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Numero do processo: 16366.000332/2009-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Apr 10 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002
DECISÃO JUDICIAL. EFEITOS.
O respeito às decisões judiciais impõe a estrita observância do quanto decidido no Poder Judiciário, nos estreitos limites do seu cumprimento.
Numero da decisão: 3201-001.894
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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EFEITOS. O respeito às decisões judiciais impõe a estrita observância do quanto decidido no Poder Judiciário, nos estreitos limites do seu cumprimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. JOEL MIYAZAKI Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. O processo administrativo, posteriormente ao seu protocolo, foi materializado na forma eletrônica, razão pela qual todas as AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 36 6. 00 03 32 /2 00 9- 21 Fl. 772DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO 2 referências a folhas dos autos irão pautarse na numeração estabelecida no processo eletrônico. Tratase de manifestação de inconformidade, apresentada pela empresa em epígrafe, ante Despacho Decisório de autoridade da Delegacia da Receita Federal em Londrina (fl. 116), que indeferiu o pedido de ressarcimento (PER) de fls. 04/29 no montante de R$ 1.099.711,32, relativo a crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, referente ao 3º trimestre/2002, lançados extemporâneos no RAIPI e informados indevidamente no referido pedido de ressarcimento como sendo referente ao 1º trimestre/2006. O pedido foi totalmente indeferido considerando as conclusões e os fundamentos expostos na Informação Fiscal de fls. 91/103 e no Parecer SAORT/DRF/LON nº 1044/2009 de fls. 113/115, sinteticamente apresentados a seguir: a) Apesar da apresentação dos demonstrativos de estoques, há grande divergência entre os valores apresentados em diversas declarações ou demonstrativos, evidenciando, desta forma, que os dados não são confiáveis. As análises, portanto, foram efetuadas com elementos disponíveis e com base nos valores pleiteados pelo contribuinte; b) O total da receita de exportação é composto de produtos não tributáveis (NT) soja e milho em grãos que deverão ser excluídos do montante da receita de exportação, pois os produtos NT não fazem parte do campo de incidência do IPI e, conseqüentemente, as vendas para o mercado externo de produtos que estão fora do campo de incidência do IPI não se incorporam ao total da receita de exportação, devendo ter seu efeito anulado no cálculo do credito presumido; c) A contribuinte tem a seu favor decisão judicial que declara ser possível a inclusão de insumos adquiridos de pessoas físicas no cálculo do crédito presumido. Tal decisão foi acatada, porém os insumos que teriam sido empregados na produção de bens destinados à exportação são na realidade o próprio produto de exportação, adquiridos de terceiros e revendidos a comercial exportadora ou exportados diretamente, tendo passado apenas por processo de beneficiamento que consiste em limpeza, padronização e secagem, sem que tenha sido realizado nenhum processo de industrialização; d) Em relação à Lei n° 9.363/1996, não é possível concluir que a empresa requerente pudesse se beneficiar do aproveitamento de crédito presumido do IPI para ressarcimento das contribuições para o Pis e Cofins, tendo em vista não se enquadrar no conceito de estabelecimento produtor, condição indispensável para o benefício; e) A requerente optou, somente em 03/07/2008, através de DCTF retificadora por calcular o suposto crédito presumido de IPI com base no regime alternativo relativo ao trimestre em questão (3º trimestre/2002), ou melhor esclarecendo, a empresa apresentou em 05/11/2002 DCTF original relativa ao 3º trimestre/2002, sem assinalar o mencionado campo de beneficiária do crédito presumido. Em 30/06/2003, apresentou DCTF retificadora, Fl. 773DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16366.000332/200921 Acórdão n.º 3201001.894 S3C2T1 Fl. 773 3 também, sem assinalar o campo de beneficiária do crédito presumido e, somente mais de 5 anos depois de encerrado o trimestre, em 03/07/2008, apresentou DCTF retificadora assinalando o mencionado campo e preenchendo o DCP. Regularmente cientificada do despacho decisório em 09/11/2009, a postulante apresentou em 27/04/2010 a manifestação de fls. 135/144, instruída com os documentos de fls. 145/173, na qual em complemento aos documentos anteriormente encartados, a requerente apresenta parecer técnico demonstrando o seu processo de industrialização, cópia de razão que atesta a produção própria de grãos, além de demonstrativo que prova a regularidade da conta de estoque, tudo para que haja a instrução adequada e completa do processo. Encerra requerendo que a fase da instrução complementar seja acolhida e processada a juntada de novos documentos e de outros esclarecimentos. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Londrina, através do Ofício nº DRF/LON/Saort n° 167/2010 de 19/05/2010 (fls. 174/175), solicita informações à Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Londrina se há alguma providência a ser adotada pela DRF para o atendimento integral à decisão judicial na forma alegada pela interessada. Em resposta ao ofício, a PSFN conclui que não há que se falar em descumprimento ou mesmo não cumprimento integral da decisão judicial proferida no mandado de segurança em tela, sendo totalmente descabido o questionamento formulado pela empresa em fase da Administração (fls. 176/179). Em 01/09/2010, a contribuinte apresenta a manifestação de fls. 183/234, instruída com os documentos de fls. 235/281, alegando, em síntese, o que segue: 1. Nos autos do processo do mandado de segurança nº 2008.70.01.006533 8/PR, houve a suspensão do prazo para apresentação de recurso administrativo. Com retorno da fluência do prazo em 30/08/2010, a manifestação de inconformidade é apresentada para a apreciação da Delegacia da Receita Federal de Julgamento; 2. A Autoridade Administrativa deixou de instruir adequadamente o processo administrativo, pois sem qualquer intimação à Manifestante, supôs que havia divergência nos estoques mensais da empresa. A apuração do quantum do crédito ressarcível é matéria a ser esgotada na instrução processual para que haja a duração razoável do processo (inciso LXXVIII do artigo 5o da Constituição Federal), uma vez que superados os obstáculos de interpretação dada à legislação pela Administração Tributária, não seja necessário voltar a discutir o montante a ser ressarcido, o que atende aos ditames previstos no artigo 2º da Lei n° 9.784/99, entre eles, os princípios da finalidade, da razoabilidade, do interesse público e da eficiência (artigo 37 da Constituição Federal). Vêse, pois, que a instrução Fl. 774DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO 4 processual não foi adequadamente realizada, o que insta pela nulidade da decisão recorrida; 3. A Manifestante é empresa produtora e exportadora de produto que industrializa, o que lhe garante o direito ao crédito presumido do IPI com ressarcimento de PIS e COFINS, na conformidade das Leis n°s 9.363/96 e 10.276/2001, pois o beneficiamento realizado, indubitavelmente, caracteriza processo de industrialização (cf. inciso II artigo 4o do Regulamento de IPI), uma vez que modifica, aperfeiçoa, altera o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento), conforme amplamente demonstrado nesta petição e no parecer anexo; 4. A Lei n° 9.363/96 e a Lei n° 10.276/2001, bem como os artigos 179 até 183 do RIR, não restringiram, em momento algum, o conceito da receita bruta da exportação. Assim, não há coerência jurídica em negar ressarcimento de PIS/COFINS sob o argumento de que os produtos exportados pela Manifestante estariam fora do campo de incidência do IPI, o que, isoladamente, insta pela reforma do despacho decisório recorrido; 5. Consta no despacho decisório que estariam prescritos os pedidos de ressarcimento correspondentes aos 2° e 3º trimestres 2002, porque formalizados em 27/09/2007, no entanto, a própria decisão recorrida assenta que a manifestante em 03/2006 apurou e escriturou no livro de registro de apuração do IPI o crédito presumido para ressarcimento de PIS/COFINS, correspondente ao anocalendário de 2002, ou seja, muito antes do prazo qüinqüenal que alega ter transcorrido. Isso porque a utilização do crédito presumido darseá a partir do primeiro dia subseqüente ao trimestrecalendário em que o crédito presumido tenha escriturado ou apurado no livro registro do IPI, conforme alíneas "a" e "b" do inciso III do artigo 22 da IN/SRF n° 315/2003, que regulamenta a matéria. Por fim, destacase que a apuração do crédito presumido de IPI para ressarcimento de PIS e COFINS têm apuração anual, portanto, os créditos correspondentes ao anocalendário de 2002 podem ser pleiteados até 31/12/2007, por meio da apresentada de per/dcomp, como ocorreu no presente caso, o que afasta, por completo, a alegação de caducidade do pleito; 6. A Manifestante apresenta no item “II.2.4. Da apresentação das declarações e esclarecimentos prestados à administração tributária preparadora” esclarecimentos adicionais a respeito das conclusões e fundamentos expostos na Informação Fiscal de fls. 107/118, requerendo ao final o reconhecimento integral do crédito presumido do IPI; 7. Por fim, na hipótese de ainda restar qualquer dúvida quanto ao reconhecimento do direito ao crédito, requereu realização de diligência ou perícia específica e, ainda, a juntada de novos documentos. Através do despacho de fl. 282, a Saort da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Londrina encaminhou o presente processo Fl. 775DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16366.000332/200921 Acórdão n.º 3201001.894 S3C2T1 Fl. 774 5 à esta DRJ/RPO/SP para apreciação da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Em 15/02/2011, a contribuinte apresenta a manifestação de fls. 284/289, instruída com os documentos de fls. 290/326, em complemento a inicial, para acrescentar que o Superior Tribunal de Justiça já pacificou seu entendimento no mesmo sentido de reconhecer que existe sim crédito presumido de IPI referente aos insumos adquiridos de pessoa física ou cooperativas. E mais, no Recurso Representativo da Controvérsia julgado em dez/2010 a empresa que era Recorrente era exportadora de grãos, ou seja, beneficiava o produto, tal qual a Requerente. Assim, considerando a decisão proferida pelo STJ no Recurso Especial Representativo da Controvérsia n° 993.164, requer o julgamento imediato do presente pedido de ressarcimento, sem quaisquer restrições. Em 01/02/2012, a contribuinte apresenta a manifestação de fls. 330/334, instruída com os documentos de fls. 335/367, em complemento às outras, novamente requerendo o julgamento imediato da manifestação de inconformidade, para que seja conferido o direito de ser ressarcida em seus créditos, sem que haja limitações impostas por instruções normativas que não constam da Lei nº 9.363/96, em especial, para considerar o conteúdo do Ato Declaratório nº 14/2011 da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional: "fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: nas ações e decisões judiciais que fixem o entendimento no sentido da ilegalidade da IN/SRF 23/1997, que, ao excluir da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI as aquisições relativamente aos produtos da atividade rural, de matériaprima e de insumos de pessoas físicas, extrapolou os limites do art. 1° da Lei n° 9.363/1996". Sobreveio decisão da 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, que julgou, por unanimidade de votos, não conhecida a manifestação de inconformidade. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002 RESSARCIMENTO. DESPACHO DECISÓRIO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. Manifestação de inconformidade intempestiva contra despacho decisório versando sobre ressarcimento não pode ser conhecida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Fl. 776DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO 6 Na oportunidade, afirmou a tempestividade de sua manifestação de inconformidade, alegando que a decisão proferida no Mandado de Segurança nº 2008.70.01.0065338 determinou a suspensão dos prazos para a apresentação de recursos administrativos, entre eles o presente processo. Reitera ainda os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A lide restringese à discussão da tempestividade da manifestação de inconformidade apresentada pela recorrente. A decisão recorrida entendeu pela intempestividade da manifestação de inconformidade, tendo em vista ter sido ultrapassado o prazo previsto pela legislação, bem como que a decisão judicial aventada pela recorrente não alberga o presente pedido de ressarcimento. A recorrente contesta este entendimento, arguindo que esta decisão judicial incluiria este processo. Delimitada a lide, inicio o voto com a transcrição do conteúdo da decisão judicial (fl 281) a qual se referem as partes, fundamental para o desenvolvimento deste voto: 1. Defiro o pedido das fls. 272/286 e 346/348 para determinar a suspensão dos efeitos dos despachos decisórios indicados nas referidas petições, com a suspensão (e não interrupção) dos prazos para defesa, principalmente a interposição de recurso administrativo dos referidos atos. Ressalto que neste momento se mostra inviável o deferimento do pedido de interrupção dos prazos, como pretendido pela Impetrante, uma vez que já houve transcurso de parte do prazo para interposição da manifestação de inconformismo na seara administrativa, sendo que esta posição poderá, em havendo motivos para tanto, ser reconsiderada por este juízo após a manifestação da UF. [...] (grifo nosso) Transcrevese abaixo excertos dos pedidos das fls 272/286 e 346/348 (fls 663/677 e 678/680 deste processo), aos quais se refere a citada decisão: fls 272/286 1. Depreendese dos autos de processo, cópia integral anexa, que a Seara Indústria e Comércio de Produtos Agropecuários Ltda. impetrou o Mandado de Segurança que foi distribuído a esse MM. Juízo e autuado sob o n° 2008.70.01.0065338, cujas razões de pedir e pedido fundaramse no reconhecimento do direito ao crédito Fl. 777DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16366.000332/200921 Acórdão n.º 3201001.894 S3C2T1 Fl. 775 7 presumido de que tratam as Leis n°s 9.363/1996 e 10.276/2001, correspondentes aos 2o , 3o e 4o Trimestre de 2002 e 2o , 3o e 4o Trimestre de 2003. 2. Prestadas as informações pela autoridade coatora e ouvido o Digno Representante do Ministério Público, os autos de processo retornaram à conclusão, momento que esse MM. Juízo concedeu parcialmente a segurança, nos seguintes termos: Ante o exposto, julgo parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial e, em conseqüência, concedo parcialmente a segurança pleiteada para que, em referência aos pedidos de ressarcimento referidos às fls. 32: a) a autoridade administrativa impulsione, em 30 (trinta) dias (contados da intimação da presente decisão), os pedidos da impetrante, com a formulação de eventuais exigências necessárias e pertinentes à respectiva instrução, e, uma vez cumpridas estas e as que a própria interessada solicitar, a autoridade fiscal profira decisão fundamentada no prazo de 60 (sessenta) dias. b) declaro ser possível a inclusão na base de cálculo do crédito presumido do IPI, previsto na Lei 9.363/96 c/c Lei 10.276/2001, dos insumos adquiridos de pessoas físicas, pelo que o impetrado deve observar que não pode haver a exclusão na base de cálculo do crédito presumido de IPI pelo mero fato de que o insumo foi fornecido por uma pessoa física, sendo cabível a exclusão se outro for o motivo. No que tange ao item "b", se a decisão administrativa já houver sido proferida por ocasião da ciência da presente sentença, o impetrado deve requisitar o procedimento administrativo, se necessário, e recalcular o valor devido no prazo de 40 (quarenta) dias. (Dispositivo da sentença proferida nos presentes autos, publicada no DJ de 29/05/2009) [...] 12. Em face do exposto, requer dignese esse MM. Juízo determinar: a) a formação dos autos suplementares, com a documentação de cópia integral que a este se junta, que será complementada com o respectivo despacho de Vossa Excelência; b) a suspensão dos efeitos dos Despachos Decisórios, relativos a cada um dos procedimentos administrativos n°s 16366.000333/200976 (4º trimestre de 2002, intimação nº 1591/2009), 16366.000334/200911 (2º trimestre de 2003, intimação 1592/2009), 16366.000335/200965 (3º trimestre de 2003, intimação 1589/2009) e 16366.000336/200918 (4° trimestre de 2003, intimação 4590/2009), com interrupção de todos os prazos de defesa, apresentação de esclarecimentos e recurso (manifestação de inconformidade); Fl. 778DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO 8 c) que a autoridade coatora observe o conteúdo da decisão proferida por esse MM. Juízo, complementando a instrução e os atos administrativos decisórios, com apuração do quantum dos créditos pleiteados e para tanto observando a fórmula do ANEXO do §2°, do artigo I o , da Lei n° 10.276/2001; d) que igualmente sejam apreciados os pedidos correspondentes aos 2o e 3o Trimestre de 2002, conforme determinado na r. sentença concessiva da segurança; e) que observe ao final da instrução, que deve ser complementada, com o que determina o artigo 44, da Lei n° 9.784/99, nos termos da R. Sentença, com intimação da Impetrante; f) que da Decisão de Vossa Excelência dos pedidos acima seja intimada a Ilustre autoridade coatora para dar cumprimento integral desta decisão e cumprindo integralmente o contido na R. Sentença concessiva da segurança; g) que os autos principais sejam mantidos em Secretaria até a integral e regular formação dos autos suplementares, como aqui requerido; h) que esta petição, com os documentos que a instruem, seja desentranhada dos autos de processo originário, para iniciar a formação dos autos de processo suplementar, uma vez que cópia do seu protocolo encontrase anexo as contrarrazões ofertadas pela Impetrante, e Requer, ainda, que as intimações continuem em nome do advogado Romeu Saccani OAB/PR sob n.° 3.556 e OAB/SP sob n.° 101.036suplementar. Fls 346/348 1. A impetrante requereu a formação de autos suplementares porque nos casos em que houve impulsionamento dos processos administrativos, conforme determinado em sentença mandamental, deixou a autoridade coatora de proceder a regular instrução dos processos e de prolatar decisão adequadamente motivada e fundamentada, bem como pela ausência de análise dos pedidos administrativos correspondentes aos 2o e 3o Trimestres de 2002. 1.1. Em razão dos fatos e fundamentos apontados para a formação dos autos suplementares, a Impetrante também requereu a suspensão dos efeitos dos despachos decisórios, com interrupção de todos os prazos para defesa (manifestação de inconformidade), bem como complementação dos atos administrativos decisórios, nos termos da r. sentença, com nova intimação da Impetrante. 2. Supervenientemente ao pedido de formação dos autos suplementares, a Impetrante foi intimada da decisão correspondente ao 2o Trimestre de 2002 (doe. anexo), a qual contém idênticos vícios apontados anteriormente, quais sejam: ausência de regular instrução dos processos e de decisão adequadamente motivada e fundamentada, além da Fl. 779DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO Processo nº 16366.000332/200921 Acórdão n.º 3201001.894 S3C2T1 Fl. 776 9 Administração Tributária permanecer omissa quanto ao pedido de restituição correspondente ao 3oTrimestre de 2002. 3. Como tais decisões administrativas não atenderam adequadamente ao comando posto na r. sentença mandamental, o seguimento dos processos administrativos correspondentes causará prejuízo à Impetrante, porque sem que haja solução dos vícios apontados, os procedimentos administrativos serão remetidos à Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil em Curitiba PR, em razão da apresentação de manifestação de inconformidade (defesa), com início do contencioso, que pelas circunstância, não terá prazo razoável de duração, o que contraria e nega vigência ao inciso LXXVIII do artigo 5o da Constituição Federal. 4. Para que tais prejuízos não se concretizem, a Impetrante reitera pedido de suspensão dos efeitos dos Despachos Decisórios, relativos a cada um dos procedimentos administrativos, com interrupção de todos os prazos de defesa, apresentação de esclarecimentos e recurso (manifestação de inconformidade); Do exposto, resta claro que a decisão judicial apenas deferiu a suspensão dos prazos processuais relacionados aos despachos decisórios já proferidos pela autoridade fiscal, que incluem apenas os pedidos de ressarcimento referentes ao 2º e 4º trimestre de 2002 e aos 4 trimestres de 2003. No tocante ao pedido de ressarcimento ora em julgamento, que se refere ao 3º trimestre de 2002, o mesmo ainda não havia sido apreciado pelo Fisco, e por isso não encontrava albergado pela aludida decisão. Observe que a recorrente, em relação ao pedido de ressarcimento referente ao 3º trimestre de 2002, requereu apenas que este fosse analisado e decidido pela RFB, pleito este acatado pela decisão judicial. Desta forma, mostrase correta a decisão recorrida, posto que a recorrente apresentou sua manifestação de inconformidade em prazo superior ao previsto na legislação d regência, bem como não se encontrava amparada por nenhuma hipótese de suspensão deste prazo. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 780DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO 10 Fl. 781DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIM ENTO E SILVA PINTO
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Numero do processo: 16682.720429/2012-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
LUCROS NO EXTERIOR. ART. 74 da MP 2.158-35/01. CONSTITUCIONALIDADE NA ESPÉCIE.
CONTROLADA FORA DE PARAÍSO FISCAL
Não há decisão do STF, com efeito erga omnes e vinculante, sobre a aplicação do art. 74 na hipótese de controlada fora de paraíso fiscal.
O art. 74 da MP 2.158-35/2001 no caso de controlada situada em país sem tributação favorecida goza de presunção de constitucionalidade até que o Órgão a tanto competente venha declarar em sentido contrário, muito mais então, quando verificado que passou pelo crivo do STF e, no ponto ora em debate, não houve maioria para declará-lo inconstitucional.
NORMA ANTIELISIVA GERAL. QUALIFICAÇÃO INDEVIDA.
Ou se entende que o art. 74 da MP 2.158-35/01 é apenas uma norma que altera o aspecto temporal da hipótese de incidência tributária (o reconhecidmento das receitas de participação nos lucros de investidas no exterior deixa de ser pelo regime de caixa e passa a ser pelo regime de competência) ou que ela é uma norma antielisiva específica (norma CFC que visa impedir o represamento de lucros de investidas no exterior), ou então, as duas coisas. A única qualificação inaceitável para o art. 74 é de norma antielisiva geral, primeiro, porque ela não veio para obstaculizar toda e qualquer elisão fiscal, segundo, porque ela é destinada especificamente para a situação de represamento de lucros no exterior.
ART. 7º DO ADT BRASIL-HOLANDA. INAPLICÁVEL.
Trata-se de uma empresa domiciliada no Brasil e de suas receitas de participação nos lucros de uma controlada na Holanda, logo, totalmente inaplicável o art. 7°, pois esse dispositivo só vedaria a tributação, pelo Brasil, de lucros aqui auferidos por empresa holandesa sem estabelecimento permanente no território nacional.
CONTROLADA EM PARAÍSO FISCAL.
É indiscutível, diante do que decidido na ADIn 2588, a aplicação do art. 74 da MP 2.158-35/01 à receita da contribuinte brasileira decorrente de sua participação nos lucros de controlada em paraíso fiscal.
ART. 4º DA IN SRF 213/02. ILEGALIDADE.
O art. 4º da IN SRF 213/02 criou, sem base legal, ao mesmo tempo, um elemento redutor da base de cálculo do IRPJ e CSLL e um tratamento diferenciado no caso de investida avaliada pelo MEP, razão pela qual entendo que a interpretação da Receita Federal, albergada no art. 4º, extrapola os parâmetros hermenêuticos das normas legais que regem a matéria e, por isso, não é uma intepretação razoável do quadro normativo legal.
RECURSO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA. SÚMULA CARF nº 105.
A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício.
RECURSO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA. SÚMULA CARF 105.
A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício.
Numero da decisão: 1302-001.629
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso de ofício, e, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Hélio Araújo, que davam provimento integral. O Conselheiro Eduardo Andrade apresentou declaração de voto.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto, Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Hélio Araújo.
Nome do relator: Alberto Pinto Souza Junior
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Recorrente PETROLEO BRASILEIRO S.A. PETROBRAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 LUCROS NO EXTERIOR. ART. 74 da MP 2.15835/01. CONSTITUCIONALIDADE NA ESPÉCIE. CONTROLADA FORA DE PARAÍSO FISCAL Não há decisão do STF, com efeito erga omnes e vinculante, sobre a aplicação do art. 74 na hipótese de controlada fora de “paraíso fiscal”. O art. 74 da MP 2.15835/2001 no caso de controlada situada em país sem tributação favorecida goza de presunção de constitucionalidade até que o Órgão a tanto competente venha declarar em sentido contrário, muito mais então, quando verificado que passou pelo crivo do STF e, no ponto ora em debate, não houve maioria para declarálo inconstitucional. NORMA ANTIELISIVA GERAL. QUALIFICAÇÃO INDEVIDA. Ou se entende que o art. 74 da MP 2.15835/01 é apenas uma norma que altera o aspecto temporal da hipótese de incidência tributária (o reconhecidmento das receitas de participação nos lucros de investidas no exterior deixa de ser pelo regime de caixa e passa a ser pelo regime de competência) ou que ela é uma norma antielisiva específica (norma CFC que visa impedir o represamento de lucros de investidas no exterior), ou então, as duas coisas. A única qualificação inaceitável para o art. 74 é de norma antielisiva geral, primeiro, porque ela não veio para obstaculizar toda e qualquer elisão fiscal, segundo, porque ela é destinada especificamente para a situação de represamento de lucros no exterior. ART. 7º DO ADT BRASILHOLANDA. INAPLICÁVEL. Tratase de uma empresa domiciliada no Brasil e de suas receitas de participação nos lucros de uma controlada na Holanda, logo, totalmente inaplicável o art. 7°, pois esse dispositivo só vedaria a tributação, pelo Brasil, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 04 29 /2 01 2- 77 Fl. 2175DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 de lucros aqui auferidos por empresa holandesa sem estabelecimento permanente no território nacional. CONTROLADA EM PARAÍSO FISCAL. É indiscutível, diante do que decidido na ADIn 2588, a aplicação do art. 74 da MP 2.15835/01 à receita da contribuinte brasileira decorrente de sua participação nos lucros de controlada em paraíso fiscal. ART. 4º DA IN SRF 213/02. ILEGALIDADE. O art. 4º da IN SRF 213/02 criou, sem base legal, ao mesmo tempo, um elemento redutor da base de cálculo do IRPJ e CSLL e um tratamento diferenciado no caso de investida avaliada pelo MEP, razão pela qual entendo que a interpretação da Receita Federal, albergada no art. 4º, extrapola os parâmetros hermenêuticos das normas legais que regem a matéria e, por isso, não é uma intepretação razoável do quadro normativo legal. RECURSO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA. SÚMULA CARF nº 105. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. RECURSO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA. SÚMULA CARF 105. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso de ofício, e, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Hélio Araújo, que davam provimento integral. O Conselheiro Eduardo Andrade apresentou declaração de voto. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto, Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Guilherme Pollastri, Márcio Frizzo e Hélio Araújo. Relatório Versa o presente processo sobre recurso voluntário interposto pelo contribuinte em face do Acórdão n˚ 12048.505, da 15ª Turma da DRJ/RJ1, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL ARGÜIÇÃO DE NULIDADE. VÍCIO DE MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Fl. 2176DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.979 3 Constatada a coerência interna entre os fatos narrados no Termo de Verificação Fiscal e a norma tipificadora da infração, e confirmada a inocorrência de qualquer vício de motivação capaz de prejudicar o exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa, rejeitase a preliminar de nulidade levantada pelo sujeito passivo. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO PELO JULGADOR ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. É vedado aos órgãos administrativos de julgamento afastar a aplicação de lei validamente inserida no ordenamento jurídico, sob o fundamento de inconstitucionalidade. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR ATRAVÉS DE COLIGADAS E CONTROLADAS. MOMENTO DA DISPONIBILIZAÇÃO. Para fins de determinação da base de cálculo do imposto de renda, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior consideramse disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço em que foram apurados (art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001). ALEGAÇÃO DE INCOMPATIBILIDADE ENTRE O ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835/2001 E O ART. 43 DO CTN. INOCORRÊNCIA. O art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/ 2001, ao definir a data do balanço como momento da disponibilização do lucro, não feriu a regramatriz do art. 43 do CTN. Para que esteja configurado o fato gerador do imposto de renda, não é necessário que o lucro da coligada ou controlada estrangeira tenha sido efetivamente distribuído à investidora brasileira (disponibilidade financeira). Basta que tenha havido o efetivo acréscimo patrimonial (disponibilidade econômica). ALEGAÇÃO DE INCOMPATIBILIDADE ENTRE O ART. 74 DA MP 2.15835/ 2001 E O ART. 7º, PARÁGRAFO 1º, DO TRATADO BRASIL HOLANDA. INOCORRÊNCIA. O Tratado BrasilHolanda, a exemplo de outros acordos que adotam o texto base da ConvençãoModelo da OCDE, estabelece, em seu Artigo 7º, Parágrafo 1º, uma cláusula de competência exclusiva em favor do Estado de residência da pessoa jurídica. De acordo com esta regra, os lucros de uma empresa só podem ser tributados no Estado onde ela está domiciliada. A referida cláusula não limita, todavia, o direito de um Estado Contratante adotar regras de transparência fiscal em sua legislação interna, com o objetivo de tributar, na pessoa de seus residentes, o lucro apurado por empresa domiciliada no outro Estado Contratante, na proporção da participação societária destes residentes naquela empresa. Comentários da OCDE ao Artigo 7º, Parágrafo 1º, da Convenção Modelo. Por revestir a natureza de uma regra de transparência fiscal, o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 não conflita com o Artigo 7º, Parágrafo 1º, do Tratado Brasil Holanda. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS AUFERIDOS POR COLIGADAS E CONTROLADAS NO EXTERIOR. Os prejuízos apurados por uma controlada ou coligada, no exterior, podem ser compensados com lucros dessa mesma coligada ou controlada. Tais prejuízos, apurados com base na escrituração contábil da coligada ou controlada estrangeira, são aqueles correspondentes aos períodos iniciados a partir do anocalendário de 1996. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DA ESTIMATIVA MENSAL. IMPROCEDÊNCIA. Fl. 2177DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 4 Verificado que o contribuinte nada devia a título de estimativas mensais, mesmo após a adição dos lucros não oferecidos à tributação, descabe a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre a base estimada. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR ATRAVÉS DE COLIGADAS E CONTROLADAS. DECORRÊNCIA. As regras do imposto de renda relativas à tributação dos lucros auferidos no exterior aplicamse, também, à contribuição social sobre o lucro líquido (arts. 21 e 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001). Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A recorrente tomou ciência da decisão recorrida em 02/08/2012 (Termo a fls. 1431) e interpôs recurso voluntário em 31/08/2012 (Termo a fls. 1435 e segs.), no qual alega as seguintes razões de defesa: a) dos fatos: a.1) que os autos de infração lavrados, em 30/04/2012, tiveram por objeto a exigência de IRPJ e CSLL incidentes sobre os lucros auferidos por suas controladas no exterior: Petrobras Netherlands BV – PNBV, sediada na Holanda, e Baspetro Oil Services Company – Brasoil, sediada nas Ilhas Cayman, relativos ao anocalendário de 2008; a.2) que as exigências de IRPJ acrescida de juros de mora, multa por lançamento de ofício (75%) e multa isolada, totalizam R$ 836.720.440,04 (oitocentos e trinta e seis milhões, setecentos e vinte mil, quatrocentos e quarenta reais e quatro centavos), e as CSLL acrescidas de juros de mora, multa por lançamento de ofício e multa isolada somam R$ 306.648.902,60; a.3) que há duas situações distintas: a.3.1) em relação a PNBV, foram apurados lucros não sujeitos à tributação pela ora recorrente por força do estadeado no art. 7º do Decreto 355/91 – Convenção destinada a evitar a dupla tributação entre o Brasil e os Países Baixos (ADT), que determina que o lucro apurado na Holanda, por essa apenas deve ser tributado; a.3.2) que, em relação à BRASOIL, a impugnante não adicionou os lucros na apuração do lucro real em função do disposto no § 2º do art. 4º da IN 213/2002, onde é mencionada a possibilidade de que os prejuízos apurados por uma controlada no exterior possam ser compensados com lucros dessa mesma controlada, mas a Fiscalização não reconheceu que os prejuízos acumulados apurados em períodos anteriores seriram suficientes para consumir todo o lucro do período, então, por considerar que a mesma encerrou o ano de 2008 com resultado positivo, sustentou que deveria ter observado a tributação prevista no art.74 da MP 2.15835; Fl. 2178DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.980 5 a.4) que a impugnação foi julgada parcialmente procedente com o fim de exonerar a contribuinte do pagamento apenas da multa aplicada por falta de pagamento das estimativas de IRPJ e CSLL de dezembro de 2008, nos valores de R$ 163.217.938,60 e R$ 59.817.591,80; b) da nulidade da autuação: b.1) que o auto viola os princípios da ampla defesa e do contraditório, tendo em vista que inobserva os comandos estadeados nos arts. 2º e 50, § 1º da Lei 9.784/99, aplicada ao caso por força do art. 69 do mesmo diploma legal, ao apresentar motivação confusa, e não comprovar a ocorrência de elisão, nem dar possibilidade de em relação a essa alegação se defender o contribuinte, antes de lhe ser aplicada uma norma antielisiva, devendo ser anulado; b.2) que o AuditorFiscal, ao longo do Termo de Verificação Fiscal, que integra o auto de infração, busca fundamentar a aplicação do art. 74 da MP 2.15835 apesar da existência da disposição veiculada pelo art. 7º da Convenção BrasilPaíses Baixos, promulgada pelo Decreto nº 355/1991, por considerar que o dispositivo da medida provisória seria uma norma antielisiva, de transparência fiscal; b.3) que apesar de passar grande parte da fundamentação do auto de infração, dizendo que houve violação do art. 74 da MP 2.15835 e que este dispositivo convive de forma harmônica com o art. 7º, § 1º, do ADT BrasilHolanda, por ser uma norma antielisiva, que justificaria atingir os lucros produzidos no exterior com o fim de evitar elisão fiscal, contraditoriamente, invoca precedente do TRF 2ª Região, o qual justifica a aplicação do art. 74 pelo simples fato dele visar tributar o lucro da empresa brasileira proporcional àquele obtido por sua controlada no exterior, ou seja, fundamentações distintas; c) que a decisão da DRJ inovou no julgamento ao complementar a motivação que respaldou o auto de infração, devendo por isso ser anulada; c.1) que a DRJ disse que em nenhum lugar está dito que a autuação decorreu da prática de elisão fiscal, mas basta ler o auto de infração (fls. 13, 14, 15), que será constatado que o auditor considera o art. 74 da MP 2.15835 uma norma antielisiva, ora, você aplica a alguém uma norma antielisiva é porque você considera que a conduta praticada foi elisiva; c.2) que, em momento nenhum, a DRJ enfrenta a incongruência de motivações veiculadas no auto de infração; c.3) que a DRJ buscou alterar o critério jurídico usado pelo auditor no auto ao sustentar que o art. 74 é norma antielisiva específica apenas para salvar a autuação, pois ela mesmo admite que se o art. 74 fosse uma norma antielisiva geral caberia ao Fisco provar o ato elisivo; c.4) que os exemplos de normas antielisivas específicas dados pela DRJ, tais como normas de preços de transferência, de subcapitalização, de dedutbilidade de despesas de juros sobre o capital próprio, tem estruturas completamente diferentes, pois são normas objetivas e restritivas, aplicáveis a algumas situações que podem caracterizar uma conduta elisiva, e prevêem hipóteses de seu afastamento, como uma norma antielisiva específica deve ser, já o art. 74 da MP 2.15835, além de veicular uma hipótese que a priori não caracteriza elisãolucro de empresa coligada e/ou controlada no exterior – não traz hipóteses de sua não aplicação, não podendo ser caracterizada como uma norma específica, pois abrange qualquer situação e qualquer empresa; Fl. 2179DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 6 d) que o art. 74 não é uma norma CFC, não é uma norma antielisiva específica, mas sim uma norma antielisiva geral, que não pode ser aplicada por ausência de regulação do art. 116, parágrafo único, do CTN, e que mesmo que se entenda que o art. 74 da MP 2.15835 é norma autoaplicável, descolada do comando veiculado pelo art. 116, parágrafo único, do CTN, o que só se admite por amor ao debate, o auto não se sustenta, pois em momento algum foi comprovado pela Fiscalização a prática elisiva que justifica a imposição de uma norma antielisiva, pressuposto lógico e necessário para complementar a fundamentação do presente auto; d.1) que o art. 74 da MP 2.15835 não é uma cláusula antielisiva específica por ser genérico, e considerar como elisiva conduta que a priori não seria elisiva: controlada ou coligada no exterior apurar lucro, logo, é cláusula antielisiva geral e como tal para ser aplicada exige a comprovação da elisão fiscal seu pressuposto; d.2) que as normas CFC são normas de exceção em relação aos demais países que não os de tributação privilegiada ou favorecida, razão pela qual para ser aplicada exige a verificação de uma condição: presença de elisão fiscal, consubstanciada na constituição de uma pessoa jurídica de papel, que não tenha qualquer capacidade para realizar seu objeto social, o que não é o caso, e ponto que nem sequer foi observado pela fiscalização; e) que o art. 74 da MP 2.15835/01 contraria o conceito de renda disponível, constante do caput do art. 43 do CTN (a disponibilidade de renda não pode ser, como não é ficção); f) que o Tratado entre o Brasil e Holanda para evitar a bitributação impede a tributação pelo Brasil dos lucros auferidos pela PNBV, pois o art. 7º, I do referido tratado, que foi internalizado em nosso direito pelo Decreto Executivo Federal nº 355/91 e tem observância obrigatória nos termos do art. 98 do CTN, estabelece competência exclusiva para a tributação dos lucros auferidos pela empresa ao Estado contratante onde aquela estiver domiciliada, ou seja, no caso em questão a competência para tributar os lucros auferidos pela PNBV é da Holanda de forma exclusiva; f.1) que o ADT BrasilHolanda se aplica à CSLL, pois o art. 2º veicula uma lista de impostos a que o tratado se aplica, a qual tem natureza meramente declaratória e não impedidtiva de que outros tributos a ela se integrem; f.2) que, no caso em tela, não é possível afastar a aplicação do tratado com base no fato de ser a norma do art. 74 da MP 2.15835 CFC, pelo simples fato dela não ser norma de exceção, como dito, ela trata a exceção como regra afastandose completamente das características de uma norma CFC, que validariam a exceção à aplicação do tratado; f.3) que tanto o IRPJ quanto a CSLL se encontram sob o pálio protetor do aludido tratado (na essência, ambos se interesssam pelo lucro da pesso jurídica), o que foi reconhecido pela DRJ; g) que de acordo com os balanços e demonstrativos de resultados da BRASOIL de 2003 e 2008 ficou claro ter a mesma prejuízos acumulados aptos a consumir integralmente os lucros produzidos no ano de 2008, não havendo receita sujeita a tributação no ano de 2008; g.1) que não é necessário apresentar resultados anteriores ao ano em que a empresa passou a apresentar prejuízo, por não ser isso o que dispõe a IN SRF 213/02, art. 4º, 1º; Fl. 2180DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.981 7 h) que, por todo o exposto, requer seja dado provimento ao presente recurso voluntário, para anular o auto de infração por vício de motivação ou, assim não entendendo, julgar improcedente o lançamento, cancelando o auto de infração lavrado, no escopo de afastar a cobrança do principal, dos acréscimos moratórios e das penalidades. Em 30 de novembro de 2012, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrações (doc. a fls. 1932 e segs.), nas quais sustenta o seguinte: “II – DA INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO (...) Compulsando os autos, não se vislumbra o descumprimento de nenhum dos requisitos fixados no citado art. 59. Isso porque não houve atuação de pessoa incompetente e tampouco qualquer preterição no direito de defesa da contribuinte no presente processo administrativo. (...) Entretanto, não procedem as alegações da recorrente. Com efeito, são imprescindíveis ao lançamento a identificação e descrição do fato tributável e a imposição do pertinente fundamento legal. Para satisfazer os requisitos de validade do lançamento, sob a perspectiva do respeito ao direito de defesa do sujeito passivo, a autoridade administrativa deve deixar explícito, de forma clara, o fato analisado e qual o dispositivo legal que fundamenta a exigência do crédito tributário. Esses são os requisitos indispensáveis, que possibilitam ao contribuinte exercer o seu direito de defesa. Isso é comprovado pela própria impugnação e o recursos voluntários interpostos pela contribuinte. Ora, srs. Conselheiros, nas duas peças a recorrente demonstrou ter pleno conhecimento sobre qual o objeto da autuação, os fundamentos legais e doutrinários que envolviam a análise da Fiscalização. Nessas situações, a jurisprudência do CARF é pacífica no sentido de que não existe nulidade, conforme se verifica nos precedentes a seguir transcritos:... Portanto, resta evidente a validade da decisão proferida pela DRJ/RJ1, uma vez que confirmou exatamente esses aspectos do lançamento.” “III – DA CLASSIFICAÇÃO DO ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835, DE 2001, COMO NORMA CFC O primeiro ponto que precisa ser debatido diz respeito à natureza e à aplicabilidade do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. Isso para que fique demonstrado que o citado dispositivo consiste em norma voltada para a disciplina das CFCs. Tratase de premissa necessária a ser estabelecida, tendo em vista que um dos principais argumentos da recorrente é no sentido da impossibilidade de se classificar o referido dispositivo como norma CFC. Ademais, é preciso que fique claro o verdadeiro sentido da norma contida no art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, para evitar desvirtuamentos em sua aplicação – o que provocaria esvaziamento de sua finalidade. (...) Fl. 2181DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 8 Feitas essas considerações introdutórias, passase às técnicas hermenêuticas que permitem qualificar o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, como norma CFC. A primeira a ser utilizada é a interpretação gramatical, efetivada mediante a simples leitura do texto normativo e a identificação do significado linguístico das palavras que o compõe. Nessa perspectiva, constatase que o dispositivo sob análise disciplina os elementos que devem compor a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o que é confirmado pelo seguinte trecho: “Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL”. Além disso, é preciso levar em conta a remissão feita ao art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995. Com isso, temse que “Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas”. Por fim, o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, traz um marco temporal para determinar o momento em que se entende disponibilizados para a controladora ou coligada brasileira os lucros auferidos no exterior por intermédio de sua controlada ou coligada. Isso é o que se extrai desta parte do texto normativo: “os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento.”. Diante disso, apegandose apenas à literalidade do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, fica evidente que o parâmetro utilizado para compor a base de cálculo do IRPJ e da CSLL são os lucros obtidos por intermédio das controladas e coligadas no exterior e o momento da disponibilização destes lucros para a controladora ou coligada brasileira. Mais do que isso, já se poderia concluir que o dispositivo regulamenta a tributação da renda de pessoas jurídicas residentes no Brasil. Isso é precisamente o que justifica o termo Controlled Foreign Coorporation, vale dizer, as normas CFC buscam disciplinar a relação entre empresas controladas ou coligadas situadas no exterior e as suas controladoras ou coligadas residentes no país de origem da norma CFC, para fins de apurar os lucros passíveis de tributação auferidos por estas últimas. Dessa maneira, há que se reconhecer que o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, reúne as características elementares de normas classificadas como CFC, uma vez que trata de empresas controladas ou coligadas no exterior e da disponibilização dos seus lucros para a controladora ou coligada brasileira. (...) Nessa perspectiva, cumpre salientar que, à época da edição do art. 74 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, a atenção dos principais países do mundo estava voltada para as práticas de concorrência fiscal internacional prejudicial. Apesar da preocupação com o tema ser antiga, ela ganhou notoriedade com o relatório de 1998 da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OCDE, intitulada Harmful Tax Competition – an Emerging Global Issue. A partir desse trabalho, a OCDE começou a desenvolver parâmetros a serem seguidos pelos Estados, apresentando modelos ou propostas de atuação – que teriam por finalidade diminuir ou eliminar as condutas consideradas prejudiciais no âmbito da tributação internacional. Esse contexto permitiu o surgimento das teorias de transparência fiscal e, consequentemente, das normas CFC – estas configurando medidas Fl. 2182DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.982 9 internas unilaterais que poderiam ser adotadas pelos países que se sentissem prejudicados pelas práticas de concorrência tributária danosa. O Brasil claramente encampou essa linha de atuação, conforme se verifica no art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995 – apesar de ser anterior ao movimento iniciado pela OCDE – e pelo art. 74 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001. Com efeito, ambas as normas tratam da tributação em bases universais e levam em conta o lucro produzido no exterior por empresas controladas ou coligadas. Implica dizer que o país seguiu uma tendência mundial – como muito bem apontado pela autoridade julgadora de primeira instância – refletindo na legislação interna a técnica de controle das relações entre empresas controladoras e coligadas e suas respectivas controladas e coligadas, ou seja, adotou as normas CFC para fins de incidência tributária. (...) Diante dessas informações, podese concluir que o mencionado dispositivo legal tinha por missão: a) concretizar a tributação em bases universais para as pessoas jurídicas, levando em conta a renda auferida por intermédio das suas controladas ou coligadas no exterior; b) impedir o diferimento indeterminado da tributação de lucros produzidos no exterior – prática que vinha sendo muito adotada por contribuintes para se beneficiar de sistemas tributários mais favoráveis e, ao mesmo tempo, escapar da tributação no Brasil; c) estabelecer a presunção absoluta quanto ao momento em que se realiza a disponibilização dos lucros auferidos no exterior por intermédio de controladas e coligas. Ora, não há como se negar a presença de características típicas de normas CFC no art. 74 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001. Com efeito, devese considerar que a finalidade da norma era combater a elisão fiscal, fator inegavelmente ligado ao conceito de norma CFC. Por outro lado, disciplinar a tributação de rendimentos auferidos no exterior por intermédio de empresas coligadas ou controladas e, ao mesmo tempo, impedir o diferimento da tributação são objetivos inerentes às normas CFC. Afinal, a norma permitirá ao Estado trazer para o campo da incidência tributária os resultados obtidos por pessoas jurídicas residentes no país por meio de suas controladas e coligadas no exterior. Partindo dessa premissa, convém rememorar que o art. 74 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, apenas deu continuidade ao regime introduzido pelo art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995. Assim, é possível concluir que a mesma lógica aplicada a este dispositivo deve ser estendida para aquele. Vale dizer, se o legislador trouxe o art. 74 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, para complementar o que havia iniciado com o art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995, é perfeitamente válido assumir que as duas normas possuem o mesmo objetivo, qual seja: efetivar a tributação em bases universais e coibir o diferimento indeterminado dos rendimentos produzidos no exterior por meio de controladas ou coligadas. (...) Fl. 2183DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 10 O problema apontado por alguns, quando examinam o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, é que ele teria sido amplo demais. A crítica à abrangência do dispositivo enfoca, mais precisamente, o fato de o legislador não ter limitado sua aplicação aos países com regime de tributação favorecida – método jurisdicional – e por não ter havido preocupação com a espécie de rendimento submetido ao regime CFC – método transacional. Apesar de pertinentes as críticas, é preciso enfatizar que essa foi a escolha feita pelo Brasil ao adotar o seu regime CFC. Implica dizer que o legislador pátrio optou por não seguir integralmente as orientações da OCDE, o que é perfeitamente normal e válido. Vale lembrar que os trabalhos, orientações, relatórios e modelos elaborados pela OCDE não tem força cogente sobre nenhum país – nem mesmo para os seus membros. Portanto, o fato de o Brasil ter escolhido não incluir o método jurisdicional e o método transacional na legislação apenas indica uma opção de política fiscal. Contudo, isso não pode servir de fundamento para afirmar que não se pretendia instituir uma norma CFC por meio do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. Nesse ponto, basta lembrar os elementos examinados acima – gramatical, histórico e finalístico – para se concluir pela natureza CFC da norma inserida no referido art. 74. Por outro lado, não se pode considerar alterada a natureza de norma CFC do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, em virtude dessa decisão tomada pelo legislador. Isso porque a essência da norma CFC foi preservada no citado dispositivo, qual seja: estabelecer um regime específico para a tributação dos rendimentos auferidos por intermédio de controladas e coligadas situadas no exterior – de modo concretizar a tributação universal da renda e impedir o diferimento por tempo indeterminado da tributação. Diante disso, parece não restarem dúvidas de que o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, detém a natureza de norma CFC. III – DA APLICABILIDADE DO ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835, DE 2001, FRENTE AO TRATATO PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO FIRMADO ENTRE O BRASIL E O REINO DOS PAÍSES BAIXOS (...) O primeiro obstáculo à tese defendida pela contribuinte situase no próprio conceito de norma CFC. Com efeito, é da essência das denominadas normas CFC o tratamento das controladas ou coligadas situadas no exterior como pessoas jurídicas distintas da controladora ou coligada residente no país que edita a norma CFC. Dessa maneira, a norma CFC brasileira reconhece e respeita a existência jurídica individual de cada empresa – tanto da residente quanto da não residente no país que elabora a norma. Ora, seguindo a sua natureza de norma CFC, o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, é direcionado para a pessoa jurídica residente no Brasil, ou seja, ele busca a tributação dos rendimentos da empresa situada no país considerando sua participação nos lucros de sua controlada que encontrase no exterior. Portanto, não procede a Fl. 2184DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.983 11 alegação da recorrente de que a legislação brasileira teria determinado a tributação do lucro da controlada residente na Holanda. O segundo ponto que precisa ser esclarecido é que o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, constitui apenas uma técnica de tributação. Significa dizer que o propósito dessa norma CFC não é desconsiderar a personalidade jurídica da controlada ou coligada situada no exterior, mas apenas incluir na apuração do tributo devido pela empresa residente no Brasil os resultados obtidos por intermédio da subsidiária estrangeira. Tanto é assim que o caput do referido art. 74 traz somente a definição do momento da disponibilização dos lucros auferidos no exterior para a controladora ou coligada no Brasil. A percepção dessa realidade é fundamental para entender o exato conteúdo da norma, qual seja: tratase de uma regra que permite fixar um marco para a disponibilização de lucros e, com isso, sua inclusão na apuração do IRPJ e da CSLL da controladora ou coligada residente no Brasil. Esse é o núcleo da norma e é a partir dele que devem ser extraídos os efeitos tributários. (...) Portanto, a interpretação do § 7° do art. 1° da IN SRF nº 213, de 2002, precisa ser compatível com a norma CFC brasileira. Nessa perspectiva, devese ter em mente que o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, impõe a tributação do lucro disponibilizado pela controlada ou coligada residente no exterior. Vale dizer, o objeto da tributação são os dividendos, ainda que distribuídos por presunção legal. Nesse ponto, importante destacar que, quando se editou o § 7° do art. 1° da IN SRF nº 213, de 2002, essa realidade era conhecida pela Administração Pública. Ora, basta lembrar que o projeto para a Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, saiu do próprio Ministério da Fazenda. Assim, não faz sentido que, no momento de regulamentar o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 – por meio da IN SRF nº 213, de 2002, a Administração Tributária tenha se esquecido do conteúdo da norma que ela mesma havia proposto no projeto daquela Medida Provisória. (...) Por fim, cabe registrar que a teoria da distribuição presumida de dividendos encontra resistência em parte da doutrina – que costuma questionar a constitucionalidade do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, em virtude de o dispositivo adotar uma ficção como fato gerador do IRPJ e da CSLL. Em que pese a impossibilidade do CARF manifestarse sobre a constitucionalidade de normas – fato consolidado em sua jurisprudência – é oportuno destacar que o Supremo Tribunal Federal examina o tema na ADI 2.588. No caso, discutese a constitucionalidade do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, sendo que cinco ministros do Supremo Tribunal Federal já se manifestaram pela validade da norma perante a Constituição Federal de 1988. Considerando que resta apenas o voto do Min. Joaquim Barbosa para a conclusão do julgamento, mesmo que este entenda haver Fl. 2185DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 12 inconstitucionalidade, não se formará a maioria absoluta para a declaração de inconstitucionalidade. Significa dizer que o STF pacificará seu entendimento no sentido da compatibilidade do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, com a Constituição Federal. III.2 – O ENTENDIMENTO DA OCDE SOBRE A EFICÁCIA DAS NORMAS CFC EM FACE DOS TRATADOS PARA EVITAR DUPLA TRIBUTAÇÃO (...) Importante esclarecer que a utilização de normas CFC não viola o propósito dos tratados para evitar dupla tributação. Mais especificamente, não há qualquer incompatibilidade entre o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, e o art. 7º do tratado firmado entre o Brasil e o Reino dos Países Baixos. Sobre esse tema, é imprescindível conferir o entendimento da OCDE, uma vez que o tratado entre o Brasil e o Reino dos Países Baixos, para evitar a dupla tributação sobre a renda, seguiu a estrutura da convenção Modelo elaborada pela OCDE: 23. A utilização de ‘companhias de base’ [‘base companies’ em inglês] também pode ser tratada através de normas sobre sociedades controladas no exterior [‘Controlled Foreign Corporations/CFCs’ em inglês]. Um número significativo de países membros e não membros adotou tal legislação. Enquanto o design desse tipo de legislação varia consideravelmente de país para país, um traço comum dessas regras, agora internacionalmente reconhecidas como um instrumento legítimo para proteger a base tributária local, é que elas resultam na tributação, por um Estado Contratante, de seus residentes relativamente à renda proveniente de sua participação em certas entidades estrangeiras. Argumentouse algumas vezes, com base numa determinada interpretação de dispositivos da Convenção tais como o Art. 7º, § 1º, e o Art. 10, § 5º, que esse traço comum da legislação sobre sociedades controladas no exterior estaria em conflito com tais dispositivos. Pelos motivos expostos nos parágrafos 14 dos “Comentários” ao Art. 7º e 37 dos ‘Comentários’ ao Art. 10, tal interpretação não está desacordo com o texto dos dispositivos. A interpretação também não se sustenta quando os dispositivos são lidos em seu contexto. Portanto, enquanto alguns países consideraram útil esclarecer expressamente, em suas convenções, que a legislação das sociedades controladas no exterior não está em conflito com a Convenção, tal esclarecimento não é necessário. Reconhecese que a legislação das sociedades controladas no exterior estruturada dessa forma não é contrária aos dispositivos da Convenção. (destaques não constam no original). Percebese, portanto, que a própria OCDE reconhece que o modelo das regras CFC varia consideravelmente entre os países, ou seja, não há um “padrão único” de legislação CFC. O traço comum desse tipo de regra, conforme registrado nos comentários, é a tributação dos residentes de um Estado Contratante em relação à renda proveniente de sua participação em empresas estrangeiras, característica presente no art. 74 Fl. 2186DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.984 13 da MP nº 2.15835/ 2001. Dessa forma, as regras CFC não estão em conflito com os tratados porque está claro, no âmbito internacional, que cada país pode dispor livremente sobre a base de cálculo do imposto de renda devido pelo residente que investe no exterior, desde que impeça a dupla tributação. Aliás, podese dizer que essa é a regra fundamental para fins de interpretação dos tratados para evitar a dupla tributação, de acordo com a conclusão que está evidenciada no parágrafo 14 dos comentários ao Art. VII da Convenção Modelo da OCDE (tradução livre): 14. O propósito do § 1º é traçar limites ao direito de um Estado Contratante tributar os lucros de empresas situadas em outro Estado Contratante. O parágrafo não limita o direito de um Estado Contratante tributar seus próprios residentes com base nos dispositivos relativos a sociedades controladas no exterior encontrados em sua legislação interna, ainda que tal tributo, imposto a esses residentes, possa ser computado em relação à parte dos lucros de uma empresa residente em outro Estado Contratante atribuída à participação desses residentes nessa empresa. O tributo assim imposto por um Estado sobre seus próprios residentes não reduz os lucros da empresa do outro Estado e não se pode dizer, portanto, que teve por objeto tais lucros (ver também § 23 dos “Comentários” ao art. 1º e §§ 37 a 39 dos “Comentários” ao art. 10). (destaques não constam no original) Diante disso, temse que o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, é autêntica norma CFC e está em perfeita harmonia com o art. 7º do Tratado Brasil Países Baixos. Isso porque aquele dispositivo apenas estabeleceu que os lucros auferidos pelas controladas no exterior consideramse disponibilizados para a controladora brasileira na data do balanço em que tiverem sido apurados. Como os lucros da sociedade estrangeira são imputados à empresa brasileira, não há descumprimento ao Art. 7 do Tratado – afinal, continuará havendo tributação dos lucros disponibilizados à controladora residente no Brasil. Assim, resta comprovada a inaplicabilidade do art. 7º da Convenção Brasil– Reino dos Países Baixos ao caso dos presentes autos. (...) IV – DA NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE PREJUÍZOS FISCAIS A contribuinte ainda questiona o lançamento de crédito tributários relativos aos resultados positivos obtidos pela BRASOIL, sediada nas Ilhas Cayman. O fundamento apresentado pela recorrente, em essência, diz respeito à compensação do resultado positivo da BRASOIL com os prejuízos fiscais acumulados por aquela empresa até o exercício de 2008. Nesse ponto, importante registrar que a DRJ/RJ1 reconheceu que existe o direito à compensação de prejuízos, em observância ao disposto no § Fl. 2187DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 14 2º do art. 4º da IN SRF nº 213, de 2002. Contudo, ressaltou que a apuração do montante de prejuízos deve ser comprovada e que precisa considerar os períodos iniciados a partir do anocalendário de 1996 – nos termos do § 1º do art. 4º da IN SRF nº 213, de 2002. Dessa forma, fica evidente que a controvérsia se resume a uma questão probatória. (...) Diante disso, resta claro que o aproveitamento dos prejuízos fiscais acumulados, para fins de absorção dos resultados positivos da controlada no exterior, exige a pertinente comprovação. Implica dizer que compete ao sujeito passivo demonstrar, por meio de documentação hábil e idônea, que o montante de prejuízos fiscais escriturados na contabilidade efetivamente corresponde aos resultados negativos experimentos pela controlada no exterior. Sem a devida comprovação, não restava alternativa à autoridade administrativa, senão considerar apenas os valores que estavam embasados por documentação válida. Por essa razão, não merece reparos a decisão proferida pela DRJ/RJ1.” É o relatório. Voto Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior. O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por mandatários com poderes para tal, conforme procuração e substabelecimentos a fls. 1530 a 1533, razão pela qual dele conheço. DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO De plano, afasto a preliminar de nulidade suscitada, pois, o Termo de Verificação Fiscal (TVF) apresentar com bastante clareza os fundamentos e conclusões que levaram a Autoridade Fiscal a lavrar os autos de infração em tela. Ademais, como bem apontado nas contrarrazões da PFN, o recorrente, tanto na impugnação como no recurso voluntário, demonstrou ter pleno conhecimento sobre qual o objeto da autuação, os fundamentos legais e doutrinários que envolviam a análise da Fiscalização. Por último, salientese que o fato de a recorrente ter discordado dos pontos defendidos no TVF não podem significar que, só por isso, o TVF era confuso ou que não possibilitava a sua defesa. DA JURISPRUDÊNCIA DO STF No mérito, antes de enfrentarmos as questões, há que se trazer a lume a decisão do Supremo Tribunal Federal na Ação Declaratória de Inconstitucionalidade (ADIn) nº 2.158, se não vejamos como dispõe a sua Ementa: ADI 2588 / DF DISTRITO FEDERAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA Julgamento: 10/04/2013 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe027 DIVULG 07022014 PUBLIC 10022014 EMENT VOL0271901 PP00001 Fl. 2188DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.985 15 Parte(s) REQTE.(S) : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA CNI ADV.(A/S) : GUSTAVO DO AMARAL MARTINS E OUTROS INTDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) : CONGRESSO NACIONAL Ementa: TRIBUTÁRIO. INTERNACIONAL. IMPOSTO DE RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA. PARTICIPAÇÃO DE EMPRESA CONTROLADORA OU COLIGADA NACIONAL NOS LUCROS AUFERIDOS POR PESSOA JURÍDICA CONTROLADA OU COLIGADA SEDIADA NO EXTERIOR. LEGISLAÇÃO QUE CONSIDERA DISPONIBILIZADOS OS LUCROS NA DATA DO BALANÇO EM QUE TIVEREM SIDO APURADOS (“31 DE DEZEMBRO DE CADA ANO”). ALEGADA VIOLAÇÃO DO CONCEITO CONSTITUCIONAL DE RENDA (ART. 143, III DA CONSTITUIÇÃO). APLICAÇÃO DA NOVA METODOLOGIA DE APURAÇÃO DO TRIBUTO PARA A PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS APURADA EM 2001. VIOLAÇÃO DAS REGRAS DA IRRETROATIVIDADE E DA ANTERIORIDADE. MP 2.15835/2001, ART. 74. LEI 5.720/1966, ART. 43, § 2º (LC 104/2000). 1. Ao examinar a constitucionalidade do art. 43, § 2º do CTN e do art. 74 da MP 2.158/2001, o Plenário desta Suprema Corte se dividiu em quatro resultados: 1.1. Inconstitucionalidade incondicional, já que o dia 31 de dezembro de cada ano está dissociado de qualquer ato jurídico ou econômico necessário ao pagamento de participação nos lucros; 1.2. Constitucionalidade incondicional, seja em razão do caráter antielisivo (impedir “planejamento tributário”) ou antievasivo (impedir sonegação) da normatização, ou devido à submissão obrigatória das empresas nacionais investidoras ao Método de de Equivalência Patrimonial – MEP, previsto na Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976, art. 248); 1.3. Inconstitucionalidade condicional, afastada a aplicabilidade dos textos impugnados apenas em relação às empresas coligadas, porquanto as empresas nacionais controladoras teriam plena disponibilidade jurídica e econômica dos lucros auferidos pela empresa estrangeira controlada; 1.4. Inconstitucionalidade condicional, afastada a aplicabilidade do texto impugnado para as empresas controladas ou coligadas sediadas em países de tributação normal, com o objetivo de preservar a função antievasiva da normatização. 2. Orientada pelos pontos comuns às opiniões majoritárias, a composição do resultado reconhece: 2.1. A inaplicabilidade do art. 74 da MP 2.15835 às empresas nacionais coligadas a pessoas jurídicas sediadas em países sem tributação favorecida, ou que não sejam “paraísos fiscais”; 2.2. A aplicabilidade do art. 74 da MP 2.15835 às empresas nacionais controladoras de pessoas jurídicas sediadas em países de tributação favorecida, ou desprovidos de controles societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”, assim definidos em lei); 2.3. A inconstitucionalidade do art. 74 par. ún., da MP 2.15835/2001, de modo que o texto impugnado não pode ser aplicado em relação aos lucros apurados até 31 de dezembro de 2001. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida e julgada parcialmente procedente, para dar interpretação conforme ao art. 74 da MP 2.15835/2001, bem como para declarar a inconstitucionalidade da clausula de retroatividade prevista no art. 74, par. ún., da MP 2.158/2001. Tendo essa decisão do Supremo Tribunal Federal transitado em julgado em 14/08/2014, passou, então, a partir dessa data, a ter efeitos erga omnes e vinculante a todos os órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, por força do disposto no § 2º do art. 102 da CF/88. Fl. 2189DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 16 Assim, tornaramse incontroversas, neste Colegiado, os seguintes pontos: a) que o art. 74 da MP 2.15835/01 não se aplica às empresas nacionais coligadas a pessoas jurídicas sediadas em países sem tributação favorecida, ou que não sejam “paraísos fiscais; b) que o art. 74 da MP 2.15835/01 se aplica às empresas nacionais controladoras de pessoas jurídicas sediadas em países de tributação favorecida, ou desprovidos de controles societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”, assim definidos em lei); e c) que o parágrafo único do art. 74 é inconstituticional. A partir dessas premissas, passemos a analisar o mérito dos lançamentos em tela. DA RECEITA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS DA PNBV No presente caso, temos que a Petrobras Netherlands BV – PNBV é uma controlada da recorrente domiciliada na Holanda, assim, tratase de controlada domiciliada em país sem tributação favorecida. Alerto, primeiramente, a classificação de determinadas jurisdições em regime fiscal privilegiado foi introduzida no nosso ordenamento pelo art. 23 da Lei nº 11.727/08, o qual só entrou em vigor em 01/01/2009 (cf. art. 41, VI, da mesma Lei), ademais, ainda o art. 2º, VI, da IN 1037/10 encontrase com seus efeitos suspensos desde 2010, pelo ADE RFB nº 10/2010, logo, não há nem que se perquirir se a PNBV se enquadraria no conceito de “holding company que não exerça atividade econômica substantiva”. Por sua vez, não há decisão do STF, com efeito erga omnes e vinculante, sobre a aplicação do art. 74 nesta hipótese, controlada fora de “paraíso fiscal”. Todavia, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 541.090/SC1, manifestouse sobre a questão, se não vejamos a sua ementa: Ementa: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LUCROS PROVENIENTES DE INVESTIMENTOS EM EMPRESAS COLIGADAS E CONTROLADAS SEDIADAS NO EXTERIOR. ART. 74 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.15835/2001. 1. No julgamento da ADI 2.588/DF, o STF reconheceu, de modo definitivo, (a) que é legítima a aplicação do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 relativamente a lucros auferidos por empresas controladas localizadas em países com tributação favorecida (= países considerados “paraísos fiscais”); e (b) que não é legítima a sua aplicação relativamente a lucros auferidos por empresas coligadas sediadas em países sem tributação favorecida (= não considerados “paraísos fiscais”). Quanto às demais situações (lucro auferidos por empresas controladas sediadas fora de paraísos fiscais e por empresas coligadas sediadas em paraísos fiscais), não tendo sido obtida maioria absoluta dos votos, o Tribunal considerou constitucional a norma questionada, sem todavia, conferir efeitos erga omnes e vinculantes a essa deliberação. 2. Confirmase, no presente caso, a constitucionalidade da aplicação do caput do art. 74 da referida Medida Provisória relativamente a lucros auferidos por empresa controlada sediada em país que não tem tratamento fiscal favorecido. Todavia, por ofensa aos princípios constitucionais da anterioridade e da 1 O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3678240 Fl. 2190DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.986 17 irretroatividade, afirmase a inconstitucionalidade do seu parágrafo único, que trata dos lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2002. 3. Recurso extraordinário provido, em parte. Assim, embora a decisão acima não tenha efeitos erga omnes e vinculante, como bem apontado na ementa, é constitucional a incidência do art. 74 da MP 2.15835/2001 no caso de controlada situada em país sem tributação favorecida. Ora, isso decorre até mesmo da presunção de constitucionalidade que goza toda Lei, muito mais então, esse art. 74 que passou pelo crivo do STF e, no ponto ora em debate, não houve maioria para declarálo inconstitucional. Vale trazer a lume a lição vetusta, mas sempre atual, de Lúcio Bittencourt ((O Contrôle Jurisdicional da Constitucionalidade, Forense, 1968, 2º edição), quando assim se pronuncia: “A lei, enquanto não declarada pelos tribunais incompatível com a Constituição, é lei não se presume lei é para todos os efeitos. Submete ao seu império tôdas as relações jurídicas a que visa disciplinar e conserva plena e íntegra aquela fôrça formal que a torna irrefragável, segundo a expressão de Otto Mayer. Aliás, em relação à lei, ocorre ainda situação diversa da que se manifesta no tocante aos atos jurídicos públicos ou privados, e que reforça a idéia de sua eficácia enquanto não declarada por via jurisdicional. É que, em relação a ela, existe o princípio da obrigatoriedade, que constitui, dentro de qualquer doutrina de direito público, a garantia e a segurança da ordem jurídica. Sendo a lei obrigatória, por natureza e por definição, não seria possível facilitar a quem quer que fôsse furtarse a obedecerlhes os preceitos sob o pretexto de que a considera contrária à Carta Política. A lei, enquanto não declarada inoperante, não se presume válida: ela é válida, eficaz e obrigatória." Assim, sustento, com base na presunção de constitucionalidade que goza toda lei e, até mesmo com base na Súmula CARF nº 2 (que veda juízo de constitucionalidade de lei por este Colegiado), que o art. 74 da MP 2.15835 aplicase à receita da recorrente sobre a participação nos lucros da PNBV. Todavia, a recorrente coloca que: a) que a DRJ inovou o julgamento ao complementar a motivação que respaldou o auto de infração, ao considerar o art. 74 uma norma antielisiva específica; c) que o art. 74 não é uma norma antielisiva específica nem uma norma CFC; d) que o art. 7º, I, do ADT BrasilHolanda impede a aplicação do art. 74 nesta hipótese; e) que o ADT BrasilHolanda também se aplica à CSLL. Ou se entende que o art. 74 é apenas uma norma que altera o aspecto temporal da hipótese de incidência tributária (o reconhecidmento das receitas de participação nos lucros de investidas no exterior deixa de ser pelo regime de caixa e passa a ser pelo regime Fl. 2191DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 18 de competência) ou que ela é uma norma antielisiva específica (norma CFC que visa impedir o represamento de lucros de investidas no exterior), ou então, as duas coisas. Seja como for, não há falar que tenha o Fisco que demonstrar a elisão fiscal, para que a norma seja aplicável. Com a devida vênia do patrono da recorrente, a única qualificação inaceitável para o art. 74 é de norma antielisiva geral, primeiro, porque ela não veio para obstaculizar toda e qualquer elisão fiscal, segundo, porque ela é destinada especificamente para a situação de represamento de lucros no exterior. Todavia, essa discussão é estéril, pois a norma não condiciona a sua aplicação à demosntração, pelo Fisco, da existência de elisão fiscal. É verdade, que o Ministro Joaquim Barbosa2 , em seu voto no julgamento da ADIn 2588, sustentou que a aplicação do art. 74 dependia da demonstração da evasão fiscal quando a investida não estivesse em “paraíso fiscal”. Nesse ponto, entretanto, o seu voto não prevaleceu, tanto que, nos debates que ocorreram para proclamação do resultado, esse entendimento não foi incluído. Ademais, o Ministro Barbosa ficou vencido, no RE 541.090, quando o STF decidiu sobre a aplicação do art. 74 em caso de controlada fora de paraíso fiscal. No que tange, a alegação de que o ADT BrasilHolanda afasta a aplicação do art. 74 ao caso ora sub examine, trago as seguintes considerações. Primeiramente, quando a lei tributária brasileira fala em tributação dos lucros no exterior, há que se entender, sob a técnica jurídicocontábil que a norma está tratando da tributação da participação da investida no lucro da filial, sucursal, coligada ou controlada domiciliada no exterior, o que para a investidora aqui no Brasil é receita – receita de participação societária. Tanto é assim, que só será tributada no Brasil a receita no montante proporcional à participação da investidora nos lucros da investida no exterior. Ademais, basta compulsar a legislação, para verificar que, salvo os comitentes no exterior, só pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil são contribuintes do IRPJ. Assim, vêse que a contribuinte está confundindo institutos diferentes, quando traz, na sua defesa, a alegação de que o art. 7º, 1., do ADT BrasilHolanda veda a tributação da receita da recorrente sobre a participação nos lucros da controlada na Holanda. Ora, no presente caso, não estamos tratando de lucros auferidos pela empresa sediada na Holanda, mas da receita de participação da investidora brasileira em tais lucros. Além disso, temos que entender que o art. 7º, mencionado pelo recorrente, trata de lucro auferido diretamente por uma PJ em outro país signatário do tratado. A simples leitura dos comentários à convenção modelo da OCDE já deixa claro o alcance do artigo 7º, quando ressalta que este artigo é em muitos aspectos uma continuação do artigo 5°, ou seja, uma continuação do artigo que trata sobre a definição de Estabelecimento Permanente. A função deste dispositivo é apenas uma: dizer que os lucros auferidos por uma empresa domiciliada em um país signatário do Double Taxation Agreement (DTA) não será tributada no outro país signatário, salvo se lá ela tiver um estabelecimento permanente. Ou nas palavras de Alberto Xavier, “o Estado fonte é excepcionalmente autorizado a tributar os resultados das atividades que se exercem no seu território com certa intensidade, corporizada na instalação de um estabelecimento estável”. Tratase assim de dizer que, se uma empresa domiciliada na Holanda auferir lucros no Brasil, esses lucros só poderão ser tributados aqui se esta empresa tiver, no mínimo, um estabelecimento permanente. Ou então, que os lucros auferidos por uma empresa domiciliada no Brasil só serão tributados na Holanda se lá esta empresa tiver, no mínimo, um estabelecimento permanente. Ora, no caso em tela estamos falando de uma empresa domiciliada no Brasil e de suas receitas de participação nos lucros de uma controlada na Holanda. Ou seja, 2 “Se a empresa estrangeira não estiver sediada em um “paraíso fiscal”, a autoridade tributária deve argumentar e provar a evasão fiscal, isto é, a ocultação do fato jurídico tributário ou da obrigação tributária. Essa argumentação e essa prova fazem parte da motivação do ato de constituição do crédito tributário, que deve ser plenamente vinculado.”. Fl. 2192DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.987 19 totalmente inaplicável o art. 7°, pois esse dispositivo só vedaria a tributação, pelo Brasil, de lucros aqui auferidos por empresa holandesa sem estabelcimento permanente no território nacional. Ademais, as “subsidiárias, ao contrário do que sucede com as simples filiais, constituem entidades juridicamente independentes.” (Alberto Xavier, DTI do Brasil, pág. 553). Ou seja, uma subsidiária com personalidade jurídica e atividade própria já não será considerada um estabelecimento permanente ou estável. Agora, mais ainda se estamos falando de coligada ou controlada. Desta forma, quando falamos de coligada ou controlada, estamos falando de outra PJ que aufere lucros e distribui dividendos, razão pela qual, controladora ou coligada no outro país contratante recebe receita de participação nos lucros da investida, ou se quiserem remuneração do capital investido, ou se quiserem dividendos. Razão pela qual no caso presente, inaplicável o art. 7º do ADT BrasilHolanda. Esse meu entendimento encontra amparo no voto do Ministro Teori Zavaski, no RE 611.586/PR, quando assim se manifestou: “Esclareçase que a tributação não está prevista para incidir sobre lucro obtido por empresa situada no exterior, mas, sim, sobre os lucros obtidos por empresa situada no Brasil, provenientes de fonte situada no exterior. Com isso, afastase qualquer alegação de ofensa a Tratado destinado a evitar dupla tributação. Concorre para isso, ademais, a circunstância de que, paralelamente, à tributação em bases universais, a Lei instituiu, no art. 26, um sistema de compensação, a saber:...” Por essas razões, entendo que o art. 7º do ADT BrasilHolanda não veda a tributação da receita de participação da recorrente sobre os lucros da PNBV. No caso da CSLL, somase a tudo quanto antes sustentado o fato de que o ADT BrasilHolanda não seria aplicável. É verdae que é razoável a dúvida se a CSLL não estaria sujeita às normas de ADTs celebrados antes da entrada em vigor da Lei 7.689/88 (que instituiu a CSLL), em razão do seguinte dispositivo neles constante (artigo 2, 3., do ADT BrasilHolanda): “3. A Convenção aplicase também a quaisquer impostos idênticos ou substancialmente semelhantes que forem estabelecidos após a data de sua assinatura, adicionalmente ou em substituição aos impostos mencionados no parágrafo 2. As autoridades competentes dos Estados Contratantes notificarseão mutuamente sobre quaisquer modificações substanciais que ocorram em suas respectivas legislações tributárias. Todavia, no caso em tela, o Estado Brasileiro, a quem compete celebrar os ADTs, não notificou a sua contraparte de que a CSLL passava a compor a relação de tributos visados pelo acordo. Isso não é fruto de esquecimento ou omissão, pois, em outros casos, foi celebrado Protocolo para fazer incluir a CSLL no rol dos tributos visados pelo ADT, como por exemplo, nos ADTs BrasilPortugal e BrasilBélgica. Assim, entendo que somente após a notificação formal do Estado Brasileiro, a CSLL passaria a ser tributo visado pelos ADTs em tela. Somese a isso, o fato de que a ressalva feita pelo Estado Brasileiro ao Parágrafo 2 do Artigo 2 da Convenção Modela da OCDE traduz a vontade do Estado Brasileiro de não alargar o conceito de imposto sobre a renda, para fins de alcance dos ADTS celebrados, se não vejamos o teor da ressalva: Fl. 2193DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 20 6. O Brasil deseja utilizar, em suas convenções, definição de imposto de renda que esteja de acordo com a sua legislação constitucional. Dessa forma, reservase o direito de não incluir o parágrafo 2 em suas convenções. . Em suma, entendo que nada impede que a CSLL passe a ser incluída no rol dos tributos visados no ADT BrasilHolanda, mas, para tanto, há necessidade de o Estado Brasileiro notificar o outro país signatário, pois os ADTs celebrados anteriormente à instituição da CSLL não poderiam lhe ser aplicados automaticamente, sem que as partes anuissem com a inclusão da CSLL entre os impostos visados pelo acordo. Por essas razões, entendo inaplicável o ADT BrasilHolanda à CSLL. Assim, voto por negar provimento ao recurso voluntário, no ponto relativo às receitas de participação da recorrente nos lucros da PNBV. DA RECEITA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS DA BRASOIL Por sua vez, a BRASOIL é uma controlada da recorrente domiciliada nas Ilhas Cayman, jurisdição de tributação favorecida ou/e desprovidos de controles societários e fiscais adequados (art. 1º, XV, da IN 1037/10), razão pela qual é indiscutível, diante do que decidido na ADIn 2588, a aplicação do art. 74 da MP 2.15835/01 à receita da recorrente sobre a participação nos lucros da BRASOIL. Ocorre, porém, que a recorrente alega que compensou o resultado positivo da BRASOIL com os prejuízos fiscais acumulados por aquela empresa até o exercício de 2008, conforme autorizado pelo art. 4º, § 2º, da IN SRF 213/03, já a decisão recorrida afirma que a recorrente não logrou comprovar o montante de prejuízos, considerando os períodos iniciados a partir do anocalendário de 1996 – nos termos do § 1º do art. 4º da IN SRF nº 213, de 2002. Qualquer instrução normativa da Receita Federal que veicule matéria sob reserva legal, na parte em que desbordar da simples literalidade da norma legal de regência, nada mais é do que mera interpretação da administração tributária. Muitas das vezes, as instruções normativas da Receita Federal cumprem, extraordinariamente, a função de Decreto Regulamentador, ao consolidar normas legais esparsas, estruturandoas de forma a tornar mais fácil a consulta pelos diversos operadores do Direito Tributário (auditores, advogados, contadores etc). Isso decorre do fato de que as instruções normativas percorrem um trâmite muito mais célere para sua publicação do que os Decretos, o que as torna mais aptas a acompanharem o dinamismo (volatilidade) das leis tributárias. Todavia, a força normativa dos dispositivos da Instrução Normativa como do Decreto, em matéria sob estrita legalidade (art. 150, I, CF/88), não decorre de tal ato por si só, mas das LEIS que os fundamentam. Assim, tanto o Decreto como a Instrução da RFB só têm força normativa, em matéria sob reserva legal, quando sejam meras transcrições de normas legais em vigor (consolidações de normas legais) ou, quando dispositivos autônomos, estes se enquadrem nos parâmetros hermenêuticos da norma legal de regência da matéria (interpretações). Com efeito, a norma jurídica, em matéria sob estrita legalidade, é apenas aquela veiculada por Lei ou Medida Provisória (observados os limites estabelecidos no § 2º do art. 62 da CF/88). Logo, os dispositivos da Instrução Normativa que desbordam da simples literalidade da norma legal não são normas jurídicas, mas meras interpretações da administração tributária, cabendo, assim, ao intérprete verificar se tal exegese encontra amparo na LEI. Tanto é assim, que o Regimento Interno da RFB (Portaria MF nº 203/2012), no inciso II do seu art. 1º dispõe que é finalidade da Receita Federal do Brasil “interpretar e aplicar a legislação tributária, aduaneira, de custeio previdenciário e correlata, editando os atos normativos e as instruções à sua execução”. Fl. 2194DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.988 21 É verdade que, por força do disposto no art. 13 combinado com o art. 42 da Lei Complementar nº 73/93, este Colegiado é obrigado a observar interpretações exaradas em pareceres da Procuradoria da Fazenda Nacional, quando ratificados pelo Ministro de Estado da Fazenda. Tratase, apenas, de uma regra de competência que não transforma o parecer em norma jurídica, mas apenas em uma interpretação vinculante para os órgãos do Ministério da Fazenda. Da mesma forma, os julgadores da Delegacia de Julgamento da Receita Federal estão vinculados, por uma regra de competência, às interpretações exaradas pelo Secretário da Receita Federal do Brasil, por meio de Atos Declaratórios e Instruções Normativas. Vínculo esse ao qual não está submetido o julgador do CARF, até mesmo porque é função deste Colegiado fazer o juízo de legalidade das interpretações da lei tributária feitas pela RFB. Pelo contrário, as interpretações do CARF é que podem vincular a RFB, uma vez que, por proposta do Presidente do CARF, do Secretário da Receita Federal do Brasil ou do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional ou de Presidente de Confederação representativa de categoria econômica de nível nacional, habilitadas à indicação de conselheiros, o Ministro de Estado da Fazenda poderá atribuir à súmula do CARF efeito vinculante em relação à administração tributária federal (art. 75 do Anexo II da Portaria MF 256/09). Notese, por igual ao já dito, que não se trata de erigir a Súmula CARF à categoria de norma jurídica, mas de mera interpretação da norma tributária vinculante à toda administração. Diante do exposto, entendo que devemos enfrentar a questão central dos autos, ou seja, se o art. 4º da IN SRF 213/02 tem amparo em lei, mas, de plano, já ressalto que ele não encontra amparo ipsis litteris nos dispositivos legais que regem a matéria em tela (tributação da participação nos lucros de controladas no exterior), logo é mera interpretação da Receita Federal, a qual deve ser objeto de juízo de legalidade por parte do julgador deste CARF, mormente por tal questão ser o fundamento da decisão recorrida. Tal análise seria desnecessária se abraçássemos a corrente doutrinária que entende que a Reserva Legal em matéria tributária deve ser observada apenas quando se agrava o ônus do contribuinte. Não me alinho a tal entendimento, pois, se o art. 150, I, da CF/88 fala apenas em instituição e majoração de tributo, o seu § 6º amplia as matérias tributárias sob reserva legal, para alcançar também, entre outras, a redução de base de cálculo. Logo, tudo antes abordado sobre os limites das normas infralegais em matéria sob reserva legal se aplica também quando as instruções normativas e os decretos estão reduzindo o ônus tributário do contribuinte. Não obstante o art. 25 da Lei 9.249/95, que introduziu a tributação em bases universais no nosso ordenamento jurídico, fale em lucros apurados no exterior, em verdade, a investidora no Brasil apura uma receita de participação nos lucros da investida domiciliada no exterior, como antes já debatido à exaustão. Notese que o ordenamento jurídico brasileiro pode até tributar as receitas auferidas no exterior por uma empresa domiciliada no Brasil, mas jamais poderá tributar os lucros auferidos no exterior por uma empresa também domiciliada no exterior. Isso porque se faz necessário que determinado elemento normativo estabeleça um liame entre a situação descrita e o ordenamento jurídico que lhe será aplicável. Esse elemento normativo denominase elemento de conexão, o qual pode ser definido como “normas que indicam o direito aplicável às diversas situações jurídicas conectadas a mais de um sistema legal”3. Os mais comuns elementos de conexão são a residência e a fonte produtora da renda, mas o Direito Tributário pátrio adota ainda o critério da fonte pagadora. Por essas razões, deve 3 DOLINGER, JACOB. Direito Internacional Privado, Renovar, p. 261. Fl. 2195DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 22 se tomar o termo “lucros” no art. 25 da Lei 9.249/95 como de receitas de investidoras brasileiras decorrente da sua participação nos lucros de investidas residentes no exterior. Ora, assim sendo, o que o art. 74 da MP 2.15835/01 alterou foi o regime de reconhecimento dessa receita de participação nos lucros quando a controlada no exterior for avaliada pela equivalência patrimonial, se não vejamos o que se segue. Notese que, se a investida no exterior é avaliada pelo custo de aquisição, a receita de participação sobre tais lucros só impactará os resultados tributáveis da investidora no Brasil quando efetivamente distribuídos, o que significa dizer que, nesta hipótese, a receita é reconhecida pelo regime de caixa, pois depende de sua realização financeira. Por sua vez, a participação nos lucros da controlada avaliada pelo MEP impacta os resultados tributáveis da controladora no Brasil no momento em que o investimento é avaliado para fins de demonstrações financeiras, antes mesmo de qualquer distribuição, razão pela qual, há uma reconhecimento pelo regime de competência, no qual a realização financeira da receita é irrelevante. Por sua vez, se uma investida no exterior, avaliada pelo custo de aquisição, experimenta um prejuízo contábil, tal resultado não impactará o resultado tributável da investidora no Brasil. A possibilidade dela, posteriormente, distribuir lucros do exercício sem compensar prejuízos acumulados dependerá do que dispuser a lei do país de sua residência. Assim sendo e à míngua de qualquer lei que o fundamente, há que se indagar por que o art. 4º da IN SRF 213/02 previu a possibilidade de que prejuízos de controladas no exterior (avaliadas pelo MEP) pudessem impactar o resultado tributável das controladoras no Brasil? É certo que o legislador do DL 1.598/77 criou tratamento tributário diferenciado no caso de alienação de investidas no exterior, já que, para fins de apuração do ganho de capital, o custo de aquisição do investimento avaliado pelo MEP se modifica a medida em que o patrimônio líquido da investida se altera. Ora, a lei pode estabelecer essa diferenciação e o fez, mas tal não poderia ter sido feito por atos infralegais. Na situação em tela, o art. 4º da IN SRF 213/02 criou, sem base legal, ao mesmo tempo, um elemento redutor da base de cálculo do IRPJ e CSLL e um tratamento diferenciado no caso de investida avaliada pelo MEP, razão pela qual entendo que a interpretação da Receita Federal, albergada no art. 4º, extrapola os parâmetros hermenêuticos das normas legais que regem a matéria e, por isso, não é uma intepretação razoável do quadro normativo legal. Assim, se não pode o AuditorFiscal nem a DRJ fazer juízo de legalidade de instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal, cabe ao CARF fazêlo. Certamente que, neste controle de legalidade, não pode o CARF alterar o critério jurídico do lançamento. No entanto, no presente caso, toda a discussão sobre compensação de prejuízos foi trazida pela recorrente em resposta a intimações, já que o auto de infração se fundamentou apenas na falta de adição ao lucro líquido de resultados auferidos no exterior, se não vejamos a descrição dos fatos e o enquadramento legal: “001 – ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR Ausência de adição ao lucro líquido do período, na determinação do Lucro Real, dos resultados positivos auferidos no exterior, através das controladas Petrobrás controladas: Netherlands B. V., domiciliadas na Holanda, e Braspetro Oil Services Company, domiciliada nas Ilhas Cayman. (...) Fl. 2196DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.989 23 ENQUADRAMENTO LEGAL Arts. 43 e 143 do CTN com redação dada pela LC 104/2001; Art.25, §§ 2º e 3º, e art. 26 da Lei nº 9.249/95; Art. 16 da Lei nº 9.430/96; Arts. 249, inciso II, 394 e 395, do RIR/99; Arts. 21 e 74 da MP 2.15835/01, além daquelas mencionadas no Termo de verificação Fiscal em anexo.” Observo que o enquadramento legal, não faz qualquer referência a IN SRF 213/02. Assim, estamos apenas contestando um argumento de defesa por outro fundamento, mas não estamos alterando o critério jurídico do lançamento. Aplico, porém, o art. 100, inciso I c/c o parágrafo único, do CTN, para excluir a multa de ofício e os juros de mora sobre o IRPJ e a CSLL incidentes sobre a receita de participação nos resultados da BRASOIL (R$ 41.132.428,88), pois entendo que, ao refutar o argumento de defesa, o Termo de Verificação Fiscal se equivoca ao concluir pela não existência de prejuízos a compensar, tãosomente porque existia lucros acumulados em 31/12/2008. Os prejuízos apurados em períodos anteriores podem reduzir o saldo da conta de lucros acumulados, mas, nem por isso, na sistemática ilegal criada pela IN SRF 213, eles deixariam de ser compensáveis. Assim, entendo que não restou provado que a recorrente não tenha observado a ilegal Instrução Normativa SRF 213/02, razão pela qual, há que se aplicar, na espécie, o inciso I c/c o parágrafo único do art. 100 do CTN. Vale ainda salientar que a ilegalidade do art. 4º, § 2º, da IN SRF 213/02 ficou ainda mais patente quando houve a necessidade de a Lei 12.973/14 trazer, no seu texto esta disposição (art. 77, § 2º). Ora, se esta compensação já tinha base legal, por que houve necessidade de o art. 77, § 2º, da Lei 12.973/14 dispor sobre ela? Como houve pequena alteração do que dispunha o art. 4º da IN 213, perguntase, qual a norma legal que foi expressa ou tacitamente revogada em virtude da entrada em vigor do art. 77, § 2º, da Lei 12.973/14? As respostas a essas perguntas deixam claro que a IN 213/02 inovou no ordenamento jurídico pátrio em matéria sob reserva legal. Em verdade, a IN SRF 213/02 é um rosário de ilegalidades. DO RECURSO DE OFÍCIO. O acordão recorrido cancelou créditos tributários acima do limite de alçada, razão pela qual, conheço do recurso de ofício. As únicas matérias postas em julgamento, neste recurso de ofício, são referentes ao ao item 002 do auto de infração do IRPJ a fls. 1193, ou seja, ao lançamento da multa isolada com fundamento no art. 44, inciso II, “b”, da Lei 9.430/97, com redação dada pela Lei 11.488/07, bem como, ao lançamento correlato no item 001 do auto de infração da CSLL a fls. 1206. Ao me pronunciar, na Sessão de Julgamento, favoravelmente a incidência cumulativa da multa isolada em tela com a multa de ofício, fui alertado sobre a recentíssima publicação da Súmula CARF nº 105 que determina o cancelamento da multa lançada com base neste dispositivo legal, se não vejamos: Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de Fl. 2197DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 24 ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Por outro lado, no presente caso, há uma razão mais para se negar provimento ao recurso de ofício, pois tem razão a decisão recorrida quando afirma que ocorreu um equívoco na forma de cálculo da multa isolada, pois, ao invés de recompor a base estimada do mês de dezembro, e aplicar a penalidade sobre o valor da eventual estimativa que deixou de ser recolhida, o AuditorFiscal calculou a multa diretamente,sobre o IRPJ e a CSLL devidos, sendo que, se adotado o procedimento de cálculo correto, verifica‐se que, mesmo com a adição dos lucros auferidos no exterior, a Interessada não tem nenhum valor de estimativa a pagar no mês de dezembro de 2008. Em face do exposto, voto por: a) negar provimento ao recurso de ofício; e b) dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir apenas a incidência da multa de ofício e dos juros de mora sobre o IRPJ e a CSLL incidentes sobre a base tributável no valor de R$ 41.132.428,88 (constante do item 001 do auto de infração do IRPJ e da CSLL). Alberto Pinto Souza Junior Relator Declaração de Voto Conselheiro Eduardo de Andrade Neste julgado, manifestou o ilustre Conselheiro Relator Alberto Pinto Souza Junior seu posicionamento no sentido de que, pelo método da equivalência patrimonial, há um reconhecimento pelo regime de competência da receita de participação nos lucros da investida, garantindo a legalidade do lançamento. Não obstante o brilho do voto proferido, acompanheio pelas conclusões, tão somente por divergir quanto ao fundamento jurídico para aceitar a manutenção do lançamento, vez que para mim, a disponibilização ficta do lucro impõe o reconhecimento da transferência de sua propriedade, para o fim de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o que acarreta, conseqüentemente, o afastamento da aplicação do §1º do art. 7º da Convenção Brasil Países Baixos destinada a evitar a Dupla Tributação e a Evasão. Neste sentido, peço venia para transcrever excerto do meu voto proferido no PA 11052.000921/201063, no qual tais razões são melhor expostas. b) Constitucionalidade do art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 Embora não haja dever de reprodução de decisão de mérito proferida pelo STF, a constitucionalidade do art. 74, por violação do conceito de renda, não poderia ser apreciada por este colegiado, nos termos da Súmula Carf nº 02, verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Tomo, assim, como dado e não como matéria posta à apreciação, a constitucionalidade do art. 74 para o caso vertente, posto tratarse de dispositivo de Fl. 2198DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.990 25 lei vigente, com aplicação ao caso, em especial, após ter sido mantido pelo STF no julgamento da ADI nº 2588, e aplicado no caso do julgamento proferido no RE nº 541.090/SC. A recorrente, contudo, aduz que seu inconformismo não é relativo à inconstitucionalidade do art. 74 da MP 215835/2001, mas jaz no fato de que tanto o art. 25 da Lei nº 9.249/95 quanto o art. 74 da MP 2.15835/2001, ao efetuarem a tributação automática do lucro apurado pelas controladas e coligadas no exterior, independentemente de sua distribuição, por meio de uma ficção, tentam criar (mas não conseguem) uma aparência de compatibilidade com o art. 43 (fls.1689). Daí, entende que o imposto brasileiro veio atingir a renda que não é da própria sociedade brasileira, mas renda de titularidade jurídica de sociedades estrangeiras independentes, caracterizandose como um sistema de tributação extraterritorial ou de ultraterritorialidade ofensiva (fl. 1688). c) Acréscimo patrimonial e poder de dispor Nossa legislação acolhe o princípio da capacidade contributiva. Os impostos devem ser graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, e sempre que possível terão caráter pessoal. Assim, renda de terceiro não pode ser colhida como hipótese de incidência do IRPJ de uma certa pessoa jurídica sem que ingresse no seu patrimônio. O traço marcante que determina o acréscimo patrimonial é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica, verbis: Código Tributário Nacional Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;(grifos nossos) A propriedade de coisa móvel é transmitida pela tradição e requer a presença de dois requisitos: a) acordo das partes, no sentido de transferir a propriedade; b) execução desse acordo mediante a entrega da coisa 4. Tratandose de lucros, seriam, respectivamente, o ato jurídico que perfaz a distribuição do lucro ao acionista (deliberação da assembléia, que cria um título jurídico para o acionista: disponibilidade jurídica) e o pagamento (disponibilidade econômica). Para que a transmissão do domínio sobre os valores monetários relativos aos lucros possase denominar distribuição de lucros é, portanto, essencial a existência da disponibilidade jurídica, obtida por título representativo do ato societário pelo qual os acionistas deliberam a distribuição dos lucros, não bastando a mera transferência dos valores a eles relativos. Bulhões Pedreira5, neste diapasão, preleciona que a definição de lucro distribuído pela pessoa jurídica é integrada por três elementos: a) distribuição, caracterizada por uma transferência a terceiros; b) origem dos lucros, pois a pessoa jurídica transfere os lucros à conta de lucros realizados no exercício ou de lucros acumulados no passado; e c) causa do pagamento, porquanto a transferência não se dá a título de doação nem constitui contraprestação de bem ou serviço recebido, mas é pagamento da participação do 4 MONTEIRO, Washington de Barros; MALUF, Carlos Alberto Dabus. Curso de Direito Civil, 3: Direito das Coisas. 42ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p.243. 5 BULHÕES PEDREIRA, José Luis. Imposto de Renda.Rio de Janeiro: APEC Editora, 1969, pp.71, 74, 725. Fl. 2199DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 26 beneficiário nos seus resultados, em virtude da qualidade de sócio ou de outra relação que lhe dá direito a essa participação. Ao cuidar da distribuição, Bulhões Pedreira6 deixanos implícita sua convicção no sentido de que ela se dá com a criação para o acionista de um direito incondicional ao recebimento, ao enfatizar que: A distribuição não implica pagamento ou tradição de bens. Pode completarse pela criação, para os beneficiários, do direito incondicional ao recebimento do rendimento.(grifo nosso) Adiante, ao reforçar esta conclusão, aduz que7: Para que haja distribuição é indispensável que a deliberação, quer da assembléia, quer do órgão da administração da companhia, seja incondicional, no sentido de criar para o acionista o direito ao recebimento do dividendo.(grifo nosso) É a deliberação assemblear que dá nascimento ao título jurídico que implicará a distribuição do lucro, verbis: Lei das SA – (Lei nº 6.404/76) Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléiageral para: I ... II deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; Código Civil (Lei 1.406/2002) Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei ou no contrato: IV o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato; Ou seja: ainda que não transferido o lucro por pagamento, criado este direito incondicional pela ata da assembléia, embora não tenha ainda havido transmissão da propriedade dos valores (ausência, ainda, de tradição), há já um direito de crédito relativo a tais valores, detido pelos acionistas contra a companhia, o qual é representativo da aquisição de disponibilidade jurídica já auferida, e é bastante para acrescer seus patrimônios, e, portanto, ser colhido, pelo menos em tese, como hipótese de incidência do imposto sobre a renda e CSLL, nos estritos termos do art. 43 do CTN. Na mesma linha, Rubens Gomes de Sousa8 afirma que a comissão de 1964 julgou mais adequado dar ênfase ao requisito da aquisição da disponibilidade, mas nem por isso o requisito de tratarse de riqueza nova foi repudiado, já que está implícito no conceito de disponibilidade, como também no fato de que a renda é um “produto” do capital, trabalho ou da combinação de ambos e no fato de que os proventos de qualquer natureza são os “acréscimos patrimoniais” não compreendidos no inciso anterior. 6 Op.Cit., p. 74. 7 Op.Cit., p.725. 8 SOUSA, RUBENS GOMES. Pareceres1 Imposto de Renda.Edição Póstuma. São Paulo: Editora Resenha Tributária, 1975, p.7071. Fl. 2200DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.991 27 Rubens9, então, logo adiante, cuida da diferença entre a disponibilidade econômica e disponibilidade jurídica. Para ele: [...] na linguagem de todos os autores que trataram do assunto, “disponibilidade econômica” corresponde a “rendimento (ou provento) realizado”, isto é, dinheiro em caixa. E “disponibilidade jurídica”, correspondente a “rendimento (ou provento) adquirido, isto é, ao qual o beneficiário tem título jurídico que lhe permite obter a respectiva realização em dinheiro (p.ex., o juro ou o dividendo creditados). Assim, a disponibilidade “econômica” inclui a “jurídica”; a recíproca não é verdadeira, mas, pelo art. 43, qualquer das duas hipóteses basta para configurar o fato gerador do imposto.(grifos nossos) De se ver, pois, na linha do quanto aqui discutido, em especial as lições de Bulhões Pedreira e de Rubens Gomes de Sousa, que ao falar em lucro disponibilizado, estamos cuidando da aquisição tanto de disponibilidade jurídica de renda, porquanto não há forma de distribuição de lucro independentemente do respectivo título jurídico que se existir, será a conta de mútuo e não de lucro distribuído bem como de disponibilidade econômica, pois antes dela não há tradição, e, portanto, não há transmissão do domínio. Antes disso, o acionista poderá negociar o direito de crédito relativo aos lucros; não, porém, os lucros propriamente, posto não adquirida ainda sua propriedade. Assim, antes disto, não possui direito de dispor sobre eles, e tal lucro não está disponibilizado. Notase, assim, a genialidade da construção do art. 43 do CTN, que, ao desmembrar um dos elementos da propriedade, a saber, o dispor, em disponibilidade jurídica e disponibilidade econômica, permite em tese a tributação do lucro antes mesmo de transmitida a propriedade dos valores a ele relativos, pela aquisição do direito de crédito contra tais valores. Por outro lado, a aquisição do direito de crédito impede que a tributação ofenda o princípio da capacidade contributiva. d) Domínio e direito de dispor da coisa Washington de Barros Monteiro10 assevera que os elementos constitutivos da propriedade (jus utendi, fruendi et abutendi) são autônomos, não se confundindo uns com os outros. Dizse plena a propriedade quando todos se acham reunidos em favor de um único titular; quando, porém, se desmembra um dos atributos, erigido em direito real autônomo e conferido a outrem, conservando os demais o proprietário, a propriedade é limitada. Esta concepção é acolhida pela nossa lei civil, verbis: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavêla do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.(grifo nosso) Vejase que embora a ficção da disponibilização na data do balanço não cuide de desmembramento do direito de propriedade, é possível em tese desmembrarse a propriedade, v.g., por meio da posse. Mas tal desmembramento somente é possível com relação aos direitos de usar e fruir da coisa. O direito de dispor, na sua integralidade, não pode ser desmembrado da propriedade, porquanto somente o proprietário pode alienar a coisa. Assim, se há o direito de dispor, há propriedade, e se há propriedade, há o direito de dispor da coisa. 9 Op.Cit., p.71. 10 MONTEIRO, W.B.; MALUF, C.A.D. Curso de Direito Civil. Direito das Coisas. 42ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 24. Fl. 2201DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 28 Notese, contudo, que nem mesmo o desmembramento do dispor em dispor jurídico e dispor econômico, provoca esta cisão, pois somente uma das duas parcelas pode ser segregada do titular sem que haja transmissão da propriedade. Havendo cumulação de ambas, e, portanto, do direito de dispor numa outra pessoa, física ou jurídica, impõese falar em transmissão do domínio. No esteio desta argumentação segue a positivação da nossa lei civil, que impede os efeitos da alienação quando feita por não proprietário: Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boafé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.(grifo nosso) De acordo com Washington de Barros Monteiro11 só o dominus tem qualidade ou legitimação para efetuála. Se o tradens não é proprietário, a tradição despirseá de significação jurídica. Alienação realizada por quem não é dono configura crime de estelionato, previsto no art. 171, §2º, n.I, do Código Penal. Assim, na dicção pura da lei civil, o direito de dispor é indicativo da propriedade, podendose dizer da propriedade quando íntegra a faculdade de dispor, ou seja, quando disponibilidade econômica e jurídica estejam reunidas na mesma pessoa (e mesmo quando não reunidos, em algumas hipóteses, como quando já ocorrida a tradição ficta pelo emprego dos valores em favor de terceiros indicados pelo acionista). e) O papel cumprido pelo art. 74 da MP 215835/2001 Dispõe o art. 74 da MP nº 2.15835/2001 que: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento. (grifos nossos) Ora, necessário é, antes de analisar os efeitos de tal dispositivo no caso vertente, verificar qual papel cumpre este preceito. Como dissemos, nos termos do art. 43, I, do CTN, o imposto sobre a renda e proventos, relativamente ao lucro, tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica ...do produto do capital (pois o lucro é produto do capital). É a aquisição de uma de qualquer das duas partes de um dos atributos da propriedade (o atributo de dispor da coisa) – disponibilidade jurídica ou disponibilidade econômica e não da propriedade em si, que foi eleita como hipótese de incidência do tributo. E de acordo com o §2º deste mesmo artigo, na hipótese de receita ou de rendimento oriundo do exterior, a lei estabelecerá o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. De se ver que este preceito já nasceu incompleto, como norma em branco, ao se referir a norma posterior reguladora. Por outro lado, cuida da faculdade de dispor de forma completa, ao aplicar a expressão disponibilidade sem os complementos estabelecidos no art. 43 do CTN. 11 Idem. Ibidem, p.247. Fl. 2202DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.992 29 Fechando a lacuna, o art. 74 da MP 2.15835/01 nasce cumprindo desde logo um papel antielisivo, prescrevendo que para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL [...] os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados. A natureza antielisiva exsurge do rompimento abrupto com a realidade que o preceito impõe, em especial no que tange à aquisição da disponibilidade jurídica e econômica dos lucros (e conseqüentemente, no que tange à transmissão da propriedade deles), expediente típico das presunções e ficções produzidas com esta finalidade. O caráter antielisivo da norma em comento ou como sustentaram tanto o acórdão recorrido quanto a douta PGFN, nas contrarrazões o caráter de norma CFC (Controlled Foreign Companies) também se verifica por sua redação, que visa a impedir o diferimento da tributação dos lucros auferidos no exterior por controladas ou coligadas. Por oportuno, reproduzo as palavras dos Procuradores Moisés de Sousa e Paulo Riscado Junior, citadas nas contrarrazões (fl.2014/2015): Anteriormente à edição da Medida Provisória nº 2.15835/2001, a tributação dos lucros auferidos por empresas controladas ou coligadas no exterior ocorria no momento do seu pagamento ou crédito ao investidos brasileiro, na forma do art. 1º da Lei nº 9.532/97. Em outras palavras, a legislação nacional adotava a técnica do diferimento (diferral), vale dizer, os lucros não eram tributados no instante da sua apuração pelas subsidiárias no exterior, mas no momento da posterior distribuição à empresa brasileira. No entanto, essa sistemática se mostrou ineficaz para a tributação universal, na medida em que o pagamento do imposto era postergado ao arbítrio da investidora brasileira, notadamente naqueles casos em que estava presente a relação de controle. Assim, diversas empresas evitavam a incidência de IRPJ e CSLL mediante a simples manutenção dos lucros no patrimônio das controladas, por prazo indefinido. No intuito de contornar essa situação, veio a lume o art. 74 da MP nº 2.15835/ 2001. Fundamentado na avaliação do investimento em controladas e coligadas pelo método da equivalência patrimonial, o dispositivo legal eliminou o diferimento, antecipando a tributação para o momento da apuração dos lucros nos balanços das subsidiárias no exterior. A citação de Luís Eduardo Schoueri feita no acórdão recorrido expõe posição neste mesmo diapasão, vejamos: “Não é difícil determinar o objetivo pretendido pelo artigo 74 da MP 2.15835, que, como revelado, já estava presente desde a edição da Lei nº 9.249/95: pretendeu o legislador obstar a alocação dos lucros de residentes brasileiros em países de diminuta carga tributária, destacadamente, os paraísos fiscais, bem como impedir a prática do deferral (diferimento da tributação) desses lucros sob o escudo de jurisdição estrangeira.” Vejo, assim, que o apelo antielisivo do art. 74 da MP 215835/2001 está na base da justificação da adoção da ficção legal criada, por dificultar planejamentos fiscais e o diferimento indeterminado da tributação dos lucros auferidos no exterior, e somente isso poderia justificar a negação da realidade pela ficção, no que tange à Fl. 2203DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 30 aquisição da disponibilidade dos lucros, para uma específica finalidade, a de tributarse o IRPJ e a CSLL. f) a ficção da “disponibilização na data do balanço” e seus efeitos Como dissemos, a ficção da “disponibilização na data do balanço” nega a realidade, criando outra. Além disso, ela se autolimita (para fim de determinar a base de cálculo do imposto de renda e da CSLL). A ficção para todos os efeitos que não o tributário não desmembra nem sequer transmite a propriedade. Não há tradição, não havendo acordo das partes, no sentido de transferir a propriedade dos lucros, e muito menos sua efetiva entrega. Em outras palavras, a disponibilidade da coisa, tal qual prevista na lei civil, é adquirida juntamente com sua propriedade, com a criação do título que confere direito incondicional à distribuição, e sua efetiva entrega, e não com a publicação do balanço. Do confronto, seguese que a ficção da disponibilização na data do balanço, para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, por força legal e somente para o fim acima derroga a lei civil no que tange ao momento em que os lucros são efetivamente disponibilizados, sendo ilustrativa do poder construtivo de realidades do Direito, em especial após o dispositivo legal mencionado ter sido chancelado pela Suprema Corte do país em Ação Direta de Inconstitucionalidade. Esta idéia fica muito clara ao observarmos o voto do Min. Joaquim Barbosa na ADI nº 2588. Vejamos: Para responder a ambas as questões, inicio com uma constatação bastante simples: inexiste qualquer relação necessária entre o dia 31 de dezembro de cada ano e a disponibilização de recursos provenientes de participações nos lucros e nos resultados de investimentos. Nem mesmo os tortuosos jogos de palavras com as expressões “disponibilidade econômica” e “disponibilidade jurídica” são capazes de escamotear essa dissociação. Assim, embora a disponibilização na data do balanço seja mera ficção, para o fim de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, nos termos da legislação vigente, ela há de ser vista como verdade insofismável, e neste sentido, sob este pano de fundo, é que também devem ser estabelecidas as conexões com o Ordenamento. Vejase que isto já era previsto pelo §2º do art. 43 do CTN (incluído pela LC nº 104/2001), ao mencionar “as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade”. Evidentemente, ao criar uma nova realidade, a ficção não pode reconstruir todo o Direito, devendose limitar à específica derrogação promovida. Assim, para efeitos tributários, se houve disponibilização, mesmo que ficta, então, por razão lógica, o lucro há de ser considerado de propriedade da controladora ou coligada no Brasil, porquanto o poder de dispor é indicativo da propriedade e dela inseparável. E isto não restou derrogado pela ficção. Neste sentido, vendose o fenômeno sob a perspectiva de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, considerar havida a transmissão da propriedade é conseqüência lógica da adoção da premissa constituída pelo acatamento da disponibilização na data do balanço, sob pena de violação do princípio lógico da identidade. Sob outro enfoque, ainda, não há texto sem contexto. E, assim, a disponibilização ficta, indicativa da aquisição do direito de dispor (texto), há de ser considerada no contexto das mansas e pacíficas lições de direito civil, pelas quais o direito de dispor é indicativo da propriedade. Fl. 2204DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.993 31 A tese contrária, alegada pela recorrente, chega a uma contradição, pois promove exatamente esta dissociação, ou seja, aceita a disponibilização, tal qual dispõe o art. 74, e não aceita os efeitos da disponibilização, em especial a aquisição da propriedade sobre o lucro. Assim, ao dissolver o indissolúvel, e, portanto, a meu ver, ao adotar uma premissa incorreta, chega a uma conclusão de aparente conflito de normas (art. 74, MP 2.15835/01 versus art. 7º, do Tratado) que em verdade não existe. O raciocínio é, pois, com a devida venia, incorreto, embora psicologicamente persuasivo. E o erro é plenamente escusável, pois ao que tudo parece o lucro tributado é da controlada/coligada no exterior. Mas a materialidade e a sujeição passiva recaem sobre a controladora/coligada no Brasil, de acordo com as construções jurídicas que foram erigidas e abonadas pela Excelsa Corte. Assim, na linha do raciocínio acima, para efeito de apurarse a base de cálculo do IRPJ e CSLL, os lucros, após a disponibilização, consideramse ingressados no domínio jurídico da controladora ou coligada residente no Brasil, deixando – ainda que por ficção de pertencer ao domínio jurídico da controlada ou coligada no exterior, e, portanto, a partir deste momento, não há falar em tributação dos lucros da entidade alienígena. g) A convenção BrasilHolanda destinada a evitar a dupla tributação e a prevenir a evasão fiscal Com assento na tese de que a tributação, nos termos dos art. 25 da Lei nº 9.249/95 e art. 74 da MP 2.15835/2001 se dá sobre o lucro das controladas ou coligadas no exterior a recorrente alega que há de ser aplicado, então, o art. 7º, §1º, do Tratado, que estabelece que: 1. Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante só são tributáveis nesse Estado; a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante, por meio de um estabelecimento permanente ali situado. Se a empresa exerce suas atividades na forma indicada, seus lucros podem ser tributados no outro Estado, mas unicamente na medida em que forem atribuíveis àquele estabelecimento permanente. Ou seja, inexistindo estabelecimento permanente, o Brasil não poderia tributar o lucro obtido por uma empresa na Holanda o qual somente poderia lá sofrer tributação da renda (competência exclusiva). Contudo, sob o ângulo estritamente fiscal, a aquisição da disponibilidade sobre o lucro pela disponibilização ficta, ao ser necessariamente acompanhada pela transmissão da propriedade implica, naturalmente, a perda da propriedade da controlada no exterior sobre o lucro, fazendo com que a tributação recaia sobre o lucro da pessoa jurídica domiciliada no Brasil. Este, portanto, com a natureza de dividendo, passa a atrair a aplicação do art. 10 do Tratado (tributação de dividendos) e não do art. 7º (tributação do lucro da pessoa jurídica domiciliada na Holanda). Estabelecido isto, cumpre concluir que, desta forma, está correto o emprego do §1º do art. 10 do Tratado, que assim prescreve: 1. Os dividendos pagos por uma sociedade residente em um Estado Contratante a um residente no outro Estado Contratante podem ser tributados nesse outro Estado. Não há falar, também, em desconsideração da personalidade jurídica. Tal hipótese, além de não ocorrer, é desnecessária, em face do poder que a disponibilização ficta confere, ao permitir a tributação dos lucros já disponibilizados pelo balanço para a controladora no Brasil. Nos termos expostos por Luís Eduardo Schoueri (“Imposto de Renda e os Lucros Auferidos no Exterior”, in Grandes Fl. 2205DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 32 Questões Atuais do Direito Tributário, 7º Volume. Coord. Valdir de Oliveira Rocha. São Paulo: Dialética, 2003 – p. 308309) e reproduzidos no acórdão recorrido, trata se muito mais de semelhança com a figura da “sociedade transparente” do que de desconsideração de personalidade jurídica, vejamos: “Há um empenho mundial no sentido de inibir o diferimento (deferral) da tributação dos lucros mediante o emprego de mecanismos que impedem a alocação dos lucros em países de baixa tributação. Mecanismos dessa natureza estão presentes destacadamente na legislação relativa às Controlled Foreign Corporations. Datam de 1962, nos Estados Unidos (US Subpart F), as medidas tendentes a combater a evasão fiscal em patamares internacionais por meio das CFCs, quando então buscouse limitar o tax deferral de algumas entidades nãoresidentes calculando seus lucros diretamente na pessoa dos sócios e compelindoos a incluir os lucros dessas entidades na sua base tributável, tivessem ou não sido distribuídos. Posteriormente, medidas semelhantes vieram a ser adotadas pela grande maioria dos países integrantes da OCDE, preocupados pelo fato da alta carga tributária de seus países estar ocasionando o fenômeno da migração de capital, alocação de lucro e deferral, sob o resguardo de jurisdição estrangeira. Nesse sentido, foi desenvolvida uma legislação que, à semelhança da figura da desconsideração da pessoa jurídica (embora com ela não se confunda), qualifica as sociedades em "sociedades transparentes" e "sociedades nãotransparentes", submetendoas a regimes fiscais diversos. A caracterização de uma sociedade em transparente e nãotransparente pode se dar em virtude de sua natureza societária, como sucede no caso das partnerships ou das filiais, ou ainda, para o caso das controladas ou coligadas, como medida visando o combate à evasão fiscal. Em consonância com a legislação que busca coibir a utilização das CFCs como instrumento evasivo, classificandoas como "sociedades transparentes", imputamse ao sócio ou proprietário da entidade nãoresidente, para fins tributários, os lucros da sociedade como se essa não existisse, como se fosse "transparente" ou uma passthrough entity.” h) inaplicabilidade do art. 98 do CTN Afastada a antinomia, não há falar na possibilidade de o art. 7º do Tratado derrogar, ex vi do art. 98 do CTN, o art. 74 da MP nº 2.15835/01. Ambos podem coexistir e irradiar efeitos em harmonia. O art. 7º, §1º, do Tratado cuida tão somente de competência tributária do Ente tributante em cujo território está sediada a empresa para tributar lucros. Ele não estabelece momento nem condições para a disponibilização dos lucros, hipótese em que poderia suscitar antinomia com o art. 74 da MP nº 2.15835/01, atraindo a aplicação do art. 98 do CTN. Se (por ficção) os lucros foram disponibilizados já não mais estão no domínio da controlada na Holanda. É a disponibilidade que define, para o fim tributário, a localização e a propriedade dos lucros. Assim, impossível se invocar o art. 7º do Tratado. Relativamente à critica pelo uso de uma legislação CFC, quando, no entender da recorrente PETROBRAS, a PNBV reúne condições para gozar da proteção do tratado, vale dizer que o fato da legislação brasileira ser de maior amplitude anti Fl. 2206DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 16682.720429/201277 Acórdão n.º 1302001.629 S1C3T2 Fl. 1.994 33 elisiva não lhe inviabiliza. O país goza de soberania e pode dispor de sua competência legislativa, independentemente do que prescrevem as legislações CFC de outras nações ou mesma a própria OCDE, da qual, inclusive, o Brasil não faz parte. i) A base de cálculo e a propriedade dos lucros No que tange à alegação de que o §7º do art. 1º da IN nº 213/02 determina a disponibilização do valor integral apurado, antes mesmo de descontados os impostos pagos no país de domicílio da controlada ou coligada estrangeira, vale dizer que tratase de mera técnica de arrecadação, porquanto o tributo pago no exterior é compensado com aquele devido pela integração do lucro auferido no exterior na base de cálculo da pessoa jurídica aqui domiciliada, consoante dispõe o art. 25 da Lei nº 9.249/95, verbis: Art. 26. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente, no exterior, sobre os lucros, rendimentos e ganhos de capital computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital. Tratase de critério de compensação utilizado também em outros segmentos da tributação, sem que ali também se vislumbre tributação acima do quantum devido, como no caso da compensação do imposto retido na fonte, cujas receitas ou rendimentos que lhe originaram devem novamente ser computados ao final do exercício no ajuste, para a composição da base de cálculo, sendo que o valor do imposto retido é compensado com aquele que se apura, computandose também as receitas ou rendimentos que sofreram retenção na fonte. O valor adicionado não é reduzido do imposto de renda pago porque a tributação é feita sobre o lucro auferido no exterior (art. 25, Lei nº 9.249/95), já disponibilizado, expressão que não poderia mesmo estar subtraída do imposto sobre a renda, de acordo com nossa legislação (art. 41, §2º, Lei nº 8.981/95), daí a utilização da compensação, vejamos: Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. § 2º Na determinação do lucro real, a pessoa jurídica não poderá deduzir como custo ou despesa o Imposto de Renda de que for sujeito passivo como contribuinte ou responsável em substituição ao contribuinte. Porém, consoante expus acima, não é a técnica de compensação que determinará a propriedade do lucro, mas sua disponibilização. A compensação é técnica criada para permitir redução de pagamento, devendo ser vista no interesse do contribuinte e não da Fazenda. Desta forma, acompanho o voto do ilustre Relator pelas conclusões a que chegou. (assinado digitalmente) Eduardo de Andrade Fl. 2207DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 3/2015 por EDUARDO DE ANDRADE, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 10715.001381/2010-21
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/07/2006 a 29/07/2006
ERRO MATERIAL DO ACÓRDÃO. EXISTÊNCIA.
Comprovado o equivoco no acórdão com relação a condenação que ficou estabelecida, deve-se reformado acórdão de primeira instância neste ponto.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação.
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL.
A Instrução Normativa que tem por finalidade o preenchimento de lacunas dentro do processo fiscal, sendo que estas quando preveem prazo para a apresentação ou recolhimento não serem sujeitas a reserva legal do art. 97 do CNT.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO.
A obrigação acessão descumprida pelo recorrente de apresentação de declaração de exportação no prazo legal, tem finalidade fiscalizatória, configurando o seu descumprimento em prejuízo ao erário.
MULTA REGULAMENTAR. REGISTRO DAS INFORMAÇÕES. PRAZO. PENALIDADE. TIPICIDADE.
Conforme a previsão do art.37 e art. 107, IV, "e" do Decreto-Lei 37/66, das informações prestadas pelo transportador ao fisco devem respeitar do forma e prazo, sendo portanto aplicável a multa pelo seu descumprimento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-004.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento a preliminar no sentido de reconhecer o erro de cálculo na decisão administrativa de 1ª instância; por maioria de votos, no mérito, em dar provimento ao recurso reconhecendo-se o instituto da denúncia espontânea. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges que negavam provimento ao recurso voluntário nesta matéria. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Laiana Lacerda da Cunha, OAB/DF 41.709. julgado.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso Da Silveira e Flávio de Castro Pontes.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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EXISTÊNCIA. Comprovado o equivoco no acórdão com relação a condenação que ficou estabelecida, devese reformado acórdão de primeira instância neste ponto. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplicase o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. A Instrução Normativa que tem por finalidade o preenchimento de lacunas dentro do processo fiscal, sendo que estas quando preveem prazo para a apresentação ou recolhimento não serem sujeitas a reserva legal do art. 97 do CNT. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO. A obrigação acessão descumprida pelo recorrente de apresentação de declaração de exportação no prazo legal, tem finalidade fiscalizatória, configurando o seu descumprimento em prejuízo ao erário. MULTA REGULAMENTAR. REGISTRO DAS INFORMAÇÕES. PRAZO. PENALIDADE. TIPICIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 13 81 /2 01 0- 21 Fl. 140DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 3 2 Conforme a previsão do art.37 e art. 107, IV, "e" do DecretoLei 37/66, das informações prestadas pelo transportador ao fisco devem respeitar do forma e prazo, sendo portanto aplicável a multa pelo seu descumprimento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento a preliminar no sentido de reconhecer o erro de cálculo na decisão administrativa de 1ª instância; por maioria de votos, no mérito, em dar provimento ao recurso reconhecendo se o instituto da denúncia espontânea. Vencidos os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges que negavam provimento ao recurso voluntário nesta matéria. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Laiana Lacerda da Cunha, OAB/DF 41.709. julgado. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Redator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso Da Silveira e Flávio de Castro Pontes. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10715.001381/201021, contra o acórdão nº 0728.212, julgado pela 2ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Florianópolis (DRJ/FNS), na sessão de julgamento de 11 de abril de 2012, onde se entendeu pela parcial procedência da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: “Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 45.000,00, referentes à multa regulamentar por não prestação de informação sobre veiculo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, na forma e no prazo estabelecido pela Receita. Conforme se descrição dos fatos, a interessada deixou de registrar os dados de embarque de Declarações de Exportação no Siscomex, na forma e prazo estabelecidos, conforme o disposto no art. 37 da IN SRF n° 28/94. Entendendo estar caracterizada a prestação de informação fora do prazo estabelecido pela Receita Federal do Brasil, a autoridade fiscal aplicou a multa de R$ 5.000,00 por embarque, pelo descumprimento do prazo na informação dos dados de embarque no Siscomex. Regularmente cientificada a interessada apresentou impugnação que, em síntese, apresenta os seguintes argumentos: que não existe base legal especifica para a exigência da prestação das informações em até dois dias; que a imposição da penalidade com base em Instrução Normativa ofende ao principio da legalidade; que o art. 107, IV, "e" do Decreto lei 37/66 é inaplicável, uma vez que não apresenta uma precisa definição das obrigações que devem ser atendidas pelo contribuinte, não se constituindo assim numa norma completa. que deveria haver tratamento isonômico com os embarques marítimos, cuja exigência é de sete dias para o registro dos dados. que não houve qualquer prejuízo ao erário em razão de pequenos atrasos cometidos pela impugnante no registro de dados de suas embarcações; que não dificultou ou embaraçou a atividade das autoridades administrativas. Requer, pelos motivos expostos, a improcedência do auto de infração e a anulação da multa regulamentar. É o relatório. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 5 4 A DRJ de Florianópolis (DRJ/FNS) decidiu pela parcial procedência da impugnação, reduzindo o crédito tributário de R$ 85.000,00 para R$ 70.000,00, referente à multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto Lei nº 37/1966. Colaciono a ementa do referido julgado: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 01/07/2006 a 29/07/2006 REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS DE EMBARQUE. PRAZO. O registro dos dados de embarque no Siscomex em prazo superior a 7 dias, contados da data do efetivo embarque, para a via de transporte aérea, caracteriza a infração contida na alínea "e", inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI TRIBUTARIA. Aplicase a lei tributária, em matéria de penalidades, a ato ou fato pretérito não definitivamente julgado quando for mais benéfica ao sujeito passivo. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Inconformada com improcedência de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário a fls. 77/94, expondo que: 1 Erro matéria da decisão de primeira instância, tendo em vista que colocou como sendo a condenação remanescente o valor referente ao que deveria ser excluído; 2 Não houve prejuízo ao fisco ou dificuldade na fiscalização da carga; 3 Pede a aplicação da denúncia espontânea, tendo em vista que a obrigação seria devida após o desembaraço aduaneiro, que não houve abertura de procedimento fiscalizatório senão graças às informações prestadas anteriormente ao seu inicio pelo recorrente; 4 Aponta como ausente de fundamento legal o prazo previsto no Decreto Lei infringindo o principio da legalidade; 5 Pede pela imposição de multa singular, evocando a espécie jurídica extraída do Código Penal, “Crime Continuado”; É o sucinto relatório. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Erro de Cálculo Primeiramente, quanto ao erro de cálculo, haja vista que de fato restou mantida a penalidade apenas com relação a três voos, quais sejam, o do dia 01/07/2006, 06/07/2006 e 27/07/2006, devendo, portanto ser reduzida a multa aplicada de R$70.000,00, para R$15.000,00, reformandose a decisão de primeira instância. Denuncia Espontânea A questão em debate cingese à incidência da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66. Muito embora compartilhe do entendimento que as agências de carga não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que deve ser adotado o entendimento deste egrégio Conselho, já exposto em diversos acórdãos, como, v.g., o de nº 3401002.443, julgado na sessão de 26 de novembro de 2013. Ocorre que diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Todavia, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso. Ocorre que a Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto Fl. 144DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 7 6 de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Deste modo, entendo que por ter a Recorrente apresentado as declarações, mesmo que fora do prazo, passou a existir o instituto da denúncia espontânea. Assim, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. Fl. 145DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 8 7 § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA ADMINISTRATIVA ADUANEIRA ISOLADA. DENUNCIA ESPONTÂNEA. Por força de dispositivo legal, a denúncia espontânea passou a beneficiar a multa administrativa aduaneira aplicada isoladamente por descumprimento de obrigação acessória denunciada antes de quaisquer procedimentos de fiscalização. (Acórdão 3301001.691, 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 30/01/2013, Relator Conselheiro Jose Adão Vitorino de Morais) Fl. 146DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 9 8 Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Reserva Legal A infração em tese cometida pela recorrente se encontra caracterizada pela apresentação de declaração de informações sobre o voo e as declarações fora do prazo estabelecido, por força do art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei 37/66, com redação dada pela Lei nº 10.833/03, c/c art. 44 da Instrução Normativa 28/94, com redação dada pela Instrução Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07. No que tange a tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta igualmente e inicialmente tipificada no art. 107 do DecretoLei 31/66, que estabelece a aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada, bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização. Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas que por vezes se encontram dentro dos procedimentos fiscais, no caso específico de normas que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão sujeitas a reserva legal do art. 97 do CTN, por não compreendem o rol de matérias lá estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior, como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/12/1998 OBRIGAÇÃO ACESSORIA. PRAZO. INSERÇÃO SISCOMEX DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS. O prazo de inserção das informações do embarque de mercadoria no SISCOMEX é de sete dias, contados do dia do efetivo embarque. Não se aplica a norma processual do artigo 210 do Código Tributário Nacional, neste caso prevalece o prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de que não contemplam aspectos da hipótese de incidência, estão fora da reserva legal prevista no artigo 97 do CTN. Constado inserção além do prazo fixado, impõe negar provimento ao recurso. Recurso Negado. Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso não estivesse prejudicada a análise desta matéria. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 10 9 Ausência de Dano ao Erário Em que pese não tenha ocorrido dano pecuniário do ente público, o entendimento no caso é por embaraçar a fiscalização do fisco. As declarações a que as empresas de transporte são obrigadas a apresentar são obrigações acessórias com finalidade exclusiva de auxiliar a fiscalização das importações e exportações, possibilitando a ciência do que cada empresa que utiliza a transportadora tem transportado, para onde vai e se foi recolhido o tributo a que esta operação está sujeita. Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa, conforme art. 107, IV, alínea “e” do Decreto lei 37/66, é uma obrigação acessória de declaração ao fisco e cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização. Nestes termos, entendo que há o embaraço da fiscalização, quando as transportadoras não cumprem o prazo de emissão da declaração, não obstante entenda que não deve incidir a multa regulamentar neste caso, apenas nos casos de omissão. Multa Singular e o Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra as declarações expedidas as destempo em cada uma das viagens de voo declarações de forma extemporânea, evocando o princípio da razoabilidade de proporcionalidade. Neste ponto, entendo que não há maculas o julgado da DRJ, posto que determinou que em cada voo cujas declarações tenham sido expedidas com atraso deveria ser aplicada multa apenas na proporção de viagens, respeitando a proporcionalidade e razoabilidade ao contrario do que afirma o recorrente. Neste sentido, entendo por interpretar a norma de forma mais favorável sem infringir a legalidade ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN, segundo o qual “a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza d penalidade, aplicação, ou à sua gradação. Sobre o tema em comendo, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência Fl. 148DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 11 10 dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN). A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que deve ser alterada a decisão de primeira instância para que conste o valor correto a ser aplicado de multa, evidenciado o erro formal e pela correta aplicação da penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, devendo incidir sobre cada voo e não por declaração emitida, conforme julgou a primeira instância. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 149DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10715.001381/201021 Acórdão n.º 3801004.884 S3TE01 Fl. 12 11 Fl. 150DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 05/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 10280.904346/2012-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2010
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO.
Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não-cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes.
Gastos com a aquisição de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, no contexto do Processo Bayer de produção de alumina, ensejam o creditamento das contribuições sociais não cumulativas.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
Numero da decisão: 3402-002.648
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reverter as glosas de créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Kern Relator
Participaram ainda do julgamento os conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, João Carlos Cassuli Júnior e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva.
Nome do relator: ALEXANDRE KERN
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CONHECIMENTO. A parte, ao recorrer, deve claramente identificar o objeto e os motivos de sua irresignação. Não se conhece do recurso genérico e desprovido de fundamentação. PEDIDO DE PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia que deixe de formular quesitos. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2010 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social nãocumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Gastos com a aquisição de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, no contexto do Processo Bayer de produção de alumina, ensejam o creditamento das contribuições sociais não cumulativas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 43 46 /2 01 2- 85 Fl. 483DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reverter as glosas de créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Kern – Relator Participaram ainda do julgamento os conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, João Carlos Cassuli Júnior e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva. Relatório Alunorte –alumina do Norte do Brasil S/A transmitiu o Pedido Eletrônico de Ressarcimento – PER nº 18266.50234.110211.1.1.092954, visando ao ressarcimento do saldo credor da Cofins acumulado no 4° trimestre de 2010, no valor de R$ 34025590,549999997. A DRF/BEL deferiu o ressarcimento de R$ 20324447,16. De acordo com o Parecer SEORT/DRF/BEL Nº 847 (fls. 12 a 31), que amparou o Despacho Decisório, a glosa de R$ 13701143,389999997, deveuse aos seguintes ajustes: (i) no coeficiente de rateio dos créditos, previsto no inciso II do § 8º do art. 3º da Lei de Regência, pelo recálculo das receitas de vendas para o mercado interno, com acréscimos das receitas omitidas contribuinte; (ii) exclusão dos créditos sobre bens que não são empregados na produção de bens destinados à venda, ou descritos de forma imprecisa que não possibilita enquadramento para fins de aproveitamento do crédito; (iii) exclusão dos créditos tomados sobre ferramentas e equipamentos de segurança e proteção individual; (iv) exclusão dos créditos tomados sobre itens não enquadrados como partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado, que não atende aos requisitos para crédito, porque não são partes e peças de reposição que possam comprovadamente ser enquadradas como insumos diretos; Fl. 484DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10280.904346/201285 Acórdão n.º 3402002.648 S3C4T2 Fl. 499 3 (v) exclusão dos créditos tomados sobre itens empregados indiretamente na produção: a aquisição de bens e serviços não enquadrados como insumos diretos, porque não sofrem alterações em decorrência da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação; (vi) exclusão dos créditos tomados sobre combustíveis e lubrificantes, não aplicados em máquinas e equipamentos diretamente envolvidos na produção dos bens destinados à venda; (vii) exclusão dos créditos tomados sobre serviços que não guardam relação direta com as atividades produtivas; (viii) exclusão dos créditos tomados sobre serviços de manutenção de bens componentes do Ativo Imobilizado; (ix) exclusão dos créditos sobre serviços de hotelaria e sobre serviços prestados por pessoas físicas; (x) exclusão dos créditos tomados sobre o valor das despesas com fretes contratados para o transporte de produtos acabados ou em elaboração entre estabelecimentos industriais e destes para os estabelecimentos comerciais da mesma pessoa jurídica; (xi) exclusão dos créditos tomados sobre serviços não especificados adequadamente em relação ao processo produtivo: (xii) exclusão dos créditos tomados sobre as despesas de depreciação de bens destinados ao Ativo Imobilizado, mas que, pela sua descrição, não se destinam ao AI (serviços de hotelaria, sedex, locação de veículos, serviços de apoio administrativo, aluguel de imóvel residencial, serviços de intérprete e tradução francês português, limpeza de fossa, fornecimento de combustíveis, serviços de paisagismo, serviços de transporte, desenvolvimento e implantação de site da internet); (xiii) exclusão dos créditos tomados sobre as despesas de depreciação de bens destinados ao Ativo Imobilizado, não utilizados na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços: (compra de cadeiras para o restaurante, armários, condicionador de ar, válvulas); (xiv) exclusão dos créditos tomados sobre as despesas de depreciação de bens destinados ao Ativo Imobilizado, sem prova de que efetivamente destinemse ao AI: Fl. 485DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN 4 aquisição de materiais diversos, fornecimento de materiais; (xv) recomposição dos créditos tomados sobre edificações, procedida pelo contribuinte à taxa de 1/12, quando o correto é 1/24., e; (xvi) exclusão dos créditos tomados em aquisições de bens com suspensão das contribuições sociais. Todos esses ajustes foram detalhados, item por item, consolidados em planilha específica. Sobreveio Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pela 3ª Turma da DRJ/BEL. O Acórdão nº 01030.193, de 9/30/2014 (fls. 286 a 312), teve ementa vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2010 PAF. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. PAF. ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos que integram a legislação tributária. PAF. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões judiciais e administrativas relativas a terceiros não possuem eficácia normativa, uma vez que não integram a legislação tributária de que tratam os arts. 96 e 100 do Código Tributário Nacional. PAF. PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia que deixa de atender aos requisitos previstos no art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/1972, também se fazendo incabível sua realização quando presentes nos autos os elementos necessários e suficientes à dissolução do litígio administrativo. Cofins NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. BENS E SERVIÇOS. DESCRIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO. IMPRESCINDIBILIDADE. Em sede de ressarcimento, deve restar demonstrada de forma induvidosa a existência dos créditos alegados. A descrição precisa de bens e serviços, bem como a perfeita identificação de sua concreta aplicação ou consumo na produção ou fabricação do produto, é imprescindível ao reconhecimento da pretensão creditória. Fl. 486DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10280.904346/201285 Acórdão n.º 3402002.648 S3C4T2 Fl. 500 5 Cofins NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CRÉDITOS. No cálculo do Cofins NãoCumulativo somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Cofins NÃOCUMULATIVO. FRETE. CRÉDITOS. A pessoa jurídica somente poderá descontar créditos calculados em relação a frete na operação de venda e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor. Cofins NÃOCUMULATIVO. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. CRÉDITOS. Na nãocumulatividade do Cofins, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos no País para utilização na produção de bens destinados à venda, desde que observadas as disposições normativas que regem a espécie. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cuidase agora de recurso voluntário contra a decisão da 3ª Turma da DRJ/BEL. O arrazoado de fls. 317 a 362, após síntese dos fatos relacionados com a lide, repetindo integralmente os termos da Manifestação de Inconformidade, está estruturado em três capítulos. O primeiro, intitulado “DA BREVE SÍNTESE DO PROCESSO PRODUTIVO DA ALUMINA DA APLICAÇÃO DIRETA DE ALGUNS DOS INSUMOS INEXPLICAVELMENTE GLOSADOS DO INCABIMENTO DAS GLOSAS RELATIVAS AO ÁCIDO SULFÚRICO, CALCÁRIO CALDEIRA. INIBIDOR DE CORROSÃO E SERVIÇOS EMPREGADOS COMO INSUMOS DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DE SUA INCLUSÃO NO COMPUTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DA ALUMINA EXPORTADA DA JURISPRUDÊNCIA DO CARF QUE VEM REFORMANDO TAIS GLOSAS ESPECIFICAS”, descreve o processo produtivo da alumina, controverte as glosas dos créditos tomados sobre as compras de ácido sulfúrico, calcário e inibidores de corrosão, explicando seu emprego no processo. Irresignase também contra as glosas dos créditos sobre os serviços de remoção de rejeitos industriais. O segundo capítulo – DO INCABIMENTO DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS RELATIVOS AO ATIVO IMOBILIZADO/EDIFICAÇÕES SEGUNDO O REGIME PREVISTO NAS LEIS 10833/2003 E 10637/2002 ART. 31. INCISO II. DA LE111.196/2005 E §14, DO ART. 3° DA LEI 10833/2003 E INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N° 457/2004 – pugna pelo direito de tomada de créditos sobre a depreciação acelerada, aplicável para as aquisições de bens de capital realizadas por pessoas jurídicas estabelecidas na área de atuação da SUDAM, com fundamento na Lei nº 11.196, de 2005, que instituiu o Fl. 487DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN 6 Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (RECAP), ou com fundamento na Lei nº 11.488, de 2007, que instituiu o Regime Especial de Investimentos para o Desenvolvimento da InfraEstrututra (REIDI). O último capítulo – DOS CONTORNOS LEGAIS. ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO E JURISPRUDENCIAL RELATIVO AO REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE APLICADO A COFINS E CONTRIBUIÇÃO AO PISPASEP – digressiona sobre a não cumulatividade das contribuições sociais. Em conclusão, pede a reversão das glosas e reitera o pedido de realização de perícia, indicando e qualificando o perito. A numeração das folhas referese à atribuída pelo processo eletrônico. É o Relatório. Voto Conselheiro Alexandre Kern, Relator Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 317 a 362 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJBEL3ª Turma nº 01030.193, de 9/30/2014. MATÉRIAS CONTROVERTIDAS Dentre os diversos ajustes procedidos pela Fiscalização, o recorrente atevese às glosas dos créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, de calcário e de inibidores de corrosão e sobre a contratação de serviços de transporte de resíduos industriais. PEDIDO DE PERÍCIA Transcrevo o pedido de perícia formulado na conclusão do recurso para maior clareza: Reiterase, outrossim, o pedido e realização de perícia suplementar em que pese o material probatório que ilustra claramente, não somente a aplicação efetiva dos bens glosados como insumos que integram o custo de produção do produto final destinado à venda como ainda que não houve classificação e apropriação de créditos sobre "edificações" ao Ativo Imobilizado da companhia recorrente, senão de máquinas e equipamentos que, portanto, deveriam ter sido considerados como cabíveis para esse fim, levando em consideração não ter sido realizada qualquer inspeção física presencial na industrial da Refinaria da Recorrente. Na condição de assistente técnico, reitera a nomeação do Sr. Sebastião José Rosa inscrito no CRC/RJ, sob o n.° 039332/04, residente e domiciliada na cidade de Barcarena PA, sito na Tv. Lino José Gomes, 223, CEP 68447 000. Fl. 488DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10280.904346/201285 Acórdão n.º 3402002.648 S3C4T2 Fl. 501 7 A propósito, o § 1° do art. 16 do Processo Administrativo Fiscal Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 PAF determina que se considere não formulado o pedido de perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do mesmo artigo. Embora tenha indicado e qualificado o perito, o recurso deixou de formular quesitos, de sorte que tenho como não formulado o pedido. MÉRITO Conceito de insumo adotado neste voto Com a edição da Emenda Constitucional nº 42, de 31 de dezembro de 2003, o princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais alcançou o plano constitucional através da inserção do § 12 ao art. 195 da Constituição da República Federativa do Brasil – CF/88. É verdade, da norma constitucional em referência não se extrai a possibilidade de dedução de créditos a todo e qualquer bem ou serviço adquirido para consecução da atividade empresarial, restando expresso que a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade aplicável às Contribuições Sociais ficaria afeta ao legislador ordinário. Foi o art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 , inc. II, com a redação da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, no que pertine ao PIS, que regulamentou o direito de crédito da Contribuição sobre bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI. Interpretando o conteúdo da legislação fiscal em comento, a Autoridade Tributária veiculou, pela Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002 (redação alterada pela Instrução Normativa SRF nº 358, de 9 de setembro de 2003), e Instrução Normativa SRF nº 404, de 12 de março de 2004, orientação necessária à sua execução, estabelecendo, para fins de aproveitamento de créditos, o alcance do termo "insumo", ao dispor: INSRF nº 247, de 2002 PIS/Pasep Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I – das aquisições efetuadas no mês: [...] b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: (Redação dada pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b.1) na fabricação de produtos destinados à venda; ou (Incluída pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b.2) na prestação de serviços; (Incluída pela IN SRF 358, de 09/09/2003) Fl. 489DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN 8 [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) II utilizados na prestação de serviços: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) INSRF nº 404, de 2004 Cofins Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I das aquisições efetuadas no mês: [...] b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: b.1) na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; ou b.2) na prestação de serviços; [...] § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o Fl. 490DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10280.904346/201285 Acórdão n.º 3402002.648 S3C4T2 Fl. 502 9 produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...] O que se deduz da leitura das referidas regras infralegais é que a apuração do creditamento da Contribuição ao PIS e da Cofins foi restrita aos bens que compõem diretamente os produtos da empresa (a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado) ou prestação de serviços aplicados ou consumidos na fabricação do produto. A definição de "insumos" adotada pelo Fisco foi, nitidamente, contrabandeada da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, ditada, atualmente pelo art. 226 do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, aprovado pelo Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010 – RIPI/2010. Comparese: Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; [...] Todavia, penso não ser possível que a sistemática das Contribuições Sociais nãocumulativas colha o conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI, porque o legislador ordinário simplesmente não fez essa importação. Cabe enfatizar: nas leis que tratam do PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, não há remissão a qualquer arcabouço normativo em vigor para se colher o conceito de "insumos". A nãocumulatividade das Contribuições Sociais apresenta perfil totalmente diverso daquela atinente ao IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Como se verifica, na técnica de arrecadação dessas contribuições, não há propriamente um mecanismo nãocumulativo, decorrente do creditamento de valores das entradas de bens que sofrerão nova incidência em etapa posterior da cadeia produtiva, nos moldes do que existe para o IPI, tributo geneticamente informado pelo Fl. 491DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN 10 princípio. As próprias Leis Instituidoras elasteceram a definição de "insumos", ao admitir que prestação de serviços seja considerada como tal, verdadeira heresia no regime do IPI. Ressalta se, ainda, que a nãocumulatividade do PIS e da Cofins não tem por objetivo eliminar o ônus destas contribuições apenas no processo fabril, visto que a incidência destas exações não se limita às pessoas jurídicas industriais, mas a todas as pessoas jurídicas que aufiram receitas, inclusive prestadoras de serviços (excetuandose as pessoas jurídicas que permanecem vinculadas ao regime cumulativo elencadas nos artigos 8º da Lei nº 10.637, de 2002, e 10 da Lei nº 10.833, de 2003), o que dá maior extensão ao contexto normativo desta contribuição do que aquele atribuído ao IPI. A utilização da legislação do IR, como pretende parcela da doutrina e a jurisprudência marginal do CARF, também encontra o óbice do excessivo alargamento do conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a produção de uma empresa, perdendo a conceituação uma desejável proximidade ao processo produtivo e à atividadefim, que é o que se intenta desonerar, passandose a desonerar o produtor como um todo e não especificamente o processo produtivo. Com efeito, o conceito de “insumos” não é próprio da legislação do Imposto de Renda que faz uso de termos jurídicocontábeis, a exemplo dos termos “Custos de mercadorias ou serviços” e “Despesa Operacional”. Sob o signo “Despesas Operacionais” se encontra uma miríade de despesas que sequer se aproximam de um conceito formulado pelo senso comum de “insumos”. Inclinome pelo conceito de insumo deduzido no voto condutor do REsp nº 1.246.317 MG (2011/00668193). Nele, o Ministro Mauro Campbell Marques interpreta que, da dicção do inc. II do art. 3º tanto da Lei nº 10.637, de 2002, quanto da Lei nº 10.833, de 2003, extraise que nem todos os bens ou serviços, utilizados na produção ou fabricação de bens geram o direito ao creditamento pretendido. É necessário que essa utilização se dê na qualidade de "insumo" ("utilizados como insumo"). Isto significa que a qualidade de "insumo" é algo a mais que a mera utilização na produção ou fabricação, o que também afasta a utilização dos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" inerentes ao IR. Não basta, portanto, que o bem ou serviço seja necessário ao processo produtivo, é preciso algo a mais, algo mais específico e íntimo ao processo produtivo. As leis, exemplificativamente, mencionam que se inserem no conceito de “insumos” para efeitos de creditamento: a) serviços utilizados na prestação de serviços; b) serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c) bens utilizados na prestação de serviços; d) bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e) combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f) combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O Min. Campbell Marques extrai o que há de nuclear da definição de “insumos” para efeito de creditamento e conclui: Fl. 492DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10280.904346/201285 Acórdão n.º 3402002.648 S3C4T2 Fl. 503 11 a) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos pertinência ao processo produtivo; b) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição essencialidade ao processo produtivo; e c) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Explica ainda que, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. O Carf, ao menos majoritariamente, vem sufragando o entendimento de que o conceito de insumo para o fim de creditamento das contribuições sociais não cumulativas é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que integram o custo de produção. Ilustro: Acórdão nº 3403002.783, de 25 de fevereiro de 2014, Cons. Rosaldo Trevisan ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração:01/10/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITOS DE ICMS CEDIDOS A TERCEIROS .NÃO INCIDÊNCIA. RE 606.107/RSRG. Não incidem a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sobre créditos de ICMS cedidos a terceiros, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 606.107/RS, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art.62 A de seu Regimento Interno. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO.CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos os combustíveis utilizados em caminhões da empresa para transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos, e as despesas de remoção de resíduos industriais. Por outro lado, não constituem insumos os Fl. 493DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN 12 combustíveis utilizados em veículos da empresa que transportam funcionários. Acórdão nº 3403002.656, de 28 de novembro de 2013, Cons. Rosaldo Trevisan: ASSUNTO:CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração:01/04/2004 a 30/06/2004 Ementa: PEDIDOS DE RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos referentes a pedidos de compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO.SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Particularmente, entendo ainda mais apropriado a especificidade do conceito deduzido pelo Min. Mauro Campbell Marques, plasmado no REsp 1.246.317MG, segundo o qual (sublinhado no original): Insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Portanto, não é todo e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ. Há de se perquirir a pertinência e a essencialidade do gasto relativamente ao processo fabril ou de prestação de serviço para que se lhe possa atribuir a natureza de insumo. Com as disposições das Leis de Regência em vista e à luz do conceito acima deduzido, passase à analise do caso concreto. A Alunorte dedicase à extração da alumina (Al2O3) da bauxita por meio do processo Bayer. De 4 a 7 toneladas métricas de bauxita extraemse 2 toneladas métricas de Fl. 494DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10280.904346/201285 Acórdão n.º 3402002.648 S3C4T2 Fl. 504 13 alumina, que permitirão produzir 1 tonelada métrica de alumínio.As principais etapas desse processo são: moagem, digestão (extração com soda cáustica), separação e filtração de resíduos sólidos, precipitação e calcinação, obtendose então a alumina calcinada1. Fluxograma do Processo Bayer 2 Em apertadíssima síntese, a alumina é separada da bauxita por meio de uma solução aquecida de soda cáustica (hidróxido de sódio) e de cal (óxido de cálcio). A mistura é bombeada para o interior de recipientes de alta pressão e aquecida. A soda cáustica dissolve a alumina, que se precipita da solução saturada. A alumina é, então, lavada e aquecida para a remoção da água. O material precipitado é filtrado e lavado, para remover e recuperar a solução cáustica. Todo o restante é eliminado por filtragem e a alumina é seca até atingir a forma de pó branco. Mérito: glosa de créditos a título de insumos No contexto do Processo Bayer, a recorrente explica que o ácido sulfúrico é usado em refinarias de alumina para desincrustar linhas dos trocadores de calor e outros 1 Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/78211/, visitado em 04/02/2015. 2 Publicado em http://www.hydro.com/pt/AHydronoBrasil/Sobreoaluminio/Ciclodevidado aluminio/Refinodaalumina/, visitado em 04/02/2015. Fl. 495DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN 14 equipamentos. É utilizado também para neutralização de efluentes e desmineralização da água para as caldeiras. O calcário (produto AL 200 – Carbomil) é empregado durante o processo de combustão nas caldeiras a carvão para absorção do enxofre, que é formado durante o processo de queima do carvão mineral. O inibidor de corrosão, por sua vez, é usado em refinarias de alumina para desincrustar linhas dos trocadores de calor e outros equipamentos. É utilizado também para neutralização de efluentes e desmineralização da água para as caldeiras. Entendo que o recorrente demonstrou de maneira satisfatória, por meio de sua explicação, a relação de pertinência e essencialidade destes três bens para com o processo produtivo, nos termos do conceito de insumo que se adota neste voto, devendose reverter as respectivas glosas. No que pertine à glosa dos créditos sobre serviços, a insurgência recursal resumiuse ao excerto abaixo transcrito: Especificamente quanto aos serviços utilizados com insumos. a D. autoridade fazendária, glosara serviços inegavelmente empregados como insumos porque diretamente aplicados ao processo produtivo, particularmente o de Transporte de Rejeitos Industriais, Serviço de Limpeza Industrial. Ácido Sulfúrico e Serviços Portuários. Naturalmente, que não poderia furtarse a impugnante do creditamento dos valores desembolsados com o transporte destes rejeitos, que são sabidamente inerentes ao processo fabril da alumina produzida e exportada por pessoa jurídica como a requerente. Os dispêndios com este transporte são, portanto, irrefutavelmente, dedutíveis. Não obstante a variada gama de rejeitos produzidos – alguns relacionados com a atividade produtiva, outros não, o fato é que o recurso foi genérico, sem especificar a que resíduo industrial se referia, nem indicar como se dá a prestação do serviço de transporte, de modo que se pudesse aferir sua pertinência com o processo produtivo e certificar a satisfação dos demais requisitos para a tomada de créditos a título de insumo (e.g., ser prestado por pessoa jurídica). Incidentalmente, convém também frisar que o Parecer nº 847 não reporta qualquer glosa com a designação genérica “Transporte de Rejeitos Industriais”. A teor do art. 17 do Processo Administrativo Fiscal Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 PAF, é dever do contribuinte indicar as matérias contra as quais se insurge, bem como deduzir as razões de alegação, sendolhe vedado fazer contestações genéricas. Nesse sentido, não conheço dessa insurgência recursal. Mérito – glosa dos créditos sobre as despesas de depreciação Da planilha de créditos tomados sobre despesas de depreciação, além daqueles tomados sobre bens que não compõem o AI (e.g. serviços de hotelaria, sedex, locação de veículos, serviços de apoio administrativo, aluguel de imóvel residencial, serviços de intérprete e tradução francês/português, limpeza de fossa, fornecimento de combustíveis, serviços de paisagismo, serviços de transporte, desenvolvimento e implantação de sítio da internet etc.) e que não são utilizados para utilização na produção de bens (e.g. cadeiras para o restaurante, armários, condicionador de ar, válvulas etc.), a Fiscalização glosou o creditamento em excesso, decorrente, ou do emprego do valor de aquisição do bem como base de cálculo do crédito, ou do emprego de taxa de depreciação acelerada (1/12), sobre bens relacionados a edificações, entendendo que, neste caso, deve ser aplicada taxa de depreciação em função da Fl. 496DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10280.904346/201285 Acórdão n.º 3402002.648 S3C4T2 Fl. 505 15 vida útil da edificação, ou seja, 25 anos ou 1/24 avos na hipótese de edificações incorporadas ao ativo imobilizado, adquiridas ou construídas para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (art. 6º da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007). A Recorrente, por sua vez, não contesta a classificação das operações, tal como realizada pela Fiscalização. O argumento recursal fundamental é o de que, em relação a DRS Depósito de Rejeitos Sólidos; motobombas de diversas capacidades; válvulas angulares de diversos tamanhos; tanques de diversos tamanhos; empilhadeiras de bauxita e carvão; recuperadoras de bauxita e carvão; filtros hiperbáricos para polpa de bauxita; moinhos; Agitadores; aquecedores de polpa de bauxita; digestores pequenos e grandes; aquecedores de licor pobre; flash tanques; hidrociclones para remoção de areia; decantadores de licor rico; lavadores de lama vermelha; filtros de lama vermelha; válvulasfacas nos filtros de lama vermelha; filtros de pressão e licor rico; trocadores de calor de tubos; trocadores de calor de placas; precipitadores de hidrato; hidrociclones de hidrato; classificadores gravimétricos de hidrato; espessadores de hidrato; filtros de hidrato; calcinadores de hidrato/alumina; correias transportadoras de hidrato e alumina, e; silos de hidrato e alumina, os gastos com a aquisição e montagem de tais equipamentos são evidentes passíveis de incorporação ao ativo imobilizado, e os créditos gerados sobre os valores de compra, naturalmente apropriáveis no período apuratório considerado pelos regimes especiais constantes do art. 31, inciso II, da Lei 11.196/2005 e §3°, do art. 14 da Lei 10.833/2003 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004 Alega, a Recorrente, que a Lei de Regência teria assegurado o direito de crédito também para estas hipóteses, conforme previsto categoricamente no art. 3°, incisos VI e VII. Ocorre que, nada obstante se esteja tratando de situação prevista pela Lei como hipótese de creditamento, tratase de hipótese em que a Lei não permite o creditamento pelo valor da aquisição, mas na proporção de sua depreciação. O que fez a Fiscalização, portanto, foi glosar o crédito que o contribuinte apropriou pelo valor integral da aquisição, visto que, ao classificarse a operação na hipótese do inciso VI, não poderia haver o creditamento tomando como base de cálculo o valor total pelo qual foi adquirido o bem. Não procede, pois, a alegação do Recorrente, devendo ser mantida a glosa. O Recorrente também sustenta que a Lei nº 11.196, de 2005, concede aos beneficiários do RECAP a possibilidade de optar pela amortização de em periodicidade diferenciada de 1/12 para os equipamentos referidos pela Lei. A Lei nº 11.196, de 2005, foi regulamentada pelo Decreto nº 5.988, de 2006, que assim dispôs: Art. 1º Sem prejuízo das demais normas em vigor aplicáveis à matéria, para bens adquiridos de 1° de janeiro de 2006 a 31 de dezembro de 2013, as pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação, enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional, em microrregiões menos desenvolvidas localizadas nas áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM, terão direito: Fl. 497DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN 16 I à depreciação acelerada incentivada, para efeito de cálculo do imposto sobre a renda; e II ao desconto, no prazo de doze meses contado da aquisição, dos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS de que tratam o inciso III do § 1° do art. 3° da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o inciso III do § 1° do art. 3° da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e o § 4° do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, na hipótese de aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, destinados à incorporação ao ativo imobilizado. O Recorrente, no entanto, não demonstrou o preenchimento dos requisitos para a fruição deste benefício de amortização acelerada, não tendo impugnado pontualmente os fundamentos específicos das glosas, nem detalhado as características de cada um dos bens glosados. A arguição já foi apreciada pelo Conselheiro Ivan Allegretti por ocasião do julgamento do recurso voluntário interposto pela própria Alunorte, no processo nº 10280.722278/200932, idêntico ao que ora se analisa, resultando no Acórdão nº 3403 002.764, de 25 de fevereiro de 2014. Confirase as ementas pertinentes, que corroboram a presente decisão: MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E OUTROS BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E EDIFICAÇÕES. ART. 3°, VI e VII, e § 1º, III, DA LEI 10.833/2003. Nada obstante se esteja tratando de situações previstas pela Lei como hipóteses de creditamento, tratase de hipóteses em que a Lei não permite o creditamento pelo valor da aquisição, mas na proporção dos encargos de depreciação e amortização. ATIVO IMOBILIZADO. FALTA DE IMPUGNAÇÃO CONCRETA DOS BENS ENVOLVIDOS. DEPRECIAÇÃO ACELERADA PREVISTA NA LEI 11.196/2005. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. Para a fruição da depreciação acelerada prevista na Lei n° 11.196/2005 é necessário demonstrar o atendimento de seus requisitos. Conclusão Com essas considerações, voto em dar provimento parcial ao recurso, para reverter as glosas dos créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão. Sala de sessões, em 24 de fevereiro de 2015 Fl. 498DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN Processo nº 10280.904346/201285 Acórdão n.º 3402002.648 S3C4T2 Fl. 506 17 Fl. 499DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por G ILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN
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Numero do processo: 10825.902146/2012-93
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2009
COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO AO PIS.
A partir do advento do art. 23, I e II, a, da Medida Provisória nº 1.858-6, de 26/06/1999 e reedições até a MP nº 2.158-35/2001, as receitas das cooperativas passaram a sofrer a incidência da contribuição ao PIS.
MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação.
PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 3803-005.818
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade negar provimento ao recurso. Os conselheiros Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis e Belchior Melo de Sousa votaram pelas conclusões.
(Assinado Digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente.
(Assinado Digitalmente)
Jorge Victor Rodrigues - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo de Sousa, Juliano Eduardo Lirani; Hélcio Lafetá Reis, Jorge Victor Rodrigues., João Alfredo Eduão Ferreira, e Corintho Oliveira Machado (Presidente).
Nome do relator: JORGE VICTOR RODRIGUES
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INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO AO PIS. A partir do advento do art. 23, I e II, “a”, da Medida Provisória nº 1.8586, de 26/06/1999 e reedições até a MP nº 2.15835/2001, as receitas das cooperativas passaram a sofrer a incidência da contribuição ao PIS. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade negar provimento ao recurso. Os conselheiros Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis e Belchior Melo de Sousa votaram pelas conclusões. (Assinado Digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 5. 90 21 46 /2 01 2- 93 Fl. 167DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Corintho Oliveira Machado Presidente. (Assinado Digitalmente) Jorge Victor Rodrigues Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo de Sousa, Juliano Eduardo Lirani; Hélcio Lafetá Reis, Jorge Victor Rodrigues., João Alfredo Eduão Ferreira, e Corintho Oliveira Machado (Presidente). Relatório Sob a alegação de realização de pagamento a maior ou indevido de PIS/PASEP a contribuinte transmitiu Per/DComp em 30/11/2009, entretanto a compensação realizada restou não homologada, eis que por meio de despacho decisório eletrônico a autoridade administrativa declarou haver outros débitos e que o crédito informado foi integralmente utilizado para a quitação dos mesmos, não havendo saldo credor o suficiente para solver os débitos declarados na DComp aviada. Sobreveio a manifestação do inconformismo e com ela os argumentos de que: (i) a exigência da contribuição ao PIS foi restabelecida sob a égide da CF/88, notadamente nos termos do art. 2o, II, da Lei 9.715/98, sendo um ano após expressamente revogada em relação às entidades sem fins lucrativos, por meio da MP 1.85810/99, com a atual redação conferida pelo art. 93 da MP nº 2.15835/01, ainda assim algumas cooperativas permaneceram obrigadas ao recolhimento da contribuição ao PIS sobre a folha de salário, em vista de regra específica prevista no § 1º, do art. 2º, da Lei nº 9.715/98; (ii) a MP 2.15835/01 ao mesmo tempo em que revogou a exigência da contribuição ao PIS para as entidades sem fins lucrativos. Explicitou que as sociedades cooperativas de produção rural, contribuintes do PIS com base no faturamento, porém sujeitas às exclusões e deduções no art. 15 da referida MP, continuavam sujeitas à contribuição ao PIS com base na folha de salário, nos termos do seu art. 13; (iii) ratificando esse entendimento encontrase o art. 28 da IN SRF nº 635/06, que explicita quais as sociedades que continuam sujeitas a incidência da contribuição ao PIS com base na folha de salário, conforme se depreende da solução no processo de consulta nº 290/07; (iv) ainda que a redação do art. 15 da MP2.15835 seja genérica em relação às sociedades cooperativas e, portanto, não excetue as cooperativas de trabalho médico, isso não permite a conclusão de que essas cooperativas estariam entre as compreendias no alcance desse dispositivo, como também concluiu as autoridades fiscais, nos termos do art. 28 da IN SRF nº 635/06; (v) conclui aduzindo que se as sociedades cooperativas médicas não se sujeitam às exigências da contribuição ao PIS com base na folha de salários de seus empregados e, portanto, todo o recolhimento realizado a esse título deve ser entendido comore colhimento a Fl. 168DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10825.902146/201293 Acórdão n.º 3803005.818 S3TE03 Fl. 12 3 maior ou indevido e, logo, passível de ser recuperado. Requereu, ainda, a reforma do julgado de primeira instância, a procedência integral da declaração de compensação, com vista a legitimidade do crédito tributário e o reconhecimento da extinção dos débitos compensados no PER/DECOMP. A decisão prolatada pela 14ª Turma da DRJ/RPO, de 11/09/13 (fls. /) por meio do Acórdão nº 1444.636, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, para manter o crédito tributário exigível, nos termos da ementa adiante transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2009 DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integralmente alocado na quitação de débitos confessados. O reconhecimento do direito creditório aproveitado em DCOMP não homologada requer a prova de sua existência e montante. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos elementos que permitam a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2009 FATURAMENTO E FOLHA DE SALÁRIOS. LEGALIDADE. Quando a sociedade cooperativa realiza as exclusões legais da base de cálculo do PIS Faturamento, é devido o PIS Folha concomitantemente, nos termos do art. 15, § 2º, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, e do art. 32, § 4º, do Decreto nº 4.524, de 2002. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O voto condutor do acórdão adotou o pressuposto de que : (a) “Nos termos da regra consolidada na atual MP nº 2.15835, de 2001, a tributação das sociedades cooperativas segue a tributação das demais pessoas jurídicas em geral, calculando o PIS de acordo com o faturamento. No entanto, caso a cooperativa realize determinadas operações que não sofrem a incidência do PIS com base no faturamento, deverá, conforme disposição inscrita no art. 15, §2º, I da MP nº 2.15835, de 2001, apurar o PIS com base na folha de salários. Nesse caso, portanto, a cooperativa sujeitase cumulativamente à tributação com base no faturamento e com base na folha de pagamentos”. Consubstanciouse ainda no art. 13 da referida MP, e nos arts. 36 da MP 66/02; no art. 1º da MP nº 101/02, convertida na Lei nº 10.767/03; no art. 32 do Dec. 4.524/02 e nos arts. 9º e 33 da IN SRF nº 247/02. De acordo com os dispositivos mencionados não prevalece a tese de que as sociedades cooperativas outras que não de produção agropecuária, eletrificação rural, de Fl. 169DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 crédito e de transporte rodoviário, estariam fora do alcance do PIS sobre a folha de salários. E assim, nos períodos em que tenha procedido à exclusão das sobras líquidas da base de cálculo da contribuição, o PIS sobre a folha de pagamentos deve ser recolhido. Situação essa em que o sucesso da contribuinte em ver homologada a compensação declarada na primeira instância administrativa, condicionase à comprovação da liquidez e certeza do direito creditório, no caso, a de que não efetuou a exclusão em foco. No que se relaciona ao aspecto do elemento material de prova extraise excertos que sintetizam o posicionamento adotado pela decisão em questão, adiante: “Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte na DCOMP foi realizada também de forma eletrônica, cotejando os com os demais por ela informados à Receita Federal em outras declarações (DCTFs, DIPJ, etc), bem como com outras bases de dados desse órgão (pagamentos, etc), tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente fora utilizado para a extinção anterior de débito confessado pela interessada. Assim o exame das declarações prestadas pela própria interessada à Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia.” De acordo com o Termo de Ciência por decurso de prazo, a data de disponibilização na caixa postal da contribuinte da decisão contida no Acórdão nº 1444.636, foi em 20/09/2013. Com isso a data da ciência se deu em 05/10/2013. O Termo de Solicitação de Juntada de recurso voluntário foi registrada pela repartição preparadora em 01/11/13. Ciente da decisão contida no acórdão retromencionado a contribuinte irresignada, em sede de recurso voluntário, reiterou de forma minudente acerca das razões de defesa apresentadas na exordial. Ressaltou que a MP 2.15835/01, em seu artigo 13, explicitou quais os tipos de entidades que se sujeitavam à contribuição ao PIS, calculada sobre a folha de salários, bem assim que as sociedades cooperativas não foram contempladas, de acordo com o elenco formulado nesse artigo, como o foram às Organizações das Cooperativas – OCB e as Organizações estaduais de Cooperativas, nos termos do inciso I, do art. 13, da MP nº 2.158 35/01, que não se identifica com as sociedades cooperativas propriamente ditas. Mencionou que na mesma senda segue o § 2º e incisos I a IV, do art. 15 dessa MP, eis que as cooperativas de trabalho médico não praticam as operações descritas nesses incisos do confuso enunciado do referido artigo da MP correspondente. Aduziu ademais disso que o art. 28 da IN SRF 635/06 identifica quais sociedades cooperativas se sujeitam à incidência da contribuição ao PIS com base na folha de Fl. 170DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10825.902146/201293 Acórdão n.º 3803005.818 S3TE03 Fl. 13 5 salário, ou seja, as sociedades sujeitas às exclusões previstas no art. 15 da MP 2.15835/01,bem assim que a resposta à Consulta 290/07 ratifica este entendimento. Requer ao final o integral provimento do recurso, protestando pela apresentação de memoriais e sustentação oral das razões aduzidas. É relatório. Voto Conselheiro Relator Conselheiro Jorge Victor Rodrigues. O recurso é tempestivo e preenche os pressupostos de admissibilidade, dele conheço. Duas foram às questões devolvidas para apreciação pelo Tribunal ad quem, a saber: (i) a verificação da certeza e liquidez do direito creditório alegado pela Recorrente; e (ii) a tributação das sociedades cooperadas de trabalho médico pelo PIS. O exame acerca da primeira questão resta prejudicado, eis que nenhum documento contábil ou fiscal hábil e idôneo foi colacionado aos autos, com o fim de corroborar as assertivas formuladas na exordial, ou mesmo no apelo sob exame, o que se faz em respeito aos dispositivos contidos no artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, caput e § 4º. É cediço que quando da apresentação de Per/DComp à repartição fiscal, por se tratar de iniciativa do próprio contribuinte, cabe ao transmitente o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado em valores superiores ao débito informado na DComp. Por sua vez à autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. Resta, então, o enfrentamento da questão relacionada à tributação das sociedades cooperadas pelo PIS. O hodierno ordenamento jurídico tem a sua gênese na Constituição Cidadã de 1988. O seu artigo 146, III, ‘C’, dispõe que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais me matéria de legislação tributária, especialmente sobre: adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 A Lei nº 5.764/71, que definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das cooperativas, por meio do seu artigo 4º, já havia atribuído à definição legal de “cooperativas”, como sendo: Art. 4º. As cooperativas são sociedades de pessoas, como forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindose das demais sociedades pelas seguintes características: (...); VII – retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral. Adiante, no caput e no parágrafo único do artigo 79 do mesmo mandamus, adveio a definição e a funcionalidade de “atos cooperativos”. Em outras palavras são tais atos jurídicos que criam, mantém ou extinguem relações cooperativas, não implicando, necessariamente, em atos de mercado. Acerca da tributação do PIS e da COFINS, inicialmente, foi a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, considerada isenta por força do disposto no caput e inciso I do art. 6º, da LC nº 70/91, instituidora da Cofins. Entretanto, com o advento da MP nº 1.8586/99, por meio de seu artigo 23, foram os incisos I e III do artigo 6º da LC nº 70/91, revogados. Ocorre que essa revogação se manteve por meio da MP nº 66/02 e também pela Lei nº 10.637/02, por meio dos seus artigos 1º e 2º, que atualmente regula esta matéria (cobrança do PIS/PASEP, cuja base de cálculo é o valor do faturamento). Do mesmo modo ocorreu com o PIS, cujas cooperativas estão sujeitas ao pagamento desse tributo, seja sobre a folha de salários, mediante a aplicação de alíquota de 1% sobre a folha de pagamento mensal de seus empregados. A outra forma de tributação incide sobre a receita bruta, mediante a alíquota de 0,65% (a partir de 01/11/1999, data fixada pelo Ato Declaratório SRF nº 88/99), com exclusões da base de cálculo prevista pela MP 2.11327/01, ou mesmo de acordo com a MP 107, com as exclusões da base de cálculo, de acordo com o disposto também no artigo 15 da MP 2.113 27/01. Por força do contido na Lei nº 10.637/02, a partir de 01/12/02, a alíquota do PIS foi majorada para 1,65%. Destarte, por meio da MP 107/03, de 10/022003, a alíquota do PIS que houvera sido majorada, retorna ao seu valor original de 0,65%, inclusive para as sociedades cooperativas. Foi a partir da MP nº 2.11329, de 27/03/01, DOU de 28/03/01, de suas reedições e alterações posteriores, até a MP 2.15835/01, através de suas disposições que se Fl. 172DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10825.902146/201293 Acórdão n.º 3803005.818 S3TE03 Fl. 14 7 tornou possível para as sociedades cooperativas a exclusão da base de cálculo do PIS e da Cofins, de valores mencionados no artigo 15 desta MP, isto uma vez observado o disposto nos artigos 2º e 3º da Lei nº 9.718/98. Portanto, a base de cálculo para as contribuições para o PIS e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, é o faturamento, correspondente à receita bruta. A respeito da exclusão de valores da base de cálculo do PIS e da Cofins das cooperativas vale mencionar as disposições da MP nº 101/02, litteris: Art. 1º. As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração de Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. § 1º. Omissis. § 3º O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória nº 1.85810, de 26 de outubro de 1999. Portanto, seja sob a ótica da MP nº 2.15835/01, ou segundo os dispositivos contidos na MP nº 101/02, posteriormente convertida na Lei 10.767/02 e, observados o disposto nos artigos 2º e 3º da Lei nº 9.718/98, o que se percebe nitidamente, é a possibilidade de exclusão de elementos da base de cálculo do PIS e da Cofins, para as sociedades cooperativas. Confirase: Art. 1° Esta Lei aplicase no âmbito da legislação tributária federal, relativamente às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, de que tratam o art. 239 da Constituição e a Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991, ao Imposto sobre a Renda e ao Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativos a Títulos ou Valores Mobiliários IOF. Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001). Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 173DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 (...); § 9o Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) I coresponsabilidades cedidas; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001). (Grifei). De outra parte assim se pronunciou a Solução de Consulta COSIT nº 06, de 8 de novembro de 2010 (ação judicial): EMENTA: O disposto no inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, não permite que as operadoras de planos de assistência à saúde deduzam da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários (clientes), por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, visto que tais contribuições incidem sobre o faturamento (receita bruta) mensal e não sobre o resultado. O inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, somente autoriza as operadoras de planos de assistência à saúde a deduzirem da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep o valor correspondente às indenizações efetivamente pagas por uma operadora, referente aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários (clientes) pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. O Poder Judiciário, aqui representado pelos Tribunais Superiores, também não se omitiu quando provocado a se pronunciar a respeito da tributação do PIS/PASEP e da Cofins, senão vejamos: O Julgamento da Questão no STJ – Sistemática do Recurso Repetitivo: RECURSO ESPECIAL Nº 1.164.716 MG (2009/02107185) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECORRIDO : COOPERATIVA DOS INSTRUTORES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL E PROMOÇÃO SOCIAL RURAL LTDA COOPIFOR Fl. 174DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10825.902146/201293 Acórdão n.º 3803005.818 S3TE03 Fl. 15 9 ADVOGADO : CAMILA COLARES SANTANA E OUTRO(S) DECISÃO (...) impõese, da mesma forma, a submissão do presente apelo extremo como representativo da controvérsia atinente à incidência da contribuição destinada ao PIS e da COFINS sobre a receita oriunda de atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas, à luz do disposto no artigo 79, parágrafo único, da Lei 5.764/71, a fim de se prevenir eventual óbice de conhecimento. (...) Brasília (DF), 24 de fevereiro de 2010. A discussão realizada pelo Supremo Tribunal Federal ainda não chegou a termo, entretanto o reconhecimento da repercussão geral a respeito do tema ora sob exame, já ocorreu. Confirase: REPERCUSSÃO GERAL EM RE N.672.215CE RELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSA EMENTA: TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DA COFINS, DA CONTRIBUIÇÃO AO PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE O LUCRO LÍQUIDO SOBRE O PRODUTO DE ATO COOPERADO OU COOPERATIVO. DISTINÇÃO ENTRE “ATO COOPERADO TÍPICO” E “ATO COOPERADO ATÍPICO”. CONCEITOS CONSTITUCIONAIS DE “ATO COOPERATIVO”, “RECEITA DE ATIVIDADE COOPERATIVA” E “COOPERADO”. COOPERATIVA DE SERVIÇOS MÉDICOS. VALORES PAGOS POR TERCEIROS À COOPERATIVA POR SERVIÇOS PRESTADOS PELOS COOPERADOS. LEIS 5.764/1971, 7.689/1988, 9.718/1998 E 10.833/2003. ARTS. 146, III, c, 194, par. ún., V, 195, caput, e I, a, b e c e § 7º e 239 DA CONSTITUIÇÃO. Tem repercussão geral a discussão sobre a incidência da Cofins, do PIS e da CSLL sobre o produto de ato cooperativo, por violação dos conceitos constitucionais de “ato cooperado”, “receita da atividade cooperativa” e “cooperado”. Discussão que se dá sem prejuízo do exame da constitucionalidade da revogação, por lei ordinária ou medida provisória, de isenção, concedida por lei complementar (RE 598.085RG), bem como da “possibilidade da incidência da contribuição para o PIS sobre os atos cooperativos, tendo em vista o disposto na Medida Provisória nº 2.158 33, originariamente editada sob o nº 1.8586, e nas Leis nºs 9.715 e 9.718, ambas de1998” (RE 599.362 RG, Rel. Min. Dias Toffoli). Como visto ainda não se vislumbra nos textos normativos, nem jurisprudenciais, a hipótese de isenção ou de não incidência tributária para as cooperativas. Tampouco de distinção entre cooperativas de trabalho médico, de crédito, enfim, entre as demais modalidades de sociedades cooperativas. Concluise, por conseguinte que, do texto legal, onde o legislador não faz distinção, não cabe ao operador do direito fazêlo, tampouco ao intérprete da lei. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 O PIS sobre a folha de pagamento constitui uma obrigação tributária principal devida por todas as entidades sem fins lucrativos, classificadas como Isentas, Imunes ou Dispensadas, e calculado sobre a folha de pagamento de salários, à alíquota de 1%. Quanto ao requerido pela Recorrente, no sentido de que o PIS/folha de pagamento não é cabível, portanto poderia ser compensado com tais débitos, considero inadequado o seu pedido. Isto porque ao manifestar o seu inconformismo a ora Recorrente destacou que a MP 2.15835/01 ao mesmo tempo em que revogou a exigência da contribuição ao PIS para as entidades sem fins lucrativos, explicitou que as sociedades cooperativas de produção rural, contribuintes do PIS com base no faturamento, porém sujeitas às exclusões e deduções no art. 15 da referida MP, continuavam sujeitas à contribuição ao PIS com base na folha de salário, nos termos do seu art. 13. Tema este reiterado no recurso voluntário. Há um equívoco nas assertivas formuladas pela Recorrente quanto à revogação da exigência da contribuição ao PIS para as entidades sem fins lucrativos, pela MP nº 2.158 35/01. Diversamente, com o advento dessa medida provisória tornouse concreta a possibilidade de exclusão de elementos previstos na legislação de regência, da base de cálculo do PIS e da Cofins, isto em conformidade com o disposto nos artigos 2º e 3º da Lei nº 9.718/98. E mais, a Recorrente foi além ao mencionar que ratificando esse entendimento encontrase o art. 28 da IN SRF nº 635/06, que explicita quais as sociedades que continuam sujeitas a incidência da contribuição ao PIS com base na folha de salário, conforme se depreende da solução no processo de consulta nº 290/07; O fato de o art. 28 não relacionar expressamente a sociedade cooperativa de trabalho médico dentre aquelas cujo fato gerador para o PIS/PASEP incide sobre a folha de salários no percentual de 1%, não autoriza o contribuinte a dela se eximir, como se imune ou isenta fosse, o que não corresponde ao disposto nos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98, posto que as deduções permitidas em lei, se faz em observância desses dois artigos suso citados. O rol das exclusões mencionados no art. 15 da MP 2.15835/01, aplicável ao caso em comento, não é exaustivo, ou mesmo conclusivo, como também não o é aquele constante do artigo 28 da IN SRF nº 635/06, DOU de 17/04/2006, e ambos ensejam a incidência do PIS/Folha. Isto posto oriento o meu voto pelo não provimento do recurso voluntário. É como voto. Sala de sessões em 25 de março de 2014. Jorge Victor Rodrigues Relator Relator Relator Fl. 176DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10825.902146/201293 Acórdão n.º 3803005.818 S3TE03 Fl. 16 11 Fl. 177DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/11/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 16095.000712/2007-31
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2002 a 30/11/2003
VALE TRANSPORTE PAGO EM DINHEIRO
Para a Suprema Corte, o pagamento desse benefício em forma de vale ou dinheiro não lhe altera a natureza jurídica que é de indenização e, portanto, não sujeito à incidência da contribuição previdenciária.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-003.339
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os menbros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Manoel Coelho Arruda Junior Relator
EDITADO EM:02/02/2015
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2002 a 30/11/2003 VALE TRANSPORTE PAGO EM DINHEIRO Para a Suprema Corte, o pagamento desse benefício em forma de vale ou dinheiro não lhe altera a natureza jurídica que é de indenização e, portanto, não sujeito à incidência da contribuição previdenciária. Recurso especial negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os menbros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Relator EDITADO EM:02/02/2015 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 30/11/2003 VALE TRANSPORTE PAGO EM DINHEIRO Para a Suprema Corte, o pagamento desse benefício em forma de vale ou dinheiro não lhe altera a natureza jurídica que é de indenização e, portanto, não sujeito à incidência da contribuição previdenciária. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os menbros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator EDITADO EM:02/02/2015 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 07 12 /2 00 7- 31 Fl. 243DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 2 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire. Relatório A Fazenda Nacional inconformada com o decidido no Acórdão n. 2803 00.393, proferido pela 3ª Turma Especial da 2ª Seção, em 01/12/2010 (fls. 156/158), interpôs Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, fls. 108/121, com fulcro no art. 67, do RICARF. A PGFN insurgese em face do acórdão acima numerado que deu provimento ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo da contribuição previdenciária a parte correspondente à verba valetransporte, pago em pecúnia (fls. 156/158), entendendo a recorrente que o acórdão recorrido merece reforma, na medida em que os acórdãos paradigmas entendem, em sentido contrário, que os valores de valetransporte pagos em pecúnia, por estarem em desacordo com a legislação própria que disciplina o benefício – Lei n. 7.418/85 e Decreto n. 9.524/87 – devem ser entendidos como salário de contribuição, nos termos do art. 28, §9º, alínea “f”, da Lei n. 8.212/91 (fls. 162/170). Segundo a recorrente, o acórdão recorrido diverge dos paradigmas que apresenta, proferidos pelas 1ª e 2ª Turmas Ordinárias da 4ª Câmara da 2ª Seção (fls. 171/192): Ac. 240200.956 AUXÍLIO TRANSPORTE EM PECÚNIA. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA. A contribuição previdenciária sobre a parcela paga a título de ValeTransporte é devida se não forem observadas as disposições da Lei n. 7.418/85 e do Decreto n. 95.427/87. Ac. 240100242 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 28/02/2005 DECADÊNCIA ARTS 45 E 46 LEI N° 8.212/1991 INCONSTTFUCIONALIDADE STF SÚMULA VINCULANTE Tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE's IN 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante n° 08, disciplinando a matéria. Termo inicial: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4°). No caso, tratase de tributo sujeito a lançamento por homologação e, corno não houve demonstração pela fiscalização de que não houve antecipação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 150, § 4° do CTN. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA CUSTEIO SALÁRIO INDIRETO DECADÊNCIA PARCIAL De acordo com a Súmula Vinculante Fl. 244DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 16095.000712/200731 Acórdão n.º 9202003.339 CSRFT2 Fl. 6 3 n° 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. As verbas intituladas valetransporte, pagas em desacordo com a legislação própria, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. Instado a se manifestar, o i. Presidente da 3ª Câmara da Segunda Seção resolveu dar seguimento ao REsp, por meio do Despacho n. 2300393/2012 [fls. 194/195]. Intimado do decisum e do recurso interposto, o sujeito passivo apresentou contrarrazões que, em síntese, reitera os argumentos dispostos no Acórdão recorrido. É como voto. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, Relator Sendo tempestivo o REsp interposto e demonstrada a divergência jurisprudencial, CONHEÇO do Recurso. Valetransporte pago em dinheiro A questão relativa ao pagamento do vale transporte em espécie já foi decidida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário n. 478.410, cuja ementa reproduzimos: “EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALETRANSPORTE. MOEDA. CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago o benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em valetransporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não salarial do benefício. 2. A admitirmos não possa esse benefício ser pago em dinheiro sem que seu caráter seja afetado, estaríamos a relativizar o curso legal da moeda nacional. 3. A funcionalidade do conceito de moeda revelase em sua utilização no plano das relações jurídicas. O instrumento monetário válido é padrão de valor, enquanto instrumento de pagamento sendo dotado de poder liberatório: sua entrega ao credor libera o devedor. Poder liberatório é qualidade, da moeda enquanto instrumento de pagamento, que se manifesta exclusivamente no plano jurídico: somente ela permite essa liberação indiscriminada, a todo sujeito de direito, no que tange a débitos de caráter patrimonial. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 4 4. A aptidão da moeda para o cumprimento dessas funções decorre da circunstância de ser ela tocada pelos atributos do curso legal e do curso forçado. 5. A exclusividade de circulação da moeda está relacionada ao curso legal, que respeita ao instrumento monetário enquanto em circulação; não decorre do curso forçado, dado que este atinge o instrumento monetário enquanto valor e a sua instituição [do curso forçado] importa apenas em que não possa ser exigida do poder emissor sua conversão em outro valor. 6. A cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de vales transporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa. Recurso Extraordinário a que se dá provimento.”(RE 478410, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2010, DJe 086 DIVULG 13052010 PUBLIC 14052010 EMENT VOL 0240104 PP00822 RDECTRAB v. 17, n. 192, 2010, p. 145166) Para a Suprema Corte, o pagamento desse benefício em forma de vale ou dinheiro não lhe altera a natureza jurídica que é de indenização e, portanto, não sujeito à incidência da contribuição previdenciária. É importante ressaltar que a Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, a qual instituiu o Regimento Interno desse Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, foi alterado pela Portaria nº 586, de 21 de dezembro de 2010, a qual incluiu o artigo 62A, segundo o qual devem ser observados nos julgamentos desse Conselho as decisões definitivas de mérito do Pretório Excelso, proferidas na sistemática da repercussão geral, bem como as do C. Superior Tribunal de Justiça, na forma de recurso repetitivo. O que se extrai dessas alterações é que esse Conselho valhase, em suas decisões, daquelas já tomadas pelo Poder Judiciário e que consolidaram seu entendimento final sobre a matéria, pois no sistema jurídico brasileiro esse é o único órgão competente para “dizer o direito” com foros de definitividade. É certo que, até o presente momento, a Suprema Corte não julgou a questão ora posta em julgamento na forma de repercussão geral. Não obstante esse posicionamento está consolidado no Pretório Excelso que o julgou pelo seu Plenário. Assim, tenho que os valores relativos a vale transporte pago em dinheiro, deve ser excluída do lançamento, conforme decidido pelo Acórdão recorrido. DISPOSITIVO Por todo o exposto, VOTO por CONHECER DO RECURSO ESPECIAL interposto, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Júnior Fl. 246DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 16095.000712/200731 Acórdão n.º 9202003.339 CSRFT2 Fl. 7 5 Fl. 247DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10850.907505/2011-19
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/11/2000
PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO - APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL - POSSIBILIDADE.
Nos termos regimentais, reproduzem-se as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3801-004.915
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Cássio Schappo, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Cássio Schappo, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 75 05 /2 01 1- 19 Fl. 271DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 4 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo a seguir: Trata o presente processo de Pedido de Restituição de créditos de PIS, referentes a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior no período de apuração novembro de 2000, no valor de R$ 574,76. O pedido foi transmitido através do PER nº 02590.44866.090605.1.2.04 4534, fls. 2/4, em 09/06/2005.. O despacho decisório de fls. 5, indeferiu o pedido, pois o pagamento indicado no PER teria sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. O despacho foi encaminhado para ciência do contribuinte, conforme comprovante constante à fl. 8. Irresignado, o recorrente apresentou, tempestivamente, a manifestação de inconformidade de fls. 9/17, para alegar que: I. O Despacho Decisório não teria examinado o motivo real dos recolhimentos a maior, por não ter aventado a possibilidade de que tais pagamentos seriam devido à ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins de que trata a Lei nº 9.718/98; dessa forma, deveria ser reformado, em desrespeito ao artigo 65 da IN RFB nº 900/2008, e ao artigo 142 do Código Tributário Nacional – CTN; II. O pagamento indevido, objeto da restituição, seria devido à inconstitucionalidade do parágrafo 1º, do artigo 3º, da Lei nº 9.718/98, que trata da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins; a discussão de tal matéria estaria superada pelo STF, pois já teria sido aplicada a repercussão geral no RE nº 585.235, de 10/09/2008; III. Outra prova da pacificação de tal entendimento seria a edição da Lei nº 11.941/2009, que teria revogado o parágrafo 1º, do artigo 3º, da Lei nº 9.718/98; IV. O entendimento do STF deveria ser aplicado às decisões administrativas, conforme os seguintes dispositivos: inciso I do parágrafo 6º, do artigo 26A, do Decreto nº 72.235/72 – PAF; inciso I, do artigo 59, do Decreto n° 7.574/2011; inciso I, parágrafo 1º, do artigo 62 e caput do artigo 62A., ambos do RICARF; Concluiu argumentando que na base de cálculo do PIS e da Cofins deveriam ser incluídos os valores correspondentes apenas às receitas de vendas de mercadorias e serviços. Solicitou Fl. 272DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 5 3 comprovar as alegações através da realização de diligência, perícia e juntada de documentos. Requereu ainda a reunião dos processos elencados na manifestação de inconformidade, já que teriam as mesmas partes e tratariam de matéria idêntica.. Apensou planilha e balancete contendo as receitas financeiras da empresa (fls. 48/49). A Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) proferiu a seguinte decisão, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/11/2000 AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. A inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal em recurso extraordinário, não gera efeitos erga omnes, sendo incabível sua aplicação a contribuintes que não façam parte da respectiva ação. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE SALDO A RESTITUIR. Verificado que o crédito pleiteado foi totalmente utilizado, em momento anterior, para quitação de débitos declarados em DCTF, resta impossibilitada, por falta de saldo, a restituição. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/11/2000 PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a contribuinte recorreu a este Conselho reproduzindo, na essência, as razões apresentadas por ocasião da impugnação e juntando documentação comprobatória. Fl. 273DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 6 4 Em face do bom direito da recorrente, o processo, em julgamento unânime, foi convertido em diligência para que a Delegacia de origem apurasse a composição da base de cálculo da Contribuição para o PIS com base na documentação apresentada e na escrita fiscal e contábil, relativo aos períodos de apuração apontados nos pedidos de restituição, e a correção dos valores inicialmente pleiteados correspondentes à indevida ampliação da base de cálculo do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. A DRF de origem em cumprimento ao solicitado na Resolução exarou a Informação Fiscal de fls. 194/196 na qual conclui que “Após, apuração da Contribuição do PIS devida para o mês de Novembro de 2000 no valor de R$.2.040,38 e, observado que o valor recolhido foi de R$.1.211,14 (fls.193), concluímos que o recolhimento foi insuficiente.” A contribuinte foi devidamente cientificada do teor da diligência por via eletrônica e se manifestou alegando, em síntese: · a fiscalização não identificou o regramento conferido pela Instrução Normativa n. 247, de 21.11.2002, em seu art. 10, parágrafos 4o e 5o, referentes dedução da base de cálculo da contribuição do valor total da venda de veículos usados, acarretando no indeferimento do direito creditório; · conforme se verifica nos documentos contábeis juntados anteriormente, bem como pela planilha de cálculo elaborada pela requerente (doc. 01), o valor de aquisição dos veículos usados vendidos não poderia ser incluído na base de cálculo da contribuição em foco. Os valores de aquisição e de venda estão devidamente abertos no balancete de verificação entregue à fiscalização, e comprovam que o cálculo realizado pela fiscalização não merece prevalecer. Assim, os autos administrativos retornaram a esse colegiado para julgamento. É o relatório. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 7 5 Voto Conselheiro Marcos Antonio Borges O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. A questão posta em discussão cingese ao direito ao crédito de PIS pago com base no art. 3º, § 1, da Lei n° 9.718, de 1998, que foram posteriormente declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Preliminarmente, entendo que deve ser considerada a documentação comprobatória apresentada em sede de Recurso Voluntário, que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, em obediência ao princípio da verdade material, conforme entendimento prevalente nesse colegiado e que foram juntadas em complemento aos documentos comprobatórios apensados anteriormente, os quais, em tese, ratificam os argumentos apresentados. No mérito assiste razão à recorrente, senão vejamos: A Lei nº 9.718/98, conversão da Medida Provisória nº 1.724/98, estendeu o conceito de faturamento, base de cálculo das contribuições PIS e Cofins, definindoo no §1º do art. 3º como "receita bruta" da pessoa jurídica, e esta seria “a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas”. Ocorre, todavia, que o Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento dos Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, e n.º 346.0846/PR, do Ministro Ilmar Galvão, pacificou o entendimento da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à Cofins, promovida pelo § 1º, do artigo 3º, da Lei n.º 9.718/98. Os aludidos acórdãos foram assim ementados: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do Fl. 275DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 8 6 artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. No mais, o STF, no julgamento do RE nº 585.235, publicado no DJ nº 227 do dia 28/11/2008, julgado no qual havia sido aplicada a repercussão geral da matéria em exame, reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Segue a ementa, in verbis: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Neste sentido, há de se observar o artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria nº 256/2009 do Ministro da Fazenda, com alterações das Portarias 446/2009 e 586/2010, que dispõe que os Conselheiros têm que reproduzir as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral, in verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Outrossim, o Decreto nº 70.235/72, que rege o processo fiscal, estabelece: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade* (...) §6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:* I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;* (...)” Fl. 276DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 9 7 *Nova redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009 Além do mais, em consonância com o entendimento da Excelsa Corte, a Lei nº 11.941/09 revogou expressamente o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Da análise dos demonstrativos e da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), verificase que outras receitas compuseram a base de cálculo da contribuição PIS em desacordo com o conceito de faturamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), qual seja, a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Conforme relatado, o presente processo foi convertido em diligência para que a Delegacia de origem apurasse a composição da base de cálculo da Contribuição para o PIS com base na documentação apresentada e na escrita fiscal e contábil, relativo aos períodos de apuração apontados nos pedidos de restituição, e a correção dos valores inicialmente pleiteados correspondentes à indevida ampliação da base de cálculo do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. A DRF de origem em cumprimento ao solicitado na Resolução exarou a Informação Fiscal de fls. 194/196 na qual conclui que “Após, apuração da Contribuição do PIS devida para o mês de Novembro de 2000 no valor de R$.2.040,38 e, observado que o valor recolhido foi de R$.1.211,14 (fls.193), concluímos que o recolhimento foi insuficiente.” Com base nessa Informação Fiscal a autoridade administrativa não reconheceu o direito creditório referente pagamento indevido ou a maior da Contribuição do PIS do mês de Novembro de 2000, recolhido em 15/12/2000, no código 8109, no valor original de R$.574,76 (Quinhentos e Setenta e Quatro Reais e Setenta e Seis Centavos), requerido através do Pedido de Restituição na PERDCOMP de nº 02590.44866.090605.1.2.044534, transmitida em 09/06/2005 (fls.2/4). A requerente alega que não foi deduzido da base de cálculo da contribuição o valor de aquisição dos veículos usados vendidos, conforme prevê a Instrução Normativa n. 247, de 21.11.2002, em seu art. 10, parágrafos 4o e 5o. Entendo que assiste razão à recorrente, senão vejamos: Através da publicação da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998, ficou estabelecido um tratamento diferenciado em relação a tributação das receitas auferidas pela venda de veículos usados por pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores. Houve também a regulamentação através da Instrução Normativa SRF nº 152/98, assim redigidos: Lei nº 9.716/98: (...) Art. 5º As pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores poderão equiparar, para efeitos tributários, como operação de consignação, as operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, bem assim dos recebidos como parte do preço da venda de veículos novos ou usados. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 10 8 Parágrafo único. Os veículos usados, referidos neste artigo, serão objeto de Nota Fiscal de Entrada e, quando da venda, de Nota Fiscal de Saída, sujeitandose ao respectivo regime fiscal aplicável às operações de consignação. Instrução Normativa SRF nº 152/98: (...) Art. 2º Nas operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como parte do pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, o valor a ser computado na determinação mensal das bases de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, pagos por estimativa, da contribuição para o PIS/PASEP e da contribuição para o financiamento da seguridade social COFINS será apurado segundo o regime aplicável às operações de consignação. § 1º Na determinação das bases de cálculo de que trata este artigo será computada a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição constante da nota fiscal de entrada. § 2º O custo de aquisição de veículo usado, nas operações de que trata esta Instrução Normativa, é o preço ajustado entre as partes. No que diz respeito ao Pis/Pasep e ao Cofins a matéria em tela consta ainda da Lei nº 10.637/02, art. 8º, VII, c e da Lei nº 10.833/03, art. 10, VII, c, e está regulada através da IN SRF nº 247/2002. Lei nº 10.637/02 (...) Art. 8º Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 6º: VII as receitas decorrentes das operações: (...) c) referidas no art. 5º da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998; Lei 10.833/03 (...) Art. 10.. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: VII as receitas decorrentes das operações: Fl. 278DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 11 9 c) referidas no art. 5o da Lei no 9.716, de 26 de novembro de 1998; Instrução Normativa SRF nº 247/2002: (...) Art. 10. As pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, observado o disposto no art. 9º, têm como base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins o valor do faturamento, que corresponde à receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas, independentemente da atividade por elas exercidas e da classificação contábil adotada para a escrituração das receitas. (...) § 4º A pessoa jurídica que tenha como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores deve apurar o valor da base de cálculo nas operações de venda de veículos usados adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como parte do pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, segundo o regime aplicável às operações de consignação. § 5º Na determinação da base de cálculo de que trata o § 4º será computada a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada. § 6º O custo de aquisição de veículo usado, nas operações de que tratam os §§ 4º e 5º, é o preço ajustado entre as partes. Assim, na determinação da base de cálculo da contribuição em foco deverá ser computada a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada. Desta forma, deve ser reconhecido o direito creditório do Recorrente caso exista, em seu favor, crédito oriundo de recolhimentos efetuados a título de Contribuição para o PIS na forma da Lei nº 9.718/98, excluindose da sua base de cálculo as receitas não compreendidas no conceito de faturamento nos termos dos conceitos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal, atendendose ainda ao disposto no art 5º da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998. Neste sentido, os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. É importante consignar que compete a autoridade administrativa, com base na escrita fiscal e contábil, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer o direito à restituição dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998, atendendose ainda ao disposto no art 5º da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998. Fl. 279DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907505/201119 Acórdão n.º 3801004.915 S3TE01 Fl. 12 10 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 280DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10410.722548/2013-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2012 a 30/09/2012, 01/12/2012 a 31/12/2012, 01/02/2003 a 28/12/2003
Ementa:
COMPENSAÇÃO CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS GLOSA.
Serão glosados pelo Fisco os valores compensados indevidamente pelo sujeito passivo. Supostos créditos de COFINS não podem ser compensados com as contribuições previdenciárias, em função da vedação legal constante do artigo 89, §2º, da Lei n.º 8.212/91.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.534
Decisão: Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a glosa de compensação de contribuições previdenciárias com supostos créditos de COFINS, em função da vedação legal exposta no art. 89, § 2º da Lei n ° 8.212/1991.
Liege Lacroix Thomasi - Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Leo Meirelles do Amaral, André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2012 a 30/09/2012, 01/12/2012 a 31/12/2012, 01/02/2003 a 28/12/2003 Ementa: COMPENSAÇÃO CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS GLOSA. Serão glosados pelo Fisco os valores compensados indevidamente pelo sujeito passivo. Supostos créditos de COFINS não podem ser compensados com as contribuições previdenciárias, em função da vedação legal constante do artigo 89, §2º, da Lei n.º 8.212/91. Recurso Voluntário Negado
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Serão glosados pelo Fisco os valores compensados indevidamente pelo sujeito passivo. Supostos créditos de COFINS não podem ser compensados com as contribuições previdenciárias, em função da vedação legal constante do artigo 89, §2º, da Lei n.º 8.212/91. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a glosa de compensação de contribuições previdenciárias com supostos créditos de COFINS, em função da vedação legal exposta no art. 89, § 2º da Lei n ° 8.212/1991. Liege Lacroix Thomasi Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Leo Meirelles do Amaral, André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 72 25 48 /2 01 3- 69 Fl. 378DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 Relatório Trata o presente de Auto de Infração de Obrigação Principal, lavrado em 18/07/2013, e cientificado ao sujeito passivo em 19/07/2013, referente à glosa de compensação indevida efetuada nas competências de 02/2012 a 09/2012 e 02/2013 para o FPAS 833 (setor industrial) e competências de 12/2012 e 02/2013, para o FPAS 604 (rural) O relatório fiscal de fls. 15/24, diz que a autuada informou compensações de contribuições previdenciárias em GFIP, e lhe foi solicitado através do Termo de Início de Procedimento Fiscal, de 24/04/2013 e do Termo de Intimação Fiscal de 20/05/2013, que informasse ao Fisco a origem do crédito lançado, qual a base legal para promover a compensação e se possuía decisão judicial que autorizasse a compensação. Das informações e documentos apresentados, o Fisco concluiu que o crédito que originou as compensações de contribuições previdenciárias é da COFINS informado através de pedido de ressarcimento à Receita Federal do Brasil. Ao mesmo tempo em que a recorrente requereu o ressarcimento, também procedeu à compensação das contribuições previdenciárias com o crédito da COFINS exportação. Ademais, as compensações efetuadas na competência 12/2012, são originados do pagamento a maior ocorrido na competência 13/2012, mas o pagamento a maior foi efetuado para os Terceiros, não cabendo compensação com contribuições previdenciárias. Após a impugnação, Acórdão de fls.314/339, pugnou pela procedência da autuação. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese: a) que a compensação é legal frente à unificação dos Fiscos, já que os tributos são administrados pelo mesmo órgão; b) que o artigo 26 da Lei n.º 11.457/2007, viabiliza a compensação de débitos de contribuições previdenciárias com créditos de outros tributos; c) que a restrição contida no §2º do artigo 89 da Lei n.º 8.212/91, foi revogada com a MP 449/2008 e não há qualquer óbice à compensação como aqui efetivada; d) que desde 2005 a Lei n.º 11.196/2005 instituiu as compensações de ofício entre as contribuições previdenciárias e outros tributos federais; e) que a situação do contribuinte não foi objeto de qualquer vedação à compensação; Fl. 379DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10410.722548/201369 Acórdão n.º 2302003.534 S2C3T2 Fl. 373 3 f) que é legal a compensação efetuada no mês 12/2012 com contribuições de outras entidades porque a GFIP não tem campo próprio para informar compensação de outras entidades. g) Por fim, requer o provimento do recurso para reformar a decisão recorrida e homologar a compensação, tornando insubsistente o auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Liege Lacroix Thomasi O recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade, devendo ser conhecido e examinado. Quanto à questão relativa ao direito de compensar créditos da COFINS, independente da existência dos mesmos, com contribuições previdenciárias, tenho que a recorrente não possui este direito. As hipóteses de compensação estão elencadas na Lei n.º 8.212/91, em seu artigo 89, dispondo que a possibilidade restringese aos casos de pagamento ou recolhimento indevidos. No caso presente esta hipótese não sucedeu, porque não ocorreu o recolhimento ou pagamento indevidos de contribuições previdenciárias. A Lei n ° 8.212/1991 está em perfeita consonância com o ordenamento jurídico vigente, eis que o próprio Código Tributário Nacional dispõe em seu artigo 97, VI, que as hipóteses de extinção do crédito tributário, entre essas a compensação e a dação em pagamento, são de estrita reserva legal. Portanto, para verificar a possibilidade de compensação e de dação em pagamento deve ser examinado o atendimento aos permissivos legais e havendo disposição específica na legislação previdenciária, não há que ser aplicado o procedimento das Leis n °s 8.383/1991, 9.430/1996 e o Decreto n ° 2.138/1997. Conforme prevê o art. 89, § 2º da Lei n ° 8.212/1991, somente pode ser compensado nas contribuições previdenciárias os valores referentes a contribuições previdenciárias. Não há previsão legal para que sejam aceitos outros créditos. Mesmo porque há vinculação específica das receitas de contribuições previdenciárias, conforme expressamente previsto no art. 167, inciso XI da Constituição Federal. Destarte, não poderia a recorrente compensar supostos créditos de COFINS com as contribuições previdenciárias em função da vedação legal já transcrita, além do que Fl. 380DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 pelo fato de as contribuições previdenciárias terem vinculação com pagamento de benefícios previdenciários, de acordo com o previsto no art. 167, inciso XI da Constituição Federal. Corroborando a posição, trago a posição adotada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região quanto à compensação de contribuição previdenciária com créditos de outros tributos: Classe:AC APELAÇÃO CIVEL Processo:2009.71.10.0018186UF:RS Data da Decisão:19/05/2010Orgão Julgador:PRIMEIRA TURMA RelatorJOEL ILAN PACIORNIK DecisãoVistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional Federal 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Ementa TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES ADMINISTRADOS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL COM CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ART.26 DA LEI 11.457/07. VEDAÇÃO LEGAL. CONSIDERADA NEM MESMO DECLARADA. POSSIBILIDADE.1. Há disposição legal expressa (parágrafo único do art.26 da Lei nº 11.457/07) vedando a compensação dos créditos tributários em relação a tributos e contribuições administrados pela antiga Secretaria da Receita Federal com débitos próprios de contribuições previdenciárias e de contribuições arrecadadas a outras entidades.2. Havendo vedação legal de realização da compensação conforme pretendido pela demandante, não é possível que sequer seja considerada declarada a compensação realizada, posto que efetivada contra expressa determinação legal. Não é possível que seja dado ao demandante que age contrariamente à lei os mesmos mecanismos de proteção dados à quem age dentro das disposições legais.3. Por conseguinte, perfeitamente correto e legal o ato da autoridade administrativa. Classe:APELREEX APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Processo:502015231.2012.404.7108UF:RS Data da Decisão:17/09/2013Orgão Julgador:SEGUNDA TURMA RelatorRÔMULO PIZZOLATTI DecisãoVistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 2a. Turma do Tribunal Fl. 381DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 10410.722548/201369 Acórdão n.º 2302003.534 S2C3T2 Fl. 374 5 Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Ementa REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. LC Nº 118, DE 2005.Em se tratando de ação para aproveitamento em compensação tributária de quantias pagas indevidamente, a título de tributo, ajuizada depois de 09 062005, ou seja, após a vacatio legis da Lei Complementar nº 118, de 09022005, que alterou o art. 168 do Código Tributário Nacional (CTN), o prazo prescricional aplicável é de cinco (5) anos.CRÉDITOS FISCAIS CONCEDIDOS NO ÂMBITO DO REGIME ESPECIAL DE REINTEGRAÇÃO DE VALORES TRIBUTÁRIOS PARA AS EMPRESAS EXPORTADORAS REINTEGRA. CRÉDITOS PRESUMIDOS DE ICMS. TRIBUTAÇÃO DE PIS, COFINS, IRPJ E CSLL. DESCABIMENTO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.1. É indevida a cobrança de contribuição ao PIS, COFINS, IRPJ e CSLL sobre os valores referentes aos créditos fiscais auferidos pela empresa exportadora, sejam os do âmbito do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras REINTEGRA, sejam os ditos presumidos de ICMS, porquanto tais valores não constituem receita ou faturamento, e tampouco lucro.2. Tem direito o contribuinte à restituição dos valores recolhidos a mais a título de PIS, COFINS, IRP e CSLL nos 05 anos anteriores ao ajuizamento, devidamente atualizados, podendo aproveitálos inclusive mediante compensação tributária com quaisquer tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, à exceção das contribuições previdenciárias previstas no art. 11, parágrafo único, "a", "b" e "c", da Lei nº 8.212, de 1991. Pelo exposto, Voto por negar provimento ao recurso, mantendo a glosa de compensação de contribuições previdenciárias com supostos créditos de COFINS, em função da vedação legal exposta no art. 89, § 2º da Lei n ° 8.212/1991. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 382DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Fl. 383DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 12045.000539/2007-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/1999 a 30/10/2002
CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL PARA APOSENTADORIA ESPECIAL
A legislação relativa à concessão de aposentadoria especial busca, justamente, restringir o benefício, que só deve ser concedido a quem, efetivamente esteve exposto a agentes nocivos de forma habitual e intermitente.
A demonstração de gerenciamento adequado dos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho, impede a incidência da contribuição adicional para o financiamento de aposentadoria especial dos segurados.
A falta de comprovação do gerenciamento, conseqüência da falta de elaboração e apresentação dos pertinentes documentos como PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais do Trabalho, LTCAT - Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho e PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário, autoriza o levantamento do débito por aferição indireta, nos termos do artigo 33 e seus parágrafos da Lei n.º 8.212/91.
AFERIÇÃO INDIRETA
Em caso de recusa ou sonegação de qualquer informação ou documentação regulamente requerida ou a sua apresentação deficiente, a fiscalização deverá inscrever de ofício a importância que reputar devida, cabendo à empresa ou contribuinte o ônus da prova em contrário.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.658
Decisão: Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos em negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo o lançamento do adicional à contribuição social do artigo 22, III da Lei n.º 8.212/91, referente ao financiamento dos benefícios relativos à aposentadoria especial, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Graziela Parisoto, Luciana Matos Pereira Barbosa, André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/1999 a 30/10/2002 CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL PARA APOSENTADORIA ESPECIAL A legislação relativa à concessão de aposentadoria especial busca, justamente, restringir o benefício, que só deve ser concedido a quem, efetivamente esteve exposto a agentes nocivos de forma habitual e intermitente. A demonstração de gerenciamento adequado dos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho, impede a incidência da contribuição adicional para o financiamento de aposentadoria especial dos segurados. A falta de comprovação do gerenciamento, conseqüência da falta de elaboração e apresentação dos pertinentes documentos como PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais do Trabalho, LTCAT - Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho e PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário, autoriza o levantamento do débito por aferição indireta, nos termos do artigo 33 e seus parágrafos da Lei n.º 8.212/91. AFERIÇÃO INDIRETA Em caso de recusa ou sonegação de qualquer informação ou documentação regulamente requerida ou a sua apresentação deficiente, a fiscalização deverá inscrever de ofício a importância que reputar devida, cabendo à empresa ou contribuinte o ônus da prova em contrário. Recurso Voluntário Negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1999 a 30/10/2002 CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL PARA APOSENTADORIA ESPECIAL A legislação relativa à concessão de aposentadoria especial busca, justamente, restringir o benefício, que só deve ser concedido a quem, efetivamente esteve exposto a agentes nocivos de forma habitual e intermitente. A demonstração de gerenciamento adequado dos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho, impede a incidência da contribuição adicional para o financiamento de aposentadoria especial dos segurados. A falta de comprovação do gerenciamento, conseqüência da falta de elaboração e apresentação dos pertinentes documentos como PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais do Trabalho, LTCAT Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho e PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário, autoriza o levantamento do débito por aferição indireta, nos termos do artigo 33 e seus parágrafos da Lei n.º 8.212/91. AFERIÇÃO INDIRETA Em caso de recusa ou sonegação de qualquer informação ou documentação regulamente requerida ou a sua apresentação deficiente, a fiscalização deverá inscrever de ofício a importância que reputar devida, cabendo à empresa ou contribuinte o ônus da prova em contrário. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos em negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo o lançamento do adicional à AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 04 5. 00 05 39 /2 00 7- 14 Fl. 1486DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 contribuição social do artigo 22, III da Lei n.º 8.212/91, referente ao financiamento dos benefícios relativos à aposentadoria especial, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Graziela Parisoto, Luciana Matos Pereira Barbosa, André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes. Fl. 1487DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 12045.000539/200714 Acórdão n.º 2302003.658 S2C3T2 Fl. 1.487 3 Relatório Trata a presente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, cientificada ao sujeito passivo através de registro postal em 20/03/2003, de lançamento arbitrado do adicional à contribuição social do artigo 22, III da Lei n.º 8.212/91, referente ao financiamento dos benefícios relativos à aposentadoria especial, no período de 04/1999 a 10/2002. De acordo com o Relatório Fiscal de fls.428/462, a notificada deixou de comprovar o eficaz gerenciamento do ambiente de trabalho e o controle dos riscos ocupacionais existentes, porque deixou de implementar o PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, não elaborou o LTCAT Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho e não elaborou o PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário, que deveria ter sido também fornecido aos segurados por ora da rescisão do contrato de trabalho. Após a impugnação onde a notificada se insurge contra a auditoria realizada e o levantamento por vícios formais, já que não houve a observância do devido processo legal e a fiscalização previdenciária invadiu a competência do Ministério Trabalho, DecisãoNotificação de fls. 488/496, pugnou pela procedência do lançamento. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, argüindo em apertada síntese: a) que a ação fiscalizatória afrontou os princípios do contraditório e da ampla defesa; b) que o processo foi confuso, prolixo e os auditores invadiram área que não é sua; c) que possui escrita contábil regular que foi devidamente apresentada ao Fisco, acompanhada de matrículas de obras pagamentos e documentos do CREA, além de contratos com tomadores de serviços; d) que elaborou as GFIP's mensalmente; e) que o valor exigido com o lançamento foi atribuído de forma genérica e indireta baseado em presunções e interpretações equivocadas; f) que ocorreu bis in idem porque o Ministério do Trabalho já havia empreendido ação fiscalizatória; g) que o arbitramento somente pode ser utilizado em casos extremos; h) que os salários foram apurados de forma indireta a base de 40% sobre as faturas de serviço; Fl. 1488DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 i) que foi equivocada a ação que considerou empregados os trabalhadores sem vínculo em 1977; j) que no período de 1999 a 2002 contribuiu normalmente não havendo diferenças a serem apuradas; k) que as matrículas consideradas para a autuação, já nem eram mais utilizadas; l) que a técnica de apuração utilizada é desconexa com a contabilidade. m) Por fim, requer o provimento do recurso para reconhecer a improcedência e a nulidade do auto de infração que deve ser anulado eximindo a empresa do pagamento dos valores lançados. Foram apresentadas as contrarrazões pelo órgão julgador de primeira instância, pela manutenção da NFLD. Os autos vieram a julgamento e este Colegiado exarou a Resolução n.º 2302 000175, de 11/07/2012, fls. 1454/1456, convertendo o julgamento em diligência para que fosse elaborado parecer conclusivo por Médico Perito do Fisco (sic), acerca da efetiva exposição a riscos ambientais, mediante inspeção técnica no local e para que fosse informado se houve a concessão de benefícios por incapacidade acidentária dos segurados no período do débito. Em resposta à diligência solicitada a Receita Federal do Brasil RFB, por seu competente setor, informou às fls. 1459/1460, ser inexeqüível o cumprimento da diligência comandada, porque não há na estrutura da RFB médico perito e ainda que houvesse, não é possível realizar diligência para verificar exposição a riscos ambientais num período passado de praticamente mais de dez anos. Ademais, sugere que a diligência seja cumprida pelo INSS no que tange a existência ou não de auxílios acidentários no período da notificação. Enviado ofício à Diretoria de Benefícios do INSS, fls. 1462, esta respondeu através do documento de fls. 1467, que não constam concessões de benefícios acidentários no período de 1999 a 2002. Destarte, os autos retornaram ao CARF, sendo promovido novo sorteio para o seguimento do processo, já que a Conselheira Relatora não mais fazia parte do Colegiado. É o relatório. Fl. 1489DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 12045.000539/200714 Acórdão n.º 2302003.658 S2C3T2 Fl. 1.488 5 Voto Conselheira Relatora Liege Lacroix Thomasi O Recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade, devendo ser conhecido e examinado. Em preliminar a recorrente alega afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Compulsando os autos, não confiro razão à recorrente. Ressalto a inexistência do cerceamento defesa, como alegado, posto que a notificação de débito, seus anexos e o relatório fiscal explicitam claramente a origem e o valor do débito, o procedimento fiscal foi desenvolvido dentro da empresa, à vista de seus administradores e empregados, tanto que foi possível à notificada contestar o débito, o que demonstra perfeita compreensão do mesmo. O Relatório Fiscal REFISC, de fls.428/462, expressa claramente que a base imponível para a cobrança das contribuições previdenciárias, consubstanciadas nesta notificação, foi retirada das folhas de pagamento da notificada e de seus registros contábeis, documentos elaborados pela recorrente, de sua posse e guarda, que nem sequer trouxe provas nas fases de defesa e recurso, para apontar onde os valores lançados estariam incorretos. Ademais, o REFISC também explicita porque o débito está sendo apurado por aferição indireta, ou seja, em vista da não apresentação por parte da recorrente dos elementos capazes de comprovar o efetivo gerenciamento dos riscos ocupacionais. Embora regularmente intimada, a recorrente não apresentou os documentos já referidos no relatório deste voto: LTCAT, PPRA e PPP, que serviriam justamente para o Fisco aferir a veracidade da informação prestada em GFIP de que a empresa, que labora na construção civil, não expõe seus empregados a riscos. Ao não apresentar os documentos solicitados a recorrente sujeitouse a aferição indireta. A contribuição previdenciária é espécie tributária cuja modalidade de lançamento é denominada por homologação ou autolançamento, com previsão legal no art. 150 do Código Tributário Nacional. Nessa modalidade, a lei atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, competindo a esta, posteriormente, conferir o procedimento e homologálo. No âmbito da Receita Federal do Brasil, o AuditorFiscal examina diretamente documentos, livros contábeis e fiscais, bem como outros elementos subsidiários, e, com estes elementos postos a sua disposição, verifica se o lançamento foi corretamente efetuado pelo contribuinte, homologandoo. Em caso de recusa ou sonegação de qualquer informação ou documentação regulamente requerida ou a sua apresentação deficiente, o auditor deverá inscrever de ofício a Fl. 1490DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 importância que reputar devida, cabendo à empresa ou contribuinte o ônus da prova em contrário. A prerrogativa de arrecadar e fiscalizar as contribuições previdenciárias, bem como, aferir indiretamente a contribuição previdenciária devida e lançála de ofício, encontra embasamento legal no art. 148 do CTN, do qual o art. 33, §§ 3º, 4º e 6º da Lei n 8.212/91 são corolários: CTN "Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou em consideração, o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial." Lei 8.212/91 "Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas "d" e "e" do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação alterada pela Lei nº 10.256/01) (...) § 3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e o Departamento da Receita Federal DRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. § 4º Na falta de prova regular e formalizada, o montante dos salários pagos pela execução de obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mãodeobra empregada, proporcional à área construída e ao padrão de execução da obra, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou empresa coresponsável o ônus da prova em contrário. (...) §6 Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, o faturamento e o lucro, serão Fl. 1491DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 12045.000539/200714 Acórdão n.º 2302003.658 S2C3T2 Fl. 1.489 7 apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário." Ao contrário do que diz a recorrente, o lançamento não é fundamentado em simples presunção, e sim nos dispositivos legais e regulamentares acima transcritos, que autorizam a fiscalização a proceder ao arbitramento da base de cálculo e lançamento de ofício dos valores devidos em caso de recusa ou sonegação de documentos por parte do contribuinte, ou sua apresentação deficiente, atendendo o lançamento constitutivo do crédito previdenciário ao contido no artigo 142 da Lei n° 5.172/66 Código Tributário Nacional e aos pressupostos estabelecidos nos artigo 33 e 37 da Lei n° 8.212/91. O artigo 233, parágrafo único do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3048/99, explicita o que é documento deficiente: Art.233 (...) Parágrafo único. Considerase deficiente o documento ou informação apresentada que não preencha as formalidades legais, bem como aquele que contenha informação diversa da realidade, ou, ainda, que omita informação verdadeira. No caso em tela, os documentos solicitados para aferir o gerenciamento dos riscos ambientais do trabalho não foram apresentados pelo contribuinte e assim, o crédito relativo ao adicional para financiamento da aposentadoria especial foi lançado por aferição indireta. O direito à ampla defesa e ao contraditório, assegurado pela Constituição federal, não foi maculado em razão do levantamento ter sido efetuado através do exame dos documentos de posse da notificada, por ela elaborados, o que lhe permite contradizer e defenderse sem qualquer restrição, eis que forçosamente, são de seu conhecimento os elementos oferecidos para exame. Ainda, quanto ao contraditório e à ampla defesa, preleciona Hugo de Brito Machado in Mandado de Segurança em Matéria Tributária, Ed. Revista dos Tribunais, 1995, pág. 304: Os conceitos de contraditório, e de ampla defesa, são interligados, até porque o contraditório é, de certa forma, um meio, ou um instrumento inerente à ampla defesa. Por contraditório entendese a garantia de que nenhum decisão ocorrerá sem a manifestação dos que são parte no conflito. No processo administrativo fiscal a garantia do contraditório quer dizer que o contribuinte tem direito de manifestarse sobre toda e qualquer afirmação dos agentes do fisco, antes da decisão. E também que os agentes do fisco devem ser ouvidos sobre a defesa oferecida pelo contribuinte. .......................................................................................... Fl. 1492DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 A ampla defesa quer dizer que o contribuinte não pode ter contra ele constituído um crédito tributário sem que lhe seja assegurada oportunidade para demonstrar que o mesmo é indevido. Portanto, a argumentação da recorrente não deve prosperar. O cerceamento de defesa e a violação ao princípio do contraditório e ao princípio da ampla defesa não restaram caracterizados, pois, o interessado apresentou impugnação e recurso à notificação lavrada. Também, não vislumbro a tese de nulidade da notificação, pois não foi observado qualquer vício no procedimento da fiscalização e formalização do lançamento. Foram cumpridos todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais que trazem fatos novos, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) Fl. 1493DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 12045.000539/200714 Acórdão n.º 2302003.658 S2C3T2 Fl. 1.490 9 II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou as alegações pertinentes do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Portanto, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Superadas as questões preliminares para exame do cumprimento das exigências formais, passo à apreciação do mérito. Fl. 1494DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 O levantamento referese ao adicional para a aposentadoria especial onde as demonstrações ambientais são as peças fundamentais para a auditoria do gerenciamento dos riscos ocupacionais, constituindose nos documentos primários de informações, que dão suporte ao direito do benefício. A partir da edição da Lei n.º 9.032/95, ocorreu grande mudança no regime da aposentadoria especial, pois tal diploma redefiniu os conceitos e critérios para a concessão da mesma. O art. 57 da Lei n.° 8.213/91 passou a ter a seguinte redação: “A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme a lei.” Assim, verificamos que a concessão da aposentadoria especial passou a depender de comprovação, pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado para a concessão do benefício, nos termos do disposto no art. 57, § 3° e 4°, da Lei n.° 8.213/91. O propósito da auditoria em riscos ocupacionais é a verificação, por parte da empresa, do eficaz gerenciamento do ambiente de trabalho e, conseqüentemente, o controle dos riscos ocupacionais. E, com relação à exposição a agentes nocivos e à cobrança da contribuição previdenciária prevista no § 6.º do art. 57 da Lei n.º 8.213/91, o trabalho do Auditor Fiscal deverá basearse nos aspectos de natureza formal dos documentos ambientais, e na análise das informações prestadas pela própria empresa nos documentos já mencionados, assim como a verificação da existência de evidências materiais da exposição a agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho acima dos limites de tolerância previstos. Há que se buscar as evidências materiais que demonstrem o efetivo ou potencial prejuízo à saúde ou à integridade física dos trabalhadores, a exposição aos agentes nocivos acima dos limites de tolerância estabelecidos ou o exercício daquelas atividades arroladas no Anexo IV do Decreto 3.048, que por si só já bastam para a concessão da aposentadoria especial e a correspondente cobrança do adicional à contribuição estabelecida no inciso II do art. 22 da Lei n.º 8.212/91. Como regra, a empresa deve demonstrar que gerencia adequadamente o ambiente de trabalho, eliminando e controlando os agentes nocivos à saúde e à integridade física dos trabalhadores. A existência ou não de riscos ambientais em níveis que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador é comprovada mediante as demonstrações ambientais. No caso presente, a recorrente, embora regularmente intimada, não apresentou quaisquer demonstrações ambientais, não apresentando qualquer documento capaz de fazer prova quanto à inexistência de agentes nocivos ou quanto ao seu controle. Por este motivo foi lavrada a presente notificação. O Fisco tem competência e prerrogativa de efetuar lançamento de contribuição previdenciária por arbitramento, na falta de apresentação ou inexistência de documentos válidos para exame do cumprimento das obrigações principal e acessória, conforme dispõe o artigo 33 e seus parágrafos da Lei n.º 8.212/91, já citados em parágrafos anteriores. Apenas para fazer constar deste voto, entendo que apesar da diligência comandada por este Colegiado não ter sido integralmente cumprida pela primeira instância, sob Fl. 1495DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 12045.000539/200714 Acórdão n.º 2302003.658 S2C3T2 Fl. 1.491 11 o argumento de que não existem médicos peritos na estrutura da Receita Federal do Brasil, por óbvio estava subentendido na solicitação, que a perícia deveria ter sido enviada ao órgão competente para cumprila. Não obstante, entendo inócua nova diligência ou perícia, posto que os documentos que poderiam dar suporte a um eventual gerenciamento de riscos ocupacionais, no período lançado são verdadeiramente inexistentes e o lapso temporal já transcorrido não permite, hoje, uma avaliação in loco para retratar as condições existentes no período da notificação. Pelo exposto, Voto por negar provimento do recurso. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 1496DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 18/03/201 5 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 19515.000842/2004-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
NULIDADE DE INTIMAÇÃO. EDITAL. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA
Não deve ser reconhecida a nulidade de intimação se o contribuinte interpõe sua impugnação tempestivamente e atacando todos os aspectos do lançamento tributário.
DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICAÇÃO DO INCISO I DO ART. 173 DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ACORDO COM A SISTEMÁTICA PREVISTA PELO ARTIGO 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62-A, DO ANEXO II, DO SEU REGIMENTO INTERNO.
Consoante entendimento consignado no Recurso Especial n.º 973.733/SC, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo não ocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Hipótese em que não houve o decurso do prazo de 5 (cinco) anos.
PRELIMINAR. IRRETROATIVIDADE DA LEI
Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas (Art.144, § 1° do CTN).
IRPF. PRESUNÇÃO RELATIVA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
O artigo 42 da Lei nº 9.430/96 estabelece presunção relativa que, como tal, inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte desconstituí-la. Cabe a desconstituição da presunção quando o contribuinte, através de documentação idônea, prova a origem dos recursos depositados em suas contas bancária.
DEPÓSITO BANCÁRIO. CONTA CONJUNTA. SÚMULA CARF Nº 29. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO.
Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
Numero da decisão: 2101-002.690
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento tributário os valores relativos à conta corrente conjunta mantida pelo Recorrente junto ao UNIBANCO.
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
DANIEL PEREIRA ARTUZO - Relator.
EDITADO EM: 11/02/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO (Relator), MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEÃO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
Nome do relator: DANIEL PEREIRA ARTUZO
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EDITAL. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA Não deve ser reconhecida a nulidade de intimação se o contribuinte interpõe sua impugnação tempestivamente e atacando todos os aspectos do lançamento tributário. DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICAÇÃO DO INCISO I DO ART. 173 DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ACORDO COM A SISTEMÁTICA PREVISTA PELO ARTIGO 543C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62A, DO ANEXO II, DO SEU REGIMENTO INTERNO. Consoante entendimento consignado no Recurso Especial n.º 973.733/SC, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo não ocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Hipótese em que não houve o decurso do prazo de 5 (cinco) anos. PRELIMINAR. IRRETROATIVIDADE DA LEI Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas (Art.144, § 1° do CTN). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 08 42 /2 00 4- 21 Fl. 515DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 IRPF. PRESUNÇÃO RELATIVA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. O artigo 42 da Lei nº 9.430/96 estabelece presunção relativa que, como tal, inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte desconstituíla. Cabe a desconstituição da presunção quando o contribuinte, através de documentação idônea, prova a origem dos recursos depositados em suas contas bancária. DEPÓSITO BANCÁRIO. CONTA CONJUNTA. SÚMULA CARF Nº 29. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento tributário os valores relativos à conta corrente conjunta mantida pelo Recorrente junto ao UNIBANCO. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. DANIEL PEREIRA ARTUZO Relator. EDITADO EM: 11/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO (Relator), MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEÃO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relatório Em 2004 foi lavrado o Auto de Infração de efls. 365/370 para a exigência de IRPF acrescido de juros e multa de ofício. Após o procedimento de análise e verificação da documentação apresentada pelo Recorrente, a fiscalização entendeu que haveria omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada realizados durante o ano de 1998 (Termo de Verificação Fiscal de efl. 363/364). Fl. 516DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.000842/200421 Acórdão n.º 2101002.690 S2C1T1 Fl. 516 3 Cientificado do lançamento, o Recorrente apresentou a Impugnação de efls. 385/405, alegando, em síntese: 1) Nulidade da citação e do processo, tendo em vista a inaplicabilidade do artigo 23, inciso III e § 1°, do Decreto n° 70.235/72. O novo endereço do contribuinte teria sido informado no formulário de sua declaração de ajuste anual de rendimentos (fls. 312/313), postado em 08/04/2004, ou seja, seis dias antes da afixação do edital; 2) Cerceamento de defesa, pois o contribuinte somente teria tomado ciência do Auto de Infração em 25/05/2008, dispondo de somente cinco dias para apresentar sua impugnação, pois o prazo findariase em 30/05/2008; 3) Irretroatividade do artigo 6° da Lei Complementar n° 105/2001, em ofensa ao artigo 150, III, a, da Constituição Federal, bem como ao artigo 144 do Código Tributário Nacional. 4) Decadência do direito de lançar. Como o lançamento seria por homologação, o prazo de cinco anos ocorreria a contar da data da ocorrência do fato gerador; 5) Ausência de demonstração da ocorrência do fato gerador. Ao analisar a Impugnação, a DRJ de São Paulo II julgou o lançamento procedente (acórdão de efls 439/462) Inconformado com o resultado do julgamento, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário (efls. 489/508), alegando, em síntese, os mesmos argumentos já expendidos na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro DANIEL PEREIRA ARTUZO O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. NULIDADE DO LANÇAMENTO EM VIRTUDE DE VÍCIO NA INTIMAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO Inicialmente, em relação à nulidade do lançamento tributário em virtude da intimação do auto de infração ter sido feita por edital, entendo que não assiste razão ao Recorrente. No caso concreto, entendo que, apesar do contribuinte ter informado a alteração de seu endereço antes do envio da intimação sobre a lavratura do auto de infração, tal Fl. 517DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 fato não trouxe prejuízo à sua defesa, uma vez que foi protocolada, tempestivamente, impugnação atacando todos os aspectos do lançamento. Por outro lado, caso ele entendesse que teria novos argumentos e ou documentos que pudessem desconstituir a presunção de omissão de rendimentos, poderia têlos trazido à análise em seu Recurso Voluntário, mas não o fez. Ainda que se reconhecesse a nulidade da intimação, tal julgamento somente teria como consequência a reabertura do prazo para impugnação e nunca a nulidade do auto de infração. Assim, rejeito a preliminar de nulidade do lançamento em virtude de vício na intimação do auto de infração. DECADÊNCIA O Recorrente alega que teria ocorrido a decadência do direito do Fisco lançar o IRPF relativo ao anocalendário de 1998 (Exercício 1999), uma vez que ela somente teve ciência do Auto de Infração em 30/04/2004. Ora, de acordo com o artigo 62A do anexo II do Regimento Interno deste Conselho, “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” Assim, no presente caso, devemos observar o entendimento do STJ, o qual, através de sua Primeira Seção, no julgamento do REsp 973.733/SC de relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), firmou entendimento no sentido de que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, para a fixação do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário é necessária a consideração sobre a existência ou não de pagamento antecipado para se decidir sobre a aplicação do inciso I do art. 173 ou do § 4º do art. 150, ambos do CTN: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Fl. 518DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.000842/200421 Acórdão n.º 2101002.690 S2C1T1 Fl. 517 5 julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) Dessa forma, tendo em vista não houve nenhum recolhimento de imposto de renda no ano de 1998 (DIRPF de efl. 12/13), devemos considerar a regra prevista no inciso I do art. 173 do CTN segundo a qual a contagem do prazo decadencial será iniciada no "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado." Fl. 519DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 Sendo assim, em relação ao lançamento decorrente de todo o anocalendário de 1998, o dies a quo do prazo quinquenal da regra decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, 1º/01/2000. Portanto, entendo que o crédito tributário relativo ao anocalendário de 1998 não foi atingido pela decadência. LEI COMPLEMENTAR 105/2001 — SIGILO BANCÁRIO IRRETROATIVIDADE Em relação às alegações relacionada à quebra do sigilo bancário, embora o Recurso Voluntário faça referência à irretroatividade da Lei Complementar nº 105/2001, pela argumentação expendida percebese que a sua insurgência é contra a irretroatividade da Lei nº 10.174/2001 que autorizou o uso das informações bancárias para apuração de omissão de rendimentos. Ora, ambas as Leis não instituíram nenhuma nova hipótese de incidência tributária, mas tão somente ampliou os poderes de investigação do Fisco. De acordo com o § 1º art. 144 do CTN, “Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.” Assim, entendo que aplicação de novos métodos de fiscalização decorrentes de legislação que venha a ser editada em data posterior à ocorrência dos fatos geradores encontra amparo no Código Tributário Nacional e, por isso, é válida. Frisese que, em relação à suposta inconstitucionalidade decorrente da quebra de sigilo bancário sem autorização judicial, impende destacar que é vedado a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a análise da constitucionalidade das normas existentes no ordenamento jurídico brasileiro, conforme determina o art. 62 do anexo II do RICARF e a Súmula n.º 02 do CARF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS – AUSÊNCIA DE ACRÉSCIMO PATRIMONIAL Em relação à alegação de que os depósitos bancários não representariam acréscimo patrimonial e que os recursos financeiros não poderiam ser considerados como rendimentos, entendo que não assiste razão ao Recorrente. O caput do artigo 42 da Lei nº 9.430/96 determinar que “Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações” O referido dispositivo legal instituiu uma presunção legal relativa que “dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada” (Súmula CARF nº 26). Nesse sentido, a presunção relativa referida pelo artigo 42 da Lei n.º 9.430/96 é legítima, não ferindo, em nenhum ponto, a legislação tributária em vigor. Fl. 520DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.000842/200421 Acórdão n.º 2101002.690 S2C1T1 Fl. 518 7 Entretanto, dado o caráter relativo, a presunção qual poderia facilmente ser desconstituída caso o contribuinte comprovasse que os montantes depositados não poderiam ser caracterizados como renda auferida ou que os valores não pertencem a ele. Pela simples leitura do Termo de Verificação Fiscal de efl. 363/364, verificamos que o Recorrente não apresentou nenhuma explicação sobre a origem dos depósitos bancários. Caso existissem explicações plausíveis sobre os montantes depositados, o Recorrente poderia ter apresentado todas as provas que considerasse necessárias à sua defesa no momento da apresentação da sua impugnação e, até mesmo, em fase de recurso voluntário, na hipótese de ter conseguido a documentação hábil nesse momento da sua defesa. Contudo, somente fez alegações genéricas no sentido de que os valores não representariam acréscimo patrimonial. Caso a Recorrente tivesse comprovado através de documentação idônea a origem dos recursos, não restariam dúvidas de que a parcela justificada não poderia integrar o presente lançamento. Assim, devem ser rechaçadas as afirmações genéricas feitas pelo Recorrente de que os valores depositados em suas contas bancárias não representam renda. DEPÓSITO BANCÁRIO. CONTA CONJUNTA. SÚMULA CARF Nº 29. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO Compulsando o inteiro teor dos autos, verificamos que o lançamento tributário diz respeito às seguintes contas bancárias de titularidade do Recorrente: Banco Boavista Interatlântico S/A, Ag. 0092, C/Corrente 01.0.000080.8; UN1BANCO União de Bancos Brasileiros S/A, Ag. 591, C/Corrente 2004495; Banco Bilbao Vizcaya Argentária Brasil S/A, Ag. 0326, C/Corrente 0032008082; Banco Safra S/A, Ag. 01400, C/Corrente 011.4327; e Banco Santander Noroeste S/A, Ag. 224, C/Corrente 60105814 Em relação à conta mantida pelo Recorrente junto ao Unibanco, verificamos que ele não é o único titular (extratos de efl. 258/265), bem como não existe prova nos autos de que a segunda titular (Sra. Laura Feldman) foi intimada para explicar a origem dos depósitos efetuados na referida conta bancária. A falta de intimação de todos os titulares da conta bancária para comprovar a origem dos depósitos bancários resulta em vício no lançamento, por inobservância do disposto no parágrafo 6º do artigo 42 da Lei n° 9.430/96: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de Fl. 521DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares” Ora, como cada titular da conta bancária é passível de ser questionado a respeito da origem dos créditos que transitaram por conta bancárias de sua titularidade e possui o direito de explicar a origem ou assumir integralmente a responsabilidade de cada depósito realizado. Assim, a intimação a apenas um dos titulares não supre a imposição legal de intimar os demais cotitulares das contas mantidas em conjunto, pois a presunção de omissão de rendimentos, baseada em créditos bancários, somente se consuma na medida em que todos os titulares, regularmente intimados, não comprovam, com documentação hábil e idônea, a origem dos referidos créditos. Após a pacificação da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nesse sentido, foi editada a Súmula CARF nº 29: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Assim, reconheço a existência de vício no lançamento relativo à conta corrente mantida junto ao Unibanco (Ag. 591, C/Corrente 2004495) e voto no sentido de excluir do presente lançamento todos os valores respectivos. Por todo o exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto para excluir da base de cálculo do lançamento tributário os valores relativos à conta corrente conjunta mantida pelo Recorrente junto ao UNIBANCO. É o meu voto. DANIEL PEREIRA ARTUZO Relator Fl. 522DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.000842/200421 Acórdão n.º 2101002.690 S2C1T1 Fl. 519 9 Fl. 523DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 13/02/201 5 por DANIEL PEREIRA ARTUZO, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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