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Numero do processo: 10580.723452/2009-80
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-003.994
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator
EDITADO EM: 20/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 34 52 /2 00 9- 80 Fl. 420DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIV EIRA SANTOS Processo nº 10580.723452/200980 Acórdão n.º 9202003.994 CSRFT2 Fl. 3 2 EDITADO EM: 20/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Do AI até a Decisão Recorrida Trata o presente processo de auto de infração, às efls. 02 a 24 cientificado à contribuinte em 14/07/2009, com relatório fiscal às efls. 41 a 48. As autuações decorreram de débitos correspondentes às contribuições destinadas a outras entidades e fundos (terceiros), incidentes sobre remunerações de segurados, caracterizados como empregados, não declaradas em Guia de recolhimento do FGTS e Informações a Previdência Social – GFIP, segundo o FPAS 566. O AI DEBCAD nº 37.220.2195 foi consolidado em 13/07/2009, e constituiu crédito de tributo no valor de R$ 1.561,26, juros de R$ 811,89, multa de mora de R$ 374,70, montando o total a R$ 2.747,85. Em sua impugnação, às efls. 47 a 71, a instituição, que é uma fundação, mantida com recursos privados, tendo por fim social o apoio a atividades e projetos de pesquisa, ensino, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico da Universidade Federal da Bahia e de outras instituições de ensino superior, contestou o auto de infração. A 7ª Turma da DRJ/SDR considerou improcedente a impugnação, por unanimidade de votos, conforme disposto no acórdão n° 1528.870 de 08/11/2011, às efls. 313 a 327. Inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário, às efls. 331 a 336, no qual alega, em síntese: · falta de suporte fático e jurídico para a autuação, em face da descaracterização do contrato de prestação de serviços realizada pela fiscalização, sendo também a reclamante imune em relação às contribuições patronais; · o AI seria omisso quanto às entidades ou fundos a que se destinariam as contribuições sendo assim inespecífico e por isso violando seu direito à ampla defesa; · foi indeferida a perícia que comprovaria ter ocorrido o recolhimento, apesar de não declarados em GFIP, bem como a relação existente entre a fundação e os prestadores de serviços, sem a qual haveria nulidade do procedimento fiscal. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIV EIRA SANTOS Processo nº 10580.723452/200980 Acórdão n.º 9202003.994 CSRFT2 Fl. 4 3 O recurso voluntário foi apreciado pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento em 19/06/2013, resultando no acórdão 2402003.649, às efls. 339 a 357, que tem a seguinte ementa: CONTRIBUIÇÃO DE TERCEIROS. Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil a arrecadação e fiscalização das contribuições devidas a Terceiros (Entidades e Fundos). CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. A partir de 1º de abril de 2003, a empresa fica obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e recolhêla juntamente com a contribuição a seu cargo. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. A imunidade tributária prevista no art. 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição Federal diz respeito a impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, não abarcando contribuições sociais. ISENÇÃO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. Para ter direito à isenção das contribuições sociais a empresa deve cumprir todos os requisitos previstos na legislação. BOLSA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO. A isenção de contribuições previdenciárias sobre importâncias referentes à bolsa de ensino, pesquisa e extensão, concedida na Lei n.º 8.958, de 1994, não se aplica quando os resultados importem em mera contraprestação de serviços. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. VÍNCULO PREVIDENCIÁRIO. São segurados obrigatórios na qualidade de empregados as pessoas físicas que prestam serviço de natureza urbana a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração. A relação de emprego é emergente dos fatos e não da mera titulação ou procedimento das partes em face da relação jurídica que pretende caracterizar. MULTA DE MORA. Aplicase aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449 e declarados em GFIP o artigo 106, inciso II, alínea "c" do CTN para que as multas de mora sejam adequadas às regras do artigo 61 da Lei nº 9.430/96. No caso da falta de declaração, a multa aplicável é a prevista no artigo 35 da Lei nº 8.212, de 24/07/91, nos percentuais vigentes à época de ocorrência dos fatos geradores. Fl. 422DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIV EIRA SANTOS Processo nº 10580.723452/200980 Acórdão n.º 9202003.994 CSRFT2 Fl. 5 4 INCONSTITUCIONALIDADE. É vedado ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais afastar dispositivo de lei vigente sob fundamento de inconstitucionalidade. Recurso Voluntário Provido em Parte. O acórdão teve o seguinte teor: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para recálculo da multa de obrigação principal nos termos do artigo 35 da Lei n° 8.212/91 vigente à época dos fatos geradores, observado o limite de 75%. RE da Fazenda Irresignada, em 31/08/2013, a Procuradoria da Fazenda interpôs recurso especial de divergência RE, às efls. 358 a 369. Indica como paradigmas para divergência os acórdãos: nº 2401002.453 da 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, e nº 920202.086 da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. A divergência foi assim exposta (efl. 365): “De fato, para a Turma recorrida, a comparação deve ser feita separadamente. Primeiro, entre a multa por descumprimento de obrigação acessória prevista no art. 32, IV, da norma revogada, com o novo art. 32A da Lei n. 8.212/91. Depois, no que toca à multa por descumprimento de obrigação principal, aplicarse o disposto no art. 35, revogado, por ser essa a regra vigente na data da ocorrência do fato gerador, limitada ao percentual de 75%. Portanto, para v. acórdão recorrido o art. 35A deve ser sempre ignorado na comparação entre as multas. Diversamente, os paradigmas defendem que, para aferição da penalidade mais benéfica ao contribuinte, o procedimento correto consiste em somar as multas das obrigações principal e acessória (art. 35, II e art. 32, IV da norma revogada), referentes à sistemática antiga, e comparar o resultado com a multa atual (art. 35A da Lei nº 8.212/91, introduzida pela MP nº 449/2008), em conformidade com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/10/2010. O então Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento proferiu o despacho nº 24001058/2013, às efls. 370 a373, em 01/10/2013, pelo qual deu seguimento ao RE. A contribuinte recebeu intimação (efl. 376) para ciência do acórdão do recurso voluntário, e do RE da Fazenda em 05/08/2014 (efl. 410), sem que se manifestasse sobre ambos nos prazos regimentais. É o relatório. Fl. 423DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIV EIRA SANTOS Processo nº 10580.723452/200980 Acórdão n.º 9202003.994 CSRFT2 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade e, por isso dele conheço no tocante a matéria que envolve as multas aplicadas. Tratase de Auto de Infração por descumprimento de obrigação principal, contudo, as contribuições exigidas são devidas a outras entidades e fundos: Salário Educação, INCRA, SESC e SEBRAE. Diferentemente de outros Autos de Infração, do mesmo procedimento fiscal e período de autuação, nos quais estão lançadas contribuições previdenciárias, este Auto de Infração não se vincularia a nenhum por descumprimento de obrigação acessória. Feitos os esclarecimentos acima, podemos analisar a lide propriamente dita. Pois bem, na decisão recorrida, foi determinada a aplicação da multa do artigo 61 da Lei nº 9.430, de 1996, comparandoa com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei nº 8.212, de 1991, aplicandose a mais benéfica à contribuinte. Ou seja, na prática, estabelecendo um teto de 20% àquela penalidade. Entretanto, discordo desse posicionamento. Cumpre observar que o entendimento desta CSRF é no sentido de que, embora a antiga redação supra dos artigos 32 e 35 da Lei nº 8.212, de 1991, não contivesse a expressão “lançamento de ofício”, uma vez que tais penalidades fossem exigidas, respectivamente, por meio de Auto de Infração e de NFLD, não haveria dúvidas acerca de sua natureza material de multas de ofício. Por isso, a comparação cabível não é do art. 35 (multa “de mora” de 24%) na antiga redação, com o artigo 35 (multa de mora de 20%) em sua atual redação, dada pela MP n° 449/2008 (remetendo ao art. 61 da Lei n° 9.430/1996), mas daquele com o novo art. 35A (multa de ofício de 75%, por vínculo ao art. 44, I, da Lei n° 9.430/1996), inserido pelo mesmo dispositivo. Assim, no lançamento desse processo se está a exigir as contribuições a terceiros, não pagas, com multa de ofício. Nesse sentido, sem dúvida que a norma sancionadora aplicada na data do lançamento foi correta e menos gravosa, a exigência da multa do art. 35, incisos I, II e III, com as redações dadas pela Lei n° 9.876/99, que tinha natureza de multa de ofício e, naquele momento, era de 24% dos tributos devidos. Em face de não estar mais vigente a referida norma, até a data da liquidação dos valores neste processo exigidos, a penalidade incidente não deverá ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/1996 naquele artigo referido, já vigente à época da autuação, sendo isso matéria de liquidação, não de lançamento. Fl. 424DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIV EIRA SANTOS Processo nº 10580.723452/200980 Acórdão n.º 9202003.994 CSRFT2 Fl. 7 6 Esclareçase que o procedimento requisitado pela Fazenda Nacional neste Recurso Especial, com a aplicação da IN RFB nº 1.027 de 22/04/2010, resulta igualmente no que se pretende acima realizar, atendendo à norma de penalização mais benéfica ao contribuinte em se tratando de multa de ofício, uma vez que não há valor de multa por descumprimento de obrigação acessória neste caso. Conclusão Dessarte, voto no sentido de conhecer do recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, dandolhe provimento para que seja mantida a multa conforme calculada no lançamento, porém limitada ao percentual máximo disposto no artigo 35A da Lei nº 8.212/1991. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 425DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIV EIRA SANTOS Processo nº 10580.723452/200980 Acórdão n.º 9202003.994 CSRFT2 Fl. 8 7 Fl. 426DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIV EIRA SANTOS
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Numero do processo: 10166.729441/2013-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2402-000.550
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Marcelo Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, Marcelo Malagoli da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, Marcelo Malagoli da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Lourenço Ferreira do Prado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 29 44 1/ 20 13 -8 1 Fl. 5038DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.039 2 RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), fls. 04878 1, que julgou impugnação procedente em parte, nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 ATIVIDADE RURAL Considerase resultado da atividade rural a diferença entre o valor da receita bruta recebida e o das despesas pagas no anocalendário. DEPÓSITOS BANCÁRIOS Caracterizase omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE OPERAÇÃO DE MÚTUO / EMPRÉSTIMO. COMPROVAÇÃO. A alegação da existência de operação de mútuo/empréstimo deve vir acompanhada de provas inequívocas da efetiva ocorrência da operação, mediante a apresentação de documentos hábeis e idôneos, sendo insuficientes, para opor a terceiros a simples apresentação de instrumentos particulares assinado pelas partes. MULTA QUALIFICADA. A multa de ofício de 150% é aplicável nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Acórdão Acordam os membros da 5ª Turma de Julgamento, por maioria de votos, em julgar procedente em parte a impugnação, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Segundo a fiscalização, em síntese, de acordo com o Termo de Verificação Fiscal (TVF), fls. 014, como muito bem relata a decisão recorrida, os motivos para o lançamento são: O lançamento originouse na constatação de omissão de rendimentos provenientes de atividade rural, glosa de despesas da atividade rural e omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Da análise do livro caixa da atividade rural do anocalendário de 2008, apresentado pelo contribuinte, verificouse que ele informou, 1 Numeração conforme processo eletrônico. Fl. 5039DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.040 3 incorretamente, empréstimos recebidos como receita da atividade rural e os pagamentos desses empréstimos como despesas dessa atividade. Considerando essas informações, foi elaborada a planilha constante do TVF (folha 90), onde foram discriminadas as receitas excluídas (empréstimos obtidos) e as glosas das despesas (pagamento dos empréstimos e juros). Dessa forma, foi acrescentado ao resultado da atividade rural (apenas relativo a essa infração) o montante de R$ 2.007.707,00 referente à diferença entre as despesas glosadas e as receitas excluídas (R$ 11.414.775,00 – R$ 9.407.068,00). Verificouse também omissão de rendimentos da atividade rural pela declaração de rendimentos em valores inferiores ao efetivamente recebido e pela não declaração ou declaração a menor de valores constantes em notas fiscais de venda de gado, conforme demonstrado nas planilhas de folhas 91/92, no montante de R$ 617.259,86. Outrossim, lançado o valor de R$ 30.144.932,44 de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Intimado a comprovar a origem dos recursos depositados/creditados em suas contas bancárias por meio dos Termos de Intimação Fiscal, o contribuinte não logrou êxito na comprovação. Foram efetuadas diversas diligências junto a terceiros. Foram excluídos os valores dos quais foi possível obter a comprovação. Foi lançada multa qualificada de 150%, com relação à omissão de rendimentos da atividade rural, nos casos em que o contribuinte declarou o valor das notas fiscais pelo valor de pauta mínimo para cálculo do ICMS quando o correto seria declarar pelo real valor da venda recebida. Com relação à infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, foi lançada a multa qualificada tendo em vista as inúmeras informações inverídicas prestadas pelo contribuinte, identificadas pelas diligências efetuadas, bem como pela comprovação de que a Empresa Juiz de Fora de Serviços Gerais Ltda não possuía disponibilidade financeira para a distribuição de lucros citada pelo sujeito passivo. Os motivos que ensejaram o lançamento estão descritos no TVF e nos demais anexos que o configuram. Em 04/11/2013 foi dada ciência ao recorrente do lançamento, fls. 04897. Contra o lançamento, o recorrente apresentou impugnação, fls. 04793, em 04/12/2013, fls. 04897,acompanhada de anexos, argumentando, como muito bem demonstra a decisão a quo, em síntese, que: " Preliminarmente O Código Tributário Nacional – CTN autoriza a tributação sobre o montante real, presumido ou arbitrado. Não há Fl. 5040DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.041 4 como eleger o total dos depósitos como se renda fosse ou como acréscimo patrimonial. É sabido que nem tudo que passa pela conta corrente configura renda. Nesse sentido esta a jurisprudência do antigo TFR e jurisprudência administrativa. Diz que não está obrigado a manter escrituração de sua movimentação financeira. Mérito Glosa das Despesas da Atividade Rural O art 4º da Lei 8.023/90 define que o resultado da atividade rural é a diferença entre as receitas e despesas no período, observado o regime de caixa. Entretanto, a fiscalização tributou a diferença entre as glosas efetuadas (R$ 11.414.775,00) e as receitas excluídas (R$ 9.407.068,00), ou seja, tributou o valor de R$ 2.007.707,00. O procedimento não coaduna com a legislação vigente que determina a adição do resultado à base de cálculo do imposto, sendo portanto afronta ao art. 142 do CTN. Comprovação da Origem dos Recursos Movimentados As pessoas físicas estão desobrigadas de manter escrituração de movimentação financeira. Assim, comprovada a origem do recurso os valores são suficientes para justificar os depósitos, independente da coincidência de datas e valores. Para comprovação da origem basta a indicação da procedência do recurso. Cita doutrina. Empréstimos de terceiros Afirma que a fiscalização desconsiderou informações prestadas pelas pessoas físicas diligenciadas que confirmaram as transações de empréstimos, pelo fato de não apresentarem contratos e planilhas de amortização. A não apresentação desses documentos (decorridos mais de cinco anos) não pode invalidar as declarações efetuadas. Relaciona várias diligências efetuadas (fl. 4.804/4.805). A fiscalização acatou parcialmente a comprovação de mútuo com a Speed Car e Via Norte Veículos o que não justifica posições dispares sobre o mesmo fato. Com relação ao mútuo efetuado com Sônia Lucia Lawall Reis, irmã e sócia, além do contrato ter sido apresentado durante a auditoria (TVF, §40, pág. 8/89), a jurisprudência é pacífica no sentido de que, em se tratando de empréstimos entre parentes próximos, afastase a necessidade de comprovação por meio de contrato. Anexa contrato e cópias dos cheques que quitaram o mencionado mútuo (doc nº 4). Relaciona as transações confirmadas pelos mutuantes em planilha de folhas 4806/4807, no montante de R$ 1.248.514,90, requerendo que seja excluído do valor tributável. Com relação ao mútuo entre Geovani Antunes Meirelles (sócio da empresa Geopetros Petróleo e Derivados – TVF §305 e 309), apresenta microfilmagem dos cheques que comprovam o pagamento do empréstimo realizado, devendo ser excluído o valor de R$ 200.000,00. Fl. 5041DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.042 5 O mútuo celebrado com a FIRE Participações Ltda é relativo às transações de R$ 2.000.000,00 e R$ 5.000.000,00 em 15/02/2008 e 11/03/2008, respectivamente, decorrem de empréstimo celebrado com a empresa MRTG Industrial e Comercial no valor de R$ 7.000.000,00. A importância foi creditada pela FIRE Participações por conta e ordem da MRTG conforme contrato celebrado entre as partes (doc nº 6) razão pela qual deve ser excluído tal valor. O fato de a empresa ter sido declarada inapta, não ter sido localizada e ter praticado as operações descritas no TVF não tem o condão de descaracterizar o empréstimo formalizado. As transferências ocorreram antes da declaração de inaptidão. Não lhe compete examinar a situação fiscal da empresa. Receita da Atividade Rural A receita decorrente da atividade rural constitui prova da origem dos recursos creditados nas contas bancárias. Portanto, deve ser excluído da infração o montante comprovado pela própria fiscalização de R$ 2.274.839,00 (fls. 77/89 do TVF), independente da coincidência de datas e valores. Distribuição de Lucros Apurados e Tributados na Pessoa Jurídica Os lucros e/ou dividendos não se sujeitam à tributação do imposto de renda. A escrituração da Empresa Juiz de Fora de Serviços Gerais Ltda foi elaborada de acordo com a lei Comercial e Fiscal e contabilizou a distribuição conforme Livro Razão (Doc. nº 07). Prevalecer a tese da fiscalização é tornar inócuo os dispositivos do Código Comercial e Civil, bem como a ocorrência de tributação dupla. Os lançamentos de ajustes, embora pouco ortodoxos, em nada afetaram a distribuição de lucros. Objetivaram tão somente melhorar índices de análise econômico financeira do balanço de 31/12/2007, retornando às contas originais em 02/01/2008. Não houve saldo credor de caixa. Os lucros no anocalendário de 2008 somam R$ 11.852.697,68, importância essa que justifica plenamente a movimentação financeira do período. Ajustes no Anexo 22 Demonstra uma relação de depósitos/créditos e as razões pelas quais deveriam ser excluídos (fls. 4813/4814). Da Impossibilidade de Aplicação da Multa Qualificada Várias operações de empréstimos foram confirmadas pelos mutuantes. Não pode o contribuinte ser apenado por não prestar informações na forma desejada pela fiscalização. A fundamentação do autuante prendese à mera suspeita de que o impugnante teria agido com evidente intuito de fraude. Requer a procedência da impugnação, extinguindose o crédito tributário objeto do auto de infração para declarar insubsistente a glosa da atividade rural, excluir os depósitos bancários supostamente não comprovados e redução da multa para 75%. A Delegacia analisou o lançamento e a impugnação, julgando procedente em parte a impugnação, excluindo a seguinte questão: Por fim, conforme detalhado anteriormente, deve ser excluído o montante de R$ 141.749,84, referente à infração de omissão de Fl. 5042DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.043 6 rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, relativo aos créditos/depósitos bancários relacionados abaixo, todos referente à conta corrente do Banco do Brasil nº 20.275 4 (anexo 06, fls. 126/129): N.º DATA HISTÓRICO VALOR (R$) 69 10/04/2008 DEPOSITO ONLINE 30.000,00 149 04/08/2008 DEPOSITO ONLINE 20.760,46 232 13/11/2008 DEPOSITO ONLINE 60.989,38 247 28/11/2008 DEPOSITO ONLINE 30.000,00 TOTAL 141.749,84 Também deve ser somado a esse valor, a quantia de R$ 500,00, referente ao valor enviado pela Speed Car, conforme já relatado anteriormente, de modo a constar o valor de R$ 54.500,00 no anexo 12 (fl. 157) na data de 01/02/2008, perfazendo um montante de R$ 142.249,84 a serem excluídos da infração. Em 12/08/2014, fls. 04097, o recorrente foi cientificado da decisão. Inconformado com a decisão, o recorrente apresentou recurso voluntário, fls. 04910, em 09/09/2014, acompanhado de anexos, onde alega, em síntese, que: Há impossibilidade de utilizar os extratos bancários como caracterizadores da renda tributável; A lei autoriza tributar a renda real, presumida ou arbitrada, mas ela nunca será igual à própria movimentação bancária. Demais disso, o Recorrente não está obrigado por lei a manter escrituração de sua movimentação financeira; Quanto à atividade rural, a legislação determina que é o resultado da atividade rural que integra a base de cálculo do IRPF; A Lei 8.023/1990, ao disciplinar a tributação da atividade rural, define resultado da atividade como a diferença entre receitas e despesas no período, observado, o regime de caixa que vige na pessoa física, considerando resultado da atividade rural a diferença entre os valores das receitas recebidas e das despesas pagas no anobase; Dos dispositivos legais resta claro que é o resultado da atividade rural que integra a base de cálculo do imposto, sobre o qual será aplicada a alíquota do imposto, mas esse não foi o procedimento do Fisco; O Fisco excluiu das receitas os empréstimos rurais recebidos e das despesas o pagamento desses empréstimos e dos juros; A partir daí, efetuou a glosa das despesas lançadas; Tributou o valor lançado, que é a diferença entre a despesa glosada e a receita excluída; Tal procedimento não coaduna com a legislação vigente, cujo comando determina a adição do resultado à base de cálculo do imposto, o que afronta o art. 142, do CTN; Fl. 5043DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.044 7 Portanto, para o recorrente, partindo de sua lógica e de sua Declaração de Ajuste Anual do Recorrente (doe. 03 da impugnação) e dos novos valores de receita e despesas da atividade rural consignados na planilha de fls. 77/89 do TVF, o lançamento limitarseia ao ajuste dos valores então declarados, conforme tabela elaborada; Conseqüentemente, não há como prevalecer lançamento formalizado em desacordo com a lei; A decisão recorrida afirma que o fato imponível do lançamento não é a mera movimentação de recursos pela via bancária mas a aquisição de disponibilidade de renda representada pelos recursos que ingressaram no patrimônio por meio de depósitos ou créditos bancários, cuja origem não foi esclarecida, afirmando ser necessária a comprovação individual da origem de cada depósito; Ora, as pessoas físicas não estão obrigadas a manter escrituração de movimentação financeira; Uma vez comprovada a origem do recurso, esses valores são suficientes para justificar os depósitos, independentemente de coincidência de datas e valores, conforme jurisprudência citada; O ônus de colaborar do contribuinte não pode se transformar no dever de provar a ocorrência dos fatos geradores, o qual compete ao agente fiscal, nos termos da Constituição Federal e do art. 142 do CTN; O claro objetivo da legislação é indagar acerca da 'origem', da atividade (negociai, comercial, financeira etc.) que os gerou, e não o conhecimento da origem de cada um dos valores depositados na conta corrente do contribuinte; A preocupação da lei tributária é sempre atinente ao fato de que os valores creditados em conta corrente do contribuinte tiveram uma 'origem tributada', pois o simples crédito em conta corrente não configura fato gerador de imposto de renda; O Recorrente trouxe aos autos documentação comprovando que os recursos movimentados em sua conta corrente decorrem de lucros distribuídos da Empresa Juiz de Fora de Serviços Gerais Ltda, da atividade rural e de empréstimos obtidos de terceiros (nestes, os históricos consignados nos extratos bancários do Recorrente identificam os depositantes e confirmados pelos mutuantes em diligências); Não obstante a documentação e diligências realizadas, muitos valores não foram reconhecidos pela autoridade fiscal como origem dos recursos movimentados razão pela qual é fundamental a análise de cada item individualmente; Embora tenha acatado parte da documentação, a fiscalização desconsiderou por completo os registros efetuados pelas instituições financeiras que identificam os depositantes e as informações prestadas pelas pessoas físicas diligenciadas durante o curso da fiscalização, que confirmaram as transações de empréstimos com o Recorrente bem como as condições que o fizeram, pois os mutuantes não apresentaram Fl. 5044DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.045 8 os contratos e as planilhas de amortização dos empréstimos, desconsiderandose as operações; A ausência desses documentos (decorridos mais de cinco anos da operação, frisese) não pode invalidar as declarações dos próprios mutuantes; Algumas pessoas não prestaram informações ou não foram localizadas, mas algumas foram e suas informações foram desprezadas; Cita pessoas que prestaram informações e que essas informações não podem ser desprezadas: Getúlio Américo Moreira Lopes (TVF, §136, pág. 23/89); 704 Veículos Ltda (TVF, §§ 143/5, pág. 24/89); Simar Siderúrgica Maravilhas Ltda (TVF, §172, pág. 28/89); Speed Car Automóveis Ltda (TVF, §187, pág. 30/89); Speed Comércio Representação e Intermediação de Veículos Ltda (TVF, §196, pág. 32/89); Gilvan Farah (TVF, §§203, 206, pág. 34/89); Via Norte Veículos Ltda (TVF, §223, pág. 36/89); Oston Rodrigues Azenha (TVF, §286, pág. 46/89); Neuza Raimundo Barros (TVF, §302, pág. 48/89); Notese que a ausência do contrato e das planilhas de amortização não impediu que a autoridade fiscal acatasse a comprovação do mútuo, ainda que parcial, com a Speed Car e Via Norte Veículos (TVF, §§ 211 e 229), não se justificando posições díspares sobre o mesmo fato; Registrese que o mútuo celebrado com Sônia Lúcia Lawall Reis, irmã e sócia do Recorrente, não teria sido acatado ao argumento de que não foram apresentados planilhas de amortização, comprovantes bancários de quitação dos mútuos ou qualquer outro documento que pudesse justificar e comprovar a realização do empréstimo; Além de o contrato de mútuo ter sido apresentado durante a auditoria (TVF, §40, pág. 8/89) e a identificação no histórico do banco, a jurisprudência é pacífica no sentido de que em se tratando de empréstimos entre parentes próximos, afastase a necessidade de comprovação por meio de contrato, conforme jurisprudência citada; Para afastar qualquer dúvida, anexa, novamente, o contrato do mútuo (doe. n° 04 da Impugnação); Desta forma, partindo da listagem inserida no Termo de Intimação n° 09, alega que as transações citadas foram confirmadas; Portanto, com relação às transferências efetuadas junto ao Banco Bradesco, certo é que a importância de RS 1.248.514.90 restou efetivamente comprovada nas diligências realizadas pela fiscalização, razão pela qual deve ser excluída da matéria tributável; Repisese: a lei determina a comprovação da origem do recurso, ou seja, a atividade que os gerou e não o conhecimento da origem de cada um dos valores depositados na conta corrente do contribuinte, pois o simples crédito não configura fato gerador do imposto de renda; Quanto aos empréstimos de terceiros (Banco de Brasília); Na diligência junto à Geopetros Geovani Petróleo e Derivados Ltda, a empresa confirmou o envio da importância de R$ 66.000,00 em Fl. 5045DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.046 9 13/05/08 e afirmou tratarse de mútuo realizado entre o sócio Geovani Antunes Meirelles e o Recorrente; A Polytotal Comércio e Importação Ltda, por sua vez, confirmou dois depósitos de R$ 67.000,00 e informou que esses depósitos faziam parte de um empréstimo de R$ 200.000,00 (TVF, §§ 305, 309, fls. 49/89); O Sr. Geovani Antunes Meirelles, sócio das empresas Geopetros e Polytotal, intimado a apresentar o contrato de mútuo e as planilhas de amortização, informou que o mútuo "era realizado mediante garantia em cheques de emissão do beneficiário, sem a formalização de qualquer contrato; No presente caso, o valor foi pago através dos cheques de números 3823, 3824 e 3925, todos levados à depósito na conta da Polytotal em virtude de empréstimo realizado àquela empresa pelo sócio Geovani". (TVF, §313, fls. 50/89); O Recorrente solicitou microfilme dos cheques citados, que junta aos autos para corroborar as informações acima (doe. n°05 da Impugnação); Desta forma, estando comprovada a origem dos recursos, mister a exclusão da matéria tributável ao BRB do montante de RS 200.000.00; Empréstimos de terceiros (Banco do Brasil conta n° 50.0003); Das diligências realizadas, a autoridade fiscal aceitou informações prestadas por Lourenço Cristóvão Netto; Lázaro Pereira da Silva; Paulo César Rizzo de Paiva; Reta da Penha Veículos Ltda; Quanto às demais, não acatou os esclarecimentos prestados; Com relação ao mútuo celebrado com a FIRE Participações Ltda, certo é que as transferências bancárias de R$ 2.000.000,00 e R$ 5.000.000,00 em 15/02/08 e 11/03/08, respectivamente, decorrem de empréstimo celebrado com a empresa MRTG Industrial e Comercial no valor de R$ 7.000.000.00; A importância mutuada foi creditada pela FIRE Participações Ltda, por conta e ordem da MRTG conforme contrato celebrado entre as partes (doe. n° 06 da Impugnação), razão pela qual pugna pela sua exclusão da matéria tributável; Ressaltese que a própria instituição financeira identifica o depositante, não restando dúvida quanto à origem do depósito; Ora, o fato de a empresa ter sido declarada inapta em decorrência da falta de apresentação da declaração, não ter sido (hoje) localizada e de ter praticado as operações noticiadas no Termo de Verificação Fiscal não tem o condão de descaracterizar o empréstimo formalizado com o Recorrente; Notese que a situação de 'inapta' é posterior ao empréstimo; O contrato de mútuo com a MRTG foi celebrado em 11/02/2008 enquanto o Ato Declaratório Executivo nº 21 foi expedido em Fl. 5046DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.047 10 22/03/2010, portanto, as transferências bancárias decorrentes do empréstimo ocorreram antes da declaração de inaptidão; O Recorrente agiu de boafé, não lhe competindo examinar, na ocasião da operação, se o mutuante estava regular com sua situação fiscal; Receita da atividade rural; Quanto à atividade rural, é necessário esclarecer que a receita decorrente da atividade constitui prova da origem dos recursos creditados na conta bancária do Recorrente; Demais disso, nas diligências realizadas ficou comprovada a receita da atividade rural, motivo pelo qual a importância de RS 2.274.839.00 (corrigida conforme fls. 77/89 do TVF) deve ser excluída da matéria tributável, independente da coincidência de datas e valores; Distribuição dos lucros apurados e tributados na pessoa jurídica, isenção; Em relação a este item, não obstante a comprovação do registro contábil da distribuição dos lucros e a informação consignada na DIRPJ/09 da Empresa Juiz de Fora de Serviços Gerais Ltda, a decisão limitouse às informações dos autuantes; Não atentou para o fato de que os lançamentos de ajustes efetuados na conta caixa jamais afetaram a distribuição de lucros nem o caixa propriamente dito conforme amplamente demonstrado na peça inicial (item 3.2.5.1 deste Recurso); Além disso, causou estranheza a informação da decisão de que a relação dos cheques emitidos para pagamento dos lucros não ter sido recebida pela fiscalização da pessoa jurídica eis que devidamente encaminhada, juntamente com os demais solicitados, à autoridade fiscal; Ora, conforme se vê da resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 03, a Empresa Juiz de Fora de Serviços Gerais Ltda atendeu à solicitação e encaminhou a mencionada relação dos cheques emitidos (doe. n° 01 R); Assim, para corroborar os argumentos então expendidos, o Recorrente traz aos autos a relação dos cheques emitidos pela empresa e por ele recebidos a título de lucros distribuídos, os extratos bancários e o Livro Razão da pessoa jurídica que atestam, de forma inequívoca, os lucros recebidos (doe. n° 02R); Como cediço, desde 1996 os lucros e/ou dividendos distribuídos pelas pessoas jurídicas não se sujeitam à tributação; No caso de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, como a Empresa Juiz de Fora de Serviços Gerais Ltda, pode ser distribuído, a título de lucros e sem incidência do imposto, o valor correspondente ao resultado do exercício; A uma, porque a escrituração contábil elaborada com observância da lei comercial e fiscal comprova o lucro efetivo; Fl. 5047DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.048 11 A duas, porque efetivamente tributou o lucro apurado pagando os tributos incidentes; A três, porque efetivamente distribuiu os lucros apurados aos seus sócios, contabilizandoos como tal (doe. n° 07 da Impugnação Livro Razão); A legislação fiscal permite ainda que a pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, possa efetuar o pagamento a título de lucros ou dividendos, ainda que por conta de períodobase não encerrado (IN SRF 11/96, art. 51, § 3); Portanto, nenhum reparo nos procedimentos da empresa; Conforme Termo de Verificação Fiscal, a diligência constatou que tanto na DIPJ/2009 da Empresa Juiz de Fora de Serviços Gerais Ltda quanto na DAA/2009 do contribuinte houve informação da distribuição de lucros no montante de R$ 11.852.697,68 (TVF, §374, pág. 59/89); Sustenta a fiscalização, partindo de meros lançamentos contábeis de ajustes, que a conta Caixa da empresa não teria saldo suficiente para a distribuição; A autoridade de primeira instância, por sua vez, limitouse às informações trazidas pelos autuantes afirmando que foi elaborada pela fiscalização planilha do Razão da conta Caixa Matriz, excluindose os lançamentos referidos, o que demonstrava que a conta passava a ter saldo credor em 06/02/2008 o que impossibilitaria a distribuição de lucros na forma e no montante informado pela empresa; Não se pronunciou sequer sobre os argumentos tecidos pelo Recorrente na inicial, cujos demonstrativos contábeis atestam que os lançamentos de ajustes não afetaram o caixa nem a distribuição de lucros; Demonstra os lançamentos que atestam seus argumentos; Presta esclarecimentos sobre a correção dos lançamentos contábeis; A conclusão da fiscalização está totalmente equivocada; Os lançamentos de ajustes em nada afetaram a distribuição dos lucros, pois visaram tão somente melhorar índices da análise econômica financeira do balanço de 31/12/2007 para fins de cadastro, retornando às contas originais em 02/01/2008, nada mais; Da apuração da matéria tributável. Ajustes no Anexo 22; O Anexo 22 do TVF consolida os depósitos/créditos de origem não comprovada; Ocorre que nos demonstrativos individualizados das instituições financeiras, necessário se faz ajustar os valores ali consignados pelas razões descritas no recurso; A multa foi qualificada pelos seguintes motivos: (i) em todas as notas fiscais da atividade rural foi informado o valor de pauta mínimo para cálculo do ICMS e não o valor real da operação, (ii) não apresentou Fl. 5048DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.049 12 planilhas de amortização, comprovantes bancários de quitação dos mútuos ou qualquer outro documento que pudesse justificar e comprovar a realização de tantos supostos empréstimos, (iií) alega que milhões de reais depositados em suas contas correntes são provenientes de empréstimos e, após dezenas de diligências, nenhum deles se confirma, e (iv) prestou várias informações inverídicas a essa fiscalização quando instado a correlacionar depósitos/créditos em contas bancárias de sua titularidade com notas fiscais de venda de gado no ano de 2008 (TVF, §§ 472, 480,485 e 486); As justificativas da fiscalização não se sustentam; Vêse ao longo do Termo de Verificação Fiscal que várias operações de empréstimos foram confirmadas pelos mutuantes; Intimados, alguns informaram, inclusive, que as transações eram efetuadas sem contrato, apenas com garantia do cheque do beneficiário; Além disso, não pode o Recorrente ser apenado por não prestar informações na forma desejada pela fiscalização; A jurisprudência, não só a administrativa como também a judicial, consagra o entendimento de que a fraude deve ser provada com elementos seguros, sendo insuficientes meras suspeitas para autorizar a majoração da penalidade; A exasperação da multa só tem sentido nos casos de documentos ideologicamente falsos, materialmente falsos ou adulterados. Isto não ocorreu; Pelo exposto, pede o Recorrente a procedência deste Recurso para extinguirse o crédito tributário objeto do auto de infração em referência, nos termos das razões acima expostas; e Sucessivamente, pedese a procedência do Recurso Voluntário para declarar a insubsistência do lançamento referente à glosa da atividade rural (item 3.1.) e para excluíremse do crédito tributário os supostos depósitos bancários de origem não comprovada do ano calendário de 2008 (item 3.2), os valores não considerados pela fiscalização (item 3.3) bem como para reduzirse a multa aplicada sobre o saldo, porventura remanescente, ao percentual de 75% (item 3.4). Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão. É o relatório. Fl. 5049DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.050 13 VOTO Conselheiro Marcelo Oliveira Relator Sendo tempestivo, CONHEÇO DO RECURSO e passo ao exame de seus argumentos. DA PRELIMINAR Quanto às preliminares, há questão a ser verificada. A decisão recorrida informa que: "... o contribuinte não impugna a matéria constante do item 001 do auto de infração (omissão de Rendimentos da Atividade Rural), bem como a multa de 75% sobre tal valor, dizendo que já efetuou o pedido de parcelamento conforme Darf de folha 4.823. Entretanto, em consulta aos sistemas da RFB verificase que o crédito tributário não foi apartado para cobrança." Na análise da impugnação realmente verificamos que o contribuinte informa o parcelamento, fls. 04798: "Anotese, por oportuno, não ser litigiosa a matéria constante do item 001 do Auto de Infração (Omissão de Rendimentos da Atividade Rural) conforme atesta DARF relativo ao Pedido de Parcelamento." A decisão recorrida já deveria ter verificado a veracidade de tal informação e não ter conhecido da matéria parcelada, evitando confusão no trâmite processual. Após a emissão da decisão recorrida encontramos no autos Termo de Transferência de Crédito Tributário, fls. 04899, o que nos leva a crer que há grande possibilidade de que houve parcelamento de parte do crédito. Ocorre que não conseguimos verificar, com exatidão, que parte do lançamento foi parcelado,a fim de não conhecermos da questão, como determina o Regimento Interno do CARF (RICARF). Os valores constantes no termo não possuem relação com os valores lançados no auto de infração, fls. 005 a 011. Na impugnação e na decisão recorrida há informação de que a matéria parcelada referese a "Omissão de Rendimentos da Atividade Rural", item 001 do lançamento, mas o item 001 do lançamento trata de "Glosa de Despesas da Atividade Rural", fls. 087. O lançamento por "Omissão de Rendimentos da Atividade Rural" é tratado no item 003 das infrações apuradas, fls. 090. O RICARF, como citado, possui determinação sobre pedidos de parcelamento: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. Fl. 5050DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10166.729441/201381 Resolução nº 2402000.550 S2C4T2 Fl. 5.051 14 § 1º A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. § 4º Havendo desistência parcial do sujeito passivo e, ao mesmo tempo, decisão favorável a ele, total ou parcial, com recurso pendente de julgamento, os autos deverão ser encaminhados à unidade de origem para que, depois de apartados, se for o caso, retornem ao CARF para seguimento dos trâmites processuais. § 5º Se a desistência do sujeito passivo for total, ainda que haja decisão favorável a ele com recurso pendente de julgamento, os autos deverão ser encaminhados à unidade de origem para procedimentos de cobrança, tornandose insubsistentes todas as decisões que lhe forem favoráveis. Verificase que o pedido de parcelamento importa desistência do recurso, o que acarreta reflexos muito relevantes no processo administrativo fiscal, como, por exemplo, a impossibilidade de embargos declaratórios e recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), sobre essa questão. Assim, para a clareza sobre a questão, resolvemos converter o julgamento em diligência, a fim de que a autoridade preparadora informa, por parecer conclusivo, o que foi parcelado pelo sujeito passivo, qual a matéria, se o parcelamento,s obre a matéria foi integral ou parcial. Após essa medida, a autoridade preparadora deve dar ciência dessa resolução e do parecer ao sujeito passivo, para, caso deseje, apresente seus argumentos. CONCLUSÃO: Em razão do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência nos termos acima, nos termos do voto. Marcelo Oliveira. Fl. 5051DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 10580.720171/2015-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
IRRF RETIDO E RECOLHIDO A DESTEMPO. ACRÉSCIMOS LEGAIS RETIDOS DO CONTRIBUINTE. DIREITO A COMPENSAÇÃO.
Ocorrendo a retenção e o recolhimento do imposto a destempo, os valores relativos ao imposto, a multa moratória e aos juros de mora, quando comprovadamente retidos do contribuinte, podem ser compensados na declaração de ajuste anual.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2301-004.629
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, IVACIR JULIO DE SOUZA, FABIO PIOVESAN BOZZA, LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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ACRÉSCIMOS LEGAIS RETIDOS DO CONTRIBUINTE. DIREITO A COMPENSAÇÃO. Ocorrendo a retenção e o recolhimento do imposto a destempo, os valores relativos ao imposto, a multa moratória e aos juros de mora, quando comprovadamente retidos do contribuinte, podem ser compensados na declaração de ajuste anual. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, IVACIR JULIO DE SOUZA, FABIO PIOVESAN BOZZA, LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 01 71 /2 01 5- 13 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que manteve a glosa de compensação de valor supostamente não retido pela fonte pagadora que, no entanto, foi declarado pelo recorrente no ajuste anual do imposto. Comparados os valores do imposto com a alegada retenção, restaria montante a ser restituído: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. Somente é possível a compensação do IRRF quando comprovada a efetiva retenção. Impugnação Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido ... Em desfavor da contribuinte em epígrafe foi lavrada Notificação de Lançamento relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, anocalendário de 2012, que reduziu o valor do imposto a restituir de R$ 17.147,97 para R$ 4.422,05, já recebido. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal, o lançamento foi realizado em razão do seguinte: · Compensação Indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte sobre Rendimentos Recebidos Acumuladamente – Tributação Exclusiva. Valor de R$ 12.725,92 (R$ 53.973,65 R$ 41.247,73). Fonte pagadora: Polibrasil Resinas S/A. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário alegando em síntese as razões trazidas na impugnação: 1. verificase na planilha (Doc. 04, à fl. 21) que o valor do IRRF efetivamente retido, em 04/10/2012, foi de R$ 53.975,63, sendo devido ao reclamante o valor líquido apontado na referida planilha (Doc. 05, fl. 22; e Doc. 06, fl. 23); 2. apesar disso, a Justiça do Trabalho só efetuou o recolhimento do IRRF em 03/09/2013 (Doc. 07, fl. 24) e em valor diverso daquele retido, qual seja, R$ 53.298,20; 3. Em razão do recolhimento a destempo, por culpa exclusiva do Judiciário, foi imputado ao Impugnante o pagamento de multa de mora (R$ 8.249,55) e juros moratórios (R$ 3.002,83), bem como, segundo a Justiça do Trabalho, restaria ainda um "crédito" de R$ 798,09 ("valor pago a maior para compensação"). Os valores dessas parcelas podem ser Fl. 77DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10580.720171/201513 Acórdão n.º 2300004.629 S2C3T0 Fl. 77 3 verificados no documento de lavra da Justiça do Trabalho ora anexado (Doc. 08, fl. 25). Cita a seu favor o Parecer Normativo Cosit nº 1, de 24/09/2002. Ao final, requer que seja reconhecida a restituição de IR no valor de R$ 12.075,47, devidamente atualizado, tendo em vista que a retenção sofrida foi de R$ 53.298,20 e não de R$ 41.247,73, conforme equivocadamente considerado na Notificação de Lançamento. ... Não se constata Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf) que comprove o valor retido sobre os rendimentos oriundos do processo trabalhista em questão. Conforme cálculo realizado pela 3a Vara do Trabalho de Camaçari/BA, à fl. 25, o saldo bruto atualizado até 04/10/2012 era de R$ 1.251.530,36. Observase, ainda, que coube ao demandante o líquido de R$ 972.089,14 (valor confirmado no alvará judicial de liberação de crédito, à fl. 23) e que o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) foi de R$ 41.247,73. Levandose em conta que o sujeito passivo, na sua Declaração de Ajuste Anual, informou IRRF de R$ 53.973,65 sobre os rendimentos da referida demanda judicial, resta comprovado um excedente de R$ 12.725,92. Confirmase, assim, a imputação fiscal descrita nos autos. Em síntese, com a mora da fonte pagadora no recolhimento do imposto retido, foram descontados também do crédito trabalhista os acréscimos legais. O recorrente alega que a parte relativa à multa e aos juros moratórios devem ser considerados valores retidos para fins de ajuste no cálculo do imposto. É o Relatório. Fl. 78DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Atendidos os pressupostos processuais, conheço do recurso. A decisão recorrida se ateve aos cálculos da Justiça do Trabalho obtidos através do site da própria SRFB/SISCALC, fls. 25, e considerou que a retenção teria sido somente de R$ 41.247,73, que é o valor originário à época em que expedido o Alvará Judicial de Pagamento, fls. 23. Contudo, verificase às fls. 24 que o valor efetivamente recolhido em 03/09/2013 como antecipação do imposto de renda para o anocalendário 2012 foi de R$ 53.298,20, nele incluídos os acréscimos legais. Esse valor teria sido descontado do saldo remanescente a receber de R$ 255.204,81, atualizado para 01/02/2014. Contatase também na planilha às fls. 25 que a antecipação calculada como correta teria sido R$ 52.500,11, restando assim saldo a compensar de R$ 798,09. De acordo com o Parecer Normativo COSIT nº 01, de 25/09/2002, o contribuinte tem o direito de compensação com o imposto retido. Comprovado que os acréscimos legais sobre o recolhimento a destempo da antecipação do imposto também tenham sido retidos do contribuinte, seu direito à compensação a eles se estendem: IRRF RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE E PENALIDADE. Ocorrendo a retenção e o não recolhimento do imposto, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, devendo o contribuinte oferecer o rendimento à tributação e compensar o imposto retido. ... Imposto retido e não recolhido 17. Ocorrendo a retenção do imposto sem o recolhimento aos cofres públicos, a fonte pagadora, responsável pelo imposto, enquadrase no crime de apropriação indébita previsto no art. 11 da Lei nº 4.357, de 16 de julho de 1964, e caracterizase como depositária infiel de valor pertencente à Fazenda Pública, conforme a Lei nº 8.866, de 11 de abril de 1994. Ressaltese que a obrigação do contribuinte de oferecer o rendimento à tributação permanece, podendo, nesse caso, compensar o imposto retido. É uma decorrência da natureza jurídica do imposto retido. Tratase de antecipação de tributo cujo fato gerador ainda ocorrerá ao final do anocalendário. Embora os acréscimos legais, de acordo com o supracitado parecer normativo, seja de responsabilidade da fonte pagadora, no presente caso ficou demonstrado que eles se juntaram ao imposto para comporem o montante de antecipação retido do recorrente. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10580.720171/201513 Acórdão n.º 2300004.629 S2C3T0 Fl. 78 5 Contudo, uma vez que o recolhimento ocorreu em 03/09/2013, a dedução somente poderia constar da declaração de ajuste anual exercício 2014. Assim, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 80DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 16832.000179/2008-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Apr 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003
DEIXAR DE EXIBIR LIVROS E DOCUMENTOS DE INTERESSE DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. INFRAÇÃO. LANÇAMENTO POR ARBITRAMENTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
A não apresentação de documentos de interesse para o lançamento ou sua apresentação deficiente constitui infração e justifica o arbitramento de contribuições previdenciárias, assumindo o contribuinte o ônus da prova.
Numero da decisão: 2301-004.468
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Ausente justificadamente a Conselheira Nathália Correia Pompeu.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, IVACIR JULIO DE SOUZA, NATHALIA CORREIA POMPEU, LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR e MARCELO MALAGOLI DA SILVA.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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INFRAÇÃO. LANÇAMENTO POR ARBITRAMENTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. A não apresentação de documentos de interesse para o lançamento ou sua apresentação deficiente constitui infração e justifica o arbitramento de contribuições previdenciárias, assumindo o contribuinte o ônus da prova. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Ausente justificadamente a Conselheira Nathália Correia Pompeu. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, IVACIR JULIO DE SOUZA, NATHALIA CORREIA POMPEU, LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR e MARCELO MALAGOLI DA SILVA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 01 79 /2 00 8- 16 Fl. 936DF CARF MF Impresso em 06/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 17/03/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente em parte o lançamento fiscal realizado em 23/12/2008 para constituição de crédito sobre abono e comissões pagas a segurados empregados. Restou no lançamento apenas a contribuição sobre as comissões pagas em 12/2003. Como a recorrente não apresentou os documentos necessários para que a fiscalização verificasse a natureza jurídica das parcelas e a base de cálculo correspondente aos fatos geradores, foi utilizada a técnica de arbitramento de valores. Foram lançadas as contribuições para outras entidades e fundas, designadas como “terceiros”. Seguem transcrições de trechos da decisão recorrida: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. AFERIÇÃO INDIRETA ONUS DA PROVA. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação ou sua apresentação deficiente, o que se constitui em presunção legal relativa, cumpre ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário. Art. 33, § 30, da Lei n° 8.212/91, c/c o art. 148 do CTN. CONTRIBUIÇÃO PARA OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS PARAESTATAIS (TERCEIROS). É devida a contribuição à Seguridade Social a Outras entidades Terceiros (art. 94 da Lei 8.212/1991), incidente sobre a remuneração paga aos seguradosempregados ... Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde reitera as alegações trazidas na impugnação: 8.2. O auditor fiscal considerou a política de remuneração aplicada em 2008 para arbitrar as comissões em 2003, desconsiderando os valores informados nas folhas de pagamento, por entendêlos "irrelevantes". Não ha fundamento jurídico para a utilização deste instituto. O arbitramento é uma exceção A regra da apuração efetiva da base de calculo. O art.148 do CTN bem como o art. 33 da lei 8.212/91 determinam que a aferição indireta será utilizada quando os esclarecimentos prestados pelo contribuinte ou quando os documentos não merecerem fé. 8.3. As contribuições incidentes sobre os valores pagos a titulo de comissão do período de 2001 a 2004 já foram objeto do Lançamento de Débito Confessado n° 37.005.4717 8.4. Os pagamentos supostamente omitidos pela impugnante a titulo de Abono de Sindicato e Abono Salarial não se configuram como fatos geradores da contribuição previdenciária, nos Fl. 937DF CARF MF Impresso em 06/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 17/03/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16832.000179/200816 Acórdão n.º 2402004.468 S2C4T2 Fl. 937 3 termos do art. 28 § 90, alínea e, item 7° da Lei 8.212/91. Ademais não são habituais. É o Relatório. Fl. 938DF CARF MF Impresso em 06/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 17/03/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Procedimentos formais Quanto ao procedimento da fiscalização e formalização do lançamento também não se observou qualquer vício. Foram cumpridos todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais que trazem fatos novos, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto. Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) Fl. 939DF CARF MF Impresso em 06/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 17/03/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16832.000179/200816 Acórdão n.º 2402004.468 S2C4T2 Fl. 938 5 II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou as alegações pertinentes do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216). Portanto, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Quanto ao processo de parcelamento alegado, até a presente peça recursal o recorrente não apresentou provas de que se tratavam das mesmas parcelas salariais. Não há como confirmar se os prêmios mediante cartões coincidem com as comissões de venda objeto do lançamento de ofício. Assim, rejeito as preliminares argüidas. Fl. 940DF CARF MF Impresso em 06/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 17/03/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 Superadas as questões preliminares para exame do cumprimento das exigências formais, passo à apreciação do mérito. No mérito Como já ressaltado no relatório, somente restou o exame da parcela correspondente às comissões de venda, pois não foi lançado o abono para o mês de 12/2003. Quanto à infração, ficou suficientemente demonstrado nos autos do processo que a recorrente deixou de exibir os documentos solicitados através de intimação e não trouxe qualquer contraprova que demonstrasse a não incidência. Ressaltase que a fiscalização fez incidir a contribuição sobre uma parcela cujo título atribuído pelo recorrente, “comissões”, denota sua natureza salarial; portanto, não houve qualquer arbitrariedade. Outro ponto é que o próprio recorrente alega, embora não demonstre, que se trata da mesma parcela que ele anteriormente teria confessado como sujeito à incidência da contribuição previdenciária. Por tudo, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 941DF CARF MF Impresso em 06/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 17/03/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
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Numero do processo: 16004.000338/2009-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 26/06/2009
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS, FINANCEIRAS E CONTÁBEIS DE INTERESSE DO FISCO. CFL 35.
Constitui infração às disposições inscritas no art. 32, III da Lei n° 8212/91 c/c art. 225, III do RPS, aprovado pelo Dec. n° 3048/99, deixar a empresa de prestar ao órgão fazendário federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis do seu interesse, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização.
A inobservância de obrigação tributária acessória constitui-se fato gerador do auto de infração, convertendo-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária aplicada.
OBRIGAÇÕES ACESSORIAS. INFRAÇÃO. NATUREZA OBJETIVA.
A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. O simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária.
INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. PRAZO. LEI Nº 3.470/58.
Nos lançamentos de ofício, é de cinco dias úteis o prazo para a apresentação de documentos necessários ao procedimento fiscal, nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, a teor do §1º do art. 19 da Lei nº 3.470/58.
AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
Não incorre em cerceamento do direito de defesa do Autuado o lançamento tributário cujo Relatório Fiscal e demais relatórios complementares descrevem, de maneira clara e precisa, os fatos jurídicos apurados, os procedimentos de Fiscalização, a motivação do lançamento, os dispositivos legais violados, a matéria tributável e seus acréscimos legais, bem como os fundamentos legais que lhe dão esteio jurídico.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FASE PREPARATÓRIA DO LANÇAMENTO. NATUREZA INQUISITIVA. CONTRADITÓRIO INEXISTENTE.
O procedimento administrativo do lançamento é inaugurado por uma fase preliminar, oficiosa, de natureza eminentemente inquisitiva, na qual a autoridade fiscal promove a coleta de dados e informações, examina documentos, procede à auditagem de registros contábeis e fiscais e verifica a ocorrência ou não de fato gerador de obrigação tributária aplicando-lhe a legislação tributária.
Dada à sua natureza inquisitorial, tal fase de investigação não se submete ao crivo do contraditório nem da ampla defesa, direito reservados ao sujeito passivo somente após a ciência do lançamento, com o oferecimento de impugnação, quando então se instaura a fase contenciosa do procedimento fiscal.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE JURÍDICO COMUM.
São solidárias as pessoas físicas e/ou jurídicas que realizam conjuntamente com o devedor principal a situação que constitui o fato gerador da obrigação principal objeto do lançamento, a teor do inciso I do art. 124 do CTN, não comportando tal solidariedade qualquer benefício de ordem.
FRAUDE.
Configura-se fraude toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.
SONEGAÇÃO
Qualifica-se como sonegação toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária a respeito da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, ou também das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, opera-se a inversão do encargo probatório, repousando sobre o notificado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor desta presunção.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE DOS FATOS SOBRE A FORMALIDADE DOS ATOS.
Vigora no Direito Previdenciário o Princípio da Primazia da Realidade dos fatos sobre a Forma jurídica dos atos, o qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das condições efetivamente ajustadas numa determinada relação jurídica e as verificadas em sua execução, prevalecerá a realidade dos fatos.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO ADQUIRENTE. ART. 25 DA LEI Nº 8.212/91, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.256/2001.
A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social e ao financiamento das prestações por acidente do trabalho, é de 2% e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, respectivamente, nos termos do art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001.
A empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91, no prazo e na forma previstas na legislação tributária, independentemente de essas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, a teor do inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91.
AIOP. AFERIÇÃO INDIRETA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
A recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, assim como a constatação, pelo exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento de que a contabilidade da empresa não registra o movimento real das remunerações dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, constituem-se motivo justo, bastante, suficiente e determinante para Fisco lance de ofício, mesmo que por aferição indireta de sua base de cálculo, a contribuição previdenciária que reputar devida, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2401-004.160
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGAR-LHE provimento, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente Julgado.
André Luís Mársico Lombardi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Luís Mársico Lombardi (Presidente de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira, Theodoro Vicente Agostinho e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGAR-LHE provimento, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente Julgado. André Luís Mársico Lombardi Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Luís Mársico Lombardi (Presidente de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira, Theodoro Vicente Agostinho e Arlindo da Costa e Silva.
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 26/06/2009 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS, FINANCEIRAS E CONTÁBEIS DE INTERESSE DO FISCO. CFL 35. Constitui infração às disposições inscritas no art. 32, III da Lei n° 8212/91 c/c art. 225, III do RPS, aprovado pelo Dec. n° 3048/99, deixar a empresa de prestar ao órgão fazendário federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis do seu interesse, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. A inobservância de obrigação tributária acessória constitui-se fato gerador do auto de infração, convertendo-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária aplicada. OBRIGAÇÕES ACESSORIAS. INFRAÇÃO. NATUREZA OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. O simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária. INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. PRAZO. LEI Nº 3.470/58. Nos lançamentos de ofício, é de cinco dias úteis o prazo para a apresentação de documentos necessários ao procedimento fiscal, nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, a teor do §1º do art. 19 da Lei nº 3.470/58. AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não incorre em cerceamento do direito de defesa do Autuado o lançamento tributário cujo Relatório Fiscal e demais relatórios complementares descrevem, de maneira clara e precisa, os fatos jurídicos apurados, os procedimentos de Fiscalização, a motivação do lançamento, os dispositivos legais violados, a matéria tributável e seus acréscimos legais, bem como os fundamentos legais que lhe dão esteio jurídico. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FASE PREPARATÓRIA DO LANÇAMENTO. NATUREZA INQUISITIVA. CONTRADITÓRIO INEXISTENTE. O procedimento administrativo do lançamento é inaugurado por uma fase preliminar, oficiosa, de natureza eminentemente inquisitiva, na qual a autoridade fiscal promove a coleta de dados e informações, examina documentos, procede à auditagem de registros contábeis e fiscais e verifica a ocorrência ou não de fato gerador de obrigação tributária aplicando-lhe a legislação tributária. Dada à sua natureza inquisitorial, tal fase de investigação não se submete ao crivo do contraditório nem da ampla defesa, direito reservados ao sujeito passivo somente após a ciência do lançamento, com o oferecimento de impugnação, quando então se instaura a fase contenciosa do procedimento fiscal. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE JURÍDICO COMUM. São solidárias as pessoas físicas e/ou jurídicas que realizam conjuntamente com o devedor principal a situação que constitui o fato gerador da obrigação principal objeto do lançamento, a teor do inciso I do art. 124 do CTN, não comportando tal solidariedade qualquer benefício de ordem. FRAUDE. Configura-se fraude toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. SONEGAÇÃO Qualifica-se como sonegação toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária a respeito da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, ou também das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, opera-se a inversão do encargo probatório, repousando sobre o notificado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor desta presunção. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE DOS FATOS SOBRE A FORMALIDADE DOS ATOS. Vigora no Direito Previdenciário o Princípio da Primazia da Realidade dos fatos sobre a Forma jurídica dos atos, o qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das condições efetivamente ajustadas numa determinada relação jurídica e as verificadas em sua execução, prevalecerá a realidade dos fatos. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO ADQUIRENTE. ART. 25 DA LEI Nº 8.212/91, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.256/2001. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social e ao financiamento das prestações por acidente do trabalho, é de 2% e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, respectivamente, nos termos do art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. A empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91, no prazo e na forma previstas na legislação tributária, independentemente de essas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, a teor do inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91. AIOP. AFERIÇÃO INDIRETA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. A recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, assim como a constatação, pelo exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento de que a contabilidade da empresa não registra o movimento real das remunerações dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, constituem-se motivo justo, bastante, suficiente e determinante para Fisco lance de ofício, mesmo que por aferição indireta de sua base de cálculo, a contribuição previdenciária que reputar devida, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Recurso Voluntário Negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 26/06/2009 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS, FINANCEIRAS E CONTÁBEIS DE INTERESSE DO FISCO. CFL 35. Constitui infração às disposições inscritas no art. 32, III da Lei n° 8212/91 c/c art. 225, III do RPS, aprovado pelo Dec. n° 3048/99, deixar a empresa de prestar ao órgão fazendário federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis do seu interesse, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. A inobservância de obrigação tributária acessória constituise fato gerador do auto de infração, convertendose em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária aplicada. OBRIGAÇÕES ACESSORIAS. INFRAÇÃO. NATUREZA OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. O simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária. INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. PRAZO. LEI Nº 3.470/58. Nos lançamentos de ofício, é de cinco dias úteis o prazo para a apresentação de documentos necessários ao procedimento fiscal, nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, a teor do §1º do art. 19 da Lei nº 3.470/58. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 03 38 /2 00 9- 16 Fl. 531DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 2 AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não incorre em cerceamento do direito de defesa do Autuado o lançamento tributário cujo Relatório Fiscal e demais relatórios complementares descrevem, de maneira clara e precisa, os fatos jurídicos apurados, os procedimentos de Fiscalização, a motivação do lançamento, os dispositivos legais violados, a matéria tributável e seus acréscimos legais, bem como os fundamentos legais que lhe dão esteio jurídico. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FASE PREPARATÓRIA DO LANÇAMENTO. NATUREZA INQUISITIVA. CONTRADITÓRIO INEXISTENTE. O procedimento administrativo do lançamento é inaugurado por uma fase preliminar, oficiosa, de natureza eminentemente inquisitiva, na qual a autoridade fiscal promove a coleta de dados e informações, examina documentos, procede à auditagem de registros contábeis e fiscais e verifica a ocorrência ou não de fato gerador de obrigação tributária aplicandolhe a legislação tributária. Dada à sua natureza inquisitorial, tal fase de investigação não se submete ao crivo do contraditório nem da ampla defesa, direito reservados ao sujeito passivo somente após a ciência do lançamento, com o oferecimento de impugnação, quando então se instaura a fase contenciosa do procedimento fiscal. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE JURÍDICO COMUM. São solidárias as pessoas físicas e/ou jurídicas que realizam conjuntamente com o devedor principal a situação que constitui o fato gerador da obrigação principal objeto do lançamento, a teor do inciso I do art. 124 do CTN, não comportando tal solidariedade qualquer benefício de ordem. FRAUDE. Configurase fraude toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. SONEGAÇÃO Qualificase como sonegação toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária a respeito da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, ou também das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, operase a inversão do encargo probatório, repousando sobre o notificado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não Fl. 532DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 532 3 impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor desta presunção. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE DOS FATOS SOBRE A FORMALIDADE DOS ATOS. Vigora no Direito Previdenciário o Princípio da Primazia da Realidade dos fatos sobre a Forma jurídica dos atos, o qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das condições efetivamente ajustadas numa determinada relação jurídica e as verificadas em sua execução, prevalecerá a realidade dos fatos. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO ADQUIRENTE. ART. 25 DA LEI Nº 8.212/91, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.256/2001. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social e ao financiamento das prestações por acidente do trabalho, é de 2% e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, respectivamente, nos termos do art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. A empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91, no prazo e na forma previstas na legislação tributária, independentemente de essas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, a teor do inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91. AIOP. AFERIÇÃO INDIRETA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. A recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, assim como a constatação, pelo exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento de que a contabilidade da empresa não registra o movimento real das remunerações dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, constituemse motivo justo, bastante, suficiente e determinante para Fisco lance de ofício, mesmo que por aferição indireta de sua base de cálculo, a contribuição previdenciária que reputar devida, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGAR LHE provimento, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente Julgado. André Luís Mársico Lombardi – Presidente de Turma. Fl. 533DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 4 Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: André Luís Mársico Lombardi (Presidente de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira, Theodoro Vicente Agostinho e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 534DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 533 5 Relatório Período de apuração: 01/05/2005 a 28/02/2007 Data da lavratura do AIOP: 26/06/2009. Data da Ciência do AIOP: 06/07/2009. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão de Primeira Instância Administrativa proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, que julgou improcedente a impugnação oferecida pelos Sujeitos Passivos do crédito tributário aviado no Auto de Infração nº 37.201.5786, CFL 35, decorrente do descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso III e §11 do art. 32 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 225, III, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, lavrado em desfavor do Recorrente em virtude de a empresa ter deixado de prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização, conforme descrito no Termo de Constatação de Infração Fiscal a fls. 20/24. CFL 35 Deixar a empresa de prestar ao INSS todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse do mesmo, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. A multa foi aplicada em conformidade com a cominação prevista nos artigos 92 e 102 ambos da Lei nº 8.212/91 c.c. artigos 283, II, ‘b’ e 373 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 06/05/1999, elevada em três vezes em razão de fraude tributária, conforme previsão assentada no inciso II do art. 290 do Regulamento da Previdência Social, com valores reajustados conforme Portaria MPS/MF n° 48, de 12/02/2009, DOU de 13/02/2009, de acordo com o Relatório Fiscal da Multa aplicada a fls. 22/24. De acordo com a resenha fiscal, a empresa FRIGORIFICO OUROESTE LTDA, apesar de formalmente intimada mediante Termo próprio, deixou de prestar informações cadastrais e esclarecimentos necessários a Fiscalização, ou seja, deixou de prestar declaração por escrito dos nomes naturais completos dos contribuintes individuais constantes dos livros conta correntes, onde constam apenas os 'apelidos', por exemplo, Milin, CVL, Beto Caetano, Paulão, Zequinha, Wando e outros, solicitados através dos Termos acima citados, impossibilitando assim identificar se os segurados contribuintes individuais prestadores de serviço estavam inscritos ou não na Previdência Social, infringindo assim o disposto no Art. 32, inciso III, da Lei nº 8.212/1991, combinado com o Art. 225, inciso I e §9°, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo decreto 3.048/99. Fl. 535DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 6 No Termo de Constatação de Infração Fiscal do PAF 16004.000336/200919 são transcritos trechos do relatório da Polícia Federal, onde são expendidas considerações detalhadas sobre a operacionalização dos procedimentos efetuados, discorrendo sobre a operação "Grandes Lagos" e a existência de uma organização criminosa criada para fraudar a administração tributária mediante a interposição de pessoas, físicas e jurídicas, para eximir os verdadeiros titulares do pagamento de tributos, sendo apresentadas, dentre tantas outras, as seguintes informações: · A partir de denúncias e informações de órgãos fiscalizadores foi deflagrada a operação “Grandes Lagos”, identificandose situações que, em tese, são caracterizadoras de crimes de sonegação, tendo sido expedidos pelo Poder Judiciário mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva, sendo determinada a instauração de inúmeras ações fiscais, dentre elas junto à autuada, pelo fato de adquirir notas fiscais “frias” de empresas “noteiras”, que efetuavam a venda de tais documentos fiscais visando a fraudar a administração tributária. · A fraude à administração tributária consistia na interposição de pessoas físicas e jurídicas que movimentavam em seus nomes grande quantia de recursos, com o propósito de eximir os titulares de fato do pagamento de tributos. · O gado era comprado, abatido e vendido pelo frigorífico cliente das empresas “noteiras”. No entanto, aparentemente a compra do gado e comercialização dos produtos do abate eram feitos pelas “noteiras” de acordo com o seguinte procedimento: as “noteiras” emitiam notas fiscais “frias” relativas à compra do gado e notas também “frias” de remessa desse gado ao frigorífico (cliente da “noteira”) para abate, seguindose a emissão de notas “frias” de retorno do produto do abate à “noteira” que, finalmente, emitia notas “frias” de venda dos produtos. · Fatos como os que são elencados a seguir demonstram que as “noteiras” foram constituídas com o único propósito de emitir notas fiscais ‘frias” para calçar operações de terceiros, com o intuito de ocultar valores junto ao fisco e não despertar suspeitas sobre o verdadeiro faturamento desses “clientes”: (a) o patrimônio declarado das “noteiras” é insuficiente para suportar as operações realizadas; (b) as discrepâncias entre os rendimentos declarados do sócio majoritário da “noteira” e as receitas declaradas da empresa no período; (c) a movimentação financeira desse sócio majoritário em valores muito superiores a seus rendimentos declarados; (d) a movimentação de contas bancárias da citada empresa por procuradores que são funcionários de frigoríficos (compradores de notas – “clientes”); (e) transcrição de declarações de inúmeros produtores rurais no sentido de que comercializavam sua produção não com as “noteiras”, mas com seus “clientes”. O Termo de Constatação de Infração Fiscal do PAF 16004.000336/200919 prossegue informando que as empresas Frigorífico Ouroeste Ltda, Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda e SP Guarulhos Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda compõem o "Núcleo Fl. 536DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 534 7 Ouroeste", estando todas constituídas em nome de "laranjas". Consta consignado no Termo de Constatação de Infração Fiscal que: · Na Continental Ouroeste, três dos sócios não têm histórico de vínculos empregatícios compatíveis com a condição de empresários. · O Frigorífico Ouroeste foi iniciado pelo Sr. José Cabral Muniz e seus filhos, e posteriormente foi vendido para o Sr. José Ribeiro Junqueira Neto, representado por seu procurador Sr. Luiz Ronaldo Costa Junqueira e para o Sr. Dorvalino Francisco de Souza. · A Continental Ouroeste foi constituída quando o Frigorífico Ouroeste teve problemas com sua inscrição estadual. Compõem seu quadro societário Antonio Martucci e Edson Garcia de Lima. O primeiro recebeu o valor para integralização de sua parcela no capital social da empresa Produtos da Fazenda Ltda, que formalmente pertence a Manoel dos Reis de Oliveira e Sandra Amara Reis de Oliveira, mas de fato, pertence a Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Lima. · É feita a análise dos depoimentos prestados pelos envolvidos; do contrato de arrendamento pela Continental Ouroeste das instalações do Frigorífico Ouroeste em 10/09/2002, e da utilização de créditos do ICMS pela Continental Ouroeste. · Discorrese novamente sobre depoimentos pessoais acerca dos rótulos dos produtos comercializados (os produtos da Continental Ouroeste saíam com o rótulo do Frigorífico Ouroeste) e das informações prestadas por clientes e fornecedores, que indicam os verdadeiros responsáveis pela empresa e a realização de operações fictícias para gerar créditos do ICMS. · Constatouse a existência de inúmeros benefícios diretos e indiretos concedidos aos verdadeiros sócios do empreendimento, como títulos de capitalização, transferências de valores mensais, tendo referidas pessoas recebido o tratamento por instituições financeiras como sócios dessas empresas. · Verificouse que a empresa Frigorífico Ouroeste assumiu dívidas da Continental Ouroeste, sendo que esta nunca entregou DCTF, mas apenas as DIPJ de 2002 e 2003, recolhendo os tributos por substituição tributária no período, além de recolhimentos parciais de contribuições previdenciárias. · Concluiuse que a Continental Ouroeste inexiste de fato, constituída com fins fraudulentos, tendo como beneficiários destas operações os Srs. Dorvalino Francisco de Souza, Edson Garcia de Lima, José Roberto de Souza, Antonio Martucci, Oswaldo Antonio Arantes, Luiz Ronaldo Costa Junqueira, João Francisco Naves Junqueira e José Ribeiro Junqueira Neto. Fl. 537DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 8 · A Continental Ouroeste foi criada para que estas pessoas verdadeiros sócios da Frigorífico Ouroeste não tivessem seus nomes vinculados ao patrimônio da empresa. · A SP Guarulhos sucedeu a Continental Ouroeste na fraude praticada. · Consta no TCF relato pormenorizado de operações bancárias praticadas pelos envolvidos, com o intuito de demonstrarse a ligação entre eles, e da situação de cada uma das pessoas físicas mencionadas e também daqueles que se caracterizaram como colaboradores do esquema. · Discorrese acerca dos depoimentos das pessoas envolvidas no esquema de venda de notas fiscais e informações prestadas por clientes e fornecedores que atestam que as operações de compra do gado e venda dos produtos resultantes do abate, embora lastreadas com notas fiscais de empresas diversas ("noteiras"), eram realizadas com pessoas que integravam o Núcleo Ouroeste, citandose ainda que os próprios Dorvalino e Edson admitiram a compra de notas de empresas "noteiras". · A fiscalização, a partir de documentos aos quais teve acesso durante os trabalhos fiscais, apurou que as notas vendidas pelas "noteiras" traziam um código de identificação de seu comprador, o qual possibilitou a apuração dos valores relativos a operações dessa natureza. · Que a empresa BR Fronteira também foi criada com o intuito de assumir a responsabilidade pelas obrigações trabalhistas do grupo. A análise pessoal das pessoas que integram seu quadro societário demonstra a flagrante incompatibilidade de sua situação econômica e a condição de sócias da citada empresa, concluindose trataremse de interpostas pessoas ("laranjas"). · Foram encontrados documentos no endereço do Frigorífico Ouroeste (cartões de ponto, holerites, PPRA da Continental Ouroeste e da BR Fronteira), que comprovam que o seu controle sobre a mãodeobra, assumindo os riscos da atividade econômica praticada, havendo também a comprovação de que os trabalhadores se confundiam em relação à definição da empresa para a qual prestavam serviços. Existiam trabalhadores com vínculos formais estabelecidos com as diversas empresas envolvidas, discorrendose acerca do rodízio dos vínculos empregatícios entre as empresas. · A utilização de documentos fiscais adquiridos de outras empresas para ocultar os verdadeiros beneficiários da atividade econômica praticada caracteriza o dolo. São citados dispositivos do Código Civil e do Código Tributário Nacional CTN. · Os fatos geradores foram considerados como do Frigorífico Ouroeste, inclusive aqueles relacionados a documentos fiscais adquiridos de outras empresas ("noteiras"); aos pagamentos efetuados aos contribuintes individuais, inclusive sócios de fato da autuada; e à interposição de mão deobra em outras empresas. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 535 9 · São descritos os valores tomados como base de cálculo das contribuições lançadas, com o detalhamento das aferições indiretas realizadas, indicandose ainda que todos os levantamentos foram considerados não declarados em GFIP, pois os fatos geradores não constaram na GFIP do real empregador, o Frigorífico Ouroeste. · Foram examinados documentos apresentados pelo Frigorífico Ouroeste. · A empresa Continental Ouroeste não atendeu à intimação fiscal para apresentação de documentos, sendo a análise dos vínculos empregatícios realizada com base em elementos apreendidos Livros de Registro de Empregados confrontados com informações do Cadastro Nacional de Informações Sociais CNIS. Foram apreendidos documentos junto às empresas SP Guarulhos e BR Fronteira. · A fiscalização arrolou como devedores solidários do Frigorífico Ouroeste as empresas interpostas Continental Ouroeste, SP Guarulhos e BR Fronteira, bem como os beneficiários pessoas físicas das fraudes perpetradas, eis que presente o interesse comum nas situações que constituíram os fatos geradores das obrigações tributárias ora lançadas. Assim, foram lavrados e encaminhados os respectivos Termos de Sujeição Passiva lavrados, juntamente com cópias do Auto de Infração e seu Termo de Constatação e Infração Fiscal, expondo que os demais elementos de prova ficam franqueados aos devedores solidários, em atendimento à ampla defesa e ao contraditório. De acordo com o Termo de Constatação de Infração Fiscal, em 05/03/2009 a empresa foi intimada, mediante o Termo de Constatação e Intimação n° 02, recebido pelo AR N° 111759934 BR em 09/03/2009 por Flagner O. Polvero, fls. 1085 do PAF 16004.000336/200919, onde foram remetidas 16 (dezesseis) planilhas contendo os fatos geradores a serem declarados em GFIP, EXCLUSÃO das GFIP das interpostas Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda e SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e Retificação das GFIP do próprio Frigorífico Ouroeste Ltda, bem como efetuar as inscrições dos contribuintes individuais, informando por escrito os nomes naturais dos quais constam apenas 'apelidos', exemplificativamente, Milin, CVL, Beto Caetano, Paulão, Zequinha, Wando e outros. Em 25 de Março de 2009 o contribuinte respondeu, fls. 320 a 321 do PAF 16004.000336/200919, que para atender o solicitado no Termo de Constatação e Intimação n° 02 de que necessita a prorrogação do prazo, no mínimo 30 (trinta) dias. A empresa foi intimada, novamente, em 30/03/2009, mediante o Termo de Constatação e Reintimação n° 03, a fls. 322/394 do PAF 16004.000336/200919, conforme Aviso de Recebimento n° 692332636 BR, recebido em 01/04/2009 pela funcionária Eliana Gomes de Oliveira. Nada obstante, a empresa respondeu à intimação, tendo repetido as mesmas alegações do TCR anterior, reiterando o pedido de prorrogação de mais 30 (trinta) dias, a fls. 395/396 do PAF 16004.000336/200919. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 10 Atendendo ao pedido pleiteado pelo contribuinte, em 16/04/2009 foi deferida a dilação, por 30 dias, do prazo para o atendimento das intimações realizadas, nas condições estabelecidas no Termo de Dilação de Prazo, a fls. 407/409 do PAF 16004.000336/200919. Em 05 de Maio de 2009, a empresa respondeu (fls. 410/412 do PAF 16004.000336/200919) reiterando as mesmas alegações anteriores, de que os documentos foram apreendidos e não tem como analisar o que julga devido pelo Frigorífico Ouroeste, não aceitando as planilhas remetidas onde são identificados os fatos geradores. Dessarte, restou caracterizado que a empresa não prestou objetivamente os esclarecimentos solicitados pela Fiscalização, consistentes nos nomes naturais completos dos segurados a seu serviço no prazo marcado às intimações, infringindo, assim, o artigo 32, inciso III e parágrafo 11 , da Lei 8212/1991 (MP N° 449, convertida na Lei n° 11.941) combinado com o artigo 225, inciso III do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3048/1999. Os valores da GPS Guia da Previdência Social pagas em nome e CNPJ da interposta Br Fronteira, foram deduzidos dos créditos apurados contra o sujeito passivo Frigorífico Ouroeste, nas competências 11/2005 a 13/2006, pois conforme declaração da sócia Maria Aparecida na Vara de Fernandópolis, de que os encargos previdenciários foram recolhidos pelo Frigorífico Ouroeste, a GPS com código 2003 (SIMPLES) foi considerada como 2100 (empresas em geral) (fls. 333, 337 e 340 Volume 2 / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919). Os valores da GPS Guia da Previdência Social pagas em nome e CNPJ da interposta SP Guarulhos foram deduzidos dos créditos apurados contra o sujeito passivo Frigorífico Ouroeste, lançadas como CRED (créditos), nas competências 03/2006 e 13/2006. Conforme discriminado nos Relatório RADA – Relação de Apropriação de Documentos Apresentados e RDA – Relação de Documentos Apresentados do PAF 16004.000336/200919, os créditos de titularidade da empresa, decorrentes de recolhimentos à Seguridade Social, foram utilizados para abater, prioritariamente, as Contribuições Sociais devidas pelos segurados empregados e pelos Segurados Contribuintes Individuais, incidentes sobre seus respectivos Salários de Contribuição itens 11 e 1F SEGURADO, do anexo DAD Discriminativo Analítico do Débito. Eventuais saldos foram utilizados para abater as Contribuições Sociais devidas pela empresa – Itens 12, 13, 14 e 15 do Discriminativo Analítico de Débito. Em razão da existência de interesse comum na situação constitutiva dos fatos geradores objeto do presente lançamento, o vertente Crédito Tributário houve por lançado, por solidariedade passiva, nos termos do inciso I do art. 124 do CTN, também em face das seguintes pessoas adiante arroladas, conforme Termos de Sujeição Passiva Solidária a fls. 26/56: · Antonio Martucci; · Edson Garcia de Lima; · Dorvalino Francisco de Souza; · José Roberto de Souza; Fl. 540DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 536 11 · Oswaldo Antonio Arantes; · Luiz Ronaldo Costa Junqueira; · João Francisco Naves Junqueira; · José Ribeiro Junqueira Neto; Houvese também por formalizada a competente Representação Fiscal para Fins Penais. Irresignado com a autuação, o Autuado apresentou impugnação administrativa em face do lançamento, a fls. 100/184. Os devedores Solidários Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, José Roberto de Souza e Oswaldo Antonio Arantes ofereceram impugnação em petição conjunta a fls. 188/270. Os demais devedores solidários não contestaram o lançamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP lavrou decisão administrativa textualizada no Acórdão nº 1433.072 – 9ª Turma da DRJ/RPO, a fls. 302/313, julgando improcedentes as impugnações ofertadas e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Autuado e os demais Sujeitos Passivos foram cientificados da decisão de 1ª Instância no dia 13/06/2011, conforme Cartas de Ciência e Avisos de Recebimento a fls. 332/364. O devedor Principal Frigorífico Ouroeste ltda interpôs Recurso Voluntário, em petição a fls. 339/385. Consta ainda dos autos, a fls. 422/466, instrumento de Recurso Voluntário apresentado intempestivamente em 04/11/2011. Os devedores Solidários Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, José Roberto de Souza, Oswaldo Antonio Arantes e Antonio Martucci interpuseram Recurso Voluntário em petição conjunta a fls. 471/522. Os demais devedores solidários não se manifestaram nos autos do processo. Os Recorrentes alegam, em resumo: · Nulidade por falta de clareza na autuação; · Cerceamento do direito de defesa, em razão do prazo exíguo para apresentação de documentos; Fl. 541DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 12 · Cerceamento do direito de defesa, por não ter tido acesso aos documentos das empresas que se apresentavam como instrumento de sonegação; · Que é indevido o lançamento a partir da desconsideração da personalidade de outras empresas; · Que a Fiscalização não logrou comprovar a existência dos requisitos dos vínculos empregatícios entre os funcionários das empresas Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda., SP Guarulhos Ltda. e BR Fronteira Ltda. e a Autuada; · Que a Fiscalização promoveu o lançamento a partir dos valores consignados em Folhas de Pagamentos, extratos e GFIP dos quais Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, Jose Roberto de Souza, Oswaldo Antonio Arantes e Antonio Martucci não tiveram acesso, não foram partes, não foram intimados da relação processual, não figuram no Polo Passivo, olvidandose que as pessoas acima não podem suportar o ônus do lançamento de tributos de interesse de outra pessoa jurídica, sobretudo por não terem direito/dever de manterem e apresentarem a contabilidade de outrem; · Que a autoridade lançadora imputou responsabilidade solidária às pessoas de Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, Jose Roberto de Souza, Oswaldo Antonio Arantes e Antonio Martucci com o exclusivo fundamento de que os mesmos seriam, em tese, procuradores, sócios ou administradores de outra firma; · Que a responsabilidade solidaria em apreço só poderia ocorrer ante a verificação da insuficiência do patrimônio da pessoa jurídica e mediante prévio procedimento judicial de cognição com decisão transitada em julgado; Ao fim, requerem o provimento do Recurso Voluntário. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 542DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 537 13 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE Os Recursos Voluntários interpostos pelo devedor Principal Frigorífico Ouroeste ltda, a fls. 339/385, e pelos devedores Solidários Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, José Roberto de Souza, Oswaldo Antonio Arantes e Antonio Martucci, em petição conjunta a fls. 471/522, são tempestivos. Todavia, o instrumento de Recurso Voluntário, a fls. 422/466, apresentado em 04/11/2011, é intempestivo, o que implica o seu nãoconhecimento. Com efeito, a empresa Frigorífico Ouroeste Ltda foi cientificada da decisão de 1ª Instância Administrativa no dia 13 de junho de 2011, conforme Carta de Ciência a fl. 332, e Avisos de Recebimento a fls. 350 e 359. Assim, teria até o dia 13/07/2011 para interpor o seu recurso. Nessa perspectiva, tendo sido o instrumento de Recurso, a fls. 422/466, apresentado em 04/11/2011, sua intempestividade é flagrante. Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade dos recursos tempestivos, deles conheço. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA NULIDADE Alega o Recorrente nulidade por falta de clareza na autuação. Não ! Merece ser destacado, inicialmente, que o lançamento tributário é constituído por uma diversidade de Termos, Relatórios e Discriminativos, sendo certo que a captação e compreensão das condições de contorno que individualizam e modelam a exação exigida decorrem não de um único relatório, mas, sim, da interpretação conjunta, sistemática e teleológica de todos os documentos que integram o lançamento de ofício, apreciados à luz da legislação de regência, atividade essa que exige profissionais capacitados e com conhecimento específico sobre o tema, como assim sói ocorrer em toda e qualquer área da atividade governamental, econômica ou intelectual da era pósmoderna. A complexidade e o sinergismo dos diversos ramos do conhecimento assim o exigem. Fl. 543DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 14 Dessarte, dada à complexidade do procedimento, cada elemento constitutivo do lançamento há que ser interpretado e digerido com o olhar clínico que o seu propósito finalístico assim demanda, e com o conhecimento técnico que a atividade assim exige, para que não se cometa o despropósito de se atribuir à administração tributária uma deficiência que, muita vez, não é da parte que formaliza e redige os elementos constitutivos do lançamento, mas, sim, da capacidade de cognição de quem os analisa e interpreta. Com efeito, por se tratar o lançamento de um procedimento administrativo de cunho eminentemente jurídico, nada mais natural e exigível que os termos que o compõem obedeçam à lógica e ao jargão jurídico. Tal característica, logicamente, não o invalida. Ao contrário, lhe confere a precisão terminológica adequada à sua perfeita compreensão e alcance. Fosse um documento médico, de informática, ou de engenharia, exigíveis seriam os jargões médico, de TI ou de engenharia, respectivamente, não o jurídico. Ao contrário da leitura empreendida pelo Recorrente, avulta dos autos que o Auto de Infração em relevo houvese por lavrado em perfeita consonância com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo a Autoridade Lançadora demonstrado, de forma clara e precisa, as circunstâncias do caso concreto a evidenciar a efetiva ocorrência de infração à Legislação Tributária, bem como a motivação da lavratura do Auto de Infração em apreço. Logo de plano o item 02 do Relatório Fiscal da Infração detalha todas as infrações cometidas pelo Autuado, assim como a fundamentação jurídica. Na sequência, o Relatório Fiscal expõe todas as razões de fato e de Direito que formaram a convicção da Autoridade Fiscal acerca da ocorrência de violação à legislação tributária, bem como a motivação da lavratura do vertente Auto de Infração de Obrigação Acessória, indicando, inclusive, a fundamentação legal. Adiante, a Autoridade Lançadora expõe a memoria de cálculo da multa aplicada, bem assim como a fundamentação jurídica de regência. Oportuno lembrar que o Termo de Constatação de Infração Fiscal do PAF 16004.000336/200919 traz a lume as circunstâncias motivadoras da deflagração da Ação Fiscal da qual resultou o Auto de Infração em debate, sendo abordados o núcleo Ouroeste, a existência de interpostas pessoas, as infrações a obrigações tributárias, a constituição de empresas em nome de “laranjas”, as pessoas físicas e jurídicas envolvidas, e a descrição detalhada de todas as demais constatações que desaguaram na percepção da efetiva existência de uma organização criminosa criada para fraudar a administração tributária mediante a interposição de pessoas, físicas e jurídicas, para eximir os verdadeiros titulares do pagamento de tributos: No caso em apreço, os relatórios fiscais que integram o presente lançamento foram elaborados dentro do escopo especificamente desenhado adrede para cada deles, não se afastando nem omitindo as informações que deles se esperam, permitindo ao Autuado a perfeita compreensão dos fundamentos e razões da autuação, sendolhe dessarte garantido o exercício do contraditório e da ampla defesa. Como visto, verificase que o Auto de Infração em relevo foi lavrado em harmonia com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente fiscal demonstrado, de forma clara e precisa, a tipificação da obrigação tributária acessória violada, as razões de fato e de Direito do lançamento, a motivação da lavratura do Auto de Infração, a fundamentação legal, a Memória de Cálculo e a composição da multa aplicada, Fl. 544DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 538 15 dentre outros, tudo de forma bem detalhada e discriminada em seus elementos de constituição, nos relatórios específicos. O lançamento encontrase revestido de todas as formalidades exigidas por lei, dele constando, além dos relatórios já citados, o MPF, TIPF, TIF e TEPF, dentre outros, havendo sido o Sujeito Passivo cientificado de todas as decisões de relevo exaradas no curso do presente feito, favorecendo, assim, a contradita dos termos do lançamento e o devido processo legal. Inexiste, pois, qualquer vício na formalização do débito a amparar a alegação de prejuízo à defesa erguida pelo sujeito passivo, razão pela qual impende repelir peremptoriamente a preliminar de nulidade tão veementemente sustentada pelo Recorrente. Por tais razões, rejeitamos a preliminar de nulidade. 2.2. DO CERCEAMENTO DE DEFESA O Recorrente alega cerceamento do seu direito de defesa, em razão do prazo exíguo para apresentação de documentos; Sem razão. De acordo com o §1º do art. 19 da Lei nº 3.470/58, nos lançamentos de ofício, nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo para a apresentação de documentos necessários ao procedimento fiscal é de cinco dias úteis. A dilação de 10 dias assinalada pela Fiscalização à empresa para a apresentação de sua escrituração contábil decorre ex lege, sendolhe concedido um prazo maior do que aquele previsto no §1º do art. 19 da Lei nº 3.470/58, incluído pela Medida Provisória nº 2.15835/2001. Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958. Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001) §1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835/2001) §2º Não enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 44, §§ 2º e 5º, da Lei nº 9.430, de 1996, o desatendimento a intimação Fl. 545DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 16 para apresentar documentos, cuja guarda não esteja sob a responsabilidade do sujeito passivo, bem assim a impossibilidade material de seu cumprimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835/2001) Com efeito, dada a potencial impossibilidade de se apurar, imediatamente, o valor correspondente a cada operação a ser registrada na contabilidade, a legislação tributária concede um prazo de carência para que tais registros sejam lançados. Nessa toada, o §13º do art. 225 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, estipula que os lançamentos contábeis referentes aos fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos, só serão exigidos pela fiscalização após noventa dias contados da ocorrência dos fatos geradores das contribuições, devendo tais lançamentos atender ao princípio contábil do regime de competência, além de registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do saláriodecontribuição, bem como as contribuições descontadas do segurado, as da empresa e os totais recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços. Regulamento da Previdência Social Art. 225. A empresa é também obrigada a: (...) II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) §13. Os lançamentos de que trata o inciso II do caput, devidamente escriturados nos livros Diário e Razão, serão exigidos pela fiscalização após noventa dias contados da ocorrência dos fatos geradores das contribuições, devendo, obrigatoriamente: I atender ao princípio contábil do regime de competência; e II registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do saláriodecontribuição, bem como as contribuições descontadas do segurado, as da empresa e os totais recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços. §14. A empresa deverá manter à disposição da fiscalização os códigos ou abreviaturas que identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na elaboração da folha de pagamento, bem como os utilizados na escrituração contábil. Não se deslembre que o art. 33 da Lei nº 8.212/91 outorgou à Secretaria da Receita Federal do Brasil a competência para planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previdenciárias, atribuindo aos seus auditores fiscais a prerrogativa de examinar a contabilidade das empresas, ficando estas obrigadas a exibir todos os documentos e Fl. 546DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 539 17 livros relacionados com tais contribuições sociais, e a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §1º É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §2º A empresa, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Nessa esteira, o art. 32 da Lei nº 8.212/91 determina expressamente que a empresa é obrigada a preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; a lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos e a declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil, mediante GFIP, todos os dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS, devendo os documentos comprobatórios do cumprimento das tais obrigações instrumentais ficar arquivados na empresa, à disposição da fiscalização, até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários a eles relativos, ou que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Código Tributário Nacional Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles Fl. 547DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 18 efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) (...) §11. Os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa durante dez anos, à disposição da fiscalização. (Parágrafo renumerado pela Lei nº 9.528/97). (grifos nossos) Da regra matriz acima revisitada defluem as normas assentadas no art. 37 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Guarda de Documentos Art. 37. Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. Outra não é a determinação contida no art. 4º do DecretoLei nº 486/69, que dispõe sobre a escrituração e livros mercantis, ad litteris et verbis: DecretoLei nº 486, de 3 de março de 1969. Art. 4º O comerciante é ainda obrigado a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, a escrituração, correspondência e demais papéis relativos à atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial. Fl. 548DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 540 19 No mesmo norte também apontam as diretrizes fixadas no art. 126, II da Lei Complementar nº 123/2006, que Instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 Art. 26. As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional ficam obrigadas a: (...) II manter em boa ordem e guarda os documentos que fundamentaram a apuração dos impostos e contribuições devidos e o cumprimento das obrigações acessórias a que se refere o art. 25 desta Lei Complementar enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. Os preceptivos acima destacados não se atritam com as disposições encartadas no art. 264 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Dec. 3000/99. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 Conservação de Livros e Comprovantes Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial §1º Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de livros, fichas, documentos ou papéis de interesse da escrituração, a pessoa jurídica fará publicar, em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de quarenta e oito horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remetendo cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal de sua §2º A legalização de novos livros ou fichas só será providenciada depois de observado o disposto no parágrafo anterior §3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. No mesmo sentido apontam as normas cogentes do código civil: Código civil de 2002 Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. Fl. 549DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 20 Nessa perspectiva, deflui dos dispositivos legais suso selecionados que a empresa tem, por obrigação legal, que preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social. Tem também que declarar mensalmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, mediante GFIP, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, todos os dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS e, igualmente, proceder à escrituração fiscal em títulos próprios de sua contabilidade de todos os lançamentos representativos de fatos geradores das contribuições previdenciárias, no prazo máximo de 90 dias contados das suas ocorrências, devendo tais documentos fiscais ser arquivados na empresa, mantidos sob sua guarda, à disposição da fiscalização. O termo legal “a disposição da Fiscalização” implica que o Obrigado tenha sob sua guarda e responsabilidade, pronto para apresentação imediata, todos os documentos assinalados na Legislação Tributária com tal desígnio, mesmo que em arquivo apartado, mas de pronto acesso à verificação fiscal. No caso em tela, a empresa foi intimada, mediante o Termo de Constatação e Intimação n° 02, recebido pelo AR N° 111759934 BR em 09/03/2009 por Flagner O. Polvero, fls. 1085 do PAF 16004.000336/200919, onde foram remetidas 16 (dezesseis) planilhas contendo os fatos geradores a serem declarados em GFIP, exclusão das GFIP das interpostas Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda e SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e Retificação das GFIP do próprio Frigorífico Ouroeste Ltda, bem como efetuar as inscrições dos contribuintes individuais, informando por escrito os nomes naturais dos quais constam apenas 'apelidos', exemplificativamente, Milin, CVL, Beto Caetano, Paulão, Zequinha, Wando e outros. Em 25 de Março de 2009 o contribuinte respondeu, fls. 320 a 321 do PAF 16004.000336/200919, que para atender o solicitado no Termo de Constatação e Intimação n° 02 de que necessita a prorrogação do prazo, no mínimo 30 (trinta) dias. A empresa foi intimada, novamente, mediante o Termo de Constatação e Reintimação n° 03, a fls. 322/394 do PAF 16004.000336/200919, conforme Aviso de Recebimento n° 692332636 BR, recebido em 01/04/2009 pela funcionária Eliana Gomes de Oliveira. Nada obstante, a empresa respondeu à intimação, tendo repetido as mesmas alegações do TCR anterior, reiterando o pedido de prorrogação de mais 30 (trinta) dias, a fls. 395/396 do PAF 16004.000336/200919. Atendendo ao pedido pleiteado pelo contribuinte, em 16/04/2009 foi deferida a dilação, por 30 dias, do prazo para o atendimento das intimações realizadas, nas condições estabelecidas no Termo de Dilação de Prazo, a fls. 407/409 do PAF 16004.000336/200919. Em 05 de Maio de 2009, a empresa respondeu (fls. 410/412 do PAF 16004.000336/200919) reiterando as mesmas alegações anteriores, de que os documentos foram apreendidos e não tem como analisar o que julga devido pelo Frigorífico Ouroeste, não aceitando as planilhas remetidas onde são identificados os fatos geradores. Todavia, não procede a alegação de que, para o cumprimento da intimação, dependeria de documentos apreendidos pela policia federal. Fl. 550DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 541 21 Ao que tudo indica, tais documentos encontravamse sob a guarda da Recorrente, tanto assim que foram apresentados à Fiscalização os Livros Caixa 2006, Diário e Razão 2007, Fichas Registro de Empregados, Livro Registro de Entrada e Saída de Mercadorias 2006/2007, Boletins de Abate 2006/2007, Notas Fiscais de Entrada e Saída de Mercadorias 2006/2007, Folhas de Pagamento 2007, GFIP 2006/2007 e GPS 2006/2007, inexistindo nos autos qualquer elemento de prova de que os documentos exigidos, porém não exibidos, não teriam sido apresentados à Fiscalização em razão de estarem apreendidos na Policia Federal. Cadê o Termo de Apreensão consignando tais documentos ? Dessarte, restou caracterizado que a empresa não prestou objetivamente os esclarecimentos solicitados pela Fiscalização, consistentes nos nomes naturais completos dos segurados a seu serviço no prazo marcado às intimações, infringindo, assim, o artigo 32, inciso III e parágrafo 11 , da Lei 8212/1991, na redação dada pela MP nº 449/2008, convertida na Lei n° 11.941/2009, combinado com o artigo 225, inciso III do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3048/1999. A Administração Tributária deferiu a dilação de 30 dias de prazo, conforme solicitado pelo Contribuinte, a contar do requerimento datado de 06 de abril de 2009. Portanto, as intimações deveriam ter sido atendidas, totalmente, até a data de 06 de maio de 2009. Conforme demonstrado, a empresa teve tempo suficiente, até demais, para apresentar esclarecimentos solicitados, os quais, por disposição de lei formal, já deveriam constar de documentos da empresa que deveriam ter sido elaborados, preparados e postos à disposição da Fiscalização já à data de início da ação fiscal, beirando à galhofa e à litigância de máfé a alegação de cerceamento de defesa por suposta exiguidade de prazo para apresentação de esclarecimentos. Por tais razões, rejeitamos a preliminar de cerceamento de defesa. 2.3. DO CERCEAMENTO DE DEFESA O Recorrente alega cerceamento do seu direito de defesa, por não ter tido acesso aos documentos das empresas que se apresentavam como instrumento de sonegação. Cabível neste ponto o esclarecimento de que o processo administrativo fiscal é precedido de uma fase inquisitiva, na qual a autoridade fiscal pratica todos os atos de ofício de sua competência, aplicando a legislação tributária à situação de fato, cujo resultado pode ou não desaguar na formalização de lançamento tributário. Nessa fase preliminar, conhecida como oficiosa ou não contenciosa, a autoridade administrativa procede à coleta de informações, dados e elementos de prova, à audita de testemunhas, ao exame de documentos, à auditagem dos registros contábeis e fiscais, tendentes ao apuro de eventual ocorrência de fatos geradores de obrigação tributária principal e/ou acessória. Sublinhese que, tanto as provas coletadas diretamente pela fiscalização quanto àquelas obtidas por intermédio dos trabalhos complementares de investigação não se submetem, nesta fase do procedimento, ao crivo do contraditório e da ampla defesa, direito constitucional este que se abrirá ao sujeito passivo com a notificação do lançamento, momento Fl. 551DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 22 processual próprio em que o Notificado, desejando, pode impugnar os termos do lançamento, oportunidade em que se instaura a fase contenciosa do Processo Administrativo Fiscal, nos termos do art. 14 do Decreto nº 70.235/72, quando então o contribuinte tem ao seu inteiro dispor o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Tal compreensão é corroborada pelos termos consignados no inciso LV do art. 5º da Constituição Federal que assegura aos litigantes, nos processos judiciais e administrativos, o contraditório e a ampla defesa, sendo certo que só se há que falar em litígio após a impugnação do lançamento, se assim desejar o Autuado, uma vez que, ao tomar ciência de eventual lançamento tributário, o notificado tem a faculdade de nada contestar, anuindo com a exigência fiscal, vindo a pagar ou a parcelar o que lhe está sendo exigido (caso em que não é instaurada a fase contraditória) ou, exercendo o direito de defesa e do exercício do contraditório, poderá impugnar o lançamento, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento fiscal. Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; (grifos nossos) Assim, ao ser dada a ciência do lançamento tributário ao Recorrente, também lhe são fornecidos todos os relatórios integrantes do lançamento, assim como o conjunto probatório, que demonstram os fatos geradores apurados, os tributos devidos, as infrações perpetradas, os fundamentos legais que fornecem esteio jurídico à Autuação, os procedimentos levados a efeito pela Fiscalização, as circunstâncias e motivação do lançamento, bem como as demais condições de contorno atávicas à atuação fiscal. Não se deve olvidar, outrossim, que, ao tomar ciência de eventual lançamento tributário, o Autuado tem a faculdade de nada contestar, anuindo com a exigência fiscal, vindo a pagar ou a parcelar o que lhe está sendo exigido, hipótese em que não é instaurada a fase contraditória. Ao revés, pode ele, também, exercendo o seu direito de defesa, impugnar o lançamento, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento fiscal. Como visto, verificase que o Auto de Infração em relevo foi lavrado em harmonia com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente fiscal demonstrado, de forma clara e precisa, os fatos geradores das contribuições Fl. 552DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 542 23 previdenciárias devidas e os períodos a que se referem, constando ainda no Auto de Infração em relevo, a qualificação do Autuado e seu CNPJ, o local, a data e a hora da sua lavratura, a descrição do fato jurígeno tributário, as disposições legais infringidas e a penalidade aplicada, a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias, bem como a assinatura da Autoridade Lançadora e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Não se pode perder de vista, igualmente, que os procedimentos de investigação levados a efeito na operação Grandes Lagos foram conduzidos em conjunto pela Polícia Federal, pela Secretaria da Receita Previdenciária e pela Secretaria da Fazenda Estadual em São José do Rio Preto/SP, sob os olhares da Justiça Federal – 1ª Vara Federal de Jales 24ª subseção Judiciária de São Paulo, que deferiu a quebra do sigilo bancário das pessoas físicas e jurídicas envolvidas, no período de 2002 a 2006, expediu mandados de busca e apreensão de documentos e expediu ofícios requisitórios à Secretaria da Receita Federal e à Secretaria da Receita Previdenciária para fiscalizar os contribuintes as pessoas jurídicas e físicas envolvidas no esquema de sonegação, dando origem aos procedimentos de busca e retenção de documentos e arquivos magnéticos com informações contábeis e fiscais, trabalhistas e previdenciárias, necessárias à constituição dos créditos, tudo em fiel consonância com as disposições inscritas no art. 198 do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada pela Lcp nº 104/2001) §1o Excetuamse do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104/2001) I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; (Incluído pela Lcp nº 104/2001) II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. (Incluído pela Lcp nº 104/2001) §2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104/2001) §3o Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104/2001) I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104/2001) II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104/2001) Fl. 553DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 24 III – parcelamento ou moratória. (Incluído pela Lcp nº 104/2001) Inexiste, pois, qualquer vício na formalização do débito a amparar a alegação de cerceamento de defesa tão veementemente erguida pelo Recorrente. Por tais razões, rejeitamos a preliminar de cerceamento de defesa. Vencidas as preliminares, passamos ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DO PROCEDIMENTO FISCAL PARA APURAÇÃO DOS FATOS GERADORES Em 2006, a Polícia Federal instaurou Inquérito Policial para investigação dos fatos que chegaram ao seu conhecimento sobre organizações criminosas estabelecidas na região de Jales SP para a prática de crimes contra a ordem tributária, apropriação indébita e sonegação fiscal previdenciária e estelionato contra a Fazenda Pública. Após exaustiva investigação, houvese por constituído o processo judicial, procedendose à representação ao Poder Judiciário para a expedição dos mandados de busca e apreensão em locais suspeitos com o intuito de obter provas dos ilícitos praticados, deflagrandose a operação denominada "GRANDES LAGOS", executada pela autoridade policial federal, que apurou a existência de núcleos de empresa e pessoas físicas constituídos com o objetivo de sonegar tributos e evitar demanda judicial de natureza fiscal e trabalhista mediante a criação de empresas "de fachada”, cujos sócios eram arregimentados para serem, no jargão policial, "laranjas”, de modo a proteger de sequestros nas execuções fiscais o patrimônio dos verdadeiros sócios e das empresas lícitas em seu nome (plantas e instalações frigoríficas em São José do Rio Preto, FernandópolisSP e Campina VerdeMG), com uso de dissimulados e precários contratos de arrendamento. Em seguida, o Poder Judiciário Federal em Jales expediu ofícios requisitórios ao Fisco (Receita Federal e Receita Previdenciária) para fiscalizar os contribuintes as pessoas Fl. 554DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 543 25 jurídicas e físicas envolvidas no esquema de sonegação, dando origem aos procedimentos de busca e retenção de documentos e arquivos magnéticos com informações contábeis e fiscais; trabalhistas e previdenciárias, necessárias à constituição dos créditos. A fiscalização previdenciária, à época, ligada à Secretaria da Receita Previdenciária, procedeu à retenção dos elementos colhidos na sede das empresas fiscalizadas, através da lavratura de Auto de Apreensão, Guarda e Devolução de Documentos AGD. Posteriormente, atendendo a solicitação do fisco federal, a Justiça Federal em Jales expediu novos mandados de busca e apreensão, os quais foram executados em 2007. Na sequência, a Justiça Federal – 24ª Subseção Judiciária do Estado de São Paulo deferiu a quebra do sigilo bancário das pessoas físicas e jurídicas, do período de 2002 a 2006, determinando às instituições financeiras o fornecimento de documentos e informações solicitados pela Delegacia da Receita Federal em São José do Rio Preto. Os procedimentos de investigação levados a efeito na operação Grandes Lagos foram conduzidos em conjunto pela Polícia Federal, pela Secretaria da Receita Previdenciária e pela Secretaria da Fazenda Estadual em São José do Rio Preto/SP, sob os olhares da Justiça Federal – 1ª Vara Federal de Jales 24ª subseção Judiciária de São Paulo, que deferiu a quebra do sigilo bancário das pessoas físicas e jurídicas envolvidas, no período de 2002 a 2006, expediu mandados de busca e apreensão de documentos e expediu ofícios requisitórios à Secretaria da Receita Federal e à Secretaria da Receita Previdenciária para fiscalizar os contribuintes as pessoas jurídicas e físicas envolvidas no esquema de sonegação, dando origem aos procedimentos de busca e retenção de documentos e arquivos magnéticos com informações contábeis e fiscais, trabalhistas e previdenciárias, necessárias à constituição dos créditos, tudo em fiel consonância com as disposições inscritas no art. 198 do CTN. Assim, a denominada "Operação Grandes Lagos", deflagrada pela polícia federal, por solicitação da Receita Federal, desbaratou uma organização criminosa criada para fraudar a administração tributária, que vinha atuando na região de São José do Rio Preto havia muitos anos, tendo em vista que seria praticamente impossível para a Receita Federal identificar todas as pessoas físicas e jurídicas envolvidas, sem um trabalho de inteligência da Polícia Federal, inclusive com interceptações telefônicas. Decorridos meses de investigação, a Polícia Federal, com autorização da Justiça Federal, efetuou mais de uma centena de prisões e procedeu à busca e apreensão de documentos nas empresas envolvidas na fraude, conforme excerto do relatório da Polícia Federal adiante transcrito: “Desde pelo menos o ano de 2001, a Receita Federal e o INSS vêm recebendo denúncias de um megaesquema de sonegação fiscal envolvendo frigoríficos estabelecidos na região dos Grandes Lagos, no interior do Estado de São Paulo, sobretudo nos municípios de Jales e Fernandópolis. Segundo as denúncias, o grupo atuaria na região há pelo menos quinze anos. A partir destas denúncias, a Receita e o INSS iniciaram vários procedimentos fiscais contra várias empresas e pessoas físicas ligadas ao esquema. Finalizadas as fiscalizações, foram lançados os tributos, que atingem centenas de milhões de reais. No entanto, invariavelmente, quando a Fazenda Pública buscava cobrar os tributos devidos, verificava quem nem as empresas, nem seus sócios, possuíam qualquer patrimônio em seu nome para honrálas. No curso dos trabalhos de fiscalização, tanto a Receita Federal quanto o INSS se depararam com evidências de Fl. 555DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 26 que as pessoas que constavam do quadro societário destas empresas eram apenas "laranjas", que se reportavam a um nível hierárquico superior. Os auditores suspeitaram que as empresas fiscalizadas haviam sido constituídas com a única finalidade de sonegar tributos. Diante da dificuldade de comprovar o vínculo entre os verdadeiros sócios e as empresas abertas em nome de "laranjas" para a prática de crimes contra a ordem tributária, e dadas as evidências da existência de uma verdadeira organização criminosa por trás destas empresas, no final do ano de 2005 a Receita Federal solicitou formalmente o apoio da Polícia Federal em Jales/SP, para que as investigações fossem aprofundadas, de modo a se identificar com precisão todo o esquema, para que os nomes dos infratores pudesse ser levado à julgamento pela Justiça”. Após a deflagração da operação Grandes Lagos, houve determinação judicial para que todas as pessoas físicas e jurídicas envolvidas no caso fossem fiscalizadas pela Receita Federal do Brasil, motivo pelo qual houvese por instituída uma equipe especial de fiscalização pela Superintendência Regional da Receita Federal da 8ª Região Fiscal para conduzir os trabalhos relativos à citada operação. Por isso, houvese por expedido o Mandado de Procedimento Fiscal N° 08.1.07.00200900340, determinando à equipe fiscal nele assinalada a verificação do cumprimento das obrigações relativas às Contribuições Sociais administradas pela RFB, conforme determina o art. 2º da Lei n° 11.457/2007, e àquelas relativas a terceiros, conforme determina o artigo 3° da mesma lei; a verificação do cumprimento das obrigações previdenciárias e para outras entidades e fundos rendimentos pagos, devidos ou creditados a segurados empregados; A verificação do cumprimento das obrigações previdenciárias e para outras entidades e fundos rendimentos pagos, devidos ou creditados a segurados contribuintes individuais; A verificação do cumprimento das obrigações previdenciárias e para outras entidades e fundos conciliação GFIP; A verificação do cumprimento das obrigações previdenciárias e para outras entidades e fundos comercialização de produtos rurais contribuições devidas por adquirente na condição de subrogado; A verificação do cumprimento das obrigações previdenciárias e para outras entidades e fundos comercialização de produção contribuições próprias e a verificação de informações econômicofiscais do contribuinte, por determinação Judicial através do Ofício 076/2006GABJCSProcesso 2006.61.24.0016662 da 1ª Vara Federal de Jales. Da investigação procedida pela Policia federal, em conjunto com as Secretarias da Receita Federal e de Fazenda Estadual restou configurada a existência de uma grande organização criminosa, criada com o objetivo de fraudar a administração tributária, cujo modus operandi consistia na interposição de pessoas físicas e jurídicas, com o objetivo de eximir os titulares de fato do pagamento de tributos e contribuições sociais. As pessoas interpostas movimentaram grande quantia de recursos por meio da rede bancária, mediante a abertura de contas em seus nomes, mas movimentando recursos pertencentes a terceiros, titulares de fato desses recursos. Foram, então, determinadas e abertas fiscalizações nos contribuintes: FRIGORÍFICO OUROESTE LTDA. e CONTINENTAL OUROESTE CARNES E FRIO LTDA, assim como diligências fiscais nas empresas SP GUARULHOS DISTRIBUIDORA DE Fl. 556DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 544 27 CARNES E DERIVADOS LTDA e COMERCIO DE CARNES E REPRESENTAÇÃO BR DE FRONTEIRA LTDA. E, também, diligências fiscais nas Pessoas Físicas relacionadas com as suso citadas empresas: Srs. Oswaldo Antonio Arantes, Dorvalino Francisco de Souza, José Roberto de Souza, Edson Garcia de Lima, Antonio Martucci, Luiz Ronaldo Costa Junqueira, , João Francisco Naves Junqueira, e José Ribeiro Junqueira Neto e na Vara do Trabalho de Fernandópolis/SP. Foram arroladas nos fatos geradores lançados as empresas Frigorífico Ouroeste Ltda, a interposta empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda e a interposta/noteira Distribuidora de Carnes e Derivados S. Paulo Ltda. Durante os trabalhos de auditoria foram detectadas como interposta empresa do Frigorífico Ouroeste Ltda, além das empresas citadas acima, as empresas SP GUARULHOS (aquisição de produtos rurais como subrogado e mãodeobra) e a BR FRONTEIRA (fornecedora de mãodeobra na atividade fim, a partir de Novembro de 2005). A Fiscalização apurou que as empresas Frigorífico Ouroeste Ltda, Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda e a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda compõem o Núcleo Ouroeste. Todas essas empresas estão registradas em nome de "laranjas". Formalmente, o Frigorífico Ouroeste Ltda estava em nome de Maria de Lourdes Bazeia de Souza e Ana Maria Cecília Podboy Costa Junqueira, com 50% de participação cada uma no quadro societário da empresa; são "laranjas" do empreendimento. A contribuinte Maria de Lourdes Bazeia de Souza é mãe do Dorvalino Francisco de Souza e José Roberto de Souza. Em seu esclarecimento a Polícia Federal de Jales informa que assinou uma procuração para seu Dorvalino, para que o mesmo pudesse trabalhar. Informa, ainda que nunca participou da empresa Frigorífico Ouroeste Ltda e que pertence de fato aos Srs. Dorvalino Francisco de Souza e Edson Garcia de Lima (fls. 684 Volume IV / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). No período declara apenas rendimento recebido do INSS. É conhecida na cidade de Bálsamo como "Maria da Pamonha", pois possui uma pequena barraca na feira livre da cidade que vende doces derivados de milho. Portanto, a contribuinte é mais uma interposta pessoa, “laranja”, do núcleo dos envolvidos na fraude do Frigorífico Ouroeste Ltda. A contribuinte Ana Maria Cecília Podboy Costa Junqueira constou nos quadros societários da empresa Frigorífico Ouroeste Ltda de 2003 até 2007. É esposa do Sr. Luiz Ronaldo Costa Junqueira. Em seu esclarecimento a Polícia Federal de Jales disse que, a pedido de seu cônjuge, por volta de 2003, assinou uma procuração para que o mesmo pudesse investir na compra de um frigorífico em OuroesteSP. Que desconhece completamente qualquer assunto relacionado com a empresa Frigorífico Ouroeste Ltda, e que constou como sócio a pedido do cônjuge (fls. 685 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Declara, no período, somente rendimento recebido de seu sogro João Francisco Naves Junqueira (fls. 2137 a 2155 Volume XI / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Consta no sistema CNIS Fonte GFIP vínculo para a matrícula 11.528.00886/81 do empregador supra citado com admissão em 03/11/1998 (fls. 59 Volume I / Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919 ). Fl. 557DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 28 Portanto, a contribuinte é mais uma interposta pessoa do núcleo dos envolvidos na fraude do Frigorífico Ouroeste Ltda. A empresa Frigorífico Ouroeste Ltda foi iniciada pelo Srs. José Cabral Muniz e Filhos em 26.01.1999, fls. 33 a 38 – Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 . Em 13.02.2002, teria sido vendido o estabelecimento para o Sr. José Ribeiro Junqueira Neto, representado pelo seu procurador Sr. Luiz Ronaldo Costa Junqueira, e para o Sr. Dorvalino Francisco de Souza, conforme cópia autenticada do Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel (terreno e prédio), Instalações Industriais, Utensílios, Máquinas e Ferramentas entregues pela empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, ao Posto Fiscal da Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo, em Fernandópolis (fls. 91 a 98 – Volume I/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Em resposta a intimação fiscal de 13.11.2005, o Sr. Dorvalino Francisco de Souza confirmou que emitiu 06 cheques de R$ 30.000,00 informando que para fazer frente a tal despesa teria tomado empréstimo com os Srs. Edson Garcia de Lima e Antonio Martucci (fls. 1754 / 1759 – Volume IX/ Anexo1 do PAF 16004.000336/200919 ). Em seu depoimento a Polícia Federal de Jales, em 05.10.2006, o Sr. Edson Garcia de Lima declarou que "16% do Frigorífico Ouroeste lhe pertence, 34% pertencem ao Sr. Dorvalino e os outros 50% ao Sr. Luiz Ronaldo" (fls. 646 – Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Dorvalino Francisco de Souza, em seu depoimento à Polícias Federal de Jales, declarou (fls. 677 – Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ) : "...assim como já afirmado acima, a empresa pertence à genitora, sendo que há cerca de 2 anos recebeu procuração de sua genitora para gerir o Frigorífico. Que cerca de uma ano e meio, o interrogado esteve a frente dos negócios juntamente com o seu irmão José Roberto de Souza e Edson Garcia de Lima. Explicando, 50% da empresa pertencia a sua genitora e 50% pertence a Luiz Ronaldo Junqueira. Havia uma sociedade civil entre o interrogado, seu irmão José Roberto e Edson Garcia de Lima " Conforme cláusula terceira do Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóveis (terreno e prédio), Instalações industriais, Utensílios, Máquina e Ferramentas, verifica se que os compradores tomaram posse do imóvel imediatamente. A Fiscalização apurou que nenhum dos envolvidos, compradores e vendedores, declaram tal situação ao Fisco Federal. Em 08.04.2003, fizeram uma alteração contratual falsa, onde os vendedores, José Cabral Muniz, Elisabete Rascado Matos Muniz, Flavia Rascado Matos Muniz, Camila Matos Muniz e José Cabral Muniz Júnior, teriam cedido suas cotas no Frigorífico Ouroeste Ltda para Maria de Lourdes Bazeia de Souza (mãe do Dorvalino) e Ana Maria Cecília Podboy Costa Junqueira (esposa do Sr. Luiz Ronaldo), pelo valor de R$ 50.000,00 (fls. 27 a 32 – Volume I/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Em suas declarações à Polícia Federal de Jales, as duas senhoras declararam que assinaram procurações, com amplos poderes, para Dorvalino Francisco de Souza e Luiz Fl. 558DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 545 29 Ronaldo Costa Junqueira, respectivamente, baseado em confiança familiar (fls. 684/685 – Volume III/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Em 18.05.2007, foi feita outra alteração contratual fraudulenta onde a empresa tem como novos sócios Luiz Ronaldo Costa Junqueira (99%) e Edson Garcia de Lima (1%). No mesmo instrumento, o capital social foi alterado para R$ 300.000,00 (fls. 2229/2232 – Volume XII / Anexo1 do PAF 16004.000336/200919). Tal alteração contratual não foi aceita pelo Fisco estadual como alteração válida, já que os sócios não comprovaram condições financeiras para tal ato. Esta alteração também não foi realizada junto ao CNPJ. Aliás, a Fiscalização apurou que uma das marcas das empresas envolvidas na operação é o total descompasso entre as alterações contratuais na Junta Comercial, no Fisco Estadual e no CNPJ. Com base nas informações colhidas, a Fiscalização concluiu, conforme raciocínio desenvolvido no item 2.1. do Termo de Constatação de Infração Fiscal, que o quadro societário verdadeiro da Frigorífico Ouroeste Ltda é o seguinte: 1 José Ribeiro Junqueira Neto e/ou João Francisco Naves Junqueira 50% 2 José Roberto de Souza 7,85 % 3 Dorvalino Francisco de Souza 16,44% 4 Edson Garcia de Lima 16,00% 5 Antonio Martucci 9,71 % 3.1.1. DA CONTINENTAL OUROESTE CARNES E FRIOS LTDA A Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda foi constituída em 10.09.2002, tendo como sócios os Srs. Antonio Martucci e Edson Garcia de Lima, com um capital de R$ 70.000,00. Dos quais 99% foi integralizado pelo Sr. Antonio Martucci (R$ 69.300,00) e 1 % pelo Sr. Edson Garcia de Lima (R$ 700,00). Analisando os extratos bancários da conta do Sr. Antonio Martucci, a Fiscalização apurou o recebimento de um TED enviado pela empresa Produtos da Fazenda, no valor de R$ 69.370,00, no dia 13.09.2002. A integralização das cotas da empresa, acima citada, feita pelo Sr. Antonio Martucci deuse, também, no dia 13.09.2002, através do cheque nº 001606, no valor de R$ 69.300,00. Notese que o valor recebido é exatamente o valor da integralização, acrescido da CPMF R$ 70,00 (R$ 69.300,00 x 0,038%). A empresa Produtos da Fazenda Ltda tem como sócios o Sr. MANOEL DOS REIS DE OLIVEIRA e a Sra. SANDRA AMARA REIS DE OLIVEIRA, estando inativa desde 2003. O sócio Manoel dos Reis de Oliveira é conhecido na cidade de Bálsamo como "DEDÉ Carrinheiro", pessoa de pouca posse, morador em casa simples da COHAB de Bálsamo. Atualmente é sócio da empresa De Souza e Lima Ltda, junto com a Mãe do Sr. Edson Garcia de Lima. A empresa pertence de fato ao Sr. Edson Garcia de Lima e ao Sr. Dorvalino Francisco de Lima, conforme consta em seus depoimentos à Polícia Federal de Jales. Fl. 559DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 30 O Sr. Manoel dos Reis de Oliveira é interposta pessoa dos citados contribuintes. Em seu depoimento em 26.03.2008, a secretária da empresa, Sra. Angela Cristina Veigas Longo, confirma que a empresa De Souza e Lima Ltda tem como objeto social a venda de Carne desossada no atacado e pertence ao Sr. Edson Garcia de Lima e ao Sr. Dorvalino Francisco de Lima. Em depoimento à Polícia Federal de Jales, em 17.10.2006, o Sr. Antonio Martucci declarou: "...por volta de 2002, Dorvalino foi até a residência do interrogado e o informou que havia comprado do Frigorífico Ouroeste, porém não conseguiu a Inscrição Estadual, pois precisa de dois nomes "bons" para figurarem como sócios. Dorvalino convidou o interrogado para ser um dos sócios "de direito" ao lado de Edson Garcia de Lima. Efetivamente a empresa pertencia ao interrogado com 12,5%, a José Roberto de Souza com 12,5%, a Edson Garcia de Lima com 12,5%, a Dorvalino com 12,5% e Luis Ronaldo com 50%". Que o interrogado efetivamente pagou sua parte do capital social a Dorvalino que era quem havia negociado a compra. No contrato social, porém, constava o interrogado com 99% do capital social e Edson Garcia de Lima com 1%; Que a empresa, então, começou trabalhar da seguinte forma: O interrogado e José Roberto de Souza tinham como função comprar o gado em pé, o qual era trazido até o frigorífico situado em Ouroeste/SP. O produtor rural era orientado a fazer a nota de venda em nome da empresa de Macaúba denominada Norte Riopretense e Distribuidora São Paulo". Entretanto em seu depoimento ao Juízo da 3ª Vara de São José do Rio Preto, em 05.12.2006, o Sr. Antonio Martucci afirmou: "....Eu não recebi nada para emprestar o nome, eu só fiz isso porque eu era amigo do Dorvalino na época. Quando eu abatia gado no Frigorífico Ouroeste a nota saia do produtor para o Pereira e Pereira, para a Basco, para onde eles determinassem, era o frigorífico quem determinava em nome de quem sairia a nota, mas eu não mexia com isso. As vezes podia ser a Distribuidora São Paulo ". Em outro trecho diz: "... O Frigorífico Ouroeste e a Continental Ouroeste ficavam no mesmo prédio, mas eu não sei a diferença entre elas. Eu sabia que tinha emprestado o nome para a Continental, mas eu não sabia que também figurava como sócio do Frigorífico Ouroeste...". Analisando os depoimentos acima, verificase que o contribuinte faltou com a verdade em vários trechos, tendo em vista sua participação efetiva nas empresas envolvidas. Em seu depoimento a Polícia Federal de Jales, o Sr, Edson Garcia de Lima, quando perguntado a respeito de quais as empresas que lhe pertenciam, respondeu: Fl. 560DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 546 31 "1) "De direito" H4 Comercial de Carnes e Derivados Ltda e De Souza & Lima Ltda. 2) "De fato" 16% do Frigorífico Ouroeste. Também são proprietários "de fato" desta, Dorvalino (34%) e Luis Ronaldo (50%). Esta empresa está "de direito" em nome da genitora do Dorvalino e da esposa do Luiz Ronaldo, senhora Maria Cecília. È a pessoa que efetivamente administra a empresa era Oswaldo Antonio Arantes, porém compra de gado quem fazia era o interrogado...." Em seu interrogatório ao Juízo da 3ª Vara Federal de São José do Rio Preto, o Sr. Edson Garcia de Lima, declarou: "... A Continental foi criada para abater gado, antes de nós comprarmos o Frigorífico Ouroeste, nós a utilizamos entre 2002 e 2003, embora tenha sido utilizada também depois, mas em menor escala, pois nós adquirimos o Frigorífico Ouroeste. A Continental foi criada para ser utilizada como Distribuidora para abater gado, antes de nós fecharmos ela, nós levantamos os tributos devidos e fizemos o parcelamento, nós estamos pagando o parcelamento...." Analisando os dados acima, a Fiscalização constatou que o contribuinte Edson Garcia de Lima faltou com a verdade, invertendo a ordem de abertura das empresas e dizendo que teria fechado a empresa e estaria pagando os tributos devidos. Não foram localizadas opções válidas pelos parcelamentos REFIS ou PAES, apesar de constar pagamento de R$ 4.000,00 (R$ 2.000,00 no mês e novembro/2006 e R$ 2.000,00 em Dezembro/2006) e R$ 2.000,00 (R$ 1.000,00 em janeiro/2007 e R$ 1.000,00 em fevereiro/2007), com código de recolhimento do PAES. Tais recolhimentos ocorreram após a ação da Polícia Federal de JalesSP. Não antes. O contribuinte Dorvalino Francisco de Souza, em seu interrogatório ao juízo da 3ª Vara Federal de São José do Rio Preto, declarou: " ....Eu e o Edson Garcia de Lima abrimos uma empresa chamada Continental, mas como eu tinha restrição em meu nome, a empresa ficou em nome do Edson (1%) e do Martucci (99%), mas o Martucci ficou poucos meses. O Edson ia até o campo, compra gado em nome da Continental e o frigorífico apenas abatia o gado, o Luiz Ronaldo tinha 50% do frigorífico e não queria participar do negócio..." em outro trecho diz " ...Eu e o Edson exercíamos a administração do Frigorífico Ouroeste e da Continental. O Martucci praticamente só cedeu o nome dele mesma para a empresa...." Analisando as informações acima, a Fiscalização concluiu que o contribuinte faltou com a verdade, informando que o Sr. Antonio Martucci teria ficado poucos meses e que o Sr. Luis Ronaldo Costa Junqueira não participava dos negócios. Tais fatos demonstram quem, de fato, são os proprietários da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda. Os Srs. Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Lima. Fl. 561DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 32 Em setembro/2002, o Frigorífico Ouroeste teria supostamente arrendado para a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda teria as instalações industriais, utensílios, máquinas e ferramentas. A cláusula quinta estatui que todas as benfeitorias que a arrendatária fizesse ficariam incorporada ao imóvel, não sendo devida nenhuma indenização. Esta cláusula é comum em todas as empresas envolvidas na operação, quando a arrendatária é uma empresa inexistente de fato (empresa de papel), criada com objetivo fraudar as administrações tributárias, e o verdadeiro “dono do negócio” é o arrendador, de maneira que todas as benfeitorias permanecem dom o dono do negócio, o Arrendador. Nesta data, a Continental além das instalações físicas, assumiu todos os empregados do Frigorífico Ouroeste, conforme assim revela a consulta de vínculos empregatícios do trabalhador do CNIS, iniciando o "esquema de sonegação" ( fls. 01/405 Vol. I a III do Anexo 6 do PAF 16004.000336/200919 ). Em janeiro de 2003, foi realizada uma ampliação das instalações industriais (acréscimo de 418 m2 no prédio, acréscimo de 448 m2 nos currais, construção de câmara fria e aquisição de diversas máquinas e utensílios), tendo despendido um valor superior a R$ 10 milhões de reais, tudo pago com créditos acumulados de ICMS, muitos dos quais frios (fls. 1725/1747 Volume IX / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ) Todas estas benfeitorias foram acrescidas ao patrimônio do Frigorífico Ouroeste sem custo. Consta, também, que a empresa adquiriu "Óleo Diesel" da Petrobrás Distribuidora S/A, no período de 09/2003 a 01/2005, no valor de R$ 3.412.568,00 ou 2.970.000 litros (fl. 1724 Volume IX/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Considerando o período de 17 meses ou 510 dias; o fato de o frigorífico ter consumo deste combustível apenas para o gerador (que é usado somente nas horas de picos e quando há falta de energia elétrica); o consumo do motor do gerador de mais ou menos 80 litros por hora, o diesel adquirido seria suficiente para produzir energia, 24 horas por dia, por 1.546 dias ou 51 meses (80 litros/h x 24hs = 1.920 litros ao dia), o que demonstra que tal combustível houvese por utilizado por outras empresas do esquema. De tal exposição avulta que o crédito de ICMS foi utilizado em proveito do Frigorífico Ouroeste Ltda e/ou seus sócios como benefício indireto. Em 11.03.2003, retirase da sociedade o Sr. Antonio Martucci e entra o Sr. Oswaldo Antonio Arantes, que adquire as cotas daquele pelo mesmo valor da constituição, R$ 69.300,00 , pago através de cheque n° 000465, emitido pelo Sr. Oswaldo Antonio Arantes em 03.04.2003, Banco Bradesco, agência Ouroeste/SP ( fls. 102 Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919). Em sua declaração a Polícia Federal de Jales, em 17.10.2006, o contribuinte Sr. Oswaldo Antonio Arantes declarou: " ....salvo engano, no ano de 2003 o declarante foi admitido como empregado da empresa Frigorífico Ouroeste Ltda, sediada na cidade de Ouroeste/SP, como gerente administrativo, tendo como função precípua a manutenção do frigorífico, admissão e demissão de funcionários, etc, sendo certo que quem o contratou fora os senhores Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Souza, os quais são proprietários da mencionada empresa; QUE percebia uma salário de R$ 2.800,00; QUE, após quatro meses, aproximadamente, o declarante fora demitido da ora citada empresa, porém lá permaneceu, no mesmo cargo e funções, sem Fl. 562DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 547 33 registro em sua CTPS...." Em outro trecho diz: "...QUE, o declarante no ano de 2003 para 2004, adquiriu parte da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, salvo engano 70%, esta sediada na época na cidade de Ouroeste/SP, porém por não ter sido aceito pela Secretária da Fazenda do Estado de São Paulo, sob alegação de que não dispunha de bens, teve de devolver essa parte para o seu originário proprietário, Antonio Martucci; QUE esclarece o declarante que somente permaneceu como sócio proprietário da empresa Continental Ouroeste, que tinha como ramo o comércio de carne, por um período de no máximo um mês Que, o dinheiro que o interrogado usou para adquirir parte da sociedade da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, o obteve da venda de terra no Estado do Mato Grosso, de propriedade de seu sogro Sebastião Luiz Arantes, o qual reside com o declarante...." Analisando o extrato do contribuinte Oswaldo Antonio Arantes, a fl. 141 do PAF 16004.000336/200919 verificase que em 14.03.2003 ele recebeu uma TED de uma empresa sediada no Estado do Paraná chamada Taurus Comércio de Bovinos Ltda, no valor de R$ 101.608,00. Em 26.03.2003, adquiriu um veículo Renaut/Clio RT 1.0 16V, ano de fabricação e modelo 2001, branco, placa DFH0542, no valor de R$ 20.500,00 da empresa Andrade & Ortolan Ltda, veículo este registrado em nome de sua esposa (fls. 965/966 Volume V/Anexo 1 e 1748/1753 Volume IX/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Finalmente, em 03.04.2003, emite o cheque nº 000465, no valor de R$ 69.300,00 , para custear a suposta compra das cotas da empresa Continental Ouroeste do Sr. Antonio Martucci. Em resposta a intimação para comprovar a entrada e saída de valores relevante em sua conta, o Sr. Oswaldo Antonio Arantes, explica a fls. 1760 a 1766 Volume IX/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 : a) "Que o depósito de R$ 101.608,00 referese ao recebimento da venda da pequena propriedade rural de meu sogro, Sebastião Luiz Arantes, CPF n° 288.476.28849, sediada no município de Gloria D'Oeste MT; b) Que o valor de R$ 20.500,00 referese ao levantamento de numerário a pedido de meu sogro; c) Que o valor de R$ 69.300,00 referese ao levantamento de numerário a pedido de meu sogro." Como se pode observar, o contribuinte não consegue explicar a origem e/ou aplicação dos recursos em sua conta, ainda se atrapalha com relação ao valor utilizado para suposta compra das cotas da empresa Continental Ouroeste do Sr. Antonio Martucci. Fl. 563DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 34 Na Junta comercial, o Sr. Oswaldo Antonio Arantes ingressou na sociedade em 20.03.2003 e se retirou em 26.08.2004. Analisando os vínculos empregatícios, a Fiscalização apurou que o Sr. Oswaldo Antonio Arantes foi funcionário do Frigorífico Ouroeste de 01.08.2002 até 14.09.2002; Da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, de 15.09.2002 até 12.01.2003, como segurado empregado; De 06/2003 até 10/2005 constou como contribuinte individual na Continental Ouroeste, como sócio gerente, conforme GFIP Base CNIS, com remuneração de R$ 1.500,00 mensais Categoria 11, portanto em descompasso com o que consta na Junta Comercial, com saída em 26.08.2004; De 01/11/2005 a 01/01/2007 foi registrado na função de gerente geral, com salário de R$ 2.800,00 na empresa Comércio de Carnes e Representação Rodrigues e Bastos Ltda, atual BR Fronteira. A Fiscalização apurou que a BR Fronteira assumiu formalmente a partir de Novembro de 2005 todo o passivo trabalhista da Continental Ouroeste, conforme transferência no Livro Registro de Empregados de n° 05, fls. 303 Vol. II / Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919, e que no período de novembro/2005 a dezembro/2006 toda a mão de obra da BR Fronteira trabalhou, com exclusividade, para o núcleo Ouroeste. Após a operação de Policia Federal, ou seja, a partir de Janeiro/2007, o Frigorífico Ouroeste assumiu novamente todos esses empregados e o passivo trabalhista decorrente, conforme Fichas Registro de Empregados, tanto que a data de admissão, seja no Frigorífico Ouroeste, seja na Continental Ouroeste, é a data retroativa quando foram admitidos na primeira vez, fato que pode ser confrontada com a GFIP de Janeiro de 2007, a fls. 805/820 do PAF 16004.000336/200919, e nos contratos de trabalho. Em seu interrogatório na Polícia Federal o Sr. Oswaldo também disse também: "QUE, salvo engano no mês de março do corrente ano o declarante foi admitido pela empresa COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES BR DE FRONTEIRA, como gerente, tendo as mesmas funções que na empresa FRIGORIFICO OUROESTE LTDA, esclarece o declarante que continua trabalhando no FRIGORIFICO OUROESTE LTDA, porém registrado na empresa COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES BR DE FRONTEIRA, esta prestadora de serviços à empresa FRIGORIFICO OUROESTE; QUE, o declarante não sabe informar quem possa ser seus patrões, porém sabe informar que continua recebendo ordens dos senhores EDSON GARCIA DE LIMA e DORVALINO FRANCISCO DE SOUZA.” De toda essa exposição dessai que os verdadeiros donos da BR Fronteira são, também, os Srs. EDSON GARCIA DE LIMA e DORVALINO FRANCISCO DE SOUZA. Em 20.03.2003, foi feita uma nova alteração contratual na empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, retirando da sociedade Edson Garcia de Lima e admitindo a Sra. Ângela Cristina Viegas Longo, CPF n° 274.259.97894. Em seu Termo de declaração à Polícia Federal de Jales, em 18.10.20006, (fls. 644/645 Volume III/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919), a Sra. Angela Cristina Viegas Longo declarou: "... A declarante trabalhava na empresa De Souza e Lima em São José do Rio Preto, exercendo a função de secretária, no período de Fl. 564DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 548 35 1997 a 2005. A declarante afirma que essa empresa era uma distribuidora de carnes de propriedade de Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Souza. A declarante afirma que Edson Garcia de Lima, vulgo "Edão", pediu seus documentos pessoais, RG, CPF, comprovante de residência, para constar como sócia na empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda no ano de 2003. A declarante afirma que Edson Garcia de Lima, vulgo "Édão" fez esse pedido explicando que estava com problemas no nome dele e não poderia mais constar como sócio dessa empresa. A declarante aceitou as explicações de Edson Garcia de Lima e entregou seus documentos pessoais para constar como sócia desse frigorífico, apenas para ajudar Edson Garcia de Lima. A declarante afirma que Durvalino Francisco de Souza levou a alteração contratual do frigorífico Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda para ser assinada no escritório, sendo de fato a alteração contratual assinada pela declarante. A declarante afirma que os verdadeiros proprietários do frigorífico de Ouroeste, Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, na época eram Dorvalino Francisco de Souza, Edson Garcia de Lima, Luis Ronaldo, Roberto e Antonio Martucci..." Em declaração prestada na Delegacia da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto/SP, em 26.03.2008 (fls. 702 a 704 Volume III/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ), a Sra. Ângela Cristina Viegas Longo confirmou que, para ela, as empresas se confundiam, ou seja, uma existia somente no papel, e as citadas pessoas Dorvalino Francisco de Souza, Edson Garcia de Lima, Luiz Ronaldo Costa Junqueira, José Roberto de Souza e Antonio Martucci eram os verdadeiros proprietários. Declarou ainda que as alterações contratuais com relação ao objeto social, abertura de filial de 31.05.2004 e retirada da sociedade de 26.08.2004 não foi assinada pela declarante, sendo as assinaturas possivelmente falsificadas. Na alteração contratual de 26.08.2004, retirouse da sociedade o Sr. Oswaldo Antonio Arantes e a Sra. Angela Cristina Veigas Longo, retornando os sócios originais, Srs. Edson Garcia de Lima e Antonio Martucci (fls. 84/86 Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Em 05.01.2005, retirase da sociedade os Srs. Edson Garcia de Lima e Antonio Martucci e são admitidos os Srs. Claudir Brusnello e Mauricio de Lima Borges ( fls. 87 Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). No Dossiê da empresa existente no Posto Fiscal da Secretária de Fazenda do Estado de São Paulo, em Fernandópolis, consta um contrato da suposta venda da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda (Os Srs. Edson Garcia de Lima e Antonio Martucci vendendo para os Srs. Claudir Brusnello e Mauricio de Lima Borges), datado de 20.08.2004, pelo preço de R$ 25.000,00 a ser pago em 5 (cinco) parcelas mensais e sucessivas de R$ 5.000,00 a partir de 20.09.2004, e 5 recibos de recebimento dos citados valores, fls. 110 a 117 Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 . Negócio da China, pois na época da venda, a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda apresentava um faturamento mensal superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) (fls. 109 Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ) Fl. 565DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 36 Como já era de se esperar, Diligência Fiscal realizada na cidade de UberlândiaMG, os contribuintes Claudir Brusnello e Mauricio de Lima Borges não foram localizados nos endereços declarados a SRF, muito menos as supostas empresas dos citados contribuintes, muitas inclusive, com endereços inexistentes. Apurouse, igualmente, que os citados contribuintes Claudir Brusnello e Mauricio de Lima Borges não possuem capacidade financeira para tal empreendimento e não apresentaram movimentação financeira no período (fls. 126 a 129 Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ) Em 10.05.2005, foi promovida uma alteração do endereço da empresa de OuroesteSP para Jundiaí/SP, e em 19.10.2005, de JundiaíSP para zona rural de Angico/TO. Em diligência aos citados endereços, verificouse a inexistência de ambos, sendo considerado como alteração ilegal com objetivo de dificultar a fiscalização nos termos do Artigo 127, §2° do CTN (fls. 130/138 Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ) A propriedade da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda pela Frigorífico Ouroeste encontrase plasmada até na rotulagem dos produtos daquela, eis que os rótulos dos produtos comercializados pela empresa apresentavam com destaque (em letras maiores) a palavra "Frigorífico Ouroeste " e em letras menores o nome da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda. (fls. 1593/1596 Volume VIII / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Até o Médico Veterinário responsável, Sr. Cledson Luis Furtado, era empregado do Núcleo Ouroeste desde 30/08/2001(fls. 404 Volume III/Anexo 6 do PAF 16004.000336/200919 ) Circularizando alguns clientes da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda foram obtidos informações que as pessoas que negociavam pela empresa eram os funcionários do Sr. José Roberto de Souza, e ainda os Srs. Oswaldo Antonio Arantes, Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, Luiz Ronaldo. Destaquese que o Sr. Edson Garcia de Lima era o mais conhecido pelos pecuaristas da região. (fls. 208/642 Volumes I a III / Anexo 1, e fls. 01/329 Vols. I e II / Anexo 7 do PAF 16004.000336/200919 ). A Fiscalização apurou que o Núcleo Ouroeste também, praticou outras fraudes, já que as respostas de vários supostos fornecedores de gado de outros estados foram no sentido de que não comercializavam com o frigorífico em tela e muitos nem se dedicavam à pecuária de corte. Tal fato demonstra que as respectivas notas de entrada não refletiam a realidade dos fatos, tendo sido usadas para gerar créditos fictícios de ICMS (fls. 1167/1309 Volumes VI e VII / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Do exame das contas bancárias da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, a Fiscalização se deparou com vários títulos de capitalização, com pagamento até o final do ano de 2005, cujos beneficiários eram os Srs. Luiz Ronaldo Costa Junqueira, Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Souza, demonstrando que o núcleo Ouroeste mantinha o controle da empresa, mesmo após a suposta transferência da empresa para os Srs. Claudir Brusnello e Mauricio de Lima Borges ocorrida em 08/2004 (fls. 1151/1166 Volume VI/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Fl. 566DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 549 37 O cruzamento de informações entre as contas da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda e as pessoas envolvidas (Dorvalino Francisco de Souza, Edson Garcia de Lima, José Roberto de Souza, Antonio Martucci, Oswaldo Antonio Arantes) revelou uma grande quantidade de transferências de valores mensais, cujo valor médio era de R$ 5.000,00 cada. Em vários meses, há mais de uma transferência para mesma pessoa, conforme abaixo demonstrado no item 2.4.1. a fls. 157/159 do PAF 16004.000336/200919. Os estabelecimentos bancários onde os envolvidos acima citados possuíam contas, também reconheciam que a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda era deles. Em uma análise interna sobre a liberação de empréstimo ao Sr. Dorvalino Francisco de Souza, em 16.02.2005, o gerente do Banco Nossa Caixa, agência de Bálsamo, declarou: (fls. 893/894 Volume V / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ) " ...tratase de um cliente c/exp. Positiva de crédito, c/c desde 06/2003, eh sócio prop. do Frigorifico Continental, De Souza e Lima (Distr. de Carnes)..". Em outra analise, agora para o Sr. Edson Garcia de Lima, em 14.03.2005, o mesmo gerente disse: (fls. 902/904 Volume V / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ) "...Cujo tomador eh sócio prop. do Frigorífico Continental de Ouroeste desta ag...”. A Fiscalização apurou que a empresa Frigorífico Ouroeste Ltda assumiu ao menos duas dívidas da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, uma no valor de R$ 736.290,13, perante o Banco Bradesco S.A e a outra, da empresa de factoring New Suport Factoring Ltda, decorrente de desconto de duplicatas, dando como garantia, hipoteca do imóvel da empresa situado em Ouroeste/SP, tendo como solidários fiadores Dorvalino Francisco de Souza, Luiz Ronaldo Costa Junqueira, José Roberto de Souza e Edson Garcia de Uma (fls. 1597/1723 Volumes VIII e I X / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). No caso da escritura pública de confissão de dívida com garantia de hipoteca e outras avenças, data de 26.08.2005, consta como devedora a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, representada pelos sócios, Oswaldo Antonio Arantes e a Ângela Cristina Viegas Longo, com menção do contrato social com as alterações somente até 13.03.2003 (fls. 1606 a 1608 Volume IX/Anexo I do PAF 16004.000336/200919 ). Verificase no caso, um claro ato doloso e fraudulento, já que nesta data a empresa já pertencia, de direito, aos Srs. Claudir Brusnello e Mauricio de Lima Borges. Embora a devedora fosse a Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, quem liquidou o débito junto ao Banco Bradesco e da empresa de factoring foi a Frigorífico Ouroeste Ltda. A Fiscalização também apurou que a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda nunca entregou DCTF Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais à SRF, tendo apresentado apenas as DIPJ Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica nos anos calendários 2002 e 2003 e, mesmo assim, só recolheu os tributos por Fl. 567DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 38 substituição tributária do período (fls. 1828/1942 Volume X / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Com relação às contribuições previdenciárias foram efetuados recolhimentos parciais, sendo que as diferenças a recolher encontramse inclusas no presente lançamento. Com base no acima relatado, fica evidente que a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda nada mais é do que uma “empresa de fachada”, inexistente de fato, aberta e utilizada exclusivamente para fraudar as Administrações Tributárias Federal, Estadual e Trabalhista, com atos constitutivos eivados de falsidade ideológica, sendo que os contribuintes envolvidos Sr. Dorvalino Francisco de Souza, Edson Garcia de Lima, José Roberto de Souza, Antonio Martucci, Oswaldo Antonio Arantes, Luiz Ronaldo Costa Junqueira, João Francisco Naves Junqueira e José Ribeiro Junqueira Neto foram beneficiários diretos/indiretamente da fraude. Concluise, portanto, que a referida empresa foi criada para existir tão somente no papel. Os seus verdadeiros donos (os reais sócios do Frigorífico Ouroeste Ltda acima citados) não figuravam em seu quadro societário não porque apresentavam supostas restrições de créditos (conforme declarações expressas a fls. 646/683 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ), mas porque apresentavam DIRPF incompatíveis com nível de vida e renda e, principalmente, porque queriam permanecer ocultos perante os fiscos Federal e estadual. Dessarte, como não desejavam ter seus nomes vinculados ao Patrimônio do frigorífico, criaram uma ficção jurídica consubstanciada na Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, em nome de “laranjas”, para realizar o objeto social do frigorífico. Merece se destacado que o ADE Ato Declaratório Executivo nº 66, de 29.07.2008, a fls. 41/43 Volume 1 / Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919, publicado no DOU Diário Oficial da União n° 149, de 05.08.2008, declarou a INAPTIDÃO da pessoa jurídica Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, com efeitos desde sua constituição. 3.1.2. DA SP GUARULHOS DISTRIBUIDORA DE CARNES E DERIVADOS LTDA Em relação à SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda o quadro não é diferente, mudandose apenas o figurante, mas mantendose inalterados os cenários e os protagonistas. A empresa foi constituída em 01 de Março de 2004 em nomes de sócios "laranja" Sérgio Aparecido da Fonseca Alves, Claudir Luis de Siqueira e Rodrigo Daniel Andrade, em funcionamento a partir de Maio/2005 para a continuação da fraude até então praticada pela Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, sendo que as cópias dos referidos contratos constitutivos foram apreendidos no interior do Frigorífico Ouroeste ltda. Visando a conferir ares de legalidade em seus negócios, simulouse um Contrato de Locação Comercial com o Frigorífico Ouroeste Ltda, em setembro/2005, abarcando, inclusive, todos os equipamentos e ferramentas para funcionamento de um frigorífico, pagandose um valor fixo, somado a outro valor por cabeça de gado abatido no local, tendo por fiador o próprio sócio Sérgio Aparecido da Fonseca Alves. Fl. 568DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 550 39 A partir de seu funcionamento, o esquema fraudulento se valeu do mesmo "modus operandi" já utilizado pela Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, utilizandose de empresa vendedora de notas fiscais – a “NOTEIRA” Distribuidora S. Paulo, para fazer crer real as atividades realizadas. Com receitas em torno de R$ 18.300.000,00 em 2005, e de R$ 11.615.000,00 em 2006 (Fonte DIPJ), a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda contava com apenas um empregado formalizado. Convenhamos que com apenas um único empregado revelase inverossímil que uma empresa possa ter uma movimentação financeira de 43 milhões de reais até 2006. Tal inverossimilhança é corroborada pelo fato de tal empresa, após a deflagração da operação da Polícia Federal no final de 2006, ter faturado, tão somente, R$ 21.695,00 em 2007, quando, então, paralisou suas atividades. A SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda não entregou DCTF Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais em 2005, sendo que em 2006 entregou somente os dados cadastrais, sem declarar tributos; A empresa entregou DIPJ de 2005 e 2006, A Fiscalização apurou que tal "modus operandi" era utilizado por todas as empresas envolvidas na fraude operação grandes lagos. Os agentes fiscais constataram que a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda mantinha relacionamento com diversos bancos, quase uma dezena, conforme relação das contas correntes apresentada a fl. 153 do PAF 16004.000336/200919. Nos livros contas correntes apreendidos no interior do Frigorífico Ouroeste Ltda (itens 7.1, 7.2 e 7.3 do Termo de Busca e Apreensão da Policia Federal) constam diversos pagamentos a fornecedores de gado, assim como os pagamentos de despesas pessoais e retiradas de pro labore dos sócios de fato Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, José Roberto de Souza, e Luiz Ronaldo Costa Junqueira, bem como salários, férias, 13º salário e salário maternidade dos empregados assalariados e dirigidos pelo Frigorífico Ouroeste, mãodeobra com vínculos formais registrados na empresa interposta BR Fronteira. Circularizando em diversos fornecedores de gado a Fiscalização comprovou que os verdadeiros donos de fato da SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda são os mesmo do Frigorífico Ouroeste Ltda, ou seja, Sr. Edson, Dorvalino, conforme respostas aos Termos de Intimação Fiscal a fls. 1150/1280 Volumes VI e VII/Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919. Na resposta do fornecedor Marcos Bassan Gonçalves, este informa que o recebimento da venda de bovinos efetuada a SP Guarulhos, com emissão da NF n° 1680, foi pago pelo cheque n° 10494 no valor de R$ 7.627,00, datado de 31 de Agosto de 2005, emitido pela Continental Ouroeste — Banco Real — Ag. Mirassol, que pode ser confrontado com as fls. 07verso do Livro conta corrente 7.4 (apreendido), o que comprova a ligação entre as citadas empresas. (documentos às fls. 1190/1199 e 1202Volumes VI e VII/Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919 ). Fl. 569DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 40 O fornecedor Luiz C. H. Teles remeteu, juntamente com sua resposta referente à NF 2628, de 11/10/2005, da SP Guarulhos, as notas fiscais de produtor onde consta como local de abate o Frigorífico Ouroeste, bem como o controle de pesagem e do transportador, onde consta o logotipo e o nome do Frigorífico Ouroeste, o que mais uma vez comprova quem detinha o controle do empreendimento (fls. 1203/1217Volume VII/Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919 ). No Auto de Qualificação e Interrogatório de Dorival Pedro Belini na Policia Federal de Jales/SP (fls. 667 Volume III/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ), quando questionado sobre quais as empresas de Dorvalino são sediadas em São Paulo Capital, o interrogando respondeu: “... é o dono as SP Guarulhos”. No mesmo Auto Circunstanciado de Busca e Apreensão efetuado pela Policia Federal no interior do Frigorífico Ouroeste Ltda, foram apreendidos outros documentos da SP Guarulhos, tais como 2 cartões magnéticos, sendo um Empresarial da Nossa Caixa ag. 535 e outro do Bradesco Ag. 17604; contratos sociais; talões de cheques de vários bancos e agências, tais como ag. 05401 Nossa Caixa Vila Maceno em S. J. R. Preto, conta corrente 04.0015706 e ag. 5355 conta 04.0003933 Ag. OuroesteSP. Analisando os documentos solicitados via RMF Requisição de Movimentação Financeira, a Fiscalização constatou que quem movimentava as contas eram os verdadeiros donos do Frigorífico Ouroeste ltda, fato que corrobora a compreensão de que SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda figurava como mais uma empresa de fachada, utilizada para a execução dos interesses empresariais da Frigorífico Ouroeste Ltda e de seus verdadeiros donos. Na data de 27 de Novembro de 2007, em diligência na Cidade de Guarulhos, foram apreendidos diversos documentos da empresa, conforme Termo de Retenção a fl. 715 Volume IV/Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919 . No interrogatório na Polícia Federal o sócio de fato do Frigorífico Ouroeste, Sr. Edson Garcia de Lima (fls. 646/648Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ), quando questionado acerca das negociações envolvendo notas fiscais frias, esclarece o seguinte: "eventualmente, o interrogado comprava gado de produtores com notas fiscais do MACAÚBA. O interrogado nunca conversou com Macaúba, pois quem efetivamente comprava as notas fiscais era DAVID APARECIDO BEZERRA, a mando da empresa SP GUARULHOS". Questionado acerca desta compra de notas fiscais, ele afirma que a SP GUARULHOS pagava R$ 3,00 ou R$ 4,00 por cada cabeça de gado lançado em nota fiscal. A Fl. 570DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 551 41 despesa era por conta da SP GUARULHOS. David era quem ia até a empresa de MACAUBA buscar as notas frias. Como amplamente comprovado a SP Guarulhos pertence de fato aos verdadeiros donos do Frigorífico Ouroeste Ltda. David Aparecido Bezerra é funcionário da EMPRESA De Souza Lima, também de propriedade de Edson e Dorvalino. Macaúba, ou VALDER ANTONIO ALVES, é o proprietário da noteira Distribuidora São Paulo, com quem Edson Garcia de Lima mantinha contato diariamente, adquirindo notas frias, conforme comprovado pela Policia Federal. O Sr. Edson faltou com a verdade, portanto, ao afirmar que nunca havia conversado com o Macaúba. Constatase mais uma vez que os verdadeiros donos tentam se esquivar da responsabilidade, tentando transferir para terceiros o ônus do empreendimento, seja para David Aparecido Bezerra, seu empregado na empresa "De Souza Lima" (propriedade sua e Dorvalino), ou com relação ao 'laranja' Sérgio Aparecido da Fonseca Alves da SP Guarulhos. Os boletins de abate eram emitidos em nome da SP Guarulhos, contudo nas notas fiscais de produtor constam como local de abate o Frigorífico Ouroeste e a Continental Ouroeste, documentos a fls. 857/1057 Volumes V e VI / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919, fato este confirmado no relato do Sr. Edson Garcia de Lima na Policia Federal, a fls. 647Volume IVAnexo 1 do PAF 16004.000336/200919 . “O gado era retirado do FRIGORÍFICO OUROESTE com uma nota fiscal do MACAUBA, em nome da empresa DISTRIBUIDORA SAO PAULO, e como destinatária a empresa SP GUARULHOS. Afirma o seguinte: "eu comprava notas de MACAUBA, porque do Oiapoque ao Chui todos compravam notas dele. A melhor coisa que poderia acontecer seria se todos começassem a pagar os impostos". Diante da quebra do sigilo bancário procedida pela Justiça Federal de Jales/SP, foi requisitado ao Banco Nossa Caixa S/A, através da RMF Nº 08.1.07.002008001475, a movimentação das contas 04.001.5706 ag. 05401 e 04.000.3933 ag. 535.5, da empresa SP Guarulhos, onde se verificam que os reais beneficiários da atividade econômica praticada pela SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda são os verdadeiros donos do Frigorífico Ouroeste ltda, Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Souza, conforme ilustrado na tabela a 157/159, elaborada por amostragem. Na mesma toada, da analise das fitasdetalhe enviadas pelo Banco Nossa Caixa conta nº 040003933 Ag. 5355/OuroesteSP, da empresa SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda, a Fiscalização apurou diversos pagamentos debitados nessa conta, relativos aos meses Janeiro, Fevereiro e Abril de 2006, representativas de despesas pessoais dos sócios Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Souza, ou de empresas do núcleo Ouroeste ligadas a tais pessoas, conforme ilustrado a fls. 161/163 do PAF 16004.000336/200919. Fl. 571DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 42 · Boletos bancário cedente Elétrica Noroeste Ltda EPP, tendo como sacado a S P Guarulhos, mas o endereço é do Frigorífico Ouroeste Ltda: Rua Jose Maticoli CP 35 Ouroeste SP, idem para o cedente Hermann Ind. Maq. Equipamentos. Idem para R$ 263,69 vencimento 20/04/2006, idem para o cedente Friomat valor R$ 1.300,10 vencimento 20/04/2006, valor de R$ 3.466,75 vencimento e m 2 1 / 0 4 / 2 0 0 6 / Comosquímica, Sandet Química cedente valor R$ 960,73 vencimento 24/04/2006; vide fls. 621 , 622, 661 , 675, 676, 685, 704, 706 Volume IV/Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919. · Boleto bancário de pagto de assinatura do Jornal Estadão, tendo como sacado o sócio de fato Dorvalino Francisco de Souza Rua Boa Vista 666 S. J.R.Preto, local onde funcionava um escritório do Frigorífico Ouroeste, fato este confirmado por produtores rurais, idem boleto Abril S/A no valor de R$ 49,03, fls. 623 e 652 do PAF 16004.000336/200919; · Fatura de energia elétrica da CPFL, e da Telefônica fones 32641366 e 35641354, sendo estes do Frigorífico Ouroeste Ltda, fls. 624 a 626 do PAF 16004.000336/200919; Boleto bancário valor R$ 372,00 cedente H4 Fomento Comercial Ltda, como sacado a Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, fls. 627 do PAF 16004.000336/200919; · Boleto bancário no valor de R$ 157,00 cedente Tracker do Brasil e sacado a empresa De Souza Lima, pertencente aos sócios Dorvalino e Edson; idem para outro boleto com vencimento em 24/04/2006, fls. 630 e 672 do PAF 16004.000336/200919 ; · Boleto bancário valor R$ 2.065,67 cedente Frigoestrela e sacado a empresa a Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, idem para o boleto de R$ 2.748,58 cedente Lopesco Ltda, boleto valor R$ 3.947,22 cedente Viaplastic; boleto R$ 620,00 vencimento 09/02/2006, boleto cedente Desinsetizadora Multipragas valor R$ 450,00, Cosmoquimíca valor R$ 1.155,59 vencimento 14/02/2006, Oxijales valor de R$ 35,00 vencimento 20/04/2006, Arnaldo Passo NF 2180 no valor de R$ 360,00 vencimento em 24/04/2006; · Boleto bancário valor R$ 238,58 cedente Cirasa Riop Aut e sacado a empresa De Souza Lima, pertencente aos sócios Durvalino e Edson, idem boleto R$ 77,12 cedente Pelatti, vencimento 09/02/2006, idem cedente Pirelli valor de R$ 660,00, cedente Facchini valor R$ 5.190,00 vencimento 14/02/2006, valor R$ 596,70 vencimento 20/04/2006, Propaga valor de R$ 113,32 e Cirasa Riop Aut valor de R$ 311,50, vencimento 20/04/2006; Riocap valor R$ 563,50 vencimento em 24/04/2006, fls. 632, 646, 650, 662, 674, 702 e 707 do PAF 16004.000336/200919 ; · Boleto bancário de R$ 693,43, tendo como cedente o Itaú Seguros S/A e sacado o sócio de fato João Francisco Naves Junqueira. Idem BV Financeira no valor de R$ 2.566,42 , vencimento em 16/02/2006, fls. 634 e 683 do PAF 16004.000336/200919 ; · Boleto bancário valor R$ 81,50 cedente Cirasa Riop Aut e sacado a empresa Transportadora Sulera Ltda, pertencente ao sócio José Roberto e do irmão do Dorvalino, idem cedente Cirasa Auto Riop valor de R$ Fl. 572DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 552 43 396,50 vencimento em 21/04/2006, 648 e 703 do PAF 16004.000336/200919; · Boleto bancário de R$ 452,21, tendo como cedente o Posto de Modo Trevo e sacado o sócio de fato Edson Garcia de Lima, fls. 664 do PAF 16004.000336/200919; · Fatura de energia Elektro vencimento 14/02/2006 no valor de R$ 33.470,53, tendo como sacado a Continental Ouroeste, fls. 665 do PAF 16004.000336/200919; No Livro Conta Corrente n° 7.1 Banco Bradesco Ag. 1760OuroesteSP c/c nº 108904, movimentação bancária da empresa SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda período de Outubro/2005 a Fevereiro/2006, solicitados via RMF n ° 2008149 1, constam pagamentos de salários, férias e rescisões de contrato de trabalho de empregados do Frigorífico Ouroeste Ltda, porém com registro formalizado na interposta Comércio de Carnes e Representação BR de Fronteira Ltda, inclusive pagamento dos encargos sociais como INSS e FGTS, conforme ilustrado por amostragem, na tabela a fls. 163/165 do PAF 16004.000336/200919. Com relação ao cheque n° 176, no valor de R$ 27.953,96 , datado de 05/12/2005, relativo ao pagamento do 13° salário – 1ª parcela, foi solicitado ao Banco Bradesco a relação dos beneficiários de tais pagamentos, sendo confirmado tratarse dos empregados do Frigorífico Ouroeste, com vínculos trabalhistas registrados na interposta BR Fronteira. Tal relação dos beneficiários pode ser confrontada com a Folha de Pagamento em nome da interposta pessoa. No Livro Conta Corrente N° 72 Banco Nossa Caixa Ag. 0540Rio Preto SP, CC 0015706, movimentação bancária da empresa SP Guarulhos no período de setembro/2005 a agosto/2006, constam diversos pagamentos de comissões e fretes a contribuintes individuais, inclusive retiradas de Prólabore dos sócios de fato do Frigorífico Ouroeste, Srs. Luis Ronaldo, Jose Roberto, Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Souza (fls. 260/353 Volume II / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919 ). No Livro Conta Corrente N° 7.3 Banco Nossa Caixa Ag. Ouroeste, CC 0003933, movimentação bancária da empresa SP Guarulhos no período de dezembro/2005 a Setembro/2006 (fls. 354/395Volume II / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919), constam pagamentos de salários, férias e rescisões contratuais dos empregados que estavam trabalhando para o Frigorífico Ouroeste Ltda, porém com registro formalizado na interposta Comércio de Carnes e Representação BR de Fronteira Ltda, e a diversos contribuintes individuais, inclusive retirada de pro labore dos sócios de fato do Frigorífico Ouroeste Ltda, conforme ilustrado, por amostragem, na tabela a fls. 165/167. Constam, também, pagamentos dos encargos FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviços/GFIP e recolhimentos da retenção da contribuição dos segurados empregados ao INSS, através da GPS, conforme tabela exemplificativa a fl. 167 do PAF 16004.000336/200919, assim como pagamentos ao contador Wanderley Graidzinski, Fl. 573DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 44 responsável pela remessa dos arquivos ao Fisco Estadual das movimentações de mercadorias ICMS, o qual assina, ainda, como testemunha à alteração contratual de 25 de Julho de 2005, e os Boletins de Abate como procurador. De todo o exposto, concluise que a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda é uma empresa inexistente de fato, tratamse, nada mais, do que uma empresa “de fachada”, Pessoa Jurídica de "papel", e comprovadamente interposta pessoa do Grupo Ouroeste. ISTO JÁ ESTÁ FICANDO MONÓTONO !!! 3.1.3. DAS PESSOAS ENVOLVIDAS NA FRAUDE O trabalho da Fiscalização foi complementado pela intimação pessoal de todos os contribuintes envolvidos no esquema fraudulento desbaratado pela Policia Federal, sejam aqueles que efetivamente atuaram no grupo, sejam os que contribuíram com trabalho e/ou capital. De acordo com o relato fiscal, todos os envolvidos sempre estiveram ligados, de alguma maneira, ao ramo de abate de bovinos e/ou comércio de carnes e subprodutos, sendo também os mesmos, de fato, donos do Frigorífico Ouroeste Ltda. Todos os contribuintes ora em apreço foram intimados para prestar esclarecimento pessoal sobre sua atuação no esquema fraudulento, mas nenhum deles compareceu, justificando que não eram obrigados a produzir provas contra si e que todos os esclarecimentos foram dados a Polícia Federal e a Justiça Federal. 3.1.3.1. Dorvalino Francisco de Souza; Participou diretamente na fraude, fornecendo tanto capital quanto trabalho nas empresas acima citadas. Em seu depoimento à Polícia Federal de Jales admitiu que administrava efetivamente o Frigorífico Ouroeste Ltda com procuração Outorgada por sua Mãe em conjunto com José Roberto de Souza e Edson Garcia de Lima. Possui participações nas empresas: Frigorífico Ouroeste Ltda, Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, De Souza & Lima Ltda, H4 Comercial De Carnes e Derivados Ltda. Apresentou DIRPF com rendas irrisórias nos exercícios de 2002 a 2007, que somadas não chegaram a R$ 155.000,00 nos seis anos, conforme ilustrado no quadro a fl. 171 do PAF 16004.000336/200919, declarando apenas, sua participação na empresa De Souza Lima ltda. Analisando, por amostragem, as contas bancárias da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, verificamse transferências de valores para as contas correntes do contribuinte Dorvalino Francisco de Souza que ultrapassam a cifra de R$ 260.000,00 nos anos de 2004 e 2005, conforme exposto na tabela a fls. 171/173 do PAF 16004.000336/2009 19. Fl. 574DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 553 45 Foi também apreendido pela Polícia Federal de Jales, na casa do David Aparecido Bezerra, funcionário de Dorvalino, documento intitulado "RETIRADA DORVALINO", no qual constam despesas do contribuinte do período de 16.01.2004 a 26.01.2005 (fls. 718 a 724 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). No citado documento, constam informações que os pagamentos foram realizados com cheques da conta da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, no Banco Nossa Caixa S/A, demonstrando claramente que além dos valores acima recebidos, a Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda pagava várias despesas pessoais do contribuinte, tais como despesas de Condomínio, IPVA, Plano de Saúde e outros (fls. 719 a 724 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Nos livros conta corrente (numerados n° 7.1 a 7.4) apreendido no interior do Frigorífico Ouroeste em 05 de Outubro de 2006, constam registros de retiradas de Pro labore do citado sócio gerente, através da empresa Continental Ouroeste ltda, movimentação bancária na conta corrente 97073252 Banco Real Ag. MirassolSP. No mesmo livro conta corrente – 7.4 a fl. 450 do PAF 16004.000336/2009 19 , consta pagamento de "Condomínio Panorama", através do cheque 11282 nominal, imóvel cujo proprietário é o Sr. Dorvalino. Na planilha a fls. 693/702 do Vol. IV do Anexo II do PAF 16004.000336/200919 estão relacionados os valores recebidos pelo Sr. Dorvalino Francisco de Souza, no período de janeiro/2004 a julho/2005, informando o valor e a data de cada transferência, bem como a origem de qual agencia e conta bancária da Continental Ouroeste ltda saíram os pagamentos, complementado por histórico resumida da transferência. Conforme RMF 2008.1475 ao B. Nossa Caixa, foi encaminhada cópias dos documentos solicitados relativo a agência 0540 Vila Maceno em S.J.R.Preto, conta corrente 04.001.5706 pertencente a empresa SP Guarulhos Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda – sucessora na Fraude, em continuação a Continental Ouroeste, onde se verifica através do cheque nº 686, de 29 de Setembro de 2005, pagamento de Prólabore ao Sr. Dorvalino F. de Souza, além de transferências de quase R$ 20.000,00 para sua conta pessoal. Em Diligência na empresa Viagem.com foram constatadas dezenas de passagem aérea em nome de Dorvalino Francisco de Souza ida e volta S.J.R. PRETO S. PAULO, pagas pela empresa SP Guarulhos, bem como pagamento de passagem também para seu irmão Odécio (sócio da Transportadora Sulera Ltda). No depoimento prestado pelo reclamante Sebastião Pereira Junior na Vara do Trabalho de Fernandópolis Proc. 380/2007, consta que: “1. Que foi contratado por Luis Ronaldo Junqueira Franco (marido de Ana Lucia Junqueira Francoproprietária da ora reclamada), Jose Roberto de Souza (filho de Maria de Lourdes Bazeia de Souza proprietária da ora reclamada), Dorvalino Francisco de Souza (também filho de Maria de Lourdes Bazeia de Souza proprietária da ora reclamada)'; 2. Que foi contrato em Maio de 2004 tendo trabalhado até 31 de Janeiro de 2006'; 3. que o depoente era gerente "olhando as firmas que eles tinham" em Guarulhos, Ouroeste, Fronteira, cuidando da parte de Fl. 575DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 46 funcionário e andamento geral; que ia para todos os lugares que eles mandassem”. Não restam dúvidas, portanto, que Dorvalino Francisco de Souza participou efetivamente e diretamente da fraude, utilizando a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, tornada inexistente de fato, a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e o Frigorífico Ouroeste Ltda para comercialização de carne e produtos derivados, e a BR Fronteira com relação à mãodeobra, sem pagamento dos tributos devidos. As provas dos autos deixam claro que o Sr. Dorvalino Francisco de Souza tinha verdadeiro interesse jurídico comum, com as empresas autuadas, nas situações que constituem os fatos geradores da obrigação principal objeto do vertente Auto de Infração, circunstância que implica a solidariedade tributária pelo adimplemento das contribuições ora lançadas, a teor do art. 124, I, do CTN. Código Tributário Nacional Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. 3.1.3.2. Edson Garcia de Lima: O contribuinte Edson Garcia de Lima participou diretamente na fraude, fornecendo tanto capital quanto trabalho nas empresas Frigorífico Ouroeste Ltda, Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda, H 4 Comercial de Carnes e Derivados Ltda e De Souza & Lima Ltda. Em seu depoimento à Polícia Federal de Jales admitiu que possui de direito as empresas H4 Comercial de Carnes e Derivados Ltda e a empresa De Souza & Lima Ltda e de fato 16 % do Frigorífico Ouroeste Ltda. Participou efetivamente da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, tendo inclusive controle e gerência da mesma. Apresentou DIRPF com rendas pouco expressivas nos exercícios de 2002 a 2007, que somadas não chegaram a R$ 168.000,00 nos seis anos, conforme ilustrado no quadro a fl. 179 do PAF 16004.000336/200919, declarando apenas, sua participação na empresa De Souza Lima ltda. Analisando, por amostragem, as contas bancárias da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, verificamse transferências de valores para as contas correntes do contribuinte Edson Garcia de Lima que ultrapassam a cifra de R$ 248.000,00 nos anos de 2004 e 2005, conforme exposto na tabela a fl. 179 do PAF 16004.000336/200919. Foi também apreendido pela Polícia Federal de Jales, na casa do David Aparecido Bezerra, funcionário de Dorvalino, documento intitulado "RETIRADA EDÃO", no qual constam despesas do contribuinte do período de 16.01.2004 a 26.01.2005 (fls. 725/729 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Fl. 576DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 554 47 No citado documento, constam informações que os pagamentos foram realizados com cheques da conta da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, no Banco Nossa Caixa S/A, demonstrando claramente que além dos valores acima recebidos, a Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda pagava várias despesas pessoais do contribuinte, tais como faculdade das filhas Tatiana e Martina, plano de saúde, além de outras (fls. 726/729 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919 ). Nos livros conta corrente (numerados n° 7.4) apreendido no interior do Frigorífico Ouroeste em 05 de Outubro de 2006, constam registros de retiradas de Pro labore do citado sócio gerente, através da empresa Continental Ouroeste ltda, movimentação bancária na conta corrente 97073252 Banco Real Ag. MirassolSP. No mesmo livro conta corrente – 7.4 a fl. 450 do PAF 16004.000336/2009 19, consta pagamento cheque n° 10996, o Imposto Sobre Serviço ISS da De Souza & Lima Ltda, outra empresa de sua propriedade. Na planilha a fls. 693/702 do Vol. IV do Anexo II do PAF 16004.000336/200919 estão relacionados os valores recebidos pelo Sr. Edson Garcia de Lima, no período de janeiro/2004 a julho/2005, informando o valor e a data de cada transferência, bem como a origem de qual agencia e conta bancária da Continental Ouroeste ltda saíram os pagamentos, complementado por histórico resumida da transferência. Conforme RMF 2008.1475 ao Banco Nossa Caixa, foi encaminhada cópias dos documentos solicitados relativo a agência 0540 Vila Maceno em S.J.R.Preto, conta corrente 04.001.5706 pertencente a empresa SP Guarulhos Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda – sucessora na Fraude, em continuação a Continental Ouroeste, onde se verifica através do cheque nº 683, de 29 de Setembro de 2005, pagamento de Prólabore ao Sr. Edson Garcia de Lima, depositado em sua conta pessoal. Conforme B. Bradesco ag. 0063 conta corrente 64228, titularidade da SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda, verificase transferência do valor de R$ 10.000,00 em 01/03/2006, ch. 975, para sua conta pessoal no Banco Nossa Caixa AG. 434 c/c 010039797. Não restam dúvidas, portanto, que Edson Garcia de Lima participou efetivamente e diretamente da fraude, utilizando a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, tornada inexistente de fato, a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e o Frigorífico Ouroeste Ltda para comercialização de carne e produtos derivados, e a BR Fronteira com relação à mãodeobra, sem pagamento dos tributos devidos. As provas dos autos deixam claro que o Sr. Edson Garcia de Lima tinha verdadeiro interesse jurídico comum, com as empresas autuadas, nas situações que constituem os fatos geradores da obrigação principal objeto do vertente Auto de Infração, circunstância que implica a solidariedade tributária pelo adimplemento das contribuições ora lançadas, a teor do art. 124, I, do CTN. 3.1.3.3. José Roberto de Souza Fl. 577DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 48 O contribuinte José Roberto de Souza, irmão de Dorvalino Francisco de Souza, participou diretamente na fraude, fornecendo tanto capital quanto trabalho nas empresas acima. Não foi ouvido na Polícia Federal de Jales, tendo em vista não estar diretamente ligado às empresas investigadas na Operação Grandes Lagos. Entretanto, foi localizado cheque pagando a sua parte da aquisição do Frigorífico Ouroeste Ltda em 2002. Segundo depoimento dos demais contribuintes envolvidos, Sr. Dorvalino Francisco de Souza e Antonio Martucci, José Roberto de Souza efetivamente contribuiu com trabalho e capital nos objetos sociais da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, tornada inexistente de fato, e do Frigorífico Ouroeste Ltda. Em depoimento à Polícia Federal de Jales, em 17.10.2006, o Sr. Antonio Martucci declarou: "...por volta de 2002, Dorvalino foi até a residência do interrogado e o informou que havia comprado do Frigorífico Ouroeste, porém não conseguiu a Inscrição Estadual, pois precisa de dois nomes "bons" para figurarem como sócios. Dorvalino convidou o interrogado para ser um dos sócios "de direito" ao lado de Edson Garcia de Lima. Efetivamente a empresa pertencia ao interrogado com 12,5%, a José Roberto de Souza com 12,5%, a Edson Garcia de Lima com 12,5%, a Dorvalino com 12,5% e Luis Ronaldo com 50%". Que o interrogado efetivamente pagou sua parte do capital social a Dorvalino que era quem havia negociado a compra. No contrato social, porém, constava o interrogado com 99% do capital social e Edson Garcia de Lima com 1%; Que a empresa, então, começou trabalhar da seguinte forma: O interrogado e José Roberto de Souza tinham como função comprar o gado em pé, o qual era trazido até o frigorífico situado em Ouroeste/SP. O produtor rural era orientado a fazer a nota de venda em nome da empresa de Macaúba denominada Norte Riopretense e Distribuidora São Paulo". No depoimento prestado pelo reclamante Sebastião Pereira Junior na Vara do Trabalho de Fernandópolis Proc. 380/2007, consta que: “1. Que foi contratado por Luis Ronaldo Junqueira Franco (marido de Ana Lucia Junqueira Francoproprietária da ora reclamada), Jose Roberto de Souza (filho de Maria de Lourdes Bazeia de Souza proprietária da ora reclamada), Dorvalino Francisco de Souza (também filho de Maria de Lourdes Bazeia de Souza proprietária da ora reclamada); 2. Que foi contrato em Maio de 2004 tendo trabalhado até 31 de Janeiro de 2006'; 3. Que o depoente era gerente "olhando as firmas que eles tinham" em Guarulhos, Ouroeste, Fronteira, cuidando da parte de funcionário e andamento geral; que ia para todos os lugares que eles mandassem”. Fl. 578DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 555 49 Apresentou DIRPF com rendas irrisórias nos exercícios de 2002 a 2007, que somadas não chegaram a R$ 115.500,00 , conforme ilustrado no quadro a fl. 185 do PAF 16004.000336/200919. Analisando, por amostragem, as contas bancárias da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, verificamse transferências de valores para as contas correntes do contribuinte José Roberto de Souza que ultrapassam a cifra de R$ 282.000,00 nos anos de 2004 e 2005, conforme exposto na tabela a fls. 185/187 do PAF 16004.000336/200919. Nos livros conta corrente (numerados n° 7.4) apreendido no interior do Frigorífico Ouroeste em 05 de Outubro de 2006, constam registros de retiradas de Pro labore do citado sócio gerente, através da empresa Continental Ouroeste ltda, movimentação bancária na conta corrente 97073252 Banco Real Ag. MirassolSP. Na planilha a fls. 693/702 do Vol. IV do Anexo II do PAF 16004.000336/200919 estão relacionados os valores recebidos pelo Sr. Edson Garcia de Lima, no período de janeiro/2004 a julho/2005, informando o valor e a data de cada transferência, bem como a origem de qual agencia e conta bancária da Continental Ouroeste ltda saíram os pagamentos, complementado por histórico resumida da transferência. Conforme RMF 2008.1475 ao Banco Nossa Caixa, foi encaminhada cópias dos documentos solicitados relativo a agência 0540 Vila Maceno em S.J.R.Preto, conta corrente 04.001.5706 pertencente a empresa SP Guarulhos Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda – sucessora na Fraude, em continuação a Continental Ouroeste, onde se verifica através do cheque nº 918, de 08/05/2006, pagamento de Prólabore ao Sr. José Roberto de Souza, depositado em sua conta pessoal. Não restam dúvidas, portanto, que José Roberto de Souza participou efetivamente e diretamente da fraude, utilizando a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, tornada inexistente de fato, a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e o Frigorífico Ouroeste Ltda para comercialização de carne e produtos derivados, e a BR Fronteira com relação à mãodeobra, sem pagamento dos tributos devidos. As provas dos autos deixam claro que o Sr. José Roberto de Souza tinha verdadeiro interesse jurídico comum, com as empresas autuadas, nas situações que constituem os fatos geradores da obrigação principal objeto do vertente Auto de Infração, circunstância que implica a solidariedade tributária pelo adimplemento das contribuições ora lançadas, a teor do art. 124, I, do CTN. 3.1.3.4. Luiz Ronaldo Costa Junqueira O contribuinte Luiz Ronaldo Costa Junqueira, participou efetivamente da fraude, estando a frente da administração das empresas Frigorífico Ouroeste Ltda, SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda. Em seu Termo de Declaração a Polícia Federal em Jales, disse que comprou 50% do Frigorífico Ouroeste, mas por ter problema no "CPF" registrou em nome de sua esposa e que não administrava o frigorífico e que raramente fazia retiradas. Fl. 579DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 50 Todavia, a Fiscalização apurou a ocorrência de retiradas mensais em seu nome através do Livro Conta Corrente7.4, apreendido no interior do Frigorífico Ouroeste, fls. 426 a 460 Volume III/ Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919, mediante cheques de pagamentos nominais a sua esposa Maria Cecília Podboy e/ou a seu pai João Francisco Naves Ribeiro (cheque n° 10607, fls. 479 confrontada com fls. 438verso do Livro n° 7.4 supra, e fls. 497/498 Volume III/Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919 ) A Fiscalização apurou que o citado contribuinte não possui conta bancária em nome próprio, o que explica os cheques nominais a seus familiares, e apresenta DIRF com patrimônio de R$ 4.000,00 e rendimento exclusivamente pago pelo seu pai Sr. João Francisco Naves Junqueira, conforme extrato a fl. 189 do PAF 16004.000336/200919 (fls. 2122/2136 Volume XI/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919), somando nos seis exercícios de 2002 a 2007 pouco mais de R$ 70 mil. Em seu interrogatório na Justiça Federal, afirmou que fez retiradas algumas vezes devido ao prejuízo da empresa, contudo no livro conta corrente apreendido no interior do Frigorífico Ouroeste em outubro de 2006, Verificamse retiradas mensais, no ano de 2005, do contribuinte na empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, cheques 10606, 10607 e 10784. Conforme documentos às fls. 1154 a 1155 Volume VI / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919, Luis Ronaldo Costa Junqueira recebeu benefício no período de Novembro de 2003 a Julho de 2005, a título de Capitalização, valores debitados no Banco Bradesco Ag. Ouroeste conta corrente 10770, da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda. Em diligência na empresa Viagem.com foi constatado passagem aérea em seu nome ida e volta S.J.R. PRETO S. PAULO, pagas pela empresa SP Guarulhos, recibo "TAM" emissão em 06 de Março de 2006. Em Termo de Declarações prestadas a Polícia Federal em Jales, por Ângela Cristina Viegas Longo, a declarante afirma "que os verdadeiros proprietários do frigorífico de Ouroeste, Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, na época eram Dorvalino Francisco de Souza, Edson Garcia de Lima, Luis Ronaldo, Roberto e Antonio Martucci". No depoimento prestado pelo reclamante Sebastião Pereira Junior na Vara do Trabalho de Fernandópolis Proc. 380/2007, consta que: “1. Que foi contratado por Luis Ronaldo Junqueira Franco (marido de Ana Lucia Junqueira Francoproprietária da ora reclamada), Jose Roberto de Souza (filho de Maria de Lourdes Bazeia de Souza proprietária da ora reclamada), Dorvalino Francisco de Souza (também filho de Maria de Lourdes Bazeia de Souza proprietária da ora reclamada); 2. Que foi contrato em Maio de 2004 tendo trabalhado até 31 de Janeiro de 2006'; 3. Que o depoente era gerente "olhando as firmas que eles tinham" em Guarulhos, Ouroeste, Fronteira, cuidando da parte de funcionário e andamento geral; que ia para todos os lugares que eles mandassem”. Fl. 580DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 556 51 Luiz Ronaldo Costa Junqueira recebeu pro labore através da empresa interposta SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda, com cheques nominais a esposa Maria Cecília P. Junqueira e seu pai João Francisco Naves Junqueira, conforme consta no Livro controle conta corrente item 7.2 , apreendido no Frigorífico Ouroeste Ltda, Ag. Nossa Caixa SJRPreto 05401, CC 040015706, fls. 260 a 353 Volume II/ Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919, como exemplo as fls. 271 ch. 953, fls. 276 ch. 1305, fls. 287verso ch. 1822, fls. 294verso ch. 1827, fls. 301 ch. 2569, fls. 305 ch. 2570 e 2844, fls. 313verso ch. 2 5 7 1 , fls. 322 chs. 3252 e 3255, fls. 324verso ch. 3253, fls. 329verso ch. 3254, fls. 342 chs. 4382 e 4383, fls. 346 ch. 4385, onde aparece anotado o nome do contribuinte constando a retirada de Prólabore. Idem para o livro item 7.3 Ag. Nossa Caixa Ouroeste 5355 conta 04 0003933, fls. 329 a 370Volume II / Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919, fls. 337, fls. 339verso, fls. 340verso, fls. 343, fls. 344, fls. 351 e fls. 357 todas do PAF 16004.000336/200919, onde também aparece anotado o nome do contribuinte constando a retirada de Prólabore e pagamento de despesa. Regularmente intimado na pessoa de seu procurador em 26.03.2008, não respondeu a citada intimação. Não restam dúvidas, portanto, que Luiz Ronaldo Costa Junqueira participou efetivamente e diretamente da fraude, utilizando a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, tornada inexistente de fato, a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e o Frigorífico Ouroeste Ltda para comercialização de carne e produtos derivados, e a BR Fronteira com relação à mãodeobra, sem pagamento dos tributos devidos. As provas dos autos deixam claro que o Sr. Luiz Ronaldo Costa Junqueira tinha verdadeiro interesse jurídico comum, com as empresas autuadas, nas situações que constituem os fatos geradores da obrigação principal objeto do vertente Auto de Infração, circunstância que implica a solidariedade tributária pelo adimplemento das contribuições ora lançadas, a teor do art. 124, I, do CTN. 3.1.3.5. Antonio Martucci O contribuinte Antonio Martucci participou diretamente na fraude, fornecendo o nome e trabalho nas empresas acima, entretanto com uma participação menor da administração dos negócios. Em seu depoimento à Polícia Federal de Jales admite que possuir participação tanto no Frigorífico Ouroeste Ltda quanto na empresa Continental Ouroeste Ltda, na razão de 12,5%. Apresentou DIRPF com rendas que, nos exercícios de 2002 a 2007, somadas não chegaram a R$ 92.000,00 nos seis anos, conforme ilustrado no quadro a fl. 195 do PAF 16004.000336/200919. Analisando, por amostragem, as contas bancárias da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, verificamse transferências de valores para as contas correntes Fl. 581DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 52 do contribuinte Antonio Martucci que ultrapassam a cifra de R$ 41.000,00 nos anos de 2004 e 2005, conforme exposto na tabela a fls. 195 do PAF 16004.000336/200919. Conforme RMF 2007.2834 e 2842, Banco Nossa Caixa e Bradesco, foram solicitados e remetidos documentos relativos à movimentação bancária, onde se comprova os valores vindos da conta da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda. Apesar de poucas transferências, o Sr. Antonio Martucci admite que junto com o contribuinte José Roberto de Souza adquiria de 150 a 200 cabeças de gado por semana e que os mesmo eram abatidos e comercializados pelo Frigorífico Ouroeste Ltda,. (fls. 655 Volume I V / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919). Em Termo de Declarações prestadas a Polícia Federal em Jales, por Ângela Cristina Viegas Longo, a declarante afirma: "que os verdadeiros proprietários do frigorífico de Ouroeste, Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, na época eram Dorvalino Francisco de Souza, Edson Garcia de Lima, Luis Ronaldo, Roberto e Antonio Martucci". Portanto, está demonstrado que o contribuinte Antonio Martucci, participou efetivamente e diretamente da fraude, utilizando a empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, e o Frigorífico Ouroeste Ltda para comercialização de carne e produtos derivados sem pagamento dos tributos devidos. As provas dos autos deixam claro que o Sr. Antonio Martucci tinha verdadeiro interesse jurídico comum, com as empresas autuadas, nas situações que constituem os fatos geradores da obrigação principal objeto do vertente Auto de Infração, circunstância que implica a solidariedade tributária pelo adimplemento das contribuições ora lançadas, a teor do art. 124, I, do CTN. 3.1.3.6. Oswaldo Antonio Arantes O contribuinte Oswaldo Antonio Arantes participou diretamente na fraude, fornecendo tanto capital quanto trabalho nas empresas acima. Era pessoa de confiança do grupo e exercia efetivamente administração dos negócios, como gerente geral. Sua participação vai além de um simples empregado, mesmo que no cargo de gerente administrativo. Em seu depoimento à Polícia Federal de Jales admite ter comprado a parte da empresa Continental Ouroeste Ltda (99%) pertencente ao Sr. Antonio Martucci em 2003, pelo mesmo valor da constituição, mas como não conseguiu alterar o quadro social junto ao Fisco Estadual, foi devolvido pelo mesmo valor investido. Ressaltese que o contribuinte, mesmo após seu desligamento dos quadros sociais da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, continuou se apresentando e agindo como sócio da empresa, chegando a firmar Procuração "AD JUDICIA" para os advogados representarem a Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, no processo trabalhista 989/20048 na Vara do Trabalho de FernandópolisSP, reclamante Élcio Benato, procuração com data de 28 de Novembro de 2004, portanto posterior a sua saída conforme alteração contratual em Agosto de 2004 (fls. 84/88 Volume 1/ Anexo 2 do PAF 16004.000336/2009 19). Apresentou DIRPF com rendas que, nos exercícios de 2002 a 2007, somadas ultrapassaram a cifra de R$ 167.000,00 nos seis anos, conforme ilustrado no quadro a fl. 197 do PAF 16004.000336/200919. Fl. 582DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 557 53 Analisando, por amostragem, as contas bancárias da empresa Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, verificamse transferências de valores para as contas correntes do contribuinte Oswaldo Antonio Arantes que ultrapassam a cifra de R$ 425.000,00 nos anos de 2003 a 2006, conforme exposto na tabela a fls. 197/203 do PAF 16004.000336/200919. Conforme RMF n° 2007.2826 e 2842, 2850 e 2869, Bancos Brasil e Bradesco, verificase os valores recebidos pelo contribuinte em tela são oriundos das contas da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda. Conforme RMF n° 20081491 (Banco Bradesco), fls. 116 a 119 Volume I / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919, verificase valores recebidos pelo contribuinte oriundos das contas da SP Guarulhos (de novembro/2005 a março/2006), livro conta corrente 7.1, 7.2 e 7.3, onde constam pagamento de salário, férias e 13° salário, através de cheques nominais, que somam mais de R$ 300 mil, valores considerados como "plus salarial", pois na folha de pagamento da BR Fronteira, está formalmente registrado como gerente como salário de R$ 2.800,00. Na planilha a fls. 675/678 do Vol. IV do Anexo II do PAF 16004.000336/200919 estão relacionados os valores recebidos pelo Sr. Oswaldo Antonio Arantes, no período de fevereiro/2003 a outubro/2005, totalizando mais de R$ 400 mil, informando o valor e a data de cada transferência, bem como a origem de qual agencia e conta bancária da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda saíram os pagamentos, complementado por histórico resumida da transferência. Com base no acima exposto, fica claro que o contribuinte em tela tinha uma participação maior do que a de um simples empregado. Tinha poder de decisão, agindo e obtendo vantagens financeiras com sua conduta em benefício do Núcleo Ouroeste e em detrimento a Fazenda Pública. As provas dos autos deixam claro que o Sr. Oswaldo Antonio Arantes tinha verdadeiro interesse jurídico comum, com as empresas autuadas, nas situações que constituem os fatos geradores da obrigação principal objeto do vertente Auto de Infração, circunstância que implica a solidariedade tributária pelo adimplemento das contribuições ora lançadas, a teor do art. 124, I, do CTN. 3.1.3.7. João Francisco Naves Junqueira O contribuinte João Francisco Naves Junqueira é pai do Srs. Luiz Ronaldo Costa Junqueira e José Ribeiro Junqueira Neto. Possui conta corrente em conjunto com o Sr. Luiz Ronaldo Costa Junqueira, conta esta que foi utilizada para pagamento de parte do valor pago pelo Frigorífico Ouroeste Ltda em 2002. Foi beneficiário da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, constando diversas transferências de valores para suas contas correntes, documentos requisitados via RMF Requisição de Movimentação Financeira nº 1483 de 2008, fls. 461 a 466 do PAF 16004.000336/200919, ao Banco ABN AMRO REAL S/A Ag. Mirassol 783 conta 97073252, pelos cheques nominais depositados em sua conta pessoal, cuja soma ultrapassa a cifra de R$ 46 mil, em setembro e outubro de 2005, conforme discriminativo a fl. 205 do PAF 16004.000336/200919. Fl. 583DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 54 Através das RMF Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira de n° 288 Banco HSBC, n° 289 Banco Santander Brasil e n° 290 Banco do Brasil (fls. 44 a 50 Vol. 1/Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919), restaram confirmados outros recebimento pelo contribuinte vindos da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, que somados ultrapassam R$ 420 mil, conforme planilha complementar dos valores recebidos, a fls. 697/698 do Volume IV/Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919. Foi beneficiário da interposta SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda, conforme se comprova através dos cheques n. 1822 e 1825 da Nossa Caixa S. J. R. Preto / Ag. 5401 c/c 04.0015706, ambos no valor de R$ 5.000,00 e datados de Dezembro de 2005, cheques 2570 e 2844 de Janeiro de 2006, cheque n. 3254 em Fevereiro, cheques n. 4383 e 4385 em Março de 2006, às fls. 493, 499, 528, 610 e 616 Volumes IV e V/Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919, sendo parte atribuído ao filho Luis Ronaldo, conforme constam no livro item 7.2, fls. 260 a 353 Volume II / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919. Planilha a fls. 2161/2163 do PAF 16004.000336/200919 informa, igualmente, os valores recebidos por João Francisco Naves Junqueira, mediante transferências bancarias / TED das empresas do núcleo Ouroeste totalizando em 2006 cerca de R$ 53.500,00. De todo o exposto, resta evidente que o contribuinte participou diretamente na fraude, fornecendo capital e recebendo vantagens financeiras com sua conduta em benefício do Núcleo Ouroeste, em detrimento da fazenda Pública. As provas dos autos deixam claro que o Sr. João Francisco Naves Junqueira tinha verdadeiro interesse jurídico comum, com as empresas autuadas, nas situações que constituem os fatos geradores da obrigação principal objeto do vertente Auto de Infração, circunstância que implica a solidariedade tributária pelo adimplemento das contribuições ora lançadas, a teor do art. 124, I, do CTN. 3.1.3.8. José Ribeiro Junqueira Neto O contribuinte José Ribeiro Junqueira Neto adquiriu 50% das instalações do Frigorífico Ouroeste Ltda e m 2002, através de seu procurador Luiz Ronaldo Costa Junqueira, Procuração esta outorgada em 30 de Janeiro de 2001, com poderes amplos e ilimitados. Na citada aquisição, os cheques discriminados são de emissão do Luiz Ronaldo da Costa Junqueira de uma conta conjunta com João Francisco Naves Junqueira, pai de ambos. Intimado e reintimado para esclarecer tal situação, respondeu, em 18.04.2008, que em 2002 outorgou procuração para seu irmão Luiz Ronaldo Costa Junqueira a fim de que adquirisse as instalações industriais do Frigorífico Ouroeste Ltda, visto que o mesmo teria problema com seu CPF na época (fls. 2234/2243 Volume XII/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919). Contudo a procuração apresentada pelo Sr. Luis Ronaldo Costa Junqueira em 2002, fls. 207 Volume I / Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919, é datada de 30 Janeiro de 2001, um ano antes da operação de compra das instalações, ocorrida em 2002. Quanto à assinatura no contrato pelo Luis Ronaldo Costa Junqueira, o mesmo o fez como procurador do contribuinte José Ribeiro Junqueira Neto, assumindo este todos os encargos decorrentes do negócio jurídico. Fl. 584DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 558 55 Através das RMF Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira de n° 2889 (fls. 46 Volume I/Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919) Banco HSBC Bank Brasil S/A verificase o recebimento através da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda de mais de R$ 106 mil, conforme planilhas valores recebidos, fls. 699/700 do Volume IV/Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919, assim como a origem de qual agencia bancaria vieram os valores creditados ao contribuinte. No banco Nossa Caixa (RMF nº 147) verificase a transferência via TED de R$ 25.000,00 da conta corrente 04.001600 ag. n° 540, de titularidade da empresa SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda para a conta pessoal do Sr. José Ribeiro Junqueira Neto ag. 824 conta corrente 646598, conforme exposto a fls. 1081/1082 do PAF 16004.000336/200919 . Com base no acima exposto, fica claro que o contribuinte participou diretamente na fraude, fornecendo capital e recebendo vantagens financeiras com sua conduta em benefício do Núcleo Ouroeste, em detrimento da fazenda Pública. As provas dos autos deixam claro que o Sr. José Ribeiro Junqueira Neto tinha verdadeiro interesse jurídico comum, com as empresas autuadas, nas situações que constituem os fatos geradores da obrigação principal objeto do vertente Auto de Infração, circunstância que implica a solidariedade tributária pelo adimplemento das contribuições ora lançadas, a teor do art. 124, I, do CTN. Conforme demonstrado, as pessoas ora abordadas utilizaramse de meio fraudulento para se ocultar aos olhos do Fisco, simulando uma “inexistência” de relação jurídica com as empresas autuadas. Tal “inexistência” de relação jurídica era apenas aparente, eis que a relação jurídica de fato existente encontravase dissimulada pela criação de Pessoas Jurídicas existentes somente no plano formal, presentes apenas no papel, que tudo aceita. Ocorre, todavia, que a fraude e a simulação deixam sempre rastros e vestígios que as denunciam. Produzem fatos, atos e sintomas que, quando conjugados aos fins pretendidos, e as circunstâncias do caso, revelam o caráter fictício ou imaginário de um ato jurídico fraudulento ou simulado. Em razão de tal acobertamento, tais defeitos da vontade declarada têm que ser provados através do conjunto de indícios e evidências que as operações realizadas na execução de tais esquemas vão deixando pelo seu caminho. Assim, pelos meios admissíveis em direito, nomeadamente, através de testemunhas, documentos, a experiência, os resultados alcançados, etc., a Fiscalização reúne os meios de prova relativos a esses fatos, indícios ou circunstâncias, e o Julgador, apreciandoos segundo o seu livre convencimento e prudente critério, conjugandoos com os fins pretendidos pelo Increpado, forma o seu juízo de convicção. As provas constantes dos autos são eloquentes, precisas e convergentes. Eloquentes, porque revelam, de maneira detalhada, todo o mecanismo arquitetado pelos seus idealizadores para a consecução dos fins pretendidos, consubstanciados na utilização de interpostas pessoas, constituídas em nome de “laranjas”, visando a encobrir os verdadeiros Fl. 585DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 56 donos do empreendimento increpado, em detrimento da arrecadação tributária; Precisas, porque delas avulta, de maneira inequívoca, a participação intensiva e essencial dessas pessoas na condução dos negócios das empresas interpostas, na condução das operações representativas de fatos geradores de contribuições previdenciárias e na direção das empresas interpostas, como seus verdadeiros donos e controladores, acobertados por “laranjas”, bem como o recebimento dos benefícios decorrentes do empreendimento pesquisado. E são convergentes porque todas as provas documentais, depoimentos, indícios e rastros conduzem a essa mesma ilação. Em resumo, restou demonstrado que a Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda e a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda são empresas interpostas, existentes tão somente no papel, e pertencem DE FATO ao Frigorífico Ouroeste Ltda, tendo como proprietários Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, José Roberto de Souza, Antonio Martucci, Luiz Ronaldo Costa Junqueira, José Ribeiro Junqueira Neto, Oswaldo Antonio Arantes e João Francisco Naves Junqueira, não obstante o fato de a referida empresa ter sido aberta em nome de terceiras pessoas (interpostas/laranjas). Também a empresa Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda foi utilizada no esquema fraudulento para intermediar a contratação irregular da mão de obra empregada na atividade fim do Frigorífico Ouroeste Ltda. Restou cabalmente demonstrado, igualmente, que os Srs. Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, José Roberto de Souza, Antonio Martucci, Luiz Ronaldo Costa Junqueira, José Ribeiro Junqueira Neto, Oswaldo Antonio Arantes e João Francisco Naves Junqueira foram os principais beneficiários das fraudes perpetradas pela fiscalizada, fraude essa que tinha por objetivo a transferência de responsabilidade tributária para terceiros que não tinham relação pessoal e direta com a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, sendo o Frigorífico Ouroeste Ltda e os seus reais proprietários os verdadeiros beneficiários econômicos da atividade empresarial empreendida pelo grupo, já que o produto da sonegação de tributos foi utilizado por eles para a aquisição de patrimônio, bem como para pagamento de despesas pessoais. Do exame da documentação coligida aos autos pela fiscalização, ante todos os elementos de prova então presentes, avulta existir entre as empresas autuadas, as interpostas empresas e as demais pessoas arroladas pela Fiscalização – Os Srs. Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, José Roberto de Souza, Antonio Martucci, Luiz Ronaldo Costa Junqueira, José Ribeiro Junqueira Neto, Oswaldo Antonio Arantes e João Francisco Naves Junqueira não apenas um mero interesse econômico, mas, com precisão, um interesse jurídico ostensivo, haja vista que todas as pessoas físicas e jurídicas arroladas pela fiscalização envidaram esforços significativos na atividade empresarial comum do grupo e na realização da situação jurídica que constitui o fato gerador da obrigação principal objeto deste lançamento, e deles auferiram benefícios econômicos de diversas espécies, de onde se extrai a solidariedade entre eles por força do preceito inscrito no inciso I do art. 124 do CTN. Nessas circunstâncias, são solidárias as pessoas que realizaram conjuntamente a situação que constitui o fato gerador, ou as que, em comum com outras pessoas, possuam relação econômica com o ato, fato ou negócio que deu origem à tributação, a teor do inciso I do art. 124 do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Fl. 586DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 559 57 II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Não procede, portanto, a alegação de que a autoridade lançadora imputou a responsabilidade solidária com o exclusivo fundamento de que os Responsáveis Solidários em apreço tinham procuração lhes outorgando poderes de gestão e administração das empresas Autuadas. Restou demonstrado que os devedores solidários tinham verdadeiros interesses jurídicos comuns na situação constitutiva do fato gerador das Contribuições Previdenciárias ora lançadas. Não procede também a alegação de que a responsabilidade solidaria em apreço só poderia ocorrer ante a verificação da insuficiência do patrimônio da pessoa jurídica e mediante prévio procedimento judicial de cognição com decisão transitada em julgado. Conforme assinalado, a Responsabilidade Solidária consignada no presente lançamento tem por fundamento jurídico de validade o preceito inscrito no inciso I do art. 124 do CTN. Nessa prumada, nos termos do Parágrafo Único do citado dispositivo legal, tal solidariedade tributária não comporta benefício de ordem, podendo o tributo devido ser exigido de um, de alguns ou de todos os devedores solidários em conjunto. Código Tributário Nacional Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Registrese que a eleição do Sujeito Passivo a figurar no polo devedor da relação jurídicotributária é prerrogativa privativa da Autoridade Administrativa Fiscal, a teor do art. 142 do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Fl. 587DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 58 Conforme expressamente consignado no art. 121, I, do Código Tributário Nacional, considerase Contribuinte a pessoa obrigada ao pagamento do tributo que tenha relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador da exação. Código Tributário Nacional CTN Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal dizse: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. No caso presente, a pletora documental presente nos autos demonstra que quem detinha a relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador do tributo ora lançado não eram as empresas “noteiras”, notadamente a Distribuidora de Carnes e Derivados São Paulo Ltda, mas, sim, os clientes dessa empresa “noteira”, in casu, o Frigorífico Ouroeste Ltda e os seus verdadeiros donos, que se utilizavam do esquema fraudulento acima descrito para se esquivar do recolhimento de tributos. Da mesma forma, as provas aviadas nos autos revelam que quem detinha a relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador do tributo ora lançado não eram as interpostas empresas constituídas em nome de “laranjas”, existentes tão somente no papel, notadamente a Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, a SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e a Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda, mas, sim, as pessoas que administravam, dirigiam e controlavam todas as operações dessas empresas, in casu, o Frigorífico Ouroeste Ltda e seus verdadeiros donos, que se utilizavam do esquema fraudulento acima descrito para se esquivar do recolhimento de tributos. Revelase improcedente, igualmente, a alegação de que “Ainda que as Pessoas Físicas arroladas como devedoras solidárias fossem sócias das empresas autuadas, não seria o caso da pretendida responsabilização, pois ausentes os requisitos indispensáveis a tanto, sendo a mesma de natureza subsidiária (artigos 134 e 135 do CTN) e quanto à responsabilidade pessoal, limitase aos atos praticados comprovadamente pelos sócios, com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatutos”. Conforme exaustivamente demonstrado, a responsabilidade dos devedores solidários no caso em apreço não se fundamenta em suposta responsabilidade pessoal dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado por atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, nos termos assentados nos artigos 134 e 135 do CTN, mas, sim, pelo interesse comum na situação constitutiva dos fatos geradores das Contribuições Previdenciárias ora lançadas, consoante inciso I do art. 124 do CTN. Não se trata, pois, de hipótese de responsabilidade subsidiária, como assim quer fazer crer o Recorrente, mas, sim, de Responsabilidade Solidária, a qual não admite qualquer benefício de ordem. 3.1.4. DAS RECEITAS DA CONTINENTAL OUROESTE CARNES E FRIOS LTDA Fl. 588DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 560 59 Do Relatório Eletrônico da Polícia Federal extraise que a Distribuidora São Paulo é a principal empresa utilizada pelo Grupo dos Noteiros para emissão de notas fiscais "frias" para acobertar operações de compra de gado e venda de carne realizadas por terceiros frigoríficos e "taxistas" que desejam ocultar estas operações do fisco para não despertar suspeitas sobre seu verdadeiro faturamento. Valder Antônio Alves (Macaúba) é o "cabeça" do esquema e o proprietário de fato e de direito da Distribuidora São Paulo, com 99% de participação no quadro societário, tendo amplo poder de decisão na empresa, contando com Maria dos Anjos de Medeiros como seu braçodireito. A folha de antecedentes criminais de Valder Antônio Alves é extensa: foi indiciado em oito inquéritos policiais e denunciado em dezesseis processos criminais, respondendo por estelionato, apropriação indébita, porte ilegal de arma de fogo, crime contra a saúde pública, perigo para a vida ou saúde de outrem, além de cinco processos por sonegação fiscal. Já foi preso uma vez por crime contra a saúde pública e três vezes por crimes contra a ordem tributária. Luzia de Jesus Gonçalves: "Laranja" com participação mínima de apenas R$ 10,00 na empresa, que permaneceu apenas cerca de um mês no quadro societário. Sua função era apenas emprestar seu nome para que não fosse necessário registrar a empresa como firma individual. Cláudia Regina Barra Moreno: "Laranja" que substituiu Luzia de Jesus Gonçalves na Distribuidora São Paulo, de modo que permanecesse viável o registro da distribuidora como uma sociedade limitada e não como uma firma individual. Cláudia chegou a ter apenas R$ 1,00 de participação, mas o valor foi alterado para os atuais R$ 500,00. No curso das investigações uma funcionária da distribuidora chegou a telefonar para Cláudia dizendo que se seu nome permanecesse inscrito nos serviços de proteção de crédito, Valder iria retirála da sociedade, colocando Vinícius dos Santos Vulpini em seu lugar. Maria dos Anjos de Medeiros (Nina), "Gerente" do esquema, é o braço direito de Valder Antônio Alves na Distribuidora São Paulo, gozando de ascendência em relação aos demais funcionários. Flagrada em vários diálogos negociando notas fiscais "frias" e notas fiscais em branco da distribuidora para vários clientes da empresa. Cuida da movimentação de valores da organização em contas bancárias de "laranjas". Ana Cláudia Valente Fioravante é "gerente" da organização criminosa, embora subordinada a Maria dos Anjos de Medeiros. Flagrada em vários diálogos em que vende notas fiscais "frias" a clientes da Distribuidora São Paulo. Monique de Medeiros Venda: Também atua como "gerente", ocupando uma posição subalterna em relação a Maria dos Anjos de Medeiros e a Ana Cláudia Valente Fioravante. Na verdade executa tarefas de execução e não de gerenciamento propriamente dito, pois comanda os negócios, apenas anota pedidos de notas fiscais "frias" dos clientes do esquema. Em seu depoimento a Polícia Federal de Jales, a Ana Claudia Valente Fioravante diz: "... QUE perguntada qual é a atividade da distribuidora São Paulo informou ser tirar nota'; QUE perguntada se esta atividade é licita Fl. 589DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 60 informou que achava que sim; QUE perguntada porque achava e não acha mais, respondeu que no sábado da semana passada a gerente da distribuidora, NINA, determinou que a interroganda levasse para sua casa as notas fiscais em branco que costumeiramente são preenchidas a posteriori por determinação de VALDER; QUE perguntada a razão pela qual deveria levar tais documentos para sua residência informou ao que sabe seu patrão, VALDER obteve informação de que haveria uma fiscalização na distribuidora.." Em suas declarações dadas na Delegacia da Receita Federal do Brasil , em 05.02.2007, a Ana Claudia Valente Fioravante disse ainda: "...Ainda com relação aos códigos utilizados pela referida empresa, foi apresentada uma relação à declarante, extraída dos arquivos magnéticos apreendidos na Distribuidora São Paulo, na qual constam os códigos dos "clientes" (compradores de notas) da Distribuidora São Paulo e dos frigoríficos onde eram realizados os abates. A declarante afirma, categoricamente, que a listagem corresponde com a situação de fato, ou seja, os códigos constantes da lista apresentada são os mesmos que ela utilizava na confecção das notas fiscais na Distribuidora São Paulo, (grifo nosso)..." Em outro trecho afirma: "....Com relação ao Código 36 (Dorvalino), o cliente era o Frigorífico Ouroeste, de propriedade do Sr. Dorvalino. Neste caso, a declarante afirma que confeccionava todas as notas fiscais (entrada, saídas e remessa para abate) na Distribuidora São Paulo. Recebia as informações do Frigorífico Ouroeste por fax....." Foram localizadas grandes quantidades de Notas Fiscais, com valores de COMPRAS de R$ 7.358.757,00 no Ano Calendário de 2003 e R$ 22.056.508,02 no Ano Calendário de 2004, de R$ 25.373.884,00 no ano calendário de 2005, e de R$ 3.893.255,00 em 2006. Foram localizadas grandes quantidades de Notas Fiscais, com valores de VENDAS de R$ 10.224.336,85 no Ano Calendário de 2003, de R$ 21.607.292,85 no Ano Calendário de 2004, continuando essas vendas até Março de 2006. Após isso, foram intimados alguns clientes e fornecedores, no sentido de confirmar de quem realmente eles tinham comprado ou vendido produtos, e quem era a pessoa de contato. No tocante aos fornecedores (pecuaristas), a maioria indica como compradores os Srs. Edson Garcia de Lima e Dorvalino Francisco de Souza, sendo que alguns, ainda, indicaram o Sr. Antonio Martucci e o Sr. José Roberto de Souza (fls. 1310 a 1488 Volumes VII e VIII/ Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919). Quanto aos clientes, as pessoas responsáveis, apontadas, são os Srs. Dorvalino Francisco de Souza, Edson Garcia de Lima, Luiz Ronaldo Costa Junqueira e José Fl. 590DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 561 61 Roberto de Souza (fls. 1489 a 1543 Volumes VII e VIII/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919). Os próprios envolvidos, Dorvalino Francisco de Souza e Edson Garcia de Lima, admitiram que compravam notas da Distribuidora São Paulo, sendo que um dos trechos do seu depoimento à Polícia Federal de Jales, o Sr. Edson, admite (fls. 647 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919): "...eu comprava notas do Macaúba (Valder Antonio Alves), porque do Oiapoque ao Chuí todos compravam notas dele..." No Termo de Interrogatório no Juízo Federal da 3ª Vara de São José do Rio Preto, as perguntas formuladas pelo MM. Juiz ao Sr. EDSON GARCIA DE LIMA, ele respondeu (fls. 652 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919): "que eu me recorde, o frigorífico Ouroeste passou a abater carnes para a SP Guarulhos o início de 2005; usando nota da São Paulo Distribuidora foi depois em 2006, para levar carne para Guarulhos”. A Fiscalização apurou, todavia, que, em 2005 era a Continental Ouroeste e não o Frigorífico Ouroeste que abatia gado para a SP Guarulhos. Ou seja, o próprio dono se confunde quando fala das suas empresas, pois conforme Boletim de Abate n° 001/2006, datado de 03 de Março de 2006 (assinado pelo sócio Luis Ronaldo como procurador), partir de então o Frigorífico Ouroeste começou abater; com a SP Guarulhos usando as notas frias da São Paulo Distribuidora a partir do ano de 2006. O Sr. Antonio Martucci, em seu depoimento à Polícia Federal de Jales afirma (fls. 655 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919): "... O interrogado e José Roberto de Souza tinham como função comprar o gado em pé, o qual era trazido até o frigorífico situado em OuroesteSP. O produtor rural era orientado a fazer a nota de venda em nome da empresa de Macaúba denominada Norte Riopretense e Distribuidora São Paulo, porém como local de abate Frigorífico Ouroeste. Em seguida, a carne era vendida para o comércio da região com nota fiscal da Distribuidora São Paulo e Norte Riopretense. Quem ligava pedindo as notas a Macaúba era a secretária da empresa Gislaine. A Ouroeste informava Macaúba acerca do comprador final, para fins de que este fizesse a respectiva nota fiscal de venda em nome do mesmo..." Quando questionado acerca da frequência de compra de notas venda disse (fls. 655 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/200919): ..."Toda a produção seguia este procedimento, sendo que o interrogado negociava uma média de 150 a 200 cabeças de gado por semana. Questionado acerca do abate feito pelo outros sócios se utilizando do esquema, afirma que Dorvalino e Edson Garcia de Lima faziam vendas mais especificamente para o comércio de São Fl. 591DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 62 José do Rio Preto, Guarulhos, Catanduva e Ourinhos. Eles abatiam muito mais cabeça que o interrogado com José Roberto de Souza, pois abatiam uma média de 450 cabeças de gado por semana..." Em seu Termo de Declaração a Polícia Federal de Jales, o Sr. Luiz Ronaldo Costa Junqueira Declarou (fls. 670/671 Volume IV/Anexo 1 do PAF 16004.000336/2009 19): "... logo que ficou sabendo dos fatos em apuração procurou por Edson, vulgo "EDÂO", sendo que Dorvalino estava preso, e EDÃO lhe informou que realmente, as vezes, compraram notas fiscais da empresa DISTRIBUIDORA DE CARNES E DERIVADOS SÃO PAULO, empresa esta de propriedade da pessoa vulgo "Macaúba", agora sabendo chamar Valder Antonio Alves; Que o declarante nunca teve qualquer negócio com "Macaúba"; Que, esclarece o declarante que questionou "EDÃO" porque comprara notas fiscais da empresa DISTRIBUIDORA DE CARNES E DERIVADOS SÃO PAULO, quando lhe informou que "tudo mundo faz isso" na falta notas fiscais..." Com base no acima exposto, fica evidenciado que o frigorífico Ouroeste se beneficiou do esquema fraudulento estruturado, com objetivo de comprar e vender produtos sem pagamento de tributos, em prejuízo da Fazenda Nacional. Merece ser destacado que no dia 15/05/2008 foi publicado no Diário Oficial da União, em sua Seção 1, n° 92, página 58, o Ato Declaratório Executivo n° 53, de 15/05/2008, em que o Delegado da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto declara INAPTA a inscrição no CNPJ da pessoa jurídica "Distribuidora de Carnes e Derivados S ã o Paulo Ltda.", CNPJ n° 68.195.072/000175, com efeitos que valem a partir de 01/01/1999, o que torna INIDÔNEOS os documentos emitidos pela empresa desde então. (fls. 04 e 05 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919). Também houve o cancelamento da Inscrição Estadual do contribuinte no Estado conforme processo nº 1000326358725/2007, publicado no D.O.E Diário Oficial do Estado, de 20/10/2007 (fls. 118 a 211 Vols. I e II / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919), onde o Fisco Estadual faz um Relatório minucioso de toda fraude realizada e as pessoas participante do esquema. A partir dos documentos apreendidos no interior do Frigorífico Ouroeste Ltda, pela Policia Federal de Jales – SP foi possível comprovar como operava o esquema de compras de notas frias pelo núcleo Ouroeste, na época como Continental Ouroeste, onde se pagava a TAXA de R$ 4,00 reais por cabeça de bovino abatido e faturado pela Noteira, mais um valor fixo de R$ 3.000,00 pelo custo operacional, a seguir demonstrado: · Cotejando as Notas Fiscais de Saída da Distribuidora de Carnes e Derivados São Paulo Ltda emitidas, vinculadas ao cliente CÓDIGO 36 Dorvalino, em Setembro e Outubro de 2005 (fls. 63 a 104 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919); · Com a Relação de notas de saída Rem. p/ Abate – Vend. 36 (fls. 59 a 62 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919); Fl. 592DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 562 63 · Com o controle em nome do Dorvalino ( fls. 54/57 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919), comprovase como operava o esquema de compras de notas, dos meses Setembro e Outubro de 2005 (fls. 58 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919), a seguir: Controle Setembro de 2005: Foram abatidos 4730 bovinos. A R$ 4,00 por cabeça, resulta num montante de R$ 18.920,00 que, somado à taxa de operação de R$ 3.000, 00 e a um crédito de R$ 330,00 decorrente de agosto/2005, dá um total de R$ 22.250,00, conforme memoria de cálculo a fl. 235. Do total apurado no mês de Setembro foi pago com o cheque do Banco Nossa Caixa nº 000068 ao vulgo "MACAUBA"/ Valder Antonio Alves, dono da noteira Distribuidora São Paulo, cheque da ag. 434 1 Bálsamo c/c 04.000.4602 da empresa SP Guarulhos, no valor de R$ 15.000,00, prédatado para 13 de Novembro de 2005, restando saldo de R$ 7.250,00 para Outubro 2005 (fls. 58 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/2009 19). O Referido cheque foi solicitado ao banco via RMF Requisição de Movimentação Financeira nº 200802439, fls. 27 a 39 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919) onde se constata que foi emitido nominal a Leonardo Joaquim Derau Alves, irmão do MACAUBA (fls. 42/43 Volume I/Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919). Controle de Outubro 2005: Foram abatidos 4170 bovinos. A R$ 4,00 por cabeça, resulta num montante de R$ 16.752,00 que, somado à taxa de operação de R$ 3.000, 00 e a um crédito de R$ 7.250,00 decorrente de setembro/2005, dá um total de R$ 27.002,00, conforme memoria de cálculo a fl. 235 do PAF 16004.000336/200919. Foi pago com o cheque n. 000069 nominal a Distribuidora S. Paulo, cheque da ag. 4341 Balsano c/c 04.000.4602 da empresa SP Guarulhos, no valor de R$ 15.000,00, prédatado para 13 de Dezembro (fls. 40 / 41 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919). O 'código 36' vinculado nas notas, conforme declaração firmada na Delegacia da Receita Federal do Brasil por Ana Claudia Valente Fioravante funcionária da Distribuidora S. Paulo, "tratase do Cliente Frigorífico Ouroeste Dorvalino" (rodapé das Notas Fiscais a fls. 07/26 e 63/104 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919). Nas circularizações complementares realizadas nos Produtores Rurais, confirmase o vínculo ao "Código 36 Dorvalino /cliente Frigorífico Ouroeste", conforme respostas dos produtores e pelas cópias solicitadas e remetidas por diversos pecuaristas (fls. 31, 33, 38, 42, 44, 46, 59, 61, 64, 68, 75, 89, 91, 93, 95, 109, 112, 114, 117, 123, 125 e outras Volume I / Anexo 7 do PAF 16004.000336/200919). As vendas realizadas eram com notas frias da Distribuidora de Carnes e Derivados São Paulo Ltda, figurando como cliente a Continental Ouroeste (NF 32058) e Fl. 593DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 64 demais notas a SP Guarulhos, esta, sucessora na fraude em continuação a Continental Ouroeste, conforme controle a fls. 59/62 Volume I / Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919, o que mais uma vez comprova a interposição dessas empresas com o real beneficiário Frigorífico Ouroeste Ltda. Conforme cópias das notas fiscais a fls. 1281/1288 Volume VII / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919, em nome da Distribuidora São Paulo CFOP 5101 vendas, destinadas a SP Guarulhos, verificase no centro da parte de baixo das notas a vinculação para o Código "36 Dorvalino" e a esquerda SPGUAR, relativas ao ano de 2006, com Certificado Sanitário assinado pelo médico veterinário Cledson L.F. Rezende, com registro formal na interposta empresa BR Fronteira. Com base nas Notas Fiscais emitidas pela empresa Distribuidora de Carnes e Derivados São Paulo Ltda, notas vinculadas ao cliente "36", e somente CFOP Código Fiscal de Operações e Prestações de compra, a Fiscalização apurou os valores devidos, conforme RL Relatório de Lançamentos levantamento PR1 e PR5. A Fiscalização constatou que todas as empresas da Operação Grandes Lagos que utilizavam notas fiscais de terceiras empresas, o local de abate era um dos "códigos" usados para identificar os frigoríficos usuários de tal documento. O esboço a fls. 133 Volume l/Anexo 5 do PAF 16004.000336/200919 delineia o modus operandi do esquema fraudulento, revelando, com clareza, que a empresa “noteira” apenas emite as notas fiscais da transação, mas o gado, a carne e o dinheiro são movimentados pelo frigorífico que usa dos seus "serviços". Os clientes dos "noteiros" pagam pelas notas fiscais "frias" emitidas a ordem de quatro reais por cabeça de gado bovino e três reais por cabeça de gado suíno. As interceptações telefônicas comprovam que, aos clientes mais fiéis, que tem movimento maior e gozam de maior confiança de Valder Antônio Alves, são enviadas caixas de formulários contínuos com notas fiscais em branco de suas empresas, que são preenchidas nas dependências das empresas que as adquirem, as quais acertam o pagamento pelos "serviços" de Valder posteriormente, dependendo do volume de gado negociado. Para evitar a prisão dos sócios por sonegação fiscal, as empresas do Grupo dos Noteiros não deixam de declarar ao fisco os tributos incidentes sobre suas operações simuladas. No entanto, estes nunca são recolhidos. Para frustrar eventual ação do fisco ou da Justiça, estas empresas e também seus sócios não possuem bens em seu nome. Na verdade, este era o desejo de todos os envolvidos neste esquema, isto é, que os lançamentos tributários ocorressem todos contra a Distribuidora de Carnes e Derivados São Paulo Ltda, pois esse foi o objetivo principal da sua criação, qual seja, o de suportar o ônus advindo das operações fiscais de seus clientes. Todavia, graças ao trabalho de inteligência da Policia Federal e ao suporte legal da Justiça Federal, que possibilitou a busca e apreensão de documentos, bem como a quebra de sigilo bancário, e consequentemente gerou a deflagração de operações no âmbito dos órgãos fiscalizadores, tanto federal como estadual, tornouse possível estabelecer a cada um dos sonegadores a sua real participação no esquema, de forma a permitir alcançar os valores base relativos à aquisição de gado de produtores rurais pessoas físicas, e consequentemente as respectivas contribuições devidas à Seguridade Social. Fl. 594DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 563 65 3.1.5. DAS RECEITAS DA SP GUARULHOS DISTRIBUIDORA DE CARNES E DERIVADOS LTDA Com base nas Informações das Guias de Informação e Apuração do ICMS GIAS, transmitidas pela empresa ao Fisco Estadual, CFOP Código Fiscal de Operações e Prestações de Saídavendas (fls. 26/45Volume I / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919) a Fiscalização apurou receitas no ano calendário de 2005 no valor R$ 18.300.000,00 e de R$ 11.615.000,00 em 2006, também declaradas nas DIPJ 2005 e 2006 (fls. 67/72Volume I / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919). Com base nas Informações das Guias de Informação e Apuração do ICMS GIAS, transmitidas pela empresa ao Fisco Estadual, CFOP de compra, consta no ano calendário de 2005 o valor R$ 17.023.000,00, e de R$ 11.170.000,00 em 2006 (fls. 46 a 66 Volume I / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919). 3.1.6. DA COMÉRCIO DE CARNES E REPRESENTAÇÃO BR FRONTEIRA LTDA A Fiscalização que a Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda se tratava de empresa interposta, constituída para fornecer somente mãodeobra às empresas do grupo Ouroeste, com o intuito de criar uma barreira entre os trabalhadores e os Frigoríficos para fugir das obrigações trabalhistas e fiscais (fls. 01 a 328Volumes I e II / Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919). Tal empresa funcionava, anteriormente, com razão social de: Comércio de Carnes e Derivados Rodrigues Bastos Ltda. A Fiscalização promoveu Diligências Fiscais na Rua C Treze nº 460 Bairro Cristiano de Carvalho endereço original da empresa Com. Carnes Rodrigues Bastos Ltda, encontrando funcionando no local um açougue, contudo, sem relação com a referida empresa. Efetuouse também diligência no endereço da sócia Sra. Aparecida Gonçalves Bastos Rodrigues Av. L 9 n° 493 Fundos Bairro Los Angeles, porém não existe a referida numeração, sendo o n° 379 o último numero da rua; vizinhos desconhecem a suposta sócia. Dentre os documentos apreendidos na Norte Riopretense Distribuidora Ltda (outra empresa que vende notas frias) constam extratos de pagamentos cópias de cheque para Maria Aparecida, a título de Honorários e Prólabore, sendo procurador da conta bancária o Sr. Alberto Pedro da Silva Filho vulgo "Beto Beleza", dono/controlador da filial em Sud Menucci da Norte Riopretense, frigorífico onde abatia gados, de onde avulta uma intensa interligação entre os grupos que se beneficiavam do esquema fraudulento, eis que ambos usaram a BR Fronteira para fraudar o Fisco. Explicase o referido pagamento de honorários, pois no período setembro/2004 a março/2005, todos os empregados da Rodrigues e Bastos (BR Fronteira) estavam trabalhando, com exclusividade, para o tomador Norte Riopretense Distribuidora Ltda Fl. 595DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 66 frigorífico Sud Menucci S P , conforme GFIP e Notas Fiscais de Prestação de Serviço n° 113 a 119 (fls. 139 a 146 Volume I / Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919), que apesar de constar destaque de retenção de 11 % , não houve o recolhimento respectivo. Apurouse, também, o pagamento de aluguel de sala em Barretos correspondente ao endereço da Rodrigues e Bastos (fls. 155 a 160 Volume I / Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919). Concluise que os valores declarados por Maria Aparecida como recebidos de Pessoa Física, em sua declaração de Imposto de Renda, se referem a esses valores das cópias de cheques citados acima, pelo "aluguel de seu nome" na "empresa de papel" BR Fronteira. Consta no relatório da Policia Federal que Alberto Pedro da Silva Filho (Beto Beleza): “E o dono da filial Norte Riopretense na cidade de Sud Menucci, que opera de fato, sendo, portanto, o "cabeça" no esquema. Foi indiciado em três inquéritos e denunciado em quatro processos criminais. Respondeu por estelionato e perigo para a vida ou saúde de outrem” No depoimento de Maria Aparecida na Vara do Trabalho de Fernandópolis, ela confirma que a empresa Br Fronteira, da qual é sócia, funciona unicamente como interposta 'empresa de aluguel' , para esconder os verdadeiros empregadores, com intuito de fraudar direitos trabalhistas e sonegar impostos. Concluise que a sócia não possui condições financeiras para gerir uma empresa. É pessoa interposta do Grupo Ouroeste com relação ao período de Novembro de 2005 a Dezembro de 2006. Aparecida Gonçalves Bastos Rodrigues é irmã da outra sócia Roseli Gonçalves Bastos. Diligência realizada na Rua 14 nº 4120 Bairro Ibirapuera, endereço constante dos dados da Declaração do DIRPF exercício de 2008 da outra sócia da empresa, Sra. Roseli Gonçalves Bastos, revelou que, no local, reside sua mãe, que nos informou que a Roseli reside atualmente na Rua 12 nº 4041 Fundos no mesmo bairro, e trabalha de empregada doméstica para Juliana Fone 17 33251428 em Barretos. O Bairro Ibirapuera tratase de um bairro popular, com casas bastante modestas. No citado local não foi encontrada a Sra. Roseli, porém vizinhos confirmaram que ela trabalha ali como empregada doméstica. A sócia Roseli apresentou declaração do imposto de renda de 2008 com receita de R$ 6.970,00 recebidos de Pessoa Física. A sócia Aparecida apresentou declaração do imposto de renda de 2008 com receita de R$ 4.470,00 recebidos de Pessoa Física. Não foi localizada qualquer remuneração a título de pro labore declarada em GFIP vinculada a empresa BR Fronteira, desde sua constituição. Seus vínculos no sistema CNIS são sempre como empregada, sendo o último em uma empresa em Barretos com rescisão em 24/03/2004, com salário em torno de R$ 500,00. Fl. 596DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 564 67 Assim como Aparecida, sua irmã e sócia, deduzse que os rendimentos declarados como recebidos de Pessoa Física no Imposto de Renda, se referem a remuneração pelo "aluguel de seu nome" na "empresa de papel" BR Fronteira. Concluise que as sócias não possuem condições financeiras para gerirem uma empresa, sendo pessoas interpostas/colaboradoras do Grupo Ouroeste com relação ao período de Novembro de 2005 a Dezembro de 2006. Diligência Fiscal realizada na Av. Minas Gerais 50 A, cidade de Fronteira/MG local atual do domicilio fiscal da BR Fronteira, revelou que no local funciona um Posto de Gasolina do Sr. Reinaldo Gonçalves Chaves. De acordo com o relato da filha do Sr. Reinaldo, uma das salas no local foi alugada para uma pessoa que se apresentou como proprietário da empresa Br Fronteira (não sabe o nome), sem contrato de locação, tendo sido depositado o valor combinado na conta corrente do Sr. Reinaldo durante aproximadamente três meses, e que no local nunca funcionou a suposta empresa, sendo que essa pessoa nunca mais apareceu no local. Ela informou que foi o contador Sr. Osvaldo escritório contábil Contexp, quem apresentou no posto a referida pessoa. No endereço do escritório contábil CONTEXP situado na Avenida da Matriz n. 103 Fronteira – MG, a Fiscalização foi atendida pelo Sr. Osvaldo que informou que foi procurado por uma pessoa chamada "Júnior", com intenção de transferir uma empresa para a cidade, e o contratou para efetuar o registro na Junta Comercial de Minas Gerais e Prefeitura local. Apresentou uma pasta contendo alguns documentos da referida empresa e que essa pessoa nunca mais retornou ao escritório. Dentre tais documentos consta: a) 3ª alteração do contrato social da empresa Com. de Carnes e Representação BR de Fronteira Ltda (fls. 105/106 Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919), onde se verifica que em 22/11/2005, a BR Fronteira alterou seu endereço para Fronteira MG à Av. Minas Gerais nº 50 A e razão social para Comércio de Carnes e Representação BR de Fronteira, com CNAE: 10.11/01 Frigorífico abate de bovinos, local onde funciona um Posto de Gasolina. A Fiscalização apurou que na mesma data (novembro/2005) todos os vínculos dos empregados da Continental Ouroeste foram transferidos para a BR Fronteira. Portanto a alteração não foi mera coincidência. No depoimento na Vara do Trabalho de Fernandópolis, como testemunha do reclamante Sebastião G. Junior, a sócia Maria Aparecida declarou que a mudança do endereço para Minas Gerais foi a pedido do Frigorífico Ouroeste Ltda. b) Cópias autenticadas de documentos pessoais das sócias; c) Bilhete onde consta a pessoa de contato que alugou a sala da empresa em Fronteira: Sebastião Gandolfi Jr RG: 12.515.046 CPF: 040.310.97875 e endereço comercial a Rua Cel. Spinola de Castro 4900 apto 152 Ed. Panorama Center Centro em São José do Rio Preto – SP (fls. 109/Anexo IV do PAF 16004.000336/200919), sendo que este Fl. 597DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 68 apartamento pertence a Dorvalino, sócio de fato do Frigorífico Ouroeste Ltda. "Junior", ou Sebastião Guandolfi Junior, gerente de compras e vendas do Frigorífico Ouroeste, trabalhou até 31.12.2006, com vínculos pela BR Fronteira (registrado em 01/10/2006). Este impetrou na Vara de Trabalho de Fernandópolis ação trabalhista, Proc. n° 380/2007 contra o Frigorífico Ouroeste, tendo sentença favorável, onde a justiça determinou anotação do vínculo no período de 01/11/2004 a 31/12/2006, pelo tomador de serviço. O contador em Fronteira MG, Sr. Osvaldo, informou ainda que Sebastião Gandolfi Jr. teria uma casa /rancho na margem do Rio Grande onde se situa a Cidade de Fronteira/MG, na divisa entre os Estados de São Paulo de Minas Gerais, e que conhecia o local, pois abastecia seu veículo no referido Posto de Gasolina em Fronteira/MG, daí alugou a referida sala. Através do Ofício DRF/SJR/SAFIS/N. 168, de 08 de Novembro de 2007, a Receita Federal solicitou ao Posto de Fiscalização de Minas Gerais sobre a situação da BR Fronteira, sendo respondido que em diligência na Av. Minas Gerais n. 50 Fronteira MG NÃO foi encontrada a empresa. Em consulta ao Sistema, também NÃO foi encontrada inscrição do contribuinte no estado de Minas Gerais (fls. 110 a 113/Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919). De todo o exposto avulta que a Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda nada mais era do que uma interposta empresa da Frigorífico Ouroeste Ltda, integrada ao esquema fraudulento para intermediar a mão de obra utilizada na execução da atividade fim da Autuada. Senão, vejamos: Em 01/09/2005 foi simulado um contrato de prestação de mãodeobra entre a Rodrigues Bastos (atual Br Fronteira) e para a SP Guarulhos, a fls. 681/683 do PAF 16004.000336/200919. Na mesma data, a SP Guarulhos firmou contrato de locação comercial, equipamentos e ferramentas com o Frigorífico Ouroeste, a fls. 675/680 do PAF 16004.000336/200919, destinado à exploração do ramo de frigorífico; Na sequência, em 30 de outubro de 2005, a Br Fronteira firmou contrato de prestação de serviços gerais em frigorífico com a Continental Ouroeste, para fornecimento de mãodeobra, de no mínimo 120 trabalhadores, para o período de 01/11/2005 a 31/12/2007, a fls. 684/688 do PAF 16004.000336/200919. Conforme anotação no Livro Registro de Empregados de n° 05, a fls. 303 Volume II / Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919, a partir de 01/11/2005 ocorreu a transferência de todos os empregados da Continental Ouroeste para a Br Fronteira, continuando a prestação de serviço, sem interrupção, assumindo esta, assim, todo o passivo trabalhista da Continental Ouroeste. Tal fato é confirmado também pelos Termos de Rescisão de contrato de Trabalho, a fls. 114 a 138 Volume I / Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919). Dessa "prestação de serviços" simulada e simultânea para a SP Guarulhos e Continental Ouroeste, porém, de fato, para o Frigorífico Ouroeste Ltda, a Br Fronteira NÃO emitiu qualquer nota fiscal, pois conforme talões retidos, a última nota emitida foi a de nº 119, a fls. 145 Volume I/Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919, para uma outra empresa Fl. 598DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 565 69 envolvida nas fraudes detectadas pela operação 'Grandes Lagos', a “noteira” Norte Riopretense, nota fiscal datada de 31 de Março de 2005, o que comprova a simulação contratual. A declaração prestada por Maria Aparecida, sócia da Br Fronteira, na Vara de Fernandópolis, confirma a fraude: “Que os empregados contratados eram selecionados pelo Frigorífico Ouroeste; Que os pagamentos da depoente eram realizados pelo gerente Sr. Osvaldo Arantes; Que todas as obrigações trabalhistas e previdenciárias eram pagas pelo Frigorífico Ouroeste; Que não conhece Fronteira e nem o Frigorífico Ouroeste; Que o aluguel da sede da empresa em Fronteira também era pago pelo Frigorífico; O Sr. Osvaldo Arantes trazia todos os documentos em Barretos para serem por ela assinados; Que o Sr. Sebastião Gandolfi Júnior, apesar de estar registrado na Br Fronteira, era empregado como gerente geral do Frigorífico Ouroeste Ltda; o contrato teve vigência ate final de 2006; Que o Frigorífico Ouroeste não honrou o compromisso mensal assumido, pelo "aluguel do nome" , não efetuando todos os pagamentos combinados, pagou somente os três primeiros meses. Concluise que a Comércio e Representações BR de Fronteira Ltda é mais uma Pessoa Jurídica INTERPOSTA do Frigorífico Ouroeste Ltda, para fornecimento irregular de mão de obra empregada na sua atividade fim, formandose o vínculo diretamente com o tomador do serviço, conforme Súmula nº 331, do TST. 3.1.7. DO FRIGORÍFICO OUROESTE LTDA Mediante Diligência Fiscal realizada no endereço onde funciona o Frigorífico Ouroeste Ltda, a Fiscalização obteve diversos documentos das empresas interpostas envolvidas no esquema em debate, comprovando, uma vez mais, que o Frigorífico Ouroeste detinha todo o controle da mãodeobra utilizada nas empresas do grupo e que assumia integralmente os riscos da atividade econômica praticada: · Cartões de ponto da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda período de Julho de 2003 a Abril de 2005; · Holerites de Janeiro a Outubro de 2005 da Continental Ouroeste; · PPRA datado de 01/09/2003 e 06/2005 da Continental Ouroeste; · Holerites de Novembro de 2005 a 13º salário de 2006 da Comercio de Carnes de Representação BR de Fronteira Ltda; Fl. 599DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 70 · Cartões de ponto de Maio de 2005 a Dezembro de 2006 da Comercio de Carnes de Representação BR de Fronteira Ltda e 45 Termos de Rescisão de Contrato de Trabalho; · Cartões de ponto e rescisões do próprio Frigorífico Ouroeste Ltda. Constatase que os Cartões de Pontos estão todos em nome do Frigorífico Ouroeste, constando o CNPJ 05.270.758/000163 da Continental Ouroeste, porém os empregados estão com vínculos na BR Fronteira conforme se comprova pelos recibos de pagamentos arrolados, por amostragem, a fls. 257/259. A Fiscalização constatou que os empregados, e até outros profissionais que trabalhavam no esquema se confundiam para qual empresa prestavam serviço, sendo emblemáticos os Atestados de Saúde Ocupacional, assinados pelo Médico do Trabalho, datados de 2006, nos quais consta como empregadora a Continental Ouroeste, porém já os empregados estavam registrados na BR Fronteira. Também comunicação do Técnico de Segurança do Trabalho, datada de 22 de 20 de Janeiro de 2006. No Livro 7.1, pertencente à interposta empresa SP Guarulhos, que controla a conta corrente n° 08904, do Banco Bradesco Ag. 17604 Ouroeste, a Fiscalização apurou o registro de pagamento de férias e rescisões de contrato de trabalho nas competências outubro e novembro/2005 a funcionários registrados na Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda (até competência outubro/2005), e a trabalhadores já registrados na Br Fronteira (desde Novembro/2005) conforme ilustrado a fls. 109/113Volume I / Anexo 3 do PAF 16004.000336/200919. O mesmo ocorre em relação ao Livro 7.3, controle da conta corrente n° 04 0003933, do Banco Nossa Caixa Ag. 5355, pertencente à interposta empresa SP Guarulhos, a Fiscalização apurou o registro de pagamento de férias e rescisões de contrato de trabalho nas competências dezembro/2005 a junho/2006 a funcionários já registrados na Br Fronteira, conforme exposto a fls. 329/370 Volume II / Anexo 4 do PAF 16004.000336/200919. A Fiscalização apurou a ocorrência de um frenético rodízio dos vínculos trabalhistas, conforme extraído do banco de dados corporativo telas RAIS e CNIS – Fonte GFIP / Dados do Trabalhador: Diversos trabalhadores foram inicialmente contratados pelo Frigorífico Ouroeste Ltda. em Agosto/2002 e desligados em Setembro/2002. Na sequência, foram recontratados pela Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda (LRE a fls. 93/313 Vols. I e II / Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919) no dia posterior ao desligamento do Frigorífico Ouroeste Ltda, permanecendo com vínculos no Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda até Outubro/2005. Em Novembro/2005 os mesmos empregados foram transferidos para a empresa Rodrigues Bastos, atual Comércio de Carnes e Representação BR de Fronteira Ltda, permanecendo nesta empresa interposta até Dezembro/2006. Merece ser citado que, nos vínculos com a empresa Rodrigues Bastos/Comércio de Carnes e Representação BR de Fronteira Ltda, constam como data de admissão a mesma que consta na Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, confirmando, portanto, que a BR Fronteira assumiu todo o passivo trabalhista desses empregados, conforme consta no Livro Registro de Empregados nº 05 da Continental Ouroeste, a fls. 303 Vol. I / Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919. Fl. 600DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 566 71 “Coincidentemente”, após a deflagração ação da Polícia Federal os vínculos desses empregados retornaram para o Frigorífico Ouroeste Ltda, constando nas FRE Fichas Registro de Empregados a assunção pelo Frigorífico Ouroeste Ltda de todo o passivo trabalhista, desde suas admissões no Frigorífico Ouroeste em 2002, na Continental Ouroeste ou na Rodrigues e Bastos / BR Fronteira Ltda. (fls. 703 a 781Volume IV/Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919 ). Aditese que em 2007 o Frigorífico Ouroeste Ltda solicitou à Caixa Econômica Federal a UNICIDADE DO FGTS de todos os empregados que prestaram serviços ao Grupo Ouroeste desde 2002, fato este que pode ser comprovado pela GFIP da competência Janeiro/2007, a fls. 805 a 820 do PAF 16004.000336/200919 , onde constam as reais datas de admissão dos empregados pelo Frigorífico Ouroeste, confrontada com os contratos de trabalho, a fls. 791 a 804 do PAF 16004.000336/200919. Tais fatos demonstram, cabalmente, que os trabalhadores em questão sempre estiveram na órbita de subordinação do Frigorífico Ouroeste Ltda e de seus verdadeiros donos, sendo por estes remunerados, mesmo que por intermédio das interpostas pessoas acima citadas, estando todos empenhados na execução da atividade fim da Autuada. Tais empregados estão todos nominalmente identificados conforme Livros Registros de Empregados n° 01 a 05 da Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, a fls. 90 a 314 do Anexo 2, assim como na Folha de Pagamento da Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda, de Junho a Dezembro/2006 Anexo 4, fls. 163 a 328, e no Anexo 6 Vínculos dos Trabalhadores, a fls. 01 a 405 Vol. I a III do PAF 16004.000336/200919 . Presentes, portanto, todos os requisitos essenciais caracterizadores da relação de segurado empregado assentados no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91. Resta comprovada, portanto, toda a simulação empreendida pelas empresas integrantes do grupo Ouroeste nos negócios por ela praticados, uma vez que a Continental Ouroeste, a SP Guarulhos e a BR Fronteira apenas aparentemente figuravam como contribuinte, acobertando o verdadeiro sujeito passivo da obrigação tributária o 'Frigorífico Ouroeste Ltda', o qual, assumindo de fato todos os riscos da atividade econômica com finalidade lucrativa, dirigia, ordenava e administrava toda a prestação de serviço de maneira não eventual, assalariava os empregados a seu serviço, chegando a assumir, com a deflagração da ação pela Policia Federal, todo o passivo trabalhista, previdenciário e fiscal referente a tais trabalhadores, estando presentes os requisitos que os qualificam como seus empregados – subordinação jurídica, não eventualidade, onerosidade e pessoalidade , conforme disposições inscritas no art. 12 da Lei n° 8.212/91 e art. 3º da CLT, sendo nulo o vínculo fixado através das interpostas empresas Br Fronteira e SP Guarulhos, conforme art. 9º da CLT. Não procede, portanto, a alegação de que a Fiscalização não teria logrado comprovar a existência dos requisitos dos vínculos empregatícios entre os funcionários das empresas Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda., SP Guarulhos Ltda. e BR Fronteira Ltda. e a Autuada. A existência do vínculo laboral de empregado e do vínculo previdenciário de segurado empregado houve por reconhecida e consignada pelas próprias empresas Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda ao registrarem tais trabalhadores em Fl. 601DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 72 seus Livros de Registro de Empregados e em suas Folhas de Pagamento, da mesma forma, pela declaração espontânea de tais segurados em suas GFIP. A declaração em GFIP e o registro nos LRE e nas Folhas de Pagamento fazem prova de per se da efetiva existência das relações de emprego e do vínculo de segurado empregado, circunstância que torna despicienda a demonstração por parte do Fisco. De outro eito, demonstrado e comprovado que tais empresas existiam tão somente no papel, constituídas em nome de “laranjas”, se configurando, nada mais, do que meras empresas interpostas pelo Frigorífico Ouroeste Ltda com o sinistro intuito de ocultar, perante o Fisco, os verdadeiros beneficiários da atividade econômica praticada, com a intenção de eximirse dos pagamentos de tributos pelos quais seriam responsáveis, tais vínculos trabalhistas e previdenciários se consolidam na responsabilidade do verdadeiro empregador, eis que, em realidade, todos esses trabalhadores envidam seus esforços na realização da atividade fim da Autuada, a qual detém todo o poder de chefia e de comando de acerca do que fazer, quem fazer, como fazer, onde fazer, quanto fazer e quando fazer, além do poder de controle sobre o serviço realizado, da admissão e da dispensa dos trabalhadores, mesmo sem justa causa. Todos trabalham, efetivamente, objetivando atingir as metas determinadas pelos verdadeiros donos do empreendimento, ordenados pelas normas de conduta por eles impostas. As conclusões pautadas nos parágrafos precedentes não discrepam das vigílias assentadas no Enunciado nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho, o qual impõe, na contratação de trabalhadores por interposta pessoa, o estabelecimento de vínculo do obreiro diretamente com o contratante, tomador dos serviços. Enunciado nº 331 do TST Contrato de Prestação de Serviços Legalidade I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). (grifos nossos) II A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). (Revisão do Enunciado nº 256 TST) III Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20061983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividademeio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666/93). Na realidade nua dos fatos, todos trabalham efetivamente buscando atingir os objetivos traçados pelo Frigorífico Ouroeste Ltda e pelos seus verdadeiros donos, de acordo Fl. 602DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 567 73 com as diretrizes, normas de conduta e controles por eles idealizados, de onde dessai a essência da subordinação jurídica. Existindo tais empresas interpostas apenas no papel, sendo constituídas em nome de “laranjas”, deflui que toda a remuneração dos trabalhadores em apreço é debitada do patrimônio dos verdadeiros donos do empreendimento ora em foco, de onde avulta a onerosidade na prestação dos serviços à responsabilidade da Autuada. Tais trabalhadores encontramse nominalmente registrados nas Folhas de Pagamento e nos Livros de Registro de Empregados, além de terem sido declarados em GFIP, inexistindo nos autos qualquer elemento fático ou jurídico de convicção que possa desaguar na ilação de que tais trabalhadores, ao seu alvedrio único, exclusivo e próprio, e sem qualquer ingerência da empresa Autuada, pudessem se fazer substituir, na execução do serviço para o qual fora contratado, por outro trabalhador qualquer, mesmo que de idêntica capacitação, circunstância que denota a natureza intuitu personae da relação jurídica materialmente celebrada entre a Autuada e o trabalhador. Avulta das circunstâncias do caso que o risco da atividade econômica é integral do Frigorífico Ouroeste Ltda e de seus verdadeiros donos os quais, além do encargo de adquirir animais de corte, de proceder ao abate e processamento de tais semoventes, captar clientes no mercado para a comercialização de sua produção, contratar a emissão fraudulenta de notas fiscais frias, ainda admite e remunera os trabalhadores responsáveis pela execução de tais serviços, e assume em seu patrimônio inercial os eventuais prejuízos decorrentes da atividade econômica. Dessarte, também sob esse prisma, a condição de empregador da Autuada se revela emblemática, eis que o art. 2º da CLT qualifica com empregador a empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Também não procede a alegação de que seria indevido o lançamento a partir da desconsideração da personalidade de outras empresas. Em primeiro lugar, registrese que no presente caso, o lançamento não se fundamentou em suposta desconsideração de personalidade jurídica das interpostas pessoas, mas, tão somente, no princípio da realidade dos fatos sobre a formalidade dos atos. Com efeito, a atuação fiscal empreendida no presente caso encontra lastro jurídico nas disposições encaixadas no Parágrafo Único do art. 116 do Código Tributário Nacional, que confere à Autoridade Notificante a competência para desconsiderar os efeitos de atos e negócios jurídicos praticados com o fito de ocultar a ocorrência do fato gerador tributário. Código Tributário Nacional CTN Fl. 603DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 74 Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; (grifos nossos) II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (grifos nossos) Nesse panorama, muito embora os assentamentos contratuais formais sejam representativos de constituição de pessoas jurídicas em nome de sócios distintos do quadro societário da Autuada, as provas dos autos revelam que tais sócios figuram, tão somente, como “laranjas” dos verdadeiros donos do empreendimento fraudulento, os quais detém todo o poder de comando, ordenamento e controle das atividades praticadas em cada empresa, e no âmbito geral do grupo por elas constituído. Muito embora os assentamentos contratuais formais apontem para a celebração de contrato de prestação de serviços com pessoas jurídicas, as condições em que os serviços contratados foram prestados ao Recorrente subsumemse à hipótese genérica e abstrata das de segurado empregado estabelecida no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91, eis que presentes todos os ingredientes atávicos à receita típica de segurado empregado. Conforme assinalado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, é prerrogativa da autoridade administrativa a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Para o mesmo norte aponta a regra trabalhista fixada no art. 9º do DecretoLei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 – CLT ao dispor que “Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”. Tratamse de normas antielisivas, visando ao combate à fraude à lei, com fundamento no primado da substância sobre a forma. A desconsideração do ato ou do negócio jurídico praticado visa apenas a reaproximar a qualificação jurídica do verdadeiro conteúdo material do ato decorrente do desenho da hipótese de incidência. Assim, a norma antielisiva mune a administração tributária com o poder/dever de proceder à requalificação jurídica formal da relação, fazendoa coincidir com a realidade substancial. Investido em tal poder, o Fisco pode prescindir das aparências do ato simulado e determinar a obrigação tributária segundo a realidade oculta, sem necessidade de declarar a nulidade do ato jurídico aparente ou de desconsiderar a personalidade jurídica das empresas envolvidas. Merece ser destacado que a jurisprudência do STJ não nega auto aplicabilidade à norma antielisiva assentada no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, conforme se depreende dos seguintes julgados, de cujas ementas, transcrevemos os excertos a seguir: Fl. 604DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 568 75 “AREsp 323.808SC Rel. Min. Humberto Martins DJe: 27/05/2013 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. INEXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. AUTOAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. NÃOALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. [...] O caso da empresa de vigilância é perfeitamente análogo: as câmaras são parte do equipamento que é utilizado pela sociedade Patrimonial Segurança Ltda. para a prestação do serviço de segurança, que é a sua atividade fim. As filmadoras ou sensores de movimento que sejam instaladas na residência do contratante sem que este as adquira integram o custo do serviço. (situação diversa ocorreria se houvesse venda dos bens, caso em que a transferência de titularidade do bem ensejaria a incidência do ICMS. Não e, entretanto, o caso). Ao destacar do valor do serviço uma quantia correspondente a aluguel dos bens utilizados, a apelada incorreu em prática coibida pelo artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que dispõe: A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Com razão, assim, a Procuradoria do Município, ao afirmar que: "A obrigação da apelada consiste em prestar um serviço de vigilância, uma obrigação de fazer portanto, sendo a denominação de 'locação de equipamento eletrônico' dada pela apelada uma forma de dissimular a ocorrência do fato gerador, que é a prestação do serviço" (fl. 217). Nesse contexto, merece acolhida o recurso para se julgar improcedente a demanda. [...]" No mesmo sentido, o Agravo Regimental no RECURSO ESPECIAL Nº 1.070.292 – RS, da Relatoria do Ministro Humberto Martins: AgRg no REsp 1.070.292 RS Rel. Min. Humberto Martins DJe: 23/11/2010 Fl. 605DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 76 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA VINCENDA. PERCEPÇÃO PAGA MEDIANTE TRANSAÇÃO EM DEMANDA TRABALHISTA. VERBA DE NATUREZA NÃO INDENIZATÓRIA. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. [...] Notese que o montante pago teve por fim o cumprimento de prestações vincendas, ou seja, a partir de agosto de 1996. Isto deve ser frisado para que não se invoque a isenção anteriormente prevista no artigo 6º da Lei 7.713/88, mas que foi revogada pela Lei 9.250/95. Cabe, ainda, asseverar que o tópico do acordo, afirmando a natureza indenizatória do montante pago, nenhum efeito opera para o fisco. O reconhecimento da natureza indenizatória de determinada verba se impõe quando for possível constatar que aquela visava à recomposição de uma perda patrimonial, e não pela mera denominação de indenizatória (parágrafo único do artigo 116 do CTN: A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária). Tratase, no caso, de aplicação da Teoria da Interpretação Econômica do Fato Gerador. A hipótese dos autos caracteriza a aquisição de disponibilidade de renda, assim entendido o produto do trabalho, nos exatos termos do art. 43 do CTN. Bem por isso, tal verba está sujeita à incidência de imposto de renda. [...] Ainda, nesse sentido, REsp nº 1.363.920 SC Rel. Min. Og Fernandes, DJe: 24/10/2013. Por outro viés, ainda que se admita que o preceito instalado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN demande regulamentação procedimental via lei ordinária, nada impede que se recorra a procedimentos já previstos em leis ordinárias já integrantes do Ordenamento Jurídico Pátrio. Tratase da realização de um princípio jurídico consistente na recepção de leis já vigentes e eficazes, bastante consagrado no Ordenamento Pátrio, máxime no ramo do Direito Tributário, que permite que uma lei ordinária em sua origem seja recepcionada com status de Lei Complementar, uma vez que suas normas, por força da CF/88, só podem ser revogadas ou alteradas mediante um Diploma Normativo dessa natureza. A realização do princípio da Recepção das Leis permite a convivência de normas jurídicas vigentes no Ordenamento Jurídico anterior com o Direito Positivo atual, desde que com este guardem perfeita harmonia. Por este princípio, todas as leis do Direito anterior que não se chocam com o Direito atual são por este Direito recepcionadas, eliminandose, assim, a necessidade de se regular por inteiro toda a estrutura Fl. 606DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 569 77 legislativa. Seria, em verdade, ilógico que leis anteriores, cujo conteúdo permanece inalterado em face da nova Ordem Jurídica, tivessem que ser recriadas para continuarem a estabelecer normas jurídicas de conduta da Sociedade. Pela ótica de tal princípio, quando se cria uma nova estrutura normativa, o conjunto de normas jurídicas préexistente, no que não conflite materialmente com o Direito Anterior, permanece em vigor e produzindo os efeitos que lhe são típicos, sendo automaticamente aceita a pela nova Ordem Jurídica, qualquer que tenha sido o processo de sua elaboração originária, desde que conforme ao previsto na época de sua elaboração, pois, não o sendo, a invalidade já teria atingido a legislação pretérita desde o seu nascedouro. A consagração de tal princípio jurídico na seara tributária encontra amparo na Jurisprudência dos Tribunais Superiores, mormente o Superior Tribunal de Justiça, conforme se depreende dos seguintes julgados: REsp nº 1.427.949 SC Rel. Min. Mauro Campbell Marques DJe: 02/04/2014 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. PARCELAMENTO. REFLS. EXCLUSÃO. SIMULAÇÃO. EMPRESA INATIVA. PARCELA ÍNFIMA. ART. 5º, II E XI, DA LEI N. 9.964/2000. FUNDAMENTO SUFICIENTE INATACADO (SÚMULA Nº 283/STF). AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO (SÚMULA N. 282/STF). IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DE MATÉRIA FÁTICA (SÚMULA Nº 7/STJ). RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. ART. 557, CAPUT, CPC. DECISÃO [...] Em outras palavras, a simulação da existência das empresas foi ato de abuso de direito, e, destarte, plenamente válidos e legais os atos de exclusão do REFIS e CNPJ, com fulcro no art. 5º, XI, da Lei nº 9.964/2000, e o art. 81 da Lei nº 9.430/1996. Lícito o procedimento de inativação do CNPJ das empresas, por força do art. 81 da Lei nº 9.964/2000, in verbis (eSTJ fls. 9734/9739): Ao contrário do que defende a autora, a declaração de inaptidão do CNPJ foi fundamentado no artigo 80 e 81 da Lei nº 9.430, de 1996, diante de inexistência de fato, e não no artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Além de diversos aspectos fáticos e concretos a seguir analisados, a Administração Tributária fundamentou a inaptidão também na existência de simulação (art. 167 do Código Civil), mas, destaco: não somente na simulação. [...] Ainda que se considere que, no caso concreto, incidiria o artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que, por sua vez, remete a procedimentos estabelecidos em lei ordinária, tais procedimentos (relativos à declaração de inaptidão) já se encontram previstos nos próprios artigos 81 e 82, ambos da Lei nº Fl. 607DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 78 9.430/96, c/c o artigo 5º da Lei nº 5.614, de 5 de outubro de 1970, e a Instrução Normativa nº 568, de 8 de setembro de 2005. [...] (grifos nossos) No mesmo sentido, REsp nº 1.427.233/SC, DJe de 01/04/2014. No caso em estudo, mediante os procedimentos estabelecidos na Lei Ordinária nº 8.212/91, foram desconsiderados substancialmente os atos ou negócios jurídicos praticados pelos atores do esquema fraudulento acima descortinado, praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, mas não da personalidade jurídica das empresas prestadoras. Anotese que na formalização do presente lançamento, houvese por operada, tão somente, a desconsideração substancial dos atos simulados, mas não a desconstituição formal desses atos. O permissivo estampado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN apenas autoriza que se desconsidere, para fins exclusivamente de constituição do crédito previdenciário, os efeitos jurídicos dos atos simulados, na seara previdenciária, sem, no entanto, desconstituílos. Reiterese que a administração tributária federal não se encontra jungida à obtenção prévia de declaração administrativa ou judicial definitiva de nulidade de atos jurídicos simulados como condição de procedibilidade para a tributação da real operação ocorrida, visto que os atos simulados são ineficazes perante o Fisco, conforme dessai do preceito inscrito no art. 118 do CTN: Código Tributário Nacional CTN Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. Por tais razões, para os fins exclusivos do presente lançamento, revelase desnecessária a declaração judicial de nulidade dos atos simulados, assim como a desconsideração da personalidade jurídica das empresas envolvidas. No caso dos autos, da dicção do inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91 deflui que a relação jurídica real existente entre a Autuada e os segurados apurados pela fiscalização é a de segurado empregado, circunstância que impinge às partes dessa relação jurídica a obediência às obrigações tributárias estabelecidas no diploma legal acima citado. Não procede, portanto, a alegação de que a Fiscalização teria promovido “o lançamento a partir dos valores consignados em Folhas de Pagamentos, extratos e GFIP dos quais Edson Garcia de Lima, Dorvalino Francisco de Souza, Jose Roberto de Souza, Oswaldo Fl. 608DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 570 79 Antonio Arantes e Antonio Martucci não tiveram acesso, não foram partes, não foram intimados da relação processual, não figuram no Polo Passivo, olvidandose que as pessoas acima não podem suportar o ônus do lançamento de tributos de interesse de outra pessoa jurídica, sobretudo por não terem direito/dever de manterem e apresentarem a contabilidade de outrem”. Conforme acima demonstrado, o Frigorífico Ouroeste Ltda e seus verdadeiros donos detinham todo o poder de organização, administração, direção e controle sobre todas as operações e negócios realizados pelas empresas interpostas, as quais foram constituídas em nome de “laranjas”, e existentes tão somente no papel, para acobertar os verdadeiros responsáveis tributários pelas obrigações decorrentes das operações praticadas no âmbito dos negócios pelo grupo econômico de fato ora em foco. Tanto é assim que, após a deflagração da ação da Polícia Federal, os vínculos dos segurados empregados em questão retornaram para o Frigorífico Ouroeste Ltda, constando nas FRE Fichas Registro de Empregados a assunção pelo Frigorífico Ouroeste Ltda de todo o passivo trabalhista, desde suas admissões no Frigorífico Ouroeste em 2002, na Continental Ouroeste ou na Rodrigues e Bastos / BR Fronteira Ltda. (fls. 703 a 781Volume IV/Anexo 2 do PAF 16004.000336/200919). Corrobora tal entendimento o fato de, em 2007, o Frigorífico Ouroeste Ltda ter solicitado à Caixa Econômica Federal a UNICIDADE DO FGTS de todos os empregados que prestaram serviços ao Grupo Ouroeste desde 2002, fato este que pode ser comprovado pela GFIP da competência Janeiro/2007, a fls. 805 a 820 do PAF 16004.000336/200919, onde constam as reais datas de admissão dos empregados pelo Frigorífico Ouroeste, confrontada com os contratos de trabalho, a fls. 791 a 804 do PAF 16004.000336/200919. Assim, com espeque no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, os efeitos dos atos jurídicos simulados, praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo, houveramse por desconsiderados pela Autoridade Administrativa responsável pelo lançamento, restabelecendose assim a conexão do fato gerador da Contribuição Previdenciária ao seu verdadeiro responsável tributário, in casu, a Autuada. Conforme se extrai dos fatos expostos anteriormente, o Frigorífico Ouroeste Ltda foi a titular de fato de todas as operações de aquisição de gado de produtores rurais pessoas físicas, realizadas pelo cliente n° 36 da lista de "vendedores" da Distribuidora de Carnes e Derivados São Paulo Ltda, como também por intermédio das interpostas pessoas SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, assim bem como a verdadeira empregadora dos trabalhadores registrados, formalmente, nos LRE das empresas interpostas acima citadas e na Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda, configurandose o Frigorífico Ouroeste Ltda como a Contribuinte de fato dos tributos incidentes sobre tais fatos geradores. Acontece que a Fiscalização apurou que o Frigorífico Ouroeste Ltda não declarou em suas GFIP os valores referentes à aquisição de produtos rurais correspondentes àqueles acobertados pelas empresas “noteiras”, muito menos os segurados empregados formalmente registrados em empresas interpostas existentes só no papel, no período compreendido no presente lançamento. Na mesma toada, também a sua escrita fiscal não registra tais operações comerciais e demais fatos geradores. Fl. 609DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 80 Nessas circunstâncias, a apresentação deficiente de qualquer documento ou informação assim como a constatação, pelo exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento da empresa, de que a contabilidade não registra o movimento real das remunerações dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, é motivo justo, bastante, suficiente e determinante para que a Fiscalização inscreva de ofício a importância reputada como devida, mesmo que mediante a apuração, por aferição indireta, das bases de cálculo das contribuições previdenciárias efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário, a teor do permissivo legal encartado nos parágrafos 3º e 6º do art. 33 da Lei nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). §1º É prerrogativa do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e do Departamento da Receita FederalDRF o exame da contabilidade da empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do Código Comercial, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados. (...) §3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e o Departamento da Receita FederalDRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. (grifos nossos) (...) §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (grifos nossos) Assim, considerando todo o conjunto probatório carreado ao presente processo, restou demonstrado que o vertente Auto de Infração de Obrigação Principal não se houve por lavrado apenas com base em indícios, suposições ou presunções. A fiscalização demonstrou, mediante minucioso procedimento investigativo, em conjunto com a Policia Federal, e sob os olhares da Justiça Federal, a ocorrência material dos fatos jurígenos tributários que integram o vertente lançamento, não logrando o Recorrente produzir os meios de prova hábeis a desconstituílo. Fl. 610DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 571 81 Não procede, igualmente, a alegação de que não houve fraude tributária. A fraude se manifesta na volitiva e consciente utilização de empresas “noteiras”, que realizavam em seu nome e sob sua responsabilidade tributária, sob o falso manto de legalidade, e mediante uma taxa proporcional à operação dissimulada, as operações de terceiros de compra e venda de produção rural, e movimentavam em seus nomes grande quantia de recursos, com o propósito de impedir, total ou parcialmente, na seara da responsabilidade dos titulares de fato das citadas operações comerciais a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, de modo a reduzir o montante do tributo devido ou a evitar o seu pagamento. Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. A fraude tributária se consuma, portanto, com o emprego de ardis e estratagemas visando a ludibriar o Fisco, de modo a reduzir o montante do imposto devido, a evitar ou diferir o seu pagamento. Fossem tais operações formalmente registradas sob a responsabilidade tributária da Autuada, como materialmente, de fato, eram, esta teria que arcar com os encargos previdenciários incidentes sobre a comercialização da produção rural. De outro canto, sendo tais operações registradas sob a responsabilidade tributária de empresas noteiras, as quais foram constituídas como sociedades por cotas de responsabilidade limitada, com capital social irrisório, e cujos sócios nenhum bem possuíam em seus nomes, a execução fiscal do crédito correspondente mostrase improfícua, como por diversas vezes assim se mostrou, resultando em flagrante prejuízo patrimonial para Fisco, que não conseguiu, por inúmeras vezes, realizar o seu crédito tributário. Reforça a compreensão acerca da existência de fraude o fato de a empresa “noteira” cobrar uma taxa pela emissão da nota fiscal “fria”, proporcional à operação dissimulada, e ser constituída sob a forma de sociedade por cotas de responsabilidade limitada, mediante a utilização de sócio “laranja” com participação ínfima no capital social, o qual, por sua vez, também se revelava irrisório em comparação à movimentação financeira registrada, e que tais sócios não possuíam qualquer bem patrimonial em seus nomes, de maneira que qualquer execução fiscal ajuizada pelo Fisco se revelava improfícuo, em razão da ausência de patrimônio para honrar o crédito tributário reclamado. A fraude se encontra presente, igualmente, no ato de criação de Pessoas Jurídicas fictícias, constituídas em nome de “laranjas”, objetivando ocultar dos olhares do Fisco as pessoas efetivamente responsáveis pelas operações empresariais realizadas pelo empreendimento fraudulento ora em tela, frustrando, assim, o adimplemento das Contribuições Previdenciárias devidas à Seguridade Social. Fl. 611DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 82 Tal conduta consistia na interposição de pessoas físicas e jurídicas que movimentavam em seus nomes grande quantia de recursos, com o propósito de eximir os titulares de fato do pagamento de tributos. Mediante tais condutas, a Autuada e seus verdadeiros donos ardilosamente omitiram fatos geradores de contribuições previdenciárias da contabilidade e das GFIP de sua responsabilidade tributária, ao mesmo tempo em que promoveram prejuízo patrimonial ao erário, que não conseguiu realizar o seu crédito. Nestes casos, apenas mediante a deflagração de procedimento formal de investigação policial e de Fiscalização, nas dependências do sujeito passivo, tiveram condições a Policia Federal e a Administração Tributária de tomar conhecimento da ocorrência de fatos geradores de contribuições previdenciárias e de apurar a sua matéria tributável. A sonegação também se mostra patente, na medida em que, ao se utilizar das empresas noteiras para assumir, aparentemente, a titularidade e responsabilidade das suas operações de comercialização de produção rural, e ao atribuir às empresas interpostas, constituídas em nome de “laranjas”, a responsabilidade pelas operações atávicas à sua atividade empresarial, a Autuada não efetuou qualquer declaração desses Fatos Jurígenos Tributários nos títulos próprios de sua contabilidade, tampouco em suas GFIP, excluindo dessarte da Administração Fazendária o conhecimento a respeito da ocorrência desses fatos geradores de contribuições previdenciárias. Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Assim, estando as empresas “noteiras” e os seus “clientes”, dentre as quais, a Autuada, assim como as interpostas Pessoas Jurídicas, mancomunadas no fim específico de fraudar a Administração Tributária e de sonegar tributos, caracterizada também se revela a existência de conluio, a teor do art. 73 da Lei nº 4.502/64. Fl. 612DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 572 83 Conforme acima elucidado, presentes estão na conduta descrita nos autos os elementos objetivos e subjetivos qualificadores da fraude, da sonegação e do conluio, nos termos dos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. Mas não é só. Há mais !!! O caso em tela também é representativo de simulação. Aqui, o ato jurídico real é deliberadamente dissimulado, recebendo a maquiagem de um ato aparente legal, a fim de representar externamente perante terceiros, in casu, o Fisco, uma outra realidade que não aquela pretendida volitivamente pelo Praticante do ato simulado, e que enseje para este algum resultado econômico favorável. Na definição de Clóvis Beviláqua, citado por Silvio Rodrigues (in Direito Civil Parte Geral, vol. 1, 15ª edição, São Paulo : Saraiva, 1985, p. 218), “a simulação é uma declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do ostensivamente indicado”. Segundo Orlando Gomes (in Introdução ao Estudo do Direito, 7a. ed., Rio de Janeiro : Forense, 1983, p. 374), ocorre a simulação quando "em um negócio jurídico se verifica intencional divergência entre a vontade real e a vontade declarada, com o fim de enganar terceiros". A simulação, em resumo, consubstanciase numa deformação voluntária do ato jurídico com o intuito de fugir à disciplina normal prevista em lei, consistente num desacordo intencional entre a vontade interna das partes, efetivamente pretendida, e a formalmente declarada no ato simulado. O ato jurídico simulado ostenta formalmente uma aparência diversa do efetivo querer das partes, pois simulam pretender um efeito jurídico que as partes, na realidade, não intencionam nem desejam. A doutrina tradicional da simulação, numa visão voluntarista do ato jurídico, considera serem simulados e passíveis de desconsideração pelo Fisco os atos e os negócios jurídicos praticados pelas partes com a intenção de enganar, ocultar, iludir, dificultar ou até mesmo tornar impossível a atuação fiscal. A simulação, portanto, traduzse pela falta de correspondência entre o ato praticado e o formalizado, encerrando uma declaração enganosa visando a produzir efeito diverso do fato ocorrido. No caso presente, a empresa “noteira” emitia, em seu nome, notas fiscais “frias” de comercialização de produção rural, com ilusória aparência de legalidade, encobrindo dissimuladamente os reais titulares da operação mercantil realizada, com o sinistro intuito de excluir destes a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias decorrentes de tais operações, e causando ao Fisco um prejuízo patrimonial correspondente às contribuições devidas, eis que o esquema fraudulento houvese por idealizado e concebido com a constituição de empresas noteiras sob a forma de sociedade por cotas de responsabilidade limitada, com capital social irrisório, e com nenhum bem em nome dos sócios, circunstância que implica fracasso a qualquer tentativa de execução fiscal do crédito tributário devido. O dolo na conduta se manifesta, precisamente, pelo fato de a empresa noteira assumir em seu nome e responsabilidade a titularidade das operações de terceiros e estes terceiros, além de pagarem uma taxa pela emissão das notas “frias” proporcional à operação Fl. 613DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 84 dissimulada, também não registrarem tais operações em sua contabilidade, tampouco em suas GFIP. A simulação também está presente na criação de Pessoas Jurídicas constituídas em nome de “laranjas”, pessoas que não ostentavam qualquer relação com a atividade desenvolvida pela empresa, tampouco possuíam conhecimento técnico para tanto, sendo certo que tais empresas interpostas existiam, tão somente, no papel, uma vez que as operações supostamente por elas praticadas eram realizadas, de fato, pelos verdadeiros donos da Autuada e de todo o empreendimento fraudulento. Às empresas interpostas era atribuída, tão apenas, a responsabilidade tributária pelos atos jurídicos praticados em seu nome, por terceiras pessoas, no interesse exclusivo destas. Resta cabalmente demonstrado que os fatos geradores de Contribuições Previdenciárias ora em debate, aparentemente, mas só aparentemente, atribuídos simuladamente à Continental Ouroeste Carnes e Frios Ltda, à SP GUARULHOS Distribuidora de Carnes e Derivados Ltda e à Comércio de Carnes e Representação BR Fronteira Ltda, de fato ocorreram na órbita de responsabilidade tributária do Frigorífico Ouroeste Ltda, o real e efetivo empregador dos trabalhadores ora em trato. Tais empresas interpostas nada mais eram do que meras marionetes, sem animus próprio e sem existência de fato, controladas exclusivamente pelas mãos habilidosas dos verdadeiros donos do Frigorífico Ouroeste Ltda, que dirigiam todas as operações por elas simuladamente realizadas, administravam o empreendimento, assalariavam os trabalhadores envolvidos nas atividades empresariais do “Núcleo Ouroeste”, e auferiam os lucros provenientes do esquema fraudulento ora desfraldado. Nesse contexto, sendo na realidade nua dos fatos o Frigorífico Ouroeste Ltda a pessoa que efetivamente tinha relação direta e pessoal com a situação constitutiva do fato gerador ora em apreciação, a Autuada deveria NECESSARIAMENTE, por força de lei formal, ter incluído em suas Folhas de Pagamento todos os trabalhadores que efetivamente lhe prestaram serviços, no período fiscalizado, assim como suas respectivas remunerações globais. Mas não o foram. Via de consequência, os esclarecimentos exigidos pela Fiscalização, consistente nos nomes naturais dos Segurados Contribuintes Individuais que prestaram serviços, efetivamente, ao Frigorífico Ouroeste Ltda deveriam ser objeto de registro nos documentos fiscais dessa empresa, e deveriam ter sido fornecidos prontamente à Fiscalização na oportunidade em que a empresa foi intimada. Desse modo, a alegação do Recorrente esbarra no óbice “nemo potest venire contra factum proprium”, locução de origem canônica que expressa o ideal de que ninguém pode se beneficiar das consequências decorrentes da própria torpeza, consagrado no art. 243 do Código de Processo Civil e no art. 973 do Código Civil. A conduta omissiva assim perpetrada pelo Recorrente representou ofensa direta à obrigação acessória ordenada no art. 32, III, da Lei Orgânica da Seguridade Social, a qual finca o dever instrumental de o sujeito passivo prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à Fiscalização. Fl. 614DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 573 85 Não se mostra demasiado enaltecer que o dever jurídico de prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como o de prestar todos os esclarecimentos necessários à Fiscalização, não se revela como uma faculdade da empresa, mas, sim, uma obrigação tributária a ela imposta diretamente, com a força de império da lei formal, gerada nas Conchas Opostas do Congresso Nacional, segundo o trâmite gestacional plasmado nos artigos 61 a 69 da nossa Lei Soberana. Diante dos aludidos dispositivos, exsurge, como decorrência lógica que, tanto a obrigação acessória ora infringida quanto a penalidade pecuniária associada ao seu descumprimento objetivo, encontramse, de fato, prevista na Lei de Custeio da Seguridade Social, cumprindo assim as formalidades exigidas pelo Código Tributário Nacional, no âmbito de competência que lhe foi outorgado pela Carta Magna Brasileira, sendo, por conseguinte, de observância obrigatória pelo sujeito passivo. Mostrase digno de realce, no presente caso, que o lançamento tributário da obrigação principal associada ao vertente Auto de Infração figura como objeto do Auto de Infração de Obrigação Principal nº 37.201.5760, lavrado na mesma ação fiscal e debatido no Processo Administrativo Fiscal nº 16004.000336/200919, o qual foi julgado integralmente procedente por esta mesma 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF. Diante desse quadro, havendo sido reconhecido, por esta mesma Turma Julgadora a procedência do lançamento das obrigações tributárias principais referentes aos fatos geradores tratados neste auto de infração, não há mais como se esquivar do reconhecimento da procedência do lançamento que ora se debate, eis que a empresa deveria ter prestado à Fiscalização todos os esclarecimentos por ela formalmente solicitados, mediante Termo próprio, eis que condizentes aos segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social que lhe prestaram serviços em cada mêscompetência. No caso específico dos autos, restou demonstrado que a Autuada agiu com dolo, mediante conduta fraudulenta visando a frustrar a arrecadação de tributos, fatos esses que se consubstanciam em circunstância agravante da infração, prevista no inciso II do art. 290 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, o que implica a majoração da penalidade cominada em 03 (três) vezes, em atenção ao disposto no inciso II do art. 292 do Regulamento da Previdência Social. Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 Art. 290. Constituem circunstâncias agravantes da infração, das quais dependerá a gradação da multa, ter o infrator: I tentado subornar servidor dos órgãos competentes; II agido com dolo, fraude ou máfé; III desacatado, no ato da ação fiscal, o agente da fiscalização; IV obstado a ação da fiscalização; ou V incorrido em reincidência. Parágrafo único. Caracteriza reincidência a prática de nova infração a dispositivo da legislação por uma mesma pessoa ou por seu sucessor, dentro de cinco anos da data em que se tornar irrecorrível administrativamente a decisão condenatória, da data do pagamento ou da data em que se configurou a revelia, referentes à Fl. 615DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 86 autuação anterior. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 1º de fevereiro de 2007) Art. 292. As multas serão aplicadas da seguinte forma: I na ausência de agravantes, serão aplicadas nos valores mínimos estabelecidos nos incisos I e II e no § 3º do art. 283 e nos arts. 286 e 288, conforme o caso; II as agravantes dos incisos I e II do art. 290 elevam a multa em três vezes; III as agravantes dos incisos III e IV do art. 290 elevam a multa em duas vezes; IV a agravante do inciso V do art. 290 eleva a multa em três vezes a cada reincidência no mesmo tipo de infração, e em duas vezes em caso de reincidência em infrações diferentes, observados os valores máximos estabelecidos no caput dos arts. 283 e 286, conforme o caso; e Parágrafo único. Na aplicação da multa a que se refere o art. 288, aplicarseá apenas as agravantes referidas nos incisos III a V do art. 290, as quais elevam a multa em duas vezes. Almejando brindar a máxima efetividade à obrigação acessória ora ilustrada, o art. 92 da Lei de Custeio da Seguridade Social aviou norma tributária sancionatória, prevendo a punição do obrigado, em caso de infração de qualquer dispositivo da Lei nº 8.212/91, na modulação fixada no art. 283, I, ‘a’ do RPS, aprovado pelo Dec. n° 3048/99, com valores atualizados conforme mecanismo fixado no art. 102 da Lei de Custeio da Seguridade Social. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). Regulamento da Previdência Social Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: (Redação dada pelo Decreto nº 4.862/2003) Fl. 616DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 574 87 (...) II a partir de R$ 6.361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas seguintes infrações: (...) b) deixar a empresa de apresentar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal os documentos que contenham as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, ou os esclarecimentos necessários à fiscalização; Art. 373. Os valores expressos em moeda corrente referidos neste Regulamento, exceto aqueles referidos no art. 288, são reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social. É de sabença universal que inexiste neste Globo economia forte o suficiente capaz de manter sua Moeda Corrente a salvo da corrosão imposta pela inflação. Ante a iminência de tal fenômeno econômico, pautou por bem o Legislador Ordinário prover o texto legal com um mecanismo arquitetado adrede, visando a minimizar os efeitos devastadores de tal ocorrência. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713/2001). §1º O disposto neste artigo não se aplica às penalidades previstas no art. 32A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Revelase auspicioso salientar que o CTN não inclui em sua reserva legal a atualização do valor monetário das bases de cálculo das contribuições previdenciárias, as quais não se qualificam, por expressa disposição legal, como majoração de tributos. Nessa perspectiva, autoriza o Codex Tributário que a atualização monetária possa ser levada a efeito por qualquer outro instrumento normativo aquilatado no conceito de legislação tributária estatuído no art. 100 do Pergaminho Tributário em realce. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; Fl. 617DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 88 IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equiparase à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em tornálo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Na hipótese ora tratada, os índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social são estabelecidos, anualmente, pelo Ministério da Previdência Social, mediante Portaria expedida pelo Sr. Ministro de Estado, no exercício das atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição Federal. Constituição Federal de 1988 Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: (...) II expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; Nesse contexto, em 13 de fevereiro de 2009 foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria MPS/MF nº 48, de 12/02/2009, que atualizou o valor mínimo da penalidade pecuniária previsto no art. 92 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 283, I, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, equivalente a R$ 1.329,18 (um mil, trezentos e vinte e nove reais e dezoito centavos). PORTARIA MPS/MF nº 48, de 12/02/2009 Fl. 618DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 16004.000338/200916 Acórdão n.º 2401004.160 S2C4T1 Fl. 575 89 Art. 8º A partir de 1º de fevereiro de 2009: (...) V o valor da multa pela infração a qualquer dispositivo do Regulamento da Previdência Social, para a qual não haja penalidade expressamente cominada (art. 283), varia, conforme a gravidade da infração, de R$ 1.329,18 (um mil trezentos e vinte e nove reais e dezoito centavos) a R$ 132.916,84 (cento e trinta e dois mil novecentos e dezesseis reais e oitenta e quatro centavos); VI o valor da multa indicada no inciso II do art. 283 do Regulamento da Previdência Social é de R$ 13.291,66 (treze mil duzentos e noventa e um reais e sessenta e seis centavos); Como visto, a lei fiscal determina que a empresa tem o dever instrumental de prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. Merece ser citado que, das disposições insculpidas no §3º do art. 113 do codex tributário, emerge a natureza objetiva do Auto de Infração de Obrigação Acessória, na medida em que o simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária. Tal compreensão caminha no mesmo compasso das disposições expressas no art. 136 do reverenciado código tributário, o qual declara que a responsabilidade por infrações à legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, revelando assim, através de uma outra lente, o caráter objetivo e independente da imputação em realce. Código Tributário Nacional CTN Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Dessarte, a caracterização da infração à Legislação Tributária ora em relevo se concretiza com a mera omissão de prestação de esclarecimentos, exigidos mediante Termo próprio. Por outro viés, o valor da penalidade imposta por intermédio do presente Auto de Infração é único e indivisível, sendo despiciendo para a sua caracterização e imputação o número de infrações cometidas, se contentando a lei para a sua consumação definitiva a ocorrência objetiva de uma única omissão de esclarecimento solicitado e não prestado pelo Obrigado. Como resultado, subsiste inabalada a obrigação tributária principal objeto do Auto de Infração em apreço. Fl. 619DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 90 Procedente, portanto, o lançamento tributário levado ora a cabo pela Autoridade Fiscal Fazendária. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 620DF CARF MF Impresso em 29/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 26/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI
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Numero do processo: 15586.001475/2010-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 30/01/2007
SIMPLES NACIONAL. OPÇÃO. PESSOA JURÍDICA NÃO OPTANTE. CONTRIBUIÇÕES PATRONAIS. TERCEIROS. A pessoa jurídica - enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte - não optante pelo Simples Nacional, na forma estabelecida pela legislação tributária, sujeita-se ao recolhimento das contribuições patronais previdenciárias, bem como das contribuições reflexas, independentemente da atividade preponderante exercida ser passível de inclusão no SIMPLES.
PEDIDO DE ADESÃO AO SIMPLES NO PERÍODO FISCALIZADO PENDENTE DE APRECIAÇÃO. SOBRESTAMENTO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE
A demora na apreciação de requerimento de adesão ao SIMPLES não tem o condão de determinar o sobrestamento de processo administrativo fiscal de lançamento de contribuições previdenciárias.
CARF - COMPETÊNCIA
O CARF não tem competência para determinar a apreciação de processo administrativo relativo à adesão no SIMPLES.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.006
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo o v. Acórdão no 12-54.732 - 13a Turma da DRJ/RJ1, em sua totalidade.
Maria Cleci Coti Martins - Presidente substituta
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Miriam Denise Xavier Lazarini, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Henrique de Oliveira, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 30/01/2007 SIMPLES NACIONAL. OPÇÃO. PESSOA JURÍDICA NÃO OPTANTE. CONTRIBUIÇÕES PATRONAIS. TERCEIROS. A pessoa jurídica - enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte - não optante pelo Simples Nacional, na forma estabelecida pela legislação tributária, sujeita-se ao recolhimento das contribuições patronais previdenciárias, bem como das contribuições reflexas, independentemente da atividade preponderante exercida ser passível de inclusão no SIMPLES. PEDIDO DE ADESÃO AO SIMPLES NO PERÍODO FISCALIZADO PENDENTE DE APRECIAÇÃO. SOBRESTAMENTO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE A demora na apreciação de requerimento de adesão ao SIMPLES não tem o condão de determinar o sobrestamento de processo administrativo fiscal de lançamento de contribuições previdenciárias. CARF - COMPETÊNCIA O CARF não tem competência para determinar a apreciação de processo administrativo relativo à adesão no SIMPLES. Recurso Voluntário Negado.
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 30/01/2007 SIMPLES NACIONAL. OPÇÃO. PESSOA JURÍDICA NÃO OPTANTE. CONTRIBUIÇÕES PATRONAIS. TERCEIROS. A pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte não optante pelo Simples Nacional, na forma estabelecida pela legislação tributária, sujeitase ao recolhimento das contribuições patronais previdenciárias, bem como das contribuições reflexas, independentemente da atividade preponderante exercida ser passível de inclusão no SIMPLES. PEDIDO DE ADESÃO AO SIMPLES NO PERÍODO FISCALIZADO PENDENTE DE APRECIAÇÃO. SOBRESTAMENTO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE A demora na apreciação de requerimento de adesão ao SIMPLES não tem o condão de determinar o sobrestamento de processo administrativo fiscal de lançamento de contribuições previdenciárias. CARF COMPETÊNCIA O CARF não tem competência para determinar a apreciação de processo administrativo relativo à adesão no SIMPLES. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 14 75 /2 01 0- 37 Fl. 280DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, negarlhe provimento, mantendo o v. Acórdão no 1254.732 13a Turma da DRJ/RJ1, em sua totalidade. Maria Cleci Coti Martins Presidente substituta Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Miriam Denise Xavier Lazarini, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Henrique de Oliveira, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 281DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 15586.001475/201037 Acórdão n.º 2401004.006 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Período de apuração: 01/01/2006 a 30/06/2007 Data de lavratura do Auto de Infração: 02/12/2010 Data de ciência do Auto de Infração: 02/12/2010 Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância, textualizada no Acórdão no 1254.732 – 13a Turma da DRJ/RJ1, que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por meio do Auto de Infração DEBCAD no 37.280.0220, onde são exigidas contribuições previdenciárias relativas à parte patronal, incidentes sobre remuneracõ̧es creditadas a segurados empregados e a contribuintes individuais, bem como as contribuições destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de inciden̂cia de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. A empresa é uma sociedade por cotas de responsabilidade ltda., atuando principalmente na locação de software e programas de informática, bem como na instalação de programas desenvolvidos por terceiros, nos termos de seu objeto social Segundo consta dos autos, o sujeito passivo, apesar de não ser optante do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, instituído pela Lei no 9.317/96, no período de apuracã̧o, conforme banco de dados da Receita Federal, informou nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previden̂cia Social – GFIP ser optante do referido regime, deixando, por essa razão, de reconhecer como devidas as contribuições previdenciárias previstas na Lei no 8.212/91. Apresentada impugnação contra o lançamento, o contribuinte suscitou as seguintes matérias (fls. 139/150): Necessidade de suspensão do presente processo até ulterior julgamento do pedido de adesão ao SIMPLES feito em janeiro de 2006, consubstanciado no processo no 11543.100002/200681, requerendo ainda a juntada superveniente de documentos, inclusive da decisão que venha ser exarada no processo em trâmite, quanto à adesão requerida; A instauração do aludido processo administrativo de adesão ao SIMPLES decorre de “problema no sistema” da RFB, acrescentando, ainda, que, à época, o site da Receita Federal não permitiu que fizesse a opção pelo SIMPLES, sendo a mesma orientada a fazêlo por intermédio de requerimento dirigido à autoridade administrativa, cujo pedido ainda não havia sido julgado; Impossibilidade de ser apenada pela demora de tramitação do requerimento administrativo para adesão ao SIMPLES, uma vez que satisfaz todos os requisitos legais; Fl. 282DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 4 Impossibilidade de utilização da Taxa SELIC. A impugnação foi integralmente rejeitada nos termos do v. Acórdão no 14 29.298 – 6a Turma da DRJ/RPO. Inconformada com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, a ora Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 225/230), ratificando parte de suas alegações anteriormente expendidas e respaldando sua inconformidade nos seguintes argumentos: Direito do contribuinte em “permanecer no SIMPLES”, à vista a natureza de sua atividade econômica; “O processo de inclusão no SIMPLES encontrase parado desde 2010”; Necessidade de se sobrestar o presente processo administrativo até decisão final no processo que objetiva o seu enquadramento no SIMPLES; Ao final, o Recorrente deduz os pedidos a seguir reproduzidos (fl. 230): B) Seja sobrestado (sic) os autos do processo registrado sob o no. 15586.001475/201037; C) Seja dado prosseguimento aos autos do processo de no. 11543.100002/200681, a fim de ser analisado o pedido de inclusão do contribuinte no SIMPLES.” Após, sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 283DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 15586.001475/201037 Acórdão n.º 2401004.006 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Luciana Matos Pereira Barbosa, Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 19/09/2013, conforme AR juntado às fl. 222, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 18/10/2013, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DO MÉRITO 2.1. DA AUSÊNCIA DE ADESÃO AO SIMPLES A questão nuclear da lide instaurada nesta fase do contencioso administrativo não demanda maior análise quanto ao mérito da autuação. O Recorrente, em momento algum nos autos desse processo administrativo fiscal, nega a ocorrência dos fatos geradores ou impugna os valores originados do lançamento previdenciário. Apenas argui – e o faz em reiteração no Recurso Voluntário sob exame – que encontrase pendende pedido de adesão ao SIMPLES, formulado desde janeiro de 2006, o que ensejaria a impossibilidade de apreciação dos fatos levantados neste processo administrativo que combate o lançamento e que, ao seu ver, deveria inclusive ser sobrestado. Impende salientar que a Lei no 9.317/96 e a Instrucã̧o Normativa SRF no 608, de 09/01/2006, tratam da adesão ao SIMPLES, valendo transcrever os principais dispositivos relativos à matéria e aplicáveis ao presente caso: Lei no 9.317/96: “Art. 8° A opcã̧o pelo SIMPLES darseá mediante a inscrição da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou empresa de pequeno porte no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda CGC/MF, quando o contribuinte prestará todas as informacõ̧es necessárias, inclusive quanto: I especificacã̧o dos impostos, dos quais é contribuinte (IPI, ICMS ou ISS); II ao porte da pessoa jurídica (microempresa ou empresa de pequeno porte). § 1° As pessoas jurídicas já devidamente cadastradas no CGC/MF exercerão sua opção pelo SIMPLES mediante alteracã̧o cadastral. § 2° A opção exercida de conformidade com este artigo submeterá a pessoa jurídica à sistemática do SIMPLES a partir do primeiro dia do anocalendário subseqüente, sendo definitiva para todo o período.” Fl. 284DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS 6 IN SRF no 608/2006: “Art. 16. A opcã̧o pelo Simples darseá mediante a inscricã̧o da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou de empresa de pequeno porte no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), quando o contribuinte prestará todas as informacõ̧es necessárias, inclusive quanto: I aos impostos dos quais é contribuinte (IPI, ICMS, ISS); II ao porte da pessoa jurídica (microempresa ou empresa de pequeno porte). § 1o A pessoa jurídica, inscrita no CNPJ, formalizará sua opção para adesão ao Simples, mediante alteracã̧o cadastral. § 2o A pessoa jurídica em início de atividade poderá formalizar sua opção para adesão ao Simples imediatamente, mediante utilização da própria Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica (FCPJ). § 3o As opcõ̧es e alteracõ̧es cadastrais relativas ao Simples serão formalizadas mediante preenchiemnto da FCPJ.” Os dispositivos acima transcritos prescindem de maior interpretação, restando evidenciada que a a opção para adesão ao SIMPLES FEDERAL para as pessoas jurídicas já inscritas no CNPJ, tal como era o caso do Recorrente, darseia mediante alteração cadastral, realizada por meio da Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica – FCPJ, instituída pela Instrução Normativa no 68/96. Muito embora não se tenha notícia de finalização do pedido administrativo de adesão ao SIMPLES, a pretensão de autoenquadramento, promovido pelo Recorrente e sustentado em todas as fases deste contencioso administrativo, merece repulsa. A ausência de enquadramento no SIMPLES, no período de apuração, suprime do Recorrente as prerrogativas fiscais aplicáveis às empresas optantes pelo referido regime de pagamento unificado, razão pela qual revelamse devidas as contribuições ora exigidas. Outrossim, o pedido de suspensão do julgamento do presente processo até que seja proferida decisão nos autos do processo relativo ao pedido de adesão ao SIMPLES não encontra base legal, inclusive porque o enquadramento no aludido regime fiscal constitui mera expectativa de direito e não afasta o risco da tributação convencional por força do autoenquadramento que promoveu. Noutro giro, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não possui competência para determinar a análise do requerimento de adesão, à míngua de competência legal. Não estando o Recorrente enquadrado no SIMPLES, mantenho o v. Acórdão recorrido, acompanhando a fundamentação expendida naquele decisium. Fl. 285DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS Processo nº 15586.001475/201037 Acórdão n.º 2401004.006 S2C4T1 Fl. 5 7 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, nos termosdo relatório e voto que integram o presente julgado. É como voto. Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 4/03/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por MARIA CLECI COT I MARTINS
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Numero do processo: 10715.008368/2009-60
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 07/10/2005 a 15/10/2005
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA.
Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito.
Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 07/10/2005 a 15/10/2005
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.788
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 07/10/2005 a 15/10/2005 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 83 68 /2 00 9- 60 Fl. 288DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008368/200960 Acórdão n.º 9303003.788 CSRFT3 Fl. 289 2 advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente HENRIQUE PINHEIRO TORRES Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige do contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3803006.287, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa acima citada. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350/2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida e o sujeito passivo apresentou Contrarrazões. É o relatório, em síntese. Fl. 289DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008368/200960 Acórdão n.º 9303003.788 CSRFT3 Fl. 290 3 Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.553, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.000019/201033 , paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.553): "O recurso é tempestivo e, como será demonstrado linhas abaixo, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser conhecido. De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma nº 3802001.128, de 28/06/2012, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, são as mesmas, a saber: a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Mais uma vez, ressaltese que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Frisese que, tanto no paradigma quanto no recorrido, enfrentouse a aplicação da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras relativas ao descumprimento do Fl. 290DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008368/200960 Acórdão n.º 9303003.788 CSRFT3 Fl. 291 4 prazo estabelecido para prestar as informações, a que alude o dispositivo legal acima transcrito, sendo que, no paradigma, afastouse a possibilidade de aplicação da denúncia espontânea a esse tipo de infração. Para tanto, o Colegiado buscou arrimo no Código Tributário Nacional, desprezando, completamente, em seus fundamentos, a novel legislação. Já no acórdão recorrido, tanto o CTN quanto a nova redação do § 2º do art. 102 do Decreto Lei 37/1966 foram utilizados para arrazoar a decisão que aplicou a denúncia espontânea à infração aqui sob exame. Todavia, o fato de o paradigma não ter consignado, em seus fundamentos, a alteração do § 2º do DL 37/66, ocorrida em 2010, não impede a configuração do dissenso, pois não são os fundamentos adotados pelo colegiado que configuram a divergência. No caso, diante de uma mesma penalidade e de julgamentos com resultados opostos (do recorrido e do paradigma), ambos realizados na vigência dos mesmos dispositivos legais, entendo presentes os requisitos necessários à comprovação da divergência jurisprudencial. Atendidos, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008368/200960 Acórdão n.º 9303003.788 CSRFT3 Fl. 292 5 O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Fl. 292DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008368/200960 Acórdão n.º 9303003.788 CSRFT3 Fl. 293 6 e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 293DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008368/200960 Acórdão n.º 9303003.788 CSRFT3 Fl. 294 7 infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá Fl. 294DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008368/200960 Acórdão n.º 9303003.788 CSRFT3 Fl. 295 8 mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 295DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008368/200960 Acórdão n.º 9303003.788 CSRFT3 Fl. 296 9 [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 296DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10830.004360/2003-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
IRPF - DECADÊNCIA - DEPÓSITO BANCÁRIO - FATO GERADOR.
Conforme consolidado pela Súmula CARF nº 38, o fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário.
Aplicação do art. 67, §3º do Anexo II do RICARF - Recurso Especial não conhecido.
IRPF - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - COMPROVAÇÃO DA ORIGEM - MOMENTO E CRITÉRIO.
A comprovação da origem dos depósitos bancários, para fins de deslocamento da presunção de omissão de rendimentos por depósito sem origem comprovada, deve ser realizada em sede de fiscalização. Na impugnação cabe tão somente a comprovação de que o valor lançado não estaria sujeito à tributação.
Recurso Especial do Contribuinte não conhecido e Recurso Especial do Procurador provido.
Numero da decisão: 9202-003.972
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte.
Por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Vencidas as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (Relatora), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martinez Lopez que negaram provimento ao recurso.
Votaram pelas conclusões os Conselheiros Heitor de Souza Lima Júnior e Gerson Macedo Guerra.
Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora
(Assinado digitalmente)
Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Redator Voto Vencedor
EDITADO EM: 23/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 IRPF - DECADÊNCIA - DEPÓSITO BANCÁRIO - FATO GERADOR. Conforme consolidado pela Súmula CARF nº 38, o fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. Aplicação do art. 67, §3º do Anexo II do RICARF - Recurso Especial não conhecido. IRPF - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - COMPROVAÇÃO DA ORIGEM - MOMENTO E CRITÉRIO. A comprovação da origem dos depósitos bancários, para fins de deslocamento da presunção de omissão de rendimentos por depósito sem origem comprovada, deve ser realizada em sede de fiscalização. Na impugnação cabe tão somente a comprovação de que o valor lançado não estaria sujeito à tributação. Recurso Especial do Contribuinte não conhecido e Recurso Especial do Procurador provido.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1892; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 508 1 507 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10830.004360/200312 Recurso nº Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9202003.972 – 2ª Turma Sessão de 10 de maio de 2016 Matéria IRPF DECADÊNCIA DEPÓSITO BANCÁRIO Recorrentes FAZENDA NACIONAL JOÃO ALVES DE TOLEDO FILHO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 IRPF DECADÊNCIA DEPÓSITO BANCÁRIO FATO GERADOR. Conforme consolidado pela Súmula CARF nº 38, o fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Aplicação do art. 67, §3º do Anexo II do RICARF Recurso Especial não conhecido. IRPF DEPÓSITOS BANCÁRIOS COMPROVAÇÃO DA ORIGEM MOMENTO E CRITÉRIO. A comprovação da origem dos depósitos bancários, para fins de deslocamento da presunção de omissão de rendimentos por depósito sem origem comprovada, deve ser realizada em sede de fiscalização. Na impugnação cabe tão somente a comprovação de que o valor lançado não estaria sujeito à tributação. Recurso Especial do Contribuinte não conhecido e Recurso Especial do Procurador provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 43 60 /2 00 3- 12 Fl. 1581DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 509 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Vencidas as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (Relatora), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martinez Lopez que negaram provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Heitor de Souza Lima Júnior e Gerson Macedo Guerra. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri – Relatora (Assinado digitalmente) Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Redator Voto Vencedor EDITADO EM: 23/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de Recuso Especial interposto pelo Contribuinte e pela Fazenda Nacional contra o acórdão de nº 10423.656, da lavra da então Quarta Câmara do Primeiro Conselho, haja vista auto de infração lavrado pela constatação de omissão de rendimentos caracterizados por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidos em Fl. 1582DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 510 3 instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, seguida e repetidamente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. O acórdão ora recorrido recebeu a seguinte ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA IRPF Exercício: 1999 DEPÓSITO BANCÁRIO DECADÊNCIA Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratandose de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4°, do CTN). OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, DE 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM IDENTIFICADA Os valores cuja origem restar comprovada já na fase de fiscalização, e porventura não houverem sido computados, pelo contribuinte, na base de cálculo dos tributos a que estiverem sujeitos, devem ser submetidos às normas de tributação de oficio especificas, vedada a manutenção da autuação como depósitos bancários sem origem, sob a justificativa de que a natureza jurídica da operação não teria sido demonstrada (art. 42, § 2°, da Lei n° 9.430, de 1996). Argüição de decadência rejeitada. Recurso parcialmente provido. Foram opostos Embargos de Declaração pela Fazenda Nacional haja vista contradição entre a conclusão do acórdão (que afirma que os valores comprovados já na fase de fiscalização devem ser excluídos da base tributável) e os fatos do caso concreto (onde a comprovação de valores somente ocorreu em sede de impugnação). Os Embargos foram acolhidos sem efeitos infringentes. O Contribuinte apresentou Recurso Especial quanto a decadência, alegando que neste caso o fato gerador do IRPF é mensal, enquanto o acórdão recorrido o considerou como anual. O Recurso foi admitido. Foram apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional, requerendo o não conhecimento do Recurso pela imprestabilidade dos acórdãos apontados como paradigmas e Fl. 1583DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 511 4 ainda pela aplicação da Súmula CARF nº 38. No mérito requer a manutenção do julgado no que tange a essa matéria. Oportunamente a Fazenda Nacional também apresentou Recurso Especial de Divergência visando rediscutir a questão do afastamento da presunção do art. 42, § 2°, da Lei n° 9.430/96, em face da comprovação, após a fase da autuação, da origem de parte dos recursos. Contrarrazões do Contribuinte juntada aos autos e aditada posteriormente para questionar a legalidade das informações obtidas pelo Fisco sem autorização judicial, caracterizando violação à garantia constitucional do sigilo bancário. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Relatora Do Recurso do Contribuinte: Segundo a delimitação feita pelo juízo de admissibilidade realizado, o Recurso de Divergência interposto pelo Contribuinte teria sido manejado quanto a decadência, em que o contribuinte alega ser mensal, enquanto a decisão considerou anual. O problema central é a discussão acerca do momento da ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda de Pessoa Física nos casos de omissão de receitas decorrentes de depósitos bancários de origem não comprovada o fato gerador seria mensal ou anual? Sobre essa matéria o Conselho já pacificou o entendimento de que em se tratando de omissão de rendimentos caracterizada por depósito bancário de origem não comprovada, o fato gerador seria anual, se perfazendo em 31 de dezembro do anocalendário. Citado entendimento fundamentou a Súmula CARF nº 38, publicada em 14.07.2010 com a seguinte redação: Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Assim, considerando a existência da súmula, devese aplicar ao caso a vedação trazida pelo art. 67, §3º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Segundo tal norma é defeso o acolhimento de recurso especial cujo objetivo seja a reforma de decisão que tenha adotado entendimento sumulado, ainda que referida súmula tenha sido publicada após o respectivo julgamento do caso concreto: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. Fl. 1584DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 512 5 § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar de forma objetiva qual a legislação que está sendo interpretada de forma divergente. § 2º Para efeito da aplicação do caput, entendese que todas as Turmas e Câmaras dos Conselhos de Contribuintes ou do CARF são distintas das Turmas e Câmaras instituídas a partir do presente Regimento Interno. § 3º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso. (...) Diante do exposto, não conheço do Recurso de Divergência interposto pelo contribuinte. Do Recurso da Fazenda Nacional Conforme delimitado pelo Juízo de Admissibilidade, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência, visando rediscutir a questão do afastamento da presunção do art. 42, §2°, da Lei n° 9.430, de 1996, em face da comprovação da origem do depósito, após a fase da autuação. O despacho de admissibilidade ainda explica: Ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, tratam de lançamento com base em depósitos bancários de origem não identificada, com fundamento na presunção contida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Nos dois casos, o contribuinte apresentou documentação após a fase de autuação, com o objetivo de comprovar a origem dos depósitos bancários. No caso do acórdão recorrido, foi afastada a presunção legal, relativamente aos depósitos de origem identificada, entendendo se ser incabível a aplicação da presunção, independentemente da natureza de tais valores (se corresponderiam a rendimentos tributáveis ou não). ... Por sua vez, o Acórdão nº 10617.093, indicado como paradigma, apresenta entendimento divergente sobre a matéria, ao considerar que, quando o contribuinte comprova a origem dos depósitos bancários após a fase de autuação, a presunção somente poderia ser afastada se restasse comprovado que ditos valores não seriam tributáveis. Considerando os esclarecimentos acima, entendo como fato incontroverso que os valores desconsiderados pelo julgador a quo tiveram sua origem devidamente comprovada; em momento algum em seu recurso a Fazenda Nacional questionou tal constatação. A Recorrente requereu a revisão do acórdão apenas sob o argumento de que tendo Fl. 1585DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 513 6 a comprovação da origem dos depósito sido realizada na impugnação, após a fase da autuação, tais valores somente poderiam ser desconsiderados se se tratasse de rendimentos não tributáveis. Ocorre que o art. 42 da Lei nº 9.430/96 ao tratar da hipótese em que não será aplicada a presunção de omissão de rendimentos, apenas traz como requisito o dever de o contribuinte comprovar a origem dos recursos que transitaram em sua conta. A norma não faz qualquer ressalva no sentido de a presunção apenas ser afastada em relação aos valores comprovados desde que esses não sejam tributados. Ora, essa segunda condição não está prevista na norma. Vejamos o artigo com a redação vigente à época: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Medida Provisória nº 1.5637, de 1997) (Vide Lei nº 9.481, de 1997) § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. No caso concreto, sendo a norma silente, é defeso ao interprete criar condições para restringir a aplicação desse direito. Destacamos também não haver qualquer ressalva no texto legal em questão delimitando o momento em que o contribuinte deveria comprovar a origem dos rendimentos questionáveis. Ora, se não há tratamento específico devese aplicar ao caso as regras gerais do Decreto nº 70.235/72 que disciplina o Processo Administrativo Federal. Fl. 1586DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 514 7 Seguindo a determinação do art. 16, III do referido decreto, o momento de o contribuinte apresentar suas provas é exatamente no momento da apresentação da impugnação ou melhor, a impugnação deverá ser instruída com todas as provas que o autuado possuir e que julgar relevante à comprovação do seu direito. E foi assim que procedeu o Recorrido no presente caso, as provas consideradas pelo Colegiado a quo como suficientes a comprovar a origem de parte dos depósitos questionados foram trazidas pelo Contribuinte com sua peça de defesa e portanto, devem ser consideradas. Ainda que esse não tivesse sido o momento usado pelo Contribuinte devemos lembrar que o processo administrativo é regido pelo princípio da busca da verdade material, objetivando nas palavras de Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, Dialética 2010, p. 305) garantir a legalidade da apuração do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar exaustivamente se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso, de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado e provado. A jurisprudência desta Conselho é farta neste sentido: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2004 JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS NA FASE RECURSAL. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Devem ser apreciados os documentos juntados aos autos depois da impugnação e antes da decisão de 2ª instância. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de buscar e descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador em sua real expressão econômica. SIGILO BANCÁRIO. ILEGALIDADE DA LC 105/2001. AUTORIZAÇÃO DA QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELA VIA ADMINISTRATIVA. Não prospera a alegação de nulidade do auto de lançamento por quebra de sigilo bancário da recorrente quando o próprio contribuinte fornece os extratos bancários e as informações que objetivaram a autuação. OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM. ART. 42, LEI Nº 9.430/96. ANÁLISE PROBATÓRIA O texto legal determina presunção “iuris tantum” de omissão de receita quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira. A presunção deve ser afastada sempre que o contribuinte apresentar provas suficientes e idôneas da origem dos depósitos efetuados em sua conta corrente. Precedentes. Oportunamente, esclareço que não compartilho do entendimento da Recorrente para quem, no caso de a comprovação ser posterior a fase de autuação, somente os valores não tributáveis poderiam ser desconsiderados para fins de presunção sob pena de haver a reclassificação desses. Ora, o que ocorreu é que o julgador com base nas provas juntadas aos autos considerou que tais valores não deveriam ter sido incluídos no lançamento. Fl. 1587DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 515 8 Por fim, deixo de analisar o argumento apresentado pelo Contribuinte em suas contrarrazões de ter havido possível violação à garantia constitucional do sigilo bancário haja vista tratarse de matéria não préquestionada. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 1588DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 516 9 Voto Vencedor Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Em que pesem os sempre bem articulados argumentos da Sra. Conselheira Relatora, peço vênia para discordar de seu entendimento, exclusivamente quanto ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Com efeito, a Sra. Conselheira Relatora considerou que a prova apresentada em sede de impugnação, que aponte para uma eventual tributação específica de valores depositados em conta corrente, é suficiente para afastar a presunção de omissão de rendimentos por depósito bancário de origem não comprovada. Em seguida, considerando a prova apresentada em sede de impugnação, que foi aceita pelo colegiado recorrido, votou por negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Entretanto, no entendimento deste conselheiro, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, é norma específica, que trata de uma infração, em relação ao Decreto n° 70.235, de 1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal em geral, e assim deve ser analisado em separado. Partimos, portanto, da redação do dispositivo, na parte que interessa ao deslinde da questão: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. ... Reparase que o dispositivo acima trata de VERIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA PRESUMIDA DE FATO GERADOR. Assim, em sede de fiscalização, deve ser comprovado o fato presuntivo (depósito bancário, devida intimação e inexistência de comprovação da origem do depósito), para caracterização do fato gerador presumido (rendimento omitido). Esclareçase, por necessário, aqui que a comprovação de origem a que se refere o dispositivo deve ser entendida como comprovação, com documentação idônea, da operação, identificando sua tributação (específica ou geral) ou não tributação. Uma vez ocorrendo o procedimento descrito no parágrafo anterior, fica perfeito o lançamento, cabendo em sede de contraditório apenas a comprovação de que o valor não estaria sujeito à qualquer tributação. Entendimento em contrário, permitiria que o Fl. 1589DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10830.004360/200312 Acórdão n.º 9202003.972 CSRFT2 Fl. 517 10 sonegador que permanecesse silente em sede de fiscalização fosse beneficiado em detrimento do contribuinte que tivesse cumprido seu dever de colaboração com a fiscalização. No caso, houve devida intimação do contribuinte fiscalizado, que não logrou apresentar documentação que pudesse esclarecer a que título o valor teria sido depositado. Posteriormente, já no curso do procedimento fiscal, o contribuinte traz a mera identificação do depositante, o que além de extemporâneo é insuficiente para cancelar o lançamento. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial Interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Fl. 1590DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10580.733831/2012-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (PAF). INTIMAÇÃO ELETRÔNICA. VALIDADE. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO PROLATADA.
O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do art 23 do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, revestindo-se de definitividade e irreformabilidade, em âmbito administrativo, o acórdão de primeiro grau exarado, considerando-se válida a intimação eletrônica efetuada através de caixa postal própria, vinculada a regime de Domicílio Eletrônico Tributário - DTE, cuja adesão realizou-se espontaneamente pelo contribuinte.
Recurso voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3401-003.177
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, não conhecer do recurso voluntário ante sua intempestividade, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira (relator), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, designado o Conselheiro Robson José Bayerl para redigir o voto vencedor. Na seqüência, a turma julgadora, por maioria de votos e de ofício, excluiu a parcela lançada em duplicidade referente às contas 430312 (Receitas de promoções) e 430316 (Receitas de promoção e publicidade) quando comparadas com a conta "Recebimento de Bonificações em Dinheiro (ALLOWANCES)", vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que se limitavam à exclusão do que reconhecido em diligência, e o Conselheiro Robson José Bayerl, quanto ao próprio conhecimento de ofício do vício. Fizeram sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Diana Piatti, OAB 241.582/SP, e, pela Fazenda Nacional, o Procurador Dr. Miquerlam Chaves Cavalcante
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Robson José Bayerl - Redator designado.
EDITADO EM: 25/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, não conhecer do recurso voluntário ante sua intempestividade, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira (relator), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, designado o Conselheiro Robson José Bayerl para redigir o voto vencedor. Na seqüência, a turma julgadora, por maioria de votos e de ofício, excluiu a parcela lançada em duplicidade referente às contas 430312 (Receitas de promoções) e 430316 (Receitas de promoção e publicidade) quando comparadas com a conta "Recebimento de Bonificações em Dinheiro (ALLOWANCES)", vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que se limitavam à exclusão do que reconhecido em diligência, e o Conselheiro Robson José Bayerl, quanto ao próprio conhecimento de ofício do vício. Fizeram sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Diana Piatti, OAB 241.582/SP, e, pela Fazenda Nacional, o Procurador Dr. Miquerlam Chaves Cavalcante Robson José Bayerl - Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator. Robson José Bayerl - Redator designado. EDITADO EM: 25/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (PAF). INTIMAÇÃO ELETRÔNICA. VALIDADE. RECURSO INTEMPESTIVO. DEFINITIVIDADE DA DECISÃO PROLATADA. O recurso interposto após o prazo 30 dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, na forma do art 23 do Decreto nº 70.235/72, não deve ser conhecido pelo colegiado ad quem, revestindose de definitividade e irreformabilidade, em âmbito administrativo, o acórdão de primeiro grau exarado, considerandose válida a intimação eletrônica efetuada através de caixa postal própria, vinculada a regime de Domicílio Eletrônico Tributário DTE, cuja adesão realizouse espontaneamente pelo contribuinte. Recurso voluntário não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, não conhecer do recurso voluntário ante sua intempestividade, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira (relator), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Elias Fernandes Eufrásio e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, designado o Conselheiro Robson José Bayerl para redigir o voto vencedor. Na seqüência, a turma julgadora, por maioria de votos e de ofício, excluiu a parcela lançada em duplicidade referente às contas 430312 (Receitas de promoções) e 430316 (Receitas de promoção e publicidade) quando comparadas com a conta "Recebimento de Bonificações em Dinheiro (ALLOWANCES)", vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que se limitavam à exclusão do que reconhecido em diligência, e o Conselheiro Robson José Bayerl, quanto ao próprio conhecimento de ofício do vício. Fizeram sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Diana Piatti, OAB 241.582/SP, e, pela Fazenda Nacional, o Procurador Dr. Miquerlam Chaves Cavalcante AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 38 31 /2 01 2- 83 Fl. 8942DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 2 Robson José Bayerl Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Robson José Bayerl Redator designado. EDITADO EM: 25/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Este processo retorna a esta Câmara de Julgamento administrativo após ter sido encaminhada à unidade de jurisdição para atendimento de diligência solicitada por esta Turma. Para compor a apresentação do contraditório na sessão de hoje, reproduzo o relatório constante da Resolução n.º 3401.000.866 proferida em 12/11/2014, pela sua clareza e objetividade: O presente processo tem como objeto os Autos de Infração lavrado contra a contribuinte para a cobrança da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins e da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, relativa aos períodos de apuração de abril a dezembro de 2008, por ter sido constatada a insuficiência de recolhimento das contribuições nos períodos verificados. As divergências encontradas se referem à composição da base de cálculo das contribuições, além de relativas à tomada de créditos sobre aquisições de bens e serviços: 1. Receitas indevidamente tributadas à alíquota zero: a contribuinte lançou alíquota zero para tributar receitas que não possuem caráter financeiro (e que portanto não gozam do benefício da alíquota zero), tais como receitas de Promoções, de Promoção e Publicidade, de Enxoval de Lojas, de Acordos de Não Devolução e Não Diferidas EITF. 2. Receitas não computadas na base de cálculo: grupo de contas registrado pela contribuinte como recuperação de custos e despesas (não compondo a base de cálculo das contribuições), embora tivessem natureza de receitas operacionais. Fl. 8943DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 3 3 3. Créditos tomados sobre aquisição de bens e serviços sem amparo legal: foi constatada a tomada de créditos sobre despesas que não encontram amparo legal para tanto. A contribuinte ingressou com impugnação ao auto de infração. A R. 4ª Turma da Delegacia da Receita federal de Julgamento em Salvador, após apreciar a impugnação e demais atos e documentos que instruem o processo, concluíram por considerar procedente em parte da impugnação, e proferem a seguinte Ementa ao Acórdão n.º 1533.023, de 15/08/2013: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Incabível a argüição de nulidade do auto de infração, quando se verifica que foi lavrado por pessoa competente para fazêlo e em consonância com a legislação vigente. INSTRUÇÃO NORMATIVA. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. É inócuo suscitar na esfera administrativa alegação de ilegalidade ou inconstitucionalidade de ato normativo editado pela Receita Federal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 VALORES RECEBIDOS A DIVERSOS TÍTULOS. INCIDÊNCIA A denominação dada a uma receita ou o tratamento contábil a ela dispensado não tem o condão de excluíla do campo de incidência da Cofins. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. CRÉDITOS. INSUMOS. O termo “insumo” não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço da atividade. Não há que se falar em “insumos”, nos termos das Instruções Normativas SRF nº 247, de 2002, e nº 404, de 2004, quando a contribuinte não produzir ou fabricar bens ou prestar serviços, sendo mera revendedora de mercadorias. CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETE. O crédito se restringe às despesas efetuadas nas operações de venda e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor. Não há previsão legal para apurar créditos relativos à armazenagem de mercadorias nos estoques da empresa, nem relativos ao frete entre seu centro de distribuição e suas lojas. ALUGUEL DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. DIREITO A CRÉDITO. Na sistemática não cumulativa, podem ser descontados créditos em relação a aluguéis de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Não há previsão Fl. 8944DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 4 legal para cálculo do crédito em relação a aluguel de veículos ou a locação de softwares. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS. DIREITO A CRÉDITO. A pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados na atividade da empresa. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. Na eventualidade de se apurar extemporaneamente crédito decorrente da sistemática de não cumulatividade da Cofins, os respectivos Dacon deverão ser retificados, respeitado o prazo decadencial de cinco anos e atendidas as demais exigências da legislação de regência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 VALORES RECEBIDOS A DIVERSOS TÍTULOS. INCIDÊNCIA A denominação dada a uma receita ou o tratamento contábil a ela dispensado não tem o condão de excluíla do campo de incidência da Contribuição para o PIS. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. CRÉDITOS. INSUMOS. O termo “insumo” não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço da atividade. Não há que se falar em “insumos”, nos termos das Instruções Normativas SRF nº 247, de 2002, e nº 404, de 2004, quando a contribuinte não produzir ou fabricar bens ou prestar serviços, sendo mera revendedora de mercadorias. CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETE. O crédito se restringe às despesas efetuadas nas operações de venda e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor. Não há previsão legal para apurar créditos relativos à armazenagem de mercadorias nos estoques da empresa, nem relativos ao frete entre seu centro de distribuição e suas lojas. ALUGUEL DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. DIREITO A CRÉDITO. Na sistemática não cumulativa, podem ser descontados créditos em relação a aluguéis de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Não há previsão legal para cálculo do crédito em relação a aluguel de veículos ou a locação de softwares. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS. DIREITO A CRÉDITO. A pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados na atividade da empresa. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. Fl. 8945DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 4 5 Na eventualidade de se apurar extemporaneamente crédito decorrente da sistemática de não cumulatividade da Contribuição ao PIS/Pasep, os respectivos Dacon deverão ser retificados, respeitado o prazo decadencial de cinco anos e atendidas as demais exigências da legislação de regência. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 MULTA DE OFÍCIO. Tratandose de lançamento de ofício, decorrente de infração a dispositivo legal detectado pela administração em exercício regular da ação fiscalizadora, é legítima a cobrança da multa punitiva correspondente. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os juros moratórios calculados com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, além de amparar se em legislação ordinária, não contraria as normas balizadoras contidas no Código Tributário Nacional. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual: 1 alega a tempestividade de seu recurso. E explica: A Recorrente tomou ciência da r. decisão de primeira instância apenas em 25/10/2013 (quintafeira), conforme se verifica das fls. 8598 dos autos. Patente, portanto, a tempestividade do presente recurso, já que o prazo de 30 (trinta) dias para sua interposição1 se encerra somente no dia 26/11/2013. Vale ressaltar que a intimação eletrônica da decisão de Ia instância constante às fls. 1003 dos autos é nula, uma vez que a Recorrente não autorizou que a Receita Federal utilizasse o Domicilio Tributário Eletrônico (DTE) para fins de intimação fiscal eletrônica. E a legislação é expressa no sentido ( de que o contribuinte deve autorizar o procedimento eletrônico de intimação2. A Recorrente somente se utilizou no DTE para fins de habilitação e operação no SISCOMEX, de maneira que sua intimação para todos os fins se deu apenas em 25/10/2013. 2 alega que houve excesso da autuação das receitas tributadas pela recorrente porque os valores de bonificação recebidos em dinheiro fizeram parte do total apurado para base de cálculo do PIS/COFINS e que haviam sido recolhidos pelo contribuinte nos meses fiscalizados. E o auto de infração faz exigência do PIS/COFINS sobre esses valores quando inclui no lançamento o total da conta "Receitas de Promoções" sem excluílos desse total. Estaria sendo cobrado valores de PIS e de COFINS pagos pela recorrente. Fl. 8946DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 6 3 a impossibilidade de incidência de PIS e COFINS sobre os descontos concedidos pelos fornecedores à recorrente, pois: (a) Os descontos não geram receitas pois são redutores de custo. que só haverá receita quando o patrimônio líquido da empresa efetivamente sofrer uma alteração positiva. (b) e acrescenta que os descontos não representam receita decorrente de contra prestação de serviços ( c) e acrescenta que os descontos não estão sujeitos a condição futura e incerta, pois são sempre definidos no momento da assinatura dos respectivos acordos comerciais e sempre com o objetivo de reduzir ao máximo o custo das mercadorias adquiridas (d) e alegam que ainda que fosse considerados receitas, esses descontos seriam receitas financeiras, sujeitos à alíquota de zero por cento para o PIS e a COFINS. Cita pronunciamentos do CPC, pensamentos de estudiosos e decisões do CARF (Acórdão 3402002.092, Relator Conselheiro João Carlos Cassuli Junior). 4 alega seu direito creditamento pelas despesas de armazenagem glosadas pela fiscalização, pois ele é previsto pela Lei para bens que serão objeto de comercialização; 5 alega seu direito creditamento pelas despesas de frete glosadas pela fiscalização, pois o frete se refere ao transporte das mercadorias para os estabelecimentos onde são postos a venda e vendidos, e portanto são parte da operação de venda; 6 alega seu direito creditamento pelas despesas de com locação de máquinas e equipamentos glosadas pela fiscalização. Mas afirmam que o acórdão de 1ª Instância apresentou novos fundamentos para manter a glosa com relação aos créditos referentes a veículos e a programas de computador, o que altera o critério jurídico do lançamento. além disso, veículo é espécie de máquina ou equipamento e que os softwares são indispensáveis aos equipamentos de informática e processamento de dados usados nas atividades da empresa 7 alega seu direito creditamento pelas despesas com (a) frete no transporte entre seus estabelecimentos; (b) material de embalagem, sacolas e bandejas usados para acondicionamento dos produtos; (c) despesas com limpeza e higiene; (d) despesas com serviços especializados de terceiros para manutenção e verificação de qualidade dos produtos. (e) despesas com medicina ocupacional e ginástica laboral e assemelhadas exigidas pela legislação, glosadas pela fiscalização, pois se qualificam como insumos para a atividade exercida pela recorrente 8 e alega a ausência de motivação no auto de infração e a impossibilidade de alteração de critério jurídico com relação aos créditos apurados com proporcionalidade, e aos referentes a computadores e os Fl. 8947DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 5 7 créditos extemporâneos. E que as autoridades julgadoras não teriam competência para efetuar lançamento 9 repisam ainda a ilegitimidade da multa aplicada e seu carácter confiscatório e a ilegalidade da incidência de juros SELIC sobre a multa de ofício É o relatório. Este processo entrou na pauta da sessão de 12 de novembro de 2014, ocasião em que o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para: RESOLUÇÃO 3401000.866 Ao consultar o processo encontro às fls. 25.283 a Intimação assinada em 28/08/2013 dirigida à contribuinte para ciência do Acórdão proferido pelos E. Julgadores de 1ª Instância. E às fls. 25.286 o Termo de ciência por decurso de prazo para a data de 12/09/2013: TERMO DE CIÊNCIA POR DECURSO DE PRAZO Foi dada ciência, ao Contribuinte, dos documentos relacionados abaixo, por decurso de prazo de 15 dias a contar da disponibilização destes documentos através da Caixa Postal, Modulo eCAC do Site da Receita Federal. Data da disponibilização na Caixa Postal: 28/08/2013 Data da ciência por decurso de prazo: 12/09/2013 E às fls. 25.287 o Termo de Abertura de documento informando que o contribuinte abriu os arquivos correspondentes à intimação em 24/10/2013: TERMO DE ABERTURA DE DOCUMENTO O Contribuinte tomou conhecimento do teor dos documentos relacionados abaixo, na data 25/10/2013 .., pela abertura dos arquivos correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC) através da opção Consulta Comunicados/Intimações. Acórdão de Impugnação Intimação de Resultado de Julgamento Contribuinte: 97.422.620/000150 BOMPRECO BAHIA SUPERMERCADOS LTDA (ou seu Representante Legal) DATA DE EMISSÃO : 25/10/2013 A recorrente afirma a tempestividade de seu recurso voluntário e explica: A Recorrente tomou ciência da r. decisão de primeira instância apenas em 25/10/2013 (sextafeira), conforme se verifica das fls. 25.287 dos autos. Patente, portanto, a tempestividade do presente recurso, já que o prazo de 30 (trinta) dias para sua interposição1 se encerra somente no dia 26/11/2013. Fl. 8948DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 8 Vale ressaltar que a intimação eletrônica da decisão de Ia instância constante às fls. 1003 dos autos é nula, uma vez que a Recorrente não autorizou que a Receita Federal utilizasse o Domicilio Tributário Eletrônico (DTE) para fins de intimação fiscal eletrônica. E a legislação é expressa no sentido ( de que o contribuinte deve autorizar o procedimento eletrônico de intimação. A Recorrente somente se utilizou no DTE para fins de habilitação e operação no SISCOMEX, de maneira que sua intimação para todos os fins se deu apenas em 25/10/2013. Tenho como indispensável deslindar preliminarmente se o recurso voluntário foi apresentado tempestivamente ou não. Para tanto, será necessário verificar qual a data válida de ciência da intimação: ou 12/09/2013, ou 25/10/2013. A recorrente argumenta que a primeira data é nula porque não havia autorizado o procedimento eletrônico de intimação e que possuía DTE (DOMICILIO TRIBUTÁRIO ELETRÔNICO) apenas para fins de habilitação e operação no Siscomex. Além desse aspecto, a recorrente afirma (item III.1 do Recurso) que o auto de infração exige Pis e Cofins sobre valores já incluídos pelo próprio contribuinte na base de cálculo dos meses em discussão. Ou seja, seria a exigência sobre valores que já incidiram essa contribuições e já foram pagas. Esses valores se refeririam a bonificações recebidas em dinheiro. Entendo que se comprovado esse fato, ele deve ser corrigido, independentemente de ser tempestivo ou não o recurso voluntário. Conflita com os princípios que orientam o direito processual administrativo, o direito tributário e os atos da administração pública exigir o que não seria devido. Portanto, proponho a conversão do julgamento em diligência: (a) para este processo ser encaminhado à unidade de gerenciamento nacional da funcionalidade DTE pela Receita Federal do Brasil, no caso a Coordenação Geral de Arrecadação e Cobrança, para (i) informar os dados do histórico de adesão ao DTE pela recorrente e (ii) informar se, em 2013, o DTE não apresentava nível de confiabilidade desejado e se a recorrente teria sido orientada a cancelar sua adesão ao DTE e efetivar uma nova adesão a uma nova versão do DTE. (b) para este processo ser encaminhado à unidade jurisdicionante para : b.1 – informar sobre os termos da adesão ao DTE, inclusive com a habilitação pelo contribuinte ao sistema Siscomex; e se ele concordou e expressou consentimento com a intimação geral por via eletrõnica;. b.2 – informar sobre o suposto excesso de autuação, conforme o item 2 do resumo das alegações da recorrente (item III.1 do Recurso), qual seja: 2 alega que houve excesso da autuação das receitas tributadas pela recorrente porque os valores de bonificação recebidos em dinheiro fizeram parte do total apurado para base de cálculo do PIS/COFINS e que haviam sido recolhidos pelo contribuinte nos Fl. 8949DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 6 9 meses fiscalizados. E o auto de infração faz exigência do PIS/COFINS sobre esses valores quando inclui no lançamento o total da conta "Receitas de Promoções" sem excluílos desse total. Estaria sendo cobrado valores de PIS e de COFINS pagos pela recorrente. Antes do processo retornar ao CARF, que à recorrente seja dada ciência dessa decisão e das informações e providências decorrentes da diligência e seja aberto prazo de 30 dias para se manifestar em cada caso. Em resposta a esta demanda, a Coordenação Geral de Arrecadação da Secretaria da Receita Federal do Brasil informou que a contribuinte aderiu ao DTE em 26/06/2013. E que essa adesão implicou na sua ciência de que a caixa postal eletrônica passaria a ser considerada seu domicilio tributário eletrônico e que o prazo para ser considerada intimada seria o de 15 (quinze) dias contados da data em que a comunicação fosse registrada nessa caixa postal. Essa Coordenação esclareceu que essa adesão ao DTE não é vinculada à utilização de qualquer aplicativo ou serviço da RFB. Ademais, que a partir de 08/07/2013, o aplicativo de opção pelo DTE foi modernizado para tornar disponível novos serviços (por exemplo: além de receber mensagens na caixa postal, passar a receber também mensagens por meio de celulares cadastrados ou emails cadastrados). Para acessar essas novas opções, caso o desejassem (pois não era obrigatório), os usuários do DTE foram orientados a atualizar os dados cadastrais. A contribuinte optou por migrar para essa versão em 23/09/2013. Ela cadastrou emails e números de telefones celulares para passar a receber, por esses meios, alertas a respeito das mensagens enviadas à sua caixa postal. Ao final (fls. 8769), a Coordenação Geral sublinhou: "É importante frisar que, mesmo tendo ingressado no eCAC em data compatível com o atendimento de sua obrigação de realizar ciência das mensagens de atos oficiais relativos aos processos mencionados e praticar os atos de defesa pertinentes, o contribuinte passou ao largo da obrigação de realizar o acompanhamento das mensagens registradas na Caixa Postal Eletrônica assumida com a assinatura do DTE." A unidade administrativa de jurisdição tributário fiscal, em atendimento à demanda de diligência, reviu a parte do lançamento objeto da contestação da contribuinte, que afirmara que teria ocorrido excesso ao ter sido exigido as contribuições sociais sobre valores já devidamente recolhidos. A autoridade fiscal esclareceu que a contribuinte não havia informado durante a auditoria essa dupla tributação. Nessa revisão, ela constatou que a maioria dos valores que compuseram a rubrica "allowances" haviam sido contabilizados nas contas 430312 (receitas de promoções) e 430316 (receitas de promoções e publicidade), as quais, inicialmente tributadas pelo sujeito passivo como receitas financeiras portanto com alíquota zero, passaram a compor a base de cálculo das contribuições, sujeitas às alíquotas normais quando da lavratura do auto de infração. Apenas não reconheceu essa dupla tributação para valores constantes da rubrica "allowances" sem correspondências nas contas 430312 e 430316. Ao final, a autoridade fiscal refez os cálculos e compôs nova planilha para essa parte do lançamento. Fl. 8950DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 10 Cientificada dessas informações em resposta à demanda de diligência, a contribuinte contestou que parte da rubrica "allowances" devesse permanecer sob o lançamento fiscal e, para demonstrar sua posição, apresenta operações contábeis cujos valores estão sofrendo dupla tributação e cuja soma correspondem ao total não aceito pela autoridade fiscal em sua revisão. Com relação ao Domicílio Tributário Eletrônico, a contribuinte entende que a resposta da Receita Federal foi genérica, e passou ao largo de esclarecer que havia obrigação de adesão ao DTE para se operar no SISCOMEX e que a migração proposta pela Receita Federal visava superar falhas do sistema. Traz trecho da comunicação da RFB a respeito da a instauração dessa nova versão do DTE onde, em sua leitura, fica claro que os usuários da versão anterior deveriam atualizar seus dados, e, dessa forma, ingressar na nova versão. Ainda sobre esse tema, a contribuinte recorda que vinha sendo intimada pelos meios tradicionais, no caso: via postal, e considera que a mudança de regra no curso do processo configura uma situação de insegurança jurídica, violando o princípio da boa fé e da lealdade processual. Aponta que a Receita Federal silenciou a respeito do descumprimento da Portaria SRF n. 259/2006, que prevê que a administração informará ao sujeito passivo o processo no qual será permitida a prática de atos de forma eletrônica. Finalmente, a contribuinte aponta que somente em 2014 o sistema do DTE implementou controle que bloqueia todas as funcionalidades à disposição do usuário enquanto ele não tomar ciência da intimação pendente. Essa seria uma demonstração de que a sistemática apresentava falhas e que a RFB a reconheceu, tomando providências para superá las. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira SOBRE AS PRELIMINARES: Sobre a preliminar do excesso de autuação. A contribuinte alega que esses autos de infração exigem valores que já haviam sido submetidos a tributação. Estaria havendo uma dupla tributação. Em suas palavras, a título de demonstração exemplificativa, em sua contestação: Ocorre que antes de serem lançadas no grupo "Outras Receitas Operacionais", e serem submetidas à tributação do PIS e da COFINS, as bonificações recebidas em dinheiro são registradas na conta n° 430312 Receitas de Promoções. E essa é uma das contas que foi integralmente autuada pelo Fisco. De fato, a Recorrente exclui o total dessa conta do cálculo do PIS/COFINS, pois considera que os valores de descontos não estão sujeitos à tributação. Contudo, apesar da exclusão da conta n° 430312 Receita de Promoções da base de cálculo de PIS/COFINS, os valores de bonificações recebidos em dinheiro são tributados separadamente. Fl. 8951DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 7 11 Para que não restem dúvidas de que as bonificações liquidadas em dinheiro foram tributadas, o total das receitas indicadas como "demais receitas" no DACON, em janeiro, por exemplo, foi de R$ 1.125.890,85. Com base nas Fichas 7B e 17B do DACON, a composição desse valor é a seguinte: FICHA 7B e 17B Base de Cálculo (R$) 4 41010 GANHO CUPONS/CARTÕES 15.213,64 430307 RECEITAS DE ALUGUÉIS 550.497,73 430310 RECEITAS DE RES SPERATA 56.954,70 430318 RECEITAS DE CONDOMINIO 87.978,20 430329 RECEITA GARANTIA EXTENDIDA 35.548,28 ( + ) BONIFICAÇÕES EM DINHEIRO 379.698,30 TOTAL DAS "DEMAIS RECEITAS" 1.125.890,85 20. O valor de R$ 379.698,30 (valor do exemplo do mês de janeiro referente às bonificações recebidas em dinheiro) está incluído no valor de R$ 1.125.890,85 (base de cálculo tributada pelo PIS e COFINS referente ao total das "demais receitas"). O mesmo racional aplicase para os meses de fevereiro e março, periodo objeto do auto de infração. Pela abertura da composição da base de cálculo do PIS e COFINS verificase que o valor de R$ 379.698,30 compõe a base de cálculo do PIS/COFINS. A Recorrente apresenta novamente as planilhas com abertura do cálculo de todos os meses autuados (janeiro a março de 2008), bem como as Fichas 7B e 17B do DACON, sendo assim possível identificar que, em todos os meses autuados, as bonificações em dinheiro fizeram parte do total apurado para base de cálculo do PIS/COFINS (doe. 02) . 22. Os valores de bonificação recebidos em dinheiro e que foram integralmente tributados são os seguintes: mês valor da bonificação em dinheiro janeiro 379.698,30 fevereiro 180.154,05 março 145.355,22 total 705.207,57 Em sua manifestação em resposta à informação fiscal a contribuinte acrescentou: Ocorre que antes de serem lançadas no grupo "Outras Receitas Operacionais", e serem submetidas à tributação do PIS e da COFINS, as bonificações recebidas em dinheiro são registradas na conta n° 430312 Receitas de Promoções. E essa é uma das contas que foi integralmente autuada pelo Fisco. De fato, a Recorrente exclui o total dessa conta do cálculo do PIS/COFINS, pois considera que os valores de descontos não estão sujeitos à tributação. Fl. 8952DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 12 Contudo, apesar da exclusão da conta n° 430312 Receita de Promoções da base de cálculo de PIS/COFINS, os valores de bonificações recebidos em dinheiro são tributados separadamente. A título de exemplo, no mês de fevereiro, a Requerente recebeu o total de R$180.154,05 em bonificações em dinheiro. Esse valor é composto da seguinte forma: em 20.02.2008, há um lançamento na conta n° 430312 (receitas de promoções) no valor de R$94.375,72, referente ao pagamento de bonificação pelo fornecedor Recofarma: ... na mesma data, há outro lançamento na conta n° 430312 (receitas de promoções) no valor de R$365,54: .... em 29.02.2008, a tela SAP indica que houve um pagamento, inclusive indicando a conta Bradesco, no montante de R$94.741,26 (que é a soma de R$94.375,72 mais R$365,54): ... em 19.12.2007, houve o registro de lançamento na conta n° 430312 (receitas de promoções) no valor de R$5.853,45, também referente a bonificações em dinheiro pagas pelo fornecedor Recofarma. O pagamento se efetivou em 29.02.2008, conforme indicado na tela SAP: ... também em 29.02.2008, o fornecedor Recofarma pagou bonificações em dinheiro no valor de R$61.263,29, que foram lançadas na conta n° 430312 (receitas de promoções): .. por fim, o fornecedor Rionorte Comércio pagou, em 07.02.2008, o total de R$18.296,05 em bonificações, que foi registrado em 3 lançamentos que passaram pela conta n° 430312 (receitas de promoções), nos valores de R$8.917,19, R$8.316,39 e R$1.062,47, conforme indicado nas telas SAP: .. Os valores de bonificações recebidas em fevereiro de 2008 podem então ser resumidas da seguinte forma: Fornecedor Valor da bonificação í * Data do pagamento Recofanna R$94.375,72 29.02.2008 Recofarma R$365,54 29.02.2008 Recofarma R$5.853,45 29.02.2008 Recofarma R$61.263,29 29.02.2008 Rionorte R$8.917,19 07.02.2008 Fl. 8953DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 8 13 Rionorte R$8.316,39 07.02.2008 Rionorte R$1.062,47 07.02.2008 Total R$180.154,05 O mesmo racional é aplicado a todos os pagamentos de bonificações recebidos durante o ano de 2008. Desta forma, resta demonstrado que as bonificações recebidas em dinheiro (já tributadas pelo PIS e COFINS) compuseram as contas n° 430312 e n° 430316, objeto dos autos de infração e, portanto, há duplicidade da cobrança das referidas contribuições. A autoridade fiscal, em resposta à diligência solicitada pelo CARF, reconheceu essa situação para parte dos valores apontados pela contribuinte em seu recurso. Para a parte não aceita, a autoridade fiscal explicou: "Como regra geral, foram recusados valores que ao serem confrontados com os registros contábeis das contas 430312 receitas de promoções e 430316 receitas de promoção e publicidade do ano calendário de 2008, não logramos êxito em identificálos, razão pela qual, eles foram inadmitidos, por que, de fato, não foram originários dessas contas ou, se foram representam valores contabilizados em outros períodos de apuração." mês valor admitido pela autoridade fiscal valor não admitido pela autoridade fiscal valor da bonificação em dinheiro, pretendida pelo contribuinte janeiro 107.954,37 271.743,93 379.698,30 fevereiro 94.741,26 85.412,79 180.154,05 março 145.355,22 0,00 145.355,22 total 348.050,85 357.156,72 705.207,57 A contribuinte contesta e traz, em sua manifestação, excertos dos lançamentos contábeis que demonstrariam que a parte não admitida pela autoridade fiscal também ensejam a dupla tributação alegada. Ao ler o relatório da autoridade fiscal, em sua resposta à diligência demandada pelo CARF, encontro as duas justificativas para os valores não admitidos, que seriam: · "valor não localizado no ano de 2008 nas contas de resultado indicadas na página 1 do documento apresentado em resposta à intimação, datado de 15/07/2015.." · "valor não localizado no ano de 2008 nas contas de resultado indicadas na página 1 do documento apresentado em resposta à intimação, datado de 15/07/2015.." Segundo o que pude depreender das informações disponíveis neste processo, entendo que a razão assiste à contribuinte neste item. A parte admitida pela autoridade fiscal na diligência concorre para essa conclusão: houve dupla tributação. Fl. 8954DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 14 Na parte não admitida pela autoridade fiscal, também me parece que houve dupla tributação, conforme podemos verificar no que consta dos autos e da demonstração dos valores em duplicidade apresentada pela contribuinte em sua manifestação em resposta à Informação Fiscal resultante da diligência. Há registros de valores pagos e que, na soma, alcançam os valores não admitidos pela autoridade fiscal. Se os valores de bonificação não foram encontrados em 2008, mas foram lançados em conta de resultado (receitas de promoção) no ano anterior (2007), entendo que essa justificativa afirma que eles foram submetidos à tributação. Ou seja, incluílos na base da exigência fiscal de 2008 seria uma tributação em duplicidade com relação às operações de 2007. Ademais, tenho como imperativo submeter a este Colegiado, apesar da decisão deste Colegiado de considerar intempestivo o Recurso Voluntário, meu entendimento de que, à luz do que dispõe o Código Tributário Nacional, a Lei n. 9.784, de 1999, c/c o Decreto n. 70.235/1972 e o Regimento Interno do CARF, devemos reconhecer positivamente que houve um erro na apuração e exigência dos tributos aqui em discussão, reconhecido em parte pela autoridade lançadora e em parte pelo Conselheiro relator. Há claramente a possibilidade de um indébito tributário, cobrar o pagamento do que não deve ser exigido por que não é devido. O indébito tributário é um instituto de justiça contemplado pela Lei. Por essas razões, e por medida de economicidade e razoabilidade, entendo que, como preliminar, se deve reconhecer de ofício o excesso de autuação e ser saneado por este Colegiado. Como já expus em outras ocasiões, o CARF cumpre missão constitucional (direito ao devido processo administrativo) e, para cumprila e atender os princípios que regem os atos administrativos, ele tem competência para decidir além da matéria contraditada nas matérias de ordem pública. No caso, agir para que a decisão definitiva deste processo afaste qualquer dúvida de que o excesso de autuação por duplicidade não pode ser computado para determinar o valor devido final de PIS e de COFINS. Sobre a preliminar de tempestividade A tempestividade é a outra matéria preliminar sobre a qual necessitamos nos debruçar e decidir. A contribuinte alega tempestividade. O Recurso Voluntário foi protocolado em 14/11/2013. Informa que ingressou com o recurso voluntário antes do prazo de 30 dias contados a partir de 25/10/2013, data quanto tomou conhecimento da intimação que estava na caixa postal eletrônica. E que não poderia ser considerada válida a data de 12/09/2013 como a da ciência por decurso de prazo, pois não havia autorizado o procedimento eletrônico de intimação, exceto para o SISCOMEX. A administração tributária informa que a contribuinte aderiu regularmente ao DTE, sem restrição de qualquer tipo para o seu uso para a RFB intimar ou se comunicar com a contribuinte. E que a contribuinte teve plena ciência disso, como se poderia ler no Termo de Opção assinado pelo usuário no momento da adesão ao DTE. Primeiramente, consigno que a contribuinte traz alegação de tempestividade. Entendo que este Colegiado detém competência para decidir a tempestividade. Essa matéria, como se apresenta neste processo, é matéria que exige apreciação e decisão, não sendo questão de fato, cuja decisão dependeria de observação direta de algo evidente que dispensaria análise. Fl. 8955DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 9 15 Não há dúvida de que a contribuinte havia aderido ao DTE antes da intimação aqui em discussão. Nem há dúvida de que a contribuinte somente acessou a intimação em 24/10/2013, após haver migrado para a nova versão do DTE. Faço notar, ademais, que a Receita Federal não contesta a afirmação da contribuinte que aderiu ao DTE para atender sua necessidade de se tornar usuária do sistema SISCOMEX. Também não há demonstração que a contribuinte tenha acessado o DTE ou outras mensagens postas no DTE, no período em comento. Apesar das informações que demonstram que a contribuinte ingressou com recurso voluntário após mais de 30 dias da data definida pelo sistema (12/09/2013) como a da ciência por decurso de prazo, exponho aos Srs Conselheiros entendimento de que devemos considerar tempestivo o recurso voluntário. Explicome. A meu ver, a prática da comunicação dos atos processuais se deve dar dentro de um quadro e de condições que concorram para a sua previsibilidade e para a confiança entre os atores e as partes do procedimento e do processo. É o que entendo dispõe, de forma basilar, o artigo 26 da Lei n. 9.784/1999. Não basta que haja, na legislação, fixação das alternativas de meios de comunicação dos atos processuais. É necessário que as pessoas que compõem essas relações processuais as compreendam e as tenham como opção efetiva. Essa compreensão e a atitude de se ter o DTE como uma opção efetiva não é instantânea, mas está sendo conquistada, tanto junto aos contribuintes, quanto entre os que o usam em nome da administração pública. Tenho como demonstração nesse sentido o fato de encontrar processos que a própria administração adota outro meio de intimação (por exemplo: via postal tradicional) que não o da via eletrônica. Pareceme razoável que a contribuinte, a despeito do que contém o Termo de opção do DTE, estivesse acreditando que continuaria sendo intimada neste processo como vinha sendo intimada até então, qual seja, por via postal em seu endereço não eletrônico. Pareceme evidente que não havia previsibilidade de que o endereçamento eletrônico seria uma opção efetiva para a administração tributária comunicar os seus atos neste processo administrativo. Além disso, não encontrei neste processo qualquer elemento que pudesse me conduzir à idéia que a perda do prazo teria sido, em alguma medida, deliberada, por parte da contribuinte. (por exemplo, se a contribuinte tivesse acessado o DTE e, apesar disso, não tivesse adentrada a mensagem ali pendente de sua ciência). Quero esclarecer que não estou negando a importância dos institutos dos aprazamentos e da fixação da qualidade da tempestividade no âmbito do processo administrativo; mas estou defendendo que a formalidade deve ceder a outros institutos e princípios, tais como quando concorrem para garantir a ampla defesa e o contraditório. É o que aprendo no que dispõe o § 3º do artigo 26 da Lei n. 9.784, de 1999. Com essas considerações, e sob o manto do princípio que é a alma do disposto neste citado § 3º, entendo que a data da ciência por decurso de prazo definida neste processo não deve ser considerada válida por que os elementos que compõe a descrição das Fl. 8956DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 16 condições que emolduraram esse ato processual não demonstraram que a contribuinte tinha como certo ser o DTE uma opção efetiva para este processo. Submeto este entendimento a este Colegiado, e proponho seja considerado tempestivo o recurso voluntário. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Voto Vencedor Conselheiro Robson José Bayerl, relator designado, Com as vênias de praxe, peço licença ao ilustre Relator para dele dissentir quanto à tempestividade do recurso voluntário manobrado. Como destacado no relatório, sustentou o contribuinte a nulidade da intimação eletrônica em razão de, segundo defende, não ter autorizado a RFB a utilizar o Domicílio Tributário Eletrônico – DTE para realização de intimações fiscais, mas tão somente para a finalidade de habilitação e operação no SISCOMEX, o que violaria os ditames do art. 23, § 5º do Decreto nº 70.235/72. Atendendo a diligência requerida por este colegiado, a Coordenação Geral de Arrecadação e Cobrança, através da Nota Codac/Cobra/Dipej nº 20, de 23/03/2015, informou que o contribuinte aderiu ao regime em 26/06/2013, às 17:18:40, espontaneamente, por meio de seu representante legal perante o cadastro CNPJ, com certificação digital, conforme extrato do sistema DTE. Acerca do regramento do DTE, conveniente as colocações do ato administrativo acima referido, verbis: “7. A opção ao DTE é realizada espontaneamente nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal (PAF), e não é vinculada à utilização de qualquer aplicativo ou serviço da RFB. Desde a opção, o contribuinte tem a consciência de que deve acessar a Caixa Postal Eletrônica dentro do prazo de 15 (quinze) dias para tomar ciência das suas comunicações oficiais, pois, de acordo com o inciso III do § 2º do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, dentro desse prazo considerase feita a intimação. 8. Com a opção pelo DTE, o contribuinte e seus procuradores podem manter um acesso direto e remoto aos processos digitais, permitindo a antecipação da elaboração de peças processuais, impugnações e recursos no âmbito administrativo, bem como o acompanhamento permanente de todos os atos praticados nestes processos, sem a necessidade de deslocamento físico à RFB. (...) Fl. 8957DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 10 17 14. É importante frisar que, mesmo tendo ingressado no e CAC em data compatível com o atendimento de sua obrigação de realizar a ciência das mensagens de atos oficiais relativos aos processos mencionados e praticar os atos de defesa pertinentes, o contribuinte passou ao largo da obrigação de realizar o acompanhamento das mensagens registradas na Caixa Postal Eletrônica assumida com a assinatura do DTE.” Relativamente ao instituto da intimação eletrônica, assim dispõe o art. 23 do Decreto nº 70.235/72: “Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; Fl. 8958DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 18 II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº 12.844, de 2013) IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...)” (destacado) No caso vertente, a ciência se verificou por decurso de prazo, nos termos do art. 23, § 2º, III, “a”, acima reproduzido, no dia 12/09/2013, conforme Termo de Ciência por Decurso de Prazo, de fl. 25.286, começando a fluir, então, o prazo recursal, de tal maneira que, em 24/10/2013, quando efetivamente acessou sua caixa postal e consultou os documentos então disponibilizados, indigitado interregno temporal já havia se escoado, qualificandose como intempestiva qualquer peça desde então interposta. A alegação da defesa, de adesão restrita, diante dos documentos – extratos – coligidos pela Nota Codac/Cobra/Dipej nº 20/2015, mostrase completamente infundada, sem qualquer respaldo fático ou jurídico. Se o contribuinte supôs que sua adesão ao DTE se restringiria à habilitação e operação no SISCOMEX, ou mesmo que continuaria a ser intimado por via postal ou pessoal, Fl. 8959DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10580.733831/201283 Acórdão n.º 3401003.177 S3C4T1 Fl. 11 19 assim agiu por sua conta e risco, sem qualquer suporte legal ou normativo, arcando com as conseqüências daí advindas, pois, como acentuado pela “nota” antes referenciada, descurou de sua obrigação, assumida com a adesão ao DTE, de realizar o acompanhamento das mensagens registradas em sua caixa postal eletrônica. Demais disso, o mesmo art. 23, § 3º, prevê que “os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência”, o que somente ratifica a ausência de justa causa para relevar o pretenso equívoco do contribuinte, pois poderia ser notificado para a prática de ato perante a RFB por qualquer dos meios de ciência previstos, sem observância de preferência de ordem, e ainda assim não se verificaria nulidade alguma nessa medida. Por derradeiro, com todo respeito ao nobre relator, divirjo do entendimento que deva se aplicar ao caso o regramento do art. 26 da Lei nº 9.784/99, porquanto seu emprego no âmbito contencioso administrativo não se justifica, salvo a título subsidiário, como estabelece o art. 69 do mesmo diploma, eis que, como dito alhures, o art. 23 do Decreto nº 70.235/72 rege exaustivamente o tema, sendo despiciente o recurso a legislação supletiva. Pelo exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário, em face de sua intempestividade. Robson José Bayerl Fl. 8960DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 01/ 06/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 25/05/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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Numero do processo: 10970.720155/2012-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2008 a 31/12/2008
PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. PERÍODO POSTERIOR À LEI 10.256/2001. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE POR SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.
O Supremo Tribunal Federal declarou, em sede de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral Reconhecida, a inconstitucionalidade da contribuição do empregador rural pessoa física prevista no art. 25, I e II, da lei 8212/91, nas redações dadas pelas leis n° 8.540/92 e 9.528/97, cuja decisão não abarca as contribuições da mesma natureza, exigidas após a Lei 10.256/2001, nem o instituto da sub-rogação da obrigação de o adquirente arrecadar e recolher tais contribuições, previsto nos incisos III e IV do art. 30 da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.528/97.
MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP.
Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores corridos antes da vigência da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplica-se a multa mais benéfica, a ser calculada no momento do pagamento, obtida pela comparação do resultado da soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a multa por falta de declaração em GFIP, vigente à época da materialização da infração, com o resultado da incidência de multa de 75%.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2301-004.473
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, no seguinte modo: (a) quanto à questão das contribuição previdenciária incidentes sobre produtor rural pessoa física com empregados, restou vencido o relator; (b) quanto às multas, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991 vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75% previsto no artigo 44, inciso I da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Alice Grecchi, Ivacir Julio de Souza e Marcelo Malagoli da Silva; pela tese "b" Luciana de Souza Espíndola Reis, Andrea Brose Adolfo e João Bellini Júnior e pela tese "c" Amílcar Barca Teixeira Júnior; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Alice Grecchi e Marcelo Malagoli da Silva; com isto, as multas restaram mantidas, como consta no lançamento; (b.2) quanto às demais questões, restou mantido o lançamento por unanimidade de votos. Designada para redigir o voto vencedor a Dra. Luciana de Souza Espíndola Reis.
JOÃO BELLINI JUNIOR - Presidente.
Ivaccir Júlio de Souza - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior (Presidente), Ivacir Julio de Souza, Marcelo Malagoli da Silva, Luciana de Souza Espindola Reis, Amilcar Barca Teixeira Junior, Andrea Brose Adolfo e Alice Grecchi
Nome do relator: IVACIR JULIO DE SOUZA
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CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. PERÍODO POSTERIOR À LEI 10.256/2001. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE POR SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. O Supremo Tribunal Federal declarou, em sede de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral Reconhecida, a inconstitucionalidade da contribuição do empregador rural pessoa física prevista no art. 25, I e II, da lei 8212/91, nas redações dadas pelas leis n° 8.540/92 e 9.528/97, cuja decisão não abarca as contribuições da mesma natureza, exigidas após a Lei 10.256/2001, nem o instituto da subrogação da obrigação de o adquirente arrecadar e recolher tais contribuições, previsto nos incisos III e IV do art. 30 da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.528/97. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores corridos antes da vigência da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplicase a multa mais benéfica, a ser calculada no momento do pagamento, obtida pela comparação do resultado da soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a multa por falta de declaração em GFIP, vigente à época da materialização da infração, com o resultado da incidência de multa de 75%. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 0. 72 01 55 /2 01 2- 94 Fl. 457DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, no seguinte modo: (a) quanto à questão das contribuição previdenciária incidentes sobre produtor rural pessoa física com empregados, restou vencido o relator; (b) quanto às multas, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991 vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75% previsto no artigo 44, inciso I da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Alice Grecchi, Ivacir Julio de Souza e Marcelo Malagoli da Silva; pela tese "b" Luciana de Souza Espíndola Reis, Andrea Brose Adolfo e João Bellini Júnior e pela tese "c" Amílcar Barca Teixeira Júnior; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Alice Grecchi e Marcelo Malagoli da Silva; com isto, as multas restaram mantidas, como consta no lançamento; (b.2) quanto às demais questões, restou mantido o lançamento por unanimidade de votos. Designada para redigir o voto vencedor a Dra. Luciana de Souza Espíndola Reis. JOÃO BELLINI JUNIOR Presidente. Ivaccir Júlio de Souza Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior (Presidente), Ivacir Julio de Souza, Marcelo Malagoli da Silva, Luciana de Souza Espindola Reis, Amilcar Barca Teixeira Junior, Andrea Brose Adolfo e Alice Grecchi Fl. 458DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 3 3 Relatório Lí o Relatório a quo, compulsei com os autos e, tendo corroborado, com grifos de minha autoria abaixo o transcrevo na íntegra : " RELATÓRIO Compõem o presente processo os autos de infração 37.367.9378 (parte patronal), 37.367.9386 (segurados) e 37.376.5584 (terceiros), sem data de lavratura, com valores originários (sem multa moratória ou juros), respectivamente de R$ 226.044,18, R$ 7.979,04 e R$ 44.814,46. Como motivação do lançamento, consta, no Relatório Fiscal de folhas 27 a 32, o seguinte: O tributo lançado foi incidente sobre parcelas integrantes do salário de contribuição dos segurados empregados a serviço da empresa e sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural adquirida de produtores rurais pessoas físicas, cuja responsabilidade pelo recolhimento é subrogada ao sujeito passivo. Há ação judicial, de número 1999.38.03.0019250, que pede inconstitucionalidade do Funrural e sua repetição de indébito. A auditoria indica que tal ação não abarca os fatos geradores apurados. Como fatos geradores, há valores pagos obtidos em folhas de pagamento exibidas em meio papel que não foram declarados em Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP). Não houve, nas GFIP apresentadas, informação do código de outras entidades e fundos, não havendo cálculo ou recolhimento a esse título. Para as aquisições de produção rural (bovinos para abate e lenha para consumo), os fatos geradores são as receitas brutas provenientes da comercialização da produção rural realizadas pelo produtor rural pessoa física. É informado que foi verificada a multa mais benéfica entre a prevista na época dos fatos geradores e a atual. A ciência do lançamento se deu em 10/7/2012, conforme Termo de Ciência de folha 312. A impugnação foi apresentada em 2/8/2012 (folhas 316 e seguintes) com as seguintes discordâncias: Inicialmente, alega nulidade por falha na descrição do fato e na disposição legal infringida. No mérito, alega “inclusão de verbas sobre as quais não incidem as contribuições previdenciárias imputadas e mais, a inconstitucionalidade do Fl. 459DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 tributo arrecadado sobre a contribuição do segurado especial, isto é, sobre a produção rural, conhecido como FUNRURAL”. Admite a responsabilidade do adquirente apenas das verbas relativas ao Senar. Alega que não incide contribuição social sobre o abono salarial, o que alteraria o lançamento também na parte de segurados e terceiros. Tal abono foi objeto de negociação coletiva de trabalho, sendo único no período de um ano, eventual, não vinculado à remuneração ou contraprestação de trabalho e nem antecipação, o que lhe retiraria do campo de incidência das contribuições sociais previdenciárias. Entende que o valor já recolhido a título de contribuição a terceiros é o correto por considerar corretamente a base de cálculo. Alega inconstitucionalidade do Funrural, conforme já decidido pelo STJ na ação por si postulada, de número 1999.38.03.0019250. Alega que não se admite contribuição específica do setor rural e que a Lei Complementar 11/1971 não foi recepcionada pela Constituição de 1988 e, em tendo sido, teria sido revogada pela Lei 8.212/1991. Entende que não houve dolo que justificasse a Representação Fiscal para Fins Penais. Pede, ao final, a nulidade da autuação, a improcedência na rubrica citada, a inconstitucionalidade do Funrural e a abstenção de comunicações com fins penais. O impugnante foi intimado a apresentar documentos de representação em 28/8/2012. O despacho de folha 392 dá conta de que houve apresentação dos documentos de folhas 390 e 391, sem reconhecimento de firma ou originais. Às folhas 394 a 396 são juntados procuração com reconhecimento de firma e identidade com autenticação. É o Relatório. DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Na forma do Acórdão de fls. 398, a 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora DRJ/JFA( MG) , em 13 de março de 2013, exarou o Acórdão n°0943.065, , mantendo os créditos tributários exigidos. DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Irresignada, a autuada interpôs Recurso Voluntário de fls. 404, onde reiterou as alegações que fizera em sede aquo. Fl. 460DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 4 5 Voto Vencido Conselheiro Ivaccir Júlio de Souza DA TEMPESTIVIDADE O Recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DA INCONSTITUCIONALIDADE Compõem o presente processo os autos de infração 37.36.9378 (parte patronal), 09 a 12/2008 multa de mora art. 35, I, II, III e de ofício 37.367.9386 (segurados) 09 a 12/2008 multa de mora art. 35, I, II, III e de ofício e 37.376.5584 (terceiros) Conforme a descrição do fato gerador e da base de cálculo , no item 1 do relatório Fiscal da autuação abaixo transcrito, o lançamento referese : "1 Descrição do Fato Gerador e BasedeCálculo 1.1.1 Os Autos de Infração integrantes deste processo referemse a lançamento de contribuições sociais (quota patronal e segurados), destinadas à Seguridade Social e financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho RAT e outras entidades e fundos,incidentes sobre: as parcelas legais integrantes do salário de contribuição dos segurados empregados a serviço da empresa b) a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural adquirida de produtores rurais pessoas físicas, cuja responsabilidade pelo recolhimento é subrogada à notificada, na qualidade de pessoa jurídica adquirente (Lei 10.256/2001) " Grifos de minha autoria Em sintonia com o encimado , no Relatório de Fundamentação Legal consta que a empresa fora autuada com fulcro no abaixo: " 213 CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO ESPECIAL (SOBRE A PRODUÇÃO RURAL) Fl. 461DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 213.11 Competências : 09/2008 a 12/2008 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 25 (com as alterações posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.01), I (com as alterações da Lei n. 9.528, de 10.12.97) parágrafos 3. e 4. (com as alterações da Lei n. 8.540, de 22.12.92 e posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.01); Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99, art. 9., VII, art. 200, parágrafos 4., 5., e 7. e art. 216, III e IV e parágrafo 5.. A PARTIR DE 06.2008 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 25 (com as alterações posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.01), I (com as alterações da Lei n. 9.528, de 10.12.97) parágrafos 3. (com as alterações da Lei n. 8.540, de 22.12.92 e posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.01), 10 e 11 (com as alterações da Lei n. 11.718, de 20.06.08, art. 30, incisos X e XII (acrescentado pela Lei n. 11.718, de 20.06.08); Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99, art. 9., VII, art. 200, parágrafos 4., 5., 7., III, e 9. (acrescentado pelo Decreto n. 6.722, de 30.12.08). e art. 216, IV ." Grifos de minha autoria DO AUTO DE INFRAÇÃO DEBCAD 37.36.9378 Assim, no que se refere ao EEBCAD 37.36.9378, a autuação ocorreu em razão da previsão de incidência sobre a comercialização da produção rural com amparo legal no art.25 da Lei n 8.212/91, in verbis: " Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001)." A contribuição em apreço tem como responsável pelo repasse dos descontos a empresa adquirente da produção, conforme determinação NO ART. 30 , da Lei n 8.212/91 Relevante destacar que o artigo 25 da Lei n° 8.212/91 que respaldou a autuação, foi alterado pelo art.1° da Lei n° 8.540/92. Mais relevante e crucial é conhecer que recente Recurso Extraordinário, n°596.177/RS, julgado no Pretório Excelso, sob a relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, decidiu pela inconstitucionalidade do art.1° da Lei n° 8.540/92. Neste diapasão, cumpre ressaltar que, em 19 de janeiro de 2012, a então 3ª Turma Ordinária / 4ª Câmara, julgando o Recurso n° 154.431, no processo n°10680.011343/200726, também de minha relatoria, decidindo sobre a mesma matéria, por unanimidade, deu provimento ao contribuinte em razão da INCONSTITUCIONALIDADE da incidência na forma dos sobreditos termos. De grande relevo, insta observar que na oportunidade, intimada do decisium , a Procuradoria Geral da Fazenda fez constar dos autos que NÃO HAVERIA DE INTERPOR RECURSOS , verbis : "Processo Administrativo nº. 10680.011343/200726 Fl. 462DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 5 7 Acórdão nº: 240300.971 – 4ª Câmara/3ª Turma Ordinária/2ªSeção (19/01/2012) Contribuinte: SIDERÚRGICA BANDEIRANTES LTDA A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por intermédio de sua Procuradora que esta subscreve, vem dizer a V. Exa. que está ciente do acórdão epigrafado e que não haverá interposição de recurso à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Brasília, 28 de março de 2012. CAMILA DANTAS MONTEIRO Procuradora da Fazenda Nacional " Diante de tudo que foi exposto, NÃO HÁ MOTIVO para manutenção do crédito tributário constituído sob o fato gerador em comento. Assim, em razão de a exação prevista no artigo art. 25, da Lei n 8.212/91, motivo da autuação em comento, ter sido julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal – STF, cumpreme declarar de ofício a nulidade do lançamento. DOS DEMAIS LANÇAMENTOS E DAS MULTA Analisados os argumentos do julgamento a quo, entendo despiciendo desenvolver motivação sinônima para ao fim corroborar aquele decisium. Assim, no tocante aos DEBCAD,s 37.367.9386 (segurados) 09 a 12/2008 multa de mora art. 35, I, II, III e de ofício e 37.376.5584 (terceiros) mantenho o crédito então constituído. CONCLUSÃO Conheço do Recurso Voluntário para, em face de todo o exposto, DARLHE PROVIMENTO e determinar a exclusão da autuação vinculada ao DEBCAD 37.36.9378 em razão de INCONSTITUCIONALIDADE e NEGAR PROVIMENTO aos argumentos referentes aos DEBCD's 37.367.9386 (segurados) e 37.376.5584 (terceiros). É como voto Ivaccir Júlio de Souza Relator. Fl. 463DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 8 Voto Vencedor Conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis Contribuição do Produtor Rural Pessoa Física com Empregados. Responsabilidade do Adquirente por Substituição Tributária A controvérsia recai sobre a extensão da decisão do Supremo Tribunal Federal que afastou a constitucionalidade da contribuição do empregador rural pessoa física. O presente auto de infração trata, dentre outras infrações, da exigência da contribuição incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural adquirida de produtores rurais pessoas físicas (bovinos para abate e lenha para consumo), no período de 09/2008 a 12/2008, com base no art. 25, I e II, da Lei 8.212/91, na redação da Lei 10.256/2001: Lei 8.212/91: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001) I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). A responsabilidade tributária, por substituição, do adquirente pessoa jurídica, pela contribuição do produtor rural pessoa física, advém do art. 30, III e IV, da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.528/97: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) ... III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subseqüente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, Fl. 464DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 6 9 independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) ... O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 363.852/MG, manifestouse pela inconstitucionalidade da contribuição do empregador rural pessoa física, com base no valor da comercialização da sua produção, prevista no art. 25 da Lei 8.212/91, com a redação das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97, sob o fundamento de que não havia previsão constitucional para essa fonte de custeio, que veio a existir somente após a Emenda Constitucional nº 20/98, de modo que, àquela época, a contribuição somente poderia ser instituída por Lei Complementar. Veja ementa abaixo transcrita: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS – PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS – SUBROGAÇÃO – LEI Nº 8.212/91 – ART. 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL – PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 – UNICIDADE DE INCIDÊNCIA – EXCEÇÕES – COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR – Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos, por produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97. Aplicação de leis no tempo – considerações. O entendimento adotado no RE 363.852/MG foi depois aplicado em regime de repercussão geral no julgamento do Recurso Extraordinário nº 596.177/RS (art. 543B do Código de Processo Civil), cuja ementa encontrase abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI 8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. I – Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II – Necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social. III – RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/1992, aplicandose aos casos semelhantes o disposto no art. 543B do CPC. (RE 596177, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO, DJe 165 de 29/08/2011). Fl. 465DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 10 As decisões do STF invalidaram os dispositivos da Lei nº 8.212/1991 nas redações dadas pelas Leis 8.540/1992 e 9.528/1997, ambas anteriores à Emenda Constitucional nº 20/1998. A Lei 10.256/2001, que é posterior à referida Emenda Constitucional, alterou o "caput" do art. 25 da Lei 8.212/91, mantendo a contribuição do empregador rural pessoa física. Portanto, não resta dúvida de que é inconstitucional a exigência de contribuições sobre a aquisição da produção rural do empregador rural pessoa física até a edição da lei 10.256/2001, conforme decisão proferida pelo STF, a qual deve ser reproduzida pelo CARF, com base no art. 62, § 2º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 20151. Ocorre que o presente auto de infração contempla obrigação exigida com base na lei 10.256/2001, produzida após a Emenda Constitucional 20/98, cuja constitucionalidade não foi analisada nem teve repercussão geral reconhecida, conforme restou pacificado nos Embargos de Declaração no RE 596.177RS2, conforme ementa abaixo transcrita: EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FUNDAMENTO NÃO ADMITIDO NO DESLINDE DA CAUSA DEVE SER EXCLUÍDO DA EMENTA DO ACÓRDÃO. IMPOSSIBILIDADE DA ANÁLISE DE MATÉRIA QUE NÃO FOI ADEQUADAMENTE ALEGADA NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO NEM TEVE SUA REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. INEXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU OMISSÃO EM DECISÃO QUE CITA EXPRESSAMENTE O DISPOSITIVO LEGAL CONSIDERADO INCONSTITUCIONAL. I – Por não ter servido de fundamento para a conclusão do acórdão embargado, excluise da ementa a seguinte assertiva: “Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador”(fl. 260). II – A constitucionalidade da tributação com base na Lei 10.256/2001 não foi analisada nem teve repercussão geral reconhecida.(grifei) III – Inexiste obscuridade, contradição ou omissão em decisão que indica expressamente os dispositivos considerados inconstitucionais. IV – Embargos parcialmente acolhidos, sem alteração do resultado. Cabe ainda analisar a higidez da responsabilidade tributária do adquirente, em substituição ao produtor rural pessoa física, prevista no art. 30, III e IV, da lei 8212/91, nas redações dadas pelas leis n° 8.540/92 e 9.528/97. 1 Art. 62 ... § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 2 Emb.Decl. no RE 596.177RS, rel. Ministro Ricardo Lewandowski, DJE 18/11/2013. Fl. 466DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 7 11 Primeiramente, convém mencionar o trecho do voto proferido no RE 363852 pelo Min. Marco Aurélio Mello, que aludiu ao dispositivo legal em destaque, o qual trata do instituto da subrrogação: "Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a "receita bruta proveniente da comercialização da produção rural" de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com redação atualizada até a Lei n° 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n° 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência." A interpretação quanto ao alcance desse trecho da decisão do STF foi feita com esmero no voto condutor do Acórdão nº 2302002.456, relator Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, sessão de 18 de abril de 2013, de modo que aqui transcrevo os fundamentos pertinentes, adotandoos como razões de decidir: [...] o Min. Marco Aurélio não declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/91, mas, tão somente, a inconstitucionalidade do art. 1° da Lei n° 8.540/92, o qual, dentre outras tantas providências, "deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91". Lei 8.540, de 22 de dezembro de 1992 Art. 1° A Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com alterações nos seguintes dispositivos: "Art. 12. ............................................... V.......................................................... a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral garimpo , em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou de ordem religiosa, este quando por ela mantido, salvo se filiado obrigatoriamente à Previdência Social em razão de outra atividade, ou a outro Fl. 467DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 12 sistema previdenciário, militar ou civil, ainda que na condição de inativo; d) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social; e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por sistema de previdência social do país do domicílio; Art. 22. ................................... ............................................... 5° O disposto neste artigo não se aplica à pessoa física de que trata a alínea a do inciso V do art. 12 desta lei. ............................................... Art. 25. A contribuição da pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta lei, destinada à Seguridade Social, é de: I dois por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II um décimo por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento de complementação das prestações por acidente de trabalho. 1° O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no caput poderá contribuir, facultativamente, na forma do art. 21 desta lei. 2° A pessoa física de que trata a alínea a do inciso V do art. 12 contribui, também, obrigatoriamente, na forma do art. 21 desta lei. 3° Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem, torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. 4° Não integra a base de cálculo dessa contribuição a produção rural destinada ao plantio ou reflorestamento, nem sobre o produto animal destinado a reprodução ou criação pecuária ou granjeira e a utilização como cobaias para fins de pesquisas científicas, quando vendido pelo próprio produtor e quem a utilize diretamente com essas finalidades, e no caso de produto vegetal, por pessoa ou entidade que, registrada no Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, se dedique ao comércio de sementes e mudas no País. Fl. 468DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 8 13 5° (Vetado). Art. 30. ..................................... IV o adquirente, o consignatário ou a cooperativa ficam sub rogados nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea a do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta lei, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; X a pessoa física de que trata a alínea a do inciso V do art. 12 e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição de que trata o art. 25 desta lei no prazo estabelecido no inciso III deste artigo, caso comercializem a sua produção no exterior ou, diretamente, no varejo, ao consumidor. Ora, caros leitores, o fato de o art. 1° da Lei n° 8.540/92 ter sido declarado, na via difusa, inconstitucional, não implica ipso facto que todas as modificações legislativas por ele introduzidas sejam tidas por inconstitucionais. A pensar assim, seria inconstitucional a fragmentação da alínea 'a' do inciso V do art. 12 da Lei n° 8.212/91, nas alíneas 'a' e 'b' do mesmo dispositivo legal, sem qualquer modificação em sua essência, assim como a renumeração das alíneas 'b', 'c' e 'd' do mesmo inciso V acima citado para 'c', 'd' e 'e', respectivamente, sem qualquer modificação de texto. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (...) V como equiparado a trabalhador autônomo, além dos casos previstos em legislação específica: (Vide Lei n°8.540, de 1992). a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora a atividade agropecuária, pesqueira ou de extração mineral—garimpeiro em caráter permanente ou temporário,—diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pela Lei n° 8.398/92). b) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou de ordem religiosa, este quando por ela mantido, salvo se filiado obrigatoriamente à Previdência Social em razão de outra atividade, ou a outro sistema previdenciário, militar ou civil, ainda que na condição de inativo; c)—o—empregado—de—organismo—oficial—internacional—ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social; d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por sistema de previdência social do país do domicílio; Fl. 469DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 14 a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pela Lei n° 8.540, de 1992). b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pela Lei n° 8.540, de 1992). c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou de ordem religiosa, este quando por ela mantido, salvo se filiado obrigatoriamente à Previdência Social em razão de outra atividade, ou a outro sistema previdenciário, militar ou civil, ainda que na condição de inativo; (Redação dada pela Lei n° 8.540, de 1992). d) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei n° 8.540, de 1992). e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por sistema de previdência social do país do domicílio; (Incluído pela Lei n° 8.540, de 1992). E o que falar, então, sobre a constitucionalidade do Inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212/913, o qual, embora citado pelo Sr. Min. Marco Aurélio, sequer se houve por tocado pelo art. 1° da Lei n° 8.540/92. Seria, assim, o Inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212/91 inconstitucional simplesmente e tão somente porque fora citado pelo Min. Marco Aurélio em seu voto? Não nos parece ser essa a melhor exegese do caso em debate.... Nessa vertente, não havendo no Acórdão do RE 363.852/MG qualquer referibilidade, a mínima que seja, a eventuais vícios de constitucionalidade atávicos ao instituto da subrogação ora em foco, forçoso reconhecer que, ou o julgamento acima tratado é nulo, por falta de fundamentação, com fulcro no art. 93, IX da CF/88, ou naquele julgamento não se houve por declarado qualquer vício de inconstitucionalidade na subrogação estatuída no inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/91, mas, tão somente, mera menção no texto da conclusão do Acórdão em tela. Se nos antolha ser esta última a melhor interpretação do dispositivo do Acórdão do RE 363.852/MG. 3 Esse dispositivo não foi transcrito no voto paradigma. Para melhor compreensão da matéria, transcrevo abaixo a redação do inciso VII do art. 12 da Lei 8.212/91 vigente à época da infração: art. 12 .... ... VII como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam essas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de quatorze anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo. (Redação dada pela Lei n° 8.398, de 7.1.92. Fl. 470DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 9 15 A uma, porque não foi apontado qualquer vício de inconstitucionalidade no instituto da subrogação em relevo. A duas, porque se a subrogação em tela fosse considerada inconstitucional, também teria que ser declarado inconstitucional o inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/91 em sua redação originária, que também trata da subrogação do adquirente, do consignatário ou da cooperativa nas obrigações do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 da Lei n° 8.212/91. Decerto, se partíssemos de uma interpretação literal do dispositivo do voto do Ministro Relator, haveríamos de concluir que a subrogação em relação ao segurado especial ainda permaneceria de observância obrigatória pelo adquirente, pelo consignatário e pela cooperativa, eis que tal obrigação houvese por estatuída diretamente pela Lei n° 8.212/91, em sua redação de origem, não tendo sido atingida pela declaração de inconstitucionalidade em realce. A três, porque o art. 128 do CTN estatui, de maneira isenta de dúvidas, que a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Código Tributário Nacional CTN Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. A quatro, porque a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições de que trata o art. 25 da Lei n° 8.212/91 foi determinada ao adquirente, ao consignatário e à cooperativa, expressamente, pelo inciso III do art. 30 da Lei n° 8.212/91, o qual não foi igualmente atingido, sequer de raspão, pelos petardos da declaração de inconstitucionalidade aviada no RE n° 363.852/MG, permanecendo tal obrigação tributária ainda vigente e eficaz, mesmo em relação ao empregador rural pessoa física após a publicação da Lei n° 10.256/2001, produzindo todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. ... Mas o Legislador Ordinário foi mais seletivo: Isolou, propositadamente, no inciso III do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, a obrigação tributária do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa de recolher a contribuição de que trata o art. 25 dessa mesma lei, no prazo normativo, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o Fl. 471DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 16 produtor ou com intermediário pessoa física, outorgando ao Regulamento da Previdência Social a competência para dispor sobre a forma de efetivação de tal obrigação acessória. Acomodou no inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/91, de maneira genérica, a subrogação do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa nas demais obrigações, de qualquer naipe, do empregador rural pessoa física e do segurado especial decorrentes do art. 25 desse Diploma Legal, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física. Da análise dos dispositivos legais acima selecionados, restou visível que a obrigação da empresa adquirente, consumidora, consignatária e a cooperativa pelo recolhimento das contribuições previstas no art. 25 da Lei n° 8.212/91, na redação dada pela Lei n° 10.256/2001, decorre não da norma inscrita no inciso IV do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, mas, sim, do preceito assentado no inciso III desse mesmo dispositivo legal, em atenção ao princípio jurídico da especialidade na solução dos conflitos aparentes de normas jurídicas, que faz com que a norma específica prevaleça sobre aquela editada de maneira genérica, princípio eternizado no brocardo latino "lex specialis derogat generali". A cinco, porque o próprio dispositivo do Acórdão do RE 363.852/MG declara a "inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com redação atualizada até a Lei n° 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n° 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial". Salta aos olhos que a sanatória da inconstitucionalidade vislumbrada pela Suprema Corte depende, tão somente, da promulgação de legislação nova, arrimada na EC n° 20/98, que institua a contribuição então viciada. Tais exigências houveram se por integralmente supridas com a promulgação da Lei n° 10.256, de 09 de julho de 2001 [...] No sentido da higidez da exigência da contribuição rural do empregador rural após a Lei 10.256/2001, cito, ainda, os seguintes precedentes em julgamentos realizados pelas turmas deste Conselho: Ac. 2302003.638, 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária, sessão de 11 de fevereiro de 2015, rel Cons. Arlindo da Costa e Silva; Ac. 2301004.223, 3ª Câmara/1º Turma Ordinária, sessão de 06 de novembro de 2014, redator voto vencedor Cons. Marcelo Oliveira; Ac. 2402003.964, 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, sessão de 19 de fevereiro de 2014, rel. Cons. Julio Cesar Vieira Gomes. Multa O instituto das multas em matéria previdenciária foi profundamente alterado pela Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941/2009. De acordo com o relatório fiscal, as contribuições constituídas no presente lançamento de ofício não foram informadas em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações Social (GFIP), sendo que no período anterior à alteração legislativa (09/2008 a 11/2008), foi Fl. 472DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 10 17 aplicada a multa prevista na legislação vigente à época dos fatos geradores, por ser a mais benéfica no caso. A MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009, revogou o art 35 da Lei 8.212/914, que previa os percentuais de multa aplicáveis sobre as contribuições sociais em atraso para pagamento espontâneo, que é o realizado após a data de vencimento do tributo, mas antes do início de qualquer procedimento de fiscalização (inciso I), para pagamento de créditos incluídos em lançamento tributário de notificação fiscal de lançamento de débito (inciso II) e para pagamento de créditos incluídos em dívida ativa (inciso III) e definiu novos percentuais aplicáveis, correspondentes ao teto de 20% para pagamento espontâneo em atraso (art. 35 da Lei 8.212/91 com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/20095) e 75% no caso 4 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) quatro por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) sete por cento, no mês seguinte; c) dez por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c) vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) trinta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; b) trinta e cinco por cento, se houve parcelamento; c) quarenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; d) cinqüenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). 5 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 473DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 18 de exigência de tributo em lançamento de ofício, passível de agravamento (art 35A da Lei 8.212/91, com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/20096). A lei nova também revogou o art. 32, inciso IV, §§ 4º e 5º, que estipulavam o valor da multa no caso de omissão de fatos geradores em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), no valor de 100% do valor da contribuição omitida, limitado a um valor base estipulado em função do número de segurados da empresa, passando a prever, para este tipo de infração, multa de R$ 20,00 para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas, ou de R$ 500,00, o que for maior, nos termos do novel art. 32A da Lei 8.212/91. Em relação aos fatos geradores ocorridos antes da mencionada alteração legislativa existe o dever de observância, pela autoridade administrativa, da aplicação da multa mais benéfica, em obediência ao art. 106 inciso II do Código Tributário Nacional. Para tanto, é necessário identificar a natureza do instituto objeto de comparação e os dados quantitativos a serem comparados. A lei nova definiu claramente dois institutos: 1) multa de mora para pagamento espontâneo em atraso (art. 35) e 2) multa para pagamento não espontâneo incluído em lançamento tributário chamada de multa de ofício (art. 35A), que, nos termos do art. 44 da Lei 9.430/96, é única para três condutas: i) falta de pagamento ou recolhimento; ii) falta de declaração e iii) declaração inexata. A lei nova também definiu claramente os dados quantitativos de cada uma delas: no primeiro caso, até 20%, nos termos do art. 61 da Lei 9.430/967; no segundo caso, de 75%, passível de agravamento, nos termos do art. 44 da Lei 9.430/968. 6 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). 7 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) 8 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 474DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10970.720155/201294 Acórdão n.º 2301004.473 S2C3T1 Fl. 11 19 O presente processo trata de multa sobre contribuições incluídas em lançamento tributário, portanto, não é aplicável a sistemática da multa para falta de pagamento espontâneo. A multa para pagamento de contribuições incluídas em lançamento tributário que é o caso conforme já mencionado aqui, na nova sistemática do art. 35A da Lei 8.212/91, é única para os casos de falta de pagamento ou recolhimento quando há falta de declaração e/ou declaração inexata. Já o revogado art. 35, inciso II, da Lei 8.212/91, dizia respeito apenas à multa por falta de pagamento ou recolhimento de contribuições incluídas em lançamento tributário. Era o revogado art. 32, inciso IV, §§4o e 5o, da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.528/97, que regulava a aplicação de penalidade ao contribuinte que apresentasse declaração inexata ou deixasse de apresentála, fazendo incidir multa isolada. Portanto, na norma anterior, o dado quantitativo da multa para dívidas incluídas em lançamento tributário, para os casos de falta de pagamento ou recolhimento de contribuições não declaradas e/ou com declaração inexata, deve ser apurado pela soma da multa do revogado art. 35, inciso II, com a multa do revogado art. 32, inciso IV, §§ 4o e 5o.. A multa mais benéfica deve ser apurada mediante comparação do dado quantitativo resultante do cálculo conforme descrito no parágrafo anterior (vigente à época dos fatos geradores) com o dado quantitativo resultante da multa calculada com base no art. 35A da Lei 8.212/91, com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Este entendimento está explicitado no art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) V (revogado pela Lei no 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) § 3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. § 5o Aplicase também, no caso de que seja comprovadamente constatado dolo ou máfé do contribuinte, a multa de que trata o inciso I do caput sobre: (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) I a parcela do imposto a restituir informado pelo contribuinte pessoa física, na Declaração de Ajuste Anual, que deixar de ser restituída por infração à legislação tributária; e (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) II – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) Fl. 475DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 20 (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei n º 8.212, de 1991 , em sua redação anterior à Lei n º 11.941, de 2009 , e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei n º 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei n º 8.212, de 1991 , acrescido pela Lei n º 11.941, de 2009 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei n º 9.430, de 1996 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010)... Portanto, entendo que a multa mais benéfica deve ser calculada de acordo com o disposto no art. 476A da IN RFB 971/2009, acima transcrito, e deverá ser apurada no momento do pagamento, nos termos do art. 2o da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009. Por fim, em relação às demais matérias do recurso, não abarcadas neste voto vencedor, ratifico o entendimento e os fundamentos expendidos no voto do relator. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso e negarlhe provimento. Luciana de Souza Espíndola Reis Fl. 476DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/201 6 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
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