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Numero do processo: 16327.000162/2010-85    
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015    
Data da publicação: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2016    
Numero da decisão: 1102-000.311    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, encaminhar os autos ao Presidente do CARF para dirimir o conflito de competência suscitado, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente
(assinado digitalmente)
João Otávio Oppermann Thomé  Redator ad hoc
Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho.
    
Nome do relator: Não se aplica    
    
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, encaminhar os autos ao Presidente do CARF para dirimir o conflito de competência suscitado, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão  Presidente (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Oitava Turma da Delegacia Regional de Julgamento de São Paulo I (SP) assim ementado, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007, 31/12/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINARES. NULIDADE INEXISTÊNCIA. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .0 00 16 2/ 20 10 -8 5 Fl. 366DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 3 2 O lançamento fiscal, na qualidade de ato jurídico administrativo, somente pode ser considerado nulo quando desprovido de elemento essencial à sua constituição e forma, conforme estipulado no artigo 166 do Código Civil e no artigo 59 do Decreto 70.235/72, a saber, não ser praticado por pessoa competente, ter objeto ilícito, não ter sido observada a forma prescrita em lei, e ter sido preterido o direito de defesa. Não se incluem nessa categoria, pretensos vícios de erro na apuração da base de cálculo, na determinação dos fatos geradores, e na utilização do valor nominal em lugar do valor de mercado para precificar ações alienadas. TÍTULOS MOBILIÁRIOS. REGISTRO. ATIVO CIRCULANTE. Devem ser classificados no Ativo Circulante as disponibilidades e os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente. Considerase que ai teriam sido classificadas as ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo  BOVESPA, e da Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo  BM&F e que foram negociadas logo após ao seu recebimento, no caso, dentro de três meses de seu ingresso nos registros contábeis da impugnante. PIS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS BRUTA (OPERACIONAL). OBJETO SOCIAL. VENDA DE AÇÕES. A base de cálculo da contribuição é a receita bruta, nos termos da legislação de regência. Tendo a interessada como objeto social a exploração de atividades de negociação e intermediação com títulos e valores mobiliários e mercadorias negociáveis em bolsas de valores e bolsas de mercadorias e futuros, considerase como receita bruta (operacional) aquela proveniente da venda de ações, inclusive das ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da BOVESPA e da BM&F. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007, 31/12/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINARES. NULIDADE INEXISTÊNCIA. O lançamento fiscal, na qualidade de ato jurídico administrativo, somente pode ser considerado nulo quando desprovido de elemento essencial A sua constituição e forma, conforme estipulado no artigo 166 do Código Civil e no artigo 59 do Decreto 70.235/72, a saber, não ser praticado por pessoa competente, ter objeto ilícito, não ter sido observada a forma prescrita em lei, e ter sido preterido o direito de defesa. Não se incluem nessa categoria, pretensos vícios de erro na apuração da base de cálculo, na determinação dos fatos geradores, e na utilização do valor nominal em lugar do valor de mercado para precificar ações alienadas. TÍTULOS MOBILIÁRIOS. REGISTRO. ATIVO CIRCULANTE. Devem ser classificados no Ativo Circulante as disponibilidades e os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente. Considerase que ai teriam sido classificadas as ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo  BOVESPA, e da Bolsa de Mercadorias & Futuros de Sao Paulo  BM&F e que foram negociadas logo após ao seu recebimento, no caso, dentro detrês meses de seu ingresso nos registros contábeis da impugnante. Fl. 367DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 4 3 COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS BRUTA (OPERACIONAL). OBJETO SOCIAL. VENDA DE AÇÕES. A base de cálculo da contribuição é a receita bruta, nos termos da legislação de regência. Tendo a interessada como objeto social a exploração de atividades de negociação e intermediação com títulos e valores mobiliários e mercadorias negociáveis em bolsas de valores e bolsas de mercadorias e futuros, considerase como receita bruta (operacional) aquela proveniente da venda de ações, inclusive das ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da BOVESPA e da BM&F. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” O caso foi assim relatado pela instância a quo, verbis: “Tratase de impugnação (fls. 128 a 139) a Autos de Infração (fls. 110 a 123) de CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL — PIS/PASEP e de CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL — COFINS, por FALTA DE RECOLHIMENTO, relativos a fatos geradores ocorridos em 31/10/2007, 30/11/2007 e 31/12/2007, lavrados pela Delegacia Especial das Instituições Financeiras  DEINF/SPO, em 22/02/2010. 2. O crédito tributário constituído foi composto pelos valores a seguir discriminados: PIS R$ 666.137,59 Juros de Mora (até 29/01/2010) R$ 146.185,73 Multa R$ 499.603,18 Valor do Crédito Tributário Apurado R$ 1.311.926,50 COFINS R$ 4.099.308,27 Juros de Mora (até 29/01/2010) R$ 899.604,60 Multa R$ 3.074.481,20 Valor do Crédito Tributário Apurado R$ 8.073.394,07 3. Como enquadramento legal do lançamento, o autuante assinala, para o PIS, o artigo 2°, inciso I, alínea a e parágrafo único, 3°, 10, 26 e 51 do Decreto n° 4.524/02, e, para a COFINS, o artigo 2°, inciso II e parágrafo único, 3°, 10, 22 e 51 do Decreto n° 4.524/02,0 artigo 18 da Lei n° 10.684/03 e os artigos 2° e 30 da Lei n°9.718/98 (fls. 112 e 119). Os juros morat6rios foram exigidos com base no artigo 61, parágrafo 3°, da Lei n° 9.430/96 (fls. 114 e 121), e a multa de oficio com fundamento no artigo 86, parágrafo 10, da Lei n° 7.450/85, no artigo 2° da Lei n° 7.683/88, no artigo 10, parágrafo único, da Lei Complementar n° 70/91 e no artigo 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96 com a redação dada pelo artigo 14 da Lei n°11.488/2007 (fls. 114 e 121). 4. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 99 a 109), a autoridade noticia, que : i) o autuado teria efetuado alienações em processo de Oferta Pública Inicial — IPO, de 4.908.015 ações da BM&F S/A, em 11/2007 e 12/2007, bem como teria feito a venda, em 10/2007, de 444.626 ações da BOVESPA HOLDING S/A, ações estas Fl. 368DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 5 4 recebidas nos processos de "desmutualização" da BOVESPA, ocorrida em 08/2007, e da BM&F, em 10/2007; ii) pelo fato de adquirir ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A com o intuito de venda no curto prazo, teria havido incidência do PIS e da COFINS, nos termos da Lei 9.718/98 que determina que tais contribuições incidem sobre a receita bruta, permitindo exclusões, entretanto, de "receitas decorrentes de venda de bens do ativo permanente", conforme previsto no artigo 3°, parágrafo 2°, inciso IV da referida lei; iii) somente poderiam ser considerados permanentes aqueles bens e direitos em relação aos quais a empresa tem interesse em manter permanentemente; iv) a própria BOVESPA teria se manifestado pelo Oficio Circular 22/2007DG (fls. 31 e 32) orientando as Corretoras a registrarem no Ativo Circulante as ações de emissão da BOVESPA HOLDING S/A se a decisão fosse a de considerar essas ações como sendo títulos disponíveis para venda, ou manter esse valor no Ativo Permanente, se a decisão fosse a de considerar essas ações como investimento; v) o próprio contribuinte demonstraria tal entendimento pois na DIPJ do ano calendário de 2007, na ficha 06B, linha 52, teria informado como zero o valor proveniente de Receitas Brutas de Alienações de Bens e Direitos do Ativo Permanente, sendo que teria classificado o ganho obtido da venda das referidas ações como Rendas de Títulos de Renda Variável, conforme a linha 12 da Ficha 06B da DIPJ, ou seja, como Receita Operacional, sujeita à tributação do PIS e da COFINS; vi) o autuado teria considerado a venda dessas ações como venda de bens do Ativo Permanente, excluindo os valores da base de cálculo do PIS e da COFINS, conforme declarado no Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais – DACON (fls. 04 a 18), não efetuando o recolhimento dessas contribuições; vii) a base de cálculo seria o valor da receita financeira recebida para os meses 10/2007, 11/2007 e 12/2007, conforme evidenciado em quadros demonstrativos (fls. 106 e 108), nos termos dos artigos 2° e 3° da Lei 9.718/98. 5. Cientificado do lançamento em 25/02/2010 (fls. 111 e 118), o autuado impugnou o Auto de Infração em 26/03/2010 (fl. 128), oferecendo, em resumo, as seguintes razões: i) o lançamento seria nulo porque haveria erro na base de cálculo e na determinação do momento da ocorrência do fato gerador, visto que a autoridade não teria levado em conta o valor de mercado dos bens recebidos, apurável quando da sua realização em moeda, no primeiro pregão realizado em Bolsa, e sim, o valor nominal, incorrendo em erro material na determinação da matéria tributável, sobretudo na quantificação do tributo exigido; ii) a autoridade terseia apegado à forma contábil adotado pelo autuado de ter registrado as ações alienadas da BM&F S/A e da BOVESPA HOLDING S/A, no Ativo Circulante, e não no Permanente; iii) independentemente dessa classificação contábil, as referidas ações teriam continuado integrando o Ativo Permanente até o momento da venda em Bolsa de Valores, venda esta obrigatória por força de acordo firmado entre as Corretoras, pois que teria havido apenas a substituição de bens que integravam o Ativo Permanente por outros bens dessa mesma natureza; Fl. 369DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 6 5 iv) o fato de ter sido declarado, na DIPJ, o ganho obtido na venda dessas ações como "Rendas de Títulos de Renda Variável", não como "Receitas Brutas de Alienações de Bens e Direitos do Ativo Permanente", não serviria para embasar o lançamento porque a forma contábil não pode prevalecer sobre a essência da operação, sob pena de contrariar o princípio da verdade material, consoante julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — CAR, que colaciona; v) o autuado teria incluído no cálculo das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL o valor correspondente à venda das ações, por tratarse de ganho na alienação de bens do Ativo Permanente e não de ganho líquido em operações de renda variável, que não estaria sujeita ao regime de antecipações mensais, por se classificado por receita financeira; vi) pelo contido no processo de Consulta n° 150, da DISIT 07, de 17/09/2008, o Fisco entenderia que o chamado processo de "desmutualização" implicaria efetiva alienação de bens do Ativo Permanente, mediante pagamento com ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A; vii) tal receita teria natureza não operacional, pois que derivada da venda de bens do Ativo Permanente, e, assim, não seria alcançada pela incidência do PIS e da COFINS, nos termos do artigo 2°, inciso IV, da Lei 9.718/98; viii) o valor a ser atribuído às ações seria aquele definido pelo mercado e sua formação se daria apenas quando da primeira negociação dos títulos ocorrida em pregões de bolsa de valores, não na data da "desmutualização", quando não havia liquidez dos papéis recebidos em troca dos títulos patrimoniais das bolsas; ix) o próprio Fisco preconizaria, para efeito de apuração de ganho de capital, na hipótese em discussão, que o contribuinte deveria levar em conta a diferença entre o custo de aquisição e o valor de mercado dos títulos entregues como pagamento, conforme Ato Declaratório Interpretativo n ° 7/2007; x) assim, deveria ser excluída do lançamento a diferença entre o custo de aquisição dos títulos patrimoniais e o seu valor de mercado, por constituir parcela do ganho na alienação de bens do Ativo Permanente, não sujeita à incidência do PIS e da COFINS; xi) a norma que embasaria o lançamento, o artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei 9.718/98 seria inconstitucional, conforme manifestação definitiva do STF, afastando da exigência do PIS e da COFINS o que não fosse receita proveniente da venda de mercadorias e da prestação de serviços; xii) não se poderia alegar, com viria fazendo a Fazenda nas ações em que discute a matéria, que a referida receita seria derivada da prestação de serviços de intermediação financeira, porque o bem vendido integraria a carteira própria do autuado, sendo inconcebível admitirse que alguém preste serviço para si mesmo." O acórdão recorrido (fls. 261 a 278) julgou improcedente a impugnação apresentada, pelos motivos sintetizados na ementa reproduzida acima. Em recurso voluntário (fls. 282 a 295), a Contribuinte reproduz as suas alegações de impugnação, especialmente no que se refere à prevalência da alegada “verdade material” frente ao aspecto formal da contabilização das ações da BM&F e BOVESPA recebidas. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 7 6 Os autos foram encaminhados originariamente para a 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da Terceira Seção do CARF, que declinou da competência para o julgamento do caso, sob o fundamento de que os autos de infração objeto desse processo seriam conexos ao lançamento de IRPJ objeto do Processo nº 16327000163/201020, nos seguintes termos: “Retornando aos autos, tivemos ciência de que os mesmos fatos que subsidiaram os lançamentos do PIS e da Cofins serviram de base para as autuações de IRPJ e CSLL no processo nº 16327000163/201020. O art. 2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF determina a competência da Primeira Seção de Julgamento para apreciar recursos que versem sobre a aplicação da legislação do PIS e da Cofins quando os fatos jurídicos que serviram para a apuração das exações forem conexos aos fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação do IRPJ.” Neste norte, em vista da correlação assinalada, não conheço do recurso por se tratar de matéria de competência da Primeira Seção de Julgamento do CARF.” (Acórdão 3402002.029 – grifos nossos) Diante da decisão supra, os autos foram distribuídos para julgamento por esse Colegiado. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé Inicialmente, esclareço que fui designado pelo Presidente da 1a Câmara redator ad hoc após a extinção formal da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, tendo em vista a não formalização do voto pelo relator originário, conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho. Tendo participado do julgamento em questão, observo que, na ocasião, foi disponibilizado pelo relator minuta do voto proferido. Tendo efetuado a sua revisão para fins de formalização do presente voto, verifico tratarse de reprodução fiel do quanto foi apresentado em sessão e que representa, portanto, as razões que orientaram o Colegiado a suscitar o conflito de competência. Nestes termos, o voto a seguir é a reprodução do mencionado voto, com mínimos ajustes de redação que se fizeram necessários. O recurso voluntário é tempestivo e interposto por parte legítima, pelo que dele se toma conhecimento. Com a devida vênia ao Acórdão 3402002.029, esse processo deve ser julgado por uma das Câmaras da Terceira Seção do CARF, a teor do que dispõe o art. 2o, IV do Anexo Segundo do RICARF. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 8 7 Conforme referido no citado acórdão, por meio do qual a 2a Turma da 4a Câmara da Terceira Seção do CARF declinou da competência para exame do caso, compete à Primeira Seção dessa Corte o julgamento de recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre PIS e COFINS, “quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ”. Segundo citado acórdão, ainda, “os mesmos fatos que subsidiaram os lançamentos do PIS e da Cofins serviram de base para as autuações de IRPJ e CSLL no processo nº 16327000163/201020.” Referido acórdão incorre em erro de fato, pois: (a) os lançamentos de IRPJ e CSLL objeto do PA n. 16327000163/201020 não decorrem dos fatos que justificaram a lavratura dos lançamentos de PIS e de COFINS objeto desse processo; e (b) os fatos que implicaram os lançamentos de PIS e COFINS não levaram à lavratura de lançamentos de IRPJ e CSLL. Os lançamentos de IRPJ e de CSLL – objetos do Processo Administrativo nº 16327000163/201020 – têm como fundamento o fato de a Contribuinte não ter submetido à tributação pretenso ganho de capital decorrente de devolução de participação no capital social, no processo de desmutualização das associações isentas e sem fins lucrativos BOVESPA e BM&F. Segundo a Fiscalização, nos meses de agosto de 2007 (para a Associação Bovespa) e outubro de 2007 (para a Associação BM&F), teria havido devolução de capital para a Contribuinte na qualidade de associada, mediante entrega de ações de sociedade anônima, a BOVESPA HOLDING S/A e BM&F S.A., de fins lucrativos, por conta de titulos patrimoniais que a Contribuinte detinha na Associação BOVESPA e Associação BM&F. O fundamento legal dado para citados lançamentos foi o artigo 17 da Lei 9.532/97, que determina a sujeição a tributação do IRPJ e da CSLL, por ocasião da apuração do lucro real do ano, da diferença entre o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta, a titulo de devolução de patrimônio e o valor dos bens e direitos entregues para a formação do referido patrimônio. Reiterese, pois, que os lançamentos de IRPJ e de CSLL tem por fundamento fatos ocorridos em Agosto (para a Associação Bovespa) e Outubro (para a Associação BM&F) decorrentes de alegada devolução de capital dessas entidades isentas às suas associadas, entre as quais Contribuinte. Aqui, portanto, a tributação decorre de alegado ganho ocorrido no recebimento de ações de BM&F S.A. e de BOVESPA HOLDING S.A. pela Contribuinte em contrapartida aos títulos patrimoniais das Associações BM&F e BOVESPA do qual era titular. Discutese, naquele caso, se o processo de desmutualização das bolsas de valores (antes entidades isentas e sem fins lucrativos) implicaria devolução de patrimônio dessas entidades aos seus associados para fins de aplicação do referido art. 17 da Lei n. 9.532/97. Os lançamentos de PIS e de COFINS – objetos desse PA – versam sobre momento posterior à desmutualização das bolsas que, repitase, deu causa aos lançamentos de PIS e COFINS, conforme reconhecido pela própria Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal objeto desses autos. Citados lançamentos decorrem do aferimento de receitas provenientes das vendas de ações da BM&F S.A. e de BOVESPA HOLDING S.A. ocorridas nos meses de Fl. 372DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 9 8 (a) outubro, para a Bovespa Holding S.A.; e (b) novembro e dezembro de 2007, para a BM&F S.A. Discutese, no caso, se a venda de ações de Bovespa Holding S.A. e de BM&F S.A. seriam isentas (ou não) de PIS/COFINS pelo fato de se caracterizarem (ou não) comercialização de bens do ativo permanente da Contribuinte. Vejase, sobre os pontos destacados acima, trecho do Termo de Verificação Fiscal relativo aos lançamentos de PIS e da COFINS, verbis: “No caso objeto do presente processo, o lançamento das contribuições ao PIS e COFINS recaiu sobre a receita da venda das ações (momento posterior à desmutualização) em processo de IPO das empresas (e não mais associações) BOVESPA e BM&F. A discussão travada aqui se refere à possibilidade ou não da caracterização das ações como ativo permanente para fins de tributação das referidas contribuições. O contribuinte, segundo as informações já descritas no item 5 deste Termo, alienou parte das ações recebidas como devolução de patrimônio no processo de desmutualização da BM&F e da Bovespa. Ocorre, portanto, que com a devolução de patrimônio, as corretoras se tornaram detentoras de ações das novas sociedades anônimas BM&F S/A e da Bovespa S/A. Tais ações não se confundem com os antigos títulos patrimoniais, que deixaram de existir, sendo inclusive tal devolução passível de tributação de IRPJ/CSLL conforme art. 17 da lei 9.532/1997. A própria Bovespa orientou seus acionistas através do Oficio Circular 225/2007 DG (fls. 31 e 32) que considerassem as ações como "sendo disponíveis para negociação ou venda" deveriam ser contabilizados no Ativo Circulante, em subconta especifica da conta Títulos de Renda Variável (conta COSIF n° 2.1.4.10). Caso da Deutsche Bank Corretora de Valores S/A que efetuou a venda de 444.626 ações da Bovespa S/A em outubro de 2007, apenas 2 meses desde de ter recebido as ações, gerando uma receita de R$ 9.230.422,02 neste mês. No caso da BM&F S/A, o contribuinte vendeu todas as 4.908.015 ações da BM&F S/A (recebidas em Outubro de 2007), nos meses de Novembro e Dezembro de 2007, contabilizando uma receita decorrente destas transações de R$ 81.088.941,00 em Novembro de 2007 e de R$ 12.163.344,00 em Dezembro de 2007. No entanto, no recolhimento do PIS/COFINS, o contribuinte excluiu tal receitas, por entender que as mesmas tratam de vendas de bens do ativo permanente conforme documento à fl. 91. A despeito deste entendimento, discordamos deste argumento, segundo as explicações já tratadas no item 5 acima. Portanto, autuamos o contribuinte acima identificado por exclusão indevida de valores da DACON, a titulo de "Vendas de Bens do Ativo Permanente", nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro de 2007, acarretando na insuficiência de recolhimento de PIS e COFINS sobre a receita financeira da venda de ações da Bovespa Holding SA e da BM&F SA, conforme tabela abaixo: (...)” Do exposto acima, evidenciase que, diferentemente da premissa de fato adotada pelo Acórdão 3402002.209, os fatos que lastrearam a lavratura dos lançamentos de PIS e Fl. 373DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 16327.000162/201085 Resolução nº 1102000.311 S1C1T2 Fl. 10 9 COFINS são distintos daqueles que lastrearam a apuração de IRPJ e de CSLL contra a Contribuinte. Os fatos que justificaram o lançamento de IRPJ e de CSLL decorrem de processo de desmutualização das bolsas (entidades sem fins lucrativos), ocorrido nos meses de agosto (para a Bovespa) e outubro de 2007 (para a BM&F). Os autos de PIS e de COFINS não têm relação com citado processo de desmutualização e foram lavrados em decorrência da venda de ações das Companhias BOVESPA HOLDING S.A. e BM&F S.A. ocorrida nos meses de Outubro (para a Bovespa Holding) e de Novembro e Dezembro de 2007 (para a BM&F S.A.). A par da distinção das datas e causas dos respectivos fatos geradores, foram lavrados Termos de Verificação Fiscal distintos para cada um dos lançamentos acima referidos, o que reforça o entendimento sobre a ausência de conexão entre os respectivos fatos. No entendimento desse Relator, as considerações acima aduzidas impedem o conhecimento da matéria objeto desse PA pela Primeira Seção de Julgamento do CARF, sob pena de nulidade do ato decisório respectivo por vício de competência. Por tais fundamentos, e considerado o disposto no art. 20, IX do RICARF, suscitase conflito de competência e se propõe o encaminhamento dos autos ao Ilmo. Sr. Presidente do CARF para dirimir a controvérsia respectiva. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Fl. 374DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO
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Numero do processo: 13706.002311/2002-88    
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Segunda Seção de Julgamento    
Data da sessão: Wed May 06 00:00:00 UTC 2009    
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Ano-calendário: 2007
ALEGADA INTEMPESTIVIDADE DA MANIFESTAÇÃO DE
INCONFORMIDADE. A omissão no "AR" em relação à data de
recebimento da correspondência impõe, nos termos do art. 23, § 2°, II, do Decreto nº. 70.235/72, um prazo dilatado (15 dias a contar da expedição do aviso) para a apresentação da impugnação pelo contribuinte. Devido, assim, o retomo dos autos à DRJ de origem para o devido enfrentamento da questão de mérito do processo administrativo.
Recurso provido.    
Numero da decisão: 3301-000.061    
Decisão: ACORDAM os Membros da Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara
da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos DAR provimento ao recurso para reconhecer a tempestividade da manifestação de inconformidade, nos termos do voto da Relatora.    
Matéria: IRF- que ñ versem s/ exigência de cred. trib. (ex.:restit.)    
Nome do relator: Vanessa Pereira Rodrigues Domene    
    
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Processo n° 13706.002311/2002-88 Recurso n° 163.846 Voluntário Acórdão n° 3301-00.061 — 3 Câmara / 1' Turma Ordinária Sessão de 6 de maio de 2009 Matéria IRF Recorrente PARS PRODUTOS DE PROCESSAMENTO DE DADOS LTDA. Recorrida 3a TURMA/DRJ-RIO DE JANEIRO/RJ I AssuNTo: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Ano-calendário: 2007 ALEGADA INTEMPESTIVIDADE DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. A omissão no "AR" em relação à data de recebimento da correspondência impõe, nos termos do art. 23, § 2°, II, do Decreto n". 70.235/72, um prazo dilatado (15 dias a contar da expedição do aviso) para a apresentação da impugnação pelo contribuinte. Devido, assim, o retomo dos autos à DRJ de origem para o devido enfrentamento da questão de mérito do processo administrativo. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos I .: R provimento ao recurso para reconhecer a tempestividade da manifestação de inco ip e i e 1 de, nos termos do voto da Relatora. da&s • if 40 - . • GUIAS PESSOA MONTEIRO P esidente tia = ‘0- NESSA PE EIRA RODRIGUES DOMENE , Relatora i Processo n° 13706.002311/2002-88 S3-C3T1 Acórdão n.° 3301-00.061 Fl. 1.290 FORMALIZADO EM: 28 AGO 2009 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros José Raimundo Tosta, Núbia Matos Moura, Alexandre Naoki Nishioka, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Rubens Mauricio Carvalho (Suplente convocado), Sidney Ferro Barros(Suplente convocado). Relatório A contribuinte formulou Pedidos de Restituição/Compensação (fls. 01/02) de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), embasada na Solução de Consulta SRRF/7a RF/DISIT n°. 77, de 29 de abril de 2002, na qual figurou como consulente, e por meio da qual a Secretaria da Receita Federal manifestou o entendimento de que nas aquisições de "software de prateleira" do exterior é incabível a exigência do IRRF. Os pedidos apresentados foram convertidos em declarações de compensação ("PER/DCOMP"), apensadas a estes autos, em razão da superveniência da Lei n". 10.637/02, que alterou o art. 74 da Lei n". 9.430/96. Às fls. 1.118/1.120 a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da Delegacia da Receita Federal do Rio de Janeiro entendeu por não reconhecer o direito •creditório pleiteado e, assim, não homologar as declarações de compensação, com fulcro no argumento de que, sendo o suposto direito creditório decorrente de pagamentos indevidos a titulo de IRRF, em que o encargo financeiro é repassado ao efetivo beneficiário dos rendimentos, não tem a contribuinte legitimidade para apresentar os pedidos/declarações de restituição/compensação, já que não figura como sujeito passivo da obrigação tributária. Às fls. 1.125/1.139 a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, na qual refuta integralmente os termos da decisão exarada pela DRF do Rio de Janeiro, aduzindo, em especial, (i) que não poderia a SRF ignorar os termos da Solução de Consulta SRRF/7a RF/DISIT n". 77, de 29 de abril de 2002, (ii) que o beneficiário dos rendimentos encontra-se fora do território nacional e (iii) que, no caso concreto, independentemente da incidência do IRRF, arcou com o pagamento de 100% (cem por cento) do software importado, o que denota prática comercial usual, que não pode escapar à atenção das autoridades fazendárias. Às fls. 1.163/1.165 a DRJ do Rio de Janeiro 1, no entanto, não conheceu da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte, pois considerou sua protocolização realizada a destempo. Inconformada com a decisão exarada pela DRJ a contribuinte interpôs Recurso Voluntário às fls. 1.176/1.194, juntando documentos às fls. 1.198/1.245. Nesta oportunidade, alegou: Que foi cientificada da decisão "a quo" somente em 22/03/2007, e não em 20/03/2007; R. 2 Processo n° 13706.002311/2002-88 S3-C3T1 Acórdão n.° 3301-00.061 A. 1.291 Que a estrita legalidade exige solução diversa daquela dada à controvérsia pelo julgador tributário de primeira instância administrativa; Que a data do "AR" de fls. 1.124-verso encontra-se omitida; A manutenção da decisão recorrida importaria em cerceamento do direito de defesa e violação aos princípios constitucionais do devido processo legal e ampla defesa. Com a observação de ser o Recurso Voluntário tempestivo (fls. 1.249), os autos foram distribuídos a este E. Primeiro Conselho de Contribuintes. É o relatório. Voto Conselheira VANESSA PEREIRA RODRIGUES DOMENE, Relatora. O recurso é tempestivo, na conformidade do prazo estabelecido pelo artigo 33 do Decreto n°. 70.235, de 6 de março de 1972, foi interposto por parte legítima e está devidamente fimdamentado. Assim, conheço-o e passo ao exame do mérito. De fato, à Recorrente assiste razão. O "Aviso de Recebimento" (AR) de fls. 1.124-verso é omisso com relação ao campo "Data de Recebimento". A anotação que consta na mesma folha acerca do recebimento do AR em 20/03/2007 não tem, ao seu final, a devida identificação do funcionário, que apenas insere, ao final da "observação", sua rubrica. Ao contrário do exposto pela autoridade julgadora de primeira instância, o carimbo aposto no mencionado AR, datado de 20/03/2007, não aponta o recebimento do aviso, mas sim, a data de entrega deste na unidade (dos correios) de destino, que pode ser diversa, vale dizer, da data recebimento da correspondência pelo destinatário. Desta forma, diante da omissão quanto à data de recebimento do AR, de rigor a aplicação do art. 23, § 2°, II, do Decreto n°. 70.235/72, "verbis": "Art. 23. Far-se-á a intimação: II (.) - por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicilio tributário eleito pelo sujeito passivo; § 2° Considera-se feita a intimação: II - no caso do inciso 11 do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação" 3 Processo n° 13706.002311/2002-88 S3-C3T1 Acórdão n.°3301-0O.061 Fl. 1.292 Considerando que a Recorrente interpôs sua Manifestação de Inconformidade em 20/04/2007 (fls. 1.125) e, no entender da autoridade julgadora de primeira instância a contribuinte deveria tê-lo feito em 19/04/2007 com base na contagem ordinária prevista pelo Decreto n°. 70.235/72 (30 dias a contar do recebimento), os quinze dias fixados pelo mesmo decreto (a contar da data de expedição do AR) para os casos em que a data de recebimento restou omitida (hipótese dos autos) garantem a tempestividade da impugnação. Insta observar, ainda, que pela contagem ordinária (30 dias a contar do recebimento), e considerando-se como data de recebimento do AR a data de 20/03/2007, o que não se pode inferir, com a certeza devida, dos autos, a intempestividade suscitada no bojo da decisão recorrida é de apenas um dia. Vale salientar, ademais, que não fosse a expressa determinação contida no art. 23, § 2°, II, do Decreto n°. 70.235/72, no sentido de conferir ao contribuinte um prazo dilatado para apresentar seu inconformismo (diante de uma situação de incerteza quanto à efetiva data de ciência da decisão administrativa), a dúvida, em qualquer hipótese, não pode valer a favor do Fisco, especialmente no caso dos autos, em que estão em jogo possíveis recolhimentos indevidos de IRRF no importe de R$ 16.349.429,00 e o correspondente direito à sua restituição/compensação. Tais fatos me levam a decidir, neste caso, em prol da lei (art. 23, § 2°, II, do Decreto n°. 70.235/72) e em prol do princípio da razoabilidade administrativa, que impõe no presente processo administrativo o devido conhecimento da Manifestação da Inconformidade de fls. 1.125/1.139, com o devido enfrentamento da matéria pelo órgão julgador "a quo". O princípio da razoabilidade, implícito na Constituição Federal, é expressamente previsto pela Lei n°. 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Veja-se, neste sentido, o art. 2°, parágrafo único, inciso VI da lei: "Art. 2'2 A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público:" Na lição de Hely Lopes Meirelles ("Direito Administrativo Brasileiro", 27' edição, 2002, pg. 91), o cerne do principio da razoabilidade é identificado na expressão "adequação entre os meios e os fins", bem como na própria vedação à "imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público". Assim, tendo em vista (I) a omissão contida no AR de fls. 1.124-verso, (II) a determinação constante no art. 23, § 2°, II, do Decreto n°. 70.235/72 e, também, (III) caso não observada a inteligência deste dispositivo legal (admitindo-se como data de recebimento do AR ça?. 4 Processo n°13706.002311/2002-88 S3-C3TI Acórdão n°3301-00.061 Fl. 1.293 a data de 20/03/2007), a intempestividade de apenas um dia, tenho para mim que, no presente caso, o interesse público será devidamente atendido com a análise do mérito pela autoridade julgadora de primeira instância. Por todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, a fim de determinar o retomo dos autos à autoridade julgadora de primeira instância administrativa, para a análise do mérito da Manifestação de Inconformidade. Sala das Sessões - DF, em 06 de maio de 2009 VAN SA PEREI RODRIGUES DOMENE 5 Page 1 _0008400.PDF Page 1 _0008500.PDF Page 1 _0008600.PDF Page 1 _0008700.PDF Page 1
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Numero do processo: 18471.001255/2005-21    
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Segunda Seção de Julgamento    
Data da sessão: Wed Jul 17 00:00:00 UTC 2013    
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍ
SICA - IRPF  
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002  NULIDADE  DO  LANÇAMENTO.  CERCEAMENTO  DO  DIREITO  DE  DEFESA.  Incabível  o  alegado  cerceamento  do  direto  de defesa  quando  a  decisão  de  primeiro  grau  analisa  todas  as  questões  suscitadas  pelo  impugnante.  
OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS.  SERVIÇOS  PRESTADOS  EM  CARÁTER  PERSONALÍSSIMO.  Serviços  prestados  de  forma  pessoal  e  individual,  fora  do  âmbito  de  uma  sociedade  de  profissionais  legalmente  habilitados, terão seus rendimentos tributados na pessoa física. O simples fato  de a relação contratual ter sido formalmente estabelecida em nome da pessoa  jurídica não a torna contribuinte.  
APLICAÇÃO  DE  LEI  SUPERVENIENTE  AO  FATO  GERADOR.  AUSÊNCIA DE CARÁTER INTERPRETATIVO - Inaplicável o art. 129 da  Lei  n°.  11.196,  de  2005,  a  fatos  geradores  pretéritos,  uma  vez  que  dito  dispositivo  legal  não  possui  natureza  interpretativa,  mas  sim  instituiu  um  novo  regime  de  tributação.  Igualmente  incabível  a  retroatividade  benigna  prevista no inciso II, art. 106, do CTN, pois o lançamento reporta-se à data da  ocorrência  do  fato  gerador  da  obrigação  e  rege-se  pela  lei  então  vigente,  ainda que posteriormente modificada ou revogada.  
BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. Os descontos simplificados indicados  nas respectivas declarações de ajuste anual dos anos-calendário de 2000 a  2002  devem  ser  proporcionais  aos  rendimentos  tributáveis,  até  o  limite  máximo  de  R$8.000,00,  devendo,  ainda,  serrem  excluídos  o  pró-labore  tributado nos mesmos períodos, pois referem-se aos rendimentos omitidos,  tributados no lançamento em exame.  
IMPOSTO DEVIDO - MULTA DE OFÍCIO - BASE DE CÁLCULO - Na  apuração  do  imposto  devido,  em  procedimento  de  ofício,  devem  ser  considerados os impostos efetivamente pagos, ainda que por pessoa diversa e sob  outra  denominação,  devendo  incidir  multa  e  juros  sobre  o  crédito  tributário assim apurado. Incabível relegar essa matéria para apreciação no  pedido de restituição ou de compensação de pagamento a maior.  
Recurso Voluntário Provido em Parte    
Numero da decisão: 2102-002.623    
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento em parte ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento o pró-labore auferido pelo autuado nos
respectivos períodos, considerar o limite máximo do desconto simplificado e determinar a compensação dos tributos recolhidos na pessoa jurídica relativos aos valores levados a tributação no Auto de Infração, devendo incidir a multa de ofício e os juros de mora somente sobre a diferença encontrada. Vencidos os Conselheiros Atílio Pitarelli e Alice Grecchi, que davam provimento.    
Nome do relator: Jose Raimundo Tosta Santos    
    
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Incabível o alegado cerceamento do direto de defesa quando a decisão de primeiro grau analisa todas as questões suscitadas pelo impugnante. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. SERVIÇOS PRESTADOS EM CARÁTER PERSONALÍSSIMO. Serviços prestados de forma pessoal e individual, fora do âmbito de uma sociedade de profissionais legalmente habilitados, terão seus rendimentos tributados na pessoa física. O simples fato de a relação contratual ter sido formalmente estabelecida em nome da pessoa jurídica não a torna contribuinte. APLICAÇÃO DE LEI SUPERVENIENTE AO FATO GERADOR. AUSÊNCIA DE CARÁTER INTERPRETATIVO  Inaplicável o art. 129 da Lei n°. 11.196, de 2005, a fatos geradores pretéritos, uma vez que dito dispositivo legal não possui natureza interpretativa, mas sim instituiu um novo regime de tributação. Igualmente incabível a retroatividade benigna prevista no inciso II, art. 106, do CTN, pois o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. Os descontos simplificados indicados nas respectivas declarações de ajuste anual dos anoscalendário de 2000 a 2002 devem ser proporcionais aos rendimentos tributáveis, até o limite máximo de R$8.000,00, devendo, ainda, serrem excluídos o prólabore tributado nos mesmos períodos, pois referemse aos rendimentos omitidos, tributados no lançamento em exame. IMPOSTO DEVIDO  MULTA DE OFÍCIO  BASE DE CÁLCULO  Na apuração do imposto devido, em procedimento de ofício, devem ser considerados os impostos efetivamente pagos, ainda que por pessoa diversa e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 12 55 /2 00 5- 21 Fl. 1366DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 sob outra denominação, devendo incidir multa e juros sobre o crédito tributário assim apurado. Incabível relegar essa matéria para apreciação no pedido de restituição ou de compensação de pagamento a maior. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento em parte ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento o prólabore auferido pelo autuado nos respectivos períodos, considerar o limite máximo do desconto simplificado e determinar a compensação dos tributos recolhidos na pessoa jurídica relativos aos valores levados a tributação no Auto de Infração, devendo incidir a multa de ofício e os juros de mora somente sobre a diferença encontrada. Vencidos os Conselheiros Atílio Pitarelli e Alice Grecchi, que davam provimento. (assinado digitalmente) ___________________________________ José Raimundo Tosta Santos – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Alice Grecchi, Atílio Pitarelli, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho. Ausente, justificadamente, a Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Realizou sustentação oral o patrono da recorrente, Dr. Eduardo Jacobson Neto  OAB SP 215215. Relatório O recurso voluntário em exame pretende a reforma do Acórdão nº 1321.598, proferido pela 3ª Turma da DRJ Rio de Janeiro II (fls. 1.022/1.038), que julgou, por unanimidade de votos, procedente o auto de infração. A infração indicada no lançamento e os argumentos de defesa suscitados na impugnação foram sintetizados pelo Órgão julgador a quo nos seguintes termos: DA AUTUAÇÃO Trata o presente processo de lançamento de oficio de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), referente aos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002, consubstanciado no Auto de Infração às fls. 916 a 922. 2. O valor lançado inclui imposto suplementar de R$539.328,31, multa proporcional de oficio no valor de R$404.496,23, e acréscimos moratórios calculados até a data da lavratura. 3. A descrição dos fatos e o enquadramento legal encontramse detalhados no Auto de Infração e Termo de Verificação Fiscal às fls. 923 a 970, versando sobre a seguinte infração: 001 — RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE NATUREZA PERSONALÍSSIMA RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS. Fl. 1367DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 3 3 Dos Serviços de Natureza Personalíssima 4. A infração trata de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, decorrentes de serviços de natureza personalíssima, em que, de acordo com o termo de verificação fiscal, a fiscalização apurou omissão de rendimentos das fontes pagadoras discriminadas na tabela à fl. 963. 5. Aduz a fiscalização que o contribuinte teria utilizado a sua empresa Ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda (Ópera Vídeo) para tributar rendimentos próprios de sua pessoa física com o fim de enquadrálos em uma tributação menos onerosa na pessoa jurídica, fugindo de uma alíquota de 27,5% para alíquotas que teriam variado de 14,80% a 15,32%, conforme tabela à fl. 966. Assim sendo, os valores recebidos pela Ópera Vídeo, discriminados na tabela à fl. 963, foram lançados de oficio, pela fiscalização, na pessoa física do contribuinte como omissão de rendimentos. 6. Para os autuantes, o que chamaria a atenção nos contratos firmados entre as contratantes e a Ópera Vídeo (fl. 965) seria a tentativa de encobrir o verdadeiro contratado, o Sr. Renato Machado, ficando a verdadeira operação evidenciada pelo fato de que o próprio contribuinte seria o único responsável pelo seu cumprimento, na qualidade de jornalista/apresentador/repórter e enólogo, sendo que, nos casos em que não teria sido assinado contrato, as características da Ópera Vídeo, as discriminações dos serviços nas notas fiscais emitidas, as correspondências das empresas contratantes em resposta às circularizações realizadas pela fiscalização, bem como o contexto profissional e pessoal do contribuinte, deixariam claro que os serviços foram e somente poderiam ter sido prestados por ele. 7. Os autuantes esclarecem, ainda, que o contribuinte tem 95% de participação na Ópera Vídeo e que o outro sócio, o Sr. Sebastião Lacerda, é editor e não poderia, portanto, prestar serviços exigidos nos contratos e/ou discriminados em notas fiscais de serviços. DA IMPUGNAÇÃO 8. Cientificado do Auto de Infração em 01/12/2005 (fl. 986), o contribuinte protocolizou impugnação em 23/12/2005 (fls. 987 a 1012), em que apresenta as seguintes razões. 9. Afirma, inicialmente, que é tempestiva a impugnação. 10. Reconhece ser incontroverso que constituiu, juntamente com outro sócio, a sociedade profissional Ópera Vídeo Produções S/C Ltda, tendo a autoridade fiscal reconhecido que a sua constituição atendeu às formalidades de praxe. Também estaria comprovado que, desde a sua constituição, a Ópera Vídeo sempre teve como objeto a "prestação de serviços de produções e criações artísticas, cinematográficas, jornalísticas e culturais, direção de programas e filmes, gravações videográficas, fonográficas, audiovisuais, vídeo cassete e dublagens e mixagens, assessoria promocional e releases, agenciamento de turismo e de modelos, tudo para: televisão, rádio, cinema, teatro, associações, empresas estatais ou particulares e pessoas físicas, podendo, ainda, contratar e empresariar artistas e pessoal técnico destinado a serviços de sua produção ou de terceiro e tudo mais que for afim..." Fl. 1368DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 11. Alega que em todas as prestações de serviços, a contratada foi sempre a Ópera Vídeo, cabendo a esta empresa, e não à impugnante, o direito ao recebimento da contraprestação pelo serviço então prestado, tendo sido devidamente contabilizadas as receitas e apurados os tributos devidos pela pessoa jurídica. 12. Com base no art. 114 da Constituição Federal (CF) e decisões da Justiça Federal, entende que a autoridade fiscal é impossibilitada de presumir a existência de vínculo entre o impugnante e as contratantes sob pena de invasão de competência privativa da justiça do trabalho. 13. O contribuinte não contesta o fato de que os serviços foram prestados pela Ópera Vídeo por meio de sua pessoa; todavia, entende que a pessoalidade é característica inerente a todo e qualquer serviço profissional, e não impede que as respectivas receitas, quando auferidas por sociedade constituída para esse fim, sejam tributadas na forma da legislação aplicável as pessoas jurídicas. 14. Assim sendo, citando os arts. 647 e 648 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99); Parecer Normativo CST nº 8/1986; art. 92, §32, do Decretolei nº 406/1968; art. 92, inc. XIII, da Lei nº 9.317/1996; art. 62, inc. II, da Lei Complementar nº 70/1991; arts. 55 e 56 da Lei nº 9.430/96; Solução de consulta nº 26/2005 da 5ª Região Fiscal; e art. 148, inc. II e III, da Instrução Normativa MPS/SRP nº 3/2005; conclui que é expressamente possível e lícita constituição de pessoas jurídicas para a prestação de serviços profissionais com caráter personalíssimo e sem concurso de terceiros, empregados ou não. 15. Afirma que o art. 129 da lei nº 11.196/2005 tem caráter interpretativo, assegurando que a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada sujeitase, tãosomente, à legislação aplicável às pessoas jurídicas. Para comprovar o caráter interpretativo desta norma, transcreve trecho da justificativa para da inclusão do artigo em questão quando da conversão da MP nº 252/2005 na referida lei, alegando, adicionalmente, que o STJ já teria posição firmada no sentido de que a exposição de motivos de ato normativo é determinante para a sua interpretação. Destarte, com base no art. 106, inc. I, do Código Tributário Nacional — CTN (Lei nº 5. 172, de 25 de Outubro de 1966), o qual determina que a lei interpretativa aplicase a fatos pretéritos, alega que o art. 129 da lei nº 11.196/2005, aplica se aos serviços prestados pela Ópera Vídeo nos anoscalendário de 2000 a 2002. 16. No que se refere à profissão de jornalista, o contribuinte alega que este oficio requer o dom de transmitir e de dar credibilidade às notícias transmitidas ao público, sendo prática comum que os contratos contenham cláusulas de pessoalidade, como também ocorreria com outras profissões, como arquitetura, medicina, advocacia, psicologia, etc. 17. Afirma que o fato de o rendimento tornarse juridicamente disponível para a sociedade não significa que o valor esteja disponível para a pessoa física prestadora, já que a personalidade de uma não se confunde com a da outra. No caso específico da Ópera Vídeo, todos os contratos de prestação de serviço celebrados por esta empresa estabeleceriam que o direito de recebimento do respectivo preço caberia apenas à pessoa jurídica, nada sendo atribuído à impugnante a esse título. Nesse sentido, as receitas dos contratos teriam sido efetivamente contabilizadas pela pessoa jurídica e não pelo impugnante, não podendo os rendimentos da empresa serem deslocados para a pessoa física do impugnante. 18. Assim sendo, com base no art. 43 do CTN e legislação que entende reconhecer a personalidade tributária das sociedades prestadoras de serviços personalíssimos, Fl. 1369DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 4 5 bem como fazendo referência aos acórdãos do Conselho de Contribuintes e Câmara Superior de Recursos Fiscais, conclui que os rendimentos auferidos pela ópera Vídeo não podem ser atribuídos ao impugnante. 19. No mesmo sentido, com base nos arts. 5º, inc. II, e 150, inc. I, da CF/88, arts. 97 e 108 do CTN, Lei Complementar nº 104/2001 e entendimentos de Marco Aurélio Greco, alega que não há fundamento legal para a desconsideração dos contratos celebrados pela Ópera Vídeo, posto que a lei complementar em questão não está regulamentada. 20. Citando os acórdãos nº 10614244 e 10420574 do Conselho de Contribuintes, requer que, caso seja mantido o lançamento, somente seja exigido da impugnante a diferença de IR apurada após a dedução dos tributos incidentes sobre esses mesmos rendimentos já pagos pela Ópera Vídeo. 21. No que se refere à aplicação de juros e multa, alega que, além de ter agido de acordo com a legislação em vigor, seguiu as orientações das próprias autoridades administrativas, que sempre teriam admitido que os trabalhos de caráter pessoal pudessem ser executados por intermédio de pessoas jurídicas (PN CST nº 8/86; art. 158 da IN INSS/DC nº 100/03; art. 148 da IN MPS/SRP nº 03/05). Por conseguinte, citando o art. 129 da Lei nº 11.196/05 e o art. 100, inc. I e parágrafo único, do CTN, bem como entendimento de Marco Aurélio Greco, entende que não pode ser acusado de ter realizado ato ilícito, com imposição de penalidade, não havendo a possibilidade de imposição de juros nem de multa. 22. Ao final, diante do que expõe, requer o cancelamento total do Auto de Infração. Ao apreciar o litígio, o Órgão julgador de primeiro grau manteve integralmente o lançamento, resumindo o seu entendimento na seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física  IRPF Anocalendário: 2000, 2001, 2002 APLICAÇÃO DE LEI SUPERVENIENTE AO FATO GERADOR. AUSÊNCIA DE CARÁTER INTERPRETATIVO. Inaplicável o art. 129 da Lei nº. 11.196, de 2005, a fatos geradores pretéritos, uma vez que dito dispositivo legal não possui natureza interpretativa para o caso em questão. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. SERVIÇOS PRESTADOS EM CARÁTER PERSONALÍSSIMO. Serviços prestados de forma pessoal e individual, fora do âmbito de uma sociedade de profissionais legalmente habilitados, terão seus rendimentos tributados na pessoa física, sendo irrelevante a existência de registro de pessoa jurídica para tratar dos seus interesses. TRIBUTOS RECOLHIDOS PELA PESSOA JURÍDICA. COMPENSAÇÃO. Não tendo a fiscalização negado a existência da pessoa jurídica, nem procedido à desconstituição de sua personalidade jurídica, Fl. 1370DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 6 não cabe a compensação dos tributos recolhidos pela empresa com o imposto apurado no procedimento fiscal. Em consonância com o previsto no art. 30 da IN SRF no 210/2002, caberia especificamente à pessoa jurídica, que tem personalidade distinta da pessoa física, proceder ao pedido de restituição. Lançamento Procedente O recurso voluntário interposto (fls. 1.043/1.076) recapitula os fatos, comenta os termos da decisão recorrida, discute a legislação pertinente, transcreve abalizada doutrina e jurisprudência, e acresce argumento quanto à aplicação da norma do artigo 106, inciso II, “a”, do CTN, pois mesmo que se admita que os rendimentos decorrentes dos serviços profissionais personalíssimos, ainda que prestados por pessoas jurídicas, devessem ser tributados como se de pessoa física fossem, o artigo 129 da Lei nº 11.196/05 transmudou o modal deôntico de proibido para permitido. Em conclusão o recorrente postula que: a) a autoridade fiscal invade competência exclusiva da Justiça do Trabalho ao lavrar auto de infração supondo a existência de relação de trabalho em relação pactuada de forma diversa; b) não procede o entendimento da DECISÃO de que os rendimentos decorrentes dos serviços profissionais personalíssimos, ainda que prestados por pessoas jurídicas, deveriam ser tributados como se de pessoa física fossem; c) por esse motivo, também não procede o argumento de que o art. 129 da Lei n° 11.196/05 seria inovador; d) o art. 129 da Lei n° 11.196/05 objetivou dar a adequada interpretação ao art. 55 da Lei n° 9.430/96, evitando que houvesse qualquer dúvida quanto à aplicação deste dispositivo às pessoas jurídicas que prestam serviços profissionais personalíssimos; e) ademais, não há dúvida de que o referido artigo tem caráter interpretativo porque ele apenas expressou entendimento que já se extraía da legislação em vigor na época da sua publicação; f) tratandose de dispositivo legal interpretativo, o art. 129 da Lei nº 11.196/05 aplicase a fatos anteriores à sua edição, como determina o art. 106, I, do CTN; g) mesmo que se admitisse que, antes da edição do art. 129 da Lei nº 11.196/05, os rendimentos decorrentes dos serviços profissionais personalíssimos, ainda que prestados por pessoas jurídicas, devessem ser tributados como se de pessoa física fossem, o referido artigo também se aplicaria ao caso concreto, nos termos do art. 106, II, a, do CTN, pois a legislação deixou de considerar infração o nãorecolhimento do IRPF pelo sócio, no caso de sua pessoa jurídica ser contratada para a prestação desses serviços; h) o § 4° do art. 3° da Lei n° 7.713/88 não é aplicável ao caso, uma vez que o referido dispositivo representa apenas e tão somente a consagração do princípio da universalidade da tributação dos rendimentos e ganhos de capital de pessoas físicas, e não uma chancela para que os rendimentos recebidos Fl. 1371DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 5 7 em razão de contrato por pessoa jurídica regularmente constituída possam ser tributados na pessoa física dos sócios; i) da mesma forma, não cabe a aplicação do art. 123 do CTN, pois o objetivo desse dispositivo é impedir a oposição, à Fazenda Pública, de convenções particulares relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, e não a previsão de formas de prestação de serviços; j) a lei tributária brasileira não pode ser interpretada segundo critérios econômicos, pois o sistema tributário brasileiro regese pelo princípio da estrita legalidade (arts. 150, I, da CF/88 e arts. 97 e 108 do CTN), fato comprovado pela necessidade de edição do parágrafo único do art. 116 do CTN, o qual, à falta de lei que o regule, não é aplicável; k) por conseguinte, é descabido o deslocamento dos rendimentos decorrentes de contratos de prestação de serviços artísticos de ÓPERA para o RECORRENTE; l) ainda que fosse válido o referido deslocamento, somente seria exigível do RECORRENTE a diferença de IRPF apurada após a dedução dos tributos federais já pagos por ÓPERA sobre os mesmos rendimentos; m) sobre a diferença de IRPF exigível do RECORRENTE não seriam devidos juros e/ou multa de ofício, seja por aplicação do parágrafo único do art. 100 do CTN, seja porque não houve prática de ato ilícito. Em reforço às questões suscitadas pela defesa, foi apresentado aditivo ao recurso voluntário, onde se acresce pedido para que se reconheça a nulidade da decisão recorrida, que analisou apenas o argumento quanto à necessidade de aplicarse, retroativamente, o artigo 129 da Lei n° 11.196/2005, em razão de sua natureza interpretativa (art. 106, I, CTN), deixando de apreciar a mesma questão sob o argumento em face ao principio da retroatividade benigna posto no artigo 106, inciso II, alínea "a", do Código Tributário Nacional. Entende a defesa que a atuação violou o artigo 146 do CTN e os princípios da segurança jurídica e da boafé, pois importou em flagrante “mudança do critério jurídico” na interpretação da legislação fiscal, considerando que todas as declarações e recolhimentos efetuados pela Ópera Vídeo, durante 17 anos, foram homologadas, de forma que a alteração de interpretação somente poderá ser aplicada para os períodos futuros. Argüido, também, que o recorrente (jornalista/repórter/apresentador) e seu sócio, Sr. Sebastião Lacerda (editor), exercem atividades compatíveis com o objeto social da empresa Ópera Vídeo Ltda, sendo que todas as matérias, entrevistas e apresentações realizadas pelo primeiro eram e são editadas e organizadas pelo segundo. Juntado aos autos Opinião Legal de eminente jurista acerca da autuação. É o relatório. Voto Conselheiro José Raimundo Tosta Santos O recurso atende os requisitos de admissibilidade. Fl. 1372DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 8 Inicialmente, rejeito a preliminar de nulidade da decisão de primeiro grau, em face da inexistência do alegado cerceamento do direito de defesa. Ao sustentar o caráter interpretativo do artigo 129 da Lei nº 11.196, de 2005, às fls. 997/999, em sede de impugnação, o contribuinte argumentou, tãosomente, aplicarse ao caso a norma prevista no artigo 106, I, do CTN. A decisão recorrida não compartilha do mesmo entendimento e, com fundamentos que estão em consonância com recentes decisões deste Conselho, afastou o pleito do contribuinte. No que tange à invasão pela Administração Tributária de competência privativa da Justiça do Trabalho para reconhecimento de relação de trabalho, em momento algum a fiscalização fez tal assertiva, eis que a infração atribuída ao contribuinte foi capitulada como “Omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, decorrente da prestação de serviços de natureza personalíssima, sem vínculo empregatício”. Portanto, a alegação de que o Fisco teria pressuposto a existência de vínculo empregatício é estranha aos autos. Ademais, para fins tributários – no caso tratado no estrito limite destes autos – é irrelevante se os rendimentos objeto da autuação decorrem de trabalho com ou sem vínculo empregatício. Muito embora o artigo 114 da Constituição Federal tenha outorgado competência privativa à Justiça do Trabalho para o reconhecimento de vínculo empregatício e dirimir conflitos entre empregador e empregado, no âmbito da relação de emprego, igualmente se pode extrair do texto constitucional, mais precisamente ao se compulsar os termos em que repartida a competência tributária, que foi atribuída à União, em caráter expresso, a arrecadação do imposto sobre a renda, tanto no que toca às pessoas físicas, como, igualmente, no que atine às pessoas jurídicas, vinculando, inclusive, o resultado da arrecadação do aludido imposto a repasses que beneficiam outros entes federados, na forma do art. 159 da Constituição. Por esta razão específica, isto é, por haver já no texto constitucional, de maneira clara e explícita, a distinção entre a função arrecadatória, em especial no que toca ao imposto de renda, posteriormente repassado aos demais entes federados, e o reconhecimento de direitos ao trabalhador, este múnus, sim, atribuído à Justiça do Trabalho, verificase que a análise, incidenter tantum, da existência ou não de vínculo empregatício para propósitos exclusivamente arrecadatórios não viola o art. 114 da Constituição, uma vez que eventual reconhecimento do vínculo, para fins tributários, não influi, de maneira nenhuma, na averiguação de direitos trabalhistas por parte do empregado, razão pela qual não se discute nos autos vinculo empregatício, mas a prestação de serviços personalíssimos. A este respeito, aliás, é corrente a jurisprudência do egrégio Superior Tribunal de Justiça, cumprindo trazer à baila o seguinte acórdão, verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. INSS. COMPETÊNCIA. FISCALIZAÇÃO. AFERIÇÃO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. A autarquia previdenciária por meio de seus agentes fiscais tem competência para reconhecer vínculo trabalhista para fins de arrecadação e lançamento de contribuição previdenciária, não acarretando a chancela aos direitos decorrentes da relação empregatícia, pois matéria afeta à Justiça do Trabalho. 2. O agente fiscal do INSS exerce ato de competência própria quando expede notificação de lançamento referente a contribuições devidas sobre pagamentos efetuados a autônomos, Fl. 1373DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 6 9 por considerálos empregados, podendo chegar a conclusões diversas daquelas adotadas pelo contribuinte. 3. "À evidência, o IAPAS ou o INSS, ao exercer a fiscalização acerca do efetivo recolhimento das contribuições por parte do contribuinte possui o dever de investigar a relação laboral entre a empresa e as pessoas que a ela prestam serviços. Caso constate que a empresa erroneamente descaracteriza a relação empregatícia, a fiscalização deve proceder a autuação, a fim de que seja efetivada a arrecadação. O juízo de valor do fiscal da previdência acerca de possível relação trabalhista omitida pela empresa, a bem da verdade, não é definitivo e poderá ser contestada, seja administrativamente, seja judicialmente" (REsp nº 515.821/RJ, Relator Ministro Franciulli Netto, publicado no DJU de 25.04.05). 4. A via especial é insuscetível de reexame de matéria fático probatória, a teor do enunciado da Súmula 7 desta Corte. 4. Recurso improvido.” (STJ, Segunda Turma, REsp 575086/PR, Rel. Ministro Castro Meira, julgado em 21/03/2006, DJ 30/03/2006 p. 193) No mesmo diapasão se posiciona a jurisprudência deste egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Contribuições Sociais Previdenciárias. Período de apuração: 01/05/1996 a 31/12/1998. PREVIDÊNCIA. CUSTEIO. COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO PREVIDENCIÁRIO PARA O LANÇAMENTO. RELAÇÃO EMPREGATÍCIA. CONFIGURAÇÃO DE AUTÔNOMOS COMO SEGURADO EMPREGADO. O Auditor Fiscal da Previdência Social  no exercício de atividade vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, art. 142, CTN  ao constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I, do caput do art. 9º, RPS, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado art. 229, § 2º, do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99. PRAZO DECADENCIAL PARA LANÇAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS É DE 10 ANOS. O prazo para constituição do crédito previdenciário é de 10 anos, conforme previsto no art. 45 da Lei n ° 8.212/1991. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. ACORDO HOMOLOGADO. COISA JULGADA MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE REDISCUSSÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Os acordos homologados pela Justiça do Trabalho fazem coisa julgada material, conforme previsto no art. 269, inciso III do CPC. Uma vez transitando em julgado, a rediscussão da matéria somente é possível mediante ação rescisória. PAT. Integra o salário de contribuição a parcela “in natura” recebida em desacordo com os programas de alimentação aprovados pelo Fl. 1374DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 10 Ministério do Trabalho, nos termos da Lei nº 6.321/76. Recurso Voluntário Negado.” (Segundo Conselho de Contribuintes, 5ª Câmara, Recurso Voluntário n.º 244.161, relator Conselheiro Manoel Coelho Arruda Jr., sessão de 04.06.2008) Vale ressaltar que o lançamento tributário, à guisa do disposto pelo art. 142 do CTN, é procedimento absolutamente vinculado, razão pela qual inferindo o auditor fiscal, no uso e gozo de suas atribuições, qualquer omissão no tocante ao recolhimento de tributos, não se encontra jungido à determinação, por parte da Justiça do Trabalho, da existência de vínculo empregatício. É preciso frisar, outrossim, que, como se sabe, sequer seria parte legítima a Receita Federal para figurar em eventual pedido de reconhecimento de vínculo empregatício ante à Justiça do Trabalho, eis que a legitimidade, em tais feitos, limitase à relação jurídica entre empregador e empregado, da qual não participa. Os fatos descritos no Termo de Verificação Fiscal às fls. 923/970 e os fundamentos elencados no voto condutor da decisão recorrida para manutenção da exigência tributária em exame (à exceção do aproveitamento dos tributos recolhidos pela empresa Ópera Vídeo Ltda), não merecem qualquer reparo. A Ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda ME celebrou diversos contratos que, em resumo, estabelece a locação dos serviços profissionais do Sr. Renato Mattos Machado. Diferentemente do que aduz a defesa, no caso em exame, não há conveniência empresarial para prestação dos serviços através de pessoa jurídica, civil ou comercial, de serviços personalíssimos, pois apenas o Sr. Renato Machado, em caráter pessoal e insubstituível, é que poderia prestar os serviços para a TV Globo ou para qualquer outra empresa contratante dos seus serviços. De fato, não há na empresa Ópera Vídeo outro profissional com a mesma qualificação para prestar os serviços. Tais circunstâncias repelem quaisquer aproximações da referida empresa com a natureza jurídica das sociedades civis. Não se trata, na hipótese, como habilmente postulado pela defesa, de se escolher um profissional dentro da sociedade para prestar os serviços, devido à absoluta impossibilidade de outro ser designado para o seu lugar, mesmo em situações excepcionais, até porque outro não há para substituílo, nem há registro de contratação de qualquer profissional para esse fim. Contudo, cabe repisar, a Ópera Vídeo não é uma sociedade civil de profissão legalmente regulamentada, conforme indicam os seus atos constitutivos e alterações posteriores, às fls. 24/34, a seguir transcrito, sendo irrelevante a formação profissional dos sócios que a compõe: SEGUNDA  A sociedade ora constituída terá por objeto a prestação de serviços de produções e criações artísticas, cinematográficas, jornalísticas e culturais, direção de programas e filmes, gravações videográficas, fonográficas, audiovisuais, vídeo cassete e filmes, fotografias, edições de textos e imagens, sonoplastia, dublagens e mixagens, assessoria promocional e releases, agênciamento de turismo e de modelos, tudo para: televisão, rádio, cinema, teatro, associações, empresas estatais ou partitulares e pessoas físicas, podendo, ainda, contratar e empresariar artistas e pessoal técnico destinado a serviços de sua produção ou de terceiros e tudo mais a que for afim. Ademais, é sintomático o fato da empresa em sua Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, relativo ao ano de 2000 (fl. 59verso), informar que o Sr. Sebastião Lacerda não auferiu nenhum tipo de rendimento da PJ. O mesmo ocorre nas DIPJ dos anos de 2001 e 2002 (fls. 71verso e 89verso). Ou seja, se o sócio Sebastião Lacerda trabalhou na empresa nos períodos a que se refere o lançamento em exame, não recebeu nenhum centavo pelo labor. As referidas DIPJ Fl. 1375DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 7 11 somente informam distribuição de lucros/dividendos e pagamento de prólabore ao Sr. Renato Machado. Cabe acrescentar que o contribuinte é também um profundo conhecedor de vinhos, afirmação comprovada pelo fato de ser ele contratado pela Globosat Programadora Ltda. para atuar como repórter e roteirista do programa intitulado "Reserva Especial". Mais uma vez, a divulgação de sua imagem e voz, neste caso aliada aos seus conhecimentos sobre vinhos, proporcionam ao Sr. Renato, prestar serviços a outras empresas, principalmente ministrando palestras e escrevendo artigos sobre o assunto para publicações especializadas. Como já exposto no parágrafo anterior, as empresas interessadas em ter sua presença em palestras ou ter seus artigos em suas publicações, contratavam a Ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda, sabendo, no entanto, que quem prestaria o serviço seria o Sr. Renato Mattos Machado. As despesas de funcionamento desta empresa são mínimas quando comparadas a sua receita bruta. Praticamente só existem despesas com tributos. As outras despesas referemse ao prólabore, INSS referente ao prólabore e despesas bancárias, conforme planilhas anexas (fls. 976 a 978). As citadas planilhas foram construídas a partir dos dados do Livro Diário da empresa (fls. 106 a 268) e a receita bruta retirada da DIPJ (fls. 49 a 91), consoante dados resumidos no quadro demonstrativo ao final da fl. 925. Em resposta à intimação para apresentar os Recibos de Pagamentos de Autônomos e Notas Fiscais que comprovem os pagamentos a terceiros (fls. 887/889), a Ópera Vídeo Ltda esclarece que na dependência do tipo de serviço executado eram utilizados os serviços de terceiros que davam apoio à execução dos serviços para os quais foi contratada a Ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas, porém, os pagamentos eram feitos diretamente no local e em moeda corrente. Tendo em vista o tempo já transcorrido e pelas atividades executadas os recibos dos respectivos pagamentos não foram localizados. Quanto ao Livro de Registro de Empregados e os comprovantes de recolhimento de INSS e FGTS, informa que deixou de proceder aos respectivos registros. A fiscalização constatou, mediante exame do livro Diário da empresa Ópera Vídeo Ltda., que não houve escrituração de pagamento a empregados/funcionários. O Sr. Renato Mattos Machado, conhecido nacionalmente como Renato Machado, à época dos fatos, era o principal apresentador do telejornal "BOM DIA BRASIL", além de apresentar eventualmente o "JORNAL NACIONAL", e outros telejornais exibidos pela TV Globo. O primeiro pode ser considerado o mais importante telejornal matutino do Brasil e o segundo o mais importante telejornal do Brasil, ambos com uma audiência extraordinária. Assim, o Sr. Renato Machado, por ser um dos apresentadores de televisão mais conhecidos do Brasil, é constantemente contratado por diversas empresas para narrar ou ser locutor em vídeos institucionais, apresentar eventos, mediar debates, ministrar palestras, coordenar painéis e principalmente atuar como "Mestre de Cerimônia" em eventos de diversos tipos. Das 32 empresas relacionadas às fls. 930/931, somente foram apresentados os contratos de prestação de serviços celebrados com a empresa Ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda de 5 empresas (incluindose o da TV Globo), sendo evidente que, somente o Sr. Renato Machado poderia prestar os serviços contratados, tendo em vista que as empresas somente contrataram a Ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda. para que pudessem ter em seus eventos a figura, a imagem e/ou a voz do "âncora" do telejornal "Bom Dia Brasil". Da mesma forma, nas prestações dos serviços decorrentes de contratos verbais, as Fl. 1376DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 12 informações extraídas das notas fiscais apontam invariavelmente a pessoa do Sr. Renato Machado como apresentador, tradutor, mediador, mestre de cerimônia etc. No que tange à alegação da empresa no sentido de ter utilizado serviços de terceiros, cabe salientar que além de não ter sido apresentado qualquer comprovante destas despesas, na escrituração do Livro Diário da empresa Ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda. não há registro de pagamentos a terceiros, nem há elementos de prova nos autos a evidenciar a prestação de serviço por qualquer outro profissional. De fato, a escrituração fiscal/contábil da Ópera Vídeo não traz qualquer registro de pagamentos a terceiros, auxiliares, técnicos de filmagem e produção etc, de modo a caracterizar a prestação de serviço por uma equipe da mencionada empresa, conforme postulado pela recorrente. Também inexiste nos autos qualquer outro elemento de prova neste sentido. Constatase, inclusive, que a DIPJ apresentada pela empresa Ópera Vídeo, o sócio Sebastião Lacerda não auferiu prólabore nem lucros ou dividendos nos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002 (fls. 59verso, 70verso, 89verso), período ao qual se reporta o lançamento em tela. No Termo de Verificação Fiscal, a partir da fl. 934 deste processo, a fiscalização examina minuciosamente cada prestação de serviço, afastando definitivamente qualquer dúvida acerca do caráter personalíssimo da contratação: os elementos de prova nos autos são concordantes e conclusivos e evidenciam claramente que os serviços contratados somente poderiam ser realizados pelo Sr. Renato Machado. No contrato da TV Globo (fls. 890 a 897 e 904 a 911) os serviços seriam prestados unicamente pelo interveniente (Renato Machado), havendo previsão expressa de rescisão do contrato em caso de morte ou impedimento permanente do interveniente, o pagamento de gratificações semestrais e quadrimestrais, bem como a cessão a título universal dos direitos de sua imagem e voz. De fato, as notas fiscais emitidas pela empresa ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda ME, em nome da TV Globo Ltda, trazem as seguintes discriminações dos serviços: "Serviços de repórter especial prestados por Renato Machado em " (NFs n° 370, 373, 376, 381, 384, 388, 392, 398, 402, 406, 411, 421 e 425, fls. 821 a 836 e 867), "Remuneração por serviços prestados de apresentação no mês ..., conforme contrato" (NFs n° 455, 460, 467, 472, 484, 497, 500, 009, 026, 031, 037 e 045, fls. 842 a 860), além de outras discriminações semelhantes, que demonstram o caráter personalíssimo dos serviços prestados. A omissão de rendimentos de natureza personalíssima não é matéria nova neste Conselho, que vez por outra é instada a decidir em litígios decorrentes de lançamentos em que o fisco, diante de situações em que contribuintes constituem empresas através das quais realizam contratos de prestação de serviços, procedimento rejeitado pelo fisco nos casos em que os serviços são considerados de natureza pessoal, realizados por um único profissional e, portanto, sujeitos à tributação das pessoas físicas. Os diversos lançamentos que trataram desta matéria, foram objeto de manifestações por Colegiados diversos deste Conselho, mantendose sempre a exação tributária. De fato, no cerne da discussão está a dualidade de regimes tributários, muito própria do imposto de renda, que, assim como outros impostos, podem ter contribuintes pessoas físicas e pessoas jurídicas, mas que, no caso específico do imposto de renda, a tributação de uns e de outros são marcadas por diferenças profundas, estruturais, nos critérios de apuração dos elementos essenciais da relação obrigacional tributária, em especial da base tributável. Diferenças essas tão acentuadas no caso do imposto de renda, tão cristalizada que é essa fronteira entre o IRPF e o IRPJ que muitas vezes se trata um e outro quase como se fossem impostos distintos, que sabemos não ser o caso. Um primeiro ponto a se destacar é que no ordenamento jurídico tributário brasileiro não existe um imposto de renda das pessoas físicas e um imposto de renda das Fl. 1377DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 8 13 pessoas jurídicas, mas um único Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, cujo fato gerador está definido no art. 43 do CTN. Essa diferenciação entre os regimes tributários das pessoas físicas e o das pessoas jurídicas se dá, no nosso ordenamento jurídico tributário, inteiramente, no nível da legislação ordinária. Esse breve intróito foi muito bem argumentado pelo ilustre Conselheiro Pedro Paulo da Silva Pereira Barbosa, a quem peço vênia para transcrever os abalizados fundamentos explanados no Acórdão de nº 10622.725, com os quais concordo, acerca da legislação pertinente a essa matéria: Um exame da legislação do Imposto de Renda, já desde o DecretoLei nº 5.844, de 1943, demonstra, com clareza, que esta tem, sistemática e coerentemente, feito essa distinção levando em conta, precisamente, propriedade ou posse do bem produtor da renda e a natureza da renda auferida. O DecretoLei nº 5.844, de 1943 já fazia claramente essa distinção, senão vejamos: Art. 1º As pessoas físicas domiciliadas ou residentes no Brasil que tiverem renda liquida anual superior a vinte e quatro mil cruzeiros (Cr$ 24.000,00), apurada de acordo com este Decreto lei, são contribuintes do imposto de renda, sem distinção de nacionalidade, sexo, idade, estado ou profissão. (Redação dada pelo DecretoLei nº 8.430, de 24.12.1945) Parágrafo único. São também contribuintes as que perceberem rendimentos de bens de que tenham a posse, como se lhes pertencessem, de acordo com a legislação em vigor. Art. 18 Constitui rendimento líquido, em cada cédula, a diferença entre o rendimento bruto e as deduções cedulares. Parágrafo único. Quando não for solicitada dedução ou quando esta não tiver cabimento, tomarseá como líquido o rendimento bruto declarado. Na cédula "D" eram classificados os rendimentos não compreendidos nas demais cédulas, aí incluindose os rendimentos de prestação de serviços, que por sua pertinência com a matéria ora em exame transcrevo a seguir o artigo correspondente do referido DecretoLei: Art. 6° Na cédula "D" serão classificados os rendimentos não compreendidos nas outras cédulas, tais como: a) honorários do livre exercício da profissão de médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, contador e de outras que se lhes possam assemelhar. (Redação dada pela Lei nº 154, de 1947). b) proventos de profissões, ocupações e prestação de serviços não comerciais; c) remunerações dos agentes, representantes e outras pessoas que, tomando parte em atos de comércio, não os pratiquem, todavia, por conta própria; Fl. 1378DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 14 d) emolumentos e custas dos serventuários de justiça, como tabeliães, notários, oficiais públicos e outros, quando não forem remunerados exclusivamente pelos cofres públicos; e) corretagens e comissões dos corretores, leiloeiros e despachantes, seus prepostos e adjuntos; f) lucros da exploração individual de contratos de empreitada unicamente de lavor, qualquer que seja a natureza, quer se trate de trabalhos arquitetônicos, topográficos, terraplenagem, construções de alvenaria e outras congêneres, quer de serviços de utilidade pública, tanto de estudos como de construções; g) ganhos da exploração de patentes e invenção, processos ou fórmulas de fabricação, quando o possuído auferir lucros sem as explorar diretamente (redação dada pela Lei nº 154, de 1947); h) (Suprimido pela Lei nº 154, de 1947). Já a tributação das pessoas jurídicas foi tratada do seguinte modo no Decreto Lei nº 5.844, de 1943: Art. 27 As pessoas jurídicas de direito privado domiciliadas no Brasil, que tiverem lucros apurados de acordo com este decreto lei, são contribuintes do imposto de renda, sejam quais forem os seus fins e nacionalidade. § 1° Ficam equiparadas às pessoas jurídicas, para efeito deste decretolei, as firmas individuais e os que praticarem, habitual e profissionalmente, em seu próprio nome, operações de natureza civil ou comercial com o fim especulativo de lucro. § 2° As disposições deste artigo aplicamse a todas as firmas e sociedades, registradas ou não. Notese que as atividades de natureza civil ou comercial praticadas com o fim especulativo de lucro, mesmo que por pessoas físicas e por firmas individuais, isto é, firmas ou sociedades, "registradas ou não", devem ser tributadas por contribuintes pessoas jurídicas; já os salários, honorários do livre exercício de profissões, proventos de ocupações ou prestação de serviços não comerciais, etc. devem ser tributados como rendimentos de pessoas físicas. Com isso, a legislação claramente adota, na distinção entre contribuintes pessoas físicas e contribuinte pessoas jurídicas, a natureza da renda. Isto é, os lucros, entendidos este como produto da atividade comercial e/ou especulativa, são tributados como imposto de renda de pessoas jurídicas; os rendimentos decorrentes do trabalho pessoal são tributados como rendimentos de pessoas físicas. Essa definição permanece até os dias de hoje. Está assim definida no Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99: Art. 2º  As pessoas físicas domiciliadas ou residentes no Brasil, titulares de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, inclusive rendimentos e ganhos de capital, são contribuintes do imposto de renda, sem distinção na nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou profissão (Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 43, e Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, art. 4º). Fl. 1379DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 9 15 § 1º São também contribuintes as pessoas físicas que perceberem rendimentos de bens de que tenham a posse como se lhes pertencessem, de acordo com a legislação em vigor (Decreto nº 5.844, de 23 de setembro de 1943, art. 1º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 45). § 2º O imposto será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 85 (Lei nº 8.134, de 27 de dezembro de 1990, art. 2º). Art. 146. São Contribuinte do imposto e terão seus lucros apurados de acordo com este Decreto (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 27): I – as pessoas jurídicas (Capítulo I); II – as empresas individuais (Capítulo II); § 1º As disposições deste artigo aplicamse a todas as firmas e sociedades, registradas ou não (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 27, § 2º). § 2º As entidades submetidas aos regimes de liquidação extrajudicial e de falência sujeitamse às normas de incidência do imposto aplicável às pessoas jurídicas, em relação às operações praticadas durante o período em que perdurarem os procedimentos para a realização de seu ativo e o pagamento do passivo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 60). § 3º As sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos aos exercício de profissões legalmente regulamentada são tributadas pelo imposto de conformidade com as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas (Lei nº 9.430, de 1996, art. 55). § 4º As empresas públicas e as sociedades de economia mista, bem como suas subsidiárias, são contribuintes ns mesmas condições das demais pessoas jurídicas (CF. art. 173, § 1º, e Lei nº 6.264, de 18 de novembro de 1975, arts. 1º a 3º). § 5º As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e fornecimento de bens aos consumidores, sujeitamse às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às demais pessoas jurídicas (Lei nº 9.432, de 1997, art. 69). § 6º Sujeitamse à tributação aplicável as pessoas jurídicas o Fundo de Investimento Imobiliário nas condições previstas no§ 2º do art. 752 (Lei nº 9.779, de 1999, art. 2º). § 7º Salvo disposição em contrário, a expressão pessoa jurídica, quando empregada neste Decreto, compreende todos os contribuintes a que se refere este artigo. Fl. 1380DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 16 Art. 150. As empresas individuais, para efeitos do imposto de renda, são equiparadas às pessoas jurídicas (DecretoLei nº 1.706, de 23 de outubro de 1979, art. 2º). § 1º São empresas individuais: I – as firmas individuais (Lei nº 4.506, de 1964, art. 41, § 1º, alínea "a"); II – as pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços (Lei nº 4.506, de 1964, art. 41, § 1º, alínea "b"). III – as pessoas físicas que promoverem a incorporação de prédios em condomínio ou loteamento de térreos da Seção II deste Capítulo (Decretolei nº 1.831, de 23 de dezembro de 1974, arts. 1º e 3º, inciso III, e DecretoLei nº 1.510, de 27 de dezembro de 1976, art. 10, inciso I). § 2º O disposto no inciso II do parágrafo anterior não se aplica às pessoas físicas que, individualmente, exerçam as profissões ou explorem as atividades de: I – médico, engenheiro, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escultor e de outras que lhes possam ser assemelhadas (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "a", e Lei nº 4.480, de 14 de novembro de 1964, art. 3º); II – profissões, ocupações e prestação de serviços não comerciais (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "b"), III – agentes, representantes e outras pessoas sem vínculo empregatício que, tomando parte em atos de comércio, não os pratiquem, todavia, por conta própria (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "c"); IV – serventuários da justiça, como tabeliães, notários, oficiais públicos e outros (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "d"); V – corretores, leiloeiros e despachantes, seus prepostos e adjuntos (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "e"); VI – exploração individual de contratos de empreitada unicamente de lavor, qualquer que seja a natureza, quer se trate de trabalhos arquitetônicos, topográficos, terraplanagem, construções de alvenaria e outros congêneres, quer de serviços de utilidade pública, tanto de estudos como de construções (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "f"; VII – exploração de obras artísticas, didáticas, científicas, urbanísticas, projetos técnicos de construção, instalações ou equipamentos, salvo quando não explorados diretamente pelo autor ou criador do bem ou da obra (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "g"). Art. 219. A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de ocorrência do fato gerador, é o lucro real Fl. 1381DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 10 17 (Subtítulo III), presumido (Subtítulo IV) ou arbitrado (Subtítulo V), correspondente ao período de apuração (Lei nº 5.172, de 1966, arts. 44, 104 e 144, Lei nº 9.891, de 1995, art. 26, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º). Parágrafo único. Integram a base de cálculo todos os ganhos e rendimentos de capital, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorra de ato ou negócio que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos do previsto na norma específica de incidência do imposto (Lei nº 7.450, de 1985, art. 51, Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 25, inciso II, e 27, inciso II)." O Decretolei nº 2.397, de 1987 introduziu um regime especial de tributação para as sociedades civis de profissões legalmente regulamentadas, admitindo a apuração do resultado na pessoa jurídica, sem a incidência do imposto na pessoa jurídica, porém determinando a distribuição automática dos resultados, de acordo com a participação de cada sócio na sociedade, ao fim de cada período de apuração, com a incidência do imposto na pessoa física. A seguir transcrevo o próprio DecretoLei: DecretoLei nº 2.397, de 1987 Art. 1° A partir do exercício financeiro de 1989, não incidirá o Imposto de Renda das pessoas jurídicas sobre o lucro apurado, no encerramento de cada períodobase, pelas sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada, registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas e constituídas exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no País. § 1° A apuração do lucro de cada períodobase será feita com observância das leis comerciais e fiscais, inclusive correção monetária das demonstrações financeiras, computandose: I  as receitas e rendimentos pelos valores efetivamente recebidos no períodobase; II  os custos e despesas operacionais pelos valores efetivamente pagos no períodobase; III  as receitas, recebidas ou não, decorrentes da venda de bens do ativo permanente; IV  o valor contábil dos bens do ativo permanentes baixados no curso do períodobase; V  os encargos de depreciação e amortização correspondentes ao períodobase; VI  as variações monetárias ativas e passivas correspondentes ao períodobase; VII  o saldo da conta transitória de correção monetária, de que trata o art. 3°, II, do Decretolei n° 2.341, de 29 de junho de 1987. Fl. 1382DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 18 § 2° Às sociedades de que trata este artigo não se aplica o disposto no art. 6° do Decretolei n° 2.341, de 29 de junho de 1987. Art. 2° O lucro apurado (art. 1°) será considerado automaticamente distribuído aos sócios, na data de encerramento do períodobase, de acordo com a participação de cada um dos resultados da sociedade. 1° O lucro de que trata este artigo ficará sujeito à incidência do Imposto de Renda na fonte, como antecipação do devido na declaração da pessoa física, aplicandose a tabela de desconto do Imposto de Renda na fonte sobre rendimentos do trabalho assalariado, exceto quando já tiver sofrido a incidência durante o períodobase, na forma dos §§ 2° e 3° . 2° Os lucros, rendimentos ou quaisquer valores pagos, creditados ou entregues aos sócios, mesmo a título de empréstimo, antes do encerramento do períodobase, equiparam se a rendimentos distribuídos e ficam sujeitos à incidência do Imposto de Renda na fonte, na data do pagamento ou crédito, como antecipação do devido na declaração da pessoa física, calculado de conformidade com o disposto no parágrafo anterior. 3° O Imposto de Renda retido na fonte sobre receitas da sociedade de que trata o art. 1° poderá ser compensado com o que a sociedade tiver retido, de seus sócios, no pagamento de rendimentos ou lucros. Convém ressaltar, ainda, que a partir de janeiro de 1996, os lucros pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado passaram a não sofrer tributação, na fonte e na declaração e que, a partir da Lei nº 9.430, de 1996, as sociedades civis passaram a ter o mesmo regime de tributação das demais sociedades. Essa mudança legislativa foi introduzida pela Lei nº 9.249, de 1995, no seu artigo 10, caput, verbis: Art. 10 – Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do Imposto sobre a Renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo de Imposto sobre a Renda do Beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Já a Lei nº 9.430, de 1996 assim dispôs sobre a sociedades civis: Art. 55. As sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada de que trata o art. 1º do Decretolei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, passam, em relação aos resultados auferidos a partir de 1º de janeiro de 1997, a ser tributadas pelo imposto de renda de conformidade com as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Notese que, com a combinação das regras do art. 10 da Lei nº 9.249, de 1995 com o art. 55 da Lei nº 9.430, de 1995, a partir de 1º de janeiro de 1997, os resultados das sociedades civis de profissões legalmente regulamentadas passaram a ser tributados apenas nas pessoas jurídicas, assim como os resultados das demais pessoas jurídicas. Fl. 1383DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 11 19 Dessa análise, o eminente Conselheiro concluiu que são contribuintes do imposto de renda como pessoas jurídicas as firmas individuais e as sociedades, inclusive as sociedades civis de profissões legalmente regulamentadas, registradas ou não, que obtiverem renda produzida pelo exercício de atividade civil ou comercial com o objetivo especulativo de lucro ou, no caso das sociedades civis, em decorrência do exercício regular da profissão regulamentada, sendo este, o lucro (real, presumido ou arbitrado) e não outro tipo de renda qualquer, a base de cálculo do imposto, sendo contribuintes pessoas físicas as pessoas naturais que aufiram rendimentos e proventos diversos, que não sejam produto do exercício regular de atividade comercial ou especulativa de lucro, como rendimentos do trabalho assalariado, exercício individual de profissão, prestação de serviços não comerciais etc. A respeito do caráter interpretativo do art. 129 da Lei n°. 11.196, de 2005, comungo do entendimento esposado pelo i. Conselheiro Nelson Mallmann, no Acórdão de nº 10421.583, a seguir transcrito, no sentido de que referida norma criou direito novo, inaplicável retroativamente, já que a legislação tributária anterior vedava que os rendimentos oriundos da prestação de serviço em caráter pessoal fossem tributados como receita de pessoa jurídica. No mesmo sentido também são os Acórdãos no 10421954, de 18/10/2006; no 10421583, de 24/05/2006; e no 10422408, de 23/05/2007, sendo certo que em nenhum dos processos a que se referem os acórdãos houve a desconstituição ou desconsideração da pessoa jurídica, mas, tãosomente, a reclassificação da receita lançada como de pessoa jurídica para a pessoa física do efetivo prestador do serviço: Antes de adentrar no mérito propriamente dito e em razão da matéria ter sido levantada na fase da sustentação oral se faz necessário algumas considerações a respeito do art. 129 da Lei nº 11.196, de 2005, abaixo transcrito: “Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002  Código Civil.” Dispõe o artigo 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002  o Código Civil: "Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica." Não há dúvidas que o artigo 129 foi editado para resolver problemas relacionados à tributação dos rendimentos produzidos em decorrência da prestação de serviço de natureza pessoal, oferecido ao mercado por intermédio de uma sociedade com personalidade jurídica (“empresas unipessoais”). Entretanto, no caso em discussão, o crédito tributário constituído se reporta a fato gerador ocorrido antes da vigência da mencionada lei, razão pela qual se faz necessária a verificação se o referido dispositivo legal faz inovação ou criação de regime jurídico novo, ou apenas expressa entendimento sobre legislação já existente, ou seja, é esta norma meramente interpretativa? Fl. 1384DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 20 Indiscutivelmente a lei interpretativa não pode inovar, limitase a esclarecer dúvida a respeito de dispositivo de lei anterior. No meu entendimento o art. 129 da Lei nº 11.196, de 2005 traz inovação e cria as “empresas unipessoais” para fins de tributação como pessoas jurídicas, antes consideradas pessoas físicas perante a legislação tributária. Entretanto, a norma acima não possui caráter interpretativo, sendo incorreto alegar aplicação retroativa com base no art. 106, inciso I, do CTN. O art. 106, inciso I, do CTN assim dispõe: “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I  em qualquer caso, quando expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;” Segundo Eduardo Espinola e Eduardo Espinola Filho, “denominamse leis interpretativas as que têm por objeto determinar, em caso de dúvida, o sentido das leis existentes, sem introduzir disposições novas” (A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, atualizado por Silva Pacheco, 3ª ed., Ed. Renovar, 1999, vol. 1, p.294). Portanto, para que uma lei seja considerada interpretativa, são necessários os seguintes requisitos: 1) o caráter interpretativo tem que ser expresso; 2) indicação da lei anterior que está sendo interpretada; 3) existência de lei anterior disciplinando a matéria tratada na lei interpretativa; e 4) existência de dúvida quanto ao sentido de uma lei anterior. Analisando os artigos 146 a 150 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 1999, já transcrito neste voto, o eminente Conselheiro conclui que as atividades exercidas por pessoas físicas, nas situações abaixo relacionadas, não se caracterizam como empresa individual, ainda que, por exigência legal ou contratual, encontremse cadastradas no CNPJ ou que tenham seus atos constitutivos registrados em Cartório ou Junta Comercial: (1) a pessoa física que, individualmente, exerça profissões ou explore atividades sem vínculo empregatício, prestando serviços profissionais, mesmo quando possua estabelecimento em que desenvolva suas atividades e empregue auxiliares, a exemplo de: médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras que lhes possam ser assemelhadas; (2) a pessoa física que explore, individualmente, contratos de empreitada unicamente de mãodeobra, sem o concurso de profissionais qualificados ou especializados; (3) a pessoa física receptora de apostas da Loteria Esportiva e da Loteria de Números (Lotomania, Supersena, MegaSena etc) credenciada pela Caixa Econômica Federal, ainda que, para atender exigência do órgão credenciador, esteja registrada como pessoa jurídica, e desde que não explore, no mesmo local, outra atividade comercial; (4) representante comercial que exerça exclusivamente a mediação para a realização de negócios mercantis, como definido pelo art. 1º da Lei nº 4.886, de 1965, uma vez que não os tenha praticado por conta própria; Fl. 1385DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 12 21 (5) pessoa física que faz o serviço de transporte de carga ou de passageiros em veículo próprio ou locado, mesmo que ocorra a contratação de empregados, como ajudantes ou auxiliares. Como se observa, a legislação tributária nunca permitiu que as pessoas físicas que, individualmente, exerçam profissões ou explorem atividade de médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras que lhes possam ser assemelhadas, tributassem seus rendimentos como se fossem pessoas jurídicas. Ora, não há dúvidas que os valores recebidos pelo suplicante são decorrentes de natureza eminentemente pessoal, ou seja, decorrem do fruto de seu desempenho pessoal. Indiscutivelmente, os rendimentos provenientes da cessão do direito ao uso da imagem, do direito de arena, do uso de nome profissional e execução de contrato de trabalho com natureza personalíssima, com cláusula que impossibilite de serem procedidas por outra pessoa, jurídica ou física que não o titular contratado são rendimentos que devem ser tributadas na pessoa física do efetivo prestador de serviços. Da mesma forma, é sabido que as sociedades civis de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada são tributadas pelo imposto de conformidade com as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Entretanto, estas sociedades civis devem preencher determinadas condições, tais como: (a) a natureza de suas atividades e dos serviços prestados deve ser exclusivamente civil; (b) todos os sócios devem estar em condições legais de exercer a profissão regulamentada para a qual estiverem habilitados, ainda que diferentes entre si, desde que cada um desempenhe as atividades ou prestem os serviços privativos de suas profissões e esses objetivos estejam expressos no contrato social; (3) as receitas da sociedade devem provir da retribuição ao trabalho profissional dos sócios ou empregados igualmente qualificados; (4) as sociedades civis são aquelas em que todos os sócios estejam legalmente capacitados a atender às exigências dos serviços por elas prestados, etc. Com certeza não é o caso do suplicante, já que a sociedade é formada pelo suplicante e sua esposa, que não exerce atividade igual ao do suplicante. Como se vê, nunca houve dúvidas que salários e rendimentos provenientes de serviços personalíssimos seriam tributados na pessoa física, tendo como única exceção a sociedade civil de profissão legalmente regulamentada, o que não é o presente caso. O legislador sempre foi inequívoco no sentido de que, em relação a salários e rendimentos produzidos pelo exercício de profissões e pela prestação de serviços de natureza não comercial, o contribuinte será a pessoa física que realiza pessoalmente o fato gerador. A jurisprudência deste Primeiro Conselho de Contribuintes, em casos semelhantes, sempre se firmou no sentido de que rendimentos provenientes de serviços personalíssimos devem ser tributados na pessoa física. É nítido que o referido artigo inovou no ordenamento jurídico, pois até então, a legislação tributária acerca do imposto de renda nunca deixou dúvidas que rendimentos provenientes da exploração do serviço individualmente prestado por um artista, ou seja, serviço personalíssimo, seria tributado na pessoa física prestadora do serviço, mesmo que os serviços fossem contratados e ajustados por meio de uma pessoa jurídica, pois se verifica que, na realidade, o que foi contratado foi um serviço individual. Tenho para mim, que a referida norma tem por objetivo maior esclarecer e orientar os agentes da administração pública para que, no exercício de suas funções, não desconsiderem a personalidade jurídica de sociedades legalmente constituídas para prestação de serviços intelectuais, com a finalidade de tributar os sócios. Fl. 1386DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 22 Assim, as empresas legalmente constituídas para a prestação de serviços intelectuais (sociedades de engenheiros, arquitetos, advogados, médicos etc) não podem ser descaracterizadas pelos agentes fiscais ao argumento de que o serviço prestado pelos profissionais aos seus contratantes seria regido pelas normas da CLT, com todos os reflexos trabalhistas e tributários daí decorrentes. Em conclusão, o art. 129 da Lei nº 11.196, de 2005, é lei inovadora, portanto, inaplicável a regra contida no art. 106, inciso I, do CTN, aos serviços prestados por “empresas unipessoais” (caráter personalíssimo) antes da publicação da referida lei, já que a legislação tributária anterior vedava que os rendimentos oriundos da prestação de serviço em caráter pessoal fossem tributados como de pessoa jurídica. Cumpre ainda destacar o voto do Ministro Sepúlveda Pertence proferido por ocasião do julgamento da ADIN n° 605, acerca da lei interpretativa: Para mim, no sistema brasileiro, lei interpretativa ou é inócua ou é lei nova. Se é mera interpretação de lei preexistente e veicula — se isso é possível — a única interpretação admissível dessa lei preexistente, a lei interpretativa vale exatamente o que valer a interpretação que traduz, isto é, nada vale, porque, evidentemente, se é a única interpretação, ou não, a afirmação, no caso concreto, continuará entregue ao Poder Judiciário. Se, no entanto, a título de lei interpretativa, a segunda lei extrapola da interpretação, é lei nova, que altera a lei antiga, modificandoa ou adicionandolhe normas inexistentes. E assim há de ser examinada. No que tange à descaracterização da pessoa jurídica, o i. Conselheiro Nelson Mallman conclui que: Analisando este item, constatase pelos elementos que compõem os autos que, ao contrário do argumento do litigante, a fiscalização não adotou procedimentos no sentido de efetivar a desconsideração jurídica da empresa Massa & Massa Ltda. em sede administrativa, mesmo porque, como já exaustivamente repetido em itens anteriores, a tributação em causa, com supedâneo no enquadramento legal consignado no auto de infração, mormente o preceituado no § 4º do art. 3° da Lei n° 7.713/88, e em face do disposto nos arts. 4º, 118 e 123 do CTN, independia de tal providência, bem como da descaracterização da escrita fiscal da pessoa jurídica citada; cabe acrescer que não foi objeto de fiscalização a empresa referida, de forma que não subsistem as alegações relativas a lucros por ela distribuídos, e despesas e compras incorridas. Não há mais o que comentar ou fundamentar já que não houve a desconsideração jurídica das empresas em questão. O que houve foi o deslocamento de parte da receita lançada como de pessoa jurídica para a pessoa física. Conforme assinalado na transcrição acima, em itens anteriores, no qual se analisou a relação entre a pessoa física do sócio e a pessoa jurídica, foram efetuadas as seguintes ponderações: Com relação às alegações da existência formal da pessoa jurídica envolvida, cabe reforçar que a fiscalização não negou tal existência, bem como não houve a sua desconstituição, o que houve foi desconsideração dos atos jurídicos aparentes, ou seja, transferência dos rendimentos/receitas lançadas como que fossem da pessoa jurídica para a pessoa física envolvido, que é o beneficiário de fato. Fl. 1387DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 13 23 Nem poderia ser diferente, já que o Instrumento Particular de Contrato de Prestação de Serviços para Realização de Programas de Televisão e Outras Avenças de fls. 62/71 e os Contratos de Parceria Para Divulgação Publicitária e Termo de Licença Onerosa de Uso de Imagem de fls. 72/194, firmados entre o suplicante e as empresas recebem a anuência/interveniência deste. Em última análise, é este ato que dá eficácia a cada contrato, porque somente o apresentador Carlos Roberto Massa, por ato de sua vontade, que pode dispor da sua imagem ou dos seus serviços. Vale dizer, que a pessoa jurídica Massa & Massa em questão não tem poder para dispor sobre o objeto do contrato, em face de tratarse de direitos da personalidade. Não tenho dúvidas, que as cláusulas contratuais, esclarecem sem margem de erro que os serviços a serem prestados serão prestados pessoalmente pela pessoa física do apresentador Carlos Roberto Massa, de forma que não se pode negar que os valores pagos pelas empresas envolvidas, relativos ao trabalho pessoal do apresentador Carlos Roberto Massa, são rendimentos tributáveis na pessoa física. Como, também, não tenho dúvidas, que o direito à imagem integra os direitos da personalidade e os rendimentos daí decorrentes, são de tributação na pessoa física. É de se reforçar, que no caso em questão, o próprio apresentador Carlos Roberto Massa é o responsável pelo cumprimento do contrato, pois, sem ele nada feito, não há como outro sócio substituílo, até porque as cláusulas contratuais são nítidas neste sentido. Assim, não se pode negar que os valores percebidos relativamente à prestação pessoal de tais serviços e relativos aos contratos em análise correspondem a rendimentos obtidos por profissional no exercício de sua função. Restou patente, pelas próprias cláusulas contratuais, a obrigatoriedade de que os serviços sejam executados de forma pessoal pelo profissional Carlos Roberto Massa. Não há espaço para que a contratada Massa & Massa cumpra a obrigação firmada no instrumento sem a presença pessoal do contribuinte. Não há como substituílo, pois a essência do contrato é que a execução dos serviços seja realizada somente pelo intervenienteanuente. No presente caso, a matéria fática é a mesma: os contratos de prestação de serviços, as notas fiscais apresentadas e as diligências realizadas no curso da ação fiscal deixam claro que os serviços foram executados pela pessoa física do contribuinte, em caráter personalíssimo e individual. Os rendimentos provenientes da cessão do direito ao uso da imagem e execução de contrato de trabalho com natureza personalíssima, em caráter insubstituível, são rendimentos que devem ser tributadas na pessoa física do efetivo prestador do serviço. A administração tributária já se manifestou em diversas oportunidades a respeito desse assunto e numa delas, por meio do Parecer Normativo CST nº 38, de 24 de março de 1975 (DOU de 08.05.1975), ementou suas conclusões da seguinte forma: “Os rendimentos do trabalho percebidos por pessoa física em decorrência de atividade profissional não podem ser incluídos em declaração de pessoa jurídica, mesmo quando a pessoa física possua estabelecimento no qual desenvolve suas atividades e emprega auxiliares; a opção é incabível, por carência de direito.” Considerando que a legislação tributária, expressamente, define a forma de tributação para os rendimentos de natureza personalíssima, não remanesce qualquer dúvida quanto a tributação dos rendimentos na declaração da pessoa física. Fl. 1388DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 24 Da mesma forma, não pode prevalecer o conceito de que seriam tributados como receita da pessoa jurídica todos os rendimentos que o contribuinte classificasse como tal, bastando para isso a existência de uma sociedade que emita notas fiscais desses rendimentos. Os rendimentos devem ser submetidos às normas de tributação relativas ao Imposto de Renda Pessoa Física, independendo a tributação da denominação dos rendimentos, da condição jurídica da fonte e da forma de percepção das rendas. Nesse ponto, vale lembrar que a Lei nº 7.713, de 1988, é clara ao trazer em seu art. 3º, § 4º, que “a tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte, por qualquer forma e a qualquer título”. Nessa linha de entendimento, o Código Tributário Nacional estabelece em seus artigos 114, 116, 118 e 123, in verbis: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. (...) Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existente os seus efeitos: I – tratandose de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; (...) Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos; (...) Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Tendo o fisco identificado que a contraprestação por essa atividade laboral foi paga a uma pessoa jurídica, nas condições relatadas acima, poderia e deveria requalificar os fatos para formalizar a exigência do imposto na pessoa física que, tendo relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador, é o contribuinte, sujeito ao regime de tributação próprio das pessoas físicas. Notese que não se trata aqui de desconsiderar a personalidade jurídica, mas tãosomente de requalificar os fatos, para a correta identificação do sujeito passivo da obrigação tributária. Ao exigir o imposto do verdadeiro sujeito passivo o Fisco não está de modo algum desconsiderando a personalidade jurídica pela aplicação de norma antielisiva, até porque a constituição de empresa para contratar serviços a serem prestados exclusivamente por determinada pessoa física, à época dos fatos, não caracterizava elisão fiscal, pela simples razão de que não era lícito tal procedimento, o que afasta o requisito fundamental da elisão – a licitude da conduta. Neste sentido, confirase o entendimento Fl. 1389DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 14 25 manifestado pelo i. Conselheiro José Ribamar Barros Penha, relator do Acórdão nº 10414.244. Confirase: O recorrente entende que no presente procedimento houve desconsideração da personalidade jurídica da empresa L. F. Promoções, Serviços e Representações Ltda., feita ao arrepio da autorização judicial prevista no art. 50 do Código Civil, Lei n° 10.406, de 2002. Não vejo razão ao recorrente. Como visto, no presente lançamento não se cogitou desconsiderar a existência da pessoa jurídica que permanece com sua personalidade intacta. Uma prova disto está no fato de o julgador refutar o pedido de compensação dos impostos recolhidos sob a justificativa que só à empresa, por seus representantes legais, compete promover ações neste sentido. (...) A fundamentação do lançamento nos dispositivos das Leis n°7.713, de 1988, n° 8.134, de 1990, como acima transcrito, corresponde à tributação dos rendimentos percebidos por pessoa física como produto do trabalho prestado individual e pessoalmente. Não restam duvidas de que, independentemente da liberdade que têm os particulares de poderem organizar seus negócios da forma como melhor lhes aprouver, essa liberdade diz respeito à atividade negocial. Correto, portanto, a exigência tributária constituída na pessoa física que efetivamente realizou o trabalho, de natureza personalíssima (insubstituível), sobre a remuneração paga pelo contratante como contraprestação pelos serviços contratados. Os elementos de prova nos autos (contratos de prestação de serviços, notas fiscais e declarações dos contratantes) são cristalinos a esse respeito. De fato, a omissão de rendimentos de natureza personalíssima, atribuída ao recorrente, jamais deixou de ser considerada como infração ante a legislação em vigor em nosso ordenamento à época dos fatos geradores tratados no lançamento em exame. Nos termos do artigo 144 do CTN, o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, e não houve alteração no tocante à penalidade prevista na lei vigente ao tempo de sua prática, sendo, por estes motivos, igualmente incabível a tese de que caberia a retroatividade benigna prevista no inciso II, art. 106, do CTN. A partir da Lei nº 11.196, de 2005, o contribuinte tem a opção de constituir uma empresa e tributar nela os rendimentos de natureza personalíssima ou estabelecer vínculo profissional em nome próprio, tributando, consequentemente, os rendimentos na pessoa física. O modal deôntico continua a ser proibido para o período ao qual se reporta o lançamento. A alegada violação ao artigo 146 do CTN não se constata no presente lançamento. Não há nos autos qualquer elemento de prova da manifestação da Administração Tributária acerca da forma de tributação realizada pela pessoa física Renato Mattos Machado, em momento anterior ao lançamento em exame, razão pela qual não se pode atribuir qualquer alteração ou mudança de entendimento em relação aos rendimentos de natureza personalíssima. Se o argumento utilizado pelo recorrente estivesse correto, a homologação tácita, prevista no artigo 150, § 4º, geraria efeito não só para o fato gerador que ultrapassou os cinco anos sem ser Fl. 1390DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 26 homologado expressamente, como também para os fatos geradores posteriores até a data da apuração da infração, que serviria apenas para advertir o contribuinte em relação aos fatos geradores futuros. Se não há ato geral ou específico (em processo de consulta) da administração tributária validando determinado procedimento, não há se falar em mudança/alteração de entendimento. A Fazenda Nacional, a rigor, foi punida pelo decurso do tempo, decorrente da própria inércia, nos termos do artigo 150 CTN, já que somente pode exercer o seu poder/dever de fiscalizar o contribuinte pelos últimos cinco exercícios: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Devese considerar, entretanto, que se é lícito à autoridade administrativa requalificar os fatos para considerar como rendimentos das pessoas físicas os valores indevidamente declarados como receita da pessoa jurídica, deve, ao fazêlo, também considerar o tributo indevidamente pago pela pessoa jurídica. Nesse sentido são os Acórdãos 10418641 e 10614.244, dentre outros. Embora reconhecendo que a empresa e a pessoa física do sócio são entidades distintas, como ressalta a decisão recorrida, não se pode desconsiderar o fato de que, no exato instante em que a Fazenda Nacional afirma que os valores lançados como receitas da pessoa jurídica são rendimentos da pessoa física, está reconhecendo que os tributos recolhidos pela pessoa jurídica sobre essas mesmas receitas eram indevidos. Ou, de outra forma, reconhecendo que parte do tributo que a Fazenda deveria receber foi efetivamente pago, ainda que por outra entidade ou com outra denominação. Dirseá que a pessoa jurídica poderá pleitear a restituição do indébito. Tal solução, entretanto, não é razoável. Primeiro, porque afronta o princípio da celeridade e economia processuais; depois, porque entre uma e a outra opção opera uma grande diferença na base de cálculo da multa de ofício, em desfavor do contribuinte, caso não se proceda a compensação. Finalmente, porque imporia à empresa o ônus de, ao pleitear a restituição dos tributos e contribuições pagos, reconhecer que as receitas foram tributadas indevidamente na pessoa jurídica, contra suas próprias convicções, salvo se o pedido fosse formulado apenas Fl. 1391DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 18471.001255/200521 Acórdão n.º 2101002.623 S2C1T1 Fl. 15 27 após o trânsito em julgado na esfera administrativa e judicial, quando poderá sobrevir o término do prazo decadencial para pleitear a restituição, em prejuízo do contribuinte. Notese, por fim, que a multa de ofício deve ser aplicada sobre a "totalidade ou diferença de tributo ou contribuição", conforme dicção do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Ora, no caso, de uma forma ou de outra, parte do imposto já foi pago e, portanto, a multa deve incidir apenas sobre a diferença. Por todas essas razões, entendo que deve ser feita a compensação dos tributos e contribuições Federal pagos pela empresa Ópera Vídeo Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda CNPJ nº 31.938.517/000150, nos anos calendário de 2000 a 2002, fls. 976/978, antes da aplicação da multa de ofício e dos juros de mora. Por outro lado, os descontos simplificados indicados nas respectivas declarações de ajuste anual dos anoscalendário de 2000 a 2002 (fls. 04/10) devem ser proporcional a 20% dos rendimentos tributáveis, até o limite máximo de R$8.000,00, conforme determina a legislação tributária. O contribuinte também declarou rendimentos tributáveis auferidos da Ópera Vídeo Ltda, sendo certo que tais rendimentos estão contidos nos rendimentos lançados, devendo ser excluídos da tributação sob pena de bitributação, prática vedada em nosso ordenamento jurídico. De fato, o prólabore auferido pelo contribuinte da empresa Opera Vídeo, especificados nas Declarações de Ajuste Anual, devem ser deduzidos da respectiva base de cálculo, tendo em vista a requalificação dos rendimentos da pessoa jurídica. Por falta de previsão legal, não se acolhe o pleito da recorrente quanto à correção dos tributos pagos pela empresa Ópera Vídeo Ltda., do mês do recolhimento até o mês do vencimento da obrigação consignada neste auto de infração, até por que os rendimentos auferidos de pessoa jurídica por pessoa física estão sujeitos à antecipação do IRPF. Por outro lado, desnecessária a prática de ato ilícito para que haja incidência da multa de ofício e juros de mora, já que basta o recolhimento insuficiente ou a declaração inexata para que esta tenha aplicação, nos termos do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, bem assim o recolhimento fora do prazo para a fluência dos juros moratórios. Inaplicável ao caso em exame a norma do artigo 100, inciso I e § único, do CTN, devido à inexistência de orientação administrativa que dê suporte à opção da contribuinte em tributar rendimentos pessoais na empresa Ópera Vídeo Ltda. Para os argumentos de inconstitucionalidade apresentados pela defesa, lembro que a Súmula CARF nº 02 dispõe que este Órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em face ao exposto, rejeito as preliminares suscitas, e, no mérito, dou provimento em parte ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento o prólabore auferido pelo autuado nos respectivos períodos, considerar o limite máximo do desconto simplificado e determinar a compensação dos tributos recolhidos na pessoa jurídica relativos aos valores levados a tributação no Auto de Infração, devendo incidir a multa de ofício e os juros de mora somente sobre a diferença encontrada. (assinado digitalmente) José Raimundo Tosta Santos Fl. 1392DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 28 Fl. 1393DF CARF MF Documento de 28 página(s) autenticado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP13.0818.10277.LORL. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento autenticado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Corresponde à fé pública do servidor, referente à igualdade entre as imagens digitalizadas e os respectivos documentos ORIGINAIS. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS em 15/08/2013 14:31:56. Documento autenticado digitalmente por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS em 19/08/2013. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 13/08/2018. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP13.0818.10277.LORL Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: 7D2F34D093490C5BC2BD352B8746627FAD85ED4E Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Legislação e Processo". 3) Selecione a opção "e-AssinaRFB - Validar e Assinar Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 18471.001255/2005-21. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 10660.720903/2009-37    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Segunda Seção de Julgamento    
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014    
Data da publicação: Mon Sep 28 00:00:00 UTC 2015    
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2006
APP. ADA TEMPESTIVO. Por disposição legal, a isenção de ITR para áreas de preservação permanente depende da apresentação de ADA tempestivo, conforme art. 17-O da Lei nº 6.938/81.
ARL. AVERBAÇÃO. Reconhecida exoneração de ITR para área de reserva legal cuja averbação na matrícula do imóvel ocorreu antes do início da ação fiscal. Caso dos autos.
VTN. REVISÃO. A revisão do VTN pela autoridade administrativa está condicionada à apresentação de laudo conforme a NBR 14653/2004. No caso dos autos o contribuinte não apresentou laudo técnico que possibilitasse a revisão do valor da terra nua arbitrado com base no SIPT.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
    
Numero da decisão: 2101-002.614    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, com base no disposto no art. 60 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, por voto de qualidade, em dar provimento em parte ao recurso voluntário para reconhecer a área de Reserva Legal de 1.923,02 ha, averbada anteriormente ao início da ação fiscal, vencidos os Conselheiros Eduardo de Souza Leão (relator), Daniel Pereira Artuzo e Alexandre Naoki Nishioka, que votaram por dar provimento parcial em maior extensão. Originalmente, o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, havia votado por negar provimento ao recurso. Redatora Designada: MARIA CLECI COTI MARTINS.
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
EDUARDO DE SOUZA LEÃO - Relator.
MARIA CLECI COTI MARTINS - Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente da Turma), DANIEL PEREIRA ARTUZO, ANTONIO CESAR BUENO FERREIRA, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, MARIA CLECI COTI MARTINS e EDUARDO DE SOUZA LEÃO.
    
Nome do relator: EDUARDO DE SOUZA LEAO    
    
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ADA TEMPESTIVO. Por disposição legal, a isenção de ITR para áreas de preservação permanente depende da apresentação de ADA tempestivo, conforme art. 17O da Lei nº 6.938/81. ARL. AVERBAÇÃO. Reconhecida exoneração de ITR para área de reserva legal cuja averbação na matrícula do imóvel ocorreu antes do início da ação fiscal. Caso dos autos. VTN. REVISÃO. A revisão do VTN pela autoridade administrativa está condicionada à apresentação de laudo conforme a NBR 14653/2004. No caso dos autos o contribuinte não apresentou laudo técnico que possibilitasse a revisão do valor da terra nua arbitrado com base no SIPT. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, com base no disposto no art. 60 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, por voto de qualidade, em dar provimento em parte ao recurso voluntário para reconhecer a área de Reserva Legal de 1.923,02 ha, averbada anteriormente ao início da ação fiscal, vencidos os Conselheiros Eduardo de Souza Leão (relator), Daniel Pereira Artuzo e Alexandre Naoki Nishioka, que votaram por dar provimento parcial em maior extensão. Originalmente, o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, havia votado por negar provimento ao recurso. Redatora Designada: MARIA CLECI COTI MARTINS. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS  Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 09 03 /2 00 9- 37 Fl. 503DF CARF MF Impresso em 28/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 05/08/ 2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 EDUARDO DE SOUZA LEÃO  Relator. MARIA CLECI COTI MARTINS  Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente da Turma), DANIEL PEREIRA ARTUZO, ANTONIO CESAR BUENO FERREIRA, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, MARIA CLECI COTI MARTINS e EDUARDO DE SOUZA LEÃO. Relatório Recurso Voluntário para a reforma da decisão do Acórdão nº 0347.060 da 1ª Turma da DRJ/BSB (fls. 369/391) que, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a impugnação do contribuinte, relativamente ao imóvel rural “Fazenda Levantina”, NIRF 2.616.5198, localizado no Município de Camanducaia, no Estado de Minas Gerais. A decisão recorrida está assim ementada. DA NULIDADE DO LANÇAMENTO Improcedente a arguição de nulidade quando a Notificação de Lançamento contém os requisitos contidos no art. 11 do Decreto n.º 70.235/72 e ausentes as hipóteses do art. 59, do mesmo Decreto. DO ÔNUS DA PROVA Cabe ao contribuinte, quando solicitado pela autoridade fiscal, comprovar com documentos hábeis, os dados cadastrais informados na sua DITR, posto que é seu o ônus da prova. DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, DE RESERVA LEGAL E DE SERVIDÃO FLORESTAL As áreas de preservação permanente, de reserva legal e de servidão florestal, para fins de exclusão do ITR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente ADA, além da averbação tempestiva das áreas de reserva legal e de servidão florestal à margem da matrícula do imóvel. DA ÁREA OCUPADA COM BENFEITORIAS Com base em prova documental hábil, cabe restabelecer, apenas para efeitos cadastrais, a área ocupada com benfeitorias úteis e necessárias à atividade rural declarada para efeito de apuração da área aproveitável do imóvel. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) SUBAVALIAÇÃO Fl. 504DF CARF MF Impresso em 28/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 05/08/ 2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10660.720903/200937 Acórdão n.º 2101002.614 S2C1T1 Fl. 3 3 Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, por falta de documentação hábil (Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, em consonância com as normas da ABNT NBR 14.6533), demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, à época do fato gerador do imposto, e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN em questão DA MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO A vedação ao confisco pela Constituição da República é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicála, nos moldes da legislação que a instituiu. Apurado imposto suplementar em procedimento de fiscalização, no caso de informação incorreta na declaração do ITR ou subavaliação do VTN, cabe exigilo juntamente com a multa e os juros aplicados aos demais tributos. A recorrente aduz as seguintes razões. A análise relativa à isenção é puramente objetiva e os argumentos utilizados pela decisão a quo conflitam com o entendimento do CARF e com a realidade do imóvel. Apresentou laudos complementares relativamente às áreas aproveitáveis, de reserva legal(ARL) e de preservação permanente (APP). Também anexou aos autos ADA proferido pelo IBAMA relativamente a todas as glebas que compunham a FAZENDA LEVANTINA no ano 2006 (obs.: ADA 2011 à efl. 427). Em 2006, a Fazenda Levantina  objeto da autuação era imóvel de grande extensão, formado pelas matrículas dos imóveis rurais denominados FAZENDA TANGARÁS, FAZENDA SANTA RITA e FAZENDA BELA VISTA. Todas as três fazendas teriam sido consideradas como Fazenda Levantina para fins do cômputo das APP´s, conforme o laudo trazido aos autos, elaborado em dezembro de 2007. Através de recente levantamento topográfico, a área total das fazendas passou de 8.553,4ha em 2006 para 8.576,4ha. A área total da Fazenda Levantina à época do fato gerador estava distribuída conforme tabela a seguir. glebas matrícula n. transcrições área (ha.) Fazenda Levantina 7130 bloco 5 e 6 4.142/6.137/8.105/9768/12.415/ 17.450/17.650/ 18.388 7.846,6 Fazenda Tangarás 4.120/246/1.202 274,1 Fazenda Santa Rita 4.000 241,9 Fazenda Bela Vista 4.450 213,5 Área Total 8.576,1 . Argumenta que, conforme o par. 7o., art. 10 da Lei 9.393/96 o reconhecimento da isenção quanto ao ITR independe de prévia comprovação das áreas declaradas, não havendo suporte legal válido que condicione a isenção de ITR ao requerimento Fl. 505DF CARF MF Impresso em 28/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 05/08/ 2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 do ADA ao IBAMA, tampouco à prévia averbação da área de reserva legal no registro de imóveis. Pelo critério da especialidade (Lei 9.393/96 é específica em relação à Lei 6.938/81), deve ser reconhecido o direito da recorrente em ser isentada do pagamento de ITR no que tange as APP e ARL. Cita decisões deste Conselho. O laudo técnico apresentado também corroboraria a existência de 4.814,7ha de APP e ARL. Em 20/02/2008, a recorrente procedeu a averbação de 1.923,0ha de ARL na matrícula do imóvel Fazenda Levantina (n. 7.130 e 7.697), sendo que no total a floresta declarada seria de 2.319,24ha., conforme comprovado nos autos. Afirma que agiu com boafé ao documentar a existência de referidas áreas na matrícula do imóvel. A glosa da APP causa uma distorção no grau de utilização da propriedade, de 0,45% para 12%, que não reflete a realidade da propriedade rural. Em 2011, anexou ao processo ADA transmitido após o levantamento dos dados georeferenciados. Entende que esse é um fato novo que deve ser analisado pois a área constante do ADA coincide com as constatadas no laudo técnico do imóvel Fazenda Levantina. O laudo técnico de 2007 apurou que as áreas com restrição de uso na propriedade totalizam 4.924,62ha(i.e. 57,57% do total da área da Fazenda Levantina), incluindo APP e áreas de vegetação nativa em estágios médio e avançado de regeneração. Laudo consolidado posterior atesta a existência de tais áreas, num montante de 4.814,7ha, sendo 1.589,8ha de APP, 1.923,0 de ARL e 1.301,9ha de floresta nativa. A decisão a quo corroborou o valor da terra nua (VTN) arbitrado com base no Sistema de Preços de Terras  SIPT, de R$ 2.500,00/ha totalizando R$ 21.383.500,00 para o imóvel. Discorda dos valores e apresenta índices publicados na revista AGRIANUAL2007 (efl. 468) em que o valor médio da terra nua seria de R$ 1.155,00 por hectare, num total de R$ 9.905.395,60 para a propriedade. Considera que, conforme laudo técnico apresentado posteriormente, a área relativa às benfeitorias seria de 245,9ha, sendo 211,5ha de estradas, 33,2ha de edificações e 1,2ha de represa. Assim, deve ser reconhecida como de benfeitorias a área adicional de 42,9ha. Solicita ainda que intimações ou publiações relativas a este processo sejam remetidas à patrona da recorrente, Dra. ANA CRISTINA DE CASTRO FERREIRA  OAB/SP 165.417, com escritório profissional à r. Paulo Lobo, 33, Cambuí  CEP 13.025201  CampinasSP. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Relator EDUARDO DE SOUZA LEÃO O Conselheiro Relator renunciou ao Mandato antes de deixar formalizado e assinado seu voto vencido, que deixa de compor o acórdão, pelo fato de suas razões de decidir, vencidas, não influenciarem no julgado. Fl. 506DF CARF MF Impresso em 28/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 05/08/ 2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10660.720903/200937 Acórdão n.º 2101002.614 S2C1T1 Fl. 4 5 Voto Vencedor Conselheira Maria Cleci Coti Martins O recurso é tempestivo, atende aos requisitos legais, razões pelas quais foi conhecido. Muito embora a recorrente tenha contestado o VTN arbitrado pela autoridade fiscal e mantido pela decisão a quo, não apresentou laudo técnico conforme a NBR 14.653 da ABNT, que possibilitasse à autoridade administrativa rever o valor lançado. Para configurar um laudo com fundamentação e grau de precisão II, como requerido pela autoridade fiscal, deve ser obedecida a norma técnica NBR 14.6533 da ABNT, que exige levantamento de elementos amostrais, com comprovação da situação de cada imóvel tomado como paradigma, tratamento estatístico, com apresentação de fórmulas e parâmetros utilizados pelo profissional, entre outros requisitos. O item 9.2.3.5, alínea “b” da citada norma prevê que, para enquadramento nos graus de fundamentação II e III, é obrigatório que o Laudo contenha, “no mínimo, cinco dados de mercado efetivamente utilizados”. Os dados de mercado coletados devem, ainda, se referir a imóveis localizados no município do imóvel avaliando, contemporâneos à data do fato gerador do ITR. Por ocasião do Recurso Voluntário, a recorrente apresenta novo laudo técnico; entretanto tal documento não satisfaz as especificações constantes na NBR 14.6533 da ABNT, muito menos expõe elemento novo de convicção que possa alterar o lançamento fiscal inclusive quanto à area adicional com benfeitorias alegada pelo contribuinte. A Instrução Normativa SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002 define a área de benfeitorias necessárias, destinada à atividade rural, que podem ser consideradas excluídas da área tributável, conforme a seguir: “Art. 15. Área aproveitável, passível de exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, é a área total do imóvel, excluídas: I  as áreas não tributáveis a que se referem os incisos I a VI do caput do art. 9º; I  as áreas não tributáveis a que se referem os incisos I a VIII do caput do art. 9º; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 861, de 17 de julho de 2008) II  as áreas ocupadas com benfeitorias úteis e necessárias destinadas à atividade rural. Parágrafo único. As áreas ocupadas por benfeitorias, construções e instalações destinadas ou empregadas diretamente na exploração de atividade granjeira ou aqüícola são consideradas áreas utilizadas pela atividade rural, nos termos do disposto no inciso IV do art. 17, não devendo ser excluídas da área aproveitável. Fl. 507DF CARF MF Impresso em 28/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 05/08/ 2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 Art. 16. Para fins do disposto no inciso II do art. 15, consideramse ocupadas por benfeitorias úteis e necessárias destinadas à atividade rural as áreas que contenham instalações que se destinem a aumentar ou facilitar o uso do imóvel rural, bem assim a conserválo ou evitar que ele se deteriore, tais como: I  as áreas com casas de moradia, galpões para armazenamento da produção, banheiros para gado, valas, silos, currais, açudes e estradas internas e de acesso; II  as áreas com edificações e instalações destinadas a atividades educacionais, recreativas e de assistência à saúde dos trabalhadores rurais; III  as áreas com instalações de beneficiamento ou transformação da produção agropecuária e de seu armazenamento.”.(grifei) Observo que a mera descrição de edificações e atribuição de uma área, suposta como sendo de benfeitorias, sem a devida identificação e comprovação que as efetivas benfeitorias seriam úteis e necessárias à atividade rural existente no imóvel, não pode ser fundamento para a modificar a decisão sobre o assunto. No caso da isenção tributária, a Lei 5172/66 (Código Tributário Nacional) não deixa dúvidas quanto à necessidade de interpretação literal de lei no que concerne à outorga de isenção, conforme a seguir. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I  suspensão ou exclusão do crédito tributário; II  outorga de isenção; III  dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. O art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 estabelece que o Ato Declaratório Ambiental é requisito indispensável para a isenção de ITR para áreas de preservação permanente, conforme a seguir. Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental  ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(...) § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(grifei) Fl. 508DF CARF MF Impresso em 28/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 05/08/ 2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10660.720903/200937 Acórdão n.º 2101002.614 S2C1T1 Fl. 5 7 A necessidade de averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel está prevista no artigo 16 da Lei nº 4.771/1965, vigente à época. “Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) (...) II trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7º deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (...) § 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” Assim, a isenção de ITR para APP e ARL depende de apresentação de ADA tempestivo e também, no caso de ARL, de averbação da área de reserva na matrícula do imóvel. Entretanto, este Conselho tem, por vezes, mitigado a exigência de ADA para o caso de concessão de isenção para ARL, desde que tenha ocorrido a averbação da área na matrícula do imóvel. A recorrente alega que a legislação isenta o proprietário do imóvel rural de apresentar os documentos comprobatórios para a obtenção da isenção tributária. Importante salientar que a lei se refere à apresentação dos documentos quando da entrega da DITR, por questões de eficiência e economicidade na gestão pública. Assim, apenas em algumas situações os documentos comprobatórios são exigidos pela autoridade fiscal, e então devem ser apresentados. O contribuinte carreou aos autos certidões emitidas pelo Cartório de Registro de Imóveis, nas quais se observa a existência de averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel sob análise (efl. 289  averbação de reserva legal de uma área de 19.230.203,14m2 conforme Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta de 23/01/2008). Neste caso, a averbação ocorreu posteriormente ao fato gerador, mas antes do início da ação fiscal, o que pressupõe boafé. A modificação do endereço para recebimento de correspondências e intimações relativas a este processo deve ser solicitada junto à DRF da jurisdição do contribuinte. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 28/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 05/08/ 2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 Dado o exposto, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário para reconhecer a isenção tributária da área de reserva legal de 1.932,02ha, tendo em vista a averbação da área ter ocorrido antes do início da ação fiscal. É como voto. MARIA CLECI COTI MARTINS  Conselheira Redatora Fl. 510DF CARF MF Impresso em 28/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 05/08/ 2015 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10855.002878/2006-86    
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Thu Aug 08 00:00:00 UTC 2013    
Data da publicação: Tue Sep 15 00:00:00 UTC 2015    
Numero da decisão: 1103-000.103    
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, determinar o sobrestamento do julgamento nos termos do art. 2º da Portaria Carf nº 1/2012.
Assinado Digitalmente
Aloysio José Percínio da Silva - Presidente.
Assinado Digitalmente
André Mendes de Moura - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aloysio José Percínio da Silva, André Mendes de Moura, Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira e Marcelo Baeta Ippolito.
    
Nome do relator: Não se aplica    
    
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Assinado Digitalmente Aloysio José Percínio da Silva  Presidente. Assinado Digitalmente André Mendes de Moura  Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aloysio José Percínio da Silva, André Mendes de Moura, Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira e Marcelo Baeta Ippolito. Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 849/895 contra decisão da 3ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto (fls. 778/816), que apresentou a seguinte ementa: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 55 .0 02 87 8/ 20 06 -8 6 Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2013 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 25/09/201 3 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 22/11/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10855.002878/200686 Resolução nº 1103000.103 S1C1T3 Fl. 1.018 2 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 PRELIMINAR DE NULIDADE. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVOS LEGAIS. INOCORRÊNCIA. Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, e não se identificando qualquer outro vicio insanável, não há que se falar em nulidade, quer do lançamento, quer do procedimento fiscal que lhe deu origem, quer do documento que formalizou a exigência fiscal. POSTERIOR PRODUÇÃO DE PROVAS. REQUERIMENTO JUSTIFICADO. PRESCRIÇÃO REGULAMENTAR. A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas no parágrafo 4° do art. 16 do PAF. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. PRINCIPIO DA VERDADE MATERIAL. ALCANCE. No julgamento administrativo, o poder instrut6rio do julgador é definido pelos limites da lide formada nos autos. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CSLL. PIS. COFINS. Lavrado o auto principal (IRPJ), devem também ser lavrados os autos reflexos, nos termos do art. 24, § 2°, da Lei n° 9.249/95, devendo estes seguir a mesma orientação decisória daquele do qual decorrem, observadas as especificidades de cada um. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ Anocalendário: 2002 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receitas com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove,mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MATÉRIA FÁTICA. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. EXIGÊNCIA INDEVIDA. Excluemse da exigência apenas os créditos bancários cuja comprovação documental, trazida em sede de impugnação, revela, de forma inequívoca, não se tratar de receitas oriundas da atividade econômica da fiscalizada. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CUMULAÇÃO. COMPATIBILIDADE. É compatível com a multa isolada, incidente sobre as estimativas não pagas, a exigência da multa de oficio relativa ao tributo apurado ao final do anocalendário, por caracterizarem penalidades distintas. Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2013 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 25/09/201 3 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 22/11/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10855.002878/200686 Resolução nº 1103000.103 S1C1T3 Fl. 1.019 3 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTARIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de ato não definitivamente julgado aplicase retroativamente a lei nova quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo do lançamento. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. A cobrança dos juros de mora esta em conformidade com a legislação vigente. Dos Fatos. Tratase de ação fiscal iniciada em 16/12/2005 (Termo de Início de Fiscalização de fls. 61), referente ao anocalendário de 2002, que teve como resultado os lançamentos de ofício com base na presunção de omissão de receitas prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em razão da não comprovação da origem de depósitos bancários mantidos em instituições financeiras pela fiscalizada. Diante da nova apuração efetuada pela autoridade autuante e sendo ao contribuinte optante do lucro real anual, também foi constatada insuficiência no recolhimento do IRPJ estimativa. Assim, foram lavrados os Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS, Cofins, de fls. 399/449, cuja ciência ao contribuinte deuse em 10/11/2006. Da Fase Contenciosa. Devidamente cientificada, a contribuinte apresentou impugnação de fls. 468/518, que foi apreciada pela 3ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto, em sessão realizada no dia 05/03/2009. O Acórdão nº 1422.437, de fls. 778/816 julgou o lançamento procedente em parte, no qual (1) afastou parte do lançamento referente à omissão de receitas, vez que a contribuinte logrou comprovar a origem de determinados depósitos bancários mediante apresentação de documentação hábil e idônea; e (2) reduziu o percentual da multa isolada aplicada sobre a estimativa de IRPJ não recolhida, de 75% para 50%, com base na nova redação do art. 33 da Lei nº 9.430, de 1996, dada pela Lei nº 11.488, de 2007. Cientificada da decisão a quo em 15/06/2009 (“AR” de fl. 847), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 15/07/2009 de fls. 849/895, no qual discorre sobre pontos descritos a seguir. Lançamento Pautado em Presunção. Discorre que é ilegal a cobrança de tributo baseada exclusivamente em extratos bancários, vez que o ingresso de recursos não implica necessariamente em aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos, ou seja, não é fato gerador do imposto de renda. O Decretolei nº 2.471, de 1988 e a Súmula 182 do extinto TRF corroboram tal entendimento. Assim, devem ser cancelados os autos de infração. Mútuos. Protesta quanto ao julgamento de primeira instância, que não teria reconhecido a documentação probatória referente aos mútuos para justificar os depósitos bancários objeto da presunção de omissão de receitas. Apresenta análise de dados do Instituto de Economia Agrícola do Governo do Estado de São Paulo para demonstrar que as receitas operacionais que teria auferido são inferiores àqueles tributados com base nos extratos Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2013 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 25/09/201 3 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 22/11/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10855.002878/200686 Resolução nº 1103000.103 S1C1T3 Fl. 1.020 4 bancários, ou seja, tais valores teriam apenas transitado nas contas correntes em face dos mútuos contraídos por conta da difícil situação financeira. Transferência Entre Contas de Mesma Titularidade. Apresenta cópias de cheques para demonstrar que determinados depósitos bancários tiveram como origem contas da mesma titularidade da empresa. Das Provas e do Princípio de Verdade Material. Protesta no sentido de que possa produzir novas provas, caso haja necessidade de se complementar a documentação já trazida aos autos, em homenagem ao princípio de verdade material. Da Impossibilidade de Se Cumular Multa de Ofício com Multa Isolada. Argumenta que a incidência cumulativa da multa de ofício com a multa isolada é vedada pelo ordenamento jurídico, por sancionar duplamente uma única infração (falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL). Cita jurisprudência do Conselho de Contribuintes que ratifica tal entendimento (Ac 1° CC. 19200.050, Cons. Rel. Sidney Ferro Barros, 2a Turma Especial, j. 09/09/08; Ac. 1° CC. 10196.699, Cons. Rel. Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho, 1ª Turma, j. 17104/2008; Ac. CSRF. 0105.503, Cons. Rel. José Clóvis Alves, 1ª Turma, DJ 07/08/2007). Descabimento dos Juros Moratórios com Base na SELIC. Alega que é ilegítima a aplicação da taxa SELIC para créditos tributários, devendo ser aplicado o disposto no CTN, o qual predica que o limite máximo é o percentual de 1%. Por sua vez, o despacho de fls. 969 da Agência da Receita Federal em Itapeva SP informa sobre pedido de desistência parcial do recurso voluntário apresentado, vez que a recorrente optou pelo parcelamento especial instituído pela Lei nº 11.941, de 2009, conforme petição de fls. 971/973. Enfim, o Despacho de fl. 1013 da Agência da Receita Federal em ItapevaSP encaminha os presentes autos ao CARF, julgamento do recurso voluntário referente à parte ainda questionada pela contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura O recurso foi interposto tempestivamente e reúne os demais pressupostos de admissibilidade. Deve, portanto, ser conhecido. Matéria Litigiosa e Devolvida. O procedimento fiscal em debate tratou dos lançamentos de ofício referentes à presunção de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, do IRPJ (anual), CSLL (anual), PIS e Cofins. Também foram lançadas as multas isoladas de IRPJ por falta de recolhimento de estimativa. Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2013 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 25/09/201 3 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 22/11/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10855.002878/200686 Resolução nº 1103000.103 S1C1T3 Fl. 1.021 5 Na decisão da DRJ/Ribeirão Preto, foi exonerada parte da exigência fiscal, referente aos lançamentos de ofício de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins decorrentes de presunção de omissão de receitas do art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996. Ocorre que precisamente os débitos tributários mantidos pela decisão de primeira instância foram objeto de pedido de desistência da recorrente, em razão do ingresso no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941, de 2009. A situação é demonstrada no quadro a seguir: Valores  Principal (R$) Lançamento de Ofício  Fiscalização Exoneração do Acórdão DRJ Valores Mantidos no Acórdão DRJ Desistência da Contribuinte Matéria Devolvida IRPJ 852.030,99 192.248,67 659.782,32 659.782,32  IRPJ  Multa Isolada 639.023,25 309.132,09 329.891,16 0,00 329.891,16 CSLL 315.392,20 69.209,51 246.182,69 246.182,69  PIS/Pasep 25.719,50 1.808,26 23.911,24 23.911,24  Cofins 143.929,59 23.069,78 120.859,81 120.859,81  Assim, resta como matéria litigiosa, a ser analisada no presente recurso, os lançamentos de ofício de multa isolada, incidentes sobre o IRPJ estimativa não recolhida. Ação Fiscal. Requisição de Informações Sobre Movimentação Financeira (RMF). Depósitos com Origem Não Comprovada. Fundamento da Autuação Fiscal. No decorrer do procedimento fiscal, a autoridade autuante intimou a recorrente a apresentar os extratos bancários das contas correntes mantidas nas instituições financeiras. O pedido foi atendido parcialmente, como se pode observar na resposta da contribuinte de fl. 65. Nesse sentido, foi emitida a Requisição de Informações Sobre Movimentação Financeira (RMF), junto ao Unibanco (fl. 95), que atendeu à Fiscalização (correspondência de fls. 99/101) nos seguintes termos: A propósito, cumprenos informar que após pesquisas realizadas junto aos registros disponíveis desta Instituição, os mesmos acusaram a existência dos seguintes documentos, em nome do contribuinte em epígrafe, conforme segue abaixo: • Conta corrente n° 109753  3, agência 0232. DOC.01: Cópia dos extratos de movimentação da conta corrente em pauta, no período de 02/01/2002 6. 31/12/2002 (data da última movimentação no período solicitado), em meio magnético. • Conta corrente n°1099794, agência 0232. DOC.01: Cópia dos extratos de movimentação da conta corrente em pauta, no período de 02/01/2002 á 06/12/2002 (data da última movimentação no período solicitado), em meio magnético. Os valores dos depósitos das contas correntes mantidas no Unibanco, que foram considerados como receita omitida com base na presunção disposta no art. 42 da Lei nº 9.430, Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2013 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 25/09/201 3 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 22/11/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10855.002878/200686 Resolução nº 1103000.103 S1C1T3 Fl. 1.022 6 de 1996, integraram a base de cálculo do lançamento da multa isolada do IRPJ, como se pode depreender pelos demonstrativos elaborados pela Fiscalização à fl. 375 (Planilha II – APURAÇÃO DA RECEITA OMITIDA) e fl. 389 (PLANILHA III – MULTA ISOLADA DO IRPJ A SER EXIGIDA EM AUTO DE INFRAÇÃO). Nesse contexto, não se pode olvidar que no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a repercussão geral de questão constitucional, relacionada exatamente com a possibilidade de o Fisco obter diretamente das instituições financeiras, sem prévia autorização judicial, dados bancários. A respectiva ementa é esclarecedora: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Nos termos do art.62A, §1º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), “Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art.543B”. Levandose em consideração que os julgamentos no âmbito do CARF passaram a ser sobrestados em razão de tal paradigma, inclusive neste Colegiado (v.g., Resolução nº 1103000.086, de 11/04/13), adoto tal linha decisória, com a reserva de que seria cabível o aprofundamento da análise quanto à necessidade de ordem judicial específica de sobrestamento, quando reconhecida a repercussão geral. Do voto do Relator, Min. Ricardo Lewandowski, verificase que outra não foi a intenção senão proporcionar a adoção da decisão final do STF aos demais feitos que versem sobre idêntica controvérsia: “[...] Entendo que a controvérsia possui repercussão geral. A questão constitucional está em saber se há violação aos princípios constitucionais que asseguram ser invioláveis a intimidade e o sigilo dos dados, previstos no art.5º, X e XII, da Constituição, quando o Fisco, nos termos da Lei Complementar 105/2001, recebe diretamente das instituições financeiras informações sobre a movimentação das contas bancárias dos contribuintes, sem prévia autorização judicial. ..... Com efeito, o tema apresenta relevância do ponto de vista jurídico, uma vez que a definição sobre a constitucionalidade do envio de informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial, [...], norteará o julgamento de inúmeros processos similares, que tramitam neste e nos demais tribunais brasileiros. Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2013 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 25/09/201 3 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 22/11/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10855.002878/200686 Resolução nº 1103000.103 S1C1T3 Fl. 1.023 7 ..... Isto posto, manifestome pela existência de repercussão geral neste recurso extraordinário, nos termos do art.543A, §1º, do Código de Processo Civil, combinado com o art. 323, §1º, do RISTF.” (destaquei) Pelo exposto, voto no sentido de SOBRESTAR o julgamento e de encaminhar os autos à Secretaria da Primeira Câmara da Primeira Seção de Julgamento para fins do disposto no art.2º, §3º, da Portaria CARF nº 1/2012. Assinado Digitalmente André Mendes de Moura Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2013 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 25/09/201 3 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 22/11/2013 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 15504.729267/2012-21    
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014    
Data da publicação: Fri Sep 18 00:00:00 UTC 2015    
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009, 2010
CSLL. PROVISÃO. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. DEDUTIBILIDADE. DISTINÇÃO DO LUCRO REAL (IRPJ).
Por serem distintas as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, deve ser considerada dedutível a despesa existente e sobre a qual não haja determinação expressa de adição.
CSLL. DESPESAS OPERACIONAIS. MULTAS POR INFRAÇÕES.
O conceito de despesas operacionais contido no artigo 47 da Lei nº 4.506/64 não é aplicável à CSLL. Por serem distintas as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, deve ser considerada dedutível a despesa existente e sobre a qual não haja determinação expressa de adição.
CSLL. PATROCÍNIO. LEI ROUANET. DEDUTIBILIDADE.
Por serem distintas as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, deve ser considerada dedutível a despesa existente e sobre a qual não haja determinação expressa de adição.
MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO SIMULTÂNEA. INDEVIDO BIS IN IDEM. CANCELAMENTO DA MULTA ISOLADA.
Não se admite a imposição simultânea da multa de ofício e da multa isolada, sob pena de consolidação de indevido bis in idem.
    
Numero da decisão: 1102-001.223    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª Turma Ordinária da 1a Câmara da 1a Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do acórdão recorrido, e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, vencidos: (i) os conselheiros Francisco Alexandre dos Santos Linhares (relator), José Evande Carvalho Araujo e Ricardo Marozzi Gregório, que negavam provimento com relação aos tributos com exigibilidade suspensa; (ii) os conselheiros Francisco Alexandre dos Santos Linhares (relator), e Ricardo Marozzi Gregório, que também negavam provimento com relação às deduções com patrocínios; (iii) os conselheiro José Evande Carvalho Araujo e João Otávio Oppermann Thomé, que negavam provimento com relação às multas isoladas por estimativas. Os conselheiros Antonio Carlos Guidoni Filho, João Otávio Oppermann Thomé e João Carlos de Figueiredo Neto acompanharam o relator pelas conclusões com relação ao item multas por infrações fiscais. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente
(assinado digitalmente)
João Otávio Oppermann Thomé  Redator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho.
    
Nome do relator: FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES    
    
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Base de cálculo. Dedutibilidade de provisóes, multas e tributos com exigibilidade suspensa Recorrente CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO  CSLL Anocalendário: 2009, 2010 CSLL. PROVISÃO. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. DEDUTIBILIDADE. DISTINÇÃO DO LUCRO REAL (IRPJ). Por serem distintas as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, deve ser considerada dedutível a despesa existente e sobre a qual não haja determinação expressa de adição. CSLL. DESPESAS OPERACIONAIS. MULTAS POR INFRAÇÕES. O conceito de despesas operacionais contido no artigo 47 da Lei nº 4.506/64 não é aplicável à CSLL. Por serem distintas as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, deve ser considerada dedutível a despesa existente e sobre a qual não haja determinação expressa de adição. CSLL. PATROCÍNIO. LEI ROUANET. DEDUTIBILIDADE. Por serem distintas as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, deve ser considerada dedutível a despesa existente e sobre a qual não haja determinação expressa de adição. MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO SIMULTÂNEA. INDEVIDO BIS IN IDEM. CANCELAMENTO DA MULTA ISOLADA. Não se admite a imposição simultânea da multa de ofício e da multa isolada, sob pena de consolidação de indevido bis in idem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Turma Ordinária da 1a Câmara da 1a Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do acórdão AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 92 67 /2 01 2- 21 Fl. 675DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 3 2 recorrido, e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, vencidos: (i) os conselheiros Francisco Alexandre dos Santos Linhares (relator), José Evande Carvalho Araujo e Ricardo Marozzi Gregório, que negavam provimento com relação aos tributos com exigibilidade suspensa; (ii) os conselheiros Francisco Alexandre dos Santos Linhares (relator), e Ricardo Marozzi Gregório, que também negavam provimento com relação às deduções com patrocínios; (iii) os conselheiro José Evande Carvalho Araujo e João Otávio Oppermann Thomé, que negavam provimento com relação às multas isoladas por estimativas. Os conselheiros Antonio Carlos Guidoni Filho, João Otávio Oppermann Thomé e João Carlos de Figueiredo Neto acompanharam o relator pelas conclusões com relação ao item “multas por infrações fiscais”. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão  Presidente (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho. Relatório Inicialmente, esclareço que fui designado pelo Presidente da 1a Câmara redator ad hoc após a extinção formal da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, tendo em vista a não formalização do acórdão pelo relator originário e redator originariamente designado para o voto vencedor, conselheiros Francisco Alexandre dos Santos Linhares e Antonio Carlos Guidoni Filho, respectivamente. Tendo participado do julgamento em questão, observo que, na ocasião, foi disponibilizada pelo relator minuta do relatório e voto proferido na sessão. O conteúdo do relatório a seguir transcrito corresponde, portanto, ao relatório elaborado pelo seu relator originário, conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares: Tratase de Auto de Infração no qual foi exigido o pagamento de CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos exercícios de 2009 e 2010, no montante de R$ 17.633.897,69 (dezessete milhões, seiscentos e trinta e três mil, oitocentos e noventa e sete reais e sessenta e nove centavos), dos quais R$ 7.159.933,10 correspondem à CSLL, R$ 2.270.971,61 aos juros moratórios, R$ 5.369.949,83 à multa por lançamento de ofício e R$ 2.833.043,15 à multa exigida isoladamente. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (TVF), o contribuinte deixou de adicionar à base de cálculo da CSLL os seguintes valores: Fl. 676DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 4 3 CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA 2.3.1. Em 2008 e 2009 foi informado na linha 29 da ficha 09 A (Tributos e contribuição com exigibilidade suspensa) da DIPJ o valor de R$ 17.639.383,00 e R$ 29.622.658,94, respectivamente, o qual não foi informado nas adições da CSLL. [...] 2.5. Ressalto que os tributos com exigibilidade suspensa referemse à Contribuição para Seguridade Social  COFINS e ao Programa de Integração Social  PIS. Tais tributos foram declarados nas DCTF de 07/2008 à 12/2009 no campo "Suspensão". 2.6. Em atendimento ao Termo de Intimação, o contribuinte apresentou Certidão de Objeto e Pé referente à Ação Ordinária Tributária n° 2008.38.00.0182725, ajuizada pela CEMIG DISTRIBUIÇÃO LTDA e outros contra a União visando à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/PASEP e da COFINS, certificando que houve deferimento do pedido de depósito mensal das parcelas correspondentes à parte da exação em discussão, depósito este que está sendo efetuado pelas autoras. O Processo encontrase concluso para sentença em 06/10/2011. 2.7. Outro ponto relevante é que os valores do PIS/PASEP e COFINS com exigibilidade suspensa foram contabilizados na conta contábil "2213140052  Provisão PASEP" e na conta "2213140062  Provisão COFINS", pertencente ao grupo do passivo não circulante. (...) 2.9. Ressaltese que os lançamentos contábeis relativos a tributos e contribuições com exigibilidade suspensa caracterizamse como provisões, por não refletirem obrigações fiscais efetivamente constituídas sujeitas à exigência certa futura, mas, sim, um provisionamento contra eventuais riscos de a ação impetrada ter resultado desfavorável, precavendose a empresa contra os consequentes impactos negativos que tal resultado traria ao seu patrimônio. Fica evidente, portanto, a natureza provisional dos lançamentos contábeis relativos aos tributos (PIS e COFINS) cuja exigibilidade encontrase suspensa, por estar sendo discutido judicialmente o seu cabimento. Cumpre notar que à obrigatoriedade de pagálos é causa relevante à sua caracterização como provisão. 2.10. Assim, se é incerta a obrigação de pagar contribuição instituída pelo Estado em razão de pendências judiciais, o seu registro contábil assume inexorável caráter de provisão. Impõe se, portanto, a adição dos respectivos montantes na determinação da base de cálculo da CSLL por força do art. 2º, parágrafo 1º, letra"C", item 3 da Lei 7.689/1988, na redação dada pelo art. 2º da Lei n° 8.034, de 1990, e art. 13, I, da Lei n° 9249, de 1995, corroborado pelos art. 41, parágrafo 1º e art. 57 da Lei 8981/95. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 5 4 PARCELAS NÃO DEDUTÍVEIS – PATROCÍNIOS E MULTAS 2.12. Os valores do patrocínio efetuados pela CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO, referentes ao art. 18 da Lei 8.313/91 foram contabilizados na conta de despesa "494004  Patrocínio Lei Rouanet Art. 18", anocalendário 2008 e 2009. 2.13. O Art. 18, § 2º da Lei 8.313/91 veda expressamente a dedução dos valores a título de doação e patrocínio de que trata a referida Lei como despesa operacional. 2.14. [...] como à CSLL aplicamse as mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, conforme, art.57 da Lei 9065 de 1995, concluise que o valor de R$ 7.397.578,00 (ano calendário 2008) e o valor de R$ 8.762.927,50 (ano calendário 2009) relativo patrocínio de que trata o Art. 18 da Lei 8.313/91, devem ser adicionados à base de cálculo da CSLL. 2.15. Com relação ao anocalendário de 2009, ressaltese que, do valor de R$ 9.887.927,50, contabilizado na conta "494004  Patrocínio Lei Rouanet Art. 18" e informado na DIPJ, o valor de R$ 1.125.000,00 referese à atividade áudio visual de que trata a Lei 8.685 de 20/07/1993. Por disposição expressa do art. 3º do Art. 1º da referida Lei 8.685/93 as pessoas jurídicas não poderão deduzir o valor do patrocínio de que trata o caput deste artigo para fins de determinação do Lucro Real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido  CSLL. [...] 2.18. Além disso, em 2008, a CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S/A lançou na linha 53 "Outras exclusões" da ficha 17 " Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido" as despesas da Lei Rouanet, referente aos anos calendário de 2005, 2006 e 2007, as quais haviam sido adicionadas à base de cálculo da CSLL naqueles anos. Em 2008, usando o mesmo entendimento dos tributos com exigibilidade suspensa, a CEMIG excluiu estes valores adicionados anteriormente à base de cálculo da CSLL. Portanto, tendo em vista o discorrido anteriormente o valor de R$ 11.264.552,12, referente as doações da Lei Rouanet nos anos de 2005, 2006 e 2007, serão adicionados a base de cálculo do anocalendário de 2008. Consta como anexo IV deste relatório os valores referentes a essas doações os quais foram apresentados pela própria empresa. 2.19. O valor das multas indedutíveis informado na linha 19 da ficha 05 A da DIPJ é de R$ 3.063.509,41 para o anocalendário 2008 e de R$ 1.803.964,66 para o anocalendário 2009. 2.20. Em conformidade com o art. 344 do RIR/99, estas multas foram adicionadas ao Lucro Líquido do período, para apuração do Lucro Real para o cálculo do IRPJ, mas não foram adicionadas para o cálculo da CSLL. Tendo em vista que a CSLL aplicamse as mesmas normas de apuração e de pagamento Fl. 678DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 6 5 estabelecidas para o Imposto de Renda das pessoas Jurídicas os valores de R$ 3.063.509,41 (anocalendário 2008) e de R$1.803.964,66(anocalendário 2009) devem ser adicionados à base de cálculo da CSLL. [...] DATA DE OCORRÊNCIA DOS FATOS GERADORES 5.1. No caso dos valores não adicionados à base de cálculo da CSLL, foi considerada como data da ocorrência dos fatos geradores o mês de sua contabilização. No caso dos valores excluídos indevidamente da base de cálculo da CSLL, relativo às despesas de patrocínio da Lei Rouanet, referente aos anos calendário de 2005, 2006 e 2007, foi considerada como ocorrência dos fatos geradores, o mês de 12/2008. [...] MULTA ISOLADA 7.1. Tendo sido constatada a insuficiência de recolhimento das antecipações mensais, a fiscalização procedeu ao lançamento da multa isolada no percentual de 50%, com fulcro nos art. 43 e 44 da Lei 9430/96, incidente sobre o valor da CSLL paga/declarada pelo contribuinte e a CSLL apurada pela fiscalização, após a inclusão na base de cálculo da CSLL os valores descritos no subitem 3.1.1. IMPUGNAÇÃO Ciente em 3 de outubro de 2012 (fl. 4), a interessada apresentou, em 1º de novembro de 2012, a peça de defesa de fls. 344 a 362, alegando, resumidamente, o que segue. [...] 3  DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO: ERRO NO PERÍODO DE APURAÇÃO DO TRIBUTO. [...] na hipótese de tributo submetido à apuração anual  como é o caso do IRPJ e da CSLL , os eventos ocorridos ao longo dos meses deverão ser levados em conjunto para uma única apuração, definitiva, e que toma o dia 31 de dezembro como sua data de referência. [...] Com a apuração do tributo (CSLL) devido ao final do anocalendário (31/12), desaparece a base imponível para o lançamento dos valores mensais que eventualmente deixaram de ser recolhidos ou que foram recolhidos a menor, seja a título de estimativa, seja a título de balancetes/balanços de suspensão ou redução. [...] Ou seja, o trabalho do Fisco deveria ter considerado a apuração anual da CSLL, a fim de que pudesse recompôla com os ajustes necessários (adições), inclusive para absorver o montante do saldo negativo contabilizados em 12/2008 (R$ 4.641.031,58). Se referidos saldo já havia sido utilizado para compensações efetuadas em exercícios posteriores, pouco importa. O dever da Fiscalização era proceder à reapuração da CSLL dos anos de 2008 e 2009, já que constatou que a Companhia deixou de adicionar valores que, em sua concepção, deveriam ter sido adicionados. O que não se pode admitir é a desconsideração desse saldo negativo para que, sobre o valor da CSLL apurado mensalmente, sejam aplicadas multas de ofício no Fl. 679DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 7 6 patamar de 75% [...] Nulo, desta forma, o Auto de Infração, por vício em sua constituição [...]. CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA Neste ponto, a interessada alega: [...] O traço característico da provisão é [...] a incerteza em relação ao valor exato, ao prazo para pagamento das obrigações futuras, ou, ainda, à própria concretização destas. Em virtude dessa indefinição ínsita às provisões, a Fiscalização defende que os tributos com exigibilidade suspensa possuem tal natureza contábil, ao argumento de que as despesas a eles relativas não podem ser consideradas definitivamente incorridas, visto que, de seu questionamento judicial, poderão advir resultados favoráveis ou desfavoráveis ao contribuinte [...]. Esse, no entanto, não é o entendimento mais acertado sobre a matéria, concessa máxima vênia. Segundo as mais elementares regras do Direito Tributário, com a ocorrência do fato gerador, a dívida já se torna líquida e certa, representando para o contribuinte uma despesa incorrida com natureza contábil de "contas a pagar". [...] Desde o fato gerador, cabe repetir, a obrigação tributária existe, é devida e mensurável, apenas não sendo exigível enquanto subsistir a causa suspensiva. [...] Esclareçase que o questionamento judicial a que se está referindo não decorre da dúvida quanto à aplicação da lei tributária ao fato praticado pelo contribuinte, mas sim do entendimento deste acerca de sua ilegalidade/inconstitucionalidade. Logo, enquanto não for declarada a invalidade jurídica da norma questionada (se é que, de fato, isso venha a ocorrer), a Impugnante estará submetida à sua compulsória observância, quer a considere legítima, quer não. [...] Quanto ao segundo entendimento da Fiscalização  de que há norma expressa que impede a dedução, na determinação do lucro real, dos tributos com exigibilidade suspensa (precisamente o art. 41, § 1º, da Lei n. 3.981/95) , melhor sorte também não lhe assiste. O dispositivo se aplica apenas ao IRPJ, e o art. 57 da Lei n. 8.981/95 não tem o condão de alterar essa realidade. Em primeiro lugar, há de se dizer que, evidentemente, a base de cálculo da CSLL não é a mesma base do IRPJ. [...] É importante lembrar que há disposições específicas para a determinação da base de cálculo da CSLL, apartadas daquelas que versam sobre a apuração do IRPJ, de modo que não podem ser aplicadas à contribuição as regras do imposto, salvo nos casos em que a legislação o determine expressamente. Fl. 680DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 8 7 [...] O presente dispositivo, portanto, não se aplica à CSLL, em virtude os seus próprios limites semânticointerpretivos. E o art. 50 da Instrução Normativa SRF n. 390/04, que pretendeu fazêlo à força, tampouco, pois esbarra na rígida legalidade tributária, que exige lei, em sentido formal, para o tratamento e caracterização das espécies tributárias. Dito isso, cabe asseverar que o art. 57 da Lei n. 8.981/95, o qual prevê a possibilidade de algumas disposições sobre o IRPJ serem aplicadas supletivamente à CSLL, não se presta a legitimar o raciocínio fiscal. [...] Com efeito, escapou à análise do Fisco o fato de que o legislador cuidou de fazer uma ressalva expressa quanto à eficácia do art. 57 da Lei n. 8.981/95: segundo sua própria redação, as "(...) normas de apuração e pagamento para o Imposto de Renda das pessoas jurídicas..." se aplicam à CSLL, mantidas (isto é, com exceção) (d) a base de cálculo e (d) as alíquotas previstas na legislação em vigor. Ou seja, a extensão de algumas regras do IRPJ à CSLL realmente existe, por força do art. 57, mas não tem efeito em relação àquelas atinentes à apuração da base de cálculo da contribuição e às suas respectivas alíquotas. [...] PARCELAS NÃO DEDUTÍVEIS – PATROCÍNIOS E MULTAS Conforme já batido nesta defesa, existem diferenças substanciais na apuração do IRPJ e da CSLL, sendo que as regras aplicáveis ao imposto, como igualmente se demonstrou, não se aplicam, automaticamente, à contribuição social. Se, na lei instituidora dessa última espécie tributária, não há a vedação da dedutibilidade das doações e dos patrocínios realizados com estribo na Lei Rouanet, como de fato não existe, estas despesas não são adicionáreis quando de sua apuração (da CSLL). Salta aos olhos que o § 2º do art. 18 da Lei n. 8.313/91 aplicase, única e exclusivamente, na determinação do lucro real, não alcançando, pois, a base de incidência da CSLL (resultado do exercício). Por esse motivo, aliás, que a IN SRF n. 390/04, ao determinar tal adição para fins de CSLL (art. 38, XIII), é nitidamente ilegal. [...] Segundo sustentado pela Fiscalização, o art. 41, § 5º, da Lei n. 8.981/95 [...] também se estenderia à apuração da CSLL [...], diante do que estabelece o art. 57 da Lei n. 8.981/95 [...]. Aqui se fazem aplicáveis os mesmos argumentos tecidos nos subtópicos anteriores, no sentido de que as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL sempre devem ser tratadas individualmente, observandose as prescrições legais para cada uma delas. Para que houvesse, portanto, a obrigatoriedade de adição, quando da apuração da CSLL, das multas fiscais, seria necessária expressa previsão legal nesse sentido, a qual inexiste até o momento. Por isso, é de se reiterar a ilegalidade da IN SRF n. 390/04, ao assim prescrever, bem assim do presente Auto de Infração, que, Fl. 681DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 9 8 por nela se arrimar, padece do mesmo vício, o que exige o seu cancelamento. [...] MULTA ISOLADA Quanto à matéria autuada neste tópico, cumpre trazer à colação o recente pronunciamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF. Embora interpretando o art. 44 da Lei n. 9.430/96 em momento anterior às modificações implementadas pela Lei n. 11.488/07, a exegese dada pelo órgão colegiado é perfeitamente aplicável ao novo regramento. [...] A interessada transcreve jurisprudência administrativa e afirma que [...] encerrado o anocalendário, apurados os impostos e contribuições devidos, não há se falar em aplicação de multa isolada por insuficiência de recolhimento das estimativas [pela] ausência da necessária ofensa a um bem juridicamente tutelado que a justifique. E ainda: Portanto, a penalidade sob discussão, por se referir a anoscalendários já (há muito) encerrados, carece de pressuposto lógicolegal, pelo que deve ser cancelada. Encerra pedindo que seja o Auto de Infração considerado nulo. Analisando o processo, a 4ª Turma da DRJ/BHE proferiu o Acórdão 02 43.648, julgando, por unanimidade, pelo IMPROVIMENTO da impugnação administrativa, mantendo na íntegra o lançamento tributário, conforme ementa abaixo: Acórdão 0243.648  4ª Turma da DRJ/BHE Sessão de 28 de março de 2013 Processo 15504.729267/201221 Interessado CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A CNPJ/CPF 06.981.176/000158 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2009, 2010 CSLL Aplicamse à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ. PROVISÃO Provisão corresponde a uma exigibilidade de prazo ou de valor incertos e, ressalvadas as exceções prescritas em lei, é incabível sua dedução no cômputo da base de cálculo da CSLL. DOAÇÕES E PATROCÍNIOS Fl. 682DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 10 9 As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real não poderão deduzir como despesa operacional o valor da doação ou do patrocínio como incentivo de atividades culturais. MULTAS NÃO DEDUTÍVEIS Somente são dedutíveis como custo ou despesas operacionais as multas por infrações fiscais de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo. NULIDADE Não existe nulidade se o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente e sem preterição do direito de defesa. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO Vedado retificarse a declaração após a notificação do lançamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A recorrente apresenta Recurso Voluntário (fls. 648 – 667), alegando, em síntese: a) Nulidade do acórdão recorrido, por erro no período de apuração do tributo, uma vez que o Fisco considerou como fatos geradores os respectivos meses de contabilização das receitas e não 31 de dezembro, como deve ser feito nos caso de opção pelo lucro real anual; i. “O dever da Fiscalização, nesse sentido, era proceder à reapuração da CSLL dos anos de 2008 e 2009, já que constatou que a Companhia deixou de adicionar valores que, em sua concepção, deveriam ter sido adicionados. O que não se pode admitir é a desconsideração desse saldo negativo para que, sobre o valor da CSLL apurado mensalmente, sejam aplicadas multas de ofício no patamar de 75%; b) Os tributos com exigibilidade suspensa não tem natureza de “provisão”, conforme precedentes do CARF; c) As normas de apuração do IRPJ não se aplicam automaticamente à CSLL, conforme precedentes do CARF; d) É possível deduzir as despesas com patrocínio da base de cálculo da CSLL, uma vez que a vedação contida no §2º do art. 18 da Lei nº 8.313/91 se aplicam tão somente ao IRPJ, conforme precedentes do CARF; Fl. 683DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 11 10 e) É possível deduzir as despesas com multas da base de cálculo da CSLL, uma vez que a vedação contida no §5º do art. 41 da Lei nº 8.981 /95 se aplicam tão somente ao IRPJ, conforme precedentes do CARF; f) Inaplicabilidade da multa isolada de 50% pela falta de pagamento da CSLL incidente sobre a base de cálculo estimada apurada com base em balanços de redução. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé Conforme exposto no preâmbulo do relatório ao norte, fui designado pelo Presidente da 1a Câmara redator ad hoc para formalizar o presente acórdão, após a extinção formal da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. E, tendo participado do julgamento em questão, observo que, na ocasião, foi disponibilizada pelo relator minuta do relatório e voto proferido na sessão. Nestes termos, o conteúdo do voto a seguir transcrito corresponde ao voto proferido pelo seu relator originário, conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares: Atendidos os pressupostos legais, é de se conhecer o recurso voluntário interposto pela recorrente. Pelo relatado, temos que a resolução da questão passa pelos seguintes pontos, os quais devem ser analisados: a) Nulidade do acórdão recorrido, por erro no período de apuração do tributo, uma vez que o Fisco considerou como fatos geradores os respectivos meses de contabilização das receitas e não 31 de dezembro, como deve ser feito nos caso de opção pelo lucro real anual; b) Se tributos com exigibilidade suspensa podem ser deduzidos da base de cálculo da CSLL; c) Se Doações e patrocínios podem ser deduzidos da base de cálculo da CSLL; d) Se multas por infrações fiscais de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de tributos podem ser deduzidos da base de cálculo da CSLL; e) Aplicabilidade da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas em concomitância com a multa de ofício. Adstritas as matérias a serem tratadas, passase a analisálas. Fl. 684DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 12 11 i. Nulidade do lançamento tributário. Erro temporal do lançamento. Inocorrência. A recorrente alega nulidade do lançamento tributário, por erro no período de apuração do tributo, uma vez que o Fisco deveria ter considerado a apuração anual da CSLL, a fim de que pudesse recompôla com os ajustes necessários (adições), inclusive para absorver o montante do saldo negativo contabilizados em 12/2008 (R$ 4.641.031,58). Aduz ainda que: E esclareçase, por oportuno, que não se está pleiteando, conforme que fazer crer a DRJ/BHE, a utilização de base negativa de CSLL (equivalente ao prejuízo fiscal para o IRPJ. O que se pleitea, e que não foi levado a efeito pela Fiscalização em razão do erro na adoção do aspecto temporal do fato gerador da CSLL, é que seja decrescido da base imponível da contribuição os valores pagos a maior (saldo negativo) pela Recorrente, a título de antecipação, durante o interregno de 2008 (devidamente apontado na ficha 17 linha 76 da DIPJ. (fls. 653) No acórdão recorrido, afastouse a nulidade pleiteada com base nos seguintes argumentos: Ora, o Auto de Infração justamente aponta 30 de janeiro de 2009 e 29 de janeiro de 2010 como sendo as datas de vencimento da CSLL dos períodos fiscalizados (os anoscalendário 2008 e 2009, respectivamente – q.v. fls. 7). Assinalese, por oportuno, que a única parte da exigência que varia em função do tempo são os juros moratórios, os quais foram calculados em estrita obediência ao que determina o § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (levandose em consideração que a interessada tomou ciência do Auto de Infração em 3 de outubro de 2012): Art. 61. [...] § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Logo, esta objeção não merece acolhida. Por outro lado, a impugnante afirma que incumbiria à Autora do Feito recompor “a apuração anual da CSLL”, levando em consideração “o montante do saldo negativo contabilizado em 12/2008”. Ora, examinandose as fichas 17, linhas 56, 57, 59 e 60 das DIPJ – Declarações de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica dos exercícios de 2009 e 2010 (fls. 516 e 567) apresentadas pela impugnante, verificase que não foi pleiteada a dedução de base de cálculo negativa de CSLL. Ora, se a contribuinte deixou de manifestar a tempo o intuito de valer se desta benesse, não pode pretender fazêlo agora, em sede de contencioso administrativo, diante da expressa vedação do § 1º do artigo 147 do CTN – Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Fl. 685DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 13 12 denominada Código Tributário Nacional pelo Ato Complementar nº 36, de 13 de março de 1967: Art. 147.[...] § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. (fls. 623 – 624) Revendo os dados do Termo de Verificação Fiscal (fls. 23), temos que a autoridade administrativa consignou que: Fls. 23 [...] Entendo que não merecem acolhida os argumentos da contribuinte. Tal qual consignou no Termo de Verificação Fiscal, o saldo negativa da CSLL apurado em 12/2008 (linha 76 da Ficha 17 da DIPJ), no valor de R$ 4.641.031,58) não foi deduzido no montante do crédito tributário apurado, tendo em vista que foi objeto de compensação pelo contribuinte na DCOMP nº 26755.99642.250711.1.3.034956, de forma que não restou prejudicada a apuração do tributo. Com razão, portanto, a DRJ ao afastar a nulidade, mantendo o lançamento tributário. ii. Se tributos com exigibilidade suspensa podem ser deduzidos da base de cálculo da CSLL; Em razão da matéria análoga da mesma contribuinte ter sido decida neste mesma turma nos autos do processo nº 15504.724900/201294, da relatoria do Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, por me coadunar com suas razões de decidir, peço vênia ao emérito Conselheiro para transcrever suas razões de mérito: Tem razão a recorrente quando afirma que não é possível sustentar a glosa de tributos com exigibilidade suspensa sob amparo da vedação contida no § 1º, do artigo 41, da Lei nº 8.981/95. Como visto acima, esse dispositivo é aplicável tão somente à apuração do lucro real. Entretanto, a mesma sorte não lhe segue na questão da caracterização dos depósitos judiciais. É verdade que o Conselheiro Marcos Takata, na outra parte do voto antes suscitado, defendeu que os tributos com exigibilidade suspensa têm natureza de “contas a pagar” e não de provisão. Por isso, a vedação à dedução das provisões contida no artigo Fl. 686DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 14 13 13, I, da Lei nº 9.249/95, não se aplicaria ao caso (observese que, desta vez, a norma expressamente é estendida à base de calculo da CSLL), verbis: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I  de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimoterceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; (grifei) A opinião do ilustre Conselheiro é amparada no fato de que, para ele, a tradução jurídica do caráter das provisões é de serem obrigações incertas ou ilíquidas. Mas, por decorrer da lei, a qual possui presunção de constitucionalidade e legitimidade, a obrigação tributária será sempre líquida e certa até que ocorra uma decisão transitada em julgado que afaste aquela presunção. Além disso, do ponto de vista contábil, recorre também ao entendimento estampado no item 4 do Anexo II do Pronunciamento IBRACON NPC nº 22, o qual fora aprovado pela Deliberação CVM nº 489/05. O citado item trata de um exemplo que utiliza uma hipótese na qual uma empresa entra com uma ação alegando a inconstitucionalidade de uma lei federal tributária. De acordo com o seu entendimento, há no exemplo uma obrigação legal e não uma provisão ou uma contingência passiva. A Deliberação CVM nº 489/05 foi revogada pela Deliberação CVM nº 594/09. Isto, aliado ao fato de não ter vigor de legislação tributária, foi o argumento utilizado pela DRJ para afastar o entendimento contido no Pronunciamento. Nada obstante, em que pese a tradução jurídica defendida no voto do Conselheiro Marcos Takata, entendo que o conceito de provisão tem origem na ciência contábil e foi nesta área do conhecimento que o legislador se inspirou ao estatuir a vedação acima reproduzida. Sobre o exemplo contido no mencionado Pronunciamento, o Manual de Contabilidade Societária da FIPECAFI (São Paulo: Editora Atlas, 2010, pp. 339 a 341) relata: Ao afirmar que se trata o caso de uma obrigação legal e não de uma provisão, foi criada, no nosso entendimento, uma ideia inexistente na norma: a de que uma obrigação de natureza legal não pode ser reconhecida como provisão, ou então não pode ser considerada de natureza possível ou remota, e sim tem que, obrigatoriamente, ser registrada como passivo líquido e certo, a pagar, independentemente da característica de probabilidade de Fl. 687DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 15 14 desembolso futuro. E isso contraria frontalmente o texto da própria norma, como já visto.(...) A própria CVM também se opôs ao entendimento do referido exemplo no seu Ofício Circular nº 01/06 e menciona no tópico, 23.2 “Tributos”, subtópico 23.2.1 “Fundamentos na Estimativa para Contabilização dos Tributos”, que “A avaliação a respeito de obrigações tributárias é um exemplo de exercício de julgamento onde os limites são muito pequenos ou praticamente inexistentes. Se por um lado, a administração está limitada pelo ordenamento jurídico que impõe o cumprimento da legislação e consequentemente o reconhecimento contábil da obrigação tributária, por outro, os Princípios Contábeis garantem a prerrogativa de a administração efetuar o julgamento sobre o tratamento contábil a ser seguido.” No mesmo Ofício, no subtópico 23.2.2 “A Estimativa dos Tributos”, menciona que: “Com base nesses fundamentos, o exemplo em questão não deve ser encarado como uma posição extremada. No momento em que a administração se deparar com o exame acerca do tratamento a ser dispensado a um tributo, deve ter em mente que a Norma prevê o seu registro e, somente, em alguns raros casos tem ao seu dispor, desde que consubstanciada nos Princípios Fundamentais da Contabilidade, a prerrogativa de exercer seu julgamento quanto ao seu registro como uma obrigação.Se avaliar pela necessidade do registro, este deveria ser mantido até o momento de sua extinção por uma das formas previstas no art. 156 do Código Tributário Nacional.” A própria NPC 22 afirma que “44. As provisões devem ser reavaliadas em cada data de balanço e ajustadas para refletir a melhor estimativa corrente. Se já não for mais provável que uma saída de recursos será requerida para liquidar a obrigação, a provisão deve ser revertida em contrapartida da linha do balanço e/ou do resultado contra a qual ela foi originalmente constituída e/ou realizada” (grifo nosso). Em seguida, o referido Manual transcreve trechos da Interpretação Técnica nº 2/2006, do IBRACON, em que este adota uma posição mais cuidadosa “para o não registro das contas a pagar dessa origem e natureza, mas não para uma vedação cega de qualquer tratamento alternativo”. Por fim, os autores da FIPECAFI concluem que: “Ratificamos nossa posição de necessidade de extremo zelo e devida prudência para essas situações aqui discutidas, mas reforçamos que a administração, em obediência ao conceito de Essência sobre a Forma, deve retratar da melhor maneira sua posição patrimonial e de resultados.” Portanto, para a ciência contábil, tratar ou não os tributos com exigibilidade suspensa como provisão é uma decisão da administração da empresa baseada no conceito da “essência sobre a forma” (substituído pelo conceito de “representação fidedigna” no atual – “Pronunciamento Conceitual Básico – Fl. 688DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 16 15 Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis”). Dessa forma, há que se verificar como foram tratados os tributos com exigibilidade suspensa na própria contabilidade da empresa. Neste aspecto, o relato da fiscalização, no Termo de Verificação Fiscal (fl.21), não deixa margem de dúvida de que os depósitos judiciais foram contabilizados nas contas contábeis denominadas “2213140052 – Provisão PASEP” e “22131400062 – Provisão COFINS”. Por conseguinte, por terem tido o tratamento de provisão e por força do que dispõe o artigo 13, I, da Lei nº 9.249/95, os correspondentes valores não são dedutíveis também para fins de apuração da base de cálculo da CSLL. Cumpre ainda ressaltar que, movida por outros fundamentos, a Câmara Superior de Recursos Fiscais entende que os tributos com exigibilidade suspensa têm natureza de provisão e, como tais, não são dedutíveis na apuração da CSLL. Confirase as ementas de recentes julgados: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos discutidos judicialmente, cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutiveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão. O mesmo ocorre com a provisão para juros sobre contingências fiscais os quais, por constituírem acessório dos tributos sobre os quais incidem, devem seguir a norma de dedutibilidade do principal. (Acórdão 910101.214, de 18/10/2011) CSLL. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151, do Código Tributário Nacional CTN, são indedutíveis para efeito da determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, por traduzirse em nítido caráter de provisão. (Acórdão 9101001.512, de 20/11/2012) Fl. 689DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 17 16 Por tudo isso, há que concluir pela manutenção da glosa dos tributos com exigibilidade suspensa. Tal qual no processo análogo mencionado, os valores do PIS/PASEP e COFINS com exigibilidade suspensa foram contabilizados na conta contábil "2213140052  Provisão PASEP" e na conta "2213140062  Provisão COFINS", pertencente ao grupo do passivo não circulante (TVF – fls. 20), considerando os depósitos judiciais realizados na Ação Judicial nº n° 2008.38.00.0182725. Tendo em vista se tratarem de matérias idênticas, concordo com as razões ali decididas, julgando pelo improvimento do recurso voluntário neste ponto. iii. Se Doações e patrocínios podem ser deduzidos da base de cálculo da CSLL; Tal qual no tópico anterior, adoto as razões de decidir do Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio nos autos do processo nº 15504.724900/201294, por me coadunar com suas razões de decidir: Para abordar esse tema, vale à pena reproduzir novamente o conteúdo do artigo 13 da Lei nº 9.249/95. Desta vez, o foco visado pela decisão recorrida e pelo recurso apresentado concentrouse na vedação contida no seu inciso VI, que cuida das doações, e na exceção prevista no seu § 2º, I, concernente às doações tratadas na Lei nº 8.313/91. Confirase: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (...) VI  das doações, exceto as referidas no § 2º; (...) § 2º Poderão ser deduzidas as seguintes doações: I  as de que trata a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991; (grifei) A Lei nº 8.313/91, também conhecida como Lei Rouanet, instituiu o Programa Nacional de Apoio à Cultura – PRONAC. No âmbito tributário, seu funcionamento é melhor compreendido pela regulação estabelecida no artigo 15 da IN/SRF nº 267/02, a qual esclarece que as atividades culturais ou artísticas incentivadas pela Lei nº 8.313/91 constituem duas modalidades, verbis: Art. 15. A pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido as quantias efetivamente realizadas no período de apuração a título de doações ou patrocínio, tanto mediante contribuições ao Fundo Nacional de Cultura (FNC) na forma de doações nos Fl. 690DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 18 17 termos do inciso II do art. 5º da Lei n º 8.313, de 1991, quanto mediante apoio direto a projetos: I  culturais aprovados na forma da regulamentação do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) nos termos do inciso II do art. 26 da Lei nº 8.313, de 1991; II  relacionados à produção cultural, a que se refere o art. 18, caput e §§ 1º e 3º, da Lei n º 8.313, de 1991, nos segmentos de: a) artes cênicas; b) livros de valor artístico, literário ou humanístico; c) música erudita ou instrumental; d) exposições de artes visuais; e) doações de acervos para bibliotecas públicas, museus, arquivos públicos e cinematecas, bem assim treinamento de pessoal e aquisição de equipamentos para a manutenção desses acervos; f) produção de obras cinematográficas e vídeofonográficas de curta e média metragem e preservação e difusão do acervo audiovisual; e g) preservação do patrimônio cultural material e imaterial. (grifei) Portanto, são duas as modalidade de projetos culturais beneficiados pela Lei nº 8.313/91: os projetos culturais aprovados nos termos do seu artigo 26; e os projetos relacionados à produção cultural, a que se refere o seu artigo 18, cujos segmentos foram listados nas alíneas acima transcritas. Outra virtude da IN/SRF nº 267/02 foi distinguir, em seu artigo 18, os conceitos de doações e patrocínios. Vejase: Art. 18. Para os efeitos desta Seção, consideramse: I doações: a transferência gratuita em caráter definitivo a pessoa física ou pessoa jurídica de natureza cultural, sem fins lucrativos, de numerário, bens ou serviços para a realização de projetos culturais, vedado o seu uso em publicidade para divulgação das atividades objeto do respectivo projeto cultural; II patrocínios: a) a transferência gratuita, em caráter definitivo, à pessoa física ou jurídica de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos, de numerário para a realização de projetos culturais, com finalidade promocional e institucional de publicidade; b) a cobertura de gastos ou a utilização de bens móveis ou imóveis do patrimônio do patrocinador, sem a transferência de domínio, para a realização de projetos culturais por pessoa física ou jurídica de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos. Fl. 691DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 19 18 c) apoio financeiro em favor de projetos de execução de planos plurianuais de atividades culturais apresentados por entidades culturais de relevantes serviços prestados à cultura nacional; (grifei) De tudo o que se expôs no relatório da autuação e do recurso voluntário, verificase que não há controvérsia quanto à modalidade de projeto e a espécie de transferência financeira versadas no presente caso. Tratase do patrocínio de projetos relacionados à produção cultural, o qual encontrase referido no artigo 18 da Lei nº 8.313/91. Por conseguinte, numa primeira aproximação, já é possível afastar a alegação da recorrente segundo a qual o § 2º, do artigo 13, da Lei nº 9.249/95, admitiria, expressamente, a dedução de suas “despesas”. Isso porque tal dispositivo é categórico ao referirse, apenas, às doações, enquanto que sua modalidade de transferência financeira, como visto, é a dos patrocínios. Neste ponto, por já ter ficado claro que o patrocínio tratado está contido no artigo 18 da Lei nº 8.313/91, vale à pena também transcrevêlo: Art.18. Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União facultará às pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do Imposto sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios, tanto no apoio direto a projetos culturais apresentados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas de natureza cultural, como através de contribuições ao FNC, nos termos do art. 5º, inciso II, desta Lei, desde que os projetos atendam aos critérios estabelecidos no art. 1º desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999) §1º  Os contribuintes poderão deduzir do imposto de renda devido as quantias efetivamente despendidas nos projetos elencados no § 3º, previamente aprovados pelo Ministério da Cultura, nos limites e nas condições estabelecidos na legislação do imposto de renda vigente, na forma de: (Incluído pela Lei nº 9.874, de 1999) a) doações; e (Incluída pela Lei nº 9.874, de 1999) b) patrocínios. (Incluída pela Lei nº 9.874, de 1999) §2º As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real não poderão deduzir o valor da doação ou do patrocínio referido no parágrafo anterior como despesa operacional.(Incluído pela Lei nº 9.874, de 1999) (grifei) É importante, desde já, deixar claro os contornos normativos prescritos ao caso. A União faculta a opção pela aplicação de parcelas do imposto de renda a título de patrocínios. O mecanismo para viabilizar essa aplicação é a dedução das referidas parcelas do imposto devido. Contudo, as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real que se utilizarem dessa faculdade não poderão deduzir o valor do patrocínio como despesa operacional. Com todo o respeito, não é possível, como quer a recorrente, concordar que, por tratar da aplicação de parcelas do IRPJ Fl. 692DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 20 19 devido, há que se fazer uma interpretação lógica do § 2º e concluir que a vedação dos patrocínios como despesas operacionais só poderia estar tratando do IRPJ. A lei não disse isso. Diferentemente dos exemplos anteriormente colacionados, que nos levaram a concluir que o artigo 57 da Lei nº 8.981/95 não autoriza aplicar à base de cálculo da CSLL as mesmas regras expressamente endereçadas pela lei para a apuração do lucro real, aqui a norma não fala de “base de cálculo”. Ela fala de “despesa operacional”. Quando muito fala de “lucro real”, não para referirse diretamente ao critério de apuração desta base de cálculo, mas para referirse ao regime de tributação, qual seja, o das “pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real”. Como se sabe, esse regime é aplicável à apuração tanto do IRPJ quanto da CSLL. Portanto, não há na lei nenhuma indicação de que a vedação do patrocínio como despesa operacional seja restrita apenas à base de cálculo do IRPJ, ou seja, ao lucro real. Por outro lado, é de se indagar se o conceito de despesa operacional é o mesmo tanto para o lucro real quanto para a base de cálculo da CSLL. Afinal, se é verdade que a contabilidade tem seus critérios para definir o conceito, é também cediço que a legislação do IRPJ, para efeitos de apuração desse imposto, transformao sobremaneira. É o que ocorre no artigo 47, §§ 1º e 2º, da Lei nº 4.506/64, verbis: Art. 47. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da emprêsa e a manutenção da respectiva fonte produtora. § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da emprêsa. § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da emprêsa. Como se vê, o conceito tributário de despesas operacionais é restrito ao que a lei considera como despesas “necessárias”, “usuais” e “normais”. Tratase de um conceito aberto, pronto para ser fechado nos casos concretos enfrentados pelo intérprete e, mais conclusivamente, para ser desenhado pela jurisprudência. Todavia, em certas circunstâncias, a própria lei, como na vedação do § 2º, do artigo 18, da Lei nº 8.313/91 (incluído pela Lei nº 9.874/99), assume o papel de fechar o conceito. Mas, não se diga que o artigo 47 da Lei nº 4.506/64 não se aplica à CSLL por ter sido editado numa época que ainda não existia essa contribuição. Isso porque o comando que consolidou a questão da dedutibilidade em matéria de apuração do lucro Fl. 693DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 21 20 real e da base de cálculo da CSLL, o retro mencionado artigo 13 da Lei nº 9.249/95, foi categórico ao ressalvar aquele dispositivo legal. Por oportuno, reproduzo, de novo, seu conteúdo: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (grifei) Neste mesmo sentido, a Câmara Superior de Recursos Fiscais já manifestou seu entendimento segundo o qual as regras do artigo 47 da Lei nº 4.506/64 aplicamse também à CSLL. Confirase: CSSL. DESPESAS DESNECESSÁRIAS. NÃO DEDUTIBILIDADE. Se fosse para manter o art. 47 da Lei nº 4.506/64 aplicável apenas para o IRPJ, não necessitava o legislador fazer referência a ele no caput do art. 13 da Lei nº 9.249/95, mesmo porque, ao vedar a dedutibilidade de algumas despesas, não estaria a regra do art. 13 derrogando a norma de caráter principiológico do art. 47. Fica, clara, a intenção do legislador de submeter a CSLL às disposições do art. 47 da Lei nº 4.506/64. (Acórdão nº 910101.312, de 24/04/2012) Portanto, diferentemente do que pensa a recorrente, não havia necessidade de o legislador expressamente declarar que a vedação contida no § 2º, do artigo 18, da Lei nº 8.313/91, aplicavase também à CSLL. Isso porque ao dizer que vedava a dedução do patrocínio como despesa operacional estava implicitamente utilizando o conceito que se aplica tanto ao IRPJ como à CSLL. Ademais, chego a dizer que, mesmo que não houvesse a aludida vedação, a dedução não seria permitida. O patrocínio (assim como seria com as doações) tem natureza de parcelas do imposto devido que, por autorização legal, podem ter uma destinação específica (o incentivo à cultura). Não se trata de recurso da pessoa jurídica, mas, sim, de recurso da União. Assim, não tem cabimento a empresa deduzir como despesa sua o valor correspondente a um dispêndio que não foi seu. Isso só seria admissível (como de fato o é para os projetos culturais aprovados nos termos do artigo 26 da mesma Lei nº 8.313/91, conforme seu § 1º) se a própria lei expressamente autorizasse a dedução como despesa. Na verdade, tratarseia de mais um incentivo. Diante disso, concluo também pela manutenção da glosa de despesas com patrocínios. Pelas razões suprapostas, entendo por negar provimento ao recurso voluntário da recorrente, no que se refere a glosa de despesas com patrocínios. Fl. 694DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 22 21 iv. Se multas por infrações fiscais de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de tributos podem ser deduzidos da base de cálculo da CSLL; Novamente, peço vênia ao Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio para transcrever suas razões de decidir nos autos do processo nº 15504.724900/201294: A discussão agora converge para o conteúdo do artigo 41, § 5º, da Lei nº 8.981/95. Este dispositivo foi transcrito no trecho do voto do Conselheiro Marcos Takata acima reproduzido, mas, por sua pertinência ao presente tema, impõese sua nova transcrição: SUBSEÇÃO I Das Alterações na Apuração do Lucro Real Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. (...) § 5º Não são dedutíveis como custo ou despesas operacionais as multas por infrações fiscais, salvo as de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo. (grifei) Mais uma vez surge o problema de saber se a norma contida no § 5º alcança a base de cálculo da CSLL. Como já corroborado no voto do Conselheiro Marcos Takata, o caput, expressamente, endereça seu conteúdo normativo para a “determinação do lucro real”. Isso não ocorre, contudo, com o § 5º. Aqui, a norma fixa a restrição no “custo ou despesas operacionais”. Nada obstante, a visão sistemática da regra permite concluir que a restrição está inserida no contexto do caput. Mais decisivo ainda é ter uma visão topológica e perceber que todo o artigo está inserido num subseção intitulada “Das Alterações na Apuração do Lucro Real”. Portanto, considerando a premissa antes levantada, de que o artigo 57 dessa mesma Lei não tem o condão de autorizar a extensão à base de cálculo da CSLL das mesmas regras expressamente endereçadas para a apuração do lucro real, entendo que o dispositivo não se aplica à apuração da CSLL. Por outro lado, há que se indagar se as multas por infrações, sejam elas de natureza tributária ou não, seriam dedutíveis para fins de apuração da CSLL. Com efeito, se para esta contribuição, não há uma norma de caráter especial como a do § 5º, da Lei nº 8.981/95, há a norma de caráter geral contida no artigo 47, da Lei nº 4.506/64. Essa regra, referida no tópico anterior, restringe a dedutibilidade às despesas operacionais consideras como “necessárias”, “usuais” e “normais”. E já se viu que ela tem plena aplicabilidade também no campo da CSLL. Movido por tal disposição normativa, a DRJ assim se pronunciou: De início, cabe ressaltar que as multas glosadas Fl. 695DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 23 22 pela Autora do Feito não se enquadram no conceito de despesa operacional dedutível e não atendem ao disposto no art. 299 do RIR/1999, que condiciona a dedutibilidade das despesas a que elas sejam necessárias à atividade da sociedade empresarial e à manutenção da respectiva fonte produtora (PN CST nº 61, de 1979, item 6). A interessada, inteiramente consciente disso, ao apresentar as DIPJ referentes aos anoscalendário fiscalizados, não titubeou em assim consideralas ao computar a base de cálculo do IRPJ. Isto posto, a Autora do Feito limitouse, corretamente, a aplicar a tais penalidades o tratamento prescrito pelo artigo 57 da Lei n° 8.981, de 1995, tantas vezes referido neste Acórdão. Em assim sucedendo, quando a contribuinte aduz que a restrição do “art. 41, §5° da Lei n° 8.981/95” disporia apenas sobre “multas por infrações de obrigações tributárias”, está, na verdade, buscando desviar o foco da questão, que é o do inequívoco impedimento à dedução das penalidades pecuniárias de fls. 26 e 27, tanto para o cálculo do IRPJ quanto, por expressa determinação legal, da CSLL. Portanto, esta parcela do lançamento também deve ser mantida. Apesar de concordar com a aplicabilidade do artigo 299 do RIR/99 (que repete o artigo 47 da Lei nº 4.506/64) à CSLL, como já exposto, no tocante à glosa das multas por infrações, discordo das demais razões do voto condutor da decisão recorrida, quais sejam, a possibilidade de aplicação dos artigos 41, § 5º, e 57, da Lei nº 8.981/95. O problema é que a autoridade fiscal não incluiu a citada capitulação legal (artigo 299 do RIR/99 ou o artigo 47 da Lei nº 4.506/64) em nenhuma parte do Termo de Verificação Fiscal ou do próprio Auto de Infração. Diante disso, poderia se pensar em aplicar o princípio do juria novit curia (“dême os fatos que eu te darei o direito”). Segundo o ensinamento de Marcos Vinícius Neder e Maria Teresa Martinez López (Cf. Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, 3ª ed., São Paulo: Dialética, 2010, p. 285.), esse princípio também é aplicável ao processo administrativo fiscal, no sentido de que não se altera o critério jurídico do lançamento, já que a acusação e a infração são as mesmas, mas apenas sua fundamentação legal. Afinal, a autuada não se defende da capitulação legal da infração, mas, sim, dos fatos e da descrição fática narrados. No entanto, considero que tal providência caracterizaria ofensa ao princípio do contraditório, pois as razões de defesa poderiam ser diferentes caso a fiscalização tivesse aplicado a referida capitulação legal. Por isso, entendo que a glosa das multas por infrações devem ser integralmente canceladas. Fl. 696DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 24 23 Pelo exposto, dou provimento parcial ao recurso voluntário apenas para exonerar os créditos tributários referentes à glosa das multas por infrações. Este entendimento foi também exarado no Acórdão nº 1401000.962 da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, no qual se consignou que as regras de dedutibilidade de despesas, dirigidas expressamente à apuração do lucro real, não se aplicam de forma reflexa à Contribuição Social sobre o Lucro. Por isso, na inexistência de dispositivo legal que determine a adição de determinada despesa, não havendo regra para adição das multas administrativas à base de cálculo da CSLL: Processo nº 12448.734242/201191 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401000.962 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de abril de 2013 Matéria IRPJ e CSLL Recorrente CIA DE CIMENTO PORTLAND LACIM Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário:2007 MULTA POR INFRAÇÃO DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA.DESPESA DESNECESSÁRIA. É indedutível o valor pago com finalidade de afastar aplicação de multa por infração contra a ordem econômica. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano calendário: 2007 CSLL BASE DE CÁLCULO As regras de dedutibilidade de despesas, dirigidas expressamente à apuração do lucro real, não se aplicam de forma reflexa à Contribuição Social sobre o Lucro. Por isso, na inexistência de dispositivo legal que determine a adição de determinada despesa para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, não há como exigila. Por todo exposto, entendo por DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário da contribuinte, no que se refere à exoneração da glosa das multas por infrações da base de cálculo da CSLL. v. Aplicabilidade da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas em concomitância com a multa de ofício. Fl. 697DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 25 24 O bis in idem consiste na imposição de mais de uma penalidade pela prática de um mesmo fato por parte da pessoa punida. É vedada no sistema brasileiro, ainda que haja a possibilidade de enquadrar o fato em normas prescritivas das duas punições. Desta feita, não há dúvida de que a hipótese dos autos configura a ocorrência de bis in idem. A base para a imposição de ambas as multas é a idêntica. O não recolhimento antecipado por estimativa é infração que se consubstancia quando da apuração da falta de recolhimento da própria CSLL. Se houve falta de recolhimento do CSLL, houve inevitavelmente falta de recolhimento por estimativa. Não há que se impor ao mesmo fato duas punições diferentes, ainda que aquele mesmo fato, em tese, aparentemente, venha a subsumirse nas duas infrações. Desta forma, não pode ser cobrada concomitantemente a multa isolada e a multa de oficio na hipótese de falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e também pela falta de antecipação sob a forma estimada. Cobrase apenas a multa de oficio por falta de recolhimento de tributo. Nesse sentido, é a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), a qual é pacífica no sentido da impossibilidade de cobrança concomitante da multa isolada e multa de ofício após o encerramento do ano calendário: CSRF Processo nº 10980.005828/200534 Recurso nº 148.766 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101001.547 – 1ª Turma Sessão de 22 de janeiro de 2013 Matéria IRPJ e CSLL Recorrente Gonvarri Brasil Produtos Siderúrgicos S/A Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2004, 2005 MULTA ISOLADA — FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. O artigo 44 da Lei n° 9.430/96 preceitua que a multa de oficio deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde com o valor calculado sobre base estimada ao longo do ano. A jurisprudência da CSRF consolidouse no sentido de que não cabe a aplicação da multa isolada após o encerramento do período. Ante esse entendimento, não se sustenta a decisão que mantém a exigência da multa sobre o valor total das estimativas não recolhidas. Fl. 698DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 26 25 CSRF Processo nº 19740.000361/200614 Recurso nº 160.337 Especial do Procurador Acórdão nº 9101001.820 – 1ª Turma Sessão de 20 de novembro de 2013 Matéria IRPJ / CONCOMITÂNCIA MULTAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CQJR DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2001 APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFICIO E MULTA ISOLADA NA ESTIMATIVA Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de oficio pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. Pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. O bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anoc alendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. (Acórdão nº CSRF 40105838). Em razão de se estar julgando o mérito da matéria, abstenhome de traçar comentários acerca da preliminar de cerceamento de direito de defesa levantada pela recorrente. Por estes motivos, entendo por dar provimento parcial ao recurso voluntário da contribuinte, cancelando a multa isolada aplicada no lançamento tributário em epígrafe. É como voto. Francisco Alexandre dos Santos Linhares – Relator É o que se reproduz da minuta de voto do relator original. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Fl. 699DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 27 26 Voto Vencedor Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé O i. Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, originalmente designado redator para o voto vencedor, não teve a possibilidade de cumprir com as formalidades pertinentes à formalização do voto vencedor (assinatura eletrônica), porque os autos no sistema eprocesso não lhe foram encaminhados em tempo hábil antes de ter o seu pedido de dispensa do cargo de Conselheiro atendido. Contudo, registrese já haver sido disponibilizado pelo conselheiro, em data anterior à sua saída do CARF, arquivo magnético contendo o voto vencedor relativo ao julgamento do presente processo. Tendo efetuado a sua revisão para fins de formalização do presente voto, verifico tratarse de reprodução fiel do quanto foi apresentado em sessão e que representa, portanto, as razões que orientaram o Colegiado a, por maioria de votos, divergir (em parte) do relator, e, assim, dar integral provimento ao recurso voluntário. Registro ainda que os fundamentos apresentados no voto a seguir perfazem também a função de “declaração de voto” com relação ao item “multas por infrações fiscais”, em que três conselheiros, entre eles o redator do voto vencedor, acompanharam o relator pelas conclusões. Nestes termos, o voto a seguir é a reprodução do mencionado voto, proferido pelo conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho: Tratase de auto de infração lavrado em face da Recorrente para exigirlhe CSLL no importe de R$ 17.633.897,69 (dezessete milhões, seiscentos e trinta e três mil, oitocentos e noventa e sete reais e sessenta e nove centavos), decorrente da suposta dedução indevida de despesas com (i) tributos com exigibilidade suspensa; (ii) patrocínios; e (iii) multas por infrações. O lançamento de ofício e o acórdão recorrido partem da mesma premissa jurídica, de que as regras de dedutibilidade próprias do IRPJ são aplicáveis sem restrições CSLL, ou, em outras palavras, que o art. 47 da Lei nº 4.506/64 é aplicável à referida contribuição. Com a devida vênia do entendimento em sentido contrário, o fundamento adotado pelo acórdão recorrido não merece prevalecer, pois o art. 13 da Lei nº 9.249/95 é específico às despesas nele arroladas e não impõe equiparação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Verbis: “Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I  de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimoterceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de Fl. 700DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 28 27 junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; (Vide Lei 9.430, de 1996) II  das contraprestações de arrendamento mercantil e do aluguel de bens móveis ou imóveis, exceto quando relacionados intrinsecamente com a produção ou comercialização dos bens e serviços; III  de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços; IV  das despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores; V  das contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica; VI  das doações, exceto as referidas no § 2º; VII  das despesas com brindes.” Segundo os expressos termos do art. 13 da Lei nº 9.249 acima citado, o legislador pretendeu evidenciar que, independentemente de serem despesas necessárias e usuais às atividades da empresa, os gastos com brindes, despesas de alimentações dos sócios etc. não seriam dedutíveis da apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o que não quer dizer que a regra de necessidade e usualidade prevista no art. 47 da Lei nº 4.506/64 deve ser estendida para todas as despesas dedutíveis da CSLL. Como se sabe, o IRPJ encontra respaldo constitucional no art. 153, III da Constituição Federal, enquanto que a CSLL tem previsão constitucional no art. 195, alínea “c” da Carta Magna. A base de cálculo do IRPJ é a renda, o que, no caso das pessoas jurídicas sujeitas ao lucro real, é calculada a partir do lucro líquido contábil, acrescida ou diminuída das adições e exclusões prescritas em lei própria e específica do IRPJ. Por sua vez, a CSLL tem como base de cálculo o lucro líquido, também ajustado mediante adições e exclusões prescritas na lei específica, de regência da CSLL. Apesar da similaridade das bases de cálculo, em observância ao princípio da estrita legalidade, é vedada a determinação da base de cálculo de um determinado tributo com base na legislação de outro. Não é possível aplicar as regras de determinação da base de cálculo (aspecto quantitativo do fato gerador) do IRPJ à CSLL, salvo se houvesse lei em sentido estrito que determinasse o ajuste na base de cálculo respectiva. Notese, no ponto, que a própria COSIT ressaltou a diferença entre as bases de cálculo dos tributos lançados, conforme recente Solução de Divergência n. 39, de 30.12.2013, verbis: “O art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995, que determina a aplicação à CSLL das ‘mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas’ é indicado para o contribuinte das duas Fl. 701DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 15504.729267/201221 Acórdão n.º 1102001.223 S1C1T2 Fl. 29 28 espécies tributárias. No intuito de racionalizar procedimentos, o art. 57 estabelece critérios comuns de apuração do IRPJ e da CSLL. Isso é válido para critérios operacionais de apuração, mas não para definir regras de incidência. Embora espécies distintas, com fatos geradores distintos (o da CSLL é o lucro e o do IRPJ é a renda), o contribuinte do IRPJ é, em regra, contribuinte da CSLL. Porém, o inverso não acontece: as entidades a que se referem as alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da Constituição são imunes do pagamento do IRPJ, mas não da CSLL.” (grifouse) Tal entendimento encontra respaldo em jurisprudência desse Tribunal Administrativo, conforme precedente abaixo deste Relator, verbis: “CSLL. DEDUÇÃO. DESPESAS DESNECESSÁRIAS. Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL consideradas indedutíveis pela legislação do IRPJ. O art. 47 da Lei n. 4.506/64 dispõe, apenas para a determinação do lucro real, que as despesas cuja dedução é admitida sejam aquelas necessárias à atividade ou à manutenção da fonte produtora do sujeito passivo. O art. 57 da Lei n 8.981/95 ressalva a manutenção da base de cálculo da CSLL nos modos em que prevista na legislação específica, inexistindo, portanto, identidade entre a base de cálculo da CSLL e a do IRPJ. (Acórdão nº 1201000.285)” Dessa forma, não havendo qualquer dispositivo que obrigue a Recorrente a adicionar ao lucro líquido ajustado os valores despendidos com tributos com exigibilidade suspensa, patrocínios e multas infracionais, não há como prevalecer o lançamento vergastado. Ressaltese, por relevante, que a acusação fiscal não contém qualquer elemento no sentido de que as despesas mencionadas seriam inexistentes, fundandose somente na premissa de direito distinta da ora adotada. Por tal razão, orientase o voto no sentido de dar provimento ao recurso para afastar o lançamento de CSLL pela glosa de despesa de tributos com exigibilidade suspensa e de patrocínios, além das já afastadas pelo voto do Conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares. Antonio Carlos Guidoni Filho – Redator designado É o que se reproduz da minuta de voto do conselheiro originalmente designado para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Fl. 702DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO
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Numero do processo: 15578.000273/2009-33    
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Terceira Seção De Julgamento    
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015    
Data da publicação: Thu Nov 19 00:00:00 UTC 2015    
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
FRAUDE. DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO SIMULADO. POSSIBILIDADE.
Uma vez comprovada a existência da fraude nas operações de aquisição de café in natura realizadas de pessoas jurídicas inexistentes de fato (pseudoatacadistas), com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, desconsidera-se operação de compra simulada, mas mantém-se a operação de compra dissimulada, por ser válida na substância e na forma.
REGIME NÃO CUMULATIVO. REAL AQUISIÇÃO DE CAFÉ EM GRÃO DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA. SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE INTERMEDIAÇÃO COMPROVADA. GLOSA DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Comprovada que o negócio jurídico efetivo de aquisição do café em grão foi celebrado com produtor rural, pessoa física, e que as notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas apontavam para uma intermediação simulada com a finalidade exclusiva de gerar crédito da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa, incabível o direito de apropriação do valor integral do crédito incidente sobre o valor da operação, cabendo apenas o crédito presumido previsto para a aquisição de pessoas físicas.
AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO. OPERAÇÃO COM TRIBUTAÇÃO NORMAL COMPROVADA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE.
É passível de crédito integral as aquisições de café de cooperativas de produção agropecuária, sujeitas ao regime de tributação normal, quando tais operações foram submetidas, comprovadamente, ao exercício cumulativo das atividades de (i) padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou (ii) separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM SERVIÇOS DE CORRETAGEM NECESSÁRIOS À COMPRA DE MATÉRIA-PRIMA. VALOR INTEGRANTE DO INSUMO APLICADO NA PRODUÇÃO DE BENS DESTINADOS À EXPORTAÇÃO. DIREITO À DEDUÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
No regime não cumulativo, integram a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep os valores das despesas com os serviços de corretagem na compra do café em grão, submetido a processo industrial e posteriormente pelo adquirente.
Recurso Voluntário Provido em Parte
    
Numero da decisão: 3102-002.341    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para restabelecer o direito ao crédito correspondente ao valor da corretagem de compra e admitir a utilização do crédito presumido para compensação com outros tributos e contribuições e/ou ressarcimento em dinheiro; por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário em relação ao pedido de revisão de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL; pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa dos créditos integrais relativas às aquisições das empresas denominadas pseudoatacadistas. Vencidas as Conselheiras Andréa Medrado Darzé, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama, que davam provimento; e por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário para restabelecer o direito ao crédito integral na aquisição das cooperativas. Vencidos os Conselheiros José Fernandes do Nascimento e José Paulo Puiatti, que negavam provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Redator ad hoc
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Paulo Puiatti, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz, Nanci Gama e Ricardo Paulo Rosa.
    
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO    
    
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DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO SIMULADO. POSSIBILIDADE. Uma vez comprovada a existência da fraude nas operações de aquisição de café in natura realizadas de pessoas jurídicas inexistentes de fato (“pseudoatacadistas”), com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, desconsiderase operação de compra simulada, mas mantémse a operação de compra dissimulada, por ser válida na substância e na forma. REGIME NÃO CUMULATIVO. REAL AQUISIÇÃO DE CAFÉ EM GRÃO DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA. SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE INTERMEDIAÇÃO COMPROVADA. GLOSA DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Comprovada que o negócio jurídico efetivo de aquisição do café em grão foi celebrado com produtor rural, pessoa física, e que as notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas apontavam para uma intermediação simulada com a finalidade exclusiva de gerar crédito da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa, incabível o direito de apropriação do valor integral do crédito incidente sobre o valor da operação, cabendo apenas o crédito presumido previsto para a aquisição de pessoas físicas. AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO. OPERAÇÃO COM TRIBUTAÇÃO NORMAL COMPROVADA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE. É passível de crédito integral as aquisições de café de cooperativas de produção agropecuária, sujeitas ao regime de tributação normal, quando tais operações foram submetidas, comprovadamente, ao exercício cumulativo das atividades de (i) padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 02 73 /2 00 9- 33 Fl. 19500DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.501 2 definição de aroma e sabor (blend) ou (ii) separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM SERVIÇOS DE CORRETAGEM NECESSÁRIOS À COMPRA DE MATÉRIAPRIMA. VALOR INTEGRANTE DO INSUMO APLICADO NA PRODUÇÃO DE BENS DESTINADOS À EXPORTAÇÃO. DIREITO À DEDUÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. No regime não cumulativo, integram a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep os valores das despesas com os serviços de corretagem na compra do café em grão, submetido a processo industrial e posteriormente pelo adquirente. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para restabelecer o direito ao crédito correspondente ao valor da corretagem de compra e admitir a utilização do crédito presumido para compensação com outros tributos e contribuições e/ou ressarcimento em dinheiro; por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário em relação ao pedido de revisão de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL; pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa dos créditos integrais relativas às aquisições das empresas denominadas pseudoatacadistas. Vencidas as Conselheiras Andréa Medrado Darzé, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama, que davam provimento; e por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário para restabelecer o direito ao crédito integral na aquisição das cooperativas. Vencidos os Conselheiros José Fernandes do Nascimento e José Paulo Puiatti, que negavam provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa  Presidente e Redator ad hoc (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento  Relator Participaram do julgamento os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Paulo Puiatti, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz, Nanci Gama e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório encartado na decisão de primeira grau, que segue transcrito: Trata o presente processo de Declarações de Compensação (Dcomp) de crédito relativo ao PIS nãocumulativo associado a Fl. 19501DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.502 3 operações de exportação, referente aos quatro trimestres de 2006. A DRF/Vitória exarou o despacho decisório de fls. 514/515, com base no Parecer SEORT/DRF/VIT nº 1686, de 22/06/2010 em fls. 189/202 e 510/514, decidindo reconhecer em parte o direito creditório pleiteado e, em decorrência, homologar parcialmente as compensações declaradas. No referido Parecer consta consignado, em resumo, que: • O contribuinte efetuou compras junto ao Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente, no período de fevereiro a junho, novembro e dezembro de 2006. Tais operações de venda não são tributadas e, portanto, não há que se falar em creditamento do PIS pelas aquisições efetuadas pela Unicafé. Tampouco há previsão para crédito presumido nesta situação; • O contribuinte ora apura crédito presumido sobre as aquisições realizadas junto a cooperativas, ora apura crédito integral. A falta do registro na nota fiscal emitida pela cooperativa de que a saída é com suspensão não autoriza ao adquirente aproveitarse do crédito integral; • Foi glosado o crédito integral sobre a parcela de aquisições de café junto a cooperativas, adicionandose em seu lugar, o crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004; • Para efeito de análise dos fornecedores, optouse por uma amostragem que representa mais de 80% das aquisições de café de pessoa jurídica no ano de 2006; • Verificouse irregularidades na grande maioria dos fornecedores (omissos, inativos, receita declarada nula ou incompatível com as vendas realizadas); • 14 dos 51 fornecedores listados se encontram com o CNPJ suspenso ou na situação de inaptidão, caracterizadas como inexistentes de fato ou omissa não localizada; • Não há questionamento quanto à aquisição dos produtos. O que se conclui é que as aquisições não foram realizadas das empresas que forneceram as notas fiscais, mas de pessoas físicas não contribuintes do PIS e da COFINS; • É identificado um processo artificial de majoração dos créditos da nãocumulatividade, transformando créditos presumidos das aquisições de produtores rurais, pessoas físicas, em créditos integrais das aquisições de pessoas jurídicas. Tal afirmativa encontra respaldo, a título exemplificativo, nas documentações extraídas dos processos de declaração de inaptidão juntados no anexo, em Fl. 19502DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.503 4 decorrência da operação denominada “Tempo de Colheita”, onde se concluiu que o adquirente conhecia e se valia da existência de empresas de fachada com o único objetivo de obter créditos indevidos, restando comprovada a máfé das empresas adquirentes, dentre elas a própria Unicafé; • O esquema envolvendo as operações de café foi corroborado pela “Operação Broca” realizado pela Receita Federal; • Não se pode questionar que houve a aquisição de café, porém, de pessoas físicas, produtores rurais. Nesta senda, reconhecese o crédito presumido em detrimento das supostas aquisições de pessoas jurídicas como pretendeu a Unicafé; • Os fornecedores que se encontram nesta situação foram relacionados na tabela de fl 182/183 e foi promovida a glosa pertinente e a adição do crédito presumido. Seguindo o disposto no art. 8o, § 3o, II da IN/SRF 660/2006, que disciplinou a Lei 10.925/2004, tal crédito não pode ser objeto de compensação com tributos diversos nem pedido de ressarcimento; • Foi elaborado o “demonstrativo de apuração das contribuições nãocumulativas” com os ajustes procedidos na base de cálculo dos créditos. O crédito presumido foi somado ao crédito decorrente do mercado interno; • Foram desconsideradas as despesas de corretagem, visto que estes serviços não se enquadram na definição de insumos delineada pela legislação no tocante à apuração de créditos a descontar; • Foi apurado direito creditório relativo à nãocumulatividade do PIS decorrente de operações de exportação nos 4 trimestres de 2006 no valor de R$ 2.500.418,81. A contribuinte foi cientificada do Despacho Decisório em 04/04/2011 (fl. 558) e apresentou Manifestação de Inconformidade em 29/04/2011 (fls. 561/633), alegando, em síntese que: • O insumo “café em grão cru” destinado à revenda é considerado uma semente beneficiada, conforme Resolução CNNPA nº 12/1978. A Recorrente revende o insumo no mercado externo e, em alguns casos, também realiza o processo de rebeneficiamento. A atividade de revenda é preponderante; • Em se tratando de compras para posterior revenda, a Recorrente apurou créditos integrais do PIS (art. 3o, I e II da Lei 10.637/02); Fl. 19503DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.504 5 • O fiscal entendeu que a tributação do PIS na saída do “café cru em grão” das cooperativas fornecedoras deveria ser obrigatoriamente suspensa, alegando que a Recorrente exerce atividade agroindustrial; • Nas receitas decorrentes de atos nãocooperativos, há contribuição ao PIS a recolher, motivo pelo qual o adquirente da sociedade cooperativa tem direito ao aproveitamento do crédito integral; • Mesmo quando se trata de ato cooperativo em que se tem o “adequado tratamento tributário” na incidência do PIS, o adquirente tem direito ao crédito integral; • Nas aquisições de café cru em grão pela recorrente não há a suspensão obrigatória do PIS, visto que as sociedades cooperativas de produção agropecuária, fornecedoras, exerceram atividade agroindustrial, na forma do § 6o do art. 8o da Lei 10.925/2004 e, portanto, estas é que possuem o direito ao crédito presumido, relativo à compra de café in natura; • As vendas de produtos in natura pelas cerealistas e pelas cooperativas de produção agropecuária saem com suspensão do PIS. As cooperativas de produção agropecuária, inclusive agroindustrial, adquirentes do café in natura: apuram IR com base no lucro real; exercem atividade agroindustrial; utilizam os mesmos como insumos na produção de mercadoria classificada no capítulo 9 da NCM (ou seja, o café deixa de ser in natura); • As cooperativas de produção agropecuária, inclusive agroindustrial, fornecedoras, aproveitam o crédito presumido do PIS, visto que exercem cumulativamente as atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café, transformando o café in natura adquirido de pessoas físicas e jurídicas em “café cru em grão”; • Não havendo suspensão, a receita bruta da venda de “café cru em grão” pelas cooperativas de produção agropecuária, quando decorrente de ato nãocooperativo ou ato cooperativo, é tributada à alíquota geral do PIS e da Cofins. Nesse caso, a Recorrente, adquirente, tem direito ao aproveitamento do crédito integral; • A cooperativa de produção agropecuária, quando comercializa o “café cru em grão” no mercado interno para a Recorrente, transfere na nota fiscal o total do crédito fiscal do PIS que não foi possível compensar ou ressarcir em espécie nesta etapa da cadeia produtiva, em atendimento ao princípio constitucional da nãocumulatividade; Fl. 19504DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.505 6 • Não se pode admitir a hipótese de aproveitamento do crédito presumido do PIS em duas etapas da cadeia produtiva do café; • O regime de suspensão do PIS nas vendas efetuadas por cooperativas passou a vigorar a partir na publicação da IN SRF 636/2006, revogada pela IN SRF 660/2006, que estabelece as regras a serem observadas; • Se o produto adquirido como insumo de pessoa jurídica não teve sua receita favorecida pela suspensão do PIS e da Cofins, mostrase lógico inferir que o aproveitamento do crédito pelo adquirente observará as regras gerais; • As informações do Parecer, no que se refere a aquisições de pessoas jurídicas omissas ou inaptas, não são de conhecimento da Requerente, já que não foi convocada a participar do procedimento administrativo a elas alusivo; • Houve ofensa ao direito ao contraditório e a ampla defesa, sendo necessário afastar os efeitos dos fundamentos expostos no Parecer e no Anexo 1, Vols. I e II, eis que produzidos sem a participação da empresa Recorrente; • Diferentemente do IPI, no caso da nãocumulatividade do PIS, não há o que falar se, na etapa anterior houve recolhimento ou não das contribuições. Esse entendimento já foi manifestado pela DRJ/RJO II em caso semelhante; • No método subtrativo direto, aplicado ao PIS, o próprio contribuinte deve apurar o valor a ser abatido da aplicação da alíquota sobre o montante das vendas ou das prestações de serviços; • A Recorrente agiu de boafé, tendo, pois, o direito ao aproveitamento do crédito integral nas aquisições de pessoas jurídicas posteriormente declaradas inativas, omissas e com receita nula; • Segundo o art. 82 da Lei 9.430/96, as empresas que comprovarem a efetivação do pagamento do preço e o recebimento das mercadorias não poderão ter seus créditos glosados. Tal preceito é reproduzido no art. 217 do RIR/99; • A Recorrente teve o zelo de fazer consultas ao SINTEGRA, banco de dados da RFB. Ainda que as empresas fornecedoras estivessem inativas no momento da realização das operações, o que não é verdade, a Recorrente jamais poderia ser prejudicada por fatos que não causou; Fl. 19505DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.506 7 • Nenhum dos acionistas da empresa Recorrente foi denunciado pelo Ministério Público Federal, não respondendo a quaisquer dos crimes que foi objeto da operação denominada “Broca”, conforme certidão em anexo; • Várias das empresas arroladas ainda apresentam situação cadastral “ativa” de seus CNPJ’s; • Seguem os comprovantes de ingresso das mercadorias e de seus respectivos pagamentos, acompanhados da consulta ao SINTEGRA; • A fiscalização cometeu alguns erros na apuração da base de cálculo da contribuição: valor do débito informado no mês de maio de 2006; deixou de incluir despesas relativas a materiais, insumos e serviços do ano de 2006; incluiu compras junto à Cooperativa de Cafeicultores da Média Sorocabana Ltda., no mês de abril, como se fossem aquisições junto à CONAB; • O autor do procedimento fiscal desconsiderou a realidade dos fatos amparada nos lançamentos contábeis. A contabilidade é meio de prova hábil e idôneo, não sendo possível desconsiderála em razão da supressão da essência em relação à exigência de formalidades; • Trechos extraídos de inquéritos policiais, ou mesmo a existência de referidos procedimentos, não representam prova de suposta obtenção fraudulenta de créditos; • Somente seria possível considerar existente a alegada fraude na eventualidade de vigorar uma sentença penal condenatória com trânsito em julgado; • A atividade de corretagem de café é essencial ao comércio atacadista de café, devendo os desembolsos decorrentes do pagamento de corretagem serem considerados como insumos à atividade da Recorrente; • O conceito de insumos dado pela IN SRF 404/2004 é equivocado, o que permite concluir que o legislador administrativo extrapolou sua função regulamentar; • Requer a reforma do Parecer SEORT, o restabelecimento do crédito integral do PIS e que seja reconhecida a posição da Recorrente como preponderantemente exportadora, nos termos da IN RFB 1060/2010 (ressarcimento acelerado), em relação aos futuros pedidos. Por fim, protesta pela juntada posterior de quaisquer documentos que se fizerem necessários. Fl. 19506DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.507 8 Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 19262/19289), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada procedente em parte, para reconhecer o direito creditório, no valor de R$ 55.744,93, referente à Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa, vinculada às operações de exportação, acumulado no período de janeiro a dezembro de 2006, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 NULIDADE. Não padece de nulidade o auto de infração, lavrado por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Operamse os efeitos preclusivos previstos nas normas do processo administrativo fiscal em relação à matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ELEMENTOS DE PROVA. A prova deve ser apresentada na manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, por força do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. Os serviços caracterizados como insumos são aqueles diretamente aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Despesas e custos indiretos, embora necessários à realização das atividades da empresa, não podem ser considerados insumos para fins de apuração dos créditos no regime da não cumulatividade. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 FRAUDE. DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. NEGÓCIO ILÍCITO. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos Fl. 19507DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.508 9 decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderando os negócios fraudulentos. A autuada foi cientificada da decisão de primeira instância em 21/9/2012 (fl. 19294). Em 17/10/2012, protocolou o recurso voluntário de fls. 19295/19380, em que reafirmou as razões de defesa apresentadas na peça impugnatória, concernentes à glosa integrais dos créditos oriundos da aquisição (i) de cooperativas, (ii) de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada e (iii) das despesas de corretagem. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator (quanto ao restabelecimento do direito ao crédito integral na aquisição das cooperativas) Conforme delineado no relatório precedente, o cerne da controvérsia cingese (i) a glosa parcial dos créditos calculados sobre a aquisição de café cru em grão de cooperativas de produção e de pessoas jurídicas irregulares (inativas, omissas ou sem receita declarada), e (ii) a glosa integral dos créditos calculados sobre o valor das despesas de corretagem na compra do café em grão. I Da Glosa Parcial de Créditos Referentes às Aquisições de Cooperativas de Produção Agropecuária De acordo com o Parecer que serviu de fundamento para o questionado Despacho Decisório (fls. 514/515), a autoridade fiscal glosou os créditos integrais, apurados pela recorrente, calculados sobre os valores das aquisições de “café cru em grão” ou “café beneficiado” realizadas de cooperativas de produção agropecuária, mas, em compensação, calculou e reconheceu em seu favor o valor do crédito presumido, previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004. As razões da glosa parcial, apresentada no citado Parecer (fls. 189/201 e 510/514), em síntese, foram as seguintes: a) as cooperativas de produção agropecuária encontravamse obrigadas a dar saídas do café em grão com suspensão da exigibilidade das contribuições, por força do disposto no art. 9o da Lei 10.925/2004; b) como a interessada apurava o imposto de renda com base no lucro real e exercia atividade agroindustrial, definida no art. 6º da Instrução Normativa SRF 660/2006, tinha o direito de apropriar apenas o crédito presumido sobre as aquisições das cooperativas de produção agropecuária; c) o não cumprimento pela cooperativa agropecuária de produção da obrigação acessória de registrar na nota fiscal a observação de que a saída era com suspensão não permitia ao adquirente aproveitarse do crédito integral; d) as receitas das cooperativas agropecuárias de produção, decorrentes da comercialização da produção dos cooperados, não integravam a base de Fl. 19508DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.509 10 cálculo da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001, por conseguinte, quando tais cooperativas não davam saída com suspensão não recolhiam os tributos sobre estas receitas, daí o motivo pelo qual a lei previa apenas o crédito presumido ao adquirente das citadas cooperativas; e e) a parcela das aquisições de café efetuadas de cooperativas agropecuárias de produção com crédito integral foram glosadas, mantendose, em seu lugar, o crédito presumido previsto no art. 8o da Lei 10.925/2004. A Turma de Julgamento de primeiro grau ratificou a glosa parcial determinada pela autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem, sob o argumento de que as compras foram realizadas com suspensão da cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep e a recorrente não comprovara que o produto fora destinado à revenda. As razões de decidir apresentadas no voto condutor do julgado recorrido, em síntese, foram baseado nos seguintes argumentos: a) o produto adquirido pela recorrente estava descrito nas notas fiscais de venda como “café cru em grão” ou “café beneficiado”, o que evidenciava uma venda de produto não submetido a processo industrial; b) o “café cru” era a semente beneficiada, mas, para efeito da aplicação da obrigatória suspensão da exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep, em relação às vendas efetuadas por cooperativa agropecuária de produção, era irrelevante o fato de a referida sociedade cooperativa realizar a atividade de beneficiamento, pois, somente o exercício cumulativo das atividades descritas no do art. 8o, § 6o, da Lei 10.925/2004 e no art. 6º, II, da Instrução Normativa SRF 660/2006, caracterizava tal atividade como agroindustrial, o que não ocorrera com o produto adquirido pela recorrente; c) o processo de beneficiamento do café, executado de forma isolada pela cooperativa, não a descaracterizava como cooperativa de produção agropecuária, consequentemente, não lhe era permitida a apropriação do crédito presumido da Contribuição para o PIS/Pasep, previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004; d) a recorrente atendia, cumulativamente, os três requisitos estabelecidos no art. 4º da Instrução Normativa 660/2006, para que a venda fosselhe realizada com suspensão da cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep; e e) tratandose de aquisições de cooperativa de produção agropecuária, a recorrente não provara que o produto adquirido fora destinado à revenda, hipótese em que o produtos não era obrigado a sair com suspensão do estabelecimento da cooperativa de produção agropecuária. Ainda segundo a recorrente, no mercado interno, o ciclo de produção e comercialização do “café cru em grão” por ela exportado era realizado em três etapas, a saber: a) 1ª etapa, aquisição do café in natura de pessoa jurídica (cerealista) e de pessoa física (produtor rural) pela sociedade cooperativa que exercia atividade industrial; b) 2ª etapa, o processo de industrialização do café in natura pela cooperativa industrial; e c) 3ª etapa, venda para o exterior do “café cru em grão” pela recorrente com manutenção dos créditos integrais das contribuições. Fl. 19509DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.510 11 Após detalhada descrição de cada uma das etapas, a recorrente chegou a conclusão que a Turma de Julgamento de primeiro grau havia desconsiderado a existência da 2ª etapa do descrito ciclo de produção/comercialização. Sem razão a recorrente. Diferentemente do alegado, o citado órgão de julgamento não desconsiderou a existência da referida etapa, mas sim a não comprovação de que ela tenha sido realizada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária fornecedoras do produto à recorrente, o que é diferente. Aliás, esse também é o entendimento aqui explicitado, baseado na ausência de provas de que as ditas cooperativas fornecedoras do “café cru em grão” ou “café beneficiado”, adquirido pela recorrente, tenha realizado o exercício cumulativo das atividades discriminadas no art. 8º, 6º, da Lei 10.925/2004. A recorrente alegou ainda a impossibilidade jurídica de aproveitamento, em duplicidade, do crédito presumido previsto no art. 8º, § 1º, II, da Lei 10.925/2004, sob o argumento de que tal crédito já havia sido utilizado pelas supostas cooperativas industriais fornecedoras do “café cru em grão” por ela exportado. Mais uma vez, não assiste razão à recorrente. Primeiro, não há provas nos autos que as cooperativas de produção agropecuária fornecedoras do produto tenha utilizado o mencionado crédito presumido. Segundo, se utilizou, foi indevidamente, pois, o referido produto não fora submetido a processo produção agroindustrial, conforme anteriormente demonstrado. Cabe ressaltar novamente, que, de acordo com os preceitos normativos anteriormente analisados, o crédito presumido em comento não pode ser utilizado em duplicidade em relação ao mesmo produto, mas apenas uma única vez e pelo estabelecimento industrial que realizar, em primeiro lugar, o exercício cumulativo das citadas atividades agroindustriais. E no caso em tela, ficou comprovado que foi a própria recorrente quem realizou tais atividades, portanto, corretamente a autoridade reconheceulhe o citado crédito presumido. Há provas nos autos que somente a recorrente comprovou ter os equipamentos e a estrutura industrial adequada e suficiente, para a realização das citadas atividades cumulativas de beneficiamento exigidas no citado preceito legal, conforme resposta prestada a fiscalização, em atendimento aos pedido de esclarecimentos formulados no Termo de Intimação Fiscal nº 1, explicitada nos trechos extraídos no item 6 da dita resposta (fls. 75/76), que seguem transcritos: A natureza da atividade econômica exercida pela Unicafé Cia. de Comércio Exterior é o comércio atacadista de café em grãos cru. A empresa realiza por conta própria e de terceiros as operações descritas no art. 8o, § 6o da Lei 10.925/04 [...]. Por fim, complementando a resposta de forma mais abrangente e detalhada a empresa executa diversas operações da seguinte forma: A Unicafé adquire cafés de diversos tipos e de variados fornecedores, pessoas físicas e jurídicas. Ao ingressar esses produtos em suas dependências, acondicionados em sacas Big Bags, o café é pesado. As sacas são furadas para retirada de amostras dos lotes/pilhas. As amostras são numeradas. Em ato Fl. 19510DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.511 12 subseqüente seguem para o escritório para prova e identificação de tipo, bebida e conferência da mercadoria comprada. Depois o café é submetido a um processo de rebeneficiamento para retirada de impurezas e grãos com defeitos. Posteriormente o café é separado por peneiras e tipos o que permite a seleção dos grãos por tamanho. Em ato contínuo, os produtos são levados para ventilação, aqui ocorre a separação dos cafés mais leves chamados escolhas (brocados, malgranados e conchas). Por último, cada tipo de café é separado por cor, realizada por processamento eletrônico, por meio de células fotoelétricas, permitindo a retirada dos grãos verdes, pretos, dentre outros. Após todo o processamento acima realizado, a empresa separa os cafés em lotes (tipo, peneira, bebida, etc.) através de pilhas de serviço que fica a disposição do setor comercial para utilizálos na formação de diferentes “blends” para atendimento de nossos clientes no mercado interno e externo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a improcedência das alegações suscitadas pela recorrente e uma vez demonstrado que o produto “café cru em grão” ou “café beneficiado” não fora submetido ao exercício cumulativo das atividades agroindustriais discriminadas no art. 8º, 6º, da Lei 10.925/2004, pelas cooperativas agropecuárias de produção fornecedoras, deve ser mantida a glosa parcial dos créditos, nos termos determinados no Parecer e Despacho Decisório integrante dos autos (fls. 189/201 e 510/515). II Da Glosa Parcial dos Créditos Referentes às Aquisições de Pessoas Jurídicas Irregulares A autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem procedera a glosa parcial do crédito calculados sobre o valor da aquisição de pessoas jurídicas em situação irregular (omissas, inativas, inaptas ou com receita incompatível), sob o argumento de que houve fraude na operação de compra do café em grão, caracterizada pela interposição fraudulenta de “empresas de fachada ou laranja”. Segundo a citada autoridade fiscal, a real operação de compra e venda do produto fora realizada diretamente entre o produtor rural, pessoa física, e a recorrente, o que lhe assegurava somente o direito ao crédito presumido, no montante equivalente a 35% (trinta e cinco por cento) daquele previsto no art. 2o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, conforme estabelecido no art. 8°, § 3º, III, da Lei 10.925/2004. Por sua vez, a recorrente, em síntese, alegou que: a) era adquirente de boafé; b) as presunções e provas produzidas no âmbito da “Operação Broca” e “Operação Tempo de Colheita” não poderia ser utilizadas no caso em tela; c) não foram observados os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa; e d) a inadequada utilização de depoimentos como único meio de prova. Do contexto legal da origem à glosa realizada. Sob o aspecto legal, com a introdução do regime não cumulativo, por intermédio das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, os contribuintes, sujeito ao citado regime, adquirentes de bens de pessoas jurídicas passaram a gozar do direito de crédito sobre o valor das compras, no valor equivalente a 9,25% da operação de aquisição. O referido percentual Fl. 19511DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.512 13 corresponde ao somatório das alíquotas normais fixadas para o cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep (1,65%) e Cofins (7,6%), incidentes sobre o valor da receita bruta mensal. No caso do mercado de café em grão, uma particularidade deve ser ressaltada: se a empresa comprar o produto diretamente do produtor rural, pessoa física, desde que atendido os requisitos legais, a ela é assegurado o direito de apropriarse de um valor de crédito presumido equivalente a 35% (trinta e cinco por cento) daquele referente a uma compra de um produtor ou atacadista, pessoa jurídica. Essa permissão de creditamento entrou em vigor a partir 1/2/2004, na forma e nos termos do art. 8º, § 3º, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: [...] III  35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Renumerado pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) [...] (grifos não originais). Antes da vigência do citado preceito legal, prevalecia a regra geral, que vedava o creditamento resultante de compras de pessoa física, na forma do § 3º do art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a seguir reproduzido: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: Fl. 19512DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.513 14 I  aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II  aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; [...] (grifos não originais) Dado esse contexto legal, fica evidenciado que, para os contribuintes, submetidos ao regime não cumulativo das citadas contribuições, sob o ponto de vista tributário, passou a ser vantajoso adquirir o café em grão diretamente de pessoa jurídica, ao invés do produtor rural, pessoa física, pois a aquisição direta de pessoa jurídica asseguravalhes o valor integral do crédito calculado sobre valor da operação compra e não equivalente a 35% (trinta e cinco por cento), título de crédito presumido. Da fraude praticada contra a Fazenda Nacional. Previamente, cabe esclarecer que a glosa parcial dos créditos em apreço foi motivada pela apuração de fraude fiscal nas aquisições do café em grão, realizada pela recorrente, mediante a utilização de interpostas pessoas jurídicas de “fachada ou laranja”. A apuração da referida fraude foi feita no âmbito das operações denominadas “Tempo de Colheita” e “Broca”. Segundo Nota Conjunta da Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal, colacionadas aos autos (fl. 19261), as firmas de exportação e torrefação envolvidas na citada fraude utilizavam empresas “laranjas”, que, mediante venda de notas fiscais, atuavam como intermediárias fictícias nas operações de compra e de venda de café em grão entre os produtores rurais e as empresas exportadoras e industriais, com a finalidade de gerar indevidamente créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep. De acordo com citada Nota, a prática criminosa vinha ocorrendo desde 2003, causando prejuízo de bilhões de reais aos cofres públicos federais. No caso em tela, há provas nos autos que comprovam que a maior parte dos fornecedores da recorrente foram constituídos a partir do ano de 2002, conforme exposto no quadro de fls. 19276/19277, e que, geralmente, estiveram em situação irregular no período em que foram fiscalizadas, seja por omissão em relação as suas obrigações acessórias, seja em relação ao pagamento de tributos. Com base no quadro de fls. 196/198, que integra o citado Parecer que serviu de fundamento para o questionado Despacho Decisório, extraise que grande parte dos fornecedores da recorrente encontravamse em situação irregular no período de apuração dos créditos. Ademais, por ocasião da edição do citado Despacho Decisório, 14 fornecedores já haviam sido declarados inaptos ou se encontravam com o CNPJ suspenso. No conjunto, as empresas supostas fornecedoras da recorrente movimentaram no ano de 2008 (considerando apenas as operações envolvendo a recorrente) cerca de R$ 197.187.539,74, mas praticamente nada recolheram, no período, a título de Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, e sequer apresentaram declaração informando os valores das receitas auferidas e os valores dos débitos apurados e a recolher. A este quadro de graves irregularidades, somase ainda o fato, constatado pela fiscalização em várias diligências, que nenhuma das empresas diligenciadas possuíam Fl. 19513DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.514 15 armazéns ou depósitos nem funcionário contratados, o que, em condições normais de operação, contrariava as tradicionais empresas atacadistas de café estabelecidas na região, detentoras de grande estrutura operacional e administrativa necessária para armazenar, beneficiar e movimentar o grande volume de café transacionado. Assim, sem a existência de depósitos, funcionários, maquinário e qualquer logística, fica cabalmente evidenciado que tais empresas não tinham a menor condição de transacionar tão grande quantidade de café em grão. Com tal estrutura, a única atividade que era passível de ser realizada pelas pessoas jurídicas investigadas, certamente, era a venda e emissão de notas fiscais inidôneas, conforme sobejamente comprovado no curso do processo investigativo efetivado no âmbito das citadas operações. No caso, as provas coligidas aos autos, extraídas dos processos de representação fiscal para fins de inaptidão das pessoas jurídicas de “fachada ou laranja” (Anexo I – fls. 204/457), evidenciam que as denominadas “pseudoatacadistas” eram empresas de “fachada ou laranja”, utilizadas apenas para simular operações fictícias de compra e venda de café em grão com os produtores rurais e empresas exportadoras e industriais. Em outras palavras, as empresas denominadas “pseudoatacadistas” simulavam, simultaneamente, uma operação de compra dos produtores rurais, pessoas físicas, e outra de venda para as empresas exportadoras e industriais, dentre as quais a recorrente foi uma das principais beneficiárias desse esquema fraudulento, haja vista a grande quantidade de notas fiscais compradas das citadas empresas, que se encontram colacionadas aos autos (fls. 860 e ss.). As informações fiscais, prestadas com base em documentos obtidos e apreendidos durante as citadas operações, e os depoimentos de representantes de direito (“laranjas”), procuradores e de pessoas ligadas às empresas “pseudofornecedoras” (fls. 204 e ss.), colhidos durante a operação “Tempo de Colheita”, confirmam a participação dos compradores na fraude, dentre os quais a Unicafé. Além dos trechos de depoimentos reproduzidos no Parecer, que integra o questionado Despacho Decisório, merecem destaque alguns fatos apurados através de depoimentos nos diversos processos que foram abertos contra as pessoas jurídicas fornecedoras de notas fiscais, que participaram da fraude. No voto condutor do julgado recorrido, de forma criteriosa e didática, o nobre Relator selecionou, dentre as várias declarações prestadas pelos envolvidos no esquema, aqueles mais relevantes, que, de forma congruente e uníssona, confirmam o modus operandi, os mentores, os executores e os reais beneficiários da gigantesca fraude praticada contra Fazenda Nacional. Em face da relevância de tais informações para compreensão da fraude em comento e o deslinde da controvérsia, pedese licença para transcrever a seguir os excertos mais relevantes extraídos do citado voto: Em resposta à intimação da autoridade fiscal, as empresas Cafeeira Arruda, Colúmbia, Do Grão e L&L confirmam os indícios, inclusive o de participação dos compradores na fraude, ao afirmarem que em alguns casos, nem mesmo procuravam o vendedor/produtor, pois “o comprador (seja indústria, exportador ou corretora), depois de fazer a negociação direta com o produtor ou com a corretora de mercado futuro”, apenas informava a Depoente que iria “precisar de seus serviços, quais sejam receber a Nota do Produtor, receber o dinheiro, pagar o produtor e emitir Nota Fiscal de Venda/Viagem”. Afirmaram também que os recursos transitados pela conta da Depoente são Fl. 19514DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.515 16 dos compradores do café, sejam estes corretores futuros, indústrias torrefadores, atacadistas ou exportadores (fl. 232, 274, 315). Afirmam que não são atacadistas de café, mas simples corretores que se transformaram em agentes por imposição dos compradores (fl. 212, 232, 274, 315). A Cafeeira Arruda, em seu depoimento, confirma os mesmos fatos e afirma que forneceu nota fiscal para a Unicafé (fl. 213). No mesmo sentido é o depoimento do sócio da Agrosanto (fls. 420/423). Em outros depoimentos, prestados por diversos produtores rurais e/ou maquinistas, estes confirmam que o café sai da propriedade rural/armazém do maquinista e é guiado em nome das empresas de “fachada” (Colúmbia, Do Grão, Enseada, L & L, etc) e que após efetuada a troca da nota do produtor por nota fiscal emitida por estas empresas (troca esta efetuada por um motoboy em locais determinados), o café é descarregado diretamente nos armazéns das reais compradoras, dentre as quais, é citada a Unicafé (fls. 237, 238, 278, 279, 319). Os declarantes afirmam, ainda, que não conhecem e nunca negociaram com sócio ou representante das empresas “intermediárias”. Há também depoimentos que revelam a “resistência” por parte das reais empresas compradoras de café (atacadistas, exportadores e indústrias) em adquirir café diretamente do produtor rural e que afirmam “ter conhecimento da existência de mercado de fornecimento de nota fiscal por empresas laranjas com a finalidade de guiar café do produtor rural para as grandes empresas exportadoras para obtenção de crédito do PIS/COFINS” (fl. 303, 397). Os depoimentos denunciam a fraude, confirmam seu modus operandi, e, ainda, demonstram a participação efetiva das empresas adquirentes do café. O citado esquema de fraude também foi amplamente divulgada na grande imprensa do Estado do Espírito Santo, conforme se verifica nas reportagens que se encontram colacionadas aos autos (fls. 450/457). Em consulta as referidas reportagens, chamou a atenção deste Relator a reportagem que foi publicada no Jornal “A Gazeta Vitória”, edição de 3 de junho de 2010, noticia que, entre os milhares de materiais apreendidos no curso da denominada “Operação Broca”, constava o manual da fraude, que consistia num “manual completo de como burlar a fiscalização”. Apresentado o contexto legal e o modus operandi do esquema de fraude para apropriação ilícita de créditos das referidas contribuições, passase a analisar as alegações da recorrente. Da condição de adquirente de boafé. Na peça recursal em apreço, a recorrente alegou que não procedia a glosa parcial realizada pela fiscalização, sob o argumento de que era compradora de boafé, pois, havia comprovado a “efetivação do pagamento do preço e o recebimento das mercadorias”, em conformidade com disposto no art. 82 da Lei 9.430/1996, a seguir transcrito: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos Fl. 19515DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.516 17 tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. Segundo a recorrente, há uma “amazônica quantidade de documentos acostada aos autos” que comprovam a efetivação do pagamento do preço e o recebimento do café cru em grão por ela adquirido, que atende o disposto no citado preceito legal. Acontece que, no caso em tela, não há controvérsia em relação ao recebimento e pagamento das mercadorias. Aliás, a própria autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem, no referenciado Parecer, asseverou que não havia “questionamento quanto à aquisição das mercadorias”, visto que havia “registro das saídas equivalentes”, e, em face dessa constatação, reconheceu, em favor da recorrente, o valor do crédito presumido calculado sobre as respectivas aquisições. Assim, para fiscalização, a real operação de compra e venda foi a realizada entre o produtor rural, pessoa física, e a recorrente, dissimulada com a intermediação das interpostas “pseudoatacadistas”. Também cabe ressaltar o correto procedimento adotado pela fiscalização ao desconsiderar a operação simulada (aparente) e reconhecer a existência da operação dissimulada (camuflada), o que está em perfeita consonância com a orientação geral presente no ordenamento jurídico do País, no sentido de que reputase “nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma”, conforme expresso no art. 167 do Código Civil, a seguir transcrito: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I  aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II  contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III  os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. (grifos não originais) Portanto, fica evidenciado que o cerne da controvérsia consiste em saber se as supostas operações de compra e venda realizadas pela recorrente com as empresas “pseudoatacadistas” foram reais ou uma mera simulação para acobertar a efetiva operação de compra do café em grão, com a finalidade de apropriarse de parcela indevida de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Fl. 19516DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.517 18 Dessa forma, no que tange à questão em apreço, os fartos elementos probatórios existentes nos autos conduz a conclusão que o cerne da controvérsia consiste em saber de quem foi, realmente, comprada o café em grão adquirido pela recorrente e a quem foi feito o pagamento real da operação. Em outras palavras, os documentos colacionados aos autos pela recorrente representam a efetiva operação de compra e venda ou se trata de mera dissimulação da real operação? Ademais, os documentos relativos aos pagamentos comprovar que foram realizados a quem efetivamente vendeu o café (o produtor rural) ou foram realizados à interpostas pessoas (as pseudoatacadista)? Assim, para um justo deslinde da controvérsia, certamente, tais questões precisam ser respondidas, em respeito ao princípio da verdade real, que rege o processo administrativo fiscal. Em nome da verdade material, o que deve ser analisado é se a “amazônica quantidade de documentos” colacionados aos autos pela recorrente representam a real operação de compra e venda realizada pela recorrente e se tais pagamentos foram efetivamente feitos aos reais vendedores do produto, ou apenas serviram para dissimular as operações em que reais vendedores eram os produtores rurais (pessoas físicas) e os pagamentos eram realizados a empresas “pseudoatacadistas”, para dissimular a real operação de compra e venda realizada entre o produtor rural (pessoa física) e a recorrente. Os documentos colacionados aos autos pela recorrente, para comprovar o recebimento das mercadorias e efetivação do pagamento do preço do produto adquirido, constam das fls. 860 e ss. Da análise dos referidos documentos, feita por amostragem, verifica se um procedimento padrão, qual seja, para cada uma das milhares de compras realizadas perante as 42 “pseudoatacadistas” (fls. 184/185), para cada uma delas, no início, consta uma planilha com os dados consolidados das supostas compras, seguida das notas fiscais de cada uma das compras, acompanhadas de cópias de (i) extratos de consulta ao CNPJ e SINTEGRA, realizada na mesma ou em data próxima a da compra, (ii) de fichas de compra e nota de cálculo e liquidação da operação, (iii) romaneio da carga; e (iv) aviso de débito em conta corrente ou cheque nominal em nome da emitente da nota fiscal. Previamente, cabe esclarecer que, nos presentes autos, não há dissenso sobre os documentos fiscais colacionados aos autos pela recorrente, mas sobre o que eles não contêm. Não se pode olvidar que as notas fiscais coligidas aos autos representam a verdade formal da operação de venda (a mera existência do documento). Do mesmo modo, a consulta aos cadastros do CNPJ e SINTEGRA prova apenas que a empresa estava cadastrada. Sabidamente, a inscrição regular em tais cadastro prova apenas a existência formal da pessoa jurídica. Em relação a tais provas, cabe as seguintes indagações: no exercício da atividade de compra e venda de café é prática normal que, em cada operação de compra, a compradora realize uma consulta prévia sobre a situação dos vendedores nos citados cadastros? Ademais, porque a recorrente somente muniuse das provas formais, que, aparentemente, comprovavam apenas a regularidade formal das supostas empresas fornecedoras perante os citados cadastros? No caso, embora tenha se revelado diligente com a obtenção de documentos que certificavam a regularidade formal da existência dos seus fornecedores, a mesma diligência não foi direcionada para fim de verificação da existência de fato, da idoneidade empresarial, da capacidade operacional e patrimonial das denominadas “pseudoatacadistas”. Fl. 19517DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.518 19 Nesse sentido, se a recorrente tivesse solicitado cópia dos contratos de constituição dos referidos fornecedores, prática normal no meio comercial quando há transações envolvendo altas cifras, induvidosamente, teria verificado que os sócios dos seus maiores fornecedores eram pessoas humildes, sem instrução, sem patrimônio e sem condições financeiras e conhecimento técnico para dirigir uma empresa atacadistas de café que transacionou centenas de milhões de reais do produto. Pela mesma razão, se tivesse tido a precaução de pedir cópia dos demonstrativos contábeis dos referidos fornecedores, certamente teria constatado que todas elas não tinham patrimônio, funcionários e o mínimo de estrutura operacional para vender uma quantidade tão grande de café. Enfim, se tivesse solicitado as cópias da DIPJ dos seus grandes fornecedores também teria confirmado que eles não tinham idoneidade fiscal para atuar no mercado atacadista do café e não passava de meras empresas de “fachada ou laranja”. Entretanto, nada disso foi feito pela recorrente, que se contentou com a mera confirmação de que tais fornecedores tinham inscrição ativa no CNPJ e no SINTEGRA. E a obtenção de tais informações revelavamse por demais necessárias, dada a circunstância de que, em 22/10/2007, data anterior ao período de apuração dos créditos glosados, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória (DRF/VIT), havia dado início a denominada “Operação Tempo de Colheita”, para averiguar se as supostas pessoas jurídicas arroladas no processo investigatório atuavam efetivamente como empresas comerciais atacadistas de café. E o resultado final das investigações foi a descoberta de um grandioso esquema de venda de notas fiscais criado para possibilitar o creditamento da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, no montante de 9,25% sobre o valor indicado nas notas fiscais. Ora se tal fato fora amplamente noticiado na imprensa local e teve ampla repercussão perante o setor cafeeiro onde atuava a recorrente, revelase de todo impensável que tal fato não tenha chegado ao conhecimento da recorrente, que, mesmo diante da gravidade de tais ilícitos, fez ouvidos de mercador e continuou praticando as mesmas condutas fraudulentas apuradas na “Operação Tempo de Colheita”, porém, para se precaver de futura fiscalização, muniuse de documentos que, aparentemente, conferiam roupagem de legalidade e realidade às operações simuladas. Para comprovar que tais operações registradas nas citadas notas fiscais não passavam de mera simulação, a fiscalização colacionou aos autos (fls. 204 e ss.) fartas provas documentais e informações colhidas em depoimentos prestados por produtores rurais, corretores de café, representante legais (formais) das “pseudoatacadistas”, participantes do esquema de fraude, que demonstram que as aquisições do café não foram realizadas das denominadas “pseudoatacadistas”. Na verdade, tais empresas apenas forneciam as notas fiscais, para simular uma operação de compra e venda que, de fato, foi realizada entre os produtores rurais, pessoas físicas, não contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, com o único e intencional propósito de gerar crédito integral das referidas contribuições em favor da recorrente. Além disso, a partir da leitura dos diversos depoimentos prestados pelos representante legais (formais) das “pseudoatacadistas” extraise que a recorrente não só sabia da fraude em comento, com se revela uma das beneficiárias do esquema, pois, segundo os citados depoimentos, condicionava a compra do café a intermediação e emissão das notas fiscais pelas “pseudoatacadistas”, o que deu origem a um mercado paralelo de venda de notas fiscais, em que era negociada ao preço variável de R$ 0,15 a R$ 0,30. Fl. 19518DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.519 20 Assim, fica demonstrada a improcedência da alegação da recorrente que não havia nos autos, absolutamente, nenhuma prova robusta e idônea no sentido da participação da recorrente na suposta fraude. Com efeito, as provas coligidas aos autos pela fiscalização (fls. 204 e ss.) não só provam que a recorrente participou do esquema como ela fora beneficiada com o esquema fraudulento, haja vista que as “pseudoatacadistas” emitiram seu nome inúmeras notas fiscais de venda. A título ilustrativo, cabe citar o depoimento do Sr. Fernando Tadeu Tozzi dos Santos, sócio da Cafeeira Arruda Ltda., que faz expressa citação de que à recorrente foram fornecidas notas fiscais para “guiar o café do produtor rural para as empresas exportadoras e industriais” e que as contas correntes da referida empresa serviam “apenas para receber recursos das empresas exportadoras e indústrias e repassar aos produtores.” Dado esse contexto e tendo em conta que as provas coligidas aos autos pela recorrente (fls. 647 e ss.) apenas retratam as operações simuladas noticiada nos autos, chegase a conclusão que a recorrente não agiu como compradora de boafé, como alegara. Ao contrário, os fatos relatados nos autos, respaldados por prova idôneas, demonstram que a recorrente não só contribuiu para existência do citado esquema de fraude, como ainda dele tentou se beneficiar, apropriandose indevidamente de créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre aquisições simuladas das “pseudoatacadistas” de café. Da utilização de presunções e provas produzidas no âmbito das operações “Tempo de Colheita” e “Broca”. A recorrente alegou que a fiscalização se contentara com meros indícios, fluidas presunções para negar o direito subjetivo da contribuinte ao direito creditório da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep. Sem a razão a recorrente. A glosa realizada pela fiscalização foi baseada no fundamento de que a recorrente não provou o direito creditório pleiteado, pois, as notas fiscais apresentadas representavam mera dissimulação da real aquisição do café em grão adquirido de produtores rurais, pessoas físicas, não contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep e que faz jus apenas a parcela do crédito presumido por força do disposto no art. 8º da Lei 10.925/2004. Diferentemente do alegou a recorrente, há sim provas robustas e idôneas colacionadas aos autos que comprovam que as notas ficais por elas apresentadas para comprovar do aquisição do café em grão diretamente de empresas atacadistas, na verdade, foram compradas no mercado negro de venda de notas, criado a partir do ano de 2002, com o único propósito de gerar crédito das citadas contribuições e fraudar o pagamento do Funrural. Também não procede a alegação da recorrente de que não há nos autos nenhuma prova idônea da sua participação no esquema de fraude em referência, pois, as próprias notas fiscais por ela colacionadas aos autos representam a prova cabal da sua participação no esquema e que poderia ser uma das principais beneficiárias, se não fosse revelada e comprovada a fraude. Por todas essas razões, rejeitase as referidas alegações. Da inobservância dos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. A recorrente alegou violação aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa e afronta ao disposto nos arts. 2º, X, 3º e 38 da Lei 9.784/1999. Fl. 19519DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.520 21 Sem razão a recorrente. Por força do disposto no art. 74, § 11, da Lei 9.430/1996, a norma que rege o processo administrativo de compensação e ressarcimento, é o Decreto 70.235/1972, com as alterações posteriores, doravante denominado de PAF. E a Lei 9.784/1999 (Lei Geral do Processo Administrativo Federal), nos termos do seu art. 691, somente, de forma subsidiária, aplicase ao citado processo, isto é, somente quando a matéria não for especificamente abordada no PAF é que o aplicador da norma poderá recorrer ao ditames da referida lei. Dessa forma, tendo conta que o direito ao contraditório e ao exercício do direito de defesa, no âmbito do processo administrativo fiscal, são matérias que se encontram disciplinados no PAF (arts. 14, 15, 33 e 37), em face do princípio da primazia da norma específica sob a genérica e tendo em conta determinação expressa do art. 69 da Lei 9.784/1999, no caso em tela, não houve a alegada agressão aos citados preceitos da Lei 9.784/1999. No caso processo de ressarcimento/compensação, a fase contenciosa, inicia se com a apresentação da manifestação de inconformidade do contribuinte e se encerra com a prolação da decisão definitiva, nos termos do art. 42 do PAF. No caso em tela, as disposições dos referidos preceitos legais encontramse plenamente satisfeitas, pois, após proferido o contestado Despacho Decisório, a recorrente fora intimada da decisão proferida e teve acesso a todos os elementos que serviram de fundamento das glosas realizadas, inclusive apresentou robusta peça defensiva e uma “amazônica quantidade de documentos”. Portanto, não a alegada contradição aos citados princípios e tampouco aos citados preceitos da Lei 9.784/1999 Também não procede a alegação da recorrente de que em momento algum foralhe outorgado o direito de participar da coleta de depoimentos prestados pelos supostos profissionais do mercado de café, pois, se os referidos depoimentos foram colhidos no âmbito dos processos de declaração de inaptidão do CNPJ das “pseudoatacadistas”, formalizados em decorrência da operação das infrações apuradas no âmbito da denominada operação “Tempo de Colheita”, por não ser parte nos citados processo, obviamente, não havia razão para que a recorrente participasse da colheita dos questionados depoimentos. Com essas considerações, fica demonstrado que, diferentemente do alegado pela recorrente, o devido processo legal foi obedecido, haja vista que o contraditório foi regularmente instaurado e a recorrente exerceu o seu direito de defesa em toda sua plenitude, conforme determina os preceitos do PAF, em decorrência, rejeitase a presente alegação. Dos depoimentos como único meio de prova. A recorrente alegou que não era admitido tão somente a prova testemunhal nas obrigações cujo valor exceda o décuplo do salário mínimo, nos termos do art. 401 do CPC, a seguir transcrito: Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram celebrados. (grifos não originais) 1 O citado preceito legal tem o seguinte teor: "Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a regerse por lei própria, aplicandoselhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei." Fl. 19520DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.521 22 Mais uma vez sem razão a recorrente. Tal regra, sabidamente, não se aplica ao processo administrativo fiscal, que traa de relação jurídica estabelecida em lei, ao passo que o citado preceito legal trata de relação jurídica que tem origem em contrato, matéria estranha aos autos. Além disso, as provas testemunhais colhidas durante os vários depoimentos dos integrantes do multicitado esquema de fraude, prestados no âmbito das Operações “Tempo de Colheita” e “Broca”, apenas complementam e ratificam as várias provas documentais coligidas obtidas no curso das investigações realizados, dentre os quais podem os documentos sobre a constituição das “pseudoatacadistas”, a movimentação financeira incompatível, a falta de cumprimento das obrigações acessórias, inexistência de livros contábeis e fiscais, ausência de pagamento de tributos, sócios sem condições financeiras e técnicas de gerenciar as empresas (“sócios laranjas”), procurações em nome de pessoas com amplos poderes para gerenciar as contas correntes bancários das “pseudoatacadistas” etc. Também não procede a alegação da recorrente de que as provas coligidas aos autos eram ilícitas, porque obtidas por meio inadequado. A uma, porque todas as provas coligidas aos autos são lícitas e foram obtidas por meio adequado. A duas, porque a recorrente não apresentou qual foi meio ilícito adotado pela fiscalização para obtenção das referidas provas. Por todas essas razões, rejeitase as citadas alegações. Do Direito à Utilização do Crédito Presumido Sem Restrição A recorrente alegou que, caso não fosse acatado o direito ao crédito integral, o que admitia apenas para fins argumentação (princípio da eventualidade), fosselhe assegurado o direito de utilizar os créditos presumidos, reconhecidos pelo Despacho Decisório, sem qualquer restrição, inclusive por meio de ressarcimento em dinheiro e compensação com outros tributos federais. De acordo com o item 397 e 402 do citado Parecer, a autoridade fiscal informou que, por força do disposto no art. 8º, § 3º, I e II, da Instrução Normativa SRF 660/2006, os créditos presumidos reconhecidos à recorrente, com base no art. 8º, § 3º, I e III, da Lei 10.925/2004, somente poderia ser utilizado para dedução dos débitos das respectivas contribuições, sendo vedada a utilização para fins de compensação e ressarcimento. Acontece que, após exarado o referido Parecer, em 26/6/2014, foi publicada a Lei 12.995/2014, que, no seu art. 23, acrescentou o art. 7ºA à Lei 12.599/2012. O novo preceito legal ampliou as possibilidades de aproveitamento do referido crédito presumido, apurado em relação à aquisição de café in natura, que passou a poder ser utilizado, observado a legislação específica aplicável à matéria, para fins de compensação e ressarcimento, conforme se infere do texto a seguir transcrito: Art. 23. A Lei no12.599, de 23 de março de 2012, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 7oA: “Art. 7oA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1º de janeiro de 2012 em relação à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: Fl. 19521DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.522 23 I  compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos; ou II  pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos.” (grifos não originais) Diante da mencionada previsão legal e tendo em conta que os créditos presumidos reconhecidos no citado Despacho Decisório referemse ao período de julho de 2009 a dezembro de 2010, obviamente, tais créditos enquadramse nas condições fixadas no novel comando legal, logo reconhecese em favor da recorrente o direito de utilizar tais créditos compensação ou ressarcimento, em conformidade com o citado comando legal. III Da Glosa Integral dos Créditos Calculados Sobre as Despesas de Corretagem De acordo com o Parecer, que serviu de fundamento para o vergastado Despacho Decisório, a glosa dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, calculados sobre os valores das despesas com os serviços de corretagem na compra do café em grão, foi realizada sob argumento de que tais sérvios não se enquadravam conceito de insumo, definido no art. art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, uma vez que eram destinados à área de comercialização dos produtos e não à área de produção. No mesmo sentido, a Turma de Julgamento de primeiro grau manteve a glosa determinada no Despacho Decisório de origem, sob o argumento de que, embora necessária à atividade da recorrente, tais despesas não geravam créditos a descontar da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa, porque os respectivos serviços eram aplicados na etapa anterior do processo produtivo, logo eram efetivamente “aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto” do café beneficiado e exportado pela recorrente, consequentemente, não se enquadrava na definição legal de insumo prevista no art. 8º, § 4º, I, “b”, da Instrução Normativa SRF 404/2004. Por sua vez, a recorrente alegou que a não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep devia ter como referencial o processo que culmina com a obtenção da receita (fato gerador das contribuições), incluindo todos os elementos (físicos e funcionais) relevantes, e não apenas aqueles físicos ou diretamente aplicados ou consumidos na produção de bens ou na prestação de serviços. No entender da recorrente, o termo insumo compreendia todos os gastos com bens e serviços necessários ao processo produtivo, devendo ser excluídos apenas os dispêndios que configurassem mera conveniência ou que não interferissem no funcionamento, continuidade, manutenção ou melhoria do processo de produção ou de prestação realizado pelo contribuinte. Para a recorrente, os serviços de corretagem eram essenciais para que a recorrente auferisse as receitas com a venda do café exportado, portanto, enquadravase na definição de insumo. Com base nos citados argumentos, fica evidenciado que a controvérsia gira em torno do significado e alcance da norma veiculada no inciso art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, que permite a dedução de créditos calculados sobre a aquisição de insumos, nos termos a seguir reproduzidos: Fl. 19522DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.523 24 Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II  bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, [...] ;(Redação dada pela Lei nº. 10.865, de 2004) [...] (grifos não originais) Em assentadas anteriores, este Conselheiro já teve a oportunidade de manifestar sobre o assunto e, em tais oportunidades, foi rejeitado tanto o conceito restrito de insumo da legislação do IPI, adotado pela fiscalização e pela Turma de Julgamento de primeiro grau, que se encontra definido no art. 8º, § 4º, I, “b”, da Instrução Normativa SRF 404/2004, quanto o conceito abrangente de insumo defendido por parte não expressiva da doutrina, que inclui todas as despesas necessárias à “realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa”, conforme definido no art. 2992, § 1º, do Decreto 3.000/1999 (RIR/1999). Ente este Relator, com a devida vênia aos que entendem de forma distinta, que a definição que melhor reflete o conceito de insumo de produção, definido no art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, é aquele veiculado no art. 290 do RIR/1999, que estabelece os elementos que integram o custo de produção, nos termos a seguir transcrito: Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º): I  o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; II  o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; III  os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; IV  os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; V  os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. 2 O citado preceito legal tem o seguinte teor: "Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n º 4.506, de 1964, art. 47). § 1 º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n º 4.506, de 1964, art. 47, § 1 º ). § 2 º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n º 4.506, de 1964, art. 47, § 2 º ). § 3 º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem." Fl. 19523DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.524 25 Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a cinco por cento do custo total dos produtos vendidos no período de apuração anterior, poderá ser registrada diretamente como custo (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 2º). (grifos não originais) Logo, excluídos os custos com (i) mãodeobra paga a pessoa física e (ii) as aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, expressamente vedado no art. 3º, § 2º, da Lei 10.833/2003, todos os demais custos com bens e serviços aplicados na produção integram o conceito de insumo para fins de apropriação do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, independentemente se tal custo apresentase de forma autônomo (por exemplo, locação, manutenção e reparo de bens aplicados na produção) ou se integrado ao custo do bem aplicado na produção. No caso em tela, as despesas com serviços de corretagem pagas ou incorridas na compra do café em grão, certamente, integram o custo de aquisição do principal bem utilizado como insumo na atividade de fabril da recorrente, portanto, deve integrar a base de cálculo do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep. Com base nessas considerações, fica demonstrada a improcedência a glosa dos créditos calculados sobre os valores das despesas incorridas com os serviços de corretagem na compra do café em grão, devendo ser restabelecido o direito da recorrente à dedução dos respectivos créditos. IV Da Conclusão Por todo o exposto, votase pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para restabelecer o direito de dedução dos valores dos créditos calculados sobre os valores das despesas com os serviços de corretagem na compra do café em grão. José Fernandes do Nascimento Voto Vencedor Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Redator ad hoc Em que se pese as profundas análises efetuadas pelo i.Relator, ouso discordar de suas conclusões exclusivamente quanto ao restabelecimento do direito ao crédito integral na aquisição das cooperativas. A questão foi analisada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil que publicou a Solução de Consulta COSIT nº 65, de 10/03/2014, cuja ementa abaixo reproduzimos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS DE COOPERATIVA. Pessoa jurídica, submetida ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, não está Fl. 19524DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.525 26 impedida de apurar créditos relativos às aquisições de produtos junto a cooperativas, observados os limites e condições previstos na legislação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, art3 º ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL  COFINS REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS DE COOPERATIVA. Pessoa jurídica, submetida ao regime de apuração não cumulativa da Cofins, não está impedida de apurar créditos relativos às aquisições de produtos junto a cooperativas, observados os limites e condições previstos na legislação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, art. 3º. Transcrevemos também o excerto dos fundamentos da referida Solução de Consulta, para melhor elucidação da questão: “11. Até o anocalendário de 2011, enquanto vigiam para o café os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925, de 2004, os exportadores de café não podiam descontar créditos em relação às aquisições do produto com as suspensões previstas nos incisos I e III do art.9º. [...]. Por outro lado, havia direito ao creditamento nas aquisições de café já submetido ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, tendo em vista que sobre a receita de venda do café submetido a esta operação não se aplicava a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (art.9º, §1º, II, da Lei nº10.925, de 2004).” O ponto fundamental para a solução da lide é a configuração da aquisição de café de cooperativa, já submetida ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004. Nesses casos, sobre a receita de venda do café submetido a esta operação, não se aplicava a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Portanto, importanos avaliar se a operação anterior, realizada pela cooperativa, estava submetida ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Caso positivo, seria reconhecido o direito ao creditamento nas aquisições de café. Caso negativo, não seria possível o direito ao crédito, sendo aplicável a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que trata o art.9º da Lei nº10.925/2004. O i.Relator, entendeu que, embora exista nos autos fartos argumentos no sentido de justificar que as cooperativas fornecedoras do “café cru em grão” exerciam a atividade agroindustrial definida no preceito legal em destaque, a recorrente não teria trazido aos autos elementos de prova adequados e suficientes que confirmassem que as cooperativas vendedoras exerciam a atividade agroindustrial definida no citado preceito legal. Não é o nosso entendimento. Fl. 19525DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15578.000273/200933 Acórdão n.º 3102002.341 S3C1T2 Fl. 19.526 27 Foram colacionadas aos autos, pela recorrente, ainda que por amostragem, notas fiscais de aquisição do produto “café em grão cru” ou “café beneficiado”, com a indicação da incidência da contribuição para o PIS e a COFINS. Segundo o entendimento da recorrente, a incidência das contribuições teria sido obrigatória, devido a submissão dos cafés adquiridos pelas cooperativas ao processo produtivo previsto no §6º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, fato esse impeditivo para a saída posterior suspensa na forma do art. 9º do inciso II da mesma lei. Entendo que o registro das referidas expressões nas notas fiscais, informando que operação estava sujeita a tributação normal das citadas contribuições, traz uma presunção de licitude das operações de aquisição de café de cooperativa, sujeitas ao recolhimento regular das contribuições. Afirmar que a operação devidamente escriturada teria, na verdade, forma diversa daquela exposta nos registros fiscais, conferindo efeito diverso daquele indicado, demandaria uma prova oposta por parte do fisco, inexistente no presente processo. A comprovação do fato jurídico tributário depende, em regra geral, de que o administrado apresente os documentos que a legislação fiscal o obriga a produzir e manter sob guarda, ou declare sua ocorrência em declaração prestada à autoridade pública. Uma vez que essa particularidade seja compreendida, há que se sublinhar que nada dispensa a Administração de laborar em busca das provas de que o fato ocorreu e de instruir o processo administrativo com elas. Como consta, a desconsideração das provas se deu porque, no entendimento do Fisco, a interessada limitouse a apresentar as notas fiscais de aquisição das mercadorias. Peço vênia para discordar dessas conclusões. Não me parece que a acusação de que a operação praticada pela recorrente não foi aquela por ela declarada e escriturada. Ainda que passível de dúvidas acerca da veracidade das operações, tais dúvidas deveriam ter sido esclarecidas durante o procedimento fiscal, de forma a contraproduzir elementos probantes para desconsiderar aquelas notas fiscais apresentada. Nada disso ocorreu. A comprovação de que as operações foram tributadas, ensejando o crédito à adquirente, foi feita pela recorrente. Caberia ao fisco comprovar que tais cooperativas não exerciam a atividade agroindustrial, o que não foi feito. Em suma, mediante as provas que constam nos autos, concluise que o “café cru em grão” ou “café beneficiado” foram adquiridos de cooperativa agropecuária de produção, e que a sociedade cooperativa vendedora realizou as operações descritas no do art. 8o, § 6o, da Lei 10.925/2004. Dessa forma, a recorrente fazia jus ao crédito integral relativo às aquisições. É como voto Ricardo Paulo Rosa Fl. 19526DF CARF MF Impresso em 19/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 19/11/2015 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 11817.000213/2004-95    
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Terceira Seção De Julgamento    
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2007    
Numero da decisão: 303-01.382    
Decisão: RESOLVEM os Membros da Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. Os Conselheiros Nanci Gama, Marciel Eder Costa e Anelise Daudt Prieto votaram pela conclusão.     
Nome do relator: ZENALDO LOIBMAN    
    
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Numero do processo: 10670.720059/2005-00    
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2012    
Data da publicação: Thu Sep 24 00:00:00 UTC 2015    
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/03/2002 a 31/03/2002
COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Não se trata de aplicação do princípio da irretroatividade das normas. Na data de transmissão da DCOMP, encontrava-se em pleno vigor a IN SRF n° 323/03, preconizando que os débitos a serem compensados sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação.
JUROS DE MORA - TAXA SELIC.
É cabível, por expressa disposição legal, a exigência de juros de mora em percentual superior a 1%. A partir de 01/01/1995 os juros de mora serão equivalentes a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma).
Considerando: i) que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão; ii) que a 1ª Turma da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF); e, iii) as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 1ª Câmara/1ª Seção Marcos Aurélio Pereira Valadão que o faz meramente para a formalização do Acórdão.
Da mesma maneira, tendo em vista que na data da formalização da decisão, a relatora, Nara Cristina Takeda Taga, não mais integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, nos termos do artigo 17, inciso III, do RICARF, foi designado redator ad hoc responsável pela formalização do voto e do presente Acórdão, o que se deu na data de 18 de setembro de 2015.
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO
Presidente para formalização do acórdão
(documento assinado digitalmente)
PAULO MATEUS CICCONE
Redator "ad hoc" designado para formalização do voto e do acórdão
Composição do colegiado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Benedicto Celso Benício Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira Bessa, José Ricardo da Silva (vice-presidente), Nara Cristina Takeda Taga. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma).
    
Numero da decisão: 1101-000.807    
Decisão: 
    
Nome do relator: NARA CRISTINA TAKEDA TAGA    
    
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/03/2002 a 31/03/2002 COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Não se trata de aplicação do princípio da irretroatividade das normas. Na data de transmissão da DCOMP, encontrava-se em pleno vigor a IN SRF n° 323/03, preconizando que os débitos a serem compensados sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. JUROS DE MORA - TAXA SELIC. É cabível, por expressa disposição legal, a exigência de juros de mora em percentual superior a 1%. A partir de 01/01/1995 os juros de mora serão equivalentes a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma). Considerando: i) que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão; ii) que a 1ª Turma da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF); e, iii) as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 1ª Câmara/1ª Seção Marcos Aurélio Pereira Valadão que o faz meramente para a formalização do Acórdão. Da mesma maneira, tendo em vista que na data da formalização da decisão, a relatora, Nara Cristina Takeda Taga, não mais integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, nos termos do artigo 17, inciso III, do RICARF, foi designado redator ad hoc responsável pela formalização do voto e do presente Acórdão, o que se deu na data de 18 de setembro de 2015. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente para formalização do acórdão (documento assinado digitalmente) PAULO MATEUS CICCONE Redator "ad hoc" designado para formalização do voto e do acórdão Composição do colegiado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Benedicto Celso Benício Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira Bessa, José Ricardo da Silva (vice-presidente), Nara Cristina Takeda Taga. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma).
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NÃO HOMOLOGAÇÃO. Não se trata de aplicação do princípio da irretroatividade das normas. Na data de transmissão da DCOMP, encontravase em pleno vigor a IN SRF n° 323/03, preconizando que os débitos a serem compensados sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. JUROS DE MORA  TAXA SELIC. É cabível, por expressa disposição legal, a exigência de juros de mora em percentual superior a 1%. A partir de 01/01/1995 os juros de mora serão equivalentes a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia  SELIC. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma). Considerando: i) que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão; ii) que a 1ª Turma da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais  RICARF); e, iii) as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 1ª Câmara/1ª Seção Marcos Aurélio Pereira Valadão que o faz meramente para a formalização do Acórdão. Da mesma maneira, tendo em vista que na data da formalização da decisão, a relatora, Nara Cristina Takeda Taga, não mais integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, nos termos do artigo 17, inciso III, do RICARF, foi AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 72 00 59 /2 00 5- 00 Fl. 140DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 3 2 designado redator ad hoc responsável pela formalização do voto e do presente Acórdão, o que se deu na data de 18 de setembro de 2015. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente para formalização do acórdão (documento assinado digitalmente) PAULO MATEUS CICCONE Redator "ad hoc" designado para formalização do voto e do acórdão Composição do colegiado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Benedicto Celso Benício Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira Bessa, José Ricardo da Silva (vicepresidente), Nara Cristina Takeda Taga. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma). Fl. 141DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 4 3 Relatório Recorre a interessada contra a parte do Acórdão exarado pela DRJ/Juiz de Fora, na parte em que lhe foi desfavorável, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/2002 a 31/03/2002. COMPENSAÇÃO ACIMA DO LIMITE DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. COBRANÇA CONTESTADA.SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. EXISTÊNCIA. De acordo com o disposto no inciso III do art. 151 da Lei n° 5.172/66  CTN, as reclamações e os recursos suspendem a exigibilidade do crédito tributário. Considerando que a contribuinte questiona exatamente a não suspensão da exigibilidade do crédito tributário e que, no presente caso, a diferença entre crédito e débitos a serem compensados se deve ao fato da incidência de encargos moratórios sobre os débitos até a data da entrega da DCOMP, que se dê ao presente recurso o efeito suspensivo, apesar do disposto na IN SRF n° 460/04, art. 48, § 3°, inciso II. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Não se trata de aplicação do princípio da irretroatividade das normas. Na data de transmissão da DCOMP, encontravase em pleno vigor a IN SRF n° 323/03, preconizando que os débitos a serem compensados sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. JUROS DE MORA  TAXA SELIC. É cabível, por expressa disposição legal, a exigência de juros de mora em percentual superior a 1%. A partir de 01/01/1995 os juros de mora serão equivalentes a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia  SELIC. Solicitação Deferida em Parte Acordam os membros da 2a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, por DEFERIR EM PARTE a solicitação da contribuinte em epígrafe, no sentido de que se dê ao presente recurso o efeito suspensivo desejado; adversamente, que se considere nãohomologada a compensação solicitada referente ao débito de R$ 153.404,75 e seus devidos acréscimos legais, nos termos do relatório e do voto que passam a integrar o presente julgado. No voto condutor consta da decisão recorrida constam os seguintes excertos: Fl. 142DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 5 4 Consoante descrito no relatório, a empresa efetuou compensações com direito creditório devidamente reconhecido pela SAORT/DRFMontes Claros/MG, no valor de R$ 1.036.448,15. Posteriormente, a autoridade administrativa concluiu pela não homologação parcial da compensação pleiteada (fls. 22/27), tendo por base o disposto no art. 28 da IN SRF n° 210/02, posteriormente alterado pela IN SRF n° 323/03, a qual estabelece que na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência (art. 61 da Lei n° 9.430/96), até a data de transmissão da DCOMP. Ressaltese que a compensação efetuada a teor do artigo 66 da Lei n.° e8.383/1991, posteriormente alterada pela Lei n° 9.096/95, não acarreta a extinção do crédito tributário, pois o Fisco tem o poder de homologar ou não o referido pagamento, realizado a título de compensação, e de proceder ao lançamento de oficio, caso tenha sido feito a menor ou indevidamente: Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. § 1° A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. Resumindo, o pleito, no que concerne ao direito creditório, foi deferido e as compensações foram homologadas até o limite do direito creditório reconhecido (devidamente corrigido), conforme o despacho decisório. Observase ainda que, tendo sido transmitido o pedido de restituição/compensação em 17/07/2003 (fl. 02), os débitos a serem compensados já se encontravam vencidos. Assim, restou configurada a insuficiência de créditos para a compensação dos débitos, incluídos os acréscimos moratórios (multa de mora e juros de mora), no montante de R$ 153.404,76, tendo em vista que o direito creditório, estampado neste processo, apenas garante a compensação até o limite dos valores nominais dos tributos vencidos. Sobre o assunto deve ser examinada a legislação pertinente, a qual preceitua que sobre os débitos vencidos submetidos à compensação, a partir da data de vencimento dos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, deverão incidir acréscimos legais, quais sejam, multa e juros de mora, nos termos da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 61 (...) A multa aplicada na consolidação dos débitos é multa de mora, limitada ao percentual de 20%, ou seja, a consolidação dos débitos para fins de compensação deve ser efetuada em atendimento ao que prescreve a legislação quanto aos acréscimos legais e em observância das regras da compensação quanto à valoração dos débitos. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 6 5 À época da transmissão da DCOMP, em 17/07/2003, já vigorava a alteração procedida no art. 28 da IN SRF n° 210/02, pela IN SRF n°323/03 (...) Essa modificação, mantida pela Instrução Normativa SRF n° 460, de 18 de outubro de 2004, também no art. 28, foi introduzida porque não há mais sentido em procurar saber se o pedido de ressarcimento é anterior ou posterior a pedidos de compensação vinculados: a declaração de compensação é atrelada a um pedido eletrônico de reconhecimento de direito creditório (PER/DCOMP). Contudo, com o advento da IN SRF n° 460, de 2004, no art. 63, houve menção novamente à valoração dos débitos no que respeita a pedido de compensação deferido ou a Declaração de Compensação apresentada à Secretaria da Receita Federal até 27/05/2003 (...) Nesse caso, como já esclarecido, não carece de dúvidas que a PER/DCOMP foi transmitida em data posterior ao vencimento dos débitos, o que propiciou serem os acréscimos legais exigidos. A impugnante, por sua vez, questiona a aplicação retroativa da IN SRF n° 323/03, que deu nova redação ao art. 28 da IN SRF n° 210/02, precisamente na determinação, pela mesma, da incidência de encargos moratórios sobre o débito a compensar, caso a entrega da DCOMP tenha ocorrido após o vencimento do tributo a compensar, mesmo que os fatos geradores das obrigações tributárias a compensar tenham ocorrido anteriormente à publicação da referida IN. Cita, nessa linha de raciocínio, o inciso I do art. 103, o art. 106 e o inciso II do art 156, todos do CTN, a saber: Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: 1 os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: 1 os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito I  em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II  tratandose de ato não definitivamente julgado: a)quando deixe de definilo como infração; b)quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não Fl. 144DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 7 6 tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A respeito do disposto no REsp 488.992MG, apresentado pela contribuinte, delineando que "... ao procedimento de compensação aplicase a legislação vigente à época em que se efetua o confronto dos créditos e débitos", equivocase a impugnante em sua interpretação, pois não há que se falar em confronto dos créditos e débitos sem a devida apresentação do PER/DCOMP, ou seja, o procedimento de compensação só se efetua quando da transmissão da respectiva PER/DCOMP, aplicandose a legislação então vigente à época de sua transmissão. Nesses termos, considerando que os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor na data da sua publicação; considerando que a IN SRF n° 323/03 entrou em vigor em 28/05/2003; e, ainda, considerando que a data de transmissão da DCOMP se deu em 17/07/2003, podemos concluir que, quando da transmissão do PER/DCOMP vigorava a IN SRF n° 323/03. Não se trata aqui da aplicação do princípio da irretroatividade das normas, como delineia a reclamante. O ponto crucial, no presente caso, reside exatamente na data de transmissão da DCOMP, 17/07/2003 — e, não, como pleiteia a requerente, na data de ocorrência do fato gerador — quando, sem sombra de dúvidas, encontravase em pleno vigor a INSRFn° 323/03, que deu nova redação ao art. 28 da IN SRF n° 210/02, nos seguintes termos: "... os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação". Por derradeiro, alega não concordar com o juro de mora aplicado com base na taxa SELIC, estando estes em desacordo com a previsão do CTN, que como Lei Complementar foi recepcionado pela carta política vigente, não podendo pois ser contrastado por Lei Ordinária e muito menos por Instrução Normativa, ato administrativo inferior. Relativamente ao juro de mora, consignese que o art. 161 do Código Tributário Nacional outorga à lei a faculdade de estipular os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento, estabelecendo o parágrafo 1° do referido artigo que os juros serão calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês, se não for fixada outra taxa. E a taxa SELIC tem previsão de aplicabilidade no artigo 61, § 3° da Lei n° 9.430/96, acima transcrito. Quanto à validade ou não da legislação mencionada, cumpre observar o disposto no item Considerações Iniciais e Jurisprudência Apresentada, no início deste voto. Assim, por estar devidamente fundamentada a exigência, não cabe a este órgão julgador perquirir de sua constitucionalidade, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, nos termos do art. 102, incisos I, "a" e III, "h" e § 1° da ' Constituição Federal. Enquanto a norma não é declarada inconstitucional pelos órgãos Fl. 145DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 8 7 competentes do Poder Judiciário e não é eliminada do sistema normativo, tem presunção de validade vinculante para a Administração Pública. Por oportuno, porém, registrese ser imprópria a alegação de que tais juros seriam remuneratórios, pois o caráter compensatório ou remuneratório da taxa não depende da sua forma de fixação ou cálculo, mas sim da natureza do fato jurídico que provoca sua incidência. No caso de dívidas tributárias, o advento do termo fixado para cumprimento da obrigação e a não efetivação do pagamento gera a mora, e, por conseqüência, a incidência dos juros. O simples fato de a lei tributária ter escolhido uma taxa que pode servir de base para remunerar negócios jurídicos privados não significa a desnaturação do caráter moratório advindo da lei. (...) Nesse contexto, julgo por considerar deferida em parte a solicitação interposta pela contribuinte (fls. 35/47), no sentido de que se dê ao presente recurso o efeito suspensivo solicitado pela recorrente e, ainda, que se considere não homologada a compensação referente ao débito remanescente de R$ 153.404,75 e seus devidos acréscimos legais pertinentes. Irresignada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário de fls. 114/122 (numeração digital), pugnando pela correção de seu procedimento e reforma da decisão recorrida, alegando (conforme reprodução literal de seus argumentos): “Como se confirma das decisões proferidas nesse processo, a única razão para a não homologação integral da compensação referente aos débitos listados na DCOMP foi a inclusão de supostos acréscimos moratórios naquele montante, tendo sido invocada de forma expressa a alteração promovida no art. 28 da IN SRF n.° 210/2002 pela IN SRF n.° 323/2003. Ocorre que essa alteração não pode ser considerada no presente caso, uma vez que não só os fatos geradores do crédito e dos débitos indicados na DCOMP são anteriores à vigência da IN SRF n.° 323/03, como a própria indicação da disponibilidade do crédito nos sistemas da Receita Federal se verificou antes do advento daquela norma. Com efeito, não há dúvidas de que o crédito considerado pela Recorrente tem sua origem no recolhimento a maior efetuado em 28.12.2001, sendo que a própria Delegacia de origem confirmou a liquidez e certeza desse crédito, reconhecendoo de forma integral em favor da Recorrente, bem como que ele se encontrava disponível no sistema da Receita (evidentemente, desde o seu recolhimento em 2001). Também se apresenta inequívoco que os débitos considerados na DCOMP e em análise nesse recurso tiveram seus vencimentos verificados em 15.03.2002 e 15.04.2002 (vide fl. 15) Ou seja, quando da apresentação da DCOMP, o crédito considerado pela Recorrente não somente era líquido e certo (como acabou confirmando o Despacho Decisório n.° 073/2005 e a decisão Fl. 146DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 9 8 ora recorrida), como já era de conhecimento da Receita Federal, uma vez que já a partir do recolhimento correspondente ao crédito (12.2001), passou a constar no sistema da Receita que aquele valor se encontrava disponível, tornandose possível a vinculação futura de débitos apurados pela Recorrente. Com efeito, assim constou do Despacho Decisório n.° 073/2005: "Considerando que o suposto pagamento efetuado indevidamente, informado pelo contribuinte em sua PER/DCOMP eletrônica encontrase disponível, comprovado através de tela do sistema "SIEF — FISC. ELETR. — Analisar Valores — Pagamento". Como se nota, todos esses fatos (fatos geradores dos débitos, recolhimento indevido e indicação no sistema da Receita da existência da disponibilidade do crédito) ocorreram antes do advento da IN SRF n.° 323/2003, de forma que se apresenta equivocado o argumento constante da decisão recorrida segundo o qual não se trata de aplicação retroativa da norma. É exatamente uma aplicação retroativa que se verifica nesse caso. Afinal, quando da origem do crédito considerado na DCOMP (e indicação no sistema da Receita da disponibilidade daquele valor recolhido indevidamente) e do vencimento dos tributos quitados na declaração, encontravase vigente a Instrução Normativa SRF n° 21/97, que determinava, em seu art. 13, § 30 , a data em que deveria se considerada realizada a compensação, senão vejamos: "Art. 13. Compete às DRF e às IRFA, efetuar a compensação. § 3° A compensação será efetuada considerandose as seguintes datas: (Redação dada pela IN SRF ng 73/97, de 15/09/1997) a) do pagamento indevido ou a maior que o devido, no caso de restituição, ressalvadas as hipóteses seguintes; (Incluído pela IN SRF ng 73/97, de 15/09/1997) b) do ingresso do pedido de ressarcimento em espécie, quando destinado à compensação com débito vencido; (Incluído pela IN SRF ng 73/97, de 15/09/1997) c) do vencimento do débito, quando o pedido de ressarcimento em espécie houver ocorrido antes dessa data; (Incluído pela IN SRF ng 73/97, de 15/09/1997)" (destacouse) Disposições semelhantes apresentava a redação original do artigo 28 da Instrução Normativa n.° 210/2002: "Art. 28. A compensação deverá ser efetuada considerandose as seguintes datas: Fl. 147DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 10 9 I  do pagamento indevido ou a maior que o devido, no caso de restituição, ressalvadas as hipóteses seguintes; II  do ingresso do pedido de ressarcimento, quando destinado à compensação com débito vencido; III  do vencimento do débito, quando o pedido de ressarcimento houver ocorrido antes dessa data; (...)"(destacouse) Portanto, a norma em vigor à época da indicação nos sistemas da Receita do crédito da Recorrente (pagamento não apropriado) e do vencimento dos débitos em questão, bem como aquela que a sucedeu, era expressa em determinar que a compensação é considerada realizada na data do pagamento indevido. Ou seja, a norma determina que, se o pagamento a maior é anterior ao vencimento do débito, a compensação é considerada efetuada na data da realização daquele pagamento, mesmo quando o pedido de compensação vinculado seja posterior ao vencimento do débito compensado. Como o recolhimento a maior ocorreu em 12.2001, passando a constar no sistema da Receita já a partir dessa data a disponibilidade do valor recolhido, não há dúvidas de que se deve aplicar o dispositivo em vigor naquele momento. No presente caso, por ter a DCOMP sido apresentada em julho de 2003, a Fiscalização, desrespeitando as IN's n.°'s 21/97 e 210/02 (redação original do art. 28), considerou como efetuada a compensação na data da apresentação da DCOMP, aplicando na apuração dos débitos declarados a incidência dos acréscimos moratórios. Por esse motivo o crédito foi considerado insuficiente e a compensação não foi totalmente homologada. Como visto, a correta interpretação do artigo 13 da IN n.° 21/97, reiterado no artigo 28 da IN n.° 210/02, é no sentido de que se considera realizada a compensação na data do recolhimento a maior, pouco importando a data da apresentação da DCOMP. A precisão desta interpretação é realçada justamente pela edição, em abril de 2003, da IN n.° 323/03, alterando o artigo 28 da IN n.° 210/02, para atribuirlhe a seguinte redação: "Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios na forma prevista nos arts. 38 e 39 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação”. Ou seja, conforme se observa, somente com relação aos créditos declarados e aos débitos apurados após abril de 2003, a Receita Federal passou a considerar que a compensação teria se realizado na data da Fl. 148DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 11 10 apresentação da DCOMP e não na data do recolhimento indevido, como determinava a IN n.° 21/97 e a redação original do art. 28 da IN n.° 210/02. No caso, não é possível se aplicar de forma retroativa as disposições constantes da IN n.° 323/03, uma vez que: a) o crédito compensado foi constituído e indicado à Receita Federal em datas anteriores aos fatos geradores dos débitos compensados; b) os débitos compensados tiveram fatos geradores e vencimentos anteriores à publicação da citada Instrução Normativa. Essa aplicação retroativa implica em violação aos princípios da não surpresa e da segurança jurídica, uma vez que a Recorrente não pode ser surpreendida com aplicação de norma que não existia no ordenamento jurídico quando apurou créditos e débitos passíveis de serem compensados. Salta aos olhos que quando a Recorrente apresentou o seu pedido de compensação o fez tendo em vista que o valor de seu crédito existente desde dezembro de 2001 correspondia aos valores dos débitos, não podendo ser surpreendida com a alteração unilateral dos valores dos débitos compensados, decorrente de aplicação retroativa de norma administrativa. Devese ressaltar que o princípio da segurança jurídica é a baliza utilizada pelo Código Tributário Nacional ao definir a vigência e aplicação da legislação tributária. Tanto que o inciso I do seu artigo 103 dispõe que a legislação tributária aplicase imediatamente aos fatos geradores futuros ou pendentes. O objetivo da norma geral tributária é claro em impedir a aplicação da nova norma tributária sobre situações jurídicas já consolidadas, evitandose os deletérios efeitos da "surpresa" fiscal. Resta claro o equívoco incorrido pela r. decisão recorrida ao dar enfoque apenas à data da entrega da DCOMP e à legislação vigente àquela época, deixando de considerar a legislação que efetivamente vigorava quando restou configurado o recolhimento a maior que ensejou o crédito indicado, o fato gerador e vencimento do débito vinculado àquele crédito e, principalmente, a indicação nos sistemas da Receita acerca da disponibilidade daquele crédito. Portanto, tendo em vista os argumentos acima expostos, verifica se que a exigência mantida pela decisão recorrida é claramente ilegal, vez que, pelas disposições constantes do artigo 13 da IN n.° 21/97 e 28 da IN n.° 210/02, em sua redação original, não havia que se falar em inclusão de acréscimos moratórios entre a data do vencimento do débito e a entrega da declaração de compensação. Pelo exposto, requerse o provimento do presente recurso, para determinar a reforma parcial da decisão recorrida, restando homologadas Fl. 149DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 12 11 de forma integral as compensações indicadas na DCOMP n.° 38960.93905.170703.1.3.046971”. É o relatório. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10670.720059/200500 Acórdão n.º 1101000.807 S1C1T1 Fl. 13 12 Voto PAULO MATEUS CICCONE – Redator “Ad Hoc” designado. Considerando que a relatora, Nara Cristina Takeda Taga, não mais integra o quadro de Conselheiros do CARF, este Conselheiro, nos termos do artigo 17, inciso III, do RICARF, foi designado ad hoc para a formalização do voto e do presente Acórdão. Tendo em vista não constar dos autos minuta ou quaisquer informações acerca das razões de decidir da Conselheira originalmente designada e que a levaram a NEGAR provimento ao recurso voluntário, este Redator ad hoc se limitará a traduzir a posição estampada na ata da sessão em que foi realizado o julgamento para consecução do voto, consignando, porém, que o faz meramente para efeito de formalização do Acórdão e que não está vinculado a nenhuma das posições manifestadas pelos conselheiros que participaram e votaram na sessão e que levaram a Turma a negar provimento ao recurso voluntário, com as quais posso ou não concordar em situações concretas. Pois bem, como se vê no extrato da ata, a Conselheira rejeitou os argumentos da recorrente e alinhou sua decisão com a da decisão a quo, mantendo a exigência do crédito tributário em discussão e NEGANDO PROVIMENTO ao recurso voluntário interposto. Sala de Sessão, 13 de setembro de 2012. Nara Cristina Takeda Taga  Relatora (documento assinado digitalmente) PAULO MATEUS CICCONE – Redator “Ad Hoc” designado. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 24/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 10880.720846/2013-88    
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção    
Câmara: Primeira Câmara    
Seção: Primeira Seção de Julgamento    
Data da sessão: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015    
Data da publicação: Thu Sep 24 00:00:00 UTC 2015    
Numero da decisão: 1102-000.304    
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão  Presidente
(assinado digitalmente)
João Otávio Oppermann Thomé  Redator ad hoc
Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho.
    
Nome do relator: ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO    
    
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão  Presidente (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé  Redator ad hoc Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .7 20 84 6/ 20 13 -8 8 Fl. 1513DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recursos de ofício e voluntário interpostos contra acórdão proferido pela Décima Quinta Turma da Delegacia Regional de Julgamento do Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1) assim ementado, verbis: “Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2008 ARGÜIÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais e normativos regularmente editados. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2008 GLOSA DE DESPESAS. VIAGENS. Sem a prova cabal, nos autos, de que as viagens se realizaram em benefício da empresa, as despesas correspondentes não se validam como dedutíveis. Esses gastos só são assim considerados quando comprovadas a sua efetividade e a obediência aos requisitos da necessidade e da vinculação aos objetivos da pessoa jurídica. GLOSA DE DESPESAS. SERVIÇOS DE CONSULTORIA. A verificação da efetividade da prestação de serviços de consultoria não é suficiente para amparar a dedutibilidade de despesas, quando não consta dos autos a comprovação de que tais dispêndios são necessários à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. GLOSA DE DESPESAS. PUBLICIDADE. Comprovado, por meio de documento hábil, que parte da despesa incorrida com publicidade, objeto da glosa perpetrada pelo Fisco, está diretamente relacionada com a atividade explorada pela empresa e que a sua contabilização obedeceu ao regime de competência, desfazse a motivação sobre a qual recaiu o lançamento, impondose sua exclusão da exigência. GLOSA DE DESPESAS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO REAL. Cabível a glosa, quando a empresa deduz despesas incorridas em anocalendário anterior, inobservando o regime de competência e, conseqüentemente, reduzindo de forma indevida o lucro real. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL Anocalendário: 2008 Fl. 1514DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 4 3 DECORRÊNCIA. Ressalvados os casos especiais, os lançamentos reflexivos colhem a sorte daquele que lhes deu origem, na medida em que não há fatos ou argumentos novos a ensejar conclusões diversas. Mantido em parte o lançamento principal, igual sorte colhe o lançamento decorrente. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2008 MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS. A insuficiência de pagamento da CSLL e do IRPJ mensal devido por estimativa, após o término do anocalendário, por pessoa jurídica que optou pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa de ofício isolada. CONCOMITÂNCIA DE MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA COM MULTA DE OFÍCIO. Por se tratar de infrações distintas, é cabível a aplicação concomitante da multa isolada por falta de pagamento do IRPJ e da CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada e da multa de ofício aplicada sobre a totalidade ou diferença de imposto e/ou contribuição não recolhidos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte.” O caso foi assim relatado pela instância a quo, verbis: “Trata o presente processo dos Autos de Infração lavrados em 15/03/2013, formalizando crédito tributário total de R$ 11.548.564,12 referente a IRPJ e CSLL de 2008, bem como a multas isoladas por falta de recolhimento do IRPJ e CSLL sobre a base estimada dos meses de 2008, conforme telas a seguir (fls. 673693): Fl. 1515DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 5 4 No Termo de Verificação Fiscal (fls. 131153) a autoridade tributária relata que inicialmente intimou o contribuinte a apresentar, dentre outros, livros comerciais, fiscais e auxiliares, contrato social, balancetes mensais, os razões das contas de Prestação de Serviços por Pessoa Jurídica, Propaganda e Publicidade, detalhamento da composição da conta Outras Despesas Operacionais, contratos de royalties e/ou assistência técnica referentes a remessas para o exterior e o razão das contas do passivo onde foram registradas as provisões e os pagamentos do IRRF e da CIDE. Posteriormente foi solicitada a apresentação das notas fiscais e comprovantes de pagamento das despesas referentes a Viagens e Representações (conta 51380010), publicidade (conta 51220020) e consultoria (conta 51340020), bem como a comprovação da efetiva prestação destes serviços e da necessidade dos mesmos para a atividade da empresa. Em resposta, foram apresentados os documentos solicitados, mas, de acordo com o entendimento da autoridade tributária, embora tenha sido confirmada a efetividade das despesas em análise, o interessado não comprovou a necessidade destas despesas à atividade da empresa (art. 299 do RIR/1999), resultando na glosa das mesmas conforme segue: 1) Conta 51380010 – Despesas com viagens e representações – valor da glosa R$ 165.417,22; 2) Conta 51340020 – Despesas com serviços de Consultoria – valor da glosa R$ 90.033,00; 3) Conta 51220020 – Despesas com publicidade – valor da glosa R$ 2.003.329,18. Quanto a parte das notas fiscais relativas a despesas com publicidade (conta 51220020), listadas no item 5 do Termo de Intimação/9 (fl. 96100), a autoridade Fl. 1516DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 6 5 constatou que as referidas notas fiscais referiamse ao anocalendário de 2007. Considerando que a empresa tem como regime de apuração o Lucro Real, concluiu que tais despesas deveriam estar consignadas e contabilizadas no ano de 2007 em observância ao regime de competência, e não no ano de 2008 como procedeu o contribuinte. O mesmo aferiu em relação às despesas indicadas nas contas 51340120 (Intercompany), 51380200 (Direitos Autorais), 51380010 (Viagens), 51380210 (Web Plataform) e 51380110 (Licenças), vinculadas a contas do exterior referentes aos fornecedores estrangeiros DADA IBÉRIA SL (conta 21320002) e DADANET SpA (conta – 21320003), as quais incorreram no ano de 2007, mas foram contabilizadas pelo interessado no ano de 2008. Diante destas verificações, foram emitidos os Termos de Intimação 09 e 10 a fim de que o contribuinte esclarecesse o motivo pelo qual foram escrituradas estas despesas em exercício posterior ao período de competência; porém, conforme relata a autoridade fiscal, não houve resposta. Com isso a autoridade fiscal concluiu que tais despesas foram inapropriadamente indicadas como deduções, posto que se referiam a outro período de apuração, gerando a redução indevida do Lucro Real de 2008. Em decorrência desta conclusão, glosou os seguintes valores: 4) Conta 51220020  Despesas com publicidade – valor da glosa R$ 1.375.302,32; 5) Contas 51340120 (Intercompany), 51380200 (Direitos Autorais), 51380010 (Viagens), 51380210 (Web Plataform) e 51380110 (Licenças) – valor da glosa R$ 12.828.299,30. Foi elaborado no Termo de Verificação Fiscal quadro resumo da autuação que reproduzo a seguir: A autoridade fiscal ainda esclarece que: “Quanto ao IRPJ e a CSLL, no anocalendário de 2008, o contribuinte apurou lucro de R$10.015.676,91 e compensou R$3.004.703,07 referente ao prejuízo acumulado de anos anteriores no valor de R$6.478.836,23, restando um prejuízo fiscal a compensar de R$3.474.133,16. Como a matéria tributável somou R$16.462.381,02, calculandose 30% da trava legal, apurouse R$4.938.714,30, superior ao saldo de Fl. 1517DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 7 6 R$3.474.133,16, sendo, então, este o valor que será abatido, como compensação de prejuízo acumulado, restando, então, como matéria tributável o valor de R$ 12.988.247,86, para fins do IRPJ e da CSLL. (...) Foram elaboradas também as Planilhas VII (IRPJ) e VIII (CSLL) referentes às novas bases de cálculo mensal. Como o contribuinte optou pelo pagamento do IRPJ e da CSLL por estimativa mensal, com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução, a apuração de infrações relativas à glosa de despesas e à diminuirão do lucro líquido geraram reflexos no cálculo da estimativa mensal do IRPJ e da CSLL, originando uma nova base de cálculo, que foi devidamente ajustada, levandose em consideração os abatimentos promovidos pelo contribuinte e com o abatimento dos 30% de prejuízos acumulados sobre a matéria tributável mensal. Foi ainda elaborada a Planilha IX (IRPJ e CSLL), relativa à multa isolada de 50%, por falta/insuficiência sobre a base de cálculo por estimativa, previstas na Lei n°9.430, de 1996, art. 44, inciso II e letra b), com as alterações da Lei n° 11.488, de 2007. As planilhas VII, VIII e IX passam a fazer parte integrante deste Termo e do Auto de Infração.” Assim, foram lavrados os respectivos autos de infração e lançados os créditos tributários em tela. Cientificado dos autos de infrações, o contribuinte apresentou impugnação tempestiva (fls. 750751, 756784, 1312) apresentando a defesa que resumo a seguir. Primeiramente destaca o objeto social da empresa constante em seus atos societários, conforme reproduzo abaixo: “a) o provimento de serviços de valor adicionado no seguimento de serviços da telefonia móvel, incluindo, sem limitação, o fornecimento de conteúdo, sons e imagens por meio das tecnologias de SMS, SEM, MMS, JAVA, UMTS e IP; b) a prestação de serviços de consultoria a assessoria visando á criação de soluções tecnológicas para a produção, distribuição e comercialização de conteúdo informativos a da multimídia para indústria de entretenimento; c) o fornecimento, comercialização, venda, locação, arrendamento, distribuição, importação e exportação de equipamentos, ou qualquer outra forma de disponibilização de maquinaria, equipamentos a acessórios necessários à execução dos serviços descritos nos itens "a" e "b"; d) a compra e venda de espaço publicitários em páginas de internet, conteúdos para telefonia móvel, jornais, revistas, rádio e televisão, convencionais ou por internet e/ou telefonia móvel, ou em: qualquer outro meio de comunicação existente a qualquer tempo; e) o desenvolvimento, a elaboração e a comercialização de sistemas de informática e de software; Fl. 1518DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 8 7 f) a organização e difusão de todos os tipos de informações, tais momo cultural, promocional, informações de entretenimento e de todos outros tipos de informações e em qualquer formato, também em interesse de terceiro; g) a prestação de serviços de software para empresas operadoras de telefonia celular; h) atividade de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em gerai, exceto imobiliários; e i) participar em outras sociedades, como sócia ou acionista.” Em seguida, apresenta a seguinta (sic) explicação em relação a uma de suas atividades: Dentre tais atividades, o fornecimento e a disponibilização de conteúdos na mídia, como ringtones, wallpapers, games, vídeos, imagens, etc, são realizados por meio de publicidade e divulgação em operadoras de telefonia móvel, provedoras de internet ou outros meios de comunicação, a fim de que os usuários dessas empresas parceiras adquiram os "produtos" da Impugnante, sendo os valores pagos classificados como ''despesas de publicidade", ou correlacionadas, como não poderia ser diferente. Tratase de serviço de valor adicionado ou agregado, na qual as operadoras de telefonia móvel provedores de internet ou outros meios de comunicação servem de "meio" para divulgação dos conteúdos da Impugnante na mídia social, tudo dentro do disposto no art 61 da Lei Geral das Telecomunicações: "Art. 61. Serviço de valor adicionado é a atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações." Para melhor compreensão, vejamos abaixo um simplificado fluxograma dos negócios da Impugnante: Fl. 1519DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 9 8 “Portanto, para que os conteúdos da impugnante possam ser adquiridos pelos seus consumidores (clientes das operadoras de telefonia móvel provedores de internet e outros meios de comunicação), temse, imprescindivelmente, a necessidade de divulgação desses "produtos" na mídia, ou seja, da realização de publicidade como meio de viabilização dos negócios, bem como de outros serviços essenciais, atreladas às despesas de viagens, representações e consultoria. Feitas essas considerações, a seguir, passamos a comprovar que tais despesas de publicidade da Impugnante, bem como de viagens, representações e consultoria, são efetivamente necessárias, sendo, portanto, dedutíveis para fins de IRPJ/CSLL.” A partir daí, apresenta argumentos discriminados para cada um dos tipos de despesas: viagens e representações, despesas de consultoria, e publicidade. Despesas de Viagens e Representações: Em relação às despesas de viagens e representações, afirma que os documentos apresentados à fiscalização demonstram o caráter necessário dessas despesas por tratarem de viagens de profissionais da empresa para fins de negociação e apresentação de seus produtos. Esclarece que tais viagens tem o intuito de aproximar a empresa do cliente, possibilitando que este conheça a gama de produtos oferecidos, assegurando que este contato direto é essencial para possibilitar a divulgação e o aperfeiçoamento dos produtos, afetando diretamente as suas vendas, portanto, necessárias aos fins perseguidos pela empresa. Despesas de Consultoria: Ressalta que a única despesa de consultoria glosada se refere aos serviços prestados pela empresa Korn Ferry International, empresa especializada em Fl. 1520DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 10 9 aperfeiçoamento e recrutamento de talentos, concluindo que a descrição por si só torna evidente que tais despesas são essenciais às suas atividades. Finaliza com os seguintes dizeres: “Sendo inegável a imprescindibilidade de consultoria de recursos humanos para qualquer empresa, fica latente que as despesas correspondentes são efetivamente usuais e necessárias à atividade da Impugnante, tal como no item 3.2. acima, restando, pois, justificada a sua dedução do lucro real, para fins de IRPJ/CSLL, ensejando, pois, a nulidade da autuação fiscal também nesse item.” Despesas de Publicidade: Inicia este ponto de argumentação destacando novamente alguns dos itens do seu objeto social, quais sejam: “a) o provimento de serviços de valor adicionado no seguimento de serviços da telefonia móvel, incluindo, sem limitação, o fornecimento de conteúdo, sons e imagens por meio das tecnologias de SMS, SEM, MMS, JAVA, UMTS e IP; b) a prestação de serviços de consultoria a assessoria visando á criação de soluções tecnológicas para a produção, distribuição e comercialização de conteúdo informativos a da multimídia para indústria de entretenimento; c) o fornecimento, comercialização, venda, locação, arrendamento, distribuição, importação e exportação de equipamentos, ou qualquer outra forma de disponibilização de maquinaria, equipamentos a acessórios necessários à execução dos serviços descritos nos itens "a" e "b".” Alega que para o fluxo de negócios da empresa é incontestável que são usuais e necessárias às suas atividades as despesas de publicidade incorridas no fornecimento ou disponibilização dos conteúdos na mídia (ringtones, wallpapers, games, vídeos, imagens, etc.), realizado por meio das operadoras de telefonia móvel, provedoras de internet ou outros meios de comunicação. Afirma que sem tal publicidade não seria viável o negócio da empresa, pois não haveria como realizar a venda de seus produtos. A fim de justificar sua afirmação, apresenta a seguinte explicação, citando inclusive argumentos do Laudo Técnico ContábilFiscal (fls. 803818) elaborado por profissional contratado. Segue a explicação: Para espancar qualquer dúvida de que são necessárias as despesas de publicidade incorridas pela Impugnante na consecução de suas atividades negociais básicas, ou seja, "venda de seus produtos", bem como a real existência da publicidade contratada, da realização dos pagamentos e dos resultados atingidos, a Impugnante destaca os Contratos firmados com a Google, a Yahoo, a MSN, a DADAlberia e a DADANet SpA, Relatórios e Comprovantes de Pagamento (Doc 03 → 3A – Google; 3B – Yahoo; 3 C – MSN; 3D – Dadalberia e 3E – DADANet SpA) bem como as conclusões assinaladas no Laudo Técnico ConfabilFiscal (Doc. 02): "Pela simples leitura acima, concluise que a empresa periciada não tem qualquer tipo de contato com o consumidor final, sendo Fl. 1521DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 11 10 intermediado pela "operadora", o que impossibilita a divulgação de seus serviços, Nesse sentido, existe a necessidade de chegar ao usuário final através de campanhas de propaganda e publicidade em diversas mídias, tais como: Google, Facebook, AdNetworks, entre outras, Ou seja, existe a necessidade explicita da divulgação dos serviços da empresa periciada através de campanhas de propaganda e publicidade, sem as quais não ocorre o faturamento (receita) essencial á manutenção da atividade da sociedade. Corrobora o fato das despesas de propaganda e publicidade estarem diretamente ligadas ao "acesso" do consumidor final ("click") nas páginas eletrônicas. E mais, com base nesses "acessos" às páginas eletrônicas são cobradas as despesas, conforme documentos relativos às campanhas no exterior, Yahoo, Google e MSN (Anexo 01 deste parecer).” (grifo nosso) Deste modo, assevera que tais despesas são necessárias e portanto não deveriam ter sido glosadas. Prossegue sua defesa avançando para outro ponto da lide, qual seja, a infração identificada pela autoridade fiscal como redução indevida do lucro real decorrente da escrituração (inadequada) de despesas em exercício posterior ao período de competência (Conta 51220020  Despesas com publicidade; Conta 51340120 (Intercompany), Conta 51380200 (Direitos Autorais), Conta 51380010 (Viagens), Conta 51380210 (Web Plataform) e Conta 51380110 (Licenças). Nesta questão, o impugnante alega que a fiscalização não provou pormenorizamente, via recomposição das bases de cálculo de IRPJ e CSLL, a ocorrência de prejuízo ao Erário em decorrência do procedimento que adotou ao contabilizar tais despesas no ano de 2008. Afirma que: “Diferentemente, o registro contábil das despesas de publicidade com mera inobservância do regime de competência, como arguido pela fiscalização, só pode ser desconsiderado mediante comprovação completa de eventual prejuízo ao Erário, demonstrandose detalhadamente a redução alegada do lucro real e seus efeitos numéricos, tanto os resultados quanto seus cálculos, ex vi do art. 6o § 5o do DecretoLei n° 1.598/77, refletido também no art. 273 do RIR: "Art. 6o. Lucro real è o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária: (...) § 5°  A inexatidão quanto ao períodobase de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, correção monetária ou multa, se dela resultar: Fl. 1522DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 12 11 a) a postergação do pagamento do imposto para exercício posterior ao em que seria devido; ou b) a redução indevida do lucro real em qualquer períodobase. (...)" "Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constituí fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art, 6°, §5°: I  a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria divido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. §1°. O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em: decorrência da aplicação do disposto no §2° do art. 247 (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 6o, §6°). §2°. O disposto no parágrafo anterior e no §2° do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 6o, §7°, e DecretoLei n° 1.967, de 23 de novembro de 1982, art, 16)." O procedimento a ser adotado pela fiscalização para tal fim (i.e, comprovação da postergação do pagamento do imposto para exercício posterior ao em que seria devido; ou redução indevida do lucro real em qualquer períodobase – em síntese, prejuízo ao Erário), aliás, está previsto no Parecei Normativo COSIT 2/96, que determina que constatados quaisquer fatos que possam caracterizar postergação do pagamento do imposto ou da contribuição social, devem ser observados, obrigatoriamente, os seguintes procedimentos: (...) O art. 6o, § 5o, do DecretoLeí 1598/77 acima transcrito (refletido no art, 273 do RIR/99}, bem como o Parecer Normativo a que se faz referência, são claros ao determinar, sem qualquer lugar a dúvida, que eventual inexatidão por postergação de despesas somente constitui fundamento para o lançamento se dela resultar: (i) postergação do pagamento de imposto para exercício posterior ao em que seria devido; ou (ii) redução indevida do lucro real em qualquer períodobase, circunstância que só pode ser comprovada, à toda evidência, mediante a recomposição do lucro real dos períodosbase ora em discussão.” E assim conclui: “Assim sendo, considerando que não houve comprovação de efetivo prejuízo ao Fisco, mas mera alegação de postergação de despesa sem Fl. 1523DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 13 12 indicação precisa dos valores que deixaram de ser recolhidos em função deste procedimento e sem considerar os efeitos fiscais da sua apropriação em período adequado, esse item da autuação fiscal tampouco pode prosperar, visto que uma simples alegação de prejuízo ao Erário, sem a sua completa comprovação, não tem o condão de justificar a glosa de despesas de publicidade em questão, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência.” Em seguida, questiona a aplicação das multas isoladas alegando improcedência do lançamento destas em concomitância com a multa de ofício, assim como do lançamentos das referidas multas isoladas após o encerramento do anocalendário. Cita jurisprudência administrativa e argumenta: “Frisese que somente pode ter ocorrido uma única suposta irregularidade, qual seja, o não pagamento do tributo al final do anocalendário. A obrigação de recolher de acordo com o regime de estimativa não é obrigação diferente da de “pagar tributo”. Assim, quando a fiscalização lavrou o Auto de Infração, o fez considerando duas irregularidades distintas, o que, de plano, deve ser afastado.” Prossegue: “Resta claro que o valor da multa deve ser exigido somente uma única vez e sobre um único fato punível: o tributo supostamente não pago. Da forma como a fiscalização lavrou o Auto de Infração, as multas incidiram duplamente sobre um mesmo fato, o que contraria o próprio texto da lei.” Alega ainda que após o encerramento do período de apuração anual e tendo a empresa entregue a DIPJ, não se pode mais exigir o pagamento mensal por estimativas devendo prevalecer o valor do tributo efetivamente devido no final do ano. Portanto, assegura a defesa que tendo a fiscalização constatado eventual insuficiência das estimativas, deveria ter apurado apenas o tributo devido na apuração anual a fim de constituir a diferença. Por fim, ainda combate a aplicação das multas isoladas por ferir os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.” O acórdão recorrido (fls. 1349 a 1381) julgou procedente em parte a impugnação para (i) cancelar parcialmente as glosas de despesas relacionadas com publicidade, por considerálas necessárias ao desenvolvimento da fonte produtiva da Contribuinte; e (ii) recalcular o prejuízo fiscal obtido pela Contribuinte 2007 em decorrência do reconhecimento de despesas postergadas, reduzindo proporcionalmente os tributos devidos no anocalendário de 2008. Tendo em vista a exoneração parcial do crédito tributário acima do valor de alçada previsto na Portaria/MF nº 3/2008, o Colegiado a quo suscitou de ofício o reexame da matéria ao CARF. Em recurso voluntário (fls. 1414 a 1433), a Contribuinte reproduz suas alegações de impugnação, especialmente no que se refere à (i) dedutibilidade das despesas com viagens e com consultoria de recursos humanos, por serem necessárias e essenciais ao desenvolvimento de suas atividades; (ii) dedutibilidade de todas as despesas relacionadas com publicidade, em razão da apresentação de documentos hábeis a comprovar tais despesas; (iii) ausência de previsão legal para as glosas relacionadas com a extemporaneidade da contabilização de despesas devido à ausência de comprovação de prejuízo ao erário; (iv) necessidade de recomposição do saldo de prejuízo fiscal e da negativa da CSLL do ano de Fl. 1524DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 14 13 2007 para verificação de efetiva redução de IRPJ/CSLL; e (v) inaplicabilidade de multa isolada em concomitância com a multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé Inicialmente, esclareço que fui designado pelo Presidente da 1a Câmara redator ad hoc após a extinção formal da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, tendo em vista a não formalização do voto pelo relator originário, conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho. Contudo, registrese já haver sido disponibilizado pelo conselheiro, em data anterior à sua saída do CARF, arquivo magnético contendo minuta relativa ao voto proferido em sessão. Tendo participado do julgamento em questão, e ora efetuado a revisão da referida minuta para fins de formalização do presente voto, verifico tratarse de reprodução fiel do quanto foi apresentado em sessão e que representa, portanto, as razões que orientaram o Colegiado a converter o julgamento em diligência. Nestes termos, o voto a seguir é a reprodução do mencionado voto, com mínimos ajustes de redação que se fizeram necessários. Os recursos de ofício e voluntário atendem aos pressupostos de admissibilidade, pelo que deles se toma conhecimento. Conforme se depreende do relatório supra, os autos de infração de IRPJ e CSLL sob julgamento decorrem da glosa de despesas registradas pela Contribuinte no ano calendário de 2008. Segundo a Fiscalização, (a) uma parte de referidas despesas não estaria comprovada ou seria desnecessária à fonte produtiva e (b) outra parte teria tido seu registro indevidamente postergado para o anocalendário de 2008, quando o adequado seria o respectivo lançamento no ano de 2007. Quanto ao item (a) supra, o acórdão recorrido asseverou que, com relação à empresa “Dadanet”, não teria havido apresentação de contrato de prestação de serviços relacionado com a despesa de publicidade incorrida no mês de março, no valor de R$370.374,32, o que prejudicaria a auditoria sobre a dedutibilidade respectiva, justificando sua glosa. Em recurso voluntário, a Recorrente apresenta documento (fls. 1.448 a 1.494) o qual consistiria na efetiva tradução do contrato celebrado com a “Dadanet”, e seria instrumento suficiente para demonstrar a existência e a necessidade de tal despesa. Confirase (fls. 1421): “Portanto, tratandose de despesas necessárias e devidamente comprovadas por meio da documentação anexada aos autos, resta plenamente justificada a dedução das despesas de publicidade em geral relativas à DADANET SpA, no valor original de R$ 370.374,32 – Conta 51220020, devendo ser reformada a decisão de 1a Instância Administrativa nesse ponto que pugnou pela glosa da dedução realizada.” Fl. 1525DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 15 14 O documento requerido pelo acórdão recorrido merece ser adequadamente auditado pelas autoridades fiscais antes que se analise a dedutibilidade das despesas em referência. Por não tido oportunidade de auditoria anterior por conduta imputável à Contribuinte, a Fiscalização pode trazer aos autos quaisquer aspectos relacionados à possível (in)dedutibilidade dessas despesas, inclusive, mas sem se limitar, à natureza do pagamento respectivo. Quanto ao item (b) supra, consta do Termo de Verificação Fiscal que a Fiscalização apurou despesas registradas no anocalendário de 2008 com inobservância do regime de competência, visto que deveriam ter sido contabilizadas no período de 2007. São despesas referentes às seguintes contas: (i) 51220020  Despesas com publicidade – glosa de R$ 1.375.302,32; (ii) 51340120 (Intercompany), 51380200 (Direitos Autorais), 51380010 (Viagens), 51380210 (Web Plataform) e 51380110 (Licenças) –glosa de R$ 12.828.299,30. Confirase, verbis (fls. 136): “II.b) Contas 51340120 – Intercompany; 51220020 – Publicidade; 51380200 – Direitos Autorais; 51380010 – Viagens; 51380210 – Web Plataform e 51380110 – Licenças – R$12.828.299,30. Estas contas de despesas supramencionadas são contrapartida de contas do passivo referentes a fornecedores estrangeiros: conta 21320002 – DADA IBERIA SL e conta 21320003 – DADANET SpA. Intimada pelo Termo de Intimação/10, foram solicitados os contratos indicados após cada fattura da DADANET SpA, bem como os esclarecimentos sobre despesas relativas ao anocalendário de 2007 e lançadas no anocalendário de 2008. Este Termo não foi respondido e nem atendido. Verifiquei que os Invoices e as fatturas listadas no Termo de Intimação/10, referemse ao anocalendário de 2007, e como a empresa declara no Lucro Real Anual, tais despesas deveriam estar consignadas e contabilizadas no ano calendário de 2007, porque já incorridas, pois entendese como despesas incorridas aquelas de competência do período de apuração, relativas a bens empregados ou serviços consumidos nas transações ou operações exigidas para a atividade da empresa, que tenham sido pagas ou não, em relação às quais já tenha nascido a obrigação correspondente, ainda que o pagamento venha a ocorrer em período subseqüente. Solicitado o esclarecimento sobre o motivo pelo qual foram escrituradas em exercício posterior ao período de competência, nada responderam. O detalhamento destas despesas constam da planilha IV, fls.2 e estas despesas estão sendo consideradas como redução indevida do Lucro Real e levadas à tributação por diminuição indevida do lucro líquido do exercício.” O acórdão a quo corrigiu o lançamento para considerar que as despesas deveriam aumentar o saldo de prejuízo fiscal e base negativa apurado em 2007 para, assim, serem utilizadas para reduzir a base de cálculo dos tributos lançados no ano de 2008, no limite legal de 30% do lucro apurado. Verbis (fls. 1.368): “Porém, embora a autoridade tributária tenha obtido êxito em demonstrar os procedimentos equivocados realizados pelo contribuinte, identificar as infrações e o conseqüente prejuízo ao Erário pelos tributos não apurados, falhou ao não considerar as Fl. 1526DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 16 15 despesas dedutíveis incorridas em 2007 na apuração do prejuízo fiscal deste mesmo ano. Digo isto, não pelas razões apresentadas pela defesa, das quais discordo como já esclareci, mas pelo impacto que o cômputo de tais despesas causaria no prejuízo fiscal de 2007, e, conseqüentemente, no prejuízo fiscal acumulado. E neste aspecto, haveria implicação no presente caso, pois, tanto na apuração do IR e CSLL a lançar, como na apuração das estimativas para calcular a multa isolada, a autoridade realizou compensação com prejuízo fiscal de anos anteriores que tinha montante inferior a trava de 30%, desta forma, um aumento do prejuízo fiscal acumulado poderia ser utilizado na compensação do ano de 2008 para apuração do IR e CSLL a lançar, configurando lançamentos com valores inferiores. Ademais, a parte deste aumento no prejuízo fiscal acumulado que não pudesse ser utilizada na compensação referente a apuração do Lucro Real de 2008, por ser superior a trava de 30%, poderia ser utilizada nas compensações dos anos posteriores”.(grifouse) A Contribuinte não nega o registro equivocado de suas despesas, mas alega que o lançamento seria nulo, em virtude da inexistência de prejuízo ao Erário. Diante de citada alegação e dos demais elementos de prova trazidos aos autos, tornase indispensável a conversão desse julgamento em diligência para que seja adotada pela E. Delegacia da Receita Federal da jurisdição da Contribuinte as seguintes providências: (i) analisar, de forma conclusiva e fundamentada, o contrato trazido pela Contribuinte (fls. 1.448 a 1.494), de modo a atestar sua vinculação às despesas glosadas, e manifestarse ainda sobre eventuais (outros) motivos que justificariam a glosa em referência; (ii) proceder aos cálculos determinados na forma do acórdão recorrido e indicar os reflexos desses cálculos no montante dos tributos lançados no anocalendário de 2008; (iii) proceder à revisão de eventual saldo de prejuízos fiscais e base negativa de CSLL nos anos subsequentes a 2007, decorrentes da determinação do acórdão recorrido de registro das despesas no anocalendário de 2007, e (iv) verificar, de forma conclusiva e fundamentada, em razão do mencionado nos itens (ii) e (iii) acima, eventual recolhimento de tributos (IRPJ/CSLL) pela Contribuinte nos anos calendários subsequentes a 2008, e a data dos respectivos lançamentos, de modo a evidenciar e demonstrar, se o caso, eventual postergação de pagamento do tributo devido em 2008 para períodos posteriores (até a data do lançamento de ofício). Fl. 1527DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10880.720846/201388 Resolução nº 1102000.304 S1C1T2 Fl. 17 16 Em relação a todas as verificações efetuadas deverá ser lavrado Relatório de Diligência circunstanciado e dele ser dada ciência à Contribuinte para que, desejando, possa se manifestar, no prazo de 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Fl. 1528DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO
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