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Numero do processo: 10950.001885/2007-63
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RESSARCIMENTO.
No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não-cumulatividade das contribuições sociais, exclui-se da proporção as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação.
VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL.
A determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplica-se somente aos custos, despesas e encargos que sejam vinculados às receitas de mercado interno e exportação.
CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. COMPROVAÇÃO.
Os combustíveis utilizados ou consumidos diretamente no processo fabril geram o direito de descontar créditos da contribuição apurada de forma não-cumulativa, todavia o reconhecimento dos créditos está condicionado a efetiva comprovação de que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo.
CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. VEDAÇÃO.
Há vedação legal ao aproveitamento do crédito presumido para as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal.
VENDAS COM SUSPENSÃO. VIGÊNCIA. DO ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004.
O art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 teve eficácia a partir de 4 de abril de 2006, data prevista na norma regulamentadora, in casu, a Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006.
RESSARCIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO NÃO-CUMULATIVA. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA.
É incabível, por expressa vedação legal, a incidência de atualização monetária pela taxa Selic sobre o ressarcimento de créditos de contribuição não-cumulativa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.380
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. O Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira fará declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o Contador Everdon Schlindwein - SC 018557/0 - PR.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RESSARCIMENTO. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não-cumulatividade das contribuições sociais, exclui-se da proporção as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação. VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. A determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplica-se somente aos custos, despesas e encargos que sejam vinculados às receitas de mercado interno e exportação. CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. COMPROVAÇÃO. Os combustíveis utilizados ou consumidos diretamente no processo fabril geram o direito de descontar créditos da contribuição apurada de forma não-cumulativa, todavia o reconhecimento dos créditos está condicionado a efetiva comprovação de que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo. CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. VEDAÇÃO. Há vedação legal ao aproveitamento do crédito presumido para as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal. VENDAS COM SUSPENSÃO. VIGÊNCIA. DO ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. O art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 teve eficácia a partir de 4 de abril de 2006, data prevista na norma regulamentadora, in casu, a Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006. RESSARCIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO NÃO-CUMULATIVA. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA. É incabível, por expressa vedação legal, a incidência de atualização monetária pela taxa Selic sobre o ressarcimento de créditos de contribuição não-cumulativa. Recurso Voluntário Negado.
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MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RESSARCIMENTO. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da nãocumulatividade das contribuições sociais, excluise da proporção as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação. VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. A determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplicase somente aos custos, despesas e encargos que sejam vinculados às receitas de mercado interno e exportação. CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. COMPROVAÇÃO. Os combustíveis utilizados ou consumidos diretamente no processo fabril geram o direito de descontar créditos da contribuição apurada de forma não cumulativa, todavia o reconhecimento dos créditos está condicionado a efetiva comprovação de que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo. CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. VEDAÇÃO. Há vedação legal ao aproveitamento do crédito presumido para as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 18 85 /2 00 7- 63 Fl. 472DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 11 2 VENDAS COM SUSPENSÃO. VIGÊNCIA. DO ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. O art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 teve eficácia a partir de 4 de abril de 2006, data prevista na norma regulamentadora, in casu, a Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006. RESSARCIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO NÃOCUMULATIVA. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA. É incabível, por expressa vedação legal, a incidência de atualização monetária pela taxa Selic sobre o ressarcimento de créditos de contribuição nãocumulativa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. O Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira fará declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o Contador Everdon Schlindwein SC 018557/0 PR. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Fl. 473DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 12 3 Relatório Adotase o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos: Trata o presente processo de Pedidos de Ressarcimentos (PER) de créditos de Cofins não cumulativa exportação e mercado interno não tributado, decorrente de saldo credor apurado pela contribuinte no 1o trimestre de 2006, resultante da não incidência desta contribuição sobre as receitas das operações de exportação e sobre as receitas de vendas no mercado interno sujeitas à alíquota zero, isenção, suspensão ou não incidência. Os pedidos de ressarcimento são os seguintes: N° PER Tipo de crédito Valor pleiteado 32697.33949.041106.1.5.09 7462 Cofins não cumulativa – exportação R$ 502.741,63 18047.60438.041106.1.1.11 7373 Cofins não cumulativa – mercado interno R$ 83.009,87 TOTAL R$ 585.751,50 Segundo o Despacho Decisório recorrido (fls. 221/253), da Seção de Fiscalização da DRF em Maringá, após discorrer sobre os procedimentos realizados e sobre a legislação pertinente aos créditos vinculados às operações de exportação, diz que a contribuinte elegeu como método de determinação dos créditos o rateio proporcional, ou seja, a relação percentual entre a receita bruta de exportação e a receita bruta total auferidas no mês. No item “Das receitas de exportação”, a autoridade fiscal relata que a interessada declarou no Dacon como receitas de exportação do período os valores compostos das vendas de produtos para o exterior (exportação direta) e das vendas à empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação (exportação indireta): Jan/2006 Fev/2006 Mar/2006 Receita de exportação 934.532,42 5.174.591,69 22.520,739,32 Aduz a autoridade fiscal que nos montantes acima a empresa incluiu saída (nota fiscal n° 189.374) que não pôde ser acatada como efetiva exportação, pois o CFOP 5102, constante do corpo Fl. 474DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 13 4 da nota fiscal, indica que a mercadoria foi destinada ao mercado interno. Consta ainda que outras duas notas fiscais (nºs 190.090 e 189.925) são complementares, por conta de variações cambiais, à nota acima informada, razão pela qual, em virtude do art. 9o da Lei n° 9718/1998, seus valores também não foram acatados como de efetiva exportação. Em decorrência, os valores de exportação acatados foram os seguintes: Explica, na sequência, que o §4o do art. 6o e art. 15, inc. III da Lei n° 10.833/2003, determinam que as aquisições de mercadorias realizadas por empresa comercial exportadora com fim específico de exportação não geram os mesmos benefícios de aproveitamento de créditos afetos às demais exportações, não se autorizando apuração de créditos, básicos e presumidos, vinculados a tais exportações. A autoridade fiscal aduz que não há porque obstar ao produtor remetente de mercadorias à Fertimourão, ainda que “alegando se não se tratar esta de uma trading company todos os efeitos possíveis às operações de exportação de mercadorias recebidas de terceiros, com o fim específico de exportação, já que a documentação apresentada assim caracteriza as operações realizadas”. Porém, à Fertimourão exportadora é vedado o aproveitamento dos créditos das contribuições relacionados a tais receitas e, consequentemente, o ressarcimento ou compensação desses créditos com outros tributos. Explica que como receita de exportação sem direito a crédito têmse parte das saídas contabilizadas no CFOP 5502 (remessa de mercadoria adquirida ou recebida de terceiro com o fim específico de exportação) e CFOP 7102 (venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiro). Para tais saídas diz que a requerente emitiu Memorandos de Exportação para seus fornecedores de mercadorias, elaborando quadro demonstrativo, no qual relaciona as notas fiscais de exportação e os memorandos de exportação emitidos. Diz que as quantidades consolidadas em alguns memorandos não são coincidentes com as quantidades exportadas em vários memorandos. Por conta das diferenças verificadas, a autoridade fiscal determinou qual o valor exportado corresponde aos volumes recebidos com o fim específico de exportação, adotando o “critério de proporcionalizar o volume (quantidade) verificado como recebido com o fim específico de exportação sobre o volume total exportado na nota fiscal correspondente e aplicar tal índice ao valor total exportado consignado na nota fiscal”. Concluiu que os valores obtidos foram acatados como de Fl. 475DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 14 5 exportação, mas sem direito aos créditos da não cumulatividade, posto que as mercadorias exportadas foram recebidas com fim específico de exportação. Em consequência, a receita de exportação considerada para fins de rateio sobre a receita bruta total, cujo coeficiente foi aplicado aos custos, despesas e encargos comuns ao mercado interno e à exportação, para determinação dos créditos da não cumulatividade vinculados às receitas de exportação, são os seguintes: Na sequência, no item “Da receita bruta total” demonstra, a partir do Dacon da contribuinte, que as receitas da interessada foram assim informadas: Explica que as receitas de vendas de bens do ativo permanente foram excluídas, para fins de cálculo do percentual de rateio, por se tratar de receita não operacional e, portanto, afastada da base de cálculo das contribuições, conforme disposto no art. 1o, §3o, II, da Lei n° 10.833/2003 e art. 1o, §3o, VI, da Lei n° 10.637/2002. Demonstra, no item “Das relações percentuais”, os índices para se determinar os créditos vinculados à receita de exportação e ao mercado interno, em relação aos insumos, custos, despesas e encargos comuns: A autoridade fiscal afirma ainda que a determinação do crédito pelo método do rateio proporcional somente é aplicável se os custos, as despesas e os encargos forem comuns a ambas as receitas (mercado interno e exportação). Ou seja, quando for possível identificar que os custos, despesas e encargos estão vinculados a uma dada receita, os créditos correspondentes devem ser vinculados diretamente a esta receita, sem rateio. Fl. 476DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 15 6 A seguir, no item “Da análise dos créditos”, o Auditor Fiscal passa a analisar, especificamente, cada rubrica de crédito informada pela interessada no Dacon. Relativamente à linha “bens utilizados como insumos”, a autoridade fiscal relata que os valores informados pela contribuinte no Dacon são relativos à aquisição dos seguintes produtos, adquiridos de pessoas jurídicas estabelecidas no país: Informa que as aquisições de soja de pessoas jurídicas estabelecidas no país estão registradas no Livro Fiscal de Entrada nos CFOP 1102 e 2102 (compra para comercialização), razão pela qual tais valores deveriam ter sido informados na linha 1 do Dacon (bens para revenda) e não na linha 2 (bens utilizados como insumos). De todo o modo, informa que isto não alterou o resultado do crédito analisado. Explica ainda que a legislação permite calcular créditos relativamente a combustíveis e lubrificantes, quando utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda (art. 3o das Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003). Com base no art. 8o da Instrução Normativa SRF n° 440/2004 e art. 66 da Instrução Normativa SRF nº 247/2002, dispõe a autoridade fiscal que o termo insumo não pode ser interpretado como todo e qualquer bem utilizado no processo produtivo da empresa e não incorporado ao ativo imobilizado, mas tão somente aquele que sofra alterações em função da sua ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou aquele que seja efetivamente aplicado ou consumido na prestação de serviços. A partir desse entendimento, a autoridade fiscal analisou o modo como esses combustíveis foram utilizados pela empresa. Em função das informações prestadas, concluiu que “os combustíveis adquiridos foram utilizados exclusivamente na frota própria de caminhões, servindo de insumos na prestação de serviços de transporte e no transporte das mercadorias comercializadas até o destino da mercadoria”. Entende, todavia, que apenas a parcela dos combustíveis aplicada diretamente na prestação de serviços de transporte gera direito ao crédito, uma vez que os combustíveis utilizados para transporte de mercadorias vendidas não se enquadram como insumos. Diz que a contribuinte informou que por não conseguir determinar com exatidão os custos integrados, os combustíveis, assim como os demais custos, foram apropriados com base no método da proporção da receita bruta. Estão demonstrados na tabela abaixo os valores que foram rateados entre a receita com prestação de serviços de transporte e o ônus suportado pela contribuinte no transporte das mercadorias: Fl. 477DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 16 7 A linha “bens utilizados como insumos” passou, assim, a apresentar os seguintes valores: Sobre os valores acima deferidos, a autoridade fiscal aplicou os novos índices de rateio para determinar o crédito relativo ao mercado interno e ao mercado externo. Em relação à linha “5 Despesas de Aluguéis de Prédios Locados de Pessoas Jurídicas”, a autoridade fiscal relata que de acordo com o registro contábil na conta “3100505002 – Despesas gerais – Aluguel” o valor da despesa com aluguel, incorrida no mês de janeiro de 2006, é de R$ 4.000,00 e não R$ 4.100,00 como informado no Dacon. Nos demais meses, o valor está correto. Ademais, a vinculação dos créditos correspondentes às receitas no mercado externo, no mercado interno não tributado e no mercado interno tributado foi refeita com a aplicação do índice de rateio demonstrado no item “Das Relações Percentuais”. Relativamente às linhas “4 – Despesas de Energia Elétrica”, “7 Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda” e “8 Despesas de Contraprestação de Arrendamento Mercantil”, os créditos foram totalmente deferidos. Entretanto, a vinculação desses valores às receitas no mercado externo, no mercado interno não tributado e no mercado interno tributado foi refeita com a aplicação do índice de rateio demonstrado no item “Das Relações Percentuais”. No tocante à linha “19 – Crédito presumido das atividades agroindustriais”, a autoridade fiscal explica que o pleito da contribuinte é disciplinado pelo art. 8o, da Lei n° 10.925/2004, que impõe, como requisito ao creditamento que a contribuinte exerça atividade econômica de produção de mercadorias destinadas à alimentação humana ou animal e classificadas nos códigos da NCM listados no caput do artigo. A autoridade fiscal analisou o processo produtivo, informado em memorial descritivo disponibilizado pela interessada, constatando que ele “consiste na aquisição de produtos agrícolas in natura (soja, milho, trigo) de produtores rurais (pessoas físicas) e, posterior, classificação, limpeza, secagem, armazenagem e venda desses produtos”. Na sequência, a autoridade fiscal explica o conceito Fl. 478DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 17 8 legal de cerealista (art. 3o, §1o, inc. I da IN n° 660/2006 e art. 8o, §1o, inc. I da Lei n. 10.925/2004). Informa que “as operações de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura lá elencados configuram atividade de cerealista, não gerando crédito presumido para a empresa cerealista em si, mas para a empresa agroindustrial que vier a adquirir esses produtos dessas cerealistas, e empregálos como insumos”. Ademais, informa que a empresa “não dispõe de parque industrial para exercer atividades industriais”, além do que as vendas registradas no livro fiscal de saída somente há registros de saídas contabilizadas em CFOP típicos de revenda de mercadorias (5102, 6102, 7102, 5502 e 6502). Em função disso, entende que não há como a empresa assumir a condição de empresa agroindustrial em desfavor da de cerealista. Afirma ainda que não há como se entender que as operações executadas pela requerente nos produtos vegetais in natura (secar, classificar e padronizar) tornem esses produtos adequados ao consumo humano e animal, sendo necessários “processamentos posteriores para permitir tal destinação, além de fracionamentos para quantidades adequadas”. Enfim, entende a autoridade fiscal que a contribuinte não faz jus a crédito presumido algum. Em função das glosas apresentadas, demonstrou a autoridade fiscal que em relação aos créditos de Cofins não cumulativa vinculados ao mercado externo, passiveis de ressarcimento, que a contribuinte faz jus aos seguintes montantes: R$ 380,30 em 01/2006, R$ 4.442,55 em 02/2006 e R$ 53.098,03 em 03/2006. Na sequência, a autoridade passa a analisar os créditos da Cofins não cumulativa vinculados ao mercado interno. Detalha, pormenorizadamente, os critérios jurídicos para apropriação deste tipo de crédito. Após, explica que para se determinar o coeficiente de rateio devese buscar as receitas de vendas da empresa no mercado interno realizadas com alíquota zero, suspensão, isenção ou sem incidência da contribuição. detalhamento extraído dos arquivos digitais apresentados, pertinente aos dados informados no Dacon, é o seguinte: Segundo o relato fiscal, as receitas financeiras, embora tributadas à alíquota zero das contribuições, não se configuram como receitas de vendas, de modo que não permitem a manutenção do crédito relacionado, segundo o que estabelece o art. 17 da Lei n° 11.033/2004. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 18 9 Além disso, a autoridade fiscal também não considerou os créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão, posto que no período analisado não era aplicável a figura da suspensão, conforme demonstrou no item “Da análise dos débitos”. Foi calculado, então, o coeficiente de rateio, conforme o seguinte demonstrativo: Na sequência, no item “Da análise dos créditos”, a autoridade fiscal deferiu os seguintes créditos vinculados às receitas não tributadas no mercado interno: Após, no item “Da análise dos débitos”, relata a autoridade fiscal que a empresa exclui da base de cálculo da contribuição a pagar receitas referentes a vendas com suspensão, demonstrando os valores excluídos a partir das informações prestadas no Dacon. Alerta o Auditor Fiscal, contudo, que tais receitas não podem ser excluídas, haja vista que a legislação de regência não permitia tal exclusão no período em referência. Diz que a suspensão da exigibilidade do PIS/Pasep e da Cofins, prevista no §2o, do art. 9o, da Lei n° 10.925/2004, estava condicionada ao estabelecimento de suas condições pela Receita Federal, que foi feita com a edição da Instrução Normativa SRF n° 636, de 24/03/2006, revogada pela Instrução Normativa SRF n° 660/2006, a qual estabeleceu que a suspensão da exigibilidade das contribuições entrou em vigor a partir de 04/04/2006. Explica que, nesse período, é assegurado o aproveitamento de Fl. 480DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 19 10 eventuais créditos vinculados às receitas de vendas acima referidas, não se lhes impondo a vedação do inc. II, do § 4o, do art. 8o, da Lei n° 10.925/2004. Isso posto, a autoridade fiscal recompôs a base de cálculo das contribuições, considerando, também, as saídas que empresa informou como exportação, mas que não foram comprovadas: Em função de a autoridade fiscal ter apurado contribuição a pagar, foram realizadas compensações de ofício do excedente de contribuição calculado com os créditos deferidos. A recomposição do tributo devido e da utilização dos créditos ficou assim: Enfim, os créditos apurados, relativos ao mercado externo, interno não tributado e interno tributado foram totalmente utilizados para deduzir os débitos da contribuição apurada no trimestre analisado, não restando saldo credor a ser ressarcido. Cientificada em 10/01/2012, a contribuinte apresentou em 06/02/2012, tempestivamente, a manifestação de inconformidade de fls. 257/318. Inicialmente, no item “Dos fatos”, a manifestante diz que é empresa que desenvolve atividades agroindustriais e produz as mercadorias classificadas na NCM nos Capítulos 10 e 12, relacionadas no caput do art. 8o da Lei n° 10.925/2004. Afirma que efetua operações no mercado interno e realiza exportações diretas e indiretas. Explica os objetivos e a mecânica da não cumulatividade instituída para o PIS/Pasep e Cofins. Diz que para o exercício regular de suas atividades adquire de fornecedores bens e serviços utilizados como insumos para a elaboração de seus produtos. Afirma que os insumos utilizados decorrem de uma complexa cadeia produtiva, de modo a apurar créditos para abater da contribuição devida e se ressarcir do saldo remanescente, nos termos da legislação em vigor. No tópico “II – Das razões da reforma”, explica os critérios que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins. Diz que no caso específico do setor agroindustrial o Fl. 481DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 20 11 legislador optou, com vistas a minorar o desequilíbrio entre débitos e créditos, em conceder um crédito presumido sobre o valor das aquisições de bens e serviços de pessoas físicas, atribuindo à RFB competência para estabelecer os seus contornos. Descreve os objetivos da instituição dos créditos vinculados às receitas de exportação. Conclui que a sistemática prevista “assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o princípio constitucional da nãocumulatividade e também, evitar a incidência das contribuições quando da realização de exportações, ainda que indiretamente”. Explica os créditos vinculados às receitas de vendas no mercado interno, concluindo que não há “dúvidas quanto à possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos, mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins acumulados a partir de 09 de agosto de 2004”. No item “III – Análise do relatório/despacho decisório da RFB” apresenta, propriamente, sua defesa. No subtópico “3.1 – Do critério de rateio para apropriação dos créditos vinculados à exportação”, diz que optou pelo critério de rateio de seus custos, despesas e encargos na proporcionalidade da receita bruta de exportação em relação à receita bruta total auferida. Aduz que no período analisado efetuou algumas aquisições de mercadorias com o fim específico de exportação, expedindo a seus fornecedores os memorandos da respectiva exportação. Esclarece que em relação às mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação não apurou crédito de PIS e Cofins, observando o disposto no §4o do art. 6o da Leis n° 10.833/2004 e 10.637/2002. Afirma, contudo, que tal norma não restringe a apuração de créditos sobre os demais custos, despesas e encargos elencados no art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Argumenta que o Auditor Fiscal adotou critério de rateio não previsto na legislação, excluindo da receita de exportação os valores relativos às mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação. Diz que o agente fiscal, todavia, manteve estes valores computados na receita bruta total, distorcendo a apuração dos índices da proporcionalidade da receita de exportação em relação à receita bruta total. Diz que não há previsão legal para efetuar ajustes nos valores das receitas para fins de rateio, devendo todos os custos, despesas e encargos do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 serem rateados de acordo com a proporcionalidade da receita bruta auferida. Traz acórdão do CARF que em sua ementa aduz que “não existe previsão legal para excluir, no cálculo do rateio proporcional, o valor da exportação de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação”. Fl. 482DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 21 12 Alega que é equivocado também o entendimento do agente fiscal de que o cálculo proporcional somente é aplicável se os custos, as despesas e os encargos forem comuns às receitas de vendas no mercado interno e de exportação. Argumenta que a lei só permite a adoção de um único critério de apuração de créditos, facultando à contribuinte escolher entre a apropriação direta dos custos, despesas e encargos ou o método de rateio proporcional. Sustenta, com base em acórdão do CARF, que a metodologia híbrida elaborada pelo agente fiscal não possuiu embasamento legal. Requer que o critério de rateio para apropriação dos créditos vinculados à exportação e às vendas no mercado interno tributado e não tributado seja o demonstrado no Dacon. No item “3.2 – Das aquisições de combustíveis”, a interessada argumenta que “os combustíveis adquiridos pela contribuinte são insumos utilizados na frota de veículos que tem vinculo direto nas atividades da empresa servindo para o transporte de mercadorias e insumos entre os estabelecimentos do contribuinte, e na prestação de serviços de transportes a terceiros”. Argumenta que o conceito de insumo para o PIS e Cofins deve abranger “todo custo necessário, usual e normal na atividade da empresa”. Traz aos autos Acórdão do CARF segundo o qual combustíveis e lubrificantes usados na frota de veículo ligados à atividade industrial geram direito ao crédito da contribuição. No tópico “3.3 – Crédito presumido – atividade agroindustrial – produção das mercadorias de origem vegetal classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM”, a interessada argumenta que apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão e que foram utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM, de acordo com o inc II do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o caput do art. 8o da Lei 10.925/2004. Alega que, de acordo com o inc. I do art. 6o da IN SRF 660, exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no art. 5o, desempenhando atividades agroindustriais e, portanto, tem o direito ao crédito presumido calculado sobre as aquisições efetuadas de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão das contribuições. Afirma que como a IN SRF n° 660 (art. 6o) reconhece que o crédito presumido não é para quem planta e colhe, pois excetua as atividades rurais, questiona: “quem é que além do produtor rural poderá produzir grãos beneficiados classificados nos capítulos 8 a 12 da NCM? Lógico, claro, sistêmico e preciso, é a Agroindústria, é a Recorrente!” Preconiza que adquire produtos agropecuários (soja, trigo e milho não beneficiados), que são utilizados como principal insumo em seu processo produtivo, além de também utilizar outros, tais como lenha e energia elétrica, de onde resultarão os grão beneficiados. Fl. 483DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 22 13 Aduz que, em conformidade com a Lei n° 9.972/2000, Decreto n° 6.268/2007 e instruções normativas do Ministério da Agricultura, desenvolve processo produtivo de beneficiamento, no qual se alteram as características originais, aperfeiçoando as mercadorias e resultando os grãos exportados. Conclui que as mercadorias produzidas e o beneficiamento adotado enquadram se nas disposições legais em questão (caput do art. 8o da Lei 10.925/2004), fazendo jus ao crédito presumido. Diz que não pode sofrer restrições em face de interpretações ou atos normativos internos da RFB, que lhe restrinja o benefício, sob pena de violação de seu direito líquido e certo e afronta ao princípio constitucional da estrita legalidade. Argumenta que o beneficiamento é caracterizado como processo de industrialização, nos termos do Decreto nº 87.981/82 (RIPI), uma vez que promove o aperfeiçoamento dos grãos. A seguir, define o conceito de processo produtivo, para concluir que o fato de as mercadorias serem exportadas a granel significa apenas que são comercializadas fora da embalagem, o que não quer dizer que não passa pelo processo de beneficiamento. Reafirma que “a contribuinte realiza o processo produtivo das mercadorias comercializadas / exportadas”. Alega que o Auditor fiscal, contrariando as próprias normas da RFB, desconsiderou o processo produtivo desempenhado pela contribuinte relativo às mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12 elencados no caput do art. 8o da Lei 10.925/2004. Na sequência, a manifestante passa a dissertar sobre o conceito de cerealista. Diz que o relatório fiscal, visando desenquadrar a contribuinte como produtora de mercadorias descritas no caput do art. 8o da Lei 10.925/2004, alega que ela somente desempenharia atividades de cerealista, indeferindo o aproveitamento do crédito pleiteado. Aduz, porém, que o legislador ao editar a Lei n° 11.196/2005, alterou o inc. I do § 1o do art. 8o da Lei n° 10.925/2004, suprimindo a palavra “secar” da redação original, por perceber que “secar” mercadorias faz parte do processo de beneficiamento realizado pelo produtor e não condiz com a atividade meramente comercial. Porém, alega que o agente fiscal interpretou ao seu modo que a contribuinte desempenharia somente atividades de cerealista, interpretação esta efetuada através da análise isolada do inc. I do § 1o do art. 8o da Lei n° 10.925/2004, e, desta forma, não faria jus ao crédito. Diz que o mais grave na transcrição da legislação pertinente é que o Auditor Fiscal, embora citando a Lei n° 11.196, transcreveu no Despacho Decisório o inciso I sem as modificações promovidas pela citada lei, querendo fazer crer que a interessada é, na verdade, uma empresa cerealista. Afirma que com base numa interpretação sistêmica dos arts. 8o e 9o da Lei n° 10.925/2004, podese concluir que: Com base do caput do art. 8o da lei a contribuinte é produtora das mercadorias milho, trigo e soja beneficiados e classificadas nos capítulos 10 e 12 da NCM, e faz jus ao crédito presumido Fl. 484DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 23 14 sobre aquisição de pessoas físicas de bens utilizados como insumos; Com base no art. 9o e inc. I do § 1o do art. 8o da Lei n° 10.925/2004, a contribuinte poderá efetuar vendas das mercadorias classificas nos códigos 10.01 a 10.08 (trigo e milho) e código 12.01 (soja) para empresas no lucro real com suspensão de PIS e Cofins, no mercado interno. Em vista disso, requer que sejam consideradas, para a mensuração do crédito presumido, o valor total das aquisições efetuadas pela contribuinte. Na sequência, sustenta a interessada que é ilegítima a restrição aos créditos com base na utilização de CFOP de venda de mercadorias. Explica que a autoridade alegou que a manifestante utilizou na escrituração das aquisições de seus insumos CFOP 1.102 e 2.102, e em suas notas fiscais de saída utilizouse de CFOP 5.102, 6.102, 7.102, 5.502, 6.502, os quais indicariam que a contribuinte somente teria efetuado a revenda de mercadorias. Defendese, no entanto, relatando que atende plenamente os requisitos da lei, consoante já relatado. Afirma que o fato de a empresa ter utilizado equivocadamente os CFOP em suas entradas e saídas não pode ser determinante para que tenha seu crédito indeferido, vez que tal fato somente ocorreu por erro formal de contabilização. Afirma, outrossim, que caso a autoridade julgadora não esteja satisfeita com a descrição do processo produtivo caberia ao agente fiscal a realização de diligências in loco para conhecêlo, com base no art. 65 da IN RFB n° 900/2008 e art. 18 do Decreto n° 70.235/1972. Diz que no curso do presente processo administrativo não houve nenhuma atividade de diligência fiscal em sua sede, de modo que a autoridade fiscal não pode ignorar o processo produtivo desempenhado, devendo observar disposições do art. 2o da Lei n° 9.784/99. A seguir, a manifestante disserta sobre a destinação das mercadorias que beneficia. Argumenta que o entendimento de que não ficou evidenciado que as mercadorias produzidas pela interessada seriam destinadas ao consumo humano ou animal é equivocado, pois o art. 8o da Lei n° 10.925/2004 impõe que “o crédito não está vinculado à atividade ‘Produzir’ e sim para as ‘Pessoas Jurídicas’ que produzam tais mercadorias”, de modo que “considerando que a escrituração dáse nas aquisições, realizase o creditamento neste momento”. Afirma ainda que “a expressão ‘destinarse’ não é sinônima de ‘seja próprio’ para a alimentação humana ou animal. É fato que a soja e milho beneficiados serão destinados em larga escala para alimentação humana ou animal, pois depois de beneficiadas seguirão para indústria de óleo, farelo, alimentos, etc. No entanto não foi a intenção do Legislador condicionar o crédito ao destino final do produto”. Sustenta, também, que raciocinar no sentido da decisão recorrida lhe obrigaria a “provar a destinação concreta que seu cliente/adquirente, no Brasil e no exterior, dará à Fl. 485DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 24 15 mercadoria comercializada”, o que “definitivamente não é o sentido da lei e condiciona o crédito a requisito não previsto em lei e que, por difícil desincumbirse, o inviabiliza”. Na sequência, a manifestante aduz que RFB pretende também restringir a forma de aproveitamento do respectivo crédito, impedindo o ressarcimento em dinheiro ou a compensação do crédito presumido com demais débitos do contribuinte, alegando, equivocadamente, que os referidos créditos somente poderiam ser utilizados para a dedução das contribuições devidas para o PIS e Cofins. Aduz que o Ato Declaratório Interpretativo n° 15/2005 e o inciso II do §3o do artigo 8o da IN 660 interpretam, erradamente, que o crédito previsto no art. 8o da Lei n° 10.925/2004 somente podem ser utilizados para dedução dos débitos das contribuições e não podem ser ressarcidos. Alega que se assim for “a contribuinte, face às exportações ter a isenção na saída será condenado a acumular créditos indefinidamente. Nada mais ilegal!” Traz aos autos decisão judicial sobre o assunto. No item “3.4 – Dos créditos vinculados às receitas no mercado interno efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência”, alega a impetrante que “o agente fiscal entendeu que somente os créditos vinculados às vendas de mercadorias com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e Cofins poderiam ser ressarcidos, não permitindo o ressarcimento dos créditos apurados na proporção das receitas financeiras que também são tributadas a alíquota zero de PIS e Cofins”. A manifestante discorda desse entendimento, afirmando que o agente fiscal não observou “que a base de cálculo para o PIS e Cofins de acordo com o art. 1o das leis 10.637/02 e 10.833/03 respectivamente, corresponde à totalidade de suas receitas independente de sua classificação contábil, desta forma a receitas financeiras fazem parte da base de cálculo”. Alega, ainda, que o agente fiscal, equivocadamente, para encontrar a proporcionalidade das receitas no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e Cofins, ajustou a receita bruta total, deduzindo do total da receita, a receita de exportação. Requer que, para fins de apuração da proporcionalidade e rateio, seja considerado o total das receitas no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência em relação com a receita bruta total sem os ajustes efetuados pela fiscalização. No item “3.5 – Base de cálculo tributável das contribuições para o PIS e Cofins”, diz que a melhor interpretação da legislação sobre o assunto permite concluir que a está autorizada a efetuar operações com suspensão das contribuições desde 01/08/2004. Diz que esta é a data a partir do qual a suspensão deve produzir efeitos, de acordo com o art. 17 da Lei n° 10.925/2004. Não bastasse isso, diz que a própria Instrução Normativa n° 636/2006 já reconhecia que os efeitos do art. 9o da Lei n° 10.925/2004 deviam vigorar, nos termos do art. 5o, a partir de 01/08/2004. Alega que a Instrução Normativa m° 660/2006 fixou outro marco inicial (04/04/2006) simplesmente Fl. 486DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 25 16 pelo de que até então a matéria era disciplinada pela IN SRF n° 636/2006. Argumenta que desconsiderar a determinação da lei e da própria regulamentação emitida pela Receita Federal é violar a legalidade e criar insegurança jurídica. Relativamente às exportações não comprovadas, aduz a manifestante que as receitas advindas das notas fiscais informadas pelo Auditor Fiscal devem ser consideradas como vendas com suspensão das contribuições, em virtude de se tratarem de vendas classificadas nos capítulos 10 e 12 da NCM, vendidas para empresas enquadradas no lucro real, de modo que não podem compor a base de cálculo da contribuição no período. Aduz ainda que o complemento de preço efetuado nas notas fiscais consideradas como exportações não comprovadas devem sofrer o mesmo tratamento da nota fiscal principal, haja vista que elas foram emitidas objetivando complementar o preço de venda praticado. Não seriam, portanto, variações da taxa de câmbio, como afirmou o Auditor Fiscal, e, consequentemente, receitas financeiras. Em função disso, não poderiam compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Além disso, sustenta a manifestante que ainda que pudessem ser consideradas receitas financeiras elas não poderiam ser tributadas, em função do art. 1o do Decreto n° 5.442/2005, que reduziu a zero a alíquota das contribuições sobre as receitas financeiras. No item “IV – Dos princípios a serem observados pela administração pública” aduz que o art. 2o do Lei n° 9.784/1999 elenca um rol de princípios que devem ser observados pela Administração pública, entre eles, o da objetividade, adequação de meios e fins, simplicidade, interpretação da norma administrativa da forma que melhora garanta o atendimento do fim público, entre diversos outros. No item “V – Previsão legal para incidência da Selic”, diz que “os créditos da recorrente merecem ser corrigidos e pela SELIC, nos termos do § 4o, do art. 39 da Lei 9.250/1995 a partir do fato gerador, correspondendo no presente caso, a partir de cada período de apuração, ou seja, a partir do momento que o crédito poderia ter sido aproveitado”. Lembra os preceitos fixados pelo Decreto 2.138/97, os quais, segundo aduz, equipara os institutos da restituição ao do ressarcimento e autoriza, para ambos, a aplicação da Selic. Traz jurisprudência sobre o assunto e invoca o princípio da isonomia. No item “VI – Do requerimento”, requer a reforma total da decisão ora combatida e, especificamente, pede: manutenção do método de rateio proporcional adotado; manutenção do crédito de PIS e Cofins sobre o total das aquisições de combustíveis; reconhecimento do processo produtivo desempenhado pela recorrente e, caso a autoridade julgadora entender necessário, a Fl. 487DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 26 17 realização de diligências no sentido de confirmar o processo produtivo descrito; manutenção do crédito presumido e remanescendo saldo credor, que se permita sua compensação com demais débitos do contribuinte e/ou ressarcimento em dinheiro; ressarcimento integral dos créditos vinculados à receita no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições, inclusive na proporção das receitas financeiras tributadas à alíquota zero; exclusão da base de calculo das contribuições a totalidade das vendas efetuadas com suspensão das contribuições em conformidade com art. 9o da lei 10.925/2004; não havendo comprovação da exportação das mercadorias, pleiteia a reclassificação dessas operações para vendas efetuadas com suspensão das contribuições, de modo a manter a exclusão destas vendas da base de cálculo do PIS e da Cofins; caso não se considere que as operações de complemento das notas fiscais consideradas como de exportação não comprovadas não são sujeitas à suspensão, pede que elas não componham a base de cálculo das contribuições, haja vista que as receitas financeiras são tributadas à alíquota zero; solicita, por fim, correção dos valores pleiteados com a incidência da taxa Selic a partir de cada período de apuração. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos da ementa abaixo transcrita: COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO AO CRÉDITO. É vedada à empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim específico de exportação a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. RATEIO. As receitas de exportação de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação não podem compor as receitas de exportação para fins de cálculo dos índices de rateio, uma vez que elas não geram direito ao crédito da contribuição ao PIS/Pasep e à Cofins. RECEITA DE VENDA DE BENS DO ATIVO PERMANENTE. RECEITA NÃO OPERACIONAL. Para fins de cálculo dos índices de rateio, as receitas de vendas de bens do ativo permanente devem ser excluídas da receita bruta total, por se tratar de receita não operacional. Fl. 488DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 27 18 MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. Os índices de rateio proporcional entre receitas de exportação e do mercado interno aplicamse aos custos, despesas e encargos que sejam comuns. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMO. COMBUSTÍVEIS. Somente podem ser considerados insumos os bens ou serviços, combustíveis inclusive, quando aplicados ou consumidos diretamente no seu processo produtivo, não podendo ser interpretados como todo e qualquer bem ou serviço que gere despesas, mas apenas os que efetivamente se relacionem com a atividade fim da empresa. NÃO CUMULATIVIDADE. CEREALISTA. CRÉDITO PRESUMIDO. VEDAÇÃO. Para fins de apuração do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925/2004, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos relacionados no seu inciso I é considerada cerealista, sendolhe vedado apurar o referido crédito. VENDAS COM SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. VIGÊNCIA. Somente a partir de 04/04/2006, com a edição da IN SRF nº 660, de 2006, é que entraram em vigor as regras para a suspensão da exigibilidade do PIS/Cofins em relação às vendas efetuadas, nos moldes do previsto no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004. RESSARCIMENTO. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. FORMA DE UTILIZAÇÃO. O valor do crédito presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, devendo ser utilizado somente para a dedução da contribuição apurada no regime de incidência não cumulativa. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. É incabível a incidência de correção monetária e juros compensatórios com base na taxa Selic sobre valores recebidos a título de ressarcimento de créditos, por expressa previsão legal. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes Fl. 489DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 28 19 para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, instruído com diversos documentos. Em síntese, apresentou as mesmas alegações suscitadas na manifestação de inconformidade, acrescentando basicamente que: o legislador percebeu que, embora os produtores rurais pessoas físicas não sejam contribuintes de PIS e COFINS, os produtos agrícolas não são gerados espontaneamente no estabelecimento do produtor rural. Para tanto, o produtor rural, tem que adquirir insumos (sementes, defensivos, combustíveis, máquinas agrícolas, etc.) que foram onerados pelas contribuições do PIS e COFINS, nas etapas anteriores da produção; ainda cabe destacar que a nãocumulatividade do PIS e COFINS, possui sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI; no caso, não estamos tratando de apuração de créditos, estamos diante de créditos de PIS e COFINS, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e COFINS é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de crédito de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. Por último, reafirmou os pedidos apresentados na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Flávio de Castro Pontes O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto, dele tomase conhecimento. Destacase inicialmente que as matérias em discussão nesse litígio administrativo são objeto de inúmeras controvérsias entre a Fazenda Nacional e os contribuintes. Assim, as matérias serão enfrentadas por tópicos específicos, em consonância com as alegações da requerente no recurso voluntário. 1 Rateio Proporcional – Mercado externo A interessada insurgiuse contra o critério de apropriação dos créditos vinculados à receita de exportação. Discorda da exclusão da receita bruta de exportação auferida, dos valores correspondentes ao volume de mercadoria adquirida com o fim específico de exportação, impedindo o ressarcimento do saldo de créditos nesta proporção. Fl. 490DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 29 20 É incontroverso que o critério adotado tanto pela fiscalização como pela recorrente é o de rateio proporcional, assim não há litígio neste aspecto. Não se pode perder de vista que a recorrente somente tem direito ao ressarcimento de créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados às receitas sujeitas à incidência nãocumulativa, observados os critérios previstos no § 8º do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a (...) § 7º Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. (Vide Lei nº 10.865, de 2004) § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II – rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês.(grifouse) Resta evidente que o dispositivo legal acima estabelece uma proporção entre receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total. Destacase que não existe uma norma específica regulamentando essa matéria. O conceito de receita bruta total está estabelecido no art. 1º, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, abaixo transcrito: Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.(Lei 10.637/02). (...) Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.(Lei 10.833/03) § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas Fl. 491DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 30 21 operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.(grifouse) Assim, no conceito de bruta incluemse as receitas da venda de bens e serviços e todas as demais receitas, inclusive as de exportação, receitas com suspensão e as tributadas à alíquota zero, salientando que a fiscalização excluiu do montante da receita bruta, os valores das receitas de vendas de bens do ativo permanente. Registrese, de imediato, que a recorrente confundiu no exame do rateio os itens correspondentes ao numerador e ao denominador. A receita bruta total corresponde ao denominador e as receitas de exportação a serem consideradas para fins de rateio ao numerador. Como visto acima, o conceito de receita bruta (denominador) engloba todas as receitas, inclusive as com fim específico de exportação. Deste modo, no denominador do rateio não há alterações a serem feitas. Quanto a receita de exportação a ser considerada para fins de rateio (numerador), a principal controvérsia desse tópico cingese a interpretar o disposto no parágrafo 4º do artigo 6º da Lei 10.833/2003, “in verbis”: Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) § 4o O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1o não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação.( grifouse) De acordo com a inteligência deste dispositivo, a natureza desta receita é cumulativa porque não se admite a apuração de quaisquer créditos. Não há na norma uma limitação em relação as mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação. Pelo contrário, vedase a apuração de todos os demais créditos relacionados no art. 3º da Lei 10.833/2003. Desta forma, no item receita de exportação a ser considerada para fins de rateio (numerador), como acertadamente procedeu a autoridade fiscal, excluemse as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação. A interpretação é literal, afastandose assim a tese da recorrente de que como suas receitas não estão relacionadas no art. 10 da Lei 10.833/2003, faz jus a apuração e o ressarcimento na proporção total da receita de exportação de créditos apurados em conformidade com o art. 3º da Lei 10.833/2003 sobre os custos, despesas e encargos que foram onerados de PIS e Cofins na etapa anterior. Em conclusão, não há reparos a fazer no procedimento fiscal que no cálculo do rateio proporcional excluiu no numerador as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com o fim específico de exportação. Fl. 492DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 31 22 2 Da apropriação dos custos despesas e encargos pelo método do rateio proporcional A recorrente discorda da posição a autoridade fiscal em relação ao critério de apropriação de créditos vinculados a uma determinada receita. Transcrevo excerto da posição da autoridade fiscal para fundamentar a decisão: "Convém destacar que a determinação do crédito por esse método do rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas no mercado interno, somente é aplicável se os custos, as despesas e os encargos forem comuns a ambas as receitas (mercado interno e exportação). Ou seja, quando possível identificar que os custos, despesas e encargos estão vinculados a uma determinada receita, os créditos decorrentes desses custos, despesas e encargos devem ser vinculados diretamente a esta receita, sem rateio". (grifouse) A recorrente defende a tese de que a base de cálculo das contribuições para o PIS e Cofins, é a receita bruta total, e que todos os custos, despesas e encargos são comuns e necessários para o desempenho da sua atividade, assim sendo, estes custos, despesas e encargos devem ser apropriados pelo método de rateio proporcional da receita bruta de exportação, receita no mercado interno com suspensão em relação da receita bruta total. Mais uma vez não assiste razão à recorrente. Como visto, os critérios estão estabelecidos nos parágrafos 7º e 8º do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003. Assim, somente se aplica o rateio proporcional aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de mercado interno e exportação. O critério adotado pela Fazenda Nacional é correto porque os parágrafo 2º e 3º do art. 6º da Lei 10.833/03 e o art. 17 da Lei 11.033/2004, abaixo transcritos, estabelecem que a pessoa jurídica somente poderá solicitar o ressarcimento em dinheiro em face dos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação e as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da contribuição . Lei 10.833/03 Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: Fl. 493DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 32 23 I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2o A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 3o O disposto nos §§ 1o e 2o aplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8o e 9o do art. 3o.(grifouse) Lei 11.033/2004 Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Destarte, não se admite o ressarcimento em relação a créditos que não estejam vinculados as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da contribuição. A mudança deste critério resultaria no ressarcimento indevido de créditos. De sorte que os créditos não vinculados as operações citadas podem ser utilizados apenas para descontar do valor apurado da contribuição a recolher, como determinado pela fiscalização fazendária. Por essas razões, nesta matéria negase provimento ao recurso da interessada. 3 Aquisições de Combustíveis A recorrente insurgiuse contra a glosa parcial dos créditos sobre despesas com combustíveis e lubrificantes. Como visto, a recorrente defende uma interpretação extensiva do conceito de insumo. Sustenta que os combustíveis adquiridos pela contribuinte são insumos utilizados na frota de veículos que tem vínculo direto nas atividades da empresa, em especial para o transporte de mercadorias e insumos entre os estabelecimentos do contribuinte e na prestação de serviços de transportes a terceiros. Com efeito, a solução deste tópico envolve o conceito de insumo. Segundo o art. 3º, inciso II, das Leis 10.637/02 e 10.833/03, a pessoa jurídica poderá descontar créditos em relação a bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Fl. 494DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 33 24 I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) no § 1o do art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) (grifouse) Destarte, o ponto central da questão é compreender o conceito de insumo estabelecido nos diplomas legais citados. Há diversas exegeses a respeito desse dispositivo, tais como: definição de insumo segundo a legislação do IPI, aplicação de custos e despesas de acordo com a legislação do IRPJ, custos de produção, etc. Para o deslinde da questão, é despiciendo examinar o método indireto subtrativo que, em regra, foi adotado para o exercício da nãocumulatividade da contribuição PIS. A respeito da interpretação das leis, Carlos Maximiliano em Hermenêutica e Aplicação do Direito, 19ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 162, ensina: Por mais opulenta que seja a língua e mais hábil quem a maneja, não é possível cristalizar numa fórmula perfeita tudo o que se deva enquadrar em determinada norma jurídica: ora o verdadeiro significado é mais estrito do que se deveria concluir do exame exclusivo das palavras ou frases interpretáveis; ora sucede o inverso, vai mais longe do que parece indicar o invólucro visível da regra em apreço. A relação lógica entre a expressão e o pensamento faz discernir se a lei contém algo de mais ou de menos do que a letra parece exprimir: as circunstâncias extrínsecas revelam uma idéia fundamental mais ampla ou mais estreita e põem em realce o dever de estender ou restringir o alcance do preceito. Mais do que regras fixas influem no modo de aplicar uma norma, se ampla, se estritamente, o fim colimado, os valores jurídico sociais que lhe presidiram à elaboração e lhe condicionaram a aplicabilidade. (grifouse) A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da Instrução Normativa (IN) nº 404/2004 (Cofins) e Instrução Normativa (IN) nº 247/2002 (PIS redação dada pela IN SRF nº 358/03), regulamentou o assunto a partir da concepção tradicional da Fl. 495DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 34 25 legislação do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e adotou uma interpretação restritiva para o conceito de insumo, conforme excerto a seguir transcrito: (IN) nº 404/2004 Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I das aquisições efetuadas no mês: a) de bens para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 1º do art. 4º; b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: b.1) na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; ou b.2) na prestação de serviços; (..). § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Em que pese não vincular a autoridade julgadora, a interpretação dada pela RFB apresentase compatível e coerente com a legislação da nãocumulatividade da Cofins. Essas normas complementares não atentaram contra a legalidade, além de não terem extrapolados os limites traçados na respectiva lei. Em outras palavras, as normas acima delimitaram o direito de crédito com a especificação dos serviços que geram crédito. Posto isso, ao sujeito passivo somente é Fl. 496DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 35 26 permitido descontar unicamente os créditos autorizados e discriminados pela lei. Em suma, não é qualquer serviço, custo de produção ou despesa que confere crédito da contribuição. Caso o legislador tivesse outra intenção, de tal forma que os direitos de descontar os créditos abrangeriam o maior número de gastos possíveis, teria feito constar na lei uma referência explícita ao direito de descontar créditos em conformidade com custos e as despesas necessárias segundo a legislação do IRPJ. Da mesma maneira, caso quisesse adotar o conceito de custos de produção, não teria utilizado a expressão insumos. Além disso, a lei que instituiu a nãocumulatividade da Cofins especificou outros custos de produção e despesas operacionais que geram direto ao crédito, tais como: aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica; máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado; edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. Nessa esteira, se o conceito de insumo estivesse relacionado com os custos de produção, não faria sentido o legislador ordinário enumerar uma série de outros custos passíveis de gerarem créditos. Deste modo, adotase como solução deste litígio o conceito de insumo segundo o disposto na IN 404/2004. Ademais, o conceito de insumo no âmbito do direto tributário foi estabelecido no inciso I, § 1º, do artigo 1º da Lei nº 10.276, de 10 de setembro de 2001, in verbis: Art. 1º (...) §1º A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os quais incidiram as contribuições referidas no caput: I de aquisição de insumos, correspondentes a matérias primas, a produtos intermediários e a materiais de embalagem, bem assim de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno e utilizados no processo produtivo; Destarte, em tributos não cumulativos o conceito de insumos corresponde a matériasprimas, produtos intermediários e a materiais de embalagem. Ampliar este conceito implica em fragilizar a segurança jurídica tão almejada pelos sujeitos ativo e passivo. Deste modo, nos termos da posição adotada anteriormente, para se ter direito ao desconto dos créditos é necessário que os combustíveis adquiridos sejam aplicados diretamente na prestação de serviços, o que não ocorreu nas situações descritas. Confirase a posição da fiscalização: (...) concluise que os combustíveis adquiridos foram utilizados exclusivamente na frota própria de caminhões, servindo de Fl. 497DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 36 27 insumos na prestação de serviços de transporte e no transporte das mercadorias comercializadas até o destino da mercadoria. (...) Dessa forma, somente a parcela dos combustíveis aplicada diretamente na prestação de serviços gera direito ao crédito, uma vez que os combustíveis utilizados para transporte de mercadorias vendidas não podem ser considerados insumos, não havendo assim, para tais valores, direito ao crédito aqui analisado. (..) Em assim sendo, acatamos como valores com direito ao crédito, os dispêndios com combustíveis utilizados como insumos na prestação de serviços de transporte com sua frota própria de caminhões, apurados pelo próprio contribuinte, mediante apropriação com base na proporção da sua Receita Bruta auferida com a prestação de serviços (receitas com fretes) (...)(grifouse) Deste modo, para descontar créditos, é necessário que os insumos adquiridos pela pessoa jurídica sejam aplicados diretamente na fabricação do produto. Dos elementos que constam neste processo administrativo fiscal, constatase que a recorrente não logrou êxito em comprovar que, de fato, as despesas glosadas com os combustíveis e lubrificantes foram aplicadas no processo produtivo. Insistase que este voto adota um conceito restritivo do conceito de insumo, de sorte que combustíveis utilizados no transporte de mercadorias vendidas não geram direito de descontar créditos da contribuição. Em remate, mantémse a glosa da fiscalização porque a recorrente não comprovou de forma adequada que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo. 4 Crédito Presumido – Atividades agroindustriais Esta controvérsia tem por objeto o crédito presumido decorrente de, em tese, atividades agroindustriais. A interessada alega que diante da mecânica do PIS e da Cofins não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM, conforme fundamentos da legislação contidos, no inciso II do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do art. 3° da Lei 10.637/2002, §5º, do art. 3º da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8º da Lei 10.925/2004. A solução deste conflito de interesses passa necessariamente pelo exame do disposto na Lei n° 10.925/2004, art. 8°, e alterações posteriores: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse Fl. 498DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 37 28 capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (...) § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (...) A questão central é identificar se a interessada exerce a atividade econômica de produção das mercadorias. De um lado, a recorrente em longo arrazoado insiste que exerce atividade econômica de produção das mercadorias nos termos estabelecidos no art. 5º da Instrução Fl. 499DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 38 29 Normativa 660, de 17 de julho de 2006. Aduz que realiza o beneficiamento das mercadorias, (soja, milho e trigo, classificados nos capítulo 10 e 12 da NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul) através de procedimentos próprios e necessários, no qual se alteram as características originais para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para a posterior comercialização e/ou exportação. De outro giro, a autoridade fiscal sustenta que a recorrente não exerce a atividade econômica de produção das mercadorias. A propósito, confirase o teor da informação fiscal: Segundo o memorial descritivo de folhas (...) a (...), o processo produtivo da empresa consiste na aquisição de produtos agrícolas "in natura" (soja, milho, trigo) de produtores rurais (pessoas físicas) e, posterior, classificação, limpeza, secagem, armazenagem e venda desses produtos. No corpo desse memorial descritivo, a requerente também consigna suas argumentações, explicações e embasamento para justificar seu pleito de creditamento presumido no período', na condição de empresa de atividade agroindustrial. (...) Ressaltese ainda, por oportuno, que, em visita às instalações da empresa, constatamos que ela não dispõe de parque industrial para exercer atividades industriais. É importante ressaltar, também, que dentre as operações de vendas registradas no Livro Fiscal de Saída do contribuinte somente há registros de saídas contabilizadas em CFOP típicos de revenda de mercadorias (CFOP 5.102, 6.102, 7.102, 5.502, 6.502), diversos de CFOP de saídas de produtos industrializados. Se a própria escrita fiscal da requerente informa atividade de revenda, como se assumir condição de empresa agroindustrial em desfavor de cerealista? Ainda há a questão dá destinação das mercadorias vendidas. Não há como se entender que as operações executadas pela requerente nos produtos vegetais “in natura” (como secar, classificar e padronizar) tornem esses, produtos adequados e próprios para consumo humano ou animal. Há necessidade de processamentos posteriores para permitir tal destinação, além de fracionamentos para quantidades adequadas. (grifouse) Concordase com a posição da autoridade fiscal. O inciso I do parágrafo 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 veda expressamente as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal o aproveitamento do crédito presumido em referência. Não se pode perder de vista a conceituação de cerealista estabelecida na Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho de 2006: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar Fl. 500DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 39 30 produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; Os elementos probatórios indicam que a atividade da interessada amoldase ao conceito de cerealista nos termos da norma citada. Assim sendo, temse, no caso vertente, que deve prevalecer a interpretação literal acima mencionada. Ademais, no presente caso não se pode adotar a linha de raciocínio estabelecida na legislação do IPI, porque trigo, milho e soja são produtos não tributados pelo IPI (NT). De sorte que a interessada não atende ao conceito estabelecido no art. 8º do RIPI, aprovado pelo Decreto 7.212/2010: Art. 8º. Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento. Insistase que a interpretação é literal, portanto afastase uma eventual interpretação sistêmica com o art. 9º da Lei 10.925/2004. Não se de trata de excesso de formalismo com quer fazer crer a interessada, mas sim de adequação dos fatos à norma legal. No sentido de que a recorrente não exerce a atividade econômica de produção das mercadorias, mencionase a citada visita da autoridade fiscal as instalações, os CFOP de revenda de mercadorias constante do Livro Fiscal de Saída de Mercadorias e a destinação das mercadorias vendidas. Por evidente, o não reconhecimento do crédito presumido decorrentes de atividades agroindustriais, ficam prejudicadas as alegações em relação a forma de utilização do crédito presumido, em especial o disposto no Ato Declaratório Interpretativo nº 15 de 22.12.2005. Oportuno esclarecer que não se toma conhecimento desta matéria uma vez que ela foi objeto de discussão judicial, Mandado de Segurança nº 2007.70.03.0013807, conforme consta do despacho decisório e das decisões judiciais constantes deste processo. Confirase excerto da sentença, matéria mantida em segunda instância pelo TRF DA 4ª Região : Tenho que a Instrução Normativa SRF n° 660/2006 e o ADI SRF n° 15/2005 apenas reafirmaram o contido no art. 8o da Lei n° 10.925/2004, ou seja, que o crédito presumido somente poderia ser aproveitado por meio de dedução ou desconto dos tributos a pagar, na medida em que tal lei não previu a aplicação dos dispositivos das Leis 10.637/02 e 10.833/03, que autorizaram, para os casos nelas dispostos, a compensação de créditos com outros tributos e/ou o ressarcimento.(grifouse) De fato, se o sujeito passivo recorre ao Poder Judiciário, por uma questão de lógica, ele está desistindo tacitamente da esfera administrativa, visto que a decisão do Poder Judiciário é soberana. Eventuais decisões antagônicas, nas esferas administrativa e judicial, teriam uma única solução, qual seja, prevaleceria a da esfera judicial, em razão do princípio constitucional da jurisdição única, art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Destarte, não faz Fl. 501DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 40 31 sentido a continuação da discussão no âmbito administrativo, pois o mérito da questão está decidido pelo Poder Judiciário com efeito de coisa julgada. Registrese, ainda, que as jurisprudências administrativas e judiciais colacionadas no recurso voluntário não se constituem em normas gerais de direito tributário, e produzem efeitos apenas em relação às partes que integram os processos e com estrita observância do conteúdo dos julgados. Em remate, a recorrente não tem direito ao crédito presumido decorrente de atividades agroindustriais e não se conhece das alegações em relação à forma de utilização do crédito presumido (ressarcimento em dinheiro). 5 Rateio Proporcional – Mercado interno – Créditos vinculados as receitas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência A interessada insurgiuse contra o critério de cálculo dos créditos que podem ser objeto de ressarcimento em dinheiro relacionados às vendas no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência. da contribuição. Não se conforma com o entendimento da autoridade fiscal de que somente os créditos vinculados as vendas de mercadorias com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e Cofins poderiam ser ressarcidos, não sendo permitido o ressarcimento dos créditos apurados na proporção das receitas financeiras que também são tributadas à alíquota zero de PIS e Cofins. Para melhor compreensão da controvérsia, transcrevese a posição da fiscalização federal: Para determinação do coeficiente de rateio, buscamse inicialmente as receitas da empresa no mercado interno, realizadas com alíquota zero, com isenção ou sem incidência da contribuição, e com suspensão (...); As receitas financeiras, embora tributadas à alíquota zero da COFINS, não se configuram como receitas de vendas, entende se "saídas de mercadorias, produtos, ou serviços, condição essa essencial segundo a legislação de regência, especialmente art. 17 da Lei n. 10.033, de 2004, que destacouse: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (...) Em outras palavras, os insumos e outros dispêndios que gerariam direito à manutenção do crédito, no caso em exame, são somente aqueles vinculados às vendas, nada cabendo relativamente àqueles créditos vinculados às demais receitas, como as receitas financeiras. Não tem razão à interessada. Conforme se verifica, a autoridade fiscal acertadamente excluiu do rateio proporcional as receitas financeiras. É de se ver, portanto, que receitas financeiras não podem gerar créditos a serem ressarcidos em dinheiro. Fl. 502DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 41 32 De outro giro, a recorrente também discorda da alteração do critério de rateio proporcional sobre receita bruta de exportação em relação a receita bruta total para a vinculação dos créditos no mercado interno. Argumenta que o agente fiscal para encontrar a proporcionalidade das receitas no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e Cofins, ajustou a Receita Bruta Total, deduzindo do total da receita, a receita de exportação. Essas alegações são genéricas e não merecem serem apreciadas pela autoridade julgadora. A recorrente não demonstrou o efetivo prejuízo decorrente deste rateio. Deveria apresentar juntamente com suas razões o seu cálculo. Como visto, a Fazenda Nacional de forma acertada estabeleceu uma proporção entre as receitas alíquota zero e suspensão e a receita bruta total do mercado interno, excluindose nesta as receitas de venda de bens do ativo permanente. Reafirmase que não existe uma norma específica regulamentando essa matéria. Em um exame superficial, verificase que a exclusão das receitas de exportação da receita bruta total (denominador) beneficia a recorrente. Mais uma vez, negase provimento à matéria em discussão. 6 Vendas efetuadas com suspensão – Vigência Como relatado, neste tópico a discussão concentrase em definir o início dos efeitos do art. 9º da Lei 10.925/2004. Sustenta a recorrente que no período analisado efetuou diversas vendas com suspensão das contribuições, porém entendeu o agente fiscal que a suspensão somente passou a vigorar a partir de 4 de abril de 2006, lastreando este entendimento com base no artigo 11 da Instrução Normativa SRF 660, de 17 de julho de 2006. Aduz que a razão da IN 660 fixar outro marco, qual seja, 04 de abril de 2006, é pelo simples fato de que os períodos até então, 03/04/2006, estavam regulamentados pelas disposições da IN 636, combinados com as disposições do inc. III do art. 17 da Lei 10.925/04. Para a solução deste tópico é preciso interpretar a legislação de regência, art. 9º da Lei 10.925/04: Art. 9o A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 503DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 42 33 (...) § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Como visto, a Lei estabelecia a regulamentação por parte da Secretaria da Receita Federal. Tratase de uma norma de eficácia contida, portanto exigese uma regulamentação para se tornar aplicável. A regulamentação ocorreu inicialmente com a Instrução Normativa 636/2006, que foi revogada pela Instrução Normativa 660/2006. A Instrução Normativa 660/2006 dispôs: Art. 11. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I em relação à suspensão da exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que trata o art. 2º, a partir de 4 de abril de 2006, data da publicação da Instrução Normativa nº 636, de 24 de março de 2006, que regulamentou o art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004; e II em relação aos arts. 5º a 8º, a partir de 1º de agosto de 2004. Art. 12. Fica revogada a Instrução Normativa SRF nº 636, de 2006.(Grifouse) Desta forma, a efetiva regulamentação prevista na Lei 10.925/04 com a redação dada pela Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004, somente ocorreu a partir de 4 de abril de 2006. Essa interpretação apresentase coerente uma vez que antes da referida data não haviam sido estabelecidas as condições para a suspensão da exigibilidade da contribuição em referência. Assim sendo, embora vigente, a norma não teve eficácia antes de 4 de abril de 2006, data da expedição da norma regulamentadora prevista em Lei. Em remate, mantémse a posição da autoridade fiscal em relação ao início dos efeitos do art. 9º da Lei 10.925/2004. 7 Exportações não comprovadas Nesta matéria, a recorrente postula que as vendas com o fim específico de exportação em que não houve comprovação da exportação, em conformidade com o artigo 9º da Lei 10.925/2004, devem ser consideradas como vendas com suspensão das contribuições em virtude de se tratarem de vendas de mercadorias classificadas nos capítulos 10 e 12 da NCM, que por seu turno, são vendidas para empresas enquadradas no lucro real. Não tem razão à interessada. A propósito, confirase o entendimento da fiscalização: Consta na relação de vendas que compõe essa receita de exportação, saídas de mercadorias registrada em CFOP 5502, mas sem informação no campo quantidade. (...) Fl. 504DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 43 34 Não bastasse ausência de informação de quantidade, a empresa não apresentou os respectivos Memorandos de Exportação, ou informações relativas a Despacho e Registro de Exportação. Não há, portanto, como se atestar a efetiva e correta destinação das mercadorias para o exterior. Não se pode, assim, acatar tais saídas nos montantes das exportações pleiteadas pela requerente. Como consta do despacho decisório, essas saídas ocorreram antes do início dos efeitos do art. 9º da Lei 10.925/2004, enquanto, nos termos da posição adotada anteriormente, as saídas com suspensão somente são viáveis a partir de 4 de abril de 2006. Assim sendo, a reclassificação fica prejudicada, pois neste período de apuração não eram admitidas as saídas com suspensão da contribuição. 8 Incidência da taxa Selic Nesta matéria, a recorrente postula a correção dos créditos pela SELIC, nos termos do § 4º, do art. 39 da Lei 9.250/1995 a partir do fato gerador. Argumenta que os créditos pleiteados nesta via não se tratam de créditos escriturais ou créditos efetivos cujo ressarcimento está em atraso, mas de créditos onde o Fisco através de ilegítimas restrições, impediu qualquer modalidade de aproveitamento (dedução/desconto de débitos das contribuições, compensação com demais tributos, e o ressarcimento em dinheiro). Um dos princípios basilares do direito público é o princípio da legalidade, segundo o qual, a Administração Pública e os seus agentes somente podem fazer o que a lei autoriza. Esse princípio encontrase positivado no art. 37 da Constituição Federal. É de verificarse que o § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/95 estabeleceu a aplicação da taxa Selic somente na compensação e restituição de indébitos tributários, in verbis: Art. 39. (...) §4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada.(grifouse) Indubitável que esse dispositivo legal referese apenas a compensação e a restituição, não fazendo menção ao ressarcimento de tributos e contribuições. A Administração Pública está vinculada ao texto da lei e tem a obrigação de aplicála, sem questionar a sua constitucionalidade. Além disso, o art. 13 da Lei 10.883/03 veda expressamente a atualização monetária em processos de ressarcimento de contribuição nãocumulativa: Fl. 505DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 44 35 Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Desta forma, por expressa vedação legal não é cabível a aplicação de correção monetária, com base na taxa Selic, nos casos de pedidos de ressarcimento de contribuição nãocumulativa. A autoridade julgadora não pode inovar em matéria reservada à lei. Em casos análogos, a não incidência da correção monetária também foi acolhida em outros julgados administrativos do CARF: RESSARCIMENTO. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS APURADAS PELO REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. ACRÉSCIMO DA TAXA SELIC. VEDAÇÃO. Especificamente no caso da contribuição ao PIS e da COFINS apuradas pelo regime nãocumulativo, o ressarcimento de saldos credores admitido pelos artigos 5º, §§1º e §2º e 6º, §§1º e 2º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, respectivamente, não se sujeita à remuneração pela Taxa SELIC em virtude de expressa vedação nesse sentido, contida nos artigos 13 e 15, da Lei nº 10.833/03. (CARF. 3ª Seção, 3ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, Acórdão 3301002.088, de 23/10/2013, Rel. Bernardo Motta Moreira , Processo nº 11065.000406/200658) Por fim, é de se ressaltar que todas as alterações pela autoridade fiscal foram legítimas e de acordo com a legislação de regência, portanto não há que se falar em restrições indevidas do fisco. Quanto à aplicação do decidido no Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 1.035.847, é importante esclarecer que estes fatos são completamente distintos daqueles, afastandose, assim a aplicação do art. 62A do Regimento Interno do CARF. Em conclusão, a solicitação da interessada, que tem como suporte a tese de que a Fazenda Nacional impôs restrições ilegítimas, não pode prosperar por falta de amparo legal. 9 Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 506DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 45 36 Declaração de Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Apresento Declaração de Voto ao presente processo com o objetivo de aprofundar a minha análise apresentada nos debates orais da Sessão de Julgamento. Após apreciação dos elementos que levaram a fiscalização à lavratura dos autos de infração objeto do presente processo, assim como dos argumentos levantados pela Recorrente com o objetivo de desconstituir o lançamento contra si efetuado formei convencimento diverso do eminente Conselheiro Relator. O objeto deste processo já foi devidamente esmiuçado no voto do eminente Conselheiro Relator, que narrou com fidedignidade tanto a motivação da autuação, exposta no Relatório Fiscal, como também os argumentos de defesa apresentados pela Recorrente e decisão de primeira instância administrativa, proferida pela DRJ. Seguem abaixo as razões de minha Declaração de Voto. Rateio Proporcional – Mercado externo A fiscalização determinou que fosse excluída a receita de venda de produtos destinados ao exterior da receita bruta. Ocorre que a receita bruta é composta de todas as receitas auferidas pela empresa, compondo estas a base para o cálculo do crédito presumido. Nestes termos, é coerente citar a Lei n° 9.363, de 13 de dezembro de 1996, que trata da instituição de crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, que em seus arts. 2º e 3º da Lei nº 9.363/96 estabelecem o seguinte: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Fl. 507DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 46 37 Art. 2º. A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador.” Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1º, tendo em vista o valor constante da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo e material de embalagem único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação de Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários. Conforme se verifica nos dispositivos da legislação supra, os valores das operações relativas a exportação não podem ser excluídos do cálculo do valor da receita operacional bruta, haja vista que o art. 3º da Lei nº 9.363/96 determina que esses conceitos devem ser buscados na legislação que rege a exigência das contribuições ao PIS/Cofins e na legislação do Imposto de Renda. Assim, considerando a inexistência de previsão na legislação do PIS/Cofins e do Imposto de Renda no sentido de excluir da receita de exportação ou da receita operacional bruta as vendas para o exterior do coeficiente de exportação. É esta a mesma conclusão que se extrai do texto do art. 3º, § 15, II, da Portaria MF nº39/97, ao dispor que “Para os efeitos deste artigo, considerase: receita bruta de exportação, o produto da venda para o exterior e para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, de mercadorias nacionais”. De outro ponto, o creditamento de produto adquirido para revenda no que se refere a Cofins, mesmo que exclusivamente para o exterior, desde que estes produtos não tenham isenção, ou suspensão da contribuição, é possível nos termos do art. 3º da Lei nº 10.637: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3º do art. 1º desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008 ) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 508DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 47 38 § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Diante do exposto, compreendese a possibilidade de creditamento na aquisição de bens exclusivos para a revenda, no caso para a exportação, independentemente de ser produto não tributado, isento ou alíquota zero, posto que compreendem a receita de exportação. Nesse ponto procede o recurso do Contribuinte. Da apropriação dos custos despesas e encargos pelo método do rateio proporcional No que se refere ao creditamento da Cofins sobre a os encargos e custos da produção, quando utilizado o método de rateio, o entendimento colacionado pela fiscalização é pela necessidade do custo estar presente tanto nas receitas provenientes do mercado interno quanto do mercado externo, excluindose as despesas cujas vendas tenham a isenção, suspensão ou alíquota zero da Cofins. Ocorre que assim como exposto pela recorrente, a base de cálculo da Cofins é a receita bruta, devendo levarse em consideração o custo e encargos sofridos independentemente da origem se do mercado interno ou externo. Aos parágrafos 7º e 8º do art. 3º das Lei 10.637/2002, verificase que não há distinção de receita vinda do mercado externo ou interno, posto que o método do rateio deverá observar o custo e os encargos sofridos, independentemente de onde provem a receita e que afetam a produção. § 7º Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7º e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II – rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 48 39 Nestes termos, temse que o creditamento pelos encargos e custos da produção devem ser computados independentemente da conta a que e destinada se a receitas do mercado interno ou mercado externo, já que a base da contribuição é calculada pela receita bruta que compreenderia ambas receitas. Neste ponto, igualmente, é procedente o pedido do Recorrente. Aquisições de Combustíveis Compreendo que é possível creditamento de Cofins decorrente de aquisição combustíveis, no caso dos autos, para fins de transporte da matériaprima da produção, isto porque este custo compreende parte do processo produtivo, uma vez que não se encerra na atividade de transformação da matériaprima,mas também em todos os procedimentos necessários para que a matéria prima se transforme no produto final, incluindose assim, os custos operacionais com o transporte da matériaprima. Essa compreensão extraise o art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, que repete a redação do art.3º da Lei nº 10.637, de 2002, que ampliou o rol de dispêndios referidos aos insumos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Importa, todavia que este combustível utilizado no transporte do insumo tenha efetivamente esta destinação, compondo ele a base de creditamento apenas o quantum utilizado pela operação de transformação da matériaprima em produto final, ou seja, dever ser permitido o creditamento da aquisição de combustível para fins específicos transporte do insumo, mas não para o que for utilizado, por exemplo, em automóveis destinados ao transporte dos sócios ou funcionários da empresa, privilegiandose assim a essencialidade do referido custo. Neste ponto, igualmente, é procedente o pedido do Recorrente. Crédito Presumido – Atividades agroindustriais Verifico que nos autos há menção que a contribuinte adquiria produtos agrícolas, após os padronizava, classificava, limpava, secava, armazenava e ao final os vendia. Estas atividades, sob o olhar da fiscalização, não compreenderiam a atividade agroindustrial, todavia o beneficiamento dos grãos, tal como a contribuinte explora deve ser considerado como atividade industrial, posto que se nos aspectos da industrialização ao transformar a matéria prima, como ocorre a secagem de grãos, por exemplo. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 49 40 Nestes termos, conferindose a característica de industrialização o procedimento de produção realizado pela contribuinte, esta tem direito a creditamento de Cofins, com base na lei nº 10.925/2004, através da forma de crédito presumido, assegurou o aproveitamento de créditos sobre as aquisições, efetuadas por pessoas físicas ou cooperados pessoas físicas, de insumos aplicados na produção de mercadorias de origem animal ou vegetal destinados a alimentação humana ou animal. Não obstante, este Conselho não utilize como embasamento o julgado dos Tribunais Federais, diversos são os acórdãos que qualificam a atividades de secagem como sendo compreendida no conceito de transformação do insumo e, portanto, geradora de crédito. Algumas, inclusive apontam que a atividade de cerealista também poderia ensejar direito a credito de PIS/Cofins. Citase a exemplo a ementa dos seguintes arestos: TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS PRESUMIDOS. PIS. COFINS. LEI 10.925/04. INSUMOS. PRODUTOS PRIMÁRIOS (COOPERATIVA), ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. INDUSTRIALIZAÇÃO. 1. O sistema de apuração não cumulativa do PIS/PASEP e da COFINS, criado pelas Leis nº 10.637/02 e n° 10.833/03, admite, em regra, a apuração de crédito nas aquisições (que a lei elenca) de bens para revenda e insumos para posterior processo industrial, mas desde que adquiridos de pessoas jurídicas. 2. A Lei nº 10.925/04 ampliou a extensão da Lei nº 10.637/02, passando, então, a permitir que o crédito presumido fosse também apurado por cerealistas que vendem os grãos in natura valendose de processo de beneficiamento (limpeza, padronização e armazenagem dos grãos). 3. Caso em que a demandante é uma cooperativa que atua no comércio atacadista de grãos e que tem como atividade preponderante a de armazém geral, não se enquadrando, portanto, suas atividades em nenhum dos incisos do art. 8º, § 1º, da Lei nº 10.925/04. (TRF4, AC 500230058.2012.404.7119, Primeira Turma, Relator p/ Acórdão Jorge Antonio Maurique, juntado aos autos em 13/11/2014) TRIBUTÁRIO. RESSARCIMENTO CRÉDITO PRESUMIDO PIS/COFINS, NA PROPORÇÃO DA EXPORTAÇÃO. LEI 12.431/2011. PERÍODO DE 2006 A 2010. PRODUÇÃO DE GRÃOS COM SECAGEM E CLASSIFICAÇÃO. AGROINDÚSTRIA. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. MULTA. DIREITO DE PETIÇÃO DO CONTRIBUINTE. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. 1. As atividades desenvolvidas pela impetrante de limpeza, secagem, classificação e armazenagem de produtos in natura de origem vegetal enquadramse no conceito de empresa agroindustrial ao beneficiar os grãos que exporta, fazendo jus, por consequência, ao ressarcimento do crédito presumido, apurado na forma do artigo 8º da Lei 10.925/2004. 2. A multa prevista no artigo 74 da Lei n. 9.430/96, parágrafos 15 e 17, conflita com o disposto no artigo 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal, pois, ainda que não obste totalmente a realização do pedido de compensação, cria obstáculos consideráveis ao direito de Fl. 511DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 50 41 petição do contribuinte. 3. Além disso, a aplicação da multa com base apenas no indeferimento do pedido ou na não homologação da declaração de compensação afronta o princípio da proporcionalidade. 4. A Corte Especial deste Tribunal, na sessão do dia 28 de junho de 2012, manifestouse no sentido de declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos 15 e 17 do artigo 74 da Lei nº. 9.430/96, por violação ao artigo 5º, inciso XXXIV, alínea "a", da Constituição Federal (Argüição de Inconstitucionalidade 500741662.2012.404.0000, Rel. Des. Fed. Luciane Amaral Corrêa Münch, juntado aos autos em 03/07/2012). (TRF4, APELREEX 500780019.2013.404.7104, Segunda Turma, Relatora p/ Acórdão Carla Evelise Justino Hendges, juntado aos autos em 29/10/2014) Nestes termos, entendese pela possibilidade de creditamento da Cofins quando da realização de atividade agro industrial, nos termos no art. 8º da Lei 10.925/2004. Neste ponto, igualmente, é procedente o pedido do Recorrente. Rateio Proporcional – Mercado interno – Créditos vinculados as receitas com suspensão, isenção e alíquota zero As receitas provenientes das vendas dos produtos adquiridos com alíquota zero, isenção e suspensão, poderão gerar crédito de PIS/Cofins, quando, após a industrialização, o produto final sofrer a incidência das mesmas contribuições, como por exemplo, nas vendas para mercado interno. Isto porque não se tratam de operação que não estão sujeitas a tributação, mas possuem o benefício de que a alíquota seja zero, que a contribuição esteja suspensa passando a incidir caso não ocorre o motivo da suspensão e a partir do momento que em que a isenção não ocorra, dessa forma estas operações não sofrem o óbice previsto no artigo 3°, parágrafo 2° da Lei 10.833/03, sendo autorizado pela Lei n° 11.033/04, em seu artigo 17, a manutenção dos créditos em situações corno a presente. Vejamos: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Entendo correto o argumento de que a aquisição dos produtos acima gera sim o direito ao creditamento glosado, na medida em que, a despeito de terem sido realizadas mediante alíquota zero de Cofins, pois é fato incontestável que foram previamente sujeitos a incidência em cascata deste tributo nas etapas anteriores da circulação. Nesse sentido, faz jus ao creditamento mesmo que o contribuinte adquira insumos tributados com alíquota zero, eis que paga, ainda que embutido no preço, o tributo (PIS/Cofins) indiretamente em outros insumos ou produtos, a exemplo de adubos, fertilizantes, ferramentas, maquinários, dentre outros, adquiridos no mercado e empregados no respectivo processo produtivo. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001885/200763 Acórdão n.º 3801004.380 S3TE01 Fl. 51 42 Nestes termos, havendo a aquisição de produtos com alíquota zero, suspensão ou isenção, é possível a manutenção dos créditos, bem como o seu aproveitamento. Neste ponto, igualmente, é procedente o pedido do Recorrente. Incidência da taxa Selic A Lei nº 10.883/03 apresenta expressamente a vedação da atualização monetária em processos de ressarcimento pelo princípio constitucional da nãocumulatividade. Essa regra geral é aplicada sobre os créditos de Cofins, por ausência de previsão legal. Não obstante, o STJ e o STF veem relativizando a sua aplicação no que se refere ao aproveitamento pelo contribuinte quando este decorre da demora em virtude resistência oposta por ilegítimo ato administrativo ou normativo do Fisco. Nestes casos, admitese a correção no intuito de evitar o enriquecimento sem causa e de dar integral cumprimento ao princípio da nãocumulatividade. Citase a exemplo um trecho ao acórdão de lavra do Ministro Mauro Campbell do STJ: “Desse modo, a lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza também a chamada “resistência ilegítima” exigida pela Súmula n. 411/STJ. Sendo assim, realinhei a minha opinião no sentido de reconhecer o direito à correção monetária dos créditos por ressarcimento desde o protocolo dos pedidos administrativos, devendo ser aplicados os índices que constam do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, inclusive a taxa Selic” (Embargos de Divergência – EAg 1220942/SP, Mauro Campbell Marques Primeira Seção de Julagamento do STJ, DJE18/04/2013) Nesses termos, devese priorizar o entendimento da possibilidade de atualização monetária dos créditos em que tenha resistência da fiscalização em suas homologações. Considerando que a negativa do aproveitamento de créditos pela Administração Fiscal se considera uma forma de resistência sem base legal, cremos aplicável a atualização monetária pela taxa SELIC, nos termos do Recurso Voluntário interposto. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 513DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 11080.914825/2012-29
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2009
PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
O contribuinte, a despeito ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3802-003.825
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: SOLON SEHN
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RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 48 25 /2 01 2- 29 Fl. 144DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 4° Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa seguinte: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 PROVAS. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas os autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 DCTF. RETIFICAÇÃO. DECISÓRIO. ESPONTANEIDADE. REDUÇÃO DE TRIBUTO. CONFIGURAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. É legítima a declaração retificadora que reduzir ou excluir tributo se apresentada por contribuinte em espontaneidade legal. No entanto, para que se atribua eficácia às informações nela contidas, especificamente em relação àquelas que suportam a caracterização do pagamento a maior ou indevido de tributo, é mister que a retificadora tenha sido entregue antes do decisório. Se entregue depois, incumbe ao contribuinte o ônus de comprovar o seu direito creditório mediante a juntada, com a manifestação de inconformidade, não somente da declaração retificadora, mas também de documentos contábeis e fiscais que fundamentam a retificação. DACON. CARÁTER INFORMATIVO. O DACON configura declaração de caráter informativo e não instrumento de confissão de dívidas tributárias nem veículo de inscrição desses débitos em Dívida Ativa da União. A informação prestada no DACON, desacompanhada de documentos que a justifiquem, não é suficiente para provar a existência de direito creditório pleiteado em declaração de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), retificando exclusivamente a Dacon, sem, portanto, retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais), Fl. 145DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11080.914825/201229 Acórdão n.º 3802003.825 S3TE02 Fl. 145 3 o que só veio a ocorrer após o despacho decisório. Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. A DRJ manteve a não homologação, porque, apesar da retificação da Dctf após o despacho decisório, não houve comprovação, por meio de documentação hábil, idônea e suficiente, do erro no preenchimento da declaração. A Recorrente, nas razões de fls. 69 e ss., alega a falta de retificação da Dctf seria um mero equívoco, que poderia ser constatado pela análise da Dacon, já retificada quando da apresentação do pedido de PER/Dcomp. Afirma que, pelo princípio da verdade material, deveria o órgão julgador verificar quais dos dois documentos (Dctf ou Dacon) continha os valores corretos, bem como que a Dacon e a Darf são os únicos meios de provas capazes de demonstrar o valor efetivamente devido à título de Cofins, bem como a existência de pagamento a maior. Pleiteia, assim, o recebimento do recurso e o seu integral provimento. É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn O sujeito passivo teve ciência da decisão no dia 06/03/2014 (fls. 67), interpondo recurso tempestivo em 02/04/2014 (fls. 69). Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do Decreto no 70.235/1972, o recurso pode ser conhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. A compensação, consoante destacado, não foi homologada porque o Recorrente transmitiu o PER/Dcomp sem a retificação da Dctf. Em circunstâncias dessa natureza, ao contrário do que entendeu a decisão recorrida, a Turma tem interpretado que o contribuinte, por força do princípio da verdade material, tem direito à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado. Nesse sentido, cumpre destacar os seguintes julgados da Turma: PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS A INSCRIÇÃO DO DÉBITO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado (art. 12, § 3o, da Instrução Normativa SRF nº. 583/2005, vigente à época da transmissão das DCTF’s retificadoras). A retificação, porém, não produz efeitos quando o débito já foi enviado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa. Fl. 146DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (CARF. 3ª S. 2ª T.E.Acórdão nº 380201.078. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 27/07/2012). PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO ERRO. OBRIGATORIEDADE. Uma vez iniciado o processo de compensação, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do Despacho Decisório, somente será admitida, para fim de comprovação da origem do crédito compensado, se ficar provado nos autos, por meio de documentação idônea e suficiente, a origem do erro de apuração do débito retificado, o que não ocorreu nos presentes autos. [...] Recurso Voluntário Negado. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.290. Rel. Conselheiro José Fernandes do Nascimento. S. 25/09/2012). COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DECORRENTES DE RETIFICAÇÃO DE DCTF DEPOIS DE PROFERIDO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGANDO PER/DECOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO ORIGINAL. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Uma vez intimada da não homologação de seu pedido de compensação, a interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 3802001.593. Rel. Conselheiro Francisco José Barroso Rios. S. 27/02/2013). PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. APRESENTAÇÃO DA PROVA DO CRÉDITO APÓS DECISÃO DA DRJ. HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 16, § 4º, “C”, DO DECRETO Nº 70.235/1972. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11080.914825/201229 Acórdão n.º 3802003.825 S3TE02 Fl. 146 5 PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. A prova do crédito tributário indébito, quando destinada a contrapor razões posteriormente trazidas aos autos, pode ser apresentada após a decisão da DRJ, por força do princípio da verdade material e do disposto no art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972. Havendo prova do crédito, a compensação deve ser homologada, a despeito da retificação a posteriori da Dctf. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.005. Rel. Solon Sehn. S. 22/05/2012). PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova contábil da existência do crédito compensado. A simples retificação após o despacho decisório não autoriza a homologação da compensação do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (CARF. S3TE02. Acórdão nº 380201.112. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 27/07/2012). COMPENSAÇÃO. REQUISITOS FORMAIS. AUSÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DA DCTF. IMPOSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO PELO CONTRIBUINTE APÓS DECORRIDOS CINCO ANOS DA EXTINÇÃO DO CRÉDITO. EXCEPCIONALIDADE DE ACEITAÇÃO PELO CARF. A retificação de DCTF constitui requisito formal do contribuinte, ao efetuar pedido de compensação com base em créditos decorrentes de retificação de documentos de cunho declaratório (DACON, DIPJ, dentre outros). Assim, a ausência de apresentação da DCTF retificadora é causa para negação do crédito pleiteado. Todavia, excepcionalmente se permite a compensação caso o contribuinte demonstre que a retificação só foi apontada como não efetuada após o decurso dos cinco anos contados da extinção do crédito, sendo certo que a negativa importaria em situação excepcional de restrição formal à verdade material, contrassenso à própria finalidade do processo administrativo tributário. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 (CARF. S3TE02. Acórdão nº 3802001.642. Rel. Conselheiro Bruno Macedo Curi. S. 28/02/2013) No presente caso, entretanto, entendese que a documentação apresentada é insuficiente para a demonstração da certeza e da liquidez do direito de crédito. A Dipj e o Dacon, diversamente do que sustenta o Recorrente, somente têm valor probatório quando acompanhados da escrituração fiscal, ainda que parcial, notadamente em face das divergências encontradas no curso do processo. Além disso, também deveria ter sido apresentada a documentação que lastreia a escrituração, porquanto esta, de acordo com o art. 9.º, § 1.º, do DecretoLei n.º 1.598/1977, apenas “faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais”. Portanto, nada justifica a reforma da decisão recorrida, porque cabe ao interessado o ônus da prova nos pedidos de compensação e de restituição. Votase pelo conhecimento e integral desprovimento do recurso. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 149DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10073.720461/2008-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ITR. ÁREAS ALAGADAS. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n.° 45).
Recurso Provido
Numero da decisão: 2102-003.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Realizou sustentação oral a Dra. Rachel Zerbinato Bispo, OAB/RJ nº 142.936.
(Assinado digitalmente)
Jose Raimundo Tosta Santos - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Alice Grecchi Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Alice Grecchi, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Bernardo Schmidt, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Carlos André Rodrigues Pereira Lima.
Nome do relator: ALICE GRECCHI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 ITR. ÁREAS ALAGADAS. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n.° 45). Recurso Provido
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1754; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 508 1 507 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10073.720461/200868 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2102003.231 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de janeiro de 2015 Matéria ITR Recorrente FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 ITR. ÁREAS ALAGADAS. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n.° 45). Recurso Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Realizou sustentação oral a Dra. Rachel Zerbinato Bispo, OAB/RJ nº 142.936. (Assinado digitalmente) Jose Raimundo Tosta Santos Presidente. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi – Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Alice Grecchi, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Bernardo Schmidt, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Carlos André Rodrigues Pereira Lima. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento nº 07105/00227/2008 lavrada em 24/11/2008 (fls. 01/04), contra o contribuinte acima qualificado, relativo à Imposto sobre a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 04 61 /2 00 8- 68 Fl. 313DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 2 Propriedade Territorial Rural – ITR, Exercício 2004, que exige crédito tributário no valor de R$ 305.867,19, incluída multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo como objeto o imóvel rural denominado “Furnas 862 Usina Hidrelétrica de Funil”, cadastrado na RFB sob o nº 2.707.3920, com área declarada de 3.823,6 ha, localizado no Município de Resende/RJ. Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal constante à fl. 02, o contribuinte após regularmente intimado, não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do Imóvel, o valor da terra nua declarado. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi arbitrado, tendo por base as informações do Sistema de Preços de Terra – SIPT da RFB. Os valores declarados e retificados de ofício apresentam o seguinte histórico: ITR PeríodoBase 2004 Declarado fl. 03 Retificação de Ofício 01. Área Total do Imóvel 3.823,6 3.823,6 17. Valor Total do Imóvel 3.285.636,71 4.815.076,71 20. Valor da Terra Nua 0,00 1.529.440,00 21. Valor da Terra Nua Tributável 0,00 1.529.440,00 22. Alíquota 8,60 8,60 23. Imposto Devido 10,00 131.531,84 Diferença de Imposto (Apurado – Declarado) 131.521,84 Cientificado da exigência tributária em 02/12/2008 (fl. 69 e 131), e irresignado com o lançamento lavrado pelo Fisco, o contribuinte apresentou impugnação em 18/12/2008 (fls. 71/100), acompanhada dos documentos de fls. 101/127, alegando em síntese, o que segue: inicialmente, discorre sobre o objeto social da empresa e o procedimento da autoridade fiscal no lançamento, do qual discorda e que deveria ser revisto de ofício; consta do auto de infração o astronômico débito de R$ 305.867,19 referente ao período de 2004, mais juros e multa, pois a autoridade fiscal arbitrou o VTN, nos termos da Lei n° 9.393/1996, sobre a área total do imóvel Usina de Funil, classificado como imóvel rural; as empresas constituídas sob a forma de sociedade de economia mista, como a impugnante, podem ser divididas em duas espécies: as que exploram atividade econômica e as que prestam serviço público; nesse último caso, as suas atividades recebem forte influência das regras de direito público; a produção, a transmissão e a distribuição de energia elétrica são serviços essencialmente públicos, sejam eles prestados diretamente pelo Poder Público, por órgãos da administração indireta ou por particulares, nos moldes do que dispõe a Constituição Federal, em seu art. 21, inciso XII (transcrito); por força do texto constitucional, tais serviços são qualificados como públicos, privativos da União, portanto, a sua exploração por entes privados, ou até por outros Fl. 314DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 509 3 entes públicos, somente é possível por "autorização, concessão ou permissão "; de tão restrita a competência para o exercício dessa atividade, cita o disposto no § 1° do art. 20 da Constituição Federal, que trata da participação no seu resultado; as empresas prestadoras de serviço tão qualificado não podem receber o mesmo tratamento jurídico dispensado às sociedades anônimas em geral, pois sobre aquelas incide particular controle estatal, justificado pelo interesse do Estado em sua atividade, que provoca a imposição de deveres legais específicos; apesar de sujeitas ao pagamento de tributos, nos termos do § Y do art. 150 da Constituição, essas empresas podem gozar de benefícios fiscais outorgados pelo Poder Público; ainda que a isenção que vigorava para o setor não tenha sido convalidada pela Constituição vigente, ficando expressamente rejeitada por força do § 1° do art. 41 do ADCT, cabe questionar se as empresas geradoras de energia elétrica estão sujeitas à incidência do ITR; nesse sentido, são analisados aspectos jurídicos e doutrinários da hipótese de incidência tributária, a partir do exame da regramatriz dos tributos, e a aplicação de seu esquema lógico ao ITR; transcreve entendimento de Geraldo Ataliba, que afirma situarse o ITR na subclasse dos "reais"; os imóveis da empresa impugnante estão, em grande parte, cobertos de água, prestandose apenas para reservar água, potencializando a força hidráulica para a geração de energia. As margens dos reservatórios também não se prestam a qualquer outro objetivo, funcionando apenas como faixas de segurança para as variações sazonais do nível d'água; para fins de aplicação do disposto no art. 20 da Constituição Federal, (transcrito), os reservatórios de água encaixamse em qualquer um dos conceitos nele previstos. Seriam "lagos", na sua definição mais simples, se entendidos como uma grande extensão de água cercada de terra, inserindose nessa classe os lagos de barragem, formados em áreas represadas por aluviões pluviais, restingas, detritos de origem vulcânica e morainas; esses reservatórios poderão, também, integrar o conceito de "rio", se considerados como resultantes do represamento de curso de água pluvial; enfatiza que esse mesmo art. 20, em seu inciso VIII, inclui também no patrimônio da União "os potenciais de energia hidráulica", de tal modo que, escapando os reservatórios dos subdomínios dos "rios" ou dos "lagos", ficaria muito difícil deixar de reconhecêlos no âmbito dos "potenciais de energia", esse entendimento está em consonância com a Lei n° 9.433/1997, ao instituir a Política Nacional de Recursos Hídricos, com fundamento de validade no inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, estabelecendo no art. 1º , inciso 1º, que: "a água é um bem de domínio público. ". esse texto legal também convive em perfeita harmonia com o Código Florestal (transcrito em parte), com destaque para o disposto no § 6° do art. 1° e para o art. 2º a conclusão é singela: argumentar que os reservatórios são lagos situados em "propriedade" Fl. 315DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 4 privada e por ela cercados, é desconsiderar comandos legais de relevante interesse para a própria preservação do bem público e de sua fonte produtora; ademais, esses reservatórios são lagos alimentados por correntes públicas (rios), o que reforça sua qualidade de bem público (§ Y do art. 2° do Código de Águas); portanto, as áreas destinadas aos reservatórios de água não podem sofrer a incidência do ITR, por serem unidades integrantes do patrimônio público da União, assim como as áreas destinadas às suas margens também estarão livres do impacto do tributo, na condição de áreas de preservação permanente, que devem ser excluídas da base de cálculo do imposto, nos termos do art. 10, § 1°, inciso II, alínea "a", da Lei n° 9.393/1996, além do Código Florestal; reafirma que a prestação do serviço público de fornecimento de energia é incumbência privativa da União, ao mesmo tempo em que os rios, lagos (naturais e artificiais) os terrenos marginais e as praias fluviais e os potenciais de energia integram, também, o patrimônio dessa pessoa política de direito interno; as águas são de domínio público, possuindo as prerrogativas de inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade; a porção de terra coberta pelo lago artificial das usinas hidroelétricas e a área situada a seu redor, mesmo que de propriedade da empresa, mantendose a distinção com referência à propriedade do bem público, ainda assim encontrase com absoluta restrição de uso por seus "proprietários". A área está afetada ao uso especial da União, o que impede a seus titulares o exercício de qualquer dos direitos inerentes ao seu domínio; a União detém o verdadeiro domínio útil das áreas necessárias à geração, distribuição e transmissão de energia elétrica, nos termos legais e constitucionais; portanto, fica afastada, também por esse prisma, a possibilidade jurídica de onerar essas áreas pelo ITR, pois é sujeito passivo da obrigação quem tiver o domínio útil sobre o imóvel; por outro ângulo, concluise pela não incidência do imposto, no caso presente, porque as áreas estão, em sua maioria, cobertas de água e afetadas ao uso especial, tendo em vista a prestação de serviços públicos, pelo que se caracterizam como comprovadamente imprestáveis a qualquer tipo de exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal. Isso já basta para não serem consideradas áreas tributáveis para fins do ITR, nos termos da alínea c, do inciso II, § 1°, do art. 10 da Lei n° 9.393/1996; a legislação ordinária está sintonizada com os ditames constitucionais, afastando qualquer possibilidade de cobrança de imposto sobre as áreas destinadas aos reservatórios de água das empresas representadas pela impugnante, em sentido inverso ao que pretende a fiscalização federal; a apuração da base de cálculo do imposto valor fundiário, nos termos do art. 30 do CTN e Valor da Terra Nua tributável — VTNt, nos termos da legislação específica — oferece algumas dificuldades, como exclusão de valores (art. 10, § 1°, I e IV), subtração de áreas (art. 10, § 1°, II) e multiplicação (art. 10, § 1°, III); no entanto, a regramatriz, como metodologia, é instrumento redutor de complexidades; no caso presente nenhuma dessas operações se torna possível ao aplicador da lei, porque não há valor de mercado para a apuração do VTN, por onde começam os cálculos, pois se trata de um bem do domínio público, afetado ao patrimônio da pessoa política União, fora do comércio, impedindo qualquer pretensão impositiva sobre as áreas Fl. 316DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 510 5 desapropriadas para a construção das obras necessárias ao represamento dos rios e lagos, para a manutenção dos reservatórios destinados à produção de energia elétrica; para corroborar a improcedência do auto de infração, reportase à Constituição Federal, ao CTN e à Lei n° 9.393/1996, dessa transcrevendo, parcialmente, os dispositivos que tratam da apuração e do valor do ITR, artigos 10 e 11, respectivamente; destaca que a autoridade fiscal, abandonando esses comandos legais, não poderia adotar área "produtiva de energia elétrica" como não produtiva e apontar GU "0" quando a utilização é integral, presumiu que o valor fundiário está subavaliado, arbitrando um VTN de RS 1.529.440,00 e aplicando a alíquota máxima de 20 % (sic), equiparando o imóvel aos latifúndios improdutivos; não é crível que a "terra" submersa por represa para a geração de energia elétrica possa ter o mesmo valor da terra destinada ao cultivo de primeira, visto que aquela está, no mínimo, fora do âmbito de incidência do ITR; considerar como improdutiva a produção, geração e transmissão de energia elétrica, na imensa área abrangida por Furnas, é falácia incompatível com o sistema jurídico e a lógica que deve preceder os julgamentos válidos e produtores de resultados; é flagrante a ofensa aos princípios da legalidade e da igualdade que norteiam rigidamente a atividade impositiva do Estado, no que concerne à cobrança do imposto; para a Usina Hidrelétrica em questão, tomouse o valor da terra apontado no SIPT, considerandoo para as terras submersas e aplicandose nele o grau de utilização (GU), sem qualquer exclusão; a legislação que cuida do ITR sempre leva em conta o GU na exploração rural, seja agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, nos termos da Lei 9.393/1996, em consonância com o Estatuto da Terra, o que permite concluir ser relevante para fins do ITR não a produtividade em geral, mas na exploração daquele setor, enquanto as atividades desenvolvidas pelas usinas hidrelétricas estão fora de tal campo de abrangência; em momento algum a lei do ITR se refere à exploração energética, talvez impulsionada pelo DecretoLei n° 2.281/1940, que concedia isenção a tal atividade e perdeu sua eficácia em outubro de 1990 com o advento do novo texto constitucional, deixando ao aplicador da lei e aos operadores do direito a interpretação sistemática, que não permite incluir na hipótese de incidência do ITR aquela que não estiver ali explícita, por força do princípio da tipicidade da tributação, além dos outros já mencionados; por tudo isso, indaga: há meios jurídicos hábeis para manterse a exigência apontada no auto de infração? como aceitar a incidência do ITR sobre as áreas de reservatórios das usinas hidrelétricas, suas margens e construções, se não há compatibilidade com a hipótese de incidência normativa? Como admitir que empresa produtora, transmissora e distribuidora de energia elétrica — industrial, portanto — possa ser alcançada pelo ITR como se de área "rural" se tratasse? Como manter auto de infração que indica base de cálculo em total descompasso com a legislação vigente? Como aquilatar "valor de mercado" se a porção de terra encontrase alagada, imprestável para uso comum, ou em condições de utilização reduzidas, enquanto "valor de mercado" pode ser entendido como o preço médio que o imóvel alcançaria em condições normais de mercado, para a compra e venda à vista? também, como fugir da proibição constitucional de se cobrar tributos com efeito de confisco (inciso IV do art.150 da Constituição Federal)? Enfim, como manter auto de Fl. 317DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 6 infração em que o imposto foi apurado em total desconformidade com os comandos dados como infringidos pela fiscalização (arts. 10 e 14 da Lei n 9.393/1996 e Parecer COSIT n° 15/2000)? ainda, como manter a pretensão fazendária sem qualquer diligência? Registrese que o valor do imóvel indicado pela requerente é o escriturado como "patrimônio líquido"; transcreve ensinamentos de Celso Antonio Bandeira de Mello sobre justa indenização; portanto, não pode prevalecer a exigência de pagamento do ITR, com amparo no Parecer COSIT n° 15/2000, visto que esse dispositivo não alarga a hipótese de incidência estatuída em lei; transcreve ementa da CSRF e cita entendimento adotado pelo antigo Conselho de Contribuintes, para referendar suas teses; no caso presente, a Lei n° 9.393/1996 não ampara a pretensão fazendária, pois não há fato jurídico que enseje a obrigação tributária, além de a base de cálculo adotada descaracterizar a hipótese de incidência prevista na legislação pertinente; transcreve entendimento de Sacha Calmon Navarro Coelho e Misabel Abreu Machado Derzi, para reforçar seus argumentos; o art. 20 da Constituição Federal estabelece como propriedade da União "os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terreno de seu domínio"; assim, os reservatórios de água podem integrar o conceito de "rio", se considerados como resultantes do represamento de curso de água pluvial; o inciso VIII desse artigo inclui também no patrimônio da União "os potenciais de energia hidráulica", de tal modo que, escapando os reservatórios dos subdomínios dos "rios" ou dos "lagos", é impossível deixar de reconhecêlos no âmbito dos "potenciais de energia"; apresenta as seguintes conclusões: a) a autoridade fiscal presumiu a ocorrência do fato jurídico tributário, sem mensurar a verdadeira base de cálculo nem efetuar os cálculos ditados pela Lei 9.393/1996 (com exclusão de valores, subtração de áreas e as multiplicações necessárias ao cálculo do imposto), apurando, por "média aritmética" e por amostragem, o valor da terra nua do imóvel onde está construída a Usina Hidrelétrica de Funil, no Estado do Rio de Janeiro; b) foi aplicada a multa de 75,0 % sobre base de cálculo incompatível inexistente, como já demonstrado; c) a fiscalização desconsiderou as áreas de exclusão indiscutível: margens, áreas de preservação permanente pela só determinação legal; d) as áreas de reservatórios das usinas hidrelétricas e suas margens são bens de domínio público da União, não podendo ser abrangidas pelo critério material da hipótese de incidência de qualquer tributo, quanto mais do ITR, de sua competência privativa e exclusiva; e) a base de cálculo simplesmente inexiste, a partir do exame da regramatriz e das funções mensuradora, objetiva e comparativa; ademais, a legislação não previu a exclusão de qualquer valor de instalações, benfeitorias e construções do valor total do imóvel, por parte das hidrelétricas. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 511 7 Ao final, a impugnante requer seja decretada a improcedência do auto de infração e arquivado o feito fiscal ou, então, seja determinada diligência nos termos legais, para apuração dos quesitos relacionados. A Turma de Primeira Instância, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação, conforme ementa abaixo transcrita: “DA INCIDÊNCIA DO ITR ÁREAS SUBMERSAS/RESERVATÓRIOS. Áreas rurais de empresa concessionária de serviços públicos de eletricidade, destinadas a reservatórios de usina hidrelétrica, integram o patrimônio dessa empresa e submetemse às regras tributárias aplicadas aos demais imóveis rurais. Reservatórios de água de barragem não se confundem com potenciais de energia hidráulica, bens da União previstos na Constituição Federal. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Caracterizada a subavaliação do VTN declarado ou a prestação de informações inexatas na DITR/2004, o respectivo VTN/ha poderá ser arbitrado pela autoridade fiscal com base no SIPT. Para a possível revisão desse VTN, seria necessário laudo técnico de avaliação com ART/CREA, emitido por profissional habilitado ou empresa de reconhecida capacitação técnica, atendidos os requisitos da norma NBR n° 14.6533 da ABNT. DA MULTA PROPORCIONAL LANÇADA. Apurado imposto suplementar em procedimento fiscal, no caso de informação incorreta na declaração do ITR/2004, cabe exigi lo juntamente com a multa proporcional aplicada aos demais tributos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” O contribuinte foi cientificado do Acórdão n° 0339.209 da 1ª Turma da DRJ/BSB em 23/12/2010 (fl. 190). Sobreveio Recurso Voluntário em 10/01/2011 (fls. 193/221), desacompanhado de documentos, no qual, em suma, ratifica as razões da impugnação, sem contudo argumentar acerca da multa de ofício aplicada e o requerimento de diligência. É o relatório. Passo a decidir. Voto Conselheira Relatora Alice Grecchi Fl. 319DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 8 O recurso voluntário ora analisado, possui os requisitos de admissibilidade do Decreto nº 70.235/72, motivo pelo qual merece ser conhecido. A Recorrente aduz, basicamente, em seu recurso voluntário, que o ITR não incide sobre áreas rurais alagadas, para fins de constituição de reservatório de usina hidrelétrica, com o fim específico de viabilizar a prestação do serviço público. A controvérsia já foi dirimida pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que editou sobre o assunto a Súmula CARF nº 45, que tem a seguinte redação: “O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas.” (Súmula CARF n. 45). Nesse sentido, atualmente, a própria legislação ordinária exclui, expressamente, as áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas da área tributável pelo ITR, consoante se verifica da alínea “f” do inciso II do §1º, do art. 10 da Lei n.º 9.393/1996, incluída pela Lei n.º 11.727/2008, in verbis: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: ... II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: ... f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público.” Para embasar o posicionamento, peço licença para reproduzir trecho de um dos acórdãos que serviram de paradigma para a edição da aludida Súmula (AC 30335.844). Nele, o eminente Conselheiro Tarásio Campelo Borges amparou seu voto na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello e no posicionamento do STF acerca da natureza da posse necessária para que haja sujeição passiva do contribuinte ao imposto: Tratam os autos, conforme relatado, de lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) sobre imóvel de concessionária de serviço público de energia elétrica afetado "ao uso especial de serviço público privativo da União (produção, geração e distribuição de energia elétrica)". A propósito das concessões, transcrevo lições de Celso Antônio Bandeira de Melo: II. Cumpre, outrossim, não confundir concessão de serviço público e concessão de uso de bem público, com o fito de explorálo. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 512 9 Só se tem concessão de serviço público — e o próprio nome do instituto já o diz — quando o objetivo do ato for o de ensejar uma exploração de atividade a ser prestada universalmente ao público em geral. Pode ocorrer que, para tanto, o concessionário ancilarmente necessite usar de um bem público (como, por exemplo, quando instala canalizações ou postes no subsolo e nas vias públicas, respectivamente), mas o objeto da concessão é o serviço a ser prestado. Diversamente, a concessão de uso pressupõe um bem público cuja utilização ou exploração não se preordena a satisfazer necessidades ou conveniências do público em geral, mas as do próprio interessado ou de alguns singulares indivíduos. O objeto da relação não é, pois, a prestação do serviço à universalidade do público, mas, pelo contrário, ensejar um uso do próprio bem ou da exploração que este comporte (como sucede com os potenciais de energia hidroelétrica) para que o próprio concessionário se sacie com o produto extraído em seu proveito ou para que o comercialize limitadamente com alguns interessados. A Lei 9.074, de 7.7.95, no art. 50, II e III, expressamente contempla ditas hipóteses, tanto sob a forma de concessão de uso de potenciais hidráulicos para produção de energia elétrica para consumo próprio como para o que denominou produção "independente", sem, todavia, nesta última hipótese, explicitar que, in casu, trata se, também, de uma concessão de uso. No caso concreto, a aquisição do imóvel rural objeto do lançamento se deu mediante condições fixadas pelo poder público que o tomam inalienável e indisponível pela ora recorrente, porquanto, efetivamente, ele é do domínio público da União e precária é a posse da ora recorrente, subordinada à vigência do contrato de concessão de uso de bem público. [...] Tracei esse paralelo entre conceitos inerentes ao ITR e ao IPTU porque farei uso de parte dos fundamentos de um acórdão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que limitou à posse animus domini a substituição do direito de propriedade pela posse na ocorrência do fato gerador do IPTU. A exigência do tributo municipal sobre os imóveis integrantes do acervo patrimonial do Porto de Santos era uma das matérias litigiosas nos autos do processo judicial. [...] No presente caso, é incontroverso que os imóveis tributados são do domínio público da União, encontrandose ocupados pela recorrente em caráter precário, na qualidade de delegatária dos serviços de exploração do porto e tãosomente enquanto durar a delegação. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 10 O acórdão, ao invocar a norma do art. 32 do CTN, além de incidir do mau vezo de buscar na lei a interpretação da Constituição, não atentou para a circunstância de que o art. 32 do CTN não pode ser interpretado como tendo englobado, no conceito de posse, de forma indiscriminada, o ocupante de bem público, sempre em caráter precário; o mero detentor, como o locatário; e, finalmente, o possuidor com animus domini; esse, sim, responsável pelo tributo incidente sobre o imóvel privado de que tem a posse, na qualidade de substituto do proprietário, figura de ordinário desconhecida ou, no mínimo, alheia ao destino do bem tributado. É certo que no litígio examinado pelo Pretório Excelso a interpretação do conceito de posse limitase ao comando legislativo do artigo 32 do CTN. No entanto, pareceme irracional apartar essa exegese do conceito de posse para os fins do disposto nos artigos 31 e 34 do mesmo diploma legal, que definem o contribuinte do ITR e do IPTU, respectivamente. Portanto, a ora recorrente é ocupante de bem público e como sói acontecer dotada de posse precária, insuscetível de substituir o titular do domínio do imóvel rural na qualidade de contribuinte do tributo. Igualmente não pode figurar a ora recorrente no pólo passivo da relação tributária na qualidade de responsável, porque inexistente requisito imposto pelo inciso II do artigo 121 do Código Tributário Nacional, vale dizer, nosso ordenamento jurídico é carente de disposição expressa de lei nesse sentido. (Terceiro Conselho de Contribuintes. Terceira Câmara. Processo nº 10675.720040/200777. Acórdão nº 30335.844. Rel. Tarásio Campelo Borges. Julg. em 10/12/08) Ainda, cabe transcrever abaixo, ementa extraída do Acórdão nº 9202002.892 da 2ª Turma da CSRF, no mesmo sentido: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ITR. TERRAS SUBMERSAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA SUMULADA. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Na esteira da jurisprudência consolidada neste Colegiado, traduzida na Súmula nº 45 do CARF, a qual é de observância obrigatória, não incide Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. MARGENS DE REPRESA DE USINA HIDRELÉTRICA. INEXISTÊNCIA DE ADA. RECONHECIMENTO DAS ÁREAS SUBMERSAS. DECORRÊNCIA POR DEFINIÇÃO LEGAL. Uma vez reconhecida à existência e a não incidência de ITR sobre as áreas submersas por represa de Usina Hidrelétrica, por Fl. 322DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10073.720461/200868 Acórdão n.º 2102003.231 S2C1T2 Fl. 513 11 decorrência lógica/legal impõese admitir as suas margens como área de preservação permanente, por definição da própria legislação de regência, especialmente artigo 2º, alíneas “a” e “b”, da Lei n° 4.771/65 (Código Florestal), independentemente de apresentação de ADA. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos” Por fim, cabe consignar que fica superada a discussão do VTN, tendo em vista o cancelamento de todo o lançamento. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora Fl. 323DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 08/02/2015 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
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Numero do processo: 16327.000001/2005-24
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 31/12/1999
CONHECIMENTO. ANULAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ. QUESTÃO PRELIMINAR.
Não se conhece do recurso especial quando a decisão recorrida anula por questão preliminar a decisão de primeira instância, in casu, existência de concomitância com processo judicial, ainda que parcial. Inteligência do § 2o do art. 67 do RICARF-Anexo II.
Numero da decisão: 9101-002.069
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda. Declarou-se impedido de participar do julgamento o Conselheiro Antônio Carlos Guidoni Filho (Suplente Convocado), sendo substituído pela Conselheira Meigan Sack Rodrigues (Suplente Convocada).
(Assinado digitalmente)
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
(Assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator.
EDITADO EM: 24/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, MEIGAN SACK RODRIGUES (Suplente Convocada), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, LEONARDO MENDONÇA MARQUES (Suplente Convocado), PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Ausentes, Justificadamente, os Conselheiros KAREM JUREIDINI DIAS e JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR.
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 31/12/1999 CONHECIMENTO. ANULAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ. QUESTÃO PRELIMINAR. Não se conhece do recurso especial quando a decisão recorrida anula por questão preliminar a decisão de primeira instância, in casu, existência de concomitância com processo judicial, ainda que parcial. Inteligência do § 2o do art. 67 do RICARFAnexo II. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda. Declarouse impedido de participar do julgamento o Conselheiro Antônio Carlos Guidoni Filho (Suplente Convocado), sendo substituído pela Conselheira Meigan Sack Rodrigues (Suplente Convocada). (Assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator. EDITADO EM: 24/11/2014 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 00 01 /2 00 5- 24Fl. 1852DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, MEIGAN SACK RODRIGUES (Suplente Convocada), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, LEONARDO MENDONÇA MARQUES (Suplente Convocado), PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Ausentes, Justificadamente, os Conselheiros KAREM JUREIDINI DIAS e JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto, com adendos e pequenas modificações para maior clareza, o Relatório do acórdão recorrido, o qual, por sua vez, adotou o texto da DRJ: Por bem descrever os eventos ocorridos até o momento de seu relato, adoto o relatório produzido na DRJ. Em conseqüência de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias foram lavrados, em 30/12/2004, contra a instituição financeira contribuinte acima identificada, os Autos de Infração, a seguir discriminados: a) Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) Lucro Real (fls. 99/104): Total do Crédito Tributário (IRPJ, juros de mora, multa de oficio75%, multa exigida isoladamente e juros de mora exigidos isoladamente): R$ 4.051.668,57; Fato Gerador: 31/12/1999; 001: PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DEDUÇÃO ANTECIPADA DAS PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS SEM OBSERVÂNCIA DOS PRAZOS LEGAIS. Redução indevida do lucro liquido pela dedução antecipada dos valores relativos as perdas efetivas no recebimento de créditos ocorridas no anocalendário de 1999, conforme descrito no Termo de Verificação. Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto Multa (%) 31/12/1999 R527.135.420,8075,00(sic) ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 9° da Lei n° 9.430/96; Arts. 249, inciso I, 251 e parágrafo único, e 340 do RIR/99 002. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE ESCRITURAÇÃO A PARTIR DO AC 97. ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS OU DESPESASDEDUÇÃO ANTECIPADA DAS PERDAS EFETIVAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. Fl. 1853DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 3 3 Redução indevida do lucro liquido pela dedução antecipada dos valores relativos as perdas efetivas no recebimento de créditos ocorridas no anocalendário de 1999, conforme descrito no Termo de Verificação. Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto Multa (%) 31/12/1999 R$ 8.459.695,9175,00 (sic) ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 248, 249, inciso II, inciso I, 251, 273, 274, 843, 957, parágrafo único, inciso II, do RIR/99. b) Contribuição Social (CSLL) (fls. 103 a 106): Total do Crédito Tributário (Multa exigida isoladamente, juros de mora exigidos isoladamente): RS 2.649.974,56; Fato Gerador 31/12/1999; 001. CSLLINOBSERVÂNCIA DO REGIME DE ESCRITURAÇÃO (A PARTIR DO AC 97. FINANCEIRAS) ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS/ DESPESASPOSTERGAÇÃO DO PAGAMENTO DA CSLL (FINANCEIRAS). Fato Gerador Valor Tributável ou Contribuição Multa (%) 31 1 121 1999 RS35.595.116,71 75,00 ENQUADRAMENTO LEGAL: Art. 2° e §§, da Lei n° 7.689/88, arts.28, 43, 44, § 1º, inciso II, e 61, da Lei n° 9.430/96; Art. 7° da Medida Provisória n° 1.80711999 e reedições; Art. 6° da Medida Provisória n° 1.858/1999 e reedições. No Termo de Verificação Fiscal, fls. 92/93, o autuante assim descreve os fatos: “(1)Albergado no entendimento de que as perdas efetivas no recebimento de créditos devessem ser apropriadas como despesas operacionais tão logo se tornassem definitivas, visto a sua imprescindibilidade para a determinação da renda ou lucro, o contribuinte fiscalizado impetrou ação mandamental consistente no MS n° 2003.61.00.0285173 perante a 26" Vara Cível da Justiça Federal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo, objetivando a dedução antecipada, na apuração das bases de cálculo do 1RPJ e da CSIL do citado anocalendário, dos valores relacionados às perdas no recebimento de créditos, sem a observância das condições e prazos estabelecidos nos arts. Ye 14 da Lei n °9.430/96. (2) A medida liminar pretendida foi negada pelo MM Juiz da 26ª Vara Cível da Justiça Federal da Seção Judiciária em São Paulo em data de 23/10/2003, cuja decisão foi objeto de Fl. 1854DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 4 interposição pelo contribuintefiscalizado junto ao TRF, de Agravo de Instrumento pelo qual foi negado o efeito suspensivo pleiteado. (3) Em 25.06.2004, foi publicada a Sentença proferida pelo MM Juiz da 26° Cível da Justiça Federal, na qual foi homologada a desistência requerida pelo contribuintefiscalizado, onde foi julgado extinto o Processo sem apreciação do mérito. (4) Submetidos à análise os documentos que integram o Processo AdministrativoJudicial nº 16327.003452/200351, constatei que o contribuinte fiscalizado sustentou categoricamente na exordial que na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL referentes aos anoscalendário de 1998 a 2002, ‘..deixou de adicionar os valores das perdas relativas aqueles anos. conforme declarações anexas...’ (5) Examinando a DIPJ do anocalendário de 1999, verifiquei que o contribuintefiscalizado consignou na linha 29 Outras Despesas Operacionais da Ficha 068 Despesas Operacionais, o montante de R$ 671.323.395.75 (fls.___) (sic) não oferecido à tributação pelo IRPJ e CSLL com base na medida judicial interposta. (6) Ao demonstrar a composição dos valores integrantes do montante citado no item precedente, noticiou o contribuinte fiscalizado que as perdas definitivas no recebimento de créditos totalizaram, no AC/99, o valor de RS 35.595.116.71. (fls. ___) (sic) cujo valor está convalidado na declaração firmada em data de 06/10/2003 (f1s. ____).(sic) (7) Diante de todo o exposto verifiquei que o procedimento adotado pelo contribuintefiscalizado afronta as regras previstas nos arts. 340 a 343 do RIR/99, não se encontrando qualquer respaldo judicial em face da Sentença proferida em 25/06/2004 além da ausência de previsão legal das disposições contidas na Lei n° 9.430/96. (8) Desta forma, procederseá, de ofício, à constituição do pertinente crédito tributário, através da lavratura dos competentes autos de infração de IRPJ e CSLL incidentes sobre o montante de R$ 35.595.116,71, (....).’ Irresignada com o lançamento, a interessada, por intermédio de seu advogado e procurador (procuração à fl. 112 a 116), apresentou, em 28/01/2005, a impugnação de fls. 117 a 143, acompanhada dos documentos de fls. 144 a 182. Após descrever os fatos, a impugnante alega, em preliminar, a nulidade do auto de infração porque não logrou a fiscalização apurar credito tributário que se revista das características de liquidez, certeza e exigibilidade que, no seu entender, é embasada pelo fato de que a presente autuação foi efetuada sem qualquer verificação ou análise por parte do fisco nos livros, registros e documentos fiscais do impugnante, nem mesmo o razão contábil. Aponta que o fisco baseouse apenas em declaração feita pelo Impugnante no sentido e que no anobase 1999 registrara como perdas definitivas no recebimento de seus Fl. 1855DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 4 5 créditos o montante de R$35.595.1 16,71, deduzindoo da base de calculo do IRPJ e CSL em 31/12/1999. Defende que teria sido utilizada forma presumida para determinar a matéria tributável e calcular o montante do imposto devido, ou seja, segundo a recorrente, presumiu o fiscal autuante que se tratava de perdas prováveis com créditos de liquidação duvidosa sujeitas aos prazos e condições dos artigos 9° e seguintes da Lei 9.430/96, e sem fazer qualquer análise da natureza dos valores que compõem o valor acima, passou a considerar parte indedutível e outra parte dedutível apenas no anobase de 2000. Aponta também que ao calcular o valor sobre o qual deveria incidir o adicional de 4% de CSL no anobase de 1999, o Fisco apurou percentual de 21,25% o qual não guarda relação como os valores constantes da DIN 2000, relativa ao anocalendário 1999 (conforme Ficha 30, itens: base de cálculo até abril R$ 474.221.668,34 e Base de Cálculo da CSSL –RS 559.550.827,40 fls. 35 dos autos). Afirma a interessada que, ao exigir juros na postergação, o Fisco os calculou pela SELIC até fevereiro de 2001 + 1% relativo a março. Aduz a contribuinte que, como o pagamento se deu em março de 2001, já foi efetuado com acréscimo da SELIC de fevereiro e de 1% de março, percentuais que devem ser excluídos da exigência em causa sob pena de cobrança em duplicidade. Argúi, ainda, a nulidade da autuação por ter sido violado o critério da postergação previsto na legislação tributária (art. 6° do DecretoLei n° 1.598/77 e do Parecer Normativo n° 02/96). Argumenta que ‘Como consequência, é nulo o presente auto de infração nesta parte por ter deixado de recompor os resultados do Impugnante nos exercícios futuros, e por exigir valores que o Impugnante não deixou de recolher, mas, quando muito, postergou seu recolhimento, em absoluto desatendimento á legislação tributária.‘ Quanto ao mérito, assevera que o valor de RS 35.595.116,71, para o anocalendário de 1999 é composto integralmente de perdas/descontos concedidos na renegociação de dívidas conforme registros na conta 81.9.99.00.66546 (Perdas na Renegociação de Dívidas), nos valores de R$ 17.341.160,60 e R$ 18.253.956,11, relativos aos 1° e 2° semestre, respectivamente (doc. de f1. 163/166) que constituem despesas operacionais das instituições financeiras dedutíveis de imediato Dora efeito de IRPJ e CSL. Acrescenta que tais valores representam receitas que de fato não existiram, ou seja, valores registrados como receitas, tributados pelo IRPJ e pela CSL e que por alguma razão não foram percebidos. Argúi, ainda, que: As perdas na renegociação de créditos, perdas parciais caracterizadas por descontos ou abatimentos nas divides, dentre os quais podem ser elencados os seguintes: a) desconto concedido em encerramento de conta corrente; b) desconto concedido em liquidação de contrato; c) estorno de juros e taxas Fl. 1856DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 6 cobrados indevidamente; d) desconto concedido em renegociação de dividas. Em todas essas situações o recorrente assim age para que sua perda não seja muito maior ou mesmo total. Ou seja, quando o recorrente em seu processo de cobrança administrativo ou judicial verifica que o devedor não tem mais recursos nem crédito e que se não receber parte do crédito vai perdêlo integralmente, ele negocia dando descontos. Esses descontos, obviamente, são perdas parciais imediatas de definitivas no recebimento de seus créditos e como Leis dedutíveis para efeito de 1RPJ e CSL sob pena de se fazer incidir as exações referidas sobre valores que não são renda nem lucro do recorrente. A só demonstração de que tais valores não foram recebidos já seria suficiente pare justificar a sua não sujeição a esses tributos por não ter ocorrido a materialidade dos fatos geradores, que é a percepção de renda. Não tendo o fiscal autuante procedido ao levantamento das documentações e análises necessárias como seria de rigor, requer a Impugnante a produção de prova pericial, com o fim de comprovar os fatos trazidos com a presente defesa, uma vez que o grande volume de documentação inviabiliza a imediata juntada ao processo administrativo. Tal procedimento de glosa integral desses valores contraria os artigos 153, III e 195,1 da Constituição Federal e os artigos 43 e 44 do CTN que prevêem de forma clara que a matéria tributável é a renda ou o lucro do período, conceitos de direito privado, utilizados expressamente pela Constituição Federal e que não podem ser alterados pela legislação tributária, nos termos do que dispõe o artigo 110 do CTN, ferindo, ainda, o principio da capacidade contributiva previsto no artigo 145, parágrafo 1º, da Constituição Federal de 1988, uma vez que esta havendo tributação de valores que de fato o impugnante jamais percebeu. Sob o tópico: ‘Liberalidade não se presume, deve ser comprovada’, expõe que: 1) é totalmente descabida a hipótese levantada pelo Agente Fiscal, posto que as Instituições Financeiras não possuem nenhum interesse de qualquer natureza, em perdoar parcialmente dividas e evidentemente, não tomaria tal decisão apenas para não pagar tributos, até porque, tributos devidos seriam em valor inferior ao montante perdoado; 2) a liberalidade não se presume como tenta fazer crer a fiscalização, sua ocorrência deve ser comprovada. Assim, quanto à possibilidade de liberdade de descontos/ abatimentos, para os casos de créditos concedidos a pessoas com qualquer relação de interesse das Instituições Financeiras, a legislação tributária tratou a questão, e estabeleceu mecanismos, os quais veda a dedução de perdas, em seu artigo 9°, § 6°, da Lei n° 9.430/96; 3) para que o valor das perdas definitivas e efetivas possa compor a base de cálculo dos tributos ora impugnados, deveria ser demonstrada pelo Fisco a disponibilidade financeira dos Fl. 1857DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 5 7 valores, e de que abriu mão dos mesmos, por simples liberalidade; 4) além dos julgados do Primeiro Conselho de Contribuintes (Acórdãos 107.06.500 e 107.06.506), que reconhecem tratarse no caso de despesas operacionais do recorrente, portanto, dedutíveis, também perante o poder judiciário (Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0049172) a dedutibilidade imediata das perdas definitivas tem sido admitida. Assim, nos termos dos julgados acima noticiados, em especial da Câmara Superior de Recursos Fiscais, nos arts. 9° a 14 da Lei n° 9.430/96 veiculam condições e prazos para dedução das perdas provisórias, não se aplicando àquelas já definitivamente incorridas. Contrapõemse à exigência de multa de ofício isolada para valores cuja tributação foi considerada apenas postergada para o anobase de 2000 (parte de IRP1 e toda a CSL), nos termos do artigo 6°, parágrafo 7°, do Decretolei n° 1.598/77, que atribuiu A hipótese os mesmos efeitos da denúncia espontânea prevista no artigo 138 do CTN, de modo que nessas hipóteses só é permitida a exigência da correção monetária e dos juros de mora. Também, segundo a defendente, não ampara a exigência a Lei n° 9.430/96, artigo 44, I, c/c § 1°, II, uma vez que da simples leitura desse dispositivo legal já se verifica que tal norma é de caráter absolutamente genérico, estipulando a regra geral aplicável aos casos em que há falta ou insuficiência de recolhimento de imposto. Aduz, ainda, que a jurisprudência do Conselho de Contribuintes, sempre foi dominante quanto ao não cabimento de multa de mora nos casos de postergação de pagamento (Acórdãos 1° CC 1052.610/88, 10318568, 10193438). Também decidiu o Conselho de Contribuintes pela não incidência de multa de oficio em caso de postergação em julgado recente, relativo aos anosbase de 1998 e 1999 (Acórdão n° 101 94560, de 12/05/2004), portanto, posterior ao advento da Lei n° 9.430/96. Contesta a exigência de juros de mora sobre multa proporcional por falta de embasamento legal que a autorize. Nesse sentido já decidiu a Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em processo em que também se exigia indevidamente juros de mora sobre a multa de oficio (Acórdão n° 10419184) e a Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes (Acórdão n° 30131539). Ressalta que não ha como alegar que a exigência teria fundamento no artigo 61 da Lei n° 9.430196, uma vez que aquele dispositivo autoria apenas a incidência de juros somente sobre o valor dos tributos e contribuições, e não sobre o valor da multa de oficio lançada, até porque referido artigo está a disciplinar os acréscimos morat6rios incidente sobre os débitos em atraso que ainda não foram objeto de lançamento. Discorda da aplicação dos juros na forma pretendida pela Fiscalização, uma vez que a utilização da SELIC, a qual é composta de correção monetária, juros e valores correspondentes a remuneração de serviços prestados pelas instituições Fl. 1858DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 8 financeiras, ultrapassa o equivalente a 1%, percentual previsto para os juros, no artigo 161 do Código Tributário Nacional. Por fim, a impugnante, nos termos do art. 16, inciso IV, do Decreto nº 70.235, requer a realização de perícia e, para tanto, indica seu perito e formula quesitos. Por força do disposto na Portaria RFB n.° 3.377, de 19 de agosto de 2005 (DOU de 24.08.2005), a competência de julgamento do presente processo foi transferida para esta DRJ. À fl. 185, o Despacho da Presidência n° 2050/2005 determina, com base no artigo 18 e parágrafos do Processo Administrativo Fiscal (Decreto n° 70.235/72), com as alterações da Lei n° 8.748/1993,o retorno dos autos à repartição de origem para verificar a procedência das alegações contidas na peça impugnatória, especificamente com relação aos itens abaixo indicados, carreando aos autos os documentos pertinentes, e a conseqüente reabertura de prazo à contribuinte para apresentações de razões adicionais de defesa: I. se houve a alegada postergação do pagamento do IRPJ referente à parcela de R$ 27.135.420,70 para exercícios posteriores, haja vista que a própria fiscalização considerou o pagamento sobre o valor de R$ 8.459.695,91 como postergado para o anocalendário de 2000, sem nenhum demonstrativo que esclareça esse reconhecimento; II. se o valor tributável de RS 35.595.116,71, classificado pelo contribuinte como ‘perdas em renegociação de dívidas’, com base nos documentos acostados aos autos às fls. 163/166, atende aos requisitos previstos pelo artigo 9° e seguintes da Lei n° 9.430/96, para as perdas registradas em 1999, constituindo despesas operacionais das instituições financeiras. Em atendimento ao despacho acima foi proferido o Termo de Encerramento de Diligência Fiscal fl. 1.234/1.255, e juntada a documentação de fls. 187/1.233. Às fls. 1.257/1.271, foram apresentadas as razões adicionais de defesa pela autuada. Em síntese, a recorrente alega, no que concerne aos itens 56 e seguintes (fls. 12 a 22) do citado Termo de Encerramento de Diligência Fiscal que, juntando vultuosa documentação, já analisada pela Fiscalização, logrou comprovar que realmente os valores glosados pelo fisco são perdas/descontos concedidos nas renegociações de dívidas e que constituem despesas operacionais de qualquer instituição financeira, dedutíveis de imediato para efeito de IRPJ e CSSL. Prossegue em sua argumentação, aduzindo que a interpretação esposada pelo Fisco nos itens 64 e seguintes do citado Termo de Encerramento de Diligência Fiscal não se coaduna com o entendimento do Primeiro Conselho de Contribuintes manifestado no recente julgado da Primeira Câmara no Acórdão 10195.469, de 26/04/2006: ‘os abatimentos concedidos ao devedor na liquidação de operações de crédito classificamse como despesas operacionais e são dedutíveis do lucro operacional’ Quanto as observações feitas no item 70 no sentido de que no exame da documentação apresentada pela impugnante teria sido Fl. 1859DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 6 9 constatada a existência de contratos de operações de crédito garantidos por alienação fiduciária e outros com hipotecas, não merecem ser levadas em consideração porque tratase de referência genérica, totalmente desacompanhada de qualquer demonstração quanto aos tipos de contrato, data, valor, parte envolvida e outros elementos que indiquem a sua efetiva existência e os montantes respectivos. Com relação as observações feitas pela Fiscalização nos itens 47 a 55, afirma que demonstrou que tem e sempre teve as informações, documentos e registros em livros contábeis e fiscais todos em conformidade com a legislação fiscal, normas do BACEN e normas de contabilidade geralmente aceitas, tanto que as colocou à disposição da Fiscalização por ocasião da diligência. O que afirmou que não tinha e não tem, porque não se trata de documento de natureza contábil ou fiscal, é o relatório gerencial nos moldes solicitados pela Fiscalização (Relatório analítico em meios magnéticos). Sustenta, ainda, que há nulidade no procedimento fiscal quer porque o levantamento fiscal foi incompleto, quer porque não atendeu o PN 2/96 e o não cabimento da multa isolada em postergação. Quanto à questão da aplicação de juros de mora com base na taxa SELIC, reportase a impugnante aos argumentos desenvolvidos em sua impugnação. A 1ª Turma da DRJ/JFA, em sessão de julgamento, decidiu, por unanimidade, julgar procedente em parte o lançamento, com supedâneo nos seguintes fundamentos: não há nulidade, não havendo ato ou termo lavrado por pessoa incompetente, e não se podendo cogitar de despacho ou decisão proferido em etapa anterior a impugnação (art. 59, I, e II, Decreto n°70.235/72). Não houve impedimento para a defesa, nem apresentação de documentação. Além, a fiscalização se utilizou de informações prestadas pela própria contribuinte; quanto a postergação, ha menção expressa do autuante sobre o assunto no Termo de Verificação Fiscal e na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal. quanto ao pedido de diligências, foi atendido, com o retomo dos autos it unidade de origem para comprovar a veracidade de suas afirmações, relativamente as perdas definitivas no recebimento de créditos ou caso contrario, não sendo o caso de perdas prováveis com créditos de liquidação duvidosa. Assim, entendendo bem instruído o processo, dispensou a realização de perícia contábil; cabe ao auditor provar o fato gerador; contudo, cabe ao contribuinte comprovar que tem direito à dedutibilidade, os quais poderiam ter sido trazidos durante a impugnação. Além disso, foi possibilitada a juntada de documentos após a diligência determinada. Todavia, o contribuinte ajuizou Mandado de Segurança (Processo n° 2003.61.00.0285173) perante a 26' Vara Cível Federal de São Paulo visando a assegurar o direito de não ser penalizado por ter computado para efeito de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSL Fl. 1860DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 10 devidos, relativos aos anos base de 1998 a 2002, o valor das perdas sofridas pelo impetrante ao longo daqueles anos no recebimento de seus crédito, o qual foi julgado extinto, sem julgamento de mérito, com fundamento no art. 267, VIII, do CPC. A propositura de Mandado de Segurança importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto (art.1°, § 2°, Decretolei n° 1.737/79, e art. 38, parágrafo único, da Lei n° 6.830/80, esclarecidos pelo ADN n° 3/96 e Parecer COSIT n° 27/97); a fiscalização observou o critério de postergação prescrito no art. 6° do decretolei n° 1.598/77 e Parecer Normativo n° 02/96), pois verificase que não se limitou a glosar as perdas deduzidas, mas considerou os efeitos no exercício em que elas seriam dedutíveis (fls. 94/96 e 103); a parcela de R$ 27.135.420,80, conforme ficha 09B da DIPJ/2001, não foi paga, sendo o valor tributável devido no AC de 2000 de apenas R$ 8.459.695,91. Sendo assim, não merece o tratamento de mera postergação ; os juros calculados sobre a postergação estão corretos, nos termos do art. 43 e § 3° do art. 5° da Lei n° 9.430/96; o percentual de 21,25% utilizado pela fiscalização, apesar de incorreto, fica mantido, para não agravar a exigência já feita; as perdas com créditos garantidos por alienação fiduciária, bem como assegurados por hipoteca estão contidos na matéria discutida junto ao Poder Judiciário; aplicase a retroatividade benigna is multas isoladas de 75% sobre os valores postergados, em face da nova redação dada ao art. 44 da Lei n° 9.430/96 pela MP 351, convertida na Lei n° 11.488/2007; a alegação de que a exigência de juros de mora sobre multa proporcional inconstitucional/ilegal, com base em decisões do Conselho de Contribuintes foi rechaçada, com base no Parecer Normativo CST n° 390/71. A incidência dos juros de mora se deu apenas sobre os valores de imposto, e não sobre os valores de multa de oficio; juros selic sobre multa isolada do devidos com base no art. 161 do CTN, 61, e § 3°, da Lei n° 9.430/96, esclarecidos pelo Parecer COSIT n° 28/98; não ha diferenças no aspecto material relativamente aos juros de imposto e de multa de oficio, aplicandose a ambos o disposto no art. 61, §3° da Lei n° 9.430/96; a aplicação da taxa selic aos juros de mora, definida pelo art. 13 da Lei n° 9065/95, continua em vigor, não cabendo apreciação sobre inconstitucionalidade ou ilegalidade de tal norma; a alíquota de 1% somente se aplica acaso não definidos percentuais diversos na legislação (art. 161, § 1°, CTN); Fl. 1861DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 7 11 igual destino dado as decisões acerca do 1RPJ cabem à CSLL, na ausência de argumentos específicos. Irresignado, o recorrente interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, alegando, em síntese, que: Preliminarmente a autuação, bem como a decisão da DRJ reconheceram como matéria em discussão a aplicação das regras do art. 9° da Lei n° 9.430/96 às perdas efetivas com descontos concedidos nas renegociações de dividas, quando, na verdade, pediase a dedução, como despesa operacional, dos valores objeto de perda/desconto, na medida em que são perdas efetivas e não provisórias; No mérito Inexistência de renúncia à discussão na via administrativa: a alínea ‘e’ do Ato Declaratório COSIT n° 03/96 é desprovida de base legal. Além disso, a renúncia a via administrativa tem por objetivo evitar decisões conflitantes e não se aplica no caso em que o processo judicial foi extinto sem julgamento de mérito, antes da lavratura do auto de infração e da decisão de primeira instância. Juntada jurisprudência do 1° Conselho de Contribuintes; Despesas operacionais do recorrente: as perdas incorridas são parciais e definitivas no recebimento de créditos. Os valores assim registrados representam receitas que de fato não existiram, ou seja, valores registrados como receitas, tributados pelo 1RPJ e CSLL e que por alguma razão não foram percebidos. Acaso tributados, haverá o pagamento sobre não renda, havendo violação aos art. 153, III, e 195, I, da CF, 43 e 44 do CTN, e art. 145, § 1°, da CF. Juntado acórdão decidido no sentido requerido pela recorrente, de relatoria da Conselheira Sandra Maria Faroni; a recorrente concede descontos porque, feitas suas análises, percebe que se não agir rapidamente para receber parte dos créditos poderá arcar com prejuízo total. Não há qualquer liberalidade nisso, em perdoar dívidas; ao entender pela postergação, deveria ter o auditor, em obediência ao art. 6° do Decretolei nº 1.598/77 e ao Parecer CST 02/96, ter verificado o lucro dos anos seguintes (2000 a 2003), para então concluir pela parcela postergada. Como foi verificado somente o ano seguinte, que resultou em lucro de R$ 8.459.695,91, admitiu a parcela restante (R$ 27.135.420,80) como não passível de ser compensada. Porem, já no ano de 2001 ocorreu a postergação de outros R$ 19.458.617,72. Assim, não observados os atos que disciplinam a apuração, deve ser cancelada a autuação. Juntada jurisprudência do 1° Conselho de Contribuintes; Fl. 1862DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 12 Vício no cômputo dos juros na postergação: o recorrente apurou saldo negativo, tanto de IRPJ como de CSLL ao final do exercício de 2000. Assim, a postergação do valor supostamente devido em 1999 não pode ser considerada paga em 30/03/2001, mas em 31/12/2000, somente podendo ser exigidos juros do período de fevereiro/2000 a dezembro/2000. Prova disso, é que o saldo negativo já é passível de compensação acrescido de juros a partir de janeiro de 2001. Se assim não se decidisse, deveriam ser considerados os juros de mora já pagos desde fevereiro/200I, tal como fez a fiscalização quanto ao débito vencido em 30/03/2000, mas atualizado desde fevereiro/2000; a decisão da DRJ reconhece o erro no percentual de 21,25% apurado pela fiscalização, sobre o qual deveria incidir o adicional de 4% de CSLL. No entanto, sem dizer qual o percentual correto, admite o erro, para não agravar a exigência. Desta forma, o credito tributário não se reveste dos requisitos de liquidez e certeza necessários para a sua constituição válida, o que impõe sua nulidade; da imputação do valor pago correspondente aos valores postergados de CSLL: o valor de R$ 280.311,54 (correspondente à diferença apurada pela fiscalização entre a CSLL postergada e o total pago, relativo aos valores postergados), deve ser deduzido dos juros de mora exigidos isoladamente; da exigência de juros sobre multa: a exigência de juros sobre multa de ofício não tem base legal, somente autorizada a incidência de multa e juros sobre o valor atualizado do tributo ou da contribuição. A valer tal exigência, ficará sem sentido o art. 161 do CTN, especialmente a expressão ‘sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis’, O § 3° do art. 61 da Lei n° 9430/96 optou por prever a incidência dos juros de mora apenas sobre o valor dos tributos, contribuições e multas isoladas, e não sobre multas de oficio exigidas como acessório juntamente com o tributo eventualmente exigido. O art. 43 da Lei n° 9.430/96 segue o mesmo entendimento, e seria desnecessário, caso a multa de ofício estivesse no conceito de ‘débitos’ do art. 61; da imprestabilidade da Selic como índice para efeitos de cômputo dos juros de mora: por extrapolar em muito o percentual de 1% do art. 161 do CTN, por ser uma figura híbrida, e ser fixada unilateralmente pelo Poder Executivo, não é hábil para o cálculo dos juros, podendo ser afastada na esfera administrativa pela antinomia das normas legais instituidoras da taxa com as normas de lei complementar do CTN. É o relatório. A decisão a quo, proferida pela 2a Turma Ordinária da 3a CÂmara da 1a Seção, foi ementada nos seguintes termos (Ac. 130200.440, de 16/12/2010); ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/1999 CONCOMITÂNCIA. LANÇAMENTO EFETUADO APÓS A RENÚNCIA DA AÇÃO JUDICIAL. INOCORRÊNCIA. Fl. 1863DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 8 13 Não ha renúncia à esfera administrativa se o recorrente desiste da ação judicial antes do lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para afastar a concomitância e determinar o retomo do processo à DRJ para análise das questões suscitadas. [...] A Fazenda Nacional insurgese, por meio de recurso especial, contra a decisão que afastou a concomitância em razão de o contribuinte ter desistido da ação judicial antes do lançamento. Argumenta que o ajuizamento de ação judicial, cujo objeto contém ou está contido no recurso administrativo, tem o condão de implicar na renúncia da esfera administrativa, a teor do parágrafo único do art. 38 da Lei n° 6.830/80, art. 1°, § 2°, do Decretolei n° 1.737/1979, bem como do ADN COSIT nº 3, de 1996. Acostou paradigma para a tese de que “a mera propositura da competente ação judicial importa diretamente na renúncia ao direito de deflagrar a instância administrativa ou, até, na desistência de recurso acaso interposto”. O recurso foi admitido pelo presidente da 3ª Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO O recurso especial da Fazenda é tempestivo. Porém, considerando os argumentos trazidos no especial do recorrente e nas contrarrazões e memoriais do recorrido, pareceme que há que se analisar a questão da admissibilidade o recurso especial. O recorrido sustenta que os fatos do paradigma são diferentes dos fatos do acórdão recorrido pelo contribuinte, esta diferença seria suficiente para comprometer a suposta diferença interpretativa que poderia sustentar a existência da divergência ensejadora do especial. Em termos legais, a norma que se discute aqui é o art. 38 da LEF: que diz: Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer Fl. 1864DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 14 na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. (Negritouse). Também há regramento legal previsto no art. 1°, § 2°, do Decretolei n° 1.737/1979, que diz: Art 1º Serão obrigatoriamente efetuados na Caixa Econômica Federal, em dinheiro ou em Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional ORTN, ao portador, os depósitos: I relacionados com feitos de competência da Justiça Federal; II em garantia de execução fiscal proposta pela Fazenda Nacional; III em garantia de crédito da Fazenda Nacional, vinculado à propositura de ação anulatória ou declaratória de nulidade do débito; IV em garantia, na licitação perante órgão da administração pública federal direta ou autárquica ou em garantia da execução de contrato celebrado com tais órgãos. § 1º O depósito a que se refere o inciso III, do artigo 1º, suspende a exigibilidade do crédito da Fazenda Nacional e elide a respectiva inscrição de Dívida Ativa. § 2º A propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. (Negritou se). O Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, estatui em seu art. 87:: Art. 87. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas (Lei no6.830, de 1980, art. 38, parágrafo único). Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. O RICARFAnexo II em seu art. 78 diz: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1° A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2° O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. (Negritouse). Fl. 1865DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 16327.000001/200524 Acórdão n.º 9101002.069 CSRFT1 Fl. 9 15 Dispositivo de natureza semelhante também estava presente na redação antiga redação do art. 62 do Decreto 70.235/1972, está também consubstanciada na Súmula n. 1 do CARF, que diz: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Evidentemente que a Súmula se refere à existência de processos simultâneos, independentemente do processo judicial ter se iniciado antes ou depois do lançamento de ofício, mas é necessário que eles tenham coexistido, haveria que existir a perspectiva de prejudicialidade compulsando os acórdãos norteadores da desta Súmula, entendo ser este a sua mens. Outra situação seria a existência de julgamento de mérito em qualquer instância judicial, o que não é ocaso. No caso presente o contribuinte impetrou mandado de segurança, porém não obteve a liminar (23/10/2003), inconformado o contribuinte interpôs agravo de instrumento, cujo efeito suspensivo foi negado pelo TRF, na sequência o contribuinte desistiu do feito, que foi julgado extinto sem julgamento do mérito (25/06/2004), tendo sio o auto de infração lavrado em 30/12/2004. No caso do único paradigma apresentado no recurso especial da Fazenda (Ac. 104137.265 da 4ª T da CSRF), ocorreu situação semelhante, como se deflui do voto do relator, ao transcrever trecho do acórdão da DRJ, conforme abaixo (fl. 7 do Ac. 104137.265): É verdade que a propositura de ação judicial que tem o interessado no pólo ativo, discutindo a mesma matéria e objeto do processo que se encontra na esfera julgadora administrativa, implica automaticamente na desistência ou renúncia à via administrativa, ante o principio da unicidade de jurisdição. É válido recordar, entretanto, que antes da instauração da lide administrativa, ou seja, antes que sobreviesse o Despacho decisório (fls. 17/18), trazendo o pronunciamento a respeito do que fora requerido pelo contribuinte, este atravessou petição, requerendo a desistência da ação (fls. 110/111). Ou seja, o contribuinte antes que se instaurasse a lide administrativa (com o despacho denegatório e consequente manifestação de inconformidade), desistiu de ação judicial, iniciada antes do pedido administrativo, cuja desistência se deu após o ingresso na via administrativa, após a decisão denegatória de segunda instância, mas antes da lide administrativa ter início. A questão então se afigura simples: em ambos os casos não existiu em momento nenhum concomitância de fato, tratouse de desistência, sem julgamento do mérito, antes do lançamento de ofício e do despacho denegatório e das consequentes impugnação e manifestação de inconformidade que instauraram os contenciosos nos dois processos. Assim, no meu entender, há divergência, o que levaria esta CSRF a ter que analisar se em situações que tais, que não estão cobertas claramente pelas normas supracitadas, Fl. 1866DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO 16 se deve ser reconhecida, ou não, a concomitância de processos e, por conseguinte, se haveria, ou não, a desistência da discussão na esfera administrativa. Porém, há outro aspecto a ser considerado e que não foi cogitado na análise de admissibilidade. Ocorre que a sentença recorrida anulou em parte a decisão da primeira instância e devolveu o processo para que seja analisada a parte não discutida na DRJ, em virtude da suposta concomitância de processos, reconhecida pelo recorrido. Ora, o § 2o do art. 67 do RICARFAnexo II diz que nestes casos não cabe recurso especial, confirase: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. [...] § 2° Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF, ou que, na apreciação de matéria preliminar, decida pela anulação da decisão de primeira instância. (Negritouse). Assim, considerando este último aspecto, sigo o RICARF e deixo de conhecer o recurso especial da PGFN, devendo ser cumprido o que foi decido no Acórdão recorrido. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator Fl. 1867DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 04/12/2014 por OTACILIO DANT AS CARTAXO
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Numero do processo: 10640.721534/2011-52
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jan 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008, 2009
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. PROVA DOCUMENTAL
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos.
ALIENAÇÃO MENTAL. CURATELA.
Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para a definição dos respectivos efeitos tributários.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. FORMALISMO MODERADO. VERDADE MATERIAL.
Conforme ensinou o Mestre Hely Lopes Meirelles: "o princípio do informalismo dispensa ritos sacramentais e formas rígidas para o processo administrativo, principalmente para os atos a cargo do particular.... Garrido Falla lembra, com oportunidade, que este princípio é de ser aplicado com espírito de benignidade e sempre em benefício do administrado, para que por defeito de forma não se rejeitem atos de defesa e recursos mal qualificados." (in Direito Administrativo Brasileiro, 32ª edição, atualizada. São Paulo: Malheiros, 2006, p.687)
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2801-003.892
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Marcio Henrique Sales Parada e Flavio Araujo Rodrigues Torres.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. PROVA DOCUMENTAL Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. ALIENAÇÃO MENTAL. CURATELA. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para a definição dos respectivos efeitos tributários. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. FORMALISMO MODERADO. VERDADE MATERIAL. Conforme ensinou o Mestre Hely Lopes Meirelles: "o princípio do informalismo dispensa ritos sacramentais e formas rígidas para o processo administrativo, principalmente para os atos a cargo do particular.... Garrido Falla lembra, com oportunidade, que este princípio é de ser aplicado com espírito de benignidade e sempre em benefício do administrado, para que por defeito de forma não se rejeitem atos de defesa e recursos mal qualificados." (in Direito Administrativo Brasileiro, 32ª edição, atualizada. São Paulo: Malheiros, 2006, p.687) Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 72 15 34 /2 01 1- 52 Fl. 250DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10640.721534/201152 Acórdão n.º 2801003.892 S2TE01 Fl. 250 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Marcio Henrique Sales Parada e Flavio Araujo Rodrigues Torres. Relatório Contra a contribuinte acima identificada foi lavrado Auto de Infração relativo ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, dos anos calendário de 2007 e 2008, exercícios de 2008 e 2009, respectivamente, onde foi exigido imposto no valor de R$ 142.206,47, crescido de multa proporcional, no percentual de 75%, importando em R$ 106.654,84 e mais juros de mora calculados com base na taxa Selic. Na autuação, narra a Autoridade Fiscal, em resumo, que a contribuinte, que recebeu proventos de aposentadoria pagos pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e também R$ 1.853,39 recebidos de Caixa Vida e Previdência, após declarálos como tributáveis, retificou as DIRPF dos exercícios em comento, passando a reputálos "isentos" de tributação. Com essa retificação, após processamento sumário, contribuinte recebeu em restituição todo o valor do imposto que havia sido retido a título de antecipação, pelas fontes pagadoras. Após, a DRF em Juiz de Fora/MG solicitou um Parecer Médico Pericial, com cópia na folha 132, que com base em "análise documental" concluiu que a Requerente não se enquadrava como "portadora de doença grave elencada na Lei", que foi emitido em 30 de maio de 2010, pela Gerência Regional de Administração do Ministério da Fazenda/MG, assinado pelo Presidente da Junta, Dr. José Sinval do Espírito Santo e mais dois médicos. O Auditor Fiscal destacou quais pontos levaram à conclusão do Parecer, como por exemplo a "firmeza" na assinatura da Requerente na Procuração apresentada. Considerando que fora paga a restituição pleiteada, efetuouse nova apuração, para exigência do tributo em lançamento de ofício. Irresignada a Contribuinte, mediante procuradores constituídos, apresentou Impugnação que consta das folhas 108 e seguintes, posteriormente aditada nas folhas 143. Questiona, em síntese, "os equívocos do Parecer Médico Pericial" supracitado, rebatendo pontualmente suas conclusões; diz ainda que não fora emitido por médicos especialistas em psiquiatria e neurologia. Ali, tratase, essencialmente, de questões de cunho médico. Enfim, pugna pela necessidade de realização de perícia na Requerente, aponta Perito e quesitos e pede o deferimento da perícia, o acolhimento da impugnação e o cancelamento do débito fiscal reclamado. Fl. 251DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10640.721534/201152 Acórdão n.º 2801003.892 S2TE01 Fl. 251 3 A Presidente da 4ª Turma da DRJ em Juiz de Fora, ao receber os autos, entendeu por deferir a Perícia requerida, nos seguintes termos (fl. 151): Realmente, da leitura do indigitado Parecer da GRA/MG, observase que a conclusão da junta médica pautouse apenas na documentação constante dos presentes autos. Assim, entendo prudente, diante dos argumentos de defesa, que este processo retorne àquela Gerência Regional – Núcleo de Saúde, com a solicitação de que a contribuinte seja submetida a uma perícia médica e novo Parecer seja proferido, depois de avaliado seu estado clínico e analisado os demais documentos trazidos à colação. Encaminhese à GRA/MG/Divisão de Recursos Humanos/Núcleo de Saúde e Perícia, solicitando atendimento. Frustrada a realização de perícia na Requerente, tendo a GRA/MF devolvido os autos reforçando de forma explícita as conclusões, com base em análise documental, que fizera anteriormente (fls. 153/4), a DRJ/JFA resolveu então que: Em face da situação que se apresenta para análise, resolvo deferir o pedido de perícia requerido pela impugnante em sua peça de defesa, às fls. 117/118. Para tanto, este processo deverá ser encaminhado à DRF/Juiz de Fora/MG/SACAT, solicitando o que segue: 1) Enviar à contribuinte 01 (uma) cópia do Parecer Médico Pericial de fls. 154/155 emitido pelo Dr. José Sinval do Espírito Santo, médico, Supervisor do NUSAP – DRH – SAMF – MG. 2) Intimar a requerente a providenciar LAUDO MÉDICO PERICIAL, CIRCUNSTANCIADO E CONCLUSIVO, acerca da moléstia diagnosticada e da data em que foi contraída, a ser emitido pelo Dr. Roberto Dimas Costa, indicado pela interessada como seu perito, o qual deverá responder ainda aos 06 (seis) quesitos elencados à fl. 118 da impugnação. 3) Intimar a peticionária a entregar ao citado perito 01 (uma) cópia do Parecer Médico mencionado no item 1 para que ele se manifeste por escrito sobre todas as questões ali apontadas. Veio então, aos autos, o Laudo Médico Pericial, da lavra do Perito designado Dr. Roberto Dimas da Costa, em 26 de janeiro de 2012, onde conclui o seguinte (fl. 168): ... A partir de 2004 passou a manifestar alterações mentais graves, caracterizadas por verborragia, atitudes extravagantes, insônia e comportamento agressivo. Doença tem evoluído com alternância de fases de depressão e outras de euforia com agitação e comportamento turbulento. A doença é grave, crônica e irreversível, já manifestando deterioração da personalidade, com comprometimento grave de sua capacidade volitiva e pragmática." Fl. 252DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10640.721534/201152 Acórdão n.º 2801003.892 S2TE01 Fl. 252 4 Respondeu ainda aos quesitos propostos pela Requerente e admitidos pela DRJ e rebateu as conclusões do Laudo emitido pela GRA/MF. O Acórdão que julgou a Impugnação não foi unânime. No Voto vencido, a relatora convenceuse do atendimento, pela Recorrente, dos requisitos legais para fruição de isenção do imposto de renda. Vejamos: Após analisar toda a documentação constante dos presentes autos, faço as seguintes considerações: 1 – Dúvidas não há de que a Junta Médica do NUSAP/DRH/SAMF/MG emitiu os Pareceres apenas com base em documentos, conforme foi afirmado pelo Presidente da Junta Médica, muito embora tenha sido solicitado por esta relatora que a contribuinte fosse submetida a uma perícia médica e novo Parecer fosse proferido, depois de avaliado seu estado clínico. (...) 5 – Conforme já foi dito, solicitouse da Junta Médica o exame clínico da contribuinte e, malgrado sua relevância, tal pedido não foi atendido. Diante dessas observações, considero prejudicados os Pareceres da Junta Médica do NUSAP/DRH/SAMF/MG. Em sendo assim, o LAUDO MÉDICO PERICIAL, CIRCUNSTANCIADO E CONCLUSIVO, às fls. 169/175, emitido pelo Dr. Roberto Dimas Costa, CRMMG 6229, médico psiquiatra do SUS/Juiz de Fora/MG, é que elucida a questão, ou seja, conforme já fora informado no laudo oficial de fl. 123, a Sra. Amarylles Delgado, paciente sob seus cuidados médicos, é portadora de alienação mental desde janeiro de 2004. Aliese a isso, o fato de que a própria fonte pagadora já deferiu o pedido de isenção do imposto de renda dos proventos pagos à autuada, a partir de maio de 2011, conforme informado na correspondência que lhe foi enviada, no caso, pelo Tribunal de Justiça... Incabível, portanto, a exigência de imposto suplementar sobre os proventos de aposentadoria pagos pelo TJMG à contribuinte, portadora de alienação mental, no AC2007 (R$ 314.846,73) e no AC2008 (R$ 312.209,41). Já a infração apontada pela Fiscalização como “rendimentos classificados indevidamente na DIRPF”, no valor de R$ 1.853,39, pago pela Caixa Vida & Previdência S/A, no AC2007, a título resgate de contribuição à previdência privada (código 3223), não foi questionada pela impugnante, constituindose, pois, em matéria incontroversa do lançamento.Contudo, esse rendimento, por estar dentro da faixa de isenção da tabela progressiva anual, cujo limite foi de R$ 15.764,28 (AC2007), não implica em apuração de imposto suplementar. Fl. 253DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10640.721534/201152 Acórdão n.º 2801003.892 S2TE01 Fl. 253 5 Porém, o Voto vencedor foi no seguinte sentido: Inicialmente, cumpre salientar que em virtude das circunstâncias que cercam os presentes autos, minudenciadas no Relatório e no Voto Vencido, há que se tomarpor base o LAUDO MÉDICO PERICIAL, CIRCUNSTANCIADO E CONCLUSIVO, de fls. 169 a 175, emitido pelo Dr. Roberto Dimas Costa, CRMMG 6229, médico psiquiatra do SUS/Juiz de Fora/MG, que conforme já fora informado no laudo oficial de fl. 123, atesta que a Sra. Amarylles Delgado, paciente sob seus cuidados médicos, é portadora de alienação mental desde janeiro de 2004. Nos dispositivos legais que tratam da isenção por moléstia grave encontramos a expressão genérica denominada de “alienação mental”; ou seja, aqueles com “alienação mental” são considerados pela legislação como portadores de moléstia grave. Aí, tratou o Voto vencedor de incapacidade civil e proibição do exercício de direitos pelo indivíduo, para concluir que (fl. 192): Em assim sendo, não se pode aceitar, como termo de representação legal perante à RFB, a Procuração de fl. 119, lavrada em 26/03/2008, e tampouco a de fls. 164/165, lavrada em 10/05/2011, as quais nomeiam como procurador o Sr. Rodrigo Souza Lima, signatário da impugnação, apresentada em 12/05/2011. Isto porque, nos termos do art. 1.767 do Código Civil/2002, a Sra. Amarylles Delgado está sujeita à curatela, sendo necessário, consequentemente, que seu representante seja um curador, judicialmente nomeado, com o propósito de cuidar dos interesses da contribuinte, que não pode exercitálos pessoalmente. Desta forma, VOTO no sentido de NÃO TOMAR CONHECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO em face da ilegitimidade do subscritor. E assim decidiu o Acórdão recorrido por "não conhecer da impugnação". Cientificado dessa decisão em 26 de março de 2012 (fl. 193), o Procurador Rodrigo Souza Lima subscreveu, juntamente com a contribuinte interessada, Recurso voluntário apresentado em 24 de abril de 2012 (protocolo na folha 198). Em sede de recurso, rebate os fundamentos do Acórdão recorrido, falando de interdição civil, incapacidade civil, curatela, necessidade de decisão judicial, interdição de portadores de transtorno bipolar e capacidade da recorrente para assinar o presente recurso para, por fim, PEDIR que seja recebido e provido seu recurso para reformar o Acórdão combatido, cancelandose o débito fiscal em litígio. Posteriormente, encaminhou cópia do Acórdão 10422.142, do 1º Conselho de Contribuintes, que trata de exigência de curatela para a caracterização da alienação mental, para fins de isenção do IRPF. É o relatório. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10640.721534/201152 Acórdão n.º 2801003.892 S2TE01 Fl. 254 6 Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. DA ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. Verificase que existem duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: uma é ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios e outra é os rendimentos serem provenientes de aposentadoria ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: ... XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma;(destaquei) É de ser observada também a Súmula CARF Nº 63, abaixo transcrita: “Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. Bem, da análise dos autos, conforme relatado, verificase que não há discussão em relação a serem os proventos provenientes de aposentadoria, sendo a Requerente aposentada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais desde 1982, conforme cópia de Diário Oficial que se encontra na folha 129. O litígio, então, concentrouse, nas fases anteriores, na questão da validade do Laudo, de folha 123, emitido por Serviço Médico Oficial do Município de Juiz de Fora/MG. A motivação para que a Autoridade Fiscal não o validasse, para fins tributários, foi o Laudo emitido pela Gerência Regional de Administração GRA, do Ministério da Fazenda (fl. 132). Neste, com base em análise documental, sem avaliar a paciente, concluiuse que o outro Fl. 255DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10640.721534/201152 Acórdão n.º 2801003.892 S2TE01 Fl. 255 7 apresentava vícios para concluir que a Recorrente não se enquadrava como portadora de doença grave elencada na Lei. Em face de pleito exposto na Impugnação, a DRJ entendeu pela necessidade de perícia, encaminhando os autos àquela GRA, que, entretanto, devolveuos sem avaliar a Recorrente, ratificando as conclusões do Laudo anterior, com base em análise documental. Entendo que assistia razão à zelosa Relatora do Acórdão recorrido, sendo de fundamental importância que a Junta do Ministério da Fazenda avaliasse a paciente. Frustrada, entretanto, a fim de construir seu juízo de valor sobre matéria eminentemente médica, admitiu a manifestação do Perito indicado pela parte Recorrente e essa manifestação não deixa dúvidas quanto à doença mental e a constatação em 2004. Observase, tanto no Voto vencido quanto no Voto vencedor do Acórdão combatido que a Turma Julgadora admitiu que a Contribuinte é portadora de moléstia grave definida em lei e que se manifestou em 2004. A discussão passou então para outro plano, uma vez que se entendeu, majoritariamente, que sendo portadora de moléstia grave mental, seria a mesma incapaz para realizar atos da vida civil, como por exemplo dar uma Procuração para que terceiro subscrevesse a Impugnação administrativa, sem que se demonstrasse a curatela. O Recurso rebate esse entendimento, dizendo que a curatela somente é estabelecida por ato judicial e que a doença não é incapacitante para "todos os atos da vida civil". A ciência do Auto de Infração foi dada por via postal em 19 de abril de 2011, no endereço da contribuinte, conforme folha 14, sendo o recebedor Ronaldo Almeida, que não é o curador. É pacífico neste CARF que a notificação entregue no endereço informado pelo contribuinte é válida como ciência, ainda que o recebedor não seja o próprio, mas entendo que tal raciocínio não se aplicaria a uma pessoa reputada plenamente incapaz. Da mesma forma, aceitouse como válida a ciência pessoal do Acórdão combatido, dada ao Procurador Rodrigo Souza Lima, conforme folha 193, mas não se conhece da Impugnação subscrita pelo mesmo, por não ser curador de pessoa reputada "plenamente incapaz". Pareceme que existe uma incongruência ao se reputar válidos os atos do Fisco, efetuados através de terceiros que não são o "curador judicial" de pessoa acometida de doença mental, mas se reputar inválidos os atos dessa pessoa e de seus procuradores constituídos, pelos mesmos motivos, ou seja, a ausência de curatela. Creio que bastava isso para se entender então que os atos praticados pela contribuinte e seus procuradores, que a Administração reputou inválidos, como a ciência do Auto de Infração e do Acórdão recorrido anulariam todo o procedimento fiscal. Mas entendo de forma diversa, a partir da realidade dos autos, e, seguindo a doutrina de Hely Lopes Meirelles, temos que: "o princípio do informalismo dispensa ritos sacramentais e formas rígidas para o processo administrativo, principalmente para os atos a cargo do particular.... Garrido Falla lembra, com Fl. 256DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10640.721534/201152 Acórdão n.º 2801003.892 S2TE01 Fl. 256 8 oportunidade, que este princípio é de ser aplicado com espírito de benignidade e sempre em benefício do administrado, para que por defeito de forma não se rejeitem atos de defesa e recursos mal qualificados." (in Direito Administrativo Brasileiro, 32ª edição, atualizada. São Paulo: Malheiros, 2006, p.687) Temeroso o Julgador partir para conceitos e conteúdos do direito civil, como a incapacidade civil absoluta/relativa e a curatela, para rechaçar uma reclamação de cunho administrativotributário, estabelecendo, a partir de Laudo Médico que tem o objetivo de enquadrar a doença como moléstia grave isenta do imposto de renda, que seja a Recorrente absolutamente incapaz e passível de curatela, para invalidar atos por ela praticados, sem que haja prova de vício de vontade ou de forma tampouco sentença judicial declarando a medida da incapacidade e a necessidade da curatela. O que se observa é que os atos praticados nos autos visam a defender de fato os interesses da Contribuinte. Se já foi reconhecida a presença dos requisitos formais para o gozo da isenção, injustificável a não aceitação da impugnação, que assim enriquece sem causa o Fisco. CONCLUSÃO Assim, filiome ao entendimento do Voto vencido na decisão recorrida, ratificando sua fundamentação e conclusões, que transcrevo novamente: Incabível, portanto, a exigência de imposto suplementar sobre os proventos de aposentadoria pagos pelo TJMG à contribuinte, portadora de alienação mental, no AC2007 (R$ 314.846,73) e no AC2008 (R$ 312.209,41). Já a infração apontada pela Fiscalização como “rendimentos classificados indevidamente na DIRPF”, no valor de R$ 1.853,39, pago pela Caixa Vida & Previdência S/A, no AC2007, a título resgate de contribuição à previdência privada (código 3223), não foi questionada pela impugnante, constituindose, pois, em matéria incontroversa do lançamento.Contudo, esse rendimento, por estar dentro da faixa de isenção da tabela progressiva anual, cujo limite foi de R$ 15.764,28 (AC2007), não implica em apuração de imposto suplementar. Em conclusão, não tendo a decisão de piso analisado o mérito da questão, entendo que a mesma deveria ser anulada, para que outra fosse proferida, com manifestação sobre a questão da isenção por moléstia grave. Entretanto, considerando o art. 59 § 3º do Decreto nº 70.235, de 1972, VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar as exigências fiscais, considerando as razões acima expendidas. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 257DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10640.721534/201152 Acórdão n.º 2801003.892 S2TE01 Fl. 257 9 Fl. 258DF CARF MF Impresso em 19/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /12/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por TANIA MARA PASCHO ALIN
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Numero do processo: 10280.902964/2011-18
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 30 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2008
PIS. ISENÇÃO. SERVIÇOS PRESTADOS A DOMICILIADO NO EXTERIOR. INGRESSO DE DIVISAS. CONDIÇÕES. COMPROVAÇÃO.
Para efeito da isenção de receitas decorrentes da prestação de serviços a empresa domiciliada ou residente no exterior com ingresso de divisas no país, cabe ao contribuinte o ônus da prova da satisfação de tais condições, em termos específicos, quando esteja supostamente envolvida nas operações representante brasileira da suposta tomadora de serviços.
A contratação de agente ou representante no País não descaracteriza a operação, desde que a empresa seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica domiciliada no exterior e totalize, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-003.983
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente).
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Francisco José Barroso Rios e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Solon Sehn.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ISENÇÃO. SERVIÇOS PRESTADOS A DOMICILIADO NO EXTERIOR. INGRESSO DE DIVISAS. CONDIÇÕES. COMPROVAÇÃO. Para efeito da isenção de receitas decorrentes da prestação de serviços a empresa domiciliada ou residente no exterior com ingresso de divisas no país, cabe ao contribuinte o ônus da prova da satisfação de tais condições, em termos específicos, quando esteja supostamente envolvida nas operações representante brasileira da suposta tomadora de serviços. A contratação de agente ou representante no País não descaracteriza a operação, desde que a empresa seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica domiciliada no exterior e totalize, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente). (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 29 64 /2 01 1- 18 Fl. 108DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Francisco José Barroso Rios e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Solon Sehn. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 3ª Turma da DRJ de Belém PA (fls. 82/87 do processo eletrônico), a qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra a não homologação de compensação de débito tributário com crédito decorrente de aduzido pagamento indevido ou a maior de PIS/Pasep, no valor de R$ 1.185,14, relativo ao mês de janeiro de 2003. No Despacho Decisório (fls. 7/8), a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belém (PA), aponta que a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP apresentado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados par a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP (fls. 2/6). Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: (...) A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belém, por intermédio de despacho decisório, não homologou a compensação declarada. Consta da referida decisão: “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada.” Cientificado, o contribuinte apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade na qual alega: “(...) dentre as atividades desenvolvidas pela Empresa está a prestação de serviços para armadores estrangeiros. (...) até pouco tempo, desconhecia a lei que traz o benefício da não incidência da contribuição ao Pis/Pasep e Cofins sobre receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente e domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. Esses armadores estrangeiros, contudo, atuam no território nacional auxiliados por empresas brasileiras expressamente nomeadas como suas representantes. Dessa forma, o pagamento Fl. 109DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10280.902964/201118 Acórdão n.º 3802003.983 S3TE02 Fl. 109 3 desses representantes brasileiros é suportado pelo armador estrangeiro que, de acordo com o que a legislação brasileira lhes exige, remete previamente ao país divisas suficientes para fazer frente às despesas assumidas com a passagem de seus navios por águas e portos nacionais. (...) muito embora um dado serviço tenha sido executado totalmente no território nacional e aqui se verificar seu resultado, poderá estar abrangido pela não incidência, contanto que o tomador seja domiciliado no exterior e sua contraprestação acarrete a entrada de divisas. (...) Em suma, o que se exige para a imunidade da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, é um nexo causal entre o pagamento que representa o ingresso de divisas e a prestação de serviços à pessoa situada no exterior. Assim, quando o pagamento é efetuado pela empresa estrangeira, por meio de seus agentes ou representantes no país ou mediante dedução das receitas auferidas pelos armadores estrangeiros no país, reputase ocorrido o ingresso de divisas. Assim, o nexo é evidenciado pela própria legislação do Bacen, que autoriza esse tipo de transação. Frisando, os pagamentos realizados pelos armadores relativos àqueles serviços prestados aos seus navios de passagem por águas brasileiras são realizados em nome dos agentes, mas por conta dos armadores, dos quais são representantes. Embora realizados pelos representantes, tais pagamentos são suportados pelos armadores que, como exige a legislação brasileira, remetem previamente ao país divisas suficientes para fazer frente às despesas assumidas com a passagem de seus navios pelos portos nacionais. Posto isto, o contribuinte, ora Recorrente, preenchendo todos os requisitos acima descritos e fazendo jus ao benefício descrito, ingressou com pedido administrativo de Restituição e Compensação, via Per/Dcomp dos valores não prescritos. (...) O suposto débito em cobrança (...) referese à compensação efetuada em virtude de restituição do crédito acima descrita (...). (...) Todas as despesas assumidas pelas empresas estrangeiras em território nacional estão pormenorizadamente identificadas com o navio e o percurso a que se vinculam. As notas fiscais de prestação de serviços permitem correlacionar a atividade da Recorrente (enquanto fornecedora de serviços) àquela atividade desenvolvida pelos armadores estrangeiros em águas nacionais. Assim, a recorrente disponibiliza as notas fiscais para conferência, no momento em que Vossa Excelência entender ser devido. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Diante dos argumentos acima aludidos, temos que a r. decisão deva ser reformada, dando provimento ao presente recurso (...).” É o relatório. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 DCOMP. HOMOLOGAÇÃO. CRÉDITO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. As declarações de compensação apresentadas à Secretaria da Receita Federal do Brasil somente podem ser homologadas quando reste comprovada pelo sujeito passivo a existência do respectivo direito creditório. Em sede de compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Credit6rio Não Reconhecido Cientificada da referida decisão em 18/02/2013 (fl. 92), a Recorrente, em 25/02/2013, apresentou o recurso voluntário (fls. 93/104), descrevendo, em síntese, as seguintes razões: Inicialmente, a Recorrente informa o objeto social da empresa e faz um relato da origem do crédito alegado; em seguida elabora uma abordagem dos recentes julgados sobre a não incidência de PIS e Cofins sobre a exportação de serviços no entendimento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Apresenta os demais argumentos, conforme tópicos abaixo: a) Do direito a nãoincidência e da restituição do PIS/Pasep e da COFINS: alega que dentre as atividades desenvolvidas pela empresa está a prestação de serviços para armadores estrangeiros; que até pouco tempo, desconhecia a lei que traz o benefício da não incidência da contribuição ao Pis/Pasep e Cofins sobre receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente e domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; que esses armadores estrangeiros, contudo, atuam no território nacional auxiliados por empresas brasileiras expressamente nomeadas como suas representantes; que dessa forma, o pagamento desses representantes brasileiros é suportado pelo armador estrangeiro que, de acordo com o que a legislação brasileira lhes exige, remete previamente ao país divisas suficientes para fazer frente às despesas assumidas com a passagem de seus navios por águas e portos nacionais; reproduz vasta legislação que trata dessa matéria; b) Do tomador de serviço residente ou domiciliado no exterior: aduz que os contratos são efetivados mediante a interposição de agente ou representante do Brasil do transportador estrangeiro. Porém, resta claro que o fato de o pagamento ser feito por representante no Brasil, daquela pessoa jurídica (armador estrangeiro), em reais, não descaracteriza, por si só, para efeitos de nãoincidência do PIS/Pasep e da Cofins; para tanto, cita trechos da Solução de Consulta nº 217, da Disit/SRRF/9ªRF; Fl. 111DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10280.902964/201118 Acórdão n.º 3802003.983 S3TE02 Fl. 110 5 c) O pagamento deve representar ingressos de divisas: alega que neste requisito para a configuração de uma prestação de serviço como exportação – entrada de divisas, a situação em estudo merece a mesma conclusão exposta no item anterior; visando corroborar os entendimentos, cita a solução de Divergência Cosit nº 12/2001, indicando ainda, a necessidade de se analisar, as normas emanadas pela autoridade monetária do País (BACEN); d) Dos normativos do Banco Central do Brasil aplicáveis ao caso: tratou das condições para a não incidência (prestador de serviços residente no exterior e ingresso de dividas no País) e dos atos normativos expedidos pelo Banco Central do Brasil que seriam aplicáveis ao caso, especialmente no que concerne à estipulação da representação no Brasil de armador estrangeiro, e e) Da comprovação dos ingressos de divisas: discorda da decisão prolatada pela DRJ, para apresentação dos contratos de direito privado firmados com o armador estrangeiro; e afirma que é apenas uma prestadora de serviço do agente/representante nacional do armador estrangeiro, que apenas manobra navios. Assim, a exigências de tais documentos, vez que o contrato de representação é feito entre o agente/representante e o armador estrangeiro, sendo que apenas estes podem suprir tal exigência, por não ter a recorrente qualquer vínculo entre essa relação. Alega que quem pode comprovar o regular ingresso de divisas, além do agente/representante nacional, é o Banco Central do Brasil. Argumenta do abuso e da ilegalidade para apresentação de tal documentação. Ao final, clama pela reforma da decisão recorrida, para dar provimento ao presente recurso, cancelando o procedimento administrativo, reconhecendo o valor do crédito, homologandose a compensação declarada. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Tempestivamente interposto e atendido os requisitos de admissibilidade do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso Voluntário e passo à análise das razões recursais. Análise dos Fatos Conforme se verifica nos autos, o valor do indébito com o qual a Recorrente declarou a compensação, objeto deste processo, seria originário de pagamento indevido ou a maior de PIS, referente a serviços prestados para pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior, relativo ao mês de janeiro de 2003. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belém (PA), no seu Despacho Decisório, não reconheceu qualquer direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, não homologou a compensação declarada, ao fundamento de que o pagamento informado como origem do indébito já havia sido integralmente utilizado pára quitação de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito informado na PER/DCOMP ora examinada. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Já na decisão recorrida, a DRJ descreve em seus fundamentos que o reconhecimento do indébito depende da efetiva comprovação do alegado recolhimento indevido ou maior do que o devido e que, apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme disposto no artigo 170 do CTN. Vejase trecho do acórdão abaixo transcrito: (...) Ocorre que, nos termos da disposição normativa acima transcrita, a não incidência da contribuição vinculase a que a prestação dos correspondentes serviços seja efetuada a pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior e que o correspondente pagamento represente ingresso de divisas, também se fazendo necessário que a prestadora dos serviços seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica (armador)residente ou domiciliada no exterior. Caso contrário, se a contratação for com o agente/representante da empresa estrangeira no Brasil, a prestação de serviços não alcança o benefício da não incidência do PIS/Pasep e da COFINS”. Portanto, conforme esclarecido no relatório, a questão aqui discutida é essencialmente de prova nos autos, uma vez que em relação à matéria legal a DRJ não discordou das alegações do Recorrente. No entanto, a Recorrente em seu recurso não juntou novos elementos de provas no processo, mas tão somente acrescentou argumentos aos já aduzidos na manifestação de inconformidade. No caso sob análise, em que pesem serem coerentes os seus argumentos do direito, a questão da prova (que a prestadora dos serviços seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica – armador, residente ou domiciliada no exterior), é fundamental sempre que se trate de condições de isenção. Nesse contexto, são especialmente relevantes para a elucidação da lide, os seguintes argumentos apresentados no acórdão de primeira instância: (...) Nesse sentido, ao invés de a interessada comprovar a alegação de que é signatária de contrato de direito privado com pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, bem como trazer aos autos os contratos de câmbio relativos aos pagamentos correspondentes, as notas fiscais dos serviços prestados para pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior e, ainda, o livro fiscal em que haveriam sido escrituradas tais receitas, limitouse à informação de “disponibiliza as notas fiscais para conferência, no momento em que Vossa Excelência entender ser devido”. Esclareçase ao sujeito passivo, ainda, que na hipótese de mera intermediação, haveria de existir o contrato original firmado com o armador estrangeiro, bem como o mandato autorizando o seu representante em território nacional a atuar em seu nome, no limite dos poderes então conferidos. Na ausência de tais instrumentos jurídicos (ao que consta dos autos), as afirmações de que se trata, no caso concreto, de serviços prestados a pessoas jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior limitam se a mero exercício imaginativo. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10280.902964/201118 Acórdão n.º 3802003.983 S3TE02 Fl. 111 7 Registrese, também, que o possível fato de haver o pagamento por pessoa jurídica estrangeira, em etapa comercial anterior, a uma terceira pessoa jurídica domiciliada em território nacional não autoriza a dedução de que todos os ulteriores contratos de serviço tomados por aquela terceira pessoa também representarão “prestação de serviços a residente ou domiciliada no exterior, com o ingresso de divisas”. Assim, na hipótese em tela, apresentaria relevo para a finalidade pretendida pelo sujeito passivo que demonstrasse, por intermédio de prova hábil, que de fato ocorreu pagamento indevido, sob pena de, não o fazendo, atrair a incidência da máxima de que alegar sem provar é o mesmo que não alegar. E nesse sentido, não é demais referir o fácil alcance, por parte do contribuinte, dos supostos elementos probatórios, haja vista tratarse de documentos que, acaso existissem, haveriam de integrar o seu próprio acervo. Como é cediço, conforme assevera a legislação, para fazer prova da não incidência das contribuições, tornase relevante e essencial a Recorrente provar dois requisitos fundamentais: da prestação de serviços e do ingresso de divisas. 1) quanto a prestação de serviços: verificase, pois, que não há nos autos prova inequívoca de que a beneficiária dos serviços prestados foi pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, vez que a contribuinte admite em seu recurso não ter a posse dos contratos de prestação de serviços firmados. Afirma que o contrato de representação é feito entre o agente/representante e o armador estrangeiro, sendo que apenas estes podem suprir tal exigência, por não ter qualquer vínculo entre essa relação. Também não apresenta as cópias das notas fiscais emitidas para empresas de navegação do país. 2) quanto ao ingresso de divisas: a Recorrente argumenta que, por imposição das normas cambiais, haverá sempre uma empresa brasileira atuando como intermediária do armador estrangeiro, o que não desnatura a operação. Ressaltese que o pagamento efetuado pelo agente ou representante, em moeda nacional, não descaracteriza o ingresso de divisas, mas não resta dúvidas que a contribuinte deve provar o nexo causal existente entre a prestação do serviço e o ingresso de divisas. Afirma que quem pode comprovar o regular ingresso de divisas, além do agente/representante nacional, é o Banco Central do Brasil e alega que é um abuso e a ilegal solicitar a apresentação de tal documentação. Por oportuno e tratar dessa mesma matéria, transcrevese a conclusão exposta na Solução de Consulta n° 30, da SRRF/2ª RF/Disit, de 16 de outubro de 2007: “Concluise que, sendo o contratante a empresa estrangeira, a atuação do agente ou representante não descaracteriza o real contratante, nem o ingresso de divisas, o que é confirmado pela leitura da legislação cambial do Banco Central do Brasil (Bacen) p.ex., Carta Circular Bacen 2.297, de 8 de julho de 1992, revogada pela Circular Bacen n° 3.249, de 30 de julho de 2004, revogada pela Circular Bacen n° 3.280, de 9 de março de 2005, que divulga o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI). Fl. 114DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 “19. Assim sendo, ficam evidenciadas as premissas básicas para a não incidência, desde que a consulente seja signatária de contrato de direito privado com a pessoa jurídica domiciliada no exterior, e totalize, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais, para conferência com o(s) contrato(s) de câmbio fechado(s) pelo agente/representante do contratante no exterior.” (g.n) No caso vertente, verificase que o Recorrente não trouxe, juntamente com sua manifestação de inconformidade e tampouco agora em sede de recurso voluntário, documentos que comprove de que é signatária de contrato de direito privado firmado com a(s) pessoa(s) jurídica(s) domiciliada(s) no exterior para a(s) qual(ais) alega ter prestado serviços, e nem os contratos de câmbio relativos aos respectivos pagamentos. Também não apresentou as cópias de notas fiscais relativas à prestação de serviços para pessoa jurídica residente ou domiciliada no exterior, totalizado, em separado, tais operações de prestação de serviços nos livros fiscais obrigatórios. Assim, não quedouse comprovado que a Recorrente possui contratos de direito privado firmado com a pessoa jurídica (armador) residente ou domiciliada no exterior e, também, que a mesma não conseguiu comprovar o ingresso de divisas e, tampouco, o nexo causal de ingresso de divisa por meio, de pagamento direto, mediante fechamento de câmbio em banco devidamente autorizado; ou, por pagamento indireto, a débito da conta de custeio mantida pelo agente ou representante do armador adquirente do produto. Por conseguinte, acerca da comprovação de suas alegações, apenas aduziu, em sua manifestação de inconformidade, que: (...) Todas as despesas assumidas pelas empresas estrangeiras em território nacional estão pormenorizadamente identificadas com o navio e o percurso a que se vinculam. As notas fiscais de prestação de serviços permitem correlacionar a atividade da Consulente (enquanto fornecedora de serviços) àquela atividade desenvolvida pelos armadores estrangeiros em águas nacionais. Assim, a recorrente disponibiliza as notas fiscais para conferência, no momento em que Vossa Excelência entender ser devido (g.n). No mesmo sentido, em seu recurso voluntário, ressalta que discorda da decisão recorrida no que concerne a apresentação dos contratos de direito privado firmados com o armador estrangeiro e afirma que (...) “é uma prestadora de serviço do agente/representante nacional do armador estrangeiro e que apenas manobra navios. Assim, a exigências de tais documentos, vez que o contrato de representação é feito entre o agente/representante e o armador estrangeiro, sendo que apenas estes podem suprir tal exigência, por não ter a recorrente qualquer vínculo entre essa relação. Alega ainda que, (...) “quem pode comprovar o regular ingresso de divisas, além do agente/representante nacional, é o Banco Central, por assim disposto (...)”. Ao final, argumenta que resta claro o abuso e a ilegalidade para apresentação de tal documentação que não estão previsto em lei. Frisese, portanto, que os elementos probatórios (documentos, contratos, fechamento de câmbio, livros e as notas fiscais) e essenciais como provas, não foram anexadas aos autos e portanto não se pode acatar as alegações efetuadas de forma genérica pela recorrente, desprovidas de comprovação. Fl. 115DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10280.902964/201118 Acórdão n.º 3802003.983 S3TE02 Fl. 112 9 Sabese que no contencioso administrativo de iniciativa do sujeito passivo, originado de pedidos de ressarcimento ou restituição ou de declarações de compensação, o crédito reivindicado consubstancia o “fato constitutivo” do direito do requerente e, portanto, fato este cuja prova lhe cabe, em princípio (CPC, artigo 333, I). Nesse diapasão, assinalese que o Decreto nº 70.235/1972, assim dispõe acerca do tema: “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) (grifouse) Em síntese, a Recorrente não logrou comprovar que auferiu receitas que se subsumam ao art. 5º, II, da Lei nº 10.637/2002. Desta forma, é da Recorrente a responsabilidade pelo o não reconhecimento do direito creditório pleiteado em face da inexistência de prova de que a isenção da receita dos serviços prestados estejam, de fato, respaldados nas condições legais permissivas e portanto, resta caracterizado que as alegações da Recorrente não são suficientes a caracterizarem as condições previstas em lei. Conclusão Logo, tendo o Recorrente disposto de todas as oportunidades para comprovar seu direito creditório e não o fazendo no momento apropriado, e considerando o acima exposto e adotando os demais fundamentos do acórdão de primeira instância, com fulcro no art. 50, §1º, da Lei n. 9.784, de 1999, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 116DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/12/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10730.903107/2010-09
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jan 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 15/03/2005
LUCRO PRESUMIDO. REGIME CUMULATIVO. ALÍQUOTA DE 3%.
As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido sujeitam-se à tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PROVA. MOMENTO.
No julgamento de segunda instância administrativa, devem ser apreciados e aceitos como prova do direito de crédito utilizado em declaração de compensação não homologada, documentos fiscais e contábeis apresentados no recurso voluntário, quando apenas na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o despacho decisório eletrônico, fica claro que a não-apresentação destes documentos é a razão para o indeferimento do pedido de crédito e a não-homologação da declaração de compensação.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-004.327
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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REGIME CUMULATIVO. ALÍQUOTA DE 3%. As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido sujeitamse à tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PROVA. MOMENTO. No julgamento de segunda instância administrativa, devem ser apreciados e aceitos como prova do direito de crédito utilizado em declaração de compensação não homologada, documentos fiscais e contábeis apresentados no recurso voluntário, quando apenas na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o despacho decisório eletrônico, fica claro que a nãoapresentação destes documentos é a razão para o indeferimento do pedido de crédito e a nãohomologação da declaração de compensação. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 90 31 07 /2 01 0- 09 Fl. 164DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.903107/201009 Acórdão n.º 3801004.327 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Relatório Conforme relatório do acórdão recorrido, tratase o presente processo de apreciação de compensação declarada em PER/DCOMP, de crédito referente a valor da Cofins que teria sido recolhido a maior com débito trituário da contribuinte. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem, por meio de despacho decisório eletrônico, não reconheceu ou reconhecer parcialmente o direito de crédito pleiteado, sob o fundamento de que o pagamento foi total ou parcialmente utilizado para quitar débito declarado em DCTF. Cientificada do despacho eletrônico, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que, no exercício de 2004 e parte de 2005, a empresa pagou indevidamente a COFINS com base na alíquota de 7,4% quando deveria ser de 3%, porque enquadravase no regime cumulativo. Demonstrou, para o período de apuração que ensejou o pagamento indevido ou a maior, o erro no cálculo, como apurou o valor a que teria direito e como apropriou este valor na compensação de débito para com a Fazenda Nacional. Afirma que a Secretaria da Receita Federal do Brasil –RFB estaria cometendo um equívoco, ao alegar que o crédito já foi utilizado em quitação de débitos da empresa. A Delegacia da Receita Federal do Julgamento em Ribeirão PretoDRJ/RPO julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme ementa a seguir: “Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: (...) MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da apresentação da manifestação de inconformidade trazer ao julgado todos os Fl. 165DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.903107/201009 Acórdão n.º 3801004.327 S3TE01 Fl. 4 3 dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega.” Após, foi apresentado recurso voluntário, no qual a recorrente repete as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para ser julgado por esta turma especial. A recorrente afirma que apesar de estar submetida à tributação do IRPJ com base no lucro presumido, o que implicaria ter que recolher a Cofins à alíquota de 3% sob o regime cumulativo, equivocadamente calculou a contribuição aplicando alíquota maior. Após ter verificado o erro, procedeu à compensação dos valores que entendeu ter recolhido a maior com débitos perante a Fazenda Nacional de Cofins, contribuição para o PIS/Pasep, IRPJ e CSLL. São vários os processos em julgamento nesta Turma Especial. Nos processos em que a recorrente compensou os supostos créditos com IRPJ e CSLL, as Declarações de Compensação evidenciam que a recorrente se enquadrava no lucro presumido, o que ensejaria a tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998. Cito: “Art. 10 . Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: ( Vide Medida Provisória nº 252, de 15/06/2005 ). I as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, e na Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983; II as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado; III as pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES; IV as pessoas jurídicas imunes a impostos; V os órgãos públicos, as autarquias e fundações públicas federais, estaduais e municipais, e as fundações cuja criação tenha sido autorizada por lei, referidas no art. 61 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição; (...)” Fl. 166DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.903107/201009 Acórdão n.º 3801004.327 S3TE01 Fl. 5 4 A decisão da Delegacia da Receita Federal de origem, por meio de despacho eletrônico, pela nãohomologação da compensação declarada baseouse na nãocomprovação da existência de crédito disponível. A decisão da Delegacia da Receita Federal do Julgamento que manteve o despacho decisório fundamentouse na nãoapresentação de comprovantes fiscais e contábeis, em especial notas fiscais e livros fiscais e contábeis, relativos ao crédito pleiteado por meio de despacho eletrônico, constando do voto do acórdão recorrido que a contribuinte limitouse a afirmar que efetuou pagamento indevido, sem demonstrar contabilmente como teria apurado o novo valor do tributo devido. Compulsando os autos, constato que a empresa apresentou, antes do julgamento de primeira instância administrativa, planilha com demonstrativo de pagamentos a maior, informando para o período de apuração o faturamento, o valor pago, o valor devido e o valor pago a maior; cópia de nota fiscal de serviços; e cópia de comprovante de recolhimento. Em julgamentos anteriores de casos semelhantes, votei por negar provimento ao recurso voluntário, na falta de comprovação plena da certeza e liquidez do crédito pleiteado, porém, após ficar vencido sozinho em todos eles, considerando o princípio do colegiado, adoto a posição majoritária da turma, nos casos de despacho eletrônico em que a contribuinte apresenta na fase recursal documentos e demonstrativos que indiquem possuir bom direito, para aplicar o princípio da verdade material e da vedação ao enriquecimento sem causa para mitigar em parte a exigência de plena comprovação na manifestação de inconformidade ou mesmo no recurso voluntário da liquidez do crédito, limitandome a tratar da existência do direito de crédito e ressalvando à Secretaria da Receita Federal do Brasil o poder/dever de verificar na escrita fiscal e contábil da interessada sua liquidez. Esclareço que esta postura leva em consideração que a retificação da DCTF não é condição para o deferimento do pedido de crédito ou para a homologação da compensação declarada e que a ausência nos autos dos livros contábeis e fiscais, quando apresentados os documentos fiscais e demonstrativos dos cálculos do tributo recolhido a maior ou indevidamente e do tributo devido, pode ser suprida, no momento da execução da decisão administrativa, por meio de diligência fiscal ou intimação fiscal para apresentação dos livros pela contribuinte. No presente caso, em que a decisão administrativa se concretizou por meio de despacho eletrônico sem qualquer intimação para que a interessada prestasse informações ou apresentasse provas necessárias à análise do pleito, a Lei nº 9.784, de 29/01/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, ampara o entendimento segundo o qual a administração tributária poderia. Cito: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. (...) Fl. 167DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.903107/201009 Acórdão n.º 3801004.327 S3TE01 Fl. 6 5 Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionandose data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. A mesma lei estabelece que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer, com base nas notas fiscais e demonstrativos acostados aos autos, o direito de crédito referente à diferença entre a Cofins efetivamente paga e a devida pela tributação cumulativa à alíquota de 3%, e homologar a compensação declarada até o limite do crédito disponível, ressalvando que a Delegacia da Receita Federal do Brasil deverá apurar a liquidez do crédito com base nos livros fiscais e contábeis da contribuinte. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10670.001445/2003-29
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA.
Deve ser mantido o lançamento de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica quando o próprio contribuinte não contesta a infração e quando os autos evidenciam a inexistência de vício na constituição do crédito tributário.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2801-003.922
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente o Conselheiro Flavio Araujo Rodrigues Torres.
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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Deve ser mantido o lançamento de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica quando o próprio contribuinte não contesta a infração e quando os autos evidenciam a inexistência de vício na constituição do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente o Conselheiro Flavio Araujo Rodrigues Torres. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 00 14 45 /2 00 3- 29 Fl. 95DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10670.001445/200329 Acórdão n.º 2801003.922 S2TE01 Fl. 96 2 Por bem descrever os fatos, adotase o “Relatório” da decisão de primeira instância (fls. 80/81 deste processo digital), reproduzido a seguir: O contribuinte acima identificado insurgiuse contra o lançamento consubstanciado no Auto de Infração de folhas 04 a 10, relativo ao anocalendário 2001, do qual tomou ciência em 31/10/2003, que apurou crédito tributário total de R$ 5.638,37. Motivou o lançamento a constatação de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes do trabalho sem vínculo empregatício, das seguintes fontes pagadoras: 1. Prefeitura Municipal Itacarambi, no valor de R$ 15.550,00; 2. IPSEMG, no valor de R$ 6.115,50; 3. Hospital São Lucas, no valor de R$ 100,00. Inconformado, o interessado apresentou impugnação em 01/12/2003, alegando, em síntese, que: 1. em 20/10/2003 foi autuado pela Delegacia de Montes Claros, pelos anoscalendário 1998, 1999, 2000 e 2001 por suposta omissão de rendimentos, sustentada pelo confronto entre saques efetuados em conta bancária e seus rendimentos declarados/omitidos; 2. em data posterior a fiscalização lavrou um segundo auto de infração recebido em 29/10/2003, objeto da presente impugnação, correspondente ao anocalendário 2001; 3. segundo o presente auto de infração, foram apuradas as omissões de rendimentos tributáveis de R$ 15.550,00, R$ 6.115,50 e R$ 100,00; 4. se existem dois autos de infração contra o contribuinte, relativo ao mesmo tributo e à mesma base de cálculo, concluise que houve cobrança em duplicidade; 5. dessa forma, só há duas possibilidades: a prevalecer o segundo auto de infração, os valores considerados omitidos deverão ser abatidos da presunção de omissão de rendimentos apurada no auto de infração primitivo; 6. a prevalecer a omissão apurada no auto de infração primitivo, que não considerou como rendimentos os valores apontados como omissão no presente auto de infração, o lançamento ora atacado deverá ser extinto e desconsiderado. Para instruir o pleito, apresentou os documentos de folhas 04 a 12. Tendo em vista as alegações do defendente, encaminhouse o processo DRF de origem a fim de que fosse informado se os rendimentos tributáveis considerados omitidos haviam integrado o cálculo do acréscimo patrimonial a descoberto (processo 10670.001227/200394). Em resposta, a seção de fiscalização Fl. 96DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10670.001445/200329 Acórdão n.º 2801003.922 S2TE01 Fl. 97 3 asseverou que o processo relativo ao acréscimo patrimonial encontravase em fase recursal junto ao então Conselho de Contribuintes. Face o resultado da diligência, solicitouse sobrestamento do presente processo a fim de que se aguardasse a decisão administrativa definitiva do processo 10670.001227/200394. Em 11/05/2011, o despacho da delegacia de origem informou já ter ocorrido decisão administrativa definitiva para o processo de acréscimo patrimonial a descoberto, encaminhando o presente processo em retorno para análise das considerações da reclamação passiva. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 79/82 deste processo digital, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. O lançamento será efetuado de ofício quando o sujeito passivo fizer declaração inexata, considerandose como tal a que contiver ou omitir qualquer elemento que implique redução do imposto a pagar ou restituição indevida. Cientificado da decisão de primeira instância em 22/09/2011 (fl. 86), o Interessado interpôs, em 21/10/2011, o recurso de fls. 88/89. Na peça recursal aduz, em síntese, que: A decisão da DRJ reconhece que a base de cálculo apurada neste processo é a mesma apurada no processo 10670.001227/200394, tanto que sobrestou aquele até o julgamento deste. Ora, a constituição do crédito tributário iniciou maculada, ou seja, autuou a variação patrimonial com base em conta bancária e depois a omissão de rendimentos em procedimento diverso. Dentre os créditos que serviram como base de cálculo para apurar a variação patrimonial a descoberto estava incluso o rendimento omitido no anocalendário de 2001. Portanto, a duplicidade na cobrança ocorreu e isso independe do resultado do julgamento administrativo. Neste caso, o lançamento é nulo em sua essência. O julgamento da DRJ se calçou tão somente sob o ponto de vista monetário, ou seja, se o contribuinte pagará duas vezes pelo mesmo crédito ou não, justificando que se o auto de infração consubstanciado no processo nº 10670.001227/200394 não prosperou este deve permanecer e o contribuinte compelido a pagar o crédito tributário ora apurado. Entretanto, o vício é na constituição do crédito e o erro não pode ser sanado. Ao final, requer a improcedência do Auto de Infração. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10670.001445/200329 Acórdão n.º 2801003.922 S2TE01 Fl. 98 4 Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. As folhas citadas neste voto referemse à numeração do processo digital, que difere da numeração de folhas do processo físico. Cingese a controvérsia à infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. O Interessado não contesta a omissão de rendimentos em sua declaração de ajuste anual. No entanto, entende que houve um vício na constituição do crédito, uma vez que dentre os créditos que compuseram a base de cálculo do Acréscimo Patrimonial a Descoberto APD apurado no anocalendário de 2001 (Processo 10670.001227/200394) estavam inclusos os rendimentos omitidos neste lançamento, que se refere ao mesmo anocalendário. Sustenta o Recorrente que a duplicidade na cobrança ocorreu e isso independe do resultado do julgamento administrativo. Sem razão o Recorrente. É que o “Demonstrativo da Evolução Patrimonial” do anocalendário de 2001 (Processo 10670.001227/200394), acostado aos autos à fl. 38 deste processo, revela que os rendimentos objeto deste lançamento não compuseram a base de cálculo do APD relativo ao mesmo anocalendário. Este fato foi confirmado, inclusive, pela Autoridade fiscal na diligência requerida no bojo do referido processo. Confira (fl. 55): 3 Não consta da descrição dos fatos, folha de continuação do Auto de Infração, folha 35, nenhuma menção que os rendimentos considerados omitidos no Auto de Infração de folha 04, compuseram os recursos utilizados no cálculo do acréscimo patrimonial a descoberto objeto do lançamento no processo 10670.001227/200394. Observo, também, por oportuno, que o recurso voluntário apresentado no processo 10670.001227/200394 foi julgado procedente, uma vez que a própria Autoridade lançadora reconheceu que o APD foi apurado incorretamente, o que evidencia, também sob este enfoque, a inexistência de cobrança em duplicidade. Neste processo o crédito foi constituído com base nas informações prestadas pelas fontes pagadoras, de modo que descabe cogitar de suposto vício a inquinar de nulidade o lançamento, até porque o próprio Recorrente reconhece que houve a omissão de rendimentos. Nesse contexto, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 98DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10670.001445/200329 Acórdão n.º 2801003.922 S2TE01 Fl. 99 5 Fl. 99DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN
score : 1.0
Numero do processo: 13412.000020/2005-01
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Feb 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
IRRF. GLOSA. PROVA DA EFETIVA RETENÇÃO.
Não havendo sido comprovada a efetiva retenção do imposto pela fonte pagadora, no montante informado pelo contribuinte em DIRPF, devida é a glosa fiscal.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2801-002.887
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin
Presidente e Redatora ad hoc na data de formalização da decisão (30/01/2015), em substituição ao Conselheiro Relator Luiz Cláudio Farina Ventrilho.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Sandro Machado dos Reis, Walter Reinaldo Falcão Lima, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Luiz Claudio Farina Ventrilho.
Nome do relator: LUIZ CLAUDIO FARINA VENTRILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002 IRRF. GLOSA. PROVA DA EFETIVA RETENÇÃO. Não havendo sido comprovada a efetiva retenção do imposto pela fonte pagadora, no montante informado pelo contribuinte em DIRPF, devida é a glosa fiscal. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente e Redatora ad hoc na data de formalização da decisão (30/01/2015), em substituição ao Conselheiro Relator Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Sandro Machado dos Reis, Walter Reinaldo Falcão Lima, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Luiz Claudio Farina Ventrilho.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1587; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE01 Fl. 41 1 40 S2TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13412.000020/200501 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2801002.887 – 1ª Turma Especial Sessão de 23 de janeiro de 2013 Matéria IRPF Recorrente ANTONIO AURICELIO MENEZES TORRES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 IRRF. GLOSA. PROVA DA EFETIVA RETENÇÃO. Não havendo sido comprovada a efetiva retenção do imposto pela fonte pagadora, no montante informado pelo contribuinte em DIRPF, devida é a glosa fiscal. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente e Redatora ad hoc na data de formalização da decisão (30/01/2015), em substituição ao Conselheiro Relator Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Sandro Machado dos Reis, Walter Reinaldo Falcão Lima, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Luiz Claudio Farina Ventrilho. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 41 2. 00 00 20 /2 00 5- 01 Fl. 41DF CARF MF Impresso em 02/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 30/01/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 13412.000020/200501 Acórdão n.º 2801002.887 S2TE01 Fl. 42 2 Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Contra o contribuinte acima identificado, foi emitido o Auto de Infração, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), do exercício 2002, em decorrência da divergência de informações prestadas na DIRFP/2002 e nas DIRF apresentadas pelas fontes pagadoras, que resultou na apuração do IRPF/Suplementar de R$ 5.539,33, acrescido de multa de oficio de R$ 4.154,49 e juros de mora de R$ 2.732,55, e imposto a pagar declarado de R$ 1.179,74, total do crédito tributário apurado atualizado até 02/2005, de R$ 13.605,11 Conforme se verifica às fls. 02 a 09, o Auto de Infração foi decorrente: a) alteração dos rendimentos tributáveis de R$ 152.791,23, para R$ 153.612,23; b) alteração da dedução do imposto de renda retido na fonte, de R$ 24.095,51, para R$ 18.781,96. Cientificado do Auto de Infração, o contribuinte apresentou a impugnação de fl.01, argumentando, em síntese, que houve erro na informação prestada por uma das fontes pagadoras, tendo sido retificada as informações prestadas na DIRF e fornecida a declaração de fl. 12, pela Secretaria de Administração e Finanças da Prefeitura Municipal de Orocó fl. 12, reconhecendo o erro, e desta maneira compreendo que não deveria ser infrator e na verdade o que aconteceu foi somente um erro de digitação por parte da referida fonte pagadora. Conclui pela improcedência do auto de infração. Passo adiante, a 1a Turma da DRJ/REC entendeu por bem julgar procedente em parte o lançamento, em decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 IRPF DIVERGÊNCIA ENTRE VALORES DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL E DA DIRF . A divergência detectada as informações constantes da declaração de ajuste anual do contribuinte e da DIRF apresentada pela fonte pagadora, sujeitase tributação através de lançamento de oficio. Somente o imposto retido na fonte, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo poderá ser utilizado como dedução do imposto devido e principalmente quando corroborado com as informações prestadas em DIRF pela fonte pagadora. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURIDICA MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Fl. 42DF CARF MF Impresso em 02/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 30/01/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 13412.000020/200501 Acórdão n.º 2801002.887 S2TE01 Fl. 43 3 Consolidase, na esfera administrativa, o crédito tributário correspondente à matéria que não houver sido expressamente contestada pelo impugnante. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA DE MORA. GLOSA DE COMPENSAÇÕES DO IMPOSTO. Sobre o imposto suplementar decorrente da não comprovação de valores de imposto retidos ou pago, deve ser aplicada a multa de mora, prevista no art.61, caput, da Lei n° 9.430/1996. MULTA ISOLADA. PERCENTUAL A SER APLICADO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de penalidade cuja exigência se encontra pendente de julgamento, aplicase a legislação superveniente que venha a beneficiar o contribuinte, em respeito ao principio da retroatividade. Lançamento procedente em parte. Cientificado em 24/04/2008, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 19/05/2008 reiterando sua argumentação apresentada na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Cláudio Farina Ventrilho, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Trata o presente caso de divergência de valores existentes entre a DIRF da fonte pagadora (Pref. de Orocó/PE) e os valores informados em DIRPF do contribuinte ora recorrente, o que levou a compensação indevida de IRFonte pelo recorrente. No presente caso, restou comprovado até mesmo por juntada posterior de declaração pela fonte pagadora/Prefeitura de Orocó e informado em DIRF, que o valor retido à título de IRFonte, foi na realidade de R$ 15.041,75, divergente do informado anteriormente pela mesma fonte pagadora ao ora recorrente, qual seja, R$ 20.355,30, o que levou o contribuinte a incidir em erro. O fato é que o recorrente argui a insubsistência do auto de infração, pois em sua ótica, a retenção na fonte deveria ser efetuada pela fonte pagadora e sobre esta recai a responsabilidade pela retenção. Menciona ainda, que seria um excludente de responsabilidade que militaria em seu favor, o fato da fonte pagadora haver informado em DIRF o valor a maior do que o retido, citando para tanto precedentes que entende, socorrem seu pleito. Fl. 43DF CARF MF Impresso em 02/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 30/01/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 13412.000020/200501 Acórdão n.º 2801002.887 S2TE01 Fl. 44 4 De se destacar que em decisão amparada nas mais recentes decisões administrativas, a DRJ já afastou a aplicação de ofício, exigindo apenas a multa de mora sobre o montante não comprovadamente retido. Ora, o fato da fonte pagadora haver informado valor divergente do efetivamente retido, não altera o ônus da prova da efetiva retenção pelo contribuinte, ora recorrente. Não comprovada sua retenção, indevida sua compensação e devida a exigência do imposto com seus consectários legais, conforme decidiu a decisão recorrida. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Redatora ad hoc, em substituição ao Conselheiro Relator Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Fl. 44DF CARF MF Impresso em 02/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 30/01/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN
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Numero do processo: 15758.000009/2007-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 16 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3302-000.439
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(assinado digitalmente)
ALEXANDRE GOMES - Relator.
EDITADO EM: 10/10/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: ALEXANDRE GOMES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente. (assinado digitalmente) ALEXANDRE GOMES - Relator. EDITADO EM: 10/10/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
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Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (assinado digitalmente) ALEXANDRE GOMES Relator. EDITADO EM: 10/10/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 57 58 .0 00 00 9/ 20 07 -1 0 Fl. 205DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 206 2 RELATÓRIO. Por bem retratar a matéria tratada no presente processo, transcrevese o relatório produzido pela DRJ de Campinas: Tratase de Auto de Infração da Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS, fls. 65/76, que constituiu o crédito tributário total de R$ 5.035.135,47, somados o principal, multa de oficio e juros de mora calculados até 30/11/2007. No Termo de Verificação e Constatação Fiscal de fls. 59/64, a autoridade autuante contextualiza da seguinte forma o lançamento: Por ser constituída na forma de fundação, a fiscalizada faz parte do seleto grupo de entidades contribuintes do PIS, incidente, exclusivamente, sobre a folha de salários, conforme preceitua o art. 13 da atual reedição da Medida Provisória n° 2.15835/2001, c/c art. 9° da IN SRF n°247/2002. (...) Dentro dos trabalhos das verificações obrigatórias, as quais fazem parte das verificações preliminares (.), esta auditoria deparouse com o fato de que a fiscalizada não tem declarado em DCTF os valores relativos ao PIS sobre a Folha de Salários, sendo que diminuíram os valores dos recolhimentos a partir de Junho/2005, deixando de recolher completamente a referida contribuição a partir de Março/2006. (...) Foi com a emissão do Termo de Intimação n° 3 g1. 36) que o contribuinte foi intimado a esclarecer os motivos do não recolhimento da Contribuição do PIS/PASEP incidente sobre a folha de salários e apresentar um demonstrativo com os valores mensais da folha da entidade referentes aos anos de 2002 a 2007. Em atendimento, o contribuinte entregou o demonstrativo da Base de Cálculo do PIS/PASEP de fl. 55, bem como resposta formulada pelo Departamento Jurídico da entidade juntada as fls. 38 e 39, alegando que a entidade é isenta do PIS/PASEP em razão da adesão ao Programa Universidade para Todos —PROUNI, gerido pelo Ministério da Educação, cuja certidão juntou afl. 40. (...)a própria norma que concedeu a isenção, também tratou de limitá la expressamente, ou seja, a isenção concedida ao PIS e também a COFINS, somente recairá sobre o valor da receita auferida decorrente da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação especifica. 0 entendimento do contribuinte de que a isenção concedida é ampla, geral e irrestrita, seja para o PIS, seja para as demais contribuições e impostos relacionados na referida norma legal (Lei n° 11.096, de Fl. 206DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 207 3 2005), não pode prosperar, uma vez que ela mesma tomou o cuidado de estabelecer seus limites em várias de usas disposições. Fica evidente a intenção do dispositivo legal em diferenciar as atividades contempladas pela isenção das que não foram contempladas. Nem toda atividade e nem toda receita ficaram isentas do PIS e demais tributos, mas somente aquelas definidas no dispositivo legal. Ora, se nem todas as atividades das pessoas jurídicas que apuram a contribuição do PIS com base no seu faturamento/receita bruta foram beneficiadas pela isenção,quanto mais aquelas que o apuram com base na sua folha de salários. (...) Uma vez obtido o demonstrativo dos valores da folha de salário, entregue pelo contribuinte e juntado à fl. 55, esta fiscalização comparou os valores apresentados com os efetivamente recolhidos, elaborando as planilhas constantes as fls. 56 a 58. Pela simples observação das planilhas, percebese que os recolhimentos, realizados a aliquota de %, estão muito próximos do devido até o mês de Maio/2005, restando diferenças que além de irrelevantes, compensamse umas com as outras. (...) Foram então apuradas as diferenças devidas pela falta ou insuficiência de declaração e recolhimento da Contribuição do PIS, incidente sobre a folha de salários (.). A autoridade fiscal relata ainda a proposição de ação judicial, extinta sem julgamento do mérito, e de consulta administrativa declarada ineficaz, ambas orbitando a isenção pretendida e as condições de sua fruição. Em 21/12/2007, foi lavrado o Termo de Recusa de fl. 79, no qual é relatada a recusa dos representantes da empresa em assinar a ciência do Auto de Infração e seus anexos. Nessa data, nos termos do art. 23, I, do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, a contribuinte foi considerada como cientificada do lançamento. A autoridade informa ainda que cópias do Auto de Infração e dos demonstrativos relacionados foram entregues aos representantes da autuada. 0 sujeito passivo apresentou impugnação em 23/01/2008, fls. 81/106, alegando, em síntese: a) constituise em Entidade Beneficente de Assistência Social e Entidade Filantrópica, pelo que faz jus as imunidades estabelecidas nos arts. 195, § 7º; e 150, VI, "c", da Constituição Federal; b) formulou consulta junto a Administração Tributária acerca dos meios necessários para usufruir da isenção prevista nas Lei n. 11.096 e 11.128, de 2005. Sem obter resposta, propôs Ação Consignatória em face da União Federal com o objetivo de sanear a questão sobre a possibilidade de isenção ou não da contribuição do PIS/PASEP. A Fl. 207DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 208 4 União — Fazenda Nacional em sede de contestação se manifestou nos autos alegando dentre outras coisas que a impugnante está isenta de recolhimento do PIS/PASEP. Com base na inicial e na manifestação da União Federal, a Nobre Magistrada, encerrou a instrução processual, com julgamento antecipado da lide. Em sua decisão, o Excelso Julgador Federal, acolheu a preliminar de falta de interesse de agir, argüida pela União Federal, pela simples questão de que a Impugnante é isenta do recolhimento do PIS/PASEP, e deste modo, a presente ação consignatória não irá modificar o instituto incorporado ao seu patrimônio jurídico. Portanto, a sentença proferida nos autos da ação consignatória, veio de encontro com a pretensão da Impugnante, no sentido de ratificar o entendimento de que a Fundação do ABC está isenta do recolhimento da contribuição social do PIS/PASEP. 0 fato do processo ter sido extinto sem o julgamento do mérito, em nada modifica as razões delineadas pela sentença, tornando os seus efeitos válidos no que diz respeito a isenção do PIS/PASEP; c) ao analisar as disposições legais que estabeleceram a isenção das contribuições para as instituições que aderissem ao PROUNI, a fiscalização entendeu que somente as Instituições que auferem lucro poderiam usufruir da isenção do PIS/PASEP e demais impostos. Como a impugnante é uma Instituição Sem Fins Lucrativos Beneficente, a Nobre Auditoria Fiscal firmou seu convencimento, no sentido de que a Entidade, não pode gozar dos benefícios contidos na Lei 11.096/2005. Neste sentido, a auditoria fiscal foi contrária ao entendimento firmado pela Impugnante e pela decisão exaurida [sic] nos autos da Ação Consignatória, de que a isenção abrange todas as entidades de Ensino que aderiram ao PROUNI; d) existem três formas de recolher o tributo, sendo elas: PIS sobre o faturamento; PIS sobre a folha de salários e PIS sobre receitas e transferências correntes de capital recebidas. 0 enquadramento da pessoa jurídica face a modalidade de contribuição para o PIS, é definido mediante a natureza jurídica da empresa/entidade e, ainda, em razão de sua finalidade. A legislação federal definiu que as entidades sem fins lucrativos (templos de qualquer culto, partidos políticos, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos, instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, cientifico e as associações, sem fins lucrativos e etc..) devem recolher o tributo tendo como base de cálculo, o valor da folha de mensal de salário, no importe de 1%. Deste modo, em observância ao principio da isonomia tributária, as pessoas jurídicas contribuintes do PIS, independente da modalidade de pagamento, deverão ser tratadas de forma igualitária sem distinção da denominação jurídica dos seus rendimentos. 0 artigo 150 da Constituição Federal veda aos entes públicos da Federação, a instituição do tratamento desigual entre os contribuintes que se encontram em posição de equivalência. Portanto, fica vedado à administração pública elaborar norma que afronta o principio da isonomia tributária; e) Ainda, há que se convir que, pelo fato da Impugnante ser uma fundação instituída pelo poder público, a mesma não pode contribuir para o PIS com base no seu faturamento. Por quanto, a Instrução Normativa 456/2004, acabou alijando a impugnante do direito de Fl. 208DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 209 5 usufruir, como as demais Instituições de Ensino inscritas no PROUNI, a isenção da contribuição do PIS. Restou nítido e claro que, a referida instrução Normativa feriu o principio da isonomia tributária, pois instituiu tratamento desigual entre contribuintes que desenvolvem a mesma atividade “ENSINO SUPERIOR”. No presente caso, uma vez que, a INSRF 456/04, não menciona as Instituições de Ensino Sem Fins Lucrativos Beneficentes, caberá à administração pública federal, em obediência ao principio da analogia consubstanciado com o principio da isonomia, conceder à impugnante o beneficio da isenção da contribuição do PIS/PASEP; f) Requer, seja recebida a presente impugnação no efeito suspensivo, consoante à legislação vigente, em razão da necessidade de aguardar o julgamento dos processos de renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistencial [sic] pelo Conselho Nacional de Assistência Social — CEBAS. A par dos argumentos lançados na impugnação apresentada, a DRJ entendeu por bem manter o lançamento em decisão que assim ficou ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 30/06/2005 a 30/11/2007 CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. 0 controle da constitucionalidade das Leis é de competência exclusiva do Poder Judiciário, centrado em última instância revisional no Supremo Tribunal Federal, sendo, assim, defeso aos órgãos administrativos jurisdicionais, de forma original, reconhecer alegada inconstitucionalidade da lei que fundamenta o lançamento. 0 julgamento administrativo atividade que se limita a examinar a validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do fisco. OPÇÃO PELO PROUNI. ISENÇÃO. ALCANCE. A isenção concedida às instituições de ensino que aderirem ao PROUNI em relação às contribuições para a seguridade social, somente alcança as contribuições incidentes sobre a receita das aderentes. Não estão abrangidas as contribuições cuja incidência se dá sobre a folha de pagamento. Lançamento Procedente. Contra esta decisão foi apresentado recurso voluntário onde são reprisados os argumentos lançados na impugnação apresentada É o relatório. VOTO. Conselheiro ALEXANDRE GOMES O presente Recurso Voluntário é tempestivo, preenche os demais requisitos e dele tomo conhecimento. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 210 6 Aduz a Recorrente ser entidade beneficente de assistência social bem como entidade filantrópica, fazendo jus a imunidade instituída pelos arts. 195, § 7º; e 150, VI, "c", da Constituição Federal. Por conta desta imunidade deixou de recolher o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. A matéria foi julgada, no efeito do art. 543B do CPC, pelo STF nos autos do RE 636941, e recebeu a seguinte ementa: EMENTA: TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. REPERCUSSÃO GERAL CONEXA. RE 566.622. IMUNIDADE AOS IMPOSTOS. ART. 150, VI, C, CF/88. IMUNIDADE ÀS CONTRIBUIÇÕES. ART. 195, § 7o, CF/88. O PIS É CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL (ART. 239 C/C ART. 195, I, CF/88). A CONCEITUAÇÃO E O REGIME JURÍDICO DA EXPRESSÃO “INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E EDUCAÇÃO” (ART. 150, VI, C, CF/88) APLICASE POR ANALOGIA À EXPRESSÃO “ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSITÊNCIA SOCIAL” (ART. 195, § 7o, CF/88). AS LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR SÃO O CONJUNTO DE PRINCÍPIOS E IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS (ART. 146, II, CF/88). A EXPRESSÃO “ISENÇÃO” UTILIZADA NO ART. 195, § 7o, CF/88, TEM O CONTEÚDO DE VERDADEIRA IMUNIDADE. O ART. 195, § 7o, CF/88, REPORTASE À LEI No 8.212/91, EM SUA REDAÇÃOORIGINAL (MI 616/SP, Rel. Min. Nélson Jobim, Pleno, DJ 25/10/2002). O ART. 1o, DA LEI No 9.738/98, FOI SUSPENSO PELA CORTE SUPREMA (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 1606 2000). A SUPREMA CORTE INDICIA QUE SOMENTE SE EXIGE LEI COMPLEMENTAR PARA A DEFINIÇÃO DOS SEUS LIMITES OBJETIVOS (MATERIAIS), E NÃO PARA A FIXAÇÃO DAS NORMAS DE CONSTITUIÇÃO E DE FUNCIONAMENTO DAS ENTIDADES IMUNES (ASPECTOS FORMAIS OU SUBJETIVOS), OS QUAIS PODEM SER VEICULADOS POR LEI ORDINÁRIA (ART. 55, DA LEI No 8.212/91). AS ENTIDADES QUE PROMOVEM A ASSISTÊNCIA SOCIAL BENEFICENTE (ART. 195, § 7o, CF/88) SOMENTE FAZEM JUS À IMUNIDADE SE PREENCHEREM CUMULATIVAMENTE OS REQUISITOS DE QUE TRATA O ART. 55, DA LEI No 8.212/91, NA SUA REDAÇÃO ORIGINAL, E AQUELES PREVISTOS NOS ARTIGOS 9o E 14, DO CTN. AUSÊNCIA DE CAPACIDADE CONTRIBUTIVA OU APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE SOCIAL DE FORMA INVERSA (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16062000). INAPLICABILIDADE DO ART. 2o, II, DA LEI No 9.715/98, E DO ART. 13, IV, DA MP No 2.15835/2001, ÀS ENTIDADES QUE PREENCHEM OS REQUISITOS DO ART. 55 DA LEI No 8.212/91, E LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE, A QUAL NÃO DECORRE DO VÍCIO DE INCONSTITUCIONALIDADE DESTES DISPOSITIVOS LEGAIS, MAS DA IMUNIDADE EM RELAÇÃO À CONTRIBUIÇÃO AO PIS COMO TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO. EX POSITIS, CONHEÇO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, MAS NEGOLHE PROVIMENTO CONFERINDO EFICÁCIA ERGA OMNES E EX TUNC. Fl. 210DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 211 7 1. A imunidade aos impostos concedida às instituições de educação e de assistência social, em dispositivo comum, exsurgiu na CF/46, verbis: Art. 31, V, “b”: À União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é vedado (...) lançar imposto sobre (...) templos de qualquer culto, bens e serviços de partidos políticos, instituições de educação e de assistência social, desde que as suas rendas sejam aplicadas integralmente no país para os respectivos fins. 2. As CF/67 e CF/69 (Emenda Constitucional no 1/69) reiteraram a imunidade no disposto no art. 19, III, “c”, verbis: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (...) instituir imposto sobre (...) o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos e de instituições de educação ou de assistência social, observados os requisitos da lei. 3. A CF/88 traçou arquétipo com contornos ainda mais claros, verbis: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI. instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;(...) § 4º. As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas; Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) § 7º. São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 4. O art. 195, § 7º, CF/88, ainda que não inserido no capítulo do Sistema Tributário Nacional, mas explicitamente incluído topograficamente na temática da seguridade social, trata, inequivocamente, de matéria tributária. Porquanto ubi eadem ratio ibi idem jus, podendo estenderse às instituições de assistência stricto sensu, de educação, de saúde e de previdência social, máxime na medida em que restou superada a tese de que este artigo só se aplica às entidades que tenham por objetivo tão somente as disposições do art. 203 da CF/88 (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16 062000). 5. A seguridade social prevista no art. 194, CF/88, compreende a previdência, a saúde e a assistência social, destacandose que as duas últimas não estão vinculadas a qualquer tipo de contraprestação por parte dos seus usuários, a teor dos artigos 196 e 203, ambos da CF/88. Característica esta que distingue a previdência social das demais subespécies da seguridade social, consoante a jurisprudência desta Suprema Corte no sentido de que seu caráter é contributivo e de filiação obrigatória, com espeque no art. 201, todos da CF/88. 6. O PIS, espécie tributária singular contemplada no art. 239, CF/88, não se subtrai da concomitante pertinência ao “gênero” (plural) do Fl. 211DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 212 8 inciso I, art. 195, CF/88, verbis: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional no 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional no 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional no 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional no 20, de 1998)II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional no 20, de 1998) III sobre a receita de concursos de prognósticos. IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional no 42, de 19.12.2003)... 7. O Sistema Tributário Nacional, encartado em capítulo próprio da Carta Federal, encampa a expressão “instituições de assistência social e educação” prescrita no art. 150, VI, “c”, cuja conceituação e regime jurídico aplicase, por analogia, à expressão “entidades beneficentes de assistência social” contida no art. 195, § 7º, à luz da interpretação histórica dos textos das CF/46, CF/67 e CF/69, e das premissas fixadas no verbete da Súmula n° 730. É que até o advento da CF/88 ainda não havia sido cunhado o conceito de “seguridade social”, nos termos em que definidos pelo art. 203, inexistindo distinção clara entre previdência, assistência social e saúde, a partir dos critérios de generalidade e gratuidade. 8. As limitações constitucionais ao poder de tributar são o conjunto de princípios e demais regras disciplinadoras da definição e do exercício da competência tributária, bem como das imunidades. O art. 146, II, da CF/88, regula as limitações constitucionais ao poder de tributar reservadas à lei complementar, até então carente de formal edição. 9. A isenção prevista na Constituição Federal (art. 195, § 7o) tem o conteúdo de regra de supressão de competência tributária, encerrando verdadeira imunidade. As imunidades têm o teor de cláusulas pétreas, expressões de direitos fundamentais, na forma do art. 60, § 4º, da CF/88, tornando controversa a possibilidade de sua regulamentação através do poder constituinte derivado e/ou ainda mais, pelo legislador ordinário. 10. A expressão “isenção” equivocadamente utilizada pelo legislador constituinte decorre de circunstância histórica. O primeiro diploma legislativo a tratar da matéria foi a Lei no 3.577/59, que isentou a taxa de contribuição de previdência dos Institutos e Caixas de Aposentadoria e Pensões às entidades de fins filantrópicos reconhecidas de utilidade pública, cujos membros de sua diretoria não percebessem remuneração. Destarte, como a imunidade às contribuições sociais somente foi inserida pelo § 7º, do art. 195, CF/88, a transposição acrítica do seu conteúdo, com o viés do legislador Fl. 212DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 213 9 ordinário de isenção, gerou a controvérsia, hodiernamente superada pela jurisprudência da Suprema Corte no sentido de se tratar de imunidade. 11. A imunidade, sob a égide da CF/88, recebeu regulamentação específica em diversas leis ordinárias, a saber: Lei no 9.532/97 (regulamentando a imunidade do art. 150, VI, “c”, referente aos impostos); Leis no 8.212/91, no 9.732/98 e no 12.101/09 (regulamentando a imunidade do art. 195, § 7o, referente às contribuições), cujo exato sentido vem sendo delineado pelo Supremo Tribunal Federal. 12. A lei a que se reporta o dispositivo constitucional contido no § 7º, do art. 195, CF/88, segundo o Supremo Tribunal Federal, é a Lei no 8.212/91 (MI 616/SP, Rel. Min. Nélson Jobim, Pleno, DJ 25/10/2002). 13. A imunidade frente às contribuições para a seguridade social, prevista no § 7o, do art. 195, CF/88, está regulamentada pelo art. 55, da Lei no 8.212/91, em sua redação original, uma vez que as mudanças pretendidas pelo art. 1o, da Lei no 9.738/98, a este artigo foram suspensas (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 1606 2000). 14. A imunidade tributária e seus requisitos de legitimação, os quais poderiam restringir o seu alcance, estavam estabelecidos no art. 14, do CTN, e foram recepcionados pelo novo texto constitucional de 1988. Por isso que razoável se permitisse que outras declarações relacionadas com os aspectos intrínsecos das instituições imunes viessem regulados por lei ordinária, tanto mais que o direito tributário utilizase dos conceitos e categorias elaborados pelo ordenamento jurídico privado, expresso pela legislação infraconstitucional. 15. A Suprema Corte, guardiã da Constituição Federal, indicia que somente se exige lei complementar para a definição dos seus limites objetivos (materiais), e não para a fixação das normas de constituição e de funcionamento das entidades imunes (aspectos formais ou subjetivos), os quais podem ser veiculados por lei ordinária, como sois ocorrer com o art. 55, da Lei no 8.212/91, que pode estabelecer requisitos formais para o gozo da imunidade sem caracterizar ofensa ao art. 146, II, da Constituição Federal, ex vi dos incisos I e II, verbis: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: (Revogado pela Lei no 12.101, de 2009) I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; (Revogado pela Lei no 12.101, de 2009); II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação dada pela Lei no 9.429, de 26.12.1996).... 16. Os limites objetivos ou materiais e a definição quanto aos aspectos subjetivos ou formais atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, ou seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Fl. 213DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 214 10 17. As entidades que promovem a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, somente fazem jus à concessão do benefício imunizante se preencherem cumulativamente os requisitos de que trata o art. 55, da Lei no 8.212/91, na sua redação original, e aqueles prescritos nos artigos 9º e 14, do CTN. 18. Instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos são entidades privadas criadas com o propósito de servir à coletividade, colaborando com o Estado nessas áreas cuja atuação do Poder Público é deficiente. Consectariamente, et pour cause, a constituição determina que elas sejam desoneradas de alguns tributos, em especial, os impostos e as contribuições. 19. A ratio da supressão da competência tributária fundase na ausência de capacidade contributiva ou na aplicação do princípio da solidariedade de forma inversa, vale dizer: a ausência de tributação das contribuições sociais decorre da colaboração que estas entidades prestam ao Estado. 20. A Suprema Corte já decidiu que o artigo 195, § 7º, da Carta Magna, com relação às exigências a que devem atender as entidades beneficentes de assistência social para gozarem da imunidade aí prevista, determina apenas a existência de lei que as regule; o que implica dizer que a Carta Magna alude genericamente à “lei” para estabelecer princípio de reserva legal, expressão que compreende tanto a legislação ordinária, quanto a legislação complementar (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16062000). 21. É questão prejudicial, pendente na Suprema Corte, a decisão definitiva de controvérsias acerca do conceito de entidade de assistência social para o fim da declaração da imunidade discutida, como as relativas à exigência ou não da gratuidade dos serviços prestados ou à compreensão ou não das instituições beneficentes de clientelas restritas. 22. In casu, descabe negar esse direito a pretexto de ausência de regulamentação legal, mormente em face do acórdão recorrido que concluiu pelo cumprimento dos requisitos por parte da recorrida à luz do art. 55, da Lei no 8.212/91, condicionado ao seu enquadramento no conceito de assistência social delimitado pelo STF, mercê de suposta alegação de que as prescrições dos artigos 9º e 14 do Código Tributário Nacional não regulamentam o § 7º, do art. 195, CF/88. 23. É insindicável na Suprema Corte o atendimento dos requisitos estabelecidos em lei (art. 55, da Lei no 8.212/91), uma vez que, para tanto, seria necessária a análise de legislação infraconstitucional, situação em que a afronta à Constituição seria apenas indireta, ou, ainda, o revolvimento de provas, atraindo a aplicação do verbete da Súmula no 279. Precedente. AI 409.981AgR/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, 2a Turma, DJ 13/08/2004. 24. A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do § 7º, do art. 195, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei no 8.212/91, alterada pelas Lei no 9.732/98 e Lei no 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa Fl. 214DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 215 11 liminarmente pelo STF nos autos da ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16062000. 25. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preenchem os requisitos do art. 55 da Lei no 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. 26. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei no 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. 27. Ex positis, conheço do recurso extraordinário, mas negolhe provimento conferindo à tese assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc. Precedentes. RE 93.770/RJ, Rel. Min. Soares Muñoz, 1a Turma, DJ 03/04/1981. RE 428.815AgR/AM, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1a Turma, DJ 24/06/2005. ADI 1.802MC/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Pleno, DJ 13022004. ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16062000. De fato, o STF entendeu que as instituições de assistência social que atenderem os requisitos previstos nos arts. 55 da Lei 8.212/91, e art. 9º e 14 do Código Tributário Nacional fazem jus à imunidade em relação à contribuição do Pis sobre a folha de salários. Dizem os artigos citados acima: Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; (Redação dada pela LC nº 104, de 10.1.2001) Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) II aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Fl. 215DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 216 12 § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Já o art. 55 da Lei 8212/91, antes de ser revogado pela lei nº 12.101/09 assim prescrevia: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos;(Redação dada pela Lei nº 9.429, de 26.12.1996). II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) III promova a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998). (Vide ADIN nº 2.0285) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por Fl. 216DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 217 13 outra que esteja no exercício da isenção. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 3o Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). (Vide ADIN nº 2028 5) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). (Vide ADIN nº 20285) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 5o Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). (Vide ADIN nº 20285) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 6o A inexistência de débitos em relação às contribuições sociais é condição necessária ao deferimento e à manutenção da isenção de que trata este artigo, em observância ao disposto no § 3o do art. 195 da Constituição. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) Com o advento da Lei nº 12.101/09, passaram a ser requisitos para o gozo da isenção/imunidade: Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I não percebam, seus dirigentes estatutários, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; (Redação dada pela Lei nº 12.868, de 2013) II aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais; III apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; IV mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; V não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto; Fl. 217DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 218 14 VI conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial; VII cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; VIII apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. § 1o A exigência a que se refere o inciso I do caput não impede: (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) I a remuneração aos diretores não estatutários que tenham vínculo empregatício; (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) II a remuneração aos dirigentes estatutários, desde que recebam remuneração inferior, em seu valor bruto, a 70% (setenta por cento) do limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) § 2o A remuneração dos dirigentes estatutários referidos no inciso II do § 1o deverá obedecer às seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) I nenhum dirigente remunerado poderá ser cônjuge ou parente até 3o (terceiro) grau, inclusive afim, de instituidores, sócios, diretores, conselheiros, benfeitores ou equivalentes da instituição de que trata o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) II o total pago a título de remuneração para dirigentes, pelo exercício das atribuições estatutárias, deve ser inferior a 5 (cinco) vezes o valor correspondente ao limite individual estabelecido neste parágrafo. (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) § 3o O disposto nos §§ 1o e 2o não impede a remuneração da pessoa do dirigente estatutário ou diretor que, cumulativamente, tenha vínculo estatutário e empregatício, exceto se houver incompatibilidade de jornadas de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.868, de 2013) Assim, nos termos decididos pelo STF, as entidades que cumprem os requisitos acima listados fazem jus à imunidade em relação ao PIS, inclusive em relação a contribuição incidente sobre a folha. Com a decisão, tomada no rito do art. 543 B do CPC, a matéria encontrase pacificada no âmbito do STF devendo ser aplicada nos demais processos em andamento ou a serem propostos. No âmbito do CARF as decisões exaradas com repercusão geral reconhecida devem obrigatoriamente ser reproduzidas nos julgados deste órgão colegiado, nos termos determinados pela redação do art. 62 A do seu Regimento Interno: Fl. 218DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15758.000009/200710 Resolução nº 3302000.439 S3C3T2 Fl. 219 15 Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Contudo, da análise realizada por este relator dos documentos que compõe este processo, não é possível determinar se de fato a Recorrente cumpre com os requisitos estipulados pela legislação. Necessário assim, baixar o presente processo em diligência para que a autoridade preparadora verifique o cumprimentos dos requisitos estipulados pelos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei no 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei no 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADI 2.028 MC/DF. Deverão ser solicitados à Recorrente as informações e os documentos necessários para o cumprimento desta diligência. A autoridade preparadora deverá elaborar relatório conclusivo e dar conhecimento ao Recorrente do resultado abrindolhe prazo para manifestação antes do retorno do processo para a continuidade do julgamento. É como voto. (aassinado digitalmente) ALEXANDRE GOMES Relator Fl. 219DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por ALEXANDRE GOMES
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