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Numero do processo: 16682.900711/2014-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO. IRRF SOBRE RECEITAS FINANCEIRAS. REGIME DE COMPETÊNCIA. OFERECIMENTO À TRIBUTAÇÃO
Comprovado o oferecimento à tributação das receitas financeiras sobre as quais incidiu o IRRF parcela do Saldo Negativo pleiteado, é de se reconhecer o direito creditório correspondente.
Numero da decisão: 1201-002.805
Decisão:
Vistos, discutidos e relatados os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em dar provimento ao recurso voluntário, por unanimidade.
(assinado digitalmente)
Allan Marcel Warwar Teixeira Relator
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente) Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: ALLAN MARCEL WARWAR TEIXEIRA
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SALDO NEGATIVO. IRRF SOBRE RECEITAS FINANCEIRAS. REGIME DE COMPETÊNCIA. OFERECIMENTO À TRIBUTAÇÃO Comprovado o oferecimento à tributação das receitas financeiras sobre as quais incidiu o IRRF parcela do Saldo Negativo pleiteado, é de se reconhecer o direito creditório correspondente. Vistos, discutidos e relatados os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em dar provimento ao recurso voluntário, por unanimidade. (assinado digitalmente) Allan Marcel Warwar Teixeira – Relator (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente) – Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 07 11 /2 01 4- 06 Fl. 587DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 588 2 Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário em Per/Dcomp interposto por LOJAS AMERICANAS S/A contra acórdão decisão de 1a. Instância que negou o reconhecimento de parcela do Saldo Negativo de IRPJ referente a IRRF sobre aplicações financeiras. A questão central decorrera do descompasso entre a tributação do IRRF, por regime de caixa, e do correspondente oferecimento à tributação das receitas, por regime de competência. A não coincidência entre estes valores natural, por sinal levou à DRF de origem presumir o não oferecimento à tributação de parte deles. A ementa da decisão recorrida é a que se segue: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 IRRF. UTILIZAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real que sofreu o ônus da retenção do IRRF só poderá compensar o imposto devido, na apuração do período de referência, se a receita correspondente também for levada a resultado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA. Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar as alegações que oponha ao ato administrativo. Inadmissível a mera alegação quando desacompanhada dos documentos certificadores. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em síntese, a instância a quo julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade por ter a ora Recorrente juntado então apenas a DIPJ e os informes de rendimentos das Fontes Pagadoras, tendo sido tais elementos reputados insuficientes para provar o alegado. Fl. 588DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 589 3 Contra tal decisão, foi interposto Recurso Voluntário, recebido por este Colegiado que, entendendo pela verossimilhança das alegações, resolveu converter o julgamento em diligência (fls. 201 a 204), determinando à autoridade preparadora o exame dos registros contábeis da Recorrente tudo de modo a constatar se houvera de fato ou não o oferecimento à tributação das receitas financeiras em discussão. O Relatório Fiscal de Diligência (fls. 555 a 565) confirmou o oferecimento à tributação das receitas em discussão, nos seguintes termos: 4. Consulta levada a efeito no sistema corporativo Dirf (fls. 529) demonstra que as fontes pagadoras de receitas financeiras informaram o pagamento dos rendimentos abaixo discriminados, com os correspondentes valores de imposto de renda retido na fonte. São esses os códigos de arrecadação correspondentes às receitas que geraram o descompasso acima mencionado e sobre esses valores não traz o interessado qualquer contestação. 5.O total de IRRF incidente sobre receitas financeiras, passível de utilização na DIPJ, é de R$ 25.874.552,49, correspondente a uma receita financeira de R$ 134.563.349,94 (vejase o quadro inserido no parágrafo precedente). 6.Registro aqui que fiz juntar às, fls. 531/547, cópia do Relatório de Análise da Declaração de Compensação nº 40398.23703.290610.1.7.025807, extraída do processo nº 16682.720641/201315, onde consta a demonstração do crédito envolvido na compensação aqui tratada, qual seja o saldo negativo do IRPJ do anocalendário 2008. No âmbito daquela análise, em atendimento ao Termo de Intimação nº 138/2014, o contribuinte informa que o total das receitas financeiras, com origem em operações no mercado financeiro, declarado na DIPJ é de R$ 76.026.995,32 (fls. 534/535), conforme demonstrado às fls. 536 e resumido no quadro abaixo. Fl. 589DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 590 4 7.Registrese que esse valor de R$ 76.026.995,32 é composto por rendimentos decorrentes de aplicações resgatadas em 2008 e de aplicações não resgatadas em 2008, em função da obrigatoriedade de aplicação do regime de competência. Também é preciso fixar o entendimento de que os rendimentos brutos informados pelas fontes pagadoras são aqueles produzidos, ao longo do período de aplicação, pelas aplicações financeiras resgatadas no ano de 2008, caso contrário não teria havido retenção na fonte (exceção para os rendimentos produzidos por fundos de renda fixa, abordados no item II.1.3 abaixo). Dessa forma, fazse necessário conhecer qual parcela dos rendimentos brutos constantes da tabela inserida no quarto parágrafo do presente relatório está inserida no valor de R$ 76.026.995,32, discriminado no parágrafo anterior. Somente a partir daí é possível determinar, por diferença, a parcela que deveria ter sido oferecida à tributação nos anoscalendários anteriores. Eis o escopo da presente diligência. 8.Passemos, então, a verificar que parcela dos rendimentos informados pelas fontes pagadoras (discriminados na tabela inserida no item “4” acima) foram oferecidos à tributação no anocalendário de 2008. I – OPERAÇÕES DE SWAPP (código 5273): Abaixo encontramse as informações sobre as operações de Swapp, declaradas pelas fontes pagadoras: 9.Preliminarmente, cabe observar, com base na demonstração do contribuinte acostada às fls. 536, que os ganhos líquidos refentes às operações de Swapp, no valor de R$ 311.457.514,93, em lugar de comporem as receitas financeiras, diminuíram as despesas, fato que não alterou o lucro líquido do período (veja se a coincidência dos valores consignados na Linha 66 da Ficha 06A da DIPJ – fls. 549, e na Demonstração do Resultado do Exercício de fls. 278/285 – R$ 98.688.379,23). Tivesse o contribuinte preenchido sua DIPJ corretamente, informando o valor dessas receitas, provavelmente não teria caído em malha Fl. 590DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 591 5 (receita financeira na DIPJ menor que a correspondente na DIRF). 10.A partir das informações prestadas pelo contribuinte por meio da tabela acostada às fls. 137/138, resumi aquelas relativas às operações que sofreram retenções na fonte, pois somente essas foram resgatadas em 2008 e produziram rendimentos tributáveis ao longo do período de aplicação. Esse resumo encontrase juntado às fls. 550. 11.Da leitura do resumo acima mencionado, certificase que o valor total de rendimentos tributáveis (R$ 104.303.340,33), assim como o IRRF (R$ 20.853.997,27), trazidos aos autos pelo contribuinte, coincide com aquele informado pelas fontes pagadoras. Também é possível asseverar que o valor de R$ 112.203.434,40 referese a rendimentos produzidos no ano calendário de 2008. Somente três aplicações produziram ganhos em anos anteriores, mais precisamente no anocalendário de 2007, quais sejam aquelas discriminadas na tabela abaixo: É este o valor (R$ 233.145,77) que precisa de comprovação de que foi oferecido à tributação no anocalendário de 2007, para que o contribuinte faça jus ao IRRF total no valor de R$ 20.853.997,27. A diferença (R$ 104.303.340,33 – R$ 233.145,77 = R$ 104.070.194,56) está sendo tributada em 2008, embutida no valor de R$ 311.457.514,93, valor esse que, em lugar de compor as receitas financeiras, diminuiu as despesas, fato que não alterou o lucro líquido do período (vejase a coincidência dos valores consignados na Linha 66 da Ficha 06A da DIPJ e na Demonstração do Resultado do Exercício de fls. 278/285 – R$ 98.688.379,23). Para esse fim, expedi o Termo de Intimação nº 306/2018, por meio do qual exigi a apresentação da demonstração ali consignada (fls. 492/493). Em resposta, apresentou o interessado a documentação de fls. 499/502, cumprindoa integralmente. II – APLICAÇÕES DE RENDA FIXA (código 3426): Vejamos, agora, as Aplicações Financeiras de Renda Fixa, abaixo discriminadas, declaradas pelas fontes pagadoras: Fl. 591DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 592 6 12.O demonstrativo juntado pelo contribuinte às fls. 536 indica o oferecimento à tributação no anocalendário de 2008 dos seguintes valores: II1 – 61010002 – V.M. Aplicações em Renda Fixa 13.O valor de R$ 68.044.654,54 (conta 61010002) compreende as seguintes aplicações (vejase o terceiro quadro de fls. 225): II.1.1 – Certificado de Depósito Bancário 14.A partir das informações prestadas pelo contribuinte por meio das tabelas acostadas às fls. 226/228, resumi aquelas relativas às operações resgatadas em 2008 (fls. 228), determinando a parcela não resgatada em 2008 e, por regra de três simples e direta, os rendimentos produzidos em 2008 sobre assas parcelas não resgatadas, haja vista que estas não sofreram retenção na fonte. Esse resumo encontrase no primeiro quadro de fls. 551, onde se pode verificar que a única aplicação resgatada em 2008 e que produziu rendimentos em anos anteriores foi a seguinte: 15.Esta única aplicação produziu os seguintes rendimentos em 2007 e 2006 (fls. 551):: Fl. 592DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 593 7 É este o valor (R$ 938.379,22) que precisa de comprovação de que foi oferecido à tributação nos anoscalendários de 2007 e 2006, para que o contribuinte faça jus ao IRRF correspondente ao rendimento de R$ 6.482.478,67. A diferença (R$ 6.482.478,67 – R$ 938.379,22 = R$ 5.544.099,45) está embutida no valor de R$ 68.044.654,54, oferecida à tributação do anocalendário de 2008. Referido valor encontrase registrado na Demonstração do Resultado acostada às fls. 278/285 (mais especificamente às fls. 283) e compõe o Lucro Líquido do anocalendário de 2008, no valor de R$ 98.688.379,23 (fls. 285), em conformidade com a informação prestada na Linha 66 da Ficha 06A da DIPJ (fls. 549). II..1.2 – Aplicações Debêntures 16.A partir das informações prestadas pelo contribuinte por meio das tabelas acostadas às fls. 232/233, resumi aquelas relativas às operações resgatadas em 2008 (fls. 233), determinando a parcela não resgatada em 2008 e, por regra de três simples e direta, os rendimentos produzidos em 2008 sobre assas parcelas não resgatadas, haja vista que estas não sofreram retenção na fonte. Esse resumo encontrase no primeiro quadro de fls. 552, onde se pode verificar que as duas únicas aplicações resgatadas em 2008 e que produziram rendimentos em anos anteriores foram as seguintes: 17.Estas duas aplicações produziram os seguintes rendimentos em 2007 (fls. 552): É este o valor (R$ 3.081.672,00) que precisa de comprovação de que foi oferecido à tributação no anocalendário de 2007, para que o contribuinte faça jus ao IRRF correspondente ao rendimento de R$ 11.029.313,48. A diferença (R$ 11.029.313,48 – R$ 3.081.672,20 = R$ 7.947.641,28) está embutida no valor de R$ 68.044.654,54, oferecida à tributação do anocalendário de 2008. Referido valor encontrase registrado na Demonstração do Resultado acostada às fls. 278/285 (mais especificamente às fls. 283) e compõe o Lucro Líquido do anocalendário de 2008, no valor de R$ 98.688.379,23 (fls. 285), em conformidade com a informação prestada na Linha 66 da Ficha 06A da DIPJ (fls. 549). II.1.3 – FUNDOS DE RENDA FIXA (código 6800): Fl. 593DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 594 8 18.Neste ponto, é preciso conhecer a forma de tributação dos fundos de renda fixa. O art. 3º da Lei nº 10.892, de 13 de julho de 2004, determina que, a partir de 1º de outubro de 2004, a incidência do imposto de renda na fonte sobre os rendimentos produzidos pelos fundos de investimento ocorrerá no último dia dos meses de maio e de novembro de cada ano, ou no resgate, se ocorrido em data anterior. Significa dizer que a fonte pagadora deverá fazer a tributação na fonte, independentemente de ter havido resgate. E, para isso, a fonte pagadora deverá apropriar, por competência, os rendimentos produzidos desde o mês de dezembro do ano anterior até o mês de maio do ano em curso e, posteriormente, até o mês de novembro (ou até a data do resgate, se este ocorrer em data anterior). Consequência lógica desse modelo, haverá sempre um descompasso entre o procedimento adotado pela fonte pagadora e aquele adotado pelo contribuinte, haja vista que a fonte pagadora deverá tributar os rendimentos produzidos entre o mês de dezembro do ano anterior e o mês de novembro do ano em curso, ao passo que o contribuinte deverá oferecer à tributação (pelo regime de competência) os rendimentos produzidos entre os meses de janeiro e dezembro do ano em curso. Tivesse a Lei determinado a incidência do imposto de renda na fonte nos meses de junho e dezembro (no lugar de maio e novembro), inexistiria tal descompasso. 19.O total de rendimentos tributáveis informados pelas fontes pagadoras a esse título (código de receita 6800) corresponde a R$ 21.234.048,90, conforme relatório extraído do sistema Dirf e acostado às fls. 529. Desse total, R$ 21.218.835,37 (99,92%) foi produzido por, apenas, dois fundos de investimento, a saber: 20.Por esta razão, o presente trabalho concentrarseá, apenas, nesses dois fundos de investimento. 21.O contribuinte demonstra, às fls. 236/237, os rendimentos produzidos ao longo do anocalendário de 2008 pelos dois fundos de investimento acima mencionado. Os valores mensais ali consignados encontram respaldo nos lançamentos registrados no Razão Analítico da conta contábil “61010002 – V.M. Aplicações em Renda Fixa”, juntado às fls. 338/342. Para que se possa estabelecer uma base de comparação entre os valores informados pelas fontes pagadoras e aqueles discriminados pelo contribuinte, fazse necessário excluir, nesse último, a informação relativa ao mês de dezembro de 2008 (que será tributado pela fonte pagadora em maio do ano seguinte) e incluir o valor correspondente ao mês de dezembro de 2007 (que foi tributado pela fonte pagadora no mês de maio de 2008). Para tanto, utilizeime dos lançamentos efetuados no Razão Analítico Fl. 594DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 595 9 da conta contábil “61010002 – V.M. Aplicações em Renda Fixa” do ano de 2007 (fls. 334/337), de lá extraindo os valores dos rendimentos produzidos pelos fundos Safra e Pactual, na forma abaixo discriminada (fls. 337 especificamente): 22.A partir da daí, na tabela consolidada acostada às fls. 237, subtraí o valor de R$ 2.252.326,00, correspondente ao mês de dezembro/2008, e adicionei o valor de R$ 436.626,08, correspondente ao mês de dezembro de 2007 (vide parágrafo precedente), chegando ao resultado de R$ 48.717.162,47. Concluise, pois, que o contribuinte ofereceu à tributação, no anocalendário de 2008, valor superior ao informado pelas fontes pagadoras a título de rendimentos produzidos por fundos de renda fixa. II.1 61010001 – V.M. Aplic. Renda Fixa – Bco Gar. 23.O valor de R$ 160.524,96, discriminado no item “12” do presente relatório encontrase devidamente registrado na Demonstração do Resultado acostada às fls. 278/285 (mais especificamente às fls. 283), e compõe o Lucro Líquido do ano calendário de 2008, no valor de R$ 98.688.379,23 (fls. 285), em conformidade com a informação prestada na Linha 66 da Ficha 06A da Dipj (fls. 549). CONCLUSÃO: I – Em relação às Operações de Swapp (código 5273): 24.Verificase que o valor do ganho de R$ 233.145,77, a que se refere o item “11” do presente relatório, está embutido no valor total da perda produzida no anocalendário de 2007 (R$ 112.714.645,03), conforme se pode asseverar a partir da leitura dos valores constantes da coluna “61050002” acostada às fls. 137/138. O valor desta perda está devidamente contabilizado, conforme registro na Demonstração do Resultado de fls. 262/269 (mais especificamente às fls. 267), o qual compõe o Lucro Líquido do anocalendário de 2007, no valor de R$ 89.463.453,30 (fls. 269), em conformidade com a informação prestada na Ficha 06A da Dipj correspondente (fls. 553). É de se concluir, portanto, que o contribuinte ofereceu à tributação, no anocalendário de 2007, o valor de R$ 233.145,77 acima mencionado. II – Em relação às Aplicações de Renda Fixa (código 3426): II.1 Certificados de Depósitos Bancários Fl. 595DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 596 10 25.Os rendimentos produzidos por estes papéis nos anos calendários de 2007 e 2006, discriminados no item “15” do presente relatório, possuem a seguinte contabilização: (i) o valor de R$ 114.514,36 está embutido no valor de R$ 520.995,02 (primeira linha da segunda tabela de fls. 225), que, por sua vez, integra o valor de R$ 4.020.183,84 totalizado na mesma tabela. Por fim, este valor encontrase registrado na Demonstração do Resultado de fls. 262/269 (mais especificamente às fls. 267) e integra o Lucro Líquido no valor de R$ 89.463.453,30 (fls. 269), em conformidade com a informação prestada na Ficha 06A da DIPJ correspondente (fls. 553); (ii) o valor de R$ 823.864,86 está embutido no valor de R$ 3.216.552,80 (primeira linha da primeira tabela de fls. 225), que, por sua vez, integra o valor de R$ 8.792.507,89 totalizado na mesma tabela. Por fim, este valor encontrase registrado na Demonstração do Resultado de fls. 246/253 (mais especificamente às fls. 251) e integra o Lucro Líquido no valor de R$ 98.521.111,84 (fls. 253), em conformidade com a informação prestada na Ficha 06A da DIPJ correspondente (fls. 554). Comprovase, pois, o oferecimento à tributação dos referidos valores nos anoscalendários de 2006 e 2007. II.2 – Aplicações Debêntures 26.Os rendimentos produzidos por estes papéis no ano calendário de 2007, no valor de R$ 3.081.672,00 (vejase o item “17” do presente relatório) estão embutidos no valor de R$ 6.297.472,57, constante da terceira linha da segunda tabela de fls. 225, o qual, por sua vez, integra o valor de R$ 4.020.183,84 totalizado na mesma tabela. Por fim, este valor encontrase registrado na Demonstração do Resultado de fls. 262/269 (mais especificamente às fls. 267) e integra o Lucro Líquido no valor de R$ 89.463.453,30 (fls. 269), em conformidade com a informação prestada na Ficha 06A da DIPJ correspondente (fls. 553). Comprovase, pois, o oferecimento à tributação do referido valor no anocalendário de 2007. II.3 – FUNDOS DE RENDA FIXA (código 6800): 27.Conforme já abordado no item “22” do presente relatório, o contribuinte ofereceu à tributação, no anocalendário de 2008, valor superior ao informado pelas fontes pagadoras a título de rendimentos produzidos por fundos de renda fixa. 28.Por todo o exposto, é de se concluir que o contribuinte ofereceu à tributação, nos exercícios 2008 e 2007 (anos calendários 2007 e 2006), a diferença entre o valor informado pelas fontes pagadoras a título de rendimentos sobre aplicações financeiras no exercício 2009 (anocalendário 2008) e o valor oferecido à tributação na correspondente DIPJ. Fl. 596DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 597 11 Às fls. 577 a 579, encontrase a manifestação favorável da Recorrente quanto ao resultado da diligência, reiterando os termos do pedido no Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Trata a controvérsia de aproveitamento de IRRF sobre aplicações financeiras para compor Saldo Negativo de IRPJ. Como é sabido, as receitas tributadas pelo Lucro Real são oferecidas à tributação por regime de competência, não escapando a esta regra as receitas financeiras. Contudo, é apenas no momento do resgate das aplicações financeiras é que incide o IRRF sobre as receitas correspondentes, portanto, consoante um regime de caixa. Logo, há um descasamento natural entre o momento de oferecimento à tributação das receitas financeiras e da ocorrência da retenção de IRRF apta a ser aproveitada na composição do Saldo Negativo de IRPJ. Vale acrescentar, o oferecimento à tributação das receitas sobre as quais houve a retenção de IRRF é condição necessária para o aproveitamento deste último na composição do Saldo Negativo, crédito com o qual o contribuinte pode compensar seus débitos via Per/Dcomp. Assim, quando o IRRF projeta, por regime de caixa, receitas financeiras em maior proporção do que as oferecidas à tributação no ano base, segundo uma análise perfunctória, é natural a DRF de origem intimar a empresa interessada a comprovar o oferecimento à tributação das receitas financeiras correspondentes. Ocorre que nem sempre a intimação dada à empresa interessada explicita qual a forma de se fazer tal comprovação, resultando assim numa resposta inepta e, consequentemente, numa presunção, por parte da DRF, de não oferecimento das receitas à tributação. Mesmo em sede de Manifestação de Inconformidade a questão não foi esclarecida, tendo desta vez a autoridade julgadora de 1a. Instância presumido que as receitas não haviam sido oferecidas à tributação ante os documentos até então juntados no processo. Tendo esta Turma entendido pela verossimilhança das alegações, houve por bem converter o julgamento em diligência solicitando à autoridade preparadora proceder à verificação da contabilidade da Recorrente, bem como a intimando a prestar as informações adicionais necessárias, tudo de modo a constatar se houve ou não o devido oferecimento à tributação destes valores. Fl. 597DF CARF MF Processo nº 16682.900711/201406 Acórdão n.º 1201002.805 S1C2T1 Fl. 598 12 O relatório de diligência confirmou o oferecimento à tributação da totalidade das receitas, sendo uma parte tributada nos anoscalendários 2006 e 2007. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por julgar procedente o Recurso Voluntário para reconhecer as parcelas de IRRF reclamadas na composição do Saldo Negativo de IRPJ do ano calendário 2008. É como voto. (assinado digitalmente) Conselheiro Allan Marcel Warwar Teixeira Relator Fl. 598DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.724879/2010-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007
BASE DE CÁLCULO. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
Apurados valores de omissão de receitas por conta de depósitos bancários não comprovados, sem que se possa estabelecer qualquer nexo de causalidade com os registros contábeis, absolutamente escorreito o procedimento fiscal ao adicionar tais valores àqueles a que corresponder o percentual mais elevado.
OMISSÃO DE RECEITAS. SUBFATURAMENTO DE SERVIÇOS PRESTADOS.
Comprovada a ocorrência de subfaturamento de serviços prestados, lastreado em documentos que informam o modus operandi da Recorrente e atestam o efetivo preenchimento de notas fiscais "calçadas", resta absolutamente incólume o lançamento.
MULTA E JUROS COBRADOS ISOLADAMENTE. LUCROS DISTRIBUÍDOS ACIMA DO LIMITE LEGAL.
Incide IRRF sobre a parcela do lucro distribuído excedente ao lucro líquido presumido recebido da SCP, nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, conforme determina o art. 48, § 4º, da IN SRF nº 93, de 1997. Considerando que a falta de retenção do IRRF, a título de antecipação do imposto devido, foi constatada após a data prevista para entrega da declaração de ajuste anual dos beneficiários pessoas físicas, o lançamento do imposto de renda deve ser efetuado em nome dos beneficiários, mas a fonte pagadora fica sujeita à multa de ofício isolada prevista no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, e aos juros de mora exigidos isoladamente com fundamento nos arts. 843 e 953 do RIR de 1999.
MULTA QUALIFICADA.
Constatada a emissão de notas fiscais "calçadas", deve ser mantida a qualificação da multa de ofício.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2006, 2007
PIS, COFINS E CSLL. LANÇAMENTOS REFLEXOS.
O decidido quanto ao auto de infração do IRPJ, deve ser igualmente aplicado aos autos de CSLL, PIS e COFINS, haja vista estarem alicerçados nos mesmos elementos que fundamentam o primeiro.
Numero da decisão: 1401-003.276
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira, Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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(NOVA DENOMINAÇÃO DE IKEA EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS LTDA) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007 BASE DE CÁLCULO. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Apurados valores de omissão de receitas por conta de depósitos bancários não comprovados, sem que se possa estabelecer qualquer nexo de causalidade com os registros contábeis, absolutamente escorreito o procedimento fiscal ao adicionar tais valores àqueles a que corresponder o percentual mais elevado. OMISSÃO DE RECEITAS. SUBFATURAMENTO DE SERVIÇOS PRESTADOS. Comprovada a ocorrência de subfaturamento de serviços prestados, lastreado em documentos que informam o modus operandi da Recorrente e atestam o efetivo preenchimento de notas fiscais "calçadas", resta absolutamente incólume o lançamento. MULTA E JUROS COBRADOS ISOLADAMENTE. LUCROS DISTRIBUÍDOS ACIMA DO LIMITE LEGAL. Incide IRRF sobre a parcela do lucro distribuído excedente ao lucro líquido presumido recebido da SCP, nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, conforme determina o art. 48, § 4º, da IN SRF nº 93, de 1997. Considerando que a falta de retenção do IRRF, a título de antecipação do imposto devido, foi constatada após a data prevista para entrega da declaração de ajuste anual dos beneficiários pessoas físicas, o lançamento do imposto de renda deve ser efetuado em nome dos beneficiários, mas a fonte pagadora fica sujeita à multa de ofício isolada prevista no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, e aos juros de mora exigidos isoladamente com fundamento nos arts. 843 e 953 do RIR de 1999. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 48 79 /2 01 0- 26 Fl. 651DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 652 2 MULTA QUALIFICADA. Constatada a emissão de notas fiscais "calçadas", deve ser mantida a qualificação da multa de ofício. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2006, 2007 PIS, COFINS E CSLL. LANÇAMENTOS REFLEXOS. O decidido quanto ao auto de infração do IRPJ, deve ser igualmente aplicado aos autos de CSLL, PIS e COFINS, haja vista estarem alicerçados nos mesmos elementos que fundamentam o primeiro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira, Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Relatório Trata o presente processo da exigência de IRPJ e seus reflexos, apurada sobre infrações cometidas pela interessada, cuja razão social anterior era Ikea Empreendimentos Comerciais Ltda. As infrações apuradas foram as seguintes: 1) omissão de receitas decorrente do subfaturamento de serviços de corte e preparo de madeira em pé prestados para Compet AgroFlorestal S/A; 2) omissão de receitas caracterizada por créditos bancários de origem não comprovada; Fl. 652DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 653 3 3) omissão de receitas correspondente à diferença de 23.185,75 metros estéreos entre o volume de madeira em pé (pinus com diâmetro maior ou igual a 18 cm) cuja extração e venda estava prevista no contrato firmado, em 03/10/2005, com a Compet Agro Florestal S/A (300.000 metros estéreos) e o efetivamente vendido (276.814,25 metros estéreos), conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 41/63); 4) multa de ofício isolada incidente sobre lucros tributáveis distribuídos sem a devida retenção do IRRF, correspondentes aos valores excedentes ao lucro presumido de SCP deduzido dos encargos de IRPJ e reflexos, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 41/63); 5) juros de mora exigidos isoladamente sobre lucros tributáveis distribuídos sem a devida retenção do IRRF, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 41/63). Os lançamentos relativos ao PIS, COFINS e CSLL são reflexos das exigências relativas ao IRPJ. Irresignada com o lançamento, a Recorrente apresentou a impugnação de e fls. 512/535, julgada pela DRJ de Curitiba em sessão realizada no dia 07/04/2011. A DRJ/CTA proferiu o acórdão nº 0631.096 1ª Turma, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007 OMISSÃO DE RECEITAS. DIFERENÇA ENTRE O VOLUME DE MADEIRA EM PÉ EXTRAÍDO E VENDIDO E O PREVISTO PARA EXTRAÇÃO EM CONTRATO DE EXPLORAÇÃO DE ÁREA DE REFLORESTAMENTO. INDÍCIO. NECESSIDADE DE APROFUNDAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES. Inobstante seja possível a existência de receita omitida, apontada pela autoridade fiscal, correspondente à diferença entre o volume de madeira em pé extraído e vendido pela interessada e o previsto para extração em contrato de exploração de área de reflorestamento, verificase que se trata apenas de indício de omissão de receitas, cuja comprovação da ocorrência demandaria maior aprofundamento das investigações para busca de elementos concretos de prova. OMISSÃO DE RECEITAS. CRÉDITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracteriza omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituições financeiras, em relação aos quais a interessada, regularmente intimada, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados. OMISSÃO DE RECEITAS. SUBFATURAMENTO DE SERVIÇOS PRESTADOS DE CORTE DE . Comprovada a ocorrência de subfaturamento de serviços prestados, cujos valores reais foram informados pela própria contribuinte em correspondência comercial e em ata de reunião, é de se manter a exigência sobre a omissão de receitas correspondente. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006, 2007 Fl. 653DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 654 4 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICADA. Aplicável a multa qualificada de 150% quando caracterizado que a interessada agiu de maneira dolosa ao subfaturar, intencionalmente, parte dos serviços efetivamente prestados. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. Legítima a aplicação da multa de ofício de 75% sobre a diferença de imposto apurada em procedimento de ofício, porquanto em conformidade com a legislação de regência. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento serão acrescidos, na via administrativa ou judicial, de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic para títulos federais. DECORRÊNCIA. PIS, COFINS E CSLL. Tratandose de tributações reflexas de irregularidades descritas e analisada no lançamento de IRPJ, constantes do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento ao PIS, à Cofins e à CSLL. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O acórdão nº 0631.096 1ª Turma exonerou o lançamento relativo à omissão de receitas correspondente à diferença de 23.185,75 metros estéreos entre o volume de madeira em pé (pinus com diâmetro maior ou igual a 18 cm) cuja extração e venda estava prevista no contrato firmado, em 03/10/2005, com a Compet Agro Florestal S/A (300.000 metros estéreos) e o efetivamente vendido (276.814,25 metros estéreos), conforme descrito no subitem 7.2 do Termo de Verificação Fiscal (fls. 41/63), por considerar que sua comprovação demandaria um maior aprofundamento por parte da Fiscalização. Foram mantidas as infrações relativas à omissão de receita caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada (incluindo a multa de ofício de 75%) e omissão de receitas decorrente do subfaturamento de receitas de serviços prestados (apenada com a multa qualificada de 150%, também mantida); também foram mantidas a multa de ofício e os juros de mora cobrados isoladamente em função da distribuição de lucros tributáveis sem a devida retenção do IRRF. Antes de passar ao recurso voluntário, farei um breve resumo da acusação fiscal no que diz respeito às infrações mantidas pela DRJ/CTA, levando em conta o arrazoado no Termo de Verificação Fiscal de efls. 41/63 e seus anexos (v. efls. 64/228). A sociedade teve início em 10/06/1999 sob o nome comercial de “IKEA Indústria e Comércio de Móveis Ltda”, composta por Francisca Perez Vilar Pavanato e Izabel Christina Ghermacovski. De acordo com a escrituração contábil, a empresa encontravase inativa em 2005, sendo o primeiro lançamento contábil um empréstimo contraído da Reflorestadora Bom Sucesso em 15/09/2005. Em 27/09/2005, houve uma transformação completa na sociedade, alterandose o nome para “IKEA Empreendimentos Comerciais Ltda”, retirandose as sócias citadas e entrando Oliveiros Paz King (R$ 14.000,00 – 70% das cotas) e Evaldo Marcos Pavanato (R$ 6.000,00 –30% das cotas). Fl. 654DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 655 5 Em 21/07/2009, a sociedade passou a denominarse “Royal Empreendimentos Comerciais Ltda”. Como todos os documentos analisados no procedimento fiscal foram no período em que a empresa denominavase “IKEA”, utilizarseá esse nome para identificála no presente Termo. Importante frisar neste ponto que Oliveiros também era sócio da Reflorestadora Bom Sucesso e da Reflorestadora Ove, assim como Evaldo participou do quadro societário desta última. Como se verá adiante, ambas empresas possuem estreitas relações com o sujeito passivo fiscalizado. Os grupos econômicos abaixo serão citados no decorrer deste Termo. A atividade principal do sujeito passivo decorreu de um contrato assinado em 03/10/2005 para a exploração de áreas de reflorestamento da COMPET AGRO FLORESTAL S/A, onde a IKEA adquiriu o direito de corte e venda de 300.000 metros estéreos de pinus com diâmetro maior ou igual a 18cm, dos imóveis denominados Fazenda Guarujá e Fazenda Ipanema, mediante o pagamento de R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais). Caso o toro cortado tivesse diâmetro entre 7 e 18cm, a IKEA faria o corte e disponibilizaria o material em caminhões da COMPET. Para ressarcir as despesas com essa mãodeobra, a dívida da IKEA seria diminuída em R$ 18,00 (dezoito reais) por metro estéreo. Esse valor também configura receita operacional do sujeito passivo. Inicialmente, essa mesma operação seria realizada pela Reflorestadora Bom Sucesso, mediante contrato (vide anexo I) assinado em 15/09/2005 com a COMPET. Por problemas contábeis na Bom Sucesso, rescindiram esse contrato e fizeram novo instrumento de exploração com a IKEA, uma empresa que estava paralisada e sem passivo tributário. 3. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO – SCP Em 08/11/2005, foi constituída a “SCP Floresta Guarujá Ipanema” com o objetivo específico de explorar o contrato florestal com a COMPET, ficando definida como sócia ostensiva a IKEA. O capital social estabelecido foi R$ 7 milhões, para pagamento do valor devido à COMPET, sendo que o quadro social completo está reproduzido abaixo. A partir deste ponto, o TVF traça todo o histórico de constituição da SCP e da forma como foi integralizado o capital da mesma, o que não irá nos interessar, neste momento, para descrever as infrações autuadas. Continuando com o Termo de Verificação Fiscal: Fl. 655DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 656 6 5. TRABALHADORES Conforme consta em GFIP – Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, o primeiro empregado da IKEA foi registrado apenas em 01/04/2006, mais de 4 meses após o início das atividades da SCP. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 3, o sujeito passivo informou que todo o trabalho era realizado por trabalhadores terceirizados, o que confronta totalmente sua escrituração contábil e confirma a tese de omissão de despesas, pois o primeiro serviço de terceiros relacionado com a extração de madeira foi contabilizado apenas em 12/04/2006. Entre janeiro e março de 2006, período sem empregados registrados nem autônomos ou terceiros contabilizados, ocorreram despesas de R$ 77.023,32 (setenta e sete mil e vinte e três reais e trinta e dois centavos) nos Supermercados Adrianópolis e São Francisco, que estão localizados na região explorada pela SCP. Importante perceber que nesse ramo de atividade as refeições dos trabalhadores são normalmente realizadas no próprio local de trabalho, ficando em muitos casos o empregador responsável pelo fornecimento dessa alimentação. Mais uma vez confirmando a omissão das despesas, o sujeito passivo informou, em resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 3, que fornecia alimentação a trabalhadores terceirizados nesse período entre janeiro e março de 2006. Desde o início da exploração florestal até meados de 2007, a IKEA atuou exclusivamente para a SCP, sendo a única sócia a prestar serviços perante a SCP, conforme consta no próprio contrato de constituição desta. A relação entre as empresas IKEA, Bom Sucesso e Ove não ficou apenas no campo financeiro, pois a maioria dos trabalhadores da IKEA veio transferida das outras empresas, como se nota no quadro a seguir, que contém todos os segurados da Previdência Social (empregados, autônomos, etc.) informados em GFIP. Em muitos casos nem sequer foi alterado o salário, sendo apenas realizada a “transferência” do funcionário. Apesar de não ser um procedimento irregular essa mudança de empregador, podese perceber que a formalização do emprego na IKEA iniciou apenas em abril de 2006, deixando um período sem mãodeobra registrada na empresa. 6.1. Livros Analisados 6.2. Problemas Encontrados Verificouse nos livros citados a contabilização incorreta de muitos fatos que originariam lançamentos, omitindo ou registrando informações irreais, tais como (ver anexo IV): a. Apesar de as Reflorestadoras Bom Sucesso e Ove terem efetuado diversos pagamentos referentes ao contrato COMPET/IKEA em 09/2005, somente foi contabilizado nesse mês um empréstimo da Bom Sucesso no valor de R$ 190.000,00 em 15/09/2005; b. Apesar de a primeira nota fiscal de venda de madeiras ter sido emitida em 30/11/2005, o primeiro serviço relacionado com a extração foi escriturado apenas em 12/04/2006. Considerando que o primeiro empregado do sujeito passivo foi admitido em 01/04/2006, concluise facilmente pela não escrituração dos serviços de extração no período de 10/2005 a 03/2006, Fl. 656DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 657 7 corroborado pelo registro de despesas com alimentos, combustíveis e materiais nesse período e pelo faturamento registrado de quase 3 milhões de reais; c. Transferência bancária a Antonio Marcelo em 13/02/2006, no valor de R$ 13.068,45, contabilizada em 07/03/2006 como pagamento à COMPET; d. Transferência bancária não contabilizada a RGM Locadora de Veículos em 04/12/2006, no valor de R$ 41.790,00; e. Transferência bancária não contabilizada a Evaldo Marcos Pavanato em 15/08/2007, no valor de R$ 24.771,00; f. Transferência bancária a Transportadora Gioclen Ltda em 13/02/2006, no valor de R$ 50.371,02, não contabilizada na referida data, mas possivelmente em 07/03/2006 como “ref Cocelpa parcela 03 e 04”. Sabendose que COMPET e Cocelpa pertencem ao mesmo grupo econômico e que aquela declarou ter recebido o valor através de “permuta” em 13/02/2006 como pagamento da IKEA, mostrase claro o erro contábil; g. Transferência bancária a Oliveiros Paz King em 13/04/2006 no valor de R$ 111.000,00, contabilizada irregularmente como pagamento de empréstimo da Bom Sucesso; h. Cheque nº 301681 nominal à própria IKEA, no valor de R$ 100.000,00, contabilizado como distribuição de lucros a Oliveiros Paz King e Jefferson Joe Andraus, porém depositado em conta bancária da empresa ULTJ. Esses são alguns exemplos de problemas encontrados na escrituração contábil, mas existem outros mais graves. As contas Caixa da SCP e da IKEA foram utilizadas irregularmente em todo o período para tentar omitir a ocorrência de despesas e receitas. Em vez de escriturar os pagamentos por serviços realizados como despesas operacionais, creditavase a conta BANCO e debitavase a conta CAIXA, mediante o histórico “Suprimento de caixa”. Esse procedimento eliminava as despesas e as transformava irregularmente em dinheiro (caixa), para distribuição de lucros e dividendos. As fartas provas estão no anexo V, com exemplos citados abaixo: (...) Os destinatários das transferências eletrônicas citadas são prestadores de serviço que trabalharam na extração de madeira, deixando clara a omissão de despesas. Ademais, o procedimento mais comum era a emissão de cheques nominais à própria IKEA, com endosso para terceiros, para dificultar a identificação do real destinatário. Mesmo assim, foi possível identificar em muitos cheques o depositante ou sacado, comprovando o embuste contábil, como se nota nos cheques abaixo, contabilizados como suprimento de caixa. (...) Entre os destinatários estão diversos prestadores de serviços registrados na escrituração contábil: JRA Oliveira Ltda; Plancort Ltda; Esiquiel de Faria Santos; Vilson Hulse (Hulse Serviços Florestais Ltda); Ruchinski & Simões Ltda; Jones Jauri Vieira Perão (SPS Ind e Com Madeiras Ltda); Antonio Marcelo Guerlinguer (Empreiteira Guerlinguer). Fl. 657DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 658 8 Na resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 6, item 3, o sujeito passivo tentou justificar alguns lançamentos, mas apenas confirmou não ser confiável a escrituração contábil, uma vez que afirmou terem sido diversos lançamentos contabilizados equivocadamente. Era dessa forma que aparecia um lucro contábil a distribuir além do real, com o pagamento dos lucros e a integralização do capital na SCP sendo realizados a partir da conta Caixa. Esse dinheiro não existia de fato e serviu para os sócios da SCP aumentarem irregularmente suas receitas, de modo que a escrituração contábil não pode ser considerada confiável por não retratar a realidade da empresa. Diante da ausência de custos e despesas confirmada no início das atividades da empresa e da suspeita dessa prática em todo o período, algumas empresas prestadoras de serviços foram intimadas a apresentar relações com as notas fiscais emitidas e pagamentos recebidos da IKEA ou de seus sócios. A empresa Plancort Ltda enviou declaração (anexo VI), datada de 27 de outubro de 2010, contendo os valores efetivamente recebidos por serviços prestados à IKEA. Segundo informado, a Plancort faturou no período fiscalizado R$ 138.647,84 (cento e trinta e oito mil, seiscentos e quarenta e sete reais e oitenta e quatro centavos) por serviços à IKEA. Entretanto, declarou ter recebido R$ 878.087,00 (oitocentos e setenta e oito mil e oitenta e sete reais). A IKEA contabilizou exatamente o valor faturado pela Plancort, ou seja, cerca de 16% dos pagamentos realizados à Plancort, o que deixa nítido o subfaturamento e a ausência de contabilização de custos de extração em todo o período fiscalizado. Na escrituração contábil, todos os pagamentos à Empreiteira dos Conhecidos, CPNJ 04.391.411/000106, foram realizados através do Caixa. Entretanto, a análise bancária da IKEA mostrou pagamentos realizados através de cheques descontados pelo sócio da Empreiteira, Vanderlei Tavares, em valores superiores ao faturado e contabilizado. Pegando como exemplo a nota fiscal nº 124 emitida pela Empreiteira em 11/10/2007 em confronto com o pagamento de mesma data, calculouse o faturamento de apenas 20% do valor real. Repare na tabela a seguir que o valor real do serviço partiu da seguinte conta: valor do cheque emitido adicionado à retenção obrigatória previdenciária (esta obviamente calculada sobre o valor faturado para não levantar suspeita). Logo, resta claro o subfaturamento de serviços prestados pela Plancort e pela Empreiteira dos Conhecidos, ficando claro não se tratar de um caso isolado. 6.4. Omissões de Receitas Foram identificados créditos na principal conta bancária da IKEA sem a devida identificação da origem na escrituração contábil, uma vez que a contrapartida dos lançamentos foi a conta Caixa. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 6, o sujeito passivo afirmou não conseguir identificar a origem dos depósitos, uma vez Fl. 658DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 659 9 que não há essa informação no documento bancário. A lista dos créditos bancários não esclarecidos está a seguir. Como não houve resposta aceitável, todos os créditos bancários listados foram considerados como omissões de receitas da empresa, com fulcro no art. 42 da Lei nº 9.430/96, e serão tributados conforme determina o art. 24 da Lei nº 9.249/95. Ressaltase que a não identificação da origem das receitas implica na utilização dos percentuais mais elevados para presunção da base de cálculo, conforme art. 24, § 1º, da Lei nº 9.249/95. No caso, como o sujeito passivo obteve receitas tanto de venda de produtos como de prestação de serviços, devem ser utilizados os percentuais relativos à prestação de serviços para apuração da base de cálculo. (...) 8. SUBFATURAMENTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS Conforme estabelecido no contrato entre COMPET e IKEA, esta ficou responsável pela extração e preparo dos toros de madeira com diâmetro entre 7 e 18cm, disponibilizando o material em caminhões daquela. Por esse trabalho, a COMPET devia R$ 18,00 (dezoito reais) por metro estéreo, a título de ressarcimento de despesas com mãodeobra, cujo valor seria abatido das parcelas devidas pela IKEA. Verificouse em muitas notas fiscais emitidas o subfaturamento dos serviços prestados, registrandose apenas dez por cento do valor real. A prova de tal situação está em documentos assinados por COMPET e IKEA, que fazem parte do anexo VIII. Na contranotificação extrajudicial de 09/10/2006, assinada por Evaldo Pavanato, aparece a quantidade de madeira extraída entre março e setembro de 2006. Na ata da reunião realizada em 26/10/2006, assinada por Oliveiros Paz King e COMPET, confirmamse os valores (com diferenças de arredondamento) apresentados na contranotificação citada no parágrafo anterior. Indagado sobre tal instrumento no Termo de Intimação Fiscal nº 5, o sujeito passivo declarou se tratar de serviços futuros, o que não é verdadeiro, pois o documento foi assinado em outubro e listou serviços realizados entre março e setembro do mesmo ano. Também declarou que os serviços foram realizados diretamente por terceirizados, sem nenhum contrato ou formalização, os quais recebiam 90% do valor, cabendo apenas 10% para a IKEA a título de comissão. Essa declaração também é contraditória, pois os serviços descritos nas notas fiscais estão relacionados ao corte de madeira e não há menção sobre comissão recebida da COMPET em nenhum documento nem na escrituração contábil. Pegando como exemplo abril de 2006 (vide anexo IX), consta 14.741,886 metros estéreos, gerando um crédito em favor da IKEA de R$ 265.353,95 (duzentos e sessenta e cinco mil, trezentos e cinqüenta e três reais e noventa e cinco centavos), pelo exato preço previsto contratualmente. Entretanto, na Nota Fiscal de Prestação de Serviços – NFPS nº 4, de 05/07/2006, registrouse: Repare que: 14.741,89 x R$ 18 = R$ 265.354,02. Já a NFPS nº 2, que ainda aparece no bloco de notas apresentado pelo sujeito passivo por ter sido cancelada, previa o seguinte: Fl. 659DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 660 10 Apesar do cancelamento da NFPS nº 2, notase claramente a intenção de IKEA e COMPET em perpetuar ilícitos tributários e fiscais mediante subfaturamento das operações. Na ata da reunião realizada entre Oliveiros e COMPET em 26/10/2006, consta que a IKEA prestou serviços no valor de R$ 180.494,98 (cento e oitenta mil, quatrocentos e noventa e quatro reais e noventa e oito centavos) entre 01 e 15/10/2006, enquanto que a NFPS nº 21, emitida em “17/10/2006”, registrou apenas R$ 89.742,60 (oitenta e nove mil, setecentos e quarenta e dois reais e sessenta centavos) referente ao mês de outubro. De acordo com essa ata de reunião, podese afirmar que houve, no mínimo, a seguinte omissão de receitas de serviços. Apesar de haver fortes indícios de subfaturamento também no período de 11/2006 a 12/2007, pelo modo de operação da empresa, não foi possível arbitrar um valor maior do que o faturado em virtude de ausência de provas. Não houve movimentação financeira da maior parte desses serviços faturados, pois o pagamento era realizado através de complexas operações envolvendo empresas ligadas à COMPET e à IKEA. Frisese que a COMPET foi conivente com toda a sonegação praticada. 10. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS 10.1. Resultado da SCP Contabilmente, não houve distribuição de lucros em 2005 nem pela IKEA nem pela SCP. A distribuição dos lucros decorrentes das atividades da SCP começou a ser contabilizada em 2006. Não há duvidas quanto à ligação da venda de madeiras e dos serviços prestados com a atividade praticada pela SCP. Contudo, poderia haver dúvida em relação aos depósitos bancários de origem não comprovada, se estariam relacionados à atividade da IKEA ou da SCP, uma vez que não havia conta bancária específica para a SCP. Como o art. 24, § 1º, da Lei nº 9.249/95 prevê a utilização do percentual mais elevado de apuração do lucro presumido neste caso, obrigatoriamente devese considerar os depósitos bancários como receitas da prestação de serviços, que estão ligadas unicamente à SCP. Resumidamente e segundo a sistemática do lucro presumido, o resultado da SCP no período fiscalizado foi o seguinte: Fl. 660DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 661 11 Considerando todas as receitas verificadas, o valor passível de distribuição sem incidência tributária da SCP seria o seguinte: Por conseguinte, a possível distribuição de lucros da SCP sem incidência tributária, realizada conforme a participação societária de cada integrante, está abaixo. A IKEA também colheu frutos de outras atividades no ano 2007, o que, com base na sistemática do lucro presumido, resultou na tabela a seguir: Fl. 661DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 662 12 Por conseguinte, a distribuição de lucros e dividendos isenta de tributação, realizada conforme a participação societária de cada sócio, estaria limitada a: De acordo com a escrituração contábil, houve distribuição de lucros em montantes superiores a esses valores. Essa distribuição é permitida, mas está sujeita à tributação com base na tabela progressiva de imposto sobre a renda vigente na época, uma vez que as demonstrações contábeis da IKEA foram desconsideradas pela omissão de receitas e despesas. Tendo em vista que a pessoa jurídica é responsável apenas pela antecipação do recolhimento do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física – IRPF e que o contribuinte é a própria pessoa física, cabe neste procedimento fiscal autuação unicamente pela não retenção do valor devido, o que significa cobrança apenas de multa e juros de mora entre a data de vencimento da obrigação de recolhimento e a data da entrega da declaração anual de ajuste da pessoa física. Esse entendimento está bem detalhado no Parecer Normativo nº 1, de 24 de setembro de 2002, aprovado pelo Secretário da Receita Federal e publicado no Diário Oficial da União em 25/09/2002, do qual extraio trechos: (...) Fl. 662DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 663 13 11. FRAUDE Como amplamente demonstrado no item 8 deste Termo, o subfaturamento dos serviços prestados foi realizado através de fraude, caracterizada nos termos do art. 72 da Lei nº 4.502/64. A emissão de notas fiscais com valor abaixo do real demonstrou a intenção do sujeito passivo em modificar uma característica essencial do fato gerador, a base de cálculo. O componente doloso fica evidente ao se comparar as notas fiscais do anexo IX. As notas fiscais canceladas (0001 e 0002), analisadas no contexto do contrato entre IKEA e COMPET, comprovam claramente que na emissão das notas fiscais 0003 e 0004 houve registro de um valor irreal. Além disso, os documentos do anexo VIII também mostram os valores que deveriam ter sido faturados e não foram, deixando clara a diminuição da base de cálculo do tributo através da emissão de notas fiscais abaixo do valor real. Pela caracterização da conduta fraudulenta descrita e conforme previsão do art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, duplicouse a multa aplicada em relação às infrações relatadas neste item. Não satisfeita com o resultado do julgamento de sua impugnação ao lançamento, a Contribuinte apresentou o recurso voluntário de efls. 620/639, onde questiona a decisão recorrida nos seguintes pontos: a) argumenta, em relação à suposta omissão de faturamento, que não pode haver autuação, agravamento ou imputação de qualquer natureza a partir de notas fiscais regularmente canceladas; b) que o acórdão recorrido mantém entendimento a partir de reunião realizada entre entes privados (no caso, entre a interessada e sua cliente, a empresa COMPET AGROFLORESTAL S/A), tratando de assuntos exclusivamente privados, e que não tem o condão de gerar efeitos tributários; que a reclamação da impugnante, objeto da referida reunião, referiase a receitas não recebidas e, por conseguinte, não tributáveis; que a fiscalização baseiase em fatos não ocorridos, "e por consequência lógica, as quais não obtiveram ainda a condição de proferir e ocorrer o fato gerador, pois a obrigação ainda não havia sido realizada"; que se trata, em verdade, de valores reclamados pela impugnante, ao abranger um contexto complexo e amplo, de valores que seriam negociados ao longo do contrato, e dos meses que se seguiriam; c) que o documento privado gera consequência entre as partes anuentes e não tem qualquer reflexo tributário exigível de quem quer que lhe haja assinado; que a consequência tributária somente pode advir da lei, e esta estabelece o fato gerador como o recebimento de valores, se fosse o caso; que em resposta datada de 15/09/2010, "é devidamente esclarecida a tal reunião, e tratado a cerca dos supostos valores devidos ou a receber pelos serviços e tratados ali estabelecidos"; Junta ao recurso trecho da resposta dada à Fiscalização naquela oportunidade: Fl. 663DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 664 14 d) que a fiscalização, ao ver a referida ata, imaginou que se tratava de algo imutável, exigível por si, e consequentemente arbitrável; a DRJ, ao analisar a defesa manteve integralmente a análise prestada pela fiscalização; e) em relação aos depósitos bancários de origem não comprovada, argumenta que essas receitas foram reconhecidas na conta bancária da impugnante, sem que houvesse a contrapartida das mesmas em sua escrita contábil; que não teve como informar habilmente a origem de todas as receitas, pois se tratam de valores depositados diretamente; que o fisco, com a quebra do sigilo perpetrado, é quem deveria apurar a origem dos recursos; f) que ao imputar a base de cálculo mais elevada, o fisco desconsiderou o fato da prestação de serviços por parte da impugnante ser sempre efetuada a partir da redução dos valores devidos, e nunca por recebimento em conta; que os recursos recebidos eram exclusivamente da venda de madeiras e que a prestação de serviços era atividade secundária, cujo recebimento era através da dedução dos valores devidos; g) que o fisco efetuou o cálculo do montante tributável tendo por base o arbitramento, mas as vendas identificadas não devem ser tributadas dessa forma em face de fazerem parte de um cenário de apuração obtido tão somente pela simples existência de depósitos em conta bancária; que não cabe a exigência com base na presunção, pois tendo o fisco adotado uma base irreal, devem ser cancelados os lançamentos contestados; h) com relação à multa e juros exigidos isoladamente sobre o IRRF que deixou de ser retido sobre os valores pagos aos sócios da SCP, aduz que o critério utilizado para pagamento aos sócios foi de distribuição de lucros, cujo repasse é isento de retenção e recolhimento; Fl. 664DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 665 15 i) que a fiscalização também tributou os beneficiários, que também estão sendo alvo de fiscalização; que, assim, está ocorrendo um bis in idem, pois os valores são lançados à pessoa jurídica e aos beneficiários, o que evidencia a imoralidade, ilegalidade e descompasso dos lançamentos; j) contesta a multa de ofício agravada (sic) de 150%, que teria sido lançada por força da emissão de notas com valor abaixo do real; argui que essas notas teriam sido canceladas, não tendo, pois, o condão de gerar efeitos no mundo tributário, não podendo servir de prova; alega que a fiscalização apenas supôs que, pelos efeitos havidos naquelas notas canceladas, os desmandos e as emissões falsas se perpetraram, sem que houvesse conseguido provar tal fato; que a fiscalização, ao apurar essas informações, simplesmente tomou como sendo falsas as notas seguintes, mas em nenhum momento trouxe provas de tais acusações, mantendo o entendimento de falsidade dolosa; cita a súmula CARF nº 14, que assevera não ser suficiente à qualificação da multa a simples omissão de receitas; k) que não se pode imputar falsidade a dados baseados em documentos concretos, ou seja, se as notas eram emitidas e contabilizadas, não pode a fiscalização supor que devido a fatos privados possam ter ocorridos fatos secundários; que sendo a infração estribada em presunção legal, não se observa nenhuma existência de atitude dolosa no sentido de cometimento de fraude tributária; l) assevera que a instituição de multa excessiva, que ultrapasse o limite do razoável e do proporcional, mesmo que visando teoricamente a punição dos que transgridem a legislação tributária, constituise violação do Princípio do Não Confisco; m) insurgese contra a aplicação da taxa Selic sobre débitos tributários, porquanto inexiste qualquer lei determinando o que vem a ser referida taxa, a sua origem, bem como a forma como é calculada; que a utilização da taxa Selic ofende os princípios da anterioridade (por implicar aumento do tributo) e da indelegabilidade tributária (por ser fixado por ato do Banco Central); alega que a Taxa Selic abrange não só a correção monetária, como também os juros moratórios; insurgese também contra a aplicação da taxa Selic cumulativamente com a correção monetária e os juros moratórios, o que, ao seu ver, constituise em "um verdadeiro despautério e a uma prática de ilegalidade insuperável"; Afinal, vieram os autos para a apreciação deste Conselheiro. É o relatório. Fl. 665DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 666 16 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Como já vimos no Relatório, restou para a apreciação deste Colegiado as seguintes infrações: a) omissão de receitas decorrente do subfaturamento de serviços prestados; b) omissão de receitas caracterizada por créditos bancários de origem não comprovada; c) multa de ofício e juros cobrados isoladamente, incidente sobre lucros tributáveis distribuídos sem a devida retenção do IRRF, correspondentes aos valores excedentes ao lucro presumido de SCP deduzido dos encargos de IRPJ e reflexos. Também foi objeto da autuação d) a imposição de multa qualificada sobre a autuação decorrente do subfaturamento de receita de serviços. Analisando o teor do recurso voluntário, constatamos que o mesmo nada mais faz do que repetir os termos já postos quando da impugnação, não dialogando com a decisão recorrida, quando muito referindose à decisão a quo tão somente para discordar do quanto decidido, sem trazer nenhum novo fundamento ou alegação que pudesse contraditar o acórdão da DRJ/CTA. Portanto, e haja vista que concordo integralmente com a decisão recorrida, adoto seus fundamentos, reproduzidos abaixo, forte no disposto no art. 57, § 3º, do Regimento Interno deste Conselho. Colacionei os trechos da decisão recorrida que considero relevantes para resolver a pendenga, me atendo àqueles trechos que dizem respeito às matérias que foram mantidas pela DRJ/CTA. Depósitos bancários de origem não comprovada 26. Após apresentar, em 05/04/2010 (fls. 248249), os extratos bancários das contas correntes nºs 19.5316 (período de novembro/2005 a dezembro/2007) e 22.457X (julho a dezembro/2007), agência 15229, do Banco do Brasil S/A, em atendimento a solicitação constante do Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls 230231), a interessada autorizou, em 19/04/2010, o Banco do Brasil S/A a fornecer cópia de seu documentos bancários dos anos calendário de 2005 a 2007 ao Sefis da DRF/Curitiba (fl. 252). 27. Com base nesses extratos bancários, a contribuinte foi intimada, em 15/10/2010, por meio do Termo de Intimação Fiscal nº 6 (fls. 240241), a identificar a origem dos créditos bancários individualizadamente discriminados no Anexo II (fl. 243), no montante de R$ 1.319.885,60, os quais estão contabilizados a débito da conta Banco C/Movimento e contrapartida na conta Caixa. Ressaltese que o saldo da conta caixa era irreal em face de a interessada reiteradamente contabilizar despesas operacionais mediante lançamento a débito dessa conta e contrapartida credora na conta Banco C/Movimento, sem movimentar conta de resultado. 28. Em resposta apresentada em 26/10/2010 (fls. 412413), ela informou: “Não foi possível até o presente momento, identificar a origem dos depósitos, uma vez que o lançamento não declina esta informação. Estão sendo buscados maiores detalhes, junto a documentos dos caixas, para tentar fazer tal identificação. Requer mais tempo.” Fl. 666DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 667 17 29. Por conseguinte, conforme descrito no subitem 6.4 do Termo de Verificação Fiscal (fls. 4163), esses créditos bancários de origem não comprovada foram tributados com fundamento na presunção legal relativa de omissão de receitas prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, in verbis: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º. O valor das receitas ou dos rendimentos será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º. Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º. Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I – os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II – no caso de pessoa física (...) § 4º. (...)” (Grifouse) 30. Em sua impugnação alegou que não teve como informar habilmente a origem de todas as receitas, pois tratase de valores depositados diretamente; que o fisco, com a quebra do sigilo perpetrado, é que deveria apurar a origem dos recursos; que ao imputar a base de cálculo mais elevada, o fisco desconsiderou o fato de a prestação de serviços por parte da impugnante ser sempre efetuada a partir da redução dos valores devidos, e nunca por recebimento em conta; que os recursos recebidos eram exclusivamente da venda de madeiras e que a prestação de serviços era atividade secundária, cujo recebimento era através da dedução dos valores devidos; que não cabe a exigência com base na presunção, pois tendo o fisco adotado uma base irreal, devem ser cancelados os lançamentos contestados. 31. Portanto, verificase que a impugnante não trouxe aos autos nenhum esclarecimento acerca da origem dos créditos bancários arrolados pela autoridade fiscal. 32. Ressaltese que a caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se deu pela mera constatação de um crédito bancário, considerado isoladamente, abstraída das circunstâncias fáticas. Pelo contrário, a caracterização está ligada à falta de esclarecimentos da origem dos numerários creditados e seu oferecimento à tributação, conforme dicção literal da lei. Existe, portanto, uma correlação lógica entre o fato conhecido – ser beneficiado com um crédito bancário sem origem comprovada ou não oferecido à tributação – e o fato desconhecido – auferir rendimentos. Essa correlação autoriza plenamente o estabelecimento da presunção legal de que o dinheiro surgido na conta bancária, sem qualquer justificativa, provém de rendimentos não declarados. Fl. 667DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 668 18 33. Via de regra, a autoridade deve estar munida de provas para alegar a ocorrência de fato gerador, contudo, nas situações em que a lei presume a ocorrência do fato gerador – as chamadas presunções legais – a produção de tais provas é dispensada. 34. A criação de presunções legais em nosso sistema jurídico está prevista na Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo CivilCPC), que assim dispõe em seus arts. 333 e 334: “Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (...) Art. 334. Não dependem de prova os fatos: (...) IV – em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.” (Grifouse) 35. Portanto, as presunções legais são as estabelecidas por lei, que determina o princípio em virtude do qual se tem como provado o fato pela dedução tirada de outro fato ou de um direito por outro direito. As presunções legais dividemse em absolutas ou presunções juris et jure e em relativas, condicionais ou presunções juris tantum. As presunções absolutas são as que, por expressa determinação da lei, não admitem prova em contrário nem impugnação. Os fatos ou atos que por elas se deduzem, são tidos como provados, consequentemente como verdadeiros, ainda que se tente demonstrar o contrário. As presunções relativas são estabelecidas em lei, não em caráter absoluto ou como verdade indestrutível, mas em caráter relativo, que podem ser destruídas por uma prova em contrário, ou seja, valem enquanto prova em contrário não vem desfazêlas ou mostrar sua falsidade. Tal como as absolutas, as presunções relativas não se confundem com os indícios, porquanto estes podem, em certas circunstâncias, merecer fé, desde que acompanhados de elementos subsidiários que os tornem de valor indiscutível, enquanto aquelas são geradas do preceito ou da regra legalmente estabelecida. 36. No caso em análise, tratandose de presunção juris tantum, ou seja, está prevista em lei, mas admite prova em contrário, fica invertido o ônus da prova, cabendo à fiscalizada comprovar a sua improcedência. Cumpre ao fisco, em tais circunstâncias, tãosomente provar o fatobase descrito na lei para se considerar provada a ocorrência dos fatos ou atos presumidos. A relação de causalidade, entre o fatobase e a infração imputada, é estabelecida pela própria lei, o que torna lícita a inversão do ônus da prova e a conseqüente exigência atribuída à contribuinte de demonstrar que tais valores não são provenientes de receitas omitidas. 37. No mesmo sentido caminha a jurisprudência administrativa: “PROVA. PRESUNÇÕES. No processo administrativo fiscal a prova indireta (presunção) é plenamente aceitável, desde que presentes os requisitos de seriedade quanto ao nexo evidente entre o fato conhecido e sua conseqüência, precisão quanto à Fl. 668DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 669 19 idoneidade do fato conhecido e concordância a respeito da relação entre os fatos.” (Acórdão nº 10193647, 1º Conselho de Contribuintes, Primeira Câmara, Data da Sessão: 17/10/2001). “PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei.” (Acórdão nº 108.09836, sessão de 05/02/2009, da 8ª Câmara do 1º Conselho do CARF) 38. Acrescentemse, ainda, as palavras de Antônio da Silva Cabral em “Processo Administrativo Fiscal”, Saraiva, São Paulo, 1993, pg. 311: “8. Valor da prova indireta. Em direito fiscal conta muito a chamada prova indireta. Conforme consta do Ac. CSRF/010.004, de 26101979, ‘A prova indireta é feita a partir de indícios que se transformam em presunções. Constitui o resultado de um processo lógico, em cuja base está um fato conhecido (indício), prova que provoca atividade mental, em persecução do fato conhecido, o qual será causa ou efeito daquele. O resultado desse raciocínio, quando positivo, constitui a presunção.’ O fisco se utiliza da prova indireta, mediante indícios e presunções, sobretudo para descobrir omissões de rendimentos ou de receitas.” 39. No texto abaixo reproduzido, extraído de Imposto sobre a RendaPessoas Jurídicas, JUSTECRJ, 1979, pág. 806, José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: “O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso." (Grifouse) 40. Nesse sentido, são também brilhantes as lições de Maria Rita Ferragut In Presunções no Direito Tributário (São Paulo, Dialética, 2001, págs. 91/92): “Discordamos do entendimento de que as presunções ferem a segurança jurídica porque, como meio de prova indireta que são, portam elevado grau de incerteza, prejudicando a necessária apuração dos fatos. Entendemos que as presunções não devam ser aplicadas em casos de dúvida e incerteza, mas somente nas hipóteses de impossibilidade de comprovação direta do evento descrito no fato, já que seu principal fim é o de suprir deficiências probatórias. A certeza e a convicção (...) é inatingível objetivamente, estando, nessa perspectiva, também ausente na prova direta. Sobre a questão da certeza, manifestouse Moacyr Amaral dos Santos, para quem ‘há certeza, relativamente a um fato quando o espírito se convence de sua existência ou inexistência’. A previsibilidade (inerente ao princípio da segurança jurídica) quanto aos efeitos jurídicos da conduta praticada não se encontra comprometida quando Fl. 669DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 670 20 a presunção for corretamente utilizada para a criação de obrigações tributárias. O enunciado presuntivo não altera o antecedente da regramatriz de incidência tributária, nem equipara, por analogia ou interpretação extensiva, fato que não é como se fosse, nem substitui a necessidade de provas. Apenas, e tãosomente, prova o acontecimento factual relevante não de forma direta – já que isso, no caso concreto, é impossível ou muito difícil – mas, indiretamente, baseandose em indícios graves, precisos e concordantes, que levem à conclusão de que o fato efetivamente ocorreu. Caso não tenha ocorrido, até para a garantia de observância da segurança jurídica, é permitido ao contribuinte produzir todas as provas juridicamente admitidas para os fins de demonstrar a inveracidade fática do fato imputado. (...) A Administração tem o deverpoder de cumprir com certas finalidades, sendolhe obrigatória essa tarefa para a realização do interesse da coletividade, indicado na Constituição e nas Leis. Conseqüência dessa premissa é a indisponibilidade do interesse público. A utilização de presunções para a instituição de tributos é uma forma de atender ao interesse público, já que essas regras são passíveis de evitar que atos que importem evasões fiscais deixem de provocar as conseqüências jurídicas que lhe seriam próprias não fosse o ilícito. É, nesse sentido, instrumento que o direito coloca à disposição da fiscalização, para que obrigações tributárias não deixem de ser instauradas em virtude da prática de atos ilícitos pelo contribuinte, tendentes a acobertar a ocorrência do fato típico“ (Grifouse) 41. Por conseguinte, a autoridade fiscal está dispensada de apresentar elementos subsidiários para fazer prova direta da omissão de receitas imputada à interessada, porquanto o lançamento fiscal não está baseado em simples indício, mas em presunção legal relativa de omissão de receitas cuja hipótese de incidência foi materializada pela constatação dos fatosbase descritos na lei. 42. Assim, fica invertido o ônus da prova, pois a autoridade administrativa fica dispensada de provar que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico sujeito à incidência do imposto de renda, cabendo à contribuinte a produção da prova de que os fatos presumidos não ocorreram, ou seja, de que inexistem os créditos bancários de origem não comprovada tratados nos autos, mas nenhuma documentação hábil e idônea foi apresentada nesse sentido. 43. Dessa forma, voto por manter a exigência correspondente. Com relação a esta matéria, não é preciso que nos alonguemos, haja vista ser pacífico neste Conselho o tratamento dado a casos tais. Conforme o Termo de Verificação Fiscal de efls. 4163, foram identificados créditos na principal conta bancária da Interessada sem correspondência na escrituração contábil. Intimada a comprovar a origem dos lançamentos em sua conta bancária, a Recorrente não o fez, afirmando não ter conseguido identificar a origem dos depósitos. Fl. 670DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 671 21 Assim, não restou outra alternativa à Fiscalização a não ser considerar os depósitos não comprovados como sendo receita omitida por parte da Interessada, aplicando ao caso o disposto no art. 42 da Lei nº 9.430/96 e o art. 24 da Lei nº 9.249/95 (apuração do imposto de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a Fiscalizada). O recurso voluntário não inovou absolutamente nada em relação aos argumentos já exposados na impugnação, não trazendo nenhum esclarecimento acerca da origem dos créditos bancários arrolados pela Autoridade Fiscal, razão pela qual mantenho inalterada a decisão recorrida e nego provimento ao recurso neste ponto. Dando seguimento à análise do recurso, passemos ao ponto relativo à omissão decorrente do subfaturamento de serviços. Assim constou da decisão recorrida: Subfaturamento de serviços de corte e preparo de madeira em pé 44. Conforme previsto no parágrafo quarto da cláusula segunda do Instrumento Particular de Contrato de Compra e Venda de Madeira em Pé, Oriunda de Projetos de Reflorestamento (fls. 065072), a Compet AgroFlorestal S/A comprometeuse a pagar à interessada a importância de R$ 18,00 por metro estéreo de madeira em pé com diâmetro entre 7 e 18 cm e com no máximo 20 dias de corte por esta extraída e preparada, material lenhoso fora das especificações previstas no parágrafo primeiro dessa cláusula segunda, a título de ressarcimento de despesas com mãodeobra. 45. Contudo, a fiscalização constatou que a interessada subfaturou o valor desse serviço, registrando apenas 10% do valor real em diversas notas fiscais de sua emissão. 46. Em 04/10/2006 a fiscalizada recebeu notificação extrajudicial da Compet AgroFlorestal S/A para efetuar a quitação das parcelas vencidas em 05/06/2006, 05/07/2006 e 05/08/2006, no valor de R$ 300.000,00 cada, do Contrato de Compra e Venda de Madeira em Pé firmado em 03/10/2005, cujos pagamentos estão previstos no parágrafo quinto, alínea “b”, da sua cláusula segunda. 47. Na contranotificação extrajudicial, datada de 09/10/2006 (fls. 211212), assinada por Evaldo Marcos Pavanato (sócio quotista), a interessada respondeu: “Ainda que os pagamentos tenham sido pactuados para pagamento em moeda, a contranotificante foi expressamente autorizada, pelo parágrafo sexto da cláusula segunda, a efetuar a quitação das parcelas tratadas no item ‘b’, parágrafo quinto da mesma cláusula mediante aplicação de créditos oriundos do ressarcimento das despesas com mãodeobra, relativos ao corte e preparo da madeira com diâmetro inferior a 18 (dezoito) centímetros, nos exatos termos do parágrafo quarto da citada cláusula. Segundo os controles em poder da contranotificante, encontramse pendentes de pagamento, por essa empresa, o ressarcimento das despesas realizadas nos seguintes meses, volumes e valores, a saber: Fl. 671DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 672 22 Assim, aplicandose os valores havidos em decorrência do ressarcimento pactuado na quitação das parcelas pendentes, apurouse um crédito remanescente em favor da contranotificante, da ordem de R$ 911.498,45 (novecentos e onze mil, quatrocentos e noventa e oito reais e quarenta e cinco centavos). Neste contexto, visando prevenir direitos e obrigações assumidos no ‘Instrumento Particular de Contrato de Compra e Venda de Madeira em Pé’, fica essa Empresa contranotificada de que as parcelas relativas aos meses de junho, julho e agosto de 2006, a que se refere a notificação, encontramse devidamente quitadas e, ainda, que o saldo remanescente apurado, da ordem de R$ 911.498,45 (novecentos e onze mil, quatrocentos e noventa e oito reais e quarenta e cinco centavos) encontramse impagos e vencidos.” (Grifouse) 48. Também na ata da reunião realizada em 26/10/2006 (fl. 213), assinada por Oliveiros Paz King (Ikea) e Juan Torcuato Presotto (Compet/Cocelpa), consta que na 1º quinzena de outubro/2006 a Ikea prestou serviços à Compet no montante de R$ 180.494,98, além de confirmar o valor dos seguintes serviços prestados no ano calendário de 2006, conforme discriminado na planilha de fls. 214: 49. Em sua impugnação a interessada aduz que a reclamação da Compet referiase a receitas não recebidas e, por conseguinte, não tributáveis, tendo a fiscalização se baseado em fatos não ocorridos e que não obtiveram ainda a condição de proferir e fazer ocorrer o fato gerador do imposto. Acrescentou que o documento privado gera consequência entre as partes anuentes e não tem qualquer reflexo tributário exigível de quem quer que lhe haja assinado, pois a consequência tributária somente pode advir da lei, e esta estabelece o fato gerador como o recebimento de valores, se fosse o caso. 50. Contudo, cabe destacar que tanto na contranotificação extrajudicial datada de 09/10/2006 (fl. 211212), como na ata da reunião realizada em 26/10/2006 (fl. 213) foram expressamente informados os valores dos serviços já prestados no ano calendário de 2006 para a Compet AgroFloretal S/A, fato que torna tal comprovação suficiente e irrefutável para demonstrar o subfaturamento praticado pela interessada. Fl. 672DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 673 23 51. Quanto à alegação de que se tratam de valores ainda não recebidos, é de ressaltar que a interessada optou pela tributação com base no lucro presumido e informou na Ficha 58B (Outras Informações) da DIPJ 2007 (ND 096100706) e da Ficha 61B (Outras Informações ) da DIPJ 2008 que manteve escrituração contábil e utilizou o regime de competência para apuração das receitas, ou seja, não há que se falar em regime de caixa no presente caso. 52. Por conseguinte, restou caracterizado o subfaturamento dos serviços prestados pela interessada e constantes das seguintes notas fiscais de sua emissão: 53. Acrescentese a interessada chegou a emitir, em 31/05/2006, as notas fiscais de prestação de serviços nºs 0001 (fl. 217) e 0002 (fl. 218), em cujas 1ºs vias constaram os corretos valores de R$ 267.292,44 e R$ 265.354,02, respectivamente, de serviços de corte nos meses de março e abril/2006, enquanto nas demais vias constaram os valores subfaturados de R$ 26.729,24 e R$ 26.535,40. Contudo, tais notas fiscais foram canceladas e não chegaram a gerar efeitos fiscais. 54. De qualquer forma, a omissão de receitas decorrente de subfaturamento no valor dos serviços prestados nos 3º e 4º trimestres/2006, no montante de R$ 925.944,86 e R$ 90.752,38, respectivamente, restou cabalmente comprovada pela autoridade fiscal, razão pela qual voto por manter a exigência correspondente. Neste ponto, que trata da omissão de receitas decorrente do subfaturamento na prestação de serviços relativos a contrato que a Interessada mantinha com a empresa COMPET AGRO FLORESTAL S/A, restou evidente a conduta fraudulenta perpetrada consistente na emissão de notas calçadas. Para comprovar a fraude a Fiscalização juntou aos autos a notificação extrajudicial de efls. 209/210, onde a COMPET cobra da Interessada o pagamento de R$900.000,00 decorrente de contrato existente entre ambos; consta também dos autos a contra notificação extrajudicial (v. efls. 211/212), através do qual a Recorrente rechaça a cobrança feita pela COMPET, aduzindo que esta é quem lhe deve valores da ordem de R$1.811.498,45, decorrentes do ressarcimento das despesas com mãodeobra, relativos ao corte e preparo da madeira com diâmetro inferior a 18 centímetros; para resolver a pendenga, um dos sócios da IKEA, o Sr. Oliveiros Paz King, reuniuse com a empresa COMPET, conforme comprova a ata de efls. 213/214, onde restou pactuado entre as intervenientes prazos e formas de pagamentos dos créditos gerados mutuamente; mais importante, ficou caracterizada a efetiva prestação de serviços realizada pela empresa IKEA (Recorrente), em termos de valores, prazos e formas de pagamento. As notas fiscais emitidas pela IKEA constam das efls. 217/220. Percebese, claramente, o modus operandi adotado pela Recorrente ao preencher as notas fiscais com valores exatamente iguais a 10% do valor efetivamente devido. Vejam às efls. 217/218 que as Fl. 673DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 674 24 notas fiscais nº 0001 e 0002, obtidas pela Fiscalização em suas três vias, denotam exatamente essa situação; na 1ª via consta o valor correto, cheio; já nas demais vias, o valor constante do documento é de apenas 10% daquele preenchido na 1ª via. Não importa que tais notas fiscais tenham sido canceladas. Elas informam o modo de proceder da Recorrente, corroborado pelo confronto das demais notas coletadas pela Fiscalização, anexadas às efls. 219/220, e os documentos a que nos referimos acima, mormente à ata da reunião realizada entre a COMPET e o sócio da IKEA. Assim, também neste ponto, não há como dar guarida às alegações da Recorrente, devendo o recurso ser negado. A Contribuinte se insurge também contra a determinação do percentual de presunção do lucro, fixado pela Fiscalização em 32%. Vejamos o que constou do acórdão recorrido: Percentual de determinação do lucro presumido 55. Tendo a interessada optado pela tributação com base no lucro presumido nos anoscalendário de 2006 e 2007, conforme DIPJ 2007 ND 096100706 e DIPJ 2008 ND 178647270, foi no lançamento fiscal observado esse regime de tributação e utilizado o percentual de 32% de determinação do lucro presumido em face de não ser possível identificar a atividade a que se refere a receita omitida (venda de madeiras ou prestação de serviços), conforme previsto no art. 24, § 1º, da Lei nº 9.249, de 1995. 56. Em sua impugnação, ao defenderse contra a omissão de receitas caracterizada por créditos bancários de origem não comprovada, a interessada argumentou que o fisco, ao imputar a base de cálculo mais elevada, desconsiderou o fato de a prestação de serviços ser sempre efetuada a partir da redução dos valores devidos, e nunca por recebimento em conta, pois os recursos recebidos eram exclusivamente da venda de madeiras e que a prestação de serviços era atividade secundária, cujo recebimento era através da dedução dos valores devidos. 57. Contudo, verificase na planilha (fl. 214) anexa à ata da reunião realizada em 26/10/2006 (fl. 213) que pelo menos nos meses de janeiro (R$ 102.299,59), fevereiro (R$ 152.995,32), parte de março (R$ 144.575,17) e setembro/2006 (R$ 272.831,31) a quitação do valor dos serviços de corte e preparo de madeira em pé não se deu mediante dedução dos valores devidos à Compet AgroFlorestal S/A, mas mediante pagamento para esta efetuado. 58. Assim, havendo atividades diversificadas e não sendo possível identificar a qual delas se refere a receita omitida, é correta a utilização do percentual de determinação mais elevado de 32%. 59. Acrescentese que a receita omitida decorrente do subfaturamento dos serviços prestados à Compet nos meses de março a junho e em outubro/2006 referese comprovadamente ao ressarcimento de despesas de mão de obra. 60. Dessa forma, é correta a adoção do percentual de 32% para determinação do lucro presumido sofre tais receitas omitidas. Também não há muito o que se acrescentar neste ponto, haja vista que a DRJ/CTA foi muito feliz em sua decisão ao vincular a determinação do percentual de 32% do lucro presumido à impossibilidade de se identificar a atividade a que se refere a receita omitida (venda de madeiras ou prestação de serviços). É o que dispõe de forma taxativa a legislação Fl. 674DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 675 25 aplicável, mormente o disposto no art. 24, § 1º, da Lei nº 9.249, de 1995. Portanto, também neste aspecto, perfeita a decisão recorrida ao negar provimento ao recurso. O próximo ponto referese à imposição da multa de ofício qualificada. Vejamos o que dispôs a decisão recorrida: Multa de ofício qualificada 61. A multa de ofício qualificada de 150%, exigida sobre a omissão de receitas decorrente do subfaturamento de serviços prestados, é devida em face de os elementos comprobatórios trazidos aos autos pela autoridade fiscal serem suficientes para demonstrar a ocorrência de fraude. 62. A multa qualificada encontravase inicialmente regulada pelo art. 44, II, da Lei nº 9.430, de 1996, cuja redação original assim dispunha: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” (Grifouse) 63. Com a edição da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, foi alterada a redação desse art. 44, in verbis: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1º. O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...)” (Grifouse) 64. Portanto, o percentual de 150% deve ser aplicado apenas nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, ou seja, o intuito de fraude foi aí aludido em seu sentido amplo, devendo para seu entendimento serem observadas as definições dos indigitados dispositivos, in verbis: Fl. 675DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 676 26 “Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos no artigo 71 e 72.” (Grifou se) 65. Como se percebe, o conluio não chega a ser uma terceira hipótese qualificadora autônoma, pois se refere à possibilidade de a sonegação e/ou a fraude serem orquestradas por meio de ajuste doloso entre duas ou mais pessoas (físicas ou jurídicas). 66. A qualificação da multa proporcional de ofício deve ser feita quando e apenas quando a autoridade fiscal identificar e comprovar a ocorrência de sonegação e/ou fraude. E apenas pode ser considerado sonegação ou fraude, para essa finalidade, aquilo que esteja em conformidade com o modelo arquetípico estabelecido pelos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 1964. 67. Analisandose as características textuais das definições empreendidas pelos arts. 71 e 72, a primeira premissa indispensável é a de que sonegação e fraude são condutas dolosas. Isso se depreende da expressão “(...) toda ação ou omissão dolosa tendente (...)”, que é repetida em ambos os artigos. 68. Portanto, para que seja efetuada a qualificação da multa de ofício, a autoridade fiscal deve comprovar que o sujeito passivo efetiva e dolosamente cometeu a conduta de sonegação e/ou fraude, o que pode ser feito por meio de provas diretas em relação à conduta, ou mesmo por um grupo de provas, ainda que indiretas, mas cujo conjunto probatório leve à convicção de que realmente aconteceu a conduta voluntária e consciente por parte do sujeito passivo. 69. No caso dos autos, a qualificação da multa de ofício decorre do fato de a interessada haver subfaturado o valor de serviços de corte e preparo de madeira em pé para a Compet AgroFlorestal S/A, o que demonstra inequivocamente a intenção de modificar uma característica essencial do fato gerador, a sua base de cálculo. 70. Embora canceladas, o fato de a interessada haver preenchido o valor real dos serviços prestados nos meses de março e abril/2006 apenas nas 1ªs vias das notas fiscais de prestação de serviços nºs 0001 (fl. 217) e 0002 (fl. 218), emitidas em 31/05/2006, enquanto nas demais vias informou 10% desse valor, denota que ela chegou, em algum momento, a ter a clara intenção de praticar a conduta dolosa conhecida como “notas calçadas”, mas, ao que parece, teria se arrependido pouco tempo após, em 05/07/2006, quando cancelou e substituiuas pelas notas fiscais nºs 0003 (fl. 219) e 0004 (fl. 220), respectivamente. Fl. 676DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 677 27 71. Contudo, na realidade, a atitude dolosa permaneceu em face de continuar a preencher apenas 10% do valor real dos serviços prestados nos meses de março e abril/2006 nas notas fiscais nºs 0003 e 0004, em todas as vias, conforme detectado com base na ata da reunião da Ikea com a Compet em 26/10/2006 (fls. 213214), cujos valores são confirmados pela contranotificação extrajudicial datada de 09/10/2006 (fls. 211212), fato que caracteriza a fraude fiscal descrita no art. 72 da Lei 4.502, de 1964. Igual procedimento foi constatado em relação às notas fiscais nºs 0005, 0005 e 0021. 72. Em relação à multa de ofício de 75%, cabe destacar que é de aplicação obrigatória para a exigência formalizada em lançamento de ofício para os casos não enquadrados nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Não se trata de cobrança de multa moratória, mas sim, de multa punitiva, tendo ela sido instituída justamente para desestimular o inadimplemento das obrigações tributárias. Tratase de medida de justiça fiscal, pois não há como dispensar à contribuinte que teve crédito apurado em procedimento de ofício o mesmo tratamento aplicável às que cumpriram espontaneamente suas obrigações, porquanto a multa aplicada de 75% decorreu de uma infração fiscal e constitui penalidade pecuniária. 73. Quanto à alegação de ser confiscatória a multa aplicada, cabe destacar que, em se tratando de penalidade e não de tributo, não têm o dito caráter confiscatório, já que não visam arrecadar mais tributo ou contribuição, mas sim desestimular a prática da ilicitude fiscal que a mesma visa coibir. A garantia constitucional prevista no art. 150, IV, da Constituição Federal, diz respeito apenas a tributos, que na definição do próprio texto constitucional, são os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria (art.145, I, II e III da Constituição Federal). As multas, portanto, não são tributos, como aliás já define o Código Tributário Nacional (art. 3º da Lei nº 5.172, de 1966), determinando inclusive que estes não se constituam em sanção de ato ilícito, distinguindoos assim exatamente das multas, que visam punir uma conduta ilegal. 74. Dessa forma, é se manter a multa de ofício qualificada sobre a infração decorrente da omissão de receitas decorrente do subfaturamento de serviços de corte e preparo de madeira em pé, assim como a multa de ofício de 75% sobre a omissão de receitas caracterizada por créditos bancários de origem não comprovada. Também não há muito o que se falar a respeito, haja vista estar perfeitamente caracterizado nos autos a fraude perpetrada pela Recorrente ao emitir notas calçadas. Lembrando que a multa de 150% (qualificada) está sendo exigida tão somente em relação à omissão de receitas decorrentes do subfaturamento na prestação de serviços. A arguição quanto à eventual natureza confiscatória da multa, que ultrapasse o limite do razoável e do proporcional, envolve matéria constitucional, cuja apreciação foge à alçada deste Colegiado, nos termos da Súmula CARF nº 2, cujo enunciado reproduzo abaixo: Súmula CARF nº 02: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Nego provimento ao recurso também neste ponto. O próximo item diz respeito à multa e juros cobrados isoladamente em função de lucros distribuídos em valores superiores àqueles que dariam direito à isenção do imposto de renda. Fl. 677DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 678 28 Multa de ofício e juros de mora exigidos isoladamente 75. Consta do item 10 do Termo de Verificação Fiscal (fls. 4163) que a SCP Floresta Guarujá Ipanema apurou lucro líquido presumido de R$ 28.054,70, R$ 862.416,21 e R$ 650.866,92 nos anoscalendário de 2005, 2006 e 2007, respectivamente, correspondente ao lucro presumido obtido mediante aplicação dos percentuais de 8% e 32% sobre a receita bruta total (declarada + omitida) deduzido dos encargos de IRPJ e reflexos. 76. Esse lucro líquido, sem incidência do IRRF, foi distribuído aos sócios Ikea Empreendimentos Comerciais Ltda. (a interessada, com participação de 50%), Kamifra Reflorestadora e Comércio de Madeiras Ltda. (10%), ULTJ Comercial Ltda. (19,5%), Linhão Administração e Participação Ltda. (5,5%) e Jesserson Joe Andraus (15%) na proporção da participação no capital social da SCP. 77. Ocorre que a interessada recebeu lucro liquido presumido no montante de R$ 770.668,93 dessa SCP e gerou R$ 37.920,10 de lucros em atividades próprias (nos 3º e 4º trimestres/2007), mas distribuiu R$ 2.472.736,33 de lucros para seus sócios Oliveira Paz King e Evaldo Marcos Pavanato nos anoscalendário de 2006 e 2007. 78. Também consta do Termo de Verificação Fiscal que a Ikea pagou R$ 2.738.211,40 a esses sócios a título de devolução de capital da SCP Floresta Guarujá Ipanema, também nos anoscalendário de 2006 e 2007, embora inexistisse devolução a ser a eles efetuada em face de a participação de 50% no capital social da SCP pertencer à interessada, que efetuou manipulações contábeis para simular a devolução a Oliveira Paz King e Evaldo Marcos Pavanato. 79. De igual forma, cabia a Jefferson Joe Andraus (sócio da SCP) a parcela de 231.200,68 do lucro líquido presumido da SCP, mas a interessada lhe distribuiu lucros no montante de R$ 741.821,17, com excesso de R$ 537.199,79 no ano calendário de 2006 e no 2º trimestre/2007 (fl. 222). 80. Por conseguinte, a autoridade fiscal apurou débitos de IRRF no montante de R$ 1.358.048,84 sobre o excesso de R$ 4.977.478,59 na distribuição de lucros a seus sócios Oliveira Paz King e Evaldo Marcos Pavanato e ao sócio da SCP Jefferson Joe Andraus, nos anoscalendário de 2006 e 2007, conforme detalhado na planilha de fl. 222, e exigiu a multa de ofício isolada de R$ 1.018.536,55 e os juros de mora isolados de R$ 89.798,35 em litígio. 81. Em sua impugnação, a interessada alegou que o critério utilizado para pagamento aos sócios foi de distribuição de lucros, cujo repasse é isento de retenção e recolhimento, e que está ocorrendo um bis in idem em face de o imposto ter sido exigido tanto da pessoa jurídica (fonte pagadora) como do beneficiário, o que evidencia a arbitrariedade perpetrada pela fiscalização. 82. Também argumentou que a apontada manipulação contábil nada mais é que a assunção dos valores lucrados pela SCP, que foram utilizados de forma legal para cobrir os valores ainda devidos na integralização do capital; que seria algo no mínimo natural que, havendo recursos disponíveis na sociedade, não se faz crível a necessidade de novos aportes pelos sócios; que se trata de uma operação contábil, de entrada e saída com destinação direta, tudo declarado e contabilizado claramente. 83. Da análise dos autos chegase à conclusão de que procede a exigência de multa de ofício e juros de mora isolados. Fl. 678DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 679 29 84. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pela pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, não estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior, conforme previsto no art. 10 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. 85. Assim, pode ser distribuído sem incidência do imposto, a título de lucros, o valor do lucro presumido (base de cálculo do imposto) deduzido de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica, conforme disposto no ADN COSIT nº 4, de 29 de janeiro de 1996, e no art. 48, § 2º, I, da IN SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997. 86. Contudo, no caso dos autos, o IRRF incide sobre a parcela do lucro distribuído excedente ao lucro líquido presumido recebido da SCP, nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, conforme determina o art. 48, § 4º, da IN SRF nº 93, de 1997. 87. Também integra a base de cálculo do IRRF os valores pagos aos sócios da interessada Oliveira Paz King e Evaldo Marcos Pavanato a título de devolução do capital investido na SCP. Tendo a Ikea integralizado o capital social da SCP com utilização de recursos obtidos em diversas operações de empréstimos, os quais foram parcialmente quitados com repasses efetuados pela SCP, não há como se acatar a manipulação contábil efetuada para caracterizar tais repasses como devolução de capital aos dois sócios da interessada, porquanto a participação de 50% no capital social dessa SCP pertencia à Ikea. 88. Considerando que a falta de retenção do IRRF, a título de antecipação do imposto devido, foi constatada após a data prevista para entrega da declaração de ajuste anual desses beneficiários pessoas físicas, o lançamento do imposto de renda deve ser efetuado em nome dos beneficiários, mas a fonte pagadora fica sujeita à multa de ofício isolada prevista no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, e aos juros de mora exigidos isoladamente com fundamento nos arts. 843 e 953 do RIR de 1999. 89. Tendo no lançamento fiscal sido cancelada a exigência relativa à omissão de receitas de R$ 1.371.205,25 no 4º trimestre/2007, correspondente à diferença de 23.185,75 metros estéreos de toros entre o volume de madeira cuja extração estava prevista no contrato firmado com a Compet AgroFlorestal S/A e o de efetivamente vendido, recalculase o valor do lucro líquido presumido passível de distribuição pela SCP Floresta Guarujá Ipanema: Fl. 679DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 680 30 90. Considerando que o lucro líquido presumido distribuído pela SCP Floresta Guarujá Ipanema aos sócios Ikea Empreendimentos Comerciais e Jefferson Joe Andraus no 4º trimestre/2007 foi reduzido de R$ 103.592,24 e R$ 31.077,67 para R$ 94.885,07 e R$ 28.465,52, respectivamente, e tendo em vista que o lucro efetivamente distribuído pelas interessada a seus sócios e a Jefferson Joe Andraus não sofreu alteração, verificase que a parcela excedente dos lucros distribuídos no 4º trimestre/1997 foi aumentada, mas não há como se agravar o IRRF correspondente: 91. Dessa forma, mantémse a exigência da multa de ofício isolada e dos juros de mora exigidos isoladamente em litígio. Fl. 680DF CARF MF Processo nº 10980.724879/201026 Acórdão n.º 1401003.276 S1C4T1 Fl. 681 31 A defesa, também neste ponto, não foi capaz de desconstituir os fatos apontados pela Autoridade Fiscal. Restou evidente que a Recorrente efetuou pagamentos a seus sócios a título de distribuição de lucros em valores muito superiores àqueles que a legislação alberga sob o manto da isenção. O recurso voluntário limitouse a alegar que "os critérios utilizados pela recorrente para pagar aos sócios os referidos valores, foi o de distribuição de lucros. Nessa qualidade o repasse é isento de retenção e recolhimento". Também alude o recurso que estaria havendo um bis in idem, pois os "mesmos valores são lançados à pessoa jurídica e ao beneficiário". A primeira afirmação simplesmente não diz nada. Quais seriam os critérios utilizados para a distribuição de lucros isentos em valores muito superiores àqueles apurados pela empresa? Tais critérios não foram apresentados pela Recorrente, o que torna sua alegação vazia e desprovida de sentido lógico para resolver a demanda. Já a segunda alegação, de que estaria havendo um bis in idem, é totalmente inverídica. Nestes autos estão sendo cobrados única e exclusivamente a multa e os juros de forma isolada, conforme o previsto no art. 9º, da Lei nº 10.426/02, com a redação dada pela Lei nº 11.488/07, e os arts. 843 e 953 do RIR/99. Os fatos foram exaustivamente apresentados pela Autoridade Fiscal, que fez detalhada apuração dos lucros distribuídos aos sócios da Recorrente, comparandoos com aqueles que seriam passíveis de distribuição com o benefício da isenção (vide Relatório). Já o direito aplicado ao caso foi de forma muito competente exposto pela decisão recorrida, razão pela qual não vejo necessidade de maiores digressões a respeito, razão pela qual adoto na íntegra seus fundamentos. Assim, nego provimento ao recurso, mantendo a imposição da multa e dos juros cobrados isoladamente. A alegação de impossibilidade de aplicação da taxa SELIC também não se sustenta. O entendimento sobre tal matéria se encontra consolidado neste Colegiado, nos termos da Súmula CARF nº 4, cujo enunciado reproduzo abaixo: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 681DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.900009/2012-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
DECADÊNCIA. DIREITO DE EFETUAR A GLOSA DE CRÉDITOS.
O prazo decadencial do direito de lançar tributo não rege os institutos da compensação e do ressarcimento e não é apto a obstaculizar o direito de averiguar a liquidez e a certeza do crédito do sujeito passivo e a obstruir a glosa de créditos indevidos tomados pela contribuinte.
NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO.
Na legislação do Pis e da Cofins não cumulativos, os insumos, cf. art. 3º incisos I e II, que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito de Pis e Cofins no regime não cumulativo.
CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO ANEXO II DO RICARF.
O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, conforme decidido no REsp 1.221.170/PR, julgado na sistemática de recursos repetitivos, cuja decisão deve ser reproduzida no âmbito deste conselho.
COFINS NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS SUJEITAS A ALÍQUOTA ZERO. DIREITO A CRÉDITO SOBRE GASTOS INCORRIDOS COM FRETE NA REVENDA.
As revendas, distribuidoras e atacadistas de produtos sujeitas a tributação concentrada pelo regime não cumulativo, ainda que, as receitas sejam tributadas à alíquota zero, podem descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por elas suportadas na condição de vendedor, conforme dispõe o art. 3, IX das Leis n°s 10.637/2002 para o PIS/Pasep e 10.833/2003 para a Cofins.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. DESPESAS DE ARMAZENAGEM.
Concede-se direito a crédito na apuração não-cumulativa da contribuição as despesas referentes à despesa com armazenagem, de acordo com o art. 3, IV da Lei n. 10.637/2002.
CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESESTIVA
A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com transporte, armazenagem e logística dentro da zona primária, decorrentes de importação de mercadorias.
CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESPACHANTES.
A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com despachantes, decorrentes de importação de mercadorias.
CRÉDITOS. CUSTOS COM ARMAZENAGEM.
As despesas com armazenagem geram créditos não cumulativos se estiverem vinculadas às operações de venda.
FRETES SOBRE COMPRAS. CRÉDITOS BÁSICOS.
Os fretes sobre compras de bens passíveis de creditamento na sistemática da não cumulatividade do PIS e da Cofins geram direito ao crédito básico.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA.
As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO.
Indefere-se o pedido de diligência por ser absolutamente desnecessário para a solução do litígio.
Numero da decisão: 3201-004.808
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em indeferir a preliminar de decadência por tratar-se de pedido de restituição. No mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário a) Por unanimidade de votos para (i) reverter as glosas do frete sobre a aquisição de insumos, mesmo quando a aquisição sujeita-se à alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide; b) Por maioria de votos, para manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. Vencidos, no ponto, os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que concederam os créditos correspondentes.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 DECADÊNCIA. DIREITO DE EFETUAR A GLOSA DE CRÉDITOS. O prazo decadencial do direito de lançar tributo não rege os institutos da compensação e do ressarcimento e não é apto a obstaculizar o direito de averiguar a liquidez e a certeza do crédito do sujeito passivo e a obstruir a glosa de créditos indevidos tomados pela contribuinte. NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. Na legislação do Pis e da Cofins não cumulativos, os insumos, cf. art. 3º incisos I e II, que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito de Pis e Cofins no regime não cumulativo. CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO ANEXO II DO RICARF. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, conforme decidido no REsp 1.221.170/PR, julgado na sistemática de recursos repetitivos, cuja decisão deve ser reproduzida no âmbito deste conselho. COFINS NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS SUJEITAS A ALÍQUOTA ZERO. DIREITO A CRÉDITO SOBRE GASTOS INCORRIDOS COM FRETE NA REVENDA. As revendas, distribuidoras e atacadistas de produtos sujeitas a tributação concentrada pelo regime não cumulativo, ainda que, as receitas sejam tributadas à alíquota zero, podem descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por elas suportadas na condição de vendedor, conforme dispõe o art. 3, IX das Leis n°s 10.637/2002 para o PIS/Pasep e 10.833/2003 para a Cofins. REGIME NÃO-CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. DESPESAS DE ARMAZENAGEM. Concede-se direito a crédito na apuração não-cumulativa da contribuição as despesas referentes à despesa com armazenagem, de acordo com o art. 3, IV da Lei n. 10.637/2002. CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESESTIVA A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com transporte, armazenagem e logística dentro da zona primária, decorrentes de importação de mercadorias. CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESPACHANTES. A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com despachantes, decorrentes de importação de mercadorias. CRÉDITOS. CUSTOS COM ARMAZENAGEM. As despesas com armazenagem geram créditos não cumulativos se estiverem vinculadas às operações de venda. FRETES SOBRE COMPRAS. CRÉDITOS BÁSICOS. Os fretes sobre compras de bens passíveis de creditamento na sistemática da não cumulatividade do PIS e da Cofins geram direito ao crédito básico. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Indefere-se o pedido de diligência por ser absolutamente desnecessário para a solução do litígio.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em indeferir a preliminar de decadência por tratar-se de pedido de restituição. No mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário a) Por unanimidade de votos para (i) reverter as glosas do frete sobre a aquisição de insumos, mesmo quando a aquisição sujeita-se à alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide; b) Por maioria de votos, para manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. Vencidos, no ponto, os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que concederam os créditos correspondentes. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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INSUMOS DIVERSOS. Recorrente FERTILIZANTES HERINGER S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 DECADÊNCIA. DIREITO DE EFETUAR A GLOSA DE CRÉDITOS. O prazo decadencial do direito de lançar tributo não rege os institutos da compensação e do ressarcimento e não é apto a obstaculizar o direito de averiguar a liquidez e a certeza do crédito do sujeito passivo e a obstruir a glosa de créditos indevidos tomados pela contribuinte. NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. Na legislação do Pis e da Cofins não cumulativos, os insumos, cf. art. 3º incisos I e II, que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito de Pis e Cofins no regime não cumulativo. CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO ANEXO II DO RICARF. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, conforme decidido no REsp 1.221.170/PR, julgado na sistemática de recursos repetitivos, cuja decisão deve ser reproduzida no âmbito deste conselho. COFINS NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS SUJEITAS A ALÍQUOTA ZERO. DIREITO A CRÉDITO SOBRE GASTOS INCORRIDOS COM FRETE NA REVENDA. As revendas, distribuidoras e atacadistas de produtos sujeitas a tributação concentrada pelo regime não cumulativo, ainda que, as receitas sejam tributadas à alíquota zero, podem descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por elas suportadas na condição de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 00 09 /2 01 2- 58 Fl. 494DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 3 2 vendedor, conforme dispõe o art. 3, IX das Leis n°s 10.637/2002 para o PIS/Pasep e 10.833/2003 para a Cofins. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. DESPESAS DE ARMAZENAGEM. Concedese direito a crédito na apuração nãocumulativa da contribuição as despesas referentes à despesa com armazenagem, de acordo com o art. 3, IV da Lei n. 10.637/2002. CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESESTIVA A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com transporte, armazenagem e logística dentro da zona primária, decorrentes de importação de mercadorias. CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESPACHANTES. A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com despachantes, decorrentes de importação de mercadorias. CRÉDITOS. CUSTOS COM ARMAZENAGEM. As despesas com armazenagem geram créditos não cumulativos se estiverem vinculadas às operações de venda. FRETES SOBRE COMPRAS. CRÉDITOS BÁSICOS. Os fretes sobre compras de bens passíveis de creditamento na sistemática da não cumulatividade do PIS e da Cofins geram direito ao crédito básico. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de diligência por ser absolutamente desnecessário para a solução do litígio. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em indeferir a preliminar de decadência por tratarse de pedido de restituição. No mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário a) Por unanimidade de votos para (i) reverter as glosas do frete sobre a aquisição de insumos, mesmo quando a aquisição sujeitase à alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide; b) Por maioria de votos, para manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. Vencidos, no ponto, os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que concederam os créditos correspondentes. Fl. 495DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 4 3 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão de primeira instância administrativa, Acórdão n.º 06047.503 3ª Turma da DRJ/CTA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. O relatório da decisão de primeira instância descreve os fatos dos autos. Nesse sentido, transcrevese trechos do relatório da referida decisão: (...) O Auditor Fiscal informa que a fiscalização se iniciou com a ciência do termo de início de fiscalização em 17/01/2012. Tal termo especifica como período fiscalizado o transcorrido entre 01/2007 e 12/2009. Comunica que a contribuinte exerce atividade de industrialização e comercialização de fertilizantes contemplados no capítulo 31 da TIPI, bens cujas receitas de vendas estão sujeitas à alíquota zero do PIS/Pasep e da Cofins. O processo produtivo da empresa está descrito às fls. 983/985 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n° 10783.921005/201122. Na sequência, no tópico “FUNDAMENTAÇÃO” disserta sobre a legislação de regência da contribuição em análise, explica a sistemática de creditamento do PIS/Pasep e da Cofins e define o conceito de insumo fornecido pelas Instruções Normativas n°s 247/2002 e 404/2004. Ao fim, informa que, com base na análise da escrituração do sujeito passivo e planilhas de apuração das contribuições e de outros elementos apresentados pela contribuinte, apurou inconsistências nos valores dos créditos pleiteados. Diz que, consequentemente, foram realizados ajustes nos dados do Dacon, adequando o PER ao disciplinado na legislação tributária. No tópico “I – DOS CRÉDITOS PLEITEADOS”, explica que não foram realizadas glosas nas despesas de energia elétrica, serviços de industrialização, depreciação, fretes em operações de venda e locação de prédios, bem como, nas aquisições de embalagens, enxofre e bens para revenda. Em relação à base de cálculo, não foram realizados ajustes. No item “I.1 – DESESTIVA/DESPACHANTE”, relata que o serviço ou o bem adquirido, para ser utilizado no cálculo dos créditos a descontar, deve, necessariamente, ser aplicado ou consumido na Fl. 496DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 5 4 fabricação do produto. Aduz que o conceito de insumo não abrange os serviços de qualquer natureza, de modo que os serviços administrativos, de auditoria, aqueles decorrentes de atividades meio não configuram serviços sujeitos à apuração de créditos de PIS/Pasep e de Cofins. Informa que foram desconsideradas as despesas de despachante e desestiva, visto que estes serviços não se enquadram na definição de insumo, uma vez que não são destinados à área de comercialização dos produtos e não de sua produção. Explica que os valores foram glosados em sua totalidade, nos montantes indicados nas planilhas de fls.974/976 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n°10783.921005/201122. No item “I.2 SERVIÇOS E BENS NÃO ADMITIDOS”, explana que a empresa fiscalizada se apropriou de créditos decorrentes de serviços de pintura, de cópia de chaves, de gráficas, serviços gerais, médicos, de confecção de andaimes, de tratamento de efluentes, dentre outros. Narra que a interessada se apropriou também de créditos nas aquisições e no transporte de ferramentas, fusíveis, plugs, materiais para almoxarifado, vestuário dos funcionários, materiais de escritório, utensílios de elevadores, cartuchos de impressora, armários, cadeados, celulares, materiais elétricos, radiadores e baterias para carros, graxas, vale transportes de funcionários, dentro outros. Explica que em outras situações não foi discriminado o serviço ou o produto adquirido. Todos esses bens e serviços foram glosados por não serem considerados insumos do processo produtivo da empresa. Os ajustes foram compilados na “planilha 2” (fls.1.133/1.278 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n°10783.921005/2011 22), a qual, conforme explica a autoridade fiscal, “engloba também as despesas de frete incorridas para o transporte desses bens, que, por ausência de previsão legal, não podem ser utilizados para fins de desconto de créditos”. No item “I.3 FRETES SOBRE COMPRAS”, explica que quando o seguro e o frete para a entrega de bens correrem por conta do comprador, por integrarem os custos de aquisição (art. 289, § 1o do RIR/99), eles compõem a base de cálculo do crédito da contribuição. Aduz, porém, que a Lei n° 10.865/2004 redefiniu as condições para o direito ao crédito do PIS/Pasep e da Cofins, ao alterar a redação dos arts. 3º das Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003, ao incluir a seguinte vedação ao direito do crédito no inc. II, do §2º dos citados artigos: “não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição”. A autoridade fiscal explica que, com base nessa disposição, os contribuintes não podem descontar créditos de PIS e Cofins decorrentes de aquisições de insumos com alíquota zero e utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. O Auditor Fiscal relata que o inciso I do art. 1º da Lei n° 10.925/2004 reduziu a zero as alíquotas de PIS/Pasep e de Cofins incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado Fl. 497DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 6 5 interno de adubos ou fertilizantes classificados no Capítulo 31, exceto os produtos de uso veterinário e suas matériasprimas. Informa que a contribuinte apresentou a relação das notas fiscais referente às despesas com transportes de insumos, discriminando os produtos transportados. Diz que, em quase sua totalidade, os insumos adquiridos estão sujeitos à alíquota zero, pois são matérias primas para a produção de fertilizantes. Entende que se não há previsão legal para apuração de crédito na aquisição de adubos, fertilizantes e suas matériasprimas e se as despesas de frete incorridas para o seu transporte integram o custo de aquisição, logicamente, não poderia ter sido apurado crédito sobre as despesas de frete. Informa que na “planilha 3” discriminou todas as despesas de frete que foram glosadas, na qual também foram incluídas as despesas de fretes sem descrição do produto transportado (fls. 1.279/5.002 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n° 10783.921005/201122). Explica, por fim, que foi garantido o aproveitamento de créditos no transporte de ureia, quando adquirida para fins veterinários, visto haver tributação sobre esse insumo. No item “I.4 ARMAZENAGEM”, explica que, intimada a comprovar as despesas realizadas nesta rubrica, a contribuinte informou que se tratavam de armazenagem de insumos adquiridos que, por razões de logística e capacidade de armazenagem interna, eram guardados em armazéns externos. Afirma, todavia, nos termos do inciso IX do art. 3º da Lei n° 10.833/2003, extensiva ao PIS/Pasep em função do inciso II do art. 15 da mesma lei, que tal crédito é restrito às despesas efetuadas nas operações de vendas e se o ônus for suportado pelo vendedor. Entende que as despesas com armazenagem de insumo ou mercadorias adquiridas para industrialização ou revenda não geram direito ao crédito das contribuições. Diz que tal entendimento é corroborado pelas Soluções de Consulta n° 151/2006 (8a RF), n° 25/2009 (8aRF) e n° 403/2007 (Cosit). Informa que está discriminado na “planilha 4” todas as despesas de armazenagem que foram glosadas (fls. 5.003/5.040 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n° 10783.921005/201122). No item “I.5 – ENTRADA BENS P/ REVENDA – URÉIA PECUÁRIA EEMBALAGENS”, relata que no processo administrativo de n° 15586.001201/201048 foi lavrado o Parecer n° 83/2010 e seu respectivo Despacho Decisório, com ciência da contribuinte em 26/11/2010, no qual foi feita a análise do PER de n° 29114.33033.090409.1.1.111732,referente a créditos da Cofins não cumulativa (mercado interno) do 3º trimestre de 2008. Diz que, neste processo, ficou provado que a contribuinte se apropriou indevidamente, neste trimestre, de créditos relativos às aquisições de ureia pecuária e de embalagens correspondentes a períodos anteriores (janeiro de 2005 a Fl. 498DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 7 6 junho de 2008), nos montantes de R$160.094.943,96 e R$ 17.854.396,54, respectivamente. Informa que a contribuinte justificou o procedimento adotado, invocando o art. 16 da Lei n° 11.116/2005, o qual autorizou a compensação e o ressarcimento de créditos de PIS/Pasep e Cofins vinculados a operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência. Relata que o Acórdão de n° 1335.523, proferido pela DRJ/RJ2 em 16/06/2011, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendose integralmente o Despacho Decisório proferido. Narra que o entendimento da DRJ foi no sentido de considerar indevida a inclusão na base de cálculo dos créditos os valores de custos, encargos e aquisições que ensejariam a apropriação dos créditos correspondentes, mas que dizem respeito, todavia, não ao 3º trimestre de 2008, mas a trimestres anteriores de apuração. Explica que o procedimento adotado não se restringiu à inclusão em um mesmo PER de créditos originados de períodos anteriores àquele a que se refere, mas cometeu o mesmo erro no Dacon, ao incluir no mês de setembro de 2008 os custos de aquisições de insumos e embalagens originados em meses anteriores (desde janeiro de 2005). Entende que a contribuinte, assim agindo, não promoveu o necessário e regular confronto dos créditos decorrentes de tais operações de meses anteriores de apuração, utilizandoos na dedução da contribuição devida no próprio mês de apuração, em desrespeito ao regime de competência de apuração da contribuição. Por tal razão, as mesmas glosas efetuadas na apuração do saldo de créditos da Cofins foram mantidas na apuração do saldo de créditos de PIS. No tópico “III – RESSARCIMENTO”, explica que os ajustes de créditos realizados, bem como o percentual de rateio utilizado para separar os diferentes tipos de créditos, foram discriminados no “Demonstrativo de Apuração do PIS”, constante às fls.5.041/5.043, bem como no “Demonstrativo de Apuração da Cofins”, constante às fls.5.044/5.046 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n°10783.921005/201122. Informa que os créditos vinculados a receitas tributadas no mercado interno foram consumidos antes dos créditos vinculados a receitas não tributadas no mercado interno e antes dos créditos vinculados a receitas de exportação. (...) A autoridade fiscal propôs, ainda, a homologação das Dcomp vinculadas ao PER até o limite do crédito reconhecido por trimestre calendário, por tributo e por tipo de crédito. Com base no Parecer de n° 74/2012, foi emitido Despacho Decisório pelo Delegado da RFB em Vitória/ES, reconhecendo o direito creditório proposto e homologando as compensações vinculadas até o limite do crédito reconhecido. Fl. 499DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 8 7 (...) Cientificada (...), a contribuinte apresentou (...) a manifestação de inconformidade, a seguir sintetizada. No tópico “I DOS FATOS”, explica que com a edição do artigo 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, passou a ser possível a manutenção dos créditos relativos às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência. Aduz que, posteriormente, foi editada a Lei n° 11.116/05, cujo artigo 16 autorizou a compensação destes créditos com outros tributos federais ou, ainda, seu ressarcimento. Diz que, por isso, apurou o saldo credor solicitado no PER. Resume, ao fim, as glosas realizadas e diz que os fundamentos utilizados pela autoridade fiscal não podem prosperar. No tópico “II DO DIREITO”, aduz, preliminarmente, que a manifestação de inconformidade apresentada engloba todos os processos apensados. A seguir, no item “DA NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIOANTE A AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DA GLOSA DE CRÉDITOS DE PIS ORIUNDOSDA AQUISIÇÃO DE UREIA E EMBALAGEM PERÍODO DE JAN/05 A SET/08”, aduz que a autoridade fiscal, ao tratar dos créditos extemporâneos de PIS/Pasep e Cofins oriundos da aquisição de ureia e embalagem no período de jan/05 a set/08, se pautou tão somente na análise dos créditos de Cofins, sem, contudo, fundamentar a decisão com relação ao PIS/Pasep. Explica que não há uma ausência absoluta de motivação das glosas realizadas. Diz, todavia, que há latente insuficiência da motivação, decorrente da precariedade da análise realizada, que, em última instância, acabou por inviabilizar o entendimento acerca do trabalho fiscal realizado, prejudicando o direito ao contraditório. Entende ser inquestionável a necessidade de reconhecimento da nulidade do despacho decisório por cerceamento do direito de defesa e do contraditório, haja vista a inexistência de elementos sólidos para definir os motivos específicos das glosas perpetradas em relação aos créditos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de ureia e embalagem. Argumenta que a indicação específica dos fatos que ensejaram a glosa dos créditos tributários é um dos requisitos de validade das decisões administrativas, conforme se depreende do art. 50, I, da Lei 9.784/99. Diz ainda que são nulos os despachos proferidos com preterição do direito de defesa, nos termos do artigo 59 do Decreto 70.235/72. Traz decisão do CARF sobre o assunto. Requer a nulidade do despacho decisório. A seguir, no item “DA DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO DE INDEFERIR O DIREITO AO CRÉDITO DE PIS E DE COFINS APROPRIADO ATÉ MAIO DE 2007”, assevera que a autoridade fazendária glosou os créditos oriundos da aquisição de serviços de desestiva, frete sobre compra, armazenagem e de bens e serviços empregados na da produção, referentes ao período transcorrido entre o 1º trimestre de 2007 e o 4º trimestre de2009 e, ainda, créditos Fl. 500DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 9 8 extemporâneos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de uréia e embalagem do período de janeiro de 2005 a setembro de 2008. Alega, todavia, que já estava decaído o direito de o Fisco glosar os créditos apurados até 05/2007. Diz que o reconhecimento do direito creditório se deu entre 01/2007 e12/2009, ocasião em que apropriou os créditos em sua escrita fiscal e os declarou em Dacon. Explana que a contribuição em análise está sujeita ao lançamento por homologação, de modo que lhe compete apurar mensalmente o montante de tributo devido, declarálo ao Fisco e efetuar o recolhimento. Informa que a homologação pode ocorrer expressa ou tacitamente, a qual se dá pelo transcurso do prazo de 5 (cinco) anos sem a manifestação do fisco, tornando extinto o crédito tributário, nos termos do §4° do art. 150 do CTN. Argumenta que uma vez pago o tributo devido começou a fluir o prazo decadencial de 05 (cinco) anos para o Fisco averiguar se estava correto o procedimento adotado, bem como lançar eventual diferença. Preconiza que, em relação aos créditos apurados entre 01/2005 e 05/2007, o prazo para o Fisco indeferilos findouse em 31/05/2012. Informa que a notificação sobre o indeferimento dos créditos ocorreu no dia 13/06/2012, ou seja, quando já decorrido o prazo decadencial para que o Fisco pudesse rever os valores creditados para apuração do tributo. Requer que seja reconhecido como homologado tacitamente os créditos apropriados entre 01/2005 e 05/2007. No item “DA IMPOSSIBILIDADE DE RESTRIÇÃO INFRALEGAL AO CONCEITO DE INSUMO”, explica que as Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03 determinam que a pessoa jurídica poderá fazer algumas deduções da sua base de cálculo, prevendo que podem ser descontados os bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na fabricação de bens destinados à venda. Diz que ao regulamentar as leis, a RFB externou, por meio das Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04, o seu entendimento do que consiste o termo “insumo” parafins de PIS/Pasep e Cofins, equiparando o ao conceito estabelecido para o IPI, o que não merece prosperar, uma vez que a lei assim não o fez. Explica que tais Instruções Normativas não oferecem a melhor interpretação ao art. 3o, inciso II, das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03, pois a concepção estrita de insumo não se coaduna com a base econômica da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, cujo ciclo de formação não se limita à fabricação de um produto ou à execução de um serviço, abrangendo outros elementos necessários à obtenção de receita. Explana que a base de cálculo do IPI é o valor da mercadoria industrializada, de modo que insumo, neste caso, está relacionado apenas aos elementos que entram na composição do valor da mercadoria, tais como matériaprima, produto intermediário e material de embalagem. Por sua vez, o PIS/Pasep e a Cofins têm como base de cálculo a receita, que é composta por todos os ingressos que integram o patrimônio da pessoa jurídica, razão pela qual o insumo se relaciona com a totalidade das receitas auferidas pelo contribuinte, as quais, para serem obtidas, exigem que os contribuintes incorram em despesas e custos. Fl. 501DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 10 9 Em função disso, entende que para as contribuições ao PIS e à Cofins o significado de insumo é muito mais abrangente do que o do IPI, devendo integrar todas as despesas e custos necessários utilizados na produção de bens e serviços que abarão gerando receita, relacionados nos artigos 290 e 299 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n°3.000/1999), e que definem, respectivamente, custos e despesas operacionais. Aduz que o CARF proferiu decisão na qual reconhece a validade do conceito de insumo oferecido pela legislação do IRPJ, afastando a possibilidade de utilização dos conceitos de insumo trazidos pela legislação do IPI. Assevera que a Justiça Federal está adotando o entendimento do CARF. Anexa decisão da 1a Turma do TRF da 4a Região. Alega que as Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03 não conceituam e nem limitam o conceito de insumos, assim como não remetem à utilização subsidiária da legislação do IPI para o alcance de seu conceito, razão pela qual entende que a restrição ao conceito de insumo trazida nas referidas Instruções Normativas são ilegais, ferindo o princípio constitucional da legalidade. Por fim, ressalta, “apenas por amor à argumentação”, que mesmo em caso de atendimento ao disposto nas IN SRF n°s 247/02 e 404/04, que faz jus aos créditos em discussão, pois consoante se verifica do seu objeto social, é produtora de fertilizantes, sendo imprescindível a observância de todas as etapas relativas ao processo produtivo, o qual abrange desde a chegada dos insumos importados, o carregamento, o transporte, a pesagem, a produção dos fertilizantes, a distribuição e a venda destes produtos. Requer o cancelamento das glosas realizadas relativamente aos dispêndios com insumos. No item “DO DIREITO AO CRÉDITO DE DESESTIVA”, argumenta que, à época, todos os desembolsos efetuados com operações portuárias eram classificados como desestiva, de modo que dentro desta conta foram contabilizados os custos de armazenagem alfandegada (acondicionamento da matériaprima em armazéns dentro do porto até a sua transferência para a fábrica), descarga (ato de retirar a matéria prima do navio),movimentação (movimentação dos produtos dentro do porto) e a própria desestiva (serviços de organização da matériaprima dentro do navio para que a mesma possa ser descarregada). Relata que tais atividades são realizadas por pessoas jurídicas especializadas que atuam apenas para este fim, sem os quais seria impossível a retirada da mercadoria dos porões dos navios e o seu acondicionamento nos caminhões de transporte. Diz que a Lei n° 8.630/93 regulamenta a atividade portuária e determina que todas as movimentações de cargas destinadas ou provenientes de transporte aquaviário devem ser realizadas por pessoas jurídicas préqualificadas para operar no porto. Alega que, assim, pode, com base no artigo 3o, inc. II, das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/2003, descontar créditos de PIS/Pasep ou Cofins sobre aquisições de insumos, bens e serviços empregados na fabricação Fl. 502DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 11 10 de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Argumenta que a questão que gera inúmeras discussões doutrinárias e jurisprudenciais é o real significado de insumo, uma vez que não existe uma definição legal, mas apenas instruções normativas publicadas pela RFB na tentativa de conceituálo. Diz que após diversas decisões conflitantes, a Receita Federal publicou a Solução de Divergência n° 15/2008, a qual define insumo como “aqueles bens ou serviços adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, aplicados ou consumidos na fabricação do produto ou no serviço prestado”. Afirma que tal entendimento lhe possibilita apropriar créditos sobre o valor de aquisição de insumos que não necessariamente se consumam ou desgastem em razão do contato com o produto em fabricação, mas também sobre insumos que são aplicados direta ou indiretamente no processo produtivo de determinada mercadoria, sem que tenham sido desgastados ou consumidos. Cita o art. 110 do CTN, segundo o qual a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance dos conceitos de direito privado. Delimita o conceito de insumo com base na NPC n° 02 do IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), que define custo como todos os gastos incorridos para a aquisição e/ou produção de um bem. Traz, também, o conceito de custo fornecido pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC n° 1.170/2009). Entende que é este o conteúdo que deve ser dado ao conceito de insumo pela RFB. Conclui que se enquadram no conceito de custo de produção os incorridos, intrínsecos e necessários na aquisição e na prestação de determinado bem até a etapa em que ele estiver em condições de ser comercializado. Alega, ainda, que a atividade portuária é essencial à sua atividade, o que está cabalmente demonstrado por fotos constantes em documentos anexos. Afirma que tais custos são intrínsecos ao seu processo produtivo, pois, caso algum deles não seja efetuado, a matéria prima não terá continuidade no processo produtivo. Entende, pelo exposto, que os serviços mencionados são, efetivamente, utilizados como insumo no processo produtivo da indústria, haja vista que, após a liberação do Ministério da Agricultura ou da Receita Federal, iniciase todo o serviço de desestiva e descarga do navio, a fim de acomodar as mercadorias dentro do caminhão que as transportará para o processo produtivo da indústria. Traz aos autos fluxograma para demonstrar o procedimento realizado. Afirma que os serviços realizados não podem jamais serem tratados como uma mera atividade meio ou uma despesa administrativa, como entendeu a autoridade fazendária, haja vista que são atividades essenciais e que estão intrinsecamente ligadas à produção de fertilizantes. Requer que se considere os serviços de desestiva, descarregamento, armazenagem alfandegada e movimentação como insumo do processo produtivo e, consequentemente, se reconheça os descontos dos créditos efetuados. Argumenta, com base na citada decisão do CARF, que o conceito de insumo para o PIS/Cofins é o mesmo utilizado na legislação do IRPJ, Fl. 503DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 12 11 ou seja, insumos não apenas as matériasprimas, mas todos os custos diretos ou indiretos da cadeia produtiva. Argumenta que mesmo que não fossem consideradas as despesas com desestiva, descarregamento, movimentação e armazenagem como prestação de serviços aplicados na produção, devese considerálas como englobadas no custo de transporte, o qual integra o conceito de frete. Diz que não é por não estar amparada por um documento fiscal, apresentado por uma transportadora, que não pode ter direito ao crédito de PIS/Cofins, pois a caracterização do serviço está relacionado ao transporte que faz parte de seu processo produtivo. Aduz que a RFB reconhece o crédito sobre o frete pago no transporte das matérias primas até o estabelecimento fabril. Traz soluções de consultas da RFB sobre o assunto. Requer, por fim, uma vez que a fiscalização não efetuou qualquer questionamento sobre a composição dos lançamentos classificados nas rubricas DESESTIVAS/DESPACHANTES, que seja efetuada diligência para responder qual é o valor dos créditos que deverão ser aceitos nos pedidos de ressarcimento. No item “SERVIÇOS DE TRANSPORTE FRETE NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS”, relata que o Fisco glosou crédito de despesas com fretes na aquisição de insumos, não obstante a existência dos devidos comprovantes (CTRC e notas fiscais). Argumenta que, de forma equivocada, concluiu a autoridade fiscal que como os insumos adquiridos (exceto a ureia) são tributados à alíquota zero não poderia haver crédito sobre o respectivo frete. Alega, entretanto, que a alíquota zero aplicada às aquisições de matérias primas não se estende ao frete, que sofre a tributação normal do PIS/Pasep e da Cofins. Afirma que este esse é o entendimento adotado pela melhor jurisprudência do CARF e das DRJ. Traz algumas ementas de decisões desses órgãos, assim como as Soluções de Consulta nº 17/2010 e n° 234/2007. Requer o reconhecimento da totalidade dos créditos oriundos dos fretes sobre compra de insumos. No item, “DOS CRÉDITOS DAS DESPESAS DE ARMAZENAGEM”, aduz que adquire seus insumos básicos em grandes quantidades e, assim, necessita armazenálos, o que nem sempre ocorre nas dependências da empresa. Diz que duas das Soluções de Consulta utilizadas pelo Auditor Fiscal para efetuar as glosas lhe é favorável. Afirma que a Solução de Consulta n° 403/2007 esclarece que os créditos das despesas de armazenagem são devidos desde que seu respectivo ônus seja suportado pela tomadora de créditos, que é o caso em análise. Explica que a Solução de Consulta n° 25/2009, a seu turno, elucida que os créditos de armazenagem não são devidos quando a despesa se refere a produtos que não foram aplicados diretamente na produção, o que não é o caso dos autos. Requer o reconhecimento dos créditos glosados. No item “DOS SERVIÇOS E BENS NÃO ADMITIDOS”, explica que a fiscalização glosou diversos créditos relacionados a bens e serviços adquiridos, inclusive atinentes às despesas incorridas para o transporte desses bens. Diz, todavia, que tais bens e serviços são utilizados como insumos, pois se tratam de ferramentas operacionais, materiais de manutenção, etc, os quais estão diretamente ligados ao Fl. 504DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 13 12 processo produtivo. Aduz que o conceito de “insumo” não pode ficar restrito ao conceito legalmente estatuído para o IPI. Requer a reversão das glosas efetuadas. No tópico “DA GLOSA DE CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS DE PIS ORIUNDOS DA AQUISIÇÃO DE URÉIA PECUÁRIA E EMBALAGEM – PERÍODO DE JAN/05 A SET/08”, relata que, conforme exposto em preliminar, a autoridade fiscal glosou créditos de PIS oriundos da aquisição de ureia pecuária e de embalagem, no período de 01/2005 a 09/2008, sem qualquer motivação específica e sem indicação das normas jurídicas eventualmente infringidas, em patente ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Diz que tal indeferimento se deu unicamente sob o argumento de que estavam sendo mantidas em relação ao PIS as glosas realizadas em relação à Cofins no PAF de n° 15586.001201/201048. Afirma que, se não for acatada a preliminar de nulidade, há argumentos, expostos a seguir, que rebatem a glosa perpetrada. No item “DOS CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS DE PIS”, explica que transmitiu PER em virtude da aquisição de ureia pecuária e embalagens aplicadas em seu processo produtivo, referentes ao período de 01/2005 a 09/2008. Diz que tal direito creditório foi glosado sob o possível entendimento de que deveria ter feito o pedido para cada trimestre calendário, nos termos dos artigos 21 e 22 da IN n° 600/2005. Diz que tal entendimento não merece prosperar pelos seguintes motivos. No item “DA IMPOSSIBILIDADE DA REVOGAÇÃO DE LEI POR MEIO DE INSTRUÇÃO NORMATIVA”, expõe que o artigo 16 da Lei n° 11.116/2005 não obrigou que os sujeitos passivos fizessem um PER para cada trimestre como condição para utilizar créditos extemporâneos. Afirma que a lei apenas criou o direito ao crédito e que a única obrigação trazida era de que o saldo credor fosse acumulado em cada trimestre. Aduz que se a lei não restringiu o direito do contribuinte, uma mera instrução normativa não tem o condão de fazêlo, devendo ser observado o princípio da legalidade. Traz à baila o art. 100 do CTN. Argumenta que não há dúvidas sobre o caráter regulatório das Instruções Normativas, que, como normas secundárias, não podem ir além daquilo que foi determinado em lei. Conclui que não merece prosperar a decisão da autoridade fiscal. No tópico “DA OBSERVÂNCIA PELA MANIFESTANTE DO PROCEDIMENTO NECESSÁRIO PARA COMPENSAÇÃO”, assevera que o art. 16 da Lei n° 11.116/05 determina que os contribuintes somente podem utilizar seu crédito acumulado de PIS/Cofins para compensálo com outros tributos após o encerramento do trimestre. Entende que o legislador não proibiu os contribuintes de fazer um único pedido, reunindo saldos acumulados de trimestres anteriores já encerrados. Diz que a obrigatoriedade trazida é apenas que a apuração do saldo credor seja feita a cada trimestre. Informa que quando lançou, deforma extemporânea, em seu Dacon do mês 09/2008 todas as suas operações com direito a crédito do período compreendido entre 01/2005 e 09/2008 e, consequentemente, entregou PER e Dcomp, já estavam encerrados todos os trimestres cujo crédito se pleiteava. Fl. 505DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 14 13 No tópico “DA COMPOSIÇÃO DO SALDO CREDOR REFERENTE AO 3º TRIMESTRE DE 2008”, diz que o saldo credor deste período é composto pelos créditos apurados dentro do próprio trimestre e pelos créditos extemporâneos reconhecidos no trimestre. Diz ter agido de acordo com as normas jurídicas aplicáveis ao caso e ter feito um único PER. Alega que incorporar crédito extemporâneo aos créditos do 3o trimestre de 2008 apenas lhe prejudicou, em virtude do atraso na devolução do saldo credor a que tem direito. No tópico “DA APLICAÇÃO AO CASO DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL” diz, novamente, ser possível a utilização de créditos extemporâneos. Aduz que a autoridade fiscal não pode deixar de reconhecêlos apenas por entender que o procedimento para sua utilização ter sido feita da forma inadequada. Diz que no processo administrativo tributário deve prevalecer sempre a verdade material. Traz decisões do antigo Conselho de Contribuintes sobre a aplicação do princípio. Postula por sua aplicação, reformando a decisão prolatada. No tópico “DA JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTAÇÃO”, explica que no exíguo prazo de 30 dias para apresentação da Manifestação de Inconformidade não foi possível apresentar toda a documentação que respalda os argumentos expostos. Pede, em homenagem ao princípio da ampla defesa, pela entrega dos documentos, a fim de provar a verdade dos fatos até antes do julgamento. No tópico “DA PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL”, requer, com base no artigo 16 do Decreto 70.235/72, a realização de diligência para responder a seguinte questão: “qual é o valor do crédito de PIS/Cofins oriundos dos lançamentos classificados como “desestiva/despachantes”, frete sobre compras, armazenagem e serviços e bens não admitidos que, de acordo com o conceito de insumo, já consagrado pelo CARF, deverá ser aceito no PER?” Protesta pela formulação de quesitos complementares. Nomeia como assistentes técnicos o Sr. Rubens Leite de Mattos, contador, inscrito no CRC 1SP163.568/06, e o Sr. Fabiano de Oliveira Bernarde, engenheiro, inscrito no CREA 5061932479, ambos com endereço na Avenida Irene Karcher, 620, Betel, Paulínia/SP, CEP 13148906, fone: (019) 33222289. Por fim, no tópico “DO PEDIDO”, requer: 1) a nulidade do Despacho Decisório em face da insuficiência da motivação das glosas dos créditos extemporâneos de PIS, por ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório; 2) a homologação tácita dos créditos apropriados até 05/2007; 3) quanto ao mérito, o reconhecimento integral dos créditos; 4) a realização de diligência/prova pericial a fim de comprovar o todo alegado; 5) protesta pela posterior juntada de documentos até antes do julgamento; Fl. 506DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 15 14 6) requer que as futuras intimações sejam enviadas não só para o domicílio do contribuinte, como também para seus advogados, cujo domicílio encontrase na rua Paulo Lobo, n° 33, Cambuí, Cidade de Campinas/SP, CEP 13.025210. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade. O Acórdão n.º 06047.503 3ª Turma da DRJ/CTA, está assim ementado: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 DECADÊNCIA. DIREITO DE EFETUAR A GLOSA DE CRÉDITOS. O prazo decadencial do direito de lançar tributo não rege os institutos da compensação e do ressarcimento e não é apto a obstaculizar o direito de averiguar a liquidez e a certeza do crédito do sujeito passivo e a obstruir a glosa de créditos indevidos tomados pela contribuinte. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMO. Somente podem ser considerados insumos, os bens ou serviços intrinsecamente vinculados à produção de bens, não podendo ser interpretados como todo e qualquer bem ou serviço que gere despesas. CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESESTIVA. DESPACHANTES. A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com desestiva e despachantes, decorrentes de importação de mercadorias. CRÉDITOS. CUSTOS COM ARMAZENAGEM. As despesas com armazenagem somente geram créditos não cumulativos se estiverem vinculadas às operações de venda. FRETES SOBRE COMPRAS. CRÉDITOS BÁSICOS. Somente os fretes sobre compras de bens passíveis de creditamento na sistemática da não cumulatividade do PIS e da Cofins geram direito ao crédito básico. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não há previsão legal na legislação de regência do PIS/Pasep e da Cofins para o aproveitamento extemporâneo de créditos da não cumulatividade. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA. Fl. 507DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 16 15 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de diligência por ser absolutamente desnecessário para a solução do litígio. Inconformada, a ora Recorrente apresentou, no prazo legal, Recurso Voluntário por meio do qual requer que a decisão da DRJ seja reformada, alegando, em síntese: I. Dos Fatos A Recorrente reproduz os argumentos da impugnação explicando que com a edição do artigo 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, passou a ser possível a manutenção dos créditos relativos às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência. Aduz que, posteriormente, foi editada a Lei n° 11.116/05, cujo artigo 16 autorizou a compensação destes créditos com outros tributos federais ou, ainda, seu ressarcimento. Diz que, por isso, apurou o saldo credor solicitado no PER. Resume, ao fim, as glosas realizadas e diz que os fundamentos utilizados pela autoridade fiscal não podem prosperar. II. Do Direito II.1 – Da Decadência – Desestiva e Outros A Recorrente alega a decadência do direito de lançar o créditos oriundos da glosa de serviços de desestiva, frete sobre a compra, armazenagem e bens e serviços empregados na produção, referentes ao período transcorrido entre o 1o trimestre de 2007 e o 4o trimestre de 2009 e, ainda, créditos extemporâneos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de uréia e embalagem do período de janeiro de 2005 a setembro de 2008. Nessa linha, repete os argumentos da impugnação, sustentando dentre outros a) que já estava decaído o direito de o Fisco glosar os créditos apurados até 05/2007; b) que o tributo era sujeito a lançamento por homologação com a contagem do prazo decadencial nos termos do §4° do art. 150 do CTN; c) que o prazo para o Fisco indeferilos findouse em 31/05/2012; d) que a notificação sobre o indeferimento dos créditos ocorreu no dia 13/06/2012, portando posterior a data de 31/05/2012. II.2 – Da Direito ao Crédito da Contribuição ao PIS e da Cofins Não Cumulativas Oriundas da Aquisição de Insumos e Serviços e da Impossibilidade de Ressarcimento/Compensação. A Recorrente argumenta que com a edição das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03 a contribuição ao PIS e a Cofins tornaramse, via de regra, nãocumulativas. Complementa afirmando que teria direito ao crédito na aquisição de bens e serviços, bem como Fl. 508DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 17 16 das despesas incorridas para a fabricação de seu produto. Embasa sua afirmativa no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21/12/2004. O referido artigo assim dispõe: "Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota O (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações." (DOU 22/12/04) Reforça esse argumento, fazendo referência ao art. 16, da Lei nº 11.116/05 que trata dentre outros da compensação com débitos próprios do crédito acumulado a cada trimestre de PIS/Pasep e Cofins. II.3 – Da Impossibilidade de Restrição Infralegal ao Conceito de Insumo A Recorrente argumenta que a RFB por meio das Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04 da RFB fez uma interpretação equivocada do conceito de insumo para fins de PIS/Pasep e Confins constante das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03. O equívoco ocorre pois as referidas INs equipararam o conceito de insumo para fins de PIS/Pasep e Confins ao conceito de insumo para a legislação do IPI. Dessa forma, explica que os tributos em cena têm uma estrutura jurídica completamente diversa, sendo o IPI um imposto sobre a produção e o PIS/Pasep e Cofins contrições sobre a receita. Cita doutrina e jurisprudência tratando do conceito de insumo. Pede que seja reconhecido o direito creditório. II.4 – Do Direito ao Crédito de Desestiva A Recorrente defende o direito ao crédito com as atividades de desestiva. Tratase de desembolsos efetuados com operações portuárias, a saber: custos de armazenagem alfandegada (acondicionamento da matériaprima em armazéns dentro do porto até a sua transferência para a fábrica), descarga (ato de retirar a matériaprima do navio), movimentação (movimentação dos produtos dentro do porto) e a própria desestiva (serviços de organização da matériaprima dentro do navio para que a mesma possa ser descarregada). Alega que as atividades portuárias são realizadas por pessoas jurídicas domiciliadas no país e transcreve trechos da Lei nº 8.630/93. Diz que a Lei n° 8.630/93 regulamenta a atividade portuária e determina que todas as movimentações de cargas destinadas ou provenientes de transporte aquaviário devem ser realizadas por pessoas jurídicas préqualificadas para operar no porto. Alega que as despesas com o serviço de desestiva enquadramse no conceito de insumos. Cita doutrina e jurisprudência para pedir o reconhecimento do direito creditório de PIS/Pasep e Cofins. Argumenta que mesmo que não fossem consideradas as despesas com desestiva, descarregamento, movimentação e armazenagem como prestação de serviços aplicados na produção, devese considerálas como englobadas no custo de transporte, o qual Fl. 509DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 18 17 integra o conceito de frete. Cita jurisprudência reconhecendo o direito ao crédito nos serviços de frete na aquisição. II.5 – Serviços de Transporte – Frete na Aquisição de Insumos A Recorrente relata que o Fisco glosou o crédito de despesas com fretes na aquisição de insumos, não obstante a existência dos devidos comprovantes (CTRC e notas fiscais). Argumenta que, de forma equivocada, concluiu a autoridade fiscal que como os insumos adquiridos (exceto a ureia) são tributados à alíquota zero não poderia haver crédito sobre o respectivo frete. Argumenta que os custos relativos ao frete são tributados pelo PIS/COFINS e que faria jus ao crédito. A seu favor, cita trecho de parecer, de legislação do IR (RIR/2011 art. 289) e jurisprudência administrativa. II.6 – Dos Créditos Decorrentes das Despesas de Armazenagem A Recorrente aduz que adquire seus insumos básicos em grandes quantidades e, assim, necessita armazenálos, o que nem sempre ocorre nas dependências da empresa. Afirma que a armazenagem é um serviço indispensável ao seu processo produtivo. Dessa forma, alega que não se pode restringir o direito ao crédito de PIS/COFINS provenientes das despesas de armazenagem. II.7 – Dos Serviços e Bens Não Admitidos A Recorrente relata explica que a fiscalização glosou diversos créditos relacionados a bens e serviços adquiridos, inclusive atinentes às despesas incorridas para o transporte desses bens. Diz, todavia, que tais bens e serviços são utilizados como insumos, pois se tratam de ferramentas operacionais, materiais de manutenção, etc, os quais estão diretamente ligados ao processo produtivo. Aduz que o conceito de “insumo” não pode ficar restrito ao conceito legalmente estatuído para o IPI. Requer a reversão das glosas efetuadas. II.8 – Da Glosa dos Créditos Extemporâneos de PIS Oriundos da Aquisição de Uréia Pecuária e Embalagem – Período de Jan/05 a Jun/08 A Recorrente relata que, conforme exposto em preliminar, a autoridade fiscal glosou créditos de PIS oriundos da aquisição de ureia pecuária e de embalagem, no período de 01/2005 a 09/2008, sem qualquer motivação específica e sem indicação das normas jurídicas eventualmente infringidas, em patente ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Diz que a questão relacionada aos créditos extemporâneos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de ureia e embalagem no período de jan/05 a set/08 será tratada especificamente no PA de n° 15586.720015/201273, uma vez que tais créditos foram solicitados no PER de setembro de 2008 de n° 09266.04610.101008.1.1.100006. Pede que os autos sejam julgados em conjunto com outros processos que estavam inicialmente apensados no Processo Administrativo nº 10783.900001/201291, uma vez que são conexos por tratarem das mesmas matérias. III.8 – Da Produção de Prova Pericial/Diligência Fl. 510DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 19 18 A Recorrente reforça que foi requerida quando da interposição da Manifestação de Inconformidade a realização de prova pericial/diligência, para responder ao seguinte questionamento: Qual é o valor do crédito de PIS/COFINS oriundo dos lançamentos classificados como DESESTIVAS/DESPACHANTES, FRETE SOBRE COMPRA, ARMAZENAGEM e SERVIÇOS E BENS NÃO ADMITIDOS que, de acordo com o conceito de insumo, já consagrado pelo CARF, deverá ser aceito no pedido de ressarcimento? Protesta pela formulação de quesitos complementares e indica assistentes técnicos. IV – Do Pedido A Recorrente ao final pede que: 1) inicialmente, requer a Recorrente que o presente processo seja analisado em conjunto com todos os outros processos que estavam inicialmente apensados no Processo Administrativo n.o 10783.900001/201291, uma vez que são conexos por tratarem das mesmas matérias; 2) requer que seja reconhecida a homologação tácita dos créditos apurados pela Defendente até maio de 2.007, eis que quando da notificação da Defendente em 13/06/2012, já estava decaído o direito do Fisco de indeferir e glosar o direito creditório do contribuinte em decorrência do transcurso do prazo de 05 (cinco) anos, nos termos do artigo 150, g 40 do CTN; 3) requer que o presente recurso seja integralmente provido para reformar o v. acórdão recorrido e reconhecer integralmente o crédito pleiteado, eis que o conceito de insumo engloba todos os custos e despesas incorridos para a obtenção de receita advinda da venda de fertilizantes, nos termos articulados no presente recurso, e que sejam homologadas as compensações realizadas pela Recorrente, extinguindose, assim, o respectivo crédito tributário, nos termos do artigo 156, II, do CTN. 4) requer a realização de diligência/prova pericial a fim de comprovar todo o alegado. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.805, de 31/01/2019, proferido no julgamento do processo 10783.900005/201270, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 511DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 20 19 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.805): "O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A seguir passo a análise do Recurso Voluntário. Inicialmente a Recorrente pede que estes autos sejam julgados em conjunto com outros processos que estavam inicialmente apensados no Processo Administrativo nº 10783.900001/201291. Ocorre que os processos foram desapensados pela DRJ por entender ser melhor a análise de julgamento individualizada. Os processos apensados, digase, envolvem créditos de natureza diferentes (mercado interno não tributado e exportação) e períodos de apuração distintos. Além disso, há pontos controversos que não dizem respeito a todos os processos. Por isso, cada qual deve seguir seu próprio caminho, independentemente dos demais. (efl. 463) Assim negase o pedido, sendo que este acordão diz respeito unicamente ao PER de n° 24645.20425.080409.1.1.105572, relativo ao 4º trimestre de 2008, resultantes da não incidência de PIS/Pasep sobre as receitas de vendas não tributadas no mercado interno. Do Direito II.1 – Da Preliminar de Decadência A Recorrente alega a preliminar de decadência do direito de lançar parte dos créditos. Não lhe assiste razão. A lide trata de PER Pedido Eletrônico de Restituição, sendo que não há previsão legal acerca da ocorrência de “homologação” ou de “decadência” para que o fisco examine o direito creditório de restituição. O prazo de 5 anos para a homologação é válido para os casos de compensação, isto é, da extinção do débito (crédito tributário) por um alegado crédito. Tratase de aplicar o disposto no art. 74 da Lei n° 9.430/1996: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ... § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 21 20 § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Assim, de forma conclusiva, afasto a preliminar de decadência. II.2 – Da Direito ao Crédito da Contribuição ao PIS e da Cofins Não Cumulativas Oriundas da Aquisição de Insumos e Serviços e da Impossibilidade de Ressarcimento/Compensação. A Recorrente argumenta que com a edição das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03 a contribuição ao PIS e a Cofins tornaramse, via de regra, nãocumulativas. Assiste razão a Recorrente. O art. 3º de ambas as leis utiliza o termo “insumos” para caracterizar o direito ao crédito. Tratase de assunto exaustivamente discutido neste CARF, cabendo ao intérprete da lei definir a amplitude ou abrangência do termo “insumos” para cada caso em concreto. O direito ao crédito dos insumos também está assegurado mesmo nos casos das vendas de produtos finais tributadas a alíquota zero. Nesse sentido, citase jurisprudência da CSRF deste CARF: CARF CSRF Acórdão 9303007.500 – 3ª Turma ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2008 PIS/PASEP. AQUISIÇÃO E REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. CRÉDITO SOBRE ARMAZENAGEM E FRETES NA VENDA. POSSIBILIDADE. As revendas, por distribuidoras, de produtos sujeitos à tributação concentrada, ainda que as receitas sejam tributadas à alíquota zero, possibilitam desconto de créditos relativos a despesas com armazenagem e frete nas operações de venda, conforme artigo 3º, IX da Lei nºs 10.637/2002 e 10.833/03. Assim, mesmo que o produto final esteja sujeito a alíquota zero, existe o direito ao crédito na aquisição de bens e serviços que tenham sido efetivamente tributados pelas contribuições na etapa anterior. Os dispositivos legais que embasam tal conclusão são a Lei nº 10.833, de 2003, art. 3º, §§ 7º e 8º; e a Lei 11.033, de 2004, art. 17. Assim, dáse provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito dos insumos sujeitos ao pagamento das contribuições, particularmente o frete, de produtos cuja revenda esteja sujeita a alíquota zero. II.3 – Da Impossibilidade de Restrição Infralegal ao Conceito de Insumo Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 22 21 A Recorrente argumenta que a RFB por meio das Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04 da RFB fez uma interpretação equivocada do conceito de insumo para fins de PIS/Pasep e Confins constante das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03. Assiste razão a Recorrente. O conceito de insumo é distinto do conceito de matériasprimas e produtos intermediários constante da legislação do IPI. Para o PIS/COFINS o conceito de insumo é mais amplo, ultrapassando as limitações de contato direto com o produto fabricado. Ao julgar a questão sob o prisma dos recursos repetitivos (Recurso Especial nº 1.221.170 – PR), o acórdão do STJ destacou que ao interpretar o termo insumos de forma restritiva, a Fazenda por meio das INs 247/02 e 404/04 desnaturou o sistema não cumulativo e limitou indevidamente o conceito, que está relacionado àquilo que é intrínseco à atividade econômica da empresa. A atuais redações dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 (PIS) e nº 10.833/2003 (COFINS), seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002 (PIS) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 23 22 VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 24 23 VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) As INs 247/02 e 404/04 da RFB equipararam o conceito de insumo para fins de PIS/COFINS ao conceito de insumo para a legislação do IPI e, por isso, foram consideradas restritivas. Cabe esclarecer que o julgado na sistemática de recursos repetitivos, implica na aplicação do art. 62 do anexo II do RICARF, aprovado por meio da Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Assim, nos termos do julgado do STJ, o conceito de insumo deve ser avaliado considerando a essencialidade ou relevância do bem ou serviço, ou seja, considerandose a sua necessidade ou a sua importância para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada. II.4 – Do Direito ao Crédito de Desestiva A Recorrente defende o direito ao crédito com as atividades de desestiva. Assiste razão parcial a Recorrente. Por um lado os gastos com armazenagem alfandegada (acondicionamento da matériaprima em armazéns dentro do porto até a sua transferência para a fábrica), descarga (ato de retirar a matériaprima do navio), movimentação (movimentação dos produtos dentro do porto) e a própria desestiva (serviços de organização da matériaprima dentro do navio para que a mesma possa ser descarregada) geram direito ao crédito. Tratase de questão previamente abordada por esta turma que aceita o frete na aquisição do insumo como componente de seu custo. Ora, aqui, as despesas relacionadas à Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 25 24 operação física de importação – desestiva, descarregamento, movimentação – têm a mesma natureza contábil do frete, como custo do insumo. Por outro lado, os gastos com despachantes aduaneiros e outros serviços administrativos para o cumprimento dos trâmites burocráticos de importação não geram direito a crédito. Tais despesas enquadramse no conceito de despesa administrativa. Sobre o assunto notese que a função do despachante é praticar atos administrativos como representante das empresas ou clientes pessoa física. No Brasil, ao contrário de alguns países, inexiste a obrigatoriedade de contratação de despachante aduaneiro. A empresa pode realizar de forma própria tais atividades. Tratase de disposição expressa no art. 5º do Decreto lei nº 2.472/88: Decretolei nº 2.472, de 01.09.88: Art. 5º A designação do representante do importador e do exportador poderá recair em despachante aduaneiro, relativamente ao despacho aduaneiro de mercadorias importadas e exportadas e em toda e qualquer outra operação de comércio exterior, realizada por qualquer via, inclusive no despacho de bagagem de viajante. § 1º Nas operações a que se refere este artigo, o processamento em todos os trâmites, junto aos órgãos competentes, poderá ser feito: a) se pessoa jurídica de direito privado, somente por intermédio de dirigente, ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o interessado, munido de mandato que lhe outorgue plenos poderes para o mister, sem cláusulas excludentes de responsabilidades do outorgante mediante ato ou omissão do outorgado, ou por despachante aduaneiro; b) se pessoa física, somente por ela, ou por despachante aduaneiro; c) se órgão da administração pública direta ou autárquica, federal, estadual ou municipal, missão diplomática ou repartição consular de país estrangeiro ou representação de órgãos internacionais, por intermédio de funcionário ou servidor, especialmente designado ou por despachante aduaneiro. Diante do exposto, reafirmase que a atividade de despachante aduaneiro é de natureza administrativa sem relação com o frete/armazenagem/logística da atividade econômica da empresa. Caberá a unidade de origem, em conjunto com a Recorrente, determinar as rubricas relativas ao pagamento de despachantes aduaneiros para a exclusão dos créditos. Assim, dáse razão parcial a Recorrente apenas para reconhecer o direito ao crédito quando do pagamento dos serviços com armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/armazenagem/logística. II.5 – Serviços de Transporte – Frete na Aquisição de Insumos A Recorrente relata que o Fisco glosou o crédito de despesas com fretes na aquisição de insumos, não obstante a existência dos devidos comprovantes (CTRC e notas fiscais). Assiste razão a Recorrente. Sobre o assunto existe jurisprudência do CARF CSRF. Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 26 25 CARF CSRF Acórdão (9303007.562) PIS/PASEP. CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS. FRETES DE INSUMOS ADQUIRIDOS COM ALÍQUOTA ZERO. Afinandose ao conceito exposto pela Nota SEI PGFN MF 63/18 e aplicandose o “Teste de Subtração”, é de se reconhecer o direito ao crédito das contribuições sobre os fretes de produtos acabados entre estabelecimentos e sobre os fretes de insumos adquiridos com alíquota zero das contribuições, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte. É de se atentar ainda, quanto aos fretes de insumos adquiridos com alíquota zero, que a legislação não traz restrição em relação à constituição de crédito das contribuições por ser o frete empregado ainda na aquisição de insumos tributados à alíquota zero, mas apenas às aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Dessa forma, dáse provimento ao Recurso Voluntário para reverter as glosas dos serviços de transporte, frete, de insumos adquiridos com alíquota zero das contribuições, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte. II.6 – Dos Créditos Decorrentes das Despesas de Armazenagem A Recorrente aduz que adquire seus insumos básicos em grandes quantidades e, assim, necessita armazenálos, o que nem sempre ocorre nas dependências da empresa. Afirma que a armazenagem é um serviço indispensável ao seu processo produtivo. Assiste razão a Recorrente. Conforme consta da leitura dos autos, entendo que os serviços de armazenagem são essenciais para a atividade da empresa que opera com carga a granel. Com o advento da NOTA SEI PGFN MF 63/18, restou clarificado o conceito de insumos, para fins de constituição de crédito das contribuições não cumulativas, definido pelo STJ ao apreciar o REsp 1.221.170, em sede de repetitivo. Tal conceito ensina que insumos seriam todos os bens e serviços que possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção. Ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. Afinandose ao conceito exposto pela Nota SEI PGFN MF 63/18 e aplicandose o teste de subtração para a armazenagem dos produtos é de se reconhecer o direito ao crédito das contribuições sobre a armazenagem do insumo a granel. Dessa forma, dáse provimento ao Recurso Voluntário para reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte. II.7 – Dos Serviços e Bens Não Admitidos A Recorrente relata explica que a fiscalização glosou diversos créditos relacionados a bens e serviços adquiridos, inclusive atinentes às despesas incorridas para o transporte desses Fl. 518DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 27 26 bens. Diz, todavia, que tais bens e serviços são utilizados como insumos, pois se tratam de ferramentas operacionais, materiais de manutenção, etc, os quais estão diretamente ligados ao processo produtivo. Da leitura dos autos depreendese que tais créditos serão analisados no processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n° 10783.921005/201122, a qual engloba também as despesas de frete incorridas para o transporte desses bens. II.8 – Da Glosa dos Créditos Extemporâneos de PIS Oriundos da Aquisição de Uréia Pecuária e Embalagem – Período de Jan/05 a Jun/08 A Recorrente relata que, conforme exposto em preliminar, a autoridade fiscal glosou créditos de PIS oriundos da aquisição de ureia pecuária e de embalagem, no período de 01/2005 a 09/2008, sem qualquer motivação específica e sem indicação das normas jurídicas eventualmente infringidas, em patente ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Diz que a questão relacionada aos créditos extemporâneos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de ureia e embalagem no período de jan/05 a set/08 será tratada especificamente no PA de n° 15586.720015/201273, uma vez que tais créditos foram solicitados no PER de setembro de 2008 de n° 09266.04610.101008.1.1.100006. Em vista do exposto entendese que o assunto será objeto de julgamento no processo n° 15586.720015/201273. III.8 – Da Produção de Prova Pericial/Diligência A Recorrente reforça que foi requerida quando da interposição da Manifestação de Inconformidade a realização de prova pericial/diligência. Entendo que desnecessária a realização de perícia/diligência para solução da lida. A questão dos lançamentos realizados para o pagamento dos serviços administrativos de despachantes aduaneiros pode perfeitamente ser sanada pela unidade de origem, em conjunto com a Recorrente, ou de maneira isolada. Assim, negase provimento. Conclusão Por todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, conforme abaixo. 1) Negar a análise conjunta com outros processos tendo em vista a exposição de motivos realizada pela DRJ; 2) Indeferir a preliminar de decadência por tratarse de pedido de restituição; 3) No mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para: (a) por unanimidade de votos: (i) reverter as glosas do frete de insumos, mesmo quando a revenda dos produtos sujeitase a alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; Fl. 519DF CARF MF Processo nº 10783.900009/201258 Acórdão n.º 3201004.808 S3C2T1 Fl. 28 27 (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide; (b) por maioria de votos: manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. Não julgar a questão dos serviços e bens não admitidos que serão objeto de julgamento em outro processo. Não julgar a questão dos créditos extemporâneos que serão objeto de julgamento em outro processo. Negar provimento a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado indeferiu a preliminar de decadência por tratarse de pedido de restituição. No mérito, o colegiado deu parcial provimento ao Recurso Voluntário para: (i) reverter as glosas do frete sobre a aquisição de insumos, mesmo quando a aquisição sujeitase à alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide e, por último, para manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 520DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.001948/2007-73
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
DECADÊNCIA. RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL. DECLARAÇÃO RETIFICADORA.
No caso de Declaração de Ajuste Anual apresentada em consonância com o entendimento do Fisco, porém posteriormente retificada, de forma a subtrair rendimentos à tributação, o termo de início do prazo decadencial desloca-se da data do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I, do CTN).
Numero da decisão: 9202-007.593
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes.
Assinado digitalmente
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício.
Assinado digitalmente
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002 DECADÊNCIA. RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. No caso de Declaração de Ajuste Anual apresentada em consonância com o entendimento do Fisco, porém posteriormente retificada, de forma a subtrair rendimentos à tributação, o termo de início do prazo decadencial desloca-se da data do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I, do CTN).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. No caso de Declaração de Ajuste Anual apresentada em consonância com o entendimento do Fisco, porém posteriormente retificada, de forma a subtrair rendimentos à tributação, o termo de início do prazo decadencial deslocase da data do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I, do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 19 48 /2 00 7- 73 Fl. 78DF CARF MF 2 Relatório Cuidase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 280100.690, proferido na Sessão de 18 de junho de 2010, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 IRPF. DECADÊNCIA. AJUSTE ANUAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Sendo a tributação das pessoas físicas sujeita a ajuste na declaração anual e independentemente de exame prévio da autoridade administrativa, o lançamento é por homologação, hipótese em que o direito de a Fazenda Nacional efetuar o lançamento decai após cinco anos contados de 31 de dezembro do respectivo anocalendário. A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em acatar a preliminar de decadência, para declarar extinto o direito de a Fazenda efetuar lançamento referente ao ano calendário 2001, nos termos do voto do Redator designado. Vencida a Conselheira Amarylles Reinaldi e Henriques Resende (Relatora). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio de Pádua Athayde Magalhães. O recurso visa rediscutir a seguinte matéria: Termo inicial de contagem do prazo decadencial. Em exame preliminar de admissibilidade, o Presidente da Primeira Turma, da Segunda Seção do CARF, deu seguimento ao apelo, nos termos do Despacho de efls. 71 a 73. Em suas razões recursais, a Fazenda Nacional aduz, em síntese, que a contribuinte apresentou, em 31/12/2006, declaração retificadora referente ao exercício 2002, anocalendário 2001, com redução do tributo devido; que a apresentação da declaração retificadora alterou o cenário fático; que antes da apresentação da declaração retificadora a Fazenda Nacional não tinha interesse em se opor ao seu conteúdo; que para esses casos a decadência contase segundo a regra do art. 173, I do CTN; que esse era o entendimento da CSRF e da própria Câmara que procedeu ao julgamento. Cientificada do Acórdão Recorrido, do Recurso Especial da Procuradoria e do Despacho que lhe deu seguimento em 09/10/2015 (AR, efls. 76), a Contribuinte não apresentou Contrarrazões. É o relatório. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 11516.001948/200773 Acórdão n.º 9202007.593 CSRFT2 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Quanto ao mérito, a matéria cingese à definição do termo inicial de contagem do prazo decadencial, considerada a circunstância de que o contribuinte apresentou declaração retificadora pela qual reduziu o montante do tributo devido apurado. Mais especificamente, tratase de notificação de lançamento referente ao exercício de 2002, ano calendário de 2001, realizada em abril de 2007, a qual tomou por base declaração retificadora apresentada pelo sujeito passivo em 31/12/2006 (efls. 21). É certo que na hipótese de lançamento de tributo sujeito ao lançamento por homologação, como é o caso do Imposto de Renda, em que houve pagamento antecipado do tributo, o termo inicial de contagem do prazo decadencial é a data do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, entendimento pacificado pelo STJ por meio do REsp. nº 973.733. Porém, se o contribuinte entrega declaração original em que apura imposto devido num determinado montante, o qual paga, e, anos depois, retifica essa declaração, reduzindo o montante do tributo devido, inaugurase novo termo inicial para contagem do prazo decadencial. Vejamos. A regra do artigo 150, § 4º do CTN é clara ao prescrever que, tendo o contribuinte apurado e pago o imposto devido, o Fisco terá cinco anos para revisar esse procedimento, sob pena de se operar a homologação tácita. No caso, o Fisco tinha cinco anos, da data do fato gerador para revisar a declaração originalmente apresentada. Porém a declaração foi retificada, no caso, no último dia do prazo para a homologação da declaração original. Inaugurase ali, portanto, uma nova realidade: não se trata mais de homologação da apuração/pagamento realizada quando da apresentação da declaração original, mas de revisão e, eventualmente, de lançamento complementar, considerada a declaração apresentada posteriormente. Neste caso, não se cogita mais de homologação tácita da apuração/pagamento, pois esta se referia à apuração/pagamento originalmente feita pelo sujeito passivo e que foi por ele próprio retificado. Com a retificação da declaração, o próprio contribuinte recusa aquela homologação e coloca nova situação a ser verificada pelo Fisco. Segundo a doutrina de Eurico De Santi, a qual, frisese, foi adotada pelo Ministro Luiz Fux como suporte teórico para o REsp. nº 973.733, no caso de tributo sujeito ao lançamento por homologação há uma coincidência entre o prazo para o fisco realizar a homologação expressa e o prazo para proceder ao lançamento, como o verso e o reverso de uma moeda. Confirase: Neste caso, concorre a contagem do rpazo para o Fisco homologart expressamente o pagamento antecipado, concomitantemente com o prazo para o Fisco, no caso de não homologação, empreender o correspondente lançamento tributário. Sendo assim, no termo final desse período Fl. 80DF CARF MF 4 consolidamse simultaneamente e, conseqüentemente, a impossibilidade jurídica de lançar de ofício. Nessa guisa, podese afirmar que a homologação tácita do pagamento antecipado é o verso da moeda, cujo anverso é a decadência do direito de o Fisco lançar de ofício. (SANTI, Eurico Marcos Diniz De. Decadêwncia de Prescrição no Diureito Tributária. – 4 ed. – Saraiva; 2011, p. 121/122) Ora, homologar o pagamento e extinguir o crédito tributário (ex pressamente ou tacitamente) consiste em tomar como corretos a apuração feita pelo sujeito passivo e o correspondente pagamento antecipado. Como, neste caso, o próprio contribuinte retifica a declaração anterior, alterando os dados da apuração, não se pode mais cogitar homologação do pagamento feito anteriormente, pois a retificação da declaração implica na afirmação de erro no preenchimento da declaração anterior e, portanto, na recusa dessa homologação. Neste caso, afastase a regra da decadência do art. 150, § 4º, pois, como dito, não há mais homologação, deslocandose a regra para o art. 173, I do CTN. Como a entrega da declaração retificadora ocorreu em 31/12/2006 (efls. 21) o termo inicial de contagem do prazo decadencial é 1º de janeiro de 2008. Como a ciência do lançamento ocorreu em 30/04/2007 (e fls. 25), não há falar em decadência neste caso. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator Fl. 81DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.903396/2006-18
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003
COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO.
Comprovada a existência do direito creditório como suporte para o crédito mencionado na declaração de compensação, homologa-se a declaração de compensação.
Numero da decisão: 3001-000.744
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marcos Roberto da Silva Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva (Presidente) e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: MARCOS ROBERTO DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO. Comprovada a existência do direito creditório como suporte para o crédito mencionado na declaração de compensação, homologa-se a declaração de compensação.
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COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO. Comprovada a existência do direito creditório como suporte para o crédito mencionado na declaração de compensação, homologase a declaração de compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva (Presidente) e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 33 96 /2 00 6- 18 Fl. 295DF CARF MF 2 Trata o presente processo de declaração de compensação com saldo credor de PIS/COFINS no 1º Trimestre de 2003, tendo por base pagamentos indevidos ou a maior, no valor original total de R$37.245,46 por meio das Declaração de Compensação 04306.10027.180603.1.3.040962. A DRF Curitiba/PR, em apreciação ao pleito da contribuinte, proferiu Despacho Decisório (efls. 4) não homologando a compensação declarada tendo em vista que a inexistência do crédito utilizado. Afirma ainda que não foi confirmada a existência do crédito informado, pois o DARF indicado e discriminado no PER/DCOMP não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. Cientificada do despacho decisório em 03/12/07, a interessada apresentou a Manifestação de Inconformidade em 02/01/08, alegando os seguintes pontos: a) argúi que quitou um débito de R$ 78.735,96 de PIS do mês de março/2003, calculado com base na sistemática nãocumulativa, mediante recolhimento de R$ 20.369,54 efetuado por Darf e por compensação de saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2002 (valor originário de R$ 56.693,35) nos autos do PAF no 10980.003761/200331; b) após recalcular o PIS devido na sistemática mista a que se submete sua atividade (Lei no 10.637, de 2002, art. 8 0, XI), constatou que o valor devido era de R$ 39.352,32, com o que restou um excesso de pagamento de R$ 39.383,64; c) esse direito creditório foi utilizado na compensação declarada nos autos (R$ 2.138,18) e nos PER/DCOMPs nos 06433.29624.120703.1.3.043974 (R$ 35.444,69) e 08899.18809.150803.1.3.044874 (R$ 11.800,77); A DRJ de Curitiba/PR julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, reconhecendo parte do direito creditório conforme Acórdão no 0626.769 a seguir transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. EXTINÇÃO DO CREDITO TRIBUTÁRIO SOB CONDIÇÃO RESOLUTÓRIA DE SUA ULTERIOR HOMOLOGAÇÃO. A compensação declarada pelo sujeito passivo, na qual constam informações relativas aos créditos utilizados e aos débitos a serem compensados, extingue o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO. Tendo sido reconhecido cm parte do direito creditório indicado pela interessada, é de se homologar a compensação declarada até o limite desse crédito. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Inconformada com a decisão da DRJ, a Recorrente apresenta Recurso Voluntário contra a decisão de primeira instância repisando os mesmos argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, que em síntese busca demonstrar que os Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10980.903396/200618 Acórdão n.º 3001000.744 S3C0T1 Fl. 326 3 cálculos da apuração do direito creditório utilizados no presente processo são derivados da combinação de recolhimentos efetuados por meio de DARFs e por intermédio do saldo credor remanescente do PAF 10980.003.761/200331. Alega ainda a aplicação dos princípios do formalismo moderado, da razoabilidade, da proporcionalidade e da verdade material. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Marcos Roberto da Silva Da competência para julgamento do feito O presente colegiado é competente para apreciar o presente feito, em conformidade com o prescrito no artigo 23B do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, com redação da Portaria MF nº 329, de 2017. Conhecimento O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito Conforme descrito no relatório, a Recorrente pleiteou a compensação de débito de PIS com suposto direito creditório oriundo de pagamento a maior ou indevido. Em seguida a DRF de Curitiba não homologou o pedido tendo em vista que o referido DARF não foi encontrado nos sistemas da Receita. Diante desta negativa, a Recorrente apresenta sua manifestação de inconformidade explicando que na verdade o direito creditório seria derivado da composição de pagamentos efetuados e créditos remanescentes do Processo Administrativo Fiscal no 10980.003761/200331. A DRJ de Curitiba entendeu que de fato houve um erro, mas que ao efetuar sua análise nos cálculos envolvidos na apuração, entendeu que somente teria direito ao crédito no valor de R$440,52. Vejamos o que este relator extraiu desta análise efetuada pela DRJ e dos argumentos apresentados pelo Recurso Voluntário. Inicialmente cabe relembrar que estamos tratando da compensação de débito de PIS na competência de março de 2003 no valor de R$2.138,18. Fl. 297DF CARF MF 4 A DRJ verificou que o valor total devido de PIS para a competência março de 2003, após retificações da DCTF, seria de R$43.997,19 tal qual indicado pela Recorrente em seu Recurso. Para quitar este débito foram utilizados os seguintes valores: uma parcela no valor de R$19.929,02 inserida no DARF de R$20.369,54; o DARF de R$5.085,11; e outra parcela de R$ 0,28 inserida no DARF de R$15,07. Estes recolhimentos proporcionavam um valor parcial de R$25.014,41 para quitar parte do débito total declarado em DCTF. Repare que do DARF de R$20.369,54 restou um saldo de R$440,52, que tanto a recorrente quanto a DRJ concordam, e que seria utilizado em parte da compensação do presente processo. Agora passemos à análise do imbróglio relacionado com o PAF 10980.003761/200331. A outra parte do débito de PIS de março de 2003 (R$18.982,78) foi quitado com créditos oriundos de saldo negativo de CSLL. Neste ponto não há divergências de entendimento entre a decisão de piso e a recorrente. Contudo, a parte que gerou o litígio refere se ao crédito que se encontrava no citado processo. Enquanto a Recorrente entende que o saldo credor antes de quitar o débito era de R$58.366,42, a DRJ entendeu que seria somente o valor que foi efetivamente compensado, qual seja, R$18.982,78. Na análise dos dados do PAF 10980.003761/200331, juntados ao presente processo nas efls 144 a 162, pude verificar nas informações constantes da tela do SIEF (efl 156) que houve o deferimento total do valor pleiteado de R$221.995,88, referente ao crédito oriundo do saldo negativo de IRPJ e CSLL. Deste total, após a dedução dos valores compensados, permaneceu um saldo credor de R$39.035,10. Portanto, entendo que assiste razão à Recorrente. Com isso, em razão do respeito ao princípio do formalismo moderado, da razoabilidade, da proporcionalidade e da verdade material, voto por homologar a totalidade do débito de R$2.138,18 presente no processo sob análise com a ressalva de que a unidade de origem deve analisar se o saldo remanescente de R$39.035,10 constante da efl 156 não foi utilizado para compensações de outros débitos da recorrente. Portanto, havendo o crédito favorável ao contribuinte devese homologar a compensação do débito declarado. Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva Fl. 298DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.721307/2011-70
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos.
Numero da decisão: 2002-000.722
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni (relator) que lhe deu provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Redatora Designada
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni (relator) que lhe deu provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni - Relator. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Redatora Designada Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
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COMPROVAÇÃO. É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni (relator) que lhe deu provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll – Redatora Designada Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 13 07 /2 01 1- 70 Fl. 135DF CARF MF 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 41 a 45), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 7.150,00, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 24 dos autos, que, conforme decisão da DRJ: O sujeito passivo teve ciência do lançamento em 08/04/2011, conforme documento de fl. 87 e, em 04/05/2011, apresentou impugnação acostada às fls.0416, em que alega, resumidamente, o que se segue: que a impugnação é tempestiva; que a fiscalização não considerou o recebimento de verbas da pessoa jurídica Clínica Cirucor Centro Oeste Ltda, conforme discriminado nos rendimentos isentos e não tributáveis no valor de R$ 50.000,00; que na Clínica Cirucor exerceu atividades profissionais afetas a profissão médica, não se obrigando a receber honorários de pessoa física; que os rendimentos declarados (honorários médicos) oriundos da Clínica CIRUCOR Centro Oeste Ltda, que possibilitou o pagamento dos profissionais de saúde Cláudia Lustosa Vaz de Abreu e Nelson Borges da Silveira; que o fato de Cláudia Lustosa Vaz de Abreu ser cônjuge do contribuinte não significa que ele não efetuou o pagamento das despesas médicas. Acrescenta que não tem amparo legal a glosa por esse motivo; que no ano 2006 vigorava a CPMF e, por isso, sacava o salário recebido para as despesas diárias a serem suportadas em dinheiro; que os recibos apresentados fazem prova do pagamento realizado aos profissionais de saúde; que apresenta cópia dos prontuários odontológicos que justificaram o tratamento realizado e a despesa declarada; Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10166.721307/201170 Acórdão n.º 2002000.722 S2C0T2 Fl. 136 3 que não está obrigado a produzir provas que interessam ao Fisco, nem obrigado a fazer o que a lei não ordena; Ao final, requer considerar os valores da Clínica Cirucor Centro Oeste Ltda, na quantia de R$ 50.000,00 como honorários médicos recebidos; anulação da Notificação de Lançamento; caso não acatada a impugnação, que seja fundamentada as transgressões legais cometidas. A impugnação foi apreciada na 6ª Turma da DRJ/BSB que, por unanimidade, em 15/12/2014, no acórdão 0365.350 às efls. 99 a 105, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformada, a contribuinte apresenta Recurso Voluntário, às efls. 118 a 131, alegando, em síntese, que: · no ano de 2006 acumulava funções de médico e laborando para mais de um a fonte pagadora, incluindo sua empresa, Clínica Cirucor Centro Oeste LTDA; · em nome do princípio da verdade material, deve ser levado em conta todo arcabouço probatório juntado aos autos, como os recibos, prontuários, entre outros; · pede que seja afastada a glosa das despesas médicas. Voto Vencido Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que a contribuinte foi intimada do teor do acórdão da DRJ em 24/02/2015, efls. 110, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 25/03/2015, efls. 118, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. O contribuinte foi autuado pela dedução indevida das seguintes despesas médicas: · Cláudia Lustosa Vaz de Abreu R$6.000,00; · Nelson Borges da Silveira R$20.000,00. Fl. 137DF CARF MF 4 A DRJ manteve a autuação sob fundamento de que o contribuinte não colacionou aos autos prova do efetivo pagamento das despesas médicas, como se vê: Mesmo que o contribuinte tenha apresentado os recibos ou notas fiscais dos serviços e declarações firmadas pelos profissionais, é licito à Autoridade exigir, a seu critério, outros elementos de provas adicionais, caso não fique convencido da efetividade da prestação dos serviços ou do respectivo pagamento. Esclarecese que tais exigências são válidas, pois o primeiro item a ser comprovado pelo contribuinte, segundo expressa disposição legal, caput do art. 80 do RIR/1999, é exatamente o pagamento das despesas médicas: Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais (...). (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea “a”). Acrescentase que é equivocado entenderse que o inciso II do art. 8º da Lei 9.250, de 1995, reproduzido no inciso III do art. 80 do RIR/1999, apenas exige que o recibo tenha o nome, endereço e número do CPF ou CNPJ de quem prestou o serviço. Esta não é a correta interpretação do dispositivo. A indicação referese aos dados que devem constar na declaração de ajuste. Dados estes baseados na documentação. Entretanto, a tônica do dispositivo é a especificação e comprovação dos pagamentos. Tanto que admite o cheque nominativo como documento comprobatório, por ser prova cabal de transferência de numerários entre pessoas. Porém, mesmo o cheque pode estar sujeito à justificação da efetiva prestação do serviço, quando dúvidas razoáveis acudirem ao fisco, pois essa prestação é o substrato material a dar guarida à dedução. As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10166.721307/201170 Acórdão n.º 2002000.722 S2C0T2 Fl. 137 5 exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) O trecho em destaque é claro quanto a idoneidade de recibos e notas fiscais, desde que preenchidos os requisitos legais, como meios de comprovação da prestação de serviço de saúde tomado pelo contribuinte e capaz de ensejar a dedução da despesa do montante de IRPF devido, quando da apresentação de sua DAA. O dispositivo em comento vai além, permitindo ainda que, caso o contribuinte tomador do serviço, por qualquer motivo, não possua o recibo emitido pelo profissional, a comprovação do pagamento seja feita por cheque nominativo ou extratos de conta vinculados a alguma instituição financeira. Assim, como fonte primária da comprovação da despesa temos o recibo e a nota fiscal emitidos pelo prestador de serviço, desde que atendidos os requisitos legais. Na falta destes, pode, o contribuinte, valerse de outros meios de prova. Ademais, o Fisco tem a sua disposição outros instrumentos para realizar o cruzamento de dados das partes contratantes, devendo prevalecer a boafé do contribuinte. Nesta linha, no acórdão 2001000.388, de relatoria do Conselheiro deste CARF José Alfredo Duarte Filho, temos: Fl. 139DF CARF MF 6 (...) No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (dedução tributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10166.721307/201170 Acórdão n.º 2002000.722 S2C0T2 Fl. 138 7 tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagador recebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma." Ainda, há várias outras jurisprudências deste Conselho que corroboram com os fundamentos até então apresentados: Processo nº 16370.000399/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.387 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente FLÁVIO JUN KAZUMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Fl. 141DF CARF MF 8 Processo nº 13830.000508/200923 Recurso nº 908.440 Voluntário Acórdão nº 220201.901 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de julho de 2012 Matéria Despesas Médicas Recorrente MARLY CANTO DE GODOY PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBO. COMPROVAÇÃO. Recibos que contenham a indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem prestou os serviços são documentos hábeis, até prova em contrário, para justificar a dedução a título de despesas médicas autorizada pela legislação. Os recibos que não contemplem os requisitos previstos na legislação poderão ser aceitos para fins de dedução, desde que seja apresenta declaração complementando as informações neles ausentes. Às efls. 48, 50 e 52, 54, 56, 58 há recibos emitidos pela profissional Cláudia Lustosa Vaz de Abreu no importe R$12.000,00, valor superior ao glosado e que cumprem todos os requisitos elencados na legislação. Às efls. 60 e 68 há há recibos emitidos pelo profissional Nelson Borges da Silveira R$20.000,00. Ainda, Às efls. 130 e 131 há o prontuário anexado pelo contribuinte que corrobora com a contratação da prestação de serviços odontológicos. Feitas estas considerações, conheço do presente Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Voto Vencedor Conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll – Redatora Designada. Com a devida vênia, divirjo do Relator quanto à comprovação das despesas médicas em litígio. Cumpre esclarecer que a dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual está sujeita à comprovação por documentação hábil e idônea a juízo da autoridade lançadora, nos termos do art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10166.721307/201170 Acórdão n.º 2002000.722 S2C0T2 Fl. 139 9 aprovado pelo Decreto 3.000/99. Dessa forma, ainda que o contribuinte tenha apresentado recibos emitidos pelos profissionais, é licito a autoridade fiscal exigir, a seu critério, outros elementos de prova caso não fique convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos. Havendo questionamento acerca das despesas declaradas, cabe ao sujeito passivo o ônus de comproválas de maneira inequívoca, sem deixar margem a dúvidas. Ressaltese que tal exigência não está relacionada à constatação de inidoneidade dos recibos examinados, mas tão somente à formação de convicção da autoridade lançadora. As decisões a seguir, proferidas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF e pela 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, corroboram esse entendimento: IRPF. DESPESAS MÉDICAS.COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202005.323, de 30/3/2017) DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. Fl. 143DF CARF MF 10 (Acórdão nº2401004.122, de 16/2/2016) O contribuinte deve levar em consideração que o pagamento de despesas médicas não envolve apenas ele e o profissional, mas também o Fisco, caso haja intenção de se beneficiar da dedução correspondente em sua Declaração de Ajuste Anual. Por esse motivo, deve se acautelar na guarda de elementos de prova da efetividade dos pagamentos e dos serviços prestados. É possível que o recorrente tenha feito seus pagamentos em espécie, tal como alega, não havendo nada de ilegal neste procedimento. A legislação não impõe que se faça pagamentos de uma forma em detrimento de outra. Não obstante, verificase que este não trouxe aos autos nenhum documento bancário a fim de demonstrar a correspondência de datas e valores entre os saques efetuados em sua conta e os recibos apresentados, permanecendo sem comprovação o efetivo pagamento das despesas. Importa salientar que não é o Fisco que precisa provar que as despesas médicas declaradas não existiram, mas o contribuinte que deve apresentar as devidas comprovações quando solicitadas. Isto porque, sendo a inclusão de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual nada mais do que um benefício concedido pela legislação, incumbe ao interessado provar que faz jus ao direito pleiteado. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Fl. 144DF CARF MF
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Numero do processo: 15374.720012/2008-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.822
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Antonio Borges (suplente convocado) e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo conselheiro Marcos Antonio Borges.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Antonio Borges (suplente convocado) e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo conselheiro Marcos Antonio Borges. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento ("DRJ") de São Paulo/SP, que julgou improcedente impugnação apresentada pelo Sujeito Passivo. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do Acórdão recorrido in verbis: Tratam os autos de procedimento fiscal de conferência final de manifesto, do qual decorreu a lavratura de Auto de Infração para RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .7 20 01 2/ 20 08 -4 9 Fl. 277DF CARF MF Processo nº 15374.720012/200849 Resolução nº 3402001.822 S3C4T2 Fl. 574 2 exigência do Imposto sobre a Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/PASEP e COFINSImportação, além da multa prevista no art. 628, III, alínea “d”, do Decreto nº. 4.543/2002, em virtude do extravio de mercadoria manifestada, perfazendo o valor total do crédito tributário R$ 97.330,87. A autoridade lançadora relata haver constatado o não armazenamento de cargas que foram devidamente declaradas pela interessada no Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento – MANTRA, instituído pela IN SRF n° 102/94, a saber: 1) 03 (três) volumes, peso 283,000 kg, sob o Termo de Entrada n° 040004511, de 06/02/2004, com o documento de carga aérea MAWB 403 7067 6546 HAWB 4M59B93, no Voo GTI0071; 2) 01 (um) volume, peso 24,500 kg, sob o Termo de Entrada n° 040040356, de 05/10/2004, com o documento de carga aérea MAWB 549 1126 4433 HAWB 5LBF876, no Voo GTI0051; 3) 01 (um) volume, peso 10,000 kg, sob o Termo de Entrada n° 040045161, de 08/11/2004, com o documento de carga aérea MAWB 549 1130 6050 HAWB 231697, no Voo GTI0051. Objetivando obter esclarecimentos acerca do ocorrido com referidos volumes, foram lavradas intimações fiscais em face da transportadora aérea, agente de cargas e importadora, cujas respostas encontramse juntadas aos autos. Considerando caracterizado o extravio, o fisco procedeu à valoração das mercadorias para fins de apuração dos tributos devidos. No caso do MAWB 403 7067 6546 HAWB 4M59B93 (termo 0451), cuja consignatária é a empresa 3M DO BRASIL LTDA, foram utilizadas as informações do conhecimento aéreo (frete) e da fatura comercial apresentada pela importadora, aplicandose as alíquotas correspondentes ao NCM por ela informado. No caso do MAWB 549 1126 4433 HAWB 5LBF876 (termo 4035), cuja consignatária é a empresa HEWLETTPACKARD COMPUTADORES LTDA, foram utilizadas as informações das faturas comerciais apresentadas pela agente de carga (DANZAS LOGÍSTICA ARMAZÉNS GERAIS LTDA) e importadora. Foram aplicadas as alíquotas correspondentes ao código NCM 8542.31.90, que atualmente corresponde ao NCM 8542.21.92. No caso do MAWB 549 1130 6050 HAWB 231697 (termo 4516), cuja consignatária é a empresa LUCENT BRASIL COMMERCIAL SERV. LTDA, tendo em vista a impossibilidade de identificação das mercadorias, a base de cálculo foi arbitrada nos termos do artigo 67, caput e § 1° da Lei n° 10.833/2003, equivalente à média dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas, a título definitivo e pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no respectivo período de apuração, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais, acrescidas de 2 (duas) vezes o correspondente desvio padrão estatístico. Foram aplicadas as alíquotas de 50% para cálculo do II e 50% para cálculo do IPI, nos Fl. 278DF CARF MF Processo nº 15374.720012/200849 Resolução nº 3402001.822 S3C4T2 Fl. 575 3 termos do caput do referido normativo. Para determinação da base de cálculo de que trata o dispositivo legal, foram utilizados dados das declarações de importações realizadas no 2° semestre de 2006 (semestre mais recente em que houve importações) pela empresa consignatária. Cientificada do lançamento em 08/02/2008, a interessada apresentou impugnação em 11/03/2008, juntada às fls. 161 e seguintes, alegando em síntese que: a) preliminarmente, alega a nulidade do auto de infração por haver preterido o direito de defesa, uma vez que a autoridade autuante, ao não indicar perfeitamente a legislação incidente, desrespeitou a forma preceituada pelo artigo 10, inciso IV, do Decreto 70.235/72. Prejudicado o correto enquadramento legal, a defesa do autuado restou dificultada, já que não foram mencionados os seguintes dispositivos legais: a1) no auto de infração do II, os artigos 173 do CTN, 42, 592, 596 e 602 do Decreto 4.543/2002, e IN 102/94 são citados de forma genérica, sem identificação da hipótese normativa específica (incisos, parágrafos, artigos) aplicada ao caso em tela. Além disso, menciona o artigo 32, inciso I e parágrafo único, alínea “b” do Decretolei nº 37/66, dispositivo que não existe mais e não coloca a nova hipótese de incidência; a2) no auto de Infração do IPI, os artigos 24, 34, 122, 127 e 130 do Decreto 4.544/02 (RIPI) são citados de forma genérica, sem identificação da hipótese normativa específica (incisos, parágrafos) aplicada ao caso em tela. Além disso, faz menção ao art. 67, caput, e §1º da Lei 10.833/03, o qual trata da utilização de método de cálculo para definição da base de cálculo do II e não do IPI; a3) no auto de Infração do PIS e COFINS, os artigos 1º e 3º, §1º, da Lei 10.865/04 são citados de forma genérica, sem identificação da hipótese normativa específica (incisos, parágrafos) aplicada ao caso em tela. No art. 5º, inciso I, o contribuinte é indicado com importador quando sua atividade é o transporte internacional de cargas, não havendo conexão entre o dispositivo legal e o contribuinte autuado. Além disso, faz menção ao art. 67, caput, e §1º da Lei 10.833/03, o qual trata da utilização de método de cálculo para definição da base de cálculo do II e não do PIS e COFINSImportação; b) com relação ao procedimento de conferência final do manifesto, o artigo 589 do Regulamento Aduaneiro foi desrespeitado, uma vez que não houve o confronto dos documentos referentes ao Manifesto de Carga com os de registro de descarga. Não tendo sido apresentados todos os documentos que comprovam o ilícito aduaneiro, como o Manifesto Internacional de Carga dos “Master” e dos “Houses”, cópias dos Conhecimentos Genéricos e seus “filhotes”, extratos do SiscomexMantra, o ilícito não restou comprovado pela autoridade autuante, quem detinha o ônus da prova. Além disso, também não foram apreciados os pedidos de diligência requeridos pelo interessado. Dessa forma, por não terem sido apresentados os elementos de prova Fl. 279DF CARF MF Processo nº 15374.720012/200849 Resolução nº 3402001.822 S3C4T2 Fl. 576 4 no momento oportuno, resta decaído o direito de fazêlo após a lavratura do presente Auto de Infração; c) no tocante ao pólo passivo da obrigação imposta no Auto de Infração, a autoridade mais uma vez cometeu equívoco ao atribuir a responsabilidade à Companhia Aérea, uma vez que nos termos dos artigos 4º e 8º da IN/SRF 102/94, e art. 30, caput e §2º do Decreto 4.543/02, o agente de carga é que deve figurar no referido polo; d) como não foram observados diversos preceitos da Portaria RFB 4.066/07, como ciência pelo interessado do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, não fornecimento de senha para acesso ao andamento do MPF, não emissão de Mandado de Procedimento Fiscal – Extensivo, ausência do MPF anexo ao auto de infração, o direito à defesa do impugnante restou cerceado, acarretando a nulidade do Auto de Infração; e) com relação aos cálculos do II e IPI, relativos ao MAWB 549 1130 6050 e HAWB 231697, TERMO 040045161, a autoridade aduaneira se equivocou ao aplicar o art. 67 e parágrafo único da Lei 10.833/2003, pois fez uma inovação jurídica ao multiplicar (sem nenhum permissivo legal) a base de cálculo pelo peso da mercadoria. Além disso, entende que a média a que se refere o legislador é a do semestre anterior ao termo de entrada e não semestre anterior à autuação. Aduz que não há comprovação oficial dos valores, nem demonstrativo da aplicação da fórmula do art. 67 e seu §1º; f) quanto à forma de cálculo do PIS/PASEP e COFINS, a mesma também se torna nula, uma vez que não ficou demonstrada a obtenção da base de cálculo e apuração dos valores devidos, desrespeitando a IN SRF 572/2005; g) enumera diversos aspectos pelos quais a Lei nº 10.865/2004 feriu a Constituição Federal, razão pela qual requer a improcedência total do lançamento em matéria de PIS e COFINS; h) caso não acolhidas as preliminares acima expostas, no reconhecimento da insubsistência e/ou nulidade do Auto de Infração, apresenta as seguintes questões meritórias: h1) no tocante ao MAWB 403 7067 6546 e HAWB 4M59B93, TERMO 040004511, observa que a agente de carga, empresa DANZAS LOGÍSTICA ARMAZÉNS GERAIS LTDA, informa que a mercadoria não foi devidamente embarcada na origem. Já a consignatária, empresa 3M DO BRASIL LTDA, informou que nunca recebeu a carga e a mesma ficou retida na origem e retornou ao exportador. A autoridade autuante, porém, ignorou os argumentos fáticos trazidos pela consignatária de que não houve extravio e sim não houve embarque e, pior, utilizouse dos dados de identificação e quantificação da carga para efeitos de cálculo dos tributos. Considera como cabalmente comprovado que não ocorreu extravio e sim erro de informação no Mantra. Requer, uma vez mais, a realização das diligências anteriormente requeridas junto à Alfândega do Aeroporto Internacional de Viracopos, para que sejam excluídas quaisquer possibilidades de dúvidas quanto ao real extravio das mercadorias, e sejam produzidas provas cabais acerca da nulidade ou insubsistência no que tange ao mérito da autuação; Fl. 280DF CARF MF Processo nº 15374.720012/200849 Resolução nº 3402001.822 S3C4T2 Fl. 577 5 h2) no tocante ao MAWB 549 1126 4433 e HAWB 5LBF876, TERMO 040040356, observa que a agente de carga, empresa DANZAS LOGÍSTICA ARMAZÉNS GERAIS LTDA, informa que a mercadoria não foi devidamente embarcada na origem. Já a consignatária, empresa HEWLETTPACKARD COMPUTADORES LTDA, informou que não recebeu o material e quais teriam sido os produtos importados. A autoridade autuante, porém, ignorou os argumentos fáticos trazidos pela consignatária de que não houve extravio e sim não houve embarque e, pior, utilizouse dos dados de identificação e quantificação da carga para efeitos de cálculo dos tributos. Considera como cabalmente comprovado que não ocorreu extravio e sim erro de informação no Mantra. Requer, uma vez mais, a realização das diligências anteriormente requeridas junto à Alfândega do Aeroporto Internacional de Viracopos, para que sejam excluídas quaisquer possibilidades de dúvidas quanto ao real extravio das mercadorias, e sejam produzidas provas cabais acerca da nulidade ou insubsistência no que tange ao mérito da autuação; h3) no tocante ao MAWB 549 1130 6050 e HAWB 231697, TERMO 040045161, observa que a agente de carga, empresa PANALPINA S/A, informa que não recebeu a carga. Já a consignatária, empresa LUCENT BRASIL COMMERCIAL SERV. LTDA, foi intimada de forma falha e ineficaz, já que não se sabe se a pessoa que recebeu a correspondência poderia de fazêlo, além de não estar perfeitamente identificada. Logo, entende como não caracterizado o extravio. A autoridade autuante, porém, ignorou os argumentos fáticos trazidos pelos intimados de que não houve extravio e sim não houve embarque e, pior, utilizouse dos dados de identificação e quantificação da carga para efeitos de cálculo dos tributos. Considera como cabalmente comprovado que não ocorreu extravio e sim erro de informação no Mantra. Requer, uma vez mais, a realização das diligências anteriormente requeridas junto à Alfândega do Aeroporto Internacional de Viracopos, para que sejam excluídas quaisquer possibilidades de dúvidas quanto ao real extravio das mercadorias, e sejam produzidas provas cabais acerca da nulidade ou insubsistência no que tange ao mérito da autuação. Apresenta os quesitos de diligência; i) requer, sucessivamente, a insubsistência do auto de infração e seu arquivamento, tendo em vista os argumentos acima resumidos nos itens “b”, “c”, “d”, “h1”, “h2” e “h3”; a nulidade do Auto de Infração para que sejam corrigidas as nulidades apontadas nos itens “a”, “a1”, “a2”, “a3”, “d”, “e”, “f” e “g” acima; a realização de diligências nos departamentos competentes da Alfândega de Viracopos, como dos consignatários das cargas envolvidos. Todos os números de folhas citados neste acórdão são os atribuídos pelo “eprocesso”. O julgamento da impugnação (fls 162 a 198) resultou no Acórdão da DRJ de São Paulo/SP (fls 218 a 229), cuja ementa segue colacionada abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 18/01/2008 CONFERÊNCIA FINAL DE MANIFESTO. CARGA MANIFESTADA. EXTRAVIO. Fl. 281DF CARF MF Processo nº 15374.720012/200849 Resolução nº 3402001.822 S3C4T2 Fl. 578 6 Comprova o extravio de mercadoria manifestada os registros do Sistema MANTRA que indicam sua falta na descarga e não armazenamento. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. TRANSPORTADOR. Atribuise ao transportador a responsabilidade pelos tributos e multa incidentes sobre o extravio, constatado na descarga, de mercadorias manifestadas. AUTO DE INFRAÇÃO. DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL. NULIDADE. Não ocorre nulidade no auto de infração cuja descrição dos fatos permite claramente identificar as razões da autuação, sua fundamentação legal e a matéria objeto do lançamento. AUSÊNCIA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento administrativo de planejamento e controle das atividades de fiscalização. Sua ausência não acarreta a nulidade do auto de infração lavrado por autoridade competente com observância das balizas legais. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. Demonstrado o caráter prescindível da diligência, o pedido deve ser indeferido. ARBITRAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 67, § 1º, DA LEI Nº 10.833/2003. No caso de impossibilidade de identificação das cargas extraviadas, aplicase o disposto no artigo 67, § 1º, da Lei 10.833/03, multiplicandose o valor médio por unidade de quilograma, obtido nos termos do §1º, pela quantidade de quilogramas que corresponde à mercadoria extraviada. Irresignado, o Sujeito Passivo recorre a este Conselho, por meio de petição de fls 241 a 256, apresentando os seguintes pontos de defesa: preliminarmente, i) da nulidade do procedimento de conferência final de manifesto; ii) da ilegitimidade passiva da recorrente; iii) e da ilegalidade da base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS; já com relação ao mérito, iv) estar comprovado que não houve extravio das cargas, e sim erro no sistema MANTRA, de modo que não existiria o ilícito aduaneiro em questão. Requer que o processo seja convertido em diligência para tal comprovação, apresentando quesitos. É o relatório Voto Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, Relatora Segundo a informação de fls 275, o recurso é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Como se depreende do relato acima, haja vista que o transportador, ora Recorrente, informou no sistema Mantra as cargas sob comento, tendo decorrido o prazo legal previsto pela IN SRF 102/94 (art. 4º) sem qualquer correção, as cargas foram consideradas Fl. 282DF CARF MF Processo nº 15374.720012/200849 Resolução nº 3402001.822 S3C4T2 Fl. 579 7 manifestada para todos os efeitos legais. Desta feita, uma vez constatada a falta na descarga e não armazenamento, no entender da Fiscalização restou caracterizado o extravio e a consequente responsabilidade do transportador, a menos que sejam apresentadas provas hábeis a excluir sua responsabilidade. Efetivamente, desde o início do procedimento fiscal até a decisão recorrida, resta claro nos autos que a Recorrente deveria produzir provas para elidir sua responsabilidade. Nesse intuito, a Recorrente se defende com relação a cada uma das cargas objeto da presente autuação, afirmando que nenhuma delas chegou a sair da sua origem (país exportador) e, por nunca terem entrada no Brasil, inexiste o fato gerador dos tributos que lhe são cobrados. Assim, a Recorrente alega ter cometido mero erro na transmissão de informações no sistema Mantra, não sendo possível a caracterização do extravio. Com relação aos conhecimentos de carga MAWB 403 7067 6546 (HAWB 4M59B93, TERMO 040004511) e ao MAWB 549 1126 4433 (HAWB 5LBF876, TERMO 040040356), os autos estão bens instruídos com as manifestações das empresas relacionadas à importação (fls 56 a 81). Todavia, o mesmo não se pode dizer com relação ao MAWB 549 1130 6050 (HAWB 231697, TERMO 040045161). Para analisar a validade da autuação fiscal e das informações indicadas pela Recorrente sobre esse último conhecimento de carga, entendo com base no artigo 18, §3º do Decreto 70.235/72 necessária a conversão do julgamento em diligência para que seja acostada aos autos a documentação no seguinte sentido: 1) Seja realizada diligência junto ao importador e consignatário das mercadorias, para que: 1.1) expliquem se as cargas constantes no MAWB 549 1130 6050 (HAWB 231697, TERMO 040045161), foram efetivamente embarcadas do exterior para o Brasil, juntando provas nesse sentido (e.g. correspondências, etc); 1.2) discriminem detalhadamente a carga importada mediante os HAWB/MAWB em questão, indicando o valor de sua negociação, comprovado mediante fatura comercial, contrato de câmbio ou documento equivalente. 1.3) informem se as mercadorias constantes dos HAWB/MAWB em questão foram objeto de extravio, atraso, retorno ou avaria durante o despacho aduaneiro ou qualquer outra informação que considerar relevante acerca das importações destas mercadorias. 2) Com relação aos conhecimentos de carga MAWB 403 7067 6546 (HAWB 4M59B93, TERMO 040004511) e MAWB 549 1126 4433 (HAWB 5LBF876, TERMO 040040356), seja intimada a Recorrente para apresentar quaisquer outros documentos que atestem que as cargas não foram embarcadas no exterior (e.g. correspondências, etc). Fl. 283DF CARF MF Processo nº 15374.720012/200849 Resolução nº 3402001.822 S3C4T2 Fl. 580 8 Antes do retorno do processo a este CARF a Recorrente deve ser intimada para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias quanto aos documentos e informações apresentados. É a resolução. Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 284DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.902868/2009-35
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. TRIBUTO DETERMINADO SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA.
É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa.
RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA.
Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringe-se a aspecto preliminar de possibilidade de reconhecimento de direito creditório decorrente de pagamento indevido de tributo determinado sobre a base de cálculo estimada. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRF que jurisdiciona o sujeito passivo.
Numero da decisão: 1003-000.512
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao Recurso Voluntário para aplicação da Súmula CARF nº 84 e reconhecimento da possibilidade de formação de indébito, mas sem homologar a compensação por ausência de análise do mérito, com o consequente retorno dos autos a DRF que jurisdiciona a Recorrente para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do direito creditório pleiteado no Per/DComp, bem como apreciação da informação trazida aos autos de que é inexistente o débitos então confessado no Per/DComp objeto de análise.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes e Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça. Ausente justificadamente o Conselheiro Wilson Kazumi Nakayama.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005 PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. TRIBUTO DETERMINADO SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringe-se a aspecto preliminar de possibilidade de reconhecimento de direito creditório decorrente de pagamento indevido de tributo determinado sobre a base de cálculo estimada. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRF que jurisdiciona o sujeito passivo.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. TRIBUTO DETERMINADO SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringese a aspecto preliminar de possibilidade de reconhecimento de direito creditório decorrente de pagamento indevido de tributo determinado sobre a base de cálculo estimada. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRF que jurisdiciona o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao Recurso Voluntário para aplicação da Súmula CARF nº 84 e reconhecimento da possibilidade de formação de indébito, mas sem homologar a compensação por ausência de análise do mérito, com o consequente retorno dos autos a DRF que jurisdiciona a Recorrente para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do direito creditório pleiteado no Per/DComp, bem como apreciação da informação trazida aos autos de que é inexistente o débitos então confessado no Per/DComp objeto de análise. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 28 68 /2 00 9- 35 Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10850.902868/200935 Acórdão n.º 1003000.512 S1C0T3 Fl. 108 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes e Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça. Ausente justificadamente o Conselheiro Wilson Kazumi Nakayama. Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 29677.35068.290506.1.3.041632, em 29.05.2006, fls. 2630, utilizandose do crédito relativo ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), código 2484, determinado sobre a base de cálculo estimada relativo ao mês do outubro do anocalendário de 2005 no valor de R$41,47 contido no DARF de R$341,38 arrecadado em 30.11.2005 para compensação dos débitos ali confessados. Consta no Despacho Decisório Eletrônico, fl. 04, em que as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido: A análise do direito creditório está limitada ao valor do "crédito original na data de transmissão" informado no PER/DCOMP, correspondendo a 41,47. Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. [...] Diante do exposto, NÃO HOMOLOGO a compensação [...] Enquadramento legal: Arts. 165 e 170 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN) e art. 10 da Instrução Normativa SRF nº 600, de 2005. Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade. Está registrado na ementa do Acórdão da 6ª Turma/DRJ/RPO/SP nº 1438.167, de 29.06.2012, efls. 3439: DCOMP. CRÉDITO. INEXISTÊNCIA. Demonstrada nos autos a inexistência do crédito indicado na declaração de compensação formalizada, impõese a sua nãohomologação. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10850.902868/200935 Acórdão n.º 1003000.512 S1C0T3 Fl. 109 3 A glosa do indébito não impugnada expressamente é reputada como incontroversa e insuscetível de ser trazida à baila em momento processual subseqüente. DCOMP. PEDIDO DE CANCELAMENTO. A desistência da compensação poderá ser requerida pelo sujeito passivo mediante a apresentação à RFB do pedido de cancelamento gerado a partir do programa PER/DCOMP, o qual somente será deferido caso a declaração de compensação se encontre pendente de decisão administrativa à data da apresentação do requerimento. DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. EXIGÊNCIA DE DÉBITO. CANCELAMENTO. ÔNUS DA PROVA. A declaração de compensação constitui confissão de dívida e, sem prova em contrário, instrumento hábil e suficiente para a exigência do débito indevidamente compensado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Notificada em 31.07.2012, efl. 44, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 21.08.2012, efls. 103104 esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Relativamente aos fatos aduz que: I Estamos sendo cobrados por um débito declarado na PER/DCOMP [...] e estamos cientes de que o crédito apontado na mesma não poderia ser objeto de compensação por se tratar de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real e também estamos cientes de que o débito declarado em PER/DCOMP é uma confissão de dívida. Por outro lado não podemos pagar o mesmo imposto duas vezes, já que houve um equivoco de nossa parte ao transmitir a referida PER/DCOMP. E não requeremos o cancelamento da mesma, pois só percebemos o equívoco após recebermos e analisarmos o Despacho Decisório em que a PER/DCOMP foi apreciada. II A entrega da PER/DCOMP como já foi dito anteriormente, foi um equívoco, pois conforme pode ser verificado pelo demonstrativo abaixo, os débitos de CSLL referente ao ano de 2005 foram integralmente pagos, não existindo portanto o débito declarado na PER/DCOMP. Em anexo estão as cópias dos DRE Demonstrativo do Resultado do Exercício referente aos meses de janeiro a dezembro de 2005 extraídos dos Livros Diário n° 24 e 25, cópia da Planilha de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, através dos quais pode ser confirmado o valor a pagar referente a cada mês do ano de 2005 que confere com o demonstrativo abaixo e com a DIPJ deste mesmo ano, e finalmente cópias dos comprovantes de arrecadação que comprovam os pagamentos relacionados no demonstrativo abaixo. Período Valor CSLL Valor Pago Data Pagto [...] Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10850.902868/200935 Acórdão n.º 1003000.512 S1C0T3 Fl. 110 4 Mês/Ano a pagar 31/01/2005 252,89 303,06 28/02/2005 28/02/2005 437,87 437,87 31/03/2005 31/03/2005 332,20 332,20 29/04/2005 30/04/2005 323,20 337,59 31/05/2005 31/05/2005 367,39 365,35 30/06/2005 30/06/2005 363,65 361,65 29/07/2005 31/07/2005 381,34 383,89 31/08/2005 31/08/2005 274,33 377,72 30/09/2005 30/09/2005 378,50 272,56 31/10/2005 31/10/2005 295,91 341,38 30/11/2005 30/11/2005 0,00 339,54 30/12/2005 31/12/2005 780,33 334,79 30/01/2006 [...] Total 4.187,61 4.187,61 Concernente ao pedido expõe que: III À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento. A Recorrente discorda do procedimento fiscal, porque é inexistente o débito então confessado no Per/DComp objeto de análise. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10850.902868/200935 Acórdão n.º 1003000.512 S1C0T3 Fl. 111 5 procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 1. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais2. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, a Recorrente deve detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Os diplomas normativos de regências da matéria, quais sejam o art. 170 do Código Tributário Nacional e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, deixam clara a necessidade da existência de direto creditório líquido e certo no momento da apresentação do Per/DComp, hipótese em que o débito confessado encontrarseia extinto sob condição resolutória da ulterior homologação. Apenas nas situações comprovadas de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculos podem ser corrigidas de ofício ou a requerimento da Requerente. O erro de fato é aquele que se situa no conhecimento e compreensão das características da situação fática tais como inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos. A Administração Tributária tem o poder/dever de revisar de ofício o procedimento quando se comprove erro de fato quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. A este poder/dever corresponde o direito de a Recorrente retificar e ver retificada de ofício a informação fornecida com erro de fato, desde que devidamente comprovado. O conceito de erro material apenas abrange a inexatidão quanto a aspectos objetivos, não resultantes de entendimento jurídico, como um cálculo errado, a ausência de palavras, a digitação errônea, e hipóteses similares. Somente podem ser corrigidas de ofício ou a pedido as informações declaradas no caso de verificada a circunstância objetiva de inexatidão material e congruentes com os demais dados constantes nos registros internos da RFB (art. 32 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e incisos I e III do art. 145 e inciso IV do art. 149 do Código Tributário Nacional). Por inexatidão material entendemse os pequenos erros involuntários, desvinculados da vontade do agente, cuja correção não inove o teor do ato formalizado, tais como a escrita errônea, o equívoco de datas, os erros ortográficos e de 1 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 2 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10850.902868/200935 Acórdão n.º 1003000.512 S1C0T3 Fl. 112 6 digitação. Diferentemente o erro de direito, que não é escusável, diz respeito à norma jurídica disciplinadora e aos parâmetros previstos nas normas de regência da matéria. No Despacho Decisório e na decisão de primeira instância de julgamento foi afastada a possibilidade de análise do Per/DComp ao argumento de que o pagamento a título de estimativa mensal da pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. O pedido inicial da Recorrente referente ao reconhecimento do direito creditório pleiteado do valor de IRPJ ou de CSLL determinado sobre a base de cálculo estimada, pode ser analisado, uma vez que o “é possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa” (Súmula CARF nº 84). O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a seu favor dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais.Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de registro obrigatório pela legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal ( art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977). Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Cabe a Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde da comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado (art. 165, art. 168 e art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 15 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). Cumpre registrar, inclusive, que, enquanto a Recorrente não for cientificada de uma nova decisão quanto ao mérito de sua compensação, os débitos compensados permanecem com a exigibilidade suspensa, por não se verificar decisão definitiva acerca de seus procedimentos. E, caso tal decisão não resulte na homologação total das compensações promovidas, deve possibilitandolhe a discussão do mérito da compensação nas duas instâncias administrativas de julgamento (Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972). Os efeitos do acatamento da preliminar da possibilidade de deferimento da Per/DComp, impõe, pois, o retorno dos autos a DRF que jurisdiciona a Recorrente para que seja analisado o mérito do pedido, ou seja, a origem e a procedência do crédito pleiteado, em conformidade com a escrituração mantida com observância das disposições legais, desde que Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10850.902868/200935 Acórdão n.º 1003000.512 S1C0T3 Fl. 113 7 comprovada por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, bem como com os registros internos da RFB. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringese a aspecto preliminar de possibilidade de reconhecimento de direito creditório decorrente de pagamento indevido de tributo determinado sobre a base de cálculo estimada. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRF que jurisdiciona o sujeito passivo. Em assim sucedendo, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário para aplicação da Súmula CARF nº 84 e reconhecimento da possibilidade de formação de indébito, mas sem homologar a compensação por ausência de análise do mérito, com o consequente retorno dos autos a DRF que jurisdiciona a Recorrente para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do direito creditório pleiteado no Per/DComp, bem como apreciação da informação trazida aos autos de que é inexistente o débitos então confessado no Per/DComp objeto de análise. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 113DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915943/2008-90
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Identificada a omissão no acórdão embargado, acolhem-se os embargos, com efeitos infringentes, para saneamento do vício identificado, mediante a prolação de um novo acórdão.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001
COFINS. RECEITAS. VENDAS. EMPRESAS. ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO.
As receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus gozam de isenção da contribuição.
Numero da decisão: 9303-007.759
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado a fim de sanar o vício de omissão detectado e dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, reconhecendo a isenção da contribuição sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para as empresas sediadas na ZFM e, consequentemente, o seu direito à repetição/compensação dos valores da contribuição calculados e pagos indevidamente sobre tais receitas, cabendo à autoridade administrativa, apurar os indébitos e homologar as compensações até o montante apurado.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Identificada a omissão no acórdão embargado, acolhem-se os embargos, com efeitos infringentes, para saneamento do vício identificado, mediante a prolação de um novo acórdão. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 COFINS. RECEITAS. VENDAS. EMPRESAS. ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. As receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus gozam de isenção da contribuição.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado a fim de sanar o vício de omissão detectado e dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, reconhecendo a isenção da contribuição sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para as empresas sediadas na ZFM e, consequentemente, o seu direito à repetição/compensação dos valores da contribuição calculados e pagos indevidamente sobre tais receitas, cabendo à autoridade administrativa, apurar os indébitos e homologar as compensações até o montante apurado. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
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ISENÇÃO. VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. Embargante SPECTRUM BRANDS BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Identificada a omissão no acórdão embargado, acolhemse os embargos, com efeitos infringentes, para saneamento do vício identificado, mediante a prolação de um novo acórdão. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 COFINS. RECEITAS. VENDAS. EMPRESAS. ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. As receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus gozam de isenção da contribuição. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado a fim de sanar o vício de omissão detectado e dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, reconhecendo a isenção da contribuição sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para as empresas sediadas na ZFM e, consequentemente, o seu direito à repetição/compensação dos valores da contribuição calculados e pagos indevidamente sobre tais receitas, cabendo à autoridade administrativa, apurar os indébitos e homologar as compensações até o montante apurado. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 43 /2 00 8- 90 Fl. 483DF CARF MF Processo nº 10880.915943/200890 Acórdão n.º 9303007.759 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de embargos de declaração apresentados contra o Acórdão nº 9303 006.401, de 13 de março de 2018, da 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais que, relativamente ao reconhecimento de direito creditório de COFINS, negou provimento ao recurso especial do contribuinte, nos termos da ementa a seguir reproduzida: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 PIS/COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições para o PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. A embargante alega que ocorreu omissão no acórdão embargado, relativamente a ponto (normas) sobre os quais a Turma deveria ter se pronunciado. Consoante seu entendimento, o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 1.743, de 1º de dezembro de 2016, e no Ato Declaratório PGFN Nº 4, de 16 de novembro de 2017, ambos da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), deveria ter sido levado em conta no julgamento. Os embargos foram admitidos. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303007.744, de 11/12/2018, proferido no julgamento do processo 10880.915948/200812, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 484DF CARF MF Processo nº 10880.915943/200890 Acórdão n.º 9303007.759 CSRFT3 Fl. 4 3 Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 9303007.744): "O acórdão embargado negou provimento ao recurso especial do contribuinte sob o fundamento de que, até julho de 2004, não existia norma que desonerasse as receitas decorrentes de vendas de mercadorias para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus da contribuição para o PIS. No entanto, na análise e julgamento do recurso especial do contribuinte, o relator não levou em consideração o entendimento da Procuradoria da Geral da Fazenda Nacional exarado no Parecer nº PGFN/CRJ/Nº 20166 e a autorização dada pelo Ato Declaratório PGFN Nº 4, de 16 de novembro de 2017. O referido Parecer tratou da isenção do PIS e da Cofins sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para empresas sediadas na ZFM e, tendo em vista decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), nele citadas e as respectivas ementas transcritas, concluiu literalmente: "Assim, presentes os pressupostos estabelecidos pelo art. 19, inciso II, da Lei nº 10.522, de 2002, c/c o art. 5º do Decreto nº 2.346, de 1997, recomendase que o ProcuradorGeral da Fazenda Nacional expeça ato declaratório que autorize a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais pautadas no entendimento de que não há incidência de PIS/COFINS sobre receita decorrente de vendas de mercadorias de origem nacional destinadas a pessoas jurídicas sediadas na Zona Franca de Manaus. Por oportuno, propõese, ainda, a seguinte nova redação para o item constante da Lista de Dispensa: 1.31 PIS/COFINS l) Venda de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus Precedentes: ADI 2.3489/DF, RE 539.590/PR e AgRg no RE 494.910/SC; AgInt no AREsp 944.269/AM, AgInt no AREsp 691.708/AM, AgInt no AREsp 874.887/AM, AgRg no Ag 1.292.410/AM, REsp 1.084.380/RS, REsp 982.666/SP, REsp 817777/RS e EDcl no REsp 831.426/RS. Resumo: Ao apreciar a cautelar na ADI 2.3489/DF, o STF, por unanimidade, suspendeu a eficácia da expressão “na Zona Franca de Manaus”, constante do art. 14, § 2º, I, da MP nº 2.03724/00 (que afastava da isenção de PIS/COFINS na exportação para o exterior a receita de vendas efetuadas a empresa estabelecida na ZFM), por violação ao art. 40 do ADCT (que teria estabilizado o art. 4º do DL nº 288/67. A partir de então, ou seja, na MP nº 2.03725/00, editada em dezembro/2000 (hoje art. 14 da MP nº 215835/01), a ressalva à Zona Franca de Manaus foi suprimida. Nesse cenário, o STF firmou, em sede de RE, o entendimento de que a controvérsia acerca da incidência do PIS/COFINS sobre a venda de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus se restringe ao âmbito infraconstitucional, enquanto o STJ e os TRF’s firmaram o entendimento de que, por força dos arts. 5º da Lei nº 7.714/88, 7º da Lei complementar nº 70/91 e 14 da MP nº 215835/01, c/c art. 4º do DL nº 288/67, não incide PIS/COFINS sobre a receita decorrente de venda de mercadoria de origem nacional destinada a pessoa jurídica sediada na Zona Franca de Manaus, pois se trataria de operação equiparada a exportação (art. 4º do DL nº 288/67). Fl. 485DF CARF MF Processo nº 10880.915943/200890 Acórdão n.º 9303007.759 CSRFT3 Fl. 5 4 O STJ também firmou o entendimento de que o benefício fiscal se aplica ainda que a vendedora (e não apenas a adquirente) seja sediada na ZFM (chamadas “vendas internas”). OBSERVAÇÃO: a dispensa não se aplica quando se tratar de: (i) venda de mercadoria por empresa sediada na ZFM a outras regiões do país; (ii) operação envolvendo pessoa física (vendedor ou adquirente); (iii) venda de mercadoria que não tenha origem nacional; e (iv) receita decorrente de serviços (e não venda de mercadorias) prestados a empresas sediadas na ZFM." Por sua vez o Ato Declaratório, assim dispõe: “DECLARA que, fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: 'nas ações judiciais que discutam, com base no art. 4º do DecretoLei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, a incidência do PIS e/ou da COFINS sobre receita decorrente de venda de mercadoria de origem nacional destinadas a pessoas jurídicas sediadas na Zona Franca de Manaus, ainda que a pessoa jurídica vendedora também esteja sediada na mesma localidade'.”. A luz do exposto, acolho os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado a fim de sanar o vício de omissão detectado e dar provimento ao recurso especial do contribuinte, reconhecendo a isenção do PIS sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para as empresas sediadas na ZFM e, consequentemente, o seu direito à repetição/compensação dos valores da contribuição calculados e pagos indevidamente sobre tais receitas, cabendo à autoridade administrativa, apurar os indébitos e homologar as compensações até o montante apurado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado acolheu os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado a fim de sanar o vício de omissão detectado e dar provimento ao recurso especial do contribuinte, reconhecendo a isenção da contribuição sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias nacionais para as empresas sediadas na ZFM e, consequentemente, o seu direito à repetição/compensação dos valores da contribuição calculados e pagos indevidamente sobre tais receitas, cabendo à autoridade administrativa, apurar os indébitos e homologar as compensações até o montante apurado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 486DF CARF MF
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Numero do processo: 19396.720010/2017-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012
PRELIMINAR DE NULIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. SÚMULA CARF 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade das leis que instituíram as contribuições para terceiros. Aplicação da Súmula Carf nº 2.
PRELIMINAR DE NULIDADE. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA.
O indeferimento fundamentado de perícia contábil considerada prescindível não acarreta nulidade.
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA.
Se todas as questões formuladas foram decididas, não é necessário ao julgador rebater todos os argumentos.
A ausência nos autos de resposta produzida pelo próprio sujeito passivo não acarreta prejuízo à defesa, nem nulidade do lançamento.
DECADÊNCIA.
Havendo recolhimentos antecipados, aplica-se a regra de contagem do prazo decadencial prevista no art. 150, §4º, do CTN
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. PROVISÃO DE BÔNUS.
A escrituração de despesas de remuneração a título de provisão pode ser tributada se não caracterizada essa provisão.
DESPESAS DE SALÁRIOS E ORDENADOS. RATEIO.
O registro contábil do pagamento de salários espelha fielmente os fatos ocorridos. O relatório interno que aponta a transferência de custos, o livro razão, as folhas de pagamento e notas de débito sobre rateio de despesas não são elementos suficientes para afastar as contribuições incidentes sobre as remunerações pagas e registradas contabilmente a título de salários e ordenados.
PENALIDADE. MULTA QUALIFICADA.
Não caracterizados dolo, fraude ou simulação, descabe a qualificação da multa.
Numero da decisão: 2301-005.827
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso e rejeitar as preliminares; por maioria de votos, reconhecer a decadência do período de 01/2012 e 02/2012, inclusive, vencidos os conselheiros Antônio Sávio Nastureles, Francisco Ibiapino Luz e João Maurício Vital; no mérito, em DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, 1) por maioria de votos, para excluir do lançamento a qualificação da multa, vencidos os conselheiros Antônio Sávio Nastureles, Francisco Ibiapino Luz e João Maurício Vital, 2) por maioria de votos, manter a incidência de contribuição previdenciária sobre os bônus, vencidos os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e Juliana Marteli Fais Feriato, e, 3) por unanimidade de votos, manter a incidência de contribuição previdenciária sobre o rateio de mão-de-obra.
João Maurício Vital - Presidente.
Reginaldo Paixão Emos - Relator.
Alexandre Evaristo Pinto - Redator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos, Alexandre Evaristo Pinto, Antônio Sávio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato, Francisco Ibiapino Luz (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa e João Maurício Vital (Presidente)
Nome do relator: REGINALDO PAIXAO EMOS
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INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. SÚMULA CARF 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade das leis que instituíram as contribuições para terceiros. Aplicação da Súmula Carf nº 2. PRELIMINAR DE NULIDADE. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. O indeferimento fundamentado de perícia contábil considerada prescindível não acarreta nulidade. PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. Se todas as questões formuladas foram decididas, não é necessário ao julgador rebater todos os argumentos. A ausência nos autos de resposta produzida pelo próprio sujeito passivo não acarreta prejuízo à defesa, nem nulidade do lançamento. DECADÊNCIA. Havendo recolhimentos antecipados, aplicase a regra de contagem do prazo decadencial prevista no art. 150, §4º, do CTN ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. PROVISÃO DE BÔNUS. A escrituração de despesas de remuneração a título de provisão pode ser tributada se não caracterizada essa provisão. DESPESAS DE SALÁRIOS E ORDENADOS. RATEIO. O registro contábil do pagamento de salários espelha fielmente os fatos ocorridos. O relatório interno que aponta a transferência de custos, o livro razão, as folhas de pagamento e notas de débito sobre rateio de despesas não AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 39 6. 72 00 10 /2 01 7- 43 Fl. 3041DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.042 2 são elementos suficientes para afastar as contribuições incidentes sobre as remunerações pagas e registradas contabilmente a título de salários e ordenados. PENALIDADE. MULTA QUALIFICADA. Não caracterizados dolo, fraude ou simulação, descabe a qualificação da multa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso e rejeitar as preliminares; por maioria de votos, reconhecer a decadência do período de 01/2012 e 02/2012, inclusive, vencidos os conselheiros Antônio Sávio Nastureles, Francisco Ibiapino Luz e João Maurício Vital; no mérito, em DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, 1) por maioria de votos, para excluir do lançamento a qualificação da multa, vencidos os conselheiros Antônio Sávio Nastureles, Francisco Ibiapino Luz e João Maurício Vital, 2) por maioria de votos, manter a incidência de contribuição previdenciária sobre os bônus, vencidos os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e Juliana Marteli Fais Feriato, e, 3) por unanimidade de votos, manter a incidência de contribuição previdenciária sobre o rateio de mãodeobra. João Maurício Vital Presidente. Reginaldo Paixão Emos Relator. Alexandre Evaristo Pinto Redator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos, Alexandre Evaristo Pinto, Antônio Sávio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato, Francisco Ibiapino Luz (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa e João Maurício Vital (Presidente) Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão nº 0443.969 (efls. 2890 a 2918), proferido pela 3ª Turma da DRJ Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande/MS, que julgou improcedente a impugnação apresentada. O lançamento referese a dois Autos de Infração pelo descumprimento de obrigação principal de contribuições previdenciárias. São eles: AI relativo à contribuição previdenciária da empresa; e Fl. 3042DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.043 3 AI relativo à contribuição para outras entidades e fundos (Sesi, Senai, Incra, Salárioeducação e Sebrae). No Relatório Fiscal de efls. 31 a 62, a fiscalização detalha os elementos de convicção que levaram ao lançamento. Em suma, os fatos geradores ali apurados referemse ao pagamento das seguintes verbas: a) GRATIFICAÇÃO A EMPREGADOS NÃO OFERECIDA À TRIBUTAÇÃO, identificadas em lançamentos contábeis escriturados nas contas (611310 BÔNUS), (611320 BÔNUS) e (811310 PROVISÃO DE BÔNUS), com o histórico de provisão de bônus ou de provisão de PLR, conforme demonstrativo de efls. 34 a 43. Essas despesas foram justificadas pelo contribuinte como sendo bônus de eficiência e segurança, pagos aos colaboradores conforme acordo coletivo e bônus por tempo de serviço, todos contabilizados a título de "provisão de bônus"; b) SALÁRIOS, ORDENADOS, VENCIMENTOS E SUBSÍDIOS A EMPREGADOS NÃO OFERECIDOS À TRIBUTAÇÃO, identificados em lançamentos efetuados no grupo contábil de despesa (611110.1000 SALÁRIOS E ORDENADOS), com o histórico "COST SHARING OPERACIONAL", "SOTEP SOCIEDADE TÉCNICA DE PER" e " PREST PERFURAÇÕES LTDA", conforme demonstrativo de efls 47 a 50. Essas despesas foram justificadas pelo contribuinte como sendo de obrigações contraídas com empresas ligadas em decorrência do compartilhamento de custos e despesas. Na impugnação (efls. 2639 a 2674) foi alegado, em síntese, o seguinte: NULIDADE POR AUSÊNCIA DE CÓPIA nulidade do procedimento administrativo pela ausência de cópia integral do processo, na fase impugnatória, pois nele não estavam anexadas as petições, com fartos esclarecimentos e documentação, elaboradas pelo impugnante, em resposta às intimações fiscais; NULIDADE POR AUSÊNCIA DE REAPURAÇÃO: § os lançamentos foram feitos sem a "respectiva reapuração" que levasse em conta não apenas as "supostas" remunerações mas também os créditos passíveis de reduzir o débito, como no caso da retenção de 11% na cessão de mão de obra; § o Auditor Fiscal se abstraiu do fato de que diversas verbas trabalhistas não devem integrar a base de cálculos daqueles tributos, seja em razão de expressa determinação legal (art. 28, § 9°, da Lei n° 8.212/91), seja pela sua natureza indenizatória, sendo certo que em relação a muitas delas o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento pacificado quanto à não incidência. DECADÊNCIA decadência das contribuições referentes ao período de janeiro a março de 2012 pela regra de contagem do art. 150, §4º do CTN; CONTABILIZAÇÃO DA PROVISÃO DE BÔNUS: § a contabilização de valores a título de "provisão de bônus" se deu pelo fato de que, embora os colaboradores tenham atingido o nível de Fl. 3043DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.044 4 eficiência para fins de percepção do bônus, tal gratificação somente era efetivamente paga se a IMPUGNANTE apurasse lucro no período; § considerando a incerteza quanto ao prazo de pagamento e ao valor do desembolso, a IMPUGNANTE lançou a parcela do bônus como provisão. Nesse momento a hipótese de incidência das contribuições previdenciárias não é deflagrada, pois o direito à percepção da gratificação está sujeito a duas principais condições futuras e incertas, quais sejam, (i) a apuração de lucro no período e (ii) a permanência do empregado nos quadros funcionais da empresa por ocasião do pagamento; § não poderia o Fiscal Autuante ter considerado que as hipóteses de incidência das contribuições previdenciárias ocorreram no mês em que contabilizadas as "provisões de bônus", eis que o único fato relevante para fins de tributação é sua materialização, sendo certo que elas podem, inclusive, terem sido revertidas sem que os respectivos valores tenham sido pagos, devidos ou creditados; § as contas cujos valores foram glosados não tiveram como contrapartida qualquer lançamento em conta de caixa ou equivalente de caixa, fato que atesta que não houve qualquer pagamento de bônus nos meses objeto do lançamento. CUSTO DE FOLHA REEMBOLSADOS: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS RECOLHIDAS PELAS SOCIEDADES EMPREGADORAS COMPARTILHAMENTO DE EMPREGADOS: § os valores lançados em conta de despesa (611110.1000 SALÁRIOS E ORDENADOS) com as denominações "COST SHARING OPERACIONAL", "SOTEP SOCIEDADE TÉCNICA DE PER" e "PREST PERFURAÇÕES LTDA" se referem aos valores devidos às sociedades SOTEP Sociedade Técnica de Perfuração S.A. e PREST Perfurações Ltda. (integrantes do grupo LUPATECH), em razão de parte de seus empregados terem sido alocados a projetos cujos serviços foram prestados pela IMPUGNANTE; § Com efeito, durante o período em que os empregados da SOTEP e da PREST trabalharam em projetos da IMPUGNANTE, esta última efetivou lançamentos a débito em conta de despesa (611110.1000 SALÁRIOS E ORDENADOS), em contrapartida a crédito no passivo (contas a pagar), representando os montantes que deveriam ser reembolsados àquelas; § Essa sistemática, amplamente utilizada por quase todas as grandes corporações, não acarreta qualquer prejuízo aos cofres públicos, eis que as contribuições previdenciárias são regularmente recolhidas pela pessoa jurídica empregadora, in casu, a SOTEP e a PREST; Fl. 3044DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.045 5 § A fim de comprovar que todos os valores considerados omitidos pela Fiscalização foram corretamente computados na base de cálculo das contribuições previdenciárias apuradas pelas sociedades empregadoras (SOTEP e PREST), a IMPUGNANTE apresenta, em anexo (doc. 04), um "jogo" de documentos para cada umas das quantias contabilizadas na conta"611110.1000 SALÁRIOS E ORDENADOS), contendo: a) folha de pagamento da SOTEP ou da PREST, conforme o caso, especificamente em relação ao centro de custo em que estão alocados os custos trabalhistas atrelados a empregados que trabalharam em projetos cujos serviços foram prestados pela IMPUGNANTE; b) conta do livro razão que comprova que os custos apontados no item acima foram devidamente contabilizados pela SOTEP ou PREST, conforme o caso, inclusive no tocante às provisões de férias e de 13° salário; c) relatório que aponta a transferência dos custos para a IMPUGNANTE; e d) nota de débito por meio da qual a SOTEP ou a PREST cobram as despesas da IMPUGNANTE, dentre elas os custos trabalhistas. § o compartilhamento de empregados entre empresas do mesmo grupo econômico, como visto, não tem impacto para a arrecadação fiscal e previdenciária. No âmbito trabalhista e social tal prática beneficia os empregados (e consequentemente a economia), pois evita que empregados alocados a determinada empresa sejam demitidos por estarem ociosos. Simplesmente realocase o profissional a projeto cujo contrato de prestação de serviço foi firmado com outra sociedade do grupo. Há nada de ilegal. REVOGAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A TERCEIROS as contribuições destinadas a terceiros perderam amparo constitucional em função das disposições constantes da EC n° 33/2001, que modificaram a redação do art. 149, §2°, da Constituição Federal; INAPLICABILIDADE DA MULTA QUALIFICADA: § revelase descabido invocar o art. 44, I, § 1°, da Lei n° 9.430/96, pois a sanção nele prevista aplicase apenas aos casos de sonegação, fraude ou conluio; § inverídico dizer que a IMPUGNANTE teria tentado impedir ou retardar o conhecimento de qualquer circunstância relacionada com os fatos em questão, pois nada foi ocultado, nada foi negado, nada foi subtraído do exame das Autoridades que, ao contrário, de tudo Fl. 3045DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.046 6 souberam mediante simples análise dos documentos contábeis que lhes foram transmitidos. § a IMPUGNANTE agiu às claras, com lisura e lealdade, para que as Autoridades Fiscais pudessem investigar, com a amplitude e os poderes que a lei lhe confere, a integralidade dos documentos e de seus efeitos jurídicofiscais, prestando todos os esclarecimentos solicitados. § Ora, conforme se observa dos dispositivos transcritos acima, para a configuração dos crimes de sonegação, fraude ou conluio mostrase indispensável a comprovação do dolo por parte do agente. O fato é que o Fiscal Autuante presumiu a ocorrência de dolo, eis que não há nos autos qualquer indicativo dessa conduta, mesmo porque: a) com relação aos valores lançados como "Provisão de Bônus", a IMPUGNANTE acredita que eles não devem compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias, eis que, além serem provisões, podendo, portanto, não se materializar, eventual pagamento efetivo, estaria imune em virtude da previsão contida no art. 7°, IX, da Constituição da República; e b) no tocante aos valores lançados como "compartilhamento de custos e despesas", a IMPUGNANTE acredita que eles não devem sofrer a incidência das contribuições previdenciárias, haja vista terem sido objeto de tributação na sociedade que empregava os respectivos empregados (SOTEP e PREST). § Não há dúvida de que a IMPUGNANTE nada escondeu das Autoridades: não houve fraude, não houve máfé, não houve engodo. Apenas, no máximo, divergência sobre a qualificação jurídica de que se deva dar aos fatos, os quais jamais foram falseados ou omitidos. A NECESSÁRIA DESIGNAÇÃO DE PERÍCIA: § Caso não se entenda pela nulidade dos Autos de Infração aqui combatidos, a IMPUGNANTE, com fulcro no art. 16, IV, do Decreto n° 70.235/1972 e no art. 6° da Portaria MF n° 341/2011 , pugna que este Colendo órgão julgador designe perícia a fim de atestar os seguintes fatos: a) relativamente aos valores enquadrados nos autos de infração como "GRATIFICAÇÃO A EMPREGADOS NÃO OFERECIDA À TRIBUTAÇÃO", embora de janeiro a julho de 2012 (período autuado) a IMPUGNANTE tenha efetuado lançamentos contábeis a título de "provisão de bônus", durante esse interregno os respectivos valores não foram pagos, devidos ou creditados aos empregados, não podendo, Fl. 3046DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.047 7 portanto, haver a incidência das contribuições previdenciárias; b) no tocante aos valores enquadrados nos Autos de Infração como "SALÁRIOS, ORDENADOS, VENCIMENTOS E SUBSÍDIOS A EMPREGADOS NÃO SUBMETIDOS À TRIBUTAÇÃO", eles se referem a contribuições previdenciárias que foram devidamente recolhidas pela SOTEP ou pela PREST, conforme o caso; e c) em relação a ambos os grupos de débitos elencados acima, que a ausência de reapuração das contribuições previdenciárias fez com que tais tributos incidissem (i) sobre rubricas que por expressa determinação legal devem ser excluídas das respectivas bases de cálculo, (ii) sobre verbas de natureza indenizatória e (iii) sobre elas mesmas. § Para tanto, a IMPUGNANTE requer se digne o ilustre Perito a responder os seguintes quesitos: 1) Provisão representa um fato líquido e certo? 2) No período de janeiro a julho de 2012, aos valores lançados pela IMPUGNANTE nos grupos contábeis "383100405.611300BÔNUS" e "383105003.811300 BÔNUS" sofreram alguma contrapartida em conta de caixa ou equivalente de caixa? Em caso negativo, o que isso significa? 3) Ainda com relação aos valores lançados nos grupos contábeis "383100405.611300 BÔNUS" e "383105003.811300BÔNUS", pode se dizer eles foram pagos, devidos ou creditados aos empregados entre janeiro e julho de 2012? 4) Ainda com relação aos valores lançados nos grupos contábeis "383100405.611300 BÔNUS" e "383105003.811300BÔNUS", houve alguma movimentação contábil que permita concluir que houve o pagamento ou o crédito aos empregados? Em caso positivo, em qual(is) data(s)? 5) No tocante aos lançamentos efetuados pela IMPUGNANTE no grupo de despesas "611110.100 SALÁRIOS E ORDENADOS", especificamente aqueles com o histórico "COST SHARING OPERACIONAL", SOTEP SOCIEDADE TECNICA DE PER" e "PRES PERFURAÇÕES LTDA", os respectivos valores eram devidos às sociedades SOTEP e PREST em virtude de elas terem cedido empregados para trabalhar em projetos cuja Fl. 3047DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.048 8 prestadora de serviços era a IMPUGNANTE (reembolso de custos trabalhistas e previdenciários)? 6) Ainda em relação aos valores mencionados no item acima, parte deles foram contabilizados na SOTEP ou na PREST, conforme o caso, em conta representativa de contas a receber? 7) Ainda em relação aos valores mencionados acima, eles foram computados na base de cálculo das contribuições previdenciárias devidas pela SOTEP ou pela PREST, conforme o caso? O Acórdão da DRJ, nº 0443.969 (efls. 2890 a 2918) considerou o lançamento procedente e não conheceu das alegações relativas à inconstitucionalidade das contribuições. O Acórdão teve a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012 APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. Não cabe a esta instância julgadora apreciar argumentos de inconstitucionalidade e ilegalidade de norma por ser matéria reservada ao Poder Judiciário. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais contrárias à orientação estabelecida para a administração direta e autárquica em atos de caráter normativo ordinário. DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO. O prazo a homologação, será de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado. A contagem do prazo de decadência, no caso de dolo, fraude e simulação, é regulado pela disposição do Art. 173, Inc. I do CTN, contado o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. BÔNUS. GRATIFICAÇÃO. Integra o saláriodecontribuição do segurado, a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou Fl. 3048DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.049 9 creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho. ÔNUS DE PROVAR. É ônus do sujeito passivo provar que os documentos e os lançamentos contábeis considerados são imprestáveis para caracterizar a análise fiscal consubstanciada na decisão denegatória parcial do pedido de restituição. MULTA QUALIFICADA. É cabível a aplicação da multa qualificada devido comprovação de ação dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; e das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. ACRÉSCIMOS LEGAIS. Os acréscimos legais devidos por força de lei, tem aplicação obrigatória com base no princípio da presunção de legalidade e constitucionalidade das leis e da vinculação do ato administrativo do lançamento. VALIDADE DO LANÇAMENTO. O Auto de Infração é válido e eficaz visto que foi lavrado com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Inconformada com a decisão de 1ª instância, a recorrente apresentou recurso voluntário, em 16/10/2017 (efls. 2925 a 2963), reproduzindo os argumentos da impugnação e acrescentando, em resumo, o seguinte: – É Nula a Decisão em que a Autoridade Julgadora se Recusa a Apreciar Todos os Argumentos da Impugnação houve negativa da Turma recorrida em analisar os seguintes argumentos constantes da impugnação: (i) nulidade em função da ausência de reapuração do tributo (“item III.B”); e (ii) insubsistência do crédito, pois eventuais fatos geradores das contribuições previdenciárias somente ocorrem com a perfectibilização de todas as condições necessárias à percepção do benefício (“item VI.A”). É Nula a Decisão pela Negativa do pedido de produção de provas a Recorrente requereu em sua Impugnação a produção de perícia contábil, mas tal pedido foi sumariamente negado ao argumento de que o lançamento continha “todos os elementos para deslinde das questões impugnadas e para o julgamento do processo”. A Turma de Julgadora de Fl. 3049DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.050 10 origem entendeu que “caberia ao impugnante comprovar a improcedência do critério adotado para apuração por aferição indireta, mediante documentos hábeis e idôneos”. No entanto, o deslinde da controvérsia se mostra eminentemente contábil, de forma que seria imprescindível a produção de prova técnica para que se pudesse comprovar que as divergências apuradas são fruto da equivocada interpretação feita pelo Fiscal autuante. Em 13/02/2019, a recorrente apresentou gps da competência 01, 02 e 03/2012, visando provar o recolhimento antecipado de contribuições para fins de contagem do prazo decadencial. Requereu ainda dilação de prazo para apresentação do Lalur do ano calendário de 2012 e do documento que regula o pagamento de bônus a seus funcionários. É o relatório Voto Conselheiro Reginaldo Paixão Emos O recurso voluntário é tempestivo e aborda matéria de competência desta Turma. Do Conhecimento Pedido de Dilação de Prazo No documento de efls. 3006 a 3009, a recorrente solicitou dilação de prazo para apresentar o Lalur do anocalendário 2012 e o documento que regula a sistemática de pagamento de bônus aos seus funcionários. Na fase atual do processo não há previsão legal para a dilação de prazo solicitada. Quando da apresentação de tal solicitação, o processo já estava pautado para julgamento neste Colegiado. Portanto, é impossível atender ao pleito apresentado. Assim, não conheço do pedido de dilação de prazo apresentado. Revogação Constitucional das Contribuições Destinadas a Terceiros Segundo a recorrente, os tribunais superiores firmaram posicionamento no sentido de que as contribuições do SalárioEducação, SENAI, SESI, SEBRAE e INCRA tem seu fundamento no art. 149 da Constituição Federal. Nessa esteira, com o surgimento da EC nº 33/2001, o art. 149 da Carta Magna passou a prever que as Contribuições por ele tratadas podem ter como base de cálculo somente o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro. Assim, restou proibido o estabelecimento de outras fontes como base de cálculo para as Contribuições, exceto em relação à contribuição do art. 195 do texto constitucional. Portanto, estariam revogados os dispositivos legais que versam sobre as hipóteses de incidência das Contribuições questionadas, haja vista estarem, atualmente, em descompasso com o novo texto constitucional. A questão arguida referese à inconstitucionalidade das leis instituidoras das contribuições de terceiros. Essa questão atrai a aplicação da Súmula CARF nº 2, que transcrevo. Fl. 3050DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.051 11 Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Resta, portanto, prejudicada a análise do questionamento, por fugir à competência do colegiado. Assim, não conheço das alegações relativas à inconstitucionalidade e ilegalidade das contribuições de terceiros. Das Preliminares Nulidade da Decisão que não apreciou todos os argumentos Primeiramente cumpre registrar que é majoritário na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que o julgador não necessita rebater todos os argumentos apresentados na contestação, desde que todas as questões suscitadas sejam enfrentadas. É o caso das omissões apontadas pela recorrente, conforme as análises a seguir acerca de cada um dos dois itens ditos como não analisados pela decisão de 1ª instância (alíneas "a" e "b"). a) Nulidade em função da ausência de reapuração do tributo Além de arguir a nulidade da decisão, que não teria se manifestado sobre a ausência de reapuração do tributo, essa mesma falta de reapuração foi trazida no recurso como argumento pela nulidade do lançamento, pelo que os dois pontos serão aqui tratados. A decisão de 1ª instância não abordou diretamente o ponto levantado sobre a não realização da chamada "reapuração" como causa de nulidade, mas abordou no tópico "VALIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL" o procedimento fiscal em si, que culminou justamente na apuração questionada do crédito tributário, remetendo ao disposto no art. 142 do CTN. Constou do tópico citado: Contrariamente ao alegado pela impugnante, o presente auto de infração não padece de nulidade pois cumpriu todas as determinações legais, referentes a contribuição social exigida nos autos, que permitem a ampla defesa conforme dispõe o artigo 37, caput, da Lei n.º 8.212/91: Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Verificase nos autos, a exuberância de relatórios e documentos que são os requisitos estabelecidos na legislação, e pode se concluir que o Relatório Fiscal identifica os dispositivos legais aplicados ao lançamento e o fato gerador das contribuições previdenciárias e que a Auditoria Fiscal apenas aplicou a legislação vigente, em nítida obediência ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional, e portanto, consubstancia um procedimento administrativo perfeitamente regular e válido. (grifei) Fl. 3051DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.052 12 Foi dito na impugnação que "Sem essa reapuração é impossível saber com segurança se as remunerações pretensamente omitidas resultaram nos valores de contribuições previdenciárias que foram lançados ...". Ou seja, haveria prejuízo decorrente da incerteza quanto à correção dos valores apurados. A possibilidade de prejuízo à defesa, como causa de nulidade, foi tratada no item da decisão de 1ª instância sob o título CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA / ÔNUS DA PROVA. Segue trecho citado: Consta no relatório fiscal que a empresa foi intimada a apresentar documentação relacionada aos fatos geradores de contribuições previdenciárias, mas os apresentou de forma deficiente, o que levou a autoridade fiscal, conforme expressamente consignado em diversas passagens do Relatório Fiscal, apurar as contribuições previdenciárias devidas com base em conformidade com o disposto na referida Lei nº 8.212/1991, Art. 33 § 3º: Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e o Departamento da Receita Federal – DRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário; Extraise do relatório fiscal, que para fins de apuração do presente crédito tributário, considerouse o valor lançado nas contas contábeis debitada e creditada especificadas e nos documentos que as lastrearam. Tratase de aspecto quantitativo extraído de documentos e informações do próprio impugnante, e portanto, ao caso aplica se perfeitamente a regra da inversão do ônus da prova quanto aos valores, devidos ou creditados, passandoa ao sujeito passivo, com base no art. 33 § 3o da Lei 8.212/91. São fartas as referências na decisão e no relatório com respeito às oportunidades que teve a recorrente para apresentar as provas que julgasse conveniente. Dentre essas provas, poderia terem sido apresentadas as provas dos ditos créditos. Mas, estes, foram apenas mencionados genericamente. É o que ocorreu no item 29 do recurso voluntário. Foi dito que "se existem créditos ..." deveria ser refeita a apuração. Mas, essa afirmação da existência de créditos surge desconectada, não precedida, nem seguida, de nenhuma explicação sobre onde estão esses créditos, quais são seus valores e seus períodos, qual sua origem, etc. Nada foi detalhado: 29. Ora, se existem créditos passíveis de compensação, mostrar seia imprescindível que o Fiscal Autuante refizesse a apuração das contribuições previdenciárias, com o auxílio da GFIP, a fim de contrapor os débitos lançados com os créditos porventura existentes. (grifei) A pretensa ausência de reapuração do tributo, que comprometeria o lançamento, e a falta de menção expressa a essa ausência de reapuração, que comprometeria a Fl. 3052DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.053 13 decisão de 1ª instância, têm como lastro possíveis créditos da recorrente. Cabe indagar então quais são esses créditos? Das manifestações apresentadas na impugnação e no recurso, extrai se que são verbas que a recorrente considera inconstitucionais, tais como auxílio doença/acidente, aviso prévio indenizado e terço constitucional de férias (citadas em nota de rodapé) e créditos decorrentes da retenção de 11% na cessão de mão de obra. Mas, tudo isso em abstrato. Nada foi demonstrado. Sobre os pretensos créditos de retenção de 11%, decorrentes da cessão de mão de obra, frisese não houve demonstração desses valores. A retenção de 11% é recolhida pelo tomador de serviços no CNPJ da empresa prestadora de serviços, que é a beneficiária do recolhimento. Assim, o recolhimento figura no conta corrente de contribuições previdenciárias da prestadora. Esse fato praticamente torna quase impossível a não consideração pela fiscalização de eventuais créditos de retenções de cessão de mão de obra. Via de regra, a compensação é efetuada pelo prestador, que se credita das retenções que sofre e, portanto, pode compensálas com suas próprias contribuições devidas. No presente caso, a recorrente ocuparia que posição (não foi dito)? Supõese que a posição equivaleria à de tomadora dos serviços, hipótese essa que torna sem sentido pugnar pela compensação de retenções que teria sofrido em relação a tais verbas. Enfim, tais retenções foram apenas mencionadas de uma forma genérica e nunca foram esclarecidas ou demonstradas, o que torna impossível considerálas na apuração. Melhor sorte também não ampara a recorrente quando se analisa o argumento de possíveis créditos decorrentes de verbas supostamente inconstitucionais. Somente uma decisão judicial poderia gerar os créditos que a recorrente invoca. Não foi apontada nenhuma decisão judicial favorável nesse sentido. Portanto, também genérica a argumentação. Também inviável o cômputo de tão impalpáveis créditos. É consagrado na jurisprudência o entendimento de que não há nulidade sem prejuízo. Logo, quais foram os prejuízos decorrentes de a decisão não abordar em destaque o ponto "reapuração", que nem sequer tem previsão na legislação? Qual o prejuízo decorrente de o crédito ter sido apurado e lançado como o foi, sem cogitar de improváveis retenções de 11% e de questionamentos em abstrato sobre a inconstitucionalidade de verbas salariais? Assim, considerando que o procedimento de apuração foi feito nos termos da legislação e que não foram demonstrados os créditos supostamente desconsiderados, não vislumbro hipótese de nulidade, pois não houve prejuízo ao sujeito passivo. b) Nulidade pela insubsistência do crédito em razão da não perfectibilização de todas as condições necessárias à percepção do benefício O argumento apresentado na impugnação e que, segundo a recorrente, não teria sido analisado, consta do item da impugnação com o seguinte título "VI.A – BÔNUS PROVISIONADOS: EVENTUAIS FATOS GERADORES DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS OCORRERIAM SOMENTE COM A PERFECTIBILIZAÇÃO DE TODAS AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO". Fl. 3053DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.054 14 Nesse item da peça impugnatória foi defendido que a contabilização de bônus a título de provisão ocorreu por que havia duas condições futuras para percepção do benefício: a ocorrência de lucro e a permanência do empregado na empresa. Pois bem, a decisão recorrida tratou desse assunto no mérito, no item "GRATIFICAÇÃO/BÔNUS". Transcrevese abaixo o trecho que tratou do argumento questionado: O impugnante alega que tais pagamentos se referem a despesas relacionadas a bônus de eficiência e segurança pagos aos colaboradores, além de bônus por tempo de serviço: 31. O motivo do lançamento a título de provisão se deu pelo fato de que, embora os colaboradores tenham atingido o nível de eficiência para fins de percepção do bônus, tal gratificação somente era efetivamente paga se a IMPUGNANTE apurasse lucro no período. (grifei) O defendente alega que não houve pagamento e que foi revertido para conta contábil adequada que não representa saída de numerários: (grifei) 37. O próprio Auditor Fiscal afirma que não houve lançamento a conta de caixa ou equivalente de caixa, tendo observado que os saldos foram revertidos (entendase não concretizados, logo não pagos) contra a conta "383100000146310.1012 INVESTIMENTOS A LONGO PRAZO", que não representa saída de numerários. 38. Por outro lado, ao contrário do que fez crer o Auditor, a verba "provisão de bônus" não foi devida ou creditada aos empregados na data do respectivo lançamento contábil, pois, como visto, dependia de um evento futuro e incerto. Data venia, revelase verdadeiro absurdo a pretensão de tributar meras provisões. Passase a análise do conjunto fático probatório em face do esquadro lógico jurídico resumidos nos seguintes pontos: (...) Segundo, os códigos contábeis e natureza das contas utilizadas indicam que se tratam de contas de resultado e não de provisão que deveriam ter contrapartidas em conta do passivo com previsão de operações contábeis de estorno. (grifei) (...) Portanto, como se vê, o argumento acerca da pertinência da provisão foi analisado e decidido. Fl. 3054DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.055 15 Segundo o CPC nº 25, "Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos". Ou seja, a incerteza é um componente inerente à constituição de provisões. Ao se debruçar sobre a provisão defendida pelo contribuinte, a decisão recorrida analisou, por decorrência, as razões que levaram à constituição da provisão. Sem razão a recorrente nesse ponto, pois, mais uma vez, o julgador não precisa contraargumentar cada ponto levantado na contestação, desde que a questão tenha sido enfrentada, como o foi. Nulidade da Pela Negativa de Pedido de Produção de Provas A negativa da perícia teve como motivação o fato de que o julgador considerou as provas dos autos suficientes e com todos os elementos para solução das questões impugnadas. Os registros contábeis de provisão efetuados e a não conformação destes aos ditames do CPC 25, bem como as contabilizações de despesas de salários/ordenados e a desconsideração do rateio alegado, propiciaram à fiscalização formar convicção quanto à incidência das contribuições lançadas. A convicção fiscal e os elementos analisados na ação fiscal foram considerados suficientes e pertinentes, tendo respaldado a negativa do pedido de perícia. Entendo que a decisão guarda consonância com as normas que regem a perícia no âmbito administrativo. Senão vejamos: Decreto 70.235/72 Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) De igual forma, entendo pela suficiência dos elementos considerados. Assim, foi correta a decisão de 1ª instância ao negar o pedido de perícia. Nulidade da Pela Ausência de Cópia Integral Devolução do Prazo para Impugnação Sobre esse questionamento, transcrevo a decisão de 1ª instância e adoto seus fundamentos: Houve a seguinte alegação do impugnante: Fl. 3055DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.056 16 7. O que surpreende a IMPUGNANTE é que não consta do ambiente virtual as petições que foram elaboradas em resposta às intimações fiscais expedidas ao longo da Fiscalização, por meio das quais fora apresentada farta documentação e preciosos esclarecimentos acerca dos fatos que envolvem a autuação. Ressaltese que a própria Autoridade Fiscalizadora ao lavrar os autos de infração relata que foram apresentadas respostas pelo contribuinte. 8. Não há dúvida de que a falta de acesso aos documentos apresentados na fase de fiscalização oculta dos julgadores administrativos importantes elementos que envolvem a autuação, situação essa que não se coaduna com os princípios norteadores do contencioso administrativo. Mesmo relevando as diversas oportunidades de apresentação de esclarecimentos na fase de auditoria fiscal, cabe destacar que a eventual falta de acesso a cópia de documentos produzidos pelo próprio sujeito passivo, por regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece, não tem o condão de menoscabar o exercício pleno da defesa visto que nos presentes autos contam os indigitados documentos que poderiam ser complementados com novos elementos probatórios. (grifei) Ademais os relatórios que especificaram os aspectos quantitativos do crédito tributário foram apurados mediante as cautelas técnicas estabelecidas na legislação regente conforme informado pela autoridade lançadora. Eventual dificuldade técnica, deveria ser comunicada oportunamente para que fosse tutelado o direito de defesa e o interesse público, mediante atos de demanda e resposta administrativa do setor competente da Receita Federal do Brasil. Portanto, salvo quando presentes as hipóteses de nulidade expressas no art. 59 do Decreto 70.235/72, a nulidade do lançamento, por ser ato extremo, só deve ser declarada quando houver prejuízo insuperável para o sujeito passivo, sobretudo quando o vício do ato lhe impede o exercício da ampla defesa e do contraditório, ou quando acarretar lesão ao interesse público, conforme se extrai do art. 55 da lei 9.784/99, a contrario senso: Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. O exercício do contraditório e da ampla defesa, pelo sujeito passivo, é assegurado com a oportunidade para que conheça a motivação fática e jurídica do lançamento e possa se defender em plenitude. Fl. 3056DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.057 17 Dessa forma, a ausência no processo digital de respostas produzidas pela própria recorrente, por certo período, durante o prazo de impugnação, não poderia causar prejuízos à sua defesa. Assim, afastase essa nulidade. Pelo exposto, restam rejeitadas todas as preliminares arguidas. Da Prejudicial de Mérito Decadência Sustentou a recorrente que os lançamentos relativos aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2012 estariam extintos pela decadência, com base na regra de contagem prevista no art. 150, §4º do CTN. Diversamente do que restou decidido na decisão de 1ª instância, entendo que não foram caracterizados dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo. No item relativo à multa qualificada deste voto, detalhei esse entendimento. Pelo exposto, resta possível a aplicação da regra de contagem prevista no art. 150, §4º do CTN, desde que tenha havido recolhimento antecipado do tributo na mesma competência. Conforme documentos acostados aos autos às efls 3012 a 3020, houve recolhimento antecipado de contribuições previdenciárias nas competências de 01/2012 e 02/2012. Considerando que a ciência do lançamento se deu em 30/03/2017, as contribuições lançadas nas competências de 01 e 02/2012 foram atingidas pela decadência, pela regra de contagem do prazo decadencial prevista no art. 150, §4º do CTN. Do Mérito Dos Bônus Provisionados: não Perfectibilização de Todas as Condições Necessárias à Percepção do Benefício Argumenta a recorrente que os valores lançados com o histórico de provisão de bônus não caracterizam fatos geradores no mês em que contabilizados, pois, não representam o pagamento desses bônus aos trabalhadores. Informa ainda que tal pagamento dependia de condições incertas e futuras: ocorrência de lucro e permanência do trabalhador na empresa. Frisou que, ao contrário do que disse o acórdão recorrido, não houve erro de lançamento contábil, mas um equívoco de interpretação por parte das autoridade tributárias. Isso por que a provisão, conforme preconiza o pronunciamento CPC 25, se caracteriza como um passivo de prazo ou valor incertos. Logo ao se reconhecer uma provisão a contrapartida contábil ocorrerá necessariamente contra o resultado. A recorrente adotou o seguinte critério no registro contábil das provisões de bônus: foram feitos débitos das contas de despesa (611310 BÔNUS), (611320 BÔNUS) e (811310 PROVISÃO DE BÔNUS) e, em contrapartida, foram feitos créditos nas contas do passivo (383100000.212132.1003 BÔNUS ESTATUTÁRIO) e (383100000.212131.1000 BÔNUS). Fl. 3057DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.058 18 O Pronunciamento Técnico CPC 25, citado pela recorrente e aprovado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis em 16/09/2009, estabeleceu os critérios de reconhecimento de provisões. Diz o pronunciamento em seu item 11: 11. As provisões podem ser distintas de outros passivos tais como contas a pagar e passivos derivados de apropriações por competência (accruals) porque há incerteza sobre o prazo ou o valor do desembolso futuro necessário para a sua liquidação. (grifei) Prescreve ainda o item 59 do referido CPC 25, para o caso de mudança na provisão: 59. As provisões devem ser reavaliadas em cada data de balanço e ajustadas para refletir a melhor estimativa corrente. Se já não for mais provável que seja necessária uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos futuros para liquidar a obrigação, a provisão deve ser revertida. (grifei) Portanto, assiste razão à recorrente quando diz que a contrapartida contábil do reconhecimento da provisão será uma conta de resultado. Mas, também, é verdade que, se a despesa não se confirmasse, a constituição da provisão seria revertida. A destinação futura das provisões efetuadas e registradas no passivo dependeria dos dois eventos futuros possíveis: pagamento ou reversão. Nos dois casos, o saldo credor da conta do passivo 383100000.212131.1000 BÔNUS, que registra uma obrigação de bônus a pagar, seria sempre debitada. A contrapartida desse débito seria um crédito no ativo circulante, caixa ou bancos (no caso de pagamento), ou um crédito em uma conta de resultado (no caso de reversão da provisão). Essa conta de resultado seria uma conta de Reversão da Provisão (conta de receita). No entanto, não foi isso que ocorreu, segundo se viu. Houve uma contrapartida da provisão a crédito de conta de investimento a longo prazo, conforme descrito no relatório fiscal: 2.5.8. Como mera informação, o Fisco constatou que o saldo da conta do passivo circulante (383100000.212131.1000 BÔNUS) foi reduzido em contrapartida da conta do ativo (383100000.146310.1012 INVESTIMENTOS A LONGO PRAZO), conforme evidenciado nos lançamentos a seguir: O procedimento descrito acima foi confirmado pela manifestação da recorrente no recurso voluntário, item 63: 63. O próprio Auditor Fiscal afirma que não houve lançamento a conta de caixa ou equivalente de caixa, tendo observado que os saldos foram revertidos (entendase não concretizados, logo não pagos) contra a conta “383100000146310.1012 – INVESTIMENTOS A LONGO PRAZO”, que não representa saída de numerários. (grifei) No entanto, em que pese a manifestação recursal acima, não foi fornecida pela recorrente uma explicação sobre o porquê da realização de créditos na conta ativa de Fl. 3058DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.059 19 Investimentos a Longo Prazo em contrapartida de provisões antes registradas no passivo, não restando demonstrado se tal lançamento seria reversão ou pagamento. Em se tratando de reversão de provisão ou de mero pagamento de bônus não se vislumbra a possibilidade de contrapartida do lançamento a crédito de uma conta de investimentos a longo prazo. Ao efetuar tal registro contábil, o contribuinte permite a conclusão de que, na constituição da provisão, o débito na conta de despesa configurava um reconhecimento definitivo dessa despesa, o que desfigura totalmente o instituto da provisão de despesas. Vejase o que diz o item 61 do Pronunciamento CPC 25, sobre o uso de provisões constituídas. Suas observações sobre uso para outra finalidade são aqui apropriadas: 61. Uma provisão deve ser usada somente para os desembolsos para os quais a provisão foi originalmente reconhecida. 62. Somente os desembolsos que se relacionem com a provisão original são compensados com a mesma provisão. Reconhecer os desembolsos contra uma provisão que foi originalmente reconhecida para outra finalidade esconderia o impacto de dois eventos diferentes. (grifei) A fiscalização, por sua vez, visando obter esclarecimentos sobre os registros contábeis efetuados, solicitou esclarecimentos por meio de termos de intimação. No entanto, as respostas fornecidas não foram suficientes para firmar convicção sobre o modus operandi, ou seja, como ocorriam a provisão e o pagamento/reversão do referido bônus: 2.5.9. Antes dos fatos, o Fisco, por meio do Termo de Intimação Fiscal nº 05, de 08/02/2017, solicitou esclarecimentos, por parte do autuado, sobre os motivos que o levou a contabilizar as chamadas despesas de "provisões de bônus", nas contas (611310 BÔNUS), (611320 BÔNUS) e (811310 PROVISÃO DE BÔNUS), sem reciprocidade desses registros nas folhas de pagamento. Para uma visão abrangente dos fatos apurados em relação às normas que regem o assunto, vale resgatar a prescrição legal, da lei 8.212, artigo 32, inciso II, que estabelece o registro contábil de forma discriminada dos fatos geradores das contribuições. Essa segregação visa justamente propiciar a correta identificação de cada fato gerador separadamente. Ou seja, é do contribuinte o ônus de demonstrar, por meio de uma escrituração contábil clara e segregada, que todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias receberam o tratamento contábil adequado, eliminando dúvidas quanto aos fatos contábeis representados. Segue o artigo citado: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; Fl. 3059DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.060 20 (...) Via de regra, o registro contábil de parcelas remuneratórias como despesa implica em correspondência com a folha de pagamento. O que retiraria essa necessária correspondência dos lançamentos a título de provisão seria, justamente, o seu tratamento adequado como provisão. Assim, não demonstrado contabilmente que tais lançamentos receberam o adequado tratamento de provisão, caberia à recorrente remontar e demonstrar o caminho de tais lançamentos. Sua realização ou sua reversão. Isso, no entanto, não foi feito em toda a sua extensão. Foi argumentado ainda que os valores discutidos estariam imunes à incidência das contribuições previdenciárias por força do art. 7º, IX , da Constituição. Pela discrepância entre o inciso IX e a matéria em discussão, creio que a recorrente quis se referir ao inciso XI: Art. 7º (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Entendo que o argumento pela imunidade com base no inciso XI, acima transcrito, não merece prosperar, uma vez que o próprio relatório fiscal reportou que houve a descaracterização da própria PLR ocorrida nos autos do processo nº 19396720.011/201798 (autuação integrante do mesmo procedimento fiscal). Até decisão contrária, presumese correto o diagnóstico feito pela autoridade lançadora, em nome do princípio da presunção de legitimidade. De outro lado, não houve nestes autos produção de prova a embasar a pretendida imunidade. Pelo exposto, não caracterizada a provisão, os lançamentos a esse título, que compuseram os resultados da empresa, devem ser tributados pelas contribuições previdenciárias. Custos de Folha de Pagamento Reembolsados Rateio de Despesas Transcrevo os itens abaixo peça recursal, que trazem os questionamentos sobre o compartilhamento de recursos, ora analisados: 72. Noutro giro, o Fiscal Autuante afirma que, nos meses de fevereiro a dezembro de 2012, a RECORRENTE não considerou na base de cálculo das contribuições previdenciárias os valores lançados em conta de despesa (611110.1000 – SALÁRIOS E ORDENADOS) com as denominações “COST SHARING OPERACIONAL”, “SOTEP SOCIEDADE TECNICA DE PER” e “PREST PERFURAÇÕES LTDA”. 73. Por sua vez, o Órgão Julgador de origem, empregando termos genéricos e padronizados e demonstrando sequer ter analisado os documentos apresentados pela RECORRENTE junto à impugnação, aduz simplesmente “que não há previsão legal de compartilhamentos de recursos” e que “constatase pontos a favor da verossimilhança da tese fiscal”. Fl. 3060DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.061 21 (...) 75. Ressaltese, ademais, que ao afirmar que “as supostas prestadoras de serviços, SOTEP e PREST não informaram nenhuma declaração válida e eficaz” a Turma recorrida parece não ter analisado detidamente os documentos acostados à impugnação, pois, se o tivesse, constataria que a RECORRENTE anexou ao “doc. 03” da impugnação um “jogo” de documentos para cada umas das quantias contabilizadas na conta “611110.1000 – SALÁRIOS E ORDENADOS), contendo: a) folha de pagamento da SOTEP ou da PREST, conforme o caso, especificamente em relação ao centro de custo em que estão alocados os custos trabalhistas atrelados a empregados que trabalharam em projetos cujos serviços foram prestados pela RECORRENTE; b) conta do livro razão que comprova que os custos apontados no item acima foram devidamente contabilizados pela SOTEP ou PREST, conforme o caso, inclusive no tocante às provisões de férias e de 13º salário; c) relatório que aponta a transferência dos custos para a RECORRENTE; e d) nota de débito por meio da qual a SOTEP ou a PREST cobram as despesas da RECORRENTE, dentre elas os custos trabalhistas. 76. Diante disso, a RECORRENTE esclarece que as quantias que se pretende tributar se referem aos valores devidos às sociedades SOTEP Sociedade Técnica de Perfuração S.A. e PREST Perfurações Ltda. (integrantes do grupo LUPATECH), em razão de parte de seus empregados terem sido alocados a projetos cujos serviços foram prestados pela RECORRENTE. 77. Com efeito, durante o período em que os empregados da SOTEP e da PREST trabalharam em projetos da RECORRENTE, esta última efetivou lançamentos a débito em conta de despesa (611110.1000 – SALÁRIOS E ORDENADOS), em contrapartida a crédito no passivo (contas a pagar), representando os montantes que deveriam ser reembolsados àquelas. 78. Essa sistemática, amplamente utilizada por quase todas as grandes corporações, não acarreta qualquer prejuízo aos cofres públicos, eis que as contribuições previdenciárias são regularmente recolhidas pela pessoa jurídica empregadora, in casu, a SOTEP e a PREST. (...) 81. Adicionalmente, ao manter a autuação por considerar que inexiste previsão legal, o órgão Julgador olvidase que sob a ótica do princípio da legalidade afeta às relações privadas, Fl. 3061DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.062 22 conforme muito bem leciona o insigne HENRIQUE SAVONITTI MIRANDA10, “o administrador privado conduz seu empreendimento com dominus, agindo com os poderes inerentes à propriedade em toda a sua extensão. Assim, tudo o que não é proibido, é permitido ao gestor privado”. Os lançamentos contábeis que deram origem ao presente lançamento fiscal foram debitados na conta de despesa de "Salários e Ordenados", segundo relato da autoridade lançadora, abaixo transcrito: 2.6.12. Isso fica mais evidente, quando se constata que as chamadas despesas "compartilhadas" de mãodeobra são lançadas no mesmo grupo contábil (6111101000 SALÁRIOS E ORDENADOS) das despesas incorridas da folha de pagamento do autuado, que nem sequer teve o trabalho de segregálas. A CLT trata da remuneração do trabalhador empregado nos artigos 457 a 467 e define salário como contraprestação do serviço efetuado pelo empregado no decorrer do mês. Por sua vez, reza o art. 3º do mesmo diploma legal: Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. (grifei) Não se vislumbra, assim, a possibilidade de registro contábil a título de salários para representar a remuneração paga a empregados de outras empresas. Em situações de cessão de mão de obra não há uma relação de emprego entre a empresa tomadora e o prestador e, por conseguinte, não há salário pago pela tomadora de serviço. Nessa ótica, sob o prisma da auditoria fiscal, se houve o registro contábil de salários, houve o pagamento de salários. Fatos geradores diferentes não devem, nesse sentido, ser misturados nas mesmas contas. Não por outro motivo que a lei 8.212/91 em seu art. 32, inciso II, previu que a empresa deve "lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições...". Anteriormente à alteração promovida pela MP nº 1.66315, de 22/10/98, que instituiu a retenção de 11% do valor bruto da nota fiscal de prestação de serviço, a Previdência Social sofria constantes perdas, pois a sistemática anterior, de simples solidariedade, não conseguia assegurar aos cofres previdenciários o recolhimento das contribuições que recaiam sobre os prestadores de serviços, muitos deles sem patrimônio e com intensa prática de cessão de mão de obra. Assim, as formas de contratação de mão de obra foram previstas na legislação previdenciária e para elas foram traçados procedimentos específicos, objetivando a clara identificação dos fatos geradores relacionados, bem como o combate à sonegação. Transcrevo a parte do acórdão recorrido que muito bem resumiu essas formas de contratação: Assim, consoante interpretação sistemática do dispositivo contido no RPS, Art. 219, auxiliadas pela legislação infralegal, restam distinguidos as seguintes formas de contratação de serviço: 1) cessão de mãodeobra para a qual cabe retenção; 2) Fl. 3062DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.063 23 empreitada do serviços dentro dos incisos I a V, para os quais cabem retenção; e 3) empreitada de serviços fora dos incisos I a V para os quais NÃO cabem retenção. Em que pese a liberdade assegurada ao gestor privado de que "o que não é proibido, é permitido", tal liberdade deve observar os limites impostos pelas normas, inclusive infralegais, como no caso das instruções normativas. Daí por que me filio às razões esposadas pelo julgador de 1ª instância de que o compartilhamento de recursos não tem amparo na legislação para que a empresa reconheça, a título de salário, salários pagos por outra. Para uma contratante, tais valores não são salários e ordenados. Pagase salários e ordenados a seus empregados. Não a empregados de terceiros. Para uma contratante o valor despendido com mão de obra é de serviços prestados. Quem paga salário deve reconhecer o salário contabilmente. A escrituração deve espelhar com fidelidade as operações realizadas. Se, posteriormente, houver ajustes entre empresas do mesmo grupo, que se dê tratamento contábil adequado a esses ajustes. Mas, certamente, a empresa que hipoteticamente recebesse a força de trabalho cedida não se tornaria pagadora de salários por essa operação. Quanto à possibilidade de bis in idem, é impossível esse diagnóstico diante da informação prestada pela autoridade julgadora de primeira instância de que não foram apresentadas declarações válidas e eficazes em GFIP pelas empresas SOTEP e PREST, bem como pela ausência de demonstração detalhada de que as remunerações em debate foram declaradas e recolhidas. Ademais, também não foi constatado em pesquisa no Sistema de Registro de GFIP da Receita Federal do Brasil nenhuma declaração favorável à tese defensiva, visto que as supostas prestadoras de serviços, SOTEP E PREST, não informaram nenhuma declaração válida e eficaz, que também deveriam estar lastreadas em documentos administrativos e fiscais. Pelo exposto, restam afastados os argumentos recursais nesse ponto. Da Multa Qualificada A imposição da multa qualificada de 150% foi justificada no relatório fiscal nos seguintes termos: 4.2. Quanto à aplicação dobrada da multa de ofício na autuação, devese ao fato do autuado incorrer reiteradamente com a prática de lançar despesas de natureza salariais de "Provisão de Bônus" e de "compartilhamento de custos e despesas" na escrita contábil, apurandoas no resultado do exercício, sem com isso, informálas nas folhas de pagamento da empresa e não declarálas nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) no ano 2012. 4.3. Diante da ocorrência destes fatos, e apesar de pleno conhecimento de que se tratava de despesas de natureza salariais, o autuado preferiu suprimir ou reduzir a contribuição social previdenciária e de terceiros ao deixar de lançar Fl. 3063DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.064 24 mensalmente em títulos próprios da sua contabilidade os valores relativos a essas contribuições e ao omitir valores de remunerações pagas ou creditadas aos empregados na GFIP. A decisão de 1ª instância concluiu pela ocorrência de ação dolosa, considerando procedente a qualificação da multa de ofício. Entendo de forma diversa. Em relação ao fato gerador relacionado à contabilização de despesas de "ordenados e salários" fica evidente que o contribuinte teve entendimento diverso da fiscalização, interpretando que não incidiria contribuição sobre as remunerações que pagou, baseandose na possibilidade de não incidência sobre os custos de folha de pagamento rateados com outras empresas do grupo. Tanto é que contabilizou tais despesas a esse título, com suporte em sua interpretação e nos documentos que acostou. Quanto ao fato gerador baseado na provisão de bônus, temse situação similar em que o contribuinte lançou contabilmente essa provisão, no momento da constituição, em termos tecnicamente aceitos. Porém, ficou demonstrado lançamento atípico em março de 2012, que infirmou os registros contábeis àquele título, levando ao lançamento do crédito baseado na constituição da provisão. Entendo que não ficou demonstrada em toda sua extensão o desdobramento dos fatos, apto a denotar comportamento doloso. O que torna factível admitir que o contribuinte interpretou de forma incorreta a ocorrência desses fatos geradores. Não vejo dolo nas duas situações, a justificar a qualificação da multa de ofício. Conclusão Voto, portanto, por conhecer parcialmente do recurso, não conhecendo das alegações relativas à inconstitucionalidade das contribuições de terceiros e do pedido de dilação de prazo, e, na parte conhecida, por rejeitar as preliminares e por excluir do lançamento os valores lançados nas competências de 01/2012 e 02/2012, em razão da decadência, e, no mérito, por dar PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para afastar a multa de ofício qualificada de 150%, devendo ser aplicada a multa de ofício de 75%. É como voto. Reginaldo Paixão Emos Relator Declaração de Voto Conselheiro Alexandre Evaristo Pinto Redator Fl. 3064DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.065 25 Com a devida vênia ao voto vencedor, apresento declaração de voto no tocante à questão dos bônus provisionados. Nos termos do Pronunciamento Contábil n. 25 “Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes” do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, provisões são passivos de prazo ou de valor incertos. A Recorrente afirma que os valores lançados com o histórico de provisão de bônus não caracterizam fatos geradores no mês em que contabilizados, pois, não representam o pagamento desses bônus aos trabalhadores. Cumpre ressaltar que o pagamento dependia de condições incertas e futuras: ocorrência de lucro e permanência do trabalhador na empresa. Dessa forma, não resta dúvida de que se tratava em essência de uma provisão, uma vez que nem a permanência do trabalhador na empresa era certa, tampouco a ocorrência de lucro. Ainda que a recorrente tenha contabilizado erroneamente a provisão, não há como dizer que não se trata de provisão. Destaquese que segundo a Recorrente, o registro contábil das provisões de bônus era feito por meio de débitos das contas de despesa (611310 BÔNUS), (611320 BÔNUS) e (811310 PROVISÃO DE BÔNUS) e, em contrapartida, créditos nas contas do passivo (383100000.212132.1003 BÔNUS ESTATUTÁRIO) e (383100000.212131.1000 BÔNUS). Vale destacar que a contabilização da constituição da provisão se dá mediante débito em conta do resultado do exercício e crédito em conta de passivo (ou eventualmente conta de ativo). Constituída a provisão, ela poderá ser realizada ou revertida. Dizse que a provisão é realizada, quando aquele passivo de valor e prazo incertos é liquidado, ao passo que a provisão é revertida, quando aquele passivo de valor e prazo incertos não irá se realizar (ao menos naquele montante previamente registrado). Todavia, conforme se depreende do relatório fiscal, houve uma contrapartida da provisão a crédito de conta de investimento a longo prazo, conforme descrito no relatório fiscal: 2.5.8. Como mera informação, o Fisco constatou que o saldo da conta do passivo circulante (383100000.212131.1000 BÔNUS) foi reduzido em contrapartida da conta do ativo (383100000.146310.1012 INVESTIMENTOS A LONGO PRAZO), conforme evidenciado nos lançamentos a seguir: Em igual sentido, consta na manifestação da recorrente no recurso voluntário, item 63: 63. O próprio Auditor Fiscal afirma que não houve lançamento a conta de caixa ou equivalente de caixa, tendo observado que os saldos foram revertidos (entendase não concretizados, logo não pagos) contra a conta “383100000146310.1012 – INVESTIMENTOS A LONGO PRAZO”, que não representa saída de numerários. (grifei) Fl. 3065DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.066 26 Ainda que tal lançamento contábil esteja equivocado, não há como se falar que o valor registrado no resultado do exercício de 2012 como provisão de bônus esteja relacionado com o valor que foi registrado na conta de Investimentos a Longo Prazo. Para que tal raciocínio pudesse ser considerado, seria necessário confirmar se o valor supostamente “realizado” por conta do lançamento contábil na conta de Investimentos era totalmente relacionado com o montante da provisão constituída em 2012. Não parece ser o caso, uma vez que a conta de passivo de Provisão de Bônus possuía saldo no final do exercício de 2011. Como consequência, ainda que se considere como realizado o montante que teve como contrapartida a conta de Investimento, pode ser que todo este valor se refira ao montante já constante no Passivo antes do exercício de 2012, isto é, ao se autuar com base no valor da despesa com constituição de provisão, estarseia misturando valores de anos diferentes. Ademais, é interessante notar que somente fará jus à incidência da contribuição previdenciária aqueles montantes pagos ao trabalhador em retribuição ao trabalho, nos termos do artigo 22, I, da Lei n. 8.212/91, conforme abaixo: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Vide Lei nº 13.189, de 2015) Vigência Não há que se falar valores pagos ou creditados em retribuição ao trabalho no caso de provisões. Tal fato se afigura bem claro no caso da provisão de bônus, cujo pagamento é condicionado à existência de lucros. Imaginemos a situação em que mensalmente é apropriado um montante do bônus baseado no lucro auferido naquele mês. Todavia, se no mês de dezembro, o prejuízo daquele mês for tão significativo que transforme o resultado anual em um prejuízo, todo aquele montante de provisão deverá ser revertido, de modo que os empregados não farão jus a nenhum bônus. Logo, não faz sentido cobrar contribuição previdenciária de provisão, pois é incerto que os trabalhadores necessariamente receberão aquele montante. No caso concreto, tal situação aconteceu. A partir da análise das demonstrações financeiras publicadas da Recorrente relativas ao ano de 2012, verificase que ela apurou um prejuízo contábil de aproximadamente R$ 560 milhões (R$ 560,6 milhões nas demonstrações financeiras consolidadas e R$ 560,3 milhões nas demonstrações financeiras da controladora). Diante de todo este cenário, entendo não estar caracterizada com precisão no auto de infração que não se trata de provisão. Tal imprecisão é confirmada pelo fato de que ao final do exercício, os trabalhadores não fizeram jus à remuneração, uma vez que a Recorrente não apresentou lucro. Ademais, ainda que se entendesse que a equivocada contabilização da reversão da provisão denotaria que houve realização da provisão, entendo que o auto de Fl. 3066DF CARF MF Processo nº 19396.720010/201743 Acórdão n.º 2301005.827 S2C3T1 Fl. 3.067 27 infração quantificou o montante da contribuição previdenciária devida com base no montante registrado no resultado do exercício, no entanto, a suposição de que tal provisão teria se realizado com base no lançamento contábil equivocado na conta de Investimentos se fundamenta em uma mensuração errônea, que desconsidera, no mínimo, o montante do passivo relacionado à provisão que já existia no início do exercício, ou seja, pode ser que o montante supostamente realizado nem seja relacionado com o valor que consta de provisões no resultado do exercício de 2012. Desse modo, voto por excluir os bônus da incidência da contribuição previdenciária. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Fl. 3067DF CARF MF
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