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Numero do processo: 10235.000892/99-80
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/1989 a 30/11/1991
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONFIRMADA PARTE DAS ALEGADAS OMISSÕES. ACOLHIMENTO PARCIAL. POSSIBILIDADE.
1. Com vistas correção e integração de acórdão exarado com omissão, os embargos de declaração são o meio processual idôneo para demandar a correção de julgado incompleto.
2. Se apenas parte da omissão alegada pela embargante é confirmada, procede-se a integração parcial do julgado embargado para suprir apenas a comprovada lacuna.
Embargos Acolhidos em Parte.
2. Destarte, sob pena de supressão de instância, os autos devem retornar à unidade da Receita Federal de origem, para exame da matéria de mérito atinente ao procedimento de compensação.
Numero da decisão: 3102-002.247
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher parcialmente os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral a Dra. Dayana Andrade, OAB/SC nº 30.305, advogada do sujeito passivo.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira, Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz e Demes Brito.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/1989 a 30/11/1991 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONFIRMADA PARTE DAS ALEGADAS OMISSÕES. ACOLHIMENTO PARCIAL. POSSIBILIDADE. 1. Com vistas correção e integração de acórdão exarado com omissão, os embargos de declaração são o meio processual idôneo para demandar a correção de julgado incompleto. 2. Se apenas parte da omissão alegada pela embargante é confirmada, procede-se a integração parcial do julgado embargado para suprir apenas a comprovada lacuna. Embargos Acolhidos em Parte. 2. Destarte, sob pena de supressão de instância, os autos devem retornar à unidade da Receita Federal de origem, para exame da matéria de mérito atinente ao procedimento de compensação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher parcialmente os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral a Dra. Dayana Andrade, OAB/SC nº 30.305, advogada do sujeito passivo. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira, Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz e Demes Brito.
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REAMA ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/06/1989 a 30/11/1991 DECADÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. TERMO INICIAL. Uma vez reconhecido judicialmente o direito à restituição/compensação da parcela da contribuição para o Finsocial, recolhida indevidamente, com débitos da Cofins, deve o contribuinte apresentar seu pedido administrativo no prazo de 5 (cinco anos), contado da data em que transitou em julgado a decisão judicial favorável a sua pretensão. COMPENSAÇÃO. MATÉRIA NÃO CONHECIDA NA INSTÂNCIA AQUO. AFASTAMENTO DA PREJUDICIAL DE MÉRITO PELA INSTÂNCIA AD QUEM. RETORNO DOS AUTOS À UNIDADE DA RECEITA FEDERAL DE ORIGEM. POSSIBILIDADE. 1. Ao acolherem a questão prejudicial de mérito, atinente à decadência do pedido de restituição/compensação colacionado aos autos, as instâncias julgadoras de origem e de primeiro grau não adentraram no mérito da questão relativa ao procedimento compensatório. 2. Destarte, sob pena de supressão de instância, os autos devem retornar à unidade da Receita Federal de origem, para exame da matéria de mérito atinente ao procedimento de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/1989 a 30/11/1991 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONFIRMADA PARTE DAS ALEGADAS OMISSÕES. ACOLHIMENTO PARCIAL. POSSIBILIDADE. 1. Com vistas correção e integração de acórdão exarado com omissão, os embargos de declaração são o meio processual idôneo para demandar a correção de julgado incompleto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 23 5. 00 08 92 /9 9- 80 Fl. 1400DF CARF MF Impresso em 02/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /09/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por RICARDO PAULO ROS A 2 2. Se apenas parte da omissão alegada pela embargante é confirmada, procedese a integração parcial do julgado embargado para suprir apenas a comprovada lacuna. Embargos Acolhidos em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher parcialmente os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral a Dra. Dayana Andrade, OAB/SC nº 30.305, advogada do sujeito passivo. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira, Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz e Demes Brito. Relatório Tratase de Embargos de Declaração (fls. 679/682), com pedido de efeitos modificativos, opostos pela Fazenda Naiconal, com o objetivo sanar suposta omissão no Acórdão nº 310200.527, de 20 de outubro de 2009 (fls. 671/676), proferido por este Colegiado, em que, por unanimidade de votos, não foi conhecido o recurso voluntário, no que concerne ao direito creditório pleiteado, e, no mérito, foi dado provimento ao recurso, para homologar a compensação requerida até o limite do crédito reconhecido judicialmente. O fundamento da decisão embargada encontrase resumido no enunciado da ementa que segue transcrito, ipsis litteris: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/06/1989 a 30/11/1991 Ementa DECADÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/ COMPENSAÇÃO. TERMO INICIAL. Reconhecido judicialmente o direito à restituição/compensação da parcela da contribuição para o Finsocial, recolhida indevidamente, com débitos da Cotins, deve o contribuinte apresentar seu pedido administrativo no prazo de cinco anos contados da data em que transitou em julgado a decisão judiciai favorável a sua pretensão. Recurso Voluntário Provido. Em 26/3/2010, a embargante foi cientificada do referido Acórdão (fl. 677). Na mesma data, apresentou os referidos embargos de declaração, em que alegou duas omissões Fl. 1401DF CARF MF Impresso em 02/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /09/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10235.000892/9980 Acórdão n.º 3102002.247 S3C1T2 Fl. 1.401 3 no julgado embargado. A primeira, baseada no argumento de que o Colegiado não havia analisado o cumprimento de todos os requisitos previsto no art. 17, § 1º, da Instriução Normativa SRF n° 21, de 1997, para que fosse deferido o pedido de compensação em tela, especificamente a obrigação de comprovar, com provas hábeis e idôneas, que o contribuinte havia assumido “todas as custas do processo, inclusive os honorários advocatícios”. A segunda, respaldada no argumento de que este Colegiado havia incidido em verdadeira supressão instância, porém fora omisso uma vez não analisara nem aduzira as razões para não ter determinado o retorno dos autos à autoridade preparadora, para o exame dos demais requisitos necessários à homologação da compensação pleiteada, mas sim dera provimento ao recurso voluntário e, de pronto, homologara a compensação pleiteado. Em cumprimento ao disposto no art. 65, § 2º, do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 junho de 2009, que dispõe sobre Regimento Interno deste Conselho (RICARF), por meio do Despacho de fls. 1398/1399, foi proposta a admissibilidade dos referidos embargos ao Presidente desta Turma de Ordinária, que, no uso da competência estabelecida no art. 65, § 3°, do Anexo II do RICARF, admitiuo e determinou que o processo fosse posto em pauta, para fim de realização de novo julgamento, com vista à integração do acórdão embargado. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator Designado. Os presentes embargos declaração são tempestivos e foram admitidos na forma regimental, portanto, devem ser conhecidos. A recorrente alegou duas omissões no acórdão embardo, a saber, que este Colegiado: a) não analisara o cumprimento dos requisitos previstos no art. 17, § 1º, da Instriução Normativa SRF n° 21, de 1997, para que fosse deferido o pedido de compensação apresentado pela interessada; e b) não apresentara as razões para o não retorno dos autos à autoridade preparadora de origem, para o exame dos demais requisitos necessários à homologação da compensação pleiteada. Em relação à primeira alegação não assiste razão à recorrente, pois, a exigência contida na parte final do § 1º do art. 17 da Instriução Normativa SRF n° 21, de 1997, atinente à comprovação junto à unidade da Receita Federal de origem que a recorrente assumira todas as custas do processo, inclusive os honorários advocatícios, não foi objeto da lide. Com efeito, esse assunto não foi abordado no Despacho Decisório de fls. 51/54 nem no Acórdão da DRJ de fls. 616/624, em consequência, não foi objeto do recurso voluntário da interessada, logo, como não fazia parte do litígio, sob pena de incorrer no vício de julgamento extra petita, acertadamente, este Colegiado não se manifestou a respeito da matéria. No que concerne à alegação de que este Colegiado não apresentara as razões para o não retorno dos autos à autoridade preparadora de origem, para o exame dos demais requisitos necessários à homologação da compensação pleiteada, a meu ver, assiste razão à embargante. Fl. 1402DF CARF MF Impresso em 02/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /09/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por RICARDO PAULO ROS A 4 No caso em tela, uma vez superada a prejudicial de decadência do crédito tributário compensado, sem que fossem apresentados os fundamentos jurídicos necessários, este Colegiado adentrou na questão de mérito da contenda, ao apreciar e decidir sobre a compensação pleiteada pela interessada. Ao assim proceder, este Colegiado julgou questão que, inequivocamente, não fora analisada nas instâncias de julgamento anteriores, o que configura verdadeira supressão instância, vício não tolerado pelos princípios do contraditório e da ampla defesa que, sabidamente, regem o processo administrativo fiscal. Por essas razões, votase pelo acolhimento parcial dos embargos, atribuindo lhes efeitos infringentes. Em decorrência, o dispositivo do acórdão embargado passa a ter a seguinte redação: votase por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para superar a prejudicial de decadência dos pedidos de compensação formulados e determinar o retorno dos autos à unidade da Receita Federal Federal de origem, para análise do mérito do procedimento de compensação. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 1403DF CARF MF Impresso em 02/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19 /09/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por RICARDO PAULO ROS A
score : 1.0
Numero do processo: 10640.900074/2008-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/1999 a 30/06/1999
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. APURAÇÃO TRIMESTRAL. LEI COMPLEMENTAR 118/2005. PRESCRIÇÃO AFASTADA
Restando afastada a aplicação das disposições da Lei Complementar no 118/2005 em relação aos requerimentos de restituição/compensação formulados até 9 de junho de 2005 no julgamento do RE 566.621/RS pelo Colendo STF, inaplicável, verifica-se, é a prescrição qüinqüenal ao presente feito, devendo considerá-la, na linha da jurisprudência até então consolidada, pela aplicação do prazo decenal.
Restando afastada a prescrição, mostra-se necessário o enfrentamento do mérito do pedido, verificando-se, assim, a liquidez e certeza do direito creditório reclamado.
Numero da decisão: 1301-001.552
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso, retornando os autos à DRJ para apreciação do mérito. Ausente, justificadamente o Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior. Presente a Conselheira Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada).
(Assinado digitalmente)
VALMAR FONSECA DE MENEZES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonsecea de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Carlos Augusto de Andrade Jenier e Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada).
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER
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Prescrição Recorrente MED W.A. LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/1999 a 30/06/1999 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. APURAÇÃO TRIMESTRAL. LEI COMPLEMENTAR 118/2005. PRESCRIÇÃO AFASTADA Restando afastada a aplicação das disposições da Lei Complementar no 118/2005 em relação aos requerimentos de restituição/compensação formulados até 9 de junho de 2005 no julgamento do RE 566.621/RS pelo Colendo STF, inaplicável, verificase, é a prescrição qüinqüenal ao presente feito, devendo considerála, na linha da jurisprudência até então consolidada, pela aplicação do prazo decenal. Restando afastada a prescrição, mostrase necessário o enfrentamento do mérito do pedido, verificandose, assim, a liquidez e certeza do direito creditório reclamado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso, retornando os autos à DRJ para apreciação do mérito. Ausente, justificadamente o Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior. Presente a Conselheira Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada). (Assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 90 00 74 /2 00 8- 21 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonsecea de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Carlos Augusto de Andrade Jenier e Cristiane Silva Costa (Suplente Convocada). Fl. 63DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10640.900074/200821 Acórdão n.º 1301001.552 S1C3T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase nos presentes autos de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte tendo em vista o acórdão proferido pela egrégia 2a Turma da DRJ/JFA, que, em 23/12/2010, apreciando os termos da Manifestação de Inconformidade antes apresentadas, concluiu pela sua IMPROCEDÊNCIA, destacando na ementa, as seguintes e específicas considerações: Assunto: NORMAS GERAIS EM DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/1999 a 30/06/1999 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. APURAÇÃO TRIMESTRAL. DECADÊNCIA A contagem do prazo decadencial para exercer o direito à compensação de débitos com saldo negativo de IRPJ, verificado o regime de apuração trimestral do lucro real, iniciase a partir do encerramento do trimestre em que ele foi gerado. Não se homologam as compensações declaradas após decaído esse direito. Manifestação de inconformidade improcedente. Direito creditório não reconhecido. No dia 06/05/2011, foi então a contribuinte regularmente intimada do inteiro teor do acórdão em referência, tendo interposto, então, no dia 01/06/2011 o seu Recurso Voluntário, pretendendo a reformado do julgado e, para tanto, aduzindo, em síntese, o seguinte: Que em 22/10/2004 teria a contribuinte transmitido a PERDCOMP respectiva, pretendendo a utilização de crédito de saldo negativo de IRPJ apurado no 2o trimestre de 1999 com débitos relativos a outros tributos administrados pela RFB. A negativa da homologação foi então declinada pelo respectivo Despacho Decisório, tendo em vista a extinção do pretendido direito creditório, considerandose a data da transmissão da DCOMP e a data da apuração do susposto saldo negativo. O entendimento sustentado pela contribuinte em sua impugnação foi de que a extinção do referido crédito somente seria verificável após o prazo de 10 anos (“cinco mais cinco”), por se tratar de tributos sujeitos ao lançamento por homologação. A decisão recorrida, entretanto, rejeitou a argumentação e julgou improcedente a manifestação de inconformidade, simplesmente desconsiderando toda a jurisprudência do STJ relativa à matéria, não podendo assim de forma alguma prevalecer. Além disso, o órgão julgador teria ainda determinado o afastamento da aplicação do disposto no art. 6o, parágrafo 1o, inciso II da Lei 9.430/96, simplesmente desconsiderando que a DIPJ teria sido entregue em 28 se junho de 2000, sendo legítima a compensação pretendida em 22/10/2004. Distribuído o feito para a apreciação e julgamento pela 2a Turma Ordinária da 3a Câmara desta Primeira Seção de Julgamento, foi então resolvido (pela Resolução no 1302000.156), o sobrestamento da matéria ali discutida, tendo em vista a pendência de solução definitiva do entendimento do Colendo STF, no julgamento do RE 566.621. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 4 Finalizado aquele julgamento, vieram então os presentes autos para a relatoria, sendo aqui, então, trazidos a julgamento. É o relatório. Passo ao meu voto. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10640.900074/200821 Acórdão n.º 1301001.552 S1C3T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, relator. Sendo tempestivo o recurso voluntário interposto, dele conheço. A discussão trava nos autos, pelo que se verifica, referese, inicialmente, à definição dos critérios temporais a serem aplicados para fins de apuração de prescrição contra créditos dos contribuintes na pretensão de restituição/compensação e, no caso, a aplicação das disposições do art. 3o da Lei Complementar no 118/2005, que, com toda a certeza, foi já objeto de inúmeras discussões tanto no âmbito administrativo, quanto, ainda, na esfera jurisdicional. Atentando para as determinações constantes nos autos, verificase que, a teor do que determinado pela Resolução no 1302000.156, foi já obtido o julgamento definitivo nos autos do RE 566.621 pelo Colendo STF, valendo aqui, então, a sua efetiva reprodução. Senão, vejamos: RE 566621 / RS RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 04/08/2011 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe195 DIVULG 10102011 PUBLIC 11102011 EMENT VOL0260502 PP00273 Parte(s) RECTE.(S) : UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECDO.(A/S) : RUY CESAR ABELLA FERREIRA ADV.(A/S) : JORGE NILTON XAVIER DE SOUZA E OUTRO(A/S) INTDO.(A/S) : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROC.(A/S)(ES) : PROCURADORGERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Ementa DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo Fl. 66DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES 6 reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Conforme aqui apontado, verificase que o entendimento sufragado pelo Colendo STF a respeito da aplicação das disposições da Lei Complementar 118/2005 somente se mostra possível nas hipóteses em que os contribuintes viessem a pretender a restituição/compensação de créditos tributários após o transcurso da vacatio legis daquele diploma, importando, assim, na sua aplicação exclusivamente aos pleitos deduzidos a partir do dia 09 de julho de 2005. No caso tratado nos autos, tendo a contribuinte pretendido a aplicação do prazo de 10 (dez) anos de prescrição sobre o crédito reclamado antes daquela data mencionada, perfeitamente aplicável, verificase, o entendimento até então já consagrado pelo Colendo STJ, sendo, portanto, forçosa a conclusão de que, ao seu pedido, deve, de fato, ser aplicado o prazo de prescrição decenal (e não qüinqüenal), restando, destarte, completamente superada a prescrição oposta pelo Despacho Decisório originário e, também, a r. decisão proferida. Afastado o óbice legal apontado, necessária se mostra a análise a respeito do específico direito creditório reclamado, o que, até o presente momento, não fora efetivado nos presentes autos. Em face dessas razões, encaminho o meu voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário da empresa contribuinte, afastando, assim, a prescrição apontada e, nesses termos, determinando o retorno dos autos à douta DRJ para que aprecie o mérito da pretensão, verificando a liquidez e certeza do direito creditório reclamado. É como voto. (Assinado digitalmente) Fl. 67DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10640.900074/200821 Acórdão n.º 1301001.552 S1C3T1 Fl. 5 7 CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator Fl. 68DF CARF MF Impresso em 27/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 12/09/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 13975.001144/2008-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO.
Comprovado por laudo oficial expedido pelo INSS que a contribuinte é portadora de moléstia grave desde 2005, os proventos de aposentadoria recebidos acumuladamente no ano-calendário de 2006 são isentos do imposto de renda das pessoas físicas. Aplicação da Súmula CARF nº 63.
JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS NA FASE RECURSAL. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL.
Devem ser apreciados os documentos juntados aos autos depois da impugnação e antes da decisão de 2ª instância.
No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de buscar e descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador em sua real expressão econômica.
Recurso Provido
Numero da decisão: 2202-002.796
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente
(assinado digitalmente)
Dayse Fernandes Leite Relatora.
EDITADO EM: 17/09/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (Presidente), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado), Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Rafael Pandolfo.
Nome do relator: DAYSE FERNANDES LEITE
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COMPROVAÇÃO. Comprovado por laudo oficial expedido pelo INSS que a contribuinte é portadora de moléstia grave desde 2005, os proventos de aposentadoria recebidos acumuladamente no anocalendário de 2006 são isentos do imposto de renda das pessoas físicas. Aplicação da Súmula CARF nº 63. JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS NA FASE RECURSAL. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Devem ser apreciados os documentos juntados aos autos depois da impugnação e antes da decisão de 2ª instância. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de buscar e descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador em sua real expressão econômica. Recurso Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez –Presidente (assinado digitalmente) Dayse Fernandes Leite – Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 5. 00 11 44 /2 00 8- 73 Fl. 80DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/09/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 EDITADO EM: 17/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (Presidente), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado), Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Rafael Pandolfo. Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão da 5ª Turma da DRJ Florianópolis (SC), que julgou improcedente a impugnação apresentada contra a Notificação de Lançamento de fls. 7 a 9, por meio da qual se exigese da recorrente o Imposto de Renda Pessoa Física IRPF Suplementar de R$25.573,20, acrescido da multa de ofício de 75% e juros de mora devidos à época do pagamento, em razão de a autoridade revisora haver apurado, na declaração de ajuste apresentada para o exercício de 2007, anocalendário 2006, as seguintes infrações: 1. omissão de rendimentos recebidos da Caixa Econômica Federal no valor de R$133.573,05, com IRRF de R$4.308,81, decorrentes de ação na Justiça Federal; 2. compensação indevida de IRRF como sendo do INSS, no valor de R$4.308,81. A impugnação foi julgada improcedente sob o seguinte fundamento: “Como se vê dos dispositivos transcritos a isenção está condicionada ao reconhecimento da doença através de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Em análise aos autos, entretanto, verificase que a contribuinte, ao contrário do arguido, não traz o laudo pericial emitido por serviço médico oficial. A contribuinte junta à fl. 13, tãosomente Despacho n° 48/2005, subscrito pela Sra. Rosana Cordeiro Mendes, Chefe da Seção de Recursos Humanos da Gerência Executiva do INSS em Blumenau, com o seguinte teor: ATO(S) SEÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Referência: Processo 35357.000480/200576 Interessado: Cléris Pabst Moser, servidora aposentada, matrícula: 0929520. Assunto: ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. Parecer da Seção de Recursos Humanos: Pelo deferimento. FUNDAMENTAÇÃO: Servidores aposentados ou pensionistas que venham ser acometidos das doenças enumeradas no artigo 186, § 1º da Lei 8.112/90. Decisão: No uso das atribuições que me foram conferidas pela Portaria n° 4660 de 02/04/2003, art. 23 que aprovou o Regimento Interno do Instituto Nacional do Seguro Social e Portaria n° 2.073 de 15/08/2002 e PT/INSS/HGEXBLU N° 098, DE Fl. 81DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/09/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13975.001144/200873 Acórdão n.º 2202002.796 S2C2T2 Fl. 3 3 30/06/2003. CONCEDO a isenção de Imposto de Renda, uma vez que o servidor aposentado é portador de doença especificada na Lei 8.112/90. No caso, a legislação é clara. É indispensável a apresentação de "laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios". O documento apresentado à fl. 13 não é laudo pericial emitido por serviço médico do INSS e sim ato da Chefe da Seção de Recursos Humanos. O documento de fl. 13, emitido pela Seção de Recursos Humanos da Gerência Executiva do INSS de Blumenau não serve para o reconhecimento de moléstia grave para fins de isenção. Cabe ressaltar, por oportuno, que o dispositivo de lei que outorga isenção deve ser interpretado literalmente, conforme determina o art. 111 do Código Tributário Nacional CTN, a seguir transcrito: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: [...] II outorga de isenção; [...] Os dispositivos que concedem isenção são taxativos, não comportam ampliações, conforme ensina o saudoso e insigne Aliomar Baleeiro. Também o eminente tributarista Fábio Fanucchi preleciona in Curso de Direito Tributário Brasileiro, pág. 189, que, em se tratando de dispositivo isencional, sua interpretação deve ser literal, sendo vedada a utilização da interpretação extensiva ou de integração analógica. Diz ele: Como se viu em item anterior (omissis), quando se tratou da interpretação das leis tributárias, o dispositivo isencional deve ser interpretado literalmente. E que a isenção deve ser tida como regra de direito excepcional, tal qual são as de direito penal, por exemplo. Ao intérprete, então, é vedada a utilização da interpretação extensiva ou de integração analógica, em se tratando de favorecimento tributário. Digase, a título de esclarecimento, que nada impede seja apresentado referido laudo à instância recursal e se no laudo for identificada a moléstia grave, bem como a data em que a doença foi contraída, esta poderá ser considerada para fins de gozo do benefício fiscal.” Cientificada da decisão, em 30/03/2011, a contribuinte interpôs, em 07/04/2011, o recurso voluntário de fls. 47/52, instruído com os documentos de fls. 53/54, argumentando , em síntese, que mesmo não concordando com o posicionamento adotado pelo órgão julgador, pois a decisão do processo do INSS anexado teria o mesmo efeito, podendo ser Fl. 82DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/09/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 aceito como documento substituto ao legalmente exigido, comprovando ser portadora de doença grave, vem nesta fase recursal suprir o defeito levantado, anexando cópia do laudo de exame médico pericial do inss, datado de 29 de abril de 2005. É o relatório. Voto Conselheira Dayse Fernandes Leite, Relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele devese tomar conhecimento. O Laudo Médico Pericial emitido pelo INSS, atesta (fls.53) o diagnóstico de neoplasia maligna, em 29/04/2005.. Diante dessa comprovação aplicase ao caso o seguinte entendimento contido na Súmula CARF nº 63: “Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.” Por fim, em prol da verdade material, o fato da prova não ter sido feita em momento oportuno, não impede que este órgão julgador a aprecie e lhe reconheça a validade. Este E. Conselho já decidiu: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL NULIDADE A não apreciação de documentos juntados aos autos depois da impugnação tempestiva e antes da decisão fere o princípio da verdade material, com ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legitimidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento. Preliminar acolhida. Recurso provido Acórdão nº 10319.789, 3ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, prolatado em 08 de dezembro de 1998, relatora Conselheira Sandra Maria Dias Nunes. No mesmo sentido, Alberto Xavier : Fl. 83DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/09/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13975.001144/200873 Acórdão n.º 2202002.796 S2C2T2 Fl. 4 5 “afronta ao princípio da ampla defesa e da verdade material qualquer restrição ao exercício do direito à prova em função da fase do processo, desde que anterior à decisão final tomada na segunda instância”.(Princípios do Processo Administrativo e Judicial Tributário, 1ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p.160). Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário interposto e no mérito lhe dou integral provimento. É o meu voto. (assinado digitalmente) Dayse Fernandes Leite – Relatora Fl. 84DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/09/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 10920.909568/2012-10
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO.
Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA.
A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3801-002.720
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 95 68 /2 01 2- 10 Fl. 51DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909568/201210 Acórdão n.º 3801002.720 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Relatório O processo iniciouse com Pedido de RestituiçãoPER, apresentado pela contribuinte, ora recorrente. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinvile, SC, indeferiu o pedido, com fundamento em que o valor recolhido por DARF, indicado como origem do crédito contra a Fazenda Nacional, havia sido integralmente utilizado para pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição solicitada. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, aduzindo que os créditos pleiteados referirseiam a pagamentos a maior da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes da inclusão do ICMS na base de cálculo destas contribuições. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujo acórdão possui a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. REQUISITO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido.” Fl. 52DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909568/201210 Acórdão n.º 3801002.720 S3TE01 Fl. 4 3 Ciente da decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário no qual assevera que não há previsão legal para exigir a retificação de DCTF como condição para a restituição e pede que seja afastada esta exigência e enfrentados os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Afirma ser indevida a inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, mas não apresenta argumentos que sustentem esta afirmação. Não há nos autos nenhum documento ou livro fiscal ou contábil nem DCTF retificadora. Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade para julgamento nesta turma especial. Sobre a nulidade da decisão de primeira instância. No acórdão recorrido, a DRJ/Florianópolis decidiu com base no entendimento de que se não foi retificada a DCTF, não ficou comprovado pagamento indevido ou a maior, logo, não há que se falar em crédito líquido e certo e, por isso, correto o indeferimento do pedido de restituição. Está claro, desde o despacho decisório, que a contribuinte não comprovou existência de pagamento indevido ou a maior, pois o pagamento informado no pedido de restituição referiuse a tributo lançado em DCTF não retificada, logo, tributo devido. Não apresentadas provas em contrário, os valores informados na DCTF devem ser considerados verdadeiros. Tal entendimento é semelhante ao que justifica a decisão proposta neste voto, conforme se vê adiante. No voto condutor do acórdão da unidade de primeira instância, afirmouse que apenas com a retificação da DCTF a contribuinte teria crédito contra a Fazenda e que a retificação somente produziria efeitos em relação a pedido de restituição apresentado posteriormente a ela. Apesar de este entendimento divergir do que entendem várias turmas do CARF, que admitem que a retificação da DCTF pode surtir efeitos em relação a pedidos de restituição anteriores à sua transmissão, não se pode assentar que a decisão da DRJ possa ser anulada. Ainda que se entenda prescindível a retificação da DCTF, o fundamento de que o pagamento indevido ou a maior não foi comprovado persiste e é suficiente para manter o indeferimento do pedido de restituição, de modo que o despacho decisório e a decisão recorrida estão fundamentados e permitiram à contribuinte o contraditório e a ampla defesa. Fl. 53DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909568/201210 Acórdão n.º 3801002.720 S3TE01 Fl. 5 4 Sobre o direito de crédito e sua liquidez e certeza O processo se iniciou com pedido de restituição da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de PI/Pasep. A RFB, baseandose em dados constantes de seus sistemas informatizados, alimentados por informações prestadas pela própria contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias, constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar débito da contribuinte, referente a tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido, porque a DCTF, nos termos do art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984, é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, não restando crédito disponível a ser restituído. Com base nisto, o pedido foi indeferido. O fundamento legal está expresso em seu quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL”, no qual consta o artigo 165 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN). Estando o pagamento totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum. Assim, não foi atendido o art. 165 do CTN, que diz que a contribuinte tem direito à restituição de tributo nos casos de: cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido; erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; reforma, anulação revogação ou rescisão de decisão condenatória. Caberia à interessada provar o direito à restituição, à luz do art. 333 do Código de Processo Civil (CPC), aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe a quem alega fato constitutivo de direito. Até o momento do protocolo do recurso voluntário, a contribuinte não apresentou documentos que comprovassem erro na DCTF, nem comprovou ocorrência de alguma das hipóteses previstas no art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, que permitiriam apresentação destes documentos em momento posterior. Cito. “Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; Fl. 54DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909568/201210 Acórdão n.º 3801002.720 S3TE01 Fl. 6 5 b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” Ao contrário da decisão recorrida, várias decisões proferidas pelo CARF admitiram a retificação de DCTF posterior à ciência do despacho decisório. Porém, no âmbito desta turma, esta admissão ocorre somente quando a DCTF retificadora é acompanhada da prova de erro na DCTF retificada, por meio da escrituração e dos documentos fiscais e contábeis. Apenas assim se pode afirmar que o crédito pleiteado existe e é dotado de certeza e liquidez. Vejase a ementa do acórdão 380100.190, de 22/05/2012, relatado pelo Conselheiro Flávio de Castro Pontes, em que se assentou que a contribuinte deveria comprovar a origem do direito de crédito: “Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/12/2002 COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS A CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. A simples retificação de DCTF não é elemento de prova suficiente para aferir a liquidez e certeza do direito creditório. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INCERTO. A compensação não pode ser homologada quando o sujeito passivo não comprova a origem de seu direito creditório. Recurso Voluntário Negado.” Da 2ª Turma Especial, da 3ª Seção de Julgamento, são exemplos do mesmo entendimento os Acórdãos 3802001.290, de 25/09/2012, relatado pelo Conselheiro José Fernandes do Nascimento, e 3802001.593, de 27/02/2013, relatado pelo Conselheiro Francisco José Barroso Rios, cujas ementas, com grifos meus, são as seguintes: Acórdão nº 3802001.290: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). DIREITO CREDITÓRIO NÃO COMPROVADO NA FASE RECURSAL. DECISÃO NÃO HOMOLOGATÓRIA MANTIDA. Na ausência da comprovação da certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório, deve ser mantida a Fl. 55DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909568/201210 Acórdão n.º 3801002.720 S3TE01 Fl. 7 6 decisão recorrida que não homologou a compensação declarada pelo mesmo motivo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO ERRO. OBRIGATORIEDADE. Uma vez iniciado o processo de compensação, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do Despacho Decisório, somente será admitida, para fim de comprovação da origem do crédito compensado, se ficar provado nos autos, por meio de documentação idônea e suficiente, a origem do erro de apuração do débito retificado, o que não ocorreu nos presentes autos. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ANÁLISE DE NOVO ARGUMENTO DE DEFESA. MANUTENÇÃO DA NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO POR INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. ALTERAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. INOCORRÊNCIA. Não é passível de nulidade, por mudança de motivação, a decisão de primeiro grau que rejeita novo argumento defesa suscitado na manifestação de inconformidade e mantém a não homologação da compensação declarada, por da ausência de comprovação do crédito utilizado, mesmo motivo apresentado no contestado Despacho Decisório. DILIGÊNCIA. REALIZAÇÃO PARA JUNTADA DE PROVA DOCUMENTAL EM PODER DO REQUERENTE. DESNECESSIDADE. Não se justifica a realização de diligência para juntada de prova documental em poder do próprio requerente que, sem a demonstração de qualquer impedimento, não foi carreada aos autos nas duas oportunidades em que exercitado o direito de defesa. Recurso Voluntário Negado.. Acórdão nº 3802001.593: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2004 COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DECORRENTES DE RETIFICAÇÃO DE DCTF DEPOIS DE PROFERIDO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGANDO PER/DECOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO ORIGINAL. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM Fl. 56DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909568/201210 Acórdão n.º 3801002.720 S3TE01 Fl. 8 7 VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Uma vez intimada da não homologação de seu pedido de compensação, a interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento.” A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento tem o mesmo entendimento, conforme se vê no acórdão nº. 3402001.668, de 15/02/2012, cuja ementa é: “Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE Data do fato gerador: 15/07/2005 NULIDADE POR FALTA DE FUNDAMENTO LEGAL. Em sendo verificado que tanto o ato de indeferimento da compensação quanto a decisão recorrida apresentam os fundamentos legais que sustentam a prolação do ato administrativo, não ocasionando cerceamento do direito de defesa do contribuinte, não há que se decretar a nulidade da decisão administrativa. Igualmente não incorre em nulidade a decisão que deixa de intimar o contribuinte a apresentar seus próprios documentos contábeis e fiscais para comprovar fato que sustenta seu direito ao indébito tributário. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. PROVA DA EXISTÊNCIA, SUFICIÊNCIA E LEGITIMIDADE DO CRÉDITO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Não se homologa a compensação pleiteada pelo contribuinte quando este deixa de produzir prova, através de meios idôneos e capazes, de que o pagamento legitimador do crédito utilizado na compensação tenha sido efetuado indevidamente ou em valor maior que o devido, não bastando a retificação da DCTF como prova do suposto indébito.” O direito de crédito deve ser provado e apenas créditos líquidos e certos podem ser compensados. Fl. 57DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.909568/201210 Acórdão n.º 3801002.720 S3TE01 Fl. 9 8 Isto vale tanto para compensação com débitos do contribuinte quanto para restituição de pagamento de tributo indevido ou maior que o devido. Não é possível restituir valor referente a pagamento de tributo indevido ou maior que devido se este valor não é líquido e certo. No presente caso, não há prova de que houve pagamento indevido, nem de que o direito de crédito alegado equivale à incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre valores de ICMS. Por isso, não é necessário discutir a questão de mérito sobre a incidência da contribuição social sobre valores pagos a título de ICMS. Conclusão Pelo exposto, tendo em vista não ter sido provado pagamento de tributo indevido ou maior que o devido, com fundamento nos artigos 165 do CTN e 333 do CPC, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose o despacho decisório que não reconheceu o direito de crédito e indeferiu o pedido de restituição. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator Fl. 58DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 13830.721190/2013-02
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/08/2012
AUTO DE INFRAÇÃO CFL 93. ART. 31 DA LEI Nº 8.212/91. PROCEDÊNCIA.
A empresa contratante é obrigada a reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal/fatura de serviços prestados mediante cessão de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporário, e a recolher a importância retida no prazo e na forma previstas na legislação previdenciária em nome da empresa cedente da mão-de-obra, conforme art. 31, caput da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.711/98, sob pena de multa cominada no art. 283, caput e §3º do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO.
O instituto da retenção de que trata o art. 31 da lei nº 8.212/91, na redação dada pela lei nº 9.711/98 e alterações posteriores, configura-se como hipótese legal de substituição tributária, na qual a empresa contratante assume o papel do responsável tributário pela arrecadação e recolhimento antecipados do tributo, não lhe sendo lícito alegar qualquer omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de reter ou que tenha arrecadado em desacordo com a lei.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO INEXISTENTE. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. GLOSA.
É vedada a compensação de contribuições previdenciárias se ausentes os atributos de liquidez e certeza do crédito compensado. A compensação de contribuições previdenciárias com créditos não materialmente comprovados será objeto de glosa e consequente lançamento tributário, revertendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário.
PERÍCIA. AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS. INDEFERIMENTO.
A perícia tem, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de sua realização para a consolidação do seu convencimento acerca da solução da controvérsia objeto do litígio, sendo-lhe facultado indeferir aquelas que considerar prescindíveis ou impraticáveis.
Considera-se não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/72.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ATOS PROCESSUAIS. INTIMAÇÃO. ART. 23 DO DECRETO nº 70.235/72
As intimações podem ser feitas via postal, com prova de recebimento, no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária, ou pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar.
Os meios de intimação previstos art. 23 do Decreto nº 70.235/72 não estão sujeitos a ordem de preferência.
COMPENSAÇÃO. MULTA ISOLADA. CONSCIÊNCIA DA INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. FALSIDADE DA GFIP.
A volitiva e consciente declaração em GFIP de compensação de contribuições previdenciárias com créditos sabidamente inexistentes implica caracterização de falsidade de declaração, circunstância que enseja a aplicação da multa isolada prevista no §10º do art. 89 da Lei nº 8.212/91.
PENALIDADE PECUNIÁRIA. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. INOCORRÊNCIA.
Não configura violação a princípios constitucionais a imputação de penalidade pecuniária em razão do não cumprimento tempestivo de obrigação de natureza tributária, quando aplicada em estreita sintonia com as normas legais vigentes e eficazes.
Foge à competência deste Colegiado o exame da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas na CF/88, eis que tal atribuição foi reservada pela própria Constituição, com exclusividade, ao Poder Judiciário.
MULTA ISOLADA. CONFISCO. INOCORRÊNCIA.
Não constitui confisco a incidência de multa punitiva aplicada nas hipóteses de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, tendo como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado.
Foge à competência deste colegiado a análise da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas no art. 150 da CF/88.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.429
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida, negar-lhe provimento, mantendo a glosa de compensação de contribuições previdenciárias efetuada com créditos não materialmente comprovados, bem como a imposição de multa isolada, por compensação indevida, na forma do artigo 89, §10º, da Lei nº 8.212/91, frente à volitiva e consciente declaração em GFIP de compensação de contribuições previdenciárias com créditos destituídos dos atributos de liquidez e certeza.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Wilson Antonio de Souza Correa, André Luis Mársico Lombardi, Leo Meirelles do Amaral, Fábio Pallaretti Calcini e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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ART. 31 DA LEI Nº 8.212/91. PROCEDÊNCIA. A empresa contratante é obrigada a reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal/fatura de serviços prestados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, e a recolher a importância retida no prazo e na forma previstas na legislação previdenciária em nome da empresa cedente da mãodeobra, conforme art. 31, caput da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.711/98, sob pena de multa cominada no art. 283, caput e §3º do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. O instituto da retenção de que trata o art. 31 da lei nº 8.212/91, na redação dada pela lei nº 9.711/98 e alterações posteriores, configurase como hipótese legal de substituição tributária, na qual a empresa contratante assume o papel do responsável tributário pela arrecadação e recolhimento antecipados do tributo, não lhe sendo lícito alegar qualquer omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de reter ou que tenha arrecadado em desacordo com a lei. CRÉDITO TRIBUTÁRIO INEXISTENTE. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. GLOSA. É vedada a compensação de contribuições previdenciárias se ausentes os atributos de liquidez e certeza do crédito compensado. A compensação de contribuições previdenciárias com créditos não materialmente comprovados será objeto de glosa e consequente lançamento tributário, revertendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário. PERÍCIA. AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS. INDEFERIMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 72 11 90 /2 01 3- 02 Fl. 573DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 A perícia tem, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de sua realização para a consolidação do seu convencimento acerca da solução da controvérsia objeto do litígio, sendo lhe facultado indeferir aquelas que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Considerase não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ATOS PROCESSUAIS. INTIMAÇÃO. ART. 23 DO DECRETO nº 70.235/72 As intimações podem ser feitas via postal, com prova de recebimento, no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária, ou pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar. Os meios de intimação previstos art. 23 do Decreto nº 70.235/72 não estão sujeitos a ordem de preferência. COMPENSAÇÃO. MULTA ISOLADA. CONSCIÊNCIA DA INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. FALSIDADE DA GFIP. A volitiva e consciente declaração em GFIP de compensação de contribuições previdenciárias com créditos sabidamente inexistentes implica caracterização de falsidade de declaração, circunstância que enseja a aplicação da multa isolada prevista no §10º do art. 89 da Lei nº 8.212/91. PENALIDADE PECUNIÁRIA. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. INOCORRÊNCIA. Não configura violação a princípios constitucionais a imputação de penalidade pecuniária em razão do não cumprimento tempestivo de obrigação de natureza tributária, quando aplicada em estreita sintonia com as normas legais vigentes e eficazes. Foge à competência deste Colegiado o exame da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas na CF/88, eis que tal atribuição foi reservada pela própria Constituição, com exclusividade, ao Poder Judiciário. MULTA ISOLADA. CONFISCO. INOCORRÊNCIA. Não constitui confisco a incidência de multa punitiva aplicada nas hipóteses de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, tendo como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. Foge à competência deste colegiado a análise da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas no art. 150 da CF/88. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte Fl. 574DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 574 3 conhecida, negarlhe provimento, mantendo a glosa de compensação de contribuições previdenciárias efetuada com créditos não materialmente comprovados, bem como a imposição de multa isolada, por compensação indevida, na forma do artigo 89, §10º, da Lei nº 8.212/91, frente à volitiva e consciente declaração em GFIP de compensação de contribuições previdenciárias com créditos destituídos dos atributos de liquidez e certeza. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Wilson Antonio de Souza Correa, André Luis Mársico Lombardi, Leo Meirelles do Amaral, Fábio Pallaretti Calcini e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 575DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Relatório Período de apuração: 01/01/2009 a 31/08/2012 Data da lavratura dos Auto de Infração: 20/06/2013. Data da ciência dos Auto de Infração: 26/06/2013. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Florianópolis/SC que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio dos Autos de Infração de Obrigação Principal nº 51.032.2425, 51.032.2433, 51.032.2441 e 51.032.2450, consistente em contribuições previdenciárias destinadas ao custeio da Seguridade Social decorrentes de glosa de compensação indevida de contribuições previdenciárias, bem como da retenção de 11 de que trata o art. 31 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.711/98, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 272/285. De acordo com o Relatório Fiscal, o presente lançamento decorre do descumprimento de obrigações tributárias (principais e acessórias), representadas pelos seguintes Autos de Infração: · AIOP Debcad n° 51.032.2425 (relativo às contribuições patronais, devidas na forma do art. 31 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.711/98, calculadas no percentual de 11%, incidentes sobre valores pagos por serviços prestados na área de limpeza pública, pintura de vias públicas e zeladoria, contratados por meio de empreitada de mãodeobra, sem que houvesse as retenções da empresa prestadora e os recolhimentos das contribuições previdenciárias respectivas por parte do tomador contratante Município de Ipaussu Prefeitura Municipal), no período de 01/2009 a 11/2011 (descontínuo); · AIOP Debcad n° 51.032.2433 (relativo à multa isolada aplicada no percentual de 150%) no período de 10/2011 a 11/201.1 e 03/2012 a 06/2012 e 08/2012; · AIOP Debcad n° 51.032.2441 (referente às contribuições patronais, resultantes de glosas por compensações indevidas relativas às Verbas referentes a Férias, Terço de Férias e outras Verbas denominadas pelo sujeito passivo como Indenizatórias) 09/2011 a 10/2011 e 02/2012 a 07/2012; · AIOP Debcad n° 51.032.2450 (referente às contribuições de segurados, resultantes de glosas por compensações indevidas relativas às Verbas referentes à Férias, Terço de Férias e Verbas denominadas pelo sujeito passivo como Indenizatórias), no período 09/2011 e 02/2012 a 06/2012; · AIOA Debcad n° 51.032.2417 (multa por descumprimento de obrigação acessória Código de Fundamento Legal CFL 93); CFL 93 Fl. 576DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 575 5 Deixar a empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, de reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida no prazo e na forma previstas na legislação previdenciária em nome da empresa cedente da mãodeobra, conforme art. 31, caput da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.711/98. Informa ainda a Fiscalização: · Em relação às compensações do período de 02/2012 a 07/2012, o Município não juntou as comprovações ou consolidações ou planilhas referentes aos cálculos das compensações por ele denominadas “Verbas Indenizatórias”, limitandose a juntar cópias de consulta a SAORT, data de 01/10/2012, que sequer se encontra protocolizada. · Que o Município intimado a apresentar relação de processos judiciais, movidos contra o INSS e/ou FRB, informou que não moveu processo judicial com relação ao RAT e/ou outros. Alega ainda possui créditos a seu favor em decorrência do recolhimento de contribuições previdenciárias sobre o RAT, férias e terço constitucional de férias, bem como verbas indenizatórias, efetuando tais compensações através das GFIPs e, consequentemente, reduzindo o recolhimento das contribuições previdenciárias. · Esclarece que os segurados empregados do Município estão sujeitos ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS e que as diversas decisões judiciais favoráveis, relativamente às verbas referidas pelo sujeito passivo, são tocantes aos servidores públicos vinculados ao RPPS. · Que a apuração de créditos relacionados ao RAT e RAT Ajustado e a consequente compensação de RAT realizada pelo sujeito passivo não foram exigidas neste procedimento fiscal em razão da Consulta formulada pelo sujeito passivo ainda pendente de solução junto a RFB. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 293/385. A Prefeitura Municipal de Ipaussu, representada pelo seu Prefeito Municipal, protocolizou em 27/08/2013 pedido expresso de desistência da impugnação, a fl. 461, para os Autos de Infração DEBCAD nº 51.032.2417, DEBCAD nº 51.032.2425, DEBCAD nº 51.032.2441 e DEBCAD nº 51.032.2450, todos integrantes do presente Processo Administrativo Fiscal n° 13830.721189/201370, mantendo a impugnação, tão somente, em relação ao Auto de Infração DEBCAD nº 51.032.2433. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0734.252 5ª Turma da DRJ/FNS, Fl. 577DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 a fls. 475/481, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 01/04/2014, conforme Aviso de Recebimento a fl. 484. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 485/563, respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: · Insurgese contra a aplicação da multa isolada; · Afirma que a multa de ofício e a multa de mora violam o princípio do não confisco; · Impossibilidade de correção dos débitos pela Taxa Selic; · Que somente há incidência de contribuição previdenciária sobre as verbas remuneratórias do funcionário/empregado; · Que não incidem contribuições previdenciárias sobre as verbas trabalhistas: horaextra, adicional noturno, adicional de insalubridade adicional de periculosidade, saláriomaternidade, terço constitucional de férias e férias indenizadas, salário família, aviso prévio, auxilio educação, auxíliodoença e auxiliocreche; · Insurgese contra o Auto de Infração relativo à retenção de 11%, incidentes sobre as notas fiscais de serviço prestados mediante cessão ou empreitada de mão de obra; Ao fim, dentre outros pedidos, requer a anulação do Auto de Infração nº 51.032.2433. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 578DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 576 7 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida em 01/04/2014. Havendo sido o recurso voluntário protocolizado no dia 25/04/2014, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. 1.2. DO CONHECIMENTO DO RECURSO Alega o Recorrente que somente há incidência de contribuição previdenciária sobre as verbas remuneratórias do funcionário/empregado; Afirma não incidirem contribuições previdenciárias sobre as verbas trabalhistas: horaextra, adicional noturno, adicional de insalubridade adicional de periculosidade, saláriomaternidade, terço constitucional de férias e férias indenizadas, salário família, aviso prévio, auxilioeducação, auxíliodoença e auxilio creche. Argumenta ainda o Recorrente a impossibilidade de correção dos débitos pela Taxa Selic e que a que a multa de ofício e a multa de mora violam o princípio do não confisco. Por fim, insurgese o Recorrente contra o Auto de Infração relativo à retenção de 11%, incidentes sobre as notas fiscais de serviço prestados mediante cessão ou empreitada de mão de obra. Tais alegações, todavia, não poderão ser objeto de deliberação por esta Corte Administrativa eis que as questões de fato e de Direito nelas aventadas constituem, exatamente, as controvérsias objeto dos Autos de Infração DEBCAD nº 51.032.2417, DEBCAD nº 51.032.2425, DEBCAD nº 51.032.2441 e DEBCAD nº 51.032.2450, todos integrantes do presente Processo Administrativo Fiscal n° 13830.721189/201370, cujas impugnações foram objeto de desistência expressa, conforme assentamento no documento a fl. 461. A Fiscalização, de forma fundamentada e devidamente consignada nos relatórios integrantes dos Autos de Infração acima citados, sopesando as circunstâncias específicas do caso concreto, corroboradas pelos elementos de prova coligidos nos autos, firmou a convicção acerca da procedência dos lançamentos que efetuou e da glosa das compensações declaradas pelo Fiscalizado em suas GFIP, procedendo à constituição do crédito tributário correspondente, em atenção ao art. 142 do CTN c.c. art. 37 da Lei nº 8.212/91. Fl. 579DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 Devidamente cientificado do lançamento, o Autuado, no exercício do seu constitucional direito ao contraditório e a ampla defesa, impugnou a exigência fiscal, nos termos do instrumento de defesa administrativa a fls. 293/385. Ocorre, todavia, que a Prefeitura Municipal de Ipaussu, representada pelo seu Prefeito Municipal, protocolizou em 27/08/2013 pedido expresso de desistência da impugnação, a fl. 461, para os Autos de Infração DEBCAD nº 51.032.2417, DEBCAD nº 51.032.2425, DEBCAD nº 51.032.2441 e DEBCAD nº 51.032.2450, todos integrantes do presente Processo Administrativo Fiscal n° 13830.721189/201370, mantendo a impugnação, tão somente, em relação ao Auto de Infração DEBCAD nº 51.032.2433. Por tal razão, perdem objeto as alegações de fato e de Direito suscitadas pelo Fiscalizado referentes ao mérito dos Autos de Infração DEBCAD nº 51.032.2417, DEBCAD nº 51.032.2425, DEBCAD nº 51.032.2441 e DEBCAD nº 51.032.2450, e seus efeitos fiscais, não restando mais em relação a eles qualquer litígio a ser julgado na Instância Administrativa, a teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532/97) Nessa perspectiva, as matérias específicas não expressamente impugnadas em sede de defesa administrativa, assim como aquelas objeto de desistência expressa pelo Sujeito Passivo, serão consideradas para todos os efeitos como verdadeira, precluindo processualmente a oportunidade de impugnação ulterior, não podendo ser alegada originariamente em grau de Recurso Voluntário. Salientese que as diretivas ora enunciadas não conflitam com as normas perfiladas no art. 473 do CPC, aplicado subsidiariamente no processo administrativo tributário, a qual exclui das partes a faculdade discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujo respeito já se operou a preclusão. De outro eito, cumpre esclarecer, eis que pertinente, que o Recurso Voluntário consubstanciase num instituto processual a ser manejado para expressar, no curso do processo, a inconformidade do sucumbente em face de decisão proferida pelo órgão julgador a quo que lhe tenha sido desfavorável, buscando reformála. Não exige o dispêndio de energias intelectuais no exame da legislação em abstrato a conclusão de que o recurso pressupõe a existência de uma decisão precedente, dimanada por um órgão julgador postado em posição processual hierarquicamente inferior, a qual tenha se decidido, em relação a determinada questão do lançamento, de maneira que não contemple os interesses do Recorrente. Não se mostra despiciendo frisar que o efeito devolutivo do recurso não implica a revisão integral do lançamento à instância revisora, mas, tão somente, a devolução da decisão proferida pelo órgão a quo, a qual será revisada pelo Colegiado ad quem. Com efeito, o objeto imediato do Recurso Voluntário é a decisão proferida pelo Órgão Julgador de 1ª Instância, enquanto que o lançamento em si considerado figura, tão somente, como o objeto mediato da insurgência. Fl. 580DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 577 9 Assim, não havendo a decisão vergastada se manifestado sob determinada questão do lançamento, eis que objeto de desistência expressa ou não especificamente impugnada pelo sujeito passivo, não há que se falar em reforma do julgado em relação a tal questão, haja vista que a respeito dela nada consta no acórdão hostilizado. É gravitar em torno do nada. Nesse contexto, à luz do que emana, com extrema clareza, do Direito Positivo, permeado pelos princípios processuais da eventualidade, da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, e nela mantidas, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, ou que tenha sido objeto de desistência expressa pelo Sujeito Passivo, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. Além disso, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, as matérias não expressamente contestadas pelo impugnante em sede de defesa ao lançamento tributário bem como aquelas que tenham sido objeto de desistência expressa pelo Sujeito Passivo, são juridicamente consideradas como não impugnadas, não se instaurando qualquer litígio em relação a elas, sendo processualmente inaceitável que o Recorrente as resgate das cinzas para inaugurar, em segunda instância, um novo front de inconformismo em face do lançamento que se opera. O conhecimento de questões que tenham sido objeto de desistência expressa pelo Sujeito Passivo, excluídas do conhecimento do Órgão Julgador Primário, representaria, por parte desta Corte, negativa de vigência ao preceito insculpido no art. 17 do Decreto nº 70.235/72, provimento este que somente poderia emergir do Poder Judiciário. Por tais razões, as questões suscitadas nos primeiros parágrafos deste tópico, além de outras eventualmente dispersas no instrumento de Recurso Voluntário, mas condizentes, tão somente, com o mérito dos Autos de Infração objeto da desistência expressa aviada no documento a fl. 461, não poderão ser conhecidas por este Colegiado, em virtude da preclusão. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço parcialmente. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, bem como aquelas inerentes aos Autos de Infração DEBCAD nº 51.032.2417, Fl. 581DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 DEBCAD nº 51.032.2425, DEBCAD nº 51.032.2441 e DEBCAD nº 51.032.2450, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se há por pendente qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. Dessarte, em razão da desistência expressa formulada pelo Sujeito Passivo, apenas serão abrangidas no presente julgamento as questões de fato e de Direito relativas à aplicação da multa isolada decorrente de compensação indevida de contribuições previdenciárias, veiculada no Auto de Infração nº 51.032.2433, conforme assim pugnado no Pedido de Desistência a fl. 461. 2.1. DA MULTA ISOLADA Insurgese o Recorrente contra a aplicação da multa isolada. Sem razão. Inicialmente, merece ser destacado que inexiste qualquer sobrestamento de julgamento no CARF condizente às matérias ora em apreciação, em razão de a Portaria nº 545, do Ministério da Fazenda, de 20/11/2013, ter revogado expressamente os parágrafos primeiro e segundo do art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Ao contrário do entendimento esposado pelo Recorrente, a compensação de contribuições previdenciárias tem por fundamento jurídico o art. 170 do CTN, que confere à Lei a competência para autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública, nas condições e sob as garantias que a própria Lei estipular, ou cuja estipulação, em cada caso, a Lei atribuir à autoridade administrativa. Código Tributário Nacional CTN Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Com fundamento de validade no art. 170 do CTN, o legislador ordinário fez inserir na Lei de Custeio da Seguridade Social o art. 89, autorizando a compensação das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei Ordinária, com créditos decorrentes de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido dessas mesmas exações, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Fl. 582DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 578 11 Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) §9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 449/2008) §10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Medida Provisória nº 449/2008) Da mera leitura dos dispositivos suso transcritos, percebemos a cominação de duas penalidades pecuniárias para a conduta consistente na compensação indevida de contribuições previdenciárias: I. A multa de mora, calculada segundo a memória de cálculo descrita no art. 61 da Lei nº 9.430/96. (art. 89, §9º da Lei nº 8.212/91) II. Multa isolada, no valor correspondente a 150% incidente sobre o valor indevidamente compensado, nos casos em que ocorrer falsidade da declaração onde a compensação houvese por informada ao Fisco. (art. 89, §10 da Lei nº 8.212/91) Em razão da duplicidade de penalidades cominadas a uma mesma conduta, pipocam alguns questionamentos a exigir nossa digressão, dentre outros: a) As penalidades indicadas são aplicáveis de forma alternativa ou de maneira cumulativa? b) Em que hipóteses será aplicada a multa de mora? E a multa isolada? c) O que se entende por “falsidade da declaração” e qual a abrangência de tal termo? d) Quais seriam os elementos de convicção com aptidão para se comprovar a falsidade de declaração? Fl. 583DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 Entendo que a resposta a tais indagações deve ser formulada levandose em consideração uma interpretação sistemática e teleológica das normas tributárias em realce, realizada de acordo com o balizamento encartado no Capítulo IV do Título I do CTN, observado o princípio da proporcionalidade implicitamente permeado na Escritura Constitucional. Nessa perspectiva, se nos afigura que a pedra de toque a impingir um diferencial significativo entre as penalidades previstas nos §§ 9º e 10 do aludido art. 89 encontrase assentado na comprovação da falsidade da declaração, circunstância essencial e indispensável para a inflição da penalidade mais severa. Do que se extrai da dicção do §10 do art. 89 da Lei nº 8.212/91, a aplicação da multa isolada encontrase subjugada à ocorrência simultânea de duas condicionantes inafastáveis, sendo a primeira a própria compensação indevida (“na hipótese de compensação indevida”) e a segunda, a comprovada falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo (“quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo”). Ambos assumem, dessa maneira, cunho de aplicação cumulativa, de modo que a ausência de uma ou de outra não rende ensejo à aplicação da penalidade em relevo. Nessa perspectiva, a mera compensação indevida de contribuições previdenciárias configurase, tão somente, inadimplemento de tributo devido e não recolhido, em relação aos quais, na constituição de ofício do crédito tributário, além do principal, o lançamento deverá contemplar os acréscimos legais de caráter moratório, nos termos fixados no §9º do art. 89 da Lei nº 8.212/91. Fato diametralmente diverso se configura com o emprego de meio fraudulento, aqui incluída a falsidade, visando a iludir o Fisco Federal sobre a efetiva ocorrência do fato jurígeno tributário, ou a excluir ou modificar suas características essenciais e/ou efeitos, ocultandoo, assim, de forma ardilosa. Na apreciação do caso concreto, uma vez caracterizada a compensação indevida, a configuração da hipótese de incidência da multa isolada exige, para a sua consumação, a demonstração da falsidade, eis que elemento objetivo do tipo, sendo necessária e imprescindível sua comprovação, a teor do §10 do art. 89 da Lei nº 8.212/91. Indispensável, pois, se perquirir onde se encontra a falsidade ou fraude na declaração das compensações indevidas efetuadas pelo sujeito passivo, e se fazer coligir aos autos os elementos de convicção da efetiva ocorrência da falsia em relevo. Ora, mas o que se entende por falsidade de declaração? Um mero erro material de digitação na GFIP, resultando num montante de compensação a maior que as forças do crédito de titularidade do sujeito passivo, já se consumaria numa falsidade de declaração? Uma declaração a maior do montante compensável, em GFIP, resultante do emprego de metodologia de atualização do crédito e de acumulação de juros moratórios diferente da adotada pela RFB, seria suficiente para enquadrala como acometida de falsidade? Ou seria necessário, para a consumação da conduta típica em tela, que o Infrator, consciente de que não possui o direito creditório declarado, informe dolosamente no documento em apreço compensação de créditos previdenciários sabidamente inexistentes (ou a menor) visando à redução do montante a ser recolhido? Fl. 584DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 579 13 A Lei nº 8.212/91 não define, para fins de enquadramento na conduta tipificada no §10 do seu art. 89, o conceito do termo “falsidade de declaração”, tampouco sua abrangência e alcance. Nessas situações, ante a ausência de disposição expressa, o codex tributário impõese a integração legislativa mediante a analogia, os princípios gerais de direito tributário, os princípios gerais de direito público e a equidade. Código Tributário Nacional CTN Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I a analogia; II os princípios gerais de direito tributário; III os princípios gerais de direito público; IV a equidade. §1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. §2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Tratandose de normas que impingem ao infrator uma penalidade decorrente da transgressão de uma norma de conduta, nada mais natural do que a integração analógica com as normas que dimanam do Direito Penal. Sob tal prisma, há que se perquirir se, para a caracterização de falsidade de declaração, seria necessária a tipificação de falsidade de documento público ou, numa gradação mais branda, suficiente seria a mera falsidade ideológica? Cumpre salientar que, para os efeitos da incidência da lei penal, a GFIP equiparase a documento público, a teor dos §§ 2º e 3º do art. 297 do Código Penal. DecretoLei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal Falsificação de documento público Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena reclusão, de dois a seis anos, e multa. §1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendose do cargo, aumentase a pena de sexta parte. §2º Para os efeitos penais, equiparamse a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. (grifos nossos) §3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983/ 2000) I na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) (grifos nossos) II na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência Fl. 585DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) III em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) (grifos nossos) §4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no §3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) (grifos nossos) Falsidade ideológica Art. 299 Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: (grifos nossos) Pena reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo único Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendose do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumentase a pena de sexta parte. Seja num caso, seja no outro, os princípios de direito público atávicos ao Direito Penal exigem, para a subsunção à conduta típica, não somente a coincidência objetiva de condutas, mas, também, a presença do elemento subjetivo consubstanciado no dolo ou na culpa, esta, quando expressamente prevista no corpo do tipo, a teor do Parágrafo Único do art. 18 do Código Penal. DecretoLei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal Art. 18 Dizse o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209/84) Crime doloso(Incluído pela Lei nº 7.209/84) I doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo;(Incluído pela Lei nº 7.209/84) Crime culposo(Incluído pela Lei nº 7.209/84) II culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209/84) Parágrafo único Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209/84) Assim, sob o prisma da norma que pespega penalidades, indispensável para a caracterização da conduta típica de falsidade de documento público e de falsidade ideológica a comprovação da coexistência do elemento subjetivo do tipo consistente na consciência e vontade de concretizar os requisitos objetivos do tipo. Fl. 586DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 580 15 Mostrase valioso revisitar também os conceitos jurídicos assentados na Lei nº 4.502/64, verbatim: Lei nº 4.502/64 Art. 68. A autoridade fixará a pena de multa partindo da pena básica estabelecida para a infração, como se atenuantes houvesse, só a majorando em razão das circunstâncias agravantes ou qualificativas provadas no processo. (Redação dada pelo DecretoLei nº 34/66) (...) §2º São circunstâncias qualificativas a sonegação, a fraude e o conluio. (Redação dada pelo DecretoLei nº 34/66) (...) Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Notese, ainda, que a falsidade ideológica se qualifica como um tipo penal incongruente, exigindo para a sua caracterização, além do dolo genérico, uma intenção especial do agente, um requisito subjetivo transcendental denominado dolo específico, consubstanciado num especial fim de agir, in casu, a intenção de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Pintado nesse matiz o quadro fáticojurídico, se nos antolha que, para que se configure a ocorrência do tipo infracional previsto no §10 do art. 89 da Lei nº 8.212/91, necessária é a presença do elemento subjetivo associado à conduta típica descrita na norma, consistente na consciência do agente de que, mesmo sabedor de que não possui direito creditório à altura, mesmo assim informa na GFIP compensação de contribuições previdenciárias visando a esquivarse do recolhimento da exação devida. Por esse motivo, exige a regra tributária em realce que, para a caracterização do tipo infracional em debate, o agente fiscal tem que demonstrar a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Fl. 587DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 A tal conclusão também se converge ao se apreciar, pelo crivo da proporcionalidade, a dualidade de imputações fixadas nos parágrafos 9º e 10 do art. 89 da Lei nº 8.212/91: Tratandose de compensação indevida, nas hipóteses em que o agente não teve a intenção de fraudar a norma tributária, a penalidade pecuniária a ser aplicada será a mais branda, nos termos fixados no §9º do suso mencionado art. 89, consistente na multa de mora graduada na forma do art. 61 da Lei nº 9.430/96, além dos juros moratórios. Tratandose, por outro viés, de tentativa de fraude mediante a consciente e inescusável inserção de informações falsas na GFIP, visando dolosamente a reduzir tributo, rigorosa deverá ser a punição a ser infligida ao infrator, consistente na multa de 150% sobre o valor total do débito indevidamente compensado. Nestes casos, assentado que a penalidade estabelecida na lei é por demais severa, deve o agente fiscal se certificar de que a conduta perpetrada pelo sujeito passivo, de fato, reuniu todos elementos objetivos e subjetivos do tipo, de molde a se evitar, ao máximo, a imputação de penalidade indevida. Não por outra razão, a hipótese típica em debate exige do agente fiscal, além da descrição do fato e da disposição legal infringida (art. 10 do Decreto nº 70.235/72), a comprovação da falsidade da declaração. Não se pode perder de vista que a interpretação defendida nos parágrafos antecedentes também se coaduna à regra de hermenêutica plantada no art. 112 do CTN, do qual floresce o princípio da interpretação mais benéfica ao infrator da lei que definir infrações ou cominar penalidades em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade, ou punibilidade ou à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Código Tributário Nacional CTN Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Tal interpretação, indubitavelmente, se revela como a mais benéfica ao acusado, uma vez que exclui do tipo infracional mais severo as compensações indevidas nas quais o agente não teve o dolo de fraudar a Lei de Custeio da Seguridade Social, conduzindo tais casos à hipótese genérica e abstrata assentada no §9º do citado art. 89 da Lei nº 8.212/91, que prevê, tão somente, a incidência de juros e multa moratória sobre o montante indevidamente compensado. Corrobora o entendimento acima externado as disposições inscritas na Seção V DA COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS, do Capítulo V da IN RFB nº 900/2008, cujo art. 45 prevê que o sujeito passivo deve recolher o valor indevidamente compensado, acrescido de juros e multa de mora devidos, mesmo na hipótese de a compensação considerada como indevida ser decorrente de informação incorreta em GFIP. Instrução Normativa RFB nº 900/2008 SEÇÃO V Fl. 588DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 581 17 DA COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Art. 44. O sujeito passivo que apurar crédito relativo às contribuições previdenciárias previstas nas alíneas "a" a "d" do inciso I do parágrafo único do art. 1º, passível de restituição ou de reembolso, poderá utilizálo na compensação de contribuições previdenciárias correspondentes a períodos subsequentes. (...) Art. 45. No caso de compensação indevida, o sujeito passivo deverá recolher o valor indevidamente compensado, acrescido de juros e multa de mora devidos. Parágrafo único. Caso a compensação indevida decorra de informação incorreta em GFIP, deverá ser apresentada declaração retificadora. Art. 46. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. Da conjugação dos termos alinhados nos artigos 45 e 46 extraise que a mera constatação de informação incorreta em GFIP da qual decorra compensação indevida de contribuições previdenciárias não implica, automaticamente, a imputação da multa isolada prevista no art. 46 da mesma Instrução Normativa em foco, eis que tal increpação depende da efetiva comprovação da falsidade da declaração. Deflui daí o reconhecimento do próprio Poder Executivo de que a simples informação incorreta na GFIP da qual decorra compensação indevida não importa de per se em falsidade da declaração, sendo necessária a comprovação do elemento subjetivo do tipo, consistente na consciência e vontade de fraudar a lei visando a reduzir o montante de tributo devido. Daí a necessidade de se instruir o processo com os elementos de convicção que conduziram o auditor fiscal a inferir o dolo da conduta infracional. Avulta, de todo o exposto, que a aplicação de penalidade mais severa, mediante a majoração da multa, só tem cabimento em situações específicas, onde fique evidenciado o comportamento ardiloso e intencional do sujeito passivo, seja no tocante à falsidade na declaração, conforme remissão expressa do §10 do art. 89 da Lei nº 8.212/91, seja pela configuração de sonegação, conluio ou fraude, nos termos acima comentados , situações que, por sua gravidade, devem ensejar reprimenda punitiva de maior envergadura, com o propósito não somente de punir o infrator pela conduta perpetrada, extrapolando o evento do mero inadimplemento, como, também, de reprimir e desestimular comportamentos futuros de idêntico jaez. Olhando com os olhos de ver, o fator agravado na hipótese do §10 do dispositivo legal em realce não é a mera compensação indevida, mas, sim, a ação dolosa e consciente falsear a forma ou o conteúdo da declaração de compensação visando a iludir o Fisco Federal quanto à efetiva ocorrência dos fatos geradores. Fl. 589DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 No caso em estudo, consoante quadro informativo a fl. 280, o Autuado declarou em suas GFIP das competências de julho a novembro/2011 e de fevereiro a julho//2012, compensação de contribuições previdenciárias com créditos oriundos de recolhimentos supostamente indevidos: · A título de RAT e RAT ajustado, no montante de R$ 423.786,03. Compensação realizada nas competências de julho a setembro/2011. · A título de Contribuição Previdenciária incidente sobre Férias e Terço Constitucional 1/3 Férias, no montante de R$ 312.713,63. Compensação realizada nas competências outubro e novembro/2011. · A título de compensação de contribuição previdenciária incidente sobre “Verbas Indenizatórias”, no montante de R$ 1.432.000,00. Compensação realizada nas competências de março a julho/2012. Intimada a informar a regularidade da compensação, o Sujeito Passivo respondeu que os valores corrigidos, apurados por meio de cálculos de atualização em planilhas para compensação, são: · A título de Compensação de Contribuição Previdenciária sobre Férias, o valor de R$ 142.435,19, relativos ao período originário apurado de se 07/2006 a 12/2008, calculados na competência 07/2011. · A título de Compensação de Contribuição Previdenciária sobre Terço Constitucional 1/3 Férias, o valor de R$ 170.278,44, relativos ao período originário apurado de 07/2006 a 10/2011, calculados na competência 07/2011. · A título de Compensação Alíquota de RAT, o valor de R$ 423.952,23, relativos ao período originário apurado de 06/2007 a 10/2011, calculados na competência 07/2011. É curial importância ressaltar que a ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei para se escusar do cumprimento de obrigação a todos imposta, nos termos do art. 3º do DecretoLei nº 4.657/42, instituindose presunção absoluta de que todos conhecem a lei. DecretoLei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 2.1.1. DAS FÉRIAS Com relação a férias gozadas e seu respectivo adicional constitucional, estas integram o Salário de Contribuição, nos termos do art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 195, I, ‘a’, da CF/88. Fl. 590DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 582 19 Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528/97) Constituição Federal de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20/98) (grifos nossos) Salientese que o Colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº 1.230.957RS, proferido na sistemática dos recurso repetitivo, decidiu não haver incidência de contribuição previdenciária sobre os 15 dias anteriores à concessão de auxílio doença, sobre o terço constitucional de férias indenizadas ou gozadas e sobre o aviso prévio indenizado. Tais decisões, todavia, ainda não se encontram ornadas com o atributo da coisa julgada, eis que objeto de recurso, circunstância que foge à hipótese prevista no art. 62A do Regimento Interno do CARF, que exige decisão definitiva de mérito proferida pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil. Regimento Interno do CARF (Portaria nº 256/2009): Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (grifos nossos) Fl. 591DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 Portanto, estando ainda pendentes de recurso as decisões judiciais acima referidas, não há que se falar em reprodução, no vertente Recurso Voluntário, dos julgados ora em debate. Com relação às férias indenizadas (não gozadas, ou pagas em rescisões) e os terços constitucionais indenizados, férias vencidas, licença prêmio em pecúnia, terço de férias vencidas, estas verbas não foram oferecidas à tributação pelo sujeito passivo, pois além de já não integrarem os saláriodecontribuição dos segurados empregados, conforme previsão no §9° da lei 8212/91, o mesmo não incluiu nas bases de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme comprovado por verificações nas folhas de pagamentos. Logo, não há que se falar em créditos decorrentes dessas rubricas. 2.1.2. DO SAT/RAT Com relação ao RAT, a Fiscalização efetuou a verificação conforme o disposto em Instruções Normativas, em especial a IN RFB 971/2009, como mencionado pelo sujeito passivo em seu Pedido de Consulta, inclusive analisando todos os segurados, de acordo com a função exercida por cada um, e a relação com a atividadefim (atividade econômica) dentro do Departamento/Secretaria, através dos cadastros individualizados dos mesmos, constantes nas listagens do Código Brasileiro de Ocupações CBO, culminando em apuração de divergências em relação ao enquadramento encontrado pelo sujeito passivo. Tais diferenças de contribuições, todavia, não estão sendo exigidas no presente procedimento fiscal em razão da referida Consulta formulada pelo sujeito passivo, e ainda pendente de solução perante a RFB. Assim, estando pendente de julgamento a Consulta, nem o Consulente pode dispor do direito pretendido, tampouco o Fisco pode instaurar procedimento fiscal contra o sujeito passivo relativamente à espécie consultada, a partir da apresentação da consulta até o trigésimo dia subsequente à data da ciência. Merece ser mencionado que a contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, a contar da vigência do Decreto nº 6.042 de 12 de fevereiro de 2007, que alterou o Decreto 3.048/99, teve a alíquota elevada de 1% para 2%, passando a vigorar a contar da competência junho/2007. Portanto, na ocasião das compensações declaradas em GFIP, o Recorrente tinha plena consciência de que não era titular do direito pretendido. 2.1.3. DAS VERBAS DE “NATUREZA INDENIZATÓRIA”. Com relação à intimação para apresentar informações sobre compensações realizadas no período de 02/2012 a 07/2012, o Sujeito Passivo se limitou a apresentar uma “Consulta a SAORT, datada em 01/10/2012”, que não se encontra sequer protocolizada no órgão, conforme pesquisa realizada no sistema de protocolo da RFB, uma vez que o sujeito passivo ao questionar a respeito das “Verbas Indenizatórias”, já se encontrava sob procedimento Fiscal, implicando em perda de espontaneidade. Fl. 592DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 583 21 Digase, ainda, que o Autuado, na manifestação datada de 23/11/2012, fez referências às “Verbas Remuneratórias de caráter Indenizatório”, juntando a suso referida consulta direcionada a SAORT, datada em 01/10/2012, na qual requer o reconhecimento do direito de não fazer incidir sobre as parcelas de natureza indenizatória (por ele entendido) na base de incidência da contribuição patronal: horas extras, férias, férias indenizadas, férias vencidas, 1/3 de férias constitucionais, licença prêmio em pecúnia, 1/3 férias vencidas, auxílio acidente, auxílio doença. Merece ser destacado que a consulta formulada após o início de procedimento fiscal deflagrada para apurar fatos que se relacionem com a matéria consultada, como assim revela o caso em apreciação, não produz os efeitos que lhe são típicos, a teor do inciso III do art. 52 do Decreto nº 70.235/72. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 52. Não produzirá efeito a consulta formulada: I em desacordo com os artigos 46 e 47; II por quem tiver sido intimado a cumprir obrigação relativa ao fato objeto da consulta; III por quem estiver sob procedimento fiscal iniciado para apurar fatos que se relacionem com a matéria consultada; (grifos nossos) IV quando o fato já houver sido objeto de decisão anterior, ainda não modificada, proferida em consulta ou litígio em que tenha sido parte o consulente; V quando o fato estiver disciplinado em ato normativo, publicado antes de sua apresentação; VI quando o fato estiver definido ou declarado em disposição literal de lei; VII quando o fato for definido como crime ou contravenção penal; VIII quando não descrever, completa ou exatamente, a hipótese a que se referir, ou não contiver os elementos necessários à sua solução salvo se a inexatidão ou omissão for escusável, a critério da autoridade julgadora. Aditese que, mesmo que a consulta houvesse sido formulada antes do início fiscal, a mera formulação de consulta não atribui qualquer direito ao Consulente, havendo que se aguardar o Trânsito em Julgado Administrativo. Assim, estando pendente de julgamento a Consulta, nem o Consulente pode dispor do direito pretendido, tampouco o Fisco pode instaurar procedimento fiscal contra o sujeito passivo relativamente à espécie consultada, a partir da apresentação da consulta até o trigésimo dia subsequente à data da ciência. Todavia, no caso presente, a consulta em tela houvese por formulada após a instauração da ação fiscal tendente a apurar débitos tributários relativos à matéria consultada, de maneira que não se aplica a vedação contida no art. 48 do Decreto nº 70.235/72. Registrese que os segurados empregados do Município de Ipaussu Prefeitura Municipal não estão vinculados a qualquer Regime Próprio de Previdência Social RPPS, mas, sim, ao Regime Geral de Previdência Social RGPS. As diversas decisões Fl. 593DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 judiciais favoráveis relacionadas às verbas mencionadas pelo sujeito passivo são tocantes a servidores públicos vinculados a RPPS. Ademais, as decisões proferidas na via difusa produzem efeitos, tão somente, sobre as partes do processo, não irradiando consequências sobre os demais contribuintes. Nessa vertente, o sujeito passivo somente poderia excluílas da base de cálculo do Salário de Contribuição, e passasse a se compensar dos recolhimentos das contribuições previdenciárias efetivadas, se estivesse amparado por medida judicial que lhe fosse favorável, transitada em julgado. Tal medida judicial inexiste. Em outras palavras: o Autuado não logrou comprovar o Direito líquido e certo à compensação, tampouco apurou o quantum possuía de créditos em favor da Fazenda Pública, bem como não atualizou e não informou os saldos de compensação que entendia lhe fossem devidos. Por outro viés, no julgamento do REsp nº 1.358.281, também submetido ao regime do artigo 543C do Código de Processo Civil, assentou o entendimento a respeito da incidência de contribuições previdenciárias sobre horas extras, adicional noturno e adicional de periculosidade e insalubridade. Conforme já ressaltado alhures, as rubricas relativas a férias indenizadas (não gozadas, ou pagas em rescisões) e os terços constitucionais indenizados, férias vencidas, licença prêmio em pecúnia e terço de férias vencidas não foram oferecidas à tributação pelo sujeito passivo, eis que o Município não as incluiu nas bases de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme comprovado por verificações nas folhas de pagamentos. Por consequência, não há que se falar em créditos líquidos e certos decorrentes dessas rubricas. Nesse contexto, mesmo ciente de que não possuía direito creditório algum, ainda assim a Recorrente informou em suas GFIP compensação de contribuições previdenciárias nas competências julho/2011 a julho/2012, conforme ilustrado no quadro a fl 280. Todas essas informações e os respectivos elementos de prova encontramse, um a um, descritos e presentes nos autos do vertente Processo Administrativo Fiscal, demonstrando e comprovando a efetiva presença de todos os elementos objetivos e subjetivos da falsidade ideológica consistente na consciente inserção nas GFIP de declaração diversa daquela que deveria ser escrita, com o fim de prejudicar o Direito do Fisco Federal relativo às contribuições previdenciárias que deixaram de ser recolhidas. A falsidade se manifesta, portanto, na volitiva e consciente ação de declarar nas GFIP um suposto e sabidamente inexistente direito creditório, com o fim de prejudicar o direito do Fisco Federal de constituir o crédito tributário correspondente, e de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: a inexistência e o montante do direito creditório reclamado. DecretoLei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal Falsidade ideológica Fl. 594DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 584 23 Art. 299 Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: (grifos nossos) (...) Corrobora a compreensão e conclusão de que o Autuado possuía a real consciência de que não era titular do direito creditório utilizado nas compensações ora em destaque o fato de o Recorrente ter, expressamente, desistido da impugnação aos Autos de Infração nº 51.032.2441 e 51.032.2450, os quais formalizaram o lançamento das contribuições previdenciárias relativas às compensações glosadas, anuindo dessarte, com o mérito do lançamento levado a efeito pela Autoridade Fiscal. Conforme acima elucidado, presentes estão na conduta descrita pela Fiscalização a caracterização da efetiva ocorrência de compensação indevida de contribuições previdenciárias, bem como os elementos objetivos e subjetivos qualificadores da falsidade ideológica das GFIP, demonstrados e devidamente comprovados pelos elementos de prova acostados aos autos, circunstância que clama a incidência da multa isolada prevista no §10 do art. 89 da Lei nº 8.212/91. Presentes estão os elementos objetivos e subjetivos da falsidade ideológica no preenchimento das GFIP. O Recorrente tinha a plena consciência de que não era titular de direito líquido e certo aos créditos utilizados na compensação e mesmo assim as declarou nas GFIP em realce. Não procede, igualmente, a alegação de que a multa isolada seria confiscatória, além de infringir a razoabilidade e proporcionalidade; Com efeito, a Constituição Federal de 1988, no Capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional assentou, em relação aos impostos, os princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva do contribuinte. Nessa mesma prumada, ao tratar das limitações do poder do Estado de tributar, o inciso IV do art. 150 da Carta obstou, igualmente, a utilização de tributos com efeito de confisco, estatuindo ipsis litteris: Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) §1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente Fl. 595DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. (grifos nossos) Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV utilizar tributo com efeito de confisco; Olhando com os olhos de ver, avulta que os Princípios Constitucionais suso realçados são dirigidos, sem sombra de dúvida, aos membros políticos do Congresso Nacional, como vetores a serem seguidos no processo de gestação de normas matrizes de cunho tributário, não ecoando nos corredores do Poder Executivo, cujos servidores auditores fiscais subordinamse cegamente ao principio da atividade vinculada aos ditames da lei, dele não podendo se descuidar, sob pena de responsabilidade funcional. Citese, ademais, que a norma constitucional tributária é expressa ao vetar o efeito confiscatório aos tributos, não a multas punitivas, as quais possuem natureza jurídica totalmente distinta. Tributo configurase como a própria obrigação principal devida pelo sujeito passivo à Fazenda Pública, em razão da ocorrência real do fato gerador tributário estatuído na lei. A multa isolada, por seu turno, possui natureza jurídica de penalidade decorrente de falsidade de declaração obrigatória a ser prestada ao Fisco. Justificase a vedação constitucional à instituição de tributos com efeito de confisco pelo fato de a prestação pecuniária dessa natureza ter caráter compulsório, em razão da ocorrência inevitável do fato gerador correspondente. Caso o tributo fosse criado com alíquota por demais elevada, a própria ocorrência inevitável do fato gerador resultaria na extinção da matéria tributável correspondente, circunstância que representaria violação ao direito de propriedade. O mesmo não ocorre com as multas de natureza punitiva, as quais não possuem natureza jurídica de tributo, mas, meramente, de penalidade pecuniária pelo descumprimento da lei. Ao contrário dos tributos, aqui o fato gerador da multa punitiva é evitável. Aliás, é extremamente desejável pela Fazenda Pública que tal fato gerador não ocorra, por isso a inflição de penalidade de tamanha onerosidade, visando a brindar a máxima efetividade às normas tributárias e a desencorajar o seu descumprimento objetivo. Nesse viés, ao ignorar as normas tributárias cogentes, e ao empregar meios ardilosos para fugir da tributação, o Infrator volitivamente se coloca em situação de risco calculado perante o Fisco, consciente de que a constatação de tal irregularidade irá desaguar em apenação condizente com a gravidade da infração perpetrada. Escapa, contudo, à competência deste Colegiado a sindicância da adequação das normas tributárias constantes na Lei nº 8.212/91 aos princípios constitucionais e às limitações ao poder de tributar veiculadas nos artigos 145 e 150 da Lei Maior. Revelase mais do que sabido por aqueles que militam com profissionalismo no Direito Pátrio que a declaração de inconstitucionalidade de leis ou a ilegalidade de atos administrativos constituise prerrogativa outorgada pela Constituição Federal exclusivamente Fl. 596DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 585 25 ao Poder Judiciário, não podendo os agentes da Administração Pública imiscuíremse ex proprio motu nas funções reservadas pelo Constituinte Originário ao Poder Togado, sob pena de usurpação da competência exclusiva deste. Nesse sentido, no que é atávico ao Processo Administrativo Fiscal, determina o Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, ser vedado aos órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Decreto nº 70.235/72 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) (...) §6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Ademais, perfilando idêntico entendimento como o acima esposado, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Cumpre ainda salientar, por relevante, ser vedado aos membros das turmas de julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais afastar a aplicação ou deixar de observar o conteúdo encartado em leis e decretos sob o fundamento de incompatibilidade com Fl. 597DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 a Constituição Federal, conforme determinado pelo art. 62 Regimento Interno do CARF, aprovado pela PORTARIA Nº 256, de 22 de junho de 2009, do Ministério da Fazenda. PORTARIA Nº 256, de 22 de junho de 2009 Art. 62. Fica vedado aos membros afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Por outro viés, mas vinho de outra pipa, sendo a atuação da Administração Tributária inteiramente vinculada à Lei, e, restando os preceitos introduzidos pelas leis que regem as contribuições ora em apreciação plenamente vigentes e eficazes, a inobservância desses comandos legais implicaria negativa de vigência por parte do Auditor Fiscal Autuante, fato que desaguaria inexoravelmente em responsabilidade funcional dos agentes do Fisco Federal. Cumprenos chamar a atenção para o fato de que as disposições introduzidas pela legislação tributária em apreço, até o presente momento, não foram ainda vitimadas de qualquer sequela decorrente de declaração de inconstitucionalidade, seja na via difusa seja na via concentrada, exclusiva do Supremo Tribunal Federal, produzindo, portanto, todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Quanto ao pedido de perícia, este não veio acompanhado da exposição dos motivos que a justificassem, tampouco contém a formulação de quesitos nem a qualificação do perito, devendo o pedido ser considerado como não formulado, a teor art. 16, §1º, do Decreto nº 70.235/72. DECRETO nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; Fl. 598DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13830.721190/201302 Acórdão n.º 2302003.429 S2C3T2 Fl. 586 27 III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196/2005) §1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) Quanto ao pedido para que as publicações e intimações sejam efetivadas em nome dos advogados que subscrevem o presente recurso, deve ser mencionado que a lei determina que as intimações sejam feitas via postal, com prova de recebimento, no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária, a teor do inciso II do art. 23 do Decreto nº 70.235/72. DECRETO nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II na data do recebimento, por via postal ou telegráfica; se a data for omitida, quinze dias após a entrega da intimação à agência postaltelegráfica; (...) § 3º Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4º Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 599DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 (...) Registrese que a conveniência e comodidade do Patrono do Autuado não possui poderio suficiente para subjugar a vontade da lei. O contrário sim. 3. DECISÃO Pelas razões ora expendidas, CONHEÇO PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 600DF CARF MF Impresso em 10/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 15504.018796/2008-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/10/2006
DECADÊNCIA - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - PARTICIPAÇÕES NOS LUCROS E RESULTADOS - SÚMULA 99 DO CARF
O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.
De acordo com a Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Assim, existindo recolhimento de contribuições patronais, o dispositivo a ser aplicado é o art. 150, § 4°, do CTN, independente se não ocorrer recolhimento específico sobre a mesma rubrica.
Recurso Voluntário Provido em Parte
GRUPO ECONÔMICO - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - EXPRESSA PREVISÃO NO ART. 30, IX DA LEI 8212/91
Nos termos do artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91 as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da lei quanto ao recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social. Importante destacar que em momento algum o recorrente questiona a existência do referido grupo, mas tão somente que isso não seria suficiente para a imputação da solidariedade.
Numero da decisão: 2401-003.730
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) declarar a decadência até a competência 09/2003; e b) rejeitar a exclusão dos responsáveis solidários. II) Pelo voto de qualidade, no mérito, negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que davam provimento parcial ao recurso para limitar a multa em 20%.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2003 a 31/10/2006 DECADÊNCIA - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - PARTICIPAÇÕES NOS LUCROS E RESULTADOS - SÚMULA 99 DO CARF O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. De acordo com a Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Assim, existindo recolhimento de contribuições patronais, o dispositivo a ser aplicado é o art. 150, § 4°, do CTN, independente se não ocorrer recolhimento específico sobre a mesma rubrica. Recurso Voluntário Provido em Parte GRUPO ECONÔMICO - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - EXPRESSA PREVISÃO NO ART. 30, IX DA LEI 8212/91 Nos termos do artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91 as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da lei quanto ao recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social. Importante destacar que em momento algum o recorrente questiona a existência do referido grupo, mas tão somente que isso não seria suficiente para a imputação da solidariedade.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2539; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15504.018796/200819 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401003.730 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de outubro de 2014 Matéria DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES Recorrente COMPANHIA DE SGEUROS MINAS BRASIL Recorrida FAENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/10/2006 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL SEGURADOS EMPREGADOS ALÍQUOTA ADICIONAL DE 2,5% PAGAMENTOS INDIRETOS PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS DESCUMPRIMENTO DOS PRECEITOS LEGAIS ESTIPULAÇÃO NO ACORDO OU CONVENÇÃO DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS NÃO IMPUGNAÇÃO EXPRESSA DE REQUISITOS DESCRITOS NA LEI Houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, possibilitando o pleno conhecimento pela recorrente não só no relatório de lançamentos, no DAD, bem como no relatório fiscal. A não impugnação expressa dos fatos geradores e dos descumprimentos dos requisitos da lei 10.101/2000 importa em renúncia e conseqüente concordância com os termos descritos pela autoridade fiscal em seu relatório. Não se insurgiu o recorrente quanto ao descumprimento da não inclusão no acordo dos mecanismos de aferição, do requisito da periodicidade e da pactuação prévia. Não demonstrou o recorrente que os acordos e convenções coletivas estipulavam metas claras e objetivas que demonstrassem o preceito básico constitucional, integração entre capital e emprego. As Convenções Coletivas de trabalho, por si só, não servem para afastar a natureza salarial, quando escolhe a empresa fazer pagamentos pautados eu acordos diretos. GRUPO ECONÔMICO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA EXPRESSA PREVISÃO NO ART. 30, IX DA LEI 8212/91 Nos termos do artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91 as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da lei quanto ao recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 87 96 /2 00 8- 19 Fl. 1166DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Importante destacar que em momento algum o recorrente questiona a existência do referido grupo, mas tão somente que isso não seria suficiente para a imputação da solidariedade. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2003 a 31/10/2006 DECADÊNCIA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL PARTICIPAÇÕES NOS LUCROS E RESULTADOS SÚMULA 99 DO CARF O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário””. De acordo com a Súmula CARF nº 99: “Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.” Assim, existindo recolhimento de contribuições patronais, o dispositivo a ser aplicado é o art. 150, § 4°, do CTN, independente se não ocorrer recolhimento específico sobre a mesma rubrica. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) declarar a decadência até a competência 09/2003; e b) rejeitar a exclusão dos responsáveis solidários. II) Pelo voto de qualidade, no mérito, negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que davam provimento parcial ao recurso para limitar a multa em 20%. Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 1167DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório O presente AI de obrigação principal, lavrada sob o n. 37.197.9862, tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela de apuradas no período compreendido entre 01/2003 a 10/2006 foi apurado com base em folhas de pagamento e contabilidade e referese as contribuições sociais incidentes sobre a remuneração paga a empregados e dirigentes no percentual de 2,5%, pois o sujeito passivo pleiteia em ação judicial a suspensão da exigibilidade do recolhimento do adicional previsto no §1° do artigo 22 da Lei 8.212/91. De acordo com o Relatório Fiscal a contribuição ora lançada foi apurada em Auto de Infração distinto, face o questionamento judicial da empresa em Ação ajuizada ela Companhia de Seguros Minas Brasil — Mandado de Segurança. processo originário 1999.38.00.0004841, 7 a Vara Federal Cível, Seção Judiciária Minas Gerais. Conforme descrito no relatório fiscal, fl. 151 e seguintes, da leitura dos Acordos e Convenções apresentadas, restou inequivocamente claro que os pagamentos efetuados por conta de participação nos lucros foram feitos ao desamparo de qualquer plano de metas e resultados com total ausência de definição de objetivos a serem atingidos. Tal situação colide frontalmente com a disposição da Lei n 10.101, que em seu artigo 2 , § único, determina que, dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto a fixação dos direitos, inclusive mecanismos de aferição do que for acordado. Foram solicitadas informações no intuito de esclarecer se existiam outros instrumentos capazes de suprir as exigências legais para distribuição dos lucros e resultados, tendo sido apresentadas as seguintes indagações: a) Informações detalhadas acerca do regulamento, de forma a demonstrar as regras claras e objetivas quanto A fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão dos acordos. b) Comprovar a formação e composição das comissões escolhidas pelas partes, integradas, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria, com abrangência dos trabalhadores lotados em • todas as Unidades da empresa no território nacional, relativamente a todo o período fiscalizado. c) Apresentar comprovação de que o instrumento de acordo celebrado através dessas comissões foi arquivado na respectiva entidade sindical dos trabalhadores, de forma a comprovar a efetiva participação do sindicato na negociação do PLR. Fl. 1168DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Ainda conforme o relatório em atendimento em relação à intimação supra: I) a empresa declara que a regulamentação da PLR se deu mediante os Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho já apresentados a fiscalização. Face a resposta apresentada os Instrumentos de negociação apresentados prevêem uma "garantia de participação minima" e "obrigatória", que representa uma quantia certa a ser recebida pelos empregados, independentemente de qualquer meta ou resultado, configurandose verdadeira gratificação semestral ajustada, sem nenhum caráter de "participação nos lucros ou resultados", desvirtuando completamente o disposto no art. 3, caput, da lei que rege a matéria, quando assevera que a participação de que trata o art. 2 não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado. Ademais, sem exceção, todas as Convenções Especificas foram firmadas no inicio de cada ano civil para definir as participações dos empregados em relação aos exercícios anteriores. Outra constatação relevante, verificada através dos eventos comandados nas folhas de pagamento é que, para alguns trabalhadores a empresa concedeu "adiantamentos" nos meses de janeiro, somando três parcelas no mesmo exercício, desrespeitando a proibição de concessão da PLR em periodicidade superior a duas vezes no ano civil. Do exposto, constatou o auditor de forma inequívoca a convicção de que não houve o estabelecimento de qualquer programa de metas e resultados a serem cumpridos, de maneira a justificar o pagamento da PLR em todo o período fiscalizado, relativamente aos valores pagos com base nos Acordos/Convenções Coletivas de Trabalho, bem como não se evidenciou a formação da "comissão" preconizada no inciso I do artigo 2 da Lei 10.101/2000. Sendo assim, os pagamentos efetuados pela empresa a seus empregados, a titulo de "Participação nos Resultados", face à ausência de comprovação de programas de metas, resultados e prazos pactuados previamente, da necessária participação da entidade sindical da categoria, bem • como da falta de mecanismos de aferição das informações pertinentes ao acordado, não se enquadram no previsto no art. 214, § 9 2 , inciso X do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n 2 3.048, de 06 de maio de 1999. Há também a informação de que a empresa é integrante do grupo econômico liderado pelo Banco Mercantil do Brasil S.A. Importante, destacar que a lavratura do AI deuse em 24/10/2008, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 28/10/2008. Não conformada com a autuação a recorrente apresentou defesa, fls. 363 a 392. Foi exarada a Decisão de 1 instância, 473 e seguintes , que confirmou a procedência do lançamento, cabendo observar que foi apreciada a decadência a luz do art. 173, I do CTN. Destacase ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Periodo de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Fl. 1169DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 4 5 CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. SOLIDARIEDADE. GRUPO ECONÔMICO. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. MOMENTO DO CALCULO. Entendese por salário de contribuição a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades. A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo corn a lei especifica, integra o salário de contribuição. Para o contribuinte individual, entendese por salário de contribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês. 0 processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das notmas. Enquanto vigentes tais diplomas devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública , cuja atividade está atrelal ao principio da estrita legalidade. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes de lei. A lei aplicase a fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A comparação para determinação da multa mais bené fica apenas pode ser realizada por ocasião do pagamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 494, contendo em síntese os mesmos argumentos da impugnação, os quais podemos descrever de forma sucinta: 1. Em preliminar, alega que ocorreu a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências 01/2003 a 10/2003, a teor do que dispõe o §4° do artigo 150 do CTN, vez que o lançamento ocorreu em 10/2008. 2. No mérito, alega que o lançamento é improcedente, pois a PLR não possui natureza salarial. Fl. 1170DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 3. Questiona se é permitido ao legislador ordinário modificar a natureza dos valores pagos a titulo de PLR, que, em observância à Constituição Federal de 1988, artigo 7°, inciso XI e artigo 218, §4°, são desvinculados da remuneração. Afirma que ao legislador ordinário, destinatário da regra de competência constitucional, é vedado regular, de forma a incluir a PLR como base de cálculo da contribuição previdenciária — não havendo competência para tributar, não há o que pretender isentar. Diz que o requisito essencial é a existência do lucro, qualquer outra condição decorrente de legislação ordinária deve ser entendida como inconstitucional. Acrescenta que no caso concreto, em todas as competências fiscalizadas, houve geração de lucro suficiente para justificar os pagamentos efetuados. Cita doutrina e jurisprudência. Conclui que o lançamento deve ser julgado nulo, pois não pode ser exigida contribuição sobre verba de natureza não remuneratória, assim definida por dispositivo constitucional. 4. Quanto aos requisitos da Lei 10.101/00, di z . que o entendimento da fiscalização está equivocado, pois a fixação de metas e resultados a serem cumpridos pelos funcionários é suprivel quando Convenção Coletiva de Trabalho já traz regras claras e objetivas a este respeito, e o agente fiscal as desconsiderou. Acrescenta que, ao contrário do que defende a autoridade fiscal, o estabelecimento de metas ou resultados é uma faculdade dada As partes e não uma obrigatoriedade imposta pela legislação. E assim porque o dispositivo legal que tratou da matéria arrolou a instituição de metas e resultados como uma possibilidade ".,. podendo ser considerados, entre outros...". Também o argumento da retroatividade s6 guardaria sentido se as metas e programas fossem obrigatórios. 5. Questiona a existência de responsabilidade solidária do grupo econômico. 6. Sobre as contribuições apuradas com base em valores pagos a titulo de PLR a Diretores estatutários (não empregados), argumenta que a pretensão fiscal é nula, pois a participação dos administradores no lucro da instituição é uma faculdade prevista na Lei das 'SAs e não uma obrigatoriedade. Cita o artigo 152 da Lei 6.404/76 e esclarece que a participação dos administradores no lucro de qualquer entidade dependo de expressa previsão no respectivo estatuto social, e esses administradores somente fardo jus à participação nos lucros no exercício social em relação ao qual for atribuído aos acionistas o dividendo obrigatório. Conclui que esta regra é eventual, a depender de unia condição que pode ou não se implementar. Afirma que não se pode equiparar essa distribuição dc lucro a rendimento de trabalho. A participação dos diretores nos lucros da empresa, desde que desvinculada do salário e paga nos termos da legislação especifica, não constitui salário de contribuição. Cita doutrina e jurisprudência. 7. Retificação da multa em relação a lei mais benéfica. A DRFB encaminhou o processo para julgamento no âmbito do CARF. É o relatório. Fl. 1171DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 5 7 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação constante nos autos. DA DECADÊNCIA Quanto a preliminar referente ao prazo de decadência para o fisco constituir os créditos objeto desta NFLD, subsumo todo o meu entendimento quanto a legalidade do art. 45 da Lei 8212/91 (10 anos), outrora defendido, à decisão do STF. Assim, profiro meu entendimento acerca da matéria. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, senão vejamos: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O texto constitucional em seu art. 103A deixa claro a extensão dos efeitos da aprovação da súmula vinculando, obrigando toda a administração pública ao cumprimento de seus preceitos. Dessa forma, entendo que este colegiado deverá aplicála de pronto, mesmo nos casos em que não argüida a decadência qüinqüenal por parte dos recorrentes. Assim, prescreve o artigo em questão: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, nos casos de lançamentos em que não houve antecipação do pagamento assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: Fl. 1172DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplicase o disposto no § 4º, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, Senão vejamos o dispositivo legal que descreve essa assertiva: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifo nosso) Contudo, para que possamos identificar o dispositivo legal a ser aplicado, seja o art. 173 ou art. 150 do CTN, devemos identificar a natureza das contribuições omitidas, bem como a existência de recolhimentos antecipados, para que, só assim, possamos declarar da maneira devida a decadência de contribuições previdenciárias. No caso, a aplicação do art. 150, § 4º, é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente. Contudo, antecipar o pagamento de uma contribuição significa delimitar qual o seu fato gerador e em processo contíguo realizar o seu pagamento. Deve ser possível ao fisco, efetuar de forma, simples ou mesmo eletrônica a conferência do valor que se pretendia recolher e o efetivamente recolhido. Neste caso, a inércia do fisco em buscar valores já declarados, ou mesmo continuamente pagos pelo contribuinte é que lhe tira o direito de lançar créditos pela aplicação do prazo decadencial consubstanciado no art. 150, § 4º. Fl. 1173DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 6 9 Entendo que atribuir esse mesmo raciocínio a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias é no mínimo abrir ao contribuinte possibilidades de beneficiarse pelo seu “desconhecimento ou mesmo interpretação tendenciosa” para sempre escusarse ao pagamentos de contribuições que seriam devidas. De forma sintética, podemos separar duas situações: em primeiro, aquelas em que não há por parte do contribuinte o reconhecimento dos valores pagos como salário de contribuição, caso em que entende que dito pagamento não constitui base de cálculo de contribuição e aqueles, onde tendo reconhecida a obrigação não efetivou o recolhimento da totalidade da contribuição. De forma sintética, podemos separar duas situações: em primeiro, aquelas em que não há por parte do contribuinte o reconhecimento dos valores pagos como salário de contribuição, é o caso, por exemplo, dos salários indiretos não reconhecidos (MORADIA, PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS, PRÊMIOS, ALIMENTAÇÃO EM DESACORDO COM O PAT, ABONOS, AJUDAS DE CUSTO, GRATIFICAÇÕES ETC). Nestes casos, incabível considerar que houve pagamento antecipado, simplesmente porque não houve reconhecimento do fato gerador pelo recorrente e caso não ocorresse a atuação do fisco, nunca haveria o referido recolhimento. Tal fato pode ainda ser ratificado, pela não informação, por parte do contribuinte do salário de contribuição em GFIP. Nesse caso, toda a máquina administrativa, em especial a fiscalização federal terá que ser movida para identificar a existência pontual de contribuições a serem recolhidas. Não é algo que se possa determinar pelo simples confronto eletrônico de declarações e guias de recolhimento. Dessa forma, em sendo desconsiderada a natureza tributária de determinada verba, como poderseia considerar que houve antecipação de pagamento de contribuições. Entendo que só se antecipa, aquilo que se considera. Afastase, aqui a aplicação do art, 150, § 4º, pois como considerar que houve antecipação de pagamento de algo que o contribuinte nunca pretendeu recolher. Antecipar significa: Fazer, dizer, sentir, fruir, fazer ocorrer, antes do tempo marcado, previsto ou oportuno; precipitar, chegar antes de; anteceder. Ou seja, não basta dizer que houve recolhimento em relação a remuneração como um todo, mas sim, identificar sob qual base foi o pagamento realizado. A acepção do termo remuneração não pode ser, para fins de definição do salário de contribuição una, tanto o é, que a doutrina e jurisprudência trabalhistas não admitem o pagamento aglutinado das verbas trabalhista, o denominado salário complexivo ou complessivo. Considerar que os fatos geradores são únicos, e portanto, a remuneração deva ser considerada como algo global, e desconsiderar a complexidade das contribuições previdenciárias, bem como a natureza da relação laboral. Não há como engajarse em tal raciocínio em relação às contribuições previdenciárias, visto que existe até mesmo, documento próprio para que o contribuinte indique mensalmente e por empregado o que é devido e realize o recolhimento das contribuições correspondente a estes fatos geradores. Assim, deverseá considerar que houve antecipação para aplicação do § 4º do art. 150 do CTN, quando ocorreu por parte do contribuinte o reconhecimento do valor devido e o seu parcial recolhimento, sendo em todos os demais casos de não reconhecimento da rubrica aplicável o art. 173, I do referido diploma. Fl. 1174DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 10 Contudo, embora, meu entendimento quanto a aplicação da decadência siga os parâmetros acima destacados, entendimento esse que se coaduna com a da autoridade julgadora de primeira instância, deixo de aplicar referido entendimento, tendo em vista posição unânime da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que ao apreciar por diversas vezes a questão dos pagamentos indiretos firma entendimento de que em se tratando de salário indireto o recolhimento de qualquer montante, mesmo que a outro título ou sobre rubrica é suficiente para atender o comando legal de existência de pagamento antecipado, levando, por consequência a aplicação do art. 150, § 4º do CTN. Nesse sentido, foi editada a Súmula n. 99 do CARF, abaixo transcrita: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Ocorre que no caso em questão, o lançamento foi efetuado em 24/10/2008, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 28/10/2008. Os fatos geradores ocorreram entre as competências 01/2003 a 10/2006, sendo assim a luz do 150, § 4°, do CTN devem ser excluídos os fatos geradores até a competência 09/2003. Superadas as preliminares, passemos a analise do mérito. DO MÉRITO Quanto ao mérito, alega o recorrente que que os valores de PLR não constituem fato gerador de contribuição previdenciária, nem para os empregados, nem para os contribuintes individuais. Ressalto, porém, que não identifiquei no presente lançamento contribuições previdenciárias, sob o título alíquota adicional de 2,5%, tendo como fato gerador pagamentos à contribuintes individuais à título de PLR, razão pela qual não apreciarei dito argumento. Notese que não houve questionamento acerca do fundamento jurídico do lançamento, talvez porque o contribuinte levou a discussão a esfera judicial. QUANTO A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA FACE EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO Quanto ao questionamento dos recorrentes para que se desconsidere a responsabilidade solidária, posto que não existe fundamento jurídico para tanto, não lhe confiro razão. Assim, conforme se depreende da legislação tributária, existe expressa previsão legal no âmbito previdenciário para que em existindo grupo econômico, deverseá atribuir a todos as empresas do grupo a responsabilidade pelas obrigações principais e acessórias. Senão vejamos os dispositivos legais. Importante destacar que em momento algum o recorrente questiona a existência do referido grupo, mas tão somente que isso não seria suficiente para a imputação da solidariedade. Fl. 1175DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 7 11 O artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91, não deixa dúvida quanto a matéria trazidas nos presentes autos, ensejando a possibilidade de indicação de várias empresas pelo montante do débito: “ Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: [...] IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei;” No mesmo sentido, reportase a legislação trabalhista em seu § 2º, do art. 2º da CLT, ao tratar da matéria: “Art. 2º Considerase empregador a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. § 1º [...] § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.” A Lei nº 6.404/76, igualmente, oferece proteção ao entendimento da autoridade fiscal, ao conceituar Grupo Econômico em seus artigos 265 e 267, nos seguintes termos: “ Art. 265 A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos deste Capítulo, grupo de sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns. § 1º A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser brasileira, e exercer, direta ou indiretamente, e de modo permanente, o controle das sociedades filiadas, como titular de direitos de sócio ou acionista, ou mediante acordo com outros sócios ou acionistas. § 2º A participação recíproca das sociedades do grupo obedecerá ao disposto no artigo 244. Art. 267 O grupo de sociedades terá designação de que constarão as palavras "grupo de sociedades" ou "grupo". Parágrafo Único Somente os grupos organizados de acordo com este Capítulo poderão usar designação com as palavras "grupo" ou "grupo de sociedade".” Fl. 1176DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 12 Nesse sentido, os artigos 121, 124 e 128 do Código Tributário Nacional, assim prescrevem: “Art. 121 Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo Único O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direita com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art.124 São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo Único A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Art.128 Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.” Assim, após identificar os dispositivos legais que disciplinam a matéria, pertinente, apreciar os argumento trazidos pelo auditor fiscal, que justificaram a indicação do grupo consubstnciado no art. 124, II do CTN. Ora, havendo expressa previsão legal, não nos cabe discutir a alegação do recorrente de que: “inviável a aplicação da solidariedade de direito prevista no art. 30, inciso IX, da Lei n° 8.212/91. Isso porque, como visto, a responsabilidade tributária é matéria reservada, pela Constituição Federal de 1988, A lei complementar. Sendo assim, ao fazer uma interpretação sistemática do art. 124, inciso II, do CTN, concluise, inevitavelmente, que a "lei" a que se refere o mencionado dispositivo deverá ser, necessariamente, a lei complementar.”Este Conselho não é competente para declarar ou afastar a aplicação de lei, por entender o recorrente que a mesma possui vício em sua constituição. Dessa forma, quanto à inconstitucionalidade/ilegalidade no dispositivo que imputa responsabilidade solidária ao grupo economico, não há razão para a recorrente. Como dito, não é de competência da autoridade administrativa a recusa ao cumprimento de norma supostamente inconstitucional, razão pela qual plenamente aplicável a solidariedade. Toda lei presumese constitucional e, até que seja declarada sua inconstitucionalidade pelo órgão competente do Poder Judiciário para tal declaração ou exame da matéria, deve o agente público, como executor da lei, respeitála. Nesse sentido, entendo pertinente transcrever trecho do Parecer/CJ n ° 771, aprovado pelo Ministro da Previdência Social em 28/1/1997, que enfoca a questão: Fl. 1177DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 8 13 Cumpre ressaltar que o guardião da Constituição Federal é o Supremo Tribunal Federal, cabendo a ele declarar a inconstitucionalidade de lei ordinária. Ora, essa assertiva não quer dizer que a administração não tem o dever de propor ou aplicar leis compatíveis com a Constituição. Se o destinatário de uma lei sentir que ela é inconstitucional o Pretório Excelso é o órgão competente para tal declaração. Já o administrador ou servidor público não pode se eximir de aplicar uma lei, porque o seu destinatário entende ser inconstitucional, quando não há manifestação definitiva do STF a respeito. A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. No mesmo sentido posicionase este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF ao publicar a súmula nº. 2 aprovada em sessão plenária de 08/12/2009, sessão que determinou nova numeração após a extinção dos Conselhos de Contribuintes. SÚMULA N. 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em Idêntico sentido, foi o encaminhamento da autoriade julgadora, conforme abaixo transcrito, não havendo qualquer reparo a ser feito no lançamento. Quanto à questão da responsabilidade solidária do grupo econômico, temos que: As próprias empresas reconhecem em sua defesa que pertencem ao grupo econômico Mercantil do Brasil. 0 CTN, ao definir o sujeito passivo responsável e a própria solidariedade, adotou o principio da legalidade, nos termos dos artigos 121 e 124: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. 0 sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art. 124. Sao solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Fl. 1178DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 14 II as pessoas expressamente designadas por lei.(g.n.) Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta beneficio de ordem. Assim, pelo presente crédito tributário, são solidariamente obrigadas as pessoas designadas na Lei 8.212/91, artigo 30, inciso IX, segundo o qual "as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei". DA DEFINIÇÃO DE SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO PARA OS EMPREGADOS De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) grifo nosso. A legislação previdenciária é clara quando destaca, em seu art. 28, §9º, quais as verbas que não integram o salário de contribuição, assim, como transcrito acima. Tais parcelas não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial. Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Assim, é clara a legislação, ao descrever que apenas o pagamento de acordo com a lei específica é que garantirá a não integração dos pagamentos no salário de contribuição. Dessa forma o argumento de que os pagamentos realizados a título de PLR, mesmo que desconsiderados pela fiscalização como tal, não se adequam à hipótese de incidência das contribuições previdenciárias não merece guarida. Conforme descrito no relatório fiscal são argumentos para a caracterização dos pagamentos como remuneração: Face a resposta apresentada os Instrumentos de negociação apresentados prevêem uma "garantia de participação minima" e "obrigatória", que representa uma quantia certa a ser recebida pelos empregados, independentemente de qualquer meta ou resultado, configurandose verdadeira gratificação semestral ajustada, sem nenhum caráter de "participação nos lucros ou Fl. 1179DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 9 15 resultados", desvirtuando completamente o disposto no art. 3, caput, da lei que rege a matéria, quando assevera que a participação de que trata o art. 2 não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado. Ademais, sem exceção, todas as Convenções Especificas foram firmadas no inicio de cada ano civil para definir as participações dos empregados em relação aos exercícios anteriores. Outra constatação relevante, verificada através dos eventos comandados nas folhas de pagamento é que, para alguns trabalhadores a empresa concedeu "adiantamentos" nos meses de janeiro, somando três parcelas no mesmo exercício, desrespeitando a proibição de concessão da PLR em periodicidade superior a duas vezes no ano civil. Do exposto, constatou o auditor de forma inequívoca a convicção de que não houve o estabelecimento de qualquer programa de metas e resultados a serem cumpridos, de maneira a justificar o pagamento da PLR em todo o período fiscalizado, relativamente aos valores pagos com base nos Acordos/Convenções Coletivas de Trabalho, bem como não se evidenciou a formação da "comissão" preconizada no inciso I do artigo 2 da Lei 10.101/2000. Sendo assim, os pagamentos efetuados pela empresa a seus empregados, a titulo de "Participação nos Resultados", face à ausência de comprovação de programas de metas, resultados e prazos pactuados previamente, da necessária participação da entidade sindical da categoria, bem • como da falta de mecanismos de aferição das informações pertinentes ao acordado, não se enquadram no previsto no art. 214, § 9 2 , inciso X do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n 2 3.048, de 06 de maio de 1999. Contudo, não apenas imputou a autoridade fiscal o descumprimento da periodicidade máxima, acordo retroativo, bem como a inexistência de plano de metas, ou mesmo ausência de definição de objetivos a serem alcançados e mecanismos de aferição das informações referentes ao cumprimento do acordado. Senão vejamos, trecho do relatório fiscal: Antes de apreciarmos as questões do descumprimento específico dos requisitos da lei 10.101/2000, acima identificados, devemos enfrentar a alegação base do recorrente de que os valores pagos a título de PLR são por força constitucional desvinculados da remuneração, sendo a lei 10.101/2000 inconstitucional nas limitações impostas ao referido pagamento. DAS LIMITAÇÕES DO TRABALHO FISCAL DA APLICAÇÃO DOS TERMOS DA LEI 10.101. Da mesma forma, que mencionado pelo recorrente, grande é a discussão acerca das limitações do trabalho do auditor, seja quanto a possibilidade de desclassificar planos de PLR, desconsiderar pessoas jurídicas, formar vínculos de emprego nos casos em que constata os requisitos da condição de empregado, desenquadramento do sistema SIMPLES. Nesse ponto, é plausível a insatisfação dos contribuintes, tendo em vista que a interpretação Fl. 1180DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 16 dada pela autoridade fiscal, muitas vezes mostrase diametralmente oposta ao que o recorrente interpreta da legislação, ou mesmo o que foi orientado por seus contadores ou advogados. Contudo, a papel da auditoria, no exercício da atividade vinculada de verificar o cumprimento da legislação previdenciária, é sim identificar não apenas as folhas de pagamento, mas em realizando a auditoria contábil, verificar, a existência de outros pagamentos, que constituam fato gerador de contribuições previdenciárias. É nesse ponto, que autorizado está o auditor ao identificar pagamentos outros, dos mais diversos títulos, como no caso do PLR, intimar o contribuinte a apresentar os fundamentos para o referido pagamento. Ao depararse com esses instrumentos e considerando as alegações da empresa para o pagamento em questão, verificar se aquele pagamento é ou não fator gerador de contribuições previdenciárias. Não se trata, portanto de desclassificar um acordo firmado, ou interferir nas tratativas ali acordadas, ou mesmo descritas nas convenções coletivas de trabalho, MAS TÃO SOMENTE, IDENTIFICAR SE O PLANO ATENDE AS EXIGÊNCIAS LEGAIS QUANTO AO PAGAMENTO DESVINCULADO DO SALÁRIO. Falando mais objetivamente, no caso de pagamento de PLR, compete ao auditor verificar a norma que autoriza o pagamento, e se a mesma encontrase em conformidade (dentro dos limites) para que os pagamentos sob elas consubstanciados estejam excluídos do conceito de salário de contribuição. Assim, não merece guarida a argumentação de que as Convenções Coletivas de Trabalho, constituem fonte formal dos direitos do trabalhador, devendo prevalecer a vontade ali expressa quanto a desvinculação da remuneração, o que impossibilitaria à autoridade fiscal interpretação diversa quanto a natureza da verba. Concordo com o recorrente que os Acordos e Convenções Coletivas constituem fontes formais do direito do trabalho, possuindo caráter imperativo em relação aos direitos ali assegurados; contudo, não acato o argumento de que possuam esses instrumentos caráter absoluto para determinar a natureza dos pagamentos à titulo de PLR, quando a própria Constituição remete a lei a definição da forma como deve se dar o pagamento. Porém um ponto, deve ser prontamente enfrentado, posto que seu acatamento dispensaria a apreciação das demais alegações. Trouxe o recorrente: argumentação no sentido de que por força do que dispõe o artigo 7 XI da Constituição Federal os pagamentos realizados a título de PLR estão automaticamente excluídos da base de cálculo das contribuições previdenciárias”. Porém, entendo não ser esse o pensamento mais adequado. De forma expressa, a Constituição Federal de 1988 remete à lei ordinária a fixação dos direitos da participação nos lucros, assim, devemos nos ater ao disposto na norma que trata a questão, nestas palavras: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. Parte dos argumentos trazidos pelo recorrente foram no sentido que, o pagamento de PLR, por si só, já se encontra afastado do conceito de salário de contribuição, e da hipótese de incidência, O QUE NÃO VENHO A CONCORDAR. Entendo que embora prevista na Constituição Federal a desvinculação do PLR do salário, o que lhe conferi caráter de imunidade, não há possibilidade de considerar ter o Fl. 1181DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 10 17 recorrente a ampla liberdade de efetuar pagamentos, sob essa denominação, da maneira que tiver interesse. A CF/88, reporta os limites para que o PLR esteja desvinculado do salário, indicando a necessidade de a os requisitos legais para efetivação do pagamento. Quanto a verba participação nos lucros e resultados, em primeiro lugar, assim, como já bem disse o julgador de primeira instância devese ter em mente que é norma constitucional de eficácia limitada, o que de pronto afasta a argumentação, que pela sua natureza já não poderia ser considerada salário de contribuição.. Para fins de esclarecimento, cabe citar, o item 02, do Parecer CJ/MPAS no 547, de 03 de maio de 1996, aprovado pelo Exmo. Sr. Ministro do MPAS, dispõe, verbis: (...) de forma expressa, a Lei Maior remete à lei ordinária , a fixação dos direitos dessa participação. A norma constitucional em foco pode ser entendida, segundo a consagrada classificação de José Afonso da Silva, como de eficácia limitada, ou seja, aquela que depende "da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador ordinário, integrandolhe a eficácia, mediante lei ordinária, lhes dê capacidade de execução em termos de regulamentação daqueles interesses". (Aplicabilidade das normas constitucionais, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1968, pág. 150). (Grifamos) Vale ressaltar o que o Parecer CJ/MPAS nº 1.748/99 traz em seu bojo acerca da matéria, o que bem esclarece que a CF/88, realmente incentiva as empresas a participarem os seus lucros com seus empregados, todavia o próprio texto constitucional submeteu ditas regras aos limites legais, senão vejamos: EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO TRABALHADOR PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS ART. 7º , INC. XI DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. 1) O art. 7º , inciso XI da Constituição da República de 1988, que estende aos trabalhadores o direito a participação nos lucros desvinculado da remuneração é de eficácia limitada. 2) O Supremo Tribunal Federal ao julgar o Mandado de Injunção nº 426 estabeleceu que só com o advento da Medida Provisória nº 794, de 24 de dezembro de 1994, passou a ser lícito o pagamento da participação nos lucros na forma do texto constitucional. 3) A parcela paga a título de participação nos lucros ou resultados antes da regulamentação ou em desacordo com essa norma, integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social. (...) 7. No entanto, o direito a participação dos lucros, sem vinculação à remuneração, não é auto aplicável, sendo sua eficácia limitada a edição de lei, consoante estabelece a parte final do inciso anteriormente transcrito. 8. Necessita portanto, de regulamentação para definir a forma e os critérios de pagamento da participação nos lucros, com a finalidade precípua de se evitar desvirtuamento dessa parcela. Fl. 1182DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 18 9. A regulamentação ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794, 29 de dezembro de 1994, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas e dá outras providências, hoje reeditada sob o nº 1.76956, de 8 de abril de 1999. 10. A partir da adoção da primeira Medida Provisória e nos seus termos, passou a ser lícito o pagamento de participação nos lucros desvinculada da remuneração, mas, destaco, a desvinculação da remuneração só ocorrerá se atender os requisitos pré estabelecidos. 11. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ao julgar o Mandado de Injunção nº 426, onde foi Relator o Ministro ILMAR GALVÃO, que tinha por escopo suprir omissão do Poder Legislativo na regulamentação do art. 7º, inc. XI, da Constituição da República, referente a participação nos lucros dos trabalhadores, julgou a citada ação prejudicada, face a superveniência da medida provisória regulamentadora. 12. Em seu voto, o Ministro ILMAR GALVÃO, assim se manifestou: O mandado de injunção pretende o reconhecimento da omissão do Congresso Nacional em regulamentar o dispositivo que garante o direito dos trabalhadores de participarem dos lucros e resultados da empresa (art. 7º, inc. IX, da CF), concedendose a ordem para efeito de implementar in concreto o pagamento de tais verbas, sem prejuízo dos valores correspondentes à remuneração. Tendo em vista a continuação da transcrição a edição, superveniente ao julgamento do presente WRIT injuncional, da Medida Provisória nº 1.136, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências, verificase a perda do objeto desta impetração, a partir da possibilidade de os trabalhadores, que se achem nas condições previstas na norma constitucional invocada, terem garantida a participação nos lucros e nos resultados da empresa. (grifei) 14. O Pretório Excelso confirmou, com a decisão acima, a necessidade de regulamentação da norma constitucional (art. 7º, inc. XI), ficando o pagamento da participação nos lucros e sua desvinculação da remuneração, sujeitas as regras e critérios estabelecidos pela Medida Provisória. 15. No caso concreto, as parcelas referemse a períodos anteriores a regulamentação do dispositivo constitucional, em que o Banco do Brasil, sem a devida autorização legal, efetuou o pagamento de parcelas a título de participação nos lucros. 16. Nessa hipótese, não há que se falar em desvinculação da remuneração, pois, a norma do inc. XI, do art. 7º da Constituição da República não era aplicável, na época, consoante ficou anteriormente dito. (Grifamos) Neste contexto podemos descrever normas constitucionais de eficácia limitada são as que dependem de outras providências normativas para que possam surtir os efeitos essenciais pretendidos pelo legislador constituinte. Ou seja, enquanto não editada a Fl. 1183DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 11 19 norma, não há que se falar em produção de efeitos, bem como não acato o argumento de que o pagamento de PLR, por si só, já encontrase excluído do conceito de salário de contribuição. Conforme disposição expressa no art. 28, § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91, notase que a exclusão da parcela de participação nos lucros na composição do saláriode contribuição está condicionada à estrita observância da lei reguladora do dispositivo constitucional. A edição da Medida Provisória nº 794, de 29 de dezembro de 1994, que dispunha sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas, veio atender ao comando constitucional. Desde então, sofreu reedições e remunerações sucessivamente, tendo sofrido poucas alterações ao texto legal, até a conversão na Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Conforme descrito pela autoridade fiscal e julgadora os pagamentos referentes à Participação nos Lucros pela recorrente constituem salário de contribuição e, por conseguinte, sofrem incidência de contribuição previdenciária, haja vista no período em que foram efetuados terem sido realizadas em desacordo com a totalidade das regras previstas na legislação específica. Isto posto, não há de se acatar a teoria de que os pagamentos à título de PLR já encontramse, por previsão constitucional, fora da base de cálculo conforme argumentado pelo recorrente. QUANTO A PERIODICIDADE NO PAGAMENTO – DESCUMPRIMENTO Conforme descrito no relatório fiscal, através das planilhas citadas e das folhas de pagamento constatouse que, para uma parcela de empregados, o contribuinte pagou a título de antecipação ou distribuição, nas rubricas referentes a Participações nos Lucros ou Resultados, contrariando o disposto no § 2º artigo 3º da Lei 10101/00, que veda pagamentos em periodicidade inferior a um semestre civil , ou mais de duas vezes no ano civil. Vejamos, trecho do relatório: Outra constatação relevante, verificada através dos eventos comandados nas folhas de pagamento é que, para alguns trabalhadores a empresa concedeu "adiantamentos" nos meses de janeiro, somando três parcelas no mesmo exercício, desrespeitando a proibição de concessão da PLR em periodicidade superior a duas vezes no ano civil. Realmente, conforme apontado pelo auditor, a lei 10.101/2000 não admite o pagamento de PLR mais duas vezes no ano, ou com periodicidade inferior a um semestre civil, ou seja, entendo que os dois prazos são cumulativos e não uma opção. Vejamos o dispositivo legal que retrata a questão. Art. 3º A participação de que trata o art. 2onão substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Importante salientar, que a empresa, não trouxe argumentos específicos para refutar o descumprimento em relação a esse requisito. Fl. 1184DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 20 CONCLUSÃO: entendo que para a relação apresentada pela autoridade fiscal, foi descumprido o limite máximo de distribuição de PLR. FUNDAMENTO: descumprimento do §2o do art. 3 da lei 10.101/2000. QUANTO AO PACTO PRÉVIO No caso em questão, a autoridade fiscal, conforme descrito em seu relatório, procedeu ao lançamento de contribuições previdenciárias sobre os pagamentos feitos à título de participação nos lucros, também sob o fundamento de falta de acordo prévio ao exercícios em que se baseavam os pagamentos. Notese que diferente do outro lançamento em julgamento nessa mesma sessão, não apresentou recorrente argumentos para refutar referido descumprimento. Assim destacou o auditor em seu relatório: 2.1.5.2.3 Ressaltese que embora assinado em 01 de dezembro de 2003, o Acordo registra que sua validade retroaoe a todo o exercício de 2003 se estendendo até o exercício de 2005. Não tendo o recorrente insurgidose em relação a este ponto, deve o lançamento também ser mantido, sob o fundamento trazido pelo auditor. DA APRECIAÇÃO DOS ACORDOS Ao contrário do que tenta demonstrar o recorrente, não entendo que os auditores e o julgador tenham simplesmente feito juízo de valor, ou conclusão por mera presunção, quanto ao PLR acordado, e as metas estipuladas. Neste ponto, vejamos o que diz a lei 10.101/2000: § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. METAS E CRITÉRIOS NÃO INCLUÍDOS NO ACORDO NEGOCIADO: Quanto a previsão em AC/CC, temos por entendido, que este é apenas um dos requisitos, sendo que não conseguiu o mesmo demonstrar que houve a estipulação de metas, quando da realização do referido acordo. Pelo contrário em seu recurso, apenas descreve que a existência de Convenção Coletiva supri qualquer necessidade de estipulação de regras ou mesmo critérios. Assim, conforme descrito no relatório fiscal, outro ponto que justifica o lançamento de contribuições previdenciárias sobre os pagamentos feitos à título de participação nos lucros é o fato que inexistia estipulação de metas claras e objetivas, destacando os instrumentos o pagamento de uma parcela fixa em meses determinados. Nesse sentido, entendo que o grande objetivo do pagamento de participação nos lucros e resultados e a participação do empregado no capital da empresa, de forma que esse se sinta estimulado a trabalhar em prol do empreendimento, tendo em vista que o seu engajamento, resultará em sua participação (na forma de distribuição dos lucros alcançados). Fl. 1185DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 12 21 Assim, como falar em engajamento do empregado na empresa, se o mesmo não tem conhecimento prévio do quanto a sua dedicação irá refletir em termos de participação, ou mesmo basear o pagamento em condições anteriores. É nesse sentido, que entendo que a lei exigiu o conhecimento por parte do trabalhador de quais as regras (ou mesmo metas) que deverá alcançar para fazer jus ao pagamento, devendo as mesmas serem negociadas no acordo firmado e não posteriormente em documento apartado junto a empresa. A mera estipulação de valores fixas, assemelhase a natureza de uma gratificação descumprindo o preceito básico constitucional. Vejamos o que diz o art. 2º, § 1º da lei 10.101/2000: § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: Assim, conforme transcrito acima, “dos instrumentos DEVERÃO constar regras claras e objetivas quanto a fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas (...). Entendo que a expressão “podendo”, descrita no final do dispositivo legal, visou apenas indicar os incisos I e II, como exemplos, mas de forma alguma, afastou o estabelecimento de critérios. Se assim, não fosse, poderseia vislumbrar que o trabalho exaustivo do empregado durante todo um ano, com a promessa por parte do empregador de uma futura participação nos lucros, resultasse no incremento ínfimo em sua remuneração. Ou seja, para que possa sentirse estimulado o empregado, tem que ter a mínima noção do quanto esse seu empenho, trarlheá de resultados. As metas ou critérios tem que ser negociados quando da realização dos acordos, conforme descrito expressamente na lei e acima grifado. Não pode a empresa, como alegado valerse de regras e metas dispostas na Convenção coletiva de trabalho. O que se busca são critérios que sejam negociados não impostos. Conclusão: DESSA FORMA, A NÃO INCLUSÃO DOS CRITÉRIOS E METAS NOS INSTRUMENTOS DECORRENTES DA NEGOCIAÇÃO DETERMINA O DESCUMPRIMENTO DO § 1º, CONFORME MENCIONADO PELO AUDITOR. MECANISMOS DE AFERIÇÃO NÃO INCLUÍDOS NO ACORDO NEGOCIADO: Os mecanismos de aferição, conforme descrito pelo auditor, devem ser também estipulados no acordo e apresentados a autoridade fiscal, contudo, novamente o recorrente não se insurge quanto a esse descumprimento indicado pela autoridade fiscal. Importante mencionar que a empresa por outro lado, tem a ampla e irrestrita liberdade de pagar PLR, eleger por qual dos instrumentos previstos na lei irá consolidar o ato, determinar as regras, critérios, metas a serem alcançados ou mesmo a maneira de aferílas, contudo deverá observar as exigências legais quanto a formalização dos atos. Ao contrário do defendido pelo recorrente, no meu entender, a lei não apenas sugeriu, mas exigiu o estabelecimento de critérios, metas a serem atingidas para que o instituto cumpra seu papel básica: “integrar o empregado no capital da empresa de forma que o mesmo sintase estimulado Fl. 1186DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 22 O descumprimento de qualquer dos requisitos transforma, sim, a natureza do pagamento. Ou seja, não é que a verba deixe de ser distribuição de lucro, mas a sua natureza passa a ser de verba salarial, equiparandose a diversas outras verbas, que pelo seu mero pagamento, são por si só verbas salariais, como é o caso dos prêmios, gratificações, gorjetas, bônus etc. Temos que ter em mente que as exigência legais não são despiciendas. Ao descumprir os preceitos legais e efetuar pagamentos de participação nos lucros sem a devida legitimação, conforme amplamente discutido acima, o recorrente assumiu o risco de não se beneficiar pela possibilidade de que tais valores estariam desvinculados do salário. DA MULTA LIMITADA A 20% Com relação da interpretação em relação a aplicação dos dispositivos da MP 449/2008, convertida na lei 11.941 em relação a competência 10/2008, entendo que os argumentos do recorrente não merecem prosperar. Filiome a tese adotado pelo auditor fiscal e ratificada pelo julgador de primeira instância. No que tange ao cálculo da multa, face à edição da MP 449/08, convertida em lei 11.941, a citada MP alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionadas à GFIP. Para tanto, a MP 449/2008, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: Fl. 1187DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 15504.018796/200819 Acórdão n.º 2401003.730 S2C4T1 Fl. 13 23 I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I – de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, como no presente caso, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado (75%). As contribuições decorrentes da omissão em GFIP foram objeto de lançamento, por meio da notificação já mencionada e, tendo havido o lançamento de ofício, não se aplicaria o art. 32A, sob pena de bis in idem. Considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No caso conforme descrito no relatório fiscal, para que se determinasse o valor da multa a ser aplicada, procedeuse ao comparativo: com base na antiga sistemática, multa moratória, com a aplicação de multa pela não informação em GFIP, e da sistemática descrita na nova legislação. Na hipótese dos autos, a fiscalização achou por bem aplicar a multa de 75% (setenta e cinco por cento), nos termos explicitados acima. Em relação as competências anteriores a edição da referida MP (04/12/2008) e considerando que o art. 106 que, inciso II, "c do Código Tributário Nacional (Lei n° 5.172/66) dispõe que tratandose de ato não definitivamente julgado a lei aplicase a ato ou fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, efetuamos o demonstrativo da multa entre as penalidades da legislação posterior e anterior a MP 449/2008 para a aplicação da mais benéfica, conforme Anexo único e resumo abaixo. Ou seja, para efeitos da apuração da situação mais favorável, observou o auditor fiscal notificante: Fl. 1188DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 24 1. Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou 2. Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para excluir do lançamento as contribuições até 09/2003, face a aplicação da decadência qüinqüenal, rejeitar a exclusão dos responsáveis solidários e no mérito NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 1189DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/10/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 03/11/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 13808.000688/96-91
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - OMISSÃO, ERRO E CONTRADIÇÃO - OCORRÊNCIA.
Não sendo constatada a ocorrência de contradição, erro e omissão na decisão embargada, devem ser rejeitados os embargos de declaração.
Embargos Rejeitados.
Numero da decisão: 3801-004.366
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordaram os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração e manter a decisão original, nos termos deste voto. Antecipado o julgamento para o dia 16 de setembro a pedido da embargada.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Não sendo constatada a ocorrência de contradição, erro e omissão na decisão embargada, devem ser rejeitados os embargos de declaração. Embargos Rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordaram os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração e manter a decisão original, nos termos deste voto. Antecipado o julgamento para o dia 16 de setembro a pedido da embargada. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 06 88 /9 6- 91 Fl. 561DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 13808.000688/9691 Acórdão n.º 3801004.366 S3TE01 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de auto de infração (fls. 1213) emitido contra a contribuinte, visando a cobrança da contribuição para o FINSOCIAL, decorrente da falta de recolhimento dos valores devidos, pertinentes ao período 31.05.1990 a 31.03.199. Inconformada com a autuação, apresentou a contribuinte impugnação alegando a nulidade do auto de infração sob o argumento de ter sido lavrado na vigência de medida suspensiva da exigibilidade do crédito tributário e que, seria incabível a imposição de multa de oficio e juros de mora. Deste modo, a Delegacia Regional de Julgamento de Salvador (DRJ/SDR) ao analisar a impugnação da contribuinte, entendeu por julgar parcialmente procedente o lançamento para excluir a multa de lançamento de oficio incidente sobre o F1NSOCIAL dos meses de maio de 1990 a julho de 1990, e de setembro de 1990 a janeiro de 1991, limitandose a multa de oficio, nos demais penados, ao percentual de 75%. Conforme ementa abaixo transcrita: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992 Ementa: FINSOCIAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. AÇÃO JUDICIAL. O crédito tributário, ainda que questionado e depositado judicialmente, deve ser regularmente constituído de oficio, mediante auto de infração, tendo, porém, suspensa a sua exigibilidade. MULTA DE OFÍCIO. EXIGIBILIDADE. A fiança bancária não substitui o depósito judicial para fins de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, sendo cabível, no caso de lançamento de oficio, a imposição de multa e juros de mora. Lançamento Procedente em Parte Ainda, a DRJ de Salvador destacou, que de mesmo a matéria estando sub judice não impede a constituição do crédito tributário pelo lançamento, de modo que até que haja sentença judicial transitada em julgado, não há impedimento do crédito tributário correspondente ser devidamente constituído, sob pena de responsabilidade funcional, que o crédito tributário inexiste sem o respectivo lançamento. Às fls. 352 a 366, consta recurso voluntário apresentado tempestivamente pela contribuinte, no qual requer, em síntese, seja reconhecida a extinção do crédito tributário relativamente aos fatos geradores de maio de 1990 a janeiro de 1991, nos termos do artigo 156, inciso VI, do Código Tributário Nacional, tendo em vista a conversão em renda da União dos depósitos judiciais, a decadência da constituição do crédito tributário relativo aos fatos geradores supostamente ocorridos no período de maio de 1990 a julho de 1991, nos termos do artigo 142 do CTN, uma vez que entre a data de ocorrência dos fatos geradores e a data de Fl. 562DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 13808.000688/9691 Acórdão n.º 3801004.366 S3TE01 Fl. 4 3 cientificação do auto de infração (12.07.1996) pela contribuinte, havia transcorrido mais de 5 (cinco) anos, cancelamento da multa para todo período autuado. A 1ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento apreciou o recurso voluntário, dandolhe parcial provimento por meio da seguinte ementa (fls. 546 a 555): ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992 LANÇAMENTO DE OFÍCIO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. Autorizase o lançamento de ofício efetuado para prevenir a decadência não se está a discutir a procedência ou não do valor lançado. JUROS DE MORA. TAXA SELIC . De acordo com precedentes já definidos pela Súmula nº 4 do CARF, é inquestionável a aplicação da taxa SELIC. FIANÇA BANCÁRIA. A determinação judicial de fiança bancária possui o efeito de suspender a exigibilidade do crédito tributário tal como a moratória, o depósito do seu montante integral, as reclamações e os recursos, a concessão de medida liminar em mandado de segurança, a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial e o parcelamento. A Fazenda Nacional interpôs embargos de declaração (fls. 541 a 543), alegando a ocorrência de omissão, em razão de não haver se pronunciado quanto a possibilidade de configuração da decadência à vista da existência dos depósitos judiciais. É o relatório. Fl. 563DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 13808.000688/9691 Acórdão n.º 3801004.366 S3TE01 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. À luz do artigo 65, caput e § 1º, da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RI – CARF) a apresentação dos Embargos de Declaração é tempestiva e atende aos demais pressupostos, portanto dele tomase conhecimento. PORTARIA Nº 256, DE 22 DE JUNHO DE 2009: Art. 64. Contra as decisões proferidas pelos colegiados do CARF são cabíveis os seguintes recursos: I Embargos de Declaração. Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. § 1° Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de cinco dias contado da ciência do acórdão. Diante da alegação da embargante de que a decisão foi omissa por não ter se pronunciado quanto a possibilidade de configuração da decadência à vista da existência dos depósitos judiciais, venho sanar a referida omissão. Ocorre que em relação à alegação de não pronunciamento quanto à possibilidade de configuração da decadência à vista da existência dos depósitos judiciais, entendo que o fato de ter o contribuinte efetuado depósitos judiciais para fins de suspensão de exigibilidade do crédito não impede que o fisco promova o lançamento de ofício do contribuinte, de forma preventiva para evitando a decadência. Assim, o crédito tributário, até que haja sentença judicial transitada em julgado, é exigível. Não há impedimento da devida constituição deste, salvo se houver ordem judicial expressa impedindo a lavratura do auto de infração. Sobre o assunto, destacase o Parecer PGFN/CRJN/Nº743, de 1988, em seu item 14: 14. Não constituído o crédito tributário, haverá a autoridade Fiscal que preservar a obrigação tributária do efeito decadencial. Incumbelhe, como dever de diligência no trato da coisa pública, constituir o crédito tributário pelo lançamento. Todavia, consultados os autos, observase que o lançamento foi lavrado em 03 de junho de 2006 (fl.2), ou seja, decorridos mais de 5 anos da possibilidade de cobrança dos fatos geradores ocorridos no período de maio de 1990 a junho de 1991. Logo, a existência ou Fl. 564DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 13808.000688/9691 Acórdão n.º 3801004.366 S3TE01 Fl. 6 5 não de depósitos judiciais, tornase irrelevante para o caso, haja vista que o auto de infração foi lavrado quando já estava decaído o direito da fiscalidade em lançalo. O STJ entendeu que se realizado depósito judicial em tributos sujeitos a lançamento por homologação, tornase desnecessária a formalidade de lançamento, no EDcl no AgRg no REsp 705420/RJ, contudo, se realizado o lançamento, deve ser verificado se há ou não decadência. Portanto, verificada a particularidade do caso, resta claro que não se discute a possibilidade de lançamento preventivo, o que já restou esclarecido, mas sim a possibilidade de o fisco exigir o tributo de período de apuração já abrangido pelo instituto da decadência, sendo isto, inconcebível. Logo, entendo que não devem ser acolhidos os presentes aclaratórios, visto inexistirem omissões que alterem o julgamento do presente acórdão, devendo ser mantido o seu parcial provimento. Cabe esclarecer que não se pode por meio da estreita via dos embargos pretender substituir a utilização da via recursal adequada para a reforma de uma decisão. Diante do exposto, conheço e rejeito os embargos de declaração mantendo o provimento parcial do recurso voluntário. É assim que voto. Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator Relator Fl. 565DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 20/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 15771.725322/2012-53
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/01/2012
CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. POSSIBILIDADE.
É lícito ao Fisco, visando a prevenir a decadência, proceder a lançamento mediante a lavratura de auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de antecipação de tutela em ação ordinária. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa, enquanto não modificados os efeitos da medida judicial.
JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE.
Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
Numero da decisão: 3803-006.478
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário; em não conhecer do recurso, quanto à alegação de incidência de multa de mora, por falta de interesse de agir; e em negar provimento quanto aos juros.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Samuel Luiz Manzotti Riemma.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/01/2012 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. POSSIBILIDADE. É lícito ao Fisco, visando a prevenir a decadência, proceder a lançamento mediante a lavratura de auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de antecipação de tutela em ação ordinária. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa, enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
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RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Súmula CARF nº 1. MULTA DE MORA. EXONERAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DEFINITIVIDADE. CONTRADITORIEDADE. INEXISTÊNCIA. Falta interesse de agir no pedido pelo cancelamento da multa de mora, quando a decisão dispõe a sua exoneração ao tempo em que mantém a definitividade do crédito tributário. Por não significar totalidade, a definitividade do crédito tributário fazse pelo valor remanescente, excluída a multa exonerada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/01/2012 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. POSSIBILIDADE. É lícito ao Fisco, visando a prevenir a decadência, proceder a lançamento mediante a lavratura de auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontravase suspensa por força de antecipação de tutela em ação ordinária. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa, enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 77 1. 72 53 22 /2 01 2- 53 Fl. 313DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário; em não conhecer do recurso, quanto à alegação de incidência de multa de mora, por falta de interesse de agir; e em negar provimento quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Samuel Luiz Manzotti Riemma. Relatório O presente processo é constituído de autos de infração, lavrado para exigência de crédito tributário no valor de R$ 3.223,97, referente a Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, CofinsImportação e PISImportação, incidentes sobre a importação de equipamentos de procedência estrangeira destinados, conforme declarado pela Interessada, à utilização nas atividades essenciais da entidade. Conforme a descrição dos fatos, os desembaraços da Declaração de Importação (DI), 12/10156344, sem o recolhimento dos tributos incidentes na importação, em cumprimento da decisão nos autos do processo judicial 2004.61.00.0289717, aviado na 22ª Vara Federal de São Paulo, em que foi determinado que se procedesse ao desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas por esta pessoa jurídica. O objeto da ação judicial é a declaração da inexistência da relação jurídico tributária que a obrigue a recolher impostos e contribuições sociais federais devidos na importação, tendo como fundamento a imunidade de que goza em relação aos impostos e isenção às contribuições. Houve decisão favorável ao deferimento de tutela antecipada, e, posteriormente, a confirmação por meio de sentença, sem decisão definitiva transitada em julgado até a data das autuações. Ante este provimento, os autos de infração foram lavrados com o fito de prevenir a decadência, sendo informando que a exigibilidade estava suspensa até a decisão final. Fl. 314DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 15771.725322/201253 Acórdão n.º 3803006.478 S3TE03 Fl. 314 3 Em impugnação apresentada, a Autuada arrazoou, em síntese, que: a) o Auto de Infração é meio que se configura inadequado à constituição do crédito tributário, nas circunstâncias do caso. Se não houve prática de infrações por parte do contribuinte, não se trata o caso de aplicação de penalidade, decorrendo disso que o instrumento jurídico correto é a Notificação de Lançamento; b) os juros moratórios devem ser afastados, pois inexistem os pressupostos de fato que autorizariam a sua imposição; c) é uma entidade de assistência social, que atua na área da saúde, tendo sido declarada de utilidade pública federal, fazendo jus, portanto, à imunidade prevista na Constituição Federal; d) o Ato Declaratório n° 9/06 do Procurador Geral da Fazenda Nacional reconhece a imunidade de entidades como a da Impugnante, encerrando qualquer discussão; Em julgamento da lide, a DRJ/ assentou, em síntese, que: a) a interessada indicou na declaração de importação não haver valor de crédito tributário a ser recolhido. O benefício que pleiteou não foi reconhecido pela Autoridade Aduaneira; b) a lavratura de Auto de Infração não pode ser considerada inadequada, visto que sob a ótica da Fazenda a interessada deixou de recolher, por ocasião do registro da declaração de importação, os tributos em questão; c) dos dispositivos do art. 9º e 10º do Decreto n° 70.235/72 tanto a exigência do crédito tributário quanto a aplicação de penalidade isolada podem ser formalizados por Auto de Infração ou Notificação de Lançamento; visto que a redação do dispositivo legal não permite estabelecer limites ao alcance de cada espécie de instrumento para formalização; d) a formalização do presente crédito tributário mediante a lavratura de Auto de Infração assegura maior benefício ao exercício do direito de defesa e do contraditório à Interessada, pois este instrumento possui não apenas a Disposição Legal Infringida, mas a Descrição do Fato; Quanto ao mérito: a) da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade não conheceu do recurso, por ter sido a matéria levada à apreciação do Judiciário, o que implica em renúncia às instâncias administrativas. b) da incidência dos juros de mora no lançamento sustentou que mesmo inexigível o crédito tributário, o prazo de pagamento do tributo não é alterado, prevalecendo tal prazo para fins de sua incidência no caso de decisão judicial final desfavorável ao contribuinte. Considerou que, a rigor, os juros de mora não precisam ser indicados na autuação para serem exigidos, porque, como acessório, seguem o principal. O destaque dos juros de mora incidentes até a data da lavratura da autuação é apenas demonstrativo. A decisão foi ementada como segue: Fl. 315DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 30/01/2012 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. LANÇAMENTO DESTINADO A PREVENIR DECADÊNCIA. FORMALIZAÇÃO CABÍVEL. A discussão da matéria tributável na esfera judicial não elide o dever da autoridade administrativa de constituir o crédito tributário. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa, porém a matéria divergente terá prosseguimento normal. MULTA DE MORA. AÇÃO JUDICIAL. DECISÃO ANTERIOR AO FATO GERADOR. A incidência da multa de mora, no caso de interposição de ação judicial, é afastada no período que vai da concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão que considerar devido o tributo ou contribuição. Cientificada da decisão em 25/09/2013, irresignada, a Interessada apresentou recurso voluntário, em 11/10/2013, em que reitera os termos da impugnação, e, adicionalmente, aponta para equívoco e contradição no julgado recorrido, aduzindo que "o d. Julgador a quo, ao mesmo tempo em que deu parcial provimento à impugnação, afastando a multa de mora constante da autuação, determinou a manutenção do crédito tributário como um todo. É o relatório. Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa, Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para sua admissibilidade, dele conheço. Preliminar De Nulidade Auto de Infração como meio inadequado à constituição do crédito tributário A Recorrente apela para a nulidade da constituição do crédito tributário, em virtude de ter sido formalizada por meio de Auto de Infração e não Notificação de Lançamento, uma vez que o crédito constituído encontrase com a exigibilidade suspensa, não tendo cometido qualquer infração à legislação. Vista unicamente sob o seu ângulo, tem razão a Defendente quando afirma não ter cometido infração, considerando que se encontra amparada pelo provimento judicial provisório antecipatório da tutela, obtido em 29//11/2004. Sob o olhar do Fisco, porém, a subsistência da lide, o mérito da controvérsia em aberto e a possibilidade (não importa em que medida) de resultado favorável à Fazenda, são os eventos que motivaram a constituição do crédito tributário. Neste prisma, o campo Descrição dos Fatos do Auto de Infração consigna o registro tanto do fato jurídico tributário Fl. 316DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 15771.725322/201253 Acórdão n.º 3803006.478 S3TE03 Fl. 315 5 como do fato jurídico da ocorrência da infração consistente na falta de recolhimento, ao desamparo da imunidade invocada. 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE II 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE IPI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS IMPORTAÇÃO DI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS/PASEP IMPORTAÇÃO DI 0 importador submeteu a despacho aduaneiro de importação, pleiteando IMUNIDADE TRIBUTARIA para o Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e para as contribuições sociais (PIS e COFINS) incidentes na importação das mercadorias descritas e amparadas pelas declarações de importação no 09/02330394 e 10/12642404 (anexo I). Cumpre observar que a alegada imunidade abrange apenas os impostos sobre patrimônio, renda e serviços das entidades previstas na alínea "c", do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Este entendimento tem como fundamento o disposto na alínea "a" do inciso III do art. 146 da Constituição Federal, que remete a Lei Complementar a definição das diversas espécies de tributos. Esta definição, por sua vez, é tratada pelo Código Tributário Nacional (aprovado pela Lei no 5.172/66 e recepcionado pelo atual texto constitucional) em seu Titulo III. [...] Além de todo o exposto acerca da não extensão da imunidade constitucional, o importador ao pleitear a imunidade dos tributos não apresentou, no curso do despacho, documentação que atestasse o cumprimento dos requisitos necessários para obtenção da renuncia fiscal dos tributos bem como Certificado de Entidade de Assistência Social válido, documento que atesta seu caráter de assistência social, pleiteando a liberação das mercadorias com base na ação judicial preventiva supracitada. Portanto, entende esta fiscalização que o beneficio fiscal da imunidade não pode ser concedido à autuada. [...] A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei no 9.430/96 não foi aplicada em cumprimento ao disposto no § 1º do artigo 63 do mesmo dispositivo Legal (a Decisão Judicial suspendeu a exigibilidade do crédito tributário em 29/11/2004, anterior ao registro das DI's). O registro do fato jurídico tributário implicou no lançamento, que corresponde ao valor dos tributos que deveriam ter sido recolhidos no desembaraço aduaneiro. O registro do fato jurídico da ocorrência da infração, traz na esteira a sustação do seu efeito Fl. 317DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 que corresponderia à imposição da multa de ofício, em face da tutela antecipada obtida na ação judicial aviada sob o nº 2004.61.00.0289717[1]. Assim, não obstante descrita a infração, o Auto de Infração deixa de fixar apenas a relação jurídica quanto à imposição da penalidade. Dado o contorno sob o qual se lavra Auto de Infração para prevenção de decadência quando sua materialidade encontrase em discussão na esfera judicial e presente a infração, ante o não reconhecimento do direito pleiteado, pela Autoridade aduaneira , podese sustentar que este instrumento não é impróprio para a constituição do crédito tributário, pelo fato de seu conteúdo estar adstrito unicamente ao lançamento. Este entendimento encontrase bem ajustado ao que dispõe o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, que não distingue os usos do Auto de Infração e da Notificação de Lançamento seja para tributo ou penalidade, verbis: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Grifos acrescidos) Entre os requisitos obrigatórios do Auto de Infração está a descrição do fato, ausente das exigências para a Notificação de Lançamento, ao tempo em que o seu inciso III aponta para a necessidade de indicação da disposição legal infringida (ainda que na condição de "se for o caso"), denotando que este instrumento pode veicular também penalidade: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; 1 Em cumprimento ao art. 63, § 1º, da Lei nº 9.430/96. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 15771.725322/201253 Acórdão n.º 3803006.478 S3TE03 Fl. 316 7 IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. A doutrina, por sua vez, apenas identifica o uso indistinto de um ou outro instrumento de que as Administrações Tributárias tem se servido para introduzir suas imposições, tanto tributárias como sancionatórias. Assim, esclarece James Marins: "O auto de infração, no âmbito da Receita Federal e a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD), utilizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), são espécies de documentos fiscais elaborados pela Administração para corporificar atos de imposição. O auto de infração ou a NFLD frequentemente engloba no mesmo suporte físico vários atos impositivos referentes a diversas relações jurídicas, ora não sancionatórias, como o lançamento, ou relações jurídicas sancionatórias, como aplicação de multa por Paulo de Barros Carvalho, na mesma vertente, noticia o uso do auto de infração como peça portadora não só do ato de imposição de penalidade: Em súmula, dois atos administrativos, ambos introdutores de norma individual e concreta no ordenamento positivo: um, de lançamento, produzindo regra cujo antecedente é fato lícito e o consequente uma relação jurídica de tributo; outro, o auto de infração, veiculando u'a norma que tem, no suposto, a descrição de um delito e, no consequente, a instituição de liame jurídico sancionatório, cujo conteúdo da prestação tanto pode ser um valor pecuniário (multa) como uma conduta de fazer ou não fazer. Tudo seria simples, realmente, se o auto de infração apenas conduzisse para o ordenamento a mencionada regra individual e concreta que mencionei. Nem sempre é assim. Que, de vezes, sob a epígrafe "auto de infração", deparamonos com dois atos: um de lançamento, exigindo o tributo devido; outro, de aplicação de penalidade, pela circunstância de o sujeito passivo não ter recolhido, em tempo hábil, a quantia pretendida pela Fazenda. Dáse a conjunção, num único instrumento material, sugerindo até possibilidades híbridas. Mera aparência. Não deixam de ser normas jurídicas distintas postas por expedientes que, por motivos de comodidade administrativa estão reunidas no mesmo suporte físico. Pela frequência com que ocorrem essas conjunções, falam alguns, em "auto de infração" em sentido largo (dois atos no mesmo instante) e "auto de infração"stricto sensu", para denotar a peça portadora de norma individual e concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário. A lição acima destaca a natureza distinta dos atos administrativos do lançamento e da imposição sancionatória e a decorrente autonomia destes. Uma vez autônomos Fl. 319DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 e, via de regra, postos no mesmo instrumento de constituição das exigências, o Auto de Infração, não se deve ver inadequação se vier veicular apenas um desses atos: a formalização da relação jurídica tributária tendente a prevenir decadência, mesmo que inexista a penalidade. Pelo exposto, rejeito a preliminar. Mérito Da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade cerceamento à ampla defesa Travase no processo judicial nº 2004.61.00.0289717 discussão sobre a in/existência de relação jurídica tributária que obrigue a Recorrente ao pagamento de tributos tais como os lançados no presente Auto de Infração , que não estejam classificados no rol dos impostos obre o patrimônio, na acepção restrita que dá a Fazenda a esta classe de tributos. Corroboro o entendimento já assentado na decisão recorrida, segundo o que este debate não pode ser travado no âmbito deste processo administrativo. O provimento que aqui se der ou negar tornarseá sem efeito ante decisão superveniente em rumo diverso no aludido processo. Logo, de raso, devese aplicar a Súmula CARF nº 1, eis que presente a conexão de matérias[2], em minha visão independentemente de tratarse de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária. Equívoco constante da parte dispositiva da decisão recorrida multa de mora É de se louvar o zelo do Patrono na construção da sua defesa, ao não deixar de questionar qualquer ponto que possa, em eventualidade, gerar uma nova controvérsia. Porém, no que aponta não há equívoco algum no registro do dispositivo do acórdão. No presente caso, o crédito tributário estava originariamente constituído dos tributos, dos juros e da multa. Por definição legal o crédito tributário decorre da obrigação principal[3] (cujo objeto é o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária) e tem a mesma natureza desta. Sendo o pagamento de tributo ou de penalidade, implica dizer que estes elementos podem compor, conjunta ou isoladamente, o crédito tributário. Ao determinar a definitividade do crédito tributário, o significado não é outro senão que na esfera administrativa não há mais que discutir quanto à matéria de mérito, imunidade/isenção, porquanto levada à apreciação do Judiciário. Dizer definitividade do débito não significa dizer totalidade do débito. Está dito na decisão, com clareza, que o crédito tributário que estava composto originalmente dos tributos, agregados de juros, e mais a imposição da multa , é exonerado da multa aplicada. Dessa linguagem decorre que a decisão tem o sentido de que o crédito tributário se torna definitivo sem a inclusão da multa, uma norma individual e concreta que descreve uma realidade perfeitamente comportável na definição de crédito tributável. 2 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. 3 Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 15771.725322/201253 Acórdão n.º 3803006.478 S3TE03 Fl. 317 9 Assim, não há interesse de agir da Recorrente, não devendo ser conhecida a questão. Da incidência dos juros de mora no lançamento Cabe lembrar que o presente processo é dependente da ação nº 2004.61.00.0289717. O provimento judicial definitivo, a seu tempo, deitará por terra este processo. Alternativamente, o desprovimento referenderá a incidência prevenida, suscitará a mora e ensejará a cobrança dos tributos aqui lançados com a inclusão dos juros de mora, com amparo do art. 61, § 3º, cujo lapso de tempo de sua aplicação estenderseá até o mês do pagamento. Uma vez que é vedada a incidência somente da multa de ofício no lançamento para prevenir decadência, os juros podem ser incluídos no lançamento, sem o caráter de ser valor fixo, como o são o principal e a multa. Demais disso, considero que os juros não estão constituídos na data e na linguagem normativa do lançamento, distintamente do que se dá com o principal. Concebo que ao estarem presentes em todo e qualquer lançamento representam o conteúdo declaratório da mora até o momento em que não haja impugnação, para fins da incidência futura, na conformidade com o art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, quando se tornar eficaz o lançamento, seja com o trânsito em julgado do desprovimento do pedido em ação judicial ou com a definitividade da decisão em processo administrativo. Os juros não estão a incidir (no que entendo ser o melhor sentido jurídico deste verbo), na composição do crédito tributário pelo lançamento, porquanto seu valor não é definitivo, na hipótese de suspensão de exigibilidade, vindo a sêlo somente quando, em tempo futuro, a então Contribuinte vier a ser chamada a efetuar a quitação do crédito lançado. Nesse diapasão, os juros no lançamento são mero indicativo de sua aderência ao principal e do dies a quo da do intervalo de tempo até o mês do pagamento, na ocasião da cobrança. Se se pudesse dizer que os juros têm sua constituição efetivada no lançamento, como admitir a sua fluência protraindose no tempo até a quitação do crédito tributário? Por fim, mesmo não estando configurada a mora no momento do lançamento, em face da suspensão da exigibilidade, a presença dos juros no lançamento, pela razão supra, não representa prejuízo algum à Recorrente. Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; por não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário; por não conhecer do recurso, quanto à alegação de incidência de multa de mora, por falta de interesse de agir; e por negar provimento quanto aos juros. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 321DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 Fl. 322DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 26/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 19515.000468/2002-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1998, 1999
IRPF. VERBA DE GABINETE PARLAMENTAR. NATUREZA JURÍDICA. ÔNUS DA PROVA.
O auxílio-encargos gerais de gabinete de deputado e o auxílio-hospedagem, instituídos pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, por substituírem I - fornecimento de combustível e lubrificantes; II - reembolso de despesas efetuadas com reparos de avarias mecânicas, inclusive com troca de peças ou componentes, bem como de aquisição de combustível e lubrificantes; III - impressão de livretos e tablóides parlamentares; IV - extração de cópias reprográficas; V - expedição de cartas e de telegramas; VI - fornecimento de materiais de escritório classificados como despesas de consumo, e VII - assinaturas de jornais e revistas, têm natureza indenizatória, não se sujeitando à incidência do imposto de renda.
Nos termos da Súmula CARF n.º 87, O imposto de renda não incide sobre as verbas recebidas regularmente por parlamentares a título de auxílio de gabinete e hospedagem, exceto quando a fiscalização apurar a utilização dos recursos em benefício próprio não relacionado à atividade legislativa.
Recurso especial do contribuinte provido.
Numero da decisão: 9202-003.334
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, prejudicado o recurso da Procuradoria da Fazenda Nacional.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Alexandre Naoki Nishioka - Relator
EDITADO EM: 29/09/2014
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo e Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1998, 1999 IRPF. VERBA DE GABINETE PARLAMENTAR. NATUREZA JURÍDICA. ÔNUS DA PROVA. O auxílio-encargos gerais de gabinete de deputado e o auxílio-hospedagem, instituídos pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, por substituírem I - fornecimento de combustível e lubrificantes; II - reembolso de despesas efetuadas com reparos de avarias mecânicas, inclusive com troca de peças ou componentes, bem como de aquisição de combustível e lubrificantes; III - impressão de livretos e tablóides parlamentares; IV - extração de cópias reprográficas; V - expedição de cartas e de telegramas; VI - fornecimento de materiais de escritório classificados como despesas de consumo, e VII - assinaturas de jornais e revistas, têm natureza indenizatória, não se sujeitando à incidência do imposto de renda. Nos termos da Súmula CARF n.º 87, O imposto de renda não incide sobre as verbas recebidas regularmente por parlamentares a título de auxílio de gabinete e hospedagem, exceto quando a fiscalização apurar a utilização dos recursos em benefício próprio não relacionado à atividade legislativa. Recurso especial do contribuinte provido.
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VERBA DE GABINETE PARLAMENTAR. NATUREZA JURÍDICA. ÔNUS DA PROVA. O “auxílioencargos gerais de gabinete de deputado” e o “auxílio hospedagem”, instituídos pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, por substituírem “I fornecimento de combustível e lubrificantes; II reembolso de despesas efetuadas com reparos de avarias mecânicas, inclusive com troca de peças ou componentes, bem como de aquisição de combustível e lubrificantes; III impressão de livretos e tablóides parlamentares; IV extração de cópias reprográficas; V expedição de cartas e de telegramas; VI fornecimento de materiais de escritório classificados como despesas de consumo, e VII assinaturas de jornais e revistas”, têm natureza indenizatória, não se sujeitando à incidência do imposto de renda. Nos termos da Súmula CARF n.º 87, “O imposto de renda não incide sobre as verbas recebidas regularmente por parlamentares a título de auxílio de gabinete e hospedagem, exceto quando a fiscalização apurar a utilização dos recursos em benefício próprio não relacionado à atividade legislativa.” Recurso especial do contribuinte provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 04 68 /2 00 2- 01 Fl. 368DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/10/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Processo nº 19515.000468/200201 Acórdão n.º 9202003.334 CSRFT2 Fl. 368 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, prejudicado o recurso da Procuradoria da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Alexandre Naoki Nishioka Relator EDITADO EM: 29/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo e Elias Sampaio Freire. Relatório Tratase de recursos especiais interpostos pela Fazenda Nacional (efls. 186/198 e pelo contribuinte (efls. 274/301) em face do Acórdão n° 10421.673 (efls. 164/182), que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso para excluir a multa de ofício. O acórdão teve a seguinte ementa: “RENDIMENTO DO TRABALHO ASSALARIADO VERBA DE GABINETE PARLAMENTAR TRIBUTAÇÃO A importância recebida a este título é tributável quando não for comprovado que tal importância referese a despesas correlatas à atividade de gabinete (Lei n° 7.713, de 1988). PROVA Compete ao contribuinte comprovar, de forma inequívoca, a natureza dos rendimentos percebidos. JUROS DE MORA TAXA SELIC. A cobrança de juros de mora em percentual equivalente à taxa SELIC tem previsão em lei, não estando, portanto, em desacordo com a legislação posta. MULTA DE OFICIO ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/10/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Processo nº 19515.000468/200201 Acórdão n.º 9202003.334 CSRFT2 Fl. 369 3 Recurso parcialmente provido” (efl. 164). O recurso especial da Fazenda foi interposto em 28 de agosto de 2007 com base no artigo 7o., I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em face da parte do acórdão que afastou a multa de ofício, por erro escusável. Foi admitido por meio da decisão de efls. 201/203, tendo o contribuinte apresentado as contrarrazões de fls. 242/248. Já o recurso especial do contribuinte que ataca a parte do acórdão que manteve a tributação sobre as verbas de gabinete foi interposto em 14 de outubro de 2010, após a rejeição de seus embargos de declaração interpostos em face do acórdão ora recorrido (efls. 262/264). Foi admitido por meio da decisão de fls. 356/358, tendo a Fazenda Nacional apresentado as contrarrazões de fls. 360/365. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O recurso especial do contribuinte preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço, adotando como fundamento a decisão de efls. 356/358. Discutese, no presente caso, a natureza tributária dos rendimentos percebidos pelo Recorrente a título de “verbas de gabinete”, e a quem incumbe seu ônus probatório, se seria do Fisco ou do próprio contribuinte. A questão controvertida passa por desvendar a natureza jurídica da famigerada “verba de gabinete”, lembrandose sempre que não importa, para o ramo do Direito Tributário, o nomen iuris do instituto (art. 4º, I, do CTN), para que se possa, somente após este percurso epistemológico necessário, concluirse a respeito do regime tributário a ela aplicável. Portanto, sendo certo que, como é cediço, a interpretação/aplicação do direito ao caso concreto passa sempre por uma análise do texto legislado para somente após isto retirarse dele o comando jurídico intrínseco, cumpre trazer à colação o disposto na Resolução 783/97 da ALESP que, em seu artigo 11, assim dispõe: “Art. 11. Ficam instituídos os AuxílioEncargos Gerais de Gabinete de Deputado e AuxílioHospedagem, devidos mensalmente, correspondentes a 1.250 (hum mil duzentos e cinqüenta) UFESPs, destinados a cobrir gastos com o funcionamento e manutenção dos gabinetes, previstos nos artigos 1º, inciso I, alínea ‘I’ e 8º da Resolução 776/96, com hospedagem e demais despesas inerentes ao pleno exercício das atividades parlamentares. §1º. Ocorrendo a extinção da UFESP, deverá ser mantida pela Unidade Fiscal que vier a sucedêla ou substituíla, a mesma relação de valor existente entre a Unidade Fiscal extinta e a moeda do País, na data da publicação desta Resolução. §2º.Em razão da instituição do Auxílio de que trata o artigo 11, ficam cessados: I – fornecimento de combustível e lubrificantes; Fl. 370DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/10/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Processo nº 19515.000468/200201 Acórdão n.º 9202003.334 CSRFT2 Fl. 370 4 II – reembolso de despesas efetuadas com reparos de avarias mecânicas, inclusive com troca de peças ou componentes, bem como de aquisição de combustível e lubrificantes; III – impressão de livretos e tablóides parlamentares; IV – extração de cópias reprográficas; V – expedição de cartas e de telegramas; VI – fornecimento de materiais de escritório classificados como despesas de consumo, e VII – assinaturas de jornais e revistas.” Ora, à luz do que se encontra disposto no referido dispositivo, as verbas instituídas pelo referido “AuxílioEncargos Gerais de Gabinete” vieram a substituir o reembolso com as despesas necessárias à função do cargo público, de maneira que, via de regra, tal valor não constitui renda do contribuinte. Senão vejamos. O artigo 43 do CTN, exercendo o múnus constitucional que foi atribuído pela combinação dos artigos 153, III, e 146, III, ‘a’, delineou, de forma minudente, o critério material da hipótese de incidência do imposto de renda da seguinte maneira: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção.” É bem de ver, com base no estatuído pelo Código Tributário Nacional, que auferir renda, nos termos postos constitucionalmente e descritos pelo estatuto adrede colacionado, pressupõe acréscimo patrimonial, ou, como querem alguns autores, “riqueza nova”, de modo que eventuais ingressos de capital que não se amoldem, perfeitamente, ao conceito de “riqueza nova” não poderiam ser tributados pela União Federal, eis que lhe falece competência para tanto. A partir desta premissa, temos que meras indenizações, por apenas recomporem o patrimônio do contribuinte, permitindo o retorno ao seu status quo ante, não configuram acréscimo patrimonial, jamais podendo ser alcançadas pelo imposto. Assim é que o reembolso de “cópias reprográficas”, “despesas com combustíveis”, “fornecimento de materiais de escritório”, dentre outros, não constitui riqueza do contribuinte, uma vez que, sendo despesas gastas “para o trabalho” e não rendimentos auferidos em decorrência do trabalho, não importam em renda, não se enquadrando no conceito de “remuneração”. Aliás, oportuno lembrar que a Constituição Federal, cujas disposições impregnam todo o ordenamento, estabelece, como preceito basilar da tributação, expresso em Fl. 371DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/10/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Processo nº 19515.000468/200201 Acórdão n.º 9202003.334 CSRFT2 Fl. 371 5 seu art. 145, §1º, o princípio da capacidade contributiva que, como limite objetivo, aponta para a necessidade de escolha, pelo legislador, de critérios materiais de imposto que configurem fatos signos presuntivos de riqueza, como forma de preservar, também, o direito fundamental de propriedade dos cidadãos, a teor do que dispõe o art. 5º, XXII, da Lei Maior. Exatamente por isso é que o pagamento, a título de reembolso de gastos, não configura rendimento tributável, uma vez que, se o fosse, feriria de morte o princípio da vedação ao confisco, transposto aos lindes do direito tributário por força do art. 150, IV, da Carta Magna. Tratandose, portanto, as “verbas de gabinete”, de autêntico e genuíno reembolso de gastos, eis que, pelo teor do dispositivo legal trazido à baila, substituiu o pagamento das despesas funcionais necessárias à própria atividade laboral, jamais poderiam ser alcançadas pelo imposto. Em assim sendo, temos que, se não constituem fato gerador do imposto de renda, por não apresentar o requisito necessário de “riqueza nova”, a teor do que dispõe o art. 43, do CTN, não ingressam, portanto, tais valores no patrimônio do ora Recorrente. Portanto, sendo certo que a base de cálculo do imposto de renda apresenta íntima correlação com a hipótese de incidência, sendo índice seguro para medir as proporções reais do fato jurídico tributável, confirmando ou infirmando, pois, o critério material do antecedente da norma, temse que os valores apurados pela fiscalização, in casu, não podem constituir renda do contribuinte. Ademais, não se vislumbrando comprovação, por parte da fiscalização, a respeito do efetivo ingresso de tais valores no patrimônio do Recorrente, não é possível presumilo, eis que tal técnica probatória demanda, na seara do direito tributário, a expressa determinação legal. Desta maneira, o simples fato de não se exigir a prestação de contas não transmuda a natureza do instituto, sendo mister que, para tanto, a fiscalização se desincumba de seu múnus probatório, sob pena de ferirse, igualmente, o princípio da tipicidade, inserto no art. 97 do CTN. Nesta toada é uníssona a jurisprudência desta Segunda Câmara, como se vê de acórdão proferido no Recurso 150.694, que restou assim ementado: “VERBA DE GABINETE PAGA AOS DEPUTADOS NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA A denominada verba de gabinete se constitui em meio necessário para que o parlamentar possa exercer seu mandato. A não exigência de prestação de contas das despesas correspondentes à referida verba é questão que diz respeito ao controle e a transparência da Administração. O fato de não haver prestação de contas, por si só, não transforma em renda aquilo que tem natureza indenizatória. As verbas de gabinete recebidas pelos Deputados e destinadas ao custeio do exercício das atividades parlamentares não se constituem em acréscimos patrimoniais, razão pela qual estão fora do conceito de renda, especificado no artigo 43 do CTN. Recurso provido”. (Primeiro Conselho de Contribuintes, 2ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 150.694, Relator José Raimundo Tosta dos Santos, j. 26 de junho de 2008). Fl. 372DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/10/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Processo nº 19515.000468/200201 Acórdão n.º 9202003.334 CSRFT2 Fl. 372 6 O Superior Tribunal de Justiça também tem decidido reiteradamente que as verbas de gabinete têm natureza indenizatória, não se sujeitando, portanto, à incidência do imposto de renda. É o que se depreende, por exemplo, do seguinte trecho da decisão monocrática proferida, em 10 de julho de 2008, pelo Ministro Francisco Falcão, nos autos do Recurso Especial n. 1.009.175PE: “Este Superior Tribunal de Justiça, em diversas oportunidades vem decidindo que tanto a ajuda de custo quanto a verba recebida pelo parlamentar a título de comparecimento às sessões extraordinárias não devem sofrer a incidência de imposto de renda por terem caráter eminentemente indenizatório. Neste diapasão, destaco os seguintes julgados, verbis: TRIBUTÁRIO. DEPUTADOS ESTADUAIS. IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE SOBRE VERBAS PRECEBIDAS A TÍTULO DE AJUDA DE CUSTO E INDENIZAÇÃO PELO COMPARECIMENTO A SESSÕES LEGISLATIVAS EXTRAORDINÁRIAS. 1. As verbas ‘Ajuda de Custo’ e ‘Indenização pelo Comparecimento a Sessões Extraordinárias’, que visam, respectivamente, restituir custos de transporte e a recomposição do prejuízo sofrido por parlamentar em razão de labor em períodos considerados pela lei como de descanso, não estão sujeitas à incidência do Imposto de Renda Pessoa Física. 2. O responsável tributário, quando não cumpre com sua obrigação de recolher na fonte o imposto devido, deve efetuar o pagamento do imposto. 3. Desservem a demonstrar divergência jurisprudencial acórdãos paradigmas e paragonado do mesmo tribunal. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. (REsp 641.243/PE, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ 27.09.2004 p. 348). TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. VERBA DE GABINETE E AJUDA DE CUSTO. PARLAMENTAR. 1. Não incide imposto de renda sobre a verba de gabinete recebida por parlamentar. Caráter indenizatório. Ausência de conteúdo remuneratório. 2. Incidência sobre a ajuda de custo recebida sem destinação específica, isto é, para cobrir despesas com deslocamentos, etc. 3. A tributação independe da denominação do rendimento. Suficiente que o valor recebido caracterize verba destinada para o exercício do cargo, função ou emprego (art. 45 do Decreto nº 1.041/94, que tem como bases legais as Leis nºs 4.506, de 1964 (art. 16), 7.713/88 (art. 3º, § 4º) e 8.383/91 (art. 74). 4. Nãodeclaração dos rendimentos recebidos a título de aposentadoria. 5. Recurso da União improvido. Idem o do contribuinte. (REsp 689052/AL, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ 06.06.2005 p. 207). TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. IMPOSTO DE RENDA. PESSOA FÍSICA. PARLAMENTAR ESTADUAL. VALOR NÃO RETIDO NA Fl. 373DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/10/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Processo nº 19515.000468/200201 Acórdão n.º 9202003.334 CSRFT2 Fl. 373 7 FONTE. VERBAS DE NATUREZA INDENIZATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. I A Fazenda Nacional ajuizou execução contra o ora recorrente (parlamentar), em razão da exigência de imposto de renda relativo a verbas por ele declaradas erroneamente como não tributáveis, referentes a: Auxílio Transporte, Auxílio Moradia, Telefone, Telex, Correspondência, Materiais de Expediente e Sessões Extras. II No entanto, nos termos de inúmeros precedentes jurisprudenciais deste eg. Superior Tribunal de Justiça, não incide imposto de renda sobre verbas de natureza indenizatória percebidas por parlamentares no exercício do respectivo mandato: EDcl no REsp nº 689.893/PE, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 13/06/05; REsp nº 641.243/PE, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 27/09/04; REsp nº 689.052/AL, Rel. Min. JOSÉ DELAGADO, DJ de 06/06/05. III Recurso provido. (REsp 828571/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ 25.05.2006 p. 202). Confirase ainda: REsp 672723/CE, Rel. Min. FRANCIULLI NETTO, DJ 11.04.2005 e REsp 952038/PE, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ 18.06.2008. Tais as razões expendidas, com esteio no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil c/c o artigo 34, XVIII, do RISTJ, e artigo 38 da Lei nº 8.038/90, nego seguimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e, com fulcro no artigo 557, §1ºA, dou provimento ao recurso especial do contribuinte. Invertamse os honorários fixados na Primeira Instância. Publiquese.” Finalmente, cumpre registrar que a matéria já foi objeto de apreciação pelo CARF, que editou a Súmula n.º 87, que tem a seguinte redação: “O imposto de renda não incide sobre as verbas recebidas regularmente por parlamentares a título de auxílio de gabinete e hospedagem, exceto quando a fiscalização apurar a utilização dos recursos em benefício próprio não relacionado à atividade legislativa.” A leitura da súmula nos permite inferir que se encontra consolidado o entendimento de que as verbas recebidas regularmente a título de “verbas de gabinete” não estão sujeitas à tributação pelo imposto de renda, salvo quando a Fiscalização apurar a utilização dos recursos em benefício próprio. Isto significa dizer que o ônus probatório quanto à utilização das “verbas de gabinete” cabe ao Fisco, e não ao contribuinte, em favor de quem milita a presunção de boafé no dispêndio dos referidos valores. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de DAR provimento ao recurso especial do contribuinte, julgando prejudicado o recurso especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Alexandre Naoki Nishioka Fl. 374DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/10/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Processo nº 19515.000468/200201 Acórdão n.º 9202003.334 CSRFT2 Fl. 374 8 Fl. 375DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/10/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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Numero do processo: 10480.720062/2007-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
IPI. INCIDÊNCIA. OPERAÇÃO MENCIONADA NA LISTA ANEXA AO DECRETO-LEI 406/68 E NA ANEXA À LEI COMPLEMENTAR 116/2003. CABIMENTO
Consoante a melhor dicção do art. 156 da Carta Política, apenas está constitucionalmente impedida a incidência sobre a mesma operação, conceituada como serviço, do ISS e do ICMS. Assim, tanto o decreto-lei nº 406/68, recepcionado como Lei Complementar até a edição da Lei Complementar nº 116/2003, quanto esta última, ao regularem tal dispositivo, apenas estão afastando a incidência cumulativa de ISS e ICMS, nada regulando quanto ao IPI. Para a incidência deste último, basta que a operação realizada se enquadre em um dos conceitos de industrialização presentes na Lei 4.502/64.
Numero da decisão: 3201-001.653
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidas as conselheiras Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo e Tatiana Midori Migiyama. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Mara Cristina Sifuentes, Tatiana Midori Migiyama e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Winderley Morais Pereira e Daniel Mariz Gudiño.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 IPI. INCIDÊNCIA. OPERAÇÃO MENCIONADA NA LISTA ANEXA AO DECRETOLEI 406/68 E NA ANEXA À LEI COMPLEMENTAR 116/2003. CABIMENTO Consoante a melhor dicção do art. 156 da Carta Política, apenas está constitucionalmente impedida a incidência sobre a mesma operação, conceituada como serviço, do ISS e do ICMS. Assim, tanto o decretolei nº 406/68, recepcionado como Lei Complementar até a edição da Lei Complementar nº 116/2003, quanto esta última, ao regularem tal dispositivo, apenas estão afastando a incidência cumulativa de ISS e ICMS, nada regulando quanto ao IPI. Para a incidência deste último, basta que a operação realizada se enquadre em um dos conceitos de industrialização presentes na Lei 4.502/64. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidas as conselheiras Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo e Tatiana Midori Migiyama. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 00 62 /2 00 7- 14 Fl. 419DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 2 Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Redator designado. Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Mara Cristina Sifuentes, Tatiana Midori Migiyama e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Winderley Morais Pereira e Daniel Mariz Gudiño. Relatório Referese o presente processo a pedido de ressarcimento de IPI cumulado com pedido de compensação, relativo ao 4o trimestre de 2005, com fulcro no art.11 da Lei n. 9779/99. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de pedido de ressarcimento de crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, no valor de R$ 91.124,75, referente ao 4º trimestre de 2005, cumulado com pleito compensatório. Com vistas à efetivação dos exames necessários à apreciação do referido pedido, foi realizada diligência fiscal junto ao estabelecimento requerente, a qual resultou na elaboração do Termo de Informação Fiscal acostado às fls. 185 a 215 do processo digital, onde se encontra consignado, em suma, o seguinte: Foram glosados os créditos correspondentes a aquisições de “blanqueta” e “limpador de rolos”, em vista destes não se enquadrarem no conceito de matéria prima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME), não integrando o novo produto em fabricação, nem se desgastando em contato direto com este. Referidas glosas encontramse detalhadas na “Planilha de Créditos Glosados”. Foi identificada a falta de destaque do IPI em diversas notas fiscais de saída nas quais constavam classificações fiscais sujeitas a alíquotas positivas. O contribuinte justificouse alegando erro de classificação e apresentou amostras dos produtos (tais amostras encontramse acostadas ao Processo nº 19647.001895/200718, referente ao auto de infração lavrado por falta de destaque do IPI). Após análise individual, os produtos Imagem Adesiva, Notas Fiscais, Pastas Persona e Envelope, considerados pelo contribuinte como sendo alíquota zero, foram indicados pela fiscalização como sendo detentores de alíquotas positivas (respectivamente: 15%, 15%, 15% e 5%). Fl. 420DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 420 3 Constatouse que o contribuinte, em defesas apresentadas contra lançamentos efetuados em períodos anteriores, alegou a “não incidência do IPI sobre os produtos base da autuação, posto se tratar de produtos decorrentes da prestação de serviço gráfico, personalizados e sob encomenda, submetidos isoladamente ao ISS”. Todavia, é pacífico dentro da Receita Federal do Brasil o entendimento de que existe possibilidade de incidência autônoma do IPI em relação ao ISS, sendo contraditória a posição do contribuinte que, se por um lado, pretende eximirse da obrigação tributária em relação ao IPI, por outro, não se constrange em pleitear os créditos de IPI utilizados na alegada industrialização por encomenda. Em face dos ajustes efetuados, verificouse a inexistência de saldo credor passível de ser reconhecido, conforme indicado na “Planilha Reconstituição da Escrita”, razão pela qual propõese não reconhecer qualquer direito creditório concernente ao 4º trimestre de 2005 e não homologar o pleito compensatório correspondente. Posteriormente, foi exarado novo Termo de Informação Fiscal (fl. 219 do processo digital) que ratifica o posicionamento firmado pela fiscalização. Por meio do Despacho Decisório de fl. 221 (processo digital), a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Recife/PE, com fundamento nos Termos de Informação Fiscal supra referidos, não homologou as compensações declaradas e determinou a cobrança dos débitos que remanesceram em aberto. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 239 a 275 do processo digital, de onde se extraem, em síntese, as seguintes razões de discordância: Questiona o fato de terem sido considerados indevidos os créditos do imposto referentes às aquisições dos itens “blanqueta” e “limpador de rolos”, em vista de que os mesmos seriam consumidos no processo industrial e, por isso, se enquadrariam no conceito de produtos intermediários, consoante o art. 164, I, do RIPI/2002. Argumenta que a “blanqueta” seria responsável pela transferência da tinta ou do verniz ao produto gráfico, razão pela qual não haveria como negar seu desgaste em contato com o produto. Da mesma forma, no caso do “limpador de rolos” também não haveria razão para indeferir o crédito relativo à sua aquisição, posto que a limpeza por ele efetuada ocorreria durante e depois o processo de impressão, com o objetivo de retirar o excesso de tinta das impressoras offset. Destaca que o fato de os produtos serem consumidos lentamente no processo de industrialização não serviria para descaracterizálos como produtos intermediários. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 4 A esse respeito, transcreve ementa do Superior Tribunal de Justiça (REsp 18.3600SP). Segundo seu ponto de vista, tendo ficado caracterizado que os itens objeto de creditamento seriam imprescindíveis para a produção, impossível seria afastálos do conceito de produto intermediário, sob pena de configurar restrição ao princípio constitucional da nãocumulatividade do imposto. Para sustentar sua tese, apresenta também excerto doutrinário. Alega que a classificação fiscal por ele considerada, a qual redundou na adoção da alíquota 0% (zero) para os produtos imagem adesiva, notas fiscais, pastas personalizadas e envelope, estaria correta e que a fiscalização teria se equivocado ao atribuir aos referidos produtos a alíquota de 15% (equivocouse o impugnante nesse ponto já que para o produto envelope foi considerada pela fiscalização a alíquota de 5%). Nesse sentido, argumenta que as notas fiscais e blocos deveriam ser enquadrados na posição 4820.40.00 (0%), pois não haveria outra opção a não ser subsumilos na classificação “formulários contínuos com dizeres impressos”. Diz ainda que as pastas personalizadas possuíam classificação 4920.10.00 subposição atualmente inexistente , com alíquota 0% e que os envelopes por ele impressos, por possuírem “dizeres impressos”, ou seja, por serem timbrados, enquadrarseiam na 4817.10.00, com alíquota 0%, e não 5% como indicado pela fiscalização. Sustenta que o exame da classificação fiscal dos produtos em discussão demandaria a produção de prova pericial, razão pela qual a requer e formula quesitos a serem submetidos à perícia, conforme descrito à fl. 257 do processo digital, indicando a Sra. Sandra Gláucia Teixeira Bonifácio, CPF 004.987.34587, gerente administrativo, como sua assistente na prova pericial requerida. Passa a defender a nãoincidência do IPI sobre a produção gráfica, a qual estaria submetida exclusivamente ao ISS. Afirma que a regra da não cumulatividade (art. 153, § 3º, inciso II da CF) propiciaria ao IPI, diferentemente do ICMS, o direito aos créditos sem restrições, o que implicaria em que a não tributação na operação de saída não obstaria o uso do crédito registrado quando da entrada do produto. Quanto ao tema, apresenta fragmentos doutrinários e ementa de decisão do TRF 4ª Região (AC 200470000000779, DJU de 20.04.2005). Prossegue sustentando a impossibilidade de incidência do IPI em relação às operações industriais desenvolvidas, ou seja, sobre os serviços de composição gráfica personalizada e sob encomenda, que em conformidade com a lista de serviços anexa ao Decretolei 406/68 (recepcionado segundo expõe pela ordem constitucional como lei complementar), e também com a Lei Complementar 116/03, tratamse de atividades que comportariam apenas a incidência do ISS. Relaciona as atividades constantes da referida lista, quais sejam: composição gráfica; fotocomposição; clicheria; zincografia; litografia e fotoligrafia, e sustenta que tais serviços, a teor do disposto no § 1º do art. 8º do Dl 406/68 e nas Súmulas 156 do STJ e 143 do Fl. 422DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 421 5 extinto TFR (os quais transcreve juntamente com excerto doutrinário), estariam sujeitos apenas à incidência do ISS. Colaciona, às fls. 267/277 do processo digital, ementas de diversas decisões do STJ, além de decisão do STF e do 2º Conselho de Contribuintes (atual CARF), que corroborariam a tese da incidência isolada do ISS nos serviços de composição gráfica e aduz que os produtos por ele fabricados (pastas, adesivos, envelopes, blocos e notas fiscais) seriam elaborados de acordo com encomenda dos clientes, o que levaria toda a sua produção a se sujeitar apenas à incidência do ISS, afastando a incidência do IPI. Por fim, requer a reforma do despacho decisório, para o fim de conferir em sua plenitude o crédito originalmente postulado. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 IPI. PRODUTO GRÁFICO INDUSTRIALIZADO. INCIDÊNCIA. Uma vez caracterizada a operação de industrialização nos termos da legislação de regência, incide IPI sobre o produto industrializado gráfico. Para esse fim, é irrelevante o fato de o serviço gráfico prestado pelo contribuinte estar catalogado na lista anexa à Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, e sujeito à incidência do ISS, não havendo qualquer óbice legal nesse aspecto. BLANQUETA E LIMPADOR DE ROLOS. DIREITO CREDITÓRIO.INEXISTÊNCIA. Os itens blanqueta e limpador de rolos, utilizados em impressora offset no âmbito da produção industrial gráfica, não se configuram como matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, conforme conceitos da legislação do IPI, não gerando direito a crédito do imposto. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 TIPI. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Com suporte nas Regras Gerais para Interpretação e nas Regras Gerais Complementares, dentre os produtos industrializados pela contribuinte, “notas fiscais” classificamse no código 4820.90.00, “blocos”, no código 4820.10.00, “pastas personalizadas”, no código 4820.90.00, “envelopes”, no código 4817.10.00 e “imagem adesiva”, no código 3919.90.00 Fl. 423DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 6 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 PEDIDO DE PERÍCIA. Constando nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de perícia. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Na decisão ora recorrida entendeuse, em síntese, que a questão da incidência do IPI em produtos originados da prestação de serviços de artes gráficas, é prejudicial ao tema da classificação fiscal, entendendose que na CF de 1988, quando a obrigação de fazer consistente na prestação do serviço consubstanciarse numa operação de industrialização, deve ser a incidência concomitante do IPI e do ISS. Nesse contexto, afirmase na decisão recorrida que o enunciado da Súmula 156 do STJ não pode ser aplicado ao caso concreto para afastar a incidência do IPI, pois os precedentes que embasam a interpretação veiculada no verbete, referemse apenas ao conflito de competências no âmbito do ISS e ICMS. O mesmo raciocínio deveria ser aplicado à Súmula 143 do extinto TFR, uma vez que publicada em 1984, sob a égide da CF de 1969, onde existiam problemas de conflito de competência entre a União e os Municípios, nos âmbitos de incidência do IPI, do IOF e do ISS Quanto à classificação fiscal, observou que no processo nº 19647.001895/2007 15, a matéria foi apreciada, uma vez que diz respeito a auto de infração lavrado contra o mesmo contribuinte (Internacional Gráfica e Editora Ltda.), referente ao exercício 2003, ano calendário 2002. Observou que conforme consta da Informação Fiscal de fls. 185/215 do processo digital, os produtos cuja classificação é objeto de controvérsia no referido processo, são idênticos aos produtos cujas amostras foram anexadas. Assim, na decisão recorrida, entendeuse que, em relação a: Produto: nota fiscal de acordo com a decisão recorrida : A contribuinte indicou nas notas fiscais do período, para este produto, o código 4820.1000, com alíquota de 15%, entretanto não destacava o valor do IPI no documento fiscal, alegou durante a fiscalização que houve erro na classificação, e reclassificou para o código 4820.4000 (Ex 01) Formulários contínuos com dizeres impresso, com alíquota 0 (zero). A posição 4820 contém diversos produtos de papelaria (livros de registro e de contabilidade, blocos de notas, de encomendas, de recibos, de apontamentos, de papel para cartas, agendas e artigos semelhantes, cadernos, pastas para documentos, classificadores, capas para encadernação (de folhas soltas ou outras), capas de processo e outros artigos escolares, de escritório ou de papelaria, incluídos os formulários em blocos Fl. 424DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 422 7 tipo "minifold", mesmo com folhas intercaladas de papel carbono (papel químico*), de papel ou cartão; álbuns para amostras ou para coleções e capas para livros, de papel ou cartão), com exclusão dos artigos para correspondência da posição 4817 (envelopes, aerogramas, bilhetespostais não ilustrados e cartões para correspondência, de papel ou cartão; caixas, sacos e semelhantes, de papel ou cartão, conte1* ^o um sortido de artigos para correspondência) e dos artigos referidos na Nota 10 do capítulo 48 (folhas e cartões não reunidos, cortados em formato próprio, mesmo impressos, estampados ou perfurados). A codificação 4820.4000 compreende os formulários em blocos tipo "manifold", mesmo com folhas intercaladas de papel carbono (papel químico*), sendo que no Ex 01 compreende os formulários contínuos, com dizeres impressos. Pelo exame da amostra anexada ao processo n° 19647.0018895/200715, auto de infração que trata da mesma matéria, e pelas informações reunidas nos autos, podemos constatar que não se aplica ao formulário em questão a classificação feita pela contribuinte, pois O mesmo não apresenta as características próprias dos formulários em blocos tipo "manifold" (são formulários constituídos por vários jogos e impressos de escritório fixados sobre papel autocopiante ou contendo folhas de papelcarbono papel químico, conforme descrição da NESH) ou dos formulários contínuos, condições determinantes para a classificação do produto na referida codificação. Quanto ao produto em referência, tratase de formulários em papel, com campos impressos de caráter acessório e campos destinados a serem complementados à mão ou à máquina, que não são fabricados em papel autocopiante ou contendo folhas de papelcarbono. Portanto, correta a classificação feita pela fiscalização que reclassificou o produto para o código 4820.9000 outros..., sem desdobramentos regionais, com alíquota de 15%, com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado/ RGI/SH e Tabelas de Incidência do IPI TIPI, aprovada pelos Decreto n° 2.092, de 1996, e Decreto 3.777, de 2001. Produto: blocos de acordo com a decisão recorrida : O estabelecimento emitia notas fiscais de saída do referido produto sem codificação fiscal, conforme planilha elaborada pela fiscalização, "Planilha Demonstrativa de Apuração do IPI", fls. 196 a 219. Em sua defesa a contribuinte diz que os "blocos" estão enquadrados na codificação 4820.4000. Pelas informações contidas nos autos, podemos constatar que não se aplica aos produtos em questão a classificação feita pela contribuinte, tendo em vista que os blocos não apresentam as características próprias dos formulários em blocos tipo Fl. 425DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 8 "manifold" ou formulários contínuos, condições determinantes para a classificação do produto na referida codificação. Observase dos autos que se trata de formulários em papel com campos destinados a serem preenchidos à mão ou à máquina, que não são fabricados em papel autocopiante ou contendo folhas de papelcarbono, conforme descrição constante da planilha elaborada pela fiscalização, fls. 196 a 219, (bloco para anotações 20x1 via III Workshop, blocos pedidos de venda regional NE 50x2, blocos de receituário, blocos 40x1 via 3o encontro de agentes, blocos relatórios de despesas, blocos slip contabilidade 02.01.035, blocos aut p/abastecimento 07.03.095 1, blocos 50x1 vias comanda restaurante, blocos de bilhetes campina da sorte, etc). Portanto, correta a classificação feita pela fiscalização que reclassificou o produto para o código 4820.1000 blocos de nota, de encomendas, de recibos, de apontamentos, de papel para cartas, agendas e artigos semelhantes, com alíquota de 15%, com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado/ RGI/SH e Tabelas de Incidência do IPI TIPI, aprovada pelos Decreto n° 2.092, de 1996, e Decreto 3.777, de 2001. Produto: pastas personalizadas de acordo com a decisão recorrida: A contribuinte indicou nas notas fiscais do período, para este produto, o código 4820.1000, com alíquota de 15%, entretanto não destacava o valor do IPI no documento fiscal, alegou durante a fiscalização que houve erro na classificação, e reclassificou o produto para o código 4920.1000, com alíquota 0 (zero). Posteriormente, afirma, na impugnação, que se trata de blocos de papel para cartas com dizeres impressos, e que esta subposição deixou de existir. Verificase, pelo exame da amostra anexada ao processo n° 19647.0018895/200715 e pelas informações constantes dos autos, que se trata de pasta personalizada, com impressão de caráter acessório, próprios para uso em escritório. Portanto, correta a classificação feita pela fiscalização que reclassificou o produto para o código 4820.9000 outros..., sem desdobramentos regionais, com alíquota de 15%, com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado/ RGI/SH e Tabelas de Incidência do IPI TIPI, aprovada pelos Decreto n° 2.092, de 1996, e Decreto 3.777, de 2001. Produto: envelope de acordo com a decisão recorrida : A contribuinte indicou nas notas fiscais do período, para este produto, o código 4817.1010, com alíquota de 5%, entretanto não destacava o valor do IPI no documento fiscal, alegou durante a fiscalização que houve erro na classificação, e reclassificou para o código 4817.1000 Formulários contínuos com dizeres impresso, com alíquota 0 (zero). Fl. 426DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 423 9 A posição 4817 abrange os artefatos de papel ou cartão para correspondência (envelopes, aerogramas, bilhetes, etc..) e na subposição 4817.1000 envelopes, Ex 01 com dizeres impressos. Cabe salientar que não existe divergência quanto a posição e subposição de Io nível, apenas em relação a alíquota, cujo "ex 01" tarifário prevê alíquota 0 (zero). Portanto, correta a classificação feita pela fiscalização que classificou o produto que não tinha os "dizeres impressos", conforme Termo de Informação Fiscal, fl. 233, com o código 4817.1000 envelopes, com alíquota de 15%, sem desdobramentos regionais, com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado n° 1 RGI /SH e Tabelas de Incidência do IPI TIPI, aprovada pelos Decretos n° 2.092, de 1996, e n° 3.777, de 2001. No que tange ao pedido de reconhecimento de crédito dos produtos “blanqueta” e “limpador de rolos”, consoante indicado no Termo de Informação Fiscal acostado às fls. 185 a 215 do processo digital, da mesma maneira, houve o indeferimento, pois o primeiro seria peça de reposição incorporada a maquinário (impressora offset) que se consome lentamente durante o processo industrial, o que denota estar o referido produto submetido ao desgaste normal, decorrente de uso, para uma peça de reposição, devendo receber o mesmo tratamento dispensado aos bens aos quais se incorporam; o segundo – limpador de rolos – por possuir características atinentes a material a ser utilizado na manutenção (limpeza) de equipamentos e que é utilizado, inclusive, após o processo de industrialização. Em sede de recurso voluntário, a Recorrente reiterou os argumentos da manifestação de inconformidade, atacando a desclassificação fiscal empregada pela fiscalização, e, defendendo que as alíquotas de IPI aplicada aos produtos por ela produzidos seriam: PRODUTO CLASSIFICAÇÃO CONFORME A RECORRENTE ALÍQUOTA Imagem Adesiva 4908.90.00 0% Notas Fiscais 4820.40.00 0% Pastas Personalizadas 4920.10.00 0% Envelope 4817.10.00 0% Assim, não haveria dúvidas que o exame da classificação fiscal demandaria a produção de prova pericial, sob pena de cerceamento do direito de defesa e vulneração ao inciso LV do art. 5o da Carta da República, de maneira que requer a conversão do julgamento em diligência. Ademais, afirma o direito pleno ao crédito diante da não incidência do IPI sobre produtos tributados em decorrência da prestação de serviço gráfico, submetido exclusivamente ao Imposto Sobre Serviço (ISS), pois o elemento preponderante na operação é uma obrigação de fazer, da industrialização gráfica sob encomenda. Fl. 427DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 10 Ainda, haveria a abrangência de cada um dos serviços elencados na lista de incidência do ISS, tais como composição gráfica, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia e fotoligrafia. Assim, afastada estaria a incidência de qualquer outro imposto, inclusive o IPI, conforme disciplinava o §12, do art. 8o, do Decreto Lei n° 406/68, entendimento corroborado pelas Súmulas 156 do STJ e 143 do extinto TFR. Sobre o limpador de rolos e blanqueta, reiterou os argumentos de manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. O litígio versa sobre pedido de ressarcimento de IPI, relativo ao 4º trimestre de 2005, decorrente de pagamento a maior do IPI, verificado em virtude de erros de classificação fiscal adotada pelo contribuinte para imagem adesiva, pasta personalizada, envelope, notas fiscais. Inicialmente, como bem salientado na decisão recorrida, prejudicial ao julgamento da presente contenda, é decidir quanto à inclusão da operação em comento, no campo de incidência do IPI, uma vez que esta determinará o prosseguimento do julgamento ou não, quanto aos demais itens ventilados. Em consonância com a decisão recorrida, os bens originários dos serviços gráficos por encomenda, estariam sujeitos concomitantemente ao IPI e ao ISS, uma vez que sob a égide da Constituição Federal de 1988 não haveria vedação para tanto. Assim, fato incontroverso nos autos é que os serviços aqui referidos estão arrolados na lista de serviços, que à época dos fatos geradores, era veiculada pela Lei Complementar 116/2003, de sorte que não se contesta a incidência do imposto sobre serviços na hipótese. Ora, a afirmação veiculada na decisão recorrida ignora a rígida delimitação de competências tributárias, tão cautelosamente delineada na Carta Constitucional de 1988, sustentáculo de nossa estrutura federativa e cláusula pétrea constitucional. Cada um dos entes federativos detém competência para instituir e arrecadar os tributos incidentes sobre fatos geradores prescritos e determinados nas regras de competência constitucional, com exclusividade. É certo que é infinita a riqueza da realidade fática, que muitas vezes pode levar o aplicador da norma a se defrontar com conflitos de competência, quando não fica claro para determinado fato gerador, qual a regramatriz de incidência que este se subsume, situações estas de zona cinzenta. Fl. 428DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 424 11 De acordo com a CF/88, compete aos Municípios instituir ISSQN sobre "serviços de qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, II, definidos em lei complementar" (CF, art. 156, III). Anexa à Lei Complementar 116 há a lista dos serviços objeto de incidência do imposto, de competência municipal. Dispõe o art. 1º, § 2º da Lei Complementar 116/2003 que ' Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. Nessa esteira, o Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1092206 / SP, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos, pela Primeira Seção, e sob a relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki, firmou o entendimento que para os serviços de composição gráfica, apenas incide o ISS, chancelando o disposto no verbete 156 desta Corte, como se depreende: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. DELIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA ENTRE ESTADOS E MUNICÍPIOS. ICMS E ISSQN. CRITÉRIOS. SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA. SÚMULA 156 DO STJ. 1.Segundo decorre do sistema normativo específico (art. 155, II, § 2º, IX, b e 156, III da CF, art. 2º, IV, da LC 87/96 e art. 1º, §2º, da LC 116/03), a delimitação dos campos de competência tributária entre Estados e Municípios, relativamente à incidência de ICMS e de ISSQN, está submetida aos seguintes critérios: (a) sobre operações de circulação de mercadoria e sobre serviços de transporte interestadual e internacional e de comunicações incide ICMS; (b) sobre operações de prestação de serviços compreendidos na lista de que trata a LC 116/03 (que sucedeu ao DL 406/68), incide ISSQN; e (c) sobre operações mistas, assim entendidas as que agregam mercadorias e serviços, incide o ISSQN sempre que o serviço agregado estiver compreendido na lista de que trata a LC 116/03 e incide ICMS sempre que o serviço agregado não estiver previsto na referida lista. 2. As operações de composição gráfica, como no caso de impressos personalizados e sob encomenda, são de natureza mista, sendo que os serviços a elas agregados estão incluídos na Lista Anexa ao DecretoLei 406/68 (item 77) e à LC 116/03 (item 13.05). Consequentemente, tais operações estão sujeitas à incidência de ISSQN (e não de ICMS), Confirmase o entendimento da Súmula 156/STJ: "A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS." Precedentes de ambas as Turmas da 1ª Seção. 3. Recurso especial provido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. Fl. 429DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 12 Mutatis mutandis, o mesmíssimo entendimento aplicase para as hipóteses de conflito de competência envolvendo o ISS e o IPI, para os serviços de composição gráfica, como já se manifestou, da mesma forma, o Superior Tribunal de Justiça, in verbis: RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. COMPOSIÇÃO GRÁFICA PERSONALIZADA E SOB ENCOMENDA. IPI. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA 156/STJ. 1. A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, está sujeita apenas ao ISS, não se submetendo ao ICMS ou ao IPI. Precedentes. 2. Aplicação analógica da Súmula n. 156/STJ. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1308633 / SP, SEGUNDA TURMA, Ministro CASTRO MEIRA, DJe 01/10/2013) Assim, entendese que as operações realizadas no caso em tela, estão fora do campo de incidência do IPI, isto é, são produtos não tributados. A partir daí, outro campo de questionamentos se abre, qual seja, sobre a possibilidade de ressarcimento de créditos de IPI, no caso dos produtos não tributados. Sobre essa questão, da mesma forma, a jurisprudência, seja do Judiciário, seja a administrativa, da mesma forma, é assente. A aplicação do princípio da nãocumulatividade do IPI pressupõe que o produto esteja no campo de incidência do IPI, não havendo o direito à manutenção dos créditos relativos às aquisições de insumos, pois referido princípio realizase nas situações em que há débitos na saída dos produtos. Assim, determina a Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Interessante observar que em outros processos administrativos, em que figura como parte a Recorrente decidiuse nesse sentido, como se verifica: Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2006 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA POR INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE PERÍCIA. DILIGENCIA. INEXISTÊNCIA. Poderá a autoridade julgadora denegar pedido de diligência ou perícia quando entendêlas desnecessária ou julgamento do mérito, sem que isto ocasione cerceamento de direito de defesa. IPI. NÃO INCIDÊNCIA. SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA PREPONDERÂNCIA DOS SERVIÇOS. LANÇAMENTO. DESCABIMENTO. Fl. 430DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 425 13 Nos casos em a atividade empresarial se constitui em uma obrigação de fazer, personalizada, para uso próprio do encomendante, o que prepondera é o serviço e não a indústria, e, como tal, está realizada a hipótese de incidência do ISS, que grava os serviços, e não há lugar para estar concomitantemente gravada pela incidência do IPI pelo fato de ter havido “transformação”, pois que esta, no caso, é da essência (atividade meio) do próprio serviço (atividade fim). IPI. NÃO CUMULATIVIDADE. OPERAÇÃO DE SAÍDA NÃO TRIBUTADA. VEDAÇÃO À MANUTENÇÃO DOS CRÉDITOS. ARTS. 11, DA LEI Nº 9.779/99, 190, § 1º E 193, INC. I, “A” DO RIPI/02 (ARTS. 171 E 174 DO RIPI/98) E IN/SRF nº 33/99. Encontrandose fora do campo de incidência do IPI a saída do produto adquirido pela Recorrente, não há como se cogitar a aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI, cujo pressuposto é exatamente a efetiva incidência do tributo na saída do estabelecimento industrializador. Nesse sentido, a legislação em vigor expressamente veda a manutenção de créditos relativos a MP, PI e ME que, sabidamente, se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, obrigando ainda ao estorno dos referidos créditos. Recurso Voluntário Provido em Parte. (Acórdão nº 3402002.024 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária) Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 01/01/2002 a 30/06/2002 Ementa: CRÉDITO DE IPI.. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RESSARCIMENTO INDEVIDO. FATO GERADOR DO ISS. As operações de prestação de serviço a encomendante, ainda que realizadas por industrial, por não estarem no campo de incidência do IPI, não qualificam a aquisição para conferir o direito ao crédito. Indevido, portanto, o crédito escritural e a apuração do saldo credor para percepção dos créditos acumulados de IPI, nos termos do art. 11 da Lei 9.779/99. RECURSO VOLUNTÁRIO IMPROVIDO (Acórdão nº310100.713– 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária) Finalmente, em face do exposto, verificase que as demais questões ficam prejudicadas em virtude da prejudicial. Em face do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 431DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 14 Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Verifico, inicialmente, diante das provas trazidas aos autos, que o procedimento de diligência solicitado é desnecessário, encontrandose o presente processo apto para julgamento. Tratase o presente processo de pedido de ressarcimento de IPI cumulado com pedido de compensação, ao qual foi concedido apenas provimento parcial devido a não inclusão na base de cálculo do tributo de valores percebidos com a saída de produtos sujeitas à tributação. A questão inicial, e o motivo da discordância em relação ao voto da eminente relatora, tem por cerne definir se as saídas de produtos decorrente de prestação de serviços gráficos por encomenda estariam sujeitas ao IPI. Sobre o tema já se posicionou a Câmara Superior de Recursos Fiscais (Ac. 9303002265 – 3ª Turma, sessão de 9/5/13), em voto da lavra do Conselheiro Júlio César Alves Ramos, o qual transcrevese abaixo: [...] Como relatado, a questão a ser dirimida é única: cabe IPI sobre atividade que conste na lista de serviços anexa ao Decretolei 406/68 e na Lei Complementar 116/2003? Entendo que sim. É que, a meu ver, ditas listas – e isso fica claro ao menos depois da promulgação da Carta Política de 1988 – destinamse exclusivamente a dirimir conflitos de competência entre os Estados e Municípios no que tange à incidência do ISS e do ICMS, dado que a Constituição expressamente impediu sua cumulação. Nada nela há, contudo, que impeça a cumulação de IPI com ISS, assim como não há para evitar que se tribute o IPI numa atividade já submetida ao ICMS. Essa consideração inicial já é suficiente para afastar a pretensão da recorrente de que se aplique hoje a Súmula 143 do extinto Tribunal Federal de Recursos: embora ela, de fato, mencione o IPI, foi editada na vigência da Carta anterior. Nela, como aliás reconhecido pelos renomados doutrinadores citados pela i. relatora que me antecedeu, havia dúvidas quanto à possibilidade de cumulação do IPI com o ISS. Realmente, faço coro com as abalizadas considerações expendidas pelas autoridades julgadoras de primeiro grau que peço vênia para transcrever: O que se debate nos autos consiste em saber se existe alguma incompatibilidade entre a incidência do IPI, do ISS e do ICMS numa operação econômica em que para se prestar um serviço é Fl. 432DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 426 15 necessário industrializar um produto e entregar uma mercadoria, tal como se dá no caso do serviço de artes gráficas. Tendo em conta que o debate versa sobre competência tributária, a investigação deve principiar pela Constituição Federal, pois os âmbitos de incidência dos tributos estão predefinidos na Carta pelos respectivos arquétipos constitucionais. O art. 153 da CF/88 ao dizer que "...Compete à União instituir impostos sobre: ... IV produtos industrializados; "e que o IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior;" revela que o critério material da hipótese de incidência tributária é a execução de uma operação de industrialização. Esta é também o critério quantitativo da regra matriz de incidência, porquanto, ao estabelecer que o IPI "...será não cumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;" o dispositivo constitucional nada mais fez do que dizer que a base de cálculo do imposto é o valor de cada operação da qual resulte num produto industrializado. O art. 155 da CF/88, por seu turno, ao fixar a regramatriz de incidência do ICMS estabelece que "Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, (...)". Depreendese daí que o aspecto material da hipótese de incidência do imposto estadual é a realização de operações relativas à circulação de mercadorias ou sobre a prestação dos serviços indicados. O imposto não incide sobre a mercadoria e nem sobre a circulação, incide sobre operações relativas à circulação, ou seja, negócios jurídicos de natureza mercantil que importem a transferência de domínio sobre a mercadoria. Estas operações relativas à circulação de mercadorias, consubstanciando negócios jurídicos de natureza mercantil, encerram duas obrigações de dar (entregar a mercadoria e pagar o preço). Relativamente ao ISS, sua regramatriz insculpida no art. 156 da CF/88 estabelece que ".... Compete aos Municípios instituir impostos sobre: (...) III serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar."Ou seja, o imposto municipal incide sobre todos os serviços não inseridos na órbita de incidência do imposto estadual. (...) Conforme o termo de verificação, os clientes do autuado, ao encomendarem as etiquetas mediante o envio das especificações técnicas, estão em verdade encomendando uma prestação de serviço, consistente na execução personalizada de etiquetas impressas em suportes de plástico (art. 8° do DL n° 406/68). Fl. 433DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 16 Para que a encomenda possa ser executada, o autuado é obrigado a adquirir insumos no mercado interno e a transformálos em um novo produto que, posteriormente, sairá do estabelecimento no momento da entrega ao cliente (arts. 4°, I e 32, II do RIPI/98). Finalmente, ao consumar a prestação do serviço, mediante a tradição da coisa e do recebimento do preço, promove a circulação de uma mercadoria (art. 2°, I, da LC n° 87/96). Inequívoco, portanto, que neste caso, a prestação de serviço (obrigação de fazer algo) não pode existir sem a execução de uma operação de industrialização, seguida da entrega de uma mercadoria (obrigação de dar). Logo, para poder prestar o serviço o autuado pratica os fatos geradores dos três impostos, IPI, ISS e ICMS, tudo dentro de uma mesma operação econômica. Resta verificar se existe alguma vedação constitucional para esta tríplice incidência tributária. A CF/69, quando tratava da competência dos Municípios para instituir impostos, excluía expressamente a competência municipal, diante de fatos sujeitos às competências da União e dos Estados, conforme se pode verificar em seu art. 25, verbis: Art 25 Compete aos Municípios decretar impostos sobre: ' I— (omissis); II serviços de qualquer natureza não compreendidos na competência tributária da União ou dos Estados, definidos em lei complementar. Como na CF/88 esta exclusão de competência foi mantida apenas em relação ao ICMS (art. 156, III, da CF88), a conseqüência jurídica disto é que nos casos como no dos autos, quando a obrigação de fazer consistente na prestação do serviço se consubstanciar numa operação de industrialização, é perfeitamente possível a incidência do IPI e do ISS, á luz das respectivas regrasmatrizes de incidência fixadas na constituição vigente. Portanto, uma vez promulgada a Constituição vigente, tal cumulação só é expressamente impedida entre o ISS e o ICMS. Outra não é, a propósito, a razão para que a Súmula 156 do STJ, esta sim já editada na vigência da atual Carta Política, apenas faça referência ao ICMS, nenhuma menção havendo ao IPI. Nesse primeiro ponto, pois, não divirjo das decisões proferidas nos autos: não há Súmula oriunda de tribunal superior que indique a impossibilidade de cumulação pretendida. [...] Adotando o conteúdo da decisão acima transcrita como fundamento deste voto, manifestome pela incidência do IPI em relação a saída de produtos industrializados decorrente de prestação de serviços gráficos por encomenda. Fl. 434DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 427 17 No tocante a segunda questão posta em julgamento, qual seja a falta de inclusão na base de cálculo do IPI de saídas tributadas, e que resultou no indeferimento dos créditos em litígio, resta definir a classificação fiscal adequada aos produtos nota fiscal, imagem adesiva, pastas personalizadas e envelope. Neste ponto, novamente se mostra correta a decisão recorrida, da qual extrai se o entendimento abaixo transcrito, ao qual se adota como fundamento do voto: Classificação Fiscal Segundo o Termo de Informação Fiscal, fls. 223 a 237 a maior parte dos produtos industrializados pela contribuinte estão sujeitos à alíquota zero do IPI, no entanto, observou a falta de destaque do imposto em diversas notas fiscais de saídas contendo classificação fiscal com alíquota positiva, alterada posteriormente pela impugnante, após intimação, para classificação fiscal com alíquota zero, sob alegação de que houve erro de classificação para os referidos produtos. Os produtos tributados pela fiscalização foram classificados com base na Tabela de Incidência do IPI TIPI/1996, aprovada pelo Dec. n° 2.092, de 1996, para os produtos saídos até 31/03/2001, e na TIPI/2001, aprovada pelo Dec. n° 3.777, de 2001, e por meio das Regras Gerais para Interpretação (RGI) e Regras Gerais Complementares (RGC) da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias/Sistema Harmonizado NBM/SH, substituída pela Nomenclatura Comum do Mercosul NCM, com utilização subsidiária das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH), em acordo com os artigos do RIPI/98 e Resolução CBN n° 75, de 23 de agosto de 1988. Produto: nota fiscal A contribuinte indicou nas notas fiscais do período, para este produto, o código 4820.1000, com alíquota de 15%, entretanto não destacava o valor do IPI no documento fiscal, alegou durante a fiscalização que houve erro na classificação, e reclassificou para o código 4820.4000 (Ex 01) Formulários contínuos com dizeres impresso, com alíquota 0 (zero). A posição 4820 contém diversos produtos de papelaria (livros de registro e de contabilidade, blocos de notas, de encomendas, de recibos, de apontamentos, de papel para cartas, agendas e artigos semelhantes, cadernos, pastas para documentos, classificadores, capas para encadernação (de folhas soltas ou outras), capas de processo e outros artigos escolares, de escritório ou de papelaria, incluídos os formulários em blocos tipo "minifold", mesmo com folhas intercaladas de papel carbono (papel químico*), de papel ou cartão; álbuns para amostras ou para coleções e capas para livros, de papel ou cartão), com exclusão dos artigos para correspondência da posição 4817 (envelopes, aerogramas, bilhetespostais não ilustrados e cartões para correspondência, de papel ou cartão; caixas, sacos e semelhantes, de papel ou cartão, contendo um Fl. 435DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 18 sortido de artigos para correspondência) e dos artigos referidos na Nota 10 do capítulo 48 (folhas e cartões não reunidos, cortados em formato próprio, mesmo impressos, estampados ou perfurados). A codificação 4820.4000 compreende os formulários em blocos tipo "manifold", mesmo com folhas intercaladas de papel carbono (papel químico*), sendo que no Ex 01 compreende os formulários contínuos, com dizeres impressos. Pelo exame da amostra anexada ao processo n° 19647.0018895/200715, auto de infração que trata da mesma matéria, e pelas informações reunidas nos autos, podemos constatar que não se aplica ao formulário em questão a classificação feita pela contribuinte, pois o mesmo não apresenta as características próprias dos formulários em blocos tipo "manifold" (são formulários constituídos por vários jogos e impressos de escritório fixados sobre papel autocopiante ou contendo folhas de papelcarbono — papel químico, conforme descrição da NESH) ou dos formulários contínuos, condições determinantes para a classificação do produto na referida codificação. Quanto ao produto em referência, tratase de formulários em papel, com campos impressos de caráter acessório e campos destinados a serem complementados à mão ou à máquina, que não são fabricados em papel autocopiante ou contendo folhas de papelcarbono. Portanto, correta a classificação feita pela fiscalização que reclassificou o produto para o código 4820.9000 outros..., sem desdobramentos regionais, com alíquota de 15%, com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado/ RGI/SH e Tabelas de Incidência do IPI TIPI, aprovada pelos Decreto n° 2.092, de 1996, e Decreto 3.777, de 2001. Produto: Blocos O estabelecimento emitia notas fiscais de saída do referido produto sem codificação fiscal, conforme planilha elaborada pela fiscalização, "Planilha Demonstrativa de Apuração do IPI", fls. 196 a 219. Em sua defesa a contribuinte diz que os "blocos" estão enquadrados na codificação 4820.4000. Pelas informações contidas nos autos, podemos constatar que não se aplica aos produtos em questão a classificação feita pela contribuinte, tendo em vista que os blocos não apresentam as características próprias dos formulários em blocos tipo "manifold" ou formulários contínuos, condições determinantes para a classificação do produto na referida codificação. Observase dos autos que se trata de formulários em papel com campos destinados a serem preenchidos à mão ou à máquina, que não são fabricados em papel autocopiante ou contendo folhas de papelcarbono, conforme descrição constante da planilha elaborada pela fiscalização, fls. 196 a 219, (bloco para anotações 20x1 via III Workshop, blocos pedidos de venda regional NE 50x2, blocos de receituário, blocos 40x1 via 3o encontro de agentes, blocos relatórios de despesas, blocos slip Fl. 436DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 428 19 contabilidade 02.01.035, blocos aut. p/abastecimento 07.03.095 1, blocos 50x1 vias comanda restaurante, blocos de bilhetes campina da sorte, etc). Portanto, correta a classificação feita pela fiscalização que reclassificou o produto para o código 4820.1000 blocos de nota, de encomendas, de recibos, de apontamentos, de papel para cartas, agendas e artigos semelhantes, com alíquota de 15%, com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado/ RGI/SH e Tabelas de Incidência do IPI TIPI, aprovada pelos Decreto n° 2.092, de 1996, e Decreto 3.777, de 2001. Produto: pastas personalizadas A contribuinte indicou nas notas fiscais do período, para este produto, o código 4820.1000, com alíquota de 15%, entretanto não destacava o valor do IPI no documento fiscal, alegou durante a fiscalização que houve erro na classificação, e reclassificou o produto para o código 4920.1000, com alíquota 0 (zero). Posteriormente, afirma, na impugnação, que se trata de blocos de papel para cartas com dizeres impressos, e que esta subposição deixou de existir. Verificase, pelo exame da amostra anexada ao processo n° 19647.0018895/200715 e pelas informações constantes dos autos, que se trata de pasta personalizada, com impressão de caráter acessório, próprios para uso em escritório. Portanto, correta a classificação feita pela fiscalização que reclassificou o produto para o código 4820.9000 outros..., sem desdobramentos regionais, com alíquota de 15%, com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado/ RGI/SH e Tabelas de Incidência do IPI TIPI, aprovada pelos Decreto n° 2.092, de 1996, e Decreto 3.777, de 2001. Produto: envelope A contribuinte indicou nas notas fiscais do período, para este produto, o código 4817.1010, com alíquota de 5%, entretanto não destacava o valor do IPI no documento fiscal, alegou durante a fiscalização que houve erro na classificação, e reclassificou para o código 4817.1000 Formulários contínuos com dizeres impresso, com alíquota 0 (zero). A posição 4817 abrange os artefatos de papel ou cartão para correspondência (envelopes, aerogramas, bilhetes, e t c . ) e na subposição 4817.1000 envelopes, Ex 01 – com dizeres impressos. Cabe salientar que não existe divergência quanto a posição e subposição de Io nível, apenas em relação a alíquota, cujo "ex 01" tarifário prevê alíquota 0 (zero). Fl. 437DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 20 Portanto, correta a classificação feita pela fiscalização que classificou o produto que não tinha os "dizeres impressos", conforme Termo de Informação Fiscal, fl. 233, com o código 4817.1000 envelopes, com alíquota de 15%, sem desdobramentos regionais, com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado n° 1 RGI /SH e Tabelas de Incidência do IPI TIPI, aprovada pelos Decretos n° 2.092, de 1996, e n° 3.777, de 2001. No que tange ao produto imagem adesiva, o defendente apenas cita em uma tabela (fl. 251 do processo digital) que a classificação fiscal correta seria 4908.90.00, com alíquota zero. No entanto, não traz qualquer elemento que pudesse endossar tal classificação ou infirmar a classificação apontada pela fiscalização (3919.90.00 – 15%), nem sequer tece comentários a esse respeito no texto de sua manifestação de inconformidade. Quanto à questão, vale destacar inicialmente que os artigos da posição 39.19 constituem exceção aos plásticos e suas obras classificados no Capítulo 49 a que se refere o interessado, conforme Nota 2 da Seção VII da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias baseada no Sistema Harmonizado (NBM/SH), a seguir transcrita: Nota 2 da Seção VII da NBM/SH “2. Com exceção dos artigos das posições 39.18 e 39.19, classificamse no Capítulo 49 os plásticos, a borracha e as obras destas matérias, com impressões ou ilustrações que não tenham caráter acessório relativamente à sua utilização original.” Ocorre que em comentário relativo à transcrita Nota 2 da Seção VII, as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), fonte subsidiária para a interpretação das posições, esclarecem que os artigos da posição 39.19, dentre eles as autoadesivas, mesmo contendo impressões que não sejam de caráter acessório, não se incluem no Capítulo 49, permanecendo classificados na referida posição: “Seção VII PLÁSTICOS E SUAS OBRAS; BORRACHA E SUAS OBRAS (...) CONSIDERAÇÕES GERAIS (...) Nota 2 da Seção. Os artigos da posição 39.18 (revestimentos de pavimentos, revestimentos de paredes ou de tetos, de plásticos) e da posição 39.19 (chapas, etc., autoadesivas, de plásticos), mesmo com impressões ou ilustrações que não tenham caráter acessório relativamente à sua utilização inicial, não se incluem no Capítulo 49 mas permanecem classificados nas posições acima mencionadas. (...)” (grifos não são do original) Fl. 438DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 10480.720062/200714 Acórdão n.º 3201001.653 S3C2T1 Fl. 429 21 Além disso, é de se observar que a classificação adotada pela fiscalização, qual seja, 3919.90.00, com alíquota de 15%, é idêntica à originalmente constante das notas fiscais de saída do produto imagem adesiva, conforme resposta apresentada pelo contribuinte (fls. 65/67 do processo digital) ao Termo de Intimação e Ciência Pessoal (fls. 61/63 do processo digital). Assim, em face dos fundamentos expostos no Termo de Informação Fiscal acostado às fls. 185 a 215 do processo digital, baseados que foram na análise da amostra do produto frente às regras de classificação fiscal atinentes, temse como correta a classificação indicada pela autoridade fiscal. Por fim, no tocante aos créditos referentes a aquisição de blanqueta e limpador de rolo, os mesmos foram glosados devido a não corresponderem ao conceito de insumos de seu processo industrial. A recorrente questiona o fato de terem sido considerados indevidos os créditos do imposto referentes às aquisições dos itens “blanqueta” e “limpador de rolos”, em vista de que os mesmos seriam consumidos no processo industrial e, por isso, se enquadrariam no conceito de produtos intermediários, consoante o art. 164, I, do RIPI/2002. Argumenta ainda que a “blanqueta” seria responsável pela transferência da tinta ou do verniz ao produto gráfico, razão pela qual não haveria como negar seu desgaste em contato com o produto. Da mesma forma, no caso do “limpador de rolos” também não haveria razão para indeferir o crédito relativo à sua aquisição, posto que a limpeza por ele efetuada ocorreria durante e depois o processo de impressão, com o objetivo de retirar o excesso de tinta das impressoras offset. Segundo previsto na legislação do tributo, somente se caracterizam como matériaprima e produto intermediário os insumos empregados diretamente na industrialização de produto final ou que, embora não se integrem a este, sejam consumidos efetivamente em seu fabrico, isto é, sofram, em função de ação exercida efetivamente sobre o produto em elaboração, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas. A contrário senso, não integrando o produto final ou não havendo o desgaste decorrente do contato físico, ou de uma ação direta exercida sobre o produto em fabricação, não pode ser considerado como matériaprima ou produto intermediário. Sem sendo estes os requisitos para o creditamento, entendo que a blanqueta se caracteriza como insumo à luz da legislação do IPI, haja vista, apesar de não integrar o produto final, sofrer desgaste em função de ação exercida efetivamente sobre o produto em elaboração. Em relação ao limpador de rolos, contudo, manifesto minha concordância com a decisão recorrida, posto este por possuir características atinentes a material utilizado na manutenção (limpeza) de equipamentos, não integrando o produto final nem tampouco exercendo ação sobre o produto em fabricação. Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário, .concedendo crédito em relação às aquisições de “blanqueta”. (assinado digitalmente) Fl. 439DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 22 Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto – Redator designado Fl. 440DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/11/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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