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Numero do processo: 10660.720600/2011-39
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
PENSÃO ALIMENTÍCIA. REQUISITOS.
Da legislação de regência, extrai-se que são requisitos para a dedução da despesa com pensão alimentícia: a) a comprovação do efetivo pagamento dos valores declarados; b) que o pagamento tenha a natureza de alimentos; c) que a obrigação seja fixada em decorrência das normas do Direito de Família; e d) que seu pagamento esteja de acordo com o estabelecido em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou, ainda, a partir do ano-calendário 2007, em conformidade com a escritura pública a que se refere o art. 1.124-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
Numero da decisão: 2001-000.985
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 PENSÃO ALIMENTÍCIA. REQUISITOS. Da legislação de regência, extrai-se que são requisitos para a dedução da despesa com pensão alimentícia: a) a comprovação do efetivo pagamento dos valores declarados; b) que o pagamento tenha a natureza de alimentos; c) que a obrigação seja fixada em decorrência das normas do Direito de Família; e d) que seu pagamento esteja de acordo com o estabelecido em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou, ainda, a partir do ano-calendário 2007, em conformidade com a escritura pública a que se refere o art. 1.124-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal - Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
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REQUISITOS. Da legislação de regência, extraise que são requisitos para a dedução da despesa com pensão alimentícia: a) a comprovação do efetivo pagamento dos valores declarados; b) que o pagamento tenha a natureza de alimentos; c) que a obrigação seja fixada em decorrência das normas do Direito de Família; e d) que seu pagamento esteja de acordo com o estabelecido em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou, ainda, a partir do ano calendário 2007, em conformidade com a escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 06 00 /2 01 1- 39 Fl. 83DF CARF MF 2 Tratase de Notificação de Lançamento relativa a Imposto de Renda Pessoa Física, lavrada em nome do sujeito passivo em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2009, anocalendário de 2008. De acordo com o Relatório de Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, foi apurada a glosa parcial sobre as deduções indevidamente realizadas pelo sujeito passivo, por falta de comprovação, a título de Pensão Alimentícia Judicial e/ou por Escritura Pública e dedução indevida de dependentes. Regularmente cientificado da Notificação, a contribuinte, em suma, reconheceu a dedução indevida com dependentes e no que se refere às despesas com pensão alimentícia ratifica que foram pagas em decorrência de decisão judicial. A DRJ Juiz de Fora, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de o Contribuinte logrou êxito parcial em comprovar os direitos alegados. Com relação aos pagamentos de pensão alimentícia judicial, manifestou que o impugnante faz jus a dedução a título de “pensão alimentícia judicial” no valor de R$ 9.724,94. No que se refere aos pagamentos feitos para a Sra. Raimunda Nonata Pinheiro Gomes, no ano calendário de 2008, que perfazem o valor de R$ 7.500,00, entende a DRJ que tratavase de pensão provisória e comprovantes depósitos provisórios. Assim, mantém a glosa desta parcela. Em sede de Recurso Voluntário, junta o contribuinte documentações que não deixam dúvidas acerca da dedutibilidade de suas despesas em relação a pensão alimentícia paga para a sra Raimunda Nonata. Já no que se refere à despesa com dependente, já havia reconhecido o seu equívoco e também reconhece em sede de Recurso que é indevida a dedução da pensão na parcela de R$5.005,00. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Merece seja repetido que a análise da lide, neste momento, apenas se restringe às despesas com pensão alimentícia, eis que as demais não foram mais contestadas em sede de Recurso Voluntário. Mérito Pensão alimentícia Merece trazer a baila logo de início o que dispõe a legislação no que se refere à pensão alimentícia. Vejamos o que está previsto no art. 8º, II, “f”, da Lei nº 9.250/1995: Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10660.720600/201139 Acórdão n.º 2001000.985 S2C0T1 Fl. 3 3 Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais; Ressaltese que a alínea “f” do inciso II do artigo 8º da Lei nº 9.250, de 1995, passou a ter nova redação com o advento da Lei n.º 11.727, de 23 de junho de 2008, redação esta que, nos termos do art. 21 desta Lei, entrou em vigor na data da publicação da Lei nº 11.441, de 4 de janeiro de 2007. Eis a nova redação: f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou deescritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) Conforme verificase da legislação acima transcrita, são requisitos para a dedução: a comprovação do efetivo pagamento dos valores declarados; que o pagamento tenha a natureza de alimentos; que a obrigação seja fixada em decorrência das normas do Direito de Família; e que seu pagamento esteja de acordo com o estabelecido em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou, ainda, a partir do anocalendário 2007, em conformidade com a escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. No caso em comento discutese apenas a dedutibilidade da pensão posto que que não teria sido comprovada pelo contribuinte o pagamento e sua obrigação relativa a pensão da sra Sra. Raimunda Nonata Pinheiro Gomes, no ano calendário de 2008, que perfazem o valor de R$ 7.500,00. Ocorre que em sede de Recurso Voluntário junta toda a documentação que não deixa dúvida acerca do efetivo pagamento desta pensão. No que se refere ao valor de R$5.005,00, reconhece o Recorrente que é dedução indevida. Nesta senda entendo que deve ser trazido à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Fl. 85DF CARF MF 4 Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Neste diapasão, verificando a boa fé, o respaldo em decisão judicial e os argumentos e documentos claros trazidos pelo contribuinte, além das efetivas provas da obrigação legal em pagar a pensão, entendo serem dedutíveis as despesas de pensão alimentícia incorridas pelo contribuinte no valor R$ 7.500,00, pago a Sra de Raimunda Nonata Pinheiro Gomes, no ano calendário de 2008. A parcela de R$5.005,00 é incontroversa. Portanto, dou provimento integral ao Recurso Voluntário para considerar como dedutível a parcela mencionada da pensão alimentícia no valor de R$ 7.500,00. CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para acatar a despesa de pensão alimentícia Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10660.720600/201139 Acórdão n.º 2001000.985 S2C0T1 Fl. 4 5 questionada pelo contribuinte no valor de R$ 7.500,00, pago a Sra de Raimunda Nonata Pinheiro Gomes, no ano calendário de 2008. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 87DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10845.720177/2010-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
Rejeitam-se os embargos de declaração quando não caracterizada omissão na decisão recorrida, fundamento do recurso. Ademais, os embargos de declaração não se revestem em oportunidade para a rediscussão de mérito.
Embargos Rejeitados.
Numero da decisão: 3301-005.185
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração interpostos, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. O Conselheiro Ari Vendramini se declarou impedido e não participou do julgamento.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. Rejeitam-se os embargos de declaração quando não caracterizada omissão na decisão recorrida, fundamento do recurso. Ademais, os embargos de declaração não se revestem em oportunidade para a rediscussão de mérito. Embargos Rejeitados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração interpostos, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. O Conselheiro Ari Vendramini se declarou impedido e não participou do julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro - Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
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AQUISIÇÕES DE CAFÉ. OPERAÇÕES SIMULADAS Embargante OLAM AGRÍCOLA LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. Rejeitamse os embargos de declaração quando não caracterizada omissão na decisão recorrida, fundamento do recurso. Ademais, os embargos de declaração não se revestem em oportunidade para a rediscussão de mérito. Embargos Rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração interpostos, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. O Conselheiro Ari Vendramini se declarou impedido e não participou do julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 72 01 77 /2 01 0- 28 Fl. 2610DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.611 2 Relatório Tratase de embargos de declaração interpostos pelo contribuinte, nos termos do art. 65 do RICARF, contra o acórdão nº 3301003.200, de 21 de fevereiro de 2017, efls. 2.533 a 2.555, cuja ementa é a seguinte: CAFÉ. GLOSAS. CRÉDITOS BÁSICOS. OPERAÇÕES SIMULADAS. Demonstrada a existência da fraude nas operações de aquisição de café em grão mediante simulação de compra realizada de pessoas jurídicas inexistentes de fato, quando a operação real foi de compra do produtor rural, pessoa física, com o fim apropriação do valor integral do crédito da PIS e COFINS, deve ser mantida a glosa dos créditos ilegitimamente descontados pelo contribuinte. CRÉDITOS. AQUISIÇÕES DE COOPERATIVAS AGROINDUSTRIAIS. Uma vez que os produtos vendidos pelas cooperativas agroindustriais para a Recorrente sofreram incidência do PIS e da COFINS, às alíquotas regulares (artigos 2° das Leis n° 10.637/02 e 10.883/03), há que se admitir o creditamento, a fim de preservar o princípio da não cumulatividade. Recurso Voluntário Parcialmente Provido. Sustenta a Embargante que há omissão, diante da não manifestação do acordão embargado quanto aos dispositivos legais invocados em seu Recurso Voluntário (o parágrafo único do art. 82 da Lei nº 9.430/1996 e o art. 118 do Código Tributário Nacional), nem tampouco quanto ao entendimento firmado pelo STJ nos autos do REsp 1.148.444/MG, sob a sistemática dos Recursos Repetitivos, de aplicação obrigatória no âmbito do CARF. Ademais, apesar de ter argumentado que a fiscalização apenas presumiu a falta de idoneidade em relação a vários de seus fornecedores, após buscar características que seriam comuns entre essas empresas e aquelas já declaradas inidôneas em consequência das operações "Tempo de Colheita", "Broca" e "Robusta", cujos resultados fundamentaram a autuação, o acórdão embargado teria sido omisso ou obscuro, por afastar a alegação de presunção, ainda que a própria autoridade fiscalizadora tenha reconhecido expressamente a adoção desse procedimento sobre a grande maioria das empresas listadas no termo de verificação fiscal. Acrescenta que, embora não tenha sido levantada qualquer dúvida sobre a idoneidade de diversos outros fornecedores da empresa, os créditos referentes às aquisições efetuadas junto a essas outras pessoas também foram, conforme alega, indiscriminadamente tratados como se decorrentes de aquisições de empresas de fachada. Os Embargos foram admitidos parcialmente pelo Presidente Luiz Augusto do Couto Chagas (efls. 25972602), em 14 de setembro de 2017, para que as duas primeiras omissões apontadas pela Embargante sejam colmatadas, mediante a prolação de um novo acórdão. A parte admitida foi assim justificada no Despacho: Fl. 2611DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.612 3 Falta de análise de dispositivos legais e jurisprudência do STJ Analisando atentamente as omissões pretextadas para a interposição do recurso, vejo que, tanto em sua manifestação de inconformidade (fls. 2.203 a 2.240) quanto no recurso voluntário (fls. 2.358 a 2.419), a empresa recorre ao parágrafo único do art. 82 da Lei nº 9.430, de 1996, bem como ao entendimento manifestado pelo STJ nos autos do REsp nº 1.148.444/MG, para alegar que, se as aquisições de insumos efetivamente ocorreram, estaria demonstrada a boafé da adquirente e estabelecida a necessidade de que os documentos relacionados a essas transações produzam os efeitos tributários concernentes ao direito de creditamento. Além disso, especificamente no recurso voluntário, acrescenta menção ao art. 118 do Código Tributário Nacional para argumentar e concluir que, se as contribuições (PIS e COFINS) são devidas pelos fornecedores da operação de venda, deve ser também autorizado o creditamento pelos adquirentes, de maneira a evitarse o enriquecimento sem causa do Fisco. Neste ponto é preciso notar que, embora o voto da Eminente Relatora esteja redigido de forma bastante abrangente e inteligível, o Acórdão de Recurso Voluntário não faz qualquer alusão aos discursos e dispositivos acima indicados e, de igual forma, tampouco o Acórdão de Manifestação de Inconformidade a havia feito (fls. 2.296 a 2.339). É preciso então reconhecer que, aparentemente, o julgado não se pronunciou sobre esse ponto específico suscitado pela recorrente, cabendo à Turma Julgadora, portanto, examinar o cabimento da possibilidade de complementar a manifestação. Convém observar que o presente despacho não determina se, efetivamente, ocorreu a omissão alegada. Nesse sentido, o exame de admissibilidade não se confunde com a apreciação do mérito dos embargos, que é tarefa a ser empreendida subsequentemente pelo Colegiado. Por sua vez, transcrevese o trecho do despacho que inadmitiu os Embargos quanto à obscuridade ou omissão no afastamento da presunção: Afastamento da alegação de presunção Por outro lado, no protesto contra o afastamento da alegação de presunção, percebese que a embargante não se satisfez com a análise que fez o voto condutor do aresto embargado sobre as provas e as alegações recursais. Primeiramente, não há como distinguir a incidência de omissão, pois é fato que a decisão questionada enfrentou expressamente o assunto em destaque, conforme se verifica na apreciação de fls. 2.544 a 2.549. Além disso, naquele arrazoado, vêse que o parecer explicita claramente as causas que levaram ao convencimento de que a autuação não está fundamentada em infrações presumidas, Fl. 2612DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.613 4 motivo pelo qual também não se encontram evidências que confirmem a alegação de obscuridade. Impõese destacar que, encontrando o julgador fundamentos suficientes para justificar sua convicção, dispensável se torna a abordagem de outras ponderações, ainda que dessas tenha a parte se utilizado, porque já então inócuas frente ao julgado, não estando o julgador, assim, constrangido a discutir as minúcias de todos os argumentos lançados pela parte. (...) Quanto a esse ponto, portanto, a embargante utilizase do remédio inadequado para demonstrar sua insatisfação com o que restou decidido no acórdão. A omissão que enseja saneamento pela via dos embargos de declaração só se verifica na ausência absoluta de julgamento de matéria expressamente posta em debate. Mais ainda, a obscuridade que poderia ser superada por meio dos embargos deve almejar uma sentença em que não seja possível entender o que se procurava dizer ou qual a vontade que se pretendia manifestar. Por conseguinte, os autos retornaram a Relatora, para a inclusão em pauta. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, Relatora Conhecese dos presentes embargos de declaração, nos termos do r. despacho de admissibilidade do Sr. Presidente. Ressalto que, nos termos do §3º do art. 65 do RICARF, o teor do despacho de admissibilidade é irrecorrível, relativamente à parte inadmitida. Os argumentos da Embargante são os seguintes: (...) em nenhum momento houve a análise, por parte da eminente Relatora e nem do Colendo Colegiado, da aplicação do parágrafo único do artigo 82 da Lei nº 9.430/96 e do artigo 118 do Código Tributário Nacional. Esses dispositivos, invocados no Recurso Voluntário, são relevantes diante da constatação feita pela fiscalização na origem de que, no presente caso, as operações de aquisição dos insumos efetivamente ocorreram (com o pagamento do preço de mercado) e os bens ingressaram no estabelecimento da Embargante. 16. Tais pontos foram devidamente apontados na petição de Recurso Voluntário da ora Embargante, como se observa pelo seguinte excerto, verbis (fls. 2.379) Fl. 2613DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.614 5 “Nessa medida, comprovado o pagamento – a preço de mercado, digase – e o recebimento do produto, está demonstrada a boafé e a necessidade de que os documentos que lastrearam as aquisições pela Recorrente produzam os efeitos tributários relativos ao direito de creditamento, nos termos do parágrafo único do artigo 82 da Lei nº 9.430/96. Todo o arrazoado que se apresenta a seguir prestase, em essência, a esmiuçar o direito da Recorrente, mas está claro que atendidos os requisitos acima, não há espaço para a desconsideração do direito ao creditamento. Ademais, presumese que o Fiscal está buscando o pagamento dos tributos devidos, PIS e COFINS entre eles, pelas revendedoras de café. Tratase da aplicação do princípio do non olet – previsto no artigo 118 do Código Tributário Nacional – segundo o qual a riqueza deve ser tributada independentemente de eventual origem ilícita, de maneira a evitar um duplo favorecimento do infrator. O corre que, da mesma foram que o PIS e a COFINS são devidas pelos fornecedores ada operação, deve ser autorizado o creditamento pelos adquirentes, de maneira a evitarse o enriquecimento sem causa do Fisco. Por óbvio, é absolutamente incongruente o comportamento fiscal de pretender o pagamento relativo à operação anterior e desconsiderar a operação no que diz respeito à operação subsequente. 17. As matérias acima reiteradas são essenciais ao julgamento da demanda, pois como já apontado no próprio Recurso Voluntário, tais dispositivos legais embasaram entendimentos de outras Turmas desse Egrégio Tribunal Administrativo que reconheceram a validade dos créditos integrais em situações semelhantes à presente. 18. Dessa forma, tornase indispensável que o E. Colegiado se pronuncie sobre tais pontos, suprindose a omissão ora apontada, por se tratarem de questões fundamentais ao julgamento da causa. 19. E uma vez suprida a omissão em questão, há a necessidade de pronunciamento expresso desse Colegiado sobre a aplicação dos citados dispositivos (artigo 82, parágrafo único da Lei nº 9.230/96 e artigo 118 do CTN) levandose em consideração também o entendimento firmado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça firmado nos autos do RESP 1.148.444/MG1, sob a sistemática dos Recursos Repetitivos, de aplicação obrigatória no âmbito desse CARF nos termos do artigo 62, § 2º do RI/CARF2, em que restou afastada a glosa de créditos quando a declaração de inidoneidade se dá em momento posterior ao da circulação Fl. 2614DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.615 6 das mercadorias e o adquirente comprova o pagamento. Veja se: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE ICMS. APROVEITAMENTO (PRINCÍPIO DA NÃOCUMULATIVI DADE). NOTAS FISCAIS POSTERIORMENTE DECLARADAS INIDÔNEAS. ADQUIRENTE DE BOAFÉ. 1. O comerciante de boafé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea, pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da nãocumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação (...). 2. A responsabilidade do adquirente de boafé reside na exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe ao Fisco, razão pela qual não incide, à espécie, o artigo 136, do CTN, segundo o qual “salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato” (norma aplicável, in casu, ao alienante). 3. In casu, o Tribunal de origem consignou que: “(...) os demais atos de declaração de inidoneidade foram publicados após a realização das operações (f. 272/282), sendo que as notas fiscais declaradas inidôneas têm aparência de regularidade, havendo o destaque do ICMS devido, tendo sido escrituradas no livro de registro de entradas (f. 35/162). No que toca à prova do pagamento, há, nos autos, comprovantes de pagamento às empresas cujas notas fiscais foram declaradas inidôneas (f. 163, 182, 183, 191, 204), sendo a matéria incontroversa, como admite o fisco e entende o Conselho de Contribuintes.” 4. A boafé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS. 5. O óbice da Súmula 7/STJ não incide à espécie, uma vez que a insurgência especial fazendária reside na tese de que o reconhecimento, na seara administrativa, da inidoneidade das notas fiscais opera efeitos ex tunc, o que afastaria a boafé do terceiro adquirente, máxime tendo em vista o teor do artigo 136, do CTN. 6. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Fl. 2615DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.616 7 20. O mencionado julgado também foi tratado pela Embargante em seu Recurso Voluntário (como se observa às fls. 2.400/2.401) e não foi objeto de análise pelo voto vencedor, evidenciandose nova omissão, nesse particular, que também merece ser sanada por esse Colegiado. 21. Por fim, relativamente à aplicação dos citados dispositivos ((artigo 82, parágrafo único da Lei nº 9.230/96 e artigo 118 do CTN) e do referido precedente vinculativo (RESP 1.148.444/MG), considerandose as peculiaridades do caso concreto, notase que exsurgem obscuridades do aresto embargado, que também devem ser esclarecidas pelo acolhimento os presentes Aclaratórios. Então, passo a seguir à análise das duas omissões apontadas no acórdão embargado n° 3301003.200, conforme as alegações postas acima. Dispõe o art. 82, parágrafo único, da Lei n° 9.430/96: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. Ao passo que o art. 118 do CTN prescreve: Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: I da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. A Embargante invoca a aplicação desses dois dispositivos, por considerar que as operações de aquisição dos insumos efetivamente ocorreram (com o pagamento do preço de mercado) e os bens ingressaram no seu estabelecimento, o que lhe garante a manutenção dos créditos integrais. Assim, sustenta que comprovado o pagamento a preço de mercado e o recebimento do produto, está demonstrada a sua boafé. Não há que se cogitar a aplicação do parágrafo único do artigo 82 da Lei nº 9.430/96, tendo em vista a comprovação da fraude. Ora, diante de fraude comprovada resta afastada qualquer alegação de boafé. Isso porque a Embargante tinha conhecimento de que as empresas das quais adquiriu o café, funcionavam apenas de fachada e emitiram notas fiscais falsas. Fl. 2616DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.617 8 Como apontou o acórdão embargado, demonstrado que a contribuinte mantinha relações comerciais com empresas de fachada, para fins de geração de créditos inexistentes, há que se desconsiderar a alegada boafé. No mesmo sentido, descaracterizada a aplicação do REsp 1.148.444/MG, uma vez que o decisum do STJ assegurou que apenas a boafé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS. Para que não haja dúvidas, repiso as razões do acórdão embargado: Glosa dos Créditos de PIS e Cofins nas Aquisições de Pseudo Atacadistas, notas fiscais infirmadas nas operações “Tempo de Colheita”, “Broca” e “Robusta” Os elementos utilizados para construção do quadro fáctico geral das glosas e dos autos de infração decorrem de provas colacionadas a partir das investigações originadas na operação fiscal TEMPO DE COLHEITA deflagrada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória/ES, em outubro de 2007, e das operações BROCA e ROBUSTA, fruto da parceria entre o Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal. As glosas dos créditos básicos de PIS e Cofins tiveram como fundamento a simulação de operações de compra de café de produtores rurais (pessoas físicas), mediante a utilização de pessoas jurídicas fictícias, inexistentes de fato, com o fim específico de simular as compras como se fossem destas, com vistas a gerar créditos das contribuições. Do exame do Termo de Verificação Fiscal extraise que as operações simuladas foram provadas por meio de documentos, depoimentos e declarações das pessoas físicas e jurídicas que integraram o esquema fraudulento. A fiscalização demonstrou que as pessoas jurídicas que emitiram as notas fiscais, em valores elevados, não tinham capacidade financeira nem espaços físicos que permitissem tais operações, sendo que a maioria delas era inativa perante a RFB. As notas fiscais, a documentação contábil, os depoimentos, todo o material anexado ao processo fiscalizatório comprovam a operação simulada na compra do café, ou seja, foram colocadas fraudulentamente entre o produtor rural e os verdadeiros adquirentes do café, as empresas atacadistas (noteiros) que só existiam para emissão de nota fiscal intermediária para permitir o aproveitamento indevido de créditos de PIS/Cofins em sua integralidade. Após a análise dos documentos apresentados pela Oustpan na auditoria, verificouse o aproveitamento de créditos de PIS/COFINS vinculados à receita de vendas de empresa comercial exportadora com fins específicos de exportação, tendo como base aquisições de café de pessoas jurídicas Fl. 2617DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.618 9 irregulares (empresas pseudoatacadistas), as quais foram declaradas INAPTAS pela Receita Federal do Brasil, devido à comprovação de sua inexistência de fato, e de outras que apresentam vários indícios de serem também pseudoatacadistas. Foi constatado em diligências nas empresas, que nenhuma delas possuía armazéns ou depósitos, nenhum funcionário contratado e nenhuma estrutura logística. Foram desconstituídas inúmeras empresas (noteiras) fornecedoras: Columbia Comércio de Café Ltda.; L & L Com. Exp. De Café Ltda.; Do Grão Com. E Exp. E Imp. Ltda.; Nova Brasília Com. De Café Ltda.; J. C. Bins; Café Brasile Com. E Exp. Ltda.; G. H. Moschem; V. Munaldi ME; Miranda Com. Imp. e Exp. de Café Ltda.; F. G. Comissária Ltda.; W.R. da Silva; Reicafé Com. de Café; R. Araújo Mercantil CAFECOL; M. C. da Silva Brasil Blend; Cafeeira Arruda; Ypiranga Com. de Café; P. A. de Cristo; Acádia Comércio Ltda.; V. & F. Comercial; C. Dario ME; GB. Armazéns; Enseada Com. de Café; Luciano Giubert Alves Café; Conara; Ceiba Com. Imp.; Roma Com. de Café e Sacaria; Café Arabilon; WG de Azevedo Brasil Coffee; Do Norte Café; Aracê Mercantil; Agrosanto Comércio de Cereais; Cafeeira JJ.; Cafeeira São José; Canaã Café; Meriades Distr. Ind. e Com. de Alimentos; BR Armazéns Gerais; Continental Trading Ltda.; Caparão Com. de Cereais; Comercial de Café e Cereais Ilha Bela Ltda. A DRJ resumiu de forma precisa o que destes autos consta, com o propósito de verificar a participação da Recorrente no esquema: O conjunto de provas é constituído de uma série de documentos que permitem traçar um quadro em alta resolução de como operavam os envolvidos e que praticamente esgota todas as facetas envolvidas no esquema. Entre a documentação coligida destacamse depoimentos traduzidos a termos e prestados pelos principais atores do mercado de café: produtores rurais, maquinistas, motoristas de transportadores e corretores; transcrição e análises de comunicações trocadas via MSN, travadas entre diretores da fiscalizada e corretores e agentes; laudos de exames realizados nos arquivos eletrônicos dos computadores apreendidos nas operações, inspeção de documentos fiscais de compra e venda de café expedidos pelos produtores rurais pessoas físicas e pelas pessoas jurídicas intervenientes, confirmações de compra e notas de corretagem, romaneios de pesagem quando da descarga do café em armazéns. Também foi avaliada a situação fiscal das empresas tidas por vendedoras de café às exportadoras mediante análise da correspondente movimentação bancária, dos valores de tributos declarados e pagos, do corpo funcional, instalações físicas, condições econômicas dos sócios formais. A DRJ reproduziu documentos e depoimentos diversos para comprovação do esquema, bem como confirmações de pedidos, notas fiscais, fotos e trechos de conversas no MSN de Fabrício Tristão, gerente de compras da Outspan, que comprovam a ciência e a participação da Recorrente no esquema de fraude do café. Quanto aos diálogos do comprador da Outspan, reproduzoos abaixo: Diálogo e entre Cláudio Assis e Fabrício Tristão file://P:\ExportV 00000FTK\ HQ00QFTK\2Q8021.xml Fl. 2618DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.619 10 No dia 16/07/2009, no diálogo estabelecido entre Cláudio Assis e Fabrício Tristão, ambos da OUTSPAN, este manifestou a preocupação das pessoas no interior com a implantação da nota fiscal eletrônica, a partir de 01/09/2009. Fabrício argumenta que "o modelo de firmas laranjas, que foi uma solução/adaptação a nova lei estará teoricamente falido", no que Cláudio Assis concorda que com a nota fiscal eletrônica vai mudar muita coisa. Fabrício diz que o mercado não irá conseguir repassar para o produtor toda a conta tributária, e sinaliza que haverá vantagens iniciais para quem está com a conta de PIS/COFINS "gorda". E que as cooperativas teriam vantagem inicial, muito grande. Assim sendo, Cláudio Assis diz que o "pessoal de Minas vai sofrer". ... No dia 03/08/2009, Fabrício retorna com o assunto da nota fiscal eletrônica. Assevera para Cláudio que o assunto no interior é "NFe pois todos operam com as laranjas ... aí já viu .... ninguém sabe o q vai acontecer a partir de setembro, mas tenho uma dúvida q queria tirar c vc '." Fabrício pergunta se todas as empresas laranjas operam no regime de 100% de transferência dos créditos na venda, o que confirma Cláudio Assis. Então, Fabrício pergunta se as laranjas podem virar cerealistas e equilibrar as contas do PIS/COFINS. Cláudio diz que não pode. Mais adiante, Fabrício pergunta se há compra de empresa cerealista de filial da OUTSPAN. Cláudio responde que há várias. Fabrício retruca: "são empresas mesmo ou são laranjas?'. Claudio responde: "não sei ao certo. Vou ver e te respondo". Ou seja, o Sr. Fabrício Tristão, gerente de compras da Oustpan, tinha pleno conhecimento do uso artificial de empresas de fachada no negócio de compra e venda de café. Importante salientar que a transcrição desses diálogos estabelecidos via MSN e extraídos dos computadores apreendidos na operação estão na íntegra reproduzidos nos documentos que integram o processo nº 15983.720081/201341, apensado aos presentes autos. Nos diálogos estabelecidos entre Geneval e Fabrício Tristão, entre Fabrício e Alexandre Carvalho entre Fabrício e Vivek Amar Amarnani, este último diretor e administrador da Oustpan, fica patente que não só havia conhecimento desse esquema por parte dos condutores da Outspan como também deliberadamente dele lançava mão a empresa: Na conversa de Fabrício com Geneval, da OUTSPAN no dia 01/09/2009, Fabrício relata que as pessoas estão comentando que não há nenhuma firma laranja com nota eletrônica, pelo menos, segundo Fabrício, não apareceu oferecendo para o pessoal do interior. No dia 10/09/2009, Geneval fala para Fabrício que Vivek teria dito para Lucas que está liberando a compra com firmas de fachada com notas eletrônicas. Fl. 2619DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.620 11 Fabrício não recomenda guiar café pela firma do Carlinhos Pianzolli e pergunta quais as empresas que a OUTSPAN estava usando que ficaram, com notas eletrônicas, no que Geneval diz que somente a Mundial, e acrescenta que o pessoal daquela região não trabalha com eles. .... No diálogo entre Alexandre L Carvalho e Fabrício Tristão (file://D:\Export\.00000FTKVH0000FTK\179938.xml) de 05/11/2008, Fabrício diz para Alexandre L Carvalho que as firmas laranjas estão diminuindo: F uma coisa aqui as firmas laranja estão diminuindo, pelo menos por enquanto e andamos bloqueando algumas, e me mandaram uma nota da P.A. de CRISTO lá de Barra de S. Francisco (ES) esta empresa tem ai tbém, não tem? A sim, eles tem filial mineira F ah ta! A O pomar é grande F Esta é internacional, rsrs A rsrsrs Em 18/02/2009, em conversa eletrônica entre Vivek e Fabrício Tristão file://D:\Export\ 00000FTKV H0000FTK\60797.xml) Fabrício comenta com Vivek que e "a Miranda Café (maior laranja q já teve) qdo estava em atividades tomou uma multa de 100 milhões". O analista do diálogo registrado no equipamento informa ainda: O Fabrício comentou com Vivek que esteve com Marcelo Neto (então presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória CCCV, e diretor da Tristão) e confirmou a existência de pesadas multas nas empresas NICCHIO SOBRINHO/ RIO DOCE/ GIUCAFÉ. E acrescentou que "acredita q isto é apenas o início e q ações de prisão/confisco poderão acontecer". E finaliza dizendo que independentemente destas operações [autuações da Receita] TRISTÃO/REAL, CAFÉ continuaram comprando normalmente seguindo aqueles procedimentos de consulta e tal [Sintegra], pelo menos por enquanto usando as firmas laranjas mesmo". Vivek agradece a Fabrício pelas informações. Aponto outros depoimentos importantes como de Paulo Zache, Luiz Fernandes Alvarenga, Renato Mielke, Gabriel Francisco Krohling, Marcelo Fausto Tamanini, e em especial a confirmação de pedido nº 6/00, de 05/01/2007, da Casa do Café Corretora. Entendo que as reproduções de depoimentos feitas pela DRJ, nas efls. 23072334, são suficientes para a comprovação da ciência e participação da Recorrente no esquema de fraude, por isso entendo não ser necessário reproduzilas novamente neste momento, uma vez que não há fatos novos trazidos no Recurso Voluntário. As provas são robustas, afastando qualquer alegação feita pela Recorrente de uso da presunção por parte da fiscalização. Fl. 2620DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.621 12 Então, pelo o que consta dos autos, a autoridade fiscal demonstrou que as aquisições de pessoas jurídicas por parte da Recorrente em nome das comprovadas empresas de fachada foram usadas para dissimular as reais aquisições de café em grãos diretamente de pessoas físicas (produtores rurais/maquinistas), por isso acertadamente, foram glosados os créditos integrais COFINS (7,6%), calculados sobre os valores das notas fiscais de aquisição de café em grãos; pois o correto é a apropriação dos créditos presumidos de percentual de 35% do crédito básico. Por isso, sendo as aquisições de café realizadas de pessoas físicas, deve ser mantida a glosa dos créditos integrais indevidos e compensados pela Recorrente. Nos termos da legislação pertinente (Lei nº 10.637/2002, art. 3º, §§ 10º e 11; Lei nº 10.833/2003, art. 3º, §§ 5º e 6º e Lei 10.925/2004, art. 8º), a Outspan tem direito ao respectivo crédito presumido. Por conseguinte, foi necessária e obrigatória a recomposição dos saldos dos créditos decorrentes das operações fiscalizadas, a base de cálculo dos créditos a serem descontados foi reajustada de integral para presumido. Quanto à aplicação do art. 118 do CTN, ainda defendendo o erro na desconsideração do direito ao creditamento integral, sustenta a aplicação do princípio do non olet, “segundo o qual a riqueza deve ser tributada independentemente de eventual origem ilícita, de maneira a evitar um duplo favorecimento do infrator.” Com isso, “deve ser autorizado o creditamento pelos adquirentes, de maneira a evitarse o enriquecimento sem causa do Fisco. Por óbvio, é absolutamente incongruente o comportamento fiscal de pretender o pagamento relativo à operação anterior e desconsiderar a operação no que diz respeito à operação subsequente.” Deve ser afastada a pretensão da Embargante pelo simples fato de que ela própria agiu na ilicitude ao creditarse integralmente de notas falsas, em operações de compra de café sabidamente de pessoa física, sendo permitida pela legislação, por consequência, apenas o crédito presumido. Entendo que na verdade a Embargante é quem estaria sujeita ao enriquecimento ilícito, por tomar créditos integrais ao arrepio da lei. Vêse que a Embargante procura rediscutir o mérito inerente ao pedido de compensação objeto dos autos, alicerçada em supostas omissões no acórdão no que concerne à "não caracterização da fraude, suposta boafé e direito à manutenção dos créditos”. Não vislumbro nenhuma omissão passível de saneamento mediante Embargos, pois o voto condutor do acórdão embargado abordou a temática da prova da fraude, da ausência de boafé e da impossibilidade de manutenção dos créditos integrais. Acrescentese a isso o fato de que, como o próprio despacho de admissibilidade dos Embargos consignou, se o julgador já dispuser “de fundamentos suficientes para justificar sua convicção, dispensável se torna a abordagem de outras ponderações, ainda que dessas tenha a parte se utilizado, porque já então inócuas frente ao julgado, não estando o julgador, assim, constrangido a discutir as minúcias de todos os argumentos lançados pela parte.” Fl. 2621DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.622 13 Replico os julgados do STJ consignados no despacho: RECURSO ESPECIAL. IMÓVEL FUNCIONAL ADMINISTRADO PELA SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SAF. OCUPAÇÃO POR SERVIDOR PÚBLICO MILITAR. ALIENAÇÃO. POSSIBILIDADE. ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO. INOCORRÊNCIA. PRECEDENTES DO STF E STJ. 1. Não ocorre violação do art. 535, do CPC, quando o acórdão recorrido não denota qualquer omissão, contradição ou obscuridade no referente à tutela prestada, uma vez que o julgador não se obriga a examinar todas e quaisquer argumentações trazidas pelos litigantes a juízo, senão aquelas necessárias e suficientes ao deslinde da controvérsia. 2. É passível de alienação o imóvel funcional que, à época de edição da Lei 8.025/90, era administrado pela Secretaria da Administração Federal da Presidência da República – SAF, ainda que ocupado fosse por servidores militares, não se aplicando ao caso a vedação inscrita no art. 1º, § 2º, I, desta norma. 3. Precedentes: REsp 61.999/DF, REsp 155.259/DF, REsp 76.493/DF, REsp 59.119/DF, RMS 21.769/DF (STF). 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido (REsp nº 394.768/DF, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, DJ de 01/07/2002, pág. 00247). PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE, ERRO MATERIAL. AUSÊNCIA. 1. Os embargos de declaração, conforme dispõe o art. 1.022 do CPC, destinamse a suprir omissão, afastar obscuridade, eliminar contradição ou corrigir erro material existente no julgado, o que não ocorre na hipótese em apreço. 2. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida pelo art. 489 do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador apenas enfrentar as questões capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão recorrida. 3. No caso, entendeuse pela ocorrência de litispendência entre o presente mandamus e a ação ordinária n. 0027812 80.2013.4.01.3400,com base em jurisprudência desta Corte Superior acerca da possibilidade de litispendência entre Mandado de Segurança e Ação Ordinária, na ocasião em que as Fl. 2622DF CARF MF Processo nº 10845.720177/201028 Acórdão n.º 3301005.185 S3C3T1 Fl. 2.623 14 ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo resultado, ainda que o polo passivo seja constituído de pessoas distintas. 4. Percebese, pois, que o embargante maneja os presentes aclaratórios em virtude, tão somente, de seu inconformismo com a decisão ora atacada, não se divisando, na hipótese, quaisquer dos vícios previstos no art. 1.022 do Código de Processo Civil, a inquinar tal decisum. 5. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no MS 21.315DF, Rel. Min. Diva Malerbi Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região, julgado em 8/6/2016, DJe 15/6/2016) Dito de outra forma, se o acórdão embargado analisou os elementos de comprovação da fraude, bem como as razões que impossibilitaram a manutenção do crédito integral, resta por óbvio afastada a boafé. Logo, ficam automaticamente afastados os dispositivos legais apontados e a decisão do STJ no REsp 1.148.444/MG. Diante do exposto e considerando que o acórdão recorrido não está eivado de vício que justifique a oposição de Embargos de Declaração, entendo que deve ser rejeitado o recurso formalizado pelo sujeito passivo, visto que este carece de pressuposto essencial à sua legitimação. Conclusão Logo, voto por rejeitar os embargos de declaração interpostos, por inexistência das omissões apontadas. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 2623DF CARF MF
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Numero do processo: 18470.727465/2016-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.640
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Gasparello Lima - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Carmem Ferreira Saraiva (suplente convocada em substituição ao conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães), Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: RAFAEL GASPARELLO LIMA
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FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Carmem Ferreira Saraiva (suplente convocada em substituição ao conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães), Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães. Relatório A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (DRJ/REC), por unanimidade, julgou procedente em parte a impugnação administrativa, conforme se extrai da ementa do acórdão nº 1158.936: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 OMISSÃO DE RECEITAS. PASSIVO NÃO COMPROVADO. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 70 .7 27 46 5/ 20 16 -1 4 Fl. 12793DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.794 2 A manutenção no passivo de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada autoriza a presunção de omissão de receitas por disposição legal. CUSTOS E DESPESAS. CONDIÇÕES PARA DEDUÇÃO. Custos e despesas dedutíveis são aqueles necessários à atividade da pessoa jurídica, relativos à efetiva contraprestação de algo recebido, corroborados por documentação própria e devidamente registrados na contabilidade. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2012 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão relativa ao auto de infração matriz deve ser igualmente aplicada no julgamento do auto de infração conexo, decorrente ou reflexo, no que couber, uma vez que ambos os lançamentos, matriz e reflexo, estão apoiados nos mesmos elementos de convicção. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Resumidamente, o acórdão recorrido narrou os fatos que proporcionaram a imposição fiscal: Tratase de Auto de Infração (AI) de IRPJ – imposto de renda pessoa jurídica apurado segundo o regime de tributação pelo lucro real anual do anocalendário 2012 com imposição da multa de ofício de 75% prevista no art. 44, I, da Lei 9.430/1996. Também foram lavrados Autos de Infração de CSLL – contribuição social sobre o lucro líquido, PIS – programa de integração social e Cofins – contribuição para financiamento da seguridade social, adiante indicados, todos com a referida multa de 75%: As infrações estão descritas nos AI e no TVF – Termo de Verificações Fiscais (fls. 10.483) e correspondem a (i) omissão de receitas identificada com base em passivo fictício, (ii) custos ou despesas não comprovados ou não necessários e (iii) insuficiência de recolhimento de PIS e Cofins relativamente a "receita de tubulação" e rateio de custos de "outros serviços". A Autoridade Fiscal promoveu de ofício compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL. Os Autos de Infração de PIS e Cofins indicados no quadro acima como "autônomo/erro na base de cálculo" decorrem de falta de inclusão nas respectivas bases de cálculo de receitas de "tubulação" e de rateio de custos (cost sharing) em razão da suposta aplicação pela Contribuinte da Solução de Divergência Cosit 23/2013, conforme relatado pela Fl. 12794DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.795 3 Autoridade Fiscal no TVF, item "II DA ANÁLISE DAS RECEITAS" (fls. 10.485). São, portanto, autônomas essas duas exigências, em razão da constituição sobre elementos de prova diversos daqueles nos quais se baseou a Autoridade Fiscal para a lavratura do AI do IRPJ. Cientificada dos AI em 17/01/2017 (fls. 10.559), a Contribuinte apresentou Impugnação subscrita por seus advogados (fls. 10.586) no dia 16 do mês seguinte (fls. 10.582). Alegou, em síntese: a) nulidade por violação aos princípios do contraditório, ampla defesa e verdade material, em decorrência de negativa da Autoridade Fiscal do seu direito de apresentação do "restante dos documentos que se prestariam rechaçar por completo o lançamento"; b) nulidade dos lançamentos de PIS e Cofins por falta da "necessária reapuração" dessas contribuições; c) o valor de R$ 2.965.037,56, computado nas bases de cálculo do PIS e da Cofins, representaria o resultado da soma de "meras quantias provisionadas"; d) sobre os serviços corporativos, código 551180.0, os montantes referentes a janeiro (R$ 2.716.237,69), fevereiro (R$ 2.669.537,97) e março (R$ 1.215.849,80), não representariam receitas, seriam, na realidade, reembolsos decorrentes de contrato de rateio; e) os custos e as despesas glosadas, cuja dedução seria inegável, estariam comprovados pelos documentos anexados na Impugnação; f) nulidade da exigência derivada do passivo fictício por (i) falta de aprofundamento da fiscalização e demonstração de que as receitas foram ilegitimamente retiradas do crivo da tributação e (ii) constituição de parte do passivo tributado no AI em momento anterior ao período fiscalizado; g) as contas passivas que resultaram na alegação de passivo fictício seriam reais, com suporte documental; e h) a Autoridade Fiscal não teria considerado todo o seu saldo a compensar de prejuízos fiscais de base negativa de CSLL. Requereu a conversão do julgamento em diligência para, mediante exame documental, confirmação da "veracidade das informações contábeis e fiscais prestadas no anocalendário 2012 e, consequentemente, da improcedência do lançamento." Assim expôs o pedido: "VIII – O PEDIDO À vista de todo o exposto, a IMPUGNANTE requer a devolução do prazo para o oferecimento de nova Impugnação, haja vista os motivos expostos no capítulo II desta petição. Como assim não se entenda, demonstrada satisfatoriamente a impossibilidade jurídica de prosperar o procedimento fiscal ora guerreado, a IMPUGNANTE, protestando pelo direito de juntar novas provas de suas alegações por todos os meios Direito admitidos, requer Fl. 12795DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.796 4 seja julgada procedente esta Impugnação, exonerandoa inteiramente das exigências tributárias dele decorrente." As exigências autônomas de PIS e Cofins foram apartadas e passaram a compor processo próprio (nº 18470.723903/201748), conforme despachos de fls. 12.558 e 12.571. Frisese que o acórdão recorrido exonerou o passivo fictício, com valor de R$ 22.603.000,00, referente ao Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFAC): A Impugnante afirmou que Lochness ingressou no seu quadro social em 12/06/2012, antes dos Afac, portanto. Anexou livros contábeis, contratos dos Afac, alterações contratuais, recibos e comprovantes de transferências bancárias (doc. 25 a 30). A 67ª Alteração ao Contrato Social de San Antônio Internacional do Brasil Serviços de Petróleo Ltda., denominação anterior da Impugnante (mesmo CNPJ)1, ratifica a alegação de ingresso na sociedade de Lochness Participações S/A, que passou a ser a única detentora do capital da Impugnante mediante cessão e transferência da integralidade das quotas pertencentes a Oil Fields Holdco LLC (fls. 12.278). O exame do acervo trazido aos autos com a Impugnação também revela: a) o saldo da conta "383100000.212510.2329 LOCHNESS" era credor no valor de R$ 22.603.000,00 em 31/12/2012, conforme livro Razão (fls. 12.352); b) o Diário da Lochness contém diversos lançamentos relativos a Afac entre 10/07/2012 e 30/11/2012 cuja soma ultrapassa R$ 22.603.000,00 (fls. 12.289/12.311); c) na 73ª Alteração ao Contrato Social da Lupatech Perfuração e Completação Ltda., de 31/10/2013, as então duas detentoras do capital social – Lochness e Matep – resolveram promover aumento de capital com base em Afac, nos seguintes termos: "3. Por fim, as sóciasquotistas decidem por aprovar o aumento de capital da Sociedade no valor de R$ 39.699.895,00 (trinta e nove milhões, seiscentos e noventa e nove mil, oitocentos e noventa e cinco reais), o qual passará de R$ 167.823.796,00 (cento e sessenta e sete milhões, oitocentos e vinte e três mil, setecentos e noventa e seis reais) para R$ 207.523.691,00 (duzentos sete milhões, quinhentos e vinte e três mil, seiscentos e noventa e um reais), mediante a emissão de 39.699.895 (trinta e nove milhões, seiscentas e noventa e nove mil, oitocentas e noventa e cinco) novas quotas, com valor nominal de R$ 1,00 (um real) cada. 4. As novas quotas emitidas no âmbito do aumento de capital aprovado no item 3 acima são, neste ato, totalmente subscritas e integralizadas à vista, em moeda corrente nacional, mediante conferência de AFACs (adiantamentos para futuro aumento de capital) ao capital social da Sociedade, realizados pela sócia LOCHNESS no segundo semestre de 2012 e no primeiro semestre de 2013. Fl. 12796DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.797 5 5. A sócia MATEP, neste ato, renuncia ao direito de preferência que lhe cabia no alimento de capital aprovado no item 3 acima." (Destaque acrescido) Os comprovantes de transferências bancárias e os recibos já haviam sido apresentados à Fiscalização, conforme relatado no TVF, acima transcrito. A Impugnante trouxe aos autos a documentação demandada na fase de fiscalização e não apresentada naquela fase do procedimento. Considero comprovada essa parcela do passivo, no valor de R$ 22.603.000,00. A contribuinte interpôs tempestivo Recurso Voluntário, reiterando os mesmos argumentos da impugnação administrativa, inclusive sobre a prova documental que comprovaria a ausência de passivo fictício e a dedutibilidade de despesas, caso não houvesse o indeferimento do pedido de diligência pela instância anterior. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, considerando o valor exonerado pelo acórdão recorrido, efetivou a remessa necessária do Recurso de Ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Gasparello Lima, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo, havendo os demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. De acordo com artigo 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de setembro de 2017, "O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00", sendo assim, existindo esse requisito de admissibilidade e conhecimento do Recurso de Ofício sobre a exoneração parcial do crédito tributário, referente ao Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFAC) no valor de R$ 22.603.000,00. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento opinou pela parcial procedência do lançamento de ofício, conforme o acórdão recorrido: Alegou a Impugnante que o valor de R$ 11.096.673,46 corresponderia a saldo de obrigações com empresas ligadas – Sotep Sociedade Técnica de Perfuração S/A e Prest Perfurações Ltda – em razão de contrato de compartilhamento de custos e despesas (fls. 12.400), cuja comprovação da exigibilidade estaria provada por notas de débito emitidas pelas signatárias (fls. 12.408). Apresentou quadro indicativo das notas de débito totalizando R$ 12.232.480,40. Alguns valores teriam sidos baixados ainda em 2012, por compensação, o que estaria demonstrado em relatório de controle anexado (fls. 12.441). Destaquese que não se encontra sob exame a adequação da despesa às condições para sua dedução na apuração do lucro real, pois não foi Fl. 12797DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.798 6 essa a infração objeto do lançamento de ofício. Discutese a comprovação da exigibilidade do passivo contabilizado. A documentação juntada com a Impugnação contém indícios de razoabilidade da argumentação. Entretanto, o arremate probatório ocorreria com a apresentação dos relatórios de medição e dos registros de atividades compartilhadas previstos nos itens 4 e 6 do contrato de compartilhamento de custos e despesas e a prova dos pagamentos após 31/12/2012 com a correspondente escrituração nas pessoas jurídicas signatárias do contrato. Sem tais elementos, a documentação apresentada se revela insuficiente como prova do passivo. Os valores de R$ 7.179.267,32 e R$ 6.529.346,47 estariam comprovados por contrato de mútuo (fls. 12.444) e por extratos bancários (fls. 12.484), respectivamente,segundo a Impugnante. Em ambos os casos, parcelas das obrigações teriam origem em período anterior. A alegação de origem em período anterior já foi devidamente refutada neste Voto. No tocante ao contrato de mútuo alegado como prova do saldo de R$ 7.179.267,32, foi juntado sem tradução para o vernáculo, condição excludente do seu aproveitamento como prova, ainda assim veio desacompanhado dos lançamentos contábeis correspondentes e da documentação referente ao fluxo financeiro entre as mutuantes. Quanto aos extratos bancários supostamente relativos ao saldo de R$ 6.529.346,47, não constituem isoladamente instrumento hábil para comprovação da obrigação, indicam apenas movimentação financeira em conta bancária. Dos custos Foram rejeitadas como dedução na apuração do lucro real as parcelas dos custos adiante relacionadas: A consolidada jurisprudência administrativa acolhe o entendimento de que custos e despesas são dedutíveis quando necessários à atividade da pessoa jurídica, relativos à contraprestação de algo recebido (efetividade), corroborados por documentação adequada (idônea) e regularmente registrados na contabilidade. Como itens redutores da base de cálculo tributável, cabe ao sujeito passivo comprovar a legitimidade do seu lançamento contábil. Segundo a prestigiada orientação de Antônio da Silva Cabral, "em processo fiscal predomina o princípio de que as afirmações sobre omissão de rendimentos devem ser provadas pelo fisco, enquanto as afirmações que importem redução, exclusão, suspensão ou extinção do crédito tributário competem ao contribuinte." Fl. 12798DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.799 7 Segundo a Autoridade Fiscal, o valor de R$ 934.675,29 indicado pela Fiscalizada como penalidade contratual corresponderia a despesa não dedutível com descontos financeiros. Assim descreveu os fatos no TVF: "Como citado anteriormente, anexamos ao Termo de Intimação fiscal 04 o Razão das contas 383122008.640120, 383122006.640120 e 383117004.640120 'PENALIDADE CONTRATUAL', ou 'Multas Contratuais', conforme descrição de 'Outros Custos' apresentada pelo contribuinte. Foi solicitado que o contribuinte apresentasse os contratos, notificações e demais documentos de suporte dos valores lançados como 'Penalidade Contratual'. O contribuinte apresentou cópia das notas fiscais 868, 888, 889, 912 , 922, 923, 955, 964, 966, 1003, 1004, 1006, 1007, 1008, 1053, 1073 e 1074, referentes a serviços de sondagem e perfuração terrestre prestados à Petróleo Brasileiro SA, além de documentos internos chamados por ele de 'Detalhamento do Processo de Pagamento' e solicitações de antecipações de pagamento. Nos 'Detalhamentos dos Processos de Pagamento', os valores constantes do Razão das contas citadas acima são indicados como descontos financeiros e notas de débito. Nos documentos de solicitação de antecipação de pagamentos, o contribuinte informa estar de acordo com o 'desconto financeiro' relativo à antecipação do número de dias ao do vencimento, e a operação está condicionada ao pleno cumprimento das obrigações contratuais. Sabemos que os descontos incondicionais são redutores da base de cálculo para fins de apuração do IRPJ e da CSLL e que o mesmo tratamento não é aplicável aos descontos condicionais, conforme artigos 280, 373 e 374, inciso I, do Regulamento do Imposto de Renda. 81. Além disso, os descontos financeiros dependem da comprovação de sua perfeita apropriação pro rata temporis, conforme artigo 374, inciso I, do Regulamento do Imposto de Renda, o que absolutamente não ocorreu, já que o contribuinte não disponibilizou os contratos que dariam suporte a concessão de tais descontos. Como não detectamos a necessidade desses gastos para a atividade empresarial, os valores transferidos para o resultado da empresa, lançados nas contas 383122008.640120, 383122006.640120 e 383117004.640120 'PENALIDADE CONTRATUAL', foram incluídos em auto de infração como Custos/Despesas Não Necessárias Penalidade Contratual." A documentação referida no TVF se encontra nas fls. 883/905. Para a Impugnante, a Autoridade Fiscal se confundiu e considerou penalidade contratual como desconto financeiro concedido. Juntou contratos celebrados com a Petrobrás ("doc. 12") e comunicados Fl. 12799DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.800 8 enviados por aquela empresa informando descumprimentos contratuais e aplicação de multa ("doc. 13"). Alegou: "Diferentemente do que entendeu o Fiscal Autuante, os custos declarados nas contas nºs 383122008.640120, 383122006.640120 e 383111004.640120 são decorrentes de multas contratuais exigidas pela Petrobrás em virtude de a IMPUGNANTE ter falhado no desempenho de suas atividades operacionais, sendo certo que tal dispêndio, por ser usual e normal, pode ser deduzido do lucro real e da base de cálculo da CSLL, tal como reconhece o CARF (...) Esclareçase, por oportuno, que o adimplemento dessas multas era realizado por meio de descontos nos pagamentos que eram devidos à IMPUGNANTE, ou seja, emitiase a Nota Fiscal com o valor cheio da prestação do serviço e a PETOBRÁS efetuava a retenção da multa, diminuindo o montante que era efetivamente repassado à IMPUGNANTE. Daí a origem do equívoco cometido pelo Fiscal ao entender que tais deduções se tratavam de descontos condicionais. Com certeza, se está diante de flagrante equívoco, pois tais valores foram legitimamente deduzidos das bases de cálculo do IRPJ e CSLL por representarem penalidades contratuais, despesas que, conforme exposto em linhas anteriores, são consideradas essenciais à atividade de qualquer Empresa." Os contratos apresentados na Impugnação contêm cláusulas prevendo aplicação de multas (fls. 10.734, 10.775, 10.830, 10.882) pelo seu descumprimento, como é usual. Entretanto, entre as notificações de multas contratuais expedidas pela Petrobras, apenas 4 (quatro) são referentes ao período autuado, todas no valor de R$ 742,70 (fls. 10.907, 10.909, 10.911 e 10.913). A referência a desconto financeiro no TVF acima transcrito consta dos comunicados expedidos pela Impugnante para a Petrobras nas fls. 889, 899 e 905. Já nos relatórios de medição da referida empresa constam do campo "observações" a indicação de inexistência de "multa/dedução" na data da expedição (fls. 891, 894, 897, 901 e 904). Assim, vêse que a documentação apresentada na Impugnação é insuficiente para comprovar que o valor de R$ 934.675,29 corresponde a penalidade contratual. A glosa de R$ 2.022.212,39, relativa a "Aluguel Empresas do Grupo", mereceu a seguinte descrição no TVF: "Foram apresentados contratos celebrados com a San Antonio LTD, empresa com sede nas Ilhas Virgens Britânicas e Serviços Petrolíferos San Antonio International, com sede em Veracruz, México, ambas representadas por Marcelo Cunha Ribeiro. Consta como objeto desses contratos a locação de equipamentos para prestação de serviços à Petrobras. Porém não foi anexado pelo Fl. 12800DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.801 9 contribuinte nenhum comprovante da efetiva utilização do serviço, ou da entrada dos bens locados em território nacional. Outro ponto a ser destacado é que temos operações realizadas com empresa domiciliada em países com tributação favorecida ou regime fiscal privilegiado. Nesses casos, o artigo 26 da Lei 12.249/2010 proíbe a dedução, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, dos valores correspondentes às importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a qualquer título, direta ou indiretamente, a pessoas físicas ou jurídicas residentes ou constituídas no exterior e submetidas a um tratamento de país ou dependência com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado. (...) E sendo assim, incluímos os valores lançados na conta contábil 383199721 641170 "ALUGUEL EMPRESAS DO GRUPO" em auto de infração como CUSTOS NÃO COMPROVADOS ALUGUEL EMPRESAS DO GRUPO. A Impugnante afirmou que os equipamentos foram efetivamente importados e utilizados na prestação de serviços para a Petrobras, conforme os contratos 2050.0051541.09.2, 2050.0051403.09.2 e 2050.0067599.112 ("doc. 17"), que teriam sido indicados nos acordos de locação. Anexou DI Declarações de Importação ("doc. 16"). As disposições do art. 26 da Lei 12.249/2010 não abrangeriam o México por não estar no rol da IN RFB 1.037/2010, não sendo, portanto, considerado país com tributação favorecida ou submetido a regime fiscal privilegiado. No tocante às Ilhas Virgens Britânicas, constantes da relação da referida IN, também não se aplicaria a restrição do citado dispositivo legal tendo em vista o atendimento aos requisitos dos seus incisos I, II e III. A identificação do efetivo beneficiário da entidade no exterior (inciso I), estaria comprovada pelos documentação anexada, "na medida em que os contratos celebrados pela Impugnante contêm a precisa descrição das pessoas jurídicas sediadas no exterior e beneficiárias dos pagamentos." A comprovação da capacidade operacional da pessoa física ou entidade no exterior de realizar a operação (inciso II) seria dispensada tendo em vista que as operações não teriam o único ou principal objetivo de economia tributária. Quanto ao inciso III, o recebimento dos bens estaria comprovado pelas DI e o pagamento do preço só teria sido realizado após o período autuado. A impugnante nada apresentou na fase de fiscalização, embora tenha sido regularmente intimada a fazêlo. Fl. 12801DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.802 10 Na Impugnação, apresentou a documentação constante das fls. 10.921/11.120, contendo declarações de importação e contratos para locação de equipamentos e de prestação de serviços à Petrobras. Tal acervo sugere o aluguel e a entrada no País de equipamentos vindos do exterior. Contudo, a documentação não veio aos autos devidamente ordenada, acompanhada de demonstrativos identificando e vinculando inequivocamente os equipamentos aos supostos serviços prestados, a efetiva utilização dos equipamentos na prestação dos serviços contratados, os valores em moeda nacional pagos a cada uma das locadoras e deduzidos na apuração do lucro real, os valores pagos em períodos posteriores que constituíram passivo em 2012 (com comprovação do pagamento posterior), etc., além da comprovação da capacidade operacional da locadora no exterior. Além disso, há necessidade de indicação dos lançamentos contábeis correspondentes. Como afirmado acima, cabe ao sujeito passivo comprovar a legitimidade do seu lançamento contábil relativo a custos. O que se observa nos autos é a tentativa da Impugnante de transferir ao julgador o ônus da produção da prova detalhada dos seus registros contábeis redutores da base de cálculo tributável, deixando de estabelecer a vinculação das suas alegações à documentação juntada aos autos e aos lançamentos contábeis correspondentes. Devese manter, portanto, esta parcela da exigência. Quanto à depreciação no valor de R$ 1.065.760,45, consta do TVF: "Com relação ao valores lançados nas contas 'DEPREC MAQUINAS E EQPTOS', 'DEPREC EDIF E BENFEITORIAS' e 'DEPREC COMPUTADORES E SOFTWARE', o contribuinte foi intimado a apresentar demonstrativo dos valores lançados. O demonstrativo deveria descriminar os itens sujeitos à depreciação, a data de aquisição ou edificação, as taxas de depreciação utilizadas, a depreciação acumulada e a indicação da fundamentação legal para utilização de taxas de depreciação superiores àquelas previstas no Regulamento do Imposto de Renda. Com a anexação das notas fiscais de aquisição e demais documentos de suporte de suas alegações. Provocaram a diminuição do resultado do exercício os valores de R$ 38.182,20 lançados na conta contábil 383142013.731140 — DEPRE MAQUINAS E EQPTOS, R$ 493.997,35 lançados na conta 383199510.731110.1000 'DEPRECIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS', R$ 144.600,53 lançados na conta 383115005.731140 — DEPREC MAQUINAS E EQPTOS, RS 135.630,11 lançados na conta 383199800.731310 DEPREC EDIF E BENFEITORIAS e R$ 253.350,26 lançados na conta 383199510.731430 DEPREC COMPUTADORESSOFTWARE, totalizando R$ 1.065.760,45. O contribuinte apresentou apenas um 'demonstrativo' que lista alguns itens sujeitos a depreciação, indica datas de aquisição que remetem aos anos de 1981, 2001 e 2002, por exemplo, indica os mais variados tempos de vida útil, valores de origem sem qualquer comprovação, Fl. 12802DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.803 11 depreciação acumulada sem indicar como se formou esse saldo e depreciação no exercício sem esclarecer a que taxa. Portanto, os valores lançados nas contas citadas nessas contas foram incluídos em auto de infração como COTAS DE DEPRECIAÇÃO NÃO DEDUTÍVEIS, conforme artigos 307, 309, 310, 311,312 e 313 do Regulamento do Imposto de Renda." A Impugnante repudiou a conduta da Fiscalização de desconsiderar toda a depreciação com base em suposta irregularidade documental sem qualquer esforço para apuração do valor dedutível. Tal conduta seria reveladora de "absoluto desapego à busca da verdade material". Anexou planilha ("doc. 18") da qual constariam todos os elementos para cálculo da depreciação e apresentou notas fiscais ("doc. 19") relativas a "alguns" dos bens depreciados, com base nas quais seria possível a aferição do valor deduzido "por amostragem". A listagem intitulada "Composição Depreciação" (fls. 11.122/11.164), anexa à Impugnação como "doc. 18", contém mais de 2.000 itens e não identifica claramente os elementos imprescindíveis para cálculo da depreciação. Tratase de relatório sintético de sistema interno da empresa desacompanhado de demonstrativo dos valores lançados como depreciação nas contas autuadas e da sua apuração e origem. Falta também documentação de suporte, apenas parcialmente juntada como "amostra". A glosa deve ser mantida. Das despesas O quadro abaixo contém as parcelas das despesas rejeitadas como dedução na apuração do lucro real: Infração Valor (R$) DESPESAS Ñ COMPROVADAS CURSOS E TREINAMENTOS 280.588,32 DESPESAS Ñ COMPR. OUTRAS CONSULTORIAS, CONS. IT E SERV. AUDITORIA 2.639.031,79 MULTAS DE NATUREZA TRIBUTÁRIA Ñ DEDUTÍVEIS 258.155,69 A Contribuinte foi intimada a apresentar contratos de prestação de serviços, notas fiscais, comprovantes da efetiva prestação dos serviços e demais documentos de suporte dos lançamentos contábeis na conta "Cursos e Treinamentos" no valor de R$ 280.588,32. Segundo a Autoridade Fiscal, foi apresentado em 27/10/2016 "um número insignificante" de notas fiscais sem os demais elementos solicitados. A Impugnante anexou notas fiscais ("doc. 23") que comprovariam a efetividade da despesa nos moldes do art. 299 do RIR/99 e seriam necessárias à sua atividade e à manutenção da fonte produtora. O exame das notas fiscais indica serviços de recrutamento e seleção (fls. 12.250/12.252, 12.258/12.265, 12.267 e 12.269), de assessoria/consultoria (fls. 12.253/12.255) e de fornecimento de mão deobra (fls. 12.246/12.249). Nenhuma das notas fiscais juntadas contém referência a cursos ou treinamentos. Também não foi apresentada prova da efetiva prestação dos serviços. Mantémse essa parcela da exigência. Fl. 12803DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.804 12 A glosa de R$ 2.639.031,79 com despesas de consultoria e auditoria foi assim fundamentada no TVF: "Para as contas 'Outras Consultorias'. 'Consultoria IT' e 'Serviços de Auditoria', o contribuinte foi intimado a apresentar os contratos de prestação de serviços, as notas fiscais, pareceres, relatórios e demais comprovantes da efetiva prestação dos serviços e demais documentos de suporte dos lançamentos contábeis, fornecidos por Marcelo H.F Oliveira Trein. RH, Toutatis Client Services do Br, TOTVS S/A, Proton Mao de Obra Temporária, DM Assessoria e Sistemas, Wittel Serviços Técnicos Ltda, Technolab Sist Gest Soluc InT, A e B Telemanutenção Ltda, Iteris Consultoria Software, Tecvip Informática Ltda, Think Cell Software GMBH BER, San Antonio International SUP, PRICEWATERHOUSE COOPERS CONTAD, DELOITE TOUCHE TOHMATSU AUD. Foram apresentadas apenas algumas notas fiscais fornecidas por Marcelo HF Oliveira, TOTVS S/A e DM Assessoria. Portanto, não foram apresentados quaisquer contratos de prestação de serviços, pareceres, relatórios e demais comprovantes da efetiva prestação dos serviços e demais documentos de suporte dos lançamentos contábeis." A Impugnante apresentou notas fiscais ("doc. 20") e contratos ("doc. 21") como comprovantes das despesas, além de boletos bancários e e mails. A documentação apresentada não prova a efetiva prestação do serviço. Não vieram aos autos com a Impugnação os elementos que são produtos de serviços de consultoria e auditoria, representados por relatórios e pareceres diversos com os resultados dos trabalhos realizados. Tal omissão já fora registrada no TVF, acima transcrito. Assim, vêse que a Impugnante não apresentou prova da efetividade da prestação dos serviços, devendose manter a glosa. Conforme relatado no TVF, a Contribuinte não apresentou qualquer comprovante dos pagamentos feitos ao Ministério da Fazenda, Prefeitura da Cidade de São Paulo e Ministério da Previdência Social relativamente à conta 383199040.871170 "Multas Fiscais/ Multas de Tra", no valor de R$ 258.155,69. A Impugnante alegou que o valor fora equivocadamente escriturado mas teria sido devidamente estornado. Anexou o Razão transmitido pelo Sped contábil ("doc. 22") O Razão anexado (fls. 12.244) contém dois lançamentos de mesmo valor (R$ 258.155,69) na referida conta sob histórico "PIS S/Faturamento 10/2012", um a débito em 23/11/2012 e outro a crédito no dia 30 seguinte. Com efeito, os lançamentos se anulam reciprocamente. Entretanto, o histórico é insuficiente para sua vinculação ao fato descrito na Impugnação, não podendo ser aproveitado como prova da alegação. A glosa fiscal deve ser mantida. (grifado) Fl. 12804DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.805 13 Em Recurso Voluntário, a contribuinte diverge do acórdão recorrido, expondo que a prova documental ratifica a dedutibilidade das despesas e infirma o passivo fictício, in verbis: 10. Em relação às DESPESAS GLOSADAS PELA FISCALIZAÇÃO, em sua Impugnação, a RECORRENTE apresentou farta documentação e amplas alegações para combatêlas, sintetizadas por meio da seguinte planilha: (...) Fl. 12805DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.806 14 21. No que diz respeito à maior parcela quantitativa do lançamento residualmente prestigiado pela Instância Recorrida (PARTES RELACIONADAS BRL Cost sharing – R$ 11.096.673,46), o decisum objetado é categórico ao afirmar que “A DOCUMENTAÇÃO JUNTADA COM A IMPUGNAÇÃO CONTÉM INDÍCIOS DE RAZOABILIDADE DA ARGUMENTAÇÃO”, mas que “o arremate probatório ocorreria com a apresentação dos relatórios de medição e dos registros de atividades compartilhadas previstos nos itens 4 e 6 do contrato de compartilhamento de custos e despesas e a prova dos pagamentos após 31/12/2012 com a correspondente escrituração nas pessoas jurídicas signatárias do contrato.” (...) 27. Ao abordar a questão relativa aos custos com aluguel de equipamentos incorridos com empresas sediadas no exterior (página 15 do acórdão, fl. 12.608 do autos), o v. acórdão recorrido volta a reconhecer que o acervo probatório “sugere o aluguel e a entrada no País de equipamentos vindos do exterior”, mas a autuação é mantida, pasmese, sob a alegação de que “a documentação não veio aos autos devidamente ordenada”. (...) 31. Ora, se a autuação possuiu como gênese a falta de comprovação da ocorrência de locação OU da entrada dos bens locados em território nacional, e o v. acórdão recorrido afirma que a RECORRENTE instruiu sua impugnação com “declarações de importação e contratos para locação de equipamentos e de prestação de serviços à Petrobras”, acervo esse que “sugere o aluguel E a entrada no País de equipamentos vindos do exterior”, absolutamente nenhuma outra prova se faz necessária para descarte da imposição fiscal. 32. Se o I. prolator da r. decisão recorrida crê que, para além disso, a documentação em questão deveria estar ordenada de maneira distinta da apresentada, é evidente que isso não encarta falha que justifique a manutenção do auto de infração ou muito menos que seja atribuível à RECORRENTE. 33. Sendo certo e confessado que a documentação ofertada pela RECORRENTE em sua impugnação foi tida pelo v. acórdão recorrido como suficiente a demonstrar ou ao menos sugerir a procedência de sua linha argumentativa, dúvidas residuais, especialmente quanto a provas que não se poderiam antever necessárias, hão de ser saneadas precisamente pela conversão do julgamento em diligência (art. 18 do Decreto nº 70.235/72), sempre com vistas à perseguição da verdade material. (...) 68. Destaquese que tanto a Autoridade Fiscal como a Autoridade Julgadora pretendem impor à RECORRENTE o ônus de comprovar a exigibilidade dos passivos indicados na autuação ao mesmo tempo em que obstam a possibilidade de ampla produção de provas, por meio da negativa de pedidos de dilação de prazo e também de diligências. Fl. 12806DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.807 15 (...) 79. Alegou a RECORRENTE em sua Impugnação que os Autos de Infração seriam nulos no que tange aos lançamentos pertinentes ao passivo fictício, por não considerarem que parte dos saldos das contas consideradas “passivo fictício” foram formadas e contabilizadas em momento anterior ao período fiscalizado (2012), de forma que a ausência de segregação dos saldos acarreta a nulidade do lançamento, haja vista não ser possível definir com exatidão o passivo não comprovado que foi formado no período submetido a exame. 80. Todavia, a Douta Turma Julgadora rechaçou tal alegação afirmando que “a existência de saldo de abertura não significa necessariamente que o saldo ao final do período engloba a parcela inicial (saldo de abertura), cabendo ao sujeito passivo a prova da origem das obrigações escrituradas”. 81. Tratase, evidentemente, de fundamentação insustentável e sem qualquer lógica do ponto de vista contábil. 82. Isso porque o fato que desencadeou o suposto passivo fictício foi, no entender da Fiscalização, a formação de um passivo não comprovado, cuja finalidade foi servir de lastro para o ingresso de ativos não levados à tributação. Logo, eventual omissão de receita ocorre no período da formação do passivo, fluindo, inclusive, a partir desse momento, o prazo decadencial para lançamento. 83. Logo, se antes do início do ano calendário já existia saldo na conta contábil que alegadamente deu origem ao passivo fictício, é óbvio que tal passivo teve sua formação em período anterior àquele fiscalizado, não havendo possibilidade de se concluir de forma diferente. 84. Demonstrando tal assertiva em cores mais vivas, e desconstituindo completamente o racional empregado pela Turma Julgadora, mostra se pertinente colacionar os livros razão da RECORRENTE, aos quais o Fisco tem acesso por meio do SPED. Vejase: Fl. 12807DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.808 16 85. Constatase facilmente que os saldos iniciais das contas contábeis indicadas acima são extremamente relevantes quando comparados aos valores de seus saldos finais, os quais foram considerados formadores de passivo fictício, não se sustentando, portanto, o entendimento externado pelo Órgão Julgador no sentido de não ser possível afirmar que os valores considerados pelo Fisco contem montantes constituídos em período anterior àquele objeto de Fiscalização. (...) Passivo Fictício Partes Relacionadas – Cost Sharing 90. A Fiscalização reputou como omissão de receitas o saldo no valor de R$ 11.096.673,46, representativo de contas de seu passivo, por entender que não houve comprovação de sua exigibilidade. 91. Em sua Impugnação, a RECORRENTE esclareceu que esse passivo corresponde a obrigações contraídas com empresas ligadas (SOTEP e PREST) em decorrência de contrato de compartilhamento de custos, cuja comprovação da exigibilidade facilmente se percebe por meio da análise das notas de débito emitidas pelas signatárias do referido contrato em face da RECORRENTE (docs. 31 e 32 da Impugnação). 92. Ao analisar os argumentos da RECORRENTE, a Turma de Julgamento assentou expressamente que “a documentação juntada com a Impugnação contem indícios de razoabilidade da argumentação”, no entanto, de maneira surpreendente, manteve a autuação nesse ponto por se considerar que faltou “arremate probatório”. (...) 97. Isso colocado, visando robustecer a documentação previamente apresentada e evidenciando com mais vigor a improcedência da Fl. 12808DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.809 17 autuação nesse ponto, a RECORRENTE anexa o livro razão da conta contábil que deu azo à alegação da formação do passivo fictício (doc. 01), o qual demonstra com clareza toda movimentação financeira realizada entre o Grupo no período e indica precisamente o saldo de R$ 11.095.673,46 em 31.12.2012, ressaltandose a existência de saldo inicial na conta de R$ 3.418.088,79, o qual, obviamente, corresponde a período anterior ao fiscalizado. (...) Passivo Fictício – Conta 383100000.281150 98. Em relação à conta nº 383100000.281150, a fiscalização concluiu que a RECORRENTE não teria comprovado a exigibilidade do valor constante em seu passivo. Em contraponto, sustentou o Contribuinte que grande parte do saldo da aludida conta foi constituído em período anterior ao da apuração e que tal obrigação se referia a contrato de mútuo. 99. A Turma Julgadora, por sua vez, manteve essa parcela da autuação em razão da ausência de tradução do contrato apresentado e por não ter sido indicado os lançamentos contábeis correspondentes ao fluxo financeiro entre as mutuantes. 100. Nesse aspecto, visando demonstrar que não tem o que esconder da Fiscalização, a RECORRENTE anexa ao presente Recurso a tradução juramentada (doc. 02) do contrato de mútuo previamente apresentado (doc. 34 da Impugnação). 101. Adicionalmente, chamase novamente atenção para o fato de que, do saldo final da conta (R$ 7.179.267,32), o valor de R$ 6.442.797,90 foi transportado do período anterior, conforme comprova cabalmente o respectivo livro razão, sendo verdadeiramente inaceitável considerar que a expressiva parte do valor considerado como passivo fictício não foi formado em período anterior ao ano 2012. Vejase: (...) Passivo Fictício – Conta 383100000.281150.200 103. Tal como no item anterior, a Fiscalização reputou o saldo constante da conta 383100000.281150.200 como omissão de receita decorrente da manutenção de obrigações no passivo cuja exigibilidade não foi comprovada, pautandose unicamente em suposta insuficiência de comprovação documental. 104. Em sua Impugnação, a RECORRENTE esclareceu que tais valores se referem também a contrato de mútuo celebrados com empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico da RECORRENTE e, comprovando tal assertiva, anexou os extratos bancários nos quais se encontram destacadas as transações que representam o ingresso financeiro dos empréstimos nas contas da RECORRENTE (doc. 35 da Impugnação). Fl. 12809DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.810 18 105. Entretanto, a Delegacia de Julgamento manteve a atuação nesse aspecto, alegando, unicamente, que os extratos bancários “não constituem isoladamente instrumento hábil para comprovação da obrigação, indicam apenas movimentação financeira em conta bancária”. (...) 108. Ademais, novamente, parte do saldo da conta 383100000.281150.200 é composto da transferência de parcela do valor referente à conta 383100000.281150, cuja exigibilidade das obrigações já foi comprovada em linhas anteriores e teve o passivo constituído em período anterior àquele fiscalizado. Confirase os trechos dos livros razão que comprovam tal movimentação (doc. 36 da Impugnação): 109. Sendo assim, comprovada a exigibilidade do passivo representado pelo saldo constante da conta 383100000.281150.200, o que se deu por meio de documentação idônea e hábil para este fim, bem como que parte do saldo da conta é originário de passivo constituído fora do período fiscalizado, não há como ser mantida a autuação também nesse particular. III.B Custos e Despesas Incorridos: Comprovação e Dedutibilidade Inequívoca Penalidade Contratual 110. A Fiscalização glosou os custos considerados pela RECORRENTE atinentes a penalidade contratual, fazendo uma clara confusão entre tal dispêndio e desconto financeiro concedido, o qual, de fato, somente é dedutível se não depender de condição. 111. Por meio da Impugnação, foi esclarecido que os custos declarados nas contas nºs 383122008.640120, 383122006.640120 e 383111004.640120 são decorrentes de multas contratuais exigidas pela Petrobrás em virtude de a RECORRENTE ter falhado no desempenho de suas atividades operacionais. 112. Ao analisar tal ponto, no entanto, a Turma Julgadora, parecendo não ter analisado detidamente as provas colacionadas à peça de defesa, entendeu por afastar a alegação da RECORRENTE por Fl. 12810DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.811 19 considerar que “entre as notificações de multas contratuais expedidas pela Petrobras, apenas 4 (quatro) são referentes ao período autuado, todas no valor de R$ 742,70”. 113. A conclusão a que chegou o Órgão Julgador somente pode ser fruto de uma equivocada interpretação dos documentos acostados à Impugnação, especificamente o “doc. 12 da Impugnação”. 114. Isso porque, a RECORRENTE apresentou junto à sua Impugnação o comunicado “E&PNNE/CPT/CIPBAES/IPERFBA 0036/2011”, que aplicou multa no valor de R$ 520.633,60 em relação ao contrato nº 2700.0035643.07.2. Embora tal comunicado tenha sido expedido em 2011, comprovouse que as multas somente começaram a ser quitadas em abril de 2012, por meio de 6 (seis) descontos efetivados mensalmente nos pagamentos devidos pela Petrobrás. 115. Confirase, a propósito reprodução do mencionado documento: 116. Noutro giro, fora apresentado o comunicado E&P NNE/CPT/CIPBAES/ IPERFBA 0035/2011, que aplicou multa no valor de R$ 392.889,20 em razão de descumprimentos contratuais verificados no contrato nº 2700.0035646.07.2. Novamente, não obstante tal documento seja datado de 2011, comprovouse que a multa somente começou a ser adimplida por meio de descontos nos pagamentos devidos a RECORRENTE, iniciados a partir de abril de 2012, conforme trecho do “Relatório de Multas” também anexado ao “doc. 13 da Impugnação” e cujo trecho é reproduzido abaixo: Fl. 12811DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.812 20 117. Desse modo, não restam dúvidas que tanto a Fiscalização, quanto a Turma de Julgamento, não de debruçaram devidamente sobre as provas produzidas pela RECORRENTE, ficando absolutamente comprovada a ocorrência dos custos com as multas contratuais, sendo patente sua dedutibilidade. Aluguel de Equipamentos Entre Empresas do Grupo 118. A RECORRENTE computou como custo em seu resultado operacional o valor de R$ 2.022.212,39, referente a dispêndios com aluguel de equipamentos cujos contratos foram firmados com a (i) SERVICIOS PETROLEROS SAN ANTONIO INTERNACIONAL, com sede em Veracruz, México (doc. 14 da Impugnação), e (ii) SAN ANTONIO SERVICE LTD, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas (doc. 15 da Impugnação). (...) 120. Pois bem. Diante dessa curtíssima acusação, a RECORRENTE, em sua impugnação, informou que os equipamentos foram efetivamente importados, como fazem prova as Declarações de Importação anexadas como doc. 16 da peça de bloqueio, tendo sido utilizados na prestação de serviços cuja beneficiária foi a PETROBRÁS, conforme contratos nºs 2050.0051541.09.2, 2050.0051403.09.2 e 2050.0067599.112, acostados ao doc. 17 da defesa. 121. Sobre esse ponto, o v. acórdão recorrido volta a reconhecer que o acervo probatório “sugere o aluguel e a entrada no País de equipamentos vindos do exterior”, mas a autuação é mantida, pasme se, sob a alegação de que “a documentação não veio aos autos devidamente ordenada”. 122. Ora, se o ponto controvertido a respeito dessa específica questão consistia na ausência de comprovação da ocorrência da locação OU da entrada dos bens locados em território nacional e a RECORRENTE foi capaz de demonstrar a efetivação do aluguel E a entrada no País dos bens locados, a gênese da autuação está afastada e absolutamente nenhuma outra prova se faz necessária para o descarte da imposição fiscal. (...) Fl. 12812DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.813 21 128. Mas sem prejuízo do acima exposto, é importante ressaltar que a RECORRENTE, em sua Impugnação, fez uma clara vinculação entre as DIs que acobertaram o ingresso dos equipamentos em solo nacional e os contratos celebrados com a Petrobrás nos quais os bens foram aplicados, não sendo crível atribuir à RECORRENTE desídia na indicação do acervo probatório. (...) 129. Ratificando o que foi detalhadamente indicado na Impugnação e para que não fique dúvida quanto ao efetivo propósito negocial na celebração das locações que deram origem à despesas glosadas pelo Fiscal, mostrase pertinente reproduzir trecho do contrato firmado entre a RECORRENTE e a “Servicios Petroleros San Antonio Internacional”, sediada no México, no fica qual expressamente consignado que a avença está sendo celebrada em decorrência do contrato de serviços nº 2050.0067599.112, vinculado ao projeto de “CIMENTAÇÃO”, o qual foi anexado ao “doc. 17 da Imputação”. Confirase a confrontação: 130. Por sua vez, foram anexadas à Impugnação as cópias das Declarações de Importação por meio das quais os bens objeto dos contratos de locação firmados com as empresas no exterior foram trazidos a solo nacional, cabendo, a título exemplificativo, realizar um cotejo para simplificar o entendimento: 131. Noutro giro, no contrato de empréstimo celebrado com San Antonio Services Ltd. (doc. 15 da Impugnação), com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, consta expressamente a indicação do contrato celebrado com a Petrobras no qual os equipamentos emprestados serão alocados. Vejase: Fl. 12813DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.814 22 132. Cabe destacar que ambos os contratos se encontram anexados ao “doc. 17 da Impugnação, mostrandose pertinente reproduzilos abaixo: 133. Não há dúvidas, pois, de que todo o acervo probatório necessário foi produzido de forma suficiente, ordenada e organizada pela RECORRENTE, de maneira que a afirmação do Órgão Julgador reproduzida acima somente pode decorrer da sua falta de conhecimento das operações descritas pela RECORRENTE ou desdém em avaliar os documentos constantes dos autos. 134. Em arremate ao acima exposto, a RECORRENTE apresenta breve histórico dos valores que foram pactuados com as Empresas sediadas no exterior e a elas adimplidos em razão dos contratos de empréstimo celebrados, esclarecendo que os valores se encontram individualizados de acordo com o Projeto em que estavam alocados: Fl. 12814DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.815 23 (...) Depreciação 136. O Fiscal Autuante glosou as despesas incorridas pela RECORRENTE a título de depreciação de bens e equipamentos por considerar que o documento apresentado pelo contribuinte não se prestava a comprovar a desvalorização dos ativos, asseverando que “o demonstrativo deveria descriminar os itens sujeitos à depreciação, a data de aquisição ou edificação, as taxas de depreciação utilizadas, a depreciação acumulada (...)”. 137. No bojo de sua Impugnação, a RECORRENTE anexou planilha na qual foram fornecidas todas as informações utilizadas para o cálculo da depreciação ocorrida em seus bens no ano calendário 2012, destacandose que lá constam a (i) descrição do item, (ii) data de sua aquisição, (iii) vida útil, (iv) valor de origem, (v) depreciação acumulada e (vi) depreciação no exercício, bem como apresentou, por amostragem, notas fiscais relativas aos bens integrantes do ativo. 138. Todavia, a prova produzida pela RECORRENTE foi desconsiderada pela Turma Julgadora, por considerar que o documento apresentado “contem mais de 2.000 itens e não identifica claramente os elementos imprescindíveis para cálculo de depreciação”. 139. Ora, francamente, e uma vez mais, se o E. Colegiado a quo considera que a análise de mais de 2.000 itens revela exercício muito trabalhoso ou demorado, o mínimo que deveria fazer é determinar a conversão do feito em diligência para determinar que alguém o fizesse! (...) Cursos e Treinamentos 146. A Turma Julgadora manteve a glosa referente às despesas incorridas a título de “cursos de treinamentos” por considerar que “nenhuma das notas fiscais juntadas contém referência a cursos ou treinamentos”, além de não ter sido “apresentada prova da efetiva prestação dos serviços”. (...) 148. No mais, embora a nomeação da conta não esteja completamente adequada e não se refira a “cursos e treinamentos”, tal questão não é suficiente para se glosar os dispêndios em questão, na medida em que os serviços descritos nas Notas Fiscais acostadas ao “doc. 23”, com recrutamento, seleção e atividades afins, mostramse essenciais à Fl. 12815DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.816 24 atividade de qualquer empresa, sobretudo da RECORRENTE, cujos serviços são extremamente complexos e técnicos. 149. Justamente em razão da relevância e sutileza dos processos de contratação que envolvem a RECORRENTE é que a identificação de um engenheiro especializado em “cimentação” demanda o pagamento de R$ 71.063,97. Convenhase, dada a especificidade da atuação deste profissional, sua contratação não se mostra possível por meio um simples anúncio em jornal ou na internet. 150. Sendo assim, considerando que as despesas foram comprovadas por meio de notas fiscais, documentos reconhecidamente idôneos para tanto, e que se mostram essenciais à atividade empresarial e usuais, atendendo aos ditamos do art. 299 do Decreto 3.000/1999 e conforme já reconheceu o Conselho de Contribuintes, deve a autuação ser cancelada também nesse particular. Auditoria e Consultoria 151. A Fiscalização glosou os valores relacionados às contas “Outras Consultorias”, “Consultoria IT” e “Serviços de Auditoria” ao argumento de que “foram apresentadas apenas algumas notas fiscais”, insuficientes para comprovar que a RECORRENTE teria incorrido em tais despesas. (...) 155. Sendo assim, tendo em vista que a RECORRENTE apresentou Notas Fiscais e contratos que comprovam a efetiva prestação dos serviços que deram origem às despesas glosadas pela Fiscalização, e ausente qualquer fundamentação de invalide tais documentos, deve ser reconhecido o vício de fundamentação do acórdão recorrido e afastada a autuação nesse ponto. (...) Multas Fiscais 156. Em relação às multas fiscais, aduz a Fiscalização que a RECORRENTE teria incluído o valor de R$ 258.155,69 como despesa incorrida com multas fiscais que foram indevidamente deduzidas para fins de apuração do IRPJ e CSLL. No bojo da Impugnação foi esclarecido que tal valor foi equivocadamente escriturado, tendo sido rapidamente realizado respectivo estorno, conforme atesta do Livro Razão (doc. 22 da Impugnação): 157. A Turma Julgadora, mesmo reconhecendo que “os lançamentos se anulam reciprocamente”, manteve a autuação quanto a esse ponto ao fundamento de “o histórico é insuficiente para sua vinculação ao fato descrito no Impugnação, não podendo ser aproveitado como prova da alegação”. 158. Claramente, essa é mais uma das impropriedades técnicas e equívocos cometidos pelo Órgão Julgador, na medida em que é Fl. 12816DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.817 25 reconhecido no próprio acórdão recorrido que o valor glosado pela Fiscalização é oriundo da conta nº 383199040.871170, ou seja, o mesmo número da conta cujo livro razão foi colacionado acima, no qual comprovouse a efetivação do estorno do lançamento equivocado, no mesmo valor da glosa realizada pela Fiscalização. (...) III.C A Desconsideração de Parte do Prejuízo Fiscal Apurado Pela Impugnante, Cujo Saldo é Passível de Aproveitamento. 162. Como mais um ponto a contaminar o lançamento, cumpre esclarecer que, tal como comprova o LALUR referente ao ano calendário 2012 (doc. 37 da Impugnação), a RECORRENTE, em 01.01.2012, possuía saldo acumulado de prejuízo fiscal e a base negativa da CSLL nos montantes, ambos, de R$ 18.421.535,22. Veja, abaixo, a reprodução do LALUR: 163. Ao refazer a apuração, porém, o Auditor Fiscal considerou somente R$ 3.962.079,42 de prejuízo fiscal e R$ 3.926.079,42 de base negativa de CSLL, distanciando, portanto, daqueles montantes efetivamente apurados pela RECORRENTE, ao passo que a Delegacia de Julgamento, ao enfrentar tal questão, se limitou a afirmar que o LALUR “não demonstra a origem desses saldos”. 164. Ocorre que o prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL desconsiderado pela Fiscalização diz respeito a período de apuração anterior àquele fiscalizado, sendo certo, portanto, que não caberia à Fiscalização, e muito menos ao E. Colegiado a quo, questionar tais valores, haja vista estarem fora do escopo da fiscalização e sequer havia mais prazo hábil a tanto. Entendo que é indispensável a conversão do presente julgamento em diligência (artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972), privilegiando a verdade material, sendo notória a existência de várias informações e expressiva a quantidade documentos sobre a eventual improcedência do lançamento de ofício, considerando tanto a impugnação administrativa quanto este Recurso Voluntário. Fl. 12817DF CARF MF Processo nº 18470.727465/201614 Resolução nº 1201000.640 S1C2T1 Fl. 12.818 26 Isto posto, voto pela conversão do julgamento em diligência, solicitando o retorno dos autos à unidade de origem, a fim de que emita um Relatório Conclusivo sobre as informações e os documentos anexados na impugnação administrativa e no recurso voluntário. Caso necessário, a unidade de origem intimará a Recorrente sobre o início da diligência, requisitando documentos e/ou informações necessárias para sua conclusão. Finalizada esta diligência, ressalvo a necessidade de promover a ciência do contribuinte sobre o Relatório Conclusivo, fixando o prazo de 30 (trinta) dias para sua manifestação, antes do retorno dos autos para novo julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Fl. 12818DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10540.720832/2011-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITO BANCÁRIO SEM ORIGEM COMPROVADA.
Caracterizam-se como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 2202-004.854
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para fins de excluir da base de cálculo da infração o crédito datado de 30/12/2008, no valor de R$ 959.347,94.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Andrea de Moraes Chieregatto, Wilderson Botto (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITO BANCÁRIO SEM ORIGEM COMPROVADA. Caracterizam-se como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
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DEPÓSITO BANCÁRIO SEM ORIGEM COMPROVADA. Caracterizamse como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para fins de excluir da base de cálculo da infração o crédito datado de 30/12/2008, no valor de R$ 959.347,94. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sateles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Andrea de Moraes Chieregatto, Wilderson Botto (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 72 08 32 /2 01 1- 53 Fl. 281DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS) DRJ/POA, que julgou parcialmente procedente lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativo ao exercício 2009 (fls. 118/141), face à apuração de omissão de rendimentos, caracterizados por depósitos de origem não comprovada. A instância de piso sintetizou as razões de impugnação (fls. 240/241), em resumo que se reproduz, no essencial: Entende que não merece prosperar a atuação em sua totalidade, sobretudo no que se refere a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Argumenta que o Auditor Fiscal, a revelia do princípio da verdade material, desconsiderou todos os documentos que demonstram ser a atividade rural o único ofício do impugnante e lançou o tributo através do arbitramento atinente às pessoas que não são produtores rurais, em que pese não tenha havido um indício sequer de que o impugnante tenha auferido renda por outro meio. Alega ainda que foi desconsiderado que diversos ingressos nas contas do autuado, na verdade, se referem a transferências de contas da mesma titularidade, e também as devoluções de empréstimos sem juros que o autuado concedeu no ano calendário em litígio. Das transferências entre contas da mesma titularidade e a impossibilidade de caracterização dos valores envolvidos como renda. Faz três demonstrativos indicando datas, referência e valores relativos: 1) Transferência do Banco do Brasil para o Banco do Brasil; 2) transferências do Bradesco para o Banco do Brasil e 3) resgate de aplicação para a conta corrente do Banco do Brasil. Afirma que tais movimentações se encontram devidamente atestadas nos extratos bancários ora juntados aos autos (Docs. 03 e 04), totalizando o montante de r$2.878.692,94 a ser excluído da base de cálculo. Empréstimos concedidos pelo autuado a familiares e parceiros comerciais Valores devolvidos de empréstimos efetuados a Deolizando Moreira de Oliveira – CPF nº 0002.729.90582: R$ 240.000,00 e R$60.000,00 recebidos em 15/05/2008 e 16/05/2008 devidamente informados na DIRPF (Doc.06). R$300.000,00 emprestado ao Sr. Adilson Oliveira Santos – CPF nº 074.853.52504 via TED em 23/04/2008 e devolvido em 02/06/2008, conforme comprovam os documentos em anexo (Doc.03); R$61.500,00 se refere a empréstimo efetuado ao Sr. Manoelito Arruda Amaral – CPF nº 049.862.295 devolvido em 16/05/2008 (Doc.03). R$10.000,00 empréstimo ao seu neto Igor Velame Brige – CPF nº XXX.948.08687 restituído em 23/07/2008, através de transferência “on line” Extratos – Doc. 03). Assim, o montante a ser excluído da base de cálculo é de R$ 671.500,00 por não se referir a novas receitas, mas sim a restituição de valores emprestados a familiares. Da Atividade rural exercida pelo autuado Fl. 282DF CARF MF Processo nº 10540.720832/201153 Acórdão n.º 2202004.854 S2C2T2 Fl. 282 3 Argumenta, que ficou fartamente evidenciado durante o procedimento fiscal que a única atividade profissional exercida pelo Autuado é a de Produtor Rural, conforme documentação comprobatória juntada ao processo. Enfatiza que o próprio Auto de Infração no item Fatos constatados e conclusões (transcreve itens 1 e 2) elenca diversos elementos que comprovam o exercício da atividade de produtor rural. Salienta que as despesas de custeio, aliadas a prova de inúmeras propriedades rurais produtivas corroboram que a atividade rural é a única ocupação do impugnante, sendo descabida o enquadramento das demais receitas omitidas como depósito bancários de origem não comprovada. Aduz ainda que o ingresso do valor R$87.636,46 em 002/01/2008 se refere a venda de gado, conforme comprovam as Notas Fiscais localizadas (Docs. 07 e 07A ) realizada à Betin em 2007. Conclui que não tendo a fiscalização provado que a omissão de rendimentos poderia ter como origem outra atividade, a tributação correta é na atividade rural. Entende que não há sequer indícios que o autuado teria outra fonte pagadora além de produtor rural, o que é demonstrado nos registros na declaração de ajuste anual. Transcreve diversas ementas de Acórdão do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais para corroborar seu entendimento de que “é imperiosa a revisão da autuação para que seja aplicado sobre o resultado tributável (após as deduções dos empréstimos e das transferências de contas de mesma titularidade e o percentual de 20% por se tratar de receita bruta da atividade rural.” (sic) . (...) A exigência foi parcialmente mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 239/249), excluindose valores de R$ 1.120.573,00 e R$ 98.772,00, relativos a transferências entre contas bancárias, e de R$ 87.636,46, comprovado como tendo sua origem em atividade rural. O contribuinte interpôs recurso voluntário em 04/08/2015 (fls. 256/274), repisando, em linhas gerais, os termos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. De plano, impende explicar que o lançamento foi apurado tendo como base legal o art. 42 da Lei nº 9.430/96, sendo que desde o início da vigência desse preceito a Fl. 283DF CARF MF 4 existência de depósitos bancários sem comprovação da origem, após a regular intimação do sujeito passivo, passou a constituir hipótese legal de omissão de rendimentos e ou/receita. Portanto, cabe ao Fisco demonstrar a existência de depósitos bancários de origem não comprovada para que se presuma, até prova em contrário, a cargo do contribuinte, a ocorrência de omissão de rendimentos. Tratase de presunção legal relativa, bastando assim que a autoridade lançadora comprove o fato definido em lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, para que fique evidenciada a referida omissão, e o consequente fato gerador do imposto de renda pessoa física, a despeito do entendimento em sentido diverso trazido na peça recursal. E apesar de não haver previsão legal para que a justificação da origem se dê com coincidência de datas e valores, o § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96 exige que a comprovação demandada aconteça de maneira individualizada. Destarte, intimado o recorrente a comprovar a origem dos recursos depositados/creditados, devidamente discriminados pela fiscalização, e não se desincumbindo desse ônus probatório que lhe foi legalmente transferido, ficou caracterizada a omissão de rendimentos. Bem esclarecida a base legal da autuação, cumpre passar ao exame dos depósitos sujeitos a questionamentos, na ordem em que foram abordados na peça recursal. O primeiro tratase de depósito em cheque realizado em 03/01/2008 no valor de R$ 700 mil em conta mantida no Banco do Brasil. Segundo o autuado, tal depósito estaria justificado por saída nesse valor via emissão de ordem de pagamento, na data de 26/12/2007. Sem sucesso a irresignação, pois ao contrário do que aduz o contribuinte, não há coincidência de datas e valores, apenas de valores. Assim, para tecer liame entre as duas movimentações bancárias, acontecidas em datas e anos distintas seria necessário identificar claramente a causa jurídica a amparar o vínculo aventado, o que não se verifica na espécie. Já no tocante ao depósito de R$ 959.347,94 efetuado em 30/12/2008 na conta mantida no Banco do Brasil, está ele, com a devida vênia da decisão vergastada, adequadamente justificado como sendo resgate de aplicação "CDB DI SWP" no valor de R$ 920 mil, realizada em 28/07/2008, conforme DOC. 03 anexo à impugnação, c/c informe de fl. 274. Neste último consta inclusive especificado o montante de rendimentos associados à dita aplicação, estando bem circunstanciados e coincidentes os montantes envolvidos. De rigor, assim, excluir tal depósito da base de cálculo do lançamento. Quanto aos depósitos associados a empréstimos a parentes e parceiros comerciais, não merecem prosperar os argumentos recursais. Os créditos de R$ 240 mil e R$ 60 mil, respectivamente datados de 15/05/2008 e 16/05/2008, foram atribuídos à devolução de empréstimo de R$ 300 mil feito em 2007 a Deolizando Moreira de Oliveira, CPF nº 002.729.90582, sendo que tal evento está informado nas declarações de ajuste de imposto de renda do contribuinte e do mutuário. Não obstante, inexistem contratos a corroborar a narrativa de empréstimo. E, ainda que se pudesse superar tal carência documental, sobressai a necessidade de comprovação da anterior correspondente saída de numerário das contas do contribuinte, de modo a comprovar que tal valor de R$ 300 mil tenha, em algum dia, saído de suas disponibilidades. Fl. 284DF CARF MF Processo nº 10540.720832/201153 Acórdão n.º 2202004.854 S2C2T2 Fl. 283 5 Destaquese que a mera informação em declaração não é prova suficiente de que os eventos nela consignados tenham acontecido no mundo real, sendo, no particular, imprescindível que se ateste tenha ocorrido, de fato, o fluxo de recursos cogitado. Para os demais supostos empréstimos, temse que foram, alegadamente, efetuados dentro do anocalendário 2008, assim, que se passe a respectiva análise. O depósito de R$ 300 mil efetuado em 02/06/2008 foi vinculado pelo recorrente à TED datada de 23/04/2008, voltada a empréstimo destinado a Adilson Oliveira Santos, CPF nº 074.853.52504. Uma vez mais, inexistem contratos, recibos ou documentos que permitam aferir a veracidade da narrativa. E, ao contrário do sugerido pelo contribuinte, nos documentos bancários de fl. 194 e 197 não restam consignados quaisquer elementos que permitam associar tais movimentações à referida pessoa física. Para o valor de R$ 10 mil datado de 23/07/2008 ligado, conforme aduzido, a montante emprestado em 26/05/2008 a Igor Velame Brige, CPF nº 925.948.08687, a situação é exatamente a mesma, ou seja, não há contratos, documentos, ou identificação do depositante ou beneficiário que corrobore a justificativa levantada. E, para o valor de R$ 61.500,00 depositado em 16/05/2008, e também vinculado a suposto empréstimo, sequer é apontada operação antecedente que se constituiria na saída de recursos correspondente. Destarte, não há como aceitar a argumentação recursal quanto aos precitados depósitos, pois não há comprovação de estarem vinculados, efetivamente, a devolução de empréstimos. Quanto ao pleito de que os depósitos remanescentes sejam considerados como decorrentes de atividade rural, tenho que a matéria foi bem enfrentada no julgamento a quo, e, não divergindo das razões lá ventiladas, transcrevo o respectivo trecho da fundamentação, de modo a que integre este voto: O autuado impugna o arbitramento de IRPF sobre parte dos depósitos registrados suas contas bancárias, sem considerálos como receita da atividade rural, o que ensejaria tributação diferenciada, mas com origem não comprovada. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal (fls. 121 a 130) a fiscalização, após analisar a documentação juntada ao processo, apurou duas infrações fiscais, de acordo com a conclusão do Auditor Fiscal a seguir transcrita: “CONCLUSÃO INFRAÇÕES APURADAS: 1) Omissão de Rendimentos da Atividade Rural: Constatamos que o fiscalizado efetuou a venda de gado no ano calendário de 2008, conforme notas fiscais fornecidas pelo mesmo. Efetuamos o lançamento de ofício como Rendimento de Atividade Rural, submetendo a receita bruta ao arbitramento de vinte por cento por ser mais favorável ao sujeito passivo. Desta forma fica o valor tributável decorrente da atividade rural estipulado em R$ 262.882,36 (ver Anexo III ao auto de Infração); Fl. 285DF CARF MF 6 2) Omissão de Rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada: apuramos o total dos créditos bancários com origem não comprovada (Banco do Brasil e Bradesco), o que alcançou o valor de R$ 6.077.428,69 (V. coluna 3 do Anexo IV do Auto de Infração). Deste, subtraímos os rendimentos decorrentes da atividade rural (V. coluna 4), que será lançado na infração anteriormente descrita. O resultado (coluna 5 do Anexo IV) será lançado com esta descrição de infração.” Dessa forma, não há que se falar em arbitramento do IRPF sobre a parte dos depósitos bancários, pois esse se deu sobre os rendimentos da atividade rural, por lhe ser mais benéfico. Enquanto que a tributação da omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários de origem não comprovada, se deu pelo fato o interessado, apesar de intimado, não ter comprovado a origem dos depósitos através de documentação hábil e idônea. Também por essa via, portanto, não prospera a inconformidade do contribuinte. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para fins de excluir da base de cálculo da infração o crédito datado de 30/12/2008, no valor de R$ 959.347,94. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 286DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11624.720116/2015-32
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2011
ISENÇÃO - ARL - APP - FALTA DE AVERBAÇÃO
Para fins de configuração de determinada área enquanto Reserva Legal, necessária se faz sua a averbação conforme redação da Lei nº 4.771/65, sendo requisito constitutivo da ARL.
CO-PROPRIETÁRIO - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - ARTIGO 124 CTN
Os possuidores também são contribuintes do ITR, e no caso de composse, qualquer um pode ser responsabilizado pelo imposto devido, sendo que aquele que arcou com a totalidade do crédito tributário tem o direito de regresso em face dos demais.
Numero da decisão: 2002-000.418
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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COPROPRIETÁRIO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ARTIGO 124 CTN Os possuidores também são contribuintes do ITR, e no caso de composse, qualquer um pode ser responsabilizado pelo imposto devido, sendo que aquele que arcou com a totalidade do crédito tributário tem o direito de regresso em face dos demais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 62 4. 72 01 16 /2 01 5- 32 Fl. 93DF CARF MF 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 19 a 27), relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, pela qual se procedeu autuação sob os seguintes fundamentos, constantes às efls. 04: Por meio do Auto de Infração/anexos de fls. 19/27, lavrado em 09.10.2015, o contribuinte identificado no preâmbulo foi intimado a recolher o crédito tributário, no montante de R$39.222,72, referente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), dos exercícios de 2011 e 2012, acrescido de multa lançada (75%) e juros de mora, tendo como objeto o imóvel denominado “Vale da Neblina” (NIRF nº 8.336.1081), com área declarada de 126,0 ha, localizado no município de São José dos Pinhais/PR. Tal omissão gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 39.222,72, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, apresentada pelo espólio da contribuinte, às efls. 37 a 67 dos autos, que conforme decisão da DRJ: informa que o imóvel tratase de área de posse, que pertencia a seus pais, sempre declarada por eles junto à RFB; esclarece que, após o falecimento de seus pais, que deixaram 8 filhos, foi aberto o inventário que ainda está em tramitação; registra que enquanto eram vivos seus pais plantavam na área e possuíam diversas cabeças de gado, porcos e galinhas e que, atualmente, a posse é mantida por meio do caseiro e que por falta de condições financeiras não possuem mais animais na área; diz que as DITR 2011 e 2012 foram elaboradas por equívoco, constando como se as terras fossem plantadas e aproveitáveis, mecanizáveis e com diversas benfeitorias com pastagens e produtos vegetais e com atividades granjeiras ou aquícolas, quando na verdade o que existe no imóvel, para mantença da posse, são 4 casas antigas, posto que o imóvel é totalmente coberto por florestas nativas com proteção ambiental; informa que providenciará a declaração retificadora para suprir os equívocos apontados; entende que a tributação imposta sobre o imóvel que parte lhe pertence, conforme explicado, deverá ser extinta de pleno Fl. 94DF CARF MF Processo nº 11624.720116/201532 Acórdão n.º 2002000.418 S2C0T2 Fl. 94 3 direito, haja vista que todas as declarações têm sido regulamente apresentadas e recolhidos os imposto devidos; lista os documentos anexados, para provar o alegado; espera que, após o exame da documentação anexa, não haja dúvidas em extinguir a tributação lançada sobre o imóvel, haja vista que prova que não cometeu qualquer infração em relação ao imóvel, para ser tributada a pagar ITR referente à área de inventário e posse da impugnante e outros, haja vista que declarados sem qualquer dúvida os últimos cinco anos e recolhidos os tributos necessários, conforme declarações e comprovantes inclusos, além de tratarse de imóvel ainda em inventário, conforme comprovam as primeiras declarações, nomeação de inventariante e demais documentos; requer a determinação para que os autos tramitem com prioridade, tendo em vista que a impugnante já conta com mais de 65 anos de idade. A impugnação foi apreciada na 1ª Turma da DRJ/BSB que, por unanimidade, em 24/02/2016, no acórdão 03069.981, às efls. 130 a 142, julgou à unanimidade, a impugnação improcedente. Recurso voluntário Ainda inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário, em 04/04/2016 às efls. 83 a 91 no qual alega, em síntese: · que o imóvel em destaque é de sua posse, que antes pertencia aos seus pais; · sempre fora declarada a RFB a posse do imóvel; · que os pais faleceram e o processo de inventário ainda está correndo na Justiça; · por falta de proventos não possuem mais quaisquer animais; · que o imóvel atualmente é improdutivo e restam apenas árvores e vegetação. · preliminarmente, que a recorrente não pode ser tributada por um imóvel que não é apenas dela; · ainda, em sede de preliminar, alega que o imóvel vem sofrendo processo de usucapião; · pede o afastamento da autuação. É o relatório. Fl. 95DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 06/03/2016, efls. 82, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 04/04/2016, efls. 83, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Conforme voto da DRJ, a contribuinte fora autuada com base em: Inicialmente, é preciso deixar registrado que a autuação diz respeito exclusivamente à glosa das áreas de pastagens de 20,0 ha e de atividade granjeira ou aquícola de 30,0 ha, igualmente nos exercícios de 2011 e 2012, e do arbitramento dos VTN, em função da subavaliação dos VTN declarados, com base no SIPT, que passaram de R$9.800,00 (R$77,78/ha), declarados igualmente em 2011 e 2012, para R$442.694,00 (R$3.514,00/ha), no exercício de 2011 e para R$497.196,00 (R$3.946,00/ha), no exercício de 2012. Contudo, o impugnante, alegando a ocorrência de erro de fato em suas declarações, afirma que houve equivoco na declaração de áreas utilizadas pela atividade rural quando na verdade o que existiria no imóvel, para manter a posse, seriam 4 casas antigas, posto que o imóvel seria totalmente coberto por florestas nativas. A DRJ manteve a autuação fiscal sob o argumento que a contribuinte não juntou ao processo a ADA. Segue excerto do voto: Em síntese, a solicitação em tempo hábil do ADA constituiuse um ônus para o contribuinte. Assim, caso não desejasse a incidência do ITR sobre as áreas ambientais eventualmente existentes, o proprietário do imóvel deveria ter providenciado, dentro do prazo, a protocolização dos ADA 2011 e 2012 no IBAMA. Não obstante a alegação do impugnante quanto à efetiva existência da área coberta por florestas nativas no imóvel e que estaria comprovada por meio dos documentos de fls. 55/56 (Mapas), com ART de fls. 57/58, é preciso ressaltar que esse fato não está em discussão nos autos, mas sim o fato de não ter sido comprovado que essa área tenha sido reconhecida como de interesse ambiental por intermédio de Ato Declaratório Ambiental (ADA), emitido pelo IBAMA, ou, pelo menos, que o seu requerimento tenha sido protocolado em tempo hábil, para o exercício de 2011 e também para o exercício de 2012, junto a esse órgão, por ser exigência legal, como visto. Por fim, cabe reiterar que a necessidade da protocolização do ADA tempestivo para todas as áreas ambientais consta em Fl. 96DF CARF MF Processo nº 11624.720116/201532 Acórdão n.º 2002000.418 S2C0T2 Fl. 95 5 evidência nos Manuais de Preenchimento das DITR 2011 e 2012. Ainda, a contribuinte não impugnou o Valor da Terra Nua, conforme ementa da decisão da DRJ, motivo pelo qual atrai a aplicação do artigo 17 da Lei nº 70.235/72. DA MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. VALOR DA TERRA NUA (VTN) ARBITRADO Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada, conforme legislação processual. Em sede de Recurso Voluntário, apresenta preliminares que se confundem com o mérito que passase a analisar. O artigo. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96, que vigia até 1º de janeiro de 2013, elencava os requisitos legais para que o contribuinte se valesse da exclusão das áreas denominadas de Reserva Legal, da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). Conforme texto legal: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; (...) O ITR está previsto no artigo 153, VI da Constituição Federal de 1988 e no artigo 29 do Código Tributário Nacional (CTN), tendo como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana de município, em 1º de janeiro de cada ano. A Conselheira deste CARF, doutora Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, relatora do acórdão nº 9202006.045, de 28 de setembro de 2017, assim analisa: Fl. 97DF CARF MF 6 Analisando as característica da base de cálculo eleita pelo legislador conjuntamente com o teor do art. 10 da Lei nº 9.393/96 é possível concluir fato que coaduna com a característica extrafiscal do ITR, que somente há interesse da União que sejam tributadas áreas tidas como produtivas/aproveitáveis, havendo ainda uma preocupação em se favorecer aqueles que um vez tolhidos do exercício pleno de sua propriedade sejam ainda mais onerados pela incidência de um tributo. As áreas caracterizadas como de preservação permanente e de reserva legal diante das limitações que lhe são impostas, por expressa determinação legal são excluídas do cômputo do VTN – Valor da Terra Nua, montante utilizado para a obtenção da base de cálculo do ITR. Por essa razão, no entendimento desta Relatora, o inciso II acima citado ao conceituar “área tributável” não prevê uma isenção, ele nos traz na verdade uma hipótese de nãoincidência do ITR. Entretanto, para que a propriedade, o domínio útil ou a posse dessas áreas não caracterize fato gerador do imposto é necessário que o imóvel rural preencha as condições, no presente caso, previstas na então vigente Lei nº 4.771/65. A caracterização da Área de Preservação Permanente e da Área de Reserva Legal estavam discriminadas, respectivamente no artigo 2º (com redação dada pela Lei nº 7.803/89) e artigo16 (com redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) do Código Florestal de 1965: Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; Fl. 98DF CARF MF Processo nº 11624.720116/201532 Acórdão n.º 2002000.418 S2C0T2 Fl. 96 7 c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. i) nas áreas metropolitanas definidas em lei. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (...) Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) I oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 99DF CARF MF 8 IV vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 3o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I o plano de bacia hidrográfica; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II o plano diretor municipal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III o zoneamento ecológicoeconômico; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV outras categorias de zoneamento ambiental; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) V a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 5o O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, Fl. 100DF CARF MF Processo nº 11624.720116/201532 Acórdão n.º 2002000.418 S2C0T2 Fl. 97 9 excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 7o O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 9o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicandose, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 101DF CARF MF 10 § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Pela redação dos artigos acima colacionados é possível a distinção entre uma Área de Preservação Permanente (APP) e uma Área de Reserva Legal (ARL). A APP, excetuandose as hipóteses previstas no artigo 3º da Lei nº 4.771/65 que dependem de declaração do Poder Público para sua afetação, nos demais casos, estando a área pleiteada localizada nos espaços selecionados pela legislação, restava configurada como tal, por efeitos legais, sem necessidade de cumprimento de qualquer outro requisito. Já nos casos de ARL, somase aos requisitos ecológicos, a i) aprovação prévia do Poder Público e ii) que a área definida fosse devidamente averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel, averbação essa que era substituída por Termo de Ajustamento de Conduta nos casos em que o Contribuinte fosse apenas possuidor do bem. Tais requisitos estão previstos nos §§4º e 8º do artigo 16, acima transcrito. Necessário estes apontamentos, pois tais diferenças impactam na incidência do ITR, sobretudo quanto a necessidade de averbação prévia e apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) perante o IBAMA. No presente processo, analisase o cumprimento dos requisitos pelo contribuinte para fins de não incidência do ITR relativamente as áreas caracterizadas como Reserva Legal. Pela a redação da Lei nº 4.771/65, o ato de averbação não é requisito essencial para a constituição de uma área de preservação permanente, já que pode ser comprovada mediante qualquer outro meio de prova capaz de demonstrar que determinado imóvel está localizado em áreas com função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas. A Receita Federal do Brasil (RFB) quando da elaboração das "Perguntas e Respostas do ITR" se pela não exigência de prévia averbação área de preservação permanente no Cartório de Registro de Imóveis. Lado outro, a averbação das áreas de Reserva Legal é requisito fundamental disposto, como dito, na Lei nº 4.771/65, motivo pelo qual, entendo que a averbação é requisito de constitutivo da ARL. No supracitado voto, a Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri atesta: A averbação, precedida da outra exigência legal de ser a área reconhecida pelo poder público, é condição imprescindível para a existência da Área de Reserva Legal, sendo que tal fato nos leva a conclusão lógica de que para fins de cálculo do ITR tal averbação deve ser anterior ao fato gerador. Fl. 102DF CARF MF Processo nº 11624.720116/201532 Acórdão n.º 2002000.418 S2C0T2 Fl. 98 11 O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o citado entendimento, valendo citar parte do voto proferido pelo Ministro Benedito Gonçalves, no RESP nº 1.125.632PR: Ao contrário da área de preservação permanente, para as áreas de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel é que se poderia saber, com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art. 16, § 8º, do Código Florestal (...) Assim, considerado que a norma de apuração do ITR prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96 a qual nos remete aos conceitos e requisitos da então nº Lei nº 4.771/65 podemos afirmar que para fim de não incidência do ITR a averbação da área delimitada pelo Poder Público no registro do imóvel em data anterior a ocorrência do fato gerador é requisito aplicável apenas à Área de Reserva Legal. Necessário se faz o debate quanto a essencialidade da apresentação do ADA para configuração de determinada área enquanto áreas de Preservação Permanente e também Reserva Legal, vide a polêmica que ronda o temário, já que tratase de exigência prevista por meio da Instrução Normativa IN SRF nº 67/97. Observase que nem a Lei nº 9.393/96, tampouco Lei nº 4.771/65 faziam exigência do documento. A Conselheira citada assim destaca o histórico acerca da obrigatoriedade do ADA: Por tal razão, após amplo debate concluise que para os fatos geradores ocorridos até o ano de 2000, era dispensável a apresentação do ADA, conclusão que pode ser ilustrada pela seguinte ementa do STJ : PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. ISENÇÃO. EXIGÊNCIA CONTIDA NA IN SRF Nº 67/97. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. De acordo com a jurisprudência do STJ, é prescindível a apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental para que se reconheça o direito à isenção do ITR, mormente quando essa exigência estava prevista apenas em instrução normativa da Receita Federal (IN nº 67/97). Ato normativo infralegal não é Fl. 103DF CARF MF 12 capaz de restringir o direito à isenção do ITR, disciplinada nos termos da Lei nº 9.393/96 e da Lei 4.771/65. 3. Na hipótese, discutese a exigibilidade de tributo declarado em 1997, isto é, antes da entrada em vigor da Lei 10.165/00, que acrescentou o § 1º ao art. 17O da Lei 6.938/81. Logo, é evidente que esse dispositivo não incide na espécie, assim como também não há necessidade de se examinar a aplicabilidade do art. 106, I, do CTN, em virtude da nova redação atribuída ao § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 pela MP nº 2.16667/01. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1.283.326/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 8/11/2011, DJe 22/11/2011.) Tal entendimento fundamentase na regra de que a norma jurídica que regulamenta o conteúdo de uma lei é veículo secundário e infralegal e, portanto, seu conteúdo e alcance deve se restringir aos comando impostos pela lei em função da qual foi expedida. Neste sentido uma instrução normativa não poderia prever condição não exigida pela norma originária, mormente quando tal condição depende de manifestação de órgão cuja atuação não se vincula com o objetivo da norma desoneração tributária. Tal discussão assume um novo viés com a criação do art. 17O da Lei nº 6.938/81. Em 29.01.2000 foi editada a Lei nº 9.960/00 que acrescentou o citado art. 17O à Lei nº 6.938/81, nesta oportunidade, por meio do §1º, o legislador expressamente previu que a utilização do ADA para efeito de redução do valor do ITR era opcional. Ocorre que tal previsão não produziu efeitos, pois antes mesmo da ocorrência de um novo fato gerador do ITR o referido artigo foi radicalmente modificado pela Lei nº 10.165, publicada em 27 de dezembro de 2000, a qual tornou o ADA instrumento obrigatório para fins de ITR: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 2o O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá ser efetivado em cota única ou em parcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do ITR, em Fl. 104DF CARF MF Processo nº 11624.720116/201532 Acórdão n.º 2002000.418 S2C0T2 Fl. 99 13 documento próprio de arrecadação do IBAMA.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 3o Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais). (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 4o O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a cobrança de juros e multa nos termos dos incisos I e II do caput e §§ 1oA e 1o, todos do art. 17H desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Diante desta alteração normativa discutese agora se lei posterior teria o condão de condicionar a aplicação de norma específica de não incidência tributária à realização de dever extra fiscal. Se diz extra fiscal porque como conceituado pelo próprio órgão o ADA nada mais é que um documento de cadastro das áreas do imóvel junto ao IBAMA. O objetivo do ADA é informar ao IBAMA que aquela determinada área é de interesse ambiental e é documento meramente informativo, motivo pelo qual entendo que sua essencialidade não é requisito para constituição da APP ou ARL, corroborando com as palavras da Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri: É por essa razão que compartilho do entendimento de que o ADA não tem reflexos sobre a regra matriz de incidência do ITR, a ausência de documento informativo ou sua apresentação intempestiva não pode gerar como efeito a desconsideração de área reconhecidamente classificada como não tributada pelo legislador. Assim, é notável o conflito existente entre o art. 10, §1º, II da Lei nº 9.393/96 e o art. 17O da Lei nº 6.938/81, antinomia que deve ser solucionada pela aplicação do critério da especialidade, devendo prevalecer neste sentido a norma que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, qual a Lei nº 9.393/96. Destaco que, embora essa Relatora tenha o entendimento isolado de que o ADA é requisito dispensável para fins de desoneração do ITR em qualquer circunstância, o entendimento da maioria deste Colegiado é no sentido de se reconhecer ao Contribuinte o direito a isenção nos casos em que existir averbação da ARL à margem do registro do imóvel Fl. 105DF CARF MF 14 antes da ocorrência do fato gerador, para a maioria o cumprimento deste requisito formal supre a necessidade de apresentação do ADA. Por fim, embora utilizandose de outros fundamentos, é importante mencionar que o Poder Judiciário, por meio do Superior Tribunal de Justiça tem firmado jurisprudência no sentido de que o ADA nunca foi, mesmo com a criação do art. 17O, requisito para desoneração do ITR, desoneração essa entendida pelos Ministros como isenção. Essa orientação do STJ foi recentemente reconhecida pela própria Fazenda Nacional por meio do Parecer PGFN/CRJ/Nº 1329/2016 que atualizou o Item 1.25 da Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer prevista no art.2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016. Pela relevância, peço vênia para transcreve parte do parecer: a) Área de reserva legal e área de preservação permanente (NOVO) * Data da alteração da redação do resumo e da Observação 1, bem como da inclusão da Observação 2: 05/09/2016 Precedentes: AgRg no Ag 1360788/MG, REsp 1027051/SC, REsp 1060886/PR, REsp 1125632/PR, REsp 969091/SC, REsp 665123/PR e AgRg no REsp 753469/SP. Resumo: O STJ entendeu que, por se tratar de imposto sujeito a lançamento que se dá por homologação, dispensase a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis e a apresentação do Ato Declaratório Ambiental pelo Ibama para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal, com vistas à concessão de isenção do ITR. Dispensase também, para a área de reserva legal, a prova da sua averbação (mas não a averbação em si) no registro de imóveis, no momento da declaração tributária. Em qualquer desses casos, se comprovada a irregularidade da declaração do contribuinte, ficará este responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa. OBSERVAÇÃO: Caso a matéria discutida nos autos envolva a prescindibilidade de averbação da reserva legal no registro do imóvel para fins de gozo da isenção fiscal, de maneira que este registro seria ou não constitutivo do direito à isenção do ITR, devese continuar a contestar e recorrer. Com feito, o STJ, no EREsp 1.027.051/SC, reconheceu que, para fins tributários, a averbação deve ser condicionante da isenção, tendo eficácia constitutiva. Tal hipótese não se confunde com a necessidade ou não de comprovação do registro, visto que a prova da averbação é dispensada, mas não a existência da averbação em si. OBSERVAÇÃO 2: A dispensa contida neste item não se aplica para as demandas relativas a fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 12.651, de 2012 (novo Código Florestal). Fl. 106DF CARF MF Processo nº 11624.720116/201532 Acórdão n.º 2002000.418 S2C0T2 Fl. 100 15 PARECER PGFN/CRJ/No 1329/2016 Documento público. Averbação e prova da Área de Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente. Natureza jurídica do registro. Ato Declaratório Ambiental. Isenção do Imposto Territorial Rural. Item 1.25, “a”, da Lista de dispensa de contestar e recorrer. Art. 10, II, “a”, e § 7º da Lei nº 9.393, de 1996. Lei nº 12.651, de 2012. Lei 10.165, de 2000. (...) II.1 Exame da jurisprudência sobre o questionamento feito à luz da legislação anterior à Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000 que deu nova redação ao art. 17O da Lei nº 6.938, de 27 de dezembro de 2000 e à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal (...) 12. Após as considerações acima, restam incontroversas, no âmbito da Corte de Justiça, à luz da legislação aplicável ao questionamento, as posições abaixo: (i) é indispensável a preexistência de averbação da reserva legal no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, tendo aquela, para fins tributários, eficácia constitutiva; (ii) a prova da averbação da reserva legal não é condição para a concessão da isenção do ITR, por se tratar de tributo sujeito à lançamento por homologação, sendo, portanto, dispensada no momento de entrega de declaração, bastando apenas que o contribuinte informe a área de reserva legal; (iii) é desnecessária a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, pois tal área se localiza a olho nu; e (iv) é desnecessária a apresentação do ADA para que se reconheça o direito à isenção do ITR. (...) II.2 Considerações relacionadas ao questionamento à luz da legislação anterior à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal. (...) 21. Em que pese tal possibilidade de interpretação, o STJ utilizouse do teor do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, para reforçar a tese de que o ADA é inexigível, tendo, ao que Fl. 107DF CARF MF 16 tudo indica, desprezado o conteúdo do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 2000, pois não foram encontradas decisões enfrentando esse regramento. Além disso, registrou que, como o dispositivo é norma interpretativa mais benéfica ao contribuinte, deveria retroagir. 22. Essa argumentação consta no inteiro teor dos acórdãos vencedores que trataram do tema, bem como na ementa do REsp nº 587.429/AL, senão vejamos: Trecho do voto da Ministra Eliana Calmon, Relatora do REsp nº 665.123/PR: Como reforço do meu argumento, destaco que a Medida Provisória 2.16667, de 24/08/2001, ainda vigente, mas não prequestionada no caso dos autos, fez inserir o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 para deslindar finalmente a controvérsia, dispensando o Ato Declaratório Ambiental nas hipótese de áreas de preservação permanente e de reserva legal para fins de cálculo do ITR [...] Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.112.283/PB: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.108.019/SP: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP.2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106, DO CTN. RETROOPERÂNCIA DA LEX MITIOR. 1. Recorrente autuada pelo fato objetivo de ter excluído da base de cálculo do ITR área de preservação permanente, sem prévio ato declaratório do IBAMA, consoante autorização da norma interpretativa de eficácia ex tunc consistente na Lei 9.393/96. 2. A MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, ao inserir § 7º ao art.10, da lei 9.393/96, dispensando a apresentação, pelo contribuinte, de ato declaratório do IBAMA, com a finalidade de excluir da base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal, é de cunho interpretativo, podendo, de acordo com o permissivo do art. 106, I, do CTN, aplicarse a fator pretéritos, pelo que indevido o lançamento Fl. 108DF CARF MF Processo nº 11624.720116/201532 Acórdão n.º 2002000.418 S2C0T2 Fl. 101 17 complementar, ressalvada a possibilidade da Administração demonstrar a falta de veracidade da declaração contribuinte. 3. Consectariamente, forçoso concluir que a MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante § 7º, do art. 10, da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art.106, do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior. 4. Recurso especial improvido." (REsp 587.429/AL, Rel. Ministro Luiz Fux, PRIMEIRA TURMA, DJe de 2/8/2004) 23. A partir das colocações postas, concluise que, mesmo com a vigência do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 1981, com a redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000, até a entrada em vigor da Lei nº 12.651, de 2012, o STJ continuou a rechaçar a exigência do ADA com base no teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996. 24. Consequentemente, caso a ação envolva fato gerador de ITR, ocorrido antes da vigência da Lei nº 12.651, de 2012, não há motivo para discutir em juízo a obrigação de o contribuinte apresentar o ADA para o gozo de isenção do ITR, diante da pacificação da jurisprudência. (...) Diante do narrado, entendo que para fins de configuração de determinada área enquanto Reserva Legal, necessária se faz sua a averbação conforme redação da Lei nº 4.771/65, sendo requisito constitutivo da ARL. Contudo, em que pese toda esta explanação, em momento algum a contribuinte trouxe aos autos o registro do imóvel constando a averbação da ARL. Ainda, sequer entrou no mérito quanto a caracterização da área enquanto ARL ou APP para fins de isenção do ITR, posto que mantenho a glosa. Conforme informa a própria contribuinte, parte do imóvel fora vendido a ela e a seu irmão Altair Pires, de forma que figuram como possuidores do imóvel, já que seus pais, antigos possuidores não possuíam o justo título da propriedade. Como explanado, os possuidores também são contribuintes do ITR, e no caso de composse, qualquer um pode ser responsabilizado pelo imposto devido, sendo que aquele que arcou com a totalidade do crédito tributário tem o direito de regresso em face dos demais. É o que se extrai do artigo 124 do Código Tributário Nacional: Fl. 109DF CARF MF 18 Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Diante do exposto, conheço do Presente Recurso voluntário para, no mérito negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 110DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000945/2010-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/10/2007
RECEITA DECORRENTE DE VENDA DE EM DECORRÊNCIA DA DESMUTUALIZAÇÃO DA BOVESPA ASSOCIAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA E MULTA DE OFÍCIO.
AÇÃO JUDICIAL COM MESMO OBJETO. CONCOMITÂNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois da instauração do processo administrativo fiscal, com o mesmo objeto deste, cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da controvertida no processo judicial. Súmula CARF nº 01.
Numero da decisão: 3302-006.246
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário quanto à apreciação da multa de ofício.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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Recorrente BANCO SOCIETÉ GENERALE BRASIL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/10/2007 RECEITA DECORRENTE DE VENDA DE EM DECORRÊNCIA DA DESMUTUALIZAÇÃO DA BOVESPA ASSOCIAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA E MULTA DE OFÍCIO. AÇÃO JUDICIAL COM MESMO OBJETO. CONCOMITÂNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois da instauração do processo administrativo fiscal, com o mesmo objeto deste, cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da controvertida no processo judicial. Súmula CARF nº 01. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário quanto à apreciação da multa de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 09 45 /2 01 0- 69 Fl. 728DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Relatório Em 11.08.2010 foram lavrados autos de infração contra o interessado acima identificado, com ciência pessoal em 17.08.2010, por meio dos quais foram exigidas importâncias de PIS e COFINS do período de apuração 31.10.2007. COFINS R$ 3.225.773,74 JUROS DE MORA (ATÉ 30/07/2010) R$ 878.700,76 MULTA PROPORCIONAL R$ 2.419.330,30 VALOR DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADO R$ 6.253.804,80 PIS R$ 524.188,23 JUROS DE MORA (ATÉ 30/07/2010) R$ 142.788,87 MULTA PROPORCIONAL R$ 393.141,17 VALOR DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADO R$ 1.060.118,27 COFINS R$ 3.225.773,74 JUROS DE MORA (ATÉ 30/07/2010) R$ 878.700,76 MULTA PROPORCIONAL R$ 2.419.330,30 VALOR DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADO R$ 6.253.804,80 PIS R$ 524.188,23 JUROS DE MORA (ATÉ 30/07/2010) R$ 142.788,87 MULTA PROPORCIONAL R$ 393.141,17 VALOR DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADO R$ 1.060.118,27 TOTAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO R$ 7.313.923,07 TOTAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO R$ 7.313.923,07 Relata o autuante que a Bolsa de Valores de São Paulo Bovespa e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) foram objeto, em 28 de agosto de 2007, de uma operação denominada de “desmutualização”: a Bovespa deixou de ser uma associação civil sem fins lucrativos, e transformouse em uma sociedade por ações (BVSP Bolsa de Valores de São Paulo S/A), tendo sido criada a controladora Bovespa Holding S/A, tendo a BVSP e a CBLC como subsidiárias integrais, através da incorporação de seus antigos títulos patrimoniais e ações. Todos os detentores de títulos patrimoniais da Bovespa e de ações da CBLC transformaramse em acionistas da Bovespa Holding. Enquanto que na situação anterior o acesso aos sistemas de negociação dos mercados organizados era vinculado à propriedade dos títulos, e o acesso dos agentes de compensação à CBLC era vinculado à propriedade das ações daquela empresa, na nova situação tais acessos se desvincularam da condição de proprietários das ações. Fl. 729DF CARF MF Processo nº 16327.000945/201069 Acórdão n.º 3302006.246 S3C3T2 Fl. 3 3 Em atendimento a intimação da fiscalização, a autuada informou que recebeu 3.882.732 ações da Bovespa Holding em conversão de ações da CBLC, totalmente vendidas em 30.10.2007, e o resultado excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS por se tratar de receita de alienação de bens e direitos do Ativo Permanente. Informou também a fiscalizada que em 10.09.2007 comprou 8.481.144 ações da Bovespa Holding da empresa SOCIÉTÉ GÉNÉRALE S/A CORRETORA DE CÂMBIO TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS, que foram parcialmente vendidas em 20.10.2007, e o resultado não foi excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS. O valor patrimonial unitário das ações de emissão da Bovespa Holding em 28.08.2007 era de R$ 2,23, e o valor da venda atingiu R$ 23,00. O autuante observa que ações da CBLC antes da desmutualização estavam registradas no Ativo Permanente, do mesmo modo que as correspondentes ações da Bovespa Holding S/A, tendo sido excluído da apuração do PIS e da COFINS o valor atinente ao resultado da alienação. O AuditorFiscal reputa incorreto esse procedimento, pois as ações da Bovespa Holding S/A são novos ativos, cuja aquisição se deu em 28.08.2007 em função da reorganização societária. Os antigos acionistas da CBLC que tiveram suas ações incorporadas pela Bovespa Holding foram ressarcidos por meio do recebimento de ações da empresa incorporadora, que passaram a representar valores mobiliários negociáveis. Conforme o artigo 179, III da Lei n° 6.404/76, classificamse no Ativo Permanente aplicações de capital de forma não temporária ou especulativa, existindo a intenção de usufruir dos benefícios proporcionados pelos investimentos ao longo do tempo. Como as ações da Bovespa Holding foram vendidas em pouco mais de dois meses depois de adquiridas, fica evidente o seu caráter de ativo circulante. O Ofício Circular n° 225/2007DG da Bovespa orienta os seus acionistas a registrálas como ativo circulante, se a decisão for de considerálas como títulos disponíveis para negociação ou venda, ou mantêlas no ativo permanente, caso a decisão seja a de considerar as ações como investimento. O resultado da alienação das ações quando da incorporação das ações da CBLC pela Bovespa Holding, de R$ 6.346.472,54, pode ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS. Porém, o resultado da alienação das ações da Bovespa Holding, no valor de R$ 80.644.343,64, não pode ser excluído da tributação por aquelas contribuições. O autuante passa a discorrer sobre a ação judicial n° 2006.61.00.0211117, por meio da qual o contribuinte pretendia afastar o §1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98. Foi concedida antecipação de tutela em outubro de 2006. Entende o AuditorFiscal que o conceito de serviços, cujas receitas compõem a receita bruta conforme o artigo 2° da Lei Complementar n° 70/91, abrange a totalidade das atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras em torno do seu objeto social, Fl. 730DF CARF MF 4 compreendendo tanto os serviços bancários propriamente ditos (fornecimento de cheques, extratos, etc) como os serviços de intermediação ou aplicação de recursos financeiros. Em 25.05.2010 foi sentenciada a ação acima referida, afastando a aplicação do §1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98, porém reconhecendo que para as instituições financeiras o PIS e a COFINS incidem sobre as receitas advindas de suas atividades econômicas típicas, como as receitas de aplicações financeiras. As operações de compra e venda de ações faz parte das atividades típicas do sujeito passivo, pelo disposto no artigo 4° do seu estatuto social, e por isso o resultado obtido com a alienação das ações da Bovespa Holding não pode ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS. Dessa forma, foi efetuado o lançamento do PIS e da COFINS, considerando se o valor tributável de R$ 80.644.343,64. Em 15.09.2010 o contribuinte apresentou impugnação (fls. 203 a 226). Inicia explicando que a desmutualização da bolsas de valores consistiu em uma operação por meio da qual houve a cisão da associação e incorporação da parcela cindida por sociedade anônima Bovespa Holding S/A, havendo previsão expressa no ordenamento jurídico para tanto no artigo 2.033 do Código Civil. Não houve, portanto, dissolução ou liquidação da associação Bovespa, que ensejaria a devolução aos associados dos títulos patrimoniais que detinham, mas mera transformação societária para a forma de sociedade anônima, como preceitua o artigo 1.113 do Código Civil, com transferência do patrimônio à nova sociedade, ocorrendo mera substituição do investimento que possuíam para a nova sociedade anônima. Não houve devolução, inclusive, pois ela implicaria na retirada dos exassociados da sociedade, mediante o pagamento do valor dos títulos pela própria sociedade, o que não ocorreu no presente caso. Assim, houve transmutação ou troca das posições societárias de sociedade antiga para a nova, mantido o investimento anterior na nova sociedade, agora sob a denominação de ações, e não mais títulos patrimoniais. Ocorreu apenas a substituição de um ativo por outro. Tanto que o número de ações recebidas pela impugnante corresponde exatamente ao valor dos títulos patrimoniais substituídos. Por isso, a troca dos títulos por ações não altera a classificação contábil adotada anteriormente ao processo de desmutualização. A CBLC, por outro lado, passou a ser subsidiária integral da Bovespa Holding, nos termos do artigo 251 da Lei n° 6.404/76, e suas ações, que estavam na posse dos seus sócios, foram substituídas por ações daquela sociedade. Não houve alteração da natureza jurídica do tipo de papel representativo da participação pela impetrante, nem devolução das ações representativas do patrimônio dos ex acionistas, mesmo porque não houve o pagamento do valor das ações com a alteração do controle acionário da CBLC, mas apenas substituição por ações da Bovespa Holding. Também nesse caso não há que se falar em alteração da classificação contábil adotada anteriormente ao processo de desmutualização. Prossegue a impugnante explicando que, na situação anterior à desmutualização, a propriedade dos títulos patrimoniais era requisito para o funcionamento da Fl. 731DF CARF MF Processo nº 16327.000945/201069 Acórdão n.º 3302006.246 S3C3T2 Fl. 4 5 corretora na Bolsa de Valores, e tal participação era contabilizada no ativo permanente, por se tratar de investimento de caráter permanente em outra sociedade, com característica de aplicação de capital, não de forma temporária ou especulativa. Como a empresa era detentora de títulos patrimoniais, convertidos em ações, e ações da CBLC há muitos anos, quando da desmutualização, não há que se dizer que teria permanecido com as referidas ações somente por um mês. A participação societária não se iniciou com o recebimento das ações, mas sim com a aquisição dos títulos da antiga associação Bovespa e das ações da CBLC, cujo caráter de permanência era inconteste. Entende a autuada que a conversão dos títulos em ações e a substituição das ações de uma sociedade por ações de outra não se caracteriza como aquisição, por se tratar de mera substituição de um valor mobiliário de sua propriedade, e por isso a contabilização das ações deve obedecer aos mesmos critérios da contabilização dos títulos e das antigas ações. Por isso, os valores recebidos em contrapartida à alienação de parte das ações, em outubro de 2007, não compõem a base de cálculo do PIS e da COFINS, por constituírem ativo permanente, aplicandose o artigo 3°, §2°, inciso IV da Lei n° 9.718/98. A impugnante entende, também, que houve um equívoco no cálculo do montante tributável, pois a autoridade fiscal não descontou o valor da participação societária atualizado pelo método da equivalência patrimonial, positivado no ordenamento jurídico pelo artigo 248 da Lei n° 6.404/76, que impõe sua observância para os investimentos considerados relevantes e influentes, efetuados em controladas e coligadas. No caso, o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF), aprovado pelo Banco Central do Brasil através da Circular n° 1.273/87, impôs o registro dos títulos patrimoniais das bolsas em conta do ativo permanente, prevendo a obrigatoriedade de sua atualização de acordo com o valor informado pelas bolsas. Os títulos patrimoniais e as ações da CBLC, portanto, não estavam sujeitas à avaliação pelo custo de aquisição, mas sim pelo método da equivalência patrimonial. Tanto é assim que a Portaria MF n° 785/77 determinou a exclusão do Lucro Real dos valores correspondentes à atualização dos aludidos títulos patrimoniais. Sendo assim, a atualização dos títulos não integra a base de cálculo do PIS e da COFINS, tendo em vista o disposto no artigo 3°, §2°, II da Lei n° 9.718/98. Devido ao erro cometido, a impugnante entende que a autuação está eivada de nulidade, por infringir o artigo 142 do CTN, já que houve equívoco no cálculo do montante do tributo devido. Por fim, afirma que a sentença julgando parcialmente o pedido nos autos da Ação Declaratória n° 2006.61.00.0211117, incluindo as receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, ainda não transitou em julgado, e por isso não revogou a antecipação de tutela anteriormente concedida, que assegurava a apuração da base de cálculo da COFINS e do PIS, respectivamente, com base nas Leis Complementares n° 70/91 e 17/70. Além disso, a sentença está sujeita ao reexame necessário, somente produzindo efeitos após a sua confirmação pelo TRF da 3a Região, por força do artigo 475, I do Código de Processo Civil. Fl. 732DF CARF MF 6 Estando o crédito tributário com a exigibilidade suspensa, nos termos do artigo 151 do CTN, devido à antecipação de tutela concedida, a multa de ofício deve ser exonerada. Conclui requerendo o cancelamento do auto de infração em sua integralidade. Em 9 de junho de 2011, através do Acórdão de Impugnação n° 1631.988, a 7ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento São Paulo I, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. O BANCO SOCIETE GENERALE BRASIL S.A. foi intimado do Acórdão de Impugnação, em 14/07/2011, via Aviso de Recebimento (folhas 342). O BANCO SOCIETE GENERALE BRASIL S.A.ingressou com Recurso Voluntário, em 15/08/2011, de folhas 344 a 375. Foram alegados os seguintes pontos: ü Do processo de desmutualização; ü Da incorporação das ações da CBLC; ü Da classificação contábil da participação societária; ü Da aplicação do método da equivalência patrimonial na apuração da base de calculo do PIS e da COFINS; ü Das receitas incluídas no conceito de faturamento; ü Das ações judiciais em que se discutem o PIS e a COFINS; ü Da improcedência da multa de ofício. DO PEDIDO Ex positis. requer seja o presente recurso conhecido e provido, para que seja reformado o v. acórdão, cancelandose o Auto de Infração em sua integralidade ou, ao menos, que seja excluída a multa de ofício. Em 26 de setembro de 2012, através da Resolução n° 3401000.568, a 4a Turma Ordinária, da 1a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF baixou os autos para sobrestar o julgamento até que o STF decida sobre a definição da base de cálculo das instituições financeiras, quando excluído o alargamento estabelecido pelo § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98. Em 17 de setembro de 2014, através do Acórdão de Recurso Voluntário n° 3403003.324, a 3a Turma Ordinária, da 4a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, por maioria de votos, DEU provimento ao recurso. Regularmente cientificada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial para que fosse dado total provimento ao presente recurso para reformar o acórdão recorrido nos seguintes pontos: classificar como ativo circulante o resultado da venda das ações após a desmutualização; caracterizar o resultado da venda das ações Fl. 733DF CARF MF Processo nº 16327.000945/201069 Acórdão n.º 3302006.246 S3C3T2 Fl. 5 7 como faturamento, estando, portando sujeitos à incidência do PIS e da COFINS; e, por fim, determinar a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Em 18 de junho de 2015, a 4a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, em Despacho de Admissibilidade DEU SEGUIMENTO ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Em 13 de julho de 2015, o BANCO SOCIETÉ GENERALE BRASIL ingressou com CONTRARRAZÕES pleiteando o não conhecimento do Recurso Especial e, no mérito, o seu desprovimento, mantendo-se o v. acórdão recorrido in totum. Em 27 de julho de 2017, a 3a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, conheceu do Recurso Especial. No mérito, por maioria de votos, acordaram em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para análise do mérito em relação à multa de ofício. Foi juntada petição, às efolhas 726, informando que foi ajuizada ação distribuída sob o n° 500256797.2018.4.03.6100 perante a Justiça Federal em São Paulo/SP, e realizou de depósito judicial do montante integral dos pretensos débitos constituídos de ofício neste feito, inclusive a parcela de multa vinculada (Doc. 01), contendo, entre outras, discussão acerca do descabimento dessa penalidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Da controvérsia. Em 27 de julho de 2017, a 3a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, conheceu do Recurso Especial. No mérito, por maioria de votos, acordaram em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para análise do mérito em relação à multa de ofício. Passase à análise. CONCOMITÂNCIA O interessado, uma vez cientificado de uma espécie do gênero processo administrativo tributário que siga o rito disposto no Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, formalizado em seu nome, pode optar entre a via administrativa ou a via judicial, para contestá la. O recurso à instância administrativa não é obrigatório nem definitivo, porém não é cabível a Fl. 734DF CARF MF 8 discussão no âmbito administrativo de matéria submetida – prévia ou concomitantemente – ao Poder Judiciário pelo interessado. O ingresso na via judicial para discutir determinada matéria significa abrir mão da discussão pela via administrativa da mesma matéria, pois, uma vez que o monopólio da função jurisdicional pertencente ao Estado é exercido pelo Poder Judiciário, o processo administrativo, nesses casos, perde sua função. Assim, considerando que prevalecerá o que for decidido pelo Poder Judiciário, prosseguir com o processo administrativo importaria em despender desnecessariamente tempo e recursos, violando os princípios da moralidade e da economicidade. A Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980 (Lei de Execução Fiscal), estabelece, no artigo 38, que a propositura, pelo contribuinte, de mandado de segurança, ação de repetição de indébito ou ação anulatória de ato declarativo da dívida, importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. Já o Decretolei nº 1.737, de 20 de dezembro de 1979, artigo 1º, § 2º, estabelece que a propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. No mesmo sentido, foi expedido o Parecer Normativo Cosit nº 7, de 22 de agosto de 2014, publicado no DOU de 27/08/2014, seção 1, pág. 65: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ementa: CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL COM O MESMO OBJETO. PREVALÊNCIA DO PROCESSO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. DESISTÊNCIA DO RECURSO ACASO INTERPOSTO. A propositura pelo contribuinte de ação judicial de qualquer espécie contra a Fazenda Pública com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso de qualquer espécie interposto. Quando contenha objeto mais abrangente do que o judicial, o processo administrativo fiscal deve ter seguimento em relação à parte que não esteja sendo discutida judicialmente. A decisão judicial transitada em julgado, ainda que posterior ao término do contencioso administrativo, prevalece sobre a decisão administrativa, mesmo quando aquela tenha sido desfavorável ao contribuinte e esta lhe tenha sido favorável. A renúncia tácita às instâncias administrativas não impede que a Fazenda Pública dê prosseguimento normal a seus procedimentos, devendo proferir decisão formal, declaratória da definitividade da exigência discutida ou da decisão recorrida. É irrelevante que o processo judicial tenha sido extinto sem resolução de mérito, na forma do art. 267 do CPC, pois a renúncia às instâncias administrativas, em decorrência da opção pela via judicial, é insuscetível de retratação. A definitividade da renúncia às instâncias administrativas independe de o recurso administrativo ter sido interposto antes ou após o ajuizamento da ação. Fl. 735DF CARF MF Processo nº 16327.000945/201069 Acórdão n.º 3302006.246 S3C3T2 Fl. 6 9 Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN), art. 145, c/c art. 149, art. 151, incisos II, IV e V; Decretolei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967, art. 20, § 3º; Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, arts. 16, 28 e 62; Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC), arts. 219, 267, 268, 269 e 301, § 2º; Decretolei nº 1.737, de 20 de dezembro de 1979, art. 1º; Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, art. 38; Constituição Federal, art. 5º, inciso XXXV; Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 53; Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009, art. 22; Portaria CARF nº 52, de 21 de dezembro de 2010; Portaria MF nº 341, de 12 de julho de 2011, art. 26; art. 77 da IN RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. Por fim, registrese que a questão já foi sumulada pelo Conselho de Contribuintes, tendo o enunciado sido renumerado pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, conforme se segue: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Dessa forma, a impugnação, no tocante à matéria objeto de ação judicial, não é conhecida, e o órgão julgador administrativo aprecia, apenas, a matéria distinta da constante do processo judicial. Jurisprudência Administrativa No contencioso administrativo, é pacífica a posição de que a propositura de ação judicial importa em renúncia à instância administrativa, devendo ser examinada apenas a matéria distinta da constante do processo judicial. Neste sentido, aprovouse o enunciado de Súmula CARF nº 01. Ementa: CONCOMITÂNCIA – Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula 1a CC nº 1) (Acórdão CC nº 101 96.955) Ementa: NORMAS PROCESSUAIS – DISCUSSÃO JUDICIAL CONCOMITANTE COM O PROCESSO ADMINISTRATIVO. A submissão da matéria à tutela autônoma e superior do Poder Judiciário, prévia ou posteriormente ao lançamento, inibe o pronunciamento da autoridade administrativa sobre o mérito da incidência tributária em litígio, cuja exigibilidade fica adstrita à decisão definitiva do processo judicial. (Acórdão CC nº 101 97.092) Fl. 736DF CARF MF 10 Ementa: CONCOMITÂNCIA DE AÇÃO JUDICIAL – A propositura de ação judicial importa a renúncia à discussão administrativa relativamente à matéria sub judice. Quanto à matéria diferenciada, há de ser conhecido o recurso. (Acórdão CC nº 10517.358) Ementa: NORMAS PROCESSUAIS CONCOMITÂNCIA DE PROCESSOS NA VIA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL INEXISTÊNCIA DE RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA A concomitância de processos na via administrativa e judicial não decorre da simples propositura e coexistência de processos em ambas as esferas, pois somente exsurge quando houver a perfeita identidade no conteúdo material do objeto da ação em discussão e do auto de infração. Necessidade, ademais, no caso concreto, de verificar o devido cumprimento de decisão judicial que determinou a suspensão do processo administrativo até ulterior trânsito em julgado de decisão prolatada pelo Poder Judiciário acerca da legalidade/constitucionalidade da quebra de sigilo bancário. (Acórdão CC nº 10249.320) Jurisprudência Judicial. O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do RE nº 233.582/RJ, realizado em 16/8/2007 (publicação em 16/5/2008), já se pronunciou pela constitucionalidade do parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830/1980, mediante acórdão com a seguinte ementa: Ementa: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO DESTINADO À DISCUSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE EM RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO QUE TAMBÉM TENHA POR OBJETIVO DISCUTIR A VALIDADE DO MESMO CRÉDITO. ART. 38, PAR. ÚN., DA LEI 6.830/1980. O direito constitucional de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discussão judicial da validade de crédito inscrito em Dívida Ativa da Fazenda Pública. É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto". Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento. Também no mesmo sentido: RE 234.798 (DJe 16/5/2008); RE 234.277/RJ (DJe 16/5/2008); RE 389.893/RJ (DJe 16/5/2008) e RE 267.140 (DJe 16/5/2008). No Superior Tribunal de Justiça (STJ), é predominante o entendimento no sentido de que incide o parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830/1980, quando a demanda administrativa versar sobre matéria menor ou idêntica a da ação judicial. Para o STJ, a discussão judicial do crédito tributário, sob qualquer modalidade de ação, antes ou posteriormente à autuação, importa na renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. Originárias de uma mesma Fl. 737DF CARF MF Processo nº 16327.000945/201069 Acórdão n.º 3302006.246 S3C3T2 Fl. 7 11 relação jurídica de direito material, é desnecessária a defesa na via administrativa quando o seu objeto está contido no versado na via judicial, em razão da prevalência da decisão judicial. O STJ entende, ainda, não existir impedimento ao reingresso do contribuinte na via administrativa, caso a ação judicial seja extinta sem julgamento de mérito (CPC, art. 267), já que não houve, nesse caso, a solução da relação de direito material. Ementa: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DECISÃO QUE ANULOU O ACÓRDÃO RECORRIDO POR CONTRADIÇÃO (ART. 535 DO CPC). MULTA PREVISTA NO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC PREJUDICADA PELA NULIDADE DO ACÓRDÃO. SUPOSTO RECONHECIMENTO DO DIREITO DA CONTRIBUINTE POR PARTE DO FISCO. VERIFICAÇÃO INVIÁVEL. [...] 6. Ademais, a propositura de Ação Anulatória pela contribuinte (caso dos autos) implica, como regra, a renúncia à instância administrativa (art. 38, parágrafo único, da Lei 6.830/1980 e precedentes do STJ), o que impede a presunção de prejudicialidade em favor da empresa. 7. Inviável, portanto, a extinção do feito nesta instância especial, podendo o pedido ser reiterado nas instâncias ordinárias. 8. Agravo Regimental não provido. (STJ/Segunda Turma; AGRESP nº 821434; Relator Ministro Herman Benjamin; DJe 19/3/09) Ementa: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO ANTERIOR À AUTUAÇÃO FISCAL. RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER ADMINISTRATIVAMENTE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Cuidam os autos de mandado de segurança que, em grau de apelação, recebeu julgamento assim ementado: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO ANTERIOR À AUTUAÇÃO FISCAL. RENÚNCIA AO DIREITO DE IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO NULO POR TER DESPREZADO A IMPUGNAÇÃO DO CONTRIBUINTE E, COM O FUNDAMENTO TÃOSOMENTE, A NECESSIDADE DE EFETUAR O LANÇAMENTO PARA EVITAR DECADÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA CARACTERIZADO NULIDADE ACOLHIDA. [...] 3. Sentença reformada. Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial pelas alíneas "a" e "c" da permissão constitucional alegando violação dos artigos 1º, § 2º, do DL 1.737/79 e 38, parágrafo único da Lei 6.830/80 pelos seguintes motivos: a) a discussão judicial do crédito tributário, sob qualquer modalidade de ação, antes ou posteriormente à autuação, importa na renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto; b) há perfeita identidade entre o objeto do processo administrativo e o objeto Fl. 738DF CARF MF 12 do processo judicial, uma vez que ambos tratam do direito da impetrante/recorrida de efetuar o pagamento do Imposto de Importação com redução de 88% nas internações de telefones celulares por ela produzidos; c) ao questionar judicialmente o crédito tributário objeto de lançamento fiscal, a recorrida perdeu o direito de impugnálo na via administrativa; d) a utilização concomitante das vias administrativa e judicial, com o mesmo objetivo, afigurase juridicamente impossível, em razão da primazia das decisões judiciais sobre as decisões administrativas. 2. O ajuizamento de ação judicial anteriormente à autuação implica renúncia à interposição de recurso na esfera administrativa. Não é possível a utilização concomitante da via judicial e da administrativa, em face da prevalência da decisão judicial, devendose evitar destarte, julgamentos divergentes. Inteligência do § 2º do art. 1º do DecretoLei 1.737/59 e parágrafo único do art. 38 da Lei n. 6.830/80. 3. Existe identidade entre o objeto do processo administrativo e o objeto do processo judicial, uma vez que ambos tratam do direito da recorrida de efetuar o pagamento do Imposto de Importação com redução de 88% nas internações de telefones celulares por ela produzidos. 4. Recurso especial provido. (STJ/Primeira Turma; REsp nº 1.001.348; Relator Ministro José Delgado; DJe 24/4/08) Ementa: TRIBUTÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA DE RECORRER NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IDENTIDADE DO OBJETO. ART. 38, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI Nº 6.830/80. 1. Incide o parágrafo único do art. 38, da Lei nº 6.830/80, quando a demanda administrativa versar sobre objeto menor ou idêntico ao da ação judicial. 2. A exegese dada ao dispositivo revela que: "O parágrafo em questão tem como pressuposto o princípio da jurisdição una, ou seja, que o ato administrativo pode ser controlado pelo Judiciário e que apenas a decisão deste é que se torna definitiva, com o trânsito em julgado, prevalecendo sobre eventual decisão administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a ser tomada. (...) Entretanto, tal pressupõe a identidade de objeto nas discussões administrativa e judicial". (Leandro Paulsen e René Bergmann Ávila. Direito Processual Tributário. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003, p. 349). 3. In casu, os mandados de segurança preventivos, impetrados com a finalidade de recolher o imposto a menor, e evitar que o fisco efetue o lançamento a maior, comporta o objeto da ação anulatória do lançamento na via administrativa, guardando relação de excludência. 4. Destarte, há nítido reflexo entre o objeto do mandamus tutelar o direito da contribuinte de recolher o tributo a menor (pedido imediato) e evitar que o fisco efetue o lançamento sem o devido desconto (pedido mediato) com aquele apresentado na esfera administrativa, qual seja, anular o lançamento efetuado a Fl. 739DF CARF MF Processo nº 16327.000945/201069 Acórdão n.º 3302006.246 S3C3T2 Fl. 8 13 maior (pedido imediato) e reconhecer o direito da contribuinte em recolher o tributo a menor (pedido mediato). 5. Originárias de uma mesma relação jurídica de direito material, despicienda a defesa na via administrativa quando seu objeto subjugase ao versado na via judicial, face a preponderância do mérito pronunciado na instância jurisdicional. 6. Mutatis mutandis, mencionada exclusão não pode ser tomada com foros absolutos, porquanto, a contrario sensu, tornase possível demandas paralelas quando o objeto da instância administrativa for mais amplo que a judicial. 7. Outrossim, nada impede o reingresso da contribuinte na via administrativa, caso a demanda judicial seja extinto sem julgamento de mérito (CPC, art. 267), pelo que não estará solucionado a relação do direito material. 8. Recurso Especial provido, divergindo do ministro relator. (STJ/Primeira Turma; REsp nº 840556; Relator Ministro Francisco Falcão; DJe 20/11/06) Foi juntada petição, às efolhas 726, informando que foi ajuizada ação distribuída sob o n° 500256797.2018.4.03.6100 perante a Justiça Federal em São Paulo/SP, e realizou de depósito judicial do montante integral dos pretensos débitos constituídos de ofício neste feito, inclusive a parcela de multa vinculada (Doc. 01), contendo, entre outras, discussão acerca do descabimento dessa penalidade. Portanto, a questão foi levada ao Poder Judiciário, não cabendo mais a manifestação do Contencioso Administrativo da Receita Federal do Brasil em função do instituto da CONCOMITÂNCIA. Nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 7, de 22 de agosto de 2014: 21. Por todo o exposto, concluise que: a) a propositura pelo contribuinte de ação judicial de qualquer espécie contra a Fazenda Pública, em qualquer momento, com o mesmo objeto (mesma causa de pedir e mesmo pedido) ou objeto maior, implica renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso de qualquer espécie interposto, exceto quando a adoção da via judicial tenha por escopo a correção de procedimentos adjetivos ou processuais da Administração Tributária, tais como questões sobre rito, prazo e competência. b) por conseguinte, quando diferentes os objetos do processo judicial e do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que concerne à matéria distinta; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.ac tion?idArquivoBinario=0 c) a renúncia às instâncias administrativas abrange os processos de constituição de crédito tributário, de reconhecimento de direito creditório do contribuinte (restituição, ressarcimento e compensação), de aplicação de Fl. 740DF CARF MF 14 pena de perdimento e qualquer outro processo que envolva a aplicação da legislação tributária ou aduaneira; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.ac tion?idArquivoBinario=0 d) a decisão judicial transitada em julgado, seja esta anterior ou posterior ao término do contencioso administrativo, prevalece sobre a decisão administrativa, mesmo quando aquela tenha sido desfavorável ao contribuinte e esta lhe tenha sido favorável; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.ac tion?idArquivoBinario=0 e) a renúncia às instâncias administrativas não impede que a Fazenda Pública dê prosseguimento normal aos seus procedimentos, a despeito do ingresso do sujeito passivo em juízo; proferirá, assim, decisão formal, declaratória da definitividade da exigência discutida ou da decisão recorrida, e deixará de apreciar suas razões e de conhecer de eventual petição por ele apresentada, encaminhando o processo para a inscrição em DAU do débito, quando existente, salvo a ocorrência de hipótese que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, nos termos dos incisos II, IV e V do art. 151 do CTN; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.ac tion?idArquivoBinario=0 f) o mesmo raciocínio se aplica, no que couber, aos processos administrativos em que não se discuta a exigibilidade do crédito tributário lançado de ofício, mas envolvam quaisquer outras matérias de interesse do sujeito passivo, que ele opte por submeter ao exame do Poder Judiciário (nestes casos, de igual modo, o curso do processo administrativo não será suspenso, ressalvada decisão judicial incidental determinando sua suspensão); (...) (Grifo e negrito nossos) Diante de tudo que foi exposto, não conheço do RECURSO VOLUNTÁRIO quanto à apreciação da multa de ofício. É como voto. Jorge Lima Abud Relator. Fl. 741DF CARF MF Processo nº 16327.000945/201069 Acórdão n.º 3302006.246 S3C3T2 Fl. 9 15 Fl. 742DF CARF MF
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Numero do processo: 10855.900800/2008-91
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2000
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE.
A falta de comprovação de divergência jurisprudencial inviabiliza o processamento do recurso especial. A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção. Além disso, a caracterização da divergência jurisprudencial se dá quando o entendimento do caso paradigma pode ser transposto para o recorrido, produzindo o resultado pretendido pelo recorrente, mas isso não ocorre aqui. No caso sob exame, a impossibilidade da caracterização de divergência não decorre apenas das diferenças entre os conjuntos probatórios dos casos cotejados, ou do fato de o julgador ter o direito de formar livremente a sua convicção ao apreciar as provas. Essa impossibilidade também decorre do fato de que a imputação de ônus probatório com suas respectivas consequências simplesmente não poderia ser transposta de um caso para o outro. Não se pode pretender validar um PER/DCOMP tomando como referência o ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso em que houve lançamento de ofício (auto de infração).
Numero da decisão: 9101-003.906
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator e Presidente em Exercício.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2000 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. A falta de comprovação de divergência jurisprudencial inviabiliza o processamento do recurso especial. A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção. Além disso, a caracterização da divergência jurisprudencial se dá quando o entendimento do caso paradigma pode ser transposto para o recorrido, produzindo o resultado pretendido pelo recorrente, mas isso não ocorre aqui. No caso sob exame, a impossibilidade da caracterização de divergência não decorre apenas das diferenças entre os conjuntos probatórios dos casos cotejados, ou do fato de o julgador ter o direito de formar livremente a sua convicção ao apreciar as provas. Essa impossibilidade também decorre do fato de que a imputação de ônus probatório com suas respectivas consequências simplesmente não poderia ser transposta de um caso para o outro. Não se pode pretender validar um PER/DCOMP tomando como referência o ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso em que houve lançamento de ofício (auto de infração).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. A falta de comprovação de divergência jurisprudencial inviabiliza o processamento do recurso especial. A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção. Além disso, a caracterização da divergência jurisprudencial se dá quando o entendimento do caso paradigma pode ser transposto para o recorrido, produzindo o resultado pretendido pelo recorrente, mas isso não ocorre aqui. No caso sob exame, a impossibilidade da caracterização de divergência não decorre apenas das diferenças entre os conjuntos probatórios dos casos cotejados, ou do fato de o julgador ter o direito de formar livremente a sua convicção ao apreciar as provas. Essa impossibilidade também decorre do fato de que a imputação de ônus probatório com suas respectivas consequências simplesmente não poderia ser transposta de um caso para o outro. Não se pode pretender validar um PER/DCOMP tomando como referência o ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso em que houve lançamento de ofício (auto de infração). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator e Presidente em Exercício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 08 00 /2 00 8- 91 Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte acima identificada, fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência de interpretação da legislação tributária quanto à negativa de reconhecimento de direito creditório reivindicado em Declaração de Compensação (PER/DCOMP). A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 1102000.942, de 08/10/2013, por meio do qual a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, negou provimento a recurso voluntário apresentado na fase anterior do processo, mantendo a negativa em relação ao PER/DCOMP. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 1998 LUCRO PRESUMIDO. COEFICIENTE. EMPREITADA. Somente pode ser aplicado o percentual sobre a receita bruta para determinação da base de cálculo do imposto de renda mensal de 8% (oito por cento), no caso de empreitada comprovadamente em que há emprego de materiais, em qualquer quantidade e de mão de obra. PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1998 DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 4 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. No recurso especial, a contribuinte afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que foi dada em outros processos, relativamente à matéria acima mencionada. Para o processamento do recurso, ela desenvolve os seguintes argumentos: a controvérsia existente no processo gira em torno da comprovação ou não de que as receitas da Recorrente sejam provenientes da prestação de serviços na construção civil com emprego de materiais, para fim de determinar o coeficiente aplicável para apuração do lucro presumido (se 8% ou 32%); o acórdão recorrido entendeu que a Recorrente não comprovou as atividades sujeitas ao coeficiente de 8%, ou seja, a prestação de serviços de construção civil com emprego de materiais; ocorre que os contratos de prestação de serviços comprovam claramente as atividades desenvolvidas pela Recorrente, assim como os materiais empregados nas obras, na medida em que são contratos firmados com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, onde consta expressamente os serviços a serem realizados, com emprego de materiais; por esta razão, restou caracterizada divergência com a decisão proferida pela Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes no processo 10245.000927/00 77, assim ementado: Acórdão nº 10195.517 LUCRO PRESUMIDO e LUCRO ARBITRADO PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE COEFICIENTES APLICÁVEIS NA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO ATIVIDADE DE CONSTRUÇÃO CIVIL O auto de infração deve estar acompanhado de todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Tendo a fiscalização acusado a empresa de utilizar coeficientes inadequados, competia a ela provar que suas receitas não se originam de empreitada com fornecimento de materiais. Recurso provido. assim, considerando a divergência processual e que os contratos e as notas fiscais constituem prova hábil à comprovação do crédito da Recorrente, requer seja dado provimento ao recurso, para anular o acórdão recorrido e homologar a compensação realizada. Quando do exame de admissibilidade do recurso especial da contribuinte, o Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 25/05/2015, deu seguimento ao recurso especial, fundamentando sua decisão na seguinte análise sobre a divergência suscitada: I Matéria objeto do recurso especial Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 5 4 No recurso discutemse os meios de comprovação da prestação de serviços com fornecimento de materiais a ensejar a aplicação da alíquota de 8% para a determinação da base de cálculo do imposto de renda mensal. A contribuinte insurgese contra a decisão que manteve o indeferimento de parte dos pedidos de compensação por entender que, sendo diversas as atividades da contribuinte, os contratos por ela firmados podem abrigar uma ou mesmo mais de uma atividade, sendo necessária a apresentação de toda a documentação contábil e fiscal cabível para apurar a base de cálculo do IRPJ para que haja o reconhecimento do direito creditório. A recorrente entende que contratos e notas fiscais constituem prova hábil para a comprovação de seu direito creditório. [...] III Análise da admissibilidade do Recurso Especial [...] Na decisão combatida julgouse necessária, para a obtenção do direito creditório, a apresentação de todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como, os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração comercial e fiscal, de forma a comprovar, de maneira inequívoca, a liquidez e a certeza do valor pleiteado em compensação. No paradigma, foi decidido que ordens de serviço de terceiros referente à contratação de construção com fornecimento de materiais, notas fiscais de aquisição de materiais e documentos fornecidos por terceiros declarando que as obras executadas compreenderam fornecimento de mãodeobra são suficientes para apurar o direito da contribuinte, não se tendo exigida a escrituração contábil e fiscal da recorrente. Assim, constato que foi comprovada a divergência argüida, uma vez que ante a mesma situação fática, os julgados confrontados obtiveram decisões diversas no sentido de comprovar o direito creditório dos sujeitos passivos, no que se refere à apuração da base de cálculo do lucro presumido à alíquota de 8%. Em 02/06/2015, o processo foi encaminhado à PGFN, para ciência do despacho que admitiu o recurso especial da contribuinte, e em 10/06/2015, o referido órgão apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso, com os seguintes argumentos: DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. o Despacho nº 1101 – 1ª Câmara reconheceu como comprovada a caracterização da divergência jurisprudencial; todavia, o recorrente não pretende a uniformização de teses jurídicas, objetivo primordial do recurso especial interposto com base na configuração da divergência, mas sim o revolvimento do conjunto fáticoprobatório; Fl. 466DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 6 5 a princípio, cabe estabelecer em quais bases foi proferida a decisão recorrida: [...]; a decisão recorrida, deixa claro, portanto, que o contribuinte não se desincumbiu do ônus probatório consistente em demonstrar o seu direito creditório. Isto é, não comprovou que houve erro ou pagamento a maior hábil a gerar o indébito alegado; portanto, o Recurso Especial não deve ser conhecido, vez que este instrumento não pode ser utilizado para a rediscussão do conjunto fáticoprobatório; DA IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES DA RECORRENTE. na remota hipótese de não ser aceito o entendimento acima, passase a demonstrar que o Recurso Especial também não merece provimento; a Fazenda Nacional adota como razões a elucidativa fundamentação apresentada no acórdão recorrido: [...]; ademais, convém destacar que a regra acerca da distribuição do ônus da prova no ordenamento jurídico pátrio encontra previsão no art. 333 do Código de Processo Civil, verbis: [...]; a norma extraída deste dispositivo determina que o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito incumbe ao autor. Aplicada ao contexto da compensação tributária, temse que compete ao contribuinte produzir a prova da certeza e liquidez do crédito que alega ter perante o Fisco; o ônus da prova que incumbe ao ente tributante consiste em, uma vez provado o fato constitutivo (crédito) pelo contribuinte, provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo daquele; com a devida vênia, não procede o entendimento de que cabe à autoridade fiscal a demonstração da inexistência dos elementos informados pelo contribuinte para a formação do crédito; tratase de inadmissível inversão do ônus da prova, a qual não tem previsão legal. É imperioso destacar que qualquer exceção à regra geral deve constar de texto de lei, como, por exemplo, existe no Direito do Consumidor, descabendo que o faça a autoridade julgadora com base em juízo de equidade; na compensação, cabe ao contribuinte provar a existência do crédito líquido e certo declarado. Se não se desincumbiu do ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, não há que se exigir da autoridade fiscal a demonstração de qualquer elemento contrário à alegação do crédito; cumpre frisar, por oportuno, que o entendimento adotado no acórdão recorrido encontra amparo na jurisprudência do CARF. Confirase: [...]; DO PEDIDO. ante todo o exposto, pugna a Fazenda Nacional para que seja negado conhecimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte; Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 7 6 caso não seja este o entendimento sufragado, requer que, no mérito, seja negado provimento ao citado recurso, mantendose o acórdão proferido pela eg. Turma a quo. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O presente processo traz controvérsia sobre negativa de compensação (PER/DCOMP), em razão do não reconhecimento do direito creditório reivindicado pela contribuinte. Esse direito creditório seria originário de pagamento indevido ou a maior de imposto sobre a renda de pessoa jurídica (IRPJ), código de receita: 2089, no valor de R$ 498,10, relativo ao segundo trimestre de 2000. A contribuinte alega que aplicou indevidamente o coeficiente de 32% para presunção do lucro, enquanto que, por atuar no ramo de construção civil por empreitada, com fornecimento de material próprio, e por força da Solução de Consulta SRRF/8a RF/DISIT n° 52, proferida no processo administrativo n° 10855.000267/200351, o coeficiente correto seria de 8%. Tanto a decisão de primeira instância administrativa, quanto a de segunda instância (acórdão ora recorrido), indeferiram o pleito com o entendimento de que a contribuinte não se desincumbiu do ônus de comprovar o alegado direito creditório. Com seu recurso especial, a contribuinte busca a homologação da compensação realizada. E em sede de contrarrazões, a PGFN suscita inicialmente uma preliminar de não conhecimento do recurso, alegando que a decisão recorrida deixa claro que a contribuinte não se desincumbiu do ônus probatório consistente em demonstrar o seu direito creditório, e que o recurso especial não deve ser conhecido, uma vez que não pode ser utilizado para a rediscussão do conjunto fáticoprobatório. Realmente, não há condições para se conhecer do recurso especial. Reproduzo a seguir várias passagens do acórdão recorrido que ilustram a motivação para a negativa em relação ao PER/DCOMP: Acórdão nº 1102000.942 [...] Relatório Em síntese, o valor do indébito com o qual a contribuinte declarou a compensação, objeto deste processo, seria originário de pagamento Fl. 468DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 8 7 indevido ou a maior de imposto sobre a renda de pessoa jurídica (IRPJ), código de receita: 2089, no valor de R$ 498,10, relativo ao segundo trimestre de 2000. Ainda, a contribuinte apresentou DCTF, em 14/08/2000, declarando IRPJ (código de receita: 2089), relativo ao 2º trimestre de 2000, no valor de R$ 6.666,51, ou seja, no mesmo montante dos valores recolhidos, mediante DARF, em 31/07/2000, quais sejam: R$ 664,13, R$ 3.216,81 e R$ 2.785,57. Por sua vez, a contribuinte alega que o indébito informado na PER/Dcomp de n° 17670.03984.150104.1.3.040500 decorreu do fato de ter tratado a totalidade de suas receitas como receitas advindas de prestação exclusiva de serviços, sobre as quais foi aplicado o coeficiente de presunção de lucro de 32%. Pauta a contribuinte que atua no ramo de construção civil por empreitada, com fornecimento de material próprio, e por força da Solução de Consulta SRRF/8ª RF/DISIT n° 52, proferida no processo administrativo n° 10855.000267/200351, a essas receitas deveriam ser aplicadas o coeficiente de presunção de lucro de 8%. Com base nisto, sustenta ter efetuado recolhimento a maior que o devido, no 2º. trimestre de 2000, apresentando, em virtude disso, a PER/Dcomp de fls. 01/02, objeto do despacho decisório de fl. 03. Ainda, alega a delegacia de julgamento que há na DCTF declaração da existência de débito de IRPJ, código de receita: 2089, do 2º trimestre de 2000, no valor de R$ 6.666,51, não sendo suficiente para desnaturála a simples alegação em contrário, pois aquele documento goza do efeito de confissão legal de dívida (Decretolei n° 2.124, de 1984, artigo 5º, § 1º). Se há contradição e desejando a recorrente fazer valer montante diverso daquele regularmente declarado incumbialhe apresentar provas que permitissem albergar sua tese de pagamento indevido ou a maior. Em fls. 6064, verificamse as razões do recurso da contribuinte. Inicialmente, apresenta esta o Objeto Social de sua empresa(fls. 17): [...] Junta a Recorrente aos autos contrato de execução de obras bem como notas de fiscais de sua emissão e notas de compra de mercadorias / matérias primas que serão utilizadas em trabalhos de sua empresa, sem qualquer alusão a qual obra ou atividade que vem desenvolvendo, sempre recebidos em seu endereço. Afirma a Recorrente que deixou de retificar o valor do débito de IRPJ declarado na DCTF e na DIPJ, de modo que o sistema não constatou o pagamento a maior do imposto, gerando a não homologação da compensação por ausência de crédito. Transcreve esta o fundamento da não homologação da compensação: [...]; Alega a Recorrente que, embora se esforçasse, a delegacia de julgamento também entendeu que o crédito não foi devidamente comprovado, sendo imprescindível a apresentação de toda a documentação fiscal do trimestre para apuração da base de cálculo do IRPJ. Ainda, a Recorrente alega que, para atender a exigência do órgão recorrido, esta anexou ao presente recurso, todas as notas fiscais emitidas Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 9 8 no trimestre, os contratos dos demais meses que compõem o trimestre e que não haviam sido juntados, as notas fiscais dos materiais empregados nas obras e a cópia do Livro Diário correspondente ao trimestre. Em 14/06/2010 a Recorrente foi cientificada do Acórdão proferido pela autoridade fiscal (fls. 222) e apresentou o Recurso Voluntário (fls. 227231) reiterando os termos da defesa exordial. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto [...] A Recorrente alega que está amparada pela Solução de Consulta SRRF/8ª RF/Disit nº 52, de 07.03.2005 formalizada no processo nº10855.000267/200351. A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) manifestouse sobre a prestação de serviço em geral, quando a pessoa jurídica executar obras de construção civil com emprego de material, alegada pela recorrente em quatro contratos e três cartascontrato de execução de obras e/ou serviços de engenharia firmados com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SABESP. Nesse sentido, referida Solução de Consulta, citando o Ato Declaratório Cosit n° 6, de 13/01/1997, que disciplinou o assunto, declarou, em seu inciso I, que os percentuais aplicáveis no caso de atividade de construção por empreitada são os seguintes: [...]; 1 Na atividade de construção por empreitada, o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta para determinação da base de cálculo do imposto de renda mensal será: 8% (oito por cento) quando houver emprego de materiais, em qualquer quantidade; 32% (trinta e dois por cento) quando houver emprego unicamente de mãodeobra, ou seja, sem o emprego de materiais. Com efeito, registre que a solução de consulta, em seu item 12, deixa claro que as empresas que exercem atividades diversificadas mereceram o tratamento disposto no artigo 223, § 3º do RIR/1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, que estabelece que o percentual a ser aplicado é aquele correspondente a cada atividade. Ora, cabe assinalar que a base de cálculo do IRPJ para as empresas optantes do regime de tributação com base no lucro presumido é determinada mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 15 da Lei n° 9.249, de 1995, e arts. 1º e 25, inciso I, da Lei n° 9.430, de 1996, fundamento legal dos artigos 518 e 519 do RIR/99, que assim dispõem: [...]; Nesse sentido, mediante esse procedimento fiscal a Recorrente obteve esclarecimentos sobre a questão, oportunidade em que não lhe foi reconhecido qualquer direito creditório, por falta de análise da liquidez e certeza, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional. A dedução esclarecida pela defendente, então, não está evidenciada. A Recorrente suscita que as compensações formalizadas no Per/Dcomp devem ser Fl. 470DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 10 9 homologadas, pois está sujeita ao lucro presumido calculado pelo coeficiente de 8% sobre a receita bruta, uma vez que se dedica à construção civil com emprego de materiais e de mão de obra. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior. Logo, apreendese a partir da resposta consulta que nenhum procedimento adotada pela Recorrente foi “homologado” pela RFB, tão somente esta apresentou os fundamentos legais para que a Consulente, ora Requerente, aplicasse corretamente a lei. Apenas isto! [...] E isto foi realizado corretamente até porque, pela simples leitura do objeto social estabelecido em contrato social (fls. 15) da Recorrente, constatase que a mesma se propõe a exercer diversas modalidades de prestação de serviços, quais sejam: a) saneamento urbano e civil; b) pavimentação em todos os seus tipos e modalidades; c) terraplanagem e remoção de terra; d) drenagem; e) calçamento e sua reposição; f) construção civil e geral, por empreitadas ou administração por conta própria ou de terceiros; g) serviços técnicos de engenharia; h) serviços especializados de impermeabilização, vedação na construção civil; i) Administração de obras na construção civil; j) incorporação imobiliária em geral; k) compra e venda de imóveis e a promoção de venda de empreendimentos imobiliários de sua propriedade; l) administração de bens imóveis próprios; m) qualquer outro negócio conexo, conseqüente, afim ou correlato com o objetivo social. Exercendo a Recorrente atividades diversas na área de construção civil, os contratos por ela firmados podem abrigar uma ou mesmo mais de uma atividade, daí porque imprescindível a apresentação de toda a documentação fiscal cabível para apuração da base de cálculo do IRPJ, do 4º trimestre de 1998, de modo a demonstrar o montante do tributo devido. Portanto, a contribuinte deveria trazer aos autos demonstrativo da apuração do lucro presumido do 4º trimestre de 1998 (outubro, novembro e dezembro de 1998) com aplicação, no caso de atividades diversificadas, do percentual correspondente a cada atividade, a fim de se determinar a base de cálculo e o imposto de renda devido e, aí sim, cotejar o IRPJ pago com aquele efetivamente devido. Fl. 471DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 11 10 Quando um contribuinte apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, demonstrar o crédito tributário a seu favor, para extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação. [...] O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais. A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. [...] Concluindo, o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a apuração da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, verificandose a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros e documentos contábeis e fiscais, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado, o que aqui não restou provado. Em assim sucedendo, conduzo meu voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (g.n.) Não é possível extrair nenhuma divergência em relação ao acórdão recorrido a partir do entendimento de ele graduou previamente o valor das provas, ou restringiu as possibilidades de comprovação do indébito a um único tipo de prova, ou algo semelhante a isso. O acórdão recorrido, embora tenha feito alguns comentários genéricos sobre a importância da escrituração contábil e fiscal, não disse em nenhum momento que só reconheceria o indébito se a contribuinte tivesse apresentado "toda" a sua escrituração contábil e fiscal. Não há nenhuma dúvida de que o acórdão recorrido indeferiu sim o pleito da contribuinte, mas por entender que ela não conseguiu comprovar de alguma forma o alegado direito creditório, principalmente porque restou evidenciado, segundo o acórdão recorrido, que ela executa atividades diversas na área da construção civil, submetidas a diferentes coeficientes para a presunção do lucro. É sempre importante lembrar que o Recurso Especial tem por escopo uniformizar o entendimento da legislação tributária entre as câmaras e turmas que compõem o CARF, não se prestando como instância recursal no reexame de material probatório. Com efeito, o alegado dissenso jurisprudencial deve se dar em relação a questões de direito. A divergência jurisprudencial realmente não se estabelece em matéria de prova, e sim na interpretação das normas, visto que, na apreciação da prova, o julgador tem o direito de formar livremente a sua convicção, conforme dispõe o art. 29 do Decreto nº 70.235/1972. Mas o que a contribuinte busca com seu recurso especial é justamente o reexame do conjunto fáticoprobatório, e isso não é possível em sede de recurso especial. Não bastasse esse problema de não se poder confrontar, em sede recurso especial, as convicções dos julgadores diante das provas de cada um dos processos, há ainda Fl. 472DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 12 11 um outro aspecto que também inviabiliza a caracterização de divergência e o conhecimento do recurso. É que a caracterização de divergência só pode ocorrer quando o entendimento do caso paradigma pode ser transposto para o recorrido, produzindo o resultado pretendido pelo recorrente, mas isso não ocorre aqui, porque o acórdão paradigma (Acórdão nº 101 95.517) examinou a questão do coeficiente de presunção de lucro num contexto bastante diferente daquele analisado pelo acórdão recorrido. O paradigma tratou de auto de infração para exigência de IRPJ, e, nesse caso, o ônus probatório é inicialmente atribuído à Fiscalização. O trecho abaixo evidencia o contexto em que foi exarado o paradigma: Acórdão paradigma nº 10195.517 [...] A solução do litígio demanda análise do ônus da prova. Tendo a fiscalização acusado a empresa de utilizar coeficientes inadequados, competia a ela provar que as receitas da interessada não se originam de empreitada com fornecimento de materiais. O artigo 9º do Decreto nº 70.235/72 determina que devem acompanhar o auto de infração todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. No caso, caberia à fiscalização demonstrar que as receitas da empresa não advêm de empreitada com fornecimento de material, o que não foi feito. A fiscalização limitouse a alegar que a empresa, em razão de sua atividade (prestação de serviços gerais), estaria sujeita aos coeficientes de [...]. Quando se trata de auto de infração (caso paradigma), o ônus probatório inicial é da Fiscalização, e se ela não se desincumbe desse ônus, o lançamento não é mantido. E quando se trata de reivindicação de direito creditório em um PER/DCOMP (caso recorrido), é o contribuinte que tem que se desincumbir inicialmente do ônus probatório, sob pena de o alegado crédito não ser reconhecido. Assim, não há como pretender que o mesmo ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso de lançamento de ofício (auto de infração), seja imputado ao Fisco num caso de repetição de indébito, em que a iniciativa é do contribuinte. Isto porque o ônus da prova incumbe ao autor (da ação judicial, do procedimento administrativo, etc.) quanto ao fato constitutivo de seu direito (CPC, art. 373, I). Assim, no caso sob exame, a impossibilidade da caracterização de divergência não decorre apenas das diferenças entre os conjuntos probatórios dos casos cotejados, ou do fato de o julgador ter o direito de formar livremente a sua convicção ao apreciar as provas. Essa impossibilidade também decorre do fato de que a imputação de ônus probatório com suas respectivas consequências simplesmente não poderia ser transposta de um caso para o outro. Não se pode pretender validar um PER/DCOMP tomando como referência o Fl. 473DF CARF MF Processo nº 10855.900800/200891 Acórdão n.º 9101003.906 CSRFT1 Fl. 13 12 ônus probatório que foi imputado à Fiscalização num caso em que houve lançamento de ofício (auto de infração). Desse modo, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial da contribuinte. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 474DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.001060/2004-18
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/1998 a 31/12/1998, 01/03/2000 a 31/03/2000
PIS. DECADÊNCIA. 05 ANOS. SÚMULA VINCULANTE N. 08 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 45 DA LEI 8.212/91
O prazo de decadência para a constituição do crédito tributário referente ao Pis respeita a regra dos 05 anos.
Numero da decisão: 3001-000.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Renato Vieira de Avila
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Presidente), Renato Vieira de Avila, Marcos Roberto da Silva e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: RENATO VIEIRA DE AVILA
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DECADÊNCIA. 05 ANOS. SÚMULA VINCULANTE N. 08 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 45 DA LEI 8.212/91 O prazo de decadência para a constituição do crédito tributário referente ao Pis respeita a regra dos 05 anos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Presidente), Renato Vieira de Avila, Marcos Roberto da Silva e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 10 60 /2 00 4- 18 Fl. 226DF CARF MF 2 Auto de Infração Tratase de Auto de Infração relativo ao PIS, em virtude da apuração de falta de recolhimento da PIS nos períodos de 11/98, 12/98 e 03/2000, lavrado em 31/05/2004 pela DAT – SÃO PAULO. O crédito foi constituído da seguinte forma: Contribuição (cód. 2986) R$ 17.711,95 Juros de Mora (calculados até 30/04/2004) R$ 13.223,53 Multa proporcional R$ 13.283,95 TOTAL R$ 44.219,43 Impugnação Em sede de impugnação, o contribuinte alegou, em suma: 1. O sr. Auditor Fiscal, procedeu o lançamento, equivocadamente, de valores referentes aos períodos de apuração de novembro e dezembro de 1998, originados pelo pagamento a menor das contribuições sociais, os quais são nulos, uma vez que o direito de constituir o crédito tributário decaiu em 1° de janeiro de 2004; 2. O débito referente ao mês de março de 2000 é de R$ 60.172,12 e não o valor de R$ 86.792,20, conforme consta da DCTF e da DIPJ anexas a impugnação; 3. Não é cabível o lançamento de um crédito tributário com multa de 75%, se o débito já foi recolhido, conforme a DCTF e a DIPJ; Requer que seja tomado insubsistente o auto de infração, protestando pela produção de todas as provas em direito admitidas, inclusive pericial, se necessário e apresentando também a 23 Alteração de Contrato Social, documentos de identidade, cópia de DCTF e DARF com recolhimento atinente ao PA 03/2000. DRJ/RJO II A impugnação foi julgada e recebeu a seguinte ementa: Acórdão n° 1317.075 5' Turma da DRJ/RJOII ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/1998 a 31/12/1998, 01/03/2000 a 31/03/2000 DECADÊNCIA. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 19515.001060/200418 Acórdão n.º 3001000.560 S3C0T1 Fl. 227 3 O prazo decadencial para o lançamento da contribuição ao PIS é de dez anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. PIS. BASE DE CÁLCULO. IPI. O valor do IPI não compõe a base de cálculo do PIS, podendo ser excluído da base de cálculo da contribuição, nos moldes da Lei n° 9.718/98. PROVA DOCUMENTAL A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Lançamento Procedente em Parte Quanto à decadência alegada pela impugnante, a DRJ entendeu que deve ser observado o disposto no § 4° do artigo 150 do CTN, que fixa a regra geral de prazo à homologação. Porém, como se pode verificar, a norma também faculta à lei a prerrogativa de estipular, de modo especifico prazo diverso para a ocorrência da extinção do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário. Exercendo tal faculdade e reportandose ao artigo 195 da Constituição Federal, a Lei n° 8.212/91, em seu artigo 45, definiu que o prazo decadencial das contribuições para a Seguridade Social será de dez anos. Concluiu que o lançamento efetuado não foi alcançado pelos efeitos da decadência, uma vez que o prazo legal para constituição da contribuição devida iniciouse em janeiro de 1999, encerrandose somente em 31/12/2008. Quanto ao lançamento ocorrido no PA 03/2000, a DRJ constatou que o débito apurado da contribuição ao PIS foi calculado sem levar em consideração as exclusões permitidas pela legislação de regência. O autuante indica no PA 03/2000, como contribuição devida o valor de R$ 86.792,20, ou seja, valor sobre a Receita Bruta de R$ 13.352.646,22, sem a exclusão do Imposto sobre Produtos Industrializados, o que contraria a norma legal pertinente à contribuição em comento, cabendo a exclusão do valor lançado no referido período de apuração. Quanto à incidência da multa de oficio, os argumentos da interessada se referem basicamente ao PA 03/2000, que deverá ser excluído do presente lançamento como acima exposto, pois os demais períodos lançados não têm como base legal a Lei n° 9.718/98, questionada judicialmente. Quanto à solicitação de prova pericial, o mesmo não procede pois não resta evidenciado que o lançamento se baseou em dados incompletos, inidôneos e controvertidos. Isso posto, a DRJ considerou parcialmente procedente o lançamento, cabendo excluir o PA 03/2000, mantendo os demais períodos na forma em que se encontram. Recurso Voluntário Fl. 228DF CARF MF 4 Após relatar brevemente os eventos fáticos transcorridos, a recorrente suscita, em resumo, a decadência dos períodos de 01/11/1998 a 31/12/1998, trazendo os seguintes argumentos: Preliminar de decadência A recorrente aduz que conforme Súmula Vinculante n° 8 do STF: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário.” e da legislação que rege o instituto, não deve prosperar a decisão administrativa fundada em entendimento diverso do sumulado pelo Supremo Tribunal Federal. Acrescenta que este Conselho de Contribuintes, antes mesmo da edição da referida súmula, tem decidido pela aplicação do prazo previsto no Código Tributário Nacional (em detrimento das determinações da Lei 8.212) para determinação dos prazos de decadência e prescrição dos créditos tributários — inclusive da contribuição para o financiamento da seguridade social. A lavratura do auto de infração se deu em maio de 2004, portanto, a recorrente ratifica a decadência dos lançamentos equivocados dos períodos de apuração de NOVEMBRO e DEZEMBRO de 1998, nos termos da Súmula Vinculante no. 08, do STF, uma vez que o direito de constituílos como crédito tributário decaiu em 1° de Janeiro de 2004. Assim, requereu o deferimento de seu Recurso Voluntário para reformar a r. decisão e determinar o cancelamento integral do auto de infração lavrado contra a ora recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Renato Vieira de Avila, Relator Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada em face do referido Auto de Infração. Admissibilidade do Recurso O contribuinte teve ciência do acórdão de impugnação em 18.07.2008, conforme Avisos de Recebimento AR, fls.189, nos termos do inciso II do parágrafo 2º do artigo 23 do Decreto 70.235 de 06.03.1972 (PAF), iniciandose a contagem do prazo para apresentação de recurso no dia útil subsequente, conforme artigo 5º, também do PAF. Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 19515.001060/200418 Acórdão n.º 3001000.560 S3C0T1 Fl. 228 5 Verificase, pois, que a recorrente apresentou o competente Recurso Voluntário em 13.08.2008, conforme comprova o comprovante de protocolo da DRF Campinas, logo, o recurso apresentado é tempestivo ao prazo legal estabelecido no artigo 56 do PAF: Art. 56. Cabe recurso voluntário, com efeito suspensivo, de decisão de primeira instância, dentro de trinta dias contados da ciência. Por fim, observo que, em conformidade com o art. 23B do Anexo II da Portaria MF n° 343 de 2015 (Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF), este colegiado é competente para apreciar o feito, tendo em vista que o valor do litígio está dentro do limite estabelecido pelo dispositivo. Argumentos do recurso voluntário e limites da lide A contribuinte arguiu a decadência do lançamento nas competências de novembro e dezembro de 2008, e apenas este tópico será considerado no julgamento. Seguese ao trecho do recurso voluntário que delimita especificamente o teor da lide: Portanto, os lançamentos referentes aos meses de NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 1998, originados pelo pagamento a menor da contribuição para o PIS são nulos, uma vez que o direito de constituílos como crédito tributário decaiu em 1° de Janeiro de 2004. Iresignase a recorrente em face da decisão de primeira instância que lhe manteve auto de infração negandolhe seu argumento no sentido de haver decaído o direito da autoridade lançadora. Voto condutor do aresto O ponto de confronto a ser destacado nos autos está refletido na ementa do acórdão guerreado, em especial, no momento no qual crava como período decadencial a favor do fisco o prazo de 10 anos, Acórdão n°1317.075 5' Turma ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/1998 a 31/12/1998, 01/03/2000 a 31/03/2000 DECADÊNCIA. O prazo decadencial para o lançamento da contribuição ao PIS é de dez anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. DOS FATOS A recorrente foi autuada sob a alegação de que teria declarado valores de Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS menores que os escriturados. O presente de recurso voluntário foi apresentado em decorrência de decisão que julgou parcialmente procedente o lançamento, que excluiu os créditos tributários pelo pagamento do PA 03/2000, mantendo os demais períodos na forma em que se encontram, por entender não ter ocorrido a decadência dos referidos períodos. Com isso, requer a recorrente, a reforma da decisão que considerou parcialmente procedente o lançamento, tendo em vista que, segundo a mesma, contraria as normas e jurisprudência Fl. 230DF CARF MF 6 vigentes, especialmente a Súmula Vinculante n. 08 do Supremo Tribunal Federal, que declarou inconstitucionais os dispositivos que fundamentaram a Decisão ora recorrida. Do Julgamento Os períodos atribuídos pela recorrente como objeto de decadência, por parte do direito em constituir o crédito da autoridade fiscal, novembro de dezembro de 1998, uma vez que o lançamento ocorreu em 31 de maio de 2004. Portanto, ocorrido o lançamento 6 anos e 5 meses após a ocorrência do fato gerador, está fora da contagem dos prazos constantes no CTN, tanto no artigo 150, parágrafo 4.º como o artigo 173, I. Por outro lado, não procede o argumento utilizado na decisão de primeira instância, no sentido de garantir à autoridade fazendária, o direito em lançar o crédito tributário em conformidade com os artigos 45 da Lei 8.212/91, vez que declarado inconstitucional. Tal assunto, ou seja, a decadência do direto de lançar fundado nos artigos 45 e 46 de Lei 8.212/91, já fora objeto de análise do Supremo Tribunal Federal, e resultou na emissão da súmula vinculante 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário Este tribunal administrativo vem seguindo a orientação do pretorio excelso: Acórdão 3801001.131 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 31/12/1999 a 31/12/2003 COFINS DECADÊNCIA A Súmula Vinculante no. 08 do STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei no. 8.212/91, assim o prazo decadencial para constituição das contribuições é de cinco anos, contandose do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para os períodos em que n”ao houve pagamentos nos termos do art. 173, I, do Código Tributário Nacional (CTN). E também: Acórdão nº 2402006.162 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/1996 a 31/12/1998 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTS. 45 E 46 DA LEI 8212/91. SÚMULA VINCULANTE 8. DECADÊNCIA RECONHECIDA. 1. Na dicção do inc. II do art. 487 do CPC, o juiz pode decidir de ofício sobre a ocorrência de decadência ou prescrição. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 19515.001060/200418 Acórdão n.º 3001000.560 S3C0T1 Fl. 229 7 Consequentemente, essas matérias não estão sujeitas à preclusão, o que se explica pelo fato de serem de ordem pública, insuscetíveis, portanto, de disponibilidade pelas partes. 2. A inaplicabilidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8212/91, que tratavam da prescrição e decadência do crédito tributário, é objeto da Súmula Vinculante nº 8. 3. As normas relativas à prescrição e decadência, por terem natureza de normas gerais de direito tributário, devem ser disciplinadas por lei complementar (art. 146, inc. III, alínea b, da CF), mais precisamente pelo CTN, o qual foi recebido como lei complementar pela Lei Maior vigente. 4. Nem é necessário aferir se o prazo decadencial é contado na forma do art.150, § 4º, do Código (cinco anos a contar do fato gerador da obrigação tributária) ou na forma do seu art. 173, inc. I (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado). 5. Em ambas as hipóteses, temse que o lançamento havido em 01/12/2006 ocorreu depois de transcorrido tempo superior a cinco anos. CONCLUSÃO Neste sentido, voto por conhecer totalmente do recurso e acolher a preliminar de decadência nos meses de novembro e dezembro de 1998. (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Fl. 232DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.913815/2012-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.679
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10680.913812/2012-19, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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MONTREAL INFORMATICA S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10680.913812/201219, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .9 13 81 5/ 20 12 -4 4 Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10680.913815/201244 Resolução nº 1302000.679 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso interposto em relação a Acórdão que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. A Manifestação de Inconformidade foi apresentada contra Despacho Decisório que indeferiu Pedido Eletrônico de Restituição (PER) referente a pagamento efetuado, a título de estimativa mensal de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativa ao ano calendário de 2009, no âmbito de parcelamento acompanhado pelo processo administrativo nº 13009.000062/200504. O indeferimento foi fundamentado no fato de que o pagamento estava integralmente alocado ao referido parcelamento, inexistindo, portanto, saldo passível de restituição. O PER, por outro lado, como esclarecido na Manifestação de Inconformidade, embasouse no fato de que o referido pagamento por estimativa não foi reconhecido no processo administrativo nº 13009.000190/0046, que tratou do Pedido de Restituição relativo ao saldo negativo de CSLL referente ao anocalendário de 1999. O Acórdão de primeira instância julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade do sujeito passivo uma vez que, a decisão final do processo administrativo nº 13009.000190/0046 reconheceu a existência de saldo a pagar de CSLL, em relação ao ano calendário de 1999, no montante de R$ 241.202,59, enquanto todos os pagamentos realizados no âmbito do processo administrativo nº 13009.000062/200504, a título de CSLL, somente totalizariam R$ 176.594,58, não havendo, portanto, qualquer valor a restituir. Na primeira oportunidade em que apreciou o Recurso Voluntário do contribuinte, esta Turma Julgadora resolveu converter o julgamento em diligência, para o esclarecimento dos montantes liquidados no âmbito dos processos nº 13009.000190/0046 e 13009.000062/200504. Após a diligência, o processo retornou para julgamento, conforme Relatório de Diligência Fiscal e Manifestação do Recorrente. É o Relatório. Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10680.913815/201244 Resolução nº 1302000.679 S1C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1302000.676, de 18/10/2018, proferida no julgamento do Processo nº 10680.913812/201219, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1302000.676): "Apesar de haver sido realizada a Diligência determinada por esta Turma, conforme relatado, as informações constantes do Relatório de Diligência Fiscal de fls. [...] não esclareceram os pontos questionados, de forma conclusiva. É que o citado Relatório informa, inicialmente, que "o processo 13009.000062/200504, do qual constam as estimativas da CSLL, foi extinto por quitação do parcelamento e controla as estimativas da CSLL do anocalendário de 1999". Mais à frente, informa que o total de débitos parcelados no âmbito do referido processo foi de R$ 258.873,49 e o extrato de fls. [...] revela todos esses débitos extintos, sem, contudo, discriminar quais pagamentos foram utilizados para esta quitação. Além disso, à fl. [...], são listados os pagamentos relativos ao processo nº 13009.000062/200504, sendo que ali há apenas 13 pagamentos no valor principal de R$ 9.810,81, o que não seria suficiente para quitar o saldo parcelado de R$ 258.873,49. Não há qualquer detalhamento de possíveis pagamentos que o sujeito passivo possa ter realizado em relação ao saldo de estimativas parceladas no processo nº 13009.00062/200504, no âmbito do parcelamento especial instituído pela Medida Provisória nº 303, de 29 de junho de 2006 (após a rescisão, em agosto de 2006, do parcelamento de que trata o processo nº 13009.00062/200504), bem como no parcelamento de que trata a Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009 (após a rescisão do PAEX, em setembro de 2009), de modo a justificar a extinção. Ademais, segundo a Discriminação de débitos a parcelar (Dipar) constante do processo nº 13009.000062/200504, o montante ali parcelado foi de R$ 588.468,60, conforme imagem a seguir: Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10680.913815/201244 Resolução nº 1302000.679 S1C3T2 Fl. 5 4 Como registrado na Resolução anterior, a quantificação correta dos valores extintos pelo sujeito passivo, a título de estimativas de CSLL, bem como a apuração dos montantes que permanecem disponíveis em relação a tais pagamentos, tem efeito direto na análise do PER de que trata o presente processo, bem como na análise de PER similares referentes aos demais pagamentos efetuados a título de estimativa de CSLL, no âmbito do processo n° 13009.00062/200504. É que, ao contrário do afirmado no Relatório de Diligência Fiscal, houve sim, por parte do Recorrente, pedido de restituição/compensação referente ao saldo de CSLL do ano calendário de 1999, tratado no âmbito do processo administrativo nº 13009.000190/0046 e que reconheceu, em lugar de saldo negativo, a existência de saldo a pagar de CSLL, no montante de R$ 241.202,59. Isto posto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que o processo retorne, mais uma vez, à Unidade de origem (DRF/Belo Horizonte), para que: a) discrimine a forma de extinção de todas as estimativas de CSLL parceladas no âmbito do processo nº 13009.00062/200504 (diretamente naquele processo ou em parcelamentos especiais posteriores); b) informe sobre eventuais saldos disponíveis dos pagamentos realizados no âmbito do referido processo; c) ao fim, elaborese relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, com o acréscimo daquelas que entender cabíveis para o deslinde do presente processo, dando ciência do resultado ao sujeito passivo e concedendolhe prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Após, reencaminhese o processo a este Colegiado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 182DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.724394/2009-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.489
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 1251.917, proferido pela 17ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ), que assim relatou o feito: Trata o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp) de crédito informado como originário de pagamento efetuado a maior em 15/02/2005 a título de COFINS nãocumulativa/ combustíveis, código de receita 6840. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .7 24 39 4/ 20 09 -6 1 Fl. 2870DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.871 2 A DEMAC/RJO exarou o despacho decisório de fl. 1864, com base no Termo de Verificação Fiscal de fls. 1839 a 1863 decidindo não reconhecer o direito creditório pleiteado e, em decorrência, não homologar a compensação declarada. No referido Termo consta consignado, em resumo, que: a) A ação fiscal foi formalizada para fins de verificar a legitimidade das compensações declaradas pela empresa, envolvendo créditos relativos a supostos pagamentos a maior de Cofins nãocumulativa combustíveis referentes aos períodos de apuração janeiro, março e outubro de 2005; b) Verificouse que os créditos utilizados para compensação foram apurados somente a partir da retificação nos DACON e sua apuração se deu em decorrência do aumento expressivo no valor dos créditos da nãocumulatividade; c) A análise pautouse na auditoria dos créditos da não cumulatividade cujas retificações impactaram na apuração do crédito utilizado na compensação, bem como na auditoria dos créditos de maior valor. Quanto ao mês de março, promoveuse ainda a auditoria da base de cálculo da CofinsCombustíveis, haja vista que as retificações no DACON resultaram também na redução no valor devido da aludida exação; d) A fiscalizada não conseguiu identificar os serviços aplicados em cada etapa do processo produtivo, limitandose a apresentar relação geral dos serviços cujos valores utilizou como base de cálculo dos créditos descontados, sendo este um motivo suficiente para afastar o desconto de tais créditos, devido à impossibilidade de se atestar que se tratam de insumos diretamente aplicados ou consumidos no processo produtivo, como exige a legislação; e) Ainda que assim não fosse, a análise das planilhas apresentadas, da relação de produtos produzidos e destinados à venda e as atividades desempenhadas conforme estatuto social, permite ao menos identificar os serviços que flagrantemente não se caracterizam como insumos; f) A relação detalhada dos serviços glosados foi juntada aos processos de controle das DCOMP; g) Nos meses de março e outubro, também foram objeto de glosa os valores dos serviços em relação aos quais não restou caracterizada a ocorrência da aquisição dentro do mês de apuração do crédito, quais sejam, aqueles que, simultaneamente, nem a data de emissão da nota fiscal, nem a data de contabilização se deram no mês de apuração do crédito a descontar; h) Com relação aos créditos relativos a despesas com armazenagem e frete nas operações de venda, a fiscalizada foi intimada a apresentar notas fiscais de serviços da Petrobrás Transportes S/A – TRANSPETRO e pelas empresas de táxi aéreo e táxi comum (terrestre) relacionadas na planilha apresentada. A empresa apresentou apenas parte das notas fiscais requeridas. A análise das notas em confronto com as atividades desenvolvidas pelas empresas emitentes comprova que tais despesas se referem a transporte concernente à logística Fl. 2871DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.872 3 interna da empresa, transporte de pessoas ou apoio aéreo na exploração e produção de petróleo, e não a fretes contratados para a entrega de mercadoria/produto ao adquirente; i) No caso da Transpetro, somente foram apresentadas cópias das “notas de débito” referentes a possível aluguel de seus navios. Os serviços se referem ao transporte do petróleo dos campos de produção para os terminais da própria Transpetro e de lá para as refinarias e para as distribuidoras. As empresas de táxi aéreo prestam serviços de transporte de pessoas e de apoio aéreo logístico na exploração e produção de petróleo. Quanto aos serviços de táxi comum, é flagrante que este não é o meio utilizado para entrega de produtos a seus clientes. Nenhum dos serviços citados se referem a frete nas vendas; j) A relação detalhada dos serviços de frete glosados foi juntada aos processos de controle das DCOMP; k) Com relação aos créditos nas aquisições por importação de bens insumos e para revenda, foi possível confirmar, em consulta ao sistema Siscomex, as importações listadas pela fiscalizada, bem como a efetividade de quase a totalidade dos pagamentos da Cofins incidente na importação. Foram glosados apenas os valores concernentes a aquisições cujas importações não se deram dentro do mês de apuração do crédito (março e outubro) e aquelas em relação às quais não restou confirmado o pagamento (janeiro, março e outubro); l) No caso de apuração extemporânea de créditos, a providência a ser tomada consiste na retificação do DACON relativo ao mês em que se deu a aquisição; m) Foram detalhadas as glosas de créditos relativos a aquisições por importação de bens utilizados como insumo ou para revenda. Foi considerada como data de aquisição a data do registro da DI original; n) Em relação aos meses de março e outubro, também foi objeto de glosa a diferença entre o valor comprovado a título de crédito relativo às importações de bens sujeitos às alíquotas por unidade de produtos e o declarado no DACON; o) Já no que diz respeito às aquisições por importação de serviços utilizados como insumos, a fiscalizada não logrou êxito em identificar os respectivos pagamentos da Cofins. Na planilha apresentada não há informação quanto às datas dos recolhimentos nem quanto à identificação do CNPJ dos estabelecimentos que procederam a tais pagamentos, impossibilitando, assim, atestar que os pagamentos da Cofins incidente na importação efetivamente ocorreram; p) A fiscalizada não apresentou os dados requeridos com a finalidade de comprovar as despesas com energia elétrica, limitandose a informar que o arquivo não foi demonstrado de forma analítica por não dispor de tais informações e a apresentar planilha contendo basicamente os valores utilizados como base de cálculo de tal crédito e o crédito apurado, os quais sequer equivalem àqueles declarados no DACON, de modo que não resta alternativa senão a de glosar a integralidade dos créditos; Fl. 2872DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.873 4 q) No que se refere ao mês de março, a fim de que se pudesse verificar a pertinência da redução da base de cálculo da Cofins – Conbustíveis promovida no DACON retificador, a fiscalizada apresentou planilhas e Razão Contábil da conta 3101110001 – “Faturamento bruto – Produtos – País”. Os valores escriturados são condizentes com os registrados no DACON retificador, à exceção do valor da venda de gasolina, exceto de aviação. No que tange ao valor devido de Cofins – combustíveis no mês de março, foi considerado o valor resultante da aplicação da alíquota sobre a base de cálculo escriturada na contabilidade em relação à gasolina, exceto de aviação e mantidos os valores sobre as demais receitas de venda de combustíveis, conforme declarado no DACON; r) Procedeuse à apuração da Cofins nãocumulativa, ficando demonstrado que, uma vez afastadas as parcelas indevidas de descontos, não subsistem os créditos de pagamento a maior utilizados nas compensações em foco, devendo ser não homologadas as DCOMPs referentes a crédito de Cofins – Combustíveis dos meses de janeiro, março e outubro de 2005. A contribuinte foi cientificada do Despacho Decisório e respectivo Termo de Verificação Fiscal em 18/10/2012 (fl. 1864) e apresentou Manifestação de Inconformidade em 16/11/2012 (fls. 1869/1890), alegando, em síntese que: a) A adoção da corrente restritiva daquilo que se considera insumo já não encontra amparo na melhor doutrina e no CARF; b) As normas que instituíram a nãocumulatividade do PIS e da Cofins não firmaram expressamente o entendimento de que por insumo haveria de ser conhecido somente os bens e serviços diretamente envolvidos na produção dos bens e serviços; c) As receitas de uma atividade empresarial não decorrem exclusivamente da aquisição de bens e serviços diretamente utilizados na cadeia produtiva, mas de uma gama de bens e serviços que compõem os custos envolvidos na própria existência e manutenção da atividade econômica; d) Uma vez verificada a relevância dos custos indicados na planilha, mostrase latente o fato de que a decisão que determinou a glosa dos créditos gerados a partir deles está a merecer reparos, sob pena de violação dos dispositivos legais aplicáveis; e) De forma direta, clara e objetiva, o legislador garantiu ao contribuinte o direito de apropriação, nos meses subsequentes, do crédito não aproveitado em momento pretérito, independentemente do motivo que o tenha impossibilitado de utilizalo no mês em que ocorreu o custo ou despesa, conforme se depreende do inciso I, § 8º, art. 3º da Lei 10.637/2002; f) A regra do inciso I, § 1º, art. 3º da Lei 10.833/2003 não instituiu condicionantes para o aproveitamento de créditos; g) Instruções Normativas editadas quando da instituição do sistema não cumulativo da Cofins demonstram o quão irrelevante é a Fl. 2873DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.874 5 competência de origem do crédito para fins de seu aproveitamento. A Receita orientou que o contribuinte prestasse informações de custos e despesas ocorridos em meses diversos em um único DACON e que sua apresentação se desse em momento bem posterior à ocorrência das operações geradoras dos custos e despesas (INs 387/2004, 437/2004, 503/2005); h) Diferentemente do ICMS, o crédito do PIS e da Cofins não se origina do confronto entre operações de entrada e de saída de mercadorias, mas sim da própria ocorrência da operação passível de gerar o custo/despesa geradora do crédito; i) O processo da PER/DCOMP está, hoje, aparelhado para se atestar não só a legitimidade dos créditos apurados na forma do art. 15 da Lei 10.865/2004, mas também de todo e qualquer elemento inerente à aferição de seu regular processamento, independentemente do mês em que tenha se originado o direito creditório; j) O descumprimento da obrigação acessória, por si só, impõe, quando muito, a sanção administrativa pelo seu descumprimento, conforme § 3º do art. 113 do CTN, e não a rejeição do crédito arguido para fins de compensação e que representa a própria apuração da obrigação principal, regulada pela norma do § 1º do art. 113 do CTN; k) Conforme leciona a doutrina, bem como já decidido pelo CSRF do CARF, os gastos com frete de pessoas e produtos, passíveis de gerarem créditos do PIS/Cofins, não se restringem àqueles envolvendo a entrega de mercadorias/produtos aos clientes adquirentes; l) No que diz respeito aos serviços de táxi aéreo, é notória sua participação na cadeia, visto que utilizados para transporte de empregados até as plataformas localizadas em alto mar, onde serão envolvidos na atividade de exploração e produção de petróleo; m) A utilização de táxi terrestre funciona como um prolongamento da operação inicial, vale dizer, parte integrante do transporte aéreo; n) Para que se dê o refino do petróleo, parte seguinte à exploração, é ele remetido para os tanques da contribuinte tão logo extraído do solo, ato último que se dá por meio dos serviços prestados pela Transpetro, sendo tal serviço, portanto, indispensável na atividade; o) A Solução de Consulta trazida pela Receita não encontra amparo em Soluções de Consulta posteriores; p) O frete suportado na cadeia produtiva já foi reconhecido pelo CARF como sendo insumo inerente à atividade, sem o qual se revelaria impossível a obtenção do resultado almejado pelo empresário; q) As notas de débito revestemse de conteúdo suficiente para fins de provar a despesa suportada pela Contribuinte; r) Com relação à glosa de créditos relativos a aquisições por importação, a questão envolvendo a alocação do crédito em DACON oriundo de competência diversa daquela em que se deu o seu nascimento, o contribuinte se reporta às razões anotadas no item IV B Fl. 2874DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.875 6 para justificar a manutenção dos créditos provenientes da importação de bens para insumos e para revenda; s) Na medida em que referidos bens e serviços foram importados, mostrase estranha a exigência do documento comprobatório do pagamento do tributo, quando foram apresentadas as respectivas DIs que jamais teriam o desembaraço concluído sem o recolhimento da Cofins; t) No que diz respeito às despesas de energia elétrica, a contribuinte requer a juntada do demonstrativo anexo, capaz de demonstrar que a energia elétrica foi consumida nos estabelecimentos da fiscalizada; u) Por fim, protesta pela juntada de documentos relacionados e documentos complementares, bem como pela apresentação de outras provas que contribuam para o deslinde da questão e que seja julgada procedente a manifestação de inconformidade, declarando legítimo o direito à integralidade dos créditos apontados e a homologação das compensações. Após exame da defesa apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da nãocumulatividade, consideramse insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. COFINS. CRÉDITOS DECORRENTES DE DESPESAS COM FRETE. Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias ou produtos diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que geram direito a créditos a serem descontados da Cofins devida. COFINS. CRÉDITOS NA IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. Somente se admitem os créditos decorrentes da importação de serviços quando comprovados os efetivos recolhimentos da CofinsImportação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ELEMENTOS DE PROVA. A prova deve ser apresentada na manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, por força do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 2875DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.876 7 Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido. Em síntese, defende o direito de apropriação de créditos de PIS e COFINS sobre a (i) aquisição de serviços utilizados como insumo; (ii) despesas com frete nas operações de venda; (iii) importações de bens e serviços e (iv) despesas com energia elétrica. Os autos foram remetidos a este CARF que, em primeiro exame do feito, houve por bem converter o feito em diligência, conforme Resolução nº 3202000.349 de 18 de março de 2015, nos seguintes termos: Ante o exposto, voto para CONVERTER o julgamento em diligência para que a autoridade preparadora intime a empresa Recorrente a: a) efetuar descritivo minucioso do processo produtivo da Recorrente – elaborar laudo se necessário , a fim de que possa ser constatado o emprego dos custos, despesas e serviços glosados pelo despacho decisório, inclusive em relação aos créditos extemporâneos (se houver); b) destacar quais as despesas vinculadas a cada uma das contas contábeis, inserindo sua participação no processo produtivo, inclusive em relação aos créditos extemporâneos (se houver); c) Apresentar balancetes ou Livro Razão comprovando o registro contábil da despesa no valor informado; d) identificar cada estabelecimento e sua atividade, vinculado as despesas com energia elétrica; explicar, também, o motivo da divergência entre a base de cálculo indicada na planilha juntada na impugnação, a esse título, correspondente a R$ 31.856.262,60, enquanto a base de cálculo informada no DACON é de R$ 36.109.322,65 e) trazer aos autos outros elementos e informações que entenda relevantes para o deslinde do presente processo. Em seguida, a autoridade da RFB responsável pela realização da diligência apresentará relatório circunstanciado e conclusivo a respeito da diligência, podendo trazer aos autos outros elementos e informações que entenda relevantes para o deslinde do presente processo. Por fim deve ser intimando a Recorrente para que se manifeste expressamente sobre o resultado da presente diligência. Após, retornem a este colegiado para continuidade do presente julgamento. A diligência foi efetuada pela Autoridade Lançadora, que elaborou Relatório de Encerramento de Diligência Fiscal, com as seguintes conclusões: Dessa forma, considerado tudo o até aqui exposto, concluímos pela manutenção das glosas efetuadas e da não homologação da DCOMP 05122.31113.300508.1.3.041106, uma vez que, a nosso entender, os documentos/informações apresentados não afastam as razões Fl. 2876DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.877 8 originariamente consideradas pela Fiscalização e pelo Julgamento de 1a Instância para a glosa dos créditos, ao contrário, só vem a confirmar que os custos/despesas glosados não se referem a bem/serviço adquirido de pessoa jurídica e diretamente aplicado ou consumido na fabricação do produto ou serviço destinado à venda, tampouco a despesas com armazenagem de mercadorias e com fretes nas operações de vendas, como expressamente exigido pela legislação de regência para terem seus valores utilizados como base de cálculo de créditos da COFINS NÃO CUMULATIVA. No que tange à glosa dos créditos cujo aproveitamento foi considerado extemporâneo e dos créditos relativos à COFINS IMPORTAÇÃO, concluímos também pela manutenção da mesma pelas razões já expostas no Termo de Verificação Fiscal e ratificadas no Acórdão proferido pela 1a Instância do Julgamento Administrativo. Por fim, quanto ao registro contábil dos valores dos custos/despesas glosados, a diligenciada, embora não tenha apresentado os respectivos Razões Contábeis requeridos pelo CARF, apresentou os documentos de fls. 3069 (“Planilha Linha 3”) e 3074 (“Linha 7”), compostos, respectivamente, de sete planilhas e de seis planilhas, nas quais, segundo informa, reproduziu os dados relativos aos lançamentos contábeis efetuados para o registro dos tais valores, tendo esclarecido que, para identificação de cada lançamento contábil, basta que, nas planilhas referentes aos dados dos Razões Contábeis5, selecionese o número do respectivo documento contábil, o qual se encontra informado na coluna “Doc Contábil Razão” da primeira planilha dos aludidos documentos apresentados (Planilha “03 – Serviços” do documento “Planilha Linha 3” e Planilha “07 – Armazenamento e Frete” do documento “Linha 7”). A Recorrente, devidamente intimada, apresentou petição aos autos manifestandose acerca de cada um dos pontos examinados pela Fiscalização requerendo ou a determinação de nova resolução a ser cumprida nos exatos termos da decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso representativo de controvérsia (REsp nº 1.221.170 Créditos de PIS e COFINS sob o prima da essencialidade), ou, então, que seja dado integral provimento ao Recurso Voluntário apresentado. Os autos, então, retornaram ao CARF e foram a mim redistribuídos por sorteio, uma vez que a Relatora original do feito não mais integra este colegiado. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Relatora O Recurso Voluntário é próprio e tempestivo. Para melhor exame do feito, passo a analisar cada um dos tópicos recursais apresentados pela contribuinte. Fl. 2877DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.878 9 "II.a DOS CRÉDITOS APURADOS EM RELAÇÃO À AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS" Neste tópico a Recorrente solicita o reconhecimento do direito ao crédito da COFINS apurados no mês de março de 2005 sob a afirmativa de que se tratam de serviços tomados como insumo no seu processo produtivo. Tanto a Fiscalização, como a DRJ, buscam validar o lançamento no entendimento de que, na apuração do PIS e da COFINS não cumulativas devese aplicar o disposto nas Instruções Normativas nº 247/2002 e nº 404/2004, que, em síntese, invoca os conceitos estabelecidos pela legislação do IPI. Todavia, é de conhecimento que a matéria em questão sofreu considerável alteração após a lavratura do auto de infração e prolação do acórdão proferido pela DRJ. Na esteira do que há muito vinha se estabelecendo deste CARF, para fins de apuração do PIS e da COFINS não cumulativas sobre a aquisição de insumos pela Pessoa Jurídica, já definiu o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso Representativo de Controvérsia, portanto, de efeito vinculante à este CARF e à propria Administração Tributária, pelo afastamento da aplicação da legislação de IPI utilizada como parâmetro na autuação. E, também consoante jurisprudência já estabelecida por esta Corte Administrativa, determinou a necessidade de se avaliar a essencialidade e relevância dos bens adquiridos como insumos à atividade produtiva do contribuinte. É a ementa do julgado: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. Fl. 2878DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.879 10 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. (REsp 1221170/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe 24/04/2018) Mais recentemente a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, por meio da Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF, examinou a decisão proferida pelo STJ para fins de dispensa de contestação e recursos nos processos que versem sobre a matéria. Embora tal manifestação não vincule este órgão julgador, é possível extrair algumas premissas e conclusões nele apresentadas, com as quais concorda esta Relatora: 14. Consoante se depreende do Acórdão publicado, os Ministros do STJ adotaram a interpretação intermediária, considerando que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Dessa forma, tal aferição deve se dar considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item para o desenvolvimento da atividade produtiva, consistente na produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços. 15. Devese, pois, levar em conta as particularidades de cada processo produtivo, na medida em que determinado bem pode fazer parte de vários processos produtivos, porém, com diferentes níveis de importância, sendo certo que o raciocínio hipotético levado a efeito por meio do “teste de subtração” serviria como um dos mecanismos aptos a revelar a imprescindibilidade e a importância para o processo produtivo. (...) 17. Observase que o ponto fulcral da decisão do STJ é a definição de insumos como sendo aqueles bens ou serviços que, uma vez retirados do processo produtivo, comprometem a consecução da atividadefim da empresa, estejam eles empregados direta ou indiretamente em tal processo. É o raciocínio que decorre do mencionado “teste de Fl. 2879DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.880 11 subtração” a que se refere o voto do Ministro Mauro Campbell Marques. (...) 36. Com a edição das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, o legislador infraconstitucional elencou vários elementos que como regra integram cadeias produtivas, considerandoos, de forma expressa, como ensejadores de créditos de PIS e COFINS, dentro da sistemática da nãocumulatividade. Há, pois, itens dentro do processo produtivo cuja indispensabilidade material os faz essenciais ou relevantes, de forma que a atividadefim da empresa não é possível de ser mantida sem a presença deles, existindo outros cuja essencialidade decorre por imposição legal, não se podendo conceber a realização da atividade produtiva em descumprimento do comando legal. São itens que, se hipoteticamente subtraídos, não obstante não impeçam a consecução dos objetivos da empresa, são exigidos pela lei, devendo, assim, ser considerados insumos. 37. Há bens essenciais ou relevantes ao processo produtivo que nem sempre são nele diretamente empregados. O conceito de insumo não se atrela necessariamente ao produto, mas ao próprio processo produtivo. 38. Não devem ser consideradas insumos as despesas com as quais a empresa precisa arcar para o exercício das suas atividades que não estejam intrinsicamente relacionadas ao exercício de sua atividadefim e que seriam mero custo operacional. Isso porque há bens e serviços que possuem papel importante para as atividades da empresa, inclusive para obtenção de vantagem concorrencial, mas cujo nexo de causalidade não está atrelado à sua atividade precípua, ou seja, ao processo produtivo relacionado ao produto ou serviço. 39. Vale dizer que embora a decisão do STJ não tenha discutido especificamente sobre as atividades realizadas pela empresa que ensejariam a existência de insumos para fins de creditamento, na medida em que a tese firmada referese apenas à atividade econômica do contribuinte, é certo, a partir dos fundamentos constantes no Acórdão, que somente haveria insumos nas atividades de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços. Desse modo, é inegável que inexistem insumos em atividades administrativas, jurídicas, contábeis, comerciais, ainda que realizadas pelo contribuinte, se tais atividades não configurarem a sua atividadefim. (...) 42. Insumos seriam, portanto, os bens ou serviços que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços e que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção, ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. 43. O raciocínio proposto pelo “teste da subtração” a revelar a essencialidade ou relevância do item é como uma aferição de uma “conditio sine qua non” para a produção ou prestação do serviço. Fl. 2880DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.881 12 Buscase uma eliminação hipotética, suprimindose mentalmente o item do contexto do processo produtivo atrelado à atividade empresarial desenvolvida. Ainda que se observem despesas importantes para a empresa, inclusive para o seu êxito no mercado, elas não são necessariamente essenciais ou relevantes, quando analisadas em cotejo com a atividade principal desenvolvida pelo contribuinte, sob um viés objetivo. 48. A Ministra Regina Helena Costa esclareceu em seu voto que o item atende ao critério da essencialidade quando configura elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço ou, minimamente, quando sua falta prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. É, portanto, essencial é o item, dentro do processo produtivo, do qual dependa “intrínseca e fundamentalmente” o produto ou serviço. 49. Já o item relevante, ainda no escólio da Ministra Regina Helena Costa, é aquele cuja finalidade, conquanto não seja indispensável à elaboração do próprio produto ou serviço integra o processo de produção, ou pelas singularidades de cada cadeia produtiva ou por imposição legal. Nesse passo, a Ministra entendeu que o critério da relevância seria mais abrangente que o da pertinência (que havia sido proposto pelo Ministro Mauro Campbell Marques), na medida que esta seria caracterizada pelo emprego na produção ou na execução do serviço. Logo, pela precisa análise efetuada pela PGFN, a essencialidade deve ser entendida como a condição sem a qual tornase inviável a atividadefim do contribuinte (qualidade, quantidade e/ou suficiência). Relevância, a seu turno, alcança aqueles itens que, ainda que sua subtração do processo produtivo não impeça o exercício da atividade produtiva ou a prestação do serviço, os tornando inviáveis, tais como as exigências legais impostas. Assim, estabelecidos tais parâmetros, deve se perquirir, a essencialidade e relevância das aquisições efetuadas pela Recorrente para que se possa legitimar a glosa ou o direito ao crédito. Como se extrai do relato dos fatos, no presente feito foi determinada a realização de diligência nos seguintes termos: Ante o exposto, voto para CONVERTER o julgamento em diligência para que a autoridade preparadora intime a empresa Recorrente a: a) efetuar descritivo minucioso do processo produtivo da Recorrente – elaborar laudo se necessário , a fim de que possa ser constatado o emprego dos custos, despesas e serviços glosados pelo despacho decisório, inclusive em relação aos créditos extemporâneos (se houver); b) destacar quais as despesas vinculadas a cada uma das contas contábeis, inserindo sua participação no processo produtivo, inclusive em relação aos créditos extemporâneos (se houver); c) Apresentar balancetes ou Livro Razão comprovando o registro contábil da despesa no valor informado; d) trazer aos autos outros Fl. 2881DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.882 13 elementos e informações que entenda relevantes para o deslinde do presente processo. Em seguida, a autoridade da RFB responsável pela realização da diligência apresentará relatório circunstanciado e conclusivo a respeito da diligência, podendo trazer aos autos outros elementos e informações que entenda relevantes para o deslinde do presente processo Intimada, a Recorrente apresentou: Descritivo da Cadeia Integrada das Atividades da Petrobrás (fl. 3.036/3.057) Planilha indicando a conta contábil de registro de cada um das despesas glosadas e o processo produtivo de sua aplicação (documento não paginável, "Anexo 2") Planilha demonstrando a base de cálculo da linha 3 da DACON (Serviços) e respectivos registros contábeis (documento não paginável, "Linha 3") Planilha demonstrando a base de cálculo da linha 7 da DACON (Amazenagem e Frete) e respectivos registros contábeis (documento não paginável, "Linha 7") Após a apresentação dos documentos, a Autoridade Lançadora elaborou o "Relatório de Encerramento de Diligência Fiscal" de fls. 3.081/3.092 De acordo com o Relatório elaborado em sede de diligência: No documento intitulado “Descritivo da Cadeia Integrada das Atividades da Petrobras”, a diligenciada informa que sua cadeia de produção abrange as atividades de (I) exploração e produção de petróleo e gás natural; (II) refino, comercialização e transporte de combustíveis e derivados; (III) produção, comercialização e transporte de gás natural e derivados; (IV) geração e comercialização de energia elétrica; e (V) produção e comercialização de fertilizantes; descreve diversos estabelecimentos e ativos estratégicos situados no território nacional que, segundo informa, possibilitam a integração de seu processo produtivo; descreve em linhas gerais cada uma dessas atividades por ela desenvolvidas; e, ao final da descrição de cada atividade, expressamente elenca aqueles serviços/custos/despesas que entende como incontestavelmente essenciais ou necessários a cada processo produtivo descrito. (...) De plano, observase que toda a argumentação trazida pela diligenciada no Descritivo apresentado para ver mantido o creditamento em relação a tais custos/despesas diz respeito à essencialidade ou à necessidade do respectivo custo/despesa para o desempenho de suas atividades. Todavia, não foi este o aspecto considerado pela Fiscalização ou pelo julgamento de 1a Instância Administrativa para a glosa de créditos efetuada. Tampouco a essencialidade/necessidade foi o critério utilizado para identificar o custo/despesa não passível de creditamento, e nem poderia ser, bem porque não são estes os requisitos exigidos pela legislação de regência para apuração dos créditos da COFINS NÃO CUMULATIVA. (...) Fl. 2882DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.883 14 Dessa forma, considerado tudo o até aqui exposto, concluímos pela manutenção das glosas efetuadas e da não homologação da DCOMP 05122.31113.300508.1.3.041106, uma vez que, a nosso entender, os documentos/informações apresentados não afastam as razões originariamente consideradas pela Fiscalização e pelo Julgamento de 1a Instância para a glosa dos créditos, ao contrário, só vem a confirmar que os custos/despesas glosados não se referem a bem/serviço adquirido de pessoa jurídica e diretamente aplicado ou consumido na fabricação do produto ou serviço destinado à venda, tampouco a despesas com armazenagem de mercadorias e com fretes nas operações de vendas, como expressamente exigido pela legislação de regência para terem seus valores utilizados como base de cálculo de créditos da COFINS NÃO CUMULATIVA. Pelos trechos transcritos, observase que a Recorrente apresentou de forma detalhada o seu processo produtivo, distinguindo, dentre os serviços glosados, aqueles de natureza essencial ou relevante. A Fiscalização, a seu turno, não infirmou tal caracterização ao argumento de que, tendo sido o fundamento do lançamento a aplicação da IN SRF nº 404/2004, tais aspectos são irrelevantes para se afastar as razões de glosa. Não obstante, como já exposto, tal entendimento encontrase superado, sendo, efetivamente necessário que se examine a essencialidade e relevância dos serviços tomados em face da atividade produtiva da Recorrente, tomandose como premissas as descrições apresentadas pela própria contribuinte. Pois bem. Nos presentes autos a Recorrente apresentou uma lista de 54 itens cujo crédito sobre a aquisição pretendia ter reconhecido. Em sede de diligência verificouse que parte daqueles itens não haviam sido objeto de glosa e, outra parte, não foi contestada pela Contribuinte nos documentos apresentados. Assim, para a definição dos serviços controvertidos nos presentes autos, devese tomar como partida o quadro apresentado pela Recorrente em sua manifestação à diligência (fls. 3106 a 3108). Como conceituação / justificativa de cada um destes serviços, recorrese ao documento denominado "Cadeia Integrada das Atividades da Petrobrás" (fls. 3036 e seguintes); a Manifestação à Diligência (fls. 3.100 e seguintes); e, notadamente, as planilhas apresentadas em formatos não pagináveis, todos, como dito, apresentados pela contribuinte. É preciso reiterar que a Fiscalização, embora oportunizado, não refutou qualquer uma das informações prestadas pela Recorrente. Essa questão é de suma relevância quando se examina cada um dos grupos de glosas realizados a partir das planilhas elaboradas pela Recorrente a partir dos seus registros contábeis. Nesse diapasão, observo que o feito não se encontra devidamente maduro para julgamento. Ao efetuar o exame das planilhas apresentadas pelo contribuinte, examinando cada uma das despesas contabilizadas nas rubricas relativas aos serviços utilizados como insumo, verificase que, de fato, em sua quase totalidade, estão vinculadas a centros de custos operacionais (plataformas, refinarias, etc). Contudo, que existem ainda que poucas Fl. 2883DF CARF MF Processo nº 15374.724394/200961 Resolução nº 3201001.489 S3C2T1 Fl. 2.884 15 vinculações a centros de custo descritos como "administrativo", "telecomunicações" e "refeitórios", por exemplo. Em princípio, tendo como premissa exclusivamente os lançamentos contábeis, estas despesas não seriam possíveis de gerar crédito na apuração do PIS e da COFINS, mas apenas aquelas vinculadas a centros operacionais, desde que comprovada a sua essencialidade ou relevância. Como dito, a Fiscalização não adentrou a este exame por entender que seria irrelevante em face da aplicação das INs do IPI. Entendo que esta questão não pode ser superada no presente julgamento. Isso porque, ainda que seja possível fazer o exame, em tese, da natureza de cada um dos serviços, não se pode legitimar as despesas que não se mostrem essenciais e relevantes em razão da sua aplicação em centros de custos administrativos. Outro exemplo referese às despesas com hotelaria. Pelas planilhas anexadas, é possível identificar despesas vinculadas a hotelaria em plataformsa localizadas em alto mar, mas também despesas vinculadas e sedes terrestres, ainda que operacionais. Em face das especificidades existentes, é de se ter, também em tese, que as despesas com hotelaria em "altomar" possuem natureza bastante distinta das despesas com hotelaria "terrestre" em face do critério da essencialidade. Desse modo, se faz essencial a complementação da diligência realizada para que se possa realizar a devida segregação entre as despesas glosadas. Não o fazendo, o exame em tese dos serviços, apenas por sua descrição, poderá permitir, eventualmente, a manutenção de créditos vinculados a despesas não essenciais ou relevantes. Diante de todo o exposto, proponho a conversão do feito em diligência nos seguintes termos: (i) Considerando a nova orientação firmada pelo STJ acerca dos critérios de definição de insumo para fins de apuração do PIS e da COFINS não cumulativos e, especialmente a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF, solicitase à Autoridade Administrativa a devida verificação, dentre as despesas glosadas a título de insumos, quais se fazem essenciais ou relevantes ao processo produtivo da Recorrente, apresentando a competente justificativa, devendose observar, principalmente, os centros de custos aos quais foram vinculadas as respectivas despesas (operacionais ou não operacionais); No cumprimento da diligência a Fiscalização poderá intimar o contribuinte a apresentar documentos e informações que entenda necessários ao seu cumprimento. Solicitase a elaboração de Relatório conclusivo da diligência realizada, do qual deverá ser concedida vista à Recorrente no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período. Após, retornemse os auto para julgamento. Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 2884DF CARF MF
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