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Numero do processo: 13896.902486/2008-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Dec 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. LEGALIDADE DO PROCEDIMENTO COMPENSATÓRIO. CABIMENTO.
A comprovação dos requisitos da certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação constitui motivo suficiente para o reconhecimento da legalidade do procedimento compensatório realizado em conformidade com os requisitos estabelecidos na legislação vigente.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-002.917
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Hélcio Lafetá Reis, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. LEGALIDADE DO PROCEDIMENTO COMPENSATÓRIO. CABIMENTO. A comprovação dos requisitos da certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação constitui motivo suficiente para o reconhecimento da legalidade do procedimento compensatório realizado em conformidade com os requisitos estabelecidos na legislação vigente. Recurso Voluntário Provido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2004 a 30/04/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. LEGALIDADE DO PROCEDIMENTO COMPENSATÓRIO. CABIMENTO. A comprovação dos requisitos da certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação constitui motivo suficiente para o reconhecimento da legalidade do procedimento compensatório realizado em conformidade com os requisitos estabelecidos na legislação vigente. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Hélcio Lafetá Reis, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 90 24 86 /2 00 8- 92 Fl. 189DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROS A 2 Tratase de Declaração de Compensação (DComp), transmitida em 15/6/2004, em que informada a compensação de parte do crédito proveniente do pagamento indevido da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de abril de 2004, no valor de R$ 1.010,63, com débito do mesmo valor da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de abril de 2004. Por intermédio do Despacho Decisório (eletrônico) de fl. 7/10, a compensação não foi homologada, em razão da inexistência de crédito disponível, sob o argumento de que, embora localizado na base dados, o pagamento informado havia sido integralmente utilizado na quitação do débito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de abril de 2004. Em sede de Manifestação de Inconformidade, a contribuinte alegou, em conformidade com o explicitado no demonstrativo de cálculo de fl. 19, que o crédito utilizado era decorrente do erro na apuração do débito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de abril de 2004, cujo valor correto era R$ 2.276,73 e não R$ 3.287,36, informado na DCTF original. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, a 9ª Turma de Julgamento da DRJ – Capinas/SP julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, com base no argumento de que a documentação apresentada, elaborada pela própria contribuinte, desacompanhada de prova documental adequada, não tinha força de infirmar os débitos informados na DCTF nem tampouco permitia a confirmação da existência da certeza e liquidez do crédito compensado. Em 23/11/2011, a recorrente foi cientificada da referida decisão. Em 25/12/2011, protocolou o Recurso Voluntário de fls. 44/50, instruído com a documentação de fls. 51/98, no qual reafirmou que o crédito compensado fora originado de erro de fato na apuração do débito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de abril de 2004. Em aditamento, alegou que, por força do princípio da verdade material, a autoridade julgadora não poderia se contentar com a verdade formal, mas sempre buscar a verdade real. Na Sessão de 22 de maio de 2013, por meio da Resolução nº 3102000.257 (fls. 119/122), os membros da extinta Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 3ª Seção, converteu o julgamento em diligência perante a unidade da Receita Federal de origem, para que: a) a recorrente fosse intimada a apresentar a documentação contábil e fiscal adequada e suficiente a confirmar se estava correto o valor da base cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep informado no demonstrativo de cálculo do mês de abril de 2004 do Dacon retificador (fl. 80); b) a autoridade fiscal designada para realização diligência emitisse parecer sobre a comprovação do direito creditório compensado e, se fosse caso, apurasse o valor o crédito da recorrente; e c) a recorrente fosse cientificada, para, dentro do prazo fixado, se manifestasse sobre as conclusões exaradas no citado parecer. Após, retornassemse os autos a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. Em 30/12/2013 (fls. 124/126), a recorrente foi intimada a apresentar: a) escrituração fiscal e contábil, relativa às operações de venda do “misturador intensivo horizontal CPB18 XHD em aço inoxidável 304 com 2 choppers, com painel de comando”, constantes das Notas Fiscais 5397, 5483, 5485 e 5583; e b) o demonstrativo de apuração da COFINS Nãocumulativa Mercado Interno, de forma a identificar as operações. Por meio da petição de fl. 127, em 15/1/2014, a contribuinte apresentou os Livros Diário (nº 67 e 68), Razão (Ativo/Passivo, Receitas/Despesas, Clientes/Fornecedores), Registros de Entradas (nº 36) e de Saídas (nº 19) e o de Nota Fiscal Fatura (nº 12 e 13), além de um demonstrativo de cálculo da Cofins (fls. 128/180). Fl. 190DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13896.902486/200892 Acórdão n.º 3302002.917 S3C3T2 Fl. 190 3 Após análise da referida documentação, por meio da Informação Fiscal de fls. 181/182, a autoridade fiscal concluiu o seguinte, in verbis: De posse destas informações contábeis e fiscais, trazidas nos livros apresentados, dos quais foram extraídas cópias das principais fls., podese verificar que a NF nº 5397 (R$ 61.250,00) referese à antecipação de numerário feito pela cliente Unilever em favor da Eirich para confecção e entrega futura de maquinário, sendo uma obrigação registrada contabilmente como antecipação de clientes, não incidindo qualquer tributação sobre a mesma, enquanto que a NF nº 5583 (R$ 201.037,45) registra o faturamento para entrega do maquinário, computada na receita de venda, sobre a qual incidiu a tributação pertinente. O valor recolhido da Cofins [Contribuição para o PIS/Pasep] no montante de R$ 3.287,36 para o mês de abril/2004 recepciona em seu valor calculado o cômputo da NF nº 5397 em sua base, ou seja, o valor de R$ 1.010,63 referente à aplicação da alíquota de 1,65% sobre o valor de R$ 61.250,00, o que lhe permitiria valer desse valor recolhido a maior para compensálo com outros débitos administrados pela RFB. (grifos do original) Em 4/2/2014, a recorrente foi cientificada da referida Informação Fiscal (fls. 183/186) e lhe facultado o direito de apresenta manifestação, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da ciência. Porém, não houve qualquer manifestação por parte da recorrente. Em cumprimento aos despachos de fls. 187/188, os autos retornaram a este Conselho para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Nos termos do art. 170 do CTN, combinado com o disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, a homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo depende da comprovação da existência de crédito certo, líquido e passível de restituição ou ressarcimento na data da realização do procedimento compensatório. E a comprovação da certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação, sabidamente, tratase de ônus do beneficiário do procedimento compensatório. Nesse sentido, prescreve o artigo 333, do Código de Processo Civil (CPC), aplicado subsidiariamente ao processo administrativo tributário, que o ônus da prova incumbe ao autor quanto à existência de fato constitutivo de seu direito. Tratase de mandamento legal que tem como destinatário o julgador, possibilitandolhe que possa tomar uma decisão em desfavor daquela parte que não Fl. 191DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROS A 4 desempenhou bem a sua função de provar. Em consonância com o referido dispositivo, o artigo 396 do CPC impõe a exigência da devida instrução do pleito, in verbis: Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provarlhe as alegações. No mesmo sentido, determina o artigo 28 do Decreto 7.574/2011 (que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União), que cabe ao interessado provar os fatos que confirmem o direito alegado. Por força desse regramento, com vistas à comprovação do indébito utilizado na compensação em apreço, já na fase de manifestação de inconformidade, por força do disposto no inciso III do art. 161 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (PAF), combinado com o § 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, a recorrente tinha o ônus/dever de provar o alegado indébito, mediante apresentação de documentação contábil e fiscal adequada, e assim refutar a alegada inexistência do crédito utilizado na compensação, que fora suscitada na decisão não homologatória da compensação. Entretanto, na atual fase recursal, a recorrente colacionou aos autos as notas fiscais de venda de fls. 91/95, com vistas a contrapor as razões aduzidas no julgado de primeira grau. Em face dessa circunstância, em conformidade com o disposto na alínea “c” do § 4º art. 16 do PAF, tais provas foram consideradas expressamente excepcionadas do efeito preclusivo previsto no citado § 4º. Em decorrência, tais documentos podem ser apreciadas nesta fase de julgamento. Porém, como foram consideradas insuficientes para se firmar a convicção sobre os requisitos da certeza e liquidez do crédito compensado, os autos foram convertidos em diligência perante o unidade da Receita Federal de origem, para se pronunciar acerca dos referidos elementos probatórios. E em cumprimento ao que fora solicitado na Resolução nº 3102000.256, após análise dos documentos e livros fiscais apresentados pela recorrente, a autoridade fiscal diligente chegou a conclusão que o "valor recolhido da Cofins [Contribuição para o PIS/Pasep] no montante de R$ 3.287,36 para o mês de abril/2004 recepciona em seu valor calculado o cômputo da NF nº 5397 em sua base, ou seja, o valor de R$ 1.010,63 referente à aplicação da alíquota de 1,65% sobre o valor de R$ 61.250,00, o que lhe permitiria valer desse valor recolhido a maior para compensálo com outros débitos administrados pela RFB." Assim, uma vez confirmado pela referida autoridade fiscal, que a recorrente recolhera indevidamente o valor de R$ 1.010,63, utilizado no procedimento compensatório em apreço, temse por devidamente comprovado os requisitos da certeza e liquidez do crédito compensado. Por conseguinte, não mais subsiste o motivo pelo qual a compensação em apreço não foi homologada ou reconhecida a sua legitimidade pelas instâncias de julgamento anteriores. Com base nessas considerações e tendo em conta que o procedimento compensatório em questão foi realizado em conformidade com o disposto na legislação vigente, fica devidamente demonstrada a legalidade do citado procedimento. 1 "Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; [...]" Fl. 192DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13896.902486/200892 Acórdão n.º 3302002.917 S3C3T2 Fl. 191 5 Por todo o exposto, votase por DAR PROVIMENTO ao recurso, para reconhecer a legalidade da compensação realizada pela recorrente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 193DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /12/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROS A
score : 1.0
Numero do processo: 35342.001222/2005-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/1999 a 30/08/2003
NORMAS GERAIS. APLICAÇÃO DE SÚMULA. IDENTIDADE DE PLEITOS. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
No presente caso, há identidade de objetos, no processo judicial e no processo administrativo, motivo do não conhecimento do recurso.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2402-004.805
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário, em razão de concomitância de instâncias administrativa e judicial.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Marcelo Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/1999 a 30/08/2003 NORMAS GERAIS. APLICAÇÃO DE SÚMULA. IDENTIDADE DE PLEITOS. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. No presente caso, há identidade de objetos, no processo judicial e no processo administrativo, motivo do não conhecimento do recurso. Recurso Voluntário Não Conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário, em razão de concomitância de instâncias administrativa e judicial. Ronaldo de Lima Macedo - Presidente Marcelo Oliveira - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
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APLICAÇÃO DE SÚMULA. IDENTIDADE DE PLEITOS. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. No presente caso, há identidade de objetos, no processo judicial e no processo administrativo, motivo do não conhecimento do recurso. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 34 2. 00 12 22 /2 00 5- 76 Fl. 240DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário, em razão de concomitância de instâncias administrativa e judicial. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 35342.001222/200576 Acórdão n.º 2402004.805 S2C4T2 Fl. 241 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Previdenciária (DRP), Florianópolis/SC, fls. 094, que indeferiu Requerimento de Restituição de Contribuição (RRC), fl. 001. A recorrente solicitava contribuições devido, segundo a recorrente, ter recolhido de forma equivocada, pois deveria ter sido enquadrada como agroindústria. A DRP analisou o processo e indeferiu o pleito, pela motivação da produção não ter sido própria, devido a recorrente ter adquirido florestas que já estavam produzidas, não configurando produção própria. A recorrente, inconformada com a decisão, protocolou recurso, alegando, em síntese, que: 1. Em consulta ao INSS a recorrente foi caracterizada como agroindústria; 2. Já em processo fiscalizatório, os servidores fiscais decretaram que a recorrente não era agroindústria, por não ter produzir; 3. Há ênfase demasiada na interpretação gramatical do termo produção; 4. Em nenhum momento a norma determina que a recorrente tenha que ter originado sua produção desde sua origem; 5. Para a legislação, basta que a produção originese de áreas de terra que detém a posse; 6. O que a fiscalização fez foi inserir na letra da Lei elementos que ela não possui; 7. No plano jurídico o termo produção agrícola está ligado aos resultados obtidos; e 8. Pelo exposto, requer o recebimento do presente recurso e a reforma da decisão, possibilitando a integral restituição do crédito. A DRP encaminhou o processo ao Conselho, para análise e decisão. A Segunda Turma Ordinária, da Quarta Câmara, da Segunda Seção, do CARF, analisou os autos e decidiu converter o julgamento em diligência, a fim de, em síntese, que se anexasse lançamento com discussão sobre o enquadramento da empresa. A Fiscalização emitiu parecer conclusivo sobre a questão, anexandoo aos autos. Fl. 242DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Os autos retornaram ao Conselho, para análise e decisão. Não havia informação sobre a ciência do sujeito passivo, quanto à elaboração do parecer. A Primeira Turma Ordinária, da Terceira Câmara, da Segunda Seção, do CARF, analisou os autos e decidiu converter o julgamento em diligência, a fim de que a recorrente fosse cientificada sobre o parecer exarado e tivesse a oportunidade de apresentar suas razões, a fim de obedecer à ampla defesa e respeitar o contraditório. A recorrente apresentou suas razões, alegando, em síntese, que as matérias tratadas em mandado de segurança, noticiado pelo fisco em seu parecer, são diferentes da tratada nos presentes autos, por, em síntese, tratarem de períodos diferentes. Os autos retornaram ao Conselho, para análise e decisão. É o relatório. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 35342.001222/200576 Acórdão n.º 2402004.805 S2C4T2 Fl. 242 5 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Antes de adentrarmos à análise do mérito da questão, há discussão a ser solucionada. Em Informação Fiscal (IF) lavrada, a fiscalização afirma que há fato importante a ser apreciado, pois foi impetrado pelo contribuinte Mandado de Segurança (MS) contra a Fazenda, com o mesmo objeto tratado no processo administrativo, em análise. O fisco anexou os documentos relativos ao MS. Na leitura integral do MS, fls. 0198 a 0216, verificamos que o pedido da recorrente é idêntico ao pleito presente no presente processo: seu reconhecimento como agroindústria. A própria recorrente confirma, em sua manifestação, a identidade do pedido, quando afirma: "Neste ínterim, embora o presente processo administrativo, bem como a NFLD/Mandado de Segurança tenham como assunto de fundo o enquadramento da contribuinte como agroindústria, tratam de períodos/competências diversas, não havendo razão para aplicação do invocado dispositivo do Regimento Interno do CARF § 2º do art. 78 da Portaria MF n. 256, de 22 de junho de 2009. Diante dos fatos delineados, percebese que os documentos trazidos aos autos pela Autoridade Fazendária, seja a NFLD n. 35.515.8159 e/ou o Mandado de Segurança n. 2005.72.00.0070924, não correspondem ao mesmo período, sendo que seu desfecho não surtirá efeito direto/automático neste processo administrativo." Ora, com todo respeito à recorrente, períodos diversos não é motivo para desconfigurar a identidade de pleitos, na área administrativa e judicial, mas sim o pedido. O pleito é único, reconhecêla como agroindústria e, caso tenha seu pedido atendido, claro que haverá reflexos no presente processo, pois a administração terá que obedecer ao determinado pela decisão judicial. Assim, súmula do CARF deve ser aplicada: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão Fl. 244DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Conseqüentemente, como o objeto no presente processo e na ação judicial é idêntico, reconhecimento como agroindústria, a discussão foi alcançada pela renúncia. CONCLUSÃO: Em razão do exposto, voto em não conhecer do recurso, nos termos do voto. Marcelo Oliveira. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 13603.724120/2012-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DOS FATOS TRIBUTÁVEIS.
Cabe à fiscalização demonstrar, em homenagem ao princípio da legalidade, os fatos e fundamentos que ensejaram a tributação por omissão de receita. A prova indiciária, a cargo do fisco, é essencial para a validade da autuação. A existência de lançamentos contábeis equivocados, ainda que não corrigidos, não permite tributação direta, sendo necessária a comprovação dos correspondentes reflexos no resultado da empresa.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
Tratando-se de tributação reflexa, a ausência de matéria tributável para o imposto de renda prejudica a cobrança da CSLL, PIS e COFINS, pela natural relação de causa e efeito entre as figuras.
Numero da decisão: 1201-001.215
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Vencida a Conselheira Ester Marques, que votou pela conversão do julgamento em diligência para melhor esclarecimento dos fatos.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto Presidente
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DOS FATOS TRIBUTÁVEIS. Cabe à fiscalização demonstrar, em homenagem ao princípio da legalidade, os fatos e fundamentos que ensejaram a tributação por omissão de receita. A prova indiciária, a cargo do fisco, é essencial para a validade da autuação. A existência de lançamentos contábeis equivocados, ainda que não corrigidos, não permite tributação direta, sendo necessária a comprovação dos correspondentes reflexos no resultado da empresa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Tratandose de tributação reflexa, a ausência de matéria tributável para o imposto de renda prejudica a cobrança da CSLL, PIS e COFINS, pela natural relação de causa e efeito entre as figuras. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Vencida a Conselheira Ester Marques, que votou pela conversão do julgamento em diligência para melhor esclarecimento dos fatos. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto – Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 41 20 /2 01 2- 09 Fl. 3582DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 3 2 (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de Autos de Infração lavrados contra o sujeito passivo em epígrafe, por suposta omissão de receitas, que foram afastados na decisão de primeira instância, razão pela qual houve Recurso de Ofício, por força do limite de alçada. A matéria em discussão foi assim relatada pela Delegacia de Julgamento de Florianópolis: Contra a contribuinte acima identificada foi lavrado o Auto de Infração o qual lhe exige a importância de R$ 1.849.022,25, a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, correspondente a fatos geradores trimestrais no ano calendário de 2010, acrescido de multa de ofício de 75% ou de 150%, conforme a natureza da infração, e juros de mora à época do pagamento. Segundo consta na Descrição dos Fatos do lançamento de IRPJ, a exigência do imposto decorreu de várias infrações, a saber: 01. OMISSÃO DE RECEITAS DE VENDA E SERVIÇOS OMISSÃO DE RECEITAS Fato Gerador Valor Apurado Multa (%) 05/01/2010 459.522,05 150 05/01/2010 959.522,05 150 02. OMISSÃO DE RECEITAS POR PRESUNÇÃO LEGAL FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS EFETUADOS Omissão de receita caracterizada pela realização de pagamentos a fornecedores e financiadores à margem da contabilidade (Contas Caixa ou Bancos), conforme Termo de Verificação Fiscal (TVF) anexo. Fato Gerador Valor Apurado Multa (%) 31/03/2010 153.731,08 150 Fl. 3583DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 4 3 30/04/2010 153.389,36 150 31/12/2010 448.252,55 150 31/12/2010 551.011,34 150 31/12/2010 331.849,17 150 31/12/2010 325.000,00 150 Enquadramento Legal: arts.[...]281, inciso II...do RIR/99 03. OMISSÃO DE RECEITAS POR PRESUNÇÃO LEGAL DIFERENÇA DE ESTOQUE Omissão de receita operacional caracterizada por diferenças apuradas em inventário final elaborado pelo Sujeito Passivo, conforme Termo de Verificação Fiscal (TVF) anexo. Fato Gerador Valor Apurado Multa (%) 05/01/2010 459.522,05 150 05/01/2010 381.500,00 150 05/01/2010 339.206,35 150 30/04/2010 440.943,15 150 30/04/2010 152.427,76 150 31/12/2010 448.252,55 150 31/12/2010 551.011,34 150 31/12/2010 331.849,17 150 31/12/2010 325.000,00 150 Enquadramento Legal: arts.[...]286...do RIR/99 04. ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL CSLL DO PERÍODO Valor de Contribuição sobre o Lucro Líquido não adicionado ao Lucro Líquido do período, para a determinação do Lucro real, conforme Termo de Verificação Fiscal (TVF) em anexo. Fato Gerador Valor Apurado Multa (%) 31/03/2010 247.770,32 150 30/06/2010 67.208,43 150 31/12/2010 298.100,35 150 Enquadramento Legal: arts.[...]344, §6º, do RIR/99 Fl. 3584DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 5 4 05. ADICIONAL DO IMPOSTO DE RENDA INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO Adicional do Imposto de Renda Pessoa Jurídica apurado a menor pela empresa, conforme Termo de Verificação Fiscal (TVF) em anexo. Fato Gerador Valor Apurado Multa (%) 31/03/2010 5.132,56 75 30/06/2010 5.542,73 75 30/06/2010 0,00 150 31/12/2010 6.000,01 75 Em decorrência do lançamento de IRPJ, naquilo que aplicável, foram ainda lavrados os Autos de Infração a título de Contribuição Social sobre o Lucro – CSLL, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e de Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, nas importâncias de R$ 613.079,09, R$ 517.711,24 e de R$ 112.397,83, respectivamente, acrescidas da multa de ofício de 150% e de juros de mora à época do pagamento. Do Termo de Verificação Fiscal temse os detalhes da autuação, que originou de exame de lançamentos contábeis que revelaram se incorretos e, segundo entendimento da autoridade, teve reflexo tributário. Como se tratam de vários lançamentos contábeis, iremos descrevêlos e comentálos por ocasião do Voto. A interessada apresentou uma impugnação para cada lançamento, de idêntico teor, de forma que se resume apenas uma e naquilo que for de argumentação geral, sendo que as pertinentes, individualmente, aos lançamentos contábeis, quando houver, serão descritas e apreciadas no Voto. 2. DO AUTO DE INFRAÇÃO que, além de apresentar vários documentos solicitados em intimação, prestou esclarecimentos relacionados a vários lançamentos contábeis questionados pela Fiscalização; em linhas gerais, sustenta a autoridade administrativa a existência de operações realizadas à margem de sua escrituração contábil (subfaturamento), o que gerou a omissão de receitas tributáveis; nas palavras da RFB, “a fiscalizada subverteu a lógica contábil para ocultar operações de vendas a margem da contabilidade oficial e fazer desaparecer obrigações, Fl. 3585DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 6 5 bens e direitos, cujos aspectos tributários serão analisados caso a caso...”; o lançamento, portanto, se fundamenta em presunção de omissão de receitas: a partir de equívocos e inconsistências em lançamentos contábeis não justificados, presume a fiscalização a realização de operações à margem da contabilidade, cuja respectiva não teria sido oferecida à tributação. 2. DO DIREITO 2.1. Nulidade por motivação deficiente do lançamento que o Termo de Verificação Fiscal apenas aponta os equívocos contábeis e, sem maiores explicações, infere deles a omissão de receitas, ainda que os equívocos não tenham influência sobre as contas de resultado; em razão disso, há nulidade do lançamento por ausência de motivação clara. 2.2. Nulidade do lançamento por se basear em presunção simples, não prevista na legislação que o princípio da legalidade demanda a correspondência entre o fato e a norma tributária para que possa se instaurar a obrigação tributária, correspondência que só pode ser afirmada com a prova da ocorrência do fato; por tais razões, é tarefa da legislação tributária estabelecer as presunções que podem ser utilizadas pela fiscalização curando para que haja uma relação de pertinência, conexão e probabilidade entre o fato conhecido e o fato presumido; se conclui que no direito tributário somente são possíveis as presunções legais e não as presunções simples, fundadas em mero raciocínio do aplicador da norma sem regramento normativo (presunções hominis); no presente caso, o lançamento não demonstra em momento algum quais normas autorizam a presunção de omissão de receitas a partir dos fatos tidos como provados diretamente pela fiscalização, até porque inexistem tais normas; a presunção levada a cabo pela fiscalização é fruto do raciocínio subjetivo e pessoal da autoridade administrativa, sem qualquer vinculação à dispositivos da legislação tributária que a autorizem; na ausência de presunção legal de omissão de receitas sobre os erros contábeis afirmados no lançamento, servem tais erros apenas de indícios, o que não desonera a fiscalização da prova direta das supostas operações que, a seu juízo, teriam ocorrido à margem da contabilidade (menciona neste sentido o art.142 do CTN). 2.3. Nulidade do lançamento por erro de direito: aplicação errônea da tributação sobre o lucro real Fl. 3586DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 7 6 que a fiscalização afirmou em diversas passagens que a Impugnante não apresentou a documentação que daria suporte aos lançamentos contábeis; diante de tais afirmações, não caberia à fiscalização aplicar às receitas omitidas as normas do lucro real trimestral, pois os fatos que embasam o lançamento (imprestabilidade da contabilidade e ausência de documentação comprobatória) constituem hipótese de aplicação das normas relativas ao regime do lucro arbitrado (transcreve o art. 47 da Lei 8.981/95 e art. 530 do RIR/99); que ao deixar de aplicar as normas pertinentes ao lucro arbitrado e escolher as normas pertinentes ao lucro real, a autoridade administrativa incorreu em evidente erro de direito, vício insanável; 2.4. Subsidiariamente: inexistência de receitas omitidas. Equívocos e inconsistência do auto de infração Neste tópico, a Impugnante acrescenta argumentos específicos para alguns lançamentos contábeis, que reconhece que foram equivocadamente efetuados pela empresa de contabilidade encarregada à época da escrituração, mas cujo erro não pode ter a conseqüência tributária atribuída pela Fiscalização, por falta de ou inadequada fundamentação legal. Serão comentados por ocasião do Voto. 2.6. Subsidiariamente: invalidade da aplicação da multa qualificada de 150%. Incompatibilidade da multa qualificada com lançamentos baseados em presunção de omissão de receita. Necessidade de prova direta da conduta ilícita e dolo em seu cometimento. Neste tópico a Impugnante contesta a multa aplicada, onde traz seus argumentos, que basicamente coincidem com aqueles já descritos em preliminar, ou seja, não há prova direta de infração, e ainda se tributa por pura presunção de omissão de receitas a partir de erros contábeis, não havendo a existência de dolo. Nas palavras da Impugnante: No presente caso, a fiscalização se absteve de comprovar a realização dessas operações, limitandose a aferir a presunção de omissão de receitas. Não foi identificado nenhum fornecedor que tenha recebido pagamentos a margem da contabilidade, nem mesmo nenhum cliente que tenha porventura pago à impugnante valores superiores aos que constaram de sua documentação contábil e fiscal. Não foi identificado o modus operandi dessas supostas práticas, nem o momento, local e meio de suas realizações e respectivos pagamentos. Apenas presumiuse sua ocorrência a partir de erros contábeis para inferir a existência de receitas omitidas. Sendo assim inexiste prova direta da conduta ilícita e do dolo no seu cometimento, o que inviabiliza a aplicação da multa agravada. Fl. 3587DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 8 7 Em sessão de 13 de dezembro de 2013, a 3a Turma da Delegacia de Julgamento de Florianópolis decidiu, por unanimidade, julgar procedente a impugnação, exonerando o crédito tributário autuado. As ementas a seguir reproduzem o entendimento exarado naquela instância: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 Presunção Legal. Omissão de Receita. Ausência de pressupostos básicos. Nas presunções legais, o Fisco não precisa provar a omissão de receitas, mas é imprescindível que a ocorrência do fato indiciário esteja provado de forma a não permitir incertezas, ou seja, só se pode declarar provado o ilícito quando o fato que induz à presunção mostrase com uma contundência tal, que se torna absolutamente irrazoável concluir por qualquer outro resultado. Lançamento contábil. Equívoco. Omissão de Receita material não comprovada. Lançamentos contábeis equivocados e não estornados, para se constituírem em fatos geradores de tributos/contribuições, deve ficar provado que houve reflexo no resultado tributável da empresa, o que não ocorreu no caso dos autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2010 CSLL. PIS. COFINS. Lançamentos Decorrentes da Fiscalização do IRPJ. Efeitos. Cancelada a matéria tributável apurada no lançamento do IRPJ e sendo a mesma que deu causa aos lançamentos das contribuições sociais, de se cancelar também o lançamento destas, face à íntima relação de causa e efeito entre o lançamento de IRPJ (principal) e os ditos decorrentes. Da decisão houve recurso de ofício, por força do limite de alçada. Inexiste, no processo, qualquer manifestação posterior da interessada ou da Fazenda Nacional. Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciação e julgamento. É o relatório. Voto Fl. 3588DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 9 8 Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais, razão pela qual dele conheço. A matéria objeto de tributação é composta de diversos lançamentos, que foram individualmente analisados pela decisão recorrida, conforme sequência apresentada a seguir. O primeiro lançamento decorreu de omissão de receitas, assim consideradas pela autoridade fiscal em razão de aquisição de imóvel, com financiamento da CEF, que teria sido registrado na contabilidade de forma equivocada e com valores indevidos, nos seguintes termos: Intimada a apresentar explicações acerca deste lançamento na contabilidade, escriturado em 05/01/2010, a Fiscalizada informou que tratouse de uma aquisição de imóvel com financiamento da CEF, em 2009, não contabilizada à época pela empresa responsável pela contabilidade e que o lançamento a crédito foi indevido nesta conta, pois deveria ser na conta Financiamentos Obtidos. A Fiscalização confirma a existência do empréstimo na importância de R$ 1.280.000,00, mas esclarece que o imóvel custou R$ 1.600.000,00, logo, deduz que a diferença de R$ 320.000,00 foi paga com recursos próprios e que não teria a Fiscalizada apresentado justificativas para o registro de um valor diferente, no caso de R$ 959.522,05, não tendo apresentado “nenhum documento que comprova a correção do lançamento efetuado.” (...) Discordando de tal conclusão, a Impugnante alegou, dentre outras coisas, que se tributação houvesse, apenas para argumentar, seria da diferença de R$ 320.000,00, mas que não seria o caso, uma vez que a autoridade autuante não teria feito um exame acurado na conta Caixa e até mesmos mos extratos bancários, o que evidenciaria a existência dos recursos próprios necessários. Ainda, que o fato do financiamento não cobrir o valor do imóvel não pode daí se concluir por omissão de receitas, que “preferiu o fiscal basearse em meros indícios, através de presunção não prevista em lei, não se desincumbido de seu inafastável dever de provar os fatos invocados na autuação.” A autuação foi afastada pela DRJ sob o argumento de que a fiscalização deveria se concentrar na verificação da origem dos recursos próprios, conforme consta do contrato de Compra e Venda celebrado com financiamento da CEF. Todavia, teria o fisco efetuado o lançamento por mera presunção, que seria inaplicável à espécie e careceria de previsão legal. Conquanto a fiscalização tenha detectado que o lançamento fora realizado a destempo, pois a operação imobiliária ocorreu em maio de 2009 e a escrituração (incorreta) foi Fl. 3589DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 10 9 lavrada em janeiro de 2010 (conforme Termo de Verificação, fls. 61 e ss.), a simples ausência de informação sobre a origem da diferença pareceme incapaz de ensejar a sua tributação. Deveria a autoridade fiscal investigar, a partir da conta Clientes (utilizada no lançamento questionado e que tem como contrapartida receitas), a existência ou não de recursos para a operação e em qual medida isso afetaria o resultado da empresa. A mera presunção de omissão, na espécie, realmente não possui amparo legal, razão pela qual entendo correta a posição da DRJ. Outro lançamento equivocado e objeto de tributação diz respeito a matérias primas, cujo valor de R$ 459.522,05 teria como contrapartida a conta "clientes diversos". A empresa, depois de intimada, informou que houve erro contábil, posto que o correto seria debitar a conta "fornecedores diversos", de forma a adequar o lançamento ao livro de Registro de Inventário do exercício de 2009. A fiscalização, por seu turno, concluiu que: DA MATÉRIA PRIMA [...]Na seara da contabilidade, verificada a divergência entre o estoque físico e o contábil, devese regularizála mediante o registro a débito ou a crédito na conta “Matéria Prima”, caso sejam apurados faltas ou sobras, respectivamente. Em caso de faltas, para efeito da legislação do imposto de renda, somente serão dedutíveis como despesas ou prejuízos por desfalques, apropriação indébita e furto, por empregados ou terceiros, quando houver inquérito instaurado nos termos da legislação trabalhista ou quando apresentada queixa perante a autoridade policial (art. 364 do RIR/99). [...]Analisando o lançamento acima, verificouse que houve divergência entre os estoques físico e o contábil. Mais especificamente faltas, que ensejariam o procedimento descrito na legislação do imposto de renda. A ausência dos procedimentos descritos na legislação contábil e fiscal e a apresentação de elementos comprobatórios permite inferir que tais faltas decorreram da venda de mercadorias à margem da contabilidade. É importante frisar que a fiscalizada não apresentou os documentos que lhe permitiriam a dedução fiscal das faltas apuradas, como, por exemplo, os elementos do inquérito instaurado. DOS CLIENTES [...] Apesar de o sujeito passivo ter informado que o lançamento contábil débito na conta Clientes está incorreto, verificamos que não foram estornados os seus efeitos contábeis e fiscais. Ocorreu um aumento nos direitos da fiscalizada sem que fossem tributados. Fl. 3590DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 11 10 Assim sendo, concluise que houve venda de mercadorias que não transitaram pelo resultado da Polar, especificamente na conta de Receitas. O crédito na conta Clientes revela o recebimento de tais valores sem transitarem pela conta Caixa, uma vez que foram efetuadas vendas de mercadorias a margem da contabilidade formal do sujeito passivo. Por outro lado, houve o desaparecimento de estoque em igual montante, sem que fosse oferecido à tributação, conforme foi detalhado na análise da conta matéria Prima acima. Na peça impugnatória, a empresa reitera que se tratou de erro contábil e que teve dificuldades na elaboração da defesa, pois a fiscalização afirma, ao mesmo tempo, que houve omissão de receita e, por outro lado, que não houve a apresentação de documentos que demonstrassem as faltas apuradas, nos seguintes termos: Independentemente da hipótese a ser considerada, não é possível, pela leitura do Termo de Verificação Fiscal, identificar qual teria sido a infração apontada pela fiscalização. Os argumentos constantes da autuação são incompatíveis entre si, o que deve gerar a declaração de sua nulidade. A decisão recorrida acatou os argumentos da interessada e considerou que houve inconsistência no lançamento fiscal. Ademais, entende que nem seria caso de aplicação do artigo 364 do RIR/99: E, ainda, não é caso de menção ao art. 364 do RIR/99. Eventuais diferenças de estoque podem surgir de várias causas e podem até denunciar a existência de receitas omitidas, como, por exemplo, quando da existência de divergências entre as quantidades constantes dos registros contábeis e aquelas decorrentes da contagem física, mas que não foi o caso presente. E estas divergências podem ser oriundas de quebras/perdas, desde que observadas as condições dispostas no art. 291 do RIR/99 (afinal a Fiscalizada também fabrica produtos). O lançamento contábil, apesar de ser em partidas dobradas, tem uma vinculação entre eles, tratase de apenas um fato. Se o auditor fiscal entende que a contrapartida a crédito referese a registro de perda em estoque, como pode o lançamento a débito representar receita? E ainda por cima omitida? Ainda, a autoridade fiscal tributou esta mesma importância, também como Omissão de Receitas por presunção legal – diferença de estoque, como base legal o art. 286 do RIR/99 (item 003 do Auto de Infração), o que não deixa de ser coerente com seu entendimento contábil/tributário, mas é totalmente equivocado, como já se mostrou agora e veremos novamente adiante. Entendo correta a posição da delegacia de origem, pois não há como considerar como "omitida" a "receita" decorrente de lançamento efetuado, ainda mais quando se trata de contrapartida a perda de estoques. A autoridade fiscal deveria, no caso, comprovar a natureza de tais receitas, que supostamente entendeu como de vendas não contabilizadas. Fl. 3591DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 12 11 O direito tributário clama, sobretudo, por provas, hábeis e aptas a demonstrar a pretensão do Fisco, sendo incabível a presunção sem esteio legal e desprovida da efetiva comprovação da matéria tributável. Também foram autuados dois lançamentos relativos ao ICMS, que a autoridade fiscal entendeu como presunção de omissão de receitas, nos termos do artigo 281, II, do Regulamento do Imposto de Renda: Débito: Fornecedores Crédito: ICMS a Recuperar......................R$ 153.731,08 Débito: Fornecedores Crédito: ICMS a Recuperar......................R$ 153.389,36 Intimada, a empresa informou que houve equívoco na escrituração. A fiscalização, contudo, entendeu que se tratava de pagamento a fornecedores: Entretanto não informa sobre a retificação do mesmo e não apresenta a documentação que deu suporte ao referido lançamento. Como houve erro no lançamento contábil, caberia à Fiscalizada promover o seu estorno e a elaboração do lançamento correto. Fato que não foi feito no presente caso. O único fato contábil registrado foi o desaparecimento de obrigações perante seus fornecedores, de forma mágica, sem pagamento, se considerado o lançamento aqui analisado. O que de fato ocorreu neste caso foi o pagamento a fornecedores a margem da contabilidade, com recursos que não sofreram tributação. Por seu turno, alega a empresa que os erros contábeis foram transformados em fatos geradores de tributos: “[...] O que a autoridade administrativa fez no presente caso foi transformar em receita tributável, aí sim como num passe de mágica, quaisquer diferenças não explicadas no resultado da Impugnante. É incontroverso que erros não podem ser e não são fatos geradores de tributos. A constatação de um equívoco cometido pelo sujeito passivo pode, no máximo, gerar a suspeita de rendimentos omitidos, o que deve ser suportado por outros meios de prova. Inexistindo nos autos tais provas, ainda que indiretas, é incontestável que a autoridade administrativa não se desincumbiu de seu dever de provar a ocorrência do fato gerador, o que é causa de sua nulidade.” O argumento foi acatado pela decisão recorrida (grifos no original): Fl. 3592DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 13 12 Conforme consta no Auto de Infração, o enquadramento legal do lançamento fiscal consiste no inciso II do art. 281 do RIR/99, que trata de presunção legal de omissão de receita: Art.281. Caracterizase como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art.12, §2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 40): I. [...] II. a falta de escrituração de pagamentos efetuados; III. [...] [DESTAQUEI] Este dispositivo procura alcançar importâncias efetivamente pagas mas não escrituradas, que não é o caso que aqui se tem. O próprio auditor diz que não houve pagamento e depois afirma que, de fato, houve pagamento a fornecedores com recursos não contabilizados. Quais fornecedores? Que documento indica um eventual pagamento? Uma diminuição contábil do saldo da conta Fornecedores não significa, necessariamente, que foi por conta da existência de pagamento, pois podem ter ocorrido outros fatores, tais como devolução de mercadorias, estorno de lançamentos e até mesmo por lançamentos equivocados na conta, como alegou a Impugnante. Quando se tributa por presunção legal não há margem para ampliações e nem restrições do alcance da norma presuntiva (supra). Se ausente o pressuposto básico determinado na norma – o pagamento – não há que se cogitar de sua tributação com base no referido artigo. Assim, de se afastar a tributação do jeito que lançada no Auto de Infração. Conquanto se possa admitir que a fiscalização realmente encontrou problemas na escrituração o que é incontroverso e que, em decorrência, possa ter havido recolhimentos a menor por parte do contribuinte, a simples presunção de tais circunstâncias não nos permite afirmar, sem margem para dúvidas, que existe matéria tributável e qual seria o seu montante. Parecenos que a autoridade fiscal deveria aprofundar as investigações e trazer aos autos elementos capazes de comprovar as suas conclusões, que podem ser corretas, mas carecem, da forma como apresentadas, de suporte documental. No mesmo sentido e por iguais fundamentos não podem prosperar, como já apontado em primeira instância, os lançamentos baseados nas rubricas envolvendo matérias primas, que seriam "baixas indevidas de estoque". A decisão da DRJ asseverou que: Fl. 3593DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 14 13 O autuante insiste em destacar que as alegadas perdas devem seguir o comando da legislação fiscal, no que tange a sua dedutibilidade, mas, entretanto, a capitulação legal do lançamento é uma tributação por presunção legal: omissão de receita por falta de escrituração de pagamentos a fornecedores. A Impugnante reitera tal situação, e com razão, ou se tributa por diferença de estoque/baixa indevida/perdas indedutíveis ou se tributa por omissão de receitas, mas não obstante a confusão apontada, o fato é que, a exemplo dos demais lançamentos fiscais, este também não pode avançar, seja pelos aspectos já comentados, seja por ausência dos pressupostos básicos desta tributação por presunção legal (v. nosso comentário acerca do disposto no inciso II do art. 281 do RIR/99, item supra – E). Já destacamos aqui, que não é caso de menção ao art. 364 do RIR/99. Eventuais diferenças de estoque podem surgir de várias causas e podem até denunciar a existência de receitas omitidas, como, por exemplo, quando da existência de divergências entre as quantidades constantes dos registros contábeis e aquelas decorrentes da contagem física, mas que não foi o caso presente. E estas divergências podem ser oriundas de quebras/perdas, desde que observadas as condições dispostas, não naquele dispositivo legal citado, mas sim no art. 291 do RIR/99 (afinal a Fiscalizada também fabrica produtos). O lançamento contábil, apesar de ser em partidas dobradas, tem uma vinculação entre eles. Se o auditor fiscal entende que a contrapartida a crédito referese a registro de custo/perda, como pode o lançamento a débito representar receita? E ainda por cima omitida? Ainda, a autoridade fiscal tributou estas mesmas importâncias, também como Omissão de receitas por presunção legal – diferença de estoque, como base legal o art. 286 do RIR/99 (item 003 do Auto de Infração), o que não deixa de ser coerente com seu entendimento contábil/tributário, mas é totalmente equivocado, como já se mostrou agora e veremos novamente adiante. À luz das demais situações apresentadas neste voto, entendo pertinentes os argumentos trazidos pela decisão recorrida. Igual raciocínio se aplica às outras rubricas indicadas pela fiscalização. Embora seja incontroverso que os lançamentos contábeis continham erros, não se pode, de forma automática, afirmar que ensejaram reflexos tributários provenientes de omissão de receitas, até porque a tributação deve recair sobre o resultado da empresa e não diretamente sobre rubricas que foram escrituradas com erro. No mesmo sentido, o afastamento da tributação do imposto de renda impacta, como reconhecido pela DRJ, as figuras reflexas, como o adicional de IR, a CSLL, o PIS e a COFINS. Fl. 3594DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13603.724120/201209 Acórdão n.º 1201001.215 S1C2T1 Fl. 15 14 Como não restou matéria tributável, inexiste base para os demais tributos e infrações porventura lançadas. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso e, no mérito, voto por NEGARLHE provimento. É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 3595DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 10665.001099/2005-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Data do fato gerador: 31/01/2001, 28/02/2001, 31/03/2001, 30/04/2001, 31/05/2001, 30/06/2001, 31/07/2001, 31/08/2001, 30/09/2001, 31/10/2001, 30/11/2001, 31/12/2001
PIS/PASEP. VENDA DE VEÍCULOS USADOS. EXCLUSÃO DOS CUSTOS DE AQUISIÇÃO. APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO.
Devem ser excluídas das receitas provenientes das vendas dos veículos usados os custos de aquisição destes veículos.
PIS/PASEP. SAÍDAS EFETUADAS A TÍTULO DE CORTESIA, NÃO INCIDÊNCIA.
Não incide as contribuições nas saídas a título de cortesia (brindes e prêmios), pelo fato de não ter havido ingresso de receitas.
PIS/PASEP. RECEITAS FINANCEIRAS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62ª DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO.
O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B).
MATÉRIA JULGADA SOBRE A SISTEMÁTICA DE REPERCUSSÃO GERAL, ART. 543B E DE RECURSOS REPETITIVOS, ART. 543C, AMBOS DO CPC.
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante art. 62ª do seu Regimento Interno, introduzido pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010.
Recurso Voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3201-000.706
Decisão: Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos:
(a) por unanimidade de votos, negar provimento quanto ao item
(i) da venda de veículos usados;
(b) por maioria de votos, dar provimento ao recurso quanto ao item (ii) das saídas efetuadas a título de cortesia.
Vencidos os conselheiros Luís Eduardo Garrossino Barbieri e Mércia Helena Trajano D’Amorim.
Nome do relator: LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI
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VENDA DE VEÍCULOS USADOS. EXCLUSÃO DOS CUSTOS DE AQUISIÇÃO. APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. Devem ser excluídas das receitas provenientes das vendas dos veículos usados os custos de aquisição destes veículos. PIS/PASEP. SAÍDAS EFETUADAS A TÍTULO DE CORTESIA, NÃO INCIDÊNCIA. Não incide as contribuições nas saídas a título de cortesia (brindes e prêmios), pelo fato de não ter havido ingresso de receitas. PIS/PASEP. RECEITAS FINANCEIRAS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62ª DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). MATÉRIA JULGADA SOBRE A SISTEMÁTICA DE REPERCUSSÃO GERAL, ART. 543B E DE RECURSOS REPETITIVOS, ART. 543C, AMBOS DO CPC. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de Fl. 244DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZ AKI Processo nº 10665.001099/2005-10 Acórdão n.º 3201-000.706 S3-C2T1 Fl. 1.810 2 janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante art. 62ª do seu Regimento Interno, introduzido pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010. Recurso Voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: (a) por unanimidade de votos, negar provimento quanto ao item (i) da venda de veículos usados; (b) por maioria de votos, dar provimento ao recurso quanto ao item (ii) das saídas efetuadas a título de cortesia. Vencidos os conselheiros Luís Eduardo Garrossino Barbieri e Mércia Helena Trajano D’Amorim. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Ribeiro Nogueira. (c) por unanimidade de votos, dar provimento quanto ao item (iii) das receitas de juros e aplicações financeiras Joel Miyazaki – Presidente ad hoc Luís Eduardo Garrossino Barbieri – Relator Marcelo Ribeiro Nogueira - Redator José Luiz Feistauer de Oliveira – Redator ad hoc Participaram do presente julgamento os Conselheiros Judith do Amaral Marcondes Armando, Mércia Helena Trajano D’Amorim, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira, Luís Eduardo Garrossino Barbieri e Daniel Mariz Gudiño. Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância por entender que o mesmo resume bem os fatos dos autos até aquele momento processual: Lavrou-se contra o contribuinte acima identificado o presente Auto de Infração (fls. 04/10), relativo à Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS, totalizando um crédito tributário de R$ 1.936,59, incluindo multa de oficio e juros de mora, correspondente aos períodos de janeiro a dezembro de 2001 (fl. 05). A autuação ocorreu em virtude de divergências entre os valores da contribuição escriturados e os declarados nos períodos acima identificados, decorrentes da não Fl. 245DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZ AKI Processo nº 10665.001099/2005-10 Acórdão n.º 3201-000.706 S3-C2T1 Fl. 1.811 3 inclusão na base de cálculo de receitas provenientes da venda de veículos usados, das saídas efetuadas a título de cortesia e das receitas de juros e aplicações financeiras, conforme consignado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 11/15, cuja apuração encontra-se discriminada nos demonstrativos de fls. 16/17. Como enquadramento legal, citaram-se os artigos 10 e 3º, da Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970; artigos 2°, inciso 1, 3°, 8°, inciso 1, e 9°, Lei n° 9.715, de 25 de novembro de 1998, e arts. 2° e 3° da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998. Irresignado, tendo sido cientificado em 02/09/2005 (fl. 04), o autuado apresentou, em 03/10/2005, acompanhadas dos documentos de fls. 196/218, as suas razões de discordância (fls. 191/195), a seguir resumidas: Narrando os fatos considerados pelo fisco na formalização do presente processo, aduz que a tributação sobre a venda de veículos usados deve incidir sobre o resultado e não sobre a receita. Com relação às saídas a título de cortesia, salienta que estas não estavam vinculadas às vendas e foram concedidas aleatoriamente, sem quaisquer condições ou vinculações à atividade mercantil. Pondera que o art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, ao incluir as receitas financeiras no cálculo da contribuição, ampliou indevidamente o conceito de faturamento, promovendo um alargamento inconstitucional de sua base de cálculo, violando o sistema jurídico vigente. Por fim, requer seja reconhecida a improcedência da presente autuação, dando-se integral provimento às suas razões de defesa, cancelando-se o crédito tributário. Eis o relatório do essencial. A decisão recorrida recebeu de seus julgadores a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2001, 28/02/2001, 31/03/2001, 30/04/2001, 31/05/2001, 30/06/2001, 31/07/2001, 31/08/2001, 30/09/2001, 31/10/2001, 30/11/2001, 31/12/2001. Base de cálculo A arguição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria. Lançamento Procedente A recorrente devidamente cientificada do acórdão apresentou recurso voluntário, onde repisa os argumentos já trazidos em sua impugnação. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Suplente José Luiz Feistauer de Oliveira – redator ad hoc Fl. 246DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZ AKI Processo nº 10665.001099/2005-10 Acórdão n.º 3201-000.706 S3-C2T1 Fl. 1.812 4 Por intermédio de Despacho, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF incumbiu-me o Presidente da Câmara a formalizar o Acórdão, cujo relator e redator originais, Conselheiros Luís Eduardo Garrossino Barbieri (Relator) e Marcelo Ribeiro Nogueira (Redator), não integram mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pelo relator original. Embora não mais integre os colegiados do CARF, o relator apresentou a minuta do voto na sessão de julgamento, que será adotada na presente formalização. Transcreve-se, a seguir, o voto que consta da minuta apresentada: Conselheiro Luís Eduardo Garrossino Barbieri - Relator Como relatado, foi lavrado o lançamento de ofício para a cobrança da diferença entre os valores da contribuição escriturados e os declarados, para os períodos de janeiro a dezembro de 2001, em decorrência da não inclusão na base de cálculo de receitas provenientes (i) da venda de veículos usados, (ii) das saídas efetuadas a título de cortesia e (iii) das receitas de juros e aplicações financeiras. Em relação ao primeiro item – (i) receitas provenientes da venda de veículos usados -, como bem destacou a decisão recorrida, a fiscalização já havia excluído os valores referentes ao custo dos veículos usados. Portanto, não há como acatar o argumento da recorrente quando afirma “que a tributação sobre venda de veículos usados deve incidir sobre o resultado e não sobre a receita”, uma porquanto a fiscalização fez exatamente isso: deduziu da receita os custos dos veículos usados, apurando o resultado. Quanto ao segundo item – (ii) saídas a título de cortesia – não há previsão legal para a sua exclusão da base de cálculo, não podendo o intérprete equipará-la aos descontos incondicionais concedidos, a seu livre arbítrio. A Lei nº 9.718/98, prescreveu que o faturamento para fins de incidência da Cofins e do PIS passou a ser considerado, nos termos de seus arts. 2°, 3°, e 9°, como a totalidade das receitas auferidas, independentemente do tipo de atividade desenvolvida pela pessoa jurídica e da classificação contábil adotada, estabelecendo, ainda, quais as rubricas poderiam ser excluídas na apuração da receita bruta, verbis: Art. 2°. As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZ AKI Processo nº 10665.001099/2005-10 Acórdão n.º 3201-000.706 S3-C2T1 Fl. 1.813 5 Art. 3°. O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1°. Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. §2°. Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2°, excluem-se da receita bruta: I - as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II - as reversões de provisões operacionais e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; III— (revogado); IV - a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. (Grifei). Destarte, o julgador administrativo está adstrito ao cumprimento da legislação tributária, a cujas normas está vinculada, enquanto estas não forem revogadas, inquinadas de ilegalidade ou declaradas inconstitucionais, errando, portanto, de foro o contribuinte ao pretender discutir a inconstitucionalidade da legislação tributária e a hipotética violação de direitos constitucionais, porquanto, no âmbito administrativo, a sua apreciação se restringe à legalidade do lançamento. Por fim, ao terceiro item – (iii) das receitas de juros e aplicações financeiras -, assiste razão à Recorrente nessa matéria. Vejamos. No período de apuração objeto da presente demanda - 01/01/2001 a 31/12/2001 – a hipótese de incidência da Cofins encontrava-se disciplinada pela Lei nº 9.718/1998 e pela Lei Complementar nº 70/1991. Estas, por sua vez, definiam a base de cálculo (aspecto quantitativo da Regra- Matriz de Incidência) do tributo nos seguintes termos: Lei Complementar no 70/1991: Fl. 248DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZ AKI Processo nº 10665.001099/2005-10 Acórdão n.º 3201-000.706 S3-C2T1 Fl. 1.814 6 Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Lei no 9.718/1998: Art.2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 2158-35, de 2001) Art.3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide Medida Provisória nº 2158-35, de 2001) §1º Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) A Lei Complementar nº 70/1991, como se vê, restringia a materialidade do tributo ao faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias ou da prestação de serviço de qualquer natureza. Não havia previsão para a incidência sobre receitas financeiras, o que somente ocorreu após a Lei nº 9.718/1998, que, através do seu art. 3º, §1º, ampliou o âmbito normativo da contribuição, de modo a compreender a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. Entretanto, o §1º do art. 3o da Lei no 9.718/1998, porém, foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE no 346.084/PR, verbis: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE – ARTIGO 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO - INSTITUTOS – EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõe-se ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – PIS - RECEITA BRUTA – NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº Fl. 249DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZ AKI Processo nº 10665.001099/2005-10 Acórdão n.º 3201-000.706 S3-C2T1 Fl. 1.815 7 20/98, consolidou-se no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindo-as à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF. T. Pleno. RE 346.084/PR. Rel. Min. ILMAR GALVÃO. Rel. p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO. DJ 01/09/2006). Esse entendimento foi reafirmado pela jurisprudência do STF no julgamento de questão de ordem no RE no 585.235/RG, decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B), verbis: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS.COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (STF. RE 585235 RG-QO. Rel. Min. CEZAR PELUSO. DJ 28/11/2008). Deste modo, sobre a matéria não cabe mais questionamento no âmbito do contencioso administrativo, em face da decisão do STF, no regime de repercussão geral (art. 543B do CPC), o que nos leva a aplicar ao caso o art. 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, DOU de 23/06/2009, introduzido pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010–DOU de 22/12/2010, reproduzido anteriormente. Deve, portanto, ser afastada a incidência da Cofins sobre as receitas decorrentes de aplicações financeiras. Por todo o exposto, VOTO por dar provimento parcial ao recurso voluntário. É como voto. Luís Eduardo Garrossino Barbieri. José Luiz Feistauer de Oliveira – Redator ad hoc Voto Vencedor Fl. 250DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZ AKI Processo nº 10665.001099/2005-10 Acórdão n.º 3201-000.706 S3-C2T1 Fl. 1.816 8 Conselheiro Suplente José Luiz Feistauer de Oliveira – redator ad hoc Por intermédio de Despacho, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF incumbiu-me o Presidente da Câmara a formalizar o Acórdão, não entregue pelo redator original, Conselheiro Marcelo Ribeiro Nogueira, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pelo redator original, que foi acompanhada, por maioria, pelos demais integrantes do colegiado. A divergência em relação ao voto do i. relator reside apenas em relação ao item (ii) saídas a título de cortesia. Nas saídas a título de cortesia (brindes e prêmios), não ocorreu o ingresso de receitas a ensejar a incidência da contribuição. Se a saída é efetivada a título gratuito não há como existir uma base de cálculo imponível da obrigação tributária, como pretende a autoridade fiscal. Deste modo, assiste razão a Recorrente quando afirma que em relação aos brindes e prêmios, concedidos a título de cortesia, não estavam, de forma alguma, vinculados às vendas e foram concedidos aos clientes aleatoriamente, sem condições ou qualquer outra forma de vinculação à atividade mercantil. Por todo o exposto, VOTO por dar provimento ao recurso voluntário nesta matéria (item i - saídas a título de cortesia). Conselheiro Suplente José Luiz Feistauer de Oliveira – redator ad hoc Fl. 251DF CARF MF Impresso em 09/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 30/09/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZ AKI Relatório Voto
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Numero do processo: 15586.000014/2011-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
OMISSÃO OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
Rejeitam-se os embargos de declaração quando não caracterizadas as aduzidas omissão ou contradição na decisão recorrida, fundamento único do recurso.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3301-002.723
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pelo sujeito passivo, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
Fez sustentação oral pelo embargante o advogado Paulo César Caetano, OAB/ES 4892.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Cássio Schappo.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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Interessado CUSTÓDIO FORZZA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO LTDA. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 OMISSÃO OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. Rejeitamse os embargos de declaração quando não caracterizadas as aduzidas omissão ou contradição na decisão recorrida, fundamento único do recurso. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pelo sujeito passivo, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. Fez sustentação oral pelo embargante o advogado Paulo César Caetano, OAB/ES 4892. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Cássio Schappo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 00 14 /2 01 1- 28 Fl. 2479DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS 2 Relatório Em sessão transcorrida em 22 de outubro de 2013, a Segunda Turma Especial desta Terceira Seção do CARF deu parcial provimento ao recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo, nos termos do acórdão nº 3802002.115, assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 MATÉRIA NÃO CONHECIDA Não se conhece de argumento que não guarda relação com o objeto da contenda. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. SUPOSTA OFENSA AO DIREITO AO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. O direito processual tem como regra o princípio da instrumentalidade das formas, segundo o qual, com respeito à nulidade do processo, somente àquela que sacrifica os fins de justiça deve ser declarada pela autoridade julgadora. Assim, a nulidade por cerceamento ao direito de defesa exige seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito por parte do sujeito passivo. Não há nulidade quando a recorrente tem pleno conhecimento dos atos processuais objeto do processo e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados, retratado nas robustas alegações aduzidas em sua peça recursal. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. EXAME ADSTRITO ÀS CONDIÇÕES DA AÇÃO E ÀS CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO SOBRE A INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO. COISA JULGADA QUANTO AOS FATOS NARRADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. INOCORRÊNCIA. A sentença penal não faz coisa julgada quanto à materialidade dos fatos se estes não são objeto de apreciação e, portanto, não fundamentam o trancamento da ação penal, restrito à análise das condições da ação e de sua procedibilidade. Realidade em que a extinção da ação penal inaugurada pelo Ministério Público Federal não foi motivada por eventual pronunciamento jurígeno excludente do envolvimento da recorrente com os fatos narrados na denúncia, mas em vista da impossibilidade de tipificação das condutas em crime contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90) antes do lançamento definitivo do tributo (Súmula Vinculante do STF nº 24). PROVA. DEPOIMENTOS E MENSAGENS COM TRATATIVAS DE NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS DA EMPRESA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EVENTUAL ELEMENTO QUE PUDESSE VIR A CARACTERIZAR A ILEGALIDADE DA PROVA. VIOLAÇÃO AO SIGILO DE DADOS DA EMPRESA PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE. Os depoimentos constituem importante elemento probatório e não podem ser invalidados por simples alegações, sem prova, de eventual suspeição ou vício de consentimento. A legislação tributária federal garante à Administração Tributária pleno acesso a documentos, inclusive magnéticos, fiscais e não fiscais, do contribuinte, bem como a depoimentos de terceiros, ressalvadas as vedações Fl. 2480DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 15586.000014/201128 Acórdão n.º 3301002.723 S3C3T1 Fl. 2.479 3 legais, como forma de averiguar o fiel cumprimento das obrigações tributárias, não podendo a garantia constitucional à privacidade revestirse de instrumento à salvaguarda de práticas ilícitas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE DO PIS/PASEP E DA COFINS. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS A PARTIR DE BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS E COM BASE EM CUSTOS E DESPESAS LEGALMENTE AUTORIZADOS. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis no 10.637 de 2002 e 10.833/2003 autorizam o desconto de créditos calculados com base em bens e serviços utilizados como insumos diretamente relacionados à atividade da empresa, bem como apurados a partir de custos e despesas passíveis de creditamento/desconto da contribuição, desde que satisfeitas as condições legais impostas pela norma em evidência. No referido regime, a Lei não contempla creditamento inerente a despesas com combustíveis, a menos que os mesmos possam ser enquadrados como insumos, ou seja, se aplicados diretamente no processo produtivo, e não em fases alheias a referido processo, como no caso analisado, em que os combustíveis foram utilizados nos veículos de propriedade da recorrente, empresa que se dedica ao beneficiamento de café. Também, não existe previsão legal para o desconto de créditos relacionados ao pagamento, a pessoas jurídicas, de serviços de assessoria. Todavia, por serem considerados insumos, os gastos com serviços de corretagem de compra de matériaprima utilizada na fabricação de produtos destinados à venda integram a base de cálculo do crédito do PIS e da COFINS. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PRESCRIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO CONFESSADO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO. Os pedidos de compensação, formalizados mediante declaração própria, tem natureza de confissão de dívida, sendo, pois, “instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados” (§ 6o do artigo 74 da Lei nº 9.430/96). Com a apresentação da declaração de compensação é inaugurada uma nova situação jurídica para o crédito tributário, válida a partir do momento em que definitivamente constituída, uma vez que este, mesmo outrora declarado em DCTF, passa a ter nova feição relativamente à natureza escolhida pelo sujeito passivo para proceder à sua extinção O prazo prescricional para a exigência dos débitos confessados em declaração de compensação é de 5 (cinco) anos, contados da data da entrega da referida declaração. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO INTEGRALMENTE DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. Fl. 2481DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS 4 A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez dos créditos alegados impossibilita a extinção do débito para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso ao qual se dá provimento em parte. Em sede de embargos de declaração, aduz a interessada que a decisão vergastada fora omissa na medida em que não teria enfrentado a questão da competência (atribuição) da Turma Especial para julgar questão envolvendo centenas de milhões de reais e, de outro lado, há também contradição, uma vez que o Relator informa que se trata de questão que ultrapassa R$ 890 milhões de reais e, ainda assim, analisou a matéria. (destaque do original) Insurgese ainda a embargante contra a utilização de prova que não consta dos autos, eis que estavam nos autos do processo nº 15586.000089/201117. Nesse sentido, aduz que "[...] a Turma não teve acesso aos documentos relacionados pelo relator do processo, já que todos estão no processo nº 15586.000089/201117". Assim teria havido "[...] prejuízo à defesa do contribuinte, na medida em que os demais Conselheiros não puderam analisar as provas contidas [...]" no aludido processo. Nesse sentido, ressalta, ainda, o seguinte: A nulidade poderia ter sido contornada se o pedido de unificação dos processos tivesse sido deferido, o que não ocorreu, apesar da insistência da contribuinte. Diante desta realidade, o acórdão é nulo por ausência de suporte probatório e não unificação deste processo ao de número 15586.000089/201117. Uma violação da ampla defesa e do contraditório. É crucial que tal questão seja analisada pela Turma, já que estes pontos (não unificação dos processos e não disponibilização do processo n. 15586.000089/201117 aos demais Conselheiros) não foram analisados. (grifo nosso) Na sequência, a interessada reafirma a necessidade de unificação dos processos, e aduz que a Solução de Consulta nº 65, de 31/03/2014, da COSIT, "[...] reconhece o direito ao aproveitamento do crédito integral de PIS e COFINS sobre as aquisições de café das cooperativas agropecuárias, até dezembro de 2011". Referese ainda à Lei nº 12.995/2014, direito superveniente que deveria ser aplicado, já que, "[...] através de seu art. 23, alterou a Lei nº 12.599/2012, permitindo a compensação com outros tributos administrados pela RFB e o ressarcimento em espécie dos créditos presumidos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS". Para tanto alicerçase no artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. No item 2.4 de sua petição de embargos a interessada aduz que muitos dos depoimentos favoráveis à recorrente não teriam sido analisados, "[...] apenas foram mencionados os supostamente não favoráveis". E no item 2.5 diz ter ocorrido omissão grave do relator por este não haver informado em que provas se baseou para afastar a boafé da suplicante. Ressalta que "no caso dos autos, há glosas de créditos relativas a empresas que sequer há o número do CNPJ nos autos, muito menos há depoimentos ou outros documentos que afastem a boafé da embargante". Tais omissões, defende, "levam à nulidade do acórdão". Fl. 2482DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 15586.000014/201128 Acórdão n.º 3301002.723 S3C3T1 Fl. 2.480 5 A embargante continua sua argumentação ressaltando que não teriam sido analisados seus argumentos inerentes ao pedido de diligência e de perícia. Igualmente, não teria sido apreciada a questão relacionada ao reflexo da glosa de créditos sobre o imposto de renda e sobre a contribuição social sobre o lucro líquido. Por todo o exposto, requer que o colegiado se manifeste acerca dos seguintes pontos: a) da incompetência da Turma julgadora para processar e julgar o pleito; b) a "nova" necessidade de unificação dos 36 processos diante do advento da Solução de Consulta COSIT nº 65/2014 e da Lei nº 12.995/2014; c) a nulidade do acórdão pelo uso de documentos apenas presentes nos autos do processo nº 15586.000089/201117; d) a existência de provas favoráveis à recorrente que nem sequer foram citadas no acórdão; e) a não existência de provas sobre muitas empresas e a presunção de boafé; f) "A LIMITAÇÃO ESPACIAL, TEMPORAL E QUANTITATIVA DOS DEPOIMENTOS E DOCUMENTOS APRESENTADOS PELO FISCO, já que as provas, apesar de usadas de forma generalizada pela Fiscalização, vinculamse apenas a poucos lugares, a períodos determinados e a valores reduzidos"; g) a necessidade de diligências / produção de provas; h) "a inexistência de provas que vinculem gestores da 'Custodio Forzza' a condutas de máfé a impossibilidade de imputar uma conduta de máfé a pessoa jurídica"; i) "sobre a necessidade de recalcular o IR/CSLL a pagar em razão das glosas dos créditos fiscais de PIS/COFINS ou, pelo menos, sobre a suspensão da prescrição do direito de pedir a restituição do IRPJ e CSLL recolhidos sobre os créditos glosados, visto que tal fato se consumará somente se for mantida a decisão de não homologar os créditos glosados. Registrase que os tributos compensado e cobrados nestes autos são, exatamente o IRPJ e CSLL compensados, cujos créditos compõem a base de cálculo de ambos". Formalizados os embargos, os autos foram movimentados para este conselheiro, relator originário do processo, em obediência ao disposto nos parágrafos 5º e 6º do artigo 49 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. É o relatório. Voto Fl. 2483DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS 6 A ciência da decisão recorrida se deu em 10/08/2015, conforme Termo de Ciência por Abertura de Mensagem de fls. 2445. Por sua vez, a petição de embargos de declaração foi protocolizada em 17/08/2015, uma segundafeira. Assim, considerando o disposto no artigo 5º, caput e parágrafo único, do Decreto nº 70.235/721, resta claro que a petição em tela foi apresentada dentro do prazo cinco dias contados da ciência do acórdão para a interposição dos embargos de declaração (artigo 65, § 1o, do Anexo II do RICARF – aprovado pela Portaria MF no 343, de 09/06/2015). Há, pois, que se conhecer da petição em tela. A primeira argumentação suscitada pela embargante diz respeito a suposta omissão concernente à competência (atribuição) da Turma Especial para julgar o pleito, o qual, segundo alega, ultrapassaria os 890 milhões de reais. Tal argumento, com efeito, não merece prosperar, eis que, conforme ressaltado no relatório objeto da decisão vergastada, "a lide diz respeito a pedido de ressarcimento onde os créditos reclamados correspondem ao PIS/Pasep não cumulativo exportação do segundo trimestre de 2005 (valor pleiteado: R$ 213.881,51)" (grifei). Diferentemente do que afirma a embargante, o mencionado valor de R$ 890 milhões de reais não se relaciona a crédito tributário lançado ou a direito creditório glosado, mas sim ao total das notas fiscais levantadas pela fiscalização em nome de empresas de fachada, conforme seguinte trecho extraído da decisão guerreada: Conforme relatado, a lide decorre de ação fiscal cujo procedimento e documentação estão acostados aos autos do processo n° 15586.000089/201117 (ao qual nos reportaremos com freqüência), onde a fiscalização relata a apropriação indevida de créditos pelo regime da não cumulatividade do PIS e da COFINS por parte da recorrente, calculados sobre os valores das notas fiscais de aquisição de café em grãos, quando o correto seria a apropriação de créditos presumidos nos termos do artigo 8° da lei n° 10.925/2004, com a redação dada pelo artigo 29 da Lei n° 11.051, de 29/12/2004. Entendeu a fiscalização que as aquisições de café pela recorrente foram contabilizadas em nome de diversas empresas de fachada, utilizadas para dissimular a real aquisição da mercadoria proveniente de pessoas físicas (produtores rurais/maquinistas), e assim se apropriar de crédito em montante superior ao autorizado pela lei. Segundo a informação fiscal que subsidiou o despacho decisório, a análise e recomposição dos saldos desde janeiro de 2005 demonstrou que a recorrente apropriouse de créditos integrais fictos. Em face da reclamante foram levantadas notas fiscais em nome de empresas de fachada (“laranjas”) em montantes que ultrapassaram o valor de R$ 890 milhões nos anos de 2005 a 2009. (grifouse) Assim, o colegiado julgador – Turma Especial – em nada ofendeu ao disposto no artigo 2o, § 2o, da então vigente Portaria MF no 256, de 22/06/2009, segundo o qual "a competência das turmas especiais fica restrita ao julgamento de recursos em processos de valor inferior ao limite fixado para interposição de recurso de oficio pela autoridade julgadora de primeira instância". Tal limite, a teor do disposto na Portaria MF no 3, de 03/01/2008, é de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). 1 Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Fl. 2484DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 15586.000014/201128 Acórdão n.º 3301002.723 S3C3T1 Fl. 2.481 7 Logo, concluise que a Turma julgadora decidiu em processo cujo valor em litígio encontrase dentro de limite estabelecido para Turma Especial. Efetivamente, a questão da incompetência de Turma Especial para o julgamento do feito não foi aduzida pela interessada em seu recurso voluntário. Esta, em homenagem aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e da economia processual, dentre outros, defendeu apenas a necessidade de juntada dos 36 processos da empresa, o que fez com fundamento no § 3º do artigo 18 da Lei nº 10.833/03, na Portaria RFB nº 666/08, e em princípios que norteiam o processo administrativo dispostos na Lei nº 9.784/99. Tal questão foi sim enfrentada pelo colegiado julgador, conforme seguinte trecho do voto que alicerçou sua decisão: Dos argumentos em defesa da nulidade da decisão de primeira instância Dentre os argumentos em prol da nulidade da decisão de primeira instância, o sujeito passivo defende a necessidade de juntada dos 36 processos da empresa que dizem respeito à mesma matéria, a fim de evitar decisões contraditórias e homenagear os princípios do devido processo legal, da ampla defesa, da economia processual, dentre outros. Fundamentase no § 3º do artigo 18 da Lei nº 10.833/03, na Portaria RFB nº 666/08, bem como nos princípios que norteiam o processo administrativo elencados pela Lei nº 9.784/99. Da fundamentação legal adotada pelo sujeito passivo, a Portaria RFB nº 666/08, de fato, prevê a formalização de um único processo administrativo ou a juntada por anexação (artigo 3º), dentre outras hipóteses, relativamente a “Pedidos de Restituição ou de Ressarcimento e as Declarações de Compensação (Dcomp) que tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas” (artigo 1º, inciso IV). Contudo, não compete a este Conselho questionar procedimento diverso adotado pela Receita Federal que não implique em prejuízo ao direito de defesa do sujeito passivo. Com efeito, muito embora seja nítida a conexão processual entre os pedidos de ressarcimento reportados pela recorrente, não há nada nos autos que alicerce o reclamado cerceamento ao seu direito, uma vez que os elementos comprobatórios do indeferimento do pedido são todos de pronto acesso ao sujeito passivo, notadamente na presente conjuntura de uso do processo digital, em que as peças podem ser acessadas eletronicamente com grande facilidade. Digo isso, inclusive, em relação ao processo nº 15586.000089/201117, ao qual foram acostadas as provas e documentos produzidos durante a fiscalização realizada em face da empresa recorrente, como, aliás, está consignado na informação fiscal que subsidiou a decisão objeto dos presentes autos. Tendo a interessada irrestrito acesso aos autos, não há que se cogitar em prejuízo para sua defesa. A suplicante se socorre também no § 3º do artigo 18 da Lei nº 10.833/03, bem como em princípios que norteiam o processo administrativo dispostos na Lei nº 9.784/99. Relativamente ao § 3º do artigo 18 da Lei nº 10.833/03, este determina apenas a juntada das peças que tratam da manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e da correspondente impugnação da multa de ofício Fl. 2485DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS 8 decorrente de diferenças apuradas, dentre outras, em declaração de compensação (art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/2001). Logo, não obriga à juntada de todos os processos conexos do mesmo sujeito passivo. Já em relação aos princípios do processo administrativo reportados pela Lei nº 9.784/99, não vislumbro nos autos nada que represente ofensa ao direito de defesa da solicitante que pudesse redundar na nulidade de qualquer ato decisório contidos em suas peças, como já ressaltado. O Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009) também trata da distribuição conjunta de processos conexos. Tal preceito, contudo, não é de natureza cogente, posto que apenas faculta referenciado procedimento, como revela o verbo que integra o núcleo normativo do artigo 6o do Anexo II do Regimento em tela, abaixo transcrito e destacado: Art. 6° Verificada a existência de processos pendentes de julgamento, nos quais os lançamentos tenham sido efetuados com base nos mesmos fatos, inclusive no caso de sujeitos passivos distintos, os processos poderão ser distribuídos para julgamento na Câmara para a qual houver sido distribuído o primeiro processo. Parágrafo único. Os processos referidos no caput serão julgados com observância do rito previsto neste Regimento. (grifo nosso) No mais, reiterese que a não adoção dos procedimentos perquiridos pela recorrente, por não trazerem prejuízo para a defesa, não tem o condão de dar ensejo à nulidade da decisão de primeira instância, até porque o direito processual tem como regra o princípio da instrumentalidade das formas, que traz como consequência, com respeito à nulidade do processo, que somente àquela que sacrifica os fins de justiça do processo deve ser declarada pela autoridade. Tal princípio está assente nos artigos 563 e 566 do Código de Processo Penal2. No âmbito do Código de Processo Civil, dispõe o artigo 244 que, Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. A inocorrência de prejuízo para a defesa também afasta a hipótese de nulidade fundada na ausência de análise de prorrogação do prazo para a juntada de documentos, posto que não demonstrado eventual prejuízo decorrente da citada conduta omissiva. [...] Vêse, pois, que o colegiado julgador, de forma fundamentada, afastou a arguída nulidade da decisão de primeira instância pela negativa de juntada dos 36 processos em nome da interessada. Na oportunidade, foi abordada a inexistência de prejuízo para sua defesa, já que "os elementos comprobatórios do indeferimento do pedido são todos de pronto acesso ao sujeito passivo, notadamente na presente conjuntura de uso do processo digital, em que as peças podem ser acessadas eletronicamente com grande facilidade". Isso vale para o alegado "[...] prejuízo à defesa do contribuinte, na medida em que os demais Conselheiros não puderam analisar as provas contidas [...]" no processo nº 15586.000089/201117, processo este onde foram acostadas as provas e documentos produzidos durante a fiscalização realizada em face da empresa recorrente. 2 Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. Fl. 2486DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 15586.000014/201128 Acórdão n.º 3301002.723 S3C3T1 Fl. 2.482 9 Fato é que foram efetivamente analisados todos os argumentos aduzidos pela suplicante concernente a suposto prejuízo ao seu direito defesa, razão pela qual não há que se falar em suposta omissão na decisão vergastada no que concerne a essa questão. A embargante assevera que a Solução de Consulta nº 65, de 31/03/2014, da COSIT, "[...] reconhece o direito ao aproveitamento do crédito integral de PIS e COFINS sobre as aquisições de café das cooperativas agropecuárias, até dezembro de 2011". Referese ainda à Lei nº 12.995/2014, direito superveniente que deveria ser aplicado, já que, "[...] através de seu art. 23, alterou a Lei nº 12.599/2012, permitindo a compensação com outros tributos administrados pela RFB e o ressarcimento em espécie dos créditos presumidos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS". Ora, a própria data de expedição dos atos normativos retrocitados, ambos do ano de 2014, revela que a argumentação não merece ser acatada em sede de embargos de declaração, eis que a decisão guerreada foi proferida anteriormente, em 22/10/2013. Logo, não se pode admitir tal argumentação em sede de embargos de declaração, eis que os mesmos são modalidade recursal destinada a sanear acórdão eivado de "[...] obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma" (conf. caput do artigo 65 do anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015). Com efeito, não se pode alegar omissão ou contradição em relação a argumento fundado em atos normativos que nem sequer existiam à época em que fora proclamada a decisão contestada. Embargos de declaração não são via de rediscussão de direito. A embargante também aduz que muitos dos depoimentos favoráveis à recorrente não teriam sido analisados, "[...] apenas foram mencionados os supostamente não favoráveis". No item 2.5 relata haver omissão grave do relator por este não haver informado em que provas se baseou para afastar a boafé da suplicante. Ressalta que "no caso dos autos, há glosas de créditos relativas a empresas que sequer há o número do CNPJ nos autos, muito menos há depoimentos ou outros documentos que afastem a boafé da embargante". Tais omissões, defende, "levam à nulidade do acórdão". Não obstante, a leitura do extenso voto condutor da decisão embargada revela que o conjunto probatório foi detalhadamente examinado, tendo o colegiado julgador entendido haver razões suficientes para fundamentar sua decisão no sentido da caracterização do ilícito tributário. Vale ressaltar que na decisão em tela foi examinada e rechaçada suposta nulidade da decisão de primeira instância pelo fato de a DRJ não ter apreciado alguns argumentos do sujeito passivo, conforme trecho do voto que alicerçou a decisão embargada, que ora transcrevo: A nulidade também é reclamada pelo fato de a DRJ, segundo alega a reclamante, não ter apreciado argumentos e documentos objeto da manifestação de inconformidade, notadamente quanto à “regularidade das pessoas jurídicas apelidadas de ‘fictícias’ pela fiscalização”. A decisão de primeira instância também teria sido omissa concernente a depoimentos segundo os quais os gestores da recorrente “[...] não sabiam que as atacadistas não recolhiam seus tributos ou que não laboravam na atividade para a qual foram criadas [...]”, bem como no tocante aos lançamentos formalizados dentro da mesma operação de Fl. 2487DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS 10 fiscalização, ao princípio da boafé, ao fato de a Receita Federal haver permitido o funcionamento das empresas que hoje afirma não existentes, dentre outros. Igualmente, entendo que isso também não leva à nulidade da decisão vergastada, posto que esta se apresenta devidamente motivada em argumentos que alicerçam suficientemente a convicção a que chegou o Colegiado a quo. Com efeito, não é indispensável que a decisão se reporte pontualmente a todas as alegações apresentadas pelo reclamante, e isso não obstante o disposto no artigo 31 do Decreto nº 70.235/72, o qual determina que a decisão deve “[...] referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências” (grifo nosso). De fato, o Superior Tribunal de Justiça, bem como este Conselho, tem adotado a postura de não exigir a apreciação exaustiva de todos os argumentos aduzidos na impugnação, mas isso desde que a autoridade julgadora de primeira instância tenha encontrado razões suficientes para fundamentar sua decisão sobre as matérias em litígio, como ocorreu no caso presente. Nesse sentido, o seguinte julgado: PAF – NULIDADE DA DECISÃO / CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. O julgador não está obrigado a contestar item por item os argumentos expendidos pela parte quando analisa a matéria de mérito, conforme decisão do STJ – Resp 652.422 – (2004/0099087 0) RET n 43 – maio/junho/2005, p.136:5691 – “VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC – INOCORRÊNCIA – TRIBUTÁRIO – ICMS – MANDADO DE SEGURANÇA – AUTORIZAÇÃO PARA IMPRESSÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS – DÉBITOS COM A FAZENDA PÚBLICA – PRINCÍPIO DO LIVRE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA – ART. 170, PARÁGRAFO ÚNICO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – SÚMULA Nº 547 DO STF – MATÉRIA CONSTITUCIONAL – NORMA LOCAL – RESSALVA DO ENTENDIMENTO DO RELATOR. 1. Inexiste ofensa ao artigo 535 do CPC, quando o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater um a um os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão (...) 6. Recurso não conhecido.” (1º CC, Acórdão 10808866, sessão de 25/06/2006, relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro). Afastamse, pois, todos os argumentos em prol da nulidade da decisão de primeira instância. Como se vê, permanece a inexistência de obscuridade, omissão ou contradição no acórdão, pressupostos sem os quais não há como acolher os embargos de declaração da reclamante. Fl. 2488DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 15586.000014/201128 Acórdão n.º 3301002.723 S3C3T1 Fl. 2.483 11 A embargante ressalta também que não teriam sido analisados seus argumentos inerentes ao pedido de diligência e de perícia. De fato, consta do relatório objeto da decisão recorrida que a suplicante requereu diligência ou perícia para juntada aos autos dos processos em que houve lançamentos vultosos de PIS e COFINS, uma vez que não é lícito à Receita Federal impor referidas contribuições duas vezes sobre a mesma cadeia produtiva; necessário também a juntada aos autos vários depoimentos mencionados no relatório fiscal, em homenagem ao direito de defesa da recorrente. Não obstante, essas questões foram devidamente apreciadas na decisão embargada, como comprova o seguinte trecho de seu correspondente voto condutor: A suplicante alega a ocorrência de bis in idem em vista das autuações formalizadas pela Receita Federal contra empresas atacadistas e seus responsáveis solidários pela sonegação de tributos nas operações de compra e venda de café de produtores rurais. Segundo entende, as autuações contra “centenas de pessoas físicas e jurídicas” representaria “dupla imposição de PIS e COFINS sobre uma mesma base de cálculo, violação clara da não cumulatividade”. Tal argumento, todavia, também não merece prosperar, pois os procedimentos de fiscalização contra cada sujeito passivo são autônomos e individualizados – ressalvada a possibilidade de responsabilização solidária –, apesar de, no caso, decorrer de uma operação para investigação de um setor econômico específico. No mais, não existe fundamento legal que legitime aduzido mecanismo compensatório proposto pelo sujeito passivo, o que também descarta a necessidade de diligência ou perícia para a juntada aos autos dos processos em que houve lançamentos do PIS e da COFINS em face das outras empresas envolvidas. (grifouse) Também assevera a embargante que não teria sido apreciada a questão relacionada ao reflexo da glosa de créditos sobre o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido. De fato, o colegiado recorrido não conheceu do argumento em tela, eis que o mesmo não integra o litígio, restrito à apropriação indevida de créditos pelo regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS por parte da recorrente, calculados sobre os valores das notas fiscais de aquisição de café em grãos, quando o correto seria a apropriação de créditos presumidos nos termos do artigo 8° da lei n° 10.925/2004, com a redação dada pelo artigo 29 da Lei n° 11.051, de 29/12/2004. Assim, a Turma recorrida acolheu o voto que, nessa parte, não conheceu do recurso, conforme trecho abaixo transcrito: Da admissibilidade parcial do recurso Conforme relatado, a ciência da decisão recorrida se deu em 30/04/2013 (fls. 199). Por sua vez, o recurso voluntário de fls. 202/277 foi apresentado em 28/05/2013, tempestivamente, portanto. Contudo, muito embora os demais requisitos de admissibilidade se encontrem presentes, há argumentos apresentados no recurso que não Fl. 2489DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS 12 podem ser conhecidos, uma vez que não tem relação com a lide objeto dos autos. Digo isso em relação ao aduzido direito para recalcular e a pedir restituição do IRPJ e da CSLL calculados sobre os créditos de PIS e COFINS lançados como receitas, mas não homologados, sob o argumento de que tais importâncias integram a base de cálculo de ambos os tributos. Tal pedido, decerto, não compreende a matéria objeto do litígio, razão pela qual não pode ser conhecida. Portanto, e considerando, ainda, a competência material para o julgamento do feito, conheço do recurso, ressalvada a observação supra, posto que atendidos os requisitos formais e materiais exigidos para sua aceitação. Diante de tudo o que foi acima exposto vêse que nenhum dos argumentos apresentados pelo sujeito passivo se subsume ao disposto no caput do artigo 65 do anexo II do Regimento Interno do CARF3, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, uma vez demonstrado que o acórdão embargado não padece de "obscuridade, omissão ou contradição", e que a embargante, com sua argumentação, vislumbra, na verdade, rediscutir o direito, o que é inadmissível em sede de embargos de declaração. Da conclusão Diante do exposto, e considerando que o acórdão recorrido não está eivado de vício que justifique a oposição de embargos de declaração, voto para que seja rejeitado o recurso formalizado pelo sujeito passivo, visto que este carece de pressuposto essencial à sua legitimação. Sala de sessões, em 10 de dezembro de 2015. Francisco José Barroso Rios – Relator 3 Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Fl. 2490DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 21/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
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Numero do processo: 19515.003096/2008-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA. APURAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA.
A incidência do imposto de renda pela regra do regime de caixa, como prevista na redação do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. A incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. Não é razoável, nem proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo. Inteligência daquilo que foi decidido pelo STF no Recurso Extraordinário nº 614406, com repercussão geral reconhecida.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2201-002.924
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso nos termos do voto do relator, vencidos os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH (Presidente em Exercício) e MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado) que aplicavam aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas vigentes na data em que os rendimentos deveriam ser adimplidos.
Assinado digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente Substituto.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente).
Nome do relator: Marcelo Vasconcelos de Almeida
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA. APURAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA. A incidência do imposto de renda pela regra do regime de caixa, como prevista na redação do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. A incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. Não é razoável, nem proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo. Inteligência daquilo que foi decidido pelo STF no Recurso Extraordinário nº 614406, com repercussão geral reconhecida. Recurso Voluntário Provido
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2073; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 148 1 147 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.003096/200851 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201002.924 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de fevereiro de 2016 Matéria IRPF Recorrente ASSUNTA MARIA DE GASPARI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA. APURAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA. A incidência do imposto de renda pela regra do regime de caixa, como prevista na redação do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. A incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. Não é razoável, nem proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo. Inteligência daquilo que foi decidido pelo STF no Recurso Extraordinário nº 614406, com repercussão geral reconhecida. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso nos termos do voto do relator, vencidos os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH (Presidente em Exercício) e MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado) que aplicavam aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas vigentes na data em que os rendimentos deveriam ser adimplidos. Assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 30 96 /2 00 8- 51 Fl. 148DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.003096/200851 Acórdão n.º 2201002.924 S2C2T1 Fl. 149 2 Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o “Relatório” da decisão de 1ª instância, (fls. 66/67 deste processo digital), reproduzido a seguir: O presente processo trata de notificação de lançamento de fls. 33/35, para cobrança de crédito tributário relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física Exercício 2004, anocalendário 2003, no valor de R$ 538,53, mais juros de mora, calculados de acordo com a legislação pertinente. 2. A autuação decorreu de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual correspondente, tendo sido apurada a infração de omissão de rendimentos no valor de R$ 1.958,24, pagos pelo Tribunal Regional Eleitoral, CNPJ 06.302.492/000156, relativos a parcelas da diferença de 11,98% da conversão do cruzeiro real para URV, do período de abril de 1994 a outubro de 2000, recebidos acumuladamente no ano de 2003. 3. A fiscalização aduz que esses rendimentos foram considerados isentos ou não tributáveis e devem ser regularmente tributados conforme determinação do Tribunal de Contas da União, constante do Acórdão n° 332/2005 Plenário. 4. Cientificada da exigência tributária, por via postal, na data de 09/09/2008, conforme Aviso de Recebimento AR de fl. 37, a contribuinte apresenta impugnação à exigência tributária às fls. 39/54, de onde se extrai os seguintes argumentos: a) é analista judiciário do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo desde junho de 1995, fazendo jus ao recebimento da verba referente à diferença de remuneração relativa à implantação do Plano Real URV (11,98%); b) os administradores do TRE/SP, por entenderem que a verba tinha caráter indenizatório, decidiram não efetuar a retenção do Imposto de Renda na Fonte, baseandose na Resolução n° 245/2002, do STF, a qual referese ao abono variável pagos aos Membros da Magistratura da União; c) têm esses administradores ciência da ilegalidade do ato por eles adotado desde a prolação do Acórdão n° 332/2005, pelo Fl. 149DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.003096/200851 Acórdão n.º 2201002.924 S2C2T1 Fl. 150 3 Plenário do TCU; porém, em momento algum, o TRE/SP comunicou oficialmente seus servidores sobre a eventual necessidade de pagamento retroativo do imposto, permitindo que a própria Receita Federal do Brasil intimasse os beneficiários com a lavratura de auto de infração, após um ano e sete meses; c) não foi levado em consideração o desconto do PSSS, à alíquota de 11% sobre a verba recebida; d) o TCU também entendeu devido o pagamento de PSSS sobre a verba salarial, o qual também deixou de ser retido na fonte por erro da Administração do TRE/SP, bem como que a contribuição social em tela não está sujeita à decadência; e) apesar de não ter havido a cobrança do valor do PSSS, esta, com certeza, ocorrerá em breve, com a respectiva correção; f) a responsabilidade pelo recolhimento do Imposto de Renda que deixou de ser retido na fonte por ocasião do pagamento dos valores referentes a 11,98% em decorrência de ato ilegal praticado pelo TRE/SP, é do Tribunal e não de seus servidores; g) cita o princípio da irredutibilidade do salário, para concluir que a obrigação do pagamento à vista do valor do tributo acrescido de juros Selic terá conseqüências de variada gama na esfera dos chamados "direitos funcionais", todas elas portadoras de notórios gravames, que acabam convertendose em jogo de pressão contra o servidor e que tem como finalidade minar psicologicamente sua resistência, até convencêlo de que de fato não adianta reagir contra a força bruta; h) ao ser compelido a pagar à vista valores com acréscimo de mais de 70%, não é outra coisa, senão reduzir o ganho do servidor; i) tal cobrança viola a segurança jurídica; j) a não retenção do IRRF quando do pagamento dos 11,98%, por responsabilidade exclusiva do TRE/SP, acabou por gerar a incorporação dos valores recebidos ao seu patrimônio, que, agindo de boafé, acreditou que o órgão o pagou de forma correta, usufruindo do dinheiro à época; k) é ilegal e inconstitucional a cobrança dos juros de mora pela taxa Selic. A impugnação da contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 65/73, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2004 NULIDADES. Não provada violação às regras do artigo 142 do CTN nem dos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972, não há que se falar Fl. 150DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.003096/200851 Acórdão n.º 2201002.924 S2C2T1 Fl. 151 4 em nulidade do lançamento ou do procedimento fiscal que lhe deu origem. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE DE LEI. Falece competência à autoridade julgadora de instância administrativa para se manifestar acerca da legalidade das normas legais regularmente editadas, estando vinculada ao estrito cumprimento da legislação tributária. INDENIZAÇÃO DESCARACTERIZAÇÃO – NATUREZA SALARIAL. Constitui rendimento tributável qualquer remuneração especial não expressamente declarada isenta na legislação pertinente. Verbas de natureza salarial ainda que denominadas de indenizatórias pela fonte pagadora, devem ser oferecidas à tributação. Cientificada da decisão de primeira instância em 30/09/2010 (fl. 76), a Interessada interpôs, em 19/10/2010, o recurso de fls. 79/106, acompanhado dos documentos de fls. 107/134. Na peça recursal reitera os argumentos expendidos na peça impugnatória e aduz, em complemento, que tinha direito de pagar o imposto de renda na mesma proporção do que deveria ser pago se tivesse recebido em época própria. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. As folhas citadas neste voto referemse à numeração do processo digital, que difere da numeração de folhas do processo físico. Cingese a controvérsia à infração de omissão de rendimentos recebidos acumuladamente do TRE/SP, referente à diferença de 11,98% decorrente da conversão de Cruzeiro Real para URV, abrangendo o período de abril de 1994 a outubro de 2000 (Descrição dos Fatos e Enquadramento legal à fl. 36). O “Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido”, também à fl. 36, revela que a base de cálculo do imposto de renda devido foi calculada com fundamento na regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 (apuração pelo denominado “regime de caixa”). No julgamento do Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado em 24/03/2010, o Superior Tribunal de Justiça – STJ havia decidido, sob o rito do art. 543C do Código de Processo Civil – CPC (recurso repetitivo), que “O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente”. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.003096/200851 Acórdão n.º 2201002.924 S2C2T1 Fl. 152 5 Por entender que a ratio decidendi da tese repetitiva estava fundada em ato ilícito praticado pela Administração e que o pagamento decorrente de ato ilegal não poderia constituir fato gerador de tributo, posto que inadmissível que o Fisco se aproveitasse da própria torpeza em detrimento do segurado da previdência social, este julgador vinha aplicando o entendimento do STJ no sentido de dar provimento parcial aos recursos dos contribuintes para que o cálculo do imposto de renda incidente sobre os rendimentos de benefícios previdenciários recebidos acumuladamente fosse apurado mensalmente, em correlação aos parâmetros fixados na tabela progressiva do imposto de renda vigente à época dos respectivos fatos geradores. Em outras palavras: a tese fixada como “repetitiva”, no entendimento deste Relator, limitavase ao pagamento acumulado de benefícios previdenciários, não se aplicando a rendimentos recebidos acumuladamente decorrentes de litígios outros que não versasse a concessão/revisão de benefícios previdenciários (interpretação restritiva). Assim, em relação aos processos de rendimentos recebidos acumuladamente que não decorriam de concessão/revisão de benefícios previdenciários o entendimento deste julgador era no sentido da aplicabilidade do art. 12 da Lei nº 7.713/1988. Isto porque enquanto o STF não se manifestasse a respeito do tema (repercussão geral já havia sido reconhecida), necessário seria presumir a constitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/1988, haja vista que jamais se presume a inconstitucionalidade. Pelo contrário, presumida é sempre a constitucionalidade da lei. Ocorre que a situação jurídica relativa ao tema se alterou. Em 23 de outubro de 2014 o STF concluiu o julgamento relativo à forma de incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente. A Corte entendeu que a alíquota do imposto deve ser aplicada ao rendimento recebido mês a mês, e não aquela que incidiria sobre valor total pago de uma única vez. Naquela assentada veiculouse, no sítio eletrônico do STF, notícia com o seguinte teor, na parte que interessa: Foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) caso relativo à forma de incidência do Imposto de Renda (IR) sobre rendimentos recebidos acumuladamente, como ocorre no caso de disputas previdenciárias e trabalhistas. A Corte entendeu que a alíquota do IR deve ser a correspondente ao rendimento recebido mês a mês, e não aquela que incidiria sobre valor total pago de uma única vez, e, portanto, mais alta. (...) O julgamento do caso foi retomado hoje com votovista da ministra Cármen Lúcia, para quem, em observância aos princípios da capacidade contributiva e da isonomia, a incidência do IR deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. “Não é nem razoável nem proporcional a incidência da alíquota máxima sobre o valor global, pago fora do prazo, como ocorre no caso examinado”, afirmou. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.003096/200851 Acórdão n.º 2201002.924 S2C2T1 Fl. 153 6 A ministra citou o voto do ministro Marco Aurélio, proferido em sessão de maio de 2011, segundo o qual a incidência do imposto pela regra do regime de caixa, como prevista na redação original do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. Aquele que entrou em juízo para exigir diferenças na remuneração seria atingido não só pela mora, mas por uma alíquota maior. Em seu voto, a ministra mencionou ainda argumento apresentado pelo ministro Dias Toffoli, que já havia votado anteriormente, segundo o qual a própria União reconheceu a ilegalidade da regra do texto original da Lei 7.713/1988, ao editar a Medida Provisória 497/2010, disciplinando que a partir dessa data passaria a utilizar o regime de competência (mês a mês). A norma, sustenta, veio para corrigir a distorção do IR para os valores recebidos depois do tempo devido. Em 04 de novembro de 2014 a decisão foi noticiada no Informativo nº 764 do STF, ostentando a seguinte redação: IRPF e valores recebidos acumuladamente 4 É inconstitucional o art. 12 da Lei 7.713/1988 (“No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização”). Com base nessa orientação, em conclusão de julgamento e por maioria, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a constitucionalidade da referida norma — v. Informativo 628. O Tribunal afirmou que o sistema não poderia apenar o contribuinte duas vezes. Esse fenômeno ocorreria, já que o contribuinte, ao não receber as parcelas na época própria, deveria ingressar em juízo e, ao fazêlo, seria posteriormente tributado com uma alíquota superior de imposto de renda em virtude da junção do que percebido. Isso porque a exação em foco teria como fato gerador a disponibilidade econômica e jurídica da renda. A novel Lei 12.350/2010, embora não fizesse alusão expressa ao regime de competência, teria implicado a adoção desse regime mediante inserção de cálculos que direcionariam à consideração do que apontara como “épocas próprias”, tendo em conta o surgimento, em si, da disponibilidade econômica. Desse modo, transgredira os princípios da isonomia e da capacidade contributiva, de forma a configurar confisco e majoração de alíquota do imposto de renda. Vencida a Ministra Ellen Gracie, que dava provimento ao recurso por reputar constitucional o dispositivo questionado. Considerava que o preceito em foco não violaria o princípio da capacidade contributiva. Enfatizava que o regime de caixa seria o que melhor aferiria a possibilidade de contribuir, uma vez que exigiria o pagamento do imposto à luz dos rendimentos efetivamente percebidos, independentemente do momento em que surgido o direito a eles. Fl. 153DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.003096/200851 Acórdão n.º 2201002.924 S2C2T1 Fl. 154 7 RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 23.10.2014. (RE614406) Sobreveio a publicação do acórdão do STF, cujo “Extrato de Ata” resume o resultado do julgamento da seguinte forma: Decisão: Prosseguindo no julgamento, o Tribunal, por maioria, decidindo o tema 368 da Repercussão Geral, negou provimento ao recurso, vencida a Ministra Ellen Gracie (Relatora), que lhe dava provimento. Ausente, neste julgamento, o Ministro Gilmar Mendes. Não votou a Ministra Rosa Weber por suceder à Ministra Ellen Gracie (Relatora). Redigirá o acórdão o Ministro Marco Aurélio. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 23.10.2014. Colhese, no voto condutor vencedor redigido pelo Ministro Marco Aurélio, as seguintes passagens: Qual é a consequência de se entender de modo diverso do que assentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região? Haverá, como ressaltado pela doutrina, principalmente a partir de 2003, transgressão ao princípio da isonomia. Aqueles que receberam os valores nas épocas próprias ficaram sujeitos a certa alíquota. O contribuinte que viu resistida a satisfação do direito e teve que ingressar em Juízo será apenado, alfim, mediante a incidência de alíquota maior. Mais do que isso, tem se o envolvimento da capacidade contributiva, porque não é dado aferila, tendo em conta o que apontei como disponibilidade financeira, que diz respeito à posse, mas o estado jurídico notado à época em que o contribuinte teve jus à parcela sujeita ao Imposto de Renda. O desprezo a esses dois princípios conduziria a verdadeiro confisco e, diria, à majoração da alíquota do Imposto de Renda. (...) Por isso, no caso, desprovejo o recurso, assentando a inconstitucionalidade do artigo 12 – não do 12A, que resultou da medida provisória, da conversão em lei –, no que conferida interpretação alusiva à junção do que alcançado pelo contribuinte, considerados os vários exercícios. Verificase, portanto, que o voto condutor do acórdão negou provimento ao recurso da União e afastou a aplicabilidade da regra prevista no art. 12 da Lei nº 7.713/1998, declarandoa inconstitucional, em controle difuso, com julgamento submetido ao rito da repercussão geral (CPC, art. 543B). O entendimento da Suprema Corte, em sede de repercussão geral, é de observância obrigatória pelos membros deste Conselho, conforme disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF, assim descrito: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Fl. 154DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19515.003096/200851 Acórdão n.º 2201002.924 S2C2T1 Fl. 155 8 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Assim, impõese a aplicação do entendimento externado pelo STF em julgamento realizado na sistemática da repercussão geral ao caso concreto, reconhecendo que houve um vício material no lançamento (apuração indevida da base de cálculo do tributo com repercussão na alíquota aplicável), haja vista que, embora os valores recebidos pelo Recorrente não se refiram a benefícios previdenciários, foram apurados com fundamento no famigerado art. 12 da Lei nº 7.713/1998. Nesse cenário, entendo que deve ser cancelada a infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 155DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 10882.001871/2007-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Sep 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 1999, 2001
DCTF ANTERIOR A 31/10/2003. CONFISSÃO DE DÍVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Antes da vigência da Medida Provisória nº 135, em 31 de outubro de 2003, somente os saldos a pagar dos débitos informados em DCTF eram considerados confessados, e poderiam ser enviados para inscrição em Dívida Ativa da União. A parte dos débitos vinculada a pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, que se mostrassem indevidos ou não comprovados, deveria ser objeto de lançamento de ofício, nos termos do art. 90 da Medida Provisória n° 2.158-35, de 2001.
Numero da decisão: 1102-001.327
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado, vencido o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório, que negava provimento. O conselheiro Jackson Mitsui acompanhou o relator pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente
(assinado digitalmente)
João Otávio Oppermann Thomé Redator ad hoc
Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2129; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T2 Fl. 2 1 1 S1C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.001871/200709 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1102001.327 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de março de 2015 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente NATURA COSMÉTICOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1999, 2001 DCTF ANTERIOR A 31/10/2003. CONFISSÃO DE DÍVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Antes da vigência da Medida Provisória nº 135, em 31 de outubro de 2003, somente os saldos a pagar dos débitos informados em DCTF eram considerados confessados, e poderiam ser enviados para inscrição em Dívida Ativa da União. A parte dos débitos vinculada a pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, que se mostrassem indevidos ou não comprovados, deveria ser objeto de lançamento de ofício, nos termos do art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado, vencido o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório, que negava provimento. O conselheiro Jackson Mitsui acompanhou o relator pelas conclusões. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé (Presidente à época), Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 18 71 /2 00 7- 09 Fl. 469DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Quinta Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Campinas (SP) assim ementado, verbis: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1998, 2000 COMPENSAÇÃO INFORMADA EM DCTF E VINCULADA A LIMINAR EM MEDIDA CAUTELAR. MANIFESTAÇAO DE INCONFORMIDADE. CABIMENTO. LIMINAR PARCIALMENTE CONCEDIDA EM MANDADO DE SEGURANÇA. Tratandose de matéria submetida ao Poder Judiciário, descabe a apreciação do cabimento da manifestação de inconformidade em julgamento, devendo ser ela conhecida em obediência à ordem judicial. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DO PAGAMENTO EFETUADO MEDIANTE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. A extinção prevista no art. 156, VII do CTN pressupõe a apuração e o pagamento do crédito tributário pelo sujeito passivo. A compensação decorrente da eficácia de uma decisão judicial precária, informada em DCTF, não atende a tais requisitos. DÉBITO DECLARADO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. COBRANÇA. Regular é a cobrança do débito declarado cuja exigibilidade foi restabelecida, na medida em que a decisão judicial que a suspendia perdeu sua eficácia e o depósito judicial efetuado para substituila revelouse insuficiente. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DESNECESSIDADE. Com a edição da Medida Provisória n° 135, de 2003, restabeleceuse a sistemática de exigência dos débitos confessados exclusivamente com fundamento no documento que formaliza o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, sistemática essa que vinha sendo adotada, com espeque no art. 5° do Decretolei n° 2.124, de 1984, até a edição da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001. Solicitação Indeferida.” O caso foi assim relatado pela instância a quo, verbis: “O presente processo foi formalizado em razão de representação da Equipe de Ações Judiciais EQAJU do Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário SECAT da Delegacia da Receita Federal do Brasil DRFB em Osasco, para viabilizar o devido acompanhamento dos créditos tributários de CSLL declarados como Outras Compensações, em decorrência de medida judicial (fl. 01). Às fls. 03/07 constam cópias das DCTF apresentadas em outubro/98, junho/2000, julho/2000 e novembro/2000, nas quais parcelas dos débitos declarados foram vinculadas a compensação com amparo em liminar em medida cautelar n° 9803082576. Na seqüência, há intimação lavrada em 31/08/2007, atendida pelo contribuinte em 02/10/2007 (fls. 08/168), bem como consultas aos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal o Brasil RFB para confirmação de depósito judicial efetuado em 21/09/2004, que foi imputado aos débitos acima referidos, vinculados à ação judicial, e mostrouse insuficiente para liquidar parte do débito de novembro/2000 (fls. 172/176), motivando a proposta de cobrança nos seguintes termos contidos no despacho de fls. 178/179: Fl. 470DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 4 3 ‘Trata este processo de representação aberta para acompanhamento de débitos suspensos em DCTF de CSLL e IRPJ, que foram declarados como 'Compensações Sem Darf' em função de processo judicial n° 98. 0308285 76, da 4º Vara Federal de Sao Paulo. Os débitos suspensos de CSLL foram alocados a este processo (fls. 03 a 07), e os débitos suspensos de IRPJ estão presentes no processo 10882.001873/200790. A fim de instruir o processo, o contribuinte foi intimado a trazer documentos que demonstrassem a situação atual destes débitos face a ação judicial (fl. 08 Intimação SECAT N’ 2664/2007, com AR de 05/09/2007). Os documentos entregues pela empresa estão acostados nas fls. 21 a 168. Com relação à lide judicial, sua origem se refere ao Mandado de Segurança Nº 97. 005 75 055 da 4’ Vara Federal de São Paulo, onde o contribuinte questiona a legalidade das disposições contidas no art. 1° e parágrafo único da Lei nº 9.316/96, e pleiteia a dedução da CSLL de sua própria base de cálculo, e da CSLL na base de cálculo do IRPJ fls. 57 a 89). A liminar foi concedida por meio da Medida Cautelar n° 98. 03. 08285 76 no TRF da 3’ Região, que posteriormente perdeu sua eficácia em 18/08/2004, através da publicação de acórdão nos autos principais da ação 01. 53 e fl. 91 a 95). Para garantir a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários de CSLL e IRPJ o contribuinte efetuou depósitos em juizo para ambos os tributos em 17/09/2004 Úls. 97/98). O depósito de CSLL (código 7485), no valor total de R$ 91 4. 746,38 foi localizado no sistema informatizado da Receita Federal e, como se encontrava na situação disponível, foi alocado a este processo administrativo (fls. 21 a 23 e fls. 170 a 1 71). Em 02/09/2004, a empresa entrou com duas Apelaçães Cíveis no IRF3, senda a primeira um Recurso Especial no STJ, e a segunda um Recurso Extraordinário no STF. Apenas para o STJ a tramitação desta apelação se encontra disponível para consulta em seu site na Internet (fls. 103 a 129, fls. 130 a 135, e fls. 167/168). A ação judicial, portanto, ainda não transitou em julgado. Com relação à confirmação do montante integral do depósito, utilizouse o sistema SICALC da Receita Federal. Os dados de crédito tributário e o depósito judicial foram incluídos neste sistema e o resultado encontrase presente nas fls. 172 a 177, verificandose a insuficiência do depósito. Á vista do exposto, PROPONHO o envio de Carta Cobrança ao contribuinte relativo a insuficiência do depósito com cópia anexa do Darf de fl. 177.’ Da Carta Cobrança, por sua vez, extraise (fl. 180): ‘EM ANÁLISE REALIZADA NO PROCESSO ACIMA IDENTIFICADO, VERIFICAMOS QUE O DEPÓSITO EM JUÍZO EFETUADO NÃO FOI SUFICIENTE PARA COBRIR O MONTANTE INTEGRAL DOS CREDITOS TRIBUTÁRIOS, REMANESCENDO UM DEBITO CONSTANTE DO DARF ANEXO COM VALOR CONSOLIDADO ATÉ O DIA 31/10/2007. FICA O CONTRIBUINTE TITULAR DO CNPJ ACIMA IDENTIFICADO, OU SEU REPRESENTANTE LEGAL, INTIMADO Fl. 471DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 5 4 NOS TERMOS DOS ARTIGOS 927, 928 E 933 DO DECRETO N’ 3.000, DE 26 DE MARÇO DE 1999, A RECOLHER AOS COFRES DA IHVIÃO O(S) SALDO(S) DEVEDOR(ES) E RESPECTIVOS ACRÉSCIMOS LEGAIS, DENTRO DO PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS, CONTADOS A PARTIR DO RECEBIMENTO DESTA (DATA DA ASSINATURA DO ‘AR’). RESSALTAMOS QUE, CASO O PAGAMENTO SE.IA EFETUADO APÓS A DATA DE VALIDADE INDICADA NA GUIA DARF, O MONTANTE DE JUROS DEVE SER ATUALIZADO NOS TERMOS DO ARTIGO 61, PARAGRAFO 3 DA LEI 9430/96 (TAXA SELIC). NAO PAGO NO PRAZO ESTABELECIDO, O DÉBITO SERÁ INSCRITO NA DIVIDA ATIVA DA UNIÃO, PARA EFEITO DE COBRANÇA EXECUTIVA.’ Cientificado desta cobrança em 15/10/2007 (fl. 184), o contribuinte apresentou documento intitulado manifestação de ínconformidade e dirigido ao Ilmo. Sr. Chefe Substituto do Serviço de Controle e Acompanhamento Tríbutârio SECAT, da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Osasco, em 31/10/2007 (fls. 185/196). Nele, com fundamento no art. 74 §§ da Lei n° 9.430/96 c/c § 1° do art. 18 da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pela Lei n° 11.488/07, requer a sua remessa para a autoridade competente para que seja ela julgada inteiramente procedente para que seja reformada a decisão de fls. 178/179 e cancelada a Carta Cobrança de fls. 180, tendo em vista que os créditos dela objeto encontramse extintos pela homologação tácita da compensação informada pela Manifestante em sua DCTF de outubro de 1998 fls. 3), nos termos dos arts. 150, § 4° e 156, II e VII do CTN. Relata que nos autos da Medida Cautelar Incidental n° 98.03.0828576 efetuou o depósito judicial dos valores que haviam sido compensados no ano de 2000 e acrescenta: ‘Entretanto, conforme se depreende da decisão de fls. 178/179, o Ilmo. Sr. Chefe Substituto do Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário deixou de homologar as compensações efetuadas pela Manifestante em 1998 e, mediante procedimento de imputação dos valores compensados em 1998 com aqueles depositados judicialmente, relativos ao ano de 2000, emitiu a ‘Carta Cobrança ‘ de fls. 180 contra a Manifestante, exigindo o pagamento de CSL que restou após o procedimento de imputação [...] Entretanto, a cobrança em questão não deve prevalecer, uma vez que, por se tratar de compensação efetuada em 1998, o Fisco teria o prazo de 5 (cinco) anos para não homologar o procedimento e, tendo transcorrido mais de 5 (cinco) anos desde a compensação (que ocorreu em outubro de 1998), verificase a extinção dos créditos tributários pela homologação tácita do lançamento efetuado pela Manifestante nos termos do art. 150, § 4° c/c 156, VII do Código Tributário Nacional CTN. E, ainda que pelo procedimento de imputação levado a efeito pela autoridade fiscal, se considere que a compensação não homologada refirase ao mês de novembro de 2000 (tal como consta das Guías DARF de fls. 177), ainda assim também já teria transcorrido o prazo de cinco anos para a homologação da compensação, na forma do art. 150, § 4’ do CTN, razão pela qual, também sob esse aspecto a Carta Cobrança em questão não deve prosperar, não devendo também tais créditos serem inscritos em dívida ativa.’ Fl. 472DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 6 5 Aborda o cabimento da manifestação e ínconformidade, por entender que o caso em questão não se refere a débito declarado em DCTF e não pago, mas sim a compensação informada em DCTF e não homologada, o que e' bem diferente, pois na compensação o que se confessa é PAGAMENTO (a compensação é forma de extinção do crédito tributário, conforme art. 156, II do Código Tributário Nacional) e não um DÉBITO. E, como nãohomologação de compensação, é assegurado ao contribuinte o direito de apresentar tal recurso. Menciona que o art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835/2001 exigia o lançamento de ofício de diferenças apuradas em declaração prestada pelo sujeito passivo decorrentes de compensação de tributos federais, razão pela qual as compensações declaradas em DCTF pelo sujeito passivo e não homologados pelas autoridades fiscais deveriam ser objeto de lançamento de ofício, sendo que a partir daí seguiriam o rito estabelecido pelo Decreto n° 70. 235/72. Com a edição do art. 18 da Lei n° 10.833/2003, entende que tal lançamento tornouse desnecessário, mas como seu §1° ressalvou que aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6° a 11 do art. 74 da Lei n° 9. 430/96, que por sua vez preveem que o sujeito passivo poderá apresentar Manifestação de Inconformidade contra a decisão que não homologar a compensação, conclui que a presente manifestação de inconforrnidade deve ser recebida a julgada, inclusive com a suspensão da exigibilidade dos débitos compensados. Defende que a compensação informada pela Manifestante em outubro de 1998 em sua DCTF constituise em procedimento adotado no âmbito do lançamento por homologação, uma vez que o procedimento de apuração do imposto a pagar partiu exclusivamente da Manifestante e sujeitouse a posterior homologação pelo Fisco, que efetivamente iniciou procedimento de verificação através do presente processo, razão pela qual estaria tacitamente homologada tal providência com o decurso de 5 (cinco) anos contados a partir da data de entrega da DCTF. Reitera que não se trata de débito declarado e não pago, pois não se confessou débito, mas sim PAGAMENTO mediante COMPENSAÇÃO, o que atrai a necessidade de posterior HOMOLOGAÇÃO desse pagamento pelo Fisco no prazo de cinco anos contados desse mesmo pagamento fato gerador). Reportase a julgados do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que a compensação informada em DCTF é modalidade de extinção do crédito tributário e sujeita a homologação pelo Fisco, porque na compensação declarada em DCTF ainda não há crédito tributário constituído, ao contrário da confissão de débitos e o seu subseqüente não pagamento. Cita também acórdãos do Conselho de Contribuintes no sentido de que há homologação tácita após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data da entrega da respectiva declaração para reforçar seu entendimento assim consolidado: ‘Tendo o fato gerador ocorrido em 1998, seja em outubro, por conta do mês em que foi feita a compensação, seja em 31/I2/98, por conta do fato gerador da CSL, seja quando da entrega da DCTF em janeiro de 1999 ou ainda, do fato gerador indicado nas DARFs emitidas para pagamento após o procedimento de imputação (novembro de 2000) verificase que os créditos tributários objeto do presente processo encontramse extintos pela homologação tácita do lançamento efetuado pela Manifestante, uma vez que transcorridos mais de cinco anos contados sem que a Fazenda Pública tenha se pronunciado, sejam eles contados do mês em que foi feita a compensação (outubro de 1998, extinto em outubro de 2003), do fato gerador do IRPJ (31/12/98, extinto em 31/12/03), da data da entrega da DCTF relativa ao 4’ Fl. 473DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 7 6 trimestre de 1998 janeiro de 1999, extinto em janeiro de 2004) ou da data do fato gerador indicada nas guias DARF de fls. 177 (novembro de 2000).’ Às fls. 207/225 constam informações do Mandado de Segurança n° 2007.61.00.00304525, impetrado pelo interessado com vistas ã expedição de certidão positiva de débito com efeito de negativa, no qual foi indeferida a liminar em 09/11/2007, mas em cuja decisão constou que: ‘No tocante aos processos administrativos n°s 10882001873/200790 e 10.882.001871/200709, verifico que a Impetrante apresentou, em 31/10/2007, Manifestações de Inconformidade, conforme comprovam os documentos de fls. 211/222 e 223/234, nos termos do parágrafo nono, do artigo 74, da Lei 9. 430/96, significando, pelo curso espaço de tempo que ainda não foram julgados pelo órgão competente.’ Frente a tais circunstâncias, o SECAT da DRFB/Osasco suspendeu os débitos cobrados por impugnação e enviou os autos a esta DRJ para apreciação da manifestação de inconformidade (fls. 226/227). Contudo, em triagem de entrada do processo, o Serviço de Controle de Julgamento SECO] devolveu os autos à origem sob a seguinte justificativa: Assim, ausente pedido de restituição, pedido de compensação convertidos em DCOMP ou declaração de compensação, não compete a esta DRJ apreciar questionamento apresentado pelo contribuinte contra ato que apurou a insuficiência do depósito efetuado em juízo, que resultou na emissão de cobrança de débitos declarados. Concluindo por sua competência para apreciar o feito, a EQAJ UD do SECAT da DRFB/Osasco firmou a improcedência dos argumentos do impugnante, na medida em que não havia porque se cogitar de homologação de compensação na presença de discussão judicial sobre a matéria, bem como porque a DCTF é elemento constitutivo do crédito tributário e era desnecessário o lançamento, além de ser incabível a suspensão da exigibilidade do crédito tributário sem a complementação do depósito judicial. Propôs, assim, a revisão da imputação dos depósitos judiciais, a reativação da exigibilidade do crédito tributário, e a ciência ao contribuinte para que recolhesse os valores apurados, ou complementasse o depósito judicial, sob pena de inscrição dos débitos em Dívida Ativa da União (fls. 236/240). Cientificado do despacho do EAQJU/SECAT/DRFB Osasco em 04/04/2008, e do despacho do SECOJ desta DRJ em 18/04/2008, o contribuinte comunicou em 15/05/2008 a decisão proferida em sede de Agravo de Instrumento n° 2007.03.00.1001181, deferindo os efeitos de antecipação de tutela recursal, a fim de que a empresa possa obter a Certidão Positiva de Débitos com Efeito de Negativa (fls. 245/297). Da decisão do TRF/3’ Região extraise: 1. A agravante sustenta que a cobrança relacionada aos processos administrativos n°s 10.882.001873/200790 e 10.882.001871/200709 não constitui impedimento à expedição da pretendida certidão, pois os débitos estariam com a exigibilidade suspensa, em virtude recurso administrativo (fls. 250/261 e 263/274), pendente de decisão definitiva. 2. De fato, há nos autos indicação de que referidos débitos encontramse com a exigibilidade suspensa, conforme sustentado pela recorrente. E o que se extrai da r. decisão agravada (fls. 361/363). Confirase: Fl. 474DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 8 7 ‘No tocante aos processos administrativos n°s l0.882.00l873/200790 e 10.882.001871/200709, verifico que a Impetrante apresentou, em 31/10/2007, Manifestações de Inconformidade, conforme comprovam os documentos de fls. 211/222 e 223/234, nos termos do parágrafo nono, do artigo 74, da Lei 9.430/96, significando, pelo curso espaço de tempo que ainda não foram julgados pelo órgão competente. Dessa forma, o crédito tributário apontado acima está com a exigibilidade suspensa, a teor do artigo 151, inciso III, do Código Tributário Nacional, combinado com o parágrafo décimo primeiro, do artigo 74, da Lei n° 9.430/96.’ 3. Portanto, ao menos este juízo preliminar, a situação da agravante autoriza a obtenção de certidão positiva de débitos com efeito de negativa CPDEM, desde que os únicos óbices sejam os débitos relacionados aos processos supra referidos. Em 21/05/2008, concluindo que não foi determinada judicialmente a suspensão da exigibilidade dos débitos remanescentes após imputação dos depósitos judiciais (fl. 304), e ante a inação do interessado após ser intimado a efetuar a devida complementação, formalizouse o processo administrativo n° 10882.001618/2008 28 para inscrição em Dívida Ativa da União dos referidos valores, remanescendo sob oontrole neste processo apenas os débitos alcançados pelos depósitos judiciais (fls. 306/310). Todavia, em razão de ordem judicial exarada nos autos do Mandado de Segurança n° 2008.61.05 .0058022, determinando a apreciação, em 60 dias, das manifestações de inconformidade anteriormente protocoladas, os autos foram solicitados por esta DRJ e assim despachados pela EQAJU/SECAT/DRFB Osasco em 21/07/2008, com seu posterior recebimento em 28/07/2008.” O acórdão recorrido (fls. 393 a 412) julgou improcedente a manifestação de inconformidade em função de inexistência de homologação tácita da compensação ou decadência do direito de lançar o crédito tributário e no, mérito, por força da superioridade hierárquica e observância obrigatória das decisões do poder judiciário, manteve o entendimento exarado pelo poder judiciário ao revogar a liminar que autorizava a compensação ora analisada. Em sede de recurso voluntário (fls.427 a 451), a Contribuinte reproduz as suas alegações da manifestação de inconformidade, especialmente no que se refere à homologação tácita da compensação, com fundamento no art. 150, § 4º do CTN. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé Inicialmente, esclareço que fui designado pelo Presidente da 1a Câmara redator ad hoc após a extinção formal da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, tendo em vista a não formalização do acórdão pelo relator originário, conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho. Fl. 475DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 9 8 Tendo participado do julgamento em questão, observo que, na ocasião, foi disponibilizado pelo relator minuta do voto proferido. Tendo efetuado a sua revisão para fins de formalização do presente voto, verifico tratarse de reprodução fiel do quanto foi apresentado em sessão e que representa, portanto, as razões que orientaram o Colegiado a, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Nestes termos, o voto a seguir é a reprodução do mencionado voto, com mínimos ajustes de redação que se fizeram necessários. O recurso interposto atende aos pressupostos de admissibilidade, pelo que dele se toma conhecimento. Aduz a Contribuinte que teria ocorrido a homologação tácita das compensações declaradas em DCTFs relativas aos períodos 1998 e 2000, objeto da presente discussão, por força do disposto no art. 150, § 4º do CTN, não sendo, portanto, possível a cobrança de valores referentes aos débitos compensados. Confirase: “Sendo assim, ainda que se admita, apenas para fins de argumentação, que a homologação a que se refere o art. 150, § 4° do CTN diz respeito ao pagamento (e não à atividade de lançamento executada pelo contribuinte), verificase que, no caso concreto, também houve efetivo pagamento passível de ser homologado pelas autoridades fiscais, homologação essa que, conforme já demonstrado, não ocorreu dentro do prazo de 5 (cinco) anos previsto no § 4° do referido dispositivo legal, que assim dispõe: (...) E, não havendo homologação dentro do prazo de 5 (cinco) anos contados da data da compensação efetuada pela Recorrente (outubro de 1998), verificase que os créditos tributários objeto de cobrança no presente processo administrativo foram abrangidos pela DECADÊNCIA e, portanto, encontrase extintos na forma do art. 156, VII do CTN, in verbis: (...)” (grifouse) O acórdão atacado, por sua vez, sustenta a inaplicabilidade do art. 150, § 4º do CTN, sob a alegação de que o prazo de homologação somente se aplicaria aos casos de pagamento e de compensações informadas em DCTF desvinculadas de ações judiciais. Confirase: “Nestes termos, a homologação, como forma extintiva do crédito tributário, prevista no inciso VII do art. 156 do CTN, ocorre de forma expressa (art. 150, caput e §1° do CTN) ou tácita (art. 150, §4° do CTN), e deve estar acompanhada do pagamento antecipado, qual seja, aquele determinado em atividade do próprio sujeito passivo, e não do Fisco. Já a compensação, prevista no inciso II, em momento algum é cogitada no art. 150 do CTN, e nem mesmo com ele combinada no art. 156 do CTN. Fl. 476DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 10 9 Isto porque a compensação, para extinguir crédito tributário, deve observar as disposições específicas para tanto, postas no mesmo diploma legal: (...) Deduzse daí que as referências a entendimento exteriorizado pelo Superior Tribunal de Justiça, contido nas ementas de acórdãos que reproduz em sua defesa, cingese a compensações informadas em DCTF sem a dependência .de decisão judicial autorizativa. Somente estas, quando realizadas entre tributos de mesma espécie e sem pedido, nos termos do art. 66 da lei n° 8.383/91, poderiam ser cogitadas como extintivas do crédito tributário. (fls. 407)” Cingese a discussão, portanto, à possibilidade de o Fisco exigir crédito tributário decorrente de compensações realizadas pelo contribuinte por meio de DCTF nos anoscalendário de 1998 e 2000, sob a égide da Lei n. 8.383/91, após o decurso do prazo de cinco anos do fato respectivo (no caso, da compensação) independentemente de auto de infração lavrado no prazo de que trata o art. 150, § 4o do CTN. Não é adequado falarse em homologação tácita da compensação em períodos anteriores à edição da Lei n. 10.833/2003, que deu redação ao § 5o, do artigo 74 da Lei n. 9.430/96. Citada homologação tácita, por decurso do prazo qüinqüenal sem qualquer manifestação da Fazenda Nacional sobre a procedência da compensação, passou a existir no ordenamento brasileiro a partir da edição de referida legislação. Releva saber se o direito de o Fisco constituir/exigir o crédito tributário (indevidamente) compensado pela Contribuinte estaria extinto pelo decurso de prazo decadencial ou prescricional, respectivamente. A própria Contribuinte certamente não discorda de tal entendimento, já que pleiteia a aplicação ao caso do disposto no art. 150, § 4o do CTN, que estabelece prazo decadencial para constituição de créditos de tributos sujeitos a lançamento por homologação. Como se sabe, a decadência fere de morte o direito de o Fisco constituir o crédito tributário. Por decorrência lógica, só há que se falar em decadência nas hipóteses em que o crédito tributário não tenha sido previamente constituído pelo contribuinte, já que não se pode atribuir efeitos à inércia ao Fisco em relação a ato (de lançamento) que já tenha sido praticado pelo contribuinte (autolançamento), na forma da lei. Já o decurso do prazo prescricional extingue o direito da Fazenda Nacional de cobrar, em sentido estrito, crédito tributário que já tenha sido constituído previamente, por ela (Fazenda) ou pelo contribuinte. Segundo o acórdão recorrido, não haveria decadência em virtude de alegado autolançamento do crédito tributário (pelo contribuinte) por meio de DCTF, a teor do disposto no art. 5o, I do Decretolei n. 2.124/1984. Nada obstante os robustos fundamentos do acórdão recorrido, em exame ao tema, o Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que é necessário o lançamento de ofício para constituição de crédito tributário decorrente de compensação indevida praticada pelo contribuinte em data anterior a 30.10.2003, ainda que o tributo cuja compensação se pretendia estivesse informado em DCTF. Tal entendimento decorre da assertiva de que a Fl. 477DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 11 10 confissão de dívida em DCTF não alcança os todos os débitos declarados, mas apenas o saldo devedor informado pelo sujeito passivo (o que, no caso de compensação, é zero). Verbis: “TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO INDEVIDA INFORMADA EM DCTF. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. DATA DA NOTIFICAÇÃO. PRESCRIÇÃO NÃO CARACTERIZADA. 1. Nos termos da jurisprudência do STJ, nos casos em que o contribuinte declarou os tributos via DCTF e realizou a compensação indevida nesse mesmo documento é necessário o lançamento de ofício para se cobrar a diferença apurada, caso a DCTF tenha sido apresentada antes de 31.10.2003. A partir 31.10.2003 em diante é desnecessário o lançamento de ofício, todavia os débitos decorrentes da compensação indevida só devem ser encaminhados para inscrição em dívida ativa após notificação ao sujeito passivo para pagar ou apresentar manifestação de inconformidade, cujo recurso suspende a exigibilidade do crédito tributário. 2. Hipóteses em que as DCTFs foram entregues antes de 31.10.2003, logo indispensável o lançamento de ofício e, nesses casos, inexistindo quaisquer causas de suspensão da exigibilidade do crédito ou de interrupção da prescrição, o prazo prescricional contase da data em que o contribuinte for regularmente notificado. 3. Não decorridos mais de cinco anos entre a constituição definitiva do crédito tributário e a citação do devedor, fica afastada a prescrição. Agravo regimental improvido.” (AgRg no REsp 1495435/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 12/02/2015) No mesmo sentido: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO INFORMADA EM DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS DCTF. IMPRESCINDIBILIDADE DE LANÇAMENTO DOS DÉBITOS OBJETO DE COMPENSAÇÃO INDEVIDA DECLARADA EM DCTF ENTREGUE ANTES DE 31.10.2003. 1. Antes de 31.10.2003 havia a necessidade de lançamento de ofício para se cobrar a diferença do "débito apurado" em DCTF decorrente de compensação indevida. Interpretação do art. 5º do DecretoLei nº 2.124/84, art. 2º, da Instrução Normativa SRF n. 45, de 1998, art. 7º, da Instrução Normativa SRF n. 126, de 1998, art. 90, da Medida Provisória n. 2.15835, de 2001, art. 3º da Medida Provisória n. 75, de 2002, e art. 8º, da Instrução Normativa SRF n. 255, de 2002. 2. De 31.10.2003 em diante (eficácia do art. 18, da MP n. 135/2003, convertida na Lei n. 10.833/2003) o lançamento de ofício deixou de ser necessário para a hipótese, no entanto, o encaminhamento do "débito apurado" em DCTF decorrente de compensação indevida para inscrição em dívida ativa passou a ser precedido de notificação ao sujeito passivo para pagar ou apresentar manifestação de inconformidade, recurso este que suspende a exigibilidade do crédito tributário na forma do art. 151, III, do CTN (art. 74, §11, da Lei n. 9.430/96). 3. Desse modo, no que diz respeito à DCTF apresentada antes de 31.10.2003, onde houve compensação indevida, compreendo que havia a Fl. 478DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO Processo nº 10882.001871/200709 Acórdão n.º 1102001.327 S1C1T2 Fl. 12 11 necessidade de lançamento de ofício para ser cobrada a diferença do "débito apurado", a teor da jurisprudência deste STJ, o que não ocorreu. Precedentes: REsp. n. 1.240.110PR, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2.2.2012; REsp. n. 1.205.004SC, Segunda Turma, Rel. Min. César Asfor Rocha, julgado em 22.03.2011; REsp. n.º 1.212.863 PR, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03.05.2012. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1332376/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/12/2012, DJe 12/12/2012) Citado entendimento repercute também em instância administrativa. Vejase, no mesmo sentido, precedente da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do CARF, em recurso interposto pela própria Fazenda Nacional, verbis: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1998 a 31/03/1998, 01/07/1998 a 31/12/1998 DÉBITOS DECLARADOS EM DCTF, VINCULADOS À COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO POSSIBILIDADE. É lícito o lançamento de ofício para constituir o crédito tributário devido à Fazenda Nacional quando os débitos declarados em DCTF foram vinculados a compensações informadas pelo declarante, sem saldo a recolher. A confissão de dívida não alcança todos os débitos declarados, mas apenas o saldo devedor informado pelo sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. (CSRF. Acórdão nº 9303002.324. 3ª Turma. Henrique Pinheiro Torres. Julgado em 20.06.2013) Considerada a existência de ação judicial relacionada ao direito creditório alegado pela Contribuinte, seria de rigor a lavratura de auto de infração para prevenção de decadência, a teor do art. 63 da Lei n. 9.430/1996. Ausente o lançamento no prazo qüinqüenal estabelecido em lei, estará decaído o direito do Fisco de constituir o respectivo crédito tributário. Citada constituição não pode ser realizada por meio de mera “cartacobrança” e imediata inscrição do crédito respectivo em dívida ativa, tal como ocorre no caso. Diante do exposto, orientase voto no sentido de conhecer do recurso voluntário interposto pela Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc Fl. 479DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/ 09/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PERE IRA VALADAO
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Numero do processo: 19515.000843/2004-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONO DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO. O art. 23 da Lei nº 70.235/72 não traz previsão da possibilidade de a intimação dar-se na pessoa do advogado do autuado, tampouco o RICARF apresenta regramento nesse sentido.
SUSTENTAÇÃO ORAL. A sustentação oral por causídico está jungida às normas constantes no parágrafo único do art. 55 do Anexo II do RICARF.
PEDIDO DE PERÍCIA. REJEIÇÃO. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO ESPECIALIZADO PARA O ESCLARECIMENTO DOS FATOS. Deve ser rejeitado pedido de perícia quando a matéria posta nos autos não carece de conhecimentos especializados para o seu esclarecimento.
IRPF. RECOLHIMENTOS DE CARNÊ-LEÃO. DECADÊNCIA. DECISÃO DO STJ NO RESP Nº 973.733 JULGADO SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. A existência de recolhimentos de imposto de renda realizados a título de carnê-leão se traduz em antecipação de pagamento apta a atrair a incidência do § 4º do art. 150 do CTN para fins de contagem do prazo decadencial, assim definido pelos termos da decisão do STJ no REsp nº 973.733, proferida em sede de recurso repetitivo.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.799
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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DESCABIMENTO. O art. 23 da Lei nº 70.235/72 não traz previsão da possibilidade de a intimação darse na pessoa do advogado do autuado, tampouco o RICARF apresenta regramento nesse sentido. SUSTENTAÇÃO ORAL. A sustentação oral por causídico está jungida às normas constantes no parágrafo único do art. 55 do Anexo II do RICARF. PEDIDO DE PERÍCIA. REJEIÇÃO. DESNECESSIDADE DE CONHECIMENTO ESPECIALIZADO PARA O ESCLARECIMENTO DOS FATOS. Deve ser rejeitado pedido de perícia quando a matéria posta nos autos não carece de conhecimentos especializados para o seu esclarecimento. IRPF. RECOLHIMENTOS DE CARNÊLEÃO. DECADÊNCIA. DECISÃO DO STJ NO RESP Nº 973.733 JULGADO SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC. A existência de recolhimentos de imposto de renda realizados a título de carnêleão se traduz em antecipação de pagamento apta a atrair a incidência do § 4º do art. 150 do CTN para fins de contagem do prazo decadencial, assim definido pelos termos da decisão do STJ no REsp nº 973.733, proferida em sede de recurso repetitivo. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 08 43 /2 00 4- 76 Fl. 3221DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 3222DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 19515.000843/200476 Acórdão n.º 2402004.799 S2C4T2 Fl. 3.222 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II (SP) DRJ/SP2, que julgou parcialmente procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), exigindo crédito tributário no valor total de R$ 1.530.622,58 relativo ao anocalendário 1998 (fls. 2921/2988). Passo a transcrever, com a devida vênia, o Relatório constante na decisão recorrida, o qual bem descreve o conteúdo do litígio posto nos presentes autos: Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 2891 a 2893, a exigência decorreu das seguintes infrações à legislação tributária: 1. omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, decorrentes de trabalho sem vínculo empregatício, conforme parágrafo 4.12.6 do Termo de Verificação em anexo. O enquadramento legal, bem como data do fato gerador e valor tributável estão relacionados à fl. 2891; 2. omissão de ganhos de capital obtidos na alienação de bens e direitos, conforme parágrafo 4.12.2 do Termo de Verificação anexo. O enquadramento legal, bem como data dos fatos geradores e valores tributáveis estão relacionados às fls. 2891/2892; 3. omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta(s) de depósito ou de investimento, mantida(s) em instituição (ões) f1nanceira(s), em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme Termo de Verificação anexo. Os valores tributáveis, data dos fatos geradores e enquadramento legal encontramse descritos à fl. 2892; 4. Falta de recolhimento do imposto de renda da pessoa física devido a título de carnêleão, apurada conforme Temo de Verificação anexo. O valor das multa isolada e respectiva data, bem como o enquadramento legal, encontramse descritos a fl. 2893. A multa de ofício foi aplicada no percentual de 75% com base legal no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96 (fl. 2888) e a multa isolada, no percentual de 75%, com fundamento no art. 8° da Lei 7.713/88 c/c arts. 43 e 44, § 1°, inciso IIII, da Lei n.° 9.430/96 (fl. 2893). Cientificado pessoalmente do lançamento em l6/04/2004, por seu procurador (documentos de fls. 120/121), o contribuinte apresentou, em 17/05/2004, a impugnação de fls. 2897 a 2907, subscrita por procuradora (documento de fl. 2908), acompanhada dos documentos de fls. 2909/2979, na qual alega, em síntese. que: GANHO DE CAPITAL não questiona a exigência do ganho de capital anexando os comprovantes de pagamento; OMISSAO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS Fl. 3223DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 o valor a que tinha direito como interventor do 1° Registro da Comarca de Guarulhos no valor de R$ 75.683,53, deveria ser lançado em sua DIRPF/1999 e o respectivo tributo recolhido, o que de fato não foi feito, contudo, como se verifica nos documentos de fls. 2954/2956, o tributo foi recolhido entre os meses de maio a novembro de 1999, incluída a base tributável referente ao mês de janeiro de l999, conforme demonstra a memória de cálculo anexa (fl. 2957), cabendo, portanto, apenas a exigência dos juros e correção monetária desde a data da mora efetiva do contribuinte, janeiro de 1999, mas não o valor do principal que já foi recolhido; MULTA ISOLADA considerando que houve a denúncia espontânea, com o pagamento do tributo, a multa de mora não e exigível (cita doutrina e jurisprudência administrativa); DEPÓSITOS BANCÁRIOS os depósitos objeto da autuação referemse a depósitos prévios para o registro de documentos no Cartório, que são efetuados pelos clientes do Cartório e, posteriormente devolvidos, total ou parcialmente, nas hipóteses em que não se efetiva o registro pleiteado ou quando se constata, no momento do registro, que o valor devido é menor; para se ter idéia do volume dessas devoluções, verificase que o valor glosado corresponde a aproximadamente 15% do volume dos depósitos de todas as contas do Cartório em 1998 e que a partir de 2003 com a introdução de novos sistemas de controle para evitar divergências, o volume de devoluções representou, ainda, 10% do volume de depósitos; se a devolução é uma ocorrência natural do dia a dia dos Cartórios de Registro, não nos parece razoável que o fisco considere como omissão de receita todos os depósitos apontados sob o argumento de que não há documentos com a manifestação do beneficiário quanto ao recebimento desses valores pois está partindo da presunção de que a falta de manifestação do beneficiário faz supor a infração de omissão de receita; outro aspecto que o fisco deveria levar em consideração é a análise global da DIRPF/98 do contribuinte, na qual se constata variação patrimonial de R$ 265.557,00, valor que não é compatível com o valor considerado pelo fisco como omissão de receita; há de se comprovar o nexo causal entre o depósito e o fato que representa omissão de rendimentos, uma vez que o depósito, por si só, não pode ser considerado como fato gerador do imposto, pois não caracteriza disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos (transcreve a súmula 182 do antigo TRF e jurisprudência administrativa); por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito e requer a apreciação da defesa com a final decretação da improcedência da pretensão fiscal. Posteriormente, em 25/02/2008, o recorrente juntou aos autos a petição de fls. 2996/3002, argüindo, em preliminar, a decadência do direito de lançar, argumentando que o imposto de renda das pessoas físicas é lançamento por homologação, ocorrendo o seu fato gerador em 31 de dezembro (transcreve jurisprudência administrativa). A decisão de primeira instância manteve o lançamento (fls. 3129/3140), consubstanciando seu entendimento no acórdão assim ementado: Fl. 3224DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 19515.000843/200476 Acórdão n.º 2402004.799 S2C4T2 Fl. 3.223 5 DECADÊNCIA. Tratandose de lançamento ex officio, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é' a estatuída pelo art. 173, I, do Código Tributário Nacional, iniciandose o prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. OMISSAO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FISICAS. Mantémse a inclusão dos rendimentos, cuja omissão na declaração de ajuste foi reconhecida pelo próprio contribuinte, não restando comprovado nos autos o recolhimento do tributo devido sobre os rendimentos omitidos. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei n° 9430/96, que teve vigência a partir de 0l/01/1997, estabeleceu, em seu art.. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar. mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento. MULTA ISOLADA. PENALIDADE. APLICAÇÃO RETROATIVA DE LEGISLAÇÃO MAIS BENEFICA. Aplicase a penalidade menos severa estabelecida em medida provisória posterior a prevista na lei vigente ao tempo da autuação. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EXTENSAO. As decisões administrativas não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela objeto da decisão. O contribuinte interpôs recurso voluntário em 19/2/2010, aduzindo, em síntese, que: está desde 31/12/2003 decaído o direito do Fisco de constituir o crédito tributário relativo ao anocalendário 1998; deve ser tratado com base na verdade material do exercício de sua atividade, e que não omitiu rendimentos recebidos de pessoas físicas; há necessidade de perícia nos documentos; é confiscatória a multa de ofício lavrada; é inaplicável a taxa de juros Selic; há bis in idem na cobrança de multa e juros de mora. Fl. 3225DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Requereu fosse declarada a decadência do lançamento, e ainda, que fosse realizada perícia nos livros e documentos juntados, deferida sustentação oral e a ciência do procurador quando da designação do julgamento, e admitida a matéria de mérito levantada. Ao final, demandou o afastamento da multa e a adequação da taxa de juros ao percentual de 1% ao mês. Em 2/7/2014 o contribuinte solicitou prioridade na tramitação do feito, por ser maior de sessenta anos, e juntou procuração conferindo poderes a novos patronos, protocolizando, no dia 20/2/2015, a entrega de memorial reforçando seus argumentos a respeito da decadência do lançamento bem como acerca do mérito, juntando documentos. É o relatório. Fl. 3226DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 19515.000843/200476 Acórdão n.º 2402004.799 S2C4T2 Fl. 3.224 7 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Da intimação pessoal do patrono do contribuinte e da sustentação oral. É demandada a ciência pessoal do patrono do contribuinte e do seu procurador quando da designação da data de julgamento, para que seja possibilitado o implemento de sustentação oral. O art. 23, incisos I a III do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (na redação dada pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997), estabelece que as intimações no decorrer do contencioso administrativotributário federal serão realizadas pessoalmente ao sujeito passivo, não a seu advogado, inexistindo tampouco permissivo para tanto no Regimento Interno do CARF RICARF (Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015). O parágrafo único do art. 55 do Anexo II desse regimento1, por outro lado, regra que a pauta de julgamento deve ser publicada no Diário Oficial da União com dez dias de antecedência, bem como no sítio da internet do CARF, sendo perfeitamente possível ao patrono do autuado acompanhar tais publicações para, caso lhe aprouver, formular sustentação oral na sessão de julgamento. Improcedentes, portanto, os pedidos. Do pedido de perícia. A decisão sobre os pedidos de diligência e de perícia está no âmbito da discricionariedade do julgador, conforme regram os arts. 18 e 29 do Decreto nº 70.235/72. E, no caso dos autos, não se vislumbra a necessidade de conhecimentos técnicos especializados para a formação de convicção acerca dos fatos, podendo ser feita a análise dos documentos colacionados pelos pares deste colegiado sem a realização da perícia cogitada. Por seu turno, o recorrente não formula quesitos referentes aos exames que pleiteia, nem indica profissional para a sua realização, desatendendo os termos do inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Ademais, demonstrou ele em seu recurso conhecer perfeitamente o teor das infrações que lhe foram impostas, não havendo falar em qualquer prejuízo a sua defesa que possa macular o lançamento, na forma do art. 59 do mencionado Decreto. 1 Art. 55. A pauta da reunião indicará: (...) Parágrafo único. A pauta será publicada no Diário Oficial da União com 10 (dez) dias de antecedência e divulgada no sítio do CARF na Internet. Fl. 3227DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 Cabe assim afastar a pretensão veiculada, no particular. Da decadência. A decadência do direito do Fisco constituir o crédito tributário é matéria que foi objeto de apreciação por parte da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no REsp nº 973.733/SC. Julgado em 12/8/2009, em sede de recurso repetitivo (art. 543C do Código de Processo Civil), o respectivo acórdão traz a seguinte ementa, parcialmente transcrita: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel.Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). (...) Segundo as palavras extraídas do voto do relator, Ministro Luiz Fux: Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.(grifos do original) No que diz respeito aos casos em que há o referido pagamento antecipado, ainda que em montante menor que o devido, a fundamentação do acórdão supra reportase aos precedentes sobre os quais ele se assenta, citandose naquele, por exemplo, o REsp nº 766.050/PR (Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28/11/2007, DJe 25/2/2008): Por outro lado, a decadência do direito de lançar do Fisco, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo Fl. 3228DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 19515.000843/200476 Acórdão n.º 2402004.799 S2C4T2 Fl. 3.225 9 ou simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, obedece a regra prevista na primeira parte do § 4º, do artigo 150, do Codex Tributário, segundo o qual, se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador: "Neste caso, concorre a contagem do prazo para o Fisco homologar expressamente o pagamento antecipado, concomitantemente, com o prazo para o Fisco, no caso de não homologação, empreender o correspondente lançamento tributário. Sendo assim, no termo final desse período, consolidamse simultaneamente a homologação tácita, a perda do direito de homologar expressamente e, conseqüentemente, a impossibilidade jurídica de lançar de ofício" (In Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad , pág. 170) (grifei) Bem esclarecidas as teses jurídicas de observância obrigatória para este Colegiado, por força do § 2º do art. 62 do RICARF, cabe passar à análise do caso concreto. A autuação referese ao Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) do ano calendário 1998, tributo sujeito ao lançamento por homologação cuja respectiva declaração foi entregue em 28/4/1999 (fl. 8). No que diz respeito aos rendimentos sujeitos ao ajuste anual, o respectivo fato gerador se perfectibilizou, assim, em 31/12/1998. Por sua vez, reza o § 1º do art. 150 do CTN que a extinção do crédito tributário dáse pelo pagamento, sob condição resolutória de posterior verificação, por parte da fiscalização fazendária, da exatidão do valor recolhido. Na espécie, temse que o contribuinte efetuou recolhimentos de imposto de renda a título de carnêleão, código de receita nº 0190 no decorrer do anocalendário de 1998 que alcançaram a cifra de R$ 576.010,89, de acordo com as informações constantes na Declaração de Ajuste do exercício 1999 (fls. 3084/3088) e R$ 541.151,30, conforme as informações constantes nos sistemas de arrecadação da Receita Federal do Brasil (fls. 39/40). Ora, os pagamentos efetuados no curso do anocalendário a título de carnê leão são antecipações mensais obrigatórias do imposto de renda devido no ajuste, sendo efetuadas sobre os rendimentos recebidos de pessoa física, de fontes no exterior e emolumentos e custas dos serventuários da justiça, tais como tabeliões, notários e oficias públicos, nos termos do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 c/c o art 4º da Lei nº 8.134, de 27 de dezembro de 1990. Por conseguinte, temse que nos casos em que se verifica a existência de pagamentos realizados a título de carnêleão também ocorre o pagamento antecipado do tributo sujeito à sistemática de lançamento por homologação, traduzindose, à míngua da existência de dolo, fraude ou simulação, em hipótese na qual a contagem do prazo decadencial se dá nos termos preconizados pelo art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional, interpretado sob o lume do precedente estabelecido no mencionado julgamento do REsp nº 973.733/SC. No dia em que o contribuinte foi cientificado do auto de infração, 16/4/2004 (fl. 2983), já haviam se passado mais de cinco anos desde 31/12/1998, data em que se completou o fato gerador do imposto de renda incidente sobre os rendimentos auferidos no Fl. 3229DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 10 decorrer do anocalendário 1998, e sobre os quais já havia sido parcialmente antecipado o pagamento do tributo via recolhimento de carnêleão pelo sujeito passivo. Constatase, assim, que à ocasião dessa ciência já havia se extinguido o direito do Fisco de constituir crédito tributário de imposto de renda pessoa física por meio de lançamento de ofício, no tocante ao fato gerador do anocalendário 1998. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário, nos termos do presente julgado. Ronnie Soares Anderson. Fl. 3230DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/01/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 10855.910449/2009-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Dec 24 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3402-000.728
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
RESOLVEM os membros da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba SP (domicílio tributário da Recorrente), para que com base nos documentos e informações anexados aos autos como o arquivo não paginável e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03 e 10.637/02, elaborar parecer e demonstrativo dos valores, após analisado se os dispêndios com os itens indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS, conforme consta no voto.
Após, retornem-se os autos a este CARF, para prosseguimento do julgamento.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Ausente ocasionalmente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro.
Relatório
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1976; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 188 1 187 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10855.910449/200927 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402000.728 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 09 de dezembro de 2015 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente YAZAKI DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, RESOLVEM os membros da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba – SP (domicílio tributário da Recorrente), para que com base nos documentos e informações anexados aos autos como o “arquivo não paginável” e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03 e 10.637/02, elaborar parecer e demonstrativo dos valores, após analisado se os dispêndios com os itens indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS, conforme consta no voto. Após, retornemse os autos a este CARF, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Ausente ocasionalmente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 55 .9 10 44 9/ 20 09 -2 7 Fl. 188DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910449/200927 Resolução nº 3402000.728 S3C4T2 Fl. 189 2 Relatório Tratase o presente processo, que a Recorrente transmitiu em 30/06/2009, o PER/DECOMP n° 41694.44467.030709.1.3.041399, através da qual compensou crédito de COFINS no valor original de R$ 132.022,55, proveniente do DARF no valor de R$ 498.522,85 pago a maior, com a CSRF (código 5952) no valor de R$ 17.947,52, PIS (código 3770) na valor de R$ 53,81, COFINS (código 3746) no valor de R$ 269,01, referente ao período de 1ª quinzena de Junho de 2009, considerando o crédito indicado acima em virtude do alegado recolhimento a maior. A DRF de Sorocaba (SP), conforme o Despacho Decisório, com número de rastreamento 848720533 (fl. 5), emitido eletronicamente em 07/10/2009, concluiu que a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada não foi homologada. Inconformada, a Recorrente em 13/11/2009, protocolou sua Manifestação de Inconformidade às fls. 8/9. A DRJ de Belo Horizonte (MG), conforme Acórdão de fls. 37/40, julgou IMPROCEDENTE, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar as compensações em litígio. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: DESPACHO DECISÓRIO O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório com número de rastreamento 848720533, emitido eletronicamente em 07/10/2009, referente ao PER/DCOMP nº 41694.44467.030709.1.3.041399. O PerDcomp foi transmitido com o objetivo de compensar o(s) débito(s)nele discriminado(s) com crédito de COFINS, Código de Receita 5856, no valor de R$20.517,60, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 20/05/2008. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN),art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE O interessado apresentou manifestação de inconformidade, alegando que alegando que apurou saldo credor de COFINS, conforme DACON Fl. 189DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910449/200927 Resolução nº 3402000.728 S3C4T2 Fl. 190 3 retificador apresentado em 10/11/2009. Argumenta, também, que a DCTF retificadora apresentada em 11/11/2009 justifica o crédito utilizado. É o relatório. Em 10/04/2014, a Recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância (ciência eletrônica – fl. 47). Inconformada com a decisão da DRJ, em 09/05/2014, apresentou recurso voluntário ao CARF (fls. 49/63), no qual argumenta em suas razões, em resumo: a) que a Recorrente sempre diligenciou no sentido de bem cumprir suas obrigações perante a Fazenda Pública, notadamente no tocante ao adimplemento das obrigações tributárias às quais está sujeita no regular desenvolvimento de suas atividades; b) que no anocalendário 2009, contratou a PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil) para realizar um trabalho de auditoria, cujo resultado encontrase no relatório sintético que acompanha o presente recurso e, também, todo seu detalhamento (notas fiscais analisadas, natureza do dispêndio, conta contábil, etc) encontrase no arquivo anexo. Nesse trabalho apuraramse créditos extemporâneos de PIS e COFINS referentes a determinados períodos, dentre eles, de janeiro a abril de 2008. Tais créditos extemporâneos, resumidamente, são oriundos de (i) bens utilizados como insumos; (ii) serviços utilizados como insumos; (iii) despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica; (iv) despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados; e (v) bens do ativo imobilizado; portanto, dispêndios passíveis de apropriação de crédito para essas contribuições conforme previsão expressa contida no artigo 3o das Leis n° 10.833/03 e 10.637/02; c) ante a identificação dos referidos créditos, recompôs sua apuração de PIS e COFINS a partir de janeiro de 2008, de modo que, ao invés dos originais saldos devedores de PIS e COFINS calculados em janeiro de 2008, apurou saldo credor em janeiro de 2008, o qual repercutiu nos meses seguintes, até abril de 2008, conforme registros de apuração, resumidos no escopo deste recurso; d) que a nova apuração evidenciou os recolhimentos a maior, viabilizou a compensação e ensejou a retificação das obrigações acessórias Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais "DCTF" e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais "DACON", de modo a ratificar o recolhimento a maior passível de restituição e compensação; e) no que se refere ao presente PAF, a Recorrente, na competência de abril de 2008, apurou originalmente a COFINS a recolher no montante de R$ 498.522,85. Tal valor foi recolhido por meio de DARF, cuja arrecadação se deu em 20.05.2008. Esse mesmo valor foi informado no DACON e na DCTF originais, apresentado neste processo em momento anterior. Consequentemente, para o mês de abril de 2008, ocorreu um pagamento indevido de COFINS no montante de R$ 132.022,55, gerando desta forma um crédito a ser utilizado. Por esta razão, transmitiu o PER/DCOMP em questão, o qual utilizou somente parte do crédito acima, no valor de R$ 18.633,90, apurado no mês de junho de 2009, conforme demonstrativos dos valores e dos PAF´s respectivos, representado no corpo do recurso voluntário (fl. 54); f) desta forma, a Recorrente verificou que, por mero erro de procedimento, não havia retificado o DACON e a DCTF do mês de abril de 2008. Assim, em 10/11/2009, os referidos DACON e DCTF foram retificados (docs. anexados), o que confirmou o crédito Fl. 190DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910449/200927 Resolução nº 3402000.728 S3C4T2 Fl. 191 4 pleiteado no PER/DCOMP ora em discussão, mesmo que as retificações tenham sido efetivada posteriormente ao despacho decisório; g) que, apesar da Recorrente ter apresentado o DACON e a DCTF retificadores do mês de abril de 2008 posteriormente à prolação do Despacho Decisório, é evidente a existência de seu direito creditório, o qual restou devidamente comprovado quando da apresentação dos referidos DACON e DCTF retificadores e que os julgadores administrativos originários sequer analisaram a documentação apresentada, a qual comprovava de forma idônea a veracidade dos créditos alegados; h) Assim, argumenta que ao contrário do alegado no Acórdão recorrido, a autoridade administrativa possuía meios suficientes para confirmar a existência dos créditos por meio da DCTF e do DACON retificadores, mesmo que apresentado fora do prazo, alegando violação do Princípio da Verdade Material. Cita diversos julgados administrativos do CARF nesse sentido; i) solicita, ainda, a conversão do Julgamento em Diligência, caso se entenda que as obrigações acessórias retificadoras não sejam suficientes para evidenciar o equívoco das informações prestadas originalmente e que a apuração do crédito compensando se encontra lastreado em documento elaborado de maneira detalhada no estudo desenvolvido pela idônea empresa de auditoria PwC. Por fim, ante todo o exposto, e considerando o Princípio da Verdade Material, visto que o direito da Recorrente à compensação resta devidamente comprovado nos autos, o Acórdão recorrido deve ser reformado, homologandose, por conseguinte, a compensação pretendida no PER/DCOMP referenciado. Solicita ainda que o presente processo seja julgado em conjunto com outro PAF que relaciona, por possuírem PER/DECOMPs vinculados ao mesmo crédito apurado no mês de abril de 2008. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. No caso sob análise, temos que a controvérsia trata de questão de fato, atinente à ausência de prova reputada indispensável pela Fazenda Nacional, para fim de análise dos requisitos da certeza e liquidez do crédito informado na PER/DCOMP colacionada aos autos. Observase ainda que, que na fase de instrução probatória, portanto, antes da prolação do Despacho Decisório, a Recorrente não trouxe aos autos a documentação – cópia da DCTF retificadora e também cópia do DACON retificado, uma vez que os mesmos foram entregue ao fisco, após a ciência do Despacho Decisório. Quanto a estes ocorridos, a decisão a quo, analisando os autos a luz dos fatos constantes na manifestação de inconformidade, concluiu da seguinte maneira: (...) É condição indispensável para a homologação da compensação pretendida, que o crédito do sujeito passivo contra a Fazenda Pública Fl. 191DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910449/200927 Resolução nº 3402000.728 S3C4T2 Fl. 192 5 seja líquido e certo (art. 170 do CTN). Em um processo de restituição, ressarcimento ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, quer por pedido de restituição ou ressarcimento, quer por compensação, em ambos os casos mediante a apresentação do PER/DCOMP, de tal sorte que incumbirá a ele – o contribuinte – demonstrar seu direito. Levandose em conta que o crédito oferecido à compensação deve ser líquido e certo, cabe à RFB não homologar a compensação, quando não há certeza e liquidez, como ocorre nos casos de contradição do próprio contribuinte em suas declarações. A apuração do PIS e da Cofins é consolidada no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). O valor apurado no demonstrativo apresentado antes da ciência do Despacho Decisório não evidencia a existência de pagamento indevido ou a maior. A retificação do DACON não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal (inciso II do art. 10 da IN n.º 1.015, de 2010). Da mesma forma, a retificação da DCTF não produz efeitos quando reduz débitos que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização (Instrução Normativa RFB n.º 1.110, de 2010, art. 9º, § 2º, I, c). A DCTF retificadora apresentada após a ciência do despacho decisório, em razão da não homologação da compensação ou do indeferimento da restituição, não tem nenhuma força de convencimento. Os novos dados só podem ser considerados como argumento de impugnação. Repisese que a controvérsia trata de questão de fato, uma vez que, ficou consignado no Despacho Decisório que “a partir das características do DARF descrito no PER/DECOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DECOMP”. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada não foi homologada. Tal decisão, que foi integralmente mantida pelo Acórdão recorrido, fica reforçada quando foi constatado que: (...) A declaração presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art.219 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração anteriormente entregue. Por outro lado a Recorrente, aduz em seu recurso que por mero erro de procedimento, não havia retificado o DACON e a DCTF do mês de abril de 2008 no momento oportuno. Assim, em 10/11/2009, os referidos DACON e DCTF foram retificados (docs. anexados), o que confirmou o crédito pleiteado no PER/DCOMP ora em discussão, mesmo que as retificações tenham sido efetivada posteriormente ao despacho decisório. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910449/200927 Resolução nº 3402000.728 S3C4T2 Fl. 193 6 Ademais, como justificativa, aduz em seu recurso, que no anocalendário 2009, contratou a empresa PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil) para realizar um trabalho de auditoria, cujo resultado encontrase no relatório sintético que acompanha o presente recurso (fls. 85/90) e, também, todo seu detalhamento (notas fiscais analisadas, natureza do dispêndio, conta contábil, etc.), que encontrase no arquivo anexado aos autos (arquivo não paginável). Alega que nesse trabalho apuraramse créditos extemporâneos de PIS e COFINS referentes a determinados períodos, dentre eles, de janeiro a abril de 2008. Tais créditos extemporâneos, resumidamente, são oriundos de dispêndios com insumos, conforme relacionados e passíveis de apropriação de crédito para essas contribuições, conforme previsão expressa contida no artigo 3º das Leis n° 10.833/03 e 10.637/02. Do exame dos autos, constatase, que a DCTF retificadora referente ao período examinado, foi transmitida em 10/11/2009 (fl. 18), ou seja, posteriormente à ciência do despacho decisório que não homologou a compensação, ciência esta que se deu em 19/10/2009 (fl. 7). Ressaltamos que à época dos fatos vigorava a IN SRF no 903, de 30/12/2008, cujo artigo 11, § 1º, embora ressaltasse, quanto à DCTF retificadora, sua condição de: “[...] mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente [...]”, prescrevia que a apresentação de retificação, dentre outras hipóteses, depois de iniciado procedimento fiscal, não produziria qualquer efeito (item III, § 2º, do art. 11). Ainda, a mesma Instrução Normativa exigia também que a retificação da DCTF viesse acompanhada de retificação da DIPJ e do DACON do período (conforme art. 11, § 8º). Como visto, detectado qualquer erro no preenchimento da referida declaração, o sujeito passivo tem a possibilidade de retificar sua DCTF antes que seja iniciado qualquer procedimento fiscal ou que decorra o prazo para a homologação do “lançamento” por ela praticado. No entanto, sendo a correção destinada a reduzir ou excluir tributo, a retificação somente será admitida se houver comprovação do erro e realizada antes da notificação do lançamento, conforme preceituado no art. 147, §1º, do Código Tributário Nacional – CTN: Art. 147 O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. §1º A retificação da declaração por iniciativa da própria declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento (grifo nosso). Em que pese a referência do dispositivo legal citado à declaração de prestação de informações indispensáveis ao lançamento, admitese, por analogia, sua aplicação quanto à retificação de débitos apurados pelo sujeito passivo e confessados em DCTF, como assevera LEANDRO PAULSEN, que assim leciona: “Aplicação por analogia aos tributos sujeitos a lançamento por homologação”. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910449/200927 Resolução nº 3402000.728 S3C4T2 Fl. 194 7 Tendose em conta que a quase totalidade dos tributos, atualmente, sujeitamse a lançamento por homologação vinculada a obrigações acessórias de prestar declarações ao Fisco e que não há dispositivo no CTN cuidando especificamente da retificação de tais declarações, o §1º do art. 147, tem sido bastante invocado e aplicado para definir o marco até quando pode o contribuinte retificar suas declarações livremente, com eficácia imediata e. a contrario sensu, a partir de quando o contribuinte não pode exigir do Fisco que, independentemente de apreciação dos erros e equívocos da declaração originariamente prestada, considere as retificações” (...) (PAULSEN, Leandro, Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 12ª edição, Livraria do Advogado, ESMARFE, Porto Alegre, 2010, p. 1026) Portanto, acarretando a redução de tributo, a admissão da retificação é condicionada à comprovação do erro cometido, cujo ônus incumbe ao interessado na aludida redução (o contribuinte que promove a retificação), sendo, no entanto, excepcionalmente admitida sua retificação após o início do procedimento revisional em privilégio ao princípio da verdade material, conforme decidido já reiteradamente por esta Turma Especial, em consonância com todo o CARF. Nesse sentido, é imprescindível analisar se a Recorrente recompôs nos autos o crédito alegado, a fim de se confirmar a materialidade do crédito que ele alega ser habilitado para compensação. A DRJ ao apreciar o material probante juntado à época de sua manifestação de inconformidade, dispôs que o recorrente não apresentou documentação hábil a comprovar a legitimidade dos dados declarados na DCTF retificadora, conforme trecho abaixo transcrito: (...) A declaração presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art.219 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração anteriormente entregue (grifouse). Todavia, neste recurso, foi juntado ao processo, vários documentos citados, quais sejam: cópia da DCTF e DACON originais e retificadores, trabalho de auditoria realizado pela empresa PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil), cujo resultado encontrase no relatório sintético (fls. 85/90) e, também, todo seu detalhamento (notas fiscais analisadas, natureza do dispêndio, conta contábil, etc.), encontrase no arquivo anexado aos autos (arquivo não paginável). Informa que nesse trabalho apuraramse créditos extemporâneos de PIS e COFINS referentes a determinados períodos, dentre eles, de janeiro a abril de 2008. Alega que tais créditos extemporâneos, resumidamente, são oriundos de dispêndios com insumos, conforme relacionados e passíveis de apropriação de crédito para essas contribuições, conforme previsão expressa contida no artigo 3º das Leis n° 10.833/03 e 10.637/02. Ou seja, a recorrente apresentou uma explicação a respeito do suposto erro incorrido para justificar a recomposição de seu faturamento. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910449/200927 Resolução nº 3402000.728 S3C4T2 Fl. 195 8 O processo administrativo de revisão da compensação não faz – como não o poderia – as vezes de mero retificador de DCTF após o prazo ordinário. A retificação da DCTF pode até ser acatada pelo revisor; todavia, para que tal aconteça, é cabal que o contribuinte demonstre que faz jus a essa excepcionalidade. Vale frisar, sem embargo, que no que tange ao instituto da compensação é ônus do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas sua liquidez e certeza, na forma do art. 170 do CTN. Neste espeque, repisese que a Recorrente alega que acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que houve erro na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS declarada na DCTF originária. Por consequência, aduz que restou comprovado o direito creditório pleiteado, posto que foi decorrente do erro cometido na apuração do tributo, que reduziu sua base de cálculo, nos termos da DCTF retificadora. Neste passo, considerando os dados e informações registrados nos documentos anexo aos autos (arquivo não paginável e cópias de documentos), visto que os mesmos foram trazidos extemporaneamente pelo contribuinte e, portanto, não foram analisados pelo agente fazendário na origem, não resta dúvida de que a adoção do princípio da verdade material no processo administrativo fiscal, consiste em uma providência que resulta na melhor aplicação do Direito e da Justiça e por isso deve sempre ser perseguida. Com base nessas considerações, devido às particularidades do caso concreto e antes do julgamento do mérito, com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (PAF), voto pela conversão do julgamento em diligência, devendo os autos retornarem à DRF de Sorocaba – SP (domicílio tributário da Recorrente), para com base nos documentos de fls. 85 a 166 e das planilhas (formato Excel) e informações anexados aos autos como “arquivo não paginável”, e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03 e 10.637/02, elaborar parecer, demonstrando os valores, após analisado se os dispêndios com os itens abaixo indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS e do PIS, levandose em conta o conteúdo das informações constantes do relatório da empresa PwC Brasil PriceWaterhouseCoopers (fls. 85/90), fatos estes que se encontram resumidos em seu recurso voluntário à fl. 52, onde a Recorrente alega que tais dispêndios são oriundos de: i) bens utilizados como insumos; ii) serviços utilizados como insumo; iii) despesas de aluguéis de prédios alugados de pessoa jurídica; iv) despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados; e v) bens do ativo imobilizado. Após a conclusão da diligência, deve ser intimado a Recorrente, para, querendo, dentro do prazo fixado, manifestar sobre as conclusões exaradas no citado parecer. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10855.910449/200927 Resolução nº 3402000.728 S3C4T2 Fl. 196 9 Em seguida, retornemse os autos a esta 2ª Turma Ordinária/4ª Câmara da 3ª Seção, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 196DF CARF MF Impresso em 24/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 16004.001438/2008-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2002 a 30/11/2004
CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN.
Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN.
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA.
Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972.
PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA.
Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa.
Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando ao contribuinte for oferecida oportunidade de impugnar os fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL.
Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução de objetivo comum, é devida a responsabilização solidária das empresas que o compõem.
A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação.
LANÇAMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. PERÍODO POSTERIOR À LEI 10.256/2001. EXIGÊNCIA.
A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei 8.212/1991, destinada à Seguridade Social, é de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho.
A empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei 8.212/1991, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento;
O Supremo Tribunal Federal (STF, no RE 363.852, declarou a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição.
No presente caso, as contribuições são de período posterior à Lei 10.256/2001, que foi arrimada na Emenda Constitucional 20/98, motivo da negativa de provimento ao recurso.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.795
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário da Sra. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA. II) Por maioria de votos, com relação aos demais recursos voluntários, rejeitar as preliminares e no mérito negar provimento, vencido o Conselheiro Natanael Vieira dos Santos (Relator). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcelo Oliveira.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente.
Natanael Vieira dos Santos - Relator.
Marcelo Oliveira - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo (Presidente), Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN. Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, iniciase a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA. Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 14 38 /2 00 8- 71 Fl. 1120DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.121 2 Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando ao contribuinte for oferecida oportunidade de impugnar os fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL. Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução de objetivo comum, é devida a responsabilização solidária das empresas que o compõem. A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação. LANÇAMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. PERÍODO POSTERIOR À LEI 10.256/2001. EXIGÊNCIA. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei 8.212/1991, destinada à Seguridade Social, é de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. A empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei 8.212/1991, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; O Supremo Tribunal Federal (STF, no RE 363.852, declarou a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição. No presente caso, as contribuições são de período posterior à Lei 10.256/2001, que foi arrimada na Emenda Constitucional 20/98, motivo da negativa de provimento ao recurso. Recurso Voluntário Negado. Fl. 1121DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.122 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário da Sra. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA. II) Por maioria de votos, com relação aos demais recursos voluntários, rejeitar as preliminares e no mérito negar provimento, vencido o Conselheiro Natanael Vieira dos Santos (Relator). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcelo Oliveira. Ronaldo de Lima Macedo Presidente. Natanael Vieira dos Santos Relator. Marcelo Oliveira Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo (Presidente), Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 1122DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.123 4 Relatório 1. Conforme descrito em relatório fiscal (fl. 108), tratase de auto de infração lavrado referente à diversas contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização da produção rural pessoa física segurado especial – arts. 25 e 30, IV, da Lei n.º 8.212/91, tendo como base de cálculo os valores da comercialização de produtos rurais (bovinos para abate), adquiridos de produtores rurais pessoas físicas. Referese o débito apurado a valores devidos à Seguridade Social e descontados pela empresa, com pequenas alterações no valor da alíquota, ao passo que os valores discriminados no Processo 16004.001447/200861, apenso, referemse à diferença apurada entre os valores devidos e não pagos, os quais não foram descontados pela autuada. 2. Correm apensos diversos processos cujo fundo de direito será discutido no presente feito, havendo inclusive a apresentação de mesmo recurso voluntário por parte dos recorrentes em todos eles, razão pela qual este voto aproveitará aos processos 16004.001441/200894, 16004.001448/200814 e 16004.001447/200861. 3. Ao negar provimento à impugnação do contribuinte, a 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/POR) proferiu decisão (fls. 866 e ss) que restou ementada nos seguintes termos: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2002 a 30/11/2004. PRAZO DECADENCIAL. INICIO DA CONTAGEM. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. As contribuições lançadas sujeitamse ao prazo decadencial de 05 (cinco) anos previsto no Código Tributário Nacional, contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, tendo em vista a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. PROCEDIMENTOS FISCAIS. FASE OFICIOSA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. OPORTUNIDADE. Na fase oficiosa os procedimentos que antecedem o ato de lançamento são praticados pela fiscalização de forma unilateral, não havendo que se falar em processo, assegurando se o contraditório e a ampla defesa aos litigantes, só se podendo falar na existência de litígio após a impugnação do lançamento. DESCONSIDERAÇÃO DOS ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS PRATICADOS. A autoridade administrativa possui a prerrogativa de desconsiderar atos ou negócios jurídicos eivados de vícios, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora, consagrando o principio da substância sobre a forma. Fl. 1123DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.124 5 EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA E SEGURADO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS. SUBROGAÇÃO. São devidas as contribuições do empregador rural pessoa física e do segurado especial, inclusive para o financiamento das prestações por acidente do trabalho, incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, ficando a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa subrogada nas obrigações de tais produtores rurais. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. É solidariamente obrigada a pessoa que tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador. RELATÓRIOS PRODUZIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. ENTREGA AO SUJEITO PASSIVO EM ARQUIVOS DIGITAIS. Os relatórios e os documentos emitidos em procedimento fiscal podem ser entregues ao sujeito passivo em arquivos digitais autenticados pelo auditorfiscal da RFB. D1LAÇÃO PROBATÓRIA. A dilação probatória fica condicionada à sua previsão legal e à necessidade à formação da convicção da autoridade julgadora. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido." 4. Em sede recursal, a matéria em análise já foi objeto de apreciação por este conselho, o qual editou Resolução determinando a conversão do julgamento em diligência para que fossem juntados aos autos os documentos probatórios da existência de grupo econômico de fato, com fins de apuração de existência de responsabilidade passiva solidária, a saber, o relatório de grupo econômico, anexos I e II do Proc. principal PAF nº 16004.001445/200872. 5. Por oportuno, passo a reproduzir relatório da referida Resolução. “(...). Esclarece [a autoridade fiscal] que a ação foi desenvolvida por uma junta fiscal e teve início em 01/2005, tendo sido retomada, em 05/10/2006, por determinação judicial, uma vez que a Policia Federal desencadeou a operação denominada "GRANDES LAGOS”, procedendo buscas e apreensões de documentos em diversos locais, com o intuito de obter provas dos ilícitos praticados pela organização, constituída de várias células ou núcleos, cujo objetivo era sonegar tributos e eximir os titulares de fato de suas responsabilidades relacionadas às áreas trabalhistas e previdenciárias. Observa que o crédito tributário em comento foi lançado em nome de Coferfrigo ATC Ltda. "E OUTROS", vez que, Fl. 1124DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.125 6 analisando a documentação apreendida pela Policia Federal, Receita Federal do Brasil e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, verificouse que a empresa Coferfrigo ATC Ltda., juntamente com outras pessoas jurídicas, formam um grupo econômico de fato. A seguir, sintetiza algumas informações a respeito das empresas integrantes do grupo e informa que todos os fatos e documentos que caracterizam o grupo estão relatados e anexados no Relatório de Grupo Econômico, Anexos I e II, que fica fazendo parte integrante deste Auto de Infração. No item 25 do Relatório Fiscal (fls. 82), o agente autuante informa que o Relatório do Grupo Econômico Anexos I e II será encaminhado em arquivo digital, de acordo com o artigo 663, parágrafos 1° e 2° da IN 3/2005, alterado pela IN 851/2008 e, no item 27, esclarece que todos os documentos que integram o Auto de Infração bem como o Relatório de Grupo Econômico Anexos I e II estão a disposição da empresa e responsáveis solidários na Delegacia da Receita Federal do Brasil. Os sujeitos passivos Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Indústrias Reunidas CMA Ltda. e CM4 Participações Ltda., apresentaram defesa tempestiva em conjunto, e o Sr. João Pereira Fraga, espólio, representado por João Adson Fraga (inventariante), também impugnou o lançamento. Apesar de devidamente cientificadas, as demais empresas que, segundo entendimento da fiscalização, integram o grupo econômico de fato e, nessa condição, são responsáveis solidárias pelo débito, não apresentaram defesa e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 1426.538, da 9ª Turma da DRJ/RPO (fls. 870), julgou as impugnações improcedentes, mantendo o crédito tributário. Inconformados com a decisão, os recorrentes Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Indústrias Reunidas CMA Ltda. e CM4 Participações Ltda., considerados pela fiscalização como corresponsáveis pelo débito, apresentaram recurso tempestivo em conjunto (fls. 791), repetindo as alegações trazidas na impugnação. Reiteram que os Recorrentes, pessoas físicas e jurídicas, foram considerados responsáveis solidários pelo débito tendo como única fundamentação para tanto um "Relatório da Polícia Federal", extraído de Inquérito Policial, sendo certo que a ação penal até a data de hoje não transitou em julgado. Entendem que o presente Auto de Infração é inconsistente e baseiase em prova ilícita, nula de pleno direito, posto que não foi submetida ao crivo do contraditório e da ampla defesa, bem como viola o principio da presunção de inocência, além do órgão autuador não ter produzido prova da responsabilidade na fase administrativa, ônus que lhe competia. Fl. 1125DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.126 7 Defendem que a prova emprestada do Inquérito Policial presidido por Delegado da Policia Federal não é meio licito para se fundamentar as responsabilidades dos Recorrentes, uma vez que não foram observados os princípios constitucionais do devido processo legal, ampla defesa e contraditório no processo onde ela foi produzida. Reafirmam que, no caso dos autos, o órgão autuador não fez prova licita alguma da responsabilidade dos Recorrentes, o que impõe a nulidade/inconsistência do auto de infração sobre a responsabilidade atribuída aos mesmos e discorre sobre o princípio da presunção da inocência, tentando demonstrar que apenas após o trânsito em julgado da ação criminal é que se poderia afirmar algo. Finalizam requerendo que seja reformada a decisão de primeira instância e julgado nulo o AI. O recorrente Sr. João Pereira Fragaespólio, considerado corresponsável pelo débito, representado por João Adson Fraga (inventariante), apresentou recurso tempestivo (fls. 809) requerendo, inicialmente, que o Espólio de JOÃO PEREIRA FRAGA falecido, em 02/10/08, seja excluído da condição de passivo solidário. Traz o histórico da empresa COFERCARNES COMERCIAL FENANDOPOLOIS DE CARNES LTDA, da qual seu falecido pai e sua mãe eram sócios fundadores, desde sua constituição. Informa que, após separação judicial, sua mãe vendeu 50% do Capital Social da COFERCARNES para ALFEU MOZAQUADRO, que colocou essas quotas de capital social em nome da empresa CM4 PARTICIPAÇÕES LTDA, da qual era o proprietário, e impôs que a planta do imóvel industrial fosse integralmente arrendada para uma filial da empresa COFERFRIGO ATC LTDA que, apesar de pertencer no papel a Valter Francisco Rodrigues Junior, havia fortes suspeitas de a mesma pertencer de fato ao Sr. ALFEU, uma vez que foi ele quem pessoalmente determinou o arrendamento das instalações do frigorífico Cofercarnes, entabulou o preço e as condições do arrendamento. Discorre sobre o temperamento do Sr. Alfeu e a sociedade, que durou apenas oito meses, concluindo que não pode ser responsabilizado por atos praticados pela empresa COFERFRIGO ATC LTDA, da qual não fora sócio, por ter deixado esta empresa de arrecadar contribuições devidas no período de 01/12/2002 a 31/10/2006. Tenta demonstrar que inexiste qualquer relação mercantil ou comercial de seu pai com as empresas mencionadas no Processo e requer a exclusão de seu pai da responsabilidade solidária pelos débitos devidos pela empresa COFERFRIGO, da qual não tinha o menor conhecimento e da qual não participava, por quaisquer de suas formas. Fl. 1126DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.127 8 Preliminarmente, alega nulidade da autuação por falta de clareza, argumentando que as autoridades fiscais não indicaram a conta contábil ou outro elemento constante da escrituração contábil da COFERFRIGO das quais foram extraídas as importâncias oras lançadas, bem como não elencaram, nos autos, quais seriam as remunerações admitidas como base de cálculo das contribuições ou pagamentos que se sucedeu a esse título, denotando que não avaliou ou não se aprofundou suficientemente na natureza das rubricas, desconhecida do recorrente. Entende que houve cerceamento de defesa por terlhe sido entregue apenas um CDR, o que impediu o inventariante de manipular os documentos que o fisco julga supostamente representativas das operações praticadas pela Coferfrigo. Sustenta que o arbitramento e o termo de sujeição passiva solidária sobre as contribuições que o Fisco julga devidas pela COFERFRIGO ATC LTDA se deram apenas e estritamente por presunção. Assevera que o Fisco achou por bem desconsiderar a personalidade jurídica da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, exigindo dos solidários, no caso o espólio de JOÃO PEREIRA FRAGA, os tributos eventualmente devidos por aquela, sem contudo observar as normas legais que disciplinam a matéria. Informa que as empresas que, segundo o fisco, integram o grupo econômico Mozaquatro, declararam espontaneamente, nos prazos regulares, toda a movimentação fiscal e contábil em seus nomes, mediante entrega das DCTFs, nos respectivos anos calendário, bem como as Declarações de Rendas Pessoa Jurídica dos anos calendários de 2002 a 2006, sendo que o fisco não poderia estender a responsabilidade pelo débito constituído em face da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, em razão de que tal prática não está autorizada pelo artigo 135, inciso III, do CTN Argumenta que, não sendo JOÃO PEREIRA FRAGA diretor, gerente ou representante da COFERFRIGO ATC LTDA, não responde por ela, não podendo a cobrança por tais descumprimentos ser redirecionada para a pessoa física de seu pai, como solidário, por não configurar qualquer das hipóteses previstas no art. 135, do CTN, e cita a jurisprudência para reforçar suas alegações. Infere que não é possível, ao Fisco, atribuir a seu falecido pai a responsabilidade pela não retenção de contribuições previdenciárias que seriam de ordem da empresa COFERFRIGO ATC LTDA., do denominado GRUPO ECONÔMICO MOZAQUATRO, uma vez que, em nenhum momento, os fiscais autuantes lograram comprovar a existência do vinculo entre a citada empresa e a pessoa do Sr. JOÃO PEREIRA FRAGA, razões pelas quais deve ser, de plano, decretada a insubsistência do lançamento fiscal contra ele. Insurgese contra a utilização do art. 116, parágrafo único, do CTN, por ser norma de eficácia limitada, que depende de lei Fl. 1127DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.128 9 ordinária para sua regulamentação e reitera que a empresa de seu pai estava paralisada no período entre 10/2004 a 10/2006, não podendo, portanto, responder pelos débitos previdenciários da empresa Coferfrigo, integrante, segundo o fisco, de um grupo econômico, com empresas instaladas em vários municípios e em outros Estados. Discorre sobre contrato de arrendamento mercantil para tentar demonstrar que o arrendador não responde pelos tributos devidos pela Arrendatária ou outras empresas das quais a Arrendatária seja signatária ou faça parte e conclui que, no caso em apreço, o Espólio de FRAGA, como arrendador, não possuía a obrigação de proceder a retenção ou arrecadar contribuições devidas pela empresa COFERFRIGO ATC. Insiste no entendimento de que ocorrera a decadência de parte do débito, defendendo a aplicação da regra contida no art. 150, § 4º, do CTN, uma vez que o contribuinte entregou regularmente ao INSS as informações concernentes a todas contribuições previdenciárias relativas ao período fiscalizado, bem como sequer ocorreu indícios de fraude, dolo ou simulação comprovados. No mérito, reitera que seu pai nunca foi sócio, de fato ou de direito da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, bem como não restou provado, nos autos, que seu falecido pai, João Pereira Fraga, tivesse qualquer participação com as empresas do denominado "GRUPO ECONÔMICO MOZAQUATRO”, e nem que seria solidariamente responsável pelos débitos supostamente devidos pelas empresas acima nos períodos mencionados, havendo, no caso, apenas presunções, ou seja, indícios sem comprovações. Entende que, no caso em tela, os fiscais autuantes promoveram o lançamento contra a empresa COFERFRIGO ATC LTDA por ter deixado de arrecadar, no período de 12/2002 a 10/2006, contribuições de segurados, e quer atribuir, por presunção, a responsabilidade pela falta das retenções ao Espólio de João Pereira Fraga, alegando que no período de 15.10.04 a 14.10.05 teria arrendado a planta do seu estabelecimento frigorífico para a empresa COFERFRIGO ATC LTDA, como parte integrante do "Núcleo Mozaquatro" e que, assim o sendo, em decorrência do arrendamento, dele também é parte integrante. Informa que o Espólio tentou o acesso aos documentos que estão em poder da empresa COFERFRIGO e junto à fiscalização federal e estadual para promover a sua defesa, o que lhe foi negado, sob a alegação de que João Pereira Fraga ou o Espólio não fazem parte do quadro societário e há impedimento legal para o acesso, e chama atenção para o fato de que nem mesmo os fiscais autuantes tiveram total acesso a contabilidade da empresa envolvida. Discorre sobre o instituto da solidariedade e traz a doutrina para reforçar o entendimento de que o fisco não poderia incluir Fl. 1128DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.129 10 o espólio no polo passivo da presente relação tributária para responder pela divida da Coferfrigo. Quanto à subrogação da compra de gado bovino, traz a decisão do STF no sentido de que os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nºs 8.540/92 e n° 9.528/97, é inconstitucional. Finaliza, requerendo, em obediência ao principio constitucional de celeridade e economia processual, a improcedência, de plano, da presente exigência fiscal e, pelas razões expostas, sejam acolhidas as preliminares levantadas para, ao final, decretar a exclusão da solidariedade atribuída ao espólio de João Pereira Fraga na multa aplicada contra a empresa COFERFRIGO ATC LTDA. Lucélia Aparecida Nunes Lacerda, sócia do Frigorífico Mega Boi Ltda., que, segundo o fisco, é uma das empresas integrantes do grupo econômico, também apresentou recurso (fls. 886), alegando que nunca foi dona de empresa, que não sabia como era a operação da empresa e tampouco injetou dinheiro para ser sócia de empresa, sendo que recebia seu salário da empresa Frigorífico Lister Ltda., administrada pelo Sr. Ivo Chiodi de Jesus e, posteriormente, pela empresa Coferfrigo Atc Ltda. e Friverde Industria de Alimentos Ltda. de Campina Verde, MG, que era administrada pelo Sr. Djalma Buzolin. Informa que nunca teve casa para morar, vive de aluguel e com um recurso financeiro de R$ 1.155,00 do INSS, que recebeu mais 14 cópias de processos da Receita Federal, leuos, mas não entendeu do assunto mencionado, que nem conhece várias empresas e pessoas mencionadas nos processos, mas somente as empresas e pessoas que trabalharam em Campina Verde — MG. Às fls. 898, a UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por sua procuradora, com fundamento no art. 48, §2°, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009, apresentou contrarrazões ao recurso voluntário”. 6. Cumprida a diligência e devidamente cientificados os sujeitos passivos, sem apresentação de novas alegações, retornaram os autos para análise deste conselho. É o relatório. Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.130 11 Voto Vencido Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. PRELIMINARES DA DECADÊNCIA 2. Inicialmente, no que se refere à alegação do contribuinte de que o direito de cobrança dos valores de contribuição previdenciária devidos em relação ao período de 12/2002 a 11/2003 estaria sujeito à decadência, pois que antecedem o quinquênio anterior ao lançamento, a 9ª Turma DRJ/RPO entendeu pela não caracterização do instituto, em razão da inexistência de pagamento antecipado e da constatação de fraude fiscal. Segue, trecho do acórdão da DRJ/RPO: “Não ocorrendo qualquer pagamento relativo à obrigação ou no caso de comprovação da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, contase o mesmo prazo de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos moldes do artigo 173, I, do CTN.” 3. No caso em tela, em se tratando de contribuição previdenciária cujo lançamento se dá por homologação, disciplina o artigo 150, §4, do CTN: "§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação." 4. Nessa perspectiva, observo que de fato não há qualquer prova do pagamento antecipado do tributo lançado, além de que restou caracterizada a fraude e simulação contra a Fazenda, razão pela qual a contagem do prazo decadencial de cinco anos iniciase no exercício seguinte àquele em que a Fazenda poderia efetuar o lançamento, nos termos do art. 173, inciso I, do CTN, daí porque, ainda que o presente feito tenha sido instaurado em 11/2008, a alegação de decadência do direito de cobrança dos valores relativos às competências de 12/2002 a 11/2003 não merece acolhida. Fl. 1130DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.131 12 DA INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO 5. No que se refere à preliminar suscitada por João Pereira Fraga, relativa à falta de especificação ou clareza das rubricas contábeis utilizadas pela autoridade fiscal para efetuar o lançamento, cumpre ressaltar que a apuração dos valores devidos ao fisco foi realizada em se considerando a totalidade da receita bruta de faturamento da autuada, nos termos do art. 30, da Lei nº. 8.212/91, demonstrados em planilhas lastreadas em documentação anexada ao relatório fiscal, tais como notas fiscais, faturamentos, produto final da venda e comercialização, etc. 6. Nesta senda, não há que se falar em falta de clareza do Relatório Fiscal, tampouco em cerceamento do direito de defesa pela não especificação dos elementos que compõem a base de cálculo do lançamento efetuado, uma vez que, demonstrados todos os valores utilizados pelo fisco em planilha anexa ao auto de infração, o contribuinte deve realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, qualquer inconsistência ou falta de documentação contábil que fundamente o lançamento. 7. No que tange às alegações trazidas em sede de recurso voluntário interposto em conjunto por Alfeu Mozaquatro, Patrícia Mozaquatro, Marcelo Mozaquatro, Industrias Reunidas e CM4 Participações, suscitam os recorrentes a existência de nulidade dos autos de infração ora impugnados por serem ilegais e se utilizarem exclusivamente documentos probatórios de inquérito policial, os quais não foram apreciados em processo judicial e submetidos ao crivo do contraditório e ampla defesa, razão pela qual seriam nulos. 8. Entretanto, muito embora a autoridade fiscal tenha se utilizado de informações fornecidas pela Polícia Federal, não há qualquer vedação legal para análise de fatos apurados por outros órgãos fiscalizadores, razão pela qual a Administração Publica não pode se omitir de apurar todas as situações constituintes do fato gerador, contemplando o interesse público e o princípio da verdade material. 9. A propósito do tema, manifestouse o STF: PROVA EMPRESTADA. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra os mesmos servidores. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, inc. XII, da CF, e do art. 1º da Lei federal nº 9.296/96. Voto vencido. Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos. (STF InqQO: 2424 RJ , Relator: CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 25/04/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe087 DIVULG 23082007 PUBLIC 24082007 DJ 2408 2007 PP00055 EMENT VOL0228601 PP00109). Fl. 1131DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.132 13 10. Além disso, no que se refere à alegação de cerceamento de defesa, imperioso destacar que o contribuinte poderia e deveria promover impugnação dos fatos apurados pela autoridade fiscal no presente feito, daí porque, havendo possibilidade de impugnação das provas e fatos imputados ao contribuinte ao longo do processo fiscal, resta insubsistente a alegação de cerceamento de defesa. 11. Ressaltese ainda que, em se tratando de apuração de responsabilização passiva solidária, a autoridade fiscal deve utilizar documentos que atestem a existência de atividades conjuntas ou relações de prestações de serviço mútuo que comprovem a persecução de objeto comum por diversas pessoas jurídicas, constatandose, por conseguinte, a existência de grupo econômico de fato e, consequentemente, interesse comum, nos termos do artigo 135, do CTN. 12. No caso em tela, todos os documentos que fundamentam o lançamento tributário e a atribuição de responsabilidade passiva solidária estão devidamente descritos nos anexos I e II dos autos (relatório de grupo econômico), os quais foram entregues a cada uma das autuadas, juntamente com termo de sujeição passiva solidária (fls. 666/695), razão pela qual entendo que os autos de infração lavrados contra as recorrentes preenchem os requisitos elencados no art. 10, do Decreto nº. 70.235/72. DO MÉRITO DA MATÉRIA NÃO IMPUGNADA 13. Superadas as questões preliminares relativas à validade e legalidade dos autos de infração, observo que, no mérito restante, nenhum dos contribuintes promoveu impugnação específica a qualquer dos valores ou rubricas discriminados nos autos de infração, restando caracterizada a preclusão. 14. Dessa forma, considerando a generalidade do recurso, que repetiu os mesmos termos contidos na impugnação, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. 15. Sobre o tema, trago jurisprudência deste Conselho: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na impugnação, não competindo ao Conselho de Contribuintes apreciála (Decreto no 70.235/72, art. 17, com a redação dada pelo art. 67 da Lei no 9.532/97). Processo nº. : 10280.004214/200280. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA NO PRAZO PRECLUSÃO NÃO INSTAURAÇÃO DO CONTENCIOSO Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante no prazo legal. O contencioso administrativo fiscal só se instaura em relação àquilo que foi expressamente contestado na impugnação apresentada de forma tempestiva. Processo nº. 35464.002340/200604. MATÉRIA PRECLUSA – Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do Fl. 1132DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.133 14 procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal. Processo nº. : 15374.004371/200189. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – PRECLUSÃO – Nos termos do art. 17 do Decreto 70235/72, a matéria não contestada pelo sujeito passivo está fora do litígio e o crédito tributário a ela relativo tornase consolidado. Processo nº.: 11516.001652/2005 91. RECURSO VOLUNTÁRIO – MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – PRECLUSÃO – é preclusa a discussão em sede recursal de matéria para a qual não houve impugnação, tendo como efeito a constituição definitiva do crédito tributário no âmbito administrativo. Processo nº. : 10980.008007/200398. MATÉRIA INCONTROVERSA. Considerase incontroversa a matéria objeto de recurso, quando não impugnada em primeiro grau. Processo nº. : 10540.000616/200388. 16. Resta, portanto, apenas a análise do conjunto probatório trazido aos autos, com fins de apuração de legitimidade e responsabilidade passiva solidária das empresas autuadas. LEGITIMIDADE PASSIVA. 17. Em análise à documentação trazida, observo que restou incontroverso a legitimidade passiva da principal autuada, COFERFRIGO ATC LTDA., no que se refere às contribuições previdenciárias e sociais devidas, apuradas entre 12/2002 e 06/2008. 18. Tal se dá porque, conforme apurado pela Receita Federal e em investigação da Polícia Federal, a empresa COFERFRIGO, por meio de seus administradores de fato, utilizouse de artifícios contábeis e fraudes fiscais, promovendo a criação de diversas pessoas jurídicas titularizadas por interpostas pessoas, as quais contribuíram para a consecução da atividade fim, fornecendo mão de obra, arrendando instalações e até mesmo exercendo a atividade extrativista agroindustrial, objetivando pura e simplesmente o não recolhimento do tributo devido. 19. Além disso, a principal autuada não ofereceu qualquer impugnação ao lançamento efetuado, restando caracterizada a revelia, nos termos do art. 21, do Decreto nº 70.235, de 1972. 20. Apenas os autuados e João Pereira Fraga, Lucélia Aparecida Nunes, Alfeu Mozaquatro, Patrícia Mozaquatro, Marcelo Mozaquatro, Indústrias Reunidas Ltda. e CM4 Participações Ltda., ofereceram contestação ao lançamento, razão pela qual será analisada a responsabilidade solidária apenas em relação a eles. DA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA PESSOA JURÍDICA Fl. 1133DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.134 15 21. De fato, o instituto da responsabilidade solidária consta expressamente no art. 30 da Lei nº. 8.212/91, relativamente às empresas que compõem mesmo grupo econômico. 22. Por sua vez, quanto à necessidade de definição de grupo econômico, com fins de apuração de solidariedade passiva relativa às contribuições devidas à Seguridade social, temse que o conceito mais abrangente e adequado ao fim almejado encontrase estipulado na Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, conforme o parágrafo 2º do artigo 2º, in verbis: “Art.2º. Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 2. Sempre que uma ou mais empresas, tendo embora, cada uma delas, personalidade jurídica, própria estiverem sob a direção, controle ou administração de outra constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.” 23. Nesse aspecto, a existência de grupo econômico deve ser demonstrada por meio das relações de fato ou de direito entre as empresas autuadas, de forma a configurar interesse comum na situação constituinte do fato gerador, bem como deve ser demonstrada a existência de administração central ou preeminência de um grupo com poderes decisórios sobre os demais. 24. No presente caso, observase que as empresas recorrentes CM4 Participações e Indústrias Reunidas CMA, únicas empresas a apresentarem conjuntamente recurso voluntário, abrigavam o núcleo administrativo do grupo econômico, ou o centro decisório, tendo seu capital constituído pelo patrimônio da família Mozaquatro, a qual promovia e gerenciava o esquema de sonegação fiscal, conforme demonstram as documentações colhidas pelo fisco e as informações apuradas pela Polícia Federal. 25. Tais empresas, ostensivas do grupo Mozaquatro, participavam ativamente da atividade desempenhada pelo grupo econômico, tendo diversas instalações arrendadas a outras empresas do grupo, estas últimas constituídas por pessoas interpostas (laranjas), com fins de desempenhar a atividade agroindustrial fim e eximir as empresas arrendadoras da responsabilidade pelo recolhimento do tributo devido. 26. Dessa forma, caracterizada a existência de atividade conjunta na persecução de objetivo comum, bem como havendo administração única, entendo que razão assiste à autoridade fiscal na atribuição de responsabilidade solidária às recorrentes. DA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA PESSOAS FÍSICAS 27. Por sua vez, no que se refere à responsabilização solidária de pessoas físicas, disciplina o art. 135 do CTN: São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: Fl. 1134DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.135 16 I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. 28. A respeito do tema, o e. STF, ao analisar o artigo 135 do CTN, no RE nº 562.276/PR, estabeleceu que os gestores ou administradores das pessoas jurídicas somente serão pessoalmente responsabilizados se incorrerem em violação de contrato social, excedendo seus poderes de gestão, ou ainda quando na violação ou infração de lei. 29. Assim, verificase que, havendo comprovada pratica de atos em infração à lei tributária, claramente objetivando a fraude fiscal, caracterizada está a responsabilidade dos administradores das empresas do grupo econômico. 30. No caso em comento, tendo em vista suas peculiaridades, cabem considerações sobre o papel dos autuados pessoas físicas, haja vista tratarse de administradores e operados do grupo econômico de fato. NÚCLEO MOZAQUATRO 31. Conforme relatório de grupo econômico (cf. fls. 3.881 do Vol. XXI, do Anexo II do PAF nº 16004.001445/200872), o grupo da família Mozaquatro foi gerenciador e beneficiário direto do esquema de fraude contra o fisco, sendo constituído por Alfeu Mozaquatro, principal líder e articulador do esquema, bem como por Marcelo Mozaquatro e Patrícia Mozaquatro, todos detentores de parte do capital social, ou ainda apenas administradores das empresas ostensivas do grupo, tais como CM4 Participações e Industrias Reunidas. 32. O papel de gerência foi evidenciado pelas investigações da Polícia Federal, bem como pela auditoria realizada pela Receita Federal, oportunidade em que foram analisados extratos de movimentações bancárias, notas fiscais emitidas em nome de laranjas e entregues a família Mozaquatro para conferência e contabilidade, arquivos magnéticos em posse dos investigados, nos quais se evidenciava relatórios contábeis das diversas empresas do grupo econômico, inquérito policial que indicava o acesso dos participantes do grupo às contas bancárias das diversas empresas envolvidas no esquema, etc. 33. Assim, atuando como administradores e principais beneficiários das receitas obtidas pelo grupo econômico, bem como configurada a fraude fiscal em violação a lei tributária, caracterizada está a solidariedade passiva, nos termos dos artigos 135, inciso III e 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. JOÃO PEREIRA FRAGA 34. Em sede de recurso voluntário, as alegações da defesa de João Pereira Fraga (espólio) se dão no sentido de que, diferentemente das outras empresas criadas com interpostas pessoas, a empresa COFERCARNES e seu sócio administrador João Pereira Fraga gozavam de autonomia em relação ao grupo econômico, afirmando que as relações entre o autuado solidário e o grupo Mozaquatro eram meramente contratuais, não prolongadas por mais de oito meses, havendo inclusive pedido extrajudicial destinado à COFERFRIGO para que esta desocupasse as instalações arrendadas pela COFERCARNES. Fl. 1135DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.136 17 35. Entretanto, em análise ao conjunto probatório trazido aos autos (cf. fls. 4.086 do Vol. XXI, do Anexo II. do PAF nº 16004.001445/200872), observo que dentre a documentação apurada pela Receita Federal foram encontrados: a) notas fiscais das empresas do grupo Mozaquatro e das demais empresas que compunham o grupo econômico, nas quais foi constatada existência de assinatura de João Pereira Fraga; b) cheques em branco, assinados por sócios administradores das empresas do referido grupo econômico e entregues à pessoa de João Pereira Fraga; e por fim c) extratos de movimentações bancárias de contas do grupo econômico; bem como d) informações apuradas pela Polícia Federal evidenciando que o autuado tinha acesso à diversas contas bancárias das empresas do grupo econômico (cf. fls. 496 do relatório de grupo econômico, anexo I), evidenciando que João Pereira Fraga era de fato um dos gerenciadores do esquema de sonegação fiscal. 36. Dessa forma, é de se concluir que a autonomia exercida por João Fraga decorre de seu papel central na administração do esquema do grupo Mozaquatro, devendolhe ser atribuída a responsabilidade solidária. 37. Sob esse aspecto, as alegações de que o referido contribuinte não compunha os quadros societários das empresas participantes do grupo econômico e que, portanto, não poderia ser considerado responsável pelos débitos de uma pessoa jurídica que não lhe pertencia não merecem prosperar, haja vista que a responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento e gestão realizado em contexto de violação da lei, o que caracteriza o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, daí porque, nos termos do artigo 124, inciso I, do CTN, é correta a imputação de responsabilidade passiva solidária a JOÃO PEREIRA FRAGA, uma vez que figurava como beneficiário e administrador do grupo econômico em questão. 38. Concluindo no particular, a responsabilização de pessoa física decorrente da gerência exercida em contexto de fraude fiscal, ainda que administrador de fato, destinase a subsidiar eventual execução fiscal e a garantir o recolhimento do tributo devido, o qual no caso concreto poderá ser cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação, agindo em conluio, conforme definição constante no art.73 da Lei nº. 4.502/64. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA 39. No que se refere ao recurso interposto por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda (fls. 1074/1075), tida nominalmente como sócia administradora de uma das autuadas solidárias, observo que não há prova nos autos de sua participação efetiva no esquema de sonegação fiscal, nem tampouco há qualquer evidencia de sua condição de administradora de fato do grupo econômico ou qualquer atuação em excesso de poder ou infração à lei que possa ensejar sua responsabilização enquanto pessoa física, nos termos do art. 135 e incisos, do CTN, além de que não consta nos autos termo de sujeição passiva solidária, razão pela qual a recorrente não integra de fato o polo passivo da presente demanda, não havendo o que se falar em sua responsabilização pelo débito apurado. 40. Portanto, não conheço do recurso apresentado por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda por falta de legitimidade passiva (ausência do termo de sujeição passiva, bem como do relatório de corresponsável). DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUNRURAL Fl. 1136DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.137 18 41. Não obstante o exame dos pontos anteriormente elencados, importante aqui reiterar que o lançamento ora guerreado referese às contribuições devidas à Previdência Social em razão do descumprimento da exigência constante no art. 30, III da Lei nº 8.212/91, o qual remete às contribuições relativas às aquisições de gado de produtores rurais pessoa física e do segurado especial – FUNRURAL, disciplinadas pelo art. 25, da referida lei. (fl. 111 do Relatório Fiscal, item 10). 42. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário – RE n.º 363.852, se manifestou sobre a questão e, por entender que a contribuição para o Funrural caracterizase em uma dupla tributação, pois sobre a mesma operação incide também o PIS/Cofins, declarou a inconstitucionalidade dos artigos 12, inciso V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n.º 8.212/91. Segue ementa da decisão: “CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS – PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS – SUBROGAÇÃO – LEI Nº 8.212/91 – ARTIGO 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL – PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 – UNICIDADE DE INCIDÊNCIA – EXCEÇÕES – CONFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – PRECEDENTE – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos por produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, inciso V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n.º 8212/91, com redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e n.º 9.528/97. Aplicação de leis no tempo – considerações.” 43. Em assentada posterior, em sessão plenária (17/03/2011), o STF ratificou o seu posicionamento e manteve seu entendimento sobre a inconstitucionalidade dos dispositivos legais supramencionados ao rejeitar os embargos de declaração da União Federal no RE n.º 363.852. 44. Os embargos foram apresentados com o objetivo de que fosse declarado que a Lei n.º 10.256/2001, que alterou parte do artigo 25, da Lei n.º 8.212/91, havia sanado a inconstitucionalidade. 45. Porém, o posicionamento do ministro relator, Marco Aurélio Mello, foi no sentido de que como a referida lei somente modificou o caput do artigo 25, mantendo a alíquota e a base de cálculo da contribuição, não houve alteração no que se refere à inconstitucionalidade da cobrança do FUNRURAL. 46. Dessa forma, a contribuição incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural de empregadores pessoas físicas – FUNRURAL não pode ser validamente exigida. 47. No caso em análise, observo que os autos de infração foram lavrados em razão do descumprimento de obrigação principal, fundamentada nos arts. 25 e 30, IV, da Lei n.º 8.212/91, tendo como base de cálculo os valores da comercialização de produtos rurais (bovinos para abate), adquiridos de produtores rurais pessoas físicas, restando caracterizada a inexigibilidade do tributo lançado. Fl. 1137DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.138 19 CONCLUSÃO 48. Por todo o exposto, conheço o presente recurso para, no mérito, darlhe provimento. É como voto. Natanael Vieira dos Santos. Fl. 1138DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.139 20 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Oliveira, redator designado. Com todo respeito ao nobre relator, divirjo de seu entendimento quanto à questão do produtor rural pessoa física, acompanhando seu entendimento nos demais pontos. Como informado, o litígio em questão versa sobre a possibilidade de exigência da contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I (parte empresa) e II (parte empregado), do art. 22, da Lei 8.212/1991. Para nossa análise, devemos fazer um relato histórico sobre essa exigência. A contribuição sobre a comercialização da produção rural da pessoa física está descrita no art. 25 da Lei 8212/91, na redação da Lei 10.256/2001: Lei 8.212;/1991: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação alterada pela Lei nº 9.528/97). II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para o financiamento das prestações por acidente do trabalho. Já a subrogação, para o adquirente, está definida no IV, da Lei 8.212/91, com redação da lei 9528/97: Lei 8.212/1991: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: ... IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste Fl. 1139DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.140 21 artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) Pois bem, em julgamento ocorrido em 02/2010, o Pleno do STF, no Recurso Extraordinário nº 363.852, deu provimento ao recurso em acórdão. Nesse processo foi analisado e decidido sobre a constitucionalidade da contribuição determinada no Art. 25, da Lei n° 8.212/91, com as redações dadas pelas Leis 8.540/1992 e 9.528/97, incidente sobre o valor da comercialização da produção rural do empregador rural pessoa física. Chegouse à seguinte conclusão: Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, conheceu e deu provimento ao recurso extraordinário para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência. Em seguida, o Relator apresentou petição da União no sentido de modular os efeitos da decisão, que foi rejeitada por maioria, vencida a Senhora Ministra Ellen Gracie. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, licenciado, o Senhor Ministro Celso de Mello e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa, com voto proferido na assentada anterior. Plenário, 03.02.2010. Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – PRESSUPOSTO ESPECÍFICO – VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO – ANÁLISE – CONCLUSÃO – Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adora entendimento quanto à matéria de fundo extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina – José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS – PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS – SUBROGAÇÃO – LEI Nº 8.212/91 – ART. 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL – PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 – UNICIDADE DE INCIDÊNCIA – EXCEÇÕES – COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR – Ante o texto constitucional, não subsiste a Fl. 1140DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.141 22 obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos, por produtores rurais, pessoas naturais, prevista os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97. Aplicação de leis no tempo – considerações (g.n.) Para o STF, em síntese, a CF/1988, até a Emenda Constitucional 20/1998, não possibilitava, sem ser por Lei complementar, a tributação previdenciária sobre a comercialização da produção rural para os casos de economia familiar. CF/1988: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; (REDAÇÃO ANTIGA) ... § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. ... Art. 154. A União poderá instituir: I mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam nãocumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; Nesta redação, para o STF, não há a possibilidade de se exigir a contribuição de produtores rurais pessoas físicas, sem ser por lei complementar, pois estaria se criando nova fonte de custeio. Já após a EC 20/1998 essa exigência tornouse possível, pela alteração da CF/1988: CF/1988: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: Fl. 1141DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.142 23 I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III sobre a receita de concursos de prognósticos. IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Concluindo, em síntese, o STF declarou inconstitucionalidade: 1. Do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91; 2. Com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97; e 3. Até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial Por fim, em votação unânime, o (STF) manteve essa jurisprudência e deu provimento ao (RE) 596177, para declarar a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei 8.540/92, determinando, também, a aplicação desse mesmo entendimento aos demais casos que tratem do mesmo assunto, no regime de repercussão geral. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA.INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO.ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI 8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. I – Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II – Necessidade de lei complementar para a instituição de nova Fl. 1142DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.143 24 fonte de custeio para a seguridade social. III – RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/1992, aplicandose aos casos semelhantes o disposto no art. 543B do CPC. Ponto importante a destacar, é que em decisão sobre embargos, no RE 596177, citado acima, o plenário do STF decidiu e informou que a constitucionalidade da Lei 10.256/200 não foi analisada, portanto, continua vigente. Nessa Lei, há alteração do Art. 25, da Lei.8212/1991, com a seguinte redação: "Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: Cabe, também, informar que decisão monocrática do STF, proferida pelo Ministro Joaquim Barbosa, no julgamento do RE 585684, deu validade à exigência com base na Lei 10.256/2001, no seguintes termos: DECISÃO: Tratase de recurso extraordinário (art. 102, III, a da Constituição) interposto de acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região que considerou constitucional a Contribuição Social destinada ao Custeio da Seguridade Social cobrada com base na produção rural e devida por empregadores que fossem pessoas físicas (art. 25 da Lei 8.212/1991, com a redação dada pelo art. 1º da Lei 8.540/1992 “Funrural”). Em síntese, sustentase violação dos arts. 150, I e II, 154, I, 195, I e 198, § 8º da Constituição. No julgamento do RE 363.852 (rel. min. Marco Aurélio, DJe de 23.04.2010), o Pleno desta Corte considerou inconstitucional o tributo cobrado nos termos dos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Assim, o acórdão recorrido divergiu dessa orientação. Ante o exposto, conheço do recurso extraordinário e doulhe parcial provimento, para proibir a cobrança da contribuição devida pelo produtor rural empregador pessoa física, cobrada com base na Lei 8.212/1991 e as que se seguiram até a Lei 10.256/2001. O pedido subsidiário para condenação à restituição do indébito tributário, com as especificidades pretendidas (compensação, correção monetária, juros etc) não pode ser conhecido neste momento processual, por falta de prequestionamento (pedido prejudicado devido à rejeição do pedido principal). Devolvamse os autos ao Tribunal de origem, para que possa examinar o pedido subsidiário relativo à restituição do indébito tributário, bem como eventual redistribuição dos ônus de sucumbência. Publiquese. Int.. Brasília, 10 de fevereiro de 2011. Ministro Fl. 1143DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.144 25 JOAQUIM BARBOSA (RE 585684, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 10/02/2011, publicado em DJe038 DIVULG 24/02/2011) Certo que a decisão foi agravada, com o Ministro Luís Roberto Barroso proferindo a seguinte decisão: O agravante sustenta que a Lei nº 10.256/2001 é “uma norma desfalcada de critérios básicos que possam legitimar a cobrança da contribuição rural”, motivo pelo qual o recolhimento do tributo em questão permanece ilegítimo. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, nos autos do RE 718.874 RG, julgado sob relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, reconheceu a existência de repercussão geral da matéria em exame. Confirase a ementa: “CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. RECEITA BRUTA. COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 10.256/2001. CONSTITUCIONALIDADE. I A discussão sobre a constitucionalidade da contribuição a ser recolhida pelo empregador rural pessoa física, prevista no art. 25 da Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 10.256/2001, ultrapassa os interesses subjetivos da causa. II Repercussão geral reconhecida.” Na oportunidade, o Ministro Relator consignou que: “A questão versada neste recurso consiste em definir, ante o pronunciamento desta Corte no RE 363.852/MG, Rel. Min. Marco Aurélio e no RE 596.177/RS, de minha relatoria, se a exigência da contribuição do empregador rural pessoa física incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção, com fundamento Lei 10.256/2001, editada após a Emenda Constitucional 20/1998, seria constitucionalmente legítima. Diante do exposto, com base no art. 328, parágrafo único, do RI/STF, determino o retorno dos autos à origem, a fim de que sejam observadas as disposições do art. 543B, do CPC." Consequentemente, não há decisão do STF que defina sobre a inconstitucionalidade da exigência após a Lei 10.256/2001. Destaquese, inclusive, que já há julgamentos no Poder Judiciário que afirmam a correção da exigência, Fl. 1144DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.145 26 “TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA EMPREGADOR. PRESCRIÇÃO. LC 118/05. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. 1 O STF, ao julgar o RE nº 363.852, declarou inconstitucional as alterações trazidas pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92, eis que instituíram nova fonte de custeio por meio de lei ordinária, sem observância da obrigatoriedade de lei complementar para tanto. 2 Com o advento da EC nº 20/98, o art. 195, I, da CF/88 passou a ter nova redação, com o acréscimo do vocábulo "receita". 3 Em face do novo permissivo constitucional, o art. 25 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 10.256/01, ao prever a contribuição do empregador rural pessoa física como incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, não se encontra eivado de inconstitucionalidade.” (Apelação nº 000242212.2009.404.7104, Rel. Des. Fed. Mª de Fátima Labarrère, 01ª Turma do TRF4, julgada em 11/05/10) ... PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. FUNRURAL CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA BRUTA PROVENIENTE DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL DE EMPREGADORES. PESSOA FÍSICA. EC Nº 20/98. LEI Nº 10.256/01. CONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO MONOCRÁTICA. ARTIGO 557. POSSIBILIDADE. 1. A regra do artigo 557 do Código de Processo Civil tem por objeto desobstruir as pautas dos tribunais para que sejam encaminhadas à sessão de julgamento somente as ações e os recursos que realmente reclamem a apreciação pelo órgão colegiado, primandose pelos princípios da economia e da celeridade processual. 2. A decisão agravada se amparou na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, RE 363.852, não subsistindo os fundamentos aventados nas razões recursais. 3. O Supremo Tribunal Federal reconheceu, em sede de recurso extraordinário, a inconstitucionalidade do art. 1° da Lei nº 8.540/92, que previa o recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural de empregadores, pessoas naturais, porquanto a receita bruta não era prevista como base de cálculo da exação na antiga redação do art. 195 da CF. 4. Após o advento da Emenda Constitucional nº 20/98, que acrescentou o vocábulo receita à alínea b, do inc. I , do art. 195 da CF, foi editada a Lei nº 10.256/01, que deu nova redação ao caput do art. 25 da Lei nº8.212/91 e substituiu as contribuições devidas pelo empregador rural pessoa natural incidentes sobre a folha de salários e pelo segurado especial incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, afastando, assim, tanto a bitributação, quanto a necessidade de lei complementar para a instituição da Fl. 1145DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.146 27 contribuição, que passou a ter fundamento constitucional. Precedentes. 5. Preliminar rejeitada e, no mérito, agravo legal não provido. (AMS 00094598220104036102 AMS APELAÇÃO CÍVEL 330998 Relator(a) DESEMBARGADORA FEDERAL VESNA KOLMAR Sigla do órgão TRF3 Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte eDJF3 Judicial 1 DATA:04/05/2012, v.u.). ... AGRAVO LEGAL ARTIGO 557, §1º, DO CPC CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA "FUNRURAL" RESTITUIÇÃO CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL DE ACORDO COM O STF DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA EXAÇÃO CONHECIDA COMO FUNRURAL (RE Nº 363.852, EM 03/02/2010), MAS RESTRITA AO PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº 10.256/2001 QUE SURGIU APÓS A EC N° 20/98 RECURSO IMPROVIDO. 1. Cuidase de ação ordinária ajuizada em 30 de agosto de 2010, na qual o autor busca a restituição dos valores pagos a título de "FUNRURAL" nos dez anos anteriores ao ajuizamento da ação. 2. Embora o egrégio Superior Tribunal de Justiça tenha fixado o entendimento de que a vetusta tese do "cinco mais cinco" anos deveria ser aplicada aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da Lei Complementar nº 118/2005 (REsp 1.002.932/SP), o colendo Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE nº 566.621/RS, em repercussão geral, afastou parcialmente esta jurisprudência do STJ, entendendo ser válida a aplicação do novo prazo de 5 anos às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias da Lei Complementar nº 118/2005, ou seja, a partir de 9.6.2005. Assim, encontramse prescritos os créditos anteriores a cinco anos do ajuizamento da ação. 3. No julgamento do RE nº 363.852 o Plenário do Supremo Tribunal Federal afirmou haver vício de constitucionalidade na instituição da referida contribuição ("FUNRURAL"), por entender que a comercialização da produção é realidade econômica diversa do faturamento e este não se confunde com receita, de modo que a nova fonte deveria estar estabelecida em lei complementar. Portanto, não era devida a exação conforme a fórmula legal apreciada pela Suprema Corte. Posicionamento foi confirmado no Recurso Extraordinário nº 596.177, julgado nos moldes do artigo 543B do Código de Processo Civil, em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal realizada em 1º de agosto de 2011. 4. Sucede que a promulgação da Emenda Constitucional nº 20/98 veio alterar a situação, uma vez que o artigo 195, inciso I, alínea "b", da Constituição Federal, com nova redação, passou a prever a "receita", ao lado do faturamento, como base de cálculo para contribuições destinadas ao custeio da previdência social. Considerando que atualmente a contribuição previdenciária Fl. 1146DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.147 28 objeto da controvérsia encontrase prevista pela Lei nº 10.256/2001 (posterior à Emenda Constitucional nº 20/98) que deu nova redação ao "caput" do artigo 25 da Lei nº 8.212/91, substituindo aquela contribuição prevista no artigo 22 da Lei nº 8.212/91, não há falarse em vício de constitucionalidade nas exigências desde então. 5. No caso concreto a discussão cingese apenas às contribuições previdenciárias devidas a partir de agosto de 2005, devendo ser mantida a improcedência do pedido. 6. Agravo legal a que se nega provimento. (AC 00086942920104036000 AC APELAÇÃO CÍVEL 1601907 Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERAL JOHONSOM DI SALVO Sigla do órgão TRF3 Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte eDJF3 Judicial 1 DATA:18/06/2012) ... CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. FUNRURAL. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. ART. 25 DA LEI N. 8.212/91, COM A REDAÇÃO DECORRENTE DA LEI N. 10.256/01. EXIGIBILIDADE. PRESCRIÇÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO OU COMPENSAÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (CPC, ART. 543B). APLICABILIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar n. 118/05, na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil, acrescentado pela Lei n. 11.418/06. Entendimento que já havia sido consolidado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ, REsp n. 1002932, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25.11.09 ). No entanto, de forma distinta do Superior Tribunal de Justiça, concluiu a Corte Suprema que houve violação ao princípio da segurança jurídica a previsão de aplicação retroativa do prazo prescricional de 5 (cinco) anos, o qual deve ser observado após o transcurso da vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias, ou seja, somente para as demandas propostas a partir de 9 de junho de 2005 (STF, RE n. 566621, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 04.08.11). 2. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade dos arts. 12, V e VII, 25, I e II, e 30, IV, da Lei n. 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis n. 8.540/92 e n. 9.529/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n. 20/98, que incluiu "receita" ao lado de "faturamento", venha instituir a exação (STF, RE n. 363.852, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 03.02.10). No referido julgamento, não foi analisada a constitucionalidade da contribuição à luz da superveniência da Lei n. 10.256/01, que modificou o caput do art. 25 da Lei n. 8.212/91 para fazer constar que a contribuição do empregador rural pessoa física se dará em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22 da mesma lei. A esse respeito, precedentes deste Tribunal sugerem a exigibilidade da contribuição a partir da Lei n. 10.256/01, na medida em que Fl. 1147DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.148 29 editada posteriormente à Emenda Constitucional n. 20/98 (TRF da 3ª Região, Agravo Legal no AI n. 2010.03.00.0140846, Rel. Des. Fed. Henrique Herkenhoff, j. 19.10.10; Agravo Legal no AI n. 2010.03.00.0008920, Rel. Des. Fed. André Nekatschalow, j. 04.10.10; Agravo Legal no AI n. 2010.03.00.0162106, Rel. Juiz Fed. Conv. Hélio Nogueira, j. 04.10.10; Agravo Legal no AI n. 2010.03.00.0100010, Rel. Juiz Fed. Conv. Roberto Lemos, j. 03.08.10). 3. A parte autora pleiteia a restituição da contribuição prevista no art. 25, I e II, da Lei n. 8.212/91, com redação da Lei n. 8.540/92 e alterações posteriores. A presente demanda foi proposta em 27.04.10 (fl. 2), logo, incide o prazo prescricional quinquenal, conforme o entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal. Assim, ocorreu a prescrição em relação aos recolhimentos efetuados antes de 27.04.05, devendo ser reformada a sentença na parte que condenou a União a restituir os recolhimentos efetivados no período de 27.04.00 a 08.10.01. 4. Quanto ao período não prescrito, a sentença recorrida encontrase em consonância com a jurisprudência dominante deste Tribunal no sentido da exigibilidade da contribuição social incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização rural dos empregadores rurais pessoas físicas após o advento da Lei n. 10.256/01. 5. Reexame necessário e apelação da União providos e apelação da parte autora não provido. (AC 00041351420104036102 AC APELAÇÃO CÍVEL 1684876 Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ NEKATSCHALOW Sigla do órgão TRF3 Órgão julgador QUINTA TURMA Fonte eDJF3 Judicial 1 DATA:12/01/2012, v.u.) ... MANDADO DE SEGURANÇA. EMPRESA ADQUIRENTE DE PRODUTOS AGRÍCOLAS. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE A RECEITA BRUTA PROVENIENTE DE COMERCIALIZAÇÃO RURAL. LEIS Nº 8.540/92 E Nº 9.528/97. PRECEDENTE DO STF. EXIGIBILIDADE DA EXAÇÃO A PARTIR DA LEI 10.256/2001. INTELIGÊNCIA DA EC Nº 20/98. I Legitimidade da empresa adquirente de produtos agrícolas que não se configura se o pleito é de restituição ou compensação de tributo e que se concretiza se o pedido é de declaração de inexigibilidade da contribuição para o FUNRURAL. II Superveniência da Lei nº 10.256, de 09.07.2001, que alterando a Lei nº 8.212/91, deu nova redação ao art. 25, restando devida a contribuição ao FUNRURAL a partir da nova lei, arrimada na EC nº 20/98. III Hipótese dos autos em que a pretensão deduzida é de suspensão da exigibilidade da contribuição já sob a égide da Lei nº 10.256/2001. Fl. 1148DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.149 30 IV Empresa adquirente dos produtos agrícolas que é mera agente de retenção da contribuição incidente sobre a comercialização dos produtos obtidos do produtor rural, não sendo sujeito passivo da obrigação tributária. Alegação de que a impetrante estaria "isenta" da contribuição social ao FUNRURAL das receitas decorrentes de exportações, nos termos do artigo 149, §2º, inciso I, da Constituição Federal, que se afasta. V Recurso desprovido. (AMS 00036958520104036112 AMS APELAÇÃO CÍVEL 329082 Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERAL PEIXOTO JUNIOR Sigla do órgão TRF3 Órgão julgador SEGUNDA TURMA Fonte eDJF3 Judicial 1 DATA:21/06/2012) A grande discussão é sobre a possibilidade de exigência da contribuição por subrogação, já que, em síntese, a decisão no RE 363.852 declarou a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação ao art. inciso IV, da Lei nº 8.212/91. Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: ... IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) Subrogação é a substituição de uma pessoa por outra, na relação jurídica. Subrogado, na legislação previdenciária, é a condição de que se revestem o adquirente, consumidor ou consignatário, e a cooperativa que, por determinação da legislação, tornamse diretamente responsáveis pelo recolhimento das contribuições devidas pelo produtor rural pessoa física e pelo segurado especial. Em nosso entender, com a entrada em vigor da Lei 10.256/2001, após a EC 20/1998, passam a ser exigíveis, sem vício de constitucionalidade e sem decisão do STF que lhes abarque nesse sentido, as contribuições sociais a cargo do empregador rural pessoa física, incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção. Primeiramente, chegamos a essa conclusão por verificar que o Ministro Marco Aurélio, em seu voto, não analisa, em momento algum, se a transferência de responsabilidade, pela subrogação, é inconstitucional ou não. Fl. 1149DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.150 31 Não há decisão sem fundamento. Em segundo lugar, mas não menos importante, na decisão do ministro Marco Aurélio há a definição de que a inconstitucionalidade permanecerá até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição. Ressaltamos, instituir a contribuição, que foi o que foi feito pela Lei 10.256/2001. Em terceiro lugar,a responsabilidade pelo recolhimento da contribuição não está definida somente no IV, do Art. 30, da Lei 8.212/1991. O III, do Art. 30 também determina essa responsabilidade, e não foi mencionado na decisão. Lei 8.212/1991: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: ... III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subseqüente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; Só é obrigado a recolher àquele que tem a responsabilidade. Em quarto lugar, como já demonstramos, o próprio STF, que detém a competência de pronunciarse sobre a constitucionalidade de leis, já afirmou que não analisou a exigência da contribuição após a Lei 10.256/2001, como comprovam os voto do Ministro Ricardo Lewandovski, nos RE´s 596.177, em sede de embargos, e no 718.874, citados acima, o último confirmado pelo Ministro Luís Roberto Barroso. Portanto, definir como inconstitucional exigência que o próprio STF, de forma clara e reiterada, já se pronunciou pela indefinição da questão, seria extrapolar a competência do CARF. No presente caso, a decisão a quo definiu pela inexigência de contribuições posteriores a Lei 10.256/2001, decisão esta, que em nosso entender, deve ser reformada, conforme argumentos acima. Fl. 1150DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.151 32 Para terminar, de destaque é a decisão expressa no agravo de instrumento nº 003017649.2014.4.03.0000/MS, processo 2014.03.00.0301768/MS, Relator Desembargador Federal Cotrim Guimarães, TRF3, que brilhantemente analisou a questão: “Portanto, a jurisprudência dominante desta E. Corte Regional entende que, com a promulgação da EC nº 20/98 e a edição da Lei nº 10.256/01, não se pode mais alegar vício formal pela ausência de lei complementar, afastandose a necessidade de aplicação do disposto no parágrafo 4º do artigo 195 para a exação em exame. Pelas mesmas razões, não se pode mais pensar em bitributação ou ônus desproporcional em relação ao segurado especial e ao empregador urbano pessoa física, sendo certo que atualmente a única contribuição social devida pelo empregador rural pessoa física é aquela incidente sobre a receita bruta da comercialização da sua produção. Também restou sedimentado que não há vício na utilização das alíquotas e da base de cálculo previstas nos incisos I e II do caput do artigo 25 da Lei8.212/91, com redação trazida pela Lei9.528/97, tratandose de questão de técnica legislativa, estando os respectivos incisos abrangidos pelo espírito legislativo que motivou a edição da Lei10.256/01. O mesmo raciocínio serve para se concluir pela plena vigência do regramento disposto no inciso IV do artigo 30 da Lei8.212/91. ... No tocante aos incisos I e II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 10.256/01, o entendimento majoritário da turma é no sentido de que a decisão do Supremo Tribunal Federal ocorreu em sede de controle difuso de constitucionalidade e em relação à redação do caput do artigo 25 dada pela Lei nº 9.528/97. Com a superveniência da Lei nº 10.256/01, que entrou em vigor antes da declaração da inconstitucionalidade, não havia necessidade de alteração dos incisos, uma vez que aquele dispositivo legal alterou o caput do artigo 25 para adequálo à Emenda Constitucional nº 20. Ademais, em se tratando de controle difuso, o Senado Federal (artigo 52, inciso X, da Constituição Federal de 1988) não será obrigado a suspender a execução dos incisos, sobretudo pela compatibilidade da nova redação do caput do artigo 25 da Lei nº 8.212/91 com o texto constitucional alterado pela EC nº 20, sendo desnecessária a edição de lei complementar. Acresçase, ainda ao fato que a constitucionalidade da tributação com base na Lei 10.256/2001 não foi analisada nem teve repercussão geral reconhecida, conforme o decidido nos embargos de declaração a seguir: Fl. 1151DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.152 33 EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FUNDAMENTO NÃO ADMITIDO NO DESLINDE DA CAUSA DEVE SER EXCLUÍDO DA EMENTA DO ACÓRDÃO. IMPOSSIBILIDADE DA ANÁLISE DE MATÉRIA QUE NÃO FOI ADEQUADAMENTE ALEGADA NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO NEM TEVE SUA REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. INEXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU OMISSÃO EM DECISÃO QUE CITA EXPRESSAMENTE O DISPOSITIVO LEGAL CONSIDERADO INCONSTITUCIONAL. I Por não ter servido de fundamento para a conclusão do acórdão embargado, excluise da ementa a seguinte assertiva: "Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador"(fl. 260). II A constitucionalidade da tributação com base na Lei 10.256/2001 não foi analisada nem teve repercussão geral reconhecida. III Inexiste obscuridade, contradição ou omissão em decisão que indica expressamente os dispositivos considerados inconstitucionais. IV Embargos parcialmente acolhidos, sem alteração do resultado. (STF Tribunal Pleno EDRE 596177/RS Rel. Min. Ricardo Lewandowski j. 17/10/2013 Publ. Dje 18/11/2013). Diante do exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento, nos termos dos artigos 527, I e 557, "caput" do Código de Processo Civil e da fundamentação supra. Cabe destacar, aqui, decisões do CARF que vão ao encontro da manutenção da exigência: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA SUBROGAÇÃO CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO. LEI Nº 10.256/2001 CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS SENAR A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social e ao financiamento das prestações por acidente do trabalho, é de 2% e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, respectivamente, nos termos do art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. Fl. 1152DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.153 34 A não apreciação no RE 363.852/MG dos aspectos relacionados a inconstitucionalidade do art. 30, IV da Lei 8212/2001; sendo que o fato de constar no resultado do julgamento “inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97” não pode levar a interpretação extensiva de que fora declarada também a inconstitucionalidade do art. 30, IV, considerando a ausência de fundamentos jurídicos no próprio voto condutor. Segundo, o próprio dispositivo do Acórdão do RE 363.852/MG que declarou a inconstitucionalidade fez constar: “até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição”. Ou seja, considerando que a lei 10.256/2001, cobriu de legitimidade a cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física, por derradeiro, não tendo o RE 363.852 declarado a inconstitucionalidade do art. 30, IV da lei 8212/91, a subrrogação consubstanciada neste dispositivo encontrase também legitimada. As contribuições destinadas ao SENAR não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário n 363.852. Desse modo, permanece a exação tributária. (Processo 10140.720892/201341, Acórdão: 2401 003.896, Relatora Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira) ... ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2009 a 31/12/2010 EMPREGADOR RURAL PESSOA JURÍDICA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO. LEI Nº 8.870/94. A contribuição do empregador rural pessoa Jurídica que se dedique à produção rural, destinada à Seguridade Social e ao financiamento das prestações por acidente do trabalho, em substituição à prevista nos incisos I e II do art. 22 da Lei no 8.212/91, é de 2,5 % e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, respectivamente, nos termos do art. 25 da Lei nº 8.770/94, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. ... PRODUTO RURAL PESSOA FÍSICA SUBROGAÇÃO A empresa adquirente fica subrogada nas obrigações do produtor rural pessoa física com empregados e do segurado especial, relativas ao recolhimento da contribuição incidente sobre a comercialização da produção rural estabelecida no art. Fl. 1153DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.154 35 25 da Lei n° 8.212/1991, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001. INCONSTITUCIONALIDADE. A inconstitucionalidade declarada pelo STF no Recurso Extraordinário nº 363.852 não produz efeitos aos lançamentos de fatos geradores ocorridos após a Emenda Constitucional nº 20/98. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para afastar a aplicação de normas legais e regulamentares sob fundamento de inconstitucionalidade. Súmula CARF n.º 02. (Processo 10140.720589/201267, Acórdão: 2302003.289, Relatora Liége Lacroix Thomasi) ... ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2009 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU DE ATO NORMATIVO. RECONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA. Escapa à competência deste Colegiado a declaração, bem como o reconhecimento, de inconstitucionalidade de leis tributárias, eis que tal atribuição foi reservada, com exclusividade, pela Constituição Federal, ao Poder Judiciário. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. SUBROGAÇÃO DO ADQUIRENTE. ART. 25 DA LEI nº 8.212/91, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.256/2001. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social e ao financiamento das prestações por acidente do trabalho, é de 2% e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, respectivamente, nos termos do art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. A empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91, no prazo e na forma previstas na legislação tributária, independentemente de essas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. Fl. 1154DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.155 36 RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE PELO RECOLHIMENTO. ART. 30, III, DA Lei nº 8.212/91. A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91, foi expressamente atribuída ao adquirente, ao consignatário, ou à cooperativa, pelo inciso III do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, o qual não foi alvejado tampouco atingido pelos petardos da declaração de inconstitucionalidade aviada no RE nº 363.852/MG, permanecendo tal obrigação tributária ainda vigente e eficaz, produzindo todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. CONTRIBUIÇÃO PARA O SENAR. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. SUBROGAÇÃO. É devida a contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea ‘a’ do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212/91, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR, à alíquota de 0,2% incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. As contribuições sociais incidentes sobre a receita bruta oriunda da comercialização da produção são devidas pelo produtor rural, sendo a atribuída à empresa adquirente, consumidora, consignatária ou à cooperativa, a responsabilidade pelo desconto e recolhimento, na condição de subrogada nas obrigações do empregador rural pessoa física e do segurado especial. LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Não incorre em cerceamento do direito de defesa, tampouco em nulidade, o lançamento tributário cujos relatórios típicos, incluindo o Relatório Fiscal e seus anexos, descreverem de forma clara, discriminada e detalhada a motivação da autuação, bem como a natureza e origem de todos os fatos geradores lançados, suas bases de cálculo, alíquotas aplicadas, montantes devidos, as deduções e créditos considerados em favor do contribuinte, assim como, os fundamentos legais que lhe dão amparo jurídico, permitindo destarte a perfeita identificação dos tributos lançados, favorecendo o contraditório e a ampla defesa. DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. COMPETÊNCIA. Os procedimentos de fiscalização a serem realizados na jurisdição de outra unidade descentralizada, subordinada à mesma região fiscal, serão autorizados pelo respectivo Superintendente. MPF. EMISSÃO ÚNICA PARA CADA SUJEITO PASSIVO. ESTABELECIMENTO CENTRALIZADOR. Fl. 1155DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.156 37 Os procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil somente terão início por força de Mandado de Procedimento Fiscal, expedido em face de Sujeito Passivo, no CNPJ do estabelecimento centralizador, abarcando todos os estabelecimentos da empresa. ATOS PROCESSUAIS. INTIMAÇÃO. HIPÓTESES LEGAIS. ART. 23 DO DECRETO Nº 70.235/72. As intimações dos Atos Processuais devem ser feitas de maneira pessoal, pelo autor do procedimento, como também por via postal ou por meio eletrônico, com prova de recebimento, no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, assim considerado, respectivamente, o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária, ou o endereço eletrônico atribuído pela administração tributária ao Sujeito Passivo, desde que por este autorizado, a teor dos incisos I, II e III, do art. 23 do Decreto nº 70.235/72, inexistindo ordem de preferência. (Processo 15868.720169/2013, Acórdão: 2302 003.638, Relator Arlindo da Costa e Silva) ... ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2011 a 30/01/2012 CONTRIBUIÇÃO PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE A empresa adquirente fica subrogada nas obrigações do produtor rural pessoa física com empregados e do segurado especial, relativas ao recolhimento da contribuição incidente sobre a comercialização da produção rural estabelecida no art. 25 da Lei n° 8.212/1991, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001. EXIBIÇÃO DE LIVROS OU DOCUMENTOS. OBRIGAÇÃO AFETA A TODOS OS CONTRIBUINTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Apresentar documentos e livros relacionados com a previdência social é obrigação que afeta a todos os contribuintes da previdência social. Por isto, configura infração ao artigo 33, §§ 2 e 3, da Lei 8.212/91, deixar a empresa de exibir à AuditoriaFiscal da Receita Federal do Brasil tais livros e documentos. INCONSTITUCIONALIDADE. A inconstitucionalidade declarada pelo STF no Recurso Extraordinário nº 363.852 não produz efeitos aos lançamentos de fatos geradores ocorridos após a Emenda Constitucional nº 20/98. (Processo 10970.720130/201291, Acórdão: 2402 003.964 , Relator Júlio César Vieira Gomes) Fl. 1156DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Processo nº 16004.001438/200871 Acórdão n.º 2402004.795 S2C4T2 Fl. 1.157 38 CONCLUSÃO Pelo exposto, acompanho o relator na questão de não conhecer do recurso voluntário da Sra. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA, e, nas demais questões, nego provimento ao recurso, no mérito, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Fl. 1157DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinad o digitalmente em 12/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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