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5466574 #
Numero do processo: 10680.932849/2009-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 NULIDADE. DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Simples inexatidões materiais devido a lapsos manifestos não anulam a decisão recorrida, e só necessitam ser sanadas de ofício quando resultem em prejuízo para o sujeito passivo. No caso, as incorreções apontadas não trazem qualquer prejuízo à compreensão do acórdão, que está devidamente fundamentado, ou se confundem com o mérito da lide. ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO. COMPENSAÇÃO OU RESTITUIÇÃO. POSSIBILIDADE. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação - Súmula CARF nº 84. DIREITO CREDITÓRIO NÃO ANALISADO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RETORNO DOS AUTOS COM DIREITO A NOVO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. Em situações em que não se admitiu a compensação preliminarmente com base em argumento de direito, caso superado o fundamento da decisão, a unidade de origem deve proceder à análise do mérito do pedido, verificando a existência, suficiência e disponibilidade do crédito pleiteado, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão, e concedendo-se ao sujeito passivo direito a novo contencioso administrativo, em caso de não homologação total. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 1102-001.065
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito à repetição de indébitos de estimativas, mas sem homologar a compensação, devendo o processo retornar à unidade de origem para análise do mérito do pedido. Declarou-se impedido o conselheiro Marcelo Baeta Ippolito. (assinado digitalmente) ___________________________________ João Otávio Oppermann Thomé - Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo- Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, João Carlos de Figueiredo Neto, Ricardo Marozzi Gregório, Marcelo Baeta Ippolito, e Antonio Carlos Guidoni Filho.
Nome do relator: JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO Processo nº 10680.932849/2009­32  Acórdão n.º 1102­001.065  S1­C1T2  Fl. 141          2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as  preliminares  de  nulidade  e,  no mérito,  dar  provimento  parcial  ao  recurso  para  reconhecer  o  direito à repetição de indébitos de estimativas, mas sem homologar a compensação, devendo o  processo retornar à unidade de origem para análise do mérito do pedido. Declarou­se impedido  o conselheiro Marcelo Baeta Ippolito.     (assinado digitalmente)  ___________________________________  João Otávio Oppermann Thomé ­ Presidente  (assinado digitalmente)  ___________________________________  José Evande Carvalho Araujo­ Relator    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  João  Otávio  Oppermann Thomé,  José Evande Carvalho Araujo,  João Carlos de Figueiredo Neto, Ricardo  Marozzi Gregório, Marcelo Baeta Ippolito, e Antonio Carlos Guidoni Filho.  Relatório  PEDIDO DE COMPENSAÇÃO  O contribuinte acima identificado solicitou a compensação de débito de IRPJ  de  setembro  de  2005,  acrescido  de  juros  e  multa,  com  crédito  decorrente  de  pagamento  indevido de estimativa de IRPJ do mês de maio de 2005 no valor de R$ 2.496.675,45, por meio  do PER/DCOMP de fls. 45 a 50, enviado em 3/8/2007.  O  despacho  decisório  eletrônico  de  fl.  32,  emitido  em  7/10/2009,  não  homologou a  compensação alegando “improcedência do  crédito  informado no PER/DCOMP  por tratar­se de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro  real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda  da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao  final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período.”  A  decisão  se  fundamentou  nos  arts.  165  e  170  da  Lei  nº  5.172,  de  25  de  outubro de 1966 ( CTN), no art. 10 da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de  2005 e no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.        Fl. 141DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO Processo nº 10680.932849/2009­32  Acórdão n.º 1102­001.065  S1­C1T2  Fl. 142          3 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE  Cientificado  dessa  decisão,  o  contribuinte  apresentou  manifestação  de  inconformidade  (fls.  2  a  10),  acatada  como  tempestiva.  O  relatório  do  acórdão  de  primeira  instância descreveu os argumentos do recurso da seguinte maneira (fls. 61 a 62):  5.1  A tempestividade da apresentação da manifestação de inconformidade.  5.2  Informa que apurou o IRPJ­Estimativa Mensal no mês de maio/2005 no  montante  de  R$  27.470.841,59,  informou  o  valor  apurado  em DCTF  e  efetuou  o  recolhimento da importância correspondente.  5.2.1  Acrescenta que, posteriormente, constatou erro na apuração do valor do  IRPJ (estimativa mensal) para o período, “apurando uma nova estimativa de IRPJ  no valor de R$ 24.974.166,14”, que “acabou por gerar o recolhimento indevido de  parte do montante anteriormente  recolhido no valor de R$ 2.496.675,45”.(grifo  e  negrito do original)  5.2.2  A DCTF originalmente apresentada foi retificada e os valores apurados  como  devidos  estão  em  conformidade  com  as  informações  prestadas  em DIPJ.  O  indébito apurado foi utilizado em compensações de débito declaradas em DCOMP.  5.3   A  autoridade  fiscal  Não  Homologou  a  compensação  declarada,  exigindo do contribuinte o principal, multa e juros referentes ao débito compensado.  “Todavia,  a  Requerente  demonstrará  ser  totalmente  ilegal  a  cobrança  do  saldo  devedor  acima  referido,  pleiteando  pela  homologação  das  compensações  declaradas e a anulação do despacho decisório (...)”.  5.4  Tendo em vista  a motivação apresentada pela DRF argumenta que “o  entendimento  da  autoridade  fiscal  destoa  do  entendimento  do  Conselho  de  Contribuintes  sobre  o  assunto,  não  atendendo  aos  ditames  da  Lei  nº  9.430,  de  1996”.  Invoca  os  arts.  2º  e  74  da Lei nº 9.430,  de  1996 para  alegar  que “não há  qualquer  impedimento  legal  à  compensação  pleiteada”.  Afirma  que  a  única  restrição existente está prevista no art. 10 da IN SRF nº 600, de 2005.  Ilustra com  acórdãos e voto do Conselho de Contribuintes.  5.4.1  Argumenta  que  “a  Requerente  efetuou  recolhimento  antecipado  de  IRPJ e, em função de ter constatado erro na apuração da base de cálculo mensal,  apurou  antecipação  superior  à  que  seria  efetivamente  devida  dentro  do  próprio  mês.” Informa a retificação da DCTF, “tornando perfeitamente identificável o mês  de geração do indébito tributário”.  5.4.2  Ressalta que a Instrução Normativa nº 900, de 2008, que revogou a IN  SRF  nº  600,  de  2005  revogou “a  hipótese  de  vedação  à  compensação  dentro  do  próprio  ano,  o  que  demonstra  uma  mudança  de  entendimento  dentro  da  própria  RFB, em relação ao tema objeto da presente impugnação”.  5.5  Em  outra  linha  argumentativa,  o  manifestante  “requer  que  seja  preservado  o  direito  à  restituição  do  indébito  tributário,  tendo  em  vista  que  a  Declaração  de  Compensação  e  a  presente  impugnação,  tempestivamente  apresentada, são provas do cumprimento do prazo prescricional de 05 (cinco) anos  previsto  no  art.  168  do  CTN”.  Destaca  ainda  que  “na  hipótese  de  o  despacho  decisório em epígrafe não for reformado, considera­se resguardado o seu direito de  contestação na esfera judicial em até dois anos contados da decisão administrativa  que denegar a compensação, por força do art. 169 do Código Tributário Nacional”.  Fl. 142DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO Processo nº 10680.932849/2009­32  Acórdão n.º 1102­001.065  S1­C1T2  Fl. 143          4 5.6  Por fim, requer o acolhimento da manifestação de inconformidade para  reformar  o  Despacho  Decisório  prolatado  pela  DRF  e  a  homologação  da  compensação, além da suspensão da exigibilidade do crédito tributário.    ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA  A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte  (MG)  julgou  a  manifestação  de  inconformidade  improcedente,  em  acórdão  que  possui  a  seguinte ementa (fls. 59 a 73):  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Data do fato gerador: 30/06/2005  DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO   Na  Declaração  de  Compensação  somente  podem  ser  utilizados  os  créditos  comprovadamente  existentes,  passíveis  de  restituição  ou  ressarcimento,  respeitadas  as  demais  regras  determinadas  pela  legislação vigente para a sua utilização.  COMPENSAÇÃO ­ PAGAMENTOS POR ESTIMATIVA  As  estimativas  mensais,  ainda  que  pagas  em  valor  superior  ao  calculado na  forma da  lei  não  se  caracterizam, de  imediato,  como  tributo indevido ou a maior passível de restituição/compensação. A  opção  pelo  pagamento mensal  por  estimativa  difere  para  o  ajuste  anual  a  apuração  do  possível  indébito,  quando  ocorre  a  efetiva  apuração do imposto devido.  Manifestação de Inconformidade Improcedente  Crédito Tributário Mantido    Os fundamentos dessa decisão foram os seguintes:  a)  rejeitou­se  a  preliminar  de  nulidade  do  despacho  decisório  por  não  se  verificar hipótese prevista no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (PAF), pois  a  decisão  foi  prolatada  por  autoridade  administrativa  plenamente  vinculada,  respeitando  os  devidos procedimentos fiscais previstos na legislação e com a correta identificação do sujeito  passivo  da  obrigação  tributária,  e  o  contribuinte  tomou  ciência  do  procedimento,  da  sua  motivação e da capitulação legal correspondente;  b) as estimativas de IRPJ e de CSLL se constituem em meras antecipações de  um  tributo  que  somente  será  apurado  no  final  do  ano­calendário.  Assim  sendo,  qualquer  pagamento  a  maior  somente  é  detectado  no  encerramento  do  período,  com  a  apuração  definitiva do tributo e traduz­se no saldo negativo de IRPJ ou CSLL;  c)  as  estimativas  são  apuradas,  regra  geral,  pela  aplicação  de  determinado  percentual (variável em função da origem da receita auferida) sobre a receita bruta, mas podem  ser  reduzidas  ou  suspensas  com  o  levantamento  de  balanço/balancete  de  suspensão/redução.  Fl. 143DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO Processo nº 10680.932849/2009­32  Acórdão n.º 1102­001.065  S1­C1T2  Fl. 144          5 Contudo, essa apuração deve ser efetuada até a data de vencimento do imposto (arts. 11 a 12 da  IN SRF nº 93, de 1997);  d) no caso, na data do vencimento da estimativa mensal, o  contribuinte  em  questão  apurou  uma  quantia  a  pagar,  sendo  esse  o  valor  devido.  Se,  ao  alterar  o  Balanço/Balancete do mês, o sujeito passivo encontrou um valor menor que o já efetivamente  recolhido,  a  diferença  somente  poderia  ser  deduzida  do  tributo  apurado  quando  do  levantamento de balanços/balancetes em períodos posteriores (como tributo já antecipado) ou  quando  da  apuração  definitiva  do  tributo  devido,  no  final  do  período,  compondo  o  saldo  negativo (art. 10 da IN SRF nº 93, de 1997);  e) nos  termos do  art.  170 do CTN,  a  compensação  tributária  somente pode  ocorrer se expressamente autorizada por lei, e mediante condições e garantias expressamente  estipuladas,  na  hipótese  inequívoca  de  créditos  líquidos  e  certos.  O  dispositivo  legal  que  autoriza  a  compensação  tributária  reporta­se  à  Lei  nº  9.430,  de  1996,  que  só  permite  a  restituição do saldo negativo de IRPJ ou de CSLL;  f) a compensação de estimativas era expressamente proibida pelo art. 10 da  IN SRF nº 460, de 2004, e pelo art. 10 da IN SRF nº 600, de 2005. A alteração do art. 11 da IN  RFB  nº  900,  de  2008,  ao  excluir  a  expressão  “efetuar  pagamento  indevido  ou  a  maior  de  imposto  de  renda  ou  de CSLL  a  título  de  estimativa mensal”,  não  revogou  a proibição,  que  decorre da própria lei, mas apenas passou a cuidar da hipótese de retenção indevida ou a maior;  g)  a  jurisprudência  administrativa  favorável  à  tese  da  defesa  tem  eficácia  restrita aos casos para os quais foram proferidas;  h)  inexiste  previsão  legal  para  preservar  o  direito  à  restituição,  caso  o  contribuinte não tenha sucesso na compensação pleiteada neste processo;  i)  o  direito  de  contestação  na  esfera  judicial  é  garantido  pela  Constituição  Federal.    RECURSO AO CARF  Cientificado  da  decisão  de  primeira  instância  em  7/5/2010  (fl.  77),  o  contribuinte apresentou, em 7/6/2010, o recurso voluntário de fls. 80 a 100, onde afirma que:  a) a decisão recorrida é nula porque (i) confundiu, em sua ementa, a data de  pagamento do tributo a maior (30/6/2005) com o período de apuração (31/5/2005); (ii) rejeitou  a  nulidade  do  despacho  decisório, matéria  inexistente  na  impugnação;  (iii)  desconsiderou  as  provas dos autos, e, após tecer considerações acerca da compensação, imprimiu ao pagamento  indevido  a  pecha  de  “mera  antecipação  de  pagamento”,  sem  possibilitar  ao  contribuinte  o  aproveitamento de créditos para o adimplemento de outros  tributos exigíveis e administrados  pela Receita Federal do Brasil;  b)  nos  arts.  2°  e  74  da  Lei  n°  9.430,  de  1996,  não  há  qualquer  restrição  à  compensação de estimativas, que só existe no art. 10 da IN SRF nº 600, de 2005. Contudo, essa  indevida  restrição  foi  revogada  pela  Instrução Normativa  n°  900,  de  2008,  que  demonstra  a  mudança de entendimento da própria RFB com relação ao tema;  Fl. 144DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO Processo nº 10680.932849/2009­32  Acórdão n.º 1102­001.065  S1­C1T2  Fl. 145          6 c) não prospera o argumento da decisão recorrida de que o levantamento de  balanço/balancete  de  suspensão/redução  para  apurar  o  IRPJ  deve  ser  efetuado  até  a  data  de  vencimento do imposto, pois o contribuinte pode fazer os ajustes na sua apuração mesmo após  o encerramento do exercício do IRPJ, desde que dentro do prazo legal;  d)  caso  se  mantenha  a  decisão  de  não  homologar  a  compensação,  alternativamente, requer que seja preservado o direito à restituição do indébito tributário, tendo  em  vista  que  a  Declaração  de  Compensação  e  o  presente  recurso,  tempestivamente  apresentados, são provas da interrupção da prescrição e do cumprimento do prazo prescricional  de 5 (cinco) anos previsto no art. 168 do CTN;  e) caso seu direito não seja reconhecido, considera resguardado seu direito de  contestação na esfera judicial em até dois anos contados da decisão administrativa que denegar  a compensação, por força do art. 169 do CTN.  Ao final, requer a anulação da decisão recorrida ou o reconhecimento integral  do direito creditório e a homologação da compensação.  Em  7/5/2013,  o  contribuinte  apresentou  o  documento  de  fls.  134  a  135, onde destaca que a matéria do recurso é objeto da Súmula CARF nº 84.  Este  processo  foi  a  mim  distribuído  no  sorteio  realizado  em  novembro  de  2013, numerado digitalmente até a fl. 139.   Esclareça­se  que  todas  as  indicações  de  folhas  neste  voto  dizem  respeito  à  numeração digital do e­processo.  É o relatório.  Voto             Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, Relator   O  recurso  é  tempestivo  e  atende  às  demais  condições  de  admissibilidade,  portanto merece ser conhecido.  No  presente  processo,  não  foram  homologadas  compensações  de  débitos  próprios com crédito decorrente de pagamento indevido de estimativa de IRPJ do mês de maio  de 2005, por não se admitir a restituição de estimativa, que só poderia compor o saldo negativo  do final do ano­calendário.  Preliminarmente, o recorrente defende a nulidade da decisão recorrida porque  (i) na sua ementa consta que o fato gerador é 30/6/2005, enquanto o correto é 31/5/2005; (ii) o  acórdão rejeitou a nulidade do despacho decisório, matéria  inexistente na impugnação;  (iii) o  julgado desconsiderou as provas dos autos, e, após tecer considerações acerca da compensação,  imprimiu  ao  pagamento  indevido  a  pecha  de  “mera  antecipação  de  pagamento”,  sem  possibilitar  ao  contribuinte  o  aproveitamento  de  créditos  para  o  adimplemento  de  outros  tributos exigíveis e administrados pela Receita Federal do Brasil;  Fl. 145DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO Processo nº 10680.932849/2009­32  Acórdão n.º 1102­001.065  S1­C1T2  Fl. 146          7 De fato, na ementa da decisão recorrida, consta, como data do fato gerador, a  data em que foi efetuado o pagamento indevido (30/6/2005 – DARF fl. 35), quando o correto  seria 31/5/2005, por se tratar da estimativa de maio de 2005.  Contudo,  o  restante  da  decisão  descreve  corretamente  qual  o  crédito  em  discussão, tratando­se de simples erro na confecção da ementa.  Já  a  discussão  sobre  a  nulidade  do  despacho  decisório,  apesar  de  desnecessária, não traz qualquer prejuízo à defesa.  Assim, apesar das incorreções apontadas existirem, elas não trazem qualquer  nulidade  à  decisão  recorrida,  tratando­se  de  simples  inexatidões  materiais  devido  a  lapsos  manifestos  que,  se  necessário,  poderiam  ser  sanadas  de  ofício  pela  autoridade  competente.  Contudo,  nem mesmo  essa  providência  é necessária,  pois  o  conjunto  do  julgado  deixa  claro  qual  é o período a qual  se  refere o direito  creditório,  não  existindo qualquer prejuízo para o  sujeito passivo, nos termos do art. 60 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – Processo  Administrativo Fiscal – PAF.  Finalmente,  a  suposta  nulidade  indicada  no  item  “iii”  decorre  do  próprio  entendimento da autoridade julgadora de que estimativas não podem ser restituídas, e compõe  o mérito da lide.  Dessa forma, rejeito as preliminares de nulidade suscitadas.  No mérito, a evolução da jurisprudência se firmou de modo favorável à tese  da  defesa,  entendendo  ser  possível  a  restituição  de  estimativas  pagas  a  maior,  deixando  vinculada à apuração do final do ano apenas a estimativa recolhida de acordo com a legislação  de regência.  Já a  tese de que a vedação à  restituição das  estimativas decorria da própria  Lei  nº  9.430,  de  27  de  dezembro  de  1996,  não  é  nem  mesmo  admitida  pela  Secretaria  da  Receita Federal do Brasil – RFB, que, por meio da Solução de Consulta Interna nº 19 – Cosit,  de 5 de dezembro de 2011, entendeu que art. 11 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de  dezembro  de  2008,  admitiu  a  restituição  ou  a  compensação  de  valor  pago  a  maior  ou  indevidamente  de  estimativa,  e  era  preceito  interpretativo  da  legislação,  com  efeitos  retroativos.  O item 10.3 da Solução de Consulta é taxativo ao afirmar que a Lei nº 9.430,  de 1996, se refere apenas às estimativas recolhidas de acordo com a legislação. Transcrevo:  10.3  O  contribuinte  pode,  por  questões  de  praticidade  operacional,  computar  estimativas recolhidas indevidamente na formação do saldo negativo, mas se preferir  solicitar  restituição  ou  compensar  o  indébito  antes  de  seu  prévio  cômputo  na  apuração ao final do ano­calendário, poderá fazê­lo, pois a Lei nº 9.430, de 1996, ao  autorizar  a  dedução  das  antecipações  recolhidas,  refere­se  àquelas  recolhidas  em  conformidade com o caput de seu art. 2º. Nesse último caso, por ocasião do ajuste  anual, o contribuinte deve deduzir apenas as estimativas que considerou devidas, sob  pena de duplo aproveitamento do mesmo crédito.     O mesmo ato normativo sepulta o argumento de que a constatação do erro no  cálculo da estimativa somente poderia se dar até a data de vencimento do imposto, afirmando  Fl. 146DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO Processo nº 10680.932849/2009­32  Acórdão n.º 1102­001.065  S1­C1T2  Fl. 147          8 que isso pode ocorrer mesmo após o encerramento do ano calendário, como demonstra o trecho  abaixo transcrito:  15. Como dito, somente as estimativas devidas na forma da Lei nº 9.430, de 1996,  são  necessariamente  computadas  como dedução  na  apuração  anual  do  IRPJ  ou  da  CSLL. Mesmo após o encerramento do ano­calendário, se o contribuinte identificar  um erro em sua apuração e ele repercutir não só em sua apuração final, mas também  no resultado de seus balancetes de suspensão/redução, tem ele o direito de pleitear o  indébito a partir da data do recolhimento da estimativa correspondente, ao invés de  apenas reconstituir a apuração anual desses tributos.     Assim,  a  simples  alteração  de  interpretação  da Administração  Tributária  já  obrigaria o provimento do  recurso,  pois não  é  razoável  entender que o  sujeito passivo possa  receber  menos,  em  sede  de  recurso  administrativo,  do  que  aquilo  que  a  própria  autoridade  fiscal  já  reconhece  para  os  demais  contribuintes,  dado  que  as  soluções  de  consulta  da  Coordenação­Geral de Tributação (Cosit) têm efeito vinculante no âmbito da RFB, sendo que o  ordenamento veda esse comportamento contraditório (venire contra factum proprium).  Contudo,  desde  a  publicação  da  Súmula  CARF  nº  84,  que  fixou  que  o  “pagamento  indevido  ou  a  maior  a  título  de  estimativa  caracteriza  indébito  na  data  de  seu  recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação”, esse entendimento passou a ser  de  observância  obrigatória  pelos membros  do CARF,  nos  termos  do  art.  72  do  anexo  II  do  Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ­ RICARF, aprovado pela  Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009.  Dessa  forma,  reconhece­se  o  direito  à  compensação  de  créditos  de  estimativas recolhidas indevidamente ou a maior.  Contudo,  há  que  se  observar  que  não  houve  a  apuração  efetiva  do  direito  creditório, pelo cotejo das afirmações do contribuinte com sua contabilidade, pois a autoridade  fiscal negou o direito preliminarmente, pela simples impossibilidade de utilização de estimativa  como crédito.  Não  se  apurou  se,  de  fato,  houve  recolhimento  indevido  da  estimativa  de  maio de 2005, se o valor pago a maior não foi apropriado no saldo negativo apurado no final  do ano­calendário, e se o indébito não foi indicado em outras compensações.  Dessa forma, deve o processo retornar à unidade de origem para verificação  da  existência,  suficiência  e  disponibilidade  do  crédito  pretendido  em  compensação,  permanecendo os débitos  compensados  com a  exigibilidade  suspensa até  a prolação de nova  decisão, e concedendo­se ao sujeito passivo direito a novo contencioso administrativo, em caso  de não homologação total.  Diante do exposto, voto por rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito,  dar  provimento  parcial  ao  recurso  para  reconhecer  o  direito  à  repetição  de  indébitos  de  estimativas, mas  sem  homologar  a  compensação,  devendo  o  processo  retornar  à  unidade  de  origem para análise do mérito do pedido.  (assinado digitalmente)  José Evande Carvalho Araujo  Fl. 147DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO Processo nº 10680.932849/2009­32  Acórdão n.º 1102­001.065  S1­C1T2  Fl. 148          9                               Fl. 148DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/ 04/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 20/03/2014 por JOSE EVANDE CARVALH O ARAUJO

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Numero do processo: 10580.902782/2008-59
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jun 11 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3801-000.646
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora. O Conselheiro Paulo Sérgio Celani votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Flavio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Flavio de Castro Pondes (Presidente).
Nome do relator: MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1550; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­TE01  Fl. 11          1 10  S3­TE01  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10580.902782/2008­59  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  3801­000.646  –  1ª Turma Especial  Data  29 de janeiro de 2014  Assunto  Solicitação de Diligência  Recorrente  GRAFICA SANTA HELENA LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  converter  o  julgamento  do  recurso  em  diligência,  nos  termos  do  voto  da  relatora.  O  Conselheiro  Paulo  Sérgio Celani votou pelas conclusões.    (assinado digitalmente)  Flavio de Castro Pontes ­ Presidente.     (assinado digitalmente)  Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel ­ Relator.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Paulo  Sérgio  Celani,  Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel,  Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Flavio de Castro Pondes (Presidente).    Relatório   Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ SALVADOR/BA, abaixo  transcrito:     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .9 02 78 2/ 20 08 -5 9 Fl. 95DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.902782/2008­59  Resolução nº  3801­000.646  S3­TE01  Fl. 12          2 Trata­se  de  Manifestação  de  Inconformidade  da  interessada  contra o Despacho Decisório eletrônico da Delegacia da Receita  Federal  do  Brasil  em  Salvador,  que  não  homologou  a  compensação  declarada  por  inexistência  do  crédito,visto  que  o  DARF  informado  em PER/DCOMP  já  havia  sido  integralmente  utilizado para quitação de outros débitos da contribuinte.  Cientificada  do  despacho  decisório,  a  interessada  apresentou  Manifestação de Inconformidade, cujo teor é sintetizado a seguir.  • que os créditos efetivamente existem; através de revisão interna  de  sua  contabilidade,  a  contribuinte  constatou  que  havia  recolhido  valores  a  maior  que  os  devidos,  conforme  apuração  com base nos livros de ISS e ICMS;  •  a  impugnante  entende  que  a  razão  do  indeferimento  das  compensações  efetuadas  por  suposta  inexistência  de  crédito  decorreu  do  fato  de  que  as  DCTF  dos  aludidos  períodos  possuíam  um  equívoco,  já  que  expressavam  valores  superiores  aos que de fato eram devidos;  •  as  retificações  das  DCTF  já  foram  devidamente  efetuadas,  deixando  de  existir  o  conflito  entre  as  declarações  e  os  PER/DCOMP,  o  que  enseja  a  reforma  do  despacho  decisório  proferido;  •  a  Administração  Pública  tem  como  um  dos  princípios  norteadores  o  da  verdade  material,  que  consiste  na  busca  da  realidade fática;  • requer que o julgamento seja convertido em diligência, caso a  Delegacia de Julgamento entenda que o quanto demonstrado não  se encontra devidamente comprovado.  Em  face  do  despacho  da  DRF/SDR,  o  processo  veio  a  esta  DRJ/SDR, para julgamento.  Analisando  o  litígio,  a  DRJ  de  Salvador/BA  considerou  improcedente  a  manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo transcrita:  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  FINANCIAMENTO  DA  SEGURIDADE  SOCIAL  COFINS  Data  do  fato  gerador:  15/12/2004  PER/DCOMP.INEXISTÊNCIA  DO  CRÉDITO.  COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.  Não  será  homologada  a  compensação  quando  constatada  a  inexistência do crédito pleiteado oriundo de pagamento a maior  ou indevido.  Manifestação  de  Inconformidade  Improcedente  Direito  Creditório Não Reconhecido No recurso voluntário apresentado  pelo  contribuinte,  este  repisa  os  argumentos  apresentados  na  Manifestação  de  Inconformidade  e  alega,  em  síntese,  que  (i)  Fl. 96DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.902782/2008­59  Resolução nº  3801­000.646  S3­TE01  Fl. 13          3 retificou  a  sua  DCTF,  para  constituir  o  crédito  tributário  utilizado  na  compensação  em  análise;  (ii)  que  o  crédito  é  decorrente  da  indevida  modificação  da  base  de  cálculo  da  COFINS promovida pela Lei 9.718/98.  É o relatório.  Fl. 97DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.902782/2008­59  Resolução nº  3801­000.646  S3­TE01  Fl. 14          4  VOTO  Conheço  do  Recurso  Voluntário,  uma  vez  que  apresenta  os  requisitos  de  admissibilidade e foi apresentado dentro do prazo de 30 dias fixado pela legislação.  Como  se  depreende  da  leitura  dos  autos,  em  síntese,  o  contribuinte  utilizou  crédito de pagamento indevido ou a maior da COFINS, tendo em vista o indevido alargamento  da base de cálculo da contribuição que foi promovida pela Lei nº 9.718/98.  Primeiramente, cumpre  analisar a possibilidade de o contribuinte  retificar  suas  declarações, posteriormente ao envio do pedido de compensação.  É  que,  no  julgamento  da  Manifestação  de  Inconformidade  apresentado  pela  Recorrente, a Delegacia de Julgamento de Salvador (BA) alega que “ao manter o recolhimento  integralmente  vinculado  a  um  débito  declarado  em  DCTF,  a  própria  contribuinte  afasta  a  possibilidade  de  se  caracterizar  parte  desse  recolhimento  como  ‘pagamento  indevido  ou  a  maior’.”  Ou  seja,  a  princípio,  segundo  entendimento  da  Delegacia  de  Julgamento,  não  poderiam ser retificadas as declarações do contribuinte.  Ocorre  que  a  própria  Delegacia  da  Receita  Federal  poderia,  de  ofício,  independentemente  de  requerimento  expresso,  ter  realizado  diligências  para  aferir  a  autenticidade  dos  créditos  declarados  pela  Recorrente.  Esta  é  a  orientação  do  artigo  18  do  Decreto 70.235/72. Confira­se:  Art.  18.  A  autoridade  julgadora  de  primeira  instância  determinará,  de  ofício  ou  a  requerimento  do  impugnante,  a  realização  de  diligências  ou  perícias,  quando  entendê­las  necessárias,  indeferindo  as  que  considerar  prescindíveis  ou  impraticáveis,  observando  o  disposto  no  art.  28,  in  fine.  (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)  A ilação do citado dispositivo do Decreto que rege o processo administrativo é  de  que  deve  a Administração  Pública  se  valer  de  todos  os  elementos  possíveis  para  aferir  a  autenticidade  das  declarações  dos  contribuintes,  o  que,  data  venia,  não  foi  feito  no  presente  caso.  Deve­se ressaltar, sobre o processo administrativo fiscal, que ele é delineado por  diversos  princípios,  dentre  os  quais  se  destaca  o  da  Verdade  Material,  cujo  fundamento  constitucional  reside  nos  artigos  2º  e  37  da  Constituição  Federal,  no  qual  o  julgador  deve  pautar  suas  decisões. Ou  seja,  o  julgador deve perseguir  a  realidade dos  fatos,  para  que  não  incorra em decisões injustas ou sem fundamento. Nesse sentido, são os ensinamentos do ilustre  Professor James Marins:  A  exigência  da  verdade  material  corresponde  à  busca  pela  aproximação  entre  a  realidade  factual  e  sua  representação  formal;  aproximação  entre  os  eventos  ocorridos  na  dinâmica  econômica  e  o  registro  formal  de  sua  existência;  entre  a  materialidade  do  evento  econômico  (fato  imponível)  e  sua  formalidade  através  do  lançamento  tributário.  A  busca  pela  verdade  material  é  princípio  de  observância  indeclinável  da  Administração  tributária  no  âmbito  de  suas  atividades  Fl. 98DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.902782/2008­59  Resolução nº  3801­000.646  S3­TE01  Fl. 15          5 procedimentais e processuais. (grifou­se).(MARINS, James. Direito  Tributário  brasileiro:  (administrativo  e  judicial).  4.  ed.  São  Paulo:  Dialética, 2005. pág. 178 e 179.)  Sobre o princípio da verdade material,  também ensinam os ilustres professores  Celso Antônio Bandeira de Mello e José dos Santos Carvalho Filho, respectivamente:  Princípio  da  verdade material. Consiste  em  que  a Administração,  ao  invés de  ficar  restrita ao que as partes demonstrem no procedimento,  deve buscar aquilo que é realmente a verdade, com prescindência do  que os interessados hajam alegado e provado (...).  (...)  O  princípio  da  verdade  material  estriba­se  na  própria  natureza  da  atividade  administrativa.  Assim,  seu  fundamento  constitucional  implícito  radica­se  na  própria  qualificação  dos  Poderes  tripartidos,  consagrada  formalmente  no  art.  2º  da  Constituição,  com  suas  inerências.  Deveras,  se  a  Administração  tem  por  finalidade  alcançar  verdadeiramente  o  interesse  público  fixado  na  lei,  é  óbvio  que  só  poderá fazê­lo buscando a verdade material, ao invés de satisfazer­se  com a verdade formal,  já que esta, por definição, prescinde do ajuste  substancial  com  aquilo  que  efetivamente  é,  razão  porque  seria  insuficiente  para  proporcionar  o  encontro  com  o  interesse  público  substantivo.  Demais  disto,  a  previsão  do  art.  37,  caput,  que  submete  a  Administração  ao  princípio  da  legalidade,  também  concorre  para  a  fundamentação do princípio da verdade material no procedimento (...).  (BANDEIRA  DE  MELLO,  Celso  Antônio.  Curso  de  direito  administrativo. 24. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2007.  p. 489, 493 e 494)  ..........................................................................................................................  É  o  princípio  da  verdade material  que  autoriza  o  administrador  a  perseguir  a  verdade real, ou seja, aquela que resulta efetivamente dos fatos que a constituíram. (...)  Pelo  princípio  da  verdade  material,  o  próprio  administrador  pode  buscar  as  provas para chegar à sua conclusão e para que o processo administrativo sirva realmente para  alcançar  a verdade  incontestável,  e  não  apenas  a  que  ressai  de  um procedimento meramente  formal.  Devemos  lembrar­nos  de  que  nos  processos  administrativos,  diversamente  do  que  ocorre nos processos judiciais, não há propriamente partes, mas sim interessados, e entre estes  se coloca a própria Administração. Por conseguinte, o interesse da Administração em alcançar  o objeto do processo e, assim, satisfazer o interesse público pela conclusão calcada na verdade  real,  tem  prevalência  sobre  o  interesse  do  particular.  (CARVALHO  FILHO,  José  dos  Santos.Manual  de  direito  administrativo.  21.  ed.  rev.  ampl.  atual.  Rio  de  Janeiro:  Editora  Lúmen Juris, 2009. p. 933 e 934)  No processo administrativo tributário, o julgador deve sempre buscar a verdade  e, portanto, não pode basear sua decisão em apenas uma prova carreada nos autos. É permitido  ao  julgador administrativo,  inclusive, ao contrário do que ocorre nos processos  judiciais, não  Fl. 99DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.902782/2008­59  Resolução nº  3801­000.646  S3­TE01  Fl. 16          6 ficar restrito ao que foi alegado, trazido e provado pelas partes, devendo sempre buscar todos  os elementos capazes de influir em seu convencimento.  Isto  porque,  no  processo  administrativo  não  há  a  formação  de  uma  lide  propriamente  dita,  não  há,  em  tese,  um  conflito  de  interesses.  O  objetivo  é  esclarecer  a  ocorrência  dos  fatos  geradores  de  obrigação  tributária,  de  modo  a  legitimar  os  atos  da  autoridade administrativa.  Este Conselho, em reiteradas decisões, há muito se posiciona no sentido de que  o processo administrativo, em especial o julgador, deve ter como norte a verdade material para  solução da lide. Confira­se:  IPI.  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  PRINCÍPIO  DA  VERDADE MATERIAL. Nos  termos do § 4º do artigo 16 do Decreto  70.235/72, é facultado ao sujeito passivo a apresentação de elementos  probatórios  na  fase  impugnatória.  A  não  apreciação  de  documentos  juntados  aos  autos  ainda na  fase de  impugnação, antes,  portanto,  da  decisão, fere o princípio da verdade material com ofensa ao princípio  constitucional da ampla defesa. No processo administrativo predomina  o  princípio  da  verdade  material,  no  sentido  de  que  aí  se  busca  descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está  em  jogo  é  a  legalidade  da  tributação.  Deve  ser  anulada  decisão  de  primeira  instância  que  deixa  de  reconhecer  tal  preceito.  Processo  anulado. (13896.000730/0099, Recurso Voluntário n°.  132.865,  ACÓRDÃO  20312338,  Relator  Dalton  Cesar  Cordeiro  de  Miranda)PROCESSO  ADMINISTRATIVO  TRIBUTÁRIO  PROVA  MATERIAL  APRESENTADA  EM  SEGUNDA  INSTÂNCIA  DE  JULGAMENTO  PRINCÍPIO  DA  INSTRUMENTALIDADE  PROCESSUAL  E  A  BUSCA  DA  VERDADE  MATERIAL  A  não  apreciação de provas trazidas aos autos depois da impugnação e já na  fase recursal, antes da decisão final administrativa, fere o princípio da  instrumentalidade  processual  prevista  no CPC  e  a  busca  da  verdade  material,  que  norteia  o  contencioso  administrativo  tributário.  "No  processo administrativo predomina o princípio da verdade material no  sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato  gerador,  pois  o  que  está  em  jogo  é  a  legalidade  da  tributação.  O  importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu  nascimento".  (Ac.  10318789  3  ª.  Câmara  1  º.  C.C.).  Precedente:  Acórdão  CSRF/0304.371  RECURSO  VOLUNTÁRIO  PROVIDO.  (10950.002540/200565,  Recurso  Voluntário  n°.  136.880,  Acórdão  30239947, Relatora Judith do Amaral Marcondes)  IRPJ  PREJUÍZO  FISCAL  IRRF  RESTITUIÇÃO  DE  SALDO  NEGATIVO  ERRO  DE  FATO  NO  PREENCHIMENTO  DA  DIPJ  PREVALÊNCIA  DA  VERDADE  MATERIAL  Não  procede  o  não  reconhecimento de direito creditório relativo a IRRF que compõe saldo  negativo  de  IRPJ,  quando  comprovado  que  a  receita  correspondente  foi  oferecida  à  tributação,  ainda  que  em  campo  inadequado  da  declaração.  Recurso  provido.(Número  do  Recurso:  150652  Câmara:Quinta Câmara Número do Processo:13877.000442/200269–  Recurso Voluntário: 28/02/2007)   Fl. 100DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.902782/2008­59  Resolução nº  3801­000.646  S3­TE01  Fl. 17          7 COMPENSAÇAO ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO  E/OU PEDIDO – Uma vez demonstrado o  erro no preenchimento da  declaração  e/ou  pedido,  deve  a  verdade material  prevalecer  sobre  a  formal.  Recurso  Voluntário  Provido.  (Número  do  Recurso:  157222  Primeira  Câmara  Número  do  Processo:10768.100409/200368–  Recurso Voluntário: 27/06/2008 Acórdão 10196829).  Assim, deve ser considerada, in casu, a DCTF retificada pelo Recorrente.  Contudo,  só  através  de  diligência,  que  deverá  ser  realizada  pela  DRJ  de  Salvador  (BA),  é  que  se  poderá  ter  certeza  de  que  os  créditos  utilizados  são  passíveis  de  liquidar os débitos indicados no pedido de compensação.  Como  se não  bastasse,  na  decisão  recorrida,  a Delegacia  de  Julgamento  alega  que, “da análise dos documentos acostados aos autos, percebe­se que a parcela do pagamento  que a contribuinte está alegando ser  indevida ou a maior refere­se, na verdade, à parcela que  excede  à  contribuição  devida  sobre  o  simples  faturamento,  sem  levar  em  conta  as  "outras  receitas", como, por exemplo, as receitas financeiras, que, segundo a legislação vigente à época  (Lei n° 9.718, de 1998), também integravam a base de cálculo”.  Neste  ponto,  contudo,  não  devem  prevalecer  as  conclusões  da  Delegacia  de  Julgamento de Salvador.O § 1o, do artigo 3o, da Lei 9.718/98, que dava embasamento ao Fisco  para  que  considerasse  como  base  de  cálculo  da  COFINS  a  receita  bruta,  foi  declarado  inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.  Fato é que o Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento  dos  Recursos  Extraordinários  n.ºs  357.950/RS,  358.273/RS,  390840/MG,  Relator  Ministro  Marco Aurélio,  e n.º  346.0846/  PR,  do Ministro  Ilmar Galvão,  pacificou  o  entendimento  da  inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à  COFINS, promovida pelo § 1º, do artigo 3º, da Lei n.º 9.718/98.  Os aludidos acórdãos foram assim ementados:  CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º,  §  1º,  DA  LEI  Nº  9.718,  DE  27  DE  NOVEMBRO  DE  1998  EMENDA  CONSTITUCIONAL  Nº  20,  DE  15  DE  DEZEMBRO  DE  1998.  O  sistema  jurídico  brasileiro  não  contempla  a  figura  da  constitucionalidade superveniente.   TRIBUTÁRIO  INSTITUTOS  EXPRESSÕES  E  VOCÁBULOS  SENTIDO. A  norma  pedagógica  do  artigo  110  do Código  Tributário  Nacional  ressalta  a  impossibilidade  de  a  lei  tributária  alterar  a  definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos  e  formas  de  direito  privado  utilizados  expressa  ou  implicitamente.  Sobrepõe­se ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados  os  elementos  tributários.  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  PIS  RECEITA  BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO  3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação  do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº  20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e  faturamento  como  sinônimas,  jungindoas à  venda de mercadorias,  de  serviços  ou  de  mercadorias  e  serviços.  É  inconstitucional  o  §  1º  do  artigo  3º  da  Lei  nº  9.718/98,  no  que  ampliou  o  conceito  de  receita  Fl. 101DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.902782/2008­59  Resolução nº  3801­000.646  S3­TE01  Fl. 18          8 bruta  para  envolver  a  totalidade  das  receitas  auferidas  por  pessoas  jurídicas,  independentemente da atividade por elas desenvolvida  e da  classificação contábil adotada.  Em outra oportunidade, a Excelsa Corte (STF), por unanimidade, ao apreciar o  Recurso Extraordinário nº 585235, DJ nº 227 do dia 28/11/2008,  reconheceu a  existência de  repercussão geral e reafirmou a jurisprudência no sentido da inconstitucionalidade do § 1º do  artigo 3º da Lei nº 9.718/98, conforme decisão transcrita abaixo:  O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de  reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a  jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do  artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda  Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. (....)(grifouse)  O  acórdão  proferido  no  referido  recurso  extraordinário,  DJ  28112008,  teve  a  seguinte ementa:  RECURSO.  Extraordinário.  Tributo.  Contribuição  social.  PIS.  COFINS.  Alargamento  da  base  de  cálculo.  Art.  3º,  §  1º,  da  Lei  nº  9.718/98.  Inconstitucionalidade.  Precedentes  do  Plenário  (RE  nº  346.084/PR,  Rel.  orig.  Min.  ILMAR  GALVÃO,  DJ  de  1º.9.2006;  REs  nos  357.950/RS,  358.273/RS  e  390.840/MG,  Rel.  Min.  MARCO  AURÉLIO,  DJ  de  15.8.2006)  Repercussão  Geral  do  tema.  Reconhecimento  pelo  Plenário.  Recurso  improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e  da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98.  Outrossim, o Decreto nº 70.235/72, que rege o processo fiscal, estabelece:  “Art. 26A.  No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de  julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo  internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade*  (...)  §6º  O  disposto  no  caput  deste  artigo  não  se  aplica  aos  casos  de  tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:*  I  que  já  tenha  sido  declarado  inconstitucional  por  decisão  definitiva  plenária  do  Supremo  Tribunal  Federal;*  (...)”  *Nova  redação  dada  pela  Lei  nº  11.941,  de  27  de maio  de  2009 Destarte,  as  autoridades  administrativas  têm  que  se  submeter  ao  entendimento  do  Supremo  Tribunal  Federal  e,  de  fato,  observar  o  posicionamento  da  Corte  Suprema.  Neste  sentido,  alterou­se  o  Regimento  Interno  do  Conselho  Administrativo  Fiscais  (CARF), aprovado pela Portaria nº 256/2009 do Ministro da Fazenda, com alterações  das  Portarias  446/2009  e  586/2010.  O  artigo  62A  dispõe  que  os  Conselheiros  têm  que  reproduzir as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral, in verbis:  Fl. 102DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10580.902782/2008­59  Resolução nº  3801­000.646  S3­TE01  Fl. 19          9 Art. 62A.  As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo  Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C  da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil,  deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros  no  julgamento  dos  recursos no âmbito do CARF. {*} (...)  {*} alteraçãos introduzida pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de  2010–DOU de 22.12.2010 ( grifouse)  Conclui­se, assim, independentemente de o contribuinte ter ação judicial sobre o  tema, ser improcedente a exigência da COFINS sobre a receita bruta, nos termos dos conceitos  já firmados pelo Supremo Tribunal Federal.  Desta forma, na diligência que será realizada, a Delegacia da Receita Federal em  Salvador deve apontar se os créditos  indicados pelo contribuinte  são, de fato, decorrentes do  indevido alargamento da base de cálculo da COFINS, promovido pela Lei nº 9.718/98.  Tendo em vista o acima exposto e o fato de não constar nos autos documentação  contábil ou fiscal capaz de comprovar os exatos valores dos créditos indicados pelo Recorrente  no  pedido  de  compensação  analisado,  voto  por  converter  o  julgamento  em  diligência  à  DRF/SalvadorBA para:  Considerando  a  retificação  da  DCTF  promovida  pelo  Recorrente  e  o  posicionamento  do  Supremo  Tribunal  Federal  com  relação  ao  disposto  na  Lei  nº  9.718/98,  apurar  se os valores dos  créditos  indicados pelo  contribuinte no pedido de compensação  são  suficientes para liquidar os débitos;   Intimar  a  empresa  a  se  manifestar  acerca  da  diligência  realizada,  se  assim  desejar, no prazo de 30 (trinta) dias de sua ciência;   Retornar os presentes autos ao CARF para julgamento.    (assinado digitalmente)  Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel  Fl. 103DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 18/02/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 21 /02/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES

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5485598 #
Numero do processo: 11080.002570/2004-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jun 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001 Ementa: DECADÊNCIA. PRAZO INICIAL. OCORRÊNCIA DE FRAUDE. O prazo decadencial, no caso de ocorrência de fraude, dolo ou simulação, inicia se no primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ser efetuado. NULIDADES. Atendidos os requisitos do art. 59 do Decreto n. 70235/72, e proporcionadas plenas condições do contraditório, descabe a alegação de nulidade. IRPJ. ARBITRAMENTO DO LUCRO. O arbitramento deve prevalecer quando demonstrado vícios ou erros na escrita fiscal, que impossibilitem a determinação do lucro real ou presumido. OMISSÃO DE RECEITA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizam-se omissão de receitas a prestação de serviços sem a escrituração dos valores depositados nas contas correntes dos contribuintes, que não comprovem com documentação idônea a origem dos recursos. MULTA QUALIFICADA DE 150%. Deve ser aplicada a multa de ofício de 150%, quando comprovada a ocorrência de sonegação, com a deliberada intenção de omitir receitas em vários anos calendários. LANÇAMENTOS DECORRÊNCIA. A solução dada ao lançamento principal, estende-se no que couber, aos lançamentos decorrentes. SIMPLES. EXCLUSÃO. É valido o ato de exclusão do SIMPLES prolatado por autoridade competente, com a descrição da motivação da exclusão. O contribuinte excluído sujeita se às normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas a partir da data de sua exclusão.
Numero da decisão: 1302-001.403
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior - Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Pollastri Gomes da Silva - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Gilberto Baptista, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior.
Nome do relator: GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2061; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C3T2  Fl. 62          1 61  S1­C3T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11080.002570/2004­40  Recurso nº               De Ofício e Voluntário  Acórdão nº  1302­001.403  –  3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  07 de maio de 2014  Matéria  IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA  Recorrentes  OPINIÃO TEATRO E BAR LTDA              FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Ano­calendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001  Ementa:  DECADÊNCIA. PRAZO INICIAL. OCORRÊNCIA DE FRAUDE.  O  prazo  decadencial,  no  caso  de  ocorrência  de  fraude,  dolo  ou  simulação,  inicia se no primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento  poderia ser efetuado.  NULIDADES.  Atendidos os requisitos do art. 59 do Decreto n. 70235/72, e proporcionadas  plenas condições do contraditório, descabe a alegação de nulidade.  IRPJ. ARBITRAMENTO DO LUCRO.  O  arbitramento  deve  prevalecer  quando  demonstrado  vícios  ou  erros  na  escrita fiscal, que impossibilitem a determinação do lucro real ou presumido.   OMISSÃO  DE  RECEITA.  PRESTAÇÃO  DE  SERVIÇOS.  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS.  Caracterizam­se  omissão  de  receitas  a  prestação  de  serviços  sem  a  escrituração dos  valores depositados nas  contas  correntes dos  contribuintes,  que não comprovem com documentação idônea a origem dos recursos.  MULTA QUALIFICADA DE 150%.  Deve  ser  aplicada  a  multa  de  ofício  de  150%,  quando  comprovada  a  ocorrência  de  sonegação,  com  a  deliberada  intenção  de  omitir  receitas  em  vários anos calendários.   LANÇAMENTOS DECORRÊNCIA.   A  solução  dada  ao  lançamento  principal,  estende­se  no  que  couber,  aos  lançamentos decorrentes.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 25 70 /2 00 4- 40 Fl. 9332DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR     2 SIMPLES. EXCLUSÃO.  É  valido  o  ato  de  exclusão  do  SIMPLES  prolatado  por  autoridade  competente,  com  a  descrição  da  motivação  da  exclusão.  O  contribuinte  excluído sujeita se às normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas a partir  da data de sua exclusão.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento  aos recursos de ofício e voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.  (assinado digitalmente)  Alberto Pinto Souza Junior ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  Guilherme Pollastri Gomes da Silva ­ Relator.  Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha,  Gilberto Baptista, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de  Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior.   Fl. 9333DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11080.002570/2004­40  Acórdão n.º 1302­001.403  S1­C3T2  Fl. 63          3 Relatório    Foram  formalizados  contra  o  Contribuinte,  dois  autos  de  infração  que  tomaram os nºs 11080.002570/2004­40 (IRPJ, CSLL, PIS e Cofins), e 11080.002574/2004­28  (Exclusão do Simples).     O TVF elenca as seguintes irregularidades    ­  que  o  OPINIÃO  TEATRO  E  BAR  LTDA.,  adiante  referido  simplesmente  como  BAR  OPINIÃO,  apurou  seus  resultados  pela  sistemática  do  Lucro  Presumido  nos  anoscalendário  1997,  1998,  1999  e  2000  e  pelo  Sistema  Integrado  de  Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte  (Simples) no anocalendário 2001. São dois os sócios da empresa: Alexandre Lopes e Cláudio  Favero. Eles também são sócios da LF PRODUTORA – PUBLICIDADE E PROPAGANDA  LTDA., adiante referida como LF PRODUTORA.    ­que  segundo  a  Representação  Fiscal  o  motivo  da  exclusão  do  simples,  com efeitos a partir de 1997, foi a reiterada prática de infrações à legislação tributária.     ­  que  a  ação  fiscal  resultou no  arbitramento do  lucro  em  todo o período  fiscalizado,  anoscalendário  1997  a  2001  em  razão  da  imprestabilidade  da  escrituração  haja  vista  a  existência  de  grande  volume  de  irregularidades  e  omissão  sistemática  de  receitas.  A  contribuinte também não apresentou a escrituração contábil relativa aos anoscalendário 1997 e  1998, sob alegação de que foi destruída por incêndio.    ­  que  o  Bar  Opinião  foi  uma  das  empresas  selecionadas  na  ação  fiscal  denominada operação casas noturnas, efetuada pela DRF Porto Alegre.     ­ que as fls. 637 a 673 o autuante detalha minuciosamente o desenrolar de  todo o trabalho de auditoria, com as intimações enviadas para a autuada, para a LF Produtora,  para os sócios Alexandre Lopes e Cláudio Favero. Faz o mesmo com relação às circularizações  realizadas junto a pessoas físicas e jurídicas que transacionaram com a autuada. Informa ainda  sobre a obtenção de informações acerca da movimentação financeira do Bar Opinião e demais  envolvidos nas alegadas infrações.    ­  que  em  circularizaçâo  junto  aos  contribuintes  LF  PRODUTORA  ­  PUBLICIDADE  E  PROPAGANDA  LTDA.  ("LF  PRODUTORA"),  CLÁUDIO AUGUSTO  FAVERO  ("CLAUDIO  FAVERO"),  e ALEXANDRE ANTÔNIO  LOPES,  ("ALEXANDRE  LOPES"), foram constatadas uma série de irregularidades que configuraram reiterada infração  à legislação tributária.    ­  que  nos  anos  de  1997  à  2001,  ficou  plenamente  demonstrado  à  sistemática omissão de receita, com a utilização dos mais diversos artifícios, como utilização  de  empresas  de  fachada,  depósitos  bancários  sem  comprovação  da  origem  e  prestação  de  serviços não declaradas, dentre outras.    Fl. 9334DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR     4 ­ que o autuado se utilizou da empresa de fachada LF PRODUTORA para  movimentar e ocultar recursos seus e de seus sócios Cláudio Favero e Alexandre Lopes.     ­  que  além  da  utilização  de  contascorrentes  da  LF  Produtora,  a  autuada  também  teria  feito  uso  de  contascorrentes mantidas  em nome dos  sócios Alexandre Lopes  e  Cláudio Favero para movimentar recursos financeiros não contabilizados. O documento de fl.  491 seria o reconhecimento expresso dessa prática da empresa. Por ele, os sócios afirmam que  os recursos que movimentaram pertencem às empresas de que são sócios.    ­ que as  transferências bancárias entre contas da pessoa  jurídica e contas  das pessoas físicas, tanto em um sentido como em outro, atingiram mais de R$ 4.000.000,00 no  período fiscalizado.    ­  que  intimado,  o  autuado  não  entregou  os  extratos  solicitados  nem  a  escrita fiscal de 01/97 à 12/98, que teria sido queimada em 2 incêndios conforme certidões do  Corpo de Bombeiro e ocorrências da Policia Civil.    ­  que  a omissão de  receitas  apurada pelo Fisco  foi  de R$ 15.924.105,35  (conforme relatório fiscal) e encontrase detalhada na planilha de fls. 703/712. Desse montante,  R$  15.061.446,06  decorrem  de  depósitos  bancários  sem  comprovação  da  origem  e  R$  862.659,29 são decorrentes da prestação de serviços.    ­  que  a  omissão  de  receitas  de  prestação  de  serviços  foi  identificada  a  partir da circularização feita pela fiscalização, já que a autuada não apresentou documentação  comprobatória. O autuante partiu dos depósitos bancários para os quais houve comprovação da  origem dos  recursos. Foram pagamentos oriundos de empresas  relativos à utilização do  local  pela produção de shows, exibição de publicidade, etc. Em alguns casos houve emissão de notas  fiscais  pela  autuada  –  que  não  foram  contabilizadas  –  ou  notas  de  débito,  que  não  se  caracterizam como documentos fiscais.    ­  que  o  autuante  refere  também  a  existência  de  outras  fraudes  na  escrituração contábil do Bar Opinião, referindose à manutenção de contascorrentes bancárias  não escrituradas, suprimento indevido de caixa e omissão de compras de bens e serviços.     ­  que  eram  cinco  as  contascorrentes  não  escrituradas  pela  autuada  e  movimentavam,  com  freqüência  e  habitualidade,  expressivos  valores.  Na  contabilidade  constava  apenas uma conta,  sem a numeração  especificada,  e  com apenas um único  registro  contábil entre janeiro de 1999 e junho de 2001.    ­ que os suprimentos indevidos de caixa ocorreram entre janeiro de 1999 e  junho  de  2001  e  totalizaram  R$  167.859,37.  Intimada  para  comprovar  a  efetividade  dos  mesmos, a própria empresa  informou que eram fictícios e que os aportes eram efetuados por  terceiros,  sem  qualquer  documento.  Para  evitar  bitributação  os  suprimentos  não  foram  considerados na base de cálculo, sendo utilizado, tãosomente, o valor dos depósitos bancários.    ­ que a LF Produtora não mantinha escrituração contábil e fiscal regular.  Apresentou ao fisco uma Relação de Faturamento e um Controle do Fluxo Mensal de Caixa.  Analisando os documentos o  agente do  fisco  constatou não  existir qualquer  correspondência  entre  a  movimentação  financeira  apresentada  e  aquela  havida  nas  contascorrentes  da  informante. Não  foram  apresentados documentos que confirmassem quaisquer das operações  referidas nas planilhas apresentadas.    Fl. 9335DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11080.002570/2004­40  Acórdão n.º 1302­001.403  S1­C3T2  Fl. 64          5 ­ que a LF Produtora apresentou, nos anoscalendário 1997, 1998 e 2000,  Declaração de Inatividade e nos anoscalendário 1999 e 2001, DIPJ pela sistemática do Lucro  Presumido.   ­  que  o  Bar Opinião  optou  pela  sistemática  do  Simples  em  01/01/1997,  mas  as  DIPJ  foram  apresentadas  todas  pelo  Lucro  Presumido,  exceto  a  relativa  ao  anocalendário  2001,  pelo  SIMPLES.  O  autuante  refere  existir  outras  inconsistências  no  preenchimento da   ­ que a DIPJ, além da omissão de receitas já referida. Alude a omissão de  aquisições de bens do ativo permanente,  citando como exemplos a aquisição de automóveis:  um  GM  Vectra,  um  Gol,  um  Chrysler  Stratus,  um  Audi  A4  e  um  Citroën  Xsara  Picasso.  Alexandre Lopes e Cláudio Favero entregaram declarações de rendimentos nos anoscalendário  de 1997 a 2001 no modelo simplificado.    ­ que o  lucro da empresa foi arbitrado, como já dissemos, em virtude do  grande  volume  de  irregularidades  encontradas  na  escrituração  (nos  anoscalendário  1999  a  2001) o que a tornou imprestável. O arbitramento em relação aos anoscalendário 1997 e 1998  ocorreu pela falta de apresentação da escrituração.    ­  que para  fins  de  cálculo,  foi  considerada  a  receita  bruta  conhecida,  ou  seja, tanto aquelas contabilizadas pelo BAR OPINIÃO como aquelas omitidas.    ­ que o autuante considerou haver responsabilidade solidária aos sócios em  virtude de os atos praticados caracterizarem infração à lei.    ­  que  a  receita  bruta  da  Contribuinte  extrapolou  o  limite  de  R$  1.200.000,00, previsto na legislação de regência (inciso II, do art. 2º da Lei nº 9.317/96).    ­  que  em  razão  dos  atos  praticados  caracterizarem­se  infração  a  lei,  a  fiscalização considerou haver responsabilidade solidária dos sócios e aplicou a multa de 150%.    Em  11/11/2004  o  Contribuinte  tomou  ciência  do  Ato  de  Exclusão  e  apresentou  manifestação  de  inconformidade,  tempestiva,  desconsiderada  pela  5ª  Turma  da  DRJ/POA,  que manteve  sua  exclusão  do  simples. Contra  esta  decisão  foi  interposto  recurso  voluntário.  Contra  os  Autos  de  Infração  de  IRPJ,  PIS,  COFINS  e  CSLL,  o  Contribuinte  também  apresentou  impugnação  tempestiva,  julgada  improcedente  pela  DRJ  e  contra esta decisão também apresentou recurso voluntário.    A  2ª  Turma  Ordinária  da  4ª  Câmara  da  1ª  Seção  de  Julgamento  do  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  apreciando  ambos  os  recursos,  decidiu  o  seguinte:    a) que os autos retornem à unidade de origem para que os processos que  estão juntados por apensação sejam juntados por anexação;    b)  que  o  Contribuinte  seja  cientificado  desta  decisão  para  apresentar  razões adicionais à exclusão do Simples, se assim o quiser;    c)  que  posteriormente,  os  autos  sejam  encaminhados  à DRJ para  julgar  conjuntamente ambas impugnações com eventuais razões adicionais.  Fl. 9336DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR     6   Após as providências determinadas e as razões adicionais apresentadas, à  5ª  Turma  da DRJ/POA,  por  unanimidade  de  votos, manteve  a  exclusão  do  SIMPLES  e  deu  parcial provimento à impugnação reconhecendo a decadência parcial das exigências do IRPJ e  CSLL  cujos  fatos  geradores  fossem  anteriores  à  30/09/1998  e  as  do  PIS  e  da  COFINS  anteriores  à 30/11/1998, desconheceu o pedido  de perícia,  e  rejeitou  às  demais preliminares,  conforme ementa a seguir:    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ  Anocalendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001    PEDIDO DE PERÍCIA. REQUISITOS.  Os  pedidos  de  perícias  que  não  atendam  aos  requisitos  exigidos  pela  legislação  do  processo  administrativo  fiscal  são  considerados  como  não  formulados.    RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA.  A  propositura  de  ação  judicial  importa  em  renúncia  às  instâncias  administrativas e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade  administrativa.    DECADÊNCIA. PRAZO INICIAL. OCORRÊNCIA DE DOLO,  FRAUDE OU SIMULAÇÃO.  Iniciase  a  contagem  do  prazo  decadencial  no  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ser  efetuado,  quando  comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.    DECADÊNCIA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO NO LANÇAMENTO.  CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA.  Cancelase  os  lançamentos  efetuados  em  relação  a  períodos  já  atingidos  pela decadência.    IRPJ.  LUCRO  ARBITRADO.  DESCLASSIFICAÇÃO  DA  ESCRITURAÇÃO.  Impõese o arbitramento do  lucro quando demonstrado que a  escrituração  contábil  contém  vícios,  erros  ou  deficiências  que  impossibilitem  a  determinação do lucro real ou presumido, ou revela indícios de fraude.    IRPJ. ARBITRAMENTO. BASE DE CÁLCULO.  O  arbitramento  deve  ter  por  base  a  receita  bruta,  quando  conhecida,  incluídos nesta os valores de receita omitida.    OMISSÃO  DE  RECEITAS.  PRESTAÇÃO  DE  SERVIÇOS  E  DEPÓSITOS BANCÁRIOS.  Caracteriza  omissão  de  receitas  a prestação  de  serviços  sem  escrituração  dos valores correspondentes e a existência de créditos em contas correntes  próprias  ou  em  nome  de  terceiros,  em  relação  aos  quais  o  titular,  regularmente  intimado,  não  comprovou,  mediante  documentação  hábil  e  idônea, a origem dos recursos.    MULTA DE OFÍCIO DE 150%. CABIMENTO.  Fl. 9337DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11080.002570/2004­40  Acórdão n.º 1302­001.403  S1­C3T2  Fl. 65          7 É cabível a  aplicação da multa de ofício de 150% quando comprovada  a  ocorrência,  em vários  anoscalendário,  de  fraude  e  sonegação  em  conluio  com outras pessoas e com a deliberada intenção de omitir de receitas.    LANÇAMENTOS DECORRENTES. CSLL. COFINS. PIS. Solução dada  ao  litígio  principal,  relativo  ao  Imposto  de Renda  das  Pessoas  Jurídicas,  estendese,  no  que  couber,  aos  demais  lançamentos  decorrentes  quando  tiver por fundamento o mesmo suporte fático.    ASSUNTO:  SISTEMA  INTEGRADO  DE  PAGAMENTO  DE  IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS  EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES  Anocalendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001  SIMPLES.  NULIDADE  DO  ATO  DE  EXCLUSÃO.  FALTA  DE  MOTIVAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.  É  válido  o  ato  de  exclusão  do  Simples  prolatado  por  autoridade  competente  e  que  descreve  a  motivação  da  exclusão,  no  caso,  reiterada  infração  à  legislação  tributária. A descrição  pormenorizada  das  infrações  consta de alentado relatório fiscal nos autos do processo de exclusão, que  foram disponibilizados à defesa. Assim, inexiste cerceamento do direito de  defesa.    SIMPLES. EFEITOS DA EXCLUSÃO  O  contribuinte  excluído  do  Simples  se  sujeita  às  normas  de  tributação  aplicáveis  às  demais  pessoas  jurídicas  a  partir  do  período  em  que  se  processarem os efeitos da exclusão.    Tendo em vista que o crédito exonerado ultrapassou o limite de alçada, o  Presidente da Turma  recorreu de ofício da parte  exonerada, por  força do  art.  34,  inciso  I  do  Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, combinado com o art. 1º da Portaria MF nº 3, de 3  de janeiro de 2008.     Intimado  da  decisão  da  DRJ  em  26/10/2012,  o  Contribuinte  apresentou  recurso voluntário tempestivo, requereu prova pericial e alegou em síntese o seguinte:    ­ que as RMF´s não poderiam ser emitidas sem autorização judicial.    ­ decadência dos lançamentos relativos aos anos­calendário 1997 à 1999,  por  força  do  §  4º,  do  art.  150  do  CTN,  conforme  jurisprudência  pacífica  do  Conselho  de  Contribuintes.  ­ que seja declarado nulo o auto de  infração relativamente à contribuinte  LF Produtora, e demais pessoas físicas nele relacionadas (Alexandre Lopes e Cláudio Favero),  em decorrência da falta de notificação do auto de infração.    ­  nulidade  por  obtenção  de  prova  ilícita  através  da  quebra  de  sigilo  bancário sem autorização judicial.    ­  que  a  autuada  e  os  demais  envolvidos  impetraram  o  Mandado  de  Segurança nº 2001.71.00.0361868, onde  foi concedida  liminar determinando que não  fossem  expedidas RMF´s.  Fl. 9338DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR     8 ­ que a desconsideração da personalidade jurídica aplicada, não se aplica,  já que na confusão patrimonial não há intenção dos sócios em fraudar terceiros e credores.    ­  que os  sócios declaram  expressamente que os  recursos  em suas  contas  bancárias eram provenientes das pessoas jurídicas das quais eram sócios, ficando demonstrada  a ausência de intenção de fraude.     ­ que o autuado e a LF Produtora realizaram várias operações próprias dos  seus escopos sociais provando que LF Produtora não era empresa de fachada. Menciona uma  série de contratos com outras empresas,  a  existência de Livro de Funcionários,  a emissão de  notas fiscais, o preenchimento da RAIS e a declaração do Sr. Márcio Machado que intimado  declarou ser funcionário da LF Produtora.    ­ que o sócio Cláudio Favero foi aconselhado pelos contadores a passar a  Pajero para o nome da LF Produtora, sem desencaixe financeiro da empresa.    ­ que o nome fantasia OPINIÃO PRODUTORA era da LF Produtora e não  do  autuado,  como  concluiu  a  fiscalização.  O  único  contrato,  onde  teria  havido  equívoco  de  designação foi com a TELET, no valor de R$ 247.584,00, relativa à contratação e produção do  Aniversário da Claro Digital.    ­ que a informação da CIE Brasil, de que não identificou operação com a  LF Produtora, ficou prejudicada já que solicitou prazo mas não prestou outras informações.    ­ que mais uma prova de que não era empresa de fachada é a participação  da  LF  Produtora  na  bilheteria  do  evento Circo  Imperial  da  China,  como  prova  o Controle  Mensal de Fluxo de Caixa, com os valores tendo sido repassados pelo Bar Opinião.    ­  que  com  relação  aos  depósitos  bancários,  diz  que  é  comum  a  movimentação de importâncias de terceiros em suas contas e que eram realizados mútuos entre  os envolvidos na realização dos shows, sem que isso caracterize renda.     ­  que  para  que  possa  haver  a  tributação  sobre  a  renda  com  base  em  depósitos bancários é mister que haja o nexo entre estes e o acréscimo patrimonial.    ­  que  as  contas  bancárias mantidas  à margem  da  escrituração  eram  para  manter depósitos de terceiros, que eram repassados.    ­  que no  lucro  arbitrado  deve  ser  aplicado  coeficiente distinto  da  receita  conhecida, de acordo com o disposto no artigo 535 do RIR/1999.    ­  que  a  LF  Produtora  apresentou  Relação  de  Faturamento,  documento  desconsiderado pelo autuante.    ­  que  em  relação  às  deficiências  nas  declarações  de  rendimentos  dos  sócios, não podem elas ser discutidas no presente processo.    ­  que  uma  vez  que  a  LF  Produtora  não  é  empresa  de  fachada,  e  toda  a  informação foi prestada ao fisco, a multa de 150% deve ser reduzida e arquivado o processo de  representação fiscal para fins penais.    Fl. 9339DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11080.002570/2004­40  Acórdão n.º 1302­001.403  S1­C3T2  Fl. 66          9 ­  que  seja  afastada  a  responsabilidade  dos  sócios  gerentes,  pois  não  foi  comprovada a infração à lei.    ­  pede  a  realização  de  perícia  para  demonstrar  que  os  valores  que  circularam nas contas da impugnante não se tratam de receitas, mas de recursos de terceiros.    ­ que seja intimada a empresa CIE Brasil Ltda. para que se manifeste sobre  as contratações mantidas com a empresa LF Produtora que demonstra que a mesma atuava em  seu ramo de negócio.    ­  que  em nenhum momento  houve  ocultação  de  patrimônio,  seja do Bar  Opinião, seja da LF Produtora, seja dos seus sócios.     ­  que  não  há  qualquer motivação  para  a  exclusão  do  simples  e  os  seus  efeitos somente poderiam alcançar fatos supervenientes.    É o Relatório.  Fl. 9340DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR     10   Voto             Conselheiro Guilherme Pollastri Gomes da Silva Relator    Conheço do recurso voluntário e de ofício por preencherem os requisitos  do Decreto nº 70.235/72.  O recurso de ofício das decisões de primeira instância é disciplinado pelo  art.  34  do Decreto  nº  70.235/1972,  e Portaria MF nº  3,  de  03/01/2008. Eis  o  dispositivo  em  comento:   Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  (DRJ)  recorrerá  de  ofício  sempre  que  a  decisão  exonerar  o  sujeito  passivo  do  pagamento  de  tributo  e  encargos  de  multa,  em  valor  total  superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).  No caso em tela, ao somar os valores correspondentes aos tributos e multa  afastados  em  primeira  instância,  verifico  que  superam  o  limite  estabelecido  pela  norma  de  regência, razão porque dele conheço.  Lembro que a DRJ deu parcial provimento à impugnação reconhecendo a  decadência parcial das exigências do  IRPJ e CSLL cujos  fatos geradores  fossem anteriores à  30/09/1998 e as do PIS e da COFINS anteriores à 30/11/1998.  Como a ocorrência de dolo e fraude ficou cabalmente comprovada, a DRJ  corretamente  aplicou  o  prazo  decadencial  previsto  no  artigo  173,  I  do  Código  Tributário  Nacional, in verbis:  “Art. 173. O direito da Fazenda Pública constituir o crédito  tributário  extinguese após 5 (cinco) anos, contados:  I  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia ter sido efetuado;”    Diante  deste  fato  e  como  a  ciência  dos  autos  de  infração  ocorreu  em  30/11/2004, a DRJ corretamente decidiu que estava decaído o direito de a Fazenda lançar IRPJ  e CSLL quanto aos fatos geradores de 1997 e dos  três primeiros  trimestres de 1998. Para os  fatos geradores dos 1º, 2º e 3º trimestres de 1998, o primeiro dia do exercício seguinte ao qual  o lançamento poderia ser efetuado é 01/01/1999, fazendo com que o lançamento fosse válido  se efetuado até 31/12/2003 e como foram efetuados em 2004, a possibilidade da constituição  da exigência estava fulminada pela decadência.    Já  o  lançamento  do  quarto  trimestre  de  1998  obedeceu  ao  prazo  decadencial. Como os lançamentos só podem ser efetuados depois de vencido o prazo para o  pagamento espontâneo o que ocorreu em 1999, a contagem se inicia em 01/01/2000, primeiro  dia do exercício seguinte àquele em que se poderia lançar.    Pelo mesmo  raciocínio,  estavam decaídas  as  exigências  de PIS  e Cofins  com  fatos  geradores  anteriores  a  dezembro  de  1998,  pois  a  contagem  do  prazo  inicia  em  janeiro/1998  (para  os  fatos  geradores  de  1997)  ou  janeiro/1999  (para  os  fatos  geradores  de  1998)  e  assim  o  lançamento  teria  que  ser  efetuado,  respectivamente,  até  31/12/2002  e  31/12/2003.   Fl. 9341DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11080.002570/2004­40  Acórdão n.º 1302­001.403  S1­C3T2  Fl. 67          11 Os lançamentos relativos aos fatos geradores de dezembro/1998 poderiam  ser  realizados  em  1999  iniciando  a  contagem  do  prazo  decadencial  em  01/01/2000.  Como  foram efetuados em dezembro de 2004, obedeceram o prazo decadencial.    Diante  do  exposto,  nego  provimento  ao  recuso  de  ofício  já  que  a  DRJ  corretamente decidiu que as exigências de IRPJ e CSLL com fatos geradores até 30/09/1998, e  as exigências de PIS e Cofins com fatos geradores até 30/11/1998 deveriam ser canceladas.    Em  relação  ao  recurso  voluntário  o  Recorrente  sustenta  a  nulidade do auto de infração em vista da obtenção de prova ilícita através da quebra de sigilo  bancário sem autorização judicial.      Esclareço que  este processo  já tinha sido sobrestado por esta Turma,  através da Resolução nº 1302­000.251, em 06/08/13, por conta da determinação do art. 62­A  do RICARF, diante de recurso repetitivo sobre a matéria estar pendente de julgamento no STF.     Porém com a publicação da Portaria nº 545, de 18/11/2013, o art. 62 do  RICARF foi revogado e com ele o impedimento do julgamento de processos que envolvam a  quebra de sigilo bancário. Com isso o processo retornou para minha relatoria para julgamento,  e é o que faço.  Informou  o  Recorrente  que  impetrou  o  Mandado  de  Segurança  sob  nº  2001.71.00.0361868, procurando impedir a expedição de RMF, ou, se tivessem sido expedidas,  solicitando que elas fossem canceladas.    Ou  seja,  o  Recorrente  já  havia  buscado  pronunciamento  do  Poder  Judiciário quanto à legalidade da utilização de informações bancárias para fins de constituição  de  exigência  tributária,  restando  comprovado  que  o  provimento  judicial  foi  desfavorável  às  suas pretensões.  A  alegada  nulidade  do  auto  de  infração  em  vista  da  obtenção  de  prova  ilícita  através  da  quebra  de  sigilo  bancário  sem  autorização  judicial,  foi  ilidida  pelo  próprio  judiciário que ao julgar recurso especial nº 697.511 RS, interposto no Mandado de Segurança  nº 2001.71000361868, proposto pelos envolvidos neste processo decidiu que o art. 144, § Io do  Código  Tributário  Nacional,  considerada  a  natureza  formal  da  norma  que  permite  o  cruzamento de dados referentes à arrecadação da CPMF para fins de constituição de crédito  relativo a outros tributos, conduz à conclusão da possibilidade da aplicação dos artigos 6o da  Lei Complementar 105/2001 e 1º da Lei 10.174/2001 ao ato de  lançamento de  tributos cujo  fato gerador se verificou em exercício anterior à vigência dos citados diplomas legais, desde  que a constituição do crédito em si não esteja alcançada pela decadência.    A  matéria  foi  submetida  ao  STF  e  a  informação  colhida  no  sítio  do  tribunal na  internet,  dá  conta que  foi  negado  segmento  ao  recurso  e  em 05/05/2005 houve a  baixa definitiva dos autos.    Por esta razão, não há que se conhecer das alegações de violação ilegal de  sigilo bancário.    A  Recorrente  também  requer  a  nulidade  dos  autos  por  não  terem  sido  notificadas a empresa LF Produtora e os sócios­gerentes.  Fl. 9342DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR     12   Porém, examinando os autos vejo que apesar de ter o fiscal no encerrar do  relatório  fiscal  indicado que os sócios da autuada seriam responsáveis solidários pelo crédito  tributário, não houve a lavratura de termo de sujeição passiva solidária ou qualquer outro que  os indicasse como sujeitos passivos no processo, nem eles foram cientificados da exigência ou  tiveram aberto prazo para defesa.     Entendo  assim  que  a  responsabilidade  dos  sócios  não  é  objeto  deste  processo.  Em relação a LF Produtora no entanto, nenhuma prova há de que não seja  realmente  uma  empresa  de  ‘fachada’  utilizada  pelo  Bar  Opinião  para  movimentar  recursos  estranhos à sua contabilidade. Ressalta­se que LF Produtora entregou declaração de inatividade  nos anos­calendário 1997, 1998 e 2000, e em 1999 e 2001, apurou os  resultados pelo Lucro  Presumido, mas nada declarou a  título de  remuneração de empregados,  com ou  sem vínculo  empregatício, prestação de serviços por pessoa jurídica ou compra de mercadorias.    Todavia as  relações Anuais de  Informações Sociais  indicam a  existência  de empregados nos anosbase 1999, 2000, ficando claro que a falsa declaração na RAIS, ou na  Declaração de Inatividade, relativamente ao anobase 2000.    Em  verdade,  não  há  relevância,  na  discussão  sobre  a  LF  Produtora  ser  empresa de  fachada ou não, mas  sim  se  a movimentação  bancária  realizada  em  seu  nome  é  dela ou pertence ao Bar Opinião.     Está  evidente  que  os  créditos  na  conta  de  LF  Produtora  pertencem  ao  Recorrente,  uma  vez  que  a  bilheteria  dos  shows  dos Hanson’s,  em  12/11/2000  e  da British  Sinfony, em 26/11/2000, foram depositados na conta da LF Produtora enquanto os contratos de  fls. 3152/3157 e 3158/3162 para locação do Ginásio de Esportes Gigantinho para os referidos  shows, mostram que o locatário foi o Bar Opinião, que a LF Produtora informou ter auferido  R$  30.000,00  de  bilheteria  com  a  realização  do  show  do  Mettalica,  mas  o  Bar  Opinião  informou que R$ 354.171,00 ingressados em sua contacorrente decorriam da bilheteria de tal  show,  evidenciando  que  o  Bar  Opinião  foi  o  verdadeiro  promotor  do  evento,  que  a  LF  Produtora, pagou R$ 10.206,00 em 11/04/2001, em favor de Zero Hora Editora Jornalística S.  A., para veiculação de publicidade de show de Lulu Santos, produzido pelo Bar Opinião..     Assim restou evidente que a LF PRODUTORA não atuou com negócios  relacionadas  ao  seu  objetivo  social, mas  que  agia  no  interesse  do Bar Opinião,  recebendo  e  pagando valores pertencentes a ele.     O  Recorrente  tenta  mostrar  qual  empresa  usaria  o  nome  de  fantasia  Opinião Produtora, e pede que a CIE Brasil S. A. seja intimada, para se pronunciar acerca das  contratações com a LF Produtora, porém são pedidos irrelevantes já que há provas consistentes  da  prática  de  omissão  de  receitas  com  origem  na  prestação  de  serviços,  e  nos  depósitos  bancários que o Recorrente não logrou identificar origem.    Em relação aos valores  relativos à prestação de  serviços que  teriam sido  prestados  para  as  empresas TELET, VONPAR  e  Indústria  de Bebidas  Polar,  a  omissão  está  comprovada pelos contratos entre as partes, recibos e notas fiscais emitidas pelo Bar Opinião.     Quanto aos diversos valores recebidos da CLARO através de notas fiscais,  resta mais uma vez  comprovado as  irregularidades de  sua  escrita  contábil  já que  as mesmas  sequer estão escrituradas.  Fl. 9343DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11080.002570/2004­40  Acórdão n.º 1302­001.403  S1­C3T2  Fl. 68          13   Com  relação  as  ditas  antecipações  recebidas  da VONPAR,  além  de  não  previstas no contrato, são remuneração pela exclusividade na venda dos produtos que também  especifica e constituiriam receita não escriturada.    Quanto  a  receita  oriunda  dos  pagamentos  da  Indústria  de  Bebidas  Antártica Polar S. A., o próprio Recorrente confirmou sua omissão quando disse que tal verba  foi repassada ao Bar Opinião a título de patrocínio do evento MUSICANTO.    Comprovada  a  omissão  de  receitas  a  título  de  prestação  de  serviços,  passemos à análise da omissão de receitas caracterizada pelos depósitos bancários.     É  incontroverso  que  a  autuada movimentou CINCO contas  bancárias  de  sua titularidade, com expressiva movimentação financeira e que, entre janeiro de 1999 e junho  de 2001, constou, da contabilidade, uma única conta­corrente, com apenas um lançamento no  valor de R$ 11.036,00.    Além das contas de titularidade da própria autuada não escrituradas, foram  movimentados recursos em outras, em nome dos sócios e da LF Produtora.     Quanto às contas em nome dos sócios, também não há dúvidas que nelas  foram movimentados recursos do Recorrente, como se vê pela declaração deles próprios, a fl.  491 deste processo, quando afirmam expressamente “que  todos os créditos oriundos de suas  contas  bancárias  são  provenientes  das  pessoas  jurídicas  as  quais  são  sócios”  exceto  um  aluguel de R$ 4.000,00.    A  alegação  de  que  houve  aporte  de  recursos  pelos  sócios,  a  título  de  mútuos, nenhuma prova foi trazida ao processo, além do que, as declarações de pessoas físicas  dos  sócios,  demonstram  que  eles  não  tinham  condições  financeiras  de  realizar  tais  empréstimos.     Além  do  mais  quando  intimado  a  comprovar  a  origem  dos  recursos  depositados nas contas­correntes, próprias ou de terceiros, que utilizou, nada comprovou, o que  levou o autuante a  tributar a presunção de omissão de receitas constante do art. 42 da Lei nº  9.430.    Em relação a alegação de que o autuante aplicou os mesmos percentuais,  tanto para a receita conhecida quanto para a receita omitida, não tem fundamento uma vez que  os valores de receita omitida foram quantificados, ou pela prestação de serviços, ou presumidos  no caso dos depósitos bancários.     Diante  de  todo  o  exposto  está  patente  nos  autos  existência  de  dolo  e  fraude,  comprovados  pelas  receitas  mantidas  à  margem  da  escrituração,  com  utilização  de  contascorrentes próprias e de terceiros não escrituradas, situação que determina a aplicação da  multa de 150%, nos termos do art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996.     Em relação a alegação de que o fisco  teria agido ao arrepio da lei ao  ter  oferecido representação fiscal para fins penais, não cabe no caso concreto, pois o autuante tinha  o dever de formalizar representação fiscal, conforme Portaria SRF nº 2.572/2001.    Fl. 9344DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR     14 A  exclusão  do  Simples  tem  efeito  unicamente  sobre  o  lançamento  do  crédito  tributário  relativo ao ano calendário 2001, pois nos demais optou pela  sistemática do  lucro presumido. Com isso, caso viesse a ser aceita as razões de defesa para considerar o ato de  exclusão  nulo,  isso  somente  teria  efeito  sobre  o  lançamento  de  crédito  tributário  relativo  ao  anocalendário 2001.     A  exclusão  do  Simples  foi  formalizada  em  5/11/2004,  retroagindo  seus  efeitos a 1º/01/1997.    A  defesa  apontou  a  falta  de  motivação  do  ato  de  exclusão  do  Simples  como razão para que  fosse declarado nulo. Alegou,  também que a exclusão somente poderia  alcançar fatos supervenientes. Em razões adicionais apresentadas após a anulação pelo Carf da  decisão  desta 5ª  Turma,  a  contribuinte  repetiu  tais  argumentos,  acrescentando que  o  ato  não  poderá ser convalidado, pois nunca fez referência ao auto de infração. Não poderia o julgador  legitimar ato que nasceu sem motivação. Não há base legal para a pretensão de que a exclusão  do Simples somente opere efeitos a contar da edição do ato. Há norma expressa determinando  que os efeitos da exclusão se operam a contar da ocorrência de prática reiterada de infração à  legislação tributária. Reproduzo o art. 14, V do art. 14 da Lei nº 9.317/1996:    Art. 14. A exclusão darseá de ofício quando a pessoa  jurídica  incorrer  em quaisquer das seguintes hipóteses:  [...]  V prática reiterada de infração à legislação tributária;  [...]  Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 13  e 14 surtirá efeito:  [...]  V  a  partir,  inclusive,  do  mês  de  ocorrência  de  qualquer  dos  fatos  mencionados nos incisos II a VII do artigo anterior.  [...]    E nem poderia ser diferente. Caso não pudesse haver retroação dos efeitos  da  exclusão,  o  contribuinte  que  se  declarasse  indevidamente  na  sistemática  simplificada,  ou  aquele que fraudasse ou sonegasse de forma contumaz, seria beneficiado pela própria torpeza.     A contribuinte foi notificada da exclusão com o envio do ato declaratório  de  exclusão  e  da  notificação  de  fl.  2607/2608.  Consta  expressamente  desses  atos,  que  a  exclusão  decorre  da  prática  reiterada  de  infrações  à  legislação  tributária  e  foi  resultado  da  análise do processo nº 11080.002574/200428, originário do Serviço de Fiscalização – SEFIS,  da Delegacia da Receita Federal de Porto Alegre.     O  ato  de  exclusão  está  motivado  –  prática  reiterada  de  infrações  à  legislação  tributária  –  com  a  minuciosa  descrição  dos  fatos,  e  com  os  documentos  que  ampararam a decisão no processo administrativo correspondente referido no ato declaratório.    Consta do processo de exclusão, agora juntado ao presente por anexação, a  “Representação Fiscal para Fins de Exclusão do Simples” (fls. 2169/2231) onde o agente fiscal  explicita  minuciosamente  todas  as  razões  que  levaram  a  concluir  pela  prática  reiterada  de  infrações  à  legislação  tributária.  A  representação  traz  as  mesmas  razões  que  constam  no  relatório do trabalho fiscal no processo de exigência de IRPJ e demais tributos. A conclusão é a  que segue (fls. 2230/2231).    Fl. 9345DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11080.002570/2004­40  Acórdão n.º 1302­001.403  S1­C3T2  Fl. 69          15 A presente exclusão do SIMPLES tem efeitos a partir de janeiro de 1997  (data de opção pelo regime feita pelo BAR OPINIÃO), conforme preceitua o inciso V do art.  15 da Lei n° 9.317/96.    Além disso, em TODOS os anoscalendários fiscalizados (1997 a 2001), a  receita  bruta  (contabilizada  e  omitida)  do  BAR  OPINIÃO  foi  superior  ao  limite  de  R$  1.200.000,00 previsto pelo inciso II, do art. 2º da Lei n° 9.317/96 (alterado pelo art. 3 o da Lei  n° 9.732/98), o que, por si só, já ensejaria a exclusão com efeitos a partir de 1998, em face do  disposto no inciso II, do art. 15 do referido diploma legal.    A exclusão do BAR OPINIÃO do SIMPLES somente será relevante, para  fins de apuração do crédito  tributário objeto da presente ação  fiscal, no que diz  respeito ao  anocalendário  de  2001.”,  uma  vez  que  optou  pelo  regime  do  lucro  presumido  nos  anos­ calendário de 1997 a 2000.    A  prática  dessas  infrações  está  sendo  confirmada  nesse  voto,  quando  analiso o IRPJ e demais tributos.     Como  já  referido,  o  processo  estava  a  disposição  para  consulta,  como  constou na notificação à contribuinte, ou mesmo para cópia, faculdade que a autuada utilizou  no processo relativo às exigências tributárias, como se vê na solicitação de cópias de fl. 2072.    Mais ainda, com a anulação das decisões anteriores pelo Carf, novo prazo  foi  aberto  para  que  a  defesa  trouxesse  razões  adicionais  de  defesa  quanto  à  exclusão  do  Simples, e a contribuinte utilizou essa faculdade. O voto da relatora do Acórdão no Carf refere  as razões de exclusão constante da representação fiscal que a motivou. Assim, não há qualquer  plausibilidade  no  argumento  de  cerceamento  de  direito  de  defesa.  Não  havia  cerceamento  quando da segunda manifestação de inconformidade, em 2012.    O  argumento  de  que  o  ato  administrativo  da  exclusão  deveria  ter  feito  referência  ao  auto  de  infração,  se  é  isso  o  motivo  determinante  da  exclusão  é  capcioso.  A  exclusão do Simples se deu em função da [gritante] prática de infrações à legislação tributária e  assim está referido na notificação enviada à empresa. As infrações estão sobejamente descritas  no processo. Então, a exclusão não decorre dos autos de infração. A exclusão do Simples e os  autos  de  infração  decorrem,  como  diz  o  autuante,  dos  ardilosos  artifícios  para  suprimir  ou  reduzir tributos, da existência de escrituração contábil fraudenta e do auferimento de receitas  superiores ao limite para enquadramento na sistemática simplificada.     Em  resumo,  a  notificação  e  o  ato  declaratório  expedidos  cumpriram  o  papel de  informar à empresa (1) a existência do procedimento administrativo de exclusão do  Simples, (2) a emissão do ato de exclusão; e (3) a possibilidade de defesa e de consulta/cópia  dos autos do processo. Com a nulidade das decisões anteriores, novo prazo de defesa foi aberto  e utilizado pela contribuinte de forma que foi oportunizada ampla defesa.    A empresa  tinha, portanto, perfeitas condições de, querendo, defender­se  quanto ao mérito da exclusão.    Diante  do  exposto,  voto  por  negar  provimento  aos  recursos  de  ofício  e  voluntário.   Fl. 9346DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR     16 (assinado digitalmente)  Guilherme Pollastri Gomes da Silva Relator                                   Fl. 9347DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por ALBER TO PINTO SOUZA JUNIOR

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Numero do processo: 11080.006634/2009-96
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri May 30 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2006, 2007, 2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALEGAÇÃO OBSCURIDADE EM FACE DE SUPOSTO LAPSO CONTIDO NO ACÓRDÃO. NÃO CONHECIMENTO. Não é de se conhecer dos embargos quanto a alegada obscuridade não ficar evidenciada no acórdão recorrido. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALEGAÇÃO OBSCURIDADE NO TOCANTE À EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO. AUSÊNCIA NO DISPOSITIVO DO ACÓRDÃO DA EXPRESSÃO “SEM O RESTABELECIMENTO DA MULTA DE MORA”. Verificada a ausência no dispositivo do acórdão da expressão “sem o restabelecimento da multa de mora”, é de se retificar os fundamentos do acórdão recorrido, neste particular, para fins de sanar essa falha. Embargos acolhidos parcialmente, sem efeitos infringentes.
Numero da decisão: 2802-002.911
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos ACOLHER EM PARTE os embargos de declaração, nos termos do voto do relator, para complementar os fundamentos constantes do acórdão 2802-02.586, de 19 de novembro de 2013, passando o dispositivo da decisão nele expresso a figurar nos seguintes termos: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir a multa de ofício, sem o restabelecimento da multa de mora, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente, momentaneamente, a conselheira Julianna Bandeira Toscano.
Nome do relator: JACI DE ASSIS JUNIOR

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/05/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO     2 Jorge Cláudio Duarte Cardoso ­ Presidente.     (assinado digitalmente)  Jaci de Assis Junior ­ Relator.  Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte  Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie  Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente, momentaneamente, a conselheira  Julianna Bandeira Toscano.  Relatório  Cientificada  do  Acórdão  nº  2802­002.586,  desta  2ª  Turma  Especial,  da  2ª  Câmara,  da  2ª  Seção  do  CARF,  em  17/12/2013,  fls.  613,  o  Interessado  opôs  embargos  de  declaração,  em  20/12/2013,  fls.  616  a  624,  nos  quais  alega  o  Embargante  a  existência  de  obscuridade e contradição entre o fundamento jurídico e a fundamentação do acórdão no que  tange à isenção, e também no tocante à multa exonerada pelo acórdão recorrido  Em  relação  ao  primeiro  ponto,  transcreve  o  seguinte  trecho  do  voto  do  acórdão recorrido:  “Em  outras  palavras,  o  beneficiário  dos  serviços  não  seria  a  Fundação Médica do RGS, entidade que concedeu a bolsa, mas  sim  a  UFSM,  e  logo  o  resultado  não  se  daria  em  proveito  o  doador.”  Segundo o embargante,“(...)  verifica­se um pequeno  lapso na motivação do  acórdão, pois identifica a UFSM como beneficiária, quando ela nem sequer está envolvida na  relação jurídica”  Nesse  aspecto,  esclarece  o  Embargante  que  “As  partes  envolvidas  são  o  HCPA, a FMRS e a UFRSR”.  Diante  disso,  entende  que  a  fundamentação  utilizada  no  acórdão  recorrido  ocasionou duas possíveis interpretações:  “8.  A  primeira  interpretação  possível  é  a  de  que  o HCPA  é  o  verdadeiro doador das bolsas de estudo, e, desse modo, estar­se­ ia  ignorando  a  estrutura  utilizada,  na  qual  existem  duas  relações, uma entre o HCPA e a FMRS e outra entre a UFRGS e  o HCPA. Ainda estar­se­ia  inovando na descrição dos  fatos do  auto  de  infração  –  que  põe  a  FMRS  enquanto  beneficiária  e  doadora – o que tornaria a decisão nula.  9. Ainda nesse ponto, é obscura a decisão, pois ao descrever que  as bolsas derivam das entidades que se beneficiam diretamente  dos  serviços,  não  identifica  qual  o  benefício  que  adviria  para  essas entidades.  10. A  segunda  interpretação não é mais  exitosa,  pois  levaria a  entender que o HCPA é uma  interposta pessoa. Tal argumento  não se sustenta, pois interposta pessoa é pessoa posta entre duas  Fl. 634DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/05/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.006634/2009­96  Acórdão n.º 2802­002.911  S2­TE02  Fl. 634          3 outras em uma relação, e (...) o HCPA não é pessoa  interposta  na  relação  de  pagamento  de  bolsa,  que  é  relevante  à  determinação da incidência ou não de IRPF.”  No tocante ao segundo ponto embargado, alega “a Autoridade Administrativa  incorreu em erro material, causada por interpretação incompreensível do contudo da decisão,  diante da clareza solar do dispositivo do acórdão”.  Nesse  aspecto,  aduz  que,  apesar  de  o  acórdão  haver  claramente  excluída  a  multa  de  ofício,  sem  substituí­la  por  qualquer  outra,  bem  como  haver  sido  corretamente  executada  essa  decisão  no  sistema  SIEF,  fls.  538,  os  DARF  emitidos  para  o  pagamento  do  crédito tributário remanescente discriminam parcela relativa à multa de mora no montante de  20% (vinte por cento).  Requer  o  conhecimento  e  o  acolhimento  dos  embargos  de  declaração  para  que sejam esclarecidas as obscuridades/contradições apontadas, com a determinação de efeitos  infringentes  para  o  cancelamento  do  auto  de  infração  e,  alternativamente,  seja  esclarecido  o  ponto  e  a  ordenação  do DARF  a  ser  encaminhado  ao  recorrente.  Finalmente,  requer  que  as  intimações sejam realizadas em nome dos procuradores em seu endereço profissional.  Analisando  os  termos  nos  quais  os  embargos  foram  propostos,  fls.  630,  a  relatora do voto do acórdão recorrido concluiu pela admissão dos embargos afirmando que “De  fato houve um erro material no acórdão embargado”.  Considerando essa conclusão, o Presidente desta 2ª Turma Especial submeteu  os embargos à apreciação deste Colegiado e, tendo em vista que a relatora do acórdão recorrido  não mais  integra esta  turma de  julgamento, designou este Conselheiro como Relator ad hoc,  nos termos do §7º do art. 49, do Anexo II do Regimento Interno do CARF.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Jaci de Assis Junior, Relator  Os  embargos  de  declaração  foram  opostos  tempestivamente.  Contudo,  é  necessário  examinar  sua  admissibilidade em  face de  cada um dos  fundamentos  apresentados  pelo recorrente e indicados no relatório supra.  Nesse sentido, analisando o acórdão recorrido, do primeiro ponto contestado  pelo  embargante,  observa­se,  inicialmente,  que  o  próprio  embargante  afirma  que  se  verifica  “um pequeno lapso na motivação do acórdão, pois identifica a UFSM como beneficiária”.   Também,  conforme  destacou  o  próprio  embargante,  a  parte  do  voto  que  conteria  o  mencionado  lapso  está  relacionada  justamente  à  decisão  judicial  mencionada  no  recurso voluntário da qual se extraiu a “ratio decidendi”, conforme a seguir se  transcreve do  voto proferido pela relatora do acórdão embargado:  “Quanto  à  esfera  judicial,  de  fato  o  recorrente  demonstra  a  existência  de  diversas  decisões  da  Justiça  Federal  de  Santa  Fl. 635DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/05/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO     4 Maria/RS que consideraram bolsas de estudo semelhantes como  isentas.  Salvo  melhor  juízo,  um  dos  principais  fundamentos  desses  julgados  é  que  não  houve  produção  de  vantagens  para  a  fundação que concedeu as bolsas, a não ser pela consecução de  seus objetivos estatutários.  Em  outras  palavras,  o  beneficiário  dos  serviços  não  seria  a  Fundação Médica do RGS, entidade que concedeu a bolsa, mas  sim  a  UFSM,  e  logo  o  resultado  não  se  daria  em  proveito  o  doador.  Com  todo  respeito  que  o  argumento merece,  penso  que  não  se  sustenta a uma análise mais aprofundada.  A  uma,  porque  os  recursos  que  financiaram  as  bolsas  derivam  das entidades que se beneficiaram diretamente com os serviços.  E  a  duas,  porque  o  art.  6º  do  Decreto  n°  5.204,  de  2004,  determina  que  os  resultados  das  bolsas  de  ensino,  pesquisa  e  extensão  não  revertam  economicamente  para  o  doador  ou  pessoa interposta.  Se  o  argumento  fosse  correto,  estaria  aberta  uma  verdadeira  avenida  para  a  supressão  de  tributos  sobre  verbas  remuneratórias, bastando repassar os valores a serem pagos.”  Percebe­se,  pois,  que  a  relatora  do  voto  ao  mencionar  a  UFSM  o  faz  no  contexto da analise das decisões  judiciais proferidas pela Justiça Federal de Santa Maria/RS,  que  haviam  sido  mencionadas  pelo  próprio  contribuinte  em  seu  recurso  voluntário.  Daí  nenhuma razão ao embargante nesse particular.  Portanto,  em  face  da  inexistência  de  obscuridade  e  tampouco  contradição  relacionada  à  citação  da UFSM, não  há  como  conferir  interpretação  diferente  da  exposta  no  voto condutor do acórdão embargado.  Nesse  aspecto,  sobressai  do  conteúdo  expresso  nos  embargos  apresentados  pelo contribuinte que, na verdade, sua intenção é provocar a rediscussão do mérito da questão  já  devidamente  enfrentada  pelo  acórdão  recorrido,  o  que  é  defeso  em  sede  de  embargos  de  declaração, razão pela qual os embargos devem ser rejeitados neste particular.  Contudo,  o  mesmo  não  se  dá  com  relação  ao  fundamento  da  suposta  obscuridade no tocante à multa.  Nesse  caso,  entendo  que  a  falta  da  indicação  da  expressão  “sem  o  restabelecimento da multa de mora”, tanto na conclusão do voto como no corpo do dispositivo  do acórdão, possa ter provocado, por parte da autoridade preparadora, a emissão dos DARF de  fls. 611/612, com o acréscimo da referida multa de mora.  Esse  procedimento  se  deve  ao  fato  de,  tal  como  tem  entendido  esse  Colegiado,  a  exemplo  do Acórdão  nº  2802­001.028,  julgado  em  27  de  setembro  de  2011,  a  exclusão da multa de ofício não implica em exigir a multa de mora, pois exigir a multa de mora  nessa circunstância seria inovar o lançamento o que seria vedado nessa fase recursal.  Fl. 636DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/05/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11080.006634/2009­96  Acórdão n.º 2802­002.911  S2­TE02  Fl. 635          5 Sendo  assim,  em  relação  a  esse  último  ponto  embargado,  os  embargos  de  declaração  devem  se  acolhidos  para  que  o  dispositivo  do Acórdão  nº  2802­002.586  passe  a  figurar nos seguintes termos:  “Acordam os membros  do  colegiado,por  unanimidade  de  votos  DAR  PROVIMENTO  PARCIAL  ao  recurso  voluntário  para  excluir  a  multa  de  ofício,  sem  o  restabelecimento  da multa  de  mora, nos termos do voto do relator.”  Finalmente,  indefere­se  o  pedido  no  sentido  de  que  as  intimações  sejam  efetuadas em nome dos advogados, pois o Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, art. 23,  II,  com  a  redação  que  lhe  foi  dada  pela  Lei  nº  9.532,  de  10  de  dezembro  de  1997,  art.  67,  determina que elas sejam feitas por via postal, ou qualquer outra com prova de recebimento, e  endereçadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo.  Diante  do  exposto  voto  por  acolher  em  parte  os  embargos,  para  complementar os  fundamentos  constantes do o  acórdão 2802­02.586, de 19 de novembro de  2013,  passando  o  dispositivo  da  decisão  nele  expresso  a  figurar  nos  seguintes  termos:  “Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos  DAR  PROVIMENTO  PARCIAL  ao  recurso  voluntário  para  excluir  a  multa  de  ofício,  sem  o  restabelecimento  da  multa de mora, nos termos do voto do relator”.  (assinado digitalmente)  Jaci de Assis Junior                                Fl. 637DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 21/05/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO

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5550052 #
Numero do processo: 10830.013341/2009-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Aug 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 CRÉDITOS RELATIVOS A INSUMOS ISENTOS. O Princípio da não cumulatividade do IPI é implementado pelo sistema de compensação do débito ocorrido na saída de produtos do estabelecimento do contribuinte com o crédito relativo ao imposto que fora cobrado na operação anterior referente à entrada de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Não havendo exação de IPI nas aquisições desses insumos, em razão dos mesmos serem isentos, não há valor algum a ser creditado. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS ADQUIRIDOS DA AMAZÔNIA OCIDENTAL. CONDIÇÃO. Somente dá direito ao crédito presumido do IPI nas aquisições feitas na Amazônia Ocidental, cujos produtos atendam aos requisitos do art. 175 do RIPI/2002. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-002.448
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA – Presidente e Relator. EDITADO EM: 01/03/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes, Gileno Gurjão Barreto e Mara Cristina Sifuentes.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10830.013341/2009­72  Acórdão n.º 3302­002.448  S3­C3T2  Fl. 3          2 EDITADO EM: 01/03/2014  Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva,  Fabiola  Cassiano  Keramidas,  Maria  da  Conceição  Arnaldo  Jacó,  Alexandre  Gomes,  Gileno  Gurjão Barreto e Mara Cristina Sifuentes.    Relatório  Contra  a  empresa  recorrente  foi  lavrado  auto  de  infração  para  exigir  o  pagamento  de  IPI,  relativo  a  fatos  geradores  ocorridos  entre  janeiro/2005  e  dezembro/2008,  tendo em vista os fatos abaixo sinteticamente narrados.  A empresa AMBEV, no período acima indicado, recolheu a menor o imposto  em  virtude  da  utilização  de  créditos  básicos  indevidos  alusivos  à  aquisição  de  insumos  da  Amazônia  Ocidental  em  desacordo  com  a  isenção  prevista  no  RIPI/2002,  art.  82,  III.  Vale  dizer,  créditos preconizados pelo RIPI/2002, art. 175,  relativos a produtos  isentos adquiridos  para  emprego  no  processo  industrial,  mas  não  elaborados  com  matérias  primas  agrícolas  e  extrativas  vegetais,  exclusive  as  de  origem  pecuária,  de  produção  regional  por  estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental e sem projetos aprovados pelo  Conselho de Administração da SUFRAMA.  Houve  a  aquisição  de  insumos  (principalmente,  latas  de  alumínio,  tampas  para  latas  de  alumínio,  xarope  de  alta  maltose,  garrafas  "Pet",  malte,  garrafas  de  vidro,  kit  "Gatorade", rolha metálica para cerveja, tampa plástica "Gatorade" e açúcar cristal, conforme o  demonstrativo de fls. 58/122) dos seguintes fornecedores: Pepsi­Cola  Industrial da Amazônia  Ltda.(CNPJ 02.726.752/0001­60); Arosuco Aromas e Sucos Ltda. (CNPJ 03.134.910/0001­55  e 03.134.910/0002­36); Crown Embalagens da Amazônia Ltda.  (CNPJ 04.763.786/0001­50);  Crown Embalagens Metálicas da Amazônia Ltda. (CNPJ 33.174.335/0001­85); Crown Tampas  da Amazônia S/A (CNPJ 04.569.809/0001­90); Valfilm Amazônia Indústria e Comércio Ltda.  (CNPJ  03.071.894/0001­07);  e  Ravibrás  Embalagens  da  Amazônia  Ltda.  (CNPJ  08.658.519/0001­73).  Inconformada  com  a  autuação  a  empresa  interessada  impugnou  o  lançamento,  cujos  fundamentos  da  contestação  foram  resumidos  pela  decisão  recorrida  nos  seguintes termos:  a)  primeiramente,  independentemente  da  isenção  ou  não  relativa  à  procedência da Zona Franca de Manaus, há o direito ao crédito em virtude do princípio da não­ cumulatividade do IPI, verdadeira cláusula pétrea na Constituição Federal (art. 153, IV), tendo  sido  utilizado  o  verbo  "será",  e  não  o  vocábulo  "poderá  ser"  concernente  ao  princípio  da  seletividade em função da essencialidade do produto; a restrição quanto ao direito ao crédito na  isenção existe somente em relação ao ICMS (art. 155, II, § 2°, II, "a" e "b"); a isenção é causa  de exclusão do crédito tributário, preservada a ocorrência do fato gerador e a plena incidência  do tributo por força de lei, tudo conforme doutrina e jurisprudência (notadamente o julgamento  do RE n° 212.484­2);  b) a impugnante tem direito ao crédito presumido na aquisição dos produtos  da Zona Franca de Manaus em virtude da previsão legal (princípio da legalidade), conforme o  Fl. 2155DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10830.013341/2009­72  Acórdão n.º 3302­002.448  S3­C3T2  Fl. 4          3 Decreto­lei n° 1.435, de 1975, art. 6°, que havia alterado o Decreto­lei n° 288, de 1967, que  instituíra a ZFM; uma leitura desatenta da legislação implicaria que o direito ao crédito seria  somente  em  relação  a  "produtos  elaborados  com matérias­primas  agrícolas  e  extrativas  de  produção  regional  (...)",  mas  o  crédito  presumido  de  todos  os  produtos  industrializados  oriundos da ZFM tem prescrição legal na Lei n° 8.387/1991, sob pena de anulação da lógica  econômica  dos  incentivos  criados;  quanto  à  possibilidade  de  aproveitamento  do  crédito  de  produtos isentos fabricados na ZFM não houve mudança de entendimento pelo STF, e por isso  a autuação deve ser anulada;  c)  representa uma violação do princípio da  isonomia ou  igualdade (CF, art.  150, II) a interpretação fiscal de que apenas empresas adquirentes de alguns tipos de produtos  oriundos da ZFM (elaborados com matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção  regional) teriam o direito ao crédito, já que a Amazônia Ocidental fornece uma vasta gama de  produtos (agricultura, extrativismo, pecuária e mineração) e o fundamento do benefício fiscal é  o  desenvolvimento  da  Região  Norte,  sendo  cabível,  portanto,  o  cancelamento  do  auto  de  infração;  d) por fim, dado o acerto pleno da impugnação apresentada, requer que o auto  de infração seja julgado totalmente improcedente.  A 2a Turma de Julgamento da DRJ em Ribeirão Preto ­ SP julgou procedente  o  lançamento,  nos  termos  do  Acórdão  no  14­28.167,  de  24/03/2010,  cuja  ementa  abaixo  se  transcreve.  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  PRODUTOS  INDUSTRIALIZADOS – IPI  Período  de  apuração:  01/01/2005  a  28/02/2005,  11/03/2005  a  31/03/2005, 11/04/2005 a 10/06/2005, 01/07/2005 a 10/10/2005,  21/10/2005 a 30/11/2005, 11/12/2005 a 20/05/2006, 01/06/2006  a  31/08/2006,  11/09/2006  a  20/09/2006,  01/10/2006  a  31/12/2008   GLOSA DE CRÉDITOS. PRODUTOS ISENTOS ADQUIRIDOS  DA  AMAZÔNIA  OCIDENTAL.  DESCUMPRIMENTO  DE  REQUISITOS.  São  insuscetíveis  de  apropriação  na  escrita  fiscal  os  créditos  concernentes  a  produtos  isentos  adquiridos  para  emprego  no  processo  industrial,  mas  não  elaborados  com  matérias  primas  agrícolas e extrativas vegetais, exclusive as de origem pecuária,  de  produção  regional  por  estabelecimentos  industriais  localizados  na  Amazônia  Ocidental  e  sem  projetos  aprovados  pelo Conselho de Administração da SUFRAMA.  INSUMOS  DESONERADOS.  CRÉDITOS  FICTÍCIOS.  APROVEITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.  Somente  são  passíveis  de  aproveitamento  na  escrita  fiscal  do  sujeito passivo os créditos concernentes a insumos onerados pelo  imposto  e  admitidos  segundo  o  entendimento  albergado  na  legislação tributária.  Fl. 2156DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10830.013341/2009­72  Acórdão n.º 3302­002.448  S3­C3T2  Fl. 5          4 Ciente desta decisão em 07/06/2010 (conforme AR), a interessada ingressou,  no  dia  07/07/2010,  com Recurso Voluntário,  no  qual  renova  os  argumentos  da  impugnação,  resumidos acima.  A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou suas contra­razões para, em  síntese, defender a legitimidade do lançamento em face do decido pelo STF no RE nº 566.819  (repercussão geral), que assentou o entendimento de que, se não há incidência do imposto na  fase  anterior,  como  consectário  lógico,  jamais  se  poderia  pleitear  o  creditamento  na  fase  seguinte e, ainda, para defender que a particularidade objeto do RE nº 592.891 (também com  repercussão geral reconhecida pelo STF), em nada afeta o lançamento porque a peculiaridade  do direito  ao  creditamento de  insumos  isentos  adquiridos da ZFM e da Amazônia Ocidental  não é absoluto porque:  Para  fazer  jus  ao  creditamento,  a  legislação  exige  o  cumprimento de alguns requisitos, quais sejam, que os insumos  sejam  elaborados  com  matérias  primas  agrícolas  e  extrativas  vegetais  de  produção  regional  e  estabelecimentos  industriais  localizados na Amazônia Ocidental,  cujos projetos  tenham sido  aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, e que  tais  insumos  tenham  sido  empregados  como  matéria­prima  (MP),  produto  intermediário  (PI)  ou  material  de  embalagens  (ME)  no  processo  produtivo  da  empresa.  Essa  á  a  única  hipótese  legalmente  admitida,  para  o  creditamento  do  IPI  em  face  da  aquisição  de  insumos  isentos.  Quaisquer  outras  situações  que  se  afastem  das  condições  estabelecidas  no  referido art. 175 do RIPI/2002 não dão ensejo à escrituração de  créditos de IPI.  Na forma regimental, o Recurso Voluntário foi distribuído para relatar e, por  força  da  determinação  contida  no  art.  62­A,  §§  1º  e  2º,  do  Regimento  Interno  do  CARF  (Portaria MF nº  256/09),  o  seu  julgamento  foi  sobrestado,  nos  termos  do Despacho S/N,  de  26/07/2013. Com a  revogação  do  referido  dispositivo  regimental  (Portaria MF nº  545/13),  o  Recurso Voluntário foi sorteado para relatar e, agora, volta à pauta de julgamento.  É o Relatório.    Voto             Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator.    O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais dispositivos legais e  regimentais e, portanto, dele se conhece.  Como  relatado,  o  Auto  de  Infração  foi  lavrado  em  razão  de  a  empresa  Recorrente  ter  escriturado  e  utilizado  crédito  ficto  de  IPI,  calculado  sobre  o  valor  das  aquisições de latas de alumínio, tampas para latas de alumínio, xarope de alta maltose, garrafas  "Pet",  malte,  garrafas  de  vidro,  kit  "Gatorade",  rolha  metálica  para  cerveja,  tampa  plástica  Fl. 2157DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10830.013341/2009­72  Acórdão n.º 3302­002.448  S3­C3T2  Fl. 6          5 "Gatorade" e açúcar cristal, todos adquiridos da Amazônia Oriental e com isenção do IPI, tudo  em desacordo com o previsto no RIPI/2002, art. 82, III.  Em sua defesa, a empresa Recorrente alega a legitimidade da escrituração e  utilização do crédito ficto em razão da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e  por ser os insumos oriundos da Amazônia Ocidental.  Sem razão a Recorrente.  Sobre o direito,  em  tese, de creditamento do  IPI nas aquisições de  insumos  isentos, o STF pacificou o entendimento de que tais aquisições não geram direito a crédito (RE  nº 566.819  ­ Repercussão Geral) e  tal decisão é de aplicação obrigatória por parte do CARF  (art. 62­A do Regimento Interno do CARF).  O acórdão do julgamento do RE nº 566.819 tem a seguinte ementa:  IPI ­ CRÉDITO. A regra constitucional direciona ao crédito do  valor cobrado na operação anterior.  IPI ­ CRÉDITO ­ INSUMO ISENTO. Em decorrência do sistema  tributário constitucional, o  instituto da isenção não gera, por si  só, direito a crédito.  IPI  ­  CRÉDITO  ­  DIFERENÇA  ­INSUMO  ­  ALÍQUOTA.  A  prática de alíquota menor ­ para alguns, passível de ser rotulada  como isenção parcial ­ não gera o direito a diferença de crédito,  considerada a do produto final.  Quanto ao fato de os produtos serem oriundos da Amazônia Ocidental, para  ter  direito  ao  crédito  ficto,  na  forma  da  legislação  que  fundou  o  lançamento,  os  insumos  precisam  ser  elaborados  com  matérias­primas  agrícolas  e  extrativas  vegetais  de  produção  regional  por  estabelecimentos  industriais  localizados  na Amazônia Ocidental,  cujos  projetos  tenham  sido  aprovados  pelo Conselho  de Administração  da SUFRAMA,  e que  tais  insumos  tenham sido empregados como matéria­prima (MP), produto intermediário (PI) ou material de  embalagens (ME) no processo produtivo da empresa.  Por  evidente,  os  produtos  adquiridos  com  isenção  de  IPI  pela  Recorrente  (latas de alumínio, tampas para latas de alumínio, xarope de alta maltose, garrafas "Pet", malte,  garrafas  de  vidro,  kit  "Gatorade",  rolha  metálica  para  cerveja,  tampa  plástica  "Gatorade"  e  açúcar cristal) não elaborados com matérias­primas agrícolas e extrativas vegetais de produção  regional, como exige a legislação de regência. Em assim sendo, tais insumos não atendem aos  requisitos do art. 175 do RIPI/2002 para a fruição do crédito presumido.  Mais ainda, os fabricantes dos produtos adquiridos pela Recorrente, objeto da  glosa,  não  possuem  projetos  aprovados  pela  SUFRAMA,  outro  requisitos  legal  para  a  escrituração e fruição de crédito presumido do IPI.  Quantos às demais alegações da Recorrente, adoto os fundamentos da decisão  recorrida, conforme autoriza o § 1º, do art. 50, da Lei nº 9.784/19991.                                                              1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:  [. . .]  Fl. 2158DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10830.013341/2009­72  Acórdão n.º 3302­002.448  S3­C3T2  Fl. 7          6 Isto  posto,  conduzo meu  voto  no  sentido  de  negar  provimento  ao  Recurso  Voluntário.    WALBER JOSÉ DA SILVA ­ Relator                                                                                                                                                                                           § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de  anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.                              Fl. 2159DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA

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Numero do processo: 10073.721732/2012-89
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jul 31 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. Somente não integra o salário-de-contribuição a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. GFIP. OMISSÕES. MULTA. Sujeita-se a multa o contribuinte que apresenta GFIP com omissões.
Numero da decisão: 2403-002.440
Decisão: Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Marcelo Freitas de Souza Costa, Ivacir Julio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI

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decisao_txt : Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Marcelo Freitas de Souza Costa, Ivacir Julio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro.

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1382; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T3  Fl. 2          1 1  S2­C4T3  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10073.721732/2012­89  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2403­002.440  –  4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária   Sessão de  18 de fevereiro de 2014  Matéria  CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS  Recorrente  VIAÇÃO SANTO ANTONIO E TURISMO LTDA. EPP  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008  PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS.   Somente  não  integra  o  salário­de­contribuição  a  participação  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa,  quando  paga  ou  creditada  de  acordo  com  lei  específica.   GFIP. OMISSÕES. MULTA.  Sujeita­se a multa o contribuinte que apresenta GFIP com omissões.      Recurso Voluntário Negado    Crédito Tributário Mantido      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  ACORDAM  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  negar  provimento ao recurso.    Carlos Alberto Mees Stringari   Presidente e Relator     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 17 32 /2 01 2- 89 Fl. 186DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI   2   Participaram do  presente  julgamento,  os Conselheiros Carlos Alberto Mees  Stringari (Presidente), Marcelo Freitas de Souza Costa, Ivacir Julio de Souza, Maria Anselma  Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro.  Fl. 187DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10073.721732/2012­89  Acórdão n.º 2403­002.440  S2­C4T3  Fl. 3          3   Relatório  Trata­se  de  recurso  voluntário  apresentado  contra Decisão  da Delegacia  da  Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I, Acórdão 12­55.850  da 10ª Turma, que julgou a impugnação improcedente, conforme ementa abaixo transcrita.    LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DESCUMPRIMENTO.  Constitui  infração  a  apresentação  de  GFIP  com  dados  não  correspondentes  a  todos  os  fatos  geradores  das  contribuições  previdenciárias.    O  lançamento  e  a  impugnação  foram  assim  relatadas  no  julgamento  de  primeira instância:    Trata­se de Auto de Infração ­ AI (DEBCAD 51.012.766­5 CFL  78) lavrado em 04/12/2012 contra a empresa acima identificada  no montante de R$ 5.500,00.  2.  Conforme  Relatório  Fiscal  da  Infração  e  da  Aplicação  da  Multa (fls.52/53):  2.1. Constatou­se que nas Guias de Recolhimento do Fundo de  Garantia  e  Informações  à  Previdência  Social  –  GFIP,  do  período  de  01/2008  a  11/2008,  não  foram  informadas  as  remunerações  pagas  a  título  de  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS;  2.2. Tal conduta constituiu  infração ao artigo 32,  inciso  IV, da  Lei  nº  8.212/1991,  acrescentado  pela  Lei  nº  9.528/1997  e  redação  da  MP  nº  449,  de  04/12/2008,  (convertida  na  Lei  nº  11.941, de 27/05/2009);  2.3. A multa aplicada foi apurada conforme previsto no artigo  32­A,  “caput”,  inciso  II  e  §  2º,  da  Lei  nº  8.212/1991,  com  redação dada pela MP 449/2008.  DA IMPUGNAÇÃO   3. A interessada interpôs impugnação às fls. 110/129, alegando  em suma:  3.1. a tempestividade da impugnação;  3.2.  que  o  Auditor  considerou  fatos  geradores  de  contribuição  social  a  participação  nos  Lucros  e  Resultados  da  Empresa,  Fl. 188DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI   4 indenização  pecuniária  e  o  13º  salário  sobre  aviso  prévio  indenizado, não declarados em GFIP;  3.3. relativamente às parcelas pagas a título de Participação nos  Lucros  e  Resultados,  sustenta  que  o  pagamento  de  PLR  está  amparado pela Lei nº 10.101/2000;  3.4. a seguir tenta fazer um histórico, defendendo a tese de que a  norma insculpida na CFRB/88 para a concessão da participação  nos  lucros  e  resultados  claramente  desvincula  a  PLR  da  remuneração do empregado;  3.5.  remete  ao  §  2º  do  art.  3º  da  Lei  n°  10.101/2000  que  determina  que  é  vedado o  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  participação  de  lucros  em  periodicidade  inferior a 6 meses, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil;  3.6. afirma que a fiscalização aponta o pagamento mensal como  elemento que descaracteriza o pagamento das verbas como PLR,  no  entanto,  alega  que  o  art.  4º  da  Lei  nº  10.101/2000  prevê  a  possibilidade  de  alteração  na  periodicidade  do  pagamento  da  PLR e, que a periodicidade não serve para qualificar a verba;  3.7. que a Lei foi respeitada na sua proposição, não podendo os  aludidos  pagamentos  serem  considerados  salário  de  contribuição;  3.8.  quanto  à  rubrica  INDENIZAÇÃO  PECUNIÁRIA  INTERVALO SUMPRIMIDO, o pagamento ocorre em função do  intervalo  alimentar  suprimido  em  parte,  determinado  pela  Convenção Coletiva da Classe, de caráter indenizatório;  3.9.  que  o  fracionamento  e  a  indenização  do  intervalo  para  repouso  ou  alimentação  foram  acordados  entre  sindicato  e  empresa,  aprovado  pela  Portaria  do Ministério  do  Trabalho  e  Emprego nº 42 de 28/03/2007;  3.10.  a  matéria  foi  submetida  a  análise  judicial,  tendo  sido  a  flexibilização de direitos reconhecida pelo Tribunal Superior do  Trabalho  –  TST,  no  processo  ROAA­  141515/2004­900­01­5,  portanto,  a  caracterização  do  pagamento  do  intervalo  intrajornada como indenização é matéria pacificada no TST;  3.11. no tocante ao 13º salário indenizado, alega a Impugnante  que  o  mesmo  resulta  da  projeção  de  1/12  (um  doze)  avos  do  aviso  prévio  pago pelo  empregador  quando decide  dispensar  o  empregado  sem  justa  causa  e  sem  o  cumprimento  do  aviso  prévio;  3.12.  que  apesar  do  Decreto  6727/2009  ter  revogado  a  alínea  “f”  do  inciso  V,  §  9º  do  art.  214  do  Decreto  3.048/99,  existe  reiterada  jurisprudência  dos  Tribunais  Superiores  e  Tribunais  Regionais Federais, declarando a ilegalidade da exação, vez que  não  se  trata  de  retribuição  ao  trabalho  prestado,  tampouco  compensação  por  tempo  à  disposição  do  empregador,  configurando­se  em  indenização  pelo  serviço  não  prestado,  restando  evidente  a  sua  natureza  não­salarial,  pois  não  há  salário  sem  trabalho  efetivamente  prestado,  pelo  que  o  débito  lançado dever ser considerado improcedente;  Fl. 189DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10073.721732/2012­89  Acórdão n.º 2403­002.440  S2­C4T3  Fl. 4          5 3.13.  ao  final,  requer,  seja  declarada  a  improcedência  do  processo  Administrativo  Fiscal  nº  10073.721732/2012­89  e  do  auto de infração nº 51.012.766­5.    Inconformada com a decisão, em 05/07/2012, a recorrente apresentou recurso  voluntário onde reapresenta as alegações da impugnação.    É o relatório.  Fl. 190DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI   6     Voto             Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, Relator    O recurso é tempestivo e por não haver óbice ao seu conhecimento, passo à  análise das questões pertinentes.    O  fisco  considerou,  para  esta  autuação,  exclusivamente  a  omissão  da  rubrica “Participação nos Lucros” e por essa razão as alegações da recorrente estranhas  ao lançamento não serão apreciadas.    A multa foi apurada conforme previsto no artigo 32­A, “caput”, inciso II  e § 2º, da Lei nº 8.212/1991,  com redação dada pela MP 449/2008. Conforme Relatório  Fiscal,  o  valor  corresponde  ao  valor  mínimo  definido  em  Lei,  isto  é  R$  500,00  por  competência.      PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS ­ PLR    A CF, nos termos do art. 7º, inciso XI, assegura aos empregados o direito à  participação  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa  desvinculada  da  remuneração,  quando  concedida de acordo com lei específica, é  , portanto, uma normas constitucionais de eficácia  limitada.   Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de  outros que visem à melhoria de sua condição social:  XI  ­  participação  nos  lucros,  ou  resultados,  desvinculada  da  remuneração,  e,  excepcionalmente,  participação  na  gestão  da  empresa, conforme definido em lei;    Como se denota do dispositivo constitucional transcrito, trata­se de norma de  eficácia  limitada,  cuja  produção  plena  de  efeitos  foi  condicionada  à  regulamentação  pelo  legislador infraconstitucional.  Nesse sentido, o entendimento do Supremo Tribunal Federal:  Fl. 191DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10073.721732/2012­89  Acórdão n.º 2403­002.440  S2­C4T3  Fl. 5          7 Participação  nos  lucros.  Art.  7°,  XI,  da  CF.  Necessidade  de  lei  para  o  exercício  desse  direito.  O  exercício  do  direito  assegurado  pelo  art.  7°,  XI,  da  CF  começa  com  a  edição  da  lei  prevista  no  dispositivo  para  regulamentá­lo,  diante  da  imperativa  necessidade  de  integração.  Com  isso,  possível  a  cobrança  das  contribuições  previdenciárias  até  a  data em que entrou em vigor a regulamentação do dispositivo.  (RE  398.284,  Rel.  Min.  Menezes  Direito,  julgamento  em  2392008, Primeira Turma, DJE de 19122008.)  No  mesmo  sentido:  RE  505.597AgR­AgR,  Rel.  Min.  Eros  Grau,  julgamento  em  1º­12­2009,  Segunda  Turma,  DJE  de  18­12­2009;  RE  393.764–AgR,  Rel.  Min.  Ellen  Gracie,  julgamento  em  25112008,  Segunda  Turma,  DJE  de  19­12­ 2008.    Em  atendimento  ao  comando  constitucional,  sobreveio  a  Lei  nº  10.101/2000, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados  da  empresa  e  que,  no  artigo  1º  dispõe  ser  a  Participação  nos  Lucros  e  Resultados  instrumento  de  integração  entre  o  capital  e  trabalho,  ou  seja,  é  importante  estratégia  para  atingir  motivação  e  produtividade  por  parte  dos  empregados,  lucro  para  as  empresas e melhores condições sociais.    Art.  1º  Esta  Lei  regula  a  participação  dos  trabalhadores  nos  lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração  entre  o  capital  e  o  trabalho  e  como  incentivo  à  produtividade,  nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição.    A Participação nos Lucros ou Resultados, na  forma concebida pela Lei  10.101/2000,  tem  caráter  notoriamente  condicional.  Sua  percepção  está  vinculada  ao  alcance de metas pelos empregados, estabelecidas por meio de negociação entre esses e o  empregador.  Como  ensina  Fabio  Campinho,  na  obra  Participação  nos  Lucros  ou  Resultados Subordinação e Gestão da Subjetividade, o pagamento de valor desatrelado do  alcance ou  cumprimento de metas nada contribui para a  integração  capital  e  trabalho,  configurando  juridicamente  salário  sendo  perfeitamente  admissível  que  nestes  casos  o  judiciário trabalhista considere o valor pago como parte integrante do complexo salarial.  A incerteza é intrínseca à PLR. Sem a fixação prévia de um percentual sobre os lucros ou  de  metas  a  serem  atingidas  não  pode  haver  participação.  Pelo  menos  não  segundo  os  ditames fixados pela Lei 10.101/2000. Este fator imponderável que faz com que o lucro a  ser atingido ao  final do exercício  contábil não seja previsível a não ser por estimativas,  que  faz  com  que  as  metas  possam  ou  não  ser  alcançadas,  é  o  que  torna  o  programa  condizente com os dispositivos legais. Portanto, parcela fixa, sem qualquer condicionante,  não é PLR. É juridicamente salário.  Fl. 192DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI   8     (...)  Ao  conceder  a  participação  sob  a  forma  de  um  “abono”  desvinculado de qualquer meta não produz qualquer motivação  adicional.  Trata­se  apenas  de  uma  mudança  de  rubrica.  A  parcela que anteriormente era considerada salarial para a não  ser  mais.  Fato  que  em  nada  contribui  para  a  “integração  do  trabalhador na vida da empresa”  (Lei nº 10.101/2000, art. 1º).  Em  verdade,  é  perfeitamente  admissível  que  nestes  casos  o  judiciário  trabalhista  considere  o  valor  pago  como  parte  integrante do complexo salarial. Afinal, a  incerteza é  intrínseca  a PLR. Sem a fixação prévia de um percentual sobre os lucros ou  de metas  a  serem  atingidas  não  pode  haver  participação.  Pelo  menos  não  segundo  os  ditames  fixados  pela  Lei  10.101/2000.  Este fator imponderável que faz com que o lucro a ser atingido  ao  final do exercício contábil não seja previsível a não ser por  estimativas (que não deixam de ser aproximações), que faz com  que  as  metas  possam  ou  não  ser  alcançadas,  é  o  que  torna  o  programa  condizente  com  os  dispositivos  legais.  Portanto,  parcela  fixa,  sem  qualquer  condicionante,  não  é  PLR.  É  juridicamente salário. (Editora LTR, São Paulo, 2009, p. 90.)     A Lei nº. 10.101, de 19/12/2000 ao estabelecer critérios,  estabelece uma  definição  para  “participação  nos  lucros  ou  resultados”,  logo,  se  de  acordo  com  a  Lei  10.101/2000  é  PLR  imune  à  tributação,  senão,  apesar  do  “nome”,  não  é  PLR  e  será  integralmente tributado.   Para que o segurado empregado tenha direito à PLR não há necessidade de  lucro  por  parte  da  empresa,  podendo  ser  paga  em  função  de  um  resultado.  O  resultado,  conforme  previsto  na  Lei  nº.  10.101/00,  é  um  resultado  que  se  baseia  em  regras  claras  e  objetivas de metas a serem alcançadas e que tem o intuito de incentivar a produtividade.  Para  a  participação  dos  empregados  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa, a Lei nº. 10.101/00 estabelece as seguintes condições:  a)  A  PLR  deve  ser  objeto  de  negociação  entre  a  empresa  e  seus  empregados,  mediante  um  dos  procedimentos  abaixo,  escolhidos  pelas  partes  de  comum  acordo:  ·  Comissão  escolhida  pelas  partes,  integrada,  também,  por  um  representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria;  ·  Convenção ou acordo coletivo.  b) Dos  instrumentos decorrentes da negociação, deverão constar  regras  claras  e  objetivas  quanto  à  fixação  dos  direitos  substantivos  da  participação  e  das  regras  adjetivas,  inclusive mecanismos de aferição das  informações pertinentes ao cumprimento  do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do  acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições:  ·  Índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa;  Fl. 193DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10073.721732/2012­89  Acórdão n.º 2403­002.440  S2­C4T3  Fl. 6          9 ·  Programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.  c) É  vedado  o  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  valores a  título de PLR em periodicidade  inferior a um semestre civil, ou mais de duas  vezes no mesmo ano civil.    Art.1oEsta  Lei  regula  a  participação  dos  trabalhadores  nos  lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração  entre  o  capital  e  o  trabalho  e  como  incentivo  à  produtividade,  nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição.  Art.2oA  participação  nos  lucros  ou  resultados  será  objeto  de  negociação entre  a  empresa  e  seus  empregados, mediante um  dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de  comum acordo:  I­comissão escolhida pelas partes,  integrada,  também, por um  representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria;  II­convenção ou acordo coletivo.  §1oDos  instrumentos  decorrentes  da  negociação  deverão  constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos  substantivos  da  participação  e  das  regras  adjetivas,  inclusive  mecanismos  de  aferição  das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado,  periodicidade  da  distribuição,  período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo  ser  considerados,  entre  outros,  os  seguintes  critérios  e  condições:  I­índices  de  produtividade,  qualidade  ou  lucratividade  da  empresa;  II­programas  de  metas,  resultados  e  prazos,  pactuados  previamente.  §2oO  instrumento  de  acordo  celebrado  será  arquivado  na  entidade sindical dos trabalhadores.  ...  Art.3oA  participação  de  que  trata  o  art.  2onão  substitui  ou  complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem  constitui  base  de  incidência  de  qualquer  encargo  trabalhista,  não se lhe aplicando o princípio da habitualidade.  §1oPara  efeito  de  apuração  do  lucro  real,  a  pessoa  jurídica  poderá  deduzir  como  despesa  operacional  as  participações  atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos  da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição.  §2oÉ  vedado  o  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  valores  a  título  de  participação  nos  lucros  ou  Fl. 194DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI   10 resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre  civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil.    A ausência de um desses requisitos é suficiente para desqualificação da  verba paga como PLR. Somente os valores pagos  com estrita obediência aos  comandos  previstos  na  Lei  nº  10.101/00  estão  fora  da  esfera  de  tributação  da  contribuição  previdenciária.  Nesse sentido, apresento jurisprudência do CARF e também do STJ:    CARF   ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÕES  SOCIAIS  PREVIDENCIÁRIAS  Período  de  apuração:  01/12/1997  a  31/12/2003  PREVIDENCIÁRIO  CUSTEIO  NOTIFICAÇÃO  FISCAL  DE  LANÇAMENTO  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS  PARCELA  INTEGRANTE  DO  SALÁRIO  DE  CONTRIBUIÇÃO  INCIDÊNCIA  DE  CONTRIBUIÇÕES  PREVIDENCIÁRIAS  DESCUMPRIMENTO DAS REGRAS DA LEI 10.101/2000. Uma  vez  estando  no  campo  de  incidência  das  contribuições  previdenciárias,  para  não  haver  incidência  é  mister  previsão  legal  nesse  sentido,  sob  pena  de  afronta  aos  princípios  da  legalidade  e  da  isonomia.  O  pagamento  de  participação  nos  lucros e resultados em desacordo com os dispositivos legais da  lei  10.101/00,  quais  sejam,  existência  de  acordo  prévio  ao  exercício,  bem  como  a  existência  de  regras  previamente  ajustadas, enseja a incidência de contribuições previdenciárias,  posto  a  não  aplicação  da  regra  do  art.  28,  §9º,  “j”  da  Lei  8.212/91.  CONTRIBUIÇÕES  PREVIDENCIÁRIAS.  DECADÊNCIA.  PRAZO  QÜINQÜENAL.  (...)NULIDADE.  CERCEAMENTO  DO  DIREITO  DE  DEFESA  E  DO  CONTRADITÓRIO.  INOCORRÊNCIA.(...).  RECURSO  VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. (Acórdão 240100545)    STJ  PROCESSUAL  CIVIL  E  TRIBUTÁRIO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS  OU  RESULTADOS. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA  À LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA.  1.  Embasado  o  acórdão  recorrido  também  em  fundamentação  infraconstitucional  autônoma  e  preenchidos  os  demais  pressupostos  de  admissibilidade,  deve  ser  conhecido  o  recurso  especial.  2. O gozo da isenção fiscal sobre os valores creditados a título  de  participação  nos  lucros  ou  resultados  pressupõe  a  observância  da  legislação  específica  regulamentadora,  como  dispõe a Lei 8.212/91.  Fl. 195DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10073.721732/2012­89  Acórdão n.º 2403­002.440  S2­C4T3  Fl. 7          11 3. Descumpridas as exigências legais, as quantias em comento  pagas pela empresa a seus empregados ostentam a natureza de  remuneração, passíveis, pois, de serem tributadas.  4.  Ambas  as  Turmas  do  STF  têm  decidido  que  é  legítima  a  incidência  da  contribuição  previdenciária  mesmo  no  período  anterior  à  regulamentação  do  art.  7º,  XI,  da  Constituição  Federal, atribuindo­lhe eficácia dita limitada, fato que não pode  ser desconsiderado por esta Corte.  5.  Recurso  especial  não  provido  (REsp  856160/PR,  Relatora  Ministra ELIANA CALMON, DJe 23/06/2009).    Conforme disposição expressa no art. 28, § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91,  nota­se  que  a  exclusão  da  parcela  de  participação  nos  lucros  na  composição  do  salário­de­ contribuição  está  condicionada  à  estrita  observância  da  lei  reguladora  do  dispositivo  constitucional. Essa  regulamentação  somente  ocorreu  com a  edição  da Medida Provisória  nº  794, de 29 de dezembro de 1994, reeditada sucessivas vezes e convertida na Lei nº 10.101, de  19 de dezembro de 2000, que veio regular o assunto em tela.     Art. 28. Entende­se por salário­de­contribuição:  § 9º Não integram o salário­de­contribuição:   j)  a participação nos  lucros ou  resultados da  empresa, quando  paga ou creditada de acordo com lei específica.     Conforme previsto  na  alínea  “j”  do  §  9o  do  art.  28  da Lei  n  º  8.212,  a  única  hipótese  para  que  a  participação  nos  lucros  e  resultados  não  sofra  incidência  de  contribuição  previdenciária  é  que  seja  paga  de  acordo  com  a  lei  específica,  isto  é,  se  enquadre no estabelecido na lei 10.101/2000.  Assim, onde o legislador dispôs de forma expressa, não pode o aplicador  da lei estender a interpretação.  Constatado o desrespeito à exigência  legal,  resulta descaracterizados os  pagamentos  como  sendo  PLR  e  passam  à  condição  de  pagamentos  com  natureza  remuneratória.    A recorrente questiona a tributação da PLR, afirma que os pagamentos  estão  amparados  pela  Lei  10.101/2000,  afirma  que  a  fiscalização  aponta  o  pagamento  mensal  como  elemento  que  descaracteriza  o  pagamento  das  verbas  como  PLR,  no  entanto, alega que o art. 4º da Lei nº 10.101/2000 prevê a possibilidade de alteração na  periodicidade do pagamento da PLR e, que a periodicidade não serve para qualificar a  verba; que a Lei foi respeitada na sua proposição, não podendo os aludidos pagamentos  serem considerados salário de contribuição.  Fl. 196DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI   12 A  fiscalização apresentou no Relatório Fiscal  que  verificou através das  folhas de pagamento que a empresa pagou aos segurados empregados, parcelas mensais a  título de participação nos  lucros no valor de R$ 10,00 e que  isso  caracteriza desacordo  com a Lei 10.101/2000.  Concordo com a fiscalização.                      CONCLUSÃO    Voto por negar provimento ao recurso.      Carlos Alberto Mees Stringari                                 Fl. 197DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 3 0/07/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI

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Numero do processo: 10850.908564/2011-04
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jul 21 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3801-000.656
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani – Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e José Luiz Feistauer de Oliveira.
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1329; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­TE01  Fl. 145          1 144  S3­TE01  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10850.908564/2011­04  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  3801­000.656  –  1ª Turma Especial  Data  27 de março de 2014  Assunto  Restituição  Recorrente  BRASLATEX INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BORRACHAS LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  converter  o  julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.   (assinado digitalmente)  Paulo Sérgio Celani – Presidente Substituto.  (assinado digitalmente)  Sidney Eduardo Stahl ­ Relator.  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros  Paulo  Sérgio  Celani,  Sidney  Eduardo  Stahl, Marcos Antonio Borges,  Jacques Mauricio  Ferreira Veloso  de Melo,  Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e José Luiz Feistauer de Oliveira.     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 50 .9 08 56 4/ 20 11 -0 4 Fl. 148DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 19/07/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 10850.908564/2011­04  Resolução nº  3801­000.656  S3­TE01  Fl. 146          2 Relatório   Trata o presente de Pedido de Restituição apresentado pelo contribuinte, com a  finalidade de  ter  restituído valores  supostamente  recolhidos  indevidamente,  no valor  total  de  R$ 2.757,53.  Devidamente  processado  o  pedido  de  restituição  do  contribuinte  foi  proferido  despacho  decisório  que  indeferiu  o  pedido  formulado  sob  a  justificativa  de  que  existe  um  débito confessado pelo contribuinte por meio de DCTF, no valor igual do recolhimento objeto  do pedido de restituição, inexistindo, portanto, crédito a ser restituído.  Intimado,  o  contribuinte  apresentou  Manifestação  de  Inconformidade  aonde  requereu a reunião do presente processo a outros por ele relacionados, justificando que tratam  da mesma matéria  e  possuem  os mesmos  fundamentos  e  em  sede  de  preliminar  alegou,  em  síntese,  que  não  foi  intimado para  prestar quaisquer  esclarecimentos  quanto  o  direito  ao  seu  crédito,  bem  como  que  a  fiscalização  não  teria  tomando  conhecimento  das  razões  que  justificassem o pedido de restituição.   No mérito aduziu que o crédito a que pretende a restituição fora indevidamente  recolhido  conforme  ficou  evidenciado  na  declaração  de  inconstitucionalidade  do  artigo  3º,  parágrafo 1º da Lei n.º 9.718/1998 pelo STF.  Em sede se  julgamento da Manifestação de  Inconformidade, a DRJ houve por  bem julgá­la improcedente nos termos da seguinte ementa:  “ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  FINANCIAMENTO  DA  SEGURIDADE SOCIAL ­ COFINS   Data do fato gerador: 28/02/2001   AMPLIAÇÃO  DA  BASE  DE  CÁLCULO.  INCONSTITUCIONALIDADE.  A  inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo da Cofins e  da Contribuição para o PIS/Pasep, reconhecida pelo Supremo Tribunal  Federal em recurso extraordinário, não gera efeitos erga omnes, sendo  incabível  sua  aplicação  a  contribuintes  que  não  façam  parte  da  respectiva ação.  ASSUNTO:  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL  Data  do  fato  gerador: 28/02/2001 PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO.  A  prova  documental  do  direito  creditório  deve  ser  apresentada  na  manifestação de inconformidade, precluindo o direito de o contribuinte  fazê­lo  em  outro  momento  processual  sem  que  se  verifiquem  as  exceções previstas em lei.   Manifestação de Inconformidade Improcedente   Direito Creditório Não Reconhecido”   Fl. 149DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 19/07/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 10850.908564/2011­04  Resolução nº  3801­000.656  S3­TE01  Fl. 147          3 Intimado  do  acórdão  proferido  pela  DRJ,  a  contribuinte  interpôs  Recurso  Voluntário,  juntando  nova  documentação  e  alegando,  além  dos  argumentos  de  sua  Impugnação, que  a DCTF não é o único meio de prova da existência do  crédito passível de  restituição, bem como que os artigos 165 do CTN e artigo 74 da Lei 9.430/96 não condicionam  o reconhecimento do crédito a quaisquer retificações de declarações.   Ademais, alega que os documentos apresentados em sua Impugnação (planilha  de  cálculo  e  livro diário  e os  respectivos  termos de  abertura  e  encerramento)  são  suficientes  para comprovar o seu crédito e que a DRF teria inovado no processo trazendo tais argumentos  novos  à  lide,  o  que  permitiria,  inclusive,  a  apresentação  de  provas  adicionais  ao  presente  processo ao contrário do que esposado no acórdão recorrido, sob pena de afronta ao princípio  da verdade material.  É o que importa relatar,  Fl. 150DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 19/07/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 10850.908564/2011­04  Resolução nº  3801­000.656  S3­TE01  Fl. 148          4 Voto  O  recurso  é  tempestivo  e  preenche  os  demais  requisitos  de  admissibilidade,  portanto dele tomo conhecimento.  Examino  preliminarmente  o  pedido  de  reunião  dos  processos,  e  tenho  que  assiste razão ao acórdão recorrido que entendeu pela impossibilidade de reunião dos processos.  Tomo a decisão com base no artigo 1º da Portaria n.º 666/2008 da RFB, cuja redação abaixo se  transcreve:  “Art. 1 º Serão objeto de um único processo administrativo:  I  ­  as  exigências  de  crédito  tributário  do  mesmo  sujeito  passivo,  formalizadas com base nos mesmos elementos de prova, referentes:  (...)  II ­ a suspensão de imunidade ou de isenção ou a não­homologação de  compensação  e  o  lançamento  de  ofício  de  crédito  tributário  delas  decorrentes;  III  ­ as exigências de crédito  tributário  relativo a  infrações apuradas  no  Simples  que  tiverem  dado  origem  à  exclusão  do  sujeito  passivo  dessa  forma  de  pagamento  simplificada,  a  exclusão  do  Simples  e  o  lançamento de ofício de crédito tributário dela decorrente;  IV ­ os Pedidos de Restituição ou de Ressarcimento e as Declarações  de  Compensação  (Dcomp)  que  tenham  por  base  o  mesmo  crédito,  ainda que apresentados em datas distintas;  V  ­  as  multas  isoladas  aplicadas  em  decorrência  de  compensação  considerada não declarada.”  Para a reunião dos processos, de acordo com o dispositivo normativo, o pedido  de  restituição ou de  ressarcimento deve  ter por base o mesmo crédito,  o que não ocorre nos  casos  dos  processos  administrativos  relacionados  pela  Recorrente,  pois  se  tratam  de  crédito  cujos  período  de  apuração  são  distintos,  muito  embora  a  argumento  para  afastar  o  não  reconhecimento  do  crédito  seja  o  mesmo,  ou  seja,  a  inconstitucionalidade  do  artigo  3º,  parágrafo 1º da Lei n.º 9.718/1998.  Portanto, rejeito o pedido de reunião dos processos formulado pela Recorrente.  Quanto ao mérito, entretanto, apesar da tese esposada no acórdão da DRJ tenho  que o presente processo deve seguir caminho diverso.  O  Pleno  do  Egrégio  Supremo  Tribunal  Federal  (STF),  no  julgamento  dos  Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, Relator Ministro Marco  Aurélio,  pacificou  o  entendimento  da  inconstitucionalidade  da  ampliação  da base de  cálculo  das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, promovida pelo § 1º, do artigo 3º, da Lei n.º  9.718/98, conforme ementa abaixo colacionada:  CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ­ ARTIGO 3º, § 1º, DA  LEI  Nº  9.718,  DE  27  DE  NOVEMBRO  DE  1998  ­  EMENDA  CONSTITUCIONAL  Nº  20,  DE  15  DE  DEZEMBRO  DE  1998.  O  Fl. 151DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 19/07/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 10850.908564/2011­04  Resolução nº  3801­000.656  S3­TE01  Fl. 149          5 sistema  jurídico  brasileiro  não  contempla  a  figura  da  constitucionalidade  superveniente.  TRIBUTÁRIO  ­  INSTITUTOS  ­  EXPRESSÕES E VOCÁBULOS  ­  SENTIDO. A  norma pedagógica  do  artigo  110  do Código  Tributário Nacional  ressalta  a  impossibilidade  de  a  lei  tributária  alterar  a  definição,  o  conteúdo  e  o  alcance  de  consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados  expressa ou implicitamente. Sobrepõe­se ao aspecto formal o princípio  da realidade, considerados os elementos tributários.   CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  ­  PIS  ­  RECEITA  BRUTA  ­  NOÇÃO  ­  INCONSTITUCIONALIDADE  DO  §  1º  DO  ARTIGO  3º  DA  LEI  Nº  9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195  da  Carta  Federal  anterior  à  Emenda  Constitucional  nº  20/98,  consolidou­se  no  sentido  de  tomar  as  expressões  receita  bruta  e  faturamento como sinônimas, jungindo­as à venda de mercadorias, de  serviços  ou  de  mercadorias  e  serviços.  É  inconstitucional  o  §  1º  do  artigo  3º  da  Lei  nº  9.718/98,  no  que  ampliou  o  conceito  de  receita  bruta  para  envolver  a  totalidade  das  receitas  auferidas  por  pessoas  jurídicas,  independentemente da atividade por elas desenvolvida  e da  classificação contábil adotada.  Destaca­se, nesse aspecto, que a matéria foi reconhecida como de “Repercussão  Geral” e julgada pelo Supremo Tribunal Federal, conforme decisão proferida no RE 585.235,  abaixo colacionado:  Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no  sentido de  reconhecer a  repercussão geral da questão  constitucional,  reafirmar  a  jurisprudência  do  Tribunal  acerca  da  inconstitucionalidade  do  §  1º  do  artigo  3º  da  Lei  9.718/98  e  negar  provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto  do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio,  que  entendia  ser  necessária  a  inclusão  do  processo  em  pauta.  Em  seguida,  o  Tribunal,  por  maioria,  aprovou  proposta  do  Relator  para  edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado  nas próximas  sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio,  que  reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão  de  Jurisprudência.  Votou  o  Presidente,  Ministro  Gilmar  Mendes.  Ausentes,  justificadamente,  o  Senhor  Ministro  Celso  de  Mello,  a  Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro  Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008.  Assim, considerando­se o disposto no art. 62­A da Portaria MF n.º 256, de 22 de  junho de  2009,  alterada  pela Portaria MF n.º  586,  de 21  de  dezembro  de 20101  (Regimento  Interno  do CARF),  deve­se  afastar  a  tributação  do  PIS  e  da COFINS  exigidas  com  base  no  disposto no art. 3º, § 1º, da Lei n.º 9.718, de 1998.  Nada  obstante,  o  órgão  judicante  a  quo  esqueceu­se  do  dever  da  autoridade  preparadora  em zelar pela  instrução na busca da verdade material,  a  teor do disposto na Lei                                                              1 Art. 62­A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal  de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543­B e 543­C da Lei nº 5.869, de  11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos  recursos no âmbito do CARF. (alterações introduzidas pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de  22.12.2010).  Fl. 152DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 19/07/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 10850.908564/2011­04  Resolução nº  3801­000.656  S3­TE01  Fl. 150          6 9.784,  de  29  de  janeiro  de 1999,  artigo  292,  artigo  36,  inteligência  do  artigo  37,  artigo  38  e  artigo 393.  Não  considerar  tais  documentos  e  negar  o  direito  da  contribuinte  ao  aproveitamento de seu crédito configuraria enriquecimento sem causa do Estado.  Especificamente  quanto  à  verdade  material,  transcrevo  oportunas  lições  de  Marcos Vinicius Neder e de Maria Tereza Martinez López:  Em  decorrência  do  princípio  da  legalidade,  a  autoridade  administrativa  tem o dever de buscar a verdade material. O processo  fiscal  tem  por  finalidade  garantir  a  legalidade  da  apuração  da  ocorrência  do  fato  gerador  e  a  constituição  do  crédito  tributário,  devendo  o  julgador  pesquisar,  exaustivamente  se,  de  fato,  ocorreu  a  hipótese abstratamente  prevista  na  norma  e,  em caso  de  impugnação  do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente  do alegado e provado, Odete Medauar  preceitua que  "o princípio da  verdade  material  ou  verdade  real,  vinculado  ao  princípio  da  oficialidade,  exprime  que  a  Administração  deve  tomar  decisões  com  base  nos  fatos  tais  como  se  apresentam  na  realidade,  não  se  satisfazendo  com  a  versão  oferecida  pelos  sujeitos  Para  tanto,  tem  o  direito  de  carrear  para  o  expediente  todos  os  dados,  informações,  documentos  a  respeito  da  matéria  tratada,  sem  estar  jungida  aos  aspectos considerados pelos sujeitos.  Segundo  Alberto  Xavier,  a  lei  concede  ao  órgão  fiscal  meios  instrutórios amplos para que  venha  formar  sua  livre  convicção  sobre  os verdadeiros fatos praticados pelo contribuinte. Nesta perspectiva, é  lícito  ao  órgão  fiscal  agir  sponte  sua  com  vistas  a  corrigir  os  fatos  inveridicamente postos ou suprir lacunas na matéria de fato, podendo  ser obtidas novas provas por meio de diligências e perícias.  4 Em que  pese o direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios,                                                              2    Art.  29.  As  atividades  de  instrução  destinadas  a  averiguar  e  comprovar  os  dados  necessários  à  tomada  de  decisão realizam­se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito  dos interessados de propor atuações probatórias.  § 1º. O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo.  § 2º. Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizar­se do modo menos oneroso para  estes.  3 Art.  36. Cabe  ao  interessado  a  prova  dos  fatos  que  tenha  alegado,  sem  prejuízo  do  dever  atribuído  ao  órgão  competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.  Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria  Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução  proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.  Art. 38. O  interessado poderá,  na  fase  instrutória e antes da  tomada da decisão,  juntar documentos e pareceres,  requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.  § 1º. Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão.  §  2º.  Somente  poderão  ser  recusadas,  mediante  decisão  fundamentada,  as  provas  propostas  pelos  interessados  quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.  Art.  39. Quando  for  necessária  a  prestação  de  informações  ou  a  apresentação  de  provas  pelos  interessados  ou  terceiros,  serão  expedidas  intimações  para  esse  fim,  mencionando­se  data,  prazo,  forma  e  condições  de  atendimento.  Parágrafo único. Não  sendo atendida  a  intimação, poderá o órgão competente,  se  entender  relevante  a matéria,  suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.  4 NEDER, Marcos Vinicius; LOPEZ, Maria Tereza Martinez. Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado  2ª ed. São Paulo: Dialética, 2004, p. 74.  Fl. 153DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 19/07/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 10850.908564/2011­04  Resolução nº  3801­000.656  S3­TE01  Fl. 151          7 constata­se que, no caso vertente, os documentos apresentados devem  ser  devidamente  examinados  para  se  apurar  se  os  referidos  créditos  estão corretos.  Ante  ao  exposto,  voto  no  sentido  de  converter  o  presente  julgamento  em  diligência para que a Delegacia de origem:  a)  Examine  os  documentos  existentes  e  a  escrita  fiscal  da  interessada  em  relação  às  compensações  requeridas  apurando  se  estão  corretos  os  valores inicialmente pleiteados correspondentes á indevida ampliação da  base de cálculo do artigo 3º, da Lei n.º 9.718/98;  b)  Cientificar  a  interessada  do  resultado  da  diligência,  abrindo  prazo  para  manifestação, se assim desejar;  c)  Retornar o processo a este CARF para julgamento.  É como voto.  (assinado digitalmente)  Sidney Eduardo Stahl, ­ Relator  Fl. 154DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 19/07/2014 por PAULO SERGIO CELANI

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Numero do processo: 10480.722787/2010-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jul 10 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1301-000.192
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator. “documento assinado digitalmente” Valmar Fonseca de Menezes Presidente “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes, Paulo Jakson da Silva Lucas, Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Relatório Trata o presente processo de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição para a Seguridade Social - INSS, relativas ao ano-calendário de 2005, formalizadas em razão da imputação de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Por bem sintetizar os fatos apurados e as razões de defesa trazidas pela contribuinte em sede de impugnação, reproduzo relato feito em primeira instância. [...] Contra a contribuinte acima qualificada, lavraram-se autos de infração formalizando a exigência do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins, do Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para a Seguridade Social - INSS, através dos quais se constituiu crédito tributário, referente a períodos de apuração compreendidos no ano-calendário de 2005, no valor total de R$ 1.864.046,52, incluídos multa de ofício qualificada (150%) e juros de mora. 2. No lançamento referente ao IRPJ - SIMPLES (matriz; fls. 20/23), encontra-se registrada a seguinte infração, ao final tipificada: “001 – OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS”. 3. No minucioso Relatório de Fiscalização de fls. 70/119, as autoridades autuantes consignaram, entre outras informações concernentes ao procedimento fiscal: 3.1. Através da Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, a contribuinte declarou-se inativa no período fiscalizado (optante do regime simplificado desde 18/02/1999). Também não recolheu quaisquer tributos no mesmo período. No entanto, movimentou recursos, em contas-correntes mantidas na Caixa Econômica Federal – CEF e no Bradesco S/A, no montante de R$ 6.556.968,16 (informação obtida por meio de Declarações de Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira – DCPMF); 3.2. Embora se encontre ativa no cadastro do CNPJ, a contribuinte autuada não foi localizada em seu endereço cadastral, situado na periferia do município de Escada/PE, onde há uma humilde residência, portanto absolutamente incompatível com uma empresa que faturou, no ano-calendário da autuação, mais de R$ 6.500.000,00. O Termo de Intimação enviado a sua filial (também ativa no CNPJ), localizada na zona rural do município de Barreiros/PE, também retornou pelo fato de não haver sido procurado, nos Correios, pela contribuinte; 3.3. Os sócios cadastrais não foram localizados pela fiscalização (seus perfis não correspondem ao esperado para uma empresa com a movimentação financeira apresentada MANCAL); 3.4. A partir da análise dos extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras, foram constatados depósitos nas contas-correntes da contribuinte autuada no montante de R$ 6.176.328,88 (já diminuídas as transferências, baixas automáticas da poupança, reduções de saldo devedor, devoluções e estornos). Intimada a comprovar a origem dos referidos depósitos bancários, a contribuinte não se manifestou; 3.5. Aplicou-se a multa de ofício de 150%, nos termos do art. 44, §1º, da Lei n.º 9.430, de 1996 (art. 71, §1º, da Lei n.º 4.502, de 1964). 4. Às fls. 64/69, encontram-se anexados Termos de Sujeição Passiva Solidária lavrados em nome de JOÃO BOSCO LINS DE OLIVEIRA e ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELO NETO. 5. Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, impugnação ao lançamento (fls. 3041/3044), por meio da qual requer a sua anulação, sob alegação de que o Auditor-Fiscal promoveu, com efeitos a partir de 2006, a sua exclusão do Simples federal, ao fundamento de que obtivera receita bruta superior ao limite estabelecido para a permanência no regime. Afirma, no entanto, que, se fossem verdadeiras as alegações expostas pelo mesmo Auditor-Fiscal no Relatório de Fiscalização, a representação para a sua exclusão deveria ter sido fundada nos arts. 14, IV, e 15, V, da Lei n.º 9.317, de 1996, de modo que, embora o procedimento esteja todo calcado na interposição fraudulenta, o Auditor-Fiscal utilizou, como motivação, para fins de exclusão do Simples, a ultrapassagem da receita bruta. Se fosse utilizada a interposição fraudulenta, a exclusão se daria já a partir de 2005, caso em que a pessoa jurídica deveria ser tributada de acordo com as normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. 6. No prazo legal, compareceu aos autos o responsável solidário ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELO NETO, CPF n.º 831.388.114-34, através da impugnação de fls. 3054/3070, na qual alega, depois de descrever os fatos: Nulidades 6.1. É nula a tentativa de a fiscalização imputar-lhe a responsabilidade de que trata os autos, por absoluta falta de competência, conforme entende o atual Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (reproduz ementa); 6.2. À época dos fatos, dedicava-se a produzir cana de açúcar em propriedade rural arrendada (fls. 2895/2903). Dedicou-se, à exaustão, em busca de documentos que atendessem às exigências da auditoria, porém encontrou dificuldades, às vezes intransponíveis, em vista das inundações, episódio já conhecido, que ocorreram na região banhada pelo rio Una. No entanto, conseguiu reunir, junto a alguns fornecedores, documentos esclarecedores de sua atividade (como contrato de arrendamento rural, e seu distrato, firmado com a empresa INTERIORANA – SERVIÇOS E CONSTRUÇÃO LTDA., bem como relatório de informações para o imposto de renda tratando das operações realizadas, entre 2003 e 2005, com a mencionada empresa). Assim, foram apresentados, em 29/09/2010, novos documentos à fiscalização, os quais atestam a realização de sua atividade, entre os quais o Instrumento Particular de Contrato de Fornecimento de Cana de Açúcar, por meio do qual beneficiava a cana de açúcar que fornecia juntamente com o seu parceiro empresarial JOSÉ LUIZ DE MENEZES. Em contrapartida, referida empresa lhe remunerava com sacas de açúcar (fls. 2932/2937 e 2939/2940), posteriormente repassadas, em grande parte, para os seus clientes e os do Sr. JOSÉ LUIZ DE MENEZES, entre os quais a empresa fiscalizada, conforme amostragem de notas fiscais que anexa (fls. 2942/2965), as quais totalizam R$ 86.400,00, valor compatível com os recursos que o favoreceram. Outros negócios foram celebrados, como, p. ex., com a USINA CUCAÚ, mas os documentos a eles relativos não foram localizados, em vista dos acontecimentos ocorridos na região, tendo sido apresentadas à fiscalização, através de expediente protocolado pelo Sr. JOSÉ LUIZ DE MENEZES, declarações de moagem da aludida empresa (fls. 2988/2989). Caso se entenda necessária, que seja realizada diligência nas empresas citadas, para confirmar o que se afirma; 6.3. Rotineiramente, a sua produção era vendida a diversas empresas produtoras de açúcar – usinas, que remuneravam o fornecimento da cana com o próprio açúcar, conforme notas fiscais em anexo (doc. 9). Tais rendimentos da atividade rural eram sempre declarados; 6.4. Por sua vez, o açúcar era vendido pelas próprias empresas industriais, com a sua anuência e com a anuência do Sr. JOSÉ LUIZ DE MENEZES, que se tornavam, quando não recebido o pagamento em dinheiro, credores dos compradores, a exemplo da MANCAL, o que se comprova com a juntada de notas fiscais emitidas em nome da UNA AÇÚCAR E ENERGIA em favor da MANCAL, com quem detinha créditos que se acumulavam e eram transferidos para os anos subsequentes (como o de 2005, quando recebeu créditos de períodos anteriores). Os valores que recebeu são compatíveis com seus créditos. Os documentos apresentados o foram por amostragem, em vista da inundação que acometeu a região; 6.5. Os valores devidos foram amortizados com a emissão de cheques, para pagamento de despesas ou investimentos seus. É o caso da quitação das prestações dos edifícios Saint Roman (R$ 30.024,00) e First Village (R$ 31.295,91), transferências bancárias em que foi favorecido (R$ 43.060,16), cheque (R$ 2.000,00) e pagamentos dos honorários advocatícios ao escritório Farias e Moreira Advogados Associados (R$ 40.006,53). Não há nada de errado no fato de que os cheques emitidos para pagamento de tais compromissos apresentem-se em valores exatos, visto que, como credor da empresa autuada, solicitava que a emissão se realizasse dessa forma. Um mero acerto de contas e uma forma de evitar a CPMF. Referidos pagamentos somam R$ 106.480,07, apenas 1,63% do volume de saídas verificadas na conta da MANCAL; 6.6. Ressalta o Auditor-Fiscal a entrada de recursos da UNA FACTORING, empresa da qual era sócio, por intermédio de cheques endossados, os quais atingiram a importância de R$ 989.530,46. Neste caso, o percentual é próximo de 15%. 72% foram deixados de lado pela fiscalização, o que é muito limitado; 6.7. Em nenhum momento, a fiscalização logrou demonstrar a prática de atos de gerência de sua parte; 6.8. Diz-se que a MANCAL não passa de uma empresa “laranja” e que sequer possuía inscrição estadual. No entanto, era regularmente cadastrada até o ano de 2004. Por outro lado, se a MANCAL se prestou ao papel de “laranja”, nenhuma responsabilidade tem com este fato; 6.9. As atividades da MANCAL eram exercidas eminentemente nos estabelecimentos do cliente ou utilizando-se de um depósito. Apesar de afirmar que haveria uma filial na cidade de Barreiros/PE, a fiscalização não efetuou qualquer tentativa de intimá-la neste local nem visitou as suas dependências; 6.10. Os acórdãos administrativos ou judiciais trazidos ao processo sempre fazem referência a sócio-gerente ou representante da empresa, posições que nunca foram as suas. Há de haver prova inequívoca da existência de poderes gerenciais, como também a prática de atos com excesso de poderes ou contra a lei (reproduz ementas de decisões do então Conselho de Contribuintes); 6.11. O Auditor-Fiscal tinha o dever de buscar de ofício a verdade a partir de uma análise profunda das contas bancárias da MANCAL, o que não se fez. Dessa análise, poderiam sair os nomes dos sócios da empresa ou daquelas aos quais se destinou a quase totalidade dos recursos. A falta de cumprimento desse dever, aliada ao fato de que os autos não trazem essas informações, impede que possa exercer plenamente o seu direito de defesa; Mérito 6.12. O Auditor-Fiscal promoveu, com efeitos a partir de 2006, a exclusão da empresa do Simples federal, ao fundamento de que obtivera receita bruta superior ao limite estabelecido para a permanência no regime. Afirma, no entanto, que, se fossem verdadeiras as alegações expostas pelo mesmo Auditor-Fiscal no Relatório de Fiscalização, a representação para a sua exclusão deveria ter sido fundada nos arts. 14, IV, e 15, V, da Lei n.º 9.317, de 1996, de modo que, embora o procedimento esteja todo calcado na interposição fraudulenta, o Auditor-Fiscal utilizou, para fins de exclusão do Simples, como motivação, a ultrapassagem da receita bruta. Fosse utilizada a interposição fraudulenta, a exclusão se daria já a partir de 2005, caso em que a pessoa jurídica deveria ser tributada de acordo com as normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. No caso, o Auditor-Fiscal deveria ter arbitrado o lucro; 6.13. Já transcorreu o prazo de cinco anos relativo aos meses de janeiro a setembro de 2005, devendo-se excluir da cobrança referidos períodos; 6.14. No auto de infração, o Auditor-Fiscal cobrou a multa de 50% prevista no art. 44, II, da Lei n.º 9.430, de 1996, porém, no cálculo da exigência, utilizou-se do percentual de 150%. 7. Após expor os motivos que o levam a requerer a realização de perícia contábil, para a qual indicou perito e apresentou quesitos a serem respondidos, e repisar argumentos já expostos na peça de defesa, requer a nulidade do lançamento e do Termo de Sujeição Passiva Solidária. 8. Também no prazo legal, compareceu aos autos o responsável solidário JOÃO BOSCO LINS DE OLIVEIRA, CPF n.º 149.503.914-53, através da impugnação de fls. 3174/3182, na qual sustenta, depois da descrição dos fatos: Cerceamento do direito de defesa 8.1. Somente depois do lançamento é que teve acesso aos autos, quando constatou que 80% dos ingressos na conta bancária da empresa estão desprovidos de identificação dos depositantes. Como poderia exercer o seu direito de defesa sem ter acesso a tais informações? Embora tenha agora o seu direito de defesa assegurado, no momento que antecede o lançamento foram negadas informações que propiciassem uma visão do cenário que lhe era imposto, o que cerceou o seu direito de defesa; Inconsistência da imputação da responsabilidade tributária 8.2. À época dos fatos era procurador da MANCAL com poderes específicos para representá-la perante o Bradesco. A despeito de limitados os seus poderes, optou o Auditor-Fiscal por atribuir-lhe a condição de gerente, o que não se demonstrou pelos documentos trazidos aos autos; 8.3. Não foram aprofundadas questões como quem são os interessados nas operações da empresa, os beneficiados, se existem sócios ocultos; 8.4. Tem rendimentos parcos e condizentes com a sua realidade financeira e patrimonial; Decadência 8.5. Já ocorreu a decadência relativamente aos ingressos ocorridos no período entre de janeiro e setembro de 2005; Dispositivo legal que fundamenta a exclusão do Simples 8.6. Ao mesmo tempo em que se faz a exclusão do Simples com fundamento no excesso de receitas, tanto no Relatório Fiscal quanto no Termo de Sujeição Passiva Solidária atribuiu-se a responsabilidade com base na interposição fraudulenta; 8.7. A representação para a sua exclusão deveria ter sido fundada nos arts. 14, IV, e 15, V, da Lei n.º 9.317, de 1996, de modo que, fosse utilizada a interposição fraudulenta, a exclusão se daria já a partir de 2005, caso em que a pessoa jurídica deveria ser tributada de acordo com as normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas; Fato gerador e base de cálculo do INSS 8.8. O fato gerador da contribuição para o INSS incide sobre a folha de salários e demais rendimentos e a contribuição do empregado. Equivocou-se o Auditor-Fiscal ao utilizar-se da receita bruta, sendo evidente o erro no fato gerador e na base de cálculo, o que torna nulo o lançamento; Mérito 8.9. O Auditor-Fiscal levantou a existência de depósitos bancários com origem não confirmada. Constatou que a importância de R$ 100.000,00 beneficiou o Sr. ROBERTO BRITO para o pagamento de seus compromissos; 8.10. Sempre se reportou à Sra. VERA LÚCIA BARBOSA, sócia majoritária da empresa e administradora, que, naquele ano, estava procurando honrar compromissos antigos da empresa. Para corroborar essa assertiva, junta declaração do então procurador da empresa no ano de 1999, o Sr. AGNELO APARECIDO SEGURA, para evidenciar que a administração estava a cargo da Sra. VERA LÚCIA; 8.11. Dos valores movimentados pela empresa não obteve qualquer proveito. Constatada a ausência de identificação da maior parte dos depósitos/saídas das contas-correntes da empresa, não se justifica a sua responsabilização; 8.12. A tributação com base nos depósitos bancários agride o CTN (reproduz escólios doutrinários e ementas de decisões do então Conselho de Contribuintes). O extinto Tribunal Federal de Recursos considerou ilegítimo o lançamento com base apenas em depósitos bancários; 8.13. O Auditor-Fiscal não produziu provas da omissão de receitas; 8.14. A tributação da contribuição para o Simples deveria ter como base a folha de pagamentos. 9. Ao final, requer a nulidade do lançamento ou, no mérito a sua improcedência. Requer, ainda, a exclusão de sua responsabilidade. Protesta por todos os meios de prova admitidos em direito, notadamente intimação à CEF e ao Bradesco, para que informem os depositantes e os beneficiários dos recursos movimentados nas contas bancárias da empresa. 10. Através da petição de fl. 3198, o Sr. ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELO NETO requer, em complemento a sua impugnação, a juntada de fluxograma de entradas e saídas de recursos financeiros movimentados pela MANCAL em 2005. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife, Pernambuco, apreciando as razões trazidas pelas defesas interpostas, decidiu, por meio do acórdão nº 11-38.146, de 13 de setembro de 2012, pela procedência dos lançamentos tributários. O referido julgado restou assim ementado: OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRAZO DE DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O prazo para a constituição de crédito tributário, quando não há pagamento antecipado de tributo, é de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Em havendo pagamento, o prazo extingue-se após cinco anos, a partir da data do fato gerador, conforme o § 4º do art. 150 do mesmo diploma legal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. ATO PRATICADO COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO DE FATO. INTELIGÊNCIA DO ART. 135, III, DO CTN. Responde pelos créditos tributários os sócios de fato da pessoa jurídica quando tenham praticado atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. PRELIMINAR DE NULIDADE. Não se cogita da nulidade do auto de infração quando, além de formalmente perfeito, for induvidosa a competência da autoridade autuante, bem como em nada malferido o direito de defesa do contribuinte. Perscrutando os autos, identifico, apenas, recurso voluntário interposto por ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELLO NETO (fls. 3.230/3.248). Na citada peça recursal, o referido senhor, repisando a argumentação expendida na peça impugnatória, tece considerações acerca das seguintes matérias: - incompetência da Fiscalização para imputar responsabilidade (competência da Procuradoria da Fazenda Nacional); - ausência de fundamentação legal na imputação de responsabilidade; - cerceamento do direito de defesa (necessidade de novas diligências); - exclusão irregular do regime simplificado (SIMPLES); - caducidade do direito de constituir créditos tributários em relação aos fatos geradores ocorridos no período de janeiro a setembro de 2005; - indicação equivocada do percentual da multa de ofício aplicada. O presente processo teve o julgamento da lide nele tratada sobrestado, em obediência às disposições dos parágrafos 1º e 2º do art. 62 A do Regimento Interno (Anexo II), conforme Resolução de fls. 3.273/3.286. Entretanto, em virtude da edição da Portaria nº 545, de 18 de novembro de 2013, que revogou tais dispositivos, desapareceu o motivo que impedia a apreciação da controvérsia. É o Relatório.
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES

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Relatório Trata o presente processo de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição para a Seguridade Social - INSS, relativas ao ano-calendário de 2005, formalizadas em razão da imputação de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Por bem sintetizar os fatos apurados e as razões de defesa trazidas pela contribuinte em sede de impugnação, reproduzo relato feito em primeira instância. [...] Contra a contribuinte acima qualificada, lavraram-se autos de infração formalizando a exigência do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins, do Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para a Seguridade Social - INSS, através dos quais se constituiu crédito tributário, referente a períodos de apuração compreendidos no ano-calendário de 2005, no valor total de R$ 1.864.046,52, incluídos multa de ofício qualificada (150%) e juros de mora. 2. No lançamento referente ao IRPJ - SIMPLES (matriz; fls. 20/23), encontra-se registrada a seguinte infração, ao final tipificada: “001 – OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS”. 3. No minucioso Relatório de Fiscalização de fls. 70/119, as autoridades autuantes consignaram, entre outras informações concernentes ao procedimento fiscal: 3.1. Através da Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, a contribuinte declarou-se inativa no período fiscalizado (optante do regime simplificado desde 18/02/1999). Também não recolheu quaisquer tributos no mesmo período. No entanto, movimentou recursos, em contas-correntes mantidas na Caixa Econômica Federal – CEF e no Bradesco S/A, no montante de R$ 6.556.968,16 (informação obtida por meio de Declarações de Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira – DCPMF); 3.2. Embora se encontre ativa no cadastro do CNPJ, a contribuinte autuada não foi localizada em seu endereço cadastral, situado na periferia do município de Escada/PE, onde há uma humilde residência, portanto absolutamente incompatível com uma empresa que faturou, no ano-calendário da autuação, mais de R$ 6.500.000,00. O Termo de Intimação enviado a sua filial (também ativa no CNPJ), localizada na zona rural do município de Barreiros/PE, também retornou pelo fato de não haver sido procurado, nos Correios, pela contribuinte; 3.3. Os sócios cadastrais não foram localizados pela fiscalização (seus perfis não correspondem ao esperado para uma empresa com a movimentação financeira apresentada MANCAL); 3.4. A partir da análise dos extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras, foram constatados depósitos nas contas-correntes da contribuinte autuada no montante de R$ 6.176.328,88 (já diminuídas as transferências, baixas automáticas da poupança, reduções de saldo devedor, devoluções e estornos). Intimada a comprovar a origem dos referidos depósitos bancários, a contribuinte não se manifestou; 3.5. Aplicou-se a multa de ofício de 150%, nos termos do art. 44, §1º, da Lei n.º 9.430, de 1996 (art. 71, §1º, da Lei n.º 4.502, de 1964). 4. Às fls. 64/69, encontram-se anexados Termos de Sujeição Passiva Solidária lavrados em nome de JOÃO BOSCO LINS DE OLIVEIRA e ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELO NETO. 5. Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, impugnação ao lançamento (fls. 3041/3044), por meio da qual requer a sua anulação, sob alegação de que o Auditor-Fiscal promoveu, com efeitos a partir de 2006, a sua exclusão do Simples federal, ao fundamento de que obtivera receita bruta superior ao limite estabelecido para a permanência no regime. Afirma, no entanto, que, se fossem verdadeiras as alegações expostas pelo mesmo Auditor-Fiscal no Relatório de Fiscalização, a representação para a sua exclusão deveria ter sido fundada nos arts. 14, IV, e 15, V, da Lei n.º 9.317, de 1996, de modo que, embora o procedimento esteja todo calcado na interposição fraudulenta, o Auditor-Fiscal utilizou, como motivação, para fins de exclusão do Simples, a ultrapassagem da receita bruta. Se fosse utilizada a interposição fraudulenta, a exclusão se daria já a partir de 2005, caso em que a pessoa jurídica deveria ser tributada de acordo com as normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. 6. No prazo legal, compareceu aos autos o responsável solidário ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELO NETO, CPF n.º 831.388.114-34, através da impugnação de fls. 3054/3070, na qual alega, depois de descrever os fatos: Nulidades 6.1. É nula a tentativa de a fiscalização imputar-lhe a responsabilidade de que trata os autos, por absoluta falta de competência, conforme entende o atual Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (reproduz ementa); 6.2. À época dos fatos, dedicava-se a produzir cana de açúcar em propriedade rural arrendada (fls. 2895/2903). Dedicou-se, à exaustão, em busca de documentos que atendessem às exigências da auditoria, porém encontrou dificuldades, às vezes intransponíveis, em vista das inundações, episódio já conhecido, que ocorreram na região banhada pelo rio Una. No entanto, conseguiu reunir, junto a alguns fornecedores, documentos esclarecedores de sua atividade (como contrato de arrendamento rural, e seu distrato, firmado com a empresa INTERIORANA – SERVIÇOS E CONSTRUÇÃO LTDA., bem como relatório de informações para o imposto de renda tratando das operações realizadas, entre 2003 e 2005, com a mencionada empresa). Assim, foram apresentados, em 29/09/2010, novos documentos à fiscalização, os quais atestam a realização de sua atividade, entre os quais o Instrumento Particular de Contrato de Fornecimento de Cana de Açúcar, por meio do qual beneficiava a cana de açúcar que fornecia juntamente com o seu parceiro empresarial JOSÉ LUIZ DE MENEZES. Em contrapartida, referida empresa lhe remunerava com sacas de açúcar (fls. 2932/2937 e 2939/2940), posteriormente repassadas, em grande parte, para os seus clientes e os do Sr. JOSÉ LUIZ DE MENEZES, entre os quais a empresa fiscalizada, conforme amostragem de notas fiscais que anexa (fls. 2942/2965), as quais totalizam R$ 86.400,00, valor compatível com os recursos que o favoreceram. Outros negócios foram celebrados, como, p. ex., com a USINA CUCAÚ, mas os documentos a eles relativos não foram localizados, em vista dos acontecimentos ocorridos na região, tendo sido apresentadas à fiscalização, através de expediente protocolado pelo Sr. JOSÉ LUIZ DE MENEZES, declarações de moagem da aludida empresa (fls. 2988/2989). Caso se entenda necessária, que seja realizada diligência nas empresas citadas, para confirmar o que se afirma; 6.3. Rotineiramente, a sua produção era vendida a diversas empresas produtoras de açúcar – usinas, que remuneravam o fornecimento da cana com o próprio açúcar, conforme notas fiscais em anexo (doc. 9). Tais rendimentos da atividade rural eram sempre declarados; 6.4. Por sua vez, o açúcar era vendido pelas próprias empresas industriais, com a sua anuência e com a anuência do Sr. JOSÉ LUIZ DE MENEZES, que se tornavam, quando não recebido o pagamento em dinheiro, credores dos compradores, a exemplo da MANCAL, o que se comprova com a juntada de notas fiscais emitidas em nome da UNA AÇÚCAR E ENERGIA em favor da MANCAL, com quem detinha créditos que se acumulavam e eram transferidos para os anos subsequentes (como o de 2005, quando recebeu créditos de períodos anteriores). Os valores que recebeu são compatíveis com seus créditos. Os documentos apresentados o foram por amostragem, em vista da inundação que acometeu a região; 6.5. Os valores devidos foram amortizados com a emissão de cheques, para pagamento de despesas ou investimentos seus. É o caso da quitação das prestações dos edifícios Saint Roman (R$ 30.024,00) e First Village (R$ 31.295,91), transferências bancárias em que foi favorecido (R$ 43.060,16), cheque (R$ 2.000,00) e pagamentos dos honorários advocatícios ao escritório Farias e Moreira Advogados Associados (R$ 40.006,53). Não há nada de errado no fato de que os cheques emitidos para pagamento de tais compromissos apresentem-se em valores exatos, visto que, como credor da empresa autuada, solicitava que a emissão se realizasse dessa forma. Um mero acerto de contas e uma forma de evitar a CPMF. Referidos pagamentos somam R$ 106.480,07, apenas 1,63% do volume de saídas verificadas na conta da MANCAL; 6.6. Ressalta o Auditor-Fiscal a entrada de recursos da UNA FACTORING, empresa da qual era sócio, por intermédio de cheques endossados, os quais atingiram a importância de R$ 989.530,46. Neste caso, o percentual é próximo de 15%. 72% foram deixados de lado pela fiscalização, o que é muito limitado; 6.7. Em nenhum momento, a fiscalização logrou demonstrar a prática de atos de gerência de sua parte; 6.8. Diz-se que a MANCAL não passa de uma empresa “laranja” e que sequer possuía inscrição estadual. No entanto, era regularmente cadastrada até o ano de 2004. Por outro lado, se a MANCAL se prestou ao papel de “laranja”, nenhuma responsabilidade tem com este fato; 6.9. As atividades da MANCAL eram exercidas eminentemente nos estabelecimentos do cliente ou utilizando-se de um depósito. Apesar de afirmar que haveria uma filial na cidade de Barreiros/PE, a fiscalização não efetuou qualquer tentativa de intimá-la neste local nem visitou as suas dependências; 6.10. Os acórdãos administrativos ou judiciais trazidos ao processo sempre fazem referência a sócio-gerente ou representante da empresa, posições que nunca foram as suas. Há de haver prova inequívoca da existência de poderes gerenciais, como também a prática de atos com excesso de poderes ou contra a lei (reproduz ementas de decisões do então Conselho de Contribuintes); 6.11. O Auditor-Fiscal tinha o dever de buscar de ofício a verdade a partir de uma análise profunda das contas bancárias da MANCAL, o que não se fez. Dessa análise, poderiam sair os nomes dos sócios da empresa ou daquelas aos quais se destinou a quase totalidade dos recursos. A falta de cumprimento desse dever, aliada ao fato de que os autos não trazem essas informações, impede que possa exercer plenamente o seu direito de defesa; Mérito 6.12. O Auditor-Fiscal promoveu, com efeitos a partir de 2006, a exclusão da empresa do Simples federal, ao fundamento de que obtivera receita bruta superior ao limite estabelecido para a permanência no regime. Afirma, no entanto, que, se fossem verdadeiras as alegações expostas pelo mesmo Auditor-Fiscal no Relatório de Fiscalização, a representação para a sua exclusão deveria ter sido fundada nos arts. 14, IV, e 15, V, da Lei n.º 9.317, de 1996, de modo que, embora o procedimento esteja todo calcado na interposição fraudulenta, o Auditor-Fiscal utilizou, para fins de exclusão do Simples, como motivação, a ultrapassagem da receita bruta. Fosse utilizada a interposição fraudulenta, a exclusão se daria já a partir de 2005, caso em que a pessoa jurídica deveria ser tributada de acordo com as normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. No caso, o Auditor-Fiscal deveria ter arbitrado o lucro; 6.13. Já transcorreu o prazo de cinco anos relativo aos meses de janeiro a setembro de 2005, devendo-se excluir da cobrança referidos períodos; 6.14. No auto de infração, o Auditor-Fiscal cobrou a multa de 50% prevista no art. 44, II, da Lei n.º 9.430, de 1996, porém, no cálculo da exigência, utilizou-se do percentual de 150%. 7. Após expor os motivos que o levam a requerer a realização de perícia contábil, para a qual indicou perito e apresentou quesitos a serem respondidos, e repisar argumentos já expostos na peça de defesa, requer a nulidade do lançamento e do Termo de Sujeição Passiva Solidária. 8. Também no prazo legal, compareceu aos autos o responsável solidário JOÃO BOSCO LINS DE OLIVEIRA, CPF n.º 149.503.914-53, através da impugnação de fls. 3174/3182, na qual sustenta, depois da descrição dos fatos: Cerceamento do direito de defesa 8.1. Somente depois do lançamento é que teve acesso aos autos, quando constatou que 80% dos ingressos na conta bancária da empresa estão desprovidos de identificação dos depositantes. Como poderia exercer o seu direito de defesa sem ter acesso a tais informações? Embora tenha agora o seu direito de defesa assegurado, no momento que antecede o lançamento foram negadas informações que propiciassem uma visão do cenário que lhe era imposto, o que cerceou o seu direito de defesa; Inconsistência da imputação da responsabilidade tributária 8.2. À época dos fatos era procurador da MANCAL com poderes específicos para representá-la perante o Bradesco. A despeito de limitados os seus poderes, optou o Auditor-Fiscal por atribuir-lhe a condição de gerente, o que não se demonstrou pelos documentos trazidos aos autos; 8.3. Não foram aprofundadas questões como quem são os interessados nas operações da empresa, os beneficiados, se existem sócios ocultos; 8.4. Tem rendimentos parcos e condizentes com a sua realidade financeira e patrimonial; Decadência 8.5. Já ocorreu a decadência relativamente aos ingressos ocorridos no período entre de janeiro e setembro de 2005; Dispositivo legal que fundamenta a exclusão do Simples 8.6. Ao mesmo tempo em que se faz a exclusão do Simples com fundamento no excesso de receitas, tanto no Relatório Fiscal quanto no Termo de Sujeição Passiva Solidária atribuiu-se a responsabilidade com base na interposição fraudulenta; 8.7. A representação para a sua exclusão deveria ter sido fundada nos arts. 14, IV, e 15, V, da Lei n.º 9.317, de 1996, de modo que, fosse utilizada a interposição fraudulenta, a exclusão se daria já a partir de 2005, caso em que a pessoa jurídica deveria ser tributada de acordo com as normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas; Fato gerador e base de cálculo do INSS 8.8. O fato gerador da contribuição para o INSS incide sobre a folha de salários e demais rendimentos e a contribuição do empregado. Equivocou-se o Auditor-Fiscal ao utilizar-se da receita bruta, sendo evidente o erro no fato gerador e na base de cálculo, o que torna nulo o lançamento; Mérito 8.9. O Auditor-Fiscal levantou a existência de depósitos bancários com origem não confirmada. Constatou que a importância de R$ 100.000,00 beneficiou o Sr. ROBERTO BRITO para o pagamento de seus compromissos; 8.10. Sempre se reportou à Sra. VERA LÚCIA BARBOSA, sócia majoritária da empresa e administradora, que, naquele ano, estava procurando honrar compromissos antigos da empresa. Para corroborar essa assertiva, junta declaração do então procurador da empresa no ano de 1999, o Sr. AGNELO APARECIDO SEGURA, para evidenciar que a administração estava a cargo da Sra. VERA LÚCIA; 8.11. Dos valores movimentados pela empresa não obteve qualquer proveito. Constatada a ausência de identificação da maior parte dos depósitos/saídas das contas-correntes da empresa, não se justifica a sua responsabilização; 8.12. A tributação com base nos depósitos bancários agride o CTN (reproduz escólios doutrinários e ementas de decisões do então Conselho de Contribuintes). O extinto Tribunal Federal de Recursos considerou ilegítimo o lançamento com base apenas em depósitos bancários; 8.13. O Auditor-Fiscal não produziu provas da omissão de receitas; 8.14. A tributação da contribuição para o Simples deveria ter como base a folha de pagamentos. 9. Ao final, requer a nulidade do lançamento ou, no mérito a sua improcedência. Requer, ainda, a exclusão de sua responsabilidade. Protesta por todos os meios de prova admitidos em direito, notadamente intimação à CEF e ao Bradesco, para que informem os depositantes e os beneficiários dos recursos movimentados nas contas bancárias da empresa. 10. Através da petição de fl. 3198, o Sr. ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELO NETO requer, em complemento a sua impugnação, a juntada de fluxograma de entradas e saídas de recursos financeiros movimentados pela MANCAL em 2005. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife, Pernambuco, apreciando as razões trazidas pelas defesas interpostas, decidiu, por meio do acórdão nº 11-38.146, de 13 de setembro de 2012, pela procedência dos lançamentos tributários. O referido julgado restou assim ementado: OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. Caracterizam-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRAZO DE DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O prazo para a constituição de crédito tributário, quando não há pagamento antecipado de tributo, é de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Em havendo pagamento, o prazo extingue-se após cinco anos, a partir da data do fato gerador, conforme o § 4º do art. 150 do mesmo diploma legal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. ATO PRATICADO COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO DE FATO. INTELIGÊNCIA DO ART. 135, III, DO CTN. Responde pelos créditos tributários os sócios de fato da pessoa jurídica quando tenham praticado atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. PRELIMINAR DE NULIDADE. Não se cogita da nulidade do auto de infração quando, além de formalmente perfeito, for induvidosa a competência da autoridade autuante, bem como em nada malferido o direito de defesa do contribuinte. Perscrutando os autos, identifico, apenas, recurso voluntário interposto por ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELLO NETO (fls. 3.230/3.248). Na citada peça recursal, o referido senhor, repisando a argumentação expendida na peça impugnatória, tece considerações acerca das seguintes matérias: - incompetência da Fiscalização para imputar responsabilidade (competência da Procuradoria da Fazenda Nacional); - ausência de fundamentação legal na imputação de responsabilidade; - cerceamento do direito de defesa (necessidade de novas diligências); - exclusão irregular do regime simplificado (SIMPLES); - caducidade do direito de constituir créditos tributários em relação aos fatos geradores ocorridos no período de janeiro a setembro de 2005; - indicação equivocada do percentual da multa de ofício aplicada. O presente processo teve o julgamento da lide nele tratada sobrestado, em obediência às disposições dos parágrafos 1º e 2º do art. 62 A do Regimento Interno (Anexo II), conforme Resolução de fls. 3.273/3.286. Entretanto, em virtude da edição da Portaria nº 545, de 18 de novembro de 2013, que revogou tais dispositivos, desapareceu o motivo que impedia a apreciação da controvérsia. É o Relatório.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.288          2 Relatório  Trata  o  presente  processo  de  exigências  de  Imposto  de Renda Pessoa  Jurídica  (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Programa de  Integração Social  (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social  (COFINS)  e  Contribuição  para  a  Seguridade  Social  ­  INSS,  relativas  ao  ano­calendário  de  2005,  formalizadas  em  razão  da  imputação  de  omissão  de  receitas,  caracterizada  por  depósitos  bancários de origem não comprovada.  Por  bem  sintetizar  os  fatos  apurados  e  as  razões  de  defesa  trazidas  pela  contribuinte em sede de impugnação, reproduzo relato feito em primeira instância.  [...]  Contra  a  contribuinte  acima  qualificada,  lavraram­se  autos  de  infração  formalizando  a  exigência  do  Imposto  de  Renda  da  Pessoa  Jurídica  –  IRPJ,  da  Contribuição  Social  sobre  o  Lucro  Líquido  –  CSLL,  da  Contribuição  para  Financiamento da Seguridade Social – Cofins, do Programa de Integração Social – PIS  e Contribuição para a Seguridade Social ­ INSS, através dos quais se constituiu crédito  tributário, referente a períodos de apuração compreendidos no ano­calendário de 2005,  no valor total de R$ 1.864.046,52, incluídos multa de ofício qualificada (150%) e juros  de mora.  2. No lançamento referente ao IRPJ ­ SIMPLES (matriz; fls. 20/23), encontra­se  registrada a seguinte  infração, ao  final  tipificada: “001 – OMISSÃO DE RECEITAS.  DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS”.  3.  No  minucioso  Relatório  de  Fiscalização  de  fls.  70/119,  as  autoridades  autuantes consignaram, entre outras informações concernentes ao procedimento fiscal:  3.1.  Através  da  Declaração  Simplificada  da  Pessoa  Jurídica,  a  contribuinte  declarou­se  inativa  no  período  fiscalizado  (optante  do  regime  simplificado  desde  18/02/1999). Também não recolheu quaisquer tributos no mesmo período. No entanto,  movimentou  recursos,  em  contas­correntes  mantidas  na  Caixa  Econômica  Federal  –  CEF e no Bradesco S/A, no montante de R$ 6.556.968,16 (informação obtida por meio  de  Declarações  de  Contribuição  Provisória  sobre  a  Movimentação  Financeira  –  DCPMF);  3.2. Embora se encontre ativa no cadastro do CNPJ, a contribuinte autuada não  foi  localizada  em  seu  endereço  cadastral,  situado  na  periferia  do  município  de  Escada/PE, onde há uma humilde residência, portanto absolutamente incompatível com  uma empresa que faturou, no ano­calendário da autuação, mais de R$ 6.500.000,00. O  Termo de Intimação enviado a sua filial  (também ativa no CNPJ),  localizada na zona  rural  do  município  de  Barreiros/PE,  também  retornou  pelo  fato  de  não  haver  sido  procurado, nos Correios, pela contribuinte;  3.3. Os sócios cadastrais não foram localizados pela fiscalização (seus perfis não  correspondem  ao  esperado  para  uma  empresa  com  a  movimentação  financeira  apresentada MANCAL);  3.4.  A  partir  da  análise  dos  extratos  bancários  fornecidos  pelas  instituições  financeiras,  foram  constatados  depósitos  nas  contas­correntes  da  contribuinte  autuada  no montante de R$ 6.176.328,88 (já diminuídas as transferências, baixas automáticas da  poupança, reduções de saldo devedor, devoluções e estornos). Intimada a comprovar a  origem dos referidos depósitos bancários, a contribuinte não se manifestou;  Fl. 3288DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.289          3 3.5. Aplicou­se a multa de ofício de 150%, nos termos do art. 44, §1º, da Lei n.º  9.430, de 1996 (art. 71, §1º, da Lei n.º 4.502, de 1964).  4. Às  fls.  64/69,  encontram­se  anexados Termos  de  Sujeição  Passiva  Solidária  lavrados  em  nome  de  JOÃO  BOSCO  LINS  DE  OLIVEIRA  e  ROBERTO  BRITO  BEZERRA DE MELO NETO.  5.  Irresignada,  a  contribuinte  apresentou,  no  prazo  legal,  impugnação  ao  lançamento (fls. 3041/3044), por meio da qual requer a sua anulação, sob alegação de  que o Auditor­Fiscal promoveu, com efeitos a partir de 2006, a sua exclusão do Simples  federal,  ao  fundamento  de  que  obtivera  receita  bruta  superior  ao  limite  estabelecido  para  a  permanência  no  regime.  Afirma,  no  entanto,  que,  se  fossem  verdadeiras  as  alegações  expostas  pelo  mesmo  Auditor­Fiscal  no  Relatório  de  Fiscalização,  a  representação para a sua exclusão deveria ter sido fundada nos arts. 14, IV, e 15, V, da  Lei n.º  9.317, de 1996, de modo que,  embora o procedimento  esteja  todo calcado na  interposição  fraudulenta,  o  Auditor­Fiscal  utilizou,  como  motivação,  para  fins  de  exclusão do Simples, a ultrapassagem da receita bruta. Se fosse utilizada a interposição  fraudulenta,  a  exclusão  se  daria  já  a  partir  de  2005,  caso  em  que  a  pessoa  jurídica  deveria  ser  tributada  de  acordo  com  as  normas  de  tributação  aplicáveis  às  demais  pessoas jurídicas.  6.  No  prazo  legal,  compareceu  aos  autos  o  responsável  solidário  ROBERTO  BRITO BEZERRA DE MELO NETO, CPF n.º 831.388.114­34, através da impugnação  de fls. 3054/3070, na qual alega, depois de descrever os fatos:  Nulidades   6.1.  É  nula  a  tentativa  de  a  fiscalização  imputar­lhe  a  responsabilidade  de  que  trata os autos, por absoluta falta de competência, conforme entende o atual Conselho de  Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (reproduz ementa);  6.2. À  época  dos  fatos,  dedicava­se  a  produzir  cana  de  açúcar  em  propriedade  rural arrendada (fls. 2895/2903). Dedicou­se, à exaustão, em busca de documentos que  atendessem  às  exigências  da  auditoria,  porém  encontrou  dificuldades,  às  vezes  intransponíveis,  em  vista  das  inundações,  episódio  já  conhecido,  que  ocorreram  na  região banhada pelo rio Una. No entanto, conseguiu reunir, junto a alguns fornecedores,  documentos  esclarecedores  de  sua  atividade  (como  contrato  de  arrendamento  rural,  e  seu distrato, firmado com a empresa INTERIORANA – SERVIÇOS E CONSTRUÇÃO  LTDA.,  bem  como  relatório  de  informações  para  o  imposto  de  renda  tratando  das  operações  realizadas,  entre  2003  e  2005,  com  a mencionada  empresa). Assim,  foram  apresentados,  em  29/09/2010,  novos  documentos  à  fiscalização,  os  quais  atestam  a  realização  de  sua  atividade,  entre  os  quais  o  Instrumento  Particular  de  Contrato  de  Fornecimento de Cana de Açúcar, por meio do qual beneficiava a cana de açúcar que  fornecia  juntamente com o seu parceiro empresarial JOSÉ LUIZ DE MENEZES. Em  contrapartida, referida empresa lhe remunerava com sacas de açúcar (fls. 2932/2937 e  2939/2940), posteriormente repassadas, em grande parte, para os seus clientes e os do  Sr.  JOSÉ  LUIZ  DE  MENEZES,  entre  os  quais  a  empresa  fiscalizada,  conforme  amostragem  de  notas  fiscais  que  anexa  (fls.  2942/2965),  as  quais  totalizam  R$  86.400,00, valor compatível com os recursos que o favoreceram. Outros negócios foram  celebrados, como, p. ex., com a USINA CUCAÚ, mas os documentos a eles relativos  não  foram  localizados,  em  vista  dos  acontecimentos  ocorridos  na  região,  tendo  sido  apresentadas à fiscalização, através de expediente protocolado pelo Sr. JOSÉ LUIZ DE  MENEZES,  declarações  de  moagem  da  aludida  empresa  (fls.  2988/2989).  Caso  se  entenda necessária, que seja realizada diligência nas empresas citadas, para confirmar o  que se afirma;  Fl. 3289DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.290          4 6.3. Rotineiramente, a sua produção era vendida a diversas empresas produtoras  de  açúcar  –  usinas,  que  remuneravam o  fornecimento  da  cana  com o  próprio  açúcar,  conforme  notas  fiscais  em  anexo  (doc.  9).  Tais  rendimentos  da  atividade  rural  eram  sempre declarados;  6.4. Por sua vez, o açúcar era vendido pelas próprias empresas industriais, com a  sua anuência e com a anuência do Sr. JOSÉ LUIZ DE MENEZES, que se  tornavam,  quando não recebido o pagamento em dinheiro, credores dos compradores, a exemplo  da MANCAL, o que se comprova com a juntada de notas fiscais emitidas em nome da  UNA AÇÚCAR E ENERGIA em favor da MANCAL, com quem detinha créditos que  se acumulavam e eram transferidos para os anos subsequentes (como o de 2005, quando  recebeu créditos de períodos anteriores). Os valores que recebeu são compatíveis com  seus  créditos.  Os  documentos  apresentados  o  foram  por  amostragem,  em  vista  da  inundação que acometeu a região;  6.5.  Os  valores  devidos  foram  amortizados  com  a  emissão  de  cheques,  para  pagamento de despesas ou investimentos seus. É o caso da quitação das prestações dos  edifícios  Saint  Roman  (R$  30.024,00)  e  First  Village  (R$  31.295,91),  transferências  bancárias em que  foi  favorecido  (R$ 43.060,16), cheque  (R$ 2.000,00) e pagamentos  dos honorários advocatícios ao escritório Farias e Moreira Advogados Associados (R$  40.006,53). Não há nada de errado no fato de que os cheques emitidos para pagamento  de  tais  compromissos  apresentem­se  em  valores  exatos,  visto  que,  como  credor  da  empresa autuada, solicitava que a emissão se realizasse dessa forma. Um mero acerto  de  contas  e  uma  forma  de  evitar  a  CPMF.  Referidos  pagamentos  somam  R$  106.480,07, apenas 1,63% do volume de saídas verificadas na conta da MANCAL;  6.6.  Ressalta  o  Auditor­Fiscal  a  entrada  de  recursos  da  UNA  FACTORING,  empresa da qual era sócio, por intermédio de cheques endossados, os quais atingiram a  importância de R$ 989.530,46. Neste caso, o percentual é próximo de 15%. 72% foram  deixados de lado pela fiscalização, o que é muito limitado;  6.7. Em nenhum momento, a fiscalização logrou demonstrar a prática de atos de  gerência de sua parte;  6.8. Diz­se que a MANCAL não passa de uma empresa “laranja” e que sequer  possuía inscrição estadual. No entanto, era regularmente cadastrada até o ano de 2004.  Por  outro  lado,  se  a  MANCAL  se  prestou  ao  papel  de  “laranja”,  nenhuma  responsabilidade tem com este fato;  6.9.  As  atividades  da  MANCAL  eram  exercidas  eminentemente  nos  estabelecimentos  do  cliente  ou  utilizando­se  de  um  depósito.  Apesar  de  afirmar  que  haveria  uma  filial  na  cidade  de  Barreiros/PE,  a  fiscalização  não  efetuou  qualquer  tentativa de intimá­la neste local nem visitou as suas dependências;  6.10. Os acórdãos administrativos ou judiciais trazidos ao processo sempre fazem  referência a  sócio­gerente ou  representante da  empresa,  posições que nunca  foram as  suas. Há de haver prova inequívoca da existência de poderes gerenciais, como também  a prática de atos com excesso de poderes ou contra a lei (reproduz ementas de decisões  do então Conselho de Contribuintes);  6.11. O Auditor­Fiscal  tinha  o  dever  de  buscar  de  ofício  a  verdade  a  partir  de  uma  análise  profunda  das  contas  bancárias  da  MANCAL,  o  que  não  se  fez.  Dessa  análise,  poderiam  sair  os  nomes  dos  sócios  da  empresa  ou  daquelas  aos  quais  se  destinou a quase totalidade dos recursos. A falta de cumprimento desse dever, aliada ao  fato  de  que  os  autos  não  trazem  essas  informações,  impede  que  possa  exercer  plenamente o seu direito de defesa;  Fl. 3290DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.291          5 Mérito   6.12. O Auditor­Fiscal  promoveu,  com  efeitos  a  partir  de  2006,  a  exclusão  da  empresa do Simples  federal,  ao  fundamento de que obtivera  receita bruta  superior  ao  limite estabelecido para a permanência no regime. Afirma, no entanto, que, se fossem  verdadeiras  as  alegações  expostas  pelo  mesmo  Auditor­Fiscal  no  Relatório  de  Fiscalização, a representação para a sua exclusão deveria ter sido fundada nos arts. 14,  IV, e 15, V, da Lei n.º 9.317, de 1996, de modo que, embora o procedimento esteja todo  calcado na interposição fraudulenta, o Auditor­Fiscal utilizou, para fins de exclusão do  Simples,  como  motivação,  a  ultrapassagem  da  receita  bruta.  Fosse  utilizada  a  interposição fraudulenta, a exclusão se daria já a partir de 2005, caso em que a pessoa  jurídica  deveria  ser  tributada  de  acordo  com  as  normas  de  tributação  aplicáveis  às  demais pessoas jurídicas. No caso, o Auditor­Fiscal deveria ter arbitrado o lucro;  6.13.  Já  transcorreu  o  prazo  de  cinco  anos  relativo  aos  meses  de  janeiro  a  setembro de 2005, devendo­se excluir da cobrança referidos períodos;  6.14. No auto de infração, o Auditor­Fiscal cobrou a multa de 50% prevista no  art.  44,  II,  da Lei  n.º  9.430,  de  1996,  porém,  no  cálculo  da  exigência,  utilizou­se  do  percentual de 150%.  7. Após expor os motivos que o levam a requerer a realização de perícia contábil,  para  a  qual  indicou  perito  e  apresentou  quesitos  a  serem  respondidos,  e  repisar  argumentos já expostos na peça de defesa, requer a nulidade do lançamento e do Termo  de Sujeição Passiva Solidária.  8. Também no prazo legal, compareceu aos autos o responsável solidário JOÃO  BOSCO LINS DE OLIVEIRA, CPF n.º 149.503.914­53, através da impugnação de fls.  3174/3182, na qual sustenta, depois da descrição dos fatos:  Cerceamento do direito de defesa   8.1.  Somente  depois  do  lançamento  é  que  teve  acesso  aos  autos,  quando  constatou que 80% dos  ingressos na  conta bancária da  empresa  estão desprovidos de  identificação  dos depositantes. Como poderia  exercer o  seu  direito  de defesa  sem  ter  acesso a tais informações? Embora tenha agora o seu direito de defesa assegurado, no  momento  que  antecede  o  lançamento  foram  negadas  informações  que  propiciassem  uma visão do cenário que lhe era imposto, o que cerceou o seu direito de defesa;  Inconsistência da imputação da responsabilidade tributária   8.2.  À  época  dos  fatos  era  procurador  da MANCAL  com  poderes  específicos  para representá­la perante o Bradesco. A despeito de limitados os seus poderes, optou o  Auditor­Fiscal por atribuir­lhe  a condição de gerente,  o que não  se demonstrou pelos  documentos trazidos aos autos;  8.3.  Não  foram  aprofundadas  questões  como  quem  são  os  interessados  nas  operações da empresa, os beneficiados, se existem sócios ocultos;  8.4.  Tem  rendimentos  parcos  e  condizentes  com  a  sua  realidade  financeira  e  patrimonial;  Decadência   8.5.  Já  ocorreu  a  decadência  relativamente  aos  ingressos  ocorridos  no  período  entre de janeiro e setembro de 2005;  Fl. 3291DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.292          6 Dispositivo legal que fundamenta a exclusão do Simples   8.6. Ao mesmo tempo em que se faz a exclusão do Simples com fundamento no  excesso  de  receitas,  tanto  no  Relatório  Fiscal  quanto  no  Termo  de  Sujeição  Passiva  Solidária atribuiu­se a responsabilidade com base na interposição fraudulenta;  8.7. A  representação para a  sua exclusão deveria  ter  sido  fundada nos  arts.  14,  IV,  e  15,  V,  da  Lei  n.º  9.317,  de  1996,  de  modo  que,  fosse  utilizada  a  interposição  fraudulenta,  a  exclusão  se  daria  já  a  partir  de  2005,  caso  em  que  a  pessoa  jurídica  deveria  ser  tributada  de  acordo  com  as  normas  de  tributação  aplicáveis  às  demais  pessoas jurídicas;  Fato gerador e base de cálculo do INSS   8.8. O fato gerador da contribuição para o INSS incide sobre a folha de salários e  demais rendimentos e a contribuição do empregado. Equivocou­se o Auditor­Fiscal ao  utilizar­se da receita bruta, sendo evidente o erro no fato gerador e na base de cálculo, o  que torna nulo o lançamento;  Mérito   8.9. O Auditor­Fiscal  levantou a  existência de depósitos bancários  com origem  não  confirmada.  Constatou  que  a  importância  de  R$  100.000,00  beneficiou  o  Sr.  ROBERTO BRITO para o pagamento de seus compromissos;  8.10. Sempre se reportou à Sra. VERA LÚCIA BARBOSA, sócia majoritária da  empresa  e administradora, que,  naquele  ano,  estava procurando honrar  compromissos  antigos  da  empresa.  Para  corroborar  essa  assertiva,  junta  declaração  do  então  procurador da empresa no ano de 1999, o Sr. AGNELO APARECIDO SEGURA, para  evidenciar que a administração estava a cargo da Sra. VERA LÚCIA;  8.11.  Dos  valores  movimentados  pela  empresa  não  obteve  qualquer  proveito.  Constatada a ausência de identificação da maior parte dos depósitos/saídas das contas­ correntes da empresa, não se justifica a sua responsabilização;  8.12.  A  tributação  com  base  nos  depósitos  bancários  agride  o  CTN  (reproduz  escólios  doutrinários  e  ementas  de  decisões  do  então  Conselho  de  Contribuintes).  O  extinto  Tribunal  Federal  de  Recursos  considerou  ilegítimo  o  lançamento  com  base  apenas em depósitos bancários;  8.13. O Auditor­Fiscal não produziu provas da omissão de receitas;  8.14. A tributação da contribuição para o Simples deveria ter como base a folha  de pagamentos.  9. Ao final, requer a nulidade do lançamento ou, no mérito a sua improcedência.  Requer, ainda, a exclusão de sua responsabilidade. Protesta por todos os meios de prova  admitidos em direito, notadamente intimação à CEF e ao Bradesco, para que informem  os depositantes e os beneficiários dos recursos movimentados nas contas bancárias da  empresa.  10.  Através  da  petição  de  fl.  3198,  o  Sr.  ROBERTO  BRITO  BEZERRA  DE  MELO NETO requer, em complemento a sua impugnação, a juntada de fluxograma de  entradas e saídas de recursos financeiros movimentados pela MANCAL em 2005.  A  4ª  Turma  da  Delegacia  da  Receita  Federal  de  Julgamento  em  Recife,  Pernambuco,  apreciando  as  razões  trazidas  pelas  defesas  interpostas,  decidiu,  por  meio  do  Fl. 3292DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.293          7 acórdão  nº  11­38.146,  de  13  de  setembro  de  2012,  pela  procedência  dos  lançamentos  tributários.  O referido julgado restou assim ementado:  OMISSÃO  DE  RECEITA.  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS.  ORIGEM.  COMPROVAÇÃO.  Caracterizam­se  como  omissão  de  receita  os  valores  creditados  em  conta  de  depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o  titular,  pessoa  física  ou  jurídica,  regularmente  intimado,  não  comprove,  mediante  documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.  PRAZO DE DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.  O  prazo  para  a  constituição  de  crédito  tributário,  quando  não  há  pagamento  antecipado de tributo, é de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte  àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do artigo 173, inciso  I,  do Código  Tributário Nacional.  Em  havendo  pagamento,  o  prazo  extingue­se  após  cinco  anos,  a  partir  da  data  do  fato  gerador,  conforme  o  §  4º  do  art.  150  do mesmo  diploma legal.  RESPONSABILIDADE  SOLIDÁRIA.  INTERPOSIÇÃO DE  PESSOAS.  ATO  PRATICADO  COM  EXCESSO  DE  PODERES  OU  INFRAÇÃO  DE  LEI,  CONTRATO  SOCIAL  OU  ESTATUTOS.  RESPONSABILIDADE  DO  SÓCIO  DE  FATO. INTELIGÊNCIA DO ART. 135, III, DO CTN.  Responde pelos créditos  tributários os sócios de fato da pessoa  jurídica quando  tenham praticado  atos  com  excesso  de  poderes  ou  infração  de  lei,  contrato  social  ou  estatutos.  ARGUIÇÃO  DE  ILEGALIDADE  E  INCONSTITUCIONALIDADE.  INCOMPETÊNCIA  DAS  INSTÂNCIAS  ADMINISTRATIVAS  PARA  APRECIAÇÃO.  As  autoridades  administrativas  estão  obrigadas  à  observância  da  legislação  tributária  vigente  no  País,  sendo  incompetentes  para  a  apreciação  de  arguições  de  inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados.  PRELIMINAR DE NULIDADE.  Não  se  cogita  da  nulidade  do  auto  de  infração  quando,  além  de  formalmente  perfeito,  for  induvidosa  a  competência  da  autoridade  autuante,  bem  como  em  nada  malferido o direito de defesa do contribuinte.  Perscrutando  os  autos,  identifico,  apenas,  recurso  voluntário  interposto  por  ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELLO NETO (fls. 3.230/3.248). Na citada peça recursal,  o  referido  senhor,  repisando  a  argumentação  expendida  na  peça  impugnatória,  tece  considerações acerca das seguintes matérias:  ­ incompetência da Fiscalização para imputar responsabilidade (competência da  Procuradoria da Fazenda Nacional);  ­ ausência de fundamentação legal na imputação de responsabilidade;  ­ cerceamento do direito de defesa (necessidade de novas diligências);  Fl. 3293DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.294          8 ­ exclusão irregular do regime simplificado (SIMPLES);  ­  caducidade  do  direito  de  constituir  créditos  tributários  em  relação  aos  fatos  geradores ocorridos no período de janeiro a setembro de 2005;  ­ indicação equivocada do percentual da multa de ofício aplicada.  O  presente  processo  teve  o  julgamento  da  lide  nele  tratada  sobrestado,  em  obediência às disposições dos parágrafos 1º e 2º do art. 62 A do Regimento Interno (Anexo II),  conforme Resolução de fls. 3.273/3.286.  Entretanto, em virtude da edição da Portaria nº 545, de 18 de novembro de 2013,  que revogou tais dispositivos, desapareceu o motivo que impedia a apreciação da controvérsia.   É o Relatório.  Fl. 3294DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.295          9   Voto  Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães   Aprecio, preliminarmente, questões associadas à ciência da decisão exarada em  primeira instância.  Às fls. 3.210/3.2231, consta a decisão exarada em primeira instância.  Às  fls.  3.224,  foi  anexada  a  intimação  da  Delegacia  da  Receita  Federal  em  Recife,  para  a  contribuinte  autuada  (MANCAL MONTAGEM  E  CALDEIRARIA  LTDA  –  ME), relativa à ciência do acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento.  Às fls. 3.230/3.248, consta RECURSO VOLUNTÁRIO, recepcionado em 20 de  dezembro de 2012, interposto por ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELLO NETO, um dos  indicados como sujeito passivo solidário.  Às fls. 2.271, consta AVISO DE RECEBIMENTO, relativo à intimação de fls.  3.224, encaminhada à MANCAL MONTAGEM E CALDEIRARIA LTDA – ME. No referido  documento  resta  assinalada  a  legenda  AUSENTE,  como  motivo  para  a  não  entrega  do  documento.  Diante de tal quadro, entendendo que o processo não se encontra em condições  de ser apreciado, conduzo meu voto no sentido de converter o julgamento em diligência para  que a unidade administrativa de origem adote as seguintes providências:  i)  esclareça  se,  em  razão  da  ausência  de  ciência  da  contribuinte  autuada  (MANCAL MONTAGEM E CALDEIRARIA LTDA – ME) pela via postal, foram adotadas as  providências  previstas  no  parágrafo  1º  do  art.  23  do  Decreto  nº  70.235/72  (intimação  por  edital);  ii) caso a contribuinte autuada tenha sido intimada por edital, anexar a cópia do  documento correspondente, no qual deverá constar as datas de afixação e desafixação (caso a  contribuinte não tenha sido intimada, providências nesse sentido deverão ser adotadas);  iii)  anexar o  aviso de  recebimento  relativo  à ciência,  por parte do  responsável  tributário ROBERTO BRITO BEZERRA DE MELLO NETO, da decisão exarada em primeira  instância;  iv)  anexar  a  intimação  e  comprovante  de  ciência,  por  parte  do  responsável  tributário  JOÃO  BOSCO  LINS  DE  OLIVEIRA,  relativos  à  decisão  exarada  em  primeira  instância  (caso  o  citado  responsável  tributário  não  tenha  sido  intimado,  providências  nesse  sentido deverão ser adotadas).   “documento assinado digitalmente”                                                              1 A numeração considerada é a referente à digitalização das peças que integram o processo.  Fl. 3295DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES Processo nº 10480.722787/2010­42  Resolução nº  1301­000.192  S1­C3T1  Fl. 3.296          10  Wilson Fernandes Guimarães ­ Relator      Fl. 3296DF CARF MF Impresso em 10/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 15/0 4/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MEN EZES

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Numero do processo: 19515.000605/2007-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO. DISTINÇÃO NECESSÁRIA ENTRE MATÉRIA E TESE JURÍDICA. A divergência jurisprudencial deve ser demonstrada em relação a cada matéria suscitada, debatida no acórdão recorrido, sem a necessidade de vinculação do paradigma à tese aventada no acórdão recorrido. DECISÕES JUDICIAIS. APLICAÇÃO NO CARF. OBRIGATORIEDADE REGIMENTAL Por força do art. 62-A, do Anexo II do RICARF, as decisões definitivas proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. O Superior Tribunal de Justiça - STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC (Recurso Especial nº 973.733 - SC) definiu que o prazo decadencial para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) “conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”(artigo 173, I do CTN). DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE. No caso de rendimentos sujeitos aos Ajuste Anual, o pagamento antecipado apto a atrair a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, é aquele que tenha conexão com o respectivo fato gerador, aperfeiçoado em 31 de dezembro do ano-calendário. Recurso especial conhecido e provido.
Numero da decisão: 9202-003.222
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, conhecer do recurso e, no mérito, dar provimento ao recurso, com retorno dos autos à Câmara de origem para análise das demais questões. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora EDITADO EM: 20/05/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Gustavo Lian Haddad, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO

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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO. DISTINÇÃO NECESSÁRIA ENTRE MATÉRIA E TESE JURÍDICA. A divergência jurisprudencial deve ser demonstrada em relação a cada matéria suscitada, debatida no acórdão recorrido, sem a necessidade de vinculação do paradigma à tese aventada no acórdão recorrido. DECISÕES JUDICIAIS. APLICAÇÃO NO CARF. OBRIGATORIEDADE REGIMENTAL Por força do art. 62-A, do Anexo II do RICARF, as decisões definitivas proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. O Superior Tribunal de Justiça - STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC (Recurso Especial nº 973.733 - SC) definiu que o prazo decadencial para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) “conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”(artigo 173, I do CTN). DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE. No caso de rendimentos sujeitos aos Ajuste Anual, o pagamento antecipado apto a atrair a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, é aquele que tenha conexão com o respectivo fato gerador, aperfeiçoado em 31 de dezembro do ano-calendário. Recurso especial conhecido e provido.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO   2 No caso de rendimentos sujeitos aos Ajuste Anual, o pagamento antecipado  apto  a  atrair  a  aplicação  do  art.  150,  §  4º,  do  CTN,  é  aquele  que  tenha  conexão com o respectivo fato gerador, aperfeiçoado em 31 de dezembro do  ano­calendário.  Recurso especial conhecido e provido.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  votos,  conhecer  do  recurso e, no mérito, dar provimento ao recurso, com retorno dos autos à Câmara de origem  para análise das demais questões.     (Assinado digitalmente)  Marcos Aurélio Pereira Valadão ­ Presidente em exercício    (Assinado digitalmente)  Maria Helena Cotta Cardozo ­ Relatora  EDITADO EM: 20/05/2014  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Marcos  Aurélio  Pereira Valadão  (Presidente  em  exercício), Gustavo Lian Haddad,  Luiz Eduardo  de Oliveira  Santos,  Alexandre  Naoki  Nishioka  (suplente  convocado), Marcelo  Oliveira, Manoel  Coelho  Arruda  Junior,  Pedro  Anan  Junior  (suplente  convocado),  Maria  Helena  Cotta  Cardozo,  Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire.  Relatório  Trata­se de lançamento por meio do qual se exige Imposto de Renda Pessoa  Física, tendo em vista a omissão de rendimentos recebidos de fontes no exterior.  Em  sessão  plenária  de  19/08/2009,  foi  julgado  o  Recurso  Voluntário  nº  167.810, prolatando­se o Acórdão nº 2201­00.388 (fls. 299 a 306), assim ementado:  “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF  Ano­calendário: 2001  IRPF  ­  PRELIMINAR  DE  DECADÊNCIA  ­  O  prazo  para  a  autoridade  fiscal  constituir  o  crédito  tributário  é  aquele  fixado  no parágrafo 4º do artigo 150 do Código Tributário Nacional. O  fato  gerador  do  IRPF  ocorre  no  dia  31/12  do  respectivo  ano  calendário, sendo este o termo  inicial da contagem qüinqüenal,  quando  não  há  hipótese  de  dolo,  fraude  ou  simulação.  Preliminar acolhida.  Fl. 408DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 19515.000605/2007­11  Acórdão n.º 9202­003.222  CSRF­T2  Fl. 13          3 MULTA  QUALIFICADA  ­  INOCORRÊNCIA  ­  Qualquer  circunstância  que  autorize  a  exasperação  da  multa  de  lançamento  de  ofício  deverá  ser  minuciosamente  justificada  e,  principalmente, comprovada nos autos.  Preliminar acolhida.”  A decisão foi assim registrada:  “ACORDAM  os  Membros  da  Primeira  Turma  Ordinária  da  Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais,  por  unanimidade,  DESQUALIFICAR  a  multa  e,  por  maioria,  ACOLHER  a  preliminar  de  decadência,  nos  termos  do  voto  do  Relator.  Vencido o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.”  Cientificada  do  acórdão  em  07/12/2009  (fls.  307),  a  Fazenda  Nacional  interpôs, em 09/12/2009, o Recurso Especial de fls. 310 a 331, visando rediscutir a questão  da decadência.  Ao  Recurso  Especial  foi  dado  seguimento,  conforme  o  Despacho  nº  2200.058, de 25/01/2011 (fls. 344/345).  No apelo, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos, em síntese:  ­ trata­se de lançamento de ofício relativo a IRPF, ano­calendário 2001;  ­  o  fato  gerador  do  imposto  de  renda,  sabidamente,  é  complexivo  anual,  aperfeiçoando­se no dia 31 de dezembro de cada ano­calendário, salvo nos casos de tributação  definitiva ou de rendimentos sujeitos exclusivamente à retenção na fonte;  ­ sendo assim, no presente feito, o fato gerador perfez­se em 31 de dezembro  de 2001 (o que já reconhecido no acórdão recorrido);  ­  ademais,  impende  destacar  a  inexistência  de  prova  de  que  o  contribuinte  tenha efetuado recolhimento parcial do tributo;  ­ por conta disso, aplica­se ao lançamento em questão o disposto no art. 173,  inciso I, do CTN;  ­  o  Superior  Tribunal  de  Justiça,  ao  interpretar  a  combinação  entre  os  dispositivos do art. 150, §4° e 173, I, do CTN, entende que, não se verificando recolhimento de  exação e montante a homologar, bem havendo dolo, o prazo decadencial para o lançamento dos  tributos sujeitos a lançamento por homologação segue, respectivamente, a disciplina normativa  do art. 173, inciso I e parágrafo único, do CTN:  "TRIBUTÁRIO  E  PROCESSUAL  CIVIL.  CONTRIBUIÇÕES  PREVIDENCIÁRIAS.  EXAÇÃO  SUJEITA  A  LANÇAMENTO  POR  HOMOLOGAÇÃO.  DECADÊNCIA.  TERMO  INICIAL.  ARTIGOS  150,  §  4o  ,  E  173,  I,  DO  CTN.  HONORÁRIOS  ADVOCATÍCIOS. SÚMULA 7/STJ.  1.  Se  não  houve  pagamento  antecipado  pelo  contribuinte,  é  cabível o lançamento direto substitutivo, previsto no artigo 149,  Fl. 409DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO   4 V, do CTN, e o prazo decadencial  rege­se pela  regra geral do  artigo 173, I, do CTN. Precedentes.  2. Os  honorários  advocatícios  são  passíveis de modificação na  instância  especial  tão­somente  quando  se  mostrarem  irrisórios  ou exorbitantes. Não sendo desarrazoada a verba honorária, sua  majoração  ou  redução  importa,  necessariamente,  no  revolvimento dos aspectos fáticos do caso. Súmula 7/STJ.  3.  Agravo  regimental  não  provido.  (AgRg  no  Ag  936.380/SC,  Rei. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em  19.02.2008, DJ 05.03.2008 p. 1)". (grifou­se)  ­  o  tema  foi  recentemente  apreciado  pela  Primeira  Seção  do  Superior  Tribunal  de  Justiça,  na  sessão  de  julgamentos  de  12/08/2009,  que,  ao  analisar  o  Recurso  Especial 973.733/SC, de Relatoria do Min. Luiz Fux, na sistemática dos Recursos Repetitivos  (Art. 543­C do CPC), definiu que no caso dos tributos sujeitos a lançamento por homologação  o  prazo  decadencial  é  de  cinco  anos  contados  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  à  ocorrência  do  fato  gerador,  nas  hipóteses  em  que  o  contribuinte  não  declara,  nem  efetua  o  pagamento do tributo:  PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL  REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543­C, DO  CPC.  TRIBUTÁRIO.  TRIBUTO  SUJEITO  A  LANÇAMENTO  POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.  INEXISTÊNCIA  DE  PAGAMENTO  ANTECIPADO.  DECADÊNCIA  DO  DIREITO  DE  O  FISCO  CONSTITUIR  O  CRÉDITO  TRIBUTÁRIO.  TERMO  INICIAL.  ARTIGO  173,  I,  DO  CTN.  APLICAÇÃO  CUMULATIVA  DOS  PRAZOS  PREVISTOS  NOS  ARTIGOS  150,  §  4o  ,  e  173,  do  CTN.  IMPOSSIBILIDADE.  O  prazo  decadencial  qüinqüenal  para  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  (lançamento  de  ofício)  conta­se  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento  antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o  mesmo  inocorre,  sem  a  constatação  de  dolo,  fraude  ou  simulação  do  contribuinte,  inexistindo  declaração  prévia  do  débito  (Precedentes  da Primeira  Seção: Resp  766.050/PR, Rei.  Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg  nos  EREsp  216.758/SP,  Rei.  Ministro  Teori  Albino  Zavascki,  julgado  em  22.03.2006,  DJ  10.04.2006;  e  EREsp  276.142/SP,  Rei. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005).  2.  E  que  a  decadência  ou  caducidade,  no  âmbito  do  Direito  Tributário,  importa  no  perecimento  do  direito  potestativo  de  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  pelo  lançamento,  e,  consoante  doutrina  abalizada,  encontra­se  regulada  por  cinco  regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra  da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos  ao  lançamento  de  oficio,  ou  nos  casos  dos  tributos  sujeitos  ao  lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o  pagamento  antecipado  (Eurico  Marcos  Diniz  de  Santi,  "Decadência  e Prescrição no Direito Tributário", 3 a  ed., Max  Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210).  Fl. 410DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 19515.000605/2007­11  Acórdão n.º 9202­003.222  CSRF­T2  Fl. 14          5 3.  O  dies  a  quo  do  prazo  qüinqüenal  da  aludida  regra  decadencial  rege­se  pelo  disposto  no  artigo  173,  I,  do  CTN,  sendo certo que o “primeiro dia do exercício seguinte àquele em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado”  corresponde,  iniludivelmente,  ao  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  à  ocorrência  do  fato  imponível,  ainda  que  se  trate  de  tributos  sujeitos  a  lançamento  por  homologação,  revelando­se  inadmissível  a  aplicação  cumulativa/concorrente  dos  prazos  previstos nos artigos 150, § 4º , e 173, do Codex Tributário, ante  a  configuração  de  desarrazoado  prazo  decadencial  decenal  (Alberto  Xavier,  "Do  Lançamento  no  Direito  Tributário  Brasileiro",  3  a  ed.,  Ed.  Forense,  Rio  de  Janeiro,  2005,  págs.  91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed.,  Ed.  Saraiva,  2004,  págs.  396/400;  e  Eurico  Marcos  Diniz  de  Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3 a ed.,  Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199).  5.  In casu, consoante assente na origem: (i) cuida­se de tributo  sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege  de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não  restou  adimplida  pelo  contribuinte,  no  que  concerne  aos  fatos  imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro  de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos  deu­se em 26.03.2001.  6.  Destarte,  revelam­se  caducos  os  créditos  tributários  executados,  tendo  em  vista  o  decurso  do  prazo  decadencial  qüinqüenal  para  que  o  Fisco  efetuasse  o  lançamento  de  ofício  substitutivo.  7.  Recurso  especial  desprovido.  Acórdão  submetido  ao  regime  do artigo 543­C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.  ­  em  atenção  ao  julgado  acima  transcrito,  em  sessão  realizada  no  mês  de  novembro do corrente ano, a eg. Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no  recurso  n°  RP/105­140.076,  processo  10880.032666/98­54,  interessado  NOROESTE  SEGURADORA S.A., já adotou o entendimento do eg. Superior Tribunal de Justiça;  ­  infelizmente,  como o  acórdão  ainda não  foi  formalizado, não  foi  possível  trazê­lo aos autos;  ­  no  caso  em  apreço,  como  esclarecido  acima,  por  se  tratar  de  lançamento  complexivo,  o  fato  gerador  perfez­se  em  31  de  dezembro  de  2001  (ano­calendário  2001),  portanto  o  lançamento  apenas  poderia  ter  sido  efetuado  em  2002,  após  o  encerramento  do  período;  ­ a decadência, então, consoante a regra do artigo 173,1 do CTN, começou a  fluir  em  01  de  janeiro  de  2003  (primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento poderia ter sido efetuado), somente esgotando em 31 de dezembro de 2007;  ­ a Fiscalização constituiu o crédito tributário e cientificou o contribuinte em  15/03/2007, ou seja, antes de consumado o prazo decadencial.  Fl. 411DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO   6 Ao final, a Fazenda Nacional pede seja admitido o recurso e, no mérito, que  lhe  seja  dado  provimento,  reformando­se  o  acórdão  recorrido  para  afastar  a  decadência  declarada, retornando­se os autos à Câmara a quo, para que esta se manifeste sobre o mérito da  questão.  Cientificado  do  acórdão,  do  Recurso  Especial  da  Fazenda  Nacional  e  do  despacho que lhe deu seguimento em 10/06/2011 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 345), o  Contribuinte  ofereceu,  em  24/06/2011,  as  Contra­Razões  de  fls.  380  a  405,  contendo  os  seguintes argumentos, em resumo:  Quanto ao conhecimento do Recurso Especial  Ausência de divergência  ­ o único fundamento do acórdão recorrido foi no sentido de que, ausente o  dolo, fraude ou simulação, deveria ser aplicado o art. 150, § 4º, do CTN;  ­  o  art.  67  do  Anexo  II  do  Regimento  Interno  do  CARF  autoriza  a  interposição de Recurso Especial somente quando existirem decisões que deem interpretações  diferentes à mesma lei tributária;  ­ os paradigmas apresentam a confrontação do art. 150, §4º, com o art. 173,  inciso  I,  ambos  do  CTN,  e  afirmam  ser  este  último  aplicável,  por  não  haver  pagamento  antecipado do tributo;  ­  ocorre  que  a  questão  do  pagamento  nunca  foi  objeto  de  controvérsia  nos  autos, tampouco foi tratada no acórdão recorrido;  ­  na  verdade  o  que  se  tem  são  interpretações  distintas  para  situações  diferentes:  no  recorrido  discutiu­se  a  questão  da  ocorrência  ou  não  de  fraude,  dolo  ou  simulação, enquanto que nos paradigmas discute­se a existência ou não de pagamento;  ­ a divergência só restaria demonstrada com a colação de paradigma em que,  diante  do  dilema  sobre  a  aplicação  do  art.  150,  §  4º,  do  CTN,  em  caso  semelhante  ao  do  recorrido, fosse aplicado o art. 173, I, do CTN;  ­  assim,  a Fazenda Nacional  inovou em sua  tese  recursal,  alegando matéria  jamais discutida nos autos.  Falta de prequestionamento e inovação da tese recursal  ­  a discussão  acerca  da  aplicação  do  art.  173,  I,  do CTN,  pela  ausência  de  pagamento, nunca foi trazida aos autos, nem mesmo pela Fazenda Nacional;  ­ assim, faltou o requisito do prequestionamento, previsto no art. 7º, § 5º, do  antigo RICSRF (cita jurisprudência da CSRF);  ­  o  simples  fato  de  a  Fazenda  Nacional  suscitar  matéria  não  discutida  anteriormente  no  processo  inviabiliza  o  Recurso  Especial  (cita  jurisprudência  dos  antigos  Conselhos de Contribuintes);  ­  portanto,  resta  claro  que  o  Recurso  Especial  torna­se  viciado  ao  fundamentar­se  em  questão  não  provocada  a  debate  nas  instâncias  inferiores,  constituindo  matéria preclusa e não prequestionada.  Fl. 412DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 19515.000605/2007­11  Acórdão n.º 9202­003.222  CSRF­T2  Fl. 15          7 Quanto às razões do Recurso Especial  Existência de pagamento  ­ conforme se verifica na Declaração de Ajuste Anual do ano­calendário de  2001,  houve  recolhimento  de  IRPF  sobre  ganho  de  capital,  bem  como  sobre  rendimentos  sujeitos a tributação exclusiva;  ­  assim, ainda que o Recurso Especial pudesse  ser admitido, não procede o  argumento da Recorrente, no sentido de que não teria havido pagamento.  Aplicação do art. 150, § 4º, do CTN  ­ não há nenhum dispositivo legal que vincule o modo de contagem do prazo  decadencial ao fato de ter sido ou não realizado pagamento antecipado de tributo;  ­  os  tributos  sujeitos  ao  lançamento  por  homologação,  como  é  o  caso  do  IRPF,  estão  disciplinados  no  art.  150  do  CTN,  cabendo  ao  sujeito  passivo  efetuar  o  seu  recolhimento sem prévio exame da Autoridade Administrativa;  ­  posteriormente,  cabe  à  Autoridade  Administrativa  analisar  as  atividades  desenvolvidas  pelo  Contribuinte  e  suas  declarações,  para  confirmar  se  a  apuração  e  recolhimento do IRPF foram efetuados de forma correta ou não;  ­ o prazo para que a Autoridade Administrativa exerça esse dever é de cinco  anos, conforme previsto no art. 150, § 4º, do CTN;  ­ a única ressalva feita no dispositivo acima diz respeito à existência de dolo,  fraude ou simulação, nada constando sobre a necessidade de efetivação de pagamento;  ­ não há base legal para aplicação do art. 173, I, do CTN, pela inexistência de  pagamento, e no presente caso ocorreu o pagamento (cita jurisprudência).  Ocorrência de decadência, mesmo aplicando­se o art. 173, I, do CTN  ­ os fatos geradores ocorreram em 2001, portanto poderiam ter sido lançados  nesse exercício, portanto ainda que se aplique o art. 173, I, do CTN, a contagem da decadência  iniciar­se­ia  em  1º/01/2002,  encerrando­s  em  1º/01/2007;  como  o  lançamento  ocorreu  em  15/03/2007, o crédito encontra­se decaído (cita ementa do Resp 973.733/SC).  Ao  final,  o Contribuinte  pede  o  não  conhecimento  do Recurso Especial  da  Fazenda Nacional ou, caso assim não se entenda, que se lhe negue provimento.  Fl. 413DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO   8   Voto             Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, Relatora  O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando  perquirir acerca do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade.  Trata­se  de  discussão  acerca  da  decadência  do  direito  de  o  Fisco  efetuar  o  lançamento  do  Imposto  de  Renda  Pessoa  Física,  tendo  em  vista  a  omissão  de  rendimentos  recebidos de fontes no exterior.  Em  sede  de  Contra­Razões,  o  Contribuinte  pede  o  não  conhecimento  do  apelo,  alegando  ausência  de  demonstração  da  alegada  divergência,  já  que  os  paradigmas  tratariam da aplicação do art. 173, I, em face da ausência de pagamento antecipado, enquanto  que  no  recorrido  a  discussão  se  restringiria  à  aplicação  do  art.  150,  §  4º,  tendo  em  vista  a  ausência  de  dolo,  fraude  ou  simulação. Nesse  passo,  entende  que  não  teria  sido  cumprido  o  requisito  do  prequestionamento,  e  que  a  Fazenda  Nacional  teria  inovado  em  seu  Recurso  Especial.  De plano, cabe estabelecer a diferença entre a matéria objeto do recurso, e as  diferentes teses que venham a integrar as discussões nos processos. Assim, a matéria suscitada  no Recurso Especial é a decadência, o que envolve toda a legislação de regência, bastando que  o Recorrente indique paradigma que adote interpretação divergente da que lhe deu o acórdão  recorrido. Obviamente que  ao mencionar  “lei  tributária”,  o  art.  67  do Regimento  Interno  do  CARF,  aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, não  se  refere  a determinado dispositivo  legal que porventura tenha constado do acórdão recorrido, e sim ao arcabouço normativo que  envolva  o  tema,  e  nesse  diapasão  a  alegada  divergência  jurisprudencial  pode  significar,  inclusive, a aplicação de outro dispositivo legal, sem que isso caracterize inovação.  Ainda que se pudesse entender que o Recurso Especial da Fazenda Nacional  teria de estar atrelado à discussão acerca da aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, em face da  ausência de dolo, fraude ou simulação – o que se admite apenas para argumentar – verifica­se  que,  ao  contrário  do  que  afirma  o  Contribuinte  em  sede  de  Contra­Razões,  no  acórdão  recorrido foi abordada a questão do pagamento. Confira­se trecho do respectivo voto condutor  (fls. 304):  “Inicialmente,  cabe  o  registro  que  em  relação  à  decadência  sempre me  posicionei  no  sentido  de  que  quando  não  ocorre  o  pagamento  antecipado  não  há  fato  homologável,  passando  o  lançamento a ser direto ou de ofício, tal qual previsto no art. 149  do CTN, deslocando a norma de contagem do prazo decadencial  prevista no art. 150 § 4º do CTN, para a regra geral do art. 173,  inciso I, do CTN, contando­se o qüinqüênio a partir do primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  a  autoridade  poderia  fazê­lo.  Entretanto,  melhor  refletindo  a  questão,  verifico,  pois  que  a  referida tese não possui sustentação jurídica sólida, visto que se  alicerça sob um frágil argumento, qual seja, que em se tratando  de tributos sob a modalidade de lançamento por homologação o  pagamento  tem  o  condão de  deslocar  o  início  da  contagem  do  Fl. 414DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 19515.000605/2007­11  Acórdão n.º 9202­003.222  CSRF­T2  Fl. 16          9 prazo decadencial para a data do fato gerador, na forma do at.  150 do CTN.”  Assim, constata­se que, ao contrário do que afirma o Contribuinte em Contra­ Razões, houve sim o prequestionamento do tema da aplicação do art. 173, I, do CTN, em face  da ausência de pagamento antecipado. E ainda que não houvesse o prequestionamento – o que  também se admite apenas por amor ao debate – dito requisito não é exigido relativamente aos  recursos  da  Fazenda Nacional,  conforme  dispõe  o  art.  67,  do Regimento  Interno  do CARF,  aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009 (DOU de 23/06/2009), portanto aplicável ao  presente Recurso Especial, interposto em 09/12/2009, contra acórdão prolatado em 19/08/2009.  Confira­se o dispositivo regimental:  Art.  67.  Compete  à  CSRF,  por  suas  turmas,  julgar  recurso  especial  interposto  contra  decisão  que  der  à  lei  tributária  interpretação  divergente  da  que  lhe  tenha  dado  outra  câmara,  turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF.  (...)  §  3°  O  recurso  especial  interposto  pelo  contribuinte  somente  terá seguimento quanto à matéria prequestionada, cabendo sua  demonstração,  com  precisa  indicação,  nas  peças  processuais.”  (grifei)  Registre­se  que  a  jurisprudência  da  Câmara  Superior  de  Recursos  Fiscais,  citada  pelo  Contribuinte  em  sede  de  Contra­Razões,  relativa  à  necessidade  de  prequestionamento,  diz  respeito  a  acórdãos  proferidos  em  2006  e  2008,  portanto  à  luz  de  Regimento já revogado ao tempo da interposição do apelo que ora se analisa.  Diante  do  exposto,  conheço  do  Recurso  Especial,  interposto  pela  Fazenda  Nacional, e passo a analisar­lhe o mérito.  Nesse  sentido,  por  imposição  do  artigo  62­A  do  Regimento  Interno  do  CARF, o Colegiado deve aderir à tese adotada pelo STJ no Recurso Especial nº 973.733 ­ SC  (2007/0176994­0),  julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que  teve o  acórdão submetido ao  regime do artigo 543­C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008,  assim ementado:  PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL  REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543­C, DO  CPC.  TRIBUTÁRIO.  TRIBUTO  SUJEITO  A  LANÇAMENTO  POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.  INEXISTÊNCIA  DE  PAGAMENTO  ANTECIPADO.  DECADÊNCIA  DO  DIREITO  DE  O  FISCO  CONSTITUIR  O  CRÉDITO  TRIBUTÁRIO.  TERMO  INICIAL.  ARTIGO  173,  I,  DO  CTN.  APLICAÇÃO  CUMULATIVA  DOS  PRAZOS  PREVISTOS  NOS  ARTIGOS  150,  §  4º,  e  173,  do  CTN.  IMPOSSIBILIDADE.  1.  O  prazo  decadencial  quinquenal  para  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  (lançamento  de  ofício)  conta­se  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento  antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o  Fl. 415DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO   10 mesmo  inocorre,  sem  a  constatação  de  dolo,  fraude  ou  simulação  do  contribuinte,  inexistindo  declaração  prévia  do  débito  (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel.  Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg  nos  EREsp  216.758/SP,  Rel.  Ministro  Teori  Albino  Zavascki,  julgado  em  22.03.2006,  DJ  10.04.2006;  e  EREsp  276.142/SP,  Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005).  2.  É  que  a  decadência  ou  caducidade,  no  âmbito  do  Direito  Tributário,  importa  no  perecimento  do  direito  potestativo  de  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  pelo  lançamento,  e,  consoante  doutrina  abalizada,  encontra­se  regulada  por  cinco  regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra  da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos  ao  lançamento  de  ofício,  ou  nos  casos  dos  tributos  sujeitos  ao  lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o  pagamento  antecipado  (Eurico  Marcos  Diniz  de  Santi,  "Decadência  e  Prescrição  no  Direito  Tributário",  3ª  ed.,  Max  Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210).  3.  O  dies  a  quo  do  prazo  qüinqüenal  da  aludida  regra  decadencial  rege­se  pelo  disposto  no  artigo  173,  I,  do  CTN,  sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado"  corresponde,  iniludivelmente,  ao  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  à  ocorrência  do  fato  imponível,  ainda  que  se  trate  de  tributos  sujeitos  o  lançamento  por  homologação,  revelando­se  inadmissível  a  aplicação  cumulativa/concorrente  dos  prazos  previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante  a  configuração  de  desarrazoado  prazo  decadencial  decenal  (Alberto  Xavier,  "Do  Lançamento  no  Direito  Tributário  Brasileiro",  3ª  ed.,  Ed.  Forense,  Rio  de  Janeiro,  2005,  págs.  91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed.,  Ed.  Saraiva,  2004,  págs.  396/400;  e  Eurico  Marcos  Diniz  de  Santi,  "Decadência  e Prescrição  no Direito Tributário",  3ª  ed.,  Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199).  5.  In casu, consoante assente na origem: (i) cuida­se de  tributo  sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege  de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não  restou  adimplida  pelo  contribuinte,  no  que  concerne  aos  fatos  imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro  de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos  deu­se em 26.03.2001.  6.  Destarte,  revelam­se  caducos  os  créditos  tributários  executados,  tendo  em  vista  o  decurso  do  prazo  decadencial  qüinqüenal  para  que  o  Fisco  efetuasse  o  lançamento  de  ofício  substitutivo.  7.  Recurso  especial  desprovido.  Acórdão  submetido  ao  regime  do artigo 543­C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.  Assim, nos casos em que há pagamento antecipado, o termo inicial é a data  do  fato  gerador,  na  forma do § 4º,  do  art.  150, do CTN. Por outro  lado, na hipótese de não  haver antecipação do pagamento, o dies a quo é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em  que o lançamento poderia ter sido efetuado, conforme prevê o inciso I, do art. 173, do mesmo  Código.  Fl. 416DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 19515.000605/2007­11  Acórdão n.º 9202­003.222  CSRF­T2  Fl. 17          11 Por oportuno, esclareça­se que no julgado acima citado, proferido pelo STJ,  ocorreu erro material que levou o Contribuinte a argumentar, em sede de Contra­Razões, que  mesmo  aplicando­se  o  art.  173,  I,  do  CTN,  teria  se  operado  a  decadência.  Confira­se  o  respectivo trecho:  “(...)o  "primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado"  corresponde,  iniludivelmente,  ao  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  à  ocorrência do fato imponível (...)”,  Ocorre que o erro material acima foi corrigido por meio do  julgado abaixo,  proferido em Recurso Especial também na sistemática do artigo 543­C do Código de Processo  Civil  (repetitivo),  que não deixa dúvida,  no  sentido  de que o  termo  inicial  do  art.  173,  I,  do  CTN, é o primeiro dia do exercício seguinte não ao fato imponível, mas sim àquele em que o  lançamento poderia ter sido efetuado:  PROCESSUAL  CIVIL.  EMBARGOS  DE  DECLARAÇÃO.  TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.  RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS.  ART.  173,I,  do  CTN.  DECADÊNCIA.  ERRO  MATERIAL.  OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS.  EXCEPCIONALIDADE.  1.  Trata­se  de  embargos  de  declaração  opostos  pela  Fazenda  Nacional  objetivando  afastar  a  decadência  de  créditos  tributários  referentes a  fatos geradores ocorridos em dezembro  de 1993.  2.  Na  espécie,  os  fatos  geradores  do  tributo  em  questão  são  relativos  ao  período  de  1º  a  31.12.1993,  ou  seja,  a  exação  só  poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo  assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve  início  somente  em  1º.1.1995,  expirando­se  em  1º.1.2000.  Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999,  tem­se por não consumada a decadência, in casu.  3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos,  para  dar  parcial  provimento  ao  recurso  especial.  (EDcl  nos  EDcl  no  AgRg  no  REsp  674.497/PR,  Rel.  Ministro  MAURO  CAMPBELL  MARQUES,  SEGUNDA  TURMA,  julgado  em  09/02/2010, DJ 26/02/2010)  Assentado que a eleição do dispositivo do CTN aplicável está condicionada à  existência ou não de pagamento antecipado,  resta perquirir se, no presente caso,  teria havido  dito recolhimento.  A jurisprudência desta CSRF já se encontra pacificada, no sentido de que o  pagamento antecipado apto a atrair a aplicação do art. 150, § 4º, é aquele que tem conexão com  o  fato  gerador  de  que  se  trata. No  presente  caso,  o  IRPF  exigido  diz  respeito  a  omissão  de  rendimentos  sujeitos  ao  Ajuste  Anual,  portanto  trata­se  de  fato  gerador  complexivo,  que  se  aperfeiçoou em 31/12/2001. Analisando­se a Declaração de Ajuste Anual do exercício de 2002,  ano­calendário  2001,  em  nome  do  Contribuinte  (fls.  07  a  10),  constata­se  a  ausência  de  qualquer menção a eventual pagamento antecipado, relativo ao IRPF apurado no Ajuste Anual.  Fl. 417DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO   12 Quanto  aos  pagamentos  alegados  pelo  Contribuinte  em  sede  de  Contra­ Razões,  trata­se de  Imposto de Renda  sobre  ganho de  capital  e  sobre  aplicações  financeiras,  que não estão sujeitos ao Ajuste Anual, mas sim a tributação exclusiva/definitiva.  Destarte,  o  fato  gerador  do  tributo  em  questão  ocorreu  em  31/12/2001,  portanto a exação só poderia ser lançada e exigida a partir de 2002. Sendo assim, na forma do  art.  173,  I,  do CTN,  o  prazo  decadencial  teve  início  somente  em  1º/01/2003,  expirando  em  31/12/2007. Considerando que  a  ciência do Auto de  Infração ocorreu  em 15/03/2007  (AR –  Aviso de Recebimento de fls. 129), não ocorreu a decadência.  Diante  do  exposto,  conheço  do  Recurso  Especial  interposto  pela  Fazenda  Nacional e dou­lhe provimento, determinando o retorno dos autos  à Câmara de origem, para  julgamento das demais questões objeto do Recurso Voluntário.    (Assinado digitalmente)  Maria Helena Cotta Cardozo                                Fl. 418DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/05/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO

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Numero do processo: 10980.728833/2012-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Aug 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA. MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. OBSERVÂNCIA. OBRIGATORIEDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. APLICAÇÃO DO ART. 150 DO CTN. NECESSIDADE DE CONDUTA A SER HOMOLOGADA. O fato de o tributo sujeitar-se a lançamento por homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomar-se o encerramento do período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial. CONDUTA A SER HOMOLOGADA. Além do pagamento antecipado e da declaração prévia do débito, sujeita-se à homologação em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, a declaração, em DIPJ, de IRPJ e CSLL a pagar, ou de saldo negativo formado por retenções na fonte, se a autoridade fiscal não faz qualquer ressalva aos valores assim informados pelo sujeito passivo. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. Somente as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador podem ser arroladas como responsáveis pelo crédito tributário apurado. DIRETORES. Reconhecida a inexistência de prática caracterizada como crime contra a ordem tributária, bem como diante do cancelamento da qualificação da multa, não subsiste a imputação de responsabilidade tributária aos diretores da autuada. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. Impossível a reversão da glosa de compensação de prejuízos quando subsiste infração que infirma os valores utilizados pelo sujeito passivo. DEDUÇÃO. IRRF. Provado que o sujeito passivo desistiu da compensação de saldos negativos apurados nos períodos fiscalizados, parcelando os correspondentes débitos, admite-se, na determinação do tributo lançado de ofício, a dedução do IRRF confirmado em DIPJ e não utilizado para reduzir o imposto devido no período.
Numero da decisão: 1101-001.100
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em: 1) relativamente à glosa de juros sobre o capital próprio, por unanimidade de votos, REJEITAR as argüições de nulidade da decisão recorrida e do lançamento, bem como DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário e NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) relativamente às glosas de amortização de ágio: 2.1) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de nulidade do lançamento; 2.2) por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente ao principal exigido, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso; 2.3) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à qualificação da penalidade, vencida a Relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni; 2.4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à argüição de decadência, divergindo o Conselheiro José Sérgio Gomes e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão; e 2.5) por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente aos juros de mora sobre a multa de ofício, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso; 3) relativamente à glosa de compensação de prejuízos, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário; 4) relativamente à dedução de retenções na fonte, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário; e 5) relativamente à responsabilidade tributária, por maioria de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencida a Relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa, acompanhada nas conclusões pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA - Relatora (documento assinado digitalmente) MARCOS VINÍCIUS BARROS OTTONI – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA

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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA. MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. OBSERVÂNCIA. OBRIGATORIEDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. APLICAÇÃO DO ART. 150 DO CTN. NECESSIDADE DE CONDUTA A SER HOMOLOGADA. O fato de o tributo sujeitar-se a lançamento por homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomar-se o encerramento do período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial. CONDUTA A SER HOMOLOGADA. Além do pagamento antecipado e da declaração prévia do débito, sujeita-se à homologação em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, a declaração, em DIPJ, de IRPJ e CSLL a pagar, ou de saldo negativo formado por retenções na fonte, se a autoridade fiscal não faz qualquer ressalva aos valores assim informados pelo sujeito passivo. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. Somente as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador podem ser arroladas como responsáveis pelo crédito tributário apurado. DIRETORES. Reconhecida a inexistência de prática caracterizada como crime contra a ordem tributária, bem como diante do cancelamento da qualificação da multa, não subsiste a imputação de responsabilidade tributária aos diretores da autuada. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. Impossível a reversão da glosa de compensação de prejuízos quando subsiste infração que infirma os valores utilizados pelo sujeito passivo. DEDUÇÃO. IRRF. Provado que o sujeito passivo desistiu da compensação de saldos negativos apurados nos períodos fiscalizados, parcelando os correspondentes débitos, admite-se, na determinação do tributo lançado de ofício, a dedução do IRRF confirmado em DIPJ e não utilizado para reduzir o imposto devido no período.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em: 1) relativamente à glosa de juros sobre o capital próprio, por unanimidade de votos, REJEITAR as argüições de nulidade da decisão recorrida e do lançamento, bem como DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário e NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) relativamente às glosas de amortização de ágio: 2.1) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de nulidade do lançamento; 2.2) por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente ao principal exigido, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso; 2.3) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à qualificação da penalidade, vencida a Relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni; 2.4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à argüição de decadência, divergindo o Conselheiro José Sérgio Gomes e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão; e 2.5) por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente aos juros de mora sobre a multa de ofício, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso; 3) relativamente à glosa de compensação de prejuízos, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário; 4) relativamente à dedução de retenções na fonte, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário; e 5) relativamente à responsabilidade tributária, por maioria de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencida a Relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa, acompanhada nas conclusões pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA - Relatora (documento assinado digitalmente) MARCOS VINÍCIUS BARROS OTTONI – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 3          2 negócios  jurídicos,  a  jurisprudência  oscilava  relativamente  ao  tema  de  planejamento tributário. O intuito fraudulento resta por isso afastado.   JUROS  DE  MORA  SOBRE  MULTA  DE  OFÍCIO.  CABIMENTO.  A  obrigação  tributária  principal  compreende  tributo  e  multa  de  oficio  proporcional.  Sobre  o  crédito  tributário  constituído,  incluindo  a  multa  de  oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. COMPENSAÇÃO DE  PREJUÍZOS.  Impossível  a  reversão  da  glosa  de  compensação  de  prejuízos  quando  subsiste  infração  que  infirma  os  valores  utilizados  pelo  sujeito  passivo.  DEDUÇÃO.  IRRF.  Provado  que  o  sujeito  passivo  desistiu  da  compensação  de  saldos  negativos  apurados  nos  períodos  fiscalizados,  parcelando os correspondentes débitos, admite­se, na determinação do tributo  lançado de ofício, a dedução do  IRRF confirmado em DIPJ e não utilizado  para reduzir o imposto devido no período.  ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Ano­calendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009  DECADÊNCIA.  MATÉRIA  DECIDIDA  NO  RITO  DOS  RECURSOS  REPETITIVOS.  OBSERVÂNCIA.  OBRIGATORIEDADE.  As  decisões  definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria  infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543­C do Código de  Processo  Civil,  deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros  no  julgamento  dos  recursos  no  âmbito  do CARF. APLICAÇÃO DO ART.  150 DO CTN.  NECESSIDADE  DE  CONDUTA  A  SER  HOMOLOGADA.  O  fato  de  o  tributo  sujeitar­se  a  lançamento por homologação não é  suficiente para,  em  caso de ausência de dolo, fraude ou simulação,  tomar­se o encerramento do  período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial.  CONDUTA A SER HOMOLOGADA. Além do pagamento antecipado e da  declaração  prévia  do  débito,  sujeita­se  à  homologação  em  5  (cinco)  anos  contados  da  ocorrência  do  fato  gerador,  a  declaração,  em DIPJ,  de  IRPJ  e  CSLL  a  pagar,  ou  de  saldo  negativo  formado  por  retenções  na  fonte,  se  a  autoridade fiscal não faz qualquer ressalva aos valores assim informados pelo  sujeito passivo.   RESPONSABILIDADE  TRIBUTÁRIA.  SOLIDARIEDADE.  Somente  as  pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador  podem  ser  arroladas  como  responsáveis  pelo  crédito  tributário  apurado.  DIRETORES.  Reconhecida  a  inexistência  de  prática  caracterizada  como  crime  contra  a  ordem  tributária,  bem  como  diante  do  cancelamento  da  qualificação da multa, não subsiste a imputação de responsabilidade tributária  aos diretores da autuada.       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado  em:  1)  relativamente  à  glosa  de  juros  sobre  o  capital  próprio,  por  unanimidade  de  votos,  REJEITAR  as  argüições  de  nulidade  da  decisão  recorrida e do  lançamento, bem como DAR PROVIMENTO ao  recurso voluntário e  NEGAR PROVIMENTO ao  recurso de ofício;  2)  relativamente  às  glosas de amortização de  ágio: 2.1) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de nulidade do lançamento; 2.2)  por  voto  de  qualidade,  NEGAR  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário  relativamente  ao  Fl. 2250DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 4          3 principal  exigido,  divergindo  os  Conselheiros  Benedicto  Celso  Benício  Júnior,  Marcos  Vinícius  Barros  Ottoni  e  Antônio  Lisboa  Cardoso;  2.3)  por  maioria  de  votos,  DAR  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário  relativamente  à  qualificação  da  penalidade,  vencida  a  Relatora  Conselheira  Edeli  Pereira  Bessa,  sendo  designado  para  redigir  o  voto  vencedor  o  Conselheiro Marcos Vinícius Barros Ottoni; 2.4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO  ao  recurso voluntário  relativamente à argüição de decadência, divergindo o Conselheiro José  Sérgio Gomes e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão; e 2.5) por voto de qualidade,  NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente aos juros de mora sobre a multa  de ofício, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior, Marcos Vinícius Barros  Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso; 3) relativamente à glosa de compensação de prejuízos, por  unanimidade  de  votos,  NEGAR  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário;  4)  relativamente  à  dedução de retenções na fonte, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao  recurso voluntário; e 5) relativamente à responsabilidade tributária, por maioria de votos DAR  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário,  vencida  a  Relatora  Conselheira  Edeli  Pereira  Bessa,  acompanhada  nas  conclusões  pelo  Presidente  Marcos  Aurélio  Pereira  Valadão,  sendo  designado  para  redigir  o  voto  vencedor  o  Conselheiro  Marcos  Vinícius  Barros  Ottoni,  nos  termos do relatório e votos que integram o presente julgado.     (documento assinado digitalmente)  MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO ­ Presidente.     (documento assinado digitalmente)  EDELI PEREIRA BESSA ­ Relatora    (documento assinado digitalmente)  MARCOS VINÍCIUS BARROS OTTONI – Redator designado  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Marcos  Aurélio  Pereira Valadão  (presidente da  turma), Edeli  Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício  Júnior,  José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni e Antônio Lisboa Cardoso.  Fl. 2251DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 5          4   Relatório  MAGIUS  METALÚRGICA  INDUSTRIAL  S/A,  Adilton  Boff  Cardoso  e  Adalberto  Boff  Cardoso,  já  qualificados  nos  autos,  recorrem  de  decisão  proferida  pela  1ª  Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Curitiba/PR que, por unanimidade de  votos,  julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento  formalizado em 07/12/2012, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 19.169.087,16.  No  Termo  de  Verificação  Fiscal  de  fls.  785/812,  a  autoridade  lançadora  inicialmente  descreve  as  alterações  do  quadro  social  da  autuada;  reporta­se  a  laudo  de  sua  avaliação em 23/12/2004, atribuindo­lhe o valor econômico de R$ 37 milhões (aí considerados  terrenos, benfeitorias, máquinas e equipamentos no valor total de R$ 17.827.000,00); registra a  constituição de Boff Cardoso Participações S/A em 23/12/2004, tendo como acionistas Magius  Participações  Ltda,  Adilton  Boff  Cardoso  e  Adalberto  Boff  Cardoso  (seus  diretores­ presidentes),  bem  como  sua  extinção  em  31/03/2005 mediante  incorporação  pela  autuada;  e  demonstra a  constituição de Magius Participações Ltda em 22/12/2004 mediante conferência  da totalidade das ações que os sócios detinham na autuada.  A Fiscalização demonstra que o único  lançamento contábil nos  registros de  Boff Cardoso Participações S/A, em 2004, foi a abertura da empresa, resultando na ativação de  investimento em Magius Participações Ltda no valor de R$ 5.799.998,00 e correspondente ágio  de  R$  25.519.002,00.  Já  em  2005,  houve  apenas  um  único  lançamento  de  equivalência  patrimonial,  em  31/03/2005,  no  valor  de  R$  1.975.901,73.  Questionada  acerca  destas  operações,  a  contribuinte  alegou  tratar­se  de  uma  operação  onerosa  com  a  conferência  das  ações  a  valor  de  mercado,  acarretando  um  ônus  para  a  Boff  Cardoso  Participações  S/A,  mediante entrega de ações de seu próprio capital. Enfatizou que a forma de integralização do  capital  se  deu mediante a  conferência  de  ações  que  os  sócios  possuem no  capital  social  da  Magius Metalúrgica Industrial S/A, conforme consta no Contrato Social de Constituição.  A  autoridade  fiscal  constata,  assim,  que  em  20/12/2004  a  autuada  foi  transformada de sociedade limitada para sociedade anônima de capital fechado e, na seqüência,  em  22/12/2004,  suas  ações  foram  transferidas  por  seus  acionistas  para  a  recém  constituída  Magius  Participações  Ltda,  mediante  integralização  de  seu  capital  social.  Em  23/12/2004  é  constituída  Boff  Cardoso  Participações  S/A  e  seu  capital  é  integralizado  por  Magius  Participações Ltda, mas no valor de R$ 31.319.000,00, em razão do valor atribuído aos bens da  autuada,  surgindo  neste  momento  o  ágio  questionado,  na  medida  em  que  o  custo  do  investimento  seria  de R$  5.799.998,00.  Em  31/03/2005  a  autuada  incorporou  Boff  Cardoso  Participações  S/A,  e  diante  deste  contexto  a  autoridade  lançadora  concluiu  que  a  empresa  BOFF  CARDOSO  PARTICIPAÇÕES  S/A  foi  constituída  basicamente  para  dissimular  a  ocorrência  de  operações  de  compra  e  venda  de  participação  societária,  simulando  a  ocorrência de eventos societários consecutivos, com a contabilização de um ágio interno que  supostamente  seria  pela  compra  da  MAGIUS  METALÚRGICA  S/A,  contabilizado  em  23/12/2004  e  retornando  em  forma  de  INCORPORAÇÃO  para  o  sujeito  passivo  em  31/03/2005, operações realizadas em curto período a menos de 100 dias, sem a ocorrência de  qualquer pagamento.    Fl. 2252DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 6          5 Reproduzindo o  quadro  social  das  empresas  envolvidas,  a  autoridade  fiscal  demonstra que elas são compostas, direta ou indiretamente, pelos mesmos sócios ou acionistas  (Adilton  Boff  Cardoso,  Adalberto  Boff  Cardoso,  Aldo  Boff  Cardoso,  Márcia  de  Souza  Cardoso,  Marlene  Souza  Cardoso  e  Tânia  Mara  de  Souza  Cardoso).  Acrescenta  que  as  empresas envolvidas no planejamento tributário apresentam em comum o endereço, os sócios e  os  diretores,  sendo  no  cargo  de Diretor  Presidente  ADILTON  BOFF CARDOSO  e Diretor  Vice­Presidente ADALBERTO BOFF CARDOSO.  Demonstra,  por  fim,  que  em  cada  ano­calendário,  de  2007  a  2009,  foi  amortizado o montante de R$ 5.104.000,44, passível de glosa por se tratar de ágio constituído  sem fundamento econômico, realizado no mesmo grupo empresarial, composto pelos mesmos  sócios/acionistas.  Enunciando  novamente  os  eventos  societários  ocorridos,  reporta­se  a  pronunciamento da Comissão de Valores Mobiliários no sentido de que o ágio somente surge  quando há pagamento, ou seja, dispêndio para se obter algo de terceiros, inexistindo, do ponto  de vista econômico, geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. Assim, ainda  que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável, tais  transações não se revestem de substância econômica e da indispensável  independência entre  as partes, para que seja passível de registro, mensuração e evidenciação pela contabilidade.  Ainda,  tendo  em  conta  os  valores  pagos  a  título  de  juros  sobre  o  capital  próprio entre o 4o trimestre/2007 e o 4o trimestre/2009, a autoridade fiscal apura que dentre as  pessoas físicas beneficiadas com os pagamentos apenas Adilton Boff Carsoso e Adalberto Boff  Cardoso  figuraram  como  sócios  da  autuada  a  partir  de  23/12/2004,  e  com  percentuais  de  participação  inferiores  aos  considerados  pela  contribuinte.  Promove,  assim,  a  glosa  entre  os  juros  recalculados  e  aqueles  contabilizados  pela  contribuinte,  apurando  bases  de  cálculo  equivalentes a R$ 537.250,32 em 2007, R$ 5.314.215,98 em 2008 e R$ 2.724.299,66 em 2009.  Uma vez revertidos para lucro os prejuízos fiscais e bases negativas apurados  no 1o e 2o trimestres do ano­calendário 2008, a autoridade fiscal também glosa a compensações  destas parcelas na apuração do 3o trimestre de 2008.   Aos valores apurados em razão das amortizações de ágio foi aplicada multa  qualificada em razão do que assim exposto:  No  tocante  à  penalidade,  diante  da  cristalina  presença  do  elemento  subjetivo  do  dolo, não restando dúvida quanto à intenção do contribuinte em reduzir a base de  cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro, manobras que  tiveram a finalidade de mascarar o resultado, causando prejuízo aos cofres públicos  mediante a falta e/ou redução do pagamento dos tributos devidos, é de aplicar­se a  todas  as  infrações  aqui  apontadas,  nos  termos  da  legislação  de  regência,  a  qualificação da multa de ofício de 150%.  A  multa  de  ofício  qualificada,  aplicável  ao  caso  em  tela,  está  prevista  conforme  dispõe o artigo 44, inciso I e §1o da Lei nº 9.430/96 com a redação data pelo artigo  14 da Lei nº 11.488/2007, sem prejuízo da aplicação de outras sanções, conforme  dispõe a Lei 8.137/90, artigos 1o e 2o, e tem como pressuposto para sua aplicação a  existência  de  “evidente  intuito  de  fraude  definido  nos  artigos  71,  72  e  73  da  Lei  nº.4502, de 30 de novembro de 1964”.  No  âmbito  da  representação  fiscal  pra  fins  penais  acrescenta  que  foram  constatados fatos que, em tese, configuram crime contra ordem tributária pela prática de não  oferecer à  tributação do  IRPJ e CSLL, pela  simulação da operação de alienação  societária  Fl. 2253DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 7          6 com  ágio,  impedindo  ou  retardando,  total  ou  parcialmente,  o  conhecimento  por  parte  da  autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador dos tributos devidos administrados pela  RFB.  Por  fim,  constatando  que  a  empresa  apresentou  para  arrolamento  apenas  veículos de valor inexpressivo, que após a criação do ágio, os bens imóveis, que foram objeto  de reavaliação constando do Laudo de Avaliação, passou a não constar do Ativo Imobilizado  da Pessoa Jurídica, e que as decisões foram tomadas pelos diretores Adilton Boff Cardoso e  Adalbaerto  Boff  Cardoso,  a  autoridade  fiscal  imputou­lhes  responsabilidade  solidária  pelo  crédito tributário nos termos do art. 124, I c/c art. 135, ambos do CTN.  Impugnando  a  exigência,  a  pessoa  jurídica  discorreu  sobre  as  justificativas  econômicas  da  reestruturação  societária  promovida  no  grupo,  reportou­se  à  avaliação  do  investimento  e  ao  reconhecimento  de  ganho  de  capital  por Magius  Participações  Ltda,  com  tributação  diferida  na  forma  do  art.  36  da  Lei  nº  10.637/2002,  de  modo  que  o  ágio  seria  dedutível e que a riqueza a ser tributada pertenceria aos antigos controladores, evidenciando a  nulidade  do  lançamento. Argüiu  a  decadência de  parte  do  crédito  tributário,  e  apontou  vício  material por desconsideração do IRRF passível de dedução na apuração do IRPJ. Defendeu a  inexistência de óbices legais à amortização promovida, porque observados os requisitos do art.  20  do Decreto­lei  nº  1.598/77,  afirmando  a  regularidade  do  custo  de  aquisição  reconhecido  contabilmente, à semelhança do que decidido pelo CARF no Caso Gerdau.  Invocou  também  manifestações  do  CARF  acerca  da  evidenciação  do  propósito  negocial  em  tais  operações,  mediante  análise  do  “filme”  e  não  apenas  das  “fotos”,  e  argumentou  que  a  incorporação  de  Boff Cardoso Participações autorizou a dedução do ágio na forma dos arts. 7o e 8o da Lei nº  9.532/97.  Com  referência  à  glosa  de  juros  sobre  o  capital  próprio,  argumentou  que  a  Fiscalização computou em seus cálculos juros pagos em decorrência de contratos de mútuo e  ignorou contratos de usufruto  firmados entre as  pessoas  físicas e Magius Participações Ltda.  Discordou da qualificação da penalidade em razão de  interpretações diferentes adotadas pelo  Fisco e pelo contribuinte, bem como da imputação de juros de mora sobre a multa de ofício.   Os responsáveis tributários alegaram imprecisão na imputação dos fatos que  ensejaram a atribuição de responsabilidade solidária, negaram a existência de interesse comum,  e  argumentaram  que  a  imputação  de  responsabilidade  com  base  no  art.  135  do  CTN  seria  pessoal  e  excluiriam  a  responsabilidade  da  pessoa  jurídica.  Ademais,  a  divergência  de  interpretação entre o Fisco  e o  contribuinte não  é motivo  suficiente para  atribuição de  culpa  exclusiva dos diretores por infração à lei.  A autoridade  julgadora  de 1a  instância  requereu  esclarecimentos  acerca  dos  contratos de mútuo juntados aos autos pela defesa, os quais foram prestados às fls. 1694/1896.  Por fim, a Turma julgadora acolheu parcialmente os argumentos da defesa, admitindo que as  parcelas  contabilizadas  na  conta  nº  3.5.2.0006  –  “Juros  s/Vlrs.  a  Distribuir  a  Sócios”  corresponderiam a encargos de mútuo e deveriam ser desconsiderados na apuração excesso de  juros sobre o capital próprio, bem como que o Instrumento Particular de Usufruto firmado em  10/06/2005 seria hábil a autorizar a dedutibilidade dos juros pagos aos usufrutuários das ações  da autuada detidas por Magius Participações Ltda. Promoveu, assim, o recálculo das parcelas  dedutíveis,  excluindo  do  patrimônio  líquido  da  autuada  o  valor  correspondente  ao  ágio  ficticiamente integralizado por Boff Cardoso Participações, e apurando excessos apenas no 4o  trimestre/2007  (R$  252.544,29)  e  nos  trimestres  do  ano­calendário  2008  (R$  691.191,12),  excluindo integralmente as exigências do ano­calendário 2009. A exoneração assim procedida  foi submetida a reexame necessário.  Fl. 2254DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 8          7 No mais, a exigência foi mantida pelas  razões assim sintetizadas na ementa  do acórdão recorrido e sob reexame:  Assunto: Processo Administrativo Fiscal   Ano­calendário: 2007, 2008, 2009   NULIDADE.  Além  de  não  se  enquadrar  nas  causas  enumeradas  no  artigo  59  do  Decreto  nº  70.235, de 1972, e não se tratar de caso de inobservância dos pressupostos legais  para  lavratura  do  auto  de  infração,  é  incabível  falar  em  nulidade  do  lançamento  quando não houve transgressão alguma ao devido processo legal.  Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica ­ IRPJ   Ano­calendário: 2007, 2008, 2009   AMORTIZAÇÃO  DE  ÁGIO  INTERNO.  FUNDAMENTO  ECONÔMICO  EM  EXPECTATIVA  DE  RENTABILIDADE  FUTURA.  TRANSAÇÃO  DOS  SÓCIOS  COM ELES MESMOS. AUSÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ECONÔMICA.  É  descabida  a  amortização  de  ágio  interno,  com  fundamento  econômico  em  expectativa  de  rentabilidade  futura  da  empresa  investida,  pois  não  é  possível  reconhecer uma mais­valia de um investimento quando originado de transação dos  sócios  com  eles  mesmos;  ainda  que  do  ponto  de  vista  formal  os  atos  societários  atendam à legislação aplicável, do ponto de vista econômico tais transações não se  revestem de substância econômica e da indispensável independência entre as partes  para merecer registro, mensuração e evidenciação pela contabilidade.   ÁGIO  INTERNO.  REJEIÇÃO  PELA  CIÊNCIA  CONTÁBIL,  LEGISLAÇÃO  COMERCIAL E LEI TRIBUTÁRIA.   A  contribuinte  é obrigada, pela  lei  tributária,  a apurar o  lucro  líquido de acordo  com a lei societária que, por seu turno, determina que este lucro seja obtido através  da  observância  da  escrituração  e  dos  preceitos  da  Ciência  Contábil;  logo,  se  a  contabilidade  não  aceita  o  ágio  interno  gerado  na  aquisição  de  participação  societária,  este  também  será  rejeitado  pela  legislação  comercial  e  pela  lei  tributária, na medida que ele trará reflexos indevidos na apuração do lucro líquido  da pessoa jurídica.   ÁGIO COM EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. SOMENTE O ÁGIO  EFETIVAMENTE  PAGO  PODE  SER  AMORTIZADO.  RECUPERAÇÃO  DO  CAPITAL APLICADO.  É  condição  indispensável  para  apuração  do  ágio  que  haja  sempre  um  preço  ou  custo de aquisição, ou seja, um dispêndio para se obter algo de terceiros; somente o  ágio  efetivamente  pago,  com  expectativa  de  rentabilidade  futura,  pode  ser  amortizado dentro do período pelo qual se pagou pelos lucros futuros da investida,  cujos  valores  não  representam  um  ganho  efetivo,  já  que  a  investidora  por  eles  pagou antecipadamente, mas uma recuperação do capital aplicado.  JUROS  SOBRE  O  CAPITAL  PRÓPRIO.  VARIAÇÃO  PRO  RATA  DIA  DA  TJLP.  CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO.  A pessoa  jurídica pode deduzir,  na determinação do  lucro  real,  o  valor  dos  juros  pagos  ou  creditados  individualmente  a  titular,  sócios  ou  acionistas,  a  título  de  remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido  com  base  na  variação  pro  rata  dia  da  TJLP;  o  encargo  dedutível  com  juros  remuneratórios do capital fica limitado ao maior entre os seguintes valores: (i) 50%  do  lucro  líquido  do  período  de  apuração  a  que  corresponder  o  pagamento  ou  crédito dos juros, após a dedução da CSLL e antes da provisão para o imposto de  Fl. 2255DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 9          8 renda e da dedução dos referidos juros; (ii) 50% da soma dos saldos das contas de  lucros acumulados e de reserva de lucros de períodos anteriores.  JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. USUFRUTO DE AÇÕES.  O usufruto, é  instituto de direito civil  que constitui direito  real que  tem por efeito  dividir as  faculdades  inerentes ao direito de propriedade  (usar, gozar e dispor da  coisa) entre o proprietário do bem (denominado nu­proprietário) e o usufrutuário, a  quem  são  atribuídos  os  direitos  de  posse,  uso,  administração  e  percepção  dos  frutos; a possibilidade da instituição de usufruto sobre ações decorre das expressa  disposição da Lei nº 6.404, de 1976, cujo artigo 205 determina que a pessoa inscrita  como usufrutuária tem direito ao recebimento dos dividendos.   RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA  SOLIDÁRIA.  INTERESSE COMUM COM A  SITUAÇÃO  QUE  CONSTITUIU  O  FATO  GERADOR  DA  OBRIGAÇÃO  PRINCIPAL. ATOS PRATICADOS COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO  DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS.  Os  sócios  controladores  devem  compor  o  rol  dos  responsáveis  solidários  pelo  crédito  tributário  em  face de  terem  interesse  comum na  situação que  constituiu  o  fato gerador da obrigação principal, além de as obrigações tributárias resultarem  de  atos  praticados  com  excesso  de  poderes  ou  infração de  lei,  contrato  social  ou  estatutos,  porquanto  participaram  diretamente  de  todas  as  operações  que  possibilitaram  à  interessada  amortizar  o  ágio  gerado  artificialmente  sobre  o  seu  próprio  patrimônio  líquido,  tendo  sido  beneficiados,  mediante  remuneração  e  distribuição  de  lucros  e  dividendos,  com  os  ganhos  indevidos  de  natureza  tributária decorrentes da amortização desse ágio interno.  Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário   Ano­calendário: 2007, 2008, 2009   DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO.   Caracterizada  a  existência  de  dolo,  fraude  ou  simulação,  aplica­se  o  prazo  decadencial previsto no art. 173, I do CTN, tendo como termo inicial o primeiro dia  do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.  MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO.  Aplicável  a multa  qualificada  de  150%  quando  caracterizado  o  intuito  de  fraude  para possibilitar à contribuinte a amortização de ágio gerado artificialmente sobre  o  seu  próprio  patrimônio  líquido,  pois  os  sócios  administradores  estavam  perfeitamente  conscientes  da  falta  de  propósito  negocial  do  ágio  gerado  em  operações  realizadas intragupo, em transações que não se  revestem de substância  econômica,  sem  efetivo  pagamento  e  da  indispensável  independência  entre  as  partes.  DECORRÊNCIA. CSLL.  Tratando­se  de  tributação  reflexa  de  irregularidade  descrita  e  analisada  no  lançamento  de  IRPJ,  constante  do mesmo  processo,  e  dada  à  relação  de  causa  e  efeito, aplica­se o mesmo entendimento à CSLL.   A pessoa jurídica autuada foi cientificada da decisão de primeira instância em  26/08/2013  (fl.  1998)  e  interpôs  recurso  voluntário,  tempestivamente,  em  25/09/2013  (fls.  2088/2170), bem como apresentou contrarrazões ao recurso de ofício (fls. 2230/2246).  No  recurso  voluntário  discorre,  inicialmente,  acerca  da  reestruturação  societária, mencionando a constituição de Magius Participações, na condição de holding, e da  nova empresa Boff Cardoso Participações S/A, que passou a ser controladora da autuada, em  Fl. 2256DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 10          9 operação  que  teria  o  objetivo  precípuo  de  fortalecer  a  estrutura  do  Grupo  Econômico  e,  especialmente,  atrair  novos  parceiros  para  obter  numerário  e  possibilitar  crescimento  sustentável  da  Empresa.  Reporta­se  à  avaliação  a  valor  de  mercado  pelo  método  de  rentabilidade futura da autuada e observa que a Fiscalização não questionou referido laudo. E  enfatiza  que  Magius  Participações  pagou  a  integralização  de  capital  de  Boff  Cardoso  Participações, no valor de R$ 31.319.000,00, em subscrição onerosa de suas ações, mediante  conferência  das  quotas  que  possuía  na  autuada,  ensejando  o  surgimento  do  ágio  de  R$  25.520.002,00. Acrescenta  que Magius  Participações  reconheceu  o  correspondente  ganho  de  capital, cujo tratamento tributário é regido pelo art. 36 da Lei nº 10.637/2002.  Contudo, no  curso  do  ano  de  2005,  o Grupo  Econômico  constatou  que  os  objetivos  pretendidos  com  a  criação  da BOFF PARTICIPAÇÕES  não  foram  alcançados,  já  que NÃO houve a entrada de novos parceiros comerciais, bem como não houve a obtenção de  novos  recursos  financeiros  junto  ao  mercado,  aprovou­se  a  incorporação  de  Boff  Cardoso  Participações pela autuada, para fortalecer, ainda mais, a estrutura operacional da Empresa.  Destaca  que  no  protocolo  e  justificação  de  incorporação  consignou­se  que  a  operação  tem  como  justificativa,  a  redução  dos  custos  e  incentivo  da  geração  de  caixa  futuro  da  INCORPORADA.  Conclui, assim, que ao final da reestruturação societária, realizada dentro da  mais estrita legalidade, a recorrente passou a ter estrutura mais enxuta e operacional; o que  auxiliou,  inclusive,  no  restabelecimento  de  suas  operações  com  o  conseqüente  aumento  da  receita  líquida  dos  anos  posteriores.  E  entende  demonstrada  a  veracidade  e  validade  das  operações  de  reestruturação  societária  que  culminaram  na  alienação  da  Recorrente  para  outro Grupo Econômico, bem como o fortalecimento da estrutura e crescimento sustentável da  Companhia, justificando todo o propósito negocial das operações.  Na  seqüência,  em  preliminar,  argúi  a  nulidade  do  lançamento  por  erro  intencional  na  identificação  do  sujeito  passivo,  pois  a  riqueza  gerada  com  a  operação  questionada  favoreceu  o  antigo  controlador  da  recorrente  (Magius  Participações),  que  no  momento  da  integralização  de  capital  de  Boff  Cardoso  Participações  com  ações  da  autuada  com  ágio  auferiu,  inegavelmente,  ganho  de  capital.  Acrescenta  que  a  decisão  recorrida  não  analisou,  efetivamente,  a  questão,  cerceando  seu  direito  de  defesa,  e  cita  julgado  deste  Conselho em favor da tributação do ganho de capital em operação de incorporação de ações, ali  estando, inclusive, exposta a desnecessidade de pagamento para a existência de ágio e o direito  à sua amortização.  Diz que a renda auferida por Magius Participações foi  tributada de maneira  disfarçada na recorrente, mediante a glosa da amortização do ágio, e destaca que o diferimento  da tributação do ganho de capital em nada altera o raciocínio por ela exposto. Acrescenta que o  ganho  de  capital  se  verifica mesmo  em  operações  entre  partes  relacionadas,  e  daí  decorre  o  dever de  tributá­lo, no mais  tardar quando da  alienação/realização do  investimento  (que de  fato ocorreu). Cita doutrina em favor da tributação do ganho de capital e jurisprudência acerca  da nulidade do lançamento.  Argúi,  também,  a  decadência  dos  créditos  tributários  lançados  do  1o  ao  3o  trimestres de 2007, na medida que em 07/12/2002, quando cientificada do lançamento, já havia  transcorrido o prazo previsto no art. 150, §4o do CTN. Afirma a ausência de dolo, e invoca as  manifestações  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  no  rito  do  art.  543­C  do Código  de Processo  Civil, visto que demonstrada a existência de pagamentos nas DIPJ acostadas aos autos.  Fl. 2257DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 11          10 Ainda em preliminar afirma nula a decisão  recorrida em razão de  inovação  quanto  à  apuração  dos  JCP,  pois,  embora  a  documentação  da  Recorrente  já  tivesse  sido  devidamente analisada na fiscalização, e os JCP calculados e validados, o acórdão recorrido,  ao  considerar  que  os  Juros  sobre Capital  Próprio  foram  calculados  sobre  parcela  do  ágio  (julgada  fictícia  pela DRJ)  registrado  no  patrimônio  líquido,  recalculou  em  seu  item  138  o  valor contabilizado na conta 3.5.2.0007 – Juros s/ Capital Social, reduzindo indevidamente o  montante dos JCP calculados pela Recorrente e excedendo a competência do órgão julgador,  bem  como  violando  seu  direito  ao  contraditório  e  à  ampla  defesa.  Acrescenta  que  para  ser  válida,  a  alteração  do  lançamento  deveria  ter  sido  promovida  na  forma  do  art.  18,  §3o  do  Decreto nº 70.235/72, consoante já se manifestou este Conselho na jurisprudência que cita.   Sob  outra  ótica,  aduz  que  o  recálculo  do  lançamento  pela  autoridade  julgadora  de  1a  instância  evidencia  sua  insubsistência,  porque  além  de  fundamentar  adequadamente  a  exigência,  a  autoridade  fiscal  deve  refletir  em  seu  quantum  exatamente  o  eventual  descumprimento  da  obrigação  principal  ou  de  eventual  sanção,  sob  pena  de  restar  prejudicado  o  direito  de  defesa  do  sujeito  passivo,  por  impedir  o  conhecimento  de  todas  as  razões do lançamento que lhe foi imputado, evidenciando sua nulidade. Cita doutrina e invoca  o  disposto  no  art.  10,  inciso  V  do  Decreto  nº  70.235/72,  ressaltando  o  reconhecimento,  na  decisão  recorrida  e  sob  reexame,  da  incorreção  da  determinação  da  exigência.  Transcreve  ementas  de  julgados  administrativos  que  declaram  a  nulidade  do  lançamento  em  tais  circunstâncias.  No  mérito,  defende  a  dedutibilidade  do  ágio  gerado  na  operação  de  subscrição  de  quotas/ações  da  autuada,  questionando  a  exigência  fiscal  de  fluxo  de  riqueza  entre  as  partes  envolvidas,  observando  que  o  art.  20  do  Decreto­lei  nº  1.598/77  confere  o  mesmo  tratamento  ao  ágio  e  ao  deságio  e  que  o  desdobramento  do  custo  de  aquisição  era  obrigatório no momento da referida subscrição. Aduz que a autoridade fiscal não questionou a  veracidade  do  ágio  ou  do  laudo  apresentado,  que  a  lei  não  traz  qualquer  referência  a  um  negócio  jurídico  específico  para  que  esta  aquisição  seja  realizada  e  que  o  direito  privado  admite diversas formas jurídicas de aquisição.  Cita  doutrina  acerca  do  conceito  de  aquisição,  destaca  que  a  legislação  tributária  não  faz  restrição  à  operação  de  subscrição  de  ações/quotas  para  aquisição  de  participação  societária,  e  que  o  art.  36  da  Lei  nº  10.637/2002  estimula  a  possibilidade  de  conferências de capital em bens a valor de mercado mediante diferimento do correspondente  ganho  de  capital,  e  destas  operações  decorre  a  geração  de  um  ágio  na  aquisição  de  investimentos, por estrita previsão legal.  Afirma que a diferença entre o valor contábil e de mercado era real e prevista  em lei e que não cabia ao contribuinte lançar essa diferença em outra rubrica contábil que não  ágio  na  aquisição  de  investimentos.  A  Fiscalização  e  a  autoridade  julgadora  afirmam  a  necessidade  de  pagamento,  mas  a  operação  realizada  foi  onerosa,  não  prevalecendo  o  argumento  de  ausência  de  fluxo  de  riqueza.  Reporta­se  a  julgados  da  Câmara  Superior  de  Recursos  Fiscais  em  favor  da  subscrição  como  forma  de  aquisição,  e  defende  que  o  reconhecimento  do  ganho de  capital  pelos  antigos  controladores  não  pode  ser  dissociado  do  reconhecimento do ágio na adquirente.  Ressalta  que  o  ágio  está  fundamentado  em  expectativa  de  rentabilidade  futura, reafirma a lisura do laudo de avaliação e destaca que a rentabilidade foi confirmada no  presente.  Insiste  que  o  pagamento  não  é  essencial,  cita  doutrina,  reporta­se  à  manifestação  Fl. 2258DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 12          11 desta Turma Ordinária no Caso Gerdau, e argumenta que as autoridades lançadora e julgadora  confundem  “pagamento”  com  “custo”,  e  este  resta  demonstrado  por  ter  havido  efetiva  aquisição, bem como está respaldado em laudo de avaliação, confirmando que está correta a  apuração  do  ágio.  Acrescenta  que  a  acusação  fiscal  só  faria  sentido  se  a  lei  limitasse  a  aquisição a operação de venda e compra.  Aduz que a legislação permite a escolha de um dos fundamentos previsto em  lei para o ágio, reafirma válida a fundamentação em rentabilidade futura, novamente justifica  as operações  realizadas,  e  invoca  as disposições  do  art.  36 da Lei nº 10.637/2002, vigente  à  época, para desmerecer os argumentos da autoridade julgadora com base na teoria contábil, em  normas da CVM (inaplicáveis à recorrente) e outros dispositivos legais.   Enfatiza  que  os  critérios  contábeis  não  podem  afetar  os  efeitos  tributários  previstos  na  legislação  editada  especificamente  para  disciplinar  a  tributação  do  ágio,  e  observa  que  a  Resolução  CFC  nº  1110/2007,  citada  na  decisão  recorrida  e  sob  reexame,  é  posterior à operação em questão, e expressamente alcança, apenas, os exercícios encerrados a  partir de dezembro de 2008. Ademais, as operações  foram realizadas totalmente conforme os  parâmetros  de mercado  e,  reconhecido  o  ganho  de  capital,  também  deve  ser  reconhecido  o  ágio.  Assevera que não existe na legislação fiscal conceito de “dentro de casa”, e  se opõe à referência ao entendimento do doutrinador Eliseu Martins citando o voto condutor do  julgado que apreciou o Caso Gerdau, bem como invoca o art. 109 do CTN para discordar da  utilização de conceitos extraídos de normativos contábeis. Por estas razões também discorda da  aplicação do Ofício nº 01/2007 e cita doutrina em reforço aos seus argumentos, reiterando que  vários atos invocados pelas autoridades são posteriores às operações questionadas.  Argumenta  que  o  tratamento  do  ágio  tem  disciplina  específica  no  âmbito  fiscal,  opõe  à  exigência  de  capital  externo  na  operação  os  argumentos  expostos  no  voto  condutor  do  julgado  que  apreciou  o Caso Gerdau  e  conclui  que  o  ágio  em  questão  possuía  substrato econômico e amparo na legislação fiscal.  Prossegue  abordando  o  propósito  negocial  das  operações  societárias,  invocando os princípios constitucionais na livre iniciativa e da livre concorrência e reafirmando  a  finalidade das operações  realizadas,  para  concluir  que  todos os atos  societários praticados  inseriram­se, congruentemente, nas atividades desenvolvidas pela Recorrente, ao passo que a  autoridade  fiscal  analisou  as  operações  societárias  isoladamente,  e  não  como  um  todo,  na  forma da doutrina que transcreve.  Defende  que  deveriam  ser  verificados  os  efeitos  posteriores  das  operações,  seus benefícios  futuros, mas  ressalva que a  legislação  tributária  também não condicionou o  aproveitamento do ágio à demonstração do propósito negocial,  consoante doutrina que  cita.  Diz  que  deve  ser  afastado  o  argumento  de  utilização  de  empresa  veículo,  e  se  opõe  aos  questionamentos  da  autoridade  julgadora  acerca  da  impossibilidade  de  reconhecimento  de  acréscimo de riqueza em decorrência de transações dos acionistas com eles próprios. Reitera a  motivação da  reestruturação societária, diz que a expressão “empresa­veículo” é pejorativa e  observa que não há vedação legal a tal prática, citando julgados administrativos que admitem  seu uso.  Enfatiza que a dedução da despesa de ágio passou a ser possível a partir da  incorporação de Boff Cardoso Participações, na forma dos arts. 7o e 8o da Lei nº 9.532/97, e  Fl. 2259DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 13          12 que o mesmo efeito fiscal se verificaria se a autuada tivesse sido incorporada por Boff Cardoso  Participações, assim não se procedendo apenas porque não seria condizente com o objetivo da  reestruturação societária do Grupo, pois extinguiria a recorrente, que possui nome reconhecido  no mercado,  exigindo  todo um processo de aprovação  com  fornecedores  em  relação  à nova  empresa.  Finaliza  a discussão  desta  infração  destacando que  o  referido  ágio  também  iria existir integralmente no momento em que Magius Metalúrgica fosse alienada para outro  Grupo Econômico por valor superior ao valor do patrimônio líquido.  Passando  à  glosa  de  excesso  de  juros  sobre  o  capital  próprio,  reporta­se  à  exoneração  parcial  promovida  pela  autoridade  julgadora  de  1a  instância,  mas  afirma  que  cumpriu os requisitos legais de dedução, e que a decisão recorrida fundamenta­se em premissas  equivocadas, porque a parcela do ágio constante no patrimônio líquido da recorrente decorreu  de regulares movimentações societárias, de caráter oneroso e com o cumprimento de todas as  formalidades legais. Reitera seus argumentos acerca das exigências legais para registro do ágio,  acrescenta  que  seu  valor  se  encontra  devidamente  subscrito  no  patrimônio  líquido  da  recorrente,  e  que  os  registros  contábeis  observaram  o  item  33  do  CPC  15.  Conclui  que  a  eventual indedutibilidade do ágio não tem o condão de torná­lo inexistente, tampouco afeta o  Patrimônio  Líquido  da Recorrente,  pois  a  legislação  somente  exclui  deste montante  o  valor  decorrente de reserva de reavaliação.  Quanto à glosa de compensação de prejuízos fiscais, afirma ter observado a  legislação de regência, e sendo regulares as amortizações de ágio procedidas, não se verifica a  alegada absorção dos prejuízos fiscais.   Discorda,  também, na  inadmissibilidade das pretendidas deduções de  IRRF,  pois  as  compensações  opostas  pela  autoridade  julgadora  de  1a  instância  restaram  não  homologadas, sem manifestação de inconformidade e concomitante parcelamento dos débitos  compensados.   Afirma  absurda,  imoral  e  desarrazoada  a  qualificação  da  penalidade,  bem  como  a  sua  manutenção  na  decisão  recorrida  em  razão  de  suposto  descumprimento  de  princípios  contábeis  (que  não  guardam  correlação  com  a  legislação  fiscal).  Invoca  o  posicionamento  favorável  deste  Conselho  no  caso  Gerdau  para  questionar  como  se  consideraria como dolosa uma prática que já foi validade por este Conselho?  Entende  que  se  trata,  aqui,  de  interpretações  diferentes  sobre  a  mesma  legislação,  não  se  verificando  qualquer  adulteração  de  documentos  fiscais  ou  contábeis,  ausência  de  atendimento  ás  intimações  no  curso  da  fiscalização  ou  qualquer  outro  ato  tendente  a  omitir  ou  ocultar  qualquer  ato  praticado  pela  empresa.  A  decisão  recorrida,  inclusive,  corroboraria  a  regularidade  dos  atos  praticados,  os  quais  seriam  públicos  e  submetidos a registro.  Complementa que o dolo deve ser provado, e  restar  inconteste na  instrução  processual,  ao  passo  que  a  autoridade  fiscal  insiste  equivocadamente  em  presumi­lo  para  aplicação da sanção de 150%. Reporta­se a excertos da decisão  recorrida e  ressalta que não  houve utilização de qualquer empresa fictícia, falsificação ou adulteração de livros, guias ou  documentos exigidos pela legislação tributária, nem qualquer inserção de elementos falsos ou  utilização dolosa de documentos,  estando sua escrituração  integralmente  regular. Ademais,  a  Fl. 2260DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 14          13 amortização  do  ágio  é  admitida  na  legislação  tributária  e  as  deduções  foram  declaradas  em  DIPJ, porque a contribuinte fez o que entendia correto.  Entende  indispensável  a  análise  integral  da  operação,  e  assim  não  teria  procedido  a  autoridade  julgadora  de  1a  instância,  por  deixar  de  analisar  a  necessidade  e  os  propósitos  da  reestruturação  societária.  Reitera  que  os  argumentos  da  acusação  não  estão  presentes  na  legislação, mas  sim  em  princípios  contábeis,  e  invoca  julgados  administrativos  contrário à caracterização de fraude por mero erro de interpretação da lei, ou nos casos em que  a operação já tenha sido aprovada pelo próprio CARF.  Cita  outros  julgados  administrativos  frente  situações  de  ágio  interno,  nos  quais  foi  aplicada multa  de  75%,  confirmando  o CARF  que,  na  pior  das  hipóteses,  haveria  abuso de direito, caso em que não seria aplicável a multa agravada.  Finaliza  opondo­se  à  aplicação  de  juros  de  mora  sobre  a  multa  de  ofício,  defendendo  a  possibilidade  de  discussão  desta  matéria  no  contencioso  administrativo,  e  discordando da fundamentação no art. 61 da Lei nº 9.430/96, na forma de ementas de julgados  deste Conselho, que transcreve.   Em  contrarrazões  ao  recurso  de  ofício,  a  pessoa  jurídica  autuada  reitera  os  argumentos  apresentados  em  impugnação  acerca  da  existência  de  juros  pagos  em  razão  de  contratos de mútuo firmados com seus antigos acionistas, bem como de contratos de usufruto  firmado  entre Magius  Participações  e  seus  acionistas,  autorizando  o  pagamento  a  estes  dos  juros  sobre  o  capital  próprio,  mas  desconsiderados  pela  Fiscalização,  apesar  de  apresentar  efeito nulo caso o pagamento dos juros fosse feito à Magius Participações para transferência a  seus sócios.   Os  responsáveis  tributários  forma  cientificados  da  decisão  de  primeira  instância em 26/08/2013 (fl. 1999) e 27/08/2013 (fl. 2000), e interpuseram recurso voluntário  conjunto, tempestivamente, em 25/09/2013 (fls. 2002/2085).  Transcrevendo  a  acusação  fiscal,  asseveram  que  não  foram  indicados  com  precisão os fatos que ensejariam a atribuição de responsabilidade solidária aos Recorrentes,  ofendendo o contraditório e a ampla defesa. Entende, assim, que a ausência de fundamentação  da  sujeição  passiva  solidária  e  da  produção  de  provas  que  comprovem  as  alegações  da  autoridade fiscal, implicam na inaplicabilidade do instituto da responsabilidade solidária.  Quanto à imputação com base no art. 124, I do CTN, aduzem que o critério  “interesse  comum”,  utilizado  pela  DRJ,  além  de  subjetivo,  não  restou  comprovado,  muito  menos tinha característica fraudulenta. Houve presunção de fraude, não foi especificado o que  se entende por  interesse  comum, e nos  termos da doutrina e  jurisprudência que  transcrevem,  não se caracterizou o interesse comum, ainda que possa caracterizar­se o interesse econômico.  Afirma  que  não  eram  sujeitos  da  relação  jurídica,  tampouco  possuíam  o  interesse  jurídico  decorrente dos atos praticados, e a autoridade julgadora de 1a instância não identificou qual o  interesse verificado.  Com  referência  à  responsabilidade  fundamentada  no  art.  135  do  CTN,  afirmam que atuaram em consonância com a legislação de regência para a concretização de  cada ato societário, e demais disso a responsabilidade prevista naquele dispositivo é pessoal,  excluindo­se  a  responsabilidade  do  contribuinte,  no  caso,  a  Magius Metalúrgica  Industrial  S/A, consoante excertos doutrinários que transcreve. Assim, a Fiscalização deveria ter lavrado  Fl. 2261DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 15          14 auto de infração exclusivamente contra a pessoa física e demonstrado os atos praticados com  excesso de poderes,  infração à lei, ao contrato social ou estatuto e que teriam culminado na  autuação  em  tratativa.  Contudo,  a  autoridade  fiscal  assim  não  procedeu,  bem  como  não  demonstrou o suposto abuso de poderes que teria gerado o crédito tributário.  Acrescentam  que  a  prática  de  atos  fundamentada  em  interpretação  da  legislação  divergente  dos  entendimentos  das  autoridades  fazendárias  não  há  de  ser  motivo  justo  e  aceitável  para  a  atribuição  de  culpa  exclusiva  dos  Diretores  por  infração  à  lei,  especialmente quando não há veto legal à dedução do ágio da base de cálculo do IRPJ e da  CSLL.  Asseveram  que  as  operações  foram  transparentes  e  públicas,  sendo  improcedente a indicação de que, sob as orientações de seus diretores, a Magius Metalúrgica  operou  com  o  intuito  de  omitir  e  ludibriar  a  fiscalização.  A  legislação  não  veda  a  prática  implementada e a Fiscalização não comprovou a intenção da pessoa jurídica e de seus diretores  de  fraudar,  ao  passo  que não  houve  utilização  de  qualquer  empresa  fictícia,  falsificação  ou  adulteração de livros, guias ou documentos exigidos pela legislação tributária, nem qualquer  inserção de elementos falsos ou utilização dolosa de documentos.  Na medida em que as operações realizadas pela pessoa jurídica foram regidas  pela interpretação das normas legais, o art. 135, III do CTN foi utilizado inadequadamente e  equivocadamente para fundamentar a responsabilização dos recorrentes.  De  toda  sorte,  os  responsáveis  reproduzem  os  argumentos  deduzidos  no  recurso voluntário da pessoa jurídica para afirmar a insubsistência do acórdão recorrido, caso  não seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva dos recorrentes.       Fl. 2262DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 16          15 Voto Vencido  Conselheira EDELI PEREIRA BESSA  Em  preliminar  a  recorrente  afirma  nula  a  decisão  recorrida  em  razão  de  inovação quanto à apuração dos JCP, pois, embora a documentação da Recorrente já tivesse  sido  devidamente  analisada  na  fiscalização,  e  os  JCP  calculados  e  validados,  o  acórdão  recorrido, ao considerar que os Juros sobre Capital Próprio foram calculados sobre parcela  do ágio (julgada fictícia pela DRJ) registrado no patrimônio líquido.   Observa­se  no  Termo  de Verificação  Fiscal  que,  frente  às  planilhas  de  fls.  218/221  apresentadas  pela  contribuinte  expondo  as  taxas  de  juros  de  longo  prazo  e  a  composição do patrimônio  líquido em cada período de apuração, bem como os  juros sobre o  capital próprio mensalmente calculados, as retenções devidas e a distribuição entre sócios dos  valores  pagos,  a  autoridade  lançadora  centrou  sua  análise  nos  beneficiários  dos  juros,  que  à  época  dos  créditos  não  seriam  mais  acionistas  da  autuada,  ou  o  seriam  com  participação  inferior  àquela  adotada  para  distribuição  dos  juros.  Em  conseqüência,  o  recálculo  dos  juros  admitidos  pela  Fiscalização  limitou­se  a  reduzir  os  percentuais  de  participação  de  cada  beneficiário,  e  determinar  as  parcelas  que  poderiam  ter  sido  pagas  a  título  de  juros  sobre  o  capital  próprio:  R$  107,48  no  4o  trimestre/2007;  R$  447,84  no  ano­calendário  2008  e  R$  489,68 no ano­calendário 2009.  Além  disso,  apesar  de  os  demonstrativos  da  contribuinte  indicarem  que  somente foram calculados juros sobre capital próprio no valor bruto total de R$ 2.239.155,46,  no  ano­calendário  2008,  e  de  R$  2.081.107,18  no  ano­calendário  2009,  a  autoridade  fiscal  identificou o pagamento de outras parcelas de juros escrituradas na conta 3.5.2.02.00006. No  ano­calendário  2008  aquela  parcela  foi  somada  ao  valor  reconhecido  pela  contribuinte  para  submeter a despesa  total de R$ 5.314.663,82 ao  limite de dedutibilidade antes calculado. No  ano­calendário  2009,  somente  os  valores  escriturados  na  conta  3.5.02.0006,  no  total  de  R$  2.724.789,34,  foram  identificados  como  despesa  sujeita  ao  mencionado  limite.  No  ano­ calendário 2007 apenas os  juros  sobre capital próprio  informados pela contribuinte para o 4o  trimestre foram confrontados com tal limite.  O quadro produzido pela autoridade julgadora de 1a instância bem sintetiza as  constatações fiscais:  JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO – LANÇAMENTO FISCAL (R$)  Despesa contabilizada Período  Apuração  Juros s/Vrs.a  Distrib.Sócios  Juros s/Capital  Social  Soma  JCP Adilton e  Adalberto Boff  Cardoso (0,02%)  Excesso   JCP             Ano­Cal.2007:            . 1º trimestre  0,00  558.853,15  558.853,15    Período decaído  . 2º trimestre  0,00  537.358,80  537.358,80    Período decaído  . 3º trimestre  0,00  524.721,07  524.721,07    Período decaído  . 4º trimestre  0,00  537.358,80  537.358,80  107,48  537.251,32  Subtotal   0,00  2.158.291,82  2.158.291,82   107,48  537.251,32              Fl. 2263DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 17          16 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO – LANÇAMENTO FISCAL (R$)  Despesa contabilizada Período  Apuração  Juros s/Vrs.a  Distrib.Sócios  Juros s/Capital  Social  Soma  JCP Adilton e  Adalberto Boff  Cardoso (0,02%)  Excesso   JCP  Ano­Cal.2008:            . 1º trimestre  734.723,46  559.788,87  1.294.512,33  111,96  1.294.400,37  . 2º trimestre  757.089,36  559.788,87  1.316.878,23  111,96  1.316.766,27  . 3º trimestre  780.029,92  559.788,87  1.339.818,79  111,96  1.339.706,83  . 4º trimestre  803.665,60  559.788,87  1.363.454,47  111,96  1.363.342,51  Subtotal  3.075.508,34  2.239.155,48  5.314.663,82   447,84  5.314.215,98              Ano­Cal.2009:            . 1º trimestre  651.005,89  0,00  651.005,89  124,92  650.880,97  . 2º trimestre  670.732,02  0,00  670.732,02  124,92  670.607,10  . 3º trimestre  691.055,87  0,00  691.055,87  119,92  690.935,95  . 4º trimestre  711.995,56  0,00  711.995,56  119,92  711.875,64  Subtotal  2.724.789,34   0,00  2.724.789,34   489,68  2.724.299,66              A  autoridade  lançadora  glosou  os  valores  indevidamente  deduzidos  ressaltando que a maior acionista, Magius Participações Ltda, que possui 99,98% das ações,  não  foi  beneficiária  dos  valores,  sendo  diretamente  distribuídos  às  pessoas  físicas,  que  são  quotistas  da  empresa  Magius  Participações,  não  sendo  diretamente  acionista  da  Magius  Metalúrgica S/A. Quanto aos valores escriturados na conta 3.5.2.02.0006, indicou que ela seria  denominada “Juros s/ Vlrs a Distribuir a Sócios” e que os lançamentos de despesas teriam por  contrapartida a conta 2.2.2.02.0001 (Lucros a Distribuir aos Sócios até Dez/2004),  título este  que, à  primeira  vista,  induz  que  os  lucros  fariam  referência  ao  ano  de  2004,  entretanto  os  históricos dos lançamentos fazem menção ao trimestre do lançamento, bem como informam o  beneficiário.  Em  impugnação,  a  contribuinte  alegou  a  existência  de  contrato  de usufruto  autorizando o pagamento dos juros sobre capital próprio aos quotistas de Magius Participações,  bem como que os valores escriturados na conta 3.5.2.02.0006 não seriam juros sobre o capital  próprio, mas sim juros pagos em razão de contratos de mútuo.  A  autoridade  julgadora  de  1a  instância  exonerou  parcialmente  a  exigência,  submetendo  tal  decisão  a  reexame  necessário,  com  base  nos  seguintes  argumentos,  inicialmente  com  referência  a  alegação  de  que  parte  dos  juros  decorreriam  de  contratos  de  mútuo:  122. No presente caso, a autoridade fiscal também considerou como sendo encargo  de  JCP  os  juros  pagos  em  decorrência  dos  contratos  de  mútuo  firmados  pela  Magius  Metalúrgica  Industrial,  em  31/12/2004,  com  os  antigos  sócios  pessoas  físicas  (fls.  1664­1681),  a  seguir  relacionados,  em cuja  cláusula  1.2  consta  que  o  valor mutuado refere­se ao montante total dos lucros acumulados até 2004 que não  foram  à  época  distribuídos  pela  interessada  (mutuária)  aos  antigos  sócios  (mutuantes):  Instrumento Particular de Contrato de Mútuo Mutuante  Data  Valor (R$)   Juros  Prazo           Adilton Boff Cardoso  31/12/2004  3.717.554,86  1,9% a.m.  24 meses  Aldo Boff Cardoso  31/12/2004  2.787.817,67  1,9% a.m.  24 meses  Fl. 2264DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 18          17 Instrumento Particular de Contrato de Mútuo Mutuante  Data  Valor (R$)   Juros  Prazo  Adalberto Boff Cardoso  31/12/2004  3.717.554,86  1,9% a.m.  24 meses  Márcia de Souza Cardoso  31/12/2004  928.343,28  1,9% a.m.  24 meses  Marlene de Souza Cardoso  31/12/2004  1.859.474,38  1,9% a.m.  24 meses  Tânia Mara de Souza Cardoso  31/12/2004  928.343,28  1,9% a.m.  24 meses  Total  13.939.088,33    123. É certo que em 31/12/2004 essas pessoas físicas, com exceção da participação  de  0,02%  do  capital  social  pertencente  a  Adilton  Boff  Cardoso  e  Adalberto  Boff  Cardoso, não eram mais sócios da interessada, pois entregaram as ações da Magius  Metalúrgica  Industrial,  em  22/12/2004,  para  integralização  do  capital  social  da  Magius Participações Ltda.  124. É  também certo que os  contratos  firmados pelos  contribuintes necessitam de  certas formalidades para que tenham eficácia perante terceiros, sendo uma dessas  exigências o registro público, conforme determina o artigo 127, I, da Lei nº 6.015,  de 31 de dezembro de 1973, e o artigo 221 do Código Civil, a seguir transcritos:  “Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição:   I  –  dos  instrumentos  particulares,  para  a  prova  das  obrigações  convencionais  de  qualquer valor.  (...)”  “Art.  221. O  instrumento  particular,  feito  e  assinado,  ou  somente  assinado  por  quem  esteja  na  livre  disposição  e  administração  de  seus  bens,  prova  as  obrigações  convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se  operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.” (Grifou­se)  125. Contudo, a efetividade das operações de mútuo é irrelevante para solução do  litígio  em  face  de  não  constituir  matéria  objeto  de  autuação  nos  presente  autos.  Além do mais, mesmo a falta de registro público, como no presente caso, não é, por  si  só,  apto  a  descaracterizar  as  operações  previstas  nos  referidos  contratos  de  mútuo,  já  que  elas  poderiam  ser  comprovadas  pela  demonstração,  com  documentação  hábil  e  idônea,  do  efetivo  cumprimento  do  objeto  contratual,  mediante  demonstração  inequívoca  de  que  foi  executado  nos  moldes  convencionados.   126.  Considerando  que  os  juros  sobre  o  capital  próprio  são  calculados  sobre  o  valor  do  patrimônio  líquido,  cabe  reconstituir  a  movimentação  registrada  nesse  grupo de contas entre os anos­calendário de 2004 a 2009 – conforme constam das  demonstrações  financeiras  (fls.  1708­1833)  e  da  planilha  Demonstração  das  Mutações do Patrimônio Líquido (fls. 1772, 1781, 1791 e 784) – para verificar se os  valores mutuados estão computados ou não na base de cálculo desses juros:  Movimentação nas Contas do Patrimônio Líquido (R$)  Discriminação  Saldo Anterior  Lucro Líquido e Val.Patr.Incorp.  Transf.entre  Contas do PL  Lucros  Distribuídos  Saldo Atual             Ano­Cal.2004:            . Capital Social  5.800.000,00  0,00  0,00  0,00  5.800.000,00  . Lucro L.Exerc.  1.963.250,66  11.710.809,58  0,00  ­13.674.060,24   0,00  . Lucros Acum.  1.328.961,27  0,00  0,00  ­1.328.961,27   0,00  Total PL  9.092.211,93  11.710.809,58   0,00  ­15.003.021,51  5.800.000,00             Ano­Cal.2005:            . Capital Social  5.800.000,00  25.520.002,00  0,00  0,00  31.320.002,00  . Res.de Capital  0,00  0,00  117.335,81  0,00  117.335,81  Fl. 2265DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 19          18 Movimentação nas Contas do Patrimônio Líquido (R$)  Discriminação  Saldo Anterior  Lucro Líquido e Val.Patr.Incorp.  Transf.entre  Contas do PL  Lucros  Distribuídos  Saldo Atual  . Lucro L.Exerc.  0,00  2.248.630,40  ­1.858.630,40  ­390.000,00   0,00  . Lucros Acum.  0,00  0,00  1.741.294,59  0,00  1.741.294,59  Total PL  5.800.000,00  27.768.632,40   0,00  ­390.000,00  33.178.632,40             Ano­Cal.2006:            . Capital Social  31.320.002,00  0,00  0,00  0,00  31.320.002,00  . Res.de Capital  117.335,81  0,00  0,00  0,00  117.335,81  . Lucro L.Exerc.  0,00  1.212.330,98  0,00  0,00  1.212.330,98  . Lucros Acum.  1.741.294,59  0,00  0,00  0,00  1.741.294,59  Total PL  33.178.632,40  1.212.330,98   0,00   0,00  34.390.963,38             Ano­Cal.2007:            . Capital Social  31.320.002,00  0,00  0,00  0,00  31.320.002,00  . Res.de Capital  117.335,81  0,00  0,00  0,00  117.335,81  . Lucro L.Exerc.  1.212.330,98  1.435.719,04  ­1.212.330,98  0,00  1.435.719,04  . Lucros Acum.  1.741.294,59  0,00  1.212.330,98  0,00  2.953.625,57  Total PL  34.390.963,38  1.435.719,04   0,00   0,00  35.826.682,42             Ano­Cal.2008:            . Capital Social  31.320.002,00  0,00  0,00  0,00  31.320.002,00  . Res.de Capital  117.335,81  0,00  385.258,82  0,00  502.594,63  . Res.de Lucros  0,00  0,00  9.061.212,20  0,00  9.061.212,20  . Lucro L.Exerc.  1.435.719,04  5.057.126,41  ­6.492.845,45  0,00   0,00  . Lucros Acum.  2.953.625,57  0,00  ­2.953.625,57  0,00   0,00  Total PL  35.826.682,42  5.057.126,41   0,00   0,00  40.883.808,83             Ano­Cal.2009:            . Capital Social  31.320.002,00  0,00  0,00  0,00  31.320.002,00  . Res.de Capital  502.594,63  0,00  0,00  0,00  502.594,63  . Res.de Lucros  9.061.212,20  0,00  0,00  0,00  9.061.212,20  . Prej.Per.Apur.  0,00  ­1.359.611,99  1.359.611,99  0,00   0,00  . Prej.Acum.  0,00  0,00  ­1.359.611,99  0,00  ­1.359.611,99  Total PL  40.883.808,83  ­1.359.611,99   0,00   0,00  39.524.196,84              127.  Verifica­se,  portanto,  que  a  interessada  apurou  um  lucro  líquido  de   R$ 11.710.809,58 em 31/12/2004 (fls. 1796­1803), que somado ao lucro líquido de   R$  1.963.250,66  do  ano­calendário  de  2003  (fl.  1795)  e  ao  saldo  de  R$  1.328.961,27  da  conta  Lucros  Acumulados  (fl.  1795)  perfez  o  montante  de  R$  15.003.021,51.  Desse  montante  foram  deduzidos  os  lucros  distribuídos  no  ano­ calendário  de  2004,  no  valor  total  de  R$  793.350,34,  tendo  o  saldo  de  R$  14.209.671,17 sido transferido para a conta de passivo nº 2.2.1.5.00001 – Provisão  p/Distribuição de Lucros (fl. 1793) em 30/11/2004 e 31/12/2004.  128. Para solução da lide importa que o montante de R$ 15.003.021,51 dos lucros  acumulados até 31/12/2002 e  lucros  líquidos dos anos­calendário de 2003 e 2004  não está compondo o valor do patrimônio líquido da fiscalizada desde 01/01/2005,  ou seja, não foi computado na base de cálculo dos juros sobre o capital próprio dos  anos­calendário de 2007, 2008 e 2009.  Fl. 2266DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 20          19 129. Dessa forma, os encargos contabilizados na conta nºs 3.5.2.0006­Juros s/Vlrs.  A Distribuir a Sócios  (fls. 767 e 772) devem ser desconsiderados na apuração do  excesso de juros sobre o capital próprio.   Note­se que a Turma Julgadora previamente requereu diligência à autoridade  lançadora,  que  prestou  a  informação  fiscal  de  fls.  1694/1699  esclarecendo  que  não  houve  distribuição  de  lucros  a  partir  do  ano­calendário  2005,  bem  como  o  registro  de  mútuo  ou  empréstimo nos livros contábeis, mas apenas de contas representativas de lucros a distribuir até  dezembro/2004 e de juros sobre valores a distribuir a sócios. Observou, contudo, que as contas  de  disponibilidades  não  apresentavam  saldo  para  distribuição  dos  valores  que  teriam  sido  mutuados  (R$  13.939.088,33),  e  ressalvou  que  o  mútuo  pressupõe  a  entrega  da  coisa  emprestada. Em atendimento ao requerido, a autoridade fiscal relacionou os registros, em 2004,  de  lucros  acumulados  pagos  aos  sócios,  juntou  cópias  do  Livro  Razão  e  Balancetes  de  Verificação,  destacou  que  a  conta  representativa  de  empréstimos  a  sócios  foi  zerada  em  31/12/2004  e  que  a  conta  “Provisão  p/  Distribuição  de  Lucros”  apresentava  saldo  de  R$  14.141.960,71 em 31/12/2004. Afirmou, ainda, ser incabível o recálculo do patrimônio líquido  para  fins de determinação dos  juros  sobre o  capital próprio e destacou que o  instrumento de  mútuo  somente  foi  autenticado em 19/12/2012,  tinha vigência  até 31/12/2006,  e  apresentava  endereço  de  um  dos  sócios  divergente  do  apontado  em  outros  documentos  formalizados  em  2004 e 2005, indício de que o contrato de mútuo poderia ter sido formalizado posteriormente.  Finalizou reproduzindo o art. 123 do CTN, o art. 221 do Código Civil e o art. 370 do Código  de Processo Civil para enfatizar a inoponibilidade do contrato de mútuo ao Fisco.  Apesar disso, não há reparos à conclusão da autoridade julgadora, na medida  em que a contribuinte havia informado à Fiscalização os valores pagos a título de juros sobre o  capital próprio, e a agregação àquele montante de outros valores contabilizados a título de juros  foi motivada apenas pelo  título contábil das contas  identificadas, e do histórico  indicativo de  pagamento  a  sócios,  sem  se  perquirir,  oportunamente,  da  motivação  dos  correspondentes  registros contábeis. Em conseqüência, a glosa foi promovida por inobservância do limite legal  para dedução de juros sobre o capital próprio, e não por falta de comprovação de despesas de  juros. Assim,  uma  vez  demonstrado  que  os  juros  não  possuem  aquela  natureza,  a  exigência  correspondente deve ser cancelada.  Prosseguindo,  a  autoridade  julgadora  assim  se manifestou  acerca  dos  juros  que teriam sido creditados em atenção a Instrumento Particular de Usufruto de Ações:  130. Também cabe razão à impugnante em relação aos juros sobre o capital próprio  contabilizados  na  conta  nº  3.5.2.02.0007­Juros  s/Capital  Social  (fls.  764  e  768),  relativos  a  pagamentos  de  juros  efetuados  aos  sócios  pessoas  físicas  da  Magius  Participações  com  amparo  no  Instrumento  Particular  de  Usufruto  das  ações  da  impugnante (fls. 1683­1688).  131. Referido Instrumento Particular de Usufruto foi firmado, em 10/06/2005, entre  a  Magius  Participações  Ltda.  (PARTICIPAÇÕES)  e  seus  sócios  Adilton  Boff  Cardoso, Adalberto Boff Cardoso, Aldo Boff Cardoso, Marlene de Souza Cardoso,  Tânia Mara  de  Souza Cardoso  e Márcia  de  Souza Cardoso  (USUFRUTUÁRIOS)  com as seguintes condições:  “DO OBJETO DO INSTRUMENTO  Cláusula  1ª.  A  PARTICIPAÇÕES  cede,  neste  ato,  aos USUFRUTUÁRIOS  de  forma  onerosa,  o  usufruto  da  totalidade  das  AÇÕES  de  que  é  titular,  juntamente  e  proporcionalmente,  cede  o  direito  à  posse,  uso,  administração  e  percepção  dos  frutos  decorrentes das mesmas.  Fl. 2267DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 21          20 (...)  DO DIREITO DE VOTO NAS ASSEMBLEIAS GERAIS  Cláusula  3ª.  As  partes  acordam  que  o  direito  de  voto  nas  assembleias  gerais  da  MAGIUS será exercido, exclusivamente, pela PARTICIPAÇÕES.  DO DIREITO AOS FRUTOS  Cláusula 4ª. Caberá aos USUFRUTUÁRIOS o recebimento dos dividendos distribuídos  conforme  determinado  em  balanço  levantado  e/ou  juros  sobre  o  capital  próprio,  calculados nos termos da lei.  DA VIGÊNCIA  Cláusula 5ª. O prazo de vigência deste Instrumento é de 15 (quinze) anos, iniciando­se  em  10/06/2005  e  terminando  em  09/06/2020,  sendo  que  sua  eventual  renovação,  prorrogação ou alteração de condições, tanto por parte da PARTICIPAÇÕES, como dos  USUFRUTUÁRIOS,  dependerá  de  termo  ativo  expresso  assinado  pelas  partes,  bem  como averbação no Livro de Registro de Ações Normativas da MAGIUS.  (...)” (Grifou­se)  132. O  usufruto,  é  instituto  de  direito  civil  que  constitui  direito  real  que  tem  por  efeito dividir as faculdades inerentes ao direito de propriedade (usar, gozar e dispor  da  coisa)  entre  o  proprietário  do  bem  (denominado  nu­proprietário)  e  o  usufrutuário,  a  quem  são  atribuídos  os  direitos  de  posse,  uso,  administração  e  percepção dos frutos (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil –, arts.  1225,  inciso  IV,  1.228  e  1.390  a  1.411).  A  constituição  do  usufruto  conduz  à  alteração do beneficiário do rendimento produzido pela coisa, que deixa de ser do  proprietário e passa a ser do usufrutuário.   133. A possibilidade de instituição do usufruto sobre ações encontra­se prevista nos  seguintes dispositivos da Lei nº 6.404, de 1976, in verbis:  “Art.  40.  O  usufruto,  o  fideicomisso,  a  alienação  fiduciária  em  garantia  e  quaisquer  cláusulas ou ônus que gravarem a ação deverão ser averbados:  I ­ se nominativa, no livro de ‘Registro de Ações Nominativas’;  II ­ se escritural, nos livros da instituição financeira, que os anotará no extrato da conta  de depósito fornecida ao acionista. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)  Parágrafo único. Mediante averbação nos termos deste artigo, a promessa de venda da  ação e o direito de preferência à sua aquisição são oponíveis a terceiros.  (...)  Art.  100.  A  companhia  deve  ter,  além  dos  livros  obrigatórios  para  qualquer  comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades legais:  I  ­ o  livro de Registro de Ações Nominativas, para  inscrição, anotação ou averbação:  (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)  a) do nome do acionista e do número das suas ações;  b) das entradas ou prestações de capital realizado;  a) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou classe; (Redação dada pela Lei  nº 9.457, de 1997)  b) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de sua aquisição pela companhia;  c) das mutações operadas pela alienação ou transferência de ações;  d) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária em garantia ou de qualquer  ônus que grave as ações ou obste sua negociação.  (...)  Fl. 2268DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 22          21 Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usufruto, se não for regulado no ato de  constituição do gravame, somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o  proprietário e o usufrutuário.  (...)  Art.  169.  O  aumento  mediante  capitalização  de  lucros  ou  de  reservas  importará  alteração do valor nominal das ações ou distribuições das ações novas, correspondentes  ao aumento, entre acionistas, na proporção do número de ações que possuírem.  §  1º.  Na  companhia  com  ações  sem  valor  nominal,  a  capitalização  de  lucros  ou  de  reservas poderá ser efetivada sem modificação do número de ações.  § 2º. Às ações distribuídas de acordo com este artigo se estenderão, salvo cláusula em  contrário  dos  instrumentos  que  os  tenham  constituído,  o  usufruto,  o  fideicomisso,  a  inalienabilidade e a incomunicabilidade que porventura gravarem as ações de que elas  forem derivadas.  §  3º.  As  ações  que  não  puderem  ser  atribuídas  por  inteiro  a  cada  acionista  serão  vendidas em bolsa, dividindo­se o produto da venda, proporcionalmente, pelos titulares  das  frações; antes da venda, a companhia  fixará prazo não  inferior a 30  (trinta) dias,  durante o qual os acionistas poderão transferir as frações de ação.  (...)  Art.  171.  Na  proporção  do  número  de  ações  que  possuírem,  os  acionistas  terão  preferência para a subscrição do aumento de capital.  §§ 1º a 4º. (...)  § 5º. No usufruto e no fideicomisso, o direito de preferência, quando não exercido pelo  acionista até 10 (dez) dias antes do vencimento do prazo, poderá sê­lo pelo usufrutuário  ou fideicomissário.  §§ 6º a 8º. (...)  (...)  Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data  do ato de declaração do dividendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da  ação.  §§ 1º a 3º. (...)  (...)” (Grifou­se)  134. Portanto,  a  possibilidade  da  instituição  de usufruto  sobre ações  decorre das  expressa  disposição  da  Lei  nº  6.404,  de  1976,  cujo  artigo  205  determina  que  a  pessoa inscrita como usufrutuária tem direito ao recebimento dos dividendos. Note­ se que não poderia a legislação societária fazer referência aos juros sobre o capital  próprio em face de  trata­se de dedução na apuração do resultado tributável a ser  disciplinada apenas pela legislação tributária.  135. Apesar  de  constituir despesa  financeira,  a  correlação  entre  os  juros  sobre  o  capital próprio e os dividendos fica clara quando § 7º do artigo 9º da Lei nº 9.249,  de  1995,  dispõe  que o  valor  daqueles  pode  ser  imputado ao valor  dos dividendos  obrigatórios de que  trata o artigo 202 da Lei nº 6.404, de 1976 (metade do  lucro  líquido  do  exercício  diminuído  ou  acrescido  das  importâncias  destinadas  à  constituição da reserva legal e à formação da reserva de contingência).  136. Assim, não cabe qualquer interpretação restritiva das disposições do artigo 9º  da  Lei  nº  9.249,  de  1995,  para  sustentar  que  apenas  o  acionista  –  e  não  o  usufrutuário  –  poderia  ser  o  beneficiário  dos  juros  a  título  de  remuneração  do  capital próprio, porquanto no usufruto a propriedade da ação permanece com o nu­ proprietário,  mas  o  gozo  dos  seus  frutos  –  juros  e  dividendos  –  é  atribuído  ao  usufrutuário.  Fl. 2269DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 23          22 137. Dessa forma, entendo que deve ser admitida a dedutibilidade dos juros sobre o  capital próprio pagos/creditados ao amparo do Instrumento Particular de Usufruto  firmado em 10/06/2005.  Destaque­se  que  a  autoridade  lançadora,  em  informação  fiscal  prestada  em  razão  da  diligência  requerida  pela  autoridade  julgadora  de  1a  instância,  observou  que  o  instrumento de usufruto, apesar de ter vigência até 09/06/2020, não fora registrado quando de  sua constituição, dele constando apenas autenticação em 19/12/2012. Ainda, citou o art. 123 do  CTN e o art. 1.144 do Código Civil,  e observou que a empresa Magius Participações é que  teria direito a juros sobre o capital próprio, de conformidade com sua participação 99,98%,  para  tanto  estando  obrigada  a  registrar  tal  valor  como  receita  própria  e  apurar  o  lucro,  fazendo a sua destinação devida.  A  autoridade  julgadora,  porém,  validamente  demonstrou  que  o  usufruto  atribui,  dentre  outros,  o  direito  de  percepção  dos  frutos  ao  usufrutuário,  assim  afastando  a  exigência de registro e  redistribuição dos  juros por Magius Participações Ltda, aventada pela  Fiscalização. Evidenciou, ainda, que o usufruto sobre ações é constituído mediante averbação  em  livros da  sociedade  (art.  40 da Lei nº 6.404/76),  sendo certo que o  art.  1.144 do Código  Civil,  invocado  pela  Fiscalização,  cogita  da  averbação  do  usufruto  no  Registro  Público  de  Empresas Mercantis apenas quando ele recai sobre o estabelecimento, o que não é o caso.  Assim,  não  subsistiu motivo  para  a  redução  dos  percentuais  adotados  para  distribuição de juros sobre o capital próprio aos percentuais indicados pela contribuinte.  Ocorre que ao reconstituir os cálculos da exigência, a autoridade julgadora de  1a  instância  promoveu  reparos  na  composição  do  patrimônio  líquido,  nos  termos  a  seguir  transcritos:  138. Cabe correção do valor contabilizado na conta 3.5.2.02.0007­Juros s/Capital  Social (fls. 764 e 768), porquanto o ágio constituído sobre o patrimônio líquido da  Magius Metalúrgica Industrial pela Boff Cardoso Participações é fictício, conforme  já  exaustivamente  analisado  nos  tópicos  anteriores  do  presente  voto.  O  alegado  aumento  de  R$  25.520.002,00  do  patrimônio  líquido  da  interessada,  recebido  no  acervo vertido na incorporação da Boff Cardoso Participações em 31/03/2005, não  pode  compor  a  base  de  cálculo  dos  juros  sobre  o  capital  próprio,  pois  apenas  a  parcela de R$ 1.000,00 daquele valor foi integralizada em moeda corrente nacional  pelos sócios Adilton Boff Cardoso e Adalberto Boff Cardoso.  139. Logo, o valor do patrimônio líquido da Magius Metalúrgica Industrial deve ser  ajustado para desconsiderar tanto o ágio de R$ 25.519.002,00 registrado na conta  Capital Social, como a redução do lucro líquido desde março/2005 ocasionada pela  contabilização do encargo mensal (1/60) de R$ 425.333,37 com sua amortização:   AJUSTE NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (R$)  Estorno Desp.Amort.Ágio Discriminação  Saldo Contábil  do Patrimônio  Líquido  Estorno Ágio  Incorporado  Cta.Cap.Social  Encargo do  Período  Acum.Encargos  Períodos Anter.  Saldo Ajustado  do Patrimônio  Líquido             Patrim.Líquido:            . 31/12/2006  34.390.963,38  ­25.519.002,00  5.104.000,44  4.253.333,70  18.229.295,52  . 31/12/2007  35.826.682,42  ­25.519.002,00  5.104.000,44  9.357.334,14  24.769.015,00  . 31/12/2008  40.883.808,83  ­25.519.002,00  5.104.000,44  14.461.334,58  34.930.141,85  . 31/12/2009  39.524.196,84  ­25.519.002,00  5.104.000,44  19.565.335,02  38.674.530,30              Fl. 2270DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 24          23 140. Dessa forma, é de se manter a exigência de excesso de juros sobre o capital de  R$ 252.544,29 no 4º trimestre/2007 e R$ 172.797,78 em cada um dos trimestres do  ano­calendário de 2008:  Juros Sobre o Capital Próprio Devido Período  Apuração  PL 31/dez   ano anterior  TJLP pro rata   trimestre  JCP Devido  JCP   Pago ou  creditado  Excesso   JCP             Ano­Cal.2007:            . 1º trimestre  18.229.295,52  1,6251%   296.244,28  558.853,15  Período decaído  . 2º trimestre  18.229.295,52  1,6251%  296.244,28  537.358,80  Período decaído  . 3º trimestre  18.229.295,52  1,5624%  284.814,51  524.721,07  Período decaído  . 4º trimestre  18.229.295,52  1,5624%  284.814,51  537.358,80  252.544,29  Subtotal      1.162.117,58  2.158.291,82  252.544,29              Ano­Cal.2008:            . 1º trimestre  24.769.015,00  1,5624%  386.991,09  559.788,87  172.797,78  . 2º trimestre  24.769.015,00  1,5624%  386.991,09  559.788,87  172.797,78  . 3º trimestre  24.769.015,00  1,5624%  386.991,09  559.788,87  172.797,78  . 4º trimestre  24.769.015,00  1,5624%  386.991,09  559.788,87  172.797,78  Subtotal      1.547.964,36  2.239.155,48  691.191,12              Ano­Cal.2009:            . 1º trimestre  34.930.141,85  1,5624%  545.748,54  0,00  0,00  . 2º trimestre  34.930.141,85  1,5624%  545.748,54  0,00  0,00  . 3º trimestre  34.930.141,85  1,5000%  523.952,13  0,00  0,00  . 4º trimestre  34.930.141,85  1,5000%  523.952,13  0,00  0,00  Subtotal      2.139.401,34   0,00   0,00              141.  Observe­se  que  tais  valores  não  excederam  o  limite  corresponde  ao  maior  valor entre: (i) 50% do lucro líquido do período de apuração antes da dedução da  provisão para o imposto de renda e dos referidos juros (limite de R$ 2.050.952,75,  R$ 4.397.142,89 e R$ 0,00 nos anos­calendário de 2007, 2008 e 2009); (ii) 50% da  soma  dos  saldos  das  contas  de  lucros  acumulados  e  de  reserva  de  lucros  de  períodos anteriores (limite de R$ 870.647,30, R$ 1.476.812,79 e R$ 4.530.606,10).  Contudo, como demonstrado no início deste voto, a autoridade lançadora não  havia questionado a composição do patrimônio líquido, e promoveu as glosas apenas em razão  dos beneficiários  aos quais  foram  atribuídos os  juros  sobre o  capital  próprio,  bem como por  submeter  ao  limite  legal  outros  juros  pagos  aos  sócios,  identificados  na  escrituração  da  contribuinte.  Os  demonstrativos  de  fls.  218/221,  apresentados  à  Fiscalização,  indicavam  a  composição do patrimônio  líquido sobre o qual  fora aplicada a  taxa de  juros de  longo prazo  para determinação dos juros sobre o capital próprio, e o capital social ali indicado apresentava  os valores que a autoridade julgadora entendeu majorados em razão da reorganização societária  promovida  pela  contribuinte.  Assim,  mesmo  sem  discutir  a  pertinência  das  operações  que  resultaram  em  tal  majoração,  resta  evidente  que  a  autoridade  lançadora  não  apontou  esta  irregularidade nos cálculos da contribuinte, de modo que a glosa de juros sobre capital próprio  a este título deveria ser formalizada em novo lançamento, ou lançamento complementar nestes  mesmos  autos,  a  teor  do  que  dispõe  o  art.  18,  §3o  do  Decreto  nº  70.235/72,  invocado  pela  recorrente.  Fl. 2271DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 25          24 Porém,  a  inovação  assim  promovida  em  sede  de  julgamento  não  enseja  a  nulidade da decisão  recorrida, dado que não acarreta o cerceamento ao direito de defesa que  demanda a edição de nova decisão dentro dos  limites  fixados pelo  lançamento. A autoridade  julgadora entendeu que deveria promover a redução da exigência até o limite que a legislação  autoriza,  e  apresentou  as  justificativas  para  tanto. A  inconformidade  do  sujeito  passivo  com  estes  cálculos  foi  validamente  manifestada  a  este  Colegiado  ao  qual  incumbe,  pelas  razões  antes  expostas,  reduzir  a  exigência  segundo  os  contornos  previamente  delimitados  no  lançamento, como demonstrado no Termo de Verificação Fiscal:  ANO  ACIONISTAS   REFERÊNCIA   PARTICIPAÇÃO   VALOR   2007 ­ 4º TRIM ADILTON BOFF CARDOSO        537.358,80   0,01%      53,74   2007 ­ 4º TRIM ADALBERTO BOFF CARDOSO        537.358,80   0,01%      53,74   2007 ­ 4º TRIM MARLENE DE SOUZA CARDOSO        537.358,80   0,00%        ­    2007 ­ 4º TRIM MARCIA DE SOUZA CARDOSO        537.358,80   0,00%        ­       SOMA          107,47   2008  ADILTON BOFF CARDOSO      2.239.155,46   0,01%     223,92   2008  ADALBERTO BOFF CARDOSO      2.239.155,46   0,01%     223,92   2008  MARLENE DE SOUZA CARDOSO      2.239.155,46   0,00%        ­    2008  MARCIA DE SOUZA CARDOSO      2.239.155,46   0,00%        ­       SOMA          447,83   2009  ADILTON BOFF CARDOSO      2.448.361,38   0,01%     244,84   2009  ADALBERTO BOFF CARDOSO      2.448.361,38   0,01%     244,84   2009  MARLENE DE SOUZA CARDOSO      2.448.361,38   0,00%        ­    2009  MARCIA DE SOUZA CARDOSO      2.448.361,38   0,00%        ­       SOMA          489,67   Desta  forma,  tendo por  referência os  juros  sobre o capital próprio apurados  pela  contribuinte  a  partir  do  Patrimônio  Líquido  demonstrado  às  fls.  218/221,  a  autoridade  fiscal  apenas  reduziu  o  percentual  de  participação  de  cada  sócio.  Considerando  o  contrato  social  da Magius Participações Ltda  e  sua  alteração às  fls.  258/268, Adilton Boff Cardoso e  Adalbaerto Boff Cardoso detinham, cada um, 1.933.333 quotas de Magius Participações Ltda,  ao  passo  que Marlene  de  Souza Cardoso  e Márcia  de  Souza  Cardoso,  cada  uma,  possuíam  483.333 quotas, do total de 5.799.998, ao final de 2005, de modo que as participações dos dois  primeiros  representavam  33,33%  do  total  e  das  duas  últimas  8,33%  do  total.  Não  há  outras  alterações  contratuais  nos  autos, mas  as DIPJ  de Magius  Participações  Ltda  juntadas  às  fls.  673/698, 699/727 e 725/757, indicam que de 2007 a 2009 Tânia Mara de Souza Cardoso não  mais  integrava o quadro  social,  os dois primeiros  sócios detinham,  cada  um, 36,36% de  seu  capital social, a terceira sócia 18,18% e a última 9,10%, percentuais estes que, considerando a  participação  de  99,98%  de  Magius  Participações  Ltda  no  capital  da  autuada,  resultam  nos  percentuais adotados nas planilhas de cálculo da contribuinte para distribuição das parcelas de  juros  sobre  capital  próprio,  tomadas  pela  Fiscalização  como  referência  para  seus  cálculos.  Assim, considerando os efeitos do contrato de usufruto de ações, não subsistem evidências de  irregularidade  nos  percentuais  declarados, motivo  pelo  qual  o  quadro  de  apuração  elaborado  pela Fiscalização deve ser assim reconstituído:      Fl. 2272DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 26          25   ANO  ACIONISTAS   REFERÊNCIA  PARTICIP.   VALOR   2007 ­ 4º TRIM ADILTON BOFF CARDOSO       537.358,80   36,36%      195.383,66   2007 ­ 4º TRIM ADALBERTO BOFF CARDOSO       537.358,80   36,36%      195.383,66   2007 ­ 4º TRIM MARLENE DE SOUZA CARDOSO       537.358,80   18,19%       97.745,57   2007 ­ 4º TRIM MARCIA DE SOUZA CARDOSO       537.358,80   9,09%       48.845,91      SOMA           537.358,80   2008  ADILTON BOFF CARDOSO     2.239.155,46   36,36%      814.156,93   2008  ADALBERTO BOFF CARDOSO     2.239.155,46   36,36%      814.156,93   2008  MARLENE DE SOUZA CARDOSO     2.239.155,46   18,19%      407.302,38   2008  MARCIA DE SOUZA CARDOSO     2.239.155,46   9,09%      203.539,23      SOMA         2.239.155,46   2009  ADILTON BOFF CARDOSO     2.448.361,38   36,36%      890.224,20   2009  ADALBERTO BOFF CARDOSO     2.448.361,38   36,36%      890.224,20   2009  MARLENE DE SOUZA CARDOSO     2.448.361,38   18,19%      445.356,94   2009  MARCIA DE SOUZA CARDOSO     2.448.361,38   9,09%      222.556,05      SOMA         2.448.361,38   Considerando  que  os  valores  recalculados  no  4o  trimestre/2007  e  no  ano­ calendário 2008 são equivalentes aos valores contabilizados pela contribuinte,  e que no  ano­ calendário 2009 não houve pagamento de  juros  sobre o capital próprio, não subsistem, neste  contexto, despesas passíveis de glosa.  Frise­se, ainda, que erros de cálculo no lançamento não ensejam sua nulidade  se a inexatidão material pode ser corrigida mediante retificação na forma do art. 60 do Decreto  nº 70.235/72, como no presente caso. Assim não fosse e os julgamentos administrativos jamais  poderiam  resultar  em  procedência  parcial  da  exigência. Desta  forma,  as  irregularidades  aqui  identificadas  ensejam  apenas  a  exoneração  do  crédito  tributário  correspondente,  e  não  inquinam  de  nulidade  todo  o  lançamento  tributário,  como  pretende  a  recorrente,  mormente  tendo em conta a outra infração erigida de forma autônoma pela autoridade fiscal.  Por todo o exposto, apesar de REJEITAR a argüição de nulidade da decisão  recorrida e do lançamento, o presente voto é no sentido, relativamente à glosa de juros sobre o  capital  próprio,  DAR  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário  e  NEGAR  PROVIMENTO  ao  recurso de ofício, para afastar integralmente os valores exigidos.  A  infração  seguinte  corresponde  à  glosa  dos  valores  correspondentes  a  amortização de ágio nos anos­calendário de 2007 a 2009, por se tratar de ágio constituído sem  fundamento  econômico,  realizado  no  mesmo  grupo  empresarial,  composto  pelos  mesmos  sócios/acionistas. Em síntese, sem a intervenção de terceiros, mediante operações realizadas no  interregno de 100 (cem) dias, surgiu no patrimônio da autuada parcela classificada como ágio,  que veio a reduzir seu lucro tributável nos períodos fiscalizados.  A  recorrente  defende  que  seria  legítima  a  operação,  porque  destinada  a  fortalecer  a  estrutura  do  Grupo  Econômico  e,  especialmente,  atrair  novos  parceiros  para  obter numerário e possibilitar crescimento sustentável da Empresa, muito embora no curso do  ano de 2005, o Grupo Econômico tenha constatado que os objetivos pretendidos com a criação  da BOFF PARTICIPAÇÕES  não  foram alcançados,  já  que NÃO houve  a  entrada  de  novos  Fl. 2273DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 27          26 parceiros comerciais, bem como não houve a obtenção de novos recursos financeiros junto ao  mercado,  sendo  aprovada  a  incorporação  de  Boff  Cardoso  Participações  pela  autuada,  para  fortalecer,  ainda mais,  a  estrutura operacional da Empresa. Destacando que no protocolo  e  justificação  de  incorporação  consignou­se que a  operação  tem como  justificativa,  a  redução  dos custos e incentivo da geração de caixa futuro da INCORPORADA, a contribuinte acredita  ser seu direito reconhecer contabilmente lucros ainda não auferidos, majorando artificialmente  seu patrimônio para  construir  uma  realidade que  somente  se verificaria  dali  a  cinco ou mais  anos,  desde  que  efetivadas  as  premissas  expostas  em  laudo  elaborado  por  consultoria  contratada.  Não tem razão a recorrente em seus argumentos.  O art. 7o da Lei nº 9.532/97 é expresso quanto à possibilidade de redução do  lucro  tributável  por  amortização  de  ágio,  apenas,  quando  uma  pessoa  jurídica  absorver  patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação  societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do Decreto­ Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, como abaixo transcrito:  Lei 9.532, de 10 de dezembro de 1997  Art.  7º  A  pessoa  jurídica  que  absorver  patrimônio  de  outra,  em  virtude  de  incorporação,  fusão  ou  cisão, na  qual  detenha  participação  societária  adquirida  com  ágio  ou  deságio,  apurado  segundo  o  disposto  no  art.  20  do Decreto­Lei  nº  1.598, de 26 de dezembro de 1977:  I ­ deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a  alínea "a" do § 2º do art. 20 do Decreto­Lei nº 1.598, de 1977, em contrapartida à  conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa;  II ­ deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c"  do § 2º do art. 20 do Decreto­Lei nº 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de  ativo permanente, não sujeita a amortização;  III ­ poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea  "b"  do  §  2º  do  art.  20  do  Decreto­Lei  nº  1.598,  de  1977,  nos  balanços  correspondentes  à  apuração  de  lucro  real,  levantados  posteriormente  à  incorporação,  fusão  ou  cisão,  à  razão  de  1/60  (um  sessenta  avos),  no máximo,  para  cada  mês  do  período  de  apuração;  (Redação  dada  pela  Lei  9.718,  de  27/11/98)  IV  ­  deverá  amortizar  o  valor  do  deságio  cujo  fundamento  seja  o  de  que  trata  a  alínea  "b"  do  §  2º  do  art.  20  do  Decreto­Lei  nº  1.598,  de  1977,  nos  balanços  correspondentes  à  apuração  de  lucro  real,  levantados  durante  os  cinco  anos­ calendário  subseqüentes  à  incorporação,  fusão  ou  cisão,  à  razão  de  1/60  (um  sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração.  § 1º O valor  registrado na  forma do  inciso  I  integrará o  custo do bem ou direito  para  efeito  de  apuração  de  ganho  ou  perda  de  capital  e  de  depreciação,  amortização ou exaustão.  § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver  sido  transferido, na  hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar:  a) o ágio, em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso  III;  b) o deságio, em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no  inciso IV.  Fl. 2274DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 28          27 § 3º O valor registrado na forma do inciso II do caput:  a) será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda  de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para  sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital;  b) poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se  comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que  lhe deu causa.  §  4º  Na  hipótese  da  alínea  "b"  do  parágrafo  anterior,  a  posterior  utilização  econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica  usuária  ao  pagamento  dos  tributos  e  contribuições  que  deixaram  de  ser  pagos,  acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação  vigente.  §  5º O  valor  que  servir  de  base  de  cálculo  dos  tributos  e  contribuições  a  que  se  refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do  direito.  Art. 8º O disposto no artigo anterior aplica­se, inclusive, quando:  a)  o  investimento  não  for,  obrigatoriamente,  avaliado  pelo  valor  de  patrimônio  líquido;  b)  a  empresa  incorporada,  fusionada  ou  cindida  for  aquela  que  detinha  a  propriedade da participação societária.”   Decreto­lei nº 1.598, de 30 de dezembro de 1977   Art.  20  ­  O  contribuinte  que  avaliar  investimento  em  sociedade  coligada  ou  controlada  pelo  valor  de  patrimônio  líquido  deverá, por  ocasião  da  aquisição  da  participação, desdobrar o custo de aquisição em:   I ­ valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com  o disposto no artigo 21; e   II ­ ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição  do investimento e o valor de que trata o número I.   §  1º  ­  O  valor  de  patrimônio  líquido  e  o  ágio  ou  deságio  serão  registrados  em  subcontas distintas do custo de aquisição do investimento.   §  2º  ­ O  lançamento  do  ágio  ou  deságio  deverá  indicar,  dentre  os  seguintes,  seu  fundamento econômico:   a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior  ao custo registrado na sua contabilidade;   b)  valor  de  rentabilidade  da  coligada  ou  controlada,  com  base  em  previsão  dos  resultados nos exercícios futuros;   c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas.   §  3º  ­  O  lançamento  com  os  fundamentos  de  que  tratam  as  letras  a  e  b  do  §  2º  deverá  ser  baseado  em  demonstração  que  o  contribuinte  arquivará  como  comprovante da escrituração.   § 4º  ­ As normas deste Decreto­lei sobre investimentos em coligada ou controlada  avaliados pelo valor de patrimônio líquido aplicam­se às sociedades que, de acordo  com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, tenham o dever legal de adotar esse  critério  de  avaliação,  inclusive  as  sociedades  de  que  a  coligada  ou  controlada  participe,  direta  ou  indiretamente,  com  investimento  relevante,  cuja  avaliação  segundo  o mesmo  critério  seja  necessária  para  determinar  o  valor  de  patrimônio  líquido da coligada ou controlada.  Fl. 2275DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 29          28 [...]  Art. 23. ............................................................  [...]  § 5º  ­ Não serão computadas na determinação do  lucro real as contrapartidas de  ajuste do valor do investimento ou da amortização de ágio ou deságio na aquisição,  nem  os  ganhos  ou  perdas  de  capital  derivados  de  investimentos  em  sociedades  estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País. (negrejou­se)  Os dispositivos transcritos somente se referem ao ágio formado na aquisição  de investimentos e, ainda, o art. 7o da Lei nº 9.532/97 frisa que deve ser ele apurado segundo o  disposto no art. 20 do Decreto­Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, o qual, por sua vez,  trata  do  ágio  formado  entre  o  custo  de  aquisição  do  investimento  e  o  valor  do  patrimônio  líquido na época da aquisição. E  somente há aquisição quando há  intervenção de  terceiro e  efetiva transmissão de propriedade do direito.  Neste  sentido,  inclusive,  é  a  interpretação  veiculada  no  Ofício­Circular  CVM/SNC/SEP nº 01/2007:  "20.1.7 "Ágio" gerado em operações internas  A CVM tem observado que determinadas operações de reestruturação societária de  grupos econômicos (incorporação de empresas ou incorporação de ações) resultam  na geração artificial de "ágio".  Uma  das  formas  que  essas  operações  vêm  sendo  realizadas,  inicia­se  com  a  avaliação  econômica  dos  investimentos  em  controladas  ou  coligadas  e,  ato  contínuo, utilizar­se do resultado constante do laudo oriundo desse processo como  referência para subscrever o capital numa nova empresa. Essas operações podem,  ainda, serem seguidas de uma incorporação.  Outra forma observada de realizar tal operação é a incorporação de ações a valor  de mercado de empresa pertencente ao mesmo grupo econômico.  Em  nosso  entendimento  ainda  que  essas  operações  atendam  integralmente  os  requisitos  societários  do  ponto  de  vista  econômico­contábil  é  preciso  esclarecer  que  o  ágio  surge  única  e  exclusivamente,  quando  o  preço  (custo)  pago  pela  aquisição  ou  subscrição  de  um  investimento  a  ser  avaliado  pelo  método  da  equivalência  patrimonial  supera  o  valor  patrimonial  desse  investimento.  E  mais  preço ou custo de aquisição  somente  surge quando há o dispêndio para  se obter  algo de  terceiros. Assim não há do ponto de vista econômico geração de riqueza  decorrente  de  transação  consigo  mesmo.  Qualquer  argumento  que  não  se  fundamente  nessas  assertivas  econômicas  configura  sofisma  formal  e,  portanto,  inadmissível.  Não  é  concebível,  econômica  e  contabilmente  o  reconhecimento  de acréscimo de  riqueza em decorrência de uma transação dos acionistas com eles próprios. Ainda  que,  do  ponto  de  vista  formal,  os  atos  societários  tenham  atendido  à  legislação  aplicável  (não  se  questiona  aqui  esse  aspecto),  do  ponto  de  vista  econômico,  o  registro de ágio, em transações como essas, somente seria concebível se realizada  entre partes independentes, conhecedoras do negócio, livres de pressões ou outros  interesses  que  não  a  essência  da  transação,  condições  essas  denominadas  na  literatura internacional como "arm's length".  Portanto é nosso entendimento que essas transações não se revestem de substância  econômica e da indispensável independência entre as partes para que seja passível  Fl. 2276DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 30          29 de registro. mensuração e evidenciação pela contabilidade." (Os grifos constam do  original).  Este ato limita­se a reforçar o que consta da lei desde sua edição: é necessário  que haja preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado  pelo método da equivalência patrimonial, superior ao valor patrimonial desse investimento. E  somente  há  preço  e,  por  conseqüência,  aquisição,  quando  a  operação  se  realiza  entre  partes  independentes.  E,  não  bastasse  esta  evidência  para  sua  caracterização  como  ato  interpretativo,  aplicável  a  qualquer  tempo,  cabe  também  destacar  o  que  expresso  em  sua  introdução:  A CVM  vem,  ao  longo  dos  anos  da  sua  atuação,  buscando  aperfeiçoar  e manter  atualizado  o  seu  arcabouço  normativo  contábil,  sempre  com  a  participação  de  segmentos  interessados  do mercado  ou  da  profissão  contábil.  Cumpre  destacar  a  importante colaboração recebida da Comissão Consultiva de Normas Contábeis da  CVM,  que  conta  com  representantes  da  ABRASCA,  APIMEC,  CFC,  IBRACOM,  FIPECAFI/USP  e  colaboradores  especialmente  nomeados  pela  CVM,  além  dos  professores  Ariovaldo  dos  Santos  (USP),  José  Augusto Marques  (UFRJ)  e  Natan  Szuster  (UFRJ)  e,  agora,  do  Comitê  de  Pronunciamentos  Contábeis  ­  CPC,  recentemente instalado.  Isto porque o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, elaborado  pela referida FIPECAFI (Fundação  Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras)  afirma o mesmo entendimento no âmbito doutrinário, expondo com clareza o conceito contábil  de ágio nos termos a seguir transcritos:   11.7.1 — Introdução e Conceito  Os  investimentos,  como  já  vimos,  são  registrados  pelo  valor  da  equivalência  patrimonial  e,  nos  casos  em  que  os  investimentos  foram  feitos  por  meio  de  subscrições  em  empresas  coligadas  ou  controladas,  formadas  pela  própria  investidora, não surge normalmente qualquer ágio ou deságio. Veja­se,  todavia,  caso especial no item 11.7.6.  Todavia, no caso de uma companhia adquirir ações de uma empresa já existente,  pode surgir esse problema.  O conceito de ágio ou deságio, aqui, não é o da diferença entre o valor pago pelas  ações  e  seu  valor  nominal,  mas  a  diferença  entre  o  valor  pago  e  o  valor  patrimonial  das  ações,  e  ocorre  quando  adotado  o  método  da  equivalência  patrimonial.  Dessa forma, há ágio quando o preço de custo das ações for maior que seu valor  patrimonial, e deságio, quando for menor, como exemplificado a seguir.  11.7.2 Segregação Contábil do Ágio ou Deságio  Ao  comprar  ações  de  uma  empresa  que  serão  avaliadas  pelo  método  da  equivalência  patrimonial,  deve­se,  já  na  ocasião  da  compra,  segregar  na  Contabilidade o preço total de custo em duas subcontas distintas, ou seja, o valor  da  equivalência  patrimonial  numa  subconta  e,  o  valor  do  ágio  (ou  deságio)  em  outra subconta(..)  11.7.3 Determinação do Valor do Ágio ou Deságio   a) GERAL  Fl. 2277DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 31          30 Para permitir a determinação do valor do ágio ou deságio,  é necessário que, na  data­base  da  aquisição  das  ações,  se  determine  o  valor  da  equivalência  patrimonial do investimento, para o que é necessária a elaboração de um Balanço  da  empresa  da  qual  se  compraram  as  ações,  preferencialmente  na mesma  data­ base  da  compra  das  ações  ou  até  dois  meses  antes  dessa  data.  Todavia,  se  a  aquisição for feita com base num Balanço de negociação, poderá ser utilizado esse  Balanço,  mesmo  que  com  defasagem  superior  aos  dois  meses  mencionados.  Ver  exemplos a seguir.  b) DATA­BASE   Na  prática,  esse  tipo  de  negociação  é  usualmente  um  processo  prolongado,  levando,  às  vezes,  a meses  de  debates  até  a  conclusão das  negociações.  A  data­ base da contabilização da compra é a da efetiva transmissão dos direitos de tais  ações aos novos acionistas a partir dela, passam a usufruir dos  lucros gerados e  das demais vantagens patrimoniais.(..)  11.7.4 Natureza e Origem do Ágio ou Deságio  (...)  c) ÁGIO POR VALOR DE RENTABILIDADE FUTURA   Esse  ágio  (ou  deságio)  ocorre  quando  se  paga  pelas  ações  um  valor  maior  (menor)  que  o  patrimonial,  em  função  de  expectativa  de  rentabilidade  futura  da  coligada ou controlada adquirida.  Esse tipo de ágio ocorre com maior frequência por envolver inúmeras situações e  abranger diversas possibilidades.  No exemplo anterior da Empresa B, os $ 100.000.000 pagos a mais na compra das  ações  representam  esse  tipo  de  ágio  e  devem  ser  registrados  nessa  subconta  especifica.  Sumariando,  no  exemplo  anterior,  a  contabilização  da  compra  das  ações  pela  Empresa A, por $ 504.883.200, seria (...).  11.7.5 Amortização do Ágio ou Deságio   a) CONTABILIZAÇÃO  I ­ Amortização do ágio (deságio) por valor de rentabilidade futura   O ágio pago por expectativa de lucros futuros da coligada ou controlada deve ser  amortizado dentro do período pelo qual se pagou por tais futuros lucros, ou seja,  contra os resultados dos exercícios considerados na projeção dos lucros estimados  que  justifiquem  o  ágio.O  fundamento  aqui  é  o  de  que,  na  verdade,  as  receitas  equivalentes  aos  lucros  da  coligada  ou  controlada  não  representam  um  lucro  efetivo,  já que a  investidora pagou por  eles antecipadamente  devendo, portanto,  baixar o ágio contra essas receitas. Suponha que uma empresa  tenha pago pelas  ações  adquiridas  um  valor  adicional  ao  do  patrimônio  liquido  de  $  200.000,  correspondente  a  sua  participação nos  lucros  dos  10  anos  seguintes  da  empresa  adquirida. Nesse  caso,  tal  ágio  deverá  ser  amortizado  na  base  de  10%  ao  ano.  (Todavia, se os lucros previstos pelos quais se pagou o ágio não forem projetados  em uma base uniforme de ano para ano, a amortização deverá acompanhar essa  evolução proporcionalmente).(...)  Nesse sentido, a CVM determina que o ágio ou o deságio decorrente da diferença  entre o valor pago na aquisição do investimento e o valor de mercado dos ativos e  passivos da coligada ou controlada deverá ser amortizada da seguinte forma (...).  11.7.6 Ágio na Subscrição   (...)  Fl. 2278DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 32          31 b) por outro lado, vimos nos itens anteriores ao 11.7 que surge o ágio ou deságio  somente  quando  uma  empresa  adquire  ações  ou  quotas  de  uma  empresa  já  existente, pela diferença entre o valor papo a  terceiros e o valor patrimonial de  tais ações ou quotas adquiridas dos antigos acionistas ou quotistas.  Poderíamos  concluir,  então,  que  não  caberia  registrar  um  ágio  ou  deságio  na  subscrição  de  ações.  Entendemos,  todavia,  que  quando  da  subscrição  de  novas  ações,  em  que  há  diferença  entre  o  valor  de  custo  do  investimento  e  o  valor  patrimonial contábil, o ágio deve ser registrado pela investidora.  Essa  situação  pode  ocorrer  quando  os  acionistas  atuais  (Empresa  A)  de  uma  empresa B resolvem admitir novo acionista (Empresa X) não, pela venda de ações  já  existentes,  mas  pela  emissão  de  novas  ações  a  serem  subscritas,  pelo  novo  acionista. Ou quando um acionista subscreva aumento de capital no lugar de outro.  O  preço  de  emissão  das  novas  ações,  digamos  $  100  cada,  representa.  a  negociação  pela  qual  o  acionista  subscritor  está  pagando  o  valor,  patrimonial  contábil  da  Empresa  B,  digamos  $  60,  acrescido  de  uma  mais­valia  de  $  40,  correspondente, por exemplo, ao fato de o valor de mercado dos ativos da Empresa  B ser superior a seu valor contabilizado. Tal diferença representa, na verdade, uma  reavaliação de ativos, mas não registrada pela Empresa B, por não ser obrigatória.  Notemos que, nesse caso, não faz sentido lógico que o novo acionista ou mesmo o  antigo,  ao  fazer  a  integralização  do  capital,  registre  seu  investimento  pelo  valor  patrimonial das suas ações e reconheça a diferença como perda não operacional.  Na  verdade,  nesse  caso,  o  valor  pago  a  mais  tem  substância  econômica  bem  fundamentada e deveria ser registrado como um ágio, baseado no maior valor de  mercado dos ativos da Empresa B." (negrejou­se)   Observe­se  que  não  se  diz,  aqui,  que  a  alienação  de  uma  participação  societária  somente  se  dá  mediante  pagamento,  em  sentido  estrito.  O  que  se  exige  é  uma  alteração  substancial  no  patrimônio  do  alienante,  a  qual  somente  se  verifica  se  ele  passar  a  dispor  de  algo  que  antes  não  possuía,  condição  ausente  neste  caso,  em  que  a  participação  societária  detida  pela  controladora  da  autuada,  contemporaneamente  constituída  mediante  conferência da totalidade de ações que os sócios originais nela detinham, circula e retorna ao  seu patrimônio no curto espaço de tempo em que a “reestruturação societária” é promovida.  O  Julgador Ney Kazuo Kusakariba,  no  voto  condutor  da decisão  recorrida,  também  expõe  sólida  interpretação  para  afirmar  a  prevalência  dos  conceitos  contábeis  na  formação do ágio:  57. Evidente, portanto, que todas as definições conceituam o ágio como a diferença  entre o custo de aquisição e o valor patrimonial do investimento, ou seja, o ágio é  meramente  a  grandeza  resultante  de  uma  simples  subtração,  razão  pela  qual  inexistente discrepância entre o conceito contábil e o conceito tributário de ágio.  58. Logo, a divergência somente poderá existir na definição de um dos outros dois  fatores da subtração: o custo de aquisição do investimento (minuendo) ou o valor  patrimonial do investimento (subtraendo). Não sendo possível existir controvérsia a  respeito  do  que  se  entende  por  valor  patrimonial  do  investimento  (subtraendo),  conclui­se que o foco da discórdia recai sobre o que se deve considerar o minuendo  da subtração da qual resulta o ágio.  59. Estão sendo esposados dois entendimentos semânticos antagônicos a respeito do  significado da grandeza “custo de aquisição do investimento”. Por um lado, o Fisco  entende que deve prevalecer o significado que lhe atribuem a língua portuguesa e a  Ciência Contábil,  ou seja,  o custo de aquisição no valor de R$ 5.799,998,00; por  outro  lado,  a  impugnante  afirma  que  deveria  prevalecer  significado  distinto,  Fl. 2279DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 33          32 supostamente  instituído/autorizado  pela  lei  tributária,  com  custo  de  aquisição  no  valor de R$ 31.319.000,00.  60. Calha o magistério de Hugo de Brito Machado (Em Curso de Direito Tributário,  Malheiros Editores, 12ª Edição, fls. 79­80):  “Relevante  é  notar  que  o  art.  109  do  Código  Tributário  Nacional  refere­se  aos  princípios  gerais  do  Direito  Privado  e  não  às  leis  de  Direito  privado.  Assim,  os  conceitos,  os  institutos,  as  formas,  prevalecentes  no  Direito  Civil,  ou  no  Direito  Comercial,  em  virtude  de  elaboração  legislativa,  prevalecem  igualmente  no  Direito  Tributário.  Só  os  princípios  do  Direito  privado  é  que  não  se  aplicam  para  a  determinação dos efeitos tributários dos institutos, conceitos e formas do Direito Civil,  ou Comercial.  Se determinado conceito legal de Direito Privado não for adequado aos fins do Direito  Tributário, o legislador pode adaptá­lo. Dirá que, para os efeitos tributários, ou para os  efeitos deste ou daquele tributo, tal conceito deve ser entendido desta ou daquela forma,  com  esta  ou  aquela  modificação.  Essa  interpretação  é  obra  do  legislador  e  não  do  intérprete, pois este não pode, a qualquer pretexto, modificar a lei. Se o conceito não é  legal,  mas  apenas  doutrinário,  pode  o  intérprete  adaptá­lo  aos  fins  do  Direito  Tributário.” (Grifou­se)  61. É incontroverso que, para a Ciência Contábil, a locução “custo de aquisição do  investimento” adota o conceito consignado no, já aludido, Manual de Contabilidade  da FIPECAFI (item 10.3.2, a), in verbis:  “a) CUSTO DE AQUISIÇÃO O custo de aquisição é o valor efetivamente despendido  na  transação  por  subscrição  relativa  a  aumento  de  capital,  ou  ainda  pela  compra  de  ações de terceiros, quando a base do custo é o preço total pago. Vale lembrar que esse  valor  pago  é  reduzido  dos  valores  recebidos  a  título  de  distribuição  de  lucros  (dividendos), dentro do período de  seis meses  após  a aquisição das cotas ou ações da  investida.” (Grifou­se)  62. No mesmo sentido são as ponderações de Jorge Vieira da Costa Júnior e Eliseu  Martins,  no  parecer  “A  Incorporação  Reversa  com  ágio  gerado  internamente:  Conseqüências da Elisão Fiscal sobre a Contabilidade”, in verbis:  “Dentro do Arcabouço Conceitual em vigor,  considerando  a mensuração a valores de  entrada,  não  se  admite  o  reconhecimento  de  um  ativo  que  não  seja  por  seu  custo  de  aquisição. Um intangível gerado internamente, como no caso em comento, embora gere  benefícios  econômicos  inquestionáveis  para  uma  dada  entidade,  tem  o  seu  reconhecimento contábil obstado por uma simples  razão: a ausência de custo para  ser  confrontado  com  benefícios  gerados  e  permitir,  com  isso,  a  apuração  de  lucros  consentâneos com a realidade econômica da entidade.  A Estrutura Conceitual adotada atualmente no Brasil,  tanto na versão do IBRACON –  Instituto Brasileiro  dos  Auditores  Independentes,  acolhida  pela  CVM –  Comissão  de  Valores Mobiliários em sua Deliberação nº 29/86, como na versão do CFC – Conselho  Federal de Contabilidade, pela Resolução nº 750/93, adota a versão do valor de entrada  e, especificamente, o custo histórico.” (Grifou­se).  63.  Por  seu  turno,  a  Resolução  CFC  nº  750/93  do  Conselho  Federal  de  Contabilidade,  que  promoveu  atualização  substantiva  e  adjetiva  dos  Princípios  Fundamentais  de  Contabilidade,  estatuiu  que  a  essência  das  transações  deve  prevalecer  sobre  seus  aspectos  formais  e  que  a  avaliação  dos  componentes  patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando­se como  tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes:  “Art. 1º. Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (PFC)  os enunciados por esta Resolução.  §  1º.  A  observância  dos  Princípios  Fundamentais  de  Contabilidade  é  obrigatória  no  exercício da profissão e constitui condição de  legitimidade das Normas Brasileiras de  Contabilidade (NBC).  Fl. 2280DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 34          33 § 2º. Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade há situações concretas  e a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais.  (...)  Art.  7º. Os  componentes  do  patrimônio  devem  ser  registrados  pelos  valores  originais  das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que  serão mantidos  na  avaliação  das  variações  patrimoniais  posteriores,  inclusive  quando  configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.   Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta:  I  ­  a  avaliação  dos  componentes patrimoniais deve  ser  feita  com base nos  valores  de  entrada, considerando­se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos  ou da imposição destes;  II  –  uma  vez  integrado  no  patrimônio,  o  bem,  direito  ou  obrigação  não  poderão  ter  alterados  seus  valores  intrínsecos,  admitindo­se,  tão­somente,  sua  decomposição  em  elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais;  III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do  patrimônio, inclusive quando da saída deste;  IV  –  os  Princípios  da  ATUALIZAÇÃO  MONETÁRIA  e  do  REGISTRO  PELO  VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro  apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada V – o uso da moeda do País na  tradução  do  valor  dos  componentes  patrimoniais  constitui  imperativo  de  homogeneização quantitativa dos mesmos.” (Grifou­se).  64.  A  necessidade  de  a  essência  das  transações  prevalecer  sobre  os  aspectos  formais,  em  última  análise,  corresponde  aos  seguintes  preceitos  do  Código  Civil  (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002), in verbis:  “Art.  112.  Nas  declarações  de  vontade  se  atenderá  mais  à  intenção  nelas  consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.  Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa­fé e os usos do  lugar de sua celebração.” (Grifou­se).  65.  É  incontroverso,  portanto,  que  o  conceito  de  custo  adotado  pelas  normas  contábeis corresponde ao valor dos ativos entregues (ou a entregar) – despendidos  (ou  a  despender)  em  transação  com  agentes  externos,  resultante  de  precificação  com  eles  pactuada  ou  por  eles  imposta  –  para  a  obtenção  do  investimento.  Esse,  aliás, é o significado que consta dos dicionários da língua portuguesa, como define  o Dicionário Aurélio:  “CUSTO (Dev. de custar.) Substantivo masculino.  O que deve ser despendido (em dinheiro, tempo, esforço, etc.) para se obter algo.  Econ. Preço pago pela aquisição ou produção de um bem.  (...)” (Grifou­se).  66.  Cabe  enfatizar  que  inexiste  conceito  de  custo  de  investimento  distinto  e  autônomo  dado  pela  legislação  tributária.  Conforme  consignado  no  já  transcrito  excerto  da  exposição  de motivos  do Decreto­lei  nº  1.598,  de  1977,  o  objetivo  do  legislador  foi  apenas  adaptar  a  legislação  tributária  à  lei  contábil  –  e  não  o  contrário.  Tratando­se  de  norma  tendente  a  adaptar  a  legislação  tributária  à  lei  contábil e disciplinar relações tributárias específicas, regrando situações concretas  e sem a criação de problemas de interpretação, não há no Decreto­lei nº 1.598, de  1977,  qualquer  ressalva  quanto  a  eventual  ampliação  ou  restrição  do  seu  significado técnico (adotado na Lei nº 6.404, de 1976) ou linguístico usual, inclusive  no mencionado inciso II do artigo 20.   67. Como a Lei nº 6.404, de 1976, ao  estabelecer  as  regras  contábeis  relativas a  avaliação  de  participações  societárias  relevantes  reconhece  a  existência  de  um  Fl. 2281DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 35          34 “princípio  geral  do  custo  de  aquisição”,  conforme  consta  de  sua  exposição  de  motivos, já transcrito, não há como se considerar como custo de aquisição algo que  não represente um sacrifício econômico, e que tenha sido simplesmente estipulado  em ato unilateral de vontade dos sócios das pessoas jurídicas envolvidas.  68. O Decreto­lei nº 1.598, de 1977, fala explicitamente em custo de aquisição do  investimento,  e  não  em  valor  justo  de mercado  do  investimento.  Toda  e  qualquer  grandeza somente poderá ser classificada de ágio, em face da legislação tributária  (Decreto­lei nº 1.598, de 1977), se assim também puder ser classificada em face da  contabilidade, em consonância com as normas veiculadas na Lei nº 6.404, de 1976.  69. O conceito de ágio é unívoco e é dado exclusivamente pela contabilidade. Logo,  somente é ágio apto a desfrutar do amparo dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532, de  1977, aquele constituído em obediência aos cânones contábeis. Nessa categoria, por  óbvio,  não  se  incluem  grandezas  criadas  artificialmente,  mesmo  que  assim  se  encontrem  indevidamente  contabilizadas,  com  inobservância  dos  princípios  contábeis.   70.  Como  demonstrado,  a  palavra  final  a  respeito  de  ser  ou  não  regular  a  escrituração  de  determinado  ágio  caberá  à  Ciência  Contábil,  verbalizada  pelas  Normas  Brasileiras  de  Contabilidade  emanadas  do  Conselho  Federal  de  Contabilidade, cuja inobservância constitui infração disciplinar.  71.  Cabe  registrar  que  o Conselho  Federal  de Contabilidade  editou  a  Resolução  CFC  nº  1.110/2007  para  aprovar  a  Norma  Brasileiro  de  Contabilidade  NBC  T  19.10  –  Redução  ao  Valor  Recuperável  de  Ativos,  aplicável  aos  exercícios  encerrados a partir de dezembro de 2008, cujo item 120 determina expressamente:  “120. O reconhecimento de ágio decorrente de rentabilidade futura gerado internamente  (goodwill  interno) é vedado pelas normas nacionais e  internacionais. Assim, qualquer  ágio dessa natureza anteriormente registrado precisa ser baixado.” (Grifou­se)  72. Mais recentemente, por meio da NBC TG 04 – Ativo Intangível, aprovada pela  Resolução CFC nº 1.303/2010, no qual foi definido o tratamento contábil de ativos  intangíveis (no subgrupo Ativo Intangível, introduzido pela Lei nº 11.638, de 28 de  dezembro de 2007), o Conselho Federal de Contabilidade repudiou expressamente o  reconhecimento  de  ágio  derivado  de  expectativa  de  rentabilidade  futura  gerado  internamente, in verbis:  “Ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente   48.  O  ágio  derivado  da  expectativa  de  rentabilidade  futura  (goodwill)  gerado  internamente não deve ser reconhecido como ativo.  49.  Em  alguns  casos  incorre­se  em  gastos  para  gerar  benefícios  econômicos  futuros,  mas que não  resultam na criação de ativo  intangível que  se enquadre nos critérios de  reconhecimento estabelecidos na presente Norma. Esses gastos costumam ser descritos  como  contribuições  para  o  ágio  derivado  da  expectativa  de  rentabilidade  futura  (goodwill) gerado internamente, o qual não é reconhecido como ativo porque não é um  recurso  identificável  (ou  seja,  não  é  separável  nem  advém  de  direitos  contratuais  ou  outros  direitos  legais)  controlado  pela  entidade  que  pode  ser  mensurado  com  confiabilidade ao custo.  50.  As  diferenças  entre  valor  de  mercado  da  entidade  e  o  valor  contábil  de  seu  patrimônio líquido, a qualquer momento, podem incluir uma série de fatores que afetam  o  valor  da  entidade. No  entanto,  essas  diferenças  não  representam  o  custo  dos  ativos  intangíveis controlados pela entidade.” (Grifou­se)  73. Portanto, a contribuinte é obrigada, pela lei tributária, a apurar o lucro líquido  de acordo com a lei societária que, por seu turno, determina que este lucro é obtido  através da observância da escrituração e dos preceitos da Ciência Contábil. Se a  contabilidade  não  aceita  o  ágio  interno  gerado  na  aquisição  de  participação  societária,  esse  registro,  em  princípio,  também  será  rejeitado  pela  legislação  Fl. 2282DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 36          35 comercial  e  pela  lei  tributária,  na  medida  que  ele  trará  reflexos  indevidos  na  apuração do lucro líquido da pessoa jurídica.   74.  O  Direito  não  se  vale  da  Ciência  Contábil  apenas  para  dela  “emprestar  conceitos  que  serão  transformados  em  normas  jurídicas”,  pois  o Direito Positivo  determina,  também,  que  a  Ciência  Contábil  seja  elemento  a  ser  considerado  na  interpretação de normas comerciais e tributárias. Daí porque o reconhecimento do  ágio para fins tributários e societários passa, obrigatoriamente, pela investigação e  aplicação dos conceitos e princípios da Ciência Contábil.  75.  Dessa  forma,  quando  a  autoridade  fiscal  desconsidera  a  amortização  pela  interessada  do  ágio  constituído  sobre  o  seu  próprio  patrimônio  líquido,  em  transações dos sócios com os próprios sócios, está corretamente aplicando o Direito  Positivo ao verificar,  inicialmente,  se a apuração do  lucro  líquido  foi efetuada de  acordo  com  as  regras  do  direito  que  determinam  a  aplicação  dos  instrumentos  e  princípios  da  Ciência  Contábil  e,  depois,  se  o  procedimento  extracontábil  de  apuração  do  lucro  real  foi  efetuado  de  acordo  com  os  preceitos  da  legislação  tributária.  Acrescente­se que no mencionado artigo publicado por Jorge Vieira da Costa  Júnior  e  Eliseu  Martins  (“A  incorporação  reversa  com  ágio  gerado  internamente:  consequências  da  elisão  fiscal  sobre  a  contabilidade,  in  “http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos42004”) vislumbra­se que a lei fiscal admite que  o  ágio  surja  em  outras  circunstâncias,  em  razão  do  que  dispunha  o  art.  36  da  Lei  nº  10.637/2002.   Referido trabalho acadêmico, no que importa à área de especialização de seus  autores,  conclui  que  definitivamente,  à  luz  da  teoria  da  contabilidade  é  inadmissível  o  surgimento de ágio em uma operação realizada dentro de um mesmo grupo econômico. Não é  permitido  contabilmente  o  reconhecimento  de  ágio  gerado  internamente,  tampouco  o  lucro  resultante. E, para assim arrematarem, argumentam que:  Em síntese, o ágio (ou, por vezes, o deságio) surge do confronto entre o valor justo  (fair  value)  de uma dada entidade  (valor de  saída),  precificado por  intermédio de  uma  transação  envolvendo  terceiros  independentes,  e  o  valor  contábil  (valor  de  entrada)  do  patrimônio  líquido  dessa  mesma  entidade  (considerando,  é  claro,  a  participação acionária adquirida).  Logo, em termos de Teoria da Contabilidade, a rigor, em uma transação admite­se  tão  só  a  figura  do  ágio,  que  vem  a  ser  um  resultado  econômico  obtido  em  um  processo  de  compra  e  venda  de  ativos  líquidos  (net  assest),  quando  estiverem  envolvidas  partes  independentes  não  relacionadas.  Enfim,  quando  o  ágio  for  resultado de um processo de barganha negocial não viciado, que concorra para a  formação de um preço justo dos ativos líquidos em apreço.   [...]  Não  faz  sentido  algum  reconhecer,  numa  boa  e  sadia  contabilidade,  o  resultado  derivado de transações entre entidades sob o mesmo controle, ou seja, sob a mesma  vontade. Isso é, na realidade, geração artificial de resultado.  Contudo,  adentrando  à  seara  tributária,  referidos  autores  limitam­se  a  concluir que o respaldo em legislação tributária para o fenômeno – ágio gerado internamente  – dá sentido econômico à operação. Há de  fato  riqueza sendo gerada pelo grupo societário  nesses arranjos só que, no caso, está sendo transferido do Estado para o grupo via renúncia  fiscal.  Fl. 2283DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 37          36 Analisando exclusivamente um dos efeitos da operação interna, concernente  ao  diferimento  da  tributação  do  ganho  de  capital  reconhecido  pela  parte  que  aliena  a  participação societária, tratado no art. 36 da Lei nº 10.637/2002, os autores expõem que:  Elucidando o caput do artigo 36, tem­se que caso uma dada companhia “A” possua  participação societária em outra companhia “B”, e resolva constituir uma terceira  companhia  “C”,  integralizando  ações  subscritas  de  “C”  com  a  participação  societária  em  “B”  avaliada  economicamente,  o  lucro  apurado  por  “A”  na  integralização  das  ações  subscritas  de  “C”  não  será  tributado  de  imediato,  para  fins de IRPJ e CSLL.  Mais  à  frente,  ao  mencionar  que  o  ágio  carreado  de  “C”  para  “B”  será  dedutível tanto na apuração do lucro real quanto na base de cálculo da CSLL a ser apurado  em “B”,  os  autores  não  explicitam  qual  dispositivo  legal  autorizaria  a  classificação  daquela  parcela como ágio.   Diz a Lei nº 10.637/2002, nesta parte  já revogada, desde a edição da Lei nº  11.196/2005:  Art. 36. Não será computada, na determinação do lucro real e da base de cálculo da  Contribuição  Social  sobre  o  Lucro  Líquido  da  pessoa  jurídica,  a  parcela  correspondente à diferença entre o valor de integralização de capital, resultante da  incorporação ao patrimônio de outra pessoa  jurídica que efetuar a  subscrição e  integralização, e o valor dessa participação societária  registrado na escrituração  contábil desta mesma pessoa jurídica.   § 1o O valor da diferença apurada será controlado na parte B do Livro de Apuração  do Lucro Real  (Lalur) e somente deverá ser computado na determinação do  lucro  real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido:   I ­ na alienação, liquidação ou baixa, a qualquer título, da participação subscrita,  proporcionalmente ao montante realizado;  II ­ proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a pessoa  jurídica para a qual a participação societária tenha sido transferida realizar o valor  dessa  participação,  por  alienação,  liquidação,  conferência  de  capital  em  outra  pessoa jurídica, ou baixa a qualquer título.  §  2o  Não  será  considerada  realização  a  eventual  transferência  da  participação  societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa  jurídica, em decorrência de  fusão, cisão ou incorporação, observadas as condições do § 1o.  Ocorre que a lei apenas difere a tributação do ganho de capital verificado no  momento em que o direito da pessoa jurídica converte­se em outro de maior valor, por ação  única  e  exclusiva  do  titular  deste  direito,  e  sem  que  tal  direito  deixe,  efetivamente,  seu  patrimônio. Na prática, a lei apenas equivale a situação fiscal do sujeito passivo que assim age  àquela  na  qual  permanece  o  sujeito  passivo  que  não  promove  qualquer  transferência  de  seu  investimento  para  outra  pessoa  jurídica  sob  seu  controle. E,  somente  por  esta  razão,  já  seria  possível afastar o outro efeito aventado para esta operação, qual seja, a formação do ágio. Isto  porque inexiste ganho real por parte da pessoa  jurídica que  transfere seus  investimentos para  outra pessoa jurídica, mas continua a deter sua titularidade de forma indireta. O diferimento da  tributação, assim, não representa qualquer benefício, mas apenas a anulação de uma incidência  que se materializaria por ato exclusivo do titular do direito.  Fl. 2284DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 38          37 De outro  lado,  em momento  algum o art.  36 da Lei nº 10.637/2002 admite  que na nova investida este direito reavaliado tenha a sua mais­valia reconhecida contabilmente  como  ágio,  nem  cogita  que  esta  mais­valia  seja  amortizável.  Os  autores  também  não  se  reportam  a  qualquer  ato  normativo,  solução  de  consulta  ou  julgamento  administrativo  que  assim  tenha  concluído.  Interpretação  naquele  sentido  somente  é  possível  olvidando­se  dos  elementos conceituais de uma aquisição, quais sejam, partes independentes e preço.  Veja­se que estes elementos  integram um conceito uniforme  tanto na esfera  contábil (na redação da Lei nº 6.404/76, ao menos até sua alteração pela Lei nº 11.638/2007)  como na esfera tributária (art. 20 do Decreto­lei nº 1.598/77), determinante do que representa o  custo de aquisição de um investimento. De outro lado, o ágio nada mais é do que a diferença  entre o custo de aquisição e a equivalência patrimonial da participação societária, e no presente  caso  o  primeiro  restou majorado  por  conta  do  valor  que  lhe  foi  atribuído  pelo  seu  titular  ao  subscrever capital na  sociedade  intermediária que passou  temporariamente a deter o controle  direto da investida. Assim, somente olvidando que custo de aquisição é o valor efetivamente  despendido  em  transações  com  o  mundo  exterior  (art.  7o  da  Resolução  CFC  nº  750/93),  é  possível construir o ágio amortizado pela recorrente.  Do  disposto  no  art.  36  da  Lei  nº  10.637/2002  infere­se  que  o  legislador  instituiu  ali  um  mecanismo  para  evitar  a  tributação  do  ganho  escriturado  em  razão  da  transferência de participação societária por valor superior ao patrimonial, na medida em que,  verificando­se  esta  transferência  em  sede  de  integralização  de  capital  de  outra  sociedade,  aquela  participação  pertenceria  ao  mesmo  titular  que  inicialmente  a  detinha,  mas  agora  de  forma  indireta. Diferiu,  assim, sua  tributação para momento futuro, no qual esta participação  indireta deixasse de existir e o ganho se tornasse real.  E,  se  esta  transferência  se  dá  sem  a  participação  de  terceiros,  ou  seja,  de  forma que a titularidade da participação societária, ao final, permaneça com as mesmas pessoas  que  inicialmente  as  detinham,  há,  tão  só,  reavaliação  do  investimento,  e  não  ágio  por  expectativa de rentabilidade futura. Neste sentido, inclusive, são as lições de Hiromi Higuchi et  alli,  em  sua  obra  Imposto  de  Renda  das  Empresas  –  Interpretação  e  prática  (Editora  IR  Publicações, 29a edição, p. 360) ao tratar da reavaliação de participações societárias:  O art. 438 do RIR/99 dispõe que será computado na determinação do lucro real o  aumento  de  valor  resultante  de  reavaliação  de  participação  societária  que  o  contribuinte avaliar pelo valor de patrimônio líquido, ainda que a contra partida do  aumento do valor do investimento constitua reserva de reavaliação.  Se  a  pessoa  jurídica  reavaliar  investimento  avaliado  pela  equivalência  patrimonial  não  poderá  diferir  a  tributação da  contrapartida. O diferimento  da  tributação  só  é  possível na reavaliação de participação societária avaliado pelo custo de aquisição.  Neste  caso,  após  a  reavaliação  se  o  investimento  passar  a  ser  avaliado  pela  equivalência patrimonial, o diferimento cessará.  A Receita Federal  teve a  infelicidade de  incluir o art. 39 da MP nº 66, de 29­08­ 2002, convertido no art. 36 da Lei nº 10.637, de 30­12­2002, dispondo:  [...]  A  aplicação  daquele  artigo  dá  ensejo  a  planejamento  tributário  para  aumentar  o  patrimônio líquido nas duas empresas, para cálculo de juros sobre o capital próprio. A  empresa A que  tem  investimento na  empresa B  transfere o  investimento como  integralização de capital na empresa C, por valor bem superior ao contábil. A empresa  A  escritura  a  contrapartida  da  mais  valia  no  resultado  mas  faz  exclusão  na  Fl. 2285DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 39          38 determinação do  lucro real e base de cálculo da CSLL, aumentando o patrimônio  líquido  com  diferimento  da  tributação.  A  empresa  C  também  aumentou  o  seu  patrimônio líquido sem tributação.  A única forma de a Receita Federal corrigir a  infelicidade é, por ato normativo,  dizer que o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 é aplicável somente para os investimentos  avaliados pelo custo de aquisição. Isso porque, para os investimentos avaliados pela  equivalência  patrimonial  existe  a  vedação  do  art.  438  do  RIR/99,  que  por  ser  lei  específica não foi revogado.  Mas, também relevante neste caso, é atentar para o fato de que a controladora  não apenas integraliza capital em uma recém criada empresa do mesmo grupo societário, nela  aportando ações de empresa controlada por valor maior que o patrimonial, fazendo surgir o que  se denominou ágio, o qual passou a ser amortizado depois de a controlada incorporar a pessoa  jurídica intermediária, cuja existência se prolongou por pouco mais de 3 (três) meses. Mais que  isso,  o  resultado  final  desta  operação  é  que,  em  razão  da  mencionada  incorporação,  a  controladora  restabelece  o  controle  direto  sobre  aquela  controlada,  de  modo  que  tudo  volta  a  ser  como  era  antes,  embora  com  uma  “novidade”:  o  surgimento,  no  patrimônio  da  investida,  de um  item classificado como ágio,  no valor de R$ 25.519.002,00 que se presta  a  reduzir seu lucro tributável nos cinco anos subsequentes, tendo como fundamento, justamente,  a expectativa da controladora de que este lucro fosse auferido.  A operação, nestes termos, busca atribuir à participação societária um valor  futuro,  que  não  reúne  qualquer  materialidade  como  justificativa  para  o  incremento  patrimonial. Distingue­se,  assim,  essencialmente do que se verifica nos verdadeiros  casos  de  aquisição,  quando  um  terceiro  paga  pela  expectativa  de  rentabilidade  futura  e  antecipa  no  patrimônio da investidora esta realidade.   No mesmo sentido são as conclusões da autoridade julgadora de 1a instância:  106.  Considerando  que  o  ágio  surge,  única  e  exclusivamente,  quando  o  valor  efetivamente  despendido  para  aquisição  de  um  investimento  –  o  sacrifício  econômico suportado pela sociedade investidora – supera o valor patrimonial desse  investimento, não há como se admitir que as ações de capital da interessada tenham  sido incorporadas pela Boff Cardoso Participações por um preço que contém uma  mais­valia  de  si  próprio,  em  transação  dos  sócios  da  Família  Cardoso  com  eles  mesmos, por intermédio das pessoas jurídicas por eles controladas.  107.  E  somente  há  preço  e,  por  consequência,  aquisição,  quando  a  operação  se  realiza  entre  partes  independentes.  São  várias  as  formas  pelas  quais  um  bem  ou  direito muda  de  titularidade,  assim  como  diferentes  são  os meios  utilizados  para  cumprimento das condições necessárias para que o negócio jurídico se aperfeiçoe.  Contudo, há sempre a presença do terceiro como contraparte, ou seja, as pessoas  jurídicas adquirente e alienante do controle societário devem ser distintas.  108.  Sem  a  participação  de  terceiros,  os  sócios  membros  da  Família  Cardoso  deliberaram  pela  utilização  das  empresas  Magius  Participações  e  Boff  Cardoso  Participações  (empresa  veículo)  para  atribuírem  à  participação  societária  na  Magius Metalúrgica Industrial (a interessada, a empresa operacional do grupo) um  valor  muito  superior  ao  seu  valor  patrimonial,  com  base  no  laudo  de  avaliação  encomendado pela própria empresa avaliada (a interessada).  109. Contudo, para que essa expectativa de  rentabilidade  futura se materializasse  seria  necessário  que  um  terceiro  se  dispusesse  a  adquirir  a  interessada mediante  pagamento  do  valor  de  avaliação  apurado  pela  KRUK Consultoria,  Avaliações  e  Perícias do Patrimônio Ltda., ou que suportasse algum outro sacrifício econômico  Fl. 2286DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 40          39 de mesmo valor em benefício dos acionistas da Família Cardoso. Outra forma seria  mediante realização de lucros, em cada ano, durante o período decorrido entre os  anos de 2005 e 2009 (período alcançado pela projeção).   110.  Somente  esse  eventual  adquirente  poderia  constituir,  em  sua  escrituração  contábil, o ágio de R$ 25.519.002,00 sobre o patrimônio líquido da interessada, por  expectativa de rentabilidade futura, e passar a amortizá­lo dentro do período pelo  qual pagou pelos lucros futuros, observado o prazo mínimo de 60 meses previsto no  artigo 386, III, do RIR de 1999. A realização dessa riqueza pela sociedade investida  não  configura  um  ganho  efetivo  para  a  investidora,  pois  esta  pagou  antecipadamente pelos lucros futuros, mas uma recuperação do capital aplicado na  aquisição da participação.   111.  Ainda  que  o  valor  de  mercado  da  investida  pudesse  eventualmente  corresponder  à  avaliação  efetuada  pela  KRUK  Consultoria,  não  é  concebível,  econômica  e  contabilmente,  o  reconhecimento  de  acréscimo  de  riqueza  em  decorrência de transação dos acionistas com eles próprios, pois as transações entre  empresas do mesmo grupo não gera efetivas mutações patrimoniais econômicas no  consolidado desse grupo.  112.  Logo,  como  o  ágio  foi  gerado  internamente  no  grupo  econômico,  sem  a  participação  de  terceiros  e  sem  a  realização  de  qualquer  pagamento,  restou  evidenciada a utilização de artifício contábil sem suporte econômico para a geração  e  posterior  aproveitamento  do  ágio,  ou  seja,  operações  societárias  engendradas  formalmente sem conexão com o mundo fático.  É possível concluir, assim, que a  integralização de capital com participação  societária  por  valor  maior  que  o  patrimonial  somente  é  possível  quando  existam  razões  passadas que justifiquem esta diferença. Neste sentido, inclusive, é o texto de autoria de Edison  Carlos Fernandes  (Imposto  sobre a  renda, planejamento  tributário,  o  revogado artigo 36 da  Lei nº 10.637/02 e a extinta correção monetária de balanço.  In: Revista Dialética de Direito  Tributário nº 129 (jun/2006), p. 27):  À  luz  do  exposto,  entendemos  que  o  artigo  36  da  Lei  nº  10.637,  de  2002,  revogado  pela  Lei  nº  11.196,  de  2005,  veio  corrigir  a  legislação  tributária  no  sentido  de  adequar  as  oportunidades  de  atualização  dos  bens,  direitos  e  do  patrimônio  líquido,  incluindo,  nesse  rol,  os  investimentos  permanentes  relevantes.  Dessa  forma,  resgatava­se,  após  o  artigo  4o  da Lei  nº  9.249,  de  1995,  "uma  certa  correção  monetária  de  balanço",  porque  estaria  garantindo  o  diferimento  da  tributação  incidente  sobre  o  ganho  gerado  pela  avaliação  de  investimento  relevante, sujeito ao método de equivalência patrimonial (assim como já ocorre no  caso dos bens do ativo imobilizado e do investimento não relevante, avaliado pelo  método do custo de aquisição).  Sendo  assim,  estaria  plenamente  justificada  a  conduta  de  contribuintes  pessoas  jurídicas  que  criaram,  previamente,  as  condições  necessárias  para  aproveitamento  dos benefícios concedidos  pelo  referido artigo  revogado. Não  se  configura, dessa  forma, o abuso de direito, porque o procedimento do artigo 36 da Lei nº 10.637, de  2002,  foi  o  único meio  previsto  pelo  legislador,  seja  por  qual motivo  for,  para  a  reavaliação  de  investimento  relevante,  com  a  tributação  sobre  o  ganho  gerado  diferida."   Por meio desta  reavaliação a pessoa  jurídica atribui valor atualizado a  itens  de  seu  patrimônio  que  não mais  se  sujeitam  a  correção monetária  de  balanço,  e  o  resultado  positivo daí decorrente  não  tem  tributação  imediata,  sendo diferido para o momento  em que  esta riqueza se materializar com a efetiva alienação daquele direito a terceiros. De outro lado,  Fl. 2287DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 41          40 esta operação não gera o tão almejado “ágio fundamentado em rentabilidade futura”, realidade  que somente pode ser antecipada no patrimônio de uma pessoa jurídica quando um terceiro,  parte  independente,  reconhece  sua  viabilidade  e  por  ela  remunera  o  titular  do  investimento.  Note­se, aliás, que no presente caso o laudo de avaliação do investimento atribuiu­lhe não só o  valor de R$ 31.320.000,00, motivador do ágio aqui em debate, como também a mais­valia de  R$ 5.680.000,00, em razão de terrenos e benfeitorias, parcela desconsiderada na conferência de  ações  promovida  por  Magius  Participações  Ltda  para  aumento  de  capital  de  Boff  Cardoso  Participações S/A (fls. 44/129), possivelmente porque não autorizaria depreciações com efeitos  redutores do lucro tributável.  Resta,  assim,  patente  a  simulação  praticada  pelo  sujeito  passivo  com  o  objetivo de reduzir suas bases tributáveis. Nenhum óbice legal existiria, à época, em o grupo  societário  buscar  meios  para  atribuir  ao  patrimônio  da  empresa  operacional  seu  valor  real,  presente.  Inadmissível  é  falsear  a  realidade,  antecipando  resultados  com  base  em  meras  projeções  estatísticas,  sem  a  chancela  de  um  terceiro/parte  independente,  e  ainda,  no  âmbito  tributário, denominar esta mais­valia de ágio apenas para construir o cenário que, na presença  de verdadeiro ágio, permitiria a amortização com efeitos na apuração do lucro tributável.  Concluída,  assim,  esta  abordagem  geral  acerca  da  operação  que  a  contribuinte busca ver legitimada, cumpre refutar os demais pontos específicos da defesa:  ·  Ausência de questionamento do laudo de avaliação pela Fiscalização:  a autoridade lançadora validamente negou qualquer efeito à operação  realizada intra­grupo, evidenciando inócua a avaliação ali estampada;  ·  Reconhecimento do ganho de capital por Magius Participações Ltda:  o  diferimento  da  tributação  decorria,  justamente,  do  fato  de  a  participação alienada continuar pertencendo indiretamente ao mesmo  titular,  aspecto  determinante  para  impedir  a  formação  de  ágio  amortizável;  ·  Efeitos  positivos  da  reorganização  societária:  irrelevante  se  o  resultado  obtido  auxiliou,  inclusive,  no  restabelecimento  de  suas  operações  com  o  conseqüente  aumento  da  receita  líquida  dos  anos  posteriores,  pois,  considerando  que  estruturalmente  nada  mudou,  somente  subsistindo  o  ganho  ilegítimo  com  a  redução  da  carga  tributária,  não  se  pode  admitir  justificado  todo  o  propósito  negocial  das operações;  ·  Nulidade do lançamento por erro de identificação do sujeito passivo:  o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 difere a tributação do ganho de capital  registrado  em  razão da operação  realizada por Magius Participações  Ltda,  mas  dela  não  decorre  a  formação  de  ágio  como  antes  demonstrado,  restando  indevida  a  amortização  com efeitos  fiscais  e,  portanto, válido o lançamento como aqui formatado;  ·  Reconhecimento,  pela  CSRF,  da  tributação  do  ganho  de  capital  auferido  em  operação  de  incorporação  de  ações  (Acórdão  nº  9202­ 00.662): a matéria apreciada naquele julgado dizia respeito a ganho de  capital  auferido  por  pessoa  física  em  operação  de  incorporação  de  Fl. 2288DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 42          41 ações,  hipótese  sobre  a  qual  não  incide  o  art.  36  da  Lei  nº  10.637/2002, que estabelecia o diferimento da tributação do ganho de  capital  apenas  no  âmbito  da  apuração  do  lucro  real  e  da  base  de  calculo da CSLL;  ·  Tributação  disfarçada  do  ganho  de  capital  auferido  por  Magius  Participações  Ltda:  a  glosa  das  amortizações  não  dispensa  a  controladora  de  realizar  o  ganho  de  capital  diferido  quando  efetivamente  alienar/realizar  o  investimento,  pois,  ao  promover  a  reavaliação do investimento por meio da reorganização societária aqui  questionada,  o  custo  contábil  da  participação  societária  em  seu  patrimônio estará majorado e, confrontado com o valor da alienação,  resultará  em  um  ganho  de  capital  inferior  ao  efetivamente  auferido.  Por  sua  vez,  o  terceiro  que  efetivamente  adquirir  o  investimento  passará a ter o direito de amortizar o ágio pago, inclusive com efeitos  fiscais caso atenda aos requisitos dos arts. 7o e 8o da Lei nº 9.532/97;  ·  Desnecessidade  de  fluxo  de  riqueza  entre  as  partes  envolvidas  e  ausência  de  restrição  legal  ao  negócio  jurídico  que  resulta  em  aquisição:  a  argumentação  desenvolvida  no  início  deste  voto  demonstra  que  a  aquisição  cogitada  na  lei  somente  pode  efetiva  na  presença de partes independentes e preço;  ·  Geração  de  ágio  na  aquisição  de  investimentos  por  estrita  previsão  legal  contida  no  art.  36  da  Lei  nº  10.637/2002:  como  antes  explicitado,  o  diferimento  estipulado  no  mencionado  dispositivo  decorre,  justamente,  do  fato  de  a  participação  societária  continuar  pertencendo ao mesmo titular, embora de forma indireta, infirmando a  existência de aquisição de investimento;  ·  Real  existência  de  diferença  entre  o  valor  contábil  e  o  de mercado:  irrelevante se o investimento é avaliado por valor superior ao contábil  porque, como dito, o valor de mercado somente se materializa quando  um terceiro o reconhece e paga por ele;  ·  Subscrição  como  forma  de  aquisição  e  operação  onerosa:  não  há  dúvida de que a subscrição pode ser meio de aquisição de participação  societária,  porém  no  caso  ela  não  se  revelou  onerosa  simplesmente  porque a controladora não aportou qualquer riqueza na investida, mas  apenas  fez  circular  as  ações  por  ela  desde  antes  detidas,  as  quais  retornaram  ao  seu  controle,  como  antes  demonstrado.  Ao  final,  a  investidora  alega  ter  reconhecido  um  ganho  de  capital,  mas  cuja  tributação  é  diferida  pelos  motivos  antes  expostos,  justificando  a  desconsideração do ágio amortizado pela investida.  ·  Lisura  da  avaliação  e  rentabilidade  confirmada:  irrelevantes  estes  aspectos ante a demonstração de que a operação interna não gera ágio  amoritzável;  Fl. 2289DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 43          42 ·  Desnecessidade  de  pagamento  ante  efetiva  aquisição  respaldada  em  laudo  de  avaliação  –  referências  ao  caso  Gerdau:  a  argumentação  inicialmente  desenvolvida  demonstra  a  relevância  do  conceito  contábil de custo de aquisição para  formação do ágio amortizável,  e  nega a ocorrência de aquisição no presente caso;  ·  Inaplicabilidade das normas da CVM ao sujeito passivo e referências  a  legislação  editada  depois  da  formação  do  ágio:  as  disposições  invocadas  na  decisão  recorrida,  bem  como  neste  voto,  prestam­se  a  sedimentar o entendimento desde antes presente na doutrina contábil,  e  a  referência  a  atos  posteriores  aos  fatos  gerados  apenas  se  confirmam a permanência da interpretação defendida;  ·  Utilização indevida de conceitos extraídos de normativos contábeis: a  decisão recorrida, no excerto antes transcrito, demonstra a submissão  do  Direito  Tributário  aos  conceitos  de  Direito  Privado  e  a  adoção,  pela lei tributária, do conceito contábil de custo de aquisição. Assim,  sem  intervenção  de  terceiros  o  ágio  não  tem  substrato  econômico  e  amparo na legislação fiscal;  ·  Propósito  negocial,  livre  iniciativa  e  livre  concorrência:  o  lucro  não  pode ser reduzido sem amparo na legislação tributária;  ·  Análise  isolada  das  operações:  é  precisamente  a  análise  global  das  operações  que  demonstra  a  ausência  de  substância  econômica  na  reestruturação procedida, na medida em que as ações da investida, ao  final,  retornam  às  mãos  de  sua  controladora  original,  que  não  experimenta qualquer redução em seu patrimônio para passar a deter  o  mesmo  investimento,  agora  reavaliado.  Por  certo,  a  legislação  tributária não  exige  explicitamente  a presença de propósito negocial  nas  operações,  mas  limita  a  formação  de  ágio  às  operações  de  aquisição de investimento, não verificada no presente caso;  ·  Possibilidade de amortização se a autuada fosse incorporada por Boff  Cardoso  Participações:  na  medida  em  que  esta  sociedade  intermediária somente se prestou como veículo para a  reorganização  societária  e  não  possuía  outras  atividades,  caso  Boff  Cardoso  Participações  incorporasse  a  autuada  os  mesmos  questionamentos  seriam dirigidos à amortização do ágio, porque Magius Participações  Ltda  continuaria  detendo  a mesma  participação  societária  que  antes  possuía, apenas que agora sob o CNPJ de Boff Cardoso Participações,  sob o qual operaria a atividade empresária da autuada;  ·  Subsistência do ágio em caso de alienação da autuada a terceiros: se  um terceiro pagasse o valor pelo qual a autuada fosse avaliada o ágio  certamente  se  formaria,  mas  no  patrimônio  do  adquirente,  que  somente  poderia  deduzi­lo  com  efeitos  fiscais  caso  atendesse  aos  requisitos dos arts. 7o e 8o da Lei nº 9.532/97;  Fl. 2290DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 44          43 ·  Qualificação  da  penalidade:  correta  a  conclusão  da  autoridade  lançadora se, para além do abuso de direito, demonstra­se a ausência  de  substância  econômica  e  a  artificialidade  das  operações  que  ensejaram a redução do lucro tributável. O contexto demonstrado pelo  fiscal autuante deixa clara a intenção da contribuinte de não recolher  tributo mediante  a majoração  artificial  de  seu  patrimônio.  A  prova,  neste  caso,  não  se  extrai  da  forma  expressa  nos  atos  jurídicos  examinados,  mas  sim  da  forma  como  eles  se  desenvolvem  e  do  resultado  que  alcançam,  evidenciando  que  o  sujeito  passivo  buscou  criar  uma  realidade  para  dela  se  beneficiar  ilicitamente  nos  moldes  aqui  já  extensamente  abordados.  O  descumprimento  de  princípios  contábeis,  em verdade,  revela  como a matéria  sempre  foi  rechaçada  pela  doutrina  contábil  e  reforça  o  intuito  doloso  de  obter  benefício  fiscal  por meios  indevidos.  E  a  validação  da  prática  pelo Conselho,  em  verdade,  é  invocada  com  base  em  uma  decisão  ainda  não  definitiva,  proferida  posteriormente  à  prática  questionada  e  que  não  poderia, assim, ter influenciado a decisão de implementá­la. Por fim,  a  presunção  é  meio  de  prova  e  presta­se,  como  qualquer  outra,  a  fundamentar  a  acusação  de  dolo,  e  no  presente  caso  está  sustentada  por sólidos indícios, inclusive mediante a utilização de pessoa jurídica  que  se  equipara  a  uma  empresa  fictícia,  visto  que  a  Boff  Cardoso  Participações  existiu  por  apenas  3  (três)  meses  e  não  teve  outra  finalidade  senão  permitir  a  formação  do  ágio  amortizado,  sem  a  intervenção de terceiros. Irrelevante, assim, se os atos são públicos e  submetidos  a  registro,  porque  falta­lhes  substância  econômica.  Por  fim, em oposição aos julgados referidos pela recorrente nos quais não  houve  imposição  de  multa  qualificada  pela  Fiscalização  ou  a  exigência foi integralmente desconstituída, importa registrar que esta  Turma Ordinária  já manteve  a  qualificação  da  penalidade  em  casos  semelhantes  ao  presente  (Acórdão  nº  1101­00.913),  afastando­a  nas  hipóteses  em  que  o  ágio  se  formou  em  efetiva  aquisição  com  intervenção  de  terceiros,  muito  embora  não  tenham  sido  atendidos  outros  requisitos  legais  para  sua  amortização  (1101­00.936,  1101­ 00.961 e 1101­00.962).  ·  Decadência:  confirmado  o  dolo  na  prática  de  operações  societárias  com vistas a criar uma mais­valia fictícia e deduzi­la na apuração do  lucro tributável, o prazo decadencial é regido pelo art. 173 do CTN, e  não  se  verifica  a  pretendida  homologação  tácita  dos  créditos  tributários  lançados  07/12/2012,  relativamente  a  fatos  geradores  ocorridos do 1o ao 3o trimestres de 2007.  Contudo,  uma  vez  prevalecendo  o  entendimento  da  maioria  do  Colegiado  contrariamente à  aplicação da multa qualificada,  deve ser  acolhida a  argüição de decadência  das exigências pertinentes ao 1o, 2o e 3o trimestres/2007.   Isto porque  tal matéria  tem seu  julgamento afetado pelas novas disposições  do Regimento Interno do CARF, alterado por meio da Portaria MF nº 586/2010, para passar a  conter, em seu Anexo II, o seguinte artigo:  Fl. 2291DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 45          44 Art.  62­A.  As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo  Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional,  na  sistemática prevista pelos artigos 543­ B e 543­C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro  de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no  julgamento dos recursos no âmbito do CARF.   E, relativamente à contagem do prazo decadencial na forma do art. 150, do  CTN, o Superior Tribunal de Justiça já havia decidido, na sistemática prevista pelo art. 543­C  do Código  de  Processo  Civil,  o  que  assim  foi  ementado  no  acórdão  proferido  nos  autos  do  REsp nº 973.733/SC, publicado em 18/09/2009:  PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL  REPRESENTATIVO  DE  CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543­C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A  LANÇAMENTO  POR  HOMOLOGAÇÃO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO  DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL.ARTIGO  173,  I,  DO  CTN.  APLICAÇÃO  CUMULATIVA  DOS  PRAZOS  PREVISTOS  NOS  ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE.  1.  O  prazo  decadencial  qüinqüenal  para  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  (lançamento de ofício) conta­se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado,  nos  casos  em  que  a  lei  não  prevê  o  pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo  inocorre,  sem  a  constatação  de  dolo,  fraude  ou  simulação  do  contribuinte,  inexistindo  declaração  prévia  do  débito  (Precedentes  da  Primeira  Seção:  REsp  766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg  nos  EREsp  216.758/SP,  Rel.  Ministro  Teori  Albino  Zavascki,  julgado  em  22.03.2006, DJ 10.04.2006;  e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux,  julgado  em 13.12.2004, DJ 28.02.2005).  2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no  perecimento  do  direito  potestativo  de  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  pelo  lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra­se regulada por cinco regras  jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito  de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos  tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o  pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no  Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210).  3.  O  dies  a  quo  do  prazo  qüinqüenal  da  aludida  regra  decadencial  rege­se  pelo  disposto  no  artigo  173,  I,  do CTN,  sendo  certo  que  o  "primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado"  corresponde,  iniludivelmente,  ao  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  à  ocorrência  do  fato  imponível,  ainda que  se  trate de  tributos  sujeitos a  lançamento por homologação,  revelando­se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos  nos  artigos  150,  §  4º,  e  173,  do  Codex  Tributário,  ante  a  configuração  de  desarrazoado  prazo  decadencial  decenal  (Alberto  Xavier,  "Do  Lançamento  no  Direito  Tributário  Brasileiro",  3ª  ed.,  Ed.  Forense,  Rio  de  Janeiro,  2005,  págs.  91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004,  págs.  396/400;  e  Eurico  Marcos  Diniz  de  Santi,  "Decadência  e  Prescrição  no  Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199).  5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuida­se de tributo sujeito a lançamento  por  homologação;  (ii)  a  obrigação  ex  lege  de  pagamento  antecipado  das  contribuições  previdenciárias  não  restou  adimplida  pelo  contribuinte,  no  que  concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro  Fl. 2292DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 46          45 de  1994;  e  (iii)  a  constituição  dos  créditos  tributários  respectivos  deu­se  em  26.03.2001.  6. Destarte, revelam­se caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o  decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento  de ofício substitutivo.  7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543­C, do  CPC, e da Resolução STJ 08/2008.  Extrai­se deste  julgado  que o  fato de o  tributo  sujeitar­se  a  lançamento  por  homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomar­ se  o  encerramento  do  período  de  apuração  como  termo  inicial  da  contagem  do  prazo  decadencial de 5 (cinco) anos.  Resta claro, a partir da ementa transcrita, que é necessário haver uma conduta  objetiva  a  ser homologada,  sob pena de a  contagem do prazo decadencial  ser orientada pelo  disposto no art. 173 do CTN. E  tal  conduta, como  já se  infere a partir do  item 1 da  referida  ementa, não seria apenas o pagamento antecipado, mas também a declaração prévia do débito.  Relevante  notar,  porém,  que,  no  caso  apreciado  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça,  a  discussão  central  prendia­se  ao  argumento  da  recorrente  (Instituto  Nacional  de  Seguridade Social –  INSS) de que o prazo para constituição do crédito  tributário seria de 10  (dez)  anos,  contando­se  5  (cinco)  anos  a  partir  do  encerramento  do  prazo  de  homologação  previsto no art. 150, §4o do CTN, como antes já havia decidido aquele Tribunal. Por esta razão,  os fundamentos do voto condutor mais se dirigiram a registrar a inadmissibilidade da aplicação  cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, §4o, e 173, do Codex Tributário,  ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal.  Em conseqüência não há, naquele julgado, maior aprofundamento acerca do  que seria objeto de homologação tácita na forma do art. 150 do CTN, permitindo­se aqui a livre  convicção acerca de sua definição.  E, no presente caso, como verifico nos autos, há informação na DIPJ de que a  contribuinte apurou IRPJ e CSLL a pagar nos 1o e 3o trimestres de 2007, assim como valeu­se  de retenções na fonte para converter em saldo negativo o IRPJ devido no 2o trimestre de 2007,  e apurou CSLL a pagar no 2o trimestre/2007 (fls. 416/461).   De  outro  lado,  a  Fiscalização  nada  apontou  acerca  da  inexistência  destes  recolhimentos.  Ao  contrário,  implicitamente  admitiu  a  aplicação  do  art.  150,  §4o  do  CTN,  deixando de lançar o crédito tributário relativamente à glosa de juros sobre o capital próprio,  embora identificados excessos também do 1o ao 3o trimestre/2007.   Estas  as  razões,  portanto,  para,  uma  vez  afastada  a  qualificação  da  penalidade, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para acolher a argüição de decadência  e afastar as exigências do 1o ao 3o trimestre/2007.  A recorrente também discorda da aplicação de juros sobre a multa de ofício,  mas sua manutenção se impõe nos termos das razões de decidir da I. Conselheira Viviane Vidal  Wagner  expressas  em  voto  vencedor  em  julgamento  proferido  em  11/03/2010  na  Câmara  Superior de Recursos Fiscais, formalizado no Acórdão nº 9101­00.539:  Fl. 2293DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 47          46 Com  a  devida  vênia,  ouso  discordar  do  ilustre  relator  no  tocante  à  questão  da  incidência de juros de mora sobre a multa de oficio.  De fato, como bem destacado pelo relator, ­ o crédito tributário, nos termos do art.  139 do CTN, comporta tanto o tributo quanto a penalidade pecuniária.  Em  razão  dessa  constatação,  ao  meu  ver,  outra  deve  ser  a  conclusão  sobre  a  incidência dos juros de mora sobre a multa de oficio.  Uma  interpretação  literal e  restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que  regula  os  acréscimos  moratórios  sobre  débitos  decorrentes  de  tributos  e  contribuições,  pode  levar  à  equivocada  conclusão  de  que  estaria  excluída  desses  débitos a multa de oficio.  Contudo, uma noima não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro  do sistema tributário nacional.  No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar  o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação  da totalidade do direito."  Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio:  "Não  se  deve  considerar  a  interpretação  sistemática  como  simples  instrumento  de  interpretação  jurídica.  É  a  interpretação  sistemática,  quando  entendida  em  profundidade,  o  processo  hermenêutico  por  excelência,  de  tal  maneira  que  ou  se  compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não  se alcançará compreendê­los sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar,  com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é  interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo:Malheiros,  2002, p. 74).  Daí,  por  certo,  decorrerá  uma  conclusão  lógica,  já  que  interpretar  sistematicamente  implica  excluir  qualquer  solução  interpretativa  que  resulte  logicamente contraditória com alguma norma do sistema.  O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve  incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente  no seu ­ vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos  do inadimplemento.  Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de  ser uniforme.  De  acordo  com  a  definição  de  Hugo  de  Brito Machado  (2009,  p.172),  o  crédito  tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado  (sujeito  ativo)  pode  exigir  do  particular,  o  contribuinte  ou  responsável  (sujeito  passivo),  o  pagamento  do  tributo  ou  da  penalidade  pecuniária  (objeto  da  relação  obrigacional)."  Converte­se em crédito tributário a obrigação principal referente à multa de oficio  a partir do lançamento, consoante previsão do art. 113, §1o, do CTN:  "Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória  § 1o A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o  pagamento  de  tributo  ou  penalidade  pecuniária  e  extingue­se  juntamente  com  o  crédito tributário dela decorrente.  A obrigação tributária principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e  tem  por  objeto  tanto  o  pagamento  do  tributo  como  a  penalidade  pecuniária  decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de oficio proporcional.  Fl. 2294DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 48          47 A  multa  de  oficio  é  prevista  no  art.  44  da  Lei  n°  9.430,  de  1996,  e  é  exigida  "juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago" (§1o).  Assim,  no  momento  do  lançamento,  ao  tributo  agrega­se  a  multa  de  ofício,  tomando­se ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal.  A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de oficio,  tem  natureza  punitiva,  incidindo  sobre  o  montante  não  pago  do  tributo  devido,  constatado após ação fiscalizatória do Estado.  Os  juros  moratórios,  por  sua  vez,  não  se  tratam  de  penalidade  e  têm  natureza  indenizatória,  ao  compensarem  o  atraso  na  entrada  dos  recursos  que  seriam  de  direito da União.  A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de  juros sobre a  multa isolada.  Eventual alegação de  incompatibilidade  entre os  institutos  é de  ser afastada pela  previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora  sobre  a  multa  exigida  isoladamente.  O  parágrafo  único  do  art.  43  da  Lei  n°  9.430/96  estabeleceu  expressamente  que  sobre  o  crédito  tributário  constituído  na  forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente  ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no  mês de pagamento.  O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de ­ tributos e  contribuições,  alcança  os  débitos  em  geral  relacionados  com  esses  tributos  e  contribuições  e  não  apenas  os  relativos  ao  principal,  entendimento,  dizia  então,  reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência  de juros sobre a multa exigida isoladamente.  Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda  aprovado  pelo  Decreto  n°  3.000,  de  26  de  março  de  1999  (RIR/99)  exclui  a  equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da  Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de oficio.  Art. 950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na  legislação especifica serão  acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento  por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61).  §  1o  A  multa  de  que  trata  este  artigo  será  calculada  a  partir  do  primeiro  dia  subseqüente ao do vencimento do prazo 13 ­ previsto para o pagamento do imposto  até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 1o).  §  2o O  percentual  de multa  a  ser  aplicado  fica  limitado  a  vinte  por  cento  (Lei  nº  9.430, de 1996, art. 61, § 2o).  §  3o A multa  de mora  prevista  neste  artigo  não  será  aplicada  quando  o  valor  do  imposto  já  tenha  servido  de  base  para  a  aplicação  da  multa  decorrente  de  lançamento de oficio.  A partir do  trigésimo primeiro dia do  lançamento, caso não pago, o montante do  crédito  tributário  constituído  pelo  tributo  mais  a  multa  de  ofício  passa  a  ser  acrescido dos  juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos  nos cofres da União.  No  mesmo  sentido  já  se  manifestou  este  E.  colegiado  quando  do  julgamento  do  Acórdão n° CSRF/04­00.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa:  JUROS DE MORA — MULTA DE OFÍCIO — OBRIGAÇÃO PR1NICIPAL — A  obrigação  tributária  principal  surge  com  a  ocorrência  do  fato  gerador  e  tem  por  objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu  não  pagamento,  incluindo  a  multa  de  oficio  proporcional.  O  crédito  tributário  Fl. 2295DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 49          48 corresponde  a  toda  a  obrigação  tributária  principal,  incluindo  a  multa  de  oficio  proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic.  Nesse  sentido,  ainda,  a  Súmula  Carf  n°  5:  "São  devidos  juros  de  mora  sobre  o  crédito  tributário  não  integralmente  pago  no  vencimento,  ainda  que  suspensa  sua  exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral."  Diante  da  previsão contida  no  parágrafo  único do art.  161  do CTN,  busca­se na  legislação  ordinária  a  norma  complementar  que  preveja  a  correção  dos  débitos  para com a União.  Para esse fim, a partir de abril de 1995, tem­se a taxa Selic, instituída pela Lei nº  9.065, de 1995.  A jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança  do crédito tributário, corno se vê no exemplo abaixo:  REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL 2008/0239572­8  Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125)  Órgão Julgador T2 ­ SEGUNDA TURMA   Data do Julgamento 04/12/2008  Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008  Ementa  PROCESSUAL  CIVIL.  OMISSÃO.  NÃO  OCORRÊNCIA.  LANÇAMENTO.  DÉBITO  DECLARADO  E  NÃO  PAGO.  PROCEDIMENTO  ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE.  1.  É  infundada  a  alegação  de  nulidade  por  maltrato  ao  art.  535  do  Código  de  Processo  Civil,  quanto  o  recorrente  busca  tão­somente  rediscutir  as  razões  do  julgado.  2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaraçã o do  contribuinte  e  na  falta  de  pagamento  da  exação  no  vencimento,  a  inscrição  em  dívida ativa independe de procedimento administrativo.  3. É  legítima a utilização da  taxa SELIC como  índice de correção monetária  e de  juros  de  mora,  na  atualização  dos  créditos  tributários  (Precedentes:  AgRg  nos  EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06  e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de  12.02.07).(g.n)  No  âmbito  administrativo,  a  incidência  da  taxa  de  juros  Selic  sobre  os  débitos  tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal  foi pacificada com a  edição da Súmula CARF n° 4, nos seguintes termos:  Súmula CARFn° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórias incidentes  sobre  débitos  tributários  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  são  devidos,  no  período  de  inadimplência,  à  taxa  referencial  do  Sistema  Especial  de  Liquidação e Custódia ­ SELIC para títulos federais.  Diante  do  exposto,  voto  no  sentido  de  NEGAR  PROVIMENTO  ao  recurso  do  contribuinte  e  DAR  PROVIMENTO  ao  recurso  da  Fazenda  Nacional  para  considerar aplicável a incidência de juros de mora sobre a multa de oficio, devidos  à taxa Selic.  Ademais,  recentemente,  a  Primeira  Turma  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  manifestou­se neste sentido, como exposto na ementa do acórdão proferido em sede de AgRg  no REsp 1.335.688­PR (Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012):  Fl. 2296DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 50          49 PROCESSUAL  CIVIL  E  TRIBUTÁRIO.  AGRAVO  REGIMENTAL  NO  RECURSO  ESPECIAL. MANDADO  DE  SEGURANÇA.  JUROS  DE MORA  SOBRE MULTA.  INCIDÊNCIA.  PRECEDENTES  DE  AMBAS  AS  TURMA  QUE  COMPÕEM  A  PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a  Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora  sobre  multa  fiscal  punitiva,  a  qual  integra  o  crédito  tributário.”  (REsp  1.129.990/PR,  Rel.  Min.Castro  Meira,  DJ  de  14/9/2009).  De  igual  modo:  REsp  834.681/MG,  Rel.  Min.  Teori  Albino  Zavascki,  DJ  de  2/6/2010.  2.  Agravo  regimental não provido.   Colhe­se do respectivo voto condutor:  [...] Quanto ao mérito,  registrou o acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região à  fl.  163:  ‘...  os  juros  de  mora  são  devidos  para  compensar  a  demora  no  pagamento.  Verificado  o  inadimplemento  do  tributo,  é  possível  a  aplicação  da multa  punitiva  que passa a  integrar o crédito  fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve  recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora  devem incidir  sobre a  totalidade do débito,  inclusive a multa que, neste momento,  constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação  em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento.’”  Por  todo  o  exposto,  relativamente  às  glosas  de  amortização  de  ágio,  o  presente  voto  é  no  sentido  de:  1)  REJEITAR  a  argüição  de  nulidade  do  lançamento;  2)  NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para manter o valor  lançado,  inclusive com o  acréscimo da multa qualificada, e a aplicação de  juros de mora sobre a multa de ofício; e 3)  uma vez prevalecendo o entendimento em desfavor da qualificação da penalidade, ACOLHER  argüição de decadência parcial do crédito tributário exigido  A  recorrente  pretende,  ainda,  que  lhe  seja  reconhecido  o  direito  à  compensação de prejuízos  fiscais no 3o  trimestre/2008, na medida em que observou o  limite  legal imposto para este ajuste ao lucro real. Todavia, como já disse a autoridade julgadora de 1a  instância, a contribuinte não mais dispõe de prejuízos para sustentar tal compensação, em razão  da recomposição da apuração nos períodos de origem:  Compensação indevida de prejuízos fiscais  Tendo em vista que os prejuízos fiscais declarados nos 1º e 2º trimestres/2008, nos  valores de R$ 47.227,39 (fl. 526) e R$ 128.904,98 (fl. 528), respectivamente, foram  integralmente  absorvidos  pelas  infrações  lançadas  pela  autoridade  fiscal  e  mantidas, parcialmente no presente julgamento, é de se manter a exigência relativa  à compensação indevida de tais valores no 3º trimestre/2008 (fl. 530).  Mantida a glosa de amortizações de ágio nestes períodos e, por conseqüência,  a  recomposição  do  lucro  real,  deve  ser  NEGADO  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário  também neste ponto.  Por fim, a recorrente reitera seu pedido de dedução das retenções computadas  nas  apurações  trimestrais  de  2007,  argumentando  que  as  compensações  apontadas  pela  autoridade  julgadora  de  1a  instância  foram  não­homologadas  em  razão  de  erro  no  preenchimento  da  DIPJ,  razão  pela  qual  os  débitos  compensados  teriam  sido  incluídos  no  parcelamento  especial  de  que  trata  a  Lei  nº  11.941/2009.  O  erro  cometido  na  DIPJ  foi  posteriormente retificado, de modo a evidenciar a disponibilidade dos créditos de IRRF.  Fl. 2297DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 51          50 Disse a autoridade julgadora de 1a instância:  IRRF do período desconsiderado pela autoridade fiscal  Alega  a  impugnante  que  os  cálculos  da  autoridade  fiscal  estão  incorretos,  porquanto  desconsideram  os  créditos  de  IRRF  a  que  tem  direito  no  2º  e  4º  trimestres/2007  (R$  81.892,63  e  R$  209.254,22,  respectivamente),  1º  e  2º  trimestres/2008  (R$  81.739,95  e  R$  71.706,12)  e  no  ano­calendário  de  2009  (R$  519.736,30).  Verifica­se  que  a  interessada  realmente  informou  tais  antecipações  de  IRRF  nas  Fichas  12A  (Cálculo  do  Imposto  de  Renda  Sobre  o  Lucro  Real)  das  DIPJ’s  dos  exercícios de 2008, 2009 e 2010:  FICHA 12A­CÁLCULO DO IR SOBRE O LUCRO REAL  DAS DIPJ’S 2008, 2009 E 2010 (R$)  IR Devido  Deduções  Discriminação  Alíquota 15%  Adicional  PAT  IRRF  Imposto de  Renda a Pagar             1º trim/2007  49.253,17  26.835,45  ­1.970,13  0,00  74.118,49  2º trim/2007  44.504,83  23.669,88  0,00  ­81.892,63  ­13.717,92  3º trim/2007  135.768,74  84.512,49  ­5.430,75  ­83.239,64  131.610,84  4º trim/2007  90.892,46  54.594,97  0,00  ­209.254,22  ­63.766,79  1º trim/2008  0,00  0,00  0,00  ­81.739,95  ­81.739,95  2º trim/2008  0,00  0,00  0,00  ­71.706,12  ­71.706,12  3º trim/2008  446.427,80  291.618,53  ­17.857,11  ­137.127,80  583.061,42  4º trim/2008  481.853,28  315.235,52  ­19.274,13  ­346.163,14  431.651,53  Ano­cal.2009  0,00  0,00  0,00  ­519.736,30  ­519.736,30              Contudo,  as  antecipações  de  IRRF  pleiteadas  pela  impugnante  compuseram  os  saldos negativos de IRPJ dos respectivos períodos de apuração e  foram utilizadas  nas seguintes declarações de compensação:  .  PER/DCOMP  nº  12808.75243.311008.1.3.02­6601:  utilização  do  direito  creditório  oriundo  do  saldo  negativo  de  IRPJ  do  2º  trimestre/2007,  tratado  no  processo nº 10980.941536/2009­91  R$  81.892,63  .  PER/DCOMP  nº  35816.14043.311008.1.3.02­5188:  utilização  do  direito  creditório  oriundo  do  saldo  negativo  de  IRPJ  do  4º  trimestre/2007,  tratado  no  processo nº 10980.941538/2009­80  R$  209.254,22  .  PER/DCOMP  nº  16345.31215.300109.1.3.02­4063:  utilização  do  direito  creditório oriundo do saldo negativo de IRPJ do 1º trimestre/2008  R$ 81.739,95  .  PER/DCOMP  nº  36573.76950.300109.1.3.02­1939:  utilização  do  direito  creditório oriundo do saldo negativo de IRPJ do 2º trimestre/2008  R$ 71.706,12  .  PER/DCOMP  nº  38415.90758­241110.1.3.02­6824:  utilização  do  direito  creditório oriundo do saldo negativo de IRPJ do ano­calendário de 2009  R$  519.735,14  Observe­se  apenas  que  os  PER/DCOMP’  nºs  12808.75243.311008.1.3.02­6601  e  35816.14043.311008.1.3.02­5188  deveriam  ter  indicado  o  direito  creditório  correspondente  aos  saldos  negativos  de  IRPJ  dos  2º  e  4º  trimestres/2007  (R$  13.717,92  e  R$  63.766,79,  respectivamente),  mas  indicaram  os  valores  das  Fl. 2298DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 52          51 antecipações  de  IRRF  dos  respectivos  períodos  de  apuração  (R$  81.892,63  e  R$  209.254,22).  Dessa  forma, não há como se deduzir  tais antecipações de  IRRF na exigência em  análise, sob pena de duplo aproveitamento.  A recorrente junta às fls. 2209/2227 a mencionada DIPJ retificadora referente  ao  ano­calendário  2007,  bem como  recibo  de  consolidação de  parcelamento  de  dívidas  não  parceladas  anteriormente  –  art.  1o  –  demais  débitos  no  âmbito  da  RFB,  no  qual  estão  indicados os débitos compensados por meio das DCOMP nº 12808.75243.311008.1.3.02­6601  (IRPJ, código 0220, 3o trimestre/2008, vencimento 31/10/2008, valor R$ 94.070,06, conforme  fls.  2194/2202)  e  na  DCOMP  nº  35816.14043.311008.1.3.02­5188  (IRPJ,  código  0220,  3o  trimestre/2008,  vencimento  31/10/2008,  valor  R$  229.133,37,  conforme  fls.  2184/2187  e  2203/2205).  Além  destas,  a  contribuinte  também  apresenta  a  DCOMP  nº  17115.11878.311008.3.02­8322, não mencionada pela autoridade julgadora de 1a instância, na  qual valeu­se de crédito formado no 3o  trimestre de 2007, no valor original de R$ 93.319,96,  para  liquidação  de  outra  parcela  do  débito  de  IRPJ,  código  0220,  referente  ao  3o  trimestre/3008,  com  vencimento  em  31/10/2008,  no  valor  de  R$  93.319,96.  Esta  DCOMP,  tratada  no  processo  administrativo  nº  10980.941537/2009­35,  também  foi  não  homologada  porque no período a contribuinte indicara a existência de saldo a pagar na DIPJ, mas o débito  por meio dela compensado também consta da consolidação de parcelamento antes indicada.  Observe­se, ainda, que os processos administrativos nº 10980.941536/2009­ 91, 10980.941538/2009­80 e 10980.941537/2009­35, nos quais foram tratadas as DCOMP não  homologadas,  não  constam  do  E­processo,  o  que  permite  inferir  que  não  foi  instaurado  contencioso em razão das não­homologação. De outro lado, consta no E­processo o processo  administrativo  nº  10980.722832/2010­28,  constituído  a  partir  de  formulário  elaborado  pela  contribuinte  discriminando  os  débitos  a  parcelar  –  Lei  nº  11.941,  de  27  de  maio  de  2009,  dentre os quais estão indicadas as três parcelas de débito de IRPJ (código 0220) apurado no 3o  trimestre/2008  e  vencido  em  31/10/2008,  nos  valores  de R$  94.070,06,  R$  93.319,96  e  R$  229.133,37, vinculados aos processos administrativos que controlariam tais cobranças, também  indicados nos despachos decisórios de não­homologação das DCOMP, e não localizados no E­ processo.  Registre­se,  por  fim,  que  o  processo  administrativo  nº  10980.722832/2010­28  foi  arquivado depois de consignar­se em 13/09/2011 que:  Trata o presente processo de apresentação pelo interessado do Anexo III, instituido  pela  Portaria  Conjunta  PGFN/RFB  nº  3,  de  29  de  Abril  de  2010.O  presente  processo  deverá  ser  consultado,  eventualmente,  caso  se  constate  que  algum  dos  débitos  relacionados  no  Anexo  III  não  foi  incluido  no  parcelamento  especial  insituido pela Lei nº 11941/2009. Não havendo outras medidas a serem adotadas,  PROPONHO seu arquivamento pelo prazo de 5 (cinco) anos, com base nos arts.  156, 173 e 174 da Lei nº 5.172/66.  Considerando que o recibo de fl. 2224 evidencia consolidação em 27/11/2009  e confirma que as parcelas do débito de IRPJ apurado no 3o trimestre/2008 foram consolidadas  sem  reduções,  é  possível  admitir  que  a  contribuinte,  de  fato,  desistiu  das  compensações  promovidas com as retenções de IRPJ verificadas no 2o, 3o e 4o trimestres/2007.  A DIPJ apreciada pela autoridade  lançadora  (fl.  416/461)  indicava que  (fls.  416/461):    Fl. 2299DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 53          52 Discriminação 2º Trimestre             Valor  IMPOSTO SOBRE O LUCRO REAL  01.À Alíquota de 15%               44.504,83  02.Adicional                  23.669,88  DEDUÇÕES  [...]  13.(­)Imp. de Renda Ret. na Fonte            81.892,63  [...]  19.IMPOSTO DE RENDA A PAGAR            ­13.717,92  [...]  Discriminação 3º Trimestre             Valor  IMPOSTO SOBRE O LUCRO REAL  01.À Alíquota de 15%               135.768,74  02.Adicional                  84.512,49  DEDUÇÕES  [...]  13.(­)Imp. de Renda Ret. na Fonte            83.239,64  [...]  19.IMPOSTO DE RENDA A PAGAR            131.610,84  [...]  Discriminação 4º Trimestre             Valor  IMPOSTO SOBRE O LUCRO REAL  01.À Alíquota de 15%                90.892,46  02.Adicional                   54.594,97  DEDUÇÕES  [...]  13.(­)Imp. de Renda Ret. na Fonte             209.254,22  [...]  19.IMPOSTO DE RENDA A PAGAR             ­63.766,79  Na Ficha 54 da mesma declaração estão discriminadas as fontes pagadoras e  os  rendimentos que ensejaram retenções, basicamente em razão de aplicações  financeiras em  fundos  de  investimentos  de  renda  fixa.  Os  rendimentos  são  compatíveis  com  aqueles  informados  a  título  de  Outras  Receitas  Financeiras,  nas  linhas  22  das  Demonstrações  de  Resultados, transcritas na ficha 06A de cada trimestre. As retenções totais indicadas na Ficha  54 também são compatíveis com os montantes deduzidos trimestralmente.  A  DIPJ  retificadora  apresentada  com  o  recurso  voluntário  corresponde  ao  ano­calendário  2008  e  indica  débito  de  IRPJ  apurado  no  3o  trimestre/2008  no  valor  de  R$  583.061,42 (fl. 2215/2221), mesmo valor  informado na DIPJ apreciada pela autoridade fiscal  Fl. 2300DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 54          53 (fl.  511/568).  A  recorrente  assevera  que  retificou  a  DIPJ  do  ano­calendário  2007  para  evidenciar  a  disponibilidade  das  retenções  da  fonte,  mas  o  documento  juntado  ao  recurso  voluntário (fl. 2209/2214) é  idêntico ao apreciado pela Fiscalização, e já apontava a dedução  das  retenções,  embora  consumindo­as  parcialmente  com  os  débitos  originalmente  apurados  pela contribuinte no 2o e no 4o trimestres/2007.  De  plano  observa­se  que  no  3o  trimestre/2007  a  contribuinte  consumiu  integralmente  as  retenções  verificadas  naquele  período,  razão  pela  qual  a  desistência  da  compensação,  antes  demonstrada,  não  opera  qualquer  efeito  em  relação  à  pretensão  da  recorrente de deduzir  a  retenção de R$ 83.239,64  também em  face do  tributo  exigido nestes  autos.  E isto também porque o trabalho fiscal relativamente aos trimestres de 2007,  resultou  na  adição  das  glosas  promovidas  ao  lucro  real  originalmente  apurado  pelo  sujeito  passivo,  apurando­se  novas  bases  tributáveis,  que  deduzidas  do  lucro  real  declarado,  foram  submetidas à  incidência do IRPJ. Ou seja, exigiu­se apenas o  IRPJ devido sobre as  infrações  apuradas, apesar de não terem sido deduzidas as parcelas de IRRF não utilizadas para anulação  do  imposto originalmente apurado pela contribuinte. As parcelas  indicadas ao  final da  tabela  abaixo são aquelas submetidas a multa de ofício e juros de mora no demonstrativo de fl. 845:  TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL   1º Trimestre    2º Trimestre    3º Trimestre    4º Trimestre   Lucro antes do IRPJ       298.678,71        269.661,94        823.663,73        551.414,23   (+) Adições        29.675,74         27.036,90         81.461,20         54.535,47   (­) Exclusões              ­                ­                ­                ­    = Lucro antes das compensações       328.354,45        296.698,84        905.124,93        605.949,70                  Glosa de Ágio     1.276.000,11      1.276.000,11      1.276.000,11      1.276.000,11   Glosa de JCP              ­                ­                ­         537.251,32   =Ajustes apurados     1.276.000,11      1.276.000,11      1.276.000,11      1.813.251,43                  =Lucro Ajustado antes das compensações     1.604.354,56      1.572.698,95      2.181.125,04      2.419.201,13   (­) Compensação de Prejuízo              ­                ­                ­                ­    = Lucro Líquido Ajustado     1.604.354,56      1.572.698,95      2.181.125,04      2.419.201,13             AUTO DE INFRAÇÃO   1º Trimestre    2º Trimestre    3º Trimestre    4º Trimestre   IRPJ              Valor Tributável     1.276.000,11      1.276.000,11      1.276.000,11      1.813.251,43   Imposto Apurado (multa 150%)       191.400,02        191.400,02        191.400,02        191.400,02   Imposto Apurado (multa 75%)                 80.587,70                  ADICIONAL              Lucro Real Declarado       328.354,45        296.698,84        905.124,93        605.949,70   (+) Valor Apurado     1.276.000,11      1.276.000,11      1.276.000,11      1.813.251,43   (­) Parcela não sujeita a adicional        60.000,00         60.000,00         60.000,00         60.000,00   (=) Base de cálculo do adicional     1.544.354,56      1.512.698,95      2.121.125,04      2.359.201,13   (x) Alíquota  10,0%  10,0%  10,0%  10,0%  (=) Adicional total       154.435,46        151.269,90        212.112,50        235.920,11   (­) Adicional Declarado        26.835,45         23.669,88         84.512,49         54.594,97   (=) Imposto Adicional Devido       127.600,01        127.600,01        127.600,01        181.325,14                  IMPOSTO TOTAL DEVIDO (150%)       319.000,03        319.000,03        319.000,03        319.000,03   IMPOSTO TOTAL DEVIDO (75%)              ­                ­                ­         134.312,83   Fl. 2301DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 55          54 Assim, excluídos os efeitos das retenções verificadas no 3o trimestre/2007 já  integralmente  consumidas  na  apuração  original  da  contribuinte,  considerando  que  a  contribuinte desistiu das compensações promovidas com as retenções verificadas no 2o e no 4o  trimestres/2007 parcelando os débitos correspondentes, bem como que a origem das retenções  e  os  correspondentes  rendimentos  já  constavam  da  DIPJ  originalmente  apreciada  pela  autoridade  lançadora  e  correspondiam  aos  valores  deduzidos  e  oferecidos  à  tributação  pela  contribuinte,  deveria  ser  admitida  a  dedução,  na  presente  exigência,  das  retenções  não  consumidas  na  apuração  original  daqueles  períodos,  nos  valores  de  R$  13.717,92  no  2o  trimestre/2007 e de R$ 63.766,79 no 4o trimestre/2007.  Todavia,  prevalecendo  no  Colegiado  o  entendimento  em  desfavor  da  qualificação da penalidade, e declarada a decadência dos créditos tributários exigidos do 1o ao  3o  trimestres/2007,  não  há  porque  reconhecer  o  direito  à  dedução  pretendida  pelo  sujeito  passivo.  Em  conseqüência,  deve  ser  DADO  PROVIMENTO  PARCIAL  ao  recurso  voluntário neste ponto, para admitir apenas a dedução de R$ 63.766,79, no 4o trimestre/2007.  Passando  ao  recurso  voluntário  interposto  pelos  responsáveis  tributários.  Como  relatado,  ao  constatar  que  a  empresa  apresentou  para  arrolamento  apenas  veículos  de  valor inexpressivo, bem como que, após a criação do ágio, os bens imóveis, que foram objeto  de reavaliação constando do Laudo de Avaliação, passou a não constar do Ativo Imobilizado  da Pessoa Jurídica, e que as decisões foram tomadas pelos diretores Adilton Boff Cardoso e  Adalbaerto  Boff  Cardoso,  a  autoridade  fiscal  imputou­lhes  responsabilidade  solidária  pelo  crédito tributário nos termos do art. 124, I c/c art. 135, ambos do CTN. Além das referências  contidas  no  Termo  de  Verificação  Fiscal,  foram  lavrados  os  Termos  de  Sujeição  Passiva  Solidária juntados às fls. 775/778.  Os  recorrentes  asseveram  que  a  acusação  carece  de  fundamentação,  não  indica  com  precisão  os  fatos  que  ensejam  a  atribuição  de  responsabilidade,  ofendem  o  contraditório  e  a  ampla  defesa.  De  toda  sorte,  não  pleiteiam  a  declaração  de  nulidade  dos  Termos de Sujeição Passiva Solidária, mas apenas o reconhecimento da ilegitimidade passiva  dos recorrentes.  Inicialmente no que tange à acusação com fundamento no art. 124, I do CTN,  têm razão os  recorrentes. Referido dispositivo permite classificar  como responsável  solidário  pelo  crédito  tributário  aquele  que  tenha  interesse  comum  na  situação  que  constitua  o  fato  gerador.  E  esta  condição  pode  ser  imputada  aos  sócios  de  fato,  que  não  figuram  no  quadro  social da pessoa  jurídica, e assim não desfrutam da proteção que a  lei confere ao patrimônio  pessoal daqueles que regularmente compõem uma sociedade.   Referido  dispositivo  legal  pode  ser  utilizado  como  forma  de  incluir  um  terceiro no pólo passivo da obrigação tributária, mas desde que presente prova de sua atuação  ao lado da pessoa jurídica, e fora de seu quadro social, com interesse comum na situação que  constitua o fato gerador.   Neste  sentido,  inclusive,  é  o  entendimento  expresso  por  Marcos  Vinícius  Neder,  no  artigo Solidariedade de Direito  e de Fato – Reflexões acerca de  seu Conceito  (in  FERRAGUT, Maria Rita e NEDER, Marcos Vinícius  (coords.). Responsabilidade Tributária,  Dialética, São Paulo: 2007, p. 46). Depois de abordar a hipótese de interposição de pessoas na  prática de fatos jurídicos tributários, e ressaltar que a simulação dos atos constitutivos impõe o  Fl. 2302DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 56          55 afastamento  do  sujeito  passivo  aparente  para  alcançar  os  reais  titulares  da  renda,  o  autor  observa:  Outra  situação completamente distinta  é quando o  ilícito  é promovido por pessoa  jurídica ativa e operacional, que, comprovadamente,  tenha ocultado ou registrado  indevidamente  negócios  jurídicos  realizados  em  parcela  com  terceiros  (sócios  ocultos) para benefício comum. Nessa hipótese, não há falar em fictícia interposição  de  pessoas,  mas  em  sociedade  comum  de  fato,  pois  não  é  possível  distinguir  a  sociedade  de  fato  de  seus  integrantes  (pessoas  físicas  e  jurídicas).  Diante  dessas  condições,  é  perfeitamente possível  evidenciar  solidariedade  entre  as  pessoas  que  compõem a sociedade de  fato, eis que, além do patrimônio comum amealhado em  razão do ilícito, há interesse comum nos negócios jurídicos realizados em benefício  dos envolvidos.   Todavia,  a  autoridade  lançadora  também  fundamentou  a  responsabilidade  tributária no  art.  135 do CTN, por vislumbrar que as  tomadas de decisão  que  conduziram  à  infração caracterizada como crime contra a ordem tributária e submetida à aplicação de multa  qualificada,  foram  efetuadas  por  diretores:  Adilton  Boff  Cardoso,  Adalberto  Boff  Cardoso  (DOC 1 – fls. 17 a 21).  E, ao contrário do que defendem os recorrentes, o art. 135,  III do CTN não  estabelece a responsabilidade exclusiva dos administradores, mas sim firma a responsabilidade  pessoal  de  tais  administradores  pelos  créditos  tributários  correspondentes  a  obrigações  tributárias resultantes de atos por eles praticados, no caso, com infração de lei, assim afastando  a proteção patrimonial conferida aos mandatários, prepostos, empregados, diretores, gerentes e  representantes  legais  que  atuam  dentro  dos  limites  da  lei  e  dos  contratos.  Significa  dizer,  portanto, que o indivíduo, em tais circunstâncias, responde com seu patrimônio pessoal pelas  dívidas daí decorrentes, de forma ilimitada.  Por  sua  vez,  a  prática  de  infração  de  lei  cogitada  em  referido  dispositivo,  como amplamente fixado na jurisprudência, deve corresponder a uma prática para além da falta  de recolhimento do tributo devido. E, no presente caso, restou demonstrada a fraude perpetrada  para  constituição  de  um  ativo  cuja  amortização  reduziu  significativamente  os  resultados  tributáveis  nos  períodos  fiscalizados,  para  qual  os  referidos  administradores  evidentemente  concorreram, na medida em que, na condição de sócios­diretores com participação majoritária  em  todas  as  empresas  do  grupo,  certamente  orientaram  as  operações  constatadas  pela  Fiscalização.   Inadmissível,  assim,  a  alegação  dos  recorrentes  de  que  atuaram  em  consonância com a legislação de regência para a concretização de cada ato societário, ou de  que os fatos presentes nestes autos correspondam, apenas, à prática de atos fundamentada em  interpretação da legislação divergente dos entendimentos das autoridades fazendárias. Como  exposto  na  apreciação  da  multa  qualificada,  a  fraude  foi  caracterizada  pelo  Fisco  e  esta  circunstância é suficiente para caracterizar a infração de lei que o art. 135 do CTN cogita para  atribuir responsabilidade pessoal aos diretores que atuam na sua prática.   Desnecessária,  também,  a  prova  de  que  os  diretores  agiram  com  abuso  de  poderes, pois a infração de lei, caracterizada pela fraude tributária, é suficiente para determinar  sua  responsabilização  pelo  crédito  tributário  daí  decorrente.  Por  sua  vez,  como  já  dito  no  exame do recurso voluntário interposto pela autuada, em nada favorece os interessados o fato  de  as  operações  serem  transparentes  e  públicas,  uma  vez  constatado  que  elas  não  possuem  Fl. 2303DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 57          56 substância  econômica  e  resultaram,  apenas,  na  redução  dos  tributos  devidos  pela  pessoa  jurídica.   Assim, confirmada a supressão do recolhimento de tributos mediante fraude,  resultante  de  atos  sob  a  direção  dos  responsáveis  indicados  pela  Fiscalização,  correta  a  imputação de responsabilidade solidária a estes com fundamento no art. 135 do CTN.   Quanto ao mérito da exigência, pelas mesmas razões antes expostas merecem  provimento os idênticos argumentos reproduzidos pelos responsáveis em seu recurso.  Por  tais  razões,  o  presente  voto  é  no  sentido  de  DAR  PROVIMENTO  PARCIAL ao  recurso voluntário dos  responsáveis  tributários para manter a  responsabilidade  que lhes foi imputada com base no art. 135 do CTN.     (documento assinado digitalmente)  EDELI PEREIRA BESSA – Relatora    Fl. 2304DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 58          57 Voto Vencedor  Conselheiro MARCOS VINÍCIUS BARROS OTTONI    Em  que  pese  o  brilhantismo,  zelo  e  acuidade  característicos  dos  votos  da  Conselheira Relatora, data maxima venia, no que pertine à qualificação da multa ora aplicada,  ouso divergir de suas conclusões.  Isto porque  a qualificação da multa,  prevista no  artigo 44, Parágrafo 1º,  da  Lei  nº 9.430/96,  pressupõe  a  existência  inequívoca  do  evidente  intuito  de  fraude,  cuja  caracterização está definida nos artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502/64, a saber:    "Art.  44.  Nos  casos  de  lançamento  de  ofício,  serão  aplicadas  as  seguintes  multas:      I ­ de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de  imposto ou contribuição nos casos de  falta de pagamento ou recolhimento,  de falta de declaração e nos de declaração inexata;      II ­ de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do  pagamento mensal:   (...)      § 1o O percentual de multa de que  trata o  inciso  I do caput deste artigo  será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de  30  de  novembro  de  1964,  independentemente  de  outras  penalidades  administrativas ou criminais cabíveis."  X ­­­­ X ­­­­ X ­­­­    "Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir  ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade  fazendária:      I  ­ da ocorrência do  fato gerador  da obrigação  tributária principal,  sua  natureza ou circunstâncias materiais;      II  ­  das  condições  pessoais  de  contribuinte,  suscetíveis  de  afetar  a  obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente.      Art  .  72.  Fraude  é  tôda  ação  ou  omissão  dolosa  tendente  a  impedir  ou  retardar,  total ou parcialmente, a ocorrência do  fato gerador da obrigação  Fl. 2305DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 59          58 tributária  principal,  ou  a  excluir  ou  modificar  as  suas  características  essenciais,  de  modo  a  reduzir  o  montante  do  impôsto  devido  a  evitar  ou  diferir o seu pagamento.    Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais  ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72."  Assim, para a qualificação da multa, a Autoridade lançadora deve identificar,  na conduta do contribuinte, a prática de sonegação, fraude ou conluio, e que estas tenham sido  praticadas através de uma ação ou omissão inequívocamente dolosa.  No  presente  caso,  segundo  consta  do  Termo  de  Verificação  Fiscal,  a  autoridade  lançadora  concluiu  que  a  empresa  BOFF CARDOSO PARTICIPAÇÕES  S/A  "foi  constituída  basicamente  para  dissimular  a  ocorrência  de  operações  de  compra  e  venda  de  participação  societária,  simulando  a  ocorrência  de  eventos  societários  consecutivos,  com  a  contabilização  de  um  ágio  interno  que  supostamente  seria  pela  compra  da  MAGIUS  METALÚRGICA  S/A,  contabilizado  em  23/12/2004  e  retornando  em  forma  de  INCORPORAÇÃO  para  o  sujeito  passivo  em  31/03/2005,  operações  realizadas  em  curto  período a menos de 100 dias, sem a ocorrência de qualquer pagamento."  Ato contínuo, para justificar a qualificação da multa, asseverou a Autoridade  Fiscal:  No tocante à penalidade, diante da cristalina presença do elemento subjetivo  do dolo, não restando dúvida quanto à intenção do contribuinte em reduzir a  base  de  cálculo  do  Imposto  de  Renda  e  da  Contribuição  Social  sobre  o  Lucro,  manobras  que  tiveram  a  finalidade  de  mascarar  o  resultado,  causando  prejuízo  aos  cofres  públicos  mediante  a  falta  e/ou  redução  do  pagamento  dos  tributos  devidos,  é  de  aplicar­se  a  todas  as  infrações  aqui  apontadas, nos termos da legislação de regência, a qualificação da multa de  ofício de 150%.  A  multa  de  ofício  qualificada,  aplicável  ao  caso  em  tela,  está  prevista  conforme dispõe o artigo 44, inciso I e §1o da Lei nº 9.430/96 com a redação  data  pelo  artigo  14  da  Lei  nº  11.488/2007,  sem  prejuízo  da  aplicação  de  outras sanções, conforme dispõe a Lei 8.137/90, artigos 1o e 2o, e tem como  pressuposto  para  sua  aplicação a  existência  de “evidente  intuito  de  fraude  definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº.4502, de 30 de novembro de 1964”.  No  âmbito  da  representação  fiscal  pra  fins  penais  acrescentou,  ainda,  que  foram constatados fatos que, em tese, configuram crime contra ordem tributária pela prática  de  não  oferecer  à  tributação  do  IRPJ  e  CSLL,  pela  simulação  da  operação  de  alienação  societária  com  ágio,  impedindo  ou  retardando,  total  ou  parcialmente,  o  conhecimento  por  parte  da  autoridade  fazendária  da  ocorrência  do  fato  gerador  dos  tributos  devidos  administrados pela RFB.  Ou  seja,  na  visão  da  autoridade  fiscal,  o  dolo  consistiria  na  "intenção  do  contribuinte em reduzir a base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre  o  Lucro,"  mediante  a  utilização  de  "manobras  que  tiveram  a  finalidade  de  mascarar  o  resultado",  Fl. 2306DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 60          59 Ocorre que  a  intenção pura  e  simples do  contribuinte  em  reduzir  sua carga  tributária  é  legítima,  desde  que  pautada  pela  estrita  observancia  dos  preceitos  legais.  No  presente  caso,  a  autuação  sustenta  a  existência  de  "manobras  que  tiveram  a  finalidade  de  mascarar o resultado".  Contudo,  conforme se verifica dos  autos,  a conduta do  contribuinte não  foi  pautada por "manobras" artificiais ou ilegais que buscavam mascarar o resultado. Não há nos  autos qualquer alegação de falsidade de documentos, vícios de forma, ou mesmo de vontade,  nos atos jurídicos apresentados.  Na  verdade,  seguindo  uma  interpretação  que  entendeu  legítima  acerca  da  legislação à época, a autuada promoveu uma reestruturação societária em seu grupo economico  (fato este que, per se, nada tem de ilegal), promoveu a avaliação do investimento e reconheceu  o  ganho  de  capital  pela Magius  Participações  Ltda,  diferindo  sua  tributação  nos  termos  do  artigo 36, da Lei nº 10.637/2002. Todos os  atos  tiveram por  fundamento dispositivos  legais,  foram devidamente  registrados e acabaram por permitir  a apreciação plena dos mesmos pelo  Fisco.  Se,  após  a  análise de  todos  os  elementos  apresentados,  a Autoridade Fiscal  concluiu  pela  imposibilidade  de  reconhecimento  e  dedução  do  ágio  apurado,  tal  constatação  não acarreta, automaticamente, a consideração de que os atos analisados foram praticados de  forma obscura, escusa ou simulada.  Deveria  o  agente  fiscal,  neste  ponto,  demonstrar  quais  "manobras"  foram  perpetradas  com o  intuito de mascarar o  resultado,  como por  exemplo o  uso de documentos  falsos, empresas fictícias ou adulteração de livros (fraude), conluio ou mesmo a simulação.  Neste  ponto,  a  palavra  simulação,  que  tem  origem  no  latim  simulatio,  que  significa  fingimento,  artifício; e na definição vernacular,  ato ou efeito de  fingir o que não é;  disfarce; fingimento, necessita da demonstração de que o ato jurídico é contrário à realidade,  destinado  a  provocar  uma  ilusão  no  público,  seja  por  não  existir  negócio  de  fato,  seja  por  existir um negócio diferente daquele que se aparenta.  No  presente  caso,  o  negócio  jurídico  existiu  de  fato,  os  atos  jurídicos  praticados foram materialmente verdadeiros, mas a consequencia jurídica almejada (criação e  amortização do ágio) é que não foi alcançada, face o entendimento contrário da administração  tributária.  Destarte, a evidencia da intenção dolosa, exigida na lei para a qualificação da  penalidade a ser aplicada, deve aflorar na instrução processual de modo inconteste e cabal, sob  pena de se confundir conduta praticada com a conclusão almejada pelo contribuinte.         Por outro lado, a própria divergência de entendimentos legais, doutrinários e  jurisprudenciais atinentes ao ágio e sua formação permitem suprimir a potencial consciência da  ilicitude do ato do contribuinte.  Neste ponto, devem ser aplicados ao presente caso, por analogia, os mesmos  precedentes  referentes  às  autuações  por  planejamentos  tributários  realizados  durante  a  oscilação  da  jurisprudência  acerca  da  matéria,  os  quais  serviram  para  suprimir  o  intuito  fraudulento do contribuinte. Senão vejamos:  Fl. 2307DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 61          60 “MULTA  DE  OFÍCIO.  150%.  DESQUALIFICAÇÃO.  NÃO  CARACTERIZAÇÃO  DO  EVIDENTE  INTUITO  DE  FRAUDE.  JURISPRUDÊNCIA  DIVERGENTE  SOBRE  O  TEMA  À  ÉPOCA  DA  EFETIVAÇÃO  DOS  NEGÓCIOS  SUCESSIVOS.  AUSÊNCIA  DE  POTENCIAL  CONSCIÊNCIA  DA  ILICITUDE  DO  FATO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 112 DO CTN.  Não  se  pode  qualificar  a  multa  para  150%,  se  não  restar  configurado,  nos  autos,  evidente  intuito  de  fraude.  Este  não  se  revela  presente,  pois  que,  à  época  da  efetivação  dos  atos  e  negócios  jurídicos,  a  jurisprudência  oscilava  relativamente  ao  tema  de  planejamento  tributário.  O  intuito  fraudulento  resta  por  isso afastado.” (2ª Turma da CSRF, Acórdão nº 9202­002.063)  Neste  diapasão,  o  que  se  deve  evitar  é  que  o  lançamento,  sem  fazer  prova  contundente  e  cabal  da  suposta  conduta  fraudulenta,  imponha  sanções  qualificadas  em  desacordo  com  o  disposto  no  artigo  112,  do  CTN,  o  qual  assevera  que  a  lei  tributária  que  define infrações, ou lhe comina penalidades, deve ser interpretada de maneira mais favorável  ao  acusado,  em  caso  de  dúvida  quanto  à  capitulação  legal  do  fato;  à  natureza  ou  às  circunstâncias  materiais  do  fato,  ou  à  natureza  ou  extensão  dos  seus  efeitos;  à  autoria,  imputabilidade, ou punibilidade e à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.  Assim, uma vez reconhecido, após minuciosa apreciação jurídica por parte do  Fisco, de que o procedimento realizado pelo contribuinte não foi apto a gerar o ágio, tampouco  a  dedução  almejada,  a  consequencia/penalidade  para  o  contribuinte  será  a  aplicação  da  já  pesada multa de 75% (setenta e cinco por cento) sobre o tributo não recolhido. Por outro lado,  diante da ausência de comprovação cabal da conduta dolosa, descabida a qualificação da multa  aplicada.  Outrossim, conforme muito bem ressaltado pela ilustre Relatora do presente  recurso, uma vez prevalecendo o entendimento contrário à aplicação da multa qualificada, deve  ser acolhida a argüição de decadência das exigências pertinentes ao 1o, 2o e 3o trimestres/2007,  pelas razões já expostas em seu robusto voto.  Por  fim,  uma  vez  reconhecida  a  improcedência  da  qualificação  da  multa  aplicada,  como  corolário  lógico,  não  deve  persistir  o  lançamento  quanto  aos  diretores  da  autuada, pela imputação de responsabilidade solidária pelo crédito tributário, nos termos do art.  art. 135, do CTN.  Inicialmente,  digno  de  destaque  que  o  lançamento  quanto  aos  responsáveis  tributários  se  lastreou  nos  artigos  124,  I  e  135,  do CTN. No  entanto,  a  própria Relatora  do  presente voluntário entendeu que não se aplica, ao caso, os ditames do artigo 124, I, do CTN,  posto  que  tal  artigo  serve  apenas  para  incluir  um  terceiro  no  pólo  passivo  da  obrigação  tributária, que não seja do quadro social da pessoa jurídica.  No  entanto,  ainda  persiste  o  lançamento  em  face  dos  diretores  da  autuada,  forte no art. 135 do CTN, por vislumbrar que as tomadas de decisão que conduziram à infração  caracterizada  como  crime  contra  a  ordem  tributária,  e  submetida  à  aplicação  de  multa  qualificada, foram perpetradas pelos mesmos.  Ocorre  que,  com o  reconhecimento  da  inexistência de  prática  caracterizada  como crime contra a ordem  tributária, bem como diante do cancelamento da qualificação da  multa, como corolário  lógico, deve o presente  lançamento, no que pertine à  responsabilidade  solidária, ser reformado, excluindo­se os diretores da autuada do presente lançamento.  Fl. 2308DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI Processo nº 10980.728833/2012­48  Acórdão n.º 1101­001.100  S1­C1T1  Fl. 62          61 Forte  em  tais  considerações,  voto  por  conhecer  e DAR PROVIMENTO ao  recurso voluntário da contribuinte para excluir a qualificação da multa ora aplicada, bem como  reconhecer a decadência das exigências pertinentes ao 1o, 2o e 3o trimestres/2007.  Outrossim,  voto  no  sentido  de DAR PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário  dos responsáveis tributários para excluir a responsabilidade que lhes foi imputada com base no  artigo 135, do CTN.    (documento assinado digitalmente)  MARCOS VINÍCIUS BARROS OTTONI                  Fl. 2309DF CARF MF Impresso em 05/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 29/07/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 04/08/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 29/07/2014 por MARCOS VINICIUS BARROS OTTONI

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