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Numero do processo: 13153.720181/2017-49
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2015
DEDUÇÃO INDEVIDA -DESPESA MÉDICA - DOCUMENTAÇÃO HÁBIL
As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 - Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99).
Numero da decisão: 2002-000.370
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões as conselheiras Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões as conselheiras Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 15 3. 72 01 81 /2 01 7- 49 Fl. 136DF CARF MF 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 03 a 08), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 6.134,79, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 15 dos autos, na qual a contribuinte alega que foram prestados os serviços pelo profissional Fábio Argenta, no importe de R$26.000,00, motivo pelo qual a glosa da despesa médica deve ser afastada. A impugnação foi apreciada na 1ª Turma da DRJ/REC que por unanimidade, em 22/09/2017, no acórdão 1157.759, às efls. 38 a , julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformado, a contribuinte, apresentou Recurso Voluntário, às efls. 133 a 154, no qual alega, em resumo, que os documentos juntados e os recibos emitidos pelo profissional são provas hábeis a comprovar as despesas médicas. É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 06/10/2017, efls. 45, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 31/10/2017, efls. 48, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. O contribuinte foi autuado pela dedução indevida das seguintes despesas médicas havidas com o profissional Fábio Argenta, no importe de R$ 26.000,00. As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Fl. 137DF CARF MF Processo nº 13153.720181/201749 Acórdão n.º 2002000.370 S2C0T2 Fl. 137 3 Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) O trecho em destaque é claro quanto a idoneidade de recibos e notas fiscais, desde que preenchidos os requisitos legais, como meios de comprovação da prestação de serviço de saúde tomado pelo contribuinte e capaz de ensejar a dedução da despesa do montante de IRPF devido, quando da apresentação de sua DAA. O dispositivo em comento vai além, permitindo ainda que, caso o contribuinte tomador do serviço, por qualquer motivo, não possua o recibo emitido pelo profissional, a comprovação do pagamento seja feita por cheque nominativo ou extratos de conta vinculados a alguma instituição financeira. Fl. 138DF CARF MF 4 Assim, como fonte primária da comprovação da despesa temos o recibo e a nota fiscal emitidos pelo prestador de serviço, desde que atendidos os requisitos legais. Na falta destes, pode, o contribuinte, valerse de outros meios de prova. Ademais, o Fisco tem a sua disposição outros instrumentos para realizar o cruzamento de dados das partes contratantes, devendo prevalecer a boafé do contribuinte. Nesta linha, no acórdão 2001000.388, de relatoria do Conselheiro deste CARF José Alfredo Duarte Filho, temos: (...) No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (dedução tributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 13153.720181/201749 Acórdão n.º 2002000.370 S2C0T2 Fl. 138 5 Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagador recebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma." Ainda, há várias outras jurisprudências deste Conselho que corroboram com os fundamentos até então apresentados: Processo nº 16370.000399/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.387 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente FLÁVIO JUN KAZUMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Fl. 140DF CARF MF 6 Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Processo nº 13830.000508/200923 Recurso nº 908.440 Voluntário Acórdão nº 220201.901 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de julho de 2012 Matéria Despesas Médicas Recorrente MARLY CANTO DE GODOY PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBO. COMPROVAÇÃO. Recibos que contenham a indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem prestou os serviços são documentos hábeis, até prova em contrário, para justificar a dedução a título de despesas médicas autorizada pela legislação. Os recibos que não contemplem os requisitos previstos na legislação poderão ser aceitos para fins de dedução, desde que seja apresenta declaração complementando as informações neles ausentes. Feitas estas considerações, às efls. 57 está juntado o recibo com profissional constatando o recebimento do valor de R$ 26.000,00. Às efls. 75 a 98 há histórico de consultas da contribuinte, com diversas solicitações de exames. Ainda, há alegações de erro no preenchimento da DAA do profissional Fábio Argenta, motivo pelo qual a DRJ analisou a declaração do médico e constatou que ele não declarou os valores recebidos da contribuinte. Ora, o senhor Fábio Argenta não compõem a presente lide, de forma que a prova do pagamento tem que ser feita pela contribuinte autuada. Caso o profissional não tenha declarado tais rendimentos, deve ser alvo de fiscalização pela Receita Federal do Brasil. Diante do exposto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento para afastar a glosa das despesas médicas. (assinado digitalmente) Fl. 141DF CARF MF Processo nº 13153.720181/201749 Acórdão n.º 2002000.370 S2C0T2 Fl. 139 7 Thiago Duca Amoni Fl. 142DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10725.903179/2009-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO SEM PROCESSO. INADMISSIBILIDADE
A partir da vigência da Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/12/2002, a compensação sem processo, entre tributos e contribuições de mesma espécie e destinação constitucional, nos termos do art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, tornou-se inadmissível ante a novel redação conferida ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996.
COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PROVENIENTE DA APURAÇÃO DE SALDO NEGATIVO DA CSLL. DECURSO DE PRAZO FIXADO PELA NORMA DE REGÊNCIA.
O lapso temporal conferido para o exercício do direito de compensação mediante utilização de crédito proveniente de saldo negativo da CSLL, encerra-se com decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data de encerramento do período de apuração correspondente, a teor do preceito expresso no art. 168, inciso I do Código Tributário Nacional (CTN) à luz da interpretação dada pelo art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005.
INEFICÁCIA DA RETIFICAÇÃO DA DCTF TRANSMITIDA APÓS O DECURSO DO PRAZO DECADENCIAL ESTABELECIDO PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. ALTERAÇÃO DAS VINCULAÇÕES INFORMADAS EM RELAÇÃO À ESTIMATIVA MENSAL CONFESSADA. COMPENSAÇÃO SEM PROCESSO INFORMADA EXTEMPORANEAMENTE.
Para efeitos de determinação da pertinência do crédito declarado, constitui-se ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo decadencial estabelecido pela legislação tributária, mormente quando as alterações levadas a efeito pelo sujeito passivo apresentam-se desacompanhadas de material probatório competente que demonstre cabalmente a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração.
Ainda que alegada a realização da compensação sob a égide art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, revela-se necessária a comprovação da validade e existência das novas vinculações informadas na DCTF retificadora e da efetividade da compensação na data de vencimento da estimativa mensal associada ao crédito reivindicado.
Numero da decisão: 1402-003.378
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10725.903155/2009-24, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Marco Rogério Borges, Caio César Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado), Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonam Rocha de Medeiros (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO SEM PROCESSO. INADMISSIBILIDADE A partir da vigência da Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/12/2002, a compensação sem processo, entre tributos e contribuições de mesma espécie e destinação constitucional, nos termos do art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, tornou-se inadmissível ante a novel redação conferida ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996. COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PROVENIENTE DA APURAÇÃO DE SALDO NEGATIVO DA CSLL. DECURSO DE PRAZO FIXADO PELA NORMA DE REGÊNCIA. O lapso temporal conferido para o exercício do direito de compensação mediante utilização de crédito proveniente de saldo negativo da CSLL, encerra-se com decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data de encerramento do período de apuração correspondente, a teor do preceito expresso no art. 168, inciso I do Código Tributário Nacional (CTN) à luz da interpretação dada pelo art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005. INEFICÁCIA DA RETIFICAÇÃO DA DCTF TRANSMITIDA APÓS O DECURSO DO PRAZO DECADENCIAL ESTABELECIDO PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. ALTERAÇÃO DAS VINCULAÇÕES INFORMADAS EM RELAÇÃO À ESTIMATIVA MENSAL CONFESSADA. COMPENSAÇÃO SEM PROCESSO INFORMADA EXTEMPORANEAMENTE. Para efeitos de determinação da pertinência do crédito declarado, constitui-se ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo decadencial estabelecido pela legislação tributária, mormente quando as alterações levadas a efeito pelo sujeito passivo apresentam-se desacompanhadas de material probatório competente que demonstre cabalmente a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. Ainda que alegada a realização da compensação sob a égide art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, revela-se necessária a comprovação da validade e existência das novas vinculações informadas na DCTF retificadora e da efetividade da compensação na data de vencimento da estimativa mensal associada ao crédito reivindicado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10725.903155/2009-24, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Marco Rogério Borges, Caio César Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado), Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonam Rocha de Medeiros (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente).
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO SEM PROCESSO. INADMISSIBILIDADE A partir da vigência da Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/12/2002, a compensação sem processo, entre tributos e contribuições de mesma espécie e destinação constitucional, nos termos do art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, tornouse inadmissível ante a novel redação conferida ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996. COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PROVENIENTE DA APURAÇÃO DE SALDO NEGATIVO DA CSLL. DECURSO DE PRAZO FIXADO PELA NORMA DE REGÊNCIA. O lapso temporal conferido para o exercício do direito de compensação mediante utilização de crédito proveniente de saldo negativo da CSLL, encerrase com decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data de encerramento do período de apuração correspondente, a teor do preceito expresso no art. 168, inciso I do Código Tributário Nacional (CTN) à luz da interpretação dada pelo art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005. INEFICÁCIA DA RETIFICAÇÃO DA DCTF TRANSMITIDA APÓS O DECURSO DO PRAZO DECADENCIAL ESTABELECIDO PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. ALTERAÇÃO DAS VINCULAÇÕES INFORMADAS EM RELAÇÃO À ESTIMATIVA MENSAL CONFESSADA. COMPENSAÇÃO SEM PROCESSO INFORMADA EXTEMPORANEAMENTE. Para efeitos de determinação da pertinência do crédito declarado, constituise ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo decadencial estabelecido pela legislação tributária, mormente quando as alterações levadas a efeito pelo sujeito passivo apresentamse desacompanhadas de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 72 5. 90 31 79 /2 00 9- 83 Fl. 56DF CARF MF 2 material probatório competente que demonstre cabalmente a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. Ainda que alegada a realização da compensação sob a égide art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, revelase necessária a comprovação da validade e existência das novas vinculações informadas na DCTF retificadora e da efetividade da compensação na data de vencimento da estimativa mensal associada ao crédito reivindicado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10725.903155/200924, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Marco Rogério Borges, Caio César Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado), Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonam Rocha de Medeiros (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). Relatório Trata o presente feito de Recurso Voluntário interposto em face do r. despacho decisório proferido pela DRJ que não homologou a compensação, por entender que a DCTFRetificadora foi apresentada extemporaneamente. Aduz em síntese a Recorrente a nulidade do despacho decisório por ausência de fundamentação e cerceamento de defesa. Segundo a Recorrente, o despacho decisório se limitou a apontar que a compensação não seria homologada porque a partir das características do DARF discriminado na DCOMP, o sistema da RFB localizou um ou mais pagamentos que serviram para a quitação de débitos do próprio contribuinte. Ocorre que ao tempo do julgamento já teria sido transmitida DCTF retificadora que deixou de ser considerada. Segundo a recorrente: Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10725.903179/200983 Acórdão n.º 1402003.378 S1C4T2 Fl. 3 3 Invoca ainda a ampla defesa e o contraditório para legitimar seu pleito. Explica que no mérito o crédito decorre do recolhimento a maior de IRPJ n regime de apuração do lucro presumido quando aplicou erroneamente o percentual de presunção de 32%, invés do percentual de 8% adequado para rendimentos oriundos de serviços hospitalares. Afirma que apresentou DCOMPretificadoras para corrigir dados da DCOMP original, não para transmitir DCOMP com créditos supostamente prescritos. Afirma que não há prazo fixado em lei para retificar suas declarações, não sendo aplicável o art. 150, §4º do CTN como parâmetro. Sustenta que divergência entre DCTFretificadora e DIPJ não pode ser visto como impedimento para a compensação, tratandose tão somente de obstáculo de natureza formal. O que gera o crédito para o é a efetivação do pagamento indevido e não as informações prestadas por DCTF e/ou DIPJ. Por fim, acrescenta que: Conclui sustentando que aplicase ao caso a tese do 5 +5, consolidada no julgamento do RESP nº 1002932/SP, com efeito repetitivo. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF Fl. 58DF CARF MF 4 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.353, de 15/08/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10725.903155/2009 24, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.353): "1. DA ADMISSIBILIDADE: O Recurso é tempestivo e interposto por parte competente, posto que o admito. 2. DO MÉRITO Conforme bem apontou o Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar, ao proferir o acórdão 1402001.976: De acordo com as normas introduzidas no ordenamento jurídico conferiuse nova redação ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, passando a exigir a apresentação de Declaração de Compensação (PER/DCOMP) com a finalidade de tornar eficaz o exercício da compensação de débitos tributários com eventual indébito tributário apurado pelo contribuinte, inclusive em relação a tributos e contribuições de mesma natureza. Assim sendo, a entrega da PER/DCOMP instituiuse como premissa para a determinação da extinção do crédito tributário mediante compensação. Diante disso, a partir da vigência do referido dispositivo legal, a compensação sem processo, entre tributos e contribuições de mesma espécie e destinação constitucional, formulada em consonância com o art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, e nos termos da antiga redação do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, regulamentada na Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, tornouse inadmissível para cumprimento do novel regime de compensação introduzido no sistema tributário. Sendo assim, não merece qualquer reparo as conclusões firmadas pela autoridade administrativa responsável pela análise das DCOMP eletrônicas, visto que, por este aspecto, plenamente legítima a delimitação de reconhecimento do direito creditório levada a efeito no despacho decisório A jurisprudência consolidada desta turma segue no sentido de que é possível a compensação de débitos tributários via PER/DCOMP quando transmitida DCTF retificadora desde que exista prova inequívoca do crédito apontado. Esse também foi o entendimento adotado pela Receita Federal quando emitiu o Parecer Normativo COSIT nº 2 de 2015: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10725.903179/200983 Acórdão n.º 1402003.378 S1C4T2 Fl. 4 5 RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado Fl. 60DF CARF MF 6 em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Dispositivos Legais. arts. 147, 150, 165 170 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN); arts. 348 e 353 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil (CPC); art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984; art. 18 da MP nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001; arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010; Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012; Parecer Normativo RFB nº 8, de 3 de setembro de 2014. eprocesso 11170.720001/201442 Se de um lado é incontroversa a possibilidade de se retificar a DCTF após a transmissão da PER/DCOMP, o mesmo não se pode afirmar quando a retificação é posterior ao prazo decadencial. O art. 168 do CTN dispõe que “O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário. De sua parte o art. 165 do CTN dispõe: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido. Por entender que a decadência objetiva a pacificação das relações sociais deve atingir tanto a possibilidade de o fisco lançar como de o contribuinte aproveitar dos créditos, através de compensação. Nessa toada, adiro ao precedente desta turma nos autos do processo administrativo nº 16306.000011/201075 em que se decidiu : DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO SEM PROCESSO. INADMISSIBILIDADE Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10725.903179/200983 Acórdão n.º 1402003.378 S1C4T2 Fl. 5 7 A partir da vigência da Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/12/2002, a compensação sem processo, entre tributos e contribuições de mesma espécie e destinação constitucional, nos termos do art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, tornou se inadmissível ante a novel redação conferida ao art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996. COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PROVENIENTE DA APURAÇÃO DE SALDO NEGATIVO DA CSLL. DECURSO DE PRAZO FIXADO PELA NORMA DE REGÊNCIA. O lapso temporal conferido para o exercício do direito de compensação mediante utilização de crédito proveniente de saldo negativo da CSLL, encerrase com decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data de encerramento do período de apuração correspondente, a teor do preceito expresso no art. 168, inciso I do Código Tributário Nacional (CTN) à luz da interpretação dada pelo art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005. INEFICÁCIA DA RETIFICAÇÃO DA DCTF TRANSMITIDA APÓS O DECURSO DO PRAZO DECADENCIAL ESTABELECIDO PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. ALTERAÇÃO DAS VINCULAÇÕES INFORMADAS EM RELAÇÃO À ESTIMATIVA MENSAL CONFESSADA. COMPENSAÇÃO SEM PROCESSO INFORMADA EXTEMPORANEAMENTE. Para efeitos de determinação da pertinência do crédito declarado, constituise ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo decadencial estabelecido pela legislação tributária, mormente quando as alterações levadas a efeito pelo sujeito passivo apresentam se desacompanhadas de material probatório competente que demonstre cabalmente a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. Ainda que alegada a realização da compensação sob a égide art. 66, caput e §1º da Lei nº 8.383, de 30/12/1991, revelase necessária a comprovação da validade e existência das novas vinculações informadas na DCTF retificadora e da efetividade da compensação na data de vencimento da estimativa mensal associada ao crédito reivindicado. Referido precedente é aplicável ao caso concreto. A recorrente apresentou DCTF extemporânea, mas não comprovou cabalmente o pagamento a maior, restringindose a apontar que aplicou o percentual de presunção inadequado sem apresentar as provas do erro ou que fazia jus ao referido percentual, em linha com as exigências da legislação tributária. Esses motivos são o suficiente para além de manter a decisão recorrida no mérito, afastar a nulidade suscitada pela Recorrente em sede preliminar. Fl. 62DF CARF MF 8 3. CONCLUSÃO: Por todo o exposto, voto pela manutenção da decisão recorrida. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, conforme voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.908727/2012-59
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 28/02/2010
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. JUNTADA DE PROVAS.
Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo.
DEPRECIAÇÃO. REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO.
As diferenças no cálculo da depreciação de bens do ativo imobilizado decorrentes de revisão e ajuste dos critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, em face da análise periódica sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado, não terão efeitos para fins de apuração do cálculo dos créditos no regime de apuração não cumulativa das Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins e para o Programa de Integração Social - PIS da pessoa jurídica sujeita ao Regime Tributário de Transição - RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007.
Numero da decisão: 3001-000.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar, por prescindível, a diligência suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Renato Vieira de Avila, Francisco Martins Leite Cavalcante e Marcos Roberto da Silva.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 28/02/2010 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. JUNTADA DE PROVAS. Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. DEPRECIAÇÃO. REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO. As diferenças no cálculo da depreciação de bens do ativo imobilizado decorrentes de revisão e ajuste dos critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, em face da análise periódica sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado, não terão efeitos para fins de apuração do cálculo dos créditos no regime de apuração não cumulativa das Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins e para o Programa de Integração Social - PIS da pessoa jurídica sujeita ao Regime Tributário de Transição - RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007.
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JUNTADA DE PROVAS. Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. DEPRECIAÇÃO. REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO. As diferenças no cálculo da depreciação de bens do ativo imobilizado decorrentes de revisão e ajuste dos critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, em face da análise periódica sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado, não terão efeitos para fins de apuração do cálculo dos créditos no regime de apuração não cumulativa das Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social Cofins e para o Programa de Integração Social PIS da pessoa jurídica sujeita ao Regime Tributário de Transição RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar, por prescindível, a diligência suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 90 87 27 /2 01 2- 59 Fl. 525DF CARF MF Processo nº 10580.908727/201259 Acórdão n.º 3001000.530 S3C0T1 Fl. 526 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Renato Vieira de Avila, Francisco Martins Leite Cavalcante e Marcos Roberto da Silva. Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão 1467.520, da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto DRJ/RPO que, em sessão de julgamento realizada no dia 20.06.2017, julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório pleiteado no Per/Dcomp 25460.33514.251111.1.3.040011. Da síntese dos fatos Por bem sintetizar os fatos, transcrevo o relatório do acórdão recorrido (efls. 54 a 58), verbis: Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação de crédito de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior no período de apuração 28/02/2010, no valor de R$ 32.118,63, transmitida através do PER/Dcomp nº 25460.33514.251111.1.3.040011. A DRF Salvador não homologou a compensação por meio do despacho decisório eletrônico de fl. 41, já que pagamento indicado no PER/Dcomp teria sido integralmente utilizado para quitar débito do contribuinte. Cientificado do despacho em 18/12/2012 (fl. 44), o recorrente apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 2/5, em 16/01/2013, para alegar que teria revisado a apuração do débito de Cofins no Dacon e constatado que teria deduzido a menor os créditos decorrentes de encargos de depreciação sobre os bens do ativo imobilizado. Defendeu que a divergência teria ocorrido, pois não teria observado o Regime Tributário de Transição, tendo revisado a vida útil econômica estimada dos bens e o saldo residual do ativo imobilizado, com amparo no Parecer Normativo nº 1, de 29 de julho de 2011. Alegou que teria retificado a DCTF e o Dacon intempestivamente, motivo pelo qual o crédito não teria sido visualizado à época da emissão do despacho decisório. Concluiu, para requerer a homologação da compensação. Juntou cópia do Dacon e da DCTF. É o relatório. Da ementa da decisão recorrida Fl. 526DF CARF MF Processo nº 10580.908727/201259 Acórdão n.º 3001000.530 S3C0T1 Fl. 527 3 A 5ª Turma da DRJ/RPO, ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade, exarou o citado acórdão de manifestação de inconformidade, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 28/02/2010 DEPRECIAÇÃO. REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO. As diferenças no cálculo da depreciação de bens do ativo imobilizado decorrentes do disposto no § 3º do art. 183 da Lei nº 6.404, de 1976, com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.638, de 2007, e pela Lei nº 11.941, de 2009, não terão efeitos para fins de apuração do cálculo dos créditos no regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins da pessoa jurídica sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Da ciência O contribuinte, conforme depreendese do "TERMO DE ABERTURA DE DOCUMENTO COMUNICADO" (efl. 61), conheceu do teor do acórdão vergastado em 20.07.2017, razão pela qual, irresignado com a decisão recorrida, em 17.08.2017, conforme depreendese do "TERMO DE ANÁLISE DE SOLICITAÇÃO DE JUNTADA" (efls. 63/64), registra a juntada do presente recurso voluntário (efls. 65 a 73), acompanhado dos anexos 01 a 05 (efls. 74 a 523). Do recurso voluntário Após tomar ciência da decisão vergastada, o recorrente comparece uma vez mais aos autos para, em sede de recurso voluntário, pleitear a reforma do acórdão. Nesta referida petição recursal limitase a repisar os argumentos apresentados na sua manifestação de inconformidade, e apresenta, dentre outros, o denominado "anexo 05", que tratase da "RELAÇÃO DOS BENS DO ATIVO IMOBILIZADO POR CONTA E CENTRO DE CUSTO" , referente ao mês fevereiro de 2010, extraído em 21.03.2011. Diante do alegado, requer sejalhe dado provimento, reconhecendose seu direito creditório e homologandose a compensação objeto do presente processo. Do encaminhamento Em razão disso, os autos ascenderam ao CARF em 28.08.2017 (efl. 524), que, na forma regimental, foi distribuído e sorteado para manifestação deste colegiado extraordinário da 3ª Seção, cabendo a este conselheiro o processamento do presente feito. É o relatório. Fl. 527DF CARF MF Processo nº 10580.908727/201259 Acórdão n.º 3001000.530 S3C0T1 Fl. 528 4 Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da competência para julgamento do feito Observo que, em conformidade com o prescrito no artigo 23B do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, com redação da Portaria MF nº 329, de 2017, este colegiado é competente para apreciar o presente feito. Da tempestividade O recurso voluntário foi juntado aos autos em 17.08.2017, depois da ciência do acórdão recorrido, ocorrida em 20.07.2017; portanto, a petição recursal é tempestiva e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação de regência, de modo que dela conheço. Do pedido de diligência No processo administrativo fiscal a autoridade julgadora não está obrigada a deferir pedidos de realização de diligência ou perícia requeridas. A teor do disposto no artigo 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pelo artigo 1º da Lei nº 8.748, de 1993, tais pedidos somente são deferidos quando necessários à formação de convicção do julgador. Ou seja, a perícia ou a diligência só têm razão de ser quando há questão de fato ou de prova a ser elucidada, a critério da autoridade administrativa que realiza o julgamento do processo. No presente caso, conforme se verá, não há questão de fato a ser elucidada. Assim, concluo pelo seu indeferimento. Do mérito Reprisando o que já havia argumentado em sua manifestação de inconformidade, o Recorrente reafirma que "a correção da obrigação acessória teve por objetivo atender ao disposto na legislação tributária, especialmente, no tocante ao capítulo 87, Anexo I, da Instrução Normativa nº 162, de 31 de dezembro de 1998, em consonância ao disposto nos itens 29 e 31 do Parecer Normativo Cosit nº 1, de 29 de julho de 2011, fato que resta comprovado através da análise das taxas de depreciação contidas nos controles patrimoniais da Recorrente (anexo 05)". A 5ª Turma da DRJ/RPO proferiu decisão nos termos acima indicados, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. De plano, não assiste razão ao Recorrente, uma vez que, como corretamente concluiu o voto condutor do acórdão recorrido, a justificativa para o não atendimento de seu pleito e consequente não reconhecimento do suposto direito creditório assentase tão somente no fato de que o Parecer Normativo Cosit nº 1, de 29.06.2011, ao tratar das "diferenças no cálculo da depreciação dos bens do ativo imobilizado decorrentes do disposto no § 3º do art. 183 da Lei nº 6.404, de 1976, com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.638, de 2007, e Fl. 528DF CARF MF Processo nº 10580.908727/201259 Acórdão n.º 3001000.530 S3C0T1 Fl. 529 5 pela Lei nº 11.941, de 2009" concluiu textualmente, em seu item 32.1., que "não terão efeitos para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL da pessoa jurídica sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007". Nestes termos, é despicienda a trazida da documentação que demonstra os "controles patrimoniais" do Recorrente, notadamente seu "anexo 05", uma vez que não está aqui tratandose de questão de ordem fática, mas sim jurídica, donde o Parecer Normativo Cosit nº 1, de 29.06.2011, em que o próprio Recorrente arrimase para defender seu pleito, uma vez que confirma que agiu em conformidade com os seus ditames, observou que "não terão efeitos para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL da pessoa jurídica sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007". Dessa forma, concluo não haver qualquer reparo quanto ao decidido pela instância a quo, ao concluir que "não merecem prosperar as alterações propostas pelo interessado", quando da retificação das informações prestadas no "Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais" Dacon e na "Demonstração de Débitos e Créditos Tributários Federais" DCTF. Ademais, por oportuno, saliento que o fato de a decisão recorrida mencionar "que não foi apresentada qualquer documentação contábil e fiscal que comprovasse a alteração do cálculo dos encargos de depreciação sobre os bens do ativo imobilizado", somente vem reforçar o entendimento acima exposto; qual seja, no sentido que de a questão em trato é de obediência à legislação aplicável às pessoas jurídicas sujeitas ao "Regime Tributário de Transição" RTT, sendo irrelevante, assim como o foi para se chegar à conclusão dada pelo Colegiado recorrido, a apresentação ao não de sua documentação contábil e fiscal, uma vez que esta somente teria como objetivo corroborar as alegações do Recorrente, feitas naquele momento processual, mas como deixou bem claro o acórdão vergastado, a motivação para o indeferimento do pleito recursal transcendeu qualquer razão de ordem fática e/ou probatória, conforme já assentado alhures. Da conclusão Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar, por prescindível, a diligência suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 529DF CARF MF
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Numero do processo: 15940.720014/2017-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.472
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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COFINS. MULTA Recorrente USINA ALTO ALEGRE S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Trata o presente processo de autos de infração lavrados contra a contribuinte acima identificada, constituindo crédito tributário decorrente das Contribuições para o Programa de Integração Social PIS e para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, no valor total de R$ 18.459.483,20. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, passamos a transcrever o Relatório da decisão de primeira instância administrativa: Contra a pessoa jurídica acima qualificada foram lavrados dois Autos de Infração, sendo o primeiro deles de CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP PIS e o segundo de CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS (fls. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 59 40 .7 20 01 4/ 20 17 -5 7 Fl. 11198DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.199 2 7.399/7.442), em decorrência da constituição indevida de créditos decorrentes de aquisições no mercado interno, insuficiência de recolhimento das contribuições em virtude das infrações apuradas, omissão de receitas sujeitas ao PIS e à COFINS, tudo conforme Relatório de Fiscalização (fls. 7.443/7.508). Os fatos geradores das infrações apuradas se encontram nos Autos de Infração de cada uma das contribuições (PIS e COFINS). Depois de formalizados, cada um dos autos totalizou, respectivamente o montante a pagar de R$ 3.292.773,25 (R$ 1.536.561,19 de PIS; R$ 603.791,23 de juros de mora e R$ 1.152.420,83 de multa proporcional) e R$ 15.166.709,95 (R$ 7.077.492,13 de COFINS; R$ 2.781.098,78 de juros de mora e R$ 5.308.119,04 de multa proporcional). A autoridade fiscal, além de relacionar os fatos geradores correspondentes às infrações apuradas no corpo dos autos de infração, pormenorizouas no Relatório de Fiscalização ( fls. 7.443/7.508), que pode ser assim resumido: O contribuinte ..., foi submetido a procedimento fiscal, ..., com vistas a verificar a regularidade dos créditos aproveitados de PIS e COFINS decorrentes da não cumulatividade, para os períodos ... 01/2013 a 06/2015, e do PIS e COFINS incidente sobre receitas de baixa de obrigações de IPI, para os períodos de apuração 04/2012, 04/2013 e 01/2014, resultando na constatação: do aproveitamento indevido de créditos ... na aquisição de bens e serviços utilizados para desconto das contribuições apuradas ou nos pedidos de ressarcimento de créditos ...; e na falta de oferecimento à tributação de receitas decorrente de baixa de obrigações de IPI. As glosas de créditos de PIS e COFINS, ..., e as diferenças de PIS e COFINS a recolher ..., foram constituídas de ofício no eprocesso de controle nº 15940.720014/201757. O contribuinte realizou os pedidos de ressarcimento ... relativos a créditos vinculados às receitas de exportação e no mercado interno, através de pedidos eletrônicos e em papel, conforme relação abaixo, que foram objeto de verificação e de glosa de créditos. Os pedidos de ressarcimento referente a créditos de PIS e COFINS no mercado interno apurados até dezembro de 2013 com base no artigo 1º, §7º, da Lei nº 12.859 de 2013, foram feitos em papel tendo em vista que o aplicativo PER/DCOMP não o contemplava. (...) II INFRAÇÕES APURADAS a) Não oferecimento à tributação das receitas decorrentes das baixas das obrigações de IPI a pagar/recolher Período de apuração 04/2012, 04/2013 e 01/2014) (...) A fiscalizada não ofereceu à tributação das contribuições para o PIS e COFINS as receitas decorrentes da baixa de dívidas de IPI, contabilizadas em conta de passivo no grupo de obrigação tributária Fl. 11199DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.200 3 sob o título de "IPI (a partir de 17/11/1997)", por perda do direito do fisco em cobrálas (vide Anexo IX do Relatório de Fiscalização). O contribuinte foi intimado, por meio do TDF nº 01, ... Em resposta, ... alegou tratarse de reversões de provisões contábeis que não representam ingresso de nova receita, nos seguintes termos: Item 8 "Justificar, com apresentação de documentação hábil e idônea, por que não foi oferecido à tributação do PIS e COFINS as receitas operacionais decorrentes de baixa de IPI PRESCRITO em 30/04/2012 nos valores de R$ 9.201.433,27, R$ 25.439.887,18 e R$ 1.751.939,61. Apresentar a memória de cálculo do IPI S/ AÇÚCAR prescrito nos anos de 2012, 2013, 2014 e 2015 (Período original, Valor do Faturamento, Base de Cálculo, Alíquota do IPI, Valor do principal do IPI, Juros, Valor atualizado até a baixa)." Resposta: Segue em mídia DVD arquivo excel, "IPI PRESCRITO", contendo a memória de cálculo do IPI sobre o açúcar prescritos nos anos de 2012, 2013 e 2014. Para o exercício de 2015 não houve registro de reversão por prescrição. Em relação aos valores creditados no resultado contábil, esclarecemos que se tratam de reversões de provisões constituídas apenas para fins de auditoria. A empresa entende não ser devido o IPI na sua operação, motivo pelo qual esse imposto não foi destacado em nota fiscal, tampouco lançado em sua obrigação acessória (DCTF). Por representar mera reversão de provisão contábil e não representar ingresso de nova receita, nos termos da alínea "b", inciso V, parágrafo 3º do artigo 1º das Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03, o entendimento da empresa, ..., é que a reversão da provisão não deve integrar a base de cálculos das contribuições. Ao examinarse a contabilidade ..., constatase que o contribuinte reconhecia periodicamente para cada estabelecimento industrial o IPI devido com aplicação da alíquota de 5% sobre a saída de açúcar industrializado, bem como reconhecia mensalmente os juros SELIC devidos pelo atraso no pagamento (vide Anexo IX ... e ... Anexo XI). Os valores apurados de IPI foram registrados na conta do passivo "IPI (a partir de 17/11/1997)", conta nº 22030201. No entanto, o contribuinte deixava de declarar em DCTF e de recolher o IPI devido. À medida que acontecia a perda do direito do Fisco de fazer a cobrança dos débitos de IPI contabilizados, a fiscalizada sistematicamente realizava a baixa das obrigações tributárias não pagas em contrapartida de outras receitas operacionais, sucessivamente ano após ano, conforme demonstrado ... detalhadamente nos lançamentos contábeis do Anexo IX do Relatório ... A fiscalizada deu a saída de açúcar sujeito à alíquota de 5% de IPI dos estabelecimentos fabris nos anoscalendário de 2006, 2007 e 2008 no montante de R$ 212.872.895,39, R$459.492.838,72 e R$ 490.808.263,94 ... O contribuinte calculou o IPI devido com aplicação da alíquota de 5% (vide Anexo XI...) e ... registrou na contabilidade segregadamente para cada estabelecimento fabril a obrigação de IPI a recolher em contrapartida do reconhecimento de despesas de IPI (vide Anexo IX). Fl. 11200DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.201 4 A contabilização ... do IPI incidente na saída de açúcares ..., nos anos de 2006, 2007 e início de 2008, era feito debitandose o IPI em conta de resultado, sob o título "() IPI s/Açúcar", e creditandose a conta de IPI a recolher do passivo "IPI (a partir de 17/11/1997)" (vide IX do Relatório de Fiscalização). Isto é, o IPI incidente na venda de açúcar foi deduzido na apuração do lucro líquido e não foi adicionado na determinação do lucro real, conforme declarado pelo contribuinte e demonstrado no LALUR, ficando demonstrado não se tratar de provisão, mas de uma verdadeira obrigação de IPI perante o fisco. ... o contribuinte declarou que as despesas com IPI relacionadas no Anexo I do TDF n° 02, referente ao período de 01 de janeiro de 2006 a 17 de abril de 2008, foram reconhecidas contabilmente como despesa e não foram adicionadas no LALUR. Acrescentou que por ocasião do registro da prescrição em conta de receitas (31101002 OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS), também demonstrado no Anexo I da referida intimação, não foram excluídas no LALUR. As receitas obtidas com a baixa das obrigações do IPI a pagar deveriam ser oferecidas à tributação das contribuições para o PIS e COFINS assim como foram oferecidas à tributação do IRPJ. As outras receitas operacionais, incluídas as receitas da baixa do IPI a recolher (lançado como baixa de IPI Prescrito), reconhecidas na conta contábil sintética 31100000, denominada "Outras Receitas Operacionais", foram lançadas na DIPJ dos anoscalendário 2012 e 2013 na ficha 06A Demonstração do Resultado, linha 43 Outras Receitas Operacionais (Vide Anexo X do Relatório de Fiscalização e DIPJ). No presente caso, há extinção de um passivo (obrigação) sem o desaparecimento concomitante de um ativo, de igual ou superior valor, constituindo um acréscimo patrimonial. Logo, a baixa da dívida há de ser reconhecida como nova receita. Quando ocorre a baixa da obrigação, é inegável que há um acréscimo patrimonial por parte da devedora, pois desaparece tãosomente um passivo (obrigação). Por certo, a contrapartida do lançamento contábil em que ocorre a baixa da obrigação é uma conta de resultado credora (receita operacional), como se depreende dos lançamentos contábeis do SPED detalhados nos Anexos IX e X do Relatório de Fiscalização ou nos lançamentos resumidos no Quadro 1. O Anexo XI do Relatório de Fiscalização (alternativamente vide planilha ... fornecida pelo contribuinte em resposta ao TDF nº 01) demonstra a memória de cálculo do IPI a recolher e os ... juros ... Selic ... até a ... da baixa da obrigação. Ao se examinar as notas fiscais em papel emitidas ... no ano de 2007 disponíveis no processo 15940.720050/201125 (vide ... fls. 875 a 1424 e 1491 a 1512 do eprocesso nº 15940.720050/201125), bem como as notas fiscais eletrônicas disponíveis na base do SPED emitidas até abril de 2008 (vide campo Observações das Notas Fiscais eletrônicas relacionadas no Anexo XII do Relatório de Fiscalização), verificase que a fiscalizada até o período de apuração 04/2008 dava saída do açúcar com IPI alíquota zero e declarava expressamente ter respaldo na sentença proferida pelo ... juízo da 1° vara da justiça federal de Presidente PrudenteSP nos autos do processo 97.120.49280, Fl. 11201DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.202 5 conforme ... trechos das notas fiscais anexadas ilustrativamente a seguir. Além disso, a fiscalizada publicava, em jornal, os balanços patrimoniais da empresa que informavam sucessivamente que a cobrança do IPI a recolher estava suspensa por ... liminar ... (vide balanços ... anexos ao TIF nº 06)... A discussão judicial acerca do IPI incidente sobre o açúcar teve início ... com a impetração de mandado de segurança ... no ano de 1997, processo de origem nº 97.120.49280 ... O Tribunal Regional Federal da 3º Região, em 25/07/2007, revogou a liminar e decidiu que é devido o IPI incidente sobre o açúcar de cana ... Conforme resposta do contribuinte ao TIF nº 6, os recursos extraordinário e especial não foram conhecidos pelo STF e STJ, respectivamente. ... apesar do contribuinte estar obrigado a recolher o IPI incidente sobre o açúcar, por força da legislação, bem como por força de decisão judicial que julgou o IPI como devido, deixou de fazer o recolhimento do ... saldo de IPI lançado como despesas no período. Conforme o balanço patrimonial de 2007, o contribuinte tinha a obrigação de recolher ... mais de 114 milhões de reais de IPI de anos anteriores. Porém, contrariando a decisão judicial e a legislação, ... optou por baixar a obrigação de IPI gradualmente da contabilidade e não fazer os pagamentos. ... cabe registrar que a Receita ... já autou algumas vezes a fiscalizada pela falta de recolhimento do IPI incidente na saída do açúcar. O processo administrativo nº 10.835.001763/9912 ... tratou de cobrança do IPI sobre a saída de açúcar, ... Segundo a fiscalização, conquanto a usina tenha obtido sentença favorável em mandado de segurança, prolatada em 08/09/1997, no sentido de impedir a autuação pelo não recolhimento do IPI, com base no Decreto nº 2.092, de 1996; teriam ocorrido alterações supervenientes na legislação com o advento da Lei nº 9.493, ... de 1997 e Lei nº 9.532, ... de 1997, que autorizariam a exigência do imposto. A DRJ apreciando a impugnação do contribuinte, julgou procedente o lançamento e manteve o crédito tributário .... O Conselho de Contribuintes, apreciando o Recurso Voluntário ... manteve a decisão da DRJ ... ... também foi lavrado ... Auto de Infração para exigir o IPI incidente sobre a saída de açúcar à alíquota de 5%, conforme TIPI aprovada pelo Decreto nº 6.006, ... de 2006 ... Mesmo sem nenhuma decisão judicial favorável, o contribuinte deu saída ao açúcar de cana sem o destaque do IPI devido, sem o recolhimento e declaração em DCTF. O IPI do período de 04/2008 a 12/2008 foi lançado com exigibilidade suspensa tendo em vista a existência de depósitos judiciais e não declarados em DCTF. O lançamento do IPI do PA 04/2008 a 12/2008 é objeto do processo administrativo nº 10.950.724.668/201121... O Carf reconheceu a concomitância de objeto entre ação judicial e o processo ... nº 10950.724668/201121, implicando na negativa do conhecimento do recurso voluntário em relação à matéria judicialmente discutida. Fl. 11202DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.203 6 O Carf ainda no processo ..., acórdão nº 3401003.149, examinando argumento do contribuinte afirmando que em processo ... anterior similar nº 10835.001763/9912 foi negada a existência de concomitância de objeto com o mesmo Mandado de Segurança, discordou de decisão do acórdão nº 120.891... Desta forma, é irrefutável o acréscimo patrimonial (renda proveniente de disponibilidade, no caso econômica) por parte da devedora (fiscalizada), do qual há o inexorável surgimento de capacidade contributiva objetiva. A tal fato dáse o nome de "insubsistência do passivo" (desaparecimento de uma obrigação, constante do Passivo), que é um fato modificativo aumentativo do patrimônio (aumento de disponibilidade de recursos acréscimo patrimonial sem obrigação comutativa)... Atualmente, esse tema consta da Norma Brasileira de Contabilidade (Técnica) NBC TG ... Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório ContábilFinanceiro, aprovada pela Resolução CFC nº 1.374, ... de 2011. Convém transcrever ... o seu item 4.47...: Reconhecimento de receitas 4.47. A receita deve ser reconhecida na demonstração do resultado quando resultar em aumento nos benefícios econômicos futuros relacionado com aumento de ativo ou com diminuição de passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento do aumento nos ativos ou da diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos originado da venda de bens e serviços ou o decréscimo do passivo originado do perdão de dívida a ser paga). (grifouse) A fiscalizada optou por não pagar os débitos decaídos do IPI devido (descritos no histórico dos lançamentos contábeis como baixa de IPI prescrito), lançandose a débito de obrigações tributárias e a crédito de receitas operacionais, contudo deixou de oferecer essas receitas à tributação das contribuições para o PIS e COFINS. As obrigações do IPI sobre saídas de açúcar em discussão neste Auto de Infração surgiram nos PA 01/2006 a 04/2008, conforme demonstra o Anexo XI ... As amostras de notas fiscais emitidas no ano de 2007 para a saída de açúcar ... fls. 875 a 1424 e 1491 a 1512 do eprocesso nº 15940720050/201125 e ... do Anexo XII ... comprovam ... que as saídas de açúcar com suspensão até abril de 2008 ocorreram sob a égide do mandado de segurança nº 97.120049280, que a justiça decidiu em decisão transitada em julgado (vide resposta TIF nº06) ser devido o IPI. Verificase que a extinção do passivo IPI a pagar/recolher sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior significa realização de uma nova receita. ... O saldo da obrigação ... IPI a recolher deve ser apropriado como receita, uma vez que tais valores não serão mais recolhidos pela fiscalizada, perdendo suas características intrínsecas de passivo. ... concluise que a baixa de obrigações do IPI pela falta de pagamento/recolhimento constitui uma receita tributável das Fl. 11203DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.204 7 contribuições para o PIS e COFINS, cabendo o lançamento de ofício para cobrança das diferenças devidas especificadas no Quadro 1 acima. b) Glosa de créditos calculados sobre dispêndios no cultivo da canade açúcar (Período de apuração 01/2013 a 06/2015) A fiscalizada aproveitou indevidamente créditos das contribuições para o PIS e COFINS calculados sobre dispêndios relativos ao cultivo da canadeaçúcar destinada à produção própria de açúcar e álcool. Estes dispêndios referemse à aquisição de óleos, graxas e serviços (vide Anexo I ...1) utilizados em atividades fora da indústria ... Apenas se consideram insumos, para fins de apuração de crédito da não cumulatividade ..., os bens e serviços diretamente utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços a terceiros. ... a legislação exige relação direta e imediata entre o bem ou serviço considerado insumo e o bem ou serviço vendido ou prestado pela pessoa jurídica ..., o que se demonstra, na maioria das vezes, pela existência de contato físico entre o beminsumo ou serviçoinsumo e o bem produzido para venda ou o bem ou pessoa beneficiado pelo serviço. ... Não são considerados insumos, para fins de creditamento ..., bens e serviços que mantenham relação indireta ou mediata com a produção de bem destinado à venda ou com a prestação de serviço ao público externo. Por isso, não é passível de creditamento os gastos com óleos, graxas e serviços utilizados em atividades fora da indústria relacionados à lavoura de cana ... A solução de Divergência nº 07 Cosit, ... de 2016, tratando de questionamento de outro contribuinte (pessoa jurídica dedicada à produção e à comercialização de pasta mecânica, celulose, papel, papelão e produtos conexos, que desenvolve também as atividades preparatórias de florestamento e reflorestamento) cuja situação assemelhase ao ... fiscalizado (objeto social de fabricação de açúcar em bruto; fabricação de açúcar de cana refinado; fabricação de álcool; geração de energia elétrica; cultivo de canadeaçúcar etc.), dispôs sobre o direito de creditamento de PIS/COFINS relativo a diversos itens cujos trechos da fundamentação são transcritos a seguir. 12. Conforme se observa, apenas se consideram insumo, para fins de apuração de crédito da não cumulatividade ... para o PIS/Pasep e ... Cofins, os bens e serviços diretamente utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços a terceiros. 13. Em outras palavras, entendese que a legislação exige relação direta e imediata entre o bem ou serviço considerado insumo e o bem ou serviço vendido ou prestado pela pessoa jurídica ..., o que se demonstra, na maioria das vezes, pela existência de contato físico entre o beminsumo ou serviçoinsumo e o bem produzido para venda ou o bem ou pessoa beneficiado pelo serviço. Exatamente por esta característica, parcela dos estudiosos denomina este critério de critério físico ou crédito físico. 15.No caso de bens consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos que promovem a produção de bem ou a prestação de serviço Fl. 11204DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.205 8 ..., ressaltase que o fator relevante para a concessão de créditos é a ocorrência de alterações materiais em razão de ação diretamente exercida sobre o bem produzido para venda ou o bem ou pessoa beneficiado pelo serviço e não a ocorrência de contato físico entre estes e os referidos bens consumidos. 24. No outro extremo ..., verificase que não são considerados insumos, para fins de creditamento ..., bens e serviços que mantenham relação indireta ou mediata com a produção de bem destinado à venda ou com a prestação de serviço ..., tais como bens e serviços utilizados na produção da matériaprima a ser consumida na industrialização de bem destinado à venda (insumo do insumo), utilizados em atividades intermediárias da pessoa jurídica, como administração, limpeza, vigilância, etc. 34. Diferentemente, todas as demais hipóteses de creditamento abrangem dispêndios que, conquanto necessários ao desenvolvimento das atividades da pessoa jurídica, podem relacionarse indiretamente com a atividade de produção de bens e prestação de serviços ou revenda de bens, pois também são utilizados em áreas intermediárias da atividade da pessoa jurídica. Exemplificativamente citamse: energia elétrica e térmica; aluguéis de prédios e máquinas; arrendamento mercantil; depreciação ou aquisição de edificações e de benfeitorias em imóveis; e valetransporte, valerefeição ou vale alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados. protagonizam a elaboração do açúcar ou álcool a ser vendido são considerados insumos para fins de creditamento ... A solução de Divergência nº 07 Cosit, ... de 2016, ... , deixa claro que não podem ser considerados insumos do processo produtivo combustíveis e lubrificantes consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos utilizados em atividades de transporte exercidas em processos acessórios ou indiretos em relação à produção de bens para venda ou à prestação de serviços: 98.Passase à análise ... de itens em relação aos quais a recorrente afirma haver divergência interpretativa: XIII. combustíveis e lubrificantes utilizados nas máquinas e equipamentos de produção, nos veículos de transporte interno de insumos e produtos em elaboração no processo de produção, no transporte de matéria prima entre unidades de produção (florestamentos e reflorestamentos e a planta industrial) e nos veículos utilizados no serviço de transporte de insumos entre o fornecedor e a Consulente (item "q") 99. Conforme concluído na introdução ..., somente são considerados insumos do processo produtivo combustíveis e lubrificantes consumidos em máquinas, equipamentos e veículos que promovem a produção de bens destinados à venda ou a prestação de serviços a público externo. 100. Diferentemente, não podem ser considerados insumos do processo produtivo combustíveis e lubrificantes consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos utilizados em atividades de transporte exercidas em processos acessórios ou indiretos em relação à produção de bens para venda ou à prestação de serviços. Fl. 11205DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.206 9 101. ... quanto àqueles referidos no item XIII, concluise que: a) combustíveis e lubrificantes consumidos em máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens para a venda são considerados insumos, possibilitando o creditamento em relação a suas aquisições; b) combustíveis e lubrificantes consumidos em veículos utilizados, no interior de um mesmo estabelecimento da pessoa jurídica, para transporte de insumos e produtos em elaboração são considerados insumos, possibilitando o creditamento em relação a tais aquisições; c) combustíveis e lubrificantes consumidos em veículos utilizados no transporte de matéria prima entre estabelecimentos da pessoa jurídica(unidades de produção) não são considerados insumos, inexistindo direito de creditamento em relação a tais aquisições; d) combustíveis e lubrificantes consumidos em veículos utilizados no transporte de insumos entre o fornecedor e o adquirente não são considerados insumos, inexistindo direito de creditamento em relação atais aquisições.(grifouse) A legislação das contribuições para o PIS e COFINS exige, para configuração da relação insumoproduto, que o serviço seja utilizado na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviço, forçoso concluir que não há direito de creditamento em relação aos serviços tomados descritos resumidamente a seguir (vide Anexo I ...), que constituem insumos indiretos à produção do açúcar e do álcool, pois vertem sua utilidade em etapa acessória da produção. PROJETO VINHACA/IRRIGACAO SERVICO APLICACAO ADUBO DIVERSOS 35. Deveras, tais dispêndios decorrem da utilização pela pessoa jurídica de bens e serviços necessários à manutenção de todo seu funcionamento ou mesmo de sua existência e não especificamente à produção de bens e prestação de serviço ou à revenda de bens. 36. Daí, resta evidente que não se pretendeu abarcar no conceito de insumo todos os dispêndios da pessoa jurídica incorridos no desenvolvimento de suas atividades, mas apenas aqueles direta e imediatamente relacionados com a produção de bens destinados à venda ou a prestação de serviços. 45. Diante disso, constatase que não procede a interpretação defendida por alguns de que o termo insumo na legislação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins abrangeria todos os custos de produção da pessoa jurídica, pois, como visto, os custos de produção a que a legislação das contribuições pretendeu conceder creditamento foram expressamente listados. O óleo diesel, óleo e graxa praticamente não é consumido nas máquinas, equipamentos ou veículos que promovem a produção do açúcar e álcool destinado à venda, mas sim quase na integralidade é consumido nas atividades da lavoura da cana de açúcar. Assim, não são considerados insumos do processo produtivo óleos diesel, óleos e Fl. 11206DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.207 10 graxas consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos utilizados em atividades de transporte exercidas em processos acessórios ou indiretos em relação à produção do açúcar e álcool destinado à venda, ou seja, é vedado o aproveitamento de créditos de PIS e COFINS sobre a aquisição de óleo diesel, óleos e graxas, que são aplicados principalmente nas diversas atividades ligadas à lavoura de cana de açúcar. Somente a parte do óleo diesel, óleo e graxa consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos que SERVICO APLICACAO AEREA FERTILIZANTES SERVICO APLICACAO AEREA HERBICIDA SERVICO APLICACAO AEREA INSETICIDA... A solução de Divergência nº 07 Cosit, ... de 2016, esclarece que é vedado o aproveitamento de créditos de PIS e COFINS sobre insumos indiretos a sua produção, pois vertem sua utilidade em etapa acessória da produção... : XVII. serviços prestados por terceiros no corte e transporte de árvores e madeira (insumos) de seus florestamentos e reflorestamentos (item "z") 114. Conforme concluído nos itens I a IV, serviços utilizados pela recorrente nas atividades de florestamento e reflorestamento constituem insumos indiretos a sua produção, pois vertem sua utilidade em etapa acessória da produção. 115. Assim, considerando que a legislação das contribuições exige, para configuração da relação insumoproduto, que o serviço seja utilizado na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviço, forçoso concluir que não há direito de creditamento em relação aos serviços descritos no item XVII. Quanto a canadeaçúcar utilizada na fabricação de açúcar e álcool, convém registrar que, nem mesmo se a fiscalizada adquirisse de terceiros, os dispêndios com sua aquisição ensejariam apuração de créditos ... com base no art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, uma vez que, tanto por previsão do art. 11, caput, da Lei nº 11.727, de 2008, como do art. 9º, III, da Lei nº 10.925, de 2004, essa aquisição deve se dar com suspensão das contribuições em discussão, o que inviabiliza apuração de créditos, com fundamento no art.3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, pelo comprador, devido expressa vedação à apuração de créditos prevista no art. 3º, §2º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003. Não há impedimento, porém, à apuração de créditos presumidos, nos termos do art. 8º, §1º, III, da Lei nº 10.925/2004 (alíquota para o PIS, de 0,5775%, e COFINS, de 2,66%), na medida em que tal canadeaçúcar adquirida for destinada à fabricação de açúcar, inexistindo previsão legal para cálculo de crédito presumido sobre canadeaçúcar destinada à fabricação de álcool. Solução de Consulta nº 29 SRRF03/Disit, ... de 2012. "(...) Bens e serviços empregados no cultivo de canadeaçúcar não se classificam como insumos na fabricação de álcool ou de açúcar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens não geram direito à apuração de créditos na determinação da Contribuição para o PIS/Pasep devida sobre as receitas auferidas com vendas de açúcar e de álcool produzidos. (... ) Ainda que a canade açúcar seja matéria prima necessária à fabricação do açúcar e do álcool, a opção por cultivar a própria cana não torna esse cultivo parte do Fl. 11207DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.208 11 processo de produção de açúcar e de álcool. Aquele cultivo compõe, simplesmente, parte da cadeia econômica dos produtos finais citados. Cultivar o vegetal é, na verdade, um outro processo, que resulta em um produto específico, a canadeaçúcar (...)."Solução de Consulta nº 269 SRRF08/Disit, ... de 2012. "(...) Os dispêndios efetuados por pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração nãocumulativo da contribuição para o PIS/Pasep, fabricante de açúcar e álcool, com a aquisição de combustíveis que utiliza em máquinas, equipamentos e veículos que não emprega nos processos de industrialização dos quais resultam tais mercadorias não se caracterizam, para fins de apuração de créditos ..., o termo insumo não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço necessário para a atividade da pessoa jurídica, mas, sim, apenas como aqueles bens ou serviços adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, aplicados ou consumidos na industrialização do produto. 17.1 ... em relação à parcela da base de cálculo ... composta pelas receitas advindas da atividade de fabricação de açúcar e de álcool para venda, seus dispêndios efetuados com a aquisição de combustíveis que utiliza em máquinas, equipamentos e veículos não empregados nos processos de industrialização dos quais resultam açúcar e álcool não se caracterizam, para fins de apuração de créditos na forma do art.3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, como dispêndios com insumos utilizados na fabricação desses produtos, e, portanto, não ensejam direito à apuração de créditos ... 17.2 Notese que, tanto atividades agrícolas como a atividade de transporte de matériasprimas, seja este realizado entre diferentes núcleos dentro do estabelecimento da consulente e as instalações fabris nele localizadas, seja ele entre diferentes estabelecimentos da empresa, em nada se confundem com a atividade de fabricação de açúcar e de álcool, isto é, com as operações fabris das quais de fato se originam tais mercadorias. 17.3 Assim sendo, em relação à parcela de sua base de cálculo composta pelas receitas advindas da atividade de fabricação de açúcar e de álcool para venda, não lhe ensejam apuração de créditos os dispêndios realizados pela consulente tanto em atividades agrícolas como em atividade de transporte de matériasprimas, sendo irrelevante se este transporte é realizado por frota própria ou por pessoa jurídica contratada para execução desse serviço.(... ) " Solução de Consulta nº 65 SRRF08/Disit, ... de 2013. " (... ) Notese que a atividade agrícola de cultivo de cana de açúcar em nada se confunde com a atividade de fabricação de açúcar e de álcool, isto é, com as operações fabris das quais de fato se originam tais mercadorias. Assim sendo, não ensejam a apuração de créditos as peças e os serviços adquiridos visando à manutenção das máquinas e equipamentos diretamente utilizados no cultivo da cana de açúcar que servirá de matériaprima para a produção de álcool e açúcar, estes sim, vendidos pela consulente.(...)" Assim, os dispêndios da pessoa jurídica ..., fabricante de açúcar e álcool, com a aquisição de Óleo Diesel, Óleo Lubrificante Rando Mv, Óleo Shell Donax TDW30, Óleo Ursa Premium Tdx Sae 15 W 40 e Fl. 11208DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.209 12 Graxa Starplex Moly Mpgm2 3327, que utiliza em máquinas, equipamentos e veículos que não emprega nos processos de industrialização dos quais resultam açúcar e álcool não se caracterizam, para fins de apuração de créditos na forma do art. 3º, II, da Lei nº 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei nº 10.833/2003, como dispêndios com insumos utilizados na fabricação desses produtos, e, portanto, não ensejam direito à apuração de créditos de PIS e COFINS, tampouco os serviços utilizados nas atividades agrícolas. Os quadros a seguir demonstram que o contribuinte utiliza o Óleo Diesel, Óleo Lubrificante Rando Mv, Óleo Shell Donax TDW30, Óleo Ursa Premium Tdx Sae 15 W 40 e Graxa Starplex Moly Mpgm2 3327 quase exclusivamente nas atividades da lavoura da cana de açúcar (vide planilhas completas nas respostas aos TDF nº 01 e TDF nº 02). Isto é, não são legítimos os créditos de PIS e Cofins calculados sobre a aquisição de: 96,6142% do ÓLEO DIESEL do ano de 2013; 97,1512% do ÓLEO DIESEL do ano de 2014; 97,3839% do ÓLEO DIESEL do ano de 2015; ... Diante do exposto, é cabível a glosa de créditos de PIS e COFINS calculados sobre aquisição de Óleo Diesel, Óleo Lubrificante Rando Mv, Óleo Shell Donax TDW30, Óleo Ursa Premium Tdx Sae 15 W 40 e Graxa Starplex Moly Mpgm2 3327, bem como a glosa de créditos calculados sobre serviços de projeto vinhaça/irrigação, serviços aplicação aérea fertilizantes, serviços aplicação aérea herbicida, serviços aplicação aérea inseticida, serviços aplicação aérea maturador, serviços aplicação calcário, serviços aplicação fosfato, serviços aplicação gesso agrícola, serviços aplicação herbicida tratorizado, serviços aplicação inseticida tratorizado, serviços aplicação nematicida, serviços colheita mecanizada, serviços consultoria indústria, serviços controle de pragas, serviços desmanche/confecção cerca/transporte benfeitorias, serviços dessecação tratorizado, serviços destinação resíduos, serviços mecânico diverso agrícola, serviços mecânico diverso agr, serviços mecânico diverso agr realizado no campo, serviços mecânico diverso agr realizado no campo/ofag, serviços preparo solo terceirizado, serviços retro escavadeira, serviços transporte cana p/moagem, serviços transporte cana p/plantio; que são dispêndios da cultura da canadeaçúcar (vide Anexo I ...). c) Glosa de Créditos de PIS e COFINS calculados sobre despesas de transporte de mercadorias entre estabelecimentos (Período de Apuração 01/2013 a 06/2015) A fiscalizada aproveitou indevidamente créditos das contribuições para o PIS e COFINS calculados sobre despesas de transporte de produtos acabados ou elaboração entre os seus próprios estabelecimentos. Segundo o demonstrativo que correlaciona o conhecimento de transporte com as correspondentes notas fiscais do produto transportado, os créditos foram tomados sobre as operações entre os Fl. 11209DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.210 13 estabelecimentos da mesma pessoa jurídica consistentes em: a) Industrialização efetuada para outra empresa; b) Remessa para industrialização por encomenda; c) Retorno de mercadoria utilizada na industrialização por encomenda; d) Transferência de material de uso ou consumo; e e) Transferência de produção do estabelecimento. (vide Anexo II do Relatório de Fiscalização) Ao se examinar as operações de fretes mais relevantes, observase que há transporte de matériasprimas, produtos em elaboração e produtos acabados entre os estabelecimentos, conforme indicado no resumo abaixo. Ocorre que as despesas realizadas com fretes utilizados no transporte interno de produtos em elaboração e de produtos acabados entre os estabelecimentos industriais da mesma empresa, não geram créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. CFOP 6901 Remessa para industrialização por encomenda CNPJ Origem: 48.295.562/001108 CNPJ Destino: 48.295.562/001450 Produto transportado: açúcar cristal destinado a industrialização O contribuinte aproveitou créditos ... sobre os valores das despesas de fretes contratados para o transporte de produtos acabados ou em fase de elaboração entre seus estabelecimentos industriais. Logo, não se tratando de despesas com fretes utilizados no transporte de insumos adquiridos para fabricação de bens destinados à venda e nem de fretes nas operações de vendas desses bens diretamente ao adquirente (comprador), referidas despesas não geram direito à apuração de créditos ... Diante do exposto, é cabível a glosa de créditos aproveitados sobre despesas de fretes com o transporte de produtos acabados ou em elaboração entre estabelecimento da mesma pessoa jurídica, conforme montantes especificados no Anexo II ... Solução de Divergência, nº 26, Cosit, de 09/06/2008 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: TRANSPORTE DE PRODUTO ACABADO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA PESSOA JURÍDICA; INSUMOS DA ATIVIDADE DE TRANSPORTE; CRÉDITOS DE COFINS. IMPOSSIBILIDADE. 1. O transporte de produto acabado entre estabelecimentos industriais, ou destes para os centros de distribuição e ainda de um centro de distribuição para outro, da mesma pessoa jurídica não gera direito a crédito a ser descontado da Cofins com incidência nãocumulativa, ainda que esse transporte constitua ônus da empresa que irá vender o produto. 2. Os insumos utilizados na atividade de transporte de produto acabado (ou em elaboração) entre estabelecimentos industriais; destes para os centros de distribuição; de um centro de distribuição para outro ou do estabelecimento vendedor para o comprador não gera direito a crédito a ser descontado da Cofins apurada de forma nãocumulativa. DISPOSITIVOS LEGAIS: Arts. 3º incisos II e IX da Lei nº 10.833, ... de 2003 e 15 da Lei nº 10.865, ... de 2004. Solução de Divergência n° 11, Cosit, de 05/10/2007 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: Cofins Apuração nãocumulativa. Créditos de despesas Fl. 11210DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.211 14 com fretes. Por não integrar o conceito de insumo utilizado na produção e nem ser considerada operação de venda, os valores das despesas efetuadas com fretes contratados, ainda, que pagos ou creditados a pessoas jurídicas domiciliadas no país para realização de transferências de mercadorias (produtos acabados) dos estabelecimentos industriais para os estabelecimentos distribuidores da mesma pessoa jurídica, não geram direito a créditos a serem descontados da Cofins devida. Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que geram direito a créditos a serem descontados da Cofins devida. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 10.833, de 2003, arts. 3º e 93, I. d) Utilização dos créditos presumidos sobre compra de cana de açúcar de pessoas físicas para dedução das contribuições apuradas ao invés de utilizálos nos pedidos de ressarcimento. O contribuinte calculou créditos presumidos de PIS (Alíquota de 0,58%) e COFINS (alíquota de 2,66%) sobre o valor de cana de açúcar adquirida de pessoa física no período de 01/2013 a 03/07/2013, conforme demonstra o relatório do SPED EFD Contribuições do Anexo XIII deste Relatório. A previsão legal para cálculo de crédito presumido pela jurídica produtora de açúcar é a Lei 10.925/2004, art.8º. O crédito presumido calculado sobre a aquisição de cana de açúcar de pessoa física somente pode ser utilizado para deduzir ... o PIS/Pasep e ... (Cofins) apuradas no regime de incidência nãocumulativa. Ocorre que o contribuinte utilizou uma parte de tais créditos nos pedidos de ressarcimento. A Lei 10.925/2004 estabeleceu que os créditos presumidos só podiam ser utilizados para desconto dos débitos de PIS e Cofins não cumulativos a pagar. O Ato Declaratório Interpretativo (ADI) nº 15, ... de 2005, ..., dispõe que o valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento. A Instrução Normativa SRF nº 660, ... de 2006, estabelece que os créditos presumidos de PIS e COFINS não poderão ser objeto de compensação com outros tributos ou de pedido de ressarcimento. Assim sendo, a fiscalização utilizou o valor do crédito presumido calculado sobre o valor de aquisição de cana de açúcar, previsto na Lei nº 10.925, de 2004, art. 8º, para deduzir ... o PIS e Cofins apuradas e realizou a glosa no mesmo valor utilizado nos pedidos de ressarcimento. III CRÉDITOS PASSÍVEIS DE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO COM OUTROS DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA SRFB (PA 01/2013 a 06/2015) As receitas do contribuinte decorrem principalmente da comercialização de açúcar de cana e álcool etílico no mercado interno e externo. O elevado montante de vendas de açúcar de cana incentivado tributado à alíquota zero, no mercado interno, e sem Fl. 11211DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.212 15 incidência, na exportação, e de álcool etílico (permissão legal para compensação ou ressarcimento dos saldos de créditos vinculados à produção e à comercialização de álcool, assim como o aproveitamento de créditos presumidos sobre vendas de álcool para desconto das contribuições apuradas) contribuiu para o acúmulo de créditos de PIS e COFINS para desconto ou passíveis de ressarcimento e/ou compensação. Os créditos das Contribuições para o PIS e COFINS aproveitados pela fiscalizada que foram objeto de glosas fundamentamse no: a) art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003; b) art. 17 da Lei 11.033, ... de 2004 (créditos vinculados às vendas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) (açúcar de cana) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (açúcar de cana ou álcool etílico na exportação)); e c) § 7º do art. 1º da Lei nº 12.859, de 2013 (créditos vinculados à produção e à comercialização de álcool etílico). Benefício fiscal do açúcar de cana A ... Lei nº 12.839, ... de 2013, reduziu a zero as alíquotas ... para o PIS e COFINS incidentes sobre a receita decorrente da venda no mercado interno de cana de açúcar. Os créditos ... para o PIS e COFINS, vinculados às vendas com suspensão, isenção, alíquota zero (açúcar de cana) ou não incidência acumulados ao final de cada trimestrecalendário decorrente de aquisições no mercado interno, nos termos do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e do art. 3º da Lei nº 10.8333, de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 2004, podem ser objeto de: a) compensação ... ou b) pedido de ressarcimento ... Os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins vinculados à receita de exportação de que tratam o art. 5º da Lei nº 10.637, de 2002, e o art. 6º da Lei nº 10.833, de 2003, ..., podem ser objeto de ressarcimento ou compensação. Benefício fiscal do álcool etílico O saldo credor ... decorrente de créditos apurados nos termos do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 2004, em relação a custos, despesas e encargos vinculados à produção e à comercialização de álcool, podem ser objeto de compensação ou de ressarcimento. Ao final do encerramento do trimestrecalendário, o saldo de créditos ... remanescente, após descontos dessas contribuições apuradas no regime não cumulativo, se decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às receitas decorrentes da venda de álcool, poderá nos termos do §7º do art. 1º da Lei nº 12.859, de 2013, ser objeto de: 1) compensação ... ou 2) pedido de ressarcimento... O contribuinte calculou os créditos de PIS e COFINS sobre custos, despesas e encargos comuns vinculados a diferentes espécies de receitas (Crédito vinculado à receita tributada no mercado; crédito vinculado à receita não tributada no mercado interno; crédito vinculado à receita de exportação) pelo método do rateio proporcional. Assim sendo, a fiscalização procedeu ao rateio proporcional das glosas dos diferentes tipos créditos de PIS e COFINS sobre a aquisição de bens e serviços (vide ... Anexo III ...; vide detalhamento das glosas de bens e serviços nos Anexos I e II ...). O Anexo III ... Fl. 11212DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.213 16 demonstra, após as glosas de créditos aproveitados indevidamente sobre a aquisição de bens e serviços, os novos valores de créditos disponíveis para desconto e passíveis de ressarcimento. O Anexo V do Relatório de Fiscalização demonstra a reconstituição da EFD Contribuições e os novos valores de créditos de PIS e COFINS passíveis de ressarcimento. O Anexo VI demonstra as diferenças de PIS e COFINS a recolher devido a insuficiência de créditos disponíveis para desconto das contribuições apuradas no período. Os valores de créditos de PIS e COFINS passíveis de ressarcimento após as glosas de créditos efetuadas estão representados resumidamente na tabela abaixo ou detalhadamente no Anexo V do Relatório de Fiscalização. (...) O lançamento de ofício das glosas de créditos de PIS e COFINS, do PA 01/2013 a 06/2015, e das diferenças de PIS e COFINS a recolher do PA 04/2012 e do período compreendido entre 01/2013 a 06/2015, constam do eprocesso de controle nº 15940.720014/201757. IV CONCLUSÃO O sujeito passivo foi submetido a procedimento fiscal para verificação da regularidade da apuração e recolhimento das contribuições para o PIS e Cofins, resultando no lançamento de ofício das contribuições decorrente de omissão de receitas e da insuficiência de créditos para desconto das contribuições apuradas no período, bem como na glosa de créditos utilizados para desconto ou em pedidos de ressarcimento. Cientificada dos Autos de Infração e do Relatório Fiscal, a empresa apresentou impugnação, alegando: 2. Das razões pelas quais o auto de infração deve ser cancelado 2.1. Da utilização dos créditos presumidos sobre compra de canade açúcar de pessoas físicas... cumpre ressalvar que a Impugnante não se insurge, especifica e unicamente, em relação ao procedimento reportado na alínea "d" do tópico "II Infrações apuradas", do relatório de fiscalização. ... a Impugnante concorda com o procedimento ..., que excluiu os referidos créditos presumidos de PIS e COFINS dos pedidos de ressarcimento, e os utilizou na compensação de contribuições supostamente devidas. No entanto, por cautela, insta ressalvar que, se procedente a impugnação, e reconhecido que as contribuições lançadas ... são indevidas, os créditos excluídos dos pedidos de ressarcimento comporão o saldo de créditos não utilizados ... 2.2. Do oferecimento dos valores à tributação do PIS e da COFINS no momento da saída do açúcar e consequente bis in idem na cobrança no momento da reversão do IPI 2.2.1. ... Do relatório de fiscalização se extrai que a baixa de obrigações relativas ao IPI incidente na venda de açúcar configuraria extinção de um passivo, sem o correspondente desaparecimento de um ativo. Por isso, a baixa da dívida deveria ser reconhecida como nova receita. Fl. 11213DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.214 17 2.2.2. ... Por ter convicção da inconstitucionalidade da exação, notadamente com apoio no Decreto nº 6006/06, e para não ficar sujeita ao lançamento do imposto e penalidades, em abril de 2008, a Impugnante ajuizou ação declaratória perante o Juízo Federal da Subseção de Presidente Prudente, que atualmente tramita sob o nº 0004804 08.2008.4.03.6112 (nº antigo: 2008.61.12.0048044), e passou a efetuar o depósito judicial do imposto a partir daquela competência. Entretanto, mesmo antes do ajuizamento da ação declaratória e da realização dos depósitos ..., a Impugnante não reconhecia ser devido o IPI ... ... durante a discussão no Poder Judiciário, amparada em pronunciamento judicial posteriormente cassado, a Impugnante não destacava o IPI nas notas fiscais de venda, não o declarava e nem o recolhia. Além disso, oferecia à tributação do PIS e da COFINS toda a receita, inclusive aquela parcela relativa ao IPI, supostamente incidente. ... a Impugnante provisionou o valor supostamente devido a título de imposto não pago. Com o decurso do tempo, à medida que decaiu o direito da Fazenda de constituir o crédito tributário, ... realizou a reversão desse registro contábil por não mais subsistir o risco de que o tributo viesse a ser lançado e exigido. Sob essa ótica, como provisão não gera passivo, não haveria receita a ser tributada. 2.2.3. ... ... a premissa central fixada no auto ... é a qualificação dos valores relativos ao IPI, ... objeto da decadência, como "receita" ou "acréscimo patrimonial". Ao fixar a premissa acima, a Autoridade Fiscal afastou o tratamento contábil dado pela Impugnante. ... a Impugnante fez a provisão contábil do valor do IPI e, com a decadência e baixa da provisão, não ofereceu tais valores à tributação, porquanto provisão não gera passivo, não havendo receita a ser tributada. Segundo a ótica do Sr. Fiscal, não se tratou de provisão, mas de um passivo, de maneira que a reversão do mencionado passivo geraria receita tributável ... 2.2.4. Ocorre que e aqui está o aspecto que escapou à Autoridade Fiscalizadora mesmo que se reconheça a existência de passivo e a geração de receita em função da reversão, seria necessário um passo seguinte, que envolve analisar se tais valores já tinham sido, ou não, oferecidos à tributação, sob pena de se validar a duplicidade de tributação da mesma receita. Quando da saída do açúcar, o IPI não era destacado e, além disso, todo o valor da venda, inclusive aquele relativo ao IPI supostamente incidente, era oferecido à tributação do PIS e da COFINS, embora o mencionado imposto não compusesse a base de cálculo dessas contribuições. Realmente, nos termos do artigo 23, inciso III, da Instrução Normativa n° 247/2002, para "efeito de apuração da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre o faturamento, Fl. 11214DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.215 18 observado o disposto no art. 24, podem ser excluídos ou deduzidos da receita bruta, quando a tenham integrado, os valores" "do ... (IPI)". ... a receita composta pelo valor que corresponderia ao IPI (que não foi recolhido) sofreu a incidência do PIS e da COFINS, no momento da saída do açúcar, mesmo não integrando a base de cálculo das contribuições. Extraise do balancete que, naquele mês (02/2006), a Impugnante obteve R$ 36.384.237,62 com a venda de açúcar por suas três unidades ("UFA": R$ 9.101.434,72, "UUU": R$ 25.520.189,90 e "CSP": R$ 1.762.613,00) ... Todavia, em razão da posição que sustentava em relação ao IPI suspostamente incidente sobre o açúcar, ... não destacou esse imposto nas notas fiscais. Consequentemente, toda a receita foi oferecida à tributação do PIS/COFINS. ... no que se refere ao PIS, constatase do cotejo entre o DACON do período e o demonstrativo de apuração elaborado pela Impugnante, que a receita integral decorrente da venda de açúcar (i.e., R$ 36.384.237,62) compôs os R$ 36.511.521,00 declarados no DACON como receita de vendas de bens no mercado interno. Confirase: (...) Os valores contemplados na linha 01 ("Receita de Vendas de Bens e Serviços Alíquota de 1,65%"), bem como nas colunas "Receita" e "Base de Cálculo", correspondem ao valor de R$ 36.511.521,00. Por conseguinte, embora fosse autorizada, não houve a dedução do IPI. Ainda a confirmar esse cenário, temse a planilha abaixo, demonstrando que a receita de R$ 36.384.237,62, advinda da venda de açúcar, integrou a base de cálculo de R$ 36.511.521,00, sem exclusão de qualquer valor de IPI, apurandose, assim, um débito informado em DCTF de R$ 602.440.10. Vejase: (...) Resta demonstrado que a receita composta pelo valor que corresponderia ao IPI (que não foi recolhido) sofreu a incidência do PIS e da COFINS, no momento da saída do açúcar, mesmo não integrando a base de cálculo das contribuições. Com a solução alvitrada pela fiscalização, inegavelmente, o mesmo valor (valor do IPI não pago) está submetido às mesmas contribuições, duas vezes: a primeira no oferecimento integral da receita de vendas, sem desconto do IPI, e a segunda no momento da reversão da provisão desse mesmo valor. A Autoridade Fiscal até poderia discordar e requalificar o tratamento contábil promovido pela Impugnante, apontando a existência de passivo (ao invés de provisão) e consequente geração de receita, com a reversão decorrente da decadência. Todavia, para reconhecer, legitimamente, a incidência do PIS e da COFINS sobre esta receita Fl. 11215DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.216 19 também deveria ter antes constatado se essa mesma receita já não havia sido, anteriormente, oferecida à tributação ... Por conseguinte, o lançamento aqui combatido caracteriza bis in idem ... 2.3. Dos créditos de PIS e COFINS sobre dispêndios no cultivo de canadeaçúcar... os fundamentos adotados pela Autoridade Fiscal não podem subsistir, primeiro porque desconsideram as peculiaridades do processo produtivo ..., segregando, indevidamente, a etapa agrícola da produção, e depois porque pautados na interpretação equivocada da legislação do PIS e COFINS, ao "conceituar" insumo de forma contrária à lei. Por fim, a autuação está em desacordo com o entendimento recente e reiteradamente manifestado pelo ... (CARF), assim como do ... (STJ) ... 2.3.1. Do processo produtivo da agroindústria da canadeaçúcar 2.3.1.1. ... Na agroindústria da canadeaçúcar, o processo produtivo envolve diversas etapas: produção e abastecimento da indústria com matéria prima (cana), gerenciamento dos insumos, resíduos e subprodutos, produção final de açúcar ou álcool, armazenamento e comercialização dos produtos finais. ... fica evidente que seu processo produtivo se inicia na lavoura com a formação e cultivo do canavial e finda com a produção do açúcar, do álcool e energia destinados ao consumo, após o processamento no seu parque industrial. Vejase que os custos agrícolas incorridos na etapa de produção e abastecimento da indústria com matéria prima são tão relevantes para a obtenção dos produtos finais (açúcar e álcool) que chegam a representar mais de 60% do custo total de produção de álcool e açúcar. ... a Impugnante é responsável pela produção de quase a totalidade da canadeaçúcar utilizada na fabricação do açúcar e álcool. ... é inconteste que a Impugnante não produz cana para outro fim, senão com a finalidade única de produzir açúcar e álcool, sendo impossível afastar essa etapa inicial do seu processo produtivo... ... não se pode negar que o óleo diesel e demais ínsumos e serviços relacionados no auto de infração são inerentes ao processo produtivo ... ... a glosa de créditos ... viola os artigos 3o das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03. 2.3.1.2. ... A produção de cana e a sua industrialização ... são, pois, apenas etapas integradas e sequenciais de um único processo produtivo. ... podese afirmar que a definição de agroindústria, para fins de aplicação das Leis n° 10.637/02 e n° 10.833/03, não pode se dissociar Fl. 11216DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.217 20 daquela prestigiada na Lei n° 8.212/91, sob pena de violação do postulado do legislador coerente. 2.3.1.3. Destarte, irrefutável que todas as etapas de produção ... devem ser reconhecidas como integrantes de um único processo produtivo, tal como definido pelo legislador. 2.3.2. Da não cumulatividade da contribuição para o PIS e da COFINS e do conceito de insumo para fins de apuração de créditos 2.3.2.1. ... ... as Leis n° 10.637/02 e n° 10.833/03 trazem, de forma ampla, a possibilidade de apuração de créditos sobre "os bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes". Como se observa, a única condição imposta pelo legislador para a apuração de créditos ... foi de que os insumos sejam utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. ... o IPI e o ICMS, como regra geral, são impostos cuja materialidade é o consumo de bens e serviços. De outra parte, a contribuição para o PIS e a COFINS incidem sobre receita, de modo que a aferição do valor agregado na base tributável das contribuições (receita) pelo contribuinte restaria prejudicada pela aplicação dos conceitos inerentes e exclusivos à produção e circulação de mercadorias, que não se alinham perfeitamente à base tributável de receita ... ... Na sistemática criada ..., os créditos não são apropriados de acordo com o montante cobrado nas etapas anteriores, sendo relevante, apenas, que nas operações anteriores de aquisição de bens e serviços tenha ocorrido a incidência das contribuições. Tanto é que não há destaque das contribuições recolhidas nas notas fiscais de aquisição de insumos, nem se exige do sujeito passivo o controle dos valores das contribuições cobradas nas etapas anteriores, sendo bastante a segregação das aquisições sujeitas ou não à incidência das contribuições. ... a técnica da não cumulatividade do PIS e da COFINS não pode, de forma alguma, ser equiparada integralmente à não cumulatividade do ICMS e do IPI, outra não pode ser a conclusão senão a de que o conceito de insumo adotado em uma e outra sistemática não pode ser equivalente. Por conseguinte, não pode subsistir a conceituação de "insumo" adotada pela Autoridade Fiscal, sem sombra de dúvida, ancorada na legislação do IPI. 2.3.2.2. Evidentemente, não se trata de considerar como insumo todo e qualquer bem ou serviço, mas, sim, aqueles bens e serviços que compõem o custo de produção ..., porque indispensáveis para a obtenção do produto final e, por conseguinte, à consecução da receita. Como sabido, a restrição do conceito de insumo ..., de forma similar à adotada para o IPI, foi criada ... com a edição da Instrução Normativa n° 358/2003, que alterou a Instrução Normativa n° 247/2002, e da Instrução Normativa n° 404/2004. Ocorre que esses instrumentos normativos, hierarquicamente inferiores às Leis n° 10.637/02 e n° Fl. 11217DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.218 21 10.833/03, não se limitaram a regulamentálas ou interpretálas. Foram além, impondo exigências não contempladas pelo legislador, de modo a criar, no âmbito da contribuição para o PIS e da COFINS, um conceito completamente novo, trazido, sem amparo legal, do âmbito do IPI. Como se vê, os instrumentos normativos ultrapassaram sua competência meramente regulamentadora, promovendo, mais do que sua complementação, a alteração da lei, em total descompasso com o princípio da legalidade... 2.3.2.3. Ainda que se constate que a conceituação de insumo, para fins de PIS e COFINS, não pode ser amparada no conceito atinente à legislação do IRPJ, ainda assim não haverá como não reconhecer que os insumos cuja aquisição ensejou a tomada de créditos ... atendem ao critério da essencialidade. ... sem o óleo diesel e os serviços agrícolas não é possível alcançar a produção de açúcar e álcool, ou, ainda que o fosse, é inegável que restaria bastante prejudicada a sua qualidade e/ou quantidade, ou mesmo sua viabilidade econômica. Especificamente em relação à agroindústria de açúcar e álcool, o CARF, em diversos julgamentos, reconheceu a legalidade da apuração de crédito de PIS e COFINS sobre a aquisição de bens e serviços ora glosados ... Citase, por exemplo, o v. acórdão n° 3301001.2892, pelo qual reconheceu o direito ao crédito sobre "as aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados no maquinário agrícola ligado ao corte e carregamento da cana de açúcar, assim como, nos caminhões que transportam a cana da lavoura até a unidade industrial, por se tratarem de bens ou serviços utilizados em etapas da produção do açúcar e do álcool". Na mesma linha ... diversos outros julgados3. É justamente nesse cenário que se enquadram os bens e serviços sobre os quais ... apurou os créditos indevidamente glosados ... no Relatório Fiscal e nos seus anexos, a Impugnante apropriou créditos ... sobre a aquisição de de serviços como, por exemplo, preparo de solo, aplicação de fertilizantes, iherbicidas, inseticidas, controle de pragas, corte, colheita e transporte da cana, assim como sobre a aquisição óleo diesel e graxa empregados na execução desses serviços. 2.3.2.4. ... é possível concluir que: i) são distintas a sistemática da não cumulatividade do IPI e a sistemática da não cumulatividade do PIS e da COFINS, de modo que o conceito de insumo legalmente previsto para aquele imposto não pode ser aplicado para essas contribuições; ii) para fins de apuração de créditos de PIS e COFINS devem ser considerados insumos todos os bens e serviços utilizados na produção,independentemente do contato direto com o produto final, de se desgastarem ou serem consumidos no processo produtivo; iii) a contribuição para o PIS e a COFINS incidem sobre a receita bruta, o que autoriza, na sua sistemática própria de não cumulatividade, a apuração de créditos sobre todos os bens e serviços formadores do custo de produção, porque empregados na consecução dessa receita; e iv) os insumos sobre os quais a Impugnante apurou créditos atendemao critério da essencialidade, porque necessários e úteis ao seu processo produtivo de açúcar e álcool. Fl. 11218DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.219 22 2.3.3.1. Corroborando todo o acima exposto, chamase a atenção para o v. acórdão 3402003.076, proferido no Processo ...10835.720016/2014 87, que ... deu parcial provimento ao recurso voluntário ..., para decidir pelo estorno das glosas, por reconhecer que "a fase agrícola da agroindústria também integra o seu processo produtivo para fins de aproveitamento de crédito ...". ... merece ser citado também o recentíssimo v. acórdão n° 3402 003.8174, que também reconheceu a regularidade da apuração de créditos pautada na essencialidade dos bens e serviços ... Também se amoldam ao caso em tela os Acórdãos n°s 3403001.3405, 3403001.2746 e 3403001.2837, pelos quais o CARF, julgando situações semelhantes à da Impugnante, confirmou a possibilidade de créditos sobre insumos ligados á atividade agrícola rural, por serem essenciais ao processo produtivo. 2.3.3.2. Os precedentes acima citados permitem concluir, sem dúvida, que a autuação ora impugnada não pode ser mantida ... 2.3.3.3. Não fosse o bastante, a posição assentada no Colendo Superior Tribunal de Justiça segue na mesma linha. No julgamento do Agravo Regimental no Recurso Especial 1.230.4418, a Primeira Turma manifestou o entendimento de que "o conceito de insumo deve ser alargado para abranger tanto os elementos diretos como indiretos de uma produção", que possuam a natureza de insumo, como elementos essenciais da produção. Pouco depois, a Primeira Turma do Colendo Superior Tribunal de Justiça pronunciou que "Para fins de creditamento de PIS e COFINS (art. 3o, II, da Leis 10.637/02 e 10.833/03), a ideia de insumos, ainda que na sua acepção mais ampla, está relacionada com os elementos essenciais à realização da atividade fim da empresa"9 (destacamos). Deve ser citado também o ... REsp n° 1.246.317/MG, da Segunda Turma ... ... a jurisprudência é firme no sentido de que, na sistemática da não cumulatividade do PIS/COFINS, o conceito de insumo não deve ser entendido de forma tão restritiva como na apuração do IPI ... 2.4. Dos créditos de PIS e COFINS sobre despesas de transporte entre estabelecimentos 2.4.2. ... mais uma vez a posição do Sr. Fiscal se dissocia do entendimento adotado pelo CARF, que, reiteradamente, vem admitindo a apuração de créditos de PIS e COFINS na remessa de insumos de um estabelecimento a outro do mesmo contribuinte, de produtos em elaboração, assim como de produtos acabados. É o que se extrai do v. acórdão n° 9303004.318, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, assim ementado ...: "CRÉDITOS. DESPESAS COM FRETE. MOVIMENTAÇÃO DE PRODUTOS EM FABRICAÇÃO OU ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE. As despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e, ou produtos acabados entre estabelecimentos do contribuinte, pagas e Fl. 11219DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.220 23 ou creditadas a pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou de notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos básicos de Cofins, a partir da competência de fevereiro de 2004, passíveis de dedução da contribuição devida el ou de ressarcimento/compensação. Precedentes." 10 No mesmo sentido, é o v. acórdão n° 3301002.966 ... ... ainda que não se admita a apuração de créditos sobre todas as despesas de transporte relacionadas no Anexo II (ressalvado o observado no item 2.1 supra), deve ser reconhecida a regularidade dos créditos apurados sobre as despesas de transporte na remessa para industrialização. 2.5. Do procedimento adotado pelo Auditor Fiscal na apuração de créditos e contribuições devidas... o Auditor Fiscal refez a apuração de créditos de PIS e COFINS ... desconsiderando os créditos glosados e, com isso, apurando ... em valores inferiores àqueles ... escriturados ... refez a apuração das contribuições devidas, nela incluindo as receitas supostamente omitidas. Com isso, a fiscalização resultou na redução dos créditos, de um lado, e, de outro, na majoração das contribuições devidas. Ao refazer o confronto entre créditos e débitos, o Auditor constatou que, em quase todos os períodos, mesmo com a glosa, havia saldo de créditos suficiente para compensar os débitos apurados, incluídos aqueles lançados neste procedimento fiscal. No entanto, ao invés de considerar compensado o débito em cada período, e reduzir os valores glosados dos saldos informados pela Impugnante nos ... (PER), ...l manteve os créditos remanescentes, após a glosa, informados nos ... (PER) para considerar insuficientes os créditos disponíveis para desconto das contribuições apuradas em alguns períodos. Para ilustrar ..., tomase ... a apuração da COFINS na competência 05/2014, ...: a)Apuração promovida pela Impugnante: a.1) No período foram apurados débitos de COFINS no valor total de R$ 1.634.285,39; a.2) O total de créditos da COFINS apurados no período foi de R$ 2.952.924,77, além do crédito presumido no total de R$ 1.118.155,61; a.3) Os débitos foram compensados com a imputação, primeiro, do crédito presumido vinculado à produção e comercialização de álcool (R$ 1.118.155,61), e o saldo remanescente (R$ 516.129,78) com a utilização dos créditos vinculados a receita tributada no mercado interno (Cód.101); a.4) O saldo de créditos disponível após a compensação, que foi informado no pedido de ressarcimento (PER), era de R$ 2.436.794,99; b)Apuração promovida pelo Auditor Fiscal: b.1) Nesse período, não houve alteração dos débitos de COFINS apurados na fiscalização, mantendose o valor de R$ 1.634.285,39; Fl. 11220DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.221 24 b.2) Após as glosas no montante de R$ 1.073.639,86, o total de créditos da COFINS apurados no período foi de R$ 1.879.284,91; b.3) Os débitos foram compensados com a imputação, primeiro, do crédito presumido vinculado à produção e comercialização de álcool (R$ 1.118.155,61); o saldo remanescente (R$ 516.129,78) foi parcialmente compensado com a utilização dos créditos vinculados à receita tributada no mercado interno (Cód.101), que, após as glosas, totalizou R$ 448.834,17 (segundo o critério equivocado do Sr. Fiscal); b.4) A diferença remanescente dos débitos de COFINS apurados no período, após as compensações, no importe R$ 67.295,61, foi lançada na coluna "Diferença da contribuição a recolher/pagar" do Anexo VI; b.5) O saldo de créditos disponível após a compensação, no próprio período de apuração, mantido no pedido de ressarcimento (PER), já consideradas as glosas, totalizou R$ 1.430.450,74; ... para compensação da diferença apurada após a utilização dos créditos vinculados à produção e comercialização de álcool (1.118.155,61) e dos créditos vinculados à receita tributada no mercado interno (R$ 448.834,17), no valor de R$ 67.295,61, deveriam ser considerados os créditos vinculados à receita não tributada no mercado interno (Cód.201), cujo saldo após as glosas era de R$ 803.751,60. ... existindo saldo credor suficiente para a compensação do débito da COFINS apurado no período, não se justifica o lançamento de diferenças supostamente a recolher. Por cautela, juntase a esta impugnação as planilhas comparativas ..., que demonstram que o critério adotado no exemplo acima transcrito (05/2014) se repete em todas as competências em que, supostamente, seriam devidas as contribuições (docs.anexos). 2.5.2. ... o pedido de ressarcimento pressupõe a existência de saldos de contribuições superiores àquelas devidas ... A condição para o deferimento do pedido de ressarcimento é, dentre outros, a ausência de débitos em nome do sujeito passivo credor da Fazenda Nacional (Instrução Normativa n° 1060/2010, art. 5o; c.c. Instrução Normativa n° 1.300/2012, arte. 62 a 66). Logo, não se justifica o procedimento de, a um tempo, autuar a Impugnante pela suposta existência de débitos de PIS e COFINS não recolhidos, e, também, chancelar a existência de saldo credor das contribuições objeto de pedido de ressarcimento. Na competência acima exemplificada, temse que o crédito mantido no PER corresponde a R$ 1.430.450,74, e, de outro lado, a contribuição supostamente devida pela Impugnante, no valor originário de R$ 67.295,61, correspondente, atualmente, a R$ 140.183,47, conforme demonstrativo anexado ao auto de infração. Ora, como validar o procedimento que transformou o débito originário de aproximadamente R$ 70 mil em mais de R$ 140 mil, ignorandose, no mesmo período, a existência de saldo de créditos no importe de mais de R$ 1,4 milhão??? 3. Do pedido Ante o exposto, é a presente para requerer o cancelamento do auto de infração. Fl. 11221DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.222 25 Caso não seja esse o entendimento, e as glosas sejam mantidas, o auto de infração deve ser reformado para o fim de que sejam retificadas as apurações das contribuições no período fiscalizado, pelas razões expostas no item 2.5 desta impugnação. É o relatório. A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora julgou improcedente em parte a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/JFA n.º 0964.307, de 24/08/2017 (fls. 11004 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/04/2012, 30/04/2013, 31/01/2014 BASE DE CÁLCULO. EXTINÇÃO DE PASSIVO. RECEITA. CARACTERIZAÇÃO. Constitui receita tributável na sistemática de apuração não cumulativa a receita decorrente da extinção de uma obrigação constante do Passivo sem a correspondente extinção de item do Ativo. O registro de obrigações tributárias no Passivo não constitui Provisão, na medida em que não há incerteza acerca da constituição, tempo ou dimensão do débito. Período de apuração: 31/01/2013 a 30/06/2015 CRÉDITOS. INSUMOS. FABRICAÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. PRODUÇÃO DE CANADEAÇÚCAR. 1. No cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep NãoCumulativo somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. 2. Bens e serviços empregados no cultivo de canadeaçúcar não se classificam como insumos na fabricação de álcool ou de açúcar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens não geram direito à apuração de créditos na determinação da contribuição devida sobre as receitas auferidas com vendas de açúcar e de álcool produzidos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/04/2012, 30/04/2013, 31/01/2014 BASE DE CÁLCULO. EXTINÇÃO DE PASSIVO. RECEITA. CARACTERIZAÇÃO. Constitui receita tributável na sistemática de apuração não cumulativa a receita decorrente da extinção de uma obrigação constante do Fl. 11222DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.223 26 Passivo sem a correspondente extinção de item do Ativo. O registro de obrigações tributárias no Passivo não constitui Provisão, na medida em que não há incerteza acerca da constituição, tempo ou dimensão do débito. Período de apuração: 31/01/2013 a 30/06/2015 CRÉDITOS. INSUMOS. FABRICAÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. PRODUÇÃO DE CANADEAÇÚCAR. 1. No cálculo da Cofins nãocumulativa somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. 2. Bens e serviços empregados no cultivo de canadeaçúcar não se classificam como insumos na fabricação de álcool ou de açúcar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens não geram direito à apuração de créditos na determinação da contribuição devida sobre as receitas auferidas com vendas de açúcar e de álcool produzidos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/01/2013 a 30/06/2015 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. 1.Não cabe apreciar questões relativas a ofensa a princípios constitucionais, tais como da legalidade, da razoabilidade, do não confisco ou da capacidade contributiva, dentre outros, competindo, no âmbito administrativo, tão somente aplicar o direito tributário positivado. 2.A doutrina trazida ao processo, não é texto normativo, não ensejando, pois, subordinação administrativa. 3.A jurisprudência judicial colacionada não possui legalmente eficácia normativa, não se constituindo em norma geral de direito tributário se não atendidos nenhum dos requisitos previstos no § 6º do art. 26A do Decreto nº 70.235, de 1972. 4. As decisões administrativas não se constituem em normas gerais, salvo quando da existência de Súmula do CARF vinculando a administração tributária federal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 10260 e ss., por meio do qual repete, basicamente, os mesmos argumentos já declinados em sua impugnação. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Fl. 11223DF CARF MF Processo nº 15940.720014/201757 Resolução nº 3201001.472 S3C2T1 Fl. 11.224 27 Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente apresentou diversos pedidos eletrônicos de ressarcimento de créditos de PIS/Cofins, os quais também serão, nesta mesma assentada, julgados em conjunto com os autos de infração dessas contribuições lavrados em decorrência da insuficiência de recolhimento. Contestado o lançamento, a DRJ manteveo na integralidade. Em síntese, foram as seguintes as infrações verificadas: a) não oferecimento à tributação das receitas decorrentes das baixas das obrigações de IPI a pagar/recolher; b) créditos indevidos sobre gastos realizados no cultivo da canadeaçúcar; c) créditos indevidos sobre despesas de transporte de mercadorias entre estabelecimentos da Recorrente; d) crédito presumido indevido sobre a aquisição de canadeaçúcar de pessoas físicas para dedução das contribuições apuradas ao invés de utilizálos nos pedidos de ressarcimento. No respeitante à primeira matéria, alega a Recorrente que, em apreço ao princípio da prudência, fez uma mera transferência de receita (que, no período em que auferida, teria sido tributada pelo PIS/Cofins), não uma transferência de IPI (que não teria sido cobrado!), de uma conta contábil para uma conta de provisão deste imposto, em face da possibilidade de vir a ser cobrada pelo Fisco dos valores que deixaram de ser exigidos de seus clientes nas operações de venda que realizou. Para Recorrente, portanto, haveria, se mantida a autuação, a tributação da mesma receita duas vezes: quando do seu efetivo auferimento e quando da reversão da "provisão do IPI". É, com efeito, o que ocorreria, se os fatos se verificaram conforme descritos no recurso. Ante o exposto, voto para CONVERTER o julgamento em diligência, a fim de que a autoridade preparadora verifique: a) se em todos os meses em que houve a constituição da provisão do IPI a base de cálculo do PIS/Cofins informada no Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais Dacon correspondia ao faturamento antes da contabilização desta provisão; b) se o total das receitas auferidas em cada um desses meses foi oferecido à tributação pelo PIS/Cofins. Por fim, a Recorrente deve ser intimada para que, se assim desejar, manifestese sobre o resultado da diligência. Após, retornem os autos a este colegiado para continuidade do presente julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 11224DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13448.720153/2018-05
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2017
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO.
Somente poderão ser deduzidas na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, acordo homologado judicialmente, ou escritura pública a que se refere o art. 1.124-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, desde que comprovadas mediante documentação hábil e idônea.
Tratando-se de sociedade conjugal, a dedução somente se aplica quando o provimento de alimentos for decorrente da dissolução daquela sociedade
Numero da decisão: 2002-000.512
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL
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DEDUÇÃO. Somente poderão ser deduzidas na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, acordo homologado judicialmente, ou escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil, desde que comprovadas mediante documentação hábil e idônea. Tratandose de sociedade conjugal, a dedução somente se aplica quando o provimento de alimentos for decorrente da dissolução daquela sociedade Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 44 8. 72 01 53 /2 01 8- 05 Fl. 91DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento (efls. 04/08) lavrada em nome do sujeito passivo acima identificado, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2017, onde se apurou: Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial e/ou por Escritura Pública. O contribuinte apresentou impugnação (efls. 03, 20/21), cujas alegações foram descritas no relatório do acórdão recorrido (efls. 25/26): I — OS FATOS Quando o magistrado prolata uma sentença que faz referência a uma pensão alimentícia judicial, ele o faz com o objetivo de proteger o alimentando, proporcionandolhe plenas condições de prover os alimentos de que necessita para viver de modo compatível com as suas necessidades social, educacional, alimentar, entre outras. A questão relativa à não tributação do valor estipulado na referida sentença, para efeito de imposto de renda da pessoa física, tornase um direito com previsão legal, a posteriori, ou seja, quando da declaração de ajuste anual do imposto de renda da pessoa física obrigada a cumprir a sentença judicial. A pensão alimentícia judicial em questão tem como alimentando Fernando Sousa Fernandes Filgueiras, que à época da sentença tinha 5 anos de idade e já se encontrava em fase escolar. Em relação a essa pensão, não se vislumbram quaisquer irregularidades ou fatos ilegais, quer no tocante à lei que regulamenta o devido processo legal de alimentos, quer em relação ao regulamento do imposto de renda da pessoa física, que venham justificar a Notificação de Lançamento, Imposto de Renda Pessoa Física, 2017/274982791152060, com a respectiva glosa do valor R$52.340,00, valor esse pago durante o ano de 2016, pelo agente obrigado a cumprir o ato judicial prolatado. II O DIREITO 1 — Preliminar Em sua decisão judicial, o julgador faz referência ao acordo como merecedor de homologação, visto que preenche os requisitos do negócio jurídico, cujo objetivo é lícito e a forma não é defesa em lei. Assim sendo: "Ante o exposto, HOMOLOGO O ACORDO DE f. 02/03, PARA QUE PRODUZA SEUS JURÍDICOS E LEGAIS EFEITOS". Na análise antecipada da declaração de ajuste anual, o analista/julgador se reporta à glosa da importância, acima citada, em razão de dedução indevida por falta de previsão e amparo legais. Essa previsão de legalidade e o amparo da lei existem, de forma clara e ampla, tanto naquilo que diz respeito à sentença judicial da pensão alimentícia, como na legislação que regula o imposto de renda da pessoa física. O que se constata, fielmente, quando o analista/julgador cita a descrição dos fatos e o enquadramento legal da Notificação de Lançamento (Fl. 02/04). Essa Notificação de Lançamento, outrossim, deixouse parecer um Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13448.720153/201805 Acórdão n.º 2002000.512 S2C0T2 Fl. 92 3 caso específico de bis in idem tributário, que não se coaduna com o direito tributário brasileiro. 2— Mérito A Lei número 9.250, de 26/12/1995, que altera a legislação do imposto de renda das pessoas físicas e dá outras providências, em seu artigo oitavo, inciso II, alínea f, explicita claramente: Art. 8 ... II — das deduções relativas: f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o artigo 1.124A da Lei número 5.869, de 11/01/1973 — Código de Processo Civil (Redação dada pela Lei número 11.727/2008). Igualmente, o Decreto número 3.000/1999, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do imposto sobre a renda de qualquer natureza, em seu artigo 83, considera como a base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, no anocalendário, a diferença entre as somas... e, em seu inciso II, explicita as deduções, como: Art.83 ... II — das deduções relativas ao somatório dos valores de que tratam os artigos 74, 75, 78 (referente à pensão alimentícia judicial) a 81, e 82 ... Ainda, a inteligência do artigo 269, inciso III, da Lei número 5.869, de 11/01/1973, revogada pela Lei número 13.105, de 16/03/2015 — CPC , diz: Art. 269 Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei número 11.232/2005) III — quando as partes transigirem (Redação dada pela Lei número 5.925/1993) Por fim, a Lei número 10.406, de 10/01/2002, que instituiu o Código Civil, em seu artigo 1.701, e seu parágrafo único preceitua: Art. 1.701 A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou darlhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor. Fl. 93DF CARF MF 4 Parágrafo Único — Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a norma do cumprimento da prestação. III CONCLUSÃO Ante todo o exposto, demonstrada a insubsistência e a improcedência da ação fiscal, no tocante à Notificação de Lançamento, o impugnante requer e espera que seja acolhida a presente impugnação para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado. A impugnação foi julgada improcedente pela 1ª Turma da DRJ/FOR por não restar caracterizada a separação de corpos entre as partes (efls. 24/29). Cientificado do acórdão de impugnação em 22/06/2018 (efls. 35), o interessado ingressou com recurso voluntário em 03/07/2018 (efls. 39/41) reiterando os argumentos apresentados em sua impugnação. Voto Conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Relatora O recurso é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. No que concerne à dedução de pensão alimentícia, extraise do art. 78 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aprovado pelo Decreto 3.000/99, e do art. 4º, II, da Lei 9.250/95, alterado pela Lei 11.727/08, que o valor pago pelo contribuinte a esse título somente pode ser deduzido em sua Declaração de Ajuste Anual se for decorrente de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei 5.869/73 Código de Processo Civil (CPC), e se estiver devidamente comprovado mediante documentação hábil e idônea. As pensões pagas por liberalidade não são dedutíveis por falta de previsão legal. No caso em tela verificase que a autoridade lançadora glosou a despesa declarada por falta de previsão legal para sua dedução (efls. 06). Importa transcrever o exposto pelo auditor na Notificação de Lançamento: Não se pode acatar como dedução, por absoluta falta de amparo legal, os valores pagos pelo contribuinte, na constância da sociedade conjugal, a seus filhos e/ou seu cônjuge, a guisa de pensão alimentícia judicial, não obstante a existência de acordos judiciais homologados que oficializem, mas não para fins de Imposto de Renda, a realização de tais pagamentos. No presente caso, o alimentando é Fernando Sousa Fernandes Filgueiras, filho do contribuinte com a senhora Maria Francilene de Sousa, CPF 045.475.79482, ambos residem no mesmo endereço, conforme acordo homologado pelo Juiz, folhas 15 e 16. O acórdão de primeira instância acompanhou o entendimento da fiscalização e manteve a glosa efetuada considerando inadmissível a dedução de pensão alimentícia sem dissolução da sociedade conjugal, conforme excertos a seguir reproduzidos: Fl. 94DF CARF MF Processo nº 13448.720153/201805 Acórdão n.º 2002000.512 S2C0T2 Fl. 93 5 Em segundo lugar, não restando caracterizada a separação de corpos, a evidência gritante que salta aos olhos é a que a pensão estipulada não o foi em razão da mantença dos alimentandos (requisito legal), mas sim com outro escopo, pois aos, formalmente, alimentandos sucumbe a necessidade de manutenção, pois a coabitação supre essa carência, pois fato comum que essa necessidade é suportada pelos sócios conjugais. Claro que essa é uma presunção relativa, que poderia ser ilidida com a prova que tal coabitação, de forma diferente ao que ocorre na maioria dos casos, existe somente para abrigo de teto, e que, em matéria de assunção de despesas, os responsáveis são os alimentandos, não podendo, assim, serem dependentes. Enfim, a interpretação que se coaduna com o principio constitucional da isonomia, sem que o dispositivo legal em comento perca sua higidez, é a de que a pensão judicial dedutível pressupõe como antecedente lógico a separação de corpos (salvo a prova contrária acima mencionada), pois não havendo esta, não há despesa com alimentandos a ser reduzida da base de cálculo do Imposto de Renda. Com efeito, a partir dos elementos disponíveis no processo administrativo não há como inferir o surgimento de duas células autônomas, a que fornece os rendimentos e a que recebe, com alteração da realidade até então vivida. Do exame da Ação de Homologação de Alimentos juntada aos autos (efls. 16/19) não se vislumbra qualquer indicação de que houve dissolução da sociedade conjugal entre o recorrente e Maria Francilene de Sousa. Ao contrário, resta claro na petição inicial que o casal residia no mesmo endereço. E tal fato, apontado tanto no lançamento quanto na decisão de piso, não foi contestado em nenhum momento pelo contribuinte . Nesse ponto, cabe estabelecer a distinção entre o dever de prestar alimentos e o dever de sustento decorrente do poder familiar. O dever de sustento dos cônjuges se transforma em dever de prestar alimentos quando há a ruptura da vida conjugal e aquele responsável pelo amparo financeiro vai morar em outro local, o que não ocorreu no presente caso. Tal entendimento está preconizado na orientação constante da publicação do Perguntas e Respostas do Imposto Sobre a Renda da Pessoa Física divulgada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para o exercício 2017: 342 — Quais são as pensões judiciais dedutíveis pela pessoa física? São dedutíveis da base de cálculo mensal e na declaração de ajuste apenas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia, inclusive a prestação de alimentos provisionais, conforme normas do Direito de Família, sempre em decorrência de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou por escritura pública, a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil. Não há previsão legal para dedução de importâncias pagas a título de pensão alimentícia decorrentes de sentença arbitral. Fl. 95DF CARF MF 6 Atenção: [...] Para efeitos da aplicação da referida dedução, observese que: [...] 2) tratandose de sociedade conjugal, a dedução somente se aplica, quando o provimento de alimentos for decorrente da dissolução daquela sociedade; Cumpre ressaltar, por fim, que não se está negando validade ao acordo homologado judicialmente para pagamento de pensão alimentícia. A questão em análise é tão somente quanto à produção de efeitos no âmbito do direito tributário, particularmente na Declaração de Ajuste Anual do recorrente. Em vista do exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.005347/2005-59
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
O cerceamento do direito de defesa se dá pela criação de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, ou então pelo óbice à ciência do ato administrativo -auto de infração e/ou despacho decisório, impedindo o sujeito passivo de se manifestar sobre os documentos e provas produzidos nos autos do processo.
DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
O atendimento aos preceitos estabelecidos no artigo 142 do CTN, a presença dos requisitos do artigo 10 do Decreto nº 70.235/1972 e a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte afastam a hipótese de nulidade do despacho decisório.
Numero da decisão: 3001-000.651
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila, Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. O cerceamento do direito de defesa se dá pela criação de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, ou então pelo óbice à ciência do ato administrativo auto de infração e/ou despacho decisório, impedindo o sujeito passivo de se manifestar sobre os documentos e provas produzidos nos autos do processo. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos estabelecidos no artigo 142 do CTN, a presença dos requisitos do artigo 10 do Decreto nº 70.235/1972 e a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte afastam a hipótese de nulidade do despacho decisório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila, Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 53 47 /2 00 5- 59 Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 220 2 Cuidase de recurso voluntário (efls. 209 a 214) interposto contra a decisão consubstanciada no Acórdão 03041.181, da 4ª Turma Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF DRJ/BSB, referente ao julgamento realizado em 22.12.2010 (efls. 197 a 200). Da decisão de 1ª instância O acórdão recorrido julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo mantendose a homologação parcial da compensação declarada, por insuficiência do crédito do sujeito passivo. Cuja ementa transcrevo, verbis: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 Nulidade Cerceamento do Direito de Defesa Argüição Rejeitada Não há que se falar em cerceamento da defesa quando a decisão da autoridade administrativa se sustenta em processo instruído com todas as peças indispensáveis e não se vislumbra nos autos que o sujeito passivo tenha sido tolhido no direito que a lei lhe confere para se defender. A preterição do direito de defesa não pode ser alegada se a contribuinte foi cientificada do início de ação fiscal que apurou o crédito devido e examinou sua escrituração contábilfiscal, demonstrando perfeitamente todo o resultado em planilhas para cálculo de Cofins nãocumulativo. Compensação Possibilidade até no Limite do Crédito do Sujeito Passivo Comprovada nos autos a existência de crédito do sujeito passivo contra a Fazenda Nacional, para absorver o débito tributário, efetuase a compensação do débito tributário até no limite daquele crédito, dado que esta pressupõe existência de créditos para o encontro de contas débitos "versus" créditos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Da síntese dos fatos Por sua objetividade, peço licença para adotar, como síntese dos fatos, o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, verbis: Relatório Cuidam os autos de Per/Dcomp, débitos diversos, referentes aos anosbase de 2004 e 2005, com crédito de Cofins, incidência nãocumulativa, relativo ao primeiro trimestre/2005. Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 221 3 Irresignada com a homologação parcial da compensação pela instância "a quo", a interessada oferece manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: A autoridade fiscal não cumpriu com o determinado na legislação pátria, deixando de consignar e fundamentar o ato de não homologação total do pleito feito pela impugnante de créditos da Cofins, apresentando apenas um relatório que não demonstrou o motivo pelo qual fora indeferido o pedido de aproveitamento do crédito indicado, tendo apenas suscitado a insuficiência de crédito; Assim, está patente o cerceamento ao direito de defesa na medida em que, sem os critérios e a fundamentação legal utilizada para não homologação, ou melhor, pela não demonstração do aproveitamento a menor do crédito, tornalhe impossível defenderse dos seus termos; Diante do exposto, pugna: (1) pela nulidade substancial do despacho decisório; senão (2) pelo julgamento do mérito, reconhecendo a total improcedência da decisão denegatória do total do crédito de Cofins pleiteado, consubstanciado nas razões de ordem fática e de direito deduzidas. Do recurso voluntário Irresignado com a decisão recorrida, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário; no entanto, tão somente para repetir os argumentos apresentados em sua Manifestação de Inconformidade. Do encaminhamento O presente processo, após digitalização, foi encaminhado em 29 de junho de 2011 para ser analisado por este Carf (efl. 217), sendo, posteriormente, distribuído para este relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da tempestividade O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal e apresentase tempestivo, na medida em que foi apresentado em 22.06.2011, conforme depreendese da chancela aposta em sua "Folha de Rosto" (efl. 209); após ter sido cientificado do acórdão recorrido em 30.05.2011, conforme observase do "AR RM 409. 17741 7 BR" (efl. 204), tendo respeitado o trintídio legal, conforme exige o artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 222 4 Conforme evidenciase do expediente do Serviço de Orientação e Análise Tributária Seort, da DRF/Goiânia (efl. 217), que reproduzo em parte, verbis: (...) A contribuinte supracitada foi cientificada do teor do acórdão de fls. 193/196 e intimada ao recolhimento do saldo devedor, em 30/05/2011 (fls. 198/200), e apresentou, tempestivamente, em 21/06/2011, recurso voluntário, juntado às fls. 204/209. (...) Da competência para julgamento do feito Observo, com espeque no artigo 23B, Anexo II, da Portaria MF nº 343, de 09.06.2015 RICARF, com redação da Portaria MF nº 329, de 2017, a competência deste Colegiado para prosseguir no feito. Do mérito Da adoção da decisão recorrida como fundamento Dispõe a Portaria MF nº 343 de 09.06.2015, que aprovou o Ricarf, verbis: (...) Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) (grifei) (...) Da fundamentação Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 223 5 No caso presente, verificandose que o recorrente reitera perante este colegiado, ipsis litteris, os argumentos de defesa apresentados na manifestação de inconformidade, ao amparo no permissivo regimental acima reproduzido, por concordar, in totum, com os argumentos do voto condutor da lavra do Relator Geraldo Expedito Rosso, novamente com a devida licença, adotoo, por seus próprios fundamentos, como razão de decidir no presente julgado. Razão pela qual cito trechos do acórdão recorrido, verbis: Voto (...) Nulidade Cerceamento do Direito de Defesa Argüição Rejeitada Como se vê na síntese do relatório, a contribuinte requer, em essência, a declaração de nulidade substancial da decisão administrativa que lhe concedeu parte do crédito solicitado, com fulcro no inciso II do art. 59 do Decreto 70.235/1972 (cerceamento do direito de defesa). Em que pese os bem fundados dizeres da contribuinte, sua pretensão não pode prosperar. Senão vejamos. O item 17 do despacho de folha 146/147 diz: Para apurar o valor do crédito em favor do contribuinte, o presente processo foi encaminhado ao Serviço de Fiscalização que, com suporte na documentação e informação apresentadas e nas disposições contidas nas normas que disciplinam o cálculo e a utilização do crédito oriundo da Cofins, com incidência nãocumulativa, concluise pela confirmação do crédito pleiteado, na forma e nos termos do Relatório de Fiscalização (fls. 112/130), no montante de R$ 645.030,25, concernente ao 1º trimestre do anocalendário de 2005. Por seu turno, para verificação da legitimidade dos créditos alegados foi instaurado procedimento fiscal através do Termo de Início do Procedimento Fiscal, lavrado em 21/12/2009 e dado ciência ao sujeito passivo em 12/02/2010, conforme fls. 125/129 (ver folha 130). De outra forma, na mesma folha 130, a Fiscalização faz registrar que: "Iniciados os trabalhos de fiscalização foi constatado que os créditos de Cofins referentes ao ano calendário de 2005, já foram objeto de ação fiscal anterior, conforme planilhas denominadas de "Planilha Para Cálculo de Cofins NãoCumulativo", fls. 113/116, sendo resumido por trimestre nas folhas 121/124". Portanto, não há que se falar em nulidade por cerceamento do direito de defesa, visto que o contribuinte foi notificado do início de procedimento fiscal que apurou o crédito pleiteado de forma correta, e certamente prestou esclarecimentos às notificações emitidas, justificando as diferenças encontradas pelo fisco que, por sua vez examinou toda sua documentação. Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 224 6 Notase, ainda, que não se sustenta a intenção da manifestante em pretender tornar nulo o despacho decisório de homologação parcial da compensação por falta de motivação e fundamentação, tendo em vista que consta do relatório daquele despacho a razão e os fundamentos legais e normativos em que se baseou a decisão de homologação parcial. Assim, não há que se falar em cerceamento da defesa quando a decisão da autoridade fiscal sustentase em processo instruído com todas as peças indispensáveis e não se vislumbra nos autos que o sujeito passivo tenha sido tolhido no direito que a lei lhe confere para se defender. Compensação Possibilidade até no Limite do Crédito do Sujeito Passivo No mérito, verificase que a Fiscalização procedeu ao exame da escrituração, apurando crédito de Cofins a favor da interessada no importe de R$ 645.030,25. Em outras palavras, em relação ao valor solicitado, foi glosado R$ 15.152,07, e como se disse alhures, a contribuinte foi cientificada do procedimento fiscal que apurou corretamente seu crédito e teve oportunidade para se defender da diferença apontada pelo fisco (ver folhas 113 a 130). Daí que, comprovada nos autos a existência de crédito do sujeito passivo para absorver o débito tributário, efetuase a compensação do débito tributário somente até no limite daquele crédito, pois a compensação pressupõe a existência de créditos para o encontro de contas débitos "versus" créditos. Confirmase isto no art. 170 do CTN, onde se diz que a compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, "in verbis": A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular; ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários cone créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Negritei). Do complemento em corroboração à decisão recorrida Da preliminar de nulidade Alega o recorrente a nulidade do despacho decisório, por ter cerceado o direito de defesa, haja vista que, ao seu talante, não fundamentou a não homologação, importando em sua nulidade. Contudo, como já visto no arrazoado do voto condutor da decisão recorrida, sem razão ao recorrente. Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 225 7 De início, reforço o entendimento no sentido de que agiu com acerto a decisão a quo tanto que a adotei como razão de decidir. O presente feito não demanda maiores elucubrações e está pronto para ser julgado, uma vez que o indeferimento parcial do pleito foi pautado na análise dos documentos colacionados nos sistemas eletrônicos da RFB, de pleno conhecimento do interessado, bem como pela dinâmica do ônus da prova. Prosseguindo na análise da alegação de nulidade, há que atentar para o fato de que a condução de determinada investigação por parte da autoridade fiscal é de exclusiva competência desta. Antônio da Silva Cabral, in “Processo Administrativo Fiscal”, Ed. Saraiva São Paulo, 1993, diferencia, com propriedade, dois momentos dentro do procedimento fiscal; o procedimento oficioso e o procedimento contencioso, verbis: O procedimento fiscal pode ser encarado sob duplo ângulo: como procedimento oficioso e como procedimento contencioso. O procedimento oficioso é específico da Administração. Uma vez ocorrido o fato gerador, a autoridade lançadora procede ao lançamento de ofício, isto é, procede oficiosamente. (...). O procedimento contencioso se inicia mediante a impugnação do sujeito passivo. Enquanto a fase oficiosa é de iniciativa da autoridade administrativa, o contencioso é de iniciativa do contribuinte. (p. 194). A atividade de lançamento, que vai desde a verificação do fato gerador até a intimação para que o sujeito passivo pague determinada quantia, instaura o processo fiscal, embora não implique a instauração de contencioso fiscal. O contribuinte pode conformarse com a exigência e pagar o que está sendo exigido. Não surge qualquer lide. (p. 190). Demais disso, revela salientar que o cerceamento do direito de defesa se dá pela ocorrência de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, ou então pelo óbice à ciência do ato administrativo, impedindo o contribuinte de se manifestar sobre os documentos e provas produzidos nos autos do processo, hipótese que não se verifica in casu. O contraditório é exercido durante o curso do processo administrativo, nas instâncias de julgamento, não tendo sido identificado qualquer hipótese de embaraço ao direito de defesa do recorrente. Na fase oficiosa, a fiscalização atua com poderes amplos de investigação, tendo liberdade para interpretar os elementos de que dispõe para efetuar o lançamento. O princípio do contraditório é garantido pela fase litigiosa do processo administrativo (fase contenciosa), a qual se inicia com o oferecimento da impugnação e/ou manifestação de inconformidade (que é o caso, embora o interessado insiste em trazer a baila as expressões "auto de infração" e "impugnação"). Não obstante, vale ressaltar que a oportunidade de manifestação do impugnante não se exaure na etapa anterior à efetivação do lançamento ou do despacho decisório de não acatou in totum seu pedido de compensação. Pelo contrário, na busca da preservação do direito de defesa do contribuinte, o processo administrativo fiscal, regulado pelo Decreto nº 70.235, de 1972, estendese por outra fase, a fase litigiosa, na qual o Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 226 8 interessado, se assim deseja, instaura o contencioso fiscal mediante apresentação de peça impugnatória, quando as suas razões de discordância serão levadas à consideração dos órgãos julgadores administrativos, sendolhe facultado pleno acesso à toda documentação constante do presente processo. Neste sentido inclusive o Superior Tribunal de Justiça, em situação análoga, assim já se manifestou, verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. REVISÃO. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou, com base na prova dos autos, que "o procedimento administrativo tributário, antes da consumação do lançamento fiscal, é eminentemente inquisitório, já que o contribuinte deve apenas suportar os poderes de investigação do fisco e colaborar com a prestação de informações e documentos, justamente para que a verdade material seja alcançada. Após a notificação do contribuinte acerca do lançamento, abrese a possibilidade de contraditório e de ampla defesa, o que de fato foi oportunizado à empresa embargante. Conquanto esse momento seja próprio para que o contribuinte apresente as provas e os documentos hábeis a refutar os vícios e as falhas na contabilidade que ensejaram o arbitramento, a empresa, na via administrativa, não cumpriu com o seu ônus a contento. Tentou suprir a falha na via judicial, juntando a este processo balancetes mensais e GRPS, contudo, não é possível, pelo simples exame desses elementos de prova, constatar que a desconsideração da contabilidade da empresa resulta da simples escrituração errônea de alguns fatos contábeis" (fl. 627, eSTJ). 2. A revisão desse entendimento implica reexame de fatos e provas, obstado pelo teor da Súmula 7/STJ. 3. Agravo Regimental não provido. (STJ AgRg no REsp: 1445477 SC 2014/00697732, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 27/05/2014, T2 SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/06/2014) Tendo a autoridade fiscal demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o indeferimento parcial do pedido de compensação em questão, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente dos artigos 142 do CTN e 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do lançamento. Ante o exposto, destaco, uma vez mais, que não vislumbro qualquer nulidade na hipótese dos autos, seja do lançamento tributário decorrente do indeferimento parcial da compensação pleiteada a que se combate ou mesmo da decisão proferida, não tendo sido constatada violação ao devido processo legal e à ampla defesa. Da conclusão Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10120.005347/200559 Acórdão n.º 3001000.651 S3C0T1 Fl. 227 9 Desta feita, com amparo do parágrafo 3º do artigo 57, Anexo II, da Portaria MF nº 343, de 09.06.2015, que aprovou o Ricarf, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017, adotase como razão de decidir, nos seus exatos termos, os fundamentos da decisão recorrida. Por todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 227DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.908305/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004
RETIFICAÇÃO DO PER/DCOMP APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ERRO DE PREENCHIMENTO DO PERÍODO DE APURAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Erro de preenchimento de DCOMP não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei.
RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84.
O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo.
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADO. COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE ORIGEM.
Reconhece-se o erro no preenchimento do período de apuração e a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, mas sem homologar a compensação, para não suprimir a competência da Unidade de Origem no que concerne à análise do direito creditório.
Numero da decisão: 1301-003.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para, superada a questão do erro no preenchimento da DCOMP no que diz respeito ao período de apuração do débito objeto de compensação, afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise as demais questões de mérito do direito creditório requerido e emita despacho decisório complementar, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto da relatora.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Giovana Pereira de Paiva Leite - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: GIOVANA PEREIRA DE PAIVA LEITE
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ERRO DE PREENCHIMENTO DO PERÍODO DE APURAÇÃO. POSSIBILIDADE. Erro de preenchimento de DCOMP não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei. RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADO. COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE ORIGEM. Reconhecese o erro no preenchimento do período de apuração e a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, mas sem homologar a compensação, para não suprimir a competência da Unidade de Origem no que concerne à análise do direito creditório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 83 05 /2 00 9- 83 Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10882.908305/200983 Acórdão n.º 1301003.491 S1C3T1 Fl. 126 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para, superada a questão do erro no preenchimento da DCOMP no que diz respeito ao período de apuração do débito objeto de compensação, afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise as demais questões de mérito do direito creditório requerido e emita despacho decisório complementar, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto da relatora. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação protocolado através da DCOMP retificadora nº 02297.10566.280509.1.7.047412 (efls. 611), que pleiteia compensação do débito de IRPJ Estimativa Mensal, com pagamento indevido ou a maior também de IRPJ Estimativa mensal (código 2362), com período de apuração em nov/2006. A declaração original foi transmitida em 24/06/2008 e a retificadora em 28/05/2009. O pedido de compensação foi indeferido através de Despacho Decisório Eletrônico (efl.5), sob o argumento de que o crédito informado no PER/DCOMP, por tratar se de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. A empresa apresentou manifestação de inconformidade solicitando o cancelamento de sete declarações de compensação, incluindo a DCOMP objeto do presente processo, pois teria sido detectado um equívoco na elaboração das mesmas, pois os PERDCOMP foram feitos como pagamento indevido ou a maior e em seguida feito a PERDCOMP da forma correta que é Saldo Negativo de IRPJ (efl.13). Em relação ao débito a ser compensado, apresentou comprovante de pagamento (efl.31). A DRJ julgou improcedente a manifestação sob o fundamento de que não há previsão legal para o cancelamento de ofício de um PER/DCOMP transmitido pelo contribuinte. Também desconsiderou o DARF apresentado, posto que o período de apuração Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10882.908305/200983 Acórdão n.º 1301003.491 S1C3T1 Fl. 127 3 constante do DARF não coincidia com aquele informado na DCOMP. Transcrevese ementa do acórdão da DRJ: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 30/11/2006 PER/DCOMP. CANCELAMENTO DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Não há previsão legal para o cancelamento de oficio do PER/DCOMP transmitido pelo contribuinte. A desistência do pedido compensação poderá ser requerida pelo sujeito passivo mediante a apresentação à RFB do pedido de cancelamento gerado a partir do programa PER/DCOMP, o qual somente será deferido caso a compensação se encontre pendente de decisão administrativa à data da apresentação do pedido de cancelamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 30/11/2006 PER/DCOMP. DÉBITO DECLARADO. O débito declarado em PER/DCOMP constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a sua exigência. Não comprovado o seu pagamento, permanece válido o débito informado. Inconformado com a decisão da DRJ, a empresa apresentou Recurso Voluntário (efls. 5771), no qual relata erro no preenchimento da DCOMP, pois teria informado equivocadamente o período de apuração do débito a ser compensado como sendo nov/2006, quando o correto seria maio/2007, de acordo com DARF anexado à efl.31. Apresenta jurisprudência do CARF relativa ao erro de preenchimento de declarações (DCOMP, DCTF ou DIPJ), devendo a autoridade julgadora reconhecer o erro e analisar a compensação declarada à luz da verdade material. A Recorrente argumenta que descabe considerar constituído o débito equivocadamente confessado na presente Declaração de Compensação, impondose o cancelamento integral da exigência fiscal veiculada pelo Despacho Decisório proferido nestes autos. Por fim, requer : I) requerse seja dado integral provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido proferido pela autoridade julgadora de primeira instância, a fim de que seja reconhecida a comprovada extinção do débito cuja compensação se declarou no PER/DCOMP n° 02297.10566.280509.1.7.047412, com o cancelamento integral da exigência fiscal veiculada pelo Despacho Decisório proferido nestes autos, e o conseqüente arquivamento do presente processo administrativo. I.1) Sucessivamente, caso não acolhido o pedido anterior, requerse que seja o presente julgamento convertido em diligência, dandose à Recorrente a oportunidade de comprovar que o valor exigido pelo Despacho Decisório proferido nestes autos foi integralmente recolhido. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10882.908305/200983 Acórdão n.º 1301003.491 S1C3T1 Fl. 128 4 II) Protestase, por fim, pela produção de provas por todos os meios em direito admitidos, principalmente pela juntada dos documentos que a Recorrente não foi capaz de localizar em tempo hábil. É o relatório. Voto Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite, Relatora. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Após ter seu pedido de compensação indeferido sob o fundamento de que pagamento a titulo de estimativa mensal, somente poderia ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL devidos ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ/CSLL do período, a empresa apresentou manifestação de inconformidade solicitando cancelamento das DCOMP apresentadas para apresentar uma nova DCOMP de saldo negativo. Nessa ocasião, também informou que efetuaria pagamentos referentes aos períodos de apuração jan/2007 e maio/2007. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ, e o contribuinte apresenta recurso voluntário onde destaca o equívoco no preenchimento da DCOMP, bem como a existência de pagamento em DARF. Apresenta dados da DIPJ 2007 (e fls. 106116) e cópia de Documentos de Arrecadação (efls.104105). Acerca do erro de preenchimento da DCOMP, verificase claramente que houve um equívoco, isto porque a empresa ao mesmo tempo que informa período de apuração Nov/2006, preenche a data de vencimento 29/06/2007, vide tela abaixo: Ou seja, se o período de apuração da estimativa mensal fosse de fato Novembro de 2006, a data de vencimento não poderia ser 29/06/2007. Considerando que o crédito indicado na DCOMP tratavase de estimativa mensal de IRPJ (2362) de Nov/2006, por óbvio, o débito a ser compensado também não poderia ser estimativa mensal de IRPJ (2362) de Nov/2006. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10882.908305/200983 Acórdão n.º 1301003.491 S1C3T1 Fl. 129 5 No que tange à possibilidade de correção do erro ou retificação da DCOMP, adoto o posicionamento da Ilustre Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto, proferido no processo nº 13005.901308/200912, que entendeu que o erro de preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei. No presente processo, o pedido de compensação foi indeferido liminarmente através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o fundamento de se tratar de pagamento de estimativa mensal. A Unidade de Origem sequer analisou o mérito do direito creditório, tampouco deu oportunidade ao contribuinte para corrigir o erro de preenchimento. Após a emissão do Despacho Decisório não é mais possível que o contribuinte proceda à retificação da DCOMP, sendo assim, em respeito ao princípio da verdade material, reconhecese o erro no preenchimento, considerando que o período de apuração do débito a ser compensado na DCOMP é Maio/2007, ao invés de Nov/2006. Em seu recurso, a empresa requer primeiramente que seja reformado o acórdão recorrido para reconhecer a extinção do débito cuja compensação se declarou em DCOMP. Alternativamente, roga pela extinção do débito, pelo fato de o débito ter sido integralmente recolhido. No que diz respeito ao primeiro pedido, entendo ser possível a compensação/restituição de recolhimento a título de estimativa mensal, desde que caracterizado o indébito, nos termos da Súmula CARF nº 84, in verbis: Súmula CARF nº 84:É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. Todavia, para fins de homologação da DCOMP, fazse mister a apreciação do direito creditório, ou seja, a comprovação por parte do contribuinte de que o pagamento foi calculado e efetivado em valores acima daqueles prescritos em lei. Dessarte, entendo não ser possível homologar, nesse momento, a compensação declarada pelo Contribuinte, uma vez que a única questão submetida ao contraditório nos autos foi a possibilidade (ou não) de compensação de pagamento da estimativa recolhida a maior. Além do que, tal fato implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Nesse sentido, considerando ser possível a restituição/compensação de recolhimento de estimativa mensal, desde que reste caracterizado o indébito, voto no sentido de retornar o processo à Unidade de Origem para examinar o mérito do pedido, nos termos do art. 170 do CTN e proferir novo Despacho Decisório, superada também a questão do erro no preenchimento do período de apuração do débito a ser compensado. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10882.908305/200983 Acórdão n.º 1301003.491 S1C3T1 Fl. 130 6 Em relação ao pedido subsidiário, para extinção do débito em face do recolhimento, entendo que se trata de mera observância às normas administrativas, no sentido de alocar o pagamento, caso disponível, ao débito em aberto. Tal medida, contudo, deverá ser tomada após o proferimento de decisão irreformável no âmbito administrativo acerca da homologação ou não da compensação. Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para corrigir o erro no preenchimento da DCOMP no que diz respeito ao período de apuração do débito objeto de compensação e reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, nos termos da Súmula CARF nº 84, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindose assim, o processo de praxe. (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Fl. 131DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16643.000052/2009-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
É válido o auto de infração lavrado por autoridade competente, em consonância com a legislação de regência.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. PONDERAÇÃO.
É válido o cálculo do preço parâmetro ponderado, na hipótese de aplicação das duas modalidades de cálculo do método do Preço de Revenda Menos Lucro - PRL.
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MUDANÇA DE MÉTODO. IMPOSSIBILIDADE.
Iniciado o procedimento fiscal, o interessado não pode alterar o método utilizado na DIPJ para determinação dos ajustes decorrentes de preços de transferência.
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO ELEITO. ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
O método do preço de transferência não pode ser alterado em sede de julgamento.
MÉTODO PRL. FRETE, SEGURO E IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO.
No método PRL, o frete e o seguro, cujos ônus tenham sido do importador, e os tributos incidentes na importação integram o cálculo do preço praticado.
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTE DE CÁLCULOS.
Não apontados erros nos ajustes efetuados pela fiscalização no cálculo dos preços de transferência, a exigência deve ser mantida.
JUROS. CESSAÇÃO DE EFEITOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
Inexiste previsão legal para suspensão da fluência de juros de mora se a decisão de primeira instância administrativa não for proferida no prazo de trezentos e sessenta dias da impugnação.
JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO.
É cabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício não paga no vencimento.
VOTO DE QUALIDADE. CANCELAMENTO DE MULTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
Não existe previsão legal para cancelamento de multa de ofício em caso de voto de qualidade.
CSLL. DECORRÊNCIA.
O decidido no julgamento do IRPJ se aplica à tributação dele decorrente.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2006
DILIGÊNCIA. BASE NEGATIVA DE CSLL. COMPENSAÇÃO. PERÍODOS ANTERIORES.
A alteração do ajuste de preços de transferência do ano-calendário 2004, verificada em procedimento fiscal de diligência, implica a alteração do lançamento da CSLL, do ano-calendário 2006, efetivado em razão de excesso de compensação de base negativa de CSLL de períodos anteriores.
Numero da decisão: 1402-003.339
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos i) rejeitar as argüições de nulidade por cerceamento de defesa; ii) afastar o pleito da recorrente para aplicação, nos casos de empate no julgamento, do artigo 112 do CTN; e, iii) negar provimento ao recurso de ofício, mantendo, nesta parte, a decisão recorrida;. por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário acerca das alegações de, i) ilegalidade da IN nº 243/2002; ii) indevida inclusão, na base de cálculo do preço de transferência, dos itens fretes, seguros e impostos aduaneiros; iii) ilegalidade da PLR ponderada; e, iv) aproveitamento da base de cálculo negativa acumulada de CSLL, vencidos o Relator e os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor em relação às matérias decididas por voto de qualidade, o Conselheiro Evandro Correa Dias.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
(assinado digitalmente)
Evandro Correa Dias - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio César Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Paulo Mateus Ciccone (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2004 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. É válido o auto de infração lavrado por autoridade competente, em consonância com a legislação de regência. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. PONDERAÇÃO. É válido o cálculo do preço parâmetro ponderado, na hipótese de aplicação das duas modalidades de cálculo do método do Preço de Revenda Menos Lucro - PRL. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MUDANÇA DE MÉTODO. IMPOSSIBILIDADE. Iniciado o procedimento fiscal, o interessado não pode alterar o método utilizado na DIPJ para determinação dos ajustes decorrentes de preços de transferência. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO ELEITO. ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O método do preço de transferência não pode ser alterado em sede de julgamento. MÉTODO PRL. FRETE, SEGURO E IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. No método PRL, o frete e o seguro, cujos ônus tenham sido do importador, e os tributos incidentes na importação integram o cálculo do preço praticado. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTE DE CÁLCULOS. Não apontados erros nos ajustes efetuados pela fiscalização no cálculo dos preços de transferência, a exigência deve ser mantida. JUROS. CESSAÇÃO DE EFEITOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste previsão legal para suspensão da fluência de juros de mora se a decisão de primeira instância administrativa não for proferida no prazo de trezentos e sessenta dias da impugnação. JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. É cabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício não paga no vencimento. VOTO DE QUALIDADE. CANCELAMENTO DE MULTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não existe previsão legal para cancelamento de multa de ofício em caso de voto de qualidade. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido no julgamento do IRPJ se aplica à tributação dele decorrente. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2006 DILIGÊNCIA. BASE NEGATIVA DE CSLL. COMPENSAÇÃO. PERÍODOS ANTERIORES. A alteração do ajuste de preços de transferência do ano-calendário 2004, verificada em procedimento fiscal de diligência, implica a alteração do lançamento da CSLL, do ano-calendário 2006, efetivado em razão de excesso de compensação de base negativa de CSLL de períodos anteriores.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos i) rejeitar as argüições de nulidade por cerceamento de defesa; ii) afastar o pleito da recorrente para aplicação, nos casos de empate no julgamento, do artigo 112 do CTN; e, iii) negar provimento ao recurso de ofício, mantendo, nesta parte, a decisão recorrida;. por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário acerca das alegações de, i) ilegalidade da IN nº 243/2002; ii) indevida inclusão, na base de cálculo do preço de transferência, dos itens fretes, seguros e impostos aduaneiros; iii) ilegalidade da PLR ponderada; e, iv) aproveitamento da base de cálculo negativa acumulada de CSLL, vencidos o Relator e os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor em relação às matérias decididas por voto de qualidade, o Conselheiro Evandro Correa Dias. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias - Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio César Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Paulo Mateus Ciccone (Presidente).
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. É válido o auto de infração lavrado por autoridade competente, em consonância com a legislação de regência. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. PONDERAÇÃO. É válido o cálculo do preço parâmetro ponderado, na hipótese de aplicação das duas modalidades de cálculo do método do Preço de Revenda Menos Lucro PRL. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MUDANÇA DE MÉTODO. IMPOSSIBILIDADE. Iniciado o procedimento fiscal, o interessado não pode alterar o método utilizado na DIPJ para determinação dos ajustes decorrentes de preços de transferência. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO ELEITO. ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O método do preço de transferência não pode ser alterado em sede de julgamento. MÉTODO PRL. FRETE, SEGURO E IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. No método PRL, o frete e o seguro, cujos ônus tenham sido do importador, e os tributos incidentes na importação integram o cálculo do preço praticado. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTE DE CÁLCULOS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 00 00 52 /2 00 9- 05 Fl. 2593DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.594 2 Não apontados erros nos ajustes efetuados pela fiscalização no cálculo dos preços de transferência, a exigência deve ser mantida. JUROS. CESSAÇÃO DE EFEITOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste previsão legal para suspensão da fluência de juros de mora se a decisão de primeira instância administrativa não for proferida no prazo de trezentos e sessenta dias da impugnação. JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. É cabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício não paga no vencimento. VOTO DE QUALIDADE. CANCELAMENTO DE MULTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não existe previsão legal para cancelamento de multa de ofício em caso de voto de qualidade. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido no julgamento do IRPJ se aplica à tributação dele decorrente. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2006 DILIGÊNCIA. BASE NEGATIVA DE CSLL. COMPENSAÇÃO. PERÍODOS ANTERIORES. A alteração do ajuste de preços de transferência do anocalendário 2004, verificada em procedimento fiscal de diligência, implica a alteração do lançamento da CSLL, do anocalendário 2006, efetivado em razão de excesso de compensação de base negativa de CSLL de períodos anteriores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos i) rejeitar as argüições de nulidade por cerceamento de defesa; ii) afastar o pleito da recorrente para aplicação, nos casos de empate no julgamento, do artigo 112 do CTN; e, iii) negar provimento ao recurso de ofício, mantendo, nesta parte, a decisão recorrida;. por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário acerca das alegações de, i) ilegalidade da IN nº 243/2002; ii) indevida inclusão, na base de cálculo do preço de transferência, dos itens fretes, seguros e impostos aduaneiros; iii) ilegalidade da PLR ponderada; e, iv) aproveitamento da base de cálculo negativa acumulada de CSLL, vencidos o Relator e os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor em relação às matérias decididas por voto de qualidade, o Conselheiro Evandro Correa Dias. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente. Fl. 2594DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.595 3 (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio César Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). Fl. 2595DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.596 4 Relatório Tratase de julgamento de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário interposto face v. acórdão da DRJ que julgou parcialmente procedente a defesa da Recorrente. O presente processo tem por objeto Autos de Infração de IRPJ e CSLL, decorrentes de ajustes de preços de transferência de produtos importados de empresas vinculadas, referentes ao anocalendário 2004, bem como Auto de Infração de CSLL, relativo ao anocalendário 2006, em razão de compensação indevida de base de cálculo negativa de CSLL de períodos anteriores. O Auto de Infração do anocalendário de 2004 foi lavrado devido a fiscalização não concordar com o valor do ajuste feito pela contribuinte utilizando os métodos PRL (83 produtos) e para alguns produtos o PIC (11 produtos) e o refez nos termos da IN 243/02 aplicando o método PRL60 e para alguns produtos que eram tanto para revenda, como também foram aplicados na produção, adotou a média ponderada entre o PRL60 e PRL20. O Auto de Infração do anocalendário de 2006 referente a compensação indevida de base de cálculo negativa de CSLL de períodos anteriores, foi lavrado por ter a Fiscalizada compensado R$ 2.525.634,94, porém, devido à alteração da base de cálculo da CSLL, do anocalendário 2004, em razão de ajuste a título de preços de transferência, o saldo remanescente compensável, para o anocalendário 2006, importou em R$ 330.336.27, implicando excesso de compensação de R$ 2.195.300,67, como valor tributável. Os resultados das alterações nos prejuízos fiscais e nas bases negativas da CSLL constam de demonstrativos, relatórios e formulários FAPLI/FACS, às fls. 1649/1654 (numeração digital). Após o oferecimento da impugnação, a DRJ decidiu o seguinte: Após a conversão do julgamento da impugnação em diligência, DRJ cancelou a exigência relativa a 11 produtos cujo ajuste do preço de transferência foi feito pelo método PIC e as respectivas planilhas foram entregues ao Auditor Fiscal durante a fiscalização. Também foi acolhido o requerimento da contribuinte relativo a pretensão de abater dos créditos constituídos de IRPJ e CSLL no Auto de Infração do anocalendário 2004, com os débitos compensados, de R$ 104.300,60 códigos 2362 (IRPJ) e R$ 38.471,53 2484 (CSLL), por meio de PER/DCOMP. A contribuinte alegou que em 2006 realizou ajustes de preços de transferência referentes aos anos calendários 2002, 2003 e 2004, e compensou, por meio de PER/DCOMP, os valores devidos, a tal título, de IRPJ e CSLL que não tinham sido oferecidos a tributação relativos a estimativas. Ou seja, em 24/07/2006, efetuou, antes de qualquer procedimento de fiscalização, a compensação dos referidos débitos por meio do programa PER/DCOMP. Fl. 2596DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.597 5 Tais débitos de IRPJ e CSLL compensados pela contribuinte, considerando se somente o principal, perfazem o montante de R$ 104.300,60 (IRPJ) e R$ 38.471,53 (CSLL), respectivamente, os quais foram aceitos pela DRJ quando do julgamento da impugnação, reduzindo a base tributável do Auto de Infração do anocalendário de 2006. Sendo que ambas matérias foram recorridas de ofício pela DRJ. Em relação ao restante das alegações, resumidamente, a DRJ afastou a preliminar de falta de motivação relativa ao ajuste feito pela fiscalização pelo método PRL60 e sobre a média ponderada entre o PRL20 e PRL60. Afastou as alegações da contribuinte de ilegalidade da IN 243/02 para o método PRL60 e a da impossibilidade da inclusão do valor relativo ao frete, seguro e impostos incidentes na importação no cálculo do preço praticado. O v. acórdão não tratou de alegação relativa ao juros e a multa, feitas apenas em sede de Recurso Voluntário. A DRJ decidiu pelo não provimento da impugnação e registrou a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 IRPJ. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. PREÇO PRATICADO. FRETE. SEGURO. TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. De acordo com as normas que regem o método PLRPreço de Revenda menos Lucro, incluemse, no preço praticado, o valor do frete e do seguro cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação MÉTODO PRL. PRODUTO IMPORTADO. REVENDA. UTILIZAÇÃO NA PRODUÇÃO. VALOR AGREGADO NO PAÍS. No método PRL, a previsão de cálculos diferentes (PRL20 e PRL60) para a obtenção do preço parâmetro de produto importado, não caracteriza a existência de dois métodos, mas de um só método, que objetiva, na hipótese de o produto importado não ser utilizado para revenda, e sim na produção, eliminar do cálculo os efeitos do valor agregado no país. MÉTODO PRL. PRODUTO UTILIZADO PARA REVENDA E NA PRODUÇÃO. Tratandose de produto importado, que é utilizado tanto para revenda quanto na produção, o preço parâmetro é o preço parâmetro médio ponderado em função das Fl. 2597DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.598 6 quantidades revendidas (PRL20) e das quantidades utilizadas na produção (PRL60). DILIGÊNCIA.MÉTODO PIC. AJUSTE. Constatado, em procedimento de diligência fiscal, que o método PIC apresentado, para 11 itens, atende à legislação tributária, devese alterar o ajuste que, originalmente, foi calculado com fundamento no método PLR, bem como o imposto e a contribuição devida para o anocalendário 2004. COMPENSAÇÃO. DÉBITO DE ESTIMATIVA. APROVEITAMENTO. Comprovado nos autos que a Impugnante compensou estimativas de IRPJ e de CSLL, a título de ajuste de preços de transferência para o anocalendário 2004 e que tais valores não foram deduzidos do imposto e da contribuição devida, apurados em 31 de dezembro de 2004, conforme DIPJ 2005/2004, e, ainda, que referidas compensações encontramse homologadas pela Autoridade Administrativa, devese aproveitar os valores compensados nos lançamentos tributários pertinentes ao anocalendário 2004. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica se à tributação da CSLL, decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2006 DILIGÊNCIA. BASE NEGATIVA DE CSLL. COMPENSAÇÃO. PERÍODOS ANTERIORES. A alteração do ajuste de preços de transferência do ano calendário 2004, verificada em procedimento fiscal de diligência, implica a alteração do lançamento da CSLL, do ano calendário 2006, efetivado em razão de excesso de compensação de base negativa de CSLL de períodos anteriores. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 NULIDADE Tratandose de processo administrativo fiscal federal, a nulidade do lançamento tributário só se verifica quando o Auto de Infração é lavrado por agente incompetente. Fl. 2598DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.599 7 As demais irregularidades devem ser sanadas quando trouxerem prejuízo ao sujeito passivo, ou dispensam qualquer providência da Autoridade Julgadora quando não influam na solução do litígio. ALEGAÇÕES GENÉRICAS Salvo em situações incomuns, alegações genéricas, como a de que os cálculos são incompreensíveis, não podem ser aceitas como vício do lançamento, dado que é ônus da Impugnante apontar, com precisão, eventuais erros ou inconsistências. NORMAS COMPLEMENTARES. INSTRUÇÃO NORMATIVA. De acordo com o CTN, as instruções normativas, expedidas pela RFB, são normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos, razão pela qual devem ser observadas tanto pela administração tributária quanto pelo sujeito passivo. Não cabe ao julgador administrativo afastar disposições de instrução normativa que vigia à época dos fatos geradores. A mera discordância com a interpretação dada aos comandos legais não se enquadra como vício do lançamento. DILIGÊNCIA Independentemente de requerimento do impugnante, a autoridade julgadora deve determinar, quando entendêla necessária, a realização de diligência, dandose ciência do resultado ao sujeito passivo, com abertura do prazo legal para manifestação acerca das questões tratadas no procedimento. Esclarecidas as questões que foram objeto de diligência e tendo a Impugnante manifestado sua discordância, em parte, com as conclusões da Autoridade Lançadora, o processo passa a reunir todas as condições para ser julgado. PRODUÇÃO DE PROVAS APÓS O PRAZO DE IMPUGNAÇÃO. O momento adequado para a produção de provas dáse dentro do prazo de impugnação, exceção feita às situações previstas nas normas que regem o contencioso administrativo. INTIMAÇÕES. VIA POSTAL. MEIO ELETRÔNICO As intimações, quando feitas por via postal ou meio eletrônico, devem ser encaminhadas para o domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 2599DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.600 8 Inconformada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário repisando os argumentos postos na impugnação e junto aos autos Laudo Técnico visando demonstrar os erros cometidos no cálculo da fiscalização. O Laudo Técnico elaborado pela KPMG fez o recalculou dos preços parâmetros das borrachas E045, TA062, TA062, TA077, TA091, TA012 e TA039 pelo método PIC. É o relatório. Fl. 2600DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.601 9 Voto Vencido Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator Recurso de Ofício: O Recurso de Ofício tratará sobre o cancelamento da exigência relativa ao ajuste do preço de transferência dos 11 (onze) produtos cujos o cálculo foi feito pelo método PIC e foi aceito pela fiscalização após a conversão do julgamento da impugnação em diligência, bem como sobre a compensação feita em períodos anteriores por meio de PER/DCOMP, que reduziram a base tributável do Auto de Infração do anocalendário de 2006 relativo a glosa de crédito oriunda da base de cálculo negativa de CSLL de períodos anteriores. Em relação ao crédito que foram acolhidos pela DRJ referentes ao ajuste do preço de transferência dos 11 (onze) produtos cujos a Recorrida aplicou o método PIC, entendo que o v. acórdão deve ser mantido nesta parte, mantendo o cancelamento dos respectivos créditos, eis que após a própria fiscalização ter concordado com os cálculos feitos e apresentados pela contribuinte, conforme apontado na Resposta à Diligência de fls. , não restava alternativa para a DRJ senão aplicar o previsto nos parágrafos quarto e quinto do artigo 18 da Lei 9.430/96, que determina que seja aplicado o método mais benéfico ao Fiscalizado. Desta forma, voto por manter negar provimento ao Recuso de Ofício em relação a este ponto, mantendo o cancelamento da exigência relativa ao ajuste do preço de transferência dos 11 produtos onde foi aplicado o método PIC. Em relação a decisão da DRJ no sentido de acolher e abater da base tributável do Auto de Infração que trata da glosa de excesso de base de cálculo negativa de CSLL (ano calendário de 2006), os valores compensados por meio de PER/DCOMPs no importe de R$ de IRPJ e R$ de CSLL , entendo que também deve ser mantida, eis que conforme muito bem apontado no v. acórdão recorrido, o conteúdo probatório dos autos indica que restou comprovado o direito pleiteado, tanto em relação aos erros que cometeu pela Recorrida ao informar na declaração de compensação códigos errados de estimativa mensal (códigos 2362 e 2484), bem como ao não proceder à retificação da DIPJ e da DCTF, pelas seguintes razões: 74.1. o resultado dos ajustes apresentados na planilha, às fls. 1005/1011, totalizam R$ 431.461,47 (356.246,54 + 75.214,93), importância que é compatível com os débitos compensados de estimativas de IRPJ e CSLL ( R$ 104.300,10 e R$ 38.471,53); 74.2. o livro Diário, referente ao anocalendário 2006 (cópia às fls. 1068/1070), registra a transferência de despesas, a título de preço de transferência, para duas divisões da empresa, nos Fl. 2601DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.602 10 valores de R$ 172.197,02 (NI 115/06) e R$ 1.004.607,74 (NI 114/06), totalizando R$ 1.176.804,76; 74.3. o quadro abaixo mostra a soma dos valores compensados, com acréscimos legais (PER/DCOMP): [...] fls. 30 do v. acórdão recorrido 74.4. o valor, de R$ 34.422,79, informado, no corpo da nota intracompanhias NI 114/06 (fl. 1.071), a título de ajuste de preço de transferência do anocalendário 2004, quando somado ao valor, de R$ 172.197,02, registrado no Livro Diário (fls. 1068/1070), como correspondente à NI 115/06, resulta na importância, de R$ 206,619,81, que é igual ao total de débitos compensados, decorrentes de ajustes relativos ao anocalendário 2004, fato este que demonstra existir coerência entre as alegações da Impugnante e as provas que ela apresenta; 74.5. a afirmação da Impugnante, de que não utilizou os débitos compensados de estimativa (2362 e 2484) como antecipação do IRPJ e da CSLL devidos em 31 de dezembro, é procedente, conforme se verifica nas fichas 11, 12A, 16 e 17 da DIPJ, sendo relevante frisar que as estimativas informadas nas fichas 11 e 16 são condizentes com as declaradas em DCTF, conforme pesquisas realizadas nos sistemas informatizados da RFB; 74.6. por outro lado, embora a Impugnante não tenha oferecido à tributação o ajuste que alega ter feito, os lançamentos tributários consubstanciados nos Autos de infração o fizeram; 74.7. Consulta, nos sistemas informatizados da RFB, aos dados dos processos 10882.720016/201179 (pedido de ressarcimento) e 10882.720820201581 (cobrança) mostra que o crédito, integralmente, deferido no processo 10882.720016/201179 foi compensado e os débitos declarados encontramse extintos por compensação, tendo o sujeito passivo tomado ciência do despacho, fato que se deu posteriormente ao Relatório de Diligência Fiscal. 75. Do ora exposto, concluise que, apesar do erros e omissões cometidos pela Impugnante não há, nos autos, nenhum motivo aparente que impeça o aproveitamento dos valores compensados de R$ 104.300,60 (principal ) e R$ 38.471,53 (principal), pelo contrário o que há é uma série de evidências apresentadas pela Impugnante que levam à conclusão de que as citadas compensações deramse, de fato, a título de ajuste de preços de transferência do anocalendário 2004. Assim, como restou comprovado nos autos o direito pleiteado, tanto em relação aos erros que cometeu ao informar na declaração de compensação códigos errados de estimativa mensal (códigos 2362 e 2484), bem como ao não proceder à retificação da DIPJ e da DCTF, pelas razões acima expostas, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício em relação a este parte do v. acórdão. Fl. 2602DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.603 11 Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício. Fl. 2603DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.604 12 Recurso Voluntário: O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria de competência desta Corte Administrativa e preenche todos os demais requisitos de admissibilidade previstos em lei, portanto, dele tomo conhecimento. 1 Preliminares: Nulidade do Auto de Infração por vício material, falta de motivação e cerceamento de defesa, devido ao fato de o trabalho fiscal carecer de clareza e precisão dos motivos pelos quais os cálculos do preçopraticado e preço parâmetro não foram aceitos, bem como a falta de demonstração no Termo de Verificação Fiscal passível de se compreender a divergência entre os cálculos da Recorrente e os que fundamentaram os ajustes feitos pela fiscalização quando utilizou o PRL60 e a média ponderada entre o PRL20 e o PRL60. Tais alegações do nulidade do trabalho fiscal não devem ser acolhidas, eis que a Recorrente ofereceu defesa e interpôs recurso demonstrando que entendeu muito bem a acusação, apresentando argumentos pormenorizados para tentar elidir o Auto de Infração, afastando a ocorrência de cerceamento de defesa. Além do mais os documentos que instruem os Autos de Infração mostram que toda a legislação pertinente foi citada, ou mesmo transcrita, enquanto que as planilhas de cálculo trazem, produto a produto, todos os elementos essenciais que compõem o cálculo dos ajustes, os quais foram fornecidos pela Recorrente. Ademais, na forma do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, apenas são nulos os atos praticados por autoridade incompetente, conforme determina o art.59. Assim, como os Autos de Infração foram lavrados por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, cuja autoridade a Recorrente não contesta, não verifico nulidade do Auto de Infração. Ademais, a mera discordância com a interpretação dada pela RFB aos dispositivos legais da IN 243/02 que determinam as formas de cálculo de preços de transferência também não se enquadra como vício, mas apenas denotam que a matéria é controvertida e necessita ser decidida pela Turma de Julgamento. Não obstante as considerações, acima, é fato que o processo foi enviado em diligência para que se esclarecesse, primordialmente, duas questões levantadas pela Recorrente em sede de impugnação, quais sejam, a desconsideração do método PIC, para 11 itens, e o não aproveitamento de valores compensados a título de ajuste de preços de transferência que não foram informados em DIPJ e DCTF, ao passo que, na declaração de compensação (PER/DCOMP), o equívoco residiria na informação dos códigos de receita (2362 e 2484). A Fiscalização aceitou o método PIC para os 11 itens e elaborou demonstrativo de cálculo das alterações, o qual foi desde logo apresentado à Recorrente, por meio do documento Termo de Início de Diligência Fiscal. Fl. 2604DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.605 13 Quanto ao aproveitamento dos valores compensados, a Recorrente foi intimada a prestar esclarecimentos e a apresentar documentos, todavia, a Autoridade Fiscal, ao apreciar as alegações e provas trazidas aos autos concluiu, motivadamente, por não alterar o lançamento original. Tendo a Recorrente tomado ciência do resultado da diligência e, dentro do prazo legal, terse manifestado sobre as questões nela tratadas, concordando, em parte, com as conclusões da Autoridade Lançadora, não restam dúvidas de que o processo passou a reunir todas as condições para ser julgado, não havendo que se falar em cerceamento de defesa ou qualquer outro vício a necessitar outro tipo de providência. De resto, entendo que as outras possíveis nulidade alegadas serão analisadas com o mérito. 2 Da ilegalidade da IN 243/02 em relação ao PRL 60: Em relação a alegada ilegalidade da IN 243/02, relativamente a inovação ao cálculo do PRL60, está C. Turma já analisou e julgou diversas vezes esta matéria, onde dentre os diversos entendimentos apresentados, me filiei ao exposto no voto do D. Conselheiro Lucas Bevilacqua no processo 10283.720775/201433 , o qual colaciono abaixo. Vejamos. As normas de preço de transferência foram introduzidas no direito nacional pela Lei 9.430/96, segundo Paulo Ayres Barreto e Caio Augusto Takano como norma antielisiva específica, para evitar a manipulação artificial de resultados por intermédio de operações internacionais celebradas por partes relacionadas, permitindo que a tributação de empresas transnacionais se dê em conformidade com a sua capacidade contributiva. . A norma, pois, deve ser interpretada e aplicada buscando garantir a tributação adequada de uma operação entre partes vinculadas que poderia, em hipótese, ser realizada fora dos padrões do mercado. Seu objetivo não é aumentar a arrecadação artificialmente, mas garantir a arrecadação nos liames da lei. A polêmica aqui enfrentada é a dissonância que existe a Lei 9.430/96 e a IN 243/02, relativa à bens aplicados à produção, na medida em que esta utiliza critérios de proporcionalidade e isolamento do preço líquido de venda. A mera comparação entre os dispositivos já revela que a IN acabou ultrapassando seus limites normativos, vejamos: Art. 18, II, “d”, 1 da Lei 9.430/96 Art. 12, §11, IN 243/02 II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a Fl. 2605DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.606 14 d) da margem de lucro de: (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido" , calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido" , calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. O efeito da alteração teve alto impacto na fórmula, como apontado em declaração de voto nos autos do Processo Administrativo n. 16561.720068/201154, Acórdão n.º 9101.002.323, que peço vênia para transcrição adotandoa como razões de decidir: O inciso II do art. 18 da Lei n. 9.430/96, conforme a sua redação mantida entre 2000 e 2012 por força da Lei n. 9.959/2000, prescrevia de forma imediata a adoção da seguinte fórmula para o cálculo do preço parâmetro, para fins de possíveis ajustes no cálculo do IRPJ e da CSL: PP = PR – L L = 60% (PR − VA) Em que: PP à preço parâmetro, preço arm’s lenght. PR à preço de revenda líquido. VA à valor agregado na produção nacional Fl. 2606DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.607 15 L à lucro Considerando o conhecido valor líquido da operação de revenda (PR) e a margem de lucro (L) apurada conforme a fórmula legal, determinase o preço parâmetro (PP), que será o valor limite para que o correspondente bem, serviço ou direito importado de parte vinculada seja dedutível da base de cálculo do IRPJ ou da CSL. Notese que cada um desses fatores possui uma função determinante na fórmula prescrita no art. 18. II, da Lei n. 9.430/96, o que evidencia a decisão consciente do legislador ordinário ao enunciar a Lei n. 9.959/2000, sendo relevante destacar que: quanto maior o valor agregado no Brasil (“VA”), menor será “L” (lucro). Como o lucro deverá ser subtraído do preço de revenda (“PR”) para a composição preço parâmetro (“PP”), quanto menor “L”, maior será “PP”. E , quanto maior “L” e, portanto, o lucro tributável, menor será o “PP”. Para a composição de “L”, o percentual de 60%, adotado pelo legislador ordinário para o cálculo do PLR, deveria ser aplicado sobre a totalidade do preço de venda do bem ao qual tenha sido agregado o insumo importado e sujeito ao controle dos preços de transferência. Nesse seguir, quanto maior for o preço parâmetro (“PP”), mais liberdade terá o contribuinte para negociar com a empresa fornecedora (relacionada) sem o controle da administração tributária dos preços de transferência. Quanto maior for “PP”, menor serão as chances do contribuinte necessitar realizar ajustes nas bases de cálculo do IRPJ e da CSL para adicionar parcelas dos custos de bens, serviços e direitos que, por ultrapassar o preço parâmetro, passam a ser indedutíveis. Essa fórmula foi acatada pela administração fiscal tanto na IN 113/2000 quanto na IN 32/2001, (vide tópico “1”, acima) e encontrou justificativas por diferentes perspectivas, a saber: Equilíbrio: A adoção de uma margem de lucro de elevada, de 60%, seria balanceada pela subtração do valor agregado no Brasil dessa base; Indução: positiva. O legislador ordinário teria aliado o controle de preços de transferência com medidas indutoras de comportamento e de incentivo à produção nacional, de forma que: quanto maior for a agregação de valor no Brasil, maior será o preçoparâmetro e, consequentemente, menor será o ajuste na base de cálculo do IRPJ e da CSL. A referida fórmula estabelecida pela Lei n. 9.959/2000 foi submetida a críticas, em especial por não considerar a proporção do insumo importado de parte vinculada aplicada ao bem produzido no Brasil. Como se evidenciou no tópico “1”, acima, o legislador ordinário apenas realizou uma reforma legal Fl. 2607DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.608 16 para incorporar essa “melhoria” em 2012, com a edição da Lei n. 12.715. Por sua vez, em 2002, a IN 243 indicou a necessidade da adoção de uma outra fórmula para o cálculo do PRL60, diferente daquela que até então se compreendia a correta decorrência da Lei n. 9.959/2000. Tornouse notório o “Estudo comparativo dos normativos da legislação brasileira para o cálculo do preço parâmetro de bem importado usado em produção”, elaborado por VLADIMIR BELITSKY, “Ph.D em Matemática Aplicada pelo Instituto Tecnológico de Israel, Professor Associado do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo, USP”. O referido estudo abstrai a seguinte fórmula da IN 243/2002: Como se pode observar, a fórmula indicada pela IN 243/2002 alterou fatores na fórmula abstraída dos enunciados prescritivos do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96 e pela IN 32/2001. Supõese que a intenção da SRF seria possibilitar a verificação da proporcionalidade do insumo importado agregado à produção nacional, pois isso não teria sido contemplado pelo legislador. A partir da publicação da IN 243/2002, sem que nenhuma alteração legal tenha sido realizada, a PFN também passou a sustentar que o art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, possibilitaria a construção de uma segunda fórmula, diversa daquela que até então seria de aceitação geral: PP = PR − L − VA L = 60% PR A fórmula da IN 243/2002, conforme alegado, expressaria com maior clareza e, ainda, imprimiria melhorias a essa segunda fórmula que supostamente seria possível abstrair do texto do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96. Conforme a fórmula que se abstrai imediatamente da Lei n. 9.430/96, com as alterações introduzidas pela Lei n. 9.959/2000, na linha do que indicava a IN n. 32/2001, o percentual de 60% deve ser aplicado sobre a totalidade do preço de venda do bem ao qual o insumo importado tenha sido agregado. Já a “segunda fórmula”, que supostamente fundamentaria a IN 243/2002, estabeleceria que a margem de lucro de 60% deveria incidir apenas sobre a parte do preço líquido de venda do produto referente à participação do bem, serviço ou direito importados: Fl. 2608DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.609 17 o percentual legal em questão seria aplicável tão somente sobre a parcela do preço líquido de venda proporcional ao custo do bem importado. Conforme o citado estudo elaborado pelo Prof. Dr. VLADIMIR BELITSKY, in verbis: “Constatação 4. O cálculo de PP segundo a fórmula da IN 243 pode ser visto como um procedimento de duas etapas consecutivas, sendo que: (i) a primeira etapa baseiase, plena e exclusivamente, no princípio da proporcionalidade em participação ao lucro; e (ii) a segunda baseiase, plena e exclusivamente, no postulado de que a margem de lucro em cima de bem importado é de 60%”. O quadro a seguir procura sistematizar algumas características das normas, a fim de evidenciar a diferença entre elas: Um exemplo poderá tornar mais clara a distinção entre essas duas fórmulas. Para tanto, considerese que um determinado produto, produzido no Brasil a partir de insumos nacionais e outros importados de partes vinculadas, seja vendido por R$ 100,00 (ou seja, PR =100,00) e que o valor agregado no Brasil seja de R$ 50,00 (ou seja, VA = 50,00). Aplicandose as duas fórmulas, chegaremos a resultados muito distintos: A função de tais fórmulas é determinar se deverá ser realizado ajuste na base de cálculo do IRPJ e da CSL. Se o custo do bem, serviço ou direito importado de parte vinculada for superior aos valores em questão, a parcela excedente deverá ser adicionada à base de cálculo do IRPJ e da CSL, pois não seria considerada dedutível. O exemplo demonstra que as referidas fórmulas conduzem a preços parâmetro muito distintos, de forma as operações consideradas arm’s length, conforme a primeira fórmula, seriam aquelas praticadas até o limite de “R$ 70,00”, Fl. 2609DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.610 18 enquanto que, para a segunda fórmula, possivelmente todas as importações estariam sujeitas a ajustes, pois o valor resultante como “PP” seria negativo, qual seja, “R$ 10,00”, como se o importador pudesse, em condições de mercado, deixar de pagar pelos bens, serviços ou direitos e, ainda, receber troco. A doutrina há tempos denuncia essa divergência entre a IN 243/2002 e a Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00, como se observa da análise de LUÍS EDUARDO SCHOUERI, em obra de referência sobre o tema dos preços de transferência: “7.8.2.2. A diferença pode ser explicada pelos seguintes motivos: Cálculo da ‘margem de lucro’: a divergência dos resultados da Lei n. 9.959/00 e da IN n. 243/02 decorre, em parte, porque a Lei, ao prescrever a fórmula de cálculo da ‘margem de lucro’, determina que o percentual de 60% incida sobre o valor integral do preço líquido de venda do produto diminuído do valor agregado no país. Já a Instrução Normativa, para o cálculo da mesma ‘margem de lucro’, determina que o percentual de 60% seja calculado apenas sobre a parcela do preço líquido de venda do produto referente à participação dos bens, serviços ou direitos importados, atingindo um resultado invariavelmente menor. Atua assim a IN n. 243/02 de forma inovadora e em flagrante excesso à Lei. Cálculo do ‘preçoparâmetro’: a expressão ‘preçoparâmetro’ é utilizada na legislação dos preços de transferência para denominar o preço obtido através do cálculo de um dos métodos prescritos e com o qual se deverá comparar o preço efetivamente praticado entre as partes relacionadas, na transação denominada ‘controlada’. O ‘preçoparâmetro’ é obtido de forma diversa na Lei n. 9.959/00 e na IN n. 243/02. Enquanto na Lei o limite do preço é estabelecido tomandose por base a totalidade do preço líquido de venda, a Instrução Normativa pretende que o limite seja estabelecido a partir, apenas, do percentual da parcela dos restringir o resultado almejado pelo legislador.” O efeito prático recebeu inúmeras críticas da doutrina especializada, por todos, as lições de Schoueri: (...) Chega a pasmar o resultado da aplicação da fórmula previsa na IN/SRF n.243/2002 para o método PRL com margem de 60%. A ser correta a interpretação do Fisco, exigirseia, na realidade, que o contribuinte tenha uma desproporcional margem de lucro de 150%, em qualquer hipótese.O raciocínio matemático é imediato: para um produto vendido a 100, com lucro de 60, o custo é de 40. Ora, nesse caso, o lucro (60) é de 150% sobre o custo (40). Fl. 2610DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.611 19 Claro que a tal absurdo não chegaria o legislador.Ao contrário,como mencionado, a Lei 9.430/1996 jamais pretendeu desestimular a industrialização local. Como visto, quanto maior o valor agregado ao bem produzido no País, tanto menos será a margem de lucro exigida. O próprio Poder Judiciário já tem afastado a aplicação da IN 243 ante sua afronta à legalidade tributária: TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTAÇÃO EM TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS VINCULADAS. METODOLOGIA DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL. IN Nº 243/2002. ILEGALIDADE. RECURSO PROVIDO. Tratandose de transações internacionais entre pessoas jurídicas vinculadas, a tributação dáse através do conceito "preço de transferência", sob a metodologia, no caso da impetrante, do "Preço de Revenda menos Lucro" (art. 18 da Lei nº 9.430/1996). À guisa de complementar a disposição legal regente do assunto, sobrevieram instruções normativas da Secretaria da Receita Federal, incluindo a de nº 243/2002, que extrapolou o poder regulamentar que lhe é imanente, daí se avistando ofensa ao princípio da reserva da lei formal. Necessidade de se garantir à impetrante a utilização dos critérios de apuração do preço de transferência pelo método PRL, conforme art. 18 da Lei nº 9.430/1996, afastadas as alterações trazidas pela IN nº 243/2002. Recurso provido. (TRF 3ª Região, TERCEIRA TURMA, AMS APELAÇÃO CÍVEL 316016 003404852.2007.4.03.6100, Rel. JUIZ CONVOCADO ROBERTO JEUKEN, julgado em 19/08/2010, e DJF3 Judicial 1 DATA:13/09/2010 PÁGINA: 257) Por último oportuna se faz transcrição da ementa de julgado proferido também pelo TRF 3 no mesmo sentido, vejamos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ILEGITIMIDADE DA AUTORIDADE COATORA INDEVIDAMENTE SUBSTITUÍDA, APÓS AS INFORMAÇÕES DA AUTORIDADE CORRETA. POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO, NO CASO DOS AUTOS. MAJORAÇÃO DO IR E DA CSL POR FORÇA DA MODIFICAÇÃO DA FORMA DE CÁLCULO DO PREÇO DE TRANSFERÊNCIA UTILIZADO EM OPERAÇÕES COM Fl. 2611DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.612 20 PESSOAS VINCULADAS NO EXTERIOR, CONSOANTE REGULAMENTAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA DA SRF 243/02. AFRONTA À PREVISÃO LEGAL RECONHECIDA. (TRF 3ª Região,APELAÇÃO CÍVEL Nº 0028202 25.2005.4.03.6100/SP Nessa perspectiva, muito embora os respeitáveis entendimentos contrários, voto pela ilegalidade da IN 243/02 dado que ultrapassados os limites normativos. Assim, conforme pode se verificar dos excertos colacionado no voto proferido pelo D. Conselheiro, tanto a doutrina, como a jurisprudência concordam que a IN 243/02 altera a forma pela qual o cálculo do ajuste do preço de transferência é feito quando utilizado o método PRL60, não restando dúvida que a norma em analise encontrase eivada de ilegalidade, eis que não se pode admitir que uma Instrução Normativa, ato administrativo ou norma infralegal (norma complementar emanada pela Administração Pública sem chancela do Congresso Nacional ou do Presidente da República), que, no caso, tem condão de esclarecer entendimento da Secretaria da Receita Federal em relação a pontos da legislação, modifique a forma e o método determinado na lei específica que regulamenta o preço de transferência. Aliás, a simples comparação entre o texto da Lei 9.430/1996, com a redação da Lei 9.959/2000, e o texto da Instrução Normativa SRF 243/2002, já comprova a diferença de metodologia de cálculo. Com efeito, o art. 12 da Instrução Normativa SRF 243/2002 criou novo critério para apuração do Preço de Transferência pelo método PRL 60%, incluindo na fórmula: (1) o percentual de participação dos bens importados no custo total do bem produzido e (2) a participação dos bens importados no preço de venda do bem produzido como fatores determinantes da margem de lucro e do preço parâmetro, e (3) excluindo o valor agregado no País e a margem de lucro de 60%, anteriormente calculada sobre o preço líquido de venda subtraído o valor agregado no País. Contudo, nos termos do inciso II do art. 18 da Lei 9.430/1996, com a redação da Lei 9.959/2000: (a) não havia previsão legal para excluir o valor agregado no País no cálculo do preço parâmetro (o valor agregado no País deveria ser subtraído do preço líquido de venda apenas para fins de cálculo da margem de lucro correspondente a 60%); e (b) também não havia qualquer menção ao percentual de participação dos bens importados no custo total do bem produzido e participação dos bens importados no preço de venda do bem produzido como fatores determinantes da margem de lucro e do preço parâmetro. Assim, conforme demonstrado acima, a IN 243/02 não altera apenas a forma de como deve ser feito o cálculo, mas também quando utilizada a formula de cálculo prevista na norma administrativa (IN), notase que acaba majorando o ajuste a ser feito no preço de transferência e, por conseqüência, altera a base tributável do IRPJ, o que não pode ser admitido por meio de Instrução Normativa, conforme determina o II e pelo §1º do art. 97 do CTN. Desta forma, conforme nitidamente demonstrado acima, voto para acolher a alegação de ilegalidade da IN 243/02 por afronta ao princípio da estrita legalidade e afastar a Fl. 2612DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.613 21 exigência dos créditos dos quais o ajuste do preço de transferência utilizou para o calculo o método PRL60 nos termos da citada Instrução Normativa. 3 Da inclusão do frete, seguro e impostos aduaneiros no preço praticado (CIF + II) tanto para o método PRL 20 como para o PRL 60: E caso os argumentos acima não sejam acolhidos, ainda resta analisar a aplicação do método CIF + II utilizado pela fiscalização, ou seja, foi incluindo na base do ajuste o valor do frete, seguro e tributos sobre a importação, em que pese sua contratação com terceiros. Assim a matéria deste relativa a este tópico trata sobre a necessidade ou não da inclusão dos custos relativos a frete, seguro e impostos incidentes na importação no preço praticado para fins de comparação com o preço parâmetro apurado pelo método PRL20, visando apurar o ajuste do preço de transferência. No presente caso, entendo que os cálculos feitos pela Fiscalização devem ser retificados, eis que o Auditor Fiscal incluiu na base de cálculo o valor do frete, do seguro e dos impostos incidentes na importação, em que pesem terem sido contratados com terceiros. Ou seja, entendo que tais valores são custos efetivos do contribuinte que não foram pagos diretamente a pessoas vinculadas e, deste modo, não podem fazer parte do preço parâmetro. Explico. A finalidade para aplicação do preço de transferência surgiu da preocupação do Fisco ao verificar determinadas hipóteses de distribuição disfarçada do lucro em negócios realizados entre pessoas vinculadas em operações de importação e exportação. Assim foram criadas normas destinadas a evitar a transferência indireta dos lucros nas operações entre pessoas vinculadas, contendo a evasão fiscal. Tais normas, instituíram o método de comparação entre o preço efetivamente praticado no negócio realizado entre pessoas vinculadas com o denominado preço parâmetro, que serve de limitador dos custos de importação que podem ser deduzidos do lucro tributável na apuração do IRPJ e da CSLL. Para apurar o preço parâmetro de produtos importados, constam na legislação três métodos distintos, sendo eles: PIC (Preços Independentes Comparados); PRL (Preço de Revenda menos Lucro) e CPL (Custo de Produção mais Lucro), tendo cada um deles suas peculiaridades. Por conseguinte, cabe ao sujeito passivo optar pelo método que lhe for mais benéfico, nos termos dos §§ 4° e 5° da Lei n.° 9.430/96: “§ 4° Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado 0 disposto no parágrafo subseqüente. Fl. 2613DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.614 22 “§ 5° Se os valores apurados segundo os métodos mencionados neste artigo forem superiores ao de aquisição, constante dos respectivos documentos, a dedutibilidade fica limitada ao montante deste último. ” No presente caso, a Recorrente optou por calcular o preço parâmetro pelo método PRL (Preço de Revenda menos Lucro). Por seu turno, ao apurar o preço praticado o sujeito passivo não computou as despesas com frete, seguro e imposto de importação, aplicando o método FOB. Diferentemente, o Auditor Fiscal partiu da premissa para lavrar os Autos de Infração de que como no preço de revenda o contribuinte inclui todos os seus custos e que no cálculo do preço parâmetro pelo método PRL levase em consideração o preço de revenda, concluiu que na formação do preço parâmetro pelo método PRL estão embutidas as despesas com frete, seguro e imposto de importação, devendo o sujeito passivo incluílas no preço praticado. Desta feita, entende o Auditor Fiscal que, para que não haja distorções na comparação do preço parâmetro com o preço praticado, no cálculo deste último também devem ser computadas as despesas com frete, seguro e imposto de importação, mesmo que pagas a terceiros não vinculados. Todavia, tal entendimento não merece prosperar. Vejamos. Dispondo sobre o assunto o artigo 18 da Lei n° 9.430/96 que assim determina: "Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (grifos nossos) [...] Do artigo acima transcrito depreendese que a limitação na redução dos custos, despesas e encargos constantes dos documentos de importação ou de aquisição de bens somente se aplica nas “operações efetuadas com pessoa vinculada”. Na operação realizada pela Recorrente, verificase que o valor do frete e o valor do seguro são custos que foram pagos a terceiros com os quais ela não possui qualquer vinculo societário ou interesse econômico comum. Por seu turno, o imposto de importação foi pago diretamente à União Federal. Sendo assim, resta claro que tais custos não são manipuláveis pela importadora e pela empresa vinculada estrangeira. Corroborando com meu raciocínio, merece destaque a exposição de motivos da Lei n° 9.430/96, abaixo transcrita, onde demonstra que as circunstâncias fáticas que ensejaram a promulgação deste lei reside na preocupação de se evitar transferência de recursos para o exterior mediante a manipulação de preços praticados em operações com pessoas vinculadas: Fl. 2614DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.615 23 12. [...] “No caso específico, em conformidade com as regras adotadas nos países integrantes da OCDE, são propostas normas que possibilitam o controle dos denominados Preços de Transferência, deforma a evitar a prática, lesiva aos interesses nacionais, de transferência de recursos para o exterior, mediante a manipulação de preços pactuados nas importações ou exportações de bens, serviços e direitos, em operações com pessoas vinculadas, residentes ou domiciliados no exterior. " (Pedro Malan) (grifos acrescidos) Assim, face a exposição de motivos da lei, analisandose a finalidade da criação do preço de transferência, temse que o legislador buscou controlar os preços praticados nas operações de compra e venda e prestação de serviços entre partes relacionadas eis que, partilhando de interesses econômicos comuns, as partes poderiam, eventualmente, se utilizar de preços distintos daqueles usualmente praticados no mercado para, através de tais negociações, transferir rendimento tributável de um pais para outro. Como dito alhures, os valores do frete, seguro e imposto de importação são custos efetivos do contribuinte, que não foram pagos diretamente a pessoas vinculadas por se tratar de operações realizadas com transportadoras, seguradoras e com a própria União e, deste modo, não podem fazer parte do preço parâmetro. Assim, para se apurar o preço praticado devese levar em conta o valor FOB da operação e não o valor CIF como pretende o Fisco, nos termos do caput do artigo 18 da Lei n.° 9.430/96. Ademais, esta matéria já foi analisada diversas vezes por esta C. Turma Ordinária, onde costumo seguir o entendimento do D. Conselheiro Lucas Bevilacqua registrado em seu voto proferido nos autos do processo administrativo de numero 10283.720775/201433, o qual colaciono a seguir para complementar os fundamentos do meu voto. Caso prevaleça o método utilizado pela fiscalização, ainda assim seus cálculos deverão ser retificados. Isto porque foi utilizado como base o método CIF + II, ou seja, incluindo na base o valor do frete, seguro e tributos sobre a importação, em que pese sua contratação com terceiros. Ocorre que tal método não se coaduna com a natureza antielisiva das regras de preço de transferência, pois a contratação com terceiros impede eventual manipulação de preços objetivando a transferência de base tributável, estando fora, portanto, do objetivo da norma! Sua inclusão não teria outro objetivo que apenas o aumento do preço parâmetro e diminuição da parcela dedutível. No escólio das lições de Gerd Rothmann, é importante notar que: o “preçoparâmetro” é um preço hipotético, apurado com base na forma estabelecida, taxativamente, pela Lei n. 9.430/96. Não se confunde, pois, como o preço efetivamente pago pelo importador (“preço praticado”). Assim, as deduções do preço médio de venda, para se chegar ao preço líquido de venda, são, exclusivamente, as previstas na lei (...) Como não entram no cálculo do hipotético “preçoparâmetro”, mas representam custos efetivos, os valores relativos a frete, seguro e ao Fl. 2615DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.616 24 imposto de importação, desde que seu ônus tenha sido do importador/revendedor (ou seja, na modalidade “FOB”), podem ser integralmente deduzidos para os efeitos de imposto de renda. Na modalidade CIF, o valor de frete e seguro já está embutido no “preço parâmetro”, de modo que não pode ser considerado, novamente, como despesa dedutível. Neste contexto, cabe apenas uma observação: se, na modalidade FOB, o transporte e o seguro são contratados com empresa coligada da matriz fornecedora da mercadoria, os respectivos valores pagos estão sujeitos à observância da legislação de preços de transferência. (Gerd Willi Rothmann Preços de transferência método do preço de revenda menos lucro: base CIF (+ II) ou FOB. A margem de lucro (20% ou 60%) em processos de embalagem e beneficiamento. RDDT 165, junho de 2009, p.5455.) Na mesma linha são as lições de Ramon Tomazela e Bruno Fajersztajn : Ademais, a esta altura da exposição, ressaltamos novamente que as regras de preços de transferência têm a finalidade de coibir a manipulação de preços em operações entre pessoas jurídicas brasileiras e suas partes consideradas relacionadas no exterior. Ora, no mais das vezes, os serviços de frete e seguro são prestados por terceiros não vinculados ao importador brasileiro e, logo, não são passíveis de manipulação. Assim, na medida em que somente se sujeitam a ajustes de preços de transferência os custos que podem ser manipulados, os valores de frete e seguros pagos a terceiros não devem estar sujeitos às regras de preço de transferência e, portanto, devem ser integralmente dedutíveis para fins de apuração do IRPJ e CSLL devidos pelo importador. Realmente, esses valores escapam ao controle exatamente porque são encargos pagos a terceiros, e não ao exportador cujo preço está sujeito à comparação, e somente interessa limitar a dedutibilidade de valores que, integrados aos preços, representem transferência indireta de lucros à pessoa vinculada (ou a país com tributação favorecida). Nada disso está em cogitação quando o importador no Brasil incorre em despesas com frete e seguro com pessoas não vinculadas. Controlar tais operações está fora do escopo das regras de preços de transferência. Idêntico raciocínio se aplica aos tributos aduaneiros, que são devidos à própria União Federal. Não faz sentido controlar tributos cuja incidência e quantificação decorrem de lei e são devidos ao Estado. (Preços de transferência. Frete, seguro e tributos devidos na importação e o método PRL. Revista de Direito Tributário Atual RDTA, São Paulo: Dialética, n. 29, p. 8493, 2013.) Nesse sentido também caminhou a decisão proferida pela Câmara Superior de Recursos Fiscal (CSRF) nos autos do processo administrativo n. 16327.000966/200274 (acórdão n. 910101166), relatoria da Conselheira Karem Jureidini Dias: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÃO NORMATIVA. VINCULAÇÃO. INOBSERVÂNCIA. NULIDADE. A autoridade administrativa, ao efetuar o lançamento, está vinculada à Fl. 2616DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.617 25 Instrução Normativa, bem como ao direito por ela conferido ao contribuinte. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA PRL INCLUSÃO DE CUSTOS COM FRETE, SEGURO E IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NA APURAÇÃO DO CUSTO — A IN SRF n° 38/97, em seu artigo 4°, § 4°, estabelece que a inclusão dos valores de frete, seguro e imposto de importação na composição do custo é uma faculdade do contribuinte importador. Pela vinculação da autoridade administrativa ao referido ato normativo, deve tal faculdade ser respeitada, sob pena de nulidade do lançamento. Peço, inclusive, vênia aos colegas para incorporar em meu voto as razões de decidir da então Conselheira Karem Dias a seguir transcritas: Ora, preço parâmetro é aquele apurado segundo um dos métodos estipulados por presunção legal. Em se tratando de presunção legal, ao menos a princípio (a depender de prova contundente em contrário), e por princípio, vale o quanto estipulado para cada um dos métodos. Já o preço praticado é aquele submetido à revisão por um dos métodos de apuração do preço de transferência. Logicamente, quanto maior o preço parâmetro menor o ajuste, porque menor a diferença entre o valor do preçoparâmetro e do preço praticado no caso da importação. Não há, portanto, que se falar em inclusão de frete e seguro no preço praticado a depender da inclusão no preço parâmetro, já que o preço parâmetro é presunção legal. Nessa toada, a despeito do moralmente irreparável entendimento que caminha no sentido de aproximar o método de apuração do preço parâmetro da realidade, fato é que a conclusão diverge do que determina o ordenamento jurídico Por último vale notar que tal entendimento vem prosperando na CSRF conforme se nota da decisão proferida nos autos do Processo nº 16327.001448/200600, Acórdão nº 9101002.940: PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. FRETE SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Legitimidade da não inclusão de frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação, pagos a pessoas não vinculadas, para a composição do preço praticado a ser comparado com o preço parâmetro conforme o método PRL. Embora a decisão tenha sido proferida quando estava em vigência a IN 38/97, a verdade é que a mudança legislativa posterior não foi capaz de alterar a racionalidade por detrás das regras de preço de transferência. Vejamos a clara exposição do Conselheirorelator: Ocorre que o lançamento tributário em questão desconsidera o binômio essencial prescrito pela Lei n. 9.430/96: i) operações realizadas com pessoas vinculadas e operações internacionais envolvidas. Para o frete e o seguro, foram contratadas empresas sem vínculos com o contribuinte, o que inviabiliza, por si, o preenchimento do binômio essencial de incidência da Lei n. 9.430/96. Os tributos sobre a importação são devidos à União e aos Estados, que obviamente não são estrangeiros e nem são vinculados ao contribuinte. Fl. 2617DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.618 26 Esse segundo fundamento para o cancelamento do auto de infração, portanto, decorre do princípio da legalidade em sua acepção mais explícita, que impede que se estenda a sanção normativa da Lei n. 9.430/96 ao frete, seguro e tributos incorridos pelo contribuinte, pois nenhuma dessas situações preenche o binômio prescrito como essencial pelo legislador, qual seja, (i) operação com partes vinculadas (ii) residentes em outros países. A própria exposição de motivos da Medida Provisória 563/12, posteriormente convertida na Lei 12.715/12, afirma que na aplicação das normas não devem ser considerados montantes pagos a entidades não vinculadas ou a pessoas não residentes em países de tributação favorecida ou ainda a agentes que não gozem de regimes fiscais privilegiados a título de fretes, seguros, gastos com desembaraço e impostos incidentes sobre as operações de importação para fins de cálculo do preço parâmetro pelo método PRL, vez que tais montantes não são suscetíveis de eventuais manipulações empreendidas com o intuito de esvaziar a base tributária brasileira. Bem notam o objetivo meramente esclarecedor do §6, do art. 18 da Lei 9.430/96, Tomazela e Fajersztajn quando afirmam que: Em verdade, a razão de ser do parágrafo 6º do art. 18 da Lei n. 9.430/96 reside no fato de que a importação pode ser realizada sob o regime CIF, no qual o exportador (vendedor) fica responsável pelas despesas com transporte e seguro. Por isso, a redação do dispositivo apenas esclarece a possibilidade de dedução dos custos relativos a frete e seguro, “cujo ônus tenha sido do importador”, ou seja, nos casos em que a importação tenha sido realizada na modalidade FOB. Tanto é assim que para os tributos incidentes na importação, que consubstanciam sempre ônus do importador, não há qualquer ressalva relativa ao ônus do tributo (Preços de transferência. Frete, seguro e tributos devidos na importação e o método PRL. Revista de Direito Tributário Atual RDTA, São Paulo: Dialética, n. 29, p. 8493, 2013.) Tal posicionamento é importante, porque independente da norma em vigor, não há alteração no fato de que tais valores não são suscetíveis de eventuais manipulações empreendidas com o intuito de esvaziar a base tributária brasileira. Desta forma, entendo que merece prosperar o recurso da contribuinte em relação a este tópico, devendo tais valores relativos ao frete, seguro e impostos incidentes na importação serem excluídos da apuração do preço de transferência, cancelandose os Autos de Infração. De todo o exposto, entendo que merece prosperar o recurso da contribuinte neste ponto devendo tais valores serem excluídos na apuração do preçopraticado. 4 Aplicação da opção do PRL 20% nos casos em que foram aplicados o preço ponderado para os produtos que podem ser tanto pelo PRL 20 como pelo PRL 60: Pare este item, a fiscalização aplicou a média ponderada entre o PRL20 e o PRL60 para alguns produtos que foram importados para revenda e foram adicionados a produção aqui no país. Fl. 2618DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.619 27 A Recorrente em suas alegações de defesa, trata o PRL20 e o PRL60 como métodos distintos e alega que a fiscalização deveria ter aplicado o que acarretaria menor ajuste, requerendo que o método pelo PRL20 seja aplicado também para estas operações, ao invés da média ponderada entre o PRL20 e o PRL60. Pois bem. Tal matéria já foi analisar por este C. Turma Ordinária onde eu segui o entendimento do D. Conselheiro Lucas Bivilacqua no sentido de que a ponderação feita entre as duas porcentagens do PRL tratase de uma ficção pautada em um percentual de participação, inexistindo previsão legal para alteração e aplicação de percentual com base nesta ficção. Outro ponto muito bem apontado no voto do D. Conselheiro é que a ponderação feita entre o PRL20 e o PRL60 tratase de uma ficção onde o calculado aplicado faz uma a relação de percentual entre o custo do bem importado e o custo total do bem, transformando a venda de um produto acabado em várias revendas. Vejamos a parte do voto que nos interessa. 3.4 Aplicação da PRL 20% inclusive para os casos de produção local Subsidiariamente, alega que o percentual a ser aplicado seria o de 20%. Isto porque A técnica da proporcionalização tem como premissa uma ficção de a venda de um produto acabado é, na verdade, uma revenda de todos os componentes individualizados do produto acabado. Esta ficção se pauta em um percentual de participação, o qual é calculado tomandose a relação percentual entre o custo do bem importado e o custo total do bem. E, nessa toada, se a técnica da proporcionalização transforma a venda de um produto acabado em várias revendas, deveria se utilizar a margem de 20% aplicável às revendas. E esta conclusão pode ser comprovada com base nas alterações promovidas pela Lei 12.715 no artigo 18 da Lei 9.430 introduziram o novo PRL, o qual adota a técnica da proporcionalização, mas utiliza uma margem única de 20% para revenda e produção local. Entendo não haver base legal para a alteração do método com base nessa ficção Da leitura do trecho do voto acima colacionado, não resta dúvida de que não existe previsão legal para que se aplique a ficção feita pela Fiscalização relativa a ponderação entre o PRL20 e o PRL60. Ademais, na hipótese dos meus pares votarem no sentido de que a ponderação entre os dois percentuais do PRL encontrase prevista na legislação que Fl. 2619DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.620 28 regulamenta esta matéria, então entendo que deveria ser aplicado o percentual mais benéfico a Recorrente, ou seja o PRL20, nos termos do parágrafo quarto do artigo 18 da Lei 9.430/96. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, em respeito ao princípio da estrita legalidade que norteia os atos dos Auditores Fiscais, voto por afastar a exigência perpetrada no Auto de Infração relativas aos produtos onde foi aplicado a média ponderada entre o PRL20 e o PRL60. 5 Da acusação de compensação excessiva de CSLL prevista no Auto de Infração do anocalendário de 2006: O Auto de Infração do anocalendário de 2006 referente a compensação indevida de base de cálculo negativa de CSLL de períodos anteriores, foi lavrado por ter a Fiscalizada compensado R$ 2.525.634,94, porém, devido à alteração da base de cálculo da CSLL, do anocalendário 2004, em razão de ajuste a título de preços de transferência feito no AI do anocalendário de 2004, o saldo remanescente compensável, para o anocalendário 2006, importou em R$ 330.336.27, implicando excesso de compensação de R$ 2.195.300,67 como valor tributável. Em relação a este item, como entendo que a acusação prevista no Auto de Infração do anocalendário de 2004 deve ser integralmente cancelada, a infração imputada pela Fiscalização no Auto de Infração do anocalendário de 2006 relativa a compensação em excesso da CSLL, perdeu seu objeto, eis que com o cancelamento da ajuste feito pelo Auditor Fiscal no preço de transferência do AI do anocalendário de 2004, os créditos de base cálculo negativa de CSLL foram restabelecidos, devendo assim o AI do anocalendário de 2006 referente apenas a CSLL ser cancelado integralmente. 6 Do requerimento para que se aplique o artigo 112 do CTN no caso de a votação ser desempatada pelo voto de qualidade: Para este tópico, utilizo os argumentos postos no artigo de minha autoria que tratou exatamente sobre esta matéria. Em relação a este tópico, entendo ser importante utilizar as palavras do Professor Ives Gandra Martins1, que destacou que até a presente data nenhum artigo do Código Tributário Nacional foi julgado inconstitucional, o que se deve principalmente ao zelo com que pensado e elaborado, muito embora o projeto original tenha sido bastante alterado em razão da necessidade de ajustes frente ao compreensível conflito de interesses entre representantes dos contribuintes, da Fazenda Pública e do Poder Legislativo. Fl. 2620DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.621 29 Atualmente, o artigo 112 vem gerando polêmica em relação ao alcance de sua aplicação devido a recentes interpretações do Direito Tributário. Assim, tendo em vista as novas interpretações sobre o dispositivo em comento, entendo ser importante iniciar este tópico analisando sua natureza e posteriormente tentar concluir qual a sua finalidade no ordenamento jurídico e sua aplicação ao presente processo administrativo. 6.1 Natureza do artigo 112 do Código Tributário Nacional: O artigo 112 do Código Tributário Nacional assim dispõe: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Tratase de dispositivo evidentemente inspirado no brocardo do Direito Penal bastante conhecido in dubio pro reo. De fato, vige no Direito Penal o princípio segundo o qual em caso de dúvida deve ser considerado inocente o réu, pois mais grave condenar um inocente do que inocentar um culpado. Para análise do significado de um dispositivo legal, o primeiro passo é se aferir onde se encontra tal artigo dentro da organização da lei cuja a qual pertence. O artigo 112 ora em análise, juntamente com os artigos 107 a 111, estão descritos no Capítulo IV do Código Tributário Nacional, que reúne as disposições acerca da interpretação e integração da Legislação Tributária. As regras de interpretação e integração têm o objetivo de nortear o aplicador do direito em caso de lacunas e possibilitar ao leitor a verificação do alcance da lei. Portanto, se a lei não trouxer a resposta para o caso concreto, as regras de integração e interpretação nortearão o operador do direito a encontrar a solução mais justa para o caso em análise. Esse é o caso do artigo 112 do diploma legal tributário. 6.2 Alcance do artigo 112 do CTN: Fl. 2621DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.622 30 O artigo 112 do CTN, conforme acima transcrito, é claramente baseado no princípio de Direito Penal segundo o qual em caso de dúvida devese absolver o réu. Por se tratar de artigo análogo ao Direito Penal, aplicase tal interpretação benéfica somente aos casos em que há definição da infração e cominação de penalidades aos contribuintes. Ademais, sua aplicação é subsidiária, havendo cabimento apenas nas hipóteses de dúvidas quanto à capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade, ou punibilidade, à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação2. São situações em que ocorrem normalmente as seguintes perguntas, com dificuldade nas respostas: esse ato é tratado pela lei como infração? A situação descrita e o ato conforme praticado podem se enquadrar na lei como infração? Foi o sujeito passivo quem cometeu a infração? As circunstâncias do fato e do sujeito passivo permitem a punição do agente e em que medida? Assim, resumidamente, podese extrair o entendimento de que referido dispositivo, estabelece casos em que a legislação tributária deve ser interpretada de maneira mais favorável ao contribuinte, quando existir dúvida quanto: 1 à adequação do fato à norma jurídica, ou seja, se está prevista em lei ou não; 2 à natureza do fato ocorrido, suas circunstâncias e extensão; 3 à autoridade do fato a quem pode ser atribuído ou a pessoa que deve ser punida; 4 à penalidade a ser aplicada ou à graduação dessa penalidade (deve aplicar a penalidade mais branda); Traçadas as situações de dúvidas de quando a legislação deve ser interpretada de forma mais branda, passo a analisar o artigo 112 do CTN como forma de garantida da segurança jurídica. 6.3 O artigo 112 do CTN como forma de garantia da segurança jurídica O princípio da segurança jurídica é um dos princípios gerais do Direito, sobre o qual é construído todo o ordenamento jurídico. Tal princípio pressupõe que o indivíduo possa ter o conhecimento prévio da consequência que advirá caso aja de determinada maneira. É princípio que garante estabilidade e Fl. 2622DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.623 31 certeza da regência da vida social, nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello3. Nesse contexto, o artigo 112 do Código Tributário Nacional de fato é um dos dispositivos do ordenamento jurídico pátrio que confere obediência ao princípio da segurança jurídica. Isso porque em caso de dúvidas quanto à capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade, ou punibilidade, à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação, não seria razoável que o contribuinte recebesse a conseqüência mais gravosa (aplicação de penalidade), eis que surge a dúvida já quanto ao ato praticado. Daí a necessidade de se interpretar a lei que institui infração e comina penalidade de uma maneira mais favorável ao contribuinte. Assim face conceituação do artigo 112 do CTN em relação ao princípio da segurança jurídica feita acima, entendo ser necessário analisar o entendimento da jurisprudência em relação ao seu alcance e aplicação. 6.4 Da análise da jurisprudência pátria em relação ao artigo 112 do CTN: Interessante analisar de que forma os Tribunais vêm aplicando o artigo 112 do CTN nas últimas décadas. Nesse ponto, são destacados alguns precedentes, não cabendo aqui esgotar todos os casos já analisados no decorrer das últimas décadas. Em 1979, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 90.143/RJ4, o Supremo Tribunal Federal julgou caso em que mercadorias foram embarcadas para exportação em data posterior ao tempo fixado na guia de exportação. A Autoridade Fiscal pretendia, naquele processo, a aplicação de multa prevista para a falta da guia de exportação. Naquele processo, entendeu o Supremo Tribunal Federal ser impossível tal equiparação das infrações para graduar sua punibilidade, justamente em razão do artigo 112 do CTN, pois havia razoável dúvida acerca da capitulação legal do fato e da natureza da penalidade, tendo assim afastado tal penalidade. De fato, não poderia o contribuinte prever que o embarque com atraso da mercadoria seria, para a Autoridade Fiscal, o mesmo que embarcar mercadoria sem guia de exportação. Quase uma década mais tarde, em 1987, esse mesmo Tribunal, ao analisar o Recurso Extraordinário nº 110.399/SP5, aplicou o inciso II do artigo 112 do CTN para excluir a multa moratória exigida de concordatário, por entender que naquela situação as circunstâncias materiais do fato permitiriam tal interpretação, uma vez que a aplicação da multa conduziria a efeito danoso ao equilíbrio dos negócios da empresa, prejudicando o próprio Fl. 2623DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.624 32 cumprimento das obrigações com os credores, justamente o objetivo da concordata. Assim, naqueles autos, foi excluída a multa, eis que a legislação que a previa estava em dissonância com o objetivo do instituto da concordata, pois na dúvida entre a aplicação da multa e a mitigação dos benefícios da concordata, optouse pela saída mais benéfica ao contribuinte. Mais recentemente, em 2011, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Agravo Regimental no Recurso Extraordinário nº 601.088/RN6 confirmou decisão do STJ segundo a qual, a jurisprudência oscilante sobre determinada matéria conferia o direito à aplicação do artigo 112 do CTN para afastar a multa tributária, eis que tal artigo nada mais é do que o princípio da segurança jurídica aplicado na legislação infraconstitucional. Em 1994, o Superior Tribunal de Justiça analisou tal dispositivo no julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 52.828/SP7, contudo, sob outra ótica. O contribuinte, naqueles autos, defendia que em casos de voto de Minerva, deveria ser aplicado o artigo 112 do CTN para desempatar o julgamento em favor do contribuinte. Ocorre que, naquele julgamento, o STJ entendeu que a dúvida tratada no artigo 112 do CTN não é aquela decorrente de decisões divergentes sobre determinados fatos, mas sim aquela inerente à situação que gerou a tributação e a legislação que a cominou como infração. Dessa forma, manteve a decisão, deixando de aplicar o artigo 112 do CTN para tal situação. Não é demais, por fim, destacar duas decisões recentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. No acórdão nº 2401004.5458, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção entendeu haver dúvida sobre a incidência de tributo, pois as provas dos autos apontavam para um provável erro de preenchimento de declaração, o que possivelmente ensejou a cobrança em duplicidade de tributo. Havendo dúvida sobre o fato gerador, portanto, o recurso foi provido para se afastar a exigência. Já no acórdão nº 3201002.2539, a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção houve por bem cancelar o lançamento de multa aplicada em razão de suposta classificação incorreta de mercadoria, reforçando o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima que “o art. 112 do CTN não é só aplicado para dirimir dúvidas na manutenção de autuações, é um dispositivo que antecede e norteia a própria análise da aplicação ou não de multas e infrações, de forma que há presunção favorável ao contribuinte em seus atos e atividades e, consequentemente, no acerto da classificação por ele adotada, sendo possível a aplicação de multa somente com a procedência do lançamento conforme Art. 142 do CTN, se respeitados os requisitos e se os fatos comprovadamente subsumirem à norma elencada conforme §1.º do Art. 113 do CTN”. Fl. 2624DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.625 33 Analisando a jurisprudência acima apontada, extraise o entendimento de que seria possível a aplicação do artigo 112 do CTN, como norma que visa equilibrar algum possível excesso previsto na legislação tributária. O dispositivo ora analisado tem característica de norma equalizadora, utilizada para ponderar previsões rigorosas na legislação tributária, como por exemplo, relativizar a responsabilidade objetiva prevista no artigo 136 do CTN, em situação que restou comprovado que o contribuinte não concorreu para a prática do ato irregular ou que agiu de boafé e não tinha a intenção de causar dano ao Erário. Portanto, nas últimas décadas, os Tribunais pátrios vêm aplicando o artigo 112 do Código Tributário Nacional como medida de segurança jurídica, assegurando ao contribuinte atuação leal da Autoridade Fiscal a fim de que este não seja surpreendido com tributação que não pudesse antever em razão de dúvidas quanto ao fato gerador, circunstâncias do fato, etc. 6.5 Voto de qualidade e o artigo 112 do CTN: O artigo 112 do CTN atravessou décadas sem muito destaque, entretanto, nos últimos anos, tal situação se inverteu. Assim, nos últimos anos, observando os contribuintes que decisões proferidas nos tribunais administrativos vinham sendo majoritariamente confirmadas em favor da Fazenda Pública por meio de votos de qualidade10, passouse a acompanhar de perto tal mecanismo, vindo à tona novamente o artigo 112 do diploma legal tributário. Conforme apresentou Duque Estrada11, na Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de dezembro de 2015 a maio de 2016 teriam sido proferidos 139 (cento e trinta e nove) votos de qualidade a favor do Fisco contra apenas 6 (seis) votos a favor do contribuinte. Tal fato, segundo os críticos, evidenciaria uma suposta falta de imparcialidade nas decisões. Ganhando força a discussão, diversos contribuintes têm se insurgido em âmbito judicial contra tais decisões desempatadas por essa sistemática, emergindo decisões que contestam esses resultados, inclusive cancelando autuações mantidas por voto de qualidade, muitas vezes invocando o artigo 112 do Código Tributário Nacional como sinônimo do brocardo in dubio pro reo. Consideram tais decisões que o empate administrativo é evidência de dúvida a ensejar o cancelamento da penalidade aplicada em desfavor do contribuinte. De fato, a diferença encontrada entre votos de qualidade favoráveis e não favoráveis aos contribuintes não poder ser Fl. 2625DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.626 34 desconsiderada. Entretanto, há de se atentar que em tais r. decisum da Câmara Superior de Recursos Fiscais, nem sempre conduz à conclusão de que em todos aqueles casos deveria ter sido aplicado o artigo 112 do CTN. Vale dizer, nem sempre o empate configura dúvida quanto a algum dos incisos do artigo 112 do CTN. Aqui, novamente, devese ter em mente que a generalização poderá caminhar em direção oposta ao conceito de justiça. Afinal, o artigo 112 do CTN não é regra de desempate, mas sim de interpretação e integração do Direito Tributário. Na discussão que ora está em voga muitos se olvidam de que o artigo 112 do CTN, mais precisamente o seu inciso II, muito utilizado pelos contribuintes para questionar o desempate em seu desfavor por meio do voto de qualidade, aplicase a fatos e atos cometidos ensejadores da autuação. Assim, tal artigo determina a interpretação mais benéfica quando houver dúvida se um ato praticado pelo contribuinte constitui infração à legislação tributária, considerandose as circunstâncias particulares dos fatos analisados. Não pretende o artigo 112 tratar, assim, de discussões exclusivamente de direito, como legalidade ou constitucionalidade de base de cálculo de tributos e dúvidas quanto a alíquotas aplicáveis, por exemplo. De fato, muito embora em um primeiro momento o número de 139 (cento e trinta e nove) votos de qualidade a favor da Fazenda Pública contra 6 (seis) a favor dos contribuintes choque o leitor, a análise seca dos números não permite concluir necessariamente que em todos esses casos a discussão envolveria dúvidas relacionadas aos incisos do artigo 112 do Código Tributário Nacional, autorizadoras de sua aplicação para eventual desfecho favorável ao contribuinte. Vejase que a nova interpretação de alcance do artigo 112 do CTN vem se distanciando da interpretação conferida pelos Tribunais acima exemplificada. Naquelas decisões, o artigo 112 do CTN era utilizado para se dar solução a impasses sempre relacionados com a ocorrência da infração e a sua capitulação legal, bem como diante de circunstâncias especiais que induziam o contribuinte a erro. Naquelas situações, não era razoável esperar do contribuinte uma expectativa de punição em razão da conduta praticada, de maneira que as penalidades foram afastadas como medida de segurança jurídica e lealdade na relação com o Fisco. Ademais, pelo que se verifica da jurisprudência, a tese ora em voga não é nova, embora em âmbito tributário tenha tomado força mais recentemente. Como se viu em tópico precedente, o Superior Tribunal de Justiça, há mais de vinte anos, analisou a questão, bem elucidando que o artigo 112 do CTN não tem Fl. 2626DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.627 35 aptidão para funcionar como critério de desempate, pois não foi para isso que foi concebido. Não é demais lembrar que naquele julgamento, o STJ entendeu que a dúvida objeto de aplicação do artigo 112 do CTN não é aquela decorrente de decisões divergentes sobre determinados fatos, mas sim aquela inerente à situação que gerou a tributação em cotejo com a legislação que a cominou como infração. Destarte, para fins de aplicação do artigo 112 do CTN, a dúvida deve ocorrer no ato praticado/fato ocorrido, e não tem relação com o resultado numérico dos votos do julgamento. Ora, para que se aplique o artigo 112 do CTN, a incerteza acompanha o processo desde o seu primeiro ato, não havendo de se falar em dúvida surgida após o julgamento, pois tal dúvida não guarda relação com o ato do contribuinte – própria do dispositivo em comento, mas sim com o ato do julgador. Destrinchandose mais a afirmação acima, verificase que o artigo 112 do CTN deve ser suscitado e constar no voto do julgador. Se a defesa de sua aplicação exsurge unicamente do fato do desempate do resultado do julgamento ser solucionado pelo voto de qualidade, aí não tem cabimento tal artigo, pois este não foi concebido como critério de aplicação do dispositivo em comento. Verdadeiramente, o voto de qualidade é que foi concebido pela legislação processual como forma de solucionar o empate de entendimentos entre os julgadores do colegiado (insta salientar que, não se pretende adentrar na discussão sobre a legitimidade do voto de qualidade, como garantia de um julgamento jurídico ou justo no sentido popular). Pela leitura do artigo 112 do CTN, portanto, concluise que este não tem aplicação quando houver dúvida sobre o voto de determinado Conselheiro ou Juiz, ou quando ocorra empate de votos no julgamento, mas sim quando a dúvida pairar sobre o fato ou ato gerador da infração. Afinal, julgadores podem divergir e não terem dúvidas acerca de suas posições. Assim, a divergência de opiniões não necessariamente conduz à conclusão de que houve dúvida no julgamento quanto ao fato ou ato gerador da infração. A dúvida que interessa ao artigo 112 do CTN é aquela decorrente da lacuna ou má disposição da lei que prejudica a identificação da conduta praticada para classificála como infracional ou não. Portanto, do mesmo modo como o artigo 112 do CTN trata de uma aplicação mais consciente do operador do direito, evitando se o risco de punição do inocente, nos casos de voto de qualidade, devese atentar sempre, antes de se defender o desempate em favor do contribuinte, se naquele caso houve dúvida razoável em relação a um dos incisos do artigo 112 do CTN, caso contrário, este não terá cabimento. Fl. 2627DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.628 36 Por outro lado, se houver dúvidas quanto à capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade, ou punibilidade, à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação, aí sim os julgadores, sendo irrelevante se em âmbito administrativo ou judicial, devem aplicar o artigo 112 do CTN, como medida de segurança jurídica. 6.6 Conclusão relativa ao artigo 112 do CTN. A partir do acima exposto, concluise que o artigo 112 do CTN é dispositivo legal que deriva do brocardo in dubio pro reo. Em razão de sua origem, referido dispositivo se aplica apenas aos casos em que são cominadas penalidades. Isso significa que se houver dúvida acerca da conduta praticada como fato gerador de infração, que culmine penalidade ao contribuinte, esta deve ser afastada, como uma das medidas garantidoras do princípio da segurança jurídica. Entretanto, devese ter em mente que tal dispositivo legal não se trata de critério de desempate de julgamento em favor do contribuinte, não havendo cabimento quando o caso envolver simples divergência de opinião dos julgadores. Desta forma, afasto o requerimento da Recorrente para que se aplique o artigo 112 do CTN no caso de empate de votação das matérias analisadas neste voto. 7 Das alegações sobre a multa e juros: Adicionalmente, cabe esclarecer que a base legal da multa de ofício de 75% consta nos autos de infração. Tratase da multa ordinária de 75% do valor do crédito tributário, devida sempre que houver falta de pagamento, recolhimento ou declaração, nos termos do art. 44, I da Lei 9430/96. Portanto, nenhum reparo deve ser feito no lançamento no que diz respeito aos acréscimos legais constituídos. Em relação ao juros, temse que a aplicação de juros de mora à multa é matéria vinculada a observância do princípio da legalidade que subsiste independentemente da convicção pessoal do julgador. De acordo com o prescrito no art. 113 do CTN, a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, entendida esta como decorrente de obrigação tributária principal. E se referido crédito tributário (penalidade) não for pago integralmente no vencimento deve ser Fl. 2628DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.629 37 acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, aplicandose a taxa de 1% ao mês, se a lei não dispuser de modo diverso,, nos termos do art. 161, § 1º, do CTN: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. A partir da exceção legal contida no art. 161, § 1º, do CTN, a Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, dispôs que, a partir de 1º de abril de 1995, sobre os tributos e contribuições sociais não recolhidos no prazo de vencimento incidem juros de mora calculados à taxa Selic (art. 13): Lei nº 9.065, de 1995: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a 2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995: “Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; (...).” No mesmo sentido a Lei nº 9.430, de 1996 ao dispor que os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições, com fato gerador ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos no vencimento, serão acrescidos de juros de mora à taxa Selic (art. 61): “Multas e Juros Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, Fl. 2629DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.630 38 cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” Portanto, consistindo a multa de lançamento de ofício em débito para com a União, de natureza de obrigação tributária principal, dúvidas não mais subsistem, independentemente da convicção pessoal do relator de então, que sobre referida penalidade incidem juros à taxa Selic, a partir do seu vencimento. 8 Da CSLL: Quanto à CSLL, entendo que se aplicam as mesmas razões de decidir do lançamento principal do IRPJ, em razão de sua íntima relação de causa e efeito, na medida em que não há fatos ou elementos novos a ensejar conclusões diversas. Ademais, o art. 28 da Lei n° 9.430/1996 expressamente determina a aplicação das regras de preço de transferência também para a CSLL. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 2630DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.631 39 Voto Vencedor Evandro Correa Dias Redator Designado Conforme decidido pelo colegiado, discordase do i. relator, decidindose, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário acerca das alegações de, i) ilegalidade da IN nº 243/2002; ii) indevida inclusão, na base de cálculo do preço de transferência, dos itens fretes, seguros e impostos aduaneiros; iii) ilegalidade da PLR ponderada; e, iv) aproveitamento da base de cálculo negativa acumulada de CSLL. Da alegação de ilegalidade da IN 243/02 em relação ao PRL 60: No que tange a este ponto, da ilegalidade da IN 243, tal assunto tem causado constantes divergências nos colegiados deste CARF, e o eminente relator se posiciona como habitualmente vem se posicionando, pelo entendimento da ilegalidade da IN SRF n° 243/2002. Com todo respeito ao bem fundamentado voto do relator, há uma discordância deste posicionamento por parte deste colegiado, prevalecendo, por voto de qualidade do seu Presidente, posição divergente em relação à suposta ilegalidade da IN SRF n° 243/2002, entre os quais me incluo. Alega a recorrente da ilegalidade quanto à regulamentação dada pela IN SRF n° 243/2002 para a metodologia de cálculo dos preços parâmetros conforme o método Preço de Revenda menos Lucro com margem de 60%, devendo ser aplicados a fórmula do preço parâmetro prevista na Lei n° 9.430/1996, que no seu entender é diferente e melhor aplicável ao caso. A respeito da questão da legalidade ou não da IN SRF n° 243/2002, que veio regulamentar as determinações da Lei 9.430/1996, alterada pelo artigo 2° da Lei 9.959/2000, no que tange ao cálculo do método do Preço de Revenda menos Lucro PRL (60%) para determinação do preço parâmetro, cabe um intróito a respeito. O preço parâmetro é o preço limite apurado "de cima para baixo", a partir do Preço de Revenda Líquido (PRL) visando estimar a dedutibilidade dos custos e margem de lucro relativos aos bens importado por pessoas jurídicas vinculadas localizadas no exterior. O produto importado, cujo preço extrapolar esse preço parâmetro calculado, sofrerá ajustes tomando essa parcela excedente indedutível para efeitos de tributação. A IN n° 243/2002, alterando uma IN anterior a respeito (IN SRF n° 32/2001) que adotava a fórmula adotada pela recorrente, passou a dar uma interpretação da respeito da regulamentação do tema do preço parâmetro. Primeiramente, consabido que há como definir uma única interpretação possível a determinado texto da lei. E a lei nunca será detalhada o necessário para aclarar todas as situações possíveis e encontráveis. Assim, surgem as normas regulamentares, que não se deve esperar que apenas registre literalmente o que a lei comanda. Fl. 2631DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.632 40 Assim, não cabe uma simples comparação da interpretação da lei com a interpretação da instrução normativa, o que no caso, envolve comparar a interpretação da lei n° 9.430/1996 (com alterações da lei n° 9.959/2000) com a interpretação trazida pela IN SRF n° 243/2002. A edição da lei n° 9.959/2000, que alterou o art. 18, inciso II da lei n° 9.430/1996, passa a criar a margem de lucro de 60% (na redação anterior só tinha de 20%), para os casos em que sobre a importação se agrega valor no país para subsequente revenda. Tal assunto passou a ser base da controvérsia, principalmente no que tange a base de cálculo sobre qual incide os 60%. Nos termos da lei, já com a redação da lei n° 9.959/00, o artigo 18 da lei n° 9.430/1996, foco da discussão, cabe ser repetido aqui: Art.18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (destaquei) Nesta redação, a utilização da contração gramatical da preposição ("de") com o artigo ("o") implica dizer que o valor agregado deve ser diminuído na apuração do preço parâmetro da mesma forma que os descontos, impostos e comissões; e não da margem de lucro como quer a recorrente. A margem de lucro de sessenta por cento, por sua vez, seria calculada exclusivamente sobre o preço de revenda após deduzidos os valores mencionados. Admitese que a redação deste dispositivo não é da mais claras. Sobre esse ponto, cabe transcrever as observações da PGFN com base no voto pelo I. Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio acerca da falta de clareza do texto legal: Neste ponto, um importante aspecto deve ser observado. Tratase da falta de clareza do texto introduzido no item "1" da nova alínea "d". Com efeito, Fl. 2632DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.633 41 afirmase que a margem de lucro de 60% deve ser "calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País" Ora, uma primeira leitura deste trecho faz pressupor que houve erro gramatical na utilização da preposição "de" juntamente com o artigo "o" antes da expressão "valor agregado". Assim, para que ficasse gramaticalmente correta, ao invés de "do valor agregado" deveria se assumir que a lei quis dizer "o valor agregado". [...] Quanto à primeira investigação, já se mencionou que uma possível premissa para a interpretação da falta de clareza do texto introduzido no item "1" da nova alínea "d" do artigo 18, inciso II, da Lei n° 9.430/96, é a aceitação de que houve um erro gramatical na utilização da preposição "de" juntamente com o artigo "o" antes da expressão "valor agregado". Pois bem, uma outra possível premissa é a que sustenta que não houve erro gramatical, mas técnica redacional inapropriada. Para melhor esclarecimento, vale a pena reproduzir a íntegra do novo texto do artigo 18, inciso II, depois da alteração introduzida pela Lei n° 9.959/00: [...] A técnica redacional inapropriada, identificada por Victor Polizelli, decorre da percepção de que a expressão "do valor agregado" não se refere à palavra "deduzidos", presente no mesmo item "1" da alínea "d", mas sim à palavra "diminuídos", que consta no caput do próprio inciso II. Esta técnica seria justificada pela intenção de se evitar a inserção de uma alínea "e", pois a exclusão do valor agregado só se aplicaria na hipótese de bens aplicados à produção. [...] Assumindo essa premissa para as hipóteses de produção local, uma outra fórmula de apuração do preço parâmetro pode ser identificada: PP = PL 0,6 x PL VA." [...] Por outro lado, a tese de que o valor agregado deve ser incluído no cálculo da margem de lucro não está em sintonia à própria dicção do dispositivo legal. Para abrigar a interpretação proposta pela contribuinte, o item 1 do inciso II do art. 18 da Lei n° 9.430/96 deveria ser redigido nos seguintes termos: "1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e o valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção." ou "1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após a dedução dos valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção." . Fl. 2633DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.634 42 Assim, a questão envolve uma interpretação própria, e podemos dizer, equivocada, da recorrente dada ao art. 18 da lei n° 9.430/1996. Ademais, cabe destacar que a operação que se sujeita ao ajuste é a importação do insumo, ao se excluir do preço líquido de venda a margem de lucro calculada sobre o preço líquido de venda menos o valor agregado, obtémse o custo do insumo acrescido de percentual da margem de lucro praticado na revenda, mas não se alcança o custo do bem importado. Isso justifica a aplicação da proporcionalidade regulamentada pela IN SRF n° 243/2002, no seu § 11, do art. 12: Art. 12.[...] § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido" , calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido" , calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. Ou seja, esta redação deixa claro que não se deduz o valor agregado da margem de lucro, mas diretamente do preço líquido de venda, e estabelece que a margem de lucro deve ser calculada sobre a parcela do preço líquido de venda que corresponde ao bem importado, ou seja, a participação do bem importado no preço de venda do bem produzido. Isso possibilitaria a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior precisão, em consonância do método PRL60, e à finalidade do controle dos preços de transferência. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário quanto a este item. Fl. 2634DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.635 43 Da inclusão do frete, seguro e impostos aduaneiros no preço praticado (CIF + II) tanto para o método PRL 20 como para o PRL 60: Alega a recorrente que caso seja prevalecido o método utilizado pela autoridade fiscal autuante, ainda assim seus cálculos devem ser retificados, pois utilizado como base o método CIF+II, ou seja, incluindo na base o valor do frete, seguro e tributos sobre a importação, em que pese sua contratação com terceiros. O eminente relator, no seu voto, entende que cabível tal alegação da recorrente, pois entende que independente da norma em vigor, não há alteração no fato de que tais valores não são suscetíveis de eventuais manipulações empreendidas com o intuito de esvaziar a base tributária brasileira. Contudo, ousase divergir da bem fundamentada posição do nobre relator, no sentido de que a apuração do preço parâmetro, dos valores relativos a frete e seguro, cujo o ônus tenha sido do importador, e dos tributos incidentes na importação está expressamente consignado no art. 18 da lei n° 9.430/1996, caput e § 6°, dada antes da alteração promovida pela lei n° 12.715/2012, assim transcrito: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I Método dos Preços Independentes Comparados PIC: [...] II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: [...] III Método do Custo de Produção mais Lucro CPL: [...] (...) § 6° Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. E a própria IN SRF n° 243/2002, no seu § 4°, do artigo 4° não vacila sobre acompanhar o mesmo entendimento: Art. 4° (... ) § 4° Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, calculado com base no método de que trata o art. 12, serão integrados ao preço praticado na importação os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. Destarte, a pretensão da recorrente que a apuração do preço praticado deve ser o de valor FOB (free on board) da mercadoria importada, não merece acolhida. Fl. 2635DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.636 44 Como decorrência de disposição legal e da necessidade de se comparar grandezas semelhantes, na apuração do preço praticado, devem ser incluídos os valores correspondentes a frete, seguro e imposto sobre importação, cujo ônus tenha sido do importador. Do contrário, haveria distorções com o preço parâmetro, que são as operações entre pessoas não vinculadas. É necessário manter ambos os valores preço praticado e preço parâmetro no mesmo nível comparativo. E de qualquer forma, na nova redação dada pela lei n° 12.715/2012 não alterou tal entendimento, apenas ao permitir a exclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação na apuração do preço praticado, na mesma toada do preço parâmetro, ou seja, mantendo a mesma base de comparação e grandeza dos valores. Dito isto, nego provimento ao recurso voluntário quanto a este item. Aplicação da opção do PRL 20% nos casos em que foram aplicados o preço ponderado para os produtos que podem ser tanto pelo PRL 20 como pelo PRL 60: Pare este item, a fiscalização aplicou a média ponderada entre o PRL20 e o PRL60 para alguns produtos que foram importados para revenda e foram adicionados a produção aqui no país. A Recorrente em suas alegações de defesa, trata o PRL20 e o PRL60 como métodos distintos e alega que a fiscalização deveria ter aplicado o que acarretaria menor ajuste, requerendo que o método pelo PRL20 seja aplicado também para estas operações, ao invés da média ponderada entre o PRL20 e o PRL60. Verificase que não assiste razão à Recorrente nessa questão, pois não há dois métodos PRL, o que há é um único método, que, porém, prevê cálculos distintos para situações distintas. Ao adquirir produtos que sejam parcialmente revendidos na forma como se encontram e em parte empregados na produção, então a aplicação do método PRL exigirá que se considerem ambas as circunstâncias, apurandose o preçoparâmetro por critério da média ponderada das duas situações. O procedimento utilizado pela da Autoridade fiscal teve como objetivo aplicar a margem de lucro de 60% sobre a referida participação, de modo a se evitar que os resultados obtidos sejam contaminados por importâncias agregadas no processo produtivo. Tal procedimento está de acordo com Lei 9.430/96 e com a IN SRF n° 243/2002, conforme decisão a quo, in verbis: No tocante aos cálculos dos preços praticados e dos preços parâmetros, a Instrução Normativa SRF 243/2002 traz elementos que, se não estão expressos na Lei 9.430/96, decorrem da observância das premissas adotadas pelo legislador, bem como dos princípios da contabilidade e da matemática. Quando a Lei 9.430/96 prescreve média aritmética, tal denominação não difere em nada da média aritmética ponderada prescrita na IN SRF n° 243/2002, já que a ponderação dáse pelas quantidades adquiridas ou vendidas de um mesmo item. Fl. 2636DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.637 45 Por outro lado, a Lei 9.430/96, quando prescreve para o método PRL, a aplicação de duas margens de lucro (20% e 60%), conforme o bem importado seja destinado a revenda ou à produção de outro bem, devendose, neste caso, expurgar o valor agregado do cálculo do preço parâmetro, ela visa a estabelecer, para o mesmo produto importado, um único e justo preço parâmetro para todo o anocalendário. Não há dois métodos PRL, o que há é um único método, que, porém, prevê cálculos distintos para situações distintas. 61. Nesse sentido, Luís Eduardo Schoueri, em sua obra "Preços de Transferência no Direito Tributário Brasileiro", 3a Edição, pg.227, comenta: 7.4.5.1. Cabe insistir num ponto: a Lei 9.959/00 não introduziu um quarto método para o controle das importações, ao lado dos já existentes PIC, PRL e CPL. Houve, apenas, uma nova formulação do PRL, com o desdobramento das margens de lucro. 7.4.5.2. Esse comentário se faz relevante porque se um importador adquirir produtos que sejam parcialmente revendidos na forma como se encontram e em parte empregados na produção, então a aplicação do método PRL exigirá que se considerem ambas as circunstâncias, apurandose o preço parâmetro por critério da média ponderada das duas situações. 62. Por outro lado, não há dúvida de que a IN SRF 243/2002, ao detalhar o cálculo do preço parâmetro de produto importado utilizado na produção de outro bem (PRL 60), atende à norma prescrita no artigo 18, II, "d", "1", da Lei 9.430/96, a qual tem, por fundamento de maior relevância, expurgar, do cálculo, o valor agregado no país. 63. Observese que a IN SRF n° 243/2002 prescreve que o cálculo do preço parâmetro não deve partir diretamente do preço líquido de venda do bem produzido, mas da participação que o produto importado tem em tal preço, a qual é determinada pela aplicação do percentual da relação entre o custo do produto importado e o custo total do bem produzido, calculado de conformidade com a planilha de custos do contribuinte. Como não poderia deixar de ser, a margem de lucro de 60% é aplicada sobre referida participação, de modo a se evitar que os resultados obtidos sejam contaminados por importâncias agregadas no processo produtivo. Dito isto, nego provimento ao recurso quanto a este item. Fl. 2637DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.638 46 Da acusação de compensação excessiva de CSLL prevista no Auto de Infração do ano calendário de 2006: O Auto de Infração do anocalendário de 2006 referente a compensação indevida de base de cálculo negativa de CSLL de períodos anteriores, foi lavrado por ter a Fiscalizada compensado R$ 2.525.634,94, porém, devido à alteração da base de cálculo da CSLL, do anocalendário 2004, em razão de ajuste a título de preços de transferência feito no AI do anocalendário de 2004, o saldo remanescente compensável, para o anocalendário 2006, importou em R$ 330.336.27, implicando excesso de compensação de R$ 2.195.300,67 como valor tributável. O valor da glosa de excesso de compensação (Base compensada pelo sujeito passivo no AC 2006 diminuída do novo saldo remanescente) foi recomposto para o valor de R$ 1.423.723,91, conforme item 6) do Relatório de Diligência Fiscal: A decisão de 1ª Instância entendeu que a alteração do ajuste de preços de transferência do anocalendário 2004, verificada em procedimento fiscal de diligência, implica a alteração do lançamento da CSLL, do anocalendário 2006, efetivado em razão de excesso de compensação de base negativa de CSLL de períodos anteriores. Notase que essa alteração foi objeto do recurso de ofício. Ressaltase que não foram deferidos em sede de recurso voluntário novas alteração do ajuste de preços de transferência do anocalendário 2004, portanto não há alteração do lançamento da CSLL, do anocalendário 2006, além das já efetuadas pelo colegiado da Instância a quo. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário quanto a este item. Fl. 2638DF CARF MF Processo nº 16643.000052/200905 Acórdão n.º 1402003.339 S1C4T2 Fl. 2.639 47 Conclusão Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário acerca das alegações de, i) ilegalidade da IN nº 243/2002; ii) indevida inclusão, na base de cálculo do preço de transferência, dos itens fretes, seguros e impostos aduaneiros; iii) ilegalidade da PLR ponderada; e, iv) aproveitamento da base de cálculo negativa acumulada de CSLL. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Fl. 2639DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.000656/99-12
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Sep 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/1988 a 31/03/1992
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. ERRO MATERIAL. EFEITOS INFRINGENTES. FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ANTERIOR A 09/06/2015.
Devem ser acolhidos os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para sanar erro material apontado.
Numero da decisão: 9900-001.029
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Gerson Macedo Guerra, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada), Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Rodrigo da Costa Pôssas, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Vanessa Marini Cecconello, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Cristiane Silva Costa e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/1988 a 31/03/1992 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. ERRO MATERIAL. EFEITOS INFRINGENTES. FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ANTERIOR A 09/06/2015. Devem ser acolhidos os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para sanar erro material apontado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Presidente. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Gerson Macedo Guerra, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada), Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Rodrigo da Costa Pôssas, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Vanessa Marini Cecconello, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Cristiane Silva Costa e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
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ACOLHIMENTO. ERRO MATERIAL. EFEITOS INFRINGENTES. FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ANTERIOR A 09/06/2015. Devem ser acolhidos os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para sanar erro material apontado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Gerson Macedo Guerra, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada), Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Rodrigo da Costa Pôssas, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 06 56 /9 9- 12 Fl. 377DF CARF MF 2 Santos, Vanessa Marini Cecconello, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Cristiane Silva Costa e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de Embargos de Declaração da Fazenda Nacional quanto ao disposto no acórdão 9900001.019 Pleno (efls. 360 a 366), o qual, por unanimidade, conheceu do Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional para darlhe parcial provimento “apenas para os fatos geradores ocorridos antes de 03/1988, com retorno dos autos à unidade de origem”. Na origem, tratase de Pedido de Compensação de fls. 1 em 03/03/1999, solicitando a restituição de valores relativos a indébitos de Contribuições par ao Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL), recolhidos a maior, mensalmente, sobre os fatos geradores ocorridos nos períodos de outubro de 1988 a março de 1992, e sua compensação com créditos tributários vencidos e/ou vincendo, de sua responsabilidade, administrados pela Secretaria da Receita Federal à época. Alega a PGFN que o acórdão estaria maculado por contradição, eis que, muito embora baseado em entendimento pacificado pelo STF em sede de repercussão geral (prazo de 10 anos para a prescrição de pedido de restituição), esta, a prescrição, teria sido afastada pelo colegiado para período superior aos 10 anos. Segundo alega, apesar de o pedido ter sido protocolado em 03/03/1999 o que levaria à prescrição o crédito relativo aos fatos geradores ocorridos até 03/1989 “a prescrição foi afastada pelo colegiado para o período a partir de 03/1988” (grifei). Com efeito, o próprio dispositivo do voto condutor do acórdão corrobora a aparente contradição ressalta pela Fazenda Pública. Confirase: In casu, o pedido da Contribuinte foi protocolado em 28/01/1999 referentes aos períodos de apuração de 01/09/1989 a 31/03/1992, assim, voto no sentido de dar provimento parcial apenas para os fatos geradores ocorridos antes de 03/1988, com retorno dos autos à Unidade de Origem. Diante do exposto, e considerando que existe no julgado aparente contradição que merece ser saneada pelo Colegiado, a presidência deste CARF conheceu dos embargos declaratórios da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora Os Embargos Declaratórios apontam erro material constante do acórdão sub examen, que efetivamente aplicando o pacificado pelo STF, deveria estar apontado como 03/1989, e não como supramencionado, em 03/1988. Fl. 378DF CARF MF Processo nº 13804.000656/9912 Acórdão n.º 9900001.029 CSRFPL Fl. 378 3 In casu, o pedido da Contribuinte foi protocolado em 03/03/1999 referentes aos períodos de apuração de 01/10/1988 a 31/03/1992, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional, apenas para os fatos geradores ocorridos antes de março de 1989, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para análise do direito creditório, devendo ser assim, integrado aquele acórdão com o presente decisum. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 379DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.911533/2016-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2012
DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.
MULTA E JUROS DE MORA.
Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.791
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2012 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COFINS Recorrente KEKO ACESSORIOS S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2012 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório que esteja devidamente motivado e fundamentado, possibilitando o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização de parte do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicandose o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. MULTA E JUROS DE MORA. Débitos indevidamente compensados por meio de Declaração de Compensação não homologada sofrem incidência de multa e juros de mora. Artigo 61 da Lei nº 9.430/1996. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS DE MORA. SELIC. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 108. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 15 33 /2 01 6- 72 Fl. 185DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 2 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente, rejeitando as preliminares da defesa e não homologando as compensações apresentadas por não reconhecer o direito creditório postulado. O Despacho Decisório considerou que o crédito informado no PER/DCOMP foi parcialmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, restando saldo disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em manifestação de inconformidade alegou preliminarmente a Contribuinte que é legítima detentora de créditos apresentados para compensação originados de pagamentos realizados de maneira indevida ou a maior e o despacho decisório, que não reconheceu o direito creditório e deixou de homologar a compensação deve ser declarado nulo em razão de: i)Ausência de fundamentação, resultando em desvio de finalidade na busca pela verdade material, uma vez que não foi diligenciado para aferição do crédito pleiteado e não intimou a Contribuinte a prestar informações; Fl. 186DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 3 ii) É dever da Autoridade fiscal, por aplicação do artigo 7º do Decreto nº 70.235/72, instruir o procedimento fiscal, como a solicitação de informações ao Contribuinte, apreensão de documentos fiscais, diligências até a sede da Empresa, entre outros expedientes; iii) Não foi respeitado o contraditório, o devido processo legal e a ampla defesa. No mérito, alegou a Contribuinte que: iv) Deve ser possibilitada posterior juntada de documentos que comprovem as alegações trazidas em manifestação de inconformidade, em respeito ao princípio administrativo da verdade material, possibilitando a comprovação do direito creditório; v) É ilegal e inconstitucional a multa aplicada sobre o montante do tributo devido, devendo ser aplicados os princípios constitucionais do não confisco, razoabilidade e proporcionalidade; vi) O percentual de multa aplicado para o caso de descumprimento de obrigação principal, mesmo que expressamente previsto na legislação pertinente, deveria sempre guardar proporção com o valor da prestação tributária exigida, bem como adequarse e/ou assemelharse aos novos critérios de aplicação de multas estabelecidos para as relações contratuais que envolvem questões de direito privado. O Acórdão nº 02073.181 manteve o despacho decisório. Regularmente cientificada desta decisão, a Recorrente interpôs tempestivamente o Recurso Voluntário ora em apreço, onde repisa os argumentos expostos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.753, de 24 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 11020.900612/201658, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.753): "Pressupostos legais de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo ser conhecido. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 4 Preliminar A Recorrente alega preliminarmente que o despacho decisório é nulo por não ser fundamentado e ferir os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e devido processo legal, resultando em desvio de finalidade. Sem razão. Está correta a decisão recorrida ao concluir pela aplicação do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Com a detida análise dos autos é possível constatar que tanto o PERD/COMP, quanto a Manifestação de Inconformidade e o Recurso Voluntário, não estão instruídos com documentos passíveis de corroborar com as alegações da defesa. Ao invés de comprovar a certeza e liquidez ou, ainda, proceder à retificação da DCTF, demonstrando a suficiência do direito creditório para contrapor ao despacho decisório que não homologou a compensação, a Recorrente cingiuse em alegar a ausência das razões da não homologação, invocando os Princípios Constitucionais do Contraditório, Ampla Defesa e Devido Processo Legal, atribuindo o ônus da prova à Autoridade Fazendária. Ao contrário do que alega a Recorrente, aplicase o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito. Neste sentido, a 4ª Câmara da 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais proferiu o Acórdão nº 3401003.907, acatando por unanimidade o voto do Conselheiro Relator Augusto Fiel Jorge D'Oliveira ao negar provimento ao Recurso Voluntário interposto no Processo Administrativo Fiscal nº 13832.000095/9970, conforme Ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1991 a 30/06/1992 ÔNUS DA PROVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem do indeferimento de pedido de restituição/compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 188DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 5 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. Transcrevese abaixo parte do fundamento que embasou o respeitável voto do julgado acima citado: Em se tratando de pedido de restituição combinado com pedido de compensação, é ônus do contribuinte provar que possui o direito de crédito e no montante por ele alegado, o que implica a guarda da documentação necessária para tanto não pelo prazo de 5 (cinco) anos da realização dos pagamentos, como pretende ver reconhecido o Recorrente, mas até o encerramento da discussão administrativa ou judicial em que pretende ver aquele direito de crédito reconhecido. Nesse sentido, vejam os dispositivos legais a seguir: CTN: "Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram". (grifos nossos) Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil): "Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados" . (grifos nossos) Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99): "Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 4º). (...) Art.923.A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em Fl. 189DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 6 preceitos legais. (DecretoLei nº1.598, de 1977, art. 9º, §1º)". (grifos nossos) Neste caso, não se aplicam as hipóteses de nulidade previstas pelo artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, uma vez que tanto o despacho decisório, quanto o acórdão recorrido estão motivados pela ausência de crédito suficiente para compensação com os débitos declarados. E não há que se falar em preterição do direito de defesa da Contribuinte. Portanto, afasto as preliminares invocadas no recurso em análise. Mérito Princípio da Verdade Material A Recorrente invoca o Princípio da Verdade Material para alegar que deveria o Agente Fiscal apurar os fatos independentemente de suposições ou indícios, possibilitando à manifestante a posterior juntada de documentos para comprovar o direito creditório. Com efeito, a busca pela verdade material deve prevalecer, possibilitando ao Contribuinte apresentar todos os meios de provas necessários para comprovação de seu direito. No entanto, é da Contribuinte o ônus da prova passível de contrapor a constatação de utilização dos créditos declarados para compensação, o que não ocorreu no presente caso, pois a Recorrente não apresentou qualquer documento passível de comprovar o direito alegado, tampouco procedeu à Retificação da DCTF no prazo concedido para manifestação de inconformidade. O Artigo 37 da Lei nº 9.430/1996 prevê que "Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios". Reiterase a aplicação do artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3302005.292, proferido pela 3ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da 3ª Seção deste Tribuna Administrativo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 7 DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.. IMPRESCINDIBILIDADE DA NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E Fl. 191DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 8 ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDAE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 9 Recurso Voluntário Negado. Da alegação de Inaplicabilidade da multa em face do Princípio Constitucional do Não Confisco e dos Princípios Administrativos da Razoabilidade e da Proporcionalidade. A Recorrente questiona a multa aplicada, alegando tratarse de penalidade confiscatória, ilegal e inconstitucional. Alega que: O valor lançado a título de multa, flagrantemente ilegal como a seguir demonstrarseá, é manifestamente excessivo, ferindo, desta maneira o princípio constitucional do não confisco e dos princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade. Neste contexto, é princípio básico que a pena, no caso a multa aplicada em face de infrações, não pode ultrapassar os estritos limites da lei – ou ainda, do direito como um todo valendo para o caso específico do direito tributário, a definição legal do tributo como insuscetível de servir como instrumento de penalização do contribuinte. (...) De outra banda, importa consignar que as obrigações acessórias, entre elas a multa, podem ter duas naturezas, sendo uma tributária e, neste caso, converterse em principal, e a outra de natureza punitiva, que, ipso jure, convertese também em principal. No primeiro caso, o que era princípio na legislação esparsa, convertese em mandamento constitucional e legal impeditivo da bitributação com a mesma base de cálculo, vedando o bis in idem a partir do mesmo fato gerador, expresso no art. 150, I da CF/88, antes focado. Ora ainda que tolerado durante a vigência da Constituição anterior e ainda que contrário ao princípio da tributação, o Código Tributário Nacional, como antes dito, mandava converter a obrigação acessória, qualquer que fosse sua natureza, administrativa ou punitiva, em obrigação principal. Contudo, a tolerância tinha origem na idéia de que a obrigação principal art. 113, 3º, do CTN surge com a ocorrência do fato gerador, e tinha por objeto não apenas o pagamento do tributo, mas também a penalidade pecuniária. (...) Assim, a multa em questão é totalmente inexigível, uma vez que fere explicitamente os princípios legais e constitucionais Fl. 193DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 10 acima referidos, devendo ser reformado o acórdão recorrido também neste ponto. Ocorre que o artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 é taxativo ao estabelecer a fixação de juros de mora e multa: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A multa aplicada atende ao limite de 20% (vinte por cento) estabelecido pelo § 2º acima transcrito. Portanto, não há que se alegar caráter confiscatório, tampouco ausência de razoabilidade e proporcionalidade. Por outro lado, incide a Súmula CARF nº 2, uma vez que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Taxa Selic A Recorrente questiona a aplicação da Taxa Selic na correção do crédito tributário, argumentando pela ilegalidade do cálculo de juros moratórios sobre débitos tributários. Não assiste razão à Recorrente, considerando a incidência da Súmula CARF 108, que assim dispõe: Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 11020.911533/201672 Acórdão n.º 3402005.791 S3C4T2 Fl. 0 11 Portanto, deve ser mantida a decisão recorrida. Dispositivo Ante o exposto, conheço o Recurso Voluntário, rejeito as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGO PROVIMENTO para manter na íntegra o acórdão recorrido. " Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 195DF CARF MF
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