1.5 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A partir do mês de agosto 2004 é possível calcular créditos da não cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins somente em relação: a máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao Ativo Imobilizado, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País ou importados, utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, incisos VI do caput e inciso II do § 3º). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos de aquisição de imobilizado. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04). 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA A luz do dispositivo transcrito, o enquadramento legal para utilização do crédito presumido decorre das seguintes condições: que as mercadorias produzidas estejam classificadas na(s) NCM(s) estabelecidas pela lei; que a contribuinte exerça a atividade de produção de mercadoria (agroindústria); e, que os produtos fabricados sejam destinados à alimentação humana ou animal. Fl. 355DF CARF MF 8 2.1 PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL OU VEGETAL O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 estabeleceu os capítulos de classificação na NCM dos produtos de origem animal ou vegetal que dão direito ao crédito presumido da atividade agroindustrial. No caso em tela, conforme a memória de cálculo do DACON, no período em análise, os produtos exportados pela contribuinte foram soja NCM 1201.90.00 e milho NMC 1005.90.10. Assim, referidos produtos estão classificados entre os capítulos 8 a 12 da NCM, conforme a determinação do art. 8º da Lei 10.925/2004, com a regulamentação reproduzida na alínea d, inciso I, do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 660. 2.2 AGROINDÚSTRIA A Lei nº 10.925, de 2004, não faz nenhuma menção explícita a atividade de agroindústria. O art. 8º do referido diploma legal aponta a necessidade de produção de mercadorias para apuração do crédito presumido, nos seguintes termos: “Art. 8º As pessoas jurídicas […] que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal […]”. Grifouse O termo agroindústria foi definido no art. 6º da IN RFB 660/2006, abaixo transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e (...) Grifouse Conforme os aludidos dispositivos legais, somente possui direito de apurar o crédito presumido em análise a pessoa jurídica que produza mercadoria. O inciso III, § 1º, art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, estabelece que o direito de apurar o crédito presumido nele previsto aplicase também nas aquisições efetuadas de pessoa de cooperativa de produção agropecuária. 3.3 DESTINAÇÃO À ALIMENTAÇÃO HUMANA OU ANIMAL Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em resposta a intimação fiscal a contribuinte limitouse a reproduzir o disposto no Regulamento Técnico Anexo a Instrução Normativa nº 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como, a afirmar que “ Como visto, conforme padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, as mercadorias relacionadas no Caput do Art. 8º da lei 10.925/2004, produzidas pela contribuinte estão dentro nos padrões a serem destinadas a alimentação humana ou animal, atendendo todos os requisitos para apuração do Crédito Presumido de Pis e Cofins. A comprovação dos requisitos destinação a alimentação humana ou animal é ônus da agroindústria interessada. A exportação, na maior parte dos casos pode inviabilizar a comprovação de tal Fl. 356DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 52 9 requisito, se a venda se der, por exemplo, para comerciantes no exterior (Solução de Consulta nº 24 – SRRF09/Disit). 2.3 UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para dedução da Contribuição para o PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência não cumulativa. Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Vigência) Grifouse 3. CRÉDITOS MERCADO INTERNO NÃO TRIBUTADO Os créditos relativos ao mercado interno não tributado estão vinculados as seguintes operações: vendas suspensas; vendas com alíquota zero e exclusões de base de cálculo permitidas as sociedades cooperativas. Como se demonstrará, nestas situações não existe o direito a manutenção do crédito previsto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Desta maneira, os créditos vinculados a operações não tributadas no mercado interno foram integralmente indeferidos. 4.1 – VENDAS SUSPENSAS Conforme analisado no subitem 3.2, a Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista. Assim, nas operações realizadas no período a contribuinte faz jus a suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (art. 9º), mas deve providenciar o respectivo estorno dos créditos da não cumulatividade (inciso II, § 4o, art. 8º Tabela 04). 4.2 VENDAS COM ALÍQUOTA ZERO A partir do mês de agosto/2004 os insumos vendidos pela contribuinte aos associados (adubos, fertilizantes e sementes) tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero (art. 1º da Lei 10.925/2004). Entretanto, a venda de insumos a associados deve ser registrada como exclusão de base de cálculo nos termos da MP nº 2.158, de 24 de Fl. 357DF CARF MF 10 agosto de 2001 e não como uma venda não tributada sujeita à alíquota zero. O art. 17 da Lei nº 11.033 garantiu o direito à manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a operações com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o Pis e da Cofins. Portanto, ao registrar indevidamente as exclusões de base de cálculo como vendas sujeitas à alíquota zero, houve a manutenção indevida dos créditos vinculados a estas operações. O valor do crédito vinculado as operações de venda com alíquota zero foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) 4.3 EXCLUSÕES DE BASE DE CÁLCULO O legislador estabeleceu tratamento diferenciado para operações praticadas pela sociedade cooperativas. Em referidas operações, o procedimento previsto é o de excluir os valores respectivos das bases de cálculo do PIS e da Cofins. Nesta sistemática, NÃO existe previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo. O direito a manutenção do crédito nas operações não tributadas foi estipulado pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. No presente caso, conforme a memória de cálculo de Dacon, a contribuinte manteve indevidamente o direito a crédito nas operações de entradas vinculadas as exclusões de base de cálculo permitidas as cooperativas (art 15 MP 215835/01 e art 17 leis 10.684/03). O valor do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo admitidas as cooperativas foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) O julgado encontrase resumido a ementa: ACÓRDÃO. OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Deve ser apreciada como embargos de declaração a manifestação do contribuinte na qual se alegue omissão quanto a questões suscitadas na defesa ou impugnação, acerca das quais o órgão julgador deveria ter se pronunciado. COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. Não se homologa compensação quando o direito creditório não ficar comprovado. RESSARCIMENTO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O reconhecimento do direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de PIS e Cofins depende da comprovação documental do respectivo direito. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 53 11 CRÉDITO PRESUMIDO. COOPERATIVAS. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. REQUISITO. O crédito presumido destinado às cooperativas agroindustriais beneficiam apenas aquelas entidades que realizam algum processo que possa ser consideração como industrialização, observadas nas exclusões contidas na lei. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 10.925/2004, ARTS 8º E 15. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO. O crédito presumido previsto nos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004 só pode ser utilizado para deduzir o PIS e a Cofins apurados no regime de incidência nãocumulativa, vedada a compensação ou o ressarcimento do valor do crédito presumido. JUROS. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos de IPI, de PIS e de Cofins, bem como na compensação dos referidos créditos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte.” Em sede recursal debate a contribuinte em relação aos tópicos: 1. Créditos de aquisições de insumos, comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 2. Créditos de aquisições de energia elétrica – comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 3. Fretes sobre a transferência de insumos entre estabelecimentos; 4. Fretes sobre compras de fertilizantes e sementes; 5. Créditos Presumido sobre aquisições de pessoas físicas, processo produtivo; 6. Forma de utilização do crédito presumido, restrições da colocadas pela Receita Federal ao ressarcimento; 7. Manutenção dos créditos vinculados as receitas com suspensão de incidência de PIS e Cofins; 8. Receitas sujeitas a alíquotas zero, reclassificação indevidas das vendas efetuadas pela fiscalização considerando como venda de bens a associados; Fl. 359DF CARF MF 12 9. Ressarcimento de créditos vinculados as receitas sem incidência de PIS e Cofins, exclusões permitidas as sociedades Cooperativas; 10. Previsão legal para incidência da SELIC. Inicialmente, faz introdução quanto aquisições de matéria prima e do processo produtivo: “O critério da nãocumulatividade permite a realização de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, tudo descrito no Art. 3o das respectivas Leis (10.637 e 10.833). Para o exercício regular de suas atividades, dentre os custos, despesas e encargos suportados, a contribuinte adquire de fornecedores pessoas físicas residentes no país e jurídicas situadas no mercado interno, bens e serviços utilizados como insumos (Inciso II do Art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) para a produção de mercadorias classificadas na NCM nos Capítulos 8 a 12, constantes do Caput do artigo 8 o da lei 10.925/2004. Estes bens e serviços utilizados como insumos (Inc. II do art. 3 das Leis) decorrem de uma extensa e complexa cadeia produtiva, onde vários itens ao longo da mesma estão sujeitos à incidência das denominadas Contribuições ao Fundo de Participação no Programa de Integração Social PIS (Lei Complementar n° 7, de 7.9.70) , e Contribuição Social sobre o Faturamento COFINS (Lei Complementar n° 70, de 30.12.91), exemplo: óleo diesel, caminhões, colhedeiras, máquinas, peças, ferramentas, etc. Daí, o direito ao crédito sobre as aquisições de pessoas físicas e de pessoas jurídicas com suspensão, ser presumido, conforme constante nas Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e no art. 8 o da Lei 10.925/2004. Os créditos sobre os bens e serviços utilizados como insumos conforme descritos no inciso II do art. 3 o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 devem ser apurados no mês da aquisição, conforme Inciso I do parágrafo 1 o do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o parágrafo 2o do art. 8o da lei 10.925/2004, independente da finalidade que se dará a mercadoria produzida, ou seja, do momento da venda.” Considerando que estes 56 (cinqüenta e seis) processos estão vinculados ao MPF 0140200.2011.00053 e: a) que possuem igual teor, pois o mérito discutido é o mesmo em todos os processos; b) considerando os princípios da economia e celeridade processual; c) o propósito de evitar o desperdício de recursos (papel, cópias, impressões, tempo utilizados pelos agentes fiscais para digitalização e vinculação das informações apresentadas para cada processo); d) o tempo utilizado pelo julgador para análise individual de cada processo; e) a possibilidade de julgamento simultâneo. Optou a Contribuinte ao invés de anexar em cada processo (56 vezes), os mesmos documentos que intencionam evidenciar seu direito, discorrer longamente em cada processo em 56 Fl. 360DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 54 13 manifestações de inconformidade idênticas, contendo 73 páginas cada uma, sobre os fundamentos que entende lhe assegurar o direito a crédito complementar; em ANEXAR todos os documentos, bem assim, EM APRESENTAR na versão estendida da manifestação de inconformidade todos os fundamentos legais que entende assegurar o melhor direito para todos os processos mencionados na página inicial, no processo n. 13161.001928/200795, conforme consta anexado nas folhas 84 à 267 do referido processo” Em síntese argumenta em suas razões que: III DAS RAZÕES DE REFORMA Fundamentos legais, discorre sobre o tema: “DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS DIREITO AO RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS 3.1.1 DAS PREMISSAS DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS E SUA INTERPRETAÇÃO Para o adequado enfrentamento dos importantes temas aqui versados, cumprenos trazer a baila, as premissas que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins, marcos históricos de enunciação do direito positivo, constantes respectivamente das Justificativas dos Senhores Ministros da Fazenda, por ocasião dos Projetos de Medidas Provisórias que resultaram nas Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins) 3.1.2 – DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS DE EXPORTAÇÕES Tanto a lei 10.637/2002 quanto a lei 10.833/2003, determinam que as empresas poderão descontar, dos seus débitos apurados, créditos calculados sobre os itens relacionados no Art. 3o de ambas as Leis. Sendo inicialmente autorizado o ressarcimento dos créditos vinculados as exportações conforme disposto para o PIS no Art. 5 o da Lei 10.637/02 e para a COFINS no Art. 6 o da Lei 10.833/03. Portanto, partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não comutatividade e também, evitar a incidência das Contribuições quando da realização de Exportações, ainda que indiretamente. Ao contrário, importaria em afirmar que incidem as referidas contribuições quando da realização de exportações, pois, não teria o Contribuinte o direito de ressarcir o montante pleno que incidiu nas etapas anteriores ao ato de exportar, o que representaria custo, ônus tributário, o que é vedado pelo Legislador Constitucional e, que contraria a prática internacional de não exportar tributos. 3.1.3 DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS NO MERCADO INTERNO. Fl. 361DF CARF MF 14 Inicialmente, na introdução do sistema não cumulativo, o Saldo de crédito de PIS e Cofins remanescente após o aproveitamento com os débitos das próprias contribuições, somente poderia ser utilizado para ressarcimento ou compensação, a parcela de créditos proporcional às receitas de exportação, imunidade, ao que as Leis (10.637 e 10.833) denominaram de isenção conforme disposto art. 5o da lei 10.637/2002 para o PIS e art. 6 o da lei 10.833/2003 para a Cofins. Na seqüência, mediante evolução legislativa, visando esclarecer dúvidas relativas a interpretação da legislação do PIS e Cofins, conforme consta no item 19 da exposição de motivos 111 MF, foi editada a medida provisória 206/2004, posteriormente convertida na lei 11.033/2004 que assim dispõem em seu art.17. Portanto, resta muito claro que o art. 17 da lei 11.033/2004 confirmou o direito a manutenção dos créditos apurados na forma do art. 3 o das 10.637/2002 e 10.833/2003 e vinculados às receitas nele mencionadas. Assim, também partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não cumulatividade, evitando o efeito cascata, ou seja, a cumulatividade. Portanto, as leis não deixam dúvidas quanto a possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos (saldo credor), mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins, acumulados a partir de 09 de agosto de 2004. 3.1.4 DA MATERIALIDADE DO PIS E COFINS Ainda cabe destacar que a não cumulatividade do PIS e Cofins, possuiu sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI. No caso, não estamos tratando de apuração de créditos IPI, estamos diante de créditos de PIS e Cofins, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e Cofins é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de créditos de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. IV Análise do Relatório/Despacho Decisório da RFB No período analisado, em conformidade com o art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a contribuinte apurou créditos sobre insumos utilizados na produção adquiridos de pessoas jurídicas e, sobre a energia elétrica consumida em seus estabelecimentos. Porém, ao julgar o tema entendeu a 2 a Turma da DRJ/CGE que o direito ao crédito sobre estes itens não poderia ser deferido, pois Fl. 362DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 55 15 segundo seu entendimento, o direito não teria sido comprovado devendo ser considerada encerrada a fase probatória. Todavia, não concorda a contribuinte, pois estas aquisições como se demostrará a seguir, estão efetivamente comprovadas. Ressaltase, que a fiscalização durante sua análise teve várias maneiras e oportunidades de efetivamente comprovar a existência destas aquisições, uma vez que todos os livros e registos contábeis estavam em seu poder, conforme apresentado em atendimento as diversas intimações, sejam por meio dos documentos físico ou digital. Assim, considerando que para o caso em questão há documentos que comprovam a efetiva aquisição, entende a contribuinte que o crédito deve ser deferido, em observância ao principio da verdade material. 4.1.1 AQUISISÕES DE INSUMOS Mencionase que a fiscalização indeferiu parte dos créditos apurados sobre as aquisições de insumos utilizados na produção, sob o argumento que parte destas aquisições não foram comprovadas, uma vez que, segundo seu entendimento, não teriam sido apresentadas pela contribuinte, as notas fiscais (documento físico) relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuia ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, e que ora, para melhor análise do colegiado, novamente seguem anexo ao recurso. Ocorre, que o direito ao crédito apurado sobre estas aquisições não pode ser desconsiderado, pelo simples fato de a Contribuinte não ter conseguido encontrar parte destas notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização. Registrese que estas aquisições, constam registradas na escrituração contábil e fiscal da contribuinte, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. Assim, considerando que estas Notas Fiscais de aquisições de insumos foram devidamente registradas e escrituradas, a fiscalização poderia considerar estes meios para confirmar estas aquisições, uma vez que, estas informações estão relacionadas em documentos, tais como: livros digitais de entradas e saídas, razões contábeis, arquivos contábeis, arquivos digitais de entradas e saídas formato SINTEGRA, todos apresentados a fiscalização pela contribuinte em atendimento as intimações recebidas. Para além disso, todos os comprovantes que evidenciam a ocorrência da efetiva aquisição dos insumos referente as notas Fl. 363DF CARF MF 16 fiscais relacionadas Tabela 05 elaborada pela fiscalização anexa ao Relatório Fiscal, seguiram no ANEXO I da manifestação de inconformidade então protocolada para melhor análise da DRJ, onde foram anexados, cópia das notas fiscais n° 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos de demais registros, conforme podese observar nos documentos constantes nas folhas 166 a 225 do processo 13161.001928/200795, e que ora, para melhor analise deste colegiado, novamente são apresentados anexo a este recurso, confirmando o direito ao crédito. Portanto, considerando que estão comprovadas as aquisições de insumos anteriormente desconsideradas pela fiscalização, conforme relação constante na Tabela 05, que seguiu anexa ao Relatório Fiscal para ciência, requer a contribuinte a manutenção do crédito sobre estas as aquisições. 4.1.2 DA ENERGIA ELÉTRICA Relativo às despesas de energia elétrica, da mesma forma que manifestou entendimento sobre as aquisições de insumos, entendeu a fiscalização que algumas aquisições não estariam comprovadas, argumentando que não teriam sido apresentadas pela contribuinte as faturas relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuja ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, indeferindo desta forma, o crédito apurado sobre estas faturas. Todavia s.m.j., o argumento da fiscalização está equivocado, pois tais notas fiscais, foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentou cópia digitalizada destes documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004 onde a contribuinte apresentou os originais destes documentos, sendo que estas faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Ademais, evidenciado o equivoco da fiscalização, comprovado a existência destes documentos, juntamente com manifestação de inconformidade então protocolada para melhor analise da DRJ, contribuinte apresentou novamente as faturas de energia elétrica, que foram desconsideradas pela fiscalização (Tabela 05 elaborada pela fiscalização), conforme pode ser verificado nos documentos (ANEXO II) constantes nas folhas 226 a 267 do processo 13161.001928/200795, e que ora, em virtude de não terem sido considerados no julgamento da DRJ, no intuito de facilitar a análise deste colegiado a contribuinte novamente os apresenta, anexo, a este recurso. Assim, considerando o principio da verdade material, uma vez que existem os comprovantes das despesas de energia elétrica e, que foram desconsideradas pela fiscalização sob o argumento de Fl. 364DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 56 17 não apresentação da documentação, requer a contribuinte a manutenção do crédito de PIS e Cofins apurados sobre a totalidade das despesas com Energia Elétrica. 4.2 DOS FRETES SOBRE OPERAÇÃO DE TRANFERÊNCIAS DE MERCADORIAS Dentre os custos, despesas e demais encargos elencados no Art. 3o das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no inciso IX do art. 3o estão relacionados ás despesas de armazenagem e frete na operação de venda. Todavia, ao efetuar a verificação dos créditos apurados pelo contribuinte, a fiscalização entendeu que não seria possível apurar créditos sobre os fretes, relativo às transferências de insumos, mercadorias entre estabelecimentos, entendendo que estas operações não integrariam as operações de venda, argumentando se tratar de mero deslocamento das mercadorias. Ocorre que este "deslocamento" como denominado pela fiscalização, não se dá pela simples vontade da contribuinte em transferir a mercadoria de um estabelecimento para outro, mas decorre da necessidade de se realizar esta operação, em virtude de diversos fatores interligados a operação de produção e venda destas mercadorias. O fato é que estas transferências representam custos necessários a atividade da contribuinte, sendo certo que se houvesse alguma forma de evitar o ônus destes custos, certamente seriam evitados, pois nenhuma empresa almeja ter seus custos e despesas majorados sem que realmente seja estritamente necessário. Portanto, os fretes relativos a transferências entre estabelecimentos também fazem parte dos custos de produção necessários à atividade, pois sem eles não haveria como concluir todas as etapas de produção, não podendo a mercadoria ser comercializada, enviada para o destino. 4.3 DOS FRETES SOBRE COMPRAS DE FERTILIZANTES E SEMENTES A contribuinte no período analisado, adquiriu mercadorias para revenda, dentre as quais fertilizantes e sementes sujeitas a alíquota 0% de PIS e Cofins. Sobre a aquisição de sementes e fertilizantes não houve aproveitamento de crédito, pois a contribuinte observou o disposto no § 2o do art. 3° das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que veda o aproveitamento de crédito sobre as aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições. Todavia, ao adquirir os fertilizantes e as sementes para revenda, é necessário que estas mercadorias sejam transportadas do Fl. 365DF CARF MF 18 estabelecimento do fornecedor até o estabelecimento do comprador, para isso, é preciso contratar os serviços de transportes de uma terceira empresa que realizará o frete destas mercadorias até o seu destino. Logo, quando o ônus desta despesa é suportado pelo adquirente, (caso da recorrente) esta despesa será agregada ao custo da mercadoria adquirida. Estes fretes (serviços), são onerados pelas contribuições para o PIS e Cofins, uma vez que estes fretes foram tributados na etapa anterior, pois para a pessoa jurídica que prestou o serviço de frete, estas operações representam sua receita/faturamento, portanto base de calculo das contribuições nesta fase da operação. Ademais, o frete não é aquisição com alíquota zero ou suspensão e, sim, operação regularmente tributada de PIS e Cofins, daí a não cumulatividade prever o direito ao crédito pelo adquirente. Ou seja, uma coisa é a mercadoria outra coisa é o frete. Que apesar de ser custo de aquisição, todavia, são operações distintas, de fornecedores igualmente distintos, mediante Notas Fiscais específicas. O fundamento utilizado pelo Agente Fiscal para vedar o crédito nas aquisições de fretes aplicados no transporte de mercadorias tributadas a alíquota zero não tem Isto porque, fundou seu entendimento no Inciso II do Parágrafo 2 o do art. 3 o da Lei 10.833/2003. Neste fundamento, claro está à vedação do direito ao crédito na aquisição de mercadorias ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Definitivamente, este não é o caso. Posto que, os fretes são alcançados pelas Contribuições. O fato de a mercadoria adquirida ser tributada a alíquota zero, não autoriza a extensão da interpretação no sentido de afastar o direito ao crédito nos serviços contratados (fretes) e aplicados no transporte daquelas mercadorias. 4.4 DO CRÉDITO PRESUMIDO ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL – PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS DE ORIGEM VEGETAL CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM. A Contribuinte diante da mecânica do PIS e da COFINS não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, com fundamento, no inciso II do artigo 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do Art.3° da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3o da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8o da lei 10.925/2004. Todavia entendeu a fiscalização que a contribuinte não se enquadraria como empresa produtora, por conseguinte e não faria jus a apuração do referido crédito. Mas vejamos mais informações. 4.4.1 ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL CONCEITO PROCESSO PRODUTIVO. Fl. 366DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 57 19 A Recorrente de acordo com o inciso I do artigo 6 o da IN SRF 660 exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no artigo 5º da referida IN. 4.4.3 AQUISIÇÃO DE INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO A Contribuinte adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural insumos, utilizados no processo produtivo em conformidade com o inciso II do art.3 o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e art. 7 o da IN SRF 660. Ressaltamos que os produtos agropecuários resultantes da atividade rural, são adquiridos pela contribuinte, são os insumos (daí o Inciso II do Art. 3 o das Leis) que após processo produtivo atividade agroindustrial (definição da IN 660, art. 6), resultam nas mercadorias classificadas nos capítulos 10, e 12 da NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL (§ 10 do Art. 3 o da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3 o da Lei 10.833/2003 e Caput do art. 8 o da Lei 10.925 e Inciso II do art. 3o das Leis 10.637 e 10.833). Portanto, faz jus a Contribuinte ao crédito de PIS e COFINS, calculados sobre estes insumos, considerando as disposições da Lei e IN, nas alíquotas previstas na legislação. 4.4.4 DA ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL. O contribuinte é equiparado a estabelecimento produtor de acordo com o artigo 4 o da lei 4.502/65: Art. 4o Equiparamse a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei: IV os que efetuem vendas por atacado de matériasprimas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção. (Incluído pelo DecretoLei n° 34, de 1966) (grifo acrescido) Por conseguinte, realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para o comércio.” Submetido a julgamento, a Turma decidiu, em razão do apelo da contribuinte, confirmado pelo patrono em sustentação oral, a necessidade de se baixar o feito em diligência para que fosse anexada cópia integral dos autos do processo administrativo 13161.001928/200795, ao argumento de que as provas capazes de nortear a decisão teriam sido carreadas, por essa razão os autos retornaram a origem. Fl. 367DF CARF MF 20 Retorna os autos para apreciação das matérias, registrase, em que pese a diligência determinada, restou esclarecido, posteriormente, que os documentos objeto da determinação tinham sido anexados pela própria Recorrente. Era o que tinha a relatar, sendo essa a matéria a ser apreciada. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filho, relator. Cuidase de recurso tempestivo, atendido os pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido. O debate encontra focado em glosas. No tocante aos créditos básicos oriundos de aquisição de insumos, o indeferimento decorre de falta de comprovação. O deferimento parcial dos créditos se refere aos insumos: ENERGIA ELÉTRICA, ALUGUÉIS PAGOS A PESSOAS JURÍDICAS, FRETE e AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO. GLOSA DE CRÉDITO DE INSUMOS TRIBUTADOS ALÍQUOTA ZERO, EXTORNO DE CRÉDITO VENDA MERCADO INTERNO, ETC. A fiscalização reconhece o direito a apropriação de créditos para as contribuições do PIS e da COFINS. Afirma que a solicitação dos comprovantes das aquisições de insumos aconteceu por meio do “Termo de Intimação – 003”, atendido, o contribuinte apresentou diversos documentos, entretanto, insuficientes a comprovar totalidade do crédito almejado, cabendo glosar parte. É cristalino o direito de tomar crédito relativo as contribuições a descontar referentes ao PIS e a COFINS é o que se extraí do relatório fiscal. Em resposta a Interessada sustenta que os livros de registros de entrada estavam à disposição e foram examinados pelo Fisco, além do que, anexou com o recurso os documentos a justificar a totalidade do crédito pretendido. Registrase, na fase inicial o julgador de piso determinou diligência no sentido de apurar a existência dos créditos desejados em razão da negativa total pelo fato da contribuinte deixar de apresentar documentação ao fundamento da incapacidade de pessoal, vez que a mesma encontrava e encontra em processo de liquidação. Concluído os trabalhos fiscais, o resultado mostrou existência de crédito o que foi reconhecido, tanto para o PIS quanto para a COFINS. Insatisfeita por diversas razões advém o voluntário, o que passase a examinar item a item: 1. DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS BÁSICOS. As glosas em sua totalidade, como se vê do relatório fiscal aconteceu por insuficiência documental a título de comprovação. Há enorme dificuldade de aferir com precisão se os documentos colecionados junto com o voluntário fazem parte do rol da documentação examinado pela fiscalização em trabalhos diligenciais, visto que, o relatório fiscal menciona o número das planilhas (tabela), entretanto, essas planilhas não encontram nos autos. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 58 21 Considerando que a Recorrente cuidou de trazer com o voluntário cópia das faturas de energia, bem como, aquisição de insumos básicos adquiridos, soja, trigo e sementes, cujo crédito foi glosado, devese reconhecer o direito de descontar crédito das contribuições com ressalvas, visto que, no caso da energia o relatório fiscal menciona ter reconhecido parcialmente com base da documentação apresentada, em sendo assim, o reconhecimento ao direito de apurar credito se restringe se as faturas anexadas aos autos, não sendo as mesmas aferidas pela fiscalização. Assim, sou inclinado reconhecer o direito a tomada do crédito das notas de aquisições de insumos colecionada aos autos referente às aquisições ali mencionadas por serem pertinentes a atividade da cooperativa, bem como, relacionadas com as faturas de energia, desde que não sejam as mesmas incluídas no rol daquelas que serviram para deferimento parcial pela fiscalização. 1.1 DA GLOSA DOS INSUMOS. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição dos insumos de produção foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF FORNECEDOR VALOR 23/03/05 10161 EURO GRAOS LTDA 281.400,00 14/04/05 467141 AGROPECUARIA ESCALADA DO NORTE 493.884,30 26/04/05 7771 KAZU CEREAIS LTDA 290.000,00 26/04/05 13951 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 286.000,00 08/08/05 40721 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 269.898,44 13/10/05 288801 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 650.000,00 19/12/05 29481 D'OESTE CEREAIS LTDA 409.500,00 15/03/06 112421 PROCOMP AGROPECUARIA LTDA 271.238,49 20/03/06 3097301 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 416.800,00 14/03/07 18731 KAZU CEREAIS LTDA 273.400,00 11/04/07 73311 KASPER E CIA LTDA 1.490.000,00 20/04/07 658241 LR AGROPECUARIA LTDA 363.635,39 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre tais aquisições não podia ser desconsiderado, pelo simples fato de a contribuinte não ter conseguido encontrar parte das notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização, haja vista que as respectivas operações de aquisição constavam registradas na sua escrituração contábil e fiscal, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. A recorrente asseverou ainda que anexada à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 166/225), as cópias das notas fiscais de nºs 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos, referente às demais aquisições. E para melhor análise, anexara tais documentos aos presentes autos. Com efeito, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que foram apresentados os referidos documentos. Porém, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, as demais cópias de documentos apresentados não se prestam para comprovar a respectiva operação de aquisição de insumos, por não serem os documentos hábeis e idôneos a Fl. 369DF CARF MF 22 comprovar as supostas operações de aquisição. A cópia da nota fiscal de nº 2948 não fora localizada nos autos. Assim, os créditos relativos as notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331 devem ser restabelecidos. 1. 2 GLOSA DE ENERGIA. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição de energia elétrica foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF CNPJ FORNECEDOR VALOR 09/08/04 27643 15.413.826/000150 12.632,67 13/08/04 273527 15.413.826/000150 14.016,00 19/08/04 28157 15.413.826/000150 35.147,35 19/08/04 28159 15.413.826/000150 31.133,05 20/08/04 28160 15.413.826/000150 10.689,13 01/09/04 28444 15.413.826/000150 40.973,62 09/09/04 616170 15.413.826/000150 14.040,33 14/09/04 28948 15.413.826/000150 42.539,70 14/09/04 28950 15.413.826/000150 29.725,81 14/09/04 910115 15.413.826/000150 17.213,00 06/12/04 758100 15.413.826/000150 12.143,06 10/12/04 841834 15.413.826/000150 11.270,00 14/12/04 987063 15.413.826/000150 32.906,66 21/12/04 92633 15.413.826/000150 30.573,39 07/01/05 406656 15.413.826/000150 11.001,64 15/03/05 58958 15.413.826/000150 21.085,00 16/03/05 149601 15.413.826/000150 20.394,47 16/03/05 149599 15.413.826/000150 19.717,11 06/06/05 604193 15.413.826/000150 18.076,86 06/07/05 541925 15.413.826/000150 14.470,31 26/09/05 317457 15.413.826/000150 20.696,10 03/10/05 579804 15.413.826/000150 19.708,12 04/10/05 579814 15.413.826/000150 34.273,16 08/09/06 576517 03.747.565/000125 19.361,01 19/02/07 233576 15.413.826/000150 10.158,24 08/03/07 1924 15.413.826/000150 10.123,00 19/03/07 151839 15.413.826/000150 30.148,74 10/04/07 605375 03.747.565/000125 10.026,33 08/05/07 316013 15.413.826/000150 11.167,38 20/07/07 24102 15.413.826/000150 10.043,49 21/08/07 19789 15.413.826/000150 10.132,90 21/08/07 19928 15.413.826/000150 10.076,62 01/10/07 41729 15.413.826/000150 30.678,69 3389 15.413.826/000150 13.561,00 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre valor de aquisição da energia elétrica acobertado pelas notas fiscais discriminadas na referida Tabela não podia ser desconsiderado, porque tais documentos foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentara cópia digitalizada dos citados documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004, em que apresentara os originais dos citados documentos, inclusive as faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 59 23 A recorrente asseverou ainda que anexara à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 226/267), as cópias das notas fiscais discriminadas na citada Tabela. E para melhor análise, anexara tais notas fiscais aos presentes autos. De fato, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925, as demais foram apresentadas. Assim, deve ser mantida a glosa apenas dos créditos calculados sobre o valor das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925. 1.3 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA. O motivo da glosa deuse ao fundamento de que tratase de meras transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, implicaria em mero deslocamento com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores, motivo pelo qual, entendeu não integrar operação de venda. Ao contrário da posição do fisco, sustenta o contribuinte tratarse de transferência necessárias a atividade, afirma, se houvesse meios de evitar o ônus destes custos, não há dúvida de que seriam evitados. Não há como ignorar que algumas atividades a armazenagem dos insumos são necessários, bem como, o seu remanejamento posterior. É de conhecimento notório, constantemente divulgado pelos veículos de comunicação o déficit de locais de armazenamento das safras de grão. A imprensa, repetidamente, divulga que no auge da colheita de grãos os produtores são obrigados a estocar os grãos em carrocerias de caminhões e em outros locais muitas vezes inusitados. Acontece, ainda, venda para exportação antecipada por falta de local adequado a estocagem, ninguém dúvida disso, pois essas notícias são facilmente comprovadas por intermédio das publicações dos periódicos. Essa Turma é sensível ao entendimento da necessidade de estocagem de insumos e sua transferência posteriormente para outro estabelecimento, desde que, não se revele transferência pura e simples estratégica de comercialização. Em outras oportunidades já reconheceu essa necessidade de se estocar em determinado local e o remanejamento para sede e ou outro estabelecimento industrial da mesma pessoa jurídica, nesses casos os custos de transferência configura insumo necessário a atividade da empresa. Bem afirmou a Recorrente, o frete nesses casos de transferência possui o único objetivo é de concluir todas as etapas de produção, pois a soja colhida no campo e adquirida pela Interessada ainda não está pronta a comercialização, precisa passar por processo industrial, seja aquela destinada ao mercado interno, quanto as destinadas a exportação. Não pode esquecer, que tratase de agroindústria, cuja atividade industrial se refere ao processo de beneficiamento de grãos, seja de soja, trigo e milho, a secagem, limpeza, padronização e classificação dos grãos, deixa os produtos prontos a exportação, bem como, ao consumo humano ou animal. Fl. 371DF CARF MF 24 Considerando que a razão da glosa foi simplesmente pelo fato de tratarse de transferência entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, sem análise apurada quanto ao destino dos insumos, inclino no sentido de afastar a glosa e reconhecer o direito quanto aos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06” que se refere a exclusão de transferência conforme demonstrado pela fiscalização. 1.4 – GLOSA DE VALOR PAGO DE FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA DE INSUMO QUE NÃO GERA DIREITO A CRÉDITO. Tratase de glosa de crédito oriundo do frete de transporte de mercadoria pago a pessoa jurídica nacional. No entendimento da fiscalização o fato dos insumos objeto do transporte não gerarem o direito a tomada, consequentemente, o frete também não pode gerar o direito. O motivo preponderante para glosar é simplesmente por tratarse de frete de operações de aquisições de fertilizantes e sementes submetidos à alíquota zero, inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004. Penso diferente, o evento da aquisição de produtos sujeitos à alíquotas zero não veda o direito de tomar crédito dos custos relativamente ao transporte desses produtos. Se a legislação prevê incidência à alíquota zero, mas não tem a amplitude de vedar outros créditos decorrentes de operações e prestações adquiridas por parte da Recorrente, que, por sua vez, está sujeita ao regime não cumulativo. Não se pode perder de vista que o inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004 realmente fixa alíquota igual a zero, sendo assim, para aqueles insumos veda o crédito de produto adquirido justamente porque essa operação não é tributada pelo PIS/COFINS, o que não ocorre com outras operações autônomas, e.g., frete e armazenagem, que são regularmente tributadas, não havendo razão jurídica nenhuma para não outorgarem o direito ao crédito. A esse respeito, calha trazer à colação ementa de decisão havida na Segunda Turma Ordinária, da Quarta Câmara, da Terceira Seção, veiculada no Acórdão no 3402 002.513, de relatoria do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, que mediante raciocínio semelhante ao do presente processo, admitiu o crédito de frete e armazenagem de contribuinte que adquiriu tais prestações em cuja operação de venda estava sujeita ao regime monofásico: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele Fl. 372DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 60 25 suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido. A transferência direcionada a estabelecimentos da mesma pessoa jurídica com o objetivo de processamento gera direito a tomada de crédito sobre o dispêndio a título de frete, bem como, o frete decorrente da entrega de mercadorias vendidas, no caso resta patente que o ônus foi da cooperativa recorrente. Recentemente, em voto impa proferido pela Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, 2ª T. 3ª Câmara, 2ª Seção, processo administrativo nº 10925.720202/201415, afastou glosa em caso semelhante. Considerando à ausência das “tabelas 04 e 06 nestes autos, confiante na consignação da fiscalização, afasto também glosa, para reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete. 1.5 ALUGUEIS PESSOA JURÍDICA. A glosa procedida decorreu de análise da documentação apresentada e julgada insuficiente a comprovar todo custo de aluguéis registrados no DACON. A fiscalização elaborou a “TABELA 04””, concluiu tratarse de valores inferiores ao montante declarado pela Interessada. Nestes autos não se enxerga resistência a glosa, sendo assim, mantémse intacta a decisão de piso nesta parte. 1.6 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A glosa ocorreu em decorrência da ausência de comprovação total do crédito pleiteado. Segundo consta do relatório fiscal, que o contribuinte fez prova apenas de parte dos créditos registrados no DACON provenientes de aquisição de imobilizado. Também não se vê resistência e tampouco irresignação com referência a essa glosa. 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. O crédito presumido apontado pelo contribuinte restou glosado ao fundamento da inexistência de comprovação da atividade agroindustrial, e, pela ausência de comprobação da destinação, isso é, se era para alimentação humana e/ou animal, conforme dispõe o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Consta que o contribuinte teria sido intimado para comprovar se os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em síntese teria a recorrente sido considerada tãosó cooperativa de produção agropecuária, para a qual existe a suspensão das contribuições, obrigandoa proceder o estorno dos créditos da não cumulatividade, e, não podendo apurar crédito presumido nos moldes ocorrido. Fl. 373DF CARF MF 26 Em resposta a posição do fisco, afirmou tratarse de produtos classificados no CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL, por essa razão é considerada agroindústria. Endossa seu entendimento de que todas as Pessoas Jurídicas que produzam as mercadorias classificadas nas posições da NCM descritas no caput do art. 8º da Lei nº 10.825/2004, gozam do direito de descontar o crédito oriundo das aquisições de insumos, para tanto, basta produzir as mercadorias de origem animal ou vegetal, desde que classificadas conforme determina o art. 8º do mencionado diploma legal. A Interessada justifica sua condição agroindústria, sustentando tratarse de exportação de produtos submetidos a processo industrial, impõe, assim, buscarse a saber se o beneficiamento dispensado a soja, milho e o trigo enquadram no rol das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, da NCM. Não há dúvida de que os produtos agrícolas, soja, trigo e milho, passam por procedimento tecnológico de beneficiamento, embora em sua maior parte sejam exportados in natura. O beneficiamento de grãos e sementes é realizado por máquinas projetadas com base em uma ou mais características físicas do produto e dos contaminantes a serem retirados. O processo de secagem dos grãos visa melhor qualidade dos produtos, mantendo as propriedades físicoquímicas, permitindo acondicionamento e armazenagem resguardar qualidade. A pesquisa universitária divulgada notícias que o beneficiamento se revela etapa importante na qualidade dos grãos e sementes: “´´E na unidade de beneficiamento que o produto adquire, após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos; sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas etc., as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões e qualidade.” No processo de beneficiamento surge a padronização e classificação, essa última configura prática obrigatória em todos os segmentos de marcado, seja interno ou externo. A comercialização do produto depende do tratamento após colheita, tornando indispensável. Essa melhora busca a certificação, que constitui documento hábil para todas as transações. Em trabalho elaborado pela professora Maria A. B. Regitano d’Arce, Depto. Agroindústria e Nutrição ESALQ/USP, intitulado “PÓS COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS” , colhe informação de suma importância: “Nos países desenvolvidos, os problemas de colheita, armazenamento e manuseio (secagem, limpeza, movimentação, etc.)de grãos, constituem objeto de estudo permanente, visando prolongar a vida comercial dos produtos. Uma prioridade das nações mais pobres deve ser a redução do trágico desperdício que se verifica a partir das colheitas, porfalta de silos adquados, secagem mal processada, transporte inadequado, controle de qualidade, etc. ...” Recentemente foi noticiado pela imprensa a união das duas maiores indústrias de beneficiamento da América Latina, Camil Alimentos, beneficiadora de arroz e Fl. 374DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 61 27 feijão e Cosan Alimentos, dona das marcas de varejo de açúcar união e da Barra, e, capitaneadas pela Gávea Investimentos. O destaque dáse em razão da união de duas maiores indústrias de beneficiamento, como se vê o beneficiamento é parte do processo industrial, necessariamente os produtos não precisam passar por transformações e resultar em produto novo. Sendo assim, não dúvida alguma de as atividades desenvolvidas pela Recorrente enquadraa na qualidade agroindústria e o benefício do art. 8º da Lei 10.925/2004. As informações trazidas colaboram para formação de juízo, não estão sujeitos a provas, os fatos que possuem presunção de legalidade, portanto, o beneficiamento configura uma etapa da industrialização, motivo pelo qual deve a interessada ser considerada agroindústria. De modo que resta assegurado pelo legislador ordinário o direito ao crédito presumido da Contribuição ao PIS e a COFINS em favor agroindústria, que realizar exportações, podendo compensar os referidos créditos com os débitos das contribuições ou com outros tributo dos desde que seja administrados pela Receita Federal. Nesse sentido os Acórdãos nºs 3102.002.231; 3402.002.113, que reconhece o direito, desnecessário tecer outros fundamentos, pois essa matéria encontra pacificado perante o CARF. Assim, reverter as glosas dos créditos procedido pela fiscalização. MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS DE AQUISIÇÕES VINCULADO VENDA COM SUSPENSÃO, ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO OU NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PIS/COFINS. Outro ponto de discórdia se refere ao direito a manutenção do crédito previsto pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. A glosa encontra consubstanciada ao fato de que a Lei 10.925/2004 exclui do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal, por essa razão foram consideradas típicas de cerealista. Sustenta a Interessada, passado apenas cinco dias do inicio da vigência do parágrafo 4º do art. 8º da lei 10.925/2004, dispositivo que vedava às pessoas jurídicas o aproveitamento do crédito, foi derrogado pela Medida Provisória nº 206, de 06 de agosto de 2004, publicada em 09.08.2004. É verdade, a vedação foi afastada pela novel norma introduzida pela MP 206, convertida em Lei nº 11.033/2004, art. 17: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/P ASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Em sendo, assim, inexiste óbice a manutenção de crédito proveniente de aquisições com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS. Fl. 375DF CARF MF 28 Assim, impõe restabelecer esse direito de manutenção de crédito a Recorrente. DIREITO DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITO VENDA A ASSOCIADOS INCLUSÃO À BASE DE CÁLCULO No que tange a manutenção do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins referentes a Repasses aos associados, a fiscalização sustenta inexistência de previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações, razão pela qual ocorreu a glosa. É de conhecimento geral com o advento da Medida Provisória 2.15835 de 2001, a sociedades cooperativas passaram a ser tributadas sobre a totalidade de suas receitas conforme encontra disciplinado pela Lei nº 9.718 de 1998. Restou assegurado, tanto pela Lei nº 9718, bem como, as seguintes, o direito de excluir da base de cálculo uma série de itens. Exclusão de receitas da base de cálculo só deve acontecer quando encontrar respaldada por permissivo legal, por essa razão a lei descreve minunciosamente os caso em que se autoriza as exclusões. Nesse mesmo sentido o conjunto de leis norteadoras da incidência da Contribuição Social para o PIS/PASEP e a COFINS, são explícitas em relação aos créditos, não deixam dúvida que só podem ser utilizados para desconto dos valores da contribuição apurados sobre as receitas sujeitas à incidência não cumulativa. Todas as vezes que a intenção do legislador foi no sentido de se manter o crédito, menciona com clareza, pois os créditos em si não ensejam compensação ou restituição, salvo expressa disposição legal. O exemplo mais comum é o crédito apurado em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, manifestamente a legislação pertinente autoriza. No caso específico tratase negócio com o associado da cooperativa, também possui caráter de alienação, assim sendo, encontra respaldo legal na norma prevista pelo art. 17º da Lei 11.033/2004, que se refere a operação de venda: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Sendo assim, é cabível se cogitar da possibilidade de manutenção de créditos nessas operações tendo por base o disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, a manutenção de créditos da contribuição, nas hipóteses autorizadas por lei, tem por pressupostos necessários a possibilidade legal do respectivo crédito, é vedado quando não se verificando esses pressupostos. Assim, dou provimento para modificar a decisão recorrida e assegurar o direito de manutenção do crédito. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC DECORRENTE DE ÓBICE DA ADMINISTRAÇÃO. No tocante à aplicação da taxa SELIC sobre os créditos após o ingresso do pedido de compensação, não há, na legislação, dispositivo que reconheça aludido direito, mas o Superior Tribunal de Justiça, por meio do Recurso Especial no 1.037.847RS, julgado na Fl. 376DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 62 29 sistemática dos Recurso Repetitivos (artigo 543C do CPC), reconheceu a correção monetária dos créditos quando há oposição do Fisco, in verbis: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IP. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização direto de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direto pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo lídima necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: REsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09205, DJ 10.205; REsp 613.97/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.1205, DJ 05.1205; REsp 495.3/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09206, DJ 23.10206; REsp 52.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.1206, DJ 24.09207; REsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03208, DJe 07.4208; e REsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavscki, julgado em 12.1208, DJe 24.1208). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido a regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/208. Desse modo, tendo havido oposição do Fisco à compensação, sendo que houve o reconhecimento de um item controverso em favor da Recorrente, devese aplicar a correção monetária sobre os créditos da Recorrente, em conformidade com o julgado cuja ementa foi acima transcrita, resultante de julgamento de Recurso Repetitivo, que o CARF está obrigado a observar, por conta de seu Regimento Interno. Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento parcial para: 1 em relação a glosa dos créditos básicos, restabelecer somente o direito aos valores dos créditos calculados sobre o custo de aquisição (i) dos insumos, relativos às notas Fl. 377DF CARF MF 30 fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, e (ii) da energia de elétrica, exceto das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925; 2 afastar, também, glosa dos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06”, que se refere à exclusão de transferência entre estabelecimento, conforme demonstrado pela fiscalização; 3 reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete, cujos insumos adquiridos não geram créditos; 4 – reconhecer o direito do credito presumido, por tratarse de agroindústria; 5 afastar glosa e manter o crédito proveniente de aquisições vinculado a venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS; 6 – tornar sem efeito glosa dos créditos das aquisições de mercadorias vendidas aos associados da cooperativa; 7 – reconhecer o direito aplicação da Taxa Selic tendo em razão ter havido oposição do Fisco à compensação/restituição. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Inicialmente, cabe consignar que a controvérsia cingese (i) a glosa de créditos básicos e agroindustriais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, (ii) restrições quanto a forma de utilização do crédito presumido agroindustrial e (iii) não incidência de taxa Selic sobre a parcela do crédito pleiteado. A) DA ANÁLISE DOS CRÉDITO GLOSADOS As glosas dos créditos básicos foram motivadas por falta de comprovação, falta de cumprimento de requisitos legais e por falta de amparo legal, conforme a seguir demonstrado. De acordo com a conclusão apresentada no Relatório Fiscal colacionado aos autos, a seguir parcialmente reproduzida, os créditos não admitidos foram motivados por: I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); Fl. 378DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 63 31 III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 Tabela 03 e 04); [...]. O órgão colegiado de primeiro grau manteve, integralmente, as referidas glosas, com base nos mesmos fundamentos aduzidos na citado relatório fiscal. Inconformada com o resultado do citado julgamento, no recurso voluntário em apreço, a recorrente contesta a manutenção das referidas glosas. Assim, uma vez apresentadas as razões gerais da controvérsia, a seguir serão apreciadas apenas as questões específicas, para as quais este Conselheiro foi designado redator, a saber: a) em relação aos créditos básicos, a totalidade da glosa das despesas com fretes relativos às operações de transferência entre estabelecimentos e de compras sujeitas à alíquota zero; b ) crédito presumido agroindustrial. I) DA GLOSA DOS CRÉDITOS BÁSICOS. A glosa parcial dos créditos básicos realizada pela fiscalização está relacionada a: a) parte das aquisições de bens utilizados como insumos de fabricação de bens destinados à venda não comprovadas; b) parte do custo de aquisição de energia elétrica não comprovada; c) parte das despesas com aluguéis da pessoa jurídica não comprovada; d) a totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, por falta de amparo legal; e e) parte dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado não comprovada. Aqui será analisada apenas a questão referente à totalidade da glosa das despesas com fretes nas operações de (i) transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte e (ii) de compras de mercadorias que não geraram direito a crédito das referidas contribuições (compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero). De acordo com citado relatório fiscal, por falta de amparo legal, a fiscalização procedeu a glosa da totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, discriminadas nas Tabelas de nº 04 e 06, integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado. No entendimento da fiscalização, gera direito ao crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias diretamente para entrega ao consumidor final e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, Fl. 379DF CARF MF 32 bem como os gastos com frete sobre as operações de compras de bens que geram direito a crédito, quando o comprador assume ônus com o frete, cujo valor integra o custo de aquisição dos bens. De outra parte, não gera direito a crédito os gastos com frete relativos aos serviços de transportes prestados: a) nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, que implicam mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores; e b) nas compras de mercadorias que não geram direito a crédito das referidas contribuições, no caso, nas operações de compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero, conforme art. 1º, I e III, da Lei 10.925/2004. O entendimento da fiscalização está em consonância com o entendimento deste Relator explicitado no voto condutor do acórdão nº 3302003.207, de onde se extrai os excertos pertinentes, que seguem transcritos: No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20031, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...]§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). 1 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 380DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 64 33 §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. [...] Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou Fl. 381DF CARF MF 34 fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. 2 Com base nesse entendimento, rejeitase as alegações da recorrente de que gerava direito ao crédito das referidas contribuições o custo com o frete no transporte relativo a: a) transferências das mercadorias entre estabelecimentos, porque representava uma etapa intermediária da operação de venda e para exportação, logo, tais despesas, quando suportadas pela recorrente, eram complementares as despesas com fretes sobre vendas no ato da entrega da mercadoria ao adquirente; e b) das compras das mercadorias sujeitas a alíquota zero, porque os fretes sobres essas compras estavam oneradas pelas citadas contribuições, estando desta forma onerado o custo final da aquisição da mercadoria, pelos gravames na proporção do custo com fretes sobre tais aquisições. Por essas considerações, por falta de amparo legal, deve ser mantida integralmente as glosas dos referidos créditos, conforme determinado pela fiscalização. II) DA GLOSA DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. A falta de amparo legal foi o motivo da glosa do valor integral do crédito presumido agroindustrial apropriado pela recorrente no período fiscalizado. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia a atividade de cooperativa de produção agroindustrial e não comprovara que os produtos por ela exportados foram destinados à alimentação humana ou animal, conforme exigência determinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que segue transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2 BRASIL. CARF. 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção. Ac. 3302003.207, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, Sessão de 19 mai 2016. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 65 35 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM;3 (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. [...] Da leitura do referido preceito legal, extraise que não são todos os produtos de origem animal ou vegetal nele relacionados que proporcionam o direito de apropriação de crédito presumido agroindustrial, mas apenas aqueles destinados à alimentação humana ou animal. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária, uma vez que a sua atividade econômica limitavase a “limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura”, atividade típica de cerealista, que a própria Lei 10.925/2004 havia excluído do conceito de agroindústria. Para melhor análise, transcrevese os excertos pertinentes extraídos do relatório fiscal: Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que exerceu a atividade de produção de mercadorias (agroindústria). Em resposta a intimação fiscal, a contribuinte descreveu o processo produtivo realizado que pode 3 A atual redação do inciso é a seguinte: "I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM);" (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) Fl. 383DF CARF MF 36 ser sintetizado nas seguintes etapas: 1º ETAPA: Recebimento e Classificação; 2º ETAPA – Descarga das Mercadorias; 3º ETAPA – Prélimpeza dos Grãos; 4º ETAPA – Secagem; 5º ETAPA – Póslimpeza; 6º Armazenagem e Controle de Qualidade; 7º ETAPA Expedição. As etapas produtivas descritas subsumemse as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura. A própria Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista, sendolhe vedado apurar o mencionado crédito presumido (§ 4º, art. 8º da Lei 10.925/2004). Para a fiscalização, para que fosse considerada cooperativa de produção agroindustrial, a recorrente deveria receber a produção de seu cooperado, industrializála e vender o produto industrializado, o que não fora feito. De outra parte, a contribuinte alegou que desenvolve o processo produtivo/atividade econômica de beneficiamento, por meio do qual eram alteradas as características originais e obtidos os grãos aperfeiçoados/beneficiados a serem comercializados/exportados. Nos excertos a seguir transcritos, a recorrente expõe as razões pelas quais entende que fazia jus ao crédito presumido em questão: As aquisições de matériasprimas (produtos resultantes da atividade rural) realizadas junto a pessoas físicas ou jurídicas com suspensão, são os insumos necessários para a obtenção das mercadorias soja beneficiada, trigo beneficiado, e milho beneficiado, classificados na NCM respectivamente nos capítulos 12 e 10. Não há que se falar em mercadorias classificadas nos capítulos 12, 10, da NCM, sem que tenhamos as matériasprimas provenientes da atividade rural, que são o principal "insumo" destas mercadorias. Como se vê, as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente são por ela produzidas. E, diante de mecânica do PIS e da COFINS nãocumulativa, tem fundamento para apuração o crédito presumido, no inciso II do artigo 3º das leis 10.637/2002 e art. 3º da lei 10.833/2003 combinado com o Caput do artigo 8º da lei 10.925/2004. Do cotejo entre o entendimento da fiscalização e o da recorrente, fica evidenciado que o cerne da controvérsia reside no tipo da atividade exercida pela recorrente, ou seja, se a atividade por ela exercida era de produção agroindustrial ou, simplesmente, de produção agropecuária. A Lei 10.925/2004 não contém a definição da atividade de produção agroindustrial nem da atividade de cooperativa de produção agropecuária, no entanto, nos termos do art. 9º, § 2º, atribuiu à RFB a competência para regulamentar a matéria. E com base nessa competência, por meio da Instrução Normativa SRF 660/2006, o Secretário da RFB definiu a atividade de produção agroindustrial no art. 6º, I, da referida Instrução Normativa, a seguir transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: Fl. 384DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 66 37 I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e [...] As atividades de produção de que trata o art. 2º4 da Lei 8.023/1990, são as atividades rurais típicas, não exercidas pela recorrente, conforme se infere dos elementos coligidos aos autos. E as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente encontramse mencionadas no art. 5º, I, “d”, da citada Instrução Normativa, que, no período de apuração dos créditos, tinha a seguinte redação: Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: [...] d) nos capítulos 8 a 12, 15 e 16; 5 [...](grifos não originais) No período de apuração dos créditos presumidos em apreço, os produtos exportados pela recorrente foram grãos de milho, classificados no código NCM 1005.90.10, e grãos de soja, classificados no código NCM 1201.90.00. Portanto, inequivocamente, produtos pertencentes aos capítulos 8 a 12 da NCM. Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010), porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na 4 "Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas." (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) 5 A redação autualmente vigente tem o seguinte teor: "d) nos capítulos 8 a 12, e 15, exceto os códigos 0901.1 e 1502.00.1;" (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1223, de 23 de dezembro de 2011) Fl. 385DF CARF MF 38 condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Aliás, em relação ao IPI, a vedação de apropriação de créditos sobre insumos utilizados na produção de produtos com a anotação NT na TIPI foi objeto da Súmula CARF nº 20, que tem o seguinte teor, in verbis: “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.” Assim, por se tratar de comercialização/exportação de produto in natura, a atividade de produção realizada pela recorrente representa típica atividade de beneficiamento de produtos agropecuários, que não se caracteriza como operação de industrialização, conforme definido na legislação do IPI, mas atividade de beneficiamento de produtos in natura de origem vegetal (grãos), conforme definição estabelecida no art. 3º, § 1º, III, da Instrução Normativa SRF 660/2006, a seguir transcrito: Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; II que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel, no caso do produto referido no inciso II do art. 2º; e III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. [...] (grifos não originais) Assim, com base nas referidas definições e tendo em conta que a atividade da recorrente limitase a mero beneficiamento dos grãos de milho e soja exportados, chegase a conclusão de que a recorrente não exerce a atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária. E no âmbito da cooperativa de produção agropecuária, a diferenciação entre a atividade de beneficiamento e atividade de industrialização encontrase nitidamente Fl. 386DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 67 39 evidenciada, por exemplo, no art. 15, IV, da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir reproduzido: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] (grifos não originais) Outro dado relevante que ratifica a conclusão de que a recorrente exercia a atividade de produção agropecuária, em vez da atividade de produção agroindustrial, está no fato de ela ter declarado, nos respectivos Dacon do período de apuração (fls. 131/154 do citado processo nº 10010.031138/041361), as receitas de venda no mercado interno dos referidos produtos de origem vegetal sob regime de suspensão6, regime de tributação não aplicável às cooperativas de produção agroindustrial, mas às cooperativas de produção agropecuária, nos termos do art. 9º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1odo art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] (grifos não originais) Assim, se acatada a pretensão da recorrente, o que se admite apenas por hipótese, ela seria duplamente beneficiada, pois, além de não submeter a tributação das referidas contribuições a receita da venda dos produtos de origem vegetal comercializados no mercado interno, ainda se apropriaria, indevidamente, do valor do crédito normal vinculado às referidas receitas, o que é expressamente vedado pelo art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004, a seguir analisado. Não se pode olvidar que a dedução de tais créditos somente é assegurada às cooperativas de produção agroindustrial, cujas receitas de venda dos produtos fabricados com 6 Os valores e o percentual de participação da receita submetida ao regime de suspensão encontramse discriminados na Tabelas de nº 03 (fls. 644/645), integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), apenso a este processo. Fl. 387DF CARF MF 40 insumos de origem vegetal, realizadas no mercado interno, sujeitamse ao regime de tributação normal das citadas contribuições. Também não procede a alegação da recorrente de que processo produtivo de grãos encontravase disciplinado na Lei 9.972/2000 e regulamentado pelo Decreto 6.268/2007 e pelas Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pois, diferentemente do alegado, os referidos diplomas normativos não tratam de processo produtivo de grãos, mas da classificação dos produtos vegetais, incluindo a classificação dos grãos. Dada essa finalidade específica, certamente, tais preceitos normativos não têm qualquer relevância para a definição do tipo de processo produtivo realizado pela recorrente, para fins de atribuição da forma de incidência das referidas contribuições. Portanto, fica demonstrado que se trata de alegação estranha ao objeto da controvérsia em apreço. Dessa forma, por se caracterizar como cooperativa de produção agropecuária, independentemente da destinação dos produtos produzidos e comercializados (se destinada ou não à alimentação humana ou animal), a recorrente não faz jus ao aproveitamento do crédito presumido em apreço, conforme determina o art. 8º, § 4º, I, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º [...] § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos presumidos agroindustriais, indevidamente apropriados pela recorrente. III) DO INDEFERIMENTO DOS CRÉDITOS VINCULADAS ÀS OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS REALIZADAS NO MERCADO INTERNO. De acordo com relatório fiscal e os dados apresentados nas Tabelas de nºs 03 e 04 (fls. 643/653), integrantes do processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a fiscalização propôs o deferimento apenas dos valores dos créditos básicos vinculados às receitas de exportação. No que tange aos créditos básicos vinculados às receitas de venda realizadas no mercado interno, a fiscalização manifestouse pelo indeferimento integral, sob o argumento de que tais operações de aquisição estavam vinculadas às receitas de venda no mercado interno não sujeitas à tributação, especificamente, as receitas de venda com suspensão e sujeitas à Fl. 388DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 68 41 alíquota zero, bem como as exclusões da base de cálculo permitidas, exclusivamente, às sociedades cooperativas, efetivamente utilizadas. Aqui serão analisadas apenas as questões atinentes às receitas (i) das vendas com suspensão e (ii) das vendas excluídas da base de cálculo. III.1) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas das Vendas Com Suspensão. Segundo a fiscalização, na condição de cooperativa agropecuária de produção, as operações de venda realizadas pela recorrente no mercado interno estavam amparadas pela regime de suspensão da incidência da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 9º da Lei 10.925/2004, em decorrência, ela deveria ter providenciado o estorno dos correspondentes créditos, conforme determinação expressa no inciso II do § 4º do art. 8º do citado diploma legal. Art. 8º [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. [...] (grifos não originais) Por sua vez, a recorrente alegou que a restrição contida no citado preceito legal fora revogada pelo art. 17 da Lei 11.033/2004, nos termos do § 1º do art. 2º da Lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro), a seguir transcrito: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Sem razão a recorrente, porque, embora tenha entrado em vigor posteriormente, o novo preceito legal não é incompatível e tampouco regula inteiramente a matéria disciplinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que instituiu o crédito presumido agroindustrial e as vedações às manutenções tanto do referido crédito presumido quanto dos créditos vinculados as receitas de venda efetuadas com suspensão por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e por cooperativa de produção agropecuária. Diferentemente do alegado, como o citado art. 17 da Lei 11.033/2004 instituiu norma de nítido caráter geral sobre manutenção, pelo vendedor, dos créditos Fl. 389DF CARF MF 42 vinculados às operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, ao caso em apreço, aplicase o disposto no § 2º do art. 2º da Lei 4.657/1942, que determina que a lei nova não revoga nem modifica a lei anterior. Dessa forma, uma vez demonstrado que o inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 estava em plena vigência no período de apuração dos créditos em questão e ainda se encontra em vigor, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1972 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), aprovado pela Portaria MF 343/2015, aos membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Com base nessas considerações e tendo em conta que ficou anteriormente demonstrado que a recorrente, no período de apuração dos créditos, exercia atividade de cooperativa de produção agropecuária, com respaldo no inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados as receitas de venda com suspensão. III.2) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas de Venda Excluídas da Base de Cálculo. De acordo com relatório fiscal, no período analisado, a contribuinte registrou exclusões de base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no art 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, em relação as quais não lhe eram assegurado a manutenção dos créditos vinculados, sob o argumento de que como o ato cooperativo, definido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não representava operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, logo, não existia “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS”, conforme estabelece o art. 17 da Lei 11.033/2004. Por decorrência, não havia suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo. Já a recorrente alegou que o conceito de ato cooperativo, contido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não influenciava na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, porque, atualmente, o cálculo das ditas contribuições independiam de tal conceito, uma vez que tanto a base de cálculo e o fato gerador destas contribuições correspondiam ao faturamento total, independente da denominação e classificação contábil, conforme determinado pelo art. 1º das Leis 10.637/2003 e 10.833/2004. Para a recorrente, posteriormente ao advento da Medida Provisória 1.858 6/1999, cuja redação definitiva foi mantida na vigente Medida Provisória 2.15835/2001, os dispositivos que asseguravam isenção das citadas contribuições foram revogados, passando desde então as sociedades cooperativas a serem tributadas sobre a totalidade de suas receitas da mesma forma que as demais pessoas jurídicas, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998. Em decorrência, todos os fatos que não tinham a aptidão de gerar tributos integravam o campo da não incidência, logo o resultado obtido das exclusões da base de cálculo permitidas às sociedades cooperativas, efetuadas pela contribuinte, correspondiam as receitas sem incidência das referidas contribuições, em virtude de não gerar receita tributável. Não assiste razão à recorrente. No caso em tela, a não tributação das referidas contribuições não decorreu do fato de as receitas auferidas não serem submetidas à incidência das referidas contribuições, ou em razão das respectivas operações de venda estarem fora do campo incidência das referidas contribuições, conforme alegado pela recorrente, mas pelo fato Fl. 390DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 69 43 de não existir base cálculo ou a base de cálculo ter sido zerada, após efetivadas as exclusões, especificamente, asseguradas à recorrente na condição de sociedade cooperativa de produção agropecuária. E a falta de tributação motivada pela inexistência de base cálculo, certamente, não se enquadra em nenhuma das hipóteses de manutenção do crédito das referidas contribuições, previstas no art. 17 da Lei 11.033/2004. Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados à base cálculo zerada, em razão das exclusões da base de cálculo das referidas contribuições, autorizadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, e efetuadas pela recorrente no curso do período da apuração dos créditos glosados. IV) DA ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC Em relação aos créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, cabe consignar que, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe vedação expressa a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: Fl. 391DF CARF MF 44 PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.7 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a sua pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. VI) DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, em relação às questões aqui analisadas, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 7 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 392DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 70 45 Voto Vencedor 2 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à reversão total da glosa relativa aos créditos vinculados às vendas de adubos, fertilizantes e sementes pela recorrente aos seus associados, as quais tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero pelo art. 1º da Lei 10.925/2004. Salientase que tais créditos foram glosados originalmente por falta de apresentação de documentos, como todos os demais créditos solicitados. Porém em diligência requerida pela DRJ, restou consignado em relatório fiscal a manutenção da referida glosa em razão de tais valores consistirem em exclusões da base de cálculo das cooperativas, nos termos do artigo 15 da MP nº 2.15835/2001: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; [...] No tópico seguinte "EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO", a autoridade fiscal justificou a glosa dos créditos vinculados a exclusões do artigo 15 da MP nº 2.158 35/2001, em razão da não previsão da manutenção de créditos vinculados à exclusões de base de cálculo na redação do artigo 17 da Leinº 11.033/2004, a seguir transcrito: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Acrescentou ainda que tais operações são atos cooperativos conforme definição contida no artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e, portanto, não configurariam operações de compra e venda, conforme extraise do excerto abaixo do relatório fiscal: "O conceito de ato cooperativo está disposto na Lei nº 5.764/71 (que “define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas”): Art. 79. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Grifouse. Fl. 393DF CARF MF 46 A luz do dispositivo legal, o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Portanto, não existe “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 11.033/2004). Por decorrência, não há suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo." Verificase, de fato, que as operações consideradas como vendas de adubos, fertilizantes e sementes aos associados se subsumem à definição de ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e neste sentido, impende8 reproduzir a recente decisão do STJ no REsp nº 1.164.716/MG, transitado em julgado em 22/06/2016 e submetido à sistemática de recursos repetitivos, na qual restou decidido que os atos cooperativos não implicam operações de compra e venda, conforme ementa abaixo transcrita: EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. NÃO INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NOS ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/2008 DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Os RREE 599.362 e 598.085 trataram da hipótese de incidência do PIS/COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados com terceiros tomadores de serviço; portanto, não guardam relação estrita com a matéria discutida nestes autos, que trata dos atos típicos realizados pelas cooperativas. Da mesma forma, os RREE 672.215 e 597.315, com repercussão geral, mas sem mérito julgado, tratam de hipótese diversa da destes autos. 2. O art. 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. E, ainda, em seu parág. único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. 3. No caso dos autos, colhese da decisão em análise que se trata de ato cooperativo típico, promovido por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados (fls. 126), de forma a autorizar a não incidência das contribuições destinadas ao PIS e a COFINS. 4. O parecer do douto Ministério Público Federal é pelo desprovimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial desprovido. 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 13161.001381/200728 Acórdão n.º 3302003.266 S3C3T2 Fl. 71 47 6. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 8/2008 do STJ, fixandose a tese: não incide a contribuição destinada ao PIS/COFINS sobre os atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin. Sustentaram, oralmente, a Dra. HERTA RANI TELES, pela recorrente, e o Dr. JOÃO CAETANO MUZZI FILHO, pela interessada: ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS OCB Brasília/DF, 27 de abril de 2016 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Assim, tais operações não podem ser consideradas como mercantis, e, portanto, não se tratam de vendas, configurando operações não incidentes e não receitas de vendas não incidentes. Salientase que o artigo 17 da Lei 11.033/2004 dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. Destarte, entendo ser inaplicável o referido artigo para efeito de vinculação de créditos a estas parcelas. Porém, a glosa pura e simples dos créditos vinculados a estas operações, conforme realizada pela autoridade fiscal, pareceme equivocada. É que tais créditos referemse a custos, despesas e encargos comuns que foram vinculados a estas parcelas mediante rateio entre receitas. Assim, não sendo tais operações receitas de vendas, também não podem compor o rateio para vinculação de créditos tomados sobre custos, despesas e encargos comuns (por exemplo, energia elétrica), devendo tal rateio ser refeito, excluindo estas operações de seu denominador, e redistribuindo os créditos comuns às demais parcelas de receitas consideradas, devendo ser reanalisada a possibilidade de desconto, compensação ou ressarcimento, de acordo com a nova natureza e conforme o decidido neste julgamento. Frisese que a decisão não se refere às aquisições específicas de adubos, sementes e fertilizantes, as quais não geraram créditos, pois que sujeitaramse à alíquota zero, como, inclusive, confirmado pelo patrono da recorrente em sustentação oral. É como voto. Fl. 395DF CARF MF 48 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 396DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.010928/2004-67
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 31 00:00:00 UTC 2011
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Exercício: 1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - ALEGAÇÃO DE QUE A DECISÃO DE SEGUNDA INSTÂNCIA TERIA INCORRIDO EM OMISSÃO/ INOVAÇÃO.
A questão sobre a retificação da declaração está articulada desde o início da fase litigiosa, e as considerações expostas na decisão de segunda instância estão englobadas na atividade de aplicação do direito, em seu conjunto, de onde resultam os fundamentos jurídicos para a solução do litígio. Não houve mudança em relação ao fato imputado à Contribuinte e as decisões proferidas tanto na primeira quanto na segunda instância concluíram igualmente que a segunda declaração não poderia ser considerada como retificadora da primeira, e que esta, portanto, não poderia afastar a intempestividade daquela. Não verificada a alegada omissão ou inovação por parte deste colegiado que pudessem caracterizar cerceamento de defesa. Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 1802-000.861
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR os embargos, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPJ - multa por atraso na entrega da DIPJ
Nome do relator: José de Oliveira Ferraz Corrêa
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ementa_s : OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 1999 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - ALEGAÇÃO DE QUE A DECISÃO DE SEGUNDA INSTÂNCIA TERIA INCORRIDO EM OMISSÃO/ INOVAÇÃO. A questão sobre a retificação da declaração está articulada desde o início da fase litigiosa, e as considerações expostas na decisão de segunda instância estão englobadas na atividade de aplicação do direito, em seu conjunto, de onde resultam os fundamentos jurídicos para a solução do litígio. Não houve mudança em relação ao fato imputado à Contribuinte e as decisões proferidas tanto na primeira quanto na segunda instância concluíram igualmente que a segunda declaração não poderia ser considerada como retificadora da primeira, e que esta, portanto, não poderia afastar a intempestividade daquela. Não verificada a alegada omissão ou inovação por parte deste colegiado que pudessem caracterizar cerceamento de defesa. Embargos rejeitados.
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Interessado 2ª TURMA ESPECIAL DA 1ª SEÇÃO DO CARF ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 1999 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ALEGAÇÃO DE QUE A DECISÃO DE SEGUNDA INSTÂNCIA TERIA INCORRIDO EM OMISSÃO/ INOVAÇÃO. A questão sobre a retificação da declaração está articulada desde o início da fase litigiosa, e as considerações expostas na decisão de segunda instância estão englobadas na atividade de aplicação do direito, em seu conjunto, de onde resultam os fundamentos jurídicos para a solução do litígio. Não houve mudança em relação ao fato imputado à Contribuinte e as decisões proferidas tanto na primeira quanto na segunda instância concluíram igualmente que a segunda declaração não poderia ser considerada como retificadora da primeira, e que esta, portanto, não poderia afastar a intempestividade daquela. Não verificada a alegada omissão ou inovação por parte deste colegiado que pudessem caracterizar cerceamento de defesa. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR os embargos, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Relator. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 12/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 19647.010928/200467 Acórdão n.º 180200.861 S1TE02 Fl. 109 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Gilberto Baptista, André Almeida Blanco, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel e Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 12/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 19647.010928/200467 Acórdão n.º 180200.861 S1TE02 Fl. 110 3 Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pela Contribuinte acima identificada, visando sanar alegado vício de omissão constante do Acórdão nº 180200.433, proferido por este colegiado na sessão de 07/04/2010, às fls. 73 a 76. O presente processo tem por objeto lançamento a título de multa por atraso na entrega da Declaração de Informações – DIPJ/Lucro Presumido do exercício de 1999, no valor de R$ 18.359,66, conforme auto de infração de fl. 14. O acórdão embargado apresentou a seguinte ementa: Assunto: Obrigações Acessórias Exercício: 1999 DIPJ MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO PRIMEIRA DECLARAÇÃO APRESENTADA NO PRAZO E ALEGAÇÃO DE QUE A SEGUNDA É RETIFICADORA DAQUELA Se a primeira declaração é completamente inválida, por ter retratado uma situação fática inexistente (Regime de Lucro Real), com o agravante de apresentar todos os campos sem qualquer valor, a segunda DIPJ (Lucro Presumido) não pode ser tomada como retificadora daquela. A primeira declaração é inócua para afastar a intempestividade da segunda, que se configura como uma declaração original extemporânea. A embargante alega que houve mudança de critério jurídico no julgamento em segunda instância, e, portanto, “omissão em relação ao fato de que o julgamento de primeira instância deveria ter sido anulado, uma vez que houve cerceamento de defesa nos precisos termos do art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72”. No seu entendimento, o julgamento de primeira instância considerou válida a primeira DIPJ apresentada, enquanto que o julgamento ora embargado teria invalidado a primeira DIPJ, mantendo a multa aplicada em razão da extemporaneidade da segunda declaração. Assim, o acórdão embargado, contraditoriamente, manteve a multa aplicada sobre a base de cálculo constante da DIPJ retificadora, já que válida na primeira instância fora a DIPJ retificada. Além disso, o mencionado acórdão também teria incorrido em omissão quanto à escolha do critério jurídico, eis que este mesmo Conselho já admitiu o direito à retificação da declaração, conforme Acórdão nº 10244388, de 18/08/2000. Este é o Relatório Fl. 3DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 12/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 19647.010928/200467 Acórdão n.º 180200.861 S1TE02 Fl. 111 4 Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Relator Os embargos são tempestivos e dotados dos demais pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, deles tomo conhecimento. No exercício de 1999, o prazo para a apresentação da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ foi prorrogado até o dia 29/10/1999, conforme IN SRF nº 118, de 27/09/1999. A Contribuinte apresentou em 28/10/1999 uma DIPJ – Lucro Real com os campos zerados (fl. 17), e em 07/08/2000, a DIPJ – Lucro Presumido (fl. 16), que serviu de base para a aplicação da multa em questão. Em sua impugnação, a Contribuinte transcreveu um parecer extraído do sítio eletrônico Jus Navigandi, contestando a validade da Declaração de Contribuições e Tributos Federais (DCTF), em razão de ter sido instituída por atos infralegais, que também trouxeram a previsão da penalidade pecuniária. Alegou também que apresentou a DIPJ/1999 em 28/10/1999, e que o auto de infração tomou como base a Declaração Retificadora entregue em 07 de agosto de 2000. De acordo com seus argumentos, a partir da Medida Provisória nº 1.99026/99 (atualmente MP nº 2.18949/2001), a retificação de declarações independe de autorização da autoridade administrativa, conforme previa o art. 832 do RIR/99. Ao examinar o processo, a Delegacia de Julgamento manteve a multa por atraso na entrega da declaração, explicitando a base legal para a sua aplicação nos casos de DIPJ (e não de DCTF). Quanto aos argumentos sobre a atual sistemática para a retificação de declarações, a DRJ citou a IN SRF nº 166, de 23/12/1999, que, em seu art. 4º, não admite retificação que tenha por objetivo a mudança no regime de tributação, no caso, de Lucro Real para Lucro Presumido. Na seqüência, já em sede de recurso voluntário, a questionada multa também foi mantida na segunda instância administrativa. Apreciando agora os embargos, observo que não tem razão de ser toda a celeuma em torno do cabimento ou não da segunda declaração apresentada pela Contribuinte. Tampouco procedem os argumentos no sentido de que o julgamento de primeira instância considerou válida a primeira DIPJ, enquanto que a decisão de segunda instância teria invalidado aquela declaração. Em nenhuma fase do processo a primeira declaração foi considerada válida. Fosse assim, nem mesmo haveria razão para a aplicação da multa, porque aquela declaração foi apresentada dentro do prazo legal. Todas as considerações feitas no julgamento do recurso voluntário serviram apenas para colocar em bons termos o debate sobre a condição da segunda declaração em relação à primeira, eis que nunca houve qualquer dúvida sobre a aceitação daquela segunda Fl. 4DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 12/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 19647.010928/200467 Acórdão n.º 180200.861 S1TE02 Fl. 112 5 declaração, tanto o é que a multa pelo atraso incidiu sobre ela, e não sobre a primeira declaração. Nesse sentido, trago novamente as considerações desenvolvidas naquela ocasião: Há que se ter um certo cuidado ao colocar o debate nestes termos, porque em nada ajuda questionar se a segunda declaração deveria ou não ser aceita pela Administração Tributária. No caso dos autos, está bastante evidente que ela foi aceita. Tanto o foi, que a multa pelo atraso incidiu sobre ela, e não sobre a primeira declaração. O que compromete a linha dos argumentos apresentados, tanto no recurso, quanto na decisão de primeira instância, é que ela leva a supor que teria ocorrido a rejeição da segunda declaração, mantendose válida a primeira, situação que não condiz com o caso sob exame. É importante lembrar que desde as leis 9.430/96 (art. 3º) e 9.718/98 (art. 13), a opção pelo Lucro Real Anual ou pelo Lucro Presumido, respectivamente, passou a ser feita logo no início do ano em curso, e em caráter definitivo. Por outro lado, a MP nº 1.99026/99 deixou o procedimento para a retificação de DIPJ totalmente a cargo dos Contribuintes, independentemente de autorização do Fisco. Assim, visando compatibilizar esses dois contextos legais, a IN SRF nº 166/1999 trouxe norma impedindo a retificação de DIPJ quando ela visa promover a mudança no regime de tributação: (...) Tal impedimento se justifica porque a opção por um dos regimes já foi feita pelo Contribuinte num momento bastante anterior, em caráter definitivo, e a liberdade para a retificação de Declaração, embora ampla, não poderia servir como meio de burlar a regra da definitividade da opção pelo regime tributário. Portanto, o que é vedado realmente é a mudança no regime de tributação. Mas uma coisa é a apresentação de uma nova DIPJ (retificadora) para a mudança do regime, o que é vedado. Nesse caso, a primeira declaração continua válida, e simplesmente não se aceita a segunda. Situação distinta é a apresentação de uma nova Declaração não para modificar o regime de tributação, mas justamente para que a DIPJ corresponda a ele, nos casos em que a primeira Declaração adotou regime diferente do que deveria. Nesse outro caso o que está em pauta não é uma retificação que tenha por objetivo a mudança no regime de tributação, cuja opção, aliás, já estava consolidada anteriormente, mas sim a correção do erro cometido na primeira declaração. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 12/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 19647.010928/200467 Acórdão n.º 180200.861 S1TE02 Fl. 113 6 O que deve ser questionado, portanto, não é a possibilidade de apresentação de uma nova declaração, e muito menos a mudança no regime de tributação. No caso, o Contribuinte não só poderia, como deveria corrigir o problema, e a mencionada IN não auxilia na solução da controvérsia, porque seu escopo, como visto, é diverso. O questionamento deve recair sobre os efeitos que a primeira declaração produz em relação à intempestividade da segunda DIPJ, esta sim considerada ao final como válida pela Administração Tributária. Quanto a esse aspecto, entendo que a primeira declaração é inócua, por ter retratado uma situação fática inexistente (Regime de Lucro Real), com o agravante de apresentar todos os campos sem qualquer valor. Nestas condições, a primeira DIPJ é completamente inválida, e, sendo assim, a segunda não pode ser tomada como retificadora daquela, configurandose como uma declaração original extemporânea. Vêse que não houve mudança em relação ao fato imputado à Contribuinte. Além disso, as decisões proferidas, tanto na primeira quanto na segunda instância, concluíram igualmente que a segunda declaração não poderia ser considerada como retificadora da primeira, e que esta, portanto, não poderia afastar a intempestividade daquela. Portanto, não houve a alegada inovação, e nem mesmo omissão por parte deste colegiado que pudesse caracterizar cerceamento do direito de defesa. Na verdade, a questão sobre a retificação da declaração está articulada desde o início da fase litigiosa, e as considerações expostas na decisão de segunda instância estão englobadas na atividade de aplicação do direito, em seu conjunto, de onde resultam os fundamentos jurídicos para a solução do litígio. Nesse passo, também importa registrar que não houve nem mesmo menção a dispositivos legais que não haviam sido tratados anteriormente no processo. Finalmente, o fato de haver outras decisões deste mesmo Conselho em sentido contrário, conforme alega a Recorrente, não configura situação a ensejar a interposição de embargos de declaração por omissão. Diante do exposto, voto no sentido de REJEITAR os embargos. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 6DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 12/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 19647.010928/200467 Acórdão n.º 180200.861 S1TE02 Fl. 114 7 Fl. 7DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 11/05/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 12/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 10580.725090/2009-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL
Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação.
Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente.
Numero da decisão: 9202-004.147
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 18/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator EDITADO EM: 18/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
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DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitamse à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 50 90 /2 00 9- 61 Fl. 551DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 18/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720843/200942. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.124): Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Ministério Público da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar nº 20/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada procedente em parte, para excluir da base de cálculo do imposto valores recebidos a título de URV sobre férias indenizadas e 13º salário. Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, onde, por unanimidade de votos, foi dado provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Fl. 552DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725090/200961 Acórdão n.º 9202004.147 CSRFT2 Fl. 416 3 Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Os rendimentos previstos na Lei Complementar 20/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; b) É nítida a natureza remuneratória das diferenças de URV, na medida em que representam ressarcimento pelo erro de cálculo da remuneração; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que fosse reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que fosse rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 553DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.124, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720843/200942, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e visa rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. A matéria não é nova neste Colegiado. Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. As verbas ora analisadas constituem diferenças salariais verificadas na conversão da remuneração do servidor público, quando da implantação do Plano Real, portanto tais valores referemse a salários (vencimentos) não recebidos ao longo dos anos. Nesse passo, o objetivo da ação judicial e/ou da lei do estado da Bahia foi simplesmente pagar à Contribuinte aquilo que antes deixou de ser pago, que nada mais é que salário, portanto de natureza tributável. Assim, o recebimento da verba ora tratada configura acréscimo patrimonial e, consequentemente, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, consoante dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: Fl. 554DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725090/200961 Acórdão n.º 9202004.147 CSRFT2 Fl. 417 5 I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. O dispositivo legal acima não deixa dúvidas acerca da abrangência da tributação do Imposto de Renda, abarcando qualquer evento que se traduza em aumento patrimonial, independentemente da denominação que seja dada ao ganho. Seguindo esta linha, a Lei nº 7.713, de 1988, assim dispõe: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (...) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...)” (grifei) Quanto à alegação de violação ao princípio da isonomia, a Contribuinte traz à baila o fato de que o Supremo Tribunal Federal, em sessão administrativa, atribuiu natureza indenizatória ao Abono Variável concedido aos membros da Magistratura da União pela Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN nº 529, de 2003, manifestou entendimento no sentido de que a verba em tela não estaria sujeita à tributação. Fl. 555DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Entretanto, a Resolução nº 245, do STF, bem como o Parecer da PGFN, se referem especificamente ao abono concedido aos Magistrados da União pela Lei nº 10.474, de 2002; e o que se discute no presente processo é se tal entendimento deve ser aplicado à verba recebida pelos membros da Ministério Público do Estado da Bahia. Primeiramente, verificase que a posição do Supremo Tribunal Federal – STF sobre a natureza do Abono Variável atribuído aos Magistrados da União foi definida em sessão administrativa e expedida por meio de Resolução, e não em sessão de julgamento daquela Corte e, assim, não se trata de uma decisão judicial, cujos efeitos são bem distintos dos de uma resolução administrativa. Destarte, obviamente que a Resolução do STF nunca vinculou a Administração Tributária da União. Com o advento do Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, portanto com força vinculante em relação aos Órgãos da Administração Tributária, concluiuse que o Abono Variável de que trata o art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, teria natureza indenizatória. Entretanto, dito parecer é claro quanto aos limites desse entendimento, conforme será demonstrado na seqüência. O parecer destaca que o Superior Tribunal de Justiça – STJ consolidou entendimento no sentido de que abonos recebidos em substituição a aumentos salariais sofrem a incidência do Imposto de Renda. Após, faz a ressalva de que, segundo entendimento dessa mesma Corte, nos casos de abono concedido como reparação pela supressão ou perda de direito, ele tem natureza indenizatória. Ainda segundo o parecer da PGFN, seria este o entendimento do STF, manifestado por meio da Resolução nº 245, de 2002, relativamente ao abono variável e provisório previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Assim, claro está que o Parecer da PGFN somente reconheceu a natureza indenizatória do Abono Variável, previsto nas Leis nºs 9.655, de 1998, e 10.474, de 2002, acolhendo entendimento do STF, no sentido de que tal verba destinarseia a reparar direito. Destarte, a Resolução nº 245, do STF, não possui efeitos de decisão judicial, e o Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, apenas reconhece a natureza indenizatória do abono concedido aos Magistrados da União, acatando interpretação do STF quanto à natureza reparatória, especificamente para esse abono. Portanto, ambos os atos alcançam apenas o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a Resolução nº 245, do STF, excluiu do abono a verba referente à diferença de URV, o que evidencia que esta não tem natureza indenizatória, mas sim de recomposição salarial. Confirase a manifestação Superior Tribunal de Justiça, por meio de voto da Ministra Eliana Calmon, reconhecendo a falta e identidade entre o abono salarial tratado na Resolução e as diferenças de URV: Fl. 556DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725090/200961 Acórdão n.º 9202004.147 CSRFT2 Fl. 418 7 “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E também o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão no Recurso Extraordinário n.º 471.115: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Assim, não há como estenderse o alcance dos atos legais acima referidos para verbas distintas, concedidas para outro grupo de servidores, por meio de ato específico, diverso daqueles referidos na Resolução do STF e no Parecer da PGFN. Com efeito, a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II, do art. 111, do CTN. Ademais, o mesmo código veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação supostamente semelhante, o que implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º, do art. 150, da Constituição Federal, e o art. 176, do CTN. Destarte, a verba em exame deve ser efetivamente tributada. Quanto à alegada inexigibilidade de Imposto de Renda incidente sobre a verba recebida pela contribuinte a título de juros de mora, a decisão do STJ, no julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C, do CPC, é no sentido de que estaria restrita aos casos de pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, por força da norma isentiva prevista no inciso V, do art. 6º, da Lei nº 7.713, de 1988. Confirase: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543 C DO CPC. Fl. 557DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidouse o entendimento no sentido de que 'não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla.' Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que 'os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei'. 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1235772 RS – julgado em 26/06/2012) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido.” (AgRg nos REsp 1163490 SC – julgado em 14/03/2012) Da análise do julgamento do Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, verificase que são isentos do imposto de renda os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, conforme a regra do “accessorium sequitur suum principale”. Assim, não sendo as verbas trabalhistas de natureza indenizatória, o imposto de renda deve incidir também sobre os juros de mora. Ressaltese que as verbas ora analisadas já foram objeto de julgamento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, oportunidade em que se deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por meio do Acórdão nº 9202003.585, de 03/03/2015, assim ementado: Fl. 558DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725090/200961 Acórdão n.º 9202004.147 CSRFT2 Fl. 419 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou por negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o Dr. Marcio Pinto Teixeira, OAB/BA nº 23.911, patrono da recorrida. Defendeu a Fazenda Nacional a Procuradora Dra. Patrícia de Amorim Gomes Macedo." Assentada a natureza tributável dos rendimentos objeto da autuação, resta esclarecer que o tributo devido deve ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Saliente se que a questão já foi decidida pelo STF, no RE 614.406/RS, com trânsito em julgado em 11/12/2014, e repercussão geral previamente reconhecida, em 20/10/2010, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil. Destarte, os Conselheiros do CARF devem reproduzir o entendimento do citado julgado, prolatado pelo STF em 23/10/2014, conforme determina o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Nesse passo, a decisão vinculante é no sentido de aplicarse o regime de competência, vedada a aplicação do regime de caixa. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento parcial, para que o cálculo do Imposto de Renda seja efetuado com base no regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 559DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Fl. 560DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 16004.720251/2012-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008
RECURSO DE OFÍCIO. AFAC. DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS. AFAC.
Constatado que foi glosada despesas de juros/variação cambial passiva obtidos de terceiros provenientes de repasses para controladas que na verdade se tratavam de Adiantamento para Futuro Aumento de Capital deve ser abatido de forma proporcional a parte efetiva desse saldo que foi integralizado.
RECURSO DE OFÍCIO. REVERSÃO DE PROVISÕES. TRIBUTOS PARCELADOS NO PAEX.
Comprovada em diligência Fiscal a natureza de parte das reversões de provisões efetuadas pelo contribuinte, qual seja, tributos com exigibilidade até então suspensa, que foram incluídos no parcelamento "PAEX", pelo que passaram a ser dedutíveis, cancela-se a glosa.
RECURSO VOLUNTÁRIO. DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS EM EMPRÉSTIMOS EM CONCOMITÂNCIA REPASSES SEM ÔNUS. DESNECESSIDADE.
Somente são dedutíveis as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora,nos termos do art. 299 do RIR/99. Não é possível se admitir como necessária a despesa relativa a pagamento de juros relativos a empréstimos tomados com terceiros, quando ao mesmo tempo se realiza empréstimo a empresa controlada sem a cobrança de juros, ou ainda com juros abaixo da taxa de captação. Assim, correta a glosa das despesas de juros passivos em valor equivalente aos juros ativos que seriam devidos sobre o valor emprestado, calculados pela taxa média dos empréstimos tomados pela empresa.
RV. IRPJ/CSLL. VARIAÇÃO CAMBIAL. OPÇÃO PELA FORMA DE TRIBUTAÇÃO.
No ano-calendário de 2008, a opção pela regime de caixa para tributação das variações cambiais, poderia ser alterado ao longo do ano, desde que os ajustes para o novo regime fosse feito para todo o ano-calendário.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. EMPRESAS CINDIDAS. As empresas resultadas de cisões da contribuinte autuada respondem solidária e integralmente pelo credito tributário posteriormente lançado de oficio, relativo a fatos geradores anteriores a esses eventos societários.
VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. DESPESA NECESSÁRIA.
Empréstimo entre companhias de um mesmo grupo econômico não pode ser considerado como operação não usual. A variação cambial, diferentemente dos juros, não é índice passível de ser manipulado pelas partes, pois fixado pelas próprias forças de mercado. É, exceto em hipóteses especificamente previstas em lei, proibida a indexação em moeda estrangeira de obrigação estipulada no Brasil. Dessarte, não pode ser considerada como despesa desnecessária a variação cambial passiva sobre empréstimo tomado por empresa nacional para repassar valores a sociedade do mesmo grupo econômico sem a estipulação de indexação equivalente.
Numero da decisão: 1401-001.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao RECURSO DE OFÍCIO e DAR provimento PARCIAL ao RECURSO VOLUNTÁRIO, nos seguintes termos: I) Por unanimidade de votos, DAR provimento para CANCELAR o item da autuação referente à glosa de variação cambial passiva da empresa em 2008 (mudança de regime de apuração); II) Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso em relação ao repasse da variação monetária passiva calculado sob a forma de rateio para sua controlada. Vencidos os Conselheiros Antonio Bezerra Neto (Relator), Fernando Luiz Gomes de Mattos e Julio Lima Souza Martins que NEGAVAM provimento integral mantendo a glosa de todos encargos financeiros deduzidos pela empresa e repassados à sua controlada. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor; e III) Por unanimidade de votos, NEGARAM provimento em relação às demais matérias.
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(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto Relator e Presidente
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes
Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Fernando Luiz Gomes de Souza, Júlio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007, 2008 RECURSO DE OFÍCIO. AFAC. DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS. AFAC. Constatado que foi glosada despesas de juros/variação cambial passiva obtidos de terceiros provenientes de repasses para controladas que na verdade se tratavam de Adiantamento para Futuro Aumento de Capital deve ser abatido de forma proporcional a parte efetiva desse saldo que foi integralizado. RECURSO DE OFÍCIO. REVERSÃO DE PROVISÕES. TRIBUTOS PARCELADOS NO PAEX. Comprovada em diligência Fiscal a natureza de parte das reversões de provisões efetuadas pelo contribuinte, qual seja, tributos com exigibilidade até então suspensa, que foram incluídos no parcelamento "PAEX", pelo que passaram a ser dedutíveis, cancela-se a glosa. RECURSO VOLUNTÁRIO. DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS EM EMPRÉSTIMOS EM CONCOMITÂNCIA REPASSES SEM ÔNUS. DESNECESSIDADE. Somente são dedutíveis as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora,nos termos do art. 299 do RIR/99. Não é possível se admitir como necessária a despesa relativa a pagamento de juros relativos a empréstimos tomados com terceiros, quando ao mesmo tempo se realiza empréstimo a empresa controlada sem a cobrança de juros, ou ainda com juros abaixo da taxa de captação. Assim, correta a glosa das despesas de juros passivos em valor equivalente aos juros ativos que seriam devidos sobre o valor emprestado, calculados pela taxa média dos empréstimos tomados pela empresa. RV. IRPJ/CSLL. VARIAÇÃO CAMBIAL. OPÇÃO PELA FORMA DE TRIBUTAÇÃO. No ano-calendário de 2008, a opção pela regime de caixa para tributação das variações cambiais, poderia ser alterado ao longo do ano, desde que os ajustes para o novo regime fosse feito para todo o ano-calendário. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. EMPRESAS CINDIDAS. As empresas resultadas de cisões da contribuinte autuada respondem solidária e integralmente pelo credito tributário posteriormente lançado de oficio, relativo a fatos geradores anteriores a esses eventos societários. VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. DESPESA NECESSÁRIA. Empréstimo entre companhias de um mesmo grupo econômico não pode ser considerado como operação não usual. A variação cambial, diferentemente dos juros, não é índice passível de ser manipulado pelas partes, pois fixado pelas próprias forças de mercado. É, exceto em hipóteses especificamente previstas em lei, proibida a indexação em moeda estrangeira de obrigação estipulada no Brasil. Dessarte, não pode ser considerada como despesa desnecessária a variação cambial passiva sobre empréstimo tomado por empresa nacional para repassar valores a sociedade do mesmo grupo econômico sem a estipulação de indexação equivalente.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 59; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2366; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 1.260 1 1.259 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16004.720251/201256 Recurso nº 999.999 De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1401001.644 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de junho de 2016 Matéria IRPJ /Reflexos Recorrente CERRADINHO ACUCAR, ETANOL E ENEGIA S/A (CONTRIBUINTE) CERRADINHO PARTICIPAÇÕES S/A (RESPONSÁVEL SOLIDARIO) NOBLE BRASIL S/A (RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 RECURSO DE OFÍCIO. AFAC. DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS. AFAC. Constatado que foi glosada despesas de juros/variação cambial passiva obtidos de terceiros provenientes de repasses para controladas que na verdade se tratavam de Adiantamento para Futuro Aumento de Capital deve ser abatido de forma proporcional a parte efetiva desse saldo que foi integralizado. RECURSO DE OFÍCIO. REVERSÃO DE PROVISÕES. TRIBUTOS PARCELADOS NO PAEX. Comprovada em diligência Fiscal a natureza de parte das reversões de provisões efetuadas pelo contribuinte, qual seja, tributos com exigibilidade até então suspensa, que foram incluídos no parcelamento "PAEX", pelo que passaram a ser dedutíveis, cancelase a glosa. RECURSO VOLUNTÁRIO. DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS EM EMPRÉSTIMOS EM CONCOMITÂNCIA REPASSES SEM ÔNUS. DESNECESSIDADE. Somente são dedutíveis as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora,nos termos do art. 299 do RIR/99. Não é possível se admitir como necessária a despesa relativa a pagamento de juros relativos a empréstimos tomados com terceiros, quando ao mesmo tempo se realiza empréstimo a empresa controlada sem a cobrança de juros, ou ainda com juros abaixo da taxa de captação. Assim, correta a glosa das despesas de juros passivos em valor equivalente aos juros ativos que seriam AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 72 02 51 /2 01 2- 56 Fl. 17509DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.261 2 devidos sobre o valor emprestado, calculados pela taxa média dos empréstimos tomados pela empresa. RV. IRPJ/CSLL. VARIAÇÃO CAMBIAL. OPÇÃO PELA FORMA DE TRIBUTAÇÃO. No anocalendário de 2008, a opção pela regime de caixa para tributação das variações cambiais, poderia ser alterado ao longo do ano, desde que os ajustes para o novo regime fosse feito para todo o anocalendário. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. EMPRESAS CINDIDAS. As empresas resultadas de cisões da contribuinte autuada respondem solidária e integralmente pelo credito tributário posteriormente lançado de oficio, relativo a fatos geradores anteriores a esses eventos societários. VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. DESPESA NECESSÁRIA. Empréstimo entre companhias de um mesmo grupo econômico não pode ser considerado como operação não usual. A variação cambial, diferentemente dos juros, não é índice passível de ser manipulado pelas partes, pois fixado pelas próprias forças de mercado. É, exceto em hipóteses especificamente previstas em lei, proibida a indexação em moeda estrangeira de obrigação estipulada no Brasil. Dessarte, não pode ser considerada como despesa desnecessária a variação cambial passiva sobre empréstimo tomado por empresa nacional para repassar valores a sociedade do mesmo grupo econômico sem a estipulação de indexação equivalente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao RECURSO DE OFÍCIO e DAR provimento PARCIAL ao RECURSO VOLUNTÁRIO, nos seguintes termos: I) Por unanimidade de votos, DAR provimento para CANCELAR o item da autuação referente à glosa de variação cambial passiva da empresa em 2008 (mudança de regime de apuração); II) Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso em relação ao repasse da variação monetária passiva calculado sob a forma de rateio para sua controlada. Vencidos os Conselheiros Antonio Bezerra Neto (Relator), Fernando Luiz Gomes de Mattos e Julio Lima Souza Martins que NEGAVAM provimento integral mantendo a glosa de todos encargos financeiros deduzidos pela empresa e repassados à sua controlada. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor; e III) Por unanimidade de votos, NEGARAM provimento em relação às demais matérias. . (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto – Relator e Presidente Fl. 17510DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.262 3 (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Fernando Luiz Gomes de Souza, Júlio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho e Antonio Bezerra Neto. Fl. 17511DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.263 4 Relatório Tratase de recurso voluntário e de ofício no Acórdão da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão PretoSP. Adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância, compondo em parte este relatório: CERRADINHO ACUCAR, ETANOL E ENEGIA S/A (CONTRIBUINTE AUTUADA), CERRADINHO PARTICIPAÇÕES S/A (RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO) e NOBLE BRASIL S/A (RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO) com fulcro no art. 15 do Decreto n° 70.235 de 1972 (PAF), apresentam impugnações às exigências tributárias consubstanciadas no presente processo. Tratase de autos de infração, fls. 15587 a 15614, relativo ao IRPJ e CSLL, dos períodos de apuração dos anoscalendário de 2007 e 2008, no valor total de R$36.379.510,58 (inclusos multa de oficio de 75% e juros de mora à taxa Selic, calculados até setembro de 2012). I) DA AUTUAÇÃO Consoante Relatório Fiscal, às fls. 15565 a 15586, a Fiscalização apurou que (verbis): 1. AS INFRAÇÕES (...) IRPJ 0001 OMISSÃO DE RECEITAS DE VENDA E SERVIÇOS. RECEITAS NÃO CONTABILIZADAS CSLL 0001 RECEITAS NÃO CONTABILIZADAS Em consulta à escrituração contábil digital do fiscalizado, compreendendo todas as contas de receitas de vendas (balancete e razão às fls. 14329/15020), não foram encontrados lançamentos contábeis correspondentes às vendas relacionadas no anexo ao TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 8, constando desse termo a intimação ao mesmo para comprovar que tais vendas foram contabilizadas (fls. 593/595). O fiscalizado não comprovou que as vendas relacionadas nesse anexo foram contabilizadas, porquanto nada foi apresentado com relação à respectiva intimação consignada no Termo n° 8. Observouse, ainda, que o total das receitas de vendas lançadas nas linhas 1, 2 e 3 da ficha 06A da DIPJ do Exercício de 2009 (R$ 496.249.923,92), às fls. 67/149, é idêntico ao saldo das contas de receitas de vendas antes das transferências para a apuração do resultado do período (fl. 15018), o que confirma a falta de inclusão, naquela DIPJ, dos valores das vendas constantes do anexo. Assim, lanço, nos Autos de Infração, o valor total dessas vendas não contabilizadas (R$ 24.278,55). Fl. 17512DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.264 5 IRPJ 0002. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS CSLL 0004. CUSTOS/DESPESAS OPERACIONAIS/ENCARGOS. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS Considerando as informações prestadas pelo fiscalizado no tocante a valores inseridos em suas DIPJ dos Exercícios de 2008 e 2009 (fls. 2/149, 181/310, 387/400, 428/446 e 449/544) e os dados contidos em seus livros de apuração do lucro real (LALUR), referentes aos anoscalendário de 2007 e 2008 (fls. 311/374), observei que as provisões e reversões adiante mencionadas não foram adicionadas e/ou excluídas do lucro líquido do período para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL desses anos. Diante disso, consignei o seguinte no item 5 do TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 7 (fls. 545/571): "Conforme documento n. 2 anexo à resposta do sujeito passivo protocolizada em 03.01.2011" (fls. 387/400) ", o valor lançado na linha 35 da ficha 06A da DIPJ do Exercício de 2008 (R$ 59.401.272,53)" (fls. 2/66) ", sob o título 'outras despesas financeiras', contempla a importância de R$ 7.640.012,55, referente a saldo devedor, em 31/12/2007, da conta PROVISÃO DE MULTA E JUROS S/CONTIGENCIAS TRIB, código contábil n. 5.3.1.01.676, transferido para a conta de resultado do exercício, conforme mostra o razão daquela conta (anexo n. 3)." (cópia das páginas do Livro Razão às fls. 5137/5138). As provisões de multa e juros sobre contingências tributárias, registradas a débito da referida conta n. 5.3.1.01.676, num total de R$ 7.745.746,30, não são dedutíveis na determinação do lucro real. Por força do disposto no art. 249, inciso I, do RIR/99, este valor deve ser adicionado ao prejuízo do ano de 2007. Tendo em vista que as reversões do saldo de provisões, constantes dos dois primeiros lançamentos do razão em apreço, não foram computadas na DIPJ do Exercício de 2008, a título de exclusão na determinação do lucro real, consoante confronto dessa declaração com o LALUR de 2007, considerarseão os respectivos valores, que totalizam R$ 105.733,75, na apuração do lucro real/prejuízo fiscal do sujeito passivo em 2007. Pelos mesmos motivos, também cabe efetuar os ajustes ao prejuízo contábil do período com base nos valores apurados no anexo n. 4, no qual estão registrados os lançamentos da escrituração digital do sujeito passivo correspondentes à constituição e reversão de provisão de comissão sobre vendas, cujos valores foram computados como outras despesas operacionais nas DIPJ apresentadas pelo sujeito passivo, conforme mostram os documentos de ns. 2 e 3 entregues por meio da resposta protocolizada em 03.01.2011 combinados com o razão da conta contábil que alberga os referidos lançamentos (anexo n. 5). " Ao final do referido termo n. 7, intimei o fiscalizado a se manifestar sobre as constatações e conclusões ora transcritas e os valores apurados nos anexos citados. No TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 11 (fls. 1236/1238) analisei a manifestação do fiscalizado: "Noutro ponto, CONSTATEI que o sujeito passivo manifestouse acerca do seguinte parágrafo do item n. 5 do TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 7: Fl. 17513DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.265 6 'Pelos mesmos motivos, também cabe efetuar os ajustes ao prejuízo contábil do período com base nos valores apurados no anexo n. 4, no qual estão registrados os lançamentos da escrituração digital do sujeito passivo correspondentes à constituição e reversão de provisão de comissão sobre vendas, cujos valores foram computados como outras despesas operacionais nas DIPJ apresentadas pelo sujeito passivo, conforme mostram os documentos de ns. 2 e 3 entregues por meio da resposta protocolizada em 03.01.2011 combinados com o razão da conta contábil que alberga os referidos lançamentos (anexo n. 5).' O sujeito passivo alegou, em suas respostas recebidas em 24 e 31.03.2011 " (fls. 598/752 e 755/769) ", que a nomenclatura 'provisão' foi incorretamente utilizada, uma vez que os valores incorridos trataramse de efetivas despesas de comissão, devidamente pagas às empresas intermediadoras de negócios'. Refutase que o termo 'provisão' foi usado inadequadamente, porquanto os documentos juntados por cópia pelo sujeito passivo revelam que se tratam de despesas ocorridas nos anos de 2007 e 2008 e pagas no ano seguinte, dado que as notas fiscais foram emitidas no final desses anos ou no mês de janeiro de 2008 e 2009, possuindo carimbos de entrada no núcleo fiscal do sujeito passivo nesses dois últimos meses e registros, em algumas delas, de que a despesa é referente a período do ano anterior ao do pagamento. De par com isso, existem, na conta contábil em que foram lançadas as provisões (conta n. 5.1.1.02.853), lançamentos próprios para cada uma das notas, registrados em separado dessas provisões e de suas reversões. " (fls. 5134/5136 e 14323/14328) "Também se apurou que os valores das despesas contabilizadas nessa conta em janeiro de 2008 (R$ 76.481,74) aproximamse do valor provisionado em dezembro de 2007 (R$78.259,87). Entendo que a constituição da provisão ocorreu de acordo com o conceito adotado pela doutrina, uma vez que, no presente caso, evidenciamse despesas financeiramente efetivadas no ano seguinte ao dos fatos geradores contábeis. Nessa toada, cumpre colacionar a lição expendida no Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (FIPECAFI, sexta edição, São Paulo: Atlas, 2006, página 291): (... ) Ante o exposto, subsistem os ajustes ao prejuízo contábil do período com base nos valores apurados no anexo n. 4 do TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 7. " Face ao exposto, apuro o valor das provisões não dedutíveis que será consignado no Auto de Infração: Anocalendário de 2007 [ Discriminaçâo Valor Provisões de muîîa e juros sobre contingências tributárias Conta 5.3.1.01.676. (A) 7.745.746,30 Reversões do saldo de provisões não dedutivos conta n. 5 3 1 01.676) (B) 105.733,75 To t a l da ad i ç ão cons t an t e d o Anexo n 4 a o T e rmo n . 7 (C) 78.259,87 Resuitado a ser informado no Aulo de Infração ( A B + C ) 7.718.272,42 Anocalendário de 2008 Discriminação Valor Total da adição constante do anexo n. 4 ao termo n. 7 (A) 114.263,85 Total da exclusão constante do anexo n. 4 ao termo n. 7 (B) 78.259,87 Fl. 17514DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.266 7 Resultado a ser informado no Auto de Infração (A B) 36.003,98 IRPJ 0003 MULTAS NÃO DEDUTÍVEIS MULTAS DE NATUREZA TRIBUTÁRIA NÃO DEDUTÍVEIS CSLL 0003 CUSTOS/DESPESAS OPERACIONAIS/ENCARGOS MULTAS DE NATUREZA TRIBUTÁRIA NÃO DEDUTÍVEIS As multas por infração fiscal indedutíveis constam dos lançamentos contábeis relacionados no anexo n. 6 ao Termo de Constatação e de Intimação Fiscal n. 7 (fls. 545/571), sendo que o fiscalizado apresentou, em 10/03/2011, a documentação correspondente (fls. 572/592). Às fls. 5130/5133 podem ser vistos os referidos lançamentos no Livro Razão e, à fl. 7646, o detalhamento da multa no valor de R$ 8.216,21. Consoante memorial de cálculo apresentado pelo fiscalizado (fls. 387/391), todos esses valores, registrados na conta "MULTAS FISCAIS", código 5.1.3.02.604, integram a importância de R$ 25.890.692,57, informada na linha 31 (outras despesas operacionais) da ficha 05A da DIPJ do Exercício de 2008 (fls. 2/66). Considerando as informações prestadas pelo fiscalizado no tocante a valores inseridos nessa DIPJ (fls. 181/310, 387/400, 428/446) e os dados contidos em seu livro de apuração do lucro real (LALUR), referente ao anocalendário de 2007 (fls. 311/342), constatei que as multas em apreço não foram adicionadas ao lucro líquido do período para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL desse ano. Saliento que o terceiro lançamento do anexo, no valor de R$ 1.597.769,54, engloba juros e multa decorrentes do auto de infração de fls. 403/427, que foi objeto de parcelamento nos termos da Medida Provisória n° 303, de 2006 (fls. 7615/7645). Conforme TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 8 (fls. 593/595), intimei o fiscalizado a apresentar planilha demonstrativa de cálculo discriminando os valores dos juros e da multa de ofício que integram o valor total de R$ 1.597.769,54, constante do anexo n. 6 ao referido Termo n. 7, bem como declinar os fundamentos legais utilizados na elaboração dos cálculos. Informouse que tal planilha deveria mostrar, de um lado, o cálculo do valor total dos juros e, do outro, o da multa. Tendo em vista a resposta recebida em 24/03/2011 (fls. 598/602), juntando os documentos de fls. 691/752, concluise, especialmente com base nos extratos e planilhas de fls. 746/752, que o valor acima contempla a multa de ofício, constante da primeira página do auto de infração, no valor de R$ 1.170.290,15, com a redução em cinqüenta por cento determinada pelo § 7° do art. 3° da Medida Provisória n° 303, de 2006. Desta feita, a multa de ofício indedutível reduzse a R$ 585.145,07. Ante o exposto, são lançados, nos Autos de Infração, os valores constantes dos dois primeiros lançamentos contábeis relacionados no anexo n. 6 ao Termo de Constatação e de Intimação Fiscal n. 7, bem como o valor da multa relativa ao terceiro lançamento, conforme apurado acima. IRPJ 0004 DESPESAS FINANCEIRAS E/OU VARIAÇÕES MONETÁRIAS PASSIVAS DESPESAS FINANCEIRAS NÃO COMPROVADAS Fl. 17515DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.267 8 CSLL 0002 CUSTOS/DESPESAS OPERACIONAIS/ENCARGOS DESPESAS FINANCEIRAS NÃO COMPROVADAS Assentei no TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 25 (fls. 13222/13225) as seguintes intimações ao fiscalizado para apresentar documentos e informações relativos a lançamentos com histórico indicando ajuste de swap: 'INTIMO o sujeito passivo acima identificado a apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, a documentação que dá suporte aos lançamentos contábeis consignados na relação n° 1 constante do anexo ao presente termo. O sujeito passivo também fica INTIMADAO a, no prazo de 5 (cinco) dias úteis: 1 informar se os lançamentos listados na relação n° 2 ao referido anexo referemse ao valor dos ajustes de posição, sem liquidação, decorrentes do contrato de swap firmado com o Banco Santander por meio da Nota de Negociação n° 10992, de 10/09/2008, entregue em meio magnético a esta fiscalização. Em caso: negativo: apresentar a documentação que originou tais lançamentos, coincidente com os respectivos valores; positivo: apresentar relação, datada e assinada pelo representante legal do sujeito passivo, dos lançamentos contábeis correspondentes à compensação, anulação ou reversão dos valores expressos nesses lançamentos, uma vez que o Extrato de Liquidação n° 11300, de 24/01/2011 (também entregue em meio magnético), referente à operação de liquidação em 10/11/2008 do referido contrato de swap, demonstra que os valores das posições do sujeito passivo e da instituição financeira, apesar de maiores que os iniciais, são iguais. 2 apresentar relação, datada e assinada pelo representante legal do sujeito passivo, dos lançamentos contábeis correspondentes à compensação, anulação ou reversão dos valores expressos nos lançamentos contábeis declinados na relação n° 3 integrante do referido anexo, porquanto aparentam consistir em ajustes mensais de posições sem liquidação, lançados anteriormente aos últimos ajustes registrados na contabilidade do anocalendário de 2008, referentes às mesmas instituições financeiras e ao mesmo tipo de operação (swap), os quais podem ser vistos na relação n° 4 do sobredito anexo. Informar expressamente no caso de inexistirem lançamentos contábeis de compensação, anulação ou reversão, declinando os motivos da inexistência. Porém, se o sujeito passivo constatar que os lançamentos contábeis em apreço não representam ajustes mensais de posições sem liquidação, deverá apresentar, no mesmo prazo, a respectiva documentação comprobatória, coincidente com os valores registrados nesses lançamentos. Calha mencionar que todos os lançamentos contábeis inseridos no anexo supracitado foram extraídos da escrituração contábil digital (SPED) do sujeito passivo." Por meio da resposta recebida em 23/01/2012 (fls. 13228/13329), o fiscalizado entrega planilha com informações de endividamento, bem como os contratos bancários que, segundo ele, originaram os valores e que justificam os lançamentos contábeis descritos nas mencionadas relações do anexo ao termo n. 25. E assim se pronuncia quanto às demais informações requeridas nesse termo: "Por outro lado, no que se refere às demais informações solicitadas, é importante esclarecer que: Fl. 17516DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.268 9 (i) Os lançamentos contábeis listados na 'Relação n° 2' do anexo do termo de intimação em destaque, referemse ao controle de endividamento, inclusive no que diz respeito aos contratos de SWAP, sendo que existem ajustes de posição sem liquidação. (ii) Não são contabilizadas por meio de lançamentos específicos as respectivas compensações, anulações ou reversões dos valores, uma vez que a apuração é realizada mensalmente como complemento de ajuste da posição, ou seja; (iii) Os valores da posição anterior não são revertidos, sendo lançados em uma nova posição; (iv) Os valores de cada posição são complementados de acordo com a sua variação; (v) Referidos lançamentos estão de acordo com a legislação, uma vez que ao final da liquidação financeira os valores coincidem com os extratos e documentos anteriormente entregues à esta fiscalização; (vi)As correspondentes reversões são realizadas diretamente no LALUR, no campo de adições/exclusões, de acordo com a apuração realizada. " Quanto à assertiva do item "vi ", verificamos, por amostragem, que não procede, como passo a expor. Constatamos, em consulta aos lançamentos nas contas que integram a apuração, pelo fiscalizado, das perdas incorridas em renda variável, relacionadas às páginas 5 e 6 de sua resposta protocolizada em 11.11.2010 (fls. 185/816), que o fiscalizado costumava escriturar as posições em aberto com operações de renda variável no último dia de cada mês, registrando as respectivas reversões no primeiro dia do mês subseqüente (anexo 17 ao presente). Já a planilha mostrada no anexo 16 é composta pelos lançamentos realizados nessas contas no dia 31/12/2008, notandose que os lançamentos de números 5 a 16 referemse a valores de posições de contratos de hedge que ainda não foram liquidadas, cuja soma resulta em R$ 77.948.152,09, valor este idêntico ao saldo, em 31/12/2008, das perdas não liquidadas em operações de renda variável, constante da folha 28 do Livro de Apuração do Lucro Real n. 10 (fls. 343/374), o qual foi adicionado ao prejuízo do ano de 2008para apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL desse período, consoante registro na folha 24 do referido livro. A par disso, observouse que o fiscalizado declarou, na resposta transcrita acima, que todos os valores representam complementações mensais de posições anteriores, não sendo revertidos na contabilidade, mas diretamente no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), no campo de adições/exclusões, de acordo com a apuração realizada. Entretanto, verificouse, por amostragem, que tais valores não foram contemplados nos ajustes ao lucro líquido do período para apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Com efeito, nenhum dos históricos dos lançamentos de números 5 a 16, mencionados acima, reportamse a posições de hedge em face de contratos de swap com o Banco Santander e, além disso, o ajuste de swap de 31/12/2008 referente a esse banco e consignado no anexo ao termo n. 25, no valor de R$ 435.442,83, foi inserido numa das contas contábeis envolvidas na apuração das perdas incorridas em operações de renda variável, Fl. 17517DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.269 10 conforme mostra o lançamento n. 1 do anexo 16, mas não entrou na somatória dos valores que foram adicionados ao lucro líquido. Temse, assim, que o fiscalizado computou, em 30.09 e 30.11.2008, as duas primeiras supostas complementações ao valor da posição dos contratos de swap com o Banco Santander, igualmente constantes do anexo ao termo n. 25, em conta de juros sobre financiamentos e a última na conta intitulada "SWAP", mas não houve a devida adição desses valores ao lucro líquido do período. A mesma situação apresentase, "mutatis mutandis", quanto aos valores dos supostos complementos da posição dos contratos de swap com o banco Unibanco, relacionados no anexo ao Termo de Intimação Fiscal n. 25. Terminada essa anotação, passamos a discorrer sobre as demais intimações que influenciaram na apuração das despesas não comprovadas. Compilamos, na planilha do anexo ao TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 26, os lançamentos contidos no anexo ao termo n. 25 juntamente com valores de posição em aberto inscritos na conta DESPESA DE OPERAÇÕES COM (U$) NDFFORWARDS, código 5.3.1.05.508, intimandose o fiscalizado a apresentar, no prazo de 10 (dez) dias, em meio magnético e em papel, demonstrativos, datados e assinados por seu representante legal, da apuração dos valores relacionados nessa planilha (fls. 13330/13333). Todos esses lançamentos foram escriturados em contas contábeis cujos saldos finais do ano de 2008 foram somados, consoante memorial de cálculo apresentado pelo fiscalizado às fls. 184/186 e anexo 16 ao presente relatório, resultando no valor informado na linha 37 da ficha 06A da DIPJ do Exercício de 2009 (fl. 71). Em 06/03/2012, cientifico o fiscalizado do teor do TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE REINTIMAÇÃO FISCAL N. 27 (fls. 13354/13355), no qual verti a seguinte constatação e intimação: "CONSTATEI que os demonstrativos de endividamento relativos a swap, contendo valores referentes aos meses de setembro, novembro e dezembro de 2008 e apresentados pelo sujeito passivo acima identificado em folha única, anexa à resposta ao Termo de Intimação Fiscal n. 26, recebida em 24/02/2012" (fls. 13334/13353) ", não atendem à intimação consignada nesse termo fiscal, porquanto os demonstrativos em apreço não expõem os cálculos empregados na apuração de cada um dos valores relacionados na primeira página do Anexo ao Termo de Intimação Fiscal n. 26. Diante disso, INTIMO novamente o sujeito passivo a apresentar, no prazo de 10 (dez) dias, em meio magnético e em papel, demonstrativos, datados e assinados por seu representante legal, da apuração dos valores relacionados na primeira página do Anexo ao Termo de Intimação Fiscal n. 26." Na resposta entregue em 16/03/2012 (fls. 13356/13358), o fiscalizado declara que "diante da míngua de informações e da grande complexidade para produzir as informações solicitadas, chegouse a conclusão que não será possível concluir as análises e produzir o demonstrativo solicitado pela fiscalização no prazo estipulado, muito embora tal levantamento esteja sendo feito " (grifos no texto original). Todavia, até a presente data a intimação não foi atendida. Fl. 17518DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.270 11 Com base nos instrumentos dos contratos apresentados com a resposta recebida em 23/01/2012, esta fiscalização não logrou determinar, por meio de cálculo, os valores relacionados na primeira página do Anexo ao Termo de Intimação Fiscal n. 26, com exceção do valor de R$ 275.072,87, lançado em 30/11/2008, sob o histórico "VLR. AJUSTE SWAP BANCO ABN AMRO ". Tal exceção decorre do levantamento dos lançamentos, entre 01/11/2008 e 31/12/2008, nas contas que integram a apuração, pelo fiscalizado, das perdas incorridas em renda variável, cujos históricos contém as palavras "abn" e "swap " e de valores superiores a R$ 275.000,00, os quais estão relacionados no anexo 18 ao presente relatório, tendo sido constatado que há somente dois valores lançados em novembro de 2008, sendo o último correspondente a posição em aberto de hedge com derivativos referente a operação de swap de taxa de câmbio futuro (NDF FORWARD) e o primeiro o valor de R$ 275.072,87 supracitado, que está sendo excluído por corresponder ao valor da perda com swap liquidada em 14/11/2008, registrada na planilha da CETIP apresentada com a resposta recebida em 30/05/2011 (fls. 7129/7131 e 7435/7544). Para melhor visualização do lançamento constante dessa planilha, anexei, às fls. 15021/15024, cópia das telas mostrando os cabeçalhos da planilha e os dados da linha número 678, correspondentes àquela swap liquidada. Tendo em vista que o fiscalizado não apresentou os demonstrativos de apuração dos valores cujos cálculos restaram indeterminados, sem evidência de que têm suporte nos contratos bancários apresentados em 23/01/2012, é de se glosar essas despesas por falta de comprovação, as quais relacionei no anexo 19, onde se apura o valor total delas (R$ 15.129.230,47). IRPJ 0005 DESPESAS FINANCEIRAS E/OU VARIAÇÕES MONETÁRIAS PASSIVAS DESPESAS FINANCEIRAS NÃO DEDUTÍVEIS CSLL 0005 CUSTOS/DESPESAS OPERACIONAIS/ENCARGOS DESPESAS FINANCEIRAS NÃO DEDUTÍVEIS Em sua resposta protocolizada em 30/05/2012 (fls. 7129/7214), o fiscalizado informou o seguinte quanto aos contratos de swap que, segundo levantamento registrado nessa resposta, redundaram em despesa financeira líquida de R$ 60.580.921,00, no anocalendário de 2008: "Os contratos de swaps eram basicamente operações complexas ligadas a empréstimos de curto prazo (empréstimos pontes) utilizados para financiamento da construção da Usina Porto das Aguas, localizada na Cidade de Chapadão do Céu Goiás. Estes empréstimos serviram de capital temporário até as liberações dos recursos do contrato de financiamento do BNDES. Vale ressaltar o atraso na formalização da garantia compartilhada entre os bancos do sindicato (BNDES direto e indireto), assim como a crise de setembro de 2008, no qual o banco alemão West LB, retirouse deste sindicato, causando atraso adicional nas liberações, uma vez que o BNDES exigiu a recomposição dos bancos do sindicato para novas liberações já contratadas. A usina iniciou sua moagem no segundo semestre de 2009 e hoje gera aproximadamente 1400 empregos diretos. Fl. 17519DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.271 12 Adicionalmente, a empresa necessitou tomar recursos de capital de giro (com swaps) nesta mesma modalidade para financiar a operação de moagem e plantio, pois eram os únicos recursos acessíveis à empresa na época. " Nessa oportunidade, juntou os contratos de repasse de financiamento direto e indireto com o BNDES e os agentes financeiros, que segundo ele foram utilizados para lastrear a liquidação dos empréstimos de curto prazo ainda em 2008. Às fls. 7655/7715 foram juntadas as planilhas em que se baseou o contribuinte para apurar a referida despesa financeira líquida. Considerando esses dados reveladores de empréstimos em montante expressivo, destinados à implantação da Usina Porto das Águas, empresa ligada ao fiscalizado, gerei a série temporal de saldos de empréstimos passivos do fiscalizado, no período de 01/01/2007 a 31/12/2008, à fl. 14317, obtida por meio da consolidação dos lançamentos nas contas listas abaixo, integrantes da escrituração contábil digital (ECD Sped Contábil), em um grupo de contas denominado "G005 EMPRÉSTIMOS PASSIVOS ": (....) Notase que os saldos mantiveramse credores em todo o período e saltaram de cerca de R$ 300.000.000,00, em 01/01/2007, para quase R$ 1.050.000.000,00, em 31/12/2008. Imprimi páginas da internet (endereços: http://www.cerradinho.com.br/ portodasaguas.swf e http://www.cerradinho.com.br/principal.swf) que relatam a inauguração da Usina Porto das Águas em 26 de junho de 2009 (fls. 14318/14320), com grande capacidade anual de moagem de cana (3,3 milhões de toneladas), o que indica grandes dispêndios para sua instalação no período antecedente. Vários contratos de swap foram apresentados, em mídia digital, pelo fiscalizado, todos anexados ao presente processo. O TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 19 (fls. 7721/7723) registra a intimação ao fiscalizado para prestar informações relativas à finalidade dos contratos de swap, nos seguintes termos: "1. informar e comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a finalidade das operações de swap liquidadas no anocalendário de 2008. Para atendimento integral do presente item, deverão ser apresentados os instrumentos dos contratos das operações de swap, bem como os instrumentos dos contratos que tiveram os riscos inerentes às suas oscilações de preço ou de taxas protegidos pelas operações de swap. A informação da finalidade das operações, inclusive com descrição da destinação dada aos recursos obtidos por meio do contrato protegido pela operação de swap, deverá ser prestada de forma individual em relação a cada contrato, por meio do preenchimento de planilha, conforme modelo em anexo, que segue também gravado em arquivo digital contido num CDROM. " A planilha de fls. 13131/13157, recebida consoante TERMO DE RECEBIMENTO DE DOCUMENTOS N. 21 (fl. 13168), relaciona inúmeros contratos de empréstimo protegidos pelas operações de swap, cujos recursos foram necessários para capital de giro e para construção da Usina Porto das Aguas Ltda., CNPJ 08.322.396/000103, Fl. 17520DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.272 13 conforme esclarecimento inscrito no TERMO DE DECLARAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 22 (fls. 13169/13171). O termo n. 22 assinala a intimação ao fiscalizado para: "1 prestar as informações discriminadas na planilha em anexo, que rubriquei nesta data, com relação a cada um dos anoscalendário de 2007 e 2008 e de forma individual para cada contrato de mútuo cujos recursos foram recebidos pelo sujeito passivo e destinados, total ou parcialmente, à implantação da Usina Porto das Águas Ltda., CNPJ 08.322.396/0001 03, ou a adiantamento para futuro aumento do capital social dessa Usina." Foi deferida prorrogação do prazo para atendimento a essa intimação (fl. 13216) e houve reintimação (fls. 13217/13218), mas o fiscalizado, em resposta recebida em 29/11/2011 (fls. 13219/13221), declara que, no final do curso do prazo dilatado, chegou à "conclusão que não seria possível produzir as informações e, assim, cumprir o Termo de Intimação Fiscal n. 22", acrescentando que "não possui meios hábeis para dar integral cumprimento à intimação contida" nesse Termo. Por meio do TERMO DE INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL (fls. 13359/13360), o fiscalizado foi intimado a apresentar: 1) contrato social e as alterações contratuais da USINA PORTO DAS AGUAS LTDA, inscrita no CNPJ sob n. 08.322.396/000103; 2) contratos de adiantamento para futuro aumento de capital, firmados com a referida USINA. Mediante resposta recebida em 19/04/2011 (fls. 13361/13473), o fiscalizado entrega o contrato social e as alterações contratuais de ns. 1 a 5, bem como um contrato de adiantamento para futuro aumento do capital da Usina Porto das Águas, firmado em 26 de fevereiro de 2007, esclarecendo que esse foi o único contrato de adiantamento para futuro aumento de capital celebrado com essa Usina, que "deu lastro a todas as operações de tal natureza entre as partes". Os lançamentos contábeis correspondentes aos adiantamentos constam de páginas do Livro Razão do fiscalizado, referente a 2007 (fls. 13481/13493, 13853/13981), e de sua escrituração contábil digital (fls. 14188/14315). Os encargos financeiros decorrentes dos empréstimos/financiamentos obtidos pelo fiscalizado para realizar esses adiantamentos e outros gastos com a implantação da Usina Porto das Aguas não são dedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, uma vez que representam despesas desnecessárias à sua atividade e à manutenção da respectiva fonte produtora. Segundo o art. 249 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), na determinação do lucro real devem ser adicionados ao lucro líquido do período de apuração os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com esse Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real. Fl. 17521DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.273 14 Considerando isso e o disposto no art. 299, §§ 1° e 2°, do RIR/99, transcrito abaixo, depreendese que é obrigatória a adição dos sobreditos encargos financeiros ao lucro líquido do período de apuração: (...) Tendo em vista as informações prestadas pelo fiscalizado no tocante a valores inseridos em suas DIPJ dos Exercícios de 2008 e 2009 (fls. 2/149, 181/310, 387/400, 428/446 e 449/544) e os dados contidos em seus livros de apuração do lucro real (LALUR), referentes aos anoscalendário de 2007 e 2008 (fls. 311/374), observei que tais encargos financeiros não foram adicionados ao lucro líquido do período para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL desses anos. Além dos adiantamentos para futuro aumento do capital, também foram identificados pagamentos, relacionados no anexo 15 ao presente relatório, que não eram necessários à atividade e à manutenção da fonte produtora do fiscalizado, pois se consubstanciam em: a) pagamentos registrados na conta "ADIANTAMENTO FORNECEDORES DE CANADEAÇUCAR", código 1.1.2.12.001, destinados a fornecedores de matériaprima para a Usina Porto das Aguas, conforme contratos de fls. 13646/13658 e 13732/13775; b) pagamentos referentes à aquisição das fazendas Ancora e Santa Maria pela Usina Porto das Aguas, que não foram efetuados em 28/02/2007 (data em que foi lançada a compra na conta contábil do fiscalizado denominada USINA PORTO DAS AGUAS, código 1.3.1.10.047), conforme se depreende do termo n. 18, da respectiva resposta, da certidão de matrícula da Fazenda Ancora e do extrato da consulta ao sistema DOI (fls. 13776/13802 e 14321/14322). Às fls. 13804/13825, anexei cópia das páginas dos livros contábeis que registram os pagamentos efetuados em 2007. O fiscalizado não prestou as informações discriminadas na planilha mostrada no anexo ao Termo n. 22, as quais serviriam para quantificar a variação cambial passiva e os demais encargos financeiros indedutíveis, sem prejuízo da identificação de outras importâncias. Na ausência dessas informações, elaborei os cálculos a partir da média ponderada dos saldos diários dos grupos de contas contábeis representativos: a) dos adiantamentos supracitados e outros gastos com a implantação da Usina Porto das Aguas, citados acima; e b) dos empréstimos passivos. Assim, foi criado, além do mencionado grupo de contas "G005 EMPRÉSTIMOS PASSIVOS", o grupo "G004 adiantamento ", englobando as seguintes contas: (... ) Produziramse, além do anexo 15 retrocitado, os anexos 1 a 14 ao presente relatório. Os anexos 1 e 2 registram, respectivamente, os lançamentos de cada um desses grupos de contas, referentes ao anocalendário de 2007, e os de números 7 e 8 os correspondentes ao ano de 2008. Fl. 17522DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.274 15 Os anexos 3, 4, 9 e 10 demonstram a apuração da média ponderada dos saldos diários desses grupos de contas em relação aos anos de 2007 e 2008. Tendo em vista que os pagamentos referentes à aquisição das fazendas Âncora e Santa Maria não foram efetuados em 28/02/2007, conforme dito acima, os respectivos débitos registrados nesse dia, mostrados no anexo 1, não foram computados no anexo 4. Nos anexos 4 e 9, os valores dos débitos correspondentes às datas dos lançamentos contábeis relacionados no anexo 15 também abarcam os valores inscritos nesses lançamentos. Os anexos 5 e 6 trazem a relação dos encargos financeiros e das variações cambiais passivas sobre operações liquidadas registrados, em 2007, nas contas do sobredito grupo "G005 EMPRÉSTIMOS PASSIVOS", bem como a apuração do total líquido dessas despesas financeiras nesse ano. O anexo n. 11 relaciona as despesas financeiras, exceto variação cambial, registradas nas contas do grupo "G005 EMPRÉSTIMOS PASSIVOS" e suas respectivas contrapartidas em contas de resultado, apurandose, ao final, o respectivo total. As tabelas a seguir demonstram a apuração das parcelas indedutíveis, cabendo mencionar que a variação cambial do anocalendário de 2008 está sendo tratada em capítulo próprio deste relatório, onde se mostra o levantamento do valor da variação cambial das operações liquidadas que é dedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL: Ano de 2007: Média ponderada dos saldos do grupo "G004 adiantamento" (A) 1 16.580.029,84 Média ponderada dos saldos dos empréstimos passivos (B) 121.200.576.31 Relação entre as médias ponderadas (C = A / B) 0,136798 Total dos encargos financeiros constantes do anexo n. 5 (D) 4.1702.753,23 Valor dos encargos financeiros indedufíveis (E = C x D) 5,704.86473 Ano de 2008: Média ponderada dos saldos do grupo '*G004 adiantamento" (A) 76.362,482.92 Média ponderada dos saldos dos empréstimos passivos (B) Relação entre as médias ponderadas (C = A / B) 83.533.803,17 0,418068 Total das despesas financeiras constante do anexo n. 11 (D) 78.410.040,51 Valor das despesas financeiras in dedutíveis, exceto variação cambial (E = C X D) 32.623,883.32 Ano de 2007: Relação entre as médias ponderadas (F = C) 0,136798 Total líquido da variação cambiai passiva sobre operações liquidadas conforme anexo n. 6 3.807.602,58 Valor da variação cambial passiva indedutível (H F x G) 520.873,46 Valor da variação cambial passiva dedutível (i = G H) 3.286.729,10 Identificouse também que o fiscalizado escriturou, em sua contabilidade, no dia 10/07/2008, outra despesa financeira indedutível, qual seja, a variação monetária passiva sobre cotação da saca de soja, no valor de R$ 736.777,10, decorrente do contrato de compra da fazenda Âncora, celebrado entre a Usina Porto das Águas Ltda. e Edo José Diehl Peixoto e sua esposa (fls. 13779/13792 e 14187). Somandose o valor das despesas financeiras indedutíveis apuradas acima, temos: Fl. 17523DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.275 16 Ano de 2008: Valor do item E 32.623.883.32 Variação monetária passiva sobre cotação da saca de soja 736.777,10 Total das despesas financeiras indedutiveis 33.360.680,42 IRPJ 0006 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. VARIAÇÕES CAMBIAIS PASSIVAS CSLL 0006 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE ADIÇÕES À BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL. VARIAÇÕES CAMBIAIS PASSIVAS Constataramse irregularidades nas informações contidas nas fichas 06A e 09A da DIPJ do Exercício de 2009 (anocalendário de 2008), no que se refere aos valores das variações cambiais, conforme descrito a seguir. A) VARIAÇÕES CAMBIAIS CONSTANTES DO ANEXO AO TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 5 Na planilha n. 1 mostrada no anexo n. 12 ao presente relatório consta a relação das variações cambiais passivas inscritas indevidamente em conta de juros sobre financiamentos, a qual integra o rol das contas contábeis cujos saldos compuseram o valor lançado na linha 40 da ficha 06A da DIPJ do Exercício de 2009 (Outras Despesas Financeiras), conforme resposta do fiscalizado protocolizada em 11.11.2010 (fls. 185/186). Os anexos ns. 13 e 14 demonstram, por meio de amostra contemplando duas das instituições financeiras envolvidas (Bancos Itaú S/A e ABN AMRO REAL S/A), que tais variações não foram inscritas nas contas que fizeram parte da apuração, pelo fiscalizado, do valor inserido na linha 36 da ficha citada (Variações Cambiais Passivas), exposta na sobredita resposta. Insta notar que essas mesmas variações cambiais foram objeto do anexo ao Termo de Intimação Fiscal n. 5 de fls. 380/385, lavrado no curso da diligência fiscal perante o fiscalizado, determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal n. 08.1.07.002010015771 por meio do qual ele foi intimado a informar se tais variações tiveram seus respectivos valores contabilizados em contas de resultado exclusivas para registrar variações monetárias em função da taxa de câmbio. Em sua resposta protocolizada em 31/01/2011, o fiscalizado declarou que as variações em apreço foram equivocadamente registradas na conta contábil de juros (fls. 450). Nos termos do capítulo 2 do TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 7 (fls. 545/571), o fiscalizado foi intimado a esclarecer se todas as variações cambiais constantes do anexo ao Termo de Intimação Fiscal n. 5 não foram registradas em contas contábeis de variações monetárias, sendo que a resposta protocolizada em 08/04/2011 reitera o equívoco e acrescenta que não houve lançamento "em conta contábil de variação cambial, ou seja, os registros contábeis não foram duplicados " (fls. 1241/1242). Diante disso, cabe realocar o valor dessas despesas, subtraindo o valor total das variações ora relacionadas, mostrado ao final da planilha n. 1 (R$ 27.576.706,31), do valor Fl. 17524DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.276 17 indicado na referida linha 40 e, por outro lado, adicionálo ao das variações cambiais passivas registrado na linha 36 da ficha aludida, operações essas demonstradas logo abaixo da planilha n. 1 do referido anexo n. 12. Como se vê, o valor das variações cambiais passivas, referente à linha 36, salta de R$ 205.879.182,50para R$ 233.455.888,81. Essa realocação influencia na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL do anocalendário de 2008, uma vez que o valor constante da linha 36 acima citada deve ser adicionado ao lucro líquido antes do IRPJ, para apuração do lucro real desse período, incluindo o respectivo valor na linha 11 da Ficha 09A da referida DIPJ, que é repetido na linha 11 da ficha 17 (cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). No caso do fiscalizado, houve inclusive falta de adição do valor por ele declarado na linha 36 (R$ 205.879.182,50), bem como ausência de exclusão, na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, do valor das variações cambiais ativas registrado na linha 18 da ficha 06A da DIPJ em apreço (R$ 82.133.596,09). Com efeito, as linhas 11 e 48 da ficha 09A e 11 e 41 da ficha 17 da referida DIPJ apresentam valores zero. Saliento que já foi consignado no capítulo 3 do TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 7, lavrado em 25.02.2011 (fls. 545/571), no fluxo da referida diligência fiscal, que o fiscalizado ''adotou o regime de reconhecimento da variação cambial quando da liquidação da correspondente operação, nos termos do art. 30 da Medida Provisória n. 2.15835, de 2001, segundo o qual a mensuração da variação cambial, ao final de um determinado período, decorre das liquidações ocorridas nesse período e das taxas de câmbio então vigentes. " Assim, aplicável o disposto nas instruções de preenchimento das linhas 11 e 48 da ficha 09A da DIPJ do Exercício de 2009, aprovadas pela Instrução Normativa RFB n° 964, de 14 de agosto de 2009, transcritas ao final do capítulo 3 do referido TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 7. Em item abaixo, consolidarei todos os valores de variação cambial apurados. B) APURAÇÃO DAS VARIAÇÕES CAMBIAIS CORRESPONDENTES ÀS OPERAÇÕES LIQUIDADAS Além do exposto no item "a " acima, destaquemse as constatações lançadas no capítulo 3 do termo n. 7, transcrita a seguir, cabendo registrar que ainda não havia sido computado os R$ 27.576.706,31 citados linhas atrás, visto que pendia intimação ao fiscalizado para esclarecer se todas as variações cambiais constantes do anexo ao Termo de Intimação Fiscal n. 5 não foram registradas em contas contábeis de variações monetárias: "Identificouse que o valor lançado na linha n. 12 da ficha 09A da DIPJ do Exercício de 2009 corresponde ao valor registrado, à fls. 24 e 31 do LALUR de 2007" (fls. 311/342) ", a título de variação cambial. Tal valor, conforme fls. 24 e 31 do LALUR de 2008 " (fls. 343/374) "e esclarecimentos prestados pelo sujeito passivo nas respostas protocolizadas em 13 e 31 de janeiro de 2011, foi adicionado ao lucro líquido do ano de 2008.Observei que o sujeito passivo não preencheu as linhas 11, 48 e 49 da ficha 09A da DIPJ do Exercício de 2009 Fl. 17525DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.277 18 com os valores das variações cambiais pertinentes, nem há controle dessas variações no LALUR de 2008, sendo que o valor inscrito na linha 12 dessa ficha resulta de operação matemática envolvendo as variações cambiais informadas nas linhas 8, 35 e 36 da DIPJ do Exercício de 2008, demonstrada nas páginas 2 e 3 da resposta do sujeito passivo protocolizada em 11.11.2010. Na parte A do LALUR de 2008 não há controle da variação cambial diferida até 31.12.2008, mas somente até 31.11.2008, e ao final do ano somente foi consignada, às fls. 24, 25 e 31 do livro em apreço, a variação cambial transferida do LALUR de 2007, constante da linha n. 12 da ficha 09A da DIPJ.Temse como equivocada a inclusão da variação cambial transferida do LALUR de 2007, uma vez que o sujeito passivo adotou o regime de reconhecimento da variação cambial quando da liquidação da correspondente operação, nos termos do art. 30 da Medida Provisória n. 2.15835, de 2001, segundo o qual a mensuração da variação cambial, ao final de um determinado período, decorre das liquidações ocorridas nesse período e das taxas de câmbio então vigentes." Ante o exposto, elaborei, com base da escrituração contábil digital (SPED) do sujeito passivo, os demonstrativos dos valores totais das variações cambiais ativa e passiva liquidadas em 2008 (anexos ns. 1 e 2), os quais foram transportados para as tabelas abaixo, representativas das importâncias que deveriam ter sido incluídas nas linhas ns. 11, 12, 48 e 49 da ficha 09A da DIPJ do Exercício de 2009, sem prejuízo da identificação de valor superior no decorrer das verificações ainda pendentes. ADIÇÕES 11.Var. Cambiais Passivas (MP n° 1.85810/1999, art. 30) 205.879.182,50 12.Var. Camb AtivasOperLiq (MPn° 185810/1999, art30) 17.414.347,83 EXCLUSÕES 48.()Var. Camb. Ativas (MP n° 1.85810/1999, art. 30) 82.133.596,09 49.()Var. Camb. PassOp Liq. (MP n° 1.858 10/1999, art. 30) 34.609.203,89 Anoto que os valores correspondentes às linhas 11 e 48 foram obtidos segundo as instruções de preenchimento da ficha 09A da DIPJ do Exercício de 2009, abaixo transcritas: 'Linha 09A/11 Variações Cambiais Passivas (MP ri°1.85810/1999, art. 30) Esta linha deve ser preenchida somente pelas pessoas jurídicas que optaram por considerar, para fins de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, e da contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, o valor correspondente às variações monetárias das obrigações e direitos de crédito, em função da taxa de câmbio, quando da liquidação da correspondente operação (MP n ° 1.85810 , de 1999, art. 30 e reedições). Indicar, nesta linha, o valor correspondente à variação cambial passiva, informado na Linha 06A/36, ainda que tal variação corresponda a operação liquidada no período de apuração.'' Linha 09A/48 () Variações Cambiais Ativas (MP n°1.85810/1999, art. 30) Fl. 17526DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.278 19 Esta linha deve ser preenchida somente pelas pessoas jurídicas que optaram por considerar, para fins de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, e da contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, o valor correspondente às variações monetárias das obrigações e direitos de crédito, em função da taxa de câmbio, quando da liquidação da correspondente operação (MP n ° 1.85810, de 1999, art. 30, e reedições). Indicar, nesta linha, o valor correspondente à variação cambial ativa, informado na Linha 06A/18, ainda que tal variação corresponda a operação liquidada no período de apuração.'" Nesse termo n. 7 consignei a intimação ao sujeito passivo para se manifestar sobre as constatações e conclusões expostas no capítulo 3 e os valores apurados pela fiscalização. Em resposta recebida em 08/04/2012, o fiscalizado diz que solicitou inúmeros contratos e extratos às diversas instituições financeiras com as quais negociou, refazendo suas apurações de variações cambiais realizadas, cujo resultado altera a informação fornecida por ela até aquele momento (fl. 1242). Após várias respostas do fiscalizado, no curso da sobredita diligência fiscal e da fiscalização, apresentando planilhas de cálculos das variações cambiais e documentos, e termos fiscais lavrados versando sobre as informações prestadas, todos acostados ao presente processo, defini os valores das variações cambias ativas e passivas, relativas às operações liquidadas, conforme exposto no TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 11 e seu anexo, e intimouse o fiscalizado a, no prazo de 10 (dez) dias, manifestarse sobre as constatações e cálculos expostos nesse termo e no referido anexo (fls. 13640/13642), não havendo, até esta data, qualquer manifestação a respeito. C) VARIAÇÕES CAMBIAIS PASSIVAS, REFERENTES ÀS OPERAÇÕES LIQUIDADAS, QUE SÃO DEDUTÍVEIS EM 2008 Tendo em vista as constatações descritas no capítulo 0005 (DESPESAS FINANCEIRAS NÃO DEDUTÍVEIS), impende apurar o valor da variação cambial passiva das operações liquidadas que é dedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, valendose da relação entre as médias ponderadas obtida naquele capítulo e da variação cambial passiva acusada no anexo ao termo n. 11 citado acima: Ano de 2008: Relação entre as médias ponderadas (A) 0,416088 Variação cambial passiva ~~ operações liquidadas (B) 24.420.42224 Valor da variação cambial passiva indedutível ( C = A x B) 10.160.548.33 Valor da variação cambial passiva dedutível (D = B C) 14.259.873,92 D) CONSOLIDAÇÃO DAS VARIAÇÕES CAMBIAIS Com base nas constatações expendidas neste capítulo, consolido, a seguir, os valores das variações cambiais do anocalendário de 2008, com determinação do valor da variação cambial que será inserido no Auto de Infração Apuração da variação cambial da linha 11 da ficha 09A da DIPJ do Exercício de 2009: Fl. 17527DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.279 20 (...) 2. DA RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA SOLIDÁRIA Inicialmente, cumpre mencionar que foi aprovada, em 30/08/2010 e 01/03/2011, cisão parcial do patrimônio líquido do fiscalizado, que passaremos a descrever em subitens apartados. 2.1. Da cisão aprovada em 30/08/2010 Identifiquei que houve aprovação, em 30/08/2010, da cisão parcial do patrimônio líquido do fiscalizado, seguida de sucessão do acervo cindido pela Cerradinho Holding S.A. (atual CERRADINHO PARTICIPAÇÕES S.A., CNPJ 11.196.718/000111), comprovada pela ficha cadastral do fiscalizado perante a Jucesp e ata da assembléia geral extraordinária da cindida, realizada em 29 de dezembro de 2010 (fls. 15049/15076). Dessarte, a CERRADINHO PARTICIPAÇÕES S.A. e o fiscalizado respondem solidariamente pelos tributos devidos por esta última até à data da aprovação da cisão (30/08/2010), nos termos dos arts. 233 da Lei n° 6.404/76, 124 e 132, da Lei n° 5.172/1966 (CTN), o que inclui os apurados neste procedimento de fiscalização, com fatos geradores ocorridos até essa data. 2.2. Da cisão aprovada em 01/03/2011 Constatei que houve aprovação, em 01/03/2011, da cisão parcial do patrimônio líquido do fiscalizado, seguida de sucessão do acervo cindido pela Jarsy Holdings S.A (antiga denominação da NG Bioenergia S.A., CNPJ 12.877.416/000171), comprovada pela ficha cadastral do fiscalizado perante a Jucesp e ata da assembléia geral extraordinária da cindida, realizada em 1o de março de 2011 (fls. 15049/15075 e 15077). Posteriormente, a NG Bioenergia S.A. foi incorporada pela NOBLE BRASIL S.A., CNPJ 06.315.338/000119, conforme registro perante a Junta Comercial do Estado de São Paulo ("JUCESP') sob o n° 103.025/121, em sessão de 08/03/2012, assentado na ficha cadastral desta arquivada nesse órgão de registro (fls. 15078/15097). Dessarte, a NOBLE BRASIL S.A. e o fiscalizado respondem solidariamente pelos tributos devidos por esta última até à data da aprovação da cisão (01/03/2011), nos Fl. 17528DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.280 21 termos dos arts. 233 da Lei n° 6.404/76, 124 e 132, da Lei n° 5.172/1966 (CTN), o que inclui os apurados neste procedimento de fiscalização. 3. CONCLUSÃO Ante o exposto neste relatório, serão constituídos os créditos tributários por meio de lançamento, lavrandose os competentes Autos de Infração, nos quais serão apurados o IRPJ e a CSLL devidos, aplicandose multa de ofício e a responsabilidade solidária pelos créditos tributários, delineada no item 2 supra. (... ) II) DAS IMPUGNAÇÕES A Contribuinte foi cientificada da autuação em 28/11/2012, por intermédio de representante legal, conforme ciência pessoal à fl. 15642. Por sua vez, as empresas responsáveis solidárias foram cientificadas via postal, também em 28/11/2012 (vide AR de fls. 16444 e 16446). Os 3 (três) interessados apresentaram impugnações em 27/12/2012 (fls. 1564815671, 1570615737, 1634516356), representados pela mesma sociedade de advogados, regularmente constituídos. Em sua impugnação, a contribuinte (autuada) contesta parcialmente as infrações imputadas, apresentando demonstrativo das matérias não questionadas. Ao final sintetiza suas alegações nos seguintes termos: 3. DO PEDIDO Diante do exposto, a única conclusão possível, que se obtém apôs a análise jos unaamentos da impugnação acima expostos, ê no sentido de que sejam cancelados em Pc te os autos de infração ora impugnados para o fim de que (I) seja cancelada a autuação i o que concerne aos ajustes de variação cambia! implementados pela fiscalização no anocalendário de 2008, uma vez que não se atentou para a adoção, peia impugnante, do regime de competência; (il) seja reconhecida a dedutibiíidade das despesas financeiras glosadas em virtude do repasse dos valores à Usina Porto das Águas Ltda. (atua! Cerradinho Bioenergia S.A.), por serem despesas necessárias à sua atividade e por não se aplicar o art. 299 do RIR/99 à CSL, bem como (Hi) seja reconhecida a úeéuttbiiiéaée da despesa relativa à reversão da provisão correspondente ao parcelamento adotado (PAEX); e por fim que (iv) uma vez canceladas as glosas anteriores, que seja determinada a reconstituição dos saldos de prejuízos e bases negativas da CSL em 2008, resultando em cancelamento das exigências correspondentes, mesmo que não impugnadas no mérito, Ainda, deve ser afastada a incidência dos juros de mora sobre os valores da multa de oficio, diante da ausência de previsão expressa nesse sentido, pois a lei somente prescreve a aplicação do referido encargo sobre as multas isoladas. Por fim, para provar os fatos expostos, protesta a impugnante por todas as provas em direito admitidas5 tais como a juntada de documentos e a realização de diligências. Fl. 17529DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.281 22 Em atendimento ao disposto no inciso V do art, 16 do Decreto n, 70235, de 6.3.1972, a Impugnante informa que a matéria objeto desta Impugnação não foi submetida à apreciação judicial. Por sua vez, as empresas arroladas como responsáveis solidárias, alegam em síntese que a sujeição passiva no presente caso é totalmente descabida por ausência de responsabilidade das mesmas, haja vista que os art. 124 e 132 do CTN no qual se fundamenta a sujeição, bem como o art. 233 da Lei n° 6.404/1976 não se aplicam ao caso. Ao final, ambas pleiteiam seja cancelado o auto de infração nessa parte, bem como excluída a responsabilização solidária. DA DILIGÊNCIA Nos debates realizados pelo Colegiado na sessão de 23 de julho de 2013 chegouse ao consenso da necessidade de realização de diligência para verificar a correção dos procedimentos do contribuinte em face de suas alegações impugnatórias, nos termos a seguir reproduzidos do voto condutor da Resolução de fls. 1647416496: I) TRIBUTAÇÃO DA VARIAÇÃO CAMBIAL Aduz a impugnante: 2,1.. Adições não computadas na apuração do Lucro Real e da toase cia CSL Alteração do regime de reconhecimento cia variação cambial no anocalenda fio de 2U08 — Item 0006 do Relatório Fiscal No que diz respeito a este iam da autuação, a impugnante deseja consignar, antes de qualquer consideração, que a gíosa fiscal parece ter decorrido da adoção de uma premissa equivocada por parte do Sr, Agente Fiscal, premissa essa que viciou todo o seu raciocínio. Com efeito, a fiscalização parte da premissa de que a impugnante teria adotado o regime de caixa para o reconhecimento dos efeitos da variação cambiai de seus direitos e obrigações. Contudo, na realidade, o regime adotado pela impugnante foi o de competência, o que nâo foi constatado peia fiscalização. Tivesse ela verificado esse fato, provavelmente não teria havido qualquer glosa fiscal (...) Partindo dessa premissa, isto é, pressupondo que a opção da impugnante teria sido pelo regime de caixa, o fisco alega que nâo teriam sido procedidas às adições e exclusões inerentes a tal regime, assim como destacou não ter sido correto o procedimento da impugnante de oferecer à tributação, em 2008, o valor da variação cambial diferida de períodos anteriores. O Sr. Agente Fiscal autuaníe, enfio, procedeu ao que chamou de "Consolidação das Variações Cambiais' (vide ff. 15584 dos autos). A referida consolidação implicou a completa revisão da Ficha 09A da DIPJ de 2008, tendo sido refeitas as linhas da declaração referentes às variações cambiais ativas e passivas, liquidadas e não liquidadas, por Fl. 17530DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.282 23 meio de adições e exclusões, tudo com base na premissa de que a impugnante teria optado pelo regime de caixa. (... ) Ocorre que o Sr. Agente Fiscal não atentou ..para o fato de que a impugnante procedeu, no mês de dezembro de 2008. à alteração do regime de reconhecimento dos efeitos da variação cambial de caixa para competência, tal como permitia a legislação de regência na época dos fatos, permissão essa reconhecida inclusive pelo fisco, como será demonstrado adiante. Com efeito, conforme se observa pela análise dos anexos Livros de Apuração do Lucro Rea! LALUR), relativos aos anoscalendárío de 2007 e 2008 (doc. 04), a impugnante, ao longo do ano de 2007 e até novembro de 2008, optou pelo reconhecimento da variação cambiai de seus direitos e obrigações pelo regime de caixa, isto é, pelo reconhecimento apenas quando da liquidação da operação do ganho ou a perda por variação cambial. Neste caso, tendo optado pelo regime de caixa, a impugnante efetuou os ajustes necessários no LALUR (mediante adições e exclusões}, para o fim de que somente no momento da liquidação da operação fosse reconhecida na base de cálculo dos tributos a respectiva a variação cambial. Contudo, conforme permitido pela legislação, e reconhecido pelo próprio fisco em solução de consulta interna tratada a seguir, a impugnante optou, em dezembro de 2008, pela alteração do regime de caixa para o regime de competência* Pelo referido regime., a variação cambiai ativa e passiva deve ser reconhecida periodicamente, independentemente da liquidação da correspondente operação. Assim, se ocorrer no período uma variação cambiai passiva (despesa), já nesse período ela irá reduzir o resultado tributável. Ao contrário, caso ocorra no período uma variação cambial ativa (receita), ela irá implicar majoração do resultado tributável no período. (...) Tratase do item mais relevante da autuação, no valor tributável de R$ 135.116.835,19 (vide (l. 15592), que implicou na reversão da quase totalidade do prejuízo fiscal apurado pela contribuinte no ano de 2008. A contribuinte afirma que todo a apuração fiscal está calcada na premissa de que continuava a reconhecer as variações cambiais pelo regime de caixa, ou seja, no momento da liquidação das operações. De fato foi essa a premissa básica para a reconstituição realizada pelo Fisco, conforme asseverado no TVF, (l. 15581: "Saliento que já foi consignado no capítulo 3 do TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 7, lavrado em 25.02.2011 (fls. 545/571), no fluxo da referida diligência fiscal, que o fiscalizado "adotou o regime de reconhecimento da variação cambial quando da liquidação da correspondente operação, nos termos do art. 30 da Medida Provisória n. 2.15835, de 2001, segundo o qual a mensuração da variação cambial, ao final de um determinado período, decorre das liquidações ocorridas nesse período e das taxas de câmbio então vigentes." (grifei) Fl. 17531DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.283 24 Ocorre que, conforme alegado, a contribuinte teria revisto sua opção em dezembro/2008, passando a adotar o regime de competência, tal qual permitiria as normas em vigor à época, exatamente para reconhecer as variações monetárias passivas incorridas no ano de 2008 em face da elevada desvalorização do Real ocorrida naquele período. A impugnante junto o Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), fls. 15828 a 15891, asseverando que faz prova desse procedimento. Cumpre então à diligência fiscal verificar a correção dos procedimentos da Contribuinte, à luz da legislação vigente à época (anocalendário 2008), especialmente das orientações normativas da RFB e, se for o caso, fazer nova reconstituição da "consolidação das variações cambiais " tal qual procedido no lançamento de oficio original. Além disso, fazse necessário que a Fiscalização verifique a repercussão desses procedimentos nos anos calendários de 2009 a 2012, isso porque: i) caso se considere que a alegada mudança de opção e possível que essa variação cambial passiva tenha sido tributada/adicionada nos períodos de apuração seguinte, o que pode caracterizar simples postergação dos tributos; ii) na hipótese de que seja atestada a correção dos procedimentos do contribuinte é possível que os ajustes nos períodos de apuração seguintes impliquem no deslocamento da tributação dos efeitos dessa mesma variação cambial. II) DEDUTIBILIDADE DE REVERSÃO DE PROVISÕES. Alega a impugnante que: Sobre essa questão, o Sr. Agente Fiscal houve por bem glosar, no ano calendário de 2007, o montante total de R$ 7.745.746,30 (sete milhões, setecentos e quarenta e cinco miI, setecentos e quarenta e seis reais e trinta centavos). A recorrente reconhece a procedência da maior parte da glosa e procederá ao reconhecimento das quantias devidas, conforme planilha anexa a esta defesa (doc. 03). Ocorre que parte do valor em questão corresponde á reversão da provisão realizada em 1.11.2007, relativa à crédito tributário referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados ("IPl"), cuja autuação foi lavrada em 26.12.2005, os quais foram incluídos no parcelamento concedido peia Medida Provisória n. 303, de 29.6.2006 ("PAEX"), conforme se observa pela análise dos anexos documentos relativos ao parcelamento e cópia do livro razão. (doe. 09) Assim, conforme se passa a demonstrar» os valores em questão, incluídos no PAEX, são dedutíveis para fins de apuração do IRPJ e da GSL, devendo, portanto, ser cancelada a glosa fiscal ora impugnada. O art 41 da Lei n. 8981, de 20.1.1995, atualmente consolidado no art 344 do RIR/99, contém norma específica disciplinando a dedução de despesas com tributos para fins de determinação do lucro real. Confirase: "Art. 344, Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real segundo o regime de competência (Lei n. 8981, de 1995, art, 41), Parágrafo 1° O disposto neste artigo não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos if a IV do art. 151 da Lei n. 5172, de 1966, haja ou não depósito judicial(Lei n. 8981, de 1995, art. 41, parágrafo 1% Fl. 17532DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.284 25 Como se vê, o caput de seu art, 41 passou a admitir a dedução de tributos, na apuração do lucro real, segundo o regime de competência, ou seja, no momento em que nasce a obrigação tributária com a ocorrência do correspondente fato gerador, independentemente do efetivo pagamento. Logicamente, essa regra não se aplica aos tributos que, por determinação legal, não sejam dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda, Cabe registrar que tal vedação não se aplica à CSL em virtude de ausência de previsão legal, O parágrafo 1o do art. 344 do RIR/99 afasta a regra de dedutibiíídade das despesas tributárias pelo regime de competência, quando a exigibilidade do tributo se encontra suspensa nos termos dos incisos II a IV do art, 151 do Código Tributário Nacional10. (...) Isso porque, nessas situações, enquanto pendente de julgamento os processos judiciais e/ou administrativos, ern tese, não há certeza quanto à existência e/ou correta quantificação da obrigação tributária. Desse modo a não ser que se esteja diante de uma das exceções listadas no pp^grofc Io do art. 344 do RIR/99, os débitos tributários devem ser deduzidos pelo regime de jompetência, ou seja, no período em que as correspondentes sejam incorridas, ir, ependentemente de seu pagamento. Assim, em virtude da intimação da autuação de IP1 lavrada, a impugnante procedeu ao registro dos valores em discussão nos autos do referido processo administrativo como provisão, visto não ser possível a dedutíbílidade de tais valores em virtude de apresentação de defesa nos autos do referido processo administrativo, como forma de suspensão da exigibilidade do crédito tributário nos termos do inciso 111 do art. 151 do Código Tributário Nacional Posteriormente, quando optou por desistir da discussão, na esfera administrativa, incluindo os respectivos débitos tributários no PAEXS a impugnante procedeu à reversão da provisão no anocalendário de 2007, passando, assim, a serem tais valores dedutíveis11. Neste sentido, verifiquese a ementa Solução de Consulta n, 86 de 14.7.2011, da 7a Região Fiscal: "DEDUTIBILÍDADE. PARCELAMENTO DEFERIDO. TRIBUTOS, CONTRIBUIÇÕES E JUROS DE MORA CONSOLIDADOS. REGIME DE COMPETÊNCIA, Os débitos do sujeito passivo relativos a tributos e contribuições lançados em auto de infração e consolidados em parcelamento já deferido são dedutíveis, regra gerai na determinação do lucro real, segundo o regime de competência, sendo vedada a dedução do valor da CSLL Os débitos do sujeito passivo relativos a juros de mora referentes a tributos e contribuições lançados em auto de infração e consolidados em parcelamento já deferido são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência", (destaques da impugnante) Verifiquese que, conforme reconhecido pelo próprio fisco, o valor relativo aos parcelamentos concedidos, na qualidade de confissão da dívida, são considerados Fl. 17533DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.285 26 dedutíveis para fins de apuração do lucro real A referida solução de consulta merece reforma apenas em relação à CSL, visto que para fins de apuração da base de calculo da referida contribuição não há na legislação qualquer restrição não sendo aplicável à CSL a vedação contida no parágrafo 1o art, 41 da Lei n. 8981. (... ) Quanto a este item cabe à diligência fiscal confirmar a efetividade dos documentos de fls. 16281 a 16341 (auto de infração do IPI e respectiva inclusão dos valores no PAEX), no valor de R$ 1.040.258,06 (vide fl. 15821), verificando, principalmente, se tal valor foi mesmo objeto da glosa. A seguir, cumpre a Fiscalização manifestar, elaborando relatório consubstanciado das verificações. Ao final dos trabalhos, a Contribuinte deve ser cientificada do prazo de 30 dias para pronunciamento, se entender necessário. (...)" A diligência fiscal resultou na juntada dos documentos de fls. 1649717039. Ao final dos trabalhos foi lavrado o Relatório de fls. 17017 a 17029, do qual se extrai o seguinte: "(...) No dia 16.1.2014 o sujeito passivo foi intimado novamente a apresentar o documento especificado no item "b" do Termo de Início de Diligência Fiscal que lhe foi cientificado em 5.9.13, inclusive seguindo a observação anotada nesse Termo, uma vez que as planilhas apresentadas pelo sujeito passivo em 01.10.13 não exibem todos os cálculos de apuração solicitados naquele item, trazendo somente os números finais dos cálculos, sem o detalhamento da apuração dos valores constantes nas colunas "V. C. Diferida Ativa R$" e "V. C. Diferida Passiva R$", e considerando também que o sujeito passivo não cumpriu o disposto na observação retrocitada, visto que nas planilhas em comento inexistem o nome e o código das contas contábeis analíticas envolvidas na apuração e os respectivos valores (fls. 16585/16590). Na resposta protocolizada em 31.01.2014 (fls. 16593/16596), o sujeito passivo expõe o seguinte: "... em cumprimento ao Termo de Intimação Fiscal n. 2, a Contribuinte informa que não foi possível realizar, até o presente momento, a recomposição dos valores constantes nas planilhas apresentadas, tendo em vista o volume de contratos vinculados às respectivas operações (já anexados aos autos do presente processo). Ressaltese que, no decorrer dos anos, a Contribuinte passou por processo de alteração de sistema de controle interno e teve seu quadro de funcionários alterado, o que dificulta o levantamento das informações solicitadas. Não obstante, conforme requerido, a Contribuinte informa o nome e o código das contas contábeis analíticas vinculadas à apuração dos valores em referência, conforme se observa pela análise dos balancetes apresentados anteriormente: Fl. 17534DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.286 27 CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO 5.3.1.01.661 Variação Cambial Passiva Diferida (Exportação) 5.3.1.01.675 Variação Cambial Passiva Diferida SI Financiamentos 5.3.1.02.713 Variação Cambial Ativa Diferida (Exportação) 5.3.1.02.714 5.3.1.02.722 Variação Cambial Ativa Diferida SI Financiamentos Registrese que, ao cruzar as informações constantes no LALUR com os valores lançados na contabilidade, a Contribuinte identificou inconsistências nos valores apurados mensalmente, as quais, contudo, não representam diferença de imposto a pagar no final do anocalendário. Neste sentido, a Contribuinte anexa planilha comparativa dos valores em questão (doc. 01)." Embora o sujeito passivo não tenha logrado apresentar o detalhamento da apuração dos valores constantes nas colunas "V. C. Diferida Ativa R$" e "V. C. Diferida Passiva R$", exibidos nas planilhas apresentadas pelo mesmo em 01.10.13, conseguimos identificar dados que nos permitem concluir que aquelas planilhas espelham o levantamento dos ganhos e/ou perdas apurados, segundo o regime de competência, em razão de variações decorrentes da atualização das obrigações do sujeito passivo, calculados com base nas variações nas taxas de câmbio do dólar americano. Claro que, neste ponto, não estamos nos reportando à correção dos cálculos efetuados pelo sujeito passivo (aliás, como se viu acima, o próprio sujeito passivo identificou inconsistências nos valores apurados), mas sim à natureza da apuração. Sabese que as cotações do dólar declinaram no período de 31.08.2007 a 29.02.2008, conforme mostra a tabela obtida no sítio do Banco Central do Brasil na internet (fls. 16703/16705), importando em aumento no valor das variações cambiais ativas em relação a empréstimos e/ou financiamentos contraídos, tal como visto na evolução dos totais mostrados nas planilhas apresentadas pelo sujeito passivo. Selecionamos para análise as duas instituições financeiras listadas na planilha de apuração da variação cambial de janeiro de 2008 com maior saldo em dólar em 31.01.2008 (Rabobank e Credit Suisse), e localizamos, na escrituração contábil digital do sujeito passivo (obtida por meio das requisições de fls. 375 e 14316 e cujos balancetes, compreendendo o mês de janeiro, o período de janeiro a fevereiro e o ano de 2008, anexamos ao presente processo conforme termo de fls. 16706), contas de passivo com o nome dessas instituições. Igualmente conforme termo de fls. 16706, anexamos os razões dessas contas, cujos saldos em 31.01.2008, divididos pela cotação do dólar para compra em 31.01.2008 (R$ 1,7595), aproximamse dos saldos mostrados naquelas planilhas: Descrição Saldo em 31.01.2008 Cotação do dólar para compra em 31.01.2008 Saldo em dólar Razão das contas 2.1.1.16.620 BANCO CREDIT SUISSE (BRASIL) e 2.2.1.04.204 BANCO CREDIT SUISSE (BRASIL) 53.006.470,62 1,7595 30.125.871,34 Fl. 17535DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.287 28 Razão da conta 2.2.1.01.906 RABOBANK ACC 89.185.201,53 1,7595 50.687.809,91 Também observamos que o balancete de janeiro, extraído da escrituração contábil digital do sujeito passivo, contém três contas de resultado utilizadas para registrar variação cambial realizada, todas com movimento nesse mês (respectivos razões com contrapartidas juntados consoante termo de fls. 16706), a saber: (... ) O balancete de janeiro que extraímos possui os mesmos dados do apresentado pelo sujeito passivo em atenção ao item "a" do TERMO DE INICIO DE DILIGÊNCIA FISCAL. Juntamos num único grupo: a) as contas contábeis analíticas vinculadas à apuração dos valores constantes nas planilhas de variação cambial apresentadas em 01.10.13, relacionadas na resposta protocolizada em 31.01.2014; e b) outra conta de variação cambial diferida integrante da escrituração de 2008, com movimento a partir de 31.05.2008 (conta 5.3.1.02.723 VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA DIFERIDA S/ APLIC. E INVEST). O Razão desse grupo de contas foi juntado conforme termo de fls. 16706, salientando que o saldo no final dos meses de janeiro a novembro de 2008 coincidem com os valores considerados pelo sujeito passivo como lançados na contabilidade a título de variação cambial diferida, constantes na linha intitulada "Diferimento Variação Cambial", da planilha denominada "LALUR Conciliado com Contabilidade", entregue em 31.01.2014 (fls. 16595/16596). Observando a relação de contas contábeis que compõem o valor lançado na linha 36 (Variações Cambiais Passivas) da Ficha 06A da DIPJ referente ao anocalendário de 2008, constante na resposta do sujeito passivo recebida em 11.11.2010 (fl. 185), vemos que tanto o saldo das contas de variação cambial diferida (ali indicadas sob a expressão "não realizada") como o saldo das de variação cambial realizada entraram no cômputo do total da variação cambial de 2008, entretanto, como se viu acima, em janeiro de 2008 efetivouse, no LALUR, a exclusão do saldo positivo das variações cambiais diferidas. A legislação aplicável ao caso (Medida Provisória n ° 2.15835, de 25 de agosto de 2001) assim versa: (...) A questão, portanto, é estabelecer quando a pessoa jurídica opta pelo regime de tributação das variações cambiais, no âmbito do IRPJ e da CSLL. Os dispositivos legais e normativos, como visto, são omissos, e exigem uma abordagem das demais normas aplicáveis à apuração de tais tributos, para esta definição. Não há dúvida que a opção ocorre quando o contribuinte efetua o primeiro recolhimento correspondente ao anocalendário, exteriorizando, assim, a existência de uma prévia apuração na qual a forma de tributação dos ganhos foi definida. Circunstâncias semelhantes se verificam na opção pela forma de tributação do lucro. De fato, considerando a regra de apuração trimestral, veiculada na Lei n ° 9.430, de 1996, a opção pela sistemática de estimativa mensal, e conseqüente apuração anual do lucro, deve ser exercida quando do recolhimento correspondente ao mês de janeiro do anocalendário em curso, ou no mês do início da atividade da pessoa jurídica, conforme dispõe a referida Lei, in verbis: Fl. 17536DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.288 29 (...) Evidente, portanto, que o LALUR referente ao ano de 2008, analisado em conjunto com os registros contábeis e as informações prestadas pelo sujeito passivo no curso desta diligência, denotam a contabilização de IRPJ e CSLL apurados com a observância do regime de caixa para reconhecimento dos ganhos de variação cambial. Aliás, como se vê no LALUR de 2008, a evolução das exclusões e adições decorrentes da aplicação do regime de caixa para tributação das variações cambiais mostra que apenas ao final do anocalendário não houve registro de valor a título de variação cambial diferida, que seria uma adição ao lucro líquido, no valor de R$ 106.763.649,84, conforme saldo devedor em 31.12.2008 constante no razão do grupo de contas de variações cambiais diferidas de 2008, indício de que somente neste momento o contribuinte passou a não ter interesse no regime de caixa para a tributação, para não arcar, na apuração do lucro real anual, com o ônus tributário decorrente da aplicação desse regime. Relevante notar que não se trata de um lançamento contábil prestarse como meio para formalização de opção perante o Fisco, mas sim das conseqüências de um fato transcrito em linguagem contábil e com dimensões que denotam uma apuração de estimativas em balancete de suspensão elaborado com as adições e exclusões correspondentes à adoção do regime de caixa para reconhecimento dos ganhos de variação cambial. Daí a inafastável conclusão de que em 31/01/2008 o contribuinte não exerceu a opção pelo regime de competência para reconhecimento dos ganhos de variação cambial ao apurar IRPJ e CSLL considerando as adições e exclusões cabíveis em regime de caixa, reafirmando esse não exercício nos meses de fevereiro a novembro de 2008. Face ao exposto concluímos que se aplica ao anocalendário de 2008 o reconhecimento da variação cambial quando da liquidação da correspondente operação (regime de caixa), insculpido no "caput do artigo 30 da Medida Provisória n° 2.15835, de 25 de agosto de 2001, mantendose, desta feita, intactos os lançamentos de ofício do IRPJ e da CSLL, cientificados ao sujeito passivo e responsáveis solidários em 28.11.2012. Sem embargo, trazemos a seguir comentários acerca da ausência de discordância quanto ao regime de reconhecimento da variação cambial notado pela fiscalização no curso da diligência fiscal que precedeu o procedimento fiscal de fiscalização. Conforme dissemos à fls. 17 do Relatório Fiscal de fls. 15565/15586, já foi consignado no capítulo 3 do TERMO DE CONSTATAÇÃO E DE INTIMAÇÃO FISCAL N. 7, lavrado em 25.02.2011 (fls. 545/571), no fluxo da diligência fiscal determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal n 08.1.07.002010015771, que o sujeito passivo "adotou o regime de reconhecimento da variação cambial quando da liquidação da correspondente operação, nos termos do art. 30 da Medida Provisória n. 2.15835, de 2001, segundo o qual a mensuração da variação cambial, ao final de um determinado período, decorre das liquidações ocorridas nesse período e das taxas de câmbio então vigentes." Importante salientar o quanto exposto no capítulo 3 supramencionado (fls. 547/548),cientificado ao sujeito passivo em 28/02/2011 (fls. 550), e que no decorrer dessa diligência e da fiscalização do IRPJ, encerrada em 28/11/2012 (fls. 15641/15642), não houve manifestação do sujeito passivo contrariando a nossa afirmação de que ele havia adotado o regime de reconhecimento citado acima, tendo inclusive colaborado com a fiscalização na Fl. 17537DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.289 30 apuração da variação cambial das operações liquidadas, conforme explicitado na página 19 do Relatório Fiscal (fl. 15583): "Nesse termo n. 7 consignei a intimação ao sujeito passivo para se manifestar sobre as constatações e conclusões expostas no capítulo 3 e os valores apurados pela fiscalização. Em resposta recebida em 08/04/2012, o fiscalizado diz que solicitou inúmeros contratos e extratos às diversas instituições financeiras com as quais negociou, refazendo suas apurações de variações cambiais realizadas, cujo resultado altera a informação fornecida por ela até aquele momento (fl. 1242). Após várias respostas do fiscalizado, no curso da sobredita diligência fiscal e da fiscalização, apresentando planilhas de cálculos das variações cambiais e documentos, ... " Na matéria em questão o órgão julgador também solicitou que esta fiscalização verifique a repercussão dos procedimentos nos anoscalendário de 2009 a 2012. No curso da presente diligência fiscal, o sujeito passivo apresentou, sob intimação, cópia dos Livros de Apuração do Lucro Real (LALUR) referentes a esses anos calendário (fls. 16611/16702). Os LALUR de 2009 a 2012, analisados em conjunto com as DIPJ dos períodos abrangidos por esse intervalo de tempo (fls. 16619/16702 e 16707/17016), evidenciam que o sujeito passivo passou a tratar, a partir de janeiro de 2009, das variações cambiais ativas e passivas, realizadas e não realizadas (diferidas), em linhas distintas, tal como efetuado no preenchimento das linhas da ficha 09A da DIPJ referentes às adições e exclusões das variações cambiais (linhas 10, 11, 46 e 47 da DIPJ do Exercício de 2010 e 12, 13, 52, 53 das DIPJ dos Exercícios de 2011 e 2012), adotando, assim, o regime de caixa para reconhecimento dos ganhos de variação cambial. Também observamos que nesses LALUR inexiste qualquer ajuste de variação cambial relativa ao anocalendário de 2008. Ante o exposto, concluímos que não houve postergação do pagamento do IRPJ e da CSLL para período de apuração posterior ao em que esses tributos são devidos em face da tributação da variação cambial (anocalendário de 2008). II) DEDUTIBILIDADE DE REVERSÃO DE PROVISÕES. O auto de infração de IPI juntado pelo sujeito passivo às fls. 16281/16306 foi efetivamente lançado e os respectivos valores incluídos no PAEX, o que se comprova pelos documentos de fls. 16498/16525. Por meio do TERMO DE INÍCIO DE DILIGÊNCIA FISCAL, o sujeito passivo foi intimado, em 5.9.2013, a apresentar planilha demonstrando os cálculos de apuração (memorial de cálculo) do valor de R$ 3.222.295,30, constante no seguinte lançamento contábil: Data Código da Conta Conta Valor do débito Histórico S0/4/2007 5.3.1.01.676 PROVISÃO DE MULTA E JUROS 3.222.295,30 COMPLEMENTO DE MULTA SOBRE Fl. 17538DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.290 31 S/CONTIGENCIAS TRIBUTARIAS CONTIGENCIA DE IPI S/IMOBILIZADO Em 01.10.2013, o sujeito passivo apresenta resposta ao Termo de Início, juntando demonstrativo desse lançamento contábil (fls. 16531/16584). Apesar do histórico do lançamento ("COMPLEMENTO DE MULTA SOBRE CONTIGENCIA DE IPI S/IMOBILIZADO") não denotar a abrangência do valor do imposto lançado (R$ 1.040.258,06), o demonstrativo retrocitado mostra que tal valor integra a quantia contabilizada, a qual fez parte da glosa representada pelo item "A" da tabela referente ao anocalendário de 2007, constante na página 4 do Relatório Fiscal (fls. 15568). Notamos, ainda, que o valor contabilizado (R$ 3.222.295,30) aproximase do total dos débitos da autuação consolidados na mesma data do registro contábil, conforme extrato de fls. 16526. B) O ENCAMINHAMENTO DO PRONUNCIAMENTO DO SUJEITO PASSIVO O pronunciamento deverá ser efetuado por escrito, datado e assinado pelo representante legal do sujeito passivo, contendo relação dos documentos que estão sendo apresentados, e entregue na Seção de Fiscalização (Safis) da Delegacia da Receita Federal em São José do Rio Preto (SP), situada na Rua Roberto Mange, 360, Jardim Morumbi, São José do Rio Preto (SP), CEP 15090901, no horário das 09:00 às 12:00 h ou das 14:00 às 16:00 h. Para surtir os efeitos legais, lavro (amos) o presente Termo, em 2 (duas) vias de igual teor e forma, assinado pelo(s) Auditor(es)Fiscal(is) da Receita Federal do Brasil e pelo representante/preposto do sujeito passivo, que neste ato recebe uma das vias, bem como os seguintes documentos contidos em arquivos digitais gravados em 1 (um) CD: a) cópia do termo de fls. 16706 e do arquivo nãopaginável objeto desse termo; b) cópia da tabela de cotações do dólar obtida no sítio do Banco Central do Brasil na internet; c) cópia dos documentos de fls. 16498/16526, citados no item "A.M" acima. Os arquivos digitais supramencionados foram autenticados pelo aplicativo SVA (Sistema Validador e Autenticador de Arquivos Digitais), versão 3.1.0, conforme Recibo de Entrega de Arquivos Digitais emitido e assinado por mim, cuja cópia segue anexa. (...)" Em 08/04/2014 o contribuinte manifestouse quanto ao resultado da diligência, às fls. 1703017036, nos seguintes termos: "(...) Fl. 17539DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.291 32 Em virtude da determinação de diligência acima, a ora Peticionária foi intimada a apresentar informações e documentação adicional, tendo sido intimada, em 2.4.2014, do TIF com o relatório da diligência realizada e as conclusões alcançadas pela d. fiscalização. Em atenção ao referido relatório a Peticionária passa a expor e requerer o quanto segue. 2. Tributação da variação cambial anocalendário de 2008 Conforme amplamente demonstrado na impugnação apresentada, no que diz respeito às adições das variações cambiais não computadas na apuração do lucro real e da base de cálculo negativa da CSL no anocalendário de 2008, as glosas fiscais realizadas decorreram da adoção, pela fiscalização, de premissa equivocada. De fato, entendeu a fiscalização ter a Contribuinte adotado o regime de caixa para o reconhecimento dos efeitos da variação cambial de seus direitos e obrigações, no referido anocalendário. Ocorre que, conforme demonstrado na impugnação apresentada, a Peticionária procedeu, no mês de dezembro de 2008. à alteração do regime de reconhecimento dos efeitos da variação cambial de caixa para competência, tal como permitia a legislação de regência na época dos fatos, permissão essa reconhecida inclusive pelo fisco (conforme Solução de Consulta Interna COSIT n. 15, de 13.9.2011). E foi exatamente esse procedimento que a DRJ, por meio da Resolução n. 1732, de 23.7.2013, pediu a confirmação, i.e., confirmar se a ora Peticionária efetivamente alterou o regime de caixa para competência, tal como alegado. Ao analisar o procedimento adotado, a d. fiscalização acabou por reconhecer, ao menos de forma indireta, a procedência do procedimento adotado pela ora Peticionária em virtude da alteração do regime de caixa para competência, conforme demonstrado na impugnação apresentada. Vejamos. Inicialmente, cabe registrar que, ao longo da diligência fiscal realizada, a ora Peticionária foi intimada a apresentar uma planilha demonstrativa dos cálculos de apuração (memória de cálculo) dos valores lançados na parte "A" do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), relativo aos meses de janeiro e fevereiro de 2008, em especial das adições realizadas a título de "diferimento da variação cambial". A fiscalização realizou a verificação, por amostragem, dos lançamentos realizados referentes aos bancos Rabobank e Credit Suisse, restando consignado que os valores lançados no razão apresentado aproximamse dos saldos de variação cambial constantes nas planilhas apresentadas. Desta forma, conforme se observa, o resultado da diligência fiscal partiu da premissa de que o montante da variação cambial diferida apurada pela ora Peticionária encontrase correto. Em seguida, a fiscalização teceu considerações a respeito do momento em que se verifica a opção pela adoção por um dos regimes de tributação (caixa xcompetência). Fl. 17540DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.292 33 Ocorre, todavia, que o ponto central da defesa apresentada não diz respeito ao momento em que deve ser feita opção, mas sim à possibilidade de mudança de opção, ao longo do ano. Sobre essa questão, ao contrário do determinado pela DRJ a qual, repitase, solicitou que fosse verificado se o contribuinte efetivamente alterou o regime de reconhecimento de "caixa" para "competência" no mês de dezembro de 2008 a d. fiscalização analisou tão somente o momento em que a pessoa jurídica deveria optar pelo regime. Neste sentido, restou consignado no TIF que "a opção ocorre quando o contribuinte efetua o primeiro recolhimento correspondente ao anocalendário, exteriorizando, assim, a existência de uma prévia apuração a qual a forma de tributação dos ganhos foi definida", razão pela qual, tendo o contribuinte optado, no mês de janeiro de 2008 pelo reconhecimento das receitas pelo regime de caixa, seria esse o regime a ser aplicado para todo o anocalendário. Novamente não atentou, a d. fiscalização, à informação fornecida pela ora Peticionária de que, apesar de inicialmente ter optado pela apuração segundo o regime de caixa, ao longo do anocalendário procedeu à alteração do regime, tendo a Peticionária reconhecido todos os efeitos fiscais decorrentes dessa alteração (tal como o estorno dos efeitos das adições e exclusões anteriormente realizadas e oferecimento à tributação dos valores diferidos relativos ao anocalendário de 2007). Ora, não se discute que a opção se verifica no momento do recolhimento da primeira parcela. O que se discute, no presente caso, e parece não ter atentado a d. fiscalização a tal fato, é a possibilidade de alteração do regime ao longo do anocalendário e quais os efeitos dessa decisão matéria essa que se encontra submetida à análise da DRJ e cuja possibilidade já foi reconhecida pelo fisco em outras oportunidades, conforme se verifica pela análise da Solução de Consulta Interna COSIT n. 15, de 13.9.2011. Assim, cabia á d. fiscalização tão somente analisar se, em sendo admitida a possibilidade de alteração do regime ao longo do anocalendário (julgamento de mérito a ser analisado pela DRJ), a Peticionária cumpriu integralmente as condições legais para tanto e se submeteu aos efeitos dessa alteração. De fato, conforme amplamente demonstrado na peça impugnatória, até a edição da Instrução Normativa RFB n. 1079/2010, não havia qualquer restrição quanto à forma ou quanto ao momento de opção para alteração do regime anteriormente adotado (de caixa ou de competência). Assim, antes da edição do referido diploma normativo, a alteração do regime adotado poderia se dar a qualquer momento, em virtude da redação original no art. 30 da Medida Provisória n. 215835, desde que a mudança implicasse a revisão dos efeitos da variação cambial para todo o período. Ocorre que, respondendo aos questionamentos formulados pela DRJ, nos termos da resolução que converteu o julgamento do processo, a d. fiscalização, de forma equivocada, entendeu que a Peticionária teria optado pelo reconhecimento das receitas de variação cambial pelo regime de caixa, ao longo do anocalendário de 2008. De fato, restou consignado no resultado de diligência fiscal: "Daí a inafastável conclusão de que em 31/01/2008 o contribuinte não exerceu a opção pelo regime de competência para reconhecimento dos ganhos de variação Fl. 17541DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.293 34 cambial ao apurar IRPJ e CSLL considerando as adições e exclusões cabíveis em regime de caixa, reafirmando esse não exercício nos meses de fevereiro a novembro de 2008. Face ao exposto concluímos que se aplica ao anocalendário de 2008 o reconhecimento da variação cambial quando da liquidação da correspondente operação (regime de caixa), esculpido no 'caput' do artigo 30 da Medida Provisória n° 2.15835, de 25 de agosto de 2001, mantendose desta feita, intactos os lançamentos de ofício do IRPJ e da CSLL, cientificados ao sujeito passivo e responsáveis solidários em 28.11.2012." O entendimento da d. fiscalização para justificar a impossibilidade de se admitir a alteração do regime de caixa para competência, encontrase fundamentado no fato de que a Peticionária somente teria interesse em alterar o regime de reconhecimento da receita de caixa para competência no final do anocalendário para, supostamente, "não arcar, na apuração do lucro real anual, com o ônus tributário decorrente da aplicação desse regime." Tal posicionamento não possui qualquer fundamentação legal, tendo a fiscalização extrapolado seu campo de competência, deixando de analisar o que foi determinado pela DRJ, isto é, analisar tão somente o cumprimento das condições necessárias à mudança de regime os efeitos fiscais decorrentes. Resta evidente que a d. fiscalização exerceu juízo de valor acerca da possibilidade ou não de alteração do referido regime análise esta que está alheia à sua esfera de competência. Mais do que isto, a fiscalização agiu contrariamente à orientação da COSIT, manifestada na referida solução de consulta interna. Ocorre que, ao analisar a questão, de forma indireta, a d. fiscalização acabou por reconhecer a procedência dos lançamentos realizados pela ora Peticionária em sua contabilidade e no LALUR. Neste sentido, a fiscalização reconheceu ter a Peticionária realizado adições e exclusões das receitas de variação cambial diferidas ao longo do anocalendário (de forma coerente com a informação da Peticionária de que, inicialmente, optou pelo regime de caixa). Posteriormente, a fiscalização ressalta que ao final do anocalendário não teria havido qualquer registro a título de variação cambial diferida (o que, repitase, está em consonância com a alteração de regime realizado pela ora Peticionária, ocorrida em dezembro de 2008). Verifiquese a conclusão exarada no TIF: "Aliás, como se vê no LALUR de 2008, a evolução das exclusões e adições decorrentes a aplicação do regime de caixa para tributação das variações cambiais mostra que apenas ao final do anocalendário não houve registro de valor a título de variação cambial diferida, que seria uma adição ao lucro líquido, no valor de R$ 106.783.649,84, conforme saldo devedor em 31.12.2008 constante no razão do grupo de contas de variações cambiais diferidas de 2008, indício de que somente neste momento o contribuinte passou a não ter interesse no regime de caixa para a tributação, para não arcar, na apuração do lucro real anual, com o ônus tributário decorrente da aplicação desse regime." (destaques do original) Ora, o valor mencionado pela d. fiscalização (R$ 106.783.649,84) corresponde ao saldo devedor consolidado da variação cambial diferida referente a todo o ano Fl. 17542DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.294 35 calendário, o que evidencia, portanto, ter a Peticionária revertido, para todo o ano de 2008, os efeitos das variações cambiais antes tributadas pelo regime de caixa para o regime de competência. De forma coerente com a informação de que, ao final do anocalendário, procedeu à alteração do regime. Além disso, a diligência realizada não atentou para o fato de que a Peticionária ofereceu à tributação, na DIPJ de 2008, a variação cambial diferida referente ao ano de 2007, no montante total de R$ 9.038.645,60 (nove milhões, trinta e oito mil, seiscentos e quarenta e cinco reais e sessenta centavos), nos exatos termos da Medida Provisória n. 2.158 35 e dos atos normativos regulamentares editados pelo fisco. Essa informação é evidente pela análise das fls. 24 e 31 do LALUR referente ao anocalendário de 2008, que instruiu a impugnação apresentada. Resta evidente portanto, à luz das informações contidas no TIF, ter a Peticionária procedido à alteração do regime de apuração, havendo a confirmação, pela d.fiscalização, dos números apurados e informados em sua impugnação. 3. Dedutibilidade de despesa relativa à reversão da provisão (item submetido a Recurso de ofício) Por fim, conforme se observa pelo relatório de diligência fiscal, houve a manifesta concordância da d. fiscalização acerca da regularidade da dedutibilidade do valor correspondente à reversão da provisão realizada em 1.11.2007, relativa ao Imposto sobre Produtos Industrializados ("IPI"), em virtude do pagamento dos valores em questão nos termos do parcelamento concedido pela Medida Provisória n. 303, de 29.6.2006 ("PAEX"). De fato, restou consignado no TIF que o demonstrativo apresentado pela ora Peticionária "mostra que tal valor integra a quantia contabilizada, a qual fez parte da glosa representada pelo item A' da tabela referente ai anocalendário de 2007, constante na página 4 do Relatório Fiscal". Assim, conforme demonstrado na impugnação apresentada (e documentos que a instruíram), bem como reafirmado pela d. fiscalização, em virtude da adesão ao parcelamento concedido pela Medida Provisória n. 303, resta evidente a dedutibilidade dos valores em questão, devendo, portanto, ser cancelada a glosa fiscal efetuada. 4. Pedido Por todo o exposto, em decorrência dos argumentos de fato e de direito apresentados pela ora Peticionária em sua impugnação anteriormente apresentada, e reafirmados pelo relatório de diligência fiscal em análise, resta evidente a necessidade de provimento da impugnação apresentada para cancelamento dos autos de infração na parte em que impugnados. Registrese que, apesar de o resultado de diligência fiscal ter reconhecido, de forma incidental, a reversão dos efeitos da variação cambial para todo o anocalendário de 2008 (em virtude da alteração do regime de caixa para competência), deixou de verificar que a Peticionária, ofereceu à tributação, na DIPJ de 2008, a variação cambial diferida referente ao Fl. 17543DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.295 36 ano de 2007, nos exatos termos da Medida Provisória n. 2.15835 e dos atos normativos regulamentares editados pelo fisco. (...)" É o relatório. A DRJ manteve EM PARTE os lançamentos, nos termos das ementas abaixo e submetendo a parte cancelada à Recurso de Ofício: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008 IRPJ/CSLL. VARIAÇÃO CAMBIAL. OPÇÃO PELA FORMA DE TRIBUTAÇÃO. No anocalendário de 2008, uma vez exercida a opção pela regime de caixa para tributação das variações cambiais, no inicio do período de apuração, era também inadmissível a mudança de critério antes do encerramento do período visando reduzir os valores tributáveis. REVERSÃO DE PROVISÕES. TRIBUTOS PARCELADOS NO PAEX. Comprovada em diligência Fiscal a natureza de parte das reversões de provisões efetuadas pelo contribuinte, qual seja, tributos com exigibilidade até então suspensa, que foram incluídos no parcelamento "PAEX", pelo que passaram a ser dedutíveis, cancelase a glosa. DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS EM EMPRÉSTIMOS EM CONCOMITÂNCIA REPASSES SEM ÔNUS. DESNECESSIDADE. Somente são dedutíveis as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora,nos termos do art. 299 do RIR/99. Não é possível se admitir como necessária a despesa relativa a pagamento de juros relativos a empréstimos tomados com terceiros, quando ao mesmo tempo se realiza empréstimo a empresa controlada sem a cobrança de juros, ou ainda com juros abaixo da taxa de captação. Assim, correta a glosa das despesas de juros passivos em valor equivalente aos juros ativos que seriam devidos sobre o valor emprestado, calculados pela taxa média dos empréstimos tomados pela empresa. CSLL. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. DEDUTILIBILIDADE. A partir da vigência da Lei n° 8.981 de 1995, aplicase à CSLL as mesmas regras de dedutibilidade de custos e despesas do IRPJ. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. EMPRESAS CINDIDAS. As empresas resultadas de cisões da contribuinte autuada respondem solidaria e integralmente pelo credito tributário posteriormente lançado de oficio, relativo a fatos geradores anteriores a esses eventos societários. Fl. 17544DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.296 37 Foi dado ciência aos responsáveis tributários através de AR, Cerradinho Participações SA e Noble Brasil SA, respectivamente, em 14/10/2015 e 15/10/2014 Consta às fls. Termo de Ciência por decurso de prazo, nos seguintes termos: Foi dada ciência, ao Contribuinte, dos documentos relacionados abaixo, por decurso de prazo de 15 dias a contar da disponibilização destes documentos através da Caixa Postal, Modulo eCAC do Site da Receita Federal. Data da disponibilização na Caixa Postal: 08/10/2014 Data da ciência por decurso de prazo: 23/10/2014 Irresignada com a decisão de primeira instância, a Contribuinte, em 06/11/2015, interpôs recurso voluntário a este CARF (fls.17.106/17.214), repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação. Da mesma forma, os responsáveis tributários , Cerradinho Participações SA e Noble Brasil SA, interpuseram recursos voluntários repisando também os tópicos trazidos anteriormente. É o relatório. Fl. 17545DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.297 38 Voto Vencido Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator Os recursos (Ofício e Voluntário) preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto, deles tomo conhecimento. DELIMITAÇÃO DA LIDE 1) RECURSO DE OFÍCIO Dois são os pontos objeto do Recurso de Ofício: 1.1) Glosa de juros/variação monetária passiva sobre empréstimos repassados à sociedade controlada despesas desnecessárias exclusão dos AFACs 1.2) Reversão de Provisões correspondente ao PAEX ANO CALENDÁRIO DE 2007 2) RECURSO VOLUNTÁRIO Conforme consta das fls. 15565 a 15586, da impugnação, demais infrações não constantes abaixo não foram impugnadas e, portanto, estão fora da lide. O Recurso voluntário versa sobre: 2.1) Glosa de despesas financeiras (juros e variação cambial passiva) sobre empréstimos repassados à sociedade controlada despesas desnecessárias; 2.2) Glosa de Variação cambial Passiva em 2008 2.3) Responsabilidade Solidária das sucessoras por cisão; 2.4) Juros sobre Multa de Ofício 1) RECURSO DE OFÍCIO 1.1) Glosa de juros/variação cambial passiva sobre empréstimos repassados à sociedade controlada despesas desnecessárias exclusão dos AFACs Tratase de despesas financeiras relativas aos empréstimos bancários contraídos pela Contribuinte, cujos valores foram posteriormente repassados à empresa Usina Fl. 17546DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.298 39 Porto das Águas Ltda. (atualmente denominada Cerradinho Bioenergia S.A), sociedade da qual era detentora da maioria do capital social. A Fiscalização entendeu que tais encargos financeiros, relativos aos empréstimos que foram repassados à sociedade investida acima referida, na forma de mútuo ou adiantamentos para futuro aumento de capital, não seriam consideradas despesas necessárias às suas atividades e seriam, portanto, indedutíveis. A DRJ, por sua vez, tratou de expurgar da base de cálculo do lançamento os repasses que possuíam a natureza de AFACs (Adiantamentos para futuro aumento de capital) e que foram efetivamente integralizados. Eis os termos do voto da DRJ: Por fim, no que concerne ao equivoco quanto a apuração da média ponderada dos empréstimos, verificase que cabe razão à impugnante. De fato, ao apurar os valores repassados para a controlada, a Fiscalização considerou diversos valores que foram efetivamente integralizados no capital social daquela sociedade, no montante de R$ 4.285.000,00 (vide doc. 07 anexo à impugnação, fls. 1624516253). É certo que, ao excluir os valores em questão do cálculo Fiscal, verificase que o índice proporcional entre os valores captados e os valores repassados, tal como apurado pelo Fisco, correspondente à 0,136798, passa a ser de 0,1087 (conforme demonstrado pela contribuinte às fls. 16245 a 16253), sendo que o valor correto da glosa em 2007 passa a ser R$ 4.533.643,87 ao invés de 5.704.864,73 (fl. 15 do TVF). Cumpre então excluir R$ 1.171.220,86 da base de calculo tributada desse item. Dessa forma, o AFAC implica na transferência de recursos da empresa acionista ou sócia cotista para a empresa possuída, com o objetivo de futuramente integrar aumento de seus capital social e como de fato aconteceu no caso concreto. Lado outro, no empréstimo, ao contrário, o valor é disponibilizado de uma empresa para outra, com o fim de ser restituído em algum momento. Portanto, tratamento diverso tem que ser dado na primeira situação, isso porque, se a empresa acionista toma empréstimo para repassar o referido valor como empréstimo para a empresa da qual possui ações, somente poderá haver a dedutibilidade das despesas financeiras incorridas por referida empresa se os mesmos encargos forem repassados à empresa tomadora do empréstimo. De outra banda, se a investidora, dentro de seu objeto social, toma empréstimo de terceiros com o objetivo de aumentar seus investimentos na empresa da qual possui ações, e transfere referidos recursos por meio de AFAC e os efetivamente integraliza, os encargos financeiros decorrentes de referido empréstimo devem ser considerados perfeitamente dedutíveis da base de formação da renda tributável, a não ser que se verifique simulação na contratação do AFAC, o que não foi o caso. Essa é inclusive a jurisprudência desta Turma. Segue abaixo julgado mais recente da minha relatoria, onde os fatos são bem assemelhados: Fl. 17547DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.299 40 DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. DESPESAS FINANCEIRAS RELATIVAS A EMPRÉSTIMOS REPASSADOS. GLOSA. Tendo a pessoa jurídica emprestado determinada importância à sua coligada e, no mesmo período, contraído empréstimo bancário a taxas de juros superiores, este financiamento não pode ser tido como necessário e, conseqüentemente, as despesas dele oriundas são passíveis de glosa. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. CONTRATO HÍBRIDO. MÚTUO ENTRE PESSOAS JURÍDICAS E AFAC. Em se tratando de um contrato híbrido de contacorrente (mútuo) e AFAC (Adiantamento para Futuro Aumento de Capital) deve ser abatido de forma proporcional a parte efetiva do saldo do contacorrente que foi integralizada. (Ac. nª 1401001.367, de 04 de fevereiro de 2015) Portanto, nego provimento a este item do Recurso de Ofício. 1.2) Reversão de Provisões correspondente ao PAEX ANO CALENDÁRIO DE 2007 A DRJ cancelou este item, nos seguintes termos: A contribuinte impugnou parcialmente este item da autuação, alegando que: "(...) parte do valor em questão corresponde à reversão da provisão realizada em 1.11.2007, relativa á crédito tributário referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados ("IPI"), cuja autuação foi lavrada em 26.12.2005, os quais foram incluídos no parcelamento concedido pela Medida Provisória n. 303, de 29.6.2006 ("PAEX"), conforme se observa pela análise dos anexos documentos relativos ao parcelamento e cópia do livro razão. (doc. 09) Assim, conforme se passa a demonstrar, os valores em questão, incluídos no PAEX, são dedutíveis para fins de apuração do IRPJ e da CSL, devendo, portanto, ser cancelada a glosa fiscal ora impugnada. (...) Como se vê, o caput de seu art. 41 passou a admitir a dedução de tributos, na apuração do lucro real, segundo o regime de competência, ou seja, no momento em que nasce a obrigação tributária com a ocorrência do correspondente fato gerador, independentemente do efetivo pagamento. Logicamente, essa regra não se aplica aos tributos que, por determinação legal, não sejam dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda. A matéria foi objeto da diligência fiscal, sendo constatada a veracidade das alegações da impugnante nos seguintes termos: O auto de infração de IPI juntado pelo sujeito passivo às fls. 16281/16306 foi efetivamente lançado e os respectivos valores incluídos no PAEX, o que se comprova pelos documentos de fls. 16498/16525. Fl. 17548DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.300 41 Por meio do TERMO DE INÍCIO DE DILIGÊNCIA FISCAL, o sujeito passivo foi intimado, em 5.9.2013, a apresentar planilha demonstrando os cálculos de apuração (memorial de cálculo) do valor de R$ 3.222.295,30, constante no seguinte lançamento contábil: Data Código da Conta Conta Valor do débito Histórico 30/4/2007 5.3.1.01.676 PROVISÃO DE MULTA E JUROS S/CONTIGENCIAS TRIBUTARIAS 3.222.295,30 COMPLEMENTO DE MULTA SOBRE CONTIGENCIA DE IPI S/IMOBILIZADO Em 01.10.2013, o sujeito passivo apresenta resposta ao Termo de Início, juntando demonstrativo desse lançamento contábil (fls. 16531/16584). Apesar do histórico do lançamento ("COMPLEMENTO DE MULTA SOBRE CONTIGENCIA DE IPI S/IMOBILIZADO") não denotar a abrangência do valor do imposto lançado (R$ 1.040.258,06), o demonstrativo retrocitado mostra que tal valor integra a quantia contabilizada, a qual fez parte da glosa representada pelo item "A" da tabela referente ao anocalendário de 2007, constante na página 4 do Relatório Fiscal (fls. 15568). Notamos, ainda, que o valor contabilizado (R$ 3.222.295,30) aproximase do total dos débitos da autuação consolidados na mesma data do registro contábil, conforme extrato de fls. 16526. (...)". Cumpre então excluir o valor de R$ 3.222.295,30 da base de cálculo tributada no anocalendário de 2007. Uma vez demonstrado através de provas (anexos documentos relativos ao parcelamento e cópia do livro razão. (doc. 09), durante a diligência, que parte do valor em questão corresponde à reversão da provisão realizada em 1.11.2007 relativa à crédito tributário já incluído no parcelamento ("PAEX"), o lançamento deve ser retificado por abarcar matéria plenamente dedutível. Por todo o exposto, NEGO provimento ao RECURSO DE OFÍCIO em sua íntegra. 2) RECURSO VOLUNTÁRIO 2.1) Glosa de despesas financeiras sobre empréstimos repassados à sociedade controlada despesas desnecessárias; Tratase de despesas financeiras relativas aos empréstimos bancários contraídos pela Contribuinte, cujos valores foram posteriormente repassados à empresa Usina Porto das Águas Ltda. (atualmente denominada Cerradinho Bioenergia S.A), sociedade da qual era detentora da maioria do capial social. A Fiscalização entendeu que tais encargos financeiros, relativos aos empréstimos que foram repassados à sociedade investida acima referida, na forma de mútuo ou Fl. 17549DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.301 42 adiantamentos para futuro aumento de capital, não seriam consideradas despesas necessárias às suas atividades e seriam, portanto, indedutíveis. A DRJ, como foi tratado no recurso de ofício, cancelou parte da autuação quando foi identificado que determinados repasses seriam na verdade AFACs que foram posteriormente integralizados. Dessa forma, não há que se dá guarida à Recorrente quando procura macular o auto de infração se referindo a essa ocorrência quando tal situação foi corrigida pela DRJ. Tratase de mera alteração do aspecto quantitativo da regramatriz de incidência, aceito pacificamente pela jurisprudência administrativa, portanto, sem causar qualquer mácula ao lançamento. O fulcro da questão, como se vê, se voltará para a questão ligada à dedutibilidade de despesas, uma vez que foram consideradas desnecessárias à atividade da empresa. Sendo assim, segue uma rápida introdução ao conceito de despesa, que nasce na seara contábil e espraia seus efeitos na área fiscal. Contabilmente, podese definir lucro como o resultado positivo obtido do confronto entre receitas e despesas. Receita, por sua vez, é tudo que a empresa aufere com a venda de bens, produtos, mercadorias e serviços. Quanto a despesa ou custo, dá pra se dizer que sua semântica é dependente do conceito de receita. É que o jogo de diferenças entre seus conceitos acabam por jogar luzes nos conceitos individuais de cada uma delas. Nesse passo e a grosso modo, despesa ou custo é todo ônus em que se incorre para conseguir receita, sendo tal conceito taxativo e excludente, pois tudo que não concorrer para se conseguir receita está fora do seu campo semântico. O dispêndio que não visa à obtenção de receita não constitui custo nem despesa, mas sim exercício, pela sociedade, da faculdade de dispor discricionariamente de seu patrimônio e do lucro, ou seja uma mera liberalidade. Em verdade, quando assume certos encargos que necessariamente não lhe propiciarão receita nem sequer em hipótese, a empresa está ou doando seus bens ou distribuindo de antemão os lucros ainda não apurados, em favor ora de terceiros, ora dos próprios sócios. É nesse contexto que se insere o fato inconteste de que a empresa tomava recursos externos pagando juros reais de mercado e os repassava à empresa controlada cobrando, valores representativamente inferiores. Os juros por ela pagos sobre os financiamentos repassados à controlada foram deduzidos como despesas financeiras e glosados pelas fiscalização nos anoscalendário de 2007 e 2008. Como se viu, a condição legal mais importante para a dedutibilidade das despesas é que as mesmas se caracterizem como necessárias às atividades da empresa ou à manutenção da respectiva fonte produtora. Ora, as despesas com financiamento de capital de giro, quando os recursos efetivamente ingressam no ativo da empresa e são utilizados para alavancar suas próprias atividades, se caracterizam de fato como necessárias e assim, dedutíveis. Se os recursos forem repassados a terceiros, mesmo que empresas ligadas, mesmo que travestidos nas empresas ligados através de contratos de mútuo, inegavelmente devem ser consideradas como despesas desnecessárias à atividade do contribuinte. Fl. 17550DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.302 43 Veja que tal situação diante do princípio contábil da Entidade se enquadra em quase uma tautologia lógica, ou seja uma verdade necessária a priori do próprio conceito de despesas necessárias. Ora, as despesas são necessárias à própria atividade do contribuinte. Se a despesa é para fazer face a outro Contribuinte, um terceiro, portanto, aquela despesa logicamente não é dedutível do primeiro. Seria dedutível do outro, se lá na escrita do outro fosse contabilizado, mas que não foi o caso. E não é o caso, principalmente porque não era interesse do grupo em fazêlo. E não venha se alegar, como quis fazer a Recorrente, que os investimentos permanentes em outras sociedades se destinam à manutenção da atividade da própria empresa, porque isso seria ferir de morte o princípio tão caro à contabilidade que é o princípio da entidade, onde o conceito contábil de grupo no Brasil praticamente não existe, a não ser de forma gerencial. Mas, retomando ao que já se disse, por se tratar de uma conclusão lógica extraída a priori, sem mesmo necessitar maiores inquirições no mundo dos fatos, a meu ver, o fiscal nem precisaria ir mais a fundo e investigar a motivação que fez com que o contribuinte trouxesse para si aquelas despesas de terceiros, Porém, a Recorrente se defende aduzindo que o seu caso não se enquadra nesse caso clássico acima demonstrado, ou seja, que não houve, no caso, tomada de empréstimo com o objetivo de repassar de imediato todos os recursos para a controlada, não havendo coincidência de datas e valores, tanto é que se fez o rateio. Na verdade, a jurisprudência é mansa e pacífica em sentido contrário ao apregoado pela Recorrente. Na verdade não há necessidade de haver coincidência de datas e valores nos referidos repasses, mesmo porque isso seria de muito fácil encobrimento, bastando a empresa controladora fazer empréstimos também para si própria para se "imunizar" contra esse tipo de infração. Conforme bem colocado pela DRJ: "(...) Para fins fiscais, bastava reconhecer a receita de juros desses repasses e, conseqüentemente, a empresa controlada poderia deduzir os mesmos valores a titulo de despesas. Qualquer outro procedimento implica em distorção vedada pela legislação tributária." Essa é inclusive a jurisprudência desta Turma. Segue abaixo julgado mais recente também da minha relatoria, onde os fatos são bem assemelhados, em que inclusive o cálculo da glosa também foi feita por intermédio de rateio: DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. DESPESAS FINANCEIRAS RELATIVAS A EMPRÉSTIMOS REPASSADOS. GLOSA. Tendo a pessoa jurídica emprestado determinada importância à sua coligada e, no mesmo período, contraído empréstimo bancário a taxas de juros superiores, este financiamento não pode ser tido como necessário e, conseqüentemente, as despesas dele oriundas são passíveis de glosa. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. CONTRATO HÍBRIDO. MÚTUO ENTRE PESSOAS JURÍDICAS E AFAC. Fl. 17551DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.303 44 Em se tratando de um contrato híbrido de contacorrente (mútuo) e AFAC (Adiantamento para Futuro Aumento de Capital) deve ser abatido de forma proporcional a parte efetiva do saldo do contacorrente que foi integralizada. (Ac. nª 1401001.367, de 04 de fevereiro de 2015) Nesse mesmo sentido são os recentes julgados do CARF, a exemplo do acórdão 1102000.940, assim ementado: DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS EM EMPRÉSTIMOS JUNTO A TERCEIROS EM CONCOMITÂNCIA COM EMPRÉSTIMOS FEITO A SÓCIOS SEM ÔNUS. DESNECESSIDADE. Somente são dedutíveis as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora,nos termos do art.299 do RIR/99. Não é possível se admitir como necessária a despesa relativa a pagamento de juros relativos a empréstimos tomados com terceiros, quando ao mesmo tempo se realiza empréstimo a sócio sem a cobrança de juros, ou ainda com juros abaixo da taxa de captação. Assim, correta a glosa das despesas de juros passivos relativos a contratos de mútuo firmados com terceiros em valor equivalente aos juros ativos que seriam devidos sobre o valor emprestado ao sócio calculados pela taxa média dos empréstimos tomados pela empresa. Cabe aqui citar também o acórdão da CSRF/0105.423, proferido em 2006, nesse mesmo sentido: DESPESAS FINANCEIRAS JUROS BANCÁRIOS GLOSA DO EXCEDENTE EM RELAÇÃO À TAXA DE REMUNERAÇÃO DE MÚTUO ATIVO REPASSE DO EMPRÉSTIMO CARACTERIZAÇÃO É admissível a glosa do excedente da taxa de empréstimo contraído com instituição financeira em relação à taxa de remuneração de mútuo com terceiros quando fica devidamente comprovado nos autos que há diferença entre o valor da captação e o repasse dos recursos, tendo como conseqüência a desnecessidade da despesa. Segue abaixo julgados mais antigos do antigo 1º CC, demonstrando que a matéria já é pacífica de longa data: IRPJ – ENCARGOS FINANCEIROS DE EMPRÉSTIMOS REPASSADOS NÃO DEDUTIBILIDADE – As despesas financeiras relativas a empréstimos repassados a empresas ligadas não se afiguram como necessárias (usuais e normais), sendo, pois, indedutíveis. (acórdão 10195280) ENCARGOS FINANCEIROS DE EMPRÉSTIMOS REPASSADOS. A variação monetária calculada sobre empréstimo recebido e repassado à controladora sem qualquer encargo representa despesa não necessária, sendo indedutível na apuração do lucro real. (acórdão nº 10195057) DESPESAS FINANCEIRAS. Se o empréstimo obtido no exterior é repassado a empresa ligada com encargos financeiros superiores aos pagos pelo tomador, os encargos financeiras caracterizamse como despesas necessárias à obtenção das receitas financeiras auferidas no repasse, sendo dedutíveis. (acórdão nº 10196242) Fl. 17552DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.304 45 IRPJ DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS – Tendo a pessoa jurídica emprestado determinada importância à sua coligada e, no mesmo período, contraído empréstimo bancário a taxas de juros superiores, este financiamento não pode ser tido como necessário e, conseqüentemente, as despesas dele oriundas são passíveis de glosa. (acórdão nº 10193674) Também não socorre à Recorrente o seu argumento subsidiário de que com relação às despesas com variação cambial não seria possível o repasse em moeda estrangeira para sua controlada em função de vedação a esse tipo de indexação no nosso ordenamento jurídico nacional. Isso porque não necessariamente precisa repassar tais encargos de forma indexada à moeda estrangeira, mas que o repasse fosse feito em moeda nacional após feita a conversão, o que não passa de uma simples operação matemática. Outrossim, o que importa é que a Recorrente não pode se apropriar de despesas que não são dela, como já se colocou retro, pois senão estaria desrespeitando o princípio basilar da contabilidade: o princípio da entidade. Por todo o exposto, nego provimento a este item. 2.2) Glosa de Variação cambial Passiva 2008 O litígio cingese a saber se o contribuinte poderia ter alterado sua opção inicial, que era tributar as Variações Cambiais pelo regime de Caixa para o Regime de Competência no último mês do ano, dezembro/2008, ou seja, pouco antes da apuração do resultado do período. A DRJ decidiuse por manter os lançamentos a partir de uma questão pragmática, nos seguintes termos: A diligência fiscal confirmou que, do ponto de vista contábil, especialmente quanto aos valores, a contribuinte adotou os procedimentos adequados para a mudança do critério. Constatouse ainda que nos anos de 2009 a 2012 a contribuinte não efetuou qualquer ajuste relativo 'a variação cambial do anocalendário de 2008, concluindo assim que não houve postergação do pagamento do IRPJ e da CSLL para período de apuração posterior ao em que esses tributos são devidos em face da tributação de oficio da diferença de variação cambial de 2008 pelo Regime de Competência. Resta então decidir se a contribuinte poderia, ou não, alterar o critério da tributação das variação cambiais no transcurso do anocalendário de 2008. Fl. 17553DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.305 46 Pois bem, em principio, este Relator firmou entendimento de que a legislação vigente à época amparava o procedimento da contribuinte. Isso porque, tal qual asseverou a impugnante, A Medida Provisória n. 215835, em sua redação original, determinava que para fins de apuração do IRPJ e da CSL, a partir de janeiro de 2000 , as variações monetárias dos direitos e crédito das obrigações contraídas pelo contribuinte em função da variação da taxa de câmbio, deveria ser reconhecidas no momento da liquidação das respectivas operações (regime de caixa), conforme disposição expressa do art. 30, mas também que ele poderia optar pelo regime de competência, nos exatos termos do seu parágrafo 1o, conforme abaixo transcrito: "Art. 30. A partir de 1o de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. § 1° À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência. § 2° A opção prevista no § 1° aplicarseá a todo o anocalendário. § 3° No caso de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias, em anoscalendário subseqüentes. para efeito de determinação da base de cálculo dos tributos e das contribuições, serão observadas as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal. " (Grifei). Observase que a Lei estabelece como regra o Regime de Caixa, mas autoriza a opção pelo Regime de Competência, ressalvando apenas que deve ser adotado para todo o anocalendário, sendo que o contribuinte deve fazer os ajustes relativos aos anoscalendário anteriores. A Lei não estabelecia o momento da opção, tampouco veda a mudança de critério no transcurso do período. Somente para o ano de 2011, com o advento da Instrução Normativa RFB 1079/2010 a restrição para mudança de opção passou a ser restrita ao mês de janeiro. A impugnante ainda asseverou que essa matéria foi objeto da Solução de Consulta Interna n° 15 da Cosit, assim ementada: "Até 31 de dezembro de 2010, o contribuinte podia alterar durante o período de apuração a opção do regime de tributação das variações cambiais (caixa x competência), desde que seus efeitos fossem aplicados a todo o anocalendário. A partir de 1° de janeiro de 2011, com a nova redação dada ao art. 30 da Medida Provisória n° 2.158 35, de 2001, pela Lei n° 12.249, de 2010, a opção pelo regime de tributação das variações cambiais (caixa e competência) deve ser exercida em janeiro do anocalendário ou no mês do início de atividades, sendo irretratável, salvo em situação de elevada oscilação da taxa de câmbio." Enfim, inexistindo vedação legal naquele período, caberia acatar o procedimento da contribuinte, que evidentemente lhe favorecia; somente a partir da nova redação ° de janeiro de 2011, com a nova redação dada ao art. 30 da Medida Provisória n° 2.158 35, de 2001, pela Lei n° 12.249, de 2010, a opção pelo regime de tributação das variações cambiais (caixa e competência) deve ser exercida em janeiro do anocalendário ou no mês do início de atividades. Fl. 17554DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.306 47 Contudo não foi este o entendimento que prevaleceu no Colegiado, os demais julgadores convenceramse de que cabe razão 'a autoridade fiscal pelos seus próprios fundamentos, a seguir transcritos: "(...)a Instrução Normativa SRF n° 345, de 28 de julho de 2003, assim dispõe: "Art. 2o As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função de taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. § 1o À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias de que trata o caput poderão ser consideradas, na determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, segundo o regime de competência. § 2° A opção prevista no § 1o aplicarseá a todo o anocalendário." A questão, portanto, é estabelecer quando a pessoa jurídica opta pelo regime de tributação das variações cambiais, no âmbito do IRPJ e da CSLL. Os dispositivos legais e normativos, como visto, são omissos, e exigem uma abordagem das demais normas aplicáveis à apuração de tais tributos, para esta definição. Não há dúvida que a opção ocorre quando o contribuinte efetua o primeiro recolhimento correspondente ao anocalendário, exteriorizando, assim, a existência de uma prévia apuração na qual a forma de tributação dos ganhos foi definida. Circunstâncias semelhantes se verificam na opção pela forma de tributação do lucro. De fato, considerando a regra de apuração trimestral, veiculada na Lei n° 9.430, de 1996, a opção pela sistemática de estimativa mensal, e conseqüente apuração anual do lucro, deve ser exercida quando do recolhimento correspondente ao mês de janeiro do anocalendário em curso, ou no mês do início da atividade da pessoa jurídica, conforme dispõe a referida Lei (...) Evidente, portanto, que o LALUR referente ao ano de 2008, analisado em conjunto com os registros contábeis e as informações prestadas pelo sujeito passivo no curso desta diligência, denotam a contabilização de IRPJ e CSLL apurados com a observância do regime de caixa para reconhecimento dos ganhos de variação cambial. Aliás, como se vê no LALUR de 2008, a evolução das exclusões e adições decorrentes da aplicação do regime de caixa para tributação das variações cambiais mostra que apenas ao final do anocalendário não houve registro de valor a título de variação cambial diferida, que seria uma adição ao lucro líquido, no valor de R$ 106.763.649,84, conforme saldo devedor em 31.12.2008 constante no razão do grupo de contas de variações cambiais diferidas de 2008, indício de que somente neste momento o contribuinte passou a não ter interesse no regime de caixa para a tributação, para não arcar, na apuração do lucro real anual, com o ônus tributário decorrente da aplicação desse regime. Relevante notar que não se trata de um lançamento contábil prestarse como meio para formalização de opção perante o Fisco, mas sim das conseqüências de um fato transcrito em linguagem contábil e com dimensões que denotam uma apuração de estimativas em balancete de suspensão elaborado com as adições e exclusões Fl. 17555DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.307 48 correspondentes à adoção do regime de caixa para reconhecimento dos ganhos de variação cambial. Daí a inafastável conclusão de que em 31/01/2008 o contribuinte não exerceu a opção pelo regime de competência para reconhecimento dos ganhos de variação cambial ao apurar IRPJ e CSLL considerando as adições e exclusões cabíveis em regime de caixa, reafirmando esse não exercício nos meses de fevereiro a novembro de 2008. Face ao exposto concluímos que se aplica ao anocalendário de 2008 o reconhecimento da variação cambial quando da liquidação da correspondente operação (regime de caixa), insculpido no "caput do artigo 30 da Medida Provisória n° 2.15835, de 25 de agosto de 2001, mantendose, desta feita, intactos os lançamentos de ofício do IRPJ e da CSLL, cientificados ao sujeito passivo e responsáveis solidários em 28.11.2012." Diante do exposto, por razões pragmáticas, adoto o entendimento majoritário do colegiado para manter a exigência Fiscal nesta parte. De fato, a Lei estabelece como regra geral o Regime de Caixa, mas autoriza a opção pelo Regime de Competência, ressalvando apenas que deve ser adotado para todo o ano calendário, sendo que o contribuinte deve fazer os ajustes relativos aos anoscalendário anteriores. E tais ajustes foram feitos e reconhecidos em diligência, como bem colocou a decisão de piso: A diligência fiscal confirmou que, do ponto de vista contábil, especialmente quanto aos valores, a contribuinte adotou os procedimentos adequados para a mudança do critério. Constatouse ainda que nos anos de 2009 a 2012 a contribuinte não efetuou qualquer ajuste relativo 'a variação cambial do anocalendário de 2008, concluindo assim que não houve postergação do pagamento do IRPJ e da CSLL para período de apuração posterior ao em que esses tributos são devidos em face da tributação de oficio da diferença de variação cambial de 2008 pelo Regime de Competência. Outrossim, a Lei também não estabelecia o momento da opção, tampouco vedava a mudança de critério no transcurso do período. Somente para o ano de 2011, com o advento da Instrução Normativa RFB 1079/2010, que veio regulamentar a nova redação dada ao art. 30 da Medida Provisória n° 2.158 35, de 2001, pela Lei n° 12.249, de 2010 a restrição para mudança de opção passou a ser restrita ao mês de janeiro. Ainda a seu favor pesa a existência de objeto da Solução de Consulta Interna n° 15 da Cosit, que reafirma tudo quando se disse no parágrafo anterior: Contra o direito do contribuinte a DRJ trouxe questões pragmáticas no sentido de indicar que a opção foi exercida durante todo o anocalendário (até novembro) pelo regime de caixa, tendo sido alterada apenas em dezembro por conveniência própria. Fl. 17556DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.308 49 Ora, mas se a lei não vedava a mudança de critério, pouco importa se foi no segundo ou último mês do ano, o importante no caso é saber se o contribuinte fez os ajustes necessários para o regime modificado abarcando todo o anocalendário. E a resposta veio positiva através da diligência. Por todo o exposto, Dou provimento para cancelar esta glosa. 2.3) Responsabilidade Solidária (Cerradinho Participações S.A e Noble Braasil S.A) A DRJ assim manteve a solidariedade: As empresas Cerradinho Participações S.A e Noble Brasil S.A. foram arroladas como devedores solidários do crédito tributário exigido da contribuinte nos seguintes termos (fls. 21/22 do TVF): Inicialmente, cumpre mencionar que foi aprovada, em 30/08/2010 e 01/03/2011, cisão parcial do patrimônio líquido do fiscalizado, que passaremos a descrever em subitens apartados. 2.1. Da cisão aprovada em 30/08/2010 Identifiquei que houve aprovação, em 30/08/2010, da cisão parcial do patrimônio líquido do fiscalizado, seguida de sucessão do acervo cindido pela Cerradinho Holding S.A. (atual CERRADINHO PARTICIPAÇÕES S.A., CNPJ 11.196.718/000111), comprovada pela ficha cadastral do fiscalizado perante a Jucesp e ata da assembléia geral extraordinária da cindida, realizada em 29 de dezembro de 2010 (fls. 15049/15076). Dessarte, a CERRADINHO PARTICIPAÇÕES S.A. e o fiscalizado respondem solidariamente pelos tributos devidos por esta última até à data da aprovação da cisão (30/08/2010), nos termos dos arts. 233 da Lei n.° 6.404/76, 124 e 132, da Lei n° 5.172/1966 (CTN), o que inclui os apurados neste procedimento de fiscalização, com fatos geradores ocorridos até essa data. 2.2. Da cisão aprovada em 01/03/2011 Constatei que houve aprovação, em 01/03/2011, da cisão parcial do patrimônio líquido do fiscalizado, seguida de sucessão do acervo cindido pela Jarsy Holdings S.A (antiga denominação da NG Bioenergia S.A., CNPJ 12.877.416/0001 71), comprovada pela ficha cadastral do fiscalizado perante a Jucesp e ata da assembléia geral extraordinária da cindida, realizada em 10 de março de 2011 (fls. 15049/15075 e 15077). Posteriormente, a NG Bioenergia S.A. foi incorporada pela NOBLE BRASIL S.A., CNPJ 06.315.338/000119, conforme registro perante a Junta Comercial do Estado de São Paulo ("JUCESP') sob o n° 103.025/121, em sessão de 08/03/2012, assentado na ficha cadastral desta arquivada nesse órgão de registro (fls. 15078/15097). Dessarte, a NOBLE BRASIL S.A. e o fiscalizado respondem solidariamente pelos tributos devidos por esta última até à data da aprovação da cisão (01/03/2011), nos termos dos arts. 233 da Lei n.° 6.404/76, 124 e 132, da Lei n° 5.172/1966 (CTN), o que inclui os apurados neste procedimento de fiscalização. (...)" Fl. 17557DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.309 50 A Empresa Cerradinho Participações S.A apresentou impugnação contestando essas responsabilizações trazendo os seguintes argumentos (verbis): "(...) Como se vê, a aplicação do art. 124, inciso I, do CTN, pressupõe que haja vinculação entre pessoas na prática da situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária, como ocorre na hipótese dos coproprietários em relação ao IPTU. Diferentemente disso, em situações nas quais o interesse comum se apresente apenas no plano econômico, não há como aplicar a solidariedade passiva em questão. Por essa razão é que não cabe a imputação de solidariedade, nos termos do art. 124, inciso I, aos sócios e acionistas das pessoas jurídicas. A despeito da existência de vinculação econômica entre eles, a sua relação jurídica é de natureza societária. Não existe, entre a pessoa jurídica e seus sócios, vinculação no que diz respeito a qualquer situação que constitua fato gerador de obrigações tributárias. Esse foi o posicionamento do STJ ao reconhecer que não cabe a imputação de responsabilidade solidária em relação a empresas integrantes de um mesmo grupo econômico. (...) Em suma, não basta haver vinculação econômica entre pessoas para que se caracterize o interesse comum de que trata o art. 124, inciso I, do CTN, sendo indispensável que a vinculação se dê em relação ao fato gerador da obrigação tributária. (...) Superada essa questão, resta então verificar se, no presente caso, é possível aplicar o inciso II do art. 124. Tal dispositivo confere à lei a competência para estabelecer outras hipóteses de solidariedade passiva pelo crédito tributário. Conseqüentemente, a solidariedade passa a ser analisada sob a ótica do art. 233, da Lei n. 6404, citado pelo fisco como fundamento para a imputação de responsabilidade no presente caso. Segundo esse dispositivo: "Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão. Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação dos atos da cisão." Esse dispositivo, embora trate de responsabilidade solidária nos casos de cisão não se aplica para fins tributários, eis que se trata, nítida e inquestionavelmente de Fl. 17558DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.310 51 no ,na de direito privado, sendo que, em matéria tributária, existe todo um arcabouço de regras específicas, o qual afasta a possibilidade de aplicação das regras gerais de direito privado nesse caso em especial. Em outras palavras, outros credores, que não o fisco, até poderiam invocar o art. 233 para pleitear o adimplemento de determinadas obrigações. O fisco, a seu turno, deve seguir as regras tributárias, previstas no CTN e na legislação ordinária. (...) Resta por fim verificar se o art. 132 do CTN comportaria a responsabilização no presente caso. Confirase atentamente a redação do art. 132, do CTN: "Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas." O primeiro ponto a ser levantado diz respeito ao fato de que o art. 132 simplesmente não trata de cisão, mas apenas de fusão transformação e incorporação, o que por si só, já tornaria questionável a sua aplicação no presente caso. Ademais, o dispositivo não trata de responsabilidade passiva solidária, de modo que, se aplicável, no caso de cisão parcial, deveria o ser apenas em caso de insucesso quanto à satisfação da obrigação tributária pela empresa cindida parcialmente. E ainda assim, no caso de serem superadas todas as barreiras acima apontadas, devese verificar que, nos termos do art. 132, o sucessor é responsável pelos tributos devidos pelo sucedido até a data do respectivo ato, isto é, impostos, taxas e contribuições, não abrangendo, conseqüentemente, as penalidades. (...) A impugnante ressalta que a Câmara Superior de Recursos Fiscais também já afastou a imposição da multa de ofício contra a pessoa jurídica sucessora por incorporação, justamente a partir da interpretação de que o art. 132 não se aplica a multas. (...)" Por sua vez, a Noble Brasil S.A alem das alegações acima, acrescentou na peça impugnatoria que a Sumula 47 do CARF também não a seu caso, ou seja, descabe exigencia da multa de oficio da responsabilidade, muito menos a agravada. Rejeito de plano as alegações de ambas as impugnantes, isso porque considero que os art. 124, inciso I, e o art. 132 do CTN amparam sim, a responsabilidade solidária aqui tratada. Ora, à epoca dos fatos geradores parcelas do acervo patrimonial das empresas Cerradinho Participações S.A e Noble Brasil S.A compunham o patrimônio da Autuada. Tal fato é incontroverso nos autos. Logo, ambas as empresa tiveram interesse comum e direto nas situações que ensejaram as exigências tributárias aqui tratadas, pelo simples fato de que essas irregularidades implicaram no aumento do patrimonio da autuada à medida que esta deixou de apurar e recolher os tributos devidos. Foi justamente parte desse patrimônio, acrescido dos tributos não Fl. 17559DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.311 52 recolhidos que foi vertido às responsabilizadas, configurando assim o interesse comum. Noutro giro, o art. 132 do CTN que trata da responsabilidade na sucessão, deixou de tratar especificamente da cisão pelo fato de que não existia essa figura à época que o CTN foi editado (em 1966). Porém, a cisão tem a mesma natureza da incorporação, pois ao fim e ao cabo implica na sucessão empresarial, pelo que deve ser aplicada a cisão os mesmos preceitos legais aplicaveis à incorporação. Do ponto de vista tributário, isso acarreta em exigir da empresa sucessora (seja por incorporação, transformação ou cisão) o credito tributário que deixou de ser apurado/recolhido pela empresa originaria. Quanto a multa de oficio, entendo que cabe também ser exigida da Empresa Cerradinho Participações, nos exatos fundamentos da Sumula 47 do CARF, assim redigida: "Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico ". Isso porque tanto a Cerradinho Participações quanto a Autuada fazem parte do mesmo grupo economico, conforme comprova as próprios atos societários trazidos os autos (fls. 15738 e seguintes). Todavia, em relação a Noble Brasil verificase que a mesma não tem e não tinha vinculação com o Grupo Empresarial da Autuda(vide fls. 15677 e seguintes), Logo, deve ser afastada a exigencia solidaria da multa de oficio por falta de amparo legal. Esclareço ainda que não há nos autos exigência de multa de oficio agravada e sim a multa básica de 75%, conforme autos de infração às fls. 15562 e seguintes. Confirmo, pois, a responsabilidade solidária da empresa Cerradinho Participações S.A, em relação ao crédito tributário exigido da autuada relativo aos anoscalendário de 2007 e 2008 (principal, multa de oficio e juros). Quanto a Noble Brasil S.A, deve ser afastada a responsabilidade quanto a multa de ofício. Embora concorde com a Recorrente que o art. 233 da Lei 6.404/76 não se aplique na seara tributária, mas sim societária, o que importa é que a previsão legal para acontecer essa solidariedade estaria plenamente amparada pelo art. 124, I do CTN (Interesse comum) em conjunção com o art. 132 do CTN. Outrossim, embora não esteja no enquadramento legal, ainda existe previsão legal no próprio RIR/99: Art. 207. Respondem pelo imposto devido pelas pessoas jurídicas transformadas, extintas ou cindidas (Lei nº 5.172, de 1966, art. 132, e Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 5º): I a pessoa jurídica resultante da transformação de outra; II a pessoa jurídica constituída pela fusão de outras, ou em decorrência de cisão de sociedade; III a pessoa jurídica que incorporar outra ou parcela do patrimônio de sociedade cindida; Fl. 17560DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.312 53 Outrossim, é pacífico na jurisprudência administrativa que equívoco no enquadramento legal, quando a descrição dos fatos é adequada e correta, não enseja a mácula do lançamento. Por todo o exposto, mantenho a responsabilidade solidária da empresa Cerradinho Participações S.A(principal, multa de oficio e juros) e da Noble Brasil S.A (principal e juros), uma vez que a responsabilidade quanto a multa de ofício já foi afastada pela DRJ. 2.4) Juros sobre multa de ofício Não procede a alegação da recorrente no sentido de ser indevida a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício . No ataque à essa questão geralmente se utiliza do argumento a contrario sensu. Ou seja, como a única hipótese de incidência de juros sobre multa está consignada no parágrafo único do art. 43 da Lei nº 9.430/96, deve, por exclusão, nas demais hipóteses, ser expurgada a aplicação dos juros sobre a multa aplicada, que só passará a incidir nos termos do § 1º do art. 161 do CTN. Ora, como todo argumento a contrario sensu, devese usálo com muita cautela, pois é inseto a ele a chamada “falácia do falso antecedente”. Pois, se uma regra “p” implica “q”. Não se pode concluir com todo o rigor lógico que “não p” implique também em “não q”. Isso porque pode existir outras forma de chegarse a “q”. Por outras palavras, Se “p” (em havendo multa de ofício isolada) > (implica) “q” (implica o cálculo de juros de mora sobre ela). Isso não que dizer que se negarmos “p” (no caso da multa de ofício sobre tributo, pois não se trata de multa isolada) estaremos negando necessariamente a existência de “q” (cálculo de juros de mora sobre essa multa). Pois, obviamente, outros antecedentes podem existir, como de fato existem na legislação, “r”, “s” etc que impliquem também em “q”. Como é sabido, a multa de ofício, ex vi art. 44 da Lei nº 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago (diferença entre o tributo devido e o recolhido). A partir da leitura do Código Tributário Nacional, concluise que a multa, apesar de não ter a natureza de tributo, faz parte do crédito tributário. É a inteligência dos artigos 3º e 113 do CTN, conjugado com art. 139 que assim dispõe “O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta” Ou seja, enquanto o art. 3° exclui as multas da definição de tributo, os dispositivos seguintes (art. 113, §1°, e art. 139) trazemnas para compor o crédito tributário. Por conseguinte, a cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pelo CTN ao crédito tributário. Por sua vez, o art. 161 do Código Tributário Nacional dispõe que os juros de mora passam a integrar o crédito tributário não pago, de forma a que a incidência da multa alcança tanto o crédito tributário principal quanto os juros de mora sobre ele incidentes. Em resumo, é cabível a aplicação de juros de mora sobre multa de ofício, pois a teor do art. 161 do Código Tributário Nacional sobre o crédito tributário não pago correm juros de mora, como a multa de ofício também constitui o crédito tributário sobre ela Fl. 17561DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.313 54 também necessariamente incide os juros de mora na medida em que também não é paga no vencimento. Assim, não procede o argumento no sentido de afirmar que apenas a partir da existência do parágrafo único do art. 43 da Lei nº 9.430/96 é que poderá incidir juros de mora sobre a multa aplicada. Ora, tal previsão diz respeito à aplicação de multa isolada sem crédito tributário. Assim, a teleologia de tal dispositivo legal vem a reboque de se ratificar a incidência dos juros sobre a multa que não toma como base de incidência valores de crédito tributário sujeitos à incidência ordinária da multa de ofício. Assim, mantenho os juros sobre a multa de ofício. Lançamento decorrente (CSLL) Por estarem sustentados na mesma matéria fática, os mesmos fundamentos devem nortear a decisão das exigências lançadas por via reflexa. Cabendo aqui ressaltar que a glosa de despesas afeta igualmente o IRPJ tanto quanto a CSLL, uma vez que o lucro líquido contábil é a base comum com os ajustes legais (adições e exclusões) para tributação de ambos os tributos. Por todo o exposto, NEGO provimento ao Recurso de Ofício e DOU provimento PARCIAL ao recurso para cancelar o item da autuação referente à glosa de variação cambial passiva. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 17562DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.314 55 Voto Vencedor Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Redator Designado Com a devida vênia ao brilhante voto proferido pelo ilustre relator, não concordo com a parte relativa à solução dada para a glosa da variação monetária passiva sobre empréstimos repassados à sociedade controlada por ser considerada despesa desnecessária. É importante destacar, de início, que a variação cambial, diferentemente dos juros que possuem exclusivamente uma única natureza (receitas para os cedentes dos empréstimos, despesas para os tomadores), podem corresponder tanto a despesa, quanto a receita para a mesma parte de um único negócio. A natureza dependerá da variação do preço relativo entre duas moedas, variação esta que está submetida às forças do mercado. Por isso, a legislação do imposto sobre a renda prescreve tratamentos para as duas situações, os quais são coerentes entre si, vale dizer, as variações passivas podem ser reconhecidas como despesas e, assim, as positivas devem ser oferecidas como receitas. Abaixo, reproduzimos o dispositivo correspondente do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/99): Art. 375. Na determinação do lucro operacional deverão ser incluídas, de acordo com o regime de competência, as contrapartidas das variações monetárias, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual, dos direitos de crédito do contribuinte, assim como os ganhos cambiais e monetários realizados no pagamento das obrigações. Parágrafo Único. As variações monetárias de que trata este artigo serão consideradas, para efeito da legislação do imposto, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso." Apesar de as variações serem legalmente consideradas para fins de apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda, a autoridade fiscal considerou, em face das peculiaridades do caso, que seriam indedutíveis. No caso, aplicou a legislação específica de indedutibilidade das despesas não necessárias para a atividade empresarial. A questão, assim, é saber se tais despesas seriam mesmo desnecessárias. Afinal, se o resultado tivesse sido positivo, poderia este resultado não ser oferecido à tributação? Ora, deve haver coerência de tratamento. Pesquisei a jurisprudência do CARF sobre o tema nos últimos 15 (quinze) anos e não encontrei nenhum caso similar ao presente, o que por si só revela o caráter inusitado da autuação. Claro que esse caráter inusitado poderia advir da situação concreta e não da interpretação promovida pela autoridade lançadora. Todavia, seria assim tão peculiar e raro o empréstimo entre empresas de um mesmo grupo econômico? Se fosse assim tão raro, teria o legislador adotado a cautela de estabelecer regras para a fixação da dedutibilidade de juros entre empréstimos intragrupo em operações internacionais? Sim, porque há no art. 22 da Lei nº 9.430/96: Fl. 17563DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.315 56 Art. 22. Os juros pagos ou creditados a pessoa vinculada somente serão dedutíveis para fins de determinação do lucro real até o montante que não exceda ao valor calculado com base em taxa determinada conforme este artigo acrescida de margem percentual a título de spread, a ser definida por ato do Ministro de Estado da Fazenda com base na média de mercado, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros. Aliás, em relação a essa regra, dois pontos merecem ser destacados. Primeiro, os juros em operações de empréstimo entre partes relacionadas são expressamente dedutíveis. Deve ser excluído apenas o valor que excede o patamar legal. Isso para evitar a manipulação desse índice, uma vez que é livremente estipulado pelas partes envolvidas. Segundo, não há regra equivalente para a variação cambial. Isso não decorre de o legislador considerar indedutível, mas sim do fato de corresponder a um índice não manipulável. Não há como as partes, previamente na data da estipulação contratual, saberem se a variação dos preços das moedas irá favorecer ou prejudicar cada uma delas. Pois bem, o julgado que mais se aproxima da presente situação foi proferido no Ac. 910100.287, de 24.08.2009. Abaixo, transcrevo sua ementa: DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. Caracterizamse como desnecessárias e, portanto, indedutíveis do Lucro Real, as despesas de juros e variações cambiais relativas a empréstimos efetuado por meio de um contrato de mútuo, em que a mutuante é socialquotista que detém 99,99% do capital social da mutuaria e dispunha de recursos para integralizar o capital. Recurso Especial do Procurador Admitido em parte”. Nada obstante, há várias características que não permitem a sua aplicação ao presente caso: (i) tratase de subcapitalização, (ii) a operação de empréstimo intragrupo foi realizada entre uma sociedade estrangeira e uma nacional e não entre duas nacionais, (iii) glosouse a variação cambial da tomadora e não da cedente do empréstimo intragrupo. De todo modo, apesar de corresponder a uma decisão pela glosa da variação cambial, naquilo que se pode comparar as duas situações, o resultado milita a favor do pleito do contribuinte no presente feito. Vejase que o precedente considerou desnecessárias as despesas em razão da anormalidade do empréstimo e esta anormalidade seria fruto de a cedente dispor de recursos para integralizar capital. Não se considerou anormal o empréstimo em razão de ter sido realizado intragrupo. Ora, no presente processo, está caracterizado que a autuada não possuía recursos próprios, por isso a necessidade de tomar um empréstimo de outrem e de repassar os recursos também pela via de empréstimo. Um outro ponto que parece ter impressionado a autoridade fiscal e também o ilustre relator foi a falta de neutralidade da operação. Afinal, se parte do empréstimo foi realizada para viabilizar a entrega de recursos a outrem, por que não neutralizar seus efeitos? Isso consta expressamente do voto em relação ao qual divirjo: Também não socorre à Recorrente o seu argumento subsidiário de que com relação às despesas com variação cambial não seria possível o repasse em moeda estrangeira para sua controlada Fl. 17564DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.316 57 em função de vedação a esse tipo de indexação no nosso ordenamento jurídico nacional. Isso porque não necessariamente precisa repassar tais encargos de forma indexada à moeda estrangeira, mas que o repasse fosse feito em moeda nacional após feita a conversão, o que não passa de uma simples operação matemática. Ora, a "simples operação matemática" proposta só pode ser realizada com base em disposição contratual que estipulasse a indexação em moeda estrangeira, disposição esta que seria nula pelo direito brasileiro. Assim, dispõe o Código Civil Brasileiro: Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. A referida legislação especial está consignada no artigo 1º da Lei nº 10.192/01 e nas suas referências: Art. 1o As estipulações de pagamento de obrigações pecuniárias exeqüíveis no território nacional deverão ser feitas em Real, pelo seu valor nominal. Parágrafo único. São vedadas, sob pena de nulidade, quaisquer estipulações de: I pagamento expressas em, ou vinculadas a ouro ou moeda estrangeira, ressalvado o disposto nos arts. 2o e 3o do Decreto Lei no 857, de 11 de setembro de 1969, e na parte final do art. 6o da Lei no 8.880, de 27 de maio de 1994; Pois bem, a operação que acarretou a glosa da variação cambial não se enquadra nos art. 2º e 3º do DecretoLei 857/69, na sua redação atual nem na vigente à época dos fatos: Art 2º Não se aplicam as disposições do artigo anterior: I aos contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias; II aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação de bens de produção nacional, vendidos a crédito para o exterior; II aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação de bens e serviços vendidos a crédito para o exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.292, de 2016) III aos contratos de compra e venda de câmbio em geral; Fl. 17565DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.317 58 IV aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território nacional; V aos contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação, assunção ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país. Parágrafo único. Os contratos de locação de bens móveis que estipulem pagamento em moeda estrangeira ficam sujeitos, para sua validade a registro prévio no Banco Central do Brasil. Art 3º No caso de rescisão judicial ou extrajudicial de contratos a que se refere o item I do artigo 2º dêste Decretolei, os pagamentos decorrentes do acêrto entre as partes, ou de execução de sentença judicial, subordinamse aos postulados da legislação de câmbio vigente. Nem no art. 6º da Lei nº 8.880, de 27 de maio de 1994: Art. 6º É nula de pleno direito a contratação de reajuste vinculado à variação cambial, exceto quando expressamente autorizado por lei federal e nos contratos de arrendamento mercantil celebrados entre pessoas residentes e domiciliadas no País, com base em captação de recursos provenientes do exterior. Assim, em resumo: a) um empréstimo entre companhias de um mesmo grupo econômico não pode ser considerado como operação não usual; b) a variação cambial, diferentemente dos juros, não é índice passível de ser manipulado pelas partes, pois fixado pelas próprias forças de mercado; c) é, exceto em hipóteses especificamente previstas em lei, proibida a indexação em moeda estrangeira de obrigação estipulada no Brasil. Dessarte, não pode ser considerada como despesa desnecessária a variação cambial passiva sobre empréstimo tomado por empresa nacional para repassar valores a sociedade do mesmo grupo econômico sem a estipulação de indexação equivalente. Fl. 17566DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 16004.720251/201256 Acórdão n.º 1401001.644 S1C4T1 Fl. 1.318 59 Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário quanto a este item. No mais, sigo o voto do relator. Documento assinado digitalmente. Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Redator Designado Fl. 17567DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 31/08/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO
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