Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,031)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,078)
- Segunda Turma Ordinária d (16,715)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,681)
- Primeira Turma Ordinária (15,355)
- Segunda Turma Ordinária d (15,309)
- Primeira Turma Ordinária (15,247)
- Primeira Turma Ordinária (15,078)
- Segunda Turma Ordinária d (13,876)
- Primeira Turma Ordinária (12,744)
- Primeira Turma Ordinária (11,856)
- Segunda Turma Ordinária d (11,803)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,145)
- Quarta Câmara (81,918)
- Terceira Câmara (63,623)
- Segunda Câmara (51,405)
- Primeira Câmara (16,667)
- 3ª SEÇÃO (15,681)
- 2ª SEÇÃO (11,145)
- 1ª SEÇÃO (6,665)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (116,327)
- Segunda Seção de Julgamen (109,285)
- Primeira Seção de Julgame (71,561)
- Primeiro Conselho de Cont (49,042)
- Segundo Conselho de Contr (48,732)
- Câmara Superior de Recurs (37,085)
- Terceiro Conselho de Cont (25,923)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,040)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,845)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,041)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,804)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,976)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,311)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,196)
- ROSALDO TREVISAN (3,166)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,789)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,466)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,366)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,039)
- 2024 (25,856)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,455)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,074)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,829)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,608)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,519)
- 2006 (14,850)
- 2025 (14,115)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
Numero do processo: 15540.000290/2010-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 05 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Jun 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
CERCEAMENTO NO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Descabe a alegação de cerceamento no direito de defesa, haja vista que o sindico da massa falida foi cientificado do auto de infração e do relatório fiscal, bem como de todas as intimações necessárias para elaboração do lançamento. Para eventuais extratos bancários necessários à preparação da impugnação, o sindico poderia ter solicitado cópias na repartição em que se encontrava os autos do processo, durante o prazo para apresentação de seus argumentos.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS.
Por meio do art. 42 da Lei 9.430/1996 passou-se a se caracterizar omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem destes recursos. Trata-se de presunção legal que, intimado a prestar os esclarecimentos, o ônus da prova passa a ser do sujeito passivo.
ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS E DOCUMENTOS COMERCIAIS.
Intimado o contribuinte não apresenta os livros e documentos comerciais, o procedimento correto é o arbitramento do lucro. Como base de cálculo pode-se tomar os depósitos bancários sem comprovação das origens, em decorrência de sua caracterização como omissão de receita, por expressa disposição legal.
MULTA DE OFÍCIO - NÃO APLICAÇÃO.
O artigo 23, inciso III do Decreto Lei nº 7.661/45, enunciou a Súmula n° 192 do STF, segundo a qual não se inclui na falência a multa fiscal com efeito de pena administrativa. Avançando na interpretação da matéria, em sessão de 14/08/1975 o STF enunciou a Súmula n° 565, dispondo que: a multa fiscal moratória constitui pena administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência.
Ademais, aplica-se a Súmula nº 14 do CARF nas operações em que a simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Nos autos, a fiscalização deixou de aprofundar com a investigação, pautando-se apenas em presunção para se concluir pela existência do dolo, e isso não é autorizado por esse E. Tribunal.
LANÇAMENTOS REFLEXOS. PIS, COFINS E CSLL.
Inexistindo fatos novos a serem apreciados, o decidido no lançamento matriz aplica-se aos lançamentos reflexos.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 1201-000.774
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, DAR parcial provimento ao recurso para afastar a exigência da multa punitiva, nos termos do voto do relator. Os Conselheiros Carlos Mozart Barreto Vianna, Marco Antônio Pires e Marcelo Cuba Netto acompanharam o relator pelas conclusões.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto
(documento assinado digitalmente)
Rafael Correia Fuso - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente Substituto), Carlos Mozart Barreto Vianna, Marco Antonio Pires, Rafael Correia Fuso e André Almeida Blanco.
Nome do relator: RAFAEL CORREIA FUSO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201303
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 CERCEAMENTO NO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Descabe a alegação de cerceamento no direito de defesa, haja vista que o sindico da massa falida foi cientificado do auto de infração e do relatório fiscal, bem como de todas as intimações necessárias para elaboração do lançamento. Para eventuais extratos bancários necessários à preparação da impugnação, o sindico poderia ter solicitado cópias na repartição em que se encontrava os autos do processo, durante o prazo para apresentação de seus argumentos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. Por meio do art. 42 da Lei 9.430/1996 passou-se a se caracterizar omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem destes recursos. Trata-se de presunção legal que, intimado a prestar os esclarecimentos, o ônus da prova passa a ser do sujeito passivo. ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS E DOCUMENTOS COMERCIAIS. Intimado o contribuinte não apresenta os livros e documentos comerciais, o procedimento correto é o arbitramento do lucro. Como base de cálculo pode-se tomar os depósitos bancários sem comprovação das origens, em decorrência de sua caracterização como omissão de receita, por expressa disposição legal. MULTA DE OFÍCIO - NÃO APLICAÇÃO. O artigo 23, inciso III do Decreto Lei nº 7.661/45, enunciou a Súmula n° 192 do STF, segundo a qual não se inclui na falência a multa fiscal com efeito de pena administrativa. Avançando na interpretação da matéria, em sessão de 14/08/1975 o STF enunciou a Súmula n° 565, dispondo que: a multa fiscal moratória constitui pena administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência. Ademais, aplica-se a Súmula nº 14 do CARF nas operações em que a simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Nos autos, a fiscalização deixou de aprofundar com a investigação, pautando-se apenas em presunção para se concluir pela existência do dolo, e isso não é autorizado por esse E. Tribunal. LANÇAMENTOS REFLEXOS. PIS, COFINS E CSLL. Inexistindo fatos novos a serem apreciados, o decidido no lançamento matriz aplica-se aos lançamentos reflexos. Recurso parcialmente provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 25 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 15540.000290/2010-31
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5355868
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 25 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1201-000.774
nome_arquivo_s : Decisao_15540000290201031.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : RAFAEL CORREIA FUSO
nome_arquivo_pdf_s : 15540000290201031_5355868.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, DAR parcial provimento ao recurso para afastar a exigência da multa punitiva, nos termos do voto do relator. Os Conselheiros Carlos Mozart Barreto Vianna, Marco Antônio Pires e Marcelo Cuba Netto acompanharam o relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto (documento assinado digitalmente) Rafael Correia Fuso - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente Substituto), Carlos Mozart Barreto Vianna, Marco Antonio Pires, Rafael Correia Fuso e André Almeida Blanco.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 05 00:00:00 UTC 2013
id : 5502127
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:23:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815632261120
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2307; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15540.000290/201031 Recurso nº 892.587 Voluntário Acórdão nº 1201000.774 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 5 de março de 2013 Matéria IRPJ, CSLL, PIS e Cofins Auto de Infração Recorrente SAN FRANCISCO DE SÃO GONÇALO COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE PANIFICADOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 CERCEAMENTO NO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Descabe a alegação de cerceamento no direito de defesa, haja vista que o sindico da massa falida foi cientificado do auto de infração e do relatório fiscal, bem como de todas as intimações necessárias para elaboração do lançamento. Para eventuais extratos bancários necessários à preparação da impugnação, o sindico poderia ter solicitado cópias na repartição em que se encontrava os autos do processo, durante o prazo para apresentação de seus argumentos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. Por meio do art. 42 da Lei 9.430/1996 passouse a se caracterizar omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem destes recursos. Tratase de presunção legal que, intimado a prestar os esclarecimentos, o ônus da prova passa a ser do sujeito passivo. ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS E DOCUMENTOS COMERCIAIS. Intimado o contribuinte não apresenta os livros e documentos comerciais, o procedimento correto é o arbitramento do lucro. Como base de cálculo pode se tomar os depósitos bancários sem comprovação das origens, em decorrência de sua caracterização como omissão de receita, por expressa disposição legal. MULTA DE OFÍCIO NÃO APLICAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 00 02 90 /2 01 0- 31 Fl. 323DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 3 2 O artigo 23, inciso III do Decreto Lei nº 7.661/45, enunciou a Súmula n° 192 do STF, segundo a qual não se inclui na falência a multa fiscal com efeito de pena administrativa. Avançando na interpretação da matéria, em sessão de 14/08/1975 o STF enunciou a Súmula n° 565, dispondo que: “a multa fiscal moratória constitui pena administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência.” Ademais, aplicase a Súmula nº 14 do CARF nas operações em que a simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Nos autos, a fiscalização deixou de aprofundar com a investigação, pautandose apenas em presunção para se concluir pela existência do dolo, e isso não é autorizado por esse E. Tribunal. LANÇAMENTOS REFLEXOS. PIS, COFINS E CSLL. Inexistindo fatos novos a serem apreciados, o decidido no lançamento matriz aplicase aos lançamentos reflexos. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, DAR parcial provimento ao recurso para afastar a exigência da multa punitiva, nos termos do voto do relator. Os Conselheiros Carlos Mozart Barreto Vianna, Marco Antônio Pires e Marcelo Cuba Netto acompanharam o relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto (documento assinado digitalmente) Rafael Correia Fuso Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente Substituto), Carlos Mozart Barreto Vianna, Marco Antonio Pires, Rafael Correia Fuso e André Almeida Blanco. Relatório Tratase de auto de infração lavrado em face do contribuinte, que cobra pelo regime de arbitramento do lucro IRPJ, CSLL, PIS e Cofins sobre receitas auferidas e omitidas pela empresa em decorrência de venda de produtos de fabricação própria, relativas aos três primeiros trimestres de 2005. Fl. 324DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 4 3 Vejamos com detalhes as transcrições do relatório fiscal que a acompanha o lançamento: A Fiscalização teve sua origem com outro Auditor Fiscal, cujo Termo de Inicio do Procedimento Fiscal intimava o contribuinte a apresentar os seguintes documentos relativos ao ano calendário de 2005: Livros contábeis e comerciais, devidamente escriturados, conforme determina a legislação do IRPJ; Contrato social e suas alterações; Extratos bancários relativos à movimentação financeira em 2005 na Caixa Econômica Federal. Apesar de ter sido encaminhado para o endereço da matriz da empresa constante nos cadastros da Secretaria da Receita Federal do Brasil, o Termo de Inicio do Procedimento Fiscal retornou a este Serviço de Fiscalização, conforme informação obtida através do endereço eletrônico dos Correios, de que o destinatário mudouse. Em 13.07.2009, após pesquisas e análise do processo 15540.000378/200839, relativo aos autos de infrações lavrados anteriormente, abrangendo os anoscalendário 2001 a 2004, e diante da constatação da existência de sentença judicial contida no processo de número 024.05.0227347, que tramita na Vara de Falência e Concordata de Vitória, nomeando o advogado DOMINGOS DE SA FILHO, CPF 244.136.82734, Sindico da Massa Falida SAN FRANCISCO DE SÃO GONÇALO COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE PANIFICADOS LTDA, foi encaminhado novo Termo de Inicio do Procedimento Fiscal para o endereço onde se localiza o seu escritório; Apesar de o referido termo ter sido recebido em 21.07.2009, no local informado pelo Sindico da massa falida para recebimento das correspondências, não houve qualquer manifestação por parte deste, responsável legal pelo atendimento as intimações; Dessa forma, ao recebermos a referida ação fiscal, e considerando que o contribuinte já devidamente intimado, não apresentara qualquer manifestação no sentido de atendimento ao solicitado e, ainda, dada a imprescindibilidade de obtenção dos extratos bancários para continuidade da ação fiscal, mormente em função da não apresentação de qualquer dos livros contábeis e comerciais, requisitamos a expedição ao Sr. Delegado desta Delegacia, de RMF à Caixa Econômica Federal. Os extratos bancários solicitados foram por nós recebidos em 01.03.2010, os quais, após análise e depuração dos valores neles constantes, foram apresentados ao contribuinte, sob forma de planilhas, intimandoo a comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos créditos efetuados em sua conta. Fl. 325DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 5 4 Apesar de recebida, em 29.03.2010, no endereço informado pelo sindico da massa falida, a referida intimação, juntamente com a relação de créditos em sua conta corrente, e não tendo havido qualquer manifestação por parte do representante legal da massa falida, reintimamos o mesmo, através do Termo de Reintimação datado de 13.05.2010, recebido no mesmo endereço, em 18.05.2010, e novamente não houve qualquer manifestação do representante legal e sindico da massa falida. Tendo em vista que após as intimações e reintimação, todas recebidas no endereço informado pelo síndico da massa falida, não houve qualquer manifestação do contribuinte ou seu representante legal, optando por bem como qualquer justificativa ou documentos que comprovassem os valores creditados em sua conta bancária junto à Caixa Econômica Federal e, ainda, diante da injustificada movimentação bancária sem apresentação sequer das Declarações de IRPJ e DCTF, a que estava obrigado, concluímos que a sociedade empresária cometeu crime de sonegação fiscal, caracterizada pela movimentação bancária da ordem de R$ 11.822.625,62 (onze milhões, oitocentos e vinte e dois mil, seiscentos e vinte e cinco reais e sessenta e dois centavos), apenas no anocalendário de 2005, sem pagamento de Imposto sobre a Renda e Contribuições, ficando evidenciada a sonegação fiscal definida no art. 71, da Lei n° 4.502, de 1964. Ressaltese, ainda, que a conduta do contribuinte, ao não escriturar, durante anos consecutivos, os valores movimentados em suas contascorrentes, aliada ao fato de não apresentar as declarações a que estava obrigado, denota o elemento subjetivo da prática dolosa, ensejando a aplicação da multa de lançamento de oficio de 150% (cento e cinqüenta por cento), prevista no inciso II do art. 957, do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, a qual está sendo majorada, conforme o art. 959, do mesmo diploma legal, tendo em vista que o contribuinte deixou de apresentar os livros e documentos exigidos pela fiscalização, não se manifestando em relação às diversas intimações e reintimação recebidas. Desta forma, no sentido de salvaguardar os interesses da Fazenda Nacional, em virtude de o contribuinte não ter apresentado qualquer livro ou documento que possibilitasse a apuração de suas bases de cálculo, não nos restou outra alternativa a não ser considerar os valores creditados em sua conta corrente como receita, apurando o seu lucro na modalidade arbitrada, conforme previsto no art. 530 do RIR/99. Deixamos de proceder à formalização de arrolamento de bens, haja vista não terem sido entregues pelo contribuinte nem terem sido disponibilizados documentos que comprovassem a propriedade de bens pela empresa. Não obstante a existência de Procedimento Investigatório Criminal n° 1.22.000.001888/200506 instaurado no âmbito da Procuradoria da Pública no Estado de Minas Gerais, foi Fl. 326DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 6 5 providenciada, através de processo especifico (15540.000292/201021), a formalização de Representação Fiscal para Fins Penais. A multa aplicada foi de 225% sobre o valor dos tributos cobrados. Cumpre destacar que a empresa foi devidamente intimada a justificar e esclarecer as movimentações financeiras, mas quedouse inerte. A massa falida da contribuinte apresentou impugnação, alegando sem síntese que: não houve embaraço à fiscalização, pois sempre compareceu à DRF Niterói no sentido de receber intimações e prestar os esclarecimentos que se fizeram necessários; toda documentação solicitada foi entregue. Em razão da exiguidade dos prazos, algumas delas não puderam ser satisfeitas; comunicou, em que pese possuir os extratos, o acervo documental existente se revelava incompleto, que se fazia necessário solicitar cópias às instituições financeiras. Ademais, não dispunha de recursos financeiros para suportar tais custos; a quebra do sigilo bancário somente é possível por meio de ato fundamentado; para exercer o seu direito de defesa é necessário que os autos de infrações viessem acompanhados de todos os elementos de prova de que se valeu a fiscalização, conforme dispõe o art. 9° do Decreto n° 70.235/1972; desconhece os dados que fez uso a fiscalização; a planilha remetida com o auto de infração referese ao resumo dos depósitos bancários mês a mês, sem mencionar os saques, pois esses devem ser excluídos; requer a devolução do prazo para impugnação, bem como seja entregue cópia de todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito; nenhuma responsabilidade deve ser imputada ao síndico; depósito bancário não configura receita para efeitos de servir de base de cálculo; não houve solicitação de outros documentos fiscais que pudessem nortear o procedimento fiscal; o fisco não estava impossibilitado de aferir o lucro tributável pelo IRPJ e pela CSLL, pois poderia buscar informações prestadas pelo interessado ao fisco estadual; não ha sequer intimação solicitando a apresentação dos livros e documentos fiscais; Fl. 327DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 7 6 não há possibilidade da aplicação da multa contra entidade em liquidação extrajudicial ou falida. A DRJ manteve integralmente o lançamento fiscal, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA — IRPJ Anocalendário: 2005 CERCEAMENTO NO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Descabe a alegação de cerceamento no direito de defesa, vez que o sindico da massa falida foi cientificado do auto de infração e do relatório fiscal, bem como de todas as intimações necessárias para elaboração do lançamento. Para eventuais extratos bancários necessários à preparação da impugnação, o sindico poderia ter solicitado cópias na repartição em que se encontrava os autos do processo, durante o prazo para apresentação de seus argumentos. REQUISIÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA AO BANCO. A legislação permite à administração tributária requisitar ao banco a movimentação financeira, quando demonstrado a existência de procedimento de fiscalização em curso, intimação enviada ao contribuinte para apresentação da movimentação financeira e constatação da hipótese de indispensabilidade, tais como a ocorrência de embaraço à fiscalização e movimentação financeira incompatível com a recita declarada. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. Por meio do art. 42 da Lei 9.430/1996 passouse a se caracterizar omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem destes recursos. Tratase de presunção legal que, intimado a prestar os esclarecimentos, o ônus da prova passa a ser do sujeito passivo. ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS E DOCUMENTOS COMERCIAIS. Intimado o contribuinte não apresenta os livros e documentos comerciais, o procedimento correto é o arbitramento do lucro. Como base de cálculo podese tomar os depósitos bancários sem comprovação das origens, em decorrência de sua caracterização como omissão de receita, por expressa disposição legal. Fl. 328DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 8 7 MULTA DE OFÍCIO PESSOA JURÍDICA EM PROCESSO DE FALÊNCIA. A questão da reclamação de multa das empresas em processo de falência diz respeito à fase de execução, não cabendo ao julgador declarála indevida quando configurados os pressupostos legais para sua imposição, por força do inciso VII, do art. 83, da Lei n° 11.101/2005 (lei da falência). RESPONSABILIDADE DO SÍNDICO DA MASSA FALIDA. Ante a ausência de imputação de responsabilidade ao sindico da massa falida na autuação, descabe pronunciamento por parte do julgador administrativo. Entretanto, o sindico não se livra do crivo judicial, nos termos do §5°, do art. 154, da Lei n° 11.101/2005 (lei da falência). ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2005 LANÇAMENTOS REFLEXOS. PIS, COFINS E CSLL. Inexistindo fatos novos a serem apreciados, o decidido no lançamento matriz aplicase aos lançamentos reflexos. Impugnação Improcedente Intimada da decisão da DRJ, a massa falida da contribuinte apresentou Recurso Voluntário, alegando: a) cerceamento do direito de defesa sob o fundamento de que os depósitos mês a mês não são suficientes para permitir que a recorrente tenha total conhecimento das operações, visto ter deixado de mencionar os saques, sendo que estes devem ser excluídos ou diminuídos do somatório dos depósitos; b) Com isso, requereu seja devolvido o prazo para a apresentação de impugnação, devendo ainda ser entregue cópia de todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito, a teor seja entregue cópia de todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito, a teor do disposto no artigo 9° do Decreto n ° 70.235/72; c) Quanto ao mérito afirma que o direito não permite que se tribute a dúvida, suposições. A receita a ser tributada no mínimo deve ser conhecida da empresa; d) No art. 535 e incisos, do mencionado diploma legal, o Legislador infra constitucional fixou as regras para o arbitramento, quando não se conhece a Receita Bruta da empresa; e) Portanto, há que estar presente os pressupostos de ocorrência do fato imponível. Assim sendo, para que possa ser quantificada deve a base de cálculo estar em sintonia, principalmente com a verdade material. A sua grandeza é decorrente de regra matriz tributária; Fl. 329DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 9 8 f) O Regulamento do Imposto de Renda não disciplina mais essa matéria, de modo que, se pode afirmar que depósito bancário não configura RECEITA para efeitos de servir de base de cálculo. Se não há previsão legal, não há que se falar em receita tomando os depósitos bancários como se receitas fossem; g) Em realidade, só é admissível quando ficar comprovado o nexo causal entre o montante depositado e o fato que represente omissão de rendimentos ou de receita; h) Não há dúvida de que o lançamento deuse através de arbitramento do lucro, sem um maior aprofundamento da fiscalização e, também, sem dar ao sujeito passivo a oportunidade de regularizar a sua escrita contábil e fiscal; i) Nesse passo pego vênia ao culto e douto auditor, pelo descortino técnico e jurídico, para no caso demonstrar que não houve pedido de outros elementos necessários ao procedimento fiscal no sentido de evitar o arbitramento, é como consta no relatório juntado ao RPF/MPF, que se formalizou a solicitação de cópias dos extratos as 11 (onze) instituições financeiras; j) Também não é verdade que o fisco não estivesse impossibilitado de aferir o lucro tributável pelo imposto de renda e pela contribuição social, pois poderia buscar informações prestadas pela contribuinte junto o fisco estadual, portanto, assim não procedeu, aliás, apenas restringiu a solicitar cópias dos extratos aos bancos; k) Alega ainda em seu longo arrazoado sobre a impossibilidade de aplicação de multa contra entidade em liquidação judicial; l) Por fim, requereu: i) seja o recurso conhecido e provido, considerado nulo todo o ato administrativo de requisição às instituições bancárias, cartórios e DetranES, por ausência de fundamentação e excluídos tais documentos do procedimento fiscal; ii) em caso de não ser deferido o que se requer no item anterior, requer seja fornecido todos os elementos de prova de que se valeu a fiscalização para lavrar os autos de infração e devolvido o prazo para impugnação; iii) finalmente, requer que seja provido o Recurso para tornar insubsistente o crédito tributário apurado: IRPJ, CSL, PIS e COFINS, bem como o afastamento da multa de oficio e a multa de mora. Este é o relatório! Voto Conselheiro RAFAEL CORREIA FUSO O Recurso é tempestivo e atende aos requisitos legais, por isso o conheço. Inicialmente, antes de iniciar o julgamento, cumpre a esse Relator tratar de questão preliminar que envolve o julgamento ou o sobrestamento do presente processo, visto que a matéria sobre a quebra de sigilo bancário encontrase pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal. Fl. 330DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 10 9 Muito se discute se seria o caso de sobrestar o julgamento, considerando o disposto no artigo 62A do Regimento Interno deste E. Tribunal, ou se seria o caso de julgar o Recurso Voluntário do contribuinte atendendo o disposto na Portaria n° 1/2012, do Ministro da Fazenda, que traz os seguintes enunciados sobre o tema: Art. 1º(...) Parágrafo único – O procedimento de sobrestamento de que trata o caput somente será aplicado a casos em que tiver comprovadamente sido determinado pelo Supremo Tribunal Federal – STF o sobrestamento de processos relativos a matéria recorrida, independente da existência de repercussão geral reconhecida para o caso. Entendo, na minha modesta opinião, que a Portaria do Ministro da Fazenda interpreta a questão da repercussão geral de forma parcial, analisando apenas os primeiros casos em que o Supremo Tribunal Federal procedeu com o sobrestamento dos processos, quando estava demonstrando a forma de se realizar o sobrestamento aos Tribunais de Justiça e aos Tribunais Regionais Federais, considerando ainda os casos que já haviam sido enviados àquele Tribunal. Tanto foi assim que os procedimentos de sobrestamento, conforme dispõe o artigo 543 – B, § 1°, do Código de Processo Civil, é uma norma dirigida aos Presidentes dos Tribunais de origem, ou seja, a norma não determina o sobrestamento ao STF: § 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhálos ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. (destaquei) Desta forma, considerar como sobrestado para fins de aplicação do disposto no artigo 62A, § 1°, do Regimento Interno do Carf apenas os processos em que o STF sobrestou por decisão expressa a matéria de forma ampla é um exagero, pois limita inclusive o próprio procedimento de processamento trazido no artigo 543B do CPC, sendo muito aquém do anseio do legislador quando dispõe: Art. 62A As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Desta feita, o entendimento desse Relator é pelo sobrestamento do presente processo, visto que a matéria que fundou o lançamento fiscal está sob repercussão geral do Fl. 331DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 11 10 STF, a despeito de não existir uma decisão do próprio STF sobrestando expressamente todos os demais processos, o que vem sendo feito pelos Presidentes dos Tribunais de origem. Foi feito despacho no sentido de sobrestar por esse Relator, sendo rejeitado pelo Presidente dessa Colenda Câmara que colocou em votação o processo, se julga ou não pelo colegiado, atendendo o disposto na Portaria CARF n° 1 de 3 de janeiro de 2012. Vencido o relator quanto ao não julgamento nesse momento, curvome ao entendimento dos meus pares, visto que estamos num Estado Democrático de Direito, fundado no princípio da legalidade, e passo ao julgamento. Quanto à alegação de cerceamento do direito de defesa, entendo que o procedimento adotado pela fiscalização não merece reparos, visto que o síndico teve amplo acesso ao trabalho fiscal, especificamente quanto aos extratos bancários, sendo que a intimação feita pela fiscalização atendeu ao disposto no artigo 42 da Lei n° 9430/96, abaixo transcrito: Art.42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: (...) Observo dos autos que a planilha apresentada pela Receita Federal ao contribuinte, para fins de que esclarecesse os depósito judiciais atendem ao disposto no artigo 42 supracitado, não existindo, portanto, irregularidades no conteúdo da planilha e na intimação, não configurando cerceamento do direito de defesa. É fato que os extratos bancários da Caixa Econômica Federal não foram enviados conjuntamente com a planilha (fls. 162 a 173) ao Sr. Síndico. Contudo, esses documentos permaneceram à disposição na repartição fiscal para vistas e pedidos de cópia, sendo que sua omissão não permite alegar cerceamento do direito de defesa, visto que a planilha com as informações detalhadas e individualizadas das movimentações financeiras supre a exigência legal. Quanto ao mérito, entendo que existem reparos a serem feitos na decisão da DRJ, especificamente quanto à multa. Fl. 332DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 12 11 Constatase do relatório fiscal que antes mesmo de ter sido concluída a lavratura do Auto de Infração, a autoridade fiscal lançadora tinha total conhecimento de que a empresa encontravase sob o manto da falência, decretada pelo Poder Judiciário, sendo inclusive intimado o Sr. Síndico para apresentar as justificativas quanto às movimentações financeiras feitas pela empresa. Em se tratando de falência não podem ser cobrados da Massa Falida os valores correspondentes à multa punitiva, bem como eventual juros incidentes sobre as referidas multas, conforme disposto no artigo 23 do Decreto Lei nº 7.661/45: “Art. 23. Ao juízo da falência devem concorrer todos os credores do devedor comum, comerciais ou civis, alegando e provando seus direitos. Parágrafo único. Não podem ser reclamados na falência: (...) III – as penas pecuniárias por infração das leis penais e administrativas.” O STF, interpretando o artigo 23, inciso III do Decreto Lei nº 7.661/45, enunciou a Súmula n° 192, segundo a qual não se inclui na falência a multa fiscal com efeito de pena administrativa, avançando na interpretação da matéria, em sessão de 14/08/1975 o STF enunciou a Súmula n° 565 dispondo que: “a multa fiscal moratória constitui pena administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência.” Desta forma, resta pacificado no âmbito do STF que a multa fiscal punitiva não deve ser cobrada da massa falida. Esse inclusive é o entendimento da jurisprudência desse Conselho: INSTITUIÇÃO FINANCEIRA EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL APLICAÇÃO DE MULTA DE OFICIO EM AUTO DE INFRAÇÃO –IMPOSIÇÃO POSTERIOR A DECRETAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL: Quando da lavratura de auto de infração exigindo tributo, ocorrida após a decretação de liquidação extrajudicial de instituição financeira, inadequada a imposição da multa de oficio. Essa conclusão defluiu do entendimento de que a liquidação extrajudicial é o sucedâneo administrativo da falência (Art. 34 da Lei n ° 6.024/74) e diante do teor da Súmula n ° 565 do Egrégio STF. Recurso Especial Negado. (Acórdão CSRF/01 05.389, Recurso de Divergência 107127547, Rel. Cons. José Carlos Passuello, j. 20/03/2006; grifos editados) MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. Incabível a exigência de multa de oficio em instituição financeira em liquidação extrajudicial. (Lei n° 6.024/74 art. 18 c/c 1° e 34. DL no 7.661/45. Sumulas n°s: 195 e 565 do STF). (Acórdão CSRF/01 05.387, Rel. Cons. José Clóvis Alves, j. 20/03/2006). Fl. 333DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 13 12 Outra questão que coloca por terra a multa aplicada é o disposto na Súmula nº 14 do CARF, visto que a autoridade fiscal não se aprofundou como deveria na investigação, de forma que se permite concluir pela existência de dolo, fraude ou simulação: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Entendo que a parcialidade na investigação beneficia o contribuinte, não podendo ser imputado a ele qualquer presunção da prática de dolo que viesse a qualificar a multa aplicada. Quanto ao mérito da questão do arbitramento e do lançamento fiscal, verifico que a Recorrente não traz nada de novo em sua peça recursal, mantendo a mesma linha de argumentação, desprovida de provas quanto à movimentação bancária. E mais, a questão da presunção é autorizada pelo próprio artigo 42 da Lei n° 9.430/96, que inverte o ônus da prova nas hipóteses do contribuinte não apresentar as justificativas necessárias e plausíveis quanto às suas movimentações financeiras. Desta feita, correta a aplicação do disposto nos artigos 530, 532 e 539 do RIR/99: Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; Art. 532. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, § 11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei nº 9.249, de 1995, art. 16, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 27, inciso I). Art. 537. Verificada omissão de receita, o montante omitido será computado para determinação da base de cálculo do imposto devido e do adicional, se for o caso, no período de apuração correspondente, observado o disposto no art. 532 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24). Parágrafo único. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela que corresponder o percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, § 1º). Diante do exposto, considerando a inversão do ônus da prova nos termos do artigo 42 da Lei n° 9430/96, considerando que para fins de apuração da receita omitida na Fl. 334DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO Processo nº 15540.000290/201031 Acórdão n.º 1201000.774 S1C2T1 Fl. 14 13 apuração da tributação importa as entradas, e não as saídas, destacando que no caso em apreço não há cheques devolvidos, créditos financeiros bancários, empréstimos, etc., que seriam excluídos da base de cálculo dos tributos incidentes, considerando ainda que o contribuinte não conseguiu afastar a presunção da imputação através de contraprovas que descaracterizassem as supostas receitas omitidas, entendo pela manutenção do lançamento nessa parte. Diante do exposto, conheço do recurso e no mérito dou parcial provimento para cancelar a multa punitiva aplicada. É como voto! (documento assinado digitalmente) Rafael Correia Fuso Relator Fl. 335DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 05/06/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por RAFAEL CORREIA FUSO
score : 1.0
Numero do processo: 10935.721287/2011-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Jul 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
COMPETÊNCIA. SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. LANÇAMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CTN E LEI N. 8.212/91.
À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
Além disso, o Auditor Fiscal - no exercício de atividade vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, art. 142, CTN - ao constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I, do caput do art. 9º, RPS, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado [art. 229, § 2º, do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99].
INCONSTITUCIONALIDADE E TAXA SELIC. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme dispõe a Súmula CARF nº 2.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais, conforme prevê a Súmula CARF nº 4.
Numero da decisão: 2301-003.827
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso,nos termos do voto do(a) Relator(a).
MARCELO OLIVEIRA - Presidente.
MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR - Relator.
EDITADO EM: 13/06/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, MAURO JOSE SILVA, MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201311
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 COMPETÊNCIA. SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. LANÇAMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CTN E LEI N. 8.212/91. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Além disso, o Auditor Fiscal - no exercício de atividade vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, art. 142, CTN - ao constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I, do caput do art. 9º, RPS, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado [art. 229, § 2º, do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99]. INCONSTITUCIONALIDADE E TAXA SELIC. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme dispõe a Súmula CARF nº 2. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais, conforme prevê a Súmula CARF nº 4.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 07 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10935.721287/2011-89
anomes_publicacao_s : 201407
conteudo_id_s : 5357838
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jul 07 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2301-003.827
nome_arquivo_s : Decisao_10935721287201189.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10935721287201189_5357838.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso,nos termos do voto do(a) Relator(a). MARCELO OLIVEIRA - Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR - Relator. EDITADO EM: 13/06/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, MAURO JOSE SILVA, MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 20 00:00:00 UTC 2013
id : 5512409
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:24:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815662669824
conteudo_txt : Metadados => date: 2014-06-13T15:43:04Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2014-06-13T15:43:04Z; Last-Modified: 2014-06-13T15:43:04Z; dcterms:modified: 2014-06-13T15:43:04Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:4a874704-96a9-4dd8-816d-4cdee6c601a8; Last-Save-Date: 2014-06-13T15:43:04Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2014-06-13T15:43:04Z; meta:save-date: 2014-06-13T15:43:04Z; pdf:encrypted: true; modified: 2014-06-13T15:43:04Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2014-06-13T15:43:04Z; created: 2014-06-13T15:43:04Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; Creation-Date: 2014-06-13T15:43:04Z; pdf:charsPerPage: 2458; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2014-06-13T15:43:04Z | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 2 1 1 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.721287/201189 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301003.827 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de novembro de 2013 Matéria Descaracterização de vínculo Recorrente DINAMICA RECURSOS HUMANOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 COMPETÊNCIA. SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. LANÇAMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CTN E LEI N. 8.212/91. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Além disso, o Auditor Fiscal no exercício de atividade vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, art. 142, CTN ao constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I, do caput do art. 9º, RPS, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado [art. 229, § 2º, do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99]. INCONSTITUCIONALIDADE E TAXA SELIC. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme dispõe a Súmula CARF nº 2. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, conforme prevê a Súmula CARF nº 4. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 72 12 87 /2 01 1- 89 Fl. 506DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso,nos termos do voto do(a) Relator(a). MARCELO OLIVEIRA Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator. EDITADO EM: 13/06/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, MAURO JOSE SILVA, MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR. Relatório Tratase de Auto de Infração, consolidado em 05 de outubro de 2011, referente à sete DEBCAD, tendo como sujeito passivo a DINÂMICA RECURSOS HUMANOS LTDA., pelo seguinte motivo: DEBCAD no 51.003.2443: não recolhimento da contribuição devida a Seguridade Social em razão do pagamento da remuneração aos segurados empregados registrados na empresa REF RECURSOS HUMANOS LTDA.; DEBCAD no 51.003.2460: não recolhimento da contribuição devida pelos segurados que prestaram serviço a DINÂMICA RECURSOS HUMANOS LTDA. e remuneradas pela mesma, apesar de indevidamente registrados na REF RECURSOS HUMANOS LTDA.; DEBCAD no 51.003.2486: não recolhimento da contribuição devida a outras entidades ou fundos, cujo fato gerador ocorreu com o pagamento da remuneração aos segurados empregados que prestaram serviço a empresa, mas que estavam indevidamente registrados na REF RECURSOS HUMANOS LTDA; DEBCAD no 51.003.2516: não recolhimento da contribuição patronal devida a Seguridade Social; DEBCAD no 51.003.2532: não recolhimento da contribuição devida pelos segurados devido a prestação de serviços a DINÂMICA RECURSOS HUMANOS LTDA.; Fl. 507DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10935.721287/201189 Acórdão n.º 2301003.827 S2C3T1 Fl. 3 3 DEBCAD no 51.003.2559: não recolhimento da contribuição patronal devida a outras entidades ou fundos em razão do pagamento de remuneração aos segurados empregados que prestaram serviço a empresa; DEBCAD no 51.003.2494: compensações indevidas a título de retenção de 11% incidentes sobre as notas fiscais de prestação de serviço. Conforme o relatório fiscal das infrações, os lançamentos referemse à diversos autos de infração, cujas lavraturas ocorreram em razão do mandado de procedimento fiscal MPF no 0910300.2011.003292. De acordo com o relatório, por meio da auditoria fiscal realizada nas empresas DINÂMICA RECURSOS HUMANOS LTDA. e REF RECURSOS HUMANOS LTDA. ME, restou comprovado que os empregados que estavam registrados na empresa REF, optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, na realidade são empregados da Empresa DINÂMICA. A empresa foi cientificada da notificação em 06 de outubro de 2011, apresentando, em 03 de novembro de 2011, impugnação ao presente lançamento, alegando, em síntese, que: 1. há nulidade no auto de infração em razão da ilegitimidade passiva da autuada; 2. falta de dedução pelos agentes fiscais dos recolhimentos efetuados pela empresa REF RECURSOS HUMANOS LTDA.; 3. modificação do empregador nos vínculos empregatícios; 4. aplicação do parágrafo 9o do artigo 89 da Lei 8.212/91 nos acréscimos moratórios; 5. diferença entre as remunerações informadas em GFIP e recolhidas em guias de recolhimento e as remunerações pagas aos empregados; 6. inconstitucionalidade da aplicação de taxa remuneratória como juros moratórios; Em 30 de janeiro de 2012, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba, no Acórdão no 0635.350 – 7a Turma da DRJ/CTA, concluiu pela procedência parcial do crédito: “Ante o exposto, voto no sentido de considerar procedente em parte a impugnação, mantendo integralmente os Autos de Infração nºs 51.003.2443, 51.003.2460, 51.003.2486, 51.003.2516, 51.003.2532 e 51.003.2559, e reduzindo o valor do Auto de Infração nº 51.003.2494 para R$ 451.991,43 (em face da redução da multa, de 75% para 20%)”. Foram lavrados sete autos de infração, sendo que seis deles tiveram os valores originais mantidos. Apenas o DEBCAD no 51.003.2494 teve o valor reduzido devido à Fl. 508DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA 4 redução da aplicação da multa. Os motivos decorrentes das notificações foram variados, conforme transcrição abaixo: “Os AI nºs 51.003.2443, 51.003.2460 e 51.003.2486 foram lavrados em virtude da falta de recolhimento das contribuições previdenciárias patronais, das contribuições previdenciárias devidas pelos segurados e das contribuições patronais devidas a outras entidades ou fundos, todas incidentes sobre remunerações pagas aos segurados empregados que prestaram serviços à empresa autuada (Dinâmica Recursos Humanos Ltda) e estavam indevidamente registrados na empresa REF Recursos Humanos Ltda ME. A auditoria fiscal entendeu que o vínculo formal dos trabalhadores com a empresa REF foi uma simulação efetuada para a empresa autuada (Dinâmica) evadirse das contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de pagamento, já que a REF era optante pelo SIMPLES, regime tributário no qual as contribuições patronais são substituídas por um percentual incidente sobre o faturamento. Os elementos de convicção listados pela fiscalização para considerar que os empregados registrados na REF eram na realidade empregados da empresa autuada foram os seguintes: a) as duas empresas são administradas pela mesma pessoa, a Sra Rosani Edite Ferrari, que possui 99% das quotas de ambas; b) as duas empresas funcionam exatamente no mesmo local, sem qualquer tipo de distinção ou divisão; c) todas as despesas de funcionamento, tais como aluguéis de imóveis, contas de luz, água e telefone, gastos com papelaria, direitos de uso de programas de computador, contratos de manutenção de redes, materiais de informática, etc, eram de responsabilidade da empresa autuada (Dinâmica), que efetivamente assumiu os riscos do empreendimento; d) a própria empresa REF informou à fiscalização que “não tinha movimento”, informação corroborada pela apresentação de declaração de Imposto de Renda como “inativa” em 2007 e pela ausência de apresentação de livros contábeis; e) todos os controles das empresas são de fato feitos pelas mesmas pessoas, sendo o setor contábil e de recursos humanos um só, de responsabilidade da empresa autuada (Dinâmica); f) diversos empregados foram demitidos da empresa autuada e em seguida admitidos na empresa REF, mas continuaram prestando serviço da mesma maneira e para o mesmo empregador; g) o pagamento dos empregados era feito mediante crédito bancário por meio de contas da empresa autuada (Dinâmica) e da empresa R. E. Ferrari (outra empresa do grupo), e nunca por meio de conta da empresa REF”. “Os AI nºs 51.003.2516, 51.003.2532 e 51.003.2559 foram lavrados em virtude da falta de recolhimento das contribuições previdenciárias patronais, das contribuições previdenciárias devidas pelos segurados e das contribuições patronais devidas a outras entidades ou fundos, todas incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que estavam devidamente registrados na própria empresa autuada (Dinâmica Recursos Humanos Ltda), mas que não foram informadas em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. Verificouse que a empresa omitiu os pagamentos efetuados aos empregados a título de “prêmios”, sendo essa Fl. 509DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10935.721287/201189 Acórdão n.º 2301003.827 S2C3T1 Fl. 4 5 verba considerada como integrante do salário de contribuição por configurar uma gratificação pelos serviços prestados”. “O AI nº 51.003.2494 foi lavrado em virtude de a empresa ter efetuado compensações indevidas relativas a retenções de 11% sobre as notas fiscais de prestação de serviços. Verificouse que a empresa autuada informou em GFIP, no campo das retenções, valores maiores do que os valores que efetivamente lhe foram retidos nas notas fiscais. Assim, o objeto do AI são os valores compensados a maior, correspondentes à diferença entre os valores efetivamente compensados e os valores a que a empresa teria direito de compensar em cada mês”. Quanto à multa, o acórdão conclui que foi aplicada erroneamente, tendo em vista que deveria ter sido observado o disposto nos parágrafos 9o e 10o da Lei 8.212/91, acrescentados pela Medida Provisória no 449, de 03 de dezembro de 2008, posteriormente convertida na Lei 11.941, de 27 de maio de 2009: “[...] a multa sobre as compensações indevidas deve ser reduzida de 75% para 20%. Assim, o valor do crédito tributário constituído pelo Auto de Infração nº 51.003.2494 deve ser reduzido para R$ 451.991,43 (valor consolidado em 05/10/2011, sendo R$ 331.135,73 de contribuições, R$ 54.628,55 de juros e R$ 66.227,15 de multa)”. O sujeito passivo foi intimado, em 12 de março de 2012, para apresentar recurso no prazo de 30 dias. Irresignada, a empresa interpôs o recurso voluntário, em 11 de abril de 2012, que repisa basicamente os argumentos dispostos na peça de impugnação, acrescentando a questão da decadência e o caráter confiscatório da multa. Em 13 de abril de 2012, o processo foi encaminhado para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para apreciação. É o que tenho a relatar. Voto Conselheiro MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator Sendo tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame do mérito. De acordo com o relatório, por meio da auditoria fiscal realizada nas empresas DINÂMICA RECURSOS HUMANOS LTDA. e REF RECURSOS HUMANOS LTDA. ME, restou comprovado que os empregados que estavam registrados na empresa REF, optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, na realidade são empregados da Empresa DINÂMICA. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA 6 Foram lavrados sete autos de infração, sendo que seis deles tiveram os valores originais mantidos. Apenas o DEBCAD no 51.003.2494 teve o valor reduzido devido à redução da aplicação da multa. Os motivos decorrentes das notificações foram variados, conforme transcrição abaixo: “Os AI nºs 51.003.2443, 51.003.2460 e 51.003.2486 foram lavrados em virtude da falta de recolhimento das contribuições previdenciárias patronais, das contribuições previdenciárias devidas pelos segurados e das contribuições patronais devidas a outras entidades ou fundos, todas incidentes sobre remunerações pagas aos segurados empregados que prestaram serviços à empresa autuada (Dinâmica Recursos Humanos Ltda) e estavam indevidamente registrados na empresa REF Recursos Humanos Ltda ME. A auditoria fiscal entendeu que o vínculo formal dos trabalhadores com a empresa REF foi uma simulação efetuada para a empresa autuada (Dinâmica) evadirse das contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de pagamento, já que a REF era optante pelo SIMPLES, regime tributário no qual as contribuições patronais são substituídas por um percentual incidente sobre o faturamento. Os elementos de convicção listados pela fiscalização para considerar que os empregados registrados na REF eram na realidade empregados da empresa autuada foram os seguintes: a) as duas empresas são administradas pela mesma pessoa, a Sra Rosani Edite Ferrari, que possui 99% das quotas de ambas; b) as duas empresas funcionam exatamente no mesmo local, sem qualquer tipo de distinção ou divisão; c) todas as despesas de funcionamento, tais como aluguéis de imóveis, contas de luz, água e telefone, gastos com papelaria, direitos de uso de programas de computador, contratos de manutenção de redes, materiais de informática, etc, eram de responsabilidade da empresa autuada (Dinâmica), que efetivamente assumiu os riscos do empreendimento; d) a própria empresa REF informou à fiscalização que “não tinha movimento”, informação corroborada pela apresentação de declaração de Imposto de Renda como “inativa” em 2007 e pela ausência de apresentação de livros contábeis; e) todos os controles das empresas são de fato feitos pelas mesmas pessoas, sendo o setor contábil e de recursos humanos um só, de responsabilidade da empresa autuada (Dinâmica); f) diversos empregados foram demitidos da empresa autuada e em seguida admitidos na empresa REF, mas continuaram prestando serviço da mesma maneira e para o mesmo empregador; g) o pagamento dos empregados era feito mediante crédito bancário por meio de contas da empresa autuada (Dinâmica) e da empresa R. E. Ferrari (outra empresa do grupo), e nunca por meio de conta da empresa REF”. “Os AI nºs 51.003.2516, 51.003.2532 e 51.003.2559 foram lavrados em virtude da falta de recolhimento das contribuições previdenciárias patronais, das contribuições previdenciárias devidas pelos segurados e das contribuições patronais devidas a outras entidades ou fundos, todas incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que estavam devidamente registrados na própria empresa autuada (Dinâmica Recursos Humanos Ltda), mas que não foram informadas em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. Verificouse que a empresa omitiu os pagamentos Fl. 511DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10935.721287/201189 Acórdão n.º 2301003.827 S2C3T1 Fl. 5 7 efetuados aos empregados a título de “prêmios”, sendo essa verba considerada como integrante do salário de contribuição por configurar uma gratificação pelos serviços prestados”. “O AI nº 51.003.2494 foi lavrado em virtude de a empresa ter efetuado compensações indevidas relativas a retenções de 11% sobre as notas fiscais de prestação de serviços. Verificouse que a empresa autuada informou em GFIP, no campo das retenções, valores maiores do que os valores que efetivamente lhe foram retidos nas notas fiscais. Assim, o objeto do AI são os valores compensados a maior, correspondentes à diferença entre os valores efetivamente compensados e os valores a que a empresa teria direito de compensar em cada mês”. Os elementos de convicção listados pela fiscalização para considerar que os empregados registrados na REF eram na realidade empregados da empresa autuada foram os seguintes: a) as duas empresas são administradas pela mesma pessoa, a Sra. Rosani Edite Ferrari, que possui 99% das quotas de ambas; b) as duas empresas funcionam exatamente no mesmo local, sem qualquer tipo de distinção ou divisão; c) todas as despesas de funcionamento, tais como aluguéis de imóveis, contas de luz, água e telefone, gastos com papelaria, direitos de uso de programas de computador, contratos de manutenção de redes, materiais de informática etc, eram de responsabilidade da empresa autuada (Dinâmica), que efetivamente assumiu os riscos do empreendimento; d) a própria empresa REF informou à fiscalização que “não tinha movimento”, informação corroborada pela apresentação de declaração de Imposto de Renda como “inativa” em 2007 e pela ausência de apresentação de livros contáveis; e) todos os controles das empresas são de fato feitos pelas mesmas pessoas, sendo o setor contábil e de recursos humanos um só, de responsabilidade da empresa autuada (Dinâmica); f) diversos empregados foram demitidos da empresa autuada e em seguida admitidos na empresa REF, mas continuaram prestando serviço da mesma maneira e para o mesmo empregador; g) o pagamento dos empregados era feito mediante crédito bancário por meio de contas da empresa autuada (Dinâmica) e da empresa R. E. Ferrari (outra empresa do grupo), e nunca por meio de conta da empresa REF. Não obstante os argumentos apresentados pela Autuada entendo que não merece reparo o decisum recorrido quanto à constatação de simulação. A simulação, uma das formas de fraude fiscal, é um defeito do ato jurídico e está expressamente regulada, nos artigos 102 a 105, do Código Civil Brasileiro. Na definição de Clóvis Beviláqua, a simulação é uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. Segundo Orlando Fl. 512DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA 8 Gomes, ocorre a simulação quando "em um negócio jurídico se verifica intencional divergência entre a vontade real e a vontade declarada, com o fim de enganar terceiros" (GOMES, Orlando. Introdução ao Estudo do Direito, 7a. ed., Rio de Janeiro : Forense, 1983, p. 374.). A simulação é uma deformação voluntária do ato ou negócio jurídico com o intuito de fugir à disciplina normal prevista em lei. Nela ocorre um desacordo intencional entre a vontade interna das partes, efetivamente querida, e a declarada. Para Silvio Rodrigues, negócio simulado "é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam". O art. 167, do CCB/2002 define bem os casos de simulação: […] § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. Constatase que o legislador pátrio considerou três espécies de simulação. A primeira delas é a simulação por interposição de pessoa. A parte que figura no contrato não é a pessoa que deve aproveitar os resultados do mesmo, mas sim outra pessoa, um titular fingido ou testa de ferro. Visase, por este expediente, encobrir o nome da pessoa a quem realmente se pretende outorgar ou transferir os direitos. A segunda é a simulação por ocultação da verdade na declaração. A simulação, neste caso, resulta de declaração, confissão, condição, ou cláusula falsa. Por fim, o legislador previu a simulação por falsidade da data. Neste caso, as datas apostas aos documentos não são verdadeiras. O ônus da prova da simulação cabe à administração pública, pois, como é cediço, cabe a ela, e não ao contribuinte, constituir a prova que embasa o lançamento. Com efeito, é indispensável para qualquer lançamento tributário a prova dos fatos e dos atos efetivos, inclusive quando se pretender invalidar uma tentativa de planejamento tributário que possa ser caracterizada como evasão fiscal ilícita. Pode esta prova, contudo, assentarse em indícios e presunções, desde que preciso, graves, concordantes e autorizados por lei. Neste aspecto, o ônus da prova é do Fisco, como ensina Marco Aurélio Greco: "Não nego a existência do direito de o contribuinte se auto organizar; afirmo apenas que o exercício deste direito é dependente da existência de uma razão extratributária, econômica, empresarial, familiar etc. que o justifique. Não sustento a aplicabilidade da chamada interpretação econômica das leis tributárias; afirmo, apenas, que os atos abusivos não serão oponíveis ao Fisco. Não pretendo fazer uma leitura segmentada da Constituição; busco, isto sim, entender o conjunto de suas previsões. Não afirmo que o Fisco possa, a seu belprazer, desqualificar as operações realizadas; afirmo, isto sim, e peremptoriamente, que cabe ao Fisco o ônus da prova de que o único motivo da operação foi a busca de menor carga Fl. 513DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10935.721287/201189 Acórdão n.º 2301003.827 S2C3T1 Fl. 6 9 tributária" (GRECO, Marco Aurélio. Planejamento fiscal e interpretação da lei tributária, São Paulo : Dialética, 1998, pp. 140 e 141, grifos nossos). PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E O “PROPÓSITO NEGOCIAL” Por que pagar tributos? Por trás desta pergunta, encontrase um dos dilemas mais relevantes para a compreensão da tributação, especialmente no Estado Democrático de Direito. Afinal, se a mera existência de um Estado implica a necessidade de cobrir seus custos, parece natural que se investigue quem deve arcar com tais encargos. Diante da superação do autoritarismo, que implicaria que o pagamento de tributos fosse injustificado (pague porque assim a lei manda), os sistemas constitucionais modernos consagram, na aplicação do princípio da igualdade, a necessidade de busca de uma fundamentação, plasmada por valores constitucionais, para a escolha daqueles que se sujeitarão à tributação. A busca da justificação dos tributos ou melhor: a justificação, ou critério, para a escolha daqueles que arcarão com os custos do Estado exige a retomada de estudos iniciados no cameralismo alemão e aproveitados pelos juristas, inspirados pela Escola de Pavia, sob o signa da causa da tributação. Não e este, por certo, o espaço apropriado para investigar se a obrigação tributaria tem uma causa: mesmo que se deixe de lado este aspecto, dificilmente se negará a necessidade para a justificação constitucional dos critérios utilizados para a escolha das hip6teses de incidência. No caso de impostos, que se caracterizam por seu caráter não vinculado a qualquer atividade estatal, servindo, por isso mesmo, para cobrir as despesas gerais do Estado, a capacidade contributiva revelase critério pacificamente aceito para a distribuição dos encargos entre a sociedade. Ou seja: os gastos estatais devem ser suportados por toda a sociedade, utilizandose como critério de rateio a capacidade contributiva. Esta, hoje positivada em nosso constitucional (art. 145, §1°), impõe que se elejam hip6teses de incidência que revelem, objetivamente, sua existência. Surgido o consenso sobre a importância da capacidade contributiva, e imediata a indagação acerca do modo como ela deve ser captada pelo legislador, quais as situações que se revelam adequadas para identificar manifestações desde capacidade contributiva. Ideal seria fossem todas as manifestações de capacidade contributiva ponderadas pelo legislador, de modo a assegurar que a repartição do ônus tributário servisse para concretizar o ideal da justiça em matéria tributária. Este ideal de repartição da carga tributaria esbarra, entretanto, em outros vetores do ordenamento jurídico que, visando a concretizar valores prestigiados constitucionalmente, não podem ser deixados de lado quando se considera o tema da tributação. Assim e que quando se cogita de repartição do ônus tributário, importa considerar, no sistema constitucional brasileiro, a repartição de competências tributárias, já que o próprio constituinte tratou de identificar e alocar fenômenos econômicos que serviriam aquele fim. Fl. 514DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA 10 Vêse, daí, um primeiro corte no ideal da capacidade contributiva. Afinal, se o constituinte arrola fenômenos econômicos e os distribui entre as pessoas jurídicas de direito publico, e imediato que a escolha não poderia ser exaustiva: outras situações da vida, igualmente relevantes para identificar aqueles que teriam condições de contribuir para os gastos comuns, são deixadas de lado. Do mesmo modo como se dá uma eleição, pelo constituinte, de fenômenos que indicarão capacidade contributiva, o ordenamento brasileiro impõe um segundo corte, desta feita a cargo do legislador, no âmbito de sua competência. Ou seja: em virtude do principio da legalidade, a tributação não esgota, necessariamente, todo o campo reservado a competência do ente tributante. E prerrogativa do legislador escolher, dentro daquele campo, as hipóteses que darão azo a tributação. Decorre daí que os fenômenos que serão submetidos a tributação nem de longe tem o condão de esgotar o universo de manifestações de capacidade contributiva. A presença de situação que revele, objetivamente, aquela capacidade, e condição necessária, mas não suficiente, para que se de a imposição tributaria. Não basta, pois, averiguar a ocorrência de capacidade contributiva, para que de imediato se conclua pela tributação. Importa que a situação tenha sido contemplada, de modo abstrato, pelo legislador. E próprio do ordenamento que algumas manifestações de capacidade contributiva sejam tributadas e outras tantas escapem de tal ônus. A mera presença de capacidade contributiva não constitui, daí, razão suficiente para se pretender ver alcançada pela tributação situação não contemplada pelo legislador. Foi com base em tais constatações clássicas do Direito Tributário que se explorou, por muito tempo, o tema do planejamento tributário: diante da certeza de que apenas as situações previstas pelo legislador estariam sujeitas a tributação, surgia como imediato o direito do contribuinte de organizar seus negócios, de modo a afastar a tributação, por meio de estruturas muitas vezes injustificáveis de um ponto de vista meramente empresarial, mas suficientes para assegurar resultado equivalente aquele que teria o contribuinte alcançado, tivesse ele seguido um caminho usual; a economia de tributos se daria porque enquanto a opção comum e usual constituiria fato gerador do tributo, a estrutura alternativa criada pelo contribuinte não estaria dentro da hipótese de incidência tributária. Noutras palavras, conquanto em ambos os casos houvesse manifestações de capacidade contributiva equivalente, a estrutura contemplada pelo contribuinte estaria livre da tributação. Paulatinamente, esta tendência passou a ser revertida, criandose limitações diversas ao planejamento tributário. Seja por meio de alterações legislativas, seja a partir da evolução jurisprudencial, novos limites foram sendo apresentados a liberdade do contribuinte. Também no Brasil viveuse evolução semelhante: se até meados da década de 90 do século passado, a liberdade do contribuinte na estruturação de suas transações não encontrava limites, exceto os casos de fraude ou simulação, a jurisprudência administrativa passou, a partir de então, a acatar posicionamento das autoridades fiscais, que questionavam algumas daquelas estruturas, não obstante o cuidado do contribuinte. Do ponto de vista do arcabouço legislativo, a única mudança significativa, neste campo, parece ter sido a inserção do paragrafo único no artigo 116 do Código Tributário Nacional, apontado, na época, como norma antielisiva. Fl. 515DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10935.721287/201189 Acórdão n.º 2301003.827 S2C3T1 Fl. 7 11 Não obstante a falta de evolução legislativa, o fato é que a jurisprudência administrativa, especialmente do antigo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda (atual Conselho Administrativo de Recursos FiscaisCARF), passou a rejeitar diversas estruturas criadas pelos contribuintes com a finalidade de afastar ou diminuir a incidência tributária. A grande questão passa a ser: quais são as circunstâncias que tornam válido um planejamento adotado por um contribuinte? Diante do universo de possibilidades, entendeuse que a motivação não exclusivamente tributária, a desconsideração dos fatos descritos pelo contribuinte e a observância de regras cogentes nãotributárias seriam as fatores (rectius:.propriedades) relevantes1. Merecem atenção as resultados obtidos: enquanto num primeiro momento pareciam mais relevantes os casos de descompasso entre as fatos narrados e os efetivamente verificados, foram, a partir de certo momento, os motivos extratributários da operação que surgiram como o grande critério adotado pelo antigo Conselho de Contribuintes nos casos de planejamento tributário2. Surgido na jurisprudência estadunidense, o business purpose, ou propósito negocial, questiona se a operação teria sido efetuada do mesmo modo, não fossem as vantagens tributárias geradas. Registrese que a busca do propósito negocial esconde, em geral, o paradoxo de que não haverá transação em que o aspecto tributário não influencie o comportamento do contribuinte: tirados os efeitos tributários de qualquer transação esta teria contornos diversos. Nesse sentido, o business purpose, enquanto critério de separação entre as operações válidas e inválidas, parece esconder certo grau de arbítrio. Dúvida interessante passa a ser quais são as circunstâncias que levam um julgador a confirmar, ou negar, o propósito negocial de uma transação. Para tanto verificouse que três elementos pareciam ser relevantes para que os julgadores se satisfizessem quanto àquele requisito: o intervalo temporal entre as operações, a independência das partes e a coerência entre a operação e as atividades empresariais das partes envolvidas. o elemento temporal costuma confirmarse na prática da advocacia empresarial: e bastante comum que planejamentos tributários não se façam a longo prazo. No lugar de enxergarem o planejamento como uma estratégia empresarial, como efetiva prática na rotina dos negócios, constituem prática corriqueira os planejamentos as pressas, onde séries de documentos são assinados num único momento, muitos deles desfazendo transações que se celebraram no mesmo instante. O pejo dos profissionais envolvidos os obriga a fazer constarem horários diferentes (mas ainda uma única data) ou datas próximas, levando a crer que não se celebrariam determinados contratos, se tivesse a certeza de que outros os seguiriam, de modo a, finalmente, assegurar o resultado desejado. A independência das partes investiga aquelas operações ditas "em casa": sob o manto da independência das pessoas jurídicas, celebramse transações sem qualquer efeito econômico perante terceiros. Muitas vezes, surgem na forma de incorporações, fusões e 1 SCHOUERI, Luís Eduardo (coord.); FREITAS, Rodrigo de (org.). Planejamento Tributário e “Propósito Negocial” – Mapeamento de Decisões do Conselho de Contribuintes de 2002 a 2008. São Paulo: Quartier Latin, 2010, p. 17. 2 Idem. Fl. 516DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA 12 cisões, quando figuras como ágios e reservas geram efeitos tributários; também podem surgir como forma de alocar perdas e ganhos entre empresas de um mesmo grupo, sempre tendo em vista a redução da carga tributaria total. Finalmente, a coerência busca as transações anormais: aquelas que não se inserem na rotina da empresa ou em sua lógica empresarial, que gera a desconfiança de que não ocorram motivos extratributários. No caso, a alegação da autuada de “que jamais simulou negócios para evadir do pagamento de contribuições sociais, apenas utilizouse legalmente da possibilidade de abrir diversas empresas em regimes de tributação diversos, sem nunca tentar esconder isso do Fisco”, demonstra cabalmente que a constituição de interposta pessoa [REF RECURSOS HUMANOS], optante pelo SIMPLES/SIMPLES NACIONAL teve o intuito intrinsecamente de redução da tributação. Destarte, mantenho incólume a autuação nesta parte. 2 DA COMPETÊNCIA DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL Em relação às alegações de que o Instituto deve absterse de transformar uma relação entre pessoas jurídicas, entendendo tratarse de matéria de competência da Justiça do Trabalho, a mesma é inaceitável, pois a legislação previdenciária é especial e autônoma, não se conflitando com as leis trabalhistas. A atuação de ambas se processa paralelamente; cada qual atua com total independência harmônica e complementarmente entre si. Com bem citado pela autoridade fiscal, quando do Relatório Fiscal, o art. 33, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, alterado pela Lei nº 10.256, de 09 de julho de 2001, conferiu ao INSS competência para normatizar o recolhimento das contribuições sociais: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Além disso, o Auditor Fiscal no exercício de atividade vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, art. 142, CTN ao constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I, do caput do art. 9º, RPS, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado [art. 229, § 2º, do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99]: RPS ART. 229 , §2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. Fl. 517DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10935.721287/201189 Acórdão n.º 2301003.827 S2C3T1 Fl. 8 13 O CTN já previa, antes mesmo da inserção desse famigerado parágrafo único – art. 116 , em seu art. 150, §4º, a possibilidade de não homologar o lançamento quando comprovado dolo, fraude ou simulação: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Dessa forma, se a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio de seu órgão fiscal, observou ato previdenciário que não se coaduna com a realidade fática, deve, por força de obrigação legal, investigálo, e, se for o caso, promover a sua descaracterização. Ressaltase, entretanto, que a Entidade Previdenciária deverá se eximir do onus probandi, logo, tornar evidente a situação jurídica existente, sob pena de ser declarada a nulidade do lançamento. 3 INCONSTITUCIONALIDADE E SELIC Em relação as demais matérias tratadas no Recurso Voluntário, devem ser aplicados os enunciados das Súmulas deste CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. [...] Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. [...] VI DISPOSITIVO Portanto, conheço do recurso, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. Fl. 518DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA 14 É como voto. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator Fl. 519DF CARF MF Impresso em 07/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 06/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/07/2014 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10783.917628/2009-86
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jul 01 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1802-000.529
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luís Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Relatório
Nome do relator: NELSO KICHEL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201406
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jul 01 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10783.917628/2009-86
anomes_publicacao_s : 201407
conteudo_id_s : 5357111
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 03 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1802-000.529
nome_arquivo_s : Decisao_10783917628200986.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : NELSO KICHEL
nome_arquivo_pdf_s : 10783917628200986_5357111.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa- Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luís Roberto Bueloni Santos Ferreira. Relatório
dt_sessao_tdt : Thu Jun 05 00:00:00 UTC 2014
id : 5508080
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:23:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815684689920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1306; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 126 1 125 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10783.917628/200986 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1802000.529 – 2ª Turma Especial Data 05 de junho de 2014 Assunto Solicitação de diligência Recorrente CECON CENTRO CABIXABA DE ONCOLOGIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luís Roberto Bueloni Santos Ferreira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 83 .9 17 62 8/ 20 09 -8 6 Fl. 126DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 127 2 Relatório Cuidam os autos do Recurso Voluntário de efls.94/98 contra decisão da 15ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro I (efls. 82/85) que julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado, não homologando a compensação tributária informada. Quanto aos fatos, consta dos autos que: em 15/07/2009, a Contribuinte transmitiu pela internet o PER/DCOMP nº 01907.69591.150709.1.3.043563 (efls. 55/60), informando compensação tributária: débitos informados no valor de R$ 1.261,60, assim especificados: a) IRRF, código de receita 3208, PA junho/2009, data de vencimento 20/07/2009, valor R$ 231,51; b) – IRRF, código de receita 1708, PA junho/2009, data de vencimento 20/07/2009, valor R$ 285,00; c) – CSRF (retenção na fonte), código de receita 5952, PA 2ª quinzena/junho 2009, data de vencimento 15/0702009, valor R$ 745,09. crédito utilizado (valor original na data da transmissão): R$ 1.129,56: que o direito creditório pleiteado decorreu de pagamento indevido ou a maior do IRPJ do período de apuração 30/06/2008 (2º trimestre/2008) – 1ª cota, código de receita 2089 (regime de apuração Lucro Presumido), data de arrecadação 31/07/2008, valor original R$ 54.703,91. Saldo de crédito original informado na data da transmissão da DCOMP: R$ 28.216,15. Obs: DCOMP inicial tratando de utilização de crédito do mesmo DARF citado acima: nº 24777.67575.130109.1.3.045004 (DCOMP retificada) nº 12971.92503.221009.1.7.042348 (DCOMP retificadora, de 22/10/2008) (e fls. 61/67) – objeto do Processo nº 10783.921810/200931 – cópia da decisão (efls. 76/80). Outra DCOMP utilizando crédito do DARF citado acima: nº 41892.37288.300409.1.3.043361, de 30/04/2009 (efls. 68/73) – Processo nº 10783.916739/200975. Em 07/10/2009, houve emissão do Despacho Decisório (eletrônico), efl. 04, pela DRF/Vitória, denegando o direito creditório pleiteado, com a seguinte fundamentação: (...) Fl. 127DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 128 3 3FUNDAMENTACÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 28.216,15. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponivel para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. (...). Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN) e Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (...) Ciente dessa decisão em 20/10/2009 (efl. 74), a Contribuinte, em 18/11/2009, apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.02/03), juntando ainda documentos de efls. 04/73, cujas razões, em síntese, são as seguintes: 1) – Quanto ao direito creditório pleiteado – pagamento a maior do IRPJ, PA 2º trimestre/2008 (1ª cota): que efetuou pagamento do IRPJ/1ª cota, no valor de R$ 54.703,91, do PA 30/06/2008 (2º trimestre/2008), data de recolhimento 31/07/2008, código de receita 2089; que em 06/10/2008 confessou na DCTF primitiva débito do IRPJ/2º trimestre/2008, no valor de R$ 164.111,73 (efls. 32/42); que o pagamento restou totalmente vinculado ao débito confessado na referida DCTF primitiva; que, em 15/07/2009, transmitiu a DIPJ 2009, anocalendário 2008, com IRPJ a pagar/2º trimestre, no valor de R$ 7.622,55 e não R$ 164.111,73 (efls. 43/49); que em 23/10/2009 transmitiu a DCTF retificadora do 2º trimestre/2008, reduzindo o IRPJ a pagar de R$ 164.111,73 para R$ 7.622,55 (efls. 50/54); que, destarte, essa 1ª cota do IRPJ/2º trimestre/2008 foi paga a maior, no valor de R$ 47.081,36. que o crédito, por conseguinte, existe. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 129 4 Por fim, a Contribuinte pediu deferimento do crédito e homologação da compensação, e adicionou observação de lide estranha aos presentes autos, ou seja: que a DCOMP nº 41892.37288.300409.1.3.043361, de 30/04/2009 (efls. 68/73) foi transmitida indevidamente –Processo nº 10783.916739/200975, pois os débitos informados seriam inexistentes (já teriam sido pagos) e o crédito utilizado, pleiteado, seria o mesmo da DCOMP nº 24777.67575.130109.1.3.04 5004 (utilização de crédito em duplicidade). A 15ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro I, não acatando a DCTF retificadora do PA 2º trimestre/2008, que reduziu o débito do IRPJ do 2º trimestre/2008 de R$ 164.111,73 para R$ 7.622,55, julgou a manifestação de inconformidade improcedente, não reconhecendo o crédito pleiteado, conforme Acórdão, de 22/09/2011, cuja ementa transcrevo a seguir (efl. 82), in verbis: (...) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO JÁ EXAMINADO EM OUTRO PROCESSO. Uma vez já tendo sido o direito creditório analisado em outro processo, não cabe apreciálo novamente na mesma instância de julgamento. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 PER/DCOMP. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO DAS COMPENSAÇÕES. Uma vez inexistente o direito creditório pleiteado pelo contribuinte, deixam se de homologar as compensações por ele declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio (...) Obs: consta do voto condutor da decisão recorrida que o crédito utilizado na DCOMP objeto da presente lide já fora enfrentada na 1ª instância nos autos do processo nº 10783.921810/200931. Na oportunidade, os membros do colegiado concluíram pela inexistência do crédito alegado — cfr. Acórdão DRJ/RJ1 n° 12 040.728, de 22/09/2011 (cópia, às fls. 74/76). Ciente do decisum objeto deste processso em 28/11/2011 (efl. 93), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 13/12/2011 (efls. 94/97), juntando ainda os documentos de efls.98/121, cujas razões, em síntese, são as seguintes: Quanto ao crédito pleiteado: Fl. 129DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 130 5 que houve erro de fato quanto ao débito do IRPJ confessado na DCTF primitiva do 2º trimestre/2008. Ou seja: quando da entrega da DCTF primitiva, foi apurado, calculado o IRPJ do 2º trimestre/2008 com coeficiente de presunção do lucro de 32%. O coeficiente correto é 8%, conforme DIPJ apresentada e DCTF retiticadora; que, para comprovar a base tributável do 2º trimestre/2008, juntou aos autos dos Processos nº 10783.916738/200921 e 10783.917629/200921 os seguintes elementos de prova: cópias de folhas do livro Diário quanto à receita bruta de serviços do 2º trimestre/2008 = R$ 2.599.455,12 (receita acumulada do 1º semestre/2008 no valor de R$ 5.151.360,29 – R$ 2.551.95,17 receita bruta de serviços do 1º trimestre/2008; cópias do livro Registro de Serviços (ISS) com a receita bruta de serviços dos meses de abril, maio e junho/2008, no valor de R$ 2.120.801,35; planilha de cálculo do IRPJ/2º trimestre com coeficiente de 8% (R$ 7.622,54) e 32% (R$ 163.589,85); cópias do livro Diário – lançamento da provisão do IRPJ/2º trimestre/2008, no valor de R$ 48.157,84, calculado pelo coeficiente de 8%, e IRRF pessoas jurídicas (R$ 35.226,62), IRRF instituições financeiras (R$ 2.541,56) e IRRF Órgão Público (R$ 2.767,12); inclusão de diferença na base de cálculo – valor tributável de R$ 478.653,77 (R$ 2.120.801,35 + R$ 478.653,77) = R$ 2.599.455,72. Por tudo que foi exposto, a Contribuinte pediu o reconhecimento do crédito pleiteado e a extinção dos débitos confessados, mediante homologação da compensação. É o relatório. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 131 6 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator. Os autos tratam de processo de compensação tributária. A questão central é apurar se o direito creditório pleiteado tem liquidez e certeza, nos termos do art. 170 do CTN, para quitação dos débitos informados/confessados na DCOMP objeto dos autos. A propósito, transcrevo o disposto no art. 170 do CTN, in verbis: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.(Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (grifei) No mesmo sentido dispõe o art. 268 do Decreto nº 7212, de 15/06/2010: Art.268.O sujeito passivo que apurar crédito do imposto, inclusive decorrente de trânsito em julgado de decisão judicial, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observadas as demais prescrições e vedações legais(Lei nº 5.172, de 1966, art. 170,Lei nº 9.430, de 1996, art. 74,Lei no10.637, de 2002, art. 49,Lei no10.833, de 2003, art. 17, eLei no11.051, de 2004, art. 4o). §1oA compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados(Lei nº 9.430, de 1996, art. 74, § 1º,e Lei nº 10.637, de 2002, art. 49). §2oA compensação declarada à Secretaria da Receita Federal do Brasil extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (Lei nº 9.430, de 1996, art. 74, § 2º, eLei nº 10.637, de 2002, art. 49). No caso, a Recorrente busca o reconhecimento do direito creditório relativo ao PA 30/06/2008 (2º trimestre/2008), uma vez que teria pago a maior o IRPJ relativo a esse período de apuração, no regime do Lucro Presumido. Para a Contribuinte, o imposto a pagar do 2º trimestre/2008 seria de R$ 7.622,55 e não R$ 164.111,73 (efls. 43/49). Porém, efetuou recolhimento do IRPJ em DARF – 1ª cota/2º trimestre/2008 no valor de R$ 54.703,91. E que, por consequinte, teria efetuado pagamento a maior de imposto no valor R$ 47.081,36 = (R$ 54.703,91 – R$ 7.622,55 ). Fl. 131DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 132 7 Entretanto, como já dito anteriormente a decisão recorrida, na mesma esteira do despacho decisório, denegou o direito creditório pleiteado por inexistência do crédito pleiteado, pois a Recorrente: a) confessara na DCTF imposto a pagar do PA – 1º trimestre/2008 no valor de R$ 164.111,73 (crédito alegado inexistente, pois o valor do pagamento restou consumido integralmente pelo débito confessado); b) transmitira, eletronicamente, a DCTF retificadora, reduzindo imposto do PA – 2º trimestre/2008 de R$ 164.111,73 para R$ 7.622,55 somente após ciência do despacho decisório, ou seja, após intimação para recolhimento dos débitos confessados na DCOMP, a qual restou não homologada por inexistência do direito creditório alegado; c) ademais, não comprovou eventual erro de fato que pudesse justificar a redução do imposto pela DCTF retificadora (e alegação de crédito), uma vez que não juntou cópia dos livros contábeis e fiscais de sua escrituração; que, após intimação fiscal para recolhimento dos débitos, a apresentação de DCTF retificadora por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo (para gerar crédito, como no caso), só é admissivel mediante comprovação do erro de fato na apuração do imposto. Nesta instância recursal, a Recorrente rebelase contra a decisão a quo que denegou o direito creditório, alegando: a) que ocorreu erro de fato em relação ao débito do imposto confessado na DCTF primitiva, relativo ao PA – 1º trimestre/2008, pois confessara o imposto pagar na DCTF primitiva pela aplicação de coeficiente de presunção do lucro de 32% sobre as receitas de prestação de serviços, quando o correto é apuração do imposto com coeficiente de presunção do lucro de 8%, conforme DIPJ respectiva; b) que a DCTF retificadora foi apresentada em conformidade com a DIPJ; c) que, para comprovar o alegado erro de fato, juntou cópia dos livros de sua escrituração contábil/fiscal. Compulsando os autos, observase que a Recorrente, em momento algum, justificou a razão pela qual busca, pretende, a aplicação do coeficiente de 8% para as receitas de prestação de serviços, e não 32%. Sem comprovação do alegado erro de fato não há como admitir como válida a DCTF retificadora. Em regra, no regime de apuração do Lucro Presumido para a prestação de serviços a legislação tributária do IRPJ impõe a aplicação do coeficiente de presunção do lucro de de 32% (no mesmo sentido para apuração da CSLL). Nesse sentido, transcrevo o disposto nos art. 15 e 20 da Lei nº 9.249/1995, com redação atualizada pela legislação posterior, in verbis: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.(Vide Lei nº 11.119, de 205)(Vide Medida Provisória nº 627, de 2013)(Vigência) Fl. 132DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 133 8 § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: I um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural; II dezesseis por cento: a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo; b) para as pessoas jurídicas a que se refere oinciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1ºe 2º do art. 29 da referida Lei; III trinta e dois por cento, para as atividades de:(Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa;(Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (...) Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem osarts. 27e29 a 34 da Lei no8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1odo art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento.(Redação dada Lei nº 10.684, de 2003)(Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)(Vide Lei nº 11.119, de 205)(Vide Medida Provisória nº 627, de 2013)(Vigência) (...) Frisese que a Lei nº 11.727 (art. 29), de 23/06/2008, que deu nova redação à alínea “a” do inciso III § 1º do art. 15 da Lei nº 9.249/95, permite a aplicação do coeficiente de presunção do lucro de 8% para serviços hospitalares e atividades inerentes, in verbis: Art. 29. A alínea a do inciso III do § 1o do art. 15 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 15. ............................................................ § 1o .......................................................... Fl. 133DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 134 9 ............................................................. III – ...................................................... a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; ..................................................................” (NR) Desde antes da edição dessa Lei nº 11.727/2008 (art. 29), a jurisprudência do STJ e administrativa deste CAF já admitiam a aplicação de coeficientes de presunção do lucro reduzidos a essas atividades elencadas, desde que fossem comprovadas a exploração de atividade organizada sob a forma de sociedade empresária e com observância de normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Entretanto, a Recorrente, em momento algum nos presentes autos, fez alusão que as receitas de prestação de serviços do anocalendário 2008 decorreram de prestação de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas. Compulsando os atos constitutivos da pessoa jurídica (Recorrente) – 8ª Alteração Contratual – Consolidação do Contrato Social, de 27/10/2008 (Cláusula Terceira) (e fls. 08/20), observa que ela tem o seguinte objeto social: CLÁUSULA TERCEIRA: A Sociedade tem por Objeto Social: A Prestação de Serviços Médicos Hospitalares, principalmente na especialização em Oncologia Clinica e Cirúrgica, e Quimioterapia, para Apoio ao Diagnóstico e Terapia de seus pacientes, tendo como responsável técnico perante aos órgãos de saúde o médico ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA; O direito creditório pleiteado é anterior a essa Alteração Contratual nº 08, de 27/10/2008. Logo, quanto as receitas de serviços do anocalendário 2008 (apuração trimestral), a Contribuinte não comprou nos autos que elas decorreram de prestação de serviços hospitalares e inerentes, ou se decorreram de serviços de meras consultas médicas. Inclusive não consta dos autos que no anocalendário 2008 a Recorrente, desde o início do ano, já estaria organizada sob a forma de sociedade empresária e que atendia às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Há dúvida plusível e insuperável, por conseguinte, se a Recorrente faz jus, ou não, à apuração do IRPJ e da CSLL, anocalendário 2008, com coeficientes reduzidos de presunção do lucro para essas exações fiscais, respectivamente. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.917628/200986 Resolução nº 1802000.529 S1TE02 Fl. 135 10 Nessa situação dos autos, está prejudicada a aferição da certeza e liquidez do crédito pleiteado. Como visto, para formação da conviccção do julgador, e de acordo com o princípio da verdade material, tornase necessário a realização de instrução processual complementar, para complementação das provas pela Recorrente quanto ao direito creditório pleiteado, relativo ao PA – 2º trimestre/2008 – pagamento da 1ª cota. Diante do exposto, propugno pela conversão do julgamento em diligência, para retorno dos autos do processo à unidade de origem da RFB, ou seja, à DRF/Vitória para que a fiscalização: a) intime a Recorrente a comprovar a natureza, origem, da receitas de prestação de serviços, se decorreram de prestação de serviços hospitalares de que trata o art. 29 da Lei nº 11.727/2008 ou se decorreram de consultas médicas (prestação de serviços em geral); b) intime a Recorrente a comprovar se, desde o início do anocalendário 2008, estava organizada sob a forma de sociedade empresária e se atendia às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa (juntar cópia de contrato social abarcando todo o anocalendário 2008 e documentos emitidos pela Anvisa que autorizaram o funcionamento do estabelecimento da Recorrente para todo o período do anocalendário 2008); c) intimar a Recorrente para à luz da legislação de regência e da escrituração contábil e fiscal a comprovar o direito creditório pleiteado (comprovar o alegado erro de fato); d) intimar a Recorrrente a comprovar o valor exato dos débitos objeto da DCOMP; e) elabore, ao final da diligência fiscal, relatório minucioso, circunstânciado, conclusivo (com demonstrativos, planilha), se a Recorrente no anocalendário 2008 (respectivos trimestres, mormente quanto ao PA 2º trimestre/2008) auferiu receitas de prestação de serviço hospitalar, para fazer jus à apuração do IRPJ e da CSLL com coeficientes de presunção do lucro reduzidos, discriminando as receitas de serviço hospitalar e de consultas médicas, pois as receitas de consultas médicas possuem o mesmo tratamento de prestação de serviços em geral, ou seja, é inaplicável coeficiente reduzido de presunção do lucro, demonstre o valor de eventual direito creditório (crédito) do IRPJ quanto ao 2º trimestre/2008 e se disponível para utilização para a compensação dos débitos confessados na DCOMP; f) intime a Recorrente do resultado da diligência para, em querendo, apresentar razões, abrindo prazo de trinta dias a partir da ciência. Por tudo que foi exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 135DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL
score : 1.0
Numero do processo: 10980.726419/2011-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007, 2008, 2009
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL
Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTARNº105/2001.
A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
OMISSÃO DE PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS E/OU FÍSICAS - DESCARACTERIZAÇÃO DE CONTRATOS DE MÚTUOS
Inclui-se como rendimentos tributáveis, proveniente do trabalho sem vínculo empregatício, os valores recebidos de pessoas jurídicas e/ou pessoas físicas, não declarados espontaneamente pelo contribuinte, e detectados de ofício pela autoridade lançadora cuja origem não for justificada, através da apresentação de documentação hábil e idônea, se tratarem de rendimentos já tributados, isentos, ou não tributáveis. Assim, são tributáveis como rendimentos auferidos os valores recebidos de pessoa jurídica cuja natureza de mútuo foi descaracteriza pela falta de comprovação, através da apresentação de documentação hábil e idônea.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996
Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO.ISENÇÃO.CONDIÇÕES.
Somente pode ser distribuído, com isenção do imposto de renda, valor maior que o lucro presumido do período quando se comprovar que o lucro contábil excedeu o presumido, mediante levantamento dos demonstrativos contábeis com observância da legislaçãocomercial.
MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS
A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. (Súmula CARF nº 14).
Recurso voluntário provido em parte
Numero da decisão: 2202-002.650
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo, Fábio Brun Goldschmidt e Pedro Anan Junior que acolhiam a preliminar. QUANTO A PRELIMINAR DE NULIDADE: Por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar. NO MÉRITO - QUANTO AO ITEM 1 DO AUTO DE INFRAÇÃO: Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da omissão apurada o valor de R$ 378.718,59 e R$ 785.747,73, relativos aos anos calendários 2007 e 2008, respectivamente, bem como desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a do percentual de 150% para 75%. Vencido o Conselheiro Márcio de Lacerda Martins que provia em menor extensão, mantendo a qualificação da multa de ofício. QUANTO AO ITEM 2 DO AUTO DE INFRAÇÃO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam nesta parte. QUANTO AO ITEM 3 DO AUTO DO INFRAÇÃO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam parcialmente o recurso para excluir das omissões apuradas o valor de R$ 22.600.772,06 e R$ 12.000.000,00, relativos aos anos calendários 2006 e 2008, respectivamente. QUANTO AO JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam nesta parte.Fez sustentação oral pelo contribuinte o Dr. Frederico Min Stern, OAB/PA 394.404.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente em Exercício e Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Substituta Convocada), Rafael Pandolfo, Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Fabio Brun Goldschmidt, Pedro Anan Júnior.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007, 2008, 2009 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTARNº105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. OMISSÃO DE PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS E/OU FÍSICAS - DESCARACTERIZAÇÃO DE CONTRATOS DE MÚTUOS Inclui-se como rendimentos tributáveis, proveniente do trabalho sem vínculo empregatício, os valores recebidos de pessoas jurídicas e/ou pessoas físicas, não declarados espontaneamente pelo contribuinte, e detectados de ofício pela autoridade lançadora cuja origem não for justificada, através da apresentação de documentação hábil e idônea, se tratarem de rendimentos já tributados, isentos, ou não tributáveis. Assim, são tributáveis como rendimentos auferidos os valores recebidos de pessoa jurídica cuja natureza de mútuo foi descaracteriza pela falta de comprovação, através da apresentação de documentação hábil e idônea. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO.ISENÇÃO.CONDIÇÕES. Somente pode ser distribuído, com isenção do imposto de renda, valor maior que o lucro presumido do período quando se comprovar que o lucro contábil excedeu o presumido, mediante levantamento dos demonstrativos contábeis com observância da legislaçãocomercial. MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. (Súmula CARF nº 14). Recurso voluntário provido em parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10980.726419/2011-13
anomes_publicacao_s : 201405
conteudo_id_s : 5350691
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2202-002.650
nome_arquivo_s : Decisao_10980726419201113.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ANTONIO LOPO MARTINEZ
nome_arquivo_pdf_s : 10980726419201113_5350691.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo, Fábio Brun Goldschmidt e Pedro Anan Junior que acolhiam a preliminar. QUANTO A PRELIMINAR DE NULIDADE: Por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar. NO MÉRITO - QUANTO AO ITEM 1 DO AUTO DE INFRAÇÃO: Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da omissão apurada o valor de R$ 378.718,59 e R$ 785.747,73, relativos aos anos calendários 2007 e 2008, respectivamente, bem como desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a do percentual de 150% para 75%. Vencido o Conselheiro Márcio de Lacerda Martins que provia em menor extensão, mantendo a qualificação da multa de ofício. QUANTO AO ITEM 2 DO AUTO DE INFRAÇÃO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam nesta parte. QUANTO AO ITEM 3 DO AUTO DO INFRAÇÃO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam parcialmente o recurso para excluir das omissões apuradas o valor de R$ 22.600.772,06 e R$ 12.000.000,00, relativos aos anos calendários 2006 e 2008, respectivamente. QUANTO AO JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam nesta parte.Fez sustentação oral pelo contribuinte o Dr. Frederico Min Stern, OAB/PA 394.404. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Presidente em Exercício e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Substituta Convocada), Rafael Pandolfo, Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Fabio Brun Goldschmidt, Pedro Anan Júnior.
dt_sessao_tdt : Tue May 13 00:00:00 UTC 2014
id : 5468300
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:22:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815700418560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 34; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2439; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.726419/201113 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202002.650 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de maio de 2014 Matéria IRPF Recorrente BRUNO LACOMBE MIRAGLIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007, 2008, 2009 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTARNº105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. OMISSÃO DE PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS E/OU FÍSICAS DESCARACTERIZAÇÃO DE CONTRATOS DE MÚTUOS Incluise como rendimentos tributáveis, proveniente do trabalho sem vínculo empregatício, os valores recebidos de pessoas jurídicas e/ou pessoas físicas, não declarados espontaneamente pelo contribuinte, e detectados de ofício pela autoridade lançadora cuja origem não for justificada, através da apresentação de documentação hábil e idônea, se tratarem de rendimentos já tributados, isentos, ou não tributáveis. Assim, são tributáveis como rendimentos auferidos os valores recebidos de pessoa jurídica cuja natureza de mútuo foi descaracteriza pela falta de comprovação, através da apresentação de documentação hábil e idônea. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 64 19 /2 01 1- 13 Fl. 1880DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO.ISENÇÃO.CONDIÇÕES. Somente pode ser distribuído, com isenção do imposto de renda, valor maior que o lucro presumido do período quando se comprovar que o lucro contábil excedeu o presumido, mediante levantamento dos demonstrativos contábeis com observância da legislaçãocomercial. MULTA QUALIFICADA DEPÓSITOS BANCÁRIOS A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. (Súmula CARF nº 14). Recurso voluntário provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo, Fábio Brun Goldschmidt e Pedro Anan Junior que acolhiam a preliminar. QUANTO A PRELIMINAR DE NULIDADE: Por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar. NO MÉRITO QUANTO AO ITEM 1 DO AUTO DE INFRAÇÃO: Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da omissão apurada o valor de R$ 378.718,59 e R$ 785.747,73, relativos aos anos calendários 2007 e 2008, respectivamente, bem como desqualificar a multa de ofício, reduzindoa do percentual de 150% para 75%. Vencido o Conselheiro Márcio de Lacerda Martins que provia em menor extensão, mantendo a qualificação da multa de ofício. QUANTO AO ITEM 2 DO AUTO DE INFRAÇÃO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam nesta parte. QUANTO AO ITEM 3 DO AUTO DO INFRAÇÃO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam parcialmente o recurso para excluir das omissões apuradas o valor de R$ 22.600.772,06 e R$ 12.000.000,00, relativos aos anos calendários 2006 e 2008, respectivamente. QUANTO AO JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO: Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior, Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt que proviam nesta parte.Fez sustentação oral pelo contribuinte o Dr. Frederico Min Stern, OAB/PA 394.404. Fl. 1881DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 3 3 (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente em Exercício e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Substituta Convocada), Rafael Pandolfo, Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Fabio Brun Goldschmidt, Pedro Anan Júnior. Fl. 1882DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Relatório Em desfavor da contribuinte, BRUNO LACOMBE MIRAGLIA, por meio do auto de infração (fls. 1352/1361), são exigidos R$ 18.956.913,95 de imposto sobre a renda de pessoa física, R$ 15.867.474,75 de multas de ofício de 75% e 150%, além de acréscimos legais. O lançamento, conforme descrição dos fatos e enquadramento legal (fls. 1359/1361) e Termo de Encerramento de Ação Fiscal (fls. 1366/1390), referese à constatação de: (a) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, nos anos calendário 2006 a 2008, nos valores respectivos de R$.1.041.077,76, R$ 4.983.211,01 e R$ 2.043.351,43; (b) classificação indevida de rendimentos na DIRPF, no ano calendário 2008, no valor de R$ 23.597.100,00, registrados como auferidos a título de lucros distribuídos pela empresa TIBAGI DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÕES LTDA, que se constatou não dispor desse montante de lucro em seu patrimônio líquido, em função de omitir adequado registro contábil; e (c) omissão de rendimentos caracterizada por : (c.1) valores auferidos de terceiros e (c.2) créditos cedidos por pessoa jurídica e pessoas físicas, nos anos calendário 2006 a 2008, nos valores de R$ 25.036.154,07, R$ 302.000,00 e R$ 12.000.000,00, respectivamente. Cientificado do lançamento, por via postal, em 13/12/2011 (fl. 1399), o interessado, por intermédio de procuradores (fls. 1446/1447), apresentou, tempestivamente, em 12/01/2012, impugnação (fls. 1400/1444), instruída com documentos (fls. 1445/1692), a seguir sintetizada. Preliminarmente, suscita nulidade do auto de infração, argüindo violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da Constituição Federal), aduzindo, quanto à suposta cessão de crédito de R$ 240.753,21 de LINEIA MARIA STEINTHALER, que não tem como se defender, por não saber do que está sendo acusado, citando a descrição contida no item IB do Termo de Encerramento da Ação Fiscal – TEAF em que a autoridade autuante ressalva o seu direito de manifestação por meio de impugnação, acrescentando não ser cabível a autuação sem que fosse intimado a se manifestar sobre o assunto. Diz que o mesmo ocorre em relação a “outros rendimentos tributáveis” referidos no item II.2 do TEAF, em que a autuação apresenta planilha de valores e informa que os dados foram obtidos em fiscalização de uma pessoa jurídica, TIBAGI ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA. Reclama haver prejuízo ao direito de defesa pelo fato de grande parte das informações em que se Fl. 1883DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 4 5 baseou o lançamento ter sido obtida por meio de intimações a diversas pessoas jurídicas, sem que tenha sido instado a se manifestar sobre fatos relevantes que lhe foram imputados, repelindo eventual argumento de que, por ser sócio da pessoa jurídica, sua intimação estaria dispensada. Faz distinção da personalidade jurídica da empresa e de seu patrimônio, citando o princípio contábil da entidade, concluindo que a fiscalização da pessoa jurídica não gera efeitos sobre a pessoa física, ressalvada a sua intimação sobre todos os fatos, para que tenha oportunidade de se defender. No mérito, pugna pela improcedência do auto de infração, contestando, primeiramente, a cessão de crédito de R$ 22.360.722,06 pela TIBAGI ENGENHARIA CONSTRUÇÃO E MINERAÇÃO, que identifica como TE, que teria origem em saldo, em 31/12/2005, de contratos de mútuo firmados com a TIBAGI DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÕES LTDA, referida como TD, argumentando que a operação foi desvirtuada pela fiscalização, que não teria compreendido os esclarecimentos e documentos que lhe foram apresentados. Diz ser falha e tendenciosa a análise fiscal acerca da natureza jurídica do contrato e de suas cláusulas. Faz esclarecimentos a respeito da cláusula terceira do contrato de cessão, que alega apenas pretender deixar claro que a cessão foi realizada “SEM COOBRIGAÇÃO”, expressão utilizada pelo mercado financeiro, ou “PROSOLUTO”, consoante a doutrina, acrescentando que, por disposição expressa da COSIF (“Portal de Contabilidade”), as operações de cessões de direito creditório entre empresas não financeiras devem ser na modalidade prosoluto. Sustenta que a cláusula está em sintonia com o art. 296 do Código Civil (“salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor”), repelindo a tese de que a cessão seria gratuita e argüindo a necessidade de análise dos demais elementos de prova para concluir pela sua onerosidade. Sobre os aspectos fáticos e contábeis, pondera que: em 01/01/2006, a TE era credora da TD no valor de R$ 22.360.772,06, em decorrência de contratos de mútuos em períodos anteriores, conforme Livros Razão das empresas (Doc. 02 e 03); em 03/01/2006, a TE firmou contrato de cessão de direitos creditórios com o autuado (que se identifica como BLM), com anuência da TD, no valor referido, pelo qual a TE transferiu a BLM os “direitos creditórios decorrentes dos contratos de mútuo, confissões de dívidas e outras avenças”; com a cessão, TD deixou de ser devedora de TE, em R$ 22.360.722,06, e “baixou” contas a receber com BLM no mesmo valor, registrando na contabilidade um crédito na conta “Ativo – contas a receber de BLM” e, em contrapartida, um débito na conta “Passivo – contas a pagar a TE” (doc. 02); TE deixou de ser credora da TD, passando a ser credora de BLM, registrando na contabilidade um crédito na conta “Ativo – contas a receber de TD” e, em contrapartida, um débito na conta “Ativo – contas a receber de BLM” (doc. 03); BLM passou a ser credor da TD, o que implicou a redução do saldo de contas a pagar com esta empresa, e devedor da TE, registrando na DIRPF 2007, na ficha Fl. 1884DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 “dívidas e ônus reais”, um aumento da dívida com a TE e uma redução da dívida com a TD. Sustenta que, da operação descrita, não houve qualquer ganho/rendimento de BLM, nem perda pela TE, que não abdicou de seus créditos a receber, sem contrapartida. Considera que a presunção fiscal contraria a prova dos autos e a razoabilidade, que não se falar em “cessão gratuita, da espécie prosoluto”, concluindo que está demonstrada a regularidade da operação. Quanto ao crédito cedido de LINEIA MARIA STEINTHALER, no valor de R$ 240.753,21, defende que não restou demonstrada ou comprovada a ocorrência de rendimento, o que, por si só, redundaria na improcedência do lançamento. Não obstante, esclarece que LINEIA MARIA STEINTHALER possuía dívida com a TE, no valor de R$ 240.753,21 (doc. 06), e, em janeiro de 2006, a TE cedeu referido crédito a BLM, que, paralelamente, contratou mútuo com a TE (doc. 06); que, assim, BLM passou a ser credor de LINEIA e devedor de TE, no mesmo valor, não havendo rendimentos, mas transferência de direitos, sem ganhos ou perdas para as partes, estando o aumento da dívida com a TE refletido na DIRPF 2007. No que se refere ao crédito cedido pela TIBAGI ENGENHARIA CONSTRUÇÃO E MINERAÇÃO LTDA, no valor de R$ 12.000.000,00, envolvendo BALTAZAR JOSÉ DE SOUZA, também argumenta que a fiscalização não demonstrou ou comprovou o referido rendimento, o que, por si só, já implicaria a improcedência do lançamento. No entanto, para afastar eventual dúvida, aduz que BALTAZAR JOSÉ DE SOUZA possuía dívida com a TE no valor de R$ 12.000.000,00 (doc. 07), direito que, em dezembro de 2008, por contrato de cessão de crédito, foi cedido da TE a BLM, que paralelamente contratou mútuo com a TE. Assim, ficou credor de BALTAZAR, mas devedor da TE, não havendo rendimentos, mas transferência de direitos, sem ganhos ou perdas para as partes, tendo o aumento da dívida com a TE sido registrado na DIRPF 2009. Acerca da distribuição de lucros no valor de R$ 23.597.100,00, no ano calendário 2008, pela TIBAGI DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÕES LTDA (TD), alega se tratarem de rendimentos isentos, contestando o entendimento fiscal de que referida empresa não teria apurado lucros a distribuir em 2008. Aduz serem improcedentes as alegações contidas no item II.1 do TEAF, em face da regular apuração e distribuição de lucro pela TD. Informa se tratar de operação que foi objeto de autuação contra a TIBAGI ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA, lavrada simultaneamente à presente, no Processo Administrativo nº 10980.726251/201146, motivo pelo qual diz reproduzir as razões de impugnação naquele apresentadas, que demonstrariam a regularidade da cessão de crédito e a inexistência de ganhos ou perdas para a cedente (TD) e cessionário (TE). Nesse sentido, narra que o crédito cedido pela TD tem como origem um ativo realizável de R$ 110.000.000,00, decorrente da venda de participação societária na TE para BLM, operação que teria sido esclarecida à fiscalização, mas desvirtuada. Cita as Fl. 1885DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 5 7 considerações fiscais a respeito da cessão de R$ 45.000.000,00 da TD para a TE, refutando a obrigação da TD de “baixar” o valor da cessão para contas de resultado. Defende que o contrato deve ser analisado juntamente com os demais elementos de prova, para se concluir pela sua onerosidade. Descreve que, em 21/07/2003, a TD vendeu a BLM, com a anuência da TE, a totalidade das quotas de que era titular na TE, pelo valor de R$ 110 milhões, a serem pagos no prazo de dez anos (doc. 08). Tal operação foi registrada por BLM na DIRPF (quotas e dívida) e na contabilidade da TD (débito na conta “Ativo – contas a receber de BLM” e crédito na conta “Venda de Investimento” – doc. 10). Em 28/07/2006, a TD firmou contrato de “cessão de direitos creditórios decorrentes de contratos de mútuo” com a TE, com anuência de BLM, transferindo à TE R$ 45.000.000,00 dos direitos creditórios que detinha em face de BLM (doc. 11), com a finalidade contratual de “sanear as obrigações mutuarias entre si”. Faz relato das consequências das operações no patrimônio das partes e nas contabilidades das pessoas jurídicas, apontando, além daquelas já indicadas: “na contabilidade da TE houve, em um primeiro momento, débito na conta ‘valores a receber de BLM’, e um crédito na conta ‘valores a pagar à TD’ (Doc. 12)” e “em um segundo momento, considerando que a TD passou a ser credora em R$ 45 milhões da TE, por decisão dos sócios, o referido valor foi convertido em adiantamento para futuro aumento de capital – AFAC. Assim, na contabilidade, houve um lançamento a débito na conta de passivo ‘valores a pagar à TD’ e um crédito na conta ‘reservas de AFAC’ (Doc. 13)”. Destaca que, desse modo, não houve “ganho” da TE ou “perda” da TD, não tendo essa abdicado de crédito de R$ 45 milhões, tendo a presunção fiscal contrariado as provas e a razoabilidade, não havendo que se falar em “cessão gratuita, da espécie prosoluto”, advinda da análise de apenas parte das operações. Conclui demonstrada a regularidade da operação, assim como da distribuição de lucros, no valor de R$ 23.597.100,00. Caso assim não se admita a hipótese de distribuição de lucros e dividendos, pugna pela nulidade do auto de infração quanto a esse valor, por erro na identificação do sujeito passivo, aduzindo que se trataria de pagamento “sem causa”, rendimento que, nos termos do art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995, não poderia ser tributado na pessoa física, porquanto sujeito à tributação exclusiva do imposto de renda retido na fonte, destacando a nomenclatura “pagamento sem causa” utilizada pela autoridade fiscal na “reapuração” do lucro da TD. Sob o tópico “III.2b Outros rendimentos” (fls. 1418/1419), questiona “outros rendimentos supostamente tributáveis nos anos de 2006 e 2007, localizada na conta de mútuos do Livro Razão da Tibagi Engenharia e Construções Ltda”, acerca dos quais não teria sido questionado no curso da fiscalização, o que defende implicar a improcedência do auto de infração. Não obstante, alega apresentar documentação que comprova que referidos lançamentos contábeis não representam rendimentos. Defende que o valor de R$ 38.000,00 decorre de mútuo firmado Fl. 1886DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 com a TE (doc. 14), cuja entrega de valores foi feita pela empresa JATOBÁ, por conta e ordem da TE; que, da mesma forma, são relativos a mútuos com a TE, os valores de R$.530.450,00, entregues por CARLOS MURADAS, de R$ 1.866.176,80, por FRANKLIN D. GUIMARÃES, de R$ 85.000,00 pela COMPASA, de R$ 188.000,00 por EROS GRADOWSKI e R$ 29.000,00 por OSWALDO FERNANDO CELLA, todos por conta e ordem da TE. Quanto à omissão apurada sob a consideração de depósitos de origem não comprovada, argumenta que a não aceitação de que os valores decorreriam de mútuos com a TE e com a AGS DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÕES LTDA foi baseada nas razões expostas no item 5 do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal lavrado contra a TE no PAF nº 10980.726251/201146. Para, em contrapartida, demonstrar a validade dos contratos de mútuo, diz reprisar as razões de impugnação da TE no referido processo administrativo, com base em transcrição, às fls. 1421/1437, de impugnação em que se discorre sobre: (a) o reconhecimento da validade dos contratos de mútuo em anterior fiscalização, que culminou com auto de infração de IOF dos anos calendário 2003 a 2005 e com denúncia espontânea do mesmo imposto em relação aos anos calendário 2006 a 2008; (b) a inexistência de determinação legal que obrigasse o lançamento contábil com o registro do número dos contratos, que teriam sido contratos em registros auxiliares, com amparo em normas de contabilidade e no art. 1.184 do Código Civil; (c) a falta de respaldo na acusação de que os contratos teriam sido criados posteriormente aos registros contábeis; (d) a regular contabilização das amortizações de mútuo com BRUNO LACOMBE MIRAGLIA, no valor de R$ 7.556.698,58, constantes de “planilha auxiliar de amortizações”, páginas do Livro Razão com destaque dos lançamentos contábeis e registros auxiliares dos contratos de mútuo, que a fiscalização deveria ter analisado; (e) inexistência de previsão legal que obrigue o registro público de contratos de mútuo, previstos no art. 586 do Código Civil, os quais difere dos contratos de cessão de créditos, previstos nos arts. 286 e seguintes do Código Civil, porquanto esse envolva direito de terceiro, hipótese condizente com a determinação do art. 129 da Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015, de 1973); (f) a falta de vedação à celebração de contratos e realização de negócios jurídicos em dias não úteis, sejam datas comemorativas ou feriados, reputando não condizente com o princípio da legalidade as suposições efetuadas, com a invenção de fatos e de funcionários com rotina fraudulenta; (g) a situação financeira da “fiscalizada”, que reconhece “complicada”, o que não a impediria de realizar negócios jurídicos, tendo a realização de mútuos se prestado justamente a possibilitar a continuidade das suas atividades, destacando a conveniência de não efetuar recebimentos em sua conta, sob risco de serem bloqueados, razão pela qual “mutuava” valores para empresas do grupo ou sócios, para que cumprissem as suas obrigações comerciais e fiscais, acrescentando que não houve a contração de empréstimos bancários no período de 2006 e 2008; (h) a dificuldade financeira pela qual também se encontravam os sócios e empresas ligadas, o que explicaria a acusada inércia na Fl. 1887DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 6 9 recuperação dos créditos e a concessão de novos créditos a despeito da inadimplência de alguns contratos de mútuo, destacando que não seria razoável celebrar contratos de mútuo com terceiros desconhecidos; (i) as conclusões equivocadas da autoridade fiscal, considerando falhos, inexistentes e viciados os supostos indícios de irregularidade, não havendo razão para a desconstituição dos contratos de mútuo; e (j) a aplicação de multa qualificada em face dos fatos narrados no “item 5 do TVEAF” que visariam a impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador do IRPJ e da CSLL, considerando que, afastada a desconsideração dos contratos de mútuo firmados, não há que se falar em atos simulados ou fraudulentos. A partir da transcrição apresentada, conclui pela validade dos contratos de mútuo, em face dos quais não haveria que se falar em depósitos de origem não comprovada. Ainda quanto aos depósitos bancários, reclama a falta de apresentação da planilha de apuração e da relação de valores considerados como transferidos de outras contas mantidas pela pessoa física, o que defende invalidar o lançamento, questionando, por outro lado, a falta de exclusão das “transferências entre contas”, que diz destacar em planilha anexa (doc. 17). A título de argumentação, requer o afastamento dos juros de mora aplicados sobre a multa de ofício, aduzindo que a Receita Federal tem efetuado essa exigência com fundamento no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, o que não corresponderia à previsão legal, posto que a penalidade pecuniária não é um débito com a União decorrente do tributo, mas do descumprimento de uma obrigação legal de efetuar o recolhimento. Cita, a respeito, jurisprudência do Conselho de Contribuintes. O processo foi encaminhado em diligência, às fls. 1695, para que, em relação à apuração de omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada, fosse juntado demonstrativo (“página 1 de 4”) que teria acompanhado o Termo de Intimação Fiscal nº 01, de 13/02/2011, e planilha indicativa das transferências de outras contas mantidas pela pessoa física. Em atendimento, foram juntados os documentos de fls. 1698/1712, acompanhados da informação fiscal de fls. 1713/1715. À fl. 1719, foi o processo encaminhado para que o contribuinte fosse cientificado do “RELATÓRIO DE DILIGÊNCIA” de fls. 1713/1715, facultandolhe o direito de se manifestar a respeito de seu conteúdo. Às fls. 1723/1727, o interessado, por intermédio de seus procuradores, manifestar se acerca da informação fiscal de fls. 1713/1715, aduzindo, em resumo, que houve nulidade no lançamento em face da falta de demonstração anterior dos valores excluídos das transferências entre contas de mesma titularidade, uma vez que, assim, não teve acesso a todas as informações para que pudesse verificar o acerto da imposição fiscal, em afronta ao art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, refutando a tese de que isso não lhe teria prejudicado por não haver agravado a infração, situando a questão no âmbito do direito de contraditório e de ampla defesa, a teor do art. 5º, LV, da Constituição Federal, aduzindo se tratar de requisito essencial do auto de infração; supletivamente, alega que apenas parte dos valores das transferências entre Fl. 1888DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 contas de mesma titularidade foi excluída, apontando aqueles que entende estarem assim caracterizados, reafirmando o pedido já manifestado na impugnação, conforme “Doc. 17”. A DRJ julga a impugnação procedente em parte a impugnação, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário:2006, 2007, 2008 CONTRADITÓRIO. DIREITO DE DEFESA. O contraditório no âmbito do processo administrativo fiscal é estabelecido a partir da faculdade de impugnar o auto de infração, não havendo que se falar, na contestação ao lançamento, em tolhimento de direito de defesa que teria ocorrido na fase de fiscalização. OBTENÇÃO DE DIREITO CREDITÓRIO. RECEBIMENTO SEM ÔNUS. SUJEIÇÃO À TRIBUTAÇÃO. O recebimento de direito de crédito sem a comprovação de existência de qualquer espécie de ônus implica a necessidade de reconhecimento do valor correspondente como rendimentos tributáveis, sujeitos ao ajuste anual da pessoa física. LUCROS E DIVIDENDOS. ISENÇÃO E TRIBUTAÇÃO. São tributáveis pela pessoa física os rendimentos auferidos a título de distribuição de lucros e dividendos na hipótese de se constatar que os valores são excedentes aos lucros, lucros acumulados e reserva de lucros de que efetivamente dispunha a pessoa jurídica. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A DRJ entendeu por bem cancelar a exigência de algum depósitos bancários, para os quais entende satisfatória a explicação do recorrente. No total da infração é excluído R$ 1.595,00 (27,5% de R$ 5.800,00) e de R$ 10.835,19 (27,5% de R$ 39.400,68) de imposto suplementar nos anos calendário 2006 e 2008, respectivamente, além de R$ 18.645,27 de multa de ofício (150%) e dos acréscimos legais correspondentes. Intimado do acórdão proferido pela DRJ, o contribuinte interpôs recurso voluntário, onde reitera argumentos da impugnação. no que toca aos pontos principais, destacando os seguintes aspectos no final de seu recurso. Fl. 1889DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 7 11 Preliminarmente da nulidade do auto de infração pela violação do princípio do contraditório e da ampla defesa; Ocorre que a autoridade recorrida não demonstrou, muito menos comprovou a existência de créditos, tendo se limitados a afirmar que tal cessão não foi objeto de fiscalização e que o Recorrente poderia se defender na impugnação; Que a autoridade simplesmente constituiu o crédito tributário sem nenhum embasamento legal e documental; Que a autoridade fiscal fiscalizou a pessoa jurídica da Tibagi Engenharia e Construções Ltda e apurando supostas irregularidades fiscais naquela empresa, imputou as infrações a pessoa física do recorrente; Do crédito cedido pela Tibagi Engenharia Construção e Mineração Ltda, no valor de R$. 22.360.722,06, que teria origem em contratos mútuos firmados com a Tibagi Desenvolvimento e Participações Ltda. Não tendo transferidos os seus créditos de forma gratuita tal como entende a fiscalização; Do crédito cedido pela Sra. Lineia Maria Steinthaler no valor de R$.240.753,21. Situação na qual embora o recorrente tenha passado a ser credor da Sra Linéia este passou a ser devedor da TE no exato momento, em decorrência do contrato de mútuo; Do crédito cedido pela Tibagi Engenharia Construção e Mineração Ltda no valor de R$ 12 milhões, que teria origem em contrato de mútuo; Da distribuição do lucros no valor de R$ 23.597.100,00, que a autoridade fiscal pretendeu afastar a natureza de rendimentos isentos recebidos pelo recorrente, alegando que os mesmos tratam de lucros e dividendos, pois, supostamente, a TD não teria apurado lucros a distribuir em 2008; No entendimento da fiscalização, devido a um suposto equivoco contábil cometido pela TD, relativo as escrituração da operação de cessão de credito de R$ 45 milhões para a TE em 2006, uma vez que o valor da cessão deveria ter sido baixado para contas de resultados, e não permanecido no ativo realizável a longo prazo. Partindo desse fato a autoridade reapurou simplificadamente o lucro e prejuízos acumulados; Indica que os referidos pagamentos que não foram entendidos como distribuição de lucros, deveriam ser tratados como pagamentos sem causa tributados exclusivamente na fonte; Fl. 1890DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 12 No que se refere aos outros rendimentos lançados no auto de infração, os mesmo não foram questionados ao recorrente no processo de fiscalização, entretanto os recorrente apresentou para o mesmo toda a documentação que respalda o lançamento. Dos valores lançados como depósitos de origem não comprovada, aponta que não pode utilizar como prova extratos bancários obtidos sem autorização judicial; Como resultado da fiscalização, a qual teve por base exatamente a mesma situação fática e jurídica tratada nos presente auto, a Receita Federal do Brasil concluiu pela existência e validade dos contratos de mútuo – nem poderia ser diferente em face da TE para a exigência do IOF. Entretanto ao apreciar as operações de mútuo realizadas pela TE, a RFB já conclui pela sua existência. Questiona que em um momento considera e em outro não considera; Da impossibilidade de autuação baseada em depósitos bancários. Alega a autoridade fiscal que os contratos de mútuo seriam irregulares, pois ao TE não teria informados os números dos contratos de mútuo nos registros contábeis, muito embora os contratos estivessem devidamente numerados; Da inexistência de dolo, fraude ou simulação que justifique a qualificação da multa; Da não incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. É o relatório. Fl. 1891DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 8 13 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da Preliminar de Nulidade Nos presentes autos, não ocorreu nenhum vício para que o procedimento seja anulado, como bem discorreu a autoridade recorrida, os vícios capazes de anular o processo são os descritos no artigo 59 do Decreto 70.235/1972 e só serão declarados se importarem em prejuízo para o sujeito passivo, de acordo com o artigo 60 do mesmo diploma legal. A autoridade fiscal ao constatar infração tributária tem o dever de ofício de constituir o lançamento. Não vejo também a alegada necessidade de prévia intimação no que toca a um dos créditos cedidos, uma vez que qualquer argumentação contrária ao lançamento pode ser feita durante a fase contenciosa. Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa Na realidade no caso concreto não se percebe qualquer nulidade que comprometa a validade do procedimento adotado. Diante disso, é evidente que tal preliminar carece de sustentação fática, merecendo, portanto, a rejeição por parte deste Egrégio Colegiado. Posto isso, rejeito tal preliminar de nulidade. Da Preliminar de Prova Ilícita por Quebra do Sigilo Bancário O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 38, da Lei nº 4.595, de 1964 e no artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Pessoalmente, não me restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preservase a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas Fl. 1892DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 14 ninguém tem o direito de invocála para absterse de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. No comando da Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, notase o seguinte: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Fl. 1893DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 9 15 Art. Revogase o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.”. Se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os AuditoresFiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. As Requisições de Movimentação Financeira – RMF emitidas seguiram rigorosamente as exigências previstas pelo Decreto nº 3.724/2001, que regulamentou o art. 6º da Lei Complementar 105/2001, inclusive quanto às hipóteses de indispensabilidade previstas no art. 3º, que também estão claramente presentes nos autos. Em verdade, verificase que a recorrente foi intimada a fornecer seus extratos bancários, no entanto não os apresentou, razão pela qual não restou opção à fiscalização senão a emissão da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF. Desse modo, ausente qualquer ilicitude na prova decorrente da transferência de sigilo bancário para a Receita Federal do Brasil, posto que a Lei Complementar 105, de 2001 confere às autoridades administrativas tributárias a possibilidade de acesso aos dados bancários, sem autorização judicial, desde que haja processo administrativo e justificativa para tanto. E é este o caso. Ademais, a tese de ilicitude da prova obtida não foi acolhida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. Rejeito, portanto, o questionamento preliminar argüido quanto ilicitude da prova. Fl. 1894DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 16 Da Obtenção de Direito Creditório (PARTE DO ITEM 3 DO AUTO) De acordo com a autuação, apurouse em fiscalização junto à empresa TIBAGI ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA que o contribuinte foi beneficiário de direitos creditórios que deveria ter oferecido à tributação, nos seguintes valores, analisados a seguir: Da cessão de crédito de R$ 22.360.722,06, fonte TD Como defesa o recorrente indica que as cessões foram realizadas no conceito de cessão sem coobrigação ou, como mais comumente chamada, cessão Prosoluto, que diferente do entendimento da fiscalização, nada mais é do que o tipo de cessão em que o cedente (credor) responde pela existência e legalidade do crédito, mas não pela solvência do cedido (devedor). Desse modo a cessão de crédito Prosoluto não significa que esta seja gratuita, haja vista que apenas desobriga o cedente da responsabilidade de arcar com o valor acordado, transferindo essa responsabilidade para o cessionário. Da descrição dos fatos constantes no termo de verificação fiscal nas fls. 1366 a 1367, não deixa dúvidas da natureza desse crédito, tal como ser apreciado da copia digitalizada do termo: Fl. 1895DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 10 17 Esse mesmo ponto foi apreciado pelo autoridade recorrida que expressou o seu entendimento nos seguintes termos às fls. 1742: O contrato do qual são partes TIBAGI ENGENHARIA, CONSTRUÇÕES E MINERAÇÃO LTDA (TE), BRUNO LACOMBE MIRAGLIA (BLM) e TIBAGI DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÕES LTDA (TD), às fls. 66/68, além do seu termo aditivo, às fls. 69/72, por meio do qual a TE cedeu créditos a BLM no valor de R$ 22.360.772,06, em 03/01/2006, detidos em face da TD, nada dispõe acerca de eventual contrapartida que onerasse o cessionário, hipótese em que se conclui que BLM não se encontrava obrigado contratualmente a prestar qualquer espécie de contrapartida à cessão recebida. Nesse contexto, não basta argüir registros contábeis da pessoa jurídica ou informações prestadas unilateralmente na DIRPF pela pessoa física, uma vez que, juridicamente, não constituem instrumentos que originariam obrigações. Vale dizer, a contabilidade, por si só, não faz prova dos seus próprios registros, devendo refletir os fatos existentes a partir da documentação que lhe dê substância e lhe dê suporte – a afirmação contrária não é verdadeira: jamais poderia a pessoa jurídica pretender exigir valores da pessoa física com base exclusivamente na sua própria anotação contábil. É de se notar, ainda, que o contribuinte obteve outra cessão de direito creditório de R$ 22.360.772,06, em 03/01/2006, mas da TIBAGI SISTEMAS AMBIENTAIS LTDA (TSA) (cedente), em face também da TIBAGI DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÕES LTDA (devedora anuente), conforme contrato de fls. 683/684, sem que tenha havido, da mesma forma, estipulação alguma de contrapartida onerosa em relação à empresa cedente. Tal operação, porém, não foi objeto da autuação, ficando ressalvada à fiscalização a eventual apuração de crédito tributário dela decorrente, enquanto não decaído o direito da Fazenda Nacional. Uma vez que os argumentos do recorrente, de que, pela cessão do direito, assumiu a condição de devedor do montante de R$ 22.360.772,06, em face da TIBAGI ENGENHARIA, CONSTRUÇÕES E MINERAÇÃO LTDA, não se encontra amparada em documento algum que pudesse ser argüido pela pessoa jurídica, razão pela qual é de se concluir que o contribuinte foi, na realidade, beneficiado, sem ônus, pelo direito em questão. A alegação de que a cessão de direito implicaria ônus de igual valor não é passível de ser acolhida, uma vez que desacompanhada do instrumento que teria originado a operação, qual seja, o contrato de cessão que supostamente ampararia o lançamento contábil e que, se fosse o caso, comprovaria que da cessão adveio ao autuado alguma espécie de ônus, notadamente no que concerne à sua valoração. Da Cessão de Crédito de R$ 240.753,21 fonte Lineia Steinthaler Nesse ponto assim comenta a DRJ, ao apreciar esse crédito especificamente: Fl. 1896DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 18 Tendo o contribuinte auferido benefício consubstanciado em cessão de crédito, presente está o pressuposto da tributação pelo imposto de renda. Em contrapartida, caso não se tratasse de operação que lhe tivesse proporcionado o “benefício” aludido pela norma legal, incumbiria ao contribuinte apresentar a prova correspondente, o que não ocorre no caso, uma vez que os documentos trazidos ao processo (“doc. 06”), às fls. 1473/1478, consistem em registros contábeis da TE e contrato de mútuo que teria firmado com essa pessoa jurídica, com a indicação, à fl. 1478, em suposto “registro auxiliar”, do valor de R$ 240.753,21. Deste modo não há elemento de provas capazes de modificar o entendimento firmado pela fiscalização e autoridade recorrida. Crucial observar que não basta argüir registros contábeis da pessoa jurídica ou informações prestadas unilateralmente na DIRPF pela pessoa física, uma vez que, juridicamente, não constituem instrumentos que originariam obrigações. A contabilidade, por si só, não faz prova dos seus próprios registros, devendo refletir os fatos existentes a partir da documentação que lhe dê substância e lhe dê suporte. Da Cessão de Créditos de R$ 12.000.000,00 fonte Baltazar No caso concreto mais uma vez o recorrente, na realidade, não apresenta o documento que teria originado a cessão de crédito, pela pessoa jurídica, em face de BALTAZAR JOSÉ DE SOUZA, tendo limitado sua argüição a contrato diverso, relativo a mútuo que teria firmado com a TE, às fls. 1483/1484, acompanhado do que seria o seu registro auxiliar, à fl. 1485, e a contabilização do mútuo pela empresa, às fls. 1481/1482. No arrazoado da DRJ as fls. 1744, esta comenta: ...o interessado questiona a falta de comprovação, pela fiscalização, de que houve tal rendimento, aduzindo, por outro lado, que se trata de crédito que lhe foi cedido pela TE, que, paralelamente, contratou mútuo com a empresa, assumindo a condição de devedor da TE e credor de BALTAZAR JOSÉ DE SOUZA, não havendo rendimentos, mas transferência de direitos, sem ganhos ou perdas. O impugnante, na realidade, não apresenta o documento que teria originado a cessão de crédito, pela pessoa jurídica, em face de BALTAZAR JOSÉ DE SOUZA, tendo limitado sua argüição a contrato diverso, relativo a mútuo que teria firmado com a TE, às fls. 1483/1484, acompanhado do que seria o seu registro auxiliar, à fl. 1485, e a contabilização do mútuo pela empresa, às fls. 1481/1482. Relativamente a BALTAZAR JOSE DE SOUZA, apenas consta, à fl. 1480, a baixa do valor de R$ 12.000.000,00 da conta de “outras disponibilidades”, em favor de BLM, por cessão de direitos, na contabilidade da TIBAGI ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA. Portanto, não havendo comprovação de que a cessão de crédito tenha sido onerosa, uma vez que o impugnante não trouxe aos autos o contrato correspondente, por meio do qual, com a Fl. 1897DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 11 19 anuência de BALTAZAR JOSÉ DE SOUZA, tenham lhe sido transferidos direitos correspondentes a R$ 12.000.000,00 e que, em face dessa cessão, tenha assumido igual obrigação perante a cedente, deve ser mantida a tributação do valor a ela correspondente. A documentação contábil será hábil quando revestida das formalidades intrínsecas e extrínsecas essenciais, definidas pela legislação ou pela técnica contábil, ou aceitas pelos usos e costumes. O valor probante da documentação contábil está diretamente relacionado com a sua autenticidade. Os documentos privados, nos quais se inclui a maioria da documentação contábil, inclusive livros contábeis, não têm a mesma eficácia probante de um documento público. Logo, se sua autenticidade é contestada, há necessidade de produção de prova. A escrituração contábil, ainda que observadas as formalidades legais, por si só não faz prova a favor do contribuinte. É princípio probatório cediço que ninguém pode constituir título em seu próprio benefício – nemo sibi titulum constituit. E é compreensível a suspeita contra aquele que, particularmente, faz a sua escrituração contábil, pois ele poderá realizála de modo a favorecer aos seus interesses, ainda que contra a realidade dos fatos. Acrescentese, por pertinente, que quanto à prova documental, é razoável imaginar que o contribuinte não registre em sua contabilidade operações que evidenciem sonegação de tributos. Assim, entendese que o atraso na escrituração pode servir de prova contra ele. Do mesmo modo, a recusa em apresentar a documentação e escrita contábil faz prova contra contribuinte, além de propiciar penalidades. O recorrente não traz outros elementos além daqueles que já foram questionados pela autoridade lançadora e aqueles suscitados pela autoridade de primeira instância. Ante a falta de provas robustas que respaldem as alegações do contribuinte recorrente, não há como acolher seus argumentos nesta parte. Dos Lucros Distribuídos (ITEM 2 DO AUTO) A isenção dos lucros distribuídos está prevista no art. 10 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Fl. 1898DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 20 Tratandose de pessoa jurídica tributada, para que a distribuição aos sócios do valor excedente aos lucros tributados seja considerada rendimento isento é necessário observar o disposto no art. 51 da Instrução Normativa no 11, de 21 de fevereiro de 1996: Art. 51. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. §1o O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. §2o No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, a parcela dos lucros ou dividendos que exceder o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica, também poderá ser distribuída sem a incidência do imposto, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. §3o A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda que por conta de período base não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputado aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. §4o Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3º da Lei nº 9.250, de 1995. §5o A isenção de que trata o caput não abrange os valores pagos a outro título, tais como pro labore, aluguéis e serviços prestados. §6o A isenção de que trata este artigo somente se aplica em relação aos lucros e dividendos distribuídos por conta de lucros apurados no encerramento de período base ocorrido a partir do mês de janeiro de 1996. §7o A distribuição de rendimentos a título de lucros ou dividendos, que não tenham sido apurados em balanço, sujeita se à incidência do imposto de renda na forma prevista no § 4º. Como se percebe, a isenção do valor que exceder a base de cálculo do imposto deduzidos, todos os impostos, distribuído pela pessoa jurídica tributada, está condicionada à apuração de lucro efetivo, mediante escrituração contábil feita com observância à lei comercial ( art. 51, §2o, do art. 51 da Instrução Normativa no 11, de 1996). Os valores que excederem ao lucro apurado na escrituração, serão imputados aos lucros acumulados ou lucros de exercícios anteriores e tributados de acordo com a legislação específica ou, inexistindo Fl. 1899DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 12 21 lucros acumulados, a parcela será tributada com base na tabela progressiva da pessoa física ( art. 51, §§ 3o e 4o, do art. 51 da Instrução Normativa no 11, de 1996). Na matéria em questão uma pessoa jurídica cedente ao se desfazer de um ativo, assumiu um ônus que no caso concreto não foi transferido para o resultado. Desse modo reconhecese que o lucro distribuído não ocorreu efetivamente. A descrição do que ocorreu no caso concreto pode ser vista como grande nitidez na leitura do termo de verificação fiscal às fls. 1371. Ao se pronunciar sobre essa matéria assim especifica a DRJ, as fs. 1746 a 1747, afirma: Como se verifica, a origem da discussão, relativa à existência ou não de lucros a serem distribuídos com o benefício da isenção, remete a contrato de cessão de direitos creditórios firmado entre a TIBAGI DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÕES LTDA e a TIBAGI ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA, tendo o autuado como anuente, juntado pelo impugnante às fls. Fl. 1900DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 22 1506/1508. Conforme descreve o impugnante, à fl. 1413 e seguintes, tal operação de cessão de crédito foi objeto de autuação no Processo Administrativo Fiscal nº 10980.726251/201146, no qual se reputou haver omissão de receita, com base no ganho obtido na cessão de crédito, pela cessionária. No caso, em face da receita da cessionária, concluiuse que a cedente teria perda a ser reconhecida em seu resultado, que não havia sido oportunamente contabilizada e que resultaria em inexistência de lucros a serem distribuídos à pessoa física com o benefício fiscal da isenção. Da mesma forma que em relação ao contrato antes analisado, de cessão de direitos creditórios entre a então TIBAGI ENGENHARIA, CONSTRUÇÕES E MINERAÇÃO LTDA (cedente) e BRUNO LACOMBE MIRAGLIA (cessionário), o cerne da questão, portanto, é a existência ou não de onerosidade no contrato de fls. 1506/1508. A questão primordial para caracterizar se uma cessão é onerosa ou gratuita reside no fato de haver ou não contrapartida a ser dada pela cessionária, ou seja, de qualquer ônus a ser assumido pela interessada. Nesse aspecto, verificase, de imediato, que inexiste qualquer menção a esse respeito nas cláusulas do citado contrato de cessão de direitos creditórios. Ainda que as partes objetivassem, como alegado, “sanear as obrigações mutuarias existentes entre si, bem como melhorar seus balanços patrimoniais”, eventuais ônus ou contrapartidas que do contrato adviessem haveriam de estar expressamente nele previstos. Caso fosse a vontade das partes que o crédito de R$ 45.000.000,00 fosse convertido em adiantamento para futuro aumento de capital da TIBAGI ENGENHARIA, conforme escriturado na conta 2540000 Reservas de AFAC (fl. 1515), deveriam ter consignado expressamente tal pretensão no Contrato de Cessão de Direitos Creditórios Decorrentes de Contratos de Mútuos firmado em 28/07/2006, pois a escrituração contábil não constitui prova, por si só, dos atos e fatos nela registrados, devendo estar ela lastreada em documentação hábil e idônea, conforme dispõe o art. 923 do RIR de 1999. Ademais, o lançamento, na contabilidade da TIBAGI ENGENHARIA, de R$ 45.000.000,00 a crédito da conta n° 2540000 Reservas de AFAC (fl. 1515), com contrapartida devedora na conta 1512001Créditos C/Pessoas Ligadas/Créditos e Mútuos Diretores/Bruno Lacombe Miraglia em 28/07/2006 (fl. 1511), após o lançamento de ajuste em 30/08/2006 (fls. 1512), estaria lastreado no Contrato de Abertura de Crédito n° 07/2006 (fls. 1529/1530), celebrado entre a TIBAGI ENGENHARIA e o sócio BRUNO LACOMBE MIRAGLIA em 03/07/2006. Dessa forma, conclui se que, de fato, deveria a TIBAGI DESENVOLVIMENTO, em face da natureza não onerosa da cessão de direito creditório, reconhecer a perda de R$ 45.000.000,00, o que se faria refletir na distribuição de lucro Fl. 1901DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 13 23 Portanto, inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº. 7.713, de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3º da Lei nº. 9.250, de 1995, com as alterações posteriores. Não há como acolher o argumento de que o correto seria a cobrança do imposto de renda na fontes por pagamento sem causa, pois estaria em desacordo com o que prescreve a legislação. Nunca é demais alertar para o fato de que a violação das regras contábeis e lançamentos sem vinculação exata com as operações efetivamente realizadas apenas para simular um lucro inexistente é prática ilícita, fraudulenta e pode acarretar responsabilização pessoal dos administradores e dos sócios beneficiados, com seu próprio patrimônio, em indenizações decorrentes deste ato. Caso constatada essa hipótese, os sócios são obrigados à reposição dos lucros que foram distribuídos em prejuízo do capital social. No caso concreto, uma vez que não tenho reparos a realizar nas considerações expressas no termo de verificação fiscal, e considerando que acompanho o arrazoado da DRJ nesse tópico mantenho intocado o lançamento nessa parte. Dos outros rendimentos (PARTE DO ITEM 3 DO AUTO) A partir da conta de mútuo da pessoa física do contribuinte recorrente fiscalizada as fls 1278 a 1312, coletada da ação fiscal executada na pessoa física da Tibage Eng, e Construções Ltda, da qual o contribuinte é sócio gerente majoritário, o mesmo teria auferido os seguintes rendimentos: Da análise do conjunto de elementos existentes, não há como reconhecer que as transferências de recursos, embora sob a roupagem formal empregada, eram meramente decorrentes de empréstimos que seriam devolvidos à pessoa jurídica, uma vez que não retornavam e não se prestavam a atender à finalidade alegada, não traduzindo materialmente contratos de mútuo, salientandose, ademais, que o impugnante sequer cogita comprovar que posteriormente, passados vários anos, teria cumprido os contratos, com a devolução dos recursos obtidos. Conforme constatado, no caso do valor recebido de Franklin Delano Magalhães Advogados (fls. 1313), tratase de valor pago pela Tibagi Engenharia, a maior, a título de honorários advocatícios, decorrentes de ação ordinária movida pela mesma contra a União, onde obteve decisão favorável, e que deveria ter sido devolvida para a fonte pagadora, a pessoa jurídica. No entanto, o valor foi restituído diretamente ao sócio majoritário, constituindose em remuneração mantida à margem da tributação. A DRJ em sua análise também detalhou cuidadosamente item a item os valores referidos, tal como se constata as fls. 1750 a 1751. Fl. 1902DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 24 Segundo o impugnante, todos os valores encontramse acobertados por contratos de mútuo firmados com a empresa TE, estando as razões de impugnação baseadas nos documentos apresentados às fls. 1516/1544. O valor de R$ 38.000,00 consta, à fl. 1517, no livro Razão da TE, na conta de “CONTRATOS DE MÚTUO” com a empresa JATOBA AGRICULTURA E PECUÁRIA LTDA, com o histórico “VLR ENTREGUE A BRUNO LACOMBE MIRAGLIA P/ PGTO IPTU”; às fls. 1524/1525, contrato de mútuo entre a TE e BLM e, às fls. 1526/1527, conforme o “registro auxiliar”, que indicaria a concessão de recursos de R$ 350.341,57, no mês de abril de 2006. Em relação ao valor de R$ 530.450,00, recebido de CARLOS SEARA MURADAS, consta, à fl. 1528, no livro Razão da TE, na conta “DEP. E CAUÇÕES ORDINÁRIOS” de CARLOS SEARA MURADAS, a transferência, em 14/07/2006, com o histórico “VLR TRANSFERIDO P/BRUNO LACOMBE MIRAGLIA”; às fls. 1529/1530, contrato de abertura de crédito de R$ 45.930.000,00 da TE para BLM e, às fls. 1531/1532, anotação dos valores correspondentes em “registro auxiliar”, que indicam a concessão de recursos de R$ 45.920.398,91, no mês de julho de 2006, dos quais apenas R$ 139.525,71 teriam sido devolvidos no mês de agosto de 2006. Tais registros não apresentam correlação aparente com o contrato de mútuo de fls. 1520/1523, entre CARLOS SEARA MURADAS (mutuante) e a empresa TE (mutuaria), em 26/05/2005, que noticia a “abertura de crédito” de R$ 1.200.000,00; nem com o “instrumento de quitação” de fls. 1518/1519, datado de 24/04/2006, em que a TE, como mutuaria, teria quitado dívida de R$ 1.090.902,77, que havia contraído com CARLOS SEARA MURADAS, mutuante. Quanto ao valor de R$ 1.866.176,80 recebidos de FRANKLIN D. GUIMARÃES, encontrase lançado, à fl. 37, no livro Razão da TE, na conta “OUTROS PRESTADORES DE SERVIÇOS” “FRANKLIN D. MAGALHÃES ADVOG. ASSOC. LTDA”, a crédito, com o histórico “VL. NUMERÁRIO DEVOLVIDO P/BRUNO LACOMBE MIRAGLIA CFE AUTORIZAÇÃO DE TIBAGI ENGENHARIA”. O interessado apresenta, ainda, contrato de abertura de crédito, às fls. 1533/1534, acompanhado do “registro auxiliar” de fls. 1535/1536, indicando que teria ocorrido a concessão de recursos de R$ 4.274.639,37, no mês de dezembro de 2006, dos quais não há indicação de devolução de valor algum na forma estipulada contratualmente. À fl. 1538, encontra se o lançamento contábil de R$ 85.000,00 (no livro Razão da TE, na conta “OUTROS VALORES A RECEBER/COMPASA DO BRASIL DISTR. DERIV. PETRÓLEO”), sob o histórico “VL. ENTREGUES A BRUNO LACOMBE MIRAGLIA, CONF. CTO DE MUTUO FIRMADO ENTRE AS PARTES, CFE. RECEBIMENTO DE 5 PARCELAS DA COPADA EM 2006”, em 02/01/2007. À fl. 1539, na conta “OUTROS VALORES A RECEBER/ADIANTAMENTO A FORNECEDORES/EROS GRADOWSKI JUNIOR”, o lançamento contábil de R$ 188.000,00, com o histórico “VL. ENTREGUE A BRUNO LACOMBE MIRAGLIA, CONF. CTO DE MUTUO FIRMADO ENTRE AS PARTES”, em 02/01/2007. Fl. 1903DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 14 25 À fl. 1540, na conta “DÉBITO COM PESSOAS LIGADAS/CONTRATOS DE MÚTUO/OSVALDO FERNANDO CELLA”, verificase a contabilização do valor de R$ 29.000,00, em 02/01/2007, a título de “VL. ENTREGUE A BRUNO LACOMBE MIRAGLIA, CONF. CTO DE MÚTUO FIRMADO ENTRE AS PARTES”. Às fls. 1541/1542, contrato de mútuo a que se refeririam os lançamentos contábeis da TE, acompanhado do “registro auxiliar” de fls. 1543/1544, que indicaria o fornecimento de recursos de R$ 802.285,86, no mês de janeiro de 2007. Portanto, a matéria tributada diz respeito aos contratos de mútuo que a autoridade fiscal reputou não estarem devidamente comprovados, questão que no Termo de Encerramento de Ação Fiscal encontrase desenvolvida na análise dos “Contratos de Abertura de Crédito”, às fls. 1373/1386. Os contratos de mútuos apresentados embora procurem dar suporte as operações discutidas não foram aceitos pela fiscalização devido a inconsistências detectadas nos: i) histórico dos registros contábeis, ii) registros contábeis omitidos, iii) registro no cartório de títulos e documentos, iv) data de lavratura dos instrumentos particulares, v) situação financeira da fiscalizada e vii) outros indícios. Na análise desse conjunto de inconsistências assim se pronunciou a autoridade recorrida, conforme se extrai do relatório da autoridade recorrida: Nesse sentido, para a fiscalização, existem inconsistências que poderiam individualmente ser consideradas de menor importância, mas que quando analisadas de forma global assumem relevância que não pode ser ignorada. A respeito, a fiscalização apresenta os seguintes fatos: a) em “Histórico dos registros contáveis”, descreve a falta de uniformidade nos critérios de escrituração por parte da pessoa jurídica em relação aos contratos de abertura de crédito, quando os lançamentos contábeis são confrontados com registros das demais operações realizadas, uma vez que nesses há especificação condizente com as normas da contabilidade (históricos objetivos com a indicação, por exemplo, do número do cupom fiscal e da nota fiscal correspondente, pressupondo a disponibilidade, pelo operador contábil, dos documentos que lhes davam embasamento), ao passo que naqueles, relativos aos supostos mútuos, há extenso histórico, mas sem identificação do contrato a que se refere, embora supostamente já tivessem sido assinados nos primeiros dias de cada mês; destaca que o fato se repete nos três anos fiscalizados, o que descarta a hipótese de erro; conclui que a omissão dos dados específicos dos contratos permite inferir que foram eles criados posteriormente aos registros contábeis, ocasião em que receberam a numeração; b) no tópico “Registros contábeis omitidos”, relata a falta de contabilização regular dos valores amortizados, pela pessoa física, dos valores cedidos; narra a intimação efetuada e a resposta apresentada, aduzindo que, no caso específico, em Fl. 1904DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 26 exame ao livro Diário, foram constatados apenas dois dos valores amortizados, dependendo os demais de controles auxiliares, os quais, por sua vez, necessitam de outras planilhas auxiliares, o que tornaria a leitura contábil dificultosa ou impossível, contrariando o princípio fundamental da contabilidade que “os registros auxiliares, quando adotados, devem obedecer aos preceitos gerais da escrituração contábil, observadas as peculiaridades de sua função”; c) sob o item “Registro no cartório de Títulos e documentos”, considera que os contratos estariam sujeitos a registro no Cartório de Títulos e Documentos, em face do art. 129, § 9º, da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei dos Registros Públicos); d) em “Data da lavratura dos ‘instrumentos particulares’”, ressalta que os contratos eram datados como se elaborados e assinados no dia 1º de cada mês, ainda que a data incidisse em domingos e feriados, o que constitui indicativo de que eram confeccionados posteriormente, quando os valores já se encontravam contabilizados, destacando que nenhum dos contratos tem valor inferior ao que se está mensalmente contabilizado, fato que consideraria passível de ocorrer caso o crédito aberto não fosse suficiente para cobrir o valor cedido no mês; conclui que foram inseridas datas falsas em todos os contratos de mútuo, lavrados em data posterior aos lançamentos contábeis, identificados como controles auxiliares na coluna valores cedidos; e) acerca da “Situação financeira da fiscalizada”, aponta incongruência na concessão de crédito à pessoa física em face das dificuldades financeiras verificadas na pessoa jurídica, consistentes em adesão a programas de parcelamento, programa de recuperação de créditos bancários, repactuação de dívidas antigas, penhora de bens e prejuízos contábeis em diversos anos; ressalta que a pessoa jurídica, ao mesmo tempo em que empresta recursos, sem contraprestação, à pessoa física, seria tomadora de empréstimos bancários com pesados encargos; f) em “Outros indícios”, descreve: inércia, falta de ação, desídia, inexistência de providências amigáveis ou judiciais para a recuperação dos créditos em relação aos mutuários (pessoa física e pessoas jurídicas); concessão de novos créditos, a despeito da continuada e reiterada inadimplência; existência de íntima relação pessoal entre as partes (no caso, entre o autuado e a pessoa jurídica que representa e pela qual assina); o fato de que, apenas após indagação acerca de contrato mencionado como “firmado em 25/01/1994, com aditivos em 24/01/2000, 02/01/2002 e 09/10/2002”, foi prestada a informação de que o mesmo não existia, assim como os termos aditivos citados, sendo, então, juntado um termo aditivo com data de 14/02/2006, ao contrato de 03/01/2006, que, além de conter erros grosseiros de redação, não havia sido antes apresentado, o que corroboraria o entendimento de que os contratos foram elaborados para justificar a entrada/saída de numerário da pessoa jurídica, após certo tempo dos lançamento registrados na contabilidade. Fl. 1905DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 15 27 Com base nessas ponderações, a fiscalização conclui: “Pelas razões e motivos acima expostos, ficam desconstituídas ou desconsideradas as operações supostamente contratadas como mútuo, cujos contratos receberam o título de Contrato de Abertura de Crédito, com as implicações adiante comentadas, tendo em vista restar caracterizadas a declaração enganosa de vontade sendo ilícitos os atos praticados”. A DRJ em sua análise não concordou com todas as ponderações da fiscalização, mas também não considerou devidamente demonstrados os argumentos do recorrente. Na discussão de que trata o presente processo, a despeito das contestações apresentadas, não se observam os elementos básicos caracterizadores do mútuo, havendo, pelo contrário, nítido desvirtuamento dos seus pressupostos. Abstraindo da falta de demonstração contábil já descrita, as amortizações dos mútuos, segundo os registros auxiliares apresentados, seriam parciais e desproporcionais aos valores cedidos, sempre em detrimento da pessoa jurídica, que se encontrava em dificuldade financeira, expressamente admitida na transcrição de sua impugnação. Mesmo havendo inadimplência, com a não devolução dos recursos no prazo contratual de noventa dias, novos contratos eram firmados, mensalmente, em nítido prejuízo da pessoa jurídica e em benefício da pessoa física. Ou seja, desse modo, não se justificava a existência dos contratos, posto que o alegado objetivo não era alcançado. A pessoa física obtinha vultosas quantias e delas devolvia apenas parte; firmava novos contratos de mútuo e, podendo até mesmo fazêlo com os recursos antes obtidos, quitava os contratos de menor valor, permanecendo em mora quanto aos grandes valores. Convenientemente, a pessoa física figurava nos contratos como mutuário e como representante da pessoa jurídica, valendo se dessa condição para obter recursos sem ônus pela mora, sem riscos pelo inadimplemento e, sob a aparência de mútuo, sem sofrer a tributação da renda. A pessoa jurídica, nesse contexto, não teria interesse algum nos contratos firmados, uma vez que, ao final, apenas cedeu valores que não retornaram para sua atividade operacional, ao mesmo tempo em que era, como consta da afirmativa fiscal, tomadora de recursos de instituições financeiras, sujeita a pesados encargos, o que desnatura a suposta convergência de interesses na celebração dos contratos. Não se tratam de contratos eventuais em que o sócio acabou por permanecer em débito com a pessoa jurídica. São contratos mensais, celebrados nos mais diversos valores e sem explicação plausível para que tenham existido, uma vez que resultam em valores não devolvidos pela pessoa física e não remunerados no período de inadimplência, em prejuízo de uma parte e benefício da outra. Pelo conjunto de elementos existentes, não há como reconhecer que as transferências de recursos, embora sob a roupagem Fl. 1906DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 28 formal empregada, eram meramente decorrentes de empréstimos que seriam devolvidos à pessoa jurídica, uma vez que não retornavam e não se prestavam a atender à finalidade alegada, não traduzindo materialmente contratos de mútuo, salientando se, ademais, que o impugnante sequer cogita comprovar que posteriormente, passados vários anos, teria cumprido os contratos, com a devolução dos recursos obtidos. Ante aos elementos de prova apresentados, não há como afastar o lançamento no que toca aos valores apurados pela fiscalização. Todos os elementos analisados convergem para a conclusão de que os mútuos neste caso é um disfarce, sem substância, constituído apenas para dar um suporte lícito para os recursos movimentados. Não identifico também relação direta entre Auto de infração apontado pela autoridade recorrida e as infração que estão sendo apontadas neste auto. O Auto comentado referese a 2008, tendo fatos geradores no ano de 2003. No presente auto de infração os anos calendários são outros. Desse modo não identifica um tratamento desigual tal como observado pelo recorrente. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários (ITEM 1 DO AUTO) O lançamento fundamentase em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, temse a autorização para considerar ocorrido o “fato gerador” quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de “fato gerador”, a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do “fato gerador” (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tãosomente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de “Imposto sobre a Renda Pessoas Jurídicas” (JustecRJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocandoa, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei nº 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza nãotributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte Fl. 1907DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 16 29 poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). É inadmissível aceitar alegações quando desacompanhadas de provas. Assim, a ocorrência do fato gerador decorre, no presente caso, da presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Verificada a ocorrência de depósitos bancários cuja origem não foi devidamente comprovada pelo contribuinte, é certa também a ocorrência de omissão de rendimentos à tributação, cabendo ao contribuinte o ônus de provar a irrealidade das imputações feitas. Ausentes esses elementos de prova, resulta procedente o feito fiscal em nome do contribuinte. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. No que se refere aos depósitos mantidos, DRJ se pronunciou da seguinte maneira: R$ 20.000,00 em 16/01/2008, no SAFRA S/A (poupança): referese a operação de “DEPÓSITO” em conta de poupança (fl. 1710), conforme extrato de poupança, à fl. 385; o impugnante argüiu, à fl. 1687, que a operação decorreu de “resgate FDO PLB” conforme “Extrato 01/2008”; não há, porém, nos extratos bancários que instruem o presente processo, às fls. 90/673, registro de aplicação que corresponda ao depósito efetuado; notese que no “Demonstrativo Consolidado” das contas mantidas no Banco SAFRA S/A, à fl. 355, apenas encontrase anotada a disponibilidade dos recursos da poupança, em 16/01/2008, como integrantes da “Conta Investimento”, sendo que, em 17/01/2008, parte dos recursos (R$ 10.043,28) foi direcionada para a cobertura de débito (R$ 12.265,75), do que resultou “saldo em conta” de R$ 0,00 e em “conta investimento” de R$ 9.956,72; ressaltese que, à fl. 231, no extrato do CITIBANK, consta operação de resgate de aplicação financeira, em 16/01/2008, no valor de R$ 97.972,41, recurso esse que, descontado do imposto de renda na fonte, de R$ 931,43, resultando em R$ 97.040,98, foi transferido da “conta corrente de investimentos” para cobrir saldo negativo da “conta corrente”, em 21/01/2008, à fl. 233; resta não comprovada a origem do deposito de R$ 20.000,00 em 16/01/2008; R$ 17.000,00 em 17/04/2008 no SAFRA S/A: equivocase o impugnante, haja vista que não há operação de crédito desse valor no dia 17/04/2008; havia, sim, dois depósitos no dia 16/04/2008 (fl. 1710), ambos de R$ 17.000,00 no SAFRA S/A, um em poupança (“DEPÓSITO”, à fl. 384) e outro em conta corrente (“DP CH SAF”, à fl. 359), sendo que o depósito em poupança já havia sido excluído pela autoridade fiscal, como revelou a diligência efetuada, à fl. 1715; à fl. 1688, o Fl. 1908DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 30 impugnante, embora tenha trocado uma das datas, suscita que os valores são decorrentes de “Conta única C/C e poupança” e de “saldo de investimentos nesta data”; a parte procedente da contestação já foi atendida na confecção do lançamento; o extrato de fl. 359 é de consolidação das contas, registrando, portanto, a mesma operação de crédito de R$ 17.000,00 (como evidencia a anotação de “retirada” de R$ 9.637,07, à fl. 384, que é referente à cobertura do saldo devedor antes existente, à fl. 359); a exclusão efetuada pela autoridade fiscal anulou a duplicidade, remanescendo uma operação de crédito de R$ 17.000,00, sob o histórico “DP CH SAF”; remanesce, desse modo, não justificada a origem do crédito discutido; R$ 42.605,73 em 17/04/2008, no SAFRA S/A (poupança): é referente ao “DEPÓSITO” em poupança do SAFRA S/A de R$ 42.605,73, conforme consta do extrato bancário de fl. 388; o impugnante, à fl. 1688, aventa se tratar de “saldo investimentos nesta data”, reportandose, aparentemente, ao extrato consolidado, à fl. 360; como se verifica, o saldo alegado adveio justamente do depósito cuja origem não foi justificada, devendo o valor ser mantido na base de cálculo do lançamento; R$ 7.667,29 em 23/04/2008 no SAFRA S/A: o contribuinte havia sido indagado a respeito de duas “ordens de crédito” de R$ 7.667,29 no dia 23/04/2008 (fl. 1711), uma em poupança (fl. 384) e outra em conta corrente (fl. 360) do SAFRA S/A; alegou, à fl. 1688, que o valor creditado em poupança é referente ao fato de se tratar de “conta única C/C e conta poupança” e que o valor creditado na conta corrente adveio de TED de mesma titularidade do Banco ITAÚ; o crédito em poupança já foi excluído no lançamento, como consta à fl. 1715; quanto ao crédito em conta corrente, não consta alegada origem no extrato do Banco ITAÚ do mês de abril/2008, às fls. 478/487, descabendo modificar o lançamento quanto a esse valor. Nesse depósitos, não há reparos a fazer na decisão da DRJ. Especialmente tendo em vista que no recurso o recorrente não questiona os mesmos especificamente. Entretanto na análise do Termo de Intimação foi possível verificar que no histórico do extrato identificava que alguns do depósitos bancários tinham origem na AGS Desenvolvimento e Participações Ltda, bem como das empresas TIBAGI, o que se coadunam com o descrito pelo recorrente. Nesse contexto uma vez que o próprio extrato possibilitaria identificar a origem do depósito bancário, entendo inoportuna nesse em que a identificação era clara, e não comportava duvidas quanto a origem, nessa caso seria de se excluir essa parte do lançamento. Acrescento que não pode ser qualquer descrição no extrato, mas apenas aquela que permite inferir com convicção qual seria a origem. Uma vez que o recorrente, buscou justificar os depósitos com contratos de mútuo dessas empresas e não foi aceito. A descrição possibilitaria a conclusão de que houve uma omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, mas não aquele fundamentado em omissão de depósitos bancários. No ano calendário de 2006, não houve necessidade de fazer qualquer ajuste, mantendo os depósitos lançados tal como realizado pelo fiscalização. No relativo ao ano calendário de 2007, foi necessário além da exclusão dos depósitos bancários identificadas as origens da AGS Desenvolvimento, excluir aqueles depósitos abaixo de R$ 12.000,00, uma vez Fl. 1909DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 17 31 que os mesmos não totalizaram importância superior a R$ 80.000. No relativo ao anos calendário de 2008, devem ser excluídos os depósitos bancários, tal como solicitados pela diligência de fls. 1712 1715, os que era possível identificar com clareza a parte pagadora. Os valores alterados encontramse nos quadros a seguir do ano calendário 2007 e 2008. A parte final destaca exclusivamente o valor que deve ser excluído no CARF, que que não sobrepõe aquele já excluído pela DRJ. Quadro de Valores a Excluir no Ano Calendário 2007 a ) Total de valores constante na Intimação fls.1709 a 1712 5.103.211,01 b) Valores que devem ser excluidos conforme relatório de diligência, fls. 1715 BANCO DATA HISTÓRICO EXTRATO VALOR R$ ITAU 19/06/2007 CEI 00006 DEP CHQ 20.000,00 CITIBANK 18/09/2007 TED D REC. 15.000,00 SAFRA 24/09/2007 TED E 10.000,00 CITIBANK 01/11/2007 TED D REC. 70.000,00 SAFRA 19/11/2007 TED D 5.000,00 120.000,00 c) Valores excluidos pela DRJ 0,00 d) Valores que devem ser excluidos por identificação clara no Histórico BANCO DATA HISTÓRICO EXTRATO VALOR R$ ITAU 07/03/2007 TED AGS DESENVOL 20.000,00 ITAU 11/04/2007 TED AGS DESENVOL 200.000,00 ITAU 02/05/2007 TED AGS DESENVOL 40.000,00 ITAU 09/05/2007 TED AGS DESENVOL 20.000,00 ITAU 16/05/2007 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 17/05/2007 TED AGS DESENVOL 30.000,00 ITAU 18/05/2007 TED AGS DESENVOL 25.000,00 ITAU 06/08/2007 TED AGS DESENVOL 15.000,00 360.000,00 e) Valores que devem ser excluidos por serem inferiores a R$ 12.000,00 BANCO DATA HISTÓRICO EXTRATO VALOR R$ CITIBANK 14/02/2007 TRANSF. CONTAS 10.000,00 CITIBANK 05/02/2007 TEC DEP CHEQUE 8.718,59 18.718,59 e) Valores que devem ser excluidos (b + c + d + e) 498.718,59 f) Valores que devem ser mantidos (a ‐e) 4.604.492,42 g) Valores Lançados (Auto de Infração) 4.983.211,01 h) Excluir da Base de Cálculo no CARF (g ‐ f ‐ c) 378.718,59 Fl. 1910DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 32 Quadro de Valores a Excluir no Ano Calendário 2008 a ) Total de valores constante na Intimação fls.1709 a 1712 2.630.180,49 b) Valores que devem ser excluidos conforme relatório de diligência, fls. 1715 BANCO DATA HISTÓRICO EXTRATO VALOR R$ SAFRA 29/02/2008 DEPÓSITO 100.000,00 SAFRA 11/03/2008 DEPÓSITO 300.000,00 SAFRA 19/03/2008 DEPÓSITO 120.661,77 CITIBANK 07/04/2008 TED RECEBIDA 7.500,00 SAFRA 18/04/2008 DEPOSITO 17.000,00 SAFRA 23/04/2008 OR DE CREDITO 7.667,29 SAFRA 17/12/2008 TED D REC. 34.000,00 586.829,06 c) Valores excluidos pela DRJ BANCO DATA HISTÓRICO EXTRATO VALOR R$ ITAU 07/02/2008 DEPÓSITO 6.000,00 CITIBANK 15/02/2008 CREDITO BLOQ JUD 28.400,68 SAFRA 14/03/2008 TED D DV.MOT 57 5.000,00 39.400,68 d) Valores que devem ser excluidos por identificação clara no Histórico BANCO DATA HISTÓRICO EXTRATO VALOR R$ BANCO DATA HISTÓRICO EXTRATO VALOR R$ ITAU 07/02/2008 SISPAG TIBAGI SIST AMB 9.000,00 ITAU 29/08/2008 TED AGS DESENVOL 12.000,00 ITAU 17/04/2008 TED AGS DESENVOL 16.000,00 ITAU 02/09/2008 TED AGS DESENVOL 12.000,00 ITAU 28/04/2008 TED AGS DESENVOL 5.500,00 ITAU 02/09/2008 TED AGS DESENVOL 5.000,00 ITAU 29/04/2008 TED AGS DESENVOL 13.500,00 ITAU 04/09/2008 TED AGS DESENVOL 18.000,00 ITAU 30/04/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 05/09/2008 SISPAG TIBAGI SIST AMB 5.000,00 ITAU 05/05/2008 TED AGS DESENVOL 9.000,00 ITAU 19/09/2008 TED AGS DESENVOL 13.000,00 ITAU 09/05/2008 TED AGS DESENVOL 8.000,00 ITAU 22/09/2008 TED AGS DESENVOL 8.000,00 ITAU 19/05/2008 TED AGS DESENVOL 20.000,00 ITAU 23/09/2008 TED AGS DESENVOL 7.000,00 ITAU 21/05/2008 TED AGS DESENVOL 30.000,00 ITAU 25/09/2008 TED AGS DESENVOL 12.000,00 ITAU 27/05/2008 TED AGS DESENVOL 20.000,00 ITAU 30/09/2008 TED AGS DESENVOL 7.505,50 ITAU 05/06/2008 TED AGS DESENVOL 25.000,00 ITAU 01/10/2008 TED AGS DESENVOL 7.000,00 ITAU 05/06/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 02/10/2008 TED AGS DESENVOL 5.226,29 ITAU 06/06/2008 TED AGS DESENVOL 6.000,00 ITAU 03/10/2008 TED AGS DESENVOL 8.000,00 ITAU 11/06/2008 TED AGS DESENVOL 12.000,00 ITAU 06/10/2008 TED AGS DESENVOL 5.000,00 ITAU 17/06/2008 TED AGS DESENVOL 13.000,00 ITAU 16/10/2008 TED AGS DESENVOL 33.000,00 ITAU 18/06/2008 TED AGS DESENVOL 8.000,00 ITAU 16/10/2008 TED AGS DESENVOL 7.000,00 ITAU 24/06/2008 TED AGS DESENVOL 6.000,00 ITAU 20/10/2008 TED AGS DESENVOL 5.000,00 ITAU 07/07/2008 TED AGS DESENVOL 5.000,00 ITAU 21/10/2008 TED AGS DESENVOL 15.000,00 ITAU 09/07/2008 TED AGS DESENVOL 32.000,00 ITAU 22/10/2008 TED AGS DESENVOL 5.300,00 ITAU 10/07/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 23/10/2008 TED AGS DESENVOL 15.000,00 ITAU 11/07/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 31/10/2008 SISPAG TIBAGI SIST AMB 5.000,00 ITAU 11/07/2008 TED AGS DESENVOL 5.000,00 ITAU 04/11/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 16/07/2008 TED AGS DESENVOL 15.000,00 ITAU 05/11/2008 TED AGS DESENVOL 11.000,00 ITAU 17/07/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 12/11/2008 TED AGS DESENVOL 5.150,00 ITAU 21/07/2008 TED AGS DESENVOL 26.000,00 ITAU 13/11/2008 TED AGS DESENVOL 9.000,00 ITAU 25/07/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 14/11/2008 TED AGS DESENVOL 11.027,44 ITAU 28/07/2008 TED AGS DESENVOL 6.000,00 ITAU 05/12/2008 SISPAG TIBAGI ENG COM L 5.000,00 ITAU 01/08/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 09/12/2008 TED AGS DESENVOL 5.693,00 ITAU 05/08/2008 TED AGS DESENVOL 5.000,00 ITAU 12/12/2008 TED AGS DESENVOL 5.572,00 ITAU 13/08/2008 TED AGS DESENVOL 10.000,00 ITAU 17/12/2008 TED AGS DESENVOL 37.273,50 ITAU 15/08/2008 TED AGS DESENVOL 8.000,00 ITAU 22/12/2008 SISPAG TIBAGI ENG COM L 20.000,00 ITAU 21/08/2008 TED AGS DESENVOL 25.000,00 ITAU 29/12/2008 SISPAG TIBAGI MIN LTDA 12.000,00 ITAU 27/08/2008 TED AGS DESENVOL 5.000,00 ITAU 30/12/2008 SISPAG TIBAGI SIST AMB 31.000,00 785.747,73 e) Valores que devem ser excluidos (b + c + d) 1.411.977,47 f) Valores que devem ser mantidos (a ‐ e) 1.218.203,02 g) Valores Lançados (Auto de Infração) 2.043.351,43 h) Excluir da Base de Cálculo no CARF (g ‐ f ‐c) 785.747,73 Fl. 1911DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10980.726419/201113 Acórdão n.º 2202002.650 S2C2T2 Fl. 18 33 Da Multa Qualificada Segundo a fiscalização a recorrente teria omitido receitas, adotando conduta no sentido de impedir o lançamento e retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária. Inobstante respeitável entendimento da autoridade fiscalizadora, não vejo circunstâncias que caracterizem um evidente intuito de fraude. Entendo que configurase como simulação, o comportamento do contribuinte em que se detecta uma inadequação ou inequivalência entre a forma jurídica sob a qual o negócio se apresenta e a substancia ou natureza do fato gerador efetivamente realizado, ou seja, dáse pela discrepância entre a vontade querida pelo agente e o ato por ele praticado para exteriorização dessa vontade. Cabe lembrar que no caso de depósitos bancário, entendo razoável a qualificação quando da utilização de pessoa interposta, mas não é o caso nos autos No caso concreto não tenho como presumir que a conduta foi eivada de vício, mas tão somente de omitir do fisco com conhecimento de fato relevante. MULTA QUALIFICADA DEPÓSITOS BANCÁRIOS A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. (Súmula CARF nº 14) Nestes termos, posicionome no sentido de rejeitar as preliminares, e no mérito, dar provimento parcial ao recurso de voluntário para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Da Incidência de Juros Sobre a Multa de Ofício Acompanho o entendimento da legalidade da incidência de juros sobre a multa de ofício. Uma análise sistemática dos arts. 113, 139 e 161 do CTN revela que a multa de ofício (penalidade pecuniária), por integrar o crédito tributário, recebe igualmente o acréscimo moratório de juros. Ante ao exposto, voto por rejeitar as preliminares de nulidade e de ilicitude da prova e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo do item 1 do auto de infração (omissão de rendimentos baseada em depósitos bancários), os valores de R$ 378.718,59 e R$785.747,73, nos anos calendários 2007 e 2008, respectivamente, e desqualificar a multa de ofício reduzindoa ao percentual de 75%. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 1912DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 34 Fl. 1913DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 27/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10508.000809/2010-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
LAVRATURA QUE CONTEMPLA A DESCRIÇÃO DOS FATOS APURADOS NA AÇÃO FISCAL, DOS DISPOSITIVOS LEGAIS INFRINGIDOS E DA CAPITULAÇÃO LEGAL DA MULTA APLICADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA OU DE FALTA DE MOTIVAÇÃO.
O fisco ao narrar os fatos verificados, a norma violada, a base legal e os critérios utilizados para aplicação da multa, fornece ao sujeito passivo todos os elementos necessários ao exercício do seu direito de defesa, não havendo o que se falar em prejuízo ao direito de defesa ou falta de motivação do ato, que pudesse acarretar em nulidade da lavratura.
CONTABILIZAÇÃO DE FATOS GERADORES EM TÍTULOS IMPRÓPRIOS. INFRAÇÃO.
Ao contabilizar os fatos geradores de contribuições previdenciárias em contas impróprias, a empresa incorre em infração à legislação previdenciária, por descumprimento de obrigação acessória.
RELEVAÇÃO DA PENALIDADE. PEDIDO PARA CORREÇÃO DA FALTA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DO PROCESSO EM QUE É DISCUTIDA A PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. IMPOSSIBILIDADE.
Mesmo durante a vigência do revogado § 1.º do art. 291 do RPS pelo Decreto n.º 6.727, de 12/01/2009, inexistia a possibilidade de relevação da penalidade quando a correção da falta se dava após o prazo para impugnar a exigência.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-003.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, Por unanimidade de votos: I) afastar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente justificadamente a conselheira Carolina Wanderley Landim.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201404
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 LAVRATURA QUE CONTEMPLA A DESCRIÇÃO DOS FATOS APURADOS NA AÇÃO FISCAL, DOS DISPOSITIVOS LEGAIS INFRINGIDOS E DA CAPITULAÇÃO LEGAL DA MULTA APLICADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA OU DE FALTA DE MOTIVAÇÃO. O fisco ao narrar os fatos verificados, a norma violada, a base legal e os critérios utilizados para aplicação da multa, fornece ao sujeito passivo todos os elementos necessários ao exercício do seu direito de defesa, não havendo o que se falar em prejuízo ao direito de defesa ou falta de motivação do ato, que pudesse acarretar em nulidade da lavratura. CONTABILIZAÇÃO DE FATOS GERADORES EM TÍTULOS IMPRÓPRIOS. INFRAÇÃO. Ao contabilizar os fatos geradores de contribuições previdenciárias em contas impróprias, a empresa incorre em infração à legislação previdenciária, por descumprimento de obrigação acessória. RELEVAÇÃO DA PENALIDADE. PEDIDO PARA CORREÇÃO DA FALTA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DO PROCESSO EM QUE É DISCUTIDA A PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. IMPOSSIBILIDADE. Mesmo durante a vigência do revogado § 1.º do art. 291 do RPS pelo Decreto n.º 6.727, de 12/01/2009, inexistia a possibilidade de relevação da penalidade quando a correção da falta se dava após o prazo para impugnar a exigência. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10508.000809/2010-64
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5351410
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2401-003.480
nome_arquivo_s : Decisao_10508000809201064.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 10508000809201064_5351410.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, Por unanimidade de votos: I) afastar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente justificadamente a conselheira Carolina Wanderley Landim. Elias Sampaio Freire - Presidente Kleber Ferreira de Araújo - Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
dt_sessao_tdt : Mon Apr 14 00:00:00 UTC 2014
id : 5475623
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:22:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815740264448
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2221; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 159 1 158 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10508.000809/201064 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401003.480 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de abril de 2014 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Recorrente VERACEL CELULOSE S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 LAVRATURA QUE CONTEMPLA A DESCRIÇÃO DOS FATOS APURADOS NA AÇÃO FISCAL, DOS DISPOSITIVOS LEGAIS INFRINGIDOS E DA CAPITULAÇÃO LEGAL DA MULTA APLICADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA OU DE FALTA DE MOTIVAÇÃO. O fisco ao narrar os fatos verificados, a norma violada, a base legal e os critérios utilizados para aplicação da multa, fornece ao sujeito passivo todos os elementos necessários ao exercício do seu direito de defesa, não havendo o que se falar em prejuízo ao direito de defesa ou falta de motivação do ato, que pudesse acarretar em nulidade da lavratura. CONTABILIZAÇÃO DE FATOS GERADORES EM TÍTULOS IMPRÓPRIOS. INFRAÇÃO. Ao contabilizar os fatos geradores de contribuições previdenciárias em contas impróprias, a empresa incorre em infração à legislação previdenciária, por descumprimento de obrigação acessória. RELEVAÇÃO DA PENALIDADE. PEDIDO PARA CORREÇÃO DA FALTA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DO PROCESSO EM QUE É DISCUTIDA A PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. IMPOSSIBILIDADE. Mesmo durante a vigência do revogado § 1.º do art. 291 do RPS pelo Decreto n.º 6.727, de 12/01/2009, inexistia a possibilidade de relevação da penalidade quando a correção da falta se dava após o prazo para impugnar a exigência. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 50 8. 00 08 09 /2 01 0- 64 Fl. 192DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/05 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 ACORDAM os membros do colegiado, Por unanimidade de votos: I) afastar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente justificadamente a conselheira Carolina Wanderley Landim. Elias Sampaio Freire Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/05 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10508.000809/201064 Acórdão n.º 2401003.480 S2C4T1 Fl. 160 3 Relatório Tratase de recurso interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão n.º 15 27.940 de lavra da 7.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Salvador (BA), que julgou improcedente a impugnação apresentada para desconstituir o Auto de Infração – AI n.º 37.302.7850. O crédito em questão visa à aplicação de multa pela conduta da empresa de deixar de declarar em títulos próprios da contabilidade todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias. Conforme o relatório fiscal da infração, fls. 07/08, verificouse mediante análise da DIRF e das folhas de pagamento que a empresa contratou contribuintes individuais, todavia, os fatos geradores correspondentes não foram contabilizados em títulos próprios, haja vista que os serviços prestados por pessoas físicas foram lançados na escrita como serviços de pessoas jurídicas. Afirma o fisco que somente pode visualizar os pagamentos a contribuintes individuais pela conta relativa ao desconto de contribuições previdenciárias. O relatório fiscal da aplicação da multa apresenta a fundamentação legal e a metodologia utilizadas na fixação da penalidade. Cientificado do lançamento em 07/12/2010, o sujeito passivo ofertou defesa, cujas razões não foram acatadas pela DRJ, que a declarou improcedente. Inconformada, a empresa interpôs recurso, no qual, em apertada síntese, apresentou os argumentos abaixo. Pugna pela tempestividade do recurso e faz um apanhado dos principais fatos do processo. Protesta pelo sobrestamento do feito até que seja julgado definitivamente na esfera administrativa o AI n. 37.302.7818 (PA n. 10508.000798/201012), no qual estão sendo discutidos os fatos geradores que supostamente teriam sido contabilizados em títulos impróprios. Alega que, caso o AI conexo seja declarado procedente, merece que lhe seja facultada a possibilidade de corrigir a falta e obter a relevação da penalidade, nos termos do § 1. do art. 291 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/2008. Afirma que o relatório fiscal não apresenta a clareza necessária à compreensão de quais fatos geradores foram incorretamente escriturados. Assim, denuncia que inegavelmente o seu direito de defesa foi prejudicado. Apresenta textos legais, doutrinários e jurisprudenciais para embasar a suposta nulidade do AI por cerceamento ao seu direito de defesa. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/05 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 A seguir apresenta as mesmas alegações presentes no recurso contra a decisão que julgou a procedência parcial do AI n. 37.302.7818 (PA n. 10508.000798/2010 12). No seu arrazoado, busca demonstrar que parte das contribuições foi recolhidas e que o fisco adotou como base de cálculo parcelas não incidentes de contribuições previdenciárias, a exemplo de pagamentos de aluguéis, indenizações decorrentes de acordos judiciais e pagamentos por serviços prestados por motorista de táxi. Afirma ainda que a rejeição de elementos probatórios no acórdão recorrido constitui afronta ao princípio da verdade material, devendo ser consideradas todas as provas carreadas ou, pelo menos, que sejam solicitados esclarecimentos sobre estas. Ao final, postula pelo recebimento do recurso no efeito suspensivo e pede a declaração de insubsistência da lavratura. É o relatório. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/05 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10508.000809/201064 Acórdão n.º 2401003.480 S2C4T1 Fl. 161 5 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Preliminar de nulidade A recorrente acusa a ocorrência de falta de clareza no relatório fiscal da infração, que lhe teria cerceado o direito de defesa. Esse fato conduziria à nulidade da lavratura. Não devo dar razão a este argumento. Analisando o recurso apresentado percebese claramente que o sujeito passivo compreendeu a acusação que lhe foi feita e pode se insurgir especificamente contra cada fato gerador decorrente de pagamento a contribuintes individuais, os quais teriam sido contabilizados de forma inadequada. E não poderia ser diferente, pois que o fisco apontou com precisão a infração decorrente da contabilização dos serviços prestados por pessoas físicas em conta específica para serviços prestados por pessoa jurídica. Assim, não haveria necessidade de ter feito a indicação de cada um dos fatos geradores erroneamente escriturados, haja vista que a empresa sequer contesta o fato de que não possuía conta específica para lançamento dos serviços prestados por contribuintes individuais. O relatório da aplicação da multa apresenta a fundamentação legal e os critérios utilizados na fixação da penalidade aplicada, não restando dúvidas quanto à metodologia utilizada para se edificar a multa que compõe a autuação. Percebo, assim que todos os elementos necessários à compreensão do lançamento foram apresentados pelo fisco, descabendo os argumentos de que tenha havido prejuízo ao direito de defesa do sujeito passivo. Mérito O sobrestamento do feito até julgamento do processo em que se discute os fatos geradores que deram ensejo à presente autuação foi atendido, na medida em que o AI n. 37.302.7818 (PA n. 10508.000798/201012) foi a pouco julgado, tendo essa turma dado provimento parcial ao recurso. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/05 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Considerandose que a maior parte dos fatos geradores foram considerados ocorridos, é patente que a empresa incorreu na infração de contabilizálos de forma contrária ao que dispõe a o art. 32, inciso II, da Lei 8.212/1991, transcrito abaixo: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) Ressaltese que, nesse tipo de infração, um só fato gerador que seja contabilizado em conta inadequada representa desrespeito à norma acima, justificandose a aplicação da multa. Assim, mesmo que se considere a exclusão dos valores decorrentes de pagamentos de alugueis da base de cálculo do lançamento que trata da obrigação principal, conforme decisão prolatada a minutos, a incorreta escrituração dos demais pagamentos a contribuintes individuais é suficiente para justificar a aplicação da multa em seu valor mínimo. Portanto, tendose em conta que a própria empresa reconhece a ocorrência de pagamentos por serviços prestados por pessoas físicas e não contesta que os tenha contabilizado em título específico para serviços de pessoas jurídicas, não há o que se questionar acerca da justeza na aplicação da penalidade contestada. Relevação da penalidade A mencionada possibilidade de requerer a relevação da multa após julgamento do processo em que se exige a obrigação principal não tem amparo legal. É que o Decreto n° 6.727, de 12 de janeiro de 2009 (DOU de 13 de janeiro de 2009), revogou em sua integridade o artigo 291, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/2008, deixando assim de existir o instituto da relevação da multa. Todavia, mesmo que se aplicasse a legislação revogada, inexistiria a possibilidade de revogação da penalidade, haja vista que o § 1. do revogado art. 291 do RPS somente permitia esse favor fiscal quando o sujeito passivo corrigia a infração dentro do prazo para impugnar a exigência, o que não ocorreu na espécie. Vejase o dispositivo em questão: Art.291.Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 2007) (Revogado pelo Decreto nº 6.727, de 2009) §1oA multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 2007) (Revogado pelo Decreto nº 6.727, de 2009) Fl. 197DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/05 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10508.000809/201064 Acórdão n.º 2401003.480 S2C4T1 Fl. 162 7 Conclusão Voto por afastar a preliminar de nulidade e, no mérito, por negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/05 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10783.921932/2009-28
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jul 01 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1802-000.534
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luís Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Relatório
Nome do relator: NELSO KICHEL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201406
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jul 01 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10783.921932/2009-28
anomes_publicacao_s : 201407
conteudo_id_s : 5357116
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 03 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1802-000.534
nome_arquivo_s : Decisao_10783921932200928.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : NELSO KICHEL
nome_arquivo_pdf_s : 10783921932200928_5357116.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa- Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luís Roberto Bueloni Santos Ferreira. Relatório
dt_sessao_tdt : Thu Jun 05 00:00:00 UTC 2014
id : 5508085
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:23:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815744458752
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1306; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 165 1 164 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10783.921932/200928 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1802000.534 – 2ª Turma Especial Data 05 de junho de 2014 Assunto Solicitação de diligência Recorrente CECON CENTRO CABIXABA DE ONCOLOGIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Luís Roberto Bueloni Santos Ferreira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 83 .9 21 93 2/ 20 09 -2 8 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 166 2 Relatório Cuidam os autos do Recurso Voluntário de efls. 98/101 contra decisão da 15ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro I (efls. 86/89) que julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado, não homologando a compensação tributária informada. Quanto aos fatos, consta dos autos que: em 16/11/2009, a Contribuinte transmitiu o PER/DCOMP n° 28520.46397.161109.1.7.049198 (fls. 46/51 e 71/75) — retificador do PER/DCOMP n° 06099.52304 140809.1.3.043821, informando compensação tributária: débitos informados no valor de R$ 1.151,89, assim especificados: CSRF, código de receita 5952, PA 2ª quinzena/julho/2009, data de vencimento 14/08/2009, valor R$ 674,28; IRRF, código de receita 1708, PA julho/2009, data de vencimento 20/08/2009, valor R$ 246,10; IRRF, código de receita 3208, PA julho/2009, data de vencimento 20/08/2009, valor R$ 231,51. crédito utilizado (valor original na data da transmissão): R$ 1.024,08 : que o direito creditório pleiteado decorreu de pagamento indevido ou a maior do IRPJ do período de apuração 30/06/2008 (2º trimestre/2008) – 1ª cota, código de receita 2089 (regime de apuração Lucro Presumido), data de arrecadação 31/07/2008, valor original R$ 54.703,91. Saldo de crédito original na data da transmissão da DCOMP: R$ 25.309,60. Obs: DCOMP que também estão relacionadas com o mesmo DARF: nº 24777.67575.130109.1.3.04 5004 (retificada), de 13/01/2009 (efls. 59/64). nº 12971.92503.221009.1.3.04 2348 – retificadora, de 22/10/2009 (efls. 52/58). nº 41892.17288.300409.1.3.04 3361, de 30/04/2009 (efls. 65/71). Em 10/12/2009, houve emissão do Despacho Decisório (eletrônico), efl. 04, pela DRF/Vitória, denegando o direito creditório pleiteado, com a seguinte fundamentação: (...) 3FUNDAMENTACÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 25.309,60. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 167 3 A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponivel para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. (...). Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN) e Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (...) Ciente dessa decisão em 21/12/2009 (efl. 76), a Contribuinte, em 30/12/2009, apresentou Manifestação de Inconformidade (efls. 02/03), juntando ainda documentos de efls. 04/75, cujas razões, em síntese, são as seguintes: 1) – Quanto ao direito creditório: que efetuou pagamento do IRPJ/1ª cota, no valor de R$ 54.703,91, do PA 30/06/2008 (2º trimestre/2008), data de recolhimento 31/07/2008, código de receita 2089; que em 06/10/2008 confessou na DCTF primitiva débito do IRPJ/2º trimestre/2008, no valor de R$ 164.111,73 (efls. 23/33); que o pagamento restou totalmente vinculado ao débito confessado na referida DCTF primitiva; que, em 15/07/2009, transmitiu a DIPJ 2009, anocalendário 2008, com IRPJ a pagar/2º trimestre, no valor de R$ 7.622,55 e não R$ 164.111,73 (efls. 34/40); que em 23/10/2009 transmitiu a DCTF retificadora do 2º trimestre/2008, reduzindo o IRPJ a pagar de R$ 164.111,73 para R$ 7.622,55 (efls. 41/45); que, destarte, essa 1ª cota do IRPJ/2º trimestre/2008 foi paga a maior, no valor de R$ 47.081,36. que o crédito, por conseguinte, existe. Por fim, com base nessas razões, a Contribuinte pediu na instância a quo o reconhecimento do crédito pleiteado e a extinção dos débitos pela homologação da compensação. A 15ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro I, não acatando a DCTF retificadora que reduziu o débito do IRPJ do 2º trimestre/2008 de R$ 164.111,73 para R$ 7.622,55, julgou a manifestação de inconformidade improcedente, não reconhecendo o crédito pleiteado, conforme Acórdão, de 22/09/2011, cuja ementa transcrevo a seguir (efl. 86), in verbis: Fl. 167DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 168 4 (...) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO JA EXAMINADO EM OUTRO PROCESSO. Uma vez já tendo sido o direito creditório analisado em outro processo, não cabe apreciálo novamente na mesma instância de julgamento. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 PER/DCOMP. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO DAS COMPENSAÇÕES. Uma vez inexistente o direito creditório pleiteado pelo contribuinte, deixam se de homologar as compensações por ele declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio (...) Obs: o mérito do direito creditório já foi entrentado anteriormente pela DRJ nos autos do processo nº 10783.921810/200931, conforme decisão (efls. 80/84). Ciente do decisum objeto deste processo em 14/12/2011 (efl. 97), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 29/12/2011 (efls. 98/101), juntando ainda os documentos de efls.102/160, cujas razões, em síntese, são as seguintes: que houve erro de fato quanto ao débito do IRPJ confessado na DCTF primitiva do 2º trimestre/2008 (PA objeto do crédito pleiteado). Ou seja: quando da entrega da DCTF primitiva, foi calculado o IRPJ do 2º trimestre/2008 com coeficiente de presunção do lucro de 32%. O coeficiente corretoé 8%, conforme DIPJ apresentada e DCTF retiticadora; que houve pagamento a maior, relativo à 1º cota do IRPJ do 2º trimestre/2008, no valor de R$ 47.081,36; que, para comprovar a base tributável do 2º trimestre/2008, juntou aos presentes autos: cópias de folhas do livro Diário quanto à receita bruta de serviços do 2º trimestre/2008 = R$ 2.599.455,12 (receita acumulada do 1º semestre/2008 no valor de R$ 5.151.360,29 – R$ 2.551.95,17 receita bruta de serviços do 2º trimestre/2008 (efls. 139/140); cópias do livro Registro de Serviços (ISS) com a receita bruta de serviços dos meses de abril, maio e junho/2008, no valor de R$ 2.120.801,35 (efls.141/148); Fl. 168DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 169 5 planilha de cálculo do IRPJ/2º trimestre com coeficiente de 8% (R$ 7.622,54) e 32% (R$ 164.111.63) (efls. 149/150); cópias do livro Diário – lançamento da provisão do IRPJ/2º trimestre/2008, no valor de R$ 48.157,84, calculado pelo coeficiente de 8%, e IRRF pessoas jurídicas (R$ 35.226,62), IRRF instituições financeiras (R$ 2.541,56) e IRRF Órgão Público (R$ 2.767,12) (efls. 151/152); inclusão de diferença na base de cálculo – valor tributável de R$ 478.653,77 (R$ 2.120.801,35 + R$ 478.653,77) = R$ 2.599.455,72 (efls. 153/160). Por tudo que foi exposto, a Contribuinte pediu o reconhecimento do crédito pleiteado e a extinção dos débitos confessados, mediante homologação da compensação. É o relatório. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 170 6 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Logo, dele conheço. Conforme relatado, os autos tratam de processo de compensação tributária. A questão central da lide diz respeito se o direito creditório pleiteado tem liquidez e certeza, nos termos do art. 170 do CTN, para quitação dos débitos informados/confessados na DCOMP objeto dos autos. A propósito dos requisitos do crédito objetado contra o fisco para encontro de contas (compensação tributária), transcrevo o disposto no art. 170 do CTN, in verbis: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.(Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (grifei) No mesmo sentido dispõe o art. 268 do Decreto nº 7212, de 15/06/2010: Art.268.O sujeito passivo que apurar crédito do imposto, inclusive decorrente de trânsito em julgado de decisão judicial, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observadas as demais prescrições e vedações legais(Lei nº 5.172, de 1966, art. 170,Lei nº 9.430, de 1996, art. 74,Lei no10.637, de 2002, art. 49,Lei no10.833, de 2003, art. 17, eLei no11.051, de 2004, art. 4o). §1oA compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados(Lei nº 9.430, de 1996, art. 74, § 1º,e Lei nº 10.637, de 2002, art. 49). §2oA compensação declarada à Secretaria da Receita Federal do Brasil extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (Lei nº 9.430, de 1996, art. 74, § 2º, eLei nº 10.637, de 2002, art. 49). No caso, a Recorrente busca o reconhecimento do direito creditório relativo ao PA 30/06/2008 (2º trimestre/2008), uma vez que teria pago a maior o IRPJ relativo a esse período de apuração, no regime do Lucro Presumido. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 171 7 Para a Contribuinte, o imposto a pagar do 2º trimestre/2008 seria de R$ 7.622,55. Porém, efetuou recolhimento do IRPJ em DARF – 1ª cota/2º trimestre/2008 no valor de R$ 54.703,91. Por consequinte, teria efetuado pagamento a maior de imposto no valor R$ 47.081,36 = (R$ 54.703,91 – R$ 7.622,55). Entretanto, a decisão recorrida não acatou a DCTF retificadora, com base na seguinte argumentação: a) que, em 06/10/2008, a Contribuinte confessara na DCTF imposto a pagar do PA – 2º trimestre/2008 no valor de R$ 164.111,73 b) que a DCTF retificadora foi transmitida apenas em 23/10/2009 (após a data de ciência do despacho decisório), reduzindo o imposto do PA – 2º trimestre/2008 de R$ 164.111,73 para R$ 7.622,55; c) que, nessa situação de redução de tributo pela DCTF retificadora (após ciência do despacho decisório que denegou o crédito pleiteado e passou a exigir os débitos confessados na DCOMP), é necessário comprovação do motivo, da razão, dessa redução de imposto pela Contribuinte; d) que, eventual existência de erro de fato que pudesse justificar a redução do imposto pela DCTF retificadora, não foi comprovado nos autos, pois a Contribuinte não juntara cópia dos livros contábeis e fiscais de sua escrituração. Nesta instância recursal, a Recorrente rebelase contra a decisão a quo que denegou o direito creditório, alegando: a) que ocorreu erro de fato em relação ao débito do imposto confessado na DCTF primitiva, relativo ao PA – 2º trimestre/2008, pois confessara o imposto pagar na DCTF primitiva pela aplicação de coeficiente de presunção do lucro de 32% sobre as receitas de prestação de serviços, quando o correto é apuração do imposto com coeficiente de presunção do lucro de 8%, conforme DIPJ respectiva; b) que a DCTF retificadora foi apresentada em conformidade com a DIPJ; c) que, para comprovar o alegado erro de fato, juntou cópia dos livros de sua escrituração contábil/fiscal. Compulsando os autos, observase que a Recorrente, nesta instânica recursal, também não justificou, não comprvou, a razão pela qual busca, pretende, a aplicação do coeficiente de presunção do lucro de 8% sobre as receitas de prestação de serviços para efeito de apuração do IRPJ, e não 32%. Sem comprovação do alegado erro de fato não há como admitir como válida a DCTF retificadora. Em regra, no regime de apuração do Lucro Presumido para a prestação de serviços a legislação tributária do IRPJ impõe a aplicação do coeficiente de 32%, inclusive para a CSLL (Lei nº 9.249/95, arts. 15 e 20). Fl. 171DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 172 8 Nesse sentido, transcrevo o disposto nos arts. 15 e 20 da Lei nº 9.249/1995, com redação atualizada pela legislação posterior, in verbis: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.(Vide Lei nº 11.119, de 205)(Vide Medida Provisória nº 627, de 2013)(Vigência) § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: I um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural; II dezesseis por cento: a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo; b) para as pessoas jurídicas a que se refere oinciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1ºe 2º do art. 29 da referida Lei; III trinta e dois por cento, para as atividades de:(Vide Medida Provisória nº 232, de 2004); a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa;(Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (...) Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem osarts. 27 e 29 a 34 da Lei no8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento.(Redação dada Lei nº 10.684, de 2003)(Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)(Vide Lei nº 11.119, de 205)(Vide Medida Provisória nº 627, de 2013)(Vigência) (grifei) (...) Fl. 172DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 173 9 Frisese que a Lei nº 11.727 (art. 29), de 23/06/2008, que deu nova redação à alínea “a” do inciso III § 1º do art. 15 da Lei nº 9.249/95, permite a aplicação do coeficiente de presunção do lucro de 8% para serviços hospitalares e atividades inerentes, in verbis: Art. 29. A alínea a do inciso III do § 1o do art. 15 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 15. ............................................................ § 1o .......................................................... ............................................................. III – ...................................................... a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; ..................................................................” (NR) Desde antes da edição dessa Lei nº 11.727/2008 (art. 29), a jurisprudência do STJ e administrativa deste CAF já admitiam a aplicação de coeficientes de presunção do lucro reduzidos a essas atividades elencadas, desde que fosse comprovada a exploração de atividade organizada sob a forma de sociedade empresária e com observância de normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Entretanto, a Recorrente, em momento algum nos presentes autos, fez alusão, nem comprovação, de que as receitas de prestação de serviços do anocalendário 2008 decorreram de prestação de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas. Compulsando os atos constitutivos da pessoa jurídica (Recorrente) – 8ª Alteração Contratual – Consolidação do Contrato Social, de 27/10/2008 (Cláusula Terceira) (e fls. 08/20), observa que ela tem o seguinte objeto social: CLÁUSULA TERCEIRA: A Sociedade tem por Objeto Social: A Prestação de Serviços Médicos Hospitalares, principalmente na especialização em Oncologia Clinica e Cirúrgica, e Quimioterapia, para Apoio ao Diagnóstico e Terapia de seus pacientes, tendo como responsável técnico perante aos órgãos de saúde o médico ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA; O PA do imposto é anterior a essa Alteração Contratual nº 08, de 27/10/2008. Logo, quanto às receitas de serviços do anocalendário 2008, a Contribuinte não comprou nos autos que elas decorreram de prestação de serviços hospitalares e inerentes, ou se decorreram de serviços de meras consultas médicas. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 174 10 Além disso, não consta dos autos que, no anocalendário 2008, a Recorrente, desde o início do ano, estaria organizada sob a forma de sociedade empresária e que atendia às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Há dúvida plusível e insuperável, por conseguinte, se a Recorrente faz jus, ou não, à apuração do IRPJ e da CSLL, anocalendário 2008, com coeficientes reduzidos de presunção do lucro para essas exações fiscais. Sem esses elementos de prova, está prejudicada a aferição da certeza e liquidez do crédito pleiteado. Como visto, para formação da convicção do julgador, e em observância do princípio da verdade material, tornase necessário a realização de instrução processual complementar, para complementação de provas pela Recorrente quanto ao direito creditório pleiteado, relativo ao PA – 2º trimestre/2008 – pagamento da 1ª cota. Diante do exposto, propugno pela conversão do julgamento em diligência, para retorno dos autos do processo à unidade de origem da RFB, ou seja, à DRF/Vitória, no sentido de que a fiscalização: a) intime a Recorrente a comprovar a origem ou natureza da receitas de prestação de serviços, se decorreram de prestação de serviços hospitalares de que trata o art. 29 da Lei nº 11.727/2008 ou se decorreram de consultas médicas; b) intime a Recorrente a comprovar se, desde o início do anocalendário 2008, estava organizada sob a forma de sociedade empresária e se atendia às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa (juntar cópia de contrato social abarcando todo o anocalendário 2008 e documentos emitidos, espedidos pela Anvisa que autorizaram o funcionamento do estabelecimento da Recorrente para todo o período do anocalendário 2008); c) intimar a Recorrente para à luz da legislação de regência e da escrituração contábil e fiscal a comprovar o direito creditório pleiteado, sua liquidez e certeza; d) intimar a Recorrrente a comprovar o valor exato dos débitos confessados DCOMP; e) elabore, ao final da diligência fiscal, relatório minucioso, circunstânciado, conclusivo, inclusive com auxílio de demonstrativos/planilhas, se a Recorrente no ano calendário 2008 (respectivos trimestres) auferiu receitas de prestação de serviço hospitalar, para fazer jus à apuração do IRPJ e da CSLL com coeficientes de presunção do lucro reduzidos, discriminando as receitas de serviço hospitalar e de consultas médicas, pois as receitas de consultas médicas possuem o mesmo tratamento de prestação de serviços em geral, ou seja, é inaplicável o coeficiente reduzido de presunção do lucro, demonstrando o valor de eventual direito creditório (crédito) da Recorrente, caso reste comprovado que as receitas decorreram de prestação de serviços hospitalares, e se disponível eventual crédito para utilização para a compensação dos débitos confessados na DCOMP; f) intime a Recorrente do resultado da diligência para, em querendo, apresentar razões, abrindo prazo de trinta dias a partir da ciência. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10783.921932/200928 Resolução nº 1802000.534 S1TE02 Fl. 175 11 Por tudo que foi exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 175DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 27/06/2014 por NELSO KICHEL
score : 1.0
Numero do processo: 10680.913380/2009-32
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 06 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Data do fato gerador: 30/09/2004
LUCRO REAL. ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MAIOR.
De acordo com a Súmula CARF nº 84 o pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação.
Numero da decisão: 1803-002.165
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer a possibilidade de formação de indébito no recolhimento a maior de estimativa de IRPJ nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva - Presidente
(assinado digitalmente)
Walter Adolfo Maresch Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (presidente da turma), Walter Adolfo Maresch, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, e Arthur José André Neto.
Nome do relator: WALTER ADOLFO MARESCH
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Data do fato gerador: 30/09/2004 LUCRO REAL. ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MAIOR. De acordo com a Súmula CARF nº 84 o pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10680.913380/2009-32
anomes_publicacao_s : 201405
conteudo_id_s : 5350787
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1803-002.165
nome_arquivo_s : Decisao_10680913380200932.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : WALTER ADOLFO MARESCH
nome_arquivo_pdf_s : 10680913380200932_5350787.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer a possibilidade de formação de indébito no recolhimento a maior de estimativa de IRPJ nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva - Presidente (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (presidente da turma), Walter Adolfo Maresch, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, e Arthur José André Neto.
dt_sessao_tdt : Tue May 06 00:00:00 UTC 2014
id : 5469523
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:22:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815767527424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1753; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 161 1 160 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.913380/200932 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1803002.165 – 3ª Turma Especial Sessão de 6 de maio de 2014 Matéria DCOMP Recorrente COMPANHIA ENERGÉTICA MINAS GERAIS CEM Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 30/09/2004 LUCRO REAL. ESTIMATIVAS RECOLHIDAS A MAIOR. De acordo com a Súmula CARF nº 84 o pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer a possibilidade de formação de indébito no recolhimento a maior de estimativa de IRPJ nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (presidente da turma), Walter Adolfo Maresch, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, e Arthur José André Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 33 80 /2 00 9- 32 Fl. 161DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/201 4 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA 2 Relatório COMPANHIA ENERGETICA DE MINAS GERAIS – CEM, ,pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ BELO HORIZONTE (MG), interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ por bem retratar os fatos. Tratase de Declaração de Compensação (DCOMP), mediante utilização do pretenso "Pagamento Indevido/a Maior" no valor de R$ 147.034,18. 2. A compensação declarada pelo contribuinte, sinteticamente: (...) Despacho Decisório da DRF 3. A análise dos documentos protocolizados pelo contribuinte foi efetuada pela DRF através do Despacho Decisório n° 831222090 anexado à fl. 68, exarado aos 09/04/2009, que assim se manifestou: "Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o Saldo Negativo de IRPJ ou CSLL do período". 3.1 Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170 da Lei n° 5.172, de 1966 ( CTN), art. 10 da Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005 e art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996. 4. Tendo em vista as razões acima expendidas, a DRF NÃO HOMOLOGA a compensação declarada pelo contribuinte na DCOMP identificada no item 2. Manifestação de Inconformidade 5. O contribuinte foi cientificado do procedimento aos 30/04/2009, conforme documento à fl. 72. Irresignado, o contribuinte apresenta em 29/05/2009 a manifestação de inconformidade anexada às fls. 01 a 13, onde, em síntese, argumenta: 5.1 A tempestividade da apresentação da manifestação de inconformidade. 5.2 Informa que apurou o IRPJEstimativa Mensal no mês de setembro/2004 no montante de R$ 24.037.330,70, declarou o valor apurado em DCTF, informou a importância de R$ 1.759.777,57 com a exigibilidade suspensa em função de liminar Fl. 162DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/201 4 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10680.913380/200932 Acórdão n.º 1803002.165 S1TE03 Fl. 162 3 em mandado de segurança, efetuando o recolhimento do restante, no importe de R$ 22.277.553,13. 5.2.1 Acrescenta que, posteriormente, constatou erro na apuração do valor do IRPJ (estimativa mensal) para o período, encontrando uma "nova estimativa de IRPJ no valor de R$ 23.63330,70, gerando o recolhimento a maior de R$ 403.500,00”. (grifo e negrito do original). 5.2.2 A DCTF originalmente apresentada foi retificada e os valores apurados como devidos estão em conformidade com as informações prestadas em DIPJ. 5.2.3 O valor recolhido a maior foi utilizado nas compensações declaradas na DCOMP em análise neste processo, enviada em 30/06/2005. 5.3 A autoridade fiscal Não Homologou a compensação declarada, exigindo do contribuinte o principal, multa e juros referentes aos débitos compensados. "Todavia, a Requerente demonstrará ser totalmente ilegal a cobrança do saldo devedor acima referido, pleiteando pela homologação das compensações declaradas e a anulação do despacho decisório (.)". 5.4 Tendo em vista a motivação apresentada pela DRF argumenta que "o entendimento da autoridade fiscal destoa do entendimento do Conselho de Contribuintes sobre o assunto, não atendendo aos ditames da Lei n°9.430, de 1996". Invoca os arts. 2° e 74 da Lei n° 9.430, de 1996 para alegar que "não há qualquer impedimento legal à compensação pleiteada". 5.4.1 Argumenta que a única restrição existente está prevista no art. 10 da IN SRF n° 600, de 2005, indicada pela DRF como um dos fundamentos pela não homologação das compensações. Contudo, esta norma ainda não estava em vigor quando da transmissão da DCOMP em litígio neste processo. Acrescenta que, nos termos dos arts. 105 e 106 do CTN este dispositivo não pode ser aplicado retroativamente. 5.4.2 Argumenta que "após a constatação de erro na apuração da estimativa de IRPJ de setembro/2004 e retificação da sua DCTF, gerouse o saldo de recolhimento a maior no valor de R$ 403.500,00”. Esclarece que parte deste indébito foi utilizado na DCOMP em litígio neste processo. 5.4.3 Acrescenta que, ainda que desconsiderada a jurisprudência do Conselho de Contribuintes e a inexistência de qualquer limitação legal, o "pedido de compensação do montante recolhido em excesso no anocalendário de 2004 somente foi efetuado em junho de 2005", ou seja, após o encerramento do exercício. 5.5 Em outra linha argumentativa, o manifestante "requer que seja preservado o direito à restituição do indébito tributário, tendo em vista que a Declaração de Compensação e a presente impugnação, tempestivamente apresentada, são provas do Fl. 163DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/201 4 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA 4 cumprimento do prazo prescricional de 05 (cinco) anos previsto no art. 168 do CTN". Destaca ainda que "na hipótese de o despacho decisório em epígrafe não for reformado, considerase resguardado o seu direito de contestação na esfera judicial em até dois anos contados da decisão administrativa que denegar a compensação, por força do art. 169 do Código Tributário Nacional". 5.6 Por fim, requer o acolhimento da manifestação de inconformidade para reformar o Despacho Decisório prolatado pela DRF e a homologação da compensação, além da suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 6. Diante da manifestação de inconformidade apresentada p o contribuinte, o processo foi encaminhado a esta DRJ para manifestação acerca da lide (fl.73). A DRJ BELO HORIZONTE (MG), através do acórdão nº 0224.557, de 18 de novembro de 2009 (fls. 72/88), julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ementando assim a decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/09/2004 a 30/09/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO CRÉDITOS Na Declaração de Compensação somente podem ser utilizados os créditos comprovadamente existentes, passíveis de restituição ou ressarcimento, respeitadas as demais regras determinadas pela legislação vigente para a sua utilização. Ciente da decisão em 02/12/2009, conforme Aviso de Recebimento – AR (fl. 92), apresentou o recurso voluntário em 30/12/2009 fls. 93/106, onde reitera suas alegações da inicial. É o relatório Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de Declaração de Compensação eletrônica (PER/DCOMP), contendo como direito creditório pagamento a maior ou indevido de estimativa de IRPJ relativa ao fato gerador 30/09/2004. Alega a recorrente em síntese: Fl. 164DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/201 4 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10680.913380/200932 Acórdão n.º 1803002.165 S1TE03 Fl. 163 5 a) A nulidade do despacho decisório da unidade de origem por utilizar como fundamento para o indeferimento Instrução Normativa que não havia sido editada por ocasião da transmissão do PER/DCOMP; b) Que a legislação tributária não contém qualquer vedação para a compensação de estimativas de IRPJ/CSLL recolhidas em valor maior do que o efetivamente devido por qualquer uma das modalidades de estimativa (receita bruta e balanço/balancete de suspensão); c) Que alternativamente, em caso de manutenção do indeferimento do pleito, seja reconhecida a interrupção da prescrição para repetição do indébito tributário. Assiste parcial razão à interessada. Com efeito, o entendimento da Administração Tributária restou superado conforme reconheceu através da SCI COSIT nº 19, de 2011 e também neste colegiado julgador administrativo, conforme a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para que a unidade de origem aprecie o direito creditório, reconhecendo a possibilidade de formação de indébito pelo recolhimento a maior de estimativas, homologando a compensação realizada até o limite do crédito efetivamente apurado. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch – Relator Fl. 165DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/201 4 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 28/05/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 10640.002305/2010-54
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jun 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
OMISSÃO DE RECEITA. PROVA DIRETA.
Deve ser mantida a autuação com base em omissão de receita, se a contribuinte não logra desconstituir as provas diretas apresentadas pela Fiscalização.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
Aplica-se aos lançamentos reflexos o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1302-001.427
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto, Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Guilherme Pollastri, Hélio Araújo e Márcio Frizzo.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201406
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITA. PROVA DIRETA. Deve ser mantida a autuação com base em omissão de receita, se a contribuinte não logra desconstituir as provas diretas apresentadas pela Fiscalização. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Aplica-se aos lançamentos reflexos o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e efeito que os vincula.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 10 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10640.002305/2010-54
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5352288
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 10 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1302-001.427
nome_arquivo_s : Decisao_10640002305201054.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10640002305201054_5352288.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto, Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Guilherme Pollastri, Hélio Araújo e Márcio Frizzo.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
id : 5483430
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:23:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815769624576
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1738; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2.032 1 2.031 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10640.002305/201054 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1302001.427 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 4 de junho de 2014 Matéria IRPJ e outros. Recorrente FRIGORIFICO FRANBOM LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITA. PROVA DIRETA. Deve ser mantida a autuação com base em omissão de receita, se a contribuinte não logra desconstituir as provas diretas apresentadas pela Fiscalização. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Aplicase aos lançamentos reflexos o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto, Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Guilherme Pollastri, Hélio Araújo e Márcio Frizzo. Relatório Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 0945.302 da 2ª Turma da DRJ/JFA, cuja ementa assim dispõe: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 23 05 /2 01 0- 54 Fl. 2032DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA Cumpridos os requisitos previstos no Decreto nº 70.235/1972 para a lavratura do auto de infração e observados os procedimentos previstos no artigo 142 do Código Tributário Nacional, não há que se falar em nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizada a hipótese leal de omissão de receitas, sem que a contribuinte lograsse elidila, mantémse a respectiva exigência. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE IRPJ E DE CSLL SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. É legítima a exigência de multa isolada, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda determinado sob base de cálculo estimada, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo no anocalendário correspondente, se frustrados seus pagamentos mensais. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Pis. Cofins. CSLL Uma vez que os lançamentos decorreram dos mesmos elementos prova que nortearam o do IRPJ, impõese a eles, mudando o que deve ser mudado, o mesmo veredicto firmado no lançamento principal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inicialmente, para uma melhor compreensão da situação fática em exame, peço vênia aos meus pares, para reproduzir trechos do Termo de Verificação Fiscal a fls. 36 e segs., in verbis: A presente fiscalização foi iniciada em continuidade à fiscalização em nome do contribuinte José Valdeci Damasceno (MPFF n° 0610400.2009.001133) e a diligência em nome da empresa em comento (MPFDiligência e 0610400.2009.007670), conforme descrito nos itens a seguir.... Nos controles da Receita Federal do Brasil (RFB) verificamos que o contribuinte, que não entregara a DIRPF relativa ao anocalendário de 2006, entregou, em 17/10/2007, a Declaração de Isento relativa àquele ano. Dos mesmos controles verificamos que o contribuinte possuiu, em 2006, contas bancárias no Banco do Brasil e na COOPERATIVA DE CRÉDITO DE RAUL SOARES LTDA. SICOOB.... Assim, inicialmente, através do Termo de Inicio de Fiscalização, de 24/03/2009, do qual o tomou ciência em 30/03/2009 (fls. 2 e 3 do Anexo I), o contribuinte foi intimado a: "Apresentar os extratos bancários de todas contascorrente e de todas contas de poupança mantidas junto a instituições financeiras, referentes ao período de janeiro de 2006 a dezembro de 2006,... Fl. 2033DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10640.002305/201054 Acórdão n.º 1302001.427 S1C3T2 Fl. 2.033 3 Enfim, em correspondência, recebida em 22/05/2009, o contribuinte apresentou os extratos solicitados (fls. 8 a 53 do Anexo I), acrescentando, ainda, que: "O Intimado informa que é cobrador de várias pequenas empresas, de forma que, para sua maior segurança, depositava o produto das cobranças em sua conta corrente. Posteriormente, para prestação de contas, repassava o produto das cobranças para as empresas — o que poderá ser observado nos extratos bancários em anexo. Toda a prestação de contas era efetuada com saque à vista dos valores nos bancos e posterior repasse as empresas. ". Assim, na resposta apresentada, o contribuinte afirma que os recursos nas contas em questão eram, de fato, pertencentes à empresa ou às empresas para as quais fazia cobranças. Restava confirmar suas alegações bem como identificar as empresas beneficiárias. Para averiguar o destino dos cheques emitidos pelo fiscalizado, enviamos o Termo de Intmação II (fls. 54 e 55 do Anexo I), de 08/07/2009, do qual tomou ciência em 23/07/2009, intimandoo a: 1. Apresentar cópias em frente e verso, autenticadas pela Instituição Financeira, dos cheques de n° 85.001 até 85.020 de sua titularidade, debitados em sua conta corrente n°11.1694 da agência 11428 do Banco do Brasil no ano de 2006; 2. Apresentar cópias em frente e verso, autenticadas pela Instituição Financeira, dos cheques relacionados na tabela abaixo, de sua titularidade, debitados em sua conta corrente n° 7.2516 da Cooperativa de Crédito de Raul Soares Ltda. — Sicoob Crediras, no ano de 2006... Através da resposta, datada de 11/08/2009 (fls 56 a 65 do ANEXO I), foramnos encaminhadas todas cópias dos cheques do Banco do Brasil (fls. 66 a 104 do ANEXO I) bem como cópias de 19 dos 20 cheques da Cooperativa de Crédito de Raul Soares (fls. 105 a 143 do ANEXO I). Além disso, espontaneamente o contribuinte informou que: "... ratifico que repassei 100% dos recebimentos dos cheques aos clientes, conforme relação e relacionamento dos portadores, aos cheques, juntamente com a empresa, conforme abaixo demonstrado:..." . Ainda em sua resposta, apresentou quadro relacionando cada cheque emitido ao seu destinatário. Dos 39 cheques apresentados, verificamos que Wilcélia Soares Triani Geraldo, que é uma das sócias da empresa Frigorífico Franbom Ltda , foi beneficiária de 25 cheques (cerca de 65% do total). Outros beneficiários, foram José Geráldo Sobrinho, cônjuge de Wilcélia (3 cheques), Wilmon de Assis Triani, sócio administrador do Frigorifico Franbom (1 cheque), Geraldo Gerson Assis Meirelles (3 cheques), Adriana Damasceno Dias Vieira (2 'cheques), Wilson Mansueto Alves (2 cheques). Esses três últimos, durante o ano de 2006, foram funcionários da Granja Franbom Ltda. (antigo nome da 40 fiscalizada fl. 18f), conforme cópias das respectivas carteiras de trabalho apresentadas na mesma resposta (fls 62 a 65 do ANEXO I). As telas de fls. WI. a aï confirmam as vinculações acima descritas. Fl. 2034DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 4 Vemos, portanto, que os favorecidos, em 37 dos 39 cheques apresentados, são sócios e cônjuge ou funcionários da empresa Frigorifico Franbom Ltda. Em 02/10/2009, emitimos o Termo de Intimação III, reintimando o contribuinte a apresentar sua carteira de trabalho com os dados de 2006. Em sua resposta, de 23/10/2009, informou: "... conforme já mencionado em respostas aos termos de Intimações anteriores, que trabalho como cobrador autônomo de empresas da região, não mantendo nenhuma relação empregaticia entre elas." (fls. 144 a 146 do ANEXO I). Pelo apurado até aqui, tudo indicava que as contas em nome de José Valdeci Damasceno, no Banco do Brasil e na Cooperativa de Crédito de Raul Soares Ltda. — Sicoob Crediras, movimentaram valores exclusivamente pertencentes à empresa Frigorífico Franbom Ltda. Ainda assim, resolvemos ampliar nossa pesquisa pedindo cópias de mais vinte e seis cheques da Cooperativa (todos de valor igual ou maior que R$ 10.000,00), cujos valores somados aos já enviados anteriormente perfaziam mais de 92% da soma total dos cheques emitidos contra aquela instituição em 2006. Pedimos, ainda, a cópia de um cheque não apresentado em sua resposta a nosso Termo de Intimação II, já mencionado. Desta forma, através do Termo de Intimação IV, de 07/12/2009, cuja ciência ocorreu em 15/12/2009 (fls. 147 e 148 do ANEXO I), o contribuinte foi intimado a: 1. Apresentar cópias em frente e verso, autenticadas pela Instituição Financeira, dos 26 (vinte e seis) cheques relacionados na tabela abaixo, de sua titularidade, debitados em sua conta corrente n° 7.2516 da Cooperativa de Crédito de Raul Soares Ltda. — Sicoob Crediras, no ano de 2006; Em resposta datada de 13/01/2010 (fls. 149 a 201 do ANEXO I), o contribuinte apresentou cópias de 25 cheques justificando a não apresentação das cópias de dois cheques. Da análise dos novos cheques apresentados verificamos que foram beneficiários: Wilcélia Soares Triani Geraldo (16 cheques), José Geraldo Sobrinho, cônjuge de Wilcélia (1 cheque), Geraldo Gerson Assis Meirelles (3 cheques) e Wilson Mansueto Alves (1 cheque). Como já relatado anteriormente, todos com vinculo com a empresa Frigorifico Franbom em 2006. Somandose as respostas a nossos Termo de Intimação II e Termo de Intimação IV, conseguimos identificar que os favorecidos, em 58 dos 64 cheques apresentados, mantiveram vínculos estritos com a empresa Frigorifico Franbom Ltda. Apesar de os fatos apurados não deixarem dúvidas de que as contas do Sr. José Valdeci eram usadas para trânsito de valores pertencentes à empresa Frigorifico Franbom Ltda., fomos além, conforme descrito no item 2 a seguir.... Em 28/09/2009, foi aberto o MPFDiligência n° 0610400.2009.00767 0 para obter, da empresa Frigorifico Franbom Ltda., informações que subsidiassem a fiscalização aberta em nome de José Valdeci Damasceno, descrita no item 1 deste Relatório... Fl. 2035DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10640.002305/201054 Acórdão n.º 1302001.427 S1C3T2 Fl. 2.034 5 Na resposta apresentada (fls. 4 a 8 do ANEXO II), datada de 05/10/2009, o contribuinte negou que as duas contas fossem suas, porém afirmou que: "Em muitas situações, recebíamos cheques do Sr. José Valdeci e fazíamos os pagamentos a nossos fornecedores, sacando os recursos e pagando tudo com dinheiro sem transitar os recursos por nossas contas bancárias." Da Alteração Contratual, de 10/04/2006, apresentada na mesma resposta, verificamos que são sócios da empresa: Wilmon de Assis Triani (sócioadministrador), sua filha Wilcélia Soares de Triani Geraldo e Wilmar Soares Triani, também filho do sócioadministrador. Posteriormente, através do Termo de Intimação II — Diligência, de 27/10/2009 (fls. 9 e 10 do ANEXO II), intimamos a empresa a: 1. Apresentar relação com todas as cobranças (cliente, valor, data de vencimento) enviadas para seu cobrador José Valdeci Damasceno no ano de 2006; 2. Apresentar relação com todos os valores recebidos de seu cobrador José Valdeci Damasceno com as respectivas datas de recebimento, durante o ano de 2006." Em sua resposta de 05/11/2009 (fls. 11 e 12 do ANEXO II), o contribuinte afirmou que: "Quanto ao encaminhamento dos cheques para a cobrança, os mesmos eram simplesmente listados manualmente e encaminhados ao cobrador, porém, ditas listagens foram eliminadas quando da prestação de contas, ocorridas já há mais de 60 (sessenta dias), mormente do ano em questão, razão pela qual, não há como se cumprir o requerido.". Por fim, através do Termo de Intimação III — Diligência, de 03/03/2010 (fls. 13 a 15 do ANEXO II), intimamos a empresa a: 1. Indicar quais as operações que deram origem aos cheques, relacionados no Anexo a este termo, foram contabilizadas e quais não foram contabilizadas." No anexo ao citado termo de intimação, relacionamos todos os cheques do Banco do Brasil (num total de vinte) e os 46 (quarenta e seis) cheques de maior valor da SICOOB emitidos pelo cobrador da empresa José Valdeci Damasceno. Citados cheques foram emitidos e descontados após a alteração contratual de 10/04/2006. Portanto a maior destinatária dos cheques, Wilcélia Soares de Triani Geraldo, constava do quadro societério da empresa Franbom. Na resposta apresentada (fl. 16 do ANEXO II) a empresa afirmou que: ".., no que diz respeito às operações que deram origem aos cheques relacionados no Anexo do Termo de Intimação III, salientese que, todos os cheques emitidos pelo Senhor Valdeci e recebidos por nós, foram relacionados e descontados pelos nossos funcionários e utilizados para pagamentos diversos pelo caixa.". Informou, ainda, que: "... todas as entradas de caixa foram contabilizadas no caixa da empresa. " Fl. 2036DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 6 Vale ressaltar a afirmação da empresa de que todos os cheques, relacionados no Anexo ao Termo de Intimação III emitidos pelo Sr. José Valdeci Damasceno, foram descontados por funcionários do Frigorifico Franbom Ltda. e utilizados para pagamentos diversos. Esta resposta confirma as conclusões anteriores de que as duas contas em nome de Jose Valdeci Damasceno eram usadas para trânsito de valores da empresa Frigorifico Franbom Ltda. Em 05 de abril de 2010, quando tomou ciência do "Termo de Inicio de Fiscalização — Termo de Encerramento de Diligência" (fls. 42 a 44), o contribuinte foi: 1 INTIMADO a, no prazo de 20 (vinte) dias, a contar do recebimento deste termo, a apresentar a comprovação, mediante documentação hábil e idônea, das operações que deram origem aos recursos transferidos por seu cobrador José Valdeci Damasceno e relacionados no anexo a este termo (é a mesma relação enviada junto ao Termo de Intimação — Diligencia, de 03/03/2010); 2 CIENTIFICADO do encerramento da diligência determinada pelo MPFDiligencia n° 0610400.2009.007670 e da continuidade daqueles trabalhos, agora sob a vigência do MPFFiscalização n°0610400.2010.001729." Em atendimento a esse último termo, o contribuinte apresentou resposta datada de 15 de abril de 2010 (fls. 45 a 108). Destacamos os itens 04 e 05 da resposta: "04. Como o resgate destes cheques eram sempre em dinheiro, e nós mantínhamos estes cheques na composição da conta caixa, quando era retornado para a Franbom, estes cheques eram utilizados para fazer os pagamentos das folhas de pagamento, fornecedores e demais despesas lançadas no caixa do Frigorifico Franbom Ltda. Segue em anexo a cópia do razão da conta caixa para a devida comprovação, folhas 60 a 121 do razão. 05. Quanto a origem dos cheques, esses são produtos da venda que efetuamos diariamente e lançado na conta caixa que recebemos com cheques da emissão dos nossos próprios clientes ou por intermédio de nossos clientes, recebemos os cheques de terceiros, sendo posteriormente, repassados parte para o Sr. José Valdeci, para que ele providenciasse a cobrança e nos reembolsasse, o que foi feito através destes cheques relacionados." Mais uma vez o contribuinte confirma que os cheques emitidos pelo seu cobrador José Valdeci Damasceno, tabela acima, foram recebidos pela empresa. Entretanto, pelos documentos apresentados, conta caixa do livro razão, não é possível identificar as operações que deram origem aos recursos transferidos pelo seu cobrador. Desta forma, consideramos os cheques recebidos, relacionados no Termo de Inicio de Fiscalização — Termo de Encerramento de Diligência, como receitas omitidas... Pelo exposto anteriormente, consideramos os valores da tabela anexa ao "Termo de Inicio de Fiscalização — Termo de Encerramento de Diligência", de 05 de abril de 2010, como receitas omitidas, sendo exigidos através do presente auto de infração o IRPJ devido e seus Fl. 2037DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10640.002305/201054 Acórdão n.º 1302001.427 S1C3T2 Fl. 2.035 7 reflexos. Repetimos a seguir a totalizaçáo mensal dos valores daquela tabela... Devemos acrescentar que as receitas omitidas da tabela anterior também alteram o cálculo do IRPJ e da CSLL mensais devidos. A tabela constante do Anexo a este Relatório Fiscal demonstra o cálculo do IRPJ e da CSLL mensais devidos e as diferenças não recolhidas. Sobre essas diferenças exigiremos a multa isolada de 50%, conforme previsto no art. 44, II, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada no art. 14 da medida Provisória n° 351, de 2007.”. A DRJ, no retro citado acórdão, assim se pronunciou sobre a questão posta: “A fragilidade da peça impugnatória nesse particular ganha mais relevo, à medida que a contribuinte não mencionou os motivos de fato e os pontos de discordância nos quais poderia se fundamentar, dando ensejo a se considerála não impugnada nesse particular, por não cumpridos os requisitos processuais do art. 16, inciso III, do Decreto nº 70.235/1972. A ela cumpria, no pleno exercício do seu direito de defesa, valerse do contraditório para ilidir o lançamento, com os motivos de fato e com a prova documental que os lastreassem, concorrendo para a preclusão do direito de fazêlo em posterior momento processual. Em complemento, registrese que a própria contribuinte assim informou à fl. 16 do ANEXO II, tal como transcrito pelo servidor autuante: [...] todos os cheques emitidos pelo Senhor Valdeci e recebidos por nós, foram relacionados e descontados pelos nossos funcionários e utilizados para pagamentos diversos pelo caixa. [...] todas as entradas de caixa foram contabilizadas no caixa da empresa. No entanto, ao se debruçar sobre o Razão, o fisco foi claro no sentido de que “pelos documentos apresentados, conta caixa do livro razão, não é possível identificar as operações que deram origem aos recursos transferidos pelo seu cobrador.” Quanto à perícia, ainda que pudesse ser aceita como tal, estaria fadada ao indeferimento, seja em termos materiais, face à obtenção da matéria tributável a partir do conjunto de prova colhidas pelo fisco, seja ainda pelo não preenchimento dos requisito processuais vislumbrados no artigo 36 do Decreto nº 70.235/1972.”. A recorrente tomou ciência da decisão recorrida em 07/08/2013 (cf. AR a fls. 714) e interpôs recurso voluntário em 05/09/2013 (doc. a fls. 716 e segs.), no qual alega, em apertada síntese, as seguintes razões de defesa: a) que a decisão desconsidera o conceito de omissão de receitas previsto no art. 281 do RIR/99; b) que não resta comprovado nos autos qualquer indicativo de ocorrência de qualquer conduta prevista no art. 281 do RIR/99; Fl. 2038DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 8 c) que restou comprovado foi justamente o contrário, tanto que foi possível ao Fisco identificar e rastrear os cheques emitidos pelo Sr. José Valdeci Damasceno, cujos valores eram pertencentes a empresa Frigorífico Frangom Ltda; d) que foram acostados cópias do Livro Razão (fls. 47/108), bem como, outros documentos contábeis, tanto pela ora recorrente, quanto pelo Sr. José Damasceno, todos plenamente hábeis a comprovar o registro das movimentações financeiras da Frangobom; e) que o Fisco não reconhece a validade de operações realizadas utilizando se “dinheiro vivo”, uma vez que, para o mesmo, seria impossível a comprovação da realização dos pagamentos; f) que todas as operações por ele realizadas, foram devidamente contabilizadas e podem ser comprovadas pelos documentos; g) que as operações realizadas tanto pelo Sr. José Damasceno como pela ora recorrente estão devidamente contabilizadas e podem ser comprovadas, tanto que o Fisco chegou à conclusão de que os valores que tramitaram pela conta do Sr. José Damasceno eram realmente de titularidade da pessoa jurídica e não da pessoa física; h) que, ao realizar devidamente as anotações nos livros contábeis o dinheiro pode sim ser rastreado e seus beneficiários identificados, como ocorreu no presente caso, motivo pelo qual, deve o auto de infração ser desconsiderado, sob pena de patente mávaloração da prova, e ainda, atipicidade, por não se enquadrar o caso na tipificação prevista; i) que o não acatamento do pedido de perícia, pela decisão recorrida, ofendeu o devido processo administrativo; j) que requer o cancelamento dos indevidos lançamentos dos tributos feitos em desfavor da recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior. O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por representante legal da pessoa jurídica, conforme cláusula sexta da alteração contratual a fls. 668/669, razão pela qual dele conheço. Preliminarmente, cabe ressaltar que não procede a alegação de cerceamento do seu direito de defesa, em razão de a autoridade julgadora de primeira instância ter negado o pedido de perícia, pelas seguintes razões. Primeiro, conforme pacífica jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, só há falar em cerceamento do direito de defesa in casu, se demonstrado o prejuízo causado pela não realização da perícia, o que a recorrente não logrou demonstrar. Em segundo, nos termos do art. 18 do Decreto n° 70.235/72, a avaliação quanto a necessidade de perícia é uma prerrogativa da autoridade julgadora de primeira instância, que deverá estar justificada na necessidade de dirimir questões que não possam ser elucidadas apenas com o exame dos elementos constantes dos autos. Ora, se a autoridade de primeira instância considerou suficientes as provas coligidas aos autos, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, mormente quando poderia a recorrente ter apresentado laudos, relatórios e outros quaisquer elementos de prova para sustentar a sua defesa. Fl. 2039DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10640.002305/201054 Acórdão n.º 1302001.427 S1C3T2 Fl. 2.036 9 No mérito, de plano, já se há de afastar a alegação da recorrente de que a sua conduta não se enquadra em nenhuma das hipóteses do art. 281, pois o enquadramento dado pelo autuante não foi de presunção de omissão de receita. Tanto é assim que o enquadramento legal dado foi no art. 24 da Lei 9.249/95 (base legal do art. 288 do RIR/99), por se trata de prova direta de omissão de receitas. Notese que dois pontos restam incontroversos nos presentes autos: primeiro, que os recursos movimentados pelo Sr. José Dasmaceno eram efetivamente da recorrente; segundo que eles serviram para pagar despesas da recorrente e para serem transferidos para sócios, empregados e até para cônjuge de sócio, operação esta cuja causa sequer restou demonstrada nos autos. Por outro lado, a recorrente não tinha sequer registro dos títulos que entregava ao Sr. José Damasceno para cobrança, nem foi capaz de informar quais eram as operações mercantis que geraram tais receitas. A recusa de informar quais as operações a que se referiam as receitas objeto de cobrança pelo Sr. José Damasceno indica claramente que tais valores tinham sido omitidos na sua contabilidade. A apresentação do livro diário e mesmo do razão só provam que os valores cobrados pelo Sr. José Damasceno e que saíram da sua conta não entraram no caixa da recorrente, o que foi claramente confessado pela recorrente quando alegou que: “todos os cheques emitidos pelo Senhor Valdeci e recebidos por nós, foram relacionados e descontados pelos nossos funcionários e utilizados para pagamentos diversos pelo caixa.”. Sobre essses valores cobrados pelo Sr. José Damasceno, a recorrente afirma que: “Quanto a origem dos cheques, esses são produtos da venda que efetuamos diariamente e lançado na conta caixa que recebemos com cheques da emissão dos nossos próprios clientes ou por intermédio de nossos clientes, recebemos os cheques de terceiros, sendo posteriormente, repassados parte para o Sr. José Valdeci, para que ele providenciasse a cobrança e nos reembolsasse, o que foi feito através destes cheques relacionados”. Ora, se a recorrente queria desconstituir a prova direta de omissão de receitas, deveria ter coligido provas de que tais valores foram efetivamente contabilizados como receitas, o que poderia ter sido feito se tivesse apresentado a relação de títulos cobrados pelo Sr. José Damasceno no período em tela, as notas fiscais referentes à operação e a indicação das páginas do diário/razão em que foram contabilizadas. Todavia limitouse apenas a afirmar que todas as entradas de caixa foram contabilizadas no caixa da empresa. Ademais, tem razão a autoridade lançadora ao afirmar que pelos documentos apresentados, conta caixa do livro razão, não é possível identificar as operações que deram origem aos recursos transferidos pelo seu cobrador. Da mesma forma, não é possível se identificar a entrada de valores em tela no Livro diário apresentado na fase de recurso voluntário. Ressalto que se não é identificada a operação que gerou a receita, sequer a data em que houve a entrada em caixa é possível desvelar nos livros em tela, pois as únicas referências que há nos autos são os cheques e os extratos do cobrador, os quais se referem ao momento em que os valores foram efetivamente cobrados, os quais, conforme já salientado, não entraram na caixa da recorrente nesse momento. Notese que o ônus de provar que tais receitas foram contabilizadas e efetivamente oferecidas à tributação eram da recorrente, já que apresentada a prova da omissão de receita, cabe ao contribuinte desconstituíla. Em face do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 2040DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 10 Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 2041DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/0 6/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10855.002910/2002-08
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 08 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Jul 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 11/08/1997 a 20/08/1997
EMENTA:
Processo. Efeito devolutivo do Recurso. Profundidade.
Uma vez suscitada a matéria no recurso, o órgão julgador ao conhecer a matéria poderá julgá-la de acordo com os argumentos jurídicos que, consoante seu entendimento, determinem o deslinde da questão, independentemente destes argumentos terem sido suscitados pela parte. Tema da profundidade do efeito devolutivo.
Não cabimento de multa de ofício. Não cabe a aplicação da multa de ofício quando o tributo já havia sido declarado em DCTF e o lançamento se originou de procedimento de revisão interna de DCTF.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-002.455
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Rodrigo da Costa Pôssas, que davam provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Susy Gomes Hoffmann.
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
Henrique Pinheiro Torres - Relator
Susy Gomes Hoffmann - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Daniel Mariz Gudiño, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo.
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201310
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 11/08/1997 a 20/08/1997 EMENTA: Processo. Efeito devolutivo do Recurso. Profundidade. Uma vez suscitada a matéria no recurso, o órgão julgador ao conhecer a matéria poderá julgá-la de acordo com os argumentos jurídicos que, consoante seu entendimento, determinem o deslinde da questão, independentemente destes argumentos terem sido suscitados pela parte. Tema da profundidade do efeito devolutivo. Não cabimento de multa de ofício. Não cabe a aplicação da multa de ofício quando o tributo já havia sido declarado em DCTF e o lançamento se originou de procedimento de revisão interna de DCTF. Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Jul 03 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10855.002910/2002-08
anomes_publicacao_s : 201407
conteudo_id_s : 5357351
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 03 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 9303-002.455
nome_arquivo_s : Decisao_10855002910200208.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : HENRIQUE PINHEIRO TORRES
nome_arquivo_pdf_s : 10855002910200208_5357351.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Rodrigo da Costa Pôssas, que davam provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Susy Gomes Hoffmann. Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente Henrique Pinheiro Torres - Relator Susy Gomes Hoffmann - Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Daniel Mariz Gudiño, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 08 00:00:00 UTC 2013
id : 5509554
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:24:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815773818880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1986; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 296 1 295 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10855.002910/200208 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303002.455 – 3ª Turma Sessão de 8 de outubro de 2013 Matéria Multa exonerada de ofício Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado INCORVIL DISTRIBUIDORA, COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE LONAS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 11/08/1997 a 20/08/1997 EMENTA: Processo. Efeito devolutivo do Recurso. Profundidade. Uma vez suscitada a matéria no recurso, o órgão julgador ao conhecer a matéria poderá julgála de acordo com os argumentos jurídicos que, consoante seu entendimento, determinem o deslinde da questão, independentemente destes argumentos terem sido suscitados pela parte. Tema da profundidade do efeito devolutivo. Não cabimento de multa de ofício. Não cabe a aplicação da multa de ofício quando o tributo já havia sido declarado em DCTF e o lançamento se originou de procedimento de revisão interna de DCTF. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Rodrigo da Costa Pôssas, que davam provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Susy Gomes Hoffmann. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 00 29 10 /2 00 2- 08 Fl. 296DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 297 2 Henrique Pinheiro Torres Relator Susy Gomes Hoffmann Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Daniel Mariz Gudiño, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo. Relatório Os fatos foram assim descritos pela decisão recorrida: Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 2 Turma Julgadora da DRJ em Ribeirão Preto SP. Relata a decisão recorrida que a empresa foi notificada a recolher o IPI declarado e não pago, acrescido de multa de ofício e juros de mora, decorrente da realização de auditoria interna de DCTF, motivando a exigência na não localização do pagamento declarado. A empresa apresentou impugnação requerendo a nulidade do auto de infração lavrado (fls. 30 a 36), por ausência de identificação do recebedor da notificação, imposição de multa, quando deveria apenas propor; inconstitucionalidade da multa cobrada e da utilização da taxa Selic como juros de mora. Analisando os argumentos da impugnante, a Turma Julgadora negou provimento à impugnação declarando procedente a notificação expedida e a exigência nela contida. Cientificada da decisão em 03/01/2006, a empresa apresentou, em 02 de fevereiro de 2006, recurso voluntário a este Eg. Conselho de Contribuintes reafirmando os argumentos postos na impugnação, relativos à ausência de intimação no auto de infração; inexistência de fundamentação legal dos acréscimos moratórios; impossibilidade de aplicação da taxa Selic por ser ilegal; possibilidade de manifestação sobre a constitucionalidade de leis pela esfera administrativa; aplicação da multa em percentual elevado com caráter confiscatório. Alfim, requer o recebimento e o provimento do recurso voluntário com extinção do lançamento. Julgando o feito, o órgão julgador a quo deu provimento parcial ao recurso voluntário, em acórdão assim ementado: Fl. 297DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 298 3 Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 11/08/1997 a 20/08/1997 Ementa: AUTO DE INFRAÇÃO. LAVRATURA. Estando a lavratura do auto de infração efetuada de acordo com a legislação de regência, deve ser afastada a alegação de nulidade. INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE DE LEI. É defeso à autoridade administrativa afastar a aplicação de lei sob a alegação de inconstitucionalidade da mesma, por se tratar de matéria de competência do Poder Judiciário. DÉBITO DECLARADO EM DCTF. MULTA DE OFÍCIO. IMPROCEDÊNCIA. Deve ser excluída a multa de ofício nos lançamentos efetuados em razão de inadimplência de débito declarado em DCTF. Recurso provido em parte. Inconformada, a Fazenda Nacional opôs embargos de declaração para que fossem supridas omissão e obscuridade no acórdão embargado. Preditos declaratórios foram inadmitidos por meio do despacho de fl. 189, que acolheu as informações prestadas pela relatora, às fls. 185 a 188. Ainda não resignada, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência, fls. 195 a 213, onde, após longo arrazoado, defende o restabelecimento da multa de ofício. O especial foi por mim admitido, nos termos do despacho de fl. 254. Contrarrazões vieram às fls. 261 a 265. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. A matéria trazida a debate restringese à questão da multa que o Colegiado recorrido exonerou de ofício, por entender faltar suporte legal para a exação dessa penalidade. O deslinde da controvérsia passa pela análise de questão processual, qual seja, a possibilidade de o julgador ad quem enfrentar matéria decidida pelo julgador a quo sem que tal matéria tenha sido devolvida àquele Colegiado, ou seja, que dita matéria tenha sido abordada no recurso voluntário. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 299 4 Aqueles que navegam no direito subjetivo sabem ou deveriam saber que o mar processual é bravio e desafiador, quase sempre revolto e cheio de ondas e marolas que fazem, muitas vezes o barco perder o rumo. Isso faz com que muitos se percam e não consigam completar a travessia. Mas nem tudo está perdido, os instrumentos de navegação vêm, a cada dia, se aperfeiçoando, de tal sorte, que o barqueiro que os utilizar corretamente, nunca perderá o norte e, facilmente, chegará a um porto seguro. Saindo da linguagem figurada para a real, os instrumentos são os princípios gerais e específicos que norteiam a atividade jurisdicional e, por empréstimo, a “judicante” administrativa. Muitos desses princípios são universais, isso quer dizer que estão presente em todos, ou em quase todos, sistemas jurídicos mundiais. Na maioria das vezes, são eles incorporados à legislação processual e até mesmo à constitucional, tornandose, portanto, obrigatória sua observância. Nos países, como o Brasil, em que a atividade judicante é dissociada da inquisitória, um dos pilares da jurisdição é justamente o princípio da iniciativa da parte, cuja origem remonta ao direito romano onde ao juiz era vedado proceder sem a devida provocação das partes. Predito princípio, versão moderna do ne procedat iudex ex officio; nemo iudex sine actore, foi consagrado no artigo 2º e, também, no 262, ambos do Código de Processo Civil Brasileiro. Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais Art. 262 O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Esse princípio tem como corolários (está assentado), dois outros princípios, o dispositivo e o da demanda, ambos positivados no Código de Processo Civil. Segundo o dispositivo, o julgador deve decidir a causa com base nos fatos alegados e provados pelas partes, não lhe sendo permitido perquirir fatos não alegados nem provados por elas. A razão fundamental que legitima o princípio dispositivo é, justamente, a preservação da imparcialidade do julgador que, em última análise, é o pressuposto lógico do próprio conceito de jurisdição. Em direito probatório, a norma fundamental que confere expressão legal ao princípio dispositivo encontrase inserta no artigo 1333 do CPC o qual incumbe às partes o ônus da prova do por elas alegado. Para o eminente processualista 2Ovídio A. Baptista da Silva, Tal princípio vincula duplamente o juiz aos fatos alegados, impedindoo de decidir a causa com base em fatos que as partes não hajam afirmado e obrigandoo a considerar a situação de fato afirmada por todas as partes como verdadeira. O princípio dispositivo contrapõese ao inquisitório onde são dados ao juiz amplos poderes de iniciativa probatória, a exemplo do direito processual espanhol, italiano etc. Entre nós, o princípio inquisitório tem aplicação bastante restrita, circunscrevendose às ações que versem sobre direitos indisponíveis, como ocorre nas ações matrimoniais nas quais a lei confere ao magistrado amplos poderes para investigar os fatos da causa. Essa restrição ao princípio inquisitório é necessária, pois, como bem anotou o professor Ovídio Baptista na 3obra 1O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 2 Curso de Processo Civil, vol. 01, 5ª ed, rev.. e atual. São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2.000, p 60. 3 Página 63. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 300 5 citada linhas acima, dificilmente teria o julgador condições de manterse completamente isento e imparcial, se a lei lhe conferisse plenos poderes de iniciativa probatória. Outro princípio que norteia a atividade judicante é o da demanda, que vai balizar o alcance da própria atividade jurisdicional. Aqui, o pressuposto básico é a disponibilidade do direito subjetivo das partes, que têm a faculdade de decidir livremente se o exercerá ou se o deixará de exercêlo. Isso porque, ninguém poder ser forçado a exercer os direitos que lhe são devidos, tampouco podese compelir alguém, contra a própria vontade, a defendêlos perante um órgão julgador, seja ele administrativo ou judicial. Desse pressuposto decorre o princípio, jurisdicizado pelo artigo 2º do CPC, de que nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer. O princípio da demanda também se encontra positivado nos artigo 128 e 460 do CPC, nos seguintes termos: Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendolhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. Art 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Traçandose um paralelo entre o princípio dispositivo e o da demanda, temse que o primeiro deles preserva o livre arbítrio das partes na determinação das ações que elas pretendem litigar, enquanto o outro define e limita o poder de iniciativa do juiz com relação às ações efetivamente ajuizadas pelas partes. Esse princípio da demanda apresentase em nosso ordenamento jurídico como pressuposto a ser seguido por todo o sistema processual, muito raramente, admite exceções ou algum arrefecimento. A quebra desse princípio é raríssima, ocorrendo mais no processo de falência, e, também, nos casos de jurisdição voluntária. Como conseqüência lógica dos princípios dispositivos e da demanda, há o que a doutrina denominou de princípio da congruência (adstrição) ou da correspondência, entre o pedido e a sentença, que impede o julgador de atuar sobre matéria que não foi objeto de expressa manifestação pelo titular do interesse. Por conseguinte, é o pedido que limita a extensão da atividade judicante. Daí, considerarse extra petita a decisão sobre pedido diverso daquilo que consta da petição inicial. Será ultra petita a que for além da extensão do pedido, apreciando mais do que foi pleiteado. Por fim, é citra petita a decisão que não versou sobre a totalidade do pedido. Em suma, pelo princípio da congruência, deve haver perfeita correspondência entre o pedido e a decisão. Não sendo lícito ao julgador ir além, aquém ou em sentido diverso do que lhe foi pedido. Em outras palavras, o julgamento da causa é limitado pelo pedido, não podendo o julgador dele se afastar, sob pena de vulnerar a imparcialidade e a isenção, bases em que se assenta a atividade judicante. Assim, o julgado que vai além da matéria devolvida no recurso ao Colegiado, indiscutivelmente, viola esses princípios. Fl. 300DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 301 6 De outro lado, o julgador ad quem deve observar a definitividade da decisão recorrida (coisa julgada administrativa), não podendo desconsiderála. No caso sob exame, é patente a violação dessa definitividade, pois na decisão de primeira instância foi mantida a multa de ofício, e, neste ponto, não houve recurso, o que tornou a questão incontroversa. Desta feita, não poderia o Colegiado de segunda instância, de ofício, reapreciar a questão, ressuscitando matéria que não fora devolvida ao Colegiado. Assim o fazendo, atropelou os princípios mencionados linhas acima, além de retirar toda e qualquer serventia do manto da “coisa julgada administrativa” (definitividade da decisão). Em síntese, viola o princípio da imutabilidade da coisa julgada administrativa a apreciação, pela instância revisora, de matéria já decidida na fase anterior, sem que sobre esta a parte sucumbente tenha interposto recurso. Neste ponto, não se pode deixar de reconhecer que a decisão recorrida não observou o limite da lide, indo muito além de onde poderia ter ido. Neste diapasão, o remédio processual adequado é o de se decotar a decisão vergastada para dela se escoimar a parcela excedente à circunscrição da lide, determinada pela devolutividade do recurso voluntário. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional para restabelecer a multa de ofício. Henrique Pinheiro Torres Voto Vencedor Conselheira Susy Gomes Hoffmann, Redatora Designada Primeiramente, registro o respeito ao voto prolatado pelo Eminente Conselheiro Relator; contudo, dele divirjo, pelos motivos que passo a expor. Como esclareci durante os debates, entendo que o Acórdão recorrido erroneamente indicou que a matéria da exoneração da multa de ofício foi conhecida de ofício. No presente caso, o objeto da lide, é relativo ao lançamento tributário que surgiu em vista de auditoria interna, com a cobrança do IPI, multa e juros, por não ter sido encontrado o pagamento referente à DCTF devidamente apresentada pelo contribuinte. Ao verificarmos a impugnação ao auto de infração – fls. 01 a 18 do processo – constatamos que houve a expressa impugnação à multa de ofício, para tanto verifiquese o teor do disposto, especialmente, nas fls. 07 e 08 e 16 e 17 e não houve impugnação ao tributo propriamente dita do IPI. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 302 7 É certo que não houve o argumento – no que tange à multa de ofício – sobre o fato de uma vez ter sido declarado o valor em DCTF não ser cabível a multa de ofício. Mas, o lançamento da multa foi efetivamente impugnado, tanto que a decisão da DRJ é no sentido de apontar a legalidade da cobrança da referida multa. No Recurso Voluntário, o Recorrente volta a todas as questões preliminares e meritórias trazidas na impugnação, inclusive, recorrendo da decisão que manteve a multa de ofício, ainda que novamente, os seus argumentos tenham sido no sentido da desproporcionalidade da multa de ofício aplicada. Ao analisar o Recurso Voluntário, a relatora ao analisar o tema da multa, esclareceu o seguinte: “Deve ser suscitada de ofício a aplicação da multa de ofício em lançamento efetuado a partir da revisão interna de DCTF.” E, em razão de ter suscitado a matéria de não cabimento de multa de ofício nos lançamentos que se originam de revisão interna de DCTF, a Procuradoria da Fazenda Nacional recorreu alegando que a matéria estaria preclusa e não caberia que fosse suscitada matéria de ofício. Pois bem. Entendo que houve um equívoco interpretativo por parte da Recorrente e no voto vencido. Notese que tanto na impugnação como no recurso voluntário, o contribuinte expressamente se insurgiu contra a aplicação da multa de ofício. Não suscitou o argumento que levou a relatora e a turma julgadora a afastar a aplicação da multa, mas se insurgiu contra ela. Assim, quer me parecer que não há que falar em preclusão, mas na possibilidade do órgão julgador ao analisar a matéria recorrida, sobre ela dispor a partir dos argumentos suscitados pela parte ou por outros argumentos que o órgão julgador entender cabíveis. Uma vez que a matéria foi devolvida ao tribunal, e a matéria da multa também o foi. O tribunal deve conhecer da matéria recursal. A matéria recursal delimita a extensão do recurso, de tal modo que o recurso não pode extrapolar destes limites. Todavia, dentro da matéria recorrida, o tribunal pode decidir com argumentos jurídicos. No famoso brocardo: “dême os fatos, que lhe dou o direito”. O fato aqui discutido era o cabimento da multa de ofício. O contribuinte alegou o não cabimento em face da desproporcionalidade, ilegalidade. A turma julgadora, entendeu pelo não cabimento da multa de ofício por outro motivo: quando o valor do principal já estava lançado em DCTF, não cabe multa de ofício, só a de mora. Portanto, estamos frente a um caso de se analisar o efeito devolutivo do Recurso, analisar a profundidade do recurso, e eventuais efeitos translativos. Assim, um dos efeitos dos Recursos é o efeito devolutivo, ou seja, o órgão julgador recebe todas as questões e delas pode tratar com a profundidade que entender necessária para o deslinde da questão. É o tema da profundidade dos recursos. Ou seja, uma vez conhecida a matéria no âmbito recursal, o seu julgamento pode ser definido com base em argumentos trazidos pelos julgadores, independentemente de estes argumentos terem sido trazidos pela parte recorrente. Daí pode ocorrer o eventual efeito translativo. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 303 8 Importante trazer o que prevê o artigo 515 do CPC. Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. § 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. Sobre este tema, anotese a ementa do Resp 714.068, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, nos seguintes termos: PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO EFEITO DEVOLUTIVO. EXTENSÃO E PROFUNDIDADE. DISTINÇÃO. LIQUIDAÇÃO. FORMA. MODIFICAÇÃO PELO TRIBUNAL A QUO. POSSIBILIDADE. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA, COGNICÍVEL DE OFÍCIO. DECAIMENTO DE PARTE MÍNIMA DO PEDIDO. SUCUMBÊNCIA INTEGRAL DA PARTE CONTRÁRIA. HONORÁRIOS. ADEQUAÇÃO DO VALOR EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 07/STJ. Devese distinguir entre a extensão do efeito devolutivo da apelação, limitada pelo pedido daquele que recorre, e a sua profundidade, que abrange os antecedentes lógicojurídicos da decisão impugnada. Estabelecida a extensão do objeto do recurso pelo requerimento formulado pelo apelante, todas as questões surgidas no processo, que possam interferir no seu acolhimento ou rejeição, devem ser levadas em conta pelo Tribunal. Quanto à utilização do arbitramento como meio de liquidação, sua modificação pelo Tribunal a quo não implica em decisão extra ou ultra petita, tampouco em trespasse da matéria devolvida à apreciação do órgão ad quem, na medida em que se trata de questão apreciável ex officio. As formas de liquidação não se sujeitam ao arbítrio do juiz, pois compõem o devido processo legal e, como tal, são de ordem pública. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 304 9 Nos termos do art. 21, parágrafo único, do CPC, “se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e honorários”. A aferição da adequação da verba honorária demanda reexame de matéria fática, circunstância que encontra óbice na Súmula nº 07 do STJ. Recurso especial não conhecido. Transcrevo trechos importantes do referido Acórdão: Os limites da apelação são determinados pelo princípio do tantum devolutum quantum appelatum , nos termos do art. 515, caput, do CPC, verbis: “a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. Por outro lado, no âmbito da devolução, o Tribunal apreciará todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença recorrida não as tenha julgado por inteiro. É esse o comando contido no § 1º do próprio art. 515. Devese, portanto, distinguir entre a extensão da devolução, limitada pelo pedido daquele que recorre, e a sua profundidade, que abrange os antecedentes lógicojurídicos da decisão impugnada. Em outras palavras, delimitar a extensão do efeito devolutivo é determinar o que se submete, por força do recurso, ao julgamento do Tribunal; medirlhe a profundidade é precisar com que material há de trabalhar o Tribunal para julgar. Estabelecida a extensão do objeto do recurso pelo requerimento formulado pelo apelante, todas as questões surgidas no processo, que possam interferir no seu acolhimento ou rejeição, devem ser levadas em conta pelo Tribunal. José Carlos Barbosa Moreira anota que, “preservada a imutabilidade da causa de pedir, é amplíssima, em profundidade, a devolução ”, ressaltando, ainda, sua complementação pelo art. 516 do CPC, de modo a abranger, além das questões efetivamente resolvidas na sentença apelada, “também as que nela poderiam têlo sido” (Comentários ao Código de Processo Civil, Vol. V. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 446). No particular, constatase que tanto na contestação quanto na apelação a recorrida se opõe expressamente ao pagamento de indenização pela ocupação do imóvel, tendo a matéria, portanto, sido devolvida à apreciação do Tribunal local. Assim, no âmbito dessa devolução, era lícito ao TJ/SP apreciar todas as questões atinentes a essa matéria (indenização pela ocupação do imóvel), inclusive o valor do aluguel, posto tratarse de aspecto relativo à profundidade do efeito devolutivo e não à sua extensão. Portanto, restando indubitável que a matéria da multa de ofício foi tema do recurso voluntário, não há que falar em preclusão. No mérito da aplicação da multa de ofício, entendo que não há reparos a serem feitos no Acórdão recorrido, que assim tratou da matéria: Consoante o DecretoLei nº 2.124, de 13/06/1984, os débitos constantes de declarações apresentadas à Receita Federal Fl. 304DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 305 10 constituirão confissão de dívida e, se não recolhidas, ficarão sujeitas à inscrição em dívida ativa da União, acrescidas da multa de mora de 20% e juros de mora. Confirase: “§ 1ºo O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. § 2º Não pago no prazo estabelecido pela legislação o crédito,corrigido monetariamente e acrescido da multa de vinte por cento e dos juros de mora devidos, poderá ser imediatamente inscrito em dívida ativa, para efeito de cobrança executiva, observado o disposto no § 2º do artigo 7º do Decretolei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983,” Ademais, a previsão de realização de lançamento de ofício para débitos declarados em DCTF e não pagos, constante do art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, veio sofrendo alterações ao longo do tempo, estando com a redação estabelecida, atualmente, pelo art. 18 da Medida Provisória nº 351, de 2007, como segue: “Art. 18. O art. 18 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 18. O lançamento de oficio de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.” Tratandose os presentes autos de inadimplência assumida, na medida em que a recorrente não se defendeu da exigência do tributo declarado em DCTF e, sendo o lançamento do tributo competência privativa da autoridade administrativa, nos termos do art. 142 do CTN, não cabe ao julgador administrativo desconstituir o lançamento regularmente efetuado. Entretanto, nos termos da legislação de regência, deve ser afastada a multa de ofício aplicada por ausência de suporte legal, sem prejuízo da exigência dos juros e da multa de mora em caso de adimplemento espontâneo ou remessa para inscrição em Dívida Ativa da União. Assim, quanto ao mérito, adoto as razões de decidir do acórdão recorrido. Neste sentido, voto para NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA FAZENDA NACIONAL. Susy Gomes Hoffmann Fl. 305DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10855.002910/200208 Acórdão n.º 9303002.455 CSRFT3 Fl. 306 11 Fl. 306DF CARF MF Impresso em 03/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2014 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/03/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digi talmente em 25/03/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 15956.720067/2011-11
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jul 21 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2403-000.221
Decisão:
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o processo em diligência.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Marcelo Freitas Souza Costa e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Ausente justificadamente o Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto e o Conselheiro Jhonatas Ribeiro da Silva.
Nome do relator: PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201401
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 21 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 15956.720067/2011-11
anomes_publicacao_s : 201407
conteudo_id_s : 5362205
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jul 25 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2403-000.221
nome_arquivo_s : Decisao_15956720067201111.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 15956720067201111_5362205.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o processo em diligência. Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Marcelo Freitas Souza Costa e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Ausente justificadamente o Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto e o Conselheiro Jhonatas Ribeiro da Silva.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 23 00:00:00 UTC 2014
id : 5533762
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:24:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815779061760
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1346; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T3 Fl. 560 1 559 S2C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15956.720067/201111 Recurso nº 999.999Voluntário Resolução nº 2403000.221 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Data 23 de janeiro de 2014 Assunto CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente ROMASUL EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o processo em diligência. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro – Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Marcelo Freitas Souza Costa e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Ausente justificadamente o Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto e o Conselheiro Jhonatas Ribeiro da Silva. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 59 56 .7 20 06 7/ 20 11 -1 1 Fl. 319DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 561 2 RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário, apresentado contra Acórdão nº 1436.400 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Ribeirão Preto SP, que julgou procedente em parte o lançamento, Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP nº 37.324.0996 (parte empresa), AIOP nº 37.324.1003 (parte Terceiros) e Auto de Infração de Obrigação Acessória – AIOA nº 37.324.0988 (CFL 68). Conforme o Relatório da decisão de primeira instância: Tratase de auto de infração lavrado pela fiscalização em relação ao contribuinte acima identificado, incluindo a contribuição devida pela empresa à Seguridade Social e aos terceiros, incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada pela empresa aos segurados empregados e contribuintes individuais registrados na empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME, CNPJ nº 07.714.402/0001 05. Inclui, ainda, a multa decorrente do descumprimento da obrigação acessória prevista no artigo 32, IV da Lei nº 8.212/91, nas competências em que esta se revelou mais benéfica ao contribuinte em relação à nova sistemática estabelecida com o advento da Lei nº 11.941/09. O presente lançamento fiscal é composto dos seguintes debcads: 37.324.0996 (contribuição previdenciária patronal e SAT), 37.324.1003 (contribuição destinada aos terceiros) e 37.324.0988 (multa decorrente do descumprimento de obrigação acessória). De acordo com os fatos relatados pela fiscalização, em ação fiscal desenvolvida junto às empresas Romasul Equipamentos Industriais Ltda. e Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME, constatouse a ocorrência de situação que determinou a desconsideração dos vínculos formais dos trabalhadores registrados junto à empresa Romasul Indústria, considerando os mesmos efetivamente vinculados à empresa Romasul Equipamentos, à qual compete a responsabilidade pelo pagamento das contribuições ora lançadas. Os fatos que motivaram o entendimento acima constam no relatório fiscal, cabendo destacar o seguinte: Ambas as empresas ocupam o mesmo local físico; Ambas estão enquadradas no mesmo CNAE (2869100); A empresa Romasul Indústria foi constituída por familiares dos sócios gerentes da empresa Romasul Equipamentos; Fl. 320DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 562 3 A empresa Romasul Indústria, constituída em 17/10/2005, declarou em GFIP ausência de movimento até 11/2006, admitindo empregados a partir de 12/2006, enquanto a empresa Romasul Equipamentos foi excluída do Simples a partir de 01/2007; Conclui, dessa forma, a autoridade fiscal, que os fatos mencionados indicam que a administração da Romasul Equipamentos, sentindo os reflexos do desenquadramento do Simples e com o objetivo de reduzir os seus encargos tributários, decidiu pela ativação da nova empresa, com opção pelo Simples Federal. Beneficiouse, assim, dos valores de contribuição previdenciária que deixaram de ser recolhidos nessa nova empresa, autorizando a fiscalização a desconsiderar os vínculos formais dos trabalhadores, reconhecendo, assim, a responsabilidade da empresa autuada pelo recolhimento dos valores apurados. Seguem alguns dos fatos destacados no Relatório Fiscal acerca da auditoria fiscal realizada no sujeito passivo: 2.1 Numa analise cadastral, financeira e tributária das empresas ROMASUL EQUIPAMENTOS e ROMASUL INDUSTRIA, os sistemas da Receita Federal do Brasil, apontaram que além da discrepância entre a DIMOF –Declaração de Informações sobre Operações Financeiras quando cruzadas com a Massa Salarial, declarada pelas próprias empresas através das GFIP – Guias do FGTS e Informações para a Previdência Social, conforme dados apontados no quadro abaixo, existiam outras situações que indicavam uma possível co relação entre as mesmas, tais como: Ambas ocupam o mesmo local; Ambas estão enquadradas no mesmo CNAE – Código Nacional de Atividade Econômica. 2869100 ( Fabricação de Maquinas e Equipamentos para uso industrial específico não especificados anteriormente, peças e acessórios); A ROMASUL INDUSTRIA, optante pelo Simples – Sistema Tributário Simplificado desde o início de suas atividades em 17/10/2005 e tem em sua constituição, os familiares dos sócios gerentes da ROMASUL EQUIPAMENTOS, a qual foi excluída do sistema Simples, em janeiro/2007, e passou a ser tributada pelo sistema de Lucro Presumido; O site www.romasul.com.br. não faz distinção entre as mesmas. 2.2 Na ROMASUL EQUIPAMENTOS, a ação fiscal teve seu início em 10/02/2011, com a ciência da mesma, através do TIF Termo de Intimação Fiscal, com prazo para entrega da documentação de 15 dias úteis e tendo como objeto a fiscalização das contribuições previdenciárias, envolvendo o período de 01/2007 a 12/2008, 2.3 Na ROMASUL INDUSTRIA, a ação fiscal teve seu início em 09/02/2011, com a ciência da mesma, através do TIPF Termo de Início de Procedimento Fiscal, com prazo para entrega da documentação de 20 Fl. 321DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 563 4 dias úteis e tendo como objeto a fiscalização das contribuições previdenciárias, envolvendo o período de 01/2007 a 12/2008. 2.4 A Auditoria Fiscal constatou que a empresa ROMASUL EQUIPAMENTOS, foi desenquadrada do sistema Simples Regime Tributário Simplificado das Microempresas e EPP, criado pela Lei n. 9317/96, em 06/01/2007, passando a ser tributada pelo sistema de Lucro Presumido, a partir da competência 01/2007; (Anexo 3) 2.5 A administração da ROMASUL EQUIPAMENTOS, em 13/09/1995, através de alteração do Contrato Social, registrada na JUCESP sob o numero 149231/957 alterou o capital social para R$ 40.000,00 e redistribuiu as quotas de participação do sócio gerente, Sr. Waldeci Avanzi, correspondente a R$ 38.000,00 e para o sócio admitido, Sr. Luis Fernando Avanzi, com o valor de R$ 2.000,00. (Anexo 04) Obs.: o Sr. Luis Fernando Avanzi, é filho do sóciogerente da ROMASUL EQUIPAMENTOS e foi empregado da empresa de 01/09/1994 a 22/05/1996, com CBO –Código Brasileiro de Ocupações 39310 – Auxiliar Admistrativo, conforme dados obtidos no CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais (Anexo 06) 2.6 A administração da ROMASUL EQUIPAMENTOS, em 26/03/2003, através de alteração do Contrato Social, registrada na JUCESP sob o numero 019093032, alterou o seu quadro social, com a retirada do Sr. Luis F. Avanzi e com a admissão da Sra. Lílian Cristina Avanzi, situação cadastral que permanece até a presente data; Obs.: A Sra. Lílian também é filha do sóciogerente da ROMASUL EQUIPAMENTOS e foi empregada da empresa de 02/09/2002 a 08/08/2006, com código CBO 4110 –Auxiliar Administrativo, conforme dados obtidos no CNIS(Anexo 07). 2.7 Em 17/10/2005, foi criada uma nova empresa denominada ROMASUL INDUSTRIA Metalurgica Ltda.ME., com opção pelo sistema Simples de Tributação. (Anexo 05). Esta empresa declarou nas suas GFIP – Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência, que ficou sem movimento até 11/2006 e começou a admitir 12 empregados a partir dezembro de 2006 (Anexo 08); coincidentemente a coligada ROMASUL EQUIPAMENTOS, foi excluída do sistema Simples de Tributação, a partir de 01/01/2007. 2.8 Na composição do quadro social da nova empresa, foram colocados o filho e a esposa do Sr. Waldeci Avanzi, sócio administrador da ROMASUL EQUIPAMENTOS, ficando assim constituída: Sr. Luiz Fernando Avanzi, com capital de R$ 23.750,00 Sra. Sueli Maria Gonçalves Avanzi, com capital de R$ 1.250,00 2.9 Os acontecimentos relacionados anteriormente indicam que a administração da ROMASUL EQUIPAMENTOS, sentindo os reflexos do desenquadramento do Simples e com o objetivo de diminuir seus encargos tributários, decidiu pela ativação da nova empresa, com opção pelo sistema Simples de tributação a qual foi denominada de ROMASUL INDUSTRIA Maquinas Agrícolas Ltda ME.; 2.10 Na época da constituição da nova empresa, os quadros sociais eram assim constituídos: Fl. 322DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 564 5 2.10.1 O sócio majoritário da ROMASUL EQUIPAMENTOS é marido da Sra. Sueli, sócia da ROMASUL INDUSTRIA e ambos são os pais do Sr. Luis Fernando e Lílian Cristina, que fazem parte dos quadros societários das empresas coligadas; 2.11 A criação deste modelo de negócio, onde a nova empresa “ROMASUL INDUSTRIA” foi, desde seu início de atividades, optante pelo SIMPLES, com todos os recolhimentos das contribuições previdenciárias feitos de acordo com as suas opções, ou seja, esta nova empresa deixou de recolher as contribuições previdenciárias patronais calculadas sobre a Folha de Pagamento, com alíquota de 20,0%, as contribuições do RAT, com alíquota de 3,0% e as contribuições destinadas a outras entidades, com alíquota de 5,8%, totalizando 28,8% sobre o total das remunerações pagas aos segurados empregados, além das contribuições incidentes sobre as remunerações pagas a contribuintes individuais, com alíquota de 20,0%, sobre o total pago a prestadores de serviços sem vinculo empregatício e as retiradas de pro labore dos administradores. 2.12 A administração da empresa lider, ROMASUL EQUIPAMENTOS, que ainda era optante pelo Simples, percebendo que sua Receita Bruta estava em ascensão, conforme está demonstrado nas Declarações de Imposto de Renda ( Anexo 09) com R$ 1.706.239,49 em 2005 e R$ 4.512.645,75 em 2006 e que o limite de faturamento para sua manutenção no sistema Simples havia sido extrapolado e com isto seria desenquadrada, passando a ser tributada no Lucro Presumido, ocorrendo a incidência das contribuições previdenciárias patronais, sobre o total das remunerações constantes nas Folhas de Pagamentos, decidiu pela transferir parte dos custos operacionais da Folha de Salários para a nova empresa, se encontrava sem movimento até 11/2006, conforme GFIP apresentadas. (Anexos 09) 2.13 Entretanto, no decorrer da ação fiscal, ficou comprovado os fatos supra citados e foram apuradas outras constatações, conforme relatados no itens seguintes deste Relatório Fiscal, que a empresa ora notificada, “ROMASUL EQUIPAMENTOS”, beneficiouse diretamente dos valores das contribuições previdenciárias que deixaram de ser recolhidos na nova empresa, cabendo a mesma, as reais conseqüências dos negócios praticados na modalidade adotada e possibilitando à auditoria fiscal, no tocante à responsabilidade pelos recolhimentos previdenciários, a efetuar a desconsideração dos vínculos formais dos trabalhadores em relação a ROMASUL INDUSTRIA, empresa criada com a finalidade exclusiva de suprimir as contribuições previdenciárias incidentes sobre a Folha de Pagamento e também que se buscasse a verdadeira responsabilidade tributária que a ora autuada, tentou se desvincular. 2.14 Com a descaracterização dos vínculos empregatícios da empresa criada, o crédito fiscal foi lançado para a empresa líder, ora autuada, ROMASUL EQUIPAMENTOS, a verdadeira gestora do conglomerado; transferindo para a mesma a relação jurídica, trabalhista e previdenciária, dos segurados – empregados contratados pela ROMASUL INDUSTRIA, mas que na realidade laboravam em prol do Fl. 323DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 565 6 modelo de negócio esquematizado pela administração da empresa ora notificada. 3 OUTROS FATOS QUE COMPROVAM A RESPONSABILIDADE DA ROMASUL EQUIPAMENTOS SOBRE VÍNCULOS DOS SEGURADOS – EMPREGADOS 3.1 A seguir, relatamos outros fatos apurados que influenciaram na decisão da Auditoria Fiscal em desconsiderar a responsabilidade pelos vínculos empregatícios da empresa ROMASUL INDUSTRIA e indicaram que a verdadeira responsabilidade fiscal sobre a contratação de segurados – empregados, era de fato da empresa líder, ROMASUL EQUIPAMENTOS, inscrita no CNPJ sob o no. 55.863.955/000164, (...) 4 ANÁLISE DO SETOR DE RECURSOS HUMANOS DAS EMPRESAS 4.1 Enquanto as Receitas de Faturamento evoluíam aceleradamente ( Anexo 9), a ROMASUL EQUIPAMENTOS foi diminuindo o seu quadro de lotação; por sua vez a ROMASUL INDUSTRIA aumentava consideravelmente o numero de vínculos, conforme informações contidas na RAIS declaradas pelas próprias empresas. (Anexos 10/11) e mantendo a Receita Bruta dentro dos limites estipulados pelo sistema Simples de Tributação; (...) 4.12 AMBIENTE DE TRABALHO E ANALISE DE RISCOS OCUPACIONAIS – 4.12.1 No PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais/2008, da ROMASUL EQUIPAMENTOS, aponta: (Anexo 15) (...) 5. ANALISE DA CONTABILIDADE E DOCUMENTOS DAS EMPRESAS 5.1 É mister informar que, conforme se verifica através da sua contabilidade, Livros Diário n. 03 n. 04, (Anexo 18), no período abrangido pela ação fiscal, 2007 e 2008, a empresa ROMASUL INDUSTRIA não tem lançamentos contábeis em contas do Imobilizado Permanente (Terrenos, Prédios, Maquinas e Equipamentos, Veículos, etc.), em contas de Despesas com Manutenção e Insumos utilizados na produção e também não fez pagamentos de alugueis, sob qualquer título, tanto para seus fornecedores como para a empresa lider, a ROMASUL EQUIPAMENTOS, detentora de tudo; 5.2 No elenco de contas contábeis dos exercícios de 2007 e 2008, na ROMASUL INDUSTRIA, não foram constatados lançamentos referente a despesas com telefones, postagem, IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano, Informática e outras despesas indispensáveis para o funcionamento de qualquer empresa, principalmente se Fl. 324DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 566 7 considerarmos que o numero de vínculos chegou a 80 vinculos no terceiro trimestre de 2007. (...) 6. Finalizando estes esclarecimentos cabe ainda ressaltar: 6.1 O complexo fabril da ROMASUL EQUIPAMENTOS, conforme informação contida no site da empresa, (Anexo 21) ocupa uma área coberta de 7 mil/m2 e área total de 25.000 m2, e neste local estão instaladas as empresas, no mesmo terreno, de propriedade da empresa líder, ainda não regularizadas no Cartório de Registro de Imóveis de SertãozinhoSP., porém com projetos aprovados em 24/03/2006, pela Prefeitura Municipal de Sertãozinho, alvarás matriculas 1382976 e 138.2979; (Anexo 29 ) 6.2 A maioria dos empregados são registrados no CNPJ da ROMASUL INDUSTRIA, Optante pelo Simples, mas, trabalham para o mesmo empregador, em um único pátio empresarial. 6.3 O serviço de recepção, é único e prestados pelas seguradas empregadas, Fernanda Coelho e Fabíola O. Almeida, registradas na ROMASUL EQUIPAMENTOS mas controla todo o fluxo de pessoas, materiais e correspondências de ambas as empresa, fato que ficou comprovado com as assinaturas dos AR Avisos de Recebimento da EBCT, nos Termos de Início dos Procedimentos Fiscais, documentos integrantes do processo de Auto de Infração; (...) Segundo o Relatório Fiscal, os fatos geradores: 7.1 Constituem fatos geradores das contribuições lançadas, a prestação de serviço, com remunerações pagas aos segurados empregados, a título de salários e as remunerações pagas a contribuintes individuais/diretores, a título de prólabore. Todas as remunerações mencionadas foram declarados em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência SocialGFIP, informadas pela empresa ora despersonalizada. (Anexos 09) 7.2 Tratase de crédito previdenciário referente ao período de 01/2007 a 12/2008, lançado contra o sujeito passivo acima identificado, referente aos fatos geradores das contribuições previdenciárias, destinadas à Seguridade Social, discriminadas a seguir: 7.2.1 Da parte patronal, contribuições previdenciárias destinadas ao Fundo de Previdência e Assistência Social, contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência da incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, todas a cargo da empresa e relativa às remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados, conforme Folhas de Pagamento de Salários; Fl. 325DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 567 8 7.2.2 Da parte patronal, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a contribuintes individuais, conforme lançamentos contábeis efetuados em contas de despesas relativas às retiradas de Pro – Labore – Honorários da Diretoria. 7.2.3 Da parte patronal, contribuições destinadas a outras entidades – Salário EducaçãoSesiSenai Incra e Sebrae. Conforme se observa dos autos, bem como da Impugnação e do Recurso Voluntário, foi juntado, às fls 254. o Ato Declaratório Executivo DRF/CXL n° 102. de 30 de junho de 2011, que declarou a empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME excluída do SIMPLES no Processo Administrativo nº 15956.720.076/201102: Ato Declaratório Executivo n º 102, de 30 d e junho de 2011. 0 Delegado da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto S P no uso das suas atribuições e tendo em vista o disposto no inciso IV do art. 29 da Lei complementar nº 123 .de 14 de dezembro de 2006. e do que consta no Processo Administrativo comprot nº 15956.720.076/2011 02 declara: 1 A exclusão da empresa ROMASUL INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA ME . CNPJ 07.714.402/000105. situada na Rua Antonio Gallo Junior. 220. Distrito Industrial Sertãozinho.SP. do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples, de que trata a Lei complementar nº 123. de 14 de dezembro de 2006. por constituição através de interpostas pessoas. 2 A exclusão surtirá efeito a partir de 01/07/2007. O período do débito, conforme o Anexo do Relatório Fiscal é de 01/2007 a 12/2008. A Recorrente teve ciência do AIOP em 06.07.2011, conforme tela do sistema CCADPRO às fls. 232. A Recorrente apresentou Impugnação tempestiva, conforme o Relatório da decisão de primeira instância: Por não concordar com os termos da autuação a empresa, por seu procurador constituído, apresentou impugnação ao débito alegando, em síntese, que os fatos narrados pela fiscalização indicam uma ação de planejamento tributário da administração da empresa Romasul Equipamentos, argumentando que o planejamento, além de ser um direito constitucionalmente garantido, é também um dever legal determinado pelo artigo 153 da Lei nº 6.404/76. Afirma que o planejamento tributário foi realizado sem a intenção de lesar o fisco, uma vez que as ações foram tomadas antes do fato gerador. Que enquanto a Romasul Equipamentos se dedicou à Fl. 326DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 568 9 atividade comercial, a Romasul Industrial se dedicou à área produtiva. E que os tributos gerados em cada uma das atividades foram apurados, declarados e pagos. Menciona que os fatos mencionados no item 3 do relatório fiscal demonstram somente que as empresas cumpriram sua responsabilidade, visto que a solidariedade entre prestador e tomador de serviço em obrigações trabalhistas já está pacificado nos tribunais. Aduz tratarse de grupo econômico formado entre as empresas, ambas constituídas de forma legal, por pessoas independentes e capazes, mas que diferem por opção legal em regimes tributários, o que não gera ilegalidade e nem constitui motivo para a exclusão do SIMPLES. Transcreve jurisprudência sobre o assunto. Insurgese, assim, contra a desconsideração dos vínculos empregatícios, entendendo que se deve manter a tributação das duas empresas com regimes distintos, afastando a multa de mora, a multa de ofício e as demais obrigações acessórias por entender pela possibilidade das empresas possuírem regime de tributação distinto. Requer, finalmente, o reconhecimento do grupo econômico, com o conseqüente cancelamento do auto de infração e dos seus debcads A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente a autuação, conforme Ementa do Acórdão nº 1436.400 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Ribeirão Preto SP, a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÕES PRINCIPAL E ACESSÓRIA. SUJEIÇÃO PASSIVA. Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil , no exercício da atividade fiscalizatória, averiguar a ocorrência de fatos geradores e identificar corretamente o sujeito passivo da obrigação, consagrando o princípio da substância sobre a forma. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Não se vislumbra simples planejamento tributário na prática de ato simulado, mediante contratação de segurados por empresa interposta, com a finalidade única e exclusiva de suprimir ou reduzir tributos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Acórdão Acordam os membros da 9ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Fl. 327DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 569 10 Intimese para pagamento do crédito mantido no prazo de 30 dias da ciência, salvo interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em igual prazo, conforme facultado pela lei. Sala de Sessões, em 26 de janeiro de 2012. Inconformada com a decisão da recorrida, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, onde combate a decisão de primeira instância reitera os argumentos deduzidos em sede de Impugnação. (i) Dos fatos A empresa através do AIIM n° 15956.720067/2011 11 DEBCAD n.° 37.324.0988; 37.324.0996 e 37.324.1003 foi na ocasião, pela Autoridade Fazendária desenquadrada do sistema de tributação denominado SIMPLES NACIONAL, com base no ato declaratório executivo n.° 102, de 30/06/2011. E, tempestivamente, protocolou a sua defesa administrativa, apontado e demonstrando por meio de documentos fiscais que o ato praticado pelas empresas Romasul Equipamentos Industriais Ltda e Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME foi um ato decorrente de simples planejamento tributário. (ii) Da individualidade das empresas A Autoridade Fazendária insiste em afirmar que tratase de uma mesma empresa, as fls. 279 justifica seu entendimento pelos seguintes fatos: "Ambas as empresas ocupam o mesmo local físico"; Tal afirmação não procede, como se pode comprovar pelas fotos das duas fachadas, onde cada uma ocupa um local distinto e individual. Também podemos observar as diferenças existentes quanto ao interior de cada empresa no que diz respeito a área de produção de cada das empresas. Outro fato muito importante é a individualização das contas de consumo de energia elétrica. Ainda, dentro questão de comprovação que a empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda.ME. foi aberta com objetivos claros de Planejamento Tributário e não somente como forma de simulação como quer fazer crer o Nobre Agente Fiscal é que para exercer sua atividade no mercado era necessário a licença da CETESB que foi outorgada em 28/04/2006 , portanto antes do inicio de suas atividades. Fl. 328DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 570 11 (iii) Do planejamento tributário No mesmo diapasão da Autoridade Fazendária, de que "planejamento tributário é um conjunto de atos lícitos realizados pela empresa com vista a reduzir seus encargos tributários", no que concordamos de pronto, também a Autoridade Fazendária, não pode julgar com base conceitos próprios, ou seja, préconceito Qualquer análise feita de forma profissional e imparcial, sem o peso da "paixão" irá determinar que o que houve foi na verdade uma cisão de atividades (comercial e produtiva) tudo dentro das determinações legais. E, para que cada uma das atividades fosse realizada de forma independente, foram constituídas duas empresas, em local distinto e com cada uma cumprindo suas obrigações quanto as autorizações de funcionamento (CETESB, Prefeitura Municipal, Estado e União). Tudo feito antes do fato gerador. Também deve ser considerado que, a Romasul Indústria Metalúrgica Ltda., faz parte do grupo econômico da empresa Romasul Equipamentos Industriais Ltda., e a ela presta serviços, mas também atua no mercado para outros clientes, como se comprova pelas notas fiscais em anexo Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão. É o Relatório. Fl. 329DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 571 12 VOTO Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro , Relator PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Voluntário foi interposto tempestivamente, conforme informação nos autos Avaliados os pressupostos, passo para o exame das Questões Preliminares. DAS QUESTÕES PRELIMINARES. Tratase de Recurso Voluntário, apresentado contra Acórdão nº 1436.400 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Ribeirão Preto SP, que julgou procedente em parte o lançamento, Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP nº 37.324.0996 (parte empresa), AIOP nº 37.324.1003 (parte Terceiros) e Auto de Infração de Obrigação Acessória – AIOA nº 37.324.0988 (CFL 68). Conforme o Relatório da decisão de primeira instância: Tratase de auto de infração lavrado pela fiscalização em relação ao contribuinte acima identificado, incluindo a contribuição devida pela empresa à Seguridade Social e aos terceiros, incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada pela empresa aos segurados empregados e contribuintes individuais registrados na empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME, CNPJ nº 07.714.402/0001 05. Inclui, ainda, a multa decorrente do descumprimento da obrigação acessória prevista no artigo 32, IV da Lei nº 8.212/91, nas competências em que esta se revelou mais benéfica ao contribuinte em relação à nova sistemática estabelecida com o advento da Lei nº 11.941/09. O presente lançamento fiscal é composto dos seguintes debcads: 37.324.0996 (contribuição previdenciária patronal e SAT), 37.324.1003 (contribuição destinada aos terceiros) e 37.324.0988 (multa decorrente do descumprimento de obrigação acessória). De acordo com os fatos relatados pela fiscalização, em ação fiscal desenvolvida junto às empresas Romasul Equipamentos Industriais Ltda. e Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME, constatouse a ocorrência de situação que determinou a desconsideração dos vínculos formais dos trabalhadores registrados junto à empresa Romasul Indústria, considerando os mesmos efetivamente vinculados à empresa Fl. 330DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 572 13 Romasul Equipamentos, à qual compete a responsabilidade pelo pagamento das contribuições ora lançadas. Os fatos que motivaram o entendimento acima constam no relatório fiscal, cabendo destacar o seguinte: Ambas as empresas ocupam o mesmo local físico; Ambas estão enquadradas no mesmo CNAE (2869100); A empresa Romasul Indústria foi constituída por familiares dos sócios gerentes da empresa Romasul Equipamentos; A empresa Romasul Indústria, constituída em 17/10/2005, declarou em GFIP ausência de movimento até 11/2006, admitindo empregados a partir de 12/2006, enquanto a empresa Romasul Equipamentos foi excluída do Simples a partir de 01/2007; Conclui, dessa forma, a autoridade fiscal, que os fatos mencionados indicam que a administração da Romasul Equipamentos, sentindo os reflexos do desenquadramento do Simples e com o objetivo de reduzir os seus encargos tributários, decidiu pela ativação da nova empresa, com opção pelo Simples Federal. Beneficiouse, assim, dos valores de contribuição previdenciária que deixaram de ser recolhidos nessa nova empresa, autorizando a fiscalização a desconsiderar os vínculos formais dos trabalhadores, reconhecendo, assim, a responsabilidade da empresa autuada pelo recolhimento dos valores apurados. Conforme se observa dos autos, bem como da Impugnação e do Recurso Voluntário, foi juntado, às fls 254, o Ato Declaratório Executivo DRF/CXL n° 102. de 30 de junho de 2011, que declarou a empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME excluída do SIMPLES no Processo Administrativo nº 15956.720.076/201102: Ato Declaratório Executivo n º 102, de 30 d e junho de 2011. 0 Delegado da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto S P no uso das suas atribuições e tendo em vista o disposto no inciso IV do art. 29 da Lei complementar nº 123 .de 14 de dezembro de 2006. e do que consta no Processo Administrativo comprot nº 15956.720.076/2011 02 declara: 1 A exclusão da empresa ROMASUL INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA ME . CNPJ 07.714.402/000105. situada na Rua Antonio Gallo Junior. 220. Distrito Industrial Sertãozinho.SP. do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples, de que trata a Lei complementar nº 123. de 14 de dezembro de 2006. por constituição através de interpostas pessoas. 2 A exclusão surtirá efeito a partir de 01/07/2007. Outrossim, em consulta ao sistema MF/CARF/PGFN/RFB EPROCESSO, em 17.01.2014, verificamos que a movimentação processual do Processo Administrativo nº 15956.720.076/201102, de exclusão do SIMPLES da empresa Romasul Indústria Metalúrgica Fl. 331DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 573 14 Ltda. ME, indica que a fase de distribuição do processo no âmbito de Delegacia de Julgamento para decisão em primeira instância. DA NECESSIDADE DE NOVA DILIGÊNCIA FISCAL Observandose a decisão prolatada pela primeira instância, não foi feita qualquer referência à argumentação do sujeito passivo acerca do processo de exclusão do SIMPLES da empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME, Processo Administrativo nº 15956.720.076/201102, por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/CXL n° 102. de 30 de junho de 2011. Ora, o sujeito passivo argumenta que a desconsideração dos vínculos empregatícios da empresa ROMASUL INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA ME para o conseqüente enquadramento dos segurados empregados na empresa objeto da autuação, ROMASUL EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, teve como fundamento a exclusão do SIMPLES da empresa ROMASUL INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA ME. Entendo que a apreciação de tal argumento é central para o julgamento do presente processo, a partir do ponto em que houve o desenquadramento de empregados da empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME. Desta forma, considerandose os princípios da celeridade, efetividade e segurança jurídica, surge a prejudicial de se determinar o resultado do julgamento do Processo Administrativo nº 15956.720.076/201102, posto que tal processo de exclusão do SIMPLES da empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME produz efeitos diretos no presente processo nº 15956.720067/201111. Anotese ainda que a competência para o julgamento de processo de exclusão do SIMPLES é da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme se depreende do art. 2º, V, do Anexo II, Regimento Interno do CARF – RICARF: Art. 2° À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: I Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); III Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando se tratar de antecipação do IRPJ; IV demais tributos e o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ; {2} V exclusão, inclusão e exigência de tributos decorrentes da aplicação da legislação referente ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES) e ao tratamento diferenciado e favorecido a Fl. 332DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 15956.720067/201111 Resolução nº 2403000.221 S2C4T3 Fl. 574 15 ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação (SIMPLESNacional); VI penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas jurídicas, relativamente aos tributos de que trata este artigo; e VII tributos, empréstimos compulsórios e matéria correlata não incluídos na competência julgadora das demais Seções. CONCLUSÃO CONVERTER o presente processo em DILIGÊNCIA para que a Unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do Recorrente: (i) Anexe aos autos o resultado final do julgamento do Processo Administrativo nº 15956.720.076/201102, de exclusão do SIMPLES da empresa Romasul Indústria Metalúrgica Ltda. ME, se for o caso, no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, com a conseqüente coisa julgada administrativa; (ii) bem como, se há processo judicial na qual a Recorrente seja parte, por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto do presente processo administrativo tributário. É como voto. Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Fl. 333DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 15/07/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 18/07/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI
score : 1.0