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Numero do processo: 10218.900439/2009-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO.
Rejeita-se preliminar de nulidade do Despacho Decisório, quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa
ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO. ADMISSIBILIDADE.
Somente são dedutíveis do IRPJ apurado no ajuste anual as estimativas pagas em conformidade com a lei. O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acréscimo de juros à taxa SELIC, acumulados a partir do mês subsequente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP. Eficácia retroativa da Instrução Normativa RFB n° 900/2008.
RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA EM ASPECTOS PRELIMINARES.
Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da restituição/compensação restringe-se a aspectos preliminares, como a possibilidade do pedido. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superada esta preliminar, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela autoridade administrativa que jurisdiciona a contribuinte.
Numero da decisão: 1402-003.681
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário com base na súmula CARF nº 84 (Revisada) para afastar a vedação da compensação pretendida pela recorrente e determinar o retorno dos autos à Unidade Local para nova análise do direito creditório pleiteado pela contribuinte. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10218.900414/2009-95, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. Rejeita-se preliminar de nulidade do Despacho Decisório, quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. Somente são dedutíveis do IRPJ apurado no ajuste anual as estimativas pagas em conformidade com a lei. O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acréscimo de juros à taxa SELIC, acumulados a partir do mês subsequente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP. Eficácia retroativa da Instrução Normativa RFB n° 900/2008. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA EM ASPECTOS PRELIMINARES. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da restituição/compensação restringe-se a aspectos preliminares, como a possibilidade do pedido. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superada esta preliminar, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela autoridade administrativa que jurisdiciona a contribuinte.
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NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. Rejeitase preliminar de nulidade do Despacho Decisório, quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. Somente são dedutíveis do IRPJ apurado no ajuste anual as estimativas pagas em conformidade com a lei. O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acréscimo de juros à taxa SELIC, acumulados a partir do mês subsequente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP. Eficácia retroativa da Instrução Normativa RFB n° 900/2008. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA EM ASPECTOS PRELIMINARES. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da restituição/compensação restringese a aspectos preliminares, como a possibilidade do pedido. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superada esta preliminar, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela autoridade administrativa que jurisdiciona a contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário com base na súmula CARF nº 84 (Revisada) para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 90 04 39 /2 00 9- 99 Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10218.900439/200999 Acórdão n.º 1402003.681 S1C4T2 Fl. 3 2 afastar a vedação da compensação pretendida pela recorrente e determinar o retorno dos autos à Unidade Local para nova análise do direito creditório pleiteado pela contribuinte. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10218.900414/200995, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone. Relatório Tratase de julgamento de Recurso Voluntário interposto face v. acórdão da DRJ que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da Recorrente. Tratase de declaração de compensação transmitida em 04/07/2006 pela contribuinte acima identificada, na qual indicou crédito de R$ R$ 35.510,00 resultante de pagamento indevido ou a maior originário de DARF relativo à receita de código 2362, do período de apuração de 11/2005, no valor originário de R$ R$ 53.029,91 para compensar com débito de R$ R$ 32.583,03. A Delegacia de origem, em análise datada de 09.04.2009, asseverou que "analisadas as informações prestadas no documento (...), foi constatada a improcedencia do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período". Assim, não homologou a compensação declarada. Cientificada em 08/05/2009, a interessada apresentou, em 05.06.2009, manifestação de inconformidade na qual alega: a) Tanto a descrição dos fatos como o enquadramento legal estão equivocados, pois os valores apontados no PER/DCOMP não foram antecipações, mas recolhimentos indevidos ou a Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10218.900439/200999 Acórdão n.º 1402003.681 S1C4T2 Fl. 4 3 maior, efetuados com código incorreto, fato que evidencia a total improcedência do enquadramento legal indicado pela fiscalização, que utilizou até mesmo dispositivo inexistente na época da compensação. b) O débito da compensação não homologada deverá permanecer com a exigibilidade suspensa. c) Ainda que se tratase de antecipação, a vedação trazida no bojo da MP 449/08, que introduziu dispositivo antes inexistente no art. 74 da Lei 9.430/96, somente poderia surtir efeito posterior a sua vigência, mas nunca atingir fatos pretéritos. Refere e transcreve decisão judicial, concluindo que deve prevalecer o entendimento no sentido de que não são aplicáveis limitações à compensação relativa a valores recolhidos antes da lei limitadora, aduzindo que no caso da presente manifestação de inconformidade, tanto os créditos em favor da requerente quanto os débitos que se quer quitar são de datas anteriores à MP 449/08. Ainda que se admita que a lei possa limitar a utilização de crédito pelo contribuinte, mesmo assim, somente depois que a lei limitadora entrar em vigor é que a restrição começará a valer, mas nunca antes da lei estabelecer as limitações ao uso do crédito do contribuinte. Após analisar a documentação, a DRJ proferiu v. acórdão mantendo integralmente o decidido no r. Despacho Decisório, nos seguintes termos: Afastou as questões relativas a erro na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal. Afastou o requerimento de suspensão de exigibilidade do crédito em discussão. Afastou a aplicação de jurisprudência proferida pelo TRF em processos de terceiros. Em relação ao mérito: No caso presente, temse que ao efetivar sua compensação a interessada indicou como crédito pagamento correspondente a estimativas mensais. Ocorre que, nos termos da legislação relativa à apuração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), aplicável à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) por força do art. 30 da Lei n° 9.430/19962 os recolhimentos efetuados pelas pessoas jurídicas optantes pelo lucro real, no decorrer dos meses do ano civil, caracterizam, em princípio, antecipações do tributo devido no final do período anual de apuração. Ou seja, o sujeito passivo, ao exercer a opção prevista no artigo 2o da Lei n° 9.430/1996, fica obrigado aos recolhimentos mensais por estimativa, com base na receita Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10218.900439/200999 Acórdão n.º 1402003.681 S1C4T2 Fl. 5 4 bruta, devendo, ao final do anocalendário, proceder à apuração do tributo devido, oportunidade em que poderá, então, deduzir os valores anteriormente recolhidos por estimativa. Transcrevase, acerca do tema, o disposto nos artigos 220 a 232, do Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999, como seguem." [...] Logo, a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real, que opte pelo recolhimento de estimativas, poderá suspender ou reduzir o pagamento do tributo devido em cada mês, desde que demonstre, por intermédio de balanços ou balancetes mensais transcritos no Livro Diário, que o valor acumulado já pago excede o valor do tributo calculado com base no lucro real do período em curso. O levantamento de balanços ou balancetes mensais equivale ao próprio ajuste efetuado entre o mês de janeiro e o mês de levantamento do balanço ou balancete (comparandose o tributo calculado com base no lucro real do período de referência de janeiro até o mês de levantamento do balanço/balancete com o tributo já recolhido). Notese que ao final do anocalendário, acaso o contribuinte apure saldo negativo do tributo, poderá pleitear a restituição ou a compensação deste mesmo saldo, nos termos e condições constantes do art. 6o , § Io , da Lei n° 9.430/19963. Constatase, pois, que a regra geral é no sentido de que o contribuinte leve os valores recolhidos a título de estimativa à composição do saldo do IRPJ/CSLL apurado em 31 de dezembro. Em assim sendo, o recolhimento de estimativas mensais, exatamente nos valores calculados segundo os critérios determinados pela Lei n° 9.430/1996, não pode ser considerado, a priori, como pagamento indevido ou a maior, mesmo quando haja apuração de prejuízo fiscal ao final do exercício (este sim passível de repetição). Assinalese que o art. 10 da IN SRF n° 460, de 18/10/2004, e o art. 10 da IN SRF n° 600, de 28/12/2005, enquanto vigentes, determinaram que o pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL, a título de estimativa mensal, somente poderia ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período. Segue transcrita a disposição contida na IN SRF n° 600/2005. É o relatório Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, Relator Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10218.900439/200999 Acórdão n.º 1402003.681 S1C4T2 Fl. 6 5 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.679, de 13/12/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10218.900414/2009 95, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.679): Recurso Voluntário: O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria de competência desta Corte Administrativa e preenche todos os demais requisitos de admissibilidade previstos em lei, portanto, dele tomo conhecimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, o que for decidido no presente litígio será aplicado aos demais processos vinculados. Segundo o r. Despacho Decisório proferido nos autos do processo em epigrafe, o crédito que a Recorrente pretende compensar não foi homologado nos seguintes termos: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devido ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Tal fundamentação do r. Despacho Decisório não se coaduna com o entendimento do verbete da Súmula 84 do E. CARF/MF que descreve o seguinte: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Esta mesma situação dos autos, já foi analisada nos processos cujas decisões fundamentaram a elaboração do verbete da Súmula CARF/MF 84, conforme pode se verificar nas ementas de alguns dos v. acórdão abaixo colacionadas: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10218.900439/200999 Acórdão n.º 1402003.681 S1C4T2 Fl. 7 6 Rejeitase preliminar de nulidade do Despacho Decisório, quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa. ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. Somente são dedutíveis do IRPJ apurado no ajuste anual as estimativas pagas em conformidade com a lei. O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acréscimo de juros à taxa SELIC, acumulados a partir do mês subsequente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP. Eficácia retroativa da Instrução Normativa RFB n° 900/2008. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA EM ASPECTOS PRELIMINARES. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da restituição/compensação restringe se a aspectos preliminares, como a possibilidade do pedido. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superada esta preliminar, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela autoridade administrativa que jurisdiciona a contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. Desta forma, de acordo com a jurisprudência consolidada deste E. Tribunal acima colacionada, não resta dúvida de que merece reforma o v. acórdão (assim como o r. Despacho Decisório), vez que lícita e viável a postura procedimental da Recorrente. Assim, como em momento algum foi feita a devida analise do direito creditório em discussão, relativamente a alegação de recolhimento a maior/indevido de IRPJ no respectivo período de apuração, entendo que os autos devem retornar a Unidade de Origem, para verificar a existência do crédito objeto dos autos. Diante do exposto, entendo que o r. Despacho Decisório e o v. acórdão recorrido devem ser reformados, eis que a fundamentação de ambas decisões para não homologar a compensação em análise contraria a Súmula 84 deste E. CARF/MF, devendo os autos retornarem para a Unidade de Origem para que se verifique a existência do crédito que a Recorrente pretende compensar. É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10218.900439/200999 Acórdão n.º 1402003.681 S1C4T2 Fl. 8 7 provimento parcial ao recurso voluntário com base na súmula CARF nº 84 (Revisada) para afastar a vedação da compensação pretendida pela recorrente e determinar o retorno dos autos à Unidade Local para nova análise do direito creditório pleiteado pela contribuinte. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 164DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.002231/2010-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO SOBRE PONTO CABIMENTO. EFEITOS INFRINGENTES.
Admitem-se, excepcionalmente, efeitos infringentes nos embargos de declaração, quando constatada a inexistência de análise de matéria sobre a qual a turma deveria ter se manifestado em acórdão exarado pelo CARF.
EMBARGOS INOMINADOS. CABIMENTO.
Constatado lapso manifesto em acórdão exarado pelo CARF cabem embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão.
REPRESENTAÇÃO FISCAIS PARA FINS PENAIS. CARF. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. (Súmula Carf 28 vinculante)
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2008
SUJEIÇÃO PASSIVA. SIMULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. INTERPOSTA PESSOA. PRIMAZIA DA REALIDADE.
O Fisco está autorizado a descaracterizar a relação formal existente, com base nos arts. 142 e 149, VII, do CTN, e considerar, para efeitos do lançamento fiscal, quem efetivamente possui relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador, identificando corretamente o sujeito passivo da relação jurídica tributária. A autuada, na condição de efetiva tomadora do trabalho de segurados que lhe prestam serviços através de interposta pessoa, é obrigada ao recolhimento das contribuições devidas.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE. ERRO NA QUALIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. INOCORRÊNCIA.
Não há nulidade no auto de infração lavrado com observância do artigo 142 do CTN e do artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, mormente quando o sujeito passivo está devidamente caracterizado pelo conjunto probatório trazido aos autos.
JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC.
O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic.
Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO E DE EMPRESA. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA.
São considerados segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de empregados, os trabalhadores que prestam serviços à empresa, quando configurados os pressupostos do artigo 12, inciso I, alínea "a", da Lei nº 8.212, de 1991.
Para a verificação da ocorrência do fato gerador (artigo 116 do CTN) das contribuições previdenciárias, é condição necessária e suficiente a caracterização da condição de segurado e de empresa, o que se procede mediante a subsunção dos fatos analisados às normas contidas na Lei n° 8.212, de 1991.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INTERPOSTA PESSOA OPTANTE DO SIMPLES. EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE.
O procedimento administrativo de caracterização da prestação de serviços por segurados à outra empresa que não aquela para a qual foi contratado tem por fundamento os princípios da primazia da realidade e da verdade material, sendo irrelevante qualquer procedimento de desconstituição, inaptidão ou exclusão da pessoa jurídica do SIMPLES.
RELATÓRIO DE VÍNCULOS.
Os documentos "Relação de Co-Responsáveis - CORESP, "Relatório de Representantes Legais - RepLeg e Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88)
Numero da decisão: 2301-005.239
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos Embargos de Declaração e dos Embargos Inominados com efeitos infringentes para, sanando os vícios apontados no Acórdão nº 2403-002.352, de 19/11/2013, retificar o acórdão embargado para conhecer em parte do recurso voluntário, desconhecendo das alegações referentes à representação fiscal para fins penais, afastar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Marcelo Freitas de Souza Costa e Juliana Marteli Fais Feriato que, negando efeitos infringentes aos embargos, deram provimento ao recurso e os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Wesley Rocha, que deram provimento ao recurso apenas na questão dos juros de mora.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente
(assinado digitalmente)
Andrea Brose Adolfo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Antônio Sávio Nastureles, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Bellini Júnior (Presidente).
Nome do relator: Andrea Brose Adolfo
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OMISSÃO SOBRE PONTO CABIMENTO. EFEITOS INFRINGENTES. Admitemse, excepcionalmente, efeitos infringentes nos embargos de declaração, quando constatada a inexistência de análise de matéria sobre a qual a turma deveria ter se manifestado em acórdão exarado pelo CARF. EMBARGOS INOMINADOS. CABIMENTO. Constatado lapso manifesto em acórdão exarado pelo CARF cabem embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. REPRESENTAÇÃO FISCAIS PARA FINS PENAIS. CARF. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. (Súmula Carf 28 vinculante) ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2008 SUJEIÇÃO PASSIVA. SIMULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. INTERPOSTA PESSOA. PRIMAZIA DA REALIDADE. O Fisco está autorizado a descaracterizar a relação formal existente, com base nos arts. 142 e 149, VII, do CTN, e considerar, para efeitos do lançamento fiscal, quem efetivamente possui relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador, identificando corretamente o sujeito passivo da relação jurídica tributária. A autuada, na condição de efetiva tomadora do trabalho de segurados que lhe prestam serviços através de interposta pessoa, é obrigada ao recolhimento das contribuições devidas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 22 31 /2 01 0- 01 Fl. 462DF CARF MF 2 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE. ERRO NA QUALIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. INOCORRÊNCIA. Não há nulidade no auto de infração lavrado com observância do artigo 142 do CTN e do artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, mormente quando o sujeito passivo está devidamente caracterizado pelo conjunto probatório trazido aos autos. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO E DE EMPRESA. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA. São considerados segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de empregados, os trabalhadores que prestam serviços à empresa, quando configurados os pressupostos do artigo 12, inciso I, alínea "a", da Lei nº 8.212, de 1991. Para a verificação da ocorrência do fato gerador (artigo 116 do CTN) das contribuições previdenciárias, é condição necessária e suficiente a caracterização da condição de segurado e de empresa, o que se procede mediante a subsunção dos fatos analisados às normas contidas na Lei n° 8.212, de 1991. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INTERPOSTA PESSOA OPTANTE DO SIMPLES. EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE. O procedimento administrativo de caracterização da prestação de serviços por segurados à outra empresa que não aquela para a qual foi contratado tem por fundamento os princípios da primazia da realidade e da verdade material, sendo irrelevante qualquer procedimento de desconstituição, inaptidão ou exclusão da pessoa jurídica do SIMPLES. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. Os documentos "Relação de CoResponsáveis CORESP”, "Relatório de Representantes Legais RepLeg” e “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos Embargos de Declaração e dos Embargos Inominados com efeitos infringentes para, sanando os vícios apontados no Acórdão nº 2403002.352, de 19/11/2013, retificar o acórdão embargado para conhecer em parte do recurso voluntário, desconhecendo das alegações Fl. 463DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 462 3 referentes à representação fiscal para fins penais, afastar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Marcelo Freitas de Souza Costa e Juliana Marteli Fais Feriato que, negando efeitos infringentes aos embargos, deram provimento ao recurso e os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Wesley Rocha, que deram provimento ao recurso apenas na questão dos juros de mora. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Antônio Sávio Nastureles, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Bellini Júnior (Presidente). Relatório Tratase de embargos de declaração (efls. 410/429) interpostos pelo Delegado da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC, titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução, com fulcro no inciso V, § 1º do Art. 65 do RICARF, contra o Acórdão nº 2403002.352 (efls. 392/408) da extinta 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2005 a 21/12/2008 PREVIDENCIÁRIO. ELEMENTOS PROBANTES. NULIDADE. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL INADEQUADA. MÉRITO. Na forma do art. 9° do Decreto 70.235/72, reiterado no art. 25 do recente Decreto 7.574 de , 29 de setembro de 2011, autos de infração ou notificações de lançamento, serão distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.O lançamento destituído de provas, torna nulo o ato. Também a inadequada fundamentação legal inquina o lançamento de vício que enseja nulidade. Entretanto, o § 3º, inciso II, artigo 59 do Decreto 70.235/72, admitida a nulidade, determina que: “ § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora Fl. 464DF CARF MF 4 não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei n 8.748, de 1993) Recurso Voluntário Provido Alega o embargante a existência de omissão da Turma Julgadora na análise de ponto sobre o qual deveria ter se manifestado no julgamento do processo, atraindo a possibilidade de oposição dos embargos, a teor da parte final do caput do art. 65 do RICARF: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Justifica que, na condução do voto do relator, em relação ao mérito, foi analisado somente a não exclusão do Simples das empresas ditas interpostas em relação à autuada, todavia a turma deixou de apreciar o ponto central da autuação que foi a caracterização de vínculo empregatício de segurados contratados simuladamente por outras pessoas jurídicas. Cientificado do resultado do julgamento e dos embargos opostos em 05/06/2015 (efl. 432), o contribuinte apresentou "manifestação acerca dos embargos declaratórios" (efls. 434/439) requerendo que fossem desprovidos sob os seguintes fundamentos: a) falta de indicação precisa do vício embargado; b) impossibilidade de rediscussão do mérito via embargos declaratórios; e c) da existência de fundamento autônomo não impugnado. Os embargos foram admitidos nos termos do Despacho s/nº de efls. 458/459. Além da omissão apontada pelos embargos já acolhidos, foram constatados evidentes lapsos manifestos no Acórdão nº 2403002.352, por não terem sido apreciadas e votadas as seguintes alegações constantes do Recurso Voluntário (efls 294/348): a) preliminares: a.1) nulidade da autuação, por erro na identificação do sujeito passivo; a.2) impossibilidade de atribuição de responsabilidade solidária aos representantes legais constantes do Relatório de Vínculos; b) no mérito: b.1) afastamento da taxa Selic sobre a multa de ofício; e b.2) impossibilidade do manejo de Representação Fiscal para fins penais antes do julgamento definitivo do presente processo. O artigo 66 do RICARF dispõe que as inexatidões materiais devidas a lapso manifesto existentes na decisão deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. É o relatório. Fl. 465DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 463 5 Voto Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora EEMMBBAARRGGOOSS IINNOOMMIINNAADDOOSS Além da omissão apontada pelos embargos já acolhidos, foram verificados lapsos manifestos pela falta de apreciação e julgado das algumas matérias apontadas no recurso voluntário do contribuinte. Proponho, pois, a admissão e acolhimento dos embargos inominados, com base no art. 66 do RICARF, para que os lapsos manifestos sobre as seguintes matérias sejam corrigidos: a) preliminares: a.1) nulidade da autuação, por erro na identificação do sujeito passivo; a.2) impossibilidade de atribuição de responsabilidade solidária aos representantes legais constantes do Relatório de Vínculos; b) no mérito: b.1) afastamento da taxa Selic sobre a multa de ofício; e b.2) impossibilidade do manejo de Representação Fiscal para fins penais antes do julgamento definitivo do presente processo. EEMMBBAARRGGOOSS DDEE DDEECCLLAARRAAÇÇÃÃOO Os embargos são tempestivos e foram regularmente admitidos pelo Presidente desta Turma. Portanto, dele conheço. Os embargos de declaração são cabíveis para: a) esclarecer obscuridade, suprir omissão ou eliminar contradição entre a decisão do acórdão e seus fundamentos; e b) suprir omissão de ponto sobre o qual devia se pronunciar a turma julgadora. Em hipóteses excepcionais, podem serlhes dados efeitos infringentes. Os embargos foram admitidos conforme despacho s/nº nos seguintes termos: "Mediante análise dos autos, verificase que assiste razão à embargante, uma vez que a turma deixou de analisar e se manifestar acerca de ponto central da autuação, qual seja, a constatação de vínculo empregatício de segurados contratados pela empresa Indústria de Relógios Herweg SA por interpostas pessoas jurídicas (EGM e QUARTZ), através de simulação de prestação de serviços." Do voto do relator do acórdão embargado é possível verificar que, ao analisar o mérito, este conclui que a motivação para o lançamento teria sido a prestação de serviços de locação de mãodeobra pelas empresas QUARTZ e EGM para a autuada, e não o uso de Fl. 466DF CARF MF 6 interpostas pessoas jurídicas através de simulação, conforme os excertos colacionados abaixo, com os grifos do original (efls. 405/407): No item 4 do Relatório Fiscal de fls. 70, as Autoridades autuantes registram que o crédito tributário não foi constituído em razão de inadimplências do sujeito passivo do lançamento em comento mas sim sobre a remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais constante da folha de pagamento das empresas E.G.M. Industria e Comércio Ltda e QUARTZ Industria e Comercio Ltda. Afirma ainda que as irregularidades foram amplamente demonstradas na Representação Fiscal que deu início à baixa de ofício da inscrição da E.G.M. Industria e Comércio Ltda e QUARTZ Industria e Comercio Ltda. “ 4. A remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais constante da folha de pagamento da E.G.M. Industria e Comércio Ltda e QUARTZ Industria e Comercio Ltda, no período abaixo, é a base de cálculo da contribuição lançada neste AI, haja vista que a autuada era a beneficiária dos serviços prestados por estes segurados os quais estavam sob sua orientação, supervisão e subordinação, fato que foi amplamente demonstrado na Representação Fiscal que deu início à baixa de ofício da inscrição da E.G.M. Industria e Comércio Ltda e QUARTZ Industria e Comercio Ltda.” No Recurso Voluntário de fls.294, a Recorrente afirma que na forma do processo de n° 13971.001447/200311 a empresa QUARTZ Industria e Comercio Ltda, interpusera Manifestação de Inconformidade sobre Ato Declaratório n° 111 de Exclusão do SIMPLES e que até 11/06/2010 não houvera sido cientificada de qualquer decisão. Pesquisa no eprocesso realizada em 01/02/2013, revela que a empresa interpôs Recurso Voluntário que ainda não foi sorteado para julgamento. Na seqüência, no que se refere a empresa E.G.M. Industria e Comércio Ltda, recorrendo de Ato Declaratório n° 34 de Exclusão do SIMPLES, na forma do processo de n° 13971.001444/200388, em 12/08/2010, o Recurso Voluntário interposto junto a este Conselho lhe dera provimento cujo Acórdão afirma ter colacionado em sede de impugnação. O Ato Declaratório Executivo DRF/BLU n° 034, de 10 de setembro de 2007 conforme proposto pela Autoridade autuante a empresa E.G.M. INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA EPP, fora excluída do Sistema Integrado de Pagamento de impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples): “ (..) Situação excludente (evento 321) Descrição: realizar operações relativas à prestação de serviços de locação de mãodeobra. Fl. 467DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 464 7 Fundamentação Legal: Lei n° 9.317/96: alínea " f do inciso XII do artigo 9° combinado com o inciso I do artigo 14, o artigo 12, os incisos II, e os parágrafos terceiro e quarto, todos do artigo 15.”(grifos de minha autoria) Às fls. 350, colacionaramse cópia do Acórdão de n° 1801002237, exarado pela Primeira Sessão de Julgamento deste Conselho, que em 19 de maio de 2010, julgando o processo de n° 13971.001444/2003/88, cuja matéria fora EXCLUSÃO DO SIMPLES da empresa EGM IND. COM. LTDA deu provimento às alegações do contribuinte. Na oportunidade, por unanimidade, fora concedido provimento ao Recurso Voluntário Interposto que recorrera da decisão da DRJ Florianópolis. A síntese do “decisium” se expressa na ementa do referido voto: PROVA. A pessoa jurídica não pode ser excluída do SIMPLES no caso de não restar evidenciada, de forma inequívoca, a situação excludente descrita expressamente no ato declaratório de exclusão, cujos fundamentos de fato e de direito vinculam a Administração Pública. ” ( grifos de minha autoria) Consulta ao eprocesso revela : processo excluído. Como se observa, a motivação para se exarar o Ato Declaratório fora o entendimento das Autoridades autuantes de que as empresas realizavam operações relativas à prestação de serviços de locação de mãodeobra em benefício da autuada. Desse modo, tendo sido desconsiderado o Ato Declaratório, desconsidera foi a razão de sua edição ou seja: não se configurou que a empresa realizava operações relativas à prestação de serviços de locação de mãodeobra. Como visto alhures, o Auto de Infração em tela foi lavrado pelo fato de as Autoridades autauntes terem se convencido de que as empresas empresas E.G.M. Industria e Comércio Ltda e da QUARTZ Industria e Comercio Ltda. realizavam operações relativas à prestação de serviços de locação de mãodeobra para a autuada. Na forma do multicitado item 4 do Relatório Fiscal de fls. 70, as Autoridades autuantes registram que o crédito tributário não foi constituído em razão de inadimplências do sujeito passivo do lançamento em comento mas sim sobre a remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais constante da folha de pagamento da das empresas E.G.M. Industria e Comércio Ltda e da QUARTZ Industria e Comercio Ltda em razão de a autuada ser a beneficiária dos serviços prestados por esses segurados: ... Assim, desmaterializado o fato gerador da constituição do crédito e uma vez resgatada a condição de empresa ao Fl. 468DF CARF MF 8 SIMPLES, a tributação deve observar a legislação de regência. Os créditos constituídos da forma como foram não podem prosperar tendo em vista que o fizeram como se a empresa estivesse definitivamente excluída do regime especial. Não há no citado voto do relator qualquer análise referente à caracterização dos segurados empregados das empresas interpostas (QUARTZ e EGM) como segurados empregados da empresa HERWEG. Assim, resta claro que o ponto basilar da autuação não foi analisado, assistindo razão à embargante, devendo ser admitidos os embargos de declaração opostos. Admitidos ambos os embargos, passo à análise dos pontos omissos no acórdão atacado. PPRREELLIIMMIINNAARREESS AA)) NNUULLIIDDAADDEESS As nulidades no Processo Administrativo Fiscal estão previstos no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, e art. 142 do CTN: Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Estando pressentes todos os requisitos do lançamento e não se verificando cerceamento do direito de defesa do contribuinte, não há que se falar em nulidade do lançamento. BB)) EERRRROO NNAA IIDDEENNTTIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDOO SSUUJJEEIITTOO PPAASSSSIIVVOO Argui a recorrente a nulidade do lançamento por erro na identificação do sujeito passivo. Alega que o fisco promoveu uma grande "confusão" ao desconsiderar os vínculos empregatícios com as empresas Quartz e EGM, deslocandoos para a autuada; que o correto seria, se fosse o caso, a exclusão do Simples dessas empresas e consequente cobrança das contribuições previdenciárias devidas Verificado o inadimplemento das contribuições previdenciárias o Auditor fiscal tem o dever de constituir o lançamento mediante o respectivo auto de infração contra o sujeito passivo identificado. Fl. 469DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 465 9 O art. 22, I da Lei nº 8.212/91 estabelece que as contribuições previdenciárias patronais incidem sobre "o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços". A mesma base de cálculo é aplicável para as contribuições destinadas aos Terceiros, no caso, Salário Educação, INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE. De acordo com o relatório fiscal as empresas QUARTZ e EGM existiam apenas para abrigar a mãodeobra da recorrente (IND. RELÓGIOS HERWEG), ficando configurada a realização de ato simulado. Em decorrência, as empresas interpostas foram baixadas de ofício por inexistentes de fato. Para a verificação da ocorrência do fato gerador (art. 116 do CTN) das contribuições sociais previdenciárias, é condição necessária e suficiente a caracterização da condição de segurado e de empresa, o que se procede mediante a subsunção dos fatos analisados às normas contidas na Lei n° 8.212/91. Assim pode ocorrer de as relações que se mostrem existentes no campo meramente formal sejam desconsideradas por não refletirem, em substância, a realidade dos fatos, em atenção aos princípios da primazia da realidade e da verdade material. Ressaltese que o procedimento administrativo de caracterização da prestação de serviços por segurados à outra empresa que não aquela para o qual foi contratado, posto que baseado nos princípios acima citados, torna irrelevante qualquer procedimento de desconstituição, inaptidão ou exclusão da pessoa jurídica do SIMPLES. Ademais, o lançamento atendeu a todos os requisitos do art. 142 do CTN não se verificando a ocorrência de quaisquer vícios na sua constituição: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Ficando comprovado que a real empregadora é a recorrente não há que se falar em erro na sua identificação como sujeito passivo da obrigação tributária. BB)) RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE DDOOSS SSÓÓCCIIOOSS Com relação à arguição de nulidade da autuação pela responsabilidade atribuída aos sócios por meio do Relatório de Vínculos, tal matéria já foi sumulada, firmando o entendimento de que tal documento tem a função meramente informativa: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso Fl. 470DF CARF MF 10 administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Sem razão à recorrente. CC)) AAUUTTOO AAPPLLIICCAABBIILLIIDDAADDEE DDOO PPAARRÁÁGGRRAAFFOO ÚÚNNIICCOO DDOO CCTTNN Também não merece prosperar o argumento de que o parágrafo único do art. 116 do CTN careceria de regulamentação por lei ordinária, implicando em nulidade da autuação. A permissão legal para que a autoridade fiscal possa realizar o lançamento decorrente de atos simulados decorre da combinação do art. 116, parágrafo único, com o art. 149, VII, ambos do CTN ponto que será analisado com mais profundidade no mérito. Sobre a auto aplicabilidade do parágrafo único do art. 116 do CTN, defende Leandro Paulsen1: Autoaplicabilidade: "...por já existir, no âmbito federal, uma extensa regulamentação do Processo Administrativo Fiscal (PAF) por meio do Decreto 70235/1972 em que se disciplinam os procedimentos de fiscalização e de julgamento, bem como o processo de consulta e, subsidiariamente pela Lei 9784/1999 que regula o processo administrativo federal no âmbito federal enquanto gênero a desconstituição dos atos e negócios dissimulados prevista no parágrafo único do artigo 116 do CTN independe de novo disciplinamento procedimental, uma vez que PAF já se orienta pelos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório e a Administração Tributária Federal, na fase oficiosa do procedimento fiscal conforme previsto em regulamentos específicos e em manuais de fiscalização , já vem atuando com a participação ativa dos contribuintes na produção do conjunto probatório que embasará eventual lançamento de ofício (REIS, Helcio Lafetá. Planejamento Tributário abusivo: violaçao da imperatividade da norma jurídica, RDDT 209/57, fev/2013) " Portanto, afasto as preliminares de nulidade arguidas. MMÉÉRRIITTOO AA))CCOOMMPPRROOVVAAÇÇÃÃOO DDOO VVÍÍNNCCUULLOO EEMMPPRREEGGAATTÍÍCCIIOO CCOOMM AA RREECCOORRRREENNTTEE O Auto de infração foi lavrado contra a empresa Indústria de Relógios Herweg Ltda em razão da constatação de que teria se utilizado de interpostas pessoas jurídicas para a contratação de seus empregados, através de ato simulado, conforme extraise do relatório fiscal: 1. Este relatório é integrante do Auto de Infração e referese ao lançamento das contribuições devidas à Outras Entidades conveniadas, denominadas de "Terceiros" (FNDE, INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE). 1 in Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à luz da Doutrina e da Jurisprudência, 16.ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2014, fl. 1018 Fl. 471DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 466 11 2. Em auditoria realizada na autuada e, concomitantemente, nas empresas E.G.M. Indústria e Comércio Ltda e QUARTZ Indústria e Comércio Ltda constatouse que estas não dispunham de patrimônio e capacidade operacional necessários a realização de seu objetivo social, e foram concebida com o propósito de abrigar mão de obra necessária ao desenvolvimento das atividades da autuada, sendo que todos os recursos eram provenientes da autuada. Pretendeuse desta forma elidirse da incidência da contribuição previdenciária patronal que recairia sobre a folha de pagamento dos empregados e contribuintes individuais da autuada alocandoos na EGM e QUARTZ, empresas optantes pelo SIMPLES. 3. Tal fato foi objeto de Representação Fiscal para Baixa de Ofício da inscrição no CNPJ da E.G.M. Industria e Comércio Ltda e QUARTZ Industria e Comercio Ltda, com base no disposto no artigo 28, inciso II, alínea "a" da IN RFB n° 1.005 de 8 de fevereiro de 2010. 4. A remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais (Prolabore Sócios Administradores) constante da folha de pagamento da E.G.M. Industria e Comércio Ltda e QUARTZ Industria e Comercio Ltda, no período abaixo, é a base de cálculo da contribuição lançada neste AI, haja vista que a autuada era a beneficiária dos serviços prestados por estes segurados os quais estavam sob sua orientação, supervisão e subordinação, fato que foi amplamente demonstrado na Representação Fiscal que deu início à baixa de ofício da inscrição da E.G.M. Industria e Comércio Ltda e QUARTZ Industria e Comercio Ltda. 5. No período fiscalizado a E.G.M. Indústria e Comércio Ltda e a QUARTZ Indústria e Comércio Ltda eram optantes do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES Federal (até 06/2007) e Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES NACIONAL (a partir de 07/2007). 6. A Autuada, no mesmo período, era tributada pelo Lucro Real, desta forma, a contribuição para "Terceiros" (FNDE, INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE) sobre a remuneração dos segurados então registrados na E.G.M. Industria e Comércio Ltda e QUARTZ Industria e Comercio Ltda, a qual não era exigível na tributação pelo SIMPLES, está sendo objeto de apuração no presente AI. 7. Consta no Anexo 4 do relatório fiscal do AI Auto de Infração n° 37.280.7453 cópia das Representações Fiscais para Baixa das empresas QUARTZ Indústria e Comércio Ltda e E.G.M. Indústria e Comércio Ltda e os seguintes anexos: ... Caracterização de Segurados Empregados Fl. 472DF CARF MF 12 10. A Indústria de Relógios Herweg S/A utilizase de subterfúgios ilegais para poder manter uma média de 176 empregados seus alocados em 2 empresas distintas, constituídas em separado para serem optantes pelo SIMPLES e com isso afastarem as contribuições destinadas à seguridade social, tais empresas operam no mesmo parque fabril e a sua receita advém exclusivamente da Indústria de Relógios HERWEG S/A e de empresas a ela ligada, com maquinários por ela cedidos, e criadas com sócios ("testas de ferro") ligados a Ind. Relógios HERWEG. 11. Pelas evidências encontradas e relatadas nas Representações Fiscais para Baixa de Ofício (cópia Anexo 4 do Relatório Fiscal do AI Auto de Infração n° 37.280.7453) formouse a convicção desta fiscalização de que a Ind. Relógios HERWEG administra e gerencia diretamente a totalidade dos empregados das empresas Ind. Relógios HERWEG, QUARTZ e EGM. Pressupostos Necessários à Condição de Empregado 12. Em decorrência dos fatos relatados, foram realizadas Representações Fiscais para Baixa do CNPJ da QUARTZ INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA e E.G.M. INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA por inexistência de fato, e seus empregados e contribuintes individuais caracterizados como segurados da empresa INDÚSTRIA DE RELÓGIOS HERWEG S/A, consoante o disposto no art. 3° da CLT (DecretoLei n.° 5.452, de 01/05/1943) e o art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n." 8.212, de 24/07/1991, como segue: 13. PESSOALIDADE: (...) 14. NÃOEVENTUALIDADE: (...) 15. SUBORDINAÇÃO: (...) 16. ONEROSIDADE: (...) ... O retrocitado relatório explicita que foi constatado através de auditoria nas três empresas que: as empresas E.G.M. e QUARTZ "não dispunham de patrimônio e capacidade operacional necessários a realização de seu objetivo social, e foram concebidas com o propósito de abrigar mão de obra necessária ao desenvolvimento das atividades da autuada", com o intuito de deixar de recolher contribuições sociais destinadas a outras entidades ou fundos denominados Terceiros. Foram feitas as representações fiscais para a baixa de ofício das empresas interpostas e o valor da remuneração dos segurados empregados constante das folhas de pagamento foi atribuído à recorrente real sujeito passivo da obrigação tributária. A recorrente, por sua vez, alega que o fisco promoveu uma grande "confusão" ao desconsiderar os vínculos empregatícios com as empresas Quartz e EGM, deslocandoos para a autuada. Expõe que havia, na prática, apenas a terceirização de mãode obra. Afirma que não há ilegalidade nessa prática, tampouco na contratação de empresas cujos sócios sejam exempregados da contratante. Destaca que o maquinário necessário para as atividades das empresas contratadas foi cedido em regime de comodato. Também entende não Fl. 473DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 467 13 ser suficiente para o lançamento, nem ilegal, que a mesma empresa de contabilidade preste serviços a todas as empresas. Sustenta que inexistem os citados vínculos empregatícios dos empregados das empresas QUARTZ e EGM com a recorrente e que a fiscalização não teria demonstrado a existência de tais vínculos. Esclarece que, em virtude de sido incluída no polo passivo de ações trabalhistas, "estabeleceu políticas de fiscalização e controle das terceirizadas, mais precisamente, as empresas QUARTZ e EGM, a tal ponto de aferir a confecção de folhas salariais, o pagamento de salários e encargos, bem como dos tributos, tudo para afastar a solidariedade imposta pela fiscalização". Por fim, que não houve a desconsideração dos negócios jurídicos, tampouco a exclusão do Simples das empresas ditas interpostas, ademais, entende inaplicável o art. 116, parágrafo único do CTN. Conforme citado, a motivação do lançamento decorreu da análise de todo um conjunto fáticoprobatório que demonstrou que as empresas não possuíam "patrimônio e capacidade operacional necessários a realização de seu objetivo social", o que levou à consequente baixa de ofício dos respectivos CNPJ. A ocorrência do uso simulado de interpostas pessoas jurídicas está claramente demonstrada no relatório fiscal e anexos, em especial o Anexo 4 do processo principal nº 13971.002230/201058, do qual transcrevo os principais argumentos, de forma resumida: · no período fiscalizado as empresas QUARTZ e EGM eram optantes pelo Simples e a HERWEG tributada pelo Lucro Real; · a HERWEG, durante os anos de 1997/1998, demitiu a maioria de seus empregados (de 194 em nov/1997 apenas 12 permaneciam em nov/1998 na maioria do setor administrativo); · no mesmo período foram criadas 3 novas empresas (QUARTZ, EGM e Plausi esta última incorporada pela EGM em 04/06/2001), todas optantes pelo Simples, situadas no mesmo endereço da autuada (Rua Uruguai, 240 Timbó/SC) e gerenciadas por exempregados da autuada; · os sócios das empresa QUARTZ e EGM estão diretamente ligados à empresa autuada (exempregados, exsócios em outras empresas ou vínculo familiar próximo); · o capital social das empresas QUARTZ e EGM é irrisório comparado com o nº de segurados registrados; · não há qualquer separação física nos galpões da HERWEG que demonstrem quais atividades são desenvolvidas pelas empresas QUARTZ e EGM (ou seja, o espaço físico é utilizado de forma conjunta); Fl. 474DF CARF MF 14 · as empresas QUARTZ e EGM não possuem maquinário próprio, sendo todas as atividades desenvolvidas pelo empregados em máquinas de propriedade da HERWEG que, por meio de contrato de comodato, cede o uso às empresas interpostas; · em entrevista realizada com empregados na sede da autuada, mesmo os empregados registrados nas outras empresas confirmaram que o responsável pela empresa seria o sóciogerente da autuada, inclusive o sócio da empresa Quartz fez tal afirmação; · na contabilidade da empresa HERWEG foram encontrados pagamentos de despesas das empresas QUARTZ e EGM (pagamentos referente a salários, FGTS e despesas com refeições); · a prestação de serviços contábeis e financeiros é feita para todas as empresas pelo escritório CSI Contabilidade Ltda (também constituída por exempregados da autuada e com mesmo endereço da autuada até 05/2009); cheques e rescisões de contrato de trabalho são confeccionadas pela CSI e assinados por suas sócias, que possuem procuração de todas as empresas; · na contabilidade das empresas QUARTZ e EGM os registros de despesas referemse apenas a mão de obra e seus encargos e aos impostos incidentes; não há registro de despesas com energia elétrica, manutenção predial, de máquinas e equipamentos, material de escritório ou material de consumo, ou seja, todas as despesas necessárias para a atividade fabril são suportadas pela autuada; · o faturamento da empresa Quartz nos anos de 2005 e 2006 advinha exclusivamente de receitas de prestação de serviços à autuada, enquanto nos anos seguintes (2007 e 2008) passou a ser de mais de 90%; · mais de 60% do faturamento da empresa EGM, nos anos de 2005 a 2008, era proveniente da prestação de serviços à empresa autuada. Por seu turno, a recorrente rebate as situações descritas no relatório fiscal alegando: a) com relação às despesas das empresas interpostas suportadas pela recorrente: adiantamentos são procedimentos contábeis legais, no pagamento final são deduzidos os valores adiantados, inexistindo óbice na legislação do Imposto de Renda; b) sócios das empresas interpostas são exempregados da recorrente: não há impedimento legal a tal procedimento, constituindo em incentivo aos exempregados; c) terceirização dos serviços de contabilidade e pessoal das empresas interpostas: não há impedimento legal, sendo prática usual no mercado; d) constituição das empresas interpostas com capital social irrisório: cada pessoa jurídica possui personalidade própria e autonomia para estabelecer o seu capital social.; não há determinação legal estabelecendo valor mínimo e máximo para constituição do capital social; Fl. 475DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 468 15 e) existência de pessoas ligadas à recorrente nas empresas interpostas: não há previsão legal que impossibilite ser empregado/sócio de prestadora de serviço, tendo sido empregado da atual tomadora de serviço; f) estabelecimento no parque fabril da recorrente: legal, mediante contrato de locação; g) máquinas e equipamentos fornecidos sem ônus pela contratante: através de comodato de equipamentos firmado pela recorrente com as empresas prestadoras de serviços, sendo instrumento legítimo e celebrado nos termos da lei civil. h) exclusividade na prestação de serviços: por opção da prestadora, desde 2007 não havia mais a exclusividade; i) patrimônio e capacidade operacional: "ambas as empresas são pessoas jurídicas, de direito privado, contendo seus atos constitutivos os elementos essenciais exigidos pelo Código Civil". A empresa "possui os requisitos fundamentais e necessários à realização de seu objeto , inclusive o seu capital social fora devidamente integralizado. Tanto é que possui empregado, contrata terceiros, realiza negócios jurídicos, ou seja, incorre na atividade econômica de risco." Todavia a recorrente não demonstrou a razão da transferência da maioria dos empregados da recorrente para as empresas interpostas, mantendo apenas os ocupantes de cargos administrativos e de supervisão, conforme excerto do relatório constante do anexo 4 do processo principal nº 13971.002230/201058 (efl.s 100/101): 2.3 As três empresas criadas tem suas sedes no mesmo endereço da Ind. Relógios HERWEG, e os empregados estão nos galpões onde funcionava o setor de produção da Ind. Relógios HERWEG, passando a realizar o processo de produção que era executado unicamente pela empresa Ind. Relógios HERWEG. O número de empregados no endereço "Rua Uruguai n° 240 Bairro Imigrantes Timbó SC" permaneceu estável no ano de 1998, apenas os empregados foram registrados em empresas distintas, (...) 2.4 Os empregados que eram da Ind. Relógios HERWEG foram distribuídos pelas três empresas criadas. Em 03/1998 dos 111 empregados admitidos pelas empresas (QUARTZ/EGM/PLAUSI) cerca de 90 deles eram empregados da Ind. Relógios HERWEG até o mês anterior (02/1998). 2.4.1 Somente alguns empregados/diretores, os quais ocupavam, com poucas exceções, cargos administrativos e de supervisão, como podese observar na planilha abaixo, permaneceram com vínculos na Ind. Relógios HERWEG. Também não trouxe qualquer documento comprobatório das alegadas antecipações de despesas ou dos valores recebidos pelo comodato do maquinário. Apenas juntou notas de serviços da empresa de contabilidade para demonstrar que esta prestava serviços a outras empresas. Fl. 476DF CARF MF 16 Destaco ainda o item 2.5 do relatório de efl. 101 do processo principal nº 13971.002230/201058, que comprova a simulação do negócio jurídico: 2.5 Na teoria a Ind. Relógios HERWEG apenas compra as matériasprimas e manda industrializálas nas empresas terceirizadas, mas na prática nada mudou na empresa, os empregados estão em um único parque fabril, sob orientação, supervisão e subordinação da empresa Ind. Relógios HERWEG. Por todo o conjunto de provas anexados aos autos, constatase que a operação de "transferência de operações fabris" realizada entre a recorrente e as empresas QUARTZ e EGM não se reveste de mera terceirização, mas sim de simulação de transferência de empregados, na qual a recorrente arca com toda a manutenção de maquinário e instalações, inclusive despesas das empresas interpostas, com o evidente intuito de sonegar contribuição social destinada a outras entidades e fundos Terceiros incidente sobre a folha de pagamento, ficando demonstrado que as empresas interpostas não existiam de fato, sendo todas uma mesma entidade. Como visto, tratase da aplicação do princípio da primazia da realidade, princípio emprestado do Direito do Trabalho, plenamente aplicável ao Direito Tributário. Sobre a matéria cito excerto do voto do conselheiro André Luís Mársico Lombardi (Ac. 2302003.144, sessão de 13/05/2014): Com efeito, em atenção aos princípios da primazia da realidade e da verdade material, pode ocorrer de as relações que se mostrem existentes no campo meramente formal sejam desconsideradas por não refletirem, em substância, a realidade dos fatos. E nem se diga que não há amparo no Direito Tributário para a conduta adota pela autoridade fiscal. Segundo Orlando Gomes, ocorre simulação quando em um negócio jurídico se verifica intencional divergência entre a vontade real e a vontade declarada, com o fim de enganar terceiro (Introdução ao Estudo do Direito – 7ªEdição). O Código Civil Brasileiro de 2002 considera nulo o negócio jurídico simulado e assim apresenta as hipóteses em que resta ocorrida a simulação: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. §1°Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados Notese que o conceito de simulação, que, em síntese, consiste em fingir negócio jurídico inexistente, envolve a concepção de dissimulação, que consiste na prática de negócio jurídico para Fl. 477DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 469 17 ocultar, encobrir ou disfarçar um negócio jurídico existente. E, de acordo com o art. 118, inciso I do CTN, a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Diante do quadro normativo exposto, podese concluir que, em atenção aos princípios da primazia da realidade e da verdade material, pode ocorrer de as relações que se mostrem existentes no campo meramente formal sejam desconsideradas por não refletirem, em substância, a realidade dos fatos. Assim, na hipótese de simulação, a autoridade fiscal deve superar o negócio jurídico simulado para aplicar a lei tributária ao negócio jurídico dissimulado. No caso em tela, a simulação ocorreu por intermédio daquilo que se denomina de abuso de forma jurídica, incorrendo a recorrente em modalidade de evasão fiscal (art. 149, VII, e 116, § único, do CTN). Portanto, na presença de simulação, a auditoria fiscal tem o deverpoder de não permanecer inerte, pois tais negócios são inoponíveis ao fisco no exercício da atividade plenamente vinculada do lançamento: CTN Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) VII quando se comprove que o sujeito passivo,ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: (...) Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.(Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Portanto, o procedimento administrativo de caracterização da prestação de serviços por segurados à outra empresa que não aquela para o qual foi contratado tem por fundamento os princípios da primazia da realidade e da verdade material e encontra respaldo nos artigos 116, parágrafo único, e 149, VII, do CTN. Portanto, no caso concreto, estamos diante da presença de diversos indícios concordantes, os quais, analisados conjuntamente são prova, conforme excerto de voto do Fl. 478DF CARF MF 18 Acórdão CSRF/01 02.743, que evocando jurisprudência do Supremo Tribunal Federal citada por Hely Lopes Meirelles: “Indícios de omissão de receitas é que não faltam. A propósito, como relembra o preclaro mestre Hely Lopes Meirelles, o Egrégio Supremo Tribunal Federal já decidiu que “indícios vários e concordantes são prova”, com o que, de plano, este relator poderia dar o assunto por encerrado”. (STF, RTJ 52/140 apud Hely Lopes Meirelles in Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros, 22a ed., 1997, p. 97.) De todo o exposto, concluise que, a soma dos elementos trazidos aos autos e não afastados pelo recorrente são suficientes para demonstrar a correção do lançamento fiscal, pelo uso de interpostas pessoas jurídicas (QUARTZ e EGM) pela recorrente (HERWEG) mediante a prática de simulação. BB)) JJUURROOSS SSOOBBRREE AA MMUULLTTAA DDEE OOFFÍÍCCIIOO A recorrente alega que, embora a multa de ofício seja parcela integrante do crédito tributário, a aplicação de juros sobre esta é impossível em face de ausência de previsão legal que autorize tal incidência. Sobre essa matéria, as três turmas da Câmara Superior têm se manifestado pela incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, cito acórdãos nº 9101003.469 –1ª Turma sessão 7/03/2018 relatora Adriana Gomes Rêgo; nº 9202006.473 – 2ª Turma sessão de 30/01/2018 relator Luiz Eduardo de Oliveira Santos e nº 9303006.008 3ª Turma sessão 29/11/2017 redator voto vencedor Andrada Márcio Canuto Natal. Transcrevo excerto do voto do Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, que, ao redigir o voto vencedor no citado acórdão nº 9303006.008 expõe com minuciosa precisão a matéria: De acordo com o art. 161 do CTN, o crédito tributário não pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo da sua falta. Dispõe ainda em seu parágrafo primeiro que, se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão cobrados à taxa de 1% ao mês. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (...) De forma que o art 61 da Lei nº 9.430/96 determinou que, a partir de janeiro/97, os débitos vencidos com a União serão acrescidos de juros de mora calculados pela taxa Selic quando não pagos nos prazos previstos na legislação tributária, até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Entendo que os débitos a que se refere o art. 61 da Fl. 479DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 470 19 Lei nº 9.430/96 correspondem ao crédito tributário de que dispõe o art. 161 do CTN. Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 139 do CTN dispõe que o crédito tributário decorre da obrigação tributária e tem a mesma natureza desta. Já o art. 113, parágrafo primeiro, do mesmo diploma legal, define que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Assim, se o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta, necessariamente deve abranger o tributo e a penalidade pecuniária. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. A multa de ofício aplicada ao presente lançamento está prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96 que prevê expressamente a sua exigência juntamente com o tributo devido. Ao constituir o crédito tributário pelo lançamento de ofício, ao tributo somase a Fl. 480DF CARF MF 20 multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal, devendo incidir os juros à taxa Selic sobre a sua totalidade. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) Tanto é assim, que a própria Lei 9.430/96, em seu art. 43, prevê a incidência de juros Selic quando a multa de ofício é lançada de maneira isolada. Não faria sentido a incidência dos juros somente sobre a multa de ofício exigida isoladamente, pois ambas tem a mesma natureza tributária. Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Por todo o exposto, a multa de ofício proporcional, lançada juntamente com o tributo devido, se não paga no vencimento, sujeitase a juros de mora calculado com base na taxa SELIC por força do disposto no art. 61, caput e §3º da Lei nº 9.430, de 1996. Para reforçar este entendimento, transcrevo abaixo precedentes judiciais e administrativos elaborado pela assessoria jurídica do CARF em estudos internos a respeito da matéria. Julgamento da matéria nos Tribunais Superiores Em 1º de setembro de 2009, a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça assim decidiu nos autos do Recurso Especial nº1.129.990 PR, sob a condução do Ministro Castro Meira: TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. Analisouse, no caso, norma estadual questionada sob o argumento de que a multa por inadimplemento de ICMS não integraria o crédito tributário. Interpretando o art. 161 do CTN em conjunto com os arts. 113 e 139 do CTN, o Ministro concluiu que o crédito e a obrigação tributária são compostos pelo tributo Fl. 481DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 471 21 devido e pelas penalidades eventualmente exigíveis e, tendo em conta que o art. 161 do CTN ao se referir ao crédito, está tratando de crédito tributário, concluiu que referido dispositivo autoriza a exigência de juros de mora sobre multas. A 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em 18 de maio de 2010, replicou este entendimento ao decidir o Recurso Especial nº 834.681MG, sob relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO PARA TRIBUTOS ESTADUAIS DIANTE DA EXISTÊNCIA DE LEI AUTORIZADORA. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 879844/MG, DJE DE 25/11/2009, JULGADO SOB O REGIME DO ART. 543C DO CPC. ESPECIAL EFICÁCIA VINCULATIVA DESSE PRECEDENTE (CPC, ART. 543C, § 7º), QUE IMPÕE A ADOÇÃO EM CASOS ANÁLOGOS. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. PRECEDENTE DA 2ª TURMA DO STJ. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. Também se tratava, neste caso, de legislação estadual. Em 04 de dezembro de 2012, a 1ª Turma manteve este posicionamento no julgamento de Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1.335.688PR, relatado pelo Ministro Benedito Gonçalves: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. Neste caso, a multa de ofício fora lançada com fundamento no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, e o sujeito passivo alegava a inexistência, no referido dispositivo legal, de qualquer menção sobre a cobrança de juros de mora. Por fim, em 07 de junho de 2016, a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça mais uma vez aplicou a jurisprudência pacífica do Tribunal, agora em face de Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial nº 870.973MG, sob relatoria do Ministro Humberto Martins: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/73. INEXISTÊNCIA. DEVIDO Fl. 482DF CARF MF 22 ENFRENTAMENTO DAS QUESTÕES RECURSAIS. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. BASE DE CÁLCULO. MATÉRIA DE CUNHO EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. REEXAME. COMPETÊNCIA DO STF. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC/73 quando a prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida, com enfrentamento e resolução das questões abordadas no recurso. 2. Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, o crédito tributário compreende a multa pecuniária, o que legitima a incidência de juros moratórios sobre a totalidade da dívida. 3. Da leitura do acórdão recorrido, depreendese que a questão acerca da base de cálculo do ICM/ST foi debatida pelo Tribunal de origem com fundamento eminentemente constitucional, sendo a sua apreciação de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, conforme dispõe o art. 102, III, do permissivo constitucional Agravo interno improvido. A análise recaiu, assim, sobre legislação do Estado de Minas Gerais. O Superior Tribunal de Justiça, portanto, não apreciou as questões colocadas em face da redação do art. 61, caput e §3º, da Lei nº 9.430, de 1996. Ementas de acórdãos recentes da CSRF Acórdão nº 9101002.514, de 13 de dezembro de 2016, Relator Conselheiro Rafael Vidal de Araújo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006 [...] JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora, conforme estabelecido no art. 161 do CTN. Precedentes do STJ. Acórdão nº 9202004.250, de 23 de junho de 2016, Relatora Maria Helena Cotta Cardozo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 01/01/2004 a 10/09/2004 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e negado Fl. 483DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 472 23 Acórdão nº 9303004.570, de 8 de dezembro de 2016, Redator Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/10/2007 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento e de um por cento no mês de pagamento. [...] Valhome das razões acima, para negar provimento ao recurso voluntário nessa matéria. CC)) IIMMPPOOSSSSIIBBIILLIIDDAADDEE DDOO SSEEGGUUIIMMEENNTTOO DDEE RREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO FFIISSCCAALL PPAARRAA FFIINNSS PPEENNAAIISS AANNTTEESS DDOO JJUULLGGAAMMEENNTTOO DDEEFFIINNIITTIIVVOO DDOO PPRREESSEENNTTEE PPRROOCCEESSSSOO Sustenta o recorrente a impossibilidade de edição de Representação Fiscal para Fins Penais antes da decisão definitiva na esfera administrativa. Por força da Súmula CARF nº 28 (Vinculante) o Carf não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a processo administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Deixo de conhecer das alegações acerca da Representação Fiscal para Fins Penais. Pelo exposto, no mérito, deixo de conhecer da RFFP e nego provimento às demais alegações do recorrente. AALLEEGGAAÇÇÕÕEESS EEMM MMAANNIIFFEESSTTAAÇÇÃÃOO CCOONNTTRRAA EEMMBBAARRGGOOSS AA))EEXXIISSTTÊÊNNCCIIAA DDEE FFUUNNDDAAMMEENNTTOO AAUUTTÔÔNNOOMMOO NNÃÃOO IIMMPPUUGGNNAADDOO O sujeito passivo, em sua manifestação sobre os embargos, sustenta que a decisão embargada não estaria fundamentada exclusivamente na improcedência da autuação pela não exclusão do Simples das empresas prestadoras de serviços. Que há um "outro argumento que fundamentou a decisão abaixo, podendo inclusive ser considerado um dos mais fortes expostos no acórdão embargado, se trata do reconhecimento da inexistência de norma antielisiva que possibilite a aplicação do parágrafo único do art. 116 do CTN.". E destaca o seguinte trecho do voto do relator: Como se nota passou desapercebido pelo instância “ ad quod ” a parte final do exortado art. 116 do CTN onde se determina obrigatório observar os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Assim fazse necessário que a desconsideração de negócio jurídico tenha suporte em lei ordinária própria a qual Fl. 484DF CARF MF 24 deve constar da fundamentação legal. Neste mesmo diapasão, também se observa que o referido parágrafo 3º do artigo 33 da Lei 8.212/91 trazido à colação pelo i. Julgador não se coaduna com os fatos em comento em razão do lançamento não se tratar de sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente. Alega que, mesmo que haja manifestação sobre os argumentos do embargante, não haveria alteração do resultado do julgado, "posto que o acórdão embargado está alicerçado em fundamento autônomo apto, por si só, a manter o julgado". Entende aplicável a Súmula nº 283 do STF. Súmula nº 283 STF Enunciado: É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles. Cabe tecer alguns comentários acerca da questão. Inicialmente, entendo que o enunciado da Súmula retrotranscrita não é aplicável no caso de embargos, visto que este deve aterse ao ponto "obscuro, omisso ou contraditório" do acórdão embargado, não necessitando atacar todos os pontos do acórdão. A turma, por unanimidade de votos, julgou favorável o mérito do lançamento, deixando de declarar a nulidade, com fundamento no § 3º do art. 59 do Decreto 70.235/72, não constando na parte dispositiva do acórdão qualquer referência à manifestação dos conselheiros sobre a nulidade arguida pelo relator originário, conforme registro da parte dispositiva da ementa e conclusão do voto do relator: ACORDAM os membros da 4ª câmara / 3ª turma ordinária do segunda SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para sanar a contradição, rerratificando o Acórdão no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. VOTO ... DA NULIDADE E DO MÉRITO Embora maculado pela incorreta fundamentação legal e o cerceamento de defesa presentes em razão da não apresentação dos elementos probantes, episódios que ensejariam a nulidade do lançamento, sob o comando do § 3º do art. 59 do decreto 70.235/72, reiterado no § 3º do art. 12 do Decreto 7.574, de setembro de 2011 , quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta, verbis: “ Art. 59. São nulos: § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir lhe a falta.( Incluído pela Lei n 8.748, de 1993 ) ” Fl. 485DF CARF MF Processo nº 13971.002231/201001 Acórdão n.º 2301005.239 S2C3T1 Fl. 473 25 Assim , em face de tudo que foi exposto, cumpre dar provimento às alegações da recorrente que por economia processual deixo de enfrentálas pontualmente. CONCLUSÃO Conheço do recurso para, NO MÉRITO, DARLHE PROVIMENTO. (grifos no original) Por todo o exposto no presente voto, a pretensa nulidade resta aqui afastada. CCOONNCCLLUUSSÃÃOO Pelo exposto, voto por acolher os embargos de declaração e os embargos inominados, para, suprindo a omissão e os lapsos manifestos e dandolhe efeitos infringentes, retificar o acórdão embargado, conhecendo em parte do recurso voluntário, exceto com relação à matéria Representação Fiscal para Fins Penais, afastar as preliminares e, no mérito, negarlhe provimento. É como voto. Andrea Brose Adolfo Fl. 486DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.945118/2013-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.743
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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(assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Relatório Versa o presente sobre pedido de ressarcimento de contribuições não cumulativas que, após procedimento fiscalizatório sofrido pela empresa, restaram não reconhecidos em sua integralidade, consoante Despacho Decisório que integra os autos em apreço. Inconformada com o não reconhecimento integral de seu pleito, a recorrente apresentou manifestação de inconformidade que foi julgada improcedente pelo Colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº 10059.005. Destacase que a DRJ aplicou o entendimento das INs SRF 247/2002 e 404/2004. Regularmente cientificado desta decisão, a contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário, com as seguintes alegações, em síntese: i) conceito de insumo aplicável alega que ele representa não só elementos diretos, mas também indiretos ligados à produção de produtos e de serviços; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 45 11 8/ 20 13 -8 7 Fl. 4125DF CARF MF Processo nº 10880.945118/201387 Resolução nº 3402001.743 S3C4T2 Fl. 3 2 entende que a natureza jurídica dos créditos do PIS e da Cofins não pode ser confundida com a nãocumulatividade do ICMS e do IPI, apontando que deveria se aplicado o método indireto subtrativo; aduz que os créditos de PIS e de Cofins se revestem de subvenção estatal; requer créditos sobre a totalidade de seus custos e de suas despesas, pois não haveria como se restringir o conceito de insumo; aponta a procedência de suas alegações à luz de sua atividade econômica; ii) direito ao crédito sobre aquisições de combustíveis alega que os combustíveis e Gás GLP seriam aplicados em seu processo produtivo, citando a Lei nº 10.833/03 e a Instrução Normativa nº 404/04; alega que o óleo diesel seria utilizado em suas empilhadeiras e geradores; iii) direito ao crédito sobre serviços de laboratório e análises microbiológicas alega que o direito a crédito sobre tais serviços utilizados como insumos estaria amparado pela Lei nº 10.833/03, sendo essa rubrica composta por três serviços distintos: de laboratório; do serviço de inspeção federal (SIF), de caráter de inspeção sanitária; e de análises microbiológicas, essenciais e obrigatórios nos frigoríficos; iv) direito a crédito integral sobre os fretes internacionais alega que teria atendido a todos os requisitos normativos e legais previsto na Leis nº 10.833/03 para creditamento sobre fretes nas operações de venda, não prosperando a acusação fiscal que impediu o crédito por ser o transportador pessoa jurídica não domiciliada no país. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3402001.734, de 30 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.945120/201356, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402001.734): "Ao examinar os argumentos trazidos pela Recorrente, em cotejo com as alegações da Autoridade Fiscal, entendo necessária a conversão do julgamento em diligência com vistas a aclarar a situação que passo a descrever. A questão devolvida a este colegiado cingese sobre o conceito de insumo para fins de creditamento das contribuições de PIS e COFINS, cujo reflexo poderia alterar o direito creditório da Recorrente e o Despacho Decisório que homologou apenas parcialmente as compensações pleiteadas. Especificamente, tratamse das seguintes glosas efetuadas pela autoridade fiscal e confirmadas pela DRJ: Fl. 4126DF CARF MF Processo nº 10880.945118/201387 Resolução nº 3402001.743 S3C4T2 Fl. 4 3 (i) Crédito sobre aquisições de combustíveis; (ii) Crédito sobre serviços de laboratório e análises microbiológicas; (iii) Crédito sobre os fretes internacionais. Quanto ao conceito de insumo para fins de creditamento da contribuição para o PIS e a COFINS, o julgador a quo aplicou o entendimento das INs SRF 247/2002 e 404/2004, no sentido de restringir o crédito apenas nas situações relacionadas nos referidos atos infralegais. A questão já foi definitivamente resolvida pelo STJ, no Resp nº 1.221.170/PR, sob julgamento no rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), que estabeleceu conceito de insumo tomando como diretrizes os critérios da essencialidade e/ou relevância. Transcrevo a ementa do julgado: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos Fl. 4127DF CARF MF Processo nº 10880.945118/201387 Resolução nº 3402001.743 S3C4T2 Fl. 5 4 a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Destacase o voto da Ministra Regina Helena Costa, que considerou os seguintes conceitos de essencialidade ou relevância da despesa, que deve ser seguido por este Conselho: Essencialidade – considerase o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência; Relevância considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço. Dessa forma, considerando que a análise efetuada pela autoridade fiscal baseouse nos termos determinados pelas INs SRF 247/2002 e 404/2004, e não considerou a essencialidade e relevância dos itens no processo produtivo da Recorrente, entendo que a situação fática deve ser aclarada pela unidade de origem, considerando a nova interpretação determinada pelo STJ acerca do conceito de insumo para fins de creditamento de PIS e COFINS. Diante disso, converto o julgamento do recurso voluntário em diligência à repartição de origem para que a autoridade preparadora: Fl. 4128DF CARF MF Processo nº 10880.945118/201387 Resolução nº 3402001.743 S3C4T2 Fl. 6 5 (i) intime a Recorrente para apresentação de Laudo Técnico, com o detalhamento dos dispêndios com COMBUSTÍVEIS, SERVIÇOS DE LABORATÓRIO E ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS e sua utilização dentro de seu processo produtivo; (iii) elabore um novo parecer e um novo demonstrativo do direito creditório requerido, com as considerações efetuadas a partir da nova interpretação do conceito de insumo determinada pelo STJ de relevância e essencialidade. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora: (i) intime a Recorrente para apresentação de Laudo Técnico, com o detalhamento dos dispêndios com COMBUSTÍVEIS, SERVIÇOS DE LABORATÓRIO E ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS e sua utilização dentro de seu processo produtivo; (iii) elabore um novo parecer e um novo demonstrativo do direito creditório requerido, com as considerações efetuadas a partir da nova interpretação do conceito de insumo determinada pelo STJ de relevância e essencialidade. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento." (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 4129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.007628/2008-80
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 31/12/2002 a 31/12/2007
IPI. AUTO DE INFRAÇÃO. REFLEXO DO PROCEDIMENTO DE IRPJ E CSLL. INCOMPETÊNCIA MATERIAL DAS TURMAS DA TERCEIRA SEÇÃO DO CARF. RECURSO NÃO CONHECIDO. ENVIO DOS AUTOS PARA A PRIMEIRA SEÇÃO DO CARF.
Para preservar a coerência e uniformidade das decisões administrativas, invocando ainda os preceitos do art. 2º, IV, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 2015, com a alteração promovida pela Portaria MF nº 152, de 2016, conclui-se que esta 2ª Turma Ordinária, é incompetente para conhecer e julgar o feito, devendo os autos serem encaminhados à Primeira Seção deste CARF.
Recurso voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3402-003.233
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não se tomar conhecimento do recurso voluntário e declinando-se da competência de julgamento à Primeira Seção deste CARF.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Ausente ocasionalmente, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: Relator
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 31/12/2002 a 31/12/2007 IPI. AUTO DE INFRAÇÃO. REFLEXO DO PROCEDIMENTO DE IRPJ E CSLL. INCOMPETÊNCIA MATERIAL DAS TURMAS DA TERCEIRA SEÇÃO DO CARF. RECURSO NÃO CONHECIDO. ENVIO DOS AUTOS PARA A PRIMEIRA SEÇÃO DO CARF. Para preservar a coerência e uniformidade das decisões administrativas, invocando ainda os preceitos do art. 2º, IV, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 2015, com a alteração promovida pela Portaria MF nº 152, de 2016, concluise que esta 2ª Turma Ordinária, é incompetente para conhecer e julgar o feito, devendo os autos serem encaminhados à Primeira Seção deste CARF. Recurso voluntário não conhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não se tomar conhecimento do recurso voluntário e declinandose da competência de julgamento à Primeira Seção deste CARF. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 76 28 /2 00 8- 80 Fl. 4768DF CARF MF 2 Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Ausente ocasionalmente, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão da DRJ em Porto Alegre, representada pelo Acórdão 1024.444, da 3ª Turma da DRJ/POA, de 25 de março de 2010 (fls. 4.661/4.683), que manteve a exigência consubstanciada no auto de infração relativo ao lançamento do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI (fls. 3/81), julgando improcedente a impugnação. Em 09/04/2010 foi intimado dessa decisão e o sujeito passivo apresentou em 11/05/2010, o Recurso Voluntário às fls. 4.697/4.749. Após juntado do recurso ao processo, em 14/05/2010 (despacho à fl. 4.761), o mesmo foi encaminhado à 3ª Seção de Julgamento do CARF para apreciação e julgamento do recurso voluntário. Em 16 de junho de 2014, foi proferido o Despacho nº 380204/CAJ2014 (fls. 4.762/4.765). Nesse Despacho, por bem retratar o histórico dos fatos, adoto como meu alguns trechos do Relatório desenvolvido pela então Relatora do caso, Conselheira Maria da Conceição Arnaldo Jacó, que faço nos seguintes termos: Na origem, trata de Auto de Infração lavrado em 24/11/2008 contra a Recorrente em epígrafe, para exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, relativo aos períodos de apuração de 31/12/2002 a 31/12/2007, acrescido de multa de ofício de 75% ou de 150%, a depender da infração cometida, e juros de mora, exigindo um total de crédito tributário no valor de R$ 23.826.453,41. Por meio do Relatório de Fiscalização (fls. 82/118, V1), o autor do procedimento fiscal esclarece (grifei): “O presente trabalho de fiscalização é decorrente de informações repassadas pela fiscalização do ICMS do Estado do Rio Grande do Sul com base no Convênio de Cooperação Técnica firmado entre a Receita Federal e a Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, em 12 de setembro de 2000 (DOU 179, Seção 3, de 15/09/2000), em atendimento aos ofícios DRF/CXL/Gabinete nos 1095/2007, de 13/04/2007, e 350 e 351/2008, de 28/02/2008, do Delegado da Receita Federal em Caxias do Sul (fls. 126 a 223). Ressaltase que o presente relatório tratará do lançamento de ofício do IPI em relação à (i). omissão de receitas apurada com base nas notas fiscais de saída por venda, (ii). vendas a comerciais exportadoras glosadas por falta de cumprimento de requisitos legais, e (iii) diferenças de IPI destacado a menor nas saídas por vendas de bebidas quentes. O lançamento do IRPJ e reflexos em relação às receitas omitidas apuradas constam do processo administrativo 11020.007626/200891. Conforme será detalhado no curso desse relatório, as informações obtidas com a Fazenda Estadual evidenciaram a prática de sonegação por parte do contribuinte, mediante a supressão de parcela significativa de suas receitas da tributação, o que ensejou a emissão do Mandado de Procedimento Fiscal — Fiscalização n° 10106002008005128, cujo código de acesso para consulta do Fl. 4769DF CARF MF Processo nº 11020.007628/200880 Acórdão n.º 3402003.233 S3C4T2 Fl. 4.769 3 MPF na página da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) na Internet é 66185406.” (grifos nossos). Com relação à infração (i), o relatório fiscal assim descreve: “3.1 — OMISSÃO DE RECEITAS COM REFLEXO NO MONTANTE DOS DÉBITOS DE IPI, MEDIANTE MANIPULAÇÃO (NA APURAÇÃO DE SUAS RECEITAS E NOS ARQUIVOS DIGITAIS) DOS DADOS DAS NOTAS FISCAIS DE VENDA O contribuinte subtraiu parcela significativa de suas receitas à tributação (em torno de 50%), mediante o seguinte procedimento: os dados das notas fiscais de venda emitidas eletronicamente (número de itens, quantidades do item, valores dos, produtos, IPI destacado), no arquivo digital, eram deliberadamente e de forma aleatória alteradas, mediante a supressão pura e simples de itens constantes das notas fiscais, ou alteração das quantidades dos itens e conseqüentemente de seus valores, com o objetivo final de reduzir substancialmente as bases de cálculo e assim os valores dos tributos devidos. Obviamente esta manipulação constatada nos arquivos digitais também ocorreu quando dos procedimentos para apuração do montante das receitas (e do IPI) a serem oferecidas à tributação, conforme, de maneira inequívoca, provam os valores declarados a RFB e os apurados com base nas notas fiscais de venda e os valores constantes dos arquivos digitais fornecidos. Às fls. 3.165 a 3.285 constam cópias impressas de notas fiscais e dos arquivos digitais fornecidos pelo contribuinte correspondentes a essas mesmas notas fiscais, onde fica comprovada a manipulação dolosa dos arquivos digitais de notas fiscais de saída fornecidos pelo contribuinte em atendimento a intimação dessa Fiscalização, os quais, em refletindo a realidade das notas fiscais emitidas, deveriam permitir ao fisco apurar as receitas reais do contribuinte, o que definitivamente não é o caso. Por óbvio, esses arquivos digitais foram entregues dessa forma (manipulados) para que refletissem os valores de receitas declaradas pelo contribuinte (DIPJ, DACON) e assim "fechar" com as bases de cálculo de PIS, COF1NS, 1RPJ e CSLL declaradas em DIPJ, e DACQN e também com o IPI declarado no LRAIPI e na DIPJ.” Portanto, além do presente lançamento de ofício relativo ao IPI, a ação fiscal em comento, também resultou no lançamento de ofício do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e reflexos, em consequência dos fatos detectados na auditoria fiscal na infração (i) acima descrita, que diz respeito às receitas omitidas, lançamento esse formalizado no PAF nº 11020.007626/200891. Exatamente em função disso é que o voto prolatado no Acórdão 1024.444, da 3ª Turma da DRJ/POA, de 25 de março de 2010, ora recorrido, assim destaca: Fl. 4770DF CARF MF 4 “Com respeito à falta de escrituração no livro RAIPI de parte dos débitos do IPI lançados nas notas fiscais de venda dos produtos do interessado, mediante supressão dolosa de itens das respectivas notas fiscais nos arquivos magnéticos correspondentes, ou alteração também dolosa de valores alusivos aos mesmos documentos, cabe dizer, antes de mais nada, que o lançamento de ofício do IRPJ e reflexos, em relação às receitas omitidas, formalizado no Processo nº 11020.007626/200891, mencionado no relatório que antecede este voto, foi integralmente mantido pelo Acórdão n' 1020.138, de 3 de julho de 2009, da Primeira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (DRJ/P0A), encontrandose atualmente no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), para onde foi remetido em 12 de janeiro de 2010, com vistas à apreciação do recurso voluntário.” Por sua vez, no recurso voluntário, a Recorrente efetua a seguinte ressalva: “12. As razões de fato e de direito aduzidas em primeira instância estão sendo também argüidas em sede Recurso Voluntário, e dada à correlação dos fatos relatados pela fiscalização para autuação do IRPJ, se estendem às tributações reflexas. Para não sermos repetitivos, as alegações constarão da peça recursal.” “69 A autoridade fiscal destaca no Relatório de Fiscalização que a Recorrente omitiu receitas no período do 3º decêndio de dezembro/2002 ao 1° decêndio de junho/2005, e consequentemente, omitiu o IPI”. “74. A matéria não deve ser tratada nestes termos, como se a omissão decorresse de presunção legal. A omissão descrita no Relatório de Fiscalização requer que o Fisco faça prova contundente da irregularidade, para validação do crédito tributário, não bastando alguns exemplos de notas fiscais para comprovála, ou a simples operação matemática, em que o resultado decorreu do confronto entre o total das Notas Fiscais emitidas e o total das Notas Fiscais escrituradas no LRAIPI, até porque há que ser levado em conta as Notas Fiscais que efetivamente foram escrituradas no Livro de Registro de Saídas, as Notas Fiscais canceladas e os estornos de lançamentos. A fiscalização não se manifestou a respeito.” Não obstante o presente lançamento de IPI decorra da apuração de três distintas infrações, o certo é que a infração (i), acima descrita e destacada encontrase lastreada nos mesmos fatos que ensejaram a configuração de prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ, por omissão de receitas, de cuja apuração resultou, igualmente, a exigência de IRPJ e Tributação Reflexa, do PIS, da COFINS e da CSLL, no processo nº 11020.007626/200891. Nesse contexto, naquela data, o art. 2º, IV, do anexo II do RICARF (Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009) dispõe que: “Art. 2° À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: Fl. 4771DF CARF MF Processo nº 11020.007628/200880 Acórdão n.º 3402003.233 S3C4T2 Fl. 4.770 5 (...) IV demais tributos e o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ; (Portaria MF nº 586/2010)”. (grifei). O processo em que se discute os tributos IRPJ e TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS. COFINS. CSLL (Processo nº 11020.007626/200891) encontrase atualmente, conforme verificase no sitio do CARF (internete), no Secoj/Secex/CARF, em tramitação: Andamentos do Processo Data Ocorrência Anexos 14/11/2011 EM TRAMITAÇÃO Tipo de Recurso: RECURSO VOLUNTARIO Data de Entrada: 14/11/2011 Unidade: SECOJ/SECEX/CARF/MF/DF Não resta dúvidas de que, diante das mesmas causas e efeitos, a solução a ser dada naquele processo pela Primeira Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, é, no que pertine, a mesma que se deve dar ao presente lançamento do IPI. Inexiste no vigente RICARF previsão para desmembramento de análise recursal em face de competência de distintas infrações. O que se julga é o recurso voluntário como um todo. Desta forma, constatado que o presente lançamento de IPI abrange infração que lastreouse nos mesmos fatos (omissão de receitas) cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ, sendo, portanto, decorrente do procedimento efetuado naquele lançamento, constante do PAF nº 11020.007626/200891, devese declinar da competência em favor da 1ª Seção de Julgamento. Face ao exposto, proponho declinar da competência desta turma em favor da 1ª Seção de Julgamento e a redistribuição do presente processo àquela Seção. Feito isso, na sequência processual, conforme despacho de fl. 1, o processo foi, então, encaminhado à 1ª Seção de Julgamento. Vejase o Despacho reproduzido: "A matéria do processo em epígrafe decorre dos mesmos fatos que ensejou a lavratura do auto de infração de imposto de renda, portanto, consoante estabelecido no art. 2º, do anexo II do Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF nº 256/09), tratase de matéria competente à Primeira Seção de Julgamento. Face ao exposto, proponho a redistribuição do presente processo àquela Seção". Ocorre que, nesse espaço de tempo, sobreveio alteração nessa delimitação da especialização por matérias, em face do novo Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Eis o novo teor do inciso IV do art. 2º do Anexo II: Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: (...). Fl. 4772DF CARF MF 6 IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova em um mesmo Processo Administrativo Fiscal; Diante disso, restou concluído que o processo sob análise não se inclui entre as competências da 1ª Seção de Julgamento do CARF, mas sim entre aquelas da 3ª Seção de Julgamento, ex vi do inciso III, do art. 4º do Anexo II do novo Regimento Interno: Art. 4º À 3ª (terceira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação referente a: I (...). III Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); (...). Ressalto, finalmente, que entendo não se tratar de conflito negativo de competência, em face da superveniência de novo regimento interno, dispondo sobre a matéria de modo diferente. Por todo o exposto, o processo retornou para a 3ª Seção de Julgamento deste CARF, para o julgamento do recurso voluntário interposto pelo contribuinte. Ato contínuo, o presente processo foi distribuído para esta 2ªTO, da 4ª Câmara desta 3ª Seção e sorteado para este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator. A questão aqui não é nova e já foi objeto de recentes deliberações por esta Turma Ordinária, o que está retratado, como exemplo, na decisão proferida no processo administrativo autuado sob o nº 13896.722527/201245, de relatoria da Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz. Por tratar da questão com a clareza que lhe é peculiar, me valho aqui dos mesmos fundamentos expostos pela respeitável Conselheira na aludida ocasião, que faço algumas modificações pontuais para este caso: Registro que, como já referenciado, efetivamente o RICARF foi reformado com o advento da Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, de modo que passou à 3ª Seção do Conselho a competência para julgamento dos processos que versam sobre a matéria de IPI, mesmo se reflexos de processos principais de competência daquela Seção. Destaco abaixo o conteúdo do dispositivo em questão: Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: Fl. 4773DF CARF MF Processo nº 11020.007628/200880 Acórdão n.º 3402003.233 S3C4T2 Fl. 4.771 7 I Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); III Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), quando se tratar de antecipação do IRPJ; IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova em um mesmo Processo Administrativo Fiscal Essa era a regra em vigor quando os autos retornaram para esta 3ª Seção. Contudo, a Portaria MF nº 152, de 3 de maio de 2016, novamente alterou o RICARF, trazendo a seguinte redação ao artigo 2º: "Art. 2º (...). IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova (grifei); Pela leitura do novo texto do artigo 2º, inciso IV, constatase que o Regimento Interno agora novamente prevê a competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF para a solução deste caso, uma vez que se trata de processo de IPI reflexo ao IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, formalizados com base nos mesmos elementos de prova. Não por outra razão que antes de ser a mim redistribuído encontravase pendente de julgamento perante a 1ª Seção, tendo sido transferido à 3ª Seção, tão somente em razão da então vigente regra do artigo 2º, inciso IV, do RICARF. Agora, com a vigência da regra como fora outrora nesse Tribunal Administrativo, retorna a competência para a solução do presente caso à 1ª Seção do CARF. Ressalto que a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Novo Código de Processo Civil) dispõe, em seu artigo 43, exceção à regra geral da perpetuatio jurisdictionis justamente para casos como o presente, em que há mudança de competência absoluta do órgão jurisdicional, in verbis: Art. 43. Determinase a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. A distribuição de competência entre as três Seções de Julgamento do CARF consiste em repartição jurisdicional em razão funcional, para atender o interesse público. Como tal, não é passível de modificação, devendo ser conhecida de ofício eventual incompetência, Fl. 4774DF CARF MF 8 como salientam os Professores Cândido Rangel Dinamarco, Ada Pellegrini Grinover e Antonio Carlos de Araújo Cintra1: Nos casos de competência determinada segundo o interesse público (competência de jurisdição, hierárquica, de juízo, interna), em princípio o sistema jurídico processual não tolera modificações nos critérios estabelecidos, e muito menos em virtude da vontade das partes. Tratase aí de competência absoluta, isto é, competência que não pode jamais ser modificada. Iniciado o processo perante o juiz incompetente, este pronunciará a incompetência ainda que nada aleguem as partes (CPC, art 113; CPP art. 109, enviando os autos ao juiz competente (...) O caso então tratado no aludido precedente é análogo ao caso decidendo. Aqui estamos tratando de auto de infração de IPI, reflexo de autuação de IRPJ. Logo, a razão desenvolvida no sobredito precedente deve ser convocada para fundamentar o procedimento aqui proposta. Desta forma, não conheço do presente recurso voluntário, devendo o processo ser devolvido à 1ª. Seção de julgamento, nos termos do art. 2º, inciso IV, do RICARF, já com a redação que lhe fora atribuída pela Portaria MF nº 152, de 3 de maio de 2016. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator 1 Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros, 2007, 23ª ed, p. 257. Fl. 4775DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.017412/2008-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
ESCREVENTES E AUXILIARES DE SERVIÇOS NOTARIAIS. VINCULAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RGPS.
A partir da alteração do art. 40 da CF/88 pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998, apenas os servidores públicos efetivos da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações, são vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Desde então, os escreventes e o auxiliares de cartório contratados pelos serviços notariais ou de registro, inclusive os estatutários e de regime especial que não fizeram a opção pelo regime celetista de que trata o §2º do art. 48 da Lei nº 8.935, de 1994, são vinculados ao RGPS, como segurados empregados.
Numero da decisão: 2301-005.901
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso.
João Maurício Vital - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Francisco Ibiapino Luz (Suplente Convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Mauricio Vital (Presidente).
Nome do relator: JOAO MAURICIO VITAL
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VINCULAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RGPS. A partir da alteração do art. 40 da CF/88 pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998, apenas os servidores públicos efetivos da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações, são vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Desde então, os escreventes e o auxiliares de cartório contratados pelos serviços notariais ou de registro, inclusive os estatutários e de regime especial que não fizeram a opção pelo regime celetista de que trata o §2º do art. 48 da Lei nº 8.935, de 1994, são vinculados ao RGPS, como segurados empregados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. João Maurício Vital Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Francisco Ibiapino Luz (Suplente Convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Mauricio Vital (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 74 12 /2 00 8- 41 Fl. 86DF CARF MF 2 Tratase de lançamento de contribuição previdenciária, Debcad nº 37.168.4960, incidente sobre remuneração paga a empregados no período de 01/2004 a 12/2004, parcela dos empregados. Foi apresentada impugnação na qual, essencialmente, a impugnante alegou que os funcionários não estão vinculados ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS), mas a regime próprio. Também alegou a inconstitucionalidade da contribuição previdenciária sobre os rendimentos de autônomos. A impugnação foi considerada improcedente. Foi manejado recurso voluntário que reafirmou a alegação da impugnação, rechaçando os fundamentos da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro João Maurício Vital, Relator. O recurso é tempestivo e dele conheço. A matéria central do recurso é a vinculação dos empregados do cartório ao RGPS. Sustentou, a recorrente, que seus empregados não poderiam estar vinculados a esse regime porque já se encontram abrangidos por regime próprio, mantido pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). A situação é, em tudo, idêntica à que esta turma se deparou quando proferiu o Acórdão nº 2301005.230. Na ocasião, o colegiado, por unanimidade, entendeu que os empregados de cartórios e serventias judiciais são contribuintes do RGPS. Portanto, faço dos fundamentos daquele acórdão o meus próprios fundamentos para decidir: O cerne do recurso repousa na alegação de que os escreventes e auxiliares notariais não seriam segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), pois, segundo o recorrente, eles estariam vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) do Estado de Minas Gerais. Do regime jurídico aplicável aos escreventes e auxiliares notariais O artigo 236 da Constituição Federal estabelece que “os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público”: Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. § 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 15504.017412/200841 Acórdão n.º 2301005.901 S2C3T1 Fl. 77 3 § 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. § 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses. (Grifouse.) Esse dispositivo demonstra que a intenção do legislador foi excluir o Estado da condição de empregador. O art. 20 da Lei nº 8.935, de 1994, editada para concretizar as disposições do art. 236 da Constituição, trilhou no mesmo sentido, deixando para os notários e os oficiais de registro a tarefa de contratar seus auxiliares e escreventes pelo regime celetista: Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994. Art. 20. Os notários e os oficiais de registro poderão, para o desempenho de suas funções, contratar escreventes, dentre eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como empregados, com remuneração livremente ajustada e sob o regime da legislação do trabalho. (Grifouse.) Resta claro, portanto, que os notários e os registradores são os responsáveis pelas obrigações trabalhistas decorrentes da relação de trabalho no âmbito das atividades notarial e registral. A seu turno, o art. 40 da Lei 8.935, de 1994, preceitua que os notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares são segurados obrigatórios do RGPS: Art. 40. Os notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares são vinculados à previdência social, de âmbito federal, e têm assegurada a contagem recíproca de tempo de serviço em sistemas diversos. (grifos nossos) Dessa maneira, os escreventes e auxiliares admitidos após a vigência da Lei nº 8.935, de 1994 são contratados pelos notários e oficiais de registro na qualidade de empregados e sob o regime da legislação do trabalho, sendo obrigatoriamente vinculados ao Regime Geral de Previdência Social. Porém, de acordo com o art. 48 da Lei nº 8.935, de 1994, no caso específico dos escreventes e os auxiliares de cartório contratados até 20/11/1994, data de início da vigência dessa lei, somente continuaram vinculados ao RPPS e, por conseguinte, excluídos do RGPS, aqueles que, à época da promulgação da lei em tela, já eram titulares de cargo público de provimento efetivo ou em regime especial Fl. 88DF CARF MF 4 e desde que não tenham feito a opção de que trata o art. 48 da Lei n° 8.935, de 1994: Art. 48. Os notários e os oficiais de registro poderão contratar, segundo a legislação trabalhista, seus atuais escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial desde que estes aceitem a transformação de seu regime jurídico, em opção expressa, no prazo improrrogável de trinta dias, contados da publicação desta lei. §1º Ocorrendo opção, o tempo de serviço prestado será integralmente considerado, para todos os efeitos de direito. §2º Não ocorrendo opção, os escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial continuarão regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo, vedadas novas admissões por qualquer desses regimes, a partir da publicação desta lei. (Grifouse.) Nesse sentido, também o Decreto nº 3049, de 1999, art. 9º, inciso I, letra “o”: Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: I – como empregado: (...) o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994; (Grifouse.) Entendese como titulares de cargos efetivos aqueles que contam com a nomeação em caráter definitivo, permanente e com prévia aprovação em concurso público, estando vinculados à Administração Pública direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), incluídos também os servidores de suas autarquias e fundações públicas, estas instituídas na modalidade de pessoa jurídica de direito público, nos termos do art. 37, II da Constituição Federal. Já cargos de natureza especial são cargos cujas atribuições tornam impossível ou não recomendável o provimento por concurso público, como assentou o Min. Joaquim Barbosa no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n.º 199.649/SC. E, certamente, os escreventes e os auxiliares das serventias de justiça não oficializadas não executam atribuições singulares, tecnicamente especializadas, que desaconselhem ou desautorizem o certame público: Fl. 89DF CARF MF Processo nº 15504.017412/200841 Acórdão n.º 2301005.901 S2C3T1 Fl. 78 5 exercem, isso sim, funções marcadas pela sua natureza generalista, como descrito no Processo nº 2012/41723 – Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo (https://www.26notas.com.br/blog/?p=6004). Pois bem, quanto à questão inerente ao regime previdenciário, o caput e § 13 do art. 40 da Constituição Federal, a contar da promulgação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998 (EC 20), reservou os Regimes Próprios de Previdência Social, exclusivamente, aos servidores públicos titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. Eis o texto: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (...) § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplicase o regime geral de previdência social. (Grifouse.) Assim, a Lei 9.717, de 1998, editada já sob o regime jurídico imposto pela EC 20, de 1998, estabeleceu como requisito essencial para a vinculação a RPPS que o segurado seja (a) servidor público titular de cargo efetivo do ente estatal respectivo ou (b) militar: Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998 Art.1º Os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal deverão ser organizados, baseados em normas gerais de contabilidade e atuária, de modo a garantir o seu equilíbrio financeiro e atuarial, observados os seguintes critérios: (...) V – cobertura exclusiva a servidores públicos titulares de cargos efetivos e a militares, e a seus respectivos dependentes, de cada ente estatal, vedado o pagamento de benefícios, mediante convênios ou consórcios entre Estados, entre Estados e Municípios e entre Municípios; (Grifouse.) Fl. 90DF CARF MF 6 Trilhando no mesmo sentido, o art. 13 da Lei 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei 9.876, de 1999, cuidou de se adequar às disposições da Constituição Federal, tratando da exclusiva inserção em RPPS dos servidores públicos titulares de cargo efetivo, ficando os demais automaticamente vinculados ao RGPS. Art. 13. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio de previdência social. (Redação dada pela Lei 9.876, de 1999). (Grifouse.) Assim, os escreventes e auxiliares devem ser considerados segurados obrigatórios do RGPS se (a) à época da publicação da EC 20, de 1998, não detivessem titularidade de cargo público em provimento efetivo, ou por outro lado, (b) se à época da entrada em vigor da Lei 8.935, de 1994, tais trabalhadores, mesmo sendo titulares de cargo efetivo, tenham optado pelo regime celetista na forma assentada no art. 48 da Lei 8.935, de 1994. Nesse contexto, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em caso análogo, se assentou, em julgamento de ação concentrada, pela inconstitucionalidade material de norma estadual que inclua como segurados obrigatórios de seu RPPS os cartorários extrajudiciais (notários, registradores, oficiais maiores e escreventes juramentados) admitidos antes da vigência da Lei federal 8.935/94: PREVIDENCIÁRIO E CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL QUE INCLUIU NO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SEGURADOS QUE NÃO SÃO SERVIDORES DE CARGOS EFETIVOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ART. 40 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. 1. O art. 40 da Constituição de 1988, na redação hoje vigente após as Emendas Constitucionais 20/98 e 41/03, enquadra como segurados dos Regimes Próprios de Previdência Social apenas os servidores titulares de cargo efetivo na União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, ou em suas respectivas autarquias e fundações públicas, qualidade que não aproveita aos titulares de serventias extrajudiciais. 2. O art. 95 da Lei Complementar 412/2008, do Estado de Santa Catarina, é materialmente inconstitucional, por incluir como segurados obrigatórios de seu RPPS os cartorários extrajudiciais (notários, registradores, oficiais maiores e escreventes juramentados) admitidos antes da vigência da Lei federal 8.935/94 que, até 15/12/98 (data da promulgação da EC 20/98), não Fl. 91DF CARF MF Processo nº 15504.017412/200841 Acórdão n.º 2301005.901 S2C3T1 Fl. 79 7 satisfaziam os pressupostos para obter benefícios previdenciários. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, com modulação de efeitos, para assegurar o direito adquirido dos segurados e dependentes que, até a data da publicação da ata do presente julgamento, já estivessem recebendo benefícios previdenciários juntos ao regime próprio paranaense ou já houvessem cumprido os requisitos necessários para obtêlos. (STF, ADI 4641; Rel: Min. Teori Zavascki) (Grifouse.) A seu turno, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que com o advento da Emenda Constitucional 20, de 1998, ao modificar o teor da redação do art. 40 da Constituição Federal, passou a restringir o regime próprio de previdência somente aos titulares de cargos efetivos, tendo sido esta redação mantida pela Emenda Constitucional 41, de 2003, com a indicação, no seu art. 3º, de que deveriam ser preservados somente os direitos daqueles que já estivessem em condição de fruição destes: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CARTÓRIO. REGIME PREVIDENCIÁRIO. POSTULAÇÃO DE MANUTENÇÃO NO REGIME PRÓPRIO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 40 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. Cuidase de recurso ordinário em mandado de segurança no qual delegatários notários e registradores de cartório pleiteiam a sua manutenção de vínculo previdenciário ao regime estatal próprio e se insurgem contra sua migração ao regime geral de previdência social; alegam violação do direito adquirido e à segurança jurídica. 2. O advento da Emenda Constitucional n. 20/1998, ao modificar o teor da redação do art. 40 da Constituição Federal, passou a restringir o regime próprio de previdência somente aos titulares de cargos efetivos, tendo sido esta redação mantida pela Emenda Constitucional n. 41/2003, com a indicação, no seu art. 3º, de que deveriam ser preservados somente os direitos daqueles que já estivessem em condição de fruição destes. 3. A modificação jurídica evidenciou que os notários e registradores, por força de alteração do texto constitucional, tiveram efetivada uma mudança no seu regime previdenciário; se tivessem atingido os requisitos para aposentadoria compulsória, poderiam requerêla com base no regime anterior e, em caso contrário, haveria a sua migração ao regime geral de previdência social. Precedentes: RMS 28.394/RS, Rel. Min. Ari Fl. 92DF CARF MF 8 Pargendler, Primeira Turma, DJe 8.10.2013; RMS 28.362/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 6.8.2012; e RMS 30.378/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 30.8.2011. (STJ ROMS 201303838958 DJE DATA:13/08/2014) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO. VINCULAÇÃO DE TABELIÃES A REGIME PREVIDENCIÁRIO PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS E PERCEPÇÃO DE VENCIMENTOS E VANTAGENS PAGAS PELO COFRES PÚBLICOS. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO NÃO CONFIGURADO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Nos termos da orientação jurisprudencial do STJ, os notários e os registradores não possuem direito de serem mantidos no regime próprio dos servidores públicos, com exceção das hipóteses com as seguintes especificidades: i) o atendimento de todos os requisitos para a aposentadoria em época anterior à EC n. 20/98; ii) a não cumulação do regime próprio dos servidores com o geral. 2. Na hipótese dos autos, a leitura da sentença e do acórdão a quo indica a ausência desses dois requisitos capazes de excepcionar a regra da ausência de direito adquirido à manutenção no regime próprio dos servidores. 3. Agravo regimental não provido. (AGRESP 201202550620 STJ DJE DATA:16/06/2015) (Grifouse.) À mesma conclusão se chega, no caso concreto, mesmo que nos atenhamos ao texto da Lei 8.935, de 1994, que no 3§ (sic) do art. 48 (já transcrito) define que “os escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial continuarão regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo”, no caso de não ter realizado a opção pelo regime celetista. Ocorre que o contribuinte foi intimado a apresentar o ato de nomeação dos detentores de cargo efetivo, amparado pelo regime próprio da Previdência Social (efl. 40), quedandose silente. Ora, não é possível, como quer o contribuinte, inverter o ônus da prova para entender que cabe ao fisco a realização da prova (negativa) de que os seus funcionários não são detentores de cargo efetivo. Por outro lado, não provada a existência de qualquer funcionário detentor de cargo efetivo, por si só já obriga a filiação destes trabalhadores ao RGPS, o que é suficiente para justificar o lançamento. A Instrução Normativa RFB 1.453, de 2014, art. 6º, XXI e XXIII, somente vem a reforçar o entendimento aqui manifestado, ao dispor que: Art. 6º Deve contribuir obrigatoriamente na qualidade de segurado empregado: Fl. 93DF CARF MF Processo nº 15504.017412/200841 Acórdão n.º 2301005.901 S2C3T1 Fl. 80 9 (...) XXI o escrevente e o auxiliar contratados até 20 de novembro de 1994 por titular de serviços notariais e de registro, sem investidura estatutária ou de regime especial; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1453, de 24 de fevereiro de 2014) (...) XXIII o contratado por titular de serventia da justiça, sob o regime da legislação trabalhista; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1453, de 24 de fevereiro de 2014). (Grifouse.) No mesmo sentido, a Solução de Consulta nº 9 – Cosit, de 8 de março de 2018: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS AUXILIAR DE CARTÓRIO. VINCULAÇÃO AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – (RGPS). A partir da alteração do art.40 da CF/88 pela Emenda Constitucional nº 20, de 16 de dezembro de 1998, apenas os servidores públicos efetivos da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações, são vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Desde então, os escreventes e o auxiliares de cartório contratados pelos serviços notariais ou de registro, inclusive os estatutários e de regime especial que não fizeram a opção pelo regime celetista de que trata o §2º do art. 48 da Lei nº 8.935, de 1994, são vinculados ao (RGPS), como segurados empregados, conforme a alínea “a”, inciso I, art.12 da Lei nº 8.212, de 1991, devendo ser declarados na GFIP no código de recolhimento 115. (Grifouse.) A seu turno, diferentemente do que entendeu o recorrente, o item 4 da solução de consulta por ele formulada (efls. 148 a 154) não reconhece que os escreventes e auxiliares contratados antes de 21/11/1994 não são regidos pelo RGPS, mas que escreventes e auxiliares contratados a partir de 21/11/1994 são regidos pelo RGPS: 4. Já de acordo com o disposto na alínea "o" do inciso I do art. 9º do RPS, o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, s~]ao segurados obrigatórios da Previdência Social como empregados. Fl. 94DF CARF MF 10 Já a Portaria MPAS n° 2.701/95, define tão somente que “A partir de 21 de novembro de 1994, os escreventes e auxiliares contratados por titular de serviços notariais e de registro serão admitidos na qualidade de empregados, vinculados obrigatoriamente ao Regime Geral da Previdência Social” (art. 2º). Não analisa o caso particular dos filiados ao IPSMG nem dispõe sobre o regime aplicável, à época (1995, ou seja, anteriormente à publicação da EC 20, de 1998) os escreventes e auxiliares contatados antes de 21 de novembro de 1994. não socorre, pois, o contribuinte. Desse modo, por qualquer ângulo que examinemos a questão, são os escreventes e auxiliares notariais em questão filiados obrigatórios do RGPS. Em resumo, a própria Lei nº 8.935, de 1994, em seu § 2º do art. 48, somente permitiu que escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial mantivessemse vinculados ao regime próprio. E mesmo assim, a partir de 1998, mcom o advento da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, somente podem se vincular a regimes próprios de previdência os funcionários públicos de cargo efetivo dos entes federados, o que não inclui os empregados dos serviços notariais e de registro. Conclusão Voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) João Maurício Vital Relator Fl. 95DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13984.900017/2008-40
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO.
A DCOMP constitui-se em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se.
DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO.
Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2001
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE CSLL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO.
A DCOMP constitui-se em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se.
DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO.
Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 1002-000.638
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira e Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: BRENO DO CARMO MOREIRA VIEIRA
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PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO. A DCOMP constituise em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se. DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2001 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE CSLL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 90 00 17 /2 00 8- 40 Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 86 2 A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO. A DCOMP constituise em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se. DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira e Ângelo Abrantes Nunes. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto tempestivamente contra o Acórdão n° 0728.030 (efls. 53 à 58) proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis, que, por unanimidade de votos, indeferiu o pedido de compensação proposto pelo Contribuinte. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 87 3 O Despacho Decisório (efl. 09), de 07 de março de 2008, aduz que não foi possível confirmar a existência do crédito pleiteado, haja vista a discrepância nas informações prestadas pelo Contribuinte, razão pela qual não se homologou a compensação. O teor é categórico em constatar que o valor informado na DIPJ não corresponde àquele do saldo negativo informado no PER/DCOMP. Em sua Manifestação de Inconformidade, o Contribuinte alegou o que segue: (i) a insubsistência do indeferimento da homologação compensatória, em virtude de discrepâncias para menor do valor pleiteado na DCOMP, de modo que não haveria lugar para glosa com base na divergência de valores, quando o valor objeto da compensação é menor do que o valor do saldo negativo. Ademais, a DIPJ relativa ao exercício em análise permitiria a conclusão de real ocorrência de prejuízo fiscal compensável; (ii) que o saldo negativo de tributos a compensar deve ser atualizado pela correção monetária, aplicandoselhe a taxa SELIC; (iii) que o instrumento da PER/DCOMP era plenamente dispensável, pois seu resultado não se sagrou positivo para aquele exercício, havendo, portanto, prejuízo fiscal; assim, seja pela existência de saldo negativo acumulado, seja pela inexistência de fato gerador no período sob análise, devido ao prejuízo fiscal apurado, não se vislumbraria procedente o lançamento perpetrado pela autoridade fiscal. (iv) pelo princípio da eventualidade, requer seja eventual equívoco ou erro no preenchimento do PER/DCOMP seja exatamente dessa forma interpretado, evitando qualquer prejuízo ao contribuinte, inclusive com correção de ofício em seu favor; (v) pelo princípio da subsidiariedade, que, caso mantido o lançamento pelo não acatamento da compensação, fosse reconhecida a decadência do respectivo crédito. Como arrazoado, o Acórdão da DRJ expõe que o Contribuinte, em sua DCOMP, informou que o crédito utilizado correspondia a "saldo negativo" de IRPJ, enquanto que, na exordial, cambiou para "prejuízo fiscal". Contudo, ainda que ultrapassado tal aspecto, haveria, sim, relevância na divergência de valores então apresentados. Logo, existiria inequívoca irregularidade no preenchimento da DCOMP. Assevera, ainda, que o Recorrente sequer se prestou a retificar quaisquer declarações, mesmo sendo oportunizada tal faculdade. De arremate, afasta a alegação de decadência, pois a exigência do tributo pode ser feita com base na própria DCOMP. Já em sede de Recurso Voluntário, o Contribuinte reitera a maior parte das alegações exibidas em sua Manifestação de Inconformidade, contudo, transmuda sua referência para o enfoque ao "saldo negativo" do crédito, ao invés do "prejuízo fiscal", então rechaçado pelo Acórdão a quo. Pleiteia, ainda, a realização de diligência. Cumpro em transcrever os principais trechos: I Ocorre que é equivocado tal entendimento, já que o valor constante no PERD/COMP é menor do que o valor do saldo negativo da CSLL apurado na DIPJ, sendo que o fato de o Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 88 4 referido saldo negativo se referir ao mesmo ano calendário não prejudica o direito da recorrente. Basta ver que no exercício 2000 houve apuração de saldo negativo da CSLL, fato desconsiderado pela Delegacia de Julgamento, que poderia der baixado os autos em diligência para apurar tal fato. Em outros processos administrativos também há discussão a respeito de compensação de IRPJ e CSLL relativos aos exercícios 2000; 2001; 2002; 2003; e 2004, existindo, pois, claros fundamentos de que a contribuinte ora recorrente tem, sim direito à compensação buscada. (...) Deste modo, a simples divergência de valores quando o valor objeto da compensação é menor do,que o,yalor(do saldo negativo não pode ser motivo para o indeferimento do pleito. Nem poderia ser diferente! A Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica — DIPJ relativa ao exercício em análise permite a conclusão da existência de saldo negativo do tributo a ser compensado. Quando muito, simples diligência da autoridade fazendária poderia sanar qualquer dúvida a esse respeito. Desse modo, a divergência apontada não é motivo para o indeferimento da compensação. II A tese da Fazenda de que não ocorre prescrição no caso concreto é equivocada, já que o artigo 23 da Instrução Normativa 210/2002 exige, sim, o lançamento de ofício do crédito tributário quando, ainda que objeto de declaração de compensação, não estiver confessado nem lançado anteriormente ao envio da DCOMP, com se pode ver do texto do referido normativo legal: (...) Em se tratando de tributos cujo lançamento se dá por homologação, caso do IRPF e a CSLL, o prazo decadencial tem início na data de ocorrência do fato gerador, a teor do que dispõe a norma insculpida no art. 150, § 4.°, do CTN: (...) Assim, como a ciência do Despacho Decisório ocorreu em 17/03/2008, qualquer fato gerador supostamente ocorrido no ano de 2001 está alcançado pela decadência. Pelo exposto, requerse: a) o, provimento do presente recurso para deferir a compensação buscada, haja vista a evidente e possível compensação do tributo com o saldo negativo, ainda que exista Fl. 88DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 89 5 divergência entre os valores constantes na DIPJ e no PERD/COMP, ainda que do mesmo exercício fiscal; b) sucessivamente, pedese a baixa dos autos em diligência para verificar a existência de saldo negativo do tributo a ser compensado no exercício anterior, dada a existência de processo administrativo relativo àquele exercício; e c) a declaração de extinção do crédito tributário pela ocorrência de decadência. Cabe consignar que não restou apresentada qualquer prova adicional em sede de Recurso Voluntário, na forma do art. 16, § 4º, "a", "b" e "c", sob razões que justifiquem a busca da verdade material, ou ainda nos limites do exame das matérias de ordem pública. É o Relatório. Voto Conselheiro Breno do Carmo Moreira Vieira, Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos e extrínsecos, portanto, dele conheço. Mérito Quanto ao mérito não assiste razão ao Recorrente, conforme se observará. Trata o presente caso de pedido de compensação, alegando o Contribuinte possuir crédito contra a Administração Tributária (Art. 74 da Lei n° 9.430/96). Afinal, como reza o Código Civil, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguemse, até onde se compensarem (Art. 368 do CC). O regime jurídico da compensação tem fundamento no art. 170 do Código Tributário Nacional (CTN) dispondo que a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à Autoridade Administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Neste diapasão, inicialmente, o instituto da compensação tributária foi regido pelo art. 66 da Lei n.º 8.383, de 1991, sendo, posteriormente, fixadas novas regras para compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com suas alterações. 1. Da decadência Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 90 6 Por primeiro, afasto a alegação de decadência. Isso porque o marco a quo do lustro tem início neste caso quando da apresentação da DCOMP, que, por seu turno, é o veículo introdutório da compensação ora pretendida. Portanto, seria uma absoluta incoerência admitirse como início a contagem decadencial em etapa distinta, pois sequer há móvel fáticojurídico para sustentar tal intelecção. Quanto ao mais, anoto que este assunto já se encontra pacificado na jurisprudência deste e. CARF, conforme se extrai do Acórdão n° 340301.376, Rel. i.Conselheiro Antonio Carlos Atulim: Realmente, não merece reparo a decisão recorrida. Uma coisa é a decadência do direito do fisco constituir o crédito tributário por meio do lançamento de ofício e outra coisa totalmente distinta é o prazo de decadência para o fisco não homologar a compensação declarada pelo contribuinte. Os prazos de decadência do direito do fisco constituir o crédito tributário estão previstos nos arts. 150, § 4º e 173, do CTN. Estes dispositivos legais deixam claro que a decadência fulmina o direito da administração tributária exigir tributo por meio de lançamento de ofício, não afetando de modo algum o direito de abrir fiscalização ou de rever os créditos lançados no livro de IPI. Em outras palavras, a decadência inibe o processo de positivação do direito consubstanciado no ato de lançamento tributário; mas não inibe o processo de positivação do direito do fisco declarar que o crédito, no todo ou em parte, é ilegítimo, ainda que este crédito tenha sido lançado na escrita há mais de cinco anos. No caso dos autos, a administração tributária agiu dentro dos lindes da legalidade, pois não foi expedida nenhuma norma individual e concreta por parte do fisco tendente a exigir tributo, o que existe é a exigência de crédito tributário em razão de norma individual e concreta que foi introduzida no mundo jurídico pelo próprio contribuinte, consistente na declaração de compensação. No que tange ao prazo de decadência para o fisco não homologar a compensação, o art. 74, § 5º da Lei nº 9.430/96, com as alterações introduzidas pelas Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 estabelece que o prazo é de cinco anos, contados da data entrega da declaração de compensação. Nesta parte, a defesa alegou que deve prevalecer como termo inicial de contagem do prazo decadencial a data de transmissão do PER/Decomp original, pois além da alteração ter alcançado apenas o valor do crédito, a retificação posterior não consubstancia cancelamento do pedido original, mas mera retificação dos dados anteriormente informados. Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 91 7 Acontece que a retificação das informações referida pela defesa, significa, na verdade, a inserção de nova norma individual e concreta no mundo jurídico distinta da anterior, uma vez que o elemento quantitativo atinente ao crédito sofreu alteração. Assim, a norma individual e concreta consubstanciada no documento original, que declarava o direito de compensar um crédito equivalente a R$ 14.556,92 com um débito equivalente a R$ 14.362,22, foi revogada e substituída por uma nova norma individual e concreta, introduzida no mundo jurídico pelo próprio contribuinte, por meio da qual declarouse o direito de compensar um crédito equivalente a R$ 2.284.013,42 com o débito de R$14.362,22. A norma que declarava o direito de compensar o crédito de R$ 14.556,92 deixou de existir e foi substituída por uma nova, que passou a declarar a existência do direito de compensar um crédito cerca de cento e cinquenta vezes maior. É evidente que a mudança no elemento quantitativo, correspondente ao valor do crédito vinculado à compensação, acarreta uma alteração no mundo jurídico. E em decorrência deste fato, justificase o início do transcurso de novo prazo de decadência. A cada alteração no mundo jurídico provocada pelo contribuinte, é disparado o cronômetro do art. 74, § 5º da Lei nº 9.430/96, concedendo um novo prazo de cinco anos para que o fisco possa aferir a legitimidade do novo direito alegado. Não foi por outro motivo, que as instruções normativas da Receita Federal que regulamentaram o procedimento de compensação, com base no permissivo legal no art. 74 § 14 da Lei nº 9.430/96, sempre estabeleceram que no caso de retificação, o termo inicial da contagem do prazo de decadência é a data da apresentação da retificadora. Portanto, também não em razão a recorrente quando alega que a Receita Federal está dispondo sobre interrupção ou suspensão de prazos de decadência por meio de atos administrativos, pois as instruções normativas apenas explicitaram a interpretação do art. 74, da Lei nº 9.430/96. A cada norma individual e concreta introduzida pelo contribuinte, nasce um prazo de cinco anos para que o fisco exerça a competência de homologar ou não a compensação. (GN) Rechaçada, portanto, a alegação de decadência. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 92 8 2. Dos erros de adequação instrumental para a compensação de crédito Em que pese a recalcitrância do Recorrente em admitir equívocos em sua sistemática procedimental, notamse claros erros na via eleita para a compensação. É imperativo ressaltar que seu veículo introdutório é aquele descrito na IN SRF 210/2002 e seguintes (vigentes à época), pelo que faço o mister de transcrever seus dispositivos pertinentes: Art. 21. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da SRF. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante o encaminhamento à SRF da " Declaração de Compensação" . § 2º A compensação declarada à SRF extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento. § 3º Não poderão ser objeto de compensação efetuada pelo sujeito passivo: I o saldo a restituir apurado na DIRPF; II os tributos e contribuições devidos no registro da DI; III os débitos relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF inscritos em Dívida Ativa da União; e IV os créditos relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF com o débito consolidado no âmbito do Programa de Recuperação Fiscal (Refis) ou do parcelamento a ele alternativo. § 4º O sujeito passivo poderá utilizar, na compensação de débitos próprios relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF, créditos que já tenham sido objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento encaminhado à SRF, desde que referido pedido se encontre pendente de decisão administrativa à data do encaminhamento da "Declaração de Compensação". § 5º A compensação de tributo ou contribuição lançado de ofício importa renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. Art. 22. Constatada pela SRF a compensação indevida de tributo ou contribuição já confessado ou lançado de ofício, o sujeito passivo será comunicado da nãohomologação da compensação e intimado a efetuar o pagamento do débito no prazo de trinta dias, contado da ciência do procedimento. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 93 9 Parágrafo único. Não ocorrendo o pagamento ou o parcelamento no prazo previsto no caput, o débito deverá ser encaminhado à Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), para inscrição em Dívida Ativa da União, independentemente da apresentação, pelo sujeito passivo, de manifestação de inconformidade contra o não reconhecimento de seu direito creditório. Art. 23. Verificada a compensação indevida de tributo ou contribuição não lançado de ofício nem confessado, deverá ser promovido o lançamento de ofício do crédito tributário. Parágrafo único. O sujeito passivo será comunicado da não homologação da compensação, cientificado do lançamento de ofício e intimado a efetuar o pagamento do débito ou a impugnar o lançamento no prazo de trinta dias, contado de sua ciência. Complemento tais aspectos normativos com a jurisprudência deste e. CARF na figura do Acórdão n° 1302002.403, Rel. i. Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa , que expõe o trâmite correto na retificação dos valores apresentados na DCOMP, bem como seus consectários: Salientese que a contribuinte não apresentou qualquer retificação em sua DCTForiginal, nem prova documental que abrigue a alegada alteração dos importes que foram levados a efeito para fins de constituição definitiva do imposto, sob a modalidade de lançamento por homologação, cuja informação confessada na declaração original serviu de base para certificação da inexistência de crédito tipificado na modalidade de pagamento indevido ou a maior. (...) O documento intitulado Declaração de Compensação (DCOMP) se presta, assim, a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. De fato, o pedido de compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pelo sujeito passivo quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de créditos tributários .Instaurado o contencioso, não se admite que o contribuinte altere o pedido mediante a modificação do direito creditório aduzido na declaração de compensação, posto que tal procedimento desnatura o próprio objeto do processo. Logo, sem receio de redundâncias, é fundamental destacar que os pedidos de compensação para que possam ser analisados e deferidos devem seguir os exatos trâmites delineados pela norma. Tal aspecto é que garante o escorreito deslinde petitório, devendo ser respeitado em sua totalidade, e não encarado como uma espécie de "burocracia dispensável". Fl. 93DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 94 10 Portanto, a decisão da DRJ resta irretocável, razão pela qual sua fundamentação serve de igual amparo no presente caso, com base no § 1º do art. 50, da Lei nº 9.784/1999, e no § 3° do artigo 57 do Anexo II do RICARF: Na DCOMP em análise, a contribuinte informou que o crédito utilizado correspondia a saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2001. Porém, alega agora que o crédito referese a prejuízo fiscal. É preciso esclarecer que no regime de compensação por DCOMP, regulado pela Instrução Normativa SRF nº 210/2002, e IN editadas posteriormente, não existe previsão para utilização de prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa de CSLL. Por outro lado, supondo que o crédito refirase em verdade a “saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2001”, como informado na DCOMP, é relevante sim o fato de haver discrepância entre o valor informado na DCOMP e aquele apurado na DIPJ, ainda que o valor informado na DCOMP seja inferior ao valor apurado na DIPJ. É que o erro pode ser decorrente do período de apuração e não só dos valores informados. É o que pode ter ocorrido na presente DCOMP, pois os débitos compensados são estimativas mensais de IRPJ dos meses de janeiro a dezembro de 2001 (f. 39/40). Portanto, o saldo negativo de IRPJ não poderia ser aquele do ano calendário de 2001 como parece pretender a recorrente, pois aqueles débitos somente poderiam ser compensados com saldo negativos de anoscalendário anteriores ao de 2001. Além disso, no detalhamento do crédito utilizado na DCOMP as “Estimativas Compensadas com Saldo Negativo de Períodos Anteriores” que comporiam o saldo negativo apurado no anocalendário de 2001 (f. 36, DCOMP), são os mesmos débitos que se pretende compensar, o que denota irregularidade no preenchimento da DCOMP. Impende destacar que, para que se tenha faculdade à compensação, torna se necessário que o Recorrente comprove que o seu crédito (montante a restituir) é líquido e certo. Cuidase de conditio sine qua non, isto é, sem a qual aquela não pode ocorrer. O ônus probatório do crédito alegado pelo Contribuinte contra a Administração Tributária é especialmente dele, devendo comprovar a liquidez e certeza de seu direito creditório. Pois bem. No caso em comento, após análise do PER/DCOMP, também não foi possível à Administração Tributária por consectário lógico reconhecer a certeza e liquidez do crédito vindicado pelo Contribuinte, pois lhe faltavam elementos probatórios capazes de assegurar a existência do crédito, fosse um pagamento indevido ou a maior ou, mesmo, crédito decorrente de saldo negativo. Assim, não vejo reparos a serem aplicados na decisão de primeira instância, quando conclui que não resta demonstrado o direito creditório Fl. 94DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 95 11 Nesse espeque, ressalto que não há uma precisa indicação consubstanciada em elementos documentais para confrontar DIPJ, DCTF, LALUR, códigos de recolhimento, informativo quanto ao método, balancetes de apuração de resultados, a fim de comprovar o crédito, inclusive para também se compreender eventuais cálculos de valores originalmente declarados e eventualmente retificados. Nesse sentido entendo por bem trazer aos autos o resumo da conclusão do seguinte precedente que entendo reforçar o presente fundamento: Acórdão n.º 3001000.312 – Recurso Voluntário Relator: Orlando Rutigliani Berri – Sessão: 11/04/2018 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. É dever primário do contribuinte, quando o onus probandi lhe compete, comprovar com elementos eficientes e com a finalidade própria a sua pretensão, sendo parte colaborativa para a resolução do caso. Ressaltese, não caberia ao julgador, em instância do contencioso administrativo, realizar trabalho de auditoria; sem falar que eventual documentação contábil não pode ser meramente colacionada ao processo, prescindindo de detalhamento, de articulação, de aclaramento e de devida fundamentação com análise circunstanciada das conclusões que se extrairiam da escrita contábil ou da escrita fiscal, a fim de demonstrar o fato jurídico constitutivo da situação de direito a crédito que se pretende invocar sob a ótica da restituição, que seria o elo para efetivar a compensação. Para tanto, cito o precedente o i. Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, no Acórdão n° 1002000.405, de 13/09/2018: O primeiro passo do PER/DCOMP é exatamente a análise do pedido de restituição; apenas se houver crédito líquido e certo se efetuará a compensação com a extinção do crédito tributário que o próprio contribuinte confessa e indica para ser objeto da quitação via compensação. No caso dos autos, a Administração Tributária não homologou a compensação declarada, por não reconhecer o pagamento indevido ou a maior, negando a restituição, vale dizer, por não reconhecer o crédito. Fl. 95DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 96 12 Para a análise que foi efetivada não se comprovou crédito líquido e certo, incontroverso, inclusive sendo apontada a alocação do DARF para extinção de débitos próprios do sujeito passivo. Logo, se havia alocação do DARF, assistiu razão ao conteúdo do despacho decisório, pelo que, quando a DRJ atestou correção naquele ato administrativo, agiu corretamente a primeira instância ao efetivar o controle de legalidade, não havendo razões para reformar o decisum vergastado. Quando da apresentação do relatório destes autos, na forma acima apresentada, constou o respectivo quadro sintético demonstrativo da situação de inexistência do crédito vindicado com as características do DARF discriminado no PER/DCOMP e a demonstração da sua efetiva alocação, de modo a não restar saldo residual como pretendido para restituição. Por isso, não vejo reparos a serem aplicados na decisão de primeira instância. A despeito das alegações do contribuinte quanto a retificação e a alegada surgência do crédito a partir da retificadora, ao meu ver não se desincumbiu o sujeito passivo de demonstrar a contento o referido crédito, isto porque, com os elementos que constam dos autos, inexiste qualquer materialidade probatória para que se possa dar certeza e liquidez ao apontado crédito. Não houve a demonstração cabal de elementos documentais, de prova da escrita contábil e fiscal, que possibilitem efetivar de forma inconteste e transparente a respectiva comprovação, inclusive para justificar e validar a retificação invocada. E mais, não caberia ao julgador, em segunda instância do contencioso administrativo, realizar trabalho de auditoria, sem falar que eventuais provas documentais não poderia ser meramente colacionada ao processo, prescindindo de detalhamento, de articulação, de aclaramento e fundamentação, a fim de demonstrar o fato jurídico a ser provado. Ressaltese, neste aspecto, que existindo controvérsia quanto ao crédito a demonstração de sua efetiva existência, inclusive com a prova da escrituração contábil e fiscal, integra o ônus de prova atribuído ao contribuinte. Dessa forma, não cumpre ao presente Relator, sequer a este Colegiado, na condição de instância recursal, suprir o ônus do contribuinte, realizando uma verdadeira auditoria nos livros contábeis, que sequer foram apresentados, para, em substituição ao seu ônus, comprovar a certeza de liquidez do crédito perseguido no seu exclusivo interesse. Nesse sentido: Acórdão n.º 3001000.312 – Recurso Voluntário Relator: Orlando Rutigliani Berri – Sessão: 11/04/2018 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano calendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. Fl. 96DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 97 13 DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. É dever primário do contribuinte, quando o onus probandi lhe compete, comprovar com elementos eficientes e com a finalidade própria a sua pretensão, sendo parte colaborativa para a resolução do caso. Não há, portanto, motivos que justifiquem a reforma da decisão proferida pela DRJ, principalmente por ser atribuição deste Colegiado o controle da legalidade, e não o saneamento de erros imputados aos próprios contribuintes, notadamente quando destinados à constituição de créditos para fins de compensação e, mais, o ponto principal não resta claramente demonstrado o alegado saldo negativo. Logo, verificandose correção no julgamento a quo, bem como observando que a Administração Tributária não agiu em desconformidade com a lei, nada há que se reparar no procedimento adotado na análise do pedido transmitido pelo contribuinte. No mais, a decisão da DRJ apreciou, com riqueza e rigor de detalhes, a matéria suscitada na manifestação de inconformidade, apresentando os devidos fundamentos transcritos ao longo destes autos para rebatêla; de seu turno, o Contribuinte não estabeleceu, através de seu recurso, dialeticidade suficiente para apontar, na decisão combatida, quais daqueles argumentos da primeira instância não seriam adequados e conteriam eventual erro de julgamento ou erro de procedimento. Não foram refutados pontos importantes da decisão vergastada, repetindoa sem enfrentar algumas das razões de decidir da decisão objeto do Recurso Voluntário. Dessa forma, como cumpria exclusivamente ao contribuinte o ônus de provar a liquidez e certeza de seu alegado crédito, como não o fez, não restando este devidamente comprovado, assim como considerando o até aqui esposado, entendo pela manutenção do julgamento da DRJ por não merecer quaisquer reparos. 3. Da DCOMP como instrumento de confissão de dívida Já no que cinge à apresentação da DCOMP e as consequências dela decorrente, não assiste razão o argumento exposto pelo Contribuinte. Esta conclusão se extrai do texto do art. 74, §6°, da Lei 9.430/96, o qual dispõe de forma hialina que a Fl. 97DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 98 14 declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. De mais a mais, cumpre lembrar que a indigitada DCOMP do presente PAF foi transmitida em 28/07/2004 (efl. 23), logo, está inteiramente consignada dentro do plexo normativo aduzido alhures. Por consectário lógico e inarredável, a confissão de dívida também reforça a intelecção sobre termo inaugural do lustro decadencial, que, conforme exposto acima, foi inteiramente respeitado pelo Fisco. Aliás, nesse aspecto a decisão da DRJ também é patente e plena de razão, de modo que fundamentação serve de igual amparo no presente caso, com base no § 1º do art. 50, da Lei nº 9.784/1999, e no § 3° do artigo 57 do Anexo II do RICARF: Quanto à alegada decadência do direito de o fisco constituir o crédito tributário, é preciso esclarecer que o crédito tributário referente aos débitos indevidamente compensados prescinde de ser constituído por lançamento de ofício, em razão de a exigência poder ser feita com base na própria DCOMP, conforme prescreve o § 6º do art. 74 da Lei nº 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) [...]§ 6° A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) 4. Da inviabilidade da realização de diligências Por fim, é de se pontuar que foi emitido Termo de Intimação (efl. 51), objetivando o saneamento das discrepâncias encontradas entre a DCOMP e a documentação contábil do Recorrente. No entanto, tal prazo se transcorreu in albis, sem qualquer manifestação no sentido de corrigir as impertinências detectadas. Aliás, tal fato ampara o rechaço à realização de diligências adicionais. Ora, caso tivesse realmente interesse em esclarecer os aspectos contábeis, bem como sua adequação ao veículo compensatório, o Contribuinte já o teria realizado em ocasiões pretéritas ao longo do deslinde do PAF (ou até mesmo apresentado provas adicionais em sede de Recurso Voluntário). Assim, possui inequívoca razão o Acórdão da DRJ em suas razões: A contribuinte já havia sido cientificada da existência de inconsistências verificadas entre as informações da DIPJ e DCOMP, pois no Termo de Intimação (f. 41, nº de rastreamento 672869821) consta o seguinte: Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13984.900017/200840 Acórdão n.º 1002000.638 S1C0T2 Fl. 99 15 Solicitase retificar a DIPJ correspondente ou apresentar PER/DCOMP retificador indicando corretamente o valor do saldo negativo apurado no período e, se for o caso, corrigindo o detalhamento do crédito utilizado na sua composição. Outras divergências entre as informações do PER/DCOMP, da DIPJ e da DCTF do período deverão ser sanadas pela apresentação de declarações retificadoras no prazo estabelecido nesta intimação. Para o saneamento das irregularidades foi concedido prazo de 20 dias, mas inferese que a contribuinte não logrou retificar qualquer uma das declarações. A intimação foi entregue em 12/03/2007, conforme registro abaixo extraído do sistema corporativo da Receita Federal do Brasil, e o Despacho Decisório foi emitido e entregue somente em 17/03/2008 (AR, f. 34). Como se vê, a contribuinte teve prazo mais do que suficiente para regularizar suas declarações. Ante o exposto, voto para conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento, mantendo íntegra a decisão recorrida. É como Voto. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator Fl. 99DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10803.720091/2014-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2010, 2011
Ementa:
ALÍQUOTA DIFERENCIADA. PAPEL. VENDA.
O tratamento diferenciado do PIS e da Cofins dado ao "papel" está condicionado a sua real destinação e utilização. Provado que houve desvio de finalidade, deve-se afastar as alíquotas diferenciadas das contribuições.
MULTA QUALIFICADA.
A prática de conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1965 permite qualificar a multa aplicada de ofício.
MULTA AGRAVADA.
A falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos dificulta o procedimento fiscal e deve acarretar o agravamento da penalidade
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
O interesse comum indicado no artigo 124 Inciso I do CTN, que obriga solidariamente as pessoas, não decorre do interesse econômico no resultado, assim entendido o proveito da situação que constituí o fato gerador, mas sim da solidariedade jurídica, que decorre da realização conjunta da situação que constituí o fato gerador.
Súmula CARF nº 2:
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2010, 2011
ALÍQUOTA DIFERENCIADA. PAPEL. VENDA.
O tratamento diferenciado do PIS e da Cofins dado ao "papel" está condicionado a sua real destinação e utilização. Provado que houve desvio de finalidade, deve-se afastar as alíquotas diferenciadas das contribuições.
MULTA QUALIFICADA.
A prática de conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1965 permite qualificar a multa aplicada de ofício.
MULTA AGRAVADA.
A falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos dificulta o procedimento fiscal e deve acarretar o agravamento da penalidade
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
O interesse comum indicado no artigo 124 Inciso I do CTN, que obriga solidariamente as pessoas, não decorre do interesse econômico no resultado, assim entendido o proveito da situação que constituí o fato gerador, mas sim da solidariedade jurídica, que decorre da realização conjunta da situação que constituí o fato gerador.
Súmula CARF nº 2:
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3302-006.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário interposto por TBLV COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA e, na parte conhecida, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em lhe negar provimento e, por unanimidade de votos, em negar provimento aos demais recursos voluntários interpostos pelos responsáveis solidários.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2010, 2011 Ementa: ALÍQUOTA DIFERENCIADA. PAPEL. VENDA. O tratamento diferenciado do PIS e da Cofins dado ao "papel" está condicionado a sua real destinação e utilização. Provado que houve desvio de finalidade, deve-se afastar as alíquotas diferenciadas das contribuições. MULTA QUALIFICADA. A prática de conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1965 permite qualificar a multa aplicada de ofício. MULTA AGRAVADA. A falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos dificulta o procedimento fiscal e deve acarretar o agravamento da penalidade RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O interesse comum indicado no artigo 124 Inciso I do CTN, que obriga solidariamente as pessoas, não decorre do interesse econômico no resultado, assim entendido o proveito da situação que constituí o fato gerador, mas sim da solidariedade jurídica, que decorre da realização conjunta da situação que constituí o fato gerador. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2010, 2011 ALÍQUOTA DIFERENCIADA. PAPEL. VENDA. O tratamento diferenciado do PIS e da Cofins dado ao "papel" está condicionado a sua real destinação e utilização. Provado que houve desvio de finalidade, deve-se afastar as alíquotas diferenciadas das contribuições. MULTA QUALIFICADA. A prática de conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1965 permite qualificar a multa aplicada de ofício. MULTA AGRAVADA. A falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos dificulta o procedimento fiscal e deve acarretar o agravamento da penalidade RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O interesse comum indicado no artigo 124 Inciso I do CTN, que obriga solidariamente as pessoas, não decorre do interesse econômico no resultado, assim entendido o proveito da situação que constituí o fato gerador, mas sim da solidariedade jurídica, que decorre da realização conjunta da situação que constituí o fato gerador. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário interposto por TBLV COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA e, na parte conhecida, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em lhe negar provimento e, por unanimidade de votos, em negar provimento aos demais recursos voluntários interpostos pelos responsáveis solidários. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente convocado) e Corintho Oliveira Machado.
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PAPEL. VENDA. O tratamento diferenciado do PIS e da Cofins dado ao "papel" está condicionado a sua real destinação e utilização. Provado que houve desvio de finalidade, devese afastar as alíquotas diferenciadas das contribuições. MULTA QUALIFICADA. A prática de conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1965 permite qualificar a multa aplicada de ofício. MULTA AGRAVADA. A falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos dificulta o procedimento fiscal e deve acarretar o agravamento da penalidade RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O interesse comum indicado no artigo 124 Inciso I do CTN, que obriga solidariamente as pessoas, não decorre do interesse econômico no resultado, assim entendido o proveito da situação que constituí o fato gerador, mas sim da solidariedade jurídica, que decorre da realização conjunta da situação que constituí o fato gerador. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2010, 2011 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 72 00 91 /2 01 4- 15 Fl. 17448DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 144 2 ALÍQUOTA DIFERENCIADA. PAPEL. VENDA. O tratamento diferenciado do PIS e da Cofins dado ao "papel" está condicionado a sua real destinação e utilização. Provado que houve desvio de finalidade, devese afastar as alíquotas diferenciadas das contribuições. MULTA QUALIFICADA. A prática de conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1965 permite qualificar a multa aplicada de ofício. MULTA AGRAVADA. A falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos dificulta o procedimento fiscal e deve acarretar o agravamento da penalidade RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O interesse comum indicado no artigo 124 Inciso I do CTN, que obriga solidariamente as pessoas, não decorre do interesse econômico no resultado, assim entendido o proveito da situação que constituí o fato gerador, mas sim da solidariedade jurídica, que decorre da realização conjunta da situação que constituí o fato gerador. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por unanimidade de votos, em conhecer, parcialmente, do recurso voluntário interposto por TBLV COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA e, na parte conhecida, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em lhe negar provimento e, por unanimidade de votos, em negar provimento aos demais recursos voluntários interpostos pelos responsáveis solidários. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente convocado) e Corintho Oliveira Machado. Relatório Fl. 17449DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 145 3 Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: TBLV COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA (TBLV), empresa acima identificada, foi submetida a procedimento de auditoria fiscal. Ao término dos trabalhos, a fiscalização constatou algumas irregularidades no anocalendário de 2010, narradas no Termo de Verificação Fiscal (fls. 128/351), que passo a sintetizar: "Este Termo de Verificação Fiscal demonstra todo o esquema elaborado para o desvio da finalidade do papel importado com imunidade, que envolve vários tributos. Entretanto o crédito tributário constituído neste processo referese especificamente à aplicação indevida de alíquotas reduzidas a zero ou diferenciadas para o PIS/Pasep e da Cofins, no anocalendário de 2010. Neste caso, especificamente, a engenhosa fraude se vale de farto uso de interpostas pessoas (“laranjas”), falsidade ideológica, conluio entre empresários do segmento, descaminho, etc. Podemos resumir o “esquema” de desvio da seguinte forma: Uma empresa com função de importadora, portadora de regime especial para trabalhar com papel imune, realiza a importação com simulação de regularidade e destina maior parte do papel importado a empresas de fachada, com quadro societário composto por interpostas pessoas (laranjas). O primeiro nível de interposição é construído, no qual uma “noteira de primeiro nível” obtém registro especial para trabalhar com papel imune e recebe milhões de reais em notas fiscais oriundas das empresas importadoras. Esta empresa noteira não possui saída de mercadorias e sua movimentação financeira é insignificante quando comparada ao volume de mercadorias adquiridas, serve apenas como um receptáculo de documentos fiscais. Um segundo nível de interposição é constituído, no qual uma “noteira de segundo nível” emite notas fiscais de saída para todo o mercado consumidor, sendo que essa empresa não possui notas fiscais de ENTRADA e sua movimentação financeira é insignificante face ao volume comercializado. Em nome dessa “noteira” é distribuído o papel imune desviado para grandes atacadistas e empresas que não possuem autorização para trabalhar com esse tipo de produto, tampouco darão a finalidade constitucional a esse papel. Vale destacar que esta fiscalização autuou os cinco maiores clientes deste esquema, perfazendo um total de cerca de R$ 34 milhões de crédito tributário constituído. Dessa forma o esquema fraudulento garante vantagens indevidas a esses clientes, uma vez que, devido aos altos lucros da sonegação desses tributos, os preços praticados são mais baixos e, de quebra, geram milhões de reais em créditos indevidos de PIS, COFINS e ICMS. Fl. 17450DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 146 4 Os clientes aproveitamse da situação supostamente vantajosa, dos créditos indevidos auferidos nesses documentos fiscais e dos preços diferenciados do papel proveniente desse esquema fraudulento e acabam se sujeitando a receber as notas fiscais eletrônicas das chamadas “noteiras de segundo nível”. Foi identificado que esses clientes finais efetuam o pagamento das mercadorias diretamente à empresa importadora TBLV COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA, CNPJ 04.155.947/000122 ou à empresa de cobrança COMARK COBRANÇAS LTDA, CNPJ 12.527.758/000161, protagonistas desta fraude, fechando a cadeia fraudulenta de quebra da imunidade incidente sobre o papel destinado às finalidades constitucionais. Estas duas empresas, bem como outras que descreveremos mais adiante, fazem parte do que intitulamos GRUPO VINOCUR, controlado pelo Sr. MAURO VINOCUR, CPF 165.795.10811, mentor e maior beneficiário da fraude que beneficiou a si próprio e a centenas de clientes. O chamado “Grupo Vinocur”, fica representado por pelo menos cinco pessoas jurídicas importadoras de papel. Além da TBLV, conta com as importadoras IPSL COMERCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPEIS LTDA – CNPJ 09.603.926/000146, COPAP LATIN AMERICA IMP. EXP. DE PAPEIS – CNPJ: 10.238.560/000132, GILEADE COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA ME – CNPJ 10.416.712/000140 e INTERPAPER INDÚSTRIA DE PRODUTOS DE PAPEL LTDA – CNPJ 11.159.305/000167, Fl. 17451DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 147 5 além de uma indústria gráfica com parque industrial nas cidades de Osasco/SP e Araras/SP, a TRYOGRAF EDITORA LTDA – CNPJ: 06.183.924/000157, uma empresa de cobranças, a COMARK COBRANÇAS LTDA, podendo ser esquematizado da seguinte forma: Considerando o período amostral entre 01/2010 e 05/2012, notamos que a TBLV faturou para o mercado interno, em supostas revendas, cerca de R$ 261,13 milhões. Analisando suas notas fiscais eletrônicas de vendas (em 2009 ela emitia nota fiscal em papel ainda) notamos que seus principais clientes foram, na ordem decrescente de importância, as empresas elencadas abaixo: 1. EDITORA ROMA LTDA: R$ 31,97 MILHÕES; 2. POINT EDITORA LTDA: R$ 30,25 MILHÕES; 3. MONTE SINAI – COPIADORA E IMPRESSOS LTDA: R$ 25,75 MILHÕES; 4. PRAMEX COMERCIAL LTDA: R$ 21,89 MILHÕES; 5. MAXFLY COMERCIAL LTDA: R$ 21,45 MILHÕES; 6. GADX COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA: R$ 20,96 MILHÕES; 7. EDITORA F Z SETE LTDA: R$ 13,94 MILHÕES; 8. EDITORA MAKOVSKI LTDA ME: R$ 7,83 MILHÕES; 9. IPSL COM. IMP E EXP. LTDA: R$ 1,98 MILHÕES; 10. PEG LOGÍSTICA LTDA: R$ 1,79 MILHÕES; Fl. 17452DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 148 6 11. ARRIETH EDITORA E COMÉRCIO DE LIVROS LTDA: R$ 1,05 MILHÕES; 12. FERNANDA CAVALCANTI SILVA CAZELATO ME: R$ 845 MIL; Há fortes indícios de que todas as empresas acima, como veremos adiante, ou não existem de fato ou não adquiriram de fato estas mercadorias da TBLV, como esta última quer fazer supor. Estudaremos em detalhes a situação de cada um destes supostos clientes mais adiante no tópico 4.2 deste TVF (Termo de Verificação Fiscal). Elas representam cerca de 70% da clientela oficial da TBLV, tendo sido destinatárias de R$ 179,72 milhões em notas fiscais da TBLV entre 01/2010 e 05/2012. Para a fiscalização de tributos internos, tais operações foram simuladas e serviram meramente para desviar a finalidade constitucional do papel, enganar o Fisco e fazer jus à imunidade. BENEFICIÁRIOS DA FRAUDE GRUPO VINOCUR PESSOAS FÍSICAS BENEFICIADAS MAURO VINOCUR, CPF nº 165.795.10811 O GRUPO VINOCUR possui como controlador o Sr. MAURO VINOCUR, CPF: 165.795.10811, sócio oculto de diversas pessoas jurídicas cruciais para a montagem e realização desta fraude, tais como a importadora de papel imune TBLV COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA, CNPJ: 04.11.947/000122 e a empresa de “cobrança” COMARK COBRANÇAS LTDA, CNPJ: 12.527.758/000161. Servese Mauro da colaboração fiel e irrestrita de inúmeros colaboradores, destacandose a Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka, CPF : 134.852.94829. Oficialmente as empresas TBLV e COMARK estão em nome de empresas estrangeiras sediadas em localidades offshore, como veremos adiante. Mauro Vinocur não consta oficialmente nem nos quadros das empresas como funcionário sequer. A representante legal no Brasil das sócias estrangeiras vem a ser sua fielescudeira, a Sra. IEDA M. M. Matuoka. A estratégia é brilhante e premeditada: além de ocultar convenientemente o mentor da fraude, tratavase de cautela necessária para blindar o patrimônio diante de uma fraude de grandes proporções que se anunciava, tornando o sujeito passivo inatingível pelas forças de repressão estatais. Ora, nenhuma empresa desvia a finalidade constitucional de pelo menos 70% de seu estoque importado, religiosamente todo mês. Não se trata de uma eventualidade, mas de uma política empresarial consolidada, premeditada a lesar o Estado Fl. 17453DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 149 7 Brasileiro. Temos aqui mais um elemento que aponta para a consciência da ilicitude. Ou seja, as empresas e MAURO estão blindadas por meio de empresas estrangeiras que nunca serão executadas no país. As empresas do grupo que operam no país não possuem patrimônio passível de execução ou garantia de instâncias administrativas ou judiciais. Alguns bancos notaram esta fragilidade e, devido às rígidas normas de compliance antilavagem impostas pela lei 9.613/98 (Política KYC – Know Your Client ), acabaram por obter documentos que provavam que MAURO era o único e absoluto controlador e beneficiários das três empresas offshores que controlavam a TBLV e a COMARK (ANEXO 01). Também se utilizam fartamente de interposição fraudulenta de pessoas e empresas para atingirem seus fins e transferir responsabilidades por atos ilegais. Quando necessitam descartar uma empresa, alteram seu domicílio para lugar onde nunca estiveram, a fim de evitar ação do Estado, perpetuando a ação delitiva por meio de novas pessoas e garantindo um processo de lucro constante para seu real beneficiário. Em apertada síntese, o Sr. MAURO VINOCUR, mentor do esquema fraudulento, utilizase de um conjunto de empresas, sendo a TBLV a principal delas, para importar mercadorias do Capítulo 48 da NCM (Papel e suas obras) com imunidade de impostos referentes a papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, nos termos do art. 150, VI, “d” da Carta Magna. Art. 150. Uma síntese do esquema pode ser conferida abaixo: Fl. 17454DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 150 8 Na internet encontramos links, como o www.onesorce.com / free/Maurovinocur /People/ Profile/ 1007091652, em que Mauro Vinocur apresentase como Diretor Comercial da TBLV, enquanto Ieda Matuoka seria a Diretora Financeira. Corroboram esta vinculação os sítios www.dardus.com.br e o www.hoovers.com, sendo que neste último Mauro Vinocur é apresentado como “KEY EXECUTIVE” da TBLV. Interessante que para a Receita Federal e o INSS Mauro não é nem sócio, nem funcionário da empresa. Uma denúncia encaminhada pelo email “Monfred Null [pcrvsv1@ig.com.br]” a vários órgãos de combate ao crime, e mail enviado em 07/06/2013, foi reencaminhada a esta fiscalização por meio de Ofício do Ministério Público Estadual de São Paulo (ANEXO 02). Esta mensagem eletrônica delata este mesmo esquema de fraude com papel imune, envolvendo justamente empresas do grupo TBLV. O delator acusa o Sr. Mauro Vinocur como o responsável, mentor, maior beneficiário da fraude. Este email em hipótese alguma pode ser considerado como a origem deste trabalho, servindo apenas como elemento novo, uma vez que a verdadeira origem dos trabalhos desta fiscalização vem a ser o relatório minucioso produzido pelo ESPEI09. Outras evidências de que Fl. 17455DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 151 9 Mauro Vinocur ocultase e beneficiase diretamente destas fraudes referese às procurações (ANEXO 04) que encontramos, principalmente no 13º cartório de notas da capital paulista. Vinocur figura como outorgado de várias procurações que lhe dão poderes absolutos sobre empresas do grupo e em relação aos negócios de sua esposa, a Sra. Maria Helena Rodrigues Vinocur, que também é sócia de empresas do grupo. Outras fontes importantes de informação que corroboram o fato de Mauro Vinocur ser o dono da importadora de papel TBLV e controlador oculto de empresas distribuidoras de fachada, vem dos termos de declarações prestadas no dia 05/09/2013 pelo sóciodiretor do armazém ATN LOGÍSTICA (ANEXO 05), um dos maiores parceiros comerciais do grupo VINOCUR. O Sr. DEVANILSON SANCHEZ PARADAS, sóciodiretor da ATN, nos prestou termo de declarações dizendo que as milhares de toneladas de papel que foram armazenadas na ATN, sejam em nome da TBLV ou das distribuidoras de fachada UNIÃO, AIEV, MIXPEL, entre outras, eram de propriedade do Sr. Mauro Vinocur e que Mauro dizia que as distribuidoras de fachada pertenciam ao seu grupo econômico. No exercício das funções de servidores da RFB, comparecemos no endereço da empresa TBLV na cidade de Osasco na data de 16/10/2013. Neste local também opera a TRYOGRAF, empresa gráfica do grupo VINOCUR. Cumprindo diligências fiscais de praxe, no âmbitos dos procedimentos fiscais de Nos. 07.1.03.00 2013013369, 08.1.13.002013001841 e 08.1.13.00 2013 002910, esta fiscalização coletou materiais que deixam claro que Mauro era, de fato, o controlador da TBLV, da COMARK, da indústria gráfica TRYOGRAF, das demais importadoras e das distribuidoras de fachada usadas na fraude do desvio de papel imune (Termo de Constatação Fiscal e Termo de Retenção, ANEXO 06 deste TVF). Devido ao volume de material encontrado na TBLV, nem todo material foi retido pela fiscalização, sendo que, em relação a uma parte substancial, preferimos apenas registrar fotograficamente o encontro deste documentos na sala da diretoria e deixálos no local onde foram encontrados. As diligências apontavam também para a possibilidade de documentos fraudulentos estarem sendo produzidos nas dependências da TBLV, tais como as cartas de cessão de créditos, instrumentos cruciais para que os clientes pudessem realizar seus pagamentos diretamente nas contas das empresas TBLV e COMARK, e não nas contas das emitentes das notas fiscais (pasta ANEXO 07). Durante estas diligências colhemos dois termos de declarações junto a dois funcionários que trabalhavam no prédio da TRYOGRAF/TBLV. Os Srs. Claudemir Miguel (operador de empilhadeira) e Glaudinei de Freitas (motorista da filial Araras), admitiram também que o dono da empresa era Mauro Vinocur (ANEXO 08). Fl. 17456DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 152 10 Os documentos analisados e retidos por esta fiscalização nesta diligência, encontrados na sala da Diretoria do pavimento superior do prédio, não deixam dúvidas de que o dono das empresas TBLV, COMARK e outras, era mesmo o Sr. Mauro Vinocur. Os bancos Safra e Modal, atendendo pedido judicial da SEXTA VARA FEDERAL ESPECIALIZADA EM CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO E LAVAGEM DE VALORES DE SÃO PAULO, no bojo dos Autos No. 001493031.2013.403.6181, de quebra de sigilo bancário contra a empresa COMARK e TBLV, entregaram material a esta fiscalização que continha declarações que comprovam cabalmente que MAURO VINOCUR era o único controlador e beneficiários das empresas offshores SUN INVEST LLC, ATLANTIS BUSINESS LLC e LA INVESTMENTS (ANEXO 01). A Comark entregou documentos de constituição da empresa, bem como de seus sócios estrangeiros, além de procurações destas últimas à Sra. Ieda Matuoka. Quem assina as procurações pelas empresas estrangeiras é a Sra. MARTA DE SAAVEDRA, na qualidade de administradora e única acionista das três empresas alienígenas. Descobrimos, por meio de pesquisas na internet e noticiário da TV GLOBO, que a Sra. Marta nada mais é do que uma secretária de uma empresa de advocacia no Panamá (MORGAN & MORGAN), não passando de uma mera laranja. Ela e mais dois outros laranjas panamenhos flagrados pela reportagem da TV GLOBO, transmitida em 03/12/2013 no Jornal Nacional e reprisado no Bom Dia Brasil do dia 04/12/2013, são responsáveis por cerca de 1.000 empresas supostamente de fachada no Panamá dedicadas a investimentos estrangeiros (Anexo 93). Nessas matérias veiculadas pela TV GLOBO, além de matérias veiculadas na internet (fontes: http://g1.globo.com/politica/mensalao/noticia/2013/12/jnacha nopanamapresidentedeempresaquequerempregar dirceu.html , entre outras), pudemos identificar os seguintes fatos: Fato 1: Marta de Saavedra (tesoureira) e seu consorte panamenho, o Sr. José Eugênio Silva Ritter (presidente), flagrado pela reportagem da TV GLOBO, em bairro pobre, lavando seu carro, controlavam no papel uma empresa panamenha que era dona de um hotel em Brasília que fora pivô de uma controvérsia recente envolvendo um dos condenados no Caso do “Mensalão”. Fato 2: José Eugênio Silva Ritter também aparece ligado a mais de mil empresas em um site criado por um ativista anticorrupção. Ele mora numa área pobre da Cidade do Panamá, capital do Panamá, e trabalha como mero auxiliar de Fl. 17457DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 153 11 escritório, também no escritório de advocacia Morgan & Morgan. Fato 3: O fato da Sra. Marta de Saavedra ser uma mera secretária do escritório Morgan & Morgan, mesmo escritório onde trabalha de auxiliar o Sr. José Eugênio Sila Ritter é reforçado por informações da internet (fonte: http://globaldocuments.morningstar.com/documentlibrary/docum ent/a1aa9fc811d38940.msdoc/original). Fato 4: A Morgan y Morgan fica em um prédio no centro financeiro da Cidade do Panamá. É uma firma que ajuda na fundação e administração de empresas internacionais com sede no Panamá. A legislação do país permite que ações de companhias sejam transferidas de um empresário para outro sem que seja necessário informar as autoridades. Isso faz com que seja muito difícil saber quem é o verdadeiro dono de empresas. As suspeitas que extraímos destas matérias apontam que a Sra. Marta de Saavedra seria, assim como seu colega de trabalho na MORGAN Y MORGAN, uma laranja profissional de empresas que provavelmente aceita inserir seu nome na composição de empresas panamenhas. Nunca fora a real proprietária (direta ou indiretamente) das empresas TBLV e COMARK, muito menos das empresas ATLANTIS BUSINESS LLC, SUN INVEST LLC e LA INVESTMENTS. Nunca foi a investidora ou financiadora das empresas TBLV e COMARK, certamente não teria capacidade econômica para realizar os aportes de recursos transferidos do exterior às contas bancárias das empresas TBLV e COMARK, via contratos de câmbio. Em sendo assim, abremse as suspeitas de que outra pessoa seria a real proprietária destas empresas e a real supridora de seus aportes financeiros. A resposta a esta intrigante questão parece ter sido definitivamente elucidada pelos bancos SAFRA e MODAL, por meio das declarações tratadas um pouco antes, as quais demonstram que MAURO VINOCUR seria o verdadeiro controlador e beneficiário das empresas ATLANTIS BUSINESS LLC, SUN INVEST LLC e LA INVESTMENTS, que por sua vez controlam as empresas brasileiras protagonistas da fraude milionária já representada por esta fiscalização, a TBLV e a COMARK. A obtenção de informações no Panamá é sobremaneira dificultada pois o Panamá, embora se esforce, é ainda considerado uma localidade offshore, que oferece baixa tributação a investimentos estrangeiros e mantém política de estrita confidencialidade sobre a propriedade e identidade sobre empresas e investimentos estrangeiros. Muitos outros elementos confirmam que Mauro Vinocur é o maior beneficiário da empresas TBLV e COMARK. Análise Fl. 17458DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 154 12 preliminar dos extratos bancários de ambas as empresas apontam, por exemplo, para os seguintes fatos: A fiscalização aponta transferências bancárias da empresa Comark para MAURO VINOCUR e parentes. É sabido que o Sr. Mauro utiliza contas de parentes para receber recursos de sua atividade empresarial. O próprio Mauro, durante contato com esta fiscalização nas dependências da empresa ADVALOREM, nos disse que seu nome não pode constar de empresas devido a problemas antigos com a Justiça Trabalhista. Em depoimento prestado aqui nesta fiscalização pelo exbraço direito de Mauro na condução da empresa TBLV, o Sr. Adalberto Thomazini, este nos relatou que era comum Mauro utilizar as contas bancárias de parentes para receber recursos seus. Segue trecho da entrevista (ANEXO 09): “......Perguntado sobre a família da esposa de Mauro Vinocur, O DECLARANTE disse que o sogro Ademir sempre foi considerado uma pessoa rica, abastada, e que foi ele quem salvou a gráfica de Mauro (VM EDITORA) da falência no final da década de 90. Ele atua no segmento da construção civil. Quanto à esposa de Mauro, disse que ela não trabalha e que foi colocada como sócia da importadora IPSL só para esconder o Mauro, que é quem injeta dinheiro na empresa. Disse que Mauro distribui muito dinheiro na conta dos familiares. Certa vez lembrase que uma das cunhadas de Mauro reclamou pra ele que, de uma hora para outra, apareceu um crédito em sua conta bancária inesperado de R$ 1 milhão.....” Da conta da Comark Mauro ordenou e transferiu vultosos recursos para investimentos que o beneficiaram diretamente. Tratase de imóvel incorporado pela SPE CAPRICORNUS EVEN EMP IMOB LTDA e que vem a ser a atual moradia de Mauro Vinocur e sua família, localizado na Rua Conde de Porto Alegre, 1.033, apto 121 – Torre B, Campo Belo, São Paulo/SP. O imóvel foi negociado em 2008 por cerca de R$ 2 milhões e pode estar valendo atualmente cerca de R$ 4 milhões. Intimada, a incorporadora apresentou contrato e documentos (ANEXOS 10 e 59), confirmando que os compradores, as pessoas que assinaram, em 20/05/2008, o compromisso de compra e venda, foram as pessoas físicas de Mauro Vinocur e sua esposa e que a empresa COMARK não participou da transação formal. Quanto aos pagamentos acima, a incorporadora diz que enviou os boletos, como de praxe, às residências dos clientes, mas não saberia dizer quem efetuou os créditos efetivamente. Entre os documentos apresentados, constam Capa do Instrumento de Compra e Venda onde Mauro aponta seu email como sendo mauro@ TBLV papeis.com.br . Já na Ficha Cadastral, Mauro declara como sendo seus dados profissionais Fl. 17459DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 155 13 a empresa TBLV no cargo de DIRETOR, auferindo R$ 35.000,00. Como Empresa Anterior, Mauro declarou ter sido DIRETOR da empresa TRYOGRAF EDITORA LTDA, gráfica que vem a ser dele também e que funciona no mesmo endereço da TBLV. Ora, enquanto Mauro declara retirar R$ 35 mil mensais da TBLV (Anexo 59), a procuradora e representante legal da TBLV aufere apenas R$ 4.075,00 (Anexo 29 Folha de salários TBLV 03_2013.pdf). Mauro nem sequer declarava seu vínculo empregatício junto às empresas TBLV e TRYOGRAF à RFB ou INSS. Passou a assumir que era diretor das empresas somente após a diligência fiscal feita por nós em 16/10/2013, onde que ele foi desmascarado. O fato dele auferir quase 10 vezes mais do que a representante da empresa reforça o fato de que ele era o controlador de tudo. Mauro e sua esposa, a Sra. Maria Helena Rodrigues Vinocur, CPF 264.607.99822, porém, a fim de frustrarem a ação do Estado e visando esquivaremse de intimações ou citações, declaram falsamente à RFB como residência um apartamento onde viveram tempos atrás, tendo de lá se mudado há mais de seis anos!! Isto foi apurado em termo de constatação anexo (ANEXO 11). Investimento Galpão sito à Estrada do Zilo, 1.823, Araçariguama/SP, altura do KM 53 da Rodovia Castelo Branco (imóvel matriculado sob o No. 30.797). Mauro, por meio das suas empresas patrimoniais MHV e COMARK, financiou integralmente a construção de um galpão logístico (imagem abaixo) que pode estar valendo atualmente cerca de R$ 40 milhões e que rende cerca de R$ 250 mil mensais em aluguéis. Ficou com cerca de 75% do empreendimento final, sendo que 10% ficou para o proprietário original do terreno e 15% para a empresa que construiu a obra, a empreiteira/incorporadora que está em nome de seu irmão, o Sr. Fernando Vinocur, a empresa MODULLUS EMP IMOB LTDA (ANEXO 12). Como já dito, salientamos que a Comark realizou o financiamento desta obra, na sua integralidade. Tais recursos, como podemos constatar da análise dos extratos bancários, são provenientes das receitas do GRUPO VINOCUR (Anexo 101 – Entradas ou Receitas da Comark Banco Itaú), das vendas faturadas pela equipe de vendas de Mauro (Departamento Comercial da TBLV) oriundas das revendas de papel importado com imunidade, papel que teve sua finalidade constitucional desviada, de modo fraudulento. Fruto de descaminho e sonegação fiscal em larga escala IEDA MARIA MITIKO MATUOKA, CPF nº 134.852.94829 A Sra. Ieda é pessoa da extrema confiança de Mauro Vinocur, pois já fora agraciada anteriormente por outras procurações outorgadas por Mauro Vincour, como foi o caso das Fl. 17460DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 156 14 procurações passadas pelas empresas INTERPAPER e ADVALOREM, respectivamente em 02/03/2012 e 27/06/2013, no 13o. cartório de notas da Capital (ANEXO 04). O Sr. Adalberto Thomazini, como já foi dito, foi durante dois anos o braço direito de Mauro Vinocur (Diretor Comercial da TBLV), prestou as importantes declarações a esta fiscalização (ANEXO 09): “.....O DECLARANTE disse que a parte financeira era feita pela Dona Ieda, irmã de Roberto Matuoka, ambos da extrema confiança de Mauro. Dona Ieda não passava de uma financeira do grupo, responsável pelo dinheiro, pelos pagamentos, usava vários tokens e movimentava as contas das empresas TBLV e COMARK COBRANÇAS. Não tinha nenhum poder decisório na organização, ela obedecia fielmente às ordens de Mauro Vinocur. Disse que Dona Ieda trabalhava no endereço de Osasco, mas acompanhava o Sr. Mauro para onde ele fosse, pois ela era a chefe do escritório (adm e financeira).....” As contas da TBLV e da COMARK, como veremos em mais detalhes adiante, foram usadas para receber as receitas do desvio de centenas de milhões em papel imune. O sócios formais estrangeiros da TBLV e COMARK, as empresas ATLANTIS BUSINESS LLC, SUN INVEST LLC (com sede em Delaware/EUA), e da sócia indireta LA INVESTMENTS (com sede no Panamá), como já vimos, por meio de sua suposta única controladora, a Sra. Marta de Saavedra, passou procurações de todas estas empresas a Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka. Isto ilustra a confiança de Mauro depositada na Sra. Ieda que, além de formalmente representar as principais empresas envolvidas na fraude, manipulava as contas das empresas, sendo a chefe do departamento financeiro do grupo, função comumente designada como “controller”, mas sem poderes decisórios estratégicos, os quais cabia a Mauro Vinocur apenas, na condição de proprietário. De fato, a Sra. Ieda é quem assina todos os cheques das empresas COMARK e TBLV. E foram muitos, centenas certamente. O mesmo Sr. Devanilson Sanchez Paradas, sóciodiretor da ATN LOGÍSTICA LTDA ME, um dos principais parceiros comerciais do GRUPO VINOCUR, aqui esteve nesta fiscalização e nos prestou relevantes informações sobre as funções de Dona Ieda em relação a Mauro: “2.1 Foi Mauro Vinocur, afinal, o responsável pela negociação e fechamento de ambas as propostas acima (Propostas de Negócio 02/2010 (ATN com a empresa UNIÃO COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA) e 05/2010 (ATN com TBLV COM. IMP e EXP DE PAPÉIS LTDA)?Qual a função e a posição (hierarquia) que ocupava o Sr. Mauro Vinocur? Fl. 17461DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 157 15 Respondeu que sim, a negociação final era sempre com o Sr. Mauro Vinocur, que decidia por telefone mesmo. As primeiras tratativas comerciais ocorreram com pessoas de escalão mais baixo, como é o caso do Adalberto Thomazini e do Sr. Roberto Matuoka. Disse que Mauro foi duas vezes ao armazém para conhecer o local e o declarante foi uma três vezes nas dependências da TBLV, na Av. Luis Carlos Berrini, 1511, sala 111. Para o declarante, o Sr. Mauro Vinocur era a pessoa com maior autonomia do grupo TBLV, era quem respondia pela estrutura toda e tinha maior poder decisório nas questões relevantes. Dona Ieda Maria Mitiko Matuoka não tinha nenhum poder de ingerência, nenhum poder decisório em questões comerciais, era apenas uma funcionária do financeiro da TBLV, cuidando apenas dos pagamentos e recebimentos. Ela nunca participou do processo de contratação junto à ATN. A ATN entrava em contato com Dona Ieda apenas para cobrar os pagamentos dos serviços de armazenagem e nada mais...... 2.4 Quem afinal dava as últimas palavras, quem decidia as questões mais relevantes no grupo? Isto ocorreu em quais casos que o Sr. se lembra? Reitera que era o Sr. Mauro Vinocur quem dava a última palavra em questões importantes. Lembrase de, quando da época dos pagamentos das faturas, que normalmente venciam no dia 25 de cada mês, que, quando os recursos não eram transferidos pela TBLV à ATN, os funcionários da ATN ligavam para Dona Ieda, financeira da TBLV, cobrando a transferência dos recursos e, muitas vezes, Dona Ieda respondia que o pagamento ainda não havia sido liberado pelo Sr Mauro Vinocur......” Mas não restam dúvidas de que a Sra. Ieda foi paga/recompensada regiamente por prestarse a ocultar o Sr. Mauro Vinocur, servindo como sua testadeferro, sendo também uma das beneficiárias, em menor grau, dos rendimentos ilícitos deste comércio fraudulento. ROBERTO YOSHIMITSU MATUOKA, CPF nº 843.285.338 00 Irmão de Dona Ieda, Roberto Matuoka também pousa como pessoa da extrema confiança de Mauro Vinocur. Roberto ocupava uma posição equivalente a um gerente operacional logístico do grupo, pessoa que se relacionava com a clientela e resolvia problema gerais de coleta, entregas e armazenagens de produtos. Roberto foi sócio das empresas IPSL COMERCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPEIS LTDA, CNPJ 09.603.926/000146 e EDITORA PAR DO BRASIL LTDA, CNPJ 03.685.445/000140, sendo que a primeira tem como sócia a esposa de Mauro Vinocur e a segunda tem o próprio Mauro Vinocur como sócio. Fl. 17462DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 158 16 A Sra. Thalita Manhaes Molina, sócia de uma distribuidora de fachada usada na fraude aqui compareceu e prestou informações dizendo que trabalhava para a TBLV, a mando de Roberto (ANEXO 13): 16 – COMO FOI INICIADO O CONTATO ENTRE A UNIÃO E A TBLV A sra. Thalita e seu marido possuíam os amigos Joaquim, René e Orlando. O sr. Joaquim os apresentou ao sr. Roberto (TBLV), que propôs que trabalhassem com os papéis deles. A União seria um representante comercial da TBLV, questionada acerca dos preços praticados, a sra. Thalita afirmou não possuir um visão de mercado, apenas acompanhava o movimento de notas fiscais emitidas pela União......... 17 – QUANTAS VEZES A SRA. THALITA FOI A TBLV O casal foi pouquíssimas vezes à TBLV, que ficava em Osasco, seus principais contatos eram: Roberto Matuoka Francisco Simone Rosana (trabalhou na TBLV e posteriormente tornouse funcionária da AGI).” Devanilson Sanchez Paradas, sóciodiretor da ATN LOGÍSTICA LTDA ME, um dos principais parceiros comerciais do GRUPO VINOCUR, aqui esteve nesta fiscalização e nos prestou relevantes informações sobre as funções de Roberto M. Matuoka na organização VINOCUR (ANEXO 05): Respondeu que a ATN nunca teve quaisquer contatos com a União ou com seus sócios, a Sra. THALITA MANHAES MOLINA e CLAYTON CIRINO SOARES. Nunca houve contato telefônico, telemático ou visitas comerciais entre estas pessoas. Nem mesmo na assinatura do contrato de armazenagem com a União a ATN teve contato direto com THALITA MANHAES MOLINA ou CLAYTON CIRINO SOARES. O contrato era elaborado pela ATN, que o remetia por email a Adalberto Thomazini/Alexandre, ambos funcionários que representavam a TBLV, que por sua vez providenciavam a coleta de assinatura da União e o reconhecimento de firma. As faturas de serviços de armazenagem da UNIÃO eram geradas pela ATN e endereçadas por email para o Sr. Roberto Matuoka (emails roberto@tblvpapeis.com.br e contasapagar@tblvpapeis.com.br), que dava o de acordo e liberava o pagamento da data aprazada. Não havia coleta de assinatura no canhoto das notas fiscais, pois elas eram enviadas por email. …. Fl. 17463DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 159 17 “2.1 Foi Mauro Vinocur, afinal, o responsável pela negociação e fechamento de ambas as propostas acima (Propostas de Negócio 02/2010 (ATN com a empresa UNIÃO COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA) e 05/2010 (ATN com TBLV COM. IMP e EXP DE PAPÉIS LTDA)? Qual a função e a posição (hierarquia) que ocupava o Sr. Mauro Vinocur? Respondeu que sim, a negociação final era sempre com o Sr. Mauro Vinocur, que decidia por telefone mesmo. As primeiras tratativas comerciais ocorreram com pessoas de escalão mais baixo, como é o caso do Adalberto Thomazini e do Sr. Roberto Matuoka. Disse que Mauro foi duas vezes ao armazém para conhecer o local e o declarante foi uma três vezes nas dependências da TBLV, na Av. Luis Carlos Berrini, 1511, sala 111. Para o declarante, o Sr. Mauro Vinocur era a pessoa com maior autonomia do grupo TBLV, era quem respondia pela estrutura toda e tinha maior poder decisório nas questões relevantes. Dona Ieda Maria Mitiko Matuoka não tinha nenhum poder de ingerência, nenhum poder decisório em questões comerciais, era apenas uma funcionária do financeiro da TBLV, cuidando apenas dos pagamentos e recebimentos. Ela nunca participou do processo de contratação junto à ATN. A ATN entrava em contato com Dona Ieda apenas para cobrar os pagamentos dos serviços de armazenagem e nada mais...... ….... 2.2 Qual a função e a posição (hierarquia) que ocupava o Sr. Roberto Matuoka? Respondeu que, em sua visão, ele era um funcionário operacional da TBLV que ocupava um grau inferior aos Srs. Mauro Vincour e Adalberto Thomazini. Cuidava de pedidos dos clientes, da questão comercial com os clientes finais (adquirentes do papel); ….. 3. Em relação à documentação entregue pela ATN a esta fiscalização, mais especificamente em relação às notas de retorno de armazenagem da União: 3.1 Quem emitia o documento PEDIDO OU ORDEM DE SEPARAÇÃO? Respondeu que as ordens de separação de cargas que deram entrada na ATN com Nfes da UNIÃO eram emitidos pela TBLV, por meio de um documento intitulado ORDEM DE SERVIÇO / SEPARAÇÃO, emitido eletronicamente pela CENTRAL DE VENDAS DA TBLV. Com base neste documento a ATN fazia o controle de estoque. 3.2 Quem acompanhava a coleta (expedição) por parte do cliente UNIÃO, MIXPEL, GADX, NEWPEL e AIEV? Fl. 17464DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 160 18 Respondeu que eram a Sra. Rosana Correia Leite, RG 20.263.496 e, depois, o Sr. Edson Lima Caires, RG 23.998.417 1, os quais respondiam diretamente ao Sr. Roberto Matuoka....” Vejamos agora o que Adalberto Thomazini, exdiretor comercial do grupo, disse a respeito de Roberto (Anexo 09): “....O declarante Adalberto, contador de formação, verificando que esta situação fiscal/contábil não fechava, pois não havia faturamento da TBLV para a IZIPAPER e UNIÃO, insistia que Mauro tinha que fazer a armazenagem de modo correto, com emissão de nota de saída pela TBLV ou apresentar algum comprovante de transferência de propriedade da TBLV para as distribuidoras. Disse que Mauro postergava uma solução para o problema e nunca apresentou ao declarante tais documentos de transferência. Mauro alegava que esta regularização fiscal e tributária estava a cargo dos Srs. Roberto Matuoka e do Sr. Alexandre Silva Costa e que o declarante não precisaria se preocupar com esta questão. Esta última declaração elucida bem que todos estes colaboradores do Sr. Mauro tinham plena consciência da ilicitude fiscal em que estavam envolvidos. Continuando no termo do Sr. Adalberto: “....O DECLARANTE disse que a parte operacional ocorria da seguinte forma: a operação de importação era feita diretamente pelo próprio Mauro. Já a logística (armazenagem, controle de estoque e saída ou movimentação) era de responsabilidade do Sr. Roberto Matuoka.....” …..... “....O DECLARANTE disse que Roberto Matuoka também visitava os armazéns e garantia que os pedidos seriam entregues a tempo nas transportadoras e aos clientes. Era uma pessoa que também sabia das irregularidades com as notas fiscais trocadas nos armazéns, mas não se importava com isso. ….” ALEXANDRE SILVA COSTA, CPF nº 278.099.38800 Peça chave no grupo VINOCUR, Alexandre assumiu múltiplas e importantes funções dentro do grupo. Técnico em contabilidade, foi ganhando confiança de seu patrão. Desempenhava várias atribuições ligadas à área fiscalcontábil, faturamento, regularização cadastral de empresas, certificado digital, geração de arquivos de notas fiscais eletrônicas, etc, e chegou até a se tornar sócio de uma das importadoras do grupo, a INTERPAPER. Vejamos o que Adalberto Thomazini, exdiretor comercial do grupo, disse a respeito de Alexandre (Anexo 09): “......O DECLARANTE disse que nunca presenciou a existência de alguma nota fiscal de venda da TBLV para a IZIPAPER, em 2009, ainda quando as notas fiscais eram em papel. Fl. 17465DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 161 19 Posteriormente acabou por descobrir que estas empresas (IZIPAPER e UNIÃO) não existiram ou não compravam de fato nenhuma mercadoria, pois ambas foram fechadas/cassadas pela Secretaria de Fazenda, devido a graves irregularidades. Eram empresas utilizadas apenas para darem saída da mercadoria do armazém. Ambas foram fechadas/desabilitadas pela SEFAZ durante procedimentos fiscais instaurados. Inclusive Mauro, quando alguma distribuidora passava por problemas cadastrais ou em fiscalizações, ele anunciava para a equipe de faturamento que ela passava por problemas e, logo em seguida, anunciava para o departamento comercial (Tatiana Storniolo Canedo) que o grupo passaria a contar com novas distribuidoras. Passo seguinte, solicitava à Alexandre que cuidasse da documentação desta nova distribuidora. Isso significava o seguinte: que Alexandre teria que contatar o Sr. Kelson da Jetsoft para que ele tornasse viável a elaboração das notas fiscais eletrônicas em nome desta nova empresa, ou seja, somente a equipe do Sr. Kelson conseguia operar o sistema e configurálo para incluir esta novas distribuidora. Era o próprio Mauro quem arranjava as novas empresas já prontas, com endereços......” “.....O DECLARANTE disse que Alexandre Silva Costa era quem cuidava da emissão das notas fiscais e que Mauro Vinocur dizia que esta era a função mais importante da organização. Tatiana não podia parar de vender (comercial) e Alexandre não podia parar de emitir nota(faturamento). O resto era acessório no grupo. A geração e emissão de notas fiscais não podia parar de maneira alguma, pois isso acarretaria atrasos na entrega e prejuízos. O estoque precisava girar rápido para os custos serem atrativos. Os clientes inadimplentes eram cobrados, num primeiro momento, pela Sra. Etiane que trabalhava no financeiro junto com Dona Ieda, enquanto o Sr. Marcos Vinocur fazia as cobranças mais complicadas ou difíceis. Não se lembra se a Comark ou Advalorem eram envolvidas nestas cobranças.....” “...O DECLARANTE disse que era Alexandre quem cuidava também das cartas de cessão de crédito enviadas aos clientes. As cartas de crédito e os boletos de pagamentos da TBLV e da COMARK eram encaminhadas por email aos clientes. Todas as cartas de cessão de crédito eram feitas e vistadas pelo Alexandre, que digitalizava estes documentos e encaminhava por email aos clientes. Alexandre também se encarregava de fazer e assinar as cartas de correção das notas fiscais eletrônicas das distribuidoras....” “....O DECLARANTE disse que era a pessoa destacada por Mauro Vinocur para atender aos pedidos dos diversos clientes que estavam sob fiscalização da SEFAZ/SP. Que os clientes ligavam tensos solicitando cópias de documentos, tais como comprovantes de pagamentos, cartas de cessão (todas assinadas pelo Alexandre), arquivo SINTEGRA, contrato social das “distribuidoras” usadas por Mauro e pela TBLV. Disse que os Fl. 17466DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 162 20 clientes pediam o endereço ou telefone das “distribuidoras” (empresas que faturavam a venda para o cliente, tais como a União e a IZIPAPER), mas a orientação era a de que nenhuma destas informações fosse passada aos clientes pois senão os clientes descobririam que a distribuidora não tinha capacidade empresarial.....” Que Alexandre, além de cuidar da geração das notas fiscais destas distribuidoras, também assinava as cartas de cessão de crédito em nome das distribuidoras. Junto com a carta de cessão ia acompanhado um boleto bancário para o cliente depositar o dinheiro na conta da TBLV ou da COMARK. Alexandre também era a pessoa que quase que diariamente percorria os endereços das distribuidoras, recolhendo as correspondências deixadas e as levava todas para a TBLV, em Osasco.....” Aqui talvez uma das mais importantes funções de Alexandre na organização, além de gerar os arquivos de notas fiscais eletrônicas: emitir, assinar as cartas de cessão das distribuidoras de fachada e encaminhálas aos clientes para que o dinheiro não passasse pelas empresas de fachada, mas sim que fosse depositado diretamente nas contas da TBLV ou COMARK. Isto era crucial no planejamento fiscal idealizado por Mauro Vinocur, que queria centralizar toda a receita do seu grupo nestas duas empresas para facilitar o controle. (....) Com o acima exposto explicamos como Alexandre, na TBLV, a partir dos pedidos coletados pela central de vendas da TBLV, gerava os arquivos XML (notas fiscais) em nome de distribuidoras de fachada. Mas havia um problema: os clientes não podiam pagar para estas empresas de fachada. É aí que entra a questão das cartas de cessão. No dia da diligência desta fiscalização junto à empresa TBLV e TRYOGRAF, em 16/10/2013 (ANEXOS 6, 7 e 8), logramos encontrar na sala da DIRETORIA dezenas de cartas de cessão (ANEXO 07), de diversas distribuidoras de fachada, como a União. As cartas, dirigidas a clientes da TBLV, orientavamnos a pagar as faturas diretamente à TBLV, ao invés de pagar para os emitentes das notas (distribuidoras de fachada). Ou seja, estas cartas representavam uma cessão de direitos creditórios em favor da TBLV. Durante ação fiscal em clientes do esquema fraudulento, pudemos notar que a COMARK também constava como beneficiária de cartas de cessão de créditos, tal qual ocorria com a TBLV (Anexo 99). Intrigante, porque a TBLV e a COMARK não apresentaram, nem as distribuidoras, nenhuma relação comercial ou de outra natureza que justificasse esta relação de cedência e que apontasse por quais motivos a TBLV ou a COMARK seriam Fl. 17467DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 163 21 credoras das distribuidoras. Não existem vendas faturadas da TBLV para estas distribuidoras. Outro ponto intrigante: todas as cartas, embora fossem de empresas diversas, possuíam a mesma assinatura, exposta abaixo: (....) Numa primeira análise, concluímos que todas estas cartas, embora fossem de empresas e sócios diversos, foram assinadas pela mesma pessoa. Tínhamos o depoimento do Sr. Adalberto de que era Alexandre, na TBLV, que assinava todas as cartas. Thalita, sócia da União, por sua vez, não reconheceu a assinatura acima como sendo sua. Quem assinava estas cartas então? A resposta para esta questão veio meses depois, numa diligência. Em resposta à intimação desta fiscalização a uma empresa do grupo VINOCUR, chegou até nós um contrato da ADVALOREM com a INTERPAPER, importadora do grupo que tem Alexandre como sócio. Neste contrato podemos ver a assinatura de Alexandre, conforme abaixo: (....) Durante diligência fiscal na importadora INTERPAPER, da Inspetoria da Receita Federal no Rio de Janeiro, os auditores colheram a termo depoimento do próprio Alexandre (Anexo 33). Vejamos sua assinatura neste documento: (....) A comparação entre estas assinaturas dispensa quaisquer comentários. Adalberto estava certo: era Alexandre, funcionário da TBLV quem assinava as cartas, ao invés dos sócios das distribuidoras de fachada. A consciência da ilicitude de seus atos era evidente. Sua dedicação ao grupo econômico VINOCUR era tamanha que, em 2012, veio o reconhecimento de Mauro ao técnico em contabilidade que nem sequer possuía CRC: tornar se sócio de uma das importadoras do grupo. O auditorfiscal responsável pela fiscalização da empresa INTERPAPER elaborou o Relatório Fiscal (Anexo 33), relatou que “....Quanto ao Sr. Alexandre Costa, conforme veremos adiante, ficou comprovado que este não possui experiência empresarial nem conhecimento específico da empresa e sua área de atuação, além de apresentar uma baixa capacidade econômica...”. De fato, as declarações de Adalberto Thomazini (ANEXO 09), os termos produzidos (ANEXOS 15 e 17) e as conclusões do auditor fluminense (ANEXO 33), deixam claro que a importadora INTERPAPER é de Mauro Vinocur e que o mesmo precisava preencher a lacuna deixada pela saída de Adalberto do quadro Fl. 17468DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 164 22 societário, prestandose Alexandre ainda para este fim, o de ser laranja de Mauro para compor quadro de empresa do grupo. Alexandre havia provado sua dedicação a Mauro em outra oportunidade. O grupo VINOCUR tinha outro problema grande para resolver: se a questão da emissão das notas de venda aos clientes finais havia sido resolvida com o sistema da JETSOFT, que permitia à TBLV vender seu papel, em operações tributadas, com notas emitidas por empresas laranjas, surgiu a questão: como desovar o estoque de importações imunes da TBLV, sendo que a TBLV não podia faturar para as distribuidoras laranjas, pois isto as denunciaria, provaria o desvio de finalidade, pois estas laranjas não possuíam registro especial para operar papel imune? Foi então que um funcionário do departamento comercial (Carlos Eduardo Ferreira Tanese, CPF 063.717.76819) apresentou o empresário Helder Fazilari a Mauro Vinocur. Helder tinha três empresas do setor editorial que estavam inativas há anos, mas detinham registro especial para operar com papel imune (falaremos das empresas do grupo ROMA mais adiante no tópico 4.2.12 deste TVF). Mauro comprou as três editoras com intuito de descarregar boa parte das importações imunes do grupo para elas, por meio de notas fiscais ideologicamente falsas que visavam baixar contabilmente seus estoques. Mas ainda havia um problema: Mauro precisava alterar o quadro societário destas três editoras, uma óbvia exigência do negócio. Foi aí que Alexandre entra na história: ingressou nas sociedades o pai de Alexandre, o Sr. Nelson Silva Costa, obviamente um laranja útil ao esquema criminoso. TATIANA STORNIOLO CHIORAMITAL CANEDO, CPF nº 215.025.08885 Pessoa de fundamental importância no grupo VINOCUR, a Sra. Tatiana é a chefe do departamento comercial da TBLV, responsável pelas vendas da empresa. Não importava se o papel imune fosse importado em nome da TBLV, IPSL, COPAP, INTERPAPER ou GILEADE, tudo ia para os mesmos armazéns gerais e os pedidos eram sempre colhidos pela equipe de vendas da Sra. Tatiana. Sua equipe, sob o controle e acompanhamento de Mauro Vinocur, é que produzia os fatos geradores das receitas do grupo todo. A emissão das notas ficava a cargo de Alexandre. Vejamos algumas declarações de Adalberto sobre Tatiana (ANEXO 09): “.....Inclusive Mauro, quando alguma distribuidora passava por problemas cadastrais ou em fiscalizações, ele anunciava para a equipe de faturamento que ela passava por problemas e, logo em seguida, anunciava para o departamento comercial (Tatiana Fl. 17469DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 165 23 Storniolo Canedo) que o grupo passaria a contar com novas distribuidoras. ARMANDO ANTONIO NASSATO (ou NAZZATO), CPF nº 010.858.41863 Apuramos fortes evidências que apontam no sentido da participação do contabilista acima (Armando Antonio Nassato, CPF 010.858.41863), na criação e uso de empresas de fachada que serviram para perpetração de crimes de sonegação fiscal, descaminho, entre outros, os quais beneficiaram a organização de Mauro Vinocur. O contabilista, além de servir de canal para fornecer empresas de fachada para o grupo empresarial em tela, utilizou seu próprio nome e de seus filhos para compor o quadro social de uma destas empresas que teria servido de empresa de fachada para facilitar o desvio de finalidade de papel importado com imunidade constitucional em quantidades gigantescas. O grupo de empresas abaixo tem em comum o fato de terem figurado como adquirentes ou como distribuidoras do papel imune importado por VINOCUR, por meio de emissões fraudulentas de notas fiscais eletrônicas, auxiliando sobremaneira na consecução da fraude fiscal apontada. 1) – CNPJ 10.796.401/000153 GADX Comercio de Papéis e Editora Ltda 2) – CNPJ 11.421.653/000160 União Comercio de Papéis e Editora Ltda 3) CNPJ 13.693.919/000150 ECAF Comercio de Papéis e Editora Ltda 4) CNPJ 13.920.887/000188 AIEV COMERCIO DE PAPÉIS LTDA Campo, SP. 5) CNPJ 97.529.785/000126 ATAT Administração de Negócios Financeiros Ltda 6) CNPJ 13.849.082/000195 Joalpaper Comercio de Papéis Ltda 7) CNPJ 14.663.845/000171 SPYDER PEL Comercio de Papéis Ltda, 8) CNPJ 08.037.387/000162 NLC Comercio de Papéis Ltda 9) – CNPJ 08.604.465/000163 Izipaper Comércio de Papéis e Editora Ltda 10) CNPJ: 13.920.951/000120 ETAF COMERCIO DE PAPÉIS LTDA O contabilista era regiamente remunerado por Mauro pelos relevantes serviços prestados a sua organização. A disponibilidade de novas distribuidoras para substituir as “condenadas” ou “encerradas” pela fiscalização estadual era uma questão sensível na estratégia de negócios do grupo VINOCUR. Tatiana não podia parar de vender, Alexandre não podia parar de emitir notas, mas para isso tudo ocorrer, precisavam de distribuidoras aptas a emitir notas, em situação cadastral idônea. Era Nazzato quem prestava este relevante serviço a Mauro. Fl. 17470DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 166 24 PESSOAS JURÍDICAS BENEFICIADAS O GRUPO VINOCUR é vasto, compreende várias empresas estrategicamente distribuídas em funções bastante específicas. Mauro Vinocur é seu regentemor porém, como vimos, ele conta com a colaboração fundamental de várias pessoas físicas envolvidas e que também se beneficiaram da fraude milionária. Estas pessoas são quem efetivamente praticam os atos fraudulentos, quem articulam as negociatas e quem de fato praticam os fatos geradores, mas sempre no seio de estruturas empresariais. O grupo Vinocur é resultante de um conjunto de esforços individuais, coordenado, com distribuição de tarefas, hierarquias e funções bem definidas dentro do grupo e estas pessoas se distribuem dentro de estruturas empresariais ou CNPJs. O uso de empresas é necessário, pois as relações comerciais, a importação, exigem que tudo seja feito em nome de empresas. Algumas das empresas do grupo terão função de importar as mercadorias, outras de distribuir aos clientes finais (distribuidora ativa), outras de receber o papel imune das importadoras (distribuidora passiva), outras de receber as receitas desta revenda, outras de ocultar ou blindar seu patrimônio e seus investimentos, e assim por diante. TBLV COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA, CNPJ: 04.11.947/000122 A empresa foi constituída em 16/11/2000 com o nome de Green Pine Consultoria e Participações Ltda, com capital social de apenas R$ 2.000,00. Seus sócios originais eram Birgitta Tferses Otterbeck Farhat e Eduardo Edmond Farhat. A empresa apresentava como atividade Holding nãofinanceira, corretagem de aluguéis e atividade de consultoria. Em 23/06/2004 houve uma mudança no controle da empresa. Foram admitidas as sócias atuais, as empresas SUN INVEST LLC e a ATLANTIS BUSINESS LLC, o capital foi aumentado para R$ 50 mil e a razão social para TBV COM., IMP e EXP de PAPÉIS LTDA. Os exsócios retiramse da sociedade nesta data e é nomeada a Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka, representando as empresas estrangeiras, na qualidade de procuradora e administradora, assinando pela empresa. A Atividade foi alterada para incluir a representação, comércio atacadista de papel e papelão em bruto, etc. Encerrouse nesta data a filial de Santana de Parnaíba/SP. Em 28/02/2005 ocorre nova alteração da sede, passando para a Av. Sargento José Siqueira, 105, sala 3, térreo, Jd. Paraíso – São Paulo/SP. O nome da empresa passou de TBV para TBLV, seu nome atual. Fl. 17471DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 167 25 Em 03/03/2006 o capital salta para R$ 930.000,00, sendo R$ 920.700,00 atribuída à sócia ATLANTIS. Em 10/12/2008 novo aumento de capital, que salta para R$ 2.000.000,00, sendo R$ 1.980.000,00 atribuída à sócia ATLANTIS. Novo endereço da sede da empresa, desta feita para Rua Américo Vespúcio, 89, ala B, Jd. Platina – Osasco/SP, onde ela deve ter operado de fato até meados de 2013 (ANEXO 06). Em 10/11/2009 ocorre abertura de outra filial, desta vez na Rodovia BR101, S/N, 116,9, Salseiros – Itajaí/SC, com objeto de comércio atacadista de papel e papelão em bruto, com início de atividades em 03/11/2009. Em 24/08/2011 o endereço desta filial é alterado para Av. José Eugênio Muller, 1130, 1 andar, Vila Operária – Itajaí/SC. Em 09/01/2012, última alteração registrada perante a JUCESP, a empresa transferiu sua sede para a Av. Brigadeiro Lima e Silva, 2060 – sala 201, JD. 25 de Agosto Duque de Caxias/RJ. Este endereço permaneceu na base da Receita Federal do Brasil até final de setembro de 2013, quando a RFB alterou de ofício o mesmo, retornando para sua antiga sede, na cidade de Osasco/SP. Considerando as diligências empreendidas no endereço de Osasco (ANEXO 06) e nas empresas ADVALOREM (ANEXO 24), cremos que, em meados de 2013, os colaboradores e funcionários da TBLV passaram a exercer seu labor no bairro do Brooklin, em São Paulo, dentro das dependências da ADVALOREM. Esta fiscalização provou que a TBLV, ao alterar seu domicílio para Duque de Caxias/RJ, o fez de maneira fraudulenta, simplesmente para se eximir de responsabilidades tributárias e ocultarse ao Fisco (ANEXO 25). Dona IEDA MARIA MITIKO MATUOKA, que consta como sendo a administradora e representante legal da empresa TBLV, foi intimada dia 03/09/2013 a informar onde seria o atual endereço da empresa e a mesma respondeu que seria na cidade de Duque de Caxias/RJ, fato que sabemos ser inverídico. Em 09/09/2013 a funcionária JÉSSICA RODRIGUES CARDOSO QUIRINO, CPF 396.704.16892, recebeu AR endereçado à TBLV na sua sede na cidade de Osasco/SP. Para não deixar dúvidas que ela recebia correspondência da TBLV, ela mesma, com escrita de próprio punho, adicionou ao AR o complemento “ALA B”, conforme está no cadastro do CNPJ. Em 21/10/2013, a mesma Jéssica, não recebeu nova correspondência da RFB endereçada à TBLV, alegando que a empresa tenha se mudado de lá. De qualquer forma, na data da diligência ao seu antigo endereço em Osasco, 16/10/2013, encontramos vestígios claros e recentes de sua passagem pelo local. Também pudemos colher elementos Fl. 17472DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 168 26 que ratificavam boa parte das graves constatações aqui apontadas (fraude fiscal do papel imune). As sócias offshores da TBLV, como vimos, parecem ser meras laranjas, sendo que esta fiscalização constatou cabalmente que o verdadeiro controlador/beneficiário destas empresa é Mauro Vinocur. Mesma conclusão extraímos sobre a COMARK. A própria Comark Cobranças Ltda, em resposta à intimação fiscal (TIF Comark 11/03/2014 – Anexo 43), assinada pela Sra. Ieda em 02/04/2014 e dirigida a esta fiscalização na mesma data (AR SF405122497BR), assumiu que ambas empresas (Comark e TBLV) são coirmãs, que a Comark realizava cobranças e pagamentos à TBLV, que ambas possuem mesmos sócios, mesma administradora (Sra. Ieda); disse que a operação de ambas era exercida em conjunto, no mesmo estabelecimento (endereço da TBLV, em Osasco ou no escritório comercial no bairro do Brooklin,mas que no momento não estão mais operando). Como era de se esperar a TBLV não possui patrimônio relevante no Brasil. Embora declare patrimônio na DIPJ em valor de R$ 50 milhões, uma análise mais acurada demonstra que ela possuía até pouco tempo atrás apenas dois veículos em seu nome, uma GM/MONTANA ano 2008 e uma Veracruz, também ano 2008. Chama a atenção o fato de a suposta origem de recursos da empresa advir de pessoas jurídicas constituídas em paraíso fiscal, expediente comumente utilizado na dissimulação de reais responsáveis. No caso específico da TBLV, vários elementos permitem apontar que o verdadeiro e único aportador de recursos foi o Sr. MAURO VINOCUR. Durante diligência fiscal na TBLV em 16/10/2013 esta fiscalização encontrou elementos que corroboram que o Sr. Mauro e a Sra. Ieda eram comunicados dos aportes feitos pelas empresas offshores na conta da TBLV, por meio de contratos de câmbio intermediados com a empresa DECYSEO Corretora de Câmbio (Anexo 27). A TBLV atuou ostensivamente no comércio exterior entre 2009 e 2011, em sua grande maioria na condição de importadora, por meio de 2 (dois) estabelecimentos, a saber: Terra Nova Trading s/a e Forte Armazéns Gerais e Logísticas Ltda. Além disso, a quase totalidade das importações se deu com imunidade. Mais de 95% das compras (entradas) de mercadorias da TBLV são importações feitas por ela mesma de papel imune e, pelo menos 70% de sua revenda foi como operação tributada (comercial), fora da destinação imune. A empresa é detentora de registro especial para operar com papel imune. Na tabela abaixo vemos os quantitativos importados pela TBLV, em dólar dos EUA. De 2009 a 2011 o volume atingiu USD 263 milhões, mas só foram recolhidos R$ 100 mil em impostos Fl. 17473DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 169 27 aduaneiros (I.I. E IPI), mostrando a preponderância esmagadora de operações imunes. (....) Antes do surgimento da COMARK, há fortes indícios de que os recebimentos do desvio de papel imune era depositada numa das várias contas que a TBLV mantém em sete instituições financeiras distintas. As cartas de cessão encontradas na sede da TBLV em 16/10/2013, as diligências empreendidas por esta fiscalização em alguns de seus clientes e as informações abaixo corroboram essa assertiva. É possível constatar significativas discrepâncias entre a movimentação financeira do sujeito passivo TBLV, conforme quadro abaixo. Anocalendário: 2009 , 2010, 2011 e 2012 Movimentação Financeira Crédito: R$ 271.413.159,15, R$ 453.376.145,79, R$ 342.656.168,92 e R$ 196.584.849,53 Receita Bruta declarada: R$ 137.096.892,24, R$ 174.522.593,43, R$ 157.271.960,88 e Zero Como se vê acima, no quadriênio sob fiscalização a TBLV acumula um total de cerca de R$ 800 milhões de excedente (entrada de recursos em suas contas, menos receita declarada ao Fisco). Se considerarmos também que a partir de 2011 a TBLV passou a receber suas receitas também pela sua empresa co irmã, a Comark, verificaremos que este excedente de ingressos versus receita declarada ultrapassa a incrível marca dos R$ 1,1 bilhões de reais no quadriênio 20092012. É bem verdade que uma depuração nas operações bancárias, excluindo as transferências entre contas de mesma titularidade, entre empresas do mesmo grupo, estornos e devoluções, empréstimos, resgates de aplicações, etc, farão este excedente reduzirse e, por consequência, a receita omitida estimada. A TBLV declarou como receita apenas 37% em relação ao que entrou na sua conta. A empresa não logrou justificar esta diferença, este excedente, após várias e reiteradas intimações fiscais endereçadas à empresa, seus representantes legais e controladores. A empresa não apresentou nenhuma resposta. Embora tenha entregue sua contabilidade no ambiente SPED, consideramos a mesma imprestável, pois a maioria de sua clientela é composta de empresas de fachada que não compraram de fato papel imune da mesma. Intimamos a TBLV, apontamos tais irregularidades e demos a oportunidade da mesma refazer sua contabilidade e entregar declarações retificadoras no ambiente SPED, mas a mesma não se manifestou, sendo certo que nestes casos a fiscalização poderá arbitrar os lucros da empresa com as informações de que Fl. 17474DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 170 28 dispuser, sendo este um meio extremo e residual de atuação do Fisco, aplicável ao caso em tela. Considerando o período amostral entre 01/2010 e 05/2012, a TBLV faturou para o mercado interno cerca de R$ 261,13 milhões. Analisando suas vendas (NFEs) notamos que seus principais clientes foram, neste período considerado, na ordem decrescente de importância, as empresas elencadas abaixo: 1. EDITORA ROMA LTDA: R$ 31,97 MILHÕES; 2. POINT EDITORA LTDA: R$ 30,25 MILHÕES; 3. MONTE SINAI – COPIADORA E IMPRESSOS LTDA: R$ 25,75 MILHÕES; 4. PRAMEX COMERCIAL LTDA: R$ 21,89 MILHÕES; 5. MAXFLY COMERCIAL LTDA: R$ 21,45 MILHÕES; 6. GADX COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA: R$ 20,96 MILHÕES; 7. EDITORA F Z SETE LTDA: R$ 13,94 MILHÕES; 8. EDITORA MAKOVSKI LTDA ME: R$ 7,83 MILHÕES; 9. IPSL COM. IMP E EXP. LTDA: R$ 1,98 MILHÕES; 10. PEG LOGÍSTICA LTDA: R$ 1,79 MILHÕES; 11. ARRIETH EDITORA E COMÉRCIO DE LIVROS LTDA: R$ 1,05 MILHÕES; 12. FERNANDA CAVALCANTI SILVA CAZELATO ME: R$ 845 MIL; A maior parte das empresas acima eram controladas por Mauro Vinocur ou tiveram seus nomes usados indevidamente nestas operações. A grande maioria das operações acima não ocorreram de fato, são simulações. Falaremos em detalhes sobre alguns destes clientes adiante. Elas representam cerca de 70% da clientela da TBLV, tendo sido destinatárias de R$ 179,72 milhões em notas fiscais da TBLV. Para a fiscalização de tributos internos, tais operações foram simuladas e serviram meramente para desviar a finalidade constitucional do papel, enganar o Fisco e fazer jus à imunidade. Entre 01/2011 a 12/2012 constam os seguintes repasses feitos das contas da COMARK: de R$ 40.182.900,95 à TBLV, R$ 78.556.043,41 à COPAP LATIN AMERICA IMP EXP, R$ 81.546.537,22 à INTERPAPER, R$ 1.758.952,61 à IPSL COM IMP EXP DA PAPÉIS LTDA e R$ 28.063.599,30 à GILEADE. A COMARK e a TBLV, porém, intimadas e reintimadas a explicar as causas destes vultosos repasses não apresentaram até o momento nenhuma resposta, documento, contrato ou nota fiscal de serviço prestado para esta importadora. Sendo assim, configura hipótese de pagamento a beneficiário não identificado na modalidade de não comprovação da operação e sua causa, capitulada no art. 674 do RIR/99, parágrafo 1, c/c art. 6O, inciso XVII da IN SRF 15/2001 e Lei 8.981, de 1995, art. 61, parágrafo 1). Fl. 17475DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 171 29 Empresas OFFSHORE de Mauro Vinocur: SUN INVEST LLC e ATLANTIS BUSINESS LLC. Os relatórios de inteligência financeira do COAF (RIFs) Nos. 8.511 e 11.423 (Anexo 71) trouxeram fatos novos e relevantes sobre a participação de Mauro em empresas no exterior e vinculadas às empresas fiscalizadas (TBLV e COMARK). Estas empresas estrangeiras estão sediadas em localidades offshore ou paraísos fiscais. Nenhuma destas participações foi declarada por Mauro à Receita Federal do Brasil. Tais fatos são indícios de lavagem e ocultação de valores ao Fisco. Por serem empresas que possuem participações em empresas nacionais controladas por Mauro e envolvidas umbilicalmente nas fraudes (TBLV, COMARK, SOKOLKA e INTERPAPER), obviamente tiveram que, em algum momento internalizar recursos para aporte de capital nas mesmas. Então, se Mauro, em algum momento, abasteceu suas contas offshore não declaradas ao Fisco, podemos estar diante do crime de evasão de divisas. De fato, na diligência fiscal realizada dia 16/10/2013, na sede da TBLV na cidade de Osasco, encontramos documentos que demonstram a prestação de conta da integralização e aporte de capitais alienígenas, provenientes das contas das empresas offshore ATLANTIS BUSINESS LLC e SUN INVEST LLC, a fim de abastecer a importadora TBLV (Anexo 27). A corretora de câmbio DECYSEO comunicava a situação dos câmbios e dos aportes diretamente ao Sr. mauro e à Sra. Ieda. Em outra comunicação do Banco Rural ao COAF, desta vez no dia 03/06/2011, a instituição financeira relatou o seguinte sobre a empresa TBLV, importadora de papel de Mauro Vinocur: “.....Empresa situada em OsascoSP com atividade econômica principal o comércio atacadista de papel e papelão em bruto, tendo como sócios ATLANTIS BUSINESS LLC, CNPJ 06.208.553/000110, com 99% do capital social e SUN INVEST LLC, CNPJ 06.208.552/000176, com 1% de participação do capital social. O administrador é Ieda Maria Mitiko Matuoka, CPF 134.852.94829. Em seu cadastro informou possuir relacionamento bancário com as instituições: banco bradesco, ag. 2774, banco santander, ag 2175, banco safra, ag. 3000, faturamento set/2010 R$ 30.233.797,02, out/2010 R$ 26.330.527,40, nov/2010 R$ 27.748.737,27, dez/2010 R$ 22.519.042,28, jan/2011 R$ 33.672.339,42, fev/2011 R$ 24.640.995,13. Na ficha cadastral da empresa Atlantis Business LLC consta como única sócia a empresa LA INVESTMENTS & ASSOCIATES do Panamá. Na ficha cadastral da empresa LA INVESTMENTS ASSOCIATES consta como único sócio o Sr. Mauro Vinocur, CPF 165.795.10811....” Depois, durante a resposta dos bancos às quebras de sigilo bancários obtidas por esta fiscalização junto ao MPF e à Justiça Federal, os bancos SAFRA e MODAL trouxeram elementos que Fl. 17476DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 172 30 demonstram cabalmente que Mauro Vinocur, em que pese não constar como sócio ou procurador das empresas fiscalizadas TBLV e COMARK, vem a ser o único controlador e real beneficiário das empresas offshore ATLANTIS BUSINESS LLC, SUN INVEST LLC e LA INVESTMENTS & ASSOCIATES, às quais constam oficialmente como sócias estrangeiras investidoras (Anexo 01). 3.2.1 CLIENTES FINAIS A estimativa de margem sobre a concorrência de 20% foi extraída com base em termos obtidos junto a pessoas do mercado, inclusive o termo lavrado junto ao Sr. DIOGO ANDRÉ MARTINS DE SOUZA, CPF 272.612.21830 (Anexo 78), ex representante comercial da empresa MGM IND. COMERCIAL E MERCANTIL LTDA, outra empresa cliente do grupo fraudador. 3.2.2 ARMAZÉNS GERAIS A TBLV não possuía depósito próprio. Ela se utilizava de armazéns gerais para a guarda do papel imune importado. Primeiro utilizou um armazém na cidade de Cajamar/SP e depois passou a utilizar os armazéns ATN, TRIANON, AGI, entre outros. (....) Para despistar a fiscalização e dar uma falsa aparência de que o papel havia sido destinado para fazer jus ao benefício fiscal, funcionários da TBLV emitiam notas fiscais de “vendas” das importadoras para empresas que nada compravam de fato, mas que possuíam registro especial para operar como papel imune (empresas do grupo ROMA: POINT, ROMA, F Z SETE, entre outras). (....) O volume de mercadorias que este grupo movimentava nos armazéns era tão relevante que havia uma sala reservada a funcionários da TBLV, dentro da estrutura do armazém, para facilitar a organização, expedição e logística centralizada das cargas da TBLV e de empresas noteiras citadas acima. Boa parte dos pagamentos da armazenagem destas cargas, bem como de toda a cadeia logística, pode ter sido paga por intermédio da empresa ora autuada, a COMARK. A empresa, porém, não comprovou as causas destas operações, não fornecendo explicações nem amparo documental que justifique as remessas e os pagamentos abaixo: (....) INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOAS Para fazer jus a benefícios fiscais e comerciais decorrentes do mercado cinza oriundo da fraude em questão, os funcionários da TBLV, após colherem os pedidos de compras dos papéis, faziam Fl. 17477DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 173 31 o faturamento por intermédio de empresas distribuidoras de fachada distintas daquela que realmente seria a real vendedora, a importadora TBLV. Para os clientes, bastava que a emissora das notas estivesse regular e pudesse emitir nota fiscal eletrônica de venda. Todos os clientes que adquiriram papel desviado da fraude aproveitaramse de créditos indevidos e espúrios de PIS, COFINS e de ICMS nãocumulativos, por meio do recebimento de mercadorias acobertadas por notas fiscais ideologicamente falsas. São diversos os apontamentos de irregularidades cometidas pelo grupo Vinocur, sendo que a interposição fraudulenta de pessoas é a veia mestra de todos os diversos ilícitos cometidos, uma vez que ela propicia a ocultação dos reais beneficiários ao direcionar eventuais repreensões policiais ou fiscais a laranjas e a empresas inexistentes de fato. A constituição de várias empresas interpostas no mesmo grupo empresarial sugere a prática do planejamento tributário/societário abusivo, principalmente quando essas empresas são agentes de negócios jurídicos simulados. Nesta linha, destacase o disposto no Art. 167 do Código Civil, que versa sobre a nulidade dos negócios jurídicos simulados, prática, pelo visto, bastante comum nas atividades do grupo: A ocultação dos reais beneficiários e uso de empresas de fachadas constituídas de maneira fraudulenta é uma conduta que inserese na esfera criminal como falsidade ideológica, o crime está conceituado no art. 299 do Código Penal Brasileiro, com o seguinte texto: (....) Após emitir as faturas em nome de terceiras pessoas, a TBLV, segundo declarado pelo Sr. Adalberto Thomazini, encaminhava, por email, cartas de cessão aos clientes indicando contas de empresas diversas das que constavam no corpo das notas, para o pagamento dos produtos. A principal beneficiária destes pagamentos vem a ser justamente a ora autuada COMARK COBRANÇAS LTDA, que de fato não realizava nenhuma operação, nem agregava valor ao processo comercial (ela não existia de fato ou não tinha capacidade operacional comprovada para realizar seu objeto social, com uma funcionária apenas e que tinha outras atribuições em diversas empresas). A falta de apresentação pela COMARK dos livros fiscais e contábeis, dos contratos, notas fiscais, comprovantes de pagamento, etc, por parte da fiscalizada, demonstram a máfé da fiscalizada. Nem mesmo respostas objetivas a questionamentos curtos desta fiscalização foram fornecidos pela fiscalizada. A empresa se limitava a pedir prazos adicionais de 30 dias para cumprimento, tendo em vista o volume de documentos. Em seguida são discriminadas diversas empresas importadoras utilizadas pela organização: INTERPAPER INDÚSTRIA DE Fl. 17478DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 174 32 PRODUTOS DE PAPEL LTDA – CNPJ 11.159.305/000167, COPAP LATIN AMERICA IMP. EXP. DE PAPEIS – CNPJ: 10.238.560/000132, GILEADE COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA ME – CNPJ 10.416.712/000140, IPSL COMERCIO, IMPORTACAO E EXPORTACAO DE PAPEIS LTDA – CNPJ 09.603.926/000146. DISTRIBUIDORAS DE FACHADA UNIÃO COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA, CNPJ 11.421.653/000160 (Anexo 79) Bastante esclarecedora para elucidar a engenhosa fraude foi a diligência fiscal levada a cabo na empresa UNIÃO COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA, CNPJ 11.421.653/000160, empresa componente do grupo econômico fraudador e que tinha a função meramente de emitir notas fiscais para distribuir irregularmente o papel imune aos clientes finais. A empresa “noteira” União foi, dentre todas as demais que cumpriram esta função, a mais usada pelo grupo. Durante os anos de 2010 e 2011, faturou mais de R$ 400 milhões em notas fiscais ideologicamente falsas. Ela foi a maior, mas não foi a única usada para esta finalidade. Abaixo segue relação dos principais destinatários de notas emitidas pela empresa União, entre 2010 e 2011 (em 2012 não constam mais emissões de notas eletrônicas da União). Respondendo aquela inquietante questão ou lacuna: “Para onde foi então o gigantesco estoque de papel imune importado pelas empresas do grupo VINOCUR, já que boa parte das suas notas de venda eram ideologicamente falsas?” Abaixo podemos ver uma amostra de para onde, finalmente, parte significativa deste estoque foi desovado e quem foram seus principais beneficiários (colunas de valores representam Saídas dos anos 2010 e 2011, pois em 2012 não há operações da União): Fl. 17479DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 175 33 Salientamos que estes clientes finais receberam mercadoria mais barata (cerca de 20%) do esquema não só com notas da União, mas de muitas outras (IZIPAPER, ECAF, ETAF, AIEV, MIXPEL, NEWPEL, ELLO, GLOBAL PAPERS, NEWGROUP, MAXFLY, etc.). E de quem a União teria adquirido todo este estoque? Junto ao Anexo 79 podemos ver o teor do arquivo “Saídas para UNIÃO 2010 a 2012.pdf”. As notas fiscais dizem que a União teria dado entrada de menos de R$ 1 milhão em seu estoque, número bastante discrepante se comparado aos cerca de R$ 400 milhões revendidos Verificando seu dossiê fiscal, informações extraídas das bases de dados da RFB e declaradas pelo próprio contribuinte, notamos que a empresa declarouse inativa de 2009 a 2011. Em 2012 declarou receita igual a zero. Sua movimentação bancária no período foi de: AC 2009: zero; AC 2010: R$ 692.730,22; AC 2011: R$ 1.114.117,95 AC 2012: zero Após intimados por esta fiscalização, os sócios da União, o Sr. CLAYTON CIRINO SOARES, CPF 220.261.25805, e a Sra. Fl. 17480DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 176 34 THALITA MANHAES MOLINA, CPF 224.832.65804, casados entre si, compareceram à Receita Federal para tentar justificar como uma empresa constituída com capital social de apenas R$ 50.000,00 poderia ter movimentado tanto volume de papel. E mais, como justificar que esta mesma empresa, aparentemente, não apresentava um documento de origem para estas mercadorias (notas fiscais de compra, declarações de importação, etc) e também não apresentava movimentação bancária no período das supostas vendas. Nos dias 14, 18 e 26 de junho de 2013, colhemos as importantes informações do casal que declarou basicamente o seguinte (ANEXO 13 deste TVF): 1. Que abriram a empresa, com ajuda do contador Antonio Armando Nazzato, após alguns amigos terem os apresentado a representantes da TBLV. Que a TBLV, na pessoa do Sr. Roberto Matuoka, lhes teria feito uma proposta de abertura de firma de representação para trabalhar com papéis da TBLV; 2. Que assim o fizeram, mas a empresa não vendia papel de fato, não operava como representação, não mantinham quaisquer contatos com clientes ou armazéns gerais, apenas recebiam por email arquivos originários da TBLV com as notas fiscais eletrônicas já preenchidas (em formato de arquivos XML) e restava à União transmitir estes arquivos à Secretaria da Fazenda Estadual para validação e emissão; Thalita ressaltou que em diversas oportunidades funcionários da TBLV acessavam seus computadores remotamente, de forma a emitir notas fiscais utilizandose dos mesmos. Seus terminais eram “burros”, ou seja, recebiam os arquivos .xml e não possuíam condição de alterar a nota e os pedidos. Nada ficava em poder da União, Thalita autorizava a emissão das notas que eram encaminhadas diretamente para as empresas de logística. Quando a União recebia ligações de clientes, a ordem era repassar a ligação para os representantes da TBLV. Em relação às notas fiscais de retorno das mercadorias da UNIÃO que estavam em armazéns gerais, com referência às informações contidas no campo “informações complementares” da nota fiscal, que detalham informações sobre a venda, tais como: número do pedido, nome do cliente e dados da pessoa que irá retirar a mercadoria, Thalita disse que essas informações da venda iam direto da TBLV para os armazéns, sem passar pela UNIÃO. 3. A empresa tinha apenas uma funcionária, que fazia trabalho administrativo. Thalita também cuidava do administrativo e sua função principal era providenciar o envio das notas fiscais com o certificado digital da empresa União. A Clayton sobravam alguns serviços bancários, sendo certo que ele mantinha “bicos”, conforme declarado aos auditores, em paralelo à sua atuação na empresa. Fl. 17481DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 177 35 5. Thalita disse que 100% das notas emitidas em nome da UNIÃO serviam para desovar mercadorias da importadora TBLV. Thalita disse que se lembra de ter apenas assinado os contratos com os armazéns gerais, a mando da TBLV, mas não chegou a visitar os armazéns, nem tratava com eles por telefone/email. Todas estas questões eram tratadas diretamente pela TBLV com os armazéns. Não se lembra de ter assinado contratos de cessão de créditos da União e/ou outros documentos. De fato, esta fiscalização colheu elementos esclarecedores que corroboram as declarações de Thalita de que ela era uma mera laranja no esquema. Tanto as cargas da União, como de outras empresas “noteiras”, assim como as cargas depositadas em nome da TBLV, eram todas organizadas, dentro do armazém, por um representante da TBLV. No caso do armazém ATN LOGÍSTICA, um dos mais utilizados pelo esquema fraudulento, foi confirmada esta versão de Thalita, sócia da União. Colhemos declarações do sóciodiretor da ATN (ANEXO 5), o Sr. DEVANILSON SANCHEZ PARADAS. Devanilson disse que a contratação de armazenagem, tanto com a União (e outras noteiras do grupo) como a feita com a TBLV, ambas foram negociadas pela TBLV, por meio da intervenção direta do Sr. Mauro Vinocur e do Sr. Adalberto Thomazini. Devanilson disse desconhecer totalmente os sócios formais da União (Thalita e Clayton). Havia sempre um funcionário da TBLV dentro da ATN organizando a logística/inventário das cargas da União, da TBLV e de outras noteiras do grupo fraudador (NEWPEL, COMERCIAL MIXPEL, AIEV, ETAF, GADX, etc). Continuemos com as declarações de Thalita e seu esposo Clayton: 7. Thalita afirmou que nunca recebeu valor algum referente às vendas feitas com notas da União. Havia um acordo com a TBLV de que a UNIÃO receberia um valor de comissão referente à emissão de notas fiscais que variava entre 0,025% e 0,05% do valor da nota. 8. Thalita confirmou que não havia nota fiscal de entrada para a União e que não havia pagamento da União para a TBLV pois uma não comprava da outra de fato. Em suma, esta fiscalização concluiu que a empresa União e seus sócios, o casal (Clayton e Thalita) eram na verdade interpostas pessoas, sem capacidade real de suportar aquele volume imenso de operações e cuja função no grupo era meramente a de mascarar a venda ilegal da TBLV, de papel importado com imunidade, para clientes finais, fora dos casos previstos na Constituição Federal para justificar o benefício fiscal. Esta fiscalização não procedeu à representação de baixa/inaptidão de seu CNPJ porque ela mesma, de livre iniciativa, já havia promovido sua liquidação ou baixa voluntária, registrando o seu distrato social perante a JUCESP. Fl. 17482DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 178 36 O Sr. Adalberto Thomazini, que foi durante dois anos o braço direito de Mauro Vinocur (Diretor Comercial da TBLV), prestou importantes declarações ligadas à União e ao esquema fraudulento (ANEXO 9): “....O DECLARANTE disse que, durante seu trabalho no depósito de Cajamar, começou a estranhar o fato das cargas entrarem com notas fiscais da TBLV e saírem com notas fiscais de terceiras empresas, as quais Mauro alegava se tratarem de suas “distribuidoras” e de pertencerem ao mesmo grupo econômico. Dentre estas empresas ditas distribuidoras, pode citar as empresas IZIPAPER COM. DE PAPÉIS e UNIÃO COM. DE PAPÉIS como as principais distribuidoras usadas em 2009 e 2010. Ratificando, as mercadorias (papel imune importado) entravam no depósito de Cajamar com notas fiscais da TBLV e saíam com notas fiscais da IZIPAPER e UNIÃO. .....O DECLARANTE disse que o problema da operação estava na saída do armazém em Cajamar. A nota fiscal de saída não era da TBLV, como era de se esperar, mas das distribuidoras IZIPAPER e UNIÃO. As entradas eram operações não tributadas, pois a importação era de PAPEL IMUNE e com ato declaratório da Receita Federal (RPI), RECOPI estadual e todas as formalidades exigidas em lei. Mas as saídas, ao contrário, eram operações tributadas e que transferiam créditos de impostos aos adquirentes. O DECLARANTE disse que essas trocas de notas fiscais eram todas feitas dentro dos armazéns, antes das mercadorias serem coletadas pela transportadora. O DECLARANTE disse que apenas 25% das saídas tinham de fato finalidade imune, ou seja, essa fiscalização conclui que em torno de 75% de todo o volume de entradas em nome da TBLV nos armazéns tinham sua respectiva nota fiscal de saída trocada no armazém por nota de alguma distribuidora do grupo econômico de Mauro, o que foi confirmado pelo declarante. O declarante então confirmou que as empresas listadas abaixo classificamse como distribuidoras do grupo: IZIPAPER COMERCIO DE PAPEIS E EDITORA LTDA ME 08.604.465/000163 MAXFLY COMERCIAL LTDA 11.561.084/000159 PRAMEX COMERCIAL LTDA. 11.571.534/000194 UNIÃO COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA. 11.421.653/000160 GADX COMERCIO DE PAPEIS E EDITORA LTDA 10.796.401/000153 AIEV COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA. 13.920.887/000188 ETAF COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA. 13.920.951/000120 NEWPEL COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA. 17.190.606/000130 ELLO COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA – EPP 16.785.820/0001 76 GLOBAL PAPERS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA05.277.055/000167 Fl. 17483DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 179 37 MONTE SINAI – COPIADORA E IMPRESSOS LTDA 04.992.539/000125, entre outras........” Em seguida são discriminadas outras empresas distribuidoras: COMERCIAL MIXPEL LTDA, CNPJ: 13.559.124/000153, NEWGROUP COMERCIAL LTDA, CNPJ: 13.558.430/000175 (Anexo 80), PRAMEX COMERCIAL LTDA, CNPJ 11.571.534/000194, MAXFLY COMERCIAL LTDA, CNPJ 11.561.084./000159 (Anexo 81), ETAF – COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA, CNPJ 13.920.951/000120, AIEV – COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA, CNPJ 13.920.887/000188 (Anexos 6 e 82), NEWPEL COMÉRCIO DE PAPEL LTDA, CNPJ: 17.190.606/000130 (Anexo 83), ATLÂNTICA REPRESENTAÇÃO DE EMBALAGENS LTDA, CNPJ 16.792.286/000125, GADX COMERCIO DE PAPEIS E EDITORA LTDA, CNPJ: 10.796.401/000153 (Anexo 85), MONTE SINAI COPIADORA E IMPRESSOS LTDA – ME, CNPJ: 04.992.539/000125 (Anexo 86), EDITORA MAKOVSKI LTDA – ME, CNPJ: 13.204.264/000109 (Anexo 87), ARRIETH EDITORA E COMÉRCIO DE LIVROS LTDA – ME, CNPJ: 10.589.686/000151 (Anexo 89). A fiscalização também descreveu as operações de empresas utilizadas para receber o papel imune: EDITORA ROMA LTDA – ME, CNPJ: 57.443.343/000148 (Anexo 90), POINT EDITORA LTDA – ME, CNPJ: 00.545.945/000199 (Anexo 91), EDITORA F Z SETE LTDA. ME, CNPJ: 06.294.917/000122 (Anexo 92) FRAUDES COM EMISSÃO DE CARTAS DE CESSÃO DE CRÉDITO FRAUDULENTAS (Anexo 07) O papel importado que teve sua finalidade constitucional desviada para uma finalidade meramente comercial, chega até um cliente final que se beneficia de um custo mais baixo do produto (cerca de 20% mais baixo, conforme apuramos), além do creditamento indevido de tributos federais e estaduais. Esta prática configura crimes de descaminho e de concorrência desleal, como já salientamos. Para o dinheiro não passar pelas noteiras (como vimos pouco antes, as noteiras apresentam altos volumes de entradas ou saídas, mas nenhuma movimentação financeira), o grupo Vinocur elaborava cartas de cessão em que seus clientes eram orientados a depositar os recursos diretamente nas contas bancárias das empresas TBLV ou COMARK, que passavam a concentrar os ganhos ilícitos desta fraude. Na diligência empreendida dia 16/10/2013 na sede operacional do grupo VINOCUR (Anexo 6 e 7), logramos encontrar, na sala da Diretoria, várias destas cartas de cessão, de emissão de várias empresas noteiras diversas. Chamou a atenção o fato de todas as cartas de cessão, embora fossem atribuídas a empresas distintas, com quadros societários distintos umas das outras, apresentarem as mesmas assinaturas. Este fato demonstra a notória falsidade destes documentos, pois Fl. 17484DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 180 38 os sócios destas variadas noteiras não coincidem, na maioria dos casos. Vejamos as imagens abaixo: (....) Segundo depoimento do Sr. Adalberto Thomazini, braço direito de Mauro Vinocur durante mais de dois anos, estas cartas de cessão eram feitas na própria TBLV e assinadas pelo Sr. Alexandre Silva Costa, funcionário de confiança de Mauro, responsável pelo faturamento das distribuidoras de fachada. Estas cartas de cessão também comprovam cabalmente que as distribuidoras UNIÃO, MAXFLY, NEWGROUP, NEWPEL, AIEV, ETAF, entre outras, eram todas manipuladas e controladas de dentro da TBLV pela equipe de Mauro Vinocur. Vejamos abaixo uma amostra de assinatura do Sr. Alexandre Silva Costa, funcionário de confiança do Sr. Mauro Vinocur. Ela foi extraída de um contrato em que a importadora INTERPAPER, uma importadora que sucedeu a TBLV, celebrou com a empresa de factoring de Mauro Vinocur, a ADVALOREM. (....) Ora, comparandose as assinaturas da imagem acima com as assinaturas anteriores até mesmo um leigo, sem prova pericial, apostaria todas as suas fichas em dizer que todos estes documentos foram assinados pela mesma pessoa. Esta é a prova cabal de que as noteiras eram manipuladas e controladas de dentro da TBLV. FRAUDES COM EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS IMUNES IDEOLOGICAMENTE FALSAS, SEM O CONSENTIMENTO DOS DESTINATÁRIOS Outra fraude bastante comum envolvendo a TBLV é a de emitir notas fiscais frias para empresas que realmente operam com finalidade imune (clientes reais do grupo VINOCUR), mas sem a anuência das mesmas e sem que a operação comercial tenha de fato ocorrido. Vejamos o documento abaixo, encontrado na sede do grupo VINOCUR, em diligência empreendida dia 16/10/2013 na TBLV: (….) No documento acima notase claramente que uma empresa gráfica real, a O LEVITA EDITORA GRÁFICA DISTRIBUIDORA LTDA, durante o ano de 2008, descobriu a TBLV emitindo notas fiscais contra a O LEVITA sem sua anuência e sem que houvesse uma contrapartida de operação mercantil real. Tratavase de caso de fraude grave, envolvendo falsidade ideológica, visando iludir o Fisco e dar baixa no estoque imune importado pela TBLV. Não sabemos o desfecho desta história, mas sabemos que esta prática se repete até o ano de 2013, como veremos um pouco mais abaixo. Fl. 17485DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 181 39 Esta fiscalização já havia flagrado a mesma prática com a empresa FERNANDA CAVALCANTI SILVA CAZELATO – ME, CNPJ 10.668.584/000121, empresa sediada na cidade de Pouso Alegre/MG. DA NÃO OBSERVÂNCIA DO REGISTRO ESPECIAL NA REVENDA A CLIENTES NO BRASIL Então, uma primeira irregularidade seria a revenda de papel importado sem o pagamento de impostos (em decorrência da imunidade) a clientes sem o pertinente Registro Especial; neste caso, seria possível pugnar pela responsabilização do cliente em mercado interno e do importador, o qual teria a obrigação de verificar se seu comprador estaria devidamente registrado para a operação pretendida, nos termos do par. 1o do art. 1o da Lei 11.945/09. DO DESVIO DE FINALIDADE DO PAPEL “IMUNE”, ASSOCIADO OU NÃO À OCULTAÇÃO DE ADQUIRENTES E/OU INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, AINDA QUE O CLIENTE NO BRASIL POSSUA REGISTRO ESPECIAL Uma segunda irregularidade em tese seria a não aplicação do papel “imune” na impressão de livros, jornais e periódicos. Neste sentido, o importador, caso tivesse ciência de tal desvio, poderia ser responsabilizado juntamente com o comprador em mercado interno (adquirente oculto ou não de mercadorias importadas) nos termos do art. 674 do Regulamento Aduaneiro 2009, ainda que tal cliente possuísse o Registro Especial mencionado anteriormente: Vislumbramse, então, as seguintes possibilidades nas quais caberia a responsabilização do grupo VINOCUR: a) O importador tem ciência do desvio de finalidade, mas seus compradores em mercado interno não são adquirentes ocultos em operações de importação, nem na modalidade conta e ordem, nem na modalidade encomenda. Neste caso, caberia a cobrança dos tributos objeto da imunidade indevida, juntamente com as penalidades pertinentes; o crédito em questão seria constituído em desfavor do importador e do cliente no mercado nacional; b) O importador promove o desvio de finalidade à revelia dos compradores em mercado interno, os quais não são adquirentes ocultos em operações de importação, nem na modalidade conta e ordem, nem na modalidade encomenda. Assim, o importador emite Notas Fiscais de venda para tais compradores sem o conhecimento dos mesmos, tão somente para baixar seu estoque e dar aparência de legitimidade para suas operações; neste caso, o crédito em questão referente à imunidade indevida seria constituído somente em desfavor do importador; c) O importador promove o desvio de finalidade valendose de empresas cuja origem dos recursos para operar em comércio exterior não é comprovada e/ou de supostos clientes em mercado interno os quais, na verdade, constituem um único ente Fl. 17486DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 182 40 fraudulentamente dissociado em vários, com o intuito de, entre outros, dificultar fiscalizações; neste caso, tendose em vista a interposição fraudulenta, a simulação na constituição de empresas e/ou a ocultação mediante fraude, aplicase a pena de perdimento das mercadorias (convertida em multa de 100%) e inaptidão dos CNPJ envolvidos a depender do caso; por conta dos impostos sonegados pela utilização indevida da imunidade tributária, constituise o crédito correspondente em desfavor das empresas envolvidas, tomandose o cuidado de solidarizar o real responsável pela operação, como forma de garantir os interesses da Fazenda e efetivamente atingir o verdadeiro autor do esquema. Tal solidariedade, então, serviria como virtual desconstituição da personalidade jurídica em desfavor do(s) responsável(s) pela simulação / fraude (no caso concreto, MAURO VINOCUR). FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL Este Termo de Verificação Fiscal demonstra toda a fraude do desvio do papel imune executada pelo grupo econômico liderado pelo Sr. Mauro Vinocur. Conforme foi amplamente comprovado neste documento, houve sonegação de vários tributos em diversos anoscalendário. Entretanto, o objetivo principal deste Termo de Verificação Fiscal é demonstrar, em relação ao PIS e à Cofins incidentes na venda de papéis pelo sujeito passivo, que não houve comprovação de que a TBLV poderia utilizar alíquotas diferenciadas ou reduzidas a zero, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2010, conforme foi informado nas DACONs entregues pela empresa. Ressaltese que outros autos de infração em desfavor da TBLV, concernentes a outros períodos e/ou tributos, já foram ou serão lavrados. A tabela a seguir demonstra os valores declarados pela TBLV, em DACONs referentes a janeiro de 2010 a dezembro de 2010, e os cálculos efetuados para cobrança complementar do PIS/Pasep e da Cofins em razão da utilização indevida de alíquotas reduzidas a zero ou diferenciadas. (...) Esta fiscalização encaminhou Termo de Intimação Fiscal emitido em 07/07/2014 e reiterou por meio de Termo emitido em 13/10/2014, (anexos 116 e 118), oferecendo a oportunidade para que a TBLV apresentasse suas alegações e defesa, em relação à utilização de alíquotas reduzidas a zero ou diferenciadas para o PIS e Cofins. Entretanto, o sujeito passivo não encaminhou nenhuma resposta. É importante destacar que além do sujeito passivo não apresentar nenhuma resposta em relação aos questionamentos referentes ao PIS e Cofins, comprovouse ao longo deste Termo de Verificação que o papel imune era desviado para empresas de fachada, que apenas serviam de receptáculo para dar baixa do papel imune, o qual era, na realidade, destinado para os verdadeiros adquirentes, com a utilização de empresas noteiras Fl. 17487DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 183 41 que emitiam notas fiscais para acompanhar a mercadoria e ainda geravam créditos fictícios para as empresas adquirentes. Esta fiscalização encaminhou, por via postal, os termos de intimação fiscal que continham os questionamentos referentes ao PIS e à Cofins ao endereço cadastral da TBLV. Pelo fato de resultarem improfícuas as tentativas de dar ciência à TBLV, por via postal, foram publicados editais e respeitados os prazos para atendimento dos termos de intimação. Além disso, estes termos de intimação com o mesmo teor foram encaminhados também para a Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka, administradora da TBLV e procuradora das empresas sócias da TBLV, e para o Sr. Mauro Vinocur, beneficiário final e sócio de fato da TBLV. A Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka, administradora da TBLV, encaminhou pedido de prorrogação de prazo para atendimento de três Termos de Intimação Fiscal emitidos em 26/06/2014, 07/07/2014 e 13/10/2014. Esta fiscalização concedeu dilação de prazo para atendimento até o dia 21/11/2014 em caráter improrrogável, porém a TBLV não encaminhou nenhuma informação, mas apenas outro pedido de prorrogação. Em relação às vendas com a aplicação de alíquotas reduzidas a zero ou diferenciadas para o PIS e Cofins, assim como para todos os itens solicitados no Termo de Intimação Fiscal, o sujeito passivo deixou de apresentar as informações solicitadas. Além disso, foi fartamente demonstrado, neste Termo de Verificação, o desvio de finalidade do papel imune. Desta forma, esta fiscalização procedeu à cobrança do valor complementar do PIS e da Cofins. Papel imune destinado à impressão de periódicos: a venda de papel imune a impostos de que trata o art. 150, inciso VI, alínea d, da Constituição Federal, quando destinado à impressão de periódicos, fica sujeita às alíquotas de 3,2% (Cofins) e 0,8% (Contribuição para o PIS/Pasep), caso a pessoa jurídica vendedora esteja no regime da nãocumulatividade (Lei nº 10.833, de 2003, art. 2º, § 2º; Lei nº 10.637, de 2002, art. 2º, § 2º). Papel destinado à impressão de jornais: ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, de papel destinado à impressão de jornais, até 30 de abril de 2008 ou até que a produção nacional atenda 80% (oitenta por cento) do consumo interno, na forma a ser estabelecida em regulamento do Poder Executivo (Lei nº 10.865, de 2004, art. 28, I). DA SOLIDARIEDADE PASSIVA TRIBUTÁRIA Nesta hipótese grifada acima (135, III, CTN) entendemos que algumas pessoas se enquadram, como Mauro Vinocur e Ieda Maria M. Matuoka, posto ocuparem funções de controle de fato Fl. 17488DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 184 42 em suas empresas e terem agido com flagrante infração de lei, inclusive, no caso da Sra. Ieda, na qualidade de representante de pessoa jurídica estrangeira. Quanto à natureza dessa responsabilidade, nos termos do Parecer PGFN CRJCAT nº 55 de 2009 e da jurisprudência do STJ, ela é solidária. A infração de lei, segundo a jurisprudência consolidada, envolve dolo, entretanto a infração não necessariamente deve ser contra uma lei tributária, porém, deve ter conseqüências tributárias. Artigo 124, I, do CTN. Todas as pessoas, físicas ou jurídicas, incluídas no rol de sujeitos passivos solidárias possuíam tanto um interesse econômico em comum e também participaram de alguma forma na constituição do fato jurídico tributário. Artigo 137, I, do CTN. Neste normativo entendemos que se enquadram as pessoas de menor escalão e que, embora tivessem agindo sob ordens do Sr. Mauro Vinocur (controlador de fato), sabiam que agiam de modo manifestamente ilegal: São os casos dos empregados Alexandre, Ieda, o laranja Misael e o contador Nazato. O Art. 287 do Código Comercial Brasileiro dispõe que é da essência das sociedades que o objeto e fim a que se propõem sejam lícitos, e que cada um dos sócios contribua para o seu capital com alguma cota, ou esta consista em dinheiro ou em efeitos e qualquer sorte de bens, ou em trabalho ou indústria. Já o Art. 305, combinado com o Art. 316 do mesmo diploma legal estabelece que a responsabilidade dos sócios ocultos é pessoal e solidária, como se fossem sócios ostensivos. Continuando, ainda no Código Comercial, o Art. 334 estabelece que, a nenhum sócio é lícito substituirse no exercício das funções que exercer, sem expresso consentimento de todos os outros sócios, sob pena de nulidade do contrato. Outrossim, os crimes contra a ordem tributária praticados por particulares, denominados crimes de sonegação fiscal (lei nº 4.729/65), encontramse definidos na Lei nº. 8.137, de 27 de dezembro de 1990. O tema da responsabilidade tributária é dos mais relevantes, principalmente quando se trata da ampliação do polo passivo por meio do instituto da responsabilidade solidária. Devido à sua repercussão na cobrança do crédito, a aplicação da regras de responsabilidade solidária usualmente costuma ser utilizada pelo Fisco no intuito de aplicar penalidades e cobrança a sujeitos passivos que não se encontram formalmente incluídos em operações irregulares. Através da análise da ampla documentação acostada em anexo que complementam os graves fatos narrados neste TVF, restou comprovado que o grupo VINOCUR utilizou às fartas testasde ferro, “laranjas” e estruturas empresariais fantasmas (empresas Fl. 17489DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 185 43 inexistentes de fato ou sem capacidade operacional e econômica) para obter êxito no esquema de desvio de papel imune. Tudo isto teria como objetivo dissociar os principais responsáveis das relações comerciais ilícitas e afastarlhes as responsabilidades. Os maiores beneficiários desta fraude (a TBLV e MAURO VINOCUR), porém, escondiamse por detrás destas estruturas, sem constar oficialmente de nenhuma operação comercial. Mesmo em casos de empresas extintas, liquidadas voluntariamente pelo contribuinte, subsiste a responsabilização administrativa aos seus sócios ou administradores quando comprovado nos autos que os mesmos tinham perfeita ciência da fraude fiscal. Vejamos um julgado recente do CARF: (....) Aliás, cabe aos auditores identificar o verdadeiro sujeito passivo, quando o mesmo encontrase oculto, protegido por cortinas de fumaça: (....) Pessoas Físicas Responsáveis Solidariamente: Tópico do TVF 3.1.1.1 e demais deste TVF Mauro Vinocur, art. 135, III e 124, I do CTN (Lei 5.172) Tópico do TVF 3.1.1.2 e demais deste TVF Ieda Maria Mitiko Matuoka, art. 135, III ; 137, I e 124, I do CTN Tópico do TVF 3.1.1.3 Roberto Yoshimitsu Matuoka, art. 124, I do CTN Tópico do TVF 3.1.1.4 Alexandre Siva Costa, art. 137, I e art. 124, I do CTN Tópico do TVF 3.1.2.2 Carlos Eduardo F. Tanese, art. 124, I do CTN Tópico do TVF 3.1.1.5 Tatiana Storniolo Chioramital Canedo, art. 124, I, CTN Tópico do TVF 3.1.1.8 Armando Antonio Nazzato (ou Nassato), art. 137, I e art. 124, I, CTN DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA APLICADA EM 150% A multa de ofício qualificada deve ser aplicada quando ocorre prática reiterada, consistente de ato destinado a impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, mormente em situações que evidenciem conduta planejada e executada mediante ajuste doloso. Fl. 17490DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 186 44 DO AGRAVAMENTO DA MULTA EM MAIS 50% PELO NÃO ATENDIMENTO Como ficou fortemente demonstrado neste Termo de Verificação Fiscal, a empresa em nenhum momento atendeu satisfatoriamente, nem minimamente, aos quesitos e intimações formuladas por esta fiscalização. O primeiro TIF emitido para a empresa ocorreu em 13/08/2013, quando solicitamos seus extratos bancários. Após três tentativas, a empresa dos Correios não obteve êxito em cientificar a TBLV no endereço que constava no cadastro da Receita Federal: Av. Brigadeiro Lima e Silva, 2060, Sala 201, Jardim Vinte e Cinco, Duque de Caxias – RJ, CEP 25071182. O Escritório de Pesquisa e Investigação na 7ª Região Fiscal realizou diligência neste endereço e constatou que a TBLV não estava localizada naquele local (Termo de Constatação – anexo 107). Após verificar que alteração do domicílio para Duque de Caxias tratavase de mais uma manobra para dificultar a atuação do fisco, procedeuse, então, a alteração de ofício do domicílio tributário da TBLV para o endereço original: Rua Américo Vespúcio, 89, ala B, Jardim Platina, Osasco – SP, CEP 06273 070. Quanto ao endereço da TBLV, a Sra. Ieda Matuoka informou que seria: Avenida Brigadeiro Lima e Silva, nº 2.060, Sala 201, bairro Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias/RJ, CEP: 25071182. O Escritório de Pesquisa e Investigação na 7ª Região Fiscal realizou diligência neste endereço e constatou que a TBLV não estava localizada naquele local (Termo de Constatação – anexo 107). Portanto, as informações prestadas pela Sra. Ieda Matuoka nada acrescentaram ao trabalho desta fiscalização. Em 09/09/2013, emitiuse novo Termo de Início de Ação Fiscal dirigido ao endereço informado no parágrafo anterior, com solicitação de apresentação, no prazo de 20 dias, dos extratos bancários da TBLV, referentes aos anos fiscalizados. O Termo foi recebido, mas a empresa não atendeu à intimação. Em 16/10/2013, lavrouse Termo de Continuidade de Ação Fiscal e Reintimação Fiscal, reiterando a solicitação para que a empresa apresentasse os extratos bancários. Tentamos entregar a intimação pessoalmente durante diligência na empresa realizada em 16/10/2013. Tendo em vista a ausência de responsável legal durante a diligência, encaminhamos a intimação por via postal. No Aviso de Recebimento – AR, foi assinalado pelos Correios que a TBLV “MUDOUSE”. O sujeito passivo foi, então, cientificado por meio de edital. Encaminhamos Termo de Continuidade de Ação Fiscal em 18/02/2014, informando que a ação fiscal continuava em andamento e que na Seção nº 190 do Diário Oficial da União Fl. 17491DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 187 45 (DOU) do dia 01/10/2013, página 42, foi publicado o ADE nº 41, de 27/09/2013, o qual declarou NULA A ALTERAÇÃO DE ENDEREÇO QUE A TBLV PROMOVEU PARA A CIDADE DE DUQUE DE CAXIAS/RJ, remanescendo como sua sede/matriz o estabelecimento localizado na rua Américo Vespúcio, 89, ala B, Jardim Planaltina, Osasco – SP, CEP 06273070. Novamente a TBLV recusouse a receber o Termo de Continuidade de Ação Fiscal enviado por via postal. No AR, os Correios assinalaram novamente “MUDOUSE”. Este é um fato que se repetiu ainda em todas outras tentativas de cientificar a TBLV, em seu endereço cadastral, de outros termos de intimação emitidos posteriormente. A partir de março de 2014, todos os termos de intimação foram encaminhados para o endereço cadastral da TBLV (Rua Américo Vespúcio, 89, Osasco – São Paulo, CEP 06273070) e também para a administradora da empresa, Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka e para o Sr. Mauro Vinocur, sócio de fato e real beneficiário do esquema. A Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka e o Sr. Mauro Vinocur foram regularmente cientificados e não atenderam ao que foi solicitado nos termos de intimação. Os termos de intimação dirigidos ao endereço cadastral da TBLV continuaram retornando com o AR contendo a informação “MUDOUSE”. Deste modo, foram publicados os respectivos editais para ciência da TBLV. A Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka, administradora da TBLV, encaminhou pedido de prorrogação de prazo para atendimento de três Termos de Intimação Fiscal emitidos em 26/06/2014, 07/07/2014 e 13/10/2014. Esta fiscalização concedeu dilação de prazo para atendimento até o dia 21/11/2014 em caráter improrrogável, porém a TBLV não encaminhou nenhuma informação, limitandose a solicitar novo pedido de prorrogação. É importante mencionar que nos envelopes (cópia nos anexos 115, 116 e 118 ) que a Sra. Ieda Matuoka encaminhou pedidos de prorrogação de prazo para atendimento de intimações em novembro/2014 , consta como remetente: TBLV Comércio e Importação de Papéis Ltda Rua Américo Vespúcio, 89 Osasco – SP CEP 06273070 Pois bem, este é exatamente o endereço no qual o sujeito passivo, de forma reiterada, tem se recusado a receber os termos de intimação. Isto comprova a clara intenção do sujeito passivo de apenas dificultar a atuação do fisco . Fl. 17492DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 188 46 No item número 9 deste Termo de Verificação Fiscal, estão demonstrados em detalhes os aspectos materiais da infração ora atuada e quais foram as informações solicitadas em relação ao PIS e à Cofins que o sujeito passivo deixou de atender. Nos anexos 105 a 118, estão todos os termos de intimação encaminhados à TBLV, à administradora da empresa, Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka e ao sócio de fato da TBLV e beneficiário real, Sr. Mauro Vinocur. Conforme já foi explicado, em 30/08/2013, emitiuse Termo de Informação e Diligência Fiscal dirigido à Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka, com solicitação de procurações, atos constitutivos, acompanhados de tradução juramentada, referentes às empresas Atlantis Business LLC e Sun Invest LLC, proprietárias de, respectivamente, 99% e 1,0 % das quotas de participação da empresas TBLV; solicitouse também o endereço atual da TBLV. Esta foi a única intimação que a TBLV atendeu até o momento. Entretanto os documentos apresentados informam apenas que a TBLV tem como empresas sócias a Atlantis e a Sun Invest. Estas 2 empresas têm como sócia a LA Investments & Associates INC, que é representada por Marta de Saavedra. Os documentos entregues pela Sra. Ieda Matuoka informavam somente isso e ocultavam o Sr. Mauro Vinocur como o verdadeiro dono da TBLV e da Comark. Este fato só foi revelado em investigações complementares realizadas por esta fiscalização. Quanto ao endereço da TBLV, a Sra. Ieda Matuoka informou que seria: Avenida Brigadeiro Lima e Silva, nº 2.060, Sala 201, bairro Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias/RJ, CEP: 25071182. O Escritório de Pesquisa e Investigação na 7ª Região Fiscal realizou diligência neste endereço e constatou que a TBLV não estava localizada naquele local (Termo de Constatação – anexo 107). Portanto, as informações prestadas pela Sra. Ieda Matuoka quase nada acrescentaram ao trabalho desta fiscalização. Certos de que cumprimos nosso dever de oferecer inúmeras oportunidades de defesa ao contribuinte, não nos resta outra solução senão encerrarmos esta fiscalização, agravando a penalidade pelo seu desatendimento. A penalidade já estava qualificada pelo fato da empresa ter se beneficiado de fraude fiscal do desvio de papel imune. Em face das irregularidades apuradas foram lavrados os seguintes autos de infração cientificados à Pessoa Jurídica em 20/12/2014 (fl. 16.807): a Auto de Infração da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS (fls. 84/86): Valor do crédito tributário de R$ 33.905.055,29, que inclui o tributo, a multa e os juros de mora calculados até 12/2014, fundamento legal citado na fl. 89; b Auto de Infração da Contribuição para o PIS/PASEP (fls. 106/108): Valor do crédito tributário de R$ 6.883.671,00, que Fl. 17493DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 189 47 inclui o tributo, a multa e os juros de mora calculados até 12/2014, fundamento legal citado na fl. 111. A pessoa jurídica apresentou impugnação de fls. 16.871/16.893 em 08/01/2015, na qual alega em síntese: a Os autos de infração seriam nulos pois não estariam lastreados em provas e sim em presunções, além disso não preencheriam os requisitos dispostos no artigo 142 do CTN; b Não há prova que foram importados papéis imprestáveis à impressão de livros, jornais e periódicos; c O autuante afirma que 60% do papel teria sido desviado de sua destinação, porém autua 100% da receita do contribuinte; d a imunidade do papel destinado à impressão de livros, jornais e revistas seria objetiva e incondicionada; e todos os papéis que tenham sido fabricados no intuito e sob especificações tais que o tornassem aptos a serem empregados como insumos na produção dos livros, jornais e periódicos, seriam beneficiados pela imunidade; f o fato de os papéis terem sido efetivamente utilizados na confecção do livro, jornal, ou periódico é irrelevante para fins de avaliação da aplicabilidade da regra imunizante, visto que a utilização do papel, em si, é fato alheio à operação imunizada, mesmo porque ocorre em momento posterior à realização do atojurídico, negócio, (operação) que poderia desencadear a incidência tributária; g A legislação do PIS e da COFINS, ao condicionar a aplicação das alíquotas diferenciadas ou reduzidas a zero à percepção de receita proveniente de operações com papéis imunes, filíase à objetividade da norma imunizante, nada havendo que se questionar quanto à utilização, ou não, do papel; h não há nos autos do processo administrativo qualquer prova de que os papeis importados e vendidos pela Impugnante não foram efetivamente empregados na confecção de livros, jornais e periódicos; i a Fiscalização não teria comprovado a ocorrência de qualquer fato que pudesse autorizar a aplicação do § 1 ° do Artigo 44 da Lei nº 9.430/96, c/c arts. 71, 72 e 73, da Lei nºs 4.502/64, ademais não houve a caracterização do dolo; j a majoração da multa seria indevida, pois a fiscalização não teria indicado em qual dos incisos do § 2º do artigo 44 da Lei nº 9.430/96 teria incidido o contribuinte que jamais se negou a prestar qualquer esclarecimento ou apresentar qualquer documento/arquivo. Destaca a defesa que os extratos bancários não poderiam ser exigidos pelo auditorfiscal; k a fiscalização não concedeu novos prazos para a apresentação da documentação solicitada; Fl. 17494DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 190 48 l a aplicação da penalidade violou os princípios do não confisco, capacidade econômica, proteção à propriedade, razoabilidade e proporcionalidade; m requer seja provida a defesa. O Sr. Armando Antonio Nazzato protocolizou impugnação em 30/12/2014 (fls. 16.814/16.844) em que alega: a o impugnante foi responsável pela abertura de algumas das empresas citadas pela fiscalização e, durante curto período, foi responsável pelo envio de declarações contábeis destas empresas, assim não teria conhecimento do suposto esquema de fraude relativo ao desvio de finalidade de papel imune e sequer conhece o Sr. Mauro Vinocur; b não realizou a situação configuradora do fato gerador do tributo exigido na presente autuação, já que desconhecia todo o esquema de fraude, tendo realizado apenas atividades inerentes à sua profissão de contador (como abertura de empresas e envio de declarações); c o artigo 124, inciso I, do Código Tributário Nacional, assevera que serão solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse em comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, o que significa que as pessoas para serem consideradas solidárias, devem ser sujeitos da relação jurídica que deu azo à situação configuradora do fato imponível, não podendo a fiscalização utilizarse de presunção para atribuir responsabilidade tributária solidária; d TBLV COMERCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPEIS LTDA. O impugnante jamais teve contato pessoal com a empresa TBLV, sendo certo que jamais prestou qualquer tipo de assessoria contábil à sociedade, seja em sua constituição, seja como seu representante/responsável perante os órgãos oficiais; e GADX COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA. A fiscalização valeuse de presunção para considerar o impugnante como administrador desta empresa. Ainda que restasse demonstrado que a empresa GADX teria interesse comum na situação que constitua o fato gerador do tributo deveria, então, a própria empresa figurar como sujeito passivo solidário, exceto se houvesse a desconsideração da personalidade jurídica. Ademais, não se aventou a hipótese de o interessado ser administrador desta empresa; f UNIÃO COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA. O impugnante foi procurado pelos sócios da UNIÃO para providenciar a abertura da empresa e ser o responsável pelo envio das declarações contábeis à fiscalização federal e estadual. No entanto, jamais lhe foi dito o suposto propósito desta sociedade, e na qualidade de contador da empresa, não poderia verificar a veracidade das informações constantes nos documentos contábeis que chegavam ao seu escritório. Desde 31/05/2011 não presta mais serviços a esta empresa; Fl. 17495DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 191 49 g ECAF COMÉRCIO DE PAPEIS LTDA e AIEV COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA. O impugnante foi procurado pelo Sr. Clayton e pela Sra. Thalita, os quais solicitaram a abertura das mencionadas empresas em nome da Maria de Fátima Cirino Soares e Maria Carrara Molina. Todavia não foi informado que tais pessoas já se encontravam falecidas à época da constituição das empresas. Recebeu os documentos necessários para a abertura das empresas já devidamente "assinados" pelas pessoas falecidas, já com as firmas reconhecidas e os enviou à JUCESP e à Receita Federal.. Mesmo que soubesse do falecimento dos sócios, não poderia ser responsável solidário pelo pagamento dos tributos eventualmente sonegados por essas empresas, posto ser sujeito estranho à relação jurídica que ensejou a ocorrência do fato gerador dos tributos sonegados; h JOALPAPER COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA, ATAT ADMINISTRAÇÃO DE NEGÓCIOS FINANCEIROS LTDA, SPYDER PEL COMÉRCIO DE PAPEIS LTDA, ETAF COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA. O interessado somente foi responsável pela abertura desta empresas e desconhecia qualquer esquema fraudulento i IZIPAPER COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA e NLC COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA. O impugnante jamais prestou serviços a estas empresas; j Para se configurar a responsabilidade tributária solidária prevista no artigo 124, inciso I, do CTN se faz necessário que a fiscalização demonstre de forma justificada, por meio de provas cabais a existência no caso concreto de um interesse comum entre as partes envolvidas no fato gerador da obrigação principal, é defeso o uso de presunções. O interesse comum ocorre quando há pluralidade de participantes nas situações que constituam o fato gerador da obrigação principal e interesse jurídico comum entre as partes. Os sujeitos devem praticar em conjunto o fato gerador da obrigação tributária, havendo entre eles um interesse jurídico na situação configuradora do fato imponível. k O impugnante na qualidade de mero contador não tinha interesse de qualquer natureza, seja econômica seja jurídica, na situação que configurou o fato gerador do tributo exigido na presente autuação; l O interessado ao prestar serviços de contabilidade às empresas mencionadas pela fiscalização, estava no exercício de função de contador, enquadrandose na ressalva do artigo 137, inciso I, do Código Tributário Nacional; m A alegação de responsabilidade tributária passiva, de forma singela, sem oferecer a fiscalização a prova do nexo de causalidade entre a conduta do impugnante e o fato gerador da obrigação tributária, leva a crer que a autoridade autuante lançou mão de presunção, o que, no entanto, não pode ser admitido na espécie. Fl. 17496DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 192 50 n Havendo dúvidas deveria ser aplicado o artigo 112 do CTN; o Protesta pela produção de todas as provas admitidas em direito. O Sr. Mauro Vinocur apresentou impugnação em 07/01/2015 (fls. 16.912/16.931) que pode ser assim sintetizada: a o Termo de Sujeição Passiva Solidária é parte integrante do ato de lançamento e, portanto, necessita ser constituído de acordo com os mesmos critérios que são legalmente impostos ao lançamento. A pretensão da fiscalização não está calcada em provas, mas em mera presunção e fere o disposto no artigo 142 do CTN; b não há qualquer documento que demonstre a existência de qualquer vínculo entre os sujeitos. O impugnante não tem qualquer vínculo societário, empregatício ou gerencial com nenhuma das empresas apontadas nos trabalhos de fiscalização, muito menos com a própria TBLV, não se explica de forma alguma em que medida poderia ele ter contribuído para a realização da importação efetuada; c não houve comprovação de que o impugnante faria parte de um grupo econômico; d O inciso I do artigo 124 do CTN não traz uma norma de responsabilização, mas apenas de atribuição de solidariedade entre sujeitos passivos preexistentes. A utilização deste dispositivo pela fiscalização, a fim de trazer o Impugnante à condição de sujeito passivo solidário, sem que ele tenha praticado previamente os fato geradores, é um equívoco, fruto de errônea interpretação normativa; e Somente contribuintes, no sentido técnico da palavra, de uma mesma obrigação poderiam ser considerados solidários com base na aplicação do inciso I do artigo 124 do CTN, o que é impossível no caso dos autos. Imprescindível que todos os sujeitos a que se pretende atribuir a solidariedade pela suposta infração tenham tomado parte, efetiva e conjuntamente, da realização do fato gerador; f o artigo 135, inciso III, do CTN tem hipótese normativa específica, voltada à responsabilização de terceiros, o que o torna incompatível com o art. 124, I, do mesmo diploma legal que prescreve solidariedade passiva não a terceiros, indiretamente relacionados à realização do fato gerador, mas a pessoas coobrigadas em razão do interesse jurídico comum, com visto; g mesmo isoladamente considerado, também é inaplicável o artigo 135, III, visto que o impugnante jamais foi diretor, gerente ou representante da TBLV, nem nunca teve com esta empresa qualquer vínculo empregatício ou de qualquer outra espécie que o permitisse praticar atos em seu nome; Fl. 17497DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 193 51 h O fato de exercer o cargo de diretor comercial não é suficiente para lhe atribuir a responsabilidade tributária a que pretende a fiscalização; i Requer seja o impugnante afastado do pólo passivo da obrigação. O Sr. Carlos Eduardo Ferreira Tanese protocolizou impugnação em 07/01/2015 (fls. 16.935/16.952) em que argúi: a o impugnante não pode ser responsabilizado tendo em vista que nunca foi sócio da "TBLV COMÉRCIO" ou teve poder de comando era um simples vendedor. Não participou da formação dos fatos geradores apontados na autuação; b a atribuição de sujeição passiva solidária é nula, pois se escora em meras presunções e supostos indícios, não há provas que motivem o ato, além disso houve ofensa ao artigo 142 do CTN; c não houve comprovação de que o impugnante faria parte de um grupo econômico; d a solidariedade não é um tipo autônomo de responsabilidade tributária, mas, sim, uma forma de graduação do vínculo entre sujeitos passivos já existentes. Logo, tomandose por suposto unicamente o inciso l, do Artigo 124, do CTN, não há espaço para se falar em "responsável solidário pelo crédito tributário". Este diploma legal não é norma de responsabilização, mas de solidariedade entre sujeitos passivos; e a solidariedade não é instituto voltado à inclusão de um terceiro no polo passivo de uma relação obrigacional tributária, pois funciona como graduação de responsabilidade tributária já existente e, portanto, tem como pressuposto necessário a prévia coobrigação entre dois ou mais sujeitos; f interesse comum é a coincidência de interesses voltados à concretização do fato que desencadeia a incidência tributária, o interesse efetivamente comum entre sujeitos que interfiram em um mesmo polo da relação obrigacional deve ser jurídico; g para que uma pessoa seja obrigada de forma solidária é necessário que seja contribuinte, stricto sensu. na mesma relação tributária, em relação a parte da obrigação. A solidariedade; decorre da participação de mais de um sujeito, em concurso, na realização dos fatos considerados geradores da obrigação tributária; h todos os sujeitos aos quais se pretende atribuir a solidariedade necessitam ter realizado, em conjunto, o fato gerador, figurando, desde o início, no polo passivo da obrigação tributária, e tenham capacidade para tal; i requer a exclusão do pólo passivo da obrigação. Fl. 17498DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 194 52 A Sra. Tatiana Storniolo Chioramital Canedo apresentou impugnação em 07/01/2015 (fls. 16.955/16.970) na qual alega: a A impugnante não pode ser responsabilizada, pois jamais foi sócia ou teve poder de comando na empresa TBLV, era apenas uma funcionária. Não participou da formação dos fatos geradores apontados na autuação; b A atribuição de sujeição passiva solidária é nula, pois se escora em meras presunções e supostos indícios, não há provas que motivem o ato, além disso houve ofensa ao artigo 142 do CTN; c Não houve comprovação de que a impugnante faria parte de um grupo econômico; d a solidariedade não é um tipo autônomo de responsabilidade tributária, mas, sim, uma forma de graduação do vínculo entre sujeitos passivos já existentes. Logo, tomandose por suposto unicamente o inciso l, do Artigo 124, do CTN, não há espaço para se falar em "responsável solidário pelo crédito tributário". Este diploma legal não é norma de responsabilização, mas de solidariedade entre sujeitos passivos; e a solidariedade não é instituto voltado à inclusão de um terceiro no polo passivo de uma relação obrigacional tributária, pois funciona como graduação de responsabilidade tributária já existente e, portanto, tem como pressuposto necessário a prévia coobrigação entre dois ou mais sujeitos; f interesse comum é a coincidência de interesses voltados à concretização do fato que desencadeia a incidência tributária, o interesse efetivamente comum entre sujeitos que interfiram em um mesmo polo da relação obrigacional deve ser jurídico; g para que uma pessoa seja obrigada de forma solidária é necessário que seja contribuinte, stricto sensu. na mesma relação tributária, em relação a parte da obrigação. A solidariedade decorre da participação de mais de um sujeito, em concurso, na realização dos fatos considerados geradores da obrigação tributária; h todos os sujeitos aos quais se pretende atribuir a solidariedade necessitam ter realizado, em conjunto, o fato gerador, figurando, desde o início, no polo passivo da obrigação tributária, e tenham capacidade para tal. i requer a exclusão da impugnante do polo passivo da autuação. O Sr. Alexandre Silva Costa protocolizou impugnação em 07/01/2015 (fls. 16.973/16.991) que pode ser assim sintetizada: a o impugnante não pode ser responsabilizado, pois jamais foi sócio ou teve poder de comando na empresa TBLV, era apenas um funcionário. Não participou da formação dos fatos geradores apontados na autuação; Fl. 17499DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 195 53 b a atribuição de sujeição passiva solidária é nula, pois se escora em meras presunções e supostos indícios, não há provas que motivem o ato, além disso houve ofensa ao artigo 142 do CTN; c não houve comprovação de que o impugnante faria parte de um grupo econômico; d a solidariedade não é um tipo autônomo de responsabilidade tributária, mas, sim, uma forma de graduação do vínculo entre sujeitos passivos já existentes. Logo, tomandose por suposto unicamente o inciso l, do Artigo 124, do CTN, não há espaço para se falar em "responsável solidário pelo crédito tributário". Este diploma legal não é norma de responsabilização, mas de solidariedade entre sujeitos passivos; e a solidariedade não é instituto voltado à inclusão de um terceiro no polo passivo de uma relação obrigacional tributária, pois funciona como graduação de responsabilidade tributária já existente e, portanto, tem como pressuposto necessário a prévia coobrigação entre dois ou mais sujeitos; f interesse comum é a coincidência de interesses voltados à concretização do fato que desencadeia a incidência tributária, o interesse efetivamente comum entre sujeitos que interfiram em um mesmo polo da relação obrigacional deve ser jurídico; g para que uma pessoa seja obrigada de forma solidária é necessário que seja contribuinte, stricto sensu. na mesma relação tributária, em relação a parte da obrigação. A solidariedade decorre da participação de mais de um sujeito, em concurso, na realização dos fatos considerados geradores da obrigação tributária; h todos os sujeitos aos quais se pretende atribuir a solidariedade necessitam ter realizado, em conjunto, o fato gerador, figurando, desde o início, no polo passivo da obrigação tributária, e tenham capacidade para tal; i deve ser afastada a aplicação do artigo 137, I, do CTN, pois a impugnante praticou atos no exercício regular do seu cargo; j o Auto de Infração aponta meros indícios de caráter genérico, não atrelando um ilícito penal ao impugnante, além disso não foi comprovado que o impugnante teria concorrido para a prática da conduta da "TBLV COMÉRCIO"; k requer a exclusão do impugnante do polo passivo da autuação. O Sr. Roberto Yoshimitsu Matuoka apresentou impugnação em 07/01/2015 (fls. 16.994/17.010) em que alega: a Não pode ser responsabilizado, pois jamais foi sócio ou teve poder de comando na empresa TBLV, era apenas um funcionário. Não participou da formação dos fatos geradores apontados na autuação; Fl. 17500DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 196 54 b A atribuição de sujeição passiva solidária é nula, pois se escora em meras presunções e supostos indícios, não há provas que motivem o ato, além disso houve ofensa ao artigo 142 do CTN; c Não houve comprovação de que o impugnante faria parte de um grupo econômico; d a solidariedade não é um tipo autônomo de responsabilidade tributária, mas, sim, uma forma de graduação do vínculo entre sujeitos passivos iá existentes. Logo, tomandose por suposto unicamente o inciso l, do Artigo 124, do CTN, não há espaço para se falar em "responsável solidário pelo crédito tributário". Este diploma legal não é norma de responsabilização, mas de solidariedade entre sujeitos passivos; e Para que haja solidariedade é necessária a existência de mais de um devedor no pólo passivo da obrigação tributária; f interesse comum é a coincidência de interesses voltados à concretização do fato que desencadeia a incidência tributária, mas não apenas o interesse coincidente, e, sim, o interesse efetivamente comum entre sujeitos que interfiram em um mesmo polo da relação obrigacional, ele deve ser jurídico; g para que uma pessoa seja obrigada de forma solidária, com respaldo no artigo 124, I, do CTN, é necessário que esta pessoa seja contribuinte, stricto sensu. na mesma relação tributária, em relação a parte da obrigação. A solidariedade decorre da participação de mais de um sujeito, em concurso, na realização mesma dos fatos considerados geradores da obrigação tributária, h todos os sujeitos aos quais se pretende atribuir a solidariedade necessitam ter realizado, em conjunto, o fato gerador, figurando, desde o início, no polo passivo da obrigação tributária, e tenham capacidade para tal; i requer a exclusão do impugnante do polo passivo da autuação. A Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka apresentou impugnação em 07/01/2015 (fls. 17.013/17.027) que pode ser assim sintetizada: a A impugnante não pode ser responsabilizada, pois jamais foi sócia ou teve poder de comando na empresa TBLV, era apenas uma funcionária. Não participou da formação dos fatos geradores apontados na autuação; b a atribuição de sujeição passiva solidária é nula, pois se escora em meras presunções e supostos indícios, não há provas que motivem o ato, além disso houve ofensa ao artigo 142 do CTN; c não houve comprovação de que a impugnante faria parte de um grupo econômico; Fl. 17501DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 197 55 d a solidariedade não é um tipo autônomo de responsabilidade tributária, mas, sim, uma forma de graduação do vínculo entre sujeitos passivos já existentes. Logo, tomandose por suposto unicamente o inciso l, do Artigo 124, do CTN, não há espaço para se falar em "responsável solidário pelo crédito tributário". Este diploma legal não é norma de responsabilização, mas de solidariedade entre sujeitos passivos; e a solidariedade não é instituto voltado à inclusão de um terceiro no polo passivo de uma relação obrigacional tributária, pois funciona como graduação de responsabilidade tributária já existente e, portanto, tem como pressuposto necessário a prévia coobrigação entre dois ou mais sujeitos; f interesse comum é a coincidência de interesses voltados à concretização do fato que desencadeia a incidência tributária, o interesse efetivamente comum entre sujeitos que interfiram em um mesmo polo da relação obrigacional deve ser jurídico; g para que uma pessoa seja obrigada de forma solidária é necessário que seja contribuinte, stricto sensu. na mesma relação tributária, em relação a parte da obrigação. A solidariedade decorre da participação de mais de um sujeito, em concurso, na realização dos fatos considerados geradores da obrigação tributária; h todos os sujeitos aos quais se pretende atribuir a solidariedade necessitam ter realizado, em conjunto, o fato gerador, figurando, desde o início, no polo passivo da obrigação tributária, e tenham capacidade para tal. No caso dos autos tratamse de obrigações, tributárias (pagamento de PIS/COFINS) que somente compreendem em seu pólo passivo as PESSOAS JURÍDICAS, sendo que a ora impugnante é pessoa física; i não é possível aplicar o artigo 135 do CTN, pois a interessada nunca foi sócia ou teve poder de administração na empresa; j da mesma forma deve ser afastada a aplicação do artigo 137, I, do CTN, pois a impugnante praticou atos no exercício regular do seu cargo; k o Auto de Infração aponta meros indícios de caráter genérico, não atrelando um ilícito penal à impugnante, além disso não foi comprovado que a impugnante teria concorrido para a prática da conduta da "TBLV COMÉRCIO"; l requer a exclusão do impugnante do polo passivo da autuação. A Sexta Turma da DRJ São Paulo julgou a impugnação procedente em parte, apenas para afastar a responsabilidade solidária do Sr. Carlos Eduardo F. Tanese, CPF nº 063.717.76819, mantendo as demais, nos termos do Acórdão nº 16 de junho de 2016, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 17502DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 198 56 Anocalendário: 2010 ALÍQUOTA DIFERENCIADA. PAPEL. VENDA. O papel, desde que destinado à impressão de jornais e de periódicos, sofre tratamento tributário diferenciado. MULTA QUALIFICADA. A prática de conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1965 permite qualificar a multa aplicada de ofício. MULTA AGRAVADA. A falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos dificulta o procedimento fiscal e deve acarretar o agravamento da penalidade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2010 ALÍQUOTA DIFERENCIADA. PAPEL. O papel, desde que destinado à impressão de jornais e de periódicos, sofre tratamento tributário diferenciado.Ano calendário: 2011. MULTA QUALIFICADA. A prática de conduta prevista nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1965 permite qualificar a multa aplicada de ofício. MULTA AGRAVADA. A falta de atendimento a intimações para prestar esclarecimentos dificulta o procedimento fiscal e deve acarretar o agravamento da penalidade. Inconformado com a decisão de primeira instância, foram apresentados recursos voluntários pela pessoa jurídicas e pelas pessoas físicas: Ieda Maria Mitiko Matuoka, CPF nº 134.852.94829, Alexandre Silva Costa, CPF nº 278.099.38800, Roberto Yoshimitsu Matuoka, CPF nº 843.285.33800, Tatiana Storniolo Chioramital Canedo, CPF nº 215.025.088 85 e Armando Antonio Nazzato, CPF nº 010.858.41863. Os recursos voluntários apresentados pelas pessoas físicas, arroladas como responsáveis tributários, contêm os mesmos argumentos abordados nas peças impugnatórias apresentadas em primeira instância, de forma que deixo de reproduzilas. O recurso voluntário da pessoa jurídica alega, em breve síntese, que: a) Nulidade do lançamento em razão da inobservância do art. 142 do Código Tributário Nacional que determina que a autoridade fiscal deve identificar com previsão a ocorrência do fato gerador; b) Não há elementos probantes que demonstrem a importação e venda pela recorrente de papeis emprestáveis à impressão de livros, jornais e periódicos; c) Não houve a indicação precisa das operações supostamente feridas pelo alegado desvio de finalidade do papel; Fl. 17503DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 199 57 d) Não há nos autos a indicação de qualquer dispositivo legal que autorizasse presumir que os papeis importados não seriam alcançados pela imunidade; e) Não é suficiente o emprego de duvidosos raciocínios que, a partir de meras constatações circunstanciais, pressupõem a realização de uma fraude que, mesmo se houvesse sido realizada, sequer seria capaz de afastar a imunidade dos papeis comercializados pelas recorrente; f) A imunidade constitucional é objetiva e incondicionada, sendo irrelevante para fins de aplicação da regra imunizante que o papel tenha sido efetivamente utilizado na confecção de livro, jornal ou periódico posto que entende que a imunidade constitucional afasta a incidência tributária; g) Vendeu papel com dimensões e composições próprias para a impressão de livros e periódicos, o que atenderia a norma constitucional; h) A redução da penalidade é imperiosa, sob pena de ofensa aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e não confisco; i) A fiscalização não comprovou a ocorrência de qualquer dos fatos que pudesse autorizar a aplicação do §1º do art. 44 da Lei nº 9.430/96, e c/c arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64; j) A fiscalização não indicou em qual dos incisos do § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/96, se baseia a aplicação da majoração da multa, além disso, a recorrente jamais e negou a prestar esclarecimento ou apresentar qualquer documentação técnica. Sendo assim, é inaplicável o agravamento da multa imposta pela fiscalização. O acórdão foi submetido ao remessa necessário em vista da exclusão de uma das pessoas físicas do pólo passivo da obrigação. A PGFN apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O Recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade, de forma que dele tomo conhecimento e passo a análise de mérito. O processo trata das repercussões tributárias oriundas da operação denominada "Origami". A primeira instância resumiu a operação da seguinte forma: "A RFB constatou a existência de um esquema de sonegação fiscal envolvendo o desvio de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, importado com imunidade tributária. Fl. 17504DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 200 58 Empresas importadoras, entre elas, a TBLV COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA (TBLV), importavam papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, sem o pagamento de impostos, em decorrência da imunidade constitucional. Em seguida, estes importadores emitiam notas fiscais de venda para “empresas de 1º nível” autorizadas a trabalhar com papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos. Estas vendas não ocorriam de fato, as “empresas de 1º nível” não efetuavam nenhum pagamento aos importadores, somente emitiam notas fiscais de entrada, sem receber, no entanto, o papel “adquirido”, e consequentemente não efetuavam a saída destes produtos. Com este procedimento os importadores, ao menos de forma fictícia, davam saída ao papel importado, cumprindo os requisitos necessários à manutenção da imunidade. Em uma segunda etapa “empresas de 2º nível” emitiam notas fiscais de venda do papel (importado com imunidade) aos verdadeiros compradores do produto, em geral, empresas que não poderiam trabalhar com papel “imune”. Estas “empresas de 2º nível” possuíam poucas notas fiscais de entrada e praticamente não possuíam estoque, sua função primordial era emitir notas fiscais de venda do papel importado. Os compradores finais do papel recebiam o papel dos importadores e efetuavam o pagamento diretamente aos importadores ou a empresas de cobrança ligadas aos importadores. Estes adquirentes pagavam pelo papel montante inferior ao praticado no mercado, além disso poderiam obter créditos de tributos. As importadoras, as “empresas de 1º nível”, as “empresas de 2º nível” e as empresas de cobrança eram formadas por interpostas pessoas e faziam parte de um mesmo grupo denominado pela fiscalização como: “Grupo Vinocur”. A TBLV COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPÉIS LTDA (TBLV) é uma das importadoras do grupo e tem como sócios duas empresas domiciliadas no exterior: SUN INVEST LLC (1% do capital social) e a ATLANTIS BUSINESS LLC (99% do capital social). Estas empresas são controladas pela empresa LA INVESTMENTS & ASSOCIATES INC que por seu turno é controlada pelo Sr. Mauro Vinocur, conforme se verifica no documento obtido junto ao Banco Safra S/A da lavra do próprio Sr. Mauro. Portanto, no bojo da “operação origami” concluise que a pessoa jurídica autuada importava papel com o benefício da imunidade, porém não dava ao papel a destinação necessária para a manutenção do benefício fiscal. Fl. 17505DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 201 59 O resultado da operação foi a lavratura de autos de infração de IPI e II vinculados à importação, objeto do processo nº 10314.727087/201490, da multa referente ao valor aduaneiro da mercadoria, objeto do processo nº 10314.720088/201434 e de PIS e Cofins, objeto desse processo. A pessoa jurídica apresentou as mesmas razões recursais nos três processos que tratam dos reflexos da operação "Origami". Os processos nº 10314.727087/201490 e 10314.720088/2014 já tiveram seu julgamento em segunda instância, resultando nos acórdãos nº 3402003.010 e nº 3402003.011. O relator do Acórdão nº 3402003.010 enfrentou as questões preliminares e de mérito de forma didática e objetiva, e mesmo se tratando de tributo diferente, entendo que, mutatis mutandis, pode ser aplicado ao caso em análise. Como o entendimento asseverado naquele acórdão reflete minha opinião sobre a lide, peço vênia para reproduzir suas razões de decidir e usálas como se minhas fossem. Emerge do relatado que a cobrança do II e IPI foi motivado pelo desvio de finalidade dos produtos importados ao abrigo da imunidade sob o manto de um esquema mafioso. Tão criminoso que todo o trabalho fiscal, de extrema qualidade, foi feito exclusivamente com dados dos sistemas internos da Receita Federal do Brasil (RFB), pois a empresa e seus prepostos nunca atenderam qualquer intimação do Fisco. Só por este fato já podemos verificar a máfé da empresa. Demais disso, a ação fiscal trouxe aos autos elementos trazidos de processo penal em trâmite na Justiça Federal com a devida anuência do juiz para o compartilhamento com o Fisco do que nele consta. Também importante frisar que não se controverte a liquidez dos valores lançados. De início é de ser rechaçada a pugnada nulidade. Chega ser risível, para dizer pouco, o argumento de que a exação em análise não se encontra lastreada em provas conclusivas da prática de fatos que constituem infração à legislação tributária. Alega a empresa que o lançamento foi baseado "em pressuposições e presunções" e não teria provado que os papeis por ela importados não seriam alcançados pela imunidade. Ora, mera tergiversação, pois a imputação fiscal não foi que os papeis não poderiam ser usados para a impressão de livros, jornais e periódicos, mas sim que, sob o abrigo de um esquema fraudulento, foram desviados do fim previsto na norma constitucional e vendidas para empresas sem o Registro Especial a que alude a Lei 11.945/2009. As provas coligidas aos autos, e devidamente articuladas pela agente fiscal, são robustas e diversas, como diligências, verificação de valores, depoimento de variadas pessoas, quebra de sigilo bancário, etc. Tão robusta que a recorrente sequer as contesta, restando a ela citações doutrinárias sem vinculação ao caso concreto. O fato é que a recorrente furtouse a participar do procedimento fiscal, maculando a boafé que deve orientar as relações Fisco contribuinte. Fl. 17506DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 202 60 O auto de infração baseouse em um conjunto de informações que indicam a existência de um grupo econômico composto por inúmeras empresas que tinha a autuada na operação e planejamento das ações, e em sua órbita um conjunto de empresas sem capacidade econômica e operacional, destinadas somente a simular a compra e venda de papel imune. Portanto, não há qualquer vício no auto de infração a ensejar sua decretação de nulidade, não tendo sido, sob qualquer ângulo, violado o devido processo legal ou à ampla defesa, muito menos houve deficiência na motivação do lançamento. Quanto ao mérito, o STF, no AgrRE 434.826, já assentou que a imunidade vazada no art. 150, VI, d, da CF, não é absoluta, nem ilimitada. Dispõe a Lei 11.945, de 4 de junho de 2009, sobre o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil. "Art. 1º Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal; e II adquirir o papel a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. § 1º A comercialização do papel a detentores do Registro Especial de que trata o caput deste artigo faz prova da regularidade da sua destinação, sem prejuízo da responsabilidade, pelos tributos devidos, da pessoa jurídica que, tendo adquirido o papel beneficiado com imunidade, desviar sua finalidade constitucional". O disposto no §1º quando diz que faz prova da regularidade da sua destinação a comercialização a detentores do Registro Especial. Isso porque, por obviedade, tratase de uma presunção juris tantum, ou seja, admissível prova em contrário no sentido de demonstrar a irregularidade da destinação do produto, que é a hipótese dos autos. Não se pode impor ao Registro Especial a qualidade de fazer prova absoluta mesmo diante de outros elementos de convicção que evidenciem o contrário. No caso em apreço, o esquema descoberto pela fiscalização seguiu a mesma linha de outras fraudes do papel imune, tratandose de uma sociedade importadora, ora recorrente, que efetuava importações de papel com imunidade de impostos e que, no mercado interno, vendia o produto diretamente a seus clientes/destinatários que não davam a finalidade constitucional do papel imune, mediante o acobertamento de sociedades de fachada instituídas exclusivamente para encobrir a importadora fiscalizada,como sobejamente demonstrado nos autos. Fl. 17507DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 203 61 Fartamente provado que após o desembaraço aduaneiro, as mercadorias eram encaminhadas para um armazém, com a emissão de notas fiscais de remessa para depósito. A importadora, por sua vez, emitida Nota Fiscal de Venda do papel imune para sociedade de fachada, possuidora do Registro Especial e denominada no trabalho fiscal de “Noteira W”. Todavia, a mercadoria objeto da suposta venda permanecia armazenada no depósito, sem nenhuma movimentação física concreta. Essas noteiras W não apresentavam nenhuma movimentação financeira ou, quando muito, movimentação irrisória insuficiente para cobertura sequer de suas compras. De outro turno, havia as sociedades denominadas de “Noteiras X” que emitiam Nota Fiscal simulando negócio de venda de papel comercial com o cliente final do papel, originalmente importado como imune. Essas noteiras X se prestavam para romper a cadeia de imunidade dos papéis importados, pois promoviam as vendas já sem a imunidade tributária para clientes finais que não faziam jus à imunidade, seja porque não possuíam Registro Especial, seja porque para estes papéis adquiridos iriam dar uma destinação diferente da constitucional. Demais disso, as notas fiscais eram emitidas como se os tributos tivessem sido recolhidos, gerando créditos fiscais indevidos para ICMS, PIS e COFINS. Provado, igualmente, que a venda simulada para as noteiras W, detentoras de registro especial, visava realizar o acerto contábil e justificar a baixa no estoque do papel. Essas noteiras W apresentavam somente o registro de compras dos papéis, mas nunca de venda ou revenda destes, ou em algumas hipóteses registravam vendas em valores muito inferiores ao próprio valor de compra. Em verdade, não possuíam movimentação financeira e capacidade econômica para entabular os alegados negócios. Também, extraise do gráfico colado no relatório que elas se sucediam tempo, com o fim claro de dissimular o crime perpetrado. O mesmo se dava com as "noteiras X". Sendo que seus quadros societários eram compostos por interpostas pessoas. Nada disso foi infirmado no recurso. Informa a PFN em contrarrazões, que o Ministério Público Federal (MPF) denunciou por lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsidade ideológica, 11 pessoas envolvidas com a importação fraudulenta de papel imune do grupo TBLV. De acordo com as investigações, o grupo era liderado por Mauro Vinocur, que junto com outras nove pessoas que participavam do esquema foram denunciadas também por constituir organização criminosa, segundo a Lei 12.850/2013, com pena prevista de três a oito anos de reclusão e multa. Foram denunciados também Ieda Maria Mitiko Matuoka, Roberto Yoshimitsu Matuoka, Armando Antonio Nazzato, Fernando Vinocur, Misael Martins de Souza, Alexandre Silva Costa, Tatiana Storniolo, Clayton Cirino Soares e Thalita Manhaes Molina. Segundo o MPF, o grupo teria ocultado e dissimulado a origem, a movimentação e a propriedade de cerca de R$ 1,1 bilhão em Fl. 17508DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 204 62 recursos provenientes de crimes como contrabando e sonegação fiscal, entre 2009 e 2013. A fraude, ainda segundo o MPF, seria a maior nesse setor e envolvia empresas de fachada, notas fiscais falsas e “laranjas”. A denúncia foi ajuizada na 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, mas corre em sigilo de Justiça. Quanto aos armazéns, contundente é o depoimento do Sr. Devanilson Sanches Parada (doc. 38), sócio do armazém ATN LOGISTICA LTDA, que confirmou o controle de todas as Noteiras X pela TBLV, por meio do Sr. Mauro Vinocur. De outro turno, a alegação de que vendia papel com dimensões e composições próprias para a confecção de livro, jornal ou periódico é vazia porque o que se provou é que este papel teve sua finalidade, nos termos imunizante, desvirtuada pelo provado esquema criminoso. Também sem sentido a alegação da autuada que a imunidade não se trata de benefício, algo condicionável pelo legislador ou pelos agentes de arrecadação tributária, uma vez que o papel imune nos termos da Lei 11.945/2009 está sujeito ao registro das empresas que operam com ele na Receita Federal do Brasil, e nos termos da Lei no 12649/2012 e do Decreto 7882 terão condições como tipo de embalagem e rotulagem para que a imunidade seja reconhecida. Sobre a alegação de que a imunidade prevista na constituição também é objetiva, visto que não relaciona o papel destinado a impressão às pessoas que eventualmente interagem no negócio jurídico, correta, pois a condição da imunidade está na finalidade de sua aplicação na impressão de jornais, livros e periódicos. No caso em análise, entendo que não houve o critério subjetivo alegado, uma vez que todas as empresas fictícias que participaram como compradoras de papel imune, possuíam o registro previsto na Lei n° 11.945/09. A perda da imunidade na verdade deveuse a um critério objetivo, que foi a comprovação de que o papel importado com imunidade foi aplicado fora de sua finalidade constitucional. Diante do exposto, claro está que não se deixou de reconhecer a imunidade devido ao tipo ou natureza das empresas que participaram das transações, e sim devido a natureza das transações que se deram com fraude e simulação conforme já mencionado. Desta forma a alegação de que a imunidade na constituição é objetiva, não serve para a situação em apreço. Entendo, portanto, que restou provado o desvio de finalidade do papel imune. Caberia ao contribuinte comprovar o atendimento da finalidade constitucional conferido ao papel imune, seja por imposição legal, seja por decorrência da regra do ônus probante por se Fl. 17509DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 205 63 tratar de beneficiário da norma, especialmente diante de conjunto probatório produzido pela Administração Tributária que demonstra esquema fraudulento. Todavia, ao contrário disso, os recorrentes quedaramse inertes, pois embora intimados pela fiscalização, após inúmeras tentativas, os recorrentes nada demonstraram e não colaboraram com o trabalho fiscal, evidenciando nitidamente sua desídia e seu caráter protelatório. Desse modo, não prospera argumentação das recorrentes. Por fim, quanto à pugnada natureza confiscatória da multa, ou a alegada ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sua análise dependeria de enfrentarmos a constitucionalidade da Lei que a instituiu, o que é vedado a este Colegiado administrativo fazêlo como prescrito no enunciado da Súmula 2 do CARF, abaixo transcrito. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Dessarte, a majoração da multa foi correta pela ocorrência da inconteste fraude, desta forma, nos termos do § 1º do art. 44 da Lei 9.430/96, dobrando o percentual de 75 % a que se refere o inciso I daquele artigo, nos termos definido pelo legislador ordinário". Agora digo eu. Importante diferença entre esses autos e o do acórdão acima transcrito diz respeito ao tributo. Lá se tratava de um imposto, enquanto aqui a lide se refere a contribuições. Mas o fator que tangencia os dois autos é a interpretação do tratamento oferecido ao papel destinado à impressão de jornais, livros e periódicos. Em ambos os casos, é fator condicionante ao tratamento diferenciado a destinação do papel. Não basta que seja o elemento "papel" e sim que ele seja destinado à impressão de jornais, livros ou periódicos. É o que determina as Leis nº 10.637/2002, nº 10.833/2003 e nº 10.865/2004. Lei nº 10637/2002 Art. 2º Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1º, a alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). (....) 2º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta decorrente da venda de papel imune a impostos de que trata o art. 150, inciso VI, alínea d, da Constituição Federal, quando destinado à impressão de periódicos, que fica sujeita à alíquota de 0,8% (oito décimos por cento).(Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004). Lei nº 10.833/2003 Fl. 17510DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 206 64 Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (....) § 2º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta decorrente da venda de papel imune a impostos de que trata o art. 150, inciso VI, alínea d, da Constituição Federal, quando destinado à impressão de periódicos, que fica sujeita à alíquota de 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento). (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004). Lei nº 10.637/2002 Art. 2º Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). (....) 2º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta decorrente da venda de papel imune a impostos de que trata o art. 150, inciso VI, alínea d, da Constituição Federal, quando destinado à impressão de periódicos, que fica sujeita à alíquota de 0,8% (oito décimos por cento).(Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004). Como se pode constatar pela simples leitura dos artigos acima, para fazer jus às alíquotas diferenciadas do PIS e da Cofins, o sujeito passivo deve demonstrar que os papeis por ele importados seriam destinados à impressão de periódicos, livros e jornais. Não foi o que aconteceu, pelo contrário, foi descoberto um engenhoso esquema fraudulento para encobrir o desvio de finalidade do papel e com isso ter o tratamento diferenciado das contribuições. Com base em todo exposto e no conjunto probatório contido nos autos, mantenho o afastamento das alíquotas diferenciadas do PIS e da Cofins, negando provimento quanto a esse capítulo do recurso. MULTAS a) Princípio da razoabilidade, da proporcionalidade e o caráter confiscatório da Multa de Ofício. A aplicação da multa de ofício aplicada pela fiscalização está prevista no artigo 44, I, §, 1º, c/c § 2º da Lei nº 9.430/1996. Não consta haver pronunciamento dos Órgão Judiciais acerca da inconstitucionalidade desta lei. Partindo desta premissa, consoante noção cediça, os Órgãos judicantes do Poder Executivo não tem competência para apreciar a conformidade de lei, validamente editada segundo o processo legislativo constitucionalmente previsto, com preceitos emanados da própria Constituição Federal ou mesmo de outras leis, a ponto de declararlhe a nulidade ou inaplicabilidade ao caso expressamente previsto, haja vista tratarse de matéria reservada, por força de determinação constitucional, ao Poder Judiciário. Fl. 17511DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 207 65 Compete a esses órgãos tãosomente o controle de legalidade dos atos administrativos, consistente em examinar a adequação dos procedimentos fiscais com as normas legais vigentes, zelando, assim, pelo seu fiel cumprimento. Com efeito, a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao Poder Judiciário, pelo que qualquer discussão quanto aos aspectos da inconstitucionalidade e/ou invalidade das normas jurídicas deve ser submetida ao crivo desse Poder. O Órgão Administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza. Os mecanismos de controle da constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal, passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa. Noutro giro, não se pode olvidar que esta matéria já foi pacificada no âmbito do CARF, com a aprovação do enunciado de súmula CARF nº 02, in verbis: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. b) Qualificação da Multa de Ofício. A fiscalização qualificou a multa de ofício por entender que houve o emprego de fraude por meio de sociedades de fachadas (inexistentes de fato) e com a emissão de notas fiscais, tudo sob a controle e coordenação gerencial da contribuinte e seus sócios administradores. Foi apresentada pela fiscalização um farto conjunto probatório para embasar a tese de fraude, conforme podese constatar pelo relatório deste voto. No entanto, o sujeito passivo não apresentou uma única linha, tampouco documentos, que afastassem a apuração realizada pela fiscalização. Preferiu manter a tese de que os produtos importados papeis foram destinados à impressão de jornais, livros e periódicos. Portanto, entendo que os fatos narrados no termo de verificação fiscal se tornaram incontroversos dentro deste processo. Sendo assim, a conduta dolosa o sujeito passivo resta configurada, permitindo a aplicação da qualificadora prevista no 44, I, §, 1º, c/c § 2º da Lei nº 9.430/1996. c) Agravamento da multa de ofício pelo não atendimento às intimações da Autoridade Fiscal. Quanto a esse capítulo, o contribuinte faz duas alegações: 1) Que a majoração da multa seria indevida, pois a fiscalização não teria indicado em qual dos incisos do § 2º do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, teria incidido o contribuinte. Ledo engano do recorrente, pois no Termo de Verificação Fiscal foi identificado que a falta de atendimento às intimações se subsumiam ao disposto no inciso I do § 2º do artigo 44 da Lei nº 9.430/96 2) Que jamais se negou a prestar qualquer esclarecimento ou apresentar qualquer documento/arquivo. Fl. 17512DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 208 66 Essa afirmação não encontra amparo nos autos, conforme se pode observar pela transcrição de parte do Termo de Verificação Fiscal: O Escritório de Pesquisa e Investigação na 7ª Região Fiscal realizou diligência neste endereço e constatou que a TBLV não estava localizada naquele local (Termo de Constatação – anexo 107). Após verificar que alteração do domicílio para Duque de Caxias tratavase de mais uma manobra para dificultar a atuação do fisco, procedeuse, então, a alteração de ofício do domicílio tributário da TBLV para o endereço original: Rua Américo Vespúcio, 89, ala B, Jardim Platina, Osasco – SP, CEP 06273 070. Em 20/08/2013, foi emitido Termo de Intimação ao Sr. Mauro Vinocur, que não foi encontrado em seu endereço cadastral, sendo, então cientificado por meio de edital. Em 30/08/2013, emitiuse Termo de Informação e Diligência Fiscal dirigido à Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka, com solicitação de procurações, atos constitutivos, acompanhados de tradução juramentada, referentes às empresas Atlantis Business LLC e Sun Invest LLC, proprietárias de, respectivamente, 99% e 1,0 % das quotas de participação da empresas TBLV; solicitou se também o endereço atual da TBLV. Esta foi a única intimação que a TBLV atendeu até o momento. Entretanto os documentos apresentados informam apenas que a TBLV tem como empresas sócias a Atlantis e a Sun Invest. Estas 2 empresas têm como sócia a LA Investments & Associates INC, que é representada por Marta de Saavedra. Os documentos entregues pela Sra. Ieda Matuoka informavam somente isso e ocultavam o Sr. Mauro Vinocur como o verdadeiro dono da TBLV e da Comark. Este fato só foi revelado em investigações complementares realizadas por esta fiscalização. Quanto ao endereço da TBLV, a Sra. Ieda Matuoka informou que seria: Avenida Brigadeiro Lima e Silva, nº 2.060, Sala 201, bairro Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias/RJ, CEP: 25071182. O Escritório de Pesquisa e Investigação na 7ª Região Fiscal realizou diligência neste endereço e constatou que a TBLV não estava localizada naquele local (Termo de Constatação – anexo 107). Portanto, as informações prestadas pela Sra. Ieda Matuoka nada acrescentaram ao trabalho desta fiscalização. Em 09/09/2013, emitiuse novo Termo de Início de Ação Fiscal dirigido ao endereço informado no parágrafo anterior, com solicitação de apresentação, no prazo de 20 dias, dos extratos bancários da TBLV, referentes aos anos fiscalizados. O Termo foi recebido, mas a empresa não atendeu à intimação. Em 16/10/2013, lavrouse Termo de Continuidade de Ação Fiscal e Reintimação Fiscal, reiterando a solicitação para que a empresa apresentasse os extratos bancários. Tentamos entregar a intimação pessoalmente durante diligência na empresa realizada em 16/10/2013. Tendo em vista a ausência de Fl. 17513DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 209 67 responsável legal durante a diligência, encaminhamos a intimação por via postal. No Aviso de Recebimento – AR, foi assinalado pelos Correios que a TBLV “MUDOUSE”. O sujeito passivo foi, então, cientificado por meio de edital. Encaminhamos Termo de Continuidade de Ação Fiscal em 18/02/2014, informando que a ação fiscal continuava em andamento e que na Seção nº 190 do Diário Oficial da União (DOU) do dia 01/10/2013, página 42, foi publicado o ADE nº 41, de 27/09/2013, o qual declarou NULA A ALTERAÇÃO DE ENDEREÇO QUE A TBLV PROMOVEU PARA A CIDADE DE DUQUE DE CAXIAS/RJ, remanescendo como sua sede/matriz o estabelecimento localizado na rua Américo Vespúcio, 89, ala B, Jardim Planaltina, Osasco – SP, CEP 06273070. Novamente a TBLV recusouse a receber o Termo de Continuidade de Ação Fiscal enviado por via postal. No AR, os Correios assinalaram novamente “MUDOUSE”. Este é um fato que se repetiu ainda em todas outras tentativas de cientificar a TBLV, em seu endereço cadastral, de outros termos de intimação emitidos posteriormente. A partir de março de 2014, todos os termos de intimação foram encaminhados para o endereço cadastral da TBLV (Rua Américo Vespúcio, 89, Osasco – São Paulo, CEP 06273070) e também para a administradora da empresa, Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka e para o Sr. Mauro Vinocur, sócio de fato e real beneficiário do esquema. A Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka e o Sr. Mauro Vinocur foram regularmente cientificados e não atenderam ao que foi solicitado nos termos de intimação. Os termos de intimação dirigidos ao endereço cadastral da TBLV continuaram retornando com o AR contendo a informação “MUDOUSE”. Deste modo, foram publicados os respectivos editais para ciência da TBLV. A Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka, administradora da TBLV, encaminhou pedido de prorrogação de prazo para atendimento de três Termos de Intimação Fiscal emitidos em 26/06/2014, 07/07/2014 e 13/10/2014. Esta fiscalização concedeu dilação de prazo para atendimento até o dia 21/11/2014 em caráter improrrogável, porém a TBLV não encaminhou nenhuma informação, limitandose a solicitar novo pedido de prorrogação. É importante mencionar que nos envelopes (cópia nos anexos 115, 116 e 118 ) que a Sra. Ieda Matuoka encaminhou pedidos de prorrogação de prazo para atendimento de intimações em novembro/2014 , consta como remetente: TBLV Comércio e Importação de Papéis Ltda Rua Américo Vespúcio, 89 Osasco – SP Fl. 17514DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 210 68 CEP 06273070 Pois bem, este é exatamente o endereço no qual o sujeito passivo, de forma reiterada , tem se recusado a receber os termos de intimação. Isto comprova a clara intenção d o sujeito passivo de apenas dificultar a atuação do fisco. No item número 9 deste Termo de Verificação Fiscal, estão demonstrados em detalhes os aspectos materiais da infração ora atuada e quais foram as informações solicitadas em relação ao PIS e à Cofins que o sujeito passivo deixou de atender. Nos anexos 105 a 118, estão todos os termos de intimação encaminhados à TBLV, à administradora da empresa, Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka e ao sócio de fato da TBLV e beneficiário real, Sr. Mauro Vinocur. No caso em tela, a sanção foi imposta com base na antiga redação do art. 44, inciso I, § 2º, hoje art. 44, I, c/c § 2° da mesma Lei, após alteração da Lei nº 11.488/2007 da Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007). De acordo com o cânone legal, o objetivo da sanção é punir o contribuinte que não contribua com a atividade de fiscalização, seja omitindose em fornecer esclarecimentos solicitados pela autoridade competente, seja negandose a apresentar documentação que possibilite a rápida execução e conclusão dos trabalhos do fiscal Para a caracterização da infração, é suficiente que o sujeito passivo não atenda a qualquer solicitação fiscal que objetive o esclarecimento de pontos relacionados ao fatos geradores de obrigações tributárias. Fl. 17515DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 211 69 Foi exatamente o ocorrido e bem demonstrado pela Autoridade Fiscal, sendo imperiosa a manutenção do agravamento da multa de ofício no percentual de 225% Responsabilidade solidária. Foram arroladas sete pessoas físicas como responsáveis solidários, a saber: a) Mauro Vinocur, com base no art. 135, III e 124, I do CTN (Lei 5.172); b) Ieda Maria Mitiko Matuoka, com base no art. 135, III ; 137, I e 124, I do CTN; c) Roberto Yoshimitsu Matuoka, com base no art. 124, I do CTN; d) Alexandre Siva Costa, com base no art. 137, I e art. 124, I do CTN; e) Carlos Eduardo F. Tanese, com base no art. 124, I do CTN; f) Tatiana Storniolo Chioramital Canedo, com base no art. 124, I, CTN; g) Armando Antonio Nazzato (ou Nassato), com base no art. 137, I e art. 124, I, CTN. O Sr Carlos Eduardo teve sua responsabilidade afastada em primeira instância, e será analisada em momento posterior no recurso de ofício. O Sr. Mauro Vinocur não apresentou recurso voluntário. Os demais apresentaram recurso voluntário requerendo a respectiva exclusão do pólo passivo da obrigação tributária. Ieda Maria Mitiko Matuoka No Acórdão nº 3402003.010, já utilizado em outro capítulo pela similitude fática entre os autos, a responsabilidade solidária da senhora Ieda foi enfrentada com a habitual argúcia de seu relator, que mais uma vez refletiu meu pensamento sobre o tema, de forma a novamente utilizálo para fundamentar minhas razões de decidir, verbis: Consta do Relatório Fiscal que pesquisa na INTERNET (fls. 204/207) mostrou o Sr. Mauro Vinocur como diretor comercial da TBLV, embora não exista nenhum registro formal nos assentos estatutários desta ligação, nem mesmo como empregado. A Sra. Ieda Matuoka, todavia, apresentase como diretora financeira. Demais disso, a prova testemunhal ratifica a direção e controle por parte daqueles na TBLV e demais sociedades. Nesse sentido, existem provas de que o Sr. Mauro Vinocur participava do esquema fraudulento, seja na estruturação do mesmo, com a aquisição de empresas laranjas conforme depoimento do Sr. Élder Felizari da Editora Roma e do Sr. Devanilson do Armzém ATN, seja no dia a dia empresa, nas operações de importação e venda da mercadoria, como mostram os emails encontrados na (autuada) direcionados a ele, motivo Fl. 17516DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 212 70 pelo qual entendemos inconsistentes as alegações de que o Sr. Mauro Vinocur não teria participado da fraude relatada neste auto de infração. O controle exercido por Mauro Vinocur sobre a TBLV e todo o esquema fraudulento restou também demonstrado por meio dos documentos anexados pela fiscalização (documento n. 13 – Cartões de Visita) que mostram Cartões de visita das empresas TBLV e Tryograf constando o nome de Mauro Vinocur como “Diretor” e cartões da Interparper contendo os dados de Roberto Matuoka. Esse elemento evidencia o poder de fato por ele exercido. De igual forma, há a demonstração de controle dessas vendas pelo Sr. Mauro Vinocur, não tendo os sócios das Noteiras W nenhuma participação. Depoimento de Helder Fazilari, sócio da Editora Roma, confirma isso relatando que toda a negociação era conduzida por Mauro Vinocur (doc. 40). Ressaltese, ainda, email da empresa DNB para Mauro Vinocur (mauro@tblvpapeis.com.br) e Ieda Matuoka (Ieda@tblvpapeis.com.br) anexando arquivos referentes à TBLV (doc. 16), bem como as cartas direcionada à TBLV, aos cuidados de Mauro Vinocur (doc. 17), demonstram com clareza a direção e controle gerencial que eles exerciam sobre a TBLV. A fiscalização logrou demonstrar ainda a grande proximidade da relação de Mauro Vincour com a família de Ieda Matuoka (família Matuoka), em que esta era irmã de seus dois exsócios e administradora constante no contrato social da TBLV e COMARK. Outrossim, as procurações perante o 13º Tabelionato de Notas de São Paulo retratam a outorga de amplos poderes de Mauro Vinocur a Ieda Maria Mautoka, para que esta represente, na qualidade de procuradora, a INTEPAPER INDUSTRIA DE PRODUTOS DE PAPEL LTDA e ADVALOREM FOMENTO LTDA (docs. 7 e 8). Além da proximidade com a diretora financeira da autuada, outra informação que liga o Sr. Mauro Vinocur à TBLV (autuada), consta do processo judicial 001493031.2013.403.6181 da 6ª Vara Criminal, e referese a abertura de uma conta bancária da TBLV (autuada) no Banco Rural, onde na ficha cadastral para a abertura da conta, consta que o Sr. Mauro Vinocur é o único sócio da empresa Panamenha LA INVESTMENT & ASSOCIATES, que por sua vez é a controladora das empresas ATLANTIS BUSINESS LLC, SUN INVEST LLC sediadas em DELAWARE – EUA e sócias da autuada. Além disso, existem também informações referentes às quebras dos sigilos bancários das empresas TBLV e Comark que o Sr. Mauro Vinoucur é o único controlador e beneficiário das empresas offshore e LA INVESTMENTS & ASSOCIATES e ATLANTIS BUSINESS LLC, SUN INVEST LLC, às quais constam oficialmente como sócias estrangeiras investidoras da autuada. Fl. 17517DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 213 71 Esses são apenas alguns elementos ilustrativos do controle gerencial exercido pelos responsáveis solidários indicados pela fiscalização, bem como o interesse comum nas atividades desempenhadas pela TBLV e demais sociedades integrantes do grupo na comercialização do papel imune. Como predito, a fiscalização trouxe farto material probatório, com depoimentos, documentos, contratos sociais, entre outros, que demonstram a aparência de autonomia das sociedades envolvidas no grupo, o controle gerencial de fato, a coincidência de quadros societários e endereços. Portanto, em relação ao correto enquadramento legal, temos que perfeitamente cabível à situação em tela a indicação do art. 124, I, cumulado com o art. 135, III, do CTN, para fundamentar a sujeição passiva da representante legal e do sócio de fato da sociedade. Dispõem: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III. os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Da leitura desses dispositivos, podese extrair que quando duas ou mais pessoas estiverem ligadas por interesse comum ao fato gerador ou agirem com infração à lei, darseá a solidariedade legal, o que ficou evidenciado nos autos, seja pelo interesse comum dos sócios ocultos nos resultados do empreendimento, seja por infração às normas de importação. Comprovouse, in casu, o que se denomina de “solidariedade de fato” em virtude do interesse comum que as pessoas arroladas têm nos fatos geradores apurados pela fiscalização. Vale lembrar que a sociedade autuada e seu sócio controlador de fato, Mauro Vinocur, juntamente com a representante legal e diretora financeira do grupo, Ieda Maria Mitiko Matuoka, infringiram as normas de importação e comercialização de papel imune, com participação ativa em todas as etapas da cadeia. A sra. Ieda, inclusive, chegou a se manifestar quando intimada do início da fiscalização em seu endereço residencial, solicitando prorrogação para atendimento do solicitado, antes de "sumir". Fl. 17518DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 214 72 Conhecida a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, cujo entendimento restringe a aplicação do art. 124, inciso I, do CTN, firmando que o interesse comum só ocorre se as empresas realizarem a mesma atividade (REsp 834.044). Exige, dessa forma, que o interesse comum reste demonstrado mediante um liame inequívoco entre as atividades desempenhadas pelos integrantes do grupo econômico, com mera aparência de unidades autônomas, quando, na verdade, a atuação das empresas é complementar. Ou no caso em que ficar caracterizada confusão patrimonial, vinculação gerencial, coincidência de sócios e administradores, enfim, em todos os casos em que há abuso da forma entre as empresas integrantes do agrupamento. Pois bem, como relatado, é exatamente essa a situação retratada nos autos. Inferese das provas coligidas aos autos que as sociedades indicadas no trabalho fiscal exercem a mesma atividade de comercialização de papel imune, formando, portanto, um Grupo Econômico, posto que entre elas existe confusão patrimonial, vinculação gerencial e coincidência de sócios e administradores. Logo, estavam umbilicalmente ligadas com o escopo de montar o esquema de importação de papel sob o lastro da imunidade constitucional e todas gravitavam em torno da TBLV e seus gestores, Mauro Vinocur e Ieda Matuoka. Assim, como bem sintetizou a fiscalização, corroborada por elementos de prova contundentes, a atribuição dos atores no esquema, em breve síntese, era a seguinte: A TBLV era a responsável pelas importações das mercadorias que posteriormente seriam distribuídas fraudulentamente no mercado interno; IEDA MARIA MATUOKA era a administradora legalmente designada pela TBLV e, além disso, era de fato a diretora financeira de todo o grupo, que envolvia não só a TBLV, mas também outras empresas, como a COMARK, GILEADE, INTERPAPER e IPSL; MAURO VINOCUR era o verdadeiro dono, gerente e gestor da empresa TBLV. Como demonstrado pela fiscalização, os responsáveis tributários agiam por meio de testasdeferro ou laranjas (sócios formais e sociedades de fachada), sendo inquestionável portanto seu interesse na situação em tela. De fato, a ilicitude emerge especialmente da circunstância de, sob o comando gerencial e administrativo de Mauro Vinocur e Ieda Maria Mitiko Matuoka, serem constituídas de forma reiterada e efêmera sociedades de fachadas com sócios meramente formais, com o único objetivo de simular compras e vendas fictícias do suposto papel imune. Impende mencionar que o STJ admite o chamamento do administrador à execução fiscal, com fulcro no art. 135, III, do CTN, sob a premissa de se tratar de uma responsabilidade por ato ilícito. Fl. 17519DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 215 73 Logo, há que se distinguir a responsabilidade da pessoa jurídica contribuinte decorrente de fato jurídico tributário propriamente dito (ato lícito – evento econômico: faturamento, lucro, circulação de riquezas, entre outros). De outro lado, a responsabilidade que emerge para os responsáveis tributários (de fato ou de direito) se dá em razão da ocorrência de uma infração à lei ou excesso de poderes (ato ilícito), conforme se depreende do artigo 135 do CTN. Configuram, portanto, obrigações autônomas em sua origem, mas dependentes entre si, posto que o pagamento extingue ambas. Portanto, perfeitamente cabível à situação em tela a indicação do art. 124, I, e do art. 135, III, do CTN para fundamentar a sujeição passiva dos sócios de fato da empresa. Assim, nesse tocante, patente a correção do enquadramento legal adotado pela fiscalização. Forte nestes argumentos, mantenho a responsabilidade solidária da Sra. Ieda Maria Mitiko Matuoka. Quanto aos demais responsáveis tributários, parto da mesma interpretação dada ao art. 124, I, do CTN, no sentido de que quando duas ou mais pessoas estiverem ligadas por interesse comum ao fato gerador ou agirem com infração à lei, devese manter a solidariedade. Passo a análise das condutas explicitadas pela fiscalização no Termo de Verificação Fiscal de cada uma das pessoas físicas arroladas como responsáveis solidários. Conforme já mencionado, nenhuma das pessoas físicas apresentou argumentos ou provas de que os fatos narrados no Termo de Verificação Fiscal não representou a realidade. Assim sendo, as informações nele contidas se tornaram incontroversas dentro deste processo. Roberto Yoshimitsu Matuoka. Irmão de Dona Ieda, Roberto Matuoka também pousa como pessoa da extrema confiança de Mauro Vinocur. Roberto ocupava uma posição equivalente a um gerente operacional logístico do grupo, pessoa que se relacionava com a clientela e resolvia problema gerais de coleta, entregas e armazenagens de produtos. Roberto foi sócio das empresas IPSL COMERCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PAPEIS LTDA, CNPJ 09.603.926/000146 e EDITORA PAR DO BRASIL LTDA, CNPJ 03.685.445/000140, sendo que a primeira tem como sócia a esposa de Mauro Vinocur e a segunda tem o próprio Mauro Vinocur como sócio. A Sra. Thalita Manhaes Molina, sócia de uma distribuidora de fachada usada na fraude aqui compareceu e prestou informações dizendo que trabalhava para a TBLV, a mando de Roberto (ANEXO 13): Fl. 17520DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 216 74 16 – COMO FOI INICIADO O CONTATO ENTRE A UNIÃO E A TBLV A sra. Thalita e seu marido possuíam os amigos Joaquim, René e Orlando. O sr. Joaquim os apresentou ao sr. Roberto (TBLV), que propôs que trabalhassem com os papéis deles. A União seria um representante comercial da TBLV, questionada acerca dos preços praticados, a sra. Thalita afirmou não possuir um visão de mercado, apenas acompanhava o movimento de notas fiscais emitidas pela União......... 17 – QUANTAS VEZES A SRA. THALITA FOI A TBLV O casal foi pouquíssimas vezes à TBLV, que ficava em Osasco, seus principais contatos eram: Roberto Matuoka Francisco Simone Rosana (trabalhou na TBLV e posteriormente tornouse funcionária da AGI).” Devanilson Sanchez Paradas, sóciodiretor da ATN LOGÍSTICA LTDA ME, um dos principais parceiros comerciais do GRUPO VINOCUR, aqui esteve nesta fiscalização e nos prestou relevantes informações sobre as funções de Roberto M. Matuoka na organização VINOCUR (ANEXO 05): Respondeu que a ATN nunca teve quaisquer contatos com a União ou com seus sócios, a Sra. THALITA MANHAES MOLINA e CLAYTON CIRINO SOARES. Nunca houve contato telefônico, telemático ou visitas comerciais entre estas pessoas. Nem mesmo na assinatura do contrato de armazenagem com a União a ATN teve contato direto com THALITA MANHAES MOLINA ou CLAYTON CIRINO SOARES. O contrato era elaborado pela ATN, que o remetia por email a Adalberto Thomazini/Alexandre, ambos funcionários que representavam a TBLV, que por sua vez providenciavam a coleta de assinatura da União e o reconhecimento de firma. As faturas de serviços de armazenagem da UNIÃO eram geradas pela ATN e endereçadas por email para o Sr. Roberto Matuoka (emails roberto@tblvpapeis.com.br e contasapagar@tblvpapeis.com.br), que dava o de acordo e liberava o pagamento da data aprazada. Não havia coleta de assinatura no canhoto das notas fiscais, pois elas eram enviadas por email. …. “2.1 Foi Mauro Vinocur, afinal, o responsável pela negociação e fechamento de ambas as propostas acima (Propostas de Negócio 02/2010 (ATN com a empresa UNIÃO COMÉRCIO DE PAPÉIS E EDITORA LTDA) e 05/2010 (ATN com TBLV COM. IMP e EXP DE PAPÉIS LTDA)? Fl. 17521DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 217 75 Qual a função e a posição (hierarquia) que ocupava o Sr. Mauro Vinocur? Respondeu que sim, a negociação final era sempre com o Sr. Mauro Vinocur, que decidia por telefone mesmo. As primeiras tratativas comerciais ocorreram com pessoas de escalão mais baixo, como é o caso do Adalberto Thomazini e do Sr. Roberto Matuoka. Disse que Mauro foi duas vezes ao armazém para conhecer o local e o declarante foi uma três vezes nas dependências da TBLV, na Av. Luis Carlos Berrini, 1511, sala 111. Para o declarante, o Sr. Mauro Vinocur era a pessoa com maior autonomia do grupo TBLV, era quem respondia pela estrutura toda e tinha maior poder decisório nas questões relevantes. Dona Ieda Maria Mitiko Matuoka não tinha nenhum poder de ingerência, nenhum poder decisório em questões comerciais, era apenas uma funcionária do financeiro da TBLV, cuidando apenas dos pagamentos e recebimentos. Ela nunca participou do processo de contratação junto à ATN. A ATN entrava em contato com Dona Ieda apenas para cobrar os pagamentos dos serviços de armazenagem e nada mais...... ….... 2.2 Qual a função e a posição (hierarquia) que ocupava o Sr. Roberto Matuoka? Respondeu que, em sua visão, ele era um funcionário operacional da TBLV que ocupava um grau inferior aos Srs. Mauro Vincour e Adalberto Thomazini. Cuidava de pedidos dos clientes, da questão comercial com os clientes finais (adquirentes do papel); ….. 3. Em relação à documentação entregue pela ATN a esta fiscalização, mais especificamente em relação às notas de retorno de armazenagem da União: 3.1 Quem emitia o documento PEDIDO OU ORDEM DE SEPARAÇÃO? Respondeu que as ordens de separação de cargas que deram entrada na ATN com Nfes da UNIÃO eram emitidos pela TBLV, por meio de um documento intitulado ORDEM DE SERVIÇO / SEPARAÇÃO, emitido eletronicamente pela CENTRAL DE VENDAS DA TBLV. Com base neste documento a ATN fazia o controle de estoque. 3.2 Quem acompanhava a coleta (expedição) por parte do cliente UNIÃO, MIXPEL, GADX, NEWPEL e AIEV? Respondeu que eram a Sra. Rosana Correia Leite, RG 20.263.496 e, depois, o Sr. Edson Lima Caires, RG 23.998.417 1, os quais respondiam diretamente ao Sr. Roberto Matuoka....” Vejamos agora o que Adalberto Thomazini, exdiretor comercial do grupo, disse a respeito de Roberto (Anexo 09): Fl. 17522DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 218 76 “....O declarante Adalberto, contador de formação, verificando que esta situação fiscal/contábil não fechava, pois não havia faturamento da TBLV para a IZIPAPER e UNIÃO, insistia que Mauro tinha que fazer a armazenagem de modo correto, com emissão de nota de saída pela TBLV ou apresentar algum comprovante de transferência de propriedade da TBLV para as distribuidoras. Disse que Mauro postergava uma solução para o problema e nunca apresentou ao declarante tais documentos de transferência. Mauro alegava que esta regularização fiscal e tributária estava a cargo dos Srs. Roberto Matuoka e do Sr. Alexandre Silva Costa e que o declarante não precisaria se preocupar com esta questão. Esta última declaração elucida bem que todos estes colaboradores do Sr. Mauro tinham plena consciência da ilicitude fiscal em que estavam envolvidos. Continuando no termo do Sr. Adalberto: “....O DECLARANTE disse que a parte operacional ocorria da seguinte forma: a operação de importação era feita diretamente pelo próprio Mauro. Já a logística (armazenagem, controle de estoque e saída ou movimentação) era de responsabilidade do Sr. Roberto Matuoka.....” …..... “....O DECLARANTE disse que Roberto Matuoka também visitava os armazéns e garantia que os pedidos seriam entregues a tempo nas transportadoras e aos clientes. Era uma pessoa que também sabia das irregularidades com as notas fiscais trocadas nos armazéns, mas não se importava com isso. ….” Alexandre Silva Costa Peça chave no grupo VINOCUR, Alexandre assumiu múltiplas e importantes funções dentro do grupo. Técnico em contabilidade, foi ganhando confiança de seu patrão. Desempenhava várias atribuições ligadas à área fiscalcontábil, faturamento, regularização cadastral de empresas, certificado digital, geração de arquivos de notas fiscais eletrônicas, etc, e chegou até a se tornar sócio de uma das importadoras do grupo, a INTERPAPER. Vejamos o que Adalberto Thomazini, exdiretor comercial do grupo, disse a respeito de Alexandre (Anexo 09): “......O DECLARANTE disse que nunca presenciou a existência de alguma nota fiscal de venda da TBLV para a IZIPAPER, em 2009, ainda quando as notas fiscais eram em papel. Posteriormente acabou por descobrir que estas empresas (IZIPAPER e UNIÃO) não existiram ou não compravam de fato nenhuma mercadoria, pois ambas foram fechadas/cassadas pela Secretaria de Fazenda, devido a graves irregularidades. Eram empresas utilizadas apenas para darem saída da mercadoria do armazém. Ambas foram fechadas/desabilitadas pela SEFAZ durante procedimentos fiscais instaurados. Fl. 17523DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 219 77 Inclusive Mauro, quando alguma distribuidora passava por problemas cadastrais ou em fiscalizações, ele anunciava para a equipe de faturamento que ela passava por problemas e, logo em seguida, anunciava para o departamento comercial (Tatiana Storniolo Canedo) que o grupo passaria a contar com novas distribuidoras. Passo seguinte, solicitava à Alexandre que cuidasse da documentação desta nova distribuidora. Isso significava o seguinte: que Alexandre teria que contatar o Sr. Kelson da Jetsoft para que ele tornasse viável a elaboração das notas fiscais eletrônicas em nome desta nova empresa, ou seja, somente a equipe do Sr. Kelson conseguia operar o sistema e configurálo para incluir esta novas distribuidora. Era o próprio Mauro quem arranjava as novas empresas já prontas, com endereços......” “.....O DECLARANTE disse que Alexandre Silva Costa era quem cuidava da emissão das notas fiscais e que Mauro Vinocur dizia que esta era a função mais importante da organização. Tatiana não podia parar de vender (comercial) e Alexandre não podia parar de emitir nota(faturamento). O resto era acessório no grupo. A geração e emissão de notas fiscais não podia parar de maneira alguma, pois isso acarretaria atrasos na entrega e prejuízos. O estoque precisava girar rápido para os custos serem atrativos. Os clientes inadimplentes eram cobrados, num primeiro momento, pela Sra. Etiane que trabalhava no financeiro junto com Dona Ieda, enquanto o Sr. Marcos Vinocur fazia as cobranças mais complicadas ou difíceis. Não se lembra se a Comark ou Advalorem eram envolvidas nestas cobranças.....” “...O DECLARANTE disse que era Alexandre quem cuidava também das cartas de cessão de crédito enviadas aos clientes. As cartas de crédito e os boletos de pagamentos da TBLV e da COMARK eram encaminhadas por email aos clientes. Todas as cartas de cessão de crédito eram feitas e vistadas pelo Alexandre, que digitalizava estes documentos e encaminhava por email aos clientes. Alexandre também se encarregava de fazer e assinar as cartas de correção das notas fiscais eletrônicas das distribuidoras....” “....O DECLARANTE disse que era a pessoa destacada por Mauro Vinocur para atender aos pedidos dos diversos clientes que estavam sob fiscalização da SEFAZ/SP. Que os clientes ligavam tensos solicitando cópias de documentos, tais como comprovantes de pagamentos, cartas de cessão (todas assinadas pelo Alexandre), arquivo SINTEGRA, contrato social das “distribuidoras” usadas por Mauro e pela TBLV. Disse que os clientes pediam o endereço ou telefone das “distribuidoras” (empresas que faturavam a venda para o cliente, tais como a União e a IZIPAPER), mas a orientação era a de que nenhuma destas informações fosse passada aos clientes pois senão os clientes descobririam que a distribuidora não tinha capacidade empresarial.....” Fl. 17524DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 220 78 Que Alexandre, além de cuidar da geração das notas fiscais destas distribuidoras, também assinava as cartas de cessão de crédito em nome das distribuidoras. Junto com a carta de cessão ia acompanhado um boleto bancário para o cliente depositar o dinheiro na conta da TBLV ou da COMARK. Alexandre também era a pessoa que quase que diariamente percorria os endereços das distribuidoras, recolhendo as correspondências deixadas e as levava todas para a TBLV, em Osasco.....” Aqui talvez uma das mais importantes funções de Alexandre na organização, além de gerar os arquivos de notas fiscais eletrônicas: emitir, assinar as cartas de cessão das distribuidoras de fachada e encaminhálas aos clientes para que o dinheiro não passasse pelas empresas de fachada, mas sim que fosse depositado diretamente nas contas da TBLV ou COMARK. Isto era crucial no planejamento fiscal idealizado por Mauro Vinocur, que queria centralizar toda a receita do seu grupo nestas duas empresas para facilitar o controle. (....) Com o acima exposto explicamos como Alexandre, na TBLV, a partir dos pedidos coletados pela central de vendas da TBLV, gerava os arquivos XML (notas fiscais) em nome de distribuidoras de fachada. Mas havia um problema: os clientes não podiam pagar para estas empresas de fachada. É aí que entra a questão das cartas de cessão. No dia da diligência desta fiscalização junto à empresa TBLV e TRYOGRAF, em 16/10/2013 (ANEXOS 6, 7 e 8), logramos encontrar na sala da DIRETORIA dezenas de cartas de cessão (ANEXO 07), de diversas distribuidoras de fachada, como a União. As cartas, dirigidas a clientes da TBLV, orientavamnos a pagar as faturas diretamente à TBLV, ao invés de pagar para os emitentes das notas (distribuidoras de fachada). Ou seja, estas cartas representavam uma cessão de direitos creditórios em favor da TBLV. Durante ação fiscal em clientes do esquema fraudulento, pudemos notar que a COMARK também constava como beneficiária de cartas de cessão de créditos, tal qual ocorria com a TBLV (Anexo 99). Intrigante, porque a TBLV e a COMARK não apresentaram, nem as distribuidoras, nenhuma relação comercial ou de outra natureza que justificasse esta relação de cedência e que apontasse por quais motivos a TBLV ou a COMARK seriam credoras das distribuidoras. Não existem vendas faturadas da TBLV para estas distribuidoras. Outro ponto intrigante: todas as cartas, embora fossem de empresas diversas, possuíam a mesma assinatura, exposta abaixo: Fl. 17525DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 221 79 (....) Numa primeira análise, concluímos que todas estas cartas, embora fossem de empresas e sócios diversos, foram assinadas pela mesma pessoa. Tínhamos o depoimento do Sr. Adalberto de que era Alexandre, na TBLV, que assinava todas as cartas. Thalita, sócia da União, por sua vez, não reconheceu a assinatura acima como sendo sua. Quem assinava estas cartas então? A resposta para esta questão veio meses depois, numa diligência. Em resposta à intimação desta fiscalização à uma empresa do grupo VINOCUR, chegou até nós um contrato da ADVALOREM com a INTERPAPER, importadora do grupo que tem Alexandre como sócio. Neste contrato podemos ver a assinatura de Alexandre, conforme abaixo: (....) Durante diligência fiscal na importadora INTERPAPER, da Inspetoria da Receita Federal no Rio de Janeiro, os auditores colheram a termo depoimento do próprio Alexandre (Anexo 33). Vejamos sua assinatura neste documento: (....) A comparação entre estas assinaturas dispensa quaisquer comentários. Adalberto estava certo: era Alexandre, funcionário da TBLV quem assinava as cartas, ao invés dos sócios das distribuidoras de fachada. A consciência da ilicitude de seus atos era evidente. Sua dedicação ao grupo econômico VINOCUR era tamanha que, em 2012, veio o reconhecimento de Mauro ao técnico em contabilidade que nem sequer possuía CRC: tornar se sócio de uma das importadoras do grupo. O auditorfiscal responsável pela fiscalização da empresa INTERPAPER elaborou o Relatório Fiscal (Anexo 33), relatou que “....Quanto ao Sr. Alexandre Costa, conforme veremos adiante, ficou comprovado que este não possui experiência empresarial nem conhecimento específico da empresa e sua área de atuação, além de apresentar uma baixa capacidade econômica...”. De fato, as declarações de Adalberto Thomazini (ANEXO 09), os termos produzidos (ANEXOS 15 e 17) e as conclusões do auditor fluminense (ANEXO 33), deixam claro que a importadora INTERPAPER é de Mauro Vinocur e que o mesmo precisava preencher a lacuna deixada pela saída de Adalberto do quadro societário, prestandose Alexandre ainda para este fim, o de ser laranja de Mauro para compor quadro de empresa do grupo. Alexandre havia provado sua dedicação a Mauro em outra oportunidade. O grupo VINOCUR tinha outro problema grande para resolver: se a questão da emissão das notas de venda aos clientes finais havia sido resolvida com o sistema da JETSOFT, Fl. 17526DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 222 80 que permitia à TBLV vender seu papel, em operações tributadas, com notas emitidas por empresas laranjas, surgiu a questão: como desovar o estoque de importações imunes da TBLV, sendo que a TBLV não podia faturar para as distribuidoras laranjas, pois isto as denunciaria, provaria o desvio de finalidade, pois estas laranjas não possuíam registro especial para operar papel imune? Foi então que um funcionário do departamento comercial (Carlos Eduardo Ferreira Tanese, CPF 063.717.76819) apresentou o empresário Helder Fazilari a Mauro Vinocur. Helder tinha três empresas do setor editorial que estavam inativas há anos, mas detinham registro especial para operar com papel imune (falaremos das empresas do grupo ROMA mais adiante no tópico 4.2.12 deste TVF). Mauro comprou as três editoras com intuito de descarregar boa parte das importações imunes do grupo para elas, por meio de notas fiscais ideologicamente falsas que visavam baixar contabilmente seus estoques. Mas ainda havia um problema: Mauro precisava alterar o quadro societário destas três editoras, uma óbvia exigência do negócio. Foi aí que Alexandre entra na história: ingressou nas sociedades o pai de Alexandre, o Sr. Nelson Silva Costa, obviamente um laranja útil ao esquema criminoso. Tatiana Storniolo Chioramital Canedo Pessoa de fundamental importância no grupo VINOCUR, a Sra. Tatiana é a chefe do departamento comercial da TBLV, responsável pelas vendas da empresa. Não importava se o papel imune fosse importado em nome da TBLV, IPSL, COPAP, INTERPAPER ou GILEADE, tudo ia para os mesmos armazéns gerais e os pedidos eram sempre colhidos pela equipe de vendas da Sra. Tatiana. Sua equipe, sob o controle e acompanhamento de Mauro Vinocur, é que produzia os fatos geradores das receitas do grupo todo! A emissão das notas ficava a cargo de Alexandre. Vejamos algumas declarações de Adalberto sobre Tatiana (ANEXO 09): “.....Inclusive Mauro, quando alguma distribuidora passava por problemas cadastrais ou em fiscalizações, ele anunciava para a equipe de faturamento que ela passava por problemas e, logo em seguida, anunciava para o departamento comercial (Tatiana Storniolo Canedo) que o grupo passaria a contar com novas distribuidoras. Armando Antonio Nazzato (ou Nassato) Apuramos fortes evidências que apontam no sentido da participação do contabilista acima (Armando Antonio Nassato, CPF 010.858.41863), na criação e uso de empresas de fachada que serviram para perpetração de crimes de sonegação fiscal, Fl. 17527DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 223 81 descaminho, entre outros, os quais beneficiaram a organização de Mauro Vinocur. O contabilista, além de servir de canal para fornecer empresas de fachada para o grupo empresarial em tela, utilizou seu próprio nome e de seus filhos para compor o quadro social de uma destas empresas que teria servido de empresa de fachada para facilitar o desvio de finalidade de papel importado com imunidade constitucional em quantidades gigantescas. O grupo de empresas abaixo tem em comum o fato de terem figurado como adquirentes ou como distribuidoras do papel imune importado por VINOCUR, por meio de emissões fraudulentas de notas fiscais eletrônicas, auxiliando sobremaneira na consecução da fraude fiscal apontada. 1) – CNPJ 10.796.401/000153 GADX Comercio de Papéis e Editora Ltda 2) – CNPJ 11.421.653/000160 União Comercio de Papéis e Editora Ltda 3) CNPJ 13.693.919/000150 ECAF Comercio de Papéis e Editora Ltda 4) CNPJ 13.920.887/000188 AIEV COMERCIO DE PAPÉIS LTDA Campo, SP. 5) CNPJ 97.529.785/000126 ATAT Administração de Negócios Financeiros Ltda 6) CNPJ 13.849.082/000195 Joalpaper Comercio de Papéis Ltda 7) CNPJ 14.663.845/000171 SPYDER PEL Comercio de Papéis Ltda, 8) CNPJ 08.037.387/000162 NLC Comercio de Papéis Ltda 9) – CNPJ 08.604.465/000163 Izipaper Comércio de Papéis e Editora Ltda 10) CNPJ: 13.920.951/000120 ETAF COMERCIO DE PAPÉIS LTDA O contabilista era regiamente remunerado por Mauro pelos relevantes serviços prestados à sua organização. A disponibilidade de novas distribuidoras para substituir as “condenadas” ou “encerradas” pela fiscalização estadual era uma questão sensível na estratégia de negócios do grupo VINOCUR. Tatiana não podia parar de vender, Alexandre não podia parar de emitir notas, mas para isso tudo ocorrer, precisavam de distribuidoras aptas a emitir notas, em situação cadastral idônea. Era Nazzato quem prestava este relevante serviço a Mauro. Por tudo que se expôs, podese definir a atribuição de cada pessoa física arrolada como responsável solidário da seguinte forma: Roberto Yoshimitsu Matuoka servia como um gerente operacional e logístico do grupo responsável pelo relacionamento com a clientela e questões de coleta, entregas e armazenagem dos produtos. Alexandre Silva Costa era o contador do grupo responsável pela área fiscal contábil, faturamento, regularização cadastral de empresas, certificado digital, geração de Fl. 17528DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 224 82 arquivos de notas fiscais eletrônicas e também assinava as cartas de cessão de crédito em nome das distribuidoras de fachada e encaminhálas aos clientes para que o dinheiro não passasse pelas empresas de fachada. Tatiana Storniolo Chioramital Canedo é a chefe do departamento comercial da TBLV, responsável pelas vendas da empresa; Armando Antonio Nassato era quem fornecia empresas de fachada para o grupo empresarial. Portanto, resta evidente que os Srs. Roberto Yoshimitsu Matuoka, Alexandre Silva Costa, Armando Antonio Nassato e Sra. Tatiana Storniolo Chioramital Canedo tinham interesse comum na ocultação do fato gerador, sendo beneficiários do resultado das operações de venda com alíquota diferenciada das contribuições pela sociedade TBLV, agindo em conluio para a prática da fraude amplamente descrita pela Autoridade Fiscal. Ex positis, nego provimento aos recursos voluntários dos Srs. Roberto Yoshimitsu Matuoka, Alexandre Silva Costa, Armando Antonio Nassato e Sra. Tatiana Storniolo Chioramital Canedo e os mantenho na qualidade de responsáveis solidário. Recurso de Ofício. O recurso de ofício foi apresentado com observância dos requisitos de admissibilidade, de forma que passo a análise A matéria a ser tratada neste recurso diz respeito a exclusão da responsabilidade solidária do sr. Carlos Eduardo F. Tanese. Segundo voto condutor do acórdão recorrido, o sr. Carlos foi excluído do pólo passivo da obrigação em virtude de faltar provas que determinassem o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador do auto de infração. Assim se pronunciou a primeira instância, verbis: Portanto, os fatos que demonstrariam a necessidade de considerar o Sr. Carlos Eduardo F. Tanese como responsável tributário estariam no subitem 3.1.2.2 do Termo de Verificação Fiscal (esta informação também consta dos autos de infração). Ocorre que este subitem descreve as operações da empresa Comark (fl. 182) ao passo que o subitem 3.1.2.1 trata da empresa TBLV (fl. 175) e o subitem 3.1.2.3 aborda a empresa Kadar Representações Comerciais Ltda (fl. 225). A participação dos demais responsáveis solidários foi descrita individualmente no subitem 3.1.1 “pessoas físicas beneficiadas” (fls. 138/174), entretanto, não consta neste subitem tópico dedicado exclusivamente ao Sr. Carlos Eduardo F. Tanese. As parcas remissões ao Sr. Carlos no Termo de Verificação Fiscal o descrevem como funcionário do departamento comercial responsável pela apresentação do Sr. Mauro Vinocur Fl. 17529DF CARF MF Processo nº 10803.720091/201415 Acórdão n.º 3302006.578 S3C3T2 Fl. 225 83 ao Sr. Helder Fazilari, além disso ele teria sido favorecido por transferências bancárias realizadas pela empresa Comark. Estes fatos por si só não permitem concluir que o Sr. Carlos Eduardo F. Tanese possuía “interesse comum na situação que constitua o fato gerador” fundamento da responsabilização solidária efetuada pela fiscalização. Desta forma o Sr. Carlos Eduardo F. Tanese não deve ser considerado responsável solidário, inclusive para se evitar a alegação de cerceamento ao direito de defesa, pois não constam dos autos de infração e do Termo de Verificação Fiscal discriminação da irregularidade cometida pela pessoa física. Compulsando os autos, em especial o Termo de Verificação Fiscal, entendo que agiu de forma correta a instância a quo, pois não há elementos suficientes que liguem o sr. Carlos aos atos praticados pela sociedade TBLV (autuada). Neste norte, nego provimento ao recurso de ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 17530DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.907926/2016-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.933
Decisão:
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Trata o processo de Recurso Voluntário contra decisão que julgou improcedente a manifestação de inconformidade em face da não homologação da compensação apresentada pela contribuinte. Segundo o despacho decisório, as compensações não foram homologadas em razão de não ter sido apurada a existência de direito creditório. Tais conclusões, ao que consta, encontram amparo no Termo de Verificação Fiscal carreado aos autos. No aludido TVF, emitido em decorrência da necessidade de análise das DCTF retificadoras apresentadas e, também, dos esclarecimentos que posteriormente foram prestados pela contribuinte, consta que “as receitas auferidas pela CATHO, decorrentes de sua atividade RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 07 92 6/ 20 16 -1 6 Fl. 445DF CARF MF Processo nº 13896.907926/201616 Resolução nº 3201001.933 S3C2T1 Fl. 3 2 fim, não se enquadram na exceção prevista no inciso XXV do artigo 10 da Lei nº 10.833/2003, estando sujeitas, portanto, ao regime NÃO CUMULATIVO de apuração do PIS e do COFINS.” Consta, portanto, que as DCTF retificadoras não deveriam ser homologadas e que, por não existirem, os créditos não deveriam ser reconhecidos. Na manifestação de inconformidade apresentada, a contribuinte, após resumo dos fatos, esclarece que houve mudança no controle acionário da empresa e que, em razão disso, foi submetida a uma profunda revisão de políticas e procedimentos. Em decorrência, diz que teria identificado que suas atividades vinham sendo indevidamente qualificadas para fins de PIS e de Cofins, sendo necessário, portanto, a retificação das DCTF. A seguir, discorre sobre a sua atividade. Afirma que os serviços prestados não abrangem promessa de emprego ou obrigação presente ou futura de recolocação ou obtenção de emprego para seus clientes. Aduz, ainda, que o seu site na internet “é somente uma ferramenta online que permite ao assinante consultar vagas, enviar currículos e acessar demais conteúdos aí disponibilizados” sem “qualquer garantia de colocação profissional” nem “qualquer cobrança relacionada a essas atividades.” Em suma, conforme afirma, “simplesmente disponibiliza conteúdo na Internet aos Assinantes e não desenvolve qualquer atividade de intermediação.” Salienta que se qualifica como empresa de Internet, com atividade de portal ou empresa provedora de conteúdo e de informações, e que sua atividade vem descrita na Norma 004/95, aprovada pela Portaria nº 148, de 1995, item 3, letras ‘e’ e ‘f’ do Ministério das Comunicações. Objetivando o acesso às informações especializadas que são disponibilizadas, afirma que desenvolveu ferramenta própria (software), “cujo uso é liberado/cedido para seus clientes, os Assinantes.” Insiste que não promove a intermediação de contratação de mão de obra. Aduz que “sua tarefa se esgota em permitir o acesso à informação que integra seus bancos de dados: currículos e vagas.” Chama a atenção para o contido no inc. XXV do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003 e diz que conforme Solução de Consulta nº 309, de 2011, “a RFB confirmou, expressamente, que, para o contribuinte aplicar o regime cumulativo dessas contribuições sociais, basta exercer apenas uma das atividades mencionadas no inciso XXV citado anteriormente.” Na seqüência, diz que se deve destacar “que a simples não homologação das declarações retificadoras não é fato que, por si só, é capaz de fundamentar a não homologação das compensações realizadas.” Diz ser incabível a revisão de ofício da homologação pois ela não teria ocorrido por erro “mas sim pelo correto enquadramento legal da situação ora analisada”. Se houve erro, aduz, ele teria ocorrido com a revisão. Reclama, ainda, que não existe base legal para a revisão de ofício. Insiste na necessidade de cancelamento do despacho decisório. Ao final, requer a reforma do despacho decisório e a homologação das compensações. Subsidiariamente requer o cancelamento do despacho decisório em face da Fl. 446DF CARF MF Processo nº 13896.907926/201616 Resolução nº 3201001.933 S3C2T1 Fl. 4 3 impossibilidade de revisão de ofício no caso de erro de direito. Protesta pelo direito de provar o alegado por todos os meios de prova e informa que “não está questionando judicialmente a matéria discutida nestes autos.” A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa mesmos argumentos pleiteados em manifestação de inconformidade para o deferimento integral dos valores que constam do pedido de restituição. Suscita em seu pedido: i. Seja declarada a nulidade do v. acórdão recorrido, com o retorno dos autos à origem, para que (a) nova decisão seja proferida, com adstrição aos limites objetivos da lide fixados no Termo de Verificação Fiscal e na manifestação de inconformidade; ou (b) subsidiariamente, para que seja devolvido à recorrente o prazo para manifestação, garantindo lhe o exercício do direito de defesa em relação aos pontos novos suscitados pelo v. acórdão, tudo sob pena de contrariedade e negativa de vigência aos arts. 16, 17 e 18, parágrafo 3o, do Decreto n. 70.235, à luz do art. 5o, inciso LIV e LV, da Constituição de 1988; ii. Na eventualidade da superação da preliminar acima, seja reformado o v. acórdão, com o integral cancelamento das exigências fiscais, em razão da declaração: a. da nulidade do r. despacho decisório, por ter configurado revisão de ofício de lançamento, por erro de direito, com violação aos arts. 145 e 149 do CTN; b. da nulidade do r. despacho decisório, por carência de motivação, por ter se baseado em termo de verificação fiscal que não analisou o direito creditório discutido nestes autos, com violação ao art. 9o do Decreto n. 70,235; c. da improcedência do r. despacho decisório, tendo em vista a legitimidade da inclusão das receitas da recorrente no regime cumulativo de apuração da contribuição ao PIS e da COFINS, com a consequente homologação da declaração de compensação, sob pena de contrariedade e negativa de vigência aos arts. 10, inciso XXV e 15, inciso V, da Lei n. 10.833; d. eventualmente, caso se entenda que a requerente se encontra submetida ao regime não cumulativo das contribuições, seja reconhecida a inexistência de crédito tributário passível de cobrança, sob pena de bis in idem. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº Fl. 447DF CARF MF Processo nº 13896.907926/201616 Resolução nº 3201001.933 S3C2T1 Fl. 5 4 3201001.853, de 26 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 13896.720975/201638, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução nº 3201001.8539): "O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Antes de adentrar ao exame do Recurso apresentado, cumpre esclarecer que o presente processo tramita na condição de paradigma, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o Presidente de Turma para o qual os processos forem sorteados poderá sortear 1 (um) processo para definilo como paradigma, ficando os demais na carga da Turma. § 2º Quando o processo a que se refere o § 1º for sorteado e incluído em pauta, deverá haver indicação deste paradigma e, em nome do Presidente da Turma, dos demais processos aos quais será aplicado o mesmo resultado de julgamento. Nesse aspecto, é preciso esclarecer que cabe a este Conselheiro o relatório e voto apenas deste processo, ou seja, o entendimento a seguir externado terá por base exclusivamente a análise dos documentos, decisões e recurso anexados neste processo. Feito tal esclarecimento, passase ao exame das razões de Recurso. A pretensão da contribuinte de requalificar a natureza jurídica de seus serviço, de intermediação para atividades de internet, enquadrando as receitas auferidas no regime cumulativo foi indeferido no despacho decisório proferido com base nas conclusões do TVF que consta do dossiê nº 10010.014822/021604, formalizado para análise das DCTFs retificadoras transmitidas para espelharem o procedimento de requalificação. De fato, concluiu o procedimento fiscal que os serviços prestados pelo contribuinte não poderiam ser qualificados como serviços de internet (art. 10, XXV e art. 15, V, da Lei nº 10.833/03), mas sim de intermediação, mantendoos no regime de apuração não cumulativo. Fl. 448DF CARF MF Processo nº 13896.907926/201616 Resolução nº 3201001.933 S3C2T1 Fl. 6 5 A principal matéria em litígio envolve a rejeição pela autoridade fiscal em sede de despacho decisório da requalificação das atividades da recorrente e a mudança para o regime cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS e para a Cofins. Os argumentos da fiscalização são no sentido de que o regime a que se submete as receitas das atividades desenvolvidas pela Catho para apuração e recolhimento continuava a ser o da não cumulatividade, pois não se tratam de serviços de informática (desenvolvimento de software ou de páginas eletrônicas) nos termos do art. 10, XXV, da Lei nº 10.833/03 uma vez que a atividade seria a prestação de serviços de intermediação ao profissional que busca se posicionar no mercado de trabalho. Nada obstante, o TVF assevera que para que a receita auferida subsumase à sistemática da apuração cumulativa devese comprovar que esta (receita) advenha da prestação de alguns dos serviços listados no referido dispositivo da Lei 10.833/03. Pois bem, compulsando os autos, em especial os termos e demais peças que constam do dossiê nº 10010.014822/021604 verificase que em momento algum a contribuinte fora intimada a comprovar a natureza de suas receitas. Ao contrário, a intimação limitouse a solicitar esclarecimentos e informações que resultaram na requalificação das receitas, como se vê: De ressaltar, contudo, que o fundamento para o indeferimento do pleito creditório é a natureza da receitas das atividades prestadas pela Catho conforme descritos nos autos, que não se qualificam como sujeitas à apuração cumulativa. O acórdão da DRJ trilha o mesmo fundamento de indeferimento e não homologação das compensações exarados no despacho decisório. Evidenciouse naquela decisão que o sítio da internet da Catho é uma mera ferramenta para quer o assinante consulte vagas de trabalho, envie currículos e acesse outros conteúdos. Poderseia concordar com os argumentos daqueles julgadores conquanto não trouxessem argumento subsidiário no qual reconhecem a possibilidade da contribuinte fazer prova de que determinadas atividades auferem receitas cuja apuração se dá no regime cumulativo. Vejase o excerto do voto condutor do acórdão recorrido: É possível concluir, portanto, que algumas de suas receitas podem estar sujeitas à apuração cumulativa das contribuições, ensejando, assim, a real possibilidade de enquadramento da empresa na modalidade de apuração mista das contribuições Fl. 449DF CARF MF Processo nº 13896.907926/201616 Resolução nº 3201001.933 S3C2T1 Fl. 7 6 (circunstância que, sendo eficazmente comprovada, pode evidenciar um possível erro no preenchimento da DCTF original). A forma como a existência de tal erro – que deve ser corrigido via DCTF retificadora – pode vir a ser acatado administrativamente irá depender da apresentação de provas (conforme estabelece o §1º do art. 147 do CTN), baseadas na escrituração contábil/fiscal do período analisado, ou seja, da apresentação de provas capazes de demonstrar, sem possibilidade de dúvida, quais receitas foram efetivamente auferidas nos períodos sob análise e a que tipo de serviço/atividade elas se vinculam. Ressaltese que, para fazer jus à apuração cumulativa, devese comprovar que as receitas advêm efetivamente da prestação de serviços, no caso, de informática (tal como listado no inc. XXV do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, já transcrito). Evidentemente, as receitas assim enquadradas, devem ser passíveis de segregação, com vistas à correta tributação. Sem que tais comprovações existam nos autos, inviável será o deferimento do pleito. Resta claro que no mérito a decisão recorrida reconheceu a possibilidade do contribuinte fazer prova a seu favor, providência esta até então não determinada pela autoridade fiscal e se insere nas situações que o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 PAF prevê regra de exceção para a apresentação extemporânea de conjunto probatório após a impugnação (manifestação de inconformidade): Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 450DF CARF MF Processo nº 13896.907926/201616 Resolução nº 3201001.933 S3C2T1 Fl. 8 7 Assim, entendo que os autos devam retornar à unidade preparadora para apreciação do Laudo Técnico apresentado pela Recorrente. Ante o exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a autoridade preparadora analise o Laudo Técnico colacionado aos autos pela Recorrente e identifique as atividades cujas receitas inseremse no regime de apuração cumulativa nos termos do inciso XXV do art. 10 e inciso V do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03. Se entender necessário, deverá intimar a Recorrente para, ainda no curso da diligência, apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos a respeito do litígio. Ao término do procedimento, deve elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes ao esclarecimento dos fatos. Encerrada a instrução processual, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual, sem ou com apresentação de manifestação, devem os autos serem devolvidos a este Colegiado para continuidade do julgamento. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, a fim de que a autoridade preparadora analise o Laudo Técnico colacionado aos autos pela Recorrente e identifique as atividades cujas receitas inseremse no regime de apuração cumulativa nos termos do inciso XXV do art. 10 e inciso V do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03. Se entender necessário, deverá intimar a Recorrente para, ainda no curso da diligência, apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos a respeito do litígio. Ao término do procedimento, deve elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes ao esclarecimento dos fatos. Encerrada a instrução processual, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual, sem ou com apresentação de manifestação, devem os autos serem devolvidos a este Colegiado para continuidade do julgamento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 451DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10976.000160/2008-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 11 00:00:00 UTC 2013
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES
Ano-calendário: 2004
NULIDADE. ACÓRDÃO DE 1 a INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
Não é nula a decisão de 1 a instância que relata corretamente os fundamentos da autuação e os argumentos da defesa, e de forma lógica e motivada decide pelo indeferimento do pedido de perícia e pela manutenção do lançamento.
Hipótese em que inexistem as omissões e contradições apontadas, ou cerceamento do direito de defesa por indeferimento da perícia.
PERÍCIA. DESNECESSIDADE.
Deve ser indeferido o pedido de perícia genérico, sem comprovação de sua necessidade e da impossibilidade da produção da prova pelo contribuinte.
OMISSÃO DE RECEITAS. DIVERGÊNCIAS ENTRE A CONTABILIDADE E OS VALORES DECLARADOS E RECOLHIDOS.
Caracteriza-se omissão de receitas a diferença entre as receitas escrituradas nos Livros de Saída e Razão e aquelas informadas na declaração de rendimentos da pessoa jurídica e pagas, quando o contribuinte não consegue justificar as divergências com provas hábeis e idôneas.
CONTRIBUINTE DO IPI. ACRÉSCIMO NA ALÍQUOTA DO SIMPLES.
As pessoas jurídicas contribuintes do IPI estão sujeitas ao acréscimo de 0,5% na alíquota do SIMPLES sobre toda a receita bruta mensal auferida, mesmo se apenas uma parte desses rendimentos decorre da venda de produtos por ela industrializados.
Hipótese em que restou comprovado ser a empresa contribuinte do IPI.
EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA ESTRANHA AO PROCESSO
Não se conhece de argumentos contra a exclusão do SIMPLES, pois os autos não tratam dessa matéria, tendo a autoridade fiscal apenas mencionado a necessidade da exclusão em procedimento futuro.
MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO.
Caracteriza-se sonegação a prática de declarar e pagar, durante todo o ano-calendário, apenas um pequeno percentual das receitas corretamente escrituradas nos Livros Razão e de Saída, e devidamente informadas ao Fisco Estadual, por se tratar de ação dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal.
Tal prática enseja a qualificação da multa de ofício para o percentual de 150%.
Preliminares Rejeitadas.
Pedido de Perícia Indeferido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1102-000.929
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, indeferir o pedido de perícia e, no mérito, negar provimento ao recurso, vencido o conselheiro Manoel Mota Fonseca, que reduzia o percentual da multa aplicada para 75%.
Nome do relator: José Evande Carvalho Araujo
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ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Ano-calendário: 2004 NULIDADE. ACÓRDÃO DE 1 a INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Não é nula a decisão de 1 a instância que relata corretamente os fundamentos da autuação e os argumentos da defesa, e de forma lógica e motivada decide pelo indeferimento do pedido de perícia e pela manutenção do lançamento. Hipótese em que inexistem as omissões e contradições apontadas, ou cerceamento do direito de defesa por indeferimento da perícia. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Deve ser indeferido o pedido de perícia genérico, sem comprovação de sua necessidade e da impossibilidade da produção da prova pelo contribuinte. OMISSÃO DE RECEITAS. DIVERGÊNCIAS ENTRE A CONTABILIDADE E OS VALORES DECLARADOS E RECOLHIDOS. Caracteriza-se omissão de receitas a diferença entre as receitas escrituradas nos Livros de Saída e Razão e aquelas informadas na declaração de rendimentos da pessoa jurídica e pagas, quando o contribuinte não consegue justificar as divergências com provas hábeis e idôneas. CONTRIBUINTE DO IPI. ACRÉSCIMO NA ALÍQUOTA DO SIMPLES. As pessoas jurídicas contribuintes do IPI estão sujeitas ao acréscimo de 0,5% na alíquota do SIMPLES sobre toda a receita bruta mensal auferida, mesmo se apenas uma parte desses rendimentos decorre da venda de produtos por ela industrializados. Hipótese em que restou comprovado ser a empresa contribuinte do IPI. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA ESTRANHA AO PROCESSO Não se conhece de argumentos contra a exclusão do SIMPLES, pois os autos não tratam dessa matéria, tendo a autoridade fiscal apenas mencionado a necessidade da exclusão em procedimento futuro. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. Caracteriza-se sonegação a prática de declarar e pagar, durante todo o ano-calendário, apenas um pequeno percentual das receitas corretamente escrituradas nos Livros Razão e de Saída, e devidamente informadas ao Fisco Estadual, por se tratar de ação dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Tal prática enseja a qualificação da multa de ofício para o percentual de 150%. Preliminares Rejeitadas. Pedido de Perícia Indeferido. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2004 NULIDADE. ACÓRDÃO DE 1a INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Não é nula a decisão de 1a instância que relata corretamente os fundamentos da autuação e os argumentos da defesa, e de forma lógica e motivada decide pelo indeferimento do pedido de perícia e pela manutenção do lançamento. Hipótese em que inexistem as omissões e contradições apontadas, ou cerceamento do direito de defesa por indeferimento da perícia. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Deve ser indeferido o pedido de perícia genérico, sem comprovação de sua necessidade e da impossibilidade da produção da prova pelo contribuinte. OMISSÃO DE RECEITAS. DIVERGÊNCIAS ENTRE A CONTABILIDADE E OS VALORES DECLARADOS E RECOLHIDOS. Caracterizase omissão de receitas a diferença entre as receitas escrituradas nos Livros de Saída e Razão e aquelas informadas na declaração de rendimentos da pessoa jurídica e pagas, quando o contribuinte não consegue justificar as divergências com provas hábeis e idôneas. CONTRIBUINTE DO IPI. ACRÉSCIMO NA ALÍQUOTA DO SIMPLES. As pessoas jurídicas contribuintes do IPI estão sujeitas ao acréscimo de 0,5% na alíquota do SIMPLES sobre toda a receita bruta mensal auferida, mesmo se apenas uma parte desses rendimentos decorre da venda de produtos por ela industrializados. Hipótese em que restou comprovado ser a empresa contribuinte do IPI. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA ESTRANHA AO PROCESSO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 6. 00 01 60 /2 00 8- 41 Fl. 704DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 692 2 Não se conhece de argumentos contra a exclusão do SIMPLES, pois os autos não tratam dessa matéria, tendo a autoridade fiscal apenas mencionado a necessidade da exclusão em procedimento futuro. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. Caracterizase sonegação a prática de declarar e pagar, durante todo o ano calendário, apenas um pequeno percentual das receitas corretamente escrituradas nos Livros Razão e de Saída, e devidamente informadas ao Fisco Estadual, por se tratar de ação dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Tal prática enseja a qualificação da multa de ofício para o percentual de 150%. Preliminares Rejeitadas. Pedido de Perícia Indeferido. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, indeferir o pedido de perícia e, no mérito, negar provimento ao recurso, vencido o conselheiro Manoel Mota Fonseca, que reduzia o percentual da multa aplicada para 75%. (assinado digitalmente) ___________________________________ João Otávio Oppermann Thomé Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, Manoel Mota Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, e Antonio Carlos Guidoni Filho. Relatório AUTUAÇÃO No contribuinte acima identificado, foram detectadas infrações ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, que resultaram na lavratura de autos de infração decorrentes de IRPJ, PIS, COFINS, CSLL e IPI, totalizando a exigência de um crédito tributário de R$ Fl. 705DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 693 3 1.695.739,16, aí incluídos principal, juros de mora calculados até 30/05/2008, e multa de ofício de 150% (fls. 3 a 87). Por bem descrever os fatos, transcrevo a descrição da ação fiscal e das infrações lançadas constante no relatório de 1a instância (fls. 651 a 652): O Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 81 a 84 assim detalha os lançamentos (fundamentação legal às fls.: 2, 3; 25, 26; 35, 36; 45, 46; 55, 56; 65, 66; 75 e 76): Diferença de Base de Cálculo A Autora do feito esclarece que a interessada foi, no ano de 2004, optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte — Simples, instituído pela Lei n°. 9.317 de 05 de dezembro de 1996, na condição de empresa de pequeno porte, havendo apresentado Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica SIMPLES (DSPJ cópia de fls. 110 a 127). De acordo com seu contrato social e respectivas alterações contratuais (fls. 89 a 100), bem como com os documentos de fls. 101 a 109, a Autora do feito constatou que a fiscalizada dedicavase, dentre outras atividades, à fabricação de embalagens plásticas flexíveis; por conseguinte, achavase ela sujeita ao recolhimento unificado do SIMPLES com os percentuais de lei, acrescidos de 0,5% na condição de contribuinte do IPI; por oportuno, a Autora adverte que a interessada assinalou, na referida DSPJ, não ser contribuinte do IPI (fl. 110). Além disso, a Autora do feito constatou que os valores declarados naquela DSPJ foram muito inferiores aos registrados em sua escrituração contábil e fiscal do contribuinte (Livros de Registro de Saídas, Registro de Apuração do ICMS, Razão, Balancetes), embora as vendas fossem registradas no Livro de Registro de Saídas e no Livro de Registro de Apuração do ICMS, havendo também coerência entre os valores registrados no Livro de ICMS e os apresentados nos balancetes e nos livros Razão e Diário, conforme tabelas de fls. 79 e 80. Acrescenta a Autora: [...] Constatouse que a partir do mês de março houve erros de escrituração no Livro Razão das notas fiscais de saída (conta 0000400 — Receitas de Vendas/Serviço/Produção, subconta 4000006 — Produção a prazo). Esse erro consistiu basicamente em se escriturar o valor relativo a determinada nota fiscal com o número de outra nota fiscal emitida posteriormente. Como exemplo, tomese a nota fiscal n° 66, emitida em 09/03/04 [...] que foi corretamente escriturada no livro de Registro de Saída (fl. 275), porém o valor da venda foi escriturado no Livro Razão como se fosse a nota 068 (f1. 301). Como mais um exemplo, temos a nota fiscal n° 1059, emitida em 04/11/04, no valor de R$ 7.669,20 , escriturada corretamente no livro de Saídas (fl. 296) e registrada no Razão como se fora a nota fiscal de n° 1062 (fl. 321). Às fls. 299 a 332 encontramse cópias do Livro Razão. A partir disso, entendeu a Autora que a interessada teria perfeito conhecimento do real valor das receitas auferidas mês a mês, dado que todas as notas fiscais de vendas foram regularmente escrituradas, tendo inclusive sido elaborados os balancetes mensais supramencionados [...]. Fl. 706DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 694 4 Acrescenta que, apesar disto “sistematicamente ao longo de todo o ano de 2004 apurou e recolheu os valores devidos aos cofres públicos em montantes muito inferiores aos que sabia serem os corretos”, tendo ainda prestado “declaração sabidamente falsa à autoridade fazendária", no intuito de "eximirse parcialmente do pagamento de tributos”. À vista disto, a Autora entendeu que as ações da contribuinte eram ditadas por intuito doloso e, além de formalizar Representação Fiscal com fins Penais, noticiando os presentes fatos, conforme processo n° 1097.000161/200895, aplicou [...] multa de oficio de 150% nos termos do § 1° do artigo 44 da Lei 9.430/96, com redação dada pelo artigo 14 Lei 11.488/2007, prevista para os casos de sonegação, conforme definição do artigo 71 da Lei 4.502/64 [...]. Esclarece também que [...] a empresa auferiu receita no ano de 2004 no valor de R$ 6.110.141,63 tendo ultrapassado o limite da receita bruta acumulada a que se refere o artigo 2°, inciso II da Lei 9.317/96, alterado pelo artigo 30 da Lei 9.732/98 (R$ 1.200.000,00) no mês de dezembro, tendo sido aplicado, então, sobre o valor excedente de receita encontrado naquele mês o que dispõe o § 3o do artigo 23 da Lei n.° 9.317/96, ou seja, a majoração de 20% dos percentuais aplicados para apuração do quantum devido dos tributos/contribuições. A Autora adverte, por oportuno, que a contribuinte, por não haver comunicado voluntariamente este fato, acharseia sujeita à exclusão de oficio do SIMPLES, a partir de 2003, nos termos do artigo 13, inciso II, alínea b, da Lei n.° 9.317, de 5 de dezembro de 1996. Insuficiência de Recolhimento A este respeito, a Autora do feito explicita que a interessada, além de declarar apenas em parte suas receitas, deixou de recolher em sua integridade os valores declarados; desta sorte, procedeu a Autora ao lançamento destas parcelas declaradas e não pagas. IMPUGNAÇÃO Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação (fls. 334 a 346), acatada como tempestiva. Socorrome, mais uma vez, da descrição do recurso feita pelo relatório do acórdão de primeira instância (fls. 652 a 654): Em preliminar, a interessada argúi a nulidade do feito, dizendo que [...] o Auditor da Receita Federal não relatou no Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo de forma específica os valores de cada tributo, limitandose a apresentar, inespecificamente, o valor total supostamente devido pela empresa Autuada. A discriminação dos valores de cada tributo supostamente devido pela empresa Autuada é de fundamental importância para que esta verifique a procedência dos mesmos bem como apresente defesa se for o caso. Fl. 707DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 695 5 No mérito, aduz que “mantinha toda a sua escrituração contábil em dia e de acordo com suas reais operações e movimentações financeiras” e que, caso pretendesse agir com dolo, não teria mantido escrituração regular nem declarado suas vendas ao Fisco estadual, [...] visto que é do conhecimento geral de todos a estreita relação entre os dois órgãos (Estadual e Federal), no que tange a interligação de sistema de dados entre os referidos entes públicos. Justifica a divergência entre a DSPJ e seus livros contábeis [...] pelo simples fato de que as declarações de imposto de renda da Autuada foram lastreadas, ou melhor dizendo, tiveram como base as guias emitidas e pagas para recolhimentos dos impostos federais, a saber SIMPLES, que apenas não foram pagas em sua integralidade por falta de recursos financeiros quando do vencimento das mesmas. Ocorre que as guias federais que lastrearam as declarações simplificadas de imposto de renda da Autuada, foram confeccionadas na ocasião com a possibilidade econômica da Autuada, no pagamento dos tributos, já que a mesma enfrentava momento econômico conturbado o que impossibilitaria de quitar os impostos devidos e nos moldes escriturados Junto a Receita Estadual. Prosseguindo, manifestase, em tese, contrária a uma eventual exclusão de ofício do SIMPLES. Afirma que o Termo de Verificação Fiscal (TVF) conteria partes contraditórias entre si, como a afirmação de que ela, impugnante, registraria corretamente suas vendas, mas que o faria atribuindo, a partir de março de 2004, o valor de uma nota fiscal a outra, emitida posteriormente. A este respeito, aduz, textualmente, que [...] demonstrado está, com a devida vênia, a ausência de credibilidade nos fatos apontados na fiscalização como infração cometida pela Fiscalizada, e em especial, ao ponto que imputa a Impugnada, escrituração equivocada nos Livros de Saída, no que tange valor de nota lançada no livro que no corresponde ao número da Nota Fiscal. Justifica as atribuições do valor de algumas notas fiscais a outras com as palavras (textuais): O que aconteceu de fato foi que alguns lançamento de valores de notas foram confrontações equivocadas pelo contador com os formulários das mesmas, no momento dos lançamentos, números estes que não conhecidem com a ordem fiscal dos referidos documento, causando divergência nos lançamentos. Isto se deu pelo sistema adotado pela empresa Autuada, no que tange a emissão de notas, que no caso é o eletrônico. Esse sistema quando da emissão de nota fiscal emite também formulário que possui também, assim como a nota, número próprio. Número esse que foi na ocasião do lançamento fiscal, confundido com àquele existe para cada documentos fiscal de saída emitido. Diz que a receita bruta apurada pela Autora do feito seria incorreta, afirmando que esta haveria deixado de abater “as notas de devolução”, dizendo que desta Fl. 708DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 696 6 forma teriam ocorrido “diferenças a maior nos valores apontados no A.I. como devidos pela autuada”, pedindo a realização de perícia. No restante de seu arrazoado, opõese à cobrança de multa no percentual de 150%, por considerála exorbitante e ofensiva aos artigos 5o, inciso XIII; 150, inciso IV; e 170, caput, todos da Constituição da República, bem como aos artigos 161 e 192 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), escrevendo: É indispensável para se verificar se tais atos obedeceram aos pressupostos da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, aliados aos princípios que regem a dosimetria das penalidades de caráter fiscal. [...] Na presente hipótese, é salutar que se afaste a multa exacerbadora, julgando se nulo, de pleno direito, por mais este motivo, o respectivo Al. [...1 Nesse contexto, não seria lícita a imposição de multa nesse patamar (150%), caso contrário, estarseia admitindo o enriquecimento ilícito do fisco, em detrimento do e contribuinte. [..] Desta maneira, resta cabalmente demonstrada a ilicitude da imposição de multa neste patamar, bem como a ilegalidade e inconstitucionalidade, que se faz imperioso o cancelamento da multa aplicada, ou, quando menos, a sua redução ao seu grau mínimo. Menciona e transcreve jurisprudência e doutrina. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG) julgou procedente o lançamento, em acórdão que possui a seguinte ementa (fls. 649 a 657): ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Exercício: 2005 DILIGÊNCIAS O pedido de diligência deve ser acompanhado de adequada fundamentação, sob pena de ser considerado não formulado, podendo a autoridade julgadora indeferila se a considerar prescindível. NULIDADE Não há nulidade se as peças processuais discriminam claramente a composição de cada exigência tributária. Fl. 709DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 697 7 DOLO Constatase a presença de dolo na tentativa metódica de impedir o conhecimento, por parte do Fisco da União, da ocorrência de fato gerador dos impostos e contribuições. MULTA Nos lançamentos de oficio, aplicase multa de cento e cinqüenta por cento diante de evidente intuito de fraude. INCONSTITUCIONALIDADE A argüição de inconstitucionalidade não pode ser oposta na esfera administrativa, por transbordar os limites da competência da autoridade judicante. FALTA DE OBJETO Não se pode examinar, em processo que envolva exclusivamente a cobrança de impostos e contribuições, a exclusão, em tese, do contribuinte do SIMPLES, por constituir matéria estranha ao processo. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA A doutrina e a jurisprudência, por via de regra, não gozam do status de legislação tributária e não vinculam a Administração federal. Lançamento Procedente Os fundamentos dessa decisão foram os seguintes: a) rejeitouse a preliminar de nulidade, pois os valores de cada tributo estavam bem discriminados; b) indeferiuse o pedido de perícia para se constatar que as vendas canceladas não haviam sido deduzidas da base de cálculo dos tributos, por se tratar de pedido genérico; c) mantevese a qualificação da multa por se considerar que o contribuinte agiu com dolo, por ter apresentado declaração de rendimentos absolutamente divorciada da realidade, em especial porque o impugnante reconheceu que recolheu e declarou os tributos a menor por falta de recursos financeiros; d) não se examinou os argumentos em contrário a uma eventual exclusão de ofício do SIMPLES, por se tratar de matéria estranha ao processo; e) não se admitiu os argumentos de incoerência do Termo de Verificação Fiscal, bem como as alegações de ofensa a princípios constitucionais. Fl. 710DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 698 8 RECURSO AO CARF Cientificado da decisão de primeira instância em 25/9/2008 (fl. 658), o contribuinte apresentou, em 23/10/2008, o recurso de fls. 670 a 688, onde afirma que: a) são incorretas as considerações do lançamento de que teria recolhido os valores devidos aos cofres públicos em montante inferior, de que teria agido dolosamente, e de que recolhia um valor inferior ao devido, sabendo quais valores seriam os corretos; b) não se pode confundir possível desorganização da Recorrente, erro material, com dolo, máfé, fraude; c) as divergências apuradas pela Fiscalização quanto a alguns valores de notas e seus números lançados nos Livros Razão e de Saída se devem a lançamentos incorretos da numeração do formulário eletrônico, ao invés do número efetivo de algumas notas; d) não é contribuinte do IPI, e que, apesar de constar no seu contrato social que se dedica, dentre outras atividades, à fabricação de embalagens plásticas flexíveis, esta não é sua atividade preponderante, nem principal, nem mesmo acessória; e) só produz embalagens esporadicamente, sem ser de forma industrial, sob requisitos especificados pelo cliente e atende a necessidade peculiar de somente um cliente contratante, satisfeita no momento da contratação; f) a alta especificação que se exige nos dias atuais no que concerne à fabricação de embalagens, onde as empresas estão cada vez mais preocupadas em produzir embalagens que diferenciem e identifiquem corretamente os produtos nelas constantes, fez com que deixasse de prestar esse tipo de serviço (de forma industrial). A grande concorrência existente no mercado, fez que a empresa autuada se pautasse quase exclusivamente a prestar outros tipos de serviços constantes em seu Estatuto Social.; g) os valores declarados na DSPJ estão corretos; h) sempre efetuou os recolhimentos dos tributos devidos a tempo e a modo, e que, se por algum momento deixou de realizar o pagamento dos débitos devidos na integralidade, o que não se admite, esse não se deu por dolo ou máfé da Recorrente e sim decorrente da crítica situação financeira em que atravessava à época; i) o erro provocado pela divergência de informações junto a DSPJ e os livros contábeis se deu pelo simples fato de que as declarações de imposto de renda tiveram como base as guias emitidas e pagas para recolhimentos dos impostos federais, a saber SIMPLES, que apenas não foram pagas em sua integralidade por falta de recursos financeiros quando do vencimento das mesmas; j) as guias federais que lastrearam as declarações simplificadas de imposto de renda da Autuada, foram confeccionadas na ocasião com sua possibilidade econômica no pagamento dos tributos, já que enfrentava momento econômico conturbado o que impossibilitaria de quitar os impostos devidos e nos moldes escriturados junto a Receita Estadual; l) teve seu direito de defesa cerceado pelo indeferimento da perícia; Fl. 711DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 699 9 m) a perícia solicitada na impugnação é imprescindível, pois não concorda com a base de cálculo lançada e os documentos necessários para a perícia estavam em poder do Fisco Estadual; n) os valores das multas aplicadas são exorbitantes e devem se afastados por absoluta ausência de dolo e culpa, ou então reduzidos para seu valor mínimo; o) conforme restou comprovado nos autos, inexistiu dolo da empresa, uma vez que, caso pretendesse agir de máfé, não teria mantido escrituração regular nem declarado suas vendas ao Fisco Estadual, principalmente em face do conhecido estreito relacionamento entre os diversos Órgãos Tributários; p) da mesma forma, a carência de recursos financeiros da Recorrente, tendo um grande número de credores a sua porta, comprometeu de forma significativa a solvabilidade da empresa autuada de quitar todos os seus compromissos, mas que, em nenhum momento, teve o interesse de lesar o Fisco da União; q) a decisão recorrida é contraditória e omissa, pois deixou de analisar a exclusão da empresa do SIMPLES e os argumentos de contradições existentes no Termo de Verificação Fiscal, e por isso deve ser anulada; r) não deveria ser excluída do SIMPLES por absoluta falta de previsão legal. Ao final, pugna pelo cancelamento da autuação. Este processo foi a mim distribuído no sorteio realizado em junho de 2013, numerado digitalmente até a fl. 690. Esclareçase que todas as indicações de folhas neste voto dizem respeito à numeração digital do eprocesso. É o relatório. Voto Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. O lançamento em análise decorre de infrações ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, que resultaram na lavratura de autos de infração decorrentes de IRPJ, PIS, COFINS, CSLL e IPI. A acusação fiscal versa sobre diferenças entre os valores escriturados nos Livros de Saídas e Razão e aqueles pagos e informados na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – DSPJ do exercício de 2005, contendo ainda a imputação de sonegação, o que ocasionou a qualificação da multa de ofício. Fl. 712DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 700 10 PRELIMINAR DE NULIDADE E PEDIDO DE PERÍCIA O recorrente defende a nulidade da decisão recorrida, devendo tal argumento ser analisado preliminarmente. Afirmase que o julgado foi contraditório e omisso, pois deixou de analisar a exclusão da empresa do SIMPLES e os argumentos de contradições existentes no Termo de Verificação Fiscal. Contudo, em análise dos argumentos do acórdão de 1a instância, verifico que não existem quaisquer omissões ou contradições a serem reconhecidas. Quanto à exclusão do SIMPLES, após descrever a autuação fiscal e os argumentos da defesa no relatório, o julgado atacado concluiu se tratar de matéria estranha ao processo. A conclusão é lógica e deriva dos fatos analisados, não podendo ser taxada de contraditória. O mérito dessa matéria será, posteriormente, analisado neste voto. Quanto às contradições apontadas no Termo de Verificação Fiscal, elas também foram adequadamente descritas no relatório do julgado, e afastadas no voto sob o argumento de que “não invalidam o feito, pela simples razão de que a Autora limitouse a descrever as discrepâncias com que se deparou na escrituração da interessada, sem permitir que estas afetassem a precisão de seu trabalho.” Assim, não existe qualquer omissão que macule o julgamento. Ademais, a conclusão tomada é absolutamente correta, pois não existe a contradição apontada na impugnação. Além dessas imputações de nulidade, o contribuinte também afirma que teve seu direito de defesa cerceado pelo indeferimento da perícia, argumento que, se correto, também resultaria na nulidade do julgado, e por isso será apreciado nesta seção. Entretanto, não houve também qualquer nulidade, pois o indeferimento da perícia foi devidamente motivado. O recorrente renova seu pedido de perícia, que foi formulado na impugnação nos seguintes termos (fl. 340): 4.3.1 Salientase ainda, conforme comprovase pelas cópias dos livros anexados à presente impugnação o erro da I. Fiscal no que concerne aos valores apurados como base de cálculo para obtenção dos valores devidos, senão vejamos onde a mesma alega ter desconsiderado e glosado as notas de devolução, tal fato não ocorreu, gerando assim diferenças a maior nos valores apontados no A.I. como devidos pela autuada. Desta forma flagrante o prejuízo para a ora Impugnante, vez que a base de calculo apontada é incorreta contendo em seu bojo valores indevidos. Portanto para fins de comprovação do ora alegado desde já se requer perícia nos livros e nas notas fiscais utilizados como fundamentação para o trabalho fiscal objeto desta impugnação. Esclarece afinal que os referidos documentos encontramse em poder do fisco estadual conforme documento anexo. Fl. 713DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 701 11 Desta forma, o contribuinte faz alegações genéricas de que a base de cálculo do lançamento está incorreta, pois não considerou notas de devolução, sem trazer ao menos um indício desse suposto erro, e pretende que se realize perícia para se verificar tal fato. Observese que o lançamento se baseou na escrituração do próprio contribuinte, e seria fácil se apontar quais devoluções de vendas não teriam sido consideradas. Ademais, não se localizou nos autos qualquer comprovação de que as notas fiscais estivessem retidas pelo Fisco Estadual. O que se encontrou foi o termo de retenção do Fisco Federal, decorrente da fiscalização que ocasionou o lançamento sob análise (fl. 362), sendo que todos os documentos foram devolvidos à empresa, como informado no Termo de Encerramento de fl. 80. Assim, não restou comprovada a necessidade da perícia solicitada, pelo que se deve indeferir tal pedido. Diante do exposto, rejeito as preliminares de nulidade e indefiro o pedido de perícia. MÉRITO A defesa contesta o mérito da autuação com argumentos genéricos e muitas vezes contraditórios. Em alguns momentos, afirma que os valores informados na declaração de ajuste estão corretos. Em outros, que declarou as receitas a menor por problemas financeiros. Mas o fato é que a fiscalização demonstrou que as receitas escrituradas nos Livros de Saída e Razão eram muito superiores àquelas declaradas, e tributou as diferenças. Ora, para se contrapor a essa acusação, deveria o contribuinte comprovar documentalmente que sua escrituração estava incorreta, não servindo para isso simples alegações sem provas. Do mesmo modo, não procede a alegação de que não era contribuinte do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI e que por isso não estava sujeito ao acréscimo de 0,5% na alíquota do SIMPLES, previsto no §2o do art. 5o da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. Nesse aspecto, também a acusação fiscal é precisa. Primeiro, intimouse o contribuinte, nos itens 11 e 12 do Termo Início de Fiscalização (fl. 88), a informar a relação de todos os produtos industrializados e/ou comercializados pelo estabelecimento no período de janeiro a dezembro de 2004, contendo sua descrição minuciosa, processo de fabricação, finalidade a que se destinavam, classificação fiscal adotada na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) e alíquota do IPI praticada, bem como, caso existissem, catálogos, folders, panfletos ou assemelhados, bem como a relação das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos para emprego na Fl. 714DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 702 12 industrialização dos produtos fabricados pela empresa no mesmo período, contendo a descrição de cada produto, sua finalidade, nome e CNPJ do fornecedor e classificação fiscal. Em resposta específica a esses itens, a própria empresa fiscalizada entregou o fluxograma de produção e a lista das matérias primas, materiais de embalagem e produtos acabados produzidos, com informação das alíquotas do IPI a que se submetiam (fls. 105 a 113). Ora, a resposta inicial do contribuinte é absolutamente contraditória como os argumentos do seu recurso voluntário, onde afirma que não é contribuinte do imposto e que só produz embalagens esporadicamente, sem ser de forma industrial. Vejamse as disposições do Decreto nº 2.637, de 25 de junho de 1998, que era o Regulamento do IPI vigente à época dos fatos geradores: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e DecretoLei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). (...) Art. 3º Produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida neste Regulamento como industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária. Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único): I a que, exercida sobre matériaprima ou produto intermediário, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); V a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Fl. 715DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 703 13 Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. (...) Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º). (...) Art. 23. São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte: (...) II o industrial, em relação ao fato gerador decorrente da saída de produto que industrializar em seu estabelecimento, bem assim quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar (Lei nº 4.502, de 1964, art. 35, inciso I, alínea "a"); (...) Assim, a empresa será contribuinte do IPI se executar quaisquer das operações previstas no art. 4o do Regulamento, mesmo que de forma esporádica. E a operação de extrusão, que foi informada pelo contribuinte como “um processo de produção de componentes mecânicos de forma semicontínua onde, através do aquecimento do PELBD forçado através de razão de sopro e da matriz, adquirindo assim a forma prédeterminada pelo extrusor de acordo com a Ordem de Produção imposta”, certamente se enquadra no conceito, pois modifica o acabamento, a apresentação e finalidade do produto. O contribuinte alega, também, que sua produção não se dá de forma industrial, sem contudo esclarecer o que isso significa. De qualquer modo, o parágrafo único do art. 4o do Regulamento deixa claro que são irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. Acrescentese que o §2o do art. 5o da Lei nº 9.317, de 1996, determina o acréscimo de 0,5% na alíquota do SIMPLES no caso de pessoa jurídica contribuinte do IPI, sem fazer qualquer ressalva à quantidade de produtos industrializados produzidos, ou à alíquota de IPI a que estão sujeitos. Dessa forma, mesmo que apenas uma pequena percentagem da receita auferida decorra da venda e produtos industrializados pela empresa, ou que esses produtos se submetam à alíquota zero do imposto, ainda assim toda a receita auferida será tributada como o acréscimo de 0,5%. Quanto à incorreção na escrituração de algumas notas fiscais apontadas no relatório fiscal, entendo ter se tratado de mera ressalva da autoridade tributária, que em nenhum momento ensejou o lançamento de valores a maior ou justificou a qualificação da penalidade. Fl. 716DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 704 14 Dessa forma, os esclarecimentos de que se tratou de mera incorreção na contabilidade não alteram os fundamentos da autuação. Finalmente, os argumentos contrários à exclusão do SIMPLES não merecem ser analisados. Isso porque, nestes autos, não se procedeu à exclusão de ofício da empresa do sistema. É verdade que consta, no Termo de Verificação Fiscal, a observação de que o fato da empresa ter auferido receita acima de R$ 1.200.000,00, e não ter comunicado isso à Receita Federal, enseja a sua exclusão de oficio do SIMPLES a partir de 2005, nos termos do artigo 13, inciso II, alínea “b”, da Lei nº 9317, de 1996. Mas se trata de mera orientação para procedimentos futuros, pois a exclusão de ofício se dá mediante ato declaratório da autoridade fiscal da Secretaria da Receita Federal que jurisdicione o contribuinte, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo tributário administrativo, nos termos do §3o do art. 15 da Lei nº 9317, de 1996. Assim, não tendo ocorrido nestes autos a exclusão de ofício do SIMPLES, correta a decisão recorrida que a considerou matéria estranha ao processo. Diante do exposto, devese manter o lançamento do principal. MULTA QUALIFICADA Foi aplicada a penalidade de 150% por se considerar comprovada a ocorrência de sonegação, caracterizada pela ação dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Tal fato estaria comprovado pelo contribuinte: a) ter emitido as notas fiscais de vendas, escriturandoas em seus Livros Razão e de Saída, e ainda assim apurar, recolher e declarar os tributos federais em valores muito inferiores ao que sabia serem corretos; b) ter prestado informação falsa à autoridade fazendária na declaração de rendimentos do anocalendário de 2004. O contribuinte também se defende dessa matéria de forma contraditória. Primeiro diz que recolheu e declarou os tributos corretamente. Depois, que, caso tenha recolhido a menor, não o fez por máfé. Mais tarde, que declarou os valores corretamente, mas que apenas não os pagou na integralidade por falta de recursos financeiros quando do seu vencimento. Por último, reconhece que declarou os tributos de acordo com a sua possibilidade econômica, já que enfrentava momento financeiro conturbado, o que o Fl. 717DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 705 15 impossibilitaria de quitar os impostos devidos e nos moldes escriturados junto à Receita Estadual. Ora, a última assertiva é uma verdadeira confissão de que tinha consciência de que declarava os tributos federais a menor. O fato de que não possuía recursos para o pagamento não exclui sua intenção dolosa de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pela autoridade fazendária. Mas mesmo que não se admita essa confissão por parte da defesa, haja vista que é contraditória com outras alegações do recurso, ainda assim se deve manter a multa qualificada. O demonstrativo de fl. 82 demonstra que o contribuinte declarou, em todos os meses de 2004, menos de 20% das receitas efetivamente auferidas, como explicitado na tabela abaixo: Livro Razão DSPJ % fev/04 361.961,45 59.352,52 16% mar/04 373.867,26 61.376,08 16% abr/04 503.945,17 63.478,58 13% mai/04 549.893,15 65.748,96 12% jun/04 470.474,92 79.458,74 17% jul/04 493.832,63 83.214,87 17% ago/04 521.832,14 94.698,58 18% set/04 617.557,24 110.854,60 18% out/04 638.418,04 98.410,00 15% nov/04 839.707,17 100.587,96 12% dez/04 765.528,44 125.674,00 16% Ora, a prática reiterada de declarar receitas em valores muito abaixo daqueles efetivamente auferidos serve, por si só, para comprovar a intenção dolosa de suprimir tributos, não podendo ser compreendida como simples erro de escrituração. É esse o entendimento de diversos julgados do antigo 1o Conselho de Contribuintes e do CARF, em especial nos casos em que se declara não ter se auferido receitas, e que, ao meu juízo, também se aplica às situações onde se informam rendimentos muito abaixo do real. Transcrevo algumas ementas: QUALIFICAÇÃO DE MULTA — INTUITO DOLOSO — PRÁTICA REITERADA DE ENTREGA DE DECLARAÇÃO À FAZENDA FEDERAL COM VALORES INFERIORES AOS ESCRITURADOS NOS LIVROS A reiteração da entrega de declaração em valor significativamente inferior ao constante em seus livros fiscais por longo período caracteriza o intuito doloso e autoriza a qualificação da multa. (Acórdão nº CSRF/0105.740, 1ª Turma CSRF, sessão de 3/12/2007, relator Conselheiro Marcus Vinícius Neder de Lima) Fl. 718DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 706 16 OMISSÃO DE RECEITA Caracteriza hipótese de receita omitida a divergência entre os valores informados na DAS e aqueles lançados nos livros fiscais. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE Não se trata de mera declaração inexata, justificando a aplicação da multa qualificada de 150%, a informação constante na DAS de valores “zerados” de faturamento mensal, como se pessoa jurídica estivesse inativa, quando a recorrente estava operando e apurando receitas normalmente. (Acórdão nº 19800022, sessão de 16/09/2008, relator Conselheiro João Francisco Bianco) MULTA QUALIFICADA. Caracteriza sonegação o fato do contribuinte apresentar declaração informando em desacordo com os fatos tributáveis constantes de seus livros. Mesmo estando registrado nos livros os fatos tributáveis e o montante devido, se o contribuinte declara ao Fisco nada dever, resta caracterizada a sonegação de informações, justificando a aplicação da multa qualificada de 150%. (Acórdão nº 110100.602, 1ª Turma Ordinária/1ª Câmara/1a Seção/CARF, sessão de 4/10/2011, relator Conselheiro Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro) Acrescentese que o fato de ter se informado as receitas corretas ao Fisco Estadual, longe de afastar a presunção de dolo, como pretende o recurso, serve, ao contrário, para confirmála, pois demonstra que a empresa tinha consciência dos valores corretos. Mesmo que existisse eventual cooperação entre os órgãos fazendários, a declaração inexata serviria, no mínimo, para retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador, o que já é suficiente para a caracterização da sonegação. Assim, mantenho a multa qualificada. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por rejeitar as preliminares de nulidade, indeferir o pedido de perícia e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José Evande Carvalho Araujo Fl. 719DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10976.000160/200841 Acórdão n.º 1102000.929 S1C1T2 Fl. 707 17 Fl. 720DF CARF MF Documento de 17 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP11.0319.14124.MBNP. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO em 17/09/2013 09:35:09. Documento autenticado digitalmente por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO em 17/09/2013. Documento assinado digitalmente por: JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME em 18/12/2013 e JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO em 17/09/2013. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 11/03/2019. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP11.0319.14124.MBNP Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: 1F27F78D35325AB5D79BD8584EB653B48B0FF3AB Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Legislação e Processo". 3) Selecione a opção "e-AssinaRFB - Validar e Assinar Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10976.000160/2008-41. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 10880.990229/2009-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/05/2001
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-006.181
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais de Laurentiis Galkowicz.
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DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Nos processos em que as declarações de compensação não são homologadas por constar perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, é ônus do Contribuinte apresentar as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito creditório, aplicandose o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais de Laurentiis Galkowicz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 99 02 29 /2 00 9- 61 Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10880.990229/200961 Acórdão n.º 3402006.181 S3C4T2 Fl. 0 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão nº 1630.052, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP, que por unanimidade de votos julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo a decisão administrativa pela não homologação da compensação pretendida. Cientificada desta decisão, a Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário ora em apreço, através do qual pede a reforma da decisão de primeira instância, o que fez com os seguintes argumentos: i) Com fulcro na Lei 9.430/96 e alterações posteriores, apresentou diversos pedidos de compensação de créditos tributários oriundos de pagamento indevidos de tributos, os quais foram utilizados para compensação de débitos tributários decorrentes de suas atividades empresariais; ii) O agente administrativo limitouse a lançar um despacho padronizado indeferindo as compensações sob o argumento de que não existia o crédito perseguido pelo contribuinte; iii) Em nenhum momento foi propiciado à Recorrente a oportunidade de demonstrar o seu crédito, se limitando a Autoridade Administrativa a consultar os sistemas informatizados do próprio Fisco; iv) O julgado foi precipitado e invocou como fundamento o fato (verdadeiro) que para homologar as compensações é imprescindível a demonstração pelo contribuinte da "liquidez e certeza dos créditos para a efetivação do encontro de contas."; v) O objeto do presente processo administrativo é justamente garantir ao contribuinte a oportunidade de demonstrar a liquidez e certeza de seus créditos. Todavia, da maneira em que conduzido o processo não está sendo permitido ao contribuinte demonstrar o seu crédito e usase a falta dessa prova para indeferir o pedido. É o relatório. Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10880.990229/200961 Acórdão n.º 3402006.181 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402006.148, de 25 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.686726/200968, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402006.148): "Pressupostos legais de admissibilidade Nos termos do relatório o recurso é tempestivo, bem como o preenche os demais requisitos de admissibilidade, resultando em seu conhecimento. Mérito Da análise dos autos, constatase que o objeto principal deste litígio se resume ao ônus da prova sobre o direito creditório perseguido pela Contribuinte. Cabe observar que a origem da base de cálculo do crédito e inconstitucionalidade do artigo 3°, § 2°, inciso III da Lei 9.718/98 não é ponto controvertido a ser analisado, uma vez que não foi a razão do indeferimento e tampouco matéria enfrentada em razões recursais. Em síntese, o argumento principal da parte em Manifestação de Inconformidade e Recurso Voluntário versa sobre a conclusão da Autoridade Administrativa pela inexistência do crédito "sem sequer solicitar ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não a existência e suficiência do crédito utilizado na compensação". A Contribuinte havia requerido em Manifestação de Inconformidade a anulação do despacho decisório e a determinação para que a Autoridade Fiscal efetuasse as diligências necessárias para comprovar a origem e a existência do crédito utilizado nas compensações ou, alternativamente, a homologação da compensação efetuada. Por sua vez, a Autoridade Julgadora de Primeira Instância salientou que a compensação que se pretende é a proveniente de lançamento por homologação, em que o Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10880.990229/200961 Acórdão n.º 3402006.181 S3C4T2 Fl. 0 4 contribuinte apura por sua conta e risco o valor a ser restituído e efetua a compensação, incumbindo ao Fisco verificar se o encontro de contas foi realizado corretamente ou não, consoante o artigo 66 da Lei n° 8.383/1991. Com efeito, em razão da busca pela verdade material, sempre deverá prevalecer a possibilidade de apresentação de todos os meios de provas necessários para comprovação do direito pleiteado. Constatase que a Recorrente instruiu tanto a manifestação de Inconformidade quanto o Recurso Voluntário apenas com o instrumento de procuração, identificação da procuradora, cópias das decisões recorridas, identificação dos sócios proprietários e atos constitutivos da empresa. No entanto, é da Contribuinte o ônus da prova passível de contrapor a constatação de utilização dos créditos declarados para compensação, o que não ocorreu no presente caso, pois a Recorrente em nenhum momento anexou aos autos quaisquer documentos e/ou planilhas de apuração, tampouco apresentou retificação da DCTF para demonstrar o crédito perseguido. Ou seja, não há nos autos sequer um indício da existência de tal crédito. Aplicase o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido, citase o Acórdão nº 9303007.218, proferido pela 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais1. Com isso, está correta a decisão de primeira instância. Dispositivo Ante o exposto, conheço e nego provimento ao Recurso Voluntário. Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. 1 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do Fato Gerador: 20/04/2007 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10880.990229/200961 Acórdão n.º 3402006.181 S3C4T2 Fl. 0 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 75DF CARF MF
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