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Numero do processo: 19515.004003/2010-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-007.040
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício.
(Assinado digitalmente)
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em exercício. (Assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 40 03 /2 01 0- 21 Fl. 222DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Cuidase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional (efls. 196 a 206) em face do Acórdão nº 2302002.903, proferido na Sessão de 21 de novembro de 2013 (e fls. 180 a 195) e que deu provimento parcial a Recurso Voluntário, conforme ementa a seguir reproduzida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 OPÇÃO PELO LUCRO PRESUMIDO. DISTRIBUIÇÃO AOS SÓCIOS. CARACTERIZAÇÃO COMO PRO LABORE. Incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos pela empresa optante do lucro presumido a título de adiantamento de resultado, quando não restar comprovado que o lucro contábil foi maior que o montante distribuído. Art. 201, § 5°, do RPS/99, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. JUROS DE MORA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DURANTE PROCESSO ADMINISTRATIVO. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. MULTA DE OFÍCIO. ART. 35A DA LEI Nº 8.212/91. As multas previstas anteriormente no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 ostentavam natureza mista, punindo a mora e a necessidade de atuação de ofício do aparato estatal (multa de ofício), de sorte que aqueles percentuais devem ser comparados com as disposições hoje contidas no artigo 35A da Lei n° 8.212/91, para fins de apuração da multa mais benéfica (art. 106, II, c do CTN). Para fatos geradores ocorridos antes da alteração legislativa, aplicamse as multas então estipuladas no Fl. 223DF CARF MF Processo nº 19515.004003/201021 Acórdão n.º 9202007.040 CSRFT2 Fl. 3 3 artigo 35 da Lei n° 8.212/91, observado o limite máximo de 75%. Recurso Voluntário Provido em Parte. A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade em dar provimento parcial ao recurso, devendo a multa aplicada ser calculada considerando as disposições do art. 35, II, da Lei nº. 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive. Vencidos na votação os Conselheiros Bianca Delgado Pinheiro, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que a multa aplicada deve ser limitada ao percentual de 20% em decorrência das disposições introduzidas pela MP 449/2008 (art. 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação da MP n.º 449/2008 c/c art. 61, da Lei n.º 9.430/96). A Fazenda Nacional pretende rediscutir a retroatividade benigna em razão da alteração legislativa introduzida pela Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009 (cesta de multas). Em despacho de admissibilidade de efls. 207 a 211, o Presidente da 3ª Câmara, da 2ª Seção do CARF deu seguimento ao apelo. Em suas razões a Fazenda Nacional aduz, em síntese, que antes da MP nº 449/2008, o lançamento do principal era realizado separadamente, em NFLD, incidindo a multa de mora prevista no artigo 35, II da Lei nº 8.212/91, além da lavratura do auto de infração, com base no artigo 32 da Lei nº 8.212/91 (multa isolada); que a MP nº 449/2008, instituiu uma nova sistemática de constituição dos créditos tributários, o que torna essencial a análise de pelo menos dois dispositivos: o artigo 32A e o artigo 35A, ambos da Lei nº 8.212/91; que o art 32A trata de preceito normativo destinado unicamente a penalizar o contribuinte que deixa de informar em GFIP dados relacionado a fatos geradores de contribuições previdenciárias, nos termos do art. 32, inciso IV, da Lei nº 8.212/91; que o atual regramento não criou maiores inovações aos preceitos do antigo art. 32 da Lei nº 8.212/91, exceto no que tange ao percentual máximo da multa que, agora, passou a ser de 20% (vinte por cento). Assim, a infração antes penalizada por meio do art. 32, passou a ser enquadrada no art. 32A, com a multa reduzida; que a MP nº 449/2008 também inseriu no ordenamento jurídico o art. 35A o qual remete à aplicação do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996; que a leitura do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 corrobora a tese suscitada no acórdão paradigma e ora defendida, no sentido de que tal dispositivo abarca duas condutas: o descumprimento da obrigação principal (totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento) e também o descumprimento da obrigação acessória (falta de declaração ou declaração inexata); Fl. 224DF CARF MF 4 que se deve privilegiar a interpretação no sentido de que a lei não utiliza palavras ou expressões inúteis e, em consonância com essa sistemática, temse que a única forma de harmonizar a aplicação dos artigos citados é considerar que o lançamento da multa isolada prevista no artigo 32A da Lei nº 8.212/91 ocorrerá quando houver tão somente o descumprimento da obrigação acessória, ou seja, as contribuições destinadas a Seguridade Social foram devidamente recolhidas; que toda vez que houver o lançamento da obrigação principal, além do descumprimento da obrigação acessória, a multa lançada será única, qual seja, a prevista no artigo 35A da Lei nº 8.212/91, sendo essa a conclusão a que chegou o eminente relator do acórdão paradigma e que reflete a melhor interpretação da nova sistemática de lançamento das contribuições previdenciárias; que a autoridade fiscal deve aplicar a multa mais benéfica ao contribuinte considerando os seguintes parâmetros: se as duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou o art. 35A da Lei nº 8.212/91, introduzido pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009; que a respeito da forma correta para aferição da multa mais benéfica ao contribuinte, a Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 1.027, de 22/04/2010, explicando qual é o procedimento adequado a ser utilizado e que em seu inciso I define o critério ora defendido; Por fim, a Fazenda Nacional formula pedido nos seguintes termos: Ante o exposto, requer a Fazenda Nacional que: (a) seja conhecido o presente recurso, face à observância dos requisitos de admissibilidade previstos art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009; (b) seja dado total provimento ao presente recurso com a conseqüente reforma do acórdão recorrido a fim de que prevaleça a forma de cálculo utilizada pela autoridade fiscal para aferição da multa mais benéfica ao contribuinte, em conformidade com o que dispõe a Instrução Normativa SRF nº 1.027/2010. Cientificada do Acórdão nº 2302002.903, do Recurso Especial da Procuradoria e do Despacho que lhe deu seguimento, a Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme se atestou no Despacho de Exame de Fl. 225DF CARF MF Processo nº 19515.004003/201021 Acórdão n.º 9202007.040 CSRFT2 Fl. 4 5 Admissibilidade de Recurso Especial de efls. 207 a 211, o qual não merece reparos. Conheço, portanto do recurso. Quanto ao mérito, a matéria em discussão diz respeito à definição da(s) penalidade(s) aplicável(eis) no caso de lançamento de ofício quando se apure infrações relacionadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, após as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, em razão da aplicação do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, a seguir reproduzido: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Antes das alterações introduzidas pela Medida Provisória nº 449, de 2008, a Lei nº 8.212, de 1991 previa, para os casos de lançamento de ofício de contribuições sociais de que trata os incisos “a”, “b” e “c”, do parágrafo único, do art. 11, a incidência de uma penalidade para o caso de falta de declaração em GFIP de verba tributável (art. 32, § 5º) e outra penalidade pelo recolhimento insuficiente (art. 35, II). Eis a redação dos referidos dispositivos, antes da MP n° 449, de 2008: Art. 32. A empresa é também obrigada a: § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. [...] Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: [...] II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias Fl. 226DF CARF MF 6 da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; Incidiam, portanto, duas penalidades para duas infrações materialmente distintas: a falta de declaração de verba tributável e o recolhimento insuficiente do tributo. A partir da vigência da Medida Provisória nº 449, de 2008, essas duas penalidades foram substituídas por uma só: a multa prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Vejamos: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, prescreve: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 19515.004003/201021 Acórdão n.º 9202007.040 CSRFT2 Fl. 5 7 § 3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. § 4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. § 5o Aplicase também, no caso de que seja comprovadamente constatado dolo ou máfé do contribuinte, a multa de que trata o inciso I do caput sobre: I a parcela do imposto a restituir informado pelo contribuinte pessoa física, na Declaração de Ajuste Anual, que deixar de ser restituída por infração à legislação tributária; e II – (VETADO). Para aferir qual a penalidade mais benigna, se a prevista anteriormente à Medida Provisória nº 449, de 2008 ou a posterior à mudança legal, devemos sopesar, consideradas as naturezas materiais das infrações previstas, isto é, a relação entre as condutas e as infrações previstas, aquela menos onerosa para o infrator, conforme entendimento consolidado nesta Câmara Superior de Recursos Fiscais, externada, por exemplo, no Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), a saber: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. Como, para as duas condutas: a falta de declaração e o pagamento insuficiente, para as quais a legislação anterior previa a incidência de duas penalidades, Fl. 228DF CARF MF 8 cumulativamente, a nova legislação prevê apenas a incidência de uma única penalidade, na aplicação da retroatividade benigna, devese comparar a soma das multas previstas (arts. 35, II, e 32, § 5o, da Lei n° 8.212, de 1991) à multa prevista na nova legislação (art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991). Mais especificamente, como a nova legislação prevê multa de 75%, na ausência de evidente intuito de fraude, haverá retroatividade benigna se a penalidade aplicável, segundo a legislação vigente à época do lançamento, ultrapassar esse percentual. No caso de incidência das multa previstas nos §§ 4º e 5º, do art. 32 e do art. 35, ambos da Lei nº 8.212, de 1991, na redação anterior à MP nº 449, de 2008, se a soma das duas penalidades for superior a 75%. No caso de aplicação, por qualquer razão, de apenas uma das penalidades, a comparação deve ser feita com o valor desta. Esse é o entendimento compatível com a posição da Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, segundo entendimento também consolidada deste Colegiado, conforme voto proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 19515.004003/201021 Acórdão n.º 9202007.040 CSRFT2 Fl. 6 9 § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Fl. 230DF CARF MF 10 Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de Fl. 231DF CARF MF Processo nº 19515.004003/201021 Acórdão n.º 9202007.040 CSRFT2 Fl. 7 11 obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. A citada Portaria nº 14, de 2009, que, vale ressaltar, está em perfeita consonância com a jurisprudência do CARF, é clara quanto aos procedimentos a serem observados para aplicação, em cada caso, da retroatividade benigna. Vejamos: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada Fl. 232DF CARF MF 12 na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Assim, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009, que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Ante o exposto, conheço do recurso e doulhe provimento para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, assim como lançado. (Assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator Fl. 233DF CARF MF Processo nº 19515.004003/201021 Acórdão n.º 9202007.040 CSRFT2 Fl. 8 13 Fl. 234DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10410.005311/2001-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1999
DECLARAÇÃO DE AJUSTE. DESPESAS ODONTOLÓGICAS. DEDUÇÃO.
Para fins de apuração da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, as despesas odontológicas do contribuinte poderão ser deduzidas na declaração de rendimentos, quando comprovadas mediante documentação hábil e idônea.
IMPOSTO RETIDO NA FONTE. DEDUÇÃO. RENDIMENTOS INCLUÍDOS NA BASE DE CÁLCULO.
Cabe manter a glosa do imposto de renda retido na fonte quando não demonstrado pelo contribuinte, de forma segura, que o valor pleiteado corresponde a rendimentos incluídos na base de cálculo tributável da sua declaração de ajuste anual.
Numero da decisão: 2401-005.768
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de R$ 3.000,00 a título de despesas médicas/odontológicas. Vencidos os conselheiros Andréa Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira e Luciana Matos Pereira Barbosa que davam provimento parcial em maior extensão para considerar comprovada a retenção na fonte de R$ 2.812,49.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro e Matheus Soares Leite.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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DESPESAS ODONTOLÓGICAS. DEDUÇÃO. Para fins de apuração da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, as despesas odontológicas do contribuinte poderão ser deduzidas na declaração de rendimentos, quando comprovadas mediante documentação hábil e idônea. IMPOSTO RETIDO NA FONTE. DEDUÇÃO. RENDIMENTOS INCLUÍDOS NA BASE DE CÁLCULO. Cabe manter a glosa do imposto de renda retido na fonte quando não demonstrado pelo contribuinte, de forma segura, que o valor pleiteado corresponde a rendimentos incluídos na base de cálculo tributável da sua declaração de ajuste anual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 00 53 11 /2 00 1- 86 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10410.005311/200186 Acórdão n.º 2401005.768 S2C4T1 Fl. 103 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de R$ 3.000,00 a título de despesas médicas/odontológicas. Vencidos os conselheiros Andréa Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira e Luciana Matos Pereira Barbosa que davam provimento parcial em maior extensão para considerar comprovada a retenção na fonte de R$ 2.812,49. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro e Matheus Soares Leite. Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (DRJ/REC), por meio do Acórdão nº 06.880, de 12/12/2003, cujo dispositivo considerou procedente em parte o lançamento, mantendo parcialmente o crédito tributário (fls. 53/59): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1999 CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA OFICIAL E À PREVIDÊNCIA PRIVADA. Devem ser considerados como dedução dos rendimentos tributáveis, para fins de apuração da base de cálculo do imposto, os valores pagos a título de contribuição previdenciária oficial e, desde que obedecidos os limites estabelecidos na legislação, os valores pagos a título de contribuição à previdência privada, que forem comprovados mediante documentação hábil e idônea. DEDUÇÃO DE DEPENDENTES E DEDUÇÃO DE DESPESAS COM INSTRUÇÃO. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10410.005311/200186 Acórdão n.º 2401005.768 S2C4T1 Fl. 104 3 Considerase não contestada a matéria sobre a qual o contribuinte não se refere expressamente. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. Somente são dedutíveis, para fins de apuração da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, as despesas médicas realizadas com o contribuinte ou com os dependentes relacionados na declaração de ajuste anual, que forem comprovadas mediante documentação hábil e idônea. GLOSA DO IMPOSTO RETIDO NA FONTE. Deve ser mantida a glosa do valor do imposto retido na fonte, quando restar comprovado que o respectivo rendimento tributável não foi oferecido à tributação. SALDO DO IMPOSTO A PAGAR DECLARADO. Deverá ser excluído do crédito tributário apurado o valor do saldo do imposto a pagar declarado pelo contribuinte, mormente quando restar comprova,do seu recolhimento. Lançamento Procedente em Parte Em face da contribuinte foi lavrado Auto de Infração, relativo ao ano calendário de 1999, decorrente de procedimento de revisão da Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF), em que a fiscalização apurou as seguintes infrações (fls. 05/12): (i) dedução indevida a título de contribuição à previdência privada, no valor de R$ 2.672,00; (ii) dedução indevida com dependentes, no valor de R$ 1.080,00; (iii) dedução indevida de despesas com instrução, no valor de R$ 700,00; (iv) dedução indevida a título de despesas médicas, no valor de R$ 4.115,00; e (v) dedução indevida de imposto de renda retido na fonte, no importe de R$ 4.008,44. O auto de infração alterou o resultado de sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), exigindose o imposto suplementar, juros de mora e multa de ofício. A contribuinte foi cientificada da autuação e impugnou a exigência fiscal no dia 30/11/2001 (fls. 03 e 50). Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10410.005311/200186 Acórdão n.º 2401005.768 S2C4T1 Fl. 105 4 Intimada por via postal em 14/01/2004 da decisão do colegiado de primeira instância, a recorrente apresentou recurso voluntário, em que alega os seguintes argumentos de fato e direito (fls. 60/62 e 75): (i) no recibo comprobatório da despesa odontológica, no valor de R$ 3.000,00, foi providenciada a inclusão do tipo de tratamento realizado; e (ii) os rendimentos informados em nome do Fundo Nacional de Saúde, na verdade, correspondem a pagamentos recebidos da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, devendo ser considerados o valor de R$ 25.909,71, a título de rendimentos tributáveis, e R$ 2.812,49, como imposto retido na fonte, conforme declaração anexada aos autos. Por meio da Resolução nº 10601.321, de 20/10/2005, a Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, converteu o julgamento em diligência, para as seguintes providências (fls. 77/81): (...) a) determinar a intimação da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió para que esta ratifique ou retifique o conteúdo das informações prestadas no Comprovante de Rendimentos acostado às fls. 25, trazendo aos autos o anexo da Declaração de fls. ; e b) intimar a contribuinte para que informe a origem dos valores informados em sua Declaração de Ajuste Anual relativa ao ano base 1999, tanto no que diz respeito aos rendimentos tributáveis recebidos do SUS, quanto no tocante ao IRRF alegadamente retido pelo mesmo. A unidade preparadora providenciou as intimações, conforme determinado na Resolução, porém não houve respostas (fls. 86/99). Por fim, levando em consideração que Turma de origem foi extinta, assim como a relatora originária não mais integra o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, realizou se novo sorteio e distribuição deste processo para o julgamento do recurso voluntário no âmbito da Segunda Seção. É o relatório. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10410.005311/200186 Acórdão n.º 2401005.768 S2C4T1 Fl. 106 5 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade O recurso voluntário não tem protocolo ou registro da data em que foi apresentado. Porém, tendo havido a determinação da sua remessa para julgamento pelo órgão de segunda instância pela autoridade preparadora, sem quaisquer ressalvas, considero tempestivo (fls. 75/76). Uma vez satisfeitos os demais requisitos de admissibilidade do recurso voluntário, dele tomo conhecimento. Mérito A matéria do recurso voluntário cingese a dois pontos: glosa de despesa odontológica no valor de R$ 3.000,00 e compensação indevida de imposto de renda retido na fonte, no montante de R$ 2.812,49. a) Despesa odontológica Na DAA 1999/2000, a contribuinte declarou o pagamento a título de despesas médicas no valor total de R$ 4.115,00, que foi glosado pela fiscalização (fls. 42/45). Quando do protocolo da impugnação, foi apresentada cópia do recibo emitido pelo cirurgiãodentista Antônio Laurentino de Almeida, CRO/AL nº 835, em que atesta o recebimento da quantia de R$ 3.000,00, em decorrência de serviços prestados à recorrente (fls. 28). A decisão de piso não aceitou tal documento, sob o argumento de ausência de força comprobatória da despesa médica realizada, por não especificar quais foram os serviços prestados. No recurso voluntário, consta uma cópia do mesmo recibo emitido com uma declaração adicional no verso firmada pelo profissional de saúde, em que assevera que a importância consignada no documento relacionase ao tratamento ortodôntico da recorrente (fls. 72). Nesse cenário, não vejo motivos para deixar de acolher o recibo como prova hábil e idônea da despesa odontológica, no valor de R$ 3.000,00, restabelecendo a dedução efetuada pela contribuinte. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10410.005311/200186 Acórdão n.º 2401005.768 S2C4T1 Fl. 107 6 b) Imposto retido na fonte Expõe a recorrente a necessidade de reforma da decisão de piso para considerar a dedução do imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 2.812,49. Ainda na fase de impugnação, a contribuinte anexou cópia do comprovante de rendimentos emitido pela Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, relativamente ao ano calendário de 1999, em que está indicado o valor de R$ 25.909,71 como rendimentos tributáveis e R$ 2.812,49, a título de imposto retido (fls. 31). Em sede de recurso, a recorrente trouxe aos autos uma declaração prestada pela Secretaria Municipal de Saúde do Município de Maceió, datada em 16/02/2004, da qual se assegura que a contribuinte prestou serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS), sem vínculo empregatício no anocalendário de 1999, com repasse financeiro do Fundo Nacional de Saúde e responsabilidade pelo pagamento do órgão municipal (fls. 73). Com base nesses elementos de prova, a contribuinte requer a aceitação dos valores constantes do comprovante de rendimentos fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde de Maceió e a desconsideração dos rendimentos equivocadamente declarados, na sua DAA 1999/2000, em nome do Fundo Nacional de Saúde, por tratarse de uma única fonte pagadora. Pois bem. Ao que tudo indica, como reconheceu a relatora originária, há plausibilidade nas alegações da recorrente. Entretanto, o conjunto probatório é insuficiente para o convencimento do julgador, visto que não há identidade entre os valores declarados pela contribuinte na sua DAA 1999/2000, tendo como fonte pagadora o Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, e os dados do comprovante de rendimentos da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, o que põe dúvida se, de fato, equivalem aos mesmos rendimentos. Confirase um quadro comparativo: Fonte Pagadora CNPJ Rendimentos Tributáveis (R$) Imposto Retido (R$) SUS Ministério da Saúde (fls. 45) 00.530.493/000171 27.051,19 3.163,64 Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (fls. 31) 00.204.125/000133 25.909,71 2.812,49 Através da Resolução nº 10601.321, de 20/10/2005, determinouse a intimação da contribuinte, bem como da Secretaria de Saúde do Município de Maceió, para que fossem trazidos aos autos esclarecimentos adicionais sobre a origem dos rendimentos percebidos e o montante de retenção do imposto na fonte. Contudo, após intimados, não houve qualquer manifestação (fls. 86/99). Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10410.005311/200186 Acórdão n.º 2401005.768 S2C4T1 Fl. 108 7 Cuidase, na hipótese, de ônus do interessado demonstrar os fatos que pretende fazer prevalecer no processo, em detrimento das informações prestadas originalmente em sua declaração de ajuste anual, sob pena de aparentar a verdade, porém sem efetivamente comproválos. No nível municipal, os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) são provenientes não só de transferências federais, mas também de receitas municipais, de maneira que é imprescindível a certeza de que o imposto de renda retido na fonte, no valor de R$ 2.812,49, corresponde aos rendimentos incluídos na base de cálculo pelo contribuinte na sua declaração de ajuste (art. 87, inciso IV, do Regulamento do Imposto de Renda, veiculado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999). Lembro também que o imposto de renda incidente na fonte sobre rendimentos pagos pelos municípios não é recolhido aos cofres da União, uma vez que o produto da arrecadação pertence a eles, não sendo possível a consulta a valores recolhidos no sistema informatizado da RFB. Desse modo, cabe a confirmação da glosa do imposto de renda retido na fonte quando não demonstrado pela contribuinte que o valor pleiteado corresponde indiscutivelmente a rendimentos incluídos na base de cálculo na sua declaração de rendimentos, relativamente ao anocalendário de 1999. Portanto, mantenho a decisão de piso que não considerou dedutível o valor de R$ 2.812,49 de imposto de renda. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário e, no mérito, DOULHE PROVIMENTO PARCIAL para restabelecer a dedução de R$ 3.000,00, a título de despesas médicas/odontológicas. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 108DF CARF MF
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Numero do processo: 16682.901024/2011-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
PER/DCOMP. ERRO NO PREENCHIMENTO. RETIFICAÇÃO APÓS PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIOS DA VERDADE MATERIAL E DA INFORMALIDADE. POSSIBILIDADE.
Constatando-se dos documentos acostados ao processo que o contribuinte apresentou equivocadamente PER/DCOMP relativo a pagamento a maior ou indevido quando seu crédito deveria ser manejado como saldo negativo de IRPJ e/ou CSLL, refaz-se a análise do crédito sob a forma de Saldo Negativo, e, apurando-se crédito disponível, aplica-se ao mesmo a sistemática de atualização aplicável aos saldos negativos para fins de compensação com os débitos declarados nos PER/DCOMP.
Numero da decisão: 1401-002.735
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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ERRO NO PREENCHIMENTO. RETIFICAÇÃO APÓS PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIOS DA VERDADE MATERIAL E DA INFORMALIDADE. POSSIBILIDADE. Constatandose dos documentos acostados ao processo que o contribuinte apresentou equivocadamente PER/DCOMP relativo a pagamento a maior ou indevido quando seu crédito deveria ser manejado como saldo negativo de IRPJ e/ou CSLL, refazse a análise do crédito sob a forma de Saldo Negativo, e, apurando se crédito disponível, aplicase ao mesmo a sistemática de atualização aplicável aos saldos negativos para fins de compensação com os débitos declarados nos PER/DCOMP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 10 24 /2 01 1- 57 Fl. 501DF CARF MF 2 Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Fl. 502DF CARF MF Processo nº 16682.901024/201157 Acórdão n.º 1401002.735 S1C4T1 Fl. 502 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão 12042.712 15 ª Turma da DRJ, que por unanimidade de votos indeferiu o pedido de diligência formulado pela Interessada; rejeitar a arguição de nulidade, não reconhecer nenhum direito creditório além do já reconhacido no Despacho Decisório de fl. 07 e não homologou nenhuma compensação além daquelas já homologadas. A interessada transmitiu a DCOMP Eletrônica n° 15240.60052.270906.1.7.020387, apresentada em 27/09/2006, onde a interessada declara, resumidamente, a compensação utilizando o seguinte crédito (fl.03): Crédito – Saldo Negativo de IRPJ Período : 2º trimestre de 2.004 Valor Original do Crédito Inicial : R$ 2.421.291,06 Crédito Original da Data da Transmissão : R$ 2.421.291,06 Total do Crédito Original Utilizado nesta DCOMP: R$ 1.536.867,13 A DCOMP foi analisada em procedimentos informatizados, resultando em HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. De acordo com o Despacho Decisório de fl. 11, nº de rastreamento 930858551, de 04/05/2011, o julgamento teve a seguinte fundamentação: “Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 2.421.291,06 Valor na DIPJ: R$ 2.421.291,06 Somatório das parcelas de composição do crédito na DIPJ: R$ 2.421.291,06 IRPJ devido: R$ 0,00 Valor do saldo negativo disponível= (Parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ) ( IRPJ devido) limitado ao menor valor entre saldo negativo DIPJ e PER/DCOMP, observado que quando este cálculo resultar negativo, o valor será zero. Valor do saldo negativo disponível: R$ 55.479,37 O crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual HOMOLOGO PARCIALMENTE a compensação declarada no PER/DCOMP acima identificado.” Apreciada a Manfestação de Inconformidade, afastada a nulidade arguida, o Despacho Decisório foi mantido sob fundamento de que o documento necessário à comprovação da retenção na fonte a ser deduzido ou compensado pela beneficiária dos rendimentos é o “Comprovante Anual de Rendimentos Pagos ou Creditados e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte Pessoa Jurídica”. Melhor dizendo, em sendo a beneficiária dos rendimentos questionada acerca da retenção na fonte, poderá comproválos mediante a apresentação do documento referido no artigo 4º., assim para confirmar a retenção na fonte glosada no Despacho Decisório de fl.11, nº de rastreamento 930858551, de 04/05/2011, bastava à interessada apresentar os comprovantes de retenção na fonte emitidos pelo Banco Itaú Unibanco S/A, no montante glosado – R$ 2.365.811,69. Afastado também o argumento da decadência, tendo em vista que o saldo negativo da empresa tal como informado na DIPJ do 2º trimestre de 2004, não se encontra Fl. 503DF CARF MF 4 homologado, sendo inaplicável ao caso a interpretação da interessada do artigo 150, parágrafo 4º do CTN. Ainda quanto as retenções sofridas no segundo trimestre por não estar comprovada a certeza e liquidez do direito creditório, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, cujo ônus que competia à interessada, não houve como se reconhecer o direito creditório pleiteado, no valor de R$ 2.365.811,69. Contra essa decisão, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário demonstrando que: a) a empresa tem como comprovar por meio do Sistema DIRF da própria Receita Federal a existência de retenções em valor, inclusive, superior ao que foi informado no PER/DECOMP; e b) a sua escrituração contábil comprova as retenções sofridas, bem como o oferecimento à tributação das receitas subjacentes. Apreciadas as razões expostas pela recorrente a 3a Turma da 1a. Câmara da 1a. Seção do Carf entendeu por bem determinar a baixa dos autos em diligência para que a autoridade preparadora procedesse a verificação da existência de registro, nos sistemas de controle da RFB, dos valores indicados pela Recorrente à guisa de IRRF, bem como, informe, se comprovada a retenção efetiva dos valores ali descritos, a repercussão na apuração do IRPJ devido pela Recorrente no 2o. Trimestre de 2004 e se os rendimentos foram oferecidos à tributação. Sobre o Resultado da diligência, a Recorrente ofereceu manifestação favorável, no sentido que o apurado pela autoridade preparadora daria ensejo ao reconhecimento do crédito por ela pretendido. É o relatório do essencial. Fl. 504DF CARF MF Processo nº 16682.901024/201157 Acórdão n.º 1401002.735 S1C4T1 Fl. 503 5 Tabela do plano Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. O recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele conheço. Como bem observado pelo resultado da diligência, em relação à existência do IRRF glosado pelo Despacho Decisório, relativo ao Banco Itaú para o ano calendário 2004, restou constatado que os valores retidos foram confirmados, como se nota no trecho a seguir transcrito: "A contribuinte dá especial ênfase à DIRF do declarante Banco Itaú S/A. Segundo ela, esta DIRF serviria para comprovar todo o IR aproveitado em 2004. De fato, em consulta ao sistema da Receita Federal, a retenção foi confirmada (pg. 302). Entretanto, o código de receita diverge dos códigos declarados em DCOMP. Em DCOMP, foram informados os códigos 5273 e 4326. Já em DIRF, consta o código 6800. Aparentemente, as divergências foram causados por erro da contribuinte, conforme ela mesma reconhece no item 3.1.2 do recurso voluntário". Já em relação à comprovação do oferecimento à tributação das receitas oriundas da operação em exame, o resultado da diligência constatou ter restado demonstrada, de acordo com os seguinte dizeres: "Sobre o oferecimento das receitas à tributação, verificase que a ficha 6A da DIPJ 2005 (pgs. 303 a 384) apresenta, para o período do segundo trimestre, a linha “Outras Receitas Financeiras” com o valor de R$ 18.150.159,51. Este valor é compatível com as receitas oriundas das retenções apresentadas para o 2° trimestre de 2004". Desta forma, em tendo sido verificada a existência de registro, nos sistemas de controle da RFB, dos valores indicados pela Recorrente à guisa de IRRF, bem como, comprovada a retenção efetiva dos valores ali descritos e a repercussão na apuração do IRPJ devido pela Recorrente no 2o. Trimestre de 2004, bem como que os rendimentos foram oferecidos à tributação, há que ser reconhecido o pleito da Recorrente. Quanto ao observado na Informação fiscal, no que diz respeito à formalização de pedido de retificação de DCOMP após a ciência do despacho decisório, fato que segundo a autoridade preparadora, seria motivo, por si só, para indeferir o pleito da Recorrente, temos que tal argumento não procede, principalmente quando confrontado com o conteúdo do Parecer Normativo Cosit nº 2, de 28 de agosto de 2015, segundo o qual: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. Fl. 505DF CARF MF 6 POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não Fl. 506DF CARF MF Processo nº 16682.901024/201157 Acórdão n.º 1401002.735 S1C4T1 Fl. 504 7 poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Dispositivos Legais. arts. 147, 150, 165 170 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN); arts. 348 e 353 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil (CPC); art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984; art. 18 da MP nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001; arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010; Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012; Parecer Normativo RFB nº 8, de 3 de setembro de 2014. Neste mesmo sentido, temos também precedentes nesta Turma, dos quais destaco o Acórdão n. 1401002.521, de relatoria do Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2011 PER/DCOMP. ERRO NO PREENCHIMENTO. RETIFICAÇÃO APÓS PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIOS DA VERDADE MATERIAL E DA INFORMALIDADE. POSSIBILIDADE. Constatandose dos documentos acostados ao processo que o contribuinte apresentou equivocadamente PER/DCOMP relativo a pagamento a maior ou indevido quando seu crédito deveria ser manejado como saldo negativo de IRPJ e/ou CSLL, refazse a análise do crédito sob a forma de Saldo Negativo, e, apurando se crédito disponível, aplicase ao mesmo a sistemática de atualização aplicável aos saldos negativos para fins de compensação com os débitos declarados nos PER/DCOMP. Por estas razões, acato os valores apontados pelo resultado da diligência e dou provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Fl. 507DF CARF MF 8 Fl. 508DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.720244/2016-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 17 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.401
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório 1. Tratase de auto de infração (fls. 02/08) no valor de R$ 14.835.878,29 e que tem por fito exigir multa regulamentar isolada equivalente a 100% (cem por cento) dos valores das mercadorias, por utilização de notas fiscais irregulares, recebidas e escrituradas pelo contribuinte autuado, mas que não corresponderiam à efetiva entrada dos produtos nelas descritos, exatamente como narrado no Termo de Verificação de Infração (TVI) de fls. 10/49. 2. Além do contribuinte Ecoflex Fábrica de Espumas e Colchões Ltda. (Ecoflex), também foram autuados, na condição de responsáveis tributários, a Evolution RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 20 .7 20 24 4/ 20 16 -5 0 Fl. 5557DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.558 2 Comercial Exportadora Ltda. (Evolution) que, segundo a fiscalização, praticou fraude em conjunto com a Ecoflex, bem como as seguintes pessoas físicas: Nelson Habowsky (sócio majoritário e administrador da Ecoflex) e Afonso Henrique Maia Bastos (sócio majoritário e administrador da Evolution). 3. Devidamente notificados, todos os contribuintes apresentaram suas impugnações as fls. 4.925/4.977 (Ecoflex), fls. 5.054/5.131 (Nelson Habowsky), 5.137/5.172 (Evolution) e 5.192/5.227 (Afonso Henrique Maia Bastos), as quais foram devidamente processadas e julgadas improcedentes pelo acórdão n. 1464.316 (fls. 5.234/5.265), da DRJ de Ribeirão Preto/SP, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 MULTA REGULAMENTAR. APROVEITAMENTO DE NOTAS FISCAIS QUE NÃO CORRESPONDEM A EFETIVA SAÍDA. RIPI/2010, ART. 572, II. PENALIDADE IGUAL AO VALOR COMERCIAL DA MERCADORIA. Nos termos do art. 572, II, do Regulamento do IPI aprovado pelo Decreto n° 7.212, de 2010, aos que, em proveito próprio ou alheio, utilizarem, receberem ou registrarem nota fiscal que não corresponda à saída efetiva das mercadorias nela constantes, aplicase a multa isolada equivalente ao valor das mercadorias. IPI. NOTAS FISCAIS EMITIDAS EM NOME DE EMPRESA DE FACHADA. DOLO CARACTERIZADO. Caracteriza fraude e ajuste doloso (conluio) o aproveitamento de notas fiscais emitidas por empresas de fachada, simulando aquisições que inexistiram, a fim de reduzir o montante de imposto devido. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. O prazo decadencial para lançamento de multa regulamentar, lançada isoladamente, iniciase no primeiro dia do exercício seguinte ao do fato gerador (artigo 173, inciso I, do CTN). RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA. PESSOA JURÍDICA ENVOLVIDA EM FRAUDE. CONLUIO. ART. 124, I, DO CTN. SOLIDARIEDADE DE FATO. A solidariedade de fato, prevista no art. 124, I, do Código Tributário Nacional, atinge a pessoa jurídica que, mediante fraude, contribui para reduzir tributo de outra empresa, com ela conluiada. RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA. ADMINISTRADORES. DOLO CARACTERIZADO. CTN, ART. 135, III. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTARIA. Fl. 5558DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.559 3 Caracterizado o dolo, por estar comprovado o registro e a utilização de notas fiscais que não correspondem à efetiva entrada de mercadorias no estabelecimento, em simulação visando reduzir o recolhimento de tributo e permitir informações inverídicas à Receita Federal, os administradores da pessoa jurídica também respondem pela obrigação tributária, de modo solidário e sem benefício de ordem, nos termos do art. 135, III, do Código Tributário Nacional. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO JUDICIÁRIO. Arguições de inconstitucionalidade ou ilegalidade constituem matéria de competência exclusiva do Poder Judiciário, não sendo utilizadas como fundamento em decisões deste Colegiado. AUTOS DE INFRAÇÃO CONTENDO AS MATÉRIAS TRIBUTADAS E RESPECTIVOS ENQUADRAMENTOS LEGAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO. NULIDADE REJEITADA. Não caracteriza a preterição do direito de defesa, a suscitar a nulidade dos lançamentos, os autos de infração que atendem ao disposto no art. 10 do Decreto n° 70.235/72, identificam as matérias tributadas e contém os enquadramentos legais correlatos, demonstrando com clareza as exigências. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. 4. Contra esta decisão, os contribuintes acima mencionados interpuseram seus recursos voluntários as fls. 5.275/5.305 (Afonso Henrique Maia Bastos), fls. 5.306/5.336 (Evolution), fls. 5.339/5.401 (Ecoflex) e fls. 5.439/5.514 (Nelson Habowsky). 5. Não obstante, em 13 de março de 2018 a Procuradoria da Fazenda Nacional peticionou nos autos informando o ajuizamento de ação cautelar fiscal contra a empresa Evolution. 6. É o relatório. Resolução Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro I. Das circunstâncias fáticas que gravitam em torno da presente demanda 7. Antes de seguir adiante no presente voto, mister se faz, neste momento, detalhar as circunstâncias fáticas que gravitam em torno da presente acusação fiscal. Nesse sentido, convém destacar que, segundo informa a fiscalização no já mencionado Termo de Verificação de Infração (TVI), o Ministério Público do Estado do Paraná e a Delegacia da Fl. 5559DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.560 4 Receita Federal em Curitiba teriam deflagrado uma operação conjunta para investigar um suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão fiscal. 8. Segundo a acusação, a empresa Evolution tinha por objeto social a exportação, importação e industrialização de mercadorias na categoria de empresa comercial exportadora, fomento comercial e mercantil, sendo o seu sócio majoritário (Afonso Henrique Maia Bastos) também sócio majoritário da empresa Maia Bastos Assessoria Empresarial Ltda., cujo objeto social era a elaboração de planejamentos tributários, diagnose e revisões fiscais. 9. Ainda segundo a acusação, a empresa Evolution promovia a venda de produtos para encomendantes no exterior, sem que, todavia, tivesse capacidade operacional para produzir tais bens. Assim, contratava empresas da região para a produção de tais bens, os quais eram adquiridos pela Evolution sem as correspondentes notas fiscais. Diante deste quadro, a empresa Evolution "comprava" notas fiscais frias para dar um verniz de legitimidade às suas operações, aquisição essa feita perante empresas que não promoviam o recolhimento dos respectivos tributos. 10. Ademais, ainda segundo o TVI, a empresa Evolution resolveu "refinar" ainda mais a operação fraudulenta, o que fez mediante a inserção de empresas intermediárias entre as empresas chamadas de "noteiras" e a própria Evolution, uma vez que, dessa forma, criaria um esquema fictício de geração e aproveitamento de créditos tributários, esquema essa que era vendido pela empresa Maia Bastos Assessoria Empresarial Ltda. como uma modalidade de "planejamento tributário". Dentre as empresas intermediárias que participaram deste esquema estaria a empresa Ecoflex, uma das responsabilizadas no presente auto de infração. O citado esquema foi assim representado no TVI: 11. Em relação a parte financeira, assim destacou o TVI: (...). Na parte financeira, as noteiras emitiam títulos (duplicatas) contra Ecoflex e Empresa Y pelas suas vendas e imediatamente os descontavam junto à Evolution em operações de factoring. Ecoflex e Empresa Y emitiam títulos contra Evolution referentes à suas vendas. Como Ecoflex e Empresa Y eram credoras (pelas suas vendas) e devedoras (pelas compras das noteiras cujos títulos foram Fl. 5560DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.561 5 descontados) a Evolution, faziamse transferências bancárias mútuas e simultâneas e as dívidas se extinguiam, exceto pela parcela dos créditos tributários gerados que poderiam ser aproveitados por Ecoflex e Empresa Y em suas apurações. O infográfico abaixo sintetiza o fluxo financeiro do esquema: 12. Detalhando ainda mais os referido "esquema", a fiscalização afirma que a empresa Ecoflex, intermediária na citada "operação empresarial", tinha por objeto social a fabricação de espumas e colchões e que, nas operações aqui tratadas, teria "vendido" para Evolution "pallets", madeiras e móveis, ou seja, produtos completamente diferentes do seu objeto social, o que reforçaria a intenção da Ecoflex em participar do esquema apenas para fins de aproveitamento de créditos. A vantagem obtida pela Ecoflex foi assim descrita no TVI: (...). A vantagem indevida era gerada por meio do registro das entradas no CFOP 1.102 Compra para revenda e, como os bens entrados eram diretamente revendidos a Evolution com fim específico de exportação, pelo registro das saídas sob CFOP 5.502 Remessa de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros, com fim específico de exportação, operação esta feita com suspensão de IPI (art. 43, V, a, do Decreto n.º 7.212/2010 Regulamento do IPI), isenta da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins (art. 5.º da Lei n.º 10.637/2002 e art. 6.º da Lei n.º 10.833/2003) e objeto de nãoincidência de ICMS (art. 6.º, inciso II e §1.º inciso I, do Decreto n.º 2.870/2001 Regulamento do ICMS/SC). A título exemplificativo, numa compra de produtos no valor de R$ 1.000,00 seriam gerados R$ 312,50 de créditos daqueles tributos [1.000 x (17% ICMS + 1,65% PIS + 7,6% Cofins=26,25%) + 1.000 x 5% IPI]. Como na revenda destes bens não havia débito, estes R$ 312,50 eram aplicados integralmente na redução dos saldos a pagar, independentemente do valor de revenda. Porém havia ainda o reflexo na apuração de IRPJ e CSLL, pelo aumento de custos e de receitas. Para solucionar esta questão, bastava revender os bens pelo valor de custo, líquido dos tributos. No exemplo acima, o custo das mercadorias revendidas seria contabilizado por R$ 687,50 (1.000 312,50) e a venda feita também por R$ 687,50, anulando o efeito da operação na apuração do IRPJ e da CSLL. Fl. 5561DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.562 6 (...). Verificase que 245 unidades de “cômoda 2 portas” escriturados sob código 40030 entraram por R$ 124.008,93, gerando créditos tributários de R$ 36.907,39 e resultando num custo contabilizado de R$ 87.101,54, e que 245 unidades de mercadoria com código e descrição idênticos foram faturadas para Evolution por R$ 87.103,85, praticamente o valor da nota de entrada descontada dos tributos (70,2% da nota de entrada). (...). 13. Promovendo ainda o detalhamento da fraude, assim afirma o TVI: A parte financeira do esquema iniciavase com a emissão de títulos (duplicatas) em nome das noteiras no valor integral da nota fiscal, divididos em 4 parcelas com 55%, 25%, 15% e 5% do valor total4, imediatamente descontados em operações de factoring junto à Evolution, que escriturava todas as suas operações de factoring em totalizações mensais a débito na conta Clientes Diversos e a crédito em Caixa e Receita Financeira, como no exemplo abaixo: (...). Quando Ecoflex revendia as mercadorias, emitia apenas um título contra Evolution no valor total da nota fiscal que, como demonstrado, eram os mesmos 70% da nota de entrada referente. Evolution foi intimada a apresentar os comprovantes de pagamento pelas aquisições de mercadorias e efetivamente apresentou transferências bancárias à Ecoflex nos valores corretos. Ecoflex também foi intimada a apresentar comprovantes de pagamento pelas aquisições junto às noteiras e apresentou, para os títulos de 55% e 15% do valor, resultando em 70% da nota de entrada referente, transferências bancárias únicas à Evolution. A análise dos comprovantes destes pagamentos não deixa dúvidas quanto ao conluio EvolutionEcoflex. Numa incrível ‘coincidência’, as transferências bancárias de ambas as partes eram simultâneas, feitas nos mesmos valores, datas e horas, com diferença de poucos segundos, vejase os comprovantes bancários e os lançamentos contábeis das operações RE06 e ME02 já citadas acima: (...). Desta forma, Evolution dava por quitada sua compra e Ecoflex quitava as duplicatas com 70% do valor devido à noteira cujo título estava em poder de Evolution. Quanto aos títulos com 25% do valor, os comprovantes fornecidos por Ecoflex foram pagamentos de boletos bancários emitidos por Evolution como beneficiária, indicando a noteira como avalista. Restavam então os títulos de 5% do valor que, pelos elementos colhidos e a informação da denúncia sobre pagamento de 3% do valor de cada nota fiscal fria, levam a crer ser a remuneração paga a Evolution/Maia Fl. 5562DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.563 7 Bastos pelos créditos fictícios. Aparentemente baixo, cabe ressaltar que o valor pago por Ecoflex sobre cada nota fiscal equivale em verdade a 16,67% do ganho obtido em créditos. (...). Ainda sobre os comprovantes de pagamento pelas supostas compras das noteiras, percebeuse que todas as transações com todas as noteiras tinham vencimentos entre 30 e 60 dias da emissão da nota fiscal e que muitos pagamentos foram adiantados. Se o prazo de pagamento era de no máximo 60 dias e por vezes feito antes do dia de vencimento, por que razão as noteiras precisariam sempre descontar estes títulos em factoring e sempre com a mesma Evolution? Notouse também que as duplicatas mercantis não tinham o aceite nem a assinatura do sacado Ecoflex reconhecendo a exatidão dos dados da venda e da dívida, algumas não tinham sequer a assinatura do emitente, e mais, algumas duplicatas já foram emitidas como quitadas, porém mesmo assim foram pagas, por exemplo a de número 05/D de Renari no valor de R$ 16.239,17 que, junto com a 05/A de R$ 70.862,31, compôs o pagamento de R$ 87.101,48 da citada operação RE06: (...). Assim, na parte financeira o esquema estava concluso em Ecoflex. Na Evolution, comprovados seus pagamentos pelas compras junto a Ecoflex e seus recebimentos de Ecoflex pelos títulos de 55%, 25% e 15% descontados, faltava a outra ponta do esquema: a aquisição por Evolution de títulos emitidos pelas noteiras. Evolution foi intimada a comprovar os pagamentos pelas aquisições de títulos emitidos por Arueira, Biomade e Norte Sul contra a Empresa Y. Trouxe documentos para 111 títulos com valores totais de face de R$ 4.566.688,17 e de aquisição de R$ 3.919.612,15. Os documentos entregues para comprovação de pagamento, totalizando R$ 3.315.057,25 (R$ 635.247,90 a menor), não apresentavam relação direta nem identificação com quaisquer dos títulos, das pessoas jurídicas emitentes (noteiras) ou dos sócios destas. Pelo contrário, tinham inúmeras inconsistências. Apresentou diversos cheques do Banco do Brasil e Bradesco, com valores redondos e na grande maioria entre R$ 600 e R$ 7.000, num total aproximado de R$ 2,3 milhões, entre os quais foram encontrados cheques não nominais, cheques não cruzados, cheques com datas anteriores à de emissão da nota fiscal referente, dois cheques nominais a própria Empresa Y. Os cheques n.º 852530, 852570 e 852571 do Banco do Brasil não foram assinados mas havia uma assinatura feita sobre a cópia entregue, outras cópias vieram sem qualquer assinatura. Também de se destacar a grafia em cheques de Evolution semelhante àquelas encontradas nas duplicatas mercantis emitidas por Norte Sul. Vejase: (...). Fl. 5563DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.564 8 Outra característica peculiar dos cheques é que na maioria foram preenchidos e assinados pela auxiliar administrativa sra. Silvana Tamanine Richter, que recebeu a fiscalização quando estivemos na Evolution, vejase cópia de um cheque e de recebimento do Termo de Início: (...). Segundo informações de GFIP, esta pessoa tinha salário mensal de R$ 1.090,00 em 2011. Causa no mínimo estranheza que um mero auxiliar administrativo, com rendimento de apenas dois salários mínimos vigentes à época, tivesse poderes para movimentar milhões de reais das contas bancárias da empresa. (...). Transportadoras As transportadoras Rodomoveis Transportes e Transportes Rodomovel7 constam em várias notas fiscais emitidas pelas noteiras como transportador das mercadorias entre elas e Ecoflex e Empresa Y. Em 08/12/2014 e 12/02/2015 as transportadoras foram intimadas a informar se ao longo de 2011 prestaram algum serviço às noteiras e à Evolution. As respostas foram protocoladas em 16/12/2014 e 26/02/2015. Transportes Rodomovel informou que “não prestou serviços de transporte para a[s] empresa[s]”. Rodomoveis Transportes informou que “não prestou diretamente serviços de transportes para a empresa ... mas carregamos mercadorias nas dependências da empresa, através da Evolution Comercial Exportadora Ltda., a qual prestamos serviços”. (...). 14. Em suma, essas são as acusações fáticas que recaem sobre os autuados. II. Da necessidade da diligência 15. Da análise dos fatos acima narrados, é possível perceber que o assertivo trabalho fiscal é pautado em vários elementos de prova que, segundo a fiscalização, configuraria a fraude perpetrada pelos recorrentes. 16. Acontece que, dentre estes vários indícios, é possível destacar que um se sobressai: a acusação das empresas "noteiras" inexistirem de fato à época em que emitiram as notas fiscais das mercadorias pretensamente adquiridas pela Ecoflex e posteriormente vendidas para a Evolution. 17. Em contrapartida, é necessário reconhecer que a empresa Ecoflex era de fato existente, assim como a empresa Evolution e, ainda, que em momento algum a fiscalização nega que esta última pessoa jurídica teria efetivamente exportado os bens abarcados pelo período fiscalizado e que redundou na presente multa isolada. 18. A informação imediatamente anterior é sobremaneira importante, uma vez que, embora possa ter ocorrido operações fraudulentas por parte da empresa Ecoflex, também é possível que parte de suas operações tenham sido realizadas regularmente, em especial no que Fl. 5564DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.565 9 tange às operações em que a Ecoflex adquiriu mercadorias de empresas formal e substancialmente existentes à época das operações fiscalizadas, o que, digase de passagem, é reconhecido pela própria fiscalização, conforme se observa do seguinte trecho do TVI: (...). As empresas Norte Sul, Melomar, Rueckl, J4, MPR, Renari, Produmex e Harmony, referidas como noteiras, tinham como papel no esquema a emissão de notas fiscais contra Ecoflex. Segundo verificado no curso deste procedimento fiscal, Norte Sul, Melomar, Rueckl e J4 não tinham qualquer atividade, seja financeira ou comercial nem mesmo sede. Também, seus sócios demonstraram não ter capacidade econômica para iniciar as atividades ou ingressar nas empresas das quais faziam parte, à exceção de Rueckl. Assim, sua única finalidade era emitir notas fiscais a serem utilizadas na geração de créditos de ICMS, IPI, PIS e Cofins para Ecoflex e outras empresas. Inclusive, vislumbrado esse quadro, de forma incidental as pessoas jurídicas em apreço foram baixadas ou estão em processo de baixa de suas inscrições no cadastro CNPJ. Por seu turno, MPR, Renari, Produmex e Harmony existiam de fato, porquanto desempenharam suas atividades. (...) (grifos nosso). 19. Assim, para dissipar quaisquer dúvidas acerca dos fatos apurados pela fiscalização, resolvo por converter o presente julgamento em diligência para que a unidade preparadora promova relatório analítico com o seguinte escopo: (i) discrimine quais operações fiscalizadas foram perpetradas por empresas inexistentes à época dos fatos e quais foram realizadas por empresa formal e materialmente válidas, indicando separadamente as páginas do eprocesso que atestam tais conclusões; (ii) segregue, por empresa chamada "noteira", o impacto das operações realizadas com a Ecoflex para fins de apuração do montante exigido no presente auto de infração; (iii) nas operações com empresas existentes à época dos fatos fiscalizados, aponte quem era responsável pelo transporte das mercadorias entre a empresa chamada "noteira" e a Ecoflex e desta última para a empresa Evolution, sempre indicando, discriminadamente, as páginas das provas no eprocesso que atestam as conclusões a serem alcançadas, com a devida vinculação dos conhecimentos de transportes e notas fiscais emitidas; (iv) ainda nas operações com empresas existentes à época dos fatos fiscalizados, detalhar se também foi perpetrada a estratégia de revender os bens pelo valor de custo subtraída a carga tributária, de modo a neutralizar o impacto de IRPJ e CSLL que existiria em razão das operações intermediárias entre as "noteiras" e a Evolution. Em caso positivo, discriminar por empresa noteira (ainda que por amostragem) tal prática; e, por fim (v) analisar se as mercadorias veiculadas nas supostas notas frias constam registradas no Livro Modelo 3 do IPI da recorrente. Fl. 5565DF CARF MF Processo nº 10920.720244/201650 Resolução nº 3402001.401 S3C4T2 Fl. 5.566 10 20. Caso necessário, a fiscalização deverá intimar o contribuinte para apresentar os documentos fiscais pertinentes para o cumprimento da diligência aqui designada. 21. Uma vez realizada a diligência acima (vi) deverá o Recorrente ser intimado para, facultativamente, manifestarse em 30 (trinta) dias a seu respeito, nos termos do que prevê o art. 35 do Decreto nº 7.574/2011. 22. É a resolução. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro. Fl. 5566DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.720521/2015-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
AUSÊNCIA DE DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DA IMPUGNANTE. NÃO CONHECIMENTO PELA DRJ. NULIDADE DA DECISÃO . INTELIGÊNCIA DOS ART. 15 E 16 DO PAF. EXISTÊNCIA DE OUTRAS FORMAS DE AFERIÇÃO DA LEGITIMIDADE DO IMPUGNANTE.
Mostra-se ilógico e incompatível com os artigos 15 e 16 do PAF, o não conhecimento de defesa apresentada pelo contribuinte em razão de simples ausência de documento de identificação, tendo em vista que tal elemento não impede aferição da legitimidade do signatário da Impugnação por outros meios.
Numero da decisão: 1201-002.510
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão da DRJ nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Gisele Barra Bossa, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente),
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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NÃO CONHECIMENTO PELA DRJ. NULIDADE DA DECISÃO . INTELIGÊNCIA DOS ART. 15 E 16 DO PAF. EXISTÊNCIA DE OUTRAS FORMAS DE AFERIÇÃO DA LEGITIMIDADE DO IMPUGNANTE. Mostrase ilógico e incompatível com os artigos 15 e 16 do PAF, o não conhecimento de defesa apresentada pelo contribuinte em razão de simples ausência de documento de identificação, tendo em vista que tal elemento não impede aferição da legitimidade do signatário da Impugnação por outros meios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão da DRJ nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 05 21 /2 01 5- 08 Fl. 5180DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Gisele Barra Bossa, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Relatório O processo trata de exigência de crédito tributário de imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) apurado segundo o regime de tributação pelo lucro arbitrado nos quatro trimestres do anocalendário 2010, com multa de ofício qualificada e agravada (225%), conforme Auto de Infração (AI) de fls. 3.952. O arbitramento, com base na receita bruta da venda de produtos de fabricação própria, ocorreu em razão de a Contribuinte não ter apresentado os livros e documentos de escrituração, com suporte no art. 530, III, do RIR/99 – Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto 3.000/1999. A descrição dos fatos está detalhada no AI e no TC – Termo de Constatação e seus anexos (fls. 4.098). A exigência também abrange, como tributação reflexa, autos de infração de CSLL – contribuição social sobre o lucro líquido (fls. 3.992), PIS – programa de integração social (fls. 4.031) e Cofins – contribuição para financiamento da seguridade social (fls. 4.065), igualmente com multa de ofício qualificada e agravada (225%). Cientificada da exação em 18/06/2015 (fls. 4), a contribuinte autuada apresentou impugnação no dia 17 do mês seguinte (fls. 4.409), subscrita por sua advogada (fls. 4.412). Sobre o arbitramento dos lucros, assegurou ter elaborado e mantido à disposição da Fiscalização as demonstrações financeiras que comprovariam a sua receita, o que afastaria o método de arbitramento aplicado. A medida – adotada em razão de suposta ausência de apresentação da documentação contábil e fundamentada no art. 530, III, do RIR/99 – seria insustentável em face da apresentação da escrituração contábil digital, o que teria sido atestado pela Autoridade Fiscal. O arbitramento dependeria da imprestabilidade dos livros, o que não corresponderia ao caso concreto. Afirmou: "Dessa forma, concluise que a consideração das notas fiscais somente no que se refere às receitas e desprezando as notas fiscais referentes aos custos – cuja origem documental é a mesma: a transmissão realizada pela própria Impugnante – reputando as primeiras como verdadeiro lucro líquido, demonstra a impropriedade do arbitramento que não recompôs devidamente a base de cálculo, motivo pelo qual deve ser afastado" (O destaque consta do original) Fl. 5181DF CARF MF Processo nº 19515.720521/201508 Acórdão n.º 1201002.510 S1C2T1 Fl. 3 3 Quanto à qualificação da multa, não haveria caracterização da intenção de omitir rendimentos mediante fraude, tendo em vista a resposta a todas as intimações e apresentação dos documentos requeridos. Citou jurisprudências das DRJ e do Carf. Assim formulou o pedido, verbis: "Isto posto, pugnase pela IMPROCEDÊNCIA do Auto de Infração, tendo em vista que a documentação apresentada pela Impugnante – SPED Contábil (Livro Razão) e SPED NFe – não pode ser reputado como ausência de entrega de documentação e, portanto, impossibilita o arbitramento feito, que, por sua vez, desconsiderou as deduções da base de cálculo e desconto de créditos, requerendose a exoneração de Impugnante do crédito tributário lançado. Sucessivamente, na remota hipótese de o crédito tributário ser mantido o crédito tributário, requerse seja anulada a qualificação da multa imposta, tendo em vista que não restou demonstrado o intuito doloso de fraudar o fisco." (Os destaques constam do original) Foram indicadas como responsáveis tributárias as 13 (treze) pessoas adiante relacionadas, todas com suporte nos artigos 124 e 135 do CTN – Código Tributário Nacional. O quadro abaixo relaciona a data de ciência do lançamento de cada uma e também a data de impugnação: Todos os Responsáveis enviaram Impugnação via Sedex dos Correios (fls. 4.436/4.727) e foram intimados para apresentação de cópia dos seus respectivos documentos de identidade ou dos procuradores. Apenas Benedito Antônio de Oliveira (fls. 4.742) e Femar Restauração, Recuperação, e Recomposição Predial Ltda (fls. 4.810) não atenderam à intimação, conforme despacho do órgão preparador de 21/12/2015 (fls. 4.812). Há processo de Representação Fiscal para Fins Penais (RFFP) apensado a estes autos, de número 19515.720551/201514 (fls. 4.399). É o relatório. Fl. 5182DF CARF MF 4 Decisão DRJ/REC Em decisão de 31/05/2017, a 4°Turma da DRJ/REC julgou a impugnação da contribuinte procedente em parte para determinar o afastamento do agravamento da multa de ofício, reduzindoa para 150%. Com relação às Impugnações dos sujeitos passivos relacionados como responsáveis pela obrigação tributária, a Turma decidiu não conhecer as apresentadas por Benedito Antônio de Oliveira, Guilherme Carvalho Costa e Femar Restauração, Recuperação, e Recomposição Predial Ltda., e julgar (i) improcedentes as de Jason Paulo de Oliveira, Nadia Macruz Massih, JP Distrib. de Ins. Agroindustriais, Kolovec do Brasil Dist. Pr. Químicos e Son Serviços Administrativos, por unanimidade, e (ii) procedentes as de Ana Paula Costa de Oliveira, Sérgio Luiz Battaglin e Valesp Serviços Administrativos e, igualmente procedentes, as de André Lira da Silva e Sônia Maria R. Silva Oliveira. A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 LUCRO ARBITRADO. A falta de apresentação, pelo contribuinte fiscalizado, dos livros e documentos de escrituração autoriza a determinação da base de cálculo do IRPJ pelo regime de tributação do lucro arbitrado. MULTA QUALIFICADA. DIPJ "ZERADA". Aplicase a multa qualificada de 150% quando a contribuinte apresenta a DIPJ com todos os campos de valores "zerados", muito embora tenha auferido receitas da ordem de R$ 43 milhões. MULTA AGRAVADA. A falta de apresentação de livros e documentos de escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros e restou comprovado nos autos o atendimento parcial da intimação expedida pela Autoridade Fiscal. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão relativa ao auto de infração matriz deve ser igualmente aplicada no julgamento dos autos de infração decorrentes ou reflexos, uma vez que os lançamentos matriz e reflexos estão apoiados nos mesmos elementos de convicção. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010 Fl. 5183DF CARF MF Processo nº 19515.720521/201508 Acórdão n.º 1201002.510 S1C2T1 Fl. 4 5 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. A caracterização do responsável solidário pressupõe a comprovação pela Fiscalização do interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal (art. 124, I, do CTN). SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE PESSOAL. Os sócios de fato de pessoa jurídica de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (art. 135, III, do CTN). Recurso Voluntário Foi apresentado Recurso Voluntário pela contribuinte no qual são ratificadas as alegações de Impugnação. Também apresentaram Recurso Voluntário: 1. Benedito Antônio de Oliveira (não conhecido) 2. Femar Restauração, Recuperação e Recomposição Predial Ltda (não conhecido) 3. Jason Paulo de Oliveira (improcedente) 4. Nadia Macruz Massih (improcedente) 5. JP Distrib. de Ins. Agroindustriais (improcedente) 6. Kolovec do Brasil Dist. Pr. Químicos (improcedente) 7. Son Serviços Administrativos. (improcedente) Recurso de Ofício Foi apresentado Recurso de Ofício. É o Relatório Fl. 5184DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Admissibilidade Os Recursos Voluntários interpostos são tempestivos e preenchem os demais requisitos legais, assim, devem ser apreciados. Mérito CPA Distribuidora de Produtos Industriais Segundo TVF, o arbitramento do lucro decorreu da ausência de apresentação de livros e documentos contábeis e fiscais ela contribuinte, ora Recorrente. O trecho abaixo da TVF (fls. 4.221) descreve bem a motivação do arbitramento: "A empresa fiscalizada apresentou a DIPJ do anocalendário 2010 sob a forma de tributação Lucro Real e apuração trimestral. As fichas da DIPJ, correspondentes aos campos de valores de Custos, Despesas Operacionais, Demonstração de Resultado, Demonstração do Lucro Real, Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real, Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Balanço Patrimonial, dentre outras, foram preenchidas com zero. A empresa fiscalizada não foi localizada em seu endereço cadastral, motivo pelo qual, foi intimada por edital a apresentar os documentos relacionados no Termo de Início de Ação Fiscal nº 01, referentes ao anocalendário 2010. O sócio BENEDITO ANTONIO DE OLIVEIRA foi intimado por duas vezes (Termos nºs. 02 e 05) a apresentar os documentos relacionados no Termo nº 01. Não houve atendimento. No decorrer dos trabalhos, a empresa fiscalizada e seus responsáveis tributários foram intimados a apresentar os documentos que deram origem aos lançamentos contábeis registrados nos Livros Diário e Razão, do anocalendário 2010 (Termo de Constatação e Intimação nº 12), bem como, foram intimados a informarem quando foram declaradas as receitas provenientes das vendas de mercadorias efetuadas naquele ano, num total de R$ 43.909.224,89, e ainda, quando foram recolhidos e declarados os tributos e contribuições federais incidentes (IRPJ – CSLL – IPI – PIS – COFINS). Não houve atendimento. Devido à alteração ocorrida no valor total de faturamento do anocalendário 2010 (relatado ao final do item 3.1.3), o valor Fl. 5185DF CARF MF Processo nº 19515.720521/201508 Acórdão n.º 1201002.510 S1C2T1 Fl. 5 7 que servirá de base para cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, será de R$ 43.309.512,16. O artigo 530, inciso III, do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), determina que o imposto devido será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando 'o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal ...'. Tendo em vista que a empresa fiscalizada e os responsáveis tributários deixaram de apresentar os documentos que compõem sua escrituração comercial e fiscal, a Fiscalização efetuou o arbitramento do lucro da empresa fiscalizada com base na receita de faturamento, informada anteriormente, registrada nos livros Diário/Razão (SPED Contábil) e nas Notas Fiscais Eletrônicas (SPED NFe)." Resta claro da leitura da TVF que o Sr. Auditor Fiscal baseouse no quanto disposto no art. 530, inciso III para adotar o lançamento por arbitramento, in verbis: "Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): (...) III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527;" Segundo consta dos autos, a Recorrente foi intimada a apresentar os livros e documentos contábeis e fiscais. Após solicitação de prazo decorrente da dificuldade de acesso aos arquivos eletrônicos de 2010, foram prestadas as seguintes informações em 08/06/15 (fls. 3.904): "1) Dos documentos solicitados pelo TCI supra, o que pudemos providenciar, até o presente momento, foram as NFE emitidas à época, com especial esclarecimento de que as NFE emitidas pela filial de Tocantins são de transferência e não de comercialização, tratandose, portanto de documentação diferente da emitida pela sede de São Paulo/SP; 2) Com relação às Notas fiscais emitidas manualmente, estas estão sendo providenciadas, uma vez que se encontram em arquivo morto, sob a guarda do administrador da empresa; 3) Estamos em processo de requerimento da reativação do nosso CNP], para atualização do endereço, e, conforme informado pelo plantão CAC CNPJ (senha de atendimento anexa), será Fl. 5186DF CARF MF 8 feita uma D.B.E. para a atualização e reativação do cadastro mencionado; 4) Uma vez reativado nosso CNPJ, procederemos à apresentação das GIA's do período solicitado, a fim de que sejam confrontadas as informações solicitadas. Por fim, segue a documentação relacionada ao que foi apresentado, para constatação e análise." Consta tammbém do TVF o seguinte comentário da autoridade fiscal: "Nota: Em sua resposta o procurador relacionou as notas fiscais eletrônicas do anocalendário 2010, impressas pelo Contador, no entanto, a Fiscalização informou a este que os referidos documentos foram extraídos dos sistemas da RFB, uma vez que foi entregue o SPEDNFe. Apesar da resposta e relação apresentadas, o contribuinte não apresentou os documentos solicitados pela Fiscalização, que deram origem aos lançamentos registrados nos livros Diário/Razão, e, por este motivo, consideramos que o Termo nº 12 não foi atendido." Fora evidenciado ns autos, portanto, a ausência de apresentação da documentação exigida pela Fiscalização mediante regular intimação, o que autoriza a medida extrema do arbitramento conforme disposto no art. 530, III, do RIR/99. De fato, este conjunto de indicadores acabou por evidenciar total insegurança quanto à determinação dos montantes movimentados na conta de “Estoques” da fiscalizada, o que trouxe, por consequência lógicocontábil, a impossibilidade de assegurar inequivocamente seu Lucro Real. Este cenário de instabilidade é, por si, elemento suficiente para o arbitramento, a ausência de documentação contábil e fiscal obrigatória torna impossível a determinação do lucro real. Devese ressaltar que não há, neste contexto, uma intenção punitiva, mas apenas uma opção, um outro regime de apuração do lucro, aqui adotado de forma coercitiva e secundária. Tratase da medida legal ofertada à Administração Tributária, nos casos de assimetria informacional, para aproximar o quantum devido pelo contribuinte (crédito tributário) de sua efetiva realidade econômica, materializando a aplicação do princípio da capacidade contributiva, nos ditames do art. 530, II, “b)” do RIR/99. Neste caso reputouse acertadamente, para fins de cálculo do lucro arbitrado, a receita bruta conhecida. O modo como procedeu a fiscalização se mostrou irretocável. Foram devidamente comprovados os elementos autorizadores do arbitramento do lucro, razão pela qual deve ser mantido o lançamento nestes moldes. Fl. 5187DF CARF MF Processo nº 19515.720521/201508 Acórdão n.º 1201002.510 S1C2T1 Fl. 6 9 Por fim, não me parece razoável a alegação da Recorrente de que o arbitramento fora inválido em razão da falta de recomposição da base de cálculo, "desprezando as notas fiscais referentes aos custos". Ora, na sistemática do arbitramento temos que a parcela de custos e despesas é implícita e automaticamente considerada através da aplicação dos coeficientes de arbitramento sobre a receita bruta da pessoa jurídica. Não á toa o método é chamado de arbitramento. Por se tratar de uma base de receita arbitrada, onde partese de uma presunção de receita e lucro, não há oportunidade de se ater a detalhada base de cálculo das contribuições. Não cabendo ao agente fiscal efetuar tais considerações na constituição do crédito tributário. Assim, me parece sem fundamento lógico a alegação trazida pela Recorrente acerca da não consideração de notas fiscais de custos, vez que tratouse o lançamento de Lucro Arbitrado e não de Lucro Real. Multa Qualificada e Agravada A Recorrente defende que a aplicação da multa de 150% foi excessiva, que sua onerosidade foi desproporcional, afrontando e violando diversos princípios constitucionais e tributários. Alegou que a Recorrente atendeu todas as intimações e que faltou previsão legal para o agravamento da multa. Contudo, conforme constou no demonstrativo de multa e juros de mora de todos os autos de infração, bem como na decisão de primeira instância administrativa, a exigência da multa qualificada, no percentual de 150%, teve como amparo legal o art. 44, § 1° da Lei n°9.430, de 1996, in verbis: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 1° O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis." Já o art. 71 da Lei n. 4.502/64 prevê o seguinte: "Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: Fl. 5188DF CARF MF 10 I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. No presente caso, a multa foi aplicada porque a Recorrente apresentou a sua DIPJ do anocalendário 2010 com as fichas "zeradas" não obstante tenha auferido receita próximas à R$ 43 milhões. Tais eventos levaram, com acerto, à convicção de que os fatos relatados constituem, em tese, pleno exercício de sonegação tributária sujeita à multa qualificada de 150%. Desta feita, comprovado o evidente intuito sonegatório da Recorrente, deve ser mantida a multa qualificada no percentual de 150%. Devedores Solidários Antes de adentrar na análise da responsabilização de cada um dos Recorrentes, cabe aqui trazer os fundamentos da autoridade fiscal para atribuição de responsabilidade tributária solidária que pode ser encontradas no TVF em fls. 4.223: "9. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS ENVOLVIDOS A Fiscalização analisou as informações e documentos da empresa fiscalizada, coletados junto a pessoas físicas e jurídicas que transacionaram com esta, bem como, as informações apresentadas à RFB pela empresa fiscalizada, pelos responsáveis tributários e por terceiros (DIPJ, DIRPF, DIRF, SPED, dentre outros), e constatou que as pessoas físicas ANA PAULA COSTA DE OLIVEIRA, ANDRÉ LIRA DA SILVA, BENEDITO ANTONIO DE OLIVEIRA, GUILHERME CARVALHO COSTA, JASON PAULO DE OLIVEIRA, NADIA MACRUZ MASSIH, SÉRGIO LUIZ BATTAGLIN, SONIA MARIA RIBEIRO DA SILVA OLIVEIRA, e as pessoas jurídicas FEMAR RESTAURAÇÃO, RECUPERAÇÃO E RECOMPOSIÇÃO PREDIAL LTDA, JP DISTRIB. INSUMOS AGROIND. EIRELI, KOLOVEC DO BRASIL DISTR. PRODS. QUIM. LTDA, SON SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS EIRELI, VALESP SERVIÇOS ADMINISTR. EIRELI, identificados no início deste Termo de Constatação, são responsáveis pelos créditos correspondentes às obrigações tributárias da empresa fiscalizada, pois praticaram atos com excesso de poderes ou infração de lei e contrato social, pois planejaram, coordenaram e executaram negócios escusos no anocalendário 2010 (art. 124, incisos I e II, e art. 135, inciso III, da Lei nº 5.172/66). Diante das informações apresentadas no decorrer deste Termo de Constatação, fica caracterizada a solidariedade e a responsabilidade pessoal dos envolvidos, citados no parágrafo Fl. 5189DF CARF MF Processo nº 19515.720521/201508 Acórdão n.º 1201002.510 S1C2T1 Fl. 7 11 precedente, nos termos dos artigos 124 e 135, do CTN, reproduzidos abaixo: 'Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: ... III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.'" Pois bem, a decisão da DRJ trouxe um resumo muito eficaz dos fundamentos comuns das Impugnações apresentadas pelos responsáveis solidário, razão pela qual a trago abaixo em seus exatos termos: a) a responsabilidade é circunstância excepcional e grave; b) a solidariedade somente é admitida nos casos expressamente previstos no CTN e na lei ordinária, cabendo ao Fisco o ônus da demonstração da participação efetiva na realização do fato gerador, conforme art. 9º do Decreto 70.235/1972, destacandose a subordinação ao princípio da legalidade estrita, em especial as disposições contidas nos artigos 124, 1 c/c 121 do CTN, interpretados conjuntamente; c) Não obstante a ausência de comprovação da sua participação, a Fiscalização deveria ter apontado, adicionalmente, fato que indicasse dolo ou excesso, já que o dolo é requisito para a responsabilização com fulcro no art. 135, III, do CTN; d) pagamentos supostamente irregulares e sem escrituração são de responsabilidade, em tese, do sócio administrador no caso de ação com dolo ou excesso de poder, e não de um terceiro sem qualquer contribuição para ocorrência do fato gerador; e) a CPA é que deveria sofrer a glosa por pagamentos não dedutíveis. Feita tal introdução, passo a analisar o Recurso Voluntário e de Ofício de cada um dos devedores solidários. Benedito Antônio de Oliveira e Femar Restauração, Recuperação e Recomposição Predial Ltda Segundo os julgadores da DRJ, o órgão de origem informou que os ora Recorrentes Benedito Antônio de Oliveira e Femar Restauração, Recuperação e Recomposição Predial Ltda não atenderam à intimação para apresentação de documentos de identificação (fls. 4.812). Fl. 5190DF CARF MF 12 Em razão disso, as Impugnações apresentadas nos nomes dessas pessoas não foram conhecidas (fls. 4.515 e 4.675). Em seus respectivos Recursos Voluntários, o Sr. Benedito Antônio de Oliveira e a empresa Femar requerem a anulação da decisão da DRJ que não conheceu de suas Impugnações e por consequência sejam novamente julgados pelos julgadores de 1°instância. Segundo os Recorrentes, não se mostra razoável não conhecer da defesa do sujeito passivo simplesmente pela ausência de documento de identificação, tendo em vista que tal elemento não impede aferição da legitimidade do signatário da Impugnação por outros meios, tais como a comparação da assinatura com aquela aposta no contrato social da empresa, ora autuada. Me parecem razoáveis os argumentos trazidos pelos Recorrentes. Vejamos o que dispõe os art. 15 e 16 do PAF sobre a apresentação de Impugnação: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. Já os art. 9 e 10 da Portaria 10.875/07 que disciplina o o processo administrativo fiscal relativo às contribuições sociais de que tratam os arts. 2º e 3º da Lei nº 11.457/07 e que por analogia entendo plenamente aplicável ao caso em tela, ainda que não se trate do mesmo tributo: Art. 9º Constituem razões de não conhecimento da impugnação: I a ilegitimidade de parte; II a perda de objeto por renúncia ou desistência à utilização da via administrativa; Fl. 5191DF CARF MF Processo nº 19515.720521/201508 Acórdão n.º 1201002.510 S1C2T1 Fl. 8 13 III a impugnação apresentada em desconformidade com o inciso III do art. 7º. Art. 10. A petição apresentada fora do prazo não caracteriza a impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário e não comporta julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade como preliminar. Destaco também o disposto no art. 6° da Lei n. 9.784/99 que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal: Art. 6° O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados: I órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; II identificação do interessado ou de quem o represente; III domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações; IV formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos; V data e assinatura do requerente ou de seu representante. A leitura dos dispositivos acima elencados permite concluir pela inexistência de previsão como causa de não conhecimento de Impugnação a falta de documento de identificação. Não me parece razoável que nos autos de um processo administrativo em que a identificação e endereço do devedor é conhecido, sua defesa deixe de ser conhecida em razão da ausência de juntada de cópia de documento de identidade, justamente quando nos autos constam documentos diversos que atestam sua identidade e mesmo justificam sua responsabilização. Assim, me parece ferir de morte o direito ao Contraditório e Ampla Defesa o simples não conhecimento da Impugnação do contribuinte por falta de documento de identidade. Ao mesmo tempo, entendo que simplesmente ultrapassar tal fato e julgar os Recursos Voluntários desses contribuinte neste Conselho representaria indevida supressão de instância. Assim, não me parece haver outra saída que não a anulação da decisão de primeira instância que não conheceu as Impugnações apresentadas por Benedito Antônio de Oliveira e Femar Restauração, Recuperação e Recomposição Predial Ltda, devendo as Impugnações serem apreciadas e julgadas em DRJ. Conclusão Fl. 5192DF CARF MF 14 Diante do exposto, CONHEÇO dos RECURSOS VOLUNTÁRIOS apresentados para determinar a ANULAÇAO da decisão da DRJ que não conheceu das Impugnações apresentadas por Benedito Antônio de Oliveira e Femar Restauração, Recuperação e Recomposição Predial Ltda, devendo os presentes autos retornarem à esta DRJ para novo julgamento. É como voto! (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 5193DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13931.000941/2008-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 24 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.702
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para que o processo seja encaminhado à repartição de origem onde deverá aguardar até que seja proferida a decisão no processo nº 12571.000201/2010-00, que deverá ser juntada, em cópia de seu inteiro teor, nestes autos.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Valcir Gassen - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para que o processo seja encaminhado à repartição de origem onde deverá aguardar até que seja proferida a decisão no processo nº 12571.000201/201000, que deverá ser juntada, em cópia de seu inteiro teor, nestes autos. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Valcir Gassen Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP de créditos de COFINS mercado interno e exportação, apurados no regime de incidência nãocumulativa, com base no art. 3º, §1º da Lei nº 10.833/2003. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 31 .0 00 94 1/ 20 08 -4 0 Fl. 401DF CARF MF Processo nº 13931.000941/200840 Resolução nº 3301000.702 S3C3T1 Fl. 402 2 Cabe ressaltar a existência dos Processos nºs. 12571.000200/201057 e 12571.000201/201000, que tratam dos Autos de Infração de PIS/Pasep e Cofins, respectivamente, lançados em decorrência da análise do direito creditório promovida nos créditos das referidas contribuições dos anos de 2003 a 2007. Além da glosa dos créditos, foi verificado que, em diversos períodos de apuração, ocorreu a não tributação de algumas receitas pelo Contribuinte, motivo pelo qual lhe restou saldo devedor da contribuição a pagar, sendo, então, lavrados os dois Autos de Infração citados. No âmbito dos Processos nºs. 12571.000200/201057 e 12571.000201/201000, proferiuse as Resoluções nº 3301000.520 e 3301000.521, respectivamente. Nestas resoluções decidiuse por converter os julgamentos em diligências para fins de juntada de processos vinculados, processos esses, inclusive o presente, em que se estão sendo analisados os créditos de PIS/Pasep e Cofins (PER/DCOMPs) e que deram ensejo aos autos de infração constantes dos processos referidos. No cumprimento da Resolução nº 3301000.521 assim constou do Despacho de Encaminhamento: DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO Devolvamse os presentes autos ao Conselheiro Valcir Gassen, para prosseguimento, informando que os processos 12571.000006/2010 71, 12571.000007/201016, 12571.000008/201061, 12571.000009/201013, 12571.000010/201030, 12571.000011/201084, 12571.000012/201029, 12571.000013/201073, 12571.000014/201018, 12571.000015/201062, 12571.000016/201015, 12571.000017/201051, 12571.000018/201004, 12571.000019/201041, 12571.000020/201075, 12571.000021/201010, 12571.000022/201064, 12571.000023/201017, 13931.000367/200820, 13931.000936/200837, 13931.000938/200826, 13931.000941/200840, 13931.000943/200839, 13931.000944/200883, 13931.000945/200828, e 13931.000947/200817, que tratam da análise de créditos de Cofins (PER/DECOMPs) e que deram ensejo ao auto de que trata este processo foram distribuídos ao referido Conselheiro, em cumprimento à determinação constante da Resolução 3301000.521, de 28/9/2017. É o relatório. Voto Conselheiro Valcir Gassen Relator Quando da análise dos autos para julgamento dos Processos nºs. 12571.000200/201057 e 12571.000201/201000, distribuídos a este relator, constatouse que os dois processos referemse a autos de infração, o primeiro no que tange a contribuição ao PIS e o segundo diz respeito a Cofins, e que existiam outros processos vinculados a estes e que tratam de pedidos de restituição e de compensação (PER/DCOMP) de PIS e Cofins Exportação apurados no regime de incidência nãocumulativa. Fl. 402DF CARF MF Processo nº 13931.000941/200840 Resolução nº 3301000.702 S3C3T1 Fl. 403 3 Em pesquisa realizada no eprocesso verificouse que esses processos vinculados aos autos de infração encontravamse distribuídos em fases distintas. Por intermédio das Resoluções nº 3301000.520 e 3301000.521, proferidas nos Processos nºs. 12571.000200/201057 e 12571.000201/201000, os processos vinculados foram reunidos e distribuídos a este Conselheiro prevento. Assim entendo que foram atendidas as Resoluções nº 3301000.520 e 3301 000.521. Verificando os processos de PER/Dcomps, constatase que o Auto de Infração alcança todos os períodos de apuração dos PER/Dcomps vinculados, sendo que a solução do litígio no processo do lançamento alcança os processos de ressarcimento/compensação vinculados. Assim, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que o presente processo seja encaminhado à repartição de origem, onde deverá aguardar até que seja proferida a decisão definitiva no processo nº 12571.000201/201000, que deverá ser juntada, em cópia de seu inteiro teor, neste processo. (assinado digitalmente) Valcir Gassen Fl. 403DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.011034/2005-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 04/08/2003 a 24/08/2004
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. LEI 10.637/2002. NÃO APLICAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL.
Efetuada compensação de débitos com créditos de terceiro em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e obstada, também por ação judicial, a aplicação da IN SRF 41/2000, e, em decisão posterior, a aplicação superveniente da Lei 10.637/2002, deve a compensação ser analisada à luz da legislação anterior (art. 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, e IN SRF 21/1997).
Numero da decisão: 3401-005.342
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 04/08/2003 a 24/08/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. LEI 10.637/2002. NÃO APLICAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL. Efetuada compensação de débitos com créditos de terceiro em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e obstada, também por ação judicial, a aplicação da IN SRF 41/2000, e, em decisão posterior, a aplicação superveniente da Lei 10.637/2002, deve a compensação ser analisada à luz da legislação anterior (art. 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, e IN SRF 21/1997).
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CRÉDITOS DE TERCEIROS. LEI 10.637/2002. NÃO APLICAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL. Efetuada compensação de débitos com créditos de terceiro em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e obstada, também por ação judicial, a aplicação da IN SRF 41/2000, e, em decisão posterior, a aplicação superveniente da Lei 10.637/2002, deve a compensação ser analisada à luz da legislação anterior (art. 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, e IN SRF 21/1997). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 10 34 /2 00 5- 18 Fl. 839DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 840 2 Relatório 1. Tratase do despacho decisório, situado à fl. 178, proferido com base no Parecer DRF/MNS/SEORT nº 346/2008 situado às fls. 181 a 187, que não homologou as declarações de compensação, situadas às fls. 04 a 144 e 169 a 180, de 04/08/2003 a 24/08/2004, transmitidas com o objetivo de restituir e compensar crédito de terceiros constantes do processo administrativo nº 13746.000533/200117, apensado ao processo nº 10735.000001/9918, e pertencentes à empresa Nitriflex S A Indústria e Comércio CNPJ 42.147.496/000170, que decorreria da ação judicial nº 98.00.166580, que tramitou na Seção Judiciária Federal de São João de Meriti/RJ. 2. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, situada às fls. 215 a 241, na qual argumentou, em síntese, que: (i) o principal argumento utilizado pela autoridade fiscal para não homologar as compensações efetuadas é que houve sentença de improcedência nos autos do MS 2005.51.10.0026900 impetrado pela Nitriflex para afastar os efeitos do Despacho decisório nº 70/2005, por meio do qual foi indeferido o pedido de habilitação do crédito de IPI; (ii) no entender da Autoridade Fiscal somente com o deferimento administrativo da habilitação do referido crédito de IPI é que se poderia efetuar as declarações de compensação; (iii) mesmo se os créditos estivessem habilitados, a recorrente não poderia utilizálos para compensações após 28/09/02, em razão do óbice previsto no caput do art. 74 da Lei 9.430/96, cuja novel redação foi introduzida pelo art. 49 da MP nº 66, de 29/08/02, posteriormente convertida na Lei nº 10.637/2002; (iv) o Mandado de Segurança nº 98.00166580 (Nitriflex) teve por objeto o reconhecimento do direito ao crédito de IPI, no período de 08/1988 até 07/1998, decorrente da aquisição de insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero; (v) a Nitriflex lançou mão de medida judicial para afastar a aplicação da IN/SRF 41/00 (que passou a proibir a cessão de crédito para terceiros não optantes do REFIS); (vi) foi impetrado o Mandado de Segurança nº 2001.51.10.0010250 para se alcançar tal desiderato; (vii) em 12/09/2003 transitou em julgado o v. acórdão proferido pelo E. TRF da 2ª Região que, convalidando a medida liminar deferida initio litis e concedendo a ordem, decidiu pela irretroatividade da legislação então limitadora do direito à plena disponibilidade do crédito (IN/SRF 41/00) para alcançar fatos consumados sob a égide de normas que o garantiam expressamente, a saber, art. 170 do CTN e arts. 73 e 74 da Lei n° 9.430/96, regulamentados pela IN/SRF 21/97; (viii) deve ser rechaçado o entendimento de que a suposta inexistência de habilitação do crédito de IPI seria óbice às declarações de compensação; é sabido que em 25/02/2005 foi publicada a IN/SRF 517, que passou a exigir a habilitação de créditos reconhecidos por decisões judiciais transitadas em julgado; (ix) a bem da verdade, a IN/SRF 517 só produz efeitos para fatos posteriores à entrada em vigor da regra; no presente caso, a decisão judicial transitada em julgado que reconheceu o direito ao crédito de IPI transitou em julgado em 18/04/2001, anteriormente à entrada em vigor da IN/SRF 517, por isto inaplicável. 3. Em 18/12/2013, a 12ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 1447.970, situado às fls. 448 a 456, de relatoria do AuditorFiscal João Francisco Sampaio Garcia, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, indeferindo o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: Fl. 840DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 841 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 04/08/2003 a 24/08/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE TERCEIROS. TÍTULO JUDICIAL. INAPLICABILIDADE. As compensações declaradas a partir de 1o de outubro de 2002, de débitos do sujeito passivo com crédito de terceiros, esbarram em inequívoca disposição legal MP nº 66, de 2002, convertida na Lei nº 10.637, de 2002 impeditiva de compensações da espécie. É descabida a pretensão de legitimar compensações de débitos do requerente, com crédito de terceiros, declaradas após 1o de outubro de 2002, pretensão essa fundada em decisão judicial proferida anteriormente àquela data, que afastou a vedação, outrora existente, em instrução normativa. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. Não cabe apreciar questões relativas a ofensa a princípios constitucionais, tais como da legalidade, da não cumulatividade ou da irretroatividade de lei competindo, no âmbito administrativo, tão somente aplicar o direito tributário positivado. A doutrina trazida ao processo, não é texto normativo, não ensejando, pois, subordinação administrativa. A jurisprudência administrativa e judicial colacionadas não possuem legalmente eficácia normativa, não se constituindo em normas gerais de direito tributário. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 4. A contribuinte foi intimada via postal em 10/06/2014, em conformidade com o aviso de recebimento situado à fl. 462 e, em 09/07/2014, em conformidade com carimbo de protocolo aposto pela unidade local, interpôs recurso voluntário, situado às fls. 470 a 484, no qual reiterou as razões de sua manifestação de inconformidade. É o Relatório. Fl. 841DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 842 4 Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 6. Depreendese da leitura dos documentos que instruem o presente processo que a SECAT da Delegacia da Receita Federal de Nova Iguaçu proferiu o Despacho Decisório n° 70/2005, indeferindo o pedido de habilitação. Em seguida, a contribuinte impetrou o Mandado de Segurança nº 2005.51.10.0026900, com pedido de liminar, requerendo fossem afastados os efeitos da decisão administrativa. O pedido de liminar foi indeferido, o que levou a ora recorrente a interpor recurso de Agravo de Instrumento n° 2005.02.01.0060450, no qual obteve decisão que determinou a suspensão do Despacho Decisório, posteriormente prejudicado em virtude da superveniência de sentença que julgou improcedente o pedido e denegou a segurança, permanecendo hígida portanto a decisão do despacho decisório combalido que indeferiu o pedido de habilitação dos créditos constantes do processo n° 10735.000001/9918, o que aponta para a impossibilidade de créditos constantes do processo em referência serem utilizados pela contribuinte. Recortase trecho da decisão recorrida: "Como discorda das conclusões do Despacho Decisório proferido nos autos do processo n° 13746.000191/200551, é neste processo que a recorrente deve reverter o entendimento, não podendo a questão ser revista no presente processo. Vencida a questão da habilitação, passase ao mérito da controvérsia instaurada que abrange, então, todas as compensações pleiteadas no presente processo, que foram apresentadas após 1º de outubro de 2002, data em que passou a produzir efeitos a nova redação dada ao caput do art. 74 da Lei no 9.430, de 1996, pelo art. 49 da Lei no 10.637, de 2002 (conversão da MP nº 66, de 2002), por força da previsão contida no artigo 63, inciso I da mesma Lei, que estabeleceu como sendo esta a data de início de vigência para o citado artigo 49. Assim, a nova redação da qual se depreende que não é passível de compensação, com débitos de terceiros, o crédito apurado pelo sujeito passivo, inclusive o crédito judicial, com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, suscetível de restituição ou de ressarcimento, é motivo suficiente para que não sejam homologadas compensações da espécie, declaradas após 1º de outubro de 2002. Fl. 842DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 843 5 Para solucionar o presente litígio, resta perquirir se a decisão judicial invocada na manifestação de inconformidade, proferida no Mandado de Segurança no 2001.51.10.0010250, impetrado pela Nitriflex S/A Indústria e Comércio, se aplica ao objeto do presente processo, conforme afirma o requerente, ou não, segundo entendimento explicitado no Parecer Seort nº 346/2008 e respectivo Despacho Decisório (fls. 181/187). Importa evidenciar que o Mandado de Segurança nº 98.00166580 diz respeito, exclusivamente, ao reconhecimento de créditos do IPI, em favor do estabelecimento Nitriflex S/A Indústria e Comércio, sem qualquer referência à compensação desse crédito com débitos de terceiros, tanto que o estabelecimento Nitriflex S/A Indústria e Comércio impetrou outra ação, o citado Mandado de Segurança nº 2001.51.10.0010250, no qual deduziu pretensão específica de compensação de seus créditos, com débitos de terceiros, motivo pelo qual a menção ao Mandado de Segurança nº 98.00166580 é impertinente na controvérsia a ser dirimida no presente processo administrativo. Convém registrar que, se a decisão judicial favorável ao impetrante (Nitriflex S/A Indústria e Comércio), no Mandado de Segurança nº 98.00166580, foi dada com invocação do princípio constitucional da nãocumulatividade do IPI, como ressalta o requerente, cabe dizer que, segundo o citado princípio, compensase o IPI devido em cada operação com o IPI cobrado nas anteriores para evitar a incidência em cascata, do citado tributo, isso em relação ao mesmo estabelecimento industrial, nada além disso. Com relação ao Mandado de Segurança nº 2001.51.10.001025 0, o impetrante daquela ação, Nitriflex S/A Indústria e Comércio, obteve o afastamento da limitação imposta pela IN SRF nº 41/2000, sob o argumento de falta de amparo legal para a edição desse ato normativo administrativo, o que seria indispensável, segundo o impetrante, ficando explícita, assim, inequivocamente, a causa de pedir, um dos três elementos identificadores das ações em geral (partes, causa de pedir e pedido). O Acórdão proferido revela que o estabelecimento Nitriflex S/A Indústria e Comércio foi autorizado a compensar créditos, sem a restrição, julgada ilegal, da IN SRF nº 41/2000. A vedação da IN SRF nº 41/2000, de compensação de débitos do sujeito passivo com créditos de terceiros, ainda segundo o mesmo Acórdão, proibiu a “compensação tributária em hipótese não proibida em lei”, porém, a nova redação dada ao caput do art. 74 da Lei nº 9.430/96, pelo art. 49 da Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002, passou, então, a obstaculizar as compensações da espécie, que, começaram a esbarrar em novo impedimento, ou seja, em disposição legal proibitiva das compensações com créditos de terceiros, isso a partir de 1o de outubro de 2002, data do início da produção de Fl. 843DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 844 6 efeitos da citada alteração, no plano legal, alteração que não foi objeto de apreciação no Mandado de Segurança nº 2001.51.10.0010250, descabendo alegar coisa julgada a respeito, visto que, para afastar esse novo obstáculo, seria necessária a propositura de outra ação, com causa de pedir adequada a ele. Verificase, portanto, que, a partir de 1º de outubro de 2002, a decisão judicial favorável ao estabelecimento Nitriflex S/A Indústria e Comércio, obtida no Mandado de Segurança nº 2001.51.10.0010250, não ampara compensações de seus créditos com débitos de terceiros, como do interessado neste processo, que apresentou as declarações de compensação de fls. 04/144 e 169/180 de 04/08/2003 a 24/08/2004, todas após aquela data. De todo o exposto, depreendese como inapropriada a alegação da impugnante no sentido de que, pelo princípio da irretroatividade da lei, a nova redação do art. 74 da Lei nº 9.430/96, dada pela MP nº 66/2002, não poderia atingir as compensações objeto do presente processo. Ora, como já consignado, as compensações em questão, não foram anteriores à nova redação do art. 74 da Lei nº 9.430/2002, mas sim posteriores, não havendo, pois, que se cogitar da aplicação ao caso concreto, do princípio da irretroatividade. E mais, a par de tudo o que foi dito sobre a impossibilidade de compensação dos débitos do requerente com créditos de terceiros, cabe registrar que inexiste demonstração, neste processo, de saldo do crédito reconhecido em favor do estabelecimento Nitriflex S A Indústria e Comércio, ainda disponível, para a pretendida compensação" (seleção e grifos nossos). 7. A questão posta em debate não é nova a este colegiado, que já a enfrentou, sob enfoque diverso, em diversas oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401 005.064, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan, proferido, por unanimidade de votos, em 24/05/2018, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2003 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. LEI 10.637/2002. NÃO APLICAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL. Efetuada compensação de débitos com créditos de terceiro em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e obstada, também por ação judicial, a aplicação da IN SRF 41/2000, e, em decisão posterior, a aplicação superveniente da Lei 10.637/2002, deve a compensação ser analisada à luz da legislação anterior (art. 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, e IN SRF 21/1997). Fl. 844DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 845 7 8. Transcrevese trecho do voto, merecedor de encômios, por pertinente ao caso corrente, cujos fundamentos adotamos como razões de decidir: Trata o presente processo das seguintes demandas por compensação, protocolizadas de 10/12/2002 a 16/06/2003, todas invocando créditos de terceiro (“Nitriflex S.A. Indústria e Comércio”), obtido em juízo, solicitado ainda ao Poder Judiciário o afastamento da vedação a tal espécie de compensação que figura na IN SRF no 41/2000: (...) Apesar de o declarante ter informado em alguns documentos que a ação na qual se fundamenta seu crédito era o MS no 99.00.60542, apurou a fiscalização (no que foi endossada pela postulante ao crédito), que, de fato, o crédito tem origem no MS no 98.00166580, interposto pela “Nitriflex”, com a seguinte demanda (fl. 870). Na sentença de piso, a segurança foi denegada, em 14/09/1998 (fls. 874/875). A apelação processada junto ao TRF2, sob o no 024.199/RJ, no entanto, foi provida, reconhecendose “direito líquido e certo da empresa em compensar o crédito presumido de IPI com o crédito a recolher ao final do processo industrial” (fl. 876). Foram rejeitados os embargos interpostos por “Nitriflex”, mas acolhidos os “embargos em embargos” para aclarar o período abrangido na decisão (julho de 1988 a julho de 1998). E foi negado seguimento aos recursos especial e extraordinário interpostos pela Fazenda Nacional (fl. 880), em 24/03/2000. Em relação à negativa de seguimento ao RE, houve interposição de Agravo de Instrumento, pela Fazenda Nacional, também negado (fl. 882), e “agravo no agravo” (autuado no STF sob o no 313.4815/ RJ), igualmente negado (fl. 883), em 13/03/2001, havendo trânsito em julgado em 18/04/2001 (fl. 884). Eis a tutela obtida em definitivo pela “Nitriflex”. Não se vê em tal decisão nenhuma autorização para compensar ou vestígio de que tenha sido assegurada livre disponibilidade do crédito, como postula a recorrente em suas peças recursais. Ao tempo do trânsito em julgado da referida ação, assim dispunha o art. 74 da Lei no 9.430/1996 (...). Cabia à RFB (à época SRF) autorizar eventual compensação, atendendo a requerimento do contribuinte. E a norma procedimental que disciplinava as compensações era a IN SRF no 21, de 10/03/1997, que previa a compensação de débitos com créditos de terceiros em seu artigo 15, operacionalizada mediante “pedido de compensação” (...). Qualquer requerimento apresentado durante a vigência de tal norma (independente do período a que se refira o crédito) deveria obedecer, então, ao trâmite procedimental ali disposto. Fl. 845DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 846 8 Aliás, se a remissão fosse ao período em que gerado o crédito (1988 a 1998), à maior parte do período sequer se aplicaria a Lei no 9.430/1996. A IN SRF 21/1997, no entanto, foi alterada em 10/04/2000, pela IN SRF no 41, de 07/04/2000, que passou a vedar expressamente a compensação de débitos com créditos de terceiros (art. 1o) e revogar todo o artigo 15 da IN SRF no 21/1997. Vejase que a alteração foi promovida oito dias antes do trânsito em julgado da ação judicial, no caso concreto. Portanto, ao apresentar suas solicitações de compensação, a empresa “Nitriflex” deveria amoldarse à norma procedimental vigente, que já vedava compensações com créditos de terceiros. Como tal empresa divergia em relação a tal possibilidade de vedação, contra ela se insurgiu em 26/03/2001, no Mandado de Segurança (Preventivo) no 2001.51.10.0010250 (cópia da peça às fls. 683 a 692). Claro está o fundamento jurídico do Mandado de Segurança, no sentido de que a restrição estabelecida pela IN SRF 41/2000 somente poderia ter sido estabelecida por lei. Não constam dos autos as peças referentes à sentença proferida no MS, em 29/05/2001 (que pode ser visualizada nos processos administrativos congêneres, de no 11831.003663/200391 e no 13963.000218/200389, julgados por este colegiado na mesma data que o presente), que foi pela extinção do processo sem julgamento de mérito. Também não constam destes autos a apelação apresentada pela “Nitriflex” em 13/06/2001 e as contrarrazões da Fazenda Nacional, datadas de 26/07/2001 (igualmente disponíveis nos citados processos de no 11831.003663/200391 e no 13963.000218/200389), onde se percebe que alega a recorrente que a IN SRF 41/2000 viola o princípio da legalidade, e que a sentença judicial no MS anterior, de 1998, em nenhum momento limitou ou especificou a forma de sua compensação, rebatendo a Fazenda tais argumentos ao esclarecer o que restou decidido em juízo no MS de 1998, e que a nova impetração é que busca alterar os efeitos da coisa julgada, restrita ao IPI da própria empresa. No TRF2, em relação ao MS (autuado sob o no 2001.02.01.0313448, peça também ausente neste processo, mas reproduzida nos citados processos administrativos congêneres, de no 11831.003663/200391 e no 13963.000218/200389), decidese, em 27/09/2001, por revigorar a liminar anteriormente deferida, retornando o processo ao status prévio à extinção sem julgamento de mérito, e, após parecer da Procuradoria da República o recomendando seja proferida sentença apreciando o mérito, no caso, o TRF2 decide, em 20/03/2002, restituir os autos ao juízo a quo, para que fosse proferida nova sentença, apreciando o mérito. Fl. 846DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 847 9 Também naqueles processos congêneres s nota que: (a) nos embargos de declaração apresentados em 06/05/2002 pela “Nitriflex”, pede a empresa, com fundamento na economia processual, e no art. 515, § 3o do CPC, que o próprio TRF2 aprecie o mérito, pois não restaria, no caso, caracterizada supressão de instância, invocando ainda precedentes no mesmo sentido; (b) o TRF2, então, nos “embargos de declaração na apelação do mandando de segurança” entende, em 12/06/2002, não ser possível a aplicação retroativa do dispositivo do CPC citado, que ainda não estava vigente ao tempo da decisão proferida em 20/03/2002; (c) a “Nitriflex” interpõe, então, embargos de declaração aos “embargos de declaração na apelação do mandando de segurança”, em 01/07/2002, dispondo que o acórdão, embora tenha sido proferido em 20/03/2002, somente se tornou público em 02/05/2002, quando já estava em vigor a lei nova; e (d) o Agravo Regimental da Fazenda Nacional em relação à decisão monocrática que deferiu antecipação de tutela, suspendendo os efeitos da sentença que extinguia o processo sem julgamento de mérito foi negado, or unanimidade, pela quarta turma do TRF2, em 21/11/2001. A esta altura, já passava a existir norma de estatura legal vedando as compensações: a Medida Provisória no 66, de 29/08/2002, que alterava, a partir de 01/10/2002 (cf. art. 63, I), o artigo 74 da Lei no 9.430/1996 (e depois foi convertida na Lei no 10.637/2002) (...). E, recordese, ainda não havia sido apresentada nenhuma das compensações de que trata o presente processo, que foram protocolizadas, como exposto ao início, de 10/12/2002 a 16/06/2003. Não há, assim, que se falar em compensação “em andamento”, ou em “pedido de compensação” convertido em declaração. Após a edição da Medida Provisória no 66/2002, a disciplina infralegal foi efetuada pela IN SRF 210, de 30/09/2002, que estabeleceu novos procedimentos para compensação, mantendo a vedação à compensação de débitos com créditos de terceiros, agora com fundamento expresso na norma legal (a nova IN SRF expressamente mencionou a citada Medida Provisória em seu preâmbulo, como fundamento). Assim, o cenário que se delineava para a apresentação de compensações pela Nitriflex já era outro, e já não fazia sentido a discussão sobre afastamento de IN por violação à reserva legal, demandada para o tema, visto que passava a existir norma legal a reger as compensações a serem protocolizadas após 01/10/2002, ou seja, voltada ao futuro, sem violação à irretroatividade. E, por certo, não afrontava tal norma a coisa julgada no MS no 98.00166580 (autorização para compensar o crédito presumido de IPI da “Nitriflex” com o crédito a recolher ao final do processo industrial). Fl. 847DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 848 10 É nesse cenário que a empresa “Nitriflex” peticiona (peça também não constante deste processo, mas disponível nos citados processos congêneres, julgados por este colegiado na mesma data, aqui colacionada em nome da verdade material) em juízo, em 08/10/2002. A nosso ver, a “Nitriflex” passava a ser reincidente na má leitura (sempre estendida, em seu favor) das decisões judiciais que figuram nestes autos. Da mesma forma que entendeu (alargadamente) que a decisão transitada em julgado no MS 98.00166580 para compensar o seu crédito presumido de IPI com seu o crédito a recolher ao final do processo industrial era, na verdade, um reconhecimento do crédito para que este fosse livremente utilizado, inclusive por terceiros, entendeu a “Nitriflex” que a decisão judicial que lhe permitia afastar a aplicação da IN SRF 41/2000, que, conforme seu pedido, seria ilegal por dispor de matéria reservada à lei, equivaleria ao afastamento de “qualquer limitação”. E essa distorção não se restringe ao entendimento do que restou decidido em juízo, mas se alastra à compreensão do que seria a IN SRF 210/2002, que teria “mantido” a limitação da IN SRF 41/2000. Em verdade, como aqui exposto, a IN SRF 210/2002 tem amparo em norma legal ao estabelecer a vedação, não constituindo mera reiteração da vedação infralegal, como faz parecer a petição. No entanto, vejase que ao final, a demanda parece adaptada para abranger inclusive a norma legal que fundamentaria a IN SRF 210/2002 (MP no 66/2002, já em vigor), visto que a “Nitriflex” pede para efetuar a compensação com débito de terceiro, “independente de edição de texto normativo que vier a tratar da matéria sub judice”. Em 14/10/2002, em nova petição, menciona a “Nitriflex” (peça também não constante deste processo, mas disponível nos citados processos congêneres, julgados por este colegiado na mesma data, aqui colacionada em nome da verdade material) (...). Em 16/09/2002, nos “embargos de declaração em embargos de declaração na apelação do mandando de segurança” (fls. 694 a 700), o TRF2 entende haver omissão, a ser sanada com decisão de mérito pelo tribunal, no seguinte sentido (...). Ocorre, então, o registro dos “Pedidos de Compensação de Crédito Com Débito de Terceiros” e dos formulários de “Declaração e Compensação” de que trata o presente processo administrativo, de 10/12/2002 a 16/03/2003. Vejase que, nem de longe, a questão referente a estar a vedação prevista na IN SRF 210/2002 igualmente consignada em norma legal vigente desde 01/10/2002 (portanto, antes do registro da compensação), foi enfrentada pelo Poder Judiciário. Fl. 848DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 849 11 As razões para afastamento das IN SRF, como se percebe do próprio pedido da impetrante “Nitriflex”, remontam, a serem tais normas de hierarquia inferior à lei. Assim, a questão submetida a juízo no MS no 2001.51.10.0010250 não enfrenta o tema que foi objeto das razões de indeferimento pela unidade local da RFB e pela DRJ (existência de norma legal vedando a compensação do crédito com débitos de terceiro). E endossamos tais razões de indeferimento, concluindo que a solicitação de compensação foi efetuada sem amparo legal, segundo a legislação de regência ao tempo do protocolo da compensação. E a decisão judicial obtida não contorna tal razão de improcedência do pedido. A recorrente (cessionária do crédito), a exemplo da “Nitriflex” (cedente), confunde o decidido no primeiro MS 98.00166580, e aqui já exposto cristalinamente, com “reconhecimento de crédito e de sua plena disponibilidade”, e confunde a aplicação das normas sobre compensação no tempo, ao afirmar que deveria ser aplicada a legislação referente aos fatos geradores (08/1988 a 07/1998), o que implicaria concluir que sequer a Lei no 9.430/1996 e a IN SRF 21/1997, que tratou da compensação com créditos de terceiros, seriam aplicáveis à grande maioria dos fatos geradores. A defesa administrativa da recorrente, a exemplo do exposto em relação à Nitriflex” em juízo, efetua má leitura do conteúdo das decisões obtidas (...). Os fundamentos da decisão no referido MS, como aqui exposto, não tratam de irretroatividade de lei (a não ser quando se referem ao CPC), mas da impossibilidade de norma de hierarquia inferior à lei (como as IN SRF) estabelecer restrição à compensação. Mas as conclusões (digase, equivocadas) em relação ao decidido (e aqui já reproduzido), prosseguem (à fl. 328) (...). Repitase: não se dá caráter retroativo à Lei no 9.430/1996, em qualquer de suas redações, na leitura do despacho decisório ou na decisão da DRJ. Em ambas as decisões administrativas a redação da lei se aplica somente às compensações após ela registradas. E também não se afronta a coisa julgada, cujos limites foram neste voto bem delineados. Improcedentes, assim, as alegações de defesa de que houve violação à coisa julgada ou à irretroatividade. Os precedentes colacionados, assim como os pareceres apresentados pela defesa, os fatos novos (relativos à ação rescisória movida pela Fazenda Nacional em relação ao MS 98.00166580) e as manifestações da DRF Nova Iguaçu/RJ em informações fiscais em processos distintos foram aqui tomados como Fl. 849DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 850 12 elementos formadores de convicção, mas não aptos a afastar, no caso concreto, as conclusões neste voto externadas. A existência de ação rescisória e seu resultado não afetaram, ao fim e ao cabo, o montante do crédito assegurado no MS 98.00166580. E o principal tema em debate nestes autos, recordese, não versa sobre o crédito, mas sobre a possibilidade de sua compensação com débitos de terceiros à época da apresentação da solicitação de compensação. Os precedentes administrativos e judiciais, assim como os pareceres apresentados, por sua vez, apesar de analisarem questões comuns a créditos advindos da “Nitriflex” em diversos processos, tratam de situações sensivelmente distintas daquela por nós visualizada, no caso concreto, no presente processo. Quanto à alegação, ao início do recurso voluntário, de que teria havido homologação tácita das compensações, invocando norma prevista no § 5o do art. 74 da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 10.833, de 29/12/2003 (que dispôs que o “prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação”), entendemos que merece aparas, pois deve o dispositivo ser lido no contexto do citado artigo 74. Estamos a tratar, recordese, de seis “Pedidos de Compensação de Crédito Com Débito de Terceiros”, apresentados de 10/12/2002 a 04/03/2003, e de três formulários de “Declaração de Compensação”, apresentados de 08/05/2003 a 16/06/2003, todos eles invocando créditos de terceiros, o que já era vedado, desde 01/10/2002, como já exposto neste voto. A utilização deste ou daquele formulário, no caso, é pouco relevante, pois diante da revogação do artigo 15 da IN SRF 21/1997, sequer existia formulário específico para a compensação em questão, que, repitase, era expressamente vedada (inicialmente na IN SRF 41/2000, vedação infralegal afastada por decisão judicial, e depois na Medida Provisória no 66/2002, convertida na Lei no 10.637/2002). Assim, tomo como irrelevante o veículo utilizado para a compensação, e não vejo problema algum em ter sido utilizado formulário já revogado ou inadequado, visto que se tal instrumento se apresentava como a única forma de a empresa postular sua compensação, diante das citadas vedações. Mas entendo que nenhum desses formulários constitui, à luz da Lei no 10.637/2002, e das que lhe são posteriores (como a Lei no 10.833/2003, invocada pela defesa), o que passou a se denominar “declaração de compensação”. Entendo não ser pertinente suscitar, assim, no caso, homologação tácita, o que é endossado pelo teor do Parecer PGFN no 1.499/2005, e por vários dos precedentes alegados Fl. 850DF CARF MF Processo nº 10980.011034/200518 Acórdão n.º 3401005.342 S3C4T1 Fl. 851 13 pela própria defesa (v.g., Acórdão no 3401002.465, proferido no processo no 13808.002485/200111, com voto vencedor do Cons. Fenelon Moscoso de Almeida, ou acórdãos proferidos nos processos no 13502.000470/200315; no 13502.000505/200316 e no 13502.000588/200343). (...) E a inserção do § 5o ao texto do art. 74 da Lei no 9.430/1996, pela Lei no 10.833/2003, não muda esse cenário. Os formulários de “pedido” e de “declaração” apresentados não estavam em conformidade com o caput (“débitos próprios”) e, por isso, não podem ser considerados “declarações de compensação” para os efeitos dos parágrafos. Percebase que a questão não está atrelada a insuficiência ou improcedência do crédito (que poderia ensejar a dita “homologação tácita”, mas à própria vedação à compensação. Ademais, são improcedentes as alegações de que a própria RFB ou o juízo tenham expressamente admitido que os pedidos referentes neste processo tenham se convertido em declarações de compensação, aproveitandose dos efeitos da alteração promovida na Lei no 9.430/1996 pela Lei no 10.637/2002. Os excertos apontados às fls. 1242/1243 não estão, a nosso ver, a reconhecêlo, efetivamente, no caso concreto, mas a dispor, em tese, sobre o tema" (seleção nossa, grifos do original). 9. Assim, com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário interposto. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 851DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.014034/2007-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Sep 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002
FALTA DE CARACTERIZAÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS NO CASO DA SÚMULA CARF 61.
Nos termos da Súmula CARF nº 61, os depósitos bancários iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 (doze mil reais), cujo somatório não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) no ano-calendário, não podem ser considerados na presunção da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no caso de pessoa física.
Numero da decisão: 2301-005.486
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
João Bellini Junior - Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Evaristo Pinto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha, Antônio Sávio Nastureles, João Mauricio Vital e João Bellini Júnior (Presidente).
Ausentes os conselheiros: Juliana Marteli Fais Feriato e Marcelo Freitas de Souza Costa.
Nome do relator: ALEXANDRE EVARISTO PINTO
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Nos termos da Súmula CARF nº 61, os depósitos bancários iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 (doze mil reais), cujo somatório não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) no anocalendário, não podem ser considerados na presunção da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no caso de pessoa física. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) João Bellini Junior Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha, Antônio Sávio Nastureles, João Mauricio Vital e João Bellini Júnior (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 40 34 /2 00 7- 92 Fl. 205DF CARF MF 2 Ausentes os conselheiros: Juliana Marteli Fais Feriato e Marcelo Freitas de Souza Costa. Relatório Contra a contribuinte, identificada nos autos, foi lavrado Auto de Infração, fls. 03/07, para formalização e cobrança do crédito tributário, referente ao anocalendário 2002, no valor de R$ 20.871,03, incluídos multa de oficio e juros de mora. A infração apurada pela Fiscalização e relatada na Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is), fls. 04/05, foi omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Os dispositivos legais infringidos e a penalidade aplicável encontramse discriminados às fls. 05 e 07. Inconformada com a exigência, da qual tomou ciência em 23/11/2007, fls. 134, a contribuinte apresentou impugnação, em 13/12/2007, fls. 135/168, fazendo um breve relato dos fatos, argüindo a preliminar de decadência sob o argumento de que "nos casos de omissão de rendimentos de pessoas físicas, originadas por depósitos ou créditos em instituições .financeiras com origem sem comprovação, a contagem do prazo decadencial tem seu inicio no mês dos referidos créditos bancários. Assim, tendo em vista a ciência, pelo Impugnante, do Auto de Infração ter ocorrido em 21.11.2007, decaiu o direito de o fisco lançar os tributos relacionados aos fatos gerados entre janeiro e outubro de 2002" e ainda, com relação ao mérito, fazendo conter as alegações seguir parcialmente transcritas: 3 — DO MÉRITO () 3.1. — Do ônus da prova no procedimento administrativo tributário. (...) A inversão do ônus da prova não se aplica no processo administrativo tributário. Não podemos olvidar que a finalidade do procedimento administrativo de lançamento tributário é a busca da verdade material, que deve ser apresentada de forma objetiva, e dentro do devido processo legal, como determina o art. 5°, inciso LIV, da nossa Carta Magna, já que a acusação fiscal pode levar à penalidade cabível. Assim, dado que o lançamento é atividade vinculada e obrigatória e deve ser — destacase "deve" e não "pode ser" — acompanhada da motivação dos pressupostos que deram azo a sua materialização, não podendo, portanto, se cogitar de um ônus da prova na atividade de lançamento. Ônus é figura jurídica de significado bem diferente de dever e de obrigação. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10380.014034/200792 Acórdão n.º 2301005.486 S2C3T1 Fl. 3 3 (..) Fica evidenciado que, na atividade do lançamento não se pode pensar em "ônus da prova" do Fisco quanto à demonstração dos fatos que levaram ao lançamento, mas um dever jurídico de prova. O Fisco tem o dever de provar a verdade material em que se baseou para o lançamento. O ônus da prova, no sentido processual, é a exigência da lei, para um, ou para ambos os pólos da lide, de demonstrarem a verdade dos fatos alegados, admitindose a inversão entre eles. 0 dever de prova e investigação, por outro lado, é imposição constitucional ao agente administrativo, não cabendo flexibilização, temperamento ou inversões. No presente caso, os d. Fiscais nada provaram em relação à existência de acréscimo patrimonial ou renda da Impugnante, oriundos de recursos não declarados. Simplesmente, lavraram o auto de infração, sob a alegação de que a Contribuinte não comprovou a origem dos créditos identificados na Verificação Fiscal, tendo por base o estipulado no art. 42, da Lei n° 9.430/96. 3.2. Da tributação sobre acréscimo patrimonial, com base em depósitos bancários. (...) No ordenamento tributário são vários os mecanismos para a determinação e apuração de acréscimos patrimoniais, para os quais os seus valores não tenham sido oferecidos à tributação, os ditos "rendimentos omitidos", estando entre eles, os valores creditados em contacorrente bancária. Entretanto, é de se observar, que a exação não incide sobre os referidos créditos bancários, mas sim sobre os acréscimos patrimoniais. E mais, meros indícios de renda — os créditos bancários — não podem, legitimamente, ser transformados, nem pela lei tributária, tampouco por determinação do agente fiscal, em acréscimos patrimoniais, passíveis de tributação, sem que seja exercido o dever de prova e investigação que o lançamento exige. Os depósitos bancários são o ponto de partida da investigação. A demonstração do aumento patrimonial, por parte do Fisco, é primordial para subsidiar de que um determinado crédito bancário venha a ser considerado rendimentos omitidos. Identificado o crédito, e pelo simples fato de não se comprovar a sua origem, não se revela a existência de rendimentos tributários. E é isto que se vê no presente caso. Os d. AuditoresFiscais simplesmente arrolaram vários depósitos, todos de pequenos valores, cujos créditos ocorreram há mais de quatro anos, para que o Impugnante comprovasse as suas origens. Muitas, após árdua pesquisa da Contribuinte, foram identificadas, outras, por mais que se dedicasse e, muito provavelmente, pelos seus pequenos valores, foi impossível de recordar as suas origens. Esse fato não pode ser base para lançamento do Fl. 207DF CARF MF 4 imposto de renda. Os d. Fiscais deveriam ter aprofundada a investigação e provado o acréscimo patrimonial ou gastos incompatíveis da Contribuinte. Se verificada a Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda — Pessoa Física da Contribuinte, anocalendário 2002, se vê, cristalinamente, que a lmpugnante teve um acréscimo patrimonial inferior a R$ 5.000,00. Acréscimo este oriundo do pagamento de parcelas de financiamento de um veiculo popular. Como dito pela Contribuinte, quando do atendimento aos Termos de Intimação da fiscalização, tanto ela como o seu cônjuge têm uma vida pacata (...). Salientase que o casal nem moradia própria têm, morando em residência de aluguel. O casal possui dois automóveis, ambos financiados. Tendo suas necessidades básicas muitas vezes atendidas com a ajuda de parentes. 3.3 Do sentido e do alcance do art. 42 da Lei 9.430/96. totalmente insustentável pretender afirmar que há no art. 42 da Lei n° 9.430/96 uma presunção, que tornaria dispensável o dever da autoridade provar a ocorrência de rendimentos omitidos. Afinal, a definição do sentido e o alcance do art. 42, da Lei n° 9.430/96 não podem fugir dos comandos determinados pela CF/88 e pelo CTN como já dito anteriormente — o dever de investigação e prova previsto no conceito de lançamento. A jurisprudência administrativa e judicial, relativa aos depósitos bancários como sendo apenas indícios do auferimento de renda é farta, não podendo, portanto, serem (os depósitos) base para cálculo do imposto de renda, sem que antes haja sido demonstrada a existência de renda consumida, caso contrário, haverá um total conflito com art. 43 do CTN, que determina: (...). 3.4. Dos limites previstos no § 3° do art. 42, da Lei n° 9.430/96. Senhores Julgadores, além de nada provarem em relação aos supostos rendimentos omitidos, lançados no auto de infração, ora guerreado, os d. Fiscais afrontaram o que determina o § 3°, do art. 42, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 4°, da Lei n°9.481/97, in verbis: (...). Ao se analisar o rol de créditos, constantes nas planilhas "Movimentação Bancária", na coluna "VL. A SER LANÇADO R$", elaboradas pelos d. Fiscais, não há um único crédito com valor superior a R$ 12.000,00 (doze mil reais). Na "PLANILHA RESUMOS — DEPÓSITOS NÃO JUSTIFICADOS", também produzida pela fiscalização, a somatória dos créditos "não justificados" é igual a R$ 36.067,17, valor bem inferior ao limite de R$ 80.000,00, previsto no inciso II, do 3°, do art. 42, da Lei n° 9.430/96. O Acórdão da DRJ (fls. 173 e ss) julgou a impugnação improcedente , recebendo a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10380.014034/200792 Acórdão n.º 2301005.486 S2C3T1 Fl. 4 5 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 10 de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ONUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários. CRÉDITOS BANCÁRIOS NÃO SUJEITOS À COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. DEPÓSITOS INDIVIDUALMENTE IGUAIS OU INFERIORES A R$12.000,00. Verificandose que os créditos bancários, existentes em contas correntes e em contas de poupança mantidas em nome do contribuinte, somam, dentro do anocalendário, valor superior a R$ 80.000,00, esses créditos sujeitamse à comprovação da origem, mesmo que de valor individual inferior a R$12.000,00. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Irresignado, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 190 e ss) argumentando que o valor individual dos créditos bancários é inferior a R$ 12.000,00 e o seu somatório anual é inferior a R$ 80.000,00, de modo que deve ser cancelado o lançamento. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Evaristo Pinto O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Considerando os valores constantes na planilharesumo feita pela Fiscalização (fl. 16) que o somatório dos depósitos anuais é inferior a R$ 80.000,00, tratase de caso de aplicação da Súmula CARF n. 61, que assim dispõe: Fl. 209DF CARF MF 6 Súmula CARF nº 61: Os depósitos bancários iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 (doze mil reais), cujo somatório não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) no anocalendário, não podem ser considerados na presunção da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no caso de pessoa física. Diante do teor da Súmula CARF n. 61 e do fato de que os depósitos bancários não justificados são inferiores a R$ 12.000,0 e o seu somatório total não ultrapassou R$ 80.000,00 no anocalendário, eles não serão considerados na presunção da omissão de receitas. Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e darlhe, provimento. (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Fl. 210DF CARF MF
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Numero do processo: 10650.720197/2016-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010
RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR.
Para fins de restituição de valor pago indevidamente ou a maior é imprescindível a efetiva comprovação do direito creditório pleiteado.
IMÓVEL EM CONDOMÍNIO
As áreas em condomínio devem ser declaradas em sua totalidade durante o tempo em que o imóvel for mantido indiviso por qualquer dos proprietários ou possuidores.
Enquanto não cancelado ou alterado o registro imobiliário referente à matrícula do imóvel rural junto ao competente Cartório de Registro Imobiliário, esse continua produzindo todos seus efeitos legais, inclusive para fins de comprovação da área total do imóvel, de identificação do sujeito passivo da obrigação tributária e de cálculo do montante do imposto devido.
Numero da decisão: 2402-006.516
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para fins de restituição de valor pago indevidamente ou a maior é imprescindível a efetiva comprovação do direito creditório pleiteado. IMÓVEL EM CONDOMÍNIO As áreas em condomínio devem ser declaradas em sua totalidade durante o tempo em que o imóvel for mantido indiviso por qualquer dos proprietários ou possuidores. Enquanto não cancelado ou alterado o registro imobiliário referente à matrícula do imóvel rural junto ao competente Cartório de Registro Imobiliário, esse continua produzindo todos seus efeitos legais, inclusive para fins de comprovação da área total do imóvel, de identificação do sujeito passivo da obrigação tributária e de cálculo do montante do imposto devido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 72 01 97 /2 01 6- 71 Fl. 534DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 03073.947, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF – DRJ/BSA (fls. 482/489) que considerou improcedente manifestação de inconformidade apresentada em virtude do indeferimento dos pedidos de restituição relativos aos PER eletrônicos nº 36963.32104.130412.2.2.04.9842, 03617.72587.130412.2.2.04.4217, 18287.77088.130412.2.2.04.8030 e 29630.28628.130412.2.2.04.9893. Os pedidos foram indeferidos pelo Despacho Decisório 1242016/DRF/UBB/MG/SAORT, de 13/10/2016 (fls. 352/360). A seguir reproduzse trechos do relatório da decisão recorrida, posto que resume adequadamente as alegações insertas na Manifestação de Inconformidade de fls. 366/372: informa que o pedido é relativo a pagamento a maior do ITR, referente ao imóvel “Fazenda Bom Jardim” (NIRF nº 2.199.0310), dos exercícios de 2007, 2008, 2009 e 2010, porque restou comprovado que houve alterações de titularidade e área efetuadas nas DITR, desses exercícios; explica que foram abertos, em 2011, novos NIRF (8.011.3842, 8.011.3869, 8.011.3923, 8.011.4040 e 8.011.4091) e, na oportunidade, foram feitas DITR retroativas de 2007 a 2010 e, conseqüentemente, pagamentos das mesmas áreas com acréscimo de multa pelo atraso e correção monetária; registra que foram feitos os Pedidos de Restituição (PER), cujos créditos somente poderiam ser utilizados no mesmo CPF do titular que efetuou os pagamentos, para em seguida, pedir a restituição do restante; observa que, no período de 2007 a 2010, foi pago o ITR da área como um todo de 2.639,05 ha, no seu CPF, referente aos Pedidos de Restituição, e, em 2011, foi feito o pagamento retroativo da área dividida, por meio dos CPF dos citados novos NIRF, e, assim, foram feitos pagamentos em duplicidade; esclarece que ficou uma pequena área de 7,1028 ha remanescente que, após as retificações, continuou a ser declarada no NIRF 2.199.0310, em nome de Isméria dos Santos Junqueira (Espólio), conforme consta na Escritura de Doação, que deu Fl. 535DF CARF MF Processo nº 10650.720197/201671 Acórdão n.º 2402006.516 S2C4T2 Fl. 3 3 origem à Matrícula nº 81.830, do Cartório do 1º Ofício do Registro de Imóveis da Comarca de Uberaba, acrescentando que essa área ficou em condomínio com os herdeiros de Electa dos Santos Junqueira Filha; atenta que as mencionadas alterações foram implementadas seguindo orientação do setor responsável e, portanto, contando com a anuência da própria DRF, não obstante, os Pedidos de Restituição terem sido negados por meio do despacho Decisório 1242016/DRF/UBB/MG/SAORT, de 13.10.2016; considera que a pretensão foi indeferida, no Despacho, com o entendimento de que o imóvel pertence simultaneamente a mais de uma pessoa, por tratarse de um condomínio, porque ele se institui pela inscrição do correspondente título no Registro de Imóveis e, por esta forma, também, se extingue, sem o que a coisa continua indivisa; contesta o entendimento, contido no Despacho, sobre a existência do condomínio, ante o fato de que as Escrituras de Doação, quando das alterações efetuadas nas DITR de 2007 a 2010, ainda não estavam registradas no Cartório competente, o que impediria as alterações, transcrevendo excerto da Decisão; entende que o equívoco da Decisão é flagrante, a começar pelo fato de que, com o falecimento da usufrutuária Isméria dos Santos Junqueira, em 17.05.2003, a totalidade do imóvel passou a ser usufruída por uma única pessoa, a Srª Electa dos Santos Junqueira Filha e, a partir daí, não há mais condomínio na área doada; entende, também, haver outro equívoco, porque, como pode ser observado na Escritura de Doação, os imóveis doados foram divididos e delimitados, passando a posse aos diferentes donatários, desde o falecimento da última usufrutuária, em 04.04.2005, e, desta forma, não há que se falar em propriedade ou posse comum; comenta que o condomínio ordinário ou tradicional pode ser instituído pela aquisição conjunta de imóvel, por doação a dois ou mais titulares, por circunstâncias eventuais ou acidentais como a distribuição de herança, a doação de um determinado bem realizado a duas ou mais pessoas, a adjudicação de parte de um imóvel por um credor, além da dissolução da sociedade conjugal, posto que desfeita a comunhão de bens, sobrevém o condomínio entre os excônjuges até a efetiva partilha; transcreve excerto de Doutrina, que diz: terseia condomínio “quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma das partes”, para mencionar que se trata de uma propriedade simultânea e concorrente, de modo que todos são donos ao mesmo tempo (por isso é simultâneo) e todos podem usar a coisa toda (por isso é concorrente), dentro dos limites da convivência harmônica; destaca que condomínio significa existir mais de um titular exercendo o domínio ou posse sobre a coisa, sendo que, cada um, proprietário ou titular de uma parte ideal, não delimitada e diz que, no caso, ocorreu exatamente ao contrário, ou seja, não houve aquisição conjunta de um mesmo bem, tampouco há direito de cada um dos ocupantes sobre o todo e cada uma das partes, já que a doação foi feita com divisão préestabelecida; considera que não há o que se falar que o condomínio de imóvel somente se instituiu e se extingue por inscrição no registro de imóveis; observa que, normalmente, a propriedade comum é resultado de: a) herança deixada em favor de vários herdeiros; b) aquisição em conjunto; c) término de Fl. 536DF CARF MF 4 relacionamento matrimonial e d) doações feitas a mais de uma pessoa e, para tanto, não há necessidade de inscrição no registro de imóveis, posto que ele, nos termos do art. 1.245 do Código Civil, visa à transferência da propriedade; diz que, se a Escritura Pública não estiver registrada no Cartório de Registro de Imóveis, a transferência da propriedade não ocorreu efetivamente, já que o registro confere oponibilidade em relação a terceiros (eficácia erga omnes); salienta que, havendo acordo de vontade entre os condôminos capazes (no caso, as doadoras), a qualquer tempo é possível formalizarem, por instrumento público, a divisão inter vivos, extinguindo o estado de comunhão, independente de registro, para que tenha validade; atenta que, no caso, não há sequer a possibilidade de revogação da doação, vez que as doadoras são falecidas de longa data; acentua que, estando os imóveis titulados (Escrituras de Doação) a contribuintes individuais, inexistindo, pois, indivisão, não há que se falar em declaração somente por um dos titulares, na condição de condômino declarante e, assim, a interpretação contida na Decisão, com base no art. 39 do Decreto nº 4.382/2002, não pode ser acatada; ressalta que o caso ora analisado não se trata de um único imóvel rural indiviso titulado a várias pessoas, pois é exatamente o contrário, ou seja, diferentes imóveis divididos e titulados a pessoas distintas e, desta forma, a alteração de dados cadastrais efetuada nas DITR de 2007 a 2010, atende ao disposto no art. 22, IX, da IN/RFB nº 1.467/2014; menciona que, conforme o art. 4º da Lei nº 9.393/1996, contribuinte do ITR não é só o proprietário, podendo ser o possuidor e os contribuintes donatários, na época das alterações, eram possuidores; pelo exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência do indeferimento do seu pleito, requer seja acolhida a Manifestação de Inconformidade. Decisão de Primeira Instância A DRJ/BSA considerou a Manifestação de Inconformidade improcedente, conforme ementa da decisão de piso, que a seguir se reproduz: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 DA RESTITUIÇÃO. PROVA INEXISTENTE DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR Para fins de restituição de valor pago indevidamente ou a maior, é imprescindível a efetiva comprovação do direito creditório pleiteado. No caso, o crédito pleiteado é inexistente. DO IMÓVEL EM CONDOMÍNIO De conformidade com a legislação vigente, as áreas em condomínio devem ser declaradas em sua totalidade durante o tempo em que o imóvel for mantido indiviso. Enquanto não cancelado ou alterado o registro imobiliário, referente à matrícula do imóvel rural junto ao competente Cartório de Registro Imobiliário, ele continua produzindo todos seus efeitos Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10650.720197/201671 Acórdão n.º 2402006.516 S2C4T2 Fl. 4 5 legais, inclusive para fins de comprovação da área total do imóvel e da identificação do sujeito passivo da obrigação tributária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Recurso Voluntário Inconformado o contribuinte apresentou recurso voluntário, em que contesta a decisão da DRJ/BSA, repisa as razões apresentadas na impugnação e acrescenta, em síntese o que segue: o presente recurso está revestido de efeito suspensivo, por expressa determinação legal; tanto a abertura de novos NIRF quanto a apresentação de novas declarações foram determinadas pela Receita Federal, ou seja, se equívoco houve isso se deveu ao fato de a contribuinte ter sido induzida a erro; a indução a erro foi repetida quando a Receita Federal acatou o pedido de compensação de parte das quantias pagas em duplicidade, com o pagamento feito individualmente pela recorrente, como se vê das Declarações de Compensação (DCOMP) n° 42864.06602.270212.2.3.049026 e n° 22878.62271.230312.2.3.044849; o ITR foi recolhido em duplicidade pelos contribuintes, que apenas seguiram a orientação da própria Receita Federal, agindo de boafé; a indução a erro a que foi levado o sujeito passivo coloca em risco, em caso de negativa de provimento ao presente recurso, a restituição dos pagamentos individuais relativos aos exercícios 2007 a 2010, feitos retroativamente, por indicação da Receita Federal, haja vista o decurso de tempo; o não provimento do recurso implicará no cancelamento das declarações feitas individualmente no período de 2011 em diante até a data do registro das escrituras; tal fato obrigará a prestação de novas declarações retroativas em conjunto, em um único CPF, com novo pagamento (nova duplicidade), acrescido de juros, correção monetária e multa pelo atraso de entrega em virtude de erro a que foi induzida pela Receita Federal; não tem razão a decisão recorrida quando afirma que, “na data da ocorrência dos fatos geradores em questão, o proprietário do imóvel era o condomínio formado pelas senhoras Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha, representadas por seus Espólios, visto que falecidas respectivamente em 17.05.2003 e 04.04.2005”, primeiro porque na data da ocorrência dos fatos geradores não havia condomínio e segundo porque, como o imóvel foi objeto de doação ocorrida em 24/03/2003, não há que se falar que o bem fazia parte do Espólio das doadoras por impossibilidade jurídica; ao contrário do entendimento manifestado na decisão atacada, a recorrente não pretendeu que houvesse o reconhecimento de que a Escritura de Doação conferisse a condição de proprietário do imóvel rural ao donatário; Fl. 538DF CARF MF 6 está claramente exposto na Manifestação de Inconformidade a existência de posse do imóvel, o que, conforme disposto no art. 40 da Lei n° 9.393/1996, dá à recorrente a condição de contribuinte do ITR. Requer, por fim que seja o presente recurso voluntário conhecido e provido, reformandose a decisão de primeira instância, para o fim de se deferir a restituição pleiteada e a manutenção dos atos praticados. Reitera pedido de prioridade na tramitação do feito, haja vista o disposto na Lei n° 10.741/2003 (art. 71, § 3°), na Lei n° 9.784/99 (art. 69A) e na Portaria RFB n° 999/2013 (art. 2°, inciso IV) com alterações introduzidas pela Portaria RFB n° 1.892/2013. Fl. 539DF CARF MF Processo nº 10650.720197/201671 Acórdão n.º 2402006.516 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Quanto à de tramitação preferencial, tal solicitação foi atendida por este Conselho, visto que referido processo foi incluído em lote prioritário e sorteado de forma antecipada em atendimento a citado requisito. Sobre o efeito suspensivo do recurso voluntário, não se tem notícia de atos da administração tributária no sentido de afrontar as normas postas acerca desta questão, não havendo considerações a serem feitas a esse respeito. No que tange às asserções recursais de que os procedimentos adotados pela contribuinte derivaram de orientações/determinação da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que teriam induzido a recorrente a erro, não foram trazidos aos autos sequer resquícios de prova que podessem atestar essa alegação. Importa asseverar que, a teor do inciso III do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, é incumbência do reclamante apresentar, ainda na fase impugnatória, elementos probatórios aptos a justificar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta sua discordância. Por essa razão, neste ponto, não há como acolher as razões recursais. Acerca do propalado acatamento das (DCOMP) n° 42864.06602.270212.2.3.049026 e n° 22878.62271.230312.2.3.044849, eventual decisão a esse respeito não tem o condão de vincular o julgador administrativo. Em referência aos pagamentos em duplicidade que a recorrente diz ter realizado, vale lembrar que a presente lide diz respeito à decisão que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, confirmando a decisão adotada pelo Despacho Decisório 1242016/DRF/UBB/MG/SAORT, de 13/10/2016, que indeferiu os Pedidos de restituição nº 36963.32104.130412.2.2.04.9842, 03617.72587.130412.2.2.04.4217, 18287.77088.130412.2.2.04.8030 e 29630.28628.130412.2.2.04.9893, questões afetas à restituição de pagamentos individuais relativos aos exercícios 2007 a 2010, à apresentação de novas declarações, dentre outras, devem ser opostas perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em relação ao mérito do recurso voluntário, temse que os arts. 29 e 31 do Código Tributário Nacional CTN, possibilitou a instituição do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, com fato gerador correspondente à propriedade, ao domínio útil ou à posse de imóvel localizado fora da zona urbana do Município. Confirase: Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município. Fl. 540DF CARF MF 8 Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Em linha com o estatuído pelo Codex Tributário, o caput do art. 4º da Lei nº 9.393/1996 assim define quem são os contribuintes do ITR: Art. 4º Contribuinte do ITR é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. [...] Extraise dos dispositivos acima que são considerados como sujeitos passivos da obrigação tributária relativa ao ITR o proprietário, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título de imóvel rural. Da análise do caso concreto verificase que em 24/03/2003 foi lavrada Escritura de Doação do imóvel rural em referência (fls. 109 a 126), com área total de 2.639,05,26 ha por suas proprietárias, Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha, na qual destinaram às pessoas físicas abaixo relacionadas (filhas, sobrinhos e neto) as seguintes áreas: a) Maria Proserpina Gomes Afonso, 253,37,12 ha e 404,61,62 ha; b) Electa Maria Junqueira Caetano, 657,98,75 ha ; c) Adolfo José Junqueira Caetano, 657,98,75 ha; e d) Mário Gomes Caetano Neto, 657,98,74 ha. A doação referiuse apenas à terra nua da propriedade, uma vez que as doadoras reservaram para si o usufruto vitalício do bem, com a condição de acrescer em favor da doadora sobrevivente o usufruto daquela que viesse a falecer em primeiro lugar. Além disso, as doadoras reservam em seu patrimônio, em igualdade de condições, a área remanescente de 7,10,28 ha; Em 17/05/2003 e 04/04/2005 vieram a óbito, respectivamente, Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira, conforme certidão de óbito de fls. 128 e 129. Em virtude disso, mas somente em 24/04/2013, foi aberta a matrícula 60.825 onde se efetivou o registro da propriedade rural denominada Fazenda Bom Jardim”, situada no município de Água CompridaMG, com área total de 2.743,73,39 ha, sendo 564.93.48 ha (20,59%) de propriedade de Isméria dos Santos Junqueira e 2.178.79.91 ha (79,41%) de Electa dos Santos Junqueira Filha (doc. de fls. 160 a 177); Em 13/04/2016 foi registrada a averbação Av. 9/60.825, para fins de encerramento da matrícula 60.825 em razão do desmembramento da propriedade em 6 (seis) imóveis distintos, com áreas de 278,65,85 ha, 405,49,92 ha, 684,15,78 ha, 684,15,78 ha (02 glebas, sendo Gleba 01 – 140,39,69 ha e Gleba 02 – 543,76,09 ha, 684,15,78 ha e de 7,10,28 ha, matriculados sob os nº 81.825, 81.826, 81.827, 81.828,81.829 e 81.830 (Fls. 186 a 209). Na mesma data (13/04/2016), foi também aberta a matrícula 81.830 para registro do imóvel rural “Fazenda Bom Jardim”, situado no município de Água CompridaMG, com área de 7,10,28 ha, de propriedade de Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha. (doc. Fl. 157 a 159). Pois bem, de acordo com o caput e com o § 1º do art. 1.245 do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), nas transações imobiliárias inter vivos, a propriedade transferese a partir do registro do título, no Registro de Imóveis competente, sendo que, enquanto o título não for Fl. 541DF CARF MF Processo nº 10650.720197/201671 Acórdão n.º 2402006.516 S2C4T2 Fl. 6 9 registrado, aquele que está dispondo do bem, remanesce na condição de proprietário. Vejamos o teor do citado dispositivo: Art. 1.245. Transferese entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. Com base nos fatos acima narrados, até 13/04/2016, data do registro do desmembramento do imóvel objeto do presente litígio, esse tinha como proprietárias as senhoras Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha, e, a partir do falecimento dessas, os seus respectivos espólios. E mais, até essa data, quando ocorreu o efetivo registro do desmembramento, citado imóvel, para o fim de tributação pelo ITR, permaneceu com a área originária e era sobre essa área, como um todo, que deveria incidir o imposto, como de fato ocorreu. Vejase que, embora se possa admitir que as pessoas físicas indicadas na Escritura de Doação no Cartório de Notas tenham imitidose na posse do imóvel rural em 04/04/2005, com o falecimento da última proprietária/usufrutuária, somente em 13/04/2016, a partir do registro do desmembramento da propriedade rural no Registro de Imóveis competente, os destinatários da doação foram alçados à condição proprietários do quinhão que lhes cabia. Em resumo, entre 04/04/2005 e 12/04/2016, a recorrente, assim como os demais beneficiários da doação (condomínio formado por possuidores do imóvel) passaram a ser considerados contribuintes do ITR, mas esse fato não excluía de tal condição o outro condomínio formado pelos espólios de Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha, que, nos termos do § 1º do art. 1.245 do Código Civil, continuaram a figurar como proprietários do imóvel como um todo. Em condições como essa, a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – DITR poderia ter sido entregue, em relação à área total do imóvel rural, por qualquer dos detentores de sua posse, ou ainda por um dos espólios das proprietárias, conforme se depreende dos arts. 38 e 39 do Decreto nº 4.382/2002 – Regulamento do ITR (RITR): Art.38. O imóvel rural que, na data da efetiva entrega da DITR, pertencer a espólio deve ser declarado em nome deste pelo inventariante ou, se este ainda não houver sido nomeado, pelo cônjuge meeiro, companheiro ou sucessor a qualquer título. (Grifouse) Parágrafo único. As declarações não entregues pelo de cujus são apresentadas em nome do espólio. Art.39. Deve ser declarado em sua totalidade o imóvel rural que for titulado a várias pessoas, enquanto este for mantido indiviso (Lei nº5.172, de 1966, art. 124, inciso I). (Grifouse) Conforme se extrai do “Quadro 02 DITR’s Exercícios 2007 a 2010” (fl. 353), que integra o Despacho Decisório nº 1242016/DRF/UBB/MG/SAORT,/2016, em relação ao exercício 2007, a DITR originária foi entregue em nome de Electa dos Santos Fl. 542DF CARF MF 10 Junqueira Filha. Quantos aos exercícios 2008 a 2010, as declarações foram transmitidas em nome da recorrente. Assim, como tais documentos faziam referência à área total do imóvel e as declarantes foram, para 2007, o espólio de uma das proprietárias e para os demais anos uma das detentoras da posse da propriedade rural (e também sucessora das reais proprietárias), verificase que essas DITR foram apresentadas de conformidade com a legislação de regência, não havendo que se falar que os valores delas decorrentes constituem pagamento a maior a título de ITR, tampouco na existência de valores a restituir ou a compensar. CONCLUSÃO Por todo o exposto voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 543DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.900025/2011-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 29 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.942
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10840.902858/2010-52, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10840.902858/201052, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Winderley Morais Pereira Presidente e Relator (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório por suposto pagamento indevido ou a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. Por despacho decisório, não foi reconhecido direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, não homologada a compensação declarada no presente processo, tendo por base as constatações seguintes: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 40 .9 00 02 5/ 20 11 -3 8 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10840.900025/201138 Resolução nº 3301000.942 S3C3T1 Fl. 3 2 a) a empresa foi intimada a esclarecer os valores mensais consignados a título de Faturamento/Receita Bruta em sua DIPJ retificadora, tendo em vista que o valor dessa rubrica foi sistematicamente reduzido nas suas DIPJ retificadoras dos anoscalendário de 2001 e 2002. Em resposta, a empresa esclarece a redução de seu Faturamento/Receita Bruta como sendo decorrente da exclusão de receitas financeiras, as quais teriam sido indevidamente incluídas na base de cálculo da contribuição; b) para o anocalendário a que se refere o presente processo não há previsão legal para exclusão, da base de cálculo do PIS e da COFINS das receitas financeiras informadas na resposta à intimação, sendo certo, portanto, que elas devem compor a base de cálculo da COFINS. Cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade postulando, em suma, para julgála integralmente procedente, com vistas à reforma do despacho decisório exarado nos autos, reconhecendose a existência do aludido crédito da empresa ora manifestante e, ato contínuo, homologandose a compensação outrora requerida, tendo em vista que é inadmissível a inclusão de receitas financeiras na base de cálculo do PIS e da COFINS, haja vista que, por força da Interpretação estabelecida tanto pelo Supremo Tribunal Federal como pelo Superior Tribunal de Justiça á Lei Federal n° 9.718, de 1998, apenas o faturamento (resultado da venda de mercadorias e serviços) poderá ser objeto de incidência daquela exação. excluídas, assim, as receitas financeiras, que não se encaixam nesse conceito: A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório, julgando improcedente a manifestação de inconformidade. Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, em que repete os argumentos contidos na manifestação de inconformidade e adiciona os seguintes: a) deve ser aplicada o entendimento pacificado nos tribunais superiores de que é inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS promovido pelo §1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98; e b) as cópias autenticadas dos livros contábeis carreadas aos autos devem ser aceitas como prova, pois foram consideradas idôneas pelo SEORT (Serviço de Orientação e Análise Tributária). É o relatório. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10840.900025/201138 Resolução nº 3301000.942 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.941, de 25 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10840.902858/201052, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.941): "O recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Reproduzo trecho do Despacho Decisório (fls. 37) que sumaria a demanda: "O presente processo trata do PerDcomp nº 13426.84222.120107.1.3.040093, de fls. 02/06, referente a suposto pagamento indevido ou a maior de Cofins – código 2172, do período de apuração – PA de dezembro de 2001, recolhido em 15/01/2002, cujo valor do crédito original na data da transmissão é R$ 3.845,02, com o qual se pretende compensar débito do IRPJ – código 2362, vencido em 28/02/2005. É o relatório. Da análise das suas DIPJ – do exercício 2002 – anocalendário 2001, original (004369110) e retificadora (126303512), juntadas às fls. 11/16, verificamos que a contribuinte retificou os valores consignados a título de “Faturamento/Receita Bruta”, no mês de dezembro de 2001, que foram alterados de R$ 3.063.856,82, para R$ 2.935.689,13, reduzindo a Cofins a pagar de R$ 87.536,02, para R$ 83.690,99. Visando verificar a regularidade do crédito ora pleiteado, através da intimação fiscal nº 481/2011/DRF/RPO/Seort, de fls.22/23, a empresa foi intimada a esclarecer os valores mensais consignados a título de Faturamento/Receita Bruta em sua DIPJ retificadora, tendo em vista que os valores dessas rubricas foram sistematicamente reduzidos nas suas DIPJ dos anoscalendário de 2001 e 2002. Em resposta apresentada em 24/05/2011, juntada às fls. 28/32, a empresa informa que a redução de seu Faturamento/Receita Bruta, no PA de dezembro de 2001, é decorrente da exclusão das receitas abaixo discriminadas e valoradas, as quais, segundo ela, teriam sido indevidamente incluídas na base de cálculo da Cofins. Rubrica R$ Comissões CDCI 11.370,29 Descontos obtidos 15.649,57 Juros recebidos 70.968,11 Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10840.900025/201138 Resolução nº 3301000.942 S3C3T1 Fl. 5 4 Receita Aplicação Financeira 5,62 Variação monetária ativa 1.169,35 Comissões de intermediação de financiamentos 29.004,44 Total 128.167,69 No entanto, para o anocalendário de 2001, não há previsão legal para exclusão da base de cálculo da Cofins das receitas acima relacionadas, sendo certo, portanto, que elas devem compor sua base de cálculo. (. . .)" Nas peças de defesa, a recorrente sustenta que são receitas financeiras, não componentes da base de cálculo da COFINS, nos termos do caput do art. 3° da Lei n° 9.718/98. A tributação de tais receitas pela COFINS foi afastada pelos tribunais superiores, notadamente pelo STF, em sede do RE 390.840/MG. E carreou cópias autenticadas do livro razão, em que figuram as contas contábeis apresentadas no quadro acima. A DRJ ratificou o posicionamento da unidade de origem, sob o argumento de que, de acordo com o art. 21 da Lei nº 12.844/13, as decisões do STF, em sede de repercussão geral, e do STJ, de recursos repetitivos, somente vinculam aquele órgão, após pronunciamento formal da PGFN. Examino a contenda. Conforme entendimento assentado, em sede de repercussão geral, pelo Supremo Tribunal Federal (Recurso Extraordinário nº 585.235), o conflagrado alargamento da base de cálculo promovido pela Lei 9.718/98 foi considerado inconstitucional. À luz do entendimento manifesto pela Suprema Corte, apenas o faturamento decorrente das atividades típicas da pessoa jurídica estão sujeitos à incidência da Cofins no sistema cumulativo de apuração da Contribuição. E o §2º do artigo 62 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 343/2015 e alterações, determina que as matérias de Repercussão Geral sejam reproduzidas nos julgamentos dos recursos. Isto posto, resta apenas examinar a natureza das contas contábeis indicadas pelo contribuinte. O faturamento do mês foi declarado na DIPJ do anocalendário de 2002 entregue à RFB. Da leitura das cópias autenticadas dos razões contábeis, verifica se que os históricos dos lançamentos se coadunam com os títulos das contas. E alguns valores selecionados aleatoriamente para averiguação conferem com os indicados na tabela acima. Contudo, isto é não suficiente para reconhecermos o direito creditório. De acordo com o § 1° do art. 9° do Decretolei n° 1.598/77 "§ 1º A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais." Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10840.900025/201138 Resolução nº 3301000.942 S3C3T1 Fl. 6 5 Em sua defesa, a recorrente alegou que as cópias dos razões das contas seriam suficientes para comprovar a natureza das contas contábeis, pois o SEORT (Serviço de Orientação e Análise Tributária) teria "considerado idôneas as receitas financeiras alocadas ao livro razão". Entretanto, não há evidência alguma desta afirmação. Ademais, apesar de não ter negado provimento à manifestação de inconformidade por este motivo, a insuficiência das provas apresentadas também foi destacada pela DRJ. A meu ver, há indícios fortes de que a recorrente é detentora de créditos da COFINS paga a maior, mas ainda há carência de informação. Assim sendo, em respeito ao Princípio da Verdade Material, e com o objetivo de assegurar o possível direito do contribuinte à compensação de tributos pagos a maior, porém salvaguardando os interesses da Fazenda Pública, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o contribuinte seja intimado a apresentar à unidade de origem para validação: i) as vias originais de sua escrituração contábil; ii) a documentação suporte dos lançamentos contábeis das receitas financeiras indevidamente incluídas na base de cálculo da COFINS; iii) conciliação dos lançamentos contábeis com as bases de cálculo da COFINS, original e ajustada pela exclusão das receitas financeiras; e iv) demonstração do cálculo dos valor pago a maior, a partir da comparação entre o valor devido inicialmente apurado e o calculado após a exclusão das receitas financeiras. Deve ser elaborado relatório conclusivo e aberto prazo de trinta dias para manifestação das partes. Findo o prazo, os autos devem retornar conclusos para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que o contribuinte seja intimado a apresentar à unidade de origem para validação: i) as vias originais de sua escrituração contábil; ii) a documentação suporte dos lançamentos contábeis das receitas financeiras indevidamente incluídas na base de cálculo do PIS e da COFINS; iii) conciliação dos lançamentos contábeis com as bases de cálculo do PIS e da COFINS, original e ajustada pela exclusão das receitas financeiras; e Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10840.900025/201138 Resolução nº 3301000.942 S3C3T1 Fl. 7 6 iv) demonstração do cálculo dos valor pago a maior, a partir da comparação entre o valor devido inicialmente apurado e o calculado após a exclusão das receitas financeiras. Deve ser elaborado relatório conclusivo e aberto prazo de trinta dias para manifestação das partes. Findo o prazo, os autos devem retornar conclusos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 146DF CARF MF
score : 1.0
