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Numero do processo: 14041.000691/2009-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2301-000.719
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o processo para aguardar a publicação, pelo STF, dos acórdãos relativos ao ADPF 324 e ao RE 958252 (esse último na sistemática da repercussão geral), nos quais se discute a licitude da terceirização de atividades precípuas da empresa tomadora de serviços, e no qual foi fixada a seguinte tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante (tema 725 da repercussão geral)."
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente e relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Bellini Júnior (Presidente).
Nome do relator: JOAO BELLINI JUNIOR
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o processo para aguardar a publicação, pelo STF, dos acórdãos relativos ao ADPF 324 e ao RE 958252 (esse último na sistemática da repercussão geral), nos quais se discute a licitude da terceirização de atividades precípuas da empresa tomadora de serviços, e no qual foi fixada a seguinte tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante (tema 725 da repercussão geral)." (assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Presidente e relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Bellini Júnior (Presidente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 0377.604, (o qual revisou o Acórdão 0335.812, anulado pelo Acórdão Carf 2403002.809) exarado pela 5ª Turma da DRJ em Brasília. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 40 41 .0 00 69 1/ 20 09 -1 6 Fl. 1282DF CARF MF Processo nº 14041.000691/200916 Resolução nº 2301000.719 S2C3T1 Fl. 3 2 O auto de infração Debcad n° 37.264.7952, consolidado em 21/12/2009, no valor de R$5.541.283,61, é referente às contribuições previdenciárias dos segurados, incluindo aquelas devidas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, não declaradas em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), incidentes sobre a remuneração paga aos segurados que lhe prestaram serviços no período de 3/2004 a 12/2007 De acordo com o Relatório Fiscal (efls. 10 a 60), a contribuinte não declarou remunerações nem recolheu contribuições incidentes sobre algumas verbas pagas a seus trabalhadores (Remunerações pagas a empregados e diretores por empresas interpostas e Outras remunerações de Gerentes, Analistas, Programadores, Líderes de Projeto e Consultores); simulou contratos com empresas de empregados, com o intuito de burlar as legislações trabalhista, previdenciária e tributária; e, ainda, causou embaraço à ação da fiscalização ao tentar impedir a correta verificação dos tributos devidos. Realizadas diligências junto à Justiça do Trabalho, foi constatado o que segue: (1) seis exempregados da autuada, em resposta aos questionários elaborados pela fiscalização, informaram: a) terem prestado serviços exclusivos à Cast, enquanto foram seus empregados; b) a Cast exigia que empregados constituíssem empresas para prestarem serviços para si – para isso, ela contratou um escritório de contabilidade para auxiliar seus empregados –, orientandoos a convidarem "pessoas próximas" para integrarem tais empresas; c) em média, 75% dos seus salários eram pagos "por fora", por meio das novas empresas constituídas, que viabilizavam a emissão de notas fiscais; (2) os sócios da Cast – José Calazans da Rocha (diretor e Presidente) e Luiz Maria de Ávila Duarte (diretor e consultor de Tecnologia da Informação) – constituíram a empresa "Rocha e Duarte Consultores Associados Ltda.", da qual foram os únicos sócios e, desde sua criação até 12/2007, não prestaram serviços à outra empresa que não a Cast. Verificouse, então, que a Cast pagava seu presidente por meio da ROCHA E DUARTE, viabilizando, assim, pagamentos "por fora", sem a incidência das contribuições previdenciárias devidas sobre os montantes pagos; (3) alguns gerentes/diretores da autuada foram intimados a responder um questionário e a apresentar contratos celebrados com a Cast – conforme documentação juntada (AN1DPF 15); os trabalhadores compareceram à Receita Federal, mas se recusaram a responder o questionário sobre seu conhecimento de pagamentos "por fora"; alguns contratos foram apresentados e demonstraram que gerentes recebiam remuneração incompatível com o porte da empresa, como também o estranho fato de um supervisor administrativo ser promovido a Gerente de Recursos Humanos e ter seu salário reduzido em mais de 50%; (4) diligências realizadas nas sociedades do Gerente de Recursos Humanos, do Gerente de Contratos e de um dos Diretores da Cast mostraram que tais empresas estão localizadas na EQNP 28/32, Bloco F, Sala 101 – Ceilândia – DF, mesma pequena sala comercial onde também se localiza a sede de outras 129 empresas cujos sócios são ou foram empregados da Cast e, ainda, a mesma localidade é também sede de uma das empresas de um prestador de serviços da Cast: o Sr. Wilson Silva de Sousa, que assina pela documentação contábil dessas 3 empresas e da empresa dos sócios – a ROCHA E DUARTE; tais evidências, segundo o autuante, revelam que, de fato, as empresas diligenciadas não funcionavam no endereço supracitado e foram constituídas com o propósito de pagar remunerações Fl. 1283DF CARF MF Processo nº 14041.000691/200916 Resolução nº 2301000.719 S2C3T1 Fl. 4 3 complementares a trabalhadores da Cast (com exceção de 1 nota fiscal, todas as demais notas dessas empresas foram emitidas para a Cast); (5) fato semelhante se sociedade empresa desse segurado – a LM CONSULTORIA EM INFORMÁTICA LTDA, que tem como endereço uma pequena sala comercial localizada no Guará II, que também abriga a sede de mais 98 empresas, além da filial de um escritório de contabilidade que presta serviços para a Cast – a BELMONDO CONTADORES E CONSULTORES ASSOCIADOS; em resposta ao questionário elaborado pela fiscalização, o Sr. Antônio Miguel declarou que trabalhou exclusivamente para a Cast, de dezembro/2001 a maio/2009, tendo recebido salários "por fora" até setembro/2005, quando constituiu sua empresa e passou a receber os pagamentos por meio das respectivas notas fiscais emitidas; (6) os documentos obtidos na diligência efetuada junto à BELMONDO CONTADORES E CONSULTORES ASSOCIADOS demonstram que ela e a Cast criaram uma estrutura para auxiliar empregados da Cast a constituírem empresas em nome de empregados desta (Cláusula Primeira do contrato social transcrita à fl. 30 – Volume I). Ademais, verificouse: (7) vários exemplos de discrepâncias de remuneração, visto que constavam da folha de pagamentos salários que não condizem com a realidade de mercado e com as atribuições dos cargos, evidenciando, assim, a existência de pagamentos "por fora", por parte da Cast a seus empregados; (8) a existência de Termo de Exclusividade firmado entre a Cast e seus empregados; (9) a existência de mais de 900 empresas cujos sócios são ou foram empregados da Cast; algumas dessas empresas não possuíam nenhum ou apenas um trabalhador declarado em Gfip; (10) fornecedoras de serviços da Cast que possuíam mais de um sócio que também eram empregados da própria impugnante; (11) várias empresas de empregados da Cast que lhe emitiram notas fiscais sequenciais; quando não era sequencial, verificouse que as demais notas haviam sido canceladas, o que demonstra a exclusividade na prestação dos serviços; (12) coincidências contábeis da Cast, como: centros de custo vinculados aos pagamentos constantes da folha de pagamento de seus empregados e os centros de custo vinculados aos pagamentos efetuados a empresas desses mesmos funcionários; (13) que a Justiça do Trabalho, além de reconhecer a prática de evasão fiscal, já reconheceu também a existência de pagamentos "por fora" a empregados da impugnante, conforme trechos extraídos pelo autuante de processos trabalhistas analisados. Por não terem sido entregues, em sua totalidade, à fiscalização diversos documentos, tais como: contratos celebrados com prestadores de serviços (pessoas jurídicas e pessoas físicas), processos trabalhistas, documentos de suporte a lançamentos contábeis e contratos (e aditivos) celebrados com empregados, restou configurado embaraço à fiscalização, Fl. 1284DF CARF MF Processo nº 14041.000691/200916 Resolução nº 2301000.719 S2C3T1 Fl. 5 4 o que gerou a lavratura dos autos de infração de obrigação acessória Debcad n° 37.264.7995 e 37.264.8002. Diante de todos os fatos narrados, constatou a fiscalização a existência de uma situação fática divergente da situação jurídica, qual seja: "Pagamentos efetuados pela Cast a seus empregados com a utilização de empresas interpostas tentam camuflar a relação de emprego efetivamente existente por intermédio de aparentes prestações de serviço de pessoas jurídicas. Muito embora empresas interpostas tenham sido registradas regularmente, depreendese nitidamente que os pagamentos efetuados a essas empresas eram de fato destinados aos próprios empregados da Cast". Concluiu, assim, "que não há como desconhecer o vínculo empregatício entre o sujeito passivo e seus próprios empregados, mesmo que os serviços prestados pelos empregados estejam mascarados sob o rótulo de serviços prestados por pessoas jurídicas". Com base nesses elementos: (a) foi desconsiderada, para fins previdenciários, a personalidade jurídica das sociedades discriminadas nos anexos AN1FISC 3, 4, 6 e 7, ou seja, os pagamentos efetuados pela Cast por meio dessas pessoas jurídicas foram considerados salários de contribuição previdenciários e (b) considerando a simulação existente nos negócios jurídicos entre a Cast e seus funcionários, e a não apresentação de toda a documentação solicitada pela fiscalização, foram arbitradas as remunerações. Ressalta, entretanto, a fiscalização, que somente foram aferidas indiretamente, com base em informações constantes das folhas de pagamento da Cast, remunerações de trabalhadores para os quais não foi possível identificar qual foi a empresa intermediária dos respectivos pagamentos "por fora" e, ainda, aquelas que a fiscalização considerou incompatíveis com a realidade de mercado e também não condizentes com a complexidade e a natureza dos serviços desempenhados (itens 160/168 do Relatório Fiscal). O Acórdão 0377.605 recebeu as seguintes ementas: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2004 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS. A empresa é obrigada a arrecadar, mediante desconto das remunerações, e recolher à Seguridade Social as contribuições dos segurados a seu serviço, conforme previsto nas Leis n° 8.212/1991 e n° 10.666/1993. NULIDADE. Somente são considerados nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Entendese por salário de contribuição a totalidade dos rendimentos pagos a trabalhador como forma de retribuir o trabalho prestado. DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência de Fl. 1285DF CARF MF Processo nº 14041.000691/200916 Resolução nº 2301000.719 S2C3T1 Fl. 6 5 fato gerador de tributos ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. CARACTERIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR SEGURADO EMPREGADO. A autoridade fiscal, ao aplicar a norma previdenciária ao caso em concreto, e ao observar o princípio da primazia da realidade, tem autonomia para, no cumprimento de seu dever funcional, reconhecer a condição de segurado empregado para fins de lançamento das contribuições previdenciárias efetivamente devidas. ARBITRAMENTO. A fiscalização está autorizada legalmente a lançar de ofício, arbitrando as importâncias que reputarem devidas, com base em elementos idôneos de que dispuser, quando a contabilidade da empresa não registrar o movimento real de remuneração de segurados a seu serviço, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A ciência dessa decisão ocorreu em 13/12/2017 (aviso de recebimento EPTC, efl. 659). Em 11/01/2018, foi apresentado recurso voluntário (efls. 663 a 695), sendo alegado, em síntese: (i) a decadência do poderdever de constituir o crédito de março a novembro de 2004; (ii) o atendimento a todas as Intimações Fiscais, sendo que todos os documentos em posse da Recorrente foram entregues à fiscalização; (iii) a nulidade do lançamento por arbitramento, da forma como realizado, por meio de provas obtidas com questionários respondidos pelos exempregados da Recorrente, por constituírem mera declaração particular, presumindose verdadeiras apenas ao signatário e, por conseguinte, não possuírem valor probatório, nos termos do artigo 408 do NCPC; (iv) a nulidade por vício de motivação, especialmente por conta da ausência de fundamentação mínima sobre a origem do lançamento "L3 Aferição de outras remunerações de empregados não declaradas"; (v) a possibilidade de contratação de pessoas jurídicas para a prestação dos serviços específicos de consultoria e desenvolvimento de software, sobretudo pelo fato de que a constituição das pessoas jurídicas prestadoras de serviços se deu dentro dos ditames legais e de acordo com o artigo 129 da Lei 11.196/2005; (vi) a impossibilidade de desconsideração da personalidade jurídica e não comprovação de abuso de direito, excesso de poder, infração à lei ou ao contrato social, desvio de finalidade, confusão patrimonial, ou outros vícios que teriam por base eventual má administração da sociedade; (vii) a competência concorrente entre a Justiça do Trabalho e Receita Federal para cobrança das Contribuições Previdenciárias, fato que não foi levado em consideração pela Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 14041.000691/200916 Resolução nº 2301000.719 S2C3T1 Fl. 7 6 fiscalização e levou à indubitável cobrança em duplicidade dos tributos; e (viii) a presunção de boafé e idoneidade dos documentos apresentados pela Recorrente. Foram feitos os seguintes pedidos cumulativos na modalidade eventual: (a) o reconhecimento da nulidade do auto de infração e (b) o provimento do recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro João Bellini Júnior – Relator Em 30/08/2018, o excelso Supremo Tribunal Federal, ao julgar conjuntamente a ADPF 324 e o RE 958252 (esse último na sistemática da repercussão geral), nos quais se discutia a licitude da terceirização de atividades precípuas da empresa tomadora de serviços, fixou a seguinte tese jurídica: "É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante (tema 725 da repercussão geral)." Desse modo, em razão da natureza vinculante das decisões proferidas pelo excelso Supremo Tribunal Federal nos aludidos feitos, deve ser reconhecida a licitude das terceirizações em qualquer atividade empresarial. No entanto, até a presente data os acórdãos, tanto na ADPF 324 (ação concentrada) quanto no RE 958252 (sistemática da repercussão geral) não foram publicados, o que impede de se aplicar, com segurança, suas decisões. Desse modo, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que o presente processo reste SOBRESTADO, até a publicação dos referidos acórdãos pelo Supremo Tribunal Federal. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Relator Fl. 1287DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19675.000486/2006-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2006
IMPORTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO NA NCM.
Os guindastes autopropulsados sobre pneus, com capacidade de carga superior ou igual a 60, desde que o chassi seja projetado especialmente para esse fim, formando um veículo único e não montado sobre um chassi de caminhão ou automóvel, projetado para elevação de cargas, movido a motor a diesel, com deslocamento em sentido longitudinal, transversal e diagonal (tipo caranguejo), deve ser classificado na posição 8426 do código NCM.
Numero da decisão: 3302-006.325
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede que lhe negavam provimento. Os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Corintho Oliveira Machado, Raphael Madeira Abad e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) votaram pelas conclusões. O Conselheiro Corintho Oliveira Machado, enviará as razões das conclusões ao relator para inserção no voto.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Deroulede - Presidente
(assinado digitalmente)
José Renato Pereira de Deus - Relator
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Ano-calendário: 2006 IMPORTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO NA NCM. Os guindastes autopropulsados sobre pneus, com capacidade de carga superior ou igual a 60, desde que o chassi seja projetado especialmente para esse fim, formando um veículo único e não montado sobre um chassi de caminhão ou automóvel, projetado para elevação de cargas, movido a motor a diesel, com deslocamento em sentido longitudinal, transversal e diagonal (tipo caranguejo), deve ser classificado na posição 8426 do código NCM.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede que lhe negavam provimento. Os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Corintho Oliveira Machado, Raphael Madeira Abad e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) votaram pelas conclusões. O Conselheiro Corintho Oliveira Machado, enviará as razões das conclusões ao relator para inserção no voto. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede - Presidente (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus - Relator (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
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MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Anocalendário: 2006 IMPORTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO NA NCM. Os guindastes autopropulsados sobre pneus, com capacidade de carga superior ou igual a 60, desde que o chassi seja projetado especialmente para esse fim, formando um veículo único e não montado sobre um chassi de caminhão ou automóvel, projetado para elevação de cargas, movido a motor a diesel, com deslocamento em sentido longitudinal, transversal e diagonal (tipo caranguejo), deve ser classificado na posição 8426 do código NCM. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede que lhe negavam provimento. Os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Corintho Oliveira Machado, Raphael Madeira Abad e Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) votaram pelas conclusões. O Conselheiro Corintho Oliveira Machado, enviará as razões das conclusões ao relator para inserção no voto. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Presidente (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 5. 00 04 86 /2 00 6- 75 Fl. 873DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, transcrevo e adoto como parte de meu relato o relatório da Resolução nº 3202000.047, da 2ª Câmara da 2º Turma Ordinária da 3ª Seção de Julgamento, proferido na sessão de 21 de novembro de 2011: Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, o qual passo a transcrever: Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 10/04/2006, em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência do Imposto de Importação acrescido de juros de mora, multa proporcional, multa do controle administrativo, multa regulamentar e PIS/CONFINS no valor de R$ 318.748,38, em face dos fatos a seguir descritos. A empresa acima qualificada submeteu a despacho aduaneiro, mediante Declaração de Importação No. 06/00706707, de 18/01/2006, 01 (um) "guindaste autopropelido ", com classificação fiscal no código NCM ; A fiscalização constatou que efetivamente foi importado um "caminhão guindaste" com classificação fiscal no código NCM 8705.10.90, conforme processo No. 19675.000163/200681; Cientificado do auto de infração, pessoalmente, em 12/04/2006 (fls. 2frente), o contribuinte protocolizou impugnação, tempestivamente, na forma do artigo 15 do Decreto 70235/72, em 27/04/2006, de fls. 90 à 110, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento. Na forma do artigo 16 do Decreto 70.235/72 a impugnante alegou resumidamente que: • O presente auto de infração é nulo por ausência de motivação; • A mercadoria está corretamente descrita, não podendo incorrer em Penalidades do artigo 633, III, "a" do Regulamento Aduaneiro – Decreto 4.543/2002 e do artigo 44,1 da Lei 9.430/96; • Os títulos de Seções, Capítulos e Subcapítulos não podem deixar de ser considerados apesar da regra 1 das RegrasGerais do Sistema Harmonizado; • A posição NCM 8426 engloba um certo número de aparelhos de elevação ou de movimentação de ação contínua; Fl. 874DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 4 3 • O equipamento importado não se trata de aparelho de elevação e transporte; • A classificação fiscal deve se nortear pela regra 3 b das Regra Gerais do Sistema Harmonizado e pelas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado da posição NCM 8426, já que a função principal do equipamento é o guindaste; • O item VI, da nota 3 da Seção XVI reforça tal entendimento; • O assistente técnico esclarece que o movimento é limitado no sentido apenas de levantamento e movimentação e não levantamento e transporte. Tal premissa se aplica a guindastes de autopropulsão e não para caminhões guindaste; • O assistente técnico nada esclarece sobre a estrutura e o funcionamento do guindaste; • O equipamento importado difere de um caminhão guindaste que é um veiculo de uso especial, que além de elevar cargas pode transportálas, ao passo que o bem questão é limitado no sentido apenas de levantamento e movimentação de cargas. • As sapatas são imprescindíveis para manter a estabilidade e as condições de segurança do conjunto, sendo parte intrínseca do chassi; • O equipamento motriz é único para todo o equipamento. • O código NCM 8426.41.10 é o único que se encontra nominalmente citado o "tipo caranguejo" • Pela descrição das características do equipamento, inviável sua classificação fiscal na posição NCM 8705; • A descrição do equipamento não se coaduna com as exigências técnicas do código NCM 8705.10.90, sobretudo no que diz respeito a "4 ou mais eixos de rodas direcionáveis" e "haste telescópica de altura inferior a 42 m" em respeito a Regra 1 das Regras Gerais do Sistema Harmonizado; • Requer nova perícia, apresentando quesitos; Pugna a improcedência do Auto de Infração.” A DRJ São Paulo II/SP julgou procedente o lançamento fiscal, nos termos da ementa adiante transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 18/01/2006 Importação de 1 (um) "guindaste telescópico hidráulico", com classificação fiscal no código NCM 842641.10; A fiscalização constatou que foi importado um "caminhão guindaste autopropulsado" com classificação fiscal no código NCM 8705.10.90. Fl. 875DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 5 4 As Notas Explicativos do Sistema Harmonizado para a posição 8426 excluem o equipamento importado, ,os remetendo a posição 8705. A descrição é incorreta, pois não se trata de guindaste, mas sim caminhão guindaste. A aplicação da multa isolada do Imposto de Importação é cobrada em função de classificação fiscal errônea. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário a este Colegiado (fls.179/205), alegando, preliminarmente, em síntese: que, à época da importação, procedia em conformidade com dezenas de pareceres e soluções de consultas que estavam em vigor acerca de classificação do equipamento na posição 8426. Somente em data posterior ao registro da DI objeto desta autuação a partir das Soluções de Divergência COANA nºs. 05, 06 e 08, de 27/06/2008, 07/07/2008 e 12/09/2008, respectivamente, bem como da Solução de Consulta COANA nº. 08, de 12/06/2008, e da Solução de Consulta DIANA/SRRF/8ªRF nº 84, de 19/11/2008 é que a Administração passou a classificar o referido equipamento em obediência ao novo critério, adotando a posição 8705; a nulidade do Auto de Infração, por ausência de motivação. Entende que, a autoridade fiscal não apresentou as razões da autuação, vez que deixou de apreciar as considerações tecidas pelo segundo Laudo Técnico. a nulidade da decisão de primeira instância, em razão de não terem sido apreciados todos os argumentos levantados na impugnação, em especial a preliminar referente À correta descrição da mercadoria por parte da contribuinte e a omissão do autuante em relação ao segundo Laudo Técnico.. No mérito, repisou os mesmos argumentos expendidos na inicial em relação à classificação fiscal da mercadoria importada, alegando, ainda, em síntese, que descreveu corretamente a mercadoria, com todos os elementos necessários à sua classificação. Ao final, requereu, verbis: seja dado provimento ao (...) Recurso Voluntário, e consequentemente, seja cancelado o auto de infração contestado, por ser totalmente indevido e não corresponder à tributação exigida, a fatos reais, materiais, imputáveis ou legais; ou (...) seja anulada a decisão ora recorrida, por ter havido falta de motivação e por falta de enfrentamento aos argumentos de Impugnação explicitados no recurso; ou anulação do processo a partir do Auto de Infração, por falta de motivação que embasaria este ato administrativo, conforme exposto na Impugnação, tendo a DRJ incorrido na mesma linha de argumentação; ou se ainda persistirem dúvidas de natureza técnica(...), sejam tais dúvidas dirimidas através de novo laudo técnico. Fl. 876DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 6 5 Na Resolução da qual foi retirado o relatório acima, por unanimidade de votos, foi determinada diligência para a realização de perícias, nos seguintes termos: Assim, vez que ambos os pronunciamentos técnicos se tratam de Laudos oficiais e chegam a conclusões opostas, entendo de bom alvitre seja formulado novo Laudo Técnico, pelo IPT ou outro instituto ou perito credenciado perante a Receita Federal diverso daqueles que firmaram os laudos anteriores, para dirimir a divergência decorrente da contraposição dos dois Laudos. O novo laudo deve responder aos seguintes quesitos: a) Tratase de “caminhãoguindaste”, assim definido nas NESH como aparelho de elevação ou de movimentação que se apresenta freqüentemente montado em verdadeiro chassi automóvel ou em caminhão, que reúne nele próprio, pelo menos, os seguintes órgãos mecânicos: motor de propulsão, caixa e dispositivos de mudança de velocidade, órgãos de direção e frenagem (travagem)? Explique. b) Em caso afirmativo, o mecanismo de elevação ou de movimentação está simplesmente montado no veículo ou forma com este último um conjunto mecânico homogêneo? Explique. c) Tratandose de um caminhão guindastes, possui haste telescópica de altura máxima superior ou igual a 42m, capacidade máxima de elevação superior ou igual a 60t, segundo a Norma DIN 15019, Parte 2, e com 4 ou mais eixos de rodas direcionáveis? Explique. d) Tratase de um “carroguindaste”, assim definido nas NESH como aparelhos simplesmente autopropulsores, nos quais um ou vários dos mecanismos de propulsão ou de comando indicados no item “a” encontramse reunidos na cabine do aparelho de elevação ou de movimentação (mais freqüentemente um guindaste (gruas)), montado em chassi com rodas, mesmo que este conjunto possa circular pelos seus próprios meios? Explique. e) Em caso positivo à pergunta anterior, o guindaste (gruas) geralmente não se desloca carregado ou apenas efetua, neste estado, deslocamentos de pequena amplitude que desempenham um papel auxiliar em relação à função de elevação que os caracteriza? Explique. f) Caso se trate de um carroguindaste, possui deslocamento em sentido longitudinal, transversal e diagonal (tipo caranguejo), com capacidade de carga superior ou igual a 60t? Demais disso, deve ser facultado ao laudista tecer quaisquer outras considerações que entender necessárias à identificação da mercadoria e ao esclarecimento das controvérsias relativas aos laudos anteriores. Isto posto, voto no sentido de que seja CONVERTIDO O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que a autoridade Fl. 877DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 7 6 preparadora providencie a elaboração de novo Laudo, por perito diverso daqueles que firmaram os laudos anteriores, conforme acima explicitado, sendo facultado, ainda, à autoridade fiscal, a formulação de outros quesitos, bem como à contribuinte. Após, seja dado ciência do novo Laudo a ambas as partes para, querendo, manifestaremse apenas quanto ao resultado da diligência, com posterior retorno a este Colegiado para julgamento. Baixado em diligência, as perícias foram realizadas nos exatos termos solicitados pela C. Turma, promovidas pelo IPT e os resultados foram acostados aos autos nas efls. 307 a 324. Em seguida, devidamente intimada dos resultados da diligência, a recorrente apresentou manifestação, alegando que no seu sentir o resultado da diligência corroboraria as alegações tecidas nas peças de defesa, reafirmando todos os argumentos por ela outrora trazidos ao processo. Passo seguinte o processo retornou ao E. CARF para julgamento sendo distribuído para a relatoria desse Conselheiro É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus, Relator: O recurso é tempestivo e de competência deste Colegiado, razão pela qual dele tomo conhecimento. A presente demanda versa sobre uma autuação que apontou inexata classificação fiscal de produto importado pela recorrente. Os pontos controvertidos trazidos para resolução gravitam em torno da aplicação no tempo de soluções de consultas relacionadas ao tema, a classificação correta dos bens importados, a inaplicabilidade das multas de 75% por declaração inexata e em razão da falta de LI. I Das Preliminares No que tange à preliminares levantadas pela recorrente, entendo que, à exceção daquela que aponta a suposta falta de fundamentação para a lavratura do auto de infração, todas as demais confundemse com as alegações de mérito, motivo pelo qual serão analisadas no tópico específico. A recorrente insurgindose contra a r. decisão de piso traz em sua peça recursal alegações relacionadas a nulidade das autuações por ausência de motivação e consequente cerceamento de defesa. Nesse tópico entendo que razão não assiste à recorrente. Fl. 878DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 8 7 Esclareço que não vislumbrei no auto de infração constante do presente processo, qualquer mácula que pudesse tornálo nulo. Prescreve o art. 59 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748/93: Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; Todos os atos praticados no presente processo foram executados por pessoa competente e sem preterição do direito de defesa. Cumpre verificar que foram observados os requisitos fundamentais à validade do ato administrativo. Art. 10, inc. III e IV do Decreto 70.235/72: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: (...). III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável. Verifica se que constam adequadamente descritos os fatos apurados pela autoridade, a fundamentação legal, a matéria tributável, os valores apurados e os fatos motivadores da autuação, permitindo ao contribuinte conhecer todos os elementos componentes da ação fiscal e, assim, propiciandolhe todos os meios para livre e plenamente manifestar suas razões de defesa. Vêse que a decisão a quo foi proferida por autoridade competente, está devidamente fundamentada e aborda todas as razões de defesa suscitadas pelo contribuinte em sua impugnação. Não houve preterimento do direito de defesa, tanto é que o contribuinte em seu recurso voluntário denota perfeita compreensão do que foi decidido. Desta forma, afasto as alegações de nulidade feitas pela recorrente. II Do mérito Conforme observamos do relatório do presente voto, a demanda a ser solucionada referese a correta classificação de produto importado no NCM, vale dizer, se o correto seria a posição adotada pela recorrente, 8426, ou aquela atribuída pela fiscalização, 8705, tendo em vista o suposto erro na classificação fiscal. II.1 Aplicação de solução de consulta à DI Segundo as alegações trazidas pela contribuinte recorrente, à época do registro da importação, o entendimento da SRF, expressado em solução de consultas, era no Fl. 879DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 9 8 sentido de que o produto importado objeto da autuação classificavase no Capítulo 84, exatamente como lançado na DI registrada. Pois bem. Até a publicação da Solução de Divergência nº 8, de 15 de setembro de 2009, o entendimento da administração fiscal com relação a correta classificação dos bens importados pela recorrente, seguiam aquele expresso na Solução de Consulta nº 16, de 17 de abril de 2008, observese: “ASSUNTO: Classificação de Mercadorias EMENTA: CÓDIGO TEC 8426.41.90 Guindastes Pneumáticos Autopropulsados, marca registrada Truck Crane XCMGQY50K e 65K, tipo Truck Crane com 5 seções de lança de perfil, comando hidráulico tipo "joystick", com bomba hidráulica de operação com "load sensing", avançadas válvulas pilotadas e motores hidráulicos de pistões e vazão variável utilizadas para içar e movimentar cargas, denominadas comercialmente "Guindastes Telescópico XCMGQY50K" e "Guindastes Telescópico Hidráulico 50 e 65 toneladas", fabricado por GTM Máquinas & Equipamentos – Xuzhou Construction Machinery. DISPOSITIVOS LEGAIS: RGI 1ª (Texto da Posição 8426), RGI 6ª (Texto da Subposição 8426.41), e RGC1, da TECDecreto nº 2376/1997, com as alterações introduzidas pela INSRF nº 697/2006, em vigor desde 1º de janeiro de 2007, e com as atualizações efetuadas pela Resolução CAMEX nº 07, de 1º de março de 2007”. O guindaste tratado na solução de consulta transcrita acima tem as mesmas características daqueles que foram acobertados pela DI que ensejou o lançamento o lançamento ora analisado. Somente com a publicação da Solução de Divergência nº 8, é que houve a mudança de entendimento da administração tributária quanto a classificação fiscal do mesmo bem importado pela recorrente, vejamos: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 8, DE 12 DE SETEMBRO DE 2008 ASSUNTO: Classificação de Mercadorias Reforma da Solução de Consulta nº 026/2008 SRRF/ 7ªRF/Diana, de 17 de abril de 2008 e Reforma da Solução de Divergência nº 6 Coana, de 7 de julho de 2008. Mercadorias: Caminhãoguindaste autopropulsor marca registrada Truck Crane XCMGQY65K, tipo Truck Crane, com haste telescópica de altura extensível até 42m, capacidade máxima de levantamento de 65 toneladas, contendo dois eixos direcionáveis, consistindo em veículo para usos especiais, com chassi de caminhão, motor de propulsão, caixa e dispositivos de mudança de marchas, órgãos de direção e de travagem, comportando duas cabines, sendo uma para acionar o Fl. 880DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 10 9 deslocamento do veículo e outra para operação do guindaste, denominado comercialmente "Guindaste telescópico XCMGQY65K" e "Guindaste Telescópico Hidráulico 65 toneladas", fabricado por GTMMáquinas & Equipamentos Xuzhou Construction Machinery classificase no código 8705.10.10 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) constante da Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução Camex no 43, de 22 de dezembro de 2006, republicada em 9 de janeiro de 2007, com alterações posteriores. Caminhãoguindaste autopropulsor marca registrada Truck Crane XCMGQY50K, tipo Truck Crane, com haste telescópica de altura extensível até 40,1m, capacidade máxima de levantamento de 50 toneladas, contendo dois eixos direcionáveis, consistindo em veículo para usos especiais, com chassi de caminhão, motor de propulsão, caixa e dispositivos de mudança de marchas, órgãos de direção e de travagem, comportando duas cabines, sendo uma para acionar o deslocamento do veículo e outra para operação do guindaste, denominado comercialmente "Guindaste telescópico XCMGQY50K" e "Guindaste Telescópico Hidráulico 50 toneladas", GTMMáquinas & Equipamentos Xuzhou Construction Machinery classificase no código 8705.10.90 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) constante da Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução Camex no 43, de 22 de dezembro de 2006, republicada em 9 de janeiro de 2007, com alterações posteriores. Dispositivos Legais: RGI1 (textos da posição 87.05 e da Nota 1), alínea "l" da Seção XVI), RGI6 (texto da subposição 8705.10) e RGC1 (texto dos subitens 8705.10.10 e 8705.10.90) da Tarifa Externa Comum (TEC) aprovada pela Resolução Camex no 43, de 22 de dezembro de 2006, republicada em 9 de janeiro de 2007, com alterações posteriores, com os subsídios fornecidos para a posição 87.05 pelas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), aprovadas no Brasil pelo Decreto no 435, de 27 de janeiro de 1992, com a versão atual aprovada pela IN RFB no 807, de 11 de janeiro de 2008, por força da delegação de competência outorgada pelo art. 1o da Portaria MF no 91, de 24 de janeiro de 1994”. Em que pese, em tese, ser a consulta destinada somente ao consulente, no que se refere a consulta quanto a classificação na NCM, entendo que tal premissa não pode ser dada como verdadeira. Não há dúvidas que as soluções de consultas feitas por um contribuinte, quanto a classificação fiscal de determinada mercadoria, servem de parâmetro para outros que importam o mesmo produto. Essa é a interpretação que se chega quando nos debruçamos sobre o que dispõe o § 4º, do art. 50, da Lei nº 9.430/96: “§ 4º O envio de conclusões decorrentes de decisões proferidas em processos de consulta sobre classificação de mercadorias, para órgãos do Mercado Comum do Sul MERCOSUL, será Fl. 881DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 11 10 efetuado exclusivamente pelo órgão de que trata o inciso I do § 1º do art. 48”. Vale dizer, se as soluções de consulta, relacionadas a classificação de mercadorias importadas, não servissem de direcionamento para terceiros além do consulente, não haveria razão para o envio de suas conclusões aos órgãos do Mercosul, conforme determina o dispositivo acima. Desta forma, concluo que até a publicação da Solução de Divergência nº 8, todas a soluções de consulta que classificavam a mercadoria importada pela recorrente na posição 84 da NCM, davam sustentação às importações realizadas pela contribuinte, razão pela qual a DI objeto do presente processo, não deve ser autuada, com o consequente cancelamento dos lançamentos referente a ela. Contudo, o colegiado por maioria de votos, concluindo no mesmo sentido do acima esposado, nos termos das razões abaixo, exposta em declaração de voto, pelo I. Conselheiro Corintho Oliveira Machado, entendeu que para as DI's registradas até setembro de 2008, o § 4º do art. 50 da Lei nº 9.430/96 apenas diz de quem é a competência para enviar as conclusões decorrentes de decisões proferidas em processos de consulta sobre classificação de mercadorias, para órgãos do Mercado Comum do Sul MERCOSUL, e não denota que tais conclusões são aplicáveis automaticamente para terceiros, sendo necessário, para tanto, constar de ato específico de caráter geral, nos termos do §5º do artigo 16 da revogada IN RFB nº 740/2007, ou a partir de 09/05/2014, data de publicação da IN RFB nº 1.464/2014, que estipulou em seus artigos 151, §1º do 27 e 322, a aplicação do efeito vinculante no âmbito da RFB e respaldo a qualquer sujeito passivo, independentemente de ser o consulente. As afirmações feitas acima são corroboradas pelo resultado da Diligência solicitada pela Resolução nº 3202000.047. Destaco o item 5.2 do relatório feito pelo IPT em atendimento ao pedido de diligência, vejamos: 5.2 Análise da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) De acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), da Tarifa Externa Comum (TEC) e das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), temse na posição e subposição. 84.26 Cabreas; guindastes, incluídos os de cabo; pontes rolantes, pórticos de descarga ou de movimentação, pontes guindastes, carrospórticos e carrosguindastes. 84.26.1 Pontes e vigas, rolantes, pórticos, pontesguindastes e carros pórticos; 84.26.11 Pontes e vigas, rolantes, de suportes finos 84.26.12 Pórticos móveis de pneumáticos e carrospórticos. 1 Art. 15. A Solução de Consulta, a partir da data de sua publicação, tem efeito vinculante no âmbito da RFB e respalda qualquer sujeito passivo que a aplicar, independentemente de ser o consulente, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento. 2 Art. 32. O disposto no art. 15 e no § 1º do art. 27 aplicase somente às Soluções de Consulta e às Soluções de Divergência publicadas a partir da entrada em vigor desta Instrução Normativa. Fl. 882DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 12 11 84.26.19 Outros 84.26.20 Guindastes de torre 84.26.30 Guindastes de pórtico 84.26.4 Outras máquinas e aparelhos, autopropulsados: 84.26.41 de pneumáticos. 84.26.41.10 Com deslocamento em sentido longitudinal, transversal e diagonal (tipo caranguejo) com capacidade de carga superior ou igual a 60 toneladas. 84.26.41.90 Outros Assim, pelas Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado, Regra 3a, é verificado que para os "Guindastes Rodoviários" também chamados de "Guindastes de Pneumáticos Autopropulsados", a classificação fiscal NCM 84.26.41 90 é a mais específica e prevalece sobre as mais genéricas, sendo assim a mais adequada de acordo com os textos das posições. As notas explicativas do sistema harmonizado, ainda enfatizam na sua Seção XVI, posição 84.26 (Anexo G) que nesta posição são classificados os aparelhos autopropulsores, nos quais a infraestrutura motriz, os dispositivos de comando, os órgãos de trabalho, bem como os dispositivos de manobra são especialmente concebidos uns para os outros, de modo a formar um conjunto mecânico homogêneo. Assim são classificados nesta posição os aparelhos simplesmente autopropulsores, nos quais um ou vários dos mecanismos de propulsão ou de comando, se encontrem reunidos na cabina do aparelho de elevação e de movimentação (mais frequentemente um guindaste) montado em chassi com rodas mesmo que este conjunto possa circular pelos seus próprios meios (Anexo G). Os "Guindastes Rodoviários" em questão possuem chave de ignição e acelerador do motor diesel, que é único, também na "Cabina de Comando da Lança" e estão integrados com seus outros comandos, como mostrado no seu manual de operação (Anexo D). A NESH informa ainda que os guindastes desta posição, geralmente não se deslocam carregados ou apenas efetuam nesta situação, deslocamentos de pequena amplitude que desempenham um papel auxiliar em relação à função de elevação que os caracteriza. Continuando a análise das posições temos: 84.26.49 Outros (não de pneumáticos). 84.26.9 Outras máquinas e aparelhos 84.26.99 Outros Fl. 883DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 13 12 84.27 Empilhadeiras; outros veículos para movimentação de carga e semelhantes, equipados com dispositivos de elevação. 84.28 Outras máquinas e aparelhos de elevação de carga, de descarga ou de movimentação (por exemplo: elevadores, escadas rolantes transportadores, teleféricos). 84.29 Máquinas para escavação, bulldozers, angledozers. 84.30 Outras máquinas para terraplenagem ou perfuração da terra. 85 Máquinas e aparelhos e materiais elétricos. 86 Veículos e material para vias férreas. 87 Veículos automóveis, tratores, ciclos e outros veículos terrestres, suas partes e acessórios. 87.1 Tratores 87.2 Veículos automóveis para transporte de 10 pessoas ou mais, incluindo c motorista. 87.3 Automóveis de passageiros. 87.4 Caminhões para transporte de cargas. 87.05 Veículos automóveis para usos especiais (por exemplo: autosocorros, caminhões guindastes, veículos de combate a incêndios, caminhõesbetoneiras, veículos para varrer, etc), exceto os concebidos principalmente para transporte de pessoas ou de mercadorias. 87.05.10 caminhões guindastes Caminhõesguindastes de acordo com a Seção XVM, 87.05, item7, da NESH, são veículos não destinados ao transporte de mercadorias, constituídos por um chassi de veículo automóvel com cabina sobre o qual está instalado, em caráter permanente, um guindaste rotativo (Anexo G). Desta forma para ser um caminhãoguindaste sempre deverá existir um chassi de veiculo automóvel (caminhão) com cabina, sobre o qual está instalado o guindaste, com sua estrutura, cabina e lança, como mostrado no Anexo E, onde são apresentados alguns caminhõesguindastes e num deles, a separação entre o caminhão e o guindaste pode ser bem percebida pela pintura do chassi do caminhão que aparece na cor vermelha enquanto a base estrutural do guindaste aparece sem pintura. Os caminhões mostrados nas Fotos n° 18, 19, 20 e 21 do Anexo A, são caminhões de transporte, que possuem um guindaste para auxiliar no seu carregamento e descarga, e sua classificação deve ser 87.04. Fl. 884DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 14 13 Os "Guindastes de Pneumáticos Autopropulsados" em questão, possuem estruturas das bases telescópicas das sapatas hidráulicas, abaixo da estrutura do guindaste, como mostrado no Anexo A, fotos de números 9, 11 e 13 enquanto que nos caminhõesguindastes, estas estruturas das bases telescópicas das sapatas, estão instaladas sobre os chassis dos caminhões. Os "Guindastes de Pneumáticos Autopropulsados" em questão não são montados sobre caminhões, mas são guindastes que possuem mais uma cabina e rodas com pneumáticos para poderem se deslocar para os diversos locais de operação, sem que dependam de carretas transportadoras, podendo trafegar em rodovias normais, pois o número de eixos foi projetado para atender a lei da balança, e eles podem trafegar com velocidade de até 75 km/h Já o guindaste do tipo "Guindaste Autopropelido RT" mostrado na Foto 17 do Anexo A, não tem licença para trafegar em "Rodovias", (RT significa Rough Terrain, possui rodas para fora de estrada e é demasiado lento) tem de ser transportado em "carretas" para o seu local de operação. Assim o "Guindaste Rodoviário" modelo QY40K da XCMG da Xuzhou Construction Machinery Group deve ser classificado no Sistema Harmonizado em 84.26.41.90. Nesse sentido, após a resposta a todos os quesitos formulados pelas partes envolvidas na presente demanda, o laudo apresentado pelo IPT chegou a seguinte conclusão: 8 CONCLUSÃO É parecer deste Instituto que o "Guindaste de Pneumáticos Autopropulsado", também chamado de "Guindaste Rodoviário" modelo "QY40K", da "XCMG Xuzhou Construction Machinery Group de Xuzhou, Jiangsu, P R China, descrito no item 2 e de acordo com as análises e considerações dos itens 5 e 6 deste Parecer, deve ser classificado como: carro guindaste, autopropulsado, de pneumáticos posição 84.26.41.90 de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), da Tarifa Externa Comum (TEC) e das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH). Conforme podemos observar, o laudo elaborado em resposta a Resolução, afasta a interpretação dada pela Solução de Divergência nº 8, de 12 de setembro de 2008, entendimento utilizado para a manutenção do lançamento tributário, de modo que a classificação correta para o equipamento importado pela recorrente é na posição 84.26. Desta forma, a classificação lançadas nas DI's achase correta e, consequentemente, o lançamentos referentes às diferenças de II, PIS/Cofins e da multa de 1% por erro na classificação fiscal dever ser afastados. Entretanto, o colegiado, por maioria, nos termos das razões abaixo, exposta em declaração de voto, pelo I. Conselheiro Corintho Oliveira Machado, não acatou o entendimento esposado por este relator, em razão de que a parte do Laudo elaborado pelo IPT, em atendimento ao pedido de diligência, que deve ser levada em consideração, e serve para sufragar a classificação fiscal ofertada pela recorrente, é tão somente a que responde aos Fl. 885DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 15 14 quesitos propostos pelo colegiado do CARF, relativos à identificação da mercadoria, sem adentrar no mérito da classificação fiscal, tarefa exclusiva dos julgadores. Assim, os fundamentos para a classificação fiscal na posição 8426 (aparelhos autopropulsores); e não na 8705 (veículos automóveis para usos especiais) são os seguintes itens dos laudos juntados: 6 QUESITOS 6.1 Resposta aos Quesitos do Processo n° 10314.000146/200911 Resolução CARF n° 3101000.253 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária de 25 de setembro de 2012 a) Tratase de "caminhão guindaste", não destinado ao transporte de mercadorias constituído por um verdadeiro chassi de veículo automóvel ou de caminhão, com cabina sobre o qual está instalado, em caráter permanente, um guindaste rotativo, e que reúne ele próprio, no mínimo, os seguintes órgãos mecânicos: motor de propulsão, caixa e dispositivos de mudança de velocidade, órgãos de direção e frenagem (travagem); ou Resposta ao Quesito a): Não. Não é um ''caminhão guindaste" como definido na NESH Seção XVII, pos 87.05, item 7, porque não possui um "Chassi de veículo automóvel com cabina sobre o qual estaria instalado um guindaste rotativo" ou melhor, não existe um caminhão sob o guindaste, existe apenas o guindaste com as rodas e cabina de translação, fixadas diretamente em sua estrutura, juntamente com um único motor Diesel, para a execução das duas funções, de elevação de carga e de translação. Tratase de um "Guindaste de Pneumáticos Autopropulsado" também chamado de "Guindaste Rodoviário", e descrito como guindaste telescópico hidráulico autopropulsado, acionado por motor diesel, próprio para elevação e movimentação de cargas, dentro de um raio máximo permitido para cada peso, de acordo com sua lança e estando com os 5 estabilizadores (Outriggers) totalmente estendidos, apoiados em solo firme. É um Guindaste Rodoviário, porque pode trafegar em rodovias, sem carga quando necessita se deslocar para prestar serviços em diferentes localidades. b) Tratase de "guindaste autopropulsor'', no qual um ou vários dos mecanismos de propulsão ou de comando se encontrem reunidos na cabine do aparelho de elevação ou de movimentação montado em chassi com rodas, cujo chassi e instrumentos de trabalho sejam especialmente concebidos um para o outro de modo a formar um conjunto mecânico homogêneo que não pode ser utilizado para outros fins e que pode possuir mecanismos automóveis essenciais que lhe permita circular pelos seus próprios meios; ou Resposta ao Quesito b): Sim. O "guindaste autopropulsor" <modelo do equipamento>, aqui analisado, é um "Guindaste Rodoviário", também chamado de "Guindaste de Pneumáticos Autopropulsado", porque possui a cabine de comando de translação, com infraestrutura motriz contendo dispositivos essenciais de comando da propulsão, juntamente com a cabine de comando da elevação, contendo os dispositivos de comando do içamento sendo ambas fixadas diretamente na estrutura de suporte do guindaste, que possui rodas de pneumáticos e um só motor comum para as duas cabines especialmente concebidas de modo a formar um conjunto mecânico homogêneo que não pode ser utilizado para outros fins e que lhe permite circular por seus próprios meios. Assim o motor sendo único no guindaste, ele é o mesmo utilizado para elevação de carga e para a translação do guindaste. Desta forma para as operações do guindaste, tanto a cabine do aparelho de elevação como a cabine do comando da translação, estão equipadas com mecanismos de comando deste motor, como mostrado no item 5.1 do Parecer e de acordo com a NESH Seção XVI posição 84 26.41. Fl. 886DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 16 15 c) Tratandose de outra mercadoria, que não as duas opções anteriores, descrevêla detalhadamente, a fim de permitir a sua definição. Resposta ao Quesito c): O <modelo do equipamento> tratase do "Guindaste Rodoviário", ou o também chamado 'Guindaste de Pneumáticos Autopropulsado", definido no Quesito b), cuja a principal função é a elevação e movimentação de carga pela sua lança dentro dos limites especificados em seu catálogo, que especifica um raio máximo para cada peso. O catálogo ainda enfatiza que o guindaste para esta função, deverá estar apoiado sobre os 5 estabilizadores (Outriggers) totalmente estendidos e sobre um solo firme. (nesta situação os pneumáticos ficam praticamente suspensos). A função secundária é a de autodeslocamento dirigido e sem carga, podendo transitar em rodovias, sem ter necessidade de ser transportado por carretas. II.2 Multa de importação de Mercadoria sem LI A autuação fiscal também imputa à recorrente a penalidade por importação desacompanhada de LI, pois ao entender o auditor fiscal que a classificação correta dos bens importados seria a 8705, que exige a licença não automática, a importação teria se dado sem a LI, então obrigatória. Em suas alegações a contribuinte recorrente informou que a Licença de Importação, na classificação 8426, se deu de modo automático e, por tal razão, com a reclassificação que teria sido feito de forma equivocada, não haveria motivo para o lançamento. Como visto no tópico anterior, a classificação utilizada pela recorrente no preenchimento de suas DI's estava correta e, assim, não há que se falar em falta de licença de importação, vez que o código 8426 a dispensa, fato esse que leva também ao afastamento da multa por falta de LI. III Conclusão Por todo o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e darlhe integral provimento. É como voto. (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator. Fl. 887DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 17 16 Declaração de Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado No que tange às questões relacionadas Aplicação de solução de consulta às DI's registradas até setembro de 2008 e, II.2 Das DI's registradas após 15 de setembro de 2008, em que pese concordar com o resultado do voto do I. Relator José Renato Pereira de Deus, peço vênia para divergir quanto às razões expostas, por entender que as essas devem ser fundadas em outros subsídios. O que passo a discorrer sobre o meu entendimento. Aplicação de solução de consulta às DI's registradas até setembro de 2008 Entendo que para as DI's registradas até setembro de 2008, o § 4º do art. 50 da Lei nº 9.430/96 apenas diz de quem é a competência para enviar as conclusões decorrentes de decisões proferidas em processos de consulta sobre classificação de mercadorias, para órgãos do Mercado Comum do Sul MERCOSUL, e não denota que tais conclusões são aplicáveis automaticamente para terceiros, sendo necessário, para tanto, constar de ato específico de caráter geral, nos termos do §5º do artigo 16 da revogada IN RFB nº 740/2007, ou a partir de 09/05/2014, data de publicação da IN RFB nº 1.464/2014, que estipulou em seus artigos 153, §1º do 27 e 324, a aplicação do efeito vinculante no âmbito da RFB e respaldo a qualquer sujeito passivo, independentemente de ser o consulente. Das DI's registradas após 15 de setembro de 2008 Entendo a parte do Laudo elaborado pelo IPT, em atendimento ao pedido de diligência, que deve ser levada em consideração, e serve para sufragar a classificação fiscal ofertada pela recorrente, é tão somente a que responde aos quesitos propostos pelo colegiado do CARF, relativos à identificação da mercadoria, sem adentrar no mérito da classificação fiscal, tarefa exclusiva dos julgadores. Assim, os fundamentos para a classificação fiscal na posição 8426 (aparelhos autopropulsores); e não na 8705 (veículos automóveis para usos especiais) são os seguintes itens dos laudos juntados: 6 QUESITOS 6.1 Resposta aos Quesitos do Processo n° 10314.000146/200911 Resolução CARF n° 3101000.253 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária de 25 de setembro de 2012 a) Tratase de "caminhão guindaste", não destinado ao transporte de mercadorias constituído por um verdadeiro chassi de veículo automóvel ou de caminhão, com cabina sobre o qual está instalado, em caráter permanente, um guindaste rotativo, e que reúne ele próprio, no mínimo, os seguintes órgãos mecânicos: motor de propulsão, caixa e dispositivos de mudança de velocidade, órgãos de direção e frenagem (travagem); ou 3 Art. 15. A Solução de Consulta, a partir da data de sua publicação, tem efeito vinculante no âmbito da RFB e respalda qualquer sujeito passivo que a aplicar, independentemente de ser o consulente, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento. 4 Art. 32. O disposto no art. 15 e no § 1º do art. 27 aplicase somente às Soluções de Consulta e às Soluções de Divergência publicadas a partir da entrada em vigor desta Instrução Normativa. Fl. 888DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 18 17 Resposta ao Quesito a): Não. Não é um ''caminhão guindaste" como definido na NESH Seção XVII, pos 87.05, item 7, porque não possui um "Chassi de veículo automóvel com cabina sobre o qual estaria instalado um guindaste rotativo" ou melhor, não existe um caminhão sob o guindaste, existe apenas o guindaste com as rodas e cabina de translação, fixadas diretamente em sua estrutura, juntamente com um único motor Diesel, para a execução das duas funções, de elevação de carga e de translação. Tratase de um "Guindaste de Pneumáticos Autopropulsado" também chamado de "Guindaste Rodoviário", e descrito como guindaste telescópico hidráulico autopropulsado, acionado por motor diesel, próprio para elevação e movimentação de cargas, dentro de um raio máximo permitido para cada peso, de acordo com sua lança e estando com os 5 estabilizadores (Outriggers) totalmente estendidos, apoiados em solo firme. É um Guindaste Rodoviário, porque pode trafegar em rodovias, sem carga quando necessita se deslocar para prestar serviços em diferentes localidades. b) Tratase de "guindaste autopropulsor'', no qual um ou vários dos mecanismos de propulsão ou de comando se encontrem reunidos na cabine do aparelho de elevação ou de movimentação montado em chassi com rodas, cujo chassi e instrumentos de trabalho sejam especialmente concebidos um para o outro de modo a formar um conjunto mecânico homogêneo que não pode ser utilizado para outros fins e que pode possuir mecanismos automóveis essenciais que lhe permita circular pelos seus próprios meios; ou Resposta ao Quesito b): Sim. O "guindaste autopropulsor" <modelo do equipamento>, aqui analisado, é um "Guindaste Rodoviário", também chamado de "Guindaste de Pneumáticos Autopropulsado", porque possui a cabine de comando de translação, com infraestrutura motriz contendo dispositivos essenciais de comando da propulsão, juntamente com a cabine de comando da elevação, contendo os dispositivos de comando do içamento sendo ambas fixadas diretamente na estrutura de suporte do guindaste, que possui rodas de pneumáticos e um só motor comum para as duas cabines especialmente concebidas de modo a formar um conjunto mecânico homogêneo que não pode ser utilizado para outros fins e que lhe permite circular por seus próprios meios. Assim o motor sendo único no guindaste, ele é o mesmo utilizado para elevação de carga e para a translação do guindaste. Desta forma para as operações do guindaste, tanto a cabine do aparelho de elevação como a cabine do comando da translação, estão equipadas com mecanismos de comando deste motor, como mostrado no item 5.1 do Parecer e de acordo com a NESH Seção XVI posição 84 26.41. c) Tratandose de outra mercadoria, que não as duas opções anteriores, descrevêla detalhadamente, a fim de permitir a sua definição. Resposta ao Quesito c): O <modelo do equipamento> tratase do "Guindaste Rodoviário", ou o também chamado 'Guindaste de Pneumáticos Autopropulsado", definido no Quesito b), cuja a principal função é a elevação e movimentação de carga pela sua lança dentro dos limites especificados em seu catálogo, que especifica um raio máximo para cada peso. O catálogo ainda enfatiza que o guindaste para esta função, deverá estar apoiado sobre os 5 estabilizadores (Outriggers) totalmente estendidos e sobre um solo firme. (nesta situação os pneumáticos ficam praticamente suspensos). A função secundária é a de autodeslocamento dirigido e sem carga, podendo transitar em rodovias, sem ter necessidade de ser transportado por carretas. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 889DF CARF MF Processo nº 19675.000486/200675 Acórdão n.º 3302006.325 S3C3T2 Fl. 19 18 Corintho Oliveira Machado Fl. 890DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.902714/2010-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
RESTITUIÇÃO. REQUISITO.
O direito à restituição pressupõe a existência de créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN).
Numero da decisão: 3201-004.468
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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RESTITUIÇÃO Recorrente AMAZONAS DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 RESTITUIÇÃO. REQUISITO. O direito à restituição pressupõe a existência de créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido de restituição de PIS, cumulado com compensação de débitos próprios, apurado em dezembro de 2002. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 27 14 /2 01 0- 69 Fl. 610DF CARF MF 2 Por bem retratar os fatos constatados nos autos, passamos a transcrever o Relatório da decisão de primeira instância administrativa: Tratase de pedido de restituição de PIS/Pasep, referente ao período de apuração acima citado, juntamente com declaração de compensação, feito através do PER/DCOMP de fls. 01/05 (final 1007), sob alegação de pagamento indevido através do DARF descrito na fl. 03. 2. A DRF/Manaus/AM indeferiu o pleito através do Despacho Decisório de fl. 06, sob a seguinte alegação: “A partir das características do(s) DARF discriminado(s) no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos sem saldo reconhecido para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP.”. 3. Conforme informações complementares da análise do crédito (fl. 07), o DARF utilizado neste processo já foi integralmente utilizado no PER/DCOMP 23948.15545.101204.1.3.041028, cuja compensação foi homologada com reconhecimento integral do direito creditório. 4. Cientificada em 18.10.2010 (AR fl. 10), a interessada apresentou, tempestivamente, em 16.11.2010, manifestação de inconformidade (fls. 12/14) na qual alega haver utilizado no citado PER/DCOMP apenas o valor de R$ 180.478,12, restando saldo de R$ 564.436,24 para utilização na presente compensação. Esclarece que “O único equívoco da contribuinte foi deixar de informar na PER/DCOMP sob exame que parte do crédito já havia sido utilizado em PER/DCOMP anterior, o que não compromete a sua higidez”. 5. Na análise da manifestação, foi verificada a possibilidade da manifestante realmente ter direito ao crédito, sendo o processo remetido em diligência, nos termos da Resolução de fls. 58/59. 6. Para a análise da contribuição devida no período e apuração do eventual crédito pleiteado, a fiscalização requereu os seguintes documentos: “1.1 – Arquivos Magnéticos de Vendas, devidamente autenticados pelo Sistema de Validação e Autenticação – SVA – onde seja possível apurar o Faturamento / Base de Cálculo do Tributo Devido. 1.2 – Arquivos Magnéticos de Compras, devidamente autenticados pelo Sistema de Validação e Autenticação – SVA – onde seja possível apurar os Valores das Compras / Base de Cálculo dos Créditos descontados do Montante Devido. 1.3 Apresentar Memória de Cálculo, onde fique demonstrado de forma didática e inequívoca o montante do Credito Tributário pleiteado. 1.4 Apresentar Demonstrativo, onde fique explicitado de forma didática e inequívoca a utilização/vinculação (PER/DCOMPs) do Crédito Tributário aos Respectivos Débitos Compensados.” Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10283.902714/201069 Acórdão n.º 3201004.468 S3C2T1 Fl. 611 3 7. Em resposta, a empresa apresentou folhas de balancete referente a dezembro de 2002 e planilha com memória de cálculo. 8. A fiscalização deu por encerrada a diligência sem reconhecimento do crédito, tendo em vista a não apresentação dos documentos requeridos (fls. 157/158). 9. Cientificada em 08.01.2015 (fl. 164), a interessada apresentou, em 30.01.2015, suas considerações (fls. 166/170), onde aponta dificuldade para atendimento da intimação, julgando que através do balancete apresentado e da memória de cálculo de fl. 147, seria possível a verificação da contribuição devida e do saldo credor. Para tal, apresenta excertos de julgados do CARF. A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém julgou improcedente a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/BEL n.º 01 31.535, de 24/11/2015 (fls. 279 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. Diferentemente da hipótese de lançamento de ofício, em que o Fisco deve comprovar a infração cometida, no caso de pedido de restituição ou ressarcimento cabe à parte interessada, que pleiteia o crédito, provar que possui o direito invocado. Assim, ao efetuar o pedido, deve dispor a empresa dos elementos de prova que sustentarão seu pleito, sem o que será indeferido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário de fls. 289 e ss., por meio do qual alega, em apertada síntese: Decadência Ao buscar investigar a base de cálculo declarada em 2002, a DRJ contrariou o prazo decadencial de cinco anos. Força probante do balancete Em decisão proferida pelo CARF, o balancete é prova suficiente e segura do direito creditório. A autoridade fiscal somente pode contestálo de forma fundamentada. Para que não restem dúvidas, anexa cópia do detalhamento do Livro Razão, sumarizadas no balancete apresentado. Fl. 612DF CARF MF 4 Ao final, requer a nulidade da decisão da DRJ, em virtude da extrapolação dos limites da lide e da inovação da peça acusatória e da decadência em relação ao PIS declarado em 2002. Caso assim não se entenda, requer a realização de nova diligência, com o efetivo exame do balancete e dos documentos acostados. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso deve ser conhecido. A Recorrente apresentou e teve indeferido pedido eletrônico de restituição de crédito decorrente de pagamento a maior de PIS, apurado em dezembro de 2002, com compensação de débitos próprios, ao fundamento de que o crédito que se pretendia compensar já estava alocado para quitação de débito do mesmo contribuinte. Na manifestação de inconformidade, a Recorrente alegou "haver utilizado no citado PER/DCOMP apenas o valor de R$ 180.478,12, restando saldo de R$ 564.436,24 para utilização na presente compensação. Esclarece que "único equívoco da contribuinte foi deixar de informar na PER/DCOMP sob exame que parte do crédito já havia sido utilizado em PER/DCOMP anterior, o que não compromete a sua higidez". Diante de algumas inconsistências, a DRJ baixou os autos em diligência. Eis os fundamentos da decisão: FUNDAMENTAÇÃO 6. De fato, nas informações complementares da análise do crédito (fl. 07), o Sistema de Controle de Crédito (SCC) atesta o uso de apenas R$ 182.979,83 no PER/DCOMP de final 1028, constando no documento elaborado pela empresa na época saldo de R$ 564.436,24 para utilização futura. 7. Na DCTF do período, tanto a retificadora em vigor, quanto à anterior, apontam para uma vinculação dos débitos confessados com créditos, sem saldo a pagar. Chama atenção apenas a redução do débito apurado de uma para a outra (R$ 1.550.818,21 para R$ 200.661,05). 8. Em consulta ao sistema Sief/PER/DCOMP, vêse que, além dos dois documentos citados, ainda constam dois outros que também utilizam o crédito de PIS/Pasep do último período de 2002 (41701.83685.291205.1.3.046491 e 01699.64246.220306.1.3.049073). 9. Assim, diante das inconsistências acima apontadas fazse necessária a verificação do real saldo credor de PIS/Pasep no período (12/2002), bem como, no caso de haver crédito a ser utilizado, a análise conjunta das compensações que utilizam o crédito em questão. Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10283.902714/201069 Acórdão n.º 3201004.468 S3C2T1 Fl. 612 5 Daí requereu a DRJ que a unidade preparadora procedesse à análise do crédito referente ao PIS/Pasep do mês de dezembro de 2002, objeto dos PER/DCOMP citados, juntamente com as compensações efetivadas, e apresentasse quaisquer outras informações e anexasse outros documentos que considerasse úteis ou necessários ao julgamento do presente feito. Segundo a Informação Fiscal de fls. 157/158 (datado de 07/01/2015), embora tenha apresentado alguns documentos – é o que se disse –, a Recorrente não atendeu ao que lhe fora solicitado. Nesse contexto, a DRJ proferiu o acórdão recorrido, negando provimento à manifestação de inconformidade. Entendemos, diferente do que se deu noutro processo da mesma Recorrente, também julgado nesta mesma sessão, que os autos estão maduros para julgamento, não havendo a necessidade de dilação probatória. É que, não obstante intimada da diligência, a Recorrente promoveu a entrega somente do balancete e de uma planilha em que estariam os valores dos créditos e débitos do período, embora a intimação fosse cristalina a respeito dos dados solicitados (fls. 60 e ss.): Itens a serem atendidos: 1. Apresentar a Documentação Contábil e Fiscal que comprove a apuração do Credito Tributário relativo ao PIS/Pasep (8109) – Período de Apuração 12/2002. 1.1 – Arquivos Magnéticos de Vendas, devidamente autenticados pelo Sistema de Validação e Autenticação – SVA – onde seja possível apurar o Faturamento / Base de Calculo do Tributo Devido. 1.2 – Arquivos Magnéticos de Compras, devidamente autenticados pelo Sistema de Validação e Autenticação – SVA – onde seja possível apurar os Valores das Compras / Base de Calculo dos Créditos descontados do Montante Devido. 1.3 Apresentar Memória de Cálculo, onde fique demonstrado de forma didática e inequívoca o montante do Credito Tributário pleiteado. 1.4 Apresentar Demonstrativo, onde fique explicitado de forma didática e inequívoca a utilização/vinculação (PER/DCOMPs) do Crédito Tributário aos Respectivos Débitos Compensados. 2. A presente Intimação não é exaustiva, outros documentos poderão ser solicitados no curso da análise para elucidação do presente trabalho fiscal; 3. Outros documentos e/ou informações que o Contribuinte julgar necessários para o perfeito deslinde do Processo. A justificativa para a não entrega de qualquer dos documentos requeridos ou esclarecimentos solicitados, deverá ser feito por escrito pelo representante legal da Pessoa Jurídica ou Procurador devidamente qualificado. Fl. 614DF CARF MF 6 Caso o Contribuinte necessite de maiores esclarecimentos a respeito do que se requer no presente Termo de Intimação Fiscal ou qualquer outro tema relacionado ao Processo em Tela, deverá dirigirse ao endereço constante no rodapé, em horário previamente agendado com o Auditor Fiscal titular do Termo de Intimação Fiscal. (g.n.) Vejam que, ao final, a intimação traz, inclusive, a possibilidade de a Recorrente dirimir dúvidas, se acaso existentes, a respeito do que lhe fora solicitado. No entanto, limitouse a entregar o balancete e a planilha antes referida, desacompanhados dos documentos requeridos na intimação. E os motivos da insuficiência de tais documentos para a comprovação do crédito – que também entendemos aplicável ao Livro Razão (anexado ao recurso voluntário) – foram muito bem explanados no acórdão recorrido, motivo pelo qual os adotamos aqui como razão de decidir: 10. O balancete é um relatório contábil no qual são relacionadas todas as contas movimentadas e que apresentem saldo no dia de sua elaboração. O balanço patrimonial é posterior ao balancete e se diferencia por não relacionar as contas de resultado (receitas, custos e despesas). Apresenta no lugar dessas contas o lucro ou prejuízo, determinado pelo confronto entre as receitas e despesas. 11. Incabível o entendimento de que unicamente através do balancete e da planilha, sem a apresentação dos dados e da documentação de suporte a esses documentos, conforme requerido pela Unidade, seria possível a apreciação do direito creditório. 12. Vêse que a empresa simplesmente não consegue apresentar provas da correta apuração da contribuição devida no período, justificando a existência do crédito alegado. Dessa forma, cumpre lembrar que, diferentemente da hipótese de lançamento de ofício, em que o Fisco deve comprovar a infração cometida, no caso de pedido de restituição ou ressarcimento cabe à parte interessada, que pleiteia o crédito, provar que possui o direito invocado. Assim, ao efetuar o pedido, deve dispor a empresa dos elementos de prova que sustentarão seu pleito, sem o que será indeferido. (g.n.) Não há, ademais, a alegada "decadência" para a análise do direito creditório pleiteado. O que há é a homologação tácita das compensações, se o PER/DCOMP não for analisado no prazo de cinco anos a contar da data de sua entrega, nos termos do art. 74, § 5º, da Lei nº 9.430, de 1996, fato que, no caso, não se verificou. Portanto, nada de nulo há no acórdão recorrido, notadamente quando se abriu espaço para a Recorrente comprovar o seu direito, mediante a entrega dos documentos solicitados na diligência. Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10283.902714/201069 Acórdão n.º 3201004.468 S3C2T1 Fl. 613 7 Por fim, cabe ainda destacar que, como se sabe, os créditos a serem restituídos devem ser comprovados quanto ao direito (certo) e quanto ao valor (líquido). Não por outra razão, o art. 925 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), ao tratar da prova, atribui ao contribuinte, em tais casos1, o ônus de proválos: Seção VIII Da Prova Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, §1º). Ônus da Prova Art. 924. Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, §2º). Inversão do Ônus da Prova Art. 925. O disposto no artigo anterior não se aplica aos casos em que a lei, por disposição especial, atribua ao contribuinte o ônus da prova de fatos registrados na sua escrituração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, §3º). (g.n.) Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 616DF CARF MF 8 Fl. 617DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11075.001521/2008-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO. PRODUTO CLASSIFICADO NA TIPI COMO NT. SUMULA CARF 124.
A produção e a exportação de produtos classificados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) como "não-tributados" não geram direito ao crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996.
Numero da decisão: 3401-005.415
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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EXPORTAÇÃO. PRODUTO CLASSIFICADO NA TIPI COMO NT. SUMULA CARF 124. A produção e a exportação de produtos classificados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) como "nãotributados" não geram direito ao crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges (suplente convocado), Tiago Guerra Machado, Lazaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 5. 00 15 21 /2 00 8- 92 Fl. 121DF CARF MF Processo nº 11075.001521/200892 Acórdão n.º 3401005.415 S3C4T1 Fl. 3 2 Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ/POA, que não reconheceu o direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Dos Fatos A Contribuinte requereu o ressarcimento de crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/1996, apurado no período 2º Trimestre de 2007 no valor de R$ 25.157,65 através da PER/DCOMP nº 09050.89623.100707.1.3.011720. Com parte desse crédito, através da Declaração de Compensação nº 09050.89623.100707.1.3.011720 realizou a compensação de CSLL do 2º Trimestre de 2007 no valor de R$ 1.017,99; através da Declaração de Compensação nº 41039.59179.171007.1.3.012057 realizou a compensação IRPJ do 3º Trimestre de 2007 no valor de R$ 3.365.26 e CSLL do 3º Trimestre de 2007 no valor de R$ 3.028,73; através da Declaração de Compensação nº 35906.49531.230408.1.3.01 1004 realizou a compensação IRPJ do 1º Trimestre de 2008 no valor de R$ 3.238,90 e CSLL do 1º Trimestre de 2008 no valor de R$ 2.915,01. O requerimento da interessada foi recepcionado pela DRF de Uruguaiana/RS que procedeu diligencia para verificar a exatidão dos créditos de IPI declarados, com observância dos artigos 16 a 20 da IN SRF 600/05. As fls. 44 a 53 juntou Parecer Fiscal concluindo que não assiste direito ao Sujeito Passivo à apuração do crédito presumido de IPI, pois da análise documental realizada, dos produtos destinados ao exterior, foram especificados na TIPI como Não Tributados (NT). Pela ausência do direito deixou de examinar a correição do quantum do crédito apurado pela Interessada. Do Despacho Decisório A DRF de Uruguaiana proferiu Despacho Decisório (efls.56), seguindo orientação do Parecer Fiscal, não reconhecendo do direito creditório e por consequência não homologando as compensações realizadas através das declarações apresentadas, determinando a cobrança dos débitos indevidamente compensados. Da Manifestação de Inconformidade Inconformada com a resposta a ela endereçada, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade da qual se destaca os seguintes pontos: (i) que “As Leis 9.363/96 e 10.276/01, que instituíram o Crédito Presumido de IPI, visando ressarcir o PIS e COFINS incidentes na cadeia produtiva destes produtos, não impôs qualquer condicionante que tais produtos fossem tributados pelo IPI na saída, visto que o objetivo desoneração da cadeia produtiva em face de incidência das contribuições para o PIS e a COFINS independe da tributação de IPI na etapa final. (ii) o direito ao crédito presumido de IPI nos termos estabelecidos pela Lei nº 9.363/1996 já foi objeto de análise pela CSRF, com decisões favoráveis ao contribuinte, conforme se extrai dos acórdãos CSRF/0202.189 e CSRF/02.02.191; (iii) não havendo na norma qualquer imposição condicionante de que o produto exportado seja tributado pelo IPI, requer a reforma da decisão recorrida, com reconhecimento do direito ao crédito e deferida as compensações realizadas. Do Julgamento de Primeiro Grau A 3ª Turma da DRJ/POA julgou improcedente a manifestação de inconformidade e ratificou em sua integralidade o Despacho Decisório nos termos da ementa assim elaborada: Fl. 122DF CARF MF Processo nº 11075.001521/200892 Acórdão n.º 3401005.415 S3C4T1 Fl. 4 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ¬ IPI Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NT. A exportação de produtos que estão enquadrados na Tabela de Incidência do IPI como NT, não gera direito ao crédito presumido do IPI. Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário contra a decisão de primeiro grau, com o intuito de ver seu pedido atendido. Repisa os fatos e argumentos da manifestação de inconformidade, em sua literalidade e pugna por seu acolhimento, julgandose ao final, procedente o pleito. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A contribuinte, com base em seus registros fiscais, ingressou com pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, nos termos conferidos pela Lei nº 9.363 de 13 de dezembro de 1996, instituído para compensar valores de PIS e COFINS incidentes sobre as aquisições, no mercado interno, de Matéria Prima, Produto Intermediário e Material de Embalagem, utilizados no processo produtivo de produtos destinados ao mercado externo. Estabelece a Lei nº 9.363/96: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (...) Fl. 123DF CARF MF Processo nº 11075.001521/200892 Acórdão n.º 3401005.415 S3C4T1 Fl. 5 4 Art. 2o A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. § 1o O crédito fiscal será o resultado da aplicação do percentual de 5,37% sobre a base de cálculo definida neste artigo. (Vide Lei nº 10.637, de 2002) Vimos, portanto, que a mencionada lei contempla um incentivo fiscal e assim deverá ser tratada, respeitando a literalidade de seus termos, a fim de se evitar eventual prejuízo as partes por falha de interpretação, mesmo que se adote suporte conceitual de outros dispositivos legais. Partindo do texto da Lei nº 9.363/96, art. 1º, temos que quem faz jus ao crédito presumido de IPI é o produtor e exportador de mercadorias nacionais, tendo por finalidade a compensação do PIS e COFINS incidentes nas operações de aquisições, no mercado interno, de MP, PI e ME, para utilização no processo produtivo. Já a forma de se calcular o crédito presumido de IPI, art. 2º da Lei nº 9.363/96, dividese em três partes: a 1ª é estabelecer o percentual correspondente a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor/exportador; a 2ª é fazer incidir o percentual encontrado na 1ª etapa sobre o valor total das aquisições de MP, PI e ME adquiridas no mercado interno, cujo resultado podemos chamar de base de cálculo; e a 3ª é aplicar o percentual previsto no § 1º (5,37%) sobre a base de cálculo encontrada na 2ª etapa. O ponto central no presente processo em que persiste a lide está voltada única e exclusivamente para a classificação do produto exportado na TIPI como não tributado (NT), que para o fisco é fator determinante para o indeferimento do pedido de crédito e por conseqüência a não homologação das compensações praticadas. Para a Recorrente esse fato é irrelevante, bastando o produto exportado ter passado pelo processo de industrialização, já que o crédito presumido de IPI objetiva compensar a incidência do PIS e da COFINS em operação de aquisição de insumos para o processo industrial. O fisco em toda sua análise, muito bem elaborada, faz relação do direito ao crédito de IPI nas aquisições de insumos (MP, PI e ME), com a saída dos produtos industrializados submetidos à incidência do imposto. Sendo o produto aqui envolvido especificado na TIPI como NT, retira do produtor o direito ao correspondente crédito, transformando o produto especificado como NT – Não Tributado em sinônimo de produto NI – Não Industrializado. Comparandose o entendimento do fisco com a norma que trata do crédito presumido de IPI, vêse que são coisas completamente distintas. Não há vinculação ou relação de débito e crédito de IPI, débito incidente sobre o produto final e crédito pela entrada dos insumos. O benefício que a lei denominou de “crédito presumido de IPI”, só tem IPI no nome, sua finalidade é a de ressarcir PIS e COFINS incidente na aquisição de insumos e desonerar a cadeia produtiva com relação aos produtos industrializados destinados ao exterior do país. A questão específica da classificação dos produtos envolvidos, "soja, milho e Trigo", de serem beneficiados e aparecerem da TIPI como "NT", é consenso entre as partes. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 11075.001521/200892 Acórdão n.º 3401005.415 S3C4T1 Fl. 6 5 Porém, toda essa celeuma relacionada as bases de convencimento tanto do fisco quanto da recorrente, perdem relevância, face à nova posição do CARF em relação ao direito ao crédito presumido de IPI na exportação de produtos classificados na TIPI como NT. Como mencionado foi publicado novas Súmulas do CARF e dentre elas está a de nº 124, vinculante aos órgãos julgadores administrativos, impondo sua aplicação sob pena de insubordinação hierárquica. Vejamos o teor da respectiva Súmula: Súmula CARF nº 124 A produção e a exportação de produtos classificados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) como "nãotributados" não geram direito ao crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996. Independentemente das teses levantadas pelas partes e seus convencimentos quanto ao direito ou não de crédito presumido de IPI sobre as operações realizadas, ou ainda, da jurisprudência administrativa presente até então no CARF, passa a prevalecer a aplicação da Súmula acima transcrita. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 125DF CARF MF
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Numero do processo: 15940.720188/2012-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008
PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
Indefere-se o pedido de perícia que deixe de atender os requisitos legais e que se refira à questão cuja elucidação dependa apenas de apresentação de documentos.
DECADÊNCIA. DOLO COMPROVADO. IRPJ. CSLL. IRRF.
O direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação em que o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, extingue-se no prazo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Regra do art. 173, I, do CTN.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados.
OPERAÇÃO NÃO COMPROVADA. PAGAMENTO SEM CAUSA. REFLEXOS NO IRRF.
Estão sujeitos à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, os pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiros, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa.
ESTIMATIVAS. LANÇAMENTO DE MULTA ISOLADA CUMULATIVAMENTE COM A MULTA DE OFÍCIO SOBRE O TRIBUTO. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. ABSORÇÃO INTEGRAL. PROCEDÊNCIA
Tratando-se de lançamento de penalidade sobre um mesmo ato praticado, aplicável o princípio da consunção, segundo o qual o valor da penalidade imputada à infração mais grave absorve a penalidade imputada à infração menos grave até o limite daquele valor lançado.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA.
Caracterizado o intuito de fraudar o fisco, correta a aplicação da multa no percentual de 150%.
INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO.
Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente.
Numero da decisão: 1401-003.005
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e de decadência. No mérito, por maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso apenas para excluir a multa isolada aplicada em relação à ausência de pagamentos de IRPJ e CSLL por estimativa. Vencidos os Conselheiros Cláudio de Andrade Camerano, Lizandro Rodrigues de Sousa e Luiz Augusto de Souza Gonçalves que lhe negaram provimento na íntegra.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Claudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente) e Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado).
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de perícia que deixe de atender os requisitos legais e que se refira à questão cuja elucidação dependa apenas de apresentação de documentos. DECADÊNCIA. DOLO COMPROVADO. IRPJ. CSLL. IRRF. O direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação em que o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, extinguese no prazo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Regra do art. 173, I, do CTN. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. OPERAÇÃO NÃO COMPROVADA. PAGAMENTO SEM CAUSA. REFLEXOS NO IRRF. Estão sujeitos à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, os pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiros, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. ESTIMATIVAS. LANÇAMENTO DE MULTA ISOLADA CUMULATIVAMENTE COM A MULTA DE OFÍCIO SOBRE O TRIBUTO. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. ABSORÇÃO INTEGRAL. PROCEDÊNCIA Tratandose de lançamento de penalidade sobre um mesmo ato praticado, aplicável o princípio da consunção, segundo o qual o valor da penalidade imputada à infração mais grave absorve a penalidade imputada à infração menos grave até o limite daquele valor lançado. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 94 0. 72 01 88 /2 01 2- 13 Fl. 3179DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.180 2 Caracterizado o intuito de fraudar o fisco, correta a aplicação da multa no percentual de 150%. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as arguições de nulidade e de decadência. No mérito, por maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso apenas para excluir a multa isolada aplicada em relação à ausência de pagamentos de IRPJ e CSLL por estimativa. Vencidos os Conselheiros Cláudio de Andrade Camerano, Lizandro Rodrigues de Sousa e Luiz Augusto de Souza Gonçalves que lhe negaram provimento na íntegra. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Claudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente) e Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado). Relatório Peço venia aos colegas de turma para transcrever o relatório do acórdão do recurso voluntário anteriormente proferido. A empresa recorreu do Acórdão nº 1440.860, exarado pela 3ª Turma da DRJ/RPO (fls. 2737/2756), que decidiu julgar integralmente procedente o lançamento tributário lavrado para a exigência de IRPJ e reflexos, relativos aos anoscalendários de 2007 e 2008, cuja ementa transcrevemos abaixo: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário:2007, 2008 GLOSA DE CUSTOS. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. Fl. 3180DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.181 3 A falta de comprovação da operação justifica a glosa de custos suportados por notas fiscais reputadas inidôneas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário:2007, 2008 OPERAÇÃO NÃO COMPROVADA. PAGAMENTO SEM CAUSA. Estão sujeitos à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, os pagamentos efetuados ou recursos entregues a terceiros, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 DECADÊNCIA. DOLO COMPROVADO. IRPJ. CSLL. IRRF. O direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação em que o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, extinguese no prazo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA ISOLADA. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para lançamento da multa isolada por falta de antecipação mensal do IRPJ e CSLL é o previsto no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. É cabível a aplicação simultânea da multa isolada por falta ou insuficiência do recolhimento das antecipações mensais das estimativas e da multa proporcional ao tributo exigido no auto de infração. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Caracterizado o intuito de fraudar o fisco, correta a aplicação da multa no percentual de 150%. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Aplicase à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal em face da estreita relação de causa e efeito. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de perícia que deixe de atender os requisitos legais e que se refira à questão cuja elucidação dependa apenas de apresentação de documentos. MULTA. EQUIDADE. Falece competência às autoridades julgadoras para dispensar, por equidade, a multa devida. Fl. 3181DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.182 4 SUSTENTAÇÃO ORAL. Inexiste previsão legal, na esfera do julgamento administrativo de primeira instância, para oferecimento de sustentação oral. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido”. O relatório da DRJ pode ser assim sintetizado: Contra a empresa foram lavrados os autos de infração que se prestaram a exigir o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ e respectivos consectários legais, como também a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, ambos relativos a fatos geradores ocorridos nos anos calendário 2007 e 2008. A razão da autuação ocorreu em detrimento do entendimento por parte da autoridade autuante da existência de contabilização de documentos inidôneos, com consequente glosa dos custos da empresa. Neste sentido, também se exigiu o IRRF, incidente sobre pagamentos sem causa ou de operações não comprovadas. Relatou a autoridade fiscal no Termo de Verificação e Conclusão Fiscal (definido pelo próprio fiscal como TVF) que, em cumprimento do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) 08105002010001849, constatouse que durante o 3° e 4° trimestres do anocalendário de 2007 e 1°, 2°, 3° e 4° trimestres do anocalendário de 2008, a contribuinte se utilizou aquisições de insumos e despesas incorridas para obter benefícios fiscais do PIS e da Cofins, nos termos das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03. O agente fiscal constatou que a empresa/contribuinte adquiriu matéria prima do fornecedor de couro Rubens Batista do Amaral Rancharia nos anos calendário de 2007 e 2008, no total de R$ 11.587.358,00. Com informações fornecidas pela Secretaria da Fazenda Estadual SP, constatouse que o fornecedor Rubens Batista do Amaral Rancharia foi declarado inexistente de fato desde o início das atividades, embasado no processo administrativo n° 10835.720681/201128, e que não houve contestação do citado contribuinte a respeito dessa declaração. Feitos pagamentos pela empresa ao fornecedor Rubens Batista, mediante emissão de cheques que foram compensados na conta da contribuinte, mas não foram levados a efeito na conta do fornecedor, uma vez que, segundo os sistemas informatizados da RFB, não foi feito nenhum registro de Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira (Dimof) para aquele fornecedor. Referidos pagamentos pelas supostas compras de couro foram feitos a Octávio Pellin Júnior, que não mantém relação empregatícia, laboral, autônoma ou societária com qualquer das partes (fornecedor e comprador). Fl. 3182DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.183 5 A empresa/contribuinte declarou que os pagamentos foram efetivados ao Sr. Octávio, tendo em vista autorização do Sr. Rubens. Contudo, em algumas dessas autorizações não se tem o reconhecimento da assinatura do autorizante, conforme se vê nos pagamentos da nota 47312, de 18/02/2007, efetuados mediante emissão dos cheques 120709 e 120710, do Banco do Brasil. Os valores relativos aos pagamentos efetivados à empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia, objeto das glosas dos pedidos de ressarcimentos do PIS e da Cofins, foram considerados pagamentos efetuados sem comprovação da operação ou causa, sendo redutores de custo das mercadorias e produtos vendidos, dando azo a resultado tributável diferente do declarado pela contribuinte. Tendo em vista a apropriação no custo de valores constantes de notas fiscais inidôneas, foi alterada a composição dos balancetes de redução/suspensão que embasaram a apuração do recolhimento por estimativa. Foram refeitos os cálculos e, consequentemente, nos meses em que foi apurado resultado positivo, foram cobrados valores relativos à multa isolada do IRPJ e CSLL, na forma prescrita no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Foram lançados o IRPJ, a CSLL e IRRF com exigência da multa de 150%, tendo em vista a utilização de notas fiscais inidôneas como custo. Foi lavrada Representação Fiscal para Fins Penais. A empresa/contribuinte ingressou com impugnação. Alegou que ocorreu a decadência com relação ao período anterior a 27/12/2007, data em que teve ciência da autuação. Alegou glosa indevida das competências de janeiro a junho de 2007 por terem sido excluídos pagamentos indevidos feitos pela impugnante à empresa "Rubens" no período de janeiro a abril de 2008. Acontece que nos Termos de Verificação e Conclusão Fiscal, no item VII, foram relacionadas como excluídas somente as notas fiscais emitidas a partir de 02/07/2007, mais especificamente a partir da nota fiscal n° 64.164. Alegou que os valores glosados pelo autuante a título de IRPJ, CSLL e IRRF ou utilizados para recálculo da base estimada para aplicação da multa regulamentar pelo não recolhimento do IRPJ e CSLL estimados relativos ao período de janeiro a junho de 2007 não foram identificados pelo fisco, sendo, assim, ilegal a glosa. Alegou que a prova da acusação, em especial a clara delimitação dos fatos que estão ensejando a cobrança de imposto ou aplicação de multa, cabe ao fisco sob pena de insubsistência da autuação, já que impossibilita a defesa da contribuinte, cerceando o seu direito de defesa e afrontando os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Fl. 3183DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.184 6 Isto ocorreu em razão da cobrança dos tributos ou recálculo da base estimada no período de janeiro a junho de 2007. Alegou que os pagamentos efetuados à empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia pelas aquisições de mercadorias foram efetivamente realizados. Alegou que o fundamento do fisco foi dizer que o fornecedor foi declarado inexistente de fato através do processo n° 10835.720681/201128, sendo este fato de completo desconhecimento da empresa até porque o fisco não juntou tal documento aos autos. Alegou que o agente fiscalizador falou em diligências, citou a empresa "Rubens", a falta de declarações do imposto de renda pessoa jurídica, mas não juntou qualquer prova documental, tendo juntado somente uma declaração assinada pelo Sr. Rubens informando que os documentos solicitados estavam em poder do fisco estadual e que ele paralisou suas atividades a aproximadamente 5 anos. Alegou que a declaração do Sr. Rubens confirmaria que a empresa dele operava e quanto ao prazo de aproximadamente 5 anos, tal prazo foi colocado de maneira genérica, já que as operações feitas com o impugnante até abril/2008, ou seja, 4 anos antes, estavam todas amparadas por notas fiscais emitidas pela empresa Rubens e tiveram seus pagamentos retirados pelo próprio Sr. Rubens ou por terceiro para o qual havia notificação de cessão. À fl. 25 do parecer do Fisco Estadual consta que foram encontradas, na sede da empresa Rubens, cópias de cheques emitidos pela contribuinte e comprovantes de depósitos na conta corrente da mesma, o que ratifica a veracidade das operações entre as empresas. Alegou que a autuação está desprovida de qualquer prova, já que somente cita processos, diligências e outros documentos sem trazêlos aos autos do presente processo administrativo. E que a declaração de inexistência no âmbito federal somente ocorreu em 11/05/2012, quase cinco depois dos anoscalendário fiscalizados. Alegou que durante todo o período em que adquiriu mercadorias da citada empresa, sua situação cadastral era de Ativa e Habilitado, conforme se comprova das consultas efetuadas no Sintegra em 06/10/2006, 17/10/2007 e 03/03/2008, sendo todas anteriores às operações (fls. 2180/2182). Alegou que as mercadorias entraram no estabelecimento da impugnante, tendo as notas fiscais sido registradas no "Registro de Entradas". O próprio autuante, à fl. 8 de seu termo de verificação e conclusão fiscal relativo a glosa de créditos, afirmou que as operações de exportação relativas às mercadorias objeto do crédito analisado efetivamente ocorreram. Se ocorreu exportação é conclusão lógica que o couro comprado dos fornecedores, entre eles da empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia, efetivamente entrou no estabelecimento da impugnante, a fim de serem curtidos e, posteriormente, comercializados. Fl. 3184DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.185 7 Assim, seria ilegal a glosa dos custos de aquisição dessas mercadorias. Alegou que os pagamentos estão comprovados pelos documentos anexados, efetuados por meio de emissão de cheques da própria impugnante entregues para Rubens ou de pessoa por ela indicada, sendo emitido o competente recibo de retirada do cheque e quitação da duplicata. O fato de tais cheques não terem sido supostamente depositados na conta do fornecedor não é motivo legal para a afirmação de que se trata de pagamentos sem comprovação ou causa, já que o art. 82, parágrafo único da Lei n° 9.430/96 exige a prova de que o pagamento ocorreu e não de que o pagamento ocorreu para o próprio fornecedor. Alegou que não prospera a alegação do fisco de que a cessão de crédito feita pela empresa "Rubens" ao Sr. Octávio não seguiu os ditames legais. Competia ao autuante solicitar à empresa Rubens ou ao cessionário a apresentação dos termos de cessão de crédito que formalizaram entre si, não podendo presumir que tais documentos não existiam. Alegou que é ilegal a cobrança do IRRF, pois os pagamentos ocorreram como decorrência das notas fiscais da empresa "Rubens" e isto vem provado pela contabilidade. Alegou que é ilegal a imposição da multa isolada pelo não recolhimento do IRPJ e CSLL estimados quando já findo o respectivo exercício em que não foram recolhidos. Ora, se a base para a incidência da multa isolada é o valor da antecipação, com o final do exercício e apuração do real valor devido a título de IRPJ e CSLL, tal base já não existe mais. E como já foi exigida a multa sobre o IRPJ e CSLL devidos no final do exercício, não se pode aplicar a multa sobre o valor das estimativas não pagas, já que os valores estimados não são tributos autônomos e definitivos. Alegou que há erro de fundamentação na aplicação da multa de 150%, vez que o fisco afirmou que a empresa havia utilizado notas fiscais da empresa "Rubens" para buscar ressarcimento do PIS e da Cofins, bem como aproveitar tais valores como custos em suas declarações do IRPJ, apurando lucro tributável menor que o efetivamente devido, o que culminou em prejuízo para a Fazenda Pública Federal. Segundo o art. 44 da Lei n° 9.430/1996, para aplicação da referida multa deve ficar configurado o evidente intuito de fraude, no intuito doloso de suprimir ou retardar o pagamento de tributo. Dessa forma, a multa deveria ser reduzida ou relevada. Solicitou a realização de perícia contábil, para se provar a entrada das mercadorias adquiridas no estabelecimento da impugnante, bem como seus pagamentos. Fl. 3185DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.186 8 Também, requereu o direito de realizar sustentação oral perante o Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A DRJ proferiu voto, aduzindo suscintamente que: “Decadência. (...) Por conseguinte, efetuado o pagamento antecipado do imposto a que se refere o art. 150 do CTN, sem dolo, fraude ou simulação, e a Fazenda Pública não vier, dentro do prazo de 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, expressamente homologar o lançamento, este será considerado tacitamente homologado, e definitivo e bom o pagamento antecipado. Há que se observar, entretanto, que o prazo à homologação, de 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, não se aplica, de qualquer forma, à espécie dos autos por estar caracterizada a ocorrência de fraude, como ficará demonstrada mais adiante na análise da multa qualificada, o que desloca a contagem do prazo decadencial para o art. 173, I, do CTN, iniciando a sua contagem no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Quanto ao IRPJ e CSLL em que houve apuração anual do tributo, o fato gerador ocorreu em 31/12/2007, iniciandose a contagem do prazo decadencial em 01/01/2009, encerrando em 31/12/2013. Com relação ao IRRF, cujo fato gerador mais antigo é o mês de janeiro de 2007, verificase que a contagem do prazo decadencial iniciouse em 01/01/2008 e encerrouse em 31/12/2012. Tendo a ciência dos autos de infração ocorrido em 27/12/2012, verificase que não ocorreu a decadência do direito de lançar o IRPJ, CSLL e o IRRF. Quanto à multa isolada aplicada sobre a insuficiência de pagamento das estimativas de julho a dezembro de 2007, aplicase a regra geral da decadência prevista no art. 173, inciso I, do CTN, iniciando a contagem do prazo de decadência em 01/01/2008 e encerrandose em 31/12/2012. Uma vez que o sujeito passivo foi cientificado do lançamento em 27/12/2012, não se acolhe a arguição de decadência. Cerceamento do Direito de Defesa. A contribuinte alega que o processo n° 10835.720681/201128 é de total desconhecimento da impugnante, já que não foi acostado ao presente processo, não podendo ser utilizado como prova para eventual autuação, pois não lhe foi oportunizado seu contraditório. (...) Constam no processo todas as informações dos fatos ocorridos e das constatações feitas pela fiscalização que levaram à declaração de Fl. 3186DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.187 9 inexistência de fato da empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia (processo n° 10835.720681/201128). A contribuinte teve acesso a todas as informações constantes dos autos e não houve restrição ao seu direito de contestar a exigência lançada ou de apresentar provas, como se percebe pelo teor e pela tempestividade de sua impugnação, que revela que houve pleno conhecimento dos termos da autuação e da infração que lhe foi imputada. (...) Com relação à alegação de que houve glosa indevida das competências de janeiro a junho de 2007 e foram excluídos supostos pagamentos indevidos feitos pela impugnante à empresa "Rubens" no período de janeiro de 2007 a abril de 2008, bem assim que, nos Termos de Verificação e Conclusão Fiscal, no item VII, foram relacionadas como excluídas somente as notas fiscais emitidas a partir de 02/07/2007, é improcedente. Constam às fls. 116 a 556 as cópias das notas fiscais inidôneas e dos pagamentos efetuados no período de janeiro a junho de 2007, cujos totais mensais foram relacionados no TVF às fls. 2002, 2095/2097 e nos demonstrativos de fls. 2011/2012. Neles foram especificados os valores das supostas aquisições que foram glosados e o cálculo das estimativas não recolhidas. (...) Mérito. No mérito, tratase de analisar glosa de custos em face de a contribuinte ter se utilizado de notas fiscais inidôneas e de tributação de pagamentos efetuados sem comprovação da operação ou de sua causa. Consta no presente processo que a Secretaria da Fazenda Estadual, mediante o cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão Domiciliar autorizado pela justiça, obteve documentos que comprovam que no local declarado como sede da empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia o seu titular mantém escritório no qual gera pseudoempresas com atividade de frigorífico e/ou de comercialização de carne bovina e demais produtos e subprodutos do abate, cujos impressos de notas fiscais se prestam a acobertar operações de venda de carne e de couros bovinos efetivamente realizadas por terceiros e a transferir crédito de ICMS para os estabelecimentos destinatários de forma que os verdadeiros titulares das operações permanecem no anonimato e sem a responsabilidade pelos tributos estaduais e federais incidentes. Tal situação foi devidamente comprovada por inúmeros documentos apreendidos pelo fisco no curso de ação fiscal empreendida, conjuntamente com o Ministério Público Estadual e com a Polícia Civil, junto ao estabelecimento do contribuinte Rubens Batista do Amaral Rancharia, bem assim na residência do seu titular e na sede do estabelecimento comercial não inscrito no cadastro de contribuintes do ICMS, situado no sítio Estrela de Davi, no município de Pirapozinho SP., que tem como sócio e administrador o Sr. Octávio Pellin Júnior. (grifo nosso) Fl. 3187DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.188 10 A empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia não exercia efetivamente a atividade declarada em seus registros comerciais e fiscais (frigorífico, abate de bovinos), mas sim a de emitir documentos fiscais para acobertar operações com mercadorias realizadas por terceiras empresas, recebendo, para tanto, vantagem financeira indevida representada por pagamento de determinada importância por parte da empresa adquirente do referido documento fiscal. (grifo nosso) Os documentos apreendidos demonstram as formas utilizadas para remunerar o Sr. Rubens Batista do Amaral pela emissão e fornecimento de notas fiscais em seu nome, as quais eram utilizadas pelo estabelecimento não inscrito no cadastro de contribuintes do ICMS, pertencentes a Octávio Pellin Júnior e Luiz Fernando de Oliveira, controladores da empresa de fato, denominada Mega Couros Campany. (...) (...) Citada fornecedora, apesar de ter movimentado expressivo volume de mercadorias nos anos fiscalizados, não possui e jamais possuiu em seu nome qualquer tipo de veículo de carga, que fosse utilizado no transporte dessas mercadorias, como era de se esperar. (grifo nosso) O Sr. Rubens Batista do Amaral, titular da fornecedora Rubens Batista do Amaral Rancharia, participou do quadro societário da "empresa" Frigorífico São Matheus Ltda. (posteriormente alterada para Card Alimentos Ltda.), a qual, apesar de ter sua inscrição estadual cassada, a partir de 03/10/2001, em face da comprovada simulação de existência do estabelecimento, continuou a emitir notas fiscais para supostas operações de compra e venda de mercadorias. (grifo nosso) (...) Temse, assim, que há elementos suficientes nos autos que atestam a inidoneidade da documentação fiscal emitida pela empresa fornecedora da contribuinte. (grifo nosso) Em geral, provada, por todos os meios juridicamente admitidos (circunstâncias constatadas em diligências/fiscalizações ou por consulta em sistemas informáticos), a inexistência de fato de uma empresa supostamente fornecedora com elementos probatórios relevantes, a documentação fiscal pode ser afastada como tributariamente ineficaz, independentemente da declaração de inidoneidade em ato oficial adequado (provocada por representação fiscal elaborada pelo agente fiscal). Se os elementos de prova forem suficientes para a caracterização da inidoneidade dos documentos fiscais, não é necessário que se aguarde a declaração de aptidão pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal. O feito pode, em tais condições, ser imediato, devendo, inclusive, ser levado em conta o princípio da livre formação da convicção do julgador quanto à apreciação das provas constituídas (PAF, art. 29). No presente caso, ficou cabalmente constatado, por meio de diligências/fiscalizações feitas pelos fiscos estadual e federal e por Fl. 3188DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.189 11 documentos apreendidos (não somente por declaração feita pelo titular da empresa Rubens Batista do Amaral Rancharía), que a suposta fornecedora, apesar de ter emitido documentos que indicavam a movimentação de expressivo volume de mercadorias, mantinha apenas um escritório e não tinha condições para se constituir num estabelecimento frigorífico. (grifo nosso) Dessa forma, embora a citada empresa tenha sido declarada inexistente de fato em 2012, ficou comprovado que as notas fiscais desta não correspondiam à efetiva movimentação de mercadorias, cabendo à contribuinte, como adquirente das notas fiscais emitidas pela fornecedora contra a qual constam provas específicas da inidoneidade no período fiscalizado, o ônus de provar que a operação de compra efetivamente ocorreu. (grifo nosso) A contribuinte seria, em princípio, terceiro interessado no que tange à empresa emitente de notas fiscais inidôneas; contudo, a impugnante é o sujeito passivo contra o qual foi formalizada a exigência em cujo processo sobejam provas diretas e indiretas (indícios). Entretanto, como se trata de uma presunção legal relativa (juris tantum), que admite prova em contrário, a imposição poderia ser fulminada com a comprovação do pagamento e da internação das mercadorias. O que não ocorreu no presente caso. (grifo nosso) Da análise dos documentos apresentados na impugnação (doc.05) a única conclusão a que se chega é que houve a saída do numerário da conta corrente da contribuinte, como se vê dos extratos juntados ao processo. Os demais são documentos produzidos pela própria contribuinte (cópia de cheques, recibo de retirada de cheque, recibos, etc.) que não se prestam para fazer a comprovação do destinatário dos pagamentos e de que a operação de compra efetivamente ocorreu. A contribuinte alega que as mercadorias efetivamente entraram em seu estabelecimento, tendo as notas fiscais sido registradas no livro Registro de Entradas (doc.02) e Registro de Inventário (doc.03). Ora, o simples registro contábil das indigitadas notas fiscais não é suficiente. Não basta avaliar os registros da transação nos livros da contribuinte. É imprescindível a comprovação da efetividade das operações, do transporte das mercadorias, da sua entrada em seu estabelecimento e sua utilização no processo produtivo. Toda a transação pode, com base em documentação não eficaz, ser escriturada perfeitamente, sem erros ou vícios, mas o que se discute aqui é que, sendo a documentação ineficaz, a escrituração não é apta a surtir efeitos, a menos que a empresa comprove a operação e a entrada destas mercadorias em seu estabelecimento e seu destino. Os registros contábeis não provam o fato que deu suporte a eles. Fl. 3189DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.190 12 Ao contrário do que afirma a contribuinte, à fl. 25 do relatório do fisco estadual, consta que foram encontradas no estabelecimento comercial sem inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS (Mega Couros Company) não somente cópia de cheques emitidos pelo Curtume Touro tendo como beneficiária a empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia, mas também demonstrativos de pagamentos realizados à citada empresa pelo fornecimento de notas fiscais para acobertar operações de saídas de mercadorias, com menção de datas, notas fiscais, romaneios e valores. (grifo nosso) Quanto à alegação de que o próprio autuante afirma, no termo de verificação e conclusão fiscal relativo a glosa de créditos, que as operações de exportação efetivamente ocorreram, é improcedente. Verificase que o fisco apenas declarou que foram confirmados os registros de exportação efetuados no período analisado. Não se afirmou que as mercadorias que se diz adquiridas de Rubens Batista do Amaral Rancharia efetivamente entraram no estabelecimento da contribuinte. No que se refere aos pagamentos efetuados a terceiro, intimada a manifestarse,a contribuinte não justificou eventual relação de negócio entre o beneficiário dos créditos e a fornecedora, apta a amparar referidos pagamentos. Nada obsta a que os fornecedores solicitem que os pagamentos sejam carreados a terceiros. Em que pese o fato de a cessão de crédito independer da existência de negócio jurídico anterior (entre credor e outrem) que lhe dê lastro, é indispensável que se comprove a efetividade do negócio entre o cedente e o cessionário para que não se configure pagamento sem causa, sob a óptica da contribuinte, que figura na relação como devedor (cedido). Há que se registrar que as cessões de crédito, para ter eficácia perante terceiros, nos termos do art. 288 do Código Civil, reclamam sejam celebradas por instrumento público ou, no caso de instrumento particular, deverão conter os elementos referidos no art. 654, § 1° daquele diploma legal, a saber”: “Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrarse mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1° do art. 654. Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. § 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos”. “Ademais, para que os efeitos de tais transações transcendam as partes contratantes e sejam oponíveis a terceiros, é condição indispensável que Fl. 3190DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.191 13 sejam lançados no Registro de Títulos e Documentos, a teor do que prescreve a Lei de Registros Públicos”: “Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição: I dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações convencionais de qualquer valor; (...) Art.129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros: (...) (9°) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de subrogação e de dação em pagamento”. “No caso presente, da documentação acostada ao processo constatase existirem simples documentos de transferência, desprovidos dos requisitos anteriormente enumerados, o que não permite sua aceitação. Não é usual ou razoável que a maioria da movimentação de pagamentos se dê com relação a terceiros. Nada impede que a contribuinte realize pagamentos a terceiros por dívida mantida com fornecedores. Entretanto, no caso presente, os fatos constatados clamam pela comprovação de relação jurídica apta a justificar os referidos pagamentos. Dessa forma, ausente pressuposto fático justificador de pagamento a terceiros por cessão de crédito e a comprovação do efetivo recebimento dos produtos constantes dos documentos fiscais, não há reparo a ser feito ao lançamento tributário respectivo. Cabe, ainda, acrescentar que, em momento algum, se exigiu que a impugnante fiscalizasse a fornecedora. O Fisco deixou bem claro, quando formulou a acusação, que a empresa deduziu indevidamente custos, em razão da inexistência real das operações consignadas nas notas fiscais emitidas pela referida empresa. Tendo o autuante constatado irregularidades, cabe à empresa compradora (impugnante) comprovar a efetividade das operações, bem assim seu pagamento”. Triutação na fonte. Quanto à tributação do imposto de renda na fonte, dispõe a Lei n° 8.981/1995: “Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. § 1° A incidência prevista no caput aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2°, do art. 74 da Lei n° 8.383, de 1991”. (grifouse) Fl. 3191DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.192 14 (...) “A previsão do § 1° do citado artigo trata da tributação dos beneficiários dos rendimentos por meio da cobrança do imposto exclusivo na fonte, por ocasião do pagamento. Por isso, a contribuinte, tendo se utilizado de notas fiscais inidôneas para reduzir a base de cálculo do IRPJ e CSLL, mediante utilização de custos provenientes de pagamentos sem causa, sujeitouse a lançamento de ofício, (i) na condição de contribuinte, relativo à diferença do IRPJ e CSLL decorrentes da glosa de custo, e (ii) na condição de responsável, ao imposto de renda retido na fonte correspondente a pagamento realizado. In casu, a própria impugnante não contesta tenha havido saída de numerário da pessoa jurídica. Como tais saídas não se destinaram, pelos motivos já aqui mencionados, ao "fornecedor" Rubens Batista do Amaral Rancharia ou seja, houve pagamentos, mas não se comprova a operação ou a sua causa , restou à fiscalização exigir o imposto que deveria ter sido retido na fonte, em conformidade com o disposto no art. 61 da Lei n.° 8.981, de 1995. Multa de Ofício. Multa Isolada. Quanto à alegação de que a aplicação da multa isolada é ilegal, cabe transcrever a Lei n° 9.430, de 1996, art. 44: (...) A legislação transcrita é bastante clara a respeito da obrigatoriedade dos recolhimentos por estimativa, estabelecendo a multa pelo descumprimento dessa obrigação, na forma do inciso II, b, da lei acima citada. Devese registrar que a hipótese de incidência de cada uma das multas é distinta. A da multa isolada é a falta ou insuficiência de recolhimento das estimativas mensais devidas, ainda que se apure prejuízo fiscal ao fim do anocalendário, e a da multa proporcional é o lançamento de ofício do valor anual do IRPJ e CSLL que deixaram de ser recolhidos. (...) Multa qualificada. A fiscalização procedeu a glosa de custos, em virtude da constatação de contabilização de documentos inidôneos, referentes a aquisição de mercadorias de empresa considerada inidônea, por inexistência de fato. Durante a fiscalização, a contribuinte foi intimada a comprovar a realização das operações discriminadas nas citadas notas fiscais inidôneas e deixou de produzir a prova da entrada dos bens no estabelecimento, além dos respectivos pagamentos à suposta fornecedora”. (grifo nosso) Dispõe o art. 82, parágrafo único da Lei n° 9.430, de 1996: “Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Fl. 3192DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.193 15 Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços” (grifei). “Assim, ficando comprovada a inidoneidade das notas fiscais em questão, é ônus da contribuinte provar os pagamentos e o efetivo transporte e ingresso das mercadorias no seu estabelecimento. A mera escrituração das aquisições não é suficiente para provar o ingresso dos bens adquiridos nas dependências da empresa e o seu pagamento”. (grifo nosso) “Na fase impugnatória, a contribuinte também não apresenta qualquer documentação, se limitando a fazer alegações de que a empresa, à época dos fatos, tinha situação cadastral Ativa e Habilitado. Cabe esclarecer que este fato não desobriga a contribuinte de fazer a comprovação da efetiva operação, do ingresso das mercadorias no seu estabelecimento, bem como do seu efetivo pagamento. Tendo se utilizado de notas fiscais irregulares, não correspondentes à efetiva operação de compra de mercadorias, não há como acatar a alegação da contribuinte, ficando configurada a sua intenção de burlar a Administração Tributária, diminuindo ou eliminando débitos tributários, mediante o aproveitamento de custos fictícios, comportamento que sem dúvida se amolda às figuras da sonegação e da fraude, nos termos em que descritas nos art. 71 e 72 da Lei n.° 4.502, de 1964. Correta, portanto, a autoridade autuante ao aplicar a multa na forma qualificada (150%). (grifo nosso) Quanto à solicitação de cancelamento ou redução da multa, por aplicação do princípio da equidade, é descabida, pois tratase de multa de natureza punitiva e não moratória, cujos percentuais não são arbitrados pela autoridade administrativa. Decorrem de expressa previsão legal. (...) Inconstitucionalidade. Quanto às alegações de inconstitucionalidade da multa, os protestos da impugnante não se prestam para pautar a decisão deste colegiado, que tem sua atividade completamente vinculada à legislação vigente que rege a matéria objeto do procedimento fiscal impugnado. Isto porque não compete à autoridade julgadora afastar o direito positivado sob pretexto de alegados vícios de ilegalidade e inconstitucionalidade na sua gênese. (...) Perícia. Quanto ao pedido de perícia, o PAF, art. 16, IV e §1°, alterado pela Lei n° 8.748, de 9 de dezembro de 1993, determina que todo pedido de perícia deve indicar os motivos que o justifiquem e o perito do sujeito passivo. Caso contrário, o pedido deve ser considerado não formulado. Portanto não tem efeito o pedido de perícia da empresa. Fl. 3193DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.194 16 Ademais, a perícia é dispensável para o deslinde do presente julgamento, uma vez que se trata de matéria de prova a ser feita mediante a juntada de documentação, cuja guarda e conservação compete à própria interessada. Tributação reflexa. Com relação ao auto de infração reflexo (CSLL), sendo decorrente da mesma infração tributária que motivou a autuação relativa ao IRPJ (lançamento principal), deverá ser aplicada idêntica solução, em face da estreita relação de causa e efeito, até porque não foram trazidos pela impugnante argumentos específicos contra esses lançamentos. Nesse sentido, a Lei n° 9.249, de 1995, estabelece em seu art. 24 e § 2o: (...) Sustentação Oral. Quanto à solicitação para fazer sustentação oral, cumpre esclarecer que não existe, no âmbito da legislação processual tributária, previsão para a apresentação de defesa oral em julgamento de primeira instância. A manifestação do interessado se dá, tão somente, por escrito, nos termos do art. 15 do Decreto n° 70.235, de 1972, a saber: (...) Indeferese, pois, o pedido, que deve ser feito ao Carf se for apresentado recurso. Conclusão. Diante do exposto, voto por considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário tal como lançado”. Intimada em 10/04/2013 (fl. 2767), em 09/05/2013, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 2769 e segs.), o qual pode ser assim resumido: Que a decisão prolatada é completamente nula pois, mesmo demonstrado a sua necessidade, entendeu a Turma Julgadora em indeferir o pedido de perícia devidamente formalizado pelo recorrente. Quanto a decadência, restando claro a inexistência de fraude por parte do recorrente, aplicase no presente caso a norma prevista no artigo 150, §4°, do Código Tributário Nacional, que prescreve que o prazo decadencial de 05 (cinco) anos é contado do fato gerador. Cerceamento de defesa, já que referido processo administrativo (10835.720681/201128) é de total desconhecimento pelo recorrente, tanto que sequer fora acostado ao presente processo administrativo, não podendo, assim, ser utilizado com prova para eventual autuação, já que não foi oportunizado seu contraditório. Quanto a indevida glosa das competências de janeiro a Junho de 2007, não procede as alegações constantes na decisão atacada de que as mesmas são de conhecimento do recorrente. Conforme claramente explicado em sede de impugnação, o "Termo de Verificação e Conclusão Fiscal" elaborado pelo agente fiscalizador para dar suporte fático à autuação efetuada, mais Fl. 3194DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.195 17 precisamente no item VII, ao elencar as notas fiscais que estariam sendo objeto de exclusão, o fez somente com as notas fiscais emitidas a partir de 02/07/2007, mais especificamente a partir da nota fiscal n° 64.164. O lançamento fiscal se dá com a lavratura do auto de infração, e somente o que nele está descrito é que será alvo de glosa e cobrança. Por consequência, também é insubsistente a exclusão como custo dos supostos pagamentos efetuados sem comprovação da operação ou causa relativa ao período de 01 de Janeiro de 2007 a 30 de Junho de 2007 para apuração do recolhimento por estimativa do IRPJ e CSLL, devendo os Demonstrativos efetuados pelo agente fiscalizador serem refeitos . Quanto mérito, volta a afirmar que a fiscalização não juntou qualquer prova de fiscalização por ela realizada que evidenciasse a inexistência da empresa Rubens. Sobre o parecer do Fisco Estadual, reafirma que nele consta que, na sede da empresa Rubens, foram localizadas cópias de cheques emitidos pelo Curtume Touro e Comprovantes de depósitos na conta corrente do mesmo, o que ratificaria a veracidade das operações entre a recorrente e a empresa declarada inexistente. Reafirma que efetuava consulta da referida empresa no site da Receita Federal e no SINTEGRA/ICMS do Estado de São Paulo, sobre a situação cadastral dos fornecedores, e que durante todo o período em que mantiveram negócios, a empresa Rubens Batista do Amaral – Rancharia constava nos cadastros como Ativa e Habilitada (consultas efetuadas no Sintegra em 06/10/2006, 17/10/2007 e 03/03/2008 – fls. 2180/2182)). Que, as mercadorias deram efetiva entrada no estabelecimento da Recorrente (conforme registro de inventário disponibilizado), que os registros são sim provas do recebimento das mercadorias, já que são documentos exigidos em lei e cumulados com o controle de estoque, relembrando que o próprio agente fiscalizador, às fls. 8 de seu termo de verificação e conclusão fiscal, relativo a glosa de créditos, juntado ao presente auto, afirmou que as operações de exportação relativa às mercadorias objetos dos créditos analisados efetivamente ocorreram. Quanto a decisão dizer que a prova das operações deveria se dar através do transporte das mercadorias, se esqueceu de que consta a informação de que o transporte foi feito por caminhões do próprio recorrente. Ratifica que, se houve alguma negligência, essa foi do próprio fisco federal que, verificando em seu sistema situações de possível sonegação, deixou a empresa "Rubens" ativa e apta a operar de 1999 até 2011. Que essas decisões de inidoneidade geram efeitos apenas para as partes envolvidas no processo administrativo, não para o terceiro, in casu, a recorrente. Em relação a esta (recorrente), as decisões (de nulidade de inscrição estadual e/ou de inexistência no âmbito federal) são constitutivas, pois somente após a publicação da nulidade da inscrição estadual (que Fl. 3195DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.196 18 ocorreu em Agosto de 2008) e da declaração de inexistência no âmbito federal (que ocorreu em Maio de 2012) da empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia, é que tal empresa perdeu a habilitação para praticar operações mercantis. Invoca o princípio da boafé, garantido implicitamente por nossa Carta Magna, e reconhecido no artigo 82, §único, da Lei 9.430/96, a saber: "Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por essa pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização de serviços." Observa a Recorrente que os comprovantes de pagamento provam que o numerário saiu da conta corrente do recorrente e foi para a pessoa indicada pela empresa "Rubens", o Sr. Octávio Pellini Júnior. Também, que a decisão se baseou em suposições para afirmar que não foi elaborado o termo de cessão de crédito entre a empresa "Rubens" e o cessionário ou que tal termo não seguiu os ditames legais, vez que nada disto foi provado. No quesito IRRF, a recorrente argumentou que restou comprovado que os pagamentos foram efetuados para adimplir a compra das mercadorias adquiridas e constantes nas notas fiscais emitidas pela empresa “Rubens”. Se comprovada a operação (de compra de couros) e comprovado o destinatário (Sr. Octávio), não restam preenchidos os requisitos necessários para a incidência do IRRF prescrito no artigo 61 da lei 8.981/1995. Reafirma, sob os mesmos argumentos da impugnação, a ilegalidade da cobrança de multa isolada pela falta de recolhimento de IRPJ e CSLL estimados. Quanto à multa de 150%, reafirma a redação do artigo 44 da Lei 9.430/96, ou seja, que é necessário configurar o evidente intuito de fraude, sonegação ou conluio da Recorrente para aplicação da multa qualificada, o que não foi provado e não houve. Reafirma que a empresa fornecedora estava ativa nos órgãos. Também, que possui sentença em nível de Tribunal de Justiça, contra a cobrança feita pelo estado de São Paulo, prevalecendo os argumentos da Recorrente e enfatizando que a sentença judicial deixou claro que não houve participação da Recorrente nos atos praticados pela empresa "Rubens". Quanto a relevação e redução das multas impostas, ratifica competência do órgão julgador para fazêlo. Fl. 3196DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.197 19 Assim, conclui pedindo integral provimento ao recurso repetindo os demais já solicitados em sede de impugnação. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Analisando o recurso voluntário a Turma Julgadora proferiu decisão no sentido de dar provimento ao recurso cancelando integralmente a autuação. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou Recurso Especial pleiteando a reforma do acórdão proferido em razão entender que haviam provas suficientes da inexistência de fato das empresas fornecedoras do recorrente que geraram a autuação. Da análise do Recurso Especial resultou que o colegiado decidiu reverter a decisão anterior em face do conjunto probatório para decidir a desnecessidade da declaração de inaptidão das empresas quando comprovado a inexistência de fato da empresa. Assim, foi determinado o retorno do processo para julgamento dos demais itens do recurso. Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto O recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, assim dele tomo conhecimento. O presente processo foi submetido a julgamento anteriormente tendo sido considerada nula a autuação. Apresentado Recurso Especial pela Procuradoria da Fazenda Nacional a Câmara Superior de Recursos Fiscal CSRF decidiu por rever a decisão proferida nos seguintes termos: GLOSA DE CUSTOS OU DESPESAS. FORNECEDOR INEXISTENTE DE FATO. PROVAS ROBUSTAS. DESNECESSIDADE DE DECLARAÇÃO DE INAPTIDÃO. A existência de provas robustas no sentido de inexistência de fato da pessoa jurídica fornecedora, transfere ao adquirente o ônus de provar a efetividade das operações, através da comprovação do pagamento e recebimento das mercadorias. Ao final o acórdão em questão determinou o retorno do processo à Turma Julgadora do CARF para a análise dos demais pontos do recurso não apreciados anteriormente em razão da decisão pela nulidade da autuação. Fl. 3197DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.198 20 De acordo com o decidido pela CSRF temos que, em relação às alegações do contribuinte no recurso voluntário não mais nos pronunciaremos acerca da prova sobre a inidoneidade das empresas que constavam como vendedoras de materiais à recorrente e que foram consideradas inidôneas. Consoante decisão da CSRF ante a prova da inexistência de fato das empresas caberia ao recorrente a prova da existência das operações que foram desconsideradas em razão da inidoneidade dos vendedores. Como a CSRF entendeu não haver comprovação da efetiva ocorrência dos fatos que geraram as notas fiscais, pelo contrário entendeu que realmente estes não existiram, foi mantida a glosa das despesas e, assim, o lançamento do presente processo. Transcrevemos alguns trechos da decisão da CSRF que decidiu por rever o acórdão do recurso voluntário para manter as glosas de despesas conforme abaixo, posto que servirão de base para a análise de outros questionamentos do recorrente. Assim, há um conjunto de indícios que convergem no sentido de demonstrar que as notas fiscais emitidas pela fornecedora não correspondiam à efetiva movimentação de mercadorias. Essa reunião de indícios são, na realidade, uma presunção relativa que admite a prova em contrário. Como a contabilidade do sujeito passivo faz prova a seu favor, desde que comprovada por documentos hábeis (art. 9º, §1º, do DecretoLei nº 1.598, de 1977), cabe ao sujeito passivo demonstrar que essa movimentação de mercadorias ocorreu, que, de fato, adquiriu do fornecedor a mercadoria, e que pagou por essa mercadoria adquirida desse fornecedor. É essa, inclusive, a dicção do legislador também ao dispor no parágrafo único do art. 82 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços.(grifei) Assim, diferentemente do que interpretou a decisão recorrida, é de se entender que caberia à contribuinte provar a efetivação do pagamento e o recebimento dos bens. Ou seja, se a adquirente comprovar o efetivo pagamento e a efetiva operação, ainda que a fornecedora seja declarada inapta, as notas fiscais produzem efeito tributários para esse adquirente. É verdade que no presente caso não se tem a declaração de inaptidão, mas há provas robustas no sentido da inexistência da pessoa jurídica fornecedora e é Fl. 3198DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.199 21 dever da contribuinte demonstrar as operações a efetividade das operações que contabilizou. Em relação ao recebimento dos bens, a prova trazida não foi considerada suficiente porque os livros de entrada lastreados nas notas fiscais cuja idoneidade está sendo questionada, por si só, já perdem o seu valor probatório. Em relação aos pagamentos, também não há prova de pagamentos à fornecedora, mas sim ao Sr. Octávio Pellin Jr, que dava quitação das duplicatas, mas não restou comprovada sua relação com a empresa emissora das notas fiscais. Além disso, como bem observou a Fiscalização e a decisão de primeira instância, a alegação de que havia cessão de crédito da fornecedora a favor do Sr Octávio Pellin Jr também não restou cabalmente demonstrado, conforme transcrevo da mencionada decisão: Há que se registrar que as cessões de crédito, para ter eficácia perante terceiros, nos termos do art. 288 do Código Civil, reclamam sejam celebradas por instrumento público ou, no caso de instrumento particular, deverão conter os elementos referidos no art. 654, § 1º daquele diploma legal, a saber: Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrarse mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1º do art. 654. Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. § 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos. Ademais, para que os efeitos de tais transações transcendam as partes contratantes e sejam oponíveis a terceiros, é condição indispensável que sejam lançados no Registro de Títulos e Documentos, a teor do que prescreve a Lei de Registros Públicos: Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição: I dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações convencionais de qualquer valor; (...) Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros: (...) 9º) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de subrogação e de dação em pagamento. Fl. 3199DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.200 22 E conclui o acórdão de primeira instância: Não é usual ou razoável que a maioria da movimentação de pagamentos se dê com relação a terceiros. Nada impede que a contribuinte realize pagamentos a terceiros por dívida mantida com fornecedores. Entretanto, no caso presente, os fatos constatados clamam pela comprovação de relação jurídica apta a justificar os referidos pagamentos. Chama, ainda, a atenção a seguinte observação da decisão de 1ª instância: Ao contrário do que afirma a contribuinte, à fl. 25 do relatório do fisco estadual, consta que foram encontradas no estabelecimento comercial sem inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS (Mega Couros Company) não somente cópia de cheques emitidos pelo Curtume Touro tendo como beneficiária a empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia, mas também demonstrativos de pagamentos realizados à citada empresa pelo fornecimento de notas fiscais para acobertar operações de saídas de mercadorias, com menção de datas, notas fiscais, romaneios e valores.(grifei) Com efeito, às efl. 1.455, consta como dentre os documentos apreendidos pela Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo, as seguintes informações: Consta ainda à efl. 1.447 também como dentre os documentos apreendidos pela Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo, as seguintes informações: Ou seja, há uma reunião de indícios convergentes no sentido de demonstrar que havia um esquema envolvendo notas fiscais de favores, e como a contribuinte não logra provar que efetivamente pagou para o fornecedor das mercadorias, é de se aplicar o entendimento do acórdão paradigma 1402001.199, do qual transcrevo o seguinte trecho: Fl. 3200DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.201 23 Provada por todos os meios juridicamente admitidos, incluído o empréstimo de provas de outra entidade tributante, no bojo de um processo de exigência tributária concernente à empresa adquirente de mercadorias, a inexistência de fato de uma empresa supostamente fornecedora ou a inexistência de fornecimentos específicos desta com elementos irrefutáveis como inexistência de fato do estabelecimento, empresa fictícia, ausência de comprovação do transporte de mercadorias, etc., constatadas em diligências, permite considerar a documentação fiscal como tributariamente ineficaz, independentemente da declaração de inaptidão em ato oficial adequado. Essa é a situação presente nos autos. (grifei) Assim, a despeito de a declaração de inaptidão só ter sido publicada em 2012, portanto, após os fatos geradores, o fato é que há provas nos autos suficientes a infirmar que as operações de fato ocorreram. E, como a contribuinte não logra demonstrar o efetivo pagamento e o efetivo ingresso das mercadorias, é de se manter a glosa das despesas. Passemos a analisar os pontos de discordância não analisados anteriormente. 1. Indeferimento do pedido de perícia pela DRJ. Com relação ao indeferimento do pedido de perícia assim se pronunciou a Delegacia de julgamento a respeito do assunto: Perícia. Quanto ao pedido de perícia, o PAF, art. 16, IV e §1º, alterado pela Lei nº 8.748, de 9 de dezembro de 1993, determina que todo pedido de perícia deve indicar os motivos que o justifiquem e o perito do sujeito passivo. Caso contrário, o pedido deve ser considerado não formulado. Portanto não tem efeito o pedido de perícia da empresa. Ademais, a perícia é dispensável para o deslinde do presente julgamento, uma vez que se trata de matéria de prova a ser feita mediante a juntada de documentação, cuja guarda e conservação compete à própria interessada. No caso o pedido de perícia foi indeferido em razão do não cumprimento dos requisitos legais exigidos pelo PAF por parte do contribuinte. Além disso a perícia somente é necessária quanto houver a necessidade de um conhecimento específico de um especialista para o deslinde do caso. No presente processo a perícia não de demonstra essencial, vez que a prova da ocorrência das operações deve ser realizada por meio de documentos cuja análise não implica em conhecimentos específicos, razão pela qual a perícia é prescindível. Fl. 3201DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.202 24 Assim, quer seja por falta de cumprimento das normas regulamentares, ou pela inexistência da necessidade de análise técnica especializada no presente caso, demonstra se não haver necessidade de realização de perícia no presente processo, razão pela qual concordo com a decisão atacada e nego provimento ao recurso neste particular. 2. Decadência. Aplicação do artigo 150, §4°, do Código Tributário Nacional, em razão da inexistência de fraude. Com relação á contagem do prazo decadencial a dúvida exsurge entre a aplicação do art. 150, § 4º ou do art. 173, I, do CTN e se situa no fato de se entender ter ou não ocorrido dolo fraude ou simulação. Tendo em vista que a análise acerca da manutenção das glosas por parte da CSRF baseouse no fato de estar comprovada a efetiva inexistência das operações de venda que embasaram as notas fiscais utilizadas pelo recorrente, verificase que esta situação, qual seja, a de se utilizar notas fiscais de operações inexistentes para a aquisição de créditos tributários já se constitui, de per si, em fraude tipificada na norma do art. 72, da lei nº 4.502/64, conforme abaixo: Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Ora, pela leitura dos motivos que justificaram a manutenção das glosas por parte da CSRF, observase que o intuito doloso de agir é claro. Ao adquirir notas fiscais de operações inexistentes para inflar seus custos e obter créditos de ICMS, PIS e COFINS a recorrente cometeu fraude com todos os elementos capazes de tipificar a ação como fraudulenta. Assim, tendo em vista que está bem caracterizada a existência da fraude e o intuito doloso dos atos do contribuinte, não resta outra alternativa que não a de se aplicar a contagem do prazo decadencial de acordo com a norma do art. 173, I, do CTN em razão da existência de fraude. Desta forme, voto por negar provimento ao recurso neste ponto. 3. Cerceamento de defesa, já que referido processo administrativo (10835.720681/201128) é de total desconhecimento pelo recorrente, tanto que sequer fora acostado ao presente processo administrativo, não podendo, assim, ser utilizado com prova para eventual autuação, já que não foi oportunizado seu contraditório. Vejamos, a este respeito, como se pronunciou a decisão de Piso em relação à alegação de cerceamento do direito de defesa por parte do recorrente. Fl. 3202DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.203 25 A contribuinte alega que o processo nº 10835.720681/201128 é de total desconhecimento da impugnante, já que não foi acostado ao presente processo, não podendo ser utilizado como prova para eventual autuação, pois não lhe foi oportunizado seu contraditório. Há que se esclarecer, inicialmente, que referido processo trata da declaração de inexistência de fato da empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia. A oportunidade de manifestação foi dada à contribuinte no presente processo, por meio de intimações para a apresentação de esclarecimentos e de provas dos pagamentos das supostas aquisições feitas da citada empresa, bem assim da efetiva entrada das mercadorias no seu estabelecimento. Constam no processo todas as informações dos fatos ocorridos e das constatações feitas pela fiscalização que levaram à declaração de inexistência de fato da empresa Rubens Batista do Amaral Rancharia (processo nº 10835.720681/201128). A contribuinte teve acesso a todas as informações constantes dos autos e não houve restrição ao seu direito de contestar a exigência lançada ou de apresentar provas, como se percebe pelo teor e pela tempestividade de sua impugnação, que revela que houve pleno conhecimento dos termos da autuação e da infração que lhe foi imputada. Além disso, os autos de infração foram lavrados obedecendo aos requisitos fixados no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, e se fizeram acompanhar do TVF, e dos documentos, relações e demonstrativos considerados na apuração dos fatos. Portanto, não houve qualquer prejuízo à contribuinte. Não procedem as alegações do recorrente. O processo que alega não ter conhecimento não diz respeito à sua empresa, mas sim à declaração de inaptidão da empresa RUBENS. Por isso, em razão da preservação do sigilo fiscal, não lhe pode ser concedido acesso integral aos dados do processo. Mais ainda, para constituir prova em seu favor da existência das operações o recorrente não necessitaria de nenhum documento relativo à empresa RUBENS. Bastaria apresentar os comprovantes de transporte do material, entrada do material nas dependências da empresa, pagamento pelo material recebido, etc. Ou seja, o processo que alega causarlhe cerceamento do direito de defesa em nada poderia influir na sua dilação probatória. Pelo exposto, nego provimento ao recurso também neste ponto. Fl. 3203DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.204 26 4. Glosa Indevida dos meses de janeiro a junho/2007. Quanto a indevida glosa das competências de janeiro a Junho de 2007, não procede as alegações constantes na decisão atacada de que as mesmas são de conhecimento do recorrente. Conforme claramente explicado em sede de impugnação, o "Termo de Verificação e Conclusão Fiscal" elaborado pelo agente fiscalizador para dar suporte fático à autuação efetuada, mais precisamente no item VII, ao elencar as notas fiscais que estariam sendo objeto de exclusão, o fez somente com as notas fiscais emitidas a partir de 02/07/2007, mais especificamente a partir da nota fiscal n° 64.164. O lançamento fiscal se dá com a lavratura do auto de infração, e somente o que nele está descrito é que será alvo de glosa e cobrança. Por consequência, também é insubsistente a exclusão como custo dos supostos pagamentos efetuados sem comprovação da operação ou causa relativa ao período de 01 de Janeiro de 2007 a 30 de Junho de 2007 para apuração do recolhimento por estimativa do IRPJ e CSLL, devendo os Demonstrativos efetuados pelo agente fiscalizador serem refeitos Em relação a este ponto a Delegacia de Julgamento bem se pronunciou no sentido de que as exclusões de despesas ocorreram sim no período de janeiro a junho/2007. Consoante sua análise, abaixo reproduzida, e da qual pudemos verificar a existência das informações, a fiscalização também fez constar não só as notas submetida às glosas, quanto as listou na apuração da autuação. Vejase a transcrição do voto da Decisão de Piso. Com relação à alegação de que houve glosa indevida das competências de janeiro a junho de 2007 e foram excluídos supostos pagamentos indevidos feitos pela impugnante à empresa “Rubens” no período de janeiro de 2007 a abril de 2008, bem assim que, nos Termos de Verificação e Conclusão Fiscal, no item VII, foram relacionadas como excluídas somente as notas fiscais emitidas a partir de 02/07/2007, é improcedente. Constam às fls. 116 a 556 as cópias das notas fiscais inidôneas e dos pagamentos efetuados no período de janeiro a junho de 2007, cujos totais mensais foram relacionados no TVF às fls. 2002, 2095/2097 e nos demonstrativos de fls. 2011/2012. Neles foram especificados os valores das supostas aquisições que foram glosados e o cálculo das estimativas não recolhidas. Constatandose que efetivamente estes documentos constam dos autos e que as notas de janeiro a junho foram corretamente incluídas no processo e apresentadas nas listagens de apuração dos valores das glosas, não há reparos a fazer na decisão de Piso a respeito. Por esta razão, nego provimento ao recurso neste ponto. 6. Lançamento reflexo de IRRF. No quesito IRRF, a recorrente argumentou que restou comprovado que os pagamentos foram efetuados para adimplir a compra das mercadorias adquiridas e constantes nas notas fiscais emitidas pela empresa “Rubens”. Se comprovada a operação (de compra de couros) e Fl. 3204DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.205 27 comprovado o destinatário (Sr. Octávio), não restam preenchidos os requisitos necessários para a incidência do IRRF prescrito no artigo 61 da lei 8.981/1995. Em relação ao ponto de divergência baseado na impossibilidade de manutenção da autuação de IRRF por restar comprovado que os pagamentos realizados se destinavam à quitação dos débitos relativos às operações com a empresa RUBENS, também entendo não assistir razão ao recorrente. Ora, se restou comprovado, conforme excerto da decisão da CSRF que as operações efetivaram não existiram pois não foram devidamente comprovadas, decorre o entendimento que os pagamentos realizados para os possíveis pagamentos à empresa RUBENS também não são verídicos. Assim, demonstrase a inexistência fática das operações e, em consequência, a ausência de causa para os pagamentos realizados, razão pela qual há de se manter também esta autuação como decorrência da glosa dos custos pela inexistência das operações. 7. Ilegalidade da Multa Isolada de IRPJ e CSLL. Reafirma, sob os mesmos argumentos da impugnação, a ilegalidade da cobrança de multa isolada pela falta de recolhimento de IRPJ e CSLL estimados. Com relação ao auto de infração relativo a aplicação de multa isolada pela falta de recolhimento por estimativa, por diversas vezes este tema foi objeto de discussão nesta Câmara, existindo três diferentes vertentes de opinião: 1) A primeira segue no sentido de que a aplicação de multa de ofício relativo ao período de apuração anual do imposto impede a aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento por estimativa em função de tratarse, em essência do mesmo tributo exigido no exercício e, assim, o contribuinte estaria sendo penalizado em duplicidade. 2) A segunda corrente advoga no sentido de que as multas de ofício e isolada punem condutas distintas e assim, podem subsistir concomitantemente sem qualquer empecilho, visto que os fatos geradores são distintos e também distintas as bases de cálculo. 3) A terceira posição interpretativa segue no sentido de que os fatos geradores sendo complementares as sanções, visto que uma pune a falta de antecipação durante o exercício e a outra pune a falta do pagamento no ajuste anual, a maior penalidade deve prevalecer até o montante em que consuma integralmente a punição pela falta de antecipação, somente subsistindo esta se comportar montante maior do que a multa de ofício. Pessoalmente sou adepto da terceira corrente e da adoção do princípio da consunção. Fl. 3205DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.206 28 Por isso, transcrevo os valiosos fundamentos do Conselheiro Guilherme Adolfo Mendes no Acórdão 1201000.235: As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3°: Art. 3" A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de Fl. 3206DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.207 29 uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplicase o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, "pelo princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste". Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, punese o falso. É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, punese com multa proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, punese a não antecipação com multa isolada. No presente caso, percebese que a multa de ofício excede o valor da multa isolada pelo não recolhimento da estimativa, absorvendoa integralmente. Desta forma entendo por negar provimento ao lançamento da multa isolada em razão desta ter sido integralmente abrangida pela multa de ofício. Do exposto voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para excluir da autuação o lançamento de multa isolada por falta de pagamento de estimativa do IRPJ e CSLL. 8. Impossibilidade de aplicação da multa qualificada de 150%. Quanto à multa de 150%, reafirma a redação do artigo 44 da Lei 9.430/96, ou seja, que é necessário configurar o evidente intuito de fraude, sonegação ou Fl. 3207DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.208 30 conluio da Recorrente para aplicação da multa qualificada, o que não foi provado e não houve. Reafirma que a empresa fornecedora estava ativa nos órgãos. Também, que possui sentença em nível de Tribunal de Justiça, contra a cobrança feita pelo estado de São Paulo, prevalecendo os argumentos da Recorrente e enfatizando que a sentença judicial deixou claro que não houve participação da Recorrente nos atos praticados pela empresa "Rubens". Remetendo ao que já foi apresentado na análise relativa à contagem do prazo decadencial, não é necessário maiores delongas posto que, comprovandose que a utilização das notas fiscais relativas à operações inexistentes consistiu em fraude tipificada do art. 72, da Lei nº 4.502/64, há de se manter a qualificação da multa de ofício que foi lançada no percentual de 150% em relação à mesma constatação de fraude. Por isso, também nesse ponto nego provimento ao recurso. 9. Possibilidade de relevação da penalidade. Quanto a relevação e redução das multas impostas, ratifica competência do órgão julgador para fazêlo. Com relação à possibilidade de relevação da penalidade pelo julgador administrativo entendo que a análise realizada pela Decisão de Piso, por si só é suficiente para o deslinde do pedido. Assim a reproduzo para utilizar como fundamentos de decidir este aspecto. Inconstitucionalidade. Quanto às alegações de inconstitucionalidade da multa, os protestos da impugnante não se prestam para pautar a decisão deste colegiado, que tem sua atividade completamente vinculada à legislação vigente que rege a matéria objeto do procedimento fiscal impugnado. Isto porque não compete à autoridade julgadora afastar o direito positivado sob pretexto de alegados vícios de ilegalidade e inconstitucionalidade na sua gênese Esta questão, ademais, encontrase agora expressamente disciplinada em lei ordinária, conforme prescrito no art. 25 da Lei nº 11.941, de 2009, que inseriu o art. 26 A no Decreto nº 70.235, de 1972, nos seguintes termos: Art. 25. O Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, passa a vigorar com as seguintes alterações: (...) "Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 3208DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.209 31 I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993.” Não se enquadrando a matéria impugnada em qualquer das exceções prescritas no § 6º, recémtranscrito, não há como afastar a exigência combatida a pretexto de alegada inconstitucionalidade da norma em que a fundamentou. Assim sendo, resta à impugnante levar suas considerações ao Poder Judiciário, que detém o “monopólio” da análise de alegadas ilegalidades e/ou inconstitucionalidades do direito positivado. Enfim, os óbices por ela apontados, neste ponto, são impertinentes à seara administrativa. Por estes fundamentos, entendo por negar provimento ao recurso neste ponto. Em conclusão, após todo o exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso apenas para excluir a multa isolada aplicada em relação à ausência de pagamentos de IRPJ e CSLL por estimativa. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 3209DF CARF MF Processo nº 15940.720188/201213 Acórdão n.º 1401003.005 S1C4T1 Fl. 3.210 32 Fl. 3210DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11831.001563/99-71
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Sep 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/1988 a 31/10/1989
INDÉBITO. TRIBUTO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA.
A contagem do quinquênio prescricional, para repetição/compensação de indébitos tributários decorrentes de tributos sujeitos a lançamento por homologação, por força do disposto no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), art. 62, § 2º, c/c a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no RE nº 566.621, para os pedidos protocolados até a data de 09/06/2005, deve ser feita pela tese dos cinco mais cinco, cinco anos para a homologação tácita e mais cinco para a prescrição, totalizando dez anos a partir da data do respectivo fato gerador.
Numero da decisão: 9900-001.034
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Extraordinário e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, com retorno dos autos à Unidade de Origem.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Possas - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Gerson Macedo Guerra, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada), Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Rodrigo da Costa Pôssas, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Vanessa Marini Cecconello, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Cristiane Silva Costa e Adriana Gomes Rêgo
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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RESTITUIÇÃOCOMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO Recorrente PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL Recorrida CLA COMUNICAÇÕES S/C LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/1988 a 31/10/1989 INDÉBITO. TRIBUTO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. A contagem do quinquênio prescricional, para repetição/compensação de indébitos tributários decorrentes de tributos sujeitos a lançamento por homologação, por força do disposto no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), art. 62, § 2º, c/c a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no RE nº 566.621, para os pedidos protocolados até a data de 09/06/2005, deve ser feita pela tese dos “cinco mais cinco”, cinco anos para a homologação tácita e mais cinco para a prescrição, totalizando dez anos a partir da data do respectivo fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Extraordinário e, no mérito, em darlhe provimento parcial, com retorno dos autos à Unidade de Origem. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Possas Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Gerson Macedo Guerra, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada), Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 83 1. 00 15 63 /9 9- 71 Fl. 319DF CARF MF Processo nº 11831.001563/9971 Acórdão n.º 9900001.034 CSRFPL Fl. 320 2 Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Rodrigo da Costa Pôssas, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Vanessa Marini Cecconello, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Cristiane Silva Costa e Adriana Gomes Rêgo Relatório Tratase de recurso extraordinário apresentado tempestivamente pela Fazenda Nacional, com fulcro no art. 9º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 147/2007, vigente à época da decisão ora impugnada. A Quarta Câmara do antigo Segundo Conselho de Contribuintes, por maioria de votos deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, para afastar a prescrição do seu direito à repetição dos indébitos do PIS, decorrentes de recolhimentos indevidos e/ ou a maior, efetuados nos termos dos DecretosLeis nºs 2.445 e 2.449, ambos de 1988, com retorno dos autos ao órgão de origem para apreciação da matéria principal, nos termos do Acórdão nº 20401.765, sob a seguinte ementa: NORMAS PROCESSUAIS. PRESCRIÇÃO. Nos pleitos de compensação/restituição de PIS, formulados em face da inconstitucionalidade dos DecretosLeis nos 2.445/88 e 2.449/88, o prazo de prescrição do direito creditório é de 5 (cinco) anos contado da data da publicação da Resolução n°49 do Senado Federal, de 10 de outubro de 1995. A Fazenda Nacional apresentou recurso especial contra essa decisão, defendendo a contagem do quinquênio prescricional, nos termos dos arts. 168, caput e inciso I, e 156, inciso I, do CTN, c/c os arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005, alegando que a inconstitucionalidade dos referidos decretoslei não exerce influência na contagem do prazo prescricional de que o contribuinte dispõe para exercer seu direito. Julgado o recurso especial, a Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) negoulhe provimento, nos termos do Acórdão nº 0203.771, sob a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/1988 a 31/01/1993 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. PRAZO. Tratandose de pedido de restituição/compensação da Contribuição Para o Programa de Integração Social PIS exigido com base nos Decretos nºs 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do RE n° 148.754/RJ, o termo a quo do prazo Fl. 320DF CARF MF Processo nº 11831.001563/9971 Acórdão n.º 9900001.034 CSRFPL Fl. 321 3 prescricional de 05 (cinco) anos para o pleito da contribuinte é a data da publicação da Resolução do Senado Federal n° 49, 10/10/1995, que atribuiu efeito erga omnes à decisão da Suprema Corte, suspendendo a execução daqueles diplomas legais. Irresignada com essa decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso extraordinário, alegando que, na data de protocolo do pedido de restituição, o direito de o contribuinte repetir os indébitos reclamados já havia prescrito, defendendo a contagem do quinquênio, a partir da data de extinção do respectivo crédito tributário pelo pagamento, nos termos do art. 156, I, do CTN, independentemente, de o indébito ter resultado de pagamento efetuado com base em diploma legal julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ou de simples erro. Alegou ainda que o art. 3º da LC nº 118/2005 ampara esse entendimento. Por meio do despacho de exame de admissibilidade às fls. 288/289, datado de 14/01/2011, o então Presidente Substituto do CARF deu seguimento ao recurso extraordinário da Fazenda Nacional. Intimado do recurso extraordinário da Fazenda Nacional e do despacho de sua admissibilidade, o contribuinte apresentou contrarrazões, defendendo a manutenção do acórdão recorrido, alegando, em síntese, que o prazo quinquenal prescricional deve ser contado a partir da data de publicação da Resolução nº 49 do Senado Federal, em 10/10/1995. No essencial, é o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. O Código Tributário Nacional (CTN), art. 165, c/c o art. 168, que trata do prazo prescricional da ação para se repetir/compensar crédito financeiro contra a Fazenda Nacional, assim dispõe: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; […]. Fl. 321DF CARF MF Processo nº 11831.001563/9971 Acórdão n.º 9900001.034 CSRFPL Fl. 322 4 Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; [...]. Nos termos destes dispositivos legais, o prazo de cinco anos para se verificar a prescrição do direito à repetição de indébitos tributários, no caso de pagamento indevido e/ ou a maior, deveria ser contado a partir da extinção do crédito tributário pela homologação tácita. No entanto, no julgamento do RE nº 566.621, que tratou da aplicação do art. 3º da Lei Complementar (LC) nº 118, de 9 de fevereiro de 2005, que deu interpretação ao inciso I do art. 168 do CTN (Lei nº 5.172, de 1966), sobre a ocorrência da extinção do crédito tributário, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que aquele artigo somente se aplica às ações (pedidos) de restituição, ajuizadas (protocoladas) a partir de 9 de junho de 2005. Assim, em face dessa decisão e do disposto no § 2º do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), c/c decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no REsp nº 1.012.903/RJ, para os pedidos de restituição protocolados até a data de 8 de junho de 2005, a extinção do crédito tributário, de forma tácita, se deu somente depois de decorridos 5 (cinco) anos contados a partir do respectivo fato gerador e, conequentemente, o prazo prescricional qüinqüenal para se pedir a restituição de indébito decorrente de pagamento indevido e/ ou maior deve ser contado a partir da data da extinção tácita, resultando prazo total de 10 (dez), tese “dos cinco mais cinco”, até então aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os valores pleiteados pelo contribuinte decorreram dos pagamentos correspondentes aos fatos geradores ocorridos mensalmente a partir de 01/07/1988 a 31/01/1993. O pedido de restituição foi protocolado na data de 09 de novembro de 1999, conforme prova a data no carimbo de seu protocolo às fls. 02. Assim, contandose o quinquênio, levandose em consideração a tese dos "cinco mais cinco", na data de protocolo do pedido, em 09/11/1999, o direito de o contribuinte repetir parte dos indébitos pleiteados já havia decaído. Para as competências correspondentes aos fatos geradores ocorridos mensalmente nas datas 31/07/1988 a 31/10/1989, naquela data, a prescrição já havia se materializado. A data limite, para competência de outubro de 1989, fato gerador ocorrido em 31/10/1989, expirou em 31/10/1999. Já para as demais competências, novembro de 1989 a janeiro de 1993, a data limite para a competência mais antiga, novembro de 1989, expiraria em 30/11/1999. Contudo, o pedido foi protocolado em 09/11/1999. Ante o exposto, voto por DAR provimento parcial ao recurso extraordinário da Fazenda Nacional, reconhecendo a prescrição do direito de o contribuinte repetir/compensar os indébitos correspondentes às competências dos meses de julho de 1988 a outubro de 1989, e, consequentemente, reconhecendo o direito de ele repetir/compensar os indébitos Fl. 322DF CARF MF Processo nº 11831.001563/9971 Acórdão n.º 9900001.034 CSRFPL Fl. 323 5 correspondentes às demais competências, novembro de 1989 a janeiro de 1993, decorrentes dos pagamentos indevidos e/ ou maior do PIS, efetuados segundo os DecretosLeis nº 2.445 e nºs 2.449, ambos de 1988, em relação aos valores devidos nos termos das LCs nºs 7/1970 e 17/1973, cabendo à autoridade administrativa apurar os indébitos a serem repetidos/compensados, levandose em conta a semestralidade da base de cálculo da contribuição. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 323DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10845.720738/2011-70
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.776
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros José Ricardo Moreira (relator) e Fernanda Melo Leal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Redator Designado.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE RICARDO MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1617; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 2 1 1 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10845.720738/201170 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.776 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 27 de setembro de 2018 Matéria Imposto de Renda Pessoa Física Recorrente AGNALDO BRAGA PASSABONI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros José Ricardo Moreira (relator) e Fernanda Melo Leal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Redator Designado. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 72 07 38 /2 01 1- 70 Fl. 112DF CARF MF 2 Tratase de Notificação de Lançamento, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), por meio da qual se exige crédito tributário do exercício de 2009, anocalendário de 2008, em que foram glosadas deduções de despesas médicas no valor de R$ 25.000,00. O contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente, mediante Acórdão da DRJ Brasília de f. 92/95. Cientificado, a interessada apresentou recurso voluntário de f. 101/102. Em síntese, alega que atendeu ao que foi solicitado pela autoridade fiscal, apresentando os respectivos recibos relativos às despesas médicas. Aduz que os recibos, por si só, fazem prova dos pagamentos realizados a este título. Argumenta que não está obrigado a apresentar seus exames médicos e laboratoriais. Sustenta ainda que não é razoável exigir a apresentação de extratos ou outros meios de prova dos pagamentos, seja porque a pessoa física não é obrigada a ter escrita fiscal, seja porque a reunião destes documentos é difícil para o contribuinte. Pugna pela procedência do recurso e pelo cancelamento do crédito tributário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Ricardo Moreira Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. O lançamento cingese à glosa de despesas médicas. O interessado, no recurso, insurgese contra estas glosas, pelas razões que enumera. Dispõe o art. o art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Consta da fundamentação do lançamento, bem como da decisão de primeira instância, que é necessária a apresentação de documentação do efetivo pagamento para comprovação das despesas médicas. Desta forma, verificase que o recibo, ao contrário do que defende a recorrente, não faz prova absoluta da real ocorrência do pagamento. A autoridade fiscal, se entender necessário, pode solicitar outros elementos de convicção da efetiva realização da despesa que se pretende deduzir. Não poderia ser de outra forma. Entender o contrário seria tolher a ação da fiscalização, que ficaria impossibilitada de exercer sua atividade investigativa, na busca de Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10845.720738/201170 Acórdão n.º 2001000.776 S2C0T1 Fl. 3 3 verificar a veracidade das declarações prestadas. Há que ser frisado que aqui não se trata de mera prerrogativa, mas de um dever da autoridade fiscal, haja vista tratarse de dedução da base de cálculo e, portanto, de redução do tributo. Com efeito, as solicitações de documentos devem atender à razoabilidade, devendo ser evitados os pedidos de provas impossíveis ou de difícil produção. Analisando a Notificação de Lançamento, verificamos que foram glosadas despesas médicas de valores significativos, que justifica a solicitação de informações adicionais. A Descrição dos Fatos e Enquadramento legal do Lançamento encontrase devidamente fundamentado, com todas as razões que levaram a efetivação da glosa. Não foram apresentadas provas do efetivo pagamento das despesas, não houve suficiente descrição do tratamento ou dos exames realizados. Aqui deve prevalecer o princípio do benefício da prova, já que o interesse em provar é do contribuinte, a quem a prova aproveita. Não há que se falar em quebra de sigilo ou de invasão à privacidade do cidadão. Não há quebra de sigilo perante o fisco, cuja atividade primordial é justamente investigar a veracidade dessas despesas que resultam em redução de tributo. Ademais, ao intimar o contribuinte para apresentar documentos adicionais que comprovam a efetividade das despesas (provas essas que beneficiam o contribuinte), a autoridade fiscal não está interessada na intimidade da pessoa, mas está cumprindo o dever legal de investigar a veracidade das declarações prestadas. Tratase de imposto lançado por homologação e o quantum devido pode ser alterado pela autoridade lançadora, no exercício de suas atribuições legais. Da mesma forma, não se mostra desarrazoado o pedido de apresentação de extratos bancários. Pode ocorrer de o contribuinte haver pago as despesas em cheques ou mediante saques da conta corrente, o que seria facilmente comprovado pela existência de saques de valores compatíveis em datas aproximadas das da efetivação das despesas. O contribuinte poderia requerer à instituição financeira os referidos extratos (em alguns casos, obtémse extratos pela internet, em poucos instantes), sendo que essa providência não lhe seria de difícil execução. Se tivesse atendido a este simples pedido, provavelmente não seriam glosadas parte ou a totalidade das despesas. O contribuinte, entretanto, por diversas vezes, mediante negativas genéricas, se opôs a trazer os elementos de prova que lhe seriam benéficos. Não apresentou à autoridade lançadora, não juntou à impugnação e não se aproveita da oportunidade agora trazida pelo recurso voluntário. Desta forma, adoto a motivação do voto exposto na decisão de primeira instância, que indeferiu a dedução das despesas glosadas. CONCLUSÃO: Diante de todo o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, negarlhe provimento, mantendo o crédito tributário lançado. Fl. 114DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Voto Vencedor Discordo do Relator em relação às despesas médicas. Os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que seja glosado devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, na falta de fundamentação na recusa, os recibos comprovam despesas médicas. No caso, não foram solicitados outros elementos de prova de maneira objetiva, e o fundamento para lançar limitase a que recibos não comprovam pagamento de despesas médicas. O lançamento pode até ocorrer sem pedido de esclarecimentos ou de prévia intimação ao contribuinte, como consta inclusive em súmula do CARF: Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. No entanto, a recusa a documentos usuais não pode prescindir de justificativa, inclusive porque deduções elevadas podem estar completamente dentro da lei e do direito do contribuinte. Não deixo de fazer aqui uma fundamentação do entendimento expresso acima, pois a falta de fundamentação é a matéria em discussão. Muitas vezes a autoridade fiscal baseia a recusa a deduções no art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999, que assim dispôs: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Tal artigo indica que determinados documentos não fazem prova absoluta, podendo ser solicitados elementos adicionais de comprovação. No entanto, isso não significa que o juízo, o fundamento da autoridade, dos fatos e do direito, não necessite ser apresentado. E tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como se pode ver no art 2º Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. A rigidez dos termos do art. 73 e § 1º está mais para o período em que foi concebido do que para os dias atuais. Além disso, Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10845.720738/201170 Acórdão n.º 2001000.776 S2C0T1 Fl. 4 5 mesmo na vigência do referido DecretoLei a austeridade do instrumento não era plena, visto que o art. 79, § 1º, do mesmo diploma legal lhe impunha limitações, no seguinte dizer: “Art. 79. Farseá o lançamento exofficio: § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de prova, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão.”. Assim, na ausência de fundamentação plausível para a recusa de documentos usuais de comprovação é indevida a glosa de despesas médicas. Diante do exposto, voto por dar provimento integral ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Redator Designado. Fl. 116DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13312.000560/2005-13
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001
DEDUÇÕES NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE.
Todas as deduções estão sujeitas a comprovação, cabendo ao contribuinte apresentar provas hábeis e idôneas dos valores declarados.
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 11.
Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.
Numero da decisão: 2002-000.604
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso para restabelecer a previdência oficial de R$ 5.102,99 e a pensão alimentícia de R$ 21.899,96.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL
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Todas as deduções estão sujeitas a comprovação, cabendo ao contribuinte apresentar provas hábeis e idôneas dos valores declarados. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 11. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso para restabelecer a previdência oficial de R$ 5.102,99 e a pensão alimentícia de R$ 21.899,96. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 31 2. 00 05 60 /2 00 5- 13 Fl. 94DF CARF MF Processo nº 13312.000560/200513 Acórdão n.º 2002000.604 S2C0T2 Fl. 95 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Relatório Tratase de Auto de Infração (efls. 05/11) lavrado em nome do sujeito passivo acima identificado, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF do ano calendário 2001, onde se apurou: Dedução Indevida de Previdência Oficial, Dedução Indevida de Dependente, Dedução Indevida de Despesas Médicas, Dedução Indevida de Pensão Judicial e Dedução Indevida de Despesa com Instrução. O contribuinte apresentou impugnação (efls. 24/26), cujas alegações foram sintetizadas no relatório do acórdão recorrido (efls. 54), o qual adoto: Inconformado com a exigência, a qual tomou ciência em 14/11/2005, fl. 22, o contribuinte apresentou impugnação em 06/12/2005, fls. 24/26, alegando em síntese que: · A previdência oficial referese ao IPEC; · Unimed – plano de saúde; · Pensão alimentícia – descontada em folha de pagamento a referida pensão é determinação judicial; · Dependentes – estava anexando cópias das certidões de nascimento; sendo 2 filhos do primeiro casamento sob sua responsabilidade, universitária e outro deficiente mental – a outra filha é do segundo casamento; · Instrução – estava anexando recibo do colégio de sua filha, do seu segundo casamento; Foram anexados aos autos os documentos de fls. 27/39. A impugnação foi julgada procedente em parte pela 1ª Turma da DRJ/FOR em decisão assim ementada (efls. 53/63): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001 DEDUÇÕES. DEPENDENTES. Para efeito de dedução na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda, é necessária a comprovação da relação de dependência. DEDUÇÕES. DESPESAS DE INSTRUÇÃO. Fl. 95DF CARF MF Processo nº 13312.000560/200513 Acórdão n.º 2002000.604 S2C0T2 Fl. 96 3 As despesas de instrução deverão ser comprovadas para efeito de apuração da base de cálculo do Imposto de Renda. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. PREVIDÊNCIA OFICIAL. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL Os valores pagos a título de Pensão Alimentícia, de Previdência Oficial e com Despesas Médicas, somente podem ser dedutíveis para efeito de apuração da base cálculo do imposto de renda, quando devidamente comprovados. Cientificado do acórdão de primeira instância em 29/08/2014 (efls. 70), o interessado ingressou com recurso voluntário em 25/09/2014 (efls. 71/74) com os argumentos a seguir sintetizados. Alega que o lançamento é ato administrativo equivocado porque os descontos efetuados de pensão alimentícia (R$ 21.899,90) e previdência oficial (R$ 5.102,99) foram implantados em folha de pagamento pela Fazenda Estadual, conforme demonstrado no Comprovante de Renda em anexo. Esclarece que houve um preenchimento com lapsos no formulário, onde registrou o valor da previdência privada Unimed (R$ 4.302,72) como despesas médicas. Informa que também registrou Eline Damasceno de Freitas em vez de Helaine Damasceno de Freitas, sua filha universitária. Expõe que o filho especial Helisduardo Damasceno de Freitas somente ficou sob a guarda total de sua mãe biológica a partir do divórcio ocorrido em 2012, consoante audiência em 03 de maio de 2012, inclusive com mudança de percentagem da pensão. Ratifica as dificuldades de coletas dos comprovantes exigidos. Discorre sobre a mora da Receita Federal em julgar a defesa apresentada em 2005 e suscita a prescrição intercorrente no procedimento administrativo. Voto Conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Relatora O recurso é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Da leitura da decisão recorrida verificase que a DRJ restabeleceu a dependente Cíntia S. Damasceno de Oliveira e a sua despesa com instrução, mantendo as demais infrações apontadas no lançamento (efls. 53/63). No que concerne à dedução de previdência oficial, disciplinada pelo art. 74 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aprovado pelo Decreto 3.000/99, verificase que a glosa foi mantida por falta de comprovação do valor declarado. Não obstante, entendo que o Comprovante de Rendimentos apresentado pelo recorrente para contrapor as razões Fl. 96DF CARF MF Processo nº 13312.000560/200513 Acórdão n.º 2002000.604 S2C0T2 Fl. 97 4 trazidas pela DRJ confirma a previdência oficial de R$ 5.102,99 (efls. 76), devendo ser restabelecida a dedução correspondente. Sobre a dedução de dependentes, aplicase o disposto no art. 77 do RIR/99, sendo R$ 1.080,00 o valor individual previsto para o ano calendário 2001, nos termos da Lei 9.250/95, art. 8º, II, "c". O litígio recai sobre a dedução dos dependentes Elisduardo Damasceno de Freitas e Eline Damasceno de Freitas declarados pelo contribuinte (efls. 18) e cuja glosa fora mantida pela DRJ. Relativamente a Elisduardo, a Certidão de Nascimento juntada à defesa demonstra que ele é filho do sujeito passivo e de Maria de Freitas Damasceno e que nasceu em 1979, iniciando o ano calendário 2001 com 21 anos de idade (efls. 33). Numa análise inicial ele estaria abrangido pela hipótese de dependência prevista no art. 77, §1º, III, do RIR/99. No entanto, como exposto na decisão de piso, verificase através da Comunicação e da Carta Intimação do Poder Judiciário (efls. 29/30) que Maria de Freitas Damasceno ingressou com Ação de Alimentos contra o contribuinte em 1995, tendo sido fixados alimentos provisórios no percentual de 60% dos vencimentos e vantagens do promovido. Dessa forma, tendo em vista que não consta dos autos petição inicial, sentença ou acordo homologado contendo os termos e os beneficiários da pensão alimentícia à época, não se pode constatar, de maneira inequívoca, que Elisduardo não era alimentando no ano calendário em exame. Notese que, de acordo com a audiência de divórcio litigioso realizada em 2012 (efls. 79/80), o filho é beneficiário da verba alimentar pactuada e "permanece" sob os cuidados de Maria de Freitas Damasceno, havendo indícios, portanto, de que essa situação já existia anteriormente. Vale lembrar que no caso de filhos de pais separados somente podem ser considerados dependentes os que ficarem sob a guarda do contribuinte em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, nos termos do art. 77, §4º, do RIR/99, e que a partir do mês em que se inicia o pagamento de pensão alimentícia pelo declarante é vedada a dedução do valor correspondente a dependente referente ao mesmo beneficiário, conforme previsto no art. 78 , §1º, do RIR/99. No que diz respeito à dependente Eline, o recorrente alega que houve erro de preenchimento em sua declaração, sendo correta a dependente Helaine Damasceno de Freitas, sua filha universitária. Ocorre, contudo que não consta dos autos nenhum documento oficial indicando a filiação e a data de nascimento de Helaine, não sendo possível confirmar se esta estava, de fato, abrangida pelas hipóteses de incidência previstas na legislação pertinente. Ao contrário, os documentos da Fundação Universidade Estadual Vale do Acaraú juntados ao recurso com o intuito de demonstrar que Helaine estava cursando estabelecimento de ensino superior à época (efls. 82/84) indicam que esta é filha do recorrente mas nasceu em 1972, ou seja, possuía mais de 24 anos de idade no ano calendário em exame e não preenchia, portanto, os requisitos previstos no art. 77, §2º, do RIR/99. Em vista do exposto, não há reparos a serem feitos na glosa de dependentes mantida no julgamento de primeira instância. No que tange à dedução de despesas médicas, verificase que a decisão recorrida manteve a glosa do pagamento declarado para a Unimed pela ausência de comprovação. Em seu recurso o contribuinte alega erro de preenchimento afirmando tratarse de despesa com previdência privada. Não obstante, não foi juntado aos autos nenhum comprovante de pagamento a esse título, devendo ser mantida a glosa correspondente. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 13312.000560/200513 Acórdão n.º 2002000.604 S2C0T2 Fl. 98 5 Quanto à dedução de pensão alimentícia, disciplinada pelo art. 78 do RIR/99, verificase através da Comunicação e da Carta Intimação expedidas pelo Poder Judiciário em 1995 (efls. 29/30) que Maria de Freitas Damasceno ajuizou Ação de Alimentos contra o recorrente e que foram fixados alimentos provisionais em 60% dos vencimentos e vantagens do mesmo. Já o Termo de Audiência de 2012 (efls. 79/80) estabelece a pensão de 30% da sua remuneração, deduzida do imposto de renda, em favor de sua exesposa e de um de seus filhos. Dessa forma, ainda que não se saiba exatamente os termos e os beneficiários da pensão judicial à época, uma vez que não foram trazidos aos autos a petição inicial e a sentença ou o acordo homologado vigente no calendário objeto do lançamento, podese constatar que alguma obrigação de pagamento a esse título certamente existia. Assim, considerando que o Comprovante de Rendimentos fornecido pelo Governo do Estado do Ceará indica o pagamento de pensão alimentícia de R$ 21.899,96 no ano calendário 2001 (efls. 76), é de se restabelecer a dedução correspondente. Por fim, cabe esclarecer ao recorrente que a prescrição intercorrente não se aplica ao presente caso, conforme disposto na Súmula CARF nº 11 abaixo reproduzida: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, darlhe provimento parcial para restabelecer a previdência oficial de R$ 5.102,99 e a pensão alimentícia de R$ 21.899,96. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Fl. 98DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001898/2008-56
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONTRATAÇÃO DE ESTAGIÁRIOS EM DESCONFORMIDADE COM O QUE PRECEITUA A LEI 6.494/77.
Não tendo o contribuinte se desincumbido a contento do ônus de demonstrar o cumprimento dos requisitos estabelecidos na Lei n.° 6.494, de 1977, o valor pago a estagiários passa a integrar o salário de contribuição, nos termos do artigo 28, parágrafo 9°, alínea "i", da Lei n.° 8.212, de 1991.
Numero da decisão: 9202-006.943
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto as conselheiras Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes e Ana Cecília Lustosa da Cruz, entretanto, findo o prazo regimental, o Conselheira Ana Paula Fernandes não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º, do art. 63, do Anexo II, da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF) e a conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz informou que equivocou-se quanto ao pedido. Nos termos do art. 58, §5º, do Anexo II do RICARF, o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado) não votou nesse julgamento, por se tratar de questões já votadas pelo conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, relator originário, na sessão de 22/05/2018, no período da tarde. Nos termos do art. 58, §13, do Anexo II do RICARF, a Presidente da Turma designou como redatora ad hoc para este julgamento a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Redatora-Designado AD HOC para formalização do voto.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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CONTRATAÇÃO DE ESTAGIÁRIOS EM DESCONFORMIDADE COM O QUE PRECEITUA A LEI 6.494/77. Não tendo o contribuinte se desincumbido a contento do ônus de demonstrar o cumprimento dos requisitos estabelecidos na Lei n.° 6.494, de 1977, o valor pago a estagiários passa a integrar o salário de contribuição, nos termos do artigo 28, parágrafo 9°, alínea "i", da Lei n.° 8.212, de 1991. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto as conselheiras Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes e Ana Cecília Lustosa da Cruz, entretanto, findo o prazo regimental, o Conselheira Ana Paula Fernandes não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º, do art. 63, do Anexo II, da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF) e a conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz informou que equivocouse quanto ao pedido. Nos termos do art. 58, §5º, do Anexo II do RICARF, o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado) não votou nesse julgamento, por se tratar de questões já votadas pelo conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, relator originário, na sessão de 22/05/2018, no período da tarde. Nos termos do art. 58, §13, do Anexo II do RICARF, a Presidente da Turma designou como redatora ad hoc para este julgamento a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 18 98 /2 00 8- 56 Fl. 918DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 919 2 (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, RedatoraDesignado AD HOC para formalização do voto. Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2202003.727, prolatado pela 3a. Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a. Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, na sessão plenária de 15 de março de 2017 (efls. 677 a 686). Ali, por maioria de votos, deuse provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/08/2006 DECADÊNCIA PARCIAL DO LANÇAMENTO. OCORRÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 99. O julgador de 1ª instância rejeitou a alegação do contribuinte, porque entendeu que o mesmo não efetuara antecipação do pagamento referente, especificamente, às contribuições previdenciárias incidentes sobre a contratação de estagiários, objeto do lançamento. Entretanto, diz a Súmula CARF nº 99, de observância obrigatória, que para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. TERMO DE COMPROMISSO. ESTAGIÁRIOS. RELAÇÃO DE EMPREGO “STRICTO SENSU”. CONVÊNIO COM CENTRO INTEGRADO EMPRESA ESCOLA CIEE. Se não restarem desnaturados os termos de compromisso pactuados entre os estagiários, a Recorrente, o Interveniente CIEE e as instituições de ensino, não se caracteriza relação de emprego “ stricto sensu ”. Fl. 919DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 920 3 Cumpridas as exigências da cláusula 3ª do Convênio com o Centro Integrado Empresa Escola CIEE, agente interveniente entre o concedente do estágio e o educando, descabe tutela. Recurso Voluntário Provido. Decisão: por unanimidade de votos, acolher a preliminar de decadência até a competência 11/2003, inclusive. No mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Rosemary Figueiroa Augusto, Cecília Dutra Pillar e Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, que negaram provimento ao recurso. Enviados os autos à Fazenda Nacional para fins de ciência do Acórdão, em 12/04/2017 (efl. 687), sua Procuradoria apresentou, em 12/05/2017 (efl. 716), Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do Anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009 (efls. 688 a 715 e anexos). Analisado tal pleito através de despacho de efls. 718 a 730, o Recurso restou admitido quanto à matéria litigada, a saber, a incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a segurados qualificados pela empresa como estagiários, durante a vigência da Lei no. 6.494, de 1977. Alegase, no pleito, quanto à matéria admitida, divergência em relação ao decidido pela 2a Turma Ordinária da 3a. Câmara da 2a. Seção deste Conselho, em 27/07/2011, através do Acórdão no. 2302001.162, e, ainda, em relação ao decidido, pela 2a. Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a. Seção deste Conselho, em 20/06/2012, no âmbito do Acórdão no. 2402002.826 de ementas e decisões a seguir transcritas. Acórdão 2302001.162 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2002 a 31/05/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CERCEAMENTO DE DEFESA. RELATÓRIO FISCAL, INEXISTÊNCIA. Não incorre em cerceamento do direito de defesa o lançamento tributário cujos relatórios típicos, incluindo o Relatório Fiscal e seus anexos, descreverem de forma clara, discriminada e detalhada a natureza e origem de todos os fatos geradores lançados, suas bases de cálculo, alíquotas aplicadas, montantes devidos, as deduções e créditos considerados em favor do contribuinte, assim como, os fundamentos legais que lhe dão amparo jurídico, permitindo dessarte a perfeita identificação dos tributos lançados na notificação fiscal. ESTAGIÁRIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE. AFERIÇÃO INDIRETA. Figura como hipótese de não incidência de contribuição previdenciária o pagamento feito a estagiário, a título de bolsa de complementação educacional, quando efetuado nos exatos termos da Lei n° 6.494/77. Assentado que, nos termos da lei, nos serviços prestados por estagiários remunerados encontramse presentes todos os elementos caracterizadores da condição de Fl. 920DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 921 4 segurado empregado, recai sobre o sujeito passivo o ônus de demonstrar a ocorrência e a fiel observância dos termos e condições estatuídas na Lei n° 6.494/77 para que se possa desfrutar do benefício da renúncia fiscal ora em debate. CONTRIBUIÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. ALÍQUOTA MÍNIMA. 8%. É de 8% a alíquota mínima da contribuição dos segurados empregados, uma vez que a CPMF foi definitivamente extinta, não persistindo mais os motivos que ensejaram o desconto nos Salários de Contribuição até 3 salários mínimos. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA. LEGALIDADE Dada a sua natureza de contribuição especial de intervenção no domínio econômico, a contribuição social destinada ao INCRA não foi extinta pela Lei 8.212/91, podendo ser exigida também do empregador urbano, como ocorre desde a sua origem, quando instituída pela Lei 2.613/55. A contribuição destinada ao INCRA tem caráter de universalidade e sua incidência não está condicionada ao exercício da atividade rural. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA SESC/SENAC. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. OBRIGATORIEDADE. As empresas prestadoras de serviços, por estarem enquadradas no plano sindical da Confederação Nacional do Comércio, consoante classificação do art. 577 da CLT e seu anexo, estão sujeitas ao recolhimento das contribuições sociais vertidas ao Sesc/Senac. SEBRAE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. CONSTITUCIONALIDADE. A contribuição social destinada ao SEBRAE tem natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, prescindindo de lei complementar para a sua criação, revelandose constitucional, portanto, a sua instituição pelo §3º do art. 8º da Lei 8.029/90, com a redação dada pelas Leis 8.154/90 e 10.668/2003. SALÁRIO EDUCAÇÃO. LEI nº 9.424/96. CONSTITUCIONALIDADE. É constitucional a cobrança da contribuição do salário educação, seja sob a carta de 1969, seja sob a constituição federal de 1988, assim como no regime da lei 9.424/96. Súmula 732 do STF. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. O crédito decorrente de contribuições previdenciárias não integralmente pagas na data de vencimento será acrescido de juros de mora, de caráter irrelevável, seja qual for o motivo determinante da falta, equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC a que se refere o artigo 13 da Lei 9.065/95, incidentes sobre o valor atualizado, nos termos do art. 161 do CTN c.c. art. 34 da Lei nº 8.212/91. Fl. 921DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 922 5 PRODUÇÃO DE PROVAS. MOMENTO PRÓPRIO. REQUISITOS OBRIGATÓRIOS. A impugnação deverá ser formalizada por escrito e mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, bem como os pontos de discordância, e vir instruída com todos os documentos e provas que possuir, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, salvo nas hipóteses taxativamente previstas na legislação previdenciária, sujeita a comprovação obrigatória a ônus do sujeito passivo. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 35A DA LEI Nº 8.212/91. O benefício da retroatividade benigna encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN é de ser observado quando uma nova lei cominar a uma determinada infração tributária uma penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração em realce. Nos casos de lançamento de ofício de tributo devido e não recolhido, o mecanismo de cálculo da multa de mora introduzido pela MP n° 449/08 deve operar como um limitador legal do quantum máximo a que a multa poderá alcançar, eis que, até a fase anterior ao ajuizamento da execução fiscal, a metodologia de cálculo fixada pelo revogado art. 35 da Lei nº 8.212/91 se mostra mais benéfico ao contribuinte. Recurso Voluntário Negado Decisão: por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado. Acórdão 2402002.826 Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/06/2005 a 28/02/2007 CERCEAMENTO DE DEFESA – NULIDADE – INOCORRÊNCIA Não há que se falar em nulidade por cerceamento de defesa se o Relatório Fiscal e as demais peças dos autos demonstram de forma clara e precisa a origem do lançamento e a fundamentação legal que o ampara PRÊMIOS DE INCENTIVO – CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDÊNCIA Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo a contribuintes individuais. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter retributivo, ou seja, contraprestação de serviço prestado ESTAGIÁRIO – CONTRATAÇÃO NÃO CUMPRIMENTO REQUISITOS LEGAIS – INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a trabalhadores a condição de estagiários se não forem cumpridos os requisitos para tal contratação dispostos na Lei nº Fl. 922DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 923 6 6.494/1977. De acordo com o art. 118 do CTN, abstraise, para os fins de definição do fato gerador, a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL REGULAR A escrituração contábil regular deve refletir a verdade dos fatos. Assim, mediante alegações sem provas de equívocos nos registros contábeis, prevalecem os últimos. PROVA TESTEMUNHAL – OITIVA DE TESTEMUNHA – INDEFERIMENTO – CERCEAMENTO DE DEFESA – INOCORRÊNCIA Não representa cerceamento de defesa o indeferimento de produção de prova testemunhal por meio de oitivas face à inexistência de previsão no Decreto nº 70.235/1972 da apresentação de prova testemunhal no contencioso administrativo fiscal PERÍCIA – NECESSIDADE – COMPROVAÇÃO – REQUISITOS – CERCEAMENTO DE DEFESA – NÃO OCORRÊNCIA Deverá restar demonstrada nos autos, a necessidade de perícia para o deslinde da questão, nos moldes estabelecidos pela legislação de regência. Não se verifica cerceamento de defesa pelo indeferimento de perícia, cuja necessidade não se comprova RESPONSÁVEIS LEGAIS – PÓLO PASSIVO – NÃO INTEGRANTES Os representais legais da empresa elencados pela auditoria fiscal no Relatório de Vínculos não integram o pólo passivo da lide, não lhes sendo atribuída qualquer responsabilidade pelo crédito lançado, seja solidária ou subsidiária. A relação tem como finalidade subsidiar a Procuradora da Fazenda Nacional na eventual necessidade de identificar as pessoas que poderiam ser responsabilizadas na esfera judicial, caso fosse constatada a prática de atos com infração de leis. TAXA SELIC – APLICAÇÃO Sobre as contribuições não recolhidas em época própria, incide a taxa de juros SELIC, a qual não é aplicada de forma capitalizada MULTA DE MORA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO FATO GERADOR. O lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, aplicase a multa de mora nos percentuais da época, limitada a 75% (redação anterior do artigo 35, inciso II da Lei nº 8.212/1991). Recurso Voluntário Provido em Parte Decisão: por maioria de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em dar provimento parcial para Fl. 923DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 924 7 recálculo da multa nos termos do artigo 35 da Lei n° 8.212/91, vigente à época dos fatos geradores, limitada a 75%, vencidos os conselheiros Igor Araújo Soares e Thiago Taborda Simões que limitavam a multa ao percentual de 20%. Após defender a existência de divergência interpretativa, em linhas gerais, argumenta a Fazenda Nacional em sua demanda que: a) No caso, a relação de estágio foi analisada à luz da Lei no. 6.494, de 1977, vigente à época dos fatos geradores. Inobstante, a decisão recorrida cogitou da aplicação da Lei no. 11.788, de 25/09/2008. Em verdade, é sabido, como regra, que os conflitos da lei no tempo devem ser resolvidos sob a ótica do milenar Principio da Irretroatividade (e exceções), que, no direito tributário, é extraído da combinação da Lei de Introdução ao Código Civil com o art. 101 do Código Tributário Nacional. No tocante à retroação prevista no CTN, devese analisar seu art. 106 que excepciona a regra da irretroatividade. O referido dispositivo legal permite a lei voltarse ao passado, dispensandose, pois, disposição expressa de lei, nas hipóteses de lei interpretativa e de “lei mitior” quanto a infrações ou penalidades; b) Portanto, no caso, como não houve expressa disposição da lei, nem lei expressamente interpretativa, nem regulação de sanções, então não há retroatividade. Logo, no caso, a relação de estágio deve ser aferida segundo os requisitos estabelecidos na Lei no. 6.494, de 1977, vigente à época dos fatos geradores; c) Pelo teor da referida Lei, para a caracterização da relação de estágio, é necessária a comprovação da frequência escolar dos alunos admitidos pela empresa. Este requisito, no entanto, não foi cumprido pela contribuinte, conforme atestou a fiscalização, que ressaltou irregularidades quanto à: a) falta de comprovação de supervisão dos estagiários; b) não apresentação de plano de estágio; c) remuneração vinculada a cumprimento de metas; d) desempenho de atividades meramente burocráticas; d) Cita o art. 28, §9o., "i", da Lei no. 8.212, de 24 de julho de 1991, ressaltando que o legislador ordinário expressamente excluiu do saláriodecontribuição os valores relativos a bolsa paga ao estagiário. Porém, elencou alguns requisitos a serem cumpridos para que os valores pagos não sejam considerados saláriodecontribuição, ou seja, devem observar os elementos definidos na Lei no. 6.494, de 1977. Este requisitos, no entanto, não foram cumpridos no caso dos autos, conforme detalhado anteriormente, tendo em vista as irregularidades apontadas pela fiscalização na relação de estágio. Com efeito, verificase que a verba relativa a bolsa de estágio não está fora do campo de incidência das contribuições previdenciárias, sendo que a isenção atinge apenas os valores pagos a titulo de bolsa de complementação educacional de estagiário, em estrita observância à Lei no. 6.494, de 1977. No caso, o contribuinte não comprovou a matricula e frequência dos estagiários em instituições de ensino, conforme exige a lei. Além do descumprimento deste requisito legal, a fiscalização ainda constatou as seguintes irregularidades: falta de comprovação de supervisão dos estagiários; não apresentação de plano de estágio; remuneração vinculada a cumprimento de metas e desempenho de atividades meramente burocráticas; e) Não basta a mera exibição do Termo de Compromisso para afastar as verbas pagas a título de bolsa de estágio da incidência da contribuição previdenciária. Não é isso que está previsto na lei. É preciso que todos os requisitos sejam cumpridos cumulativamente. Impor tais obrigações apenas à instituição de ensino e ao órgão interveniente seria contrariar o espírito da relação de estágio e impor obrigações a apenas algumas partes, o que vai de encontro à própria natureza do instrumento firmado (convênio). Assim, uma vez Fl. 924DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 925 8 caracterizado o descumprimento da Lei no. 6.494, de 1977, correta a exigência das contribuições previdenciárias sobre os valores pagos à titulo de bolsa de estagio; f) A interpretação para exclusão de parcelas da base de cálculo é literal. A isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, e dessa forma, interpretase literalmente a legislação que disponha sobre esse beneficio conforme prevê o CTN em seu artigo 111, I. Portanto, a interpretação da norma isentiva não permite incluir nela situações ou pessoas que não estejam expressamente previstas no texto legal instituidor, em face da literalidade em que deve ser interpretada. Assim, onde o legislador não dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei estender a interpretação, sob pena de violarse os princípios da reserva legal e da isonomia. Desse modo, caso o legislador tivesse desejado excluir da incidência de contribuições previdenciárias a parcela referente a bolsa de estágio incondicionalmente, não teria feito expressa referência à Lei no. 6.494, de 1977, cujos requisitos devem ser observados e comprovados pelo contribuinte; g) Convém registrar que a Lei n ° 10.243, de 2001 alterou a CLT, mas não interferiu na legislação previdenciária, pois esta é especifica. O art. 458 da CLT referese ao salário para efeitos trabalhistas. Para incidência de contribuições previdenciárias há o conceito de saláriodecontribuição, com definição própria e possuindo parcelas integrantes e não integrantes. As parcelas não integrantes estão elencadas exaustivamente no art. 28, §9o., da Lei n° 8.212/91, conforme demonstrado. A prova mais robusta de que a verba para efeito previdenciário não coincide com a verba para incidência de direitos trabalhistas, é fornecida pela própria Constituição Federal. Conforme o art. 195, § 11, da Carta Magna, os ganhos habituais do empregado, a qualquer titulo, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. Desse modo, pela singela leitura do texto constitucional possível afirmar que para efeitos previdenciários foi alargado o conceito de salário. Desse modo, não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, deve persistir o lançamento; Assim, requer que seja conhecido e provido o Recurso Especial, para reformar o acórdão recorrido, mantendose o lançamento em sua integralidade. Após a ciência da autuada em 26/06/2017 (efls. 738/739), esta, em 10/07/2017 (efl. 740), apresentou contrarrazões de sua iniciativa, de efls. 742 a 765, onde: a) Alega que o REsp aviado pela PFN não se volta contra o principal fundamento que norteou, de fato e de direito, o provimento do Recurso Voluntário, qual seja: as obrigações tidas por descumpridas em relação aos estagiários não competem à Recorrida, o que, aliás, consta do próprio TVF. O Recorrido, em verdade, deu provimento ao Recurso Voluntário justamente por reconhecer que nenhum dos pretensos fundamentos da autuação consubstanciaria obrigação descumprida pela Recorrida, destacando uma série de elementos que corroborariam a improcedência da pretensão fiscal; b) É evidente que as alegações fazendárias tecidas no RESP não teriam o condão de alterar a conclusão da improcedência da autuação, pois tocam pontos periféricos do decisum que poderiam até ser considerados obter dictum no contexto global do v. Acórdão Recorrido. Com efeito, estando comprovado que o Acórdão Recorrido julgou o caso à luz da Lei n° 6.494, de 1977 e reputou não competir à Recorrida as obrigações tidas por descumpridas pela autuação, é fato que não alteraria o resultado de julgamento (i) o afastamento do Princípio da Retroatividade Benigna em relação à Lei n° 11.788/08, que revogou a Lei n° 6.494/77; (ii) o entendimento pela necessidade de comprovação da frequência escolar; Fl. 925DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 926 9 c) Aliás, em relação ao quesito da comprovação de frequência escolar, além de não se tratar de obrigação da Recorrida, nos termos da Lei n° 6.494, de 1977, o Acórdão Recorrido reputou comprovado in casu, diante do Convênio firmado, bem como em função dos Termos de Compromisso, dos relatórios de estágio e de toda a documentação fornecida, cujo pressuposto é o estado de matriculado dos estagiários, bem como diante da ausência de prova em contrário por parte da Fiscalização. Notese que tal quesito é suscitado pela PGFN não para convencer este Colegiado de que não haveria comprovação de matrícula dos estagiários, mas, apenas e tão somente, com a intenção de gerar dúvida sobre a sua existência. Diante disso, tem se que as razões arguídas pela PGFN à reforma do Acórdão Recorrido não seriam suficientes a tal fim, dado que os Julgadores a quo adotam outras e mais amplas premissas que manteriam o resultado tal como vazado. Assim, diante da evidente falta de interesse processual da Recorrente neste quesito, não merece ser conhecido o REsp aviado pela PFN.; d) Importa notar que o Acórdão Recorrido pautouse na detida análise do caso concreto, sopesando os motivos da autuação e os argumentos e provas colacionados pela ora Recorrida, para concluir pela improcedência das acusações fiscais. Tal fato demonstra de per se o descabimento do REsp da PGFN por ausência de paradigmas similares e entendimento divergente, não apenas pela dificuldade de se identificar autuação e julgado similares em tamanha complexidade fática, mas também, e principalmente, porque se reconhece in casu a diligência da Recorrida nas obrigações que lhe competiam, bem como a improcedência da acusação fiscal ao reputar descumpridos certos requisitos legais que não competiam à Recorrida. Em outras palavras, o Acórdão Recorrido adentrou aos detalhes do caso concreto para reconhecer que as acusações fiscais não refletem a realidade dos fatos, seja porque a Recorrida observou e cumpriu com a Lei no 6.494, de 1977, seja porque não poderia ser responsabilizada por eventual descumprimento de obrigação de terceiros, tal como da Instituição de Ensino, que ocupa importante posição na relação de estágio. Já se viu quais foram os fundamentos da autuação e do Acórdão Recorrido. Em contrapartida, a denotar a absoluta dessemelhança fática, cita as razões fáticas e jurídicas que lastreiam os alegados acórdãos paradigmas. d.1) A UMA, vejase que nenhum dos acórdãos encimados toca nas matérias de "titularidade das obrigações tidas por descumpridas" e "comprovação do cumprimento das tarefas legais da unidade concedente", as quais foram basilares na compreensão e no julgamento do caso concreto, por meio do Acórdão Recorrido, fato esse que torna insuscetíveis de comparação os julgados, mormente para fins de Recurso Especial. d.2) A DUAS, os julgados encimados registram, e de forma reiterada, a ausência de provas por parte dos contribuintes em face das acusações fiscais, o que levou os Julgadores a forma convicção de que, de fato, os pagamentos autuados se afiguraram salário de contribuição na constância de vínculo empregatício. Já in casu a produção de provas e argumentos foi identificada. e valorada pela Turma "a quo", dando ao caso concreto o devido tratamento legal a si aplicável, mediante o cancelamento da autuação, dada a higidez da relação de estágio que motivou os pagamentos autuados. Também isso torna insuscetíveis de comparação os julgados, mormente para fins de Recurso Especial. d.3) A TRÊS, notese que os acórdãos encimados sequer discutem de forma detida, tampouco amparam o argumento fazendário de que a autuação haveria de ser mantida por pretensa ausência de acompanhamento, de orientação e de avaliação de estágio, e de evidenciação de frequência escolar e matrícula dos estagiários na Instituição de Ensino. E por que não trataram disso? Por total carência de provas por parte dos contribuintes, segundo consta dos arestos. E, no caso do Acórdão no. 2402002.826 (caso "IGATA"), sequer a autuação recai sobre bolsa auxílio de estagiários, mas sim sobre "cartão de incentivos', o que Fl. 926DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 927 10 corrobora sua imprestabilidade à rediscussão do v. atesto vergastado in casu. É dizer NÃO HÁ ADERÊNCIA ENTRE os JULGADOS, SEJA QUANTO AOS FATOS, SEJA QUANTO AO ENTENDIMENTO. Notese que uma leitura apressada dos pretensos paradigmas poderia induzir o erro de que haveria alguma identidade, mas a sua ausência fica clara quando se percebe que tais julgados se limitaram a interpretar a lei em tese, talvez por falta de provas por parte dos contribuintes, enquanto que o Acórdão Recorrido analisou fatos e os submeteu à subsunção legal, concluindo, de forma natural, pela improcedência dos lançamentos. e) Ora, é cediço que a configuração da divergência jurisprudencial pressupõe que as decisões ditas conflitantes se reportem à mesma circunstância fática. Ou seja, somente podese falar em dissídio jurisprudencial quando diferentes julgadores, diante de circunstâncias fáticas similares, apresentam entendimentos divergentes, o que, como visto à saciedade, não ocorre in casu, notadamente quanto à discussão da aplicabilidade ou não da retroatividade benigna do art. 106 do CTN. Resta claro, portanto, o descumprimento do caput do art. 67 do RICARF, que prescreve o mais essencial dos pressupostos de admissibilidade do Recurso Especial, que é a identidade fática e a interpretação divergente de lei tributária, comprovada por meio de acórdão paradigma apto. E, com relação à matéria de retroatividade benigna da Lei no 11.788, de 2008, a PGFN não apresenta acórdão paradigma para subsidiar tal argumento e tampouco o ponto foi motivo de decidir do v. aresto recorrido, desrespeitando o caput do 67 do RICARF. Assim, tendo em vista que a Procuradoria não demonstrou a existência de interpretação divergente da lei tributária, por meio da apresentação de acórdão paradigmático, na forma do caput do at. 67 do RICARF, não deve ser conhecido o RESP contrarrazoado, quanto ao ponto da retroatividade benigna; f) Outrossim, é fato que a irresignação da PGFN, in casu, decorre de clara pretensão de rediscutir matéria fáticoprobatória, o que não se admite nesta via especial, impedindo, portanto, o conhecimento do RESP aviado. A questão que se impõe é bem clara: a pretensão recursal demanda que se revisite toda sorte de documentos e subsídios carreados aos autos, bem como a sua rediscussão, extrapolando, portanto, o plano do direito, o que não cabe nesta via especial. Com efeito, a PGFN busca rediscutir o conjunto probatório constante dos autos, em busca de uma nova análise por esta CSRF. É cediço não caber, nesta via especial, a discussão sobre os fatos alegados no curso da lide administrativa, sendo claro que, a pretensão da PFN colide com a referendada Súmula n° 7 do STJ. g) Assim como consolidado na Súmula encimada, a CSRF não pode declinar se sobre o conjunto probatório presente nos autos, pois vai contra o seu mister, de âmbito de discussão de questões jurídicas, de direito, sendo certo que, a avaliação probatória, no âmbito do CARF, vai até a segunda instância. Aplicandose tal entendimento no presente caso, vêse que a PGFN demanda, em seu Recurso, que esta CSRF realize o reexame todo o conjunto probatório do caso, sugerindo, talvez, ter havido um julgamento errôneo das provas por parte da Câmara a quo, o que não ocorreu neste caso. Portanto, não pode ser conhecido o Recurso Especial ora contrarrazoado, também por afrontar a Súmula STJ n° 7; h) o dissídio jurisprudencial objeto do Recurso Especial deve ser cabalmente evidenciado, a partir da indicação analítica dos pontos divergentes, para, somente então, ter seu mérito conhecido. Sendo o cotejo analítico entre acórdão recorrido e paradigmas elemento essencial para a caracterização do dissídio jurisprudencial, o Recurso Especial que não se desincumbir do ônus imposto pelo art. 67, § 8o, do RICARF 2009, não pode ser conhecido. Ou seja, não obstante o esforço da Procuradoria, o seu Recurso limitase à mera transcrição da ementa e alegações do que trataria os acórdãos paradigmas, os quais não se prestam a evidenciar a similitude fática, tampouco a divergência entre os acórdãos. Importa lembrar que a CSRF já consolidou seu entendimento no sentido de que o REsp, para ser conhecido, deve Fl. 927DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 928 11 proceder ao cotejo analítico entre acórdãos recorrido e paradigmas, sendo que, para tanto, é insuficiente mera transcrição de ementa das decisões paradigmáticas, se desacompanhada de análise comparativa substancial. Assim, tendo em vista que a Procuradoria não demonstra a correlação na matéria debatida em seu Recurso de modo analítico, tal qual preceitua o artigo 67, § 6o, do RICARF 2009, a sua irresignação não merece ser conhecida, tal como asseverado no Despacho de Inadmissibilidade (sic); i) Quanto ao mérito, entende que a caracterização do estágio é certa, tanto com fulcro na Lei n° 6.494, de 1977, como na Lei n° 11.788, de 2008, notadamente diante do conjunto probatório apresentado pela ora Recorrida, comprovando o cumprimento dos requisitos da Lei n° 6.494, de 1977, inexistindo vínculo empregatício entre a Recorrida e os estagiários. Cita o art. 3o, da Lei n° 6.494,de 1977, para defender que, uma vez que a Recorrida apresentou os Termos de Compromisso firmados com os estagiários, inclusive, todos com interveniência do Centro de Integração Empresa Escola ("CIEE"), conforme reconhecido pela própria Autoridade Administrativa no Relatório Fiscal que acompanha os AIs, temse que a Recorrida cumpriu o requisito necessário para a realização do estágio; j) Cita, ainda, os art. 5o. do Decreto 87.497, de 1982, para argumentar que resta patente que a existência do Termo de Compromisso celebrado entre o estudante o cedente, com a supervisão da Instituição de Ensino, constitui prova bastante e suficiente da inexistência de vínculo empregatício. Nesse sentido, inclusive, jurisprudência deste CARF a propósito. k) Destarte, resta patente que os estágios curriculares fornecidos pela Recorrida estão em perfeita consonância com as determinações legais, bem como que a Recorrida cumpriu todos os requisitos formais e materiais previstos na Lei n.° 6.494, de 1977, revelandose, assim, absolutamente improcedente a pretensão da Autoridade Fiscal. Além disso, a Recorrida cumpriu os demais requisitos formais e materiais indicados na Lei n.° 6.494, de 1977, pois, além dos Termos de Compromisso firmados, todos os estagiários indicados no auto de infração frequentam cursos de educação superior; a Recorrida possui condições de proporcionar a experiência prática necessária na linha de formação do estagiário, sendo certo que o estágio propicia a complementação do ensino e da aprendizagem do estudante, planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos. E mais, todas as informações e relatórios acercados estagiários foram devidamente encaminhados às Instituições de Ensino e/ou ao CIEE, sendo certo que à Recorrida não cabe a guarda deste material, até porque, muitas vezes, os mencionados relatórios são enviados via digital, ficando disponíveis em sistema por apenas seis meses; l) Ademais, caso os programas de estágio não estivessem em conformidade com as condições estabelecidas pela lei e pelas instituições de ensino, as mesmas já teriam se pronunciado, solicitando que a Recorrida tomasse as providências cabíveis no sentido de regularizar a situação, haja vista serem as responsáveis pelos estágios, consoante inteligência do artigo 2o., do Decreto n.° 87.497, de 18 de agosto de 1982. Portanto, os elementos de prova demonstrados pela Recorrida são hábeis e suficientes para a comprovação das atividades de estágio exercidas; Pugna, assim, inicialmente, pelo não conhecimento do REsp aviado pela PGFN e, subsidiariamente, no mérito, pelo seu desprovimento, mantendose o Acórdão Recorrido na parte em que vergastado. É o relatório. Fl. 928DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 929 12 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, RedatoraDesignado AD HOC para formalização do voto. Pelo fato de o ConselheiroRelator Heitor de Souza Lima Junior não mais compor o colegiado em função do encerramento do seu mandato, eu, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, nomeada para formalização, reproduzo a seguir o voto por ele encaminhado na sessão de julgamento. Considerando que eu (Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira), como redatora adhoc, fui designada apenas para a formalização do voto, deixo consignado que embora tenha acompanhado o relator, não me vinculo a todas os fundamentos por ele adotados em seu voto. Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator. 1. Quanto ao conhecimento Pelo que consta no processo quanto à sua tempestividade, o Recurso atende a este requisito de admissibilidade. Passo, assim, a analisar as óbices quanto ao conhecimento levantadas sem sede de contrarrazões (itens 12 a 51 de efls. 746 a 756). Inicialmente quanto à óbice levantada pela contraarrazoante de inexistência de interesse processual da PGFN (itens 12 a 21 de contrarrazões), entendo não lhe assistir razão. Explico. Nítido, em meu entendimento, que a Fazenda Nacional aduz, em seu Recurso de efls. 688 a 715 e anexos, tese jurídica que seria suficiente, sim, à manutenção do lançamento, na medida em que: a) Uma vez afastada a aplicação retroativa da lei no. 11.788, de 2008, e b) caracterizada violação pelo autuado da Lei no. 6.494 de 1977, pela não manutenção dos comprovantes de matrícula e de frequência de seus estagiários, (independentemente da existência do Convênio com a CIEE, que não é mencionado no Recurso) se atinge sim, pelo Recurso, o ponto fulcral de descumprimento de obrigação legal de responsabilidade do contribuinte consoante pode ser confirmado às efls. 711 a 713 do Recurso Fazendário. Notese que, afastada a referida retroatividade e uma vez adotada a tese propugnada pela Recorrente, restaria escorreito o lançamento Por fim, em sede de conhecimento, não deve se manifestar este Colegiado acerca de eventual improcedência de alegação por insuficiência de provas, a ser analisada somente quando do mérito recursal caso o Recurso reste regularmente admitido. Afastada tal óbice inicial, passo, agora, à análise de existência de similitude fática e existência de divergência interpretativa (óbices em itens 22 a 36 de contrarrazões, às e fls. 749 a 753). De se notar, a propósito que o Recurso Fazendário de efls. 688 a 715, contrariamente ao afirmado pelo contraarrazoante não possui, no presente caso, qualquer item específico relativo à aplicação do Princípio da Retroatividade Benigna, o qual é tratado Fl. 929DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 930 13 conjuntamente com a matéria litigada, referente à caracterização de estagiários como empregados. Quanto à alegada inexistência de similitude fática entre recorrido e paradigmas, com o devido respeito ao argumento tecido pelo contrarrazoante, cediço que se está diante de situação fática notadamente semelhante no caso do primeiro paradigma (Acórdão 2302001.162), onde se conclui, pela necessidade, à luz do disposto na Lei no. 6.494, de 1977, de manutenção, pelo autuado (e não por terceiros) de comprovantes de frequência escolar (conforme citado às efls. 18/19 do primeiro acórdão paradigma), apesar de também ali existir convênio realizado com a mesma instituição dos presentes autos (CIEE) para fins de contratação do estágio. Assim, transmudado o caso concreto para o Colegiado paradigmático, não havendo a apresentação de tais elementos, restaria rejeitada a exclusão tencionada pelo autuado, em linha com a glosa realizada pela autoridade fiscal e em posição divergente do Colegiado a quo. Caracterizada, assim, a existência de divergência interpretativa, Quanto à óbice em sede de conhecimento levantada pelo contribuinte de se estar a tratar aqui de revaloração probatória (itens 37 a 44 de efls. 795 a 797), entendo que se está, no pleito, diante de questão notadamente jurídica, no que diz respeito ao ônus probatório a ser suportado pela instituição concedente de estágio, para fins da fruição da exclusão dos valores pagos a titulo de estágio da incidência sobre contribuições previdenciárias e à suficiência dos termos de compromisso como elemento de prova. Especificamente quanto ao item supra, ressalto que, neste cenário, não há que se falar em revaloração probatória, mas simplesmente de estabelecer o ônus probatório do qual se deve desincumbir o contribuinte (questão notadamente jurídica), limitandose, a partir daí, o julgado à aplicação da tese vencedora ao caso concreto, levando, sim, em consideração as provas constantes dos autos, mas sem revalorálas. Finalmente, quanto à suposta inexistência de cotejamento analítico (itens 45 a 51 de contrarrazões), entendo não haver reparos a fazer à análise de efls. 718 a 730, tendo a Fazenda se desincumbido satisfatoriamente do requisito Regimental, mais especificamente no item III de seu pleito, constante de efls. 691 a 708. Assim, a partir do acima disposto, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional e passo à sua análise de mérito. 2. Quanto ao mérito Caracterização de Segurado Empregado Estagiário: Inicialmente, incontroversa, a esta altura, em meu entendimento a inaplicabilidade da retroatividade benigna e, consequentemente, da Lei no. 11.788, de 2008, aos presentes autos para fins de caracterização da relação de estágio/vínculo empregatício, uma vez que o contribuinte a reconhece como inaplicável expressamente em sede de contrarrazões, por força de sua interpretação da decisão recorrida, verbis: 34. E, com relação à matéria de retroatividade benigna da Lei no. 11788/08, a D. PGFN não apresenta acórdão paradigma para subsidiar tal argumento e tampouco o ponto foi motivo de decidir do v. aresto recorrido (grifei). Fl. 930DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 931 14 Assim, de se analisar o cumprimento ou não dos requisitos para fins da exclusão tencionada à luz da Lei no. 6.494, de 1977. Adentrando o caso, rezava a propósito o já mencionado art. 28, §9o., "i", da Lei no. 8.212, de 1991: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; (...) Por sua vez a mencionada Lei no. 6.494, de 1977, assim estabelecia : Art. 1º As pessoas jurídicas de Direito Privado, os órgãos de Administração Pública e as Instituições de Ensino podem aceitar, como estagiários, os alunos regularmente matriculados em cursos vinculados ao ensino público e particular. (Redação dada pela Lei nº 8.859, de 23.3.1994) §1o Os alunos a que se refere o caput deste artigo devem, comprovadamente, estar freqüentando cursos de educação superior, de ensino médio, de educação profissional de nível médio ou superior ou escolas de educação especial. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16441, de 2001) §2º o estágio somente poderá verificarse em unidades que tenham condições de proporcionar experiência prática na linha de formação do estagiário, devendo o aluno estar em condições de realizar o estágio, segundo o disposto na regulamentação da presente lei. (Redação dada pela Lei nº 8.859, de 23.3.1994) §3º Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem e ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares. (Incluído pela Lei nº 8.859, de 23.3.1994) Art. 2º O estágio, independentemente do aspecto profissionalizante, direto e específico, poderá assumir a forma de atividade de extensão, mediante a participação do estudante em empreendimentos ou projetos de interesse social. Art. 3º A realização do estágio darseá mediante termo de compromisso celebrado entre o estudante e a parte concedente, como interveniência obrigatória da instituição de ensino. § 1º Os estágios curriculares serão desenvolvidos de acordo com o disposto no § 3° do art. 1º desta lei. (Redação dada pela Lei nº 8.859, de 23.3.1994) Fl. 931DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 932 15 § 2º Os estágios realizados sob a forma de ação comunitária estão isentos de celebração de termo de compromisso. Art. 4º O estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza e o estagiário poderá receber bolsa, ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, ressalvado o que dispuser a legislação previdenciária, devendo o estudante, em qualquer hipótese, estar segurado contra acidentes pessoais. Art. 5º A jornada de atividade em estágio, a ser cumprida pelo estudante, deverá compatibilizarse com o seu horário escolar e com o horário da parte em que venha a ocorrer o estágio. Parágrafo único. Nos períodos de férias escolares, a jornada de estágio será estabelecida de comum acordo entre o estagiário e a parte concedente do estágio, sempre com interveniência da instituição de ensino. Por sua vez estabelecia o Decreto no. 87.497, de 1982, regulamentador da Lei no. 6.494, de 1977: Art . 1º O estágio curricular de estudantes regularmente matriculados e com freqüência efetiva nos cursos vinculados ao ensino oficial e particular, em nível superior e de 2º grau regular e supletivo, obedecerá às presentes normas. Art . 2º Considerase estágio curricular, para os efeitos deste Decreto, as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e coordenação da instituição de ensino. Art . 3º O estágio curricular, como procedimento didático pedagógico, é atividade de competência da instituição de ensino a quem cabe a decisão sobre a matéria, e dele participam pessoas jurídicas de direito público e privado, oferecendo oportunidade e campos de estágio, outras formas de ajuda, e colaborando no processo educativo. Art . 4º As instituições de ensino regularão a matéria contida neste Decreto e disporão sobre: a) inserção do estágio curricular na programação didático pedagógica; b) cargahorária, duração e jornada de estágio curricular, que não poderá ser inferior a um semestre letivo; c) condições imprescindíveis, para caracterização e definição dos campos de estágios curriculares, referidas nos §§ 1º e 2º do artigo 1º da Lei nº 6.494, de 07 de dezembro de 1977; d) sistemática de organização, orientação, supervisão e avaliação de estágio curricular. Fl. 932DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 933 16 Art . 5º Para caracterização e definição do estágio curricular é necessária, entre a instituição de ensino e pessoas jurídicas de direito público e privado, a existência de instrumento jurídico, periodicamente reexaminado, onde estarão acordadas todas as condições de realização daquele estágio, inclusive transferência de recursos à instituição de ensino, quando for o caso.(grifei) Art . 6º A realização do estágio curricular, por parte de estudante, não acarretará vínculo empregatício de qualquer natureza. § 1º O Termo de Compromisso será celebrado entre o estudante e a parte concedente da oportunidade do estágio curricular, com a interveniência da instituição de ensino, e constituirá comprovante exigível pela autoridade competente, da inexistência de vínculo empregatício. § 2º O Termo de Compromisso de que trata o parágrafo anterior deverá mencionar necessariamente o instrumento jurídico a que se vincula, nos termos do artigo 5º. § 3º Quando o estágio curricular não se verificar em qualquer entidade pública e privada, inclusive como prevê o § 2º do artigo 3º da Lei nº 6.494/77, não ocorrerá a celebração do Termo de Compromisso. Art . 7º A instituição de ensino poderá recorrer aos serviços de agentes de integração públicos e privados, entre o sistema de ensino e os setores de produção, serviços, comunidade e governo, mediante condições acordadas em instrumento jurídico adequado. Parágrafo único. Os agentes de integração mencionados neste artigo atuarão com a finalidade de: a) identificar para a instituição de ensino as oportunidades de estágios curriculares junto a pessoas jurídicas de direito público e privado; b) facilitar o ajuste das condições de estágios curriculares, a constarem do instrumento jurídico mencionado no artigo 5º; c) prestar serviços administrativos de cadastramento de estudantes, campos e oportunidades de estágios curriculares, bem como de execução do pagamento de bolsas, e outros solicitados pela instituição de ensino; d) coparticipar, com a instituição de ensino, no esforço de captação de recursos para viabilizar estágios curriculares. Feita tal digressão, com a devida vênia ao entendimento manifestado pelo Colegiado a quo, entendo que, com fulcro no estabelecido no art. 28, §9o., "i", da Lei no. 8.212, de 1991, a referida Lei no. 6.494, de 1977, na forma do seu art. 1o, §§1o., 2o. e 3o., estabelece condições a meu ver a serem necessariamente cumpridas e que perpassam a simples celebração do Termo de Compromisso, dependendo a exclusão da base de cálculo das contribuições da efetiva comprovação, pela concedente, de todos os requisitos estabelecidos, uma vez que é a Fl. 933DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 934 17 concedente a beneficiária da exclusão, cabendo a esta, assim, comprovar o fato constitutivo de seu direito àquela, prevista na referida alínea "i", afastando, assim, a relação de emprego. No que tange à efetiva comprovação do atendimento ao disposto nos §§1o., 2o. e 3o. do art. 1o da Lei no. 6.494, de 1977, à luz do referido Regulamento, acedo aqui ao posicionamento brilhantemente esposado pelo Conselheiro Arlindo da Costa e Silva no âmbito do Acórdão no. 2401004.286, visto refletir, também, meu posicionamento acerca do tema, verbis: (...) De acordo com a legislação de regência, a caracterização de estagio curricular depende da celebração de Termo de Compromisso entre o Estudante e o Concedente, com a interveniência da Instituição de Ensino, o qual termo constituirá comprovante exigível da inexistência de vínculo empregatício. Com efeito, é através do reexame periódico do citado instrumento jurídico que as autoridades competentes, dentre as quais os auditores fiscais federais, podem sindicar se a relação jurídica estabelecida inicialmente entre estagiário e as empresas continuam atendendo aos requisitos essenciais da inexistência de vínculo empregatício, ou, no caso da legislação previdenciária, se o valor auferido pelo estagiário ainda reúne as condições indispensáveis para se subsumir à hipótese de não incidência prevista na alínea “i” do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. (...) Em consonância com o regime jurídico ora vigente, a caracterização de inexistência de vínculo empregatício entre o estagiário e a empresa depende do adimplemento cumulativo dos seguintes requisitos essenciais: § Comprovação de matrícula e frequência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; § Comprovação da celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; § Comprovação da compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso; § Comprovação do acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, mediante vistos nos relatórios de atividades do educando, apresentados periodicamente em prazo não superior a 6 (seis) meses, e por menção de aprovação final.”(grifei) Aplicando tais considerações especificamente quanto ao caso sob análise, entendo que, uma vez tendo se limitado a concedente a apresentar os Termos de Compromisso Fl. 934DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 935 18 de Estágio, sem qualquer comprovação de matrícula e frequência regular e de compatibilidade de atividades e acompanhamento efetivo, não se desincumbiu aquela concedente satisfatoriamente do ônus supra, qual seja, de comprovação de cumprimento dos requisitos estabelecidos nos §§1o., 2o. e 3o. do art. 1o da Lei no. 6.494, de 1977, à luz do referido Decreto regulamentador, que restaram, assim, violados, alinhandome aqui ao entendimento da autoridade julgadora de 1a. instância, cujo excerto abaixo é adotado aqui como razão de decidir adicional quanto à matéria: " (...) Cabe observar, no caso, que a atividade do estagiário revestese, em princípio, de pessoalidade, de subordinação, de não eventualidade e de onerosidade, características inerentes a uma relação de emprego, mas que a legislação previdenciária isenta os valores percebidos pelos estagiários quando obedecidas as exigências previstas na Lei n.° 6.494/77, (...) (...) É de se ressaltar, aqui, que, caso a empresa não demonstre o atendimento dos requisitos formais e materiais da Lei n.° 6.494, de 07/12/1977, os valores percebidos pelos estagiários serão tributados, sofrendo a incidência de contribuições previdenciárias e de terceiros, com a sua caracterização como segurados empregados. (...) Assim, não é qualquer pagamento a estagiário que irá resultar em isenção das contribuições previdenciárias e de terceiros, mas apenas aqueles que forem realizados em observância à Lei n.° 6.494/77, sendo que a prova de que a relação com o estudante respeita os pressupostos da Lei do Estágio é do contribuinte, não do Fisco. É do contribuinte, porque o estágio remunerado possui os pressupostos da relação de emprego. (...) Transcrevese, a seguir, entendimento jurisprudencial que abarca a matéria e solidifica a certeza de que cabe à concedente de estágio o ônus de comprovar a regularidade do estágio realizado dentro de seu estabelecimento, com o seu enquadramento nos preceitos da Lei n.° 6.494/77, sob pena de serlhe atribuída a condição de relação de emprego e a correspondente vinculação previdenciária do estagiário. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BOLSAS DE TRABALHO. ÔNUS PROBATÓRIO ART. 333,I DO CPC. I. No intuito de incidência da legislação que regra o estágio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior, a situação fálica vivenciada pelas instituições educacionais deveria enquadrarse nos preceitos da Lei n°6.494/77. Fl. 935DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 936 19 2. A parte autora não logrou êxito ao demonstrar o cumprimento das normas legais, ônus probatório que lhe incumbia (art. 333, I do CPC), 3. Não caracterizada a atividade como estágio, configurase os elementos fálicos que tipificam a relação de emprego, e, consequentemente, passível de incidência de contribuição previdenciária. (AC APELAÇÃO CÍVEL; Processo n.° 200304010059570/SC; TRF4 —Tribunal Regional Federal da 4" Região — Primeira Turma; Relatora Maria Lúcia Luz Leiria; DJ de 14/07/2004). TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BOLSAS DE ESTUDO. RELAÇÃO DE EMPREGO. 1. Para que incidisse a legislação que dispõe sobre o estágio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior, deveria a hipótese vertente se amoldar aos preceitos da Lei n°6.494/77. 2. A embargante não logrou infirmar a situação fática constatada pela fiscalização previdenciária, que evidenciou não se tratar efetivamente de bolsas de estudos, mas de gratificações a funcionários ou retribuição por serviços prestados em atividades cotidianas, com subordinação e horários estabelecidos pela Universidade. 3. Restando desvirtuadas as finalidades visadas pela Lei n° 6.494/77, pois os bolsistas prestavam atividades inseridas nos fins próprios e inerentes da Universidade, como verdadeiros empregados, não se caracterizando a relação como de aprendizagem profissional e de complementaridade entre os conhecimentos ministrados na instituição de ensino e os praticados, são devidas as contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga a título de "bolsas de estudos". (EIAC EMBARGOS INFRINGENTES NA APELAÇÃO CÍVEL; Processo n.° 199804010661910/RS; TRF4 — Tribunal Regional Federal da 4' Região — Primeira Seção; Relator Wellington Mendes de Almeida; DJ de 13/11/2002) Cumpre esclarecer que, ao contrário do que entende a impugnante, a simples apresentação de Termos de Compromisso de Estágio celebrados com os estudantes não constitui prova suficiente da inexistência de vínculo empregatício. Não basta a apresentação, pela empresa, destes Termos, para comprovar a regularidade dos estágios. É inadmissível prosperar a tese de que, uma vez contratado o estudante, com a formalização de Termo de Compromisso de Estágio, nenhuma outra providência ou controle viesse a ser exercido pela concedente do estágio ou exigido dela. A existência dos referidos Termos de Compromisso não constitui condição suficiente, mas apenas necessária para descartar o vínculo empregatício.(grifei) Fl. 936DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 937 20 Deve ser observado, aqui, o princípio da verdade material, que norteia o processo administrativo fiscal, no qual o que prevalece é a realidade fática sobre a realidade formal. Em outras palavras, tais Termos de Compromisso só descaracterizam a relação de emprego quando observados todos os preceitos da Lei n.° 6.494/77, que foi regulamentada pelo Decreto n.° 87.497/82, o que não ocorreu no presente caso. Cabe observar que não procede a alegação da impugnante no sentido de que não caberia a ela a guarda e a apresentação da documentação solicitada pela fiscalização, mediante TIAD (Termo de Intimação para Apresentação de Documentos), referente a outros relatórios e informações acerca dos estagiários que não os Termos de Compromisso de Estágio retro mencionados, uma vez que tais documentos constituem elementos probatórios das condições do estágio, sendo necessários para fins de comprovação do atendimento dos requisitos previstos na Lei n.° 6.494/77, sem a qual os estagiários são caracterizados como segurados empregados, com a integração das verbas pagas a eles ao saláriode contribuição, nos termos do artigo 28, parágrafo 9°, alínea "i" da Lei n.° 8.212/91, e dos artigos 9°, inciso I, alínea "h" e 214, parágrafo 9°, inciso IX do RPS, aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99. Ressaltese que, no caso, de acordo com o Relatório Fiscal, diversos requisitos, formais e materiais, previstos na legislação específica (Lei n.° 6.494/77 e Decreto n.° 87.497/82), relativos ao contrato de estágio, deixaram de ser cumpridos pela empresa concedente, conforme trecho a seguir transcrito. 5. PONTOS EM DESACORDO COMA LEGISLAÇÃO (...) Apesar de os estudantes atuarem oficialmente na empresa por meio de um contrato de estágio, os indícios apurados nesta auditoria fiscal, quais sejam, falta de documentação correta; a não comprovação de que havia acompanhamento ou avaliação de desempenho dos estudantes pelas instituições de ensino; não apresentação de plano de estágio que o contratante deveria elaborar em conformidade com as respectivas faculdades; falta de comprovação da freqüência escolar; a remuneração vinculada a cumprimento de metas; os estudantes desempenhavam funções meramente burocráticas, estando afastados da finalidade do estágio, que é de aprimoramento e complementação do aprendizado escolar por meio da experiência prática.., são motivos para considerarmos os contratados na qualidade de estagiários corno empregados. (...) Não há que se falar em relação de estágio conforme a prevista na Lei n.° 6.494/77, uma vez que a realidade não se submete ao comando da norma escrita. Fl. 937DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 938 21 No que tange ao relatório MAPE do estagiário Marcello Renato Souza, que cita em sua defesa e cuja cópia anexa aos autos, cabe observar que nele consta como data de admissão "20/02/2008", sendo que o período objeto deste AI é de 12/2002 a 08/2006, e que, ainda que fosse concernente ao presente lançamento e que, por hipótese, pudesse comprovar o planejamento, acompanhamento, orientação e avaliação do estágio, não seria hábil a afastar esta autuação, uma vez que vários outros requisitos da legislação específica deixaram de ser atendidos pela empresa concedente, conforme se pode verificar no Relatório Fiscal.(grifei) É de se destacar, aqui, que o presente lançamento não foi fruto de uma simples interpretação econômica dos fatos, como alega a impugnante, tendo sido realizado, pela fiscalização, com base no disposto na Lei n.° 8.212/91, no RPS, aprovado Decreto n.° 3.048/99, na Lei n.° 6.494/77, no Decreto n.° 87.497/82, na Lei n.° 11.457/2007 e no Código Tributário Nacional, tendo sido observado, no caso, o princípio da legalidade. Ainda, acrescento, com a devida vênia ao entendimento manifestado pelo Colegiado a quo, que, na forma do art. 123 do CTN abaixo transcrito, entendo como inoponíveis ao Fisco os Convênios com a CIEE, de forma a sustentar eventual tese de que, por força dos referidos convênios, tivesse sido transferida a terceiros (que não são os beneficiários da referida exclusão) a responsabilidade pela comprovação do cumprimento das obrigações, repitase, estabelecidas por Lei, para fins de fruição do benefício da exclusão da base de cálculo. Como já tive oportunidade de mencionar, tal ônus, em meu entendimento, era do autuado, visto se estar a tratar de fato constitutivo de seu direito à exclusão em questão, previsto no art. 28, §9o, "i", da Lei no. 8.212, de 1991, na forma regrada pelo art. 333, I do CPC, em linha com julgados oriundos do TRF4 já aqui reproduzidos. Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Rejeita este relator, ainda, a vinculação deste Tribunal a julgados oriundos da Justiça do Trabalho (TST inclusive) que, notese, não tratam especificamente da incidência de contribuições previdenciárias e, consequentemente, da legislação tributária em análise (diferentemente dos julgados exemplificativos trazidos pela decisão de 1a. instância, que se amoldam perfeitamente à situação em litígio, visto que oriundos do TRF da 4a. Região). A propósito ainda, com a devida vênia a quem entende de forma diversa, não se buscou, através do lançamento tributário, nenhum tipo de "tutela" pela RFB da relação estagiárioautuado, mas tão somente verificar o cumprimento dos requisitos legalmente estabelecidos, a fim de que os pagamentos efetuados não compusessem a base de cálculo do tributo em análise (cuidandose, aqui, da relação fiscocontribuinte), daí a não vinculação, seja legal, ou mesmo material, a tais julgados oriundos da Justiça Trabalhista, esta, sim, responsável pela tutela jurídicolaboral. Quanto aos arts. 4o. e 5o. do Decreto 87.497, de 1982, faço notar que entendo que se está a tratar, ali, dos requisitos de natureza acadêmica, cuja regulamentação obviamente Fl. 938DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 939 22 se remete às instituições de ensino e não às entidades concedentes, sem que, ressaltese, em nenhum momento nos referidos artigos, notese, se esteja a retirar qualquer ônus de comprovação da entidade concedente para fins de exclusão da incidência previdenciária. Devese, ainda, aqui, ressaltar que o §1o. do art. 6o. do mesmo diploma estabelece que o Termo de Compromisso é comprovante exigível para fins de que se afaste o vínculo empregatício, sem que tal fato acarrete, todavia, que a mera apresentação dos referidos Termos seja suficiente para afastamento do vínculo em situações onde, a exemplo do caso em questão, são carreados relevantes indícios no sentido da existência de tal vínculo. Oportuno, a propósito que se remeta aqui a tais indícios, constantes do Relatório Fiscal, mais especificamente às efls. 41 a 50, verbis: (...) 5. PONTOS EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO: (...) 5.1.1 Planejamento, acompanhamento, orientação e avaliação. Está prevista na cláusula 53, alínea "a", a obrigatoriedade da Instituição de Ensino acompanhar, orientar e avaliar o estágio. Mesma exigência prevista no art. 1° da Lei n° 6.494/1977, a saber: "§ 3° Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem e ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares". (grifo nosso) Apesar de diversas solicitações por TIAD, não foram comprovados para esta Auditoria Fiscal tal planejamento, acompanhamento, orientação e avaliação. 5.1.2 As atividades a serem desenvolvidas: Quanto às atividades destacadas em 3.2.1, não foram comprovadas para esta auditoria a execução das mesmas, ou seja, não existe documentação comprovando quais atividades os contratados desempenharam no período de contrato. Não foram apresentados relatórios de atividades desenvolvidas, apesar de serem atividades de execução e não de aprendizado. A alínea "e" da 3' cláusula dos termos que tratam das atividades dos estagiários contém atividades de execução, quais sejam, fazer atendimento a clientes, elaborar, calcular, estabelecer, redigir e selecionar dados e informações. Quando o objetivo do estagiário dentro da organização é o de aprender, conhecer, acompanhar e ter noções de elaboração, cálculos, redação e seleção de qualquer dado, informação, relatório e planilhas gerenciais entre outras atividades desenvolvidas dentro da organização. 5.2 Comprovação de freqüência escolar Fl. 939DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 940 23 Apesar de diversas solicitações por TIAD, não foram comprovadas, para esta auditoria, a freqüência e matrícula de nenhum dos contratados, conforme previsto no §1° do art. 1° da Lei n° 6.494, de 7 de dezembro de 1977. 5.3 Supervisão do estágio Apesar de constar, em alguns acordos firmados, um empregado do Contribuinte como supervisor (a) do estágio, não foi comprovado nesta auditoria tal supervisão; ou seja, aspectos tais como ocorreu a supervisão, se ambos estavam no mesmo setor, subordinados às mesmas pessoas, departamento, seção ou agência. Dos contratados relacionados em "3.2" não consta nome de supervisor (a) para: Daniela Amaral Maia, Fabio Luiz Nery De Miranda, Felipe Giunte Yoshida, Fernanda Lomeu Gaudereto e Tatiana Da Silva É fundamental que o estágio atenda a todos os requisitos materiais e formais para a sua configuração, sem os quais ele se reverte em contrato de trabalho comum. Os estudantes deveriam auxiliar e não executar funções sem acompanhamento, ou seja, deveriam auxiliar um empregado nas suas funções; funções relacionadas com a formação do estudante. Inclusive o atendimento a esta auditoria fiscal foi, na maioria das vezes, realizado pelo estagiário Ricardo Gomes Munhoz, sem acompanhamento. Apesar de os estudantes atuarem oficialmente na empresa por meio de um contrato de estágio, os indícios apurados nesta auditoria fiscal, quais sejam, falta de documentação correta; a não comprovação de que havia acompanhamento ou avaliação de desempenho dos estudantes pelas instituições de ensino; não apresentação de plano de estágio que o contratante deveria elaborar em conformidade com as respectivas faculdades; falta de comprovação da freqüência escolar; a remuneração vinculada a cumprimento de metas; os estudantes desempenhavam funções meramente burocráticas, estando afastados da finalidade do estágio, que é de aprimoramento e complementação do aprendizado escolar por meio da experiência prática conforme prevê o parágrafo 2°, artigo 1°, da Lei n. ° 6.494/77; são motivos para considerarmos os contratados na qualidade de estagiários como empregados. Logo, a força laborativa dos estudantes inseriuse habitualmente na atividade empresarial, com subordinação e onerosidade. (...) 8.1 Outros elementos de convicção (...) 8.1.5 Continuidade da contratação de estagiário Anteriormente à apresentação dos Acordos de Cooperação e Termo de Compromisso de Estágio relacionados em "3.2", o Fl. 940DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 941 24 Contribuinte apresentou diversos Acordos de Cooperação e Termos de Compromisso de Estágio que foram firmados em período posterior ao auditado e, dentre eles, destacamos o firmado com o estagiário Ricardo Gomes Munhoz, com as mesmas características já mencionadas em "3.3", a saber: "Data de assinatura: 04/07/2007" "Cláusula 3a Ficam compromissadas entre as partes as seguintes CONDIÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO": "Vigência de: 04/07/2007 até 31/12/2008". "Bolsa Auxílio mensal, inicial de: R$1.159,11 (UM MIL, CENTO E CINQÜENTA E NOVE REAIS E ONZE CENTAVOS)" "Atividades do Estágio": "Elaborar relatórios de contabilidade; acompanhar a elaboração de relatórios de análises gerenciais; elaborar planilhas de custos e despesas; auxiliar na elaboração de relatórios gerenciais". 8.1.5.1 Relatório de estágio Juntamente com o Acordo de Cooperação e Termo de Compromisso de Estágio, o Contribuinte anexou um RELATÓRIO DE ESTÁGIO, referente a 11/2007, do estagiário Ricardo Gomes Munhoz. Este relatório, segundo informações do estagiário Ricardo Gomes Munhoz, é preenchido no site do CIEE pelo próprio estagiário. Deste relatório destacamos dois pontos que julgamos mais importantes: Texto no início do formulário, logo após a identificação do estagiário: "Caro Estagiário, o CIEE tem a responsabilidade de subsidiar as Instituições de Ensino com informações sobre o desenvolvimento e a evolução do seu estágio. Através deste instrumento estaremos auxiliando as Instituições de Ensino na supervisão e avaliação do estágio de seus alunos. Portanto, o preenchimento desse relatório é obrigatório, conforme consta na cláusula 7' do Acordo de Cooperação e o Termo de Compromisso de Estágio". Atividades de Estágio: As informações prestadas pelo estagiário foram: "Atendimento à fiscalização Receita Federal e Prefeituras. Controle e cadastro de Agências Filiais do Banco pelo país. Separar documentos para regularização de agências na Prefeitura". Fl. 941DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 942 25 As atividades desenvolvidas não estão previstas no acordo assinado; não há indicação de supervisão ou avaliação. As atividades foram de execução, sendo, inclusive, esta Auditoria Fiscal atendida pelo estagiário Ricardo Gomes Munhoz que, na maioria das vezes, apresentavase sem a presença de empregado do Contribuinte; prestava e recebia esclarecimentos como se empregado fosse. Em 26/02/2008 o Sr. Ricardo utilizouse do endereço de email do Contribuinte (Sup. Impostos Riscos Fiscais JSMTP:sirfiscaisasantander.com.br para responder ao questionamento a cerca dos históricos no razão contábil apresentado (anexo no CD com nome @EmRicardo). Na maioria das vezes que compareci às instalações do Contribuinte, foi o estagiário Ricardo quem liberou para a recepcionista a minha entrada nas dependências do mesmo (anexada cópia de uma das liberações). Estes outros elementos de convicção demonstram que as atividades das pessoas contratadas como estagiárias, na verdade, são atividades destinadas a empregados, reconhecidos pela Justiça Trabalhista e, internamente por todos. (...)" Diante do exposto, considerando: a) a não comprovação pelo autuado dos requisitos estabelecidos pela Lei no. 6.494, de 1977, mais especificamente em seu art. 1o, §§1o., 2o. e 3o., e que não se limitam ao Termo de Compromisso de Estágio (condição necessária mas não suficiente), simultaneamente à b) constatação de indícios que apontam para a existência de vínculo empregatício, voto por dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, restabelecendose, assim, o lançamento, a partir da escorreita caracterização dos estagiários em análise como segurados. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, RedatoraDesignado AD HOC para formalização do voto. Fl. 942DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 943 26 Declaração de Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. A presente declaração tem por escopo apenas reforçar alguns pontos suscitados durante as discussões acerca da impossibilidade de formação de vínculo de emprego quando descumpridas as regras da lei de Estágio. Quanto a impossibilidade de formação de vínculo de emprego para efeitos previdenciários, confundese o sujeito passivo, quanto ao alcance do lançamento e sua fundamentação. Conforme trazido pela autoridade fiscal no lançamento, e reforçado no voto do ilustre conselheiro relator Heitor de Souza Lima Junior, é fato que a contratação de estagiários deuse de forma irregular. A lei 6.494/77, em seus primeiros artigos descreve a inexistência de vínculo de emprego entre a empresa concedente do estágio e o estagiário, todavia, também estabelece a caracterização de segurado obrigatório da previdência social quando descumpridas as regras da lei de estágio. Trouxe a autoridade fiscal em seu relatório, fls. 186 a 202, não apenas a análise da legislação, como também, elementos fáticos que demonstram quais os descumprimentos foram imputados ao sujeito passivo e que ensejaram o lançamento fiscal acerca da motivação do lançamento. 2. Dos Fatos Em auditoria fiscal realizada no Contribuinte acima identificado, mediante MPF também acima identificado, foi solicitado por Termo de Início de Ação Fiscal — TIAF e diversos Termos de Intimação para Apresentação de Documentos — TIAD, documentos e esclarecimentos acerca da contratação de estagiários pelo contribuinte. Da documentação e esclarecimentos prestados, esta auditoria concluiu que as falhas existentes nesta contratação caracterizamna como uma relação de vínculo empregaticio. A caracterização deste vinculo empregatício está demonstrada, neste relatório, da seguinte forma: Em "3. DA CONTRATAÇÃO DE ESTAGIÁRIOS PELO CONTRIBUINTE" está relatado como se dá a relação do contribuinte com os estagiários quanto à documentação; Em "4. LEGISLAÇÃO SOBRE A CONTRATAÇÃO DE ESTAGIÁRIOS" está transcrita a legislação pertinente à contratação de estagiário; e, Em "5. PONTOS EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO" estão relacionados os pontos da relação contribuinte estagiário em desacordo com a legislação. Em "6. Do VALOR APURADO" informações sobre como e quais valores foram calculadas as contribuições devidas. Fl. 943DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 944 27 Em "7. DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO" a origem e o período que compõem o valor cobrado. Em "8. ELEMENTOS DE CONVICÇÃO" constam o documento onde Contribuinte relaciona beneficiários e valores, forma de contratação e informações diversas confirmando que os estagiários na verdade são empregados. Ou seja, sempre foram de responsabilidade da empresa concedente do estágio as obrigações inerentes ao cumprimento e acompanhamento do cumprimento do objetivo do estágio, qual seja, o exercício pelos alunos de atividades em empresas ou instituições com o objetivo de complementar a aprendizagem através da vivência no mundo do trabalho dos conteúdos obtidos em sala de aula, senão vejamos outro trecho do relatório fiscal, transcrevendo os termos do contrato de estágio : Cláusula 3' Caberá à Concedente de Estágio: a) "formalizar as oportunidades de estágio, em conjunto com o CIEE, atendendo as condições definidas pelas Instituições de Ensino para a realização dos estágios, identificando quais vagas devem ser trabalhadas em módulo de Processo Especial"; b) "receber os estudantes interessados e informar ao CIEE o nome dos aprovados para o estágio"; c) "assinar os documentos legais providenciados pelo CIEE, indicados na alínea "e" da cláusula 2a;" d) "cumprir todas as responsabilidades, como Concedente, indicadas nos Acordos de Cooperação e Termos de Compromisso de Estágio celebrado com os estagiários"; e) "efetuar o pagamento mensal das BolsasAuxílio, diretamente a seus estagiários"; f) "solicitar ao estagiário, a qualquer tempo, documentos comprobatórios da regularidade da situação escolar"; g) "informar ao CIEE, de imediato, sempre que identificada irregularidade na situação escolar de qualquer estagiário e toda vez que ocorrer rescisão antecipada de qualquer Termo de Compromisso de Estágio TCE, para as necessárias providências legais e interrupção dos procedimentos técnicos e administrativos a cargo do CIEE, quando for o caso"; h) "participar da sistemática de acompanhamento, supervisão e avaliação dos estágios, fornecendo para as Instituições de Ensino ou ao CIEE quando solicitado". Vejamos o conceito de estágio descrito na lei 6494/77, que é a norma vigente à época em que o contrato de estágio se desenvolveu: O estágio é o procedimento formativo, de cunho didático pedagógico e articulado segundo projeto de planejamento institucional, que visa permitir ao estudante complementar a sua formação e compreender na prática os ensinamentos teóricos recebidos em sua vida escolar. Fl. 944DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 945 28 Ademais, deixou muito bem consignado no relatório fiscal, não apenas os aspectos teóricos, mas especialmente os elementos de convicção que demonstram não apenas tratase de profissionalização de estudantes, mas utilização de mão de obra de forma irregular. senão vejamos, novamente, trechos dos relatórios: 3.2 — Depois de solicitado pelo Termo de Início de Ação Fiscal — TIAF e por diversos Termos de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, o Contribuinte apresentou diversos Acordos de Cooperação e Termo de Compromisso de Estágio, conforme previsto na alínea "e" da cláusula 2a do Convênio firmado com o CIEE, todos em arquivo formato pdf anexado ao presente Auto (multimídia que não permite regravação); referentes aos seguintes contratados: [...] 3.2.1 — Atividades a serem desenvolvidas constantes nos contratos relacionados em 3.2 são: Alessandro Analisar documentos para preparação de contratos, examinar processos diversos, organizar arquivos de processos e clientes, elaborar procurações para clientes, orientar clientes sobre direito administrativo. Ana Auxiliar na contabilidade do Banco;auxiliar nos serviços gerais da agência; auxiliar no autoatendimento; fazer atendimento aos clientes; fazer divulgação dos produtos da agência. Bruno Elaborar calendário de eventos; identificar eventos turísticos; auxiliar na promoção de visitas, congressos, exposições festivas e demais eventos; elaborar calendário de eventos. Carolina Orientar participantes de cursos e treinamentos; auxiliar na preparação de material para treinamento; preparar relatórios gerenciais; auxiliar na programação de treinamentos. Daniela Conforme plano de estágio apresentado pelo Banco à Instituição de ensino, nos moldes por ela estabelecidos. Fabio Conforme plano de estágio apresentado pelo Banco à Instituição de ensino, nos moldes por ela estabelecidos. Felipe A ser estabelecida pelo coordenador interno e orientador do estágio, estabelecerão o plano de trabalho. Fernanda Auxiliar na análise de indicadores econômicos; calcular taxas ou operações financeiras; orientar clientes sobre produtos e serviços do banco; elaborar documentos relatório, planilhas ou formulários diversos. Leonardo Não menciona as atividades e prevê desconto do seguro item 6 Mariana Estabelecer crescimento de vendas por produtos; fazer divulgação técnica dos produtos; orientar clientes sobre produtos e/ou serviços de autoatendimento; fazer atualização dos dados cadastrais dos clientes. Fl. 945DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 946 29 Ritiely Criar apresentações em Powerpoint; emitir documentos, relatórios, planilhas ou formulários diversos; fazer atualização dos dados cadastrais dos clientes; organizar documentos, prontuários e/ou registros diversos. Tatiana Conforme plano de estágio apresentado pelo Banco à Instituição de ensino, nos moldes por ela estabelecidos. Tiago Cadastrar novos clientes; estabelecer crescimento de vendas por produtos; analisar documentos para preenchimento do cadastro; prospectar clientes; operar terminais, ou pc, para processamento de informações; poderão ser realizadas outras atividades, a critério da supervisão do estágio. 3.2.2 O CIEE está como interveniente na maioria dos contratos, exceto nas seguintes contratações: Daniela Amaral Maia, Fabio Luiz Nery De Miranda, Felipe Giunte Yoshida, Leonardo Seiji Miyahara e Tatiana Da Silva; para os quais consta a respectiva faculdade como interveniente: 3.2.3 Consta nos respectivos termos urna previsão de reembolso de despesas extras na execução das atividades do estagiário, item 8 do termo, dos contratados Felipe Giunte Yoshida e Leonardo Seiji Miyahara. 3.2.4 Nos termos firmados cujo interveniente • é a respectiva faculdade, as atividades a serem desenvolvidas serão Conforme plano de estágio apresentado pelo Banco à Instituição de ensino, nos moldes por ela estabelecidos. [...] PONTOS EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO: 5.1 — DOS ACORDOS DE COOPERAÇÃO E TERMOS DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO Em relação aos acordos de cooperação e termos de compromisso de estágio apresentados pelo contribuinte com as pessoas contratadas, temos os seguintes pontos não comprovados ou em desacordo com a legislação: 5.1.1 Planejamento, acompanhamento, orientação e avaliação. Está prevista na cláusula 5', alínea "a", a obrigatoriedade da Instituição de Ensino acompanhar, orientar e avaliar o estágio. Mesma exigência prevista no art. 1° da Lei n° 6.494/1977, a saber: "§ 3° Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem e ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares". (grifo nosso) Apesar de diversas solicitações por TIAD, não foram comprovados para esta Auditoria Fiscal tal planejamento, acompanhamento, orientação e avaliação. 5.1.2 As atividades a serem desenvolvidas: Quanto às atividades destacadas em 3.2.1, não foram comprovadas para esta auditoria a execução das mesmas, ou seja, não existe documentação comprovando quais atividades os Fl. 946DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 947 30 contratados desempenharam no período de contrato. Não foram apresentados relatórios de atividades desenvolvidas, apesar de serem atividades'de execução e não de aprendizado. A alínea "e" da 3a cláusula dos termos que tratam das atividades dos estagiários contém atividades de execução, quais sejam, fazer atendimento a clientes, elaborar, calcular, estabelecer, redigir e selecionar dados e informações. Quando o objetivo do estagiário dentro da organização é o de aprender, conhecer, acompanhar e ter noções de elaboração, cálculos, redação e seleção de qualquer dado, informação, relatório e planilhas gerenciais entre outras atividades desenvolvidas dentro da organização. Não foram apresentados os planos de estágios que deveriam ser encaminhados pelo Banco às Instituições de ensino, nos moldes por elas estabelecidos, previstos em diversos acordos (mencionados em 3.2.1). 5.2 — DO VALOR PAGO COMO REMUNERAÇÃO: Dentre os valores pagos a título de remuneração aos estagiários, dependendo de setor e atividade desenvolvida, o estagiário recebia bônus e prêmios, ou seja, remuneração vinculada a um objetivo específico, qual seja, superação de metas pré estabelecidas. Situação totalmente contrária à prevista no termo de compromisso e não contemplada na legislação sobre o assunto, ou seja, tanto a Lei quanto o Decreto falam que o estagiário poderá receber bolsa, ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada. Como nos acordos firmados foi estipulado o recebimento de um valor fixo, outros valores estão fora do acordado. Foram pagos valores a título de BONUS VENDAS SEGUROS (290), que representa um bônus pelo número de seguros vendidos, devido aos Estagiários à disposição dos Gerentes; portanto, foi dado o mesmo tratamento que se dá aos empregados, qual seja, a superação de metas de vendas de seguros. Outra situação indicativa de vínculo empregatício é a previsão de reembolso de despesas extras na execução das atividades dos contratados Felipe Giunte Yoshida e Leonardo Seiji Miyahara, ou seja, tinham autorização para realizar gastos em nome da empresa. 5.3 —Comprovação de freqüência escolar Apesar de diversas solicitações por TIAD, não foram comprovadas, para esta auditoria, a freqüência e matrícula de nenhum dos contratados, conforme previsto no §1° do art. 1° da Lei n° 6.494, de 7 de dezembro de 1977. 5.4 — Supervisão do estágio Apesar de constar, em alguns acordos firmados, um empregado do Contribuinte como supervisor (a) do estágio, não foi comprovado nesta auditoria tal supervisão; ou seja, aspectos tais como ocorreu a supervisão, se Fl. 947DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 948 31 ambos estavam no mesmo setor, subordinados às mesmas pessoas, departamento, seção ou agência. Dos contratados relacionados em "3.2" não consta nome de supervisor (a) para: Daniela Amaral Maia, Fabio Luiz Nery De Miranda, Felipe Giunte Yoshida, Fernanda Lomeu Gaudereto e Tatiana Da Silva. É fundamental que o estágio atenda a todos os requisitos materiais e formais para a sua configuração, sem os quais ele se reverte em contrato de trabalho comum. Os estudantes deveriam auxiliar e não executar funções sem acompanhamento, ou seja, deveriam auxiliar um empregado nas suas funções; funções relacionadas com a formação do estudante. Inclusive o atendimento a esta auditoria fiscal foi, na maioria das vezes, realizado pelo estagiário Ricardo Gomes Munhoz, sem acompanhamento. Apesar de os estudantes atuarem oficialmente na empresa por meio de um contrato de estágio, os indícios apurados nesta auditoria fiscal, quais sejam, falta de documentação correta; a não comprovação de que havia acompanhamento ou avaliação de desempenho dos estudantes pelas instituições de ensino; não apresentação de plano de estágio que o contratante deveria elaborar em conformidade com as respectivas faculdades; falta de comprovação da freqüência escolar; a remuneração vinculada a cumprimento de metas; os estudantes desempenhavam funções meramente burocráticas, estando afastados da finalidade do estágio, que é de aprimoramento e complementação do aprendizado escolar por meio da experiência prática —conforme prevê o parágrafo 2°, artigo 1°, da Lei n. ° 6.494/77; são motivos para considerarmos os contratados na qualidade de estagiários como empregados. Logo, a força laborativa dos estudantes inseriuse habitualmente na atividade empresarial, com subordinação e onerosidade. Não há que se falar em relação de estágio conforme a prevista na Lei n.° 6.494/77, uma vez que a realidade não se submete ao comando da norma escrita. Da leitura do relatório fiscal, não cntraposta com documentos capazes de afastar a realidade ali retratada notese que realmente houve a utilização de mão de obra de estagiários em descumprimento aos requisitos legais. O trabalho de estagiários não pode ser executado de forma autônomo, sem supervisão em atividades, tratase de trabalho de profissioalização de tudo que se aprende na escola, ou universidades. O pagamento de prêmios, pelo alcance de metas, no meu entender, já denota por si só a utilização irregular dessa força de trabalho em substituição aos empregados. Interessante observar, inclusive as informações obtidas junto a sindicatos e congressos dos próprios empregados do recorrente, em que se destaca a situação irregular dos estagiários: Abaixoassinado pede bolsaextra para estagiários Outro assunto discutido na reunião foi a exploração dos estagiários. Ademir entregou para Gilberto um abaixoassinado Fl. 948DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 949 32 dos estagiários das agências Porto Alegre Centro e Passo D'Areia, reivindicando o pagamento de uma bolsaauxilio extra em dezembro, como forma de compensar o não pagamento de 13° salário ou gratificação natalina. Os representantes sindicais defenderam a efetivação dos jovens, alertando que, além do descumprimento da legislação trabalhista e previdenciária, muitos deles acabam indo trabalhar em bancos concorrentes, levando muitos clientes. Vários ex estagiários movem também ações trabalhistas. Neste comunicado, vale lembrar que é de 16 de dezembro de 2003, temos o destaque da preocupação dos dirigentes sindicais com a situação dos supostos "estagiários", quanto à remuneração do 13° salário, o que leva a crer não existir defasagem entre a remuneração paga aos estagiários e empregados com funções parecidas,ou semelhantes. Há também a denúncia de que não são estagiários e sim, empregados, informando que" diversos já recorreram à justiça para reconhecimento do vínculo empregaticio. 8.1.3 — Informação obtida, também, na internet, no site da FETEC — SP — CUT 2, da qual destacamos os seguintes pontos: Administrador 15 /09 / 2003 (São Paulo) O 17.° Congresso Nacional dos Trabalhadores do Grupo Santander Banespa, realizado nos dias 12 e 13 (sextafeira e sábado passados), definiu um conjunto de ações a ser realizado nos próximos meses em defesa do emprego e dos direitos de todos os funcionários da ativa e aposentados. Temas em pauta — Os 377 congressistas (291 homens e 86 mulheres) do Banespa, Santander Brasil e Meridional debateram ainda outros temas importantes para os trabalhadores do grupo, tais como: unificação de contratos, formas de contratação e condições de trabalho, saúde e previdência, campanha salarial e a questão dos aposentados. Principais deliberações aprovadas no 17.° Congresso III — Formas de contratação e condições de trabalho — Fazer denúncia ao Ministério da Educação sobre a atividade bancária desempenhada pelos estagiários; — Exigir a contratação dos estagiários que executem funções de bancários e o respeito à grade curricular daqueles estudantes que realmente fazem estágio no banco; Fonte: Afubesp Dessa forma, quando constatadas irregularidades na execução de estágio, mais especificamente, quanto a seus requisitos objetivos, possível sim a formação de vinculo de emprego para efeitos previdenciários, no intuito de dar amparo ao trabalhador nos termos descritos na CF/88, vejamos o que estabelece o art. 9º do Decreto 3.048/99: "Art. 9° São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas": Fl. 949DF CARF MF Processo nº 16327.001898/200856 Acórdão n.º 9202006.943 CSRFT2 Fl. 950 33 "h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei n9 6.494, de 7 de dezembro de 1977. (grifo nosso)" Em mesmo sentido, descreve a lei 8212/91, em seu art. 28, §9º, 'i", a exclusão dos valores pagos à título de bolsa de aprendizagem, apenas quando pagas de acordo com a norma aplicável: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; Ou seja, a lei previdenciária é clara em determinar que o descumprimento da lei do estágio gera incidência de contribuição previdenciária, assim como bem o fez o auditor no presente lançamento. Aliás, no meu entender, não poderia ser diverso o tratamento, concedendo amparo previdenciário, direito de todo o trabalhador, inclusive aquele que presta serviços de forma irregular, conforme descrito na CF/88. Entendo que o lançamento fiscal foi realizado no estreito cumprimento da lei, razão pela qual ratifico a posição no sentido de acompanhar o voto do relator. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 950DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.903128/2009-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/07/2003
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.390
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/07/2003 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 31 28 /2 00 9- 87 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 13888.903128/200987 Acórdão n.º 3301005.390 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologação da compensação declarada, sob o fundamento de que o pagamento da contribuição (PIS/Cofins), informado como origem do crédito, já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do seu direito creditório, bem como a homologação da compensação, alegando que auferira receitas não sujeitas à incidência da contribuição (PIS/Cofins), dada a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1º, da Lei n° 9.718/1998, que fixou um novo conceito de faturamento, ampliando aleatoriamente a base de cálculo das contribuições para alcançar "a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas". De acordo com o então Manifestante, referido dispositivo violou flagrantemente os arts. 146 e 154 da Constituição Federal, além do art. 110 do Código Tributário Nacional (CTN), alterando o alcance a definição de institutos, conceitos e formas do direito privado, segundo o qual faturamento é uma espécie de receita, qualificada como ingresso patrimonial decorrente de operações mercantis de venda de mercadorias e serviços e nada mais. Concluiu que o Supremo Tribunal Federal (STF), por seu Pleno, reconhecera a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, ao julgar os REs 346.084/PR, 357.9501/RS e 390.840/MG, por entender que a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins por lei ordinária violou a redação original do art. 195, I, da Constituição Federal, ainda vigente ao ser editada a mencionada norma legal. Dessa forma, pleiteou o reconhecimento da legalidade da compensação declarada, com a exclusão da base de cálculo de todas as receitas agrupadas sob a rubrica "outras receitas". A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 1430.393, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo a decisão da repartição de origem. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, repisando os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 13888.903128/200987 Acórdão n.º 3301005.390 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.379, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 13888.903098/200917, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.379): O Recurso Voluntário interposto em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 1430.375 é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/11/2002 CONSTITUCIONATIDAI)E. DECISÃO DO SUPREMO—TRIBUNAL FEDERAL. A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada em Recurso Extraordinário, não possui efeito erga omnes. PIS. BASE DE CALCULO. A partir de fevereiro de 1999, a base de cálculo do PIS passou a ser a totalidade das receitas auferidas pela empresa subtraida de algumas exclusões previstas em lei. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Aduz o Contribuinte em seu recurso que efetuou pagamento a maior da contribuição ao PIS e compensou com os valores devidos à contribuição. A Fl. 108DF CARF MF Processo nº 13888.903128/200987 Acórdão n.º 3301005.390 S3C3T1 Fl. 5 4 Administração Fiscal não homologou o pedido de compensação por entender que não há crédito a favor do Contribuinte, visto que o pagamento informado pelo Contribuinte como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos, não restando, assim, crédito disponível para compensação com os débitos relacionados no PER/DCOMP, sendo que o DARF foi alocado para o débito declarado em DCTF apresentado pelo Contribuinte. Assim esclarece os fatos o Contribuinte em seu recurso (fls. 80 e seguintes): A Fiscalização incluiu na base de cálculo da PIS o valor de "outras receitas", o que levou a empresa recorrente a recolher valor de contribuição superior ao realmente devido. Segundo apurouse, a recorrente recolheu a importância de R$ 217,35 indevidamente, a titulo de PIS. Este valor tem como correspondente base de cálculo o importe de R$ 33.438,73 qual não deveria integrar a base de calculo de referida contribuição, haja vista que corresponde a "outras receitas" apuradas naquele período. Sendo credora dessa importância, que atualizada gerou um crédito de R$ 330,40, a recorrente utilizouse desse valor para compensálo com o PIS devido no mês de novembro de 2005, conforme procedimento “PER/DCOMP” anexado aos autos do processo administrativo. A Secretaria da Receita Federal não homologou a compensação, conforme despacho decisório proferido em 25 de Margo de 2009. 0 Fisco não aceitou a existência de crédito da recorrente, consolidando o valor do débito, correspondente aos valores considerados indevidamente compensados. (...) A cobrança, no entanto, não pode prosperar, devendo ser cancelada, uma vez que a importância relativa a "outras receitas" não pode ser incluída na base de cálculo para apuração dos tributos PIS e COFINS, devendo, assim, exonerar a recorrente do pagamento dos débitos do período em referência. Percebese que a questão central é que o Fisco entendeu que “outras receitas” integram a base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS, enquanto que o Contribuinte discorda visto a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1°, da Lei n° 9.718/1998 e assim se pronuncia às fls. 84 e seguintes: (...) A base de cálculo ao PIS não abrange as "outras receitas", assim consideradas aquelas que não sejam provenientes da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. A contribuição relativa ao PIS incide sobre o faturamento da empresa e teve sua cobrança instituída pela Lei Complementar n° 70/71, encontrando suporte no artigo 195, da Constituição Federal de 1988. O faturamento constituise elemento primordial na construção da base de cálculo da COFINS e do PIS, a qual foi definida pela Carta Magna, não podendo, obviamente, ser alterada por simples lei ordinária. (...) A Lei n° 9.718/98, no entanto, ampliou aleatoriamente a base de cálculo do PIS e da COFINS, passando a considerar faturamento a "totalidade das Fl. 109DF CARF MF Processo nº 13888.903128/200987 Acórdão n.º 3301005.390 S3C3T1 Fl. 6 5 receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas", conforme se depreende do seu artigo 3°, parágrafo primeiro. Tal dispositivo legal, ao ampliar o conceito de faturamento, violou o principio da supremacia da Constituição Federal. (...) Considerando que o Supremo Tribunal Federal já considerou inconstitucional o artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei no 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento, há que se reconhecer a legalidade da compensação pretendida pela recorrente, uma vez que devem ser excluídas da base de cálculo todas as receitas que estão sob o conceito de "outras receitas". Com esses argumentos o Contribuinte requer a anulação do Despacho Decisório proferido em 4 de agosto de 2010 que não homologou o pedido de compensação. Na decisão ora recorrida assim se pronunciou o relator (fls. 73): (...) Realmente, no dia 9 de novembro de 2005, o STF, em sessão plenária em quatro recursos individuais, julgou inconstitucional o § 10 do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, que definiu como base de incidência das contribuições ao PIS e A Cofins a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. 0 STF entendeu que referida norma, quando de sua edição, era incompatível com o texto constitucional então vigente, que previa a incidência das contribuições sociais apenas sobre o faturamento das pessoas jurídicas e não sobre a totalidade das suas receitas. Contudo, como tais decisões do STF não foram proferidas em Ação Direta de Inconstitucionalidade — ADIN, beneficiam, apenas e tão somente, as partes envolvidas nos recursos mencionados. (...) Neste aspecto entendo não assistir razão a administração fiscal, visto que em face a inconstitucionalidade do art. 3o § 1º, da Lei 9.718/98, deve se excluir da base de cálculo da contribuição as “outras receitas”. Ocorre que o Contribuinte não demonstrou na Manifestação de Inconformidade, bem como, no Recurso Voluntário, o que integra a rubrica “outras receitas”, pois cabe a quem alega o direito creditório demonstrar a sua liquidez e certeza. Cito trecho da decisão ora recorrida como razões para decidir (fls 74 e seguintes): Sob outro prisma, compete acentuar que após a ciência do despacho decisório transferese ao contribuinte o ônus probante objetivando sustentar suas alegações, incluindo eventuais retificações de valores informados em DCTF. Diante disto, é importante ressaltar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática em todos os seus limites, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Fl. 110DF CARF MF Processo nº 13888.903128/200987 Acórdão n.º 3301005.390 S3C3T1 Fl. 7 6 A par disso, impende observar que, nos termos do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil, ao autor incumbe o ônus da prova dos fatos constitutivos do seu direito. Logo, as declarações de compensação devem estar, necessariamente, instruídas com as devidas provas do indébito tributário no qual se fundamentam, sob pena de pronto indeferimento. No caso em tela, a prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido, pois há situações em que somente a contribuinte detém em seu poder os registros de prova necessários para a elucidação da verdade dos fatos. Com efeito, os registros contábeis e demais documentos fiscais, acerca da base de cálculo do PIS, são elementos indispensáveis para que se comprove a certeza e a liquidez do direito creditório aqui pleiteado. No presente caso, a recorrente, em sua peça impugnatória, não apresentou qualquer documentação fiscal demonstrando as receitas constituídas de valores classificados como "outras receitas" que, em sua tese apresentada na manifestação de inconformidade, não estariam sujeitas à incidência de PIS e Cofins. Consoante noção cediça, a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: "Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º )". Por tais razões, a contribuinte, quando apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, provar um crédito tributário a seu favor para extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação, ainda mais quando tal débito estava declarado em DCTF. Esse, por sinal, tem sido o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, como atesta de forma ilustrativa a ementa do seguinte acórdão: "DCTF — ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO — AUSÊNCIA DE PROVA Os dados informados em DCTF reputamse verdadeiros, até prova em contrário. Inadmissível a simples alegação de erro no seu preenchimento, desacompanhada de comprovação cabal do lapso." (Acórdão 10420.645, de 18/5/2005) Nesse sentido, na declaração de compensação apresentada o indébito não contém os atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Com essas razões, ausência de comprovação do direito ao crédito, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 13888.903128/200987 Acórdão n.º 3301005.390 S3C3T1 Fl. 8 7 Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins, importando registrar, também, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 112DF CARF MF
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