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Numero do processo: 13819.720994/2015-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM DEPENDENTE MAIOR DE IDADE E INCAPACITADA PARA O TRABALHO. LAUDO PERICIAL APRESENTADO. UTILIZAÇÃO DA ANALOGIA PARA DETERMINAR A DATA DE INÍCIO DA INCAPACIDADE.
Ausência de comprovação, mediante laudo médico idôneo, que a dependente, na época do fato gerador, era incapacitada para o trabalho. Exclusão das despesas do dependente nas declarações de rendimentos da contribuinte.
O § 5º, inciso II, do art. 39 do Decreto nº 3.000/99, a data de início da moléstia grave, para fins da isenção dos proventos de aposentadoria percebidos pelos portadores de moléstias graves, quando não identificada em no laudo pericial emitido por serviço médico oficial, é a do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia.
Assim, utilizando-se da analogia, nos termos do art. 108, inciso I, do CTN, diante da falta de previsão legal, ao laudo pericial que não apresente data do início da incapacidade, deve ser considerado como data de início da incapacidade laborativa a do mês da emissão do laudo ou parecer que a reconhecer.
IRRF. GLOSA. COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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LAUDO PERICIAL APRESENTADO. UTILIZAÇÃO DA ANALOGIA PARA DETERMINAR A DATA DE INÍCIO DA INCAPACIDADE. Ausência de comprovação, mediante laudo médico idôneo, que a dependente, na época do fato gerador, era incapacitada para o trabalho. Exclusão das despesas do dependente nas declarações de rendimentos da contribuinte. O § 5º, inciso II, do art. 39 do Decreto nº 3.000/99, a data de início da moléstia grave, para fins da isenção dos proventos de aposentadoria percebidos pelos portadores de moléstias graves, quando não identificada em no laudo pericial emitido por serviço médico oficial, é a do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia. Assim, utilizandose da analogia, nos termos do art. 108, inciso I, do CTN, diante da falta de previsão legal, ao laudo pericial que não apresente data do início da incapacidade, deve ser considerado como data de início da incapacidade laborativa a do mês da emissão do laudo ou parecer que a reconhecer. IRRF. GLOSA. COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 09 94 /2 01 5- 04 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA Processo nº 13819.720994/201504 Acórdão n.º 2202003.530 S2C2T2 Fl. 63 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 13819.720994/201504, em face do acórdão nº 0266.309, julgado pela 7ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os relatou: Contra o contribuinte acima identificado foi lavrada a Notificação de Lançamento nº 2014/328876980594696, expedida em 18/02/2015, referente a imposto sobre a renda de pessoa física, exercício 2014, anocalendário 2013, apurando saldo do imposto a restituir ajustado no montante de R$8.094,33 frente à importância pleiteada de R$9.745,33, fls.7 a 12. O lançamento decorreu da apuração das seguintes infrações: a) dedução indevida com dependentes, no valor de R$2.063,64, com a seguinte manifestação da autoridade lançadora: Glosa do valor de R$2.063,64, correspondente à dedução indevida com dependentes, por falta de comprovação da incapacidade física ou mental, referente a CPF 215.197.24888, Queila Miriam de Aguiar Braga. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA Processo nº 13819.720994/201504 Acórdão n.º 2202003.530 S2C2T2 Fl. 64 3 b) dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$3.940,00, observando o quadro adiante reproduzido, e com a seguinte manifestação do fisco: Glosa no valor total de R$3.940,00, indevidamente deduzido a título de Despesas Médicas, por referirse ao dependente excluído e por referirse a Pilates. CPFs 702.840.08834, 107.782.62812 e 083.334.90824. CNPJs 46.543.781/001052, 05.961.439/000102 e 10.013.447/000159. Cientificado da notificação em 27/02/2015, fls. 41, o contribuinte apresentou impugnação em 25/03/2015, fls. 2 a 3, acompanhada dos documentos de fls. 13 a 39, contestando o lançamento. Alega que Belmira S A Braga, CPF 215.197.23806, é sua esposa e que não foi alvo da glosa de dependente. A glosa de dependente ocorreu em relação a Queila M A Braga, CPF 215.197.24888, sua filha, incapaz física ou mentalmente para o trabalho, razão pela qual a infração é indevida. Sustenta que as despesas médicas são dedutíveis por se referirem aos gastos efetuados com sua filha, Queila M A Braga. A DRJ de origem entendeu pela improcedência da impugnação apresentada pelo contribuinte. Inconformada, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário à fl. 55, onde reitera o argumento já lançado na impugnação, quanto a possibilidade de inclusão de dependente incapaz para o trabalho, bem como apresentou laudo pericial, em fls. 56/57, emitido por serviço médico oficial do Município de São Bernardo do Campo. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Primeiramente, quanto aos documentos juntados em anexo ao recurso voluntário, entendo que devem ser recebidos como prova do alegado, por força do princípio da verdade material e formalismo moderado. A lide se limita a discussão na possibilidade ou não de se considerar como dependente do contribuinte a filha Queila Miriam de Aguiar Braga, nascida em 13/01/1972, conforme certidão de nascimento de fls. 15. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA Processo nº 13819.720994/201504 Acórdão n.º 2202003.530 S2C2T2 Fl. 65 4 Estabelece o artigo 35 da Lei nº 9.250/95, sobre a relação de dependentes, o seguinte: Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea c, poderão ser considerados como dependentes: [...] III a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; Conforme se extrai da disposição acima mencionada, filhos ou enteados, maiores de 21 (vinte e um) anos de idade e incapacitados para o trabalho, física ou mentalmente, podem ser considerados dependentes. Porém, essa situação de incapacidade está sujeita a comprovação. No caso em comento, houve a apresentação, em sede de recurso voluntário, de laudo atestando a incapacidade da filha do contribuinte. A legislação não estabelece que tipo de documento deve ser apresentado para comprovar tal condição, mas é certo que o fato deve ser comprovado de forma inequívoca. O contribuinte, por sua vez, apresentou laudo pericial, em fls. 56/57, emitido por serviço médico oficial do Município de São Bernardo do Campo. O Decreto nº 3.000/99 (RIR), em seu artigo 39, § 4º, assim dispõe: Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: [...] § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). (grifouse) Portanto, o laudo pericial deve ser considerado como idôneo para fins de reconhecimento da incapacidade, por ter sido emitido por serviço médico oficial. Todavia, o laudo de fls. 56/67 não apresenta a data de início da incapacidade laborativa, sendo omisso em tal ponto. Assim, por falta de previsão legal, utilizandose da analogia, por força do disposto no art. 108, inciso I, do CTN, a qual prevê que na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará da analogia, entendo que os laudo pericial, datado de 02/09/2015, somente surtirá efeitos a partir do mês de setembro/2015, este inclusive, nos termos do § 5º, inciso II, do art. 39 do Decreto nº 3.000/99, que assim prevê: § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I – do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; Fl. 65DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA Processo nº 13819.720994/201504 Acórdão n.º 2202003.530 S2C2T2 Fl. 66 5 II – do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III – da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. (grifouse) Assim, o laudo pericial no qual concluiu que a filha do contribuinte Queila Miriam de Aguiar Braga, nascida em 13/01/1972, possui incapacidade permanente para o trabalho, só produzirá efeitos a partir de setembro/2015, não sendo o mesmo capaz de ter seu efeito alcançado, de forma retroativa, ao período objeto deste lançamento (anocalendário: 2013). Muito embora as razões para a manutenção da glosa já se sustentem por tal questão, destaco, por oportuno, que o laudo pericial detalha, na parte "histórico", que a filha do contribuinte "Fez curso superior em Matemática, concluído em 2007. Há 02 anos deu aulas particulares por aproximadamente 23 meses. Após, não trabalhou mais." Ou seja, sendo o laudo pericial de 2015, dois anos antes, seria ano de 2013. Portanto, verificase que no ano calendário objeto do lançamento tributário a filha do contribuinte chegou a laborar, não sendo naquela época, ao que se indica, incapaz ao trabalho. Desse modo, não há, presente nos autos, laudo pericial que indique que a filha do contribuinte já possuiria, no período de 2013, incapacidade ao trabalho. Logo, não faz o contribuinte jus a dedução de despesas com ela como se sua dependente legal fosse, em relação ao referido anocalendário. Saliento que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Diante disso, não prosperam as razões apresentadas pelo contribuinte, devendo ser mantida a glosa consubstanciada na notificação de lançamento ora em exame. Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 66DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBO SA
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Numero do processo: 10507.000734/2008-15
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho
INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS.
Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, trata-se de juros tributáveis.
Numero da decisão: 9202-006.361
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidas as conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), que deu provimento parcial ao recurso em relação à natureza indenizatória da verba e, ainda, Ana Paula Fernandes e Patrícia da Silva, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Júnior - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, tratase de juros tributáveis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidas as conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), que deu provimento parcial ao recurso em relação à natureza indenizatória da verba e, ainda, Ana Paula Fernandes e Patrícia da Silva, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 50 7. 00 07 34 /2 00 8- 15 Fl. 512DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Júnior Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Tratase de recurso especial interposto pelo contribuinte contra decisão proferida pela turma a quo que concluiu pela incidência do imposto de renda sobre verbas recebidas à título de "Valores Indenizatórios de URV". No entendimento daquele colegiado, em que pese a classificação dada pela respectiva lei estadual, as verbas em questão possuem natureza remuneratória, pois visavam corrigir diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão das moedas Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV em 1994. Na mesma decisão também foi mantido o lançamento do imposto sobre os valores correspondentes aos juros de mora. Na peça recursal o Contribuinte argui serem as verbas recebidas indenizatórias nos exatos termos em que fixado pela lei estadual, cita como exemplo entendimento sedimentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quando da promulgação da sua Resolução nº 245 a qual reconheceu que o abono conferido aos magistrados da União em razão das diferenças de URV possuía natureza jurídica indenizatória. Subsidiariamente, defende a não incidência do IRPF sobre os juros de mora, pois referidos valores não representariam acréscimo patrimonial. Contrarrazões da Fazenda Nacional pugnando pela manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10507.000734/200815 Acórdão n.º 9202006.361 CSRFT2 Fl. 513 3 O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade e portanto deve ser conhecido. Conforme relatório, discutese nos autos a incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em razão de lei estadual que previa pagamento de diferenças decorrentes de erro na conversão da moeda Cruzeiro Real para URV Unidade Real de Valor. Insatisfeito com a decisão a quo, o Contribuinte interpôs Recurso Especial objetivando o cancelamento do lançamento sob o fundamento de que citada verba tem caráter indenizatório. Subsidiariamente, caso seja negado provimento ao recurso neste aspecto, requer a exclusão dos juros moratórios da base de cálculo utilizada. Segundo argumentos apontados no Recurso, a verba em questão possui a mesma natureza do abono variável pago aos membros da Magistratura Federal e ao Ministério Público Federal. Nos termos da Resolução nº 245/2002 as verbas recebidas teriam natureza indenizatória e como tal estariam isentas da contribuição previdenciária e do imposto de renda. Desta forma, aplicando o princípio da isonomia, a interpretação dada à legislação estadual deve ser igual aquela adotada para as leis federais nº 10.474/2002 e 10.477/2002. Pertinentes as considerações do Recorrente. Ao contrário do apontado no acórdão recorrido e do alegado em sede de contrarrazões não se pode afastar a aplicação do citado entendimento apenas pelo fato de a Resolução nº 245/2002 versar sobre valores recebidos por profissionais da União, afinal interpretandose sistematicamente as normas pertinentes, percebemos que o problema central da discussão natureza jurídica das verbas decorrentes de diferenças de URV também é tratado tanto na resolução quanto nas normas federais acima citadas. O jurista Marco Aurélio Greco ao se manifestar sobre a questão emitiu parecer didático, demonstrando que apesar de as normas federais regularem a forma de pagamento de "abono variável", esse é composto por valores de URV e como tal, adotandose a posição do STF, devem ser classificados como verbas indenizatórias. O professor ainda traçou um histórico demonstrando que toda a legislação estadual teve como pano de fundo o tratamento dado ao pagamento efetuado na esfera federal. Merece transcrição parte do parecer, haja vista a clareza na exposição dos fatos (grifos nossos): Em 2002, foi editada a Lei federal n. 10.474 cujo artigo 1° fixa o subsídio de Ministro do Supremo Tribunal Federal e cujo artigo 2° estabelece que o "abono variável" concedido pela Lei n. 9.655/98" passa a corresponder à diferença entre a remuneração mensal percebida pelo Magistrado, vigente à data daquela lei e a decorrente desta lei" (caput), "descontados todos e quaisquer reajustes remuneratórios percebidos ou incorporados a qualquer título" (§ 1°). Ou seja, a diferença entre o que cada Magistrado recebia em 1998 e o que foi fixado pela Lei n. 10.474/2002. Aqui está o ponto! Fl. 514DF CARF MF 4 Fixouse o subsídio do Ministro do S.T.F. e a diferença entre este e a remuneração individualmente percebida, no lapso temporal previsto na lei, seria pago a título de abono variável. Meses após esta Lei, é editada pelo Supremo Tribunal Federal a Resolução n. 245/2002 cujo artigo 1°é explícito ao prever: "Artigo 1o É de natureza indenizatória o abono variável e provisório de que trata o artigo 2º da lei 10.474, de 2002, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal." Diante da clareza dessa previsão, encerrase a discussão quanto à natureza jurídica do abono variável: tem natureza indenizatória. Portanto; não está sujeito à incidência do imposto sobre a renda e o que foi retido deveria ser devolvido ao magistrado. (É o que estabelece a respeito o art. 3°, II da REs. N. 245/2002). A questão que remanesceu em aberto era no sentido de saber se o montante desse abono variável englobava ou não a "diferença de URV". Para os agentes públicos que já estavam recebendo essa diferença, por força de decisão judicial ou administrativa, obviamente que o abono não a englobava, pois era expressamente excluída de sua base de cálculo (§ 1° do art 2° da Lei n. 10.474/2002 e inciso I, do art. 2° da Resolução n. 245/2002 do S.T. F) Para os demais, a resposta a esta pergunta é simples: se a "diferença de URV" foi considerada quando da fixação do subsídio do Ministro do S.T.F. (art. 1° da Lei n. 10.474/2002), então, ela (dif. URV) está abrangida pelo valor do abono, pois este corresponde à diferença entre o subsídio e a remuneração individual. Em números: se o subsídio foi fixado em R$ 100,00 computando se a diferença de URV de R$ 10,00 e a remuneração individual era de R$ 70,00 então o abono (de R$ 30,00) englobava a diferença de URV, pois esta estava dentro dos R$100,00 que serviram de patamar para cálculo do abono. Mas, como saber se o subsídio fixado pela Lei n. 10.474/2002 levava em conta a" diferença de URV"? A resposta não está no texto da lei, mas na estrutura da remuneração de Ministro do S.T.F então vigente. À época da Mensagem enviada pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal com o projeto que se transformou na Lei n, 10.474/2002 vigorava a Resolução STF n. 195/2000 cujo artigo 1° previa: "Artigo 1° A remuneração do Ministro do Supremo Tribunal Federal será integrada das parcelas: R$ 454,53 (Lei 8.880/94) + R$ 1.008,83 (DL n. 2.371/87) + R$ 9.536,74 (Lei 8.448/92), num total de R$ 11.000,00." Ora, a "parcela da Lei n. 8.880/94" é exatamente a "diferença de URV"!! Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10507.000734/200815 Acórdão n.º 9202006.361 CSRFT2 Fl. 514 5 Portanto, ao se fixar na Lei n. 10.474/2002 o subsídio do Ministro que serviu de parâmetro para cálculo do abono variável, englobouse a "diferença de URV" extinguindo, com isto, eventuais pretensões neste sentido que ainda subsistissem. Aliás, isto foi expressamente apontado na Mensagem que encaminhou o projeto de lei que se transformou na Lei n. 10.474/2002: "A remuneração total da magistratura da União remanescerá composta unicamente de três parcelas (vencimento básico, gratificação e adicional de tempo de serviço). Não haverá possibilidade de incidir sobre esses valores quaisquer outros percentuais, tal como hoje está a correr, por exemplo, com os 11,98% relacionados com a conversão da URV." Podese concluir que, na fixação do subsídio e, portanto, na dimensão do abono variável, foi levada em conta a diferença de URV. Daí duas consequências: 1 quem recebeu o abono variável da Lei n. 10.474/2002 e não havia ganho por decisão administrativa ou judicial a diferença de URV estava a recebêIa naquele momento embutida no abono. 2 Ao dizer que o abono da Lei n. 10.474/2002 tinha natureza jurídica indenizatória não sujeita a imposto sobre a renda, o Supremo Tribunal Federal estava a dizer que a "diferença de URV" até então não recebida e que veio a ser embutida no abono tem natureza indenizatória. A natureza indenizatória do abono variável da Lei n. 10.474/2002 e a intributabilidade dessa verba pelo imposto sobre a renda veio a ser reconhecida pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, no Parecer n. 529/2003 e estendida também ao abono previsto pela Lei federal n. 10.477/2002 aplicável aos Procuradores da República pelo Parecer PGFN n. 923/2003 (ambos referidos na Nota COSITn. 177/2008). No âmbito dos agentes públicos estaduais, a PGFN entendeu que a natureza da verba era remuneratória (e, portanto, tributada pelo I.R.), salvo no caso do Rio de Janeiro, pois havia lei estadual determinando a aplicação aos Procuradores do Estado do abono previsto na Lei n. 10.477/2002. Em suma, como reconhecido pela própria PGFN os abonos variáveis previstos nas Leis n. 10.474/2002 e n. 10.477/2002 não são alcançados pela norma de incidência do imposto sobre a renda. E acrescenta: A Lei Complementar n. 20/2003 e a Lei n. 8.730/2003 do Estado da Bahia prevêem expressamente que os pagamentos nelas previstos dizem respeito às diferenças pela conversão de Fl. 516DF CARF MF 6 Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. Notese que estas Leis: 1) São de setembro de 2003, portanto, depois da Lei federal n. 10.474/2002 que instituiu o abono que englobava a diferença de URV e da Resolução n. 245/2002 do Supremo Tribunal Federal que afirmou o caráter indenizatório desse abono; 2) Aplicamse aos que não haviam até então recebido a "diferença de URV" os quais, se estivessem no âmbito federal ou no Estado do Rio de Janeiro, a estariam recebendo embutida no abono e como verba de natureza indenizatória. O quadro aqui exposto mostra que os dispositivos das referidas leis do Estado da Bahia, ao preverem que as 36 parcelas em que foi dividido o pagamento da diferença de URV tinham natureza indenizatória, não veiculam preceitos despropositados à vista do contexto jurídico da época. Mais ainda, se em relação a idênticas funções exercidas no âmbito federal e do Estado do Rio de Janeiro admitiuse o caráter indenizatório por existir lei expressa determinando o pagamento de verba que englobe a URV, cumpre ser assegurado o mesmo tratamento ao Estado da Bahia, sob pena de violação ao artigo 150, II da CF/88. (GRECO, Marco Aurélio. Imposto Sobre a Renda: Valores Pagos a Agente Públicos Estaduais a Título de Diferença de URV. Falta de Fundamento Jurídico Para a União Cobrar o Imposto. Revista Eletrônica de Direito do Estado (REDE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Público, nº. 30, abril/maio/junho de 2012. Disponível na Internet: <http://www.direitodoestado.com/revista/REDE30ABRIL2012 MARCOAURELIOGRECO.pdf>. Acesso em: 06 de junho de 2016) Portanto, se o entendimento adotado pelo STF, e também pela Procuradoria da Fazenda Nacional em seus pareceres, é no sentido de o abono variável recebido pelos magistrados federais e Ministério Público Federal ser verba indenizatória, e se tal abono também é composto por verba paga em razão da conversão da moeda da época em URV, forçoso concluir que essa mesma verba quando prevista pelas leis estaduais deve receber o mesmo tratamento. Entendimento diverso violaria o princípio constitucional da isonomia e a segurança jurídica. Para o professor Roque Antônio Carrazza para garantir a segurança jurídica na relação Fisco/contribuinte é mister que "a lei que descreve a açãotipo tributária valha para todos igualmente, isto é, seja aplicada a seus destinatários (quer pelo Judiciário, quer pela Administração Fazendária) de acordo com o princípio da igualdade (art. 5º, I da CF)." Destaco ainda que o lançamento e acórdão recorrido ao afastarem o caráter indenizatório das verbas, sob o argumento de que essas serviram para repor "a atualização monetária dos salários do período considerado", reforçaram a tese de que os valores ora discutidos não podem ser tributados pelo imposto de renda. Isso porque é passível na doutrina e na jurisprudência dos tribunais que a correção monetária não representa acréscimo patrimonial, é na verdade mecanismo de recomposição da efetiva desvalorização da moeda, seu objetivo é preservar o poder aquisitivo original em relação à inflação, inflação essa que motivou toda a sistemática de aplicação da própria URV. O Ministro Marco Aurélio, relator do Recurso Extraordinário nº 565.089, onde se discute (em sede de Repercussão Geral) a indenização por falta de revisão anual em Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10507.000734/200815 Acórdão n.º 9202006.361 CSRFT2 Fl. 515 7 vencimentos dos servidores públicos de São Paulo, externa em seu voto o seguinte entendimento: O Supremo já assentou que “a correção monetária não se constitui em um plus, não é uma penalidade, mas mera reposição do valor real da moeda corroída pela inflação” – Agravo Regimental na Ação Cível Originária nº 404, da relatoria do Ministro Maurício Corrêa. Nos termos do art. 43 do CTN não se discute que o fato gerador do Imposto de Renda é a disponibilidade econômica ou jurídica de renda (produto do capital, do trabalho ou de ambos) ou proventos de qualquer natureza, entretanto o conceito de renda é limitado e não abrange valores que não representem acréscimo ao patrimônio do contribuinte, como é o caso dos autos. Portanto, sob todos os prismas analisados, não vejo como possível afastar a natureza indenizatória das verbas recebidas pelo Recorrente à titulo de "diferenças de URV", seja pela aplicação da Resolução nº 245 do STF, seja pelo fato de tal medida ter sido adotada no intuito de recompor seu patrimônio pela perda experimentada quando da conversação das moedas. Diante do exposto, no que tange a natureza da verba recebida, dou provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. Do pedido subsidiário: Vencida quanto ao mérito haja vista a decisão da maioria do Colegiado, manifestome acerca do pedido subsidiário formulado pelo Recorrente, por meio do qual defende a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos a título de juros. Segundo o entendimento do Recorrente, invariavelmente, os juros de mora possuem natureza indenizatória, pois sua função é a de recompor dano ao patrimônio do beneficiário que deixou de receber no tempo certo valor que lhe seria devido. Tratase de entendimento compartilhado pelos mais renomados juristas, valendo citar parte do artigo publicado pelo Professor Hugo de Brito Machado, na Revista Dialética de Direito Tributário nº 215 (p. 115/116): Não há dúvida quanto à natureza indenizatória dos juros de mora. A expressão juros moratórios, que é própria do Direito Civil, designa a indenização pelo atraso no pagamento da divida. O Código Civil de 1916 estabelecia que as perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, consistem nos juros de mora e custas, sem prejuízo das pena convencional. E o Código Civil vigente estabelece: "Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, Fl. 518DF CARF MF 8 custas e honorários de advogados, sem prejuízo da penas convencional. Parágrafo único: Provado que os juros de mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz concede ao credor indenização complementar." Com se vê, o legislador previu que o não recebimento nas datas correspondentes dos valores me dinheiro aos quais se tem direito implica prejuízo. (...) Não se trata de lucro cessante, nem de dano simplesmente moral, que evidentemente também podem ocorrer. Tratase de perda patrimonial efetiva, decorrente do não recebimento, nas datas correspondentes, dos valores aos quais tinha direito. Perda que o legislador presumiu e tratou como presunção absoluta que não admite prova em contrário, e cuja indenização com juros de mora independe de pedido do interessado. Ora, os valores recebidos a título de juros moratórios não estariam sujeitos ao imposto, afinal o conceito de renda e proventos propostos pela Constituição Federal exigem a ocorrência de um acréscimo patrimonial experimentado ao longo de um determinado período de tempo, o que conforme anteriormente exposto não ocorre no presente caso concreto. Em que pese concordar com os argumentos acima, entendo que a norma regimental prevista no art. 62 do RICARF me impede de deixar de aplicar o que determina o art. 16 da Lei 4.506/1964: “Art. 16. serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado tôdas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5º do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: (...) Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo.” (Grifamos) Destaco que o Supremo Tribunal Federal ainda não firmou sua posição em relação ao assunto, haja vista estar pendente de julgamento o Recurso Extraordinário nº 855.091, recebido sob o rito da Repercussão Geral sob o Tema 808 Incidência de imposto de renda sobre juros de mora recebidos por pessoa física, processo por meio do qual questiona se a constitucionalidade dos dispositivos acima descrito. Vale mencionar que a maioria do colegiado, nos termos da jurisprudência em especial do RE1.227.133/RS, entende que apenas não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, tratase de juros tributáveis. Assim, diante do exposto, quanto à incidência de imposto de renda sobre os juros de mora, nego provimento ao recurso do Contribuinte. Fl. 519DF CARF MF Processo nº 10507.000734/200815 Acórdão n.º 9202006.361 CSRFT2 Fl. 516 9 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado. Com a devida vênia ao entendimento esposado pela Relatora quanto à natureza da verba em litígio, ouso discordar quanto à não incidência do IRPF pela natureza supostamente indenizatória das verbas recebidas, à luz da aplicação da Lei Complementar Estadual no. 20, de 2003, e da Resolução STF no. 245, de 2002. A propósito, reitero aqui considerações que teci quando do julgamento de feito semelhante no âmbito da 1a. Turma Ordinária 1a. Câmara da 2a. Seção deste CARF (Acórdão no. 2.101002.724), mantendo de forma integral meu posicionamento acerca do assunto, que assim se resume: a) Da natureza das verbas recebidas e da Lei Complementar Estadual 20, de 2003 Cumpre, primeiramente, salientar que os rendimentos de que trata o presente processo foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", em atendimento ao disposto pela Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003, a qual, dentre outras disposições, preceitua que a verba em questão é de natureza indenizatória. Para melhor entendimento, transcrevemos, a seguir, os artigos 2° e 3° da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003: Art. 2° As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de n° 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nos. 613 e 614, serão apuradas mês a mês, de 1° de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3° São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2° desta Lei. Com efeito, da leitura dos dispositivos acima reproduzidos, é possível concluir, tal como concluiu a parte recorrente, que foi atribuída, pelo Estado da Bahia, natureza indenizatória às diferenças decorrentes de erro na conversão da remuneração dos membros do Ministério Público, de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária em questão. Todavia, do exame desses dispositivos isoladamente, é impertinente inferir que se tratam de rendimentos isentos do Imposto sobre a Renda de Pessoa física. Fl. 520DF CARF MF 10 Em primeiro lugar, a competência para legislar sobre o imposto sobre a renda é da União, e a lei acima transcrita é estadual. Assim, não se trata, aqui, de invasão de competência do STF pela União para declarar inconstitucional a referida Lei Complementar Estadual, mas, sim, interpretar o diploma de acordo com a competência tributária constitucionalmente estabelecida, de forma que os efeitos da referida LC, no que tange ao caráter indenizatório das verbas recebidas, se limitem a matérias cuja competência seja do Estado da Bahia, visto que, de outra forma, se estaria a validar a possibilidade de invasão de competência tributária da União por este mesmo Estado. Assim, imprescindível a análise da natureza dessas verbas, no contexto de todo o direito positivo, para se concluir pela sua tributação ou não pelo imposto sobre a renda. Chama a atenção o fato de que as diferenças de URV pagas ao contribuinte pelo Ministério Público do Estado da Bahia não se destinam à recomposição de um prejuízo, ou dano material por ela sofrido. Diferentemente, as verbas recebidas pela contribuinte repõem a atualização monetária dos salários do período considerado. Nesse sentido, observase que o artigo 2° da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003, deixa claro que se trata de diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. É incontornável a constatação que tais diferenças integram a remuneração mensal percebida pela contribuinte, em decorrência do seu trabalho, constituindo parte integrante de seus vencimentos. As verbas assim auferidas integram, portanto, a definição de renda, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional. Por fim, de se reproduzir uma vez mais a jurisprudência do STJ, colacionada inclusive em um dos paradigmas trazidos pela recorrente (Acórdão 2801002.742), que sustenta tal posicionamento, no sentido de se rejeitar o caráter indenizatório das verbas em questão. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA. 1. O recebimento de remuneração em virtude de sentença trabalhista que determinou o pagamento da URP no período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990 não se insere no conceito de indenização, constituindose complementação de caráter nitidamente remuneratório, ensejando, portanto, a cobrança de imposto de renda. (...) 5. Recurso especial parcialmente provido (REsp 383.309/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.04.06); Eram, portanto, as verbas em questão tributáveis, independentemente da denominação a elas conferida pela Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003, conclusão em perfeita consonância e respaldada pelos dispositivos legais mencionados no auto de infração à efl. 06. b) Da Resolução n.° 245 do STF Fl. 521DF CARF MF Processo nº 10507.000734/200815 Acórdão n.º 9202006.361 CSRFT2 Fl. 517 11 A recorrente traz à baila a Resolução n.° 245 do STF, que, uma vez estendida aos membros do Ministério Público da União, por força do artigo 2° da Lei n° 10.477, de 2002, de despacho do PGR no âmbito do Processo Administrativo 1.00.000.011735/2002 e Pareceres PGFN nos. 529 e 923, de 2003, aplicarseia também aos membros do Ministério Público dos Estados, de forma a que se afastasse a incidência do IRPF sobre as verbas em discussão. A respeito, verifico que a questão da aplicabilidade da Resolução n° 245 do STF aos valores recebidos a título de diferenças de URV foi exaustivamente analisada pelo Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka no voto condutor da decisão proferida pela mesma 1a. Turma Ordinária da 1a Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, no Acórdão n° 2101002.388, de 18 de fevereiro de 2014. Por se aplicar ao caso que aqui se analisa, e por refletir o entendimento deste Relator, adotase o quanto manifestado naquele voto. Vejase: “(...) Buscando reforçar o argumento, requer a contribuinte a aplicação da Resolução n.° 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pela Recorrente. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.° 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1° trouxe a forma de cálculo deste abono: "I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)". A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre a abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: "Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010)" E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: Fl. 522DF CARF MF 12 "Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução n° 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, tem se que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010)" Adicionalmente, caso se tenha leitura diversa da Resolução STF no. 245, de 2002, entendo de se aceder, ainda, à argumentação da PGFN, no sentido de se cingirem os efeitos da referida e dos despachos PGR e Pareceres PGFN em questão aos membros das carreiras mencionadas no âmbito das Leis no. 10.474 e 10.477, ambas de 27 de julho de 2002 (às quais, ressaltese, não pertence, o recorrente), vedados: a) o estabelecimento de isenção por analogia a partir do disposto nos arts. 97, VI e 111, I e II do CTN e 150 §6o. da CRFB; b) o afastamento da hipótese de incidência, delineada pelos dispositivos legais de efl. 10, por violação ao princípio constitucional da isonomia, uma vez que é expressamente vedado a este Conselho afastar a aplicação da lei tributária com base em argumentação de violação a preceitos constitucionais, consoante dispõe o art. 62 do Regimento já mencionado e Súmula CARF no. 02. Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional e dispositivos legais de efl. 06 que fundamentaram o auto de infração, descartado o afastamento da incidência do IRPF seja pelo disposto na Lei Complementar do Estado da Bahia no. 20, de 2003, seja pelo teor da Resolução STF no. 245, de 2002. Assim, opinando pela natureza remuneratória das verbas recebidas sob análise, voto por negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 523DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.905791/2008-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
DCOMP. COMPENSAÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO.
Diligência fiscal que constatou ausência de créditos remanescentes, à compensar débitos deste processo.
DCOMP. COMPENSAÇÃO A DESTEMPO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA DEVIDA.
O afastamento da multa moratória, em face do benefício da denúncia espontânea, do art. 138, do CTN, exige o atendimento dos requisitos de existência de pagamento do tributo com os respectivos juros de mora e da inexistência de procedimento fiscal anterior ao pagamento.
A compensação é forma distinta de extinção do crédito tributário, sujeita à condição resolutória da sua homologação, estando restrito ao pagamento o gozo do benefício conferido pelo sobredito art. 138, do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3401-004.328
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, aplicando-se integralmente a informação fiscal, resultado da diligencia fiscal, com a conseqüente homologação parcial da compensação declarada.
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, Renato Vieira de Ávila (Suplente), Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA
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COMPENSAÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO. Diligência fiscal que constatou ausência de créditos remanescentes, à compensar débitos deste processo. DCOMP. COMPENSAÇÃO A DESTEMPO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA DEVIDA. O afastamento da multa moratória, em face do benefício da denúncia espontânea, do art. 138, do CTN, exige o atendimento dos requisitos de existência de pagamento do tributo com os respectivos juros de mora e da inexistência de procedimento fiscal anterior ao pagamento. A compensação é forma distinta de extinção do crédito tributário, sujeita à condição resolutória da sua homologação, estando restrito ao pagamento o gozo do benefício conferido pelo sobredito art. 138, do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, aplicandose integralmente a informação fiscal, resultado da diligencia fiscal, com a conseqüente homologação parcial da compensação declarada. ROSALDO TREVISAN Presidente. FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 57 91 /2 00 8- 99 Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10980.905791/200899 Acórdão n.º 3401004.328 S3C4T1 Fl. 197 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, Renato Vieira de Ávila (Suplente), Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto os relatórios das Resoluções que converteram os feitos em diligências, os quais, por economia, reservome o direito de não transcrever. Considerando que o processo não se encontrava em condições de julgamento, foi resolvida sua conversão em diligência para que fosse apurado o valor que é devido em cada um dos códigos, o valor que fora efetivamente pago e, sendo assim, se a contribuinte possui direito creditório em caso de pagamento a maior. A informação fiscal proferida confirmou a homologação parcial da compensação declarada, "...isto porque o contribuinte não compensou a multa de mora a que o débito estava sujeito, dado que compensado quando já se encontrava vencido." Após ciência sobre a informação fiscal, apresentase manifestação, contestando as conclusões alcançadas pela diligência fiscal, em essência, alegando estar amparada pelo art. 138, da Lei n° 5.172/66 (CTN), que excluiria a responsabilidade pela denúncia espontânea, quanto à multa de mora. Voto O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como visto do relatório, tratase de DCOMP, transmitida para a compensação de créditos tributários relativos às contribuições sociais para o PIS. Notar que, inicialmente, o despacho decisório eletrônico de não homologação das compensações declaradas, deuse pelo fato de que o DARF discriminado na DCOMP estava integralmente utilizado. Na manifestação de inconformidade, passa o interessado a justificar que o crédito pleiteado tem origem no recálculo da contribuição em razão da redução à alíquota a zero (%) por centro para o PIS no período. Em resposta, concluiu o acórdão DRJ, não ter sido trazido aos autos a comprovação da existência do direito creditório alegado. Diante destas razões, posteriormente trazidas, via decisão recorrida, contrapõe a recorrente, por meio do recurso voluntário, provas documentais, em planilhas e cópias de razões analíticos. Presente a hipótese prevista na alínea "c", §4º, art. 16, do PAF, no caso em discussão, os autos foram e retornaram de diligência com a confirmação da homologação parcial da compensação declarada, restando saldo devedor, em razão da não compensação da multa de mora a que o débito estava sujeito, dado que compensado quando já se encontrava vencido. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10980.905791/200899 Acórdão n.º 3401004.328 S3C4T1 Fl. 198 3 Entendo, no mesmo sentido da decisão recorrida, que o art. 138, da Lei n° 5.172/66, exclui a responsabilidade pela denúncia espontânea, mas, quando acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora. Pagamento. Não compensação como é o caso. Aplicase ao caso, o teor do julgamento do REsp 1.149.022/SP, submetido ao rito dos recursos repetitivos, do art. 543C, do CPC/1973, determinandose que a denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente; decisão judicial de reprodução obrigatória pelos Conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, nos termos do §2º, do art. 62, do RICARF/2015 (Portaria MF nº 343, de 09/06/15). PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10980.905791/200899 Acórdão n.º 3401004.328 S3C4T1 Fl. 199 4 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. SÚMULA STJ nº. 360 O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Aplicando o instituto da denuncia espontânea, à caso concreto semelhante, sob o aspecto da existência de compensação, ao invés de pagamento, o voto vencedor da Conselheira Maria da Conceição Arnaldo Jacó, no Acórdão nº 3302002.772, de 13/11/2014, abaixo transcrito, adotadas suas razões de decidir para o presente processo: "Denúncia Espontânea O CTN somente excluiu, em seu art. 138, a responsabilidade tributária em razão de denúncia espontânea quando esta for acompanhada do pagamento do tributo devido com os respectivos juros moratórios. O comando do art. 138, do CTN, visa incentivar a regularização fiscal e o incremento da arrecadação, por meio da concessão de incentivo (qual seja, a exclusão da responsabilidade por infração) pelo pagamento de tributos em atraso espontaneamente denunciados. E como a compensação seja aos moldes pretéritos (em que era objeto de pedido e era passível de eventual Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10980.905791/200899 Acórdão n.º 3401004.328 S3C4T1 Fl. 200 5 posterior indeferimento), seja aos moldes atuais (em que é declarada e está sujeita, dentro do prazo de 5 anos, a ser fortuitamente não homologada na forma do art. 74, §1º, da Lei nº 9.430/96) –, trata de forma precária (não definitiva) da extinção do crédito tributário, não goza do benefício conferido por sobredito art. 138. O entendimento acima se afina com a jurisprudência do STJ a respeito desta questão peculiar, conforme patenteia a ementa do acórdão, recentemente publicado no DJE de 26/08/2010, proferido AgRg no Agravo de Instrumento nº 1.303.103/RS, no qual foi Relatora a Exma. Sra. Ministra Eliana Calmon: “TRIBUTÁRIO PROCESSO CIVIL DENÚNCIA ESPONTÂNEA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DO PRINCIPAL E DOS JUROS DE MORA DEVIDOS NÃO CONFIGURAÇÃO. 1. A configuração da denúncia espontânea pressupõe o pagamento do principal da dívida acompanhado dos juros de mora devidos antes de qualquer procedimento fiscal, o que não ocorreu na espécie, na qual houve mero pedido de compensação. 2. Agravo regimental não provido.” (g.n.) De se ver que a jurisprudência colacionada pela contribuinte em suas peças de defesa atestam como requisitos para a não incidência de multa moratória em face da denúncia espontânea o atendimento de dois requisitos: a existência de pagamento do tributo com os respectivos juros de mora e a inexistência de procedimento fiscal anterior ao pagamento. A contribuinte não atendeu ao primeiro dos requisitos mencionados. (grifei/sublinhei) No mesmo sentido, o voto condutor do Conselheiro Luiz Roberto Domingo, no Acórdão nº 3101001.631, de 27/03/2014, abaixo transcrito, por unanimidade, entendo não ser cabível a exclusão da penalidade, nos termos do art. 138 do CTN, no casos de mera compensação: "É pacífica a jurisprudência, inclusive com diversos precedentes do E. STJ, no sentido de que é possível ao contribuinte sanar o inadimplemento de crédito tributário, ainda que a destempo, sem que haja aplicação da sanção legal, desde que mediante PAGAMENTO. Está assim pacificada a jurisprudência no âmbito do STJ: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. PRETENSÃO QUE ENCONTRA ÓBICE NA SÚMULA N. 7 DO STJ. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. 1. A revisão da conclusão do acórdão recorrido, no sentido da ausência de direito líquido e certo a ser amparado pelo mandamus, importaria em novo exame do conjunto fáticoprobatório dos autos. Precedentes: AgRg no AREsp 144.012/MA, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 15/05/2012; AgRg no AREsp 98.066/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 23/04/2012; REsp 1206178/DF, Rel. Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10980.905791/200899 Acórdão n.º 3401004.328 S3C4T1 Fl. 201 6 Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/11/2011; AgRg no Ag 1378589/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 13/09/2011. 2. A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 174.514, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1A T, julg. 04/09/2012) Como no presente caso, diferentemente dos demais que foram por mim analisado, a Recorrente realizou a compensação dos débitos liquidados em atraso, conforme se verifica da planilha transcrita no relatório acima, entendo não ser cabível a exclusão da penalidade nos termos do art. 138 do CTN." (grifei) Portanto, no presente caso, inaplicável o instituto da denuncia espontânea, nos termos do art. 138, do CTN, e indevida a exclusão da penalidade da multa de mora. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, aplicandose integralmente a informação fiscal, resultado da diligencia fiscal, com a conseqüente homologação parcial da compensação declarada. Fenelon Moscoso de Almeida Relator Fl. 201DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13411.000662/2003-41
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Feb 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Data do fato gerador: 31/12/1997
DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUBMETIDOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. FATORES DETERMINANTES. PAGAMENTO. DECLARAÇÃO PRÉVIA DE DÉBITO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO.
1- Para os tributos submetidos a lançamento por homologação, o ordenamento jurídico prevê a ocorrência de duas situações, autônomas e não cumulativas, aptas a concretizar contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, inciso I, em detrimento do art. 150, §4º, ambos do CTN. Uma é constatar se houve pagamento espontâneo ou declaração prévia de débito por parte do sujeito passivo. Caso negativo, a contagem da decadência segue a regra do art. 173, inciso I do CTN, consoante entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC , apreciado sob a sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, decisão que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. A outra é verificar se restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, que enseja a qualificação de multa de ofício e, por consequência, a contagem do art. 173, inciso I do CTN, consoante Súmula CARF nº 72.
2 - No caso concreto, não há pagamento e tampouco confissão de dívida.. Aplicação do prazo previsto no art. 173, inciso I do CTN.
Numero da decisão: 9101-003.346
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que não conheceram do recurso e, no mérito, lhe negaram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Cristiane Silva Costa.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo.
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/1997 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUBMETIDOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. FATORES DETERMINANTES. PAGAMENTO. DECLARAÇÃO PRÉVIA DE DÉBITO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. 1 Para os tributos submetidos a lançamento por homologação, o ordenamento jurídico prevê a ocorrência de duas situações, autônomas e não cumulativas, aptas a concretizar contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, inciso I, em detrimento do art. 150, §4º, ambos do CTN. Uma é constatar se houve pagamento espontâneo ou declaração prévia de débito por parte do sujeito passivo. Caso negativo, a contagem da decadência segue a regra do art. 173, inciso I do CTN, consoante entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC , apreciado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, decisão que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. A outra é verificar se restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, que enseja a qualificação de multa de ofício e, por consequência, a contagem do art. 173, inciso I do CTN, consoante Súmula CARF nº 72. 2 No caso concreto, não há pagamento e tampouco confissão de dívida.. Aplicação do prazo previsto no art. 173, inciso I do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 41 1. 00 06 62 /2 00 3- 41 Fl. 450DF CARF MF Processo nº 13411.000662/200341 Acórdão n.º 9101003.346 CSRFT1 Fl. 451 2 Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que não conheceram do recurso e, no mérito, lhe negaram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Cristiane Silva Costa. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo. Relatório Tratase de recurso especial (efls. 411/419) interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ("PGFN") em face do Acórdão nº 10323.257, da sessão de 7 de novembro de 2007, proferido pela Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, que votou no sentido dar provimento parcial ao recurso da TGR TRANSPORTADORA GRANDE RIO LTDA. ("Contribuinte ") para acolher a decadência relativamente a parcela de realização do lucro inflacionário relativa a 31/12/1997 e, para as demais parcelas, rejeitar as razões de mérito. O acórdão recorrido apresentou a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2000 Ementa: DECADÊNCIA o imposto sobre a renda é lançado segundo a modalidade por homologação. Assim, ressalvada a hipótese de dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial é regido segundo as regras próprias dessa modalidade, mesmo na hipótese de lançamento de ofício suplementar. LALUR E DECLARAÇÃO ter supostamente escriturado valores no Livro de Apuração do Lucro Real não significa que foram oferecidos à tributação, se não foram igualmente consignados na declaração de rendas. A PGFN interpôs recurso especial, arguindo divergência entre a decisão recorrida, no qual só admite contagem decadencial para tributos sujeitos a lançamentos por homologação nos termos do art. 150, 4º do CTN, e o paradigma, que no caso de ausência de Fl. 451DF CARF MF Processo nº 13411.000662/200341 Acórdão n.º 9101003.346 CSRFT1 Fl. 452 3 pagamento aplica o prazo previsto no art. 173, inciso I do CTN. Aduz que nos autos não se encontram recolhimentos de IRPJ devidos sobre as parcelas de lucro inflacionário que deveriam ter sido realizadas nos anoscalendário de 1997 a 1999, não havendo, portanto, atividade a ser homologada pela Fiscalização. Requerer pelo afastamento da decadência da parcela relativa a 31/12/1997. O despacho de exame de admissibilidade (efls. 421/422) deu seguimento ao recurso especial. Foram apresentadas contrarrazões pela Contribuinte (efls. 428/434) ao recurso especial. Discorre que com base em jurisprudência do Conselho de Contribuinte a decisão recorrida deve ser mantida. Requer pela manutenção da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Adoto as razões do despacho de exame de admissibilidade para conhecer do recurso especial da PGFN. Passo ao exame do mérito. Dois aspectos devem ser considerados na análise do prazo decadencial. Primeiro, o regime de tributação a que se encontra submetido o contribuinte, para que se possa estabelecer com clareza o termo inicial de contagem. Segundo, qual a regra do CTN aplicável ao caso concreto: (1) do art. 150, § 4º, ou (2) do art. 173, inciso I. Para a devida contagem do prazo decadencial dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, há que se observar entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC, apreciado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL.ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, Fl. 452DF CARF MF Processo nº 13411.000662/200341 Acórdão n.º 9101003.346 CSRFT1 Fl. 453 4 o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.(grifei) Ou seja, são dois elementos determinantes para verificar se cabe a contagem do prazo decadencial do art. 150, §4º ou do art. 173, inciso I, ambos do CTN: Fl. 453DF CARF MF Processo nº 13411.000662/200341 Acórdão n.º 9101003.346 CSRFT1 Fl. 454 5 1º) constatar se houve pagamento espontâneo ou declaração prévia de débito por parte do sujeito passivo, sendo que, caso negativo, a contagem da decadência segue a regra do art. 173, inciso I do CTN, consoante entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC , apreciado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, decisão que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015; 2º) verificar se restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, que enseja a qualificação de multa de ofício e, por consequência, a contagem do art. 173, inciso I do CTN, consoante Súmula CARF nº 72 1. Quanto ao conceito de declaração prévia de débito, entendo, numa acepção geral, que se caracteriza por ato que implique em confissão da dívida por parte do sujeito passivo. Assim, podem também ser considerados, além do pagamento espontâneo, por exemplo, o debito confessado em DCTF, em compensação tributária ou parcelamento. Nos presentes autos, o que se discute é a consumação da decadência para a parcela de lucro inflacionário não realizado, nos percentuais mínimos previstos para a legislação, relativa a 31/12/1997. Verificando os autos, constato que não consta existência de pagamento, tampouco de declaração com efeito de confissão de dívida de IRPJ. Portanto, a contagem do prazo decadencial deve ser deslocada para o art. 173, inciso I do CTN. Sendo o fato gerador 31/12/1997, o Fisco só poderia efetuar o lançamento de ofício a partir do ano de 1998. O termo inicial previsto na norma é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, no caso em tela, em 01/01/1999, e o termo final em 31/12/2003. A ciência do lançamento de ofício deuse em 01/12/2003 (efl. 252), razão pela qual se deve afastar a decadência. Diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura 1 Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. Fl. 454DF CARF MF Processo nº 13411.000662/200341 Acórdão n.º 9101003.346 CSRFT1 Fl. 455 6 Declaração de Voto Conselheira Cristiane Silva Costa Com a devida vênia ao ilustre Relator, por quem tenho imensa admiração e respeito, entendo pela aplicabilidade da Súmula CARF nº 10 ao caso dos autos e, portanto, pelo não conhecimento do recurso especial na forma definida pelo RICARF (Portaria MF 343/2015). Lembro o teor da citada Súmula: Súmula CARF nº 10: "O prazo decadencial para constituição do crédito tributário relativo ao lucro inflacionário diferido é contado do período de apuração de sua efetiva realização ou do período em que, em face da legislação, deveria ter sido realizado, ainda que em percentuais mínimos." A hipótese em que "deveria ter sido realizado", tratada especificamente pela Súmula CARF, independe de pagamento e tem relação com a sistemática de obrigatória realização do lucro inflacionário. Assim, entendo inadequada a aplicação do repetitivo do Superior Tribunal de Justiça. Além disso, dentre os acórdãos que originaram a Súmula CARF 10, dois são bastante claros ao aplicar o artigo 150, do Código Tributário Nacional. Nesse sentido: O fato de a empresa não reconhecer a parcela mínima obrigatória de realização do lucro inflacionário não implica no inicio da contagem do prazo decadencial para todo o lucro inflacionário acumulado, apenas da parcela obrigatória que não foi reconhecida no período de apuração respectivo. Com relação ao restante do lucro inflacionário acumulado não realizado, o fisco não poderia ainda constituir o crédito tributário correspondente pois estaria a depender da opção do contribuinte em realizálo. (...) Como a ciência do lançamento foi efetuada em 4 de setembro de 2003 (fls.29), dentro do prazo de cinco anos da ocorrência do fato gerador, não há falar em decadência do direito de constituir o crédito tributário no caso objeto do presente processo. (trecho do acórdão nº 10708137) E ainda: Se assim é, considerando que o caso ora analisado pautase na ausência de recolhimento do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (tributo sujeito ao lançamento por homologação, conforme definido em lei), em razão da não adição ao lucro Fl. 455DF CARF MF Processo nº 13411.000662/200341 Acórdão n.º 9101003.346 CSRFT1 Fl. 456 7 líquido do período da parcela mínima obrigatória do lucro inflacionário, outra conclusão não é possível senão a de que a contagem do prazo para apuração da decadência sobre tais parcelas deve regerse pelo disposto no artigo 150, §4° do Código Tributário Nacional. Não se aplica, portanto, a regra contida no artigo 173, inciso I do mesmo diploma legal, ainda que não verificado o recolhimento antecipado do imposto, porquanto tal fato não altera a forma de sua constituição, tampouco as regras aplicáveis a sua extinção. (...) De tal forma, também para as parcelas de realização obrigatórias relativas ao anocalendário de 1995, deve ser reconhecido o decurso do prazo decadencial de cinco anos, excluindose, portanto, sua incidência do cálculo do montante relativo ao lucro inflacionário adicionado ao lucro líquido do períodobase de 1996. (Acórdão 10808208) Assim, voto por não conhecer do recurso especial. Sendo vencida no conhecimento, negolhe provimento aplicando o Enunciado nº 10 da Súmula do CARF. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 456DF CARF MF
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Numero do processo: 10803.720157/2012-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS. DESPESAS DEDUTÍVEIS. COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. PROVIMENTO DO RECURSO.
Comprovada a efetiva prestação de serviços por trabalhadores pessoas físicas (empregados ou não) e tratando-se de despesa necessária à manutenção da fonte produtora, é de se prover o recurso e cancelar a autuação.
DECADÊNCIA. IRPJ. OCORRÊNCIA PARCIAL.
Não ocorrendo a comprovação da fraude, no presente processo, e havendo recolhimento dos tributos nos referidos anos-calendário, ocorreu a decadência do débitos decorrentes dos fatos geradores ocorridos no ano-calendário de 2006.
Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
COMPROVAÇÃO DOS PAGAMENTOS E IDENTIFICAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS. PROVIMENTO RECURSO.
Trazidos aos autos a comprovação e a identificação dos beneficiários dos pagamentos de valores constantes das notas fiscais, exonera-se o lançamento do IRRF.
DECADÊNCIA. IRRF. OCORRÊNCIA PARCIAL.
Na tributação do Imposto de renda na fonte sobre pagamentos a beneficiários não identificados/pagamentos sem causa, a hipótese de incidência é o pagamento, e o fato gerador considera-se ocorrido na data do pagamento. A recorrente tendo sido intimado do Auto de Infração em 20/12/2012, ocorreu a decadência parcial do crédito tributário do IRRF, em relação aos fatos geradores ocorridos até 20/12/2007.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO.
A tributação reflexa é matéria consagrada na jurisprudência administrativa e amparada pela legislação de regência, devendo o entendimento adotado em relação aos respectivos Autos de Infração acompanharem o do principal em virtude da íntima relação de causa e efeito.
Numero da decisão: 1402-002.883
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher a argüição da decadência em relação ao IRPJ e à CSLL para os fatos geradores referentes ao ano-calendário de 2006; e em relação ao IRRF, para os fatos geradores ocorridos até 20/12/2007; e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Evandro Correa Dias - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
Nome do relator: EVANDRO CORREA DIAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS. DESPESAS DEDUTÍVEIS. COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. PROVIMENTO DO RECURSO. Comprovada a efetiva prestação de serviços por trabalhadores pessoas físicas (empregados ou não) e tratando-se de despesa necessária à manutenção da fonte produtora, é de se prover o recurso e cancelar a autuação. DECADÊNCIA. IRPJ. OCORRÊNCIA PARCIAL. Não ocorrendo a comprovação da fraude, no presente processo, e havendo recolhimento dos tributos nos referidos anos-calendário, ocorreu a decadência do débitos decorrentes dos fatos geradores ocorridos no ano-calendário de 2006. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 COMPROVAÇÃO DOS PAGAMENTOS E IDENTIFICAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS. PROVIMENTO RECURSO. Trazidos aos autos a comprovação e a identificação dos beneficiários dos pagamentos de valores constantes das notas fiscais, exonera-se o lançamento do IRRF. DECADÊNCIA. IRRF. OCORRÊNCIA PARCIAL. Na tributação do Imposto de renda na fonte sobre pagamentos a beneficiários não identificados/pagamentos sem causa, a hipótese de incidência é o pagamento, e o fato gerador considera-se ocorrido na data do pagamento. A recorrente tendo sido intimado do Auto de Infração em 20/12/2012, ocorreu a decadência parcial do crédito tributário do IRRF, em relação aos fatos geradores ocorridos até 20/12/2007. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. A tributação reflexa é matéria consagrada na jurisprudência administrativa e amparada pela legislação de regência, devendo o entendimento adotado em relação aos respectivos Autos de Infração acompanharem o do principal em virtude da íntima relação de causa e efeito.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher a argüição da decadência em relação ao IRPJ e à CSLL para os fatos geradores referentes ao ano-calendário de 2006; e em relação ao IRRF, para os fatos geradores ocorridos até 20/12/2007; e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
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DESPESAS DEDUTÍVEIS. COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. PROVIMENTO DO RECURSO. Comprovada a efetiva prestação de serviços por trabalhadores pessoas físicas (empregados ou não) e tratandose de despesa necessária à manutenção da fonte produtora, é de se prover o recurso e cancelar a autuação. DECADÊNCIA. IRPJ. OCORRÊNCIA PARCIAL. Não ocorrendo a comprovação da fraude, no presente processo, e havendo recolhimento dos tributos nos referidos anoscalendário, ocorreu a decadência do débitos decorrentes dos fatos geradores ocorridos no ano calendário de 2006. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2006, 2007, 2008 COMPROVAÇÃO DOS PAGAMENTOS E IDENTIFICAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS. PROVIMENTO RECURSO. Trazidos aos autos a comprovação e a identificação dos beneficiários dos pagamentos de valores constantes das notas fiscais, exonerase o lançamento do IRRF. DECADÊNCIA. IRRF. OCORRÊNCIA PARCIAL. Na tributação do Imposto de renda na fonte sobre pagamentos a beneficiários não identificados/pagamentos sem causa, a hipótese de incidência é o pagamento, e o fato gerador considerase ocorrido na data do pagamento. A AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 72 01 57 /2 01 2- 13 Fl. 3036DF CARF MF 2 recorrente tendo sido intimado do Auto de Infração em 20/12/2012, ocorreu a decadência parcial do crédito tributário do IRRF, em relação aos fatos geradores ocorridos até 20/12/2007. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2006, 2007, 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. A tributação reflexa é matéria consagrada na jurisprudência administrativa e amparada pela legislação de regência, devendo o entendimento adotado em relação aos respectivos Autos de Infração acompanharem o do principal em virtude da íntima relação de causa e efeito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher a argüição da decadência em relação ao IRPJ e à CSLL para os fatos geradores referentes ao ano calendário de 2006; e em relação ao IRRF, para os fatos geradores ocorridos até 20/12/2007; e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves. Fl. 3037DF CARF MF Processo nº 10803.720157/201213 Acórdão n.º 1402002.883 S1C4T2 Fl. 3.037 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP) assim ementado, verbis: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 LANÇAMENTO. NULIDADE. REQUISITOS LEGAIS PRESENTES. Não é nulo o auto de infração lavrado por autoridade competente e quando se verificam presentes no lançamento os requisitos exigidos pela legislação tributária. MULTA QUALIFICADA. APLICABILIDADE. Restando comprovado comportamento caracterizador da qualificação da multa de ofício, é legítima a aplicação da multa no percentual de 150%. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES E/OU ILEGALIDADES. A apreciação de alegações de inconstitucionalidades e/ou ilegalidades é de exclusiva competência do Poder Judiciário. Questionamentos dessa natureza não são apreciáveis na esfera administrativa. JUROS DE MORA. CABIMENTO. O crédito tributário não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora, independentemente do motivo determinante do não pagamento, e sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis, no caso a multa de ofício. DESPESAS. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis como despesa na apuração do IRPJ e da CSLL os pagamentos feitos a beneficiários não identificados, ou quando não se comprova a efetiva prestação do serviço ou a sua causa, por não possibilitar a aferição da necessidade, normalidade e usualidade para a atividade da empresa. IRPJ. DECADÊNCIA. COMPORTAMENTO CARACTERIZADOR DE APLICAÇÃO DE MULTA QUALIFICADA. No caso de existência de comportamento caracterizador da aplicação da multa qualificada, o direito de praticar o ato de lançamento de ofício Fl. 3038DF CARF MF 4 extinguese após 5 anos, sendo o termo inicial de contagem do prazo o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2006, 2007, 2008 PAGAMENTO A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS. NÃO COMPROVAÇÃO DA OPERAÇÃO OU SUA CAUSA. INCIDÊNCIA DO IRRF. Incide sobre os pagamentos efetuados a beneficiários não identificados, ou a terceiros, quando não comprovada a operação ou a sua causa, o IRRF, à alíquota de 35%. DECADÊNCIA. IRRF. OCORRÊNCIA PARCIAL. Na tributação do Imposto de renda na fonte sobre pagamentos a beneficiários não identificados/pagamentos sem causa, a hipótese de incidência é o pagamento, e o fato gerador considerase ocorrido na data do pagamento. A recorrente tendo sido intimado do Auto de Infração em 30/10/2012, ocorreu a decadência parcial do crédito tributário do IRRF, em relação aos fatos geradores ocorridos até 30/10/2007. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" O caso foi assim relatado pelo Colegiado a quo, in verbis: "DO PROCEDIMENTO FISCAL 1. Decorrente do trabalho de fiscalização realizado na pessoa jurídica indicada, relativo aos anoscalendário 2006, 2007 e 2008, foram lavrados em 20/12/2012 (AR à fl. 829) os autos de infração do Imposto de Renda (fls. 3 a 7), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (fls. 18 a 22) e do Imposto de Renda Retido na Fonte (fls. 33 a 37). O crédito tributário total lançado foi de R$ 13.256.335,29 (treze milhões, duzentos e cinqüenta e seis mil, trezentos e trinta e cinco reais e vinte e nove centavos), conforme abaixo demonstrado: (... ) 2. Os fatos apurados pela Autoridade Lançadora estão descritos no Termo de Verificação (fls. 43 a 46), a seguir sintetizado. 3. Inicialmente, informa a Autoridade Lançadora que foi instaurado procedimento fiscal objetivando a verificação do registro contábil e a regularidade no cumprimento das obrigações tributárias relacionadas ao IRPJ da empresa em epígrafe, em virtude da emissão de notas fiscais de prestação de serviços por Expertise Comunicação Total Ltda. Fl. 3039DF CARF MF Processo nº 10803.720157/201213 Acórdão n.º 1402002.883 S1C4T2 Fl. 3.038 5 4. O Contribuinte apresentou declaração de que tomou serviços de Expertise Comunicação Total Ltda e o contrato de prestação de serviços com essa empresa. Foi apresentado arquivo magnético, mídia em CD, validado no SVA, contendo, entre outras informações, notas fiscais e comprovantes de pagamentos, folhas dos livros diário e razão do período fiscalizado. 5. Entre os documentos apresentados, encontrase o contrato n° 2057 entre o Contribuinte e Expertise, que tinha como objeto a "Prestação de serviços de marketing de relacionamento, incentivo e fidelização e gerenciamento de premiação, mediante a utilização do cartão eletrônico denominado Exclusive Card". 6. No contrato, estava estabelecido como obrigações das partes: "1. ... CONTRATADA, obrigase a prestar à CONTRATANTE, os serviços..., que compreendem: a) a implantação e condução do programa de gerenciamento de premiação, segundo critérios definidos pela CONTRATANTE; b) a disponibilização do uso do cartão Exclusive Card para pagamento e recebimento da premiação, com créditos prédefinidos a serem fornecidos pela CONTRATANTE para os indicados como recebedores dos prêmios, a título de incentivo profissional e como meio de publicidade interna da CONTRATANTE. 5. São obrigações da CONTRATANTE: a) ... b) fornecer a relação contendo os nomes e qualificação dos premiados, contendo os dados necessários para a distribuição dos prêmios, bem como o valor destes e a data definida para seu pagamento, sob sua exclusiva responsabilidade,...; c) ... d) orientar os beneficiários dos prêmios quanto aos procedimentos de utilização do cartão eletrônico Exclusive Card." 9. É de exclusiva responsabilidade da CONTRATANTE a definição dos critérios de premiação e do valor dos prêmios a serem distribuídos, não respondendo, a CONTRATADA, por nenhum desvio de finalidade do presente contrato. 10. O objeto deste contrato não visa proporcionar nenhuma espécie de vantagem fiscal, trabalhista ou previdenciária ao CONTRATANTE ou a terceiro participante do programa de marketing de relacionamento, e não implica vínculo empregatício entre a CONTRATADA e a CONTRATANTE ou entre uma das partes e os funcionários da outra, ficando a cargo de cada uma delas a responsabilidade referente aos Fl. 3040DF CARF MF 6 encargos sociais, tributários, previdenciários e trabalhistas de seus respectivos funcionários." 7. Nas notas fiscais da empresa CONTRATADA Expertise, constava sobre as importâncias nelas contidas, "Expert Card BPN/Exchange Card Campanha de incentivo" (no campo "Discriminação dos Serviços e Despesas"). Disso, concluiu a Autoridade Fiscal, que as respectivas importâncias destinavamse, respectivamente, à remuneração pelos serviços que deveriam ser prestados pela CONTRATADA e para aquisição de cartões carregados com valores a serem entregues a beneficiários indicados pela CONTRATANTE. 8. A Autoridade Fiscal entendeu que, com a documentação apresentada, houve a comprovação de que o Contribuinte fez o pagamento do valor total das notas fiscais à Expertise Comunicação Total S/C Ltda. 9. O montante das notas fiscais foi levado a resultado do exercício, com os registros contábeis em contas de despesa "SERVIÇOS PREST. PJ", sem a identificação dos beneficiários dos pagamentos efetuados por meio dos cartões denominados "Expert Card BPN/Exchamge Card". 10. Para a Autoridade Fiscal, a não comprovação da efetiva prestação dos serviços pela CONTRATADA, a não comprovação da causa dos pagamentos bem como a não identificação dos beneficiários dos pagamentos efetuados por meio dos cartões, são elementos suficientes para demonstrar a não necessidade dos dispêndios realizados para a atividade e para a manutenção da respectiva fonte produtora do Contribuinte (CONTRATANTE), implicando na glosa desses valores na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de acordo com os valores relacionados no Anexo I dos autos. 11. Além disso, não identificados, documentalmente e nos registros contábeis, os beneficiários dos valores, a efetiva prestação dos serviços e a causa deles, os valores dos pagamentos efetuados por meio dos cartões possuem a incidência do Imposto de Renda na Fonte, nas datas e importâncias relacionadas no Anexo I dos autos. 12. O procedimento contábil adotado pelo contribuinte ocultou a causa e os beneficiários dos pagamentos, o que caracterizou a hipótese de incidência da multa prevista no inciso II do Artigo 957 do Decreto n° 3.000/99 RIR. 13. Informa a Autoridade Fiscal que foi elaborada Representação Fiscal para Fins Penais, por ter se caracterizado, em tese, crime contra a ordem tributária, nos termos da Lei n° 8.137/90, art. 1o, inciso I, do Decreto n° 2.730/98, e art. 1o da Portaria RFB n° 2.439, de 21 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria RFB n° 3.182/2011. DA IMPUGNAÇÃO 14. Cientificada do auto de infração em 20/12/2012, o Contribuinte apresentou impugnação às fls. 856 a 891 em 17/01/2013 (fl. 856), na qual fez a defesa a seguir sintetizada. Fl. 3041DF CARF MF Processo nº 10803.720157/201213 Acórdão n.º 1402002.883 S1C4T2 Fl. 3.039 7 DA AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE FRAUDE 15. Inicialmente, a Impugnante defendeu não existir indícios de fraude no procedimento adotado, assim como não houve intenção da empresa em ludibriar o Fisco. 16. Para a Impugnante, somente poderia existir indício de fraude caso a empresa não tivesse realizado a escrituração. E essa situação não ocorreu, pois todos os créditos foram devidamente escriturados, o que descaracteriza qualquer tipo de omissão com relação às informações prestadas pelo Contribuinte. 17. Alega que a apresentação dos documentos exigidos pela fiscalização descaracteriza o dolo por parte do contribuinte, conforme jurisprudência do Tribunal de Justiça citada pela Impugnante. 18. A Impugnante também fala sobre a ausência do crime de Sonegação de Contribuição Previdenciária, já que não houve o dolo e sem ele não há intenção. 19. A Impugnante é uma prestadora de serviços e possuía com a empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda um contrato particular, não incidindo sobre os prêmios o tributo referente à contribuição social previdenciária. Não sendo devido o tributo, não poderia ela ter agido de má fé, logo não existe o elemento subjetivo dolo. DA MULTA CONFISCATÓRIA 20. Para a Impugnante, o Auto de Infração é nulo de pleno direito, uma vez que para o caso concreto foi aplicada uma multa fora dos padrões econômicos do nosso país, ou seja, multa de 150% do valor do imposto devido, portanto confiscatória. 21. Discorre a Impugnante que as multas podem ser de duas espécies: moratórias e penais. As primeiras visam o ressarcimento pelo não pagamento do tributo dentro do estabelecido por lei, e estas visam penalizar o não recolhimento. No caso em tela, a multa aplicada tem claramente um caráter sancionatório, ou seja, penal, pois o objetivo do Fisco é penalizar o sujeito passivo. 22. A aplicação da multa no patamar de 150% do valor do imposto desrespeita a capacidade econômica do contribuinte, pois acaba confiscando o seu patrimônio. Em resumo, no caso concreto, a multa é absolutamente nula, pois ultrapassa os limites impostos pela Carta Maior. DA NÃO INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA 23. Para a Impugnante, os juros de mora só podem ser cobrados a partir do momento em que o contribuinte tornase inadimplente, o momento em que está de fato devendo, e não apenas a partir de seu atraso. A conseqüência gerada pelo atraso é a multa. Fl. 3042DF CARF MF 8 24. A empresa, antes de ser autuada, estava apenas em atraso no cumprimento de sua obrigação, mas de forma alguma inadimplente, característica essa que só passou a ter apenas após sua autuação. Portanto, só após sua autuação é que os juros de mora seriam cabíveis. 25. A multa e os juros de mora não podem ser cobrados juntos. A multa é a penalidade inicial e que, se não for paga, dará margem à cobrança de juros de mora. A partir do momento no qual a multa é estabelecida, o contribuinte deve pagála, mas, se assim não for, sofrerá a sanção dos juros ele mora. DAS DEDUÇÕES PARA O IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA 26. As despesas são gastos desembolsados ou devidos pela empresa, que são necessárias ao desenvolvimento de suas operações, sendo estes considerados dedutíveis para fins de IRPJ, diferentemente do que ocorre com os custos. 27. De acordo com o art. 290, § 3°, do RIR, é certo e indiscutível que gratificações pagas aos funcionários são consideradas como dedutíveis para fins de IRPJ dessa forma, pelo que se pode claramente enquadrar os prêmios oferecidos pela empresa autuada no dispositivo legal citado. 28. O Fisco tentou limitar mais do que a lei a dedução das despesas necessárias. Mesmo assim, continuou deixando de fora dessa limitação a despesa com prêmios de incentivos. Portanto, fica claro que as despesas do presente contrato de prestação de serviço são dedutíveis, questão que foi devidamente comprovada, como já salientado anteriormente e pelo próprio fisco ao afirmar que foram entregues os documentos em mídia. DIREITO ADMINISTRATIVO 29. A partir de todo o exposto, vêse que foi cometido um erro por parte da Autoridade Fiscal, uma vez que ultrapassou os limites de sua competência, ou seja, passou a realizar tarefas além do permitido. Além de investigar atos fiscais, passou a investigar atos civis/comerciais pautados pelo Contrato de Prestação de Serviço entre a Geosonda e a empresa Expertise Comunicação Total Ltda, interferindo no âmbito de relações de Direito Privado, no momento em que solicita os nomes e a causa dos pagamentos. 30. Não se pode aceitar que, desprovido de qualquer embasamento legal, o Fiscal passe a solicitar informação fora do âmbito administrativo. O que ocorreu foi uma afronta ao Princípio Constitucional da Legalidade. 31. Na Administração Pública, não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza, ou seja, há total vinculação da atividade administrativa à lei. 32. Também houve notável agressão ao Princípio da Segurança Jurídica, na medida em que a atividade do fiscal foi invasiva na relação particular entre as empresas, quando realizou solicitações que estão fora do poder de fiscalização, caracterizado pelo pedido da causa e dos nomes dos beneficiários. Fl. 3043DF CARF MF Processo nº 10803.720157/201213 Acórdão n.º 1402002.883 S1C4T2 Fl. 3.040 9 DA LEGALIDADE DA OPERAÇÃO 33. A Impugnante ainda argumentou que toda a operação foi decorrente do contrato entre a empresa Geosonda S/A e a Expertise Comunicação Total Ltda, sendo o objeto do contrato uma prestação de serviço. A operação foi legítima, não havendo qualquer tipo de necessidade de uma ação fiscal, bem como de um Auto de Infração seguido de multa e muito menos qualquer indício de possibilidade de fraude, por ser operação oriunda da iniciativa privada, e, portanto, encontrarse dentro de total legalidade. DA DECADÊNCIA 34. Defende a Impugnante que no presente caso está evidenciado que ocorreu a decadência da cobrança em alguns determinados períodos. 35. A decadência corresponde à perda do direito de ação e ocorre após 05 (cinco) anos da constituição definitiva do crédito, perdendo, dessa forma, a Fazenda o direito de efetuar a cobrança. O tributo em questão é um tributo cujo lançamento se dá por homologação, o qual o contribuinte apura, calcula e recolhe, sendo que após tais procedimentos o contribuinte entrega a GFIP, constituindo dessa forma o crédito tributário. 36. Os períodos anteriores ao mês de Junho de 2007 já estão fulminados pela decadência, pois, mesmo tendo a fiscalização lavrado o termo de fiscalização em maio de 2012, o prazo começa a correr a partir de junho e, contandose os 05 (cinco) anos previstos no artigo 174 do Código Tributário Nacional, somente poderseia autuar até o mês de junho de 2007. 37. Assim, todos os períodos anteriores a junho de 2007 não podem ser cobrados, conforme demonstrado pela lei e jurisprudências apresentadas. CONCLUSÃO 38. Por todo o exposto, ficou comprovado que o Contribuinte não está em débito com o Fisco, por se tratar de fatos geradores que não ocorreram, por serem oriundos de contrato de prestação de serviço de marketing em plena legalidade. 39. Ficou demonstrado que todos os períodos anteriores a junho de 2007 foram acarretados pela decadência. 40. A multa e os juros estão em desarmonia com o ordenamento jurídico, bem como não há que se falar em qualquer tipo de dolo penal por parte do Contribuinte DO PEDIDO 41. Por fim requereu a Impugnante a anulação do Mandado de Procedimento Fiscal N° 08.1.90.002012.014175; a decretação da decadência nos períodos anteriores a junho de 2007; a juntada da procuração e cópia do contrato social da Executada, a fim de regularizar a representação processual no Fl. 3044DF CARF MF 10 presente feito; que as publicações saiam em nome de Luís Fernando Xavier Soares de Mello, advogado regularmente inscrito na OAB/SP sob o n° 84.253, Eduardo Gutierrez, advogado regularmente inscrito na OAB/SP sob o n° 137.057, William Sobral Falssi, advogado regularmente inscrito na OAB/SP sob n° 301.018." O acórdão recorrido rejeitou a preliminar de decadência do IRPJ, CSLL e IRRF e, no mérito, julgou improcedente a impugnação da Contribuinte, pelas razões sintetizadas na ementa acima transcrita. Em recurso voluntário, a recorrente suscita preliminares de decadência parcial e nulidade dos lançamentos (por erro de capitulação legal). No mérito, a recorrente sustenta, em síntese: (a) a inexistência de fraude no caso; (b) a improcedência dos lançamentos de IRPJ e CSLL face à natureza dos dispêndios, que confirmam a necessidade, normalidade e usualidade das despesas, garantindose sua dedutibilidade; (c) a indevida exigência do IRRF, pois não há que se falar em pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado; (d) a insuficiência do trabalho fiscal, pois a Fiscalização poderia ter identificado os beneficiários, conforme lista anexa pela própria Contribuinte ao recurso; (e) que o IRRF seria devido pelos beneficiários e jamais seria exigível da Contribuinte; (f) que citado IRRF teria caráter punitivo, sendo indevida sua cumulação com multa de ofício; (g) que seria indevida a multa de ofício no percentual de 150%; e (h) haveria erro no cálculo do IRRF. Diligência Em 23/10/2014, a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, através da resolução nº 1102000.288, converteu o julgamento em diligência nos seguintes termos: " Conforme se depreende do relato supra, os lançamentos de IRPJ, CSLL e IRRF objeto deste PA decorrem do fato de que a Contribuinte não teria identificado os beneficiários e o efetivo pagamento (a esses beneficiários) de valores objeto do contrato de prestação de serviços e outras avenças celebrado com a Expertise Comunicação Total S/C Ltda., cujo objeto é a prestação de serviços de marketing de relacionamento, incentivo e fidelização e gerenciamento de premiação, mediante utilização do cartão eletrônico denominado Exclusive Card (que seria entregue aos beneficiários em contrapartida ao cumprimento de metas de trabalho e performance). Fl. 3045DF CARF MF Processo nº 10803.720157/201213 Acórdão n.º 1402002.883 S1C4T2 Fl. 3.041 11 Em seu recurso voluntário, a Contribuinte traz notícia da lavratura de lançamento para a exigência de contribuições previdenciárias sobre esses mesmos valores. Paradoxalmente, a acusação fiscal nesse lançamento previdenciário é o efetivo pagamento de remuneração (indireta) a beneficiários que prestaram serviços à Contribuinte no período respectivo. Segundo o que consta do recurso voluntário, quanto às contribuições previdenciárias, constou do Termo de Verificação Fiscal a afirmação de "ausência de recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre os fatos geradores oriundos dos créditos efetuados nos cartões incentivo'". O acórdão recorrido deixou de se manifestar sobre a intuitiva "contradição" entre as acusações acima citadas, ante a ausência de informação disponível nesses autos sobre o lançamento previdenciário. Sem adentrar ao exame do mérito do recurso, é seguro afirmar que uma de duas: (a) ou bem os pagamentos em referência foram feitos em contrapartida à prestação de serviços por trabalhadores pessoas físicas (empregados ou não) perfeitamente identificados, o que poderia levar à procedência do lançamento previdenciário mas, em contrapartida, à improcedência dos autos de infração objeto desse PA (já que, nessa hipótese, não haveria que se falar em despesa desnecessária ou pagamento a beneficiário não identificado); (b) ou bem os pagamentos em referência não foram destinados a beneficiários pessoas físicas que prestaram serviços à Contribuinte, o que poderia levar à procedência dos autos de infração sob julgamento, mas certamente implicaria insubsistência do lançamento previdenciário. Nesse sentido, ante a contradição levada a efeito pela própria RFB e demais elementos constantes dos autos, indispensável a conversão do julgamento em diligência para que seja adotada pela E. Delegacia da Receita Federal da jurisdição da Recorrente as seguintes providências: (i) sejam juntados aos autos cópia integral dos Processos Administrativos n. 10803.720155/201216 e n. 10803.720154/201271, cujo traslado deverá fazer especial destaque aos documentos que serviram de base para a RFB constituir créditos de contribuições previdenciárias; (ii) verificar e atestar, de forma conclusiva e fundamentada, em diligência perante a Contribuinte, Expertise e, a critério da Fiscalização, os beneficiários, (a) a correção dos dados informados pela Contribuinte na planilha de que anexada ao recurso voluntário, contendo os supostos beneficiários do Exclusive Card; e (b) quais beneficiários possuem vínculo de trabalho (com vínculo de emprego ou não) com a Contribuinte, indicando especificamente em relação a cada um deles a natureza do respectivo vínculo, as datas e os valores por eles recebidos Fl. 3046DF CARF MF 12 por força dos Cartões Exclusive Card, cotejando as informações com as notas fiscais emitidas pela Expertise. (iii) Para a providência solicitada no item (ii) supra pedese sejam verificados também extratos dos cartões e outros documentos bancários que possam comprovar as informações constantes da planilha referida no item (ii) e a efetiva fruição dos valores pelo respectivo beneficiário. Em 31/08/2015, foi lavrado Termo de Constatação Fiscal, que apresentou as seguintes informações aos quesitos formulados: i. foram juntados aos autos cópia integral dos Processos Administrativos n°s 10803.720155/201216 e 10803.720154/201271 (providência adotada pela DERAT/SPO); ii. foram verificadas e atestadas as planilhas contendo os beneficiários dos cartões, onde: a) foi apontado o vínculo de cada um em relação ao contribuinte; b) os valores apontam relevante proximidade àqueles constantes em notas fiscais da Expertise, conforme quadro comparativo elaborado pela fiscalização a partir dos dados das planilhas, sendo a divergência, ao que parece, relacionada ao conflito de regimes (competência e caixa) e ou fechamento dos faturamentos; iii. não obtivemos êxito na busca dos extratos dos cartões e ou qualquer documento bancário suficiente a comprovar as informações constantes nas planilhas, assim como em relação à fruição dos valores pelo respectivo beneficiário. Em 02/10/2015, a Recorrente manifestouse quanto ao relatório da diligência, apresentado, em resumo, as seguintes alegações: · A correção dos dados informados pela requerente na planilha anexada ao Recurso Voluntário foi verificada e atestada pela Autoridade Fiscal. · Nas diligências aleatórias realizadas pelo Sr. AuditorFiscal junto a alguns dos beneficiários dos prêmios pagos por meio do "Exclusive Card", estes confirmaram o recebimento e a utilização do cartão eletrônico (fruição dos valores), · A Autoridade Fiscal tinha condições de obter documentos e informações junto à Expertise. · A Requerente não possui a documentação solicitada pelo Sr. Auditor Fiscal concernente aos extratos dos cartões eletrônicos e registros da efetiva fruição dos valores pelos respectivos beneficiários, por se tratarem de documentos pertencentes apenas à Expertise e aos próprios beneficiários. Fl. 3047DF CARF MF Processo nº 10803.720157/201213 Acórdão n.º 1402002.883 S1C4T2 Fl. 3.042 13 · Após o término do anocalendário. é de responsabilidade exclusiva da pessoa física que auferiu os rendimentos a inclusão dos respectivos valores na sua declaração de imposto de renda e oferecimento à tributação, se for o caso. · Inexistência de fraude nos registros contábeis, pois os serviços foram pagos à Expertise e a requerente não efetuou nenhum pagamento aos beneficiários dos cartões. É o relatório. Fl. 3048DF CARF MF 14 Voto Conselheiro Evandro Correa Dias, Relator. O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade, pelo que dele se toma conhecimento. Preliminares Decadência de Parte do Crédito Tributário Aplicação da Regra Prevista pelo Art. 150 § 4º do CTN Do exame do Termo de Verificação, verificase na descrição dos fatos pela Autoridade Fiscal, que não há comprovação de fraude no caso concreto, pois os pagamentos realizada à Expertise foram contabilizados, os contratos e as notas fiscais apresentados não foram considerados inválidos e os valores foram tributados por falta de identificação/comprovação de pagamentos. Não ocorrendo a comprovação da fraude, no presente processo, e havendo recolhimento dos tributos em referência nos anoscalendário objetos do presente Auto de infração, devese aplicar o art. 150 §4º do CTN ao caso concreto. Com base no art. 150 §5 do CTN, quanto a Recorrente foi intimada do presente Auto de Infração (20/12/2012), já havia ocorrido a decadência parcial do crédito tributário. Quanto aos valores exigidos da Recorrente a Título de IRPJ e CSLL, sendo anual o regime de apuração de tais tributos, houve a decadência do débitos decorrentes dos fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2006. Na tributação do IRRF prevista no art. 61, da Lei nº 8.981/95, a hipótese de incidência é o pagamento, e o fato gerador considerase ocorrido na data do pagamento, logo houve a decadência dos fatos geradores ocorridos até 20/12/2007. Mérito Dedutibilidade das despesas para fins de IRPJ e CSLL Conforme decidido no processo 10803.720154/2012, os pagamentos em referência foram feitos em contrapartida à prestação de serviços por trabalhadores pessoas físicas (empregados ou não), o que levou à procedência do lançamento previdenciário em contrapartida. Transcrevese abaixo trecho do Acórdão nº 2402005.900 da 2 ª Turma Ordinária 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento proferido no processo 10803.720154/2012: "2.2 DA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO E DA LEGALIDADE DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Fl. 3049DF CARF MF Processo nº 10803.720157/201213 Acórdão n.º 1402002.883 S1C4T2 Fl. 3.043 15 A discussão acerca da existência de remuneração paga por meio de cartões de incentivo ou de premiação é recorrente neste Conselho, tendo se firmado o entendimento já pacificado, inclusive na Câmara Superior de Recursos Fiscais, pela incidência das contribuições devidas à seguridade social. Este Colegiado, ademais, já julgou os demais Autos de Infração lavrados em face do sujeito passivo, por descumprimento de obrigação acessória (CFL 78, 30 e 34), decorrentes exatamente dos mesmos fatos apurados na fiscalização ora combatida, PAF 10803.720155/201216. Ali se decidiu, por unanimidade, que os pagamentos efetuados por meio de cartões de premiação se constituem em remuneração tributável. Eis a ementa do decisão, no ponto em questão: REMUNERAÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter de retribuição pelo serviço, ou seja, contraprestação de serviço prestado. [...] (PAF 10803.720155/201216, Relator Ronaldo de Lima Macedo, Acórdão 2402004.781, Sessão de 09/12/2015). Para evitar tautologia, devem ser adotados como razões de decidir os seguintes fundamentos: Considerando o Relatório Fiscal (fls. 35/42) e o contrato firmado entre a empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda e a Recorrente, constatase que era fornecido cartão de premiação aos segurados empregados, destinado a programa de estímulo ao aumento de produtividade e, portanto, relacionado ao alcance de metas de desempenho, conforme registro no contrato de prestação de serviço, que tem como objeto "Prestação de serviços de marketing de relacionamento, incentivo e fidelização e gerenciamento de premiação, mediante a utilização do cartão eletrônico denominado Exclusive Card", no qual foi estabelecido: [...] Assim, os referidos "colaboradores" são escolhidos e indicados pela própria empresa contratante como beneficiários dos prêmios, pela razão mais óbvia possível, são subordinados à Recorrente. E importante esclarecer que os contratos firmados entre a Recorrente e a referida empresa Expertise Comunicação Total Fl. 3050DF CARF MF 16 S/C Ltda não têm o condão de afastar a incidência da lei, pois, pouco importa que nestes contratos esteja previsto expressamente que os prêmios não configuram salários nem remunerações. Isso está em consonância com o art. 126 do Código Tributário Nacional (CTN)Lei 5.172/1966, in verbis: [...] Os valores pagos por meio de cartão de incentivo são considerados prêmios e prêmio é um salário vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalhador, como a produção, a eficiência, dentre outros fatores de produção. Caracterizase pelo seu aspecto condicional; uma vez atingida a condição prevista por parte do trabalhador, este faz jus ao mesmo. Portanto, por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter retributivo, ou seja, contraprestação do serviço prestado e, por conseqüência, possui natureza jurídica salarial. [...] A meu ver, a habitualidade não fica caracterizada apenas pelo pagamento em tempo certo, de forma mensal, bimestral, semestral, ou anual, mas pela garantia do recebimento a cada implemento de condição por parte do trabalhador. [...] O pagamento de prêmios por cumprimento de condição leva tais valores a aderirem ao contrato de trabalho, cuja eventual supressão pode caracterizar alteração prejudicial do contrato de trabalho, o que é vedado pelo art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, que dispõe neste sentido: Portanto, e também por força do art. 126 retro mencionado, é desnecessária qualquer análise acerca da legalidade dos contratos, bastando que se apure, como apurou a fiscalização, a existência do fato gerador das contribuições lançadas (art. 142 do CTN). Prevalecido que os pagamentos efetuados por meio de cartões de premiação se constituem em remuneração tributável não estaria caracterizado a despesa desnecessária, possibilitando a dedutibilidade das referidas despesas para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, nos termos do Art. 299 do RIR/99. Identificação dos beneficiários/causa dos pagamentos Não procede a alegação da Recorrente que o fato de ter apresentado a lista completa dos beneficiários com relação a todo o período autuado (2006 a 2008) seria suficiente para afastar a aplicação dos arts. 674 e 675 do RIR/99, e, conseqüentemente para cancelar a exigência do IRRF, pois também se faz necessário a identificação da causa dos pagamentos. A constatação anteriormente descrita corrobora que os valores distribuídos aos seus colaboradores por meio dos cartões eletrônicos teriam natureza jurídica de "remuneração". Fl. 3051DF CARF MF Processo nº 10803.720157/201213 Acórdão n.º 1402002.883 S1C4T2 Fl. 3.044 17 Conjugando o entendimento de que os pagamentos efetuados por meio de cartões de premiação se constituem em remuneração tributável com a apresentação da lista estariam identificados os beneficiários e a causa dos pagamentos. Não caberia a imputação à recorrente da tributação do IRRF, na forma dos artigo 674 e 675 do RIR/99; Da Multa Qualificada Não cabe a multa qualificada prevista no inciso II do artigo 957 do RIR/99, vez que do exame do Termo de Verificação, verificase pela descrição dos fatos pela Autoridade Fiscal, que não há comprovação nesse processo de fraude no caso concreto, pois os pagamentos realizada à Expertise foram contabilizados, os contratos e as notas fiscais apresentados não foram considerados inválidos e os valores foram tributados por falta de identificação/comprovação de pagamentos. Não vislumbramos qual poderia ter sido a conduta previsto na lei 4.502/64, na forma em que foi referido no TVF, realizada pela pessoa jurídica apontado como crime, vez que os fatos que o caracterizariam não foram especificados e provados pelos autuantes; Da ausência de excessos na constituição do crédito tributário Entende a impugnante que o art 61 da lei 8.981/95 institui uma efetiva penalidade, dissimulada como IRRF, para punir o pagamento a beneficiário não identificado, indo de encontro às disposições do artigo 3° do CTN, que veda a utilização do tributo como substituto da penalidade e aplicar uma "penalidade" semelhante à multa isolada conjuntamente com a multa de 75% o 150% representa "bis in idem". O lançamento, como vimos, é atividade vinculada e obrigatória, não sendo possível ao servidor (Auditor Fiscal da RFB) interpretações teleológicas quanto à natureza do tributo: estando tipificada a infração, se for verificada a sua ocorrência, é mister que realize o lançamento. Ainda que a impugnante tenha trazido jurisprudência administrativa que ampara sua tese, o que vincula o servidor é a legalidade, estando ele submetido aos ditames das leis e aos atos complementares. Destarte, analisada as razões invocadas pela interessada sob esse ângulo, não é possível deferirlhe o pedido de cancelamento dos lançamentos pela razão de ela entender que o IRRF lançado com base no art 674 RIR/99 tem natureza de penalidade e que este não pode ser lançado cumulativamente com as demais multas de ofício. A ausência de dedução dos valores de IRRF à alíquota de 1,5% no pagamento dos serviços à Expertise não configura excessos na constituição do crédito tributário, contudo esses valores poderiam ser deduzidos, se a receita referente a esses valores tivesse sido oferecida à tributação e o Auto de IRRF tivesse sido mantido. Fl. 3052DF CARF MF 18 Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de acolher a argüição da decadência em relação ao IRPJ e à CSLL para os fatos geradores referentes ao anocalendário de 2006; e em relação ao IRRF, para os fatos geradores ocorridos até 20/12/2007; e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Fl. 3053DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.722023/2015-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Feb 16 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.253
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, por converter o julgamento em diligência na forma proposta pela Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Vencidos a Relatora e os Conselheiros Marcos Roberto da Silva e Waldir Navarro Bezerra, que davam parcial provimento ao Recurso, nos termos do voto da Relatora lido em sessão. O Conselheiro suplente Rodolfo Tsuboi participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido.
(Assinado com certificado digital)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente substituto.
(Assinado com certificado digital)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora.
(Assinado com certificado digital)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrente PIRELLI PNEUS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, por converter o julgamento em diligência na forma proposta pela Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Vencidos a Relatora e os Conselheiros Marcos Roberto da Silva e Waldir Navarro Bezerra, que davam parcial provimento ao Recurso, nos termos do voto da Relatora lido em sessão. O Conselheiro suplente Rodolfo Tsuboi participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido. (Assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Presidente substituto. (Assinado com certificado digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora. (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .7 22 02 3/ 20 15 -2 5 Fl. 1351DF CARF MF Processo nº 11065.722023/201525 Resolução nº 3402001.253 S3C4T2 Fl. 1.352 2 Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Recife que julgou improcedente a impugnação, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011, 01/02/2012 a 31/12/2012 PNEUMÁTICOS NOVOS, DE BORRACHA, PARA VANS, PARA PICKUP E PARA UTILITÁRIOS. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Pneumáticos novos, de borracha, para vans, para pickup e para utilitários se classificam no código 4011.99.90 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM. PNEUMÁTICOS NOVOS, DE BORRACHA, PARA SUV. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Pneumáticos novos, de borracha, para SUV (Sport Utility Vehicle), que detenha características de veículo de uso misto, classificamse no código 4011.10.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011, 01/02/2012 a 31/12/2012 PRODUTO IMPORTADO. REVENDA NO TERRITÓRIO NACIONAL. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. Na revenda no território nacional, incide o imposto sobre o produto importado, mesmo quando internamente não submetido a nova industrialização. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011, 01/02/2012 a 31/12/2012 PRODUTO IMPORTADO. RECLASSIFICAÇÃO APÓS O DESPACHO ADUANEIRO. POSSIBILIDADE. É possível a reclassificação fiscal de produto importado após a conclusão do despacho aduaneiro e a correspondente formalização dos tributos devidos no mercado interno. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011, 01/02/2012 a 31/12/2012 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CONSULTA SOBRE PRODUTO ESPECÍFICO. EFEITOS SOBRE PRODUTOS DISTINTOS. INEXISTÊNCIA. A consulta sobre classificação fiscal de determinado produto específico não tem efeitos em relação a produtos distintos. Fl. 1352DF CARF MF Processo nº 11065.722023/201525 Resolução nº 3402001.253 S3C4T2 Fl. 1.353 3 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Versa o processo sobre auto de infração lavrado para exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados, multa de ofício e juros de mora, no valor total de R$44.505.322,13, decorrente de procedimento fiscal de apuração do IPI relativa aos anoscalendário de 2011 e 2012 no qual foi efetuada a reclassificação fiscal de alguns produtos vendidos no período. Conforme consta no Relatório Fiscal, a reclassificação fiscal foi assim motivada pelo autuante: (...) Os itens analisados são pneumáticos novos de borracha para veículo automotor, dessa forma, a sua classificação deve ser realizada na posição 40.11. (...) (...) Como se viu, o texto da subposição é elemento essencial da classificação. No caso em tela, a subposição 4011.20 (cujo desdobramento 4011.20.90 foi utilizado pelo contribuinte na classificação dos pneus ora em análise) é exclusiva dos pneus destinados a ônibus e caminhões. A própria resposta do contribuinte, bem como informações referidas nas páginas da Internet da fiscalizada e de seus revendedores indicam serem destinados a vans, utilitários, pickups, SUV e veículos de passeio, portanto não se destinam a ônibus e caminhões. Ainda em sua página na Internet, o contribuinte relaciona os pneus destinados a ônibus e caminhões. Tal relação não inclui nenhum dos modelos indicados no Anexo I do Termo de Início de Fiscalização que corresponde ao Anexo I deste Relatório. (...) Concluise, portanto, que está equivocada a classificação adotada pelo contribuinte, já que as vans, pickups, utilitários e SUV não são ônibus nem caminhões. (...) 2.2.1 – Da classificação a ser adotada para pneus de Vans (...) Portanto, os pneus destinados a Vans (para transporte de passageiros) não podem ser classificados na subposição 4011.10, porque essa subposição, a teor do seu texto, se refere aos pneumáticos utilizados nos veículos classificados na posição 8703, enquanto as vans para transporte de passageiros são classificadas na posição 8702. Já as vans para transporte de carga (furgões), como já referido, classificamse no EX01 dos desdobramentos das subposições de 2º nível 8704.21. Portanto, os pneus destinados a esses veículos também não podem ser classificados na subposição 4011.10 (exclusiva de pneus dos veículos classificados na posição 8703). Por exclusão, os pneumáticos utilizados para vans para transporte de passageiros ou de carga (furgões) devem ser classificados no código 4011.99.90 – Outros. Fl. 1353DF CARF MF Processo nº 11065.722023/201525 Resolução nº 3402001.253 S3C4T2 Fl. 1.354 4 (...) 2.2.2 – Da classificação a ser adotada para pneus de Pickup e utilitários Como já referido, restariam o código 4011.10.00 e o código 4011.99.90 como possibilidade para classificação dos pneumáticos utilizados nas pickup e utilitários. As pickups e utilitários, repisamos, classificamse no EX01 dos desdobramentos da subposição 8704.21. Portanto, os pneus destinados a esses veículos também não podem ser classificados na subposição 4011.10, já que essa subposição, a teor de seu texto, é indicativa de pneus para automóveis de passageiros (posição 8703). Como já visto, não se trata de ônibus nem de caminhões. Por exclusão, os pneumáticos utilizados em pickups e utilitários devem ser classificados no código “4011.99.90 – Outros”. 2.2.3 – Da classificação a ser adotada para pneus de SUV (...) A NESH da posição 8703 da TIPI (Automóveis de passageiros e outros veículos automóveis principalmente concebidos para transporte de pessoas (exceto os da posição 87.02), incluídos os veículos de uso misto ("station wagons") e os automóveis de corrida) define que: Entendemse por veículos de uso misto (break ou station wagons), na acepção da presente posição, os veículos com nove lugares sentados no máximo (incluído o do motorista), cujo interior pode ser utilizado, sem modificação da estrutura, tanto para o transporte de pessoas como para o de mercadorias. Como se vê, para fins de Nomenclatura, os veículos SUV se enquadram no conceito de veículo misto e devem ser classificados na posição 8703. Assim, os pneumáticos destinados a esses veículos devem ser classificados no código 4011.10.00. (...) Inconformada a contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, alegando, em síntese efetuada pela ora recorrente, o que se segue: • nulidade do auto de infração, em razão da precariedade do procedimento de fiscalização (a Fiscalização considerou as marcas e os modelos dos veículos em vez de considerar as características técnicas dos pneus; a Fiscalização desconsiderou as regras de interpretação do Sistema Harmonizado, imprescindíveis para a classificação fiscal de mercadorias e desconsiderou as informações prestadas pela Recorrente ao longo do procedimento de investigação, sem ter apresentado sequer um fundamento para tanto); • o código NCM adotado pela Recorrente para classificar os pneus está correto, em conformidade com as regras de interpretação 3a e 4 do Sistema Harmonizado (similaridade com os pneus descritos no NCM 4011.20.90, pela maior durabilidade e resistência dos pneus) e de acordo com a classificação técnica validada pelo INMETRO; • a reclassificação fiscal proposta pela Fiscalização é ilegítima e deve ser afastada, pois contraria a classificação exigida e validada pelo Fl. 1354DF CARF MF Processo nº 11065.722023/201525 Resolução nº 3402001.253 S3C4T2 Fl. 1.355 5 INMETRO e também às regras internacionais de interpretação do Sistema Harmonizado; • indevida alteração do critério jurídico de lançamento, na medida em que para os produtos importados, a classificação fiscal adotada pela Recorrente foi confirmada quando do desembaraço e agora, nesse segundo momento, estão sendo contestadas; • a própria RFB confirmou a legitimidade do procedimento de classificação adotado pela Recorrente, tendo em vista a expedição da Solução de Consulta nº 348/1997 (8ª Região)vinculada à própria Recorrente; e, por fim • excesso na constituição do crédito tributário, a saber: (i) a indevida exigência de IPI na revenda de produtos importados; (ii) a ilegítima exigência de multa e juros; e, (iii) a incorreta aplicação de juros sobre multa. A Delegacia de Julgamento não acatou as alegações da impugnante, sob os seguintes fundamentos principais: Dentre os dois entendimentos, entendo acertado o adotado pela Fiscalização. É que, realmente, van, pickup, utilitário e SUV não são ônibus nem caminhões. Em relação à diferenciação entre vans para transporte de passageiros e ônibus, bem esclareceu a autoridade fiscal que “a TIPI não apresenta elementos que permitam identificar com precisão o que é um ônibus, cabe utilizarse do sentido da palavra na língua portuguesa e na sua utilização merceológica. Assim, vans não são sinônimo de ônibus (...)”. A classificação prescrita pela COANA no ADE nº 023/2014 (8702.10.00 Ex 02), referese a ‘Veículos automóveis para transporte de dez pessoas ou mais, incluindo o motorista Ex 02 Com volume interno de habitáculo, destinado a passageiros e motorista, igual ou superior a 9 m³. Portanto o fato de um veículo se enquadrar nessa classificação não significa que ele é um ônibus. De fato, nessa classificação se enquadram tanto as vans (quer sejam merceologicamente denominadas microônibus ou não) quanto os ônibus. No caso em tela, o próprio ADE identificou as vans como sendo microônibus (de teto alto ou teto baixo) e não como ônibus”. Quanto às vans destinadas ao transporte de cargas (furgões), pickup e utilitários, também comungo do entendimento da autoridade fiscal, que a requerente não consegue infirmar, de que “a diferenciação entre caminhões e furgões/pickup/utilitários é expressa na Nomenclatura. Todos desdobramentos da subposição 8704.21 (Veículos para transporte de carga, com carga máxima não superior a 5 toneladas) apresentam um EX01 para “Camionetas, furgões, pickups e semelhantes”. As NESH da posição 8704 discriminam dois tipos de veículos ali classificáveis: os caminhões e os chamados “veículos polivalentes” e dá, como exemplo destes veículos, justamente os furgões, as pickup e certos veículos utilitários esportivos – o que evidencia a diferenciação, para fins do SH, entre estes veículos polivalentes e os caminhões. Para fins de Nomenclatura do SH, os veículos SUV, que têm função mista (transporte de passageiros e maior capacidade de carga), devem ser considerados mistos. A conclusão acima não resta prejudicada nas hipóteses em que a SUV tenha características de “light truck” quando atendidas as condições da NESH da Posição 8703. Verificase na imagem Fl. 1355DF CARF MF Processo nº 11065.722023/201525 Resolução nº 3402001.253 S3C4T2 Fl. 1.356 6 abaixo, capturada no site da Pirelli, que o Pneu Scorpion ATR é usado em SUV. Resta claro que o Hummer é um veículo misto, pois tem uma maior capacidade de carga (daí porque requer a utilização de pneus mais resistentes), mas mantém relevante função de transporte de passageiros, o que resta evidenciado pelo claro conforto e sofisticação que o veículo apresenta. Os pneus objeto da fiscalização foram certificados na Categoria 3, o que vem apenas reforçar que não se tratam de pneumáticos usados por ônibus e caminhões, que devem ser certificados em Categoria distinta. Cientificada em 06/07/2016, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 05/08/2016, mediante o qual requereu a juntada de Laudo Técnico e repisou os argumentos da impugnação e acrescentou outros, sob os seguintes tópicos: IV. PRELIMINARMENTE: IV.1 – NULIDADE DA R. DECISÃO RECORRIDA – CONVALIDAÇÃO DA PRECARIEDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO IV.2 – NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA – INDEFERIMENTO IMOTIVADO DA PROVA PERICIAL V. DAS RAZÕES PARA REFORMA DA R. DECISÃO RECORRIDA V.1 – AS REGRAS GERAIS PARA A CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE PRODUTOS (INCLUSIVE PARA FINS DE INCIDÊNCIA DO IPI) V.2 – OS PNEUS OBJETO DA AUTUAÇÃO FISCAL – CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS V.3 – A CLASSIFICAÇÃO FISCAL DOS PNEUS V.4 – NECESSIDADE DE CANCELAMENTO DA AUTUAÇÃO PELA IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO DE LANÇAMENTO APÓS O DESPACHO ADUANEIRO DOS PNEUS IMPORTADOS V.5 – ILEGITIMIDADE DA COBRANÇA DE IPI NA SAÍDA DE PRODUTOS OBJETO DE IMPORTAÇÃO (JURISPRUDÊNCIA DO STJ) V.6 – ILEGITIMIDADE DA COBRANÇA DE JUROS E DE MULTA (ARTIGO 100 CTN) V.7 – ILEGITIMIDADE DA INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA É o relatório. Resolução Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Após a leitura do voto da I. Conselheira Relatora no sentido de dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, ousei em divergir por entender necessária a juntada aos presentes autos de informações quanto a Solução de Consulta n.º 348/1997. A referida solução de consulta foi mencionada pela Relatora no excelente voto por ela elaborado e lido em sessão. Contudo, a sua aplicabilidade ao presente Auto de Infração não ficou clara, razão pela qual propus, com todo respeito ao entendimento da I. Relatora, a conversão do presente julgamento em diligência nos seguintes termos, desenvolvidos no sentido em que fui acompanhada pela maioria do Colegiado em sessão. Fl. 1356DF CARF MF Processo nº 11065.722023/201525 Resolução nº 3402001.253 S3C4T2 Fl. 1.357 7 Atentandose para o Auto de Infração lavrado, observase que em nenhum momento a fiscalização faz menção a existência da Solução de Consulta n.º 348/1997 que, segundo informado pela Recorrente, teria sido por ela formulada. Com efeito, a fiscalização apenas afirma que os pneus destinados a vans, utilitários, pickups, SUV e veículos de passeio não poderiam ser enquadrados na subposição 4011.20.90, utilizada pela Recorrente, por ser uma classificação fiscal exclusiva dos pneus destinados a ônibus e caminhões. Vejamos os termos constantes do Relatório da Ação Fiscal: "Como se viu, o texto da subposição é elemento essencial da classificação. No caso em tela, a subposição 4011.20 (cujo desdobramento 4011.20.90 foi utilizado pelo contribuinte na classificação dos pneus ora em análise) é exclusiva dos pneus destinados a ônibus e caminhões. A própria resposta do contribuinte, bem como informações referidas nas páginas da Internet da fiscalizada e de seus revendedores indicam serem destinados a vans, utilitários, pickups, SUV e veículos de passeio, portanto não se destinam a ônibus e caminhões. Ainda em sua página na Internet, o contribuinte relaciona os pneus destinados a ônibus e caminhões. Tal relação não inclui nenhum dos modelos indicados no Anexo I do Termo de Início de Fiscalização que corresponde ao Anexo I deste Relatório. " (efl. 535 grifei) Contudo, na referida Solução de Consulta n.º 348/1997, que teria sido formulada pela Recorrente, foi assegurada a utilização da exata classificação fiscal 4011.20.90 para pneus usados em caminhões leves, microônibus, caminhonetas e utilitários. Vejamos os termos de trecho da consulta trazido em nota de rodapé pela I. Relatora em seu voto, que suscitou minha dúvida em sessão: "ASSUNTO: Classificação de Mercadorias EMENTA: CÓDIGO TIPI: Mercadoria 4011.20.90 Pneumáticos novos de borracha, do tipo radial ou convencional, medindo 7,00 16 (10 lonas), 7,50 16 (10 ou 12 lonas), 7,00 R16 (12 lonas) e 7,50 R16 (10 ou 12 lonas), usados com "flap", destinados a emprego em caminhões leves, microônibus, caminhonetas e utilitários, marca "Pirelli". (...) 1. Versa a presente sobre a classificação fiscal na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI do produto a seguir caracterizado pela interessada, renovando consulta anteriormente formalizada sob n.° 10880.031259/95 22, nos termos do disposto no Art. 48, §13, inc. II da Lei 9430/96: Nome vulgar, comercial, científico e técnico: Pneumáticos novos de borracha Marca registrada, modelo, tipo e fabricante: Pirelli; radial ou convencional; a interessada Função principal e secundária: Impulsão de veículos automotivos Aplicação, uso ou emprego: Utilização em caminhões, microônibus, camionetas e utilitários (...) 3. Das informações trazidas ao processo pela interessada, verificase que: A) Pneus objeto da consulta: a) São usados indistintamente em caminhões leves, utilitários, microônibus e camionetas; b) Têm 10 ou 12 lonas c) São usados com ‘flap’" (Trecho transcrito pela decisão recorrida, às efls. 1.2031.204 grifei) Ora, nos termos acima transcritos, observase que a referida Solução de Consulta afasta o fundamento trazido na autuação no sentido de que a NCM 4011.20.90 deve Fl. 1357DF CARF MF Processo nº 11065.722023/201525 Resolução nº 3402001.253 S3C4T2 Fl. 1.358 8 ser utilizada somente para pneus utilizados em ônibus e caminhões, vez que estende a possibilidade de utilização dessa classificação fiscal exatamente para "caminhões leves, utilitários, microônibus e camionetas" que aparentemente, pelo relato fiscal, estão envolvidos na presente autuação, que envolve pneus utilizados em vans, utilitários, pickups, SUV e veículos de passeio. Observase que tanto o auto de infração como a solução de consulta fazem referência ao termo utilitários. Contudo, uma vez que não consta dos autos a íntegra da solução de consulta, não é possível identificar se são pneus com as mesmas características técnicas. Ademais, não é possível identificar se os pneus utilizados em vans, pickups ou mesmo nas SUVs possuiriam as mesmas características de caminhões leves, microônibus ou camionetas. Sob esta perspectiva, observase que nesse momento do julgamento não é possível confirmar se os pneus envolvidos na presente autuação possuiriam as mesmas características e especificidades técnicas daqueles envolvidos na Consulta Fiscal, razão pela qual mostrouse crucial a conversão do presente julgamento em diligência. Importante mencionar que essa análise não foi feita nos presentes autos. Com efeito, a solução de Consulta somente foi enfrentada pela decisão recorrida na qual o julgador afirmou, de forma genérica, que a NCM 4011.20 seria aplicável somente a ônibus e caminhões1. Contudo, se a Recorrente possui (ou possuía) uma Solução de Consulta lhe garantindo o direito de enquadrar pneus utilizados em caminhões leves, utilitários, dentre outros naquela classificação fiscal, deve ser avaliada a extensão dessa Solução de Consulta ao presente caso. Nessa toada, voto por converter o presente julgamento em diligência para que seja verificada a aplicabilidade da Solução de Consulta n.º 348/1997 aos pneus objeto do presente Auto de Infração, para que a autoridade fiscal de origem: (i) anexe aos presentes autos a cópia integral do processo relativo à referida Solução de Consulta; (ii) elaborar relatório fiscal trazendo as informações relevantes relativas à referida Solução de Consulta e a sua relação com o Auto de Infração lavrado. Neste relatório, importante que sejam primeiramente identificadas as informações correspondentes à Solução de Consulta, dentre as quais (ii.1) nome e CNPJ da empresa que formulou a Consulta; (ii.2) conclusão alcançada pela Consulta e as características e especificidades técnicas dos pneus envolvidos na consulta. Neste ponto, é importante que sejam identificadas as características dos pneus para os quais foi autorizada a utilização da NCM 4011.20.90; (ii.3) período de validade da Consulta. Caso a Consulta tenha perdido validade, 1 "217. Ora, sem necessidade de muitas divagações, um pneu efetivamente usado em caminhão – QUE NÃO É O CASO DE NENHUM ANALISADO NOS PRESENTES AUTOS – pode ser enquadrado, sem dúvidas, na subposição 4011.20. 218. Como os pneus tratados nos presentes autos não são usados por caminhões nem por ônibus, aqui é totalmente inaplicável o entendimento da enfocada Decisão. 219. Ainda que assim não fosse, concluirseia que a Decisão em Processo de Consulta produz efeitos, apenas e tãosomente, em relação aos modelos de pneus que ela especificamente tratou. E, como nenhum dos modelos de pneus aqui discutidos, ainda que eventualmente apresentem alguma semelhança com os analisados na supradita consulta, foi especificamente objeto de referida Decisão, esta não tem qualquer efeito nos correntes autos." (efl. 1.204 grifei) Fl. 1358DF CARF MF Processo nº 11065.722023/201525 Resolução nº 3402001.253 S3C4T2 Fl. 1.359 9 informar até qual data a Solução de Consulta vigorou, informando a base normativa vigente à época. Em seguida, necessário que seja realizada a correlação da referida Solução de Consulta com os pneus objeto do Auto de Infração lavrado, informando (ii.4) se a pessoa jurídica que formulou a Consulta é a mesma pessoa jurídica autuada. Gentileza considerar eventuais alterações societárias ocorridas no período; (ii.5) se os pneus envolvidos no Auto de Infração possuem características e especificidades técnicas idênticas daqueles envolvidos na Solução de Consulta. Neste ponto, relacionar a especificidade técnica dos pneus autuados de acordo com as mesmas características utilizadas pela solução de consulta, informando se são do "tipo radial ou convencional" e qual a sua medição, informando se seriam de "7,00 16 (10 lonas), 7,50 16 (10 ou 12 lonas), 7,00 R16 (12 lonas) ou 7,50 R16 (10 ou 12 lonas)" de acordo com as informações que constam da ementa da solução de consulta. Caso os pneus não sejam idênticos, informar as diferenças identificadas que implicariam na não aplicação do resultado da Solução de Consulta aos pneus objeto do Auto de Infração; e (ii.6) se a Solução de Consulta estava vigente à época dos fatos geradores objeto da autuação (anos de 2011 e 2012) Antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias do resultado da diligência. É como proponho a presente Resolução. Maysa de Sá Pittondo Deligne Conselheira Fl. 1359DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.912649/2009-83
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Mar 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005
DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO.
A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. Tendo sido o único motivo de indeferimento da compensação e ignorados os seus efeitos pela decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, há de ser acolhida e determinando novo exame da compensação pela Autoridade Fiscal.
Numero da decisão: 3001-000.218
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para retorno dos autos a unidade de origem para apreciar a DCTF retificadora, vencido o conselheiro Cleber Magalhães que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. Tendo sido o único motivo de indeferimento da compensação e ignorados os seus efeitos pela decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, há de ser acolhida e determinando novo exame da compensação pela Autoridade Fiscal.
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POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindose em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. Tendo sido o único motivo de indeferimento da compensação e ignorados os seus efeitos pela decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, há de ser acolhida e determinando novo exame da compensação pela Autoridade Fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para retorno dos autos a unidade de origem para apreciar a DCTF retificadora, vencido o conselheiro Cleber Magalhães que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 91 26 49 /2 00 9- 83 Fl. 297DF CARF MF Processo nº 11065.912649/200983 Acórdão n.º 3001000.218 S3C0T1 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 2ª Turma da DRJ/BHE, que não reconheceu o direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Dos Fatos O Contribuinte, na data de 31/01/2006, transmitiu PER/DCOMP nº 33711.80348.310106.1.3.042657 declarando a compensação de débito de IRPJ (cód.5993) do período de apuração 12/2005 no valor de R$ 11.363,70 e CSLL (cód.2484) do período de apuração 12/2005 no valor de R$ 7.102,31 com crédito de COFINS recolhido a maior que o devido através de DARF na data de 15/12/2005, da competência 11/2005. Do Despacho Decisório A DRF de Novo Hamburgo, em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório (efls.2), pela não homologação da compensação pretendida, em face de inexistência de crédito disponível, pois o valor do DARF discriminado na PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débito declarado para a competência 11/2005. Da Manifestação de Inconformidade Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.3), justificando que ocorreram equívocos no preenchimento da DCTF do período (2º Semestre/2005), sendo retificada por outras DCTFs nas datas de 24/03/2009, 14/09/2009 e 18/09/2009. Demonstrada a existência do crédito e aguarda pela compensação requerida. Do Julgamento de Primeiro Grau Encaminhado os autos à 3ª Turma da DRJ/FOR, esta julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujos fundamentos encontramse sintetizados na ementa assim elabora: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. A homologação da compensação declarada pelo contribuinte está condicionada ao reconhecimento do direito creditório pela autoridade administrativa, o que somente é possível mediante apresentação dos elementos que comprovem a liquidez e certeza do direito alegado. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS DESPACHO DECISÓRIO DE NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. Fl. 298DF CARF MF Processo nº 11065.912649/200983 Acórdão n.º 3001000.218 S3C0T1 Fl. 4 3 Para que se atribua eficácia às informações contidas em DCTF retificadora, apresentada após a ciência do despacho decisório que não homologou a compensação, é necessário que esteja lastreada com documentos hábeis e idôneos, comprovando o equívoco cometido, uma vez que a retificação, em tal condição, não gera os mesmos efeitos da apresentação espontânea da declaração. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (efls. 39) contra a decisão singular, com o intuito de ver seu pedido atendido. Apresenta razões de direito e aborda em preliminar sobre a finalidade das declarações DACON e DCTF, a segunda sob o comando da IN SRF nº 903, de 30 de setembro de 2008, a qual prevê a possibilidade de apresentação de retificadoras para sanar erros de fato. No mérito entende que é inquestionável o direito à entrega de DCTF retificadora mesmo após o início de procedimento fiscal, ficando comprovado a existência do crédito que comporta a compensação declarada. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A recorrente buscou através de PER/DCOMP nº 33711.80348.310106.1.3.042657, transmitida na data de 31 de janeiro de 2006, a compensação de débito de IRPJ e CSLL no valor de R$ 18.283,18 da competência 12/2005, em razão do recolhimento a maior que o devido na data de 15/12/2005 através de DARF no valor de R$ 25.182,39 de COFINS, da competência 11/2005. Contudo, ao tomar conhecimento do Despacho Decisório desfavorável ao seu pedido, constatou que havia incorrido em erro quando da transmissão da DCTF para o período referente ao 2º Semestre de 2005. Imediatamente procedeu a transmissão de DCTF retificadora corrigindo o valor da COFINS, de forma a evidenciar o valor pago a maior que o devido, resultando daí o crédito utilizado para a compensação requerida. A DRJ/FOR parte do pressuposto de que a contribuinte perdeu a espontaneidade de retificar suas declarações após a ciência do despacho decisório e para que a declaração retificadora produza seus efeitos jurídicos, deve vir acompanhada de documentos hábeis e idôneos, com aptidão suficiente para a comprovação do equívoco cometido pelo contribuinte. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 11065.912649/200983 Acórdão n.º 3001000.218 S3C0T1 Fl. 5 4 Não há no ordenamento jurídico um elenco específico de provas a ser seguido e carreado aos autos, para atingir o convencimento da autoridade julgadora, quando envolve declarações retificadoras e que lhe assegure a certeza e liquidez do crédito de forma definitiva e irreparável. O primeiro passo dado pela contribuinte foi o de regularizar a divergência apontada entre a DCTF original e a PER/DCOMP, contando para isso com o elemento da DCTF retificadora. Essa declaração retificadora substitui a original em todos os seus termos, conforme disposto na IN RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010, art. 9º. As demais provas que a contribuinte deve dispor para atender a necessária auditoria fiscal de homologação dos débitos declarados dependerá de critérios próprios que o fisco julgar apropriadas. Cito aqui julgado da 3ª Turma da CSRF no acórdão nº 9303005.396, de 25/07/2017, que analisando caso semelhante confirmaram decisão proferida no acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, sendo entendimento daquele colegiado, “em síntese, que a DCTF retificadora, nas hipóteses admitidas por lei, tem os mesmos efeitos da original, podendo ser admitida para comprovação da certeza e liquidez do crédito, ainda que transmitida após a prolação do despacho decisório”. Oportuno destacar, também, parte do voto da Conselheira Relatora Vanessa Marini Cecconello (CSRF – T3), pelos seus comentários e associados ao Parecer Cosit nº 02/2015, nos orienta a dar o devido seguimento nesse julgado, “verbis”: O crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição/compensação não nascem com a apresentação da DCTF retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior. Portanto, a apresentação da DCTF retificadora não é requisito indispensável à homologação da compensação, mas a certeza e liquidez do indébito tributário devem restar comprovadas por outros meios nos autos do processo administrativo. Nesse sentido, é o Parecer Cosit nº 02/2015, de 28 de agosto de 2015, cuja ementa se deu nos seguintes termos: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento Fl. 300DF CARF MF Processo nº 11065.912649/200983 Acórdão n.º 3001000.218 S3C0T1 Fl. 6 5 inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. (...) Vêse que a administração tributária em questão normativa, preocupada com o assunto, já havia se posicionado sobre o tema que diz respeito à possibilidade de ocorrer DCTF retificadora para demonstrar a existência de crédito passível de compensação. Como antes dito, a liquidez e certeza do crédito tributário não se encerra com a simples DCTF retificadora, há outros indicativos a serem seguidos, sendo, por exemplo, os livros contábeis, que de acordo com as razões recursais foi um dos parâmetros utilizados para atestar o erro de declaração cometido. Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário, é cabível oportunizar à Recorrente uma melhor análise pela unidade de origem quanto ao crédito pleiteado. Ademais, não pode o CARF suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, pois à luz do art. 10 da IN RFB nº 903/2008: "Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna". De se observar que procedimento algum fora realizado em relação à apuração dos valores da compensação, sejam débitos ou créditos. Não podem as autoridades administrativas omitirse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com as provas disponibilizadas pela recorrente ou requerendo outras que entender pertinente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 301DF CARF MF Processo nº 11065.912649/200983 Acórdão n.º 3001000.218 S3C0T1 Fl. 7 6 Fl. 302DF CARF MF
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Numero do processo: 19311.000307/2010-13
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
MULTA. RETROATIVIDADE BENÉFICA. APLICAÇÃO
Quando da aplicação, simultânea, em procedimento de ofício, da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, da Lei no. 8.212, de 1991, que se refere à apresentação de declaração inexata em GFIP, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido, prevista no art. 35, II da mesma Lei, deve-se cotejar, para fins de aplicação do instituto da retroatividade benéfica, a soma das duas sanções eventualmente aplicadas quando do lançamento, em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1996, que se destina a punir ambas as infrações já referidas, e que se tornou aplicável no contexto da arrecadação das contribuições previdenciárias desde a edição da Medida Provisória no. 449, de 2008. Assim, estabelece-se como limitador para a soma das multas aplicadas através de procedimento de ofício o percentual de 75%.
Numero da decisão: 9202-006.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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RETROATIVIDADE BENÉFICA. APLICAÇÃO Quando da aplicação, simultânea, em procedimento de ofício, da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, da Lei no. 8.212, de 1991, que se refere à apresentação de declaração inexata em GFIP, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido, prevista no art. 35, II da mesma Lei, devese cotejar, para fins de aplicação do instituto da retroatividade benéfica, a soma das duas sanções eventualmente aplicadas quando do lançamento, em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1996, que se destina a punir ambas as infrações já referidas, e que se tornou aplicável no contexto da arrecadação das contribuições previdenciárias desde a edição da Medida Provisória no. 449, de 2008. Assim, estabelecese como limitador para a soma das multas aplicadas através de procedimento de ofício o percentual de 75%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 00 03 07 /2 01 0- 13 Fl. 197DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 198 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Em sessão plenária de 09 de outubro de 2014, a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, julgou Recurso Voluntário proferindo a decisão consubstanciada no Acórdão nº 2402004.360. A decisão recorrida deu provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte, nos seguintes termos: MULTA DE MORA. Aplicase aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449 e declarados em GFIP o artigo 106, inciso II, alínea "c" do CTN para que as multas de mora sejam adequadas às regras do artigo 61 da Lei nº 9.430/96. No caso da falta de declaração, a multa aplicável é a prevista no artigo 35 da Lei nº 8.212, de 24/07/91 limitada a 75%, nos percentuais vigentes à época de ocorrência dos fatos geradores. Na origem, a autuação por descumprimento de obrigação principal, Auto de Infração nº 37.266.3796, consistente em contribuições previdenciárias pagamentos a título de participação nos lucros ou resultados Assevera que há nítida divergência entre o acórdão recorrido e o Acórdão 230100283 e nº Acórdão 240100120, considerados aptos para embasar a divergência. Intimado o contribuinte apresentou contrarrazões, onde pugna pela não admissibilidade do Recurso da Fazenda Nacional, caso superada esta questão a manutenção do a quo. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, entendo, apesar das questões suscitadas pelo contribuinte que recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Em especial, porque tratamse de paradigmas genéricos sobre retroatividade benigna. Quanto à retroatividade benigna. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 199 3 Já quanto ao mérito, este colegiado tem se debruçado frequentemente e o entendimento tem sido unânime, motivo pelo qual, trago a colação o constante do Acórdão 9202006.247, da lavra do ilustre colega Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior: Sob análise a Lei no. 8.212, de 1991, cujos dispositivos de interesse aplicáveis à análise do recurso, são abaixo reproduzidos, abrangendose as redações anterior e posterior à edição da Medida Provisória no. 449, de 2008: Lei 8.212, de 1991 (Antes da edição da MP 449/08) Lei 8.212, de 1991 (Após a edição da MP 449/08) Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (...) § 1º O Poder Executivo poderá estabelecer critérios diferenciados de periodicidade, de formalização ou de dispensa de apresentação do documento a que se refere o inciso IV, para segmentos de empresas ou situações específicas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 2º As informações constantes do documento de que trata o inciso IV, servirão como base de cálculo das contribuições devidas ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, bem como comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 3º O regulamento disporá sobre local, data e forma de entrega do documento previsto no inciso IV. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela MP nº 449, de 2008). (...) § 1o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o A declaração de que trata o inciso IV constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 3o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §4o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §5o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §6o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §7o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §8o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Fl. 199DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 200 4 sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 6º A apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa de cinco por cento do valor mínimo previsto no art. 92, por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas, limitadas aos valores previstos no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 7º A multa de que trata o § 4º sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de § 9o A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV ainda que não ocorram fatos geradores de contribuição previdenciária, aplicando se, quando couber, a penalidade prevista no art. 32A. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV impede a expedição da certidão de prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3o; e (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o Observado o disposto no § 3o, as multas serão reduzidas: (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008.: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou: (incluído pela Medida Provisória nº 449, Fl. 200DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 201 5 10.12.97). § 8º O valor mínimo a que se refere o § 4º será o vigente na data da lavratura do auto de infração. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 9º A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV, mesmo quando não ocorrerem fatos geradores de contribuição previdenciária, sob pena da multa prevista no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV é condição impeditiva para expedição da prova de inexistência de débito para com o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 11. Os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa durante dez anos, à disposição da fiscalização. (Parágrafo renumerado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (...) Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da de 2008). II a setenta e cinco por cento, se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 1996. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). d) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). III – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Fl. 201DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 202 6 obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). d) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 1o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 3o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 4o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Fl. 202DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 203 7 § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo. § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Notese permanecer em litígio, no caso sob análise, somente o recálculo mais benéfico de multa perpretado pela autoridade julgadora recorrida, que optou por aplicar a multa de mora nos termos do artigo 32A da Lei 8.212, de 1991. Com a devida vênia ao entendimento esposado no recorrido, entendo, a propósito, que, em verdade, o art. 35, da Lei no. 8.212, de 1991, regrava, anteriormente à sua alteração promovida pela MP no. 449, de 2008, duas multas de natureza diferenciada, a saber: a) em seu inciso I, o dispositivo regulamentava a aplicação de multa de natureza moratória, decorrente do recolhimento espontâneo efetuado pelo contribuinte a destempo, sem qualquer procedimento de ofício da autoridade tributária e mantida aqui a espontaneidade do contribuinte; b) em seu inciso II, o referido art. 35 estabelecia a aplicação de multa para o caso de lavratura de Notificação de Lançamento pela autoridade fiscalizadora, neste caso se tratando, aqui, de multa de ofício. Ainda, de se notar a possibilidade de aplicação, já anteriormente à edição da MP no. 449, de outras espécies de multa (também de ofício), quando da constatação, também em sede de ação fiscal, de descumprimento das obrigações acessórias, na forma preconizada pelos §§4o. e 5o. do art. 32 da Lei no. 8.212, de 1991, convertendose, nesta hipótese, a obrigação acessória em principal. Fl. 203DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 204 8 Cediço em meu entendimento que, o que se passou a ter agora, a partir do advento da MP no. 449, de 2008, foi a existência de um dispositivo único a regrar a aplicação das multas aplicáveis em sede de ação fiscal, abrangendo a constatação, através de procedimento de ofício, tanto de falta de pagamento como a de falta de declaração (ou de declaração a menor) em GFIP de fatos geradores ocorridos/contribuições devidas, a saber, o art. 35A daquela mesma Lei no. 8.212, de 1991, acrescentado pela referida MP. Este também é o entendimento majoritário esposado por esta Câmara Superior, conforme excertos dos seguintes votos constantes dos Acórdãos CSRF 9.202 003.070 e 9.202003.386, os quais se adotam, aqui, como razões de decidir. Acórdão 9.202003.070 – Voto do Conselheiro Marcelo Oliveira “ (...) Portanto, pela determinação do CTN, acima, a administração pública deve verificar. nos lançamentos não definitivamente julgados, se a penalidade determinada na nova legislação é menos severa que a prevista na lei vigente no momento do lançamento. Só não posso concordar com a análise feita, que leva à comparação de penalidades distintas: multa de ofício e multa de mora. (...) Ocorre que o acórdão recorrido comparou, para a aplicação do Art. 106 do CTN, penalidade de multa aplicada em lançamento de ofício (grifos no original), com penalidade aplicada quando o sujeito passivo está em mora, sem a existência do lançamento de ofício, e decide, espontaneamente, realizar o pagamento. Para tanto, na defesa dessa tese, há o argumento que a antiga redação utilizava o termo multa de mora (grifos no original). Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora (grifos no original), que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento (grifos no original): (...) II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (grifos no original): Esclarecemos aqui que a multa de lançamento de ofício (grifos no original), como decorre do próprio termo, pressupõe a Fl. 204DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 205 9 atividade da autoridade administrativa que, diante da constatação de descumprimento da lei, pelo contribuinte, apura a infração e lhe aplica as cominações legais. Em direito tributário, cuidase da obrigação principal e da obrigação acessória, consoante art. 113 do CTN. A obrigação principal é obrigação de dar. De entregar dinheiro ao Estado por ter ocorrido o fato gerador do pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. A obrigação acessória é obrigação de fazer ou obrigação de não fazer. A legislação tributária estabelece para o contribuinte certas obrigações de fazer alguma coisa (escriturar livros, emitir documentos fiscais etc.): são as prestações positivas de que fala o §2º do art. 113 do CTN. Exige também, em certas situações, que o contribuinte se abstenha de produzir determinados atos (causar embaraço à fiscalização, por exemplo): são as prestações negativas, mencionadas neste mesmo dispositivo legal. O descumprimento de obrigação principal gera para o Fisco o direito de constituir o crédito tributário correspondente, mediante lançamento de ofício (grifos no original). É também fato gerador da cominação de penalidade pecuniária, leiase multa, sanção decorrente de tal descumprimento. O descumprimento de obrigação acessória gera para o Fisco o direito de aplicar multa, igualmente por meio de lançamento de ofício (grifos no original). Na locução do §3º do art. 113 do CTN, este descumprimento de obrigação acessória, isto é, de obrigação de fazer ou não fazer, convertea em obrigação principal, ou seja, obrigação de dar. Já a multa de mora não pressupõe a atividade da autoridade administrativa, não tem caráter punitivo e a sua finalidade primordial é desestimular o cumprimento da obrigação fora de prazo. Ela é devida quando o contribuinte estiver recolhendo espontaneamente um débito vencido. Essa multa nunca incide sobre as multas de lançamento de ofício (grifos no original) e nem sobre as multas por atraso na entrega de declarações. Portanto, para a correta aplicação do Art. 106 do CTN, que trata de retroatividade benigna, o Relator deveria ter comparado a penalidade determinada pelo II, Art. 35 da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (grifos no original)), antiga redação, com a penalidade determinada atualmente pelo Art. 35A da Lei 8.212/1991 (nos casos de lançamento de ofício (grifos no original)). Conseqüentemente, divirjo do acórdão recorrido, pelas razões expostas. (...)” Fl. 205DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 206 10 Acórdão 9.202003.386 – Voto do Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos "(...) Verifico, assim, que, ainda que a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, tenha utilizado apenas a expressão “multa de mora”, independentemente da denominação que tenha se dado à penalidade, não resta dúvida de que estavam ali descritas duas diferentes espécies de multas: a) as multas de mora e b) as multas de ofício. As primeiras eram cobradas com o tributo recolhido espontaneamente. As últimas, cobradas nos lançamentos de ofício e através de notificação fiscal de lançamento de débito, ou, posteriormente, após a fusão entre a SRP e RFB, através de auto de infração (lançamento de obrigação principal) e auto de infração (no caso de obrigação acessória convertida em obrigação principal através de lavratura de AI pelo seu descumprimento), ambas por força de ação fiscal, tal como ocorria com os demais tributos federais. Ainda, quanto às multas de ofício, estas duas situações supra elencadas se encontravam, respectivamente, regradas na forma dos antigos arts. 35, II (multa referente à obrigação principal constituída através de NFLD ou AI) e 32, IV, §4o. ou §5o. (ambos referindose à obrigação acessória convertida em obrigação principal através de lavratura de AI pelo seu descumprimento), ambos da Lei nº 8.212, de 1991, sendo que, com a alteração legislativa propugnada no referido diploma, passaram a estar regradas conjuntamente na forma de seu art. 35A. Assim, entendo que a penalidade a ser aplicada não pode ser aquela mais benéfica a ser obtida pela comparação da antiga “multa de mora” estabelecida pela anterior redação do art. 35, inciso II, da Lei nº 8.212, de 1991, com a do art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, agora referida pela nova redação dada ao mesmo art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, pela Lei nº 11.941, de 2009 e que, notese, pressupõe a espontaneidade, inaplicável à situação fática em tela. A propósito, entendo que, para fins de aplicação da retroatividade benéfica, se deva comparar àquela antiga multa regrada na forma da anterior redação do art. 35, inciso II, da Lei nº 8.212, de 1991 (repetindose, indevidamente denominada como “multa de mora”, nos casos de lançamento por força de ação fiscal), quando somada à multa aplicada no âmbito dos AIs conexos, lavrados de ofício por descumprimento de obrigação acessória (na forma da anterior redação do art. 32, inciso IV, §4o ou 5o da Lei nº 8.212, de 1991), a multa estabelecida pelo art. 44, da mesma Lei nº 9.430, de 1996, e atualmente aplicável quando dos lançamentos de ofício,consoante disposto no art. 35 A, da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 19311.000307/201013 Acórdão n.º 9202006.540 CSRFT2 Fl. 207 11 Assim, aplicandose o entendimento aqui adotado agora ao caso sob análise, entendo que se deva manter a cobrança das penalidades lançadas no presente auto de obrigação acessória, bem como aquelas aplicadas no âmbito do auto de obrigação principal vinculado, limitado o somatório de ambas ao patamar estabelecido pelo art. 44 da Lei no. 9.430, de 1996 (75%), na forma propugnada pela Fazenda Nacional. O percentual de 75% (quando da inexistência de agravamento ou qualificação de multa) é o limite atual para sanções pecuniárias, decorrente de lançamento de ofício, quando de falta de declaração ou de declaração inexata, conforme previsto no art. 44, I da mesma Lei nº 9.430, de 1996, e referenciado no art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991, aplicável aqui a retroatividade da norma, caso benéfica, em plena consonância, inclusive, com a sistemática estabelecida pelo art. 476A da Instrução Normativa RFB no. 971, de 2009, acrescido pela Instrução Normativa RFB no. 1.027, de 22 de abril de 2010, sistemática esta também expressa na Portaria Conjunta PGFN/RFB no. 14, de 2009. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, de forma a que se aplique a retroatividade benéfica em consonância com a sistemática estabelecida pelo art. 476A da Instrução Normativa RFB no. 971, de 2009, acrescido pela Instrução Normativa RFB no. 1.027, de 22 de abril de 2010, sistemática esta também expressa na Portaria Conjunta PGFN/RFB no. 14, de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 207DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10950.900946/2011-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS PROBATÓRIO DO INTERESSADO.
Recai sobre o contribuinte o ônus probatório quanto à certeza e liquidez do direito creditório pleiteado.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.071
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza que convertia o julgamento em diligência para apuração da base de cálculo devida.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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PIS/COFINS Recorrente FERMENTOS BRASIL ESPANHA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS PROBATÓRIO DO INTERESSADO. Recai sobre o contribuinte o ônus probatório quanto à certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Sarah Maria L. de A. Paes de Souza que convertia o julgamento em diligência para apuração da base de cálculo devida. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 90 09 46 /2 01 1- 53 Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10950.900946/201153 Acórdão n.º 3302005.071 S3C3T2 Fl. 3 2 Trata o presente processo de PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação), cujo crédito provém de pagamento indevido ou a maior de Contribuição para o PIS/Pasep. De acordo com o Despacho Decisório emitido pela unidade de origem, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando que, após profícuo e extenuante estudo, constatou que desde o advento da Lei 10.925, de 23 de Julho de 2004, estava recolhendo PIS e COFINS em desacordo com o citado diploma legal, haja visto que a peticionária comercializa, dentre outros, o produto popularmente conhecido como "fermento lático" cuja classificação no código NCM é 3002.90.99, código este contemplado pela referida lei através do seu Art º com alíquota 0 para PIS e COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta de vendas no mercado interno. Afirma ainda que após ser cientificada do DD, tentou retificar a DCTF sem êxito, haja vista o prazo já ter expirado. O contribuinte apresentou Solução de Consulta sobre classificação de mercadorias e notas fiscais (amostragem), requerendo a reavaliação do Despacho Decisório. Na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão nº 02052.043. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa, após ser cientificada, apresentou Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.066, de 30 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10950.900108/201180, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.066): "PRELIMINARES Dos requisitos de admissibilidade Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10950.900946/201153 Acórdão n.º 3302005.071 S3C3T2 Fl. 4 3 O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Do pedido para juntada posterior de provas Protesta o Recorrente pela posterior juntada de novos documentos e provas que se fizerem necessárias ao deslinde do feito. Esclareçase que a juntada posterior ao momento impugnatório, de provas ao processo somente encontra amparo se comprovadas às condições impostas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, abaixo transcrito: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Observase no entanto, que não demonstrou o recorrente abrigarse na norma excepcional acima destacada. MÉRITO Da inexistência probatória Tendo em vista que a questão dos autos diz respeito ao instituto da compensação, forma de extinção do crédito tributário, prevista no art. 156 do CTN, e disciplinada no art. 170 do referido diploma legal, há exigências fundamentais para que possa ser operacionalizada a compensação, no âmbito do Direito Tributário, sendo as principais: (1) a necessidade de lei que autorize a compensação; e (2) que os créditos de titularidade do sujeito passivo sejam líquidos e certos. Dizse assim que um crédito é certo quando não há dúvida relativa à sua existência e é líquido quando é conhecido seu exato valor, ou seja, a certeza diz respeito à existência do crédito e a liquidez diz respeito ao montante. Sendo líquido e certo o crédito do particular e existindo lei que preveja a compensação, procederseá ao encontro das dívidas. Nesse mister, a compensação está disciplinada nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Assim, no caso em apreço, quanto à questão meritória, destaca o recorrente que desde o advento da Lei nº 10.925, de 23 de Julho de 2004, estava recolhendo PIS e COFINS em desacordo com o citado diploma legal, haja vista que comercializa, dentre outros, o produto popularmente conhecido como "fermento lático" cuja classificação no código NCM é 3002.90.99, código contemplado pela referida lei com alíquota zero para PIS e COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta de vendas no mercado interno. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10950.900946/201153 Acórdão n.º 3302005.071 S3C3T2 Fl. 5 4 Em se tratando de direito creditório pleiteado é importante demonstrar em breve abordagem a questão do ônus probatório. Utilizandose subsidiariamente as regras do Código de Processo Civil, vigente à época da apresentação da manifestação de inconformidade, verifica se: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados aprovarlhe as alegações. Disciplina o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, em seu art. 9º que [a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito]. Já o art. 16, III, do citado diploma legal estabelece que a impugnação mencionará [os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir]. Observese que a premissa para verificar a origem do crédito, que é a constatação do indébito, inexiste no presente caso, visto que restou demonstrado no citado despacho decisório que o suposto crédito estava totalmente utilizado para quitação de débitos do próprio contribuinte, não restando, assim, crédito disponível para compensação pretendida. Ressaltese que, no presente caso, a regra acima quanto ao ônus probatório, se inverte, cabendo ao requerente de um suposto direito creditório demonstrar ao fisco, os livros e documentos exigidos pela legislação para a comprovação de seu direito. Nesse sentido, o recorrente teve a oportunidade processual, visto que lhe foram assegurados o contraditório e ampla defesa, quando da apresentação da manifestação de inconformidade de apresentar documentos/livros que demonstrem à Administração Tributária o suposto o crédito pleiteado. Com efeito, pela minudência da fundamentação, reproduzo parcialmente excertos da decisão de piso: Se o Darf indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta.(grifei). Assim, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10950.900946/201153 Acórdão n.º 3302005.071 S3C3T2 Fl. 6 5 No caso concreto, o contribuinte declarou em DIPJ e confessou em DCTF o tributo recolhido por meio do Darf apresentado como crédito para a compensação. Transmitiu o PerDcomp (...), mas não efetuou a retificação de suas declarações. Ressaltese que (...) retificou as DCTF (....) contudo sem alterar os valores em discussão. A Solução de Consulta de classificação serve para amparar a classificação da mercadoria ali descrita. As notas fiscais apresentadas, de acordo com o contribuinte, por amostragem comprovam a venda da mercadoria indicada na Solução de Consulta. Entretanto, o valor pleiteado como crédito é igual a 96% do Darf. Significa dizer que o contribuinte , praticamente, só comercializa o produto objeto da Solução de Consulta, informação que não foi prestada nem comprovada na manifestação. As provas apresentadas por amostragem são insuficientes para comprovar os fatos relatados e para conferir certeza e liquidez ao crédito pleiteado.(grifei). Ante o exposto, VOTO POR REJEITAR A PRELIMINAR SUSCITADA E NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar os fatos relatados e conferir certeza e liquidez ao crédito pleiteado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 131DF CARF MF
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Numero do processo: 12466.002432/2006-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Os embargos de declaração são cabíveis quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso concreto, comprovado a existência de omissão na decisão, cabe a admissibilidade dos embargos para a correção do Acórdão.
IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. INAPLICABILIDADE DA MULTA PREVISTA NO ART. 83, I DA LEI 4.502/64.
Ficam sujeitas a pena de perdimento as mercadorias importadas cuja operação foi realizada por meio de interposição fraudulenta, conforme previsto no art. 23, inciso V, do Decreto-Lei 37/66, não sendo aplicável a multa prevista no art. 83, inciso I da Lei 4.502/64..
Embargos Providos
Numero da decisão: 3201-003.437
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos para excluir a multa prevista no art. 83, inciso I da Lei 4.502/64. Fez sustentação oral o patrono Dr. Júlio César Soares, OAB/DF 29.266, escritório Advocacia Dias de Souza.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Marcelo Giovani Vieira.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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OMISSÃO. Os embargos de declaração são cabíveis quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso concreto, comprovado a existência de omissão na decisão, cabe a admissibilidade dos embargos para a correção do Acórdão. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. INAPLICABILIDADE DA MULTA PREVISTA NO ART. 83, I DA LEI 4.502/64. Ficam sujeitas a pena de perdimento as mercadorias importadas cuja operação foi realizada por meio de interposição fraudulenta, conforme previsto no art. 23, inciso V, do DecretoLei 37/66, não sendo aplicável a multa prevista no art. 83, inciso I da Lei 4.502/64.. Embargos Providos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos para excluir a multa prevista no art. 83, inciso I da Lei 4.502/64. Fez sustentação oral o patrono Dr. Júlio César Soares, OAB/DF 29.266, escritório Advocacia Dias de Souza. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 24 32 /2 00 6- 61 Fl. 3606DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Marcelo Giovani Vieira. Relatório Tratase de embargos opostos pelo Contribuinte, em face do Acórdão 3201 002.444, que foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 09/12/2003 a 18/01/2005 VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentarse comprovada no processo. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. Ficam sujeitas a pena de perdimento as mercadorias importadas cuja operação foi realizada por meio de interposição fraudulenta, conforme previsto no art. 23, inciso V, do Decreto Lei nº 1.455/76. IMPOSSIBILIDADE DA APLICAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA NO VALOR DA MERCADORIA. ART. 23, § 3º DO DECRETOLEI Nº 1.455/76. Não sendo possível a aplicação da pena de perdimento, em razão das mercadorias já terem sido dadas a consumo ou por qualquer outro motivo, cabível a aplicação da multa de conversão da pena de perdimento, prevista no art. 23, § 3º, do DecretoLei nº 1.455/76. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE DA MERCADORIA IMPORTADA. ART. 95, INCISO V, DO DL 37/66. Responde pela infração conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importador, nos termos previstos no art. 95, inciso V, do DecretoLei nº 37/66. SUBFATURAMENTO. IMPOSTOS DEVIDOS NA IMPORTAÇÃO. LANÇAMENTO. Fl. 3607DF CARF MF Processo nº 12466.002432/200661 Acórdão n.º 3201003.437 S3C2T1 Fl. 3 3 Incide os impostos devidos na importação sobre as diferenças apuradas entre os preços declarados e os efetivamente praticados, nos termos da legislação tributária vigente com os acréscimos legais devidos. INFRAÇÃO AO CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES. PENALIDADE. APLICAÇÃO. As multas relativas às infrações administrativas ao controle das importações somente podem ser lançadas antes da aplicação da pena de perdimento da mercadoria. Recurso de Ofício e Voluntário Negados Os embargos foram admitidos parcialmente, sendo dado seguimento para a matéria referente a omissão no julgado, no que se refere à discussão trazida no recurso voluntário relativa a inaplicabilidade da multa prevista no art. 83 da Lei nº 4.502/64. Os embargos foram admitidos, nos seguintes termos. Por todo o exposto, entendo que restou caracterizada a omissão apontada pela contribuinte, no Acórdão nº. 3201 002.444, apenas em relação à matéria que trata da inaplicabilidade da multa do art. 83, II da Lei nº. 4.502/64, razão pela qual tenho por preenchidas as condições necessárias à admissibilidade do recurso, apenas nesta parte. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Consultando os autos e o acórdão embargado é possível comprovar a existência da omissão alegada pela Recorrente, a turma não enfrentou a alegação de inaplicabilidade da multa prevista no art. 83, II da Lei nº 4.502/64. A penalidade aplicada pela Fiscalização Aduaneira esta prevista no art. 704 do regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 6.579/2009. In verbis. "Art. 704. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, inciso I; e DecretoLei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª). Fl. 3608DF CARF MF 4 Parágrafo único. A pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto. " Conforme se depreende da leitura do Parágrafo único do artigo, a pena prevista no art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/64 não se aplica quando houver tipificação mais específica. A penalidade prevista no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76 esta prevista no art. 689 do mesmo Regulamento Aduaneiro. "Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei no 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1o, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): I em operação de carga ou já carregada em qualquer veículo, ou dele descarregada ou em descarga, sem ordem, despacho ou licença, por escrito, da autoridade aduaneira, ou sem o cumprimento de outra formalidade essencial estabelecida em texto normativo; II incluída em listas de sobressalentes e de provisões de bordo quando em desacordo, quantitativo ou qualitativo, com as necessidades do serviço, do custeio do veículo e da manutenção de sua tripulação e de seus passageiros; III oculta, a bordo do veículo ou na zona primária, qualquer que seja o processo utilizado; IV existente a bordo do veículo, sem registro em manifesto, em documento de efeito equivalente ou em outras declarações; V nacional ou nacionalizada, em grande quantidade ou de vultoso valor, encontrada na zona de vigilância aduaneira, em circunstâncias que tornem evidente destinarse a exportação clandestina; VI estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; VII nas condições do inciso VI, possuída a qualquer título ou para qualquer fim; VIII estrangeira, que apresente característica essencial falsificada ou adulterada, que impeça ou dificulte sua identificação, ainda que a falsificação ou a adulteração não influa no seu tratamento tributário ou cambial; IX estrangeira, encontrada ao abandono, desacompanhada de prova do pagamento dos tributos aduaneiros; X estrangeira, exposta à venda, depositada ou em circulação comercial no País, se não for feita prova de sua importação regular; XI estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido pagos apenas em parte, mediante artifício doloso; Fl. 3609DF CARF MF Processo nº 12466.002432/200661 Acórdão n.º 3201003.437 S3C2T1 Fl. 4 5 XII estrangeira, chegada ao País com falsa declaração de conteúdo; XIII transferida a terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros e de outros gravames, quando desembaraçada com a isenção referida nos arts. 142, 143, 162, 163 e 187; XIV encontrada em poder de pessoa física ou jurídica não habilitada, tratandose de papel com linha ou marca d'água, inclusive aparas; XV constante de remessa postal internacional com falsa declaração de conteúdo; XVI fracionada em duas ou mais remessas postais ou encomendas aéreas internacionais visando a iludir, no todo ou em parte, o pagamento dos tributos aduaneiros ou quaisquer normas estabelecidas para o controle das importações ou, ainda, a beneficiarse de regime de tributação simplificada (Decreto Lei no 37, de 1966, art. 105, inciso XVI, com a redação dada pelo DecretoLei no 1.804, de 1980, art. 3o); XVII estrangeira, em trânsito no território aduaneiro, quando o veículo terrestre que a conduzir for desviado de sua rota legal, sem motivo justificado; XVIII estrangeira, acondicionada sob fundo falso, ou de qualquer modo oculta; XIX estrangeira, atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde ou à ordem públicas; XX importada ao desamparo de licença de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa, na forma da legislação específica; XXI importada e que for considerada abandonada pelo decurso do prazo de permanência em recinto alfandegado, nas hipóteses referidas no art. 642; e XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida (DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, § 3o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). § 2o A aplicação da multa a que se refere o § 1o não impede a apreensão da mercadoria no caso referido no inciso XX, ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território aduaneiro (DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, § 4o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). Fl. 3610DF CARF MF 6 § 3o Na hipótese prevista no § 1o, após a instauração do processo administrativo para aplicação da multa, será extinto o processo administrativo para apuração da infração capitulada como dano ao Erário (Lei no 10.833, de 2003, art. 73, caput e § 1o). § 3oA. O disposto no inciso VI do caput inclui os casos de falsidade ideológica na fatura comercial. § 4o Considerase falsa declaração de conteúdo, nos termos do inciso XII, aquela constante de documento emitido pelo exportador estrangeiro, ou pelo transportador, anteriormente ao despacho aduaneiro. § 5o Consideramse transferidos a terceiro, para os efeitos do inciso XIII, os bens, inclusive automóveis, objeto de: I transferência de propriedade ou cessão de uso, a qualquer título; II depósito para fins comerciais; ou III exposição para venda ou para qualquer outra modalidade de oferta pública. § 6o Para os efeitos do inciso XXII, presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados (DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, § 2o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). Ao ser comprovada a existência da interposição fraudulenta, o que se caracteriza como dano ao erário previsto no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76 e trazida no art. 689 do Regulamento Aduaneiro, não é aplicável nestes casos a penalidade prevista no art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/64. Diante do exposto voto no sentido de conhecer e acolher os embargos, com efeitos infringentes e alterar a decisão do Acórdão 3201002.444 para afastar a multa prevista no art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/64. Winderley Morais Pereira Fl. 3611DF CARF MF
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