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Numero do processo: 11610.005344/2002-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SÚMULA CARF 11. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO JUDICIALMENTE.
Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, consoante reza a Súmula CARF nº 11, em consonância com entendimento pacífico nesse sentido no âmbito judicial.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 4.
Sobre os débitos para com a Fazenda Nacional, por força de lei e a partir de 1º de janeiro de 1995, incidem juros de mora à taxa Selic. Aplicação da Súmula CARF nº 4.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.719
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SÚMULA CARF 11. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO JUDICIALMENTE. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, consoante reza a Súmula CARF nº 11, em consonância com entendimento pacífico nesse sentido no âmbito judicial. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 4. Sobre os débitos para com a Fazenda Nacional, por força de lei e a partir de 1º de janeiro de 1995, incidem juros de mora à taxa Selic. Aplicação da Súmula CARF nº 4. Recurso Voluntário Negado.
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INAPLICABILIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SÚMULA CARF 11. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO JUDICIALMENTE. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, consoante reza a Súmula CARF nº 11, em consonância com entendimento pacífico nesse sentido no âmbito judicial. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 4. Sobre os débitos para com a Fazenda Nacional, por força de lei e a partir de 1º de janeiro de 1995, incidem juros de mora à taxa Selic. Aplicação da Súmula CARF nº 4. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 53 44 /2 00 2- 13 Fl. 69DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 11610.005344/200213 Acórdão n.º 2402004.719 S2C4T2 Fl. 70 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II (SP) DRJ/SP2, que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), exigindo crédito tributário no valor total de R$ 89.158,87 relativo ao anocalendário 1999. O lançamento de fls. 11/15 deuse em virtude da constatação da infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de trabalho sem vínculo empregatício. Em sua impugnação parcial (fls. 1/2), a contribuinte alegou que os rendimentos oriundos da TBA Informática Ltda. foram erroneamente declarados, visto que a fonte pagadora havia prestado informações equivocadas inicialmente, o que foi corrigido via Dirf retificadora. A instância de primeiro grau, em sessão realizada em 10/12/2009, acatou tais argumentos, ajustando correspondentemente os cálculos do crédito tributário (fls. 30/33). A ciência do resultado desse julgamento deuse, contudo, apenas em 11/6/2014 (fl. 41), após respectiva intimação lavrada em 2/6/2014 por servidora da Superintendência Regional da Receita Federal da 8ª Região Fiscal (fls. 38/40). Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 25/6/2014, aduzindo, em síntese, que: a demora na ciência do resultado da decisão da DRJ/SP2 violou os princípios constitucionais da segurança jurídica, da eficiência e da razoável duração do processo; ocorreu a prescrição do direito de cobrança do crédito tributário, nos termos do art. 174 do Código Tributário Nacional (CTN), sendo que o prazo extintivo deve ser contado a partir do vencimento do imposto; se os órgãos tributários têm o entendimento pela inexistência de previsão legal de prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, também devem reconhecer a inexistência de previsão legal de interrupção da prescrição no caso; suspensão da execução não se confunde com prazo prescricional; cabe aplicar a suspensão intercorrente prevista para o processo de execução da dívida ativa, regrada pelo § 4º do art. 40 da Lei nº 6.830/1980, no processo administrativo fiscal, por analogia; é descabida a cobrança de juros no montante estipulado, pois não deu causa à demora na cobrança do imposto. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Requer, ao final, seja julgado prescrito o crédito tributário, ou, eventualmente, seja julgada descabida a parcela cobrada a título de juros e/ou encargos. É o relatório. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 11610.005344/200213 Acórdão n.º 2402004.719 S2C4T2 Fl. 71 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Ainda que cause espécie a demora do Fisco em providenciar a ciência da decisão a quo à contribuinte, o fato é que o crédito tributário em comento ainda não está constituído em definitivo; a própria recorrente assim o reconhece, na medida em que interpõe recurso voluntário nos moldes previstos nos arts. 37 e 38 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. A cobrança administrativa do tributo veiculada na forma do DARF preenchido de fl. 40, convém esclarecer, objetiva a realização não só da arrecadação do tributo, mas também a eventual concessão de redução de multa consoante regrada nos incisos III e IV do art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991 c/c o § 3º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Tal cobrança, então, não configura o ocaso do contencioso tributário, não havendo falar, assim, em prescrição nos termos regrados pelo art. 174 do CTN, a qual se aplica aos créditos constituídos em definitivo. Por outro lado, o reconhecimento de prescrição intercorrente no caso concreto encontra óbice no enunciado da Súmula CARF nº 11, de observância obrigatória pelos membros deste colegiado, nos termos do art. 72 do Regimento Interno do CARF (RICARF Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015): Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Nesse contexto, não obstante os argumentos da contribuinte, deve ser lembrado que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é copiosa no sentido de que o prazo prescricional começa a ser contado a partir da apreciação em definitivo, por parte da autoridade administrativa, do recurso eventualmente interposto, não se aplicando ao contencioso dessa natureza as normas pertinentes ao tema dispostas na Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1990. Citese, ilustrativamente, os acórdãos exarados pela sua 1ª Turma AgRg no Ag 1.333.961/SP (DJe de 13/11/2012), AgRg no Ag nº 1.404.609/RS (DJe de 13/11/2012), e o AgRg no REsp nº 819.548/RS (DJe de 10/9/2009), julgado pela 2ª Turma desse tribunal. Em sentido convergente, ainda, a Súmula nº 741 da Turma Nacional de Uniformização de 1 O prazo de prescrição fica suspenso pela formulação de requerimento administrativo e volta a correr pelo saldo remanescente após a ciência da decisão administrativa final. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais e a Súmula 1532 do extinto Tribunal Federal de Recursos. No que tange à incidência de juros Selic no montante de R$ 9.034,97 sobre o débito fiscal (fl. 40), vejase que tal gravame tem assento legal nos arts. 13 da Lei nº 9.065, de 19 de junho de 1995, e 61, § 3º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; não bastasse, a matéria já foi sumulada pelo CARF, incidindo no particular o já mencionado art. 72 do RICARF. Leiase o teor da súmula: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por fim, deve ser ressaltado que o entendimento manifestado pela recorrente, no sentido de que a demora na ciência do acórdão de primeiro grau implicou em violação de uma série de princípios constitucionais, ainda que amparado por razões bem articuladas, não é suficiente por si só para ensejar o afastamento das normas que regem o instituto da prescrição contidas no CTN, ou a legislação atinente à taxa Selic, mormente diante dos ditames dos enunciados sumulares supra, de observância cogente para os membros integrantes do CARF. Consequentemente, não há como dar guarida, no bojo do presente processo administrativo tributário, às pretensões da contribuinte. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário Ronnie Soares Anderson. 2 Constituído, no qüinqüênio, através de auto de infração ou notificação de lançamento, o crédito tributário, não há falar em decadência, fluindo, a partir daí, em princípio, o prazo prescricional, que, todavia, fica em suspenso, até que sejam decididos os recursos administrativos Fl. 74DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 10707.000360/2008-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
MULTA QUALIFICADA. DOLO. NECESSIDADE DE APROFUNDAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES. ELEMENTOS DE PROVA DISPONBILIZADOS PELO CONTRIBUINTE. Não havendo a fiscalização aprofundado a investigação, apesar de o contribuinte ter trazido informações e elementos de prova que serviriam de amparo à sua versão dos fatos, afasta-se a imposição de multa qualificada quando a aferição da conduta dolosa restou, consequentemente, prejudicada.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.765
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reduzir a multa de ofício ao patamar de 75%.
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 MULTA QUALIFICADA. DOLO. NECESSIDADE DE APROFUNDAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES. ELEMENTOS DE PROVA DISPONBILIZADOS PELO CONTRIBUINTE. Não havendo a fiscalização aprofundado a investigação, apesar de o contribuinte ter trazido informações e elementos de prova que serviriam de amparo à sua versão dos fatos, afasta-se a imposição de multa qualificada quando a aferição da conduta dolosa restou, consequentemente, prejudicada. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1821; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 183 1 182 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10707.000360/200873 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402004.765 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de dezembro de 2015 Matéria IRPF Recorrente NEUZA RAMOS DA SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 MULTA QUALIFICADA. DOLO. NECESSIDADE DE APROFUNDAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES. ELEMENTOS DE PROVA DISPONBILIZADOS PELO CONTRIBUINTE. Não havendo a fiscalização aprofundado a investigação, apesar de o contribuinte ter trazido informações e elementos de prova que serviriam de amparo à sua versão dos fatos, afastase a imposição de multa qualificada quando a aferição da conduta dolosa restou, consequentemente, prejudicada. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reduzir a multa de ofício ao patamar de 75%. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 70 7. 00 03 60 /2 00 8- 73 Fl. 183DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro II (RJ) DRJ/RJOII, que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no valor total de R$ 25.541,03 relativo aos exercícios 2005, 2006 e 2007. O lançamento decorreu da constatação das seguintes infrações (fls. 106/133): omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica; omissão de rendimentos recebidos a título de resgate de contribuições de previdência privada e FAPI; dedução indevida de dependentes, despesas médicas e instrução. Registrese que parte das infrações relativas às deduções e à omissão de rendimentos recebidos a título de resgate de contribuições de previdência privada e FAPI foram objeto de imposição de multa qualificada, em virtude da inserção de dados admitidos como inverídicos pela autuada, em suas declarações (conforme depoimento de fls. 7/8). Em sede de impugnação, a contribuinte argumentou, em síntese (fl. 137): que procurou pessoa errada para regularizar sua situação perante a Receita Federal; que teria sido vítima de fraudador que teria indevidamente incluído informações falsas nas declarações de ajuste anual; que o procedimento adotado pela pessoa contratada era baseado no fato de que ele teria interesse em fraudar o Fisco uma vez que lhe cabia 15% do total a ser restituído, acrescido do valor de R$ 150,00; desconhecia os valores e as informações prestadas nas declarações de ajuste anual e, por fim, que não tem como arcar com os valores lançados e solicita o cancelamento da multa e dos juros de mora. A instância de primeiro grau, após destacar que a contribuinte não contestara as infrações apontadas no auto, as quais restaram como matérias não impugnadas, salientou que a insurgência voltouse apenas contra a aplicação da multa e dos juros de mora, o que restou mantido no julgado então exarado (fls. 160/165). Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 4/12/2009, alegando, em resumo, que: fez a declaração por dois anos com o suposto contador Paulo César Frizela Alberto, o qual cobrava R$ 150,00 mais 15% sobre o valor a ser restituído, e que quando do recebimento desta, o secretário daquele Márcio Greick Prazeres lhe ligava dando o valor a ser depositado na conta nº 054201300000 agência 3505 da Caixa Econômica Federal e na conta da esposa dele, Rosângela Mendes conta nº 046592, agência 6178 do Banco Itaú; entregava toda a documentação que recebia ao referido, "jamais poderia imaginar que ele fazia alterações"; desconhecia informações como omissão de rendimentos e dedução indevida de previdência privada e FAPI; Fl. 184DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10707.000360/200873 Acórdão n.º 2402004.765 S2C4T2 Fl. 184 3 "se averiguarem, acharão muito mais pessoas que faziam imposto com eles". Pede, ao final, o cancelamento do débito fiscal. É o relatório. Fl. 185DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Deve ser esclarecido, inicialmente, que a contribuinte, ainda que peça o cancelamento do débito, reconhece em sua narrativa a inclusão de informações inverídicas em suas Declarações de Ajuste Anual (DAA) dos anos sob exame. Na verdade, em nenhum momento contesta tal realidade. Nessa esteira, não vislumbro razões para que seja realizada reforma na decisão a quo, no tocante as infrações à legislação tributária discriminadas no Auto vergastado, à exceção da qualificação imputada à multa de ofício, mais adiante abordada. Vejase que na espécie, é incontroverso que foi verificado pela fiscalização que a contribuinte prestou informações nas suas DAA por ela posteriormente admitidas como falsas, omitindo rendimentos e inserindo deduções que acarretaram a obtenção, nos exercícios de 2005 a 2007, restituição indevida do imposto de renda (fls. 17/31). E, segundo os arts. 121 e 122 do Código Tributário Nacional (CTN), o sujeito passivo da obrigação tributária, seja ela principal ou acessória, é por ela responsável, não ilidindo seus deveres legais eventual avença com terceiros, consoante regra o art. 123 desse diploma. Muito embora tais considerações, no caso concreto há fatores que levam à adoção de cautela ao se analisar o lançamento, no que tange à exigência de multa qualificada. Logo no início da fiscalização, em 28/1/2008, a contribuinte compareceu à repartição fazendária e prestou depoimento no qual asseverou desconhecer o teor das informações falsas inseridas nas declarações, e apontando desde então o "Sr. Márcio Mendes, estabelecido em uma loja situada em Marechal Hermes, no ramo de empréstimos pessoais do BMG, com o número de telefone 21320088" como a pessoa que levava sua documentação para o contador que elaborava as declarações. Em 29/1/2008, apresentou ela comprovante de depósito no valor de R$ 280,00 em favor de Márcio Gleick Prazeres, bem como folha de anotações onde foi consignado o número da conta e o valor de depósito em nome do referido e de outro realizado em favor de Rosângela Mendes (fls. 51/54), constando, outrossim, o número de telefone e o endereço desta última, bem como alusão a seu local de trabalho, "Mongeral". A própria autoridade lançadora assinalou, no Termo de Constatação, que a investigação apontou para a existência de um esquema comandado por um contador, que contava, a princípio, "com uma rede de contatos de corretores de seguros" (fl. 107), os quais lhe angariavam clientes. Pois bem, ainda que seja razoável a tese da fiscalização (fl. 108) de que tenha havido acerto entre a contribuinte e o contador para a inserção de dados falsos nas Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPFs), dever ser reconhecido que a versão dos fatos tal como apresentada pela contribuinte também goza de algum grau de verossimilhança. Fl. 186DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10707.000360/200873 Acórdão n.º 2402004.765 S2C4T2 Fl. 185 5 Em outros termos, é possível que a contribuinte tenha pago pela prestação de serviços profissionais sem necessariamente ter o intento de majorar sua restituição por meio da conduta acima descrita, e que tal feito seja exclusiva responsabilidade do contador. Ora, é incontroversa a existência de um alegado contador e/ou preposto deste contratado pela autuada, ainda que verbalmente pelo menos assim o admitem os autuantes. Então, diante das informações trazidas pela contribuinte, deveria ter a fiscalização aprofundado suas investigações, buscando a realização de diligências junto às pessoas mencionadas, das quais dispunha dos nomes e meios de contato, para fins de melhor apurar os fatos envolvidos. Com efeito, tais providências permitiriam o cotejo das justificativas da contribuinte com as informações obtidas junto a esses terceiros, possibilitando o respaldo adequado da imputação de conduta dolosa levada a efeito no Auto de Infração, ou, diversamente, a exclusão da multa qualificada face à aferição da consistência da narrativa da fiscalizada. Nesse contexto, no qual é trazida pela contribuinte desde o começo do procedimento fiscal versão definida dos eventos, e disponibilizada uma série de informações cujo teor não foi objeto de exame mais minucioso por parte da autoridade lançadora, não se configuram elementos suficientes para que seja afastada a possibilidade de que a conduta sob exame não tenha seja regida pelo dolo. Em razão dessas considerações, deve ser cancelada qualificação da multa de ofício. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para fins de reduzir a multa de ofício ao patamar de 75% (setenta e cinco por cento) Ronnie Soares Anderson. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON
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Numero do processo: 19515.004160/2003-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999, 2000
NULIDADE. INEXISTÊNCIA. EXAME E LANÇAMENTO POR AUDITOR FISCAL. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA. LEGALIDADE.
A fiscalização do imposto compete às repartições encarregadas do lançamento e, especialmente, aos Auditores-Fiscais. São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo, constituir, mediante lançamento, o crédito tributário, assim entendido conforme descrito no artigo 142 do CTN, bem como executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica.
DILIGÊNCIAS OU PERÍCIAS. PAF.
A autoridade julgadora determinará de ofício ou a requerimento do interessado a realização de perícias ou diligências, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, o servidor competente para realização das perícias é o Auditor Fiscal. Decreto nº 70.235, de 1972, artigos 18 e 20.
APLICAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL. CONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. O artigo 144 do CTN está em vigor e deve ser aplicado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.150
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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INEXISTÊNCIA. EXAME E LANÇAMENTO POR AUDITOR FISCAL. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA. LEGALIDADE. A fiscalização do imposto compete às repartições encarregadas do lançamento e, especialmente, aos AuditoresFiscais. São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo, constituir, mediante lançamento, o crédito tributário, assim entendido conforme descrito no artigo 142 do CTN, bem como executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica. DILIGÊNCIAS OU PERÍCIAS. PAF. A autoridade julgadora determinará de ofício ou a requerimento do interessado a realização de perícias ou diligências, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, o servidor competente para realização das perícias é o Auditor Fiscal. Decreto nº 70.235, de 1972, artigos 18 e 20. APLICAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL. CONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. O artigo 144 do CTN está em vigor e deve ser aplicado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 41 60 /2 00 3- 15 Fl. 161DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 162 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do Contribuinte acima identificado foi lavrado Auto de Infração relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, tocante aos anos calendário de 1998 e 1999, exercícios, respectivamente, de 1999 e 2000, sendolhe exigido o montante de R$ 63.192,02 a título de imposto, acrescido de multa proporcional, no percentual de 75%, e mais juros de mora, calculados pela taxa Selic. Da leitura dos autos observo que o procedimento fiscal teve início na pessoa de Antônio Borges da Silva, sogro do autuado, a partir da constatação de movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados à RFB. (Relatório fl. 08) Adiante, a Fiscalização colheu elementos que levaram á constatação de que a conta bancária era movimentada, na realidade, pelo Contribuinte Rene Guimarães Ney Junior, redirecionandose contra o mesmo. Durante o procedimento fiscal, após a intimação de terceiros, constatouse a aquisição de bens em valores incompatíveis com os rendimentos declarados à Receita Federal, no ano de 1998, conforme apuração efetuada na folha 105, integrante do Termo de Verificação Fiscal que descreve todo o procedimento. Além disso, apurouse que houve venda de bens no ano seguinte, em 1999, sem a correta apuração do ganho de capital e recolhimento do imposto correspondente, conforme demonstrativo de folha 107. Em resumo, o Auto de Infração que consta das folhas 112 e seguintes apurou duas infrações, a) acréscimo patrimonial a descoberto, onde verificouse excesso de aplicações de recursos sobre origens conhecidas e b)omissão de ganhos de capital da alienação de bens e direitos. Irresignado, o Contribuinte apresentou impugnação (fl. 119). Sua manifestação foi tratada pela DRJ II em São Paulo/SP. Expôs o Julgador a quo, em síntese: Fl. 162DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 163 3 I quanto à ilegalidade do Auto de Infração por não ter sido lavrado por contador habilitado, é competente o Auditor Fiscal da Receita Federal para proceder à auditoria fiscal e formalizar o lançamento, conforme disposição legal; II quanto à irretroatividade da lei questionada, considerando que, à época da ocorrência do fato gerador, o tributo imputado tinha como base legal o Decreto n°. 1.041/94 que fora revogado pelo Decreto n°. 3000/99, atualmente em vigor, não sendo possível a imposição de imposto sem amparo legal, uma vez que, o vigente à época, fora revogado, deve se ressalvar que o artigo 144 do CTN, a seguir transcrito, dispõe expressamente que o lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador, regendose pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, não sendo caso de irretroatividade de lei; III restou comprovado que o contribuinte foi o verdadeiro responsável pelas transações que serviram de base para o lançamento, razão da imputação do auto como sujeito passivo da obrigação tributária. Quanto à impossibilidade da tributação incidir diretamente sobre o aumento patrimonial, há que esclarecer que o lançamento derivou da análise do demonstrativo de evolução patrimonial mensal, considerando os rendimentos declarados e os dispêndios realizados. Não há que se falar em bis in idem, tampouco em excesso de exação, mas de atuação conforme a lei, ou seja, observandose infração tributária, não restou à fiscalização opção, senão lavrar o competente auto de infração. Assim, deuse a decisão de 1ª instância, para considerar procedente o lançamento. Cientificado em 24/11/2008, conforme Aviso de Recebimento na folha 136, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 22/12/2008, postado no Correio, conforme envelope e consulta eletrônica na folha 147. Em sede de recurso, assim, em suma, repisa os argumentos da Impugnação, para manifestar sua inconformidade: a) o cálculo apresentado na autuação foi "simplista" e sem critério técnico. No caso presente, tratase de aferir imposto devido, através de exame de conta corrente supostamente movimentada pelo Recorrente, o que extrapola a competência do Auditor Fiscal, sendo necessária uma perícia contábil. Entende que deveria ter sido determinada uma perícia contábil, cita o Decreto nº 70.235, de 1972, e diz a que "à míngua de cálculo elaborado por contador habilitado, o ato de lançamento é nulo...". b) fala em irretroatividade da lei, fazendo distinção entre auto de infração e lançamento, e rebatendo a aplicação do artigo 144 do CTN, reputandoo inconstitucional. c) diz ainda que é "completamente esdrúxulo e sem nenhum cabimento querer imputar fato gerador a uma pessoa, mediante a conta corrente de outra". d) requer que seja determinada perícia contábil no auto de infração, para se demonstrar excesso de exação e recalculado o imposto apurado, indicando perito e quesitos. PEDE o provimento de seu recurso para julgar nula/improcedente a autuação fiscal, ou, alternativamente, seja recalculado o débito fiscal reclamado com base em laudo a ser elaborado pelo perito indicado por ele. É o relatório. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 164 4 Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Conheço do recurso, uma vez que tempestivo, conforme relatado, e com condições de admissibilidade. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético. (formato .pdf) O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade administrativa competente para efetuar o lançamento do tributo, conforme a Lei nº 10.593, de 06 de dezembro de 2002, que estava em vigor quando foi efetuado este lançamento aqui em comento, sendo posteriormente modificada, mas sem que tenha se alterado, em momento algum, esta competência privativa. Não há outra autoridade com tal competência, no que diz respeito aos tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil, como é o caso do imposto sobre a renda da pessoa física. O artigo 142 do CTN descreve o lançamento como o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável, calcular o tributo devido, identificar o sujeito passivo e aplicar a penalidade cabível. Através do lançamento, a autoridade (Auditor Fiscal) formaliza a existência e a liquidez do crédito tributário, notificandose o contribuinte para pagálo ou impugnálo. A formalização do crédito tributário, ou seja a representação documental de que o crédito existe em determinado montante, perante determinado contribuinte ciente de sua obrigação, pode se dar de diversas maneiras. Isso porque o lançamento segue o princípio documental e sua forma dependerá do regime de lançamento do tributo e das circunstâncias em que é apurado. Certo é que deve ser documentado e que seu instrumento terá de conter os elementos indispensáveis à identificação inequívoca da obrigação surgida. Os lançamentos normalmente são documentados através de Auto de Infração. É o que ensina Leandro Paulsen. (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, pp. 1030, 1037, 1040) Assim, apurou a autoridade competente o crédito tributário, formalizando o lançamento mediante Auto de Infração que contém as exigências do artigo 142 do CTN e 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, possibilitando ao sujeito passivo conhecer a matéria fática e legal e exercer, dentro dos prazos, seu direito de defesa. Portanto, não encontro, nesse sentido, nenhuma nulidade do Auto de Infração combatido. Não verifico necessidade de perícia contábil, pois entendo que o lançamento foi efetuado, como já disse, por autoridade com competência legal. Quisesse o Recorrente, especificamente, demonstrar onde estão os erros que alega existirem, fazendo menção a excesso de exação, já teve oportunidade de fazêlo na Impugnação e no Recurso. Entretanto, pugna por uma perícia, que, se fosse determinada, recairia exatamente sobre um Auditor Fiscal da Receita Federal, como prescreve o artigo 20 do Decreto 70.235, de 1972. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 165 5 Vejase que um dos quesitos que enumera nada tem a ver com técnica contábil: "a conta corrente e respectivos extratos analisados são da titularidade do Recorrente?". Isso é análise e prova documental. Indefiro o pedido de realização de perícia, por entender que o lançamento está corretamente demonstrado no Auto de Infração e demais termos e, querendo, o Recorrente poderia têlo questionado, na devida forma. Bem, nesse ponto, importante ressaltar que não foi efetuado lançamento fiscal com base em depósitos bancários de origem não justificada, como descrito no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996. A questão da movimentação financeira serviu de ponto de partida para a apuração fiscal, mas não embasou o lançamento contra o Recorrente. Assim, as alegações do recurso sobre autuação com base em contas correntes de terceiro não têm fundamento. Apurouse, conforme relatado, variação patrimonial a descoberto, porque o contribuinte declarou um rendimento de R$ 12.740,00 e adquiriu, no mesmo ano, três lotes, um veículo Pajero e um apartamento, conforme consta do Termo de Verificação Fiscal. A documentação de aquisição, em nome dele, não decorre do extrato bancário, mas dos compromissos de compravenda, escritura, documento de transferência de veículo e diversos termos colhidos junto a terceiros envolvidos nas transações, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal. Além disso, a apuração do ganho de capital quando da alienação de um desses lotes também não decorre de conta bancária, mas dos documentos acima citados. Quanto à "inexistência de fato gerador", também não encontro razão, uma vez que as infrações e enquadramentos legais estão devidamente descritos no Auto de Infração, descrevendose as razões da autuação e respectivos fatos geradores, conforme já especificado. O Recorrente fala ainda em "bis in idem". Tal instituto traz ideia distinta de bitributação e ocorre na situação de o mesmo fato jurídico ser tributado mais de uma vez pela mesma pessoa política. No caso, descreveuse dois fatos distintos. Um em 1998, quando o contribuinte adquiriu bens em valores superiores àqueles identificados como rendimentos tributáveis, não tributáveis ou isentos, comparandose a documentação de aquisição desses bens com sua declaração de rendimentos. Constatouse a infração capitulada como "omissão de rendimentos caracterizada por variação patrimonial a descoberto". Outro em 1999, quando o contribuinte vendeu um bem imóvel, em valor superior ao de compra, ensejando a apuração de ganho de capital na alienação de bem. Portanto, fatos geradores distintos, discriminados na autuação, com os devidos enquadramentos legais, que repito, se quisesse, o contribuinte poderia ter questionado expressamente, no mérito. Em relação à questão da aplicação da lei no tempo, entendo que tem razão o Julgador de 1ª instância. O lançamento foi efetuado em 2003, relativo a fatos geradores ocorridos em 1998 e 1999. Aplicase ao lançamento a lei em vigor na data da ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. É um caso de eficácia da lei, Fl. 165DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.004160/200315 Acórdão n.º 2202003.150 S2C2T2 Fl. 166 6 ou seja, capacidade de produzir efeitos, sem que tenha mais vigência. Não se trata de retroatividade/irretroatividade. Explica Misabel Abreu Machado Derzi que "a mesma lei que rege o fato é também a única apta a reger os efeitos que ele desencadeia ..." (O princípio da irretroatividade do Direito na Constituição e no Código Tributário Nacional, RDT nº 67, Malheiros, p. 250/251). Para a renomada Autora, aliás, o artigo 144 do CTN não ofende o princípio da irretroatividade. Mas desnecessário discutir aqui a constitucionalidade do dispositivo legal do CTN, quando a jurisprudência deste CARF já se consolidou em Súmula, de observância obrigatória: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. CONCLUSÃO Assim, o auto de infração foi lavrado por autoridade competente e contém todos os elementos necessários para que o contribuinte pudesse exercer o seu direito de defesa, não se verificando nulidade. É incabível perícia contábil a ser realizada por perito indicado pelo Recorrente, tendente a "corrigir" genericamente apuração efetuada pelo Auditor Fiscal, cabendo ao Recorrente, em suas manifestações, ter identificado e apontado os supostos erros. Esta instância administrativa recursal não se manifesta sobre a inconstitucionalidade de lei tributária em vigor, como é o caso do artigo 144 do CTN. No caso, não houve autuação do contribuinte com base em conta bancária de terceiros, como menciona o recurso, estando os fatos geradores descritos no auto de infração, lastreados por documentos e depoimentos de compradores/vendedores. Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, VOTO por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720497/2011-02
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO.
1- O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou.
2- As despesas de Juros com Capital Próprio devem ser confrontadas com as receitas que formam o lucro do período, ou seja, tem que estar correlacionadas com as receitas obtidas no período que se deu a utilização do capital dos sócios, no período em que esse capital permaneceu investido na sociedade.
3- A aplicação de uma taxa de juros que é definida para um determinado período de um determinado ano, e seu rateio proporcional ao número de dias que o capital dos sócios ficou em poder da empresa, configuram importante referencial para a identificação do período a que corresponde a despesa de juros, e, conseqüentemente, para o registro dessa despesa pelo regime de competência,
4- Não existe a possibilidade de uma conta de despesa ou de receita conservar seus saldos para exercícios futuros. Em outros termos, apurado o resultado, o que era receita deixa de sê-lo e também o que era despesa deixa de sê-lo. Apenas as contas patrimoniais mantém seus saldos de um ano para outro. os JCPs podem passar de um exercício para o outro, desde que devidamente incorrida e escriturada a despesa dos JCPs no exercício em que o capital dos sócios foi utilizado pela empresa, com a constituição do passivo correspondente.
CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO.
Aplica-se ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento principal, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 9101-002.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Decisão dos membros do colegiado: por unanimidade de votos, recurso Especial do Contribuinte conhecido e, no mérito, pelo voto de qualidade, recurso negado provimento, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) apresentarão Declaração de Voto.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal De Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Recorrente ITAU UNIBANCO S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO. 1 O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. 2 As despesas de Juros com Capital Próprio devem ser confrontadas com as receitas que formam o lucro do período, ou seja, tem que estar correlacionadas com as receitas obtidas no período que se deu a utilização do capital dos sócios, no período em que esse capital permaneceu investido na sociedade. 3 A aplicação de uma taxa de juros que é definida para um determinado período de um determinado ano, e seu rateio proporcional ao número de dias que o capital dos sócios ficou em poder da empresa, configuram importante referencial para a identificação do período a que corresponde a despesa de juros, e, conseqüentemente, para o registro dessa despesa pelo regime de competência, 4 Não existe a possibilidade de uma conta de despesa ou de receita conservar seus saldos para exercícios futuros. Em outros termos, apurado o resultado, o que era receita deixa de sêlo e também o que era despesa deixa de sêlo. Apenas as contas patrimoniais mantém seus saldos de um ano para outro. os JCPs podem passar de um exercício para o outro, desde que devidamente incorrida e escriturada a despesa dos JCPs no exercício em que o capital dos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 04 97 /2 01 1- 02 Fl. 475DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 475 2 sócios foi utilizado pela empresa, com a constituição do passivo correspondente. CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento principal, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Decisão dos membros do colegiado: por unanimidade de votos, recurso Especial do Contribuinte conhecido e, no mérito, pelo voto de qualidade, recurso negado provimento, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) apresentarão Declaração de Voto. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal De Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (VicePresidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte acima identificada em 11/10/2013, fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), pelo qual a contribuinte alega divergência jurisprudencial em relação à dedução de despesa com pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP) relativos a anos anteriores, e também à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. A recorrente insurgise contra o Acórdão nº 1201000.857, de 10/09/2013, por meio do qual a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por voto de qualidade, negou provimento a recurso voluntário, para fins de manter a autuação fiscal Fl. 476DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 476 3 a título de IRPJ e CSLL por excesso de dedução de despesas a título de JCP, e também manter a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. O acórdão recorrido contém a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. PATRIMÔNIO LÍQUIDO DE PERÍODOS ANTERIORES. INCIDÊNCIA. FACULDADE. EXERCÍCIO. A dedução de juros a título de remuneração do capital próprio está limitada, dentre outros aspectos, à variação da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP verificada no período ao qual se referem os lucros destinados. Ao deixar de segregar o resultado comum de sua atividade daquele atribuível à utilização do capital dos sócios, a sociedade designa integralmente o lucro apurado como remuneração deste capital, e somente pode destinálos aos sócios mediante distribuição de dividendos. Inadmissível, portanto, a dedução posterior de juros sobre capital próprio tendo por referência a variação da TJLP em períodos passados. REGIME DE COMPETÊNCIA. Ainda que os juros sobre o capital próprio pudessem ser pagos/creditados ao titular, sócios ou acionistas da pessoa jurídica em um determinado período base, relativamente ao patrimônio líquido de períodos base anteriores, a respectiva despesa com esses juros deverá ser atribuída aos períodos anteriores, haja vista que, em observância ao regime de competência, a despesa com juros deve ser apropriada nos mesmos períodos em que a pessoa jurídica empregou o capital no desenvolvimento de suas atividades. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora. No recurso especial, a contribuinte afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que foi dada em outros processos quanto às matérias acima referidas. Para o processamento do recurso, ela desenvolve os argumentos descritos abaixo: o Recorrente sofreu ação da Fiscalização que culminou na lavratura dos Autos de Infração em comento, na qualidade de sucessor por incorporação de E. Johnston Representação e Participações S.A., por força dos quais o Fisco, relativamente ao ano calendário de 2007, glosou parcela da despesa relativa ao pagamento de juros sobre o capital próprio ("JCP"), sob a alegação de que o Recorrente teria apropriado valor superior ao limite permitido para o referido anocalendário; tais autuações decorreram única e exclusivamente do fato de que o Recorrente efetuou em 2007 pagamento de juros sobre capital próprio tomando por base o patrimônio líquido de 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007, deduzindo, quando do efetivo Fl. 477DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 477 4 pagamento/crédito, os valores pagos/creditados a tal título da base de cálculo do IRPJ e da CSL e recolhendo o IRF devido; em seu recurso, demonstrou o Recorrente que o valor pago em 2007 relativo àqueles anos anteriores atendeu os limites daqueles anos e poderia ter sido pago portanto naqueles períodos, sendo que a menção na ata societária ao fato de que parte dos lucros de 2007 destinavase ao pagamento de JCP referese exatamente a isto, ou seja, à destinação dos lucros de 2007, e não à base sobre o qual calculados os JCP; DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO ESPECIAL QUANTO À POSSIBILIDADE DO PAGAMENTO E DEDUÇÃO DE JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO COM BASE NAS CONTAS DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO DE PERÍODOS PASSADOS o v. acórdão recorrido diverge de jurisprudência deste E. CARF, que, como demonstrado a seguir, entende: (i) que é admissível a dedução posterior de JCP referente a períodos passados; e, (ii) em observância ao regime de competência, a despesa com os JCP deve ser apropriada no período em que a despesa for efetivamente deliberada; o v. acórdão recorrido divergiu inicialmente de recente decisão da C. 1ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF no julgamento do processo n° 16327.001409/2010 81, ocorrido em 04.12.2012, com a seguinte ementa: Acórdão nº 1401000.901 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO DED UTIBILIDADE LIMITE TEMPORAL. O período de competência, para efeito de dedutibilidade dos juros sobre capital próprio da base de cálculo do imposto de renda, é aquele em que há deliberação de órgão ou pessoa competente sobre o seu pagamento ou crédito. Inclusive, a remuneração do capital próprio pode tomar por base o valor existente em períodos pretéritos, desde que respeitado os critérios e limites de dedutibilidade previstos em lei na data da deliberação do pagamento ou creditamento. RENÚNCIA. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. Não há previsão legal sobre a configuração de renúncia de direito no caso de ausência da deliberação do pagamento dos JCP. A renúncia de direitos deve ser interpretada de forma restrita, não devendo o silêncio do acionista ser interpretado como ato volitivo de abdicação de direito, gerando efeitos tributários. LANÇAMENTO DECORRENTE CSLL. Tratandose de lançamento reflexo, a solução dada ao lançamento matriz é aplicável, no que couber, ao lançamento decorrente, quando não houver fatos novos a ensejar decisão diversa, ante a íntima relação de causa e efeito que os vincula. divergiu, também, de recente decisão proferida pela C. 2ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF no julgamento do processo n° 16327.000585/201003 ocorrido em 11.09.2012, com a seguinte ementa: Acórdão nº 1402001.178 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO JCP. DEDUTIBILIDADE. REGIME DE COMPETÊNCIA. LIMITE TEMPORAL. O período de competência, para efeito de dedutibilidade dos juros sobre capital próprio, é aquele em que há deliberação para pagamento ou crédito dos mesmos, podendo, inclusive, remunerar o capital tomando por base o valor existente em períodos pretéritos, desde que respeitado os critérios e limites previsto em lei na data da deliberação do pagamento ou crédito. Fl. 478DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 478 5 Nada obsta a distribuição acumulada de JCP, desde que provada, ano a ano, ter esse sido passível de distribuição, levando em consideração os parâmetros existentes no anocalendário em que se deliberou sua distribuição. DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO ESPECIAL QUANTO À NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS SOBRE O VALOR DA MULTA DE OFÍCIO para a incidência de juros moratórios sobre o valor da multa de ofício calculados à taxa Selic, a recorrente aponta como paradigma da divergência o Acórdão nº 3403001.541, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Não existe amparo legal para a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício. Recurso voluntário provido em parte. DAS RAZÕES PARA O PROVIMENTO DO PRESENTE RECURSO ESPECIAL QUANTO À POSSIBILIDADE DO PAGAMENTO E DEDUÇÃO DE JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO COM BASE NAS CONTAS DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO DE PERÍODOS PASSADOS. DA LEGALIDADE DO PROCEDIMENTO DO RECORRENTE ao contrário do que foi concluído no v. acórdão recorrido, o procedimento adotado pelo Recorrente é legalmente amparado pelo artigo 9º da Lei 9.249/95; a legalidade do procedimento adotado pelo Recorrente foi atestada pela C. 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça que, em 2009, proferiu decisão favorável ao sujeito passivo na matéria objeto desses autos de infração Recurso Especial n° 1.086.752PR; a respeito da decisão proferida pelo E. STJ, o I. Conselheiro relator do v. acórdão recorrido ponderou que "é importante ressalvar que se trata da única decisão do STJ sobre o assunto, e que, a meu sentir, não é negligenciável a possibilidade de a Corte vir a rever seu entendimento em outra oportunidade"; com a devida vênia, fato é que tal decisão vem orientando a jurisprudência dos TRF, como bem demonstra a decisão recentemente proferida pelo E. TRF da 3ª Região (ementa transcrita no recurso); a legislação previu apenas as conseqüências fiscais do pagamento ou crédito de juros sobre o capital próprio (tributação na fonte à alíquota de 15% na data do pagamento ou crédito, dedução da despesa respectiva para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSL, desde que observados os limites materiais e requisitos formais previstos na lei), não cuidando de permissões ou vedações desse pagamento, nem da época em que deverão ou poderão ser deliberados, creditados e/ou pagos, o que fica a critério da empresa decidir; a remuneração do capital dos sócios ou acionistas mediante pagamento ou crédito de juros é uma faculdade, que a sociedade pode exercer amparada pelos princípios da livre iniciativa e autonomia da vontade, dependendo apenas de decisão formal nesse sentido (deliberação), tomada em assembléia de acionistas ou reunião de quotistas, ou em virtude de cláusula do estatuto ou do contrato social, momento em que surge a despesa a eles relativa; Fl. 479DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 479 6 na ausência de previsão legal que determine sejam as deliberações, os pagamentos ou os créditos feitos em cada ano calendário, ou de dispositivo que vede o pagamento de juros sobre o capital próprio, tendo como base o patrimônio líquido de exercícios já encerrados, o Recorrente tem absoluta liberdade para deliberar, no futuro, efetuar pagamento de valores relativos a juros sobre capital que poderia ter deliberado efetuar em exercícios passados, não cabendo falar em preclusão temporal nem em renúncia do direito; a glosa de despesa mantida pela r. decisão recorrida, além de representar inadmissível ingerência na liberdade da pessoa jurídica de decidir sobre se, em que valor e quando efetuará o pagamento dos JCP, implica negar ao Recorrente o direito à dedutibilidade de uma despesa contra a expressa previsão em lei; o pagamento dos JCP se justifica em razão do tempo pelo qual o capital dos sócios permanece à disposição da pessoa jurídica, sendo uma prerrogativa do Recorrente decidir sobre todas as circunstâncias fáticas que envolvem esse pagamento; a Lei n° 9.249/95 veio apenas disciplinar o tratamento tributário do pagamento desses juros, quando pagos ou creditados nos limites e nas condições nela previstos, atribuindolhe o mesmo tratamento dos juros devidos a terceiros, não interferindo em absoluto na liberdade da empresa de decidir sobre aquelas circunstâncias fáticas; para efeito de enquadramento no referido regime tributário, os limites para a apuração do valor dos juros sobre capital próprio em cada anocalendário são o valor das contas do patrimônio líquido e a variação "pro rata die", da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. Já a condição para o seu pagamento é a existência de lucros do exercício ou de lucros acumulados e reservas de lucros em valor igual ou superior a duas vezes o valor dos juros a serem pagos ou creditados. Finalmente, a dedutibilidade dos juros fica condicionada ao efetivo pagamento ou crédito; atendidos esses limites e condições nada mais pode ser exigido do Recorrente para justificar a validade da dedução dos juros pagos, muito menos que efetuasse o pagamento ou crédito dos referidos juros no mesmo anocalendário em que foram calculados, como pretendeu o fiscal autuante; no mesmo sentido foi a conclusão de Ricardo Mariz de Oliveira em parecer elaborado especialmente para o caso concreto (doc. 04 ), "verbis": [...] Em suma: a despesa somente nasce se estiver juridicamente constituída, o que, "in casu", por não haver previsão estatutária de obrigatória distribuição de JCP, somente ocorre quando houver deliberação do órgão competente, que no caso da Unibanco Holdinss é a Assembléia Geral ou o Conselho de Administração (Estatuto Social, art. 16, inciso IV); ademais, a despesa somente é dedutível se houver o pagamento ou crédito individualizado dos JCP. e somente é dedutível no períodobase em que ocorrer um destes eventos, o qual, portanto, é o períodobase competente. (...) Fl. 480DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 480 7 Tendo em vista todos os fatos, fundamentos e razões que apresentei nos cinco primeiro capítulos deste parecer, concluo que: (...) no caso da E. Johnston, em que o órgão competente para decidir pagar JCP é seu Conselho de Administração ou sua Assembléia Geral, a despesa somente foi incorrida quando houve deliberação, no ano de 2007, e a dedução da despesa foi correta porque houve pagamento ou crédito individualizado no mesmo período, além de que foram obedecidos os limites de cinqüenta por cento do lucro líquido ou dos lucros acumulados e reservas de lucro existentes nos mesmos períodos em que ocorreram os pagamentos (ademais, o valor calculado sobre anos anteriores, com guarda da proporção de TJLP sobre os respectivos PL, também não excedeu os mesmo limites de lucros em cada um desses anos), (doc. 04 destaques nossos). realmente, como afirmado por Ricardo Mariz neste último parágrafo, foram efetivamente obedecidos pelo Recorrente os limites acima referidos, conforme demonstrado no quadro abaixo (quadro constante do recurso); não obstante, fundamentandose em acórdão da C. 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Seção relatado pela I. Conselheira Edeli Pereira Bessa e proferido nos autos do processo n° 16327.002051/200716, assim entendeu a decisão recorrida, "verbis": Portanto, segundo o acórdão acima referido, cujas conclusões aqui adoto, a lei não permite que os JCP incidam sobre o patrimônio líquido de períodos anteriores, em especial, porque nos anos anteriores, à falta do exercício tempestivo da faculdade de pagar/creditar JCP, a pessoa jurídica destinou integralmente o lucro ao pagamento de dividendos, ou à reserva de lucros para posterior distribuição. com a devida vênia, o próprio artigo 9º da Lei n° 9.249/95 revela a incorreção da premissa adotada pela i. Conselheira Edeli e reproduzida no voto do I. relator do v. acórdão recorrido, pois, se a empresa pode pagar JCP em determinado exercício mesmo tendo prejuízo, justamente com base nos lucros acumulados, resta claro que o fato de um lucro gerado em ano anterior não ter sido "destacado" para o pagamento de JCP não impede que a empresa, em exercício posterior, delibere pagar juros sobre capital próprio com vistas à remuneração dos acionistas pelo capital que deixaram à disposição da sociedade naquele ano, utilizando inclusive aquele lucro acumulado para realizar tal pagamento; vale salientar que a própria Conselheira Edeli apercebeuse deste paradoxo, tanto que expressamente enfrenta a questão no último parágrafo da fl. 09 do v. acórdão recorrido, sustentando que "o fato de a remuneração do capital próprio por meio de juros atribuídos aos sócios ter seus limites estabelecidos, também, em função do montante de lucro acumulados no momento da deliberação, não significa que o cálculo dos juros podem considerar períodos passados de apuração anteriores, cujos resultados integram aquele saldo acumulado, mas apenas que os juros incorridos no período de referência podem ser pagos ainda que superem o resultado do exercício correspondente, desde que haja saldo em conta de lucro acumulados que suportem o pagamento"; contudo, "data máxima vênia", a justificativa dada não supera a contradição com a norma legal apontada, pois se em todos os períodos posteriores a empresa só tiver tido prejuízos é evidente que o pagamento dos juros sobre capital próprio expressamente permitido pela lei se dará sim por meio da utilização daqueles lucros acumulados; Fl. 481DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 481 8 além disso, tivesse o artigo 192 da Lei das S.A. o efeito preclusivo pretendido no voto da I. Conselheira Edeli, nem sequer dividendos compostos pelos lucros auferidos em um exercício poderiam ser posteriormente distribuídos aos sócios caso não houvesse a deliberação da sua distribuição por ocasião da deliberação das demonstrações financeiras pela assembléia geral ordinária, o que evidentemente não corresponde aos fatos, já que não existe tal vedação na lei; por fim, o fato de os lucros posteriormente distribuídos a título de JCP terem sido oferecidos à tributação no exercício em que auferidos não implica a impossibilidade da sua distribuição posterior como JCP, sobretudo quando se considera que tal pagamento posterior é, na verdade, benéfico para o Fisco, já que resulta em uma postergação de dedução de despesa que jamais justificaria o presente lançamento, como será oportunamente demonstrado; DO REGIME DE COMPETÊNCIA o procedimento adotado pela Recorrente está de pleno acordo com o regime de competência, ao contrário do que afirmaram a d. autoridade lançadora e o v acórdão recorrido; o regime de competência está umbilicalmente ligado ao conceito de "despesa incorrida" e a despesa só se torna incorrida no momento em que é formada a relação jurídica em razão da qual a pessoa jurídica se torna devedora dos juros e o seu beneficiário passa a poder exigir o pagamento dos juros como direito seu; no caso dos juros sobre capital próprio a pessoa jurídica se torna devedora e o sócio ou acionista pode exigir o pagamento do valor respectivo apenas após a deliberação da sociedade decidindo efetuar o pagamento, fixando os montantes respectivos e determinado o momento em que tal pagamento ocorrerá. Assim, o período de competência, no qual o montante dos juros deve ser registrado como despesa financeira da sociedade, é aquele em que há a deliberação determinando o pagamento dos juros, no caso, 2007; antes da deliberação societária no sentido de que se efetue o pagamento de juros sobre o capital próprio não há de se falar em direito subjetivo dos sócios ou acionistas ao seu recebimento e nem em despesa incorrida, não se podendo cogitar antes disso em observância ao regime de competência posto que não há ato jurídico tornando a empresa devedora dos referidos juros; embora os juros pagos e deduzidos em 2007 tenham sido calculados também com base nas contas do patrimônio líquido de anoscalendário anteriores de 2002 a 2006, tratase de despesas relativas ao anocalendário de 2007, e não de 2002 a 2006, tendo em vista que somente em 2007 ocorreu a deliberação sobre o pagamento/crédito dos valores desses juros; pelas razões acima expostas, não tem amparo legal estabelecer como condição para a dedução dos juros sobre o capital próprio que o pagamento desses mesmos juros seja efetuado em cada anocalendário, cujo valor das contas do patrimônio líquido foi tomado como base para seu cálculo, como entendeu a r. decisão recorrida; daí porque a previsão da IN 11/96, no sentido de que os juros sobre capital próprio são dedutíveis segundo o regime de competência, significa apenas que a despesa a eles Fl. 482DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 482 9 relativa deve ser reconhecida no período em que for deliberado o seu crédito ou pagamento, pois apenas nesse momento é que nasce a obrigação a eles relativa; para argumentar, ainda que se admitisse, como alega a v. decisão recorrida, que "a faculdade de pagar/creditar JCP incidente sobre o patrimônio líquido de 2002 a 2006, a respectiva despesa com JCP deveria ter sido apropriada nos anos de 2002 a 2006, e não em 2007, como fez a recorrente", estaria a ocorrer mera postergação de despesas que no caso concreto jamais poderia ter ocasionado o lançamento, sem a prova de que daí teria decorrido qualquer prejuízo do Fisco; o Parecer Normativo COSIT n° 57/1979 expressamente reconhece que "a contabilização posterior de custo ou dedução não ocasionam, via de regra, prejuízo para o Fisco, quando então tais eventos não autorizam efetivação de lançamento"; este, aliás, é também o entendimento pacífico da jurisprudência administrativa (ementas transcritas); realmente, em se tratando de apropriação de despesa em período posterior àquele em que incorrida (tese sustentada pela v. decisão recorrida), é até intuitivo que via de regra tal procedimento em lugar de prejudicar o Fisco acaba por lhe trazer um benefício, já que o contribuinte estaria a antecipar o recolhimento de tributo; de qualquer modo, e conforme jurisprudência igualmente pacífica, consubstancia ônus exclusivo da Fiscalização a demonstração de que a postergação de despesa em um determinado caso concreto causou prejuízo ao Fisco, sendo certo ademais que neste caso o lançamento a ser efetuado jamais poderia corresponder à glosa integral da despesa apropriada tardiamente (no entendimento da v. decisão recorrida, frisese bem), como ocorreu no caso, estando limitado ao prejuízo demonstrado; ante o exposto, mesmo que para argumentar se admitisse a conclusão da v. decisão recorrida no sentido de que "a faculdade de pagar/creditar JCP incidente sobre o patrimônio líquido de 2002 a 2006, a respectiva despesa com JCP deveria ter sido apropriada nos anos de 2002 a 2006, e não em 2007, como fez a recorrente", estaria a ocorrer mera postergação de despesas, que no caso concreto jamais poderia ter gerado a glosa nos termos em que foi efetuada; por fim, cabe salientar que não procede entendimento que, embora não tenha sido suscitado nem pela i. autoridade fiscal nem pelo v. acórdão recorrido, tem sido invocado pela Fazenda em outros processos, segundo o qual o fato de o contribuinte não deliberar no próprio ano a distribuição de JCP consistiria em "renúncia" tácita que geraria a "preclusão" temporal para a distribuição dos JCP em períodos posteriores, tendo sido tal alegação profundamente examinada e refutada por Ricardo Mariz de Oliveira no referido parecer (transcrição contida no recurso); no mesmo sentido manifestouse a C. 1ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção, quando do julgamento do já referido recurso voluntário interposto no processo n° 16327.001631/201088 (primeiro paradigma); é princípio básico do direito que inexiste renúncia a direito "implícita", ou presumida, e a prova de que no caso jamais se pretendeu renunciar ao direito à remuneração pelos seus acionistas consiste na própria deliberação nesse sentido ocorrida em 2007; Fl. 483DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 483 10 DA JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA por fim, cabe salientar que a jurisprudência administrativa vem reconhecendo o direito ora sustentado pelo Recorrente (ementas transcritas); QUANTO À NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS SOBRE O VALOR DA MULTA DE OFÍCIO com a devida vênia, é a decisão do E. STJ invocada pelo v. acórdão recorrido (e não a decisão do E. STJ invocada pelo Recorrente quanto ao mérito da questão principal) que encerra "a possibilidade de a Corte vir a rever seu entendimento em outra oportunidade'", já que se fundamenta única e exclusivamente em dois outros precedentes relativos a legislações tributárias estaduais que ao contrário da federal efetivamente prevêem a incidência de juros sobre a multa de ofício; tais precedentes não se aplicam ao caso concreto, pois, diferentemente do que ocorre com a legislação federal (Lei n° 9.430/96), em que, como já demonstrado no recurso voluntário, não há previsão expressa da incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício, as legislações estaduais pertinentes aos casos julgados pelo E. Superior Tribunal de Justiça prevêem expressamente tal incidência; o Recorrente não desconhece que em alguns artigos do Código Tributário Nacional a expressão "crédito tributário" necessariamente também abrange, além do montante do tributo devido, a multa, os juros e demais acréscimos porventura cabíveis; exemplo de artigo em que a expressão "crédito tributário" deve evidentemente incluir a penalidade pecuniária é o artigo 151, que trata da suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Caso contrário, a impugnação tempestivamente apresentada pelo sujeito passivo suspenderia a exigibilidade do tributo, mas não da multa decorrente do seu não pagamento, o que seria absurdo; por outro lado, assim como a interpretação de determinados artigos do Código Tributário Nacional que trate do crédito tributário pode exigir que naquela norma específica (como no artigo 151) a expressão signifique também os juros e multas, a interpretação de outros artigos pode exigir exatamente o oposto, ou seja, que o crédito tributário corresponda apenas ao valor do tributo devido, sem acréscimo de juros e multa. É o que ocorre, por exemplo, com o artigo 157, que integra, aliás, a sessão do Código que trata do "pagamento" no qual se insere o artigo 161; o que o artigo 157 quer dizer é que, não pago o tributo no seu vencimento, a multa porventura imposta não substitui o imposto, não dispensa o seu pagamento, mas a ele se soma. É cristalinamente claro que, ao dizer que "a imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário", o artigo 157 quer dizer exatamente que "a imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do tributo"; é exatamente o que ocorre quanto ao artigo 161 do CTN; a exemplo do que ocorre no artigo 157 do Código, no qual nitidamente o "crédito tributário" exclui a penalidade, temos no caput do artigo 161 uma clara distinção entre o "crédito" mencionado no seu início, o qual é acrescido de juros de mora, e as "penalidades Fl. 484DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 484 11 cabíveis" que podem ser aplicadas se o crédito não for pago no vencimento e que não são prejudicadas pela incidência dos juros de mora; distintas as "penalidades cabíveis" do "crédito", é de se concluir que o caput do artigo 161 pretende simplesmente dizer que ao tributo não pago no vencimento são acrescidos os juros de mora, e que tais juros, por decorrerem única e exclusivamente da mora do sujeito passivo, não excluem a imposição das "penalidades cabíveis", que têm como causa a infração tributária; ora, se o caput do artigo 161 do Código Tributário Nacional pretende dizer apenas que o tributo não pago no vencimento é acrescido de juros e esses juros não impedem a imposição das penalidades cabíveis, não faz sentido atribuir ao "crédito" nele tratado amplitude para abranger, além do tributo, a penalidade pecuniária; o intérprete do Código Tributário Nacional não pode atribuir à expressão "crédito tributário" o sentido que lhe aprouver, devendo buscar, na leitura do dispositivo legal específico e efetuada a necessária interpretação, o sentido que se revele adequado ao caso concreto; a conseqüência da interpretação contida no acórdão recorrido seria absurda, pois a redação legal permitiria não apenas que sobre a penalidade pecuniária não paga no vencimento incidissem juros, mas também que sobre essa "penalidade pecuniária''' não paga no vencimento (trinta dias contados do lançamento, no caso dos tributos federais) fosse imposta nova "penalidade cabível", e assim por diante, em uma seqüência infinita de multas sobre multas impostas a cada trinta dias; muito embora o v. acórdão recorrido não tenha esclarecido qual dispositivo de lei ordinária, em sua opinião, justificaria a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, é sabido que a Administração Tributária procura habitualmente justificar a imposição de juros moratórios sobre multa de ofício em outros dispositivos legais, a saber, os artigos 43 e 61 da Lei n° 9.430/96, que a Recorrente passa a analisar; de todas as multas que podem ser impostas pela Receita Federal na sua atividade de lançamento, a única que não se encontra sujeita à regra do artigo 43, reservada para os autos de infração sem a exigência de tributo, é justamente a multa de lançamento de ofício, exigida conjuntamente com o tributo lançado e inteiramente regulada pelo artigo 44; em segundo, e mais importante, enquanto o artigo 43, no seu parágrafo único, prevê expressamente a incidência dos juros moratórios sobre as multas impostas sem a exigência de tributo, o artigo 44, que dispõe sobre a multa de lançamento de ofício, depois de prever alíquotas e hipóteses de incidência no caput e incisos, estabelecer hipóteses de qualificação no § 1º, dispor sobre os casos de agravamento no § 2º, fixar hipóteses de redução no § 3º e estender a imposição da multa a situações antes não contempladas nos §§ 4º e 5º, ou seja, de tratar a multa do lançamento de ofício de forma muito mais exaustiva do que a multa imposta sem a exigência de tributo, SIMPLESMENTE TERMINA! SEM DIZER UMA ÚNICA PALAVRA SOBRE A (SUPOSTA) INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS SOBRE A MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO! caso o legislador efetivamente tivesse querido prever a incidência de juros moratórios sobre multa de lançamento de ofício, bastaria ter acrescentado ao artigo 44, a Fl. 485DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 485 12 exemplo do que fez no parágrafo único do artigo 43, um simples parágrafo nesse sentido, de teor idêntico ao parágrafo único do artigo 43; de outro lado, nem se diga que a exigência de juros de mora sobre multa de ofício teria fundamento no art. 61 da Lei n° 9.430/96, já que o artigo 61 da Lei nº 9.430/96 regula os acréscimos moratórios, e não a multa de ofício, como já decidiu o E. STJ (Agravo Regimental no Recurso Especial n° 868.847/RS, julgado pela C. 1" Turma do STJ em 15.12.2009); por se tratar de "Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições" que orientam os "PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO", e sendo tanto o lançamento por força do artigo 142 do Código Tributário Nacional quanto (obviamente) a fiscalização procedimentos reservados à Administração Tributária, os artigos 43 e 44 da Lei n° 9.430/96 têm como únicos destinatários os agentes da Administração Tributária. São as autoridades fiscais que, no exercício da atividade de lançamento, aplicarão os artigos 43 e 44 da Lei n° 9.430/96; o artigo 61, por outro lado, não faz parte do capítulo sobre os "PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO", integrando, todavia, o Capítulo V da lei, que trata das "DISPOSIÇÕES GERAIS", e, mais especificamente, a Seção IV sobre "Acréscimos Moratórios", juntamente com o artigo 62, sobre o termo inicial da incidência dos juros no pagamento parcelado do IRPF e no pagamento das quotas de ITR, e o artigo 63, que permitiu ao contribuinte que vê cassada a liminar ou sentença que suspendia a exigibilidade do tributo pagar o mesmo só com a multa e os juros moratórios; especificamente, o artigo 61 da Lei n° 9.430/96 teve como única finalidade reduzir os percentuais de multa de mora, como bem demonstra a exposição de motivos (que se refere ao artigo 63 do projeto, que virou o artigo 61 da lei), "verbis": "38. Também visando adequar a legislação tributária à nova realidade econômica, propõese, no art. 63, a redução da multa moratória, hoje variando de dez a trinta por cento, para trinta e três centésimos por cento ao dia de atraso, não cumulativa, até o limite máximo de vinte por cento." (Exposição de Motivos n° 470, de 15.10.1996, do Sr. Ministro de Estado de Fazenda.) como se vê, portanto, e assim como os artigos 62 e 63, o artigo 61 da Lei n° 9.430/96 tem como destinatário única e exclusivamente o sujeito passivo, pois, por se tratar de regra pertinente à multa de mora, que é a multa devida pelo contribuinte que paga o tributo em atraso sem que tenha havido lançamento de ofício, referese a multa que só pode ser paga enquanto a Autoridade Administrativa não tiver efetuado lançamento de ofício, hipótese na qual a multa de mora cede lugar à multa de ofício. Portanto, é o sujeito passivo que, ao pagar sem qualquer ordem prévia da Administração Tributária o tributo em atraso, aplicará o artigo 61 da Lei n° 9.430/96; bem se vê, portanto, que não só por um lado as regras dos artigos 43 e 44, e, por outro, a regra do artigo 61, ambas da Lei n° 9.430/96, tratam de matérias diferentes (os artigos 43 e 44 do lançamento de tributo ou acréscimo, e o artigo 61 o pagamento de tributo em atraso antes do lançamento), mas também tais regras dirigemse a destinatários distintos, o artigo 43 e 44 ao agente da Administração Tributária, e o artigo 61 ao sujeito passivo da obrigação tributária; Fl. 486DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 486 13 o que significa que tais regras são não apenas distintas, mas também mutuamente excludentes, não sendo logicamente possível nem a aplicação das regras dos artigos 43 e 44 aos acréscimos moratórios (para fazer incidir, por exemplo, multa de ofício sobre multa de mora), nem, a aplicação do artigo 61 aos acréscimos originados no lançamento, como pretende a Fazenda para fazer incidir artificialmente, com a devida vênia, juros moratórios sobre a multa de ofício, sob pena de se chegar a conclusão absurda; com efeito, caso substituamos, como pretende a interpretação sustentada pela Fazenda Nacional, a expressão "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal" constante do caput do artigo 61, bem como a expressão "débitos a que se refere este artigo" constante do § 3º, pela expressão "débitos de tributos e contribuições, multas de ofício e juros de mora", teremos como conseqüência a incidência de multa de mora não só sobre os débitos de tributos e contribuições pagos em atraso, mas também sobre a multa de ofício e os juros de mora (caput), bem como a incidência de juros de mora não só sobre débitos de tributos e contribuições pagos em atraso (o que admite o Agravante) e sobre a multa de mora (o que sustenta a Fazenda Nacional e não admite o Agravante), mas também sobre os próprios juros de mora (§ 3º), que assumiriam, assim, a forma de juros compostos calculados mediante fórmula de progressão geométrica e não, como efetivamente é e sempre foi, de juros simples calculados por meio de fórmula de progressão aritmética; ora, a partir do momento que se considera que a Receita Federal, que pratica a atividade de lançamento "vinculada e obrigatória''' por força do parágrafo único do artigo 142 do Código Tributário Nacional, jamais entendeu possível (e muito menos tentou) fazer incidir multa de mora sobre multa de ofício e juros de mora, nem juros de mora sobre os próprios juros de mora sob a forma de juros compostos, demonstrado está que A INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 61 DA LEI N° 9.430/96 QUE AMPARARIA A PRETENSÃO DA FAZENDA DE FAZER INCIDIR JUROS MORATÓRIOS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO É "DATA MÁXIMA VENIA" ABSURDA ATÉ MESMO SOB A ÓTICA DA PRÓPRIA RECEITA FEDERAL; por fim, ainda que para argumentar concluísse esta C. Turma ser legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, ela só poderia se dar a partir do trigésimo dia posterior a eventual decisão administrativa definitiva que mantivesse a lançamento. Quando do exame de admissibilidade do recurso especial da contribuinte, o Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 1200 00.046, de 10/03/2014, admitiu o recurso fazendo as seguintes considerações sobre as divergências suscitadas: [...] Segundo a recorrente, em situações semelhantes, ou seja, em ano posterior ao do capital objeto da remuneração, na decisão recorrida considerouse ser inadmissível deduzir JCP tendo como referência a TJLP de períodos passados, ao passo que no paradigma entendeuse que o período de competência da dedução de JCP é aquele da deliberação de pagálo ou creditálo. Verificouse que, de fato, as situações são semelhantes: em ambos os casos foram distribuídos aos sócios juros sobre capital próprio com base em períodos anteriores ao da dedução do IRPJ e, conseqüentemente, da CSLL. Já as decisões foram antagônicas: no recorrido, decidiuse que essa dedução era inadmissível, e que teria sido desrespeitado o regime de competência; no paradigma, decidiuse que Fl. 487DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 487 14 era possível deduzir despesas com JCP tendo como base valor existente em períodos pretéritos e que o regime de competência para a dedução de JCP é aquele em que há a deliberação para fazêlo. Desse modo, concluise que a divergência jurisprudencial está suficientemente demonstrada por meio desse paradigma. Em reforço à demonstração da divergência, foi indicado outro acórdão como paradigma, o de nº 1402001.178, do qual a recorrente apresentou cópia de seu inteiro teor e reproduziu ementa e trecho do voto condutor (art. 67, §§7o a 9o, do RICARF). Basta consultar a ementa do paradigma para constatar a divergência de entendimento alegada pela recorrente: [...] Assim sendo, concluise que a divergência de entendimentos foi efetivamente demonstrada por meio de ambos os paradigmas. Para a incidência de juros moratórios sobre o valor da multa de ofício calculados à taxa Selic, a recorrente aponta como paradigma da divergência o Acórdão nº 3403 001.541, do qual apresenta cópia de seu inteiro teor (art. 67 do RICARF). Além de reproduzir trechos dos votos condutores de recorrido e paradigma, reproduz trechos de interesse extraídos das respectivas ementas, contrapondoos: [...] Verificouse que, de fato, as ementas dos acórdãos são suficientes para demonstrar a divergência de entendimentos alegada: no recorrido, considerou que multa de mora incide sobre multa de ofício, enquanto que no paradigma entendeuse que não existe amparo legal para essa incidência. Assim sendo, também para essa matéria a divergência jurisprudencial alegada está suficientemente demonstrada. Em 22/04/2014, o processo foi encaminhado à PGFN, para ciência do despacho que admitiu o recurso especial da contribuinte, e em 28/04/2014 o referido órgão apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso, com os seguintes argumentos: DOS FUNDAMENTOS PARA A MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO (JCP) – LIMITES DEDUTÍVEIS – IMPOSSIBILIDADE DE EFETUAR A DEDUÇÃO DE VALORES DECORRENTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES o pagamento de JCP é uma faculdade conferida aos acionistas, e decorre de princípios como a livre iniciativa e a autonomia privada, dependendo apenas de decisão formal deles próprios, por meio de deliberação tomada em assembléia. A pessoa jurídica, com base nos princípios mencionados, tem liberdade e autonomia para decidir o melhor momento e a forma para remunerar o capital dos sócios. Poderá, inclusive, optar pela taxa de rentabilidade que julgar mais adequada. A dedutibilidade, porém, estará sempre sujeita às regras trazidas pela Lei nº 9.249/95; o artigo 132 da Lei n° 6.404/76 impõe a obrigatoriedade da empresa realizar uma assembléiageral ordinária anual, nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social, no intuito de, entre outras matérias, I tomar as contas dos administradores, Fl. 488DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 488 15 examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; e II deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; de acordo com o artigo 134, § 6º, da Lei nº 6.404/76, a ata da assembléia geral ordinária será arquivada no registro do comércio e publicada; pelos dispositivos transcritos, temse que os sócios, durante as assembléias, devem deliberar sobre as contas e resultados econômicos do período, estabelecendo, ainda, o modo de sua remuneração. É nesse momento que deverão decidir sobre o pagamento de juros sobre o capital próprio; nos termos do artigo 1072 do Código Civil, aplicado às sociedades anônimas em razão do artigo 1.089 do mesmo código, "§ 5º As deliberações tomadas de conformidade com a lei e o contrato vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes". O artigo 48 do mesmo Código ainda traz uma regra geral aplicável a todas as pessoas jurídicas: Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decaí em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. significa, então, que as deliberações tomadas em assembléia pelos acionistas não podem ser simplesmente revogadas ou modificadas a qualquer tempo. Na qualidade de negócio jurídico tutelado pelo Direito, a anulação da manifestação de vontade externada na reunião somente pode ocorrer se ficar comprovado erro, dolo, fraude ou simulação, conforme art. 171 e seguintes do Código Civil; no presente caso, quanto aos exercícios sociais pretéritos, é certo que já houve a realização de assembléia, na qual foi externada a vontade social sobre a destinação dos lucros e a aprovação das demonstrações financeiras; como visto, os sócios já deliberaram sobre a destinação a ser dada aos lucros do período. De acordo com a recorrente, como esse valor está abaixo do limite dedutível fixado pela lei para o período, teria um ‘estoque’ para ser utilizado em anos posteriores; todavia, esse entendimento está equivocado. Como já foi dito, essa forma de remuneração dos sócios é uma faculdade conferida à empresa que, se optar por ela, poderá deduzila até o limite fixado pela lei. Se em determinado período a empresa deliberou sobre JCP abaixo do limite dedutível, significa dizer que a própria empresa renunciou a tal direito. Temse, então, ato jurídico perfeito, estando apto a produzir todos os seus efeitos; ocorre que os acionistas, em 2007, determinaram o pagamento de JCP acima do montante autorizado para fins de dedução. No intuito de se aumentarem esse limite e deduzirem todo o valor, usam argumento de que uma parte do excesso decorre de ‘estoque’ não utilizado em anos anteriores (2002 a 2006); não existe óbice para a assembléia, em exercício posterior, deliberar sobre a remuneração do capital dos sócios na forma que melhor lhe aprouver. Os critérios trazidos pela Fl. 489DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 489 16 Lei n° 9249/95 dizem respeito apenas aos efeitos fiscais, ou seja, a dedução do lucro real para fins de apuração do imposto de renda da pessoa jurídica. Logo, a empresa pode determinar o pagamento de juros sobre o capital próprio até mesmo acima dos limites trazidos pela Lei n° 9.249/95. Tratase de um direito exercido com base nos princípios da livre iniciativa e da autonomia privada; porém, a parcela dedutível deve sempre obedecer aos requisitos indicados na legislação. Um dos critérios trazidos pela norma tem natureza quantitativa, a parcela dedutível limitase ao maior valor entre: a) 50% do lucro líquido do período de apuração antes da dedução desses juros, após a dedução da CSLL e antes da provisão para o IRPJ, ou b) 50% do somatório dos lucros acumulados e reservas de lucros; e mais, a remuneração é calculada sobre as contas do patrimônio líquido, limitada à variação pro rata dia da TJLP. Por óbvio, na apuração do montante dedutível para o anocalendário, a TJLP deve ser aplicada apenas quanto ao PL do respectivo período, e não quanto a exercícios anteriores, sob pena de se tornar inócuo o limite trazido pela Lei; não pode a empresa tentar dilatar esse limite, sob o fundamento de que está realizando pagamento ‘acumulado’, referente a exercícios anteriores. Independentemente do montante pago, a parcela dedutível obedecerá ao critério quantitativo previsto na legislação e, por óbvio, deverá ser calculada para o exercício no qual foi deliberado o pagamento do JCP, e não conforme exercícios sociais anteriores já devidamente encerrados; ademais, a dedução de valores pagos a título de JCP, nos limites autorizados pela lei, é uma faculdade conferida à empresa, e não um direito absoluto. Até a edição da Lei nº 9.249/95, o ordenamento jurídico proibia esse tipo de dedução, conforme constava do artigo 49 da Lei n° 4.506/64; a deliberação acerca da destinação dos lucros referentes aos anos pretéritos é um ato jurídico perfeito. Cabe à empresa apenas cumprir as determinações constantes da assembléia, onde houve a aprovação das demonstrações financeiras e ficou decidido sobre o tratamento a ser dado ao lucro apurado no período. Eventual modificação dependeria de alteração do balanço e a prova de algum vício no tocante à manifestação de vontade. Como já houve a destinação do lucro do período, não pode a empresa simplesmente ignorar a deliberação e nos exercício seguinte determinar o pagamento de JCP; "não há como imputar a exercícios passados os efeitos de deliberação societária (sujeita a uma disciplina jurídica específica) tomada no presente. Essa imputação só poderá ocorrer se o Balanço vier a ser retificado por determinação dos sócios ou acionistas, mas tal retificação só poderia ser juridicamente justificada se demonstrada a anterior ocorrência de erro, dolo ou simulação" (Trecho extraído do artigo de Edmar Oliveira de Andrade Filho publicado no site Fiscosoft); não se está defendendo que a empresa está proibida de realizar o pagamento de JCP no montante e momento que julgar adequado. Evidentemente que tais decisões encontramse no âmbito de sua autonomia privada. Porém, o efeito fiscal do pagamento deve obedecer à legislação que trata do assunto. A recorrente não pode efetuar a dedução dos valores sem observar os limites impostos pela lei tributária, muito menos tentar se esquivar de tais limites, defendendo que o excesso decorre de faculdade não exercida em anos anteriores; Fl. 490DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 490 17 por fim, ao caso não se aplica o artigo 6°, §5º, do DL n. 1.598/77, segundo o qual a inexatidão quanto ao período base de escrituração de dedução não é fundamento para autuação, pois houve a redução indevida do lucro real, autorizando o lançamento em análise; OBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA – LEGALIDADE DO ARTIGO 29 DA IN SRF 11/96 outro ponto que não pode deixar de ser analisado diz respeito à observância do regime de competência, por ser regra geral, bem como critério básico para registro das operações da pessoa jurídica na contabilidade societária e fiscal, no termos do art. 177 da Lei 6.404/76; o artigo 29 da Instrução Normativa 11/96 ratifica que a despesa de juros sobre o capital próprio deve observar o regime de competência. Tal norma não é ilegal, pois tem como fundamento de validade o artigo 177 da Lei 6.404/77, bem como o art. 6° do DecretoLei n° 1.598/77, segundo o qual "Lucro real é o lucro liquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária"; o conceito de competência decorre da necessidade de enquadrar as demonstrações financeiras aos fatos econômicos e financeiros ocorridos nos espaço de tempo a que elas reportam; como a despesa somente será considerada incorrida quando houver a deliberação, é incompatível defender a aplicação de TJLP sobre o saldo de contas do patrimônio líquido de exercícios anteriores, quando já houve manifestação societária sobre o assunto e ficou decidido pelo pagamento da despesa abaixo do limite dedutível. O direito aos juros sobre o capital próprio nasce a partir da decisão societária, não sendo autorizado recuperar a dedutibilidade de despesa que, por determinação da própria empresa, não foi suportada em anos anteriores; em suma, não é possível trazer para o presente a dedução de juros calculados sobre contas do patrimônio líquido de exercícios passados. Para tanto, era necessária a tempestiva manifestação da sociedade. Se isso não ocorreu ou a deliberação foi pelo pagamento de juros abaixo do limite dedutível, é certo que tal fato não irá alterar a dedução do períodobase seguinte, que continuará atrelada aos critérios trazidos pela Lei nº 9.249/95; nesse sentido também são as conclusões de Edmar Oliveira de Andrade Filho, expostas no artigo já citado: Fundamentados em todo o acima exposto, concluímos que: a) por força do disposto no art. 6º do Decretolei nº 1.598/77, todas as mutações patrimoniais devem ser reconhecidas segundo o regime de competência. A Lei nº 9.249/95 e a Lei nº 9.430/96, não revogaram de forma expressa ou tácita o art. 6º do Decretolei nº 1.598/77, de modo que o encargo denominado "juro sobre o capital social" se submete para fins de dedutibilidade ao regime de competência; b) o período de competência dos juros sobre o capital é aquele em que há deliberação de órgão ou pessoa competente sobre o pagamento ou crédito dos mesmos. Assim, enquanto não houver o ato jurídico que determine a obrigação de pagar os juros não existe a despesa ou o encargo respectivo e não há que se cogitar de dedutibilidade de algo ainda inexistente; Fl. 491DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 491 18 c) a aferição das condições e limites de dedutibilidade do encargo relativo aos juros sobre o capital deverá ser feita no período em que ocorrer a deliberação de seu pagamento ou crédito, de forma incondicionada. De fato, é neste nesse período que o encargo existe do ponto de vista jurídico e a aferição de sua dedutibilidade para fins fiscais será feita de acordo com as condições vigentes neste mesmo período; e d) é impossível, do ponto de vista lógico e jurídico, a imputação, a exercícios passados, dos efeitos produzidos por uma decisão societária atual porque o Balanço, depois de aprovado pelos sócios ou acionistas, constitui ato jurídico perfeito e que só pode ser validamente modificado se demonstrada a anterior ocorrência de erro, dolo ou simulação. Em face do exposto cabe referir que não existe amparo legal para sustentar a dedutibilidade do montante dos juros sobre o capital que vier a ser declarado, pago ou creditado e que se reporte a exercícios anteriores, salvo se os resultados pudessem ser retificados em razão de erro, dolo ou fraude. Todavia, isto não impede que a empresa decida remunerar o capital tomando por base o valor existente em anos anteriores, mas, se isto ocorrer, a dedutibilidade será aferida com base nos critérios e limites previstos em lei na data da deliberação do pagamento ou crédito. JURISPRUDÊNCIA CONTRÁRIA À TESE DEFENDIDA PELA EMPRESA corroborando a adoção do regime de competência para o presente caso, é válido transcrever trecho do voto vencedor do ilustre Conselheiro Marcelo Cuba Netto, proferido no acórdão 120100.348 (transcrição contida nas contrarrazões); existem outros julgados do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que também são contrários à tese defendida pela empresa (ementas transcritas); por fim, importante destacar que o TRF da 4ª Região, em julgamento recente, sessão realizada em 15 de janeiro de 2013, acabou por rejeitar a dedução acumulada de juros sobre o capital próprio APELAÇÃO CÍVEL Nº 500542755.2012.404.7005/PR (ementa transcrita); a jurisprudência transcrita acima confirma a legalidade do lançamento, razão pela qual deve ser negado provimento ao recurso da empresa; DA INCIDÊNCIA DOS JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO é preciso mencionar, inicialmente, que as decisões administrativas que afastam a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício o fazem a partir da literalidade do art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996. Segundo defendem, apenas o valor de tributos e contribuições submeterseia aos juros moratórios; entretanto, uma interpretação efetivamente literal conduz a uma conclusão diferente, autorizando a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Isso porque não pode olvidar do termo "decorrente de", aposto antes das palavras "tributos e contribuições" no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996. Dizer que "os débitos decorrentes de tributos e contribuições", ou seja, "débitos cuja origem remonta a tributos e contribuições", se sujeitam a juros de mora não é o mesmo que afirmar que "apenas os débitos de tributos e contribuições submeterseiam aos juros de mora"; Fl. 492DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 492 19 outrossim, necessário lembrar a finalidade da lei para alcançar a efetiva compreensão do comando legal. As multas encerram em si duas finalidades precípuas: uma finalidade punitiva, em razão da prática de uma conduta reprovada pelo ordenamento jurídico e uma finalidade educativa, na medida em que o contribuinte transgressor, bem como os demais contribuintes, serão compelidos a não repetir tal conduta juridicamente indesejada; afastar a incidência de juros moratórios sobre as multas de ofício seria frustrar totalmente a finalidade dos dispositivos legais que cominam multa de ofício. O prazo necessário à conclusão do processo administrativo, somado ao tempo de uma posterior fase judicial acabariam por aniquilar o impacto punitivo ou educativo da multa, dada a corrosão pela inflação; vislumbrase ainda outro grave comprometimento da administração tributária. A partir do lançamento, o tributo e a multa de ofício passam a ser devidos pelo contribuinte, e esse valor será uniformemente corrigido de acordo com a legislação. Não há possibilidade para a segregação das formas de correção desse montante total; em outras palavras, não é lógico que o valor do tributo sofra a incidência de juros moratórios, enquanto que a multa de ofício não, sendo que ambas as verbas fazem parte de um mesmo todo (crédito tributário); convém transcrever julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que utiliza justamente o fundamento acima exposto para manter os juros sobre a multa de ofício TRF4ª Região, Ap. Cível nº 2005.72.01.0000311/SC, Rel. Des. DIRCEU DE ALMEIDA SOARES, 2ª T., v.u., j. em 29/01/2008, DE de 21/02/2008 (ementa transcrita); a Primeira e a Segunda Turma do STJ já decidiram por manter os juros sobre a multa de ofício, nos seguintes acórdãos REsp 1146859/SC e REsp 1129990/PR; há ainda expressiva jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais sobre o tema: TRF 3ª Região Ap./Reexame Necessário nº 001857343.2003.4.03.6182/SP e AMS 187426; TRF 4ª Região, AC 2006.71.13.0027875; no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, a jurisprudência preponderante sobre o tema não é diferente. Há diversos julgados do CARF reconhecendo a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, dentre eles mencionem se: Acórdãos 10322197, 10322917 e 20218737. A legalidade da incidência de juros sobre a multa de ofício também já foi reconhecida pela 1ª Turma da CSRF, na sessão realizada em outubro de 2011, no processo 10680.007190/200631; a dicção da Súmula nº 4 do CARF corrobora nossos argumentos, na medida em que fala genericamente em débitos tributários: "Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais"; pelas razões expostas, deve ser mantida a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Fl. 493DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 493 20 É o relatório. Fl. 494DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 494 21 Voto Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. 2. A divergência jurisprudencial restou perfeitamente configurada, e foram atendidos todos os demais requisitos que oportunizam o recurso. 3. Portanto, conheço do Recurso Especial. Dividirei o presente voto nos seguintes títulos: · Escopo · Da natureza jurídica dos JCPs · Do tratamento societário das despesas (de JCP) · Do regime de competência · Da existência, ou não, do direito de fazer incorrer em exercícios subseqüentes despesas de exercícios anteriores não incorridas · Da interpretação do art. 9 da Lei nº 9.429/95 · Da interpretação da IN da RFB de 1996 · Da Deliberação CVM nº 207, de 13 de dezembro de 1996 · Do precedente do STJ e do regime de caixa · Da renúncia e da decadência · Da postergação de tributo · DOS JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO Escopo 4. A matéria trazida à nossa apreciação diz respeito a: a) possibilidade de deduzir da base de cálculo do IRPJ (e da CSLL) pagamentos feitos a título de remuneração de Juros sobre Capital Próprio (JCP) relativos a anos anteriores; b) incidência de juros de mora sobre multa de ofício. Fl. 495DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 495 22 5. O dispositivo legal que dá ensejo a interpretações divergentes é o art. 9º, caput e §1º, da Lei nº 9.249, de 26/12/1995. Transcrevoo integralmente: Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. § 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. (Redação dada pela Lei nº 9.430, de 1996) § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. § 3º O imposto retido na fonte será considerado: I antecipação do devido na declaração de rendimentos, no caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real; II tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o disposto no § 4º; ... § 5º No caso de beneficiário sociedade civil de prestação de serviços, submetida ao regime de tributação de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, o imposto poderá ser compensado com o retido por ocasião do pagamento dos rendimentos aos sócios beneficiários. § 6º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o imposto de que trata o § 2º poderá ainda ser compensado com o retido por ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração de capital próprio, a seu titular, sócios ou acionistas. § 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º. § 8º Para os fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será considerado o valor de reserva de reavaliação de bens ou direitos da pessoa jurídica, exceto se esta for adicionada na determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. 6. Há inúmeros julgados do CARF relativos a questão em apreço, tanto em um sentido (favorável a recorrente) quanto em outro (desfavorável a ela). Não pretendo aqui esgotar as diversas facetas da polêmica; mas apenas, além de apresentar minha visão, tratar de alguns pontos que entendo essenciais nas discussões, ainda que posteriores a este processo. 7. Entendo que não assiste razão à recorrente, pelos motivos que passo a expor. Da natureza jurídica dos JCPs 8. Faço a constatação da existência de uma premissa fundamental que, embora bastante simples, acaba por ser totalmente esquecida, qual seja, que a natureza jurídica dos Juros sobre Capital Próprio não é derivada da norma fiscal que delimita condições para a sua dedutibilidade do IRPJ e da CSLL. Fl. 496DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 496 23 8.1. Os equívocos que encontrei em alguns precedentes que julgaram o tema consistiram em extrair a natureza jurídica dos JCPs do seu artigo de dedução fiscal. O fato é que isso acabou desfigurando a verdadeira natureza jurídica dos JCP e implicou numa teoria que resultou na inobservância da legislação societária. 8.2. Portanto, não me resta outra alternativa, antes de aprofundar no estudo das divergências entre o recorrido e os paradigmas, senão apontar algumas características essenciais da natureza jurídica dos JCPs. 9. Cito inicialmente duas características essenciais da natureza jurídica dos Juros sobre Capital Próprio: a) a primeira é que visam à REMUNERAÇÃO DOS SÓCIOS; e b) a segunda é que são JUROS (como o próprio nome os qualificam). 9.1. Constatase, com isso, que as quantias que os sócios recebem à título de remuneração do capital próprio não podem se confundir com o patrimônio da entidade. Assim, para estar de acordo com a real natureza jurídica, os JCPs somente podem ser entendidos como elementos que não venham a se integrar ao patrimônio da sociedade (consistindo numa rubrica redutora do mesmo), ou seja, não podem estar em contas redutoras dos lucros acumulados, das reservas de lucros ou de outras contas do patrimônio líquido. 9.2. Portanto, pela razão do subitem 9.1, na apuração do lucro líquido do exercício, os valores destinados aos sócios como remuneração do capital devem compor o lucro contábil da entidade; o que implica, necessariamente, em reconhecêlos como integrantes do resultado do exercício da sociedade, ou, seja, assumindo a natureza de DESPESA, não se admitindo que sejam incorridos apenas no momento em que sejam decididas as destinações dos lucros. 9.3. Entender diferentemente seria negar validade ao princípio da entidade, que veda confundir o patrimônio dos sócios com o patrimônio da sociedade, bem como prever o enriquecimento dos sócios em detrimento da empresa. Confirase o que diz a Resolução nº 750, de 29/12/1993, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), sobre o princípio da entidade: CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS E DE SUA OBSERVÂNCIA Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (PFC) os enunciados por esta Resolução. § 1º A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). § 2º Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade há situações concretas e a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. CAPÍTULO II DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA ENUMERAÇÃO ... SEÇÃO I O PRINCÍPIO DA ENTIDADE Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de Fl. 497DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 497 24 pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômicocontábil. 9.4. Deste Princípio Fundamental da Contabilidade (PFC) societária saltam conceitos como de autonomia patrimonial, de diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, além da evidente e contundente conseqüência: "o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição". Assim, para que esse PFC seja observado, é de rigor que o incorrimento dos JCPs não se dê na integração do patrimônio da sociedade; devendo, os Juros sobre Capital Próprio, inevitavelmente, transitar pelo resultado da sociedade como despesa. 9.5. O CFC, considerando a conveniência de um maior esclarecimento sobre o conteúdo e abrangência dos PFCs, emitiu a Resolução nº 774, de 16/12/94, dando interpretação à Resolução CFC nº 750/93, por meio de um apêndice. Sobre o princípio da entidade foi melhor detalhada a questão da autonomia patrimonial: 2.1.1 – A autonomia patrimonial O cerne do Princípio da ENTIDADE está na autonomia do patrimônio a ela pertencente. O Princípio em exame afirma que o patrimônio deve revestirse do atributo de autonomia em relação a todos os outros Patrimônios existentes, pertencendo a uma Entidade, no sentido de sujeito suscetível à aquisição de direitos e obrigações. A autonomia tem por corolário o fato de que o patrimônio de uma Entidade jamais pode confundirse com aqueles dos seus sócios ou proprietários. Por conseqüência, a Entidade poderá ser desde uma pessoa física, ou qualquer tipo de sociedade, instituição ou mesmo conjuntos de pessoas, tais como: famílias; empresas; governos, nas diferentes esferas do poder; sociedades beneficentes, religiosa, culturais, esportivas, de lazer, técnicas; sociedades cooperativas; fundos de investimento e outras modalidades afins. No caso de sociedades, não importa que sejam sociedades de fato ou que estejam revestidas de forma jurídica, embora esta última circunstância seja a mais usual. O Patrimônio, na sua condição de objeto da Contabilidade, é, no mínimo, aquele juridicamente formalizado como pertencente à Entidade, com ajustes quantitativos e qualitativos realizados em consonância com os princípios da própria Contabilidade. A garantia jurídica da propriedade, embora por vezes suscite interrogações de parte daqueles que não situam a autonomia patrimonial no cerne do Fl. 498DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 498 25 Princípio da Entidade, é indissociável desse princípio, pois é a única forma de caracterização do direito ao exercício de poder sobre o mesmo Patrimônio, válida perante terceiros. Cumpre ressaltar que, sem autonomia patrimonial fundada na propriedade, os demais Princípios Fundamentais perdem o seu sentido, pois passariam a referirse a um universo de limites imprecisos. A autonomia patrimonial apresenta sentido unívoco. Por conseqüência, o patrimônio pode ser decomposto em partes segundo os mais variados critérios, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Mas nenhuma classificação, mesmo que dirigida sob ótica setorial, resultará em novas Entidades. Carece, pois, de sentido, a idéia de que as divisões ou departamentos de uma Entidade possam constituir novas Entidades, ou “microentidades”, precisamente por que sempre lhes faltará o atributo da autonomia. A única circunstância em que poderá surgir nova Entidade, será aquela em que a propriedade de parte do patrimônio de uma Entidade, for transferida para outra unidade, eventualmente até criada naquele momento. Mas, no caso, teremos um novo patrimônio autônomo, pertencente a outra Entidade. Na contabilidade aplicada, especialmente nas áreas de custos e de orçamento, trabalhase, muitas vezes, com controles divisionais, que podem ser extraordinariamente úteis, porém não significam a criação de novas Entidades, precisamente pela ausência de autonomia patrimonial. 9.6. Da interpretação autêntica do princípio da entidade, percebese que o cerne deste está na autonomia patrimonial, que está indissociavelmente ligado à garantia jurídica da propriedade, como "única forma de caracterização do direito ao exercício de poder sobre o mesmo patrimônio, válida perante terceiros". 9.6.1. Daí se conclui que terceiros (a exemplo dos sócios) não podem dispor livremente (fora das formas jurídicas concebidas para a correta disposição) do patrimônio da sociedade, que detém autonomia patrimonial e garantia jurídica de sua propriedade. 9.6.2. Portanto, para que haja o respeito à autonomia patrimonial da sociedade e de forma a respeitar o seu direito de propriedade, os JCPs devem passar pelo resultado da sociedade no momento do reconhecimento da despesa do exercício, e não serem incorridos a partir do seu patrimônio já formado. 9.7. Desse raciocínio, verifico mais uma característica essencial da natureza jurídica do JCPs: transitam pelo resultado por serem despesas, sendo deduzidas para formação1 do lucro líquido do exercício. Ademais, essa característica está de acordo com o fato dos Juros sobre Capital Próprio serem Juros, pois os outros tipos de juros sempre são despesas para quem os deve. 9.7.1. Esta característica já foi sabiamente identificada no Acórdão do Processo nº 13888.721267/201290, Acórdão nº 1101001.186, da lavra da Conselheira Edeli Pereira Bessa: Assim, embora os juros sobre o capital próprio apresentem alguma semelhança com o tratamento societário conferido aos dividendos, consoante alegado pela contribuinte em sua impugnação, há uma diferença essencial entre eles: os juros sobre o capital próprio representam o custo do capital investido pelos sócios e, portanto, despesa da pessoa jurídica, ao passo que os dividendos correspondem a distribuição do resultado. Como despesa, conceitualmente os juros sobre o capital próprio antecedem a apuração do lucro contábil. O crédito ou pagamento futuro de 1 Todos os interessados na escrituração da sociedade, sejam os clientes, os fornecedores, os sócios/acionistas, a própria sociedade, tem direito a evidenciação desse fato. Fl. 499DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 499 26 juros sobre o capital próprio, portanto, exige o seu prévio provisionamento, de modo a reduzir o lucro do período. Se desta forma não se procede, o resultado do período, majorado pela ausência daquela dedução, passa a ter o status de lucro a ser destinado nos termos do art. 192 da Lei nº 6.404/76. Ainda que os limites legais de dedutibilidade tenham em conta as reservas de lucros e lucros acumulados, a fixação de tais limites tem por objetivo apenas evitar a descapitalização da pessoa jurídica com a remuneração dos sócios, e não evidencia, por si só, que valores já destinados a reservas de lucros e lucros acumulados possam ter sua natureza revertida, por deliberação futura, de lucro para despesa. Vejase que a referida provisão, com vistas a reduzir o lucro do período ao qual competiriam os juros, não resulta em despesa dedutível na medida em que legislação exige deliberação e individualização do pagamento ou crédito dos juros sobre o capital próprio. Mas é essencial para evitar que tais valores integrem o lucro e sejam destinados a outro fim. Em suma, cabe à sociedade decidir como remunerar o capital investido pelos sócios: por meio de juros ou de lucros. E esta decisão deve ser tomada antes da destinação do lucro líquido do exercício, na forma do art. 192 da Lei nº 6.404/76. Ultrapassado este momento, sem o prévio provisionamento dos juros, a deliberação de seu pagamento futuro, associada ao crédito ou pagamento individualizado, não é suficiente para constituir, neste segundo momento, despesa dedutível na apuração do IRPJ e da CSLL, como defende a recorrente. 9.8. Ainda que não seja causa do fato dos JCPs serem despesas, mas conseqüência disso, o que concorda com a realidade dos outros tipos de juros, constatase que, para aqueles que recebem JCPs, estes são considerados receitas e assim tributados. 9.9. Um corolário imediato da característica essencial dos Juros sobre Capital Próprio SEREM JUROS é que: para haverem juros, há de haver empréstimo ou financiamento2 de algo. E esse algo, no caso dos JCP, é o capital dos sócios, ou seja, há de haver "empréstimo" do capital dos sócios. 9.10. Digo isso porque é comum as abordagens sobre esse tema fazerem analogia entre os Juros sobre Capital Próprio (pago aos sócios) e os juros pagos a terceiros por empréstimos contraídos pela empresa. 9.11. Essa analogia faz sentido na medida em que: a integralização do capital da pessoa jurídica se dá pela transferência de capital dos sócios para a empresa; a empresa realiza suas atividades com esse capital dos sócios que foi para ela transferido/disponibilizado; o patrimônio líquido da pessoa jurídica representa "dívida" desta para com os sócios (por isso, aliás, o PL figura na coluna do passivo). 9.12. Mas a "dívida" que motiva o pagamento de JCP também guarda diferenças com as dívidas que fundamentam o pagamento de juros por empréstimos contraídos com terceiros, especialmente no que diz respeito aos índices de remuneração do capital "emprestado" e às condições para a sua dedutibilidade, que são fixadas em lei e não em um contrato de empréstimo tomado, por exemplo, junto a uma instituição financeira. 2 A partir desse momento, citarei apenas empréstimo, sem prejuízo de financiamento se mostrar como o instituto jurídico mais apropriado. Fl. 500DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 500 27 9.13. No caso, de acordo com o art. 9º da Lei nº 9.249/1995, o índice de remuneração do capital admitido para fins de apuração do lucro real é a Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP definida especificamente para o período em que o capital dos sócios ficou à disposição da empresa, ou cinco por cento ao ano (o que for menor). 9.14. Vale registrar que a TJLP é definida por períodos trimestrais, e que o dispositivo legal acima referido estabelece que tanto essa taxa quanto os cinco por cento ao ano devem ser aplicados "pro rata die", ou seja, proporcionalmente aos dias em que o capital dos sócios ficou em poder da empresa. 9.15. A aplicação de uma taxa de juros que é definida para um determinado período de um determinado ano, e seu rateio proporcional ao número de dias que o capital dos sócios ficou em poder da empresa, configuram importante referencial para a identificação do período a que corresponde a despesa de juros, e, conseqüentemente, para o registro dessa despesa pelo regime de competência, que é matéria examinada adiante. Do tratamento societário das despesas (de JCP) 10. Pois bem, uma vez sedimentado que os JCP transitam pelo resultado como despesas, há que perquerir qual o tratamento específico dado pela legislação a essas despesas. Consultandose a legislação societária, constatase que, de fato, não há nenhum tipo de tratamento específico às despesas de JCPs. Em assim sendo, frente a esse vazio normativo da legislação comercial, concluo que as despesas de JCP entram nas regras gerais de tratamento de despesas. 11. Como bem sabido, despesa é um item do resultado do exercício. Apurado o resultado do exercício a partir das receitas e das despesas, encerramse as receitas e as despesas, as contas contábeis onde são registradas são zeradas ao final do exercício. 11.1. Não existe a possibilidade de uma conta de despesa ou de receita conservar seus saldos para exercícios futuros. Em outros termos, apurado o resultado, o que era receita deixa de sêlo e também o que era despesa deixa de sêlo. 11.2. Apenas as contas patrimoniais tem influencia de um ano para outro, as contas de resultado de um exercício não podem influenciar anos subseqüentes, é um pilar essencial que as contas de resultado iniciamse e extinguemse dentro de um mesmo exercício. 11.3. É o que se deduz do art. 187 da Lei nº 6.404, de 15/12/1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações (S.A.): Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; Fl. 501DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 501 28 IV o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; (Redação dada pela Lei nº 9.249, de 1995) V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados; VII o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. 12. Uma despesa, para ser deduzida do resultado societário de outro exercício, necessita de autorização legal nesse sentido que venha a ser uma exceção ao §1º do art. 187 da Lei das S.A. 13. O conceito de exercício é precisamente definido pela legislação societária e, conforme o art. 175 da Lei das S.A., bem delimitado temporalmente (tendo duração de um ano), sem possibilidade de alteração desse período (exceto nos casos especiais relacionado no parágrafo único deste mesmo artigo); apenas a data de término pode ser alterada. SEÇÃO I Exercício Social Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no estatuto. Parágrafo único. Na constituição da companhia e nos casos de alteração estatutária o exercício social poderá ter duração diversa. 13.1. Ademais, o conceito de exercício é tão caro para a legislação societária que os próprios conceitos de resultado e de lucro líquido estão sobre eles assentados, é o que se infere da leitura dos arts. 176, 189 e 191 da Lei nº 6.404/1976. Do regime de competência 14. A Lei das Sociedades por Ações estabeleceu como regra de observância obrigatória o regime de competência, através de seu art. 177, a seguir transcrito: Escrituração Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. Fl. 502DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 502 29 § 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicála em nota e ressaltar esses efeitos. ... 14.1. Dessa imposição legal, verificase que as mutações patrimoniais da sociedade estão vinculadas ao regime de competência. Essa é a regra geral da Lei das S.A., e não é somente a regra geral, é a regra para a totalidade dos casos; pois, na legislação societária, não foi normatizada nenhuma exceção. E, onde não há exceção, na ausência de disposição expressa em contrário, a regra se aplica. 14.2. Como não foi criada para as despesas de Juros com Capital Próprio nenhuma exceção própria ao regime de competência, daí então se conclui que elas estão submetidas a esse regime. Não há necessidade de disposição expressa na Lei das S.A. que preveja especificamente para as despesas de JCPs que elas devam atender ao regime de competência. 15. Quando se fala em regime de competência, um outro conceito é interno a este, qual seja, o conceito de exercício social (estudado no item 13). Assim regime de competência depende de exercício social, ou seja, é função deste; em outras palavras, mudouse o exercício social, mudouse o regime de competência; não se pode, portanto, construir um conceito de regime de competência dissociado de exercício social. 16. Ademais regime de competência é um instituto jurídico tradicional, de definição bem precisa e sobre o qual a legislação fiscal pôde estruturar a tributação no tempo. Confirase as disposições do art. 9º da Resolução CFC nº 750/93: SEÇÃO VI O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. (...) 17. O regime de competência apresenta o seguinte elemento chave: o correlacionamento simultâneo entre as receitas e as despesas (também entendido como princípio do confronto das despesas com as receitas e com os períodos contábeis). A concretização do regime de competência para as despesas consiste no reconhecimento das despesas no momento em que incorridas, não estando relacionado (sendo o reconhecimento independente) com recebimentos ou pagamentos. Fl. 503DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 503 30 17.1. Sobre essa realidade não preciso muito discorrer, sendo suficiente a lição da FIPECAFI3, em seu Manual4: 3.1.5.4 O PRINCÍPIO DO CONFRONTO DAS DESPESAS COM AS RECEITAS E COM OS PERÍODOS CONTÁBEIS ENUNCIADO: "Toda despesa diretamente delineável com as receitas reconhecidas em determinado período, com as mesmas deverá ser confrontada; os consumos ou sacrifícios de ativos (atuais ou futuros), realizados em determinado período e que não puderam ser associados à receita do período nem às dos períodos futuros, deverão ser descarregados como despesa do período em que ocorrerem..." É importante notar que a base do confronto não está relacionada ao montante dos recursos efetivamente recebido em dinheiro ou pago, no período, mas às receitas reconhecidas (ganhas), nas bases já mencionadas, e às despesas incorridas (consumidas) no período. Assim, podemos consumir ativos pagos no mesmo período ou adquiridos em períodos anteriores. Pode ocorrer o caso de sacrifícios de ativos, no esforço de propiciar receita, cujos desembolsos efetivos somente irão ocorrer em outro exercício, ou de se incorrer em despesas a serem desembolsadas posteriormente (sacrifício de ativo no futuro, ativo esse que pode nem existir hoje). Todas as despesas e perdas ocorridas em determinado período deverão ser confrontadas com as receitas reconhecidas nesse mesmo período ou a ele atribuídas, havendo alguns casos especiais: a) os gastos de períodos em que a entidade é total ou parcialmente pré operacional. São normalmente ativados para amortização como despesa a partir do exercício em que a entidade, ou a parte do ativo, começar a gerar receitas; b) a parcela dos gastos dos departamentos de pesquisa e desenvolvimento que superar o montante necessário para manter o setor em funcionamento, independentemente do número de projetos em execução. (Esses últimos gastos incluem os salários fixos dos pesquisadores e as depreciações dos equipamentos permanentes.) Todo o gasto incremental necessário para determinado projeto poderá ser ativado e, quando o projeto iniciar a geração de receitas, amortizado contra as receitas. Os gastos diferidos que não vierem a gerar receitas deverão ter seus valores específicos descarregados como perda no período em que se caracterizar a impossibilidade da geração de receita ou o fracasso ou desmobilização do projeto. Os gastos com propaganda e promoção de venda, mesmo institucional, deverão ser considerados como despesas dos períodos em que ocorrerem. Somente um motivo muito forte e preponderante pode fazer com que um gasto deixe de ser considerado como despesa do período, ou através do confronto direto com a receita ou com o período. Se somos conservadores no reconhecimento da receita, devemos sêlo, em sentido oposto, com a atribuição de despesas. 3 FIPECAFI = Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, FEA/USP. 4 Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (aplicável às demais sociedades). IUDÍCIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. São Paulo: Editora Atlas S.A. 6a Edição, pgs. 64 e 65. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 504 31 Os juros e encargos financeiros decorrentes da obtenção de recursos para construção ou financiamento de ativos de longo prazo de maturação ou construção somente poderão ser ativados durante o período préoperacional. Entretanto, seu montante deverá ser contabilizado em conta específica de ativo a ser amortizada a partir do exercício em que o ativo entrar em operação. As demais despesas financeiras serão apropriadas aos períodos em que foram incorridas. 17.2. Alguns pontos devem ficar bastante sedimentados, quais sejam: a) a base de confronto não está relacionada aos recursos pagos; b) as despesas financeiras devem ser apropriadas no período em que incorridas, excetuado os casos de despesas préoperacionais (aqui inaplicável); e c) somente situações extremamente especiais (como as mencionadas na lição, entre as quais não se enquadra o presente processo), autorizase a quebra da consideração da despesa do período através do confronto direto com a receita do período. 18. Bem situadas essas verdades, a aplicação ao caso concreto leva a constatar que as despesas de Juros com Capital Próprio devem ser confrontadas com as receitas que formam o lucro do período, ou seja, tem que estar correlacionadas com as receitas obtidas no período que se deu a utilização do capital dos sócios, no período em que esse capital permaneceu investido na sociedade. 18.1. Assim, andou bem o voto vencedor do Acórdão nº 120100.348, de 11/11/2010, da lavra do Conselheiro Marcelo Cuba Netto, ao dizer: a pessoa jurídica deverá reconhecer a despesa ao longo do tempo em que empregado o capital objeto da remuneração. 18.2. Também acertado o voto condutor do Acórdão n° 1201000.857, do mesmo Conselheiro citado, de 10/09/2013: a despesa com juros deve ser apropriada nos mesmos períodos em que a pessoa jurídica empregou o capital no desenvolvimento de suas atividades. 19. Daí então se conclui que o incorrimento da despesa deve se dar no exercício das receitas (geradas pelo uso do capital) que vão formar o resultado do mesmo exercício; que, em sendo positivo, será chamado de lucro líquido daquele exercício. 19.1. Sendo certo que as despesas devem estar correlacionadas com as receitas do mesmo exercício, questionase: o que as despesas de JCPs de um exercício têm a ver com as receitas do exercício anterior, ou com as receitas do exercício de dois, três, quatro ou cinco anos anteriores? Pareceme que nada. 19.2. De fato, as despesas de JCP só guardam alguma correlação com as receitas que formam o lucro líquido do mesmo exercício, pois é neste período que o capital próprio foi empregado para geração de receitas (e, conseqüentemente, do lucro) daquele exercício. 20. Portanto, eventual data da assembléia que determine pagamento de JCP não consegue atender ao regime de competência, primeiro porque se utilizou do principal fator que este regime teve o cuidado de absolutamente afastar (qual seja, o pagamento); depois porque a data de assembléia não representa duração de utilização, pela sociedade, do capital que lhe foi disponibilizado pelos sócios; e, por fim, esta data não é tempo de geração de receitas, para fins de confrontação. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 505 32 20.1. A defesa da recorrente é insistente em afirmar que o incorrimento da despesa é o momento do pagamento (seja o determinado no estatuto ou contrato social, seja na data da assembléia que delibere sobre pagamento, seja na data da decisão da administração no silêncio destes). Nada mais contrário ao regime de competência, no qual o tempo do pagamento é totalmente irrelevante para o reconhecimento das despesas. 21. Sabendose que o incorrimento da despesa se dá no exercício da aplicação do capital investido pelos sócios/acionista na sociedade (no tempo em que a empresa faz usufruto desse capital), ou ainda, o incorrimento da despesas num exercício se opera quando há correlação com as receitas de igual exercício; é elementar ver que data de AG que delibere sobre pagamento de JCPs não tem o condão de modificar a data do incorrimento das despesas de JCPs. 22. Não obstante tudo o que se disse, é muito importante deixar claro que é possível fazer incorrer as despesas de JCP de um exercício relativamente ao capital disponibilizado naquele exercício e não efetuar pagamento algum a título de JCPs (assim não haverá lançamento do caixa/banco contra despesas). Neste caso, o que deve ser feito é a constituição da OBRIGAÇÃO/DÍVIDA DE PAGAR JCPs, que formará uma dívida da sociedade para com os sócios (sendo registrada no passivo), de forma que esse DEVER da empresa fique evidenciado. Isso está perfeitamente de acordo com o regime de competência. 23 O tempo da constituição da obrigação de pagar juros é simultâneo ao do incorrimento das despesas, pois essa obrigação é a contrapartida contábil (para atender o método das partidas dobradas) do registro das despesas incorridas. 23.1. E essa obrigação pode ser conservada ao longo de vários exercícios (ou seja, num exercício poderá haver passivos de JCPs de exercícios anteriores), sem que se aponte qualquer inobservância ao regime de competência; de forma que, quando se der o pagamento, satisfeita será a dívida, sem qualquer vinculação com as despesas de JCPs incorridas no eventual exercício em que houver o pagamento. 23.2. Esses fatos serão relevantes mais a frente ao se enfrentar a interpretação da norma fiscal: o art. 9º da Lei nº 9.249/95. Da existência, ou não, do direito de fazer incorrer em exercícios subseqüentes despesas de exercícios anteriores não incorridas 24. Analiso agora se as despesas de JCP que deixaram de ser incorridas em exercícios anteriores, que deixaram de ir ao resultado destes exercícios, podem ser incorridas em exercícios posteriores. Ou ainda, se a sociedade adquiriu, frente à legislação societária, o direito de deduzir, do lucro líquido, a despesa incorrida com a manutenção do capital dos sócios na sociedade em anos anteriores (embora não tenha deliberado sobre isso no momento adequado). 25. Como visto no tópico anterior, as despesas de JCP, por não serem exceção ao regime de competência, são despesas padrão: devem ser levadas ao resultado quando incorridas (ao tempo em que o sócio disponibilizou o capital para a empresa) e independem do pagamento para sua dedução na contabilidade societária. Fl. 506DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 506 33 26. Assim, a despesa é incorrida pela manutenção do capital dos sócios na empresa durante o exercício em que o resultado é apurado. Se a despesa for incorrida em exercício diferente ao do qual o capital vinculado a essa despesa esteve disponibilizado, então essa despesa não estará mais vinculada ao capital do exercício anterior, mas sim ao capital do exercício em curso; havendo, portanto, flagrante desrespeito à regra do confronto, e, conseqüentemente, ao regime de competência. 27. O direito de fazer incorrer despesa na lei societária é determinado no tempo do art. 175 da Lei das S.A., ou seja, no exercício, assim não existe direito de fazer incorrer despesa de exercícios anteriores (art. 187, III e IV e §1ºb). Na observância do regime de competência, também não há direito de postergação de despesa para exercícios seguintes. 28. Ademais, as despesas de exercícios anteriores que deveriam ter lá tido seu incorrimento não podem ser incorridas em exercícios futuros, conforme vedação do art. 186, §1º, da Lei nº 6.404/1976: Art. 186. ... ... § 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes. ... 29. Portanto, o que ocorreu nos autos não foi mudança de critério contábil e também não foi retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes. 30. Pelo exposto, concluo que não há direito algum5 de fazer incorrer em exercícios subseqüentes despesas de exercícios anteriores não incorridas, ou seja, inexiste direito da sociedade a deduzir do lucro líquido do ano despesas de JCP que deixaram de ser incorridas em anos anteriores, tanto por contrariedade ao art. 177 (regime de competência) como por não se enquadrar no art. 186, §1º, e no art. 187, III e IV e §1ºb, todos da Lei nº 6.404/1976 (Lei das S.A). 31. O art. 192 da Lei das S.A. também auxilia na compreensão do problema: Proposta de Destinação do Lucro Art. 192. Juntamente com as demonstrações financeiras do exercício, os órgãos da administração da companhia apresentarão à assembléiageral ordinária, observado o disposto nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício. 32. A destinação do lucro é uma decisão submetida à assembléia de sócios/acionistas do exercício. E estes devem estar atentos aos itens de custos e despesas que acabam por reduzirem os seus lucros. Daí porque talvez a Lei das S.A. tenha sido tão restritiva 5 O direito somente é adquirido se estiver de acordo com ordenamento jurídico, o que não se deu. Fl. 507DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 507 34 no seu art. 186, §1º, em razão da seriedade que envolve a apuração do lucro líquido do exercício, com a conseqüente destinação dos lucros, impactando todos os exercícios futuros. 32.1. Uma despesa que deixe de ser incorrida em um exercício e que pretensamente venha a ser ratificada em outro exercício pode acabar por reduzir o lucro de um quadro de sócios/acionistas diferente do quadro de sócios/acionistas do exercício em que a despesa não foi considerada, prejudicando uns em detrimento dos outros; e, inevitavelmente, influenciando o valor das ações. 32.2. Esta consideração apenas não seria válida se a estrutura societária se mantivesse intacta durante os cinco anos ou mais, o que é muito improvável em se tratando de sociedade de capital aberto, ainda mais que a norma em debate é de aplicação aos mais diferentes setores da economia. 32.3. E isso evidencia mais um problema para a tese de que "despesas" que poderiam/deveriam ter reduzido o lucro dos anoscalendário de 2002 a 2006 (se tivessem efetivamente existido naquela época) sejam computadas como tal no anocalendário de 2007. Da interpretação do art. 9º da Lei nº 9.429/95 33. O art. 9º da Lei nº 9.429/95 não modifica nada que esteja assentado na legislação comercial/societária, pelo contrário, ele deve ser interpretado de forma a se harmonizar com os princípios e regras gerais dessa legislação. 33.1. A referida norma legal apenas concedeu autorização de dedutibilidade do lucro real das despesas incorridas6 e pagas, não concedeu esse tratamento para despesas pagas e não incorridas (como é o caso de despesas que deixaram de ser incorridas no exercício anterior, que poderiam ser despesas no exercício anterior; mas, nesse exercício, não são despesas, nem conservam a capacidade de serem incorridas). 34. Na óptica da analogia que se fez com os empréstimos de modo geral como fundamento para pagamento de juros, a empresa não está limitada a deduzir, do lucro líquido do exercício, qualquer valor de despesas de JCP. Ou seja, para a legislação societária, não há qualquer restrição de quantidade, daí porque o capital pode ser disponibilizado para a empresa a taxas maiores do que a TJLP. Já no âmbito fiscal não se pode dizer o mesmo. As despesas de JCP do exercício devem observar conjuntamente os limites do caput e do §1º do art. 9º da Lei nº 9.429/95 e o excesso dessas despesas devem ser estornadas, em obediência ao art. 6º, §2º "a", do DecretoLei nº 1.598, de 26/12/1977. 35. Conforme visto nos itens 22 e 23, os JCPs podem passar de um exercício para o outro, desde que devidamente incorrida e escriturada a despesa dos JCPs no exercício em que o capital dos sócios foi utilizado pela empresa, e devidamente escriturada (no passivo) e constituída7 a corresponde obrigação/dívida de pagálos. Foi visto que essa forma de agir não contraria o regime de competência. A dúvida surge em relação a saber se este procedimento prejudica a norma do ponto de vista fiscal, o que demanda análise. 6 Porque se não forem incorridas sequer despesas serão. 7 Conforme o item 23.1, é igual o tempo da constituição da obrigação de pagar juros e o do incorrimento das despesas, pois aquela é quem equilibra contabilmente o lançamento datas. Fl. 508DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 508 35 36. A expressão utilizada pelo art. 9º da Lei nº 9.429/95 não foi "despesa de juros pagos ou creditados", foi apenas "juros pagos ou creditados"; assim, não se pode limitar esse artigo de forma a permitir apenas a dedução de despesas incorridas no exercício e pagas no mesmo exercício. Portanto, os "juros" devem ser entendidos como "despesa de juros" e "obrigações/dívidas8 de juros". 36.1. Assim, podese falar em direito em relação a descontar juros pagos, seja pagamento das despesas de JCPs do exercício, seja satisfação pelo pagamento da dívida de pagar JCPs que tiveram suas despesas incorridas em exercícios anteriores. Concluise, dessa leitura do dispositivo fiscal, que o procedimento dos itens 22/23 e 35 não impossibilitam a dedução da despesa. 36.2. O contribuinte alega inexistir restrição temporal neste artigo. Não há, propriamente, restrição temporal, há restrição material, explico: para que os JCP sejam pagos, é necessário que os JCP a serem pagos existam; caso contrário estarseia pagando outra coisa indedutível que não JCP (como foi o caso que resultou na autuação em julgamento). 36.3. Ou ainda, há de existirem as despesas de JCPs do exercício (que serão pagas no exercício, o que dispensa a necessidade da constituir obrigação de pagar) ou existir obrigação de pagar JCPs para serem satisfeitas pelo pagamento, obrigação esta constituída em razão das despesas de juros relativas a exercícios anteriores não terem sido pagas nos exercícios em que incorridas. 36.4. Não obstante, ainda que a norma fiscal não vede a dedução do lucro real dos valores pagos para extinguir a dívida de pagar JCPs de exercícios anteriores, também o montante pago daí originado está submetido aos dois limites (o do caput e o do §1º) do art. 9º da Lei nº 9.429/95. 36.5. Ademais, tendo em vista serem os limites direcionados para os "juros" (assim entendido o gênero, dos quais as despesas e as obrigações seriam espécies), então este limite deve ser compartilhado (ou seja, os valores devem ser somados) entre o total das despesas pagas de JCPs do exercício e o total dos pagamentos para quitar as dívidas de pagar JCPs de exercício anteriores, estando o excesso submetido ao art. 6º, §2º, "a", do DecretoLei nº 1.598/1977. 37. No caso dos autos, não haviam obrigações/dívidas (ausência de passivo), da sociedade, de pagar JCPs vinculadas a despesas de JCPs incorridas em exercícios anteriores, estas dívidas inexistiam, em virtude de não terem sido constituídas pela falta do incorrimento, nos exercícios anteriores, das despesas de JCPs, resultando em desobediência do art. 177 (regime de competência) e do art. 186, §1º, da Lei das S.A. 37.1. Assim, o que foi estornado sequer pode ser chamado de excesso de Juros sobre Capital Próprio (pois não era baixa de passivo de JCP, nem tampouco despesas de JCP já que essas somente as incorridas no exercício). Tratouse, na realidade, da conversão de bens (numerários) da empresa em direitos desta para com os sócios ou em redução dos direitos destes para com a sociedade; contabilmente (na legislação societária), deuse9 permutação de ativos (redução dos ativos de recursos contra aumento dos ativos de direitos exigíveis dos 8 Ou juros a pagar. 9 E assim, portanto, deveriam ter sido tratados na escrituração da sociedade. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 509 36 sócios – a exemplo de empréstimos aos sócios) ou troca dos ativos de recursos por redução do patrimônio líquido (seja da conta dos lucros acumulados, seja da conta das reservas de lucros, ou ainda da redução do capital social respectivo aos sócios que receberam os citados recursos), sendo assim destinação do próprio PL (o que ratifica que não pode haver nenhuma repercussão fiscal). Improcedente, portanto, reduzir os ativos de recursos tendo por contrapartida a redução dos exigíveis de IRPJ e CSLL. Da interpretação da IN da RFB de 1996 38. A Instrução Normativa (IN) SRF nº 11, de 21/02/1996, ao tratar dos Juros sobre Capital Próprio, trouxe o caput do art. 29 com a seguinte redação: Art. 29. Para efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, poderão ser deduzidos os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. 39. Comparandose o texto do caput do art. 29 da IN SRF nº 11/1996 com o caput do art. 9º da Lei nº 9.249/1995, observase que foi incluído a expressão "observado o regime de competência". 40. Surgiram questionamentos a respeito da legalidade do caput do citado art. 29, por ter incluído essa expressão em sua redação. 40.1. A legalidade dessa inclusão me parece tão obvia que, para defendêla, entendo suficiente a leitura do dispositivo sem a expressão atacada para verificar que não haverá nenhuma modificação de aplicação do caput do art. 29 da IN SRF nº 11/1996, ou seja, com ou sem a expressão incluída o artigo tem a mesma efetividade. 40.2. É fato que não é a expressão guerreada que impõe a observância do regime de competência, nem para a legislação societária, tampouco para a legislação fiscal. Como ficou cristalino no item 14 e seus subitens, o regime de competência é dever legal, é regra geral, sem exceção para a legislação societária e com exceções para a legislação fiscal desde que expressas (entre as quais os JCP não se enquadram). 40.3. Aqui dáse a velha retórica, eu enuncio no dispositivo específico a regra geral, leio o dispositivo específico e vejo que a regra geral não está escrita nele, em seguida tento defender que, como a regra geral não está ali expressa, então tratase de uma exceção. A isso se responde apenas que a exceção não se presume nem que a regra geral tem que ser escrita em todos os lugares. 40.4. Assim, não há qualquer ilegalidade no caput do art. 29 da IN SRF nº 11/1996. Da Deliberação CVM nº 207, de 13 de dezembro de 1996 41. Em sede de memoriais, levantouse a improcedência do premissa básica admitida neste voto, qual seja, o de que os JCP são despesas. Para isso, foi apontado como Fl. 510DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 510 37 definitivo para desnaturar essa premissa, o inciso I da Deliberação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº 207, de 13/12/1996, que reproduzo abaixo e passo a sua interpretação, com todo o respeito, com toda a deferência, aos que entendem diferentemente. I Os juros pagos ou creditados pelas companhias abertas, a título de remuneração do capital próprio, na forma do artigo 9º da Lei nº 9.249/95, devem ser contabilizados diretamente à conta de Lucros Acumulados, sem afetar o resultado do exercício. 41.1. Da ementa da referida Deliberação percebese que esta surgiu no contexto da regulamentação do artigo fiscal, como esta mesma anuncia: "Dispõe sobre a contabilização dos juros sobre o capital próprio previstos na Lei nº 9.249/95". Assim, tudo indica que surgiu para adaptar as conseqüências dos JCP, em razão da efetivação desse instituto jurídico que se tornou interessante com o tratamento tributário. 41.2. O inciso I da Deliberação não tem o condão de modificar a natureza jurídica dos JCP, tanto é que o próprio inciso é bem claro ao prescrever: devem ser contabilizados, tratase de norma contábil, de determinação para modo de proceder aos registros contábeis, nada mais. Esse inciso não teve a presunção de dizer que não é despesa algo que é, antes pelo contrário, o só fato desta norma existir é sinal evidente de que, em sua ausência, a contabilização ocorreria através de conta de resultado. 41.3. Ao dizer "sem afetar o resultado do exercício", está enunciando que a contabilização deve ocorrer que modo diverso ao que originalmente ocorreria, ou seja, como sem a norma a despesa de JCP afetaria o resultado do exercício, então, com a norma essa despesa de JCP não afetará o resultado do exercício. 41.4. Não se trata de uma norma declaratória de conteúdo, antes pois é uma norma que institui uma conduta, qual seja, a conduta de fazer dessa forma (contabilizar diretamente à conta de Lucros Acumulados sem transitar pelo resultado) e não daquela forma (contabilizar como despesa financeira transitando pelo resultado), ou ainda, ao instituir a conduta que pretende impor acaba por revelar qual a conduta se deseja evitar. E ao se refletir sobre a conduta evitável, tornase evidente que, na ótica do próprio legislador (o colegiado da CVM), os JCP são despesas. 41.5. Ademais, não é uma norma absoluta, foi excetuada na própria Deliberação CVM, senão vejamos os incisos: VII, VIII e IX: VII O disposto nesta Deliberação aplicase, exclusivamente, às demonstrações financeiras elaboradas na forma dos artigos 176 e 177 da Lei nº 6.404/76, não implicando alteração ou interpretação das disposições de natureza tributária. VIII Caso a companhia opte, para fins de atendimento às disposições tributárias, por contabilizar os juros sobre o capital próprio pagos/creditados ou recebidos/auferidos como despesa ou receita financeira, deverá proceder à reversão desses valores, nos registros mercantis, de forma a que o lucro líquido ou o prejuízo do exercício seja apurado nos termos desta Deliberação. IX A reversão, de que trata o item anterior, poderá ser evidenciada na última linha da demonstração do resultado antes do saldo da conta do lucro líquido ou prejuízo do exercício. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 511 38 41.6. Não é preciso ir muito longe para encontrar o que prevê o inciso VIII: "caso a companhia opte, para fins de atendimento às disposições tributárias, por contabilizar os juros sobre o capital próprio pagos/creditados ... como despesa ... financeira, ...". Onde estão as disposições tributárias que conduzem a conduta do inciso VIII? Na própria IN SRF nº 11/1996! Transcrevo mais alguns de seus dispositivos: Art. 29. Para efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, poderão ser deduzidos os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a § 1º À opção da pessoa jurídica, o valor dos juros a que se refere este artigo poderá ser incorporado ao capital social ou mantido em conta de reserva destinada a aumento de capital. ... § 3º O valor do juros pagos ou creditados, ainda que capitalizados, não poderá exceder, para efeitos de dedutibilidade como despesa financeira, a cinqüenta por cento de um dos seguintes valores: a) do lucro líquido correspondente ao períodobase do pagamento ou crédito dos juros, antes da provisão para o imposto de renda e da dedução dos referidos juros; ou b) dos saldos de lucros acumulados de períodos anteriores. ... Art. 30. O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo da incidência do imposto de renda na fonte. Parágrafo único. Para efeito de dedutibilidade na determinação do lucro real, os juros pagos ou creditados, ainda que imputados aos dividendos ou quando exercida a opção de que trata o § 1º do artigo anterior, deverão ser registrados em contrapartida de despesas financeiras. 41.7. Assim, na existência de disposições tributárias, é forçoso atender a conduta dos incisos VIII e IX, em detrimento da conduta do inciso I, que acabou por não ter aplicação prática, por estar em vigor concomitantemente com a IN SRF nº 11/1996. 41.8. Uma interpretação sistemática da Deliberação CVM nº 207/1996, deixa claro que o objetivo do seu inciso I não foi, mais uma vez, dizer que os JCP não são despesa, mas sim tornar a informação dessas despesas bastante evidente (o inciso IX se utilizou do termo "evidenciada") na demonstração para os sócios, de forma que esses tivessem uma visão facilitada dos valores de JCP (a posição junto a conta de Lucros Acumulados é bastante estratégica), ao invés de terem que consultar as despesas da sociedade e, no meio de todas as outras despesas, localizarem esses valores. 41.9. Vejase que esse estudo apenas confirmou o acerto na consideração dos JCP como despesas, ainda que seja desnecessário aprofundar o estudo de normas procedimentais de contabilização, tanto é que somente nesse momento (depois de vários meses de julgamento iniciado) sobre isso me manifesto, após levantado o tema, não por desconhecimento dessa Fl. 512DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 512 39 norma, mas por entendêla sem muita relevância; conservando, obviamente a devida vênia, que é máxima, aos entendimentos em sentido contrário. Do precedente do STJ e do regime de caixa 42. Para um acertado exame do precedente do STJ (Recurso Especial nº 1086752/PR, de 17/02/2009), é preciso diferenciar inicialmente o regime de competência do regime de caixa, especificamente aplicado à despesa. Em se tratando de despesas, o regime de competência estabelece que o reconhecimento da despesa se dá no mesmo exercício do incorrimento, já o regime de caixa estabelece que o reconhecimento da despesa não ocorre no exercício do incorrimento e sim no exercício do pagamento (parto do pressuposto que o pagamento se deu em exercício diferente do incorrimento; se se der no mesmo, a questão se torna diferenças mensais). 42.1. Diferentemente de regime de competência que é um conceito da legislação societária, adotada pela legislação fiscal, a expressão regime de caixa está mais associada à legislação fiscal pelo seguinte fato: não há aplicação do regime de caixa na lei das S.A; como se viu em tópico próprio, não há exceção a este regime no âmbito societário. Mas, mesmo quando o regime de caixa é permitido pela legislação fiscal, isso se reflete apenas para apuração de tributos, pois a sociedade, se submetida a Lei nº 6.404/76, ainda deverá apurar o lucro líquido do exercício pelo regime de competência. 43. Então o tratamento de uma despesa submetida a regime de caixa "fiscal"10 é: seguir o regime de competência para apuração do lucro líquido do exercício (ou seja, a despesa continua a ser reconhecida no momento em que incorrida) e ajustar esse lucro de forma a desconsiderar o reconhecimento desta despesa e controlála, fora da escrituração societária, de modo a vir a incluíla no lucro fiscal somente no momento do pagamento. 43.1. Assim, a adoção do regime de caixa permite a formação de um outro tipo de lucro, destinado a fins fiscais e que não é o lucro societário apurado para atendimento da Lei das S.A. 43.2. Chamo atenção então para o fato de que a despesa, ainda que submetida ao regime de caixa "fiscal", para a legislação societária, continua a ser reconhecida no momento em que incorrida, conseqüência esta da manutenção nesta seara do direito do regime de competência. 43.3. Assim, esta despesa não deixa de ser despesa do exercício; no exercício do pagamento não é despesa de exercício anterior, absolutamente, é apenas uma despesa diferida para fins fiscais, ou ainda, mantendo o estrito rigor técnico sequer é despesa, na realidade, é um valor diferido para fins fiscais ou então pode ser chamada de uma despesa "fiscal". 44. Examino então se esta dinâmica é apropriada aos Juros sobre Capital Próprio. A pergunta que se impõe: o regime de caixa que precisa ser aplicado para conservar as autuações envolvidas é o regime de caixa existente em alguns casos na legislação tributária (o que outrora denominei regime de caixa "fiscal") ou é um regime de caixa inédito (inovador) a ser aplicável mesmo no âmbito da Lei das S.A.? 10 A expressão é para se contrapor a regime de caixa "societário", que é desconhecido pelo ordenamento jurídico brasileiro. Fl. 513DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 513 40 44.1. Em resposta a esta pergunta, frente ao que se expôs no item 43 e em seus subitens, há que verificar que a aplicação do regime de caixa adotado pela legislação tributária não supre a necessidade do recorrido de fazer incorrer no exercício de 2007, na escrituração societária, despesas que deixaram de ser incorridas nos exercícios de 2002 a 2006. 44.2. Então, por exclusão, resta que o regime de caixa pretendido e ao qual o STJ atendeu em caso assemelhado, é um regime de caixa adequado ao caso, uma exceção jurisprudencial ao art. 177 da Lei nº 6.404/76. É difícil até mesmo conceber a redação de um dispositivo legal que permita um regime de caixa útil para manutenção da conduta que se deseja. 45. Assim, o exame do precedente do STJ nos coloca uma questão bem simples: existe a possibilidade de aplicação do regime de caixa no âmbito da legislação societária sem previsão legal e exclusivamente para os Juros sobre o Capital Próprio, mantendo o regime de competência quanto ao mais? Firmei convicção, mesmo sem aqui contraditar as razões de decidir ali apresentadas, que essa possibilidade não deve prevalecer. Da renúncia e da decadência 46. Quanto à renúncia, mesmo que esta questão não tenha mais importância para o deslinde da questão por tudo o que já foi dito, devo me pronunciar, e o faço dizendo que entendo não ser o caso, pelos motivos que apresento. 47. Tendo em vista que tanto a renúncia quanto a decadência tratam de formas que impedem o exercício de um direito: esta por implicar na caducidade do direito por perda do prazo de sua duração e aquela por perda do direito pela manifestação de não exercêlo, entendo por bem tratálas no mesmo tópico. 48. No âmbito tributário, a meu ver, o que ocorreu foi ausência de atendimento de requisito para gozo de benefício fiscal, mas não de ordem temporal e sim material: não existiam JCP para serem pagos! Deuse a situação de ausência de juros (seja por ausência de despesa já que a despesa só pode ser do exercício; seja por ausência de conversão da obrigação de pagar JCP). 48.1. Ou seja, não houve o incorrimento da despesa com JCP e a conseqüente constituição da obrigação de pagar os JCP, o que permitiria, no caso de pagamento ou crédito, o enquadramento ao benefício fiscal de dedutibilidade do lucro real. O que foi pago, embora tenha sido denominado de "à título de JCP" não corresponde à satisfação (por meio de pagamento ou crédito) de obrigações com despesas incorridas de JCP. 48.2. Portanto, não há que se cogitar de renúncia no âmbito tributário, se não atendo aos requisitos para usufruto de um benefício fiscal, isso não implica em concluir que estou renunciando ao mesmo, implica em concluir que sequer tenho a capacidade de renunciálo; ou, que se o fizer, essa renúncia não produz efeito algum, pois de que adianta renunciar a algo que não obteria ainda que não houvesse renunciado. 49. Ainda que fosse caso de aplicação dos institutos jurídico da renúncia ou da decadência11, esta seria no âmbito societário e não no âmbito fiscal; seria, assim, 11 Impróprio, portanto, cogitarse de não ocorrência da decadência de que trata o Decreto nº 20.910/1942, em virtude de não se estar situado no âmbito tributário. Fl. 514DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 514 41 renúncia/perda de prazo de fazer incorrer a despesa de JCP na lei societária, ou ainda, do direito de deduzir do lucro líquido (e não do lucro real) essa despesa incorrida em exercícios anteriores. 50. Ocorre que o pressuposto lógico para aplicação dos institutos da renúncia e também da decadência é haver a existência de algum direito. Como mesmo reconhece a própria recorrente, não há direito dos sócios de exigir os juros sobre o capital próprio, tampouco há obrigação da sociedade, quando da ausência da deliberação, de fazêlos incorrer ou de pagá los. 50.1. Como visto antes, a simples manutenção do capital na empresa não pode ser presumida como intenção de receber JCPs e não constitui uma obrigação da sociedade de remunerar os sócios através de JCP; o mero fato da permanência do capital dos sócios na empresa não pode, na ausência de ficções legais (a exemplo de presunção) ou de manifestação de vontade, ser juridicamente associado a uma forma específica de remuneração do capital. 50.2. Caso se aceite a existência do "direito" de fazer incorrer em exercícios subseqüentes despesas de exercícios anteriores não incorridas (pois não houve renuncia, já que não houve manifestação de vontade em não fazer, e nem decadência, já que não há prazo que fulmine esse direito), aí sim a discussão teria algum sentido. 50.2.1. Mas já se verificou que esse direito não existe, pois somente poderia se sustentar se as prescrições da própria legislação societária tivessem sido observadas e não haver aplicação de nenhuma das suas vedações. 50.2.2. Como se viu anteriormente, o art. 177, o art. 186, §1º, e o art. 187, III e IV e §1º, "b", da Lei das S.A. não foram respeitados, a sociedade não observou o regime de competência (ausência de correlação despesareceita/capital), bem como se encaixou na vedação das possibilidades de ajustes extemporâneos. Aqui, a situação é de não cumprimento de obrigação: ao não fazer da forma correta, surge a vedação de fazer. 50.2.3. Não é que o regime de competência disponha sobre prazo decadencial do direito de deduzir do lucro líquido despesas incorridas em anos anteriores ou permita essa dedução, desde que esse direito não seja renunciado. Na verdade, o regime de competência simplesmente não permite12 a dedução do lucro líquido de despesas incorridas em anos anteriores, ou seja, esse direito sequer existe, ainda mais quando não há autorização para fazer incorrer a despesa. Como esse assunto já foi suficientemente explorado em tópicos anteriores, entendo não ser preciso dizer mais. 51. Concluo, portanto, que, na ausência de direito a deduzir do lucro líquido despesas de JCP incorridas em anos anteriores, não há que se falar nos institutos jurídicos da renúncia ou da decadência, por falta do pressuposto básico dos mesmos. 52. Apenas para encerrar a discussão, analiso qual o direito que nasce com a deliberação decorrente da assembléia geral relativa ao pagamento ou crédito de JCP. 12 Exceto os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes. Fl. 515DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 515 42 52.1. Certamente dessa deliberação nasceu um direito para os sócios de receber JCP pagos ou creditados, bem como nasce um dever para a sociedade de pagálos ou creditálos. 52.2. Em se tratando das despesas de JCP do exercício, a sociedade entendeu que o pagamento/crédito se daria ao mesmo tempo do exercício, então a contrapartida dessa despesa se deu em caixa/banco. 52.3. Em se tratando do restante, que não pode corresponder à conversão de obrigações anteriores de JCP, já que não houve incorrimento de despesas de JCP em anos anteriores, resta apenas a alternativa de reclassificar o que está denominado de pagamento a título de JCP, para registro de algum tipo de direito da sociedade para com os sócios, distribuição de dividendos, etc. Da postergação de tributo 53. Não é o caso, não estamos frente a uma situação em que um tributo deixou de ser pago em exercícios anteriores e seria devido no exercício fiscalizado. 53.1. O que poderia até se defender (no máximo) é que houve "postergação de despesa", logo, em exercícios anteriores, teria havido antecipação de tributo; e, portanto, no exercício fiscalizado estaria havendo "compensação" desses tributos antecipados. 53.2. Entretanto, esta defesa não procede porque não se trata de despesa (não foi incorrida nos anos anteriores); depois, ainda que fosse, essa "postergação de despesa" foi indevida (em desrespeito à legislação societária, e, conseqüentemente, à legislação fiscal). Assim, o tributo não foi realmente antecipado, sempre foi tributo devido. DOS JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO 54. Sobre este tema, adoto as razões de decidir do Acórdão nº 910100.539, da relatoria da Conselheira Viviane Vidal Wagner: De fato, como bem destacado pelo relator, o crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto o tributo quanto a penalidade pecuniária. Em razão dessa constatação, ao meu ver, outra deve ser a conclusão sobre a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito." Fl. 516DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 516 43 Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. E a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional)." Convertese em crédito tributário a obrigação principal referente à multa de ofício a partir do lançamento, consoante previsão do art. 113, §1°, do CTN: "Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. A obrigação tributária principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida "juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago" (§1°). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tornandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Fl. 517DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 517 44 Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, ao compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art. 950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61). § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, §1º). § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 2º). § 3º A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de oficio. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou este E. colegiado quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA MULTA DE OFÍCIO OBRIGAÇÃO PRINICIPAL A obrigação tributária principal surge com a Fl. 518DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 518 45 ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Nesse sentido, ainda, a Súmula Carf n° 5: “São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.” Diante da previsão contida no parágrafo único do art. 161 do CTN, buscase na legislação ordinária a norma complementar que preveja a correção dos débitos para com a União. Para esse fim, a partir de abril de 1995, temse a taxa Selic, instituída pela Lei n° 9.065, de 1995. A jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança do crédito tributário, como se vê no exemplo abaixo: REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL 2008/02395728 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃOOCORRÊNCIA. LANÇAMENTO. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. É infundada a alegação de nulidade por maltrato ao art. 535 do Código de Processo Civil, quanto o recorrente busca tãosomente rediscutir as razões do julgado. 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte e na falta de pagamento da exação no vencimento, a inscrição em dívida ativa independe de procedimento administrativo. 3. E legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07).(g.n.) No âmbito administrativo, a incidência da taxa de juros Selic sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal foi pacificada com a edição da Súmula CARF n° 4, nos seguintes termos: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Fl. 519DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 519 46 55. Na esteira dessas bem lançadas razões de decidir, NEGO provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. É como voto. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 520DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 520 47 Declaração de Voto Conselheiro Luís Flávio Neto. Na reunião de janeiro de 2016, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante “CSRF”) analisou o recurso especial interposto pela ITAU UNIBANCO S.A. (doravante “ITAÚ”, “recorrente” ou “contribuinte”), em que é recorrida a Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrida”), no processo n. 16327.720497/201102. Em tal recurso, a contribuinte requer a reforma do acórdão n. 1201000.857 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela r. 1a Turma Ordinária da 2a Câmara desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”), entre outras coisas, no que concerne à dedutibilidade de Juros sobre o Capital Próprio (doravante “JCP”). Em brevíssima síntese, o contribuinte argumenta que a glosa empreendida pela fiscalização não possui fundamento legal de validade, devendo ser afastada, reconhecendose, assim, a legitimidade do pagamento ou creditamento de JCP apurados acumuladamente, com base em exercícios anteriores. Por sua vez, sustenta a PFN que somente o valor do JCP apurado pelo sócio no mesmo períodobase de seu pagamento/crédito pode ser considerado dedutível do lucro líquido para a apuração do IRPJ e da CSL. Ocorre que a fiscalização considerou que JCP pago ou creditado, para fins de dedutibilidade do IRPJ e da CSL, apenas poderia tomar como base o capital mantido pelo acionista na mesma competência em que o pagamento ou credito tenha sido realizado. No recurso especial em análise, está em questão saber se esse argumento subsiste à legislação federal aplicável. O acórdão recorrido restou assim ementado: “JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora. A dedução de juros a título de remuneração do capital próprio está limitada, dentre outros aspectos, à variação da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP verificada no período ao qual se referem os lucros destinados. Ao deixar de segregar o resultado comum de sua atividade daquele atribuível à utilização do capital dos sócios, a sociedade designa integralmente o lucro apurado como remuneração deste capital, e somente pode destinálos aos sócios mediante distribuição de dividendos. Inadmissível, portanto, a dedução posterior de juros sobre capital próprio tendo por referência a variação da TJLP em períodos passados. REGIME DE COMPETÊNCIA. Ainda que os juros sobre o capital próprio pudessem ser pagos/creditados ao titular, sócios ou acionistas da pessoa jurídica em um determinado período base, relativamente ao patrimônio líquido de períodos base anteriores, a respectiva despesa com esses juros deverá ser atribuída aos períodos anteriores, haja vista que, em observância ao regime de competência, a despesa juros com juros deve ser apropriada nos mesmos períodos em que a pessoa jurídica empregou o capital no desenvolvimento de suas atividades.” Nesta declaração de voto, permissa vênia, apresento os fundamentos que me fizeram votar pelo não provimento do recurso especial interposto pelo contribuinte, por compreender Fl. 521DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 521 48 que a cobrança tributária em questão ofende as normas que tutelam a matéria, especialmente aquelas que decorrem do art. 9o da Lei n. 9.249/95. 1. O conceito de “Juros sobre Capital Próprio” (“JCP”). O JCP corresponde a um mecanismo de integração adotado pelo legislador brasileiro. Busca amenizar o desestímulo reconhecido pela Ciência Econômica causado pela dupla tributação da lucro empresarial tanto na órbita da pessoa jurídica quanto nas mãos de seus sócios (pessoas físicas ou jurídicas)13, bem como induzir a preferência ao investimento de capital próprio dos sócios (participações permanentes) à capitalização da companhia com recursos de terceiros (“alavancagem”). Por se tratar de medida com reflexo em políticas econômicas amplas, cabe a cada Estado decidir, por meio de seus agentes competentes, qual método de integração será adotado para a tributação da renda da pessoa jurídica e de seus sócios ou, ainda, se não irá adotar algum deles. Assim, por exemplo, podem as leis de um país tributar apenas as pessoas físicas, deixando as pessoas jurídicas na zona de não incidência tributária. Outros, por sua vez, podem tributar a renda em ambos os níveis, mas conceder aos sócios o direito ao crédito do imposto pago pela pessoa jurídica. O certo é que os métodos de integração podem ser os mais variados. O Brasil adota em especial dois métodos de integração para a tributação da renda: ‐ Dividendos: Os lucros da empresa devem ser tributados no âmbito da pessoa jurídica, com alíquotas de IRPJ e CSL próximas a 34%. Por sua vez, os lucros distribuídos sob a forma de dividendos, observadas as regras vigentes, não devem ser tributados nas mãos dos sócios que os recebem e nem são dedutíveis para a empresa que os distribui. Nesse caso, o método de integração consiste na isenção dos dividendos recebidos por quotistas ou acionistas. ‐ JCP: Os lucros da empresa devem ser tributados no âmbito da pessoa jurídica, com alíquotas de IRPJ e CSL próximas a 34%. O JCP pago ou creditado pela pessoa jurídica aos seus sócios poderá ser deduzida de seu lucro líquido, de forma a neutralizar proporcionalmente a tributação de IRPJ e CSL sobre tais porções. O JCP recebido pelo sócio, por sua vez, está sujeito ao imposto de renda, retido na fonte, à alíquota de 15% (tributação definitiva para as pessoas físicas e mera antecipação para as pessoas jurídicas) . 13 Remonta aos primeiros registros de tributação da renda de pessoas jurídicas a preocupação dos Estados com a adoção de mecanismos de integração entre a empresa e os sócios, a fim de que a mesma renda não fosse duplamente tributada. Ocorre que o interesse arrecadatório do Estado é garantido não quando se arrecada muito de uma vez só, mas sim com a continuidade da atividade empresarial, que gere lucros perenes sujeitos à tributação razoável. Como a tributação do lucro empresarial tanto nas mãos da pessoa jurídica quanto na pessoa física de seus sócios pode gerar desestímulo à constituição e condução dos negócios por meio de pessoas jurídicas, à geração de emprego e ao desenvolvimento, os métodos de integração compõem as políticas econômicas dos Estados. Nesse sentido, vide: SANTOS, Ramon Tomazela. Aspectos controvertidos atuais dos juros sobre capital próprio (JCP): o impacto das mutações no patrimônio líquido, o pagamento acumulado e a sua qualificação nos acordos de bitributação, in Revista Dialética de Direito Tributário n. 214. São Paulo : Dialética, 2013, p. 109 e seg. Fl. 522DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 522 49 Tal como o regime de tributação dos dividendos, o JCP corresponde a um mecanismo de integração da empresa com o sócio, prescrito pelo legislador brasileiro para amenizar a dupla tributação nefasta à livre iniciativa e ao desenvolvimento econômico. A adoção pelo legislador brasileiro do JCP como método de integração tem o claro propósito de induzir o investimento e a manutenção de capital investido em pessoas jurídicas nacionais. Sob a perspectiva da empresa, há incentivo à capitação de recursos dos sócios e não de terceiros, já que a remuneração de ambos se tornou igualmente dedutível. Somese a isso vantagens do JCP, a exemplo do fato de que a capitação de recursos dos sócios não influencia no nível de endividamento da companhia, bem como que estes são remunerados por índice geralmente menor que o de mercado, qual seja, a Taxa de Juros de Longo Prazo (doravante “TJLP”). 2. A norma de dedutibilidade de JCP pago ou creditado. Caso se adote o sentido estrito da expressão “planejamento tributário” 14, o tema “JCP” estará fora da matéria. Ocorre que a regra expressa pelo art. 9o da Lei n. 9.249/95 o situa, em termos estritos, entre as “economias de opção” ou “opções fiscais”. Nas chamadas opções fiscais, o sistema jurídico tributário oferece ao contribuinte mais de uma sistemática para que submeta os seus signos de riqueza à tributação: é garantida ao contribuinte a liberdade para optar pelo caminho que lhe parecer mais adequado, seja por praticidade ou por lhe proporcionar menor ônus tributário. Explorando o exemplo da DIRPF15, com opção pela sistemática simplificada ou completa, verificase que o legislador prescreveu ao contribuinte uma fórmula procedimental básica a ser seguida pela pessoa física: no programa de computador fornecido pela Receita Federal, o contribuinte deve pura e simplesmente optar pelo modelo simplificado ou completo. O programa de computador calcula para o contribuinte qual opção lhe trará o menor custo de IRPF e, caso se opte pelo modelo mais oneroso, o sistema não prossegue até que o contribuinte confirme estar certo de que realmente irá optar por pagar mais (mensagem semelhante não aparece caso o contribuinte opte pelo caminho mais natural de poupar despesas tributárias). Neste exemplo, não estaria o contribuinte realizando um “planejamento tributário”, mas algo 14 Em meio às muitas divergências que o tema suscita na doutrina nacional, alguns autores incluem no conceito de planejamento tributário a utilização de opções fiscais e de normas tributárias indutoras, já que o contribuinte, ao praticar os referidos atos, certamente teria realizado prévio estudo, planejandoos. Nesse sentido, vide: ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Planejamento tributário. São Paulo : Saraiva, 2009, p. 02. Outros, por sua vez, as excluem “do âmbito do planejamento, pois correspondem a escolhas que o ordenamento positivo coloca à disposição do contribuinte, abrindo expressamente a possibilidade de escolha” Nesse sentido, vide: GRECO, Marco Aurélio. Planejamento tributário. São Paulo : Dialética, 2008, p. 100. BARRETO, Paulo Ayres. Elisão tributária limites normativos. Tese apresentada ao concurso de livre docência do Departamento de Direito Econômico e Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo : USP, 2008, p. 240. 15 DIRPF Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física. Fl. 523DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 523 50 não apenas tolerado como regulado e incentivado pelo legislador: “opções fiscais” ou “economias de opção”. Outra economia de opção conhecida consiste nos regimes de tributação da renda pelo “lucro real”, “lucro presumido” ou, ainda, SIMPLES NACIONAL. Nestes, o legislador oferece caminhos diversos que podem ser adotados pelos contribuintes e que podem apresentar elevada variação na obrigação tributária que a União seria legitimada a exigir. A escolha de um desses caminhos, por si só, não corresponde a um planejamento tributário em sentido estrito, mas uma mera opção fiscal. O que se dá com o regime jurídico do JCP não é diferente. A norma jurídica, construída a partir do art. 9o, da Lei n. 9.249/95, estabelece uma opção à pessoa jurídica, que poderá destinar uma parte de seus lucros aos seus sócios qualificandoos como “JCP” e não como dividendos. O mesmo dispositivo prescreve as duas consequências jurídicotributárias do pagamento ou creditamento de JCP: (i) a pessoa jurídica que realiza o pagamento ou creditamento do JCP poderá deduzílos diretamente à conta de lucros acumulados da companhia, com a proporcional redução da base de cálculo do IRPJ e da CSL; (ii) a parte beneficiária do JCP (sócio da pessoa jurídica) está sujeita à tributação de imposto de renda, com retenção pela fonte pagadora à alíquota de 15% na data de seu pagamento ou creditamento. A norma prescreve uma fórmula de cálculo, com limites quantitativo e temporal. Há também um outro fator temporal prescrito pela Lei n. 9.249/95, mas que não se refere ou mesmo interfere no cálculo do JCP. Tratase da tutela do momento em que o JCP se torna dedutível à pessoa jurídica e tributável do sócio. O legislador foi claro e expresso em relação a esses elementos, não autorizando a dedutibilidade de valores que com eles não se coadunem. Por outro lado, a clareza e o modo expresso com que o legislador tratou a questão também conferem segurança jurídica ao contribuinte, que encontra na lei ordinária a moldura dentro da qual o seu agir estará em conformidade com a economia de opção que lhe foi outorgada. Assim, se por um lado da moeda não é possível exigir do particular o cumprimento de requisitos ou a observância de limites não requeridos pelo legislador, pelo outro deve ser exigido do contribuinte o efetivo cumprimento dos aludidos fatores prescritos em lei. Aludidos elementos serão analisados mais detidamente nos tópicos “3” e “4”da presente declaração de voto. A base jurídica para a apuração e identificação das consequências tributárias do JCP consiste no art. 9o da Lei 9.249, de 26.12.1995, que passou por alterações em 1996 (Lei 9.430/96), 2014 (Lei 12.973/14) e 2015 (Medida Provisória nº 694, de 30.09.2015, não convertida em lei até essa data). Fl. 524DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 524 51 No presente caso, os lançamentos tributários se reportam ao período de 2007, quando foram pagos/creditados JCP calculados acumuladamente, com base também exercícios anteriores (2002 a 2007). Dessa forma, interessa à solução dessa contenda a seguinte redação da Lei 9.249/95, art. 9o: Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. § 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados.16 § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. § 3º O imposto retido na fonte será considerado: I antecipação do devido na declaração de rendimentos, no caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real; II tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o disposto no § 4º; § 4º (Revogado pela Lei nº 9.430, de 1996) § 5º No caso de beneficiário sociedade civil de prestação de serviços, submetida ao regime de tributação de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, o imposto poderá ser compensado com o retido por ocasião do pagamento dos rendimentos aos sócios beneficiários. § 6º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o imposto de que trata o § 2º poderá ainda ser compensado com o retido por ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração de capital próprio, a seu titular, sócios ou acionistas. § 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º. § 8º Para os fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será 16 Redação dada pela Lei nº 9.430, de 1996. Em seu original: “§ 1º. O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados”. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 525 52 considerado o valor de reserva de reavaliação de bens ou direitos da pessoa jurídica, exceto se esta for adicionada na determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. § 9º. (Revogado pela Lei nº 9.430, de 1996) § 10. (Revogado pela Lei nº 9.430, de 1996) 3. A fórmula de cálculo do JCP. A pessoa jurídica optante pelo lucro real poderá destinar aos seus acionistas ou quotistas JCP calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da TJLP (art. 9o, caput, da Lei n. 9.249/95). Como limites quantitativos à dedutibilidade do JCP, o seu valor deve ficar adstrito a um dos seguintes montantes: (i) 50% do lucro líquido do período em que for realizado o pagamento/crédito ou; (ii) 50% dos lucros acumulados e das reservas de lucros de períodos anteriores (art. 9o, § 1º, da Lei n. 9.249/95). Notese que a norma traz uma única limitação temporal, ao prescrever que o JCP deverá ser dedutível apenas sobre o período que o acionista manteve o seu capital investido na pessoa jurídica, devendo o seu cálculo ser realizado “pro rata dia”. Desse modo, o JCP “deverá ser calculado com base na TJLP do espaço temporal de manutenção, na pessoa jurídica, do capital próprio a ser remunerado, ou seja, aplicada a taxa sobre o respectivo patrimônio líquido, proporcionalmente aos respectivos dias, ou seja, ‘pro rata die’ para mais ou para menos, descontada apenas a reserva de reavaliação ainda não tributada” 17. Podese cogitar, por exemplo, de um particular, em 20X2, investir capital em uma companhia que tenha deliberado e pago JCP pela última vez em 20X0. Caso a assembleia delibere, em 20X4, que serão pagos JCP aos acionistas sobre o capital mantido naquela sociedade desde o último pagamento realizado, o particular em questão não faria jus a qualquer valor atinente ao ano de 20X1, pois não manteve capital investido na sociedade nesse período. No caso, a regra expressa no art. 9o da Lei 9.249/95 apresenta dois efeitos: ‐ limita o pagamento de JCP à proporção temporal (“pro rata dia”) de manutenção do capital investido na pessoa jurídica. O particular, no exemplo citado, estaria limitado a receber JCP em relação aos anos de 20X2, 20X3 e 20X4. 17 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Juros sobre o Capital Próprio – momento de dedução da despesa, in Revista de Direito Tributário Atual n. 28. São Paulo : IBDT/Dialética, 2012, p. 318. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 526 53 ‐ garante ao particular o direito receber JCP sobre todo o período (“pro rata dia”) que mantiver capital investido na pessoa jurídica, caso assim delibere a assembleia geral da companhia. O particular, no exemplo citado, teria garantido o direito de receber JCP em relação aos anos de 20X2, 20X3 e 20X4, submetendose, naturalmente ao imposto de renda na fonte, à alíquota de 15%, sobre todo o período. Como decorrência dessa delimitação temporal, se o investidor mantiver o seu capital por período superior a um anobase, poderá ser, pro rata dia, remunerado por JCP em relação ao todo esse período, mas nem um dia a mais do que isso. 4. O momento em que o JCP se torna dedutível à pessoa jurídica e tributável do sócio: “regime de competência” e “regime de caixa”. No âmbito contábil, a adoção do regime de competência corresponde a um princípio fundamental de contabilidade. Notese o que prescreve o art. 177 da Lei n. 6.404/76: Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. (grifos acrescidos) O legislador foi enfático, pois entre os “princípios de contabilidade geralmente aceitos” ou “princípios fundamentais de contabilidade”18 está justamente o princípio da competência. A adoção de tais princípios contábeis como regra geral para a apuração do resultado das companhias também foi prescrita pelo art. 187 da Lei n. 6.404/76: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: (...) § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. A Resolução CFC n. 750/93 também exprimiu ser decorrência necessária do princípio da competência a adoção do método (ou “princípio”) do confronto das receitas e despesas, como se observa do art. 9o da aludida norma contábil: Art. 9º. As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. 18 Vide: OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Fundamentos do imposto de renda. São Paulo : Quartier Latin, 2008, p. 1038 e seg. Fl. 527DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 527 54 § 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. Com as alterações introduzidas pela Resolução CFC n. 1.282/10, o aludido dispositivo passou a constar com outra redação, sem alterar em nada o princípio do emparelhamento das receitas e despesas. Como nem poderia ser diferente, a norma contábil reafirma o método do emparelhamento de receitas e despesas como pressuposto para a concretização do princípio da competência: Art. 9º. O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. ELISEU MARTINS, ERNESTO RUBENS GELBCKE, ARIOSVALDO DOS SANTOS e SÉRGIO DE IUDÍCIBUS19 lecionam que, no regime de competência, “as receitas e despesas são apropriadas ao período em função de sua ocorrência e da vinculação da despesa à receita, independentemente de seus reflexos no caixa”, apontando que “A Lei das Sociedades por Ações não admite exceções”. Noutro diapasão, no âmbito do Direito tributário, especialmente no que se refere à tributação da renda, o regime de caixa e o regime de competência convivem harmonicamente. O CTN, ao exercer a competência atribuída ao legislador complementar pelo art. 146 da Constituição Federal, conferiu ao legislador ordinário a possibilidade de tributar a renda das pessoas físicas e jurídicas pelo regime de caixa ou pelo regime de competência. Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Embora não seja ponto livre de debates doutrinários, é possível afirmar ser razoavelmente difundida a ideia de que a “aquisição da disponibilidade econômica”, referida no caput do art. 43 do CTN, corresponde ao “regime de caixa”, enquanto que a “aquisição da disponibilidade jurídica” conduz ao “regime de competência”. Fl. 528DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 528 55 Nesse seguir, o legislador ordinário possui competência para adotar o regime de competência ou o regime de caixa no exercício de seu poder para tributar a renda. Possui, assim, autonomia em relação ao princípio contábil da competência, podendo adotálo (como o faz, em geral), afastálo (com a adoção do regime de caixa) ou, ainda, adequálo para as suas necessidades. A sua autonomia em relação à contabilidade permite ao legislador tributário não apenas adotar regime diverso ao regime de competência, de forma a tributar a renda apenas conforme o regime de caixa. O legislador também pode, por exemplo, a adotar o regime de competência com ajustes, atribuindolhe feições diversas das verificadas exclusivamente sob a perspectiva contábil. Ocorre que, em relação a tal aspecto, o legislador encontra limites apenas na Constituição Federal e no CTN. Para a tutela do JCP, o legislador se valeu de tal autonomia, do seguinte modo: ‐ O legislador elegeu o JCP não como uma despesa propriamente dita, a qual pressupõe, para a sua dedutibilidade, contribuição para a manutenção das atividades da pessoa jurídica. Tratase de forma de remuneração do capital próprio investido pelos sócios na pessoa jurídica, dedutíveis, portanto, diretamente dos lucros desta, não se sujeitando às regras ordinárias aplicáveis às despesas em geral; ‐ O legislador elegeu o efetivo pagamento como evento relevante para a incidência da norma tributária de JCP (Lei n. 9.249/95, art. 9o, caput). Assim, o nascimento do direito à dedutibilidade do JCP pago e a obrigação tributária do sócio que o recebe se dá, nessa hipótese, pelo regime de caixa. A adoção do referido regime será analisada com mais detalhes no subtópico “4.1”; ‐ O legislador também elegeu o creditamento como evento relevante para a incidência da norma tributária de JCP (Lei n. 9.249/95, art. 9o, caput). Assim, o nascimento do direito à dedutibilidade da empresa que credita o JCP e a obrigação tributária do sócio que é creditado se dá, nessa hipótese, por um regime de competência, embora com distinções relevantes em relação ao princípio contábil da competência. A adoção do referido regime será analisada com mais detalhes no subtópico “4.2”; Os referidos regimes foram adotados pelo legislador tributário para estabelecer o período a que pertencem os JCP, isto é, quando estes podem ser deduzidas. No entanto – e isso é decisivo para a solução do presente caso – o legislador não se baseou nos aludidos regimes para a composição da fórmula de cálculo do JCP a ser pago ou creditado. Significa dizer que o fato do JCP passar a ser dedutível no momento em que apurado pelo regime de caixa ou de competência em nada interfere no seu montante ou em seu cálculo sobre exercícios anteriores. 19 MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariosvaldo dos; IUDÍCIBUS, Sérgio de. Manual de Contabilidade Societária da FIPECAFI. São Paulo : Atlas, 2013, p. 4. Fl. 529DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 529 56 4.1. O reconhecimento do JCP pelo regime de caixa: a hipótese de efetivo pagamento aos sócios. O legislador ordinário tradicionalmente tributa as pessoas físicas pelo regime de caixa e as pessoas jurídicas pelo regime de competência. No entanto, embora o regime de competência seja a regra para a tributação da renda das pessoas jurídicas, há uma série de exceções. Entre outros exemplos, é possível verificar que, na sistemática de tributação da renda pelo lucro presumido, o regime de caixa é uma opção em relação ao regime de competência. Muitas pessoas jurídicas podem, anualmente, manifestar a sua opção pela tributação conforme o regime de caixa, excepcionando a regra geral do regime de competência. O regime de apuração adotado (caixa ou competência) deverá ser consistente em relação ao IRPJ, à CSL, à contribuição ao PIS e à COFINS durante todo o exercício fiscal atinente à opção.20 Entre as empresas tributadas pelo lucro real, o pagamento de JCP corresponde a hipótese em que o regime de competência pode dar lugar à adoção do regime de caixa para a apuração deste evento relevante ao IRPJ e à CSL. O art. 9o da Lei 9.249/95 prevê, para que a dedutibilidade do JCP seja regida pelo regime de caixa, dois fatos que devem estar necessariamente presentes: 1o fato: A deliberação da assembleia geral da companhia para que sejam pagos JCP aos acionistas, a partir do que este se considera “incorrido”, pois, a partir daí, os acionistas passam a ter direito ao pagamento ou creditamento de tais valores. Pelo regime de competência, aplicável em geral, seria desde já possível à pessoa jurídica deduzir aludidas despesas incorridas. A Lei n. 9.249/95, contudo, não autoriza a dedutibilidade do JCP meramente incorrido, exigindo o aperfeiçoamento do pagamento. 2o fato: O efetivo pagamento individualizado ao acionista nos moldes decididos na assembleia antecedente. Com o efetivo pagamento, evento típico do regime de caixa, a Lei n. 9.249/95 autoriza a dedutibilidade do JCP, o que antes de tal evento não seria permitido. Desse modo, não vige na legislação do imposto de renda um regime de competência absoluto e inarredável. O JCP é apenas mais uma exceção àquela regra geral. 20 Vide: Solução de Divergência COSIT n. 37, de 5.12.2013. Fl. 530DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 530 57 O JCP é, ele próprio, algo excepcional. Tratase de elemento enunciado no ordenamento jurídico em 1995 e com raros paralelos na legislação estrangeira (ao que parece, apenas a Bélgica apresenta instituto semelhante). O seu arranjo foi introduzido pelo legislador em meio a esse seu caráter excepcional, sendo compreensível a adoção, portanto, de exceção à regra do regime de competência. 4.2. O reconhecimento do JCP pelo regime de competência: a hipótese de creditamento aos sócios. Conforme o princípio da competência, as mutações positivas e negativas devem ser apropriadas ao patrimônio da entidade, respectivamente, conforme a aquisição dos respectivos direitos (receitas e rendimentos) ou incorrimento das obrigações (custos, despesas e perdas).21 Assim, a receita deve ser reconhecida no período em que vier a ser obtido o título jurídico que lhe dê suporte em caráter definitivo e incondicional, independentemente do seu recebimento, enquanto que a despesa será apropriada no período em que for exigível o cumprimento da obrigação correspondente, independentemente do seu pagamento. Notese que, nos termos do Parecer Normativo CST 110/71, conforme o regime de competência, “permitese deduzir do lucro das pessoas jurídicas, para efeito do Imposto de Renda, as despesas pagas ou incorridas no anobase da declaração de rendimentos, entendendose por incorridas as que embora realizadas e quantificadas não tenham sido pagas”. A noção de despesa incorrida é, portanto, fundamental à apuração do lucro real pelo regime de competência: devese considerar como dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSL as despesas que, independentemente de efetivo fluxo financeiro ou sacrifício para o seu adimplemento, possam ser consideradas como incorridas, ou seja, que já tenham caráter definitivo e incondicional, podendo ser juridicamente exigido pela parte credora. O art. 9o da Lei n. 9.249/95, além da possibilidade de adoção do regime de caixa para a dedutibilidade do JCP (subtópico “4.1”), também previu a adoção do regime de competência, embora com distinções relevantes em relação ao princípio contábil da competência: 1o fato: A deliberação da assembleia geral da companhia para que sejam pagos JCP aos acionistas, a partir do que já se poderia considerar a despesa como incorrida, já que, apenas a partir daí, os acionistas passam a ter direito ao recebimento de tais valores. Pelo regime de competência “puro”, aplicável em geral, já seria possível à pessoa jurídica deduzir aludidas despesas incorridas. A Lei n. 9.249/95, contudo, não autoriza a dedutibilidade do JCP meramente incorrido, exigindo, ao menos, o aperfeiçoamento de seu “creditamento”. 21 Nesse sentido, vide: OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Juros sobre o Capital Próprio – momento de dedução da despesa, in Revista de Direito Tributário Atual n. 28. São Paulo : IBDT/Dialética, 2012, p. 318 e seg. Fl. 531DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 531 58 2o fato: efetivo crédito individualizado ao acionista nos moldes decididos na assembleia antecedente. A Lei n. 9.249/95 deslocou o evento relevante para o regime de competência, que geralmente seria momento em que juridicamente a pessoa jurídica se torna juridicamente obrigada a cumprir uma despesa (no caso, a assembleia geral de deliberação), para o efetivo creditamento individualizado do JCP ao sócio. A questão é bem observada pela doutrina, como se observa deste trabalho de RICARDO MARIZ DE OLIVEIRA22: “Realmente, apesar de a obrigação já ter sido constituída desde a deliberação, o parágrafo 1o do art. 9o da Lei 9.249 somente permite a dedução fiscal a partir do momento em que ela for cumprida no âmbito do direito privado mediante a efetivação do pagamento ou do crédito em conta individualizada do sócio ou acionista. Isso explica porque o regime de competência se constitui na regra geral acima descrita, mas nosso sistema legal relativo ao IRPJ e à CSL contém várias regras relacionadas à dedutibilidade de determinadas despesas ou custos, as quais estão inseridas no ordenamento jurídico a par da regra geral do regime de competência, sendo que algumas delas excepcionam, condicionam ou complementam tal norma geral. Assim, ao lado das regras que existem para declarar a indedutibilidade de determinadas despesas ou custos, ou para limitar o valor dedutível, ou para condicionar a dedução a esta ou àquela circunstância, há outras que, excepcionalmente, estabelecem o momento da dedução em momento distinto daquele em que o encargo já está incorrido.” O que se conclui é que o legislador não incorporou em sua integralidade o princípio contábil da competência, pois, conforme este, os valores em questão já deveriam ser reconhecidas desde a realização da assembleia geral da companhia em que o pagamento do JCP fosse aprovado. Tratase de um regime de competência ajustado. Assim, a Lei n. 9.249/95 adotou o regime de caixa e um regime de competência ajustado para estabelecer o momento em que o JCP se torna dedutível à empresa e rendimento tributável dos sócios. Significa dizer que o JCP pertence ao período em que o seu pagamento ou creditamento primeiro ocorrer. 5. A contabilidade: relevância para a apuração do JCP, com possíveis ajustes determinados pela lei fiscal; irrelevância para a tutela jurídicotributária das consequências fiscais do JCP pago ou creditado. 22 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Juros sobre o Capital Próprio – momento de dedução da despesa, in Revista de Direito Tributário Atual n. 28. São Paulo : IBDT/Dialética, 2012, p. 324. Fl. 532DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 532 59 Na sistemática do lucro real, a base de cálculo adotada pelo legislador corresponde ao “lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas” por lei. E o lucro líquido será apurado “com observância das disposições das leis comerciais”, ou seja, a partir da contabilidade da pessoa jurídica.23 Para a solução do recurso especial ora em análise, é necessário verificar e distinguir a relevância da contabilidade para a apuração do JCP e para a delimitação da incidência da norma de dedutibilidade do JCP. Há um íntimo relacionamento entre as searas contábil e tributária, marcada por recente revolução. Durante décadas, a contabilidade brasileira esteve vinculada às necessidades da legislação do imposto de renda, o que não ocorre mais desde a edição da Lei n. 11.638/2007. A importante missão da contabilidade de informar usuários internos e externos à entidade hoje é cumprida adotando padrões internacionais e não da legislação tributária. Ao se reportar à “promulgação das Leis n. 11.638/07 e 11.941/09 (MP 449/08) e a independência da contabilidade brasileira”, no Manual de Contabilidade Societária da FIPECAFI, seus autores ELISEU MARTINS, ERNESTO RUBENS GELBCKE, ARIOSVALDO DOS SANTOS e SÉRGIO DE IUDÍCIBUS24 trazem mensagem bastante esclarecedora: “A partir dessas legislações passou a ser possível praticarse, de fato, Contabilidade no Brasil sem influências diretas ou indiretas de natureza fiscal, com a Secretaria da Receita Federal Brasileira passando a ser enorme parceira da evolução contábil. De agora em diante, trabalham juntas, as normas contábeis e as normas fiscais, cada um seguindo o seu caminho. Nenhuma norma contábil nova, convergente às internacionais, provoca qualquer efeito tributário, aumentando ou reduzindo tributos, sem que haja uma outra norma de natureza fiscal para fazêlo; não saindo essa nova norma tributária, prevalece o que existia anteriormente (até o final de 2013 ainda prevalecem as do final de 2007). Por outro lado, se o Fisco determinar uma nova forma de apropriação de receita ou despesa para fins próprios, isso não tem automática aplicação na Contabilidade, sem que saia uma nova norma contábil. E todas essas diferenças são controladas no Lalur, agora ELalur, no FCont etc. Devemos, os Contabilistas brasileiros, aplaudir estes momentos históricos que estamos vivendo e aproveitar para fazer valer a grande utilidade da nossa profissão: a de ajudar no processo de controle e no bem informar.” Até 2007, receitas e receitas seriam reconhecidas pela contabilidade de maneira formalística (forma jurídica sobre a substância), em obediência à legislação tributária ou à normas de Direito privado. Naquele estágio, a contabilidade estava presa às amarras do Direito tributário, mas este jamais teve amarras involuntárias nas normas contábeis. 23 Decreto 3000/00 (Regulamento do Imposto de Renda), art. 247; DecretoLei no 1.598, de 1977, art. 6; Lei no 8.981, de 1995, art. 37, §1. 24 MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariosvaldo dos; IUDÍCIBUS, Sérgio de. Manual de Contabilidade Societária da FIPECAFI. São Paulo : Atlas, 2013, p. 21. Fl. 533DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 533 60 É premissa fundamental que a resposta para “o que gera o dever de pagar tributos” não pode ser construída imediatamente com base na contabilidade. A análise de relatórios financeiros, pura e simples, não é conclusiva para a definição do quantum debeatur. A decisão sobre “o que gera o dever de pagar tributos” e, ainda, “quanto deve ser pago”, demanda, no regime democrático brasileiro, a decisão do legislador competente. Os eventos contábeis adquirem importância para o Direito tributário na medida em que são acolhidos pelo legislador. Também é preciso ter claro que não há comunicação necessária e indissociável entre a contabilidade e o Direito tributário. O legislador tributário pode, inclusive, se valer de conceitos próprios para capturar signos presuntivos de riqueza passíveis de tributação. Uma “receita” ou “despesa”, para fins societários e contábeis, pode não ter o mesmo sentido e tratamento para fins fiscais. Assim, tal como convergências conceituais da contabilidade e do Direito tributário podem ser facilmente encontradas no que tange ao IRPJ e à CSL, também não há dificuldade para se encontrar divergências, sem que isso represente qualquer ruído sistêmico. Nem a contabilidade e nem o Direito tributário ignoram tais possibilidades, antes as têm como naturais, de forma que cada qual possui as suas próprias soluções. Notese que, desde as Leis 11.638/07 e 11.941/09, a contabilidade brasileira ganhou independência em relação Direito tributário, mas este permanece, tal como antes, autônomo em relação àquela. A relação do Direito tributário com a contabilidade é de simbiose, quase parasitária, pois o legislador tributário se aproveita apenas daquilo que lhe interessa. O que não há, tal como nunca houve, é sujeição do legislador tributário à cogência das normas contábeis. No presente caso, o legislador tributário prevê que a contabilidade possui relevância para a apuração do JCP, com possíveis ajustes determinados pela lei fiscal. Tratase de um caso que o legislador tributário, em pleno exercício de suas funções e dentro dos limites que lhe são imanentes, seleciona da contabilidade aquilo que interessa para a mensuração do JCP. A relevância da contabilidade para a apuração do JCP passível de dedução fiscal será tanto maior quanto a evidenciação, reconhecimento e mensuração contábeis se derem em consonância com a fórmula adotada no art. 9o da Lei n. 9.249/95. Quanto mais a contabilidade se afastar dessa fórmula, menos relevante será para a aplicação da norma de dedutibilidade do JCP pago ou creditado. Por sua vez, é necessário reconhecer que as normas contábeis são irrelevantes para a tutela jurídicotributária das consequências fiscais do JCP pago ou creditado. Ainda que o princípio contábil da competência possa orientar a escrituração contábil do JCP de uma determinada forma, isso em nada influencia para que se deflagre a sua dedutibilidade fiscal. Importa unicamente que se cumpram os elementos tal qual prescritos no art. 9o da Lei 9.249/95. Fl. 534DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 534 61 Prova disso é que a legislação tributária prevê a solução a ser adotada caso a contabilidade reconheça JCP que (ainda) não possa ser considerado dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSL. Com a aplicação cumulativa do art. 9o e do art. 13, I, da própria Lei 9.249/95, na hipótese da contabilidade, por hipótese, evidenciar o JCP no ato da assembleia que determinar o seu pagamento, este deverá ser considerado, para fins fiscais, como mera provisão indedutível, devendo ser adicionada ao lucro líquido do período para apuração do lucro tributável respectivo. No futuro, quando de fato se concretizar o pagamento/creditamento individualizado exigido para fins de dedutibilidade fiscal, este será realizada a débito da provisão e não do lucro líquido desse período.25 Dessa forma, cumprese o disposto no art. 6o do Decretolei 1.598/7726. 5. O vício imputado pela fiscalização para a glosa da dedução de JCP efetivamente pagos aos acionistas. No presente caso, a autuação fiscal em discussão decorreu de pagamentos/creditamentos efetivamente realizados pelo contribuinte, a título de JCP, no ano de 2007, o qual foi calculado tomandose por base também os exercícios anteriores (2002 a 2007). 5.1. O pagamento ou creditamento de JCP acumuladamente, com base em exercícios anteriores. O investimento no capital social de pessoas jurídicas é, por definição, uma “participação permanente”27, o que evidencia uma noção de continuidade, perenidade. Embora o liame societário em questão possa ser extinto (realização do investimento), há expectativa de que o período de permanência do capital investido pelo acionista ou cotista perdure por mais de um exercício. Ao tutelar a remuneração do capital próprio investido pelos sócios (detentores dessa participação permanente), o legislador tributário precisou considerar tais fatores. O legislador precisou considerar tanto o pressuposto da continuidade do investimento mantido pelo sócio no capital social da pessoa jurídica investida, quanto a possibilidade legal de extinção desse liame societário a qualquer tempo. Quanto à possibilidade de extinção desse liame societário, o legislador prescreveu a única limitação temporal atinente ao JCP, analisada no tópico “3”, acima: somente será 25 Nesse sentido, vide: OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Juros sobre o Capital Próprio – momento de dedução da despesa, in Revista de Direito Tributário Atual n. 28. São Paulo : IBDT/Dialética, 2012, p. 3256. 26 Decretolei 1.598/77, art 6º. Lucro real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. (…) § 4º Os valores que, por competirem a outro períodobase, forem, para efeito de determinação do lucro real, adicionados ao lucro líquido do exercício, ou dele excluídos, serão, na determinação do lucro real do período competente, excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente. 27 Vide Lei n. 6.404/74, art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo. (…) III em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; Fl. 535DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 535 62 considerado dedutível o JCP calculado sobre o período em que o sócio manteve o seu capital investido na pessoa jurídica, devendo, assim, ser calculado “pro rata dia”. Por sua vez, tendo em vista que o período de permanência do capital investido pelo acionista ou cotista tende a perdurar por mais de um exercício, o legislador, de forma bastante técnica, prescreveu que o limite quantitativo aplicável (vide tópico “3”) pode ser tanto de 50% do lucro liquido do exercício, como de 50% dos lucros acumulados ou reservas de lucros, que se reportam justamente aos anos anteriores. Daí a correta assertiva doutrinaria de que, “não fosse assim, ou seja, fossem os JCP vinculados em seu cálculo exclusivamente aos presente períodobase, a lei teria limitado o seu valor apenas à metade do lucro líquido deste período”28. Assim fez o legislador, ao prescrever que o efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados (Lei 9.249/95, art. 9o, § 1). Além disso, prescreveu expressamente o legislador (Lei 9.249/95, art. 9o): § 7º. O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º. O dispositivo da Lei das S.A., a que faz referência a Lei 9.249/95, segue transcrito: “Art. 20229. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas: I metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores: a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e b) importância destinada à formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores; II o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I poderá ser 28 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Juros sobre o Capital Próprio – momento de dedução da despesa, in Revista de Direito Tributário Atual n. 28. São Paulo : IBDT/Dialética, 2012, p. 334. No mesmo sentido, vide: SANTOS, Ramon Tomazela. Aspectos controvertidos atuais dos juros sobre capital próprio (JCP): o impacto das mutações no patrimônio líquido, o pagamento acumulado e a sua qualificação nos acordos de bitributação, in Revista Dialética de Direito Tributário n. 214. São Paulo : Dialética, 2013, p. 114115. 29 Em sua redação original, alterada pela Lei nº 10.303, de 2001, o caput e os seus incisos I, II e III possuíam a redação a seguir: “Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto, ou, se este for omisso, metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores: I quota destinada à constituição da reserva legal (artigo 193); II importância destinada à formação de reservas para contingências (artigo 195), e reversão das mesmas reservas formadas em exercícios anteriores; III lucros a realizar transferidos para a respectiva reserva (artigo 197), e lucros anteriormente registrados nessa reserva que tenham sido realizados no exercício.” Fl. 536DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 536 63 limitado ao montante do lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença seja registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197); III os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização. (...)” (grifos acrescidos) Conforme a norma societária, os acionistas têm direito a receber dividendo obrigatório, em cada exercício, equivalente à parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, em conformidade com as regras estabelecidas na Lei das S.A. Entre essas regras, prevê o legislador societário que os valores registrados em reservas de lucros ou lucros acumulados de exercícios anteriores devem, após a sua realização, ser distribuídos na primeira oportunidade a título de dividendos. O legislador tributário fez remissão expressa à lei societária, atraindo para o JCP a norma societária originalmente aplicável apenas aos dividendos. Diante da referida remissão legal, constróise norma segundo a qual os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização, podendo, ainda, ser destinados ao pagamento de juros sobre capital próprio. O legislador tributário prescreveu que o JCP, por também ter a natureza de distribuição de lucros, poderá ser pago no lugar dos dividendos obrigatórios referidos pelo art. 202 da Lei 6.404/76, destinando, inclusive, 50% dos valores registrados em reservas de lucros ou lucros acumulados de exercícios anteriores. Por remissão expressa na Lei 9.249/95, o legislador, que é uno, prescreve que até 50% das reservas de lucros ou lucros acumulados referidos pela Lei das S.A. podem: (i) servir de limite para o cálculo do JCP, coerentemente com a possibilidade de cálculo deste em relação aos períodos anteriores (Lei 9.249/95, art. 9, § 1º) e; (ii) ainda, servir de fonte de recursos para o pagamento do JCP, que de outra forma se prestariam apenas à distribuição de dividendos (Lei n. 9.249/95, art. 9o, § 7º). A norma prescrita pela Lei n. 9.249/95 é clara. O legislador não apenas permitiu o pagamento de JCP relativos a períodos anteriores, como também editou mais do que um parágrafo para regular a utilização de reservas de lucros ou lucros acumulados de períodos anteriores para o cálculo e fonte de recursos. Dessa forma, o auto de infração lavrado em face do contribuinte padece de vício insanável quanto à compreensão da norma de dedutibilidade do JCP. A aplicação Fl. 537DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 537 64 equivocada do art. 9o da Lei n. 9.249/95 conduziu a fiscalização a restringir a dedutibilidade desses valores, não obstante a assembleia geral ter deliberado o pagamento de JCP relacionados aos anos 2002 a 2007 e tais valores tenham, de fato, sido efetivamente pagos ou creditados aos acionistas. Não se pode deixar de observar que sequer a equivocada qualificação do JCP como tendo natureza de juros comuns justificaria a glosa atinente aos exercícios anteriores. Ocorre que a relevância da autonomia e independência dos exercícios restou enfraquecida desde os idos de 1978, quando da introdução do Decretolei 1.598 ao sistema jurídico brasileiro. Até esse marco jurídico, as despesas atinentes a um exercício não poderiam ser deduzidas em outro, qualquer que fosse o motivo. O Decretolei 1.598, contudo, expressamente passou a autorizar deduções extemporâneas.30 Nesse cenário, a glosa empreendida pela fiscalização não possui fundamento legal de validade, devendo ser afasta, reconhecendose, assim, a legitimidade do pagamento ou creditamento de JCP acumuladamente, com base em exercícios. 5.2. A compatibilidade do art. 29, da IN 11/96, com a Lei 9.249/95. Após a edição da Lei 9.249/95, foi publicada a Instrução Normativa n. 11, de 21.02.1996, veiculando o seguinte texto em seu art. 29: Art. 29. Para efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, poderão ser deduzidos os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração de capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio liquido e limitados à variação pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). § 1º À opção da pessoa jurídica, o valor dos juros a que se refere este artigo poderá ser incorporado ao capital social ou mantido em conta de reserva destinada a aumento de capital. § 2º Para os fins do cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será considerado, salvo se adicionado ao lucro líquido para determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, valor: a) da reserva de reavalição de bens e direitos da pessoa jurídica; b) da reserva especial de trata o art. 428 do RIR/94; c) da reserva de reavaliação capitalizada nos termos dos arts. 384 e 385 do RIR/94, em relação às parcelas não realizadas. § 3º O valor do juros pagos ou creditados, ainda que capitalizados, não poderá exceder, para efeitos de dedutibilidade como despesa financeira, a cinqüenta por cento de um dos seguintes valores: 30 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Juros sobre o Capital Próprio – momento de dedução da despesa, in Revista de Direito Tributário Atual n. 28. São Paulo : IBDT/Dialética, 2012, p. 334. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 538 65 a) do lucro líquido correspondente ao períodobase do pagamento ou crédito dos juros, antes da provisão para o imposto de renda e da dedução dos referidos juros; ou b) dos saldos de lucros acumulados de períodos anteriores. § 4º Os juros a que se refere este artigo, inclusive quando exercida a opção de que trata o § 1º ou quando imputados aos dividendos, auferidos por beneficiário pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no: a) lucro real, serão registrados em conta de receita financeira e integrarão lucro real e a base de cálculo da contribuição social sobre o lucro; b) lucro presumido ou arbitrado, serão computados na determinação da base de cálculo do adicional do imposto. § 5º Os juros serão computados nos balanços de suspensão ou redução (art. 10). § 6º Os juros remuneratórios ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito. § 7º O imposto de renda incidente na fonte: a) no caso de beneficiário pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, será considerado antecipação do devido na declaração de rendimentos ou compensado com o que houver retido por ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração do capital próprio, a seu titular, sócios ou acionistas. b) será considerado definitivo, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não submetida ao regime de tributação com base no lucro real, inclusive isenta; c) no caso de beneficiária sociedade civil de prestação de serviços, submetida ao regime de tributação de que trata o art. 1º do Decretolei nº 2.397, de 1987, poderá ser compensado com o retido por ocasião do pagamento de rendimentos a seus sócios ; d) deverá ser pago até o terceiro dia útil da semana subsequente à do pagamento ou crédito dos juros. § 8º A pessoa jurídica que exercer a opção de que trata o § 1º assumirá o ônus do imposto incidente na fonte sobre os juros. § 9º O valor do imposto será determinado sem o reajuste da respectiva base de cálculo e não será dedutível para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. § 10. O imposto incidente na fonte, assumido pela pessoa jurídica, será recolhido no prazo de quinze dias contados do encerramento do períodobase em que tenha ocorrido a dedução dos juros, sendo considerado: a) definitivo, nos casos de beneficiário pessoa física ou jurídica não submetida ao regime de tributação com base no lucro real, inclusive isentas; b) como antecipação do devido na declaração, no caso de beneficiário pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real. § 11. Na hipótese da alínea "b" do § anterior, a pessoa jurídica beneficiária Fl. 539DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 539 66 deverá registrar, como receita financeira, o valor dos juros capitalizados que lhe couber e o do imposto de renda na fonte a compensar. § 12. O valor do imposto registrado como receita poderá ser excluído do lucro líquido para determinação do lucro real. Logo em seu caput, o art. 29 fez referência à observância do regime de competência, o que pode ter dado origem à questão ora submetida a esta CSRF. Ocorre que a fiscalização considerou que JCP pago ou creditado, para fins de dedutibilidade do IRPJ e da CSL, apenas poderia tomar com base o capital mantido pelo acionista na mesma competência em que o pagamento ou credito tenha sido realizado. Não se trata de interpretação exclusiva que possa ser obtida imediatamente dos elementos textuais do art. 29, da IN 11/96. Pelo contrário, RAMON TOMAZELA SANTOS31 bem explicitou outra interpretação que se coerentemente obter do aludido dispositivo, in verbis: “Na prática, significa dizer que a dedução da despesa deve ocorrer no momento em que a pessoa jurídica efetuar o pagamento do JCP em favor do sócio ou acionista, em caráter definitivo e incondicional, ainda que a deliberação societária determine que o prazo de cômputo deve abranger lapso temporal superior a um anocalendário, com o objetivo de remunerar o capital investido pelo sócio ou acionistas em períodos pretéritos.” A questão deve ser solucionada com vistas ao tema das fontes do Direito tributário: instruções normativas correspondem a fontes secundárias, do Direito, cuja função subalterna é de apenas explicitar normas enunciadas por fontes primárias, entres as quais tem destaque a lei ordinária. Assim, a interpretação do art. 29, da IN 11/96, deverá ser empreendida de tal forma que este seja consentâneo com a norma veiculada pelo art. 9o da Lei n. 9.249/95. Como se viu no subtópico “5.1”, o art. 9o da Lei n. 9.249/95 legitima o pagamento ou creditamento de JCP acumuladamente, com base em exercícios anteriores. O legislador não se baseou no regime de caixa ou de competência para a composição da fórmula de cálculo do JCP a ser pago ou creditado, mas apenas para marcar o momento em que este passa a ser dedutível. 5.3. Jurisprudência do STJ sobre o objeto do recurso especial em análise. A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça analisou recurso especial aparentemente com o mesmo objeto do recurso administrativo ora em análise. A r. decisão restou assim ementada: 31 SANTOS, Ramon Tomazela. Aspectos controvertidos atuais dos juros sobre capital próprio (JCP): o impacto das mutações no patrimônio líquido, o pagamento acumulado e a sua qualificação nos acordos de bitributação, in Revista Dialética de Direito Tributário n. 214. São Paulo : Dialética, 2013, p. 109 e seg. Fl. 540DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 540 67 MANDADO DE SEGURANÇA. DEDUÇÃO. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO DISTRIBUÍDOS AOS SÓCIOS/ACIONISTAS. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. EXERCÍCIOS ANTERIORES. POSSIBILIDADE. I Discutese, nos presentes autos, o direito ao reconhecimento da dedução dos juros sobre capital próprio transferidos a seus acionistas, quando da apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL no anocalendário de 2002, relativo aos anoscalendários de 1997 a 2000, sem que seja observado o regime de competência. II A legislação não impõe que a dedução dos juros sobre capital próprio deva ser feita no mesmo exercíciofinanceiro em que realizado o lucro da empresa. Ao contrário, permite que ela ocorra em anocalendário futuro, quando efetivamente ocorrer a realização do pagamento. III Tal conduta se dá em consonância com o regime de caixa, em que haverá permissão da efetivação dos dividendos quando esses foram de fato despendidos, não importando a época em que ocorrer, mesmo que seja em exercício distinto ao da apuração. IV "O entendimento preconizado pelo Fisco obrigaria as empresas a promover o creditamento dos juros a seus acionistas no mesmo exercício em que apurado o lucro, impondo ao contribuinte, de forma oblíqua, a época em que se deveria dar o exercício da prerrogativa concedida pela Lei 6.404/1976". V Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1086752/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 11/03/2009) Em seu voto, o i. Min. FRANCISCO FALCÃO consignou ser aplicável ao JCP o regime de caixa e não o regime de competência, como se observa do seguinte trecho: “Com efeito, a legislação não impõe que a dedução dos juros sobre capital próprio deva ser feita no mesmo exercíciofinanceiro em que realizado o lucro da empresa. Ao contrário, permite que ela ocorra em anocalendário futuro, quando efetivamente ocorrer a realização do pagamento. Tal conduta se dá em consonância com o regime de caixa, em que haverá permissão da efetivação dos dividendos quando esses foram despendidos, não importando a época em que ocorrer, mesmo que seja em exercício distinto ao da apuração”. Conforme exposto nesta declaração de voto, me alinho à conclusão dos Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça do STJ, no sentido de que “a legislação não impõe que a dedução dos juros sobre capital próprio deva ser feita no mesmo exercíciofinanceiro em que realizado o lucro da empresa”. No entanto, permissa venia, a r. decisão parece ter analisado apenas a hipótese em que há efetivo pagamento de JCP, em que o regime de caixa foi realmente adotado pelo legislador. Conforme os fundamentos expostos no tópico “4.2”, acima, o legislador tributário também elegeu o creditamento da JCP como elemento temporal para que este se torne dedutível, o que remete, então, a um regime de competência ajustado. Fl. 541DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 541 68 Dessa ressalva decorre que a assertiva do i. Min. FRANCISCO FALCÃO deve, permissa venia, ser complementada do seguinte modo: “Ao contrário, permite que ela ocorra em ano calendário futuro, quando efetivamente ocorrer a realização do pagamento” ou creditamento. 6. Conclusão. Por todo o exposto, deve ser dado provimento ao recurso especial do contribuinte quanto à matéria analisada nesta declaração de voto. A glosa empreendida pela fiscalização não possui fundamento legal de validade, devendo ser afastada, reconhecendose, assim, a legitimidade do pagamento ou creditamento de JCP apurados acumuladamente, com base em exercícios anteriores. É como voto. Conselheiro Luís Flávio Neto. (assinado digitalmente) Fl. 542DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 542 69 Declaração de Voto Conselheiro Ronaldo Apelbaum, Em relação ao conhecimento do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, acompanho o d. Relator no sentido de que a divergência jurisprudencial exigida pelo Art. 67 e parágrafos do RICARF encontrase devidamente comprovada. Por esse motivo, o Recurso Especial deve ser conhecido. Quanto ao mérito, contudo, ouso divergir completamente do d. Relator, pelas razões que serão expostas a seguir. Essa divergência não retira nem diminui os elogios que são merecedores o d. Relator pela profunda pesquisa realizada. Em primeiro lugar, vale transcrever o art. 9º da Lei 9.249/95, que disciplina o pagamento a título de Juros sobre Capital Próprio, mas apenas nos trechos que impactam a presente discussão: Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. § 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. (Redação dada pela Lei nº 9.430, de 1996) (...) § 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º. O artigo 9º da Lei n.º 9.249/95 limitase a autorizar a dedução, para fins fiscais, de “juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP”. Essa legislação dá ao contribuinte a faculdade de pagar ou creditar JCP a seus sócios sobre contas do patrimônio líquido e determina que esse valor poderá ser deduzido para fins de apuração do lucro real no momento de seu pagamento ou crédito. Já o §1º do referido artigo 9º determina que o efetivo pagamento ou crédito dos JCP dependem da existência de lucros correntes ou acumulados em valor igual ou superior a duas vezes os juros a serem pagos. Nesse ponto, a legislação traz uma limitação quantitativa para o pagamento dos juros sobre o capital próprio, mas não faz qualquer limitação ao pagamento relativo à aplicação da TJLP sobre as contas de patrimônio líquido de períodos anteriores. Mesmo a IN RFB n.º 11/96, vigente à época dos fatos ora analisados, não traze qualquer restrição à adoção, como base para determinação dos JCP, de contas de Fl. 543DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 543 70 patrimônio líquido de períodos anteriores. Tanto essa IN quanto a Solução de Consulta 329/14 da COSIT, utilizadas como referência para a manutenção da autuação, não devem ser consideradas como válidas por partires do pressuposto de que o pagamento de JCP se trata de despesa de juros, o que não é o caso para a específica situação dos JCP, pelo que será exposto na análise dos primados contábeis. a) dos Princípios Contábeis aplicáveis ao caso em questão Em sua fundamentação, o d. Relator também se fundamenta em dois postulados contábeis para justificar a impossibilidade de pagamento de JCP sobre períodos passados: (i) Princípio da Entidade e (ii) Princípio da Competência. A análise das normas contábeis, embora não disciplinadoras dos efeitos fiscais de seus regramentos, são de extrema relevância no presente contexto. E por isso merecem análise pormenorizada, em conjunto com a legislação societária vigente no Brasil: (i) Princípio da Entidade O Princípio da Entidade é um postulado que determina que a contabilidade de determinada entidade não se confunde com a pessoa de seus sócios ou quotistas. Com base nesse Princípio, o d. Relator desenvolve raciocínio a partir do qual os JCPs devem ser caracterizados como despesa de juros, e, portanto, devem ser reconhecidas a cada ano calendário em que o resultado permitir tal disponibilização. Esse argumento não se sustenta na medida em que a necessidade de segregação contábil da “Entidade” foi observada pela Recorrente. É certo que a discussão sobre a natureza desse pagamento advém da legislação fiscal e societária e o momento correto de seu reconhecimento advém da regra contábil específica dos JCPs. Estamos falando de (i) momento de reconhecimento e (ii) natureza do pagamento, e não de confusão contábil entre a empresa e seus quotistas titulares. Por conta disso, nos itens abaixo, compreendo que essa discussão poderá ser mais frutífera, deixando de lado desde já qualquer descumprimento ao Primado da “Entidade”. (ii) Princípio da Competência Conforme já ressaltado anteriormente, os primados contábeis são de extrema relevância e devem sempre ser observados em conjunto com a legislação fiscal. A observância do Princípio da Competência é, indubitavelmente, um dos pilares da Contabilidade e é objeto de profunda análise em normas exaradas por entidades como a CVM, IBRACON, entre outras. O voto do d. Relator demonstra, de forma clara, a relevância e aplicação desse Princípio. Ocorre que há um severo engano nas conclusões do voto vencedor, na medida em que considera que as regras estipuladas na Lei 9.249/95 se amoldam ao Princípio da Competência de forma estrita, ou melhor, necessariamente relacionada ao período de apuração do JCP e não do pagamento efetivo dessa verba. É sempre relevante relembrar que a competência para a regra temporal de dedução de pagamentos na apuração do lucro real é matéria reservada à Lei. É a Lei 9.249/95, portanto, que define o momento em que deve ser considerada a dedução na base de cálculo do imposto. Ademais, é necessário ainda lembrar que o pagamento de JCP não é classificado como despesa, o que poderia gerar controvérsia quanto à necessidade de reconhecimento Fl. 544DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 544 71 imediato desse pagamento como despesa do próprio período, em consonância com outras despesas comumente reconhecidas pelos contribuintes, de forma geral. Isso porque os JCP não devem ser considerados como dispêndio que contribuem para manutenção do patrimônio ou para incremento de receitas da atividade. Trata se de destinação de resultado após apurado o lucro, não sendo aplicadas as regras de competência para o registro de despesas, porque de despesa não se trata. É uma dedução legal criada por lei para incentivar a capitalização das empresas e favorecer o investimento em atividade produtiva. São uma forma de remuneração do investimento realizado por sócios ou acionistas. Esses juros foram criados como uma alternativa ou complementação ao pagamento de dividendos e, até por sua natureza, consiste em uma faculdade à empresa e não uma obrigação. Podemos dizer, portanto, que os JCP somente serão considerados existentes a partir do momento em que os sócios ou acionistas definem sua aprovação e seu pagamento. Dessa forma, fica claro que o período de competência não pode ser outro se não aquele em que é definido o seu pagamento, momento no qual é gerada uma obrigação para a empresa e um direito creditório aos sócios e acionistas. Essa conclusão também se depreende da Deliberação CVM 207/96, que determina a contabilização dos JCP diretamente à conta de lucros acumulados: I Os juros pagos ou creditados pelas companhias abertas, a título de remuneração do capital próprio, na forma do artigo 9º da Lei nº 9.249/95, devem ser contabilizados diretamente à conta de Lucros Acumulados, sem afetar o resultado do exercício. b) dos JCP como forma de remuneração do capital Conforme anteriormente mencionado, os JCP foram instituídos na legislação brasileira pela Lei 9.249/95. A partir desse momento, as empresas passaram a ter mais flexibilidade para remunerar seus sócios ou acionistas, com a possibilidade de antecipação do pagamento de dividendos, através do pagamento de JCP, autorizado pelo art. 9º dessa Lei. Tais juros possuem a mesma natureza jurídica da distribuição de dividendos, ambos representando formas de remuneração do capital ao acionista. Essa afirmação é confirmada pelo parágrafo 7º, do artigo 9º da Lei n.º 9.249/95, que admite sua imputação ao valor dos dividendos previstos no artigo 202 da Lei n.º 6.404/76. Já o art. 202 da Lei 6.404/76, faz referência aos dividendos obrigatórios, que a empresa tem a autonomia em definir quando distribuir, de modo a não comprometer sua situação financeira, não havendo qualquer vedação legal expressa que estabeleça um limite temporal para esta distribuição. “Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) I metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Fl. 545DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 545 72 a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001) b) importância destinada à formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores; (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001) II o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença seja registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197); (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) III os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) (…) § 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório no exercício social em que os órgãos da administração informarem à assembléiageral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus administradores encaminharão à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da assembléiageral, exposição justificativa da informação transmitida à assembléia. § 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º serão registrados como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situação financeira da companhia.” A leitura desse artigo da Lei n. 6.404/76 revela claramente a preocupação do legislador de retirar parte da discricionariedade da companhia no pagamento de dividendos, garantindo o pagamento de um mínimo a todos os acionistas, o que protege os direitos dos acionistas minoritários, que teriam pouco poder na deliberação sobre o pagamento dos dividendos. Mas não o fez com relação aos juros em comento e, portanto, não cabe à autoridade fazendária inferir que deveria assim ocorrer. Aqui é importante ressaltar outro ponto relevante trazido à tona pelo d. Relator: a impossibilidade de pagamento de JCP retroativos em face da possibilidade de prejuízo aos acionistas ou quotistas “originários” do período dos Juros levantados. Nesse quesito, é importante mencionar que não há tal prejuízo, já que existe é fartamente reconhecida a possibilidade de distribuição posterior, aos titulares do momento de deliberação. A própria CVM, em seu Parecer 2004/0381, reconheceu a possibilidade de recebimento de dividendos retroativos. Se dividendos, que têm sua distribuição mínima obrigada por Lei, podem ser distribuídos dessa forma, os JCP também estariam no mínimo albergados pela mesma regra. A conclusão desse Parecer é clara a respeito de dividendos: Conclusão 17. Assim, pelas razões antes expostas, meu voto é no sentido de responder à consulta no sentido de manifestar o entendimento, aplicável apenas aos pagamentos de dividendo que vierem a ocorrer após a publicação da decisão que vier a acolher esta proposta, de que, em qualquer caso de declarações tardias, retificadoras ou complementares de dividendos (ou outros Fl. 546DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 16327.720497/201102 Acórdão n.º 9101002.180 CSRFT1 Fl. 546 73 proventos) devidos por companhias abertas cujas ações sejam admitidas à negociação,o pagamento deve ser feito às pessoas titulares das ações na data da declaração tardia, retificadora ou complementar, ou em outra data posterior,tornada pública de maneira concomitante com a declaração. Não restam dúvidas, portanto, que os JCP representam remuneração de capital, não há obrigação legal de reconhecimento no período a que se refere e que a distribuição tardia dos mesmos não representa prejuízo aos quotistas e/ou acionistas do período base de cálculo dos Juros. E, de acordo com o art. 9º da Lei 9.249/95, o Período de Competência aplicável ao pagamento dos Juros é o da efetiva deliberação e não do período base de cálculo desses Juros. c) dos juros sobre a multa Nesse ponto, acompanho o d. Relator. A partir da edição da Lei 9430/96, compreendo que as multas de mora se enquadram no conceito de “débito decorrente de tributo” e, portanto, há incidência de juros sobre a multa de ofício, para fatos ocorridos a partir de 01 de janeiro de 1997. É como voto. (documento assinado digitalmente) Ronaldo Apelbaum Fl. 547DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 27/02/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 10665.902456/2010-26
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 24 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Oct 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/03/2004
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA.
A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN.
A não comprovação da certeza e da liquidez dos créditos alegados impossibilita a extinção do débito para com a Fazenda Pública mediante compensação.
Recurso a que se nega provimento.
Numero da decisão: 3802-002.034
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki Presidente 2ª Câmara / 3ª Seção
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Redator ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015)
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira (relator), Francisco José Barroso Rios, Paulo Sérgio Celani, Regis Xavier Holanda (presidente) e Solon Sehn.
Nome do relator: CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/03/2004 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez dos créditos alegados impossibilita a extinção do débito para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente 2ª Câmara / 3ª Seção (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios - Redator ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015) Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira (relator), Francisco José Barroso Rios, Paulo Sérgio Celani, Regis Xavier Holanda (presidente) e Solon Sehn.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/03/2004 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez dos créditos alegados impossibilita a extinção do débito para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente 2ª Câmara / 3ª Seção (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Redator ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 90 24 56 /2 01 0- 26 Fl. 55DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 01/ 10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZAKI 2 Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira (relator), Francisco José Barroso Rios, Paulo Sérgio Celani, Regis Xavier Holanda (presidente) e Solon Sehn. Relatório Preliminarmente, ressalto que, nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc para a formalização do acórdão, considerando o resultado do julgamento nos termos da ATA da correspondente sessão de julgamento. Por bem retratar os fatos, reproduzo, abaixo, o relatório que foi objeto da decisão de primeira instância: O contribuinte transmitiu em 12/01/2007 Per/Dcomp para compensar crédito proveniente de pagamento indevido a maior de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, período de apuração 01/03/2004 a 31/03/2004, com débito de PIS, período de apuração dezembro de 2006. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Divinópolis não homologou a compensação realizada e, no Despacho Decisório de fl. 31, justificou a decisão com os dizeres: “A partir das características do DARF discriminado no Per/Dcomp acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação dos débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no Per/Dcomp.” No Despacho Decisório consta também que o pagamento de R$ 22.490,81 está integralmente vinculado ao débito de Cofins, código 2172 período de apuração 31/03/2004, conforme DCTF ativa. Irresignado com a decisão, ciência em 20/09/2010, a requerente apresenta Manifestação de Inconformidade, em 08/10/2010, para pedir, preliminarmente, que “seja declarado nulo o citado despacho, tendo em vista a deficiência de fundamentação deste, o que impossibilita a plena defesa da manifestante.” Alega também “que não existe nenhuma norma que determine a retificação das DCTFs nos casos de pagamentos indevidos a maior, para que seja suprimido em tal declaração o valor do crédito compensado.” Solicita, ainda, que “caso não seja declarado nulo o citado despacho, o que se admite tãosomente pelo princípio da eventualidade e para efeitos de pedido, que ele seja julgado improcedente, com a conseqüente homologação das compensações.” Em síntese, é o relatório. A primeira instância, por unanimidade de votos, considerou procedente o lançamento objeto da lide em acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/03/2004 COMPENSAÇÃO Somente são passíveis de compensação os créditos comprovadamente existentes, devendo estes gozarem de liquidez Fl. 56DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 01/ 10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 10665.902456/201026 Acórdão n.º 3802002.034 S3TE02 Fl. 55 3 e certeza na data da apresentação/transmissão da Declaração de Compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificado da referida decisão em 30/05/2011 (efls. 42), o sujeito passivo apresentou, em 10/06/2011 (efls. 43), o recurso voluntário de efls. 43/49 onde reitera os argumentos apresentados na primeira instância em favor da nulidade do despacho decisório por deficiência na fundamentação, e quanto à inexistência de norma legal que tornasse obrigatória a retificação da DCTF. Requer, por fim, seja dado provimento ao seu recurso para que seja declarado nulo o despacho decisório ou julgado improcedente o acórdão recorrido com a consequente homologação da compensação. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco José Barroso Rios, redator ad hoc designado para formalizar a decisão, uma vez que o conselheiro relator, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, não mais compõe este colegiado, retratando, assim, a hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015: Abaixo reproduzo integralmente o voto apresentado pelo Conselheiro Relator na ocasião em que o feito foi julgado (sessão do dia 24/09/2013): Tendo em vista a presença dos requisitos regulares do desenvolvimento positivo do Recurso ora interposto pela recorrente, voto pelo seu Conhecimento e conseqüente análise do mérito recursal No que concerne à alegação de falta de fundamentação e de motivação nas decisões proferidas pela Fazenda Nacional, tais alegações trazidas pelo recorrente não procedem e devem ser rechaçadas de pronto, porquanto nelas foram preenchidos os requisitos legais decorrentes do Decreto nº 70.235/72 e demais disposições constitucionais e administrativas. Sobre a DCTF, que é uma declaração de débitos e créditos tributários federais, contendo informações relativas aos tributos e contribuições de créditos, como também sobre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, é um documento que, não retificado, elimina o crédito de imediato. Ou seja, no encontro de contas, ocorre a compensação. Essa é a lógica do sistema. Daí a importância da retificação. Caso ela não seja retificada, não há como verificar a existência do crédito. E mais, esse ônus compete unicamente ao contribuinte. O fato central aqui é outro. Da análise dos documentos trazidos ao feito, nenhum reparo merece a decisão proferida pela 1ª Turma da delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, já que o recorrente não apresentou os documentos necessários para comprovar suas alegações. Fl. 57DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 01/ 10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZAKI 4 Conforme entendimento exposto na decisão a quo, temse que, à luz do artigo 170 do Código Tributário Nacional, para que seja possível a compensação de créditos tributários com créditos do sujeito passivo, necessário se faz que fique comprovada a existência de créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional. Nesse sentido, tendo em vista a não existência dos requisitos específicos da liquidez e certeza do crédito, não há como se proceder à compensação pleiteada. Notese que os dados foram informados pelo recorrente e analisados pela Fazenda Nacional: os dados do pagamento (DARF) e dados do crédito e do débito na DCTF. A partir do confronto dos elementos acima indicados, verificouse que não havia mais crédito disponível para ser aproveitado no procedimento de compensação. O crédito reclamado não foi comprovado em nenhum momento (informações prestadas para a Receita Federal – Provas nestes autos). O artigo 146, III, letra b, da Constituição Federal, dispõe que somente a lei complementar pode tratar de obrigação, lançamento e crédito tributários. O artigo 170 do Código Tributário Nacional, ao exigir liquidez e certeza para ser efetivada a compensação, é lei complementar e, portanto, fixa pressuposto nuclear a ser cumprido pelas partes. O direito de compensar crédito tributário indevidamente pago, conforme permitido em lei, exigese que se apure previamente, por via administrativa ou judicial, a sua liquidez e certeza, em homenagem ao devido processo legal. Precedentes do STJ – REsp n. 111.034/AL – REsp 76.230/PE – REsp 78.493 – REsp 98.197/RS. Posto isto, voto pelo CONHECIMENTO DO RECURSO e NEGO LHE PROVIMENTO, mantendo a decisão de primeira instância. Este, portanto, foi o entendimento proferido pelo conselheiro relator na ocasião em que o feito foi julgado, entendimento o qual reproduzo por força do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Redator ad hoc Fl. 58DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 01/ 10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZAKI
score : 1.0
Numero do processo: 11065.005554/2003-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003
Crédito Presumido de IPI. Natureza Jurídica. Não Inclusão na Base de Cálculo do PIS e da Cofins.
O crédito presumido do IPI tem natureza jurídica de benefício fiscal, não se constituindo em receita, seja do ponto de vista econômico-financeiro, seja do ponto de vista contábil, devendo ser contabilizado como "Recuperação de Custos". Portanto, não pode integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins. Recurso Especial da Contribuinte Parcialmente Provido.
Embargos Providos.
Numero da decisão: 9303-003.405
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento aos embargos inominados, sem efeitos infringentes, para retificar o Acórdão embargado, de modo a fazer constar os fundamentos do voto vencedor, e determinar que se altere na ementa a expressão: Recurso Especial do Contribuinte Provido para Recurso Especial da Contribuinte Parcialmente Provido.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
Henrique Pinheiro Torres Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 Crédito Presumido de IPI. Natureza Jurídica. Não Inclusão na Base de Cálculo do PIS e da Cofins. O crédito presumido do IPI tem natureza jurídica de benefício fiscal, não se constituindo em receita, seja do ponto de vista econômico-financeiro, seja do ponto de vista contábil, devendo ser contabilizado como "Recuperação de Custos". Portanto, não pode integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins. Recurso Especial da Contribuinte Parcialmente Provido. Embargos Providos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento aos embargos inominados, sem efeitos infringentes, para retificar o Acórdão embargado, de modo a fazer constar os fundamentos do voto vencedor, e determinar que se altere na ementa a expressão: Recurso Especial do Contribuinte Provido para Recurso Especial da Contribuinte Parcialmente Provido. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente. Henrique Pinheiro Torres Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2263; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 283 1 282 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11065.005554/200316 Recurso nº Embargos Acórdão nº 9303003.405 – 3ª Turma Sessão de 26 de janeiro de 2016 Matéria Embargos inominados erro material voto vencedor versando sobre matéria estranha aos autos. Recorrente Delegacia da Receita Federal do Brasil em Novo Hamburgo Interessado Indústria de Peles Minuano Ltda ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 Embargos Inominados. Inexatidões Materiais. Constatado erro material no Acórdão, são cabíveis embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 Crédito Presumido de IPI. Natureza Jurídica. Não Inclusão na Base de Cálculo do PIS e da Cofins. O crédito presumido do IPI tem natureza jurídica de benefício fiscal, não se constituindo em receita, seja do ponto de vista econômicofinanceiro, seja do ponto de vista contábil, devendo ser contabilizado como "Recuperação de Custos". Portanto, não pode integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins. Recurso Especial da Contribuinte Parcialmente Provido. Embargos Providos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento aos embargos inominados, sem efeitos infringentes, para retificar o Acórdão embargado, de modo a fazer constar os fundamentos do voto vencedor, e determinar que se altere na ementa a expressão: Recurso Especial do Contribuinte Provido para Recurso Especial da Contribuinte Parcialmente Provido. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. Henrique Pinheiro Torres – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 55 54 /2 00 3- 16 Fl. 283DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/02/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de processo devolvido pela DRF NHORS, mediante despacho de fls. 278, em que aponta divergência entre o pedido formulado no Recurso Especial do contribuinte e o teor da ementa e do voto vencedor do Acórdão 930300.140. A referida decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES FEITAS À PESSOAS FÍSICAS. As aquisições de insumos feitas a pessoas físicas se incluem na base de cálculo do crédito presumido do IPI, desde que consumidos no processo produtivo, nos termos da legislação do IPI. TAXA SELIC. É imprestável como instrumento de correção monetária, não justificando a sua adoção, por analogia, em processos de ressarcimento de créditos incentivados, por implicar na concessão de um "plus" sem expressa previsão legal. O ressarcimento não e espécie do gênero restituição, portanto inexiste previsão legal para atualização dos valores objeto deste instituto. Recurso Especial do Contribuinte Provido. No despacho de admissibilidade dos Embargos de Declaração, o i. Senhor Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais admitiu os embargos e reconheceu a existência de vícios do Acórdão nº 930300.140 (despacho às fls.280 a 281). Constatouse que o voto vencedor do referido Acórdão não tratou da matéria meritória do Recurso Especial do contribuinte: inclusão na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep dos valores recebidos a título de crédito presumido do IPI, apesar de constar expressamente do voto vencido. Inexplicavelmente, o voto vencedor abordou exclusivamente a questão da inclusão, na base de cálculo do crédito presumido do IPI, do valor das aquisições de insumos a pessoas físicas e cooperativas, matéria estranha às recorridas. É o relatório. Voto Conselheiro HENRIQUE PINHEIRO TORRES Fl. 284DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/02/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES Processo nº 11065.005554/200316 Acórdão n.º 9303003.405 CSRFT3 Fl. 284 3 Conheço dos embargos interpostos recepcionados como embargos inominados de que trata o art. 66 do RICARF/2015. Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Conforme acima relatado, constatase nos presentes autos erro material, passível de correção pela via dos presentes embargos. Constatase na decisão errônea (Acórdão nº 930300.140) um equívoco na redação do voto vencedor: ao invés de referirse à questão meritória (exigibilidade de PIS sobre os valores referentes a créditos presumido de IPI), em oposição ao voto vencido que tratou do assunto, a redatora designada para o voto vencedor consignou sua posição acerca do direito ao crédito presumido de IPI de insumos adquiridos de pessoas físicas, matéria estranha aos autos. Como o tema foi objeto do voto vencido, e a decisão do colegiado foi no sentido de dar provimento quanto ao ressarcimento, impõenos apenas suprir a omissão do voto vencedor quanto aos fundamentos daquela decisão, não em julgar novamente a matéria. Tratase da exigibilidade ou não de PIS sobre os valores referentes a créditos presumido de IPI, oriundo de aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem de empresa exportadora, de que trata a Lei nº 9.363/96. Segundo a alegação da então recorrente, o valor do crédito presumido do IPI se constitui em parcela a ser deduzida do custo dos insumos utilizados no processo de industrialização dos produtos exportados, não em receita tributável, como entende a autoridade fiscal. Inicialmente, registrese em letras garrafais QUE ESTE CONSELHEIRO NÃO COMUNGA COM A POSIÇÃO QUE SERÁ EXPOSTA A SEGUIR, INCLUSIVE FOI VOTO VENCIDO NO JULGAMENTO QUE DEU ORIGEM AO ACÓRDÃO EMBARGADO. Feito esse registro, passase à supressão do vício existente nesse malfadado acórdão. O colegiado entendeu que assistia razão à recorrente, seguindo a jurisprudência do STJ, que reproduzo nas ementas a seguir: REsp 807130 / SC Relatora Ministra ELIANA CALMON TRIBUTÁRIO – CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI – LEIS 9.363/96 E 10.276/2001 – NATUREZA JURÍDICA – NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. [...] Fl. 285DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/02/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES 4 2. O legislador, com o crédito presumido do IPI, buscou incentivar as exportações, ressarcindo as contribuições de PIS e de COFINS embutidas no preço das matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos pelo fabricante para a industrialização de produtos exportados. O produtorexportador apropriase de créditos do IPI que serão descontados, na conta gráfica da empresa, dos valores devidos a título de IPI. 3. O crédito presumido do IPI tem natureza jurídica de benefício fiscal, não se constituindo receita, seja do ponto de vista econômicofinanceiro, seja do ponto de vista contábil, devendo ser contabilizado como "Recuperação de Custos". Portanto, não pode integrar a base de cálculo do PIS e da COFINS. 3. Ainda que se considerasse receita, incabível a inclusão do crédito presumido do IPI na base de cálculo do PIS e da COFINS porque as receitas decorrentes de exportações são isentas dessas contribuições. 4. Recurso especial não provido. REsp 1130033 / SC Relator Ministro CASTRO MEIRA TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI DECORRENTE DE EXPORTAÇÕES. NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. REGRAS DO CÓDIGO CIVIL SOBRE IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. [...] 2. É pacífico o entendimento do STJ sobre a não incidência de COFINS/PIS tanto sobre o crédito presumido do IPI quanto sobre os insumos empregados na industrialização de produtos exportados. Precedentes. 3. Recursos especiais não providos. Segundo o entendimento majoritário da turma de julgamento em 11/08/2009, o crédito presumido previsto na Lei nº 9.363/96 não representa nova receita, passível de tributação pelo PIS e COFINS, mas sim recuperação de custo. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento aos embargos inominados, sem efeitos infringentes, para retificar o Acórdão recorrido, de modo a fazer constar os fundamentos do voto vencedor, e determinar que se altere na ementa a expressão: Recurso Especial do Contribuinte Provido para Recurso Especial da Contribuinte Parcialmente Provido. Henrique Pinheiro Torres Relator Fl. 286DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/02/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES Processo nº 11065.005554/200316 Acórdão n.º 9303003.405 CSRFT3 Fl. 285 5 Fl. 287DF CARF MF Impresso em 18/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 12/02/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES
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Numero do processo: 15504.009473/2009-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003, 2004
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RECURSO DE OFÍCIO. OBRIGATORIEDADE.
É nula a decisão de primeiro grau que, ao eximir o responsável tributário do pagamento de tributos e encargos de multa em montante superior ao limite de sua alçada, deixa de interpor o recurso de ofício.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Incorre em cerceamento do direito de defesa a decisão de primeiro grau que deixa de expor claramente as razões palas quais não foi acolhida a alegação de decadência suscitada na impugnação ao lançamento.
Numero da decisão: 1201-001.213
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em declarar a nulidade da decisão de primeiro grau, nos termos do voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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RECURSO DE OFÍCIO. OBRIGATORIEDADE. É nula a decisão de primeiro grau que, ao eximir o responsável tributário do pagamento de tributos e encargos de multa em montante superior ao limite de sua alçada, deixa de interpor o recurso de ofício. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Incorre em cerceamento do direito de defesa a decisão de primeiro grau que deixa de expor claramente as razões palas quais não foi acolhida a alegação de decadência suscitada na impugnação ao lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em declarar a nulidade da decisão de primeiro grau, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente e Relator Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 94 73 /2 00 9- 15 Fl. 7269DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 3 2 Tratase de recurso voluntário interposto nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72, contra o acórdão nº 0224.654, exarado pela 4ª Turma da DRJ em Belo Horizonte MG. Por bem descrever o litígio objeto do presente processo, tomo de empréstimo o relatório contido na decisão de primeiro grau (fl. 402 e ss.): I Do Auto de Infração e Termo de Verificação Fiscal O auto de infração referente ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, de fls. 02 a 10, registra que o lançamento se deu por "Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte, sujeito a tributação com base no Lucro Real, não possui escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, tal fato, bem como as demais circunstâncias encontramse descritas no Termo de Verificação Fiscal, parte integrante deste Auto de Infração." As folhas 11 a 36 encontramse os autos de infração referentes à Contribuição Social s/Lucro Liquido, Contribuição para o Pis, e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, por lançamento decorrente da fiscalização do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. O Termo de Verificação Fiscal, de fls. 37 a 61, registra que, em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal n° 0610100 2008001561, procedeu aos trabalhos de fiscalização, e apresenta as seguintes razões: No tópico "CONTEXTO', entende que houve interposição de terceiros como sócios, sem qualquer patrimônio garantidor de suas dívidas, para realização das operações. Complementa que: "O objetivo do trabalho passou a ter ênfase na identificação dos reais responsáveis pela prática de atividades de simulação, fraude e sonegação de impostos e contribuições sociais relativos às atividades do contribuinte fiscalizado." No subtópico II.1 A EMPRESA NUTRICOM ALIMENTOS LTDA., o autuante apresenta histórico da constituição e atividades da empresa: A pessoa jurídica, NUTRICOM ALIMENTOS LTDA., encontravase Ativa com declarações entregues a RFB referentes aos anos calendário de 2001 (formulário de Inativa), 2002 e 2003 (ambos formulários do Simples). Nunca entregou DCTF e passou a omissa na entrega de DIPJ nos anos seguintes. Foi excluída do Simples em 30/06/2007. Conforme contrato social e alterações obtidos na JUCEMG (Anexo XII, fls. 020/044), a empresa foi constituída em 01/12/00 com o objeto de representação comercial por conta própria e de terceiros de gêneros alimentícios em geral, e sede a Rua Gabriel Capistrano, 68 Santa Maria em Fl. 7270DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 4 3 Contagem. Seu quadro societário inicial era composto por Alexandre Henrique Cardoso Naves (99%) e Estanislau Raimundo Ribeiro (1%), sendo que a administração e representação legal da sociedade seria exercida única e exclusivamente pelo sócio Alexandre Naves. Em 20/08/01 a sede foi transferida para a Rua Professor Otílio Macedo, 236 Pilar em Belo Horizonte/MG. Em 12/12/01, ocorreu a 2ª alteração contratual e última informada a RFB. Nela, Alexandre Naves transferiu a totalidade de suas cotas à própria empresa. Estanilau Ribeiro, com apenas 1% do capital, tornouse o administrador e responsável legal pela Nutricom. No dia seguinte, em 13/12/01, com a 3ª alteração contratual, ocorreu aumento do capital social de R$30.000,00 para R$600.000,00, integralizado em moeda corrente pela própria empresa. O único sócio, Estanilau Ribeiro, teve sua participação proporcionalmente reduzida a apenas 0,1% das cotas. Com a 5ª alteração contratual, em 10/11/03, foi criada uma filial à Rua da Consolação, 368, 12º andar Consolação em São Paulo/SP. A totalidade das cotas em nome da empresa foi transferida a Estanilau Ribeiro que agora, detentor de 100% do capital, comprometeuse a recompor o quadro social. Em 04/03/04, com a 6ª e última alteração contratual conhecida, a sede foi transferida para Av. Senador Queirós, 279 sala 52 Bairro da Luz em São Paulo/SP e no antigo endereço, foi criada a filial que 'assumirá todas as operações da Matriz'. Foi admitida como quotista a empresa uruguaia Askany Corp. Financial & Trading S/A, sediada a Calle Continuacion Echevevarriaza, 3535 Torre B apto 1205, em Montevideu. A empresa registrada na RFB sob o CNPJ: 05.386.142/000152, era representada pelo procurador Hélvio Alves Pereira OAB/MG 48.423, CPF: 143.714.646 53, domiciliado, segundo contrato social, a Av. Prestes Maia, 241 Conj. 3222 Centro em São Paulo/SP. Estanilau Ribeiro transferiu parte de suas contas (0,1%) à Nutricom depositandoas em tesouraria pelo prazo de 180 dias. O restante das cotas (99,99%) foram transferidas a Askany Corp., pelas quais se comprometeu a pagar R$599.400,00 em até 24 meses. Assim a administração da Nutricom a ser exercida pelo procurador da Askany Corp., Hélvio Alves. No cadastro da SEF/MG a Nutricom, sob a inscrição estadual 062.109072.0040, encontrase Cancelada desde 13/07/06, por encerramento irregular de atividades e inexistência de fato do estabelecimento à Rua Professor Otílio Macedo, 236. A inscrição estadual já se encontrava Bloqueada desde 12/01/04, por desaparecimento do contribuinte. Em 08/04/08 foi publicado Ato de Inidoneidade e Falsidade pela impressão de documentos fiscais sem a Fl. 7271DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 5 4 devida autorização. Em ocorrências anteriores, a empresa havia sido autuada pelo Fisco Estadual que, dentre outras infrações, ressaltamos o 'aproveitamento indevido de créditos de ICMs provenientes de documentos fiscais: 1 declarados inidôneos; 2 que não corresponderam a efetivas entradas de mercadorias no estabelecimento.' (Acórdãos n° 2.806/03CE de 15/04/03, 16.021/031ª de 07/03/03 e 15.835/02/1ª de 02/10/02, Anexo XII, FLS. 045/082). Em seguida, o atuante descreve as tentativas frustradas de localização da autuada e sócios, redundando em processo administrativo de declaração de inaptidão nos termos do processo 10680.002278/2008 29 e "Ato Declaratório Executivo DRF/BHE n° 14, publicado no DOU de 16/05/08 (anexo XII, FLS. 105/110)." Informa visita a imóveis alugados pela Nutricom, contatos com imobiliárias e pessoas físicas que, de alguma forma, participaram destas operações. Ao final, assinala que, "Diferentemente da Junta Comercial, consta do cadastro da RFB a sra Sônia Maria Campos Rios, CPF: 312.617.28653 como atual procuradora da empresa Askany Corp., a quem também solicitamos esclarecimentos.". Quando apresenta o relato sobre a Askany, o auditor informa que a Sra. Sônia Campos Rio afirma desconhecer constar seu nome como procuradora da citada empresa uruguaia. No tópico "II.2 OS SÓCIOS", o autuante apresenta informações e resumo de depoimentos de Estanilau Raimundo Ribeiro e Alexandre Henrique Cardoso Naves. Apresenta ainda análise e comentários sobre a Askany Corp. Financial & Trading S/A. No tópico "III DA NULIDADE DAS ALTERAÇÕES CONTRATUAIS E EXCLUSÃO DO SIMPLES", quando, considerando a existência de vicio formal nas alterações contratuais, deu inicio a procedimento administrativo para anular os efeitos no cadastro CNPJ, das alterações contratuais registradas na Junta Comercial em nome da Nutricom. No tópico "IV CIRCULARIZAÇÃO DE FORNECEDORES E CLIENTES", apresenta relato de transações comerciais entre a Nutricom e várias empresas. Tópico "V MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA" Neste tópico o autuante apresenta análise dos documentos bancários fornecidos pelos bancos relacionados, informando que foram apresentados cartões de assinatura "constando além da assinatura de Estanilau Ribeiro, uma rubrica de caligrafia bastante diversa." Destaca que "Tal assinatura foi feita de forma diferente da encontrada nos documentos de identidade", não reconhecida pelo Sr. Estanilau como sua. Fl. 7272DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 6 5 Relata ainda que os cheques, de valores expressivos, eram nominais à Nutricom e sacados diretamente no caixa. Nos subitens 4, 5 e 6 informa que foram apresentados contratos de concessão de créditos por parte dos bancos à Nutricom, tendo como avalistas os Srs. Carlos e Cláudio Stein Pena. No subtópico "V.1 DA ANÁLISE DO EXTRATO BANCÁRIO", explicita a metodologia utilizada para caracterizar a omissão de receita. No tópico "VI OS RESPONSÁVEIS PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO", autoridade fiscal apresenta seu argumentos de convicção e relaciona as pessoas que entende solidariamente responsáveis pelo crédito tributário, lavrando os respectivos termos constantes do Anexo XIV, fls. 038/077. No subtópico "VI.1 DAS RESPOSTAS APRESENTADAS" informa que, apesar do atendimento da solicitação de dilação do prazo, nenhum fato objetivo foi acrescentado. No tópico "VII DO CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL" expressa seu entendimento que o levou a formalizar a representação fiscal para fins penais. Nos tópicos seguintes apresenta explanação sobre o lançamento tributário levado a termo. Às fls. 62 a 92, apresenta "RELAÇÃO MENSAL DE CRÉDITOS E DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO APURAÇÃO DE RECEITA OMITIDA" e às fls. 93/96, "DEMONSTRATIVO DA SITUAÇÃO FISCAL APURADA". Às fls. 99 encontrase a "RELAÇÃO DE ANEXOS" ao presente processo, numerados de I a XIV, e respectivo conteúdo. Em 27 de maio de 2009, os avisos de recebimento AR, destinados às pessoas físicas Alexandre Henrique Cardoso Naves, Cláudio Fernando Stein Pena e Carlos Otávio Stein Pena e à pessoa jurídica Indulac Indust. De Produtos Lácteos Ltda., de fls. 104/107 registram a data de recebimento em 27 de maio de 2009. Às fls. 108, documento dos Correios Sedex informa a entrega à Nova Ponte em 29 de maio de 2009. II Das impugnações São apresentadas três impugnações, a seguir mencionadas na ordem que se apresentam nos autos. PRIMEIRA IMPUGNAÇÃO Apresentada em 26 de junho de 2009, a impugnação de fls. 120/138, assinada por Carlos Otávio Stein Pena, Cláudio Fernando Stein Pena, Spasso Empr. e Serv. Ltda, Laço Assessoria e Rep. Com. Ltda e Indulac Ind. de Prod. Lácteos Ltda, argumenta inicialmente no tópico "I — A INFRAÇÃO IMPUTADA" que, "conforme passará a ser demonstrado em Fl. 7273DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 7 6 seguida, o lançamento fiscal efetuado afigurase totalmente nulo e improcedente." II NÃO REALIZAÇÃO DOS ATOS NECESSÁRIOS À MUDANÇA DO DOMICILIO FISCAL DA NUTRICOM. INCOMPETÊNCIA DA DRF/BH. Neste tópico, argumenta que a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Belo Horizonte não tem jurisdição sobre o contribuinte, que, afirma, transferiu sua sede para São Paulo. Com este argumento entende que "os autos de infração lavrados pela DRF/BH devem ser declarados nulos por vicio de competência." III ERRO NA ELEIÇÃO DOS SUJEITOS PASSIVOS SOLIDÁRIOS Argumenta que "a fiscalização não juntou aos autos nenhuma comprovação concreta de que os impugnantes administraram, gerenciaram ou receberam lucros da Nutricom." IV O ARTIGO 124, I, DO CTN NÃO ENSEJA A RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA DE SUPOSTOS SÓCIOS DE FATO. ERRO NO ENQUADRAMENTO LEGAL DA EXIGÊNCIA. "Ao tentar encaixar no instituto da solidariedade algo que, se fosse o caso, seria no máximo, responsabilidade de terceiros, a fiscalização acabou cometendo erro de enquadramento legal gravíssimo, o qual, por si só, já serve para afastar os impugnantes da autuação, pois como demonstrado, de solidariedade não se trata (e é isto e apenas isto o que lhes está sendo imputado)." V DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA "Ao impor responsabilidade solidária aos impugnantes, a auditoria fez expressa menção ao 'parágrafo único do artigo 116 do Código Tributário Nacional, introduzido pela Lei Complementar n° 104/01' (fls. 52). Ora, não há dúvida de que, ao concluir que haveria ‘sócios de fato' distintos daquele indicados nos atos constitutivos, a fiscalização desconsiderou a estrutura societária da empresa fiscalizada, ou seja, lançou mão da prerrogativa contida no referido dispositivo legal" Complementa que o citado artigo não foi regulamentado. VI DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VIOLAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS E NÃO CARACTERIZAÇÃO DA PRESUNÇÃO EM RELAÇÃO AOS IMPUGNANTES. Argumenta que o prazo de 5 (cinco) dias caracterizase como ilegal, posto que, segundo o artigo 844 do RIR/99 este prazo deveria ser de 20 (vinte) dias. Conclui que houve cerceamento do direito de defesa. Argumenta, ainda que: "Ora, como os impugnantes não foram considerados os efetivos titulares das contas bancárias mantidas pela Fl. 7274DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 8 7 Nutricom, mas meros sócios de fato, não se configura, em relação a eles, a presunção de omissão de receitas prevista no artigo 42 da Lei 9.430/96, a qual, repitase, só atinge o titular (de fato ou de direito)." VII DECADÊNCIA "Com a devida vênia, o prazo decadencial de cinco anos contase não do primeiro dia do exercício seguinte ao da entrega da declaração, mas "do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" VIII MULTA QUALIFICADA "Percebese, assim, que há uma inequívoca incompatibilidade lógica entre a presunção de omissão de receitas/rendimentos prevista no artigo 42 da Lei n" 9.430/96 e a imposição de multa qualificada." IX NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS SELIC SOBRE A MULTA DE OFICIO Argumentam que a incidência de juros Selic sobre a multa de oficio não encontra respaldo legal. X PEDIDO "Isso posto, os impugnantes requerem o acolhimento da presente defesa, para que, nos termos dos fundamentos acima, os autos de infração em tela sejam anulados, cancelados ou julgados totalmente improcedentes e/ou que a responsabilidade passiva solidária imputada a eles seja revogada." SEGUNDA IMPUGNAÇÃO A impugnação interposta por Alexandre Henrique Cardoso Naves, de fls. 141 a 198, em 26 de junho de 2009, assinada por Fernando Bento de Araújo e Luiz C. Correa Santos, mediante procuração de fls. 200, inicia solicitando efeito suspensivo nos termos do caput do Art. 151 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Encerra a petição solicitando, caso "ultrapassado o pedido anterior, o que se admite em sede de mero argumento, seja a sobredita Representação e/ou os seus efeitos suspensos até a solução definitiva da demanda." Em sua impugnação, o interessado cita o processo 10680.002278/20829 quando se declarou a inaptidão da Nutricom Alimentos Ltda, pelo Ato Declaratório Executivo DRF/BHE n° 14, de 15 de maio de 2008, 15504.007218/200938 e a exclusão do Simples pelo Ato Declaratório Executivo DRF/BHE ° 062/2009, de 08 de abril de 2009. A impugnação interposta pelo Sr. Alexandre Henrique Cardoso Naves defende que a autuação não deve prosperar, argumentando que: Fl. 7275DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 9 8 "II.II Da Responsabilidade Tributária "Ao constituir a sociedade, o IMPUGNANTE foi levado a acreditar que formalizaria uma parceria comercial com empresas do mesmo segmento, beneficiandose, sim, da experiência e do conhecimento que os seus incentivadores tinham e detinham sobre o mercado, haja vista os longos anos no comércio atacadista de alimentos. Sua condição econômicofinanceira (suas dificuldades financeiras) vivenciadas a época, mais do que um incentivo, representaram poderoso estimulo que lhe obrigou (obrigaram), porque precisava, a aceitar a proposta. Por inocência ou excesso de confiança depositada nas pessoas que, naquele momento, "lhe estenderam a mão", somada à sua falta de conhecimento sobre o segmento (sobre o mercado) no qual se aventurou a ingressar, concordou, após indicação destas mesmas pessoas, em confiar a escrita e o controle contábil e fiscal da recém constituída sociedade ao Sr. Wainer Teófilo Alves, registrado no CRC/MG, sob o n° 059.473, que até então não conhecia (vide fl. 07, § 6°, item 02, do TVF fl. 43 do PAF n°15504.009473/200915. Acreditando estar bem assessorado, confiou, durante o período em que esteve na sociedade autuada (de 01.12.2000 a 12.12.2001), a condução dos negócios a pessoas a quem acreditava ser mais indicadas (qualificadas). Como restou expressamente certificado e registrado pela Autoridade fiscal (vide dentre outros os § 2° m fl. 17 e § 1° fl. 18, ambas, do TVF fls. 53 e 54 do PAF), as compras, as negociações e os contatos firmados com fornecedores, instituições bancárias e outros, a contabilização, enfim, todos os atos de gestão da NUTR1COM, SEMPRE foram realizados pelos Srs. Carlos Otávio Stein Pena e Cláudio Fernando Stein Pena. À época dos fatos, o IMPUGNANTE não podia avaliar, muito menos prever pudesse a sociedade vir a ser utilizada para fins diversos daqueles usualmente admitidos (aceitos). Os atos que ora se imputam a NUTRICOM e/ou aos seus reais gestores foram realizados sem o seu conhecimento e, óbvia e consequentemente, sem o seu consentimento. A situação do IMPUGNANTE, como se vê, mutatis mutandis, se assemelha a vivenciada pelo Sr. Estanilau, ambos, sócios formais, não justificando tratamentos diferenciados, em respeito ao arquiprincipio da Isonomia. À toda evidencia, se o IMPUGNANTE não praticou atos de gestão, muito menos se beneficiou dos seus resultados, não lhe pode ser imputada a condição de coresponsável. Fl. 7276DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 10 9 Se para os reais gestores da sociedade autuada, o IMPUGNANTE sabidamente sem qualquer responsabilidade pelos fatos, foi premeditadamente admitido como "bode expiatório", expressão abrasileirada para "boi de piranha", esta condição não pode ser admitida (convalidada) pela Fazenda Pública Federal. A razão (única) para a coresponsabilização, repitase, foi (é) a existência de alguns raros depoimentos, por meio dos quais, pessoas de alguma forma relacionadas à sociedade autuada e/ou aos seus "reais" gestores, teriam informado (sugerido) a suposta vinculação do IMPUGNANTE a NUTRICOM. A justificativa invocada é insustentável. A própria Autoridade fiscal reconheceu (reconhece) a fragilidade dos depoimentos, tanto que a eles conferiu pouca ou quase nenhuma credibilidade. De mais a mais, várias outras declarações foram colhidas pela fiscalização, estas, sim, de maior confiabilidade e fidelidade. Todas, sem exceção, confirmam que as negociações, as contratações, os contatos, enfim, a administração da NUTRICOM em momento algum foi exercida pelo IMPUGNANTE. As declarações de fls. 10, 11 e 12, todas, do TVF (fls. 46 a 48 do PAF n° 15504.009473/200915) são claras e consistentes. Por elas se pode constatar que as contratações (compras e vendas) e os contatos foram executados e realizados, pessoalmente, por um de seus "reais" administradores (Cláudio Fernando Stein Pena), por suas empresas (Nova Pontes Serviços Gerais Ltda. CNPJ/MF n° 01.053.102/000138 e Sapsso Empreendimentos e Serviços Ltda CNPJ/MF n° 01.457.287/000227 e por seus empregados (Adilson Antônio Bragança e Saturnino Pinheiro Neto CPF n° 477.009.39691)." No item IIIV., o impugnante requer que se determine "a riscadura" da expressão "testa de ferro" que lhe foi atribuída pela fiscalização. No tópico III. Do Mérito, o impugnante afirma: "Apesar de não ser o responsável pelo crédito fiscal (vide itens precedentes), o IMPUGNANTE, em respeito ao Principio da Eventualidade, contesta a atuação fiscal, não representando tal atitude, repitase, aceitação da sujeição passiva tributária." Ao final, requer, dentre outros itens, que seja desconsiderada a sua indicação como responsável solidário e, caso ultrapassado o pedido acima, seja o auto de infração declarado nulo. Fl. 7277DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 11 10 TERCEIRA IMPUGNACÃO Às fls. 228/237, volume II, consta impugnação interposta por Nova Ponte Serviços Gerais Ltda, com data de 29 de junho de 2009, acompanhada dos documentos de fls. 238 a 393. Argumenta que nunca participou da administração, da contabilidade, do fiscal ou financeiro da Nutricom e que o relacionamento "de minha empresa com a investigada era apenas a locação de espaço em alguns períodos". Acrescenta que: "A 'intima" relação da Impugnante coma Nutricom se resume a uma única nota fiscal de R$30.000,00 (fl. 100 do Anexo XIV). Conforme demonstra o comprovante de TED de fl. 101 e a folha do extrato bancário de fl. 102 (ambos do Anexo XIV), o serviço de beneficiamento prestado foi efetivamente pago. Aliás, como não poderia deixar de ser, tudo está devidamente contabilizado (Diário 2003 à fl. 105 do Anexo XIV). No ano de 2004, a impugnante não teve nenhuma relação com a Nutricom." Por fim, transcreve trechos do Acórdão n° 10708692: "Em caso ainda mais especifico, praticamente idêntico ao dos autos, vejam que a imputação de responsabilidade solidária não é aceita nem quando os dirigentes da autuada e das empresas implicadas são os mesmos: 'A fiscalização assim entendeu porque considerou que as empresas de propriedade dos sóciosirmãos e a Emporium constituíam uma sociedade de fato, o que evidentemente não é o caso dos autos. Todas as empresas foram constituídas de acordo com a lei, sendo autônomas e independentes. O fato de o seu dirigente imitirse atrás de laranjas para fugir aos seus deveres de contribuinte, como os verdadeiros donos da Emporium, não autoriza essa conclusão em relação àquelas sociedades. Desta forma, limito a responsabilidade solidária a Emporium Empreendimentos Ltda aos Srs. Claudio Fernando Stein Pena, Carlos Otávio Stein Pena." A Nova Ponte não questiona o lançamento tributário, limitando se apenas a contrapor argumentos à indicação de devedor solidário. Os demais, ainda que afirmem fazelo em caráter subsidiário, apresentam suas teses contra o lançamento e/ou contra os procedimentos da fiscalização. Examinadas as razões de defesa, a DRJ de origem julgou improcedentes as impugnações mas afastou a responsabilidade tributária das pessoas jurídicas Spasso Empreendimentos e Serviços Ltda., Laço Assessoria e Representação Comercial Ltda., Indulac Indústria de Produtos Lácteos Ltda., Nova Ponte Serviços Gerais Ltda., e do Sr. Alexandre Henrique Cardoso Naves. Não houve recurso de ofício. Fl. 7278DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 12 11 Irresignados, os responsáveis tributários Carlos Otávio Stein Pena e Cláudio Fernando Stein Pena interpuseram recurso voluntário onde reproduzem, em síntese, as mesmas razões expostas na impugnação ao lançamento (fl. 451 e ss.). Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO O recurso atende aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/72 e, portanto, dele devese tomar conhecimento. 2) DA NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU A DRJ de origem afastou a responsabilidade tributária das pessoas jurídicas Spasso Empreendimentos e Serviços Ltda., Laço Assessoria e Representação Comercial Ltda., Indulac Indústria de Produtos Lácteos Ltda., Nova Ponte Serviços Gerais Ltda., e do Sr. Alexandre Henrique Cardoso Naves, todavia, não recorreu de ofício de sua decisão. Sobre o recurso de ofício o art. 34, I, do Decreto nº 70.235/72 assim estabelece: Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: I exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Por sua vez a Portaria MF nº 3/2008 assim prescreve: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). (...) Por fim, de acordo com o art. 121 do CTN, sujeito passivo pode ser qualificado como contribuinte ou responsável, in verbis: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: Fl. 7279DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 13 12 I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. (...) No caso, como os tributos e encargos de multa de que foram exonerados os responsáveis tributários acima apontados superam o montante de R$ 1.000.000,00, deveria a DRJ haver encaminhado a questão, de ofício, para reexame necessário por parte deste Conselho. Por outro lado, entendo que esta Turma não poderia suprir o vício recursal sem violar o direito dos responsáveis tributários de: (i) reafirmarem por escrito, no prazo de trinta dias da ciência ao recurso de ofício, as razões pelas quais entendem correta a decisão de primeiro grau, e; (ii) comparecerem a este Conselho, pessoalmente ou por meio de seus representantes, para exporem oralmente essas razões. Outra questão que envolve a nulidade da decisão a quo diz respeito ao cerceamento do direito de defesa suscitado pela recorrente quanto ao argumento de decadência de parte do crédito tributário lançado. Em sua impugnação alegaram os interessados o seguinte (fl. 135 e ss., do volume I): VII DECADÊNCIA Ao tratar da questão da caducidade, a auditoria diz que, "com relação aos anoscalendário de 2003 e 2004, a decadência se opera a partir de 01/01/2010 e 01/01/2011 (cinco anos após o primeiro dia do exercício seguinte à data da entrega da declaração) respectivamente" (fl. 59). Com a devida vênia, o prazo decadencial de cinco anos contase não do primeiro dia do exercício seguinte ao da entrega da declaração, mas "do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" (artigo 173, I, do CTN). Pois bem, como o lançamento foi feito pelo regime do lucro arbitrado, em que os períodos de apuração do IRPJ e da CSLL são trimestrais, os lançamentos referentes ao primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2003 poderiam ter sido feitos no próprio ano de 2003, razão pela qual o prazo decadencial de cinco anos começa a fluir em 01/01/2004, com término em 01/01/2009. Como os impugnantes foram notificados do lançamento apenas em 27/05/2009, não há como afastar a decadência. Nesse sentido, vale conferir a jurisprudência da DRJ/Juiz de Fora: "DECADÊNCIA. O IRPJ incidente sobre omissão de receitas, tributado em separado e de forma definitiva, admite o lançamento no próprio ano em que se deu o ilícito, seja qual for a forma de apuração e tributação do lucro adotada Fl. 7280DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 14 13 pela pessoa Jurídica. Portanto, o termo inicial da contagem do prazo decadencial, segundo a regra do art. 173, I, do CTN, será o primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência da omissão." (DRJ/Juiz de Fora, Acórdão no 09 1023, de 26/03/2002) Já em relação ao PIS e à COFINS, cuja periodicidade de apuração é mensal, os lançamentos referentes aos meses de janeiro a novembro de 2003 poderiam ser feitos no curso do ano de 2003, o que enseja a contagem do prazo decadencial de cinco anos a partir de 01/01/2004. Como a autuação só foi feita em 27/05/2009 e a data final para uma cobrança válida seria 01/01/2009, operouse a decadência: "O período compreendido pelo lançamento partiu, como já se disse, dos fatos geradores ocorridos em 30/09/98 e a multa foi aplicada em razão de dolo, de modo que a contagem da caducidade se faz a partir do primeiro dia do exercício seguinte em que poderia ser lançado o crédito tributário. No caso, o lançamento poderia ser feito no quarto trimestre de 1998 e a contagem se faz a partir do primeiro dia do primeiro trimestre de 1999, podendo o lançamento ser feito validamente até 31/12/2003." (Acórdão no 10708692) Por sua vez a DRJ tratou da questão nos seguintes termos (fl. 420 do volume II): VII DECADÊNCIA Para se demonstrar a improcedência dos argumentos apresentados, a transcrição do parágrafo 4º, do artigo 150, do Código Tributário Nacional, é suficiente. "Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação." Resta evidente, portanto, que a DRJ não enfrentou de forma clara os argumentos carreados pelos impugnantes no tocante à decadência. Em especial, não refutou a alegação da defesa segundo à qual, no caso, a contagem do prazo decadencial é regida art. 173, I, do CTN, nem se pronunciou sobre a data de início da contagem. 3) CONCLUSÃO Tendo em vista todo o exposto, voto por declarar a nulidade da decisão recorrida, devendo outra ser proferida em seu lugar. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 7281DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 15504.009473/200915 Acórdão n.º 1201001.213 S1C2T1 Fl. 15 14 Fl. 7282DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 11030.720597/2010-51
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 26 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Sep 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FUNDAMENTO PARA AFERIÇÃO DOS VALORES EFETIVAMENTE DEVIDOS A TÍTULO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. MATERIALIDADE DO PLEITO. LINEARIDADE DO ARGUMENTO DO SUJEITO PASSIVO.
Ao apresentar pedido de restituição de montante relativo à correção monetária devida em razão de oposição indevida do fisco, o sujeito passivo precisa apresentar argumentos que permitam confirmar a quantia devida, sendo fundamental informar o momento em que o ressarcimento foi efetivado.
Ao afirmar, em sede de manifestação de inconformidade, que o ressarcimento já foi efetuado, e em sede recursal que o ressarcimento ainda não o foi, resta prejudicado seu pedido ante sua inconsistência.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-002.285
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Francisco José Barroso Rios (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Solon Sehn, Mara Cristina Sifuentes e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FUNDAMENTO PARA AFERIÇÃO DOS VALORES EFETIVAMENTE DEVIDOS A TÍTULO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. MATERIALIDADE DO PLEITO. LINEARIDADE DO ARGUMENTO DO SUJEITO PASSIVO. Ao apresentar pedido de restituição de montante relativo à correção monetária devida em razão de oposição indevida do fisco, o sujeito passivo precisa apresentar argumentos que permitam confirmar a quantia devida, sendo fundamental informar o momento em que o ressarcimento foi efetivado. Ao afirmar, em sede de manifestação de inconformidade, que o ressarcimento já foi efetuado, e em sede recursal que o ressarcimento ainda não o foi, resta prejudicado seu pedido ante sua inconsistência. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Francisco José Barroso Rios (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Solon Sehn, Mara Cristina Sifuentes e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FUNDAMENTO PARA AFERIÇÃO DOS VALORES EFETIVAMENTE DEVIDOS A TÍTULO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. MATERIALIDADE DO PLEITO. LINEARIDADE DO ARGUMENTO DO SUJEITO PASSIVO. Ao apresentar pedido de restituição de montante relativo à correção monetária devida em razão de oposição indevida do fisco, o sujeito passivo precisa apresentar argumentos que permitam confirmar a quantia devida, sendo fundamental informar o momento em que o ressarcimento foi efetivado. Ao afirmar, em sede de manifestação de inconformidade, que o ressarcimento já foi efetuado, e em sede recursal que o ressarcimento ainda não o foi, resta prejudicado seu pedido ante sua inconsistência. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 03 0. 72 05 97 /2 01 0- 51 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 14/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Francisco José Barroso Rios (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Solon Sehn, Mara Cristina Sifuentes e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 164), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. Tratase de recurso voluntário que chega a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais em razão da insurgência do contribuinte em epígrafe contra Acórdão lavrado pela 2ª Turma da DRJ de Porto Alegre (RS), que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela interessada. Em momento prévio à análise das motivações recursais, é conveniente que sejam revisitados os atos e fases processuais já superados. Por bem descrever os fatos e atos processuais ocorridos até o momento da apresentação da impugnação, reproduzse aqui o relato formulado pela autoridade julgadora de 1ª instância, in verbis: "(...)Trata o presente processo de manifestação de inconformidade em relação a restituição por meio eletrônico relativo a créditos que a interessada alega possuir, originados de valores de Pis nãocumulativa que deveriam ser corrigidos monetariamente ou ter incidência da taxa Selic. Analisado ao pleito original da contribuinte pela DRF em Passo Fundo, foi reconhecida integralidade do direito creditório originalmente pleiteado, tendo a empresa sido cientificada da decisão em 10/11/2010 (AR fls. 30). Não obstante, a contribuinte encaminhou pelo Correio em 10/12/2010 (com carimbo de recepção em 13/12/2010 aposto pela DRF Passo Fundo) manifestação de inconformidade, encaminhada a esta DRJ para análise (fls. 02 e 57), pleiteando a correção monetária ou aplicação da taxa Selic sobre os créditos reconhecidos administrativamente pela DRF pelos valores originais. Transcreve jurisprudência a seu favor. Nesta peça não aborda o prazo para a apresentação da inconformidade. Entendendo que a Manifestação de Inconformidade era intempestiva, haja vista a data de 13/12/2010, então considerada pelos elementos constantes no processo, este órgão julgador encaminhou o processo de volta à origem para que fosse lavrado Fl. 166DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 14/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 11030.720597/201051 Acórdão n.º 3802002.285 S3TE02 Fl. 166 3 o termo de revelia. Entretanto, ao tomar ciência do Despacho DRJ, a interessada compareceu novamente ao processo, apresentando solicitação de revisão do despacho, esclarecendo o engano ocorrido quanto à data correta de postagem, 10/12/2010, comprovandoo mediante documentação hábil e argumentando pela tempestividade com base no Ato Declaratório Normativo No 19, de 26/05/1997, pelo qual deve ser considerada a data de postagem da petição. Assim sendo, o processo foi remetido novamente à DRJ em 17/06/2011". Ao analisar o mérito da manifestação de inconformidade, restando superada a discussão acerca da sua tempestividade, a 2ª Turma da DRJ/POA entendeu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade, mantendo a glosa do crédito requerido pela contribuinte e proferiu o seguinte acórdão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 Face à existência de expressa vedação legal, inaceitável a correção monetária ou a incidência de juros no ressarcimento de créditos de Pis/Cofins não cumulativos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em seu Recurso Voluntário (fls. 133 e seguintes), que ora é objeto de exame, o sujeito passivo se insurge contra o acórdão a quo, reforçando seu argumento no sentido de que a demora na análise do pleito – não atendido até o momento da interposição do Recurso Voluntário – configura a resistência indevida do fisco, viabilizando a incidência de correção monetária sobre seu crédito a receber, desde a data do protocolo do pedido administrativo, alternativamente, a partir do primeiro dia subsequente ao término do prazo concedido pela legislação para que se julgasse o pedido. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 164), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa mesma situação tratamento diverso. O presente recurso é tempestivo e, ausentes outras questões preliminares, passo à análise de mérito. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 14/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 Tratase de pedido de restituição formulado após processo de ressarcimento, cujo deferimento somente foi proferido após decurso de prazo superior a um ano. Em sua manifestação de inconformidade original (fls. 03 e seguintes), o contribuinte afirma que, até aquele momento, não havia sido efetivamente ressarcido dos valores reconhecidos no pedido formulado em 2009. Ao ser intimado da decisão que equivocadamente considerou intempestiva a Manifestação de Inconformidade, o contribuinte apresentou petição (fls. 91 e seguintes) esclarecendo o erro e afirmando que o crédito foi ressarcido pelo seu valor nominal, todavia sem especificar o momento de sua ocorrência. Dessa petição seguiuse o julgamento de mérito da DRJ, que, mesmo reconhecendo a tempestividade da manifestação de inconformidade, negou o pleito do contribuinte ante a ausência de previsão legal para correção monetária dos créditos de PIS/COFINS objeto de pedido de ressarcimento. Contra essa decisão, o Recurso Voluntário (fls. 133 e seguintes) indica que, até o momento de sua interposição, os créditos ainda não haviam sido efetivamente ressarcidos. Estou de acordo com os fundamentos jurídicos do pedido do contribuinte, porém não percebo materialidade no direito de crédito suscitado. Explico. A causa de pedir do sujeito passivo se dá em razão do fato de que a demora injustificada no ressarcimento de tributos, configura a resistência indevida do fisco a que a jurisprudência do STJ se refere, em sede de recurso repetitivo (cuja reprodução é obrigatória por este Conselho, nos termos do artigo 62A do RICARF). PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Fl. 168DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 14/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 11030.720597/201051 Acórdão n.º 3802002.285 S3TE02 Fl. 167 5 Seção: REsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008. (REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009) Além disso, entende o STJ que o raciocínio da correção monetária para os créditos de IPI decorrentes da não cumulatividade se estende para os créditos de PIS e COFINS objeto de pedidos de ressarcimento: PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. CRÉDITO ESCRITURAL. DEMORA NA ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXEGESE DO RESP 1.035.847/RS. 1. A alegação genérica de violação do art. 535 do Código de Processo Civil, sem explicitar os pontos em que teria sido omisso o acórdão recorrido, atrai a aplicação do disposto na Súmula 284/STF. 2. O entendimento firmado no REsp 1.035.847/RS, de relatoria do Min. Luiz Fux, atrai conclusão no sentido de que é devida a incidência de correção monetária aos créditos escriturais que não são gozados pelo contribuinte, na forma de ressarcimento, compensação ou aproveitamento, por resistência ilegítima do Fisco ainda que a demora seja em decorrência de análise de processo administrativo. 3. "O ressarcimento em dinheiro ou a compensação, com outros tributos dos créditos relativos à nãocumulatividade das contribuições aos Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) art. 3º, c/c art. 5º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 10.637/2002 e para a Seguridade Social (COFINS) art. 3º, c/c art. 6º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 10.833/2003, quando efetuados com demora por parte da Fazenda Pública, ensejam a incidência de correção monetária. " (REsp 1129435/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 03/05/2011, DJe 09/05/2011). (...) 4. Embora o REsp paradigma 1.035.847/RS trate de crédito escritural de IPI, o entendimento nele proferido alberga o reconhecimento de que não incide correção monetária sobre créditos escriturais em geral, salvo se o seu ressarcimento, Fl. 169DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 14/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 compensação ou aproveitamento é obstado por resistência ilegítima do Fisco. 5. O termo inicial para a incidência da correção monetária é do protocolo dos pedidos administrativos cuja fruição foi indevidamente obstada pelo Fisco. REsp 1129435/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 03/05/2011, DJe 09/05/2011; EDcl nos EDcl no REsp 897.297/ES, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 02/02/2011. Recurso especial conhecido em parte, e parcialmente provido. (STJ. Segunda Turma. REsp 1.268.980/SC. Relator Min. Humberto Martins. Julgado em 19/06/2012. Publicado no DJe de 22/06/2012) Ainda que o segundo julgado transcrito acima não seja de reprodução obrigatória, entendo ser a melhor interpretação ao primeiro, não somente ao estender o raciocínio dos créditos de IPI para os ressarcimentos de PIS e da COFINS, como também no que diz respeito ao termo inicial do prazo para fins de aplicação da correção monetária devida. Isso porque, formulado o pedido de ressarcimento, o fisco dispõe de todo o aparato (inclusive sistêmico) para efetivação da análise do pedido. A sobrecarga de pedidos, em si, não me parece argumento razoável para justificar a negativa de correção monetária aos créditos pleiteados. Nesse sentido, para não se submeter à fluência de correção monetária, o fisco deve apresentar seus fundamentos jurídicos – e não somente fáticos e conjunturais – a justificar a demora no atendimento do pedido de ressarcimento. Frisese que, nesse caso em particular, o fisco (assim como o contribuinte nos casos de recolhimento extemporâneo de tributos) está de posse de dinheiro que não lhe pertence, sendo no mínimo razoável a aplicação de correção monetária quando, além de tudo, ainda se demora na análise e/ou no cumprimento do pedido do sujeito passivo, que restar demonstrado como procedente. Contudo, no caso em particular, o Recorrente não apresenta a materialidade do seu crédito, o que motiva concretamente a negar provimento ao seu Recurso. Isso porque, como visto no começo do voto, a empresa apresenta argumentos sinuosos quanto à efetivação do deferimento do seu pedido: ora alega que já foi ressarcido, ora alega que não o foi. Essa afirmação, de aparente sutileza e irrelevância, ao meu ver é fundamental para o deslinde de seu pedido, pois entendo que o pedido de restituição da diferença de valores decorrentes de correção monetária de montante ressarcido a desoras, depende do efetivo cumprimento do pleito originário pelo fisco. Somente nesse momento se pode verificar o quantia devida que lastreará o pedido de restituição. Tal me parece a melhor interpretação sobre a hipótese trazida a lume, até porque, enquanto o ressarcimento originário não se houver efetivado, a quantia devida (quantum debeatur) será ilíquido – dificultando a verificação das diferenças a restituir. E ainda que se diga, com relação à ilação acima, que o pedido de valor a menor não seria obstável (pois indiscutivelmente há mais valores a restituir do que os pleiteados), atender a pedidos parciais de restituição provocaria não somente uma eternização na relação jurídica – pois haverá o risco de sempre haver novos pedidos de restituição em decorrência da análise da parcela ainda não apreciada –, como também dificulta a análise de Fl. 170DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 14/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 11030.720597/201051 Acórdão n.º 3802002.285 S3TE02 Fl. 168 7 eventual duplo benefício pelo contribuinte (que multiplicará seus pedidos de correção monetária ao longo do tempo em diversos pedidos). Importante também esclarecer que não verifiquei nos autos qualquer documento que comprove a data em que efetivamente teria ocorrido o ressarcimento, o qual, na petição de defesa da tempestividade da Manifestação de Inconformidade, foi alegado como já ter ocorrido pelos valores nominais do pedido original. Destarte, mesmo entendendo que, em tese, o contribuinte tem razão na sua causa de pedir, oriento meu voto no sentido de que seja mantida a decisão de primeira instância, negandose o direito creditório, por ausência de materialidade no seu pleito. Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para NEGARLHE provimento. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 14/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 14/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 03/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 10510.720657/2012-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 09 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Mar 24 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1401-000.275
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do presente processo, nos termos do § 2º do art. 2º da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012, visto que no presente recurso se discute questão idêntica àquela que está sendo apreciada pelo STF no RE 601.314-RG/SP (sob a sistemática do art. 543-B do CPC e RE 410.054 AgR/MG).
Encaminhe-se o p.p. à Secretaria da 4ª Câmara, nos termos do §3º. do art. 2º e art. 3º da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012.
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Karem Jureidini Dias e Jorge Celso Freire da Silva.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do presente processo, nos termos do § 2º do art. 2º da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012, visto que no presente recurso se discute questão idêntica àquela que está sendo apreciada pelo STF no RE 601.314-RG/SP (sob a sistemática do art. 543-B do CPC e RE 410.054 AgR/MG). Encaminhe-se o p.p. à Secretaria da 4ª Câmara, nos termos do §3º. do art. 2º e art. 3º da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva - Presidente. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Karem Jureidini Dias e Jorge Celso Freire da Silva.
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do presente processo, nos termos do § 2º do art. 2º da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012, visto que no presente recurso se discute questão idêntica àquela que está sendo apreciada pelo STF no RE 601.314RG/SP (sob a sistemática do art. 543B do CPC e RE 410.054 – AgR/MG). Encaminhese o p.p. à Secretaria da 4ª Câmara, nos termos do §3º. do art. 2º e art. 3º da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Karem Jureidini Dias e Jorge Celso Freire da Silva. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 10 .7 20 65 7/ 20 12 -3 2 Fl. 1528DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.529 2 RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário contra Acórdão da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em SalvadorBA. Adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância, compondo em parte este relatório: Trata o presente processo de Autos de Infração exigindo crédito tributário relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica, no valor de R$43.109,40 (quarenta e três mil cento e nove reais e quarenta centavos), à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no valor de R$28.197,33 (vinte e oito mil cento e noventa e sete reais e trinta e três centavos), à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, no valor de R$78.326,00 (setenta e oito mil trezentos e vinte e seis reais), e à Contribuição para o Programa de Integração Social, no valor de R$16.970,54 (dezesseis mil novecentos e setenta reais e cinqüenta e quatro centavos), acrescidos de multa de ofício e dos juros de mora, totalizando R$457.687,02 (quatrocentos e cinqüenta e sete mil seiscentos e oitenta e sete reais e dois centavos). Às fls. 08/17 encontramse descritos os seguintes fatos, que resultaram na lavratura do Auto de Infração relativo ao IRPJ: 001 DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO CONTABILIZADOS • o procedimento de fiscalização concernente ao IRPJ, para os anoscalendário de 2001 e 2002 foi determinado em virtude de a Receita Bruta informada pela contribuinte ser inferior aos recursos movimentados em contas bancárias, conforme informações das matrizes das instituições financeiras: SICOOB CREDICONQUISTA, CNPJ 02.282.165/000129; BANCO BANEB S/A, CNPJ 15.142.490/000138; BANCO BRADESCO S/A, CNPJ 60.746.948/000112 E BANCO ALVORADA, CNPJ 33.870.163/000184, prestadas nas Declarações trimestrais da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira CPMF retida, em cumprimento às determinações legais de regência. A contribuinte efetuou movimentação financeira, nos anoscalendário de 2001 e 2002, no montante de, respectivamente, R$3.979.355,69 (três milhões novecentos e setenta e nove mil trezentos e cinqüenta e cinco reais e sessenta e nove centavos) e R$4.791.796,28 (quatro milhões setecentos e noventa e um mil setecentos e noventa e seis reais e vinte e oito centavos), e informou nas suas Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica como receitas brutas os montantes de, respectivamente, R$1.813.490,33 e R$2.048.654,40. DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL Fl. 1529DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.530 3 em 03/02/2005, a empresa foi cientificada dos Mandados de Procedimento Fiscal (MPF) e do Termo de Início de Fiscalização por meio do qual foram solicitados livros comerciais e fiscais, extratos bancários e documentos da empresa; em 15/02/2005, foram apresentados os livros Caixa, Registro de Apuração do ICMS, Registros de Inventário, Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências e cópias do Contrato Social e suas alterações. Em 28/02/2005, através do Termo de Intimação Fiscal n° 002, o contribuinte foi novamente intimado a apresentar os extratos bancários em razão de não terem sido apresentados até aquela data; em 15/03/2005, o contribuinte apresentou apenas extratos bancários incompletos para os períodos solicitados, conforme termo de retenção n° 002, em anexo. Desta forma, tornouse inviável dirimir as dúvidas sobre a movimentação financeira por meio de esclarecimentos espontâneos do sujeito passivo sob procedimento de fiscalização. Diante disso, e com base nas disposições legais citadas à fl. 09, foi solicitada a emissão das Requisições de Informações sobre Movimentação Financeiras RMF para os anos calendário de 2001 e 2002, constantes dos autos; DOS EXTRATOS BANCÁRIOS de posse dos extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras foram confrontados os valores creditados/depositados com os valores contabilizados no livro Caixa, constatandose que, além de os valores creditados/depositados nas contas bancárias serem maiores que os valores de receitas contabilizadas no livro Caixa, os valores depositados/creditados não coincidem com as receitas contabilizadas no aludido livro; em 20/06/2005, a contribuinte foi intimada a apresentar os comprovantes da origem dos recursos utilizados nos depósitos/créditos efetuados nas contas bancárias; • expirado o prazo do Termo de Intimação Fiscal n° 004, em 26/07/2005, o contribuinte foi novamente intimado e, em 02/08/2005, foram apresentadas relações de cheques devolvidos e relações de cheques comprados, conforme Termo de Retenção em anexo. Não foram apresentados os comprovantes da origem dos recursos utilizados nestas operações; em razão das informações prestadas pelo contribuinte, evidenciando dúvida acerca da natureza das atividades desenvolvidas pela empresa, tendo em vista a apresentação de "RELAÇÃO DE CHEQUES COMPRADOS", conforme documentos em anexo, e também considerando que os elementos apresentados até aquela data eram insuficientes para identificar os valores dos depósitos/créditos que já haviam sido oferecidos à tributação, em 09/08/2005, a empresa foi novamente intimada a apresentar a documentação hábil a comprovar os valores que já haviam sido oferecidos à tributação e prestar esclarecimentos sobre as atividades desenvolvidas pela empresa, conforme Termo de Intimação Fiscal n° 006 em anexo; em 15/09/2005, o representante legal da empresa apresentou balancete relativo ao anocalendário de 2001 e solicitou prorrogação de prazo de 5 (cinco) dias para apresentação de documentos. Esgotado o prazo concedido, não houve apresentação de documentos. Em 23/09/2005, o contribuinte foi novamente intimado a apresentar a documentação solicitada, conforme Termo de Reintimação Fiscal n° 003; Fl. 1530DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.531 4 • em 11/10/2005, foram apresentados balancetes relativos ao anocalendário de 2002 e novos balancetes relativos ao anocalendário de 2001, conforme Termo de Retenção em anexo; DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA EMPRESA E O CONTRATO SOCIAL • em 12/09/2005, em atendimento ao Termo de intimação Fiscal n° 006, o contribuinte apresentou declaração de que havia efetuado operações de desconto de cheques em decorrência de sobras de Caixa nos anoscalendário de 2001 e 2002, no entanto não houve alteração do contrato social para incluir a atividade de factoring; • o objetivo social da empresa é o comércio de tecidos, cama, mesa e banho, podendo também explorar o comércio de artigos de vestuário e armarinho, conforme contrato social e suas alterações fornecidos pelo contribuinte; • os únicos elementos apresentados para comprovar as operações de compra de cheques foram relações de cheques. Não foram apresentados os comprovantes da origem dos recursos utilizados nestas operações; • quanto à alegação de sobras de Caixa para a realização das operações de desconto de cheques para terceiros, a análise dos extratos bancários não confirma esta alegação, uma vez que se verificou que a empresa realizou operações de desconto de títulos próprios junto aos bancos, com despesas bancárias superiores aos rendimentos auferidos nas alegadas operações de desconto de cheques para terceiros. Se a empresa tinha sobras de Caixa por que descontou títulos próprios junto aos bancos? A finalidade do desconto não é aumentar a disponibilidade financeira da empresa? DOS BALANCETES APRESENTADOS PELO CONTRIBUINTE • através do Termo de Intimação n° 004, foram solicitados documentos hábeis a comprovar a origem dos recursos utilizados nas operações de depósitos/créditos nas contas bancárias mantidas pela empresa. Em atendimento à intimação foram apresentadas relações de cheques; assim, uma vez que os elementos apresentados não possibilitaram identificar os valores dos depósitos/créditos que já haviam sido oferecidos à tributação, através do Termo de Intimação Fiscal n° 006, foram novamente solicitados documentos hábeis a comprovar a origem dos recursos utilizados nestas operações. Em atendimento à intimação, foram apresentados balancetes relativos aos anoscalendário de 2001 e 2002; Na análise dos balancetes apresentados, constatouse os seguintes fatos: 1. nas contas contábeis 112119 (Banco Bradesco S/A) e 112135 (CREDICON), os lançamentos são contabilizados de forma sintética ao final de cada mês, impossibilitando a identificação dos depósitos/créditos nos extratos; 2. nos lançamentos com o histórico de depósito por transferência, as contrapartidas dos lançamentos a débito da conta contábil 112119 (BANCO BRADESCO S/A) é a conta contábil 111015 (CAIXA) quando deveria ser contas a receber. Exemplos deste fato são os lançamentos dos valores de R$44.715,52, no dia 28/02/2001, e de R$41.948,31, no dia 31/03/2002, na conta contábil 112119 (BANCO BRADESCO S/A), conforme balancetes apresentados; Fl. 1531DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.532 5 3. nos lançamentos com histórico de operações de desconto comercial efetuadas junto aos bancos, as contrapartidas dos lançamentos a débito da conta contábil 112119 (BANCO BRADESCO S/A) é a conta contábil 111015 (caixa) quando deveria ser títulos descontados. Exemplos deste fato são os lançamentos dos valores de R$126.232,44, no dia 31/08/2001, e de R$73.844,25, no dia 31/10/2002, na conta contábil 112119 (BANCO BRADESCO S/A), conforme balancetes apresentados; 4. a conta mantida junto ao BBV, com movimentação no ano de 2002, não aparece no plano de contas da empresa. DOS RESULTADOS APURADOS considerando não terem sido apresentados os documentos hábeis a identificar os valores dos depósitos/créditos que já haviam sido oferecidos à tributação e as deficiências acima relatadas nos balancetes apresentados, foram elaborados os DEMONSTRATIVOS DOS CRÉDITOS E DEPÓSITOS BANCÁRIOS DOS ANOS DE 2001 E 2002, através da relação dos valores depositados/creditados nas contas mantidas pela empresa, conforme o anexo do Termo de Intimação Fiscal n° 004. Após a exclusão dos cheques devolvidos, os depósitos bancários nos anoscalendário de 2001 e 2002 totalizaram, respectivamente, os valores de R$3.107.314,14 e R$3.660.445,37 (demonstrativos anexos); a partir dos livros Registro de Apuração do ICMS foram elaborados os DEMONSTRATIVOS DAS SAÍDAS RELATIVAS AOS ANOS DE 2001 E 2002. Com a exclusão das devoluções de vendas, as vendas escrituradas nos anoscalendário de 2001 e 2002 totalizaram, respectivamente, os valores de R$2.131.637,32 e R$2.046.345,91 (demonstrativos anexos); • de posse dos aludidos demonstrativos, procedeuse ao confronto dos depósitos bancários com as vendas escrituradas. Da confrontação, através do DEMONSTRATIVO DAS DIFERENÇAS APURADAS, a Fiscalização apurou diferença a maior entre os depósitos bancários e as vendas escrituradas, isto é, depósitos bancários superiores às vendas escrituradas no período (demonstrativo anexo); • assim, em razão da não apresentação dos comprovantes da origem dos recursos creditados/depositados nas contas mantidas pela empresa, foi efetuado o lançamento de ofício a título de omissão de receitas, das diferenças a maior entre os depósitos bancários e as vendas escrituradas, considerando a disposição legal contida no art. 42, § Io, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (cita ementas de acórdãos de DRJ e do Primeiro Conselho de Contribuintes); DO LUCRO PRESUMIDO • para os anoscalendário de 2001 e 2002, a contribuinte fez opção pela tributação do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas com base no Lucro Presumido, determinado pelo coeficiente de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida na venda de mercadorias adquiridas para revenda, nos termos do art. 15 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995; Fl. 1532DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.533 6 • o presente lançamento de ofício foi efetuado com base no Lucro Presumido, determinado mediante a aplicação do coeficiente de 8% (oito por cento) sobre os valores da omissão de receita, nos termos do art. 24 da Lei n° 9.249, de 1995. TRIBUTAÇÃO REFLEXA • em decorrência desta infração, ocorreu tributação reflexa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, da Contribuição para o Programa de Integração Social e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, de acordo com o art. 24, § 2o, da lei n° 9.249 de 1995. DA MULTA • o lançamento de ofício relativo a esta infração será feito com multa de ofício de 112,5% (cento e doze inteiros e cinco décimos por cento), em virtude de o contribuinte não ter atendido, no prazo marcado, aos Termos de Intimação Fiscal, n° 04 e 03, e ao Termo de Reintimação Fiscal n° 003, nos termos do inciso I e § 2o do art. 44 da Lei n° 9.430 de 1996; • no enquadramento legal da infração descrita no item 001 do Auto de Infração foram citados: art. Io, incisos I e II, da Lei n° 8.137, de 1990; art. 45, parágrafo único, da Lei n° 8.981, de 1995; art. 15 e 24 da Lei n° 9 749, de 1995; art. 25, 42 e 44, inciso II, da Lei n° 9.430, de 1996; art. 528 do Decreto n° 3000, de 26 de março de 1999 Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999). 002 FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO MPOSTO • o contribuinte apresentou Declaração de Débitos e Créditos Tributarios Federais DCTF para todos os trimestres do anocalendário de 2001. De posse da escrituração do contribuinte, a Fiscalização verificou que o contribuinte declarou e recolheu o IRPJ em valor inferior ao devido, durante três trimestres do anocalendário de 2001. Assim, as diferenças positivas (diferenças a maior entre os valores apurados pela fiscalização e os declarados em DCTF e/ou recolhidos a título de IRPJ) são objetos de lançamento de ofício através do presente Auto de Infração, consoante planilhas de trabalho; DOS PAPÉIS DE TRABALHO • as planilhas de trabalho e a DESCRIÇÃO DAS PLANILHAS DE TRABALHO, que explica de forma didática e analítica como os dados foram lançados nas referidas planilhas, encontramse em anexo ao presente Auto de Infração; • no enquadramento legal da infração descrita no item 002 do Auto de Infração foram capitulados: art. 40 da Lei n° 8.541, de 1992; art. 3o da Lei n° 9.249, de 1995; art. 13 da Lei n° 9.718, de 1998; art. 516, §§ 4o e 5o, 541, 841, incisos I e IV, do RIR/1999. A contribuinte tomou ciência dos lançamentos em 09/11/2005, impugnandoos em 05/12/2005, por seu procurador, devidamente constituído (Instrumento de Mandato às fls. 1353), sob os argumentos expostos a seguir: Fl. 1533DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.534 7 Preliminar de Ausência de Desenvolvimento Válido e Regular do Processo ■ o AuditorFiscal munido do MPF compareceu na sede do contribuinte e exigiu que fossem apresentados os documentos atinentes, no que foi prontamente atendido. Ao receber a documentação não se contentou em analisála na sede da empresa, eis que a levou para a sede da Repartição Fiscal, repassoua para outras pessoas, contrariando, assim, as disposições do art. 10 do Decreto n° 70.235, de 1972, que manda que o trabalho fiscal há de ser realizado no local sede do contribuinte; ■ isto posto, com fulcro no art. 10 do Decreto n° 70.235, de 1972, combinado com o art. 267, inciso IV, do CPC, que é aplicado subsidiariamente, requer seja declarado nulificado a peça fiscal objeto desta impugnação; Preliminar de Mérito ■ o trabalho fiscal não deve prosperar por ter sido feita exigência do IRPJ apenas e tãosomente baseada nos valores de depósitos (créditos) em conta corrente bancária, antes mesmo de ter perquirido e identificado a renda e/ou acréscimo patrimonial e que tais ingressos tiveram origem em rendimento ou receita omitida, como bem expressa o art. 43 do CTN e inciso; ■ nem em tese o feito fiscal pode prosperar, considerando que em momento algum o trabalho fiscal logrou provar que os créditos em contascorrentes constituem omissão de receita ou rendimento, mesmo porque a Súmula 182 do extinto TFR expressa: "É ilegítimo o lançamento do Imposto de Renda com base em depósito bancário". ■ cita jurisprudência judicial e administrativa, assim como posicionamentos doutrinários no sentido de que o depósito bancário é apenas o termômetro de sinais exteriores de riqueza, mas por si só não caracteriza disponibilidade econômica ou acréscimo patrimonial. Acrescenta que, verificada a existência de depósitos bancários incompatíveis com a renda declarada, a autoridade fiscal deveria, e raramente o faz, efetuar a fiscalização exaustiva que lhe impõe o art. 142 do CTN, transcrito; Mérito ■ inexiste a omissão de receita especificada no trabalho fiscal. De fato, o que existe são apontamentos e inconsistências no trabalho fiscal, consoante inferese dos mapas inclusos; ■ o trabalho fiscal está eivado de erro. As planilhas por ele elaboradas, elemento base de sua imputação no que tange à omissão de receita, centramse em lançamentos de valores errados, divergentes e inexistentes. Em conformidade com as planilhas elaboradas pela contribuinte, denotase que não há omissão de receita fundada em valores de ingressos bancários superiores ao faturamento; ■ o trabalho fiscal não levou a efeito as transferências de valores de uma conta para outra, como também não observou os ingressos de empréstimos bancários. E, para piorar mais ainda, quando da elaboração da planilha do ano 2001, não considerou a existência de saldo de 31/12/2000, que foi de R$683.211,90 (apresenta demonstrativos dos anos de 2001 e 2002 com o intuito de comprovar que não há qualquer valor de depósito bancário desacobertado); Fl. 1534DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.535 8 Perícia ■ o contribuinte requer a realização de perícia contábil objetivando comprovar que não aconteceu ingresso de valores sem origem em suas contascorrentes bancárias. Para tanto, nomeia assistente técnico e formula os quesitos; Conclusão ■ isto posto, o contribuinte requer: 1. dentro do princípio do contraditório, art. 5o, inciso LV, da CF/88, seja determinada a realização de todas as provas necessárias e permitidas em direito (documental e pericial contábil), em especial a testemunhal para provar que a peça fiscal foi lavrada fora do estabelecimento; 2. todas as questões arguidas sejam objeto de apreciação, exame, decisão fundamentada e motivada, em face do que dispõe o art. 93, incisos IX e X, da CF/88 e acórdão 10177.785, Ia Câmara, DOU 26.7.88, página 12.983; 3. que o auto de infração seja julgado improcedente e insubsistente por ausência de desenvolvimento válido e regular (preterições de formalidades essenciais). Se ultrapassada a preliminar, seja julgado insubsistente o auto de infração; 4. que a decisão não seja levada por impressões subjetivas e exame unilateral, mas que o convencimento seja formado e adequado em torno do material probatório dos autos; 5. e, finalmente, tudo que contém nos autos, em especial a matéria de mérito, seja o auto de infração julgado insubsistente por ser de merecida justiça. ■ quanto aos lançamentos reflexos, requer seja aplicado o mesmo tratamento dado em relação ao feito do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (processo matriz), tudo em face da interdependência existente. A DRJ MANTEVE os lançamentos, nos termos das ementas abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Incabível a arguição de nulidade do Auto de Infração, quando se verifica que foi lavrado por pessoa competente para fazêlo, e em consonância com a legislação vigente, de tal forma que permitiu à contribuinte impugnálo em sua inteireza demonstrando conhecer plenamente a matéria que lhe deu causa. PROVAS. PROTESTO PELA PRODUÇÃO. Resta esvaziado o protesto para a produção de provas, se no decorrer do processo não foi anexado qualquer documento ou elemento que demonstrasse o seu exercício. Fl. 1535DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.536 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 DEPÓSITO BANCÁRIO. OMISSÃO DE RECEITAS. Configurase omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em que o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nestas operações. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO DOS LUCROS. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, tendo como base de cálculo a receita omitida, quando a escrituração contábil a que estiver obrigada a Contribuinte não for apresentada mesmo que tenha sido intimada para tal. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CONDUTA DOLOSA. Verificado pelo agente fiscal que o contribuinte incorreu em uma conduta dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, é obrigatória a aplicação da AUTOS DECORRENTES CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS IRPJ. MATÉRIA FÁTICA IDÊNTICA. RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO. Em se tratando de matéria fática idêntica àquela que serviu de base para o lançamento do Imposto sobre a Renda Pessoa Jurídica, devem ser estendidas as conclusões advindas da apreciação daquele lançamento aos relativos à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, à Contribuição para o PIS e à COFINS, em razão da relação de causa e efeito advindas dos mesmos fatos geradores e elementos probantes. Irresignada com a decisão de primeira instância, a interessada interpôs recurso voluntário a este CARF, repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação. É o relatório. Fl. 1536DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10510.720657/201232 Resolução nº 1401000.275 S1C4T1 Fl. 1.537 10 VOTO Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator Os requisitos de admissibilidade foram atendidos. Não tendo sido atendidas as solicitações de entrega de extratos bancários, os mesmos foram obtidos pela fiscalização, a partir da emissão RMF ao Banco do Estado do Sergipe (fls. 1029) Com base nesses extratos lançouse IRPJ/Reflexos com base nos depósitos bancários cujas origens não foram comprovadas. Entretanto, é de se observar que a constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, que autoriza o fornecimento de informações financeiras ao Fisco sem autorização judicial, encontrase sob a análise do Supremo Tribunal Federal, no RE 601.314RG/SP (sob a sistemática do art. 543B do CPC) e RE 410.054 – AgR/MG. Considerando o disposto no § 1º do art. 62A do Anexo II do RICARF (incluído pela Portaria MF nº 69/09) c/c art. 2º da Portaria CARF nº 001/2012, proponho o sobrestamento do julgamento do presente recurso voluntário, até o trânsito em julgado da decisão a ser proferida pelo STF no aludido RE 601.314RG/SP. Encaminhese o p.p. à Secretaria da 4ª Câmara, para que sejam observados os procedimentos previstos no § 3º do art. 2º e art. 3º da Portaria CARF nº 001/2012. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 1537DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 19/12/2013 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 21/01/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
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Numero do processo: 10855.910450/2009-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Dec 24 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3402-000.729
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
RESOLVEM os membros da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba SP (domicílio tributário da Recorrente), para que com base nos documentos e informações anexados aos autos como o arquivo não paginável e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03 e 10.637/02, elaborar parecer e demonstrativo dos valores, após analisado se os dispêndios com os itens indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS, conforme consta no voto.
Após, retornem-se os autos a este CARF, para prosseguimento do julgamento.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Ausente ocasionalmente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro.
Relatório
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Após, retornemse os autos a este CARF, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Ausente ocasionalmente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 55 .9 10 45 0/ 20 09 -5 1 Fl. 199DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910450/200951 Resolução nº 3402000.729 S3C4T2 Fl. 200 2 Relatório Tratase o presente processo, que a Recorrente transmitiu em 03/07/2009, o PER/DECOMP n° 08742.21329.030709.1.3.046662, através da qual compensou o crédito .de COFINS, no valor original de R$ 161.084,96, proveniente do DARF no mesmo valor, com o IRRF (código 3426) no valor de R$ 25.165,47 referente ao período do 3° decênio de junho de 2009, considerando o credito indicado acima em virtude do alegado recolhimento indevido. A DRF de Sorocaba (SP), conforme o Despacho Decisório, com número de rastreamento 848720547 (fl. 4), emitido eletronicamente em 07/10/2009, concluiu que a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada não foi homologada. Inconformada, a Recorrente em 13/11/2009, protocolou sua Manifestação de Inconformidade às fls. 7/8. A DRJ de Belo Horizonte (MG), conforme Acórdão de fls. 35/38, julgou IMPROCEDENTE, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar as compensações em litígio. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: DESPACHO DECISÓRIO O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório com número de rastreamento 848720547, emitido eletronicamente em 07/10/2009, referente ao PER/DCOMP nº 08742.21329.030709.1.3.046662. O PerDcomp foi transmitido com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS, Código de Receita 5856, no valor de R$88.284,14, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 20/03/2008. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN),art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE O interessado apresentou manifestação de inconformidade, alegando que alegando que apurou saldo credor de COFINS, conforme DACON retificador apresentado em 10/11/2009. Argumenta, também, que a Fl. 200DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910450/200951 Resolução nº 3402000.729 S3C4T2 Fl. 201 3 DCTF retificadora apresentada em 11/11/2009 justifica o crédito utilizado. É o relatório. Em 10/04/2014, a Recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância (ciência eletrônica – fl. 43). Inconformada com a decisão da DRJ, em 09/05/2014, apresentou recurso voluntário ao CARF (fls. 45/59), no qual argumenta em suas razões, em resumo: a) que a Recorrente sempre diligenciou no sentido de bem cumprir suas obrigações perante a Fazenda Pública, notadamente no tocante ao adimplemento das obrigações tributárias às quais está sujeita no regular desenvolvimento de suas atividades; b) que no anocalendário 2009, contratou a PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil) para realizar um trabalho de auditoria, cujo resultado encontrase no relatório sintético que acompanha o presente recurso e, também, todo seu detalhamento (notas fiscais analisadas, natureza do dispêndio, conta contábil, etc) encontrase no arquivo anexo. Nesse trabalho apuraramse créditos extemporâneos de PIS e COFINS referentes a determinados períodos, dentre eles, de janeiro a abril de 2008. Tais créditos extemporâneos, resumidamente, são oriundos de (i) bens utilizados como insumos; (ii) serviços utilizados como insumos; (iii) despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica; (iv) despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados; e (v) bens do ativo imobilizado; portanto, dispêndios passíveis de apropriação de crédito para essas contribuições conforme previsão expressa contida no artigo 3o das Leis n° 10.833/03 e 10.637/02; c) ante a identificação dos referidos créditos, recompôs sua apuração de PIS e COFINS a partir de janeiro de 2008, de modo que, ao invés dos originais saldos devedores de PIS e COFINS calculados em janeiro de 2008, apurou saldo credor em janeiro de 2008, o qual repercutiu nos meses seguintes, até abril de 2008, conforme registros de apuração, resumidos no escopo deste recurso; d) que a nova apuração evidenciou os recolhimentos a maior, viabilizou a compensação e ensejou a retificação das obrigações acessórias Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais "DCTF" e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais "DACON", de modo a ratificar o recolhimento a maior passível de restituição e compensação; e) no que se refere ao presente PAF, a Recorrente, na competência de fevereiro de 2008, apurou originalmente a COFINS a recolher no montante de R$ 161.084,96. Tal valor foi recolhido por meio de DARF, cuja arrecadação se deu em 20.03.2008. Esse mesmo valor foi informado no DACON e na DCTF originais, apresentado neste processo em momento anterior. Consequentemente, para o mês de fevereiro de 2008, ocorreu um pagamento indevido de COFINS no montante de R$ 161.084,96, gerando desta forma um crédito a ser utilizado. Por esta razão, transmitiu o PER/DCOMP em questão, o qual utilizou somente parte do crédito acima, no valor de R$ 25.165,47, apurado no mês de junho de 2009, conforme demonstrativos dos valores e dos PAF´s respectivos, representado no corpo do recurso voluntário (fl. 50); f) desta forma, a Recorrente verificou que, por mero erro de procedimento, não havia retificado o DACON e a DCTF do mês de fevereiro de 2008. Assim, em 10/11/2009, e 11/11/2009, os referidos DACON e DCTF foram retificados (docs. anexados), Fl. 201DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910450/200951 Resolução nº 3402000.729 S3C4T2 Fl. 202 4 respectivamente, o que confirmou o crédito pleiteado no PER/DCOMP ora em discussão, mesmo que as retificações tenham sido efetivada posteriormente ao despacho decisório; g) que, apesar da Recorrente ter apresentado o DACON e a DCTF retificadores do mês de fevereiro de 2008 posteriormente à prolação do Despacho Decisório, é evidente a existência de seu direito creditório, o qual restou devidamente comprovado quando da apresentação dos referidos DACON e DCTF retificadores e que os julgadores administrativos originários sequer analisaram a documentação apresentada, a qual comprovava de forma idônea a veracidade dos créditos alegados; h) Assim, argumenta que ao contrário do alegado no Acórdão recorrido, a autoridade administrativa possuía meios suficientes para confirmar a existência dos créditos por meio da DCTF e do DACON retificadores, mesmo que apresentado fora do prazo, alegando violação do Princípio da Verdade Material. Cita diversos julgados administrativos do CARF nesse sentido; i) solicita, ainda, a conversão do Julgamento em Diligência, caso se entenda que as obrigações acessórias retificadoras não sejam suficientes para evidenciar o equívoco das informações prestadas originalmente e que a apuração do crédito compensando se encontra lastreado em documento elaborado de maneira detalhada no estudo desenvolvido pela idônea empresa de auditoria PwC. Por fim, ante todo o exposto, e considerando o Princípio da Verdade Material, visto que o direito da Recorrente à compensação resta devidamente comprovado nos autos, o Acórdão recorrido deve ser reformado, homologandose, por conseguinte, a compensação pretendida no PER/DCOMP referenciado. Solicita ainda que o presente processo seja julgado em conjunto com outros 05 (cinco) PAF,s que relaciona, por possuírem PER/DECOMPs vinculados ao mesmo crédito apurado no mês de fevereiro de 2008. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. No caso sob análise, temos que a controvérsia trata de questão de fato, atinente à ausência de prova reputada indispensável pela Fazenda Nacional, para fim de análise dos requisitos da certeza e liquidez do crédito informado na PER/DCOMP colacionada aos autos. Observase ainda que, que na fase de instrução probatória, portanto, antes da prolação do Despacho Decisório, a Recorrente não trouxe aos autos a documentação – cópia da DCTF retificadora e também cópia do DACON retificado, uma vez que os mesmos foram entregue ao fisco, após a ciência do Despacho Decisório. Quanto a estes ocorridos, a decisão a quo, analisando os autos a luz dos fatos constantes na manifestação de inconformidade, concluiu da seguinte maneira: (...) É condição indispensável para a homologação da compensação pretendida, que o crédito do sujeito passivo contra a Fazenda Pública Fl. 202DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910450/200951 Resolução nº 3402000.729 S3C4T2 Fl. 203 5 seja líquido e certo (art. 170 do CTN). Em um processo de restituição, ressarcimento ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, quer por pedido de restituição ou ressarcimento, quer por compensação, em ambos os casos mediante a apresentação do PER/DCOMP, de tal sorte que incumbirá a ele – o contribuinte – demonstrar seu direito. Levandose em conta que o crédito oferecido à compensação deve ser líquido e certo, cabe à RFB não homologar a compensação, quando não há certeza e liquidez, como ocorre nos casos de contradição do próprio contribuinte em suas declarações. A apuração do PIS e da Cofins é consolidada no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). O valor apurado no demonstrativo apresentado antes da ciência do Despacho Decisório não evidencia a existência de pagamento indevido ou a maior. A retificação do DACON não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal (inciso II do art. 10 da IN n.º 1.015, de 2010). Da mesma forma, a retificação da DCTF não produz efeitos quando reduz débitos que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização (Instrução Normativa RFB n.º 1.110, de 2010, art. 9º, § 2º, I, c). A DCTF retificadora apresentada após a ciência do despacho decisório, em razão da não homologação da compensação ou do indeferimento da restituição, não tem nenhuma força de convencimento. Os novos dados só podem ser considerados como argumento de impugnação. Repisese que a controvérsia trata de questão de fato, uma vez que, ficou consignado no Despacho Decisório que “a partir das características do DARF descrito no PER/DECOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DECOMP”. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada não foi homologada. Tal decisão, que foi integralmente mantida pelo Acórdão recorrido, fica reforçada quando foi constatado que: (...) A declaração presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art.219 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração anteriormente entregue. Por outro lado a Recorrente, aduz em seu recurso que por mero erro de procedimento, não havia retificado o DACON e a DCTF do mês de fevereiro de 2008 no momento oportuno. Assim, em 10/11/2009 e 11/11/2009, os referidos DACON e DCTF foram retificados (docs. anexados), respectivamente, o que confirmou o crédito pleiteado no PER/DCOMP ora em discussão, mesmo que as retificações tenham sido efetivada posteriormente ao despacho decisório. Fl. 203DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910450/200951 Resolução nº 3402000.729 S3C4T2 Fl. 204 6 Ademais, como justificativa, aduz em seu recurso, que no anocalendário 2009, contratou a empresa PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil) para realizar um trabalho de auditoria, cujo resultado encontrase no relatório sintético que acompanha o presente recurso (fls. 85/90) e, também, todo seu detalhamento (notas fiscais analisadas, natureza do dispêndio, conta contábil, etc.), que encontrase no arquivo anexado aos autos (arquivo não paginável). Alega que nesse trabalho apuraramse créditos extemporâneos de PIS e COFINS referentes a determinados períodos, dentre eles, de janeiro a abril de 2008. Tais créditos extemporâneos, resumidamente, são oriundos de dispêndios com insumos, conforme relacionados e passíveis de apropriação de crédito para essas contribuições, conforme previsão expressa contida no artigo 3º das Leis n° 10.833/03 e 10.637/02. Do exame dos autos, constatase, que a DCTF retificadora referente ao período examinado, foi transmitida em 11/11/2009 (fl. 11), ou seja, posteriormente à ciência do despacho decisório que não homologou a compensação, ciência esta que se deu em 19/10/2009 (fl. 6). Ressaltamos que à época dos fatos vigorava a IN SRF no 903, de 30/12/2008, cujo artigo 11, § 1º, embora ressaltasse, quanto à DCTF retificadora, sua condição de: “[...] mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente [...]”, prescrevia que a apresentação de retificação, dentre outras hipóteses, depois de iniciado procedimento fiscal, não produziria qualquer efeito (item III, § 2º, do art. 11). Ainda, a mesma Instrução Normativa exigia também que a retificação da DCTF viesse acompanhada de retificação da DIPJ e do DACON do período (conforme art. 11, § 8º). Como visto, detectado qualquer erro no preenchimento da referida declaração, o sujeito passivo tem a possibilidade de retificar sua DCTF antes que seja iniciado qualquer procedimento fiscal ou que decorra o prazo para a homologação do “lançamento” por ela praticado. No entanto, sendo a correção destinada a reduzir ou excluir tributo, a retificação somente será admitida se houver comprovação do erro e realizada antes da notificação do lançamento, conforme preceituado no art. 147, §1º, do Código Tributário Nacional – CTN: Art. 147 O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. §1º A retificação da declaração por iniciativa da própria declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento (grifo nosso). Em que pese a referência do dispositivo legal citado à declaração de prestação de informações indispensáveis ao lançamento, admitese, por analogia, sua aplicação quanto à retificação de débitos apurados pelo sujeito passivo e confessados em DCTF, como assevera LEANDRO PAULSEN, que assim leciona: “Aplicação por analogia aos tributos sujeitos a lançamento por homologação”. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910450/200951 Resolução nº 3402000.729 S3C4T2 Fl. 205 7 Tendose em conta que a quase totalidade dos tributos, atualmente, sujeitamse a lançamento por homologação vinculada a obrigações acessórias de prestar declarações ao Fisco e que não há dispositivo no CTN cuidando especificamente da retificação de tais declarações, o §1º do art. 147, tem sido bastante invocado e aplicado para definir o marco até quando pode o contribuinte retificar suas declarações livremente, com eficácia imediata e. a contrario sensu, a partir de quando o contribuinte não pode exigir do Fisco que, independentemente de apreciação dos erros e equívocos da declaração originariamente prestada, considere as retificações” (...) (PAULSEN, Leandro, Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 12ª edição, Livraria do Advogado, ESMARFE, Porto Alegre, 2010, p. 1026) Portanto, acarretando a redução de tributo, a admissão da retificação é condicionada à comprovação do erro cometido, cujo ônus incumbe ao interessado na aludida redução (o contribuinte que promove a retificação), sendo, no entanto, excepcionalmente admitida sua retificação após o início do procedimento revisional em privilégio ao princípio da verdade material, conforme decidido já reiteradamente por esta Turma Especial, em consonância com todo o CARF. Nesse sentido, é imprescindível analisar se a Recorrente recompôs nos autos o crédito alegado, a fim de se confirmar a materialidade do crédito que ele alega ser habilitado para compensação. A DRJ ao apreciar o material probante juntado à época de sua manifestação de inconformidade, dispôs que o recorrente não apresentou documentação hábil a comprovar a legitimidade dos dados declarados na DCTF retificadora, conforme trecho abaixo transcrito: (...) A declaração presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art.219 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração anteriormente entregue (grifouse). Todavia, neste recurso, foi juntado ao processo, vários documentos citados, quais sejam: cópia da DCTF e DACON originais e retificadores, trabalho de auditoria realizado pela empresa PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil), cujo resultado encontrase no relatório sintético (fls. 85/90) e, também, todo seu detalhamento (notas fiscais analisadas, natureza do dispêndio, conta contábil, etc.), encontrase no arquivo anexado aos autos (arquivo não paginável). Informa que nesse trabalho apuraramse créditos extemporâneos de PIS e COFINS referentes a determinados períodos, dentre eles, de janeiro a abril de 2008. Alega que tais créditos extemporâneos, resumidamente, são oriundos de dispêndios com insumos, conforme relacionados e passíveis de apropriação de crédito para essas contribuições, conforme previsão expressa contida no artigo 3º das Leis n° 10.833/03 e 10.637/02. Ou seja, a recorrente apresentou uma explicação a respeito do suposto erro incorrido para justificar a recomposição de seu faturamento. Fl. 205DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910450/200951 Resolução nº 3402000.729 S3C4T2 Fl. 206 8 O processo administrativo de revisão da compensação não faz – como não o poderia – as vezes de mero retificador de DCTF após o prazo ordinário. A retificação da DCTF pode até ser acatada pelo revisor; todavia, para que tal aconteça, é cabal que o contribuinte demonstre que faz jus a essa excepcionalidade. Vale frisar, sem embargo, que no que tange ao instituto da compensação é ônus do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas sua liquidez e certeza, na forma do art. 170 do CTN. Neste espeque, repisese que a Recorrente alega que acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que houve erro na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS declarada na DCTF originária. Por consequência, aduz que restou comprovado o direito creditório pleiteado, posto que foi decorrente do erro cometido na apuração do tributo, que reduziu sua base de cálculo, nos termos da DCTF retificadora. Neste passo, considerando os dados e informações registrados nos documentos anexo aos autos (arquivo não paginável e cópias de documentos), visto que os mesmos foram trazidos extemporaneamente pelo contribuinte e, portanto, não foram analisados pelo agente fazendário na origem, não resta dúvida de que a adoção do princípio da verdade material no processo administrativo fiscal, consiste em uma providência que resulta na melhor aplicação do Direito e da Justiça e por isso deve sempre ser perseguida. Com base nessas considerações, devido às particularidades do caso concreto e antes do julgamento do mérito, com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (PAF), voto pela conversão do julgamento em diligência, devendo os autos retornarem à DRF de Sorocaba – SP (domicílio tributário da Recorrente), para com base nos documentos de fls. 85 a 177 e das planilhas (formato Excel) e informações anexados aos autos como “arquivo não paginável”, e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03 e 10.637/02, elaborar parecer, demonstrando os valores, após analisado se os dispêndios com os itens abaixo indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS e do PIS, levandose em conta o conteúdo das informações constantes do relatório da empresa PwC Brasil PriceWaterhouseCoopers (fls. 85/90), fatos estes que se encontram resumidos em seu recurso voluntário à fl. 48, onde a Recorrente alega que tais dispêndios são oriundos de: i) bens utilizados como insumos; ii) serviços utilizados como insumo; iii) despesas de aluguéis de prédios alugados de pessoa jurídica; iv) despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados; e v) bens do ativo imobilizado. Após a conclusão da diligência, deve ser intimado a Recorrente, para, querendo, dentro do prazo fixado, manifestar sobre as conclusões exaradas no citado parecer. Fl. 206DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910450/200951 Resolução nº 3402000.729 S3C4T2 Fl. 207 9 Em seguida, retornemse os autos a esta 2ª Turma Ordinária/4ª Câmara da 3ª Seção, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 207DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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