Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,798)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,172)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,638)
- Primeira Turma Ordinária (11,706)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,248)
- Terceira Câmara (63,043)
- Segunda Câmara (50,463)
- Primeira Câmara (16,050)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,600)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,638)
- Segunda Seção de Julgamen (107,614)
- Primeira Seção de Julgame (70,765)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,505)
- Câmara Superior de Recurs (37,001)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,030)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,837)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,829)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 17883.000053/2010-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2005 a 01/05/2005
AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Lourenço Ferreira do Prado - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: LOURENCO FERREIRA DO PRADO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2005 a 01/05/2005 AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 17883.000053/2010-15
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5569431
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2402-004.884
nome_arquivo_s : Decisao_17883000053201015.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : LOURENCO FERREIRA DO PRADO
nome_arquivo_pdf_s : 17883000053201015_5569431.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo - Presidente Lourenço Ferreira do Prado - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
id : 6288586
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125625597952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1390; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 17883.000053/201015 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402004.884 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de janeiro de 2016 Matéria REMUNERAÇÃO INDIRETA:PRO LABORE Recorrente VIAÇÃO SANTO ANTONIO E TURISMO LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2005 a 01/05/2005 AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 88 3. 00 00 53 /2 01 0- 15 Fl. 123DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 23/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Lourenço Ferreira do Prado Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 23/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 17883.000053/201015 Acórdão n.º 2402004.884 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto por VIAÇÃO SANTO ANTÔNIO E TURISMO LTDA em face do acórdão que manteve a integralidade do Auto De Infração n. 37.249.2339, lavrado para a cobrança de contribuições parte do segurado, incidentes sobre a retirada de prólabore de sócios gerentes. Os valores lançados não foram declarados em GFIP e foram retirados do livro diário. O lançamento se refere ao período de 04/2005 a 05/2005, tendo sido o contribuinte cientificado em 29/04/2010 (fls. 29). Antes do julgamento de primeira instância fora determinada a realização de diligência para que os esclarecimentos solicitados pela DRJ acerca da necessidade de indicação das contas nas quais foram verificadas os pagamentos de prólabore. Após a realização da diligência o contribuinte fora cientificado de seu resultado, tendo apresentado nova impugnação, reiterando os termos daquela já apresentada anteriormente. Devidamente intimado do julgamento em primeira instância, o recorrente interpôs o competente recurso voluntário, através do qual sustenta: 1. o cerceamento de seu direito de defesa, na medida em que não constou do relatório fiscal o apontamento de quais diretores ou sócios foram beneficiários dos pagamentos de prólabore; 2. também restou cerceado o seu direito de defesa em razão do relatório fiscal conter fundamentação que não possui correlação com os fatos geradores nele indicados. Processado o recurso sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 23/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 4 Voto Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado, Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso, dele conheço. PRELIMINARES Inicialmente cumpre asseverar que a única matéria trazida no Recurso Voluntário é o cerceamento do direito de defesa do contribuinte. Pois bem, passo a sua análise. A recorrente sustenta ter sido cerceada em seu direito de defesa, na medida em que não foram apontados os beneficiários do prólabore pago, bem como em razão da fundamentação do Auto de Infração ser deficiente. Em que pesem os esforços, tenho que o pedido merece ser rejeitado. Nada mais fez a fiscalização do que aplicar ao caso em concreto a legislação pertinente, atribuindo à recorrente, a responsabilidade pelo pagamento das contribuições não adimplidas e declaradas em época própria, levando a efeito simplesmente aquilo que determinado pela Lei 8.212/91. Assim, uma vez que não houve qualquer transgressão a norma legal em vigor, não há que se reconhecer a nulidade do lançamento. Logo, ao que se depreende do relatório fiscal, verificase ter sido observado o que disposto no art. 142 do CTN a seguir: "Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível". Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional." Da análise do relatório fiscal de cada um dos Autos de Infração, verificase que estes vieram devidamente acompanhados de todos os anexos do Auto de Infração, sendo deles parte integrante, quando se percebe que todos foram concebidos em total observância às disposições do art. 142 do CTN e 37 da Lei n. 8.212/91, na medida em que todos os fundamentos de fato e de direito que ensejaram a lavratura do Auto e a imposição fiscal restaram devida e precisamente demonstrados esclarecidos, o que proporcionou e garantiu ao contribuinte a clara e inequívoca ciência e materialização da ocorrência do fato gerador e dos valores não recolhidos das contribuições sociais não informadas, conforme também restou decidido pelo acórdão de primeira instância. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 23/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 17883.000053/201015 Acórdão n.º 2402004.884 S2C4T2 Fl. 4 5 Não obstante, no presente caso fora realizada diligência fiscal, no sentido de que os fatos geradores lançados fossem esclarecidos, sobretudo em relação a própria alegação da parte interessada no sentido de que não foram apontados os sócios beneficiários do pró labore, situação que deu mais força ao lançamento, de modo que não há qualquer nulidade a ser reconhecida neste sentido. Também, pelos motivos já delineados, não há que se falar que o relatório fiscal possui fundamentação estranha ao lançamento, ainda mais quando nem mesmo a recorrente aponta qual seria tal fundamentação. Ante todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 23/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O
score : 1.0
Numero do processo: 10840.002065/2006-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A DEMANDA DE COMPROVAÇÃO ADICIONAL.
Devem ser restabelecidas as despesas médicas amparadas por recibos emitidos pelos prestadores de serviços que preencham os requisitos do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, salvo se demanda fundamentada de comprovação adicional não for atendida.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de despesas médicas no montante R$12.475,00.
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A DEMANDA DE COMPROVAÇÃO ADICIONAL. Devem ser restabelecidas as despesas médicas amparadas por recibos emitidos pelos prestadores de serviços que preencham os requisitos do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, salvo se demanda fundamentada de comprovação adicional não for atendida. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10840.002065/2006-55
anomes_publicacao_s : 201601
conteudo_id_s : 5556947
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2402-004.766
nome_arquivo_s : Decisao_10840002065200655.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 10840002065200655_5556947.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de despesas médicas no montante R$12.475,00. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
id : 6243511
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125670686720
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1314; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 101 1 100 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10840.002065/200655 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402004.766 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de dezembro de 2015 Matéria IRPF Recorrente ADALBERTO GOMES DA SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A DEMANDA DE COMPROVAÇÃO ADICIONAL. Devem ser restabelecidas as despesas médicas amparadas por recibos emitidos pelos prestadores de serviços que preencham os requisitos do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, salvo se demanda fundamentada de comprovação adicional não for atendida. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 20 65 /2 00 6- 55 Fl. 101DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de despesas médicas no montante R$12.475,00. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10840.002065/200655 Acórdão n.º 2402004.766 S2C4T2 Fl. 102 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II (SP) DRJ/SPOII, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) ajustando o saldo do imposto a restituir para o montante de R$ 1.496,13, relativo ao anocalendário 2004 (fls. 4/8). O lançamento decorreu da glosa de despesas com instrução, dedução de previdência privada e FAPI e de despesas médicas. Em sua impugnação de fls. 1/2, o contribuinte limitouse a questionar as glosas atinentes aos dispêndios médicos, apresentando documentos que entende comproválos. A decisão de primeiro grau manteve parcialmente a exigência (fls. 35/38), acatando as despesas declaradas como pagas a APAS (R$ 3.068,97) e à CBPM/Cruz Azul (R$ 2.557,39). O contribuinte interpôs recurso voluntário em 24/4/2009 (fl. 43/48), reafirmando ter efetuado os pagamentos declarados e juntando novos documentos, pedindo, ao final, a consideração de todas as despesas médicas deduzidas na declaração. É o relatório. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. A dedução de despesas médicas e de saúde na declaração de ajuste anual tem como supedâneo legal os seguintes dispositivos do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário.(grifei) Vejase que a própria legislação tributária conferiu a documentos do tipo descrito no inciso III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, supra reproduzido, o valor de prova Fl. 104DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10840.002065/200655 Acórdão n.º 2402004.766 S2C4T2 Fl. 103 5 do pagamento um documento de transferência bancária, por exemplo, não possui todos os elementos discriminados na legislação, tal como o endereço do profissional prestador do serviço, ao contrário do recibo, que possui campos de preenchimento adequados para esses fins. Reconhecese, sob outro prisma, que a fiscalização bem como o julgador de primeiro grau, no caso de documentos apresentados em primeira mão nessa instância recursal tem a faculdade de demandar elementos adicionais com vistas a atestar a efetividade dos pagamentos, forte nos §§ 3º e 4º do art. 11 do DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 (respectivamente, §§ 1º e 2º do art. 73 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99). Convém atentar, todavia, ser necessário que essas normas sejam lidas e interpretadas em conjunto com o art. 79, § 1º (art. 845, § 1º do RIR/99) desse mesmo diploma, o qual estabelece: Art. 79. Farseá o lançamento exofficio: (...) § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de prova, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão. (...) Desta sorte, a regra geral é a aceitação de recibos e/ou notas fiscais de prestação de serviços, caso atendidos os seus requisitos formais, motivo pelo qual a exigência de outros elementos para a comprovação das despesas médicas deve ser devidamente fundamentada, sob pena de violação do princípio da proteção da boafé e da legítima confiança que norteiam a relação fiscocontribuinte. No caso concreto, verificase que os pagamentos declarados como efetuados a Andressa Romano Moreira (R$ 4.975,00), José Amadeu Minquio (R$ 1.500,00), Janaína Mesquita Cano (R$ 3.498,00) e José Paulo Isola (R$ 2.502,00) foram glosados pela fiscalização sob a alegação de que o contribuinte "não comprovou o efetivo pagamento" (fl. 7). Não obstante, o contribuinte carreou aos autos recibos médicos atestando os pagamentos efetuados a esses profissionais, os quais constam respectivamente às fls. 8/9, 10, 11 e 12. Notese que tanto a fiscalização quanto o aresto vergastado não apontaram qualquer mácula de cunho formal nos indigitados recibos. A instância recorrida chega a afirmar haver a necessidade de se apresentar documentação comprobatória do efetivo pagamento, tais como cheques e extratos bancários, mas não veicula nenhuma justificativa para não se considerar aqueles documentos como aptos para essa comprovação. De sua parte, o contribuinte buscou, em sede de recurso voluntário, apontar em extratos bancários as movimentações vinculadas aos pagamentos em tela (fls. 43/47), ainda que admita que a maior parte deles se dera em espécie. Nessa esteira, entendese que em uma situação extremada, como, por exemplo, na apresentação de documentos que sequer se constituíssem em recibos propriamente ditos, ou na ocorrência de uma desproporção inaceitável entre as despesas deduzidas e o total de rendimentos declarados, poderia ser relevada a ausência de uma justificativa circunstanciada Fl. 105DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 no lançamento para a exigência de comprovação efetiva dos pagamentos, privilegiandose a razoabilidade da manutenção do crédito tributário. Não se tratando de situação do gênero, contudo, cabe o restabelecimento das deduções de despesas médicas pagas a Andressa Romano Moreira (R$ 4.975,00), José Amadeu Minquio (R$ 1.500,00), Janaína Mesquita Cano (R$ 3.498,00) e José Paulo Isola (R$ 2.502,00), conforme documentos colacionados aos autos. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para fins de restabelecer dedução de despesas médicas no montante de R$ 12.475,00 (doze mil quatrocentos e setenta e cinco reais), nos termos deste voto. Ronnie Soares Anderson. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON
score : 1.0
Numero do processo: 10320.900654/2008-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBSCURIDADE
Os embargos de declaração só se prestam para sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo à rediscussão da matéria já julgada no recurso.
A Turma de julgamento efetivamente apreciou as questões pertinentes para o deslinde da questão e expressamente manifestou sua posição acerca da matéria, lastreada na legislação e em documentos acostados aos autos.
Embargos de Declaração Rejeitados.
Numero da decisão: 3402-002.915
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR os Embargos de Declaração, nos termos do relatório e voto do relator que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Proferiu sustentação oral pela Recorrente, a Dra. Joselene Poliszezuk, OAB/SP 182.338.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBSCURIDADE Os embargos de declaração só se prestam para sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo à rediscussão da matéria já julgada no recurso. A Turma de julgamento efetivamente apreciou as questões pertinentes para o deslinde da questão e expressamente manifestou sua posição acerca da matéria, lastreada na legislação e em documentos acostados aos autos. Embargos de Declaração Rejeitados.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10320.900654/2008-31
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5570850
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3402-002.915
nome_arquivo_s : Decisao_10320900654200831.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 10320900654200831_5570850.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR os Embargos de Declaração, nos termos do relatório e voto do relator que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, a Dra. Joselene Poliszezuk, OAB/SP 182.338.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6295343
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125701095424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1953; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 129 1 128 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10320.900654/200831 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3402002.915 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de fevereiro de 2016 Matéria Embargos de Declaração Embargante BRASIL KIRIN BEBIDAS LTDA, nova denominação social de PRIMO SCHINCARIOL INDÚSTRIA DE CERVEJAS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBSCURIDADE Os embargos de declaração só se prestam para sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo à rediscussão da matéria já julgada no recurso. A Turma de julgamento efetivamente apreciou as questões pertinentes para o deslinde da questão e expressamente manifestou sua posição acerca da matéria, lastreada na legislação e em documentos acostados aos autos. Embargos de Declaração Rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR os Embargos de Declaração, nos termos do relatório e voto do relator que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 90 06 54 /2 00 8- 31 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, a Dra. Joselene Poliszezuk, OAB/SP 182.338. Relatório Tratase de Embargos declaratórios, tempestivamente opostos por BRASIL KIRIN BEBIDAS LTDA., nova denominação social de COMPANHIA DE BEBIDAS BRASIL KIRIN, anteriormente denominada COMPANHIA DE BEBIDAS PRIMO SCHINCARIOL, com fundamento no art. 65, Anexo II, do RICARF, em face do Acórdão nº 3802004.099, de 25/02/2015 (fls. 104/107), prolatado pela extinta 2ª Turma Especial, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. INTEMPESTIVIDADE. CONTENCIOSO NÃO INSTAURADO. O prazo para interposição de recurso é de 30 (trinta) dias em conformidade com o disposto pelo art. 33 do Decreto nº 70.235/1972, constatado o decurso do prazo, impõe o não conhecimento. Não instaura o contencioso a apresentação de recurso posteriormente ao prazo de 30 dias prescrito pelo caput do artigo 15 do Decreto no 70.235/72. Recurso Voluntário Não Conhecido. Alega a Embargante que, apesar de expressamente suscitada nas razões recursais, ao analisar o pedido, a 2ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento deste CARF, não conheceu do recurso sob a alegação de intempestividade. Aduz que tal decisão no Acórdão padece de obscuridade, pois, conforme pode ser comprovado através do extrato emitido pelos Correios (cópia do documento anexo às fls. 120/123), a entrega da correspondência à embargante ocorreu em 29/10/2012. Afirma que nos autos existem 02 (dois) documentos emitidos pelos Correios, que possuem fé pública, com datas divergentes para o mesmo fato que é a entrega da intimação do acórdão que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e que esse fato impossibilita a declaração de intempestividade do recurso voluntário, pois se há incerteza sobre a data correta. Diante do exposto e das provas anexadas, requerer que seja sanado o vício apontado, reconheçendo a tempestividade do recurso voluntário e o encaminhe para julgamento do mérito. Esse seria, portanto, em breve relatório, o motivo dos presentes aclaratórios solicitados. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10320.900654/200831 Acórdão n.º 3402002.915 S3C4T2 Fl. 130 3 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator Assim, com esteio na alegada obscuridade, passo à análise do mérito dos embargos. Os embargos declaratórios foram conhecidos por decisão do Presidente desta Turma Ordinária (fl. 128), na forma do art. 65, caput, Anexo II, do Regimento Interno. Foi determinada, assim, a inclusão do processo em pauta para julgamento deste Colegiado. A ciência do Acórdão embargado ocorreu em 13/05/2015 (fl. 115/116), tendo a oposição dos embargos ocorrido em 18/05/2015 (fl. 117). Tratase, assim, de Embargos declaratórios opostos tempestivamente e que atendem aos demais pressupostos para o seu cabimento. Como já dito, em seus argumentos a Embargante alega conter obscuridade em pontos do Acórdão, explicitando as razões pela qual entende que tais pontos devem ser aclarados e o Recurso Voluntário conhecido e dado seu provimento. Para tanto, objetivando melhor esclarecer os fatos, destacamos os excertos do Acórdão embargado que versaram sobre a presente discussão (fl. 106 e seguintes): "(...) Examinandose os autos, constatase que a ciência do Acórdão recorrido se deu em uma sexta feira, 26/10/2012 (fl. 65 – despacho da Unidade preparadora e fl. 66, cópia do AR). Assim, contase o prazo, prorrogado, a partir de segunda feira, 29 de outubro, 30 (trinta) dias. Portanto, o prazo findo para apresentação do recurso ocorreu em 27 de novembro de 2012. Porém, a petição de recurso voluntário só foi apresentada em 28/11/2012, quarta feira (conforme carimbo de protocolo às fls. 70), portanto, posteriormente ao prazo de 30 dias de que dispõe o sujeito passivo para formalizar sua contestação, tanto na primeira quanto na segunda instância de julgamento, nos termos dos artigos 15 e 33 do Decreto n° 70.235/72 ( ...). (...) Como visto, notase que, no caso, a interposição do recurso aconteceu após o lapso temporal trintídio. Desta forma, o prazo de que trata o dispositivo acima referenciado, além de peremptório, ou seja, improrrogável, é também preclusivo, tendo, portanto, natureza decadencial, posto que findo o mesmo não mais se torna possível a prática de atos posteriores". Embora entendo que esteja clara a conclusão, acolhese os presentes embargos para melhor explicitar os motivos que conduziram o voto a concluir pelo não conhecimento do recurso voluntário. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 O cerne da questão, se dá com a divergência apontada pela Recorrente, quanto a data da ciência no AR do Acórdão proferido pela DRJ em Fortaleza (CE) e a conseqüente intempestividade do seu Recurso Voluntário. Em seus Embargos aduz que, "(...) Tal decisão padece de obscuridade, pois, conforme pode ser comprovado através do extrato emitido pelos Correios (DOC. ANEXO), a entrega da correspondência à embargante ocorreu em 29/10/2012. E prossegue, " (...) Importante destacar, que a época dos fatos a embargante utilizavase de Caixa Postal para o recebimento de suas correspondências, por esse motivo, a consulta do rastreamento do Aviso de Recebimento no site dos Correios é a única forma da embargante conseguir identificar a data em que a intimação foi efetivamente entregue, pois a juntada do AR nos autos não ocorre imediatamente, pelo contrário, freqüentemente ocorre somente após o prazo estabelecido para a apresentação dos recursos. Além disso, conforme pode ser verificado no extrato dos Correios, no dia 26/10/2012 a correspondência estava aguardando retirada, ou seja, ela foi deixada na caixa postal, mas ainda não havia sido entregue à embargante. A entrega da correspondência apenas ocorreu no dia 29/10/2012, como comprova o mesmo extrato". O documento em referência, anexado aos autos às fls. 120/123, denominado SRO Rastreamento de Objetos (fl. 123), tratase de um extrato/consulta do sistema dos Correios, em que aparecem três datas, quais sejam: 24/10/2012 (Postado); 26/10/2012 (Aguardando retirada) e 29/10/2012 (Entregue). No próprio documento, verificase que se encontra impresso a seguinte observação (grifouse): O horário não indica quando a Situação ocorreu, mas sim quando os dados foram recebidos pelo sistema, exceto no caso do SEDEX 10 e SEDEX HOJE em que ele representa o horário real da entrega. Isto pode significar que a data informada pela Embargante, constante do documento (SRO), foi de quando o servidor inseriu tais dados no sistema dos Correios. Por outro lado, encontrase nos autos às fls. 66 e 67, cópia do AR dos Correios, cuja data de postagem foi 24/10/12 (fl. 67) e a data de recebimento (campo próprio), bem como o carimbo datado da agência (carimbo de entrega AC CaxiasMA), no dia 26/10/2012. E mais, observase que no corpo do AR consta o numero deste PAF nº 10320.900654/200831 e do Acórdão (0823.275 4ª Turma da DRJ/FOR), contendo além da data do recebimento, assinatura do recebedor, nome legível e o numero do documento de identificação. É cediço que basta o recebimento do AR no endereço do eleito pelo contribuinte para que a ciência da notificação via postal seja oficializada, mesmo que a pessoa quem assinou o recibo da ECT não seja o próprio contribuinte. Ademais, no âmbito do processo administrativo fiscal federal, a intimação do contribuinte está regulada no art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, diploma normativo com força de lei. Ressaltese que são três os meios de intimação consagrados na norma em questão: i) pessoal; ii) por via postal ou similar, desde que se obtenha prova de Fl. 132DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10320.900654/200831 Acórdão n.º 3402002.915 S3C4T2 Fl. 131 5 recebimento da cientificação no domicílio tributário do sujeito passivo e iii) por meio eletrônico. Vale destacar a existência de expresso comando legal definidor da inexistência de ordem de preferência entre os expedientes aludidos. Regra expressa do Decreto nº 70.235, de 1972 (art. 23, parágrafo segundo, inciso II), estabelece que no caso de intimação por via postal ou similar considerase feita a intimação na data do recebimento no domicílio tributário do sujeito passivo, ou, se omitida, 15 (quinze) dias após a data de expedição da intimação. Importa registrar que não descuidou o legislador de definir o que se considera domicílio tributário do sujeito passivo. Essa definição está presente no parágrafo quarto do art. 23, onde consta expressamente: “o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária”. Por fim, vale reproduzir a Súmula CARF nº 9: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Portanto, as alegações da Embargante, acerca de questões processuais, ao afirmar que nos autos existem 02 (dois) documentos emitidos pelos Correios, que possuem fé pública, com datas divergentes para o mesmo fato (entrega da intimação do acórdão que julgou a Manifestação de Inconformidade), não caracteriza a obscuridade no acórdão embargado. O colegiado efetivamente apreciou as questões pertinentes para o deslinde da questão, e expressamente manifestou sua posição acerca da matéria, lastreada na legislação e em documentos acostados aos autos. Na obscuridade, o vício que enseja a interposição de Embargos de Declaração diz respeito à clareza do posicionamento do julgador naquele julgamento. Ou seja, tratase da hipótese de uma decisão que por sua leitura, a parte tem dúvidas a cerca da real posição do julgador, em virtude de uma manifestação confusa, o que não é o caso. A extinta 2ª Turma Especial, ao examinar o recurso voluntário, concluiu que o mesmo foi interposto a destempo, isso é, após o lapso temporal de trinta dias. Portanto, considero salutar a insistência do contribuinte, no entanto, não comungo com o mesmo raciocínio traçado para ultrapassar o obstáculo processual impeditivo do conhecimento do Recurso Voluntário. Enxergo empecilho intransponível pela norma do art. 33 do Decreto nº. 70.235, de 1972: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de conhecer dos embargos de declaração, por serem tempestivos e REJEITÁLOS por ausência de obscuridades a serem sanadas. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Relator De acordo. Diante da argumentação supra, e com fundamento no § 3° do artigo 65, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF nº 343, de 09/06/2015), acolho os Embargos, nos termos do relatório e voto, para REJEITÁLOS, mantendose, portanto, o resultado do julgamento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 10980.003692/2007-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: null
null
Numero da decisão: 3201-002.061
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares e no mérito em dar provimento parcial ao recurso voluntário; exceto quanto à incidência dos juros sobre a multa de ofício, matéria a que se negou provimento por voto de qualidade. Vencidos os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo, que, nesta parte, davam provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza- Presidente.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : null null
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10980.003692/2007-90
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5573964
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3201-002.061
nome_arquivo_s : Decisao_10980003692200790.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
nome_arquivo_pdf_s : 10980003692200790_5573964.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares e no mérito em dar provimento parcial ao recurso voluntário; exceto quanto à incidência dos juros sobre a multa de ofício, matéria a que se negou provimento por voto de qualidade. Vencidos os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo, que, nesta parte, davam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza- Presidente. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 24 00:00:00 UTC 2016
id : 6308202
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125705289728
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2099; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 4.263 1 4.262 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.003692/200790 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201002.061 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de fevereiro de 2016 Matéria IPIAUTO DE INFRAÇÃO Recorrente BERNECK SA PAINEIS E SERRADOS Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 10/04/2002 a 13/10/2006 PRELIMINARES DE NULIDADE.INEXISTÊNCIA. Em matéria de processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade caso não se encontrem presentes as circunstâncias previstas pelo art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO IPI. CRÉDITOS. PRESCRIÇÃO. Período de apuração: 10/04/2002 a 13/10/2006 Consideramse prescritos os créditos de IPI apurados em relação aos períodos de apuração anteriores a cinco anos da ação judicial proposta com o fim de garantir o direito de sua escrituração. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/04/2002 a 13/10/2006 AÇÃO JUDICIAL. OBEDIÊNCIA DA DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO A empresa tem direito ao reconhecimento do crédito do IPI decorrente dos insumos isentos e sujeitos à alíquota zero, de acordo com decisão judicial, ainda que extra petita, posto que transitada em julgado, estando válida, vigente e eficaz. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 10/04/2002 a 13/10/2006 ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS/CORREÇÃO MONETÁRIA. DECISÃO JUDICIAL. Deve ser efetuada a atualização monetária dos créditos que têm direito, posto que deferida pela sentença do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 36 92 /2 00 7- 90 Fl. 4263DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 2 TRF da 4ª Região, aplicandose os índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n° 561 do Conselho de Justiça Federal. CRÉDITOS PERTENCENTES A ESTABELECIMENTOS LOCALIZADOS FORA DA CIRCUNSCRIÇÃO DA AUTORIDADE IMPETRADA. APROVEITAMENTO EM ESTABELECIMENTO DIVERSO. O processo foi movido pelo estabelecimento matriz, que realizava apuração centralizada, inaplicável o raciocínio de segregação trazido pela fiscalização. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. A penalidade pecuniária aplicada em decorrência do descumprimento de obrigação acessória convertese em obrigação principal e está sujeita, como tal, a incidência de juros de mora após o seu vencimento. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. Constatada a falta de recolhimento da exação impõese a sua exigência por meio de lançamento de oficio, a aplicação da multa de 75%, em conformidade com o art. 44, I e § 1° da Lei n° 9.430/96 e dos juros de mora, com base na taxa Selic. MULTA CONFISCATÓRIA Aplicase Súmula CARF de n° 2. O Carf não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária. TAXA SELIC Aplicase Súmula CARF de n° 4. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário a que se dá Provimento em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares e no mérito em dar provimento parcial ao recurso voluntário; exceto quanto à incidência dos juros sobre a multa de ofício, matéria a que se negou provimento por voto de qualidade. Vencidos os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo, que, nesta parte, davam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Relator. Fl. 4264DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.264 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório A empresa acima identificada recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Contra o estabelecimento em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração de fls. 309/316, por falta de recolhimento do IPI, em razão do aproveitamento de créditos que não são permitidos pelo regulamento do imposto, nem amparados pela decisão judicial proferida no Mandado de Segurança nº 98.00.209263, conforme minuciosamente detalhado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 273/281. Assim foi constituído o crédito tributário montante em R$ 112.418.444,56, nele inclusos juros de mora e multa de ofício (75%), segundo capitulação de fls. 308 e 315. Tempestivamente o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 318/362, acompanhada dos documentos de fls. 363/595 alegando, em breve síntese, que: Preliminarmente o lançamento deve ser anulado, tanto por terem ocorrido vícios insanáveis, inclusive com falta de motivação do ato administrativo na prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal, como por ter esgotado o prazo de sessenta dias que a Receita Federal teria para fiscalizar o contribuinte. Também requer a nulidade por existir outro Auto de Infração, objeto do processo nº 10980.000022/200398 e relativo a período de apuração anterior, o qual não foi definitivamente julgado, além da fiscalização desconsiderar várias questões levantadas pelo fiscalizado (relacionadas às fls. 275/276 no item 17.3), que impediriam a lavratura do presente, assim acarretando cerceamento do direito de defesa. Quanto ao mérito, o autuante estaria tentando rediscutir no âmbito administrativo a decisão judicial transitada em julgado, o que seria da competência da Procuradoria da Fazenda Pública, através dos recursos previstos na legislação, sendo que a decisão judicial teria contemplado todas as aquisições de mercadorias, conforme consta na ementa do Acórdão. Ademais, a própria PFN, na petição dos embargos de declaração, teria se manifestado quanto à extensão do direito da impetrante, ao reconhecer que Fl. 4265DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 4 esta obteve direito aos créditos relativos aos insumos isentos, não tributados ou tributados com alíquota zero; Com relação à correção monetária defende que o fato de não ter sido nominado o índice não prejudica a aplicação da determinação judicial de correção dos créditos. Além disso, o contribuinte, de forma conservadora, teria adotado os mesmos índices aplicados pelo fisco na correção de seus créditos; Quanto aos estabelecimentos não alcançados pela decisão alega que o mandado de segurança não tem por objetivo somente coibir os atos emanados de determinada autoridade, mas também reconhecer a existência de relação jurídica que assegure o exercício de determinado direito. Por outro lado, pelo aspecto da competência, a autoridade também não poderia glosar créditos apropriados pelos estabelecimentos que estão fora de sua jurisdição, além do que, ao glosar os créditos indiscriminadamente, a autoridade fiscal teria desacatado a decisão judicial, o que contraria o art. 14, inc. V, do Código de Processo Civil Brasileiro. Os créditos decorrentes de insumos empregados em produtos destinados ao exterior estariam assegurados pelo Decreto no 491, de 1969 e pela Lei no 8.402, de 1992. Além de o contribuinte estar impossibilitado de discriminar, na aquisição, os insumos que se destinam a produtos comercializados nos mercados interno e externo, a decisão judicial não fez qualquer limitação decorrente da saída do produto final, e a existência jurídica do crédito decorre da aplicação do princípio da nãocumulatividade do IPI; No que tange ao prazo decadencial para escriturar seus créditos, tanto a legislação vigente, como a jurisprudência, bem como a decisão judicial contemplaria o período de 10 anos anteriores à impetração. A multa exigida seria ilegal e abusiva, não se aplicando ao caso vertente, além de ferir ao princípio do nãoconfisco, porque muito superior ao valor do tributo e, também, seria descabida a atualização da base de cálculo da multa desde a origem dos fatos tidos como infringentes à lei (sic!), o que a configura como confiscatória. Tampouco a exigência de juros moratórios dimensionados pela taxa Selic seria inconstitucional. Encerrou requerendo prazo para juntada de novos documentos e a produção de laudos técnicos e diligências, bem como que se declare a nulidade do lançamento, ou que, no mérito, este seja julgado improcedente. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/RPO no 1416.752, de 22/08/2007, proferida pelos membros da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Riberião Preto/SP, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 10/04/2002 a 13/10/2006 JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTAÇÃO. IMPEDIMENTO DE APRECIAÇÃO DA IMPUGNAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O protesto pela juntada posterior de documentação não obsta a apreciação da impugnação, e ela só é possível em casos especificados na lei. Fl. 4266DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.265 5 NULIDADE. Além dos argumentos que não se enquadram nas causas enumeradas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, também é incabível falar em nulidade do lançamento quando não houve transgressão alguma ao devido processo legal. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Ainda que ocorram irregularidades no tocante à ciência e à prorrogação de um MPF, não há que se falar em nulidade do lançamento, que, ademais, pois, sob a égide da Portaria que o criou, é mero instrumento interno de planejamento e controle das atividades e procedimentos da auditoria fiscal. PRAZO. PARÁGRAFO 2º DO ART. 7º DO PAF. EFEITO. O prazo previsto no § 2º do art. 7º do PAF, de sessenta dias, tem efeito, apenas, para a delimitação do período de exclusão da espontaneidade do fiscalizado, e não para a limitação da duração da ação fiscal. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. É competência atribuída, em caráter privativo, ao Poder Judiciário pela Constituição Federal, manifestarse sobre a constitucionalidade das leis, cabendo à esfera administrativa zelar pelo seu cumprimento. JUROS DE MORA. SELIC. A cobrança de juros de mora com base no valor acumulado mensal da taxa referencial do Selic tem previsão legal. Lançamento Procedente. A decisão foi no sentido de manter a exigência do crédito tributário. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, reproduz, basicamente, as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Ressalta, inconformada a recorrente, dentre outros argumentos, para reconhecer a nulidade do lançamento e sobre o cálculo do crédito glosado, rebate que a fiscalização deveria entender que o crédito decorre de decisão judicial, portanto, deveria ter levantado o total do crédito conferido pela sentença e comparar com o valor utilizado e glosar a diferença, se existir; inclusive, ser objeto, de diligência para quantificar essas parcelas. Além do mais, constar uma avaliação das mercadorias glosadas se guardam semelhanças com matériasprimas e produtos intermediários e analisar a planilha anexada em sede de impugnação. Dessa forma e com esses argumentos, o processo foi convertido EM DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000381, de 25/06/2013, nos termos abaixo: Antes de adentrar no mérito, entendo que seja necessária a realização de diligência para verificação de saldo credor ou devedor, ou seja, da quantificação, dos valores glosados, quais itens glosados e correção monetária aplicada, à vista da decisão judicial, do período abrangido. E, para complementar, a solicitação acima e pertinente ao caso, por ter correlação, transcrevo a Resolução de n° 330200.214, Fl. 4267DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 6 de 22/05/2013 (processo 10980.013077/200791 da Berneck S. A. Painéis e Serrados, de relatoria do Conselheiro José Antônio Francisco, que deve ser aplicada, guardadas as devidas proporções: “Relativamente aos insumos admitidos para gerar crédito e à correção monetária, cabe a realização de diligência, pelos motivos seguintes. Quanto aos insumos, importa ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo (REsp nº 1.075.508) decidiu que os materiais que são consumidos no processo industrial, ainda que não integrem o produto final, geram direito ao crédito de IPI, nos seguintes termos: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98. 1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditarse do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose "aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente’.. 3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos "que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final", razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (Destaquei.) Como se deduz do trecho destacado acima, somente os insumos incorporados ao produto final ou que se desgastam no processo de industrialização é que geram direito de crédito. Em seu voto, o Ministro relator destacou o seguinte: Fl. 4268DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.266 7 [...]Dessumese da norma insculpida no supracitado preceito legal que o aproveitamento do crédito de IPI dos insumos que não integram o produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa. [...]In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos "que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final", razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. [...]Conforme esclarecido acima, somente geram direito a crédito de IPI os insumos que, além de não se destinarem ao ativo permanente, ou se incorporem ao produto fabricado ou cujo desgaste ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização. Ainda há precedente do Supremo Tribunal Federal, no RE n. 90.205/RS, de relatoria do Ministro Soares Muñoz, cuja ementa foi a seguinte: IPI. Ação de empresa fabricante de aço para creditarse do imposto relativo aos materiais refratários que revestem os fornos elétricos, onde é fabricado o produto final. Interpretação que concilia o Decretolei n. 1.136/70 e o seu Regulamento, art. 32, aprovado pelo Decreto n. 70.162/72, com a Lei 4.503/64 e com o art. 21, paragrafo 3º, da Constituição da República. Ação julgada procedente pelo conhecimento e provimento do recurso extraordinário. (RE 90.205 / RS) Em seu voto, o relator destacou o seguinte: Estou em que, tendo o acórdão recorrido admitido o fato de que os refratários são consumidos na fabricação do aço, a circunstância de não se fazer essa consumição em cada fornada, mas em algumas sucessivas, não constitui causa impeditiva à incidência da regra constitucional ou legal que proíbe a cumulatividade do IPI. Posteriormente, o STF decidiu no RE 93.768/MG, de que foi relator o Ministro Cordeiro Guerra, que os fornos em si e as demais máquinas utilizadas na produção não geram direito de crédito, diferentemente dos refratários: IPI. Não cumulatividade. Tijolos refratários. Produção de aço. Art49 do CTN. O desgaste natural do forno ou das máquinas não se sujeita à incidência do IPI, dedutível do imposto de renda, pelo que não pode ser deduzido do IPI a ser pago. RE não conhecido. (RE 93768 / MG) Portanto, temse que somente os insumos que se desgastem de forma imediata (direta) e integral no processo, ainda que não de uma só vez, geram direito de crédito, o que não ocorre com máquinas, equipamentos, produtos não utilizados diretamente na produção, peças e partes de máquinas etc. Portanto, não faz sentido algum interpretar a decisão judicial como se tivesse concedido direito de crédito sobre aquilo que não é empregado na produção. Quanto aos acórdãos do Carf citados pela Interessada, nos embargos declaratórios foi decidido o seguinte: Fl. 4269DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 8 Por fim, registrese que a decisão judicial limitou os créditos às aquisições de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, sendo despiciendo alterar a parte final do Acórdão embargado, visto que, na própria ementa, a Relatora deixou explícito que outros créditos extrapolariam a decisão judicial. Assim, ficou esclarecido que “outros créditos” extrapolariam a decisão judicial, razão pela qual não foram acolhidos os embargos. ....... Cabe, assim, a realização de diligência, para que sejam discriminados os insumos que, nos termos dos entendimentos acima reproduzidos, foram aplicados na produção, ainda que não tenham sofrido desgaste em contato direto com o produto fabricado. À vista do exposto, voto por converter o julgamento do recurso em diligência A resposta da diligência acima encontrase, às efls. 4161/4167, que dispõe: A empresa foi fiscalizada e autuada no processo acima mencionado relativamente ao IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI no período de abril/2002 a setembro/2006. A autuação se constituiu da infração: "Créditos Indevidos Crédito indevido referente ao MS 98.00.209263". O lançamento decorreu da declaração/pagamento a menor do imposto devido naquele período, em virtude das glosas de créditos apurados sobre custos de produtos não amparados na decisão judicial Mandado de Segurança n° 98.00209263 que lhe reconheceu o direito de apurar os créditos sobre aquisições de matériasprimas isentas, não tributadas ou tributadas à alíquota zero, em que não houve pagamento do imposto mediante aplicação das alíquotas incidentes sobre os produtos finais (10%), conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal às fls. 383/388 e Termo de Verificação Fiscal às fls 340/348 (numeração do eprocesso). O auto de infração restringiuse exclusivamente a esta infração. No uso da fiscalização a empresa apresentou o Livro de Apuração do IPI onde encontramse lançc . valores de crédito deste imposto na rubrica "Outros Créditos Crédito presumido IPI conf, MS n° 9800209263". Intimado a apresentar relação das notas fiscais que compunham a base de cálculo dos referidos créditos, a empresa apresentou relação onde constavam notas de entrada de diversos estabelecimentos. Observase isto pela resposta do contribuinte às fls. 333 (numeração do eprocesso): "Os créditos de IPI não se restringem à unidade industrial sito à Rua Valério Sobânia n° 500, CNPJ n°. 81.905.176/000194, estando contemplados todos os estabelecimentos da empresa, visto que a ação judicial foi proposta pela pessoa jurídica Berneck Aglomerados S/A." Por isto o contribuinte foi reintimado, através do Termo de Intimação n° 01 (fls.274 numeração do eprocesso), a apresentar relação que contivesse apenas os créditos referentes ao estabelecimento fiscalizado e não dos créditos referentes às entradas de todos os estabelecimentos da empresa, como esta tinha feito anteriormente, tendo em vista a impossibilidade legal Fl. 4270DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.267 9 que considera autônomos os estabelecimentos, ainda que pertencentes a uma mesma pessoa jurídica. Deste fato inferese que muitas notas relacionadas pelo contribuinte para fins de obtenção dos créditos da ação judicial já ficaram de fora. Na relação elaborada pela fiscalização com a discriminação dos créditos aceitos só foram reconhecidas as notas fiscais de entradas para o estabelecimento sob fiscalização. Das relações de notas fiscais de entrada referentes ao estabelecimento Matriz apresentadas pela empresa, a fiscalização não aceitou como base de cálculo para os créditos de IPI produtos que não se enquadram no conceito de matéria prima. Tudo isto conforme determina a ação judicial. Assim, não foram considerados produtos intermediários, materiais de embalagens e nem outros produtos que não são considerados insumos pela legislação do IPI como óleo diesel, gás e óleo hidráulico, consumo de energia elétrica (item 1.14 do Termo de Verificação Fiscal). As relações de notas fiscais de entrada apresentadas pela empresa encontramse no Anexo II e III. Estão assim distribuídas: abrildez2002 (fls. 1089/1183); jandez 2003 (fls. 1184/1307); jandez2004 (fls. 1308/1516); jandez 2005 (fls. 1520/1806); janmai2006 (fls 1807/1933); junset 2006 (fls. 1934/2016); energia elétrica (fls. 2017/2022). A fiscalização confrontou essas relações de notas fiscais apresentadas pelo contribuinte com as relações de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem também apresentadas pelo contribuinte (fls. 281/290 numeração do eprocesso). Assim, de acordo com as informações do próprio contribuinte os produtos utilizados como matéria prima constantes das relações de notas fiscais seriam apenas as madeiras de pinus adquiridas em toras, toretes, cavaco, casca, cepilho, lenha, maravalha, metrão, metrinho, oado, rolete, resíduos, serragem e rejeitos de OSB fitem 1.17 do Termo de Verificação Fiscal), Desse trabalho de separação, a fiscalização elaborou novas planilhas (anexos IV e V) onde deixou apenas as otas fiscais de entrada que comprovadamente foram abrigadas pela decisão judicial cujos va rei de créditos foram aceitos, conforme explicado no item 1.21 do Termo de Verificação Fiscal. Também elaborou o "Demonstrativo do IPI Fictício Creditado a Maior" onde demonstra claramente os valores lançados nos Livros de Apuração de IPI, os créditos comprovados à fiscalização e a diferença não comprovada (fls. 336/339 do eprocesso). A fiscalização glosou todos os créditos apurados sobre custos com aquisições de produtos intermediários, de materiais de embalagem e de outros produtos que não se caracterizam como insumos do processo produtivo do contribuinte, todos desonerados do IPI, sob o argumento de que a decisão judicial transitada em julgado, no mandado de segurança n° 98.00209263, garantiulhe o direito de se creditar somente sobre os custos com matérias primas. Fl. 4271DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 10 O trabalho realizado pela fiscalização está correto. Conforme visto, foram respeitadas as diretrizes determinadas pelo Regulamento do M/2002 (Decreto 4.544/2002) e pela ação judicial, tendo sido aceitos os valores lançados a crédito efetivamente comprovados pelo contribuinte tendo por base documentos fiscais (notas fiscais) hábeis e idôneos coincidentes em datas e valores. Em outras palavras, foram aceitos pela fiscalização todos os valores que a empresa efetivamente comprovou na forma da LEI e nos limites da ação judicial. Como consequência, os valores não comprovados pela empresa foram glosados conforme determina a legislação em vigor, especialmente, no art. 164 e incisos do Regulamento do IPI/2002 (Decreto 4.544/2002), que estabelece as hipóteses em que o contribuinte poderá creditarse do imposto. Notese que a LEI não estabelece (nem faria qualquer sentido por absoluta impropriedade lógica e jurídica) hipóteses em que o contribuinte NÃO poderá creditarse do imposto. Ora, caso o contribuinte se credite de valores que estão em desacordo e/ou desobediência ao comando legal, é de mediano conhecimento que tais valores serão considerados indevidos e deverão ser glosados. Foi exatamente isto que foi feito pela fiscalização. E isto está correto. A glosa foi feita porque os valores lançados no Livro de Apuração de IPI excedem os valores comprovados através de documentos. Além do mais, para separação do que era matériaprima ou não, a fiscalização levou em conta as planilhas apresentadas pelo contribuinte onde ele próprio relaciona: 01 matériaprima; 02 material secundário; 03material secundário para acabamento industrial; 04material para embalagem; 05ferramentas industriais; 06combustível industrial (fls. 281/290 numeração do eprocesso). Portanto, entendemos que o trabalho da fiscalização está em acordo com o que determina a Lei e respeita a Decisão Judicial não cabendo aqui novo trabalho de fiscalização para detalhar ao contribuinte aquilo que ele não comprovou. ........ 1.4. A pedido da fiscalização, a Divisão de Tributação — DISIT da Superintendência Regional da Receita Federal na 9a Região Fiscal da SRF efetuou uma análise sobre o alcance da referida decisão judicial, conforme cópia anexa que passa a fazer parte integrante deste Termo de Verif cação Fiscal. 1.4.1. De acordo com a interpretação da DISIT, a decisão judicial concede ao contribuinte o direito de creditarse de um IPI fictício calculado pela aplicação da alíquota incidente na saída dos produtos tributados do estabelecimento (10%), sobre as aquisições de matériasprimas não tributadas, isentas ou alíquotazero, sem incidência da correção monetária. (...) Fl. 4272DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.268 11 Quanto à utilização de créditos extemporâneos, isto foi analisado pela fiscalização que concluiu no Termo de Verificação Fiscal: 1. 7. A utilização a maior pelo contribuinte dos créditos fictícios de IPI autorizados na ação judicial, no período de 1998 a março de 2002, já foi objeto de anterior ação fiscal, que resultou no Auto de Infração constante do PAF n° 10980.000022/200398. 1.7.2. Na reconstituição da escrita fiscal do contribuinte, efetuada naquela ação fiscal ((PAF n° 10980.000022/200398) foram aproveitados todos os créditos válidos referentes às aquisições ocorridas até março de 2002, não havendo saldo credor a transportar para o período seguinte. ........ Como se percebe pela leitura do Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização se posicionou a respeito de créditos extemporâneos e deu o seu entendimento sobre período prescricional. Não localizamos na planilha apresentada pelo contribuinte novas provas de que ele faça jus a outros valores de crédito de IPI além dos que já foram considerados pela fiscalização para este período. ....... O interessado foi cientificado, manifestouse, assim como anexou laudos técnicos, como forma de complemento à diligência anterior. Repisa e solicita obediência à decisão judicial transitada em julgado que confere o direito à compensação do indébito correspondente ao IPI não incidente (por isenção, não incidência ou pela aplicação da alíquota zero) nas operações de aquisição de insumos do período a dez anos anteriores a data do protocolo do MS, obedecida a correção monetária. Bem como a PGFN foi cientificada. O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira para prosseguimento, de forma regimental É o relatório. Voto Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Versa o processo de auto de infração referente ao IPI não recolhido, acrescido de juros de mora e de multa, no período de abril/2002 a setembro/2006, por se utilizar de créditos indevidos. A mesma obteve, na esfera judicial, o reconhecimento do direito de se creditar do IPI em decorrência de aquisições de matériasprimas isentas, nãotributadas ou com Fl. 4273DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 12 alíquota reduzida a zero, por força do Mandado de Segurança no 98.00209263, com Acórdão transitado em julgado, com certidão de 20/11/2000. PRELIMINARES Quanto aos argumentos pela nulidade do lançamento (a); sobre Mandado de Procedimento FiscalMPF (b); inexistência de prova material (c); e identidade de matéria em outro auto de infração anterior ainda não julgado (d), temse que: a) Inicialmente, em matéria de processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade caso não se encontrem presentes as circunstâncias previstas pelo art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 59. São nulos: I Os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II Os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Pelo transcrito, observase que, no caso de auto de infração – que pertence à categoria dos atos ou termos –, só há nulidade se esse for lavrado por pessoa incompetente, uma vez que por preterição de direito de defesa apenas despachos e decisões a ensejariam. Por outro lado, caso houvesse irregularidades, incorreções ou omissões diferentes das previstas no art. 59, essas não importariam em nulidade e poderiam ser sanadas, se tivessem dado causa a prejuízo para o sujeito passivo, como determina o art. 60 do mesmo decreto: Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Verificase que o Termo de Verificação Fiscal descreve a infração ocorrida e todos os documentos que suportaram o lançamento estão anexados aos autos. A apuração fiscal foi efetuada com base nos dados fornecidos pela recorrente, tanto em meio magnético, quanto em papel. Então, observase que o auto de infração foi lavrado por autoridade competente. Constam nos autos todos os elementos que embasaram o lançamento, permitindo o pleno direito de defesa da recorrente, logo, não há que se falar em nulidade. b) quanto às questões inerentes ao MPF: O MPF constituise um instrumento, uma ferramenta de controle indispensável à administração tributária e em garantia para o contribuinte, na medida em que este poderá conferir se de fato os AuditoresFiscais que o estejam fiscalizando estão no exercício legal de suas funções. Por outro giro, a própria Receita Federal acompanha o desenvolvimento das atividades realizadas pelos AuditoresFiscais, de modo a verificar, por exemplo, se a fiscalização está sendo realizada de modo adequado ou se os fiscais não estão levando mais tempo do que o necessário para a realização dos trabalhos. Caso, o AuditorFiscal observa que não será capaz, em face das peculiaridades do caso concreto fiscalizado, de concluir os trabalhos em tempo hábil, solicita ao superior hierárquico responsável pela emissão do mandado a sua prorrogação. Fl. 4274DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.269 13 Logo, não há como possa ser declarado nulo o lançamento regularmente constituído nos termos do art. 142 do CTN, lavrado por AuditorFiscal da Receita Federal e com todos os requisitos de validade previstos no art. 10 do Decreto n° 70.235/1972. Ressaltese, pois, que o Decreto de n° 8.303/2014 e a Portaria RFB n° 1.687/2014, esta que regula aquele Decreto extinguiu o MPFMandado de Procedimento Fiscal. Então, atualmente, o auditor não mais recebe uma "autorização" para exercer a competência de seu cargo, nos termos do art. 2° do Decreto de n° 70. 235/1972. c) quanto à provas, há que se considerar que foram em parte superadas pela realização da diligência. d) quanto à questão de identidade de matéria com auto de infração anterior ainda não julgado e que não poderia haver a lavratura de novo auto de infração sobre as mesmas questões, há que se ressaltar que o presente auto referese a períodos de apuração posteriores e a lavratura do auto de infração é obrigatória por parte da fiscalização, para evitar os efeitos da decadência. Por tudo que foi exposto, sendo improcedentes os argumentos da recorrente, não se encontrando presente pressuposto algum de nulidade, não havendo, da mesma forma, irregularidade alguma a ser sanada, não deve ser acolhida a preliminar com esse fundamento. MÉRITO Conforme esclarecido no relatório, a recorrente protocolou Mandado de SegurançaMS (efl.6) em 22/09/1998, na 2ª Vara Federal em Curitiba sob o n° 98.00209263 (pedido à efl.23), denegada a segurança (efl. 40 (dispositivo), houve apelação interposta pela recorrente (efls 42/43), que foi dado provimento e após embargos da Fazenda Nacional, deu se o trânsito em julgado, com certidão em 20/11/2000/TRF da 4ª RF (ementa à efl. 44). Por sua vez, o lançamento foi lavrado em função da glosa de créditos atingidos pelo prazo prescricional de cinco anos, correção monetária não concedida na ação judicial e relativos a produtos que não corresponderiam a matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. De outro giro, a recorrente defende que a decisão judicial transitada em julgado confere à mesma, o direito à compensação do indébito correspondente ao IPI não incidente (por isenção, não incidência ou pela aplicação da alíquota zero) nas operações de aquisição de insumos do período de dez (10) anos anteriores a data do protocolo do MS, obedecida a correção monetária. PRAZO PRESCRICIONAL Quanto à questão da aplicação do prazo de dez anos, não há o que se pensar, tendo em vista se tratar de ressarcimento de crédito e não restituição. Na petição inicial do MS, a recorrente solicitou o direito em relação aos créditos não alcançados pela prescrição, mas não requereu que lhe fosse reconhecido direito algum além dos cinco anos. Fl. 4275DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 14 O direito de aproveitamento de créditos do IPI fica sujeito ao prazo prescricional de cinco anos, conforme disposição do art. 1o do Decreto no 20.910, de 6 de janeiro de 1932, de acordo com o Parecer Normativo CST no 515, de 10 de agosto de 1971, publicado na página 6.917 do Diário Oficial da União de 27/08/71, ainda em vigor. Tais créditos têm natureza de “dívida passiva da União” e a norma aplicável (Decreto nº 20.910/32) dispõe: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. Por sua vez, o Parecer Normativo CST nº 515, de 10 de agosto de 1971, esclarece: “Crédito não utilizado na época própria: se a natureza jurídica do crédito é a de uma dívida passiva da União, aplicável será para a prescrição do direito de reclamálo, a norma específica do artigo 1º do Decreto nº 20.910, de 06.01.32, que a fixa em cinco anos, em vez do dispositivo genérico do artigo 6º do mesmo diploma”. Entendeu esta Coordenação que são aplicáveis as normas específicas do Decreto nº 20.910, de 06.01.32, no que diz respeito à prescrição extintiva do direito de reclamar o crédito do IPI, nas várias modalidades em que o referido crédito é admitido na legislação desse tributo, inclusive quando a título de estímulo à exportação ou outros incentivos fiscais. Isso porque atribui aos créditos em questão a natureza jurídica de uma “dívida passiva da União”, cuja prescrição qüinqüenal é regulada pelo mencionado Decreto. 2. Por certo, muito embora implique o crédito no montante correspondente em diminuir o imposto devido (regra geral), não tem a mesma natureza deste, especialmente quando é utilizado em forma de incentivos (regra especial). Conseqüentemente, ao crédito não utilizado na época própria não se aplicam as mesmas normas previstas para a reclamação do “imposto indevidamente pago”, cuja prescrição é de cinco anos (CTN, art. 168), embora, ocasionalmente, possa esse prazo ser idêntico para ambos os casos. (...) 5. (. . . ), o termo inicial da prescrição é . . .; nos demais casos em que seja admitido, a data do ato ou fato que conferir esse direito”. O Superior Tribunal de Justiça já formou jurisprudência nesse sentido: TRIBUTÁRIO. IPI. CRÉDITOPRÊMIO. PRAZO PRESCRICIONAL. DECRETO Nº 20.910/32. 1. Nas ações em que se busca o aproveitamento de crédito do IPI, o prazo prescricional é de cinco anos, nos termos do Decreto nº 20.910/32, por não se tratar de compensação ou de repetição. 2. Agravo regimental improvido. (STJ, Segunda Turma, AGA Fl. 4276DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.270 15 556896 / SC, relator Min. Castro Meira, DJ 31 mai 2004, p. 276.) Portanto, para o caso em discussão, o prazo prescricional é de cinco anos, considerado pela fiscalização. Logo, consideramse prescritos os créditos de IPI apurados em relação aos períodos de apuração anteriores a cinco anos da ação judicial proposta com o fim de garantir o direito de sua escrituração. RECONHECIMENTO DO DIREITO DE SE CREDITAR DO IPI POR FORÇA DO MANDADO DE SEGURANÇA/SENTENÇA JUDICIAL A questão dos insumos foi analisada na resolução demandada, no entanto, será apreciada nesta turma do CARF. A grande questão, já antecipo, a ser dirimida é a seguinte, o que vale para o presente caso: o que foi pedido pelo contribuinteinterpretação da sentença pela fiscalização ou o concedido pelo Tribunal? Ou seja: (a) o crédito de IPI decorrente de matéria prima isenta, não tributada ou sujeita à alíquota zero ou (b) o crédito de IPI decorrente de insumos isentos ou sujeitos à alíquota zero? A diferença é que insumo é mais abrangente que matéria prima, envolvendo além desta os produtos intermediários e material de embalagem. Reportandose ao pedido inicial do MS (efl. 23): PEDIDO DA AÇÃO JUDICIAL “Por todo o exposto, presentes os pressupostos processuais, requer se digne Vossa Excelência, em conceder medida liminar que reconheça a existência de relação jurídica, que assegure à Impetrante o direito de se creditar do IPI, em relação às aquisições de matérias primas isentas, não tributadas ou reduzidas à alíquota zero, empregadas na fabricação de produtos tributados, com a aplicação das mesmas alíquotas utilizadas nas operações tributadas (8% para o produto aglomerado e 10% para o produto compensado), nas operações pretéritas e futuras, àquelas com obediência ao período não alcançado pela prescrição, obedecida a correção monetária.” – (negritei) Já o acórdão do Tribunal Regional da Quarta Região, que foi favorável ao contribuinte após a sentença negativa ter sido proferida, dispor sobre questões distintas daquelas requeridas na inicial, dispõe: ACÓRDÃO: “IPI — CREDITAMENTO — MERCADORIAS NÃO TRIBUTADAS, ISENTAS OU SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO. Se o contribuinte do IPI pode creditar o valor dos insumos adquiridos sob o regime de isenção, inexiste razão para deixar de reconhecerlhe o mesmo direito na aquisição de insumos favorecidos pela alíquota zero, pois nada extrema, na prática, as duas figuras desonerativas, notadamente quando se trata de Fl. 4277DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 16 aplicar o princípio da não cumulatividade, evitando o fenômeno da superposição tributária.” (negritei) O Tribunal limitouse a analisar a tese de creditamento de insumos isentos ou tributados à alíquota zero. Observese trecho do voto do relator (efl. 42): “Preliminarmente, não há a alegada falta de prova pré constituída de que adquiriu os indigitados insumos geradores do direito ao creditamento, porque a matéria é eminentemente de direito. No mérito, embora impressionado pela jurisprudência do STJ, que parece firmada no sentido de que, "na saída com alíquota zero, se não houve recolhimento do IPI na entrada da matéria prima, não há creditamento" (REsp.19.106, I a T., Min. Garcia Vieira), já tenha votado mais de uma vez na linha prestigiada pela adesão do eminente Relator, amadurecendo as minhas reflexões sobre o tema, terminei convencido de que, data venia, nenhuma razão autoriza distinguir entre "isenção" e "alíquota zero" para reconhecer, num caso, e negar, no outro, o direito ao crédito do tributo não recolhido — em ambos.” negritei Pois bem, enquanto o contribuinte buscou, via judicial, o creditamento na compra de matéria prima isenta, não tributada ou sujeita à alíquota zero; o tribunal concedeu o direito ao creditamento de insumos isentos ou sujeitos à alíquota zero. Não houve Embargos Declaratórios para sanar qualquer tipo de omissão e por consequência o mencionado acórdão transitou em julgado exatamente como proferido. A fiscalização baseouse na orientação do relatório da DISIT/SRRF 9ª RF que concluiu que a decisão judicial abrange tão somente as aquisições de matériasprimas. E que a decisão judicial abrange as aquisições de matérias primas isentas, não tributadas e cuja alíquota tenha sido reduzida a zero. Ou melhor, seguiu pelo pedido do contribuinte, utilizando apenas a parte expositiva do acórdão citado (efl. 43), que mencionava o provimento do recurso nos termos requeridos, a saber: Nessas condições, dou provimento à apelação para, reformando a sentença, conceder a ordem, nos termos requeridos. Custas pela impetrada, sem honorários advocatícios.É o voto.” negritei Pelo exposto, apesar de a decisão judicial ser extra petita no que se tange à abrangência do que foi pedido (matérias primas x insumos), o fato é que ela é válida, vigente e eficaz, até porque nenhuma das partes interpôs qualquer espécie de recurso, como Embargos de Declaração ou Recurso Especial/Extraordinário. Destarte, para o presente caso, a recorrente tem direito ao reconhecimento do crédito decorrente dos insumos isentos e sujeitos à alíquota zero, conforme sentença judicial. Considerando, pois, que o insumo como mais abrangente que matéria prima, envolvendo além desta os produtos intermediários e material de embalagem. CORREÇÃO MONETÁRIA/ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA Fl. 4278DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.271 17 Quanto à correção monetária/atualização monetária, a recorrente solicitoua expressamente na petição inicial, mas as decisões judiciais foram em relação a ela omissas. Dessa forma, não lhe foi reconhecido esse direito. No entanto, a questão é polêmica, pois o acórdão é omisso em relação à essa matéria, mas deu provimento à recorrente. Os processos administrativos, em nome da recorrente, 10980000022/200398 e 10980.012807/200222, a 3ª Câmara do antigo 2º Conselho de Contribuintes já tinha decidido pelo cabimento dos juros Selic. Posteriormente, nos Acórdãos 9303001.689 e 930300147, a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais negou provimento aos Recursos de Procurador apresentados pela Fazenda Nacional, pelas seguintes razões: Com efeito, a Ilustre relatora do v. acórdão recorrido, Conselheira Maria Cristina Roza da Costa, considerando a hipótese especifica dos autos, foi certeira, razão pela qual pede se ênia para transcrever trecho do voto condutor, verbis: (...) “Já quanto à correção monetária, ela está expressamente contida no pedido judicial da recorrente que foi inteiramente provido. Verificase que nos fundamentos da petição inicial a recorrente teceu extenso arrazoado acerca do direito do que denominou correção monetária, sendo mais correta a denominação de atualização monetária, visto a revogação da figura da correção monetária Transitada em julgado a sentença, deve a mesma se cumprida em seus devidos termos. A própria PFN/PR manifestouse no curso da ação fiscal, quanto ao alcance da decisão judicial, conforme consta do relatório efetuado pela Equipe de Informações Judiciais—EQIJU da DRF em Curitiba (fls.122a 124), concluindo que "devem ser aplicados os índices de correção monetária utilizados de praxe nas relações negociais". “Em que pese a infelicidade da orientação, uma vez que inexiste na atividade de tributação, arrecadação e fiscalização de tributos federais a figura das "relações negociais", deve, não só a determinação judicial quanto a orientação da Procuradoria ser entendida nos exatos termos que a própria Secretaria da Receita Federal trata os direitos creditórios dos contribuintes em geral, ou seja, aplicando os índices estabelecidos na Norma de Execução COSIT/COSAR n°08/97, relativos ao período que abrange; a UFIR e os juros moratórios estabelecidos no artigo 161 do Código Tributário Nacional até dezembro de 1995 e a partir daí a taxa SELIC, nos termos da norma que a rege.” Aliás, no tocante à correção monetária a ser aplicada ao indébito, mister destacar que a inclusão dos expurgos inflacionários afigurase de vida, independente da decisão judicial não ter sido expressa nesse sentido. Com efeito, face à edição, recentemente, do Ato Declaratório PGFN no 10/2008 , é cabível a aplicação nos pedidos de restituição/compensação, objeto de deferimento na via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n. 561 do Conselho da Justiça Federal. Nesse sentido, Fl. 4279DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 18 aliás, é o seguinte precedente, cujo voto condutor é da lavra do Ilustre Conselheiro José Luiz Novo Rossari: “[...]” Em relação aos créditos de IPI, o STJ decidiu, no REsp 1.035.847/RS, de relatoria do Ministro Luiz Fux, ser cabível a incidência da Selic, conforme ementa: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. O entendimento acima foi consolidado na Súmula STJ nº 411: SÚMULA N. 411 STJ. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. Rel. Min. Luiz Fux, em 25/11/2009. Concluise, pois, que através do entendimento já anteriormente expresso pela CSRF, mencionados nos dois processos administrativos da empresa; vemos que é a incidência de atualização monetária sobre os créditos de IPI é cabível, nos termos da Fl. 4280DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.272 19 Resolução n° 561 do Conselho da Justiça Federal, a partir do final do período de apuração em que se deu a entrada dos produtos no estabelecimento. LIMITAÇÃO TERRITORIAL DA DECISÃO JUDICIAL Neste processo, a fiscalização avaliou somente os créditos do estabelecimento da Rua Valério Sobânia, ou seja, estabelecimento que moveu a ação judicial; desconsiderou qualquer crédito dos outros estabelecimentos da recorrente, com base no entendimento lastreado no princípio da autonomia dos estabelecimentos. Registrese que o Impetrante no Mandado de Segurança é a pessoa jurídica Bemeck, que é o titular do direito reconhecido pela decisão judicial final, que realizava apuração centralizada, por esse motivo, entendo que inexiste restrição, na decisão judicial, a esse aproveitamento do crédito, logo, inaplicável o raciocínio da segregação pela fiscalização. QUANTO Á INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA Em relação à incidência de juros sobre a multa, há permissão legal de incidência, tendo em vista o artigo 61 da Lei nº 9.430/96 que determinou que a SELIC incidirá sobre os “os débitos para com a União”. A Lei n. 9.430, de 1996, art. 61, § 3º, dispõe: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Então, sobre a penalidade aplicada passa a ter a mesma natureza da obrigação principal e, nos termos do § 3º do art. 113 c/c art. 161, ambos do CTN, qualquer que seja o motivo da falta de pagamento do crédito tributário (a multa aplicada tem a mesma natureza do crédito tributário principal), logo, incidindo juros de mora. MULTA CONFISCATÓRIA Quanto aos argumentos de afronta aos princípios constitucionais, nomeadamente o do não confisco, aplicase a Súmula Carf n° 2, que dispõe: O Carf não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária. TAXA SELIC A taxa Selic já se encontra sumulada, de acordo com a Súmula CARF nº 4, que dispõe: Fl. 4281DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 20 Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, constatada falta de recolhimento, impõese a aplicação da multa de ofício de 75% em conformidade com o art. 44, I e § 1° da Lei n° 9.430/96 e dos juros de mora com base na taxa Selic. Por fim, comungo do mesmo entendimento, a exemplo do acórdão 3202 002.041, de 23/04/2013, da mesma recorrente, que dispõe: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRELIMINARES DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Não devem ser acatadas preliminares de nulidade quando as mesmas não se encontrarem tipificadas, provadas nos autos e não ocorrer indeferimento de pedido efetuado com inobservância da forma prescrita em norma e, a critério do julgador a quo, for prescindível para a solução da lide. AÇÃO JUDICIAL. OBEDIÊNCIA DA DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. Predominância da interpretação judicial sobre a administrativa. O julgador administrativo é obrigado a seguir a decisão judicial proferida em processo próprio, ainda que extra petita, posto que, transitada em julgado forma lei entre as partes. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. DECISÃO JUDICIAL. No presente caso, em razão de expressa previsão em decisão judicial, afigurase devida a atualização monetária. A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n. 10/2008, é cabível a aplicação nos pedidos de restituição e compensação, objeto de deferimento na via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n. 561 do Conselho da Justiça Federal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2007 IPI. CRÉDITOS. PRESCRIÇÃO. Consideramse prescritos os créditos de IPI apurados em relação aos períodos de apuração anteriores a cinco anos da ação judicial proposta com o fim de garantir o direito de sua escrituração. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2007 Fl. 4282DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 10980.003692/200790 Acórdão n.º 3201002.061 S3C2T1 Fl. 4.273 21 INSUMOS NÃO TRIBUTADOS. LIMITES DA COISA JULGADA. Não são passíveis de escrituração os créditos oriundos de insumos não tributados, nos exatos termos da decisão judicial transitada em julgado. CRÉDITOS PERTENCENTES A ESTABELECIMENTOS LOCALIZADOS FORA DA CIRCUNSCRIÇÃO DA AUTORIDADE IMPETRADA. APROVEITAMENTO EM ESTABELECIMENTO DIVERSO. IMPOSSIBILIDADE. O processo foi movido pelo estabelecimento matriz, que realizava apuração centralizada, inaplicável o raciocínio de segregação trazido pela fiscalização. Inexistência de restrição, na decisão judicial, ao aproveitamento do crédito. Recurso Voluntário Provido em Parte. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos dos votos do Relator e da Redatora designada. Vencido os conselheiros José Antonio Francisco (relator) e Maria da Conceição Arnaldo Jacó, quanto ao crédito sobre material de embalagem e produto intermediário, Walber José da Silva, quanto à atualização do crédito, Fabiola Cassiano Keramidas, lexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto, quanto aos juros sobre a multa de ofício. Designado a conselheira Fabiola Cassiano Keramidas para redigir o voto vencedor quanto ao crédito sobre material de embalagem e produtos intermediários. CONCLUSÃO Concluindo, pois, voto por afastar preliminares de nulidade do lançamento; definido prazo prescricional do aproveitamento de crédito do IPI de 5 anos e no mérito dar provimento parcial para reconhecer o crédito decorrente dos insumos isentos e sujeitos à alíquota zero, conforme decisão judicial, com atualização monetária nos termos da Resolução n° 561 do Conselho da Justiça Federal, a partir do final do período de apuração em que se deu a entrada dos produtos no estabelecimento; inaplicável a limitação jurisdicional, por não constar restrição ao aproveitamento de crédito nos termos da decisão judicial e negar provimento sobre juros sobre multa de ofício. Diante do exposto, voto por afastar preliminares de nulidade e no mérito DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, a fim de reconhecer o crédito decorrente dos insumos isentos e sujeitos à alíquota zero, devidamente atualizados. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relator Fl. 4283DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA 22 Fl. 4284DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 1/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 12/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA
score : 1.0
Numero do processo: 10865.004100/2008-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2006
SERVIÇOS HOSPITALARES - CARACTERIZAÇÃO
À luz do entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, a expressão serviços hospitalares para fins de quantificação do lucro presumido por meio do percentual mitigado de 8%, inferior àquele de 32% dispensado aos serviços em geral, deve ser objetivamente interpretado e alcança todas as atividades tipicamente promovidas em hospitais, mesmo eventualmente prestadas por outras pessoas, como clínicas.
SELIC
Conforme dicção da Súmula 1º CC nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 1401-001.434
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade; vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano que anulava o lançamento e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para excluir da autuação as receitas tipicamente hospitalares, nos termos da diligência. Vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano que dava provimento em maior extensão para excluir também as receitas de natureza não identificadas na diligência.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2006 SERVIÇOS HOSPITALARES - CARACTERIZAÇÃO À luz do entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, a expressão serviços hospitalares para fins de quantificação do lucro presumido por meio do percentual mitigado de 8%, inferior àquele de 32% dispensado aos serviços em geral, deve ser objetivamente interpretado e alcança todas as atividades tipicamente promovidas em hospitais, mesmo eventualmente prestadas por outras pessoas, como clínicas. SELIC Conforme dicção da Súmula 1º CC nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10865.004100/2008-54
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5567853
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1401-001.434
nome_arquivo_s : Decisao_10865004100200854.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
nome_arquivo_pdf_s : 10865004100200854_5567853.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade; vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano que anulava o lançamento e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para excluir da autuação as receitas tipicamente hospitalares, nos termos da diligência. Vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano que dava provimento em maior extensão para excluir também as receitas de natureza não identificadas na diligência. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto - Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
id : 6281994
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125732552704
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1767; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 180 1 179 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10865.004100/200854 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401001.434 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de dezembro de 2015 Matéria Imposto de Renda Pessoa Jurídica Recorrente Instituto Guaçuano de Orrino laringologia S/S Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2006 SERVIÇOS HOSPITALARES CARACTERIZAÇÃO À luz do entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, a expressão “serviços hospitalares” para fins de quantificação do lucro presumido por meio do percentual mitigado de 8%, inferior àquele de 32% dispensado aos serviços em geral, deve ser objetivamente interpretado e alcança todas as atividades tipicamente promovidas em hospitais, mesmo eventualmente prestadas por outras pessoas, como clínicas. SELIC Conforme dicção da Súmula 1º CC nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 41 00 /2 00 8- 54 Fl. 180DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade; vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano que anulava o lançamento e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para excluir da autuação as receitas tipicamente hospitalares, nos termos da diligência. Vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano que dava provimento em maior extensão para excluir também as receitas de natureza não identificadas na diligência. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio. Relatório DA AUTUAÇÃO Em ação fiscal direta em face do contribuinte em epígrafe, foi lavrado auto de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, acrescido de juros e multa de 75%. Foi alcançado pela fiscalização o exercício de 2006, no qual se constatou como irregularidade, conforme termo de verificação, a aplicação de percentual do lucro presumido inferior ao devido pela legislação tributária. Conforme a acusação fiscal, a autuada, ao revés de aplicar o percentual de 32% relativo às prestações de serviço em geral, determinou seu lucro presumido por meio do percentual de 8% destinado às atividades hospitalares e, no curso da ação fiscal, não comprovou ter exercido atividades passíveis desta qualificação. A autuação, desse modo, resumiuse à constituição do crédito relativo à diferença de percentual. DA IMPUGNAÇÃO O sujeito passivo apresentou impugnação às fls. 34 a 56, por meio da qual aduz o que se segue. Preliminarmente, requer a nulidade do auto de infração por ausência de motivação, descrição insuficiente dos fatos e do direito, cerceamento do direito de defesa e violação do devido processo legal. A autoridade fiscal não teria apresentado os fundamentos Fl. 181DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 10865.004100/200854 Acórdão n.º 1401001.434 S1C4T1 Fl. 181 3 fáticos e de direito para a autuação; e só teria encaminhado o auto de infração desacompanhado do termo de verificação fiscal. Reproduz acórdão com antigo Conselho de Contribuintes que teria anulado a autuação em razão de não ter sido dada ciência o termo de verificação fiscal. Aduz ainda que, no procedimento de lançamento, a autoridade fiscal teria desconsiderado declarações apresentadas em obrigação acessória (a DIPJ), esclarecimentos e outros documentos, como o contrato social e relatórios de atendimento, para constituir o crédito tributário em seu desfavor com o singelo argumento de “ausência de provas”. Ademais, o excesso de rapidez com que realizou o procedimento não primaria pela legalidade ao deixar de empreender seus deveres de efetiva comprovação dos fatos alegados, pois não poderia inverter o ônus contra o contribuinte. O lançamento teria, assim, sido realizado indevidamente com base em mera presunção. O lançamento não poderia prevalecer, pois estaria pautado em equivocada interpretação da legislação tributária e dos fatos que dizem respeito ao contribuinte, cuja atividade se enquadraria como serviço médico hospitalar, para fins de aplicação do disposto no art. 15, §1°, inciso III, letra "a" da Lei n° 9.249/95. Literalmente, “o serviço efetivamente prestado pela impugnante pode perfeitamente ser considerado como complementação médico hospitalar”. Afirma que (...) se juntou perante a fiscalização, além das devidas informações, contrato social cujo objeto é Atendimento Médico Hospitalar (serviço médico hospitalar), bem como relatório de atendimento em diversos hospitais. Cabe esclarecer que juntamente com a impugnação juntase novamente relatório dos serviços médicos prestados em diversos hospitais no ano de 2005, o que demonstra claramente a natureza de serviço hospitalar do contribuinte (...) Aduz ainda que, apesar de que a autoridade fiscal não ter citado qualquer ato infralegal, estes eventuais atos não teriam aptidão para legitimar o lançamento, porque violariam o princípio da legalidade. Afirma que o cerne da questão se refere à interpretação da expressão “serviços hospitalares”, a qual teria sido adotada pelo STJ como “diretamente atrelada à saúde humana”, o que teria sido confirmado inclusive pela própria Secretaria da Receita Federal mediante soluções de consulta reproduzidas na peça de defesa. Por fim, contesta a aplicação dos juros à taxa SELIC por lhe faltar “respaldo jurídico” e o percentual de 75% da multa de ofício por violação da razoabilidade, proporcionalidade e proibição de confisco. DA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU A decisão recorrida (fls. 113 a 122) negou provimento à impugnação nos termos que se seguem. Não haveria razões para anulação do lançamento, uma vez que, in verbis: Fl. 182DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO 4 (...) na peça impositiva e nos respectivos anexos a autoridade fiscal descreve detalhadamente o suporte fático e documental que embasaram o lançamento, bem assim os praticados na apuração da base imponível, com intimação endereçada A. fiscalizada para que comprovasse a prestação dos serviços hospitalares, com abertura de prazo para instrução probatória. Do que consta dos autos verificase que a autoridade fiscal discriminou no relatório correspondente o objeto do auto de infração, a saber, apuração indevida do coeficiente de 8% para determinação da base de cálculo do IRPJ sobre receitas da atividade médica quando o correto seria 32%, valores apurados com base nas receitas declaradas pela contribuinte. Ademais, todas as informações por ela prestadas foram levadas em conta para a imposição tributária. Ocorre que ela não comprovou a realização de serviços hospitalares referidos no art. 15 da Lei n. 9.249, de 1995, regulamentado pelo art. 27 da Instrução Normativa SRF n. 480, de 15/12/2004, e pelo Ato Declaratório Interpretativo SRF n. 18, de 23/10/2003, que lhe permitiriam submeter à tributação base de cálculo correspondente a 8% do resultado. De fato, além do contrato social e das alegações vertidas no expediente de fls. 12/14 não há qualquer elemento que comprove ter efetivamente praticado serviços de natureza hospitalar tal como preceitua a legislação antes citada. Ressaltese que os formulários que apresentou (fls. 16/21) além de se referirem a valores pagos aos sócios da contribuinte, descrevem resultado obtido no decorrer do anocalendário de 2008. Quanto ao mérito, a discussão, inclusive à luz do ônus probatório, diria respeito à interpretação do que são “serviços hospitalares” e, portanto, a quais atividades seria dispensado o percentual diferenciado para aferição do lucro presumido. Na época dos fatos, essa interpretação estaria fixada pela IN/SRF nº 480/04, com a redação dada pela IN/SRF 539/05. Para fins de enquadramento como prestadora de serviço hospitalar, o dispositivo pertinente (art. 27) teria previsto três tipos de exigência, in verbis: “a) caráter empresarial da pessoa jurídica; b) natureza das atividades desenvolvidas; e c) estrutura física do estabelecimento”, os quais deveriam ser cumpridos cumulativamente. Todavia, o contribuinte não provou cumprir nenhum deles. Com relação à contestação relativa ao percentual da multa e da taxa de juros, em síntese, asseverou que a autoridade administrativa não é competente para afastar aplicação de disposição expressa de lei. DO RECURSO VOLUNTÁRIO O sujeito passivo apresentou recurso voluntário, às fls. 126 a 146, mediante o qual repisou (na verdade, reproduziu literalmente) exatamente os argumentos já trazidos na impugnação. Fl. 183DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 10865.004100/200854 Acórdão n.º 1401001.434 S1C4T1 Fl. 182 5 Só inovou ao contestar a incidência de juros sobre a multa de ofício. Alegou ausência de previsão legal e citou jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes que corroboraria sua posição. DA DILIGÊNCIA Por meio da Resolução 1201000.050 (fls. 155165), na qual fui relator, a Primeira Turma da Segunda Câmara resolveu converter o julgamento em diligência nos seguintes termos: (...) converter o presente julgamento em diligência para que o autor do feito, ou outro AuditorFiscal designado para tanto, intime o contribuinte para que este: a) esclareça o significado de cada um dos códigos de serviços constantes das planilhas juntadas ao feito e comprove este significado por meio, por exemplo, de documentação fornecida pelo agente emissor das planilhas; b) destaque os códigos atinentes ao serviço de consulta médica daqueles atinentes aos serviços tipicamente hospitalares segundo o entendimento fixado nesta resolução; e c) elabore demonstrativo trimestral, por médico prestador, em que se discriminem os valores relativos aos serviços tipicamente hospitalares daqueles de consulta médica. Por fim, solicitase à autoridade fiscal que verifique se os valores constantes dos esclarecimentos e demonstrativos apresentados pelo contribuinte correspondem àqueles que serviram de base à presente autuação e, ao final, elabore relatório circunstanciado do resultado da diligência em que deve constar a discriminação de eventuais divergências. Encerrada a instrução processual, deverá ser novamente intimado o recorrente para manifestarse no prazo de dez dias, de acordo com o disposto no artigo 44 da Lei nº 9.784/1999. Em atenção ao solicitado, a autoridade fiscal promoveu a diligência (documento de fl. 170 com nove arquivos indexados) e destacou os seguintes montantes trimestrais para o ano calendário de 2005: Fl. 184DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO 6 Instado a se manifestar pela autoridade fiscal, o diligenciado aduziu: (i) que a autuação deveria ser anulada, pois calcada em provas frágeis, o que se comprova pela própria necessidade da realização de diligência; alternativamente (ii) exclusão dos valores que não foram identificados como consultas médicas. Solicitou ainda a dilação do prazo para se manifestar em mais 20 dias, o que não foi atendido pela autoridade fiscal. É o relatório do essencial. Fl. 185DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 10865.004100/200854 Acórdão n.º 1401001.434 S1C4T1 Fl. 183 7 Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Relator Antes de nos debruçarmos sobre o objeto da lide, cumpreme reafirmar o que já destaquei no relatório. O recurso voluntário é, na verdade, uma cópia praticamente exata da impugnação. A defesa, em momento algum, combateu qualquer dos fundamentos da decisão recorrida. Resumiuse apenas a reproduzir ipsis litteris o que já havia apresentado na reclamação inicial. Tecidas essas considerações, exceto em relação à questão originariamente apresentada – os juros sobre a multa –, cumpreme apenas verificar a correção da decisão de primeiro grau. Preliminar de nulidade O procedimento de fiscalização está para o inquérito policial, assim como o contencioso tributário para a ação penal, vale dizer, o primeiro é inquisitivo. O contraditório é exercido durante o julgamento administrativo. Ao contribuinte é dada a oportunidade de apresentar suas razões na impugnação e não antes. Desde que o auto de infração contenha os elementos necessários para que o sujeito passivo possa exercer com plenitude a sua defesa na fase contenciosa – como é o presente caso –, não há que se falar em nulidade. O lançamento pode ser realizado até por procedimento interno sem prévia publicidade ao sujeito passivo. O cerne do presente feito está na interpretação de “serviços hospitalares”, o que foi identificado desde a defesa inaugural pelo sujeito passivo, inclusive com referências expressas na sua peça de defesa à jurisprudência específica. Com relação ao suposto não encaminhamento do termo de verificação, ainda que isso tivesse ocorrido, em nada macularia o direito de defesa do sujeito passivo. A autoridade não está obrigada a encaminhar ao autuado todos os elementos do feito acusatório, mas apenas darlhe ciência da sua existência. Do contrário, não faria sentido a ciência via edital, a menos, é claro, que no edital, documento exposto ao público, devesse constar todos os elementos da acusação, o que seria um absurdo. Com relação à jurisprudência do Conselho de Contribuintes, reproduzida pela recorrente, esta só declarou nulo o procedimento fiscal em razão de o termo de verificação, naquele caso, ter sido produzido após a ciência da autuação, ou seja, o referido documento acusatório não constava do processo durante o prazo para a defesa, o que, indiscutivelmente, prejudicou o seu exercício. Não foi o ocorrido nestes autos. Não há, desse modo, qualquer razão para declarar a nulidade da autuação. Fl. 186DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO 8 Mérito – percentual do lucro presumido Na oportunidade do primeiro julgamento, assim conduzi o meu voto quanto à aplicação do percentual mitigado de 8%: A questão central do presente lançamento está assentada na qualificação jurídica da atividade desempenhada pelo contribuinte, em face da dicção legal que estabelece uma exceção relativa ao percentual de aferição do lucro presumido para os serviços hospitales mais branda (8%) em relação àquele fixado para os serviços em geral (32%). Abaixo, reproduzimos a legislação vigente à época dos fatos: Lei nº 9.249/95 Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; O conceito de serviços hospitalares foi questão já enfrentada pela antiga Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, a qual foi sucedida por esta turma de julgamento. Naquela oportunidade, negamos provimento à defesa por unanimidade, conforme ementa abaixo transcrita da lavra do Ilustre Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho: SERVIÇOS HOSPITALARES. CARACTERIZAÇÃO. A presunção de lucratividade reduzida prevista na Lei n. 9.249/95 está intimamente ligada à existência de custos relevantes com instalações, equipamentos e mãodeobra qualificada inerente a um hospital, compreendendo tanto a parte médica especializada quanto os serviços de hotelaria e fornecimento de produtos. A prestação pessoal de serviços médicos, por si só, não corresponde ao conjunto de serviços e custos inerentes a um centro hospitalar, traduzindose meramente em um exercício de profissão regulamentada. (Acórdão nº 10323236; de 30/11/2007) Fl. 187DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 10865.004100/200854 Acórdão n.º 1401001.434 S1C4T1 Fl. 184 9 Ao reexaminarmos a questão posteriormente, na oportunidade em que fui relator, mantivemos o mesmo posicionamento, estampado no acórdão 120100.321, de 01 de setembro de 2010, cuja ementa abaixo transcrevo: SERVIÇOS LABORATORIAIS LUCRO PRESUMIDO PERCENTUAL a razão teleológica para a diferenciação entre os percentuais de aferição do lucro presumido está na pressuposta diversidade da margem de lucro entre as atividades empresariais. O que justifica um percentual significativamente menor e determina os contornos semânticos da própria expressão “serviços hospitalares” são seus elevados custos, cujo principal e mais significativo componente são os valores investidos nos equipamentos hospitalares, dentre os quais, os laboratoriais. Em razão disso, as atividades de exames laboratoriais devem também ser tributadas pelo percentual mitigado relativo aos serviços hospitalares. Naquela oportunidade, teci os seguintes fundamentos de decidir: Pela leitura da ementa, sem necessidade de adentramos às minúcias do voto, a razão de decidir busca identificar a teleologia da diferenciação entre os percentuais de aferição do lucro presumido. No caso, entendeuse que a legislação fixa o percentual em razão da presumível margem de lucro de cada atividade. Nesse caso, a prestação de serviços hospitalares se diferenciaria das demais prestações de serviço em razão dos seus elevados custos, o que justificaria um percentual significativamente menor e determinaria os contornos do próprio conceito de “serviços hospitalares” para fins de incidência tributária. Desse modo, como a prestação pessoal de serviços médicos não impõe gastos superiores aos dos serviços em geral, também não poderia ser enquadrada na denominação legal “serviços hospitalares” para fins tributários. Essa razão de decidir se coaduna com provimentos recentes do STJ. Naquela oportunidade, transcrevi em meu voto a seguinte decisão (AgRg nos EREsp 883537 / RS, publicado em 01/07/2010: PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. ART. 15, § 1º, III, ALÍNEA "A", DA LEI N. 9.249/95. CONCEITO DE SERVIÇO HOSPITALAR. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 1116399/BA, JULGADO EM 28/10/2009, SOB O REGIME DO ART. 543C DO CPC. 1. A redução das bases de cálculo do IRPJ e da CSSL, nos termos dos arts. 15 e 20 da Lei nº 9.249/95, é benefício fiscal Fl. 188DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO 10 concedido de forma objetiva, com foco nos serviços que são prestados, e não no contribuinte que os executa. 2. A Primeira Seção deste Tribunal Superior pacificou o entendimento acerca da matéria, no julgamento do RESP 1116399/BA, sob o regime do art. 543C, do CPC, em 28/10/2009, que restou assim ementado: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543C DO CPC. 1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL. Discutese a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poderse restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares". 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita Fl. 189DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 10865.004100/200854 Acórdão n.º 1401001.434 S1C4T1 Fl. 185 11 ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso especial não provido. 3. Destarte, restou assentado, àquela ocasião que: "Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4. In casu, o Tribunal a quo, com ampla cognição fático probatória, assentou que a empresa recorrida presta serviços de diagnóstico por imagem, compreendendo a radiologia em geral, ultrasonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, densitometria óssea e mamografia, os quais, consoante fundamentação expendida, enquadramse no conceito legal de serviços médicohospitalares, estabelecido pela Lei 9.249/95. 5. Agravo regimental provido para dar parcial provimento ao recurso especial, excluindose da base de cálculo reduzida as simples consultas médicas, consoante a fundamentação expendida, mantendose, no mais, a decisão de fls. 308/323. Naquela época, não havia destacado que essa decisão nada mais fez do que seguir provimento do próprio STJ em recurso repetitivo, o qual atualmente vincula nossas decisões por determinação regimental. Abaixo, transcrevo sua ementa (RECURSO ESPECIAL Nº 1.116.399 – BA): DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249∕95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO 12 RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543C DO CPC. 1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429∕95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL. Discutese a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poderse restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249∕95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249∕95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares". 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727∕08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249∕95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249∕95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do Fl. 191DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 10865.004100/200854 Acórdão n.º 1401001.434 S1C4T1 Fl. 186 13 IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543C do CPC e da Resolução 8∕STJ. 7. Recurso especial não provido. Tanto a minha posição, quanto a do STJ fixada em recurso repetitivo, chegam à mesma conclusão em diversas situações; por exemplo, as atividades laboratoriais se submetem ao percentual de 8%, ao passo que as simples consultas médicas devem ser tributadas pele percentual de 32%. Todavia, elas partem de pressupostos distintos, os quais conduzem a conclusões distintas para outras situações. Entendo que o percentual mitigado para os serviços hospitalares decorre do fato de que essa atividade opera concretamente com margens significativamente inferiores àquelas praticadas na prestação de serviços em geral, uma vez que necessitam de investimentos em equipamentos caros e que depreciam rapidamente em razão do acelerado avanço da medicina. Não há, desse modo, uma concessão de benefício, mas sim a adequação da lei à específica capacidade contributiva manifestada nesse tipo de atividade. Já o STJ entende que a diferenciação é um benefício fiscal, ou seja, o legislador teria estabelecido a diferença tributária, não em razão de considerar a existência de signos contributivos diversos, mas sim para atingir escopos de cunho social, no caso, de fomentar atividades de saúde. Todavia, ainda assim, não interpretou o dispositivo com margens totalmente dilatadas. No entender da Corte Superior, não são todas as atividades ligadas à promoção da saúde, que teriam sido beneficiadas pelo percentual mitigado, nem sequer àquelas exclusivamente prestadas pela classe médica, como as consultas, mas apenas aquelas tipicamente promovidas em hospitais, ainda que possam eventualmente ser prestadas em ambiente externos, como as UTIs móveis e os exames laboratoriais. Desse modo, meu entendimento não é mais nem menos restritivo àquele estampado pelo STJ. Em atividades ligadas à saúde, com custos elevados e margens estreitas de lucro, ainda que não fossem típicas do ambiente hospitalar, decidiria pela aplicação do percentual de 8%, enquanto o STJ aplicaria o de 32%. Já para as atividades com elevada margem de lucro, mesmo típicas do ambiente hospitalar, decidiria pelo percentual de 32%, ao passo que o STJ entende que o percentual aplicável é o de 8%. Neste último caso, podemos citar o valor que uma clínica recebe diretamente do paciente em razão de o médico ter realizado uma intervenção cirúrgica num hospital. Notese, nesse caso, que o valor chega “limpo” à clínica, uma vez que o paciente paga outra parcela diretamente ao hospital em razão do uso de suas instalações e equipamentos. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO 14 O recurso repetitivo julgou o caso de um laboratório, o qual, independentemente do critério adotado, deve ser tributado pelo percentual de 8%, uma vez que é atividade típica de ambiente hospitalar e de elevado custo. Entendo, todavia, que essa decisão é paradigmática e deve ser aplicada de forma vinculante a todas as situações em que se discute a sua qualificação como serviço hospitalar para fins de aplicação do percentual mitigado, uma vez que o STJ deixou bem claro que esta era a sua intenção ao julgar o caso, ou seja, não visou exclusivamente definir a tributação dos laboratórios, mas sim de todos os serviços executados tipicamente em hospitais. No presente feito, foram apresentadas, na peça impugnatória, planilhas às fls. 66 a 101, que são relativas a valores recebidos supostamente pela clínica em razão de serviços prestados por seus sócios atinentes ao período da impugnação. Em tais planilhas, fornecidas pela UNIMED, são relacionados pagamentos por serviços prestados em hospitais por sócios da autuada, mas a identificação precisa do tipo de serviço foi feita apenas por meio de códigos e a defesa não teceu qualquer esclarecimento do significado destes códigos. O fato de os serviços terem sido prestados em hospitais não faz prova suficiente de que são típicos de hospitais; podem ser atinentes a consultas médicas. Todavia, é um indício suficiente para aprofundarmos a investigação. Em face do primado da verdade material que dá amplos poderes à autoridade julgadora de buscar as provas que considerar necessárias para formar sua convicção acerca da existência do fato jurídico tributário, entendo que devemos converter o julgamento em diligência. Antes, porém, de minudenciarmos o teor da diligência, é oportuno ainda destacar que a autoridade julgadora de primeiro grau não analisou a referida documentação, o que poderia, em tese, caracterizar cerceamento ao direito de defesa do contribuinte e resultar a nulidade da decisão recorrida. Todavia, a ausência de análise foi por culpa da própria defesa, uma vez que afirmou na peça impugnatória ter juntado as mesmas planilhas apresentadas durante a fase de fiscalização e estas foram analisadas pela Delegacia de Julgamento. Ademais, em face das razões de direito que adotou para julgar, esses documentos não alterariam a sua decisão. Dessarte, não há que se cogitar nulidade da decisão recorrida pelo fato de não ter aprofundado o exame das referidas planilhas. Essa tarefa cabe a este colegiado. Não há razões para alterar o meu entendimento sobre o tema, o qual foi aplicado pela autoridade fiscal na condução da diligência. Dessarte, devem ser afastados os valores relativos aos procedimentos hospitalares e mantidos aqueles atinentes às consultas. Com relação aos demais valores não precisamente discriminados pelo contribuinte, devemos previamente decidir de quem é o ônus da prova. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 10865.004100/200854 Acórdão n.º 1401001.434 S1C4T1 Fl. 187 15 Ora, o percentual para a prestação dos serviços em geral é de 32%, só excepcionados os serviços hospitalares. Como os serviços hospitalares são definidos objetivamente e excepcionam a regra geral de tributação, uma vez que a autoridade fiscal da obtenção de receitas por um prestador de serviços, cabe ao sujeito passivo fazer a prova de que os montantes identificados se enquadram na exceção. Inconstitucionalidade do percentual punitivo A alegação de que o percentual de 75% da multa de ofício viola a razoabilidade, a proporcionalidade e a proibição de confisco visa afastar previsão legal por meio de controle de constitucionalidade; competência estranha a este colegiado, conforme previsto na Súmula CARF nº 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Juros SELIC Quanto aos argumentos pela não aplicação dos juros segundo a taxa SELIC, esse tema já consta de súmula, cuja aplicação é obrigatória: “Súmula 1º CC nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Juros sobre multa de ofício Por fim, no tocante aos juros sobre multa de ofício, entendo que se trata de tema de âmbito da fase não contenciosa, uma vez que não é objeto do lançamento, mas sim da atividade de cobrança, a qual não está submetida ao crivo deste colegiado. Por isso, dele não tomaria conhecimento. Essa, porém, não tem sido a posição adotada por este colegiado que previamente tem decidido conhecer a questão. Assim, passo a enfrentála. De início, vale reproduzir acórdão em que também se conheceu do assunto, no qual foram considerados devidos os juros: Número do Recurso: 155344 Câmara: PRIMEIRA CÂMARA Número do Processo: 10845.000196/9534 Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO Matéria: IRPJ E OUTRO Recorrente: PRÓPRIA S.A. ADMINISTRAÇÃO E IMÓVEIS (SUCEDIDA POR BRASCOR S.A. IMÓVEIS E PORTICIPAÇÕES) Recorrida/Interessado: 2ª TURMA/DRJSALVADOR/BA Fl. 194DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO 16 Data da Sessão: 25/05/2007 00:00:00 Relator: Sandra Maria Faroni Decisão: Acórdão 10196177 Resultado: DPPU DAR PROVIMENTO PARCIAL POR UNANIMIDADE Texto da Decisão: Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, nos termos do voto da Relatora. Inteiro Teor do Acórdão Ementa: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de ofício não paga no vencimento incidem juros de mora. Em se tratando de tributos cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31/12/1994, sobre a multa por lançamento de ofício incidem, a partir de 1º de janeiro de 1997, juros de mora calculados segundo a Selic. Assim tem se inclinado a jurisprudência deste Conselho e com ela me alinho. Dois artigos da Lei n° 9.430/96 conduzemme a essa posição e abaixo os transcrevo: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (...) Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. É importante notar que no caput do art. 61, o texto é “débitos [...] decorrentes de tributos e contribuições” e não meramente “débitos de tributos e contribuições”. O termo “decorrentes” evidencia que o legislador não quis se referir, para todas as situações, apenas aos tributos e contribuições em termos estritos. Tal dispositivo, combinado com o art. 43 (onde se prevê a multa isolada ou acompanhada de tributo) e seu parágrafo único, levanos à conclusão de que os juros de mora devem incidir sobre a multa de ofício, após o seu vencimento. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO Processo nº 10865.004100/200854 Acórdão n.º 1401001.434 S1C4T1 Fl. 188 17 Conclusão Isso posto, voto por dar provimento parcial ao recurso com o fito de excluir dos valores lançados pelo percentual de 32% apenas aqueles identificados pelo sujeito passivo como receitas hospitalares, nos termos do relatório de diligência fiscal. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator Fl. 196DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por ANTON IO BEZERRA NETO
score : 1.0
Numero do processo: 19482.720008/2013-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 29/05/2011
Não ocorre a infração por cessão do nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, quando não for constatada qualquer omissão, irregularidade ou simulação em relação aos agentes envolvidos na operação de que se trata.
Recurso de Ofício Negado
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 3302-002.938
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. Fez sustentação oral o Dr. José Antônio Minatel - OAB 37065 - SP.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator
EDITADO EM: 16/12/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Hélcio Lafetá Reis, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 29/05/2011 Não ocorre a infração por cessão do nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, quando não for constatada qualquer omissão, irregularidade ou simulação em relação aos agentes envolvidos na operação de que se trata. Recurso de Ofício Negado Crédito Tributário Exonerado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 19482.720008/2013-71
anomes_publicacao_s : 201601
conteudo_id_s : 5556367
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3302-002.938
nome_arquivo_s : Decisao_19482720008201371.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : RICARDO PAULO ROSA
nome_arquivo_pdf_s : 19482720008201371_5556367.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. Fez sustentação oral o Dr. José Antônio Minatel - OAB 37065 - SP. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator EDITADO EM: 16/12/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Hélcio Lafetá Reis, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo e Lenisa Rodrigues Prado.
dt_sessao_tdt : Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
id : 6243328
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:43:56 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125762961408
conteudo_txt : Metadados => date: 2015-12-16T22:38:47Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2015-12-16T22:38:47Z; Last-Modified: 2015-12-16T22:38:47Z; dcterms:modified: 2015-12-16T22:38:47Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:9269a15d-18d1-4025-b52a-1ddce2e2b7fb; Last-Save-Date: 2015-12-16T22:38:47Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-12-16T22:38:47Z; meta:save-date: 2015-12-16T22:38:47Z; pdf:encrypted: true; modified: 2015-12-16T22:38:47Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2015-12-16T22:38:47Z; created: 2015-12-16T22:38:47Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; Creation-Date: 2015-12-16T22:38:47Z; pdf:charsPerPage: 1795; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2015-12-16T22:38:47Z | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 2 1 1 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19482.720008/201371 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102002.938 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de dezembro de 2015 Matéria Auto de Infração Aduana Recorrente CMJ COMERCIO DE VEICULOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 29/05/2011 Não ocorre a infração por cessão do nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, quando não for constatada qualquer omissão, irregularidade ou simulação em relação aos agentes envolvidos na operação de que se trata. Recurso de Ofício Negado Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. Fez sustentação oral o Dr. José Antônio Minatel OAB 37065 SP. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa – Presidente e Relator EDITADO EM: 16/12/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Hélcio Lafetá Reis, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 48 2. 72 00 08 /2 01 3- 71 Fl. 1295DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 2 Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 20/02/2013, em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência de multa proporcional ao valor aduaneiro, no valor de R$ 3.096.430,00 em virtude dos fatos a seguir descritos. A fiscalização apurou que a empresa em epígrafe não é a real adquirente das mercadorias importadas e que a mesma operava como interposta pessoa em comércio exterior, praticando assim infração de cessão de nome para a realização de operações de comércio exterior. Face ao que determina o art. 33 da Lei 11.488/07, foi lavrado o presente Auto de Infração para a aplicação de multa proporcional ao valor aduaneiro das mercadorias importadas. Cientificado do auto de infração, pessoalmente, em 11/03/2013 (fls. 1.231), o contribuinte, protocolizou impugnação, tempestivamente em 08/04/2013, na forma do artigo 56 do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, de fls. 1170 à 1207, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento. O impugnante alegou que: A aeronave ingressou no país no Regime de Admissão Temporária, com fundamento no item “C” do inciso IV do artigo 2º do Decreto 97.464/89 (e citado no artigo 5o da IN SRF 285/03, alterado pela IN SRF 1.102/2010), que possui regra especial para aeronave de sociedade ou firma estrangeira em viagem de diretor ou representante. O Comandante da Aeronave obteve perante a ANAC, em 29/05/2011, a autorização de pouso e permanência no Brasil até o dia 27 de julho de 2011 (60 dias); e perante a Receita Federal do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na mesma data, do regime de Admissão Temporária. Entretanto, por um evidente engano da autoridade aduaneira concedente do regime, ao invés de 60 dias, a Admissão Temporária foi fixada em 40 dias, até 07/07/2011, fato que passou despercebido pelo referido comandante. Em 14/07/2011, antes do término do prazo de 60 dias que só ocorreria em 27/07/2011, o comandante compareceu à alfândega de Viracopos para solicitar a baixa na Admissão Temporária e autorização para decolagem com destino ao exterior. A solicitação foi indeferida sob a alegação de que o regime já estava com prazo vencido, e que a saída só seria admitida com o pagamento da multa de 10% do valor da aeronave, por descumprimento do prazo do regime. Percebendo o engano da autoridade aduaneira de Guarulhos, o comandante se dirigiu àquela repartição aduaneira, onde obteve a revisão de ofício do prazo do regime, alterandose a data final para 27/07/2011 (os 60 dias previstos na legislação). Entretanto, ao voltar a Viracopos, novamente não foi permitida a baixa no regime nem a autorização de decolagem, e a fiscalização, em evidente interferência na esfera da autoridade administrativa de Guarulhos, enviou ofício pugnando pela anulação da revisão de ofício do prazo anteriormente dado, para que este retomasse aos 40 dias (essa atitude do fisco de Viracopos ia de encontro ao que dispõe o citado artigo 9º do Decreto 97.464/89). Além da ilegalidade da proposta, o que se viu foi uma indevida intromissão na seara da autoridade aduaneira de Guarulhos, que inexplicavelmente obteve êxito, de tal forma que a revisão de ofício foi anulada em Guarulhos. Isso ensejou a Fl. 1296DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19482.720008/201371 Acórdão n.º 3102002.938 S3C1T2 Fl. 3 3 retenção da aeronave em Viracopos e início de fiscalização para cobrança de multa de 10% do valor da aeronave, por descumprimento do prazo do regime, prevista no artigo 709 do Regulamento Aduaneiro. Foi impetrado em 04/08/2011, Mandado de Segurança contra a descabida anulação do ato que corrigira um engano de data, concedida a segurança pelo Poder Judiciário para afastar o ato que concedeu o errôneo prazo de 40 dias para admissão temporária. Voltou a prevalecer, por força dessa decisão judicial, o prazo de 60 dias (MS 000794084.2011.4.03.6119, impetrado por Wells Fargo Bank Northwest contra ato do Inspetor da Alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos). O banco americano Wells Fargo é o trustee que detém a propriedade da aeronave como garantia de pagamento da dívida da empresa americana Lindsay Keats LCC (esta última empresa adquiriu a aeronave, detém sua posse e uso, e obteve empréstimo bancário mediante Trust agreement.). Entretanto, nem assim a admissão temporária foi baixada nem a aeronave liberada, em razão do pedido de extinção do regime, feito tempestivamente pelo comandante da aeronave, em 14/04/2011. Alegou a fiscalização que primeiramente a retenção ocorrera por descumprimento do prazo do regime, mas em razão de decisão judicial restabelecendo o prazo inicial de 60 dias, agora a retenção teria outro escopo: examinar o cabimento do perdimento do bem. Durante a fiscalização iniciada pela Alfândega de Viracopos, foi explicado, com juntada de documentos comprobatórios devidamente autenticados e traduzidos por tradutor juramentado, que a aeronave fora objeto de contrato com banco estrangeiro, denominado Trust Asreement. Nesse tipo de contrato a aeronave é adquirida por uma empresa nos Estados Unidos, que obtém empréstimo de um banco, a quem oferece o próprio bem em garantia (a propriedade é transferida temporariamente ao banco, até a quitação da dívida, e a empresa devedora detém a posse e o uso do bem). Tal contrato se assemelha à alienação fíduciária existente no Brasil (na alienação fiduciária a propriedade do bem também fica com o credor até a quitação da dívida, e a posse do bem fica exclusivamente com o devedor). A aeronave estava na posse e uso da empresa adquirente da mesma, a Lindsay Keats LLC, com endereço no Estado de Delaware, EUA, e da qual o sr. Cláudio Dahruj é diretor. Sendo a Lindsay a empresa adquirente, que detém o uso e posse do bem, nas viagens de seu diretor, se vale do regime de admissão temporária Previsto no Decreto 97.464/89 (viagem de diretor de empresa estrangeira, sendo a aeronave de sua propriedade). Para preencher o formulário específico para solicitar a admissão temporária de aeronave (STAD) e a lavratura pela fiscalização do TEAT — Termo de Entrada e Admissão Temporária, o Comandante da aeronave sempre foi perguntado sobre quem era o proprietário do bem, e, explicando a situação, sempre foi orientado a indicar como proprietário o banco detentor da “propriedade limitada temporária” (Wells Fargo, em nome de quem a aeronave é registrada no FAA dos Estados Unidos) embora o regime de admissão temporária seja usufruído pela empresa que detém o direito de uso e posse do bem ( Lindsay), que o utiliza para viagens de seu diretor. O Banco Wells Fargo, proprietário unicamente para fins de garantia, não pode utilizar a aeronave e nunca poderia ser beneficiário do regime de admissão temporária, para viagem de algum diretor de seus quadros. Entretanto detém a propriedade legal da aeronave que em seu nome está registrada, e por esse motivo Fl. 1297DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 4 foi declarado pelo comandante que o proprietário era a Wells Fargo. No caso de contrato de “trust”, existe a peculiaridade de a propriedade limitada temporária ser do Wells Fargo, e a “propriedade equitativa” (posse e uso do bem) ser da Lindsay, que é a única empresa que pode ser beneficiária do regime de admissão temporária. A Wells Fargo não poderia se beneficiar do regime, pois não detém o direito de uso do bem, sEus diretores não viajariam na aeronave. O nome da Lindsay não é colocado no formulário, porque não existe campo para isso. Mas ao se verificar se o diretor ou representante que viaja na aeronave pertence aos quadros da empresa proprietária condição para que a autoridade aduaneira defira o regime foi explicado que este era diretor da Lindsay, e foi apresentada cópia do contrato de Trust, para indicar que a Lindsay era a proprietária equitativa (possuidora da aeronave), para justificar o direito ao regime. E a fiscalização do Aeroporto Internacional de Guarulhos entendeu que o regime poderia ser concedido, como realmente o concedeu, conforme se verifica no Termo de Entrada e Admissão Temporária. Nada foi ocultado sobre o contrato de Trust e o fato do viajante ser diretor da Lindsay. Uma evidência de que essa situação de identificação do diretor que viaja e da empresa a qual pertence é sempre verificada pela fiscalização antes de conceder o regime, e que o comandante da aeronave sempre deu as informações corretas, consta do próprio Auto de Infração, onde a fiscalização copiou uma Solicitação de Lavratura de Termo de Entrada e Admissão Temporária de Aeronave, feita anteriormente em outra viagem com chegada em Viracopos, referente ao TEAT n° 001/2011. Ali verificase que o campo sobre o proprietário da aeronave tem o nome da Wells Fargo Bank (o que é verdadeiro). E no campo abaixo, consta um “X” no campo do motivo do pedido de admissão temporária escolhido, ou seja, “viagem de diretor ou representante de sociedade ou firma, quando a aeronave for de sua propriedade” (o único possível). Não há no formulário espaço para indicar que se trata de contrato de “Trust”, que a propriedade legal é do Wells Fargo e a posse e uso da Lindsay, e que o diretor que viajava pertencia aos quadros da segunda. Essa informação foi dada verbalmente, e comprovada com cópia do contrato e demais documentos. Tanto que consta do próprio Auto de Infração que o Auditor Fiscal de Viracopos constatou que a entrada da aeronave N290CL no território nacional não era para o transporte de diretor ou representante da empresa estrangeira Wells Fargo, e o pedido foi indeferido, tendo a aeronave retornado ao exterior. Entretanto, em outra viagem posterior, a mesma situação foi relatada pelo comandante, e a fiscalização do aeroporto Internacional de Guarulhos entendeu que o regime poderia ser deferido, em razão do contrato de Trust, e da Lindsay ser a possuidora e usuária legal da aeronave (caso da admissão de que trata este processo). Ocorre que esse raciocínio da fiscalização de Viracopos foi aplicado novamente, na saída da aeronave do país, que se deu no Aeroporto Internacional de Viracopos, onde a baixa do regime foi solicitada. Ao se deparar novamente com a documentação que dava conta desse tipo de contrato, entendeu que o regime de admissão temporária não poderia ter sido concedido, já que quem viajava na aeronave ( Cláudio Dahruj), no momento da solicitação do regime, não era diretor do Wells Fargo Bank, mas um diretor da Lindsay (adquirente e possuidora do bem durante o contrato de Trust). Daí a fiscalização engendrou uma interpretação mirabolante, segundo a qual, ao pedir o regime para viagem de diretor da empresa proprietária do avião, o comandante teria prestado uma informação falsa á Fiscalização de Guarulhos, o que na verdade não ocorreu. Até porque, para Fl. 1298DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19482.720008/201371 Acórdão n.º 3102002.938 S3C1T2 Fl. 4 5 conceder o regime, a fiscalização verifica se está a bordo da aeronave um diretor da empresa, e examina os documentos. O pedido ou “Solicitação de Lavratura de Termo de Entrada e Admissão Temporária de Aeronave nos termos do artigo 2o do D. 97.464/89” é exatamente isso: um formulário de pedido. Não se trata de documento que teria sido falsificado, como entendeu a fiscalização de Viracopos para fazer crer que Cláudio Dahruj seria diretor da Wells Fargo. As informações prestadas são verdadeiras. Apenas não há campo próprio, no documento, para colocar o nome da empresa possuidora e usuária da aeronave e os detalhes do contrato de Trust, informações que são dadas verbalmente à autoridade aduaneira, com apresentação de documentos comprobatórios, quando se trata de comprovar a condição de diretor de empresa em viagem. Segundo o Fisco de Viracopos, no caso do Trust Agreement, o beneficiário só pode ser o banco detentor da propriedade do avião, o que é situação impossível, haja vista as características do contrato que impedem o uso do bem pelo “proprietário limitado temporário”. Prossegue esclarecendo detalhadamente aspectos da transação realizada, o Trust Agreement, para, então, concluir. No caso deste processo, temos uma empresa americana (Lindsay Keats) que adquiriu uma aeronave, e para tanto obteve um empréstimo do banco americano First Source. O banco Source por sua vez, sendo especialista em financiamentos mas não em aeronaves, não tem interesse em manter um contrato de trust com a Lindsay por não ser especialista em aeronaves, sua administração e registros junto à aviação americana. Por esse motivo firmou com a Wells Fargo e a Lindsay contrato onde foram cedidos ao banco Wells Fargo os direitos sobre a aeronave (propriedade limitada decorrente do trust. A Wells Fargo é instituição financeira americana especializada em Administração de aeronaves e seu registro junto às autoridades da aviação americana: FAA. Por esse motivo, no momento da admissão temporária de que trata este processo, a Lindsay detinha o direito de uso e a posse da aeronave, e a Wells Fargo figurava como proprietário (limitado e temporário), em nome de quem a aeronave é registrada no FAA dos Estados Unidos. Também os contratos anteriores, da compra e do empréstimo, onde figuram a Lindsay Keats e o Banco Source, estão arquivados junto à FAA. DA PENA DE PERDIMENTO ANTERIORMENTE APLICADA Como a penalidade aplicada neste processo (multa pecuniária) é decorrência da penalidade de perdimento aplicada em outro processo, é necessário discorrer brevemente sobre aquele procedimento fiscal. Entendeu a fiscalização de Viracopos que havia várias irregularidades no regime de admissão temporária, a saber: A aeronave viria muitas vezes ao Brasil (foram citadas 11 entradas durante os anos de 2010 e 2011 provenientes de Punta Del Leste, Fort Lauderdale, Cabo Verde, Telerboro (USA), Fort Lauderdale, Punta dei Leste, Fort Lauderdale, Washington, Montevideo, Cabo Verde e Punta dei Leste). Indicando exigências que não existem na legislação, a fiscalização entendeu que a Aeronave só poderia entrar no país por breves períodos, para viagem a serviço, de estrangeiro não residente. Ocorre que o Decreto 97.464/89 não fala que o diretor tenha de ser estrangeiro e não residente (diz apenas viagem de diretor da empresa proprietária da aeronave). Nada impede que um diretor de empresa estrangeira tenha domicílio no Brasil. Fl. 1299DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 6 No Termo de Entrada emitido pela fiscalização de Guarulhos para fruição do regime de admissão temporária consta como motivação “viagem de diretor ou representante de sociedade ou firma, quando a aeronave for de sua propriedade”. Mas a fiscalização de Viracopos, na saída do bem do país, ignorando as peculiaridades do contrato de trust, entendeu que o diretor somente poderia ser do Wells Fargo Bank (que detém a propriedade limitada temporária que não pode usar e ter a posse do bem). A alisando listas de passageiros dos vôos anteriores e em entradas anteriores da aeronave, observou a fiscalização que em algumas viagens familiares do diretor Cláudio Dahruj estiveram a bordo do avião, e concluiu que o regime teria sido descumprido, por se tratar de viagens particulares. Olvidou o Fisco que a legislação não impede que diretor de empresa leve a bordo familiares ou conhecidos, e que esse fato não desvirtua o regime. Para os fiscais autuantes teria ocorrido ocultação na declaração prestada para expedição do Termo de Entrada de Admissão Temporária, do real interessado na aeronave. Segundo o Fisco não houve transporte dos diretores do Wells Fargo Bank, mas de pessoa de nacionalidade brasileira que usa a aeronave para fins comerciais ou particulares (Cláudio Dahruj). Segundo o Fisco, para que o regime possa ser aplicado, é fundamental identificar quem é o real proprietário da aeronave, e se quem faz o uso efetivo, é o seu real proprietário. E assim, de forma equivocada, entendeu a fiscalização de Viracopos que teria ocorrido desvio de finalidade do regime. Ocorre que segundo a legislação aduaneira, quando há desvio de finalidade do regime (o que citamos apenas para argumentar), a providência a ser tomada é a cobrança dos tributos devidos na importação formalizada em Termo de Responsabilidade (artigo 369 do RA, inciso IV) e a multa prevista no artigo 709 do Regulamento Aduaneiro (de dez por cento do valor do bem por descumprimento do regime ou desvio de finalidade). Só pode ser aplicada pena de perdimento, no caso de desvio de finalidade do regime, se a licença de importação para os bens estiver vedada ou suspensa, impedindo sua nacionalização. Ou ainda no caso de bens sujeitos a controle de outros órgãos públicos antes de serem despachados para consumo, quando tal autorização for negada. Vide artigo 369 do RA, parágrafos 1 e 2). A pena de perdimento, entretanto, foi aplicada por outros motivos e outra fundamentação legal, a saber: Artigo 689 do RA: aplicase a pena de perdimento a mercadoria estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido pagos apenas em parte, mediante artifício doloso. Salta aos olhos a impropriedade de tal fundamentação, que se destina a mercadoria despachada para consumo, onde haveria algum artifício doloso que diminuísse o valor dos tributos pagos na importação. Na admissão temporária não há despacho para consumo, nem pagamento de tributos que pudessem ser diminuídos por artifício doloso. A entrada foi regular, deferida pela autoridade aduaneira de Guarulhos e preencheu todos os requisitos. Não havia tributos a pagar, nem houve diminuição de valores a pagar de forma dolosa. Segundo o Fisco, na declaração prestada para solicitar formalização do Termo de Entrada de Admissão Temporária, o comandante teria omitido que o verdadeiro proprietário da aeronave é Cláudio Dahruj, brasileiro residente no país, que teria simulado negócio jurídico (os contratos de empréstimo com banco americano, cessão de direitos e de trust firmados nos Estados Unidos e o registro da aeronave no FAA dos EUA). Também salta aos olhos a impropriedade da acusação e da fundamentação legal, porque não houve qualquer negócio simulado, e Cláudio Dahruj não é proprietário da aeronave. Essa penalidade é dirigida à ocultação do real Fl. 1300DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19482.720008/201371 Acórdão n.º 3102002.938 S3C1T2 Fl. 5 7 comprador de mercadoria em despacho aduaneiro de importação para consumo, quando terceiro oculto é quem fornece os recursos para pagamento da mercadoria, e não figura na DI como encomendante ou terceiro por conta e ordem. DA PENALIDADE PECUNIÁRIA DE QUE TRATA ESTE PROCESSO A fiscalização tenta estabelecer uma relação entre a pretensa ocultação do real comprador em operação de importação (interposição fraudulenta que entende ter ocorrido e que acarretou o perdimento) e a penalidade deste processo, de cessão de nome para realização de operações de comércio exterior. Segundo a fiscalização teria sido constatada a ocultação do real responsável pela operação (Cláudio Dahruj). E para a prática dessa ocultação teriam de ter sido utilizados documentos falsos (as declarações prestadas pelo comandante teriam conteúdo ideologicamente falso). E dessa forma entendeu o Fisco que também seria cabível a penalidade de 10% do valor da operação. Segundo os fiscais autuantes os STAD’s (pedidos de concessão do regime assinado pelo comandante) e os TEAT’s (Termos de Entrada e Concessão do regime assinado pela fiscalização aduaneira) são inidôneos dado que os motivos da entrada não se prestam a refletir a realidade das operações realizadas. Segundo os autuantes, foi apresentado documento falso necessário ao desembaraço. Foram considerados responsáveis pela cessão de nome a empresa Lindsay, que teria cedido seu nome para a operação de admissão temporária, disponibilizando documentos e simulando operações de uso de aeronave, acobertando o real beneficiário Cláudio Dahruj. Como se trata de empresa estrangeira que está fora da jurisdição das autoridades brasileiras, entendeu a fiscalização que esta poderia ser substituída por sua sócia a CMJ Comércio de Veículos Ltda, que tem domicílio no Brasil e foi arrolada como autuada. Foi arrolado ainda o sr. Claúdio Dahruj, como responsável solidário pela infração, por ter, no entender do Fisco, participado da simulação das operações e se beneficiado das mesmas. Na verdade, essa penalidade soa extremamente confusa neste caso, porque não é adequada aos fatos historiados. Tal penalidade, como é sabido, é destinada a empresas importadoras, no despacho para consumo, que aparecem nas Declarações de Importação como fazendo importação própria, que na verdade é custeada por terceiros (detentores dos recursos financeiros para pagar tais importações), e que atuam como encomendantes ou importadores por conta e ordem, mas ficam ocultos, sem que seus nomes figurem como tal nas DIs, e sem que estejam habilitados no RADAR para tanto. A penalidade é para operações de importação para consumo ou exportação (comércio). DO DIREITO Das provas constantes do processo sobre existência dos contratos de compra da aeronave e do Trust, todos verdadeiros, registrados nos EUA. A fiscalização tentou, por todos os modos, obter uma prova de que a aeronave pertenceria ao sr. Cláudio Dahruj, mas não obteve êxito. Intimando a Wells Fargo Bank, obteve resposta, onde referido banco confirma ser o proprietário da aeronave N290 CL, apresentando para tanto os seguintes documentos: nota de venda, Certificado de matrícula da aeronave emitida pelo Federal Aviation Administration FAA, e Certidões emitidas pelo FAA. Fl. 1301DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 8 Na resposta escrita do Wells Fargo Bank, consta: “a operadora da aeronave é a empresa Lindsay Keats LLC. Foi juntado à resposta o Trust Agreement, datado de setembro de 2010 e o Aircrafit Operating Lease Agreement (transferência da operação da aeronave para a Lindsay). E o Wells Fargo informou finalmente que não transportou diretores da empresa, porque a operadora da aeronave é a Lindsay. Também estão juntados ao processo comprovantes de que todas as despesas da aeronave, como serviços e abastecimento, são suportadas pela Lindsay, pois no Brasil os pagamentos são feitos pelo comandante da aeronave com cheques, ou em dinheiro, depois ressarcido pela Lindsay (fls 913 e 1035).Não há nenhum pagamento que tenha sido feito pelo diretor da empresa, Cláudio Dahruj. Há ainda diligências feitas no hangar onde às vezes a aeronave ficou estacionada, e se comprovou que a aeronave não pagou estacionamento. Enfim, todas as tentativas da fiscalização de tentar relacionar o diretor da empresa Cláudio Dahruj com a propriedade da aeronave ou pagamento de despesas a ela relacionadas foram infrutíferas, e se comprovou exatamente o contrário, através dos documentos entregues pelas empresas investigadas. DA IMPOSSIBILIDADE DE DESCONSIDERAR A PERSONALIDADE JURÍDICA DE EMPRESAS PERFEITA E LEGALMENTE CONSTITUÍDAS A Lindsay e a CMJ são sociedades regulares, não só perante a legislação estrangeira — no caso da Lindsay como da legislação brasileira. Assim, é insubsistente, por essa via, desconsiderar a personalidade da Lindsay, colocando em seu lugar a CMJ, pelo simples fato de ser sócia. Aliás, a fiscalização não tem autorização legal para desconsiderar personalidade jurídica, possibilidade ainda não regulamentada no direito pátrio. Mas mesmo quando essa possibilidade existir (se vier a existir) no ordenamento jurídico, será preciso indicar as razões previstas na lei para fazêlo, o que não existe neste processo, onde nenhuma irregularidade foi apontada no tocante à personalidade jurídica das empresas. Se a acusação fosse verdadeira — mas não é, como demonstrado, a CMJ não poderia substituir a Lindsay no processo, quando esta é acusada de cessão de nome, pois no campo das penalidades, cada pessoa responde pelas infrações que cometer. O que pode haver, em matéria de penalidade, é coautoria na prática de infrações, onde ambos os coautores são arrolados. E a CMJ apenas é sócia da Lindsay, e seu nome não consta de nenhum dos atos praticados na operação de admissão temporária, ou quaisquer outros atos praticados pela Lindsay. A personalidade jurídica de cada uma das empresas tem de ser respeitada, e cada qual só responde pelos atos que praticar. Responsabilidade é sempre decorrente de lei. DA VALIDADE DOS CONTRATOS FIRMADOS ENTRE LINDSAY E WELLS FARGO BANK O comandante não prestou declaração falsa quando indicou a Wells Fargo como proprietária, nem indicou erroneamente a hipótese em relação a quem solicitava a Admissão temporária: viagem de diretor da proprietária do avião. Isso porque, nesse caso, em razão do trust, o proprietário deve considerado o operador da aeronave, assim como se faz com os mandatários no arrendamento operacional. O regime só pode ser dado par o operador da aeronave, que detém sua posse ou uso. Fl. 1302DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19482.720008/201371 Acórdão n.º 3102002.938 S3C1T2 Fl. 6 9 Entendeu a autoridade julgadora (no processo de perdimento) que inobstante os documentos apresentados serem válidos e idôneos, o regime de admissão temporária não deveria ter sido deferido e não seria cabível, pois só se aplicaria a viagem de diretor da Wells Fargo, o efetivo proprietário da aeronave. Embora discordando os ora Impugnantes dessa conclusão (pois leva a uma situação impossível), temos que se a fiscalização de Guarulhos tivesse concedido o regime de forma indevida, teria havido apenas um pedido de regime aduaneiro especial por parte do comandante da aeronave, indevidamente deferido pela autoridade fiscal (que entendeu que a aeronave poderia ser da sua possuidora em viagem de diretor). Mas solicitar um regime especial, demonstrando a real situação da aeronave e do contrato de trust, não é infração! E muito menos dolosa! DA PENALIDADE PECUNIÁRIA PROPRIAMENTE DITA Esta penalidade, como se sabe, foi criada para outra situação, específica do despacho para consumo, onde mercadorias estrangeiras são comercializadas para importadores brasileiros, que muitas vezes por não ter como comprovar a origem de seus recursos financeiros, se valem de terceiros que lhes emprestam o nome e fazem a importação como se sua fosse. Vide abaixo artigo de procurador da Fazenda Nacional sobre essa penalidade, onde fica claro que nada tem a ver com operação de admissão temporária, onde não há comércio (aquisição de mercadoria), valor de operação de importação (base de cálculo do imposto de importação), nem declaração de importação, nem recursos financeiros de terceiro. É totalmente despropositada e equivocada a aplicação de tal penalidade, para entrada temporária de aeronave estrangeira no país, de propriedade de empresa igualmente estrangeira, onde não houve nenhuma operação de comércio internacional, não se trata de despacho para consumo, nem foi cedido nome de empresa que não é a real adquirente para figurar como importadora na DI Declaração de Importação. A lei é voltada para empresas nacionais que figuram como importadoras, mas não são as detentoras de recursos financeiros para pagar o valor da importação. DA SUJEIÇÃO PASSIVA: AUTUADO E RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO Houve impropriedade da fiscalização também na eleição do sujeito passivo e do responsável solidário, na pretensa infração de cessão dolosa de nome para ocultar o real comprador em operação de comércio exterior. Primeiramente fazendo figurar no auto de infração a empresa CMJ, pelo simples fato de ser sócia da Lindsay americana. Ora, responsabilidade tributária é matéria de lei, e para arrolar o responsável no lugar de outrem, é preciso base legal. Em segundo lugar, arrolando Cláudio Dahruj como responsável solidário pela infração de cessão de nome a terceiro. Nem a CMJ, nem Cláudio Dahruj emprestaram seus nomes para a prática de operações realizadas por terceiros que teriam ficado ocultos. Aliás, o nome de ambos não figura em nenhum documento relativo à admissão temporária de que trata este processo. A ilegitimidade passiva de ambos é evidente. O DL 37/66 firmou as bases da figura da responsabilidade tributária no caso das importações, vigentes até hoje. No tocante à responsabilidade por infrações, que nos interessa neste processo, conforme dispõe o artigo 95 do DL. 37/66. No tocante à responsabilidade por infrações tributárias, que nem sempre estão ligadas a fato gerador de tributo (multa isolada, multa administrativa, etc...), o CTN deixa a tarefa ao legislador que ao criar o tipo penal das infrações, já indica Fl. 1303DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 10 o destinatário da punição (autor que compõe o pólo passivo). O CTN apenas traz regras quando a responsabilidade é pessoal do agente (não o contribuinte ou sujeito passivo previsto na legislação): a responsabilidade é pessoal do agente, nas infrações em cuja definição o dolo do agente seja elementar (exceto no cumprimento de ordem); quanto ás infrações que decorrem de dolo específico; e casos em que as pessoas agem contra outras pessoas que substituem ou representam (caso do artigo 134). A responsabilidade ainda é pessoal do agente, no caso de mandatários prepostos e empregados que agem contra os mandantes, preponentes ou empregadores; e ainda diretores e gerentes que agem contra as pessoas jurídicas de direito privado que dirigem ou gerenciam (artigo 137). Em matéria de penalidade não há responsabilidade de terceiros, em razão do princípio segundo o qual a pena não passa da pessoa do apenado. Utilizase, quando muito, o conceito de coautoria. No tocante a penalidade isolada (não proporcional ao tributo) a palavra mais adequada é então coautoria, até porque na área de penalidades e na coautoria, cada infrator responde pela infração que tiver cometido. O raciocínio que existe para tributo, não é o mesmo que existe para penalidades, especialmente as dolosas e as isoladas. E preciso demonstrar o nexo de causalidade entre a prática de um ato por determinada pessoa e a infração.A fiscalização não indicou para quem Claúdio Dahruj ou a CMJ emprestaram os nomes, e em que operações de comércio exterior isso teria ocorrido, com dolo. Na verdade indicou duas pessoas que residem no Brasil, porque pretendia atingir a Lindsay, que é empresa estrangeira, sediada nos Estados Unidos, e fora da jurisdição das autoridades brasileiras. O caso da Lindsay é sui generis neste processo. A empresa não consta do Auto de Iní ição (onde foi substituída pela CMJ). Mas consta do Termo de Verificação Fiscal e Descrição dos Fatos. Também não foi intimada, por imposibilidade, e em seu lugar, foi intimada a CMJ, empresa brasileira que apenas figura como sócia. Segundo a fiscalização a Lindsay teria emprestado o nolme para a realização da operação de admissão temporária, adulterando documentos e simulando as operações de uso da aeronave. Ocorre que o regime, de admissão não é uma operação de comércio exterior (compra e venda de mercadoria) e não se coaduna portanto com a infração de empréstimo de nome em operação de comércio exterior aventada. Também não consta o nome da Lindsay nos documentos de solicitação do regime de admissão temporária de que trata este processo, para que se pudesse dizer que emprestou o nome. Por outro lado, se está comprovado que a Lindsay é empresa idônea e existente nos Estados Unidos, que efetivamente adquiriu a aeronave da fabricante Bombardier com recursos próprios, e que os contratos que firmou (Trust e Cessão de direitos), são válidos e perfeitamente legais (como comprovado no processo e reconhecido pelo sr. Inspetor de Viracopos no julgamento da pena de perdimento), é totalmente incongruente tentar arrolála, por intermédio de sua sócia CMJ, como responsável pela infração de cessão de nome em operação de comércio exterior (que aliás não existiu). Além do mais, a fiscalização não logrou comprovar onde está a simulação dos vôos, se o sr. Cláudio Dahruj é efetivamente seu diretor, e se viajou na aeronave quando o regime foi solicitado. DA INADEQUAÇÃO DOS FATOS À PENALIDADE PROPOSTA FERINDO O PRINCÍPIO DA TIPICIDADE CERRADA Assim, totalmente improcedente a proposta de aplicação de penalidade que não se ajusta aos fatos do processo, por se voltar a operações de comércio exterior (compra e venda de mercadorias) e ao despacho para consumo, onde empresas cedem seus nomes aos verdadeiros compradores da mercadoria, que ficam ocultos, Fl. 1304DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19482.720008/201371 Acórdão n.º 3102002.938 S3C1T2 Fl. 7 11 e que detêm os recursos financeiros para tanto. Aliás, é por esse motivo que a penalidade não é adequada a pessoas jurídicas estrangeiras, mas apenas a importadores brasileiros, que possuem CNPJ e habilitação no RADAR para fazer operações de importação (só eles podem fazer importação e eventualmente ceder o nome para terceiros). Apenas para esclarecer o que a fiscalização poderia ter feito, se entendesse que o regime teve sua finalidade descumprida (viagem de diretor da empresa proprietária da aeronave, onde a aeronave também foi utilizada para transportar familiares e fazer vôos internos), o que se levanta apenas para argumentar, a legislação tem a saída: em caso de descumprimento de finalidade do regime de admissão temporária, não se aplica pena de perdimento nem a multa da do artigo 33 da lei 11.488/07. Cobrase os tributos incidentes na importação e se aplica penalidade específica. A penalidade consta do artigo 709 do Regulamento Aduaneiro. Como se vê, no caso de descumprimento do regime, se a fiscalização entender que ele foi descumprido pelo uso indevido da aeronave, cobrase tributos incidentes e multa. O perdimento só seria cabível (e por outro fundamento) se não fosse reexportado o bem, ou se a licença de importação para o bem estivesse vedada ou suspensa; ou ainda se a permanência definitiva no pais estivesse sujeita a controles de outros órgãos governamentais, e esta fosse negada. Não há que se falar no perdimento, tampouco na multa de 10% do valor da operação de importação para consumo, mas em cobrança de tributos e multa de dez por cento por descumprimento das finalidades, requisitos e prazos do regime, quando a fiscalização lograr comprovar esses fatos. A situação aventada neste processo, de empréstimo de nome para realização de operação de comércio exterior (importação para consumo) é totalmente equivocada. Junta textos da Jurisprudência Administrativa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a respeito do assunto. DO PEDIDO Face a tudo o que foi exposto, pedem os Impugnantes a declaração de improcedência a autuação, como medida de Justiça! Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 29/05/2011 Regime de Admissão Temporária de Aeronave. Infração de “cessão de nome”. Empresa norte americana cedeu seu nome para a operação de comércio exterior de Admissão Temporária. O combate a prática de interposição fraudulenta de terceiros não assume esse contorno. A situação que se apresenta está relacionada ao desvirtuamento do Regime Aduaneiro Especial de Admissão Temporária e não ao uso de interposta pessoa em operações de comércio exterior. A fragilidade da ação fiscal é detectada ao apontar uma empresa estrangeira como interposta pessoa e para corrigir a incongruência elege sua sócia brasileira que sequer participou da infração. Fl. 1305DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 12 Não se pode presumir uma importação. Se não há importação não há sujeito passivo, quanto mais sujeito passivo oculto. Sem sujeito passivo oculto, não há para quem ceder o nome. Tendo exonerado crédito tributário em valor superior ao limite de alçada, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento recorre de ofício a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais da decisão tomada É o Relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso de ofício. Inicio por uma breve consideração a respeito do esclarecimento presente na narrativa do Relatório que precede o brilhante Voto proferido na instância a quo. Logo no início (como pode ser confirmado acima), o Relator do Processo faz a seguinte afirmação (grifos acrescidos). Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 20/02/2013, em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência de multa proporcional ao valor aduaneiro, no valor de R$ 3.096.430,00 em virtude dos fatos a seguir descritos Embora a multa esteja corretamente identificada, é essencial esclarecer que a multa aplicada pela Fiscalização Federal, ora submetida a apreciação deste Colegiado, é de dez por cento do valor aduaneiro da mercadoria importada. Faço esse registro, porque a identificação da multa nos termos em que foi feita causoume certa confusão. Ainda que, de fato, ela guarde proporção com a grandeza que lhe dá expressão definitiva (quanto maior o valor, maior será a multa), a terminologia "multa proporcional" pode conduzir à ideia de equivalência, o que, definitivamente, não é o caso. De fato, logo no início do Voto condutor da decisão recorrida de ofício, os limites da lide são claramente definidos, nos seguintes termos: Considerase de suma importância para o adequado deslinde do litígio referente à multa proporcional ao valor aduaneiro de R$ 3.096.430,00 o que foi assinalado na DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL: 001 CESSÃO DO NOME DA PESSOA JURÍDICA COM VISTAS NO ACOBERTAMENTO DOS REAIS INTERVENIENTES OU BENEFICIÁRIOS A Empresa (Pessoa Jurídica), devidamente identificada, cedeu seu nome para a realização de operação de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários na operação de importação, conforme ... Portanto, a presente análise se cingirá a infração de “cessão de nome” tipificada no artigo 33 da Lei nº 11.488/07. Ceder seu nome, mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no Fl. 1306DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19482.720008/201371 Acórdão n.º 3102002.938 S3C1T2 Fl. 8 13 acobertamento de seu real beneficiário, ficando sujeita a multa tipificada no caput do artigo 33 da Lei 11.488/2007: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Relatório Fiscal e o próprio Auto de Infração confirmam que o litígio está circunscrito à multa do artigo 33 da Lei nº 11.488/07, no percentual de 10% do valor aduaneiro. Esclarecido isso, adentrase ao mérito propriamente dito. Os conceitos que devem ser considerados na tomada de decisão a respeito da procedência da multa aplicada pela Fiscalização Federal foram exaustiva e, como já disse, brilhantemente examinados pelo i. Relator da decisão recorrida. Por essa razão, creio que não seja necessário adentrar a uma nova reflexão a respeito de todo o arcabouço normativo que, de algum modo, vinculase direta ou indiretamente à multa imposta à autuada. De fato, entendo que nada de melhor podese fazer neste particular do que acolher os fundamentos expendidos na instância recorrida. Assim, no que se refere às razões de decidir da Turma recorrida, creio que o mais importante seja apenas pontuar um aspecto com o qual não estou de pleno acordo. Refirome ao entendimento manifesto no voto de que a operação que ora se examina não se trata de uma importação, por não ter havido registro de uma declaração de importação1. Concessa venia, segundo reza o Regulamento Aduaneiro, o fato gerador do imposto de importação é a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro, ex vi art.72 do Decreto 6.759/09. Art. 72. O fato gerador do imposto de importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro (DecretoLei no 37, de 1966, art. 1o, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 1o). O registro da declaração de importação se constitui, apenas, em elemento temporal do fato gerador, destinado a fixar prazo para efeito de cálculo do imposto. Art. 73. Para efeito de cálculo do imposto, considerase ocorrido o fato gerador (DecretoLei no 37, de 1966, art. 23, caput e parágrafo único): 1 A decisão de primeira instância faz a seguinte afirmação: "Há que se precisar que o procedimento em análise é um Regime Aduaneiro Especial de Admissão Temporária, não uma importação. Importação não se presume. Importação é documentada através de uma Declaração de Importação. Se a fiscalização frente aos indícios trazidos pelo Relatório Fiscal entender que o Regime Aduaneiro Especial foi descumprido, que se aplique a multa referente. Se entender que a aeronave está irregular no território nacional, que se proceda a devida apreensão com vistas à aplicação da pena de perdimento, tendo o artigo 105 do DecretoLei nº 37/66 um rol de incisos para o enquadramaento da conduta, não sendo tarefa deste relator indicálo até para não invadir seara alheada." Fl. 1307DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 14 I na data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo; (...) A despeito disso, creio que o ponto fulcral da lide, independentemente do registro ou não de declaração de importação, seja a ocorrência do evento que define a infração apontada pelo Fisco, qual seja: ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários. A esse respeito, importante que se repita que o Relatório Fiscal no qual fundamentase a autuação é bastante exaustivo na descrição de ocorrências que, segundo me parece, nada têm a ver com a pena imputada ao contribuinte. Com efeito, a circunstância demonstrada em provas robustas de que a aeronave permanecia mais tempo dentro do país do que no exterior é de grande utilidade para fins de demonstração de irregularidades relacionadas à concessão/fruição do Regime de Admissão Temporária, mas nada prova quando o que se pretende demonstrar é a cessão do nome para a realização de operações de comércio exterior, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários. Desta forma, o vertente voto irá debruçarse sobre as provas e demais elementos de convicção trazidos pelo Fisco com vistas à demonstração dessa irregularidade específica, deixando de lado os argumentos e tudo o mais que com ela não tenham relação direta ou indireta. Esclarecido isso, depreendese dos autos que a conclusão de que foi cometida a infração por cessão do nome parte da constatação de que houve a ocultação do real responsável pela operação, por meio de interposição fraudulenta. É o que consta nos excertos a seguir transcritos, extraídos do Relatório Fiscal. A partir da constatação da ocultação do real responsável pela operação, (...) Assim como o legislador pretendeu coibir a prática da ocultação, também julgou por bem oferecer instrumento de punição para quem cedesse o nome em tal prática ilícita, ou seja, tipificou a conduta de ceder o nome em operação de comércio exterior, prevendo a multa de 10% em cima do valor da operação. Logo, havendo ocultação, consequentemente alguém cedeu o nome agindo como interposta pessoa Em linhas gerais, é possível dizer que os AuditoresFiscais responsáveis pelo procedimento chegaram à conclusão de que houve ocultação do real responsável pela operação, porque a aeronave vinha sendo utilizada no território nacional para fins particulares do Sr. Claudio Dahruj, diretor da empresa Lindsay Keats2, e não para transporte de diretores da Wells Fargo. 2 Afirma a Fiscalização Federal no Relatório Fiscal do Auto de Infração. "Conforme se depreende dos contratos sociais juntados ao processo, verificase que o Sr Cláudio Dahruj é sócio da empresa brasileira CD Holding Ltda., juntamente com Mareia Dahruj, com 50% do capital social cada um, sendo que esta empresa, juntamente com a empresa MD Holding LTDA., que tem o mesmo quadro societário, também a razão de 50% do capital para cada sócio, é detentora da totalidade do capital da empresa CMJ Comércio de Veículos Ltda Considerando que a CMJ Comércio de Veículos Ltda é a única sócia da empresa americana Lindsay Keats LLC, é de se reconhecer que, efetivamente, Cláudio Dahruj tem o poder decisório sobre todas essas empresas e , portanto, tem o comando de todas as suas operações, tanto no Brasil como no exterior." Fl. 1308DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19482.720008/201371 Acórdão n.º 3102002.938 S3C1T2 Fl. 9 15 Relembrese que o Banco americano Wells Fargo é o proprietário da aeronave, em garantia do pagamento da dívida da empresa americana Lindsay Keats LCC, que adquiriu o bem, detendo sua posse e uso, em uma operação semelhante a uma operação de alienação fiduciária, conhecida como Trust Agreement. Com base nesses fatos e nos pressupostos de direito que considera presentes na caracterização da infração por interposição fraudulenta, o Relatório do Fisco concluiu: Depois de demonstrados todos os pressupostos de direito e considerando os pressupostos de fato, já abordados na caracterização da ocultação do Sr. Cláudio Dahruj pela empresa estrangeira LINDSAY, resta configurado o ilícito da cessão do nome pela empresa LINDSAY, tipificado no art. 33 da Lei 11.488/2007, regulamentado pelo art. 727 do Decreto 6.759/2009: Observese. Uma das circunstâncias que admitem a concessão do Regime em epígrafe, é justamente a de que a viagem seja para o transporte de diretor ou representante de sociedade ou firma quando a aeronave for de sua propriedade. Se assim o é, creio que a lógica por detrás da conclusão de que a empresa da qual o Sr. Cláudio Dahruj é sócio, a Lindsay, ocultou seu próprio diretor para realização de uma operação que requer, precisamente, a revelação de que tudo está acontecendo exatamente desta maneira, não está relacionada ao fato em si, mas à forma como a aeronave vinha sendo utilizada: segundo o Fisco, permanecendo mais tempo no país do que fora dele. Em outras palavras, o Sr. Cláudio Dahruj, residente no Brasil, no entender da Fiscalização Federal, utilizouse de uma empresa estrangeira de sua propriedade, para valerse de um Regime a que não teria direito, na medida em que, sendo a aeronave utilizada quase que exclusivamente para deslocamento dentro do Brasil, deveria têla importado em caráter definitivo e declaradoa como sendo de sua propriedade, com o pagamento dos impostos incidentes numa operação normal de importação. A lógica é compreensível, mas, segundo me parece, passa longe de caracterizar a infração por cessão de nome. De fato, a situação relatada nos autos afigurase verdadeiramente suspeita no que se refere à aplicação do Regime de Admissão Temporária nas circunstâncias detalhadas pelo Fisco, mas estender os efeitos desses desajustes à caracterização da infração por cessão do nome, creio que seja um exagero. Se é incontroverso que a aeronave foi adquirida pela empresa Lindsay Keats LCC, estando em propriedade do Banco americano Wells Fargo apenas por uma questão comercial (em garantia do pagamento da dívida da empresa que adquiriu o bem), e também que o Sr. Claudio Dahruj é efetivamente diretor da Lindsay, então não vejo de onde se possa concluir que, em relação a esses registros de propriedade e posse, ocorreu a fraude de cessão do nome para realização de operações com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários. Afinal, quem são os chamados reais beneficiários do Regime? Não são, justamente, as empresas e seus respectivos diretores? E não seria falsidade apontar o Sr. Fl. 1309DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 16 Claudio Dahruj como proprietário da aeronave se ela foi adquirida e está em nome da Lindsay Keats3? Data maxima venia, não vejo como possa prosperar a presente autuação. E há, ainda, que se acrescentar a questão da sujeição passiva. Transcrevo algumas considerações presentes no voto de primeira instância acerca do assunto. A fragilidade da ação fiscal já é detectada no seu esforço de apontar a empresa estrangeira LINDSAY como interposta pessoa e para corrigir a incongruência de eleger uma empresa estrangeira como responsável por uma infração aduaneira praticada em território nacional, aponta como substituta sua sócia brasileira, a empresa CMJ, estabelecendo assim uma confusão conceitual entre responsabilidade tributária e responsabilidade infracional. (...) Se estamos diante de um ilícito – de natureza aduaneira – o inciso XLV, do artigo 5º, da Constituição Federal se impõe: XLV nenhuma pena passará da pessoa do condenado,... Logo, não é equânime que a empresa brasileira CMJ venha responder pela infração em nome de sua sócia norteamericana LINDSAY, que foi aquela que cedeu seu nome na visão da própria fiscalização, conforme trecho já aqui transcrito às folhas 73 do processo digital. Com efeito, a autuação em tela foi lavrada contra a empresa CMJ Comércio de Veículos Ltda. Não vejo como admitir a responsabilização dessa empresa pela infração por cessão de nome, pela simples e exclusiva razão de ser ela, também, de propriedade do Sr. Claudio Dahruj ou mesmo por ser sócia da empresa Lindsay. VOTO por negar provimento ao Recurso de Ofício. Sala de Sessões, 10 de dezembro de 2015. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Relator 3 Como já se disse, a propriedade foi transferida ao Banco apenas como garantia de pagamento. Fl. 1310DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 13609.000951/2007-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/1997 a 30/11/2006
RECURSO DE OFÍCIO. VALOR ABAIXO DO LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece o recurso de ofício, cujo valor exonerado do crédito referente às contribuições e à multa seja inferior ao limite fixado em ato do Ministro da Fazenda.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RELATÓRIO DE VÍNCULOS.
A relação apresentada no anexo Relatório de Vínculos não tem como escopo incluir os administradores da empresa no polo passivo da obrigação tributária, apenas lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da Administração, representantes legais ou não do sujeito passivo, indicando o tipo de vínculo, sua qualificação e período de atuação.
ARROLAMENTO DE BENS. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Nos termos da delimitação imposta pelo Decreto nº 70.235, de 1972, escapa à competência dos órgãos administrativos de julgamento a apreciação acerca da procedência de arrolamento de bens e direitos formalizado pela autoridade fiscal.
REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS. COMPETÊNCIA DO CARF. AUSÊNCIA
O CARF carece de competência para se pronunciar sobre processo de Representação Fiscal Para Fins Penais.
Recurso de Ofício não Conhecido e Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.025
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício e negar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/1997 a 30/11/2006 RECURSO DE OFÍCIO. VALOR ABAIXO DO LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece o recurso de ofício, cujo valor exonerado do crédito referente às contribuições e à multa seja inferior ao limite fixado em ato do Ministro da Fazenda. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. A relação apresentada no anexo Relatório de Vínculos não tem como escopo incluir os administradores da empresa no polo passivo da obrigação tributária, apenas lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da Administração, representantes legais ou não do sujeito passivo, indicando o tipo de vínculo, sua qualificação e período de atuação. ARROLAMENTO DE BENS. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos da delimitação imposta pelo Decreto nº 70.235, de 1972, escapa à competência dos órgãos administrativos de julgamento a apreciação acerca da procedência de arrolamento de bens e direitos formalizado pela autoridade fiscal. REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS. COMPETÊNCIA DO CARF. AUSÊNCIA O CARF carece de competência para se pronunciar sobre processo de Representação Fiscal Para Fins Penais. Recurso de Ofício não Conhecido e Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13609.000951/2007-66
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5572809
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2402-005.025
nome_arquivo_s : Decisao_13609000951200766.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 13609000951200766_5572809.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício e negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo - Presidente Kleber Ferreira de Araújo - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
id : 6304834
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125771350016
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2186; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 646 1 645 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13609.000951/200766 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2402005.025 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de fevereiro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrentes RAL ENGENHARIA LTDA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1997 a 30/11/2006 DOCUMENTAÇÃO QUE NÃO REFLETE A REALIDADE ECONÔMICA FINANCEIRA DA EMPRESA. POSSIBILIDADE DE ARBITRAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Abrese ao Fisco a possibilidade de arbitrar as contribuições previdenciárias devidas, quando o sujeito passivo apresenta documentação que não reflete a sua realidade econômicofinanceira. MULTA. VALOR SUPOSTAMENTE EXORBITANTE. IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Não pode a autoridade fiscal ou mesmo os órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação da multa legalmente prevista, sob a justificativa de que tem valor exorbitante. JUROS SELIC. INCIDÊNCIA SOBRE OS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS ADMINISTRADOS PELA RFB. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1997 a 30/11/2006 RECURSO DE OFÍCIO. VALOR ABAIXO DO LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece o recurso de ofício, cujo valor exonerado do crédito referente às contribuições e à multa seja inferior ao limite fixado em ato do Ministro da Fazenda. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 00 09 51 /2 00 7- 66 Fl. 646DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. A relação apresentada no anexo “Relatório de Vínculos” não tem como escopo incluir os administradores da empresa no polo passivo da obrigação tributária, apenas lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da Administração, representantes legais ou não do sujeito passivo, indicando o tipo de vínculo, sua qualificação e período de atuação. ARROLAMENTO DE BENS. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos da delimitação imposta pelo Decreto nº 70.235, de 1972, escapa à competência dos órgãos administrativos de julgamento a apreciação acerca da procedência de arrolamento de bens e direitos formalizado pela autoridade fiscal. REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS. COMPETÊNCIA DO CARF. AUSÊNCIA O CARF carece de competência para se pronunciar sobre processo de Representação Fiscal Para Fins Penais. Recurso de Ofício não Conhecido e Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício e negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 647DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13609.000951/200766 Acórdão n.º 2402005.025 S2C4T2 Fl. 647 3 Relatório Tratase de recurso de ofício interposto pelo presidente da 7.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Belo Horizonte (MG) contra o seu Acórdão n.º 02042.793, que julgou improcedente em parte a impugnação apresentada para desconstituir Notificação Fiscal de Lançamento de Débito n.º 37.099.7174. Desta decisão também recorreu o sujeito passivo. O crédito em questão referese à exigência das contribuições patronais para outras entidades ou fundos (terceiros). As contribuições foram apuradas a partir de diferenças entre as remunerações pagas a segurados empregados apuradas por aferição indireta e aquelas contidas em folhas de pagamento da empresa. A mensuração da base de cálculo tomou como parâmetro os valores das notas fiscais de prestação de serviço, sobre os quais foram aplicados os percentuais previstos nos arts. 600 a 605 da Instrução Normativa SRP n.º 03/2005. Vale salientar que a turma do CARF anulou decisão de primeira instância anteriormente exarada neste processo, ao identificar falha processual consistente na falta de intimação do sujeito passivo acerca de informações produzidas em sede de diligência fiscal. A nova decisão reconheceu a decadência parcial das contribuições apuradas, expurgando do crédito os seguintes períodos: a) 01/1997 a 11/2001, declaradas decadentes para todos os estabelecimentos; b) 12/2001 a 08/2002, declaradas decadentes para o estabelecimento 01.182.232/000170 (existência de recolhimentos); c) 12/2001 a 07/2002, declaradas decadentes para o estabelecimento 11.712.01514/72 (existência de recolhimento). Depois afastou a tese de ilegalidade do lançamento pela suposta colocação dos representantes legais da empresa no polo passivo. Para a DRJ, a relação acostada à NFLD tem função meramente informativa, não importando em qualquer gravame às pessoas físicas ali indicadas. Na sequência foi reconhecida a ocorrência de grupo econômico, este formado pela autuada e a empresa Erege Participações Ltda, a qual detém 99% do capital social da RAL Engenharia Ltda e os 1% restantes pertencem ao Sr. Eduardo Barcelos Góes, que é o responsável legal pelas duas empresas, as quais funcionam na mesma sede. Para a DRJ a apuração das contribuições por arbitramento foi legítima, posto que as evidências apresentadas pelo fisco mostraramse consistentes, estando o procedimento adotado em consonância com a legislação de regência. Fl. 648DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 Também foi corroborada a afirmação do fisco de que teria havido apresentação deficiente de documentos. As falhas citadas foram a falta de contabilização de operações bancárias, o não registro de livros contábeis, além da omissão na apresentação de documentos relativos a reclamatórias trabalhistas. Afirmouse na decisão original que a única falha do fisco na apuração da base de cálculo não teria interferência na apuração final, posto que ocorrida em competência abarcada pela decadência. Também foi afastado o argumento da empresa de que estaria impossibilitada de fazer a matrícula CEI de obra, em razão do caráter itinerante de sua atividade. Afirmase que o fisco efetuou de ofício as matrículas relativas aos contratos apresentados, para os casos em que a empresa não houvera adotado tal providência. Ficou consignado que o Termo de Arrolamento de Bens é documento integrante da notificação e está previsto na legislação previdenciária, descabendo o inconformismo da empresa quanto a esse documento. A DRJ declarouse incompetente para enfrentar questionamentos acerca da Representação Fiscal para Fins Penais e sobre inconstitucionalidade de leis vigentes e eficazes. Inconformado, o sujeito passivo interpôs recurso, no qual inicialmente narra os principais fatos do processo e alega ser ilegal a inclusão dos sócios da recorrente na condição de coobrigados. Sustenta que não existe a possibilidade de enquadramento da empresa Erege Participações Ltda como codevedora, uma vez que o fisco não demonstrou interesse comum vinculando esta à notificada. Advoga com veemência que o trabalho fiscal está calcado em presunções, não se preocupando o fisco em levar a efeito a adequada investigação, por isso o lançamento não deve prosperar. A seguir, passa a discorrer pontualmente acerca dos motivos que o fisco adotou para justificar o arbitramento das contribuições, tentando afastar cada um deles. Afirma que o arrolamento de bens, previsto no art. 64 da Lei n.º 9.532/1992 padece de ilegalidade. Alega ser inconstitucional a contribuição ao SAT, posto que, embora prevista constitucionalmente, a sua regulamentação por lei ordinária deixou de observar o princípio da tipicidade, indispensável para a válida instituição de tributos. A emissão de Representação Fiscal para Fins Penais RFFP pela constatação, em tese, de ilícitos fiscais não se coaduna com o Direito Penal vigente no Brasil, posto que a evidência sugerida pela lei exige provas irrefutáveis pautadas em documentação idônea, afastando presunções, ficções ou qualquer outro meio de prova indireta. Sustenta que, caso o lançamento seja mantido, deve haver a redução dos acréscimos de multa e juros, posto que exorbitantes. Fl. 649DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13609.000951/200766 Acórdão n.º 2402005.025 S2C4T2 Fl. 648 5 Ao final pede a exclusão do polo passivo das pessoas físicas relacionadas no relatório da NFLD; o provimento integral do recurso ou, ao menos, a redução dos acréscimos legais. É o relatório. Fl. 650DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso de ofício não atende aos pressupostos de admissibilidade, posto que o valor de contribuições e multa exonerado foi de R$ 158.627,94 (cento e cinquenta e oito mil, seiscentos e vinte e sete reais e noventa e quatro centavos), portanto, abaixo do valor mínimo fixado pela Portaria MF n.º 03, de 03/01/2008, verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Parágrafo único. O valor da exoneração de que trata o caput deverá ser verificado por processo. Assim, não merece conhecimento o recurso necessário. O recurso voluntário, todavia, merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Exclusão dos representantes legais O pedido para exclusão dos representantes legais do polo passivo da relação tributária não merece acolhida. É que não há a vinculação dos mesmos na condição de devedores. No presente caso, a responsabilidade pelo crédito é da empresa notificada. Os administradores, por serem os representantes legais do sujeito passivo, constam da relação anexada ao AI apenas para cumprir formalidade das normas emanadas da Administração, sendo que este rol tem caráter apenas informativo O Fisco não atribuiu responsabilidade direta aos gestores, mas apenas elencou no relatório fiscal quais seriam os responsáveis legais da empresa para efeitos cadastrais. Assim, a empresa carece de interesse de agir quanto ao pedido exclusão dos representantes legais, posto que inexiste a alegada responsabilização dos mesmos pelo crédito. Essa questão, inclusive, é objeto de súmula do CARF, redigida nos seguintes termos: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Fl. 651DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13609.000951/200766 Acórdão n.º 2402005.025 S2C4T2 Fl. 649 7 De se concluir que a alegação do sujeito passivo não procede. Responsabilidade solidária Como se observa do relatório fiscal não houve vinculação da empresa Erege Participações Ltda ao crédito lançado na qualidade de devedora solidária, posto que a solidariedade previsto no inciso IX no art. 30 da Lei n.º 8.212/1991 não alcança às contribuições para outras entidades ou fundos, restringindose apenas às contribuições previdenciárias. Portanto, o argumento para afastar a solidariedade não tem pertinência com o presente lançamento. Aferição indireta da base de cálculo Conforme noticiado acima, a apuração das contribuições deuse por aferição indireta da base de cálculo, procedimento este que foi justificado pelo fisco mediante a narrativa de diversas situações que supostamente redundariam na desconsideração da contabilidade da empresa. Esses motivos eleitos pelo fisco para motivar a lavratura foram veementemente rechaçados pelo sujeito passivo, cabendo a nós, nesse momento, lançar o olhar sobre cada um deles, de modo a chegar a uma conclusão segura acerca da procedência ou não do lançamento. a) falta de apresentação do livro Razão e apresentação sem as formalidades legais Segundo o fisco os livros Razão dos exercícios de 1996 a 1999 estariam desprovidos das formalidades extrínsecas tais como encadernação, termo de abertura e encerramento, autenticação, etc. Considerando que este período foi abarcado pela decadência, deixo de apreciar a suposta desconformidade nesse interregno, uma vez que a sua análise já não teria interferência no resultado do julgamento. Afirma ainda que empresa teria também se recusado a apresentar o Razão para os exercícios de 1997, 1998, 2000, 2001 e 2002. Como a decadência foi declarada até a competência 07/2002, interessanos apenas o Livro relativo a este último exercício. Não considero que a falta de apresentação deste elemento seja causa a justificar o arbitramento das contribuições, haja vista que os Livros Diários foram apresentados. Pelo menos o fisco não fez qualquer menção à falta de exibição deste elemento. De posse dos lançamentos do Diário, a autoridade fiscal teria como averiguar a ocorrência dos fatos geradores, assim, a falta do Razão, de per si, não seria hábil a justificar o arbitramento. b) Falta de escrituração individualizada dos fatos geradores de contribuições previdenciárias por estabelecimento/obra de construção civil Fl. 652DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 O fisco acusa a empresa de, em todo o período auditado, não ter feito a escrituração dos fatos geradores em conformidade com as normas de regência. De acordo com o seu relatório, foram fiscalizados o estabelecimento matriz e diversas obras de construção civil, algumas matriculadas pela empresa, outras de ofício durante a ação fiscal. Afirma que não há como identificar na contabilidade as parcelas integrantes e não integrantes do salário decontribuição e as contribuições descontadas dos segurados para cada uma das obras e para a matriz. A título ilustrativo, foi feita a transcrição de lançamentos da "Conta n.º 3.1.01.01.0001 Salários", onde o fisco demonstra que eram registradas ali parcelas que integram a base de cálculo das contribuições juntamente com outras que não se submetem à tributação, além de que os lançamentos eram efetuados de forma globalizada, sem diferenciação por centro de custo. Por conta deste prática irregular, foi lavrado auto de infração por descumprimento de obrigação acessória. Alega a empresa que o arbitramento não seria justificável, na medida em que o fisco poderia ter apreciado o conjunto da documentação apresentada e chegar ao montante do tributo devido, sem necessidade de lançar mão do arbitramento, que deve ser utilizado apenas em casos extremos. Nesse ponto eu não vejo como dar razão à empresa. A falta de discriminação das parcelas integrantes e não integrantes do salário decontribuição impediu que o fisco com base apenas na contabilidade pudesse aferir o montante da base de cálculo. Vejamos o que diz o Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/1999 acerca dessa obrigação das empresas. Art.225. A empresa é também obrigada a: (...) II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) §13. Os lançamentos de que trata o inciso II do caput, devidamente escriturados nos livros Diário e Razão, serão exigidos pela fiscalização após noventa dias contados da ocorrência dos fatos geradores das contribuições, devendo, obrigatoriamente: I tender ao princípio contábil do regime de competência; e II registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do saláriodecontribuição, bem como as contribuições descontadas do segurado, as da empresa e os Fl. 653DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13609.000951/200766 Acórdão n.º 2402005.025 S2C4T2 Fl. 650 9 totais recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços. As normas acima não representam meros formalismos, de fato, não basta que a empresa contabilize o total da folha de pagamento, mas é obrigatório que individualize em contas apropriadas os fatos geradores das contribuições daqueles que se referem, por exemplo, a verbas indenizatórias. O objetivo desses preceitos é permitir uma maior agilização dos trabalhos fiscais, de modo que a auditoria possa de pronto verificar se a contabilidade espelha a realidade econômicofinanceira da empresa. Outra falha que praticamente inviabilizou a apuração das contribuições por estabelecimento/obra de construção civil foi o lançamento dos salários na contabilidade sem fazer a individualização do centro de custo a qual se refere. Observase que, mesmo para as obras que a própria empresa efetuou a matrícula, não há como o fisco, com base na contabilidade, identificar a qual obra o pagamento se refere ou mesmo se o pagamento diz respeito a um servidor administrativo ou a um operário do canteiro de obras. Essas falhas, em verdade, acabam por criar uma barreira ao fisco, que se vê impossibilitado de levar adiante o seu mister de conferir se os recolhimentos efetuados pela empresa quitariam as contribuições devidas para cada estabelecimento/obra de construção civil que integram o empreendimento fiscalizado. Assim, a falta de escrituração em contas individualizadas das parcelas conforme a sua natureza tributária, além do lançamento das remunerações sem levar em conta o estabelecimento a que se referem, pode levar à desconsideração da contabilidade. c) falta de escrituração da movimentação bancária A autoridade lançadora acusou a empresa de não haver escriturado, no período de 01/2001 a 11/2006 a sua movimentação bancária, mesmo possuindo contas correntes em diversos estabelecimentos bancários. Afirma que a conta "Caixa" possui saldo irreal, em razão da falta de registro contábil da movimentação bancária, isso impossibilitaria uma auditoria visando à conciliação da referida conta. A empresa afirma haver juntado documento entregue a Receita Federal em que encaminha a escrituração das operações bancárias registradas no Livro "Razão Auxiliar de Disponibilidades". Assevera ainda que o fisco não efetuou intimação específica para apresentação de registros auxiliares que contemplassem sua movimentação bancária. Observo que o documento juntado pela empresa para comprovar que efetuava a sua escrituração contábil em livro auxiliar não é hábil a afastar a acusação fiscal. O ofício de encaminhamento de extratos bancários, acompanhados do Livro "Razão Auxiliar de Disponibilidades" sequer contém comprovante de que foi recepcionado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Sete Lagoas (MG). Fl. 654DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 Por outro lado, o mencionado ofício não indica a que período a documentação juntada se refere. Observese que o fisco menciona a falta de escrituração para as competências de 01/2001 a 11/2006 e o ofício em questão está datado de 13/08/2007, mas sem mencionar o período de referência. Não custa lembrar que o Livro "Razão Auxiliar de Disponibilidades" também não foi acostado aos autos. Desse modo, afasto a alegação do sujeito passivo de que teria efetuado a escrituração de sua movimentação bancária, posto que não apresentou as provas hábeis a dar suporte a sua argumentação. d) falta de contabilização do pagamento da PLR de 2005 Essa acusação do fisco foi rebatida pela recorrente, sob o argumento de que o fisco não teria demonstrado que no exercício em questão haveria lucro a ser distribuído. Também não tem razão a empresa quanto a esse ponto. É que o fisco mencionou a falta de contabilização da PLR com base no documento de fl. 343, relativo à pagamentos de PLR em 05/2005. Ora, se há a comprovação de que houve o pagamento desta rubrica a empregados, não haveria necessidade de se demonstrar a ocorrência do lucro, até porque em muitos casos a PLR é paga em decorrência do alcance de metas vinculadas ao resultado da empresa, sem que haja necessariamente lucro apurado. e) não contabilização de pagamentos decorrentes de processos trabalhistas Segundo o fisco, a empresa fiscalizada apresentou diversas guias de recolhimento relativas a pagamentos de verbas decorrentes de reclamatórias trabalhistas, todavia, ao ser intimada a apresentar a contabilização das quantias envolvidas, bem como dos recolhimentos efetuados, não respondeu satisfatoriamente. A recorrente alega que o fisco não individualizou os processos trabalhistas sobre os quais a empresa teria que se pronunciar, por esse motivo não pode atender à intimação. A tese da empresa não merece acolhimento O fisco, diante guias de recolhimento específicas de pagamentos decorrentes de reclamatórias trabalhistas, solicitou, sem sucesso, esclarecimentos acerca dos processos que teriam dado origem a tais guias. A empresa poderia ter, ou apresentado os processos em questão, ou ter demonstrado que as guias que foram localizadas em sua documentação teriam sido preenchidas com erro na codificação e, assim, não estariam relacionadas a reclamatórias trabalhistas. Ao simplesmente alegar que desconhece a existência dos processos trabalhistas, a empresa busca transferir ao fisco a culpa pela sua inércia em justificar a origem dos recolhimentos previdenciários, deixando transparecer mais uma vez que sua contabilidade não reflete o seu real movimento econômicofinanceiro, posto que não contém a contabilização das guias de reclamatórias trabalhistas e dos valores correspondentes pagos aos segurados. f) contabilização de despesas com base em cupons fiscais A autoridade lançadora tomou como desconformidade com as normas tributárias o fato de haver a contabilização de despesas com base apenas em cupons fiscais, Fl. 655DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13609.000951/200766 Acórdão n.º 2402005.025 S2C4T2 Fl. 651 11 onde não existe a indicação do CNPJ da compradora, a descrição do bem ou serviço objeto da operação, a data e o valor envolvido. Para a empresa essa observação do fisco não tem pertinência com o lançamento, posto que os referidos cupons fiscais não guardam relação com a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Alega que, pela natureza das atividades que desempenha, não tem como obter notas fiscais de pequenas despesas, a exemplo de lanches, abastecimento de veículos, material de escritório, etc. Advoga que a própria jurisprudência administrativa admite que não deve subsistir o lançamento fundamentado unicamente no fato das notas simplificadas e tickets de caixa não serem hábeis a comprovar despesas. De fato, vejo que esse motivo tomado isoladamente não teria a força necessária para afastar a confiabilidade da escrituração contábil da recorrente, todavia, quando essa constatação se junta a outras evidências de omissões e incorreções contábeis, assume relevância a justificar a desconsideração da contabilidade. g) aquisição de vales transportes sem o correspondente registro de empregados Outra constatação apresentada pelo fisco para demonstrar que havia segurados laborando para a notificada no exercício de 1997 sem o respectivo registro do vínculo empregatício, foi a aquisição de vales transportes no período. A recorrente contestou essa evidência, sob o argumento de que a mera aquisição dos valores não serve como prova para desconsiderar sua contabilidade. Considerando que as competências de 1997 foram alcançadas pela decadência, tenho como prejudicado esse ponto da contenda. h) pagamentos a pessoas físicas O fisco apontou que pagamentos realizados a pessoas físicas por serviços prestados foram contabilizados como despesa de pagamento a pessoas jurídicas, com lançamentos nas contas contábeis n.º 3.1.01.02.0009 e 3.1.02.01.0004. A recorrente se defende alegando que, de fato, são pagamentos a pessoas físicas, todavia, os prestadores apresentaram notas fiscais avulsas emitidas pela Prefeitura Municipal de Santa Luzia. Observase aí mais um procedimento contábil totalmente inadequado por parte da empresa fiscalizada. Fatos geradores de contribuição foram contabilizados como se fora pagamentos não sujeitos à tributação. O fato do prestador pessoa física apresentar uma nota fiscal avulsa não altera a sua natureza frente às normas do custeio previdenciário, posto que o documento entregue não afasta sua vinculação ao RGPS como contribuinte individual e, por conseguinte, segurado obrigatório da Previdência Social. Fl. 656DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 12 A inclusão desses pagamentos em conta contábil de prestador pessoa jurídica é conduta que leva à redução da base de cálculo das contribuições sociais, indicando que a contabilidade não reflete a realidade econômica da empresa. i) fornecimento dos elementos solicitados pelo fisco Alega a recorrente que apresentou todos os elementos requeridos e, assim, não haveria necessidade do fisco de levar adiante o arbitramento das contribuições, posto que dispunha de dados para aferir diretamente a base de cálculo dos tributos em questão. Notase que tem razão a recorrente quando assevera que disponibilizou farta documentação para a autoridade fiscal, todavia, foi exatamente com base nos elementos fornecidos que o fisco pode chegar à conclusão de que a escrita contábil da contribuinte destoava da sua realidade econômica financeira, com base, dentre outros fatos, na ocorrência de segurados não registrados e valores salariais não lançados nas folhas de pagamento. Na verdade, a motivação da aferição não reside na falta de apresentação de documentos, mas na sua exibição com deficiências e omissões que comprometeram a confiabilidade dos registros da empresa, justificando, por isso, a aferição indireta do saláriode contribuição. j) necessidade de efetuar matrícula CEI Citando o art. 162 da IN SRP n.º 03/2005, a recorrente afirma que não teria obrigação de efetuar matrícula CEI haja vista que os seus empregados laboravam prestando serviço a vários tomadores simultaneamente. Essa afirmação não condiz com a realidade dos autos. Parte das matrículas CEI fiscalizadas foram abertas pelo próprio sujeito passivo, o que contradiz o sua tese. Por outro lado, o fisco relacionou os contratos de prestação de serviço apresentados na ação fiscal e concluiu que para as execuções que envolveram, dentre outros, os serviços de pavimentação asfáltica, construção de vias urbanas, construção de quadras poliesportivas e reformas de escolas, caberia o cadastramento de matrícula CEI, providência que foi adotada de ofício, para os casos em que houve omissão da empresa. Todas essas situações, em absoluto, incluemse nos casos de dispensa de efetivação de matrícula como defende a recorrente, além de que não restou comprovada a existência de trabalhadores laborando simultaneamente em serviços relativos a diferentes tomadores. Afastase assim o argumento de dispensa da obrigatoriedade de efetivação do cadastramento de matrícula CEI. k) Existência de folhas de pagamento não escrituradas Nos termos do relatório fiscal, foram localizadas folhas de pagamento não escrituradas, onde se verifica a existência de empregados não registrados e o pagamento de remuneração adicional não oferecida à tributação. Acerca dessa acusação a notificada mantevese silente. A meu sentir essa é mais grave das constatações do fisco. Ao localizar documento que comprova a utilização de mãodeobra não formalizada e de pagamentos de Fl. 657DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13609.000951/200766 Acórdão n.º 2402005.025 S2C4T2 Fl. 652 13 remunerações não registradas em folha de pagamento e, logicamente, não integrantes das demonstrações contábeis, a auditoria apresentou fato que, fora de dúvida, subsumese à hipótese de arbitramento das contribuições prevista no art. 148 do CTN: Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Os fatos narrados demonstram de forma contundente que a escrituração contábil do sujeito passivo, bem como toda sua documentação comprobatória de pagamentos de remunerações não apresentam confiabilidade, sendo cabível, portanto, a apuração da base de cálculo por aferição indireta. Esse procedimento encontra respaldo também no § 3.º do art. 33 da Lei n.º 8.212/1991, assim redigido: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (...) § 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (...) Nessa toada, afasto o argumento recursal de que o arbitramento das contribuições teria sido efetuado ao arrepio da legislação tributária. Contribuição para financiamento dos benefícios acidentários/terceiros Esse é outro argumento que não tem pertinência com o lançamento, haja vista que a contribuição ao RAT não foi incluída na NFLD em destaque. Embora na abertura do tópico, o sujeito passivo se refira às contribuições para os terceiros, nos argumentos lançados não há uma linha sequer tratando dessas contribuições. Portanto, esse ponto do recurso não merece prosperar. Fl. 658DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 14 Multa Requer a recorrente a redução da multa aplicada, em face do seu valor exorbitante. Na análise dessa razão, não se pode perder de vista que o lançamento da multa por descumprimento de obrigação de pagar o tributo é operação vinculada, que não comporta emissão de juízo de valor quanto à agressão da medida ao patrimônio do sujeito passivo, haja vista que uma vez definido o patamar da sua quantificação pelo legislador, fica vedado ao aplicador da lei ponderar quanto a sua justeza, restandolhe apenas aplicar a multa no quantum previsto pela legislação. Cumprindo essa determinação a autoridade fiscal, diante da ocorrência da falta de pagamento do tributo fato já apreciado aplicou a multa no patamar fixado na legislação, conforme muito bem demonstrado no Discriminativo Sintético do Débito, em que são expressos os valores originários, a multa e os juros aplicados no lançamento. Não há, portanto, que se deferir o pedido para redução da multa. Juros SELIC Quanto à substituição da taxa de juros SELIC, não merece melhor sorte a recorrente. Esta matéria já se encontra sumulada nesse Tribunal Administrativo, nos termos da Súmula CARF n. 04: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Nesse sentido, sendo a Súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF, nos temos do “caput” do art. 72 do Regimento Interno do CARF1., não pode esse colegiado afastar a utilização da taxa de juros aplicada às contribuições lançadas no presente lançamento. Por outro lado, o Superior Tribunal de Justiça – STJ, decidiu com base na sistemática dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC) que é legítima a aplicação da taxa SELIC aos débitos tributários, o que faz com que essa discussão tornese, até certo ponto, desnecessária. Eis a ementa do julgado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO À SISTEMÁTICA PREVISTA NO ART. 543C DO CPC. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃOOCORRÊNCIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. JUROS DE MORA PELA TAXA SELIC. ART. 39, § 4º, DA LEI 9.250/95. PRECEDENTES DESTA CORTE. 1. Não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a prestação jurisdicional, o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia. 1 Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. (...) Fl. 659DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13609.000951/200766 Acórdão n.º 2402005.025 S2C4T2 Fl. 653 15 2. Aplicase a taxa SELIC, a partir de 1º.1.1996, na atualização monetária do indébito tributário, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de juros ou atualização monetária. 3. Se os pagamentos foram efetuados após 1º.1.1996, o termo inicial para a incidência do acréscimo será o do pagamento indevido; no entanto, havendo pagamentos indevidos anteriores à data de vigência da Lei 9.250/95, a incidência da taxa SELIC terá como termo a quo a data de vigência do diploma legal em tela, ou seja, janeiro de 1996. Esse entendimento prevaleceu na Primeira Seção desta Corte por ocasião do julgamento dos EREsps 291.257/SC, 399.497/SC e 425.709/SC. 4. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão sujeito à sistemática prevista no art. 543C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 Presidência/STJ. (REsp 1111175 / SP, Relatora Ministra Denise Arruda, DJe. 01/07/2009) Não merece provimento o pedido para redução dos juros aplicados ao lançamento. Arrolamento de Bens e Direitos Assevera o sujeito passivo que o arrolamento de bens e direitos é ilegal e atenta contra o contraditório e a ampla defesa. Pede o cancelamento do Termo de Arrolamento. Vejamos se tem razão. O arrolamento de bens e direitos se constitui em medida de caráter administrativo relativo à tutela da satisfação dos interesses do Estado, na medida em que visa informar a situação patrimonial do sujeito passivo, no tocante aos bens por ele titularizados, com vistas à futura satisfação do crédito tributário. Ressaltese que o referido Termo não promove a indisponibilidade do bem arrolado. O procedimento é legal e está previsto nos artigos 64 e 64A da Lei 9.532/97, constituindose em obrigação do agente fiscal. Nesse sentido, descabe a esse colegiado, como visto acima, apreciar a suposta afronta à Constituição por esse diploma legal. De outra banda, as considerações feitas pelo recorrente em relação ao arrolamento de bens não podem ser objeto de apreciação pela autoridade julgadora administrativa, eis que não se circunscrevem ao delimitado no Decreto nº 70.235, de 1972, isto é, não dizem respeito à determinação e exigência de créditos tributários. Representação Fiscal para Fins Penais Quanto ao argumento que ataca a lavratura da Representação Fiscal Para Fins Penais, é matéria que não cabe a esse colegiado se pronunciar, nos termos da Súmula CARF n. 28: Fl. 660DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 16 Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Conclusão Voto por não conhecer do recurso de ofício e por conhecer do recurso voluntário, negandolhe provimento. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 661DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 15374.902473/2009-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Jan 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004
COMPENSAÇÃO. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INTEMPESTIVIDADE.
Somente é digna de conhecimento a manifestação de inconformidade com a não-homologação de compensação apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência da decisão denegatória.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO.
É preclusa a apreciação de matéria no recurso voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade.
Numero da decisão: 1402-001.974
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto à discussão sobre a tempestividade da manifestação de inconformidade e deixar de conhecê-lo quanto à homologação das compensações pleiteadas em PER/DECOMP, por ser a matéria preclusa. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2004 COMPENSAÇÃO. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INTEMPESTIVIDADE. Somente é digna de conhecimento a manifestação de inconformidade com a não-homologação de compensação apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência da decisão denegatória. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no recurso voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 12 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 15374.902473/2009-19
anomes_publicacao_s : 201601
conteudo_id_s : 5557639
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 12 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1402-001.974
nome_arquivo_s : Decisao_15374902473200919.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
nome_arquivo_pdf_s : 15374902473200919_5557639.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto à discussão sobre a tempestividade da manifestação de inconformidade e deixar de conhecê-lo quanto à homologação das compensações pleiteadas em PER/DECOMP, por ser a matéria preclusa. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
id : 6249518
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125800710144
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1867; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 133 1 132 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.902473/200919 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402001.974 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 8 de dezembro de 2015 Matéria IRPJ Recorrente PROSINT QUIMICA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004 COMPENSAÇÃO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INTEMPESTIVIDADE. Somente é digna de conhecimento a manifestação de inconformidade com a nãohomologação de compensação apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência da decisão denegatória. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no recurso voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto à discussão sobre a tempestividade da manifestação de inconformidade e deixar de conhecêlo quanto à homologação das compensações pleiteadas em PER/DECOMP, por ser a matéria preclusa. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 24 73 /2 00 9- 19 Fl. 133DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15374.902473/200919 Acórdão n.º 1402001.974 S1C4T2 Fl. 134 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15374.902473/200919 Acórdão n.º 1402001.974 S1C4T2 Fl. 135 3 Relatório Prosint Química S.A. recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 6ª Turma da DRJ Rio de Janeiro01/RJ, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “1. No dia 26.09.2006, a interessada transmitiu para a Receita Federal do Brasil (RFB) o PER/DCOMP 08862.57861.260906.1.7.045018 (fls. 2/6) no qual informou possuir crédito de R$ 1.518.008,49, oriundo de pagamento indevido de CSLL ou em valor maior que o devido, com o qual compensou o débito indicado no próprio PER/DCOMP. 2. A compensação declarada não foi homologada porque, segundo o despacho decisório proferido eletronicamente pela DERAT/RJ (fls. 7), não foi confirmada a existência do crédito alegado, pois o DARF discriminado no PER/DCOMP, por meio do qual ele teria sido recolhido, não foi localizado nos sistemas da RFB. 3. Fundamentouse a decisão nos seguintes dispositivos legais: artigos 165 e 170 da Lei nº 5.172, de 1966, e art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. 4. Cientificada do despacho decisório em 05.03.2009 (fls. 35), a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade com ele no dia sete do mês seguinte (fls. 8/13). Argumentou, preliminarmente, que a sua manifestação é tempestiva, pois tomou ciência do despacho decisório em 09.03.2009. 5. Contra o mérito, alegou, em síntese: 5.1. que cometeu um equívoco na elaboração do presente PER/DCOMP quando informou que o crédito utilizado na compensação efetuada decorria de pagamento indevido ou em valor maior que o devido de CSLL, pois, em verdade, ele se originou do saldo negativo daquela contribuição relativo ao ano calendário de 2004; 5.2. que, no entanto, o seu direito creditório não foi reconhecido pela Delegacia de Administração Tributária no Rio de Janeiro (DERAT/RJ), a qual, por isso, negouse a homologar a compensação declarada; e 5.3. que, apesar de reconhecer o equívoco cometido no PER/DCOMP, a decisão da DERAT/RJ “baseouse em premissas equivocadas” e, portanto, deve ser reformada. 6. É o relatório.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 12 27.192 (fls. 5759) de 17/11/2009, por unanimidade de votos, considerou a manifestação de inconformidade intempestiva. A decisão foi assim ementada. “Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2004 Fl. 135DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15374.902473/200919 Acórdão n.º 1402001.974 S1C4T2 Fl. 136 4 COMPENSAÇÃO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INTEMPESTIVIDADE. Somente é digna de conhecimento a manifestação de inconformidade com a nãohomologação de compensação apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência da decisão denegatória.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 14/04/2010 (documento de fl. 67) a interessada interpôs recurso voluntário em 29/04/2010 (fls. 8993) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação, acrescentando arrazoado quanto ao decidido na decisão recorrida, no que atine à intempestividade da manifestação de inconformidade, nos termos a seguir transcritos. ... Para justificar suas alegações, a I. Turma baseouse na página 35 (trinta e cinco) dos autos, onde consta informação de que o A.R. foi recebido pela ora Recorrente em 05/03/2009, porém, tal informação, como consta no próprio documento, foi fornecida pela ECT (Empresa Brasileira de correios e Telégrafos), sem ter sido confirmada, em nenhum lugar do processo, pela Secretaria da Receita Federal. Ressaltese que não há copia do A.R. como também não há nada que indique, cabalmente, o recebimento nesta data. Ao contrário, a ora Recorrente insiste em afirmar que só o recebeu em 09/03/2009, o que, por sua vez, daria a correta legitimidade à Manifestação de Inconformidade não conhecida. Na verdade, o fato é que a Receita Federal não pode comprovar que recebeu o A.R na data de 05/03/2009, simplesmente porque o A.R. até a presente data não voltou ao processo. Mais além, a decisão foi baseada numa simples informação da ECT a qual não pode ser confirmada. Por todo o exposto, a ora Recorrente insiste em afirmar que a sua Manifestação de Inconformidade foi tempestivamente apresentada, vez que, a decisão foi por ela recebida em 09/03/2009 e, mais além, como não pode ser confirmado, pela falta do A.R. no presente processo, há que se acatar tal afirmação. ... É o relatório. Fl. 136DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15374.902473/200919 Acórdão n.º 1402001.974 S1C4T2 Fl. 137 5 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Com efeito, quanto à intempestividade da manifestação de inconformidade, entendo tal e qual a decisão recorrida. De fato, a alegação de que foi tempestiva a apresentação da manifestação de inconformidade chocase com a prova acostada aos autos à fl. 35, segundo a qual a ciência do despacho decisório ocorrera em 05/03/2009, uma quintafeira com expediente normal nas repartições da RFB que precedeu um dia útil daquela semana, e não no dia nove daquele mês, conforme alega a interessada. Reafirmase aqui que a informação de fl. 35, de responsabilidade da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), tem presunção de verdade, não necessitando, como quer fazer crer a recorrente, de chancela da Secretaria da Receita Federal. Diante da prova de fl. 35, para contrapor a informação ali constante, bastaria à interessada comprovar que efetivamente recebera o despacho decisório em 09/03/2009. Não o fazendo, não há motivos para se questionar a veracidade da informação contida no aludido documento emitido pela ECT. Assim, como o prazo para a apresentação da manifestação de inconformidade se esgotou em 06/04/2009, uma segundafeira de expediente normal nas repartições da RFB, e tendo em vista que a manifestação de inconformidade foi protocolizada somente no dia seguinte, a sua intempestividade é manifesta, a teor do artigo 15 do Decreto n° 70.235/1972. Quanto a esse assunto, nego provimento ao recurso voluntário. Por fim, tendo em vista que a manifestação de inconformidade apresentada não foi conhecida pela Delegacia de Julgamento, não pode este CARF tomar conhecimento do recurso apresentado, quanto à matéria de fundo homologação das compensações pleiteadas, por preclusa. Nego provimento ao recurso voluntário quanto à discussão sobre a tempestividade da manifestação de inconformidade e deixo de conhecêlo quanto à homologação das compensações pleiteadas em PER/DECOMP, por ser esta última matéria preclusa. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 137DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15374.902473/200919 Acórdão n.º 1402001.974 S1C4T2 Fl. 138 6 Fl. 138DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 08/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 15215.720205/2013-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1301-000.304
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
documento assinado digitalmente
Wilson Fernandes Guimarães
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 15215.720205/2013-90
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5563235
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1301-000.304
nome_arquivo_s : Decisao_15215720205201390.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : WILSON FERNANDES GUIMARAES
nome_arquivo_pdf_s : 15215720205201390_5563235.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. documento assinado digitalmente Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Jan 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6263638
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125856284672
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 63; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1292; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2.093 1 2.092 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15215.720205/201390 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1301000.304 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 21 de janeiro de 2016 Assunto CONVERSÃO EM DILIGÊNCIA Recorrente JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO POR NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 52 15 .7 20 20 5/ 20 13 -9 0 Fl. 2093DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.094 2 Relatório JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, indicado como responsável tributário na ação fiscal levada a efeito contra NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, já devidamente qualificado nestes autos, inconformado com a decisão da 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, São Paulo, que manteve, na íntegra, os lançamentos tributários efetivados, interpõe recurso a este colegiado administrativo objetivando a reforma da decisão em referência. Cuida o presente processo de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e reflexos (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL; Contribuição para o Programa de Integração Social PIS; e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS), relativas aos anos calendário de 2008, 2009 e 2010, formalizadas a partir da constatação de omissão de receitas. Por bem sintetizar os fatos apurados e as razões de defesa trazidas em sede de impugnação, reproduzo fragmentos do relatório constante na decisão de primeira instância. Tratase de autos de infração à legislação do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, e das Contribuições para o Programa de Integração Social – PIS e para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, lavrados em 29/11/2013, pela Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB em Governador Valadares/MG, para constituir o crédito tributário no total de R$ 16.189.403,11 (incluídos o principal, a multa de ofício qualificada de 150% e os juros de mora devidos até a data da lavratura), tendo em conta as irregularidades apuradas, nos anoscalendário 2008, 2009 e 2010, descritas no Relatório de Procedimento Fiscal de fls. 1086/1100, parte integrante da peça acusatória, ora transcrito, verbis: PESSOAS FÍSICAS RESPONSABILIZADAS PELO LANÇAMENTO: Nome: OLÍMPIO FERREIRA NETO CPF: 063.535.77630 Endereço: R Geraldo Luís Bonifácio, 35 Alfa Sul, CEP 36900000, Manhuaçu/MG Nome: JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO CPF: 385.904.76634 Endereço: R Lucas Evangelista Campos, 70 Centro, CEP 35335000, São Domingos das Dores/MG Nome: RONALD FERREIRA CPF: 014.027.75601 Endereço: R Alcino Salazar, 152 fundos São Vicente, CEP 36900000, Manhuaçu/MG Nome: GERALDO FERREIRA CPF: 336.507.99634 Endereço: R Geraldo Luís Bonifácio, 35 Alfa Sul, CEP 36900000, Manhuaçu/MG Fl. 2094DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.095 3 1. A empresa NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA foi aberta em 24/11/2004. Está OMISSA na entrega de declarações de Imposto de Renda desde o ano calendário 2006, sendo considerada INAPTA POR INEXISTÊNCIA DE FATO. Não apresentou DCTF e tampouco fez quaisquer recolhimentos de tributos federais em todo esse período. A despeito disso, apresentou movimentação financeira de R$ 95.656.322,43 e declarou ao fisco estadual receita de revenda de mercadorias sem pagamento de tributos, pois com suspensão do ICMS, de R$ 78.301.755,80 no período de 2008 a 2010. 2. Em 01/06/2010 o Departamento de Polícia Federal, em cumprimento a Mandado de Busca e Apreensão exarado no processo judicial 4699242010.4.01.3814, apreendeu 18 itens no endereço da empresa JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO & CIA LTDA, CNPJ 02.534.633/000105 (nome de fantasia CAFEEIRA JOSÉ DO FLOR & CIA), pertencente a JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, CPF 385.904.76634, conhecido no meio dos comerciantes de café como “José do Flor”. Dentre estes itens destacamos os seguintes documentos pertinentes à NOVA ESPERANÇA LTDA: a. Relação de notas fiscais de aquisição de café feitas pela NOVA ESPERANÇA e outras empresas, entregue nas AF (Administração Fazendária) de Inhapim e Caratinga. Expliquese que até 2009 as empresas que adquiriam café de produtor rural estavam obrigadas a emitir NFs de entradas relativas a tais aquisições e a fazer uma relação mensal, entregandoa na Administração Fazendária. Verificase que a Cafeeira José do Flor entregou nas AF’s de Inhapim, Caratinga, etc, conforme o domicílio fiscal do emitente, várias relações dessas NFs de compra de café adquirido pela NOVA ESPERANÇA; b. Contratos de venda de café no. 464, 466, 469, 471, 475, 478, 484 e 608 (este último não assinado pelas partes) denominados “CONTRATO DE COMPRA E VENDA A FIXAR Nova Esperança Comércio de Café Ltda”, tendo sempre como COMPRADOR a VOLCAFÉ LTDA, CNPJ 61.100.772/000785 e VENDEDOR a NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. Através desses contratos, no período de 09/junho/2009 a 10/julho/2009 foram negociados 7.360 sacas de café, tendo o vendedor, pelos 7 contratos, recebido de adiantamento o total de R$ 1.361.600,00. Representando a NOVA ESPERANÇA quem assinou os contratos foi RONALD FERREIRA, CPF 014.027.75601, que já havia saído do quadro societário da pessoa jurídica nessa época; c. Conhecimentos de transportes e faturas da Transquality Transportes Ltda, CNPJ 65.185.472/000454, relativos a vendas de NOVA ESPERANÇA COM DE CAFÉ LTDA, uma evidência de que JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO contratava e pagava o frete das mercadorias, controlando as vendas dessas empresas. 3. Também no cumprimento desse Mandado de Busca e Apreensão foram apreendidos na empresa JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO & CIA LTDA diversos documentos da empresa O F NETO ME, CNPJ 10.359.876/000182. Cumpre notar que em auditoria já encerrada esta fiscalização arrolou como sujeitos passivos do crédito tributário da O F NETO ME o Sr. JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO e o titular da firma, Sr. OLÍMPIO FERREIRA NETO, conforme consta do processo administrativo 15215.720152/201315, sob o entendimento de que ambos, em conluio, utilizaram essa pessoa jurídica para sonegar impostos federais. Dos sócios de direito da fiscalizada e seus depoimentos 4. Desde sua constituição em 24/11/2004 o quadro societário da NOVA ESPERANÇA COM DE CAFÉ LTDA teve intensa movimentação. Na terceira alteração contratual, levada a arquivamento em 20/04/2007, os sócios eram José Martins Velozo Fl. 2095DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.096 4 e GERALDO FERREIRA, CPF 336.507.99634. Nessa alteração o sócio Geraldo retirouse da sociedade, passando todas as suas cotas para RONALD FERREIRA, CPF 014.027.75601. 5. Após a sexta e última alteração contratual, levada a registro em 01/11/2007, os sócios eram PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA, CPF 500.726.25600, constando como administrador, e o já citado Sr. OLÍMPIO FERREIRA NETO, CPF n° 063.535.77630, titular da O.F.NETO ME. 6. O Sr. OLÍMPIO é filho de GERALDO FERREIRA e primo de RONALD FERREIRA. 7. Em 10/05/2012 tomamos a termo o DEPOIMENTO do Sr. OLÍMPIO FERREIRA NETO, CPF n° 063.535.77630, sócio da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, que prestou as informações que se seguem (anexo 1): a. QUE ingressou como sócio da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, CNPJ 07.114.595/000155 em 15/10/2007 e permanece como sócio desde então; b. QUE conhecia JOSÉ MARTINS VELOZO, que ofereceu ao PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA (nota da fiscalização: PAULO é o outro sócio da NOVA ESPERANÇA) a NOVA ESPERANÇA, que já estava constituída e atuava em Manhuaçu; c. QUE PAULO já conhecia o pessoal da cafeeira JOSÉ DO FLOR e a idéia era que JOSÉ DO FLOR comprasse o café dos produtores na região de Inhapim, São Domingo das Dores e Caratinga e intermediasse para a NOVA ESPERANÇA. JOSÉ DO FLOR era quem tinha o contato com os produtores de café daquela região; d. QUE inicialmente JOSÉ DO FLOR estava em má situação financeira e atuava como corretor, combinando a compra e após o consentimento dos sócios da NOVA ESPERANÇA, principalmente PAULO, a compra era fechada. Após o pagamento ser feito, a mercadoria era geralmente transportada para o comprador final, pois a NOVA ESPERANÇA não atuou com armazém; e. QUE inicialmente JOSÉ DO FLOR ganhava entre R$ 1,00 e R$ 0,50 por saca vendida, por seu trabalho como corretor. Após aproximadamente um ano JOSÉ DO FLOR virou sócio da empresa, apesar disso não constar no contrato social. Após isso ele passou a negociar por conta própria e utilizava a NOVA ESPERANÇA para guiar o café, porque ele não tinha empresa própria para isso. Essa forma de trabalho durou até o final de 2009. Nessa época OLÍMPIO e seu sócio PAULO praticamente pararam de comprar café através de JOSÉ DO FLOR; f. QUE nunca movimentou a conta da NOVA ESPERANÇA e não sabe se a empresa tinha procuração para terceiro, mas se recorda que PAULO lhe disse que assinava cheques em branco da NOVA ESPERANÇA e entregava a JOSÉ DO FLOR; g. QUE a contadora da NOVA ESPERANÇA inicialmente era MÁRCIA MOREIRA PACHECO, da contabilidade PACHECO. QUE quando atuou como sócio da NOVA ESPERANÇA era MÁRCIA quem fazia a contabilidade e mesmo após a empresa começar a ser utilizada para guiar o café de outros MÁRCIA continuou com essa tarefa. QUE se recorda que em dado momento os blocos de notas fiscais ficavam em São Domingo das Dores com JOSÉ DO FLOR. Quem emitia as notas da NOVA ESPERANÇA era LUCIANO DE ALMEIDA, sobrinho de JOSÉ DO FLOR; Fl. 2096DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.097 5 h. QUE a NOVA ESPERANÇA funcionava na AV. Barão do Rio Branco, 353, sala 204 ou 207. QUE a empresa não funciona mais nesse endereço. QUE pagavam aluguel ao ALBERTÃO. i. QUE é o titular da firma individual O.F.NETO ME, CNPJ 10.359.876/000182, constituída em 09/04/2008. Nessa época tinha a intenção de utilizar a empresa efetivamente, mas não pôde por falta de condições financeiras. Por isso a empresa ficou parada até meados de 2010; j. QUE em meados de 2010 encontrouse com JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, conhecido como JOSÉ DO FLOR, que lhe perguntou se o depoente não tinha uma empresa que poderia ser utilizada por ele para guiar o café; k. QUE após negociações aceitou ceder a empresa para JOSÉ DO FLOR recebendo por isso R$ 3.000,00 por mês; l. QUE não passou procuração da O.F.NETOME e por isso constantemente assinava diversos cheques dessa empresa. m. QUE jamais explorou a O.F.NETOME. 8. Em 11/05/2012 tomamos a termo o DEPOIMENTO do Sr. PAULO JOSE DE OLIVEIRA, CPF n° 500.726.25600, sócioadministrador da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, que prestou as informações que se seguem (anexo 2): a. QUE era sócio da empresa COMÉRCIO DE CAFÉ VALE DE MINAS, juntamente com seu pai. QUE após sair da SANTA CLARA passou a gerir a VALE DE MINAS; b. QUE a contadora da VALE DE MINAS era Márcia Pacheco e depois passou a ser JOÃO CARLOS KLEINPAUL; c. QUE reconhece sua assinatura na sexta alteração contratual da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, CNPJ 07.114.595/000155, que lhe foi exibida na ocasião; d. QUE conhecia OLÍMPIO FERREIRA NETO e RONALD FERREIRA; e. QUE não conhecia JOSÉ MARTINS VELOSO, vulgo ZEZÃO. f. QUE jamais administrou a NOVA ESPERANÇA, apesar de constar como administrador da empresa no Contrato Social. QUE não se recorda de ter assinado esse contrato social e jamais recebeu qualquer pagamento por isso; g. QUE jamais trabalhou com essa empresa; h. QUE desconhece JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, vulgo JOSÉ DO FLOR, e sua empresa ARMAZÉNS GERAIS FLOR DE MINAS LTDA; 9. Em 10/05/2012 tomamos a termo o DEPOIMENTO do Sr. RONALD FERREIRA, CPF n° 014.027.75601, exsócio da NOVA ESPERANÇA, que prestou as informações que seguem (anexo 3): a. QUE a partir de 2007 trabalhou na MILA CORRETORA, que comercializava café, como ajudante geral, ganhando por volta de um salário mínimo mensal. Ficou lá por volta de um ano e meio, após isso passou a trabalhar como changueiro, que significa carregar café em caminhões. Seu chef era GERALDO FERREIRA, seu tio. Além dele a MILA trabalhava com outros corretores de café; Fl. 2097DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.098 6 b. QUE foi sócio da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, CNPJ 07.114.595/000155 de 20/04/2007 até 18/09/2007. QUE reconhece sua assinatura na terceira alteração contratual, que lhe foi exibida na ocasião; c. QUE não pagou qualquer valor pela participação do seu tio GERALDO FERREIRA nessa sociedade, e desconhece qualquer pagamento que tenha sido feito pela participação; d. QUE conhecia PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA de seu trabalho como corretor de café na Baixada e na MILA; e. QUE também conhecia JOSÉ MARTINS VELOZO e acredita que ele também trabalhasse com comércio de café; f. QUE os dois, PAULO JOSÉ e JOSÉ MARTINS, lhe propuseram que assinasse como sócio da empresa NOVA ESPERANÇA com a promessa de um pagamento mensal, que seria de acordo com o volume de sacas de café negociadas. QUE até 20 (vinte) mil sacas mensais receberia R$ 5.000,00 reais e a partir de 20 (vinte) mil sacas receberia dez mil reais mensais; g. QUE por esse acordo não administraria a sociedade de fato ou faria corretagem de café, apenas assinaria os documentos da empresa; h. QUE sabia que essa empresa era usada pelo JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, conhecido como JOSÉ DO FLOR, ou JOSÉ DE ALMEIDA, da CAFEEIRA ZÉ DO FLOR, para comprar e vender café. QUE toda a movimentação da empresa era feita em São Domingos das Dores. QUE desconhece outras pessoas que usaram essa empresa; i. QUE abriu contas da empresa no Banco do Brasil e SICOOB de Inhapim, e assinava todos os documentos bancários da empresa: cheques, DOCs, TEDs, mas não acessava eletronicamente a movimentação bancária da empresa; j. QUE durante esse tempo residia em Manhuaçu e os documentos lhe eram trazidos por JOSÉ DO FLOR, seus sobrinhos LUCIANO DE ALMEIDA e ERLY ou até motoboys para que fossem assinados; k. QUE durante esse tempo continuou trabalhando na MILA; l. QUE a contabilidade da empresa estava com MÁRCIA MOREIRA PACHECO, da CONTABILIDADE PACHECO; m. QUE não estava recebendo o valor combinado mensal, e sim mil reais por mês. QUE chamou o ZÉZÃO, como era conhecido JOSÉ MARTINS VELOSO e o JOSÉ DO FLOR e pediu para sair da sociedade. QUE assim foi feito e saiu da sociedade; n. QUE reconhece sua assinatura nos contratos de venda para a VOLCAFÉ LTDA, CNPJ 61.100.772/000785, que lhe foram exibidos nesta ocasião, mas não se recorda de têlos assinado. QUE jamais negociou café com a VOLCAFÉ; o. QUE se recorda que em 2009 assinou documento para resgatar a cota da empresa no SICOOB, a pedido de JOSÉ DO FLOR e ERLY. Das intimações 10. Os sócios de direito da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, OLIMPIO FERREIRA NETO e PAULO JOSE DE OLIVEIRA, receberam o termo de início do procedimento fiscal pessoalmente em 10/05/2012 e Fl. 2098DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.099 7 11/05/2012, respectivamente. O termo de início requereu os seguintes documentos, pertinentes ao período de 01/01/2008 a 31/12/2010, que é o período sob fiscalização: a. Livros Diário e Razão; b. Livro de Registro de Apuração do ICMS; c. Livro de Registro de Entradas; d. Livro de Registro de Saídas; e. Blocos de notas fiscais emitidas pela empresa; f. Extratos bancários das contas utilizadas pela empresa. 11. Nenhum deles apresentou resposta ao termo de início. Os sócios de direito foram novamente intimados a apresentar tais documentos. OLÍMPIO recebeu o TIF n° 1 por via postal em 13/01/2013. Em sucinta resposta informou estar impossibilitado de apresentar os documentos requeridos ‘por não saber onde eles se encontram’. 12. PAULO recebeu o TIF n° 2 por via postal em 17/01/2013. Respondeu estar impossibilitado de apresentar os documentos solicitados ‘por não ter conhecimento sobre a empresa Nova Esperança’. 13. Cumpre notar ainda que no dia 10/05/2012 estivemos no suposto endereço da empresa, conforme cadastrado no CNPJ, sito à R. Francisco Fialho, n° 33, 2° andar, Bairro Baixada, na cidade de Manhuaçu/MG. Tratase de um prédio de três andares, com uma cooperativa chamada “COCAMA” funcionando no primeiro andar, uma empresa de “motoboys” funcionando no segundo andar (aonde supostamente seria o endereço da NOVA ESPERANÇA) e uma empresa do ramo de café chamada MILA COMÉRCIO DE CAFÉ. Adentramos a MILA e lá encontramos o Sr. OLÍMPIO (Termo de Constatação anexo 4). 14. A partir dos documentos apreendidos pela Polícia Federal na empresa JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO & CIA LTDA e dos depoimentos prestados por OLIMPIO FERREIRA NETO e RONALD FERREIRA esta fiscalização firmou a convicção de que JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO atuou como sócio de fato da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA e por tal motivo também foi intimado a apresentar as informações demandadas por esta fiscalização acerca da empresa. O Sr. José Machado recebeu o TIF n° 3 por via postal em 17/01/2013. 15. Em resposta o Sr. JOSÉ DE ALMEIDA refutou as afirmações do Sr. OLÍMPIO. Afirmou o seguinte: a. QUE atuou apenas como corretor da NOVA ESPERANÇA, razão pela qual não possui qualquer documento dessa empresa. Aduziu que os documentos pertencentes à fiscalizada que foram apreendidos na sua empresa lá se encontravam em razão justamente de sua atividade como corretor, pois efetuava compra de café para a NOVA ESPERANÇA, que emitia notas fiscais para acobertar o produto até os compradores finais; b. QUE os documentos da NOVA ESPERANÇA apreendidos em sua posse eram esparsos e incompletos; c. QUE os documentos fiscais apreendidos, inclusive a relação de notas fiscais entregues na AF, foram deixados pelos sócios da NOVA ESPERANÇA para depois serem apanhados; Fl. 2099DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.100 8 d. QUE em seu trabalho como corretor colhia a amostra junto ao produtor rural, que era enviada à NOVA ESPERANÇA para fixar o preço e autorizar a compra. QUE José do Flor então fechava a compra do café com o produtor e embora a compra fosse feita para a empresa José do Flor permanecia como um tipo de “garantidor” informal da negociação; e. QUE o pagamento do café e de sua comissão era feito com dinheiro retirado da conta da NOVA ESPERANÇA; f. QUE não possui situação patrimonial compatível com a grande quantidade de café comercializada que se lhe pretendem imputar; g. QUE os depoimentos de OLÍMPIO e RONALD pretenderem unicamente isentar os depoentes de quaisquer responsabilidades. Da movimentação financeira da empresa 16. As informações colhidas por esta fiscalização mostram que a NOVA ESPERANÇA foi criada com o intuito de ‘guiar o café’. Por ‘guiar o café’ entendese que o comerciante compra o café de um produtor, e indica que este produtor de café procure uma empresa que emitirá uma nota para acobertar aquela operação. Destaquese que o produtor também não aceita vender direto para o exportador, para não fazer o recolhimento dos tributos. Porém esta empresa que emite a nota pertence a um ‘laranja’, e esta empresa não irá fazer o recolhimento dos tributos ligados àquela operação. 17. Tais empresas ‘laranja’ abundam às dezenas nesse ramo, servindo unicamente para acumular dívidas perante o fisco que jamais serão pagas. Tipicamente essas empresas funcionam por alguns meses e depois sua movimentação cessa, com o comerciante passando a utilizar uma outra empresa. Esse é o caso da NOVA ESPERANÇA LTDA e da O.F.NETOME, como se ilustra no quadro a seguir. Notase que a movimentação financeira da NOVA ESPERANÇA diminuía enquanto a O.F.NETOME aumentava a sua, até que em Junho/2010 a movimentação da O.F.NETOME foi interrompida pela operação da Polícia Federal. ... Transição na movimentação financeira das empresas 18. Os sócios de direito e o Sr. José de Almeida foram intimados a apresentar os extratos bancários da NOVA ESPERANÇA, mas não atenderam à intimação. Mais do que isso, negaram serem os responsáveis pela movimentação financeira e comercial da firma. Diante dessa situação, esta fiscalização houve por bem solicitar informações às instituições financeiras nas quais a fiscalizada teve movimento bancário. O quadro a seguir ilustra tal movimento: ... 19. As contas da NOVA ESPERANÇA têm padrão de movimentação semelhante, com grandes entradas feitas pelos compradores de café através de transferências eletrônicas (TED, etc.) e saídas feitas pela emissão de cheques. Os compradores de seu café eram grandes empresas como NICCHIO CAFÉ SA, OUTSPAN BRASIL LTDA, VOLCAFÉ LTDA, etc. 20. As contas do SICOOB foram abertas em 20/01/2006. A ficha cadastral foi assinada por GERALDO FERREIRA. Consta ainda que desde 31/01/2007 RONALD FERREIRA era o sócioadministrador da empresa. Fl. 2100DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.101 9 21. RONALD FERREIRA tinha poderes para movimentar as contas do Banco do Brasil desde 10/03/2007, com amplos poderes. 22. As contas do Banco Bradesco foram abertas em 21/09/2005. Constam como representantes GERALDO FERREIRA e RONALD FERREIRA. 23. Verificamos por amostragem os cheques emitidos pela conta no SICOOB. Todos os cheques daquela conta que obtivemos foram assinados por RONALD FERREIRA. 24. Também por amostragem verificamos os cheques emitidos pelas contas no BRADESCO. Todos esses cheques foram assinados por RONALD FERREIRA. Destacamos os cheques de numeração 239, 240, 247, 257, 258 e 326 emitidos pela conta 21.058 da agência 15661, no valor total de R$ 368.901,10, todos ao emitente, que têm no verso a anotação ‘confirmado José’ (anexo 5). Frisese que nesse meio é comum que o caixa de banco confirme junto ao emissor do cheque se o mesmo pode ser sacado, quando se tratam de valores elevados. 25. Na conta 14156, agência 10681 do Bradesco, destacamos uma TED em favor de GERALDO FERREIRA no valor de R$ 13.950,00 feita em 28/03/2008 e um recibo de retirada em espécie assinado pelo próprio GERALDO FERREIRA em 19/03/2008, no valor de R$ 20.339,43 (anexo 6). 26. Verificamos por amostragem os cheques emitidos pelas contas no Banco do Brasil. A ampla maioria foi assinada por RONALD FERREIRA, mas na conta n. 22477 da agência 316 encontramos os cheques de ns. 850040, 850066, 850069, 850070, 850076, 850062, 850063, 850064 e 850040 assinados por GERALDO FERREIRA. Tais cheques totalizaram R$ 586.004,57 e foram emitidos entre julho e setembro de 2008 (anexo 7). 27. Também na conta da agência 316 do Banco do Brasil encontramos alguns pagamentos de IPVA de especial interesse (anexo 8): 28. Em 12/02/2010 foram pagos R$ 233,99 referentes a uma cota do IPVA do veículo de placa GVH7732, um trator da marca SCANIA. Consulta ao DETRAN/MG mostrou que na época o veículo pertencia a GERALDO FERREIRA. 29. Em 12/02/2010 foram pagos R$ 463,38 referentes a uma cota do IPVA do veículo de placa GWI1652, um trator da marca SCANIA. Consulta ao DETRAN / MG mostrou que na época o veículo pertencia a Bradesco Leasing SA Arrendamento Mercantil, mas o endereço registrado do proprietário era R. Geraldo Lins Bonifácio, n° 35, mesmo endereço de GERALDO FERREIRA e OLÍMPIO. O proprietário do veículo era MILA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, empresa pertencente a OLÍMPIO. Cabe notar que em casos de ‘leasing’ é comum que o veículo seja registrado no endereço do arrendatário, desde que o banco arrendante o autorize, como parece ter sido o caso na presente situação. 30. Em 29/01/2010 foram pagos R$ 1.016,13 referentes a uma cota do IPVA do veículo de placa HEP0330, um modelo CAPTIVA SPORT da marca GM. Consulta ao DETRAN/MG mostrou que na época o veículo pertencia a Bradesco Leasing SA Arrendamento Mercantil, mas o endereço registrado do proprietário era R. Geraldo Lins Bonifácio, n° 35, mesmo endereço de GERALDO FERREIRA e OLÍMPIO. Da responsabilização pessoal e solidária Fl. 2101DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.102 10 31. O art. 142 do Código Tributário Nacional determina que a autoridade tributária deve não apenas lançar de ofício os valores devidos ao fisco, como também identificar o sujeito passivo da exação: ... 32. Portanto, verificada a ocorrência do fato gerador e da matéria tributável, fazse necessário identificar o sujeito passivo para que seja possível efetuar o lançamento, de forma que os terceiros responsabilizados neste lançamento e que utilizaram a NOVA ESPERANÇA em benefício próprio tenham seu patrimônio constrangido para garantia do crédito tributário. Os artigos do CTN transcritos abaixo são os dispositivos legais que possibilitam à autoridade fiscal trazer para o pólo passivo da relação tributária os sócios e administradores da fiscalizada, tanto os de direito quanto os de fato, de forma a fazer prevalecer a realidade sobre a aparência. ‘Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. (...) Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado’. 33. OLÍMPIO FERREIRA NETO é responsabilizado de forma pessoal pelo presente lançamento. Afirmou perante esta fiscalização que cedeu a NOVA ESPERANÇA para que terceiros utilizassem seu documentário fiscal visando acumular nesta empresa dívidas fiscais que jamais seriam quitadas. Afirmou que assinou os documentos para isso. Sem a sua anuência seria impossível a utilização da fiscalizada como meio de sonegação de tributos federais. Verificamos ‘in loco’ que continua a trabalhar como corretor de café, restando claro não se tratou de mero ‘laranja’ mas que atuava de fato como um dos dirigentes da empresa. Portanto, infringiu a lei de maneira consciente, sendo responsabilizado nos termos dos arts. 124, inciso I e 135, inciso III do CTN. 34. RONALD FERREIRA é responsabilizado de forma pessoal pelo presente lançamento. Afirmou perante esta fiscalização que aceitou ser incluído como sócio da NOVA ESPERANÇA para acobertar terceiros que utilizaram seu documentário fiscal para acumular nesta empresa dívidas fiscais que jamais seriam quitadas. Afirmou, e verificamos isto através dos extratos bancários, que assinou os documentos para isso. Afirmou que recebeu dinheiro por isso. Ainda que se leve em consideração sua condição de ‘laranja’, sem a sua anuência seria impossível a utilização da fiscalizada como meio de sonegação de tributos federais. Portanto, infringiu a lei de maneira consciente, sendo responsabilizado nos termos dos arts. 124, inciso I e 135, inciso III do CTN. 35. GERALDO FERREIRA é responsabilizado de forma pessoal pelo presente lançamento. Era sócio da NOVA ESPERANÇA e em 15/10/2007 repassou suas cotas ao sobrinho RONALD, de quem era chefe na MILA CORRETORA, sem receber nada por isso. Recebeu recursos da empresa via TED e retirada em espécie por ele próprio Fl. 2102DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.103 11 assinada (item 25). Assinou diversos cheques da empresa (item 26). Utilizouse da conta bancária para quitar o IPVA de veículos que possuía na época (item 27). Tais fatos mostram que controlava pelo menos uma das contas bancárias da empresa e que se beneficiou de seu funcionamento. Portanto, infringiu a lei de maneira consciente, sendo responsabilizado nos termos dos arts. 124, inciso I e 135, inciso III do CTN. 36. JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO agiu como sócio de fato e administrador da NOVA ESPERANÇA. Exercia tarefas típicas de administrador, como se vê nos documentos apreendidos em sua empresa, pertencentes à fiscalizada (item 2 acima: relações de notas fiscais entregues na AF (subitem a acima), contratos de café com a VOLCAFÉ e acertos (subitem b) e conhecimentos de transporte (subitem c). Todos esses documentos mostram que as tarefas típicas de um administrador foram por ele executadas, ao menos em parte das vendas da NOVA ESPERANÇA: fazia as compras, fazia as vendas e pagava os fretes. Controlava ao menos parte dos pagamentos feitos da empresa, como se vê nas anotações ‘confirmado com José’ no verso de diversos cheques obtidos por esta fiscalização (item 24). Conforme declarações de OLÍMPIO FERREIRA NETO e RONALD FERREIRA utilizou a empresa para ‘guiar café’ e assim evitar o pagamento dos tributos federais. Infringiu a lei de maneira consciente, sendo responsabilizado nos termos do art. 124, inciso I e art. 135, inciso III do CTN. Dos valores tributados: Vendas não declaradas ao fisco federal 37. Esta fiscalização tentou por diversas formas obter os livros fiscais e contábeis da fiscalizada. Intimamos seus sócios e buscamos tais documentos junto à contadora, Márcia Moreira Pacheco. Esta informou que entregou os tais livros a um funcionário da Nova Esperança chamado Cristiano. Apresentou um recibo nesse sentido (anexo 9), mas não nos foi possível identificar quem seria essa pessoa. 38. A despeito disso, foi possível obter as notas fiscais eletrônicas (NFe) de venda emitidas pela empresa bem como as receitas declaradas à Receita Estadual de Minas Gerais (anexo 10). A tabela a seguir compara os valores debitados na conta bancária da empresa àqueles obtidos através do cotejo das notas fiscais e àqueles declarados à Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG). Devemos notar que somente a partir de SET/2009 a empresa passou a emitir notas fiscais eletrônicas. ... 39. O presente auto de infração cobra os impostos e contribuições correspondentes à receita de vendas, obtida a partir das receitas declaradas à SEF/MG pela própria autuada. Frisese que enquanto a fiscalizada regularmente declarou suas vendas ao fisco estadual de Minas Gerais (vendas essas que não importam no recolhimento de impostos estaduais haja vista ser o ICMS diferido nesse tipo de transação) omitiu tais valores do fisco federal. Do arbitramento do lucro 40. A empresa, haja vista não mais ter endereço conhecido, foi intimada através de seus sócios pelos Termos de Início da Ação Fiscal e pelos TIF n° 1 e TIF n° 2 a apresentar os livros contábeis/fiscais exigidos pela legislação do imposto de renda, mas não atendeu tal intimação. Também o Sr. JOSÉ MACHADO foi intimado pelo TIF n° 3 a apresentar os livros contábeis/fiscais, mas afirmou não ter relação com a empresa e não apresentou nenhum livro. 41. Diante da falta de apresentação da escrita da empresa não restou outra alternativa a esta Fiscalização além de arbitrar seu lucro, conforme dispõem os arts. Fl. 2103DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.104 12 530, inciso III, e 532 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 3.000/99 (RIR/99). 42. No presente caso o arbitramento darseá com base na RECEITA BRUTA CONHECIDA (art. 532 do RIR/99), com base nas receitas declaradas à SEF/MG. Tais valores serão utilizados para apuração do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. DO DOLO, FRAUDE E SIMULAÇÃO. DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO 43.Assim determina a Lei 9430/96 em seu art. 44, inciso I e § 1°: ... 44. A Lei 4.502/64, por sua vez, assim estabelece nos artigos supracitados: ... 45. A empresa NOVA ESPERANÇA foi constituída com o intuito de sonegar impostos. Tal fato se enquadra nos arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, ensejando a aplicação da multa de ofício de 150% (cento e cinquenta por cento) e Representação Fiscal para Fins Penais. 46. Tal fato também previne a homologação do lançamento no prazo de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 150 § 4° do Código Tributário Nacional, sendo o presente lançamento feito com base nos arts. 149 e 173 do já citado CTN. 47. Diante dos indícios apontados, arrolamse como responsáveis pelo crédito tributário lançado de ofício neste auto de infração, os participantes das relações econômicofinanceiras subjacentes, DANDOLHE CIÊNCIA DESTE RELATÓRIO, DO AUTO DE INFRAÇÃO E DE SEUS ANEXOS, visando os princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. 48. E, para constar e surtir os efeitos legais, lavramos o presente Relatório de Procedimento Fiscal em vias de igual forma e teor, parte integrante do Auto de Infração, que vai assinado pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil cuja ciência será dada à fiscalizada e aos demais responsabilizados pelo crédito tributário. LISTA DE ANEXOS: ... Constam do processo também os Termos de Sujeição Passiva Solidária, lavrados em 29/11/2013, contra os seguintes responsáveis tributários: (i) Geraldo Ferreira (CPF nº 336.507.99634 – fls. 1164/1165); (ii) José de Almeida Machado (CPF nº 385.904.76634 – fls. 1166/1167); (iii) Olímpio Ferreira Neto (CPF nº 063.535.77630 – fls. 1168/1169); (iv) Ronald Ferreira (CPF nº 014.027.75601 – fls. 1170/1171). A ciência dos lançamentos, do relatório fiscal e dos termos de sujeição passiva solidária, foi feita por via postal, no endereço do sócio Paulo José de Oliveira (em 04/12/2013 – fls. 1172), e dos responsáveis tributários Sr. Geraldo Ferreira (em 05/12/2013 – fls. 1174), Sr. Olímpio Ferreira Neto (em 05/12/2013 – fls. 1177), Sr. Ronald Ferreira (em 05/12/2013 – fls. 1179). Em 06/01/2014, o Sr. José de Almeida Machado, vulgo “José do Flor”, apresentou a impugnação de fls. 1241/1342, na qual foram apresentadas as seguintes razões de fato e de direito contra os lançamentos e contra a imputação a ele de responsabilidade solidária pelo crédito tributário ora constituído. Fl. 2104DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.105 13 Requer a reunião deste processo com o de n° 15215.720152/201315, que conteria idêntica imputação ao Impugnante, relativamente à O. F. Neto – ME, firma individual de Olimpio Ferreira Neto, sócio da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA., esta última fundada pelo Sr. Olimpio Ferreira Neto em 15/10/2007, como registrado em seu depoimento prestado à RFB. Segundo a defesa, nos dois processos, idênticas são as questões levantadas, acerca do comércio irregular de café por empresas pertencentes a Olímpio Ferreira Neto, com atribuição de responsabilidade solidária ao Impugnante. A ligação dos processos foi registrada no item 3 do Relatório de Procedimento Fiscal, no qual haveria referência e reconhecimento de identidade de partes e de matéria nos dois processos tributários ora referidos. Assim, como os fatos, as provas e as circunstâncias seriam as mesmas, os processos deveriam ser reunidos para apreciação conjunta. O Impugnante esclarece as suas atividades nos seguintes termos: • Produtor rural, dedicado à produção de café, inscrito no Cadastro Estadual desde 11/06/1991 (logo após ter adquirido uma pequena propriedade rural) e reinscrito em 04/09/2009. Vendeu café para industriais e exportadores (doc. anexo n° 1). As Notas Fiscais emitidas pelo produtor rural Impugnante registram uma única venda para a O.F. Neto ME e as demais para grandes empresas do ramo de indústria e/ou exportação de café: o Outspan Brasil Imp. E Exportação Ltda NF 094.648, 092.856, 092.875, 0092.881 o Santa Clara Indústria e Com. de Alimentos Ltda NF 102.057, 186.526, 134.918 o Exportadora de Café Guaxupé Ltda NF 728.093, 665.965, 816.875 o Nicchio Café S/A Exportação e Importação NF 805.988, 191.502, 227.160, 816.875 o Stockler Comercia e Exportadora Ltda NF 877.263, 1.818.231 o Terra Forte Exportação e Importação de Café Ltda NF 1.490.622, 1.490.652, 1.490.564, 1.490.687 o Unicafé Cia. de Comércio Exterior NF 1.365.246 o Três Corações Alimentos S.A. NF 2.036.068 o Cooperativa Agropecuária das Vertentes do Caparaó NF 12.322 e 12.543 • Corretor de café, atuando junto aos produtores rurais da região de Inhapim, Caratinga, São Domingos das Dores e outras. O fato foi reconhecido pelo próprio fisco, baseado em declaração de OLÍMPIO FERREIRA NETO (p. 3 do “Relatório de Procedimento Fiscal”). O citado depoimento veio nos seguintes termos: ‘DEPOIMENTO do Sr. OLÍMPIO FERREIRA NETO, (...) sócio da NOVA ESPERANÇA COMERCIO DE CAFÉ LTDA. (...) d. QUE inicialmente JOSÉ DO FLOR estava em má situação financeira e atuava como corretor, combinando a compra e, após o consentimento dos sócios da NOVA ESPERANÇA, principalmente PAULO, a compra era fechada (...) Fl. 2105DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.106 14 e. QUE inicialmente JOSÉ DO FLOR ganhava entre R$ 1,00 e R$ 0,50 por saca vendida, por seu trabalho como corretor. Após aproximadamente um ano JOSÉ DO FLOR virou sócio da empresa, apesar disso não constar no contrato social. Após isso ele passou a negociar por conta própria e utilizava a NOVA ESPERANÇA para guiar o café, porque ele não tinha empresa própria para isso. Essa forma de trabalho durou até o final de 2009. Nessa época OLÍMPIO e seu sócio PAULO praticamente pararam de comprar café através de JOSÉ DO FLOR’. Conforme consta da impugnação ao lançamento face a O. F. NETO ME, Olímpio esclareceu que: • O Impugnante, em másituação financeira, aceitou logo a proposta e iniciou os trabalhos, comprando café na região de Inhapim e S. Domingos das Dores (acrescente se: e também Caratinga); • Após colher a amostra do café junto ao produtor rural (em pequenas sacolas plásticas apropriadas), tais amostras eram enviadas à NOVA ESPERANÇA, onde era verificado o tipo de “bebida” (Rio, Dura ou outra) e a qualidade do café. Após receber a amostra, Olímpio e/ou o pessoal da NOVA ESPERANÇA fixava o preço e autorizava que a compra fosse feita; sem verificar a amostra, não há como fixar o preço do café; o mesmo ocorreu em relação a O. F. Neto ME, ainda mais que o titular deste firma individual é sócio da Nova Esperança; • José do Flor fechava a compra do café com o produtor. Embora a compra fosse feita para a empresa, José Flor permanecia como um tipo “garantidor” informal da negociação, pois era conhecido dos produtores; ainda mais que José do Flor nasceu e foi criado na região, sendo conhecido dos produtores rurais de café; • O pagamento do café e da comissão de José do Flor era feito com dinheiro retirado da conta da Nova Esperança; • O café era revendido para os grandes compradores pela NOVA ESPERANÇA e/ou por O. F. NETO ME, ambas pertencentes à mesma pessoa. Em resumo, o café era “guiado” pelo produtor rural para a NOVA ESPERANÇA e/ou para a O. F. NETO ME e estes emitia a sua nota fiscal para acobertar o café até o seu destino que era os grandes compradores de café. Os documentos apreendidos pela Polícia Federal em poder do Impugnante registram e comprovam que ele era mesmo corretor. No CD anexado ao Processo Criminal, sob a denominação de Anexo 12, são encontrados vários comprovantes da pesagem de café, feitas na balança do “Sítio São José” de propriedade de Geraldo Lúcio em outras. Em todos eles vem destacada a comissão de “Zé do Flor” (v. doc. anexo n° 5), a exemplo das seguintes: (...) Os mesmos documentos comprovam a condição de corretor e a comissão devida a Zé do Flor estão comprovadas, no mínimo, até 27/05/2010: (...) Nestes documentos a “Corretagem do Zé do Flor” (corretor junto ao produtor rural) foi no valor de R$ 2,00/saca, valendo ressaltar que foi pago também o corretor do comprador (destinatário) do café. Esta segunda comissão (devida ao corretor do comprador final: industrial ou exportador) também era descontada do valor do café, como consta das notas de pesagem citadas. Fl. 2106DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.107 15 A ratificar o pagamento duplo de comissões, juntase declarações desses corretores (doc. anexo n° 2), também acostadas à impugnação do lançamento face a O. F. Neto. As comissões dos corretores do “comprador” e do “vendedor” não tinham um valor fixo. Tanto assim que a Polícia Federal apreendeu em poder do Impugnante um documento de terceiros, com cuja operação o Impugnante não teve nenhuma participação. Neste documento, adiante reproduzido, comprovase comissão, para ambos, de R$ 0,50 por saca. (...) • Sócio da microempresa “ARMAZÉNS GERAIS FLOR DE MINAS LTDA ME”, CNPJ 02.534.633/000105, com capital de R$ 5.000,00, fundada em 14/05/1998, a qual se dedica ao armazenamento temporário de café, conforme consta de sua 4ª Alteração Contratual: “ARMAZÉNS GERAIS FLOR DE MINAS LTDA ME, estabelecida no Córrego do Belém, Zona Rural, Município de São Domingos das Dores, Estado de Minas Gerais, CEP 35335000, cujo contrato social encontrase arquivado e registrado na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, sob o n° 31205435748, em 14/05/1998, enquadrada como Microempresa sob o número 31205435748 em 14/05/1998, e posteriores alterações, inscrita no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica sob o n° 02.534.633/000105, resolvem proceder alterações na referida sociedade como segue: Esta empresa sucedeu José de Almeida Machado & Cia. Ltda., cujo contrato encontrase registrado na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais sob o n° 31205435748, em 14/05/1998 (doc. anexo n° 3). Reputa equivocada a sua inclusão no pólo passivo da obrigação tributária devida pela Nova Esperança Comércio de Café, porque: (i) não foi constituído como procurador das empresas de Olímpio Ferreira Neto, incluindo a Nova Esperança Comércio de Café, de que trata o presente processo; (ii) não assinou nenhum documento desta ou de outras empresas daquele grupo, nem abriu, movimentou ou fechou suas contas bancárias; (iii) não praticou nenhum ato que pudesse caracterizálo como sócio ou administrador da empresa em pauta, ou mesmo de qualquer outra do grupo de Olímpio Ferreira Neto. Tanto assim, que nenhuma prova existe no processo a este respeito. Segundo a defesa, o Termo de Sujeição Passiva Solidária teria sido lavrado com base em meras suposições do fisco, contrárias às provas dos autos, principalmente as notas de pesagem de café retro referidas, conforme abaixo: a) Uma delas decorrente de DEPOIMENTOS tomados de interessados (no âmbito da RFB) b) Outra em documentos apreendidos pela Polícia Federal (por denúncia de terceiros interessados). Interessante registrar que a PF apreendeu documentos no estabelecimento do Impugnante no dia 01/06/2010 (item 2 do Relatório Fiscal). No dia imediatamente anterior 31/05/2010 a contadora da NOVA ESPERANÇA havia devolvido os documentos desta empresa a Cristiano, sobrinho de Geraldo Ferreira e primo de Olimpio (v. Anexo 10 ou Relatório Fiscal e o doc. anexo n° 6). É coincidência demais para ser verdade. Fl. 2107DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.108 16 Defende que os depoimentos seriam inválidos, pois prestados por interessados em se livrar de suas responsabilidades tributárias, tentando transferilas para o Impugnante, um simples corretor de café. Em suas palavras: Os documentos apreendidos demonstram a inveracidade dos mesmos DEPOIMENTOS referidos, pois: a) Referemse a períodos nos quais o Impugnante trabalhou como CORRETOR (v. itens 7e e 7j do Relatório de Procedimento Fiscal); b) Demonstram que o Impugnante recebia comissões (como corretor) também antes, durante e depois dos mencionados períodos. As notas de pesagem de café (doc. anexo n° 5) comprovam tais fatos. Ainda, existem contas bancárias da NOVA ESPERANÇA e da O. F. NETO ME movimentadas em períodos anteriores e posteriores aos atribuídos ao Impugnante pelos depoimentos citados (v. nesta impugnação o item “2.3.13.1 CONTAS DAS EMPRESAS ANTES E DEPOIS DO PERÍODO ATRIBUÍDO AO IMPUGNANTE”). Tais contas bancárias foram denunciadas pelo Impugnante, mas não apuradas pela RFB, apesar da quebra de sigilo bancário decretada judicialmente (no Processo Crime citado nesta impugnação). Contrariando o conjunto probante, com base em simples presunções, a fiscalização federal lavrou o TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA de 29/11/2013, concluindo que o Impugnante seria o responsável tributário solidário pelas operações de duas das diversas empresas de Olímpio Ferreira Neto (a firma O. F. NETO ME e a empresa NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA), duas das diversas empresas do mesmo grupo, todas do ramo de café, todas irregulares quanto ao recolhimento de tributos. Demonstram os fatos e as provas que o Impugnante José do Flor, agiu como simples corretor de café, comprando o produto na origem do produtor rural, por ordem e risco das empresas de Olímpio Ferreira Neto, as quais funcionam como “testa de ferro” ou “laranja” de grandes empresas exportadores ou fabricantes de alimentos, fato reconhecido pelo fisco no item 19, p.9, do “Relatório de Procedimento Fiscal”. Mesmo assim, no “RELATÓRIO DE PROCEDIMENTO FISCAL”, assevera o fisco que o Impugnante Zé do Flor é que seria o “laranja” de duas das diversas empresas de Olímpio Ferreira Neto: O. F. NETO ME e NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. Tal conclusão é ilógica, além de contrariar o conjunto probante produzido no procedimento fiscal, como se pode verificar pelas seguintes inconsistências. 2.3. DA INCONSISTÊNCIA DAS PROVAS NAS QUAIS SE BASEIA O FISCO As provas coligidas pelo fisco demonstram e indicam que Olímpio Ferreira Neto, com suas diversas empresas e seus diversos sócios, é o principal “laranja” de grandes comerciantes de café (exportadores e indústria), mantendo há anos uma estrutura empresarial destinada ao comércio de café sem recolhimento de impostos. Ao mesmo tempo demonstram que inexistem razões para que o Impugnante seja guindado à condição de devedor solidário. 2.3.1. DA IMPOSSIBILIDADE PAULO, JUNTO COM JOSÉ MARTINS VELOZO, TEREM CEDIDO A EMPRESA PARA O IMPUGNANTE PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA entrou como sócio da NOVA ESPERANÇA em 30/07/2007 (V. 5ª Alteração Contratual) e permanece até hoje nesta condição (v. Certidão Simplificada da Fl. 2108DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.109 17 JUCEMG). Passou a ter OLÍMPIO FERREIRA NETO como sócio a partir de 15/10/2007 (v. 6ª Alteração Contratual). Esta situação permanece até hoje (v. certidão simplificada emitida pela JUCEMG). Como PAULO, administrador da NOVA ESPERANÇA, em seu depoimento, diz que não conhece José de Almeida Machado (Zé do Flor), nem sua empresa, nem tampouco jamais foi a S. Domingos das Dores (sede da empresa de Zé do Flor e residência deste) o depoimento de Olímpio Ferreira Neto, proprietário e administrador de diversas empresas irregulares, ficou frontalmente contrariado: Consta do depoimento de Olímpio Ferreira Neto (Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal) que: a) “Que (...) José Martins Velozo (...) ofereceu ao PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA essa empresa (NOVA ESPERANÇA), que já estava constituída e atuava em Manhuaçu. Que o depoente conhecia PAULO por ambos trabalharem no mesmo ramo de comércio de café”, (item 4). b) “Que PAULO abriu contas em Caratinga ou São Domingos das Dores, no SICOOB e no Banco do Brasil para a NOVA ESPERANÇA” (item 5). c) “QUE PAULO conhecia o pessoal da cafeeira JOSÉ DO FLOR e a ideia era que JOSÉ DO FLOR comprasse café dos produtores da região de Inhapim, São domingos das Dores e Caratinga e intermediasse para a NOVA ESPERANÇA. JOSÉ DO FLOR era quem tinha o contato com os produtos de café daquela região” (item 6 grifamos). Como se deduz, a ação fiscal se baseia em informações de OLÍMPIO. Porém estas são falsas. PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA nem mesmo conhece ou conheceu JOSÉ DO FLOR, tanto que em seus depoimento (Anexo 2 ao Relatório Fiscal) desfaz toda a trama ao afirmar: “QUE DESCONHECE JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, vulgo JOSÉ DO FLOR, e sua empresa “ARMAZÉNS GERAIS FLOR DE MINAS LTDA” e que “NUNCA ESTEVE EM S. DOMINGOS DAS DORES” (itens 11 e 13 do Depoimento de Paulo, Anexo 2 ao Relatório Fiscal). Mais ainda, PAULO também não conhecia JOSÉ MARTINS VELOZO, como relata em seu DEPOIMENTO (Anexo 2 ao Relatório Fiscal): “QUE NÃO CONHECIA JOSÉ MARTINS VELOSO, VULGO ZEZÃO”. Concluise pela impossibilidade fática e material de Paulo, junto com José Martins Veloso, ser procurador José do Flor, isto porque não conhecia ambos. E, merece ser registrado que Paulo tinha experiência no ramo de compra e venda de café (itens 2 e 3 de seu depoimento Anexo 2 ao Relatório Fiscal), foi sócio da Nova Esperança (item 5 de seu depoimento), abriu contas bancárias para esta empresa em Caratinga e S. Domingos das Dores (depoimento de Olímpio, item 5) e conhecia Olímpio e Ronald, sócios da NOVA ESPERANÇA (item 6 de seu depoimento). Mas não conhecia nem Zé do Flor, ora Impugnante, ou José Martins Velozo, pessoa que segundo Olímpio teria sido companheira de Paulo para oferecer a empresa para o Impugnante. Esta inconsistência é bastante, por si só, para demonstrar que não foi correta a decisão de eleger o Impugnante como coobrigado solidário pelas obrigações tributárias da Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Mas, ainda que não fosse, Fl. 2109DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.110 18 existem outras inconsistências que demonstram faltarem razões para o Termo de Sujeito Passiva Solidária de 29/11/2013, as quais vão adiante. 2.3.2. DIVERSAS EMPRESAS DE OLÍMPIO FERREIRA NETO É ilógica a conclusão a que chegou fisco apontando o Impugnante Zé do Flor como “administrador” de duas empresas do grupo de Olímpio: Nova Esperança e O. F. Neto ME. Deflui dos autos que o esquema de “laranjas” montado por Olímpio Ferreira Neto é constituído de cerca de uma dezena de empresas, todas dedicadas ao comércio ilegal de café. A Fiscalização da Receita Federal do Brasil, quando da “Operação Galo Seguro”, registrou: TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL – OPERAÇÃO GALO SEGURO Processo Judicial 2009.38.14.0030518 Subseção Judiciária de Ipatínga/MG 18. Esses dois senhores, OLÍMPIO FERREIRA NETTO, CPF 063.535.77630 e RONALDO FERREIRA, CPF 046.081.17629, parentes dos que constam como donos da NOVA ESPERANÇA, figuram como donos das empresas O F NETTO, CNPJ 10.359.876/000182, NOVOS GRÃOS COM DE CAFÉ LTDA, CNPJ 06.129.328/000199, HALFFA COM. DE CAFÉ LTDA, CNPJ 09.522.208/0001 45 e R FERREIRA, CNPJ 03.043.590/000128. Juntas elas movimentaram a impressionante quantia de R$ 209.017.323,10 de 2008 a 2010, informaram ao fisco estadual receitas com ICMs suspenso da ordem de R$ 229.191.474,91 e nenhum centavo informaram à Receita Federal, (...) 40. CONCLUSÕES: No material apreendido há indícios de uso de “laranjas” para acobertar operações de comércio de café, especialmente com relação às empresas: a) NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, CNPJ 07.114.595/000155; b) O F NETTO, CNPJ 10.359.876/000182; c) NOVOS GRÃOS COM DE CAFÉ LTDA, CNPJ 06.129.328/000199; d) HALFFA COM DE CAFÉ LTDA, CNPJ 09.522.208/000145; e) R FERREIRA, CNPJ 03.043.590/000128; f) GIOVANNI MARTINS DE OLIVEIRA, CNPJ 03.925.715/000143 (período atingido pela decadência); g) JOEL HENRIQUE DE JESUS, CNPJ 05.364.875/000196 (período atingido pela decadência); h) GILBERTO RODRIGUES DE OLIVEIRA, CNPJ 06.282.219/000107 (período atingido pela decadência); Apesar do fisco ter apontado 8, nos autos há notícias de mais 2, totalizando 10 empresas pertencentes a Olimpio Ferreira Neto e seus sócios, geralmente seus familiares. Excetuadas as 3 empresas cujas obrigações foram extintas pela decadência, ainda restaram as 7 seguintes: Fl. 2110DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.111 19 1. NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. CNPJ 07.114.595/0001/55. “Verificamos ‘in loco’ que continua a trabalhar como corretor de café, restando claro não se tratou de mero “laranja’ mas que atuava de fato como um dos dirigentes da empresa” (item 33, p. 11 do RPF )”. “Que ingressou como sócio da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA.em 15/10/2007 e permanece sócio desde então.” (Depoimento Olimpio Anexo 1, item 3). Nota: A NOVA ESPERANÇA teve seu primeiro ato registrado na JUNTA COMERCIAL em 2005, informando seu sócios que sua fundação se deu em 24/11/2004. Portanto, foi fundada três anos de 2007, no qual Olímpio diz que entrou como sócio. 2. O. F. NETO ME. CNPJ 10.359.876/000182 “que é titular da firma individual O. F. Neto ME” (depoimento de Olimpio Anexo 1, item 15) 3. NOVOS GRÃOS COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. CNPJ 06.129.328/000199 (registrado pela PF na operação “Galo Seguro”) 4. HALFFA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. CNPJ 09.522.208/000145 (registrado pela PF na operação “Galo Seguro”) 5. R FERREIRA. CNPJ 03.043.590/000128 (registrado pela PF na operação “Galo Seguro”) 6. MILA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA CNPJ 06.119.106/000195 (v. item 29, p. 9 do Relatório de Procedimento Fiscal). 7. COMÉRCIO DE CAFÉ VALE DE MINAS. 03.697.507/000134, sociedade formada por Paulo José de Oliveira e seu pai Geraldo Nascimento de Oliveira (item 3 do Depoimento de Paulo, Anexo 2 do Relatório de Procedimento Fiscal. Paulo José de Oliveira foi também sócio de Olimpio Ferreira Neto na NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA., objeto do presente processo (item 5 do mesmo Anexo 2). Atualmente Olímpio Ferreira Neto está “utilizando” as seguintes empresas para seu comércio de café: 1. MÁRCIO JOSÉ PEREIRA LEMOS – ME CNPJ 16.643.050/00127 Rua Francisco Fialho, n° 33 Loja B. Baixada MANHUAÇU MG CEP 36900000 Código e descrição da atividade econômica: 46.21400 Comércio atacadista de café em grão Conta bancária: 19.8625, SICOOB 756 Ag. 3049 Data da Abertura: 06/08/2012 (O ENDERECO É MESMO DA NOVA ESPERANÇA E DA MILA v. Anexo 4 ao Relatório Fiscal e 3ª Alteração contratual da NOVA ESPERANÇA. 2. QUINTÃO E GONZAGA COMERCIO LTDA CNPJ12.498.130/000185 IE. 001.656.982.0052 AV. BARÃO RIO BRANCO 353 SL.207BAIXADA MANHUAÇU No mesmo endereço, só que na sala 202, foi e é a sede da NOVA ESPERANÇA (V. 1ª Alteração Contratual e Certidão Simplificada da JUCEMG). Como se conclui, Olímpio Ferreira Neto mantém e é “proprietário e administrador” de várias empresas dedicadas ao comércio de café, todas irregulares, utiliza empresa de terceiros para ilegalmente comprar e vender café, não se justificando que, sem provas consistentes, possa o Impugnante ser guindado à condição de coadministrador de apenas duas das empresas do grupo, no caso a NOVA ESPERANÇA e a O. F. NETO ME. Não se justifica ainda que a RFB, mesmo com denúncia do Impugnante (nos esclarecimentos ao Termo de Intimação n° 2 e na impugnação do lançamento contra O. F. Neto ME), não tenha fiscalizado as demais empresas do grupo, preferindo Fl. 2111DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.112 20 responsabilizar um simples corretor de café pelas operações de duas das empresas mencionadas. Mais, ainda deixando de atribuir a mesma responsabilidade a pessoas que foram sócias da NOVA ESPERANÇA, as quais admitiram a participação nos quadros sociais. Como se deduz, o interesse do fisco foi apenas de tentar ratificar a sua pré concepção contra o Impugnante. 2.3.3. PROCEDIMENTO PADRÃO NAS DIVERSAS EMPRESAS DE OLÍMPIO FERREIRA NETO As empresas de Olímpio sempre compram de produtores rurais e vendem para grandes comerciantes de café (exportadores e indústria), como consta do “Relatório de Procedimento Fiscal”, p. 9, que: “As contas da NOVA ESPERANÇA têm padrão de movimentação semelhante, com grandes entradas feitas pelos compradores de café através de transferências eletrônicas (TED, etc.) e saídas feitas pela emissão de cheques. Os compradores de seu café eram grandes empresas como NICCHIO CAFÉ AS, OUTSPAN BRASIL LTDA, VOLCAFÉ LTDA, etc.” (nossos grifos). Quanto ao movimento bancário, o procedimento das empresas de Olímpio guardam um mesmo padrão, de forma semelhante, como registrado no PTA contra O. F. Neto ME, em cujo Relatório de Procedimento Fiscal encontramos: “Os depósitos efetuados por TED (transferência eletrônica disponível) e alguns feitos em dinheiro tinham a identificação dos depositantes. Como se vê na planilha n° 2, a maioria absoluta dos depositantes são comerciantes atacadistas de café ou fabricantes alimentícios. Tal cruzamento prova que a movimentação financeira da empresa foi gerada pelo comércio de café. Os saques da conta foram em sua maioria feitos através de cheques, sendo certo que foram dirigidos em sua maioria aos produtores de café que vendiam para O. F. NETOME”. (grifamos). Outro procedimento adotado é que Olímpio jamais assina cheques, faz saques diretamente no caixa, abre ou fecha contas bancárias. Mas como um sócio majoritário pode sempre ser para os bancos apenas um “vulto”, ou fantasma? Como demonstrado, a Nova Esperança Comércio de Café Ltda. integra um grupo de empresas irregulares, pertencentes e comandadas por Olímpio Ferreira Neto, todas dedicadas ao comércio de café, as quais não recolhem os tributos devidos e funcionam de forma irregular, adotando em todas elas um procedimento padrão. 2.3.4. DO COMUM RESPONSÁVEL PELA CONTABILIDADE DE TODAS AS EMPRESAS DE OLÍMPIO Outro fato comum a todas as empresas de Olímpio Ferreira era que a contabilidade delas ficava a cargo da contadora Márcia Moreira Pacheco, com escritório em Manhuaçu e, posteriormente, com João Carlos Kleínpaul, também com escritório nesta mesma cidade (item 10 do depoimento de Olímpio, Anexo 1 ao Relatório de Procedimento fiscal. Item 13 do depoimento de Ronald Ferreira, Anexo 2 ao mesmo Relatório). Seria bem mais lógico e mais fácil, caso fosse verídico que caso Zé do Flor fosse o “administrador” da Nova Esperança, que a contabilidade ficasse em Inhapim, situada a 12 km de S. Domingos da Dores e não em Manhuaçu, que fica a 109 km de Inhapim, ou seja, numa distância de 121 km entre o estabelecimento do Impugnante e os escritório de contabilidade em Manhuaçu. É esclarecedora a declaração prestada pela citada contabilista, juntada a esta impugnação (doc. anexo n° 4), a qual veio nos seguintes termos: Fl. 2112DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.113 21 • Que os documentos de NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. e O. F. NETO ME eram entregues ao meu escritório por Ronald Ferreira e Cristiano, ambos primos de Olímpio Ferreira Neto. • Que jamais recebeu ou entregou documentos de nenhuma das empresas de seu escritório a José de Almeida Machado (conhecido como Zé do Flor) ou a prepostos deste (n.g). Esta declaração traz embutida a informação de que Zé do Flor não foi, nem poderia ter sido, sócio de fato ou administrador da Nova Esperança. 2.3.5. DOS SÓCIOS DE OLÍMPIO FERREIRA NETO E RESPECTIVOS LAÇOS Os quadros sociais das empresas do grupo de Olímpio Ferreira Neto eram compostos por seus parentes ou pessoas ligadas a ele, assim: 1. NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. CNPJ 07.114.595/000155. Registra o Relatório de Procedimento Fiscal, em seus itens 4a , as seguintes composições do quadro social: a) Da constituição em 24/11/2004: José Martins Velozo e Geraldo Ferreira. b) A partir da 3ª Alteração Contratual, de 20/04/2007, Geraldo Ferreira transferiu suas cotas para Ronald Ferreira. c) Após a 6ª alteração contratual, em 01/11/2007, os sócios eram Paulo José de Oliveira (administrador) e Olímpio Ferreira Neto. Registram os notificantes que “O Sr. Olimpio é filho de Geraldo Ferreira e primo de Ronald Ferreira” (item 6 do Relatório citado). As participações societárias são admitidas pelos interessados, cujo parentesco vem patente nos documentos trazidos aos autos: a) Olímpio Ferreira Neto “ingressou como sócio em 15/10/2007 e permanece como sócio deste então” (Termo de Depoimento de Olímpio Ferreira Neto, Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal). Mas a empresa foi fundada em 24/11/2004 e seu primeiro ato na Junta Comercial foi registrado em 2005. b) Ronald Ferreira, primo de Olímpio, “sócio da NOVA ESPERANÇA (...) de 20/04/2007 a 18/09/2007 (Termo de Depoimento de Ronald Ferreira, Anexo 3 ao Relatório de Procedimento Fiscal). Não pagou nem recebeu pelas cotas sociais de “seu tio GERALDO FERREIRA nessa sociedade” (item 4 do Termo de Depoimento de Ronald, Anexo 3 no Relatório acima citado). Geraldo Ferreira é pai de Olímpio Ferreira (v. carteira de identidade de Olímpio no Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal). Os registros na JUNTA COMERCIAL da NOVA ESPERANÇA (doc. anexo n° 11) são os seguintes: a) Contrato Social Início das atividades em 18/10/2004, na Av. Barão do Rio Branco, n° 353. Sócios: Jadilson Ferreira (administrador), Geraldo Ferreira e José Martins Velozo. b) 1ª alteração Contratual 20/07/2005 Abertura de filial no município de Ervália, MF, na Rua Vereador Braz Cupertino Teixeira, n° 591. Sócios: Jadilson Ferreira (administrador), Geraldo Ferreira e José Martins Velozo c) 2ª Alteração Contratual Saída do sócio Jadilson Ferreira, que transferiu suas cotas para o sócio Fl. 2113DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.114 22 GERALDO FERREIRA. Administração a cargo de GERALDO FERREIRA. Sócios: Geraldo Ferreira e José Martins Velozo. d) 3ª Alteração Contratual 10/03/2007 Saída do sócio GERALDO FERREIRA que transferiu suas cotas para RONALD FERREIRA (administrador). Sócios: Ronald Ferreira e José Martins Velozo. Sede transferida para Rua Francisco Fialho, n° 33, 2o andar, Bairro Baixada, Manhuaçu MG. e) 4ª Alteração Contratual 20/07/2007 Sede retornou para a Av. Barão do Rio Branco, n°353, Bairro Baixada Manhuaçu MG. Sócios: Ronald Ferreira e José Martins Velozo. f) 5ª Alteração Contratual 30/07/2007. Saída do sócio Ronald Ferreira e José Martins Velozo, que transferiram suas cotas. Sócios: Daniel Leonardo Mendes e Paulo José de Oliveira (administrador). Transferência da filial de Ervália para Reduto MG, na Av. S. João Batista, n° 499. g) 6ª Alteração Contratual 15/10/2007 Saída do sócio Daniel Leonardo Mendes que transferiu suas cotas para Olímpio Ferreira Neto. Sócios: Olimpio Ferreira Neto e Paulo José de Oliveira (administrador) Esta situação permanece até hoje (v. certidão simplificada emitida pela JUCEMG). 2. O. F. NETO ME. CNPJ 10.359.876/00182. Firma individual de Olimpio Ferreira Neto. “que é titular da firma individual O. F. Neto ME” (depoimento de Olimpio Anexo 1, item 15 e mesmo item no Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal) 3. NOVOS GRÃOS COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. CNPJ 06.129.328/000199. Sócios: a) Olimpio Ferreira Neto. “que ingressou na empresa NOVO GRÃOS COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA (...) e permanece como sócio desde então” (item 20 do Depoimento de Olimpio Ferreira Neto, Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal). b) Ronaldo Ferreira, que assinava os cheques (item 22 do Depoimento de Olimpio Ferreira Neto, Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal), “...foi sócio da NOVOS GRÃOS...até 13/09/2005 (item 18 do depoimento de Ronald, Anexo 3 ao Relatório de Procedimento Fiscal). 4. HALFFA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. CNPJ 09.522.208/000145. Citada no Termo de Verificação Fiscal da Operação Galo Seguro, Processo Judicial 2009.38.14.0030518 (crime) Subseção Judiciária de Ipatinga/MG. 5. R FERREIRA. CNPJ 03.043.590/000128. Citada no Termo de Verificação Fiscal da Operação Galo Seguro, Processo Judicial 2009.38.14.0030518 (crime) Subseção Judiciária de Ipatinga/MG. Firma individual de Ronald Ferreira, sócio de Olímpio em diversas outras empresas. 6. MILA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA (v. item 29, p. 9 do Relatório de Procedimento Fiscal) CNPJ 06.119.106/000195. Esta empresa foi e é comandada por GERALDO FERREIRA, pai de Olímpio Ferreira Neto (v. carteira de identidade de Olímpio no Anexo 1 do Relatório de Procedimento Fiscal), como consta do depoimento de Ronaldo Ferreira, primo de Olímpio (“Seu chefe era GERALDO FERREIRA, seu tio” (item 2 do Depoimento de Ronaldo Ferreira, Anexo 3 do Relatório de Procedimento Fiscal. Fl. 2114DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.115 23 7. COMÉRCIO DE CAFÉ VALE MINAS. CNPJ 03.697.507/000134. Sociedade formada por Paulo José de Oliveira e seu pai Geraldo Nascimento de Oliveira (item 3 do Depoimento de Paulo, Anexo 2 do Relatório de Procedimento Fiscal. Paulo José de Oliveira foi também sócio de Olímpio Ferreira Neto na NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA., objeto do presente processo (item 5 do mesmo Anexo 2). De tudo isto se conclui que as diversas empresas de Olímpio Ferreira Neto sempre tinham os seus quadros sociais formados por ele, por parentes seus (pai, irmãos, primos, etc) ou por pessoas a ele ligadas (empregados), com as contabilidades a cargo da mesma pessoa, em escritório na cidade de Manhuaçu, longe (121 km) do domicílio e da sede do Impugnante e de sua pequena empresa (S. Domingos das Dores). Diante de tudo isto, foge à lógica pretender atribuir a “administração” de duas das empresas de Olímpio Ferreira Neto ao Impugnante, sem se apurar o que aconteceu em relação às demais. 2.3.6. DA SEDE DA NOVA ESPERANÇA Os diligentes fiscais procuraram e não encontraram a sede da NOVA ESPERANÇA, como consta do Termo de Constatação Fiscal de 15/05/2013 (Anexo 4 ao Relatório Fiscal). No terceiro andar do prédio onde teria sido a sede da NOVA ESPERANÇA, quando da inspeção dos fiscais, funcionava uma das empresas do OLÍMPIO FERREIRA NETO, denominada MILA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. Tal empresa (v. item 29, p. 9 do Relatório de Procedimento Fiscal) foi e é comandada por GERALDO FERREIRA, pai de Olímpio Ferreira Neto (v. carteira de identidade de Olímpio no Anexo 1 do Relatório de Procedimento Fiscal), como consta do depoimento de Ronaldo Ferreira, primo de Olímpio (“Seu chefe era GERALDO FERREIRA, seu tio” (item 2 do Depoimento de Ronaldo Ferreira, Anexo 3 do Relatório de Procedimento Fiscal). Nela declarou ter trabalhado Ronald Ferreira, primo de Olímpio, a partir de 2007 (item 2 do seu depoimento Anexo 3 ao Relatório Fiscal). Disto tudo é de se concluir que a NOVA ESPERANÇA ocupava o segundo andar do prédio em cujo terceiro andar, desde 2007, funciona a MILLA, uma das empresas de Olímpio Ferreira Neto, sócio e proprietário da NOVA ESPERANÇA. Esta ligação umbilical entre Olímpio e sua empresa NOVA ESPERANÇA está patente em todos os procedimentos levados a cabo nestes autos, demonstrando ser ele o responsável pelas operações comerciais e, via de consequência, responsável tributário solidário. Também demonstra a ligação, também umbilical, de GERALDO FERREIRA (paI de Olímpio) com a NOVA ESPERANÇA o fato de vários pagamentos de IPVA de veículos deste (inclusive caminhões) terem sido levados a débito das contas bancárias desta empresa (v. Anexo 8 ao Relatório Fiscal). O fato é que a Nova Esperança sempre foi operada por Olímpio, seus parentes e agregados e não pelo Impugnante. Tanto assim que Olímpio admite expressamente que paga aluguel ao ALBERTÃO (item 7h, fl. 3 do Relatório Fiscal), proprietário do imóvel onde se localizava a NOVA ESPERANÇA e ainda se localiza sua empresa MILA (Anexo 4). Fl. 2115DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.116 24 O pagamento do aluguel da sede da NOVA ESPERANÇA a ALBERTÃO (item 7h do Relatório Fiscal), localizada no mesmo prédio onde funciona a MILA demonstra que Olímpio sempre manteve o controle destas duas de suas empresas. Estes fatos demonstram ainda que Olímpio não poderia, como declarou, ter ficado sem notícias da NOVA ESPERANÇA por considerável tempo, só o fazendo quando seu nome foi inscrito no SERASA (item 11 do Depoimento, Anexo 1 ao Relatório Fiscal). O fato é que a sede da NOVA ESPERANÇA é a mesma da MILLA, ambas pertencentes a Olímpio. E o Fisco, injustificadamente, apenas conclui que a Nova Esperança, como informou Olímpio, não funcionava mais no local, deixando de atentar para o fato de que outra empresa da mesma pessoa, dedicada ao mesmo ramo, encontravase instalada no mesmo prédio. E, mais grave, conforme denunciado à RFB na impugnação do processo de O. F. Neto ME, no mesmo endereço onde era a sede na Nova Esperança e atualmente funciona a MILLA (ambas de Olímpio), está localizada a sede de uma das empresas “laranja” atualmente utilizada por Olímpio em seu comércio ilegal: MÁRCIO JOSÉ PEREIRA LEMOS ME CNPJ 16.643.050/00127 Rua Francisco Fialho, n° 33 Loja B. Baixada MANHUAÇU MG CEP 36900000 Comércio atacadista de café em grão Conta bancária: 19.8625, SICOOB 756 Ag. 3049 Data da Abertura: 06/08/2012 NESTE endereço acima foi também a sede da NOVA ESPERANÇA (3ª Alteração contratual). Bem próxima, no mesmo Bairro, está a outra empresa atualmente usada por Olímpio, que é a QUINTÃO E GONZAGA COMERCIO LTDA. AV. BARÃO RIO BRANCO 353 SL.207BAIXADA – MANHUAÇU CNPJ12.498.130/000185 IE. 001.656.982.0052 Neste mesmo endereço, só que na sala 202, foi e é a sede da NOVA ESPERANÇA (V. 1ª Alteração Contratual e Certidão Simplificada da JUCEMG). Por lógica não poderia o fisco deixar de concluir que Olímpio utiliza o mesmo prédio, há muitos anos, para instalar suas empresas de comércio de café, sempre irregulares e assim ser o real responsável por todas elas, isentando o Impugnante, um simples corretor, da responsabilidade solidária. 2.3.7. INDEVIDA IMPUTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE AO IMPUGNANTE NO ESPAÇO E NO TEMPO Com base em DEPOIMENTOS prestados pelos diretamente interessados em livrarse de suas obrigações tributárias, transferindoas para o Impugnante, a RFB atribuiu ao Impugnante a responsabilidade tributária solidária. Porém, o fez de maneira equivocada. Isto porque os fatos geradores de que trata o presente processo se referem ao período de 01/2008 a 04/2010, como consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” de autoria do fisco. O mesmo ocorre em relação aos depósitos bancários da NOVA ESPERANÇA, realizados de jan/2010 até jun/2010. Enquanto que, pelos depoimentos citados, a responsabilidade do Impugnante seria a partir do segundo semestre de 2010. Só que em 01/06/2010, pela apreensão de documentos pela Polícia Federal (item 2 do Relatório Fiscal) e com a prisão de José de Flor, a partir daí, ainda que tivesse sido verdadeiro, este não teria mais condições de tocar a NOVA ESPERANÇA. Isto porque todos os documentos foram apreendidos e, lógico, nenhuma empresa funciona sem documentos, principalmente notas fiscais de entrada e de saída. Fl. 2116DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.117 25 Estas nem mesmo poderiam ser mais impressas, pois não havia mais como obter autorização do fisco estadual, ainda mais com o cancelamento do CNPJ. Analisemos os depoimentos colhidos pela RFB, nos quais ela baseia sua tese: a) Em seu depoimento (Anexo 1 ao Relatório Fiscal) OLÍMPIO diz: • que ingressou na NOVA ESPERANÇA em 15/10/2007, que PAULO abriu contas em Caratinga ou São Domingos das Dores no SICOOB e no BANCO DO BRASIL para a NOVA ESPERANÇA. • Que inicialmente José do Flor ganha entre R$ 1,00 e R$ 0,50 por saca vendida, por seu trabalho como corretor. • Após aproximadamente um ano JOSÉ DO FLOR virou sócio da empresa, apesar disto não constar do contrato social. • Que a partir do final de 2009, ele “e seu sócio PAULO praticamente pararam de comprar café através de José do Flor”, (letra “e”, p. 3). Registrese que Paulo não conhecia José do Flor item 11 do Depoimento de Paulo Anexo 2 ao Relatório Fiscal). CONCLUSÃO: Caso verídico o depoimento de Olímpio, Zé do Flor teria sido sócio da NOVA ESPERANÇA somente em 2009. No entanto, segundo o mesmo depoimento de Olímpio, Zé do Flor teria trabalhado como corretor, no mínimo, até final e 2009 e, a partir de 2010 (v. letra “c” adiante), como “sócio” da Nova Esperança. CONCLUSÃO: Pelo depoimento de Olímpio, Zé do Flor teria sido sócio da NOVA ESPERANÇA, a partir do início de 2009. Inicialmente Zé do Flor era corretor e após um ano teria entrado como sócio de fato. Olímpio entrou 15/10/2007. Então José Flor, que não teria sido contratado de imediato, teria sido corretor, pelo menos, durante o ano de 2008, movimentando as contas abertas por PAULO, em Caratinga e S. Domingos das Dores. b) Já Ronald Ferreira informa (Depoimento no Anexo 3 ao Relatório Fiscal): • Que foi sócio da NOVA ESPERANÇA de 20/04/2007 a 18/09/2007. • que abriu contas no Branco do Brasil e SICOOB de Inhapim e assinava todos os documentos bancários da empresa. Mas Ronald assinou cheques da empresa (contra o BRADESCO) de junho a agosto de 2008 (Anexo 5 ao Relatório Fiscal). Também em 2008 os cheques da empresa (contra o BANCO DO BRASIL) foram assinados por GERALDO FERREIRA, pai de Olímpio Ferreira (Anexo 6 ao Relatório Fiscal). • que sabia que a NOVA ESPERANÇA era usada pelo José do Flor, para compara e vender café. CONCLUSÃO: Os depoimentos são conflitantes. Para Ronald, Zé do Flor teria sido sócio da NOVA ESPERANÇA em 04/2007 (quando o depoente se tornou sócio), movimentando as contas bancárias abertas por RONALD em Caratinga e S. Domingos das Dores. Como se conclui, não há coincidência nos depoimentos quanto ao período no qual se atribui a condição de sócio a Zé do Flor, nem coincidem as contas bancarias da NOVA ESPERANÇA cuja movimentação a ele se atribui (abertas por Paulo ou por Ronald?). Por fim, não há nenhuma assinatura de Zé do Flor em cheques ou na aberta de contas da NOVA ESPERANÇA. Fl. 2117DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.118 26 c) Mas, após informar que Zé do Flor teria trabalhado como corretor, no mínimo, até final e 2009 e, a partir de 2010 como “sócio” da Nova Esperança, Olímpio a seguir, corrige a data citada. Em seu depoimento Olímpio (v. letra “j”, p. e do Relatório Fiscal), afirma “que em meados de 2010 encontrouse com JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, conhecido como ZÉ DO FLOR, que lhe perguntou se o depoente não tinha uma empresa que poderia ser utilizada por ele para guiar o café” (Ora se ele tivesse mesmo a NOVA ESPERANÇA, porque precisaria da O. F. NETO ME?). O certo é que, mesmo se aceitas como verídicas as informações de Olímpio, José de Flor até meados de 2010 não utilizava de nenhuma empresa, dentre elas a Nova Esperança. • Nesta parte, estes depoimentos, além de prestados por interessados em livrar se de suas responsabilidades tributárias, tentando transferilas para o Impugnante (um simples corretor de café) afrontam, no espaço e no tempo, os documentos apreendidos pela Polícia Federal, segundo os quais: a) O Impugnante recebeu comissões (como corretor) antes, durante e depois dos mencionados períodos. As notas de pesagem de café (doc. anexo n° 5) comprovam tais fatos. b) Existem contas bancárias da NOVA ESPERANÇA e da O. F. NETO ME movimentadas em períodos anteriores e posteriores aos atribuídos ao Impugnante pelos depoimentos citados (v. nesta impugnação o item “2.3.13.1 CONTAS DAS EMPRESAS ANTES E DEPOIS DO PERÍODO ATRIBUÍDO AO IMPUGNANTE”). Tais contas bancárias foram denunciadas pelo Impugnante, mas não apuradas pela RFB, apesar da quebra de sigilo bancário decretada judicialmente (no Processo Crime citado nesta impugnação). d) De qualquer forma, somente a partir de meados de 2010 é que Zé do Flor poderia (caso verídico o depoimento que não o é) ser reputado como “comerciante” e responsável pelas operações das empresas de OLÍMPIO (Nova Esperança e O. F. Neto). Porém tal tentativa teria sido abortada pela prisão de Zé do Flor e a apreensão de documentos feitas pela Polícia Federal em 01/06/2010 (meados de 2010). Tentando ratificar seu inverídico depoimento, Olimpio disse ainda que o Impugnante Zé do Flor “passou a negociar por conta própria e utilizava a NOVA ESPERANÇA para guiar o café, porque ele não tinha empresa própria para isso” (letra “e”, p. 3), o que não é verdade. Desde 14/05/1998, Zé do Flor é sócio de ARMAZÉNS GERAIS FLOR DE MINAS LTDA ME”, CNPJ 02.534.633/000105, cuja antecessora José de Almeida Machado & Cia. Ltda teve seu contrato registrado na JUCEMG em 14/05/1998 (doc. em apenso). Assim, se fosse o caso, tinha uma empresa pela qual poderia guiar café e isto há mais de 10 anos da fundação da Nova Esperança, ocorrido em 15/10/2007 (v. item 7a do Relatório de Procedimento Fiscal). Em resumo, segundo depoimento de Olímpio, as operações de Zé do Flor como comerciante de café (utilizando sua empresa) teriam se iniciado após “meados de 2010”, ou seja no segundo semestre de 2010. No entanto, todas as operações (venda de café e depósitos bancários) atribuídas a Zé do Flor neste processo vão de 01/2008 a 04/2010. Neste período, segundo os depoimentos do mesmo Olímpio, Zé do Flor teria sido corretor de suas empresas. De 2007 até, pelo menos, 27/05/2010, Zé do Flor trabalhava como corretor, comprando café para a NOVA ESPERANÇA e recebendo a comissão por atuar junto aos produtores rurais, como demonstrado pelos documentos apreendidos pela Polícia Federal, acostados ao processo junto com o CD que os contém, a exemplo dos seguintes: Fl. 2118DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.119 27 1º Pesagem de café de 470 sacas, em 27/05/2010, com expressa menção da comissão devida a Zé do Flor (R$ 2,00/saca) e, também, ao corretor do comprador. (...) 2º Pesagem de café de 470 sacas, em 03/09/2009, com expressa menção da comissão devida a Zé do Flor (R$ 2,00/saca) e, também, ao corretor do comprador. (...) 3º) Pesagem de café destinado, em 23/01/2007, constando do documento o valor da comissão devida a Zé do Flor e ao corretor do comprador, separadamente: (...) Além disto, a confirmar que não são verídicos os fatos relatados por Olímpio, seus parentes e agregados, como registrado nos itens 4 a do Relatório Fiscal, temos que: a) José Martins Velozo junto com Geraldo Ferreira (pai de Olímpio) foi sócio da NOVA ESPERANÇA desde a sua fundação, em 24/11/2004; b) A partir da 3ª Alteração Contratual, de 20/04/2007, Geraldo Ferreira transferiu suas cotas para Ronald Ferreira; c) Após a 6ª alteração contratual, em 01/11/2007, os sócios eram Paulo José de Oliveira (administrador) e Olímpio Ferreira Neto. No entanto, Paulo José de Oliveira afirma que não conhecia JOSÉ MARTINS VELOZO (vulgo ZEZÃO) e que desconhece JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, vulgo ZÉ DO FLOR, e sua empresa ARMAZÉNS GERAIS FLOR DE MINAS LTDA (depoimento de Paulo, Anexo 2 ao Relatório Fiscal). Ora, se Paulo foi sócio a NOVA ESPERANÇA a partir de 11/2007 e não conhecia o Impugnante Zé do Flor, este não poderia ter sido o “administrador” desta empresa a partir do mesmo mês 11/2007 e até a saída de Paulo. Registrese que, antes de 11/2007, Zé do Flor, como corretor, já comprava café para aNOVA ESPERANÇA, como registram as pesagem de café apreendidas pela Polícia Federal, algumas delas reproduzidas retro um deles datado de 23/01/2007. Isto porque a empresa iniciou suas atividades em 2004 ou 2005 (data do primeiro registro na Junta Comercial). Ainda, os documentos aprendidos pela Polícia Federal foram copiados no CD que instrui o processo crime instaurado. O Anexo 12 deste CD reproduz comprovantes de pesagem de café, dois deles datados de 29/05/2007 e de 28/12/2007, em compras realizadas pelo Impugnante para a NOVA ESPERANÇA e/ou para terceiros, sendo que em tais documentos consta também expressamente a comissão devida a ZÉ DO FLOR como corretor: (...) Com a demonstração de que Zé do Flor iniciou a corretagem de café para a NOVA ESPERANÇA em época anterior à informada por Olímpio e assim continuou até meados de 2010 (no Anexo 12 do CD acostado aos autos, a PF copia documentos idênticos ao citados, com datas de “meados de 2010”). A partir daí, a NOVA ESPERANÇA não teve condições de continuar no mercado, em razão da apreensão de seus documentos realizada pela PF em 01/06/2010. Fl. 2119DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.120 28 Então, fica patente que Olímpio faltou com a verdade e que o Impugnante não possui nenhuma responsabilidade tributária pelas operações realizadas pela NOVA ESPERANÇA ou outra qualquer das diversas empresas de Olímpio. 2.3.8. DO PERÍODO TRABALHADO PELO IMPUGNANTE COMO CORRETOR DAS EMPRESAS DE OLÍMPIO O disposto pelo art. 368 do CPC “As declarações constantes de documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumemse verdadeiras em relação ao signatário” aplicamse ao depoimento de Olímpio, o qual demonstra que Zé do Flor trabalhou como corretor para suas empresas: a) “QUE (...) a ideia era que ZÉ DO FLOR comprasse o café dos produtores da região de Inhapim, São Domingos das Dores e Caratinga e intermediasse para a NOVA ESPERANÇA. ZÉ DO FLOR é que tinha o contato com os produtores de café daquela região”, (item 7c, fl. 3 do Relatório de Procedimento Fiscal). b) “QUE inicialmente Zé do Flor estava em má situação financeira e atuava como corretor, combinando a compra e após o consentimento dos sócios da NOVA ESPERANÇA, principalmente PAULO, a compra era fechada. Após o pagamento ser feito a mercadoria era geralmente transportada para o comprador final, pois a NOVA ESPERANÇA não atuou com armazém” (sic, item 7d, fl. 3 do Relatório de Procedimento Fiscal). c) “QUE inicialmente ZÉ DO FLOR ganhava entre R$ 1,00 e R$ 0,50 por saca vendida, por seu trabalho como corretor. Após aproximadamente um ano ZÉ DO FLOR virou sócio da empresa, apesar disso não constar no contrato social. (...) Essa forma de trabalho durou até o final de 2009” (v. item 7e, fl. 3 do mesmo Relatório). d) Em seu depoimento OLÍMPIO diz ainda que a partir do final de 2009, ele “e seu sócio PAULO praticamente pararam de comprar café através de Zé do Flor”, (letra “e”, p. 3). Em decorrência, segundo o depoimento em pauta, Zé do Flor teria trabalhado como corretor, no mínimo, até final e 2009 e, a partir de 2010, como SÓCIO . e) Mas, logo a seguir, corrige a data citada. Em seu depoimento Olimpio (v. letra “j”, p. e do Relatório Fiscal), afirma “que em meados de 2010 encontrouse com JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, conhecido como ZÉ DO FLOR, que lhe perguntou se o depoente não tinha uma empresa que poderia ser utilizada por ele para guiar o café”. Ou seja, mesmo se aceitas como verídicas as informações de Olimpio, José de Flor até meados de 2010 não utilizava de nenhuma empresa, dentre elas a Nova Esperança. f) Olimpio afirmou também “que é titular da firma individual O. F. Neto – ME (...) constituída em 09/04/2008. Nessa época tinha intenção de utilizar a empresa efetivamente, mas não pode por falta de condições financeiras. Por isso a empresa ficou parada até meados de 2010 (item 15, Depoimento de Olimpio, Anexo 1 do Relatório Fiscal). Conclusão: até meados de 2010 Zé do Flor teria trabalhado como corretor para a NOVA ESPERANÇA e para a O. F. NETO. A partir de 01/06/2010 estas duas empresas não mais tiveram condições de permanecer no mercado, em decorrência da apreensão de seus documentos pela PF em 01/06/2010. E Zé do Flor, preso pela PF, não mais teria condições de trabalhar para nenhuma delas, inclusive como corretor. Fl. 2120DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.121 29 Temos assim, segundo o depoimento de Olímpio, que o Impugnante Zé do Flor trabalhou como corretor de café até meados de 2010, o que o exclui da “administração” da Nova Esperança e da O. F. Neto ME até meados de 2010. Como os fatos geradores reclamados são anteriores a esta época, Zé do Flor não pode ser responsabilizado pelas obrigações tributárias da empresa Nova Esperança Ltda. Mais, Olímpio afirma que ingressou como sócio da NOVA ESPERANÇA em 15/10/2007 e permanece como sócio desde então (item 3 do Depoimento Anexo 1 ao Relatório Fiscal). Que, posteriormente, PAULO (que não conheceu Zé do Flor item 11 do Depoimento de Paulo Anexo 2 ao Relatório Fiscal) teria procurado o Impugnante para que este trabalhasse como corretor da empresa, (item 6 do Depoimento de Olímpio Anexo 1 ao Relatório Fiscal). Se não o conhecia, como poderia têlo procurado? Além de conflitantes entre si os depoimentos vão de encontro às informações contidas nos documentos apreendidos pela POLÍCIA FEDERAL, os quais demonstram não serem verídicas as declarações dos interessados, pois: a) Referemse a períodos nos quais o Impugnante trabalhou como CORRETOR (v. itens 7e e 7j do Relatório de Procedimento Fiscal); b) Demonstram que o Impugnante recebia comissões (como corretor) também antes, durante e depois dos mencionados períodos. As notas de pesagem de café (doc. anexo n° 5) comprovam tais fatos. Ainda, existem contas bancárias da NOVA ESPERANÇA e da O. F. NETO ME movimentadas em períodos anteriores e posteriores aos atribuídos ao Impugnante pelos depoimentos citados (v. nesta impugnação o item “2.3.13.1 CONTAS DAS EMPRESAS ANTES E DEPOIS DO PERÍODO ATRIBUÍDO AO IMPUGNANTE”). Tais contas bancárias foram denunciadas pelo Impugnante, mas não apuradas pela RFB, apesar da quebra de sigilo bancário decretada judicialmente (no Processo Crime citado nesta impugnação). Em resumo, as informações nos depoimentos dos INTERESSADOS (sócios da Nova Esperança) são incorretas, conforme se depreende das datas das pesagens de café citadas no item imediatamente anterior (e nas demais apreendidas pela PF, transcritas para o CD juntado ao processo crime). Estes documentos demonstram que antes da data que Olímpio diz ter entrado para a NOVA ESPERANÇA (15/10/2007), Zé do Flor já era corretor de café para esta empresa, permanecendo assim até final de 2010. 2.3.9. DA DEMAIS CONTRADIÇÃO ENTRE DEPOIMENTOS Consta do depoimento de, Olímpio (Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal) que: d) “Que (...) José Martins Velozo (...) ofereceu ao PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA essa empresa (NOVA ESPERANÇA), que já estava constituída e atuava em Manhuaçu. Que o depoente conhecia PAULO por ambos trabalharem no mesmo ramo de comércio de café”, (item 4). e) “Que PAULO abriu contas em Caratinga ou São Domingos das Dores, no SICOOB e no Banco do Brasil para a NOVA ESPERANÇA”, (item 5). f) “QUE PAULO conhecia o pessoal da cafeeira ZÉ DO FLOR (...) (item 6 grifamos). Fl. 2121DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.122 30 Porém, PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA, em seu depoimento desfaz toda a trama ao afirmar: “QUE DESCONHECE JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, vulgo ZÉ DO FLOR, e sua empresa ARMAZÉNS GERAIS FLOR DE MINAS LTDA” e que “NUNCA ESTEVE EM S. DOMINGOS DAS DORES” (itens 11 e 13 do Depoimento de Paulo, Anexo 2 ao Relatório Fiscal). Paulo José de Oliveira contradiz ainda Ronald Ferreira. Diz Paulo que foi sócio da NOVA ESPERANÇA (item 5 de seu depoimento), que conhecia Olímpio e Ronald (item 6 do mesmo depoimento), mas NÃO conhecia JOSÉ MARTINS VELOZO (item 7, idem). Diz ainda que jamais administrou a NOVA ESPERANÇA, apesar de constar como administrador, que jamais trabalhou com essa empresa e que jamais recebeu dela qualquer pagamento. Já Ronald Ferreira afirma que “os dois”, PAULO JOSÉ e JOSÉ MARTINS (VELOZO), lhe propuseram que assinasse como sócio da empresa NOVA ESPERANÇA com a promessa de um pagamento mensal de no mínimo R$ 5.000,00. Ora, se Paulo não conhecia José Martins, não havia como “os dois” procurarem Ronald, para que ele se tornasse sócio, junto com seu primo OLÍMPIO, na NOVA ESPERANÇA. Concluise assim que não foi Paulo José de Oliveira quem combinou com Zé do Flor a corretagem pela compra de café a produtores rurais de Inhapim, S. Domingos das Dores e Caratinga. (Mesmo porque PAULO nem conheceu Zé do Flor, por que de fato não administrou a NOVA ESPERANÇA v. depoimento itens 11 e 8 do Anexo 2 ao Relatório Fiscal). Ainda, como PAULO também não conheceu JOSÉ MARTINS VELOSO (item 7 de seu Depoimento) não poderia ter recebido oferta da empresa por este, como afirmado por Olímpio (v. item 4 do Depoimento de Olímpio). Em consequência, PAULO, junto com JOSÉ MARTINS VELOSO, não poderiam ter procurado ZÉ DO FLOR para proporem nenhuma transação, isto porque PAULO não conheceu nenhum dos dois. Olímpio mente. E simplesmente suas mentiras são aceitas candidamente pelo fisco. Ainda, se José Martins Velozo nunca recebeu nada da NOVA ESPERANÇA, como poderia ser verídico que RONALD recebesse no mínimo R$ 5.000 por mês para exercer a mesma função de sócio da NOVA ESPERANÇA, ainda mais para trabalhar com seu primo Olímpio, dono de várias empresas de café. Outra contradição se apresenta no depoimento de RONALD, segundo o qual ele foi sócio da NOVA ESPERANÇA até 18/09/2007 (item 3 de seu depoimento Anexo 3 ao Relatório Fiscal), apenas para “assinar papéis” (item 8, idem). Entretanto, a assinatura de Ronald consta de todos os cheques do Anexo 5, emitidos de junho a gosto de 2008, ou seja, cerca de um ano após a data que ele alega ter saído dos quadros sociais da NOVA ESPERANÇA. Estas e outras contradições (relatadas em outros itens desta impugnação) nos levam à conclusão que Ronald, como primo de Olimpio, sócio de diversas empresas deste (NOVA ESPERANÇA, NOVOS GRÃOS e outras) com participação ativa nelas (abrindo contas bancárias, assinando cheques, assinando documentos de exportação de milhares de sacas de café, resgatando cotas da empresa em cooperativas, etc), com seu depoimento procura desvencilhar de suas próprias responsabilidades tributárias e Fl. 2122DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.123 31 também livrar seu primo e protetor, mentindo na tentativa de transferir os ônus tributários para o Impugnante, atribuindo a ele a prática de atos de administração da Nova Esperança e de O. F. Neto ME o que nunca ocorreu , duas das empresas do vasto grupo econômico comandado por seu primo Olímpio Ferreira Neto. 2.3.10. DA APREENSÃO DE DOCUMENTOS PELA POLÍCIA FEDERAL No dia 31/05/2010 a contadora da NOVA ESPERANÇA entregou todos os documentos da NOVA ESPERANÇA que estavam em seu poder para Cristiano (Anexo 9 ao Relatório Fiscal), que é sobrinho de GERALDO FERREIRA, pai de OLÍMPIO FERREIRA, sócio da NOVA ESPERANÇA. Um dia após, em 01/06/2010 a Polícia Federal apreendeu 18 itens na sede da empresa José de Almeida Machado & Cia. Ltda, de propriedade do Impugnante. A ação polícia foi provocada por denúncia de interposta pessoa ligada ao comércio ilegal de café, mesma atividade de todos aqueles que depuseram perante a RFB. Interessante notar que, um dia antes, em 31/05/2010, a contadora da empresa devolveu todos os documentos em seu poder para Cristiano, sobrinho de Geraldo, pai de Olímpio, o que demonstra que pode ter tido uma armação contra o Impugnante. Conforme registra a ATA da AIJ de 04/06/2010 o denunciante foi Dário Lopes de Faria (policial civil aposentado por invalidez, em razão de problemas psíquicos), pessoa ligada ao comércio ilegal de café e que parece ter sido utilizada para um determinado fim: [transcrição do termo de audiência da Ação Penal 479976.2010.4.01.3814 em curso na JUSTIÇA FEDERAL SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE IPATINGA] Declarante: Nome: Dario Lopes de Faria Identidade: M – 4.022.949 SSP/MG (Doc. 9429 – Agente de Polícia – Polícia Civil) Devidamente advertida e compromissada às perguntas do MM Juiz respondeu que “confirma o teor e sua assinatura no termo de declaração de fl. 242/244: que planta café e teve divergência sobre a classificação de seu produto tanto com o Rômulo da Roma Café e o José do Flor; que eles estavam operando com nota fria; que teve Interessante registrar também que Rômulo (da Roma Café) não foi fiscalizado pela RFB, nem responsabilizado tributariamente. Os problemas psíquicos que levaram o policial denunciante a ser aposentado encontramse registrados pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais na decisão ao Agravo n° 1.0024.08.8379748/001 da Comarca de Belo Horizonte, que teve como Relator o Des. Armando Freire, sendo Agravante: Dário Lopes de Faria e agravados: Estado de Minas Gerais, IPSEMG (v. cópia integral da decisão no doc. anexo n° 4). Os documentos apreendidos, copiados para CD juntado ao processo crime, foram: a) Documentos do próprio Zé do Flor ou de sua empresa; b) Documentos das empresas O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda (v. itens 2 e 3 do Relatório de Procedimento Fiscal) e, logicamente, se referiam a fatos geradores ocorridos antes daquela data. 2.3.10.1. DOS DOCUMENTOS DE ZÉ DO FLOR APREENDIDOS PELA PF Fl. 2123DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.124 32 A Polícia Federal apreendeu os seguintes documentos de Zé do Flor e de sua empresa, copiandoos em CD que foi juntado ao processo: a) Anexo 2 Prestação de Serviços NF ISS Contendo informações sobre a prestação de serviços (despolpa de café) para fins de recolhimento do ISS e que não possuem relevância ao caso presente, a não ser para demonstrar que a empresa de Zé do Flor é prestadora de serviços. b) Anexo 3 Aquisição de embalagem para amostra de café Notas fiscais de compra de saquinhos plásticos para amostra de café. A empresa do Impugnante presta serviços de classificação de café, utilizando amostras embaladas em pequenos sacos plásticos. Olímpio. O Impugnante quando faz corretagem também colhe amostras para análise, antes de ser autorizado a fechar o negócio. Registrese que café é mercadoria que depende da análise do produto para ser fechado o negócio. Uma análise é feita pela amostra e outra, depois, quando da entrega do produto. Só aí a compra é confirmada. c) Anexo 4 José de Almeida Machado & Cia. Ltda Contrato Social, 1ª e 2ª Alterações Contratuais de José de Almeida Machado & Cia Ltda/Cafeeira Zé do Flor, que são juntados a esta impugnação. d) Anexo 10 Cafeeira Zé do Flor NFs de Entrada e Saída Notas fiscais de entrada e saída de café beneficiado pela empresa do Impugnante, as quais demonstram que a empresa do Impugnante presta serviços de despolpa de café em grão. e) Anexo 12 Controle de Café São notas de pesagem de café (doc. anexo n° 5), datados de janeiro/ 2007 até meados de 2010, nas quais consta registrada a comissão do corretor ZÉ DO FLOR e do corretor dos compradores. Estes documentos comprovam que Zé do Flor, de janeiro de 2007 até final de 2010, era corretor, comprando café para a NOVA ESPERANÇA. Tanto que nestes documentos vem registrada a comissão de Zé do Flor, corretor junto aos produtores rurais, bem como a comissão devida ao corretor do comprador final (industria e exportadores de café). 2.3.10.2. DOS DOCUMENTOS DA NOVA ESPERANÇA E DE O. F. NETO APREENDIDOS PELA PF Os documentos apreendidos eram de diversas empresas e não só de NOVA ESPERANÇA e O. F. NETO ME, nas quais Zé do Flor tinha trabalhado como CORRETOR. Os documentos destas duas empresas citadas, do grupo de Olímpio Ferreira Neto, são todos relativos ao período no qual Zé do Flor trabalhou como corretor para ambas. No mesmo dia da apreensão dos documentos (01/06/2010), Zé do Flor foi preso, para ser solto por ordem judicial expedida no dia 04/06/2010: [transcrição do termo de Audiência da Ação Penal 479976.2010.4.01.3814 em curso na JUSTIÇA FEDERAL SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE IPATINGA] Instaurado o processo crime, a ele foram juntados os documentos apreendidos, copiados em CD. Assim, nenhum documento das citadas empresas restou em poder do Impugnante. Foram apreendidos em poder de Zé do Flor os seguintes documentos de terceiros: Fl. 2124DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.125 33 a) Relação de notas fiscais de aquisição de café feitas pela NOVA ESPERANÇA e outras empresas, entregues nas AFs (Administração Fazendárias) de Inhapim e de Caratinga (v. item 2a do Relatório de Procedimento Fiscal). São documentos fiscais, que comprovam apenas a emissão das notas fiscais de produtor e/ou de “Entradas” (serie E) e a entrega de cópias destas à repartição fiscal estadual. b) Contratos de venda de café da NOVA ESPERANÇA para VOLCAFÉ LTDA., assinados por Ronald Ferreira, como representante da vendedora (v. item 2b do Relatório de Procedimento Fiscal). c) Conhecimentos de transportes e faturas da Transquality Transportes Ltda., reativos a vendas da NOVA ESPERANÇA (V. item 2c do Relatório de Procedimento Fiscal). d) Diversos documentos da empresa O. F. Neto ME (v. item 3 do Relatório de Procedimento Fiscal). Estes foram objeto do Processo Tributário próprio, cuja reunião com este é pretendida pelo Impugnante. e) Notas de pesagem de café, das quais consta expressamente a comissão devida ao corretor Zé do Flor. Como se deduz a apreensão da PF recaiu sobre parcos e alternados documentos em poder do Impugnante. Fosse ele o real administrador das empresas cujos documentos foram apreendidos, teriam sido encontrados todos os documentos, com numeração e data sequenciais. A este respeito, registra em sua folha 13: [transcrição do Termo de Verificação Fiscal – Operação Galo Seguro Processo Judicial 2009.38.14.0030518 em curso na Subseção Judiciária de Ipatinga/MG] ‘Vêse que as NFs de vendas da NOVA ESPERANÇA, provavelmente em grande volume, deviam estar com o contador ou outra pessoa, pois não foram apreendidas’. A verdade é faltam muitas das notas fiscais emitidas. A maioria. Os conhecimentos de transporte foram pouquíssimos em relação ao total das vendas de O. F. Neto ME e Nova Esperança Ltda. Nos poucos contratos de exportação apreendidos, a NOVA ESPERANÇA está representada por seu sócio RONALD FERREIRA, primo de Olímpio Ferreira Neto. O certo é que os Agentes da Receita Federal não encontraram com Zé do Flor todos os documentos da NOVA ESPERANÇA ou de O. F. NETO. Nem mesmo a maior parte. A conclusão de que estariam com contador ou outra pessoa é mera suposição. Isto porque a Receita Federal tinha a identificação dos contadores das empresas citadas e de todas as pessoas que entendeu terem participado da compra e venda de café. Não se pode aceitar uma afirmação baseada apenas em suposições. Mais, a própria RFB tinha conhecimento de onde se encontrava o restante dos documentos: com a contadora da empresa, em seu escritório em Manhuaçu. Tanto assim que trouxe a procedimento fiscal a “Relação de Documentos Entregues” (Anexo 9 ao Relatório Fiscal), o qual contém a discriminação dos documentos que a contabilista MÁRCIA entregou à NOVA ESPERANÇA, em 31/05/2010 (um dias antes da apreensão pelo PF) naquele ato representado por CRISTIANO, que é sobrinho de Geraldo Ferreira, pai de Olímpio. A respeito disto declaração Márcia (v. declaração doc. anexo n° 6). ‘Que todos os documentos foram devolvidos às empresas, sendo que os documentos da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. foram entregues Fl. 2125DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.126 34 sob recibo, em 31/05/2010, a Cristiano, sobrinho de Geraldo Ferreira e primo de Olímpio Ferreira Neto, filho de Geraldo Ferreira. Que o documento de devolução de documentos foi protocolizado na ARF/Manhuaçu, conforme cópia do documento em apenso “RELAÇÃO DE DOCUMENTOS ENTREGUES (...)’. Como se deduz, a contabilista em 31/05/2010 devolveu os documentos a um dos parentes de Olímpio e com eles devem estar, tanto que apreensão pela Polícia Federal se deu no dia imediatamente seguinte, ou seja, em 01/06/2010. Presumivelmente os demais documentos devem ter sido (também parcialmente) deixados por um dos sócios e/ou prepostos da NOVA ESPERANÇA no estabelecimento do Impugnante, quando, em viagem, eles por lá passaram, para reavêlos na volta. Só que não retornaram ao estabelecimento e, assim, tais documentos lá ficaram como que “esquecidos”, à espera de uma oportunidade para serem devolvidos aos seus proprietários, para os quais o Impugnante, como corretor, comprava café. O mesmo, também presumivelmente, ocorreu quanto às diversas “RELAÇÃO DE NOTA FISCAL MOD. 1 ENTREGUE” e “RELAÇÃO DE SERIE E ENTREGUE NA AF DE INHAPIM”, que são apenas o comprovante de que as notas fiscais emitidas por produtores rurais da região foram entregues à repartição fiscal estadual, como determinava a legislação vigente. Justifica também a presença de tais documentos na empresa de Zé do Flor, o fato deste ser corretor da NOVA ESPERANÇA e de O. F. NETO e, nesta condição, efetuar compra de café para estas empresas. Só que como elas não tinham armazém (tem 7 do Depoimento de Olímpio –Anexo 1 ao Relatório Fiscal), elas emitiam notas fiscais para acobertar o café até os estabelecimentos dos compradores destinatários (grandes comerciantes de café, industriais ou exportadores), de modo que o produto saía do produtor rural diretamente para os compradores destinatários. Tudo isto justifica que algumas e poucas notas fiscais e documentos (não todos, apenas uma pequena parte) da NOVA ESPERANÇA e de O. F. NETO ME tenham sido encontrados em poder do corretor ora Impugnante. Como de comum acontece, o produtor rural conhece apenas o corretor e nele confia, de modo que vende seu café e espera o pagamento vindo do comprador. Porém, entende que o compromisso de pagamento está garantido pelo corretor o que, de certa forma, é verdade, pois se um produtor faz uma venda e não recebe, certamente ela não mais venderá por intermédio do mesmo corretor de sua região. Então, o corretor fica com a obrigação de manter um determinado controle sobre os pagamentos devidos aos produtores rurais dos quais ele, como corretor, compra o café para as empresas. Ademais, nenhum “gerente comercial” teria motivos para manter em sua posse os documentos citados, que são tipicamente administrativos. Tanto a posse de documentos fiscais das empresas em pauta não ficava a cargo do Impugnante, que MÁRCIA MOREIRA PACHECO (doc. anexo n° 6), responsável pela escrituração contábil das empresas do comércio de café na região de Manhuaçu, dentre elas a NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA., CNPJ 07.114.595/00155 e a O. F. NETO ME, CNPJ 10.359.876/0001 82, que “Que os documentos de NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. e O. F. NETO ME eram entregues ao meu escritório por Ronald Ferreira e Cristiano, ambos primos de Olímpio Ferreira Neto”. “Que todos os documentos foram devolvidos às empresas, sendo que os documentos da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. foram entregues Fl. 2126DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.127 35 sob recibo, em 31/05/2010, a Cristiano, sobrinho de Geraldo Ferreira e primo de Olímpio Ferreira Neto, filho de Geraldo Ferreira. Que o documento de devolução de documentos foi protocolizado na ARF/Manhuaçu, conforme cópia do documento em apenso “RELAÇÃO DE DOCUMENTOS ENTREGUES”, sendo que não consta do original da expressão “sobrinho do Landim’ GERALDO” (O documento citado está no Anexo 9 ao Relatório Fiscal). Ainda, a apreensão de documentos confirma apenas que Zé do Flor trabalhava como corretor tanto da NOVA ESPERANÇA, quanto de O. F. NETO. Tanto assim que os documentos apreendidos são esparsos e, pela ordem sequencial, faltam muitos deles. Isto demonstra que foram apreendidos apenas alguns documentos pertencentes a O. F. Neto e à NOVA ESPERANÇA e não a integralidade deles ou mesmo a maior parte. Por fim, os documentos apreendidos não foram preenchidos por pessoas ligadas a Zé do Flor. Não se pode, apenas pela posse de tais documentos concluir que Zé do Flor seria sócio da NOVA ESPERANÇA e responsável pelas operações da O. F. NETO, como pretende o fisco, e que, assim, tivesse também a posse de livros e demais documentos fiscais das citadas empresas. 2.3.11. DOS DOCUMENTOS APREENDIDOS PELA PF EM PODER DO IMPUGNANTE Em poder de José de Flor foram apreendidos documentos relativos a períodos nos quais ele havia trabalhado como corretor, comprando café para a Nova Esperança Comércio de Café Ltda. e para a O. F. Neto ME, ambas pertencentes a Olímpio Ferreira Neto. Quanto aos documentos da Nova Esperança, empresa de que trata o presente processo tributário, vale ressaltar: a) RELAÇÃO DE NOTAS FISCAIS DE AQUISIÇÃO DE CAFÉ feitas pela NOVA ESPERANÇA e várias outras empresas, entregues nas AFs (Administração Fazendárias) de Inhapim e de Caratinga (v. item 2a do Relatório de Procedimento Fiscal). O CD juntado ao processo crime, reproduz tais documentos, relativos ao período anterior a meados de 2010 (de jan/2007 a set/2009), cujas cópias são anexadas a este impugnação (doc. anexo n° 7). As relações de notas fiscais série E, emitidas por produtores rurais, referem à compra de café realizadas pelas seguintes empresas: Nova Esperança Comércio de Café Ltda. E. M. Gomes Denerson de Souza Teixeira Café Grão Verdes D. de S. Teixeira Exportadora de Café Guaxupé Comércio Corretagem de Café Monte Cassino Ltda Montes Claros Ind. e Com. de Prod. Alimentícios Ltda. Séculos Comércio de Café Ltda Serra Azul Comércio de Café Ltda. O fato é que o Impugnante, como corretor, tinha interesse em agradar tanto os produtores rurais, com os quais negociava o café, quanto as empresas compradoras, que lhe pagavam a comissão e, por isto, não se negava a fazer pequenos favores, como entregar documentos nas repartições fiscais de Caratinga e Inhapim, locais muito próximos de sua sede S. Domingos das Dores. Fl. 2127DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.128 36 Foge à lógica e ao princípio da indivisibilidade da prova documental (parágrafo único do art. 373 CPC) pretender que dentre elas somente as relativas à Nova Esperança Comércio de Café Ltda. se refiram a operações de compra e venda realizadas pelo Impugnante, aceitando que as outras estão regulares. b) CONTRATOS DE VENDA DE CAFÉ DA NOVA ESPERANÇA PARA VOLCAFÉ LTDA. assinados por Ronald Ferreira, como representante da vendedora (v. item 2b do Relatório de Procedimento Fiscal). A assinatura de Ronald Ferreira veio reconhecida em Cartório em todos os contratos com a Volcafé, os quais foram firmados no período de jun/2009 a set/2009, tendo como objeto a exportação de 8.360 sacas de café (doc. anexo n° 8). Nestes contratos encontramos: • Que o café encontravase nos Armazéns da COPAG em Caratinga MG (cláusula segunda); • Que o valor, abatido o adiantamento, seria convertido em moeda estrangeira (cláusula terceira); • Que o preço final seria fixado posteriormente (cláusula sexta) O Impugnante Zé do Flor não praticou nenhum ato relativo as transações referidas nos contratos, os quais não contém sua assinatura, nem mesmo como testemunha. Além do mais, o café exportado não esta em seu poder, mas sim em armazém localizado em Caratinga. À falta de liame do Impugnante com estes contratos, não há como pretender que ele seja responsável tributário pela operação, pelo simples fato de cópias dos contratos terem sido encontrados em seu estabelecimento, o que se justifica por ser ele corretor da empresa vendedora Nova Esperança Comércio de Café Ltda. c) CONHECIMENTOS DE TRANSPORTES E FATURAS DA TRANSQUALITY TRANSPORTES LTDA., relativos a vendas da NOVA ESPERANÇA (V. item 2c do Relatório de Procedimento Fiscal) De início, a transportadora Transquality declarou que todas as mercadorias que transportou para a Nova Esperança e para O. F. Neto foram entregues aos destinatários discriminados nos respectivos documentos fiscais (doc. anexo n° 9). Os originais destas declarações foram juntados à impugnação ao lançamento efetuado contra O. F. NETO ME. Repetindo, segundo o depoimento de Olimpio Ferreira Neto, o Impugnante Zé do Flor trabalhou como corretor de café até meados de 2010, o que o exclui da “administração” da Nova Esperança e da O. F. Neto ME até meados de 2010. Todos os fatos geradores reclamados são anteriores a esta época e, por isto, Zé do Flor não pode ser responsabilizado pelas obrigações tributárias da empresa Nova Esperança Ltda. O mesmo ocorre em relação aos conhecimentos de transporte da Transquality (doc. anexo n° 10), todos relativos ao período anterior a jun/2010. A maioria referese a café vendido por O. F. Neto ME. Dentre os documentos apreendidos reportamse à Nova Esperança Comércio de Café Ltda empresa de que trata o presente processo apenas: • Fatura n° 012/2, emitida em 02/02/2009, correspondente ao Conhecimento de Transporte n° 021204, emitido em 03/02/2009; Fl. 2128DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.129 37 • Fatura n° 020/1, emitida em 09/01/2008, correspondente ao Conhecimento de Transporte n° 016845, emitido em 09/01/2008; • Fatura n° 060/8, emitida em 11/08/2007, correspondente aos Conhecimentos de Transporte n° 015423 e 015424, emitidos em 11/08/2007; • Fatura n° 073/5, emitida em 21/05/2007, correspondente ao Conhecimento de Transporte n° 014475, emitido em 21/05/2007; • Fatura n° 077/3, emitida em 27/03/2007, correspondente aos Conhecimentos de Transporte n° 014029, 014030 e 014031, emitidos em 27/03/2007. Analisando os s documentos da Transquality anexados a esta concluímos que: DE O. F. NETO (de 024556 a 024638) • 82 documentos foram arrolados, • 18 foram aprendidos pela Polícia Federal (com Zé do Flor) e • 64 documentos não estavam em poder de Zé do Flor • Conclusão: 21,95% estavam em poder de José de Flor, enquanto que 78,05% não. DE NOVA ESPERANÇA (de 014029 a 021204) • 7.175 documentos forma arrolados, • 8 foram aprendidos pela Polícia Federal (com Zé do Flor) e • 7.167 documentos não estavam em poder de Zé do Flor • Conclusão: 0,11% estavam em poder de José de Flor, enquanto que 99,89% não. d) CONTROLE DE CAFE Os documentos apreendidos pela PF e relacionados sob a denominação de “Controle de Café” são, na verdade notas de pesagem de café. Estes documentos referemse ao período de janeiro/2007 até meados de 2010 e neles consta expressamente o valor da comissão devida ao corretor ZÉ DO FLOR (ora Impugnante) e do corretor dos compradores. Estes documentos comprovam que Zé do Flor, de janeiro de 2007 até final de 2010, era corretor, comprando café para a NOVA ESPERANÇA e outros. Nestes documentos vem registrada a comissão de Zé do Flor, corretor junto aos produtores rurais, bem como a comissão devida ao corretor do comprador final (industria e exportadores de café). Ora, se Zé do Flor fosse o “comerciante” (comprador do café de produtores rurais) não haveria como serlhe devida a comissão por esta operação. 2.3.12. DA MOVIMENTAÇÃO DAS CONTAS BANCARIAS DA NOVA ESPERANÇA Segundo o fisco a “Nova Esperança” manteve contas bancárias nas seguintes agências: a) SICOOB • conta aberta em 20/01/2006 por Geraldo Ferreira, sócio e pai de Olimpio Ferreira Neto (item 20 do Relatório Fiscal) Fl. 2129DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.130 38 • Ronald Ferreira (primo de Olímpio) tinha poderes para movimentar a conta desde 10/03/2007, tendo assumido a administração da empresa em 31/01/2007 (itens 20 e 21 do Relatório Fiscal). • Todos os cheques trazidos aos autos foram assinados por Ronald Ferreira (item 23 do Relatório) b) BRADESCO • Conta aberta em 21/009/2005 por Geraldo Ferreira e Ronald Ferreira (item 22 do Relatório Fiscal), pai e primo de Olímpio, respectivamente • Todos os cheques trazidos aos autos foram assinados por Ronald Ferreira (item 24 do Relatório), de junho a agosto de 2008 (v. Anexo 5 ao Relatório Fiscal), embora Ronald tivesse saído da sociedade um ano antes, em 18/09/2007 (v. item 3 do Depoimento Anexo 3 ao Relatório Fiscal) • TED em favor de Geraldo Ferreira, pai de Olímpio, no valor de R$ 13.950,00, em 28/03/2008 • Retirada em espécie por Geraldo Ferreira, pai de Olímpio, em 19/03/2008, no valor de R$ 20.339,43 c) BANCO DO BRASIL • Retirada em espécie por Geraldo Ferreira, pai de Olímpio, em 19/03/2008, no valor de R$ 20.339,43 c) BANCO DO BRASIL • Cheques assinados por Ronald Ferreira e Geraldo Ferreira, respectivamente primo e pai de Olímpio • Pagamentos de IPVA relativo a veículos de Geraldo Ferreira, Mila Comércio de Café Ltda., empresa pertencente a Olímpio, (item 29 do Relatório Fiscal) • Pagamento de IPVA relativo a veículo em nome de Bradesco Leasing emplacado no endereço comum de Geraldo Ferreira e seu filho Olímpio (item 30 do Relatório). Segundo os depoimentos colhidos pela RFB: • As contas bancárias da Nova Esperança Comércio de Café Ltda. foram abertas em Caratinga e/ou S. Domingos das Dores por Paulo (depoimento de Olímpio item 5, do Termo de Depoimento de Olímpio, Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal). Demonstram os documentos encontrados no Anexo 7 ao “Relatório”: • Que a conta desta empresa no Banco do Brasil, agência de Manhuaçu, foi aberta em 12/01/2007 por Geraldo Ferreira, sócio e pai de Olímpio (v. documento de identificação de Olímpio no Anexo 1 ao Relatório Fiscal). Duas foram as testemunhas (v. Anexo 7). • Que o Termo de Adesão correspondente também está assinado por Geraldo Ferreira, que também assinou todos os cheques emitidos contra o BB colacionados aos autos (Anexo 7). • Que os cheques emitidos pela Nova Esperança contra o Banco do Brasil foram assinados por Ronald Ferreira, primo de Olímpio (Anexo 5 ao Relatório Fiscal), para saque a favor do emitente. Fl. 2130DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.131 39 • Que Geraldo Ferreira, pai de Olimpio, fez saque a seu favor na conta da “Nova Esperança” no Bradesco (Anexo 6) • Que Geraldo Ferreira (pai de Olímpio) junto com Ronald (primo de Olímpio) assinou cheques emitidos pela NOVA ESPERANÇA (Anexo7) • Que foram debitados valores de IPVA relativos a caminhões e carros de passeio de parentes de Olimpio na conta bancária da “Nova Esperança” (Anexo 8). Como demonstrado pelo fisco nos itens 17 e 18 de seu Relatório (p.8 e 9) todos os depósitos bancários tanto na conta de Nova Esperança, quanto na conta de O. F. Neto ME (ambas pertencentes a Olimpio) foram efetuados no período de jan/08 a dez/10, sendo que os depósitos no final de 2010 foram apenas os seguintes: • Ago/2010R$ 2.782,21 • Out/2010R$ 2.791,45 • Nov/2010R$ 2.800,73 • Dez/2010R$ 2.831,66 Ora, conforme informou Olímpio em seu depoimento à RFB, Zé do Flor, ora Impugnante, teria assumido a “administração” da Nova Esperança, “no final de 2009” (item 8 do depoimento de Olímpio Anexo 1 ao Relatório Fiscal). Em primeiro lugar tal assertiva afronta a prova produzida. Demonstram os documentos apreendidos que Zé do Flor era corretor da NOVA ESPERANÇA e de outros até meados de 2010. Muitos dos documentos aprendidos pela Polícia Federal comprovam isto, dentre eles o seguinte, (...) No documento retro está registrada a pesagem de café, com menção da corretagem devida a Zé do Flor. Fosse ele o comerciante, certamente, não faria jus à comissão. Além disto, como nenhuma das operações bancárias não se incluem no período mencionado por Olímpio, como não há nenhuma assinatura de Zé do Flor, seja em cheques, seja na abertura ou fechamento de contas bancárias, enfim, em qualquer documento relativo ao movimento bancário de “Nova Esperança” não há como ser mantida a responsabilidade do Impugnante em decorrência dos depósitos e/ou saques das contas bancárias em comento. Nem mesmo pode prosperar a alegação dos fiscais, segundo as quais a responsabilidade do Impugnante decorreria de anotações no verso dos cheque “CONFIRMADO JOSÉ” (item 24 e Anexo 5). Segundo os fiscais, tais anotações seriam a comprovação de que Zé do Flor ‘controlava ao menos parte dos pagamentos feitos da empresa” (item 36 do Relatório Fiscal). Isto porque: • Os cheques, em cujos versos está anotado “CONFIRMADO JOSÉ” foram emitidos de jun/2008 a ago/2008 e nesta época Olímpio informa que Zé do Flor nem mesmo tinha ligação com a Nova Esperança, nos seguintes termos: “que inicialmente ZÉ DO FLOR ganhava entre R$ 1,00 e R$ 0,50 por saca vendida, por seu trabalho como corretor. Após aproximadamente um ano ZÉ DO FLOR virou sócio da empresa, apesar disto não constar do contrato social. Após isso ele passou a negociar por conta própria e utilizava a NOVA ESPERANÇA para guiar café (...) Essa forma de trabalho Fl. 2131DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.132 40 durou até o final de 2009. Nessa época o depoente e seu sócio PAULO praticamente pararam de comprar café através de ZÉ DO FLOR”. Em resumo, caso verídicas as informações de Olimpio (que não o são), Zé do Flor teria sido CORRETOR da NOVA ESPERANÇA até o final de 2009. • A “NOVA ESPERANÇA” teve dois sócios com este nome José Martins Velozo, a partir de sua constituição em 24/11/2004 e Paulo José de Oliveira, administrador desde 01/11/2007. • É antinatural a anotação de “JOSÉ” se esta se referisse ao Impugnante, conhecido como “Zé do Flor”. O natural seria anotar “Zé do Flor” e não só “José”. Isto indica que o certo que o “José” anotado no verso dos cheques não é o José de Almeida Machado. Tanto assim que inexistem provas a respeito, ainda que indiciárias. • Ainda, nos cheques emitidos pela Nova Esperança contra o Banco do Brasil, assinados por Geraldo Ferreira, pai de Olimpio, não consta nenhuma autorização, nenhum “José” (Anexo 7). Nem mesmo no saque feito diretamente no Caixa por Geraldo Ferreira houve nenhuma autorização (Anexo 6). Se o saque direto ou de cheques dependesse mesmo de autorização, isto também constaria no verso dos cheques de comprovante de saque contra o Banco do Brasil, o que não aconteceu. Não é lógico que sócios de, no mínimo 10 empresas formadas por parentes, todos com grande experiência no comércio ilegal de café, teriam coragem de, sem nem mesmo outorgar procuração, passar uma ou duas de suas empresas para a administração de um corretor de café em má situação financeira (v. depoimento de Olímpio item 7 d do Relatório Fiscal), pobre e praticamente na bancarrota, autorizandoo a efetuar a movimentação bancária, sem nada assinar. O conjunto probante demonstra que os sócios da NOVA ESPERANÇA faltaram com a verdade, tentando transferir suas responsabilidades tributárias para o Impugnante, alegando fatos que afrontam o conjunto probante, inclusive documentos apreendidos pela Polícia Federal em poder de Zé do Flor. 2.3.13. INVERACIDADE DOS DEPOIMENTOS SOBRE A MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS BANCÁRIAS Os depoimentos prestados pelos interessados, todos do grupo de Olímpio Ferreira Neto, não merecem fé, especialmente em relação à movimentação bancária, visto que contrariam as provas e são contraditórios entre si. O Impugnante, como comprovado nos autos, não foi constituído como procurador de “NOVA ESPERANÇA” e de “O. F. NETO ME”. Jamais abriu contas bancárias em nome destas empresas, jamais assinou cheques ou efetuou saques nestas contas. Não há nos autos nenhuma prova de ligue o Impugnante à movimentação bancária das mencionadas empresas, exceto os depoimentos de seus sócios e demais interessados. Porém, tais depoimentos além de suspeitos são inverídicos e contraditórios entre si e contrariam os fatos e as provas, tudo como será demonstrado a seguir. 2.3.13.1. CONTAS DAS EMPRESAS ANTES E DEPOIS DO PERÍODO ATRIBUÍDO AO IMPUGNANTE O Impugnante denunciou, por várias vezes, a existência e a manutenção de contas bancárias das empresas de Olímpio, inclusive da NOVA ESPERANÇA e de O. F. NETO ME, fora do período atribuído como administrado por Zé do Flor. A existência destas contas demonstra que faltaram com a verdade os interessados. Fl. 2132DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.133 41 Apesar das denúncias, as últimas contidas na impugnação apresentada no Processo 15215.720152/201315 contra O. F. NETO ME, a RFB negouse a requisitar informações de recentes contas bancárias de Nova Esperança Comércio de Café Ltda., de propriedade de Olímpio Ferreira Neto, muito embora já tivesse sido judicialmente decretada a quebra de sigilo bancário desta empresa. As denunciadas contas bancárias da Nova Esperança Comércio de Café Ltda, não incluídas na ação fiscal, mas com movimentação (sem a participação do Impugnante) são: BANCO BRADESCO AGENCIA: 15660 CARATINGAMG C/C: 210587 ABERTA EM 2007 ENCERRADA EM 05/2010 BANCO DO BRASIL AGENCIA: 03166 MANHUAÇUMG C/C: 224774 ABERTA EM MAIO DE 2005 • A existência destas contas demonstra que muito antes de 2010 a empresa Nova Esperança efetuou operações, em contradição ao informado de seu sócio Olímpio Ferreira Neto, em seu depoimento à RFB (v. item 2.3.12.2), pois a conta 224774 foi aberta em mai/2005. • Demonstram também que, efetivamente, Zé do Flor não passou a ser o responsável por esta empresa a partir de meados de 2010, por não manter nenhum liame em relação à conta 210587. Ainda, apesar da decisão judicial de quebra de sigilo bancário, a RFB negouse a requisitar informações de recentes contas bancárias de O. F. Neto, muito embora, com base no depoimento do titular desta, tenha considerado o Impugnante como responsável tributário solidário pelas contas bancárias antigas da mesma empresa individual. As contas bancárias recentes da O. F. Neto, informadas pelo Impugnante, são: O. F. NETO CNPJ 10.359.876/00182 C/C 120324 CREDCOOPER DE CARATINGA Conta aberta em 19/04/2010 e encerrada em agosto/2010 MOVIMENTO DE 05/2010: cerca de R$ 122.000,00 depositados por Tangará Imp. e Exportadora S/A. Tal conta demonstra que no ano de 2010 Olímpio Ferreira Neto movimentou sua empresa individual citada. O. F. NETO CNPJ 10.359.876/000182 Agência 37877 C/C 5606 Abertura 15/04/2011 Data último cheque 10/04/2013 Emitidos cerca de 160 cheques. Continua a emissão de cheque após 10/04/2013. • A comprovação de que as contas bancárias de O. F. Neto continuam ativas, mesmo depois do período atribuído ao Impugnante, demonstram que Olímpio Ferreira Neto, titular desta firma individual, movimentou e contínua a movimentar contas bancárias com recursos de comércio de café feito por ele próprio e não pelo Impugnante. Por fim, a RFB negouse a tomar medidas para apuração de que, atualmente, Olímpio Ferreira Neto está utilizando a seguinte empresa “fantasma” para o seu comércio de café por atacado: MÁRCIO JOSÉ PEREIRA LEMOS ME, CNPJ 16.643.050/00127 Rua Francisco Fialho, n° 33 Loja B. Baixada, MANHUAÇU MG CEP 36900000 IE 002.007.5470012 Código e descrição da atividade econômica: 46.21400 Comércio atacadista de café em grão Conta bancária: 19.8625, SICOOB 756 Ag. 3049, Data da Abertura da empresa: 06/08/2012 • A apuração deste fato é importantíssima já que Fl. 2133DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.134 42 Olímpio Ferreira Neto é proprietário de O. F. Neto ME e de Nova Esperança Comércio de Café Ltda, demonstrando que ele contínua comerciando café, sem pagar impostos, utilizando “empresa fantasma”. Como poderia o depoimento prestado por uma pessoa que assim age ser admitido pela RFB como prova júris et júris contra o Impugnante? 2.3.13.2. DEPOIMENTO DE OLÍMPIO SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA As contas bancárias denunciadas retro demonstram que não é verídico o depoimento prestado por Olímpio Ferreira Neto à RFB, no qual lastreia o presente processo, visto que, contrariando os fatos e as provas, declarou OLÍMPIO: a) “que nunca movimentou a conta da NOVA ESPERANÇA e não sabe se a empresa tinha procuração para terceiro, mas se recorda que PAULO lhe disse que éassinava cheques em branco da NOVA ESPERANÇA e entregava a ZÉ DO FLOR” (item 9 do Depoimento de Olímpio, Anexo I ao Relatório Fiscal). b) “que não passou procuração da O. F. NETO ME e por isso constantemente assinava diversos cheques dessa empresa” e “que o depoente não tinha o cartão magnético da conta ou sua senha de movimentação pela internet, que estava em poder de LUCIANO, responsável pela parte financeira do ZÉ DO FLOR (item 17, Depoimento de Olímpio, Anexo 1 do Relatório Fiscal). c) “que é titular da firma individual O. F. Neto – ME (...) constituída em 09/04/2008. Nessa época tinha intenção de utilizar a empresa efetivamente, mas não pode por falta de condições financeiras. Por isso a empresa ficou parada até meados de 2010 (item 15, Depoimento de Olimpío, Anexo 1 do Relatório Fiscal). d) “que jamais explorou a O. F. NETO ME (ITEM 19, Depoimento de Olimpio, Anexo 1 do Relatório Fiscal). A movimentação bancária demonstra que as declarações de Olimpio não são verídicas e que, em decorrência, o Impugnante não pode ser guindado à condição de responsável tributário solidário pelas obrigações das empresas de Olimpio, ainda mais que, o depoimento em questão limita a atuação de Zé do Flor em relação às empresas do depoente: a) Nova Esperança Comércio de Café Ltda no mínimo, até final de 2009 (item 8, do Depoimento de Olimpio, Anexo 1 ao Relatório Fiscal). b) O. F. Neto ME meados de 2010 (item 16, mesmo depoimento). 2.3.13.3. DEPOIMENTO DE RONALD FERREIRA SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA Todos os cheques encontrados no Anexo 5 ao Relatório Fiscal, estão assinados por Ronald Ferreira, representando a Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Foram eles emitidos de junho/2008 a agosto/2008. No entanto, segundo seu depoimento, Ronald teria sido sócio da NOVA ESPERANÇA de 20/04/2007 a 18/09/2007 (item 3 de seu Depoimento Anexo 3 ao Relatório Fiscal). Assim sendo, teria assinado cheques depois de sua saída dos quadros sociais da empresa. E isto somente aconteceu porque, certamente, foi constituído como procurador da NOVA ESPERANÇA. Sem isto, o Banco do Brasil teria sido conivente e se tornado responsável por aceitar movimentação de conta de forma irregular e ilegal. E isto não é o que costuma acontecer. Fl. 2134DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.135 43 Registrese que Ronald, ao mesmo tempo que exercia a administração da NOVA ESPERANÇA, trabalhava para a MILA, empresa em nome de GERALDO FERREIRA, pai de OLÍMPIO FERREIRA, sócio e proprietário da NOVA ESPERANÇA (item 2 do depoimento citado). Como se não bastasse, GERALDO FERREIRA, matinha estreitas relações com a NOVA ESPERANÇA, empresa de seu filho OLÍMPIO, tanto que os IPVAs de seus veículos (inclusive caminhões) foram debitados na conta da empresa em comento (v. Anexo 8). Isto tudo demonstra a submissão de Ronald Ferreira a seu primo Olímpio e a seu tio Geraldo, pai de Olímpio. Tanto assim é que Ronald declara “que não pagou qualquer participação do tio GERALDO FERREIRA nessa sociedade (NOVA ESPERANÇA), e desconhece qualquer pagamento que tenha sido feito pela participação” (item 4 do depoimento de Ronald Anexo 3). Não é normal um sócio não pagar pelas cotas sociais ao entrar na sociedade e receber o seu valor, quando de sua saída da empresa. Mais ainda, Ronald foi sócio de “NOVOS GRÃOS” (item 18 de seu depoimento), outra empresa do grupo de Olímpio. Nesta empresa: a) Olímpio Ferreira Neto “e ingressou na empresa NOVO GRÃOS COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA (...) e permanece como sócio desde então” (item 20 do Depoimento de Olímpio Ferreira Neto, Anexo 1 ac Relatório de Procedimento Fiscal) b) Ronaldo Ferreira assinava os cheques (item 22 do Depoimento de Olímpio Ferreira Neto, Anexo 1 ao Relatório de Procedimento Fiscal). “(...) foi sócio da NOVOS GRÃOS (...) até 13/09/2005 (item 18 do depoimento de Ronald, Anexo 3 ao Relatório de Procedimento Fiscal). Na verdade, Ronald sempre fez e faz aquilo que lhe ordenam seu tio e seu primo. Por isto, mesmo com contradições, procura a todo custo livrar seu primo e seu tio de suas responsabilidades, tentando transferilas para o Impugnante Zé do Flor. Seu depoimento é inválido e não poderia ser, como foi, considerado como uma prova júris et júris. Concluise ser inverídico o depoimento prestado por Ronald e que tal depoimento não pode, como foi, servir de base para atribuir ao Impugnante a solidariedade pelas obrigações tributárias das empresas de Olímpio, primo de Ronald. 2.3.13.4. DEPOIMENTO DE PAULO JOSE DE OLIVEIRA Paulo José de Oliveira foi sócio e administrador da NOVA ESPERANÇA a partir de 11/2007 (v. depoimento Anexo 2 ao Relatório de Procedimento Fiscal e alterações contratuais). Ele diz que não conhecia o Impugnante Zé do Flor, nem sua empresa. Não haveria como um sócio não conhecer aquele que movimentava as contas bancárias de sua empresa. No entanto, o depoimento de Paulo José de Oliveira não recebeu da RFB a mesma valoração dos depoimentos de seus demais sócios, estes comandantes de um esquema de empresas fantasmas, com cujos depoimentos procuraram escapar de suas responsabilidades tributárias. O “préconvencimento” dos fiscais sobre a responsabilidade do José Flor foi tanto que eles nem mesmo justificaram o porque de não levaram em conta o depoimento do sócio em pauta. Fl. 2135DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.136 44 3. NULIDADE DO LANÇAMENTO EM RELAÇÃO AO IMPUGNANTE Apesar das instruções no final do “Contexto” do “Termo de Sujeição Passiva de 29/11/2013”, o Impugnante não conseguiu verificar a autenticidade do Mandado de Procedimento Fiscal. A consulta feita não produziu nenhum resultado válido. Repetiu por várias vezes sua tentativa, inclusive com a utilização também do CNPJ da empresa notificada, não obtendo êxito e, assim, não tendo acesso ao MPF. De qualquer forma, ainda que existente e dentro do prazo, o MPF não inclui o nome do Impugnante que, por isto, este não poderia ter sido fiscalizado e, muito menos, ter sido eleito como responsável solidário do crédito tributário lançado. Sobre a questão o CARF, órgão julgador de segunda instância administrativa, assim tem decidido: (...) Tal decisão tem arrimo no art. 2º do Decreto n° 3.724/2001, cuja redação considerada como INDISPENSÁVEL o MPF: DECRETO N° 3.724. DE 10 DE JANEIRO DE 2001. ... Por seu turno, o DECRETO N° 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, no mesmo sentido, torna indispensável a forma do procedimento fiscal, impondo a obrigatoriedade de expedição do MPF Mandado de Procedimento Fiscal, como se encontra imperativamente na redação dos seus artigos 8º e 9º: E, assim sendo, não tem validade o Termo de Início de Ação Fiscal emitido sem que haja o correspondente Mandado de Procedimento Fiscal, sendo, portanto, ilegal a extensão do lançamento ao Impugnante, ante a inexistência de MPF contra ele. E, sem MPF, não poderia ter sido expedido o Termo de Início de Ação Fiscal. Por tudo isto a inclusão do Impugnante como responsável solidário pelo lançamento fiscal em pauta não atende às mencionadas disposições legais, pois houve a expedição de MPF Mandado de Procedimento Fiscal apenas em relação à empresa O. F. NETO ME, inexistindo tal peça em relação ao Impugnante, o que resulta na nulidade e invalidez do lançamento impugnado, ao qual faltam os requisitos imprescindíveis à sua formação: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Requer seja declarada e reconhecida a nulidade do lançamento impugnado e/ou dos efeitos dos efeitos dos atos da fiscalização em relação ao Impugnante, em especial estendendo a ele a responsabilidade solidária pelo pagamento do crédito tributário, tendo em vista a inexistência de MPF Mandado de Procedimento Fiscal contra o Impugnante, o que resulta na invalidade do TIAF, mesmo porque o MPF este só existente em relação à empresa notificada NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, da qual o Impugnante não foi sócio nem procurador, nunca tendo assinado cheques ou efetuados saques, o que ocorreu somente em relação aos sócios da empresa em pauta, cujos nomes constam do contrato social e suas alterações. 4. PROVAS ILÍCITAS E DA NULIDADE DO FEITO Os agentes da RFB, no interior da repartição fiscal, sem a presença de advogados e/ou testemunhas, tomaram depoimentos pessoais. Fl. 2136DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.137 45 Ora, no Brasil, a investigação nestes moldes somente pode ser feita pela Polícia Judiciária e pelo Ministério Público, não havendo unanimidade em relação ao segundo. Ainda que ao MP seja possível, os agentes da Receita Federal não podem investigar e, em especial, colher depoimentos dentro de seus prédios, ainda mais sem a presença de advogado e/ou testemunha. Tais provas têm origem espúria, nos termos do inciso LVI do art. 5º da Constituição Federal, atentando também contra o due process of law, o consagrado princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa previsto no inciso LV de nossa Carta Política. Por estas razões, requer a nulidade do feito e o seu arquivamento. Sucessivamente, requer sejam extirpadas dos autos as declarações tomadas no ventre da repartição pública, sem a presença de advogados e/ou testemunhas, não se levando em consideração tais peças para deslinde da matéria controvertida. 5. PROVA IMPOSSÍVEL OU INACESSÍVEL AO ACUSADO O fisco, por várias vezes, intimou o Impugnante para apresentar os livros e documentos das empresas O. F. NETO ME e NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, bem como a comprovação de origem dos recursos financeiros de ambas. A pretensão é de execução impossível, visto que o Impugnante não tem e nunca teve tais provas. Como esclarecido no procedimento fiscal, por várias vezes, o Impugnante nunca teve em seu poder nenhum livro e/ou documento da firma individual O. F. NETO ME e da sociedade NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, ambas pertencentes a Olímpio Ferreira Neto, que é também e sócio de várias outras empresas, todas dedicadas ao comércio de café. Os poucos e alternados documentos da O. F. Neto e/ou de NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, em provisório poder do Impugnante, foram os apreendidos e não devolvidos pela Polícia Federal. As cópias dos documentos apreendidos encontramse no processo criminal instaurado em decorrência da apreensão feita pela Polícia Federal. Do processo crime (CD apensado pela PF) foram copiados para serem juntados pelo Impugnante nestes autos. O fato é que o Impugnante não foi e nem é sócio das duas empresas citadas, não possuindo em seu poder nenhum livro e/ou documento das citadas empresas e, assim, não tem como apresentálos à RFB. Nem mesmo sabe se tais livros e documentos existem. Ademais, caso existissem outros livros e documentos de O. F. Neto ME e/ou Nova Esperança Comércio de Café Ltda em poder de Zé do Flor, certamente eles teriam sido incluídos na apreensão feita pela Polícia Federal. Assim, resta claro, que os livros e documentos requisitados, caso existentes, estão em poder de Olímpio ou de pessoa de confiança deste. Mas, repetindo, os documentos não ficavam em poder de Zé do Flor, ora Impugnante. Tanto assim que, em declaração juntada aos autos (doc. anexo n° 5) MÁRCIA MOREIRA PACHECO, responsável pela escrituração contábil das empresas do comércio de café na região de Manhuaçu, dentre elas a NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA., CNPJ 07.114.595/00155 e a O. F. NETO ME, CNPJ Fl. 2137DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.138 46 10.359.876/000182, afirma que “Que os documentos de NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. e O. F. NETO ME eram entregues ao meu escritório por Ronald Ferreira e Cristiano, ambos primos de Olímpio Ferreira Neto”. “Que todos os documentos foram devolvidos às empresas, sendo que os documentos da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. foram entregues sob recibo, em 31/05/2010, a Cristiano, sobrinho de Geraldo Ferreira e primo de Olímpio Ferreira Neto, filho de Geraldo Ferreira. Que o documento de devolução de documentos foi protocolizado na ARF/Manhuaçu, conforme cópia do documento em apenso “RELAÇÃO DE DOCUMENTOS ENTREGUES”, sendo que não consta do original da expressão “sobrinho do ‘Landim’ GERALDO”. (O documento citado está no Anexo 9 ao Relatório Fiscal). O Impugnante também não tinha e não tem como comprovar os recursos utilizados e a natureza das operações de depósitos na conta bancária das citadas empresas. No entanto, como registram os extratos, o maior volume de depósitos foi efetuado por empresas compradoras de café e, consequentemente, os respectivos saques presumivelmente devem ter sido feitos para pagamento das compras de café feitas a produtores rurais da região por O. F. Neto e por Nova Esperança Comércio de Café Ltda. No “Termo” fiscal ficou registrada a origem e o destino do numerário depositado em contas das empresas em pauta. Assim, seria mais fácil o fisco requisitar esclarecimentos das grandes empresas compradoras, já que, intimadas, tanto a O. F. Neto ME, quanto a Nova Esperança Comércio de Café Ltda, nada informaram ao fisco federal. De qualquer forma, se conclui que, ao intimar o Impugnante, o fisco pretendeu que ele fizesse a prova impossível e inacessível, o que macula todo o procedimento fiscal. Também por este motivo requer seja anulado o feito e, via de consequência, desconstituído o lançamento tributário impugnado. 6. ILEGAL ELEIÇÃO DO RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO A pretensão do fisco em erigir o Impugnante como responsável solidário de NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA (e anteriormente de O. F. NETO ME, em outro PTA), empresa da qual não é sócio e na qual não tem nenhuma participação, veio com base no art. 142, 124 e 135 do CTN (Relatório de Procedimento Fiscal) e nos artigos 124 e 135 do mesmo diploma legal (Termo de Sujeição Passiva Solidária). No entanto, além de não ter o Impugnante praticado os atos que foram imputados pelo fisco, ele não é procurador ou mandatário das empresas, tanto que NÃO EXISTE MANDATO outorgado a favor do Impugnante que lhes autorize a prática de quaisquer atos objeto da fiscalização efetuada. Também nenhuma assinatura do Impugnante foi encontrada nos documentos da Nova Esperança Comércio de Café Ltda. ou em outros documentos de empresas do mesmo grupo, dirigido por Olímpio Ferreira Neto. Assim, a pretensão fiscal afronta tanto normas do CTN, como as normas do Decreto 3.724/2001. Com efeito, o CTN discrimina os casos de responsabilidade de terceiros, porém o Impugnante não se enquadra em quaisquer das hipóteses previstas pelos artigos 134 e 135 do referido código: (...) Fl. 2138DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.139 47 Por outro lado, restou infringida a norma constante do § 5º do art. 2º do Decreto n° 3.724, de 10/01/01, por não poder o caso ser considerado como indispensável. Como o Impugnante não efetuou qualquer movimentação bancária, seja em seu próprio nome, seja por mandato outorgado por O. F. NETO (empresa notificada), não pode o Impugnante, por força da lei, ser considerado como interposta pessoa e a ele ser estendido o MPF. Ainda, não consta nenhum saque nas contas bancárias da empresa notificada a favor do Impugnante. No entanto, registra o Relatório de Procedimento Fiscal (itens 24 a 30, págs. 9 e 10) a ocorrência de diversos saques a favor dos sócios da empresa notificada e do grupo de empresas comandadas por Olímpio Ferreira Neto. Como se deduz, não há qualquer prova da impingida ligação do Impugnante com a empresa notificada. Por fim, falece de fundamento legal ou lógico o fisco exigir do Impugnante a apresentação de livros e documentos da empresa notificada. Ora, tais livros e documentos são de responsabilidade da empresa notificada e, assim, não teriam como serem apresentados pelo Impugnante. Os argumentos do fisco são tão frágeis que, não satisfeita com as normas citadas, a fiscalização resolveu utilizar a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, o que fez incorretamente, não atentando para o fato de que a disregard doctrine produz efeitos apenas contra os sócios, conforme disposto pelo Código Civil: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. No excelente trabalho “Comentários sobre a desconsideração da personalidade jurídica no novo código civil”, Stanley Martins Frasão, demonstra que a responsabilidade decorrente só atinge aos sócios da empresa: (...) Como os ora Impugnantes jamais foram sócios da empresa notificada, sequer foram procuradores, não há como aplicar ao caso vertente, em relação ao Impugnante, a disregard doctrine. Ainda, a demonstrar o prejulgamento dos Agentes Fiscais, temos que eles não incluíram como responsáveis solidários os seguintes sócios da empresa notificada: • José Martins Velozo • Paulo José de Oliveira Assim sendo, requer seja o reclamante excluído do rol de responsáveis solidários pelo lançamento impugnado, efetuado contra O. F. Neto ME, com a consequente anulação do “Termo de Sujeição Passiva Solidária de 09/08/2013”. Requer ainda que também sejam incluídos como responsáveis solidários pelas obrigações tributárias da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. seus sócios José Martins Velozo e Paulo José de Oliveira. 7. CERCEAMENTO DE DEFESA O procedimento fiscal atenta contra a norma contida no inciso LV do art. 5º de nossa Constituição Federal, in verbis: Fl. 2139DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.140 48 LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; O direito ao contraditório e à ampla defesa foi negado ao Impugnante em razão de ter, por várias vezes, durante o decorrer do procedimento fiscal, requerido a apuração de fatos que só a Receita Federal do Brasil poderia apurar, fatos estes que dariam suporte à defesa do Impugnante. Na verdade, durante o andamento do procedimento fiscal a RFB jamais se preocupou em apurar fatos que poderiam beneficiar o Impugnante, porém demonstrando uma excessiva dedicação para apurar fatos que o prejudicavam. Com efeito, negouse a RFB a tomar providências indispensáveis para o deslinde da questão, adiante relacionadas: a) A RFB negouse a tomar medidas para apuração de que, atualmente, Olímpio Ferreira Neto está utilizando a seguinte empresa “fantasma” para o seu comércio de café por atacado: MÁRCIO JOSÉ PEREIRA LEMOS ME, CNPJ 16.643.050/00127 Rua Francisco Fialho, n° 33 Loja B. Baixada, MANHUAÇU MG CEP 36900000 IE 002.007.5470012 Código e descrição da atividade econômica: 46.21400 Comércio atacadista de café em grão Conta bancária: 19.8625. SICOOB 756 Ag. 3049. Data da Abertura da empresa: 06/08/2012 No endereço acima foi também a sede da NOVA ESPERANÇA (3ª Alteração contratual). • A apuração deste fato é importantíssima já que Olímpio Ferreira Neto é proprietário de O. F. Neto ME e de Nova Esperança Comércio de Café Ltda, demonstrando que ele continua comerciando café, sem pagar impostos, utilizando “empresa fantasma”. Como poderia o depoimento prestado por uma pessoa que assim age ser admitido pela RFB como prova júris et júris contra o Impugnante? b) A RFB negouse a requisitar informações de recentes contas bancárias de O. F. Neto, muito embora, com base no depoimento do titular desta, tenha considerado o Impugnante como responsável tributário solidário pelas contas bancárias antigas da mesma empresa individual. As contas bancárias recentes da O. F. Neto, informadas pelo Impugnante, são: O. F. NETO CNPJ 10.359.876/00182 C/C 120324 CREDCOOPER DE CARATINGA Conta aberta em 19/04/2010 e encerrada em agosto/2010 MOVIMENTO DE 05/2010: cerca de R$ 122.000,00 depositados por Tangará Imp. e Exportadora S/A. Tal conta demonstra que no ano de 2010 Olímpio Ferreira Neto movimentou sua empresa individual citada. O. F. NETO CNPJ 10.359.876/000182 Agência 37877 C/C 5606 Abertura 15/04/2011 Data último cheque 10/04/2013 Emitidos cerca de 160 cheques. Continua a emissão de cheque após 10/04/2013. • A comprovação de que as contas bancárias de O. F. Neto continuam ativas, mesmo depois do período atribuído ao Impugnante, demonstram que Olímpio Ferreira Neto, titular desta firma individual, movimentou e continua a movimentar contas bancárias com recursos de comércio de café feito por ele próprio e não pelo Impugnante. c) A RFB, da mesma forma, negouse a requisitar informações de recentes contas bancárias de Nova Esperança Comércio de Café Ltda., de propriedade de Olímpio Ferreira Neto, muito embora, com base no depoimento do titular desta empresa, tenha considerado o Impugnante como responsável tributário solidário pelas Fl. 2140DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.141 49 contas bancárias antigas da mesma empresa. As contas bancárias recentes da Nova Esperança Comércio de Café Ltda, informadas pelo Impugnante, são: BANCO BRADESCO AGENCIA: 15660 CARATINGAMG C/C: 210587 ABERTA EM 2007 ENCERRADA EM 05/2010 BANCO DO BRASIL AGENCIA: 03166 MANHUAÇUMG C/C: 224774 ABERTA EM MAIO DE 2005 • A existência destas contas demonstra que muito antes de 2010 a empresa Nova Esperança efetuou operações, em contradição ao informado de seu sócio Olímpio Ferreira Neto, em seu depoimento à RFB, de modo a demonstrar que, efetivamente, Zé do Flor não passou a ser o responsável por esta empresa a partir de 2010. d) A RFB negouse a admitir a suspeição das declarações colhidas de parentes (Olímpio, seu primo Ronald e seu pai Geraldo), que são sócios da empresa notificada. O parentesco e o interesse pessoal dos depoentes culmina na suspeição dos depoimentos à RFB contra o Impugnante. e) A RFB negouse a verificar quais outras empresas forma ou estão sendo utilizadas irregularmente pelas mesmas pessoas Olímpio e Ronald, inclusive as citadas no procedimento que resultou no presente Processo Tributário Administrativo, inclusive uma que aparece no presente processo, que é a MILA CORRETORA (letra a, p. 4 do Relatório de Procedimento Fiscal). f) A RFB negouse a comunicar à PGFN ou a órgão encarregado de defender os interesses da Fazenda Pública Federal em relação aos bens irregularmente transferidos a terceiros pelo codevedor tributário Rogério Lima, responsável tributário solidário no Processo Tributário Administrativo n° 10630.001455/200501, instaurado contra HAF Júnior ME e outros, dentre eles Zé do Flor e o citado Rogério Lima. Deste PTA originou o Processo Criminal n° 2009.38.14.0030518 JF em Ipatinga. Nenhuma providência foi até agora tomada, muito embora o fato tenha sido formalmente comunicado à Receita Federal do Brasil no Recurso Voluntário n° 157663, oposto em 30/04/2007 por José de Almeida Machado e JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO & CIA. LTDA., constando do Recurso dirigido ao Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda o seguinte (sic): PROCESSO N° 10630.001455/200501 Por fim, vale registrar que o Sr. Rogério Lima, um dos principais responsáveis pelas operações da H.A.F. Júnior M.E. possui ainda alguns bens imóveis em seu nome, todos registrados no Cartório de Registro Imobiliário da Comarca de Caratinga (MG), tendo transferido alguns, durante e após a ação fiscal. Nestas condições se encontram os seguintes imóveis: ... g) A RFB negouse a apurar as atividades de ROMA CAFÉ, de propriedade de Rômulo Pereira da Silva Araújo, CPF 536.240.33620. Os fatos encontramse narrados no “Relatório Circunstanciado de Diligência da Polícia Federal n° 001/2010/DPF/GVS/IPA/MG”. Este relatório serviu de base para apreensão dos documentos de Zé do Flor. No entanto, nenhuma providência se tomou em relação à ROMA CAFÉ, embora também as atividades destas tivessem sido incluídas no mesmo relatório; h) A RFB negouse a apurar as atividades no comércio ilegal de café de Wander de Carvalho, Flávio Sandro Martins e outros, citados às fls. 249, 250, 254 a 259 do Proc. 2009.38.14.0030518, da Justiça Federal em Ipatinga Peças do “Relatório Fl. 2141DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.142 50 Circunstanciado de Diligência da Polícia Federal n° 001/2010/DPF/GVS/IPA/MG”. A apuração destes fatos demonstraria que estão eles também ligadas a Olímpio Ferreira Neto e suas empresas, bem como demonstraria o não recolhimento dos tributos federais devidos. i) A RFB negouse a apurar que Geraldo Ferreira, pai de Olímpio Ferreira Neto, e tio de Ronald Ferreira, é dono de várias carretas, nas quais efetuava transporte de mercadorias para a firma individual de seu filho (O. F. Neto), consoante se comprova pelo conhecimento de transporte n° 024621 da Transquality, datado de 30/04/2010, documento este aprendido em poder de Zé do Flor. Algumas destas carretas estão identificada no Anexo 8 ao Relatório Fiscal, em razão de seus IPVAs terem sido debitados na conta bancária de NOVA ESPERANÇA. Como se deduz, a RFB limitouse a apurar fatos que, no seu entender, poderiam ser atribuídos ao Impugnante, mas jamais atendeu a nenhuma das denúncias deste sobre fatos ligados ao comércio ilegal na região, ligados a Olímpio Ferreira Neto e seus parentes proprietários das empresas cujos débitos tributários são imputados ao Impugnante nestes autos, fatos estes que beneficiariam o Impugnante, embora este não tenha como produzir tais provas, sendo que elas podem facilmente serem produzidas pela receita federal. Em resumo, não houve tratamento isonômico. Isso tudo, mesmo portando ordem judicial para quebra de sigilo bancário, a RFB recusouse a levantar fatos que demonstrariam que Olímpio Ferreira Neto, ao contrário do que disse em seu depoimento, movimentou suas empresas (inclusive a Nova Esperança e a O. F. Neto), tanto antes, quanto depois do período que ele mesmo atribuí como sendo de “administração” do Impugnante Zé do Flor. Requer que sejam tais fatos comunicados ao Exmo. Sr. Chefe da Receita Federal em Governador Valadares, solicitandolhe que tome as medidas necessárias para resguardo dos direitos da Fazenda Pública Federal e, em consequência, do Impugnante. Requer ainda a anulação do lançamento, por ter sido cerceado o direito de defesa e de produção de provas do contribuinte, já que a Receita Federal tem a seu favor a autorização judicial de quebra de sigilo bancário das seguintes contas de O. F. NETO ME e de NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, e mesmo assim, não exerceu este direito em relação às seguintes contas bancárias denunciadas pelo Impugnante, prejudicando em muito sua defesa. Tais contas são: ... Ainda, a RFB, fugindo de suas obrigações, apenas para não admitir a situação regular do Impugnante para incluílo no rol de coobrigados tributários: • Negouse a apurar quaisquer fatos sobre a “empresa fantasma” MÁRCIO JOSE PEREIRA LEMOS ME, CNPJ 16.643.050/00127, atualmente utilizada por Olímpio Ferreira Neto para seu ilegal comércio de café; • Negouse a verificar quais outras empresas foram ou estão sendo utilizadas irregularmente pelas mesmas pessoas Olímpio, seu PAI Geraldo e seu primo Ronald, inclusive as citadas no procedimento que resultou no presente Processo Tributário Administrativo; • Negouse a apurar as atividades de ROMA CAFÉ, de propriedade de Rômulo Pereira da Silva Araújo, CPF 536.240.33620. Os fatos encontramse narrados no “Relatório Circunstanciado de Diligência da Polícia Federal n° Fl. 2142DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.143 51 001/2010/DPF/GVS/IPA/MG”. Este relatório serviu de base para apreensão dos documentos de Zé do Flor. No entanto, nenhuma providência se tomou em relação à ROMA CAFÉ, embora também as atividades destas tivessem sido incluídas no mesmo relatório; • Negouse a apurar as atividades no comércio ilegal de café de Wander de Carvalho, Flávio Sandro Martins e outros, citados às fls. 249, 250, 254 a 259 do Proc. 2009.38.14.0030518, da Justiça Federal em Ipatinga Peças do “Relatório Circunstanciado de Diligência da Polícia Federal n° 001/2010/DPF/GVS/IPA/MG”. A apuração destes fatos demonstraria que estão eles também ligados a Olímpio Ferreira Neto e suas empresas, bem como demonstraria o não recolhimento dos tributos federais devidos. Não se justifica a Receita Federal não tomar nenhuma providência sobre os fatos denunciados, que são favoráveis ao Impugnante e, ao mesmo tempo, se basear em depoimento dos interessados sem nenhuma base factual, exceto a apreensão de documentos pela Polícia Federal, sendo que o fato de tais documentos terem sido encontrados com o Impugnante não podem servir para guindálo à condição de “sócio oculto” ou responsável tributário solidário, como será demonstrado mais adiante. 8. DEMAIS RAZÕES DO IMPUGNANTE Os fatos narrados no “RELATÓRIO DE PROCEDIMENTO FISCAL”, nos quais se baseia o fisco para tentar imputar ao Impugnante a responsabilidade solidária, não têm força bastante para suportar a tese fiscal, como demonstrado a seguir. 8.1. INCOMPATIBILIDADE ENTRE AS ATIVIDADES DAS EMPRESAS E O PATRIMÔNIO DO IMPUGNANTE Em atenção ao Termo de Intimação Fiscal n° 3, o Impugnante José de Almeida Machado, vulgo Zé do Flor, informou que, como pessoa física: a) é produtor rural, plantando e colhendo café, conforme demonstrado em suas declarações prestadas ao fisco estadual. Para despolpar seu próprio café cerca de 2.500 sacas/ano , possui maquinado adequado instalado em sua propriedade rural e que, além disto, b) trabalha como corretor de café, comprando o produto de diversos produtores da região de Inhapim e S. Domingos das Dores para empresas. Por este trabalho, recebe comissão. c) É sócio da microempresa “ARMAZÉNS GERAIS FLORES DE MINAS LTDA ME”, CNPJ 02.534.633/000105, com capital de R$ 5.000,00, fundada em 14/05/1998, a qual se dedica ao armazenamento temporário de café. Os documentos comprobatórios dos fatos acima foram enviados à RFB, quanto dos esclarecimentos prestados em razão do Termo de Intimação Fiscal n° 3. Tais esclarecimentos reportamse a fatos praticados pela empresa NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. Por outro lado, não é crível, lógico ou aceitável que o lucro pelas irregularidades tive tocado a Zé do Flor. Só no presente processo há imputação de falta de recolhimento de tributos na ordem de R$ 16.000.000,00. Porém, como informado anteriormente, consta da Declaração de Rendas 2011/2012 de “Zé do Flor”: • Bens e Direito em 31/12/2010 R$ 677.264,84 • Bens e Direito em 31/12/2011 R$ 725.130,04 Fl. 2143DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.144 52 • 2012/2011 Receita Bruta Cédula G R$ 1.109.086,19 • 2012/2011 Despesas de custeio e Inv R$ 1.014.002,48 • Veículo VW Gol, ano 2009 R$ 33.000,00 Isto tudo, sem levar em consideração que o Impugnante e produtor de café e, assim, a renda dessa atividade, certamente, reverte em “aumento do seu patrimônio”. Porém, só nestes autos o valor do lançamento alcança R$ 16.189.403,11. Temos, então, que o patrimônio do Impugnante não alcança nem 5% somente do valor que lhe é exigido no presente processo. Conclusão, onde teria ido parar o produto da sonegação? O fisco nem menciona nada sobre o isto, como se fosse lógico, sonegar sem vantagem pecuniária. Estes dados demonstram que não é verídica a grande quantidade de comercialização de café que se pretende imputar a Zé do Flor, com sonegação de impostos. Onde teria ido o dinheiro da imputada sonegação? Indícios por indícios, temos que não se sustenta a tese de que Zé do Flor seria um “grande sonegador de impostos no comércio de café”. Que grande sonegador teria para seu uso um automóvel Gol, ano 2009 ou o patrimônio no valor de R$ 725.130,04? Do pequeno patrimônio de Zé do Flor é de se deduzir que não poderia ele ter sonegado tantos impostos e/ou realizado tantas transações irregulares, como pretendido pela RFB. Ainda, nenhum depósito bancário na conta da NOVA ESPERANÇA e/ou da O. F NETO foi feito por Zé do Flor, que não assinou nenhum cheque destas empresas. Todos os cheques foram assinados pelos sócios e titulares das duas empresas em pauta e todos os depósitos bancários foram feitos nas suas respectivas contas bancárias pelos grandes compradores de café. Os cheques emitidos para saque dos depósitos devem ter sido destinados ao pagamento devido aos produtores rurais dos quais compraram o produto, algumas das vezes com intermediação de Zé do Flor. Pelas contas bancárias nas quais foram feitos os depósitos, como pelas assinaturas dos correspondentes cheques, concluise que Zé do Flor foi apenas um intermediário e, assim mesmo, em alguns casos. Caso a compra tivesse sido feita por José Flor, logicamente, o pagamento deveria ter sido feito por este, sendo que os depósitos teriam sido feitos em nome de Zé do Flor ou de suas empresas. Mas assim não aconteceu. Os depósitos bancários para pagamento do café foram feitos pelas grandes empresas às quais o café foi destinado, contas estas em nome de NOVA ESPERANÇA e O. F. NETO e os cheques para pagamento aos produtos rurais foram todos assinados pelos sócios da empresa citada ou pelo titular da empresa individual em questão. Até mesmo os saques para pagamento de IPVA foram feitos em benefício dos sócios das empresas de Olímpio, como registram os fiscais. Nada há (nada) que tenha resultado em benefício de Zé do Flor. Como se deduz, resta demonstrada a impossibilidade fática do Impugnante ser o beneficiário das operações em pauta, como lhe atribui a fiscalização com base em indícios e, principalmente, no depoimento de pessoas diretamente interessadas em se livrar de suas próprias responsabilidades tributárias. Por fim, demonstram as provas dos autos, que o Impugnante trabalhou apenas como corretor, comprando café de produtores rurais para as empresas de Olímpio, como se deduz principalmente dos depoimentos prestados à RFB por Olímpio Ferreira Neto: Fl. 2144DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.145 53 a) Zé do Flor foi procurado pelo Olímpio, em sua propriedade rural, quando foi feita a proposta de R$ 0,50 a R$ 1,00 por saca de café comprada (dependendo da qualidade do café); b) O contratado, em másituação financeira, aceitou logo a proposta e iniciou os trabalhos, comprando café na região de Inhapim e S. Domingos das Dores; c) Após colher a amostra do café junto ao produtor rural (em pequenas sacolas plásticas apropriadas), tais amostras eram enviadas à NOVA ESPERANÇA, onde era verificado o tipo de “bebida” (Rio, Dura ou outra) e a qualidade do café. Após receber a amostra, Olímpio e/ou o pessoal da NOVA ESPERANÇA fixava o preço e autorizava que a compra fosse feita; sem verificar a amostra, não há como fixar o preço do café; o mesmo ocorreu em relação a O. F. Neto ME, ainda mais que o titular deste firma individual é sócio da Nova Esperança; d) O mesmo trabalho foi feito também para O.F. NETO ME, uma outra empresa de Olímpio Ferreira Neto. e) Zé do Flor fechava a compra do café com o produtor. Embora a compra fosse feita para a empresa, José Flor permanecia como um tipo “garantidor” informal da negociação, pois era conhecido dos produtores; ainda mais que Zé do Flor nasceu e foi criado na região, sendo conhecido dos produtores rurais de café; f) O pagamento do café e da comissão de Zé do Flor era feito com dinheiro retirado da conta da Nova Esperança; g) O café era revendido para os grandes compradores pela NOVA ESPERANÇA e/ou por O. F. NETO ME, ambas pertencentes à mesma pessoa. Em resumo, o café era “guiado” pelo produtor rural para a NOVA ESPERANÇA e/ou para a O. F. NETO ME e estes emitia a sua nota fiscal para acobertar o café até o seu destino que era os grandes compradores de café. Em resumo, a mesma relação de corretagem foi estabelecida com a empresa individual O. F. NETO e com a NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, empresas pertencentes a Olímpio Ferreira Neto. Assim regulares todas as venda de café do produtor rural Zé do Flor, inclusive a que fez para O. F. NETO ME, tanto que houve emissão de nota fiscal da venda e quitação por via bancária. Os documentos referidos encontramse no PTA cuja reunião com este se requer e constam ainda dos esclarecimentos prestados pelo ora Impugnante à RFB. 8.2. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA NÃO INFORMADA E CONTINUAÇÃO DAS ATIVIDADES DAS EMPRESAS DE OLÍMPIO As empresas de Olímpio continuam em funcionamento, tanto a NOVA ESPERANÇA quanto a O. F. NETO ME, o que se pode concluir pela movimentação bancária existente em nome delas. Para o Impugnante as duas empresas, a partir de 01/06/2010, quando houve a apreensão judicial de seus documentos (item 2 do Relatório Fiscal), não tinham mais como continuar a funcionar, mesmo porque não conseguiriam autorização do fisco estadual para imprimir documentos fiscais. No entanto elas continuam com movimentação bancária, demonstrando que não são verídicas as declarações prestadas pelos próprios interessados, em especial Fl. 2145DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.146 54 Olímpio Ferreira Neto, nas quais se baseia o fisco para tentar imputar responsabilidade tributária pelas operações das empresas deste O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda pelos seguintes fatos e razões: a) Em seu depoimento (Anexo 1 ao Relatório Fiscal), Olímpio, titular da firma individual O. F. Neto ME e sócio da NOVA ESPERANÇA, declarou que: QUANTO À NOVA ESPERANÇA • Que ingressou como sócio da NOVA ESPERANÇA em 15/10/2007 e permanece sócio desde então (item 3). • Que PAULO abriu contas em Caratinga ou São Domingos das Dores, no SICOOB e no Banco do Brasil para a nova esperança. Que quem movimentava a conta era PAULO (item 5). • Que nunca movimentou a conta da NOVA ESPERANÇA e não sabe se a empresa tinha procuração para terceiro (item 9) • Que a partir do início de 2010 ele e seu sócio PAULO praticamente pararam de comprar café através de ZÉ DO FLOR, ou seja não mais movimentaram a empresa. QUANTO À O. F. NETO ME • Que jamais explorou a O. F. NETO ME (item 19), constituída em 09/04/2008 (item 15) • Que a empresa ficou parada até meados de 2010 (item 15), por falta de condições financeiras (item 15) • Que a partir de meados de 2010 cedeu a empresa para Zé do Flor, por R$ 3.000 mensais (item 16), sem passar procuração (item 17) Em resumo, segundo o depoimento de Olímpio: a) a O. F. Neto ME teria ficado parada até meados de 2010, quando foi movimentada por Zé do Flor, não funcionando nem antes nem depois. b) A NOVA ESPERANÇA teria sido movimentada por ele de 15/10/2007 até meados de 2010, quando também foi cedida a Zé do Flor. Muito antes de sua fundação em 15/10/2007 a empresa NOVA ESPERANÇA efetuou operações, mantendo as seguintes contas bancárias, utilizando seu CNPJ n° 07.114.595/000155. • BANCO BRADESCO AGENCIA: 15660 CARATINGAMG C/C: 210587 ABERTA EM 2007 e ENCERRADA EM 05/2010 • BANCO DO BRASIL AGENCIA: 03166 MANHUAÇUMG C/C: 224774 ABERTA EM MAIO DE 2005 Muito depois de seu fechamento pela Polícia Federal, ou seja depois de 01/06/2010, a O. F. NETO ME manteve movimentação bancária não informada ao fisco, utilizando seu CNPJ 10.359.876/0001/82: • O. F. NETO CNPJ 10.359.876/000182 BRADESCO Manhuaçu Agência 37877 C/C 5606 Abertura 15/04/2011 Data último cheque 10/04/2013 Emitidos cerca de 160 cheques. Continua a emissão de cheque após 10/04/2013. Estas contas, certamente, foram movimentadas por Olímpio Ferreira Neto e/ou seus parentes e sócios, tanto que ele nada informou ao fisco sobre elas. O Impugnante requereu, sem êxito, providencias da RFB para que o extrato de tais contas fosse trazido aos autos, ainda mais que o sigilo bancário havia sido quebrado por ordem judicial. Fl. 2146DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.147 55 Existem ainda outras contas bancárias utilizadas por O. F. Neto, que manteve e mantém atualmente contas bancárias, ainda não verificadas pela RFB, demonstrando não apenas que a empresa O. F. Neto continua com movimentação, mas também que tal movimentação é feita por seu titular Olímpio Ferreira Neto. Em nome da empresa existem ainda as seguintes contas: • O. F. NETO CNPJ 10.359.876/00182 C/C 120324 CREDCOOPER DE CARATINGA Conta aberta em 19/04/2010 e encerrada em agosto/2010. MOVIMENTO DE 05/2010: cerca de R$ 122.000,00 depositados por Tangará Imp. e Exportadora S/A. Tal conta demonstra que no ano de 2.010 Olímpio Ferreira Neto movimentou sua empresa Individual citada. • O. F. NETO CNPJ 10.359.876/000182 BRADESCO Manhuaçu Agência 37877 C/C 5606 Abertura 15/04/2011 Data último cheque 10/04/2013 Emitidos cerca de 160 cheques. Continua a emissão de cheque após 10/04/2013. Registrese que a depositante Tangará Imp. e Exportadora S/A é antiga cliente de O. F. Neto, como consta, v.g., de fls. 1018 do livro de vendas apreendido pela Polícia Federal. Com esta conta fica demonstrado claramente que a O. F. Neto está em atividade e, certamente, sem ter como imputar sua administração ao Impugnante. Isto ratifica o modus operandi de Olímpio em suas empresas, sempre procurando transferir a responsabilidade tributária para terceiros, sempre mantendo contas bancárias, nunca assinadas por ele, mas sim por seus parentes e sócios. 8.3. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA NO PERÍODO DE PRISÃO DO IMPUGNANTE Houve movimentação bancária no período em que Zé do Flor encontravase preso, o que não poderia ter sido feito pelo Impugnante. Registram os autos do processo n° 200.48.14.0030518 que a prisão de Zé do Flor foi decretada no dia 28/05/2010: [transcrição da decretação da prisão preventiva de JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO e LUCIANO DE ALMEIDA, e do deferimento do pedido de busca e apreensão, e dos correspondentes mandados, em 28/05/2010] ] Em 01/06/2010 Zé do Flor foi preso preventivamente, somente sendo solto no dia 04/06/2010. Assim, não teria como realizar movimentações bancárias registradas a partir da data da prisão. No entanto, o extrato bancário da conta da O. F. Neto no SICOOB registra operações efetuadas de 04/6/2010 a 12/07/2010. Como se verifica, não há como atribuir a movimentação bancária, seja em que época for, a Zé do Flor ou a qualquer pessoa a ele ligada. A única conclusão possível é que tal movimentação foi feita pelos titular da firma individual. 8.4. O CNPJ DA O. F. NETO ME ESTÁ ATIVO No dia 26/12/2013 verificou o Impugnante que o CNPJ de NOVA ESPERANÇA havia sido “cancelado”, por ser tal empresa inapta e inexistente de fato. [cópia da consulta do CNPJ] Entretanto, também verificou o Impugnante que o CNPJ DE O. F. Neto ME, até 26/12/2013, ainda se encontrava ATIVO, o que demonstra que esta empresa ainda está Fl. 2147DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.148 56 em atividade. Depois da ação fiscal, depois da prisão temporária de Zé do Flor, o titular deveria ter providenciado a baixa de inscrição, o que não fez por ter interesse na continuação de seu negócio ilegal e irregular. [cópia de consulta CNPJ] Ora, uma empresa envolvida em tantas irregularidades, que figura no pólo passivo de Processo Tributário Administrativo específico, não poderia estar com seu CNPJ ativo. 9. MULTA DE 150% O Impugnante não tinha como apresentar os documentos da NOVA ESPERANÇA, como lhe exigiu a RFB. Primeiro, porque os poucos documentos em seu poder haviam sido apreendidos pela Polícia Federal, que não os devolveu. Segundo, porque os demais documentos da empresa foram entregues pela contadora a parente de Olímpio um dia antes da apreensão pela PF (v. Anexo 9 ao Relatório Fiscal). Ademais, a simples falta de entrega de documentos não autoriza o agravamento da multa. Pelo princípio da eventualidade, requer seja reduzida a multa aplicada, de 150% para 50%, visto que aquele percentual encontra óbice nos princípios gerais de Direito Tributário (PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA, DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE E AS MULTAS FISCAIS, O PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA, O PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA, A APLICAÇÃO ÀS MULTAS FISCAIS DAS LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR) tanto assim que, em recente decisão, o STF definiu que multa não pode ultrapassar o valor do tributo: [transcrição de notícia do Valor Econômico sobre o julgamento da a ADIn 551] 10. DA JURISPRUDÊNCIA DO CARF Em questão idêntica, nos autos do Processo Tributário Administrativo n° 10630.0011455/200501, a Câmara do CARF assim decidiu: “Após exaustivos e enriquecedores debates ocorridos nesta Câmara, predominou a tese de que o tema atribuição de responsabilidade é matéria de execução fiscal, estando, portanto na esfera de atribuições da d. Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN). Sobre essa matéria, eventual decisão adotada pelos órgãos de julgamento administrativo não vincularia a PFN, de vez que é aquele o órgão que se encontra legalmente revestido de competência para levar adiante a execução fiscal nos termos da Lei n° 6.830/80, indicando, nesse momento, a relação dos responsáveis. Também tem decidido o colegiado pela anulação do ato de atribuição de responsabilidade, em razão de faltar à fiscalização competência para tal. A relação dos responsabilizados deve ser tomada como elemento auxiliar na instrução de eventual execução fiscal promovida pela PFN”. Requer seja reconhecido que a atribuição de responsabilidade é matéria de execução fiscal, incluída na esfera de atribuição da Procuradoria da Fazenda Nacional e, assim, extinto este processo sem julgamento do mérito. ISTO TUDO POSTO, REQUER a) seja recebida a presente impugnação, determinandose o seu devido processamento, na forma da lei; Fl. 2148DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.149 57 b) seja reconhecido que a atribuição de responsabilidade é matéria de execução fiscal, incluída na esfera de atribuição da Procuradoria da Fazenda Nacional e, assim, extinto este processo sem julgamento do mérito; c) seja declarada e reconhecida a nulidade do lançamento impugnado e/ou dos efeitos dos atos da fiscalização em relação ao Impugnante, em especial estendendo a ele a responsabilidade solidária pelo pagamento do crédito tributário, tendo em vista a inexistência de MPF Mandado de Procedimento Fiscal contra o Impugnante, o que resulta na invalidade do TIAF, mesmo porque o MPF este só existente em relação à empresa notificada O. F. NETO ME, da qual o Impugnante não foi sócio nem procurador; d) seja declarada e reconhecida a nulidade do feito, com o seu consequente arquivamento, em razão de se basear em provas espúrias constituídas por depoimentos tomados no recinto da repartição fiscal, sem a presença de advogado ou testemunha; e) sucessivamente, requer sejam extirpadas dos autos as provas ilegalmente obtidas, consistentes nas declarações tomadas no ventre da repartição pública, sem a presença de advogados e/ou testemunhas, não se levando em consideração tais peças para deslinde da matéria controvertida; f) seja declarada e reconhecida a nulidade do feito, com o seu consequente arquivamento, por ter o fisco pretendido que o Impugnante fizesse prova impossível e inacessível a ele, maculando todo o procedimento fiscal; g) seja o Impugnante excluído do rol de responsáveis solidários pelo lançamento impugnado, efetuado contra NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA com a consequente anulação do “Termo de Sujeição Passiva Solidária de 09/08/2013”, por falta de amparo legal; h) seja anulado o lançamento impugnado, por ter sido cerceado o direito de defesa e de produção de provas do contribuinte, já que a Receita Federal tem a seu favor a autorização judicial de quebra de sigilo bancário das seguintes contas de O. F. NETO ME e de NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, e mesmo assim, não exerceu este direito em relação às seguintes contas bancárias denunciadas pelo Impugnante, prejudicando em muito sua defesa. Tais contas são: ... Tendo a DRFB/GV ainda deixado de apurar: ... i) Seja dado provimento a esta impugnação, com a desconstituição do lançamento tributário impugnado; j) Pelo princípio da eventualidade, sejam reduzidas as multas aplicadas de 150% para 50%; k) Sejam os seguintes fatos comunicados ao Exmo. Sr. Chefe da Receita Federal em Governador Valadares, solicitandolhe que tome as medidas necessárias para resguardo dos direitos da Fazenda Pública Federal e, em consequência, do Impugnante: ... Fl. 2149DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.150 58 Requer, nos termos do art. 18 do Decreto n° 70.235/1972 a produção de prova pericial com a finalidade de provar: a) que nenhuma das notas fiscais de O. F. Neto ME e de Nova Esperança Comércio de Café Ltda foram preenchidas pelo Impugnante, por seus empregados e/ou prepostos; b) que o Impugnante Zé do Flor, em relação às empresas citadas, agiu como simples corretor de café, comprando o produto na origem do produtor rural, por ordem e risco das empresas de Olímpio Ferreira Neto, as quais funcionam como “testa de ferro” ou “laranja” de grandes empresas exportadores ou fabricantes de alimentos, fato reconhecido pelo fisco no 17 do “Relatório de Procedimento Fiscal”. c) que não poderia a RFB, como fez, imputar duas das empresas de Olímpio como de propriedade do Impugnante, quando as demais ficaram sem nenhuma imputação idêntica, porém funcionaram da mesma forma e nas condições das demais e, ainda, que a RFB, portando ordem judicial de quebra de sigilo bancário, não ter fiscalizado sequer um dos fatos denunciados pelo Impugnante, em especial as contas bancárias mantidas pelas empresas de Olímpio Ferreira Neto e, principalmente, as da mesma O. F. Neto ME e da Nova Esperança Comércio de Café de cuida o presente processo, pois tais contas demonstrariam que, em períodos diferentes daqueles que Olímpio tenta impingir ao Impugnante a condição de “proprietário” ou “laranja” de suas empresas, houve e ainda há movimentação bancária e esta, sem dúvida, sem nenhuma participação do Impugnante. Ainda, requer que também sejam incluídos como responsáveis solidários pelas obrigações tributárias da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. seus sócios José Martins Velozo e Paulo José de Oliveira, os quais reconheceram ter integrado os quadros sociais da sociedade. O Impugnante ratifica os termos das respostas e informações aos Termos de Intimação Fiscal n°s 1, 2, 3 e 4, acompanhadas de documentos. Requer, nos termos do art. 29 do Decreto n° 7.574/2011, que sejam juntados aos processos os citados TIFs, suas respostas e os documentos que a instruíram. Os originais dos documentos apreendidos pela Polícia Federal, cujas cópias são juntadas a esta impugnação, foram encaminhados à Receita Federal do Brasil pelo Juiz Federal da Subseção Judiciária de Ipatinga (Processo Criminal n° 5247 49.2010.4.01.3814). Tais documentos foram copiados também no CD acostado aos mencionados autos, com as seguintes exceções: 1. Encontramse no Processo Tributário instaurado contra O. F. NETO ME (Proc. 15215.720152/201315): a) O Comprovante de Inscrição Estadual de Produtor Rural referido no doc. anexo n° 1. b) As Declarações de comissões pagas aos corretores dos compradores finais (exportador e industrial) mencionadas no doc. anexo n° 2. c) As Declarações da transportadora Transquality de que todas as mercadorias que transportou para a Nova Esperança e para O. F. Neto foram entregues aos destinatários discriminados nos respectivos documentos fiscais a que reportam os documentos anexos n° 9. d) Os Conhecimentos de Transporte da Transquality que constituem nos doc. anexos n° 10. Fl. 2150DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.151 59 2. Do site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi impressa a Decisão no Agravo n° 1.0024.08.8379748/001 da Comarca de Belo Horizonte doc. anexo n° 4 (...) DOCUMENTOS ANEXADOS: [1] Inscrição Estadual de Produtor Rural e Notas fiscais de venda de café do Impugnante para grandes empresas [2] Declaração sobre comissões pagas aos corretores dos compradores finais (exportadores ou industriais) além da comissão paga ao corretor junto ao produtor rural [3] Contrato Social de José de Almeida Machado & Cia. Ltda., registrado na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais sob o n° 31205435748, em 14/05/1998 [4] Decisão no Agravo n° 1.0024.08.8379748/001 da Comarca de Belo Horizonte, que teve como Relator o Des. Armando Freire, sendo Agravante: Dário Lopes de Faria e agravados: Estado de Minas Gerais, IPSEMG [5] Notas de pesagem de café datadas de janeiro/ 2007 até meados de 2010, nas quais consta registrada a comissão do corretor JOSÉ DO FLOR e do corretor dos compradores [6] Declaração de MÁRCIA MOREIRA PACHECO, responsável pela escrituração contábil das empresas do comércio de café na região de Manhuaçu, dentre elas a NOVA ESPERANÇA e O. F. NETO Posteriormente em 31/01/2014, o mesmo responsável tributário ainda apresentou um aditamento à impugnação, de fls. 1633/1640, na qual apresenta ainda as seguintes razões de fato e de direito contra a imputação a ele de responsabilidade pelo crédito tributário, verbis: Como especificado na impugnação, Olímpio Ferreira Neto, sócio proprietário de NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. utiliza várias empresas para praticar o comércio irregular de café, sem recolher os impostos devidos. Só agora o impugnante conseguiu obter da Junta Comercial do Estado de Minas os documentos pertinentes a algumas das mencionadas empresas, juntandoos à presente petição. Pela análise dos documentos do Registro do Comércio temos que as empresas utilizadas por Olímpio, no espaço e no tempo: a) Utilizam ou utilizaram os mesmos prédios, nos mesmos endereços; b) Contam com os mesmos sócios, ou seja, contam sempre com as mesmas pessoas; c) Tais sócios são parentes ou pessoas muito ligadas a Olimpio Ferreira Neto. Assim é que; c.1. GERALDO FERREIRA é pai de Olímpio Ferreira Neto (v. carteira de identidade de Olímpio no Anexo 1 do Relatório de Procedimento Fiscal). Fl. 2151DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.152 60 c.2. RONALD FERREIRA, como consta de seu depoimento prestado à RFB, é primo de Olímpio (“Seu chefe era GERALDO FERREIRA, seu tio” (item 2 do Depoimento de Ronaldo Ferreira, Anexo 3 do Relatório de Procedimento Fiscal. c.3. RONALDO FERREIRA é filho adotivo de Geraldo Ferreira e, assim, irmão de Olímpio Ferreira Neto. c.4. JADILSON FERREIRA é também parente de Olímpio, o que se comprova pelo sobrenome. c.5. JOSÉ MARTINS VELOZO e c.5. PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA são pessoas de inteira confiança de Olímpio, tanto que integram os quadros sociais de diversas de suas empresas, algumas vezes ocupando a administração empresarial. Demonstram os registros da JUCEMG a ligação entre Olimpio Ferreira Neto e suas empresas, assim: ... Como se conclui, Olímpio e suas empresas, sem interrupção, se dedicam ao comércio irregular de café desde 1999, pelo menos. Assim, não é lógico que tenha ‘cedido’ duas de suas empresas para o impugnante Zé do Flor, um simples corretor, para que elo ‘guiasse café’ durante pequenos períodos, utilizando a O. F. Neto ME e a NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ. Ainda mais, sem nenhuma contrapartida financeira. 2. MESMOS PRÉDIOS, OU SEJA, MESMOS ENDEREÇOS Alternadamente as empresas de Olímpio sempre têm suas sedes nos mesmos prédios, ou seja, nos mesmos endereços, com apenas algumas alterações cosméticas para padrões de cidades do interior: ... 3. MESMOS SÓCIOS As empresas de Olímpio são formadas, quase sempre, pelos mesmos sócios. Registrese que o impugnante Zé do Flor jamais constou dos quadros sociais de nenhuma das empresas e nem mesmo foi por elas constituído como procurador. Demonstra o registro do comércio que as empresas de Olimpio tiveram as seguintes composições de seus quadros sociais: ... 4. MESMOS ADMINISTRADORES A Administração das empresas de Olimpio também é incumbência das mesmas pessoas, que aparecem como seus sócios. Há alternância na administração talvez para tentar trazer incerteza à identificação do responsável tributário, como registrado pelo registro público do comércio. ... ISTO TUDO POSTO, Renova os pedidos contidos na impugnação, que espera e requer seja julgada procedente. Foram ainda juntados ao processo os termos de revelia lavrados em 11/02/2014 contra a pessoa jurídica – NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. – fls. 1793, e os demais responsáveis tributários solidários – RONALD FERREIRA (fls. 1794), OLÍMPIO FERREIRA NETO (fls. 1795) e GERALDO FERREIRA (fls. 1796). Fl. 2152DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.153 61 No extrato do processo, consta a informação de formalização de representação fiscal para fins penais no processo administrativo nº 15215.720002/201484. No despacho de fls. 1805, de 27/03/2014, a autoridade preparadora atesta a tempestividade da impugnação apresentada pelo responsável solidário, e ainda informa acerca da matéria impugnada: ... Em 29/05/2014, o processo foi encaminhado à DRJ São Paulo/SP, e na mesma data distribuído a esta Relatora. A já referida 7a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, analisando os feitos fiscais e a peça de defesa, decidiu, por meio do Acórdão nº. 16 61.324, de 10 de setembro de 2014, pela procedência dos lançamentos. O referido julgado restou assim ementado: Prova Pericial. Indeferimento. Indeferese a produção de prova pericial, porque não observada a forma prescrita em Lei e por não restar configurada situação a exigir conhecimentos técnicos ou científicos especializados para o deslinde da questão. Nulidade. MPF. Responsável. A emissão do Mandado de Procedimento Fiscal MPF somente se justifica perante a pessoa física ou jurídica a ser objeto de fiscalização. Os responsáveis tributários apurados no curso do procedimento fiscal devem ser incluídos no pólo passivo do lançamento. Nulidade. Depoimentos. Presença de Advogados. Os órgãos da Secretaria da Receita Federal do Brasil, e os AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, no uso de suas atribuições legais, podem solicitar informações e esclarecimentos ao sujeito passivo ou a terceiros, sendo as declarações, ou a recusa em prestálas, lavradas pela autoridade administrativa e assinadas pelo declarante. No processo administrativo, dado o princípio da informalidade, o administrado pode, ou não, se fazer acompanhar por advogado, a depender de sua exclusiva escolha. Nulidade. RMF. Indispensabilidade. A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio de servidor ocupante do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, pode examinar informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. Os exames são considerados indispensáveis quando houver negativa, pelo titular de direito da conta, da titularidade de fato ou da responsabilidade pela movimentação financeira, e a presença de indício de que o titular de direito é interposta pessoa do titular de fato. Fl. 2153DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.154 62 Constitucionalidade. Competência. No âmbito do processo administrativo fiscal, é vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, a menos que o ato tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal STF. Responsabilidade de Terceiros. Configuram interesse comum e administração de fato dos empreendimentos a ensejar a inclusão do responsável no pólo passivo do lançamento, a movimentação de recursos próprios em conta corrente da fiscalizada, e a apreensão, em estabelecimento do responsável, de registros de controle das operações de vendas, de extratos de movimentação financeira, para controle do recebimento do faturamento, e dos correspondentes conhecimentos de transporte. Irresignado, JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO apresentou o recurso de folhas 1.921/2.073, em que, renovando a argumentação expendida na peça impugnatória, traz alegações adicionais no sentido de que, comprovadamente, trabalhou como corretor para diversas empresas e não como sócio da O. F. NETO ME e NOVA ESPERANÇA, comprando café, no período de 2008 a 2010, que corresponde ao intervalo de tempo alcançado pela autuação; e de que depoimentos de testemunhas, prestados em 30/10/2014 perante o Juiz da comarca de Inhapim, ratificam que ele é corretor de café. É o Relatório Fl. 2154DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 15215.720205/201390 Resolução nº 1301000.304 S1C3T1 Fl. 2.155 63 Voto Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães Atendidos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo. Cuida a lide de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e reflexos (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL; Contribuição para o Programa de Integração Social PIS; e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS), relativas aos anos calendário de 2008, 2009 e 2010, formalizadas a partir da constatação de omissão de receitas. Na autuação objeto do presente processo, além da pessoa jurídica NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, foram incluídos no polo passivo das obrigações tributárias formalizadas as seguintes pessoas físicas: OLÍMPIO FERREIRA NETO; JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO; RONALD FERREIRA; e GERALDO FERREIRA. Não obstante, o litígio só foi instaurado em relação ao Sr. JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, vez que a pessoa jurídica fiscalizada e os Srs. OLÍMPIO FERREIRA NETO, RONALD FERREIRA e GERALDO FERREIRA não impugnaram as exigências. Em sua peça recursal, o Sr. José de Almeida Machado, repisando argumentos trazidos em sede de impugnação, renova pedido no sentido de que o presente processo seja julgado conjuntamente com o de nº 15215.720152/201315, alegando que, como reconhecido pela autoridade julgadora de primeira instância, referido feito guarda relação estreita com o que constitui objeto do presente. Analisando as peças que compõem o citado processo nº 15215.720152/201315, observo que a pessoa jurídica autuada foi a O. F. NETO, tendo sido indicados como responsáveis tributários os Srs. OLÍMPIO F. NETO e JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO. De fato, o elemento propulsor do procedimento fiscal levado a efeito na O. F. NETO foi o mesmo que serviu de lastro para a instauração da ação fiscal na NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA. Ali, a exemplo do que se constata no presente processo, o litígio só foi instaurado em relação ao Sr. JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, vez que tanto a fiscalizada como o Sr. Olímpio F. Neto não impugnaram as exigências formalizadas. Penso, pois, que esteja presente a vinculação referenciada pelo inciso I do parágrafo 1º do art. 6º do ANEXO II do Regimento Interno vigente, motivo pelo qual conduzo meu voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para que seja distribuído para a minha relatoria o processo nº 15215.720152/201315, que atualmente se encontra na CEGEP/SECOJ/CARFE20IRPJ E CSLL, para fins de sorteio e distribuição. "documento assinado digitalmente" Wilson Fernandes Guimarães Relator Fl. 2155DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
score : 1.0
Numero do processo: 11020.002084/2005-17
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003
RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N° 10.276/2001. ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. AUSÊNCIA DE PROVA.
Impossível a inclusão de gastos com energia elétrica e
combustíveis quando não comprovado o montante dos gastos. No
caso, a fatura de prestação de serviços da concessionária é
emitida em nome de uma empresa, não obstante o parque fabril
seja constituído de duas unidades industriais distintas. No caso
dos combustíveis, as notas fiscais são emitidas em nome de um
único estabelecimento, não obstante sejam partilhados os valores
entre si.
RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS COMPENSATÓRIOS.
Não incide correção monetária nem juros compensatórios no
ressarcimento de créditos do IPI.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 203-13.374
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de
Contribuintes: I) por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso quanto à possibilidade de utilização dos insumos de energia elétrica e de combustíveis, em virtude da falta de sua comprovação; e II) por maioria de votos, em negar provimento ao recurso quanto à
possibilidade de aplicação da taxa Selic nos valores dos créditos reconhecidos. Vencidos os Conselheiros Jean Cleuter Simões Mendonça e Eric Moraes de Castro e Silva.
Matéria: IPI- processos NT- créd.presumido ressarc PIS e COFINS
Nome do relator: Gilson Macedo Rosenburg Filho
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : IPI- processos NT- créd.presumido ressarc PIS e COFINS
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 200810
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N° 10.276/2001. ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. AUSÊNCIA DE PROVA. Impossível a inclusão de gastos com energia elétrica e combustíveis quando não comprovado o montante dos gastos. No caso, a fatura de prestação de serviços da concessionária é emitida em nome de uma empresa, não obstante o parque fabril seja constituído de duas unidades industriais distintas. No caso dos combustíveis, as notas fiscais são emitidas em nome de um único estabelecimento, não obstante sejam partilhados os valores entre si. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS COMPENSATÓRIOS. Não incide correção monetária nem juros compensatórios no ressarcimento de créditos do IPI. Recurso Voluntário Negado
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 11020.002084/2005-17
conteudo_id_s : 5527282
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 203-13.374
nome_arquivo_s : Decisao_11020002084200517.pdf
nome_relator_s : Gilson Macedo Rosenburg Filho
nome_arquivo_pdf_s : 11020002084200517_5527282.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes: I) por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso quanto à possibilidade de utilização dos insumos de energia elétrica e de combustíveis, em virtude da falta de sua comprovação; e II) por maioria de votos, em negar provimento ao recurso quanto à possibilidade de aplicação da taxa Selic nos valores dos créditos reconhecidos. Vencidos os Conselheiros Jean Cleuter Simões Mendonça e Eric Moraes de Castro e Silva.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2008
id : 6135176
ano_sessao_s : 2008
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:43:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048125880401920
conteudo_txt : Metadados => date: 2009-08-05T17:56:16Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-08-05T17:56:16Z; Last-Modified: 2009-08-05T17:56:16Z; dcterms:modified: 2009-08-05T17:56:16Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-08-05T17:56:16Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-08-05T17:56:16Z; meta:save-date: 2009-08-05T17:56:16Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-08-05T17:56:16Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-08-05T17:56:16Z; created: 2009-08-05T17:56:16Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2009-08-05T17:56:16Z; pdf:charsPerPage: 1757; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-08-05T17:56:16Z | Conteúdo => •- • CCO2/CO3 Fls. 254 • '• MINISTÉRIO DA FAZENDA t SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES TERCEIRA CÂMARA Processo '? 11020.002084/2005-17 Recurso n° 152.296 Voluntário Matéria Pedido de Ressarcimento de I?! (Crédito Presumido Lei n° 10.276/2001) Acórdão n° 203-13.374 • Sessão de 08 de outubro de 2008 Recorrente TREBOLL MÓVEIS LTDA. Recorrida DRJ-PORTO ALEGRE/RS ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N° 10.276/2001. ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. AUSÊNCIA DE PROVA. Impossível a inclusão de gastos com energia elétrica e combustíveis quando não comprovado o montante dos gastos. No caso, a fatura de prestação de serviços da concessionária é emitida em nome de uma empresa, não obstante o parque fabril seja constituído de duas unidades industriais distintas. No caso dos combustíveis, as notas fiscais são emitidas em nome de um único estabelecimento, não obstante sejam partilhados os valores entre si. • RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS • COMPENSATÓRIOS. Não incide correção monetária nem juros compensatórios no ressarcimento de créditos do IPI. . Recurso Voluntário Negado • ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes: I) por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso quanto à possibilidade de utilização dos insumos de energia elétrica e de combustíveis, em virtude da • falta de sua comprovação; e II) por maioria de votos, em negar provimento ao recurso quanto à possibilidade de aplicação da taxa Selic nos valores dos créditos reconhecidos. Vencidos os Conselheiros Jean Cleuter Simões Mendonça e Eric Moraes de Castro e Silva. MF-SEGUNDO CONSELHO DE CONTRWINTES CONFERE COM O ORIGINAL Brasília rsn .// Matilde CSde Oliveira Mal. Siepe 91650 Processo n° 11020.002084/2005-17 CCO2/CO3 Acórdão n.° 203-13.374 Fls. 255 //Amor .419 vir GILS • EDO ROSENBURG FILHO /Presidezie • ODASSI GUERZONI FILH elator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, José Adão Vitorino de Morais, Fernando Marques Cleto Duarte e Dalton Cesar Cordeiro de Miranda. W-SF-GUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES CONFERE COM O ORIGINAL Brunia ag4 / /-1 MartMe C do OtiVe4f3 Mat iam 91650 • Processo o° 11020.002084/2005-17 CCO2/CO3 Acórdão n.° 203-13.374 MF-SEGUNOO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Fls. 256 CONFERE COMO ORIGINAL i 1,9 • Mate-feno de 01Neire • Mat Stripa 91650 Relatório Trata-se de Pedido de Ressarcimento de IPI (crédito presumido nos termos da Lei n° 10.276/2001), relativo ao 2° trimestre de 2003, no valor de R$ 381.396,96, formalizado em 30/07/2003. A DRF em Caxias do Sul/RS, no entanto, ao proceder à análise do pedido, procedeu a uma glosa parcial, reconhecendo o direito ao crédito da ordem de R$ 341.736,72, em face de, primeiro, a contribuinte ter utilizado os saldos de estoque inicial e estoque final avaliados pelo método do Custo Médio, contrariando o artigo 15, § 2°, da N SRF n° 315, de 2003, e ter ainda considerado no cálculo, os estoques referentes a materiais de manutenção. A outra motivação para a glosa, deveu-se ao fato de as despesas com energia elétrica e combustíveis não possuírem comprovação suficiente para atestar que realmente nelas tenha efetivamente incorrido a contribuinte, visto que estão contempladas numa única fatura para duas empresas distintas. Na Manifestação de Inconformidade, a contribuinte, em resumo, argumenta que não poderia uma instrução normativa criar exclusões na fruição do beneficio e impedir o aproveitamento de seus gastos com energia elétrica e com combustíveis. Explica a impugnante que as despesas de energia elétrica são faturadas em nome da empresa Móveis CECE Ltda. "através do levantamento da carga instalada das duas unidades fabris e apuração do percentual correspondente a cada uma das empresas (..)", conforme laudo de avaliação que apresentou à fiscalização. Invoca ainda a Impugnante o disposto n6 artigo 6° da N SRF n° 460, de 2004, para dizer que obteve o valor dos gastos mediante a elaboração de rateio. Em aditamento à Manifestação de Inconformidade, insurgiu-se a empresa também contra a não incidência de atualização monetária sobre o montante do crédito reconhecido, pedido que o seja mediante a aplicação da Taxa Selic, desde o surgimento do crédito, ou, alternativamente, da data do protocolo do presente processo. • A 3' Turma da DRJ em Porto Alegre/RS, por meio do Acórdão n° 14.259, de 9/11/2007, indeferiu a solicitação, em decisão assim ementada: Acórdão DRJ hl" 10-14.259 de 2007 Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI CRÉDITO PRESUMIDO DO 1H - Matéria não contestada, expressamente, torna-se definitiva na esfera administrativa. - Devem ser excluídos, da base de cálculo do crédito presumido do IPI, os gastos com energia elétrica e combustíveis, não comprovados adequadamente. - Abono de correção monetária no ressarcimento. Descabimento. Por falta de previsão legal, é incabível o abono de correção monetária no ressarcimento de créditos dei?!. •Solicitação indeferida. Processo n° 11020.002084/2005-17 CCO2/CO3 • Acórdão n.° 203-13.374 Fls. 257 • No Recurso Voluntário praticamente foram repetidos os mesmos argumentos da impugnação, com a ênfase de que todas as aquisições de matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados no processo produtivo do bem exportado devem integrar a base de cálculo do beneficio, nele incluindo-se, por óbvio, os gastos com energia elétrica e com combustíveis. Aduz a Recorrente que o laudo de avaliação apresentado à • fiscalização procurou demonstrar a carga instalada nas duas unidades fabris, apurou os percentuais correspondentes a cada uma das duas empresas, e que, por uma inviabilidade técnica da concessionária de energia elétrica na região — RGE não possui medidores autônomos em cada empresa componente do parque fabril da Recorrente. Insiste ainda a Recorrente em invocar o disposto no art. 6° da IN SRF n°410, de 2004, para apropriar os seus • gastos com energia elétrica e com combustíveis. Repete as considerações em relação ao • cabimento da taxa Selic ao val ressarcido. • É o Relatório. MF-SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES • CONFERE COM O ORIGINAL Brasilia 02 A't / eiR • Marido-gen° de Mera MM. Slope 91650 • • 4 Processo ir 11020.00204/2005-17 CCO2/CO3 Acórdão n.° 203-13.374 LF-sEstiND-N ulo De coN CONFERE COM O ORiGINALii3U1"9 Fls. 258 o2 Marede CUrstehaat siape sis5Creira Voto Conselheiro ODASSI GUERZONI FILHO, Relator A tempestividade se faz presente pois, cientificada da decisão da DRJ em 10/12/2007, a interessada apresentou o Recurso Voluntário em 09/01/2008. Preenchendo os demais requisitos de admissibilidade, deve ser conhecido. Que a base de cálculo do crédito presumido do IPI será formada com os custos sobre os quais incidiram o PIS/Pasep e a Cotins, inclusive os gastos com energia elétrica e os combustíveis, não se tem nenhuma dúvida, dada a clareza do inciso I do parágrafo 1° do artigo 1° da Lei n° 10.276, de 2001. A questão é saber se tais gastos podem ser comprovados para serem incluídos na formação do referido favor fiscal. A Recorrente diz que seu parque fabril possui duas unidades industriais distintas: o seu, propriamente dito, e o da Móveis Cece Ltda., sendo que a concessionária de energia elétrica da localidade alega dificuldades técnicas para emitir notas fiscais de consumo • distintas, fazendo-o numa só, em nome da segunda. Para apurar o quanto gasta de energia elétrica, a Recorrente se vale de um "Laudo de Avaliação", firmado por Perfil Energia Ltda., com data de 23/02/2005, que diz, verbis: 1 Empresas: TREBOLL MOVEIS LTDA. MÓVEIS CECE LTDA. 2 Objetivo: Determinação do percentual de consumo de energia • elétrica utilizada pelas unidades fabris de Treboll Móveis Ltda. e • Móveis CECE Ltda. 3. Critérios Adotados: Foram realizados levantamentos de carga instalada das duas unidades fabris e• apurados os percentuais correspondentes a cada uma das empresas. 4. Análise e conclusão: Analisando-se os dados levantados, verificamos que o consumo calculado de energia elétrica da Treboll Móveis Ltda. corresponde a 63,48% do consumo total, enquanto que o da Móveis CECE Ltda., corresponde a 36,52% do consumo total de energia elétrica. O referido "Laudo" partiu da carga potencial (kW) de consumo de cada equipamento instalado nas duas unidades fabris, multiplicou-o pelas horas potenciais de • utilização no mês e obteve o total de consumo em KWh de cada unidade fabril, sendo: 162.095,74 kWh, para a Treboll Móveis Ltda., e 93.337,60 kWh para a Móveis Cece Ltda. Dai, obteve o consumo potencial mensal de 255.433,34 kWh e a relação percentual de consumo de energia para cada uma das unidades fabris, quais sejam, os 63,48% e 36,52%, respectivamente. • Como dito acima, a questão aqui é meramente probatória e, com a devida venia, a postulante não conseguiu demonstrar o quanto efetivamente gastou de energia elétrica no f s %. , .4F-SEGuND0 HO DE COM1BU1 ••. CONFERE COM O ORIGI NTES • Processo n° 11020.002084/2005-17 Brasília, 026 c_it„ 02 CCO2/CO3 • Acórdão ri, 203-13.374 Fls. 259 Mate Coreia medra Met. Soí* 91650 período. A meu ver, o "laudo" não se presta a comprovar outra coisa que não a capacidade potencial de consumo de energia elétrica. • Ora, primeiro, porque leva em conta o consumo médio mensal de energia elétrica, certamente obtido das faturas de prestação de serviços, dos meses de setembro de 2003 a agosto de 2005, quando o período que está sob análise é o do segundo trimestre de 2003. Segundo, que não há qualquer indício ou evidência de prova de que as dezenas de equipamentos que analisou estivessem mesmo na empresa, e em operação, durante o segundo trimestre de 2003. E, por último, conforme bem destacou a fiscalização, não há qualquer prova de que todo o potencial de energia elétrica de cada um dos equipamentos tenha sido atingido, e/ou não se conseguiu comprovar que a produção do estabelecimento tenha gerado aquela quantidade de quilowatt-hora no período. Assim, admite-se que a empresa tenha utilizado a energia elétrica para a sua produção exportada, mas tal admissão deve, obrigatoriamente, estar respaldada em elementos concretos, materiais, capazes de garantir o direito ao beneficio à empresa produtora exportadora, conforme preceitua a lei, o que, no caso, não ocorreu, razão porque deve prevalecer a glosa efetuada pela fiscalização em relação à energia elétrica. O mesmo vale para os gastos com combustíveis, já que nenhum elemento de prova foi trazido aos autos pela empresa, que se limitou a confirmar que tais gastos são • faturados em seu nome, porém compartilhados com a empresa Móveis Cece Ltda., não obstante tivesse três oportunidades para fazê-lo. De outra parte, não lhe socorre o artigo 6° da IN SRF n° 420, de 10/05/20041, • pois, conforme bem destacou a instância de piso, o referido dispositivo não se presta a tratar de • rateio entre empresas distintas, como é o caso. Também em relação à atualização monetária do crédito reconhecido mediante a aplicação da taxa Selic, não merece acolhida o pleito da Recorrente. Respeitadas as posições em sentido contrário, entendo que não existe — e nunca existiu - previsão legal para incidência de juros compensatórios ou de quaisquer outros acréscimos sobre créditos de IPI, tendo a lei estabelecido a incidência da taxa Selic apenas nos casos de restituição ou compensação por pagamento indevido ou a maior de tributos. I Art. 6° A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os qual; incidiram as contribuições referidas no art. 1°: • II - de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno, utilizados no processo industrial; c..) § 1° No caso de impossibilidade da determinação dos custos referidos no inciso II, deverá ser aplicado às despesas com energia elétrica e combustíveis o percentual obtido pela relação entre o custo de produção e o somatório dos custos e despesas operacionais do estabelecimento industrial. § 2° Não coincidindo o período de faturamento dos custos referidos no inciso II com o período de apuração do crédito presumido, deverá ser feita apropriação pro rata. • • • (6, • Processo n° 11020.002084/2005-17 CCO2./CO3 Acórdão n.• 203-13.374 Fls. 260 • Nesse ponto, cumpre destacar que os institutos não se confimdem e não mantém relação de gênero e espécie. De acordo com o art. 165 do CTN, tem direito à restituição o sujeito passivo que pagou tributo indevido. A lei estabelece que apenas nos casos de compensação ou restituição de tributos e contribuições pagos indevidamente ou a maior • haverá a incidência de juros equivalentes à taxa Selic a partir de 1° de janeiro de 1996. Em se tratando de ressarcimento, não existe previsão legal específica para essa incidência. Em relação à correção monetária dos valores pleiteados a título de ressarcimento • do IPI, é pacífico o entendimento neste Colegiado de que essa atualização visa apenas • restabelecer o valor real do incentivo fiscal, para evitar o enriquecimento sem causa que sua efetivação em valor nominal adviria à Fazenda Nacional. Entretanto, a atualização do ressarcimento não pode se dar pela variação da Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic, que tem natureza de juros e alcança patamares muito superiores à inflação efetivamente verificada no período, e que se adotada no caso causaria a concessão de um "plus", que só é possível por expressa previsão legal. No processo administrativo o julgador restringe-se à lei, pela sua competência estritamente vinculada. Se impossibilitado de adotar a Selic como índice de atualização monetária, não pode fixar outro índice, sem que haja previsão legal para tanto. Logo, indefiro a utilização da taxa Selic como índice de correção monetária no ressarcimento pleiteado. • Em face de todo o exposto, nego provimento ao recurso. n-• Sala das Sessões, em 08 e outubr de 2008 C-D651‘9NÍN-' ODASSI GUERZONI FILEI MF-SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES • C0t4FEFtE COMO ORIGINAL Brasília, 094 ti/ 01 mato C‘Cie Oliveira Mat. Siepe 91650 • 7 Page 1 _0028100.PDF Page 1 _0028200.PDF Page 1 _0028300.PDF Page 1 _0028400.PDF Page 1 _0028500.PDF Page 1 _0028600.PDF Page 1
score : 1.0