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Numero do processo: 10875.000782/2002-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Jan 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/09/1997 a 31/10/1997
AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO. REVISÃO DE DCTF. DEPÓSITOS JUDICIAIS. CONVERSÃO EM RENDA. COMPROVAÇÃO.
A conversão em renda dos depósitos judiciais realizados pela contribuinte foi comprovada em diligência.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3301-002.681
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/09/1997 a 31/10/1997 AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO. REVISÃO DE DCTF. DEPÓSITOS JUDICIAIS. CONVERSÃO EM RENDA. COMPROVAÇÃO. A conversão em renda dos depósitos judiciais realizados pela contribuinte foi comprovada em diligência. Recurso Voluntário Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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REVISÃO DE DCTF. DEPÓSITOS JUDICIAIS. CONVERSÃO EM RENDA. COMPROVAÇÃO. A conversão em renda dos depósitos judiciais realizados pela contribuinte foi comprovada em diligência. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 00 07 82 /2 00 2- 11 Fl. 236DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 10875.000782/200211 Acórdão n.º 3301002.681 S3C3T1 Fl. 237 2 Relatório Trata o presente processo de impugnação do Auto de Infração – DCTF nº 0001631, relativo à contribuição do PIS dos períodos de apuração de julho/97 a dezembro/97, lavrado em 30/10/2001 e cientificado o contribuinte Softest Equipamentos Eletrônicos Ltda, por via postal, em 14/12/2001(fls.46). O contribuinte em epígrafe apresentou impugnação tempestiva (fls.2/44), em 11/01/2002, acompanhada de documentos, alegando ter efetuado depósitos judiciais dos valores em questão, vinculados à ação ordinária nº 92.00478670, bem como informou que os depósitos estavam sendo convertidos em renda da União. Intimada a regularizar a representação processual (em 15/04/2004), a empresa referida apresentou, em 29/04/2004, petição (fls.49), em que além dos documentos solicitados, apresentou também documentação referente à conversão parcial em renda da União dos valores do PIS (vinculado à ação nº 92.00478670), ocorrida no dia 09/09/1999, no valor de R$7.075,13. Conforme cópia da “Documentação de Levantamentos Judiciais/Ofício para Arquivo da Agência” (fls.56), cabe ressalvar que somente foram convertidos depósitos judiciais do PIS efetivados em 15/08/97, 15/09/97, 15/12/97 e 15/01/98, enquanto que os demais depósitos convertidos se referiam a outros fatos geradores (não relativos ao AI – DCTF nº 0001631). Conforme acórdão nº 0524.989 (fls.106/111), datada de 02/03/2009, a 5ª Turma de Julgamento da DRJ/Campinas/SP, por unanimidade, considerou procedentes em parte as exigências fiscais relativas ao PIS, afastando as exigências referentes aos períodos de julho, agosto, novembro e dezembro/97 e mantendo o valor principal lançado para os períodos de setembro e outubro/97, exonerando a multa de ofício sobre eles aplicada. Foi encaminhado ao contribuinte a cópia do acórdão da DRJ/Campinas, conforme Intimação nº 165/2009 (fls.113) e A.R.Aviso Recebimento(fls.116). O interessado protocolou recurso voluntário (fls.118), em 17/04/09, alegando em síntese que “todos os impostos cobrados foram pagos via depósito judicial”. Visando comprovar o alegado o contribuinte juntou unicamente as cópias dos depósitos judiciais, relativos aos períodos de apuração de setembro e outubro/97 (fls.119/120). Conforme Resolução nº 380300.089 – 3ª Turma Especial, de 02/02/2011, os membros do Colegiado do CARF, decidiram por converter o julgamento em diligência por maioria de votos. Vencido o relator, que negou provimento a recurso(fls.133/137). Foi enviado ao interessado a Intimação DRF/GUA/SECAT Nº158/2012, conforme A.R. (fls.141), na qual foi solicitada (dentre outras) cópias dos autos judiciais nº 92.00478670, relativas às documentações das regularizações, conversões, e transformações Fl. 237DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 10875.000782/200211 Acórdão n.º 3301002.681 S3C3T1 Fl. 238 3 em pagamentos definitivo em favor da União ocorridas, acompanhada de cópias dos Ofícios(respostas) de atendimento da Caixa Econômica Federal CEF e de planilha contendo os dados das contas judiciais, dados do autor, datas e valores dos depósitos judiciais, objeto de regularização/conversão/transformação. É o relatório. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 10875.000782/200211 Acórdão n.º 3301002.681 S3C3T1 Fl. 239 4 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. A minuciosa e muito bem realizada diligência a cargo da Delegacia da Receita Federal em Guarulhos/SP esclareceu a controvérsia do processo em tela. Convém transcrever parte do texto da diligência em questão: (...) 10 Com relação aos depósitos judiciais do PIS efetuados pela Softest Equip.Eletrônicos Ltda na conta nº 0265.005.001242752, vale lembrar que CEF informou ao Juízo da 8ª VF/SP ter efetuado duas conversões (parciais) em renda, nos dias 09/09/1999 e 10/04/2002, nos valores de R$ 7.075,13 e R$ 27.576,13, respectivamente. Cabe mencionar que as duas conversões em renda foram confirmadas pela pesquisa no sistema Sinal08 (fls.142). 11 Cabe informar que os depósitos judiciais do PIS efetuados pela autora em epígrafe, relativos aos PA's de set/97 e out/97, nos valores de R$ 983,95 e R$ 393,67, respectivamente, foram localizados nas pesquisas efetuadas no sistema Sinaldep de folhas 211 e 212. 12 Considerando a documentação juntada ao presente (fls.142/220) e tendo em vista as respostas enviadas pela CEFCaixa Econômica Federal à Justiça Federal, através de seus Ofícios nºs 2767/Pab JF/SP e 3609/2010/PAB JUSTIÇA FEDERAL/SP, informando que converteu todos os depósitos judiciais do PIS efetuados pela autora na conta nº 0265.005.001242752 e que restou nessa conta apenas os valores referentes à COFINS incorretamente depositadas (nos períodos de 15/04/1996 a 10/09/1997), foi necessário efetuarmos cálculos com a utilização do programa DEPJUD (fls.151 ) visando a confirmação da conversão em renda da União (no dia 10/04/2002) dos depósitos judiciais do PIS, dos PA's de set/97 e out/97. 13 Nos cálculos efetuados com a utilização do programa DEPJUD que atualiza depósitos judiciais (fls.151), foram considerados os depósitos judiciais do PIS efetuados pela SOFTEST EQUIP.ELETRÔNICOS LTDA (fls.152/205), dentre os quais encontramse incluídos os depósitos dos PA's de set/97(fls.202) e de out/97(fls.203), bem como foi considerado o depósito judicial do PIS efetuado pela autora, no dia 13/02/98, no valor de R$228,99 (pesquisa fls.212). Cabe informar que esses depósitos judiciais referidos foram atualizados pelo DEPJUD até o dia 10/04/2002 (data da ocorrência da 2ª conversão parcial – de R$27.576,13), resultando na apuração do valor atualizado de R$27.493,46. 14 Cabe ressalvar que foram observadas diferenças não significativas entre os valores apurados no DEPJUD e os convertidos, provavelmente devido à margem de erro nos arredondamentos dos cálculos do sistema DEPJUD. 15 Assim, foi possível concluir que os depósitos judiciais do PIS efetuados pela Softest Equip.Eletrônicos Ltda, relativos aos PA's de set/97 e out/97, nos Fl. 239DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL Processo nº 10875.000782/200211 Acórdão n.º 3301002.681 S3C3T1 Fl. 240 5 valores de R$983,95 e R$393,67, respectivamente, foram objeto de conversão em renda da União, no dia 10/04/2002. 16 Importa lembrar que o Auto de Infração nº 0001631, relativo ao PIS dos PA's de jul/97 a dez/97, foi lavrado em 30/10/2001 e cientificado o contribuinte, no dia 14/12/2001, por via postal (fls.46). Portanto, foi comprovado na diligência que os depósitos judiciais do PIS efetuados pela recorrente, relativos aos Períodos de Apuração de setembro de 1997 e outubro de 1997, nos valores de R$ 983,95 e R$ 393,67, respectivamente, foram objeto de conversão em renda da União, no dia 10/04/2002. Considerando que essa era a única controvérsia restante na lide, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. (ASSINADO DIGITALMENTE) LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Fl. 240DF CARF MF Impresso em 07/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06 /01/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por ANDRADA MARCIO CA NUTO NATAL
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Numero do processo: 11610.004577/2003-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 16 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1401-000.296
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Presidente e Redator para Formalização da Resolução
Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF), a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura em 15.09.2015. Da mesma maneira, tendo em vista que o relator Maurício Pereira Faro não integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Presidente André Mendes de Moura será o responsável pela formalização da resolução como redator.
Participaram do julgamento os conselheiros Mauricio Pereira Faro, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Sergio Luiz Bezerra Presta, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Jorge Celso Freire da Silva (Presidente à Época do Julgamento).
Nome do relator: MAURICIO PEREIRA FARO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura - Presidente e Redator para Formalização da Resolução Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF), a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura em 15.09.2015. Da mesma maneira, tendo em vista que o relator Maurício Pereira Faro não integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Presidente André Mendes de Moura será o responsável pela formalização da resolução como redator. Participaram do julgamento os conselheiros Mauricio Pereira Faro, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Sergio Luiz Bezerra Presta, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Jorge Celso Freire da Silva (Presidente à Época do Julgamento).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1875; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 396 1 395 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11610.004577/200380 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1401000.296 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 11 de fevereiro de 2014 Assunto DILIGÊNCIA Recorrente LUA NOVA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Presidente e Redator para Formalização da Resolução Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF), a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura em 15.09.2015. Da mesma maneira, tendo em vista que o relator Maurício Pereira Faro não integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Presidente André Mendes de Moura será o responsável pela formalização da resolução como redator. Participaram do julgamento os conselheiros Mauricio Pereira Faro, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Sergio Luiz Bezerra Presta, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Jorge Celso Freire da Silva (Presidente à Época do Julgamento). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 16 10 .0 04 57 7/ 20 03 -8 0 Fl. 396DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004577/200380 Resolução nº 1401000.296 S1C4T1 Fl. 397 2 RELATÓRIO Tratase de recurso interposto pelo contribuinte contra acórdão que julgou procedente em parte a impugnação. Por bem resumir a questão ora examinada, adoto o relatório do órgão julgador a quo: Tratase da Manifestação de Inconformidade, de fls. 114/123, apresentada contra o Despacho Decisório de fls. 87/96, da DIORT/DERAT/SPO, que homologou parcialmente as compensações declaradas nos autos do pre'sente e nos dos processos apensados: 11610.004717/200310, 11610.004718/200364, 11610.004719/200317, 11610.004719/200317, 11610.007023/200334, vinculadas a indébito tributário oriundo dos i saldos negativos de IRPJ (R$ 1.123.592,54) e de CSLL (121.374,61), apurados no anocalendário de 2002 (DIPJ 2003). Segundo o despacho decisório de fls 87/96 foi feita pesquisa no sistema SIEF PER DCOMP que não informou a 'existência de nenhuma Declaração de Compensação vinculada ao presente processo (fls. 79 a 83). Por bem descrever os fatos transcrevese abaixo excerto do despacho decisório guerreado (fls 316/320), que deu margem ao litígio: 4. SALDO CREDOR DO IRPJ ANOCALENDÁRIO 2002 4.1. Analisandose a DIPJ/2003, verificase que o interessado optou por apuração anual do IRPJ, e apurou lucro real no r,valor de R$ 9.574.821,52 gl. 34). Em pesquisa ao sistema SAPLI (fl. 84), não foram encontradas inconsistências de compensação de prejuízos fiscais. O saldo negativo do IRPJ apurado na Ficha 12A (fl. 43), no valor de R$ 1.123.592,54, foi composto pelas deduções do montante do IRFONTE informado na Linha 13 da Ficha 12A e do montante dà imposto de renda pago por estimativa informado na Linha 16 da Ficha 12A. 4.2. ESTIMATIVAS MENSAIS DO IRPJ 4.2.1. Janeiro de 2002 (ti 35): foi apurado imposto a pagar de R$ 680.045,89, valor que foi declarado em DCTF (fl. : 51). Deste montante, parte de R$ 402.083,06 foi paga através de DARF, cujo pagamento foi comprovado através de pesquisa ao sistema SIEF/PAGAMENTO (fl.71), e o restante, no valor de R$277.962,83, foi compensado sem processo com o saldo credor do IRPJ ano calendário 2000, conforme declarado em DCTF. Em pesquisa à DIPJ/2001 (fls. 67 a 70). constatase que não foi apurado saldo credor do IRPJ no ano calendário 2000, mas saldo a pagaino valor de R$ 1.304.567,33, informado na Linha 18 da Ficha 12A da' DIPJ/2001 (fl. 69), portanto, a parte do débito da estimativa de janeiro compensada com o saldo credor do anocalendário 2000, no valor de R$ 277.962,83, Fl. 397DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004577/200380 Resolução nº 1401000.296 S1C4T1 Fl. 398 3 será desconsiderada do montante do imposto de renda pago por estimativa que compôs o saldo credor 4.3. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE 4.3.1. Em pesquisa ao sistema SIEF/DIRF (fls. 11 a 27), verificase que foram entregues DIRFs com informações das beneficiárias: matriz CNPJ 62.461.140/000114 (lis. 11 a115), filial CNPJ 62.461.140/0005 48 (fls. n 16 a 19), filial CNPJ 62.461.140/000629 (fls. 20 e21), CNPJ 62.461.140/0001439 (lls. 22), CNPj 62.461.140/002087 (fls. 23) e CNPJ 62.461.140/002320 (lls. 24 a 27). 4..3.2. De acordo com o art. 837 do Decreto .3.000/99 (RIR): Art. 837. No cálculo do imposto devido, para fins de compensação, restituição ou cobrança de diferença do tributo, será abatida do total apurado a importância que houver sido descontada nas fontes, correspondente a imposto retido, como antecipação, sobre rendimentos incluídos na declaração (DecretoLei ;12 94, de 30 de dezembro de 1966, art. 99 4.3.3. No tocante ao oferecimento das receitas financeiras cujo montante do IRRF compôs o saldo credor do IRPJ, somandose os totais dos rendimentos tributáveis das DIRFs das beneficiárias matriz e filiais (fls. 11, 16, 20 e 24), verificase no montante encontrado é compatível com o informado na Linha 24 Outras Receitas Financeiras da Ficha 06A da DIPJ/2003, no valor de R$ 9.246.930 11. 4.3.4. Com relação ao montante do IRRF utilizado como dedução do imposto devido no ajuste anual do IRPJ (Linha 13 da Ficha 12 A, fl 43) e nas estimativas mensais de janeiro a maio e'julho de 2002 (Linha 07 da Ficha 11, fls.35 a 38 e 39), no valor de R$ 1.471.584,71 (quadro n° 2 seguinte), é maior do que o declarado em, DIRF, no valor de R$ 1.433.191,10 (quadro n° 1), portanto será considerado na análise deste processo o montante do IRRF declarado em DIRF. A diferença de R$ 38.393,61 (R$ 1.471.584,71 () R$ 1.433.191,10) será desconsiderada do montante do IRRF que compôs o saldo credor. 4.4. Diante do exposto nos subitens 4.2 e 4.3, o saldo negativo do IRPJ anocalendário 2002 fica alterado, para fins de restituição/compensação, de R$ 1.123.592,54 para R$ 807.236,10. 5. SALDO CREDOR DA CSLL ANOCALENDÁRIO 2002 5.1. Analisandose a DIPJ/2003, verificase que o interessado optou por apuração anual da CSLL, e apurou base de cálculo da CSLL no valor de R$ 9.574.821,52 (ll. 48). Em pesquisa ao sistema SAPLI (fl. 85), não foram encontradas inconsistências de compensação de base de cálculo da CSLL. O saldo negativõ da CSLL apurado na Ficha 17 (fl. 49), no valor de R$ 121.374,61, foi composto pelo montante da CSLL pago por estimativa informado na Linha 38 da Ficha 17. 5.2. O Cálculo da CSLL devida (Linha 35 da Ficha 17. fl 48) foi efetuado Corretamente à aliquota de 9%. 5.3 ESTIMATIVAS MENSAIS DA CSLi. 5.3.1. Janeiro de 2002 (fl. 43): foi apurada CSLL a pagar de R$ 287.703,99, valor que foi declarado; em DCTF (fl. 590. Desse Fl. 398DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004577/200380 Resolução nº 1401000.296 S1C4T1 Fl. 399 4 montante, parte de R$ 171.725,98 foi paga através de DARF, e o restante, no valor de R$ 115.978,01, foi compensado sem processo com o saldo credor da CSLL anocalendário 2000, conforme declarado em DCTF. Em pesquisa à DIPJ/2001 (fls. 67 a 70), constatase que não foi apurado saldo credor da CSLL, n.o ano calêndário 2000, mas saldo a pagar no valor de R$ 1.539.224,38, informado na Linha 42 da Ficha 17 da DIPJ/2001 (fls. 70), portanto, a parte do débito da estimativa de janeiro compensada com o saldo credor dá lanocalendário 2000, no valor de R$ 115.978,01, será desconsiderada do montante da CSLL pago por estimativa que compôs o saldo credor. 5.3.2. Fevereiro \ a agosto de 2002 (fls. 44 a 46) apurou CSLL apagar em todos, cujos 'valores foram declarados em1DCTF (fls. 60 a 66) e integralmente \pagos, conforme pesquisa ao sistema SIEF/PAGAMENTO (fls. 75 a 78). 5.3.3. Setembro a dezembro de 2002 (fis. 46 e 47): não foram apurados saldos de CSLL apagar. 5.4. Diante do exposto no subitem 5.3.1, o saldo negativo da CSLL anocalendário 2002 fica alterado, ° ,para fins de restituição/compensação, de R$ 121.374,61 para R$ 5.396,60. Foram reconhecidos parcialmente os direitos creditórios referentes ao . saldo credor do IRPJ e da CSLL do anocalendário de 2002, nos montantes de R$ 807.236,10 e de R$ 5.396,60, respectivamente, sendo homologadas parcialmente as DCOMPs apresentadas, até o limite dos direitos creditórios reconhecidos. Contra o despacho decisório cuja ciência foi dada, em 25/03/2008 (fls. 97), a contribuinte interpôs, em 23/04/2008, manifestação de inconformidade de fls. 114/123 acompanhado pelos documentos de fls. (124/207), alegando em síntese: A compensação do IRPJ estimativa mensal de R$ 277.962,83, de janeiro de 2002, teria sido compensado parte com créditos próprios de IRPJ saldo negativo da DIPJ/2001, e, o restante com créditos oriundos do saldo negativo de IRPJ, apurado na DIPJ/2001 da sua incorporada. Teria havido erro no preenchimento da DIPJ 2001(fls. 67 a 70), pois o requerente não possuiria IRRF Por órgão público, mas imposto de renda pago durante o anocalendário de 2000 a título de estimativa que deveria ser lançado na linha 16 da ficha 12. O valor correto da linha 16 seria R$ 2.685.752,35, pagos por estimativa, sendo correto R$ 1.128.814,74 com os DARFs de fls. 133/139 e R$ 1.556.937,61, compensados com o saldo credor de IRPJ e CSLL apurados na DIPJ/2000 (doc 10). do total de R$ 252.370,28 (DIPJ/2001), uma parcela (R$ 129.565,00) teria sido utilizada para compensação com o IRRF de fevereiro de 2001, e, o restante teria sido compensado com o IRPJ estimado de 2002, de R$ 277.962,83. Fl. 399DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004577/200380 Resolução nº 1401000.296 S1C4T1 Fl. 400 5 parte da estimativa de \janeiro de 2002, teria sido também compensada com parte do crédito oriundo de saldo negativo de IRPJ da DIPJ/2001 da sua incorporada "Plast Seven Indústria de Plásticos Ltda.", docs. 11 e 12). de acordo com o documento 12 e a ficha 43 da DIPJ e os comprovantes de rendimentos colacionados (doc. 14), ficaria transparente que a re,querente teria recebido rendimentos financeiros líquidos do IRRF, portanto, seria descabida qualquer glosa em razão dê divergência em DIRFs entregues pelas fontes pagadoras, tendo em vista que a Requerente não concorreu para estas divergências>, a compensação da CSLL estimativa mensal de janeiro de 2002, no montante de R$ 115.978,01 teria se dado parte contra créditos próprios da CSLL, saldo negativo da DIPJ/2001, e o restante contra créditos, da sua incorporada, oriundos do saldo negativo da DIPJ/2001. teria havido erro no preenchimento da DIPJ/2001, pois a requerente teria se esquecido de informar na linha 38 da Ficha 17 o total da CSLL mensal paga por estimativa. O valor correto da linha 38, seria R$ 1.599.834,83, como abaixo apresentado, pago como estimativa mensal de CSLL, que seria composto de R$ 497.867,91 pagos com DARFs (docs. 15 a 19). E, R$ 1.101.966,93 teriam sido compensados com saldo credor de CSLL apurados na DIPJ/2000 (doc. 10). a estimativa da CSLL de janeiro cle 2002 teria sido compensada parte com o saldo negativo da CSLL da DIPJ/2001 e parte com o saldo negativo de CSLL oriundo da sua incorporada "Plast Seven Indústria de Plásticos Ltda.". Requereu por fim, que seja dado provimento à presente Manifestação de Inconformidade para, reformando o despacho proferido, a fim de sejam homologadas as declarações de compensação apresentadas. Em face de tais argumentos, entenderam os membros da 5ª Turma de Julgamento da DRJ/SPOI, por unanimidade de votos, deferir a solicitação em parte. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. PRESSUPOSTO DE VALIDADE. A compensação pressupõe a existência. de crédito líquido e 'certo, sem o que não poderá ser admitida; homologamse as compensações apresentadas até o limite do Saldo negativo do IRPJ confirmado. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Na vigência da IN 21/1997 era possível a compensação independentemente de requerimento somente entre os créditos decorrentes de pagamento indevido, ou a maior que o devido, de tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional, para pagamento de Fl. 400DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004577/200380 Resolução nº 1401000.296 S1C4T1 Fl. 401 6 débitos da própria pessoa jurídica, entre eles não incluídos os da sucedida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. A compensação pressupõe a existência de crédito liquido e certo, sem o que não poderá ser admitida; homologamse as compensações apresentadas até o limite do saldo negativo da CSLL confirmado. Solicitação Deferida em Parte erro do sujeito passivo, devese prevalecer no lançamento a verdade material dos fatos. LANÇAMENTO REFLEXO. PIS. COFINS. É improcedente o lançamento reflexo de PIS e COFINS que teve por fundamento infração restrita à base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Em face do referido acórdão de Primeira Instância o contribuinte interpôs Recurso Voluntário. É o relatório. Fl. 401DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004577/200380 Resolução nº 1401000.296 S1C4T1 Fl. 402 7 VOTO Conselheiro André Mendes de Moura Redator para Formalização do Voto Em face da necessidade de formalização da decisão proferida nos presentes autos, e tendo em vista que o relator originário do processo não mais integra o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, encontrome na posição de Redator, nos termos dos arts. 17 e 18, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 (RICARF). Informo que, na condição de Redator, transcrevo literalmente a minuta que foi apresentada pelo Conselheiro durante a sessão de julgamento. Portanto, a análise do caso concreto reflete a convicção do relator do voto na valoração dos fatos. Ou seja, não me encontro vinculado: (1) ao relato dos fatos apresentado; (2) a nenhum dos fundamentos adotados para a apreciação das matérias em discussão; e (3) a nenhuma das conclusões da decisão incluindose a parte dispositiva e a ementa. A seguir, a transcrição do voto. O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. Conforme já mencionado no relatório, a questão aqui posta discute as compensações declaradas nos autos do presente e nos dos processos apensados: 11610.004717/200310, 11610.004718/200364, 11610.004719/200317, 11610.004719/2003 17, 11610.007023/200334, vinculadas a indébito tributário oriundo dos saldos negativos de IRPJ (R$ 1.123.592,54) e de CSLL (121.374,61), apurados no anocalendário de 2002 (DIPJ 2003). Sustenta preliminarmente a Recorrente a necessidade de apensação dos presentes autos aos processos nºs. 13807.004767/0057, 13807.006030/0004 e 13807.007243/0072, em trâmite perante o E. Primeiro Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), pois todos versam sob exigência de crédito tributário formalizado com base nos mesmos elementos de, prova. Fundamentou tal pleito tendo em vista que possuem partes iguais e causa de pedir conexas, pois, a decisão proferida nestes três processos administrativos afetará diretamente a conclusão e desfecho do processo administrativo aqui discutido. Isso porque, segundo o contribuinte, a compensação discutida em recurso nos processos administrativos nºs 13807.004767/0057, 13807.006030/0004 e 13807.007243/00 72, extinguiram estimativas de IRPJ do ano base de 2000, e, e esta estimativa por sua vez gerou saldo credor de IRPJ que foram utilizados nas estimativas do ano base de 2001, cujo saldo credor foi utilizado contra estimativas do ano base de 2002 (objeto deste recurso). Fl. 402DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004577/200380 Resolução nº 1401000.296 S1C4T1 Fl. 403 8 Dessa forma, como a decisão recorrida levou em consideração a decisão não homologatória destes créditos de 2000, se faria necessária a reunião destes processos para que o efeito jurídico seja aplicado uniformemente, evitando contradições. Para analisar a conexão entre os referidos casos eu retirei o processo da pauta de julho, haja vista a indisponibilidade de acesso aos processos n° 13807.004767/0057, 13807 006030/0004. De fato, a questão aqui discutida é conexa a controvérsia posta nos processos n° 13807.004767/0057 e 13807.006030/0004. Verificando o status dos referidos processos, identifiquei que os mesmos foram apensados ao processo nº 1380700793610029 o qual, ao ser apreciado pelos membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, serviu provido parcial, conforme se verifica de sua ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido Exercício. 7000 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO – PAGAMENTOS INDENIZADOS PRAZO HOMOLOGAÇÃO TA CITA – Os pedidos de compensação que em 01/10/2002 encontravamse pendentes de decisão pela autoridade administrativa da SRF são considerados Declaração de Compensação, para os efeitos previstos no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação determinada pelo art. 49 da Lei n° 10.63Z de 2002, e pelo art. 17 da Lei n° 10.833, de 2003. 0 prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo é de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. A data de inicio da contagem do prazo de 5 (cinco) anos, na hipótese de pedido de compensação convertido em Declaração de Compensação, é a data da protocolização do pedido na SRF. Transcorridos mais de 5 (cinco) anos da data do pedido de compensação, sem manifestação da autoridade administrativa competente, operase a homologação tácita extintiva do crédito tributário. CSLL RESTITUIÇÃO PRAZO PRESCRICIONAL É de cinco anos o prazo para pleitear a restituição de crédito da Contribuição Social sobre o Lucro apurado na declaração de rendimentos, tendo como início a data da extinção do crédito tributário. O direito de solicitar a retificação de rendimento Incluído na DIPJ que serviu de base a restituição obedece ao mesmo interregno de prescrição. Exegese do artigo 168. I, do CTN, na forma estatuída pelo artigo 3° da Lei Complementar n° 118/05. Em face do referido acórdão, interpõe a Fazenda Nacional Recurso Especial, que foi julgado de maneira definitiva pela Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF em 24.04.2012, onde restou negado nos seguintes termos: COMPENSAÇÃO HOMOLOGAÇÃO TÁCITA Transcorridos cinco anos do pedido de compensação, desde que convertido em declaração de compensação, nos termos dos parágrafos 4° e 5°, do artigo 74, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo artigo 49 da Lei n° Fl. 403DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 11610.004577/200380 Resolução nº 1401000.296 S1C4T1 Fl. 404 9 10.637/02 e artigo 17 da Lei n°10.833/03, perde o Fisco o direito de não homologar a compensação, verificandose a definitiva liquidação do tributo. (acórdão nº 9101001330) Considerando o impacto do acórdão parcialmente favorável ao contribuinte proferido no processo nº 13807.007936/0029 no caso ora analisado, deve ser considerado o direito creditório reconhecido no limite da aplicação da decisão proferida no processo anteriormente mencionado devendo a autoridade administrativa promover a liquidação do julgado. Tendo em vista as peculiaridades dos presentes autos, bem como do início de prova produzido pela Recorrente, em sucedendo e com observância do disposto no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, voto por converter o julgamento na realização de diligência para a autoridade preparadora da Unidade da Receita Federal do Brasil que jurisdicione a Recorrente cotejar as informações fornecidas pela Recorrente com os registros internos da RFB para aferir a verossimilhança, a clareza, a precisão e a congruência, bem como o impacto do acórdão parcialmente favorável ao contribuinte proferido no processo nº 13807.007936/0029 no caso ora analisado, deve ser considerado o direito creditório reconhecido no limite da aplicação da decisão proferida no processo anteriormente mencionado devendo a autoridade administrativa promover a liquidação do julgado. A autoridade designada para cumprir a diligência solicitada deverá elaborar o Relatório Fiscal circunstanciado e conclusivo sobre os fatos averiguados, em especial verificar o impacto nos presentes autos do acórdão parcialmente favorável ao contribuinte proferido no processo nº 13807007936/0029. A Recorrente deve ser cientificada dos procedimentos referentes às diligências efetuadas e do Relatório Fiscal para que, desejando, se manifeste a respeito dessas questões com o objetivo de lhe assegurar o contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1 . (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Redator para Formalização do Voto 1 Fundamentação legal: inciso LV do art. 5º da Constituição da República. Fl. 404DF CARF MF Impresso em 16/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 15/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA
score : 1.0
Numero do processo: 10830.727568/2012-02
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE.
Restando comprovado, mediante laudo médico oficial, ser o contribuinte portador de moléstia grave, são isentos os rendimentos de aposentadoria recebidos, consoante regram os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.939
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário
(Assinado digitalmente)
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. Restando comprovado, mediante laudo médico oficial, ser o contribuinte portador de moléstia grave, são isentos os rendimentos de aposentadoria recebidos, consoante regram os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário (Assinado digitalmente) Ronaldo de Lima Macedo, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
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MOLÉSTIA GRAVE. Restando comprovado, mediante laudo médico oficial, ser o contribuinte portador de moléstia grave, são isentos os rendimentos de aposentadoria recebidos, consoante regram os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário (Assinado digitalmente) Ronaldo de Lima Macedo, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 75 68 /2 01 2- 02 Fl. 88DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) DRJ/SP1, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), alterando o saldo de imposto de renda a restituir do anocalendário 2010 de R$ 3.761,95 para o montante de R$ 959,79 de imposto suplementar a pagar (fls. 14/19). O lançamento deuse face à constatação de omissão de rendimentos tributáveis recebidos da fonte pagadora Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – Cassi, no valor de R$ 58.681,78. O contribuinte contestou o lançamento através do instrumento de fls. 02, alegando que os rendimentos são isentos por tratarse de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão de portador de moléstia grave. Acrescenta que o laudo anterior estava com o CID errado, pois sofreu AVC e por conseqüência Alienação Mental constatado através de perícia médica da Secretaria de Saúde do Município. A DRJ/SP1 manteve a exigência (fls. 50/54), havendo o contribuinte interposto recurso voluntário em 10/4/2013 (fls. 61/62), repisando as razões da impugnação e juntando novo laudo médico. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. A isenção do imposto de renda para os portadores de moléstia grave tem de como base legal os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelas Leis nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, e nº 11.052, de 29 de dezembro de 2004, abaixo transcritos: Art. 6o Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Pagel (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; Fl. 89DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10830.727568/201202 Acórdão n.º 2402004.939 S2C4T2 Fl. 89 3 (...) XXI os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão. Por sua vez, o art. 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passou a veicular a exigência de que a moléstia fosse comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, nos termos a seguir: Art. 30. A partir de Io de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6° da Lei n" 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelo art. 47 da Lei n°8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. § 2º Na relação das moléstias a que se refere o inciso XIV do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, fica incluída a fibrose cística (mucoviscidose). Então, é necessário o cumprimento cumulativo de dois requisitos para que o beneficiário faça jus à isenção em foco, a saber: que ele seja portador de uma das doenças mencionadas no texto legal, e que os rendimentos auferidos sejam provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão. A controvérsia cingese à comprovação de que o contribuinte possui a condição de portador de moléstia grave, sendo incontroverso serem os rendimentos tidos por omitidos oriundos de aposentadoria, consoante documentos de fls. 7/9. O aresto contestado, ao denegar a reforma do lançamento, alude inicialmente ao fato de que o próprio contribuinte foi signatário da impugnação, o que revelaria não ser ele portador de alienação mental, enquanto que o recurso voluntário defende ter o referido meramente assinado dita postulação. Não prospera o argumento da DRJ/SP1, pois, ainda que esteja imbuído de certa lógica, traz requisito não estabelecido em lei para fins de aceitação da isenção pretendida. De sua parte, o laudo datado de 28/11/2012 (fls. 10/11) foi refutado sob a alegação de que não continha carimbo de identificação do serviço médico oficial, não trazia a descrição da doença, e, ainda, "a identificação nominal da moléstia não guarda relação com a indicação do CID F41.0 que corresponde a Outros Transtornos Ansiosos – Transtorno do Pânico – Ansiedade Paroxística Episódica". Fl. 90DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Todavia, o laudo juntado com o recurso voluntário (fl. 65) apresenta o carimbo e a descrição da doença demandados pela instância a quo, sendo frisado naquele documento que a isquemia evoluiu para "demência e perda de força muscular". Nessa linha, a apontada incompatibilidade entre o CID apontado no laudo e a identificação da moléstia como "alienação mental" tem caráter preponderantemente subjetivo, sendo deveras factível que a descrição contida no CID F41.0, supra mencionado, leve a um quadro de demência/alienação mental, conforme consignado no laudo. Incompatibilidades do gênero só podem servir de respaldo, por si sós, à rejeição de laudos médicos oficiais para fins de obter isenção do imposto de renda, no caso serem evidentes, considerandose não ser o julgador administrativo, a priori, especialista na área médica. Portanto, entendo que o laudo de fl. 65 supriu as deficiências apontadas pela instância recorrida, e, restando esclarecido ser o contribuinte portador de moléstia grave no decorrer do período no qual foram percebidos os rendimentos tidos por omitidos, não mais subsiste razão para a manutenção do gravame tributário, face ao disposto no art. 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713/88. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 91DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 10935.006824/2009-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
Ementa:
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Demonstrado que não houve qualquer violação ao disposto nos arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235/1972, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal (PAF), assim como ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional, não cabe a arguição de nulidade do lançamento por cerceamento de direito de defesa.
LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO FORA DA SEDE OU DO DOMICÍLIO DO AUTUADO. POSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 6.
É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
A Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
É exigível a multa de ofício no percentual de 75% na forma do inciso I do §1º do art. 44 da Lei nº 9430/1996, por expressa determinação legal.
IRPF. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC.
SELIC. SÚMULA CARF N° 4.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 2201-002.721
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao Recurso.
Assinado Digitalmente
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente-Substituto.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH - Relator.
EDITADO EM: 30/12/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente substituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 Ementa: CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Demonstrado que não houve qualquer violação ao disposto nos arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235/1972, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal (PAF), assim como ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional, não cabe a arguição de nulidade do lançamento por cerceamento de direito de defesa. LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO FORA DA SEDE OU DO DOMICÍLIO DO AUTUADO. POSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 6. É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. É exigível a multa de ofício no percentual de 75% na forma do inciso I do §1º do art. 44 da Lei nº 9430/1996, por expressa determinação legal. IRPF. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. SELIC. SÚMULA CARF N° 4. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao Recurso. Assinado Digitalmente CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente-Substituto. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH - Relator. EDITADO EM: 30/12/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente substituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR.
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INOCORRÊNCIA. Demonstrado que não houve qualquer violação ao disposto nos arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235/1972, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal (PAF), assim como ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional, não cabe a arguição de nulidade do lançamento por cerceamento de direito de defesa. LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO FORA DA SEDE OU DO DOMICÍLIO DO AUTUADO. POSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 6. “É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte”. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. É exigível a multa de ofício no percentual de 75% na forma do inciso I do §1º do art. 44 da Lei nº 9430/1996, por expressa determinação legal. IRPF. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 68 24 /2 00 9- 42 Fl. 266DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 SELIC. SÚMULA CARF N° 4. “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao Recurso. Assinado Digitalmente CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI – PresidenteSubstituto. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH Relator. EDITADO EM: 30/12/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente substituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2006, consubstanciado no auto de infração, fls. 120/126, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 1.455.037,98, calculado até 31/08/2009. A fiscalização apurou omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresenta impugnação alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: Preliminarmente, alega que os dispositivos legais mencionados na autuação são genéricos e não guardam relação direta com os fatos apurados. Assevera que alguns dos dispositivos citados não tem qualquer aplicabilidade ao caso concreto, mencionando, como exemplo, o artigo 1º da Lei 11.211/2006, que não se encontra mais em vigor, pois foi revogado pela Lei 11.482/2007. Fl. 267DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10935.006824/200942 Acórdão n.º 2201002.721 S2C2T1 Fl. 3 3 Com base nessas afirmações, entende que o Auto de Infração é nulo, pois não contém motivação fática e jurídica suficiente, o que acarreta ofensa aos princípios constitucionais da legalidade e do devido processo legal, bem como cerceamento do direito do contribuinte à ampla defesa e ao contraditório. Para fortalecer sua alegação, mencionou diversos doutrinadores, bem como decisões judiciais e administrativas. Alega que o Auto de Infração é nulo em razão do desrespeito à regra contida no art. 10 do Decreto 70.235/72, uma vez que a lavratura não foi feita no domicílio do contribuinte. Afirma que os agentes fiscais nem sequer compareceram ao domicílio do contribuinte para solicitar informações ou proceder a diligências pertinentes. Ainda em preliminar, alega nulidade do Auto de Infração, em face da produção de prova ilícita. Afirma que a autoridade fiscal agiu com inegável abuso de autoridade ao solicitar e obter os extratos das contas bancárias do contribuinte, pois o sigilo bancário não poderia ser quebrado com base em procedimentos administrativo fiscal, sendo necessário para tanto o devido mandado judicial. Para fundamentar sua alegação, menciona os incisos X e XII do art. 5º da Constituição Federal, que tratam do direito à intimidade e do sigilo de dados, bem como o art. 38 da Lei nº 4.595/64 e o art. 18 da Lei 7.492/86, que tratam especialmente da obrigação das instituições financeiras de conservar o sigilo bancário dos correntistas. No mérito, afirma ser cliente de diversas instituições financeiras, entre as quais figura o Banco do Brasil, com o qual mantém longo relacionamento comercial, sendo que praticamente todo o dinheiro movimentado na conta bancária do impugnante diz respeito a financiamentos rurais cujos valores eram disponibilizados em conta corrente. Com base nessa afirmação, entende que não há que se falar em omissão de valores ou sonegação, restando comprovada a origem dos valores creditados. Alega também que, além de ser produtor rural, trabalha com a intermediação de compra e venda de gado, sendo que os compradores dos animais depositavam o dinheiro em sua conta, para posterior repasse ao pecuarista vendedor, ganhando o contribuinte, em média, apenas 0,5% a 1,0% por intermediação. Assim, entende que resta demonstrado que boa parte do dinheiro apenas girava em sua conta corrente, não podendo essa movimentação ser considerada rendimento. Cita a Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos, segundo o qual seria ilegítimo o lançamento de imposto de renda arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários. Afirma que a Receita Federal atuou baseada apenas em suposições, presunções e conjecturas, o que é inadmissível, já que o lançamento deve fundamentarse em fatos concretos, conforme preceitua o art. 142 do Código Tributário Nacional. Menciona doutrina e jurisprudência para repelir a utilização de Fl. 268DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 presunções em matéria de lançamento tributário e conclui que no caso concreto o lançamento não tem a menor consistência porque as movimentações financeiras não se prestam para caracterizar omissão de receitas. Alega que a aplicação de juros SELIC viola o princípio da legalidade e não pode ser aplicado em matéria tributária, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça. Entende que deve ser aplicado outro índice que melhor reflita a inflação do período, tal como o IPC ou INPC. Alega que a multa de 75% é abusiva e pode ser considerada um verdadeiro confisco. Afirma que essa multa foi corrigida pela SELIC, o que é ilegal, já que a correção deve atingir apenas o tributo e não a multa. Aponta também a ocorrência de capitalização dos juros, dizendo que isso resultou em aumento no resultado da conta apresentada. Ao final, o contribuinte requereu o acolhimento de todas as suas alegações. Junto com a impugnação, foram anexados os documentos de fls. 171 a 186. A 7ª Turma da DRJ em Curitiba/PR julgou improcedente a impugnação apresentada, conforme ementas abaixo transcritas: DESCRIÇÃO DOS FATOS. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE Não há que se falar em nulidade por cerceamento de defesa, quando o lançamento contém descrição pormenorizada dos fatos apurados e indicação correta dos dispositivos legais aplicados. LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DA VERIFICAÇÃO DA FALTA. É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que esse local não corresponda ao domicílio do contribuinte fiscalizado. SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. É lícito à autoridade fiscal, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos, poupança e aplicações financeiras, independentemente de autorização judicial, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente Fl. 269DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10935.006824/200942 Acórdão n.º 2201002.721 S2C2T1 Fl. 4 5 intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os créditos tributários da União, quando não pagos nos prazos previstos na legislação, são acrescidos de juros equivalentes à taxa Selic. MULTA DE OFÍCIO. As multas aplicadas em lançamentos de ofício, nos moldes da legislação do imposto de renda, buscam desencorajar a prática de novas condutas ilícitas do contribuinte e não configuram afronta aos princípios constitucionais tributários. Impugnação Improcedente O autuado foi cientificado da decisão de primeira instância em 19/02/2010 (fl. 197) e, em 17/03/2010, interpôs o recurso de fls. 200/251, sustentando, exatamente, os mesmos argumentos postos em sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, Relator O recurso é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade. Cuida o presente lançamento de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, relativamente a fatos ocorridos no ano calendário 2006. Antes de se entrar no mérito da questão, cumpre enfrentar, de antemão, as preliminares suscitadas pelo recorrente. Sobre a alegação de cerceamento do direito de defesa, em razão da falta de demonstração do enquadramento legal, penso que não assiste razão ao recorrente. Da análise dos autos, não identifiquei qualquer vício que lhe cerceasse o direito de defesa. No auto de infração, constante às fls. 120/126, são mencionados os dispositivos legais infringidos, bem como discriminados os valores da exigência fiscal. A bem da verdade, a autuação é extremamente habitual e simples, já que se trata omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, alicerçada no art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Ademais, o conteúdo do lançamento está minuciosamente especificado no Termo de Verificação Fiscal às fls. 117/119. Assim, ausente prejuízo à defesa do autuado e preenchidos os preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN, bem como os requisitos do arts. 10 e 11 do Decreto n° 70.235/1972, não há que se falar em nulidade do lançamento. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 No que tange à alegação de infringência ao princípio da legalidade, pela lavratura do auto de infração fora do domicílio do recorrente, apesar de o art. 10 do Decreto nº. 70.235/1972 mencionar que “.... O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta...”, entendo que auto de infração lavrado fora da sede da empresa ou do domicílio do autuado, não tem o condão de macular a exigência, já que, in casu, o Auditor Fiscal dispunha de todos os elementos necessários para a caracterização da infração e formalização do lançamento. Essa matéria, inclusive, já foi submetida ao judiciário, tendo o Tribunal afastado categoricamente a alegação de nulidade proposta pelo sujeito passivo, consoante se extrai da ementa destacada: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO FORA DA EMPRESA. MULTA MORATÓRIA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. JUROS DE MORA. Não é anulável auto de infração lavrado fora da sede ou do domicílio da autuada, podendo o mesmo ser emitido por órgão da Fazenda Pública se lá o agente fiscal dispunha de elementos necessários e suficientes para a caracterização da infração e formalização do lançamento tributário, nos termos do art. 10 do Decreto nº 70.235/72..... (TRF4 Apelação Cível: AC 40359 SC 2002.04.01.0403598, Julgamento: 08/07/2003) E para espancar qualquer dúvida, invoco a Súmula CARF nº 6: É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. Rejeitase, pois, a suscitada preliminar. No mérito, cumpre trazer a lume a legislação que serviu de base ao lançamento, no caso, o art. 42 da Lei nº 9.430/1996, verbis: Art.42 Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. De acordo com o dispositivo supra, basta ao fisco demonstrar a existência de depósitos bancários de origem não comprovada para que se presuma, até prova em contrário, a ocorrência de omissão de rendimentos. Tratase de uma presunção legal do tipo juris tantum (relativa), e, portanto, cabe ao fisco comprovar apenas o fato definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, para que fique evidenciada a omissão de rendimentos. Diferentemente do que faz crer o recorrente, na presunção legal a lei se encarrega de presumir a ocorrência do fato gerador, razão pela qual há necessidade de se comprovar o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão. Além do mais, a autoridade fiscal não tem que demonstrar renda incompatível e, tampouco, renda consumida, conforme se observa da Súmula CARF nº 26: Fl. 271DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10935.006824/200942 Acórdão n.º 2201002.721 S2C2T1 Fl. 5 7 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Sobre a argumentação de que os depósitos bancários não conduziriam à presunção de disponibilidade econômica, vale registrar que o fato gerador do Imposto de Renda, conforme art. 43 do Código Tributário Nacional1, alberga tanto as disponibilidades econômicas quanto as disponibilidades jurídicas de renda ou proventos de qualquer natureza. Cumpre ainda esclarecer que a Lei nº 8.021/1990, ora revogada, condicionava a falta de comprovação da origem dos recursos à demonstração dos sinais exteriores de riqueza; entretanto a presunção da Lei nº 9.430/1996, atualmente em vigor, está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos depositados, em nome do fiscalizado, em instituições financeiras. Passando às questões pontuais de mérito, alega o recorrente que a maior parte da movimentação bancária corresponde a financiamentos rurais contraídos com o Banco do Brasil, sendo o restante decorrente da atividade de intermediação da compra e venda de gado. Assevera ainda que “O comprador dos animais (gado) depositava o dinheiro para o ora recorrente, que então repassava o dinheiro para o pecuarista vendedor, ganhando em média de 0,5% (zero cinco por cento) a 1 % (um por cento) por intermediação”. Em que pese alegue o recorrente que a movimentação bancária corresponde a financiamentos, além de intermediação na compra e venda de gado, verifico, pois, que o interessado nada apresentou para comprovar efetivamente a origem dos depósitos bancários levantados pelo fisco. Sem querer ser repetitivo, reproduzo exceto dos bem lançados fundamentos do decisum a quo : Quanto à alegação de que os depósitos correspondem a financiamentos rurais, devese registrar que, além de o contribuinte não ter sequer indicado especificamente quais seriam os valores financiados e não ter apresentado nenhum documento comprobatório, observase que os créditos encontrados nas contas correntes do contribuinte com históricos que denotam tratarse de empréstimos ou financiamentos não foram considerados omissão de rendimentos, ficando de fora dos cálculos feitos pela fiscalização. Exemplo disso são os créditos com histórico “Recebimento BBCPR” e “Empréstimo”, constantes do extrato da conta corrente no Banco do Brasil (fls. 11 a 48), cujos valores não foram computados nas planilhas elaboradas pela autoridade fiscal. No caso dos autos, seria necessário que o fiscalizado carreasse aos autos os documentos que forçosamente lastrearam as operações financeiras em comento, de modo a vinculálos, mediante o cotejo de datas e valores, diretamente aos depósitos bancários efetuados na contacorrente que foram apurados pela autoridade lançadora. Com efeito, a 1 CTN – Lei n° 5.172, de 1966 – Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Fl. 272DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 indicação da fonte do recurso, sem outro elemento de prova, é absolutamente insuficiente para comprovar a origem dos diversos créditos havidos em suas contas bancárias. Ressaltese que as inúmeras jurisprudências colacionadas em sua peça recursal, considerando ilegítima a tributação com base em depósitos bancários, são absolutamente inaplicáveis, visto que a matéria foi inteiramente superada pela entrada em vigor da Lei nº 9.430/1996, que tornou lícita a utilização de depósitos bancários de origem não comprovada como meio de presunção legal de omissão de receitas ou de rendimentos. No que se refere à aplicação da multa de ofício, em se tratando de falta de pagamento ou recolhimento de tributo, apurada em procedimento de ofício, a autoridade lançadora deve aplicar as multas previstas no art. 44 da Lei no 9.430/1996, não podendo deixar de aplicála ou reduzir seu percentual ao seu livre arbítrio. Em relação à incidência dos juros sobre a multa de ofício, o § 3º do art. 61 da Lei nº 9.430/1996, ao se referir aos juros que incidem sobre os débitos com a União, incluiu o tributo e a multa de ofício, já que a multa também é um débito com a Fazenda Pública. Esse é o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme ementa abaixo: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão CSRF nº 910101.191 – Sessão de 17 de outubro de 2011) No âmbito do Poder Judiciário, o Superior Tribunal de Justiça assentou serem devidos os juros de mora sobre a multa de ofício, conforme se depreende da ementa abaixo transcrita: TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. (STJ Segunda Turma Acórdão REsp 1.129.990/PR, Relator Min. Castro Meira DJe de 14/09/2009) Por fim, consoante determina a Súmula n° 4 do CARF, sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal, são devidos os juros com base na taxa Selic: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. Ante a todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 273DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10935.006824/200942 Acórdão n.º 2201002.721 S2C2T1 Fl. 6 9 Fl. 274DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 10314.014214/2008-49
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Nov 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 06/11/2008, 11/11/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO. INOVAÇÃO ARGUMENTATIVA. NÃO CONHECIMENTO.
Com base nos arts. 16, III, e 17, do Decreto 70.235/72, não devem ser conhecidos argumentos trazidos somente em sede de Recurso Voluntário.
MANDADO DE SEGURANÇA. IDENTIDADE DE OBJETO E CAUSA DE PEDIR. EFEITOS. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA.
Diante do que dispõe o parágrafo único do art. 38 da Lei de Execuções Fiscais, o contribuinte que busca a via judicial para discutir determinada matéria renuncia à instância administrativa, não merecendo ser conhecido o recurso nesse aspecto. Incidência da Súmula CARF nº 01.
DECISÃO DA DRJ QUE RECONHECE CONCOMITÂNCIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. ACERTO DA DECISÃO.
Não é nula a decisão que, diante da prova dos autos, reconhece nulidade por identidade de objetos entre a matéria de mérito trazida em sede impugnatória e o mandado de segurança, e não conhece da defesa do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-004.138
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer parcialmente e negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 06/11/2008, 11/11/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO. INOVAÇÃO ARGUMENTATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Com base nos arts. 16, III, e 17, do Decreto 70.235/72, não devem ser conhecidos argumentos trazidos somente em sede de Recurso Voluntário. MANDADO DE SEGURANÇA. IDENTIDADE DE OBJETO E CAUSA DE PEDIR. EFEITOS. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. Diante do que dispõe o parágrafo único do art. 38 da Lei de Execuções Fiscais, o contribuinte que busca a via judicial para discutir determinada matéria renuncia à instância administrativa, não merecendo ser conhecido o recurso nesse aspecto. Incidência da Súmula CARF nº 01. DECISÃO DA DRJ QUE RECONHECE CONCOMITÂNCIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. ACERTO DA DECISÃO. Não é nula a decisão que, diante da prova dos autos, reconhece nulidade por identidade de objetos entre a matéria de mérito trazida em sede impugnatória e o mandado de segurança, e não conhece da defesa do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2066; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 162 1 161 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.014214/200849 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3802004.138 – 2ª Turma Especial Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria PAF MANDADO DE SEGURANÇA Recorrente SOCIEDADE BENEFICIENTE ISRAELITA BRASILEIRA "HOSPITAL ALBERT EINSTEIN" Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 06/11/2008, 11/11/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO. INOVAÇÃO ARGUMENTATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Com base nos arts. 16, III, e 17, do Decreto 70.235/72, não devem ser conhecidos argumentos trazidos somente em sede de Recurso Voluntário. MANDADO DE SEGURANÇA. IDENTIDADE DE OBJETO E CAUSA DE PEDIR. EFEITOS. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. Diante do que dispõe o parágrafo único do art. 38 da Lei de Execuções Fiscais, o contribuinte que busca a via judicial para discutir determinada matéria renuncia à instância administrativa, não merecendo ser conhecido o recurso nesse aspecto. Incidência da Súmula CARF nº 01. DECISÃO DA DRJ QUE RECONHECE CONCOMITÂNCIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. ACERTO DA DECISÃO. Não é nula a decisão que, diante da prova dos autos, reconhece nulidade por identidade de objetos entre a matéria de mérito trazida em sede impugnatória e o mandado de segurança, e não conhece da defesa do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer parcialmente e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 01 42 14 /2 00 8- 49 Fl. 162DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 161), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. A Recorrente SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA "HOSPITAL ALBERT EINSTEIN", interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0732.279, proferido em primeira instância pela 1ª Turma da DRJ em Florianópolis/SC, que não conheceu a impugnação quanto à matéria de mérito objeto de enfrentamento concomitante na instância administrativa e na esfera judicial. Também, que conheceu e rejeitou os protestos da impugnante quanto à exigência das multas de ofício aplicadas no percentual de 75% do imposto de importação e das contribuições PISImportação e COFINSImportação. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para exigência de crédito tributário no valor de R$ 178.574,61 referente a imposto de importação, imposto sobre produtos industrializados, PIS/Pasepimportação, Cofinsimportação e respectivas multas de ofício e juros de mora. Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou as Declaração de Importação nº 08/17675986, em 06/11/2008 e a Declaração de Importação nº 08/17920409, em 11/11/2008, para importação de mercadorias, nas quais pleiteava imunidade tributária para os impostos e contribuições incidentes na importação. Considerando o entendimento de que a imunidade pleiteada não alcança os impostos do comércio exterior e as contribuições sociais, mas unicamente aqueles incidentes sobre o patrimônio, renda ou serviços das entidades imunes, foi lavrado ao auto de infração do presente processo para constituição do crédito tributário, cuja exigibilidade encontravase suspensa em razão do deferimento da tutela recursal concedida nos autos do processo 2008.03.00.0335523 que recorreu da decisão exarada nos autos do PAJ 2008.61.00.0203671 em trâmite na 8ª Vara Federal de São Paulo. As Declarações de Importação foram desembaraçadas e as mercadorias entregues conforme determinação judicial. Decisão judicial de primeira instância Fl. 163DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10314.014214/200849 Acórdão n.º 3802004.138 S3TE02 Fl. 163 3 anterior ao desembaraço denegou a segurança, portanto, as multas de oficio são exigíveis e a exigibilidade não mais se encontra suspensa. Cientificada do auto de infração a interessada apresentou impugnação na qual alega, em síntese, que: O crédito tributário é objeto do Mandado de Segurança nº 2008.61.00.0203671, originário da 8ª vara Cível da Seção Judiciária de São Paulo. Os tributos em tela não devem incidir sobre a operação de importação realizada pela impugnante pois tratase de entidade imune tributariamente, nos termos da alínea “e” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal, bem como isenta das contribuições sociais como previsto no § 7º do art. 195 da Constituição Federal. Decisões judiciais e administrativas, bem como a doutrina, amparam a alegação sobre sua imunidade. As multas de ofício lavradas possuem caráter confiscatório e, portanto, são inconstitucionais. Requer seja declarado insubsistente o auto de infração ou, ao mínimo, o afastamento da multa moratória (sic). Este é o Relatório.” Indeferida a impugnação apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a procedência do crédito tributário na forma da ementa que segue: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 06/11/2008 a 11/11/2008 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto do lançamento, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa. Assim, o apelo interposto, pelo sujeito passivo, não deve ser conhecido no âmbito administrativo. As matérias diferenciadas entre o processo judicial e o processo administrativo e impugnadas devem ser apreciadas no âmbito administrativo, desde que não tenham influência quanto ao mérito do objeto litigado judicialmente. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 Em face de determinação legal, o lançamento de ofício, de imposto ou contribuição, deve ser seguido da aplicação da multa correspondente a esse lançamento, à exceção dos casos em que a exigibilidade do débito tenha sido suspensa antes do início de procedimento fiscal a eles relativos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada acerca da decisão exarada pela 2ª Turma da DRJ de Florianópolis – DRJ/FNS, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual pede: (i) o sobrestamento do processo administrativo até julgamento final do mandado de segurança; (ii) alega que com o depósito do montante integral dos tributos não há que se falar em mora e conseqüentemente não há como se cobrar respectivos juros; (iii) nulidade da decisão recorrida por ausência de renúncia à instância administrativa; e, por fim, (iv) a insubsistência do referido auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 161), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço parcialmente do Recurso e passo à análise de apenas parte das razões recursais. O presente Recurso Voluntário, como indicado ao final do relatório, dividese em quatro itens: (i) O sobrestamento do processo administrativo até julgamento final do mandado de segurança; (ii) com o depósito do montante integral dos tributos não há que se falar em mora e conseqüentemente não há como se cobrar respectivos juros; (iii) A nulidade da decisão recorrida por ausência de renúncia à instância administrativa; e, por fim, (iv) A insubsistência do referido auto de infração. Ocorre que os itens (i) e (ii) foram trazidos somente em sede recursal, revelandose inovações argumentativas. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10314.014214/200849 Acórdão n.º 3802004.138 S3TE02 Fl. 164 5 Restam aplicáveis, portanto, os arts. 16, III, e 17, do Decreto 70.235/72, de modo que inviável conhecer tais alegações sob pena de supressão de instância. Ao seu turno, o item (iii) também não merece ser conhecido, dado que efetivamente há identidade de objetos entre o mérito do recurso e o mandado de segurança. Vejase: Verificase nos autos, haver sido feita a juntada de cópia da petição inicial do writ do pedido de Mandado de Segurança bem como cópia da Sentença exarada nos Autos nº 2008.61.00.0203671, originário da 8ª Vara da Justiça Federal em São Paulo (fls. 53 e seguintes), bem como da conclusão dos autos no Agravo de Instrumento nº 2008.03.00.0335523/SP, juntado ao Recurso Voluntário, deferindo a realização do depósito judicial no montante integral dos tributos federais incidentes na referida importação, que permite tal constatação. Segue transcrito abaixo um trecho da peça inicial elaborado pela Recorrente ao Juízo, que já elucida a matéria: "(...) DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA A Constituição Federal estabelece as limitações constitucionais ao poder de tributar, prevendo os casos de imunidade tributária, entre as quais dispõe as abaixo transcritas, na qual, como veremos, se enquadra perfeitamente a Impetrante. Estabelece o artigo 150, VI, "c" da Constituição Federal: "Art. 150 — Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao.contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI— instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei."Já o parágrafo 7º do artifo 195 da Constituição Federal, assim dispõe: (...)". Já o parágrafo 7o do artigo 195 da Constituição Federal, assim dispõe: "Art. 195 (...)...: § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei." Merece destaque ainda o contido no Relatório da Decisão DRJ às fls. 120/125, ficando consignado que (grifouse): Fl. 166DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 "(...) Emerge dos autos a informação de que o objeto ora discutido, relativamente ao imposto de importação, imposto sobre produtos industrializados, PIS/Pasepimportação e Cofins importação, é o mesmo que aquele discutido na ação judicial que tramita perante a Justiça Federal, pois decorrentes da determinação da imunidade tributária da interessada. Em face dessa opção da interessada em levar à apreciação do objeto da autuação pelo Poder Judiciário o tratamento a ser dispensado ao presente processo, no âmbito administrativo, é o previsto no Ato Declaratório (Normativo) Cosit nº 3, de 14 de fevereiro de 1996, o qual declara, em caráter normativo, que: (...) De toda sorte, resta clara a identidade de objetos (que inclusive levaram o Recorrente a pedir o sobrestamento do processo até decisão final do mandado de segurança), o que torna inviável o conhecimento do Recurso nesse aspecto. Assim, cabível o conhecimento e julgamento do item (iii) do Recurso Voluntário, relativo a o pleito da nulidade da decisão recorrida por haver reconhecido a renúncia à esfera administrativa diante da impetração do mandado de segurança pelo contribuinte. Então, vamos a ele. iii) Da nulidade da decisão recorrida por haver reconhecido a renúncia à esfera administrativa Ora, compulsando os autos fica claro que sua demanda judicial está restrita ao direito à imunidade tributária com base no artigo 150, inciso VI, alínea “c” e à isenção declarada no artigo 195, parágrafo 7º, ambos da Constituição Federal, guerreado na medida liminar denegada nos autos do Mandado de Segurança nº 002036778.2008.4.03.6100 (processo nº 2008.61.00.0203671), impetrado perante a 8ª Vara Cível Federal de São Paulo/SP, para alegar seu direito à imunidade tributária fulcrada no artigo 150, inciso VI, alínea “c” e à isenção insculpida no artigo 195, parágrafo 7º, ambos da Constituição Federal. Naquela demanda, após ter sido indeferido seu pedido de liminar pleiteada, o contribuinte interpôs Agravo de Instrumento nº 2008.03.00.0335523/SP. Foi concedido a antecipação de tutela recursal. Em sua peça impugnatória, a Recorrente alerta que o crédito tributário em tela está com a exigibilidade suspensa por força de depósito judicial realizado nos autos do Mandado de Segurança nº 2008.61.00.0203671, originário da 8ª Vara Cível da Subseção Judiciária de São Paulo. Dos autos recolhemse também a informação que a impetrante solicita ao Juízo a quo a expedição de ofício à autoridade coatora para informarlhe da realização dos depósitos judiciais dos tributos contestados, a fim de que autorize o desembaraço aduaneiro das respectivas mercadorias. Pois bem. Diante disso, todas as suas alegações na esfera administrativa quanto ao tema deixam de ser passíveis de análise, conforme inteligência do art. 1º e 2º do Fl. 167DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10314.014214/200849 Acórdão n.º 3802004.138 S3TE02 Fl. 165 7 DecretoLei nº 1.737/1979 e o artigo 38, parágrafo único da Lei nº 6.830/1980, dada a absoluta identidade de discussão com a matéria tratada na via judicial. Acertada, portanto, a decisão recorrida ao reconhecer a renúncia à esfera administrativa. Apenas aproveito o ensejo para transcrever o art. 38 e seu parágrafo único, da Lei de Execuções Fiscais, por serem de clareza hialina: Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. (grifei) Não por outro motivo o CARF editou a Súmula nº 01, na qual restou consignado que: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Assim, não há nulidade a ser reconhecida sobre a decisão originária que, acertadamente, reconheceu a existência de concomitância entre o argumento de mérito da impugnação e o mandado de segurança impetrado pelo sujeito passivo. Conclusão Ante todo o exposto, conheço parcialmente do Recurso Voluntário para NEGARLHE provimento. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 Fl. 169DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 10840.000134/92-93
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Dec 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1989, 1990, 1991
Ementa.
NULIDADE. INEXISTÊNCIA. CERCEAMENTO DIREITO de DEFESA.
A existência do ato processual não é um fim em si mesmo, mas instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade, dentre elas o direito à ampla defesa. Constando da peça acusatória todos os elementos necessários à defesa do acusado, tais como a infração imputada e as bases legais do tributo, da correção monetária, da multa de ofício, dos juros de mora e da taxa referencial diária acumulada, não há cerceamento do direito de defesa.
Provado que esse direito não foi violado, não há motivo para se anular o auto de infração.
Ao dar-se provimento ao recurso da Fazenda Nacional para afastar o vício declarado na decisão vergastada, e versando o recurso do sujeito passivo sobre a natureza desse vício, esse recurso perde o objeto.
Recurso da Fazenda Nacional provido e do Sujeito Passivo não conhecido.
Numero da decisão: 9303-003.371
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado: I) por voto de qualidade, conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, dar-lhe provimento para afastar a nulidade declarada na decisão recorrida, e determinar o retorno dos autos à instância a quo para análise das demais questões trazidas no recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López que não conheceram do recurso, e, vencidos no conhecimento, no mérito, negaram-lhe provimento; II) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso especial do sujeito passivo, por perda de objeto.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Henrique Pinheiro Torres - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen, Joel Miyazaki, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1989, 1990, 1991 Ementa. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. CERCEAMENTO DIREITO de DEFESA. A existência do ato processual não é um fim em si mesmo, mas instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade, dentre elas o direito à ampla defesa. Constando da peça acusatória todos os elementos necessários à defesa do acusado, tais como a infração imputada e as bases legais do tributo, da correção monetária, da multa de ofício, dos juros de mora e da taxa referencial diária acumulada, não há cerceamento do direito de defesa. Provado que esse direito não foi violado, não há motivo para se anular o auto de infração. Ao dar-se provimento ao recurso da Fazenda Nacional para afastar o vício declarado na decisão vergastada, e versando o recurso do sujeito passivo sobre a natureza desse vício, esse recurso perde o objeto. Recurso da Fazenda Nacional provido e do Sujeito Passivo não conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado: I) por voto de qualidade, conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, dar-lhe provimento para afastar a nulidade declarada na decisão recorrida, e determinar o retorno dos autos à instância a quo para análise das demais questões trazidas no recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López que não conheceram do recurso, e, vencidos no conhecimento, no mérito, negaram-lhe provimento; II) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso especial do sujeito passivo, por perda de objeto. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Henrique Pinheiro Torres - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen, Joel Miyazaki, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. .
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NULIDADE. INEXISTÊNCIA. CERCEAMENTO DIREITO de DEFESA. A existência do ato processual não é um fim em si mesmo, mas instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade, dentre elas o direito à ampla defesa. Constando da peça acusatória todos os elementos necessários à defesa do acusado, tais como a infração imputada e as bases legais do tributo, da correção monetária, da multa de ofício, dos juros de mora e da taxa referencial diária acumulada, não há cerceamento do direito de defesa. Provado que esse direito não foi violado, não há motivo para se anular o auto de infração. Ao darse provimento ao recurso da Fazenda Nacional para afastar o vício declarado na decisão vergastada, e versando o recurso do sujeito passivo sobre a natureza desse vício, esse recurso perde o objeto. Recurso da Fazenda Nacional provido e do Sujeito Passivo não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado: I) por voto de qualidade, conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, darlhe provimento para afastar a nulidade declarada na decisão recorrida, e determinar o retorno dos autos à instância a quo para análise das demais questões trazidas no recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López que não conheceram do recurso, e, vencidos no conhecimento, no mérito, negaramlhe provimento; II) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso especial do sujeito passivo, por perda de objeto. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 01 34 /9 2- 93 Fl. 3011DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES 2 Henrique Pinheiro Torres Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen, Joel Miyazaki, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. . Relatório A turma julgadora de primeira instância assim descreveu os fatos: Tratase de auto de infração lavrado em 09/01/92 para exigir Contribuição e o Adicional ao Instituto do Açúcar e do Álcool de que trata o Decretolei n° 308, de 28/02/1967, art. 3º, com as alterações introduzidas pelo Decretolei nº 1,712, de 14/11/1979, arts. 1°e 2° pelo DecretoLei n°1.952, de 15/07/1982, arts. 1°e 3º. O lançamento decorreu da falta de recolhimento da contribuição e do adicional sobre o açúcar e o álcool nos períodos de apuração compreendidos entre maio de 1989 e novembro de 1.991 (fl. 21). Regularmente notificado, apresentou o sujeito passivo a impugnação de fls.29/39, instruída com os documentos de fls. 40/66, onde junta cópias de petições e de cartas de fiança bancária. Argüiu em preliminar a nulidade da peça impositiva, sob o argumento de que teria sido lavrada na vigência de ordem judicial com expressa proibição de a União cobrar os tributos e impor multas pelo nãorecolhimento no período em questão. Com tal proibição os exatores teriam se tornado incompetentes para a prática do ato administrativo de lançamento e o fato de o juiz, posteriormente, ter autorizado a substituição do depósito judicial pela fiança bancária, em nada teria alterado a situação da impugnante, já que ela continuaria protegida pela decisão judicial que autorizara o nãorecolhimento da exação. No mérito, alegou que a exigência dos tributos, da correção monetária, dos juros de mora e da multa é incabível na espécie por todas as razões por ela invocadas nas iniciais da cautelar e da ação principal que se seguiu, as quais foram inteiramente reprisadas na impugnação e podem assim ser sintetizadas: Ocorrência de violação da vigente Constituição da República (CF/1988), art. 149, por desvio de finalidade, uma vez que com o advento do Decretolei nº 1.952, de 1982 iniciouse o esvaziamento das atividades do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). A partir de sua vigência o produto arrecadado foi transferido para o Tesouro Nacional e para o Banco Central, conferindose ao Conselho Monetário Nacional a competência tanto para a fixação das alíquotas, como para aprovação da Fl. 3012DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 9303003.371 CSRFT3 Fl. 2.994 3 destinação do dinheiro arrecadado. O esvaziamento do IAA teria sido completado com o Decretolei n° 2.401, de 21/12/1987 e com o Decreto n° 96.022, de 09/05/1988. O primeiro proibiu a utilização de recursos do Tesouro Nacional em operações de compra e venda de açúcar para exportação e, o segundo, transferiu a Secretaria cia Receita Federal a competência para administrar, fiscalizar e arrecadar a contribuição e seu adicional; Nos termos do Decretolei n° 1.952, art. 3º, pertence ao Conselho Monetário Nacional a competência para afixação das alíquotas. Entretanto, esse órgão não teria deliberado expressa e .formalmente, com a indispensável publicidade oficial a esse respeito, pois as alíquotas continuaram a ser ilegal e indevidamente fixadas pelo IAA. Ainda que, sob a vigência da ordem constitucional anterior, se admitisse como válido uma autarquia assumir a competência delegada a um órgão da administração direta, hoje esse fato seria flagrantemente inconstitucional, pois o art. 25 das disposições constitucionais transitórias revogou, a partir de 180 dias da data da promulgação da nova carta, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional. Em razão disso a Receita Federal não tem suporte legal para cobrar a contribuição e o adicional; O art. 149 da Constituição exige que a instituição das contribuições de intervenção no domínio econômico se efetue por meio de lei complementar e a fixação das respectivas alíquotas por lei ordinária, o que não ocorreu com os tributos ora guerreados. A nova ordem constitucional não mais se compadece com a fixação de alíquotas por órgãos do Poder Executivo, salvo nos casos e condições do art. 153, parágrafo 1º da Carta. Nem mesmo o teto de 20% dos preços do açúcar e do álcool estabelecido pelo Decretolei nº 1.712, art. 3º, pode amparar a pretensão do fisco, já que os preços do açúcar são fixados pelo próprio Executivo (Lei nº 4.870, de 01/12/1965, art. 10). Resulta clara, portanto, a violação do principio da legalidade ao qual está sujeita afixação da alíquota de tributos. Requereu fossem acolhidas suas razões para o fim de cancelar se o auto de infração. A decisão de primeiro grau (fls. 89/93) julgou procedente o lançamento sob os seguintes argumentos: a) a autoridade administrativa é incompetente para se manifestar sobre a inconstitucionalidade das leis; b) a competência para a Receita Federal fiscalizar e cobrar a contribuição e seu adicional está prevista no art. 1º do Decreto nº 96.022/88 e no Decretolei nº 2.471/88, não cabendo ao órgão opinar sobre a motivação e tampouco sobre a própria instituição da base de cálculo; c) que embora os valores lançados estivessem "sub judice" e com a exigibilidade suspensa, a autoridade administrativa não podia deixar de efetuar o lançamento, por ser ulna atividade vinculada e sob pena de decadência. Fl. 3013DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES 4 O Conselho de Contribuintes não tomou conhecimento do recurso voluntário interposto, por entender que houve renúncia às instâncias administrativas e que a propositura de ação judicial não impede a realização do lançamento para a constituição do crédito tributário. A Câmara Superior de Recursos Fiscais, por meio do Acórdão CSRF/020676 de fls. 330/347 anulou o processo a partir da decisão de primeiro grau (fls. 89/93), por entender que a propositura de ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária precedente a autuação, não prejudica a análise do mérito no processo administrativo. Assim, a decisão singular foi declarada nula por cerceamento de defesa, uma vez que não teria enfrentado os seguintes aspectos da impugnação: a) o IAA não pode fixar alíquotas da contribuição e do adicional, por lhe faltar competência legal ou constitucional para tanto; b) os Decretosleis nº 1.712/79 e 1952/82, dispõem que somente o Conselho Monetário Nacional é competente para fixar alíquotas, mas esse órgão não as fixou e; c) caso tivesse havido delegação de competência ao IAA nesse sentido, a mesma estaria revogada por força do art. 25 das Disposições Constitucionais Transitórias Após a ciência do contribuinte, retornaram os autos para novo julgamento de primeira instância. Remetidos os autos à nova decisão da DRJ, o recurso voluntário foi julgado parcialmente procedente, por meio de acórdão assim ementado (fl. 571): Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 1989, 1990, 1991 Ementa: PRELIMINAR. CONCOMITÂNCIA. E pacifico no STJ entendimento segundo o qual ocorre renúncia a esfera administrativa nos casos de concomitância entre processos administrativos e judiciais com o mesmo objeto. Entretanto, tomase conhecimento da impugnação em seu mérito, em estrito cumprimento do acórdão CSRF/020676. CONTRIBUIÇÃO E ADICIONAL AO AÇÚCAR E ÁLCOOL. É jurídica a exigência da contribuição por meio de auto de infração. Precedentes do STJ e do STF. MULTAS. Aplicase a legislação mais benéfica aos atos e fatos não definitivamente julgados. JUROS DE MORA. Excluise os juros de mora com base na TRD, nos termos de ato administrativo emanado da Receita Federal. Interposto recurso voluntário, em sessão do dia 7 de julho de 2004, a Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes Fl. 3014DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 9303003.371 CSRFT3 Fl. 2.995 5 não conheceu do mesmo, por entender que a ação declaratória ajuizada pelo contribuinte prejudicaria o seguimento do processo administrativo fiscal (Es. 616630). Em face da decisão da Segunda Câmara do Terceiro de Contribuintes o Contribuinte interpôs recurso especial, o qual logrou provimento pela Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. A CSRF asseverou que a causa de pedir de ambas as lides —judicial e fiscal — seria distinta. Julgando o feito, a 2ª Turma da 1ª Câmara da Terceira Seção do CARF anulou o auto de infração sob o fundamento de vício formal que ocasionou cerceamento do direito de defesa do sujeito passivo.. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 1989, 1990, 1991 CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL SOBRE 0 AÇÚCAR E 0 ÁLCOOL. AUTO DE INFRAÇÃO. PROCESSO ANULADO AB INITIO, POR VICIO FORMAL. Deve ser anulado o Auto de Infração cuja descrição dos fatos é vaga e incompleta, impossibilitando ao autuado conhecer dos fatos cuja irregularidade lhe está sendo apontada, caracterizando o cerceamento do direito de defesa. Processo Anulado. O sujeito passivo opôs embargos de declaração em face do acórdão acima citado, sob os fundamentos de omissão e contradição. Os embargos foram rejeitados nos termos do Acórdão nº 3102.001535, de 27 de junho de 2012. A contribuinte apresentou recurso especial de divergência, que foi admitido pelo despacho nº 3100.317, de 27 de setembro de 2013, no qual pretende discutir a natureza jurídica do vício que anulou o auto de infração. A Fazenda Nacional apresentou recurso especial de divergência, que teve seu seguimento nos termos do despacho nº 3100.324, de 24 de setembro de 2013. A divergência apresentada pela PGFN diz respeito existência do cerceamento do direito de defesa quando a parte demonstra conhecimento dos fatos a ela imputados. Tanto o sujeito passivo, como a Fazenda Nacional apresentaram contrarrazões. É o breve relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres Fl. 3015DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES 6 RECURSO DA FAZENDA NACIONAL O recurso é tempestivo e observa os demais requisitos de admissibilidade de forma que delo conheço e passo ao mérito. A teor do relatado, o auto de infração foi considerado nulo por cerceamento do direito de defesa caracterizado pela descrição dos fatos de forma vaga, genérica e incompleta, dificultando o contribuinte de ter clareza suficiente para demonstrar o cálculo do tributo, especialmente quanto às alíquotas e bases de cálculo. A Fazenda Nacional afirma em seu recurso que mesmo diante da clara ausência de prejuízos para a defesa do sujeito passivo, o Colegiado decretou a nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa. Portanto, a lide está restrita em identificar se o sujeito passivo foi prejudicado no exercício de sua defesa. Consta na descrição dos fatos a infração imputada e as bases legais do tributo, da correção monetária, da multa de ofício, dos juros de mora e da taxa referencial diária acumulada, fl. 23. Na tabela de fl. 24, está discriminada a diferença encontrada pelo Fiscal após seu trabalho de campo. Esses fatos, ao meu sentir, seriam suficientes para afastar a nulidade por cerceamento do direito de defesa, uma vez que como mencionado foram identificadas diferenças entre o valor declarado e os valores contabilizados. Contudo, não bastasse o fato acima, o sujeito passivo apresentou impugnação demonstrando total conhecimento das diferenças encontradas pela Autoridade Fiscal ao ponto de explicar as razões de não haver declarado/recolhido tais valores ao Fisco. Reproduzo parte da impugnação que ilustra o conhecimento dos fundamentos jurídicos e legais que ensejaram a feitura do auto de infração: Argüiu em preliminar a nulidade da peça impositiva, sob o argumento de que teria sido lavrada na vigência de ordem judicial com expressa proibição de a União cobrar os tributos e impor multas pelo nãorecolhimento no período em questão. Com tal proibição os exatores teriam se tornado incompetentes para a prática do ato administrativo de lançamento e o fato de o juiz, posteriormente, ter autorizado a substituição do depósito judicial pela fiança bancária, em nada teria alterado a situação da impugnante, já que ela continuaria protegida pela decisão judicial que autorizara o nãorecolhimento da exação. (...) No mérito, alegou que a exigência dos tributos, da correção monetária, dos juros de mora e da multa é incabível na espécie por todas as razões por ela invocadas nas iniciais da cautelar e da ação principal que se seguiu, as quais foram inteiramente reprisadas impugnação. (...) Ressalto que a Contribuinte, na peça impugnatória, não reclamou de ter seu direito de defesa prejudicado pela pseudo falta de descrição dos fundamentos jurídicos e legais Fl. 3016DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 9303003.371 CSRFT3 Fl. 2.996 7 no auto de infração. Neste esteira, resta evidente que o sujeito passivo tinha pleno conhecimento dos fatos a ele imputados, de forma que sua defesa não foi prejudicada. Esse é o típico caso de aplicação do princípio da instrumentalidade das formas, que afirma que a existência do ato processual não é um fim em si mesmo, mas instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade. Assim, ainda que com vício, se o ato atinge sua finalidade sem causar prejuízo às partes não se declara sua nulidade. O professor PAIXÃO JÚNIOR, explica que: O raciocínio que leva à aplicação do princípio é o seguinte: se ocorrer desrespeito a uma exigência formal e, ainda assim, o ato processual tiver atingido a finalidade para a qual a forma tiver sido estabelecida, ele será eficaz, pois o formalismo não é um fim em si próprio, ao contrário, a criação do procedimento visa à garantia da liberdade das partes. Em outra obra, MARQUES assim esclarece: (...) a forma processual é instrumento para a realização do ato segundo o princípio que regem o processo. A forma não é um fim em si, mas o modo e o meio de que serve a lei para que a relação processual atinja a seus objetivos dentro dos postulados a que se subordina. Por isso mesmo, a nulidade de um ato processual somente deve ser decretada quando necessária e imprescindível. Não se invalida um ato de procedimento, a não ser em último caso. As normas processuais, como instrumentos para realização, fora do processo, dos imperativos da ordem jurídica, procuram manter e resguardar, em muitos casos, o ato praticado de maneira defeituosa, para evitar que o processo fuja a seus objetivos fundamentais. Como o direito a ampla defesa do sujeito passivo não foi prejudicado, não vejo motivos para anular o auto de infração. Isto posto, não há como deixar de dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional para reformar a decisão vergastada para fins de afastar a nulidade do auto de infração e determinar o retorno dos autos à instância a quo para análise das demais questões não apreciadas em virtude da preliminar de nulidade.. RECURSO DO SUJEITO PASSIVO. A Contribuinte apresentou recurso especial de divergência onde busca discutir a natureza jurídica do vício que anulou o auto de infração, se material ou formal. Acontece que ao darse provimento ao recurso da Fazenda Nacional e afastar o vício declarado na decisão vergastada, o recurso do Sujeito Passivo, que trata, justamente, da natureza desse vício, perde o objeto. Espiando por esse ângulo, não se pode deixar de reconhecer que o recurso do sujeito passivo encontrase prejudicado. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, e de não conhecer do recurso especial do Sujeito Passivo, por perda de objeto. Fl. 3017DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES 8 Henrique Pinheiro Torres – Relator. Fl. 3018DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/ 2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO T ORRES
score : 1.0
Numero do processo: 11020.000933/2009-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
RECOLHIMENTO DE IRPJ. DESTINAÇÃO A FUNDO DE INVESTIMENTO. ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DE DARF.
Comprovado nos autos o mero erro de fato ocorrido em preenchimento de Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF, insubsiste a acusação de suposta destinação a fundo de investimento (Finam) em valor acima dos limites legais permitidos, ocasionando a suposta insuficiência no recolhimento do imposto devido.
Numero da decisão: 1201-001.200
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Documento assinado digitalmente.
Marcelo Cuba Netto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
João Otávio Oppermann Thomé - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004 RECOLHIMENTO DE IRPJ. DESTINAÇÃO A FUNDO DE INVESTIMENTO. ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DE DARF. Comprovado nos autos o mero erro de fato ocorrido em preenchimento de Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF, insubsiste a acusação de suposta destinação a fundo de investimento (Finam) em valor acima dos limites legais permitidos, ocasionando a suposta insuficiência no recolhimento do imposto devido.
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INCENTIVOS FISCAIS. FINAM. Recorrente TRAMONTINA FARROUPILHA S/A INDÚSTRIA METALÚRGICA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 RECOLHIMENTO DE IRPJ. DESTINAÇÃO A FUNDO DE INVESTIMENTO. ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DE DARF. Comprovado nos autos o mero erro de fato ocorrido em preenchimento de Documento de Arrecadação de Receitas Federais DARF, insubsiste a acusação de suposta destinação a fundo de investimento (Finam) em valor acima dos limites legais permitidos, ocasionando a suposta insuficiência no recolhimento do imposto devido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Documento assinado digitalmente. Marcelo Cuba Netto Presidente. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, e Ester Marques Lins de Sousa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 09 33 /2 00 9- 21 Fl. 1292DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 11020.000933/200921 Acórdão n.º 1201001.200 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de retorno de diligência solicitada pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, por meio da Resolução 1102000.225, de minha relatoria. Repriso a seguir o relatório da referida Resolução, para conhecimento dos fatos e alegações feitas até aquele momento. Tratase de recurso voluntário interposto por TRAMONTINA FARROUPILHA S/A INDÚSTRIA METALÚRGICA, contra acórdão proferido pela 1ª Turma de Julgamento da DRJ/Porto Alegre, que concluiu pela procedência do lançamento de ofício efetuado, e cuja ementa é a seguinte: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 APLICAÇÃO DE RECURSOS EM COTAS DO FINAM MEDIANTE DARF. SUBSCRIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA O FUNDO, COMO RECURSOS PRÓPRIOS E OBRIGAÇÃO DE RECOLHIMENTO DA TOTALIDADE DO TRIBUTO DEVIDO. A falta de apresentação do Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais (Perc) no prazo estipulado determina a preclusão do direito de discutir o mérito da glosa da dedução fiscal.” O caso foi assim relatado pela instância a quo: “Tratase do auto de infração lavrado contra a interessada para formalizar a exigência de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) de R$ 725.491,37, multa de ofício no montante de R$ 485.353,72 e juros moratórios de R$ 544.118,52, totalizando R$ 1.754.963,61 de crédito tributário em litígio (fls. 02/10). No primeiro trimestre do anocalendário de 2004, a contribuinte, optante pelo lucro real trimestral, apurou IRPJ devido no valor de R$ 783.807,29, tendo deduzido integralmente do montante devido incentivo fiscal correspondente a aplicações no Fundo de Investimento da Amazônia (Finam). Contudo, a dedução realizada superou os limites legais permitidos, tendo sido considerado que do valor recolhido via Darf (código de receita 9020) somente R$ 58.315,92 poderiam ser utilizados como dedução do imposto devido, sendo que o restante, R$ 725.491,37, foi considerado como investimento com recursos próprios. A contribuinte, devidamente informada sobre tais constatações (aviso de recebimento à fl. 21), não apresentou o Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais (Perc), cuja datalimite era 28/09/2007 (conforme consta à fl. 46). Por conseguinte, foi lavrado o auto de infração ora discutido para constituição e cobrança do IRPJ considerado como não recolhido. Tais procedimentos ampararamse no art. 4º da Lei nº 9.532/97. A autuada foi intimada da exigência em 17/03/2009 (fl. 06) e protocolou a impugnação em 16/04/2009 (fls. 4868). Fl. 1293DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 11020.000933/200921 Acórdão n.º 1201001.200 S1C2T1 Fl. 4 3 Na impugnação a contribuinte alega que houve mero erro de fato no preenchimento do Darf, o qual foi recolhido equivocadamente no código de receita 9020 (código específico para Finam), quando o correto seria 0220 (IRPJ – PJ em geral obrigada ao lucro real/balanço trimestral). Este mesmo código 0220 fora utilizado também na confissão de débito via DCTF. Aduz ainda que a ficha 36 da DIPJ não indica opção pelo Finam, tampouco em qualquer outro trimestre houve recolhimentos no mesmo sentido. Tais fatos demonstrariam que não teria havido opção pelo incentivo fiscal em comento, mas sim erro no preenchimento do Darf. Por fim, assevera ainda que não preencheria os requisitos para fruição desse incentivo fiscal.” A DRJ, em síntese, considerou que o contribuinte manifestou, mediante o recolhimento em Darf específico (código de arrecadação 9020) a intenção de destinar a totalidade do IRPJ devido do primeiro trimestre do anocalendário de 2004 para investimento no Finam, e que a Receita Federal, após o processamento das declarações do anocalendário, em malha, emitia para o contribuinte extrato das aplicações em incentivos fiscais, informando os valores considerados como incentivo fiscal e como aplicação de recursos próprios e/ou subscrição voluntária, cabendo ao contribuinte, em caso de divergência, entrar com o Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais — PERC. Não tendo o contribuinte formalizado tal pedido, descaberia entrar no mérito desta questão, que ordinariamente seria apreciada na Delegacia da Receita Federal de jurisdição do seu domicílio fiscal. Tratandose o lançamento fiscal de mera decorrência da falta de recolhimento do imposto devido, em razão da destinação acima referida em valor superior aos limites permitidos por lei, manteve a DRJ integralmente a autuação. Em sede de recurso, a recorrente reprisa seus argumentos de defesa, arguindo, em síntese, a ocorrência de erro de fato, tendo em vista que: (i) não consta na DIPJ qualquer opção por aplicação em nenhum tipo de fundo de investimento; (ii) na DCTF o valor do imposto de renda do primeiro trimestre de 2004, no valor de R$ 783.807,29, foi informado corretamente como sendo do código 0220 – “IRPJ – PJ em geral obrigada ao lucro real/balanço trimestral”; (iii) nos trimestres seguintes não há qualquer destinação ao Finam, por meio de DARF, tendo estes sido integralmente recolhidos sob o código 0220; (iv) o contribuinte não mais poderia formalizar, de acordo com as regras da época, qualquer opção em fundos de investimento, a título de incentivo fiscal. Conclui afirmando que, uma vez que não fez e nunca quis fazer nenhuma opção ao Finam nem a qualquer outro fundo de investimento, o lançamento fiscal deve ser cancelado. Na sessão de 4 de dezembro de 2013, o julgamento foi convertido em diligência nos seguintes termos: “(...) a fim de que a autoridade fiscal: a apresente os elementos de prova, caso os tenha, de que a recorrente foi cientificada das inconsistências apuradas com relação ao Darf recolhido com o código 9020 e do seu direito à apresentação de defesa por meio de PERC; b esclareça se a recorrente se enquadra ou não nas condições estabelecidas na Medida provisória nº 2.19914/2001 para que possa destinar parcelas do imposto aos Fundos de Investimentos Regionais, Fl. 1294DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 11020.000933/200921 Acórdão n.º 1201001.200 S1C2T1 Fl. 5 4 conforme explicitado nas perguntas 495 e 496 do Perguntas e Respostas da DIPJ/2005, reproduzidas neste voto; c informe em que períodos (discriminando os valores, quando houver) a recorrente destinou parcelas do seu imposto de renda a Fundos de Investimentos Regionais, considerando, para tanto, o período que compreenda os cinco anos anteriores e posteriores ao da autuação; d junte aos autos cópia integral da DIPJ/2005 apresentada pela recorrente; e confirme (ou não — neste caso, juntando provas) a alegação recursal de que a a DCTF relativa ao 1o trimestre de 2004 contém como débito declarado a título de IRPJ o valor recolhido no multicitado Darf, porém indicando este débito pelo código de receita 0220, e não pelo código 9020, que constou no Darf em questão; f elabore relatório de diligência circunstanciado, referindose aos pontos acima citados; g dê ciência desse relatório ao contribuinte, para que sobre ele se manifeste, caso deseje, no prazo de 30 (trinta) dias.” A autoridade fiscal elaborou o Relatório de Diligência Fiscal de fls. 1264 1266, no qual, em síntese, esclarece o seguinte: Com relação ao item ‘a’ acima, informa que a prova de que a recorrente foi cientificada das inconsistências relativas à destinação ao incentivo fiscal encontrase às fls. 21 (aviso de recebimento em 12/03/2007 com a identificação de que se referia ao “IRPJ – 2005”). Com relação ao enquadramento da recorrente nas condições estabelecidas na MP 2.19914/2001, anexa Termo de Intimação Fiscal e respectiva resposta da contribuinte que informa a sua composição societária dos anos de 1999 a 2008, para demonstrar que haveria coligação entre a recorrente (Tramontina Farroupilha S/A Industria Metalúrgica) e a Tramontina Belém S/A, esta última detentora de projeto próprio incentivado pelo Fundo de Investimentos da Amazônia (FINAM). Relativamente aos períodos em que houve destinação de recursos a Fundos de Investimentos Regionais afirma que foi executada análise da conta especifica de investimentos mantida pela Tramontina em seu Ativo Investimentos, e fichas do Razão, nas quais se verifica a existência de destinações de recursos ao FINAM, não tendo sido possível verificar a existência de outros valores pagos a este fundo, além dos contidos na resposta do contribuinte, em decorrência de os sistemas de acompanhamento da SRF não estarem adaptados a fornecerem este tipo de informação. Anexa aos autos a cópia da DIPJ e da DCTF solicitadas. Cientificada do relatório da diligência, manifestouse o contribuinte, alegando, em síntese, o seguinte: Com relação à sua suposta ciência acerca das inconsistências nas destinação ao incentivo fiscal, a Receita Federal não acrescentou nenhum elemento novo, não havendo provas, portanto, de que tenha sido devidamente cientificado, pelo que o auto de infração deve ser anulado. Fl. 1295DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 11020.000933/200921 Acórdão n.º 1201001.200 S1C2T1 Fl. 6 5 A suposta coligação apontada entre a Tramontina Farroupilha S/A Industria Metalúrgica e a Tramontina Belém S/A não existe, nos termos dos dispositivos legais de regência da matéria, não havendo participação societária entre elas. Quanto à destinação de recursos ao FINAM, os elementos trazidos aos autos na diligência comprovam que o último investimento contabilmente registrado ao FINAM por Tramontina Farroupilha S/A Indústria Metalúrgica foi referente ao 4o trimestre de 2001 (lançamento contábil em fevereiro de 2002), não havendo mais investimentos ao FINAM após esta data. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. A decisão recorrida pautase nas seguintes premissas: (i) o contribuinte manifestou, mediante o recolhimento em Darf específico, a intenção de destinar a totalidade do IRPJ devido do primeiro trimestre do anocalendário de 2004 para investimento no Finam; (ii) a Receita Federal, após o processamento das declarações do ano calendário, emitiu para o contribuinte extrato das aplicações em incentivos fiscais; (iii) o contribuinte recebeu o extrato das aplicações em incentivos fiscais, informando os valores considerados como incentivo fiscal e como aplicação de recursos próprios e/ou subscrição voluntária; (iv) o contribuinte não formalizou o Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais — PERC, cuja datalimite era 28.09.2007, precluindo seu direito de questionar aqueles valores. A recorrente, por sua vez, alega que houve mero erro de fato, comprovável em razão, resumidamente, dos seguintes fatos: não preenchimento na DIPJ de aplicação no Finam; preenchimento incorreto do DARF, mas correto da DCTF; inexistência de destinação ao Finam em qualquer dos trimestres subsequentes; impossibilidade material de formalizar, de acordo com as regras da época, qualquer opção em fundos de investimento, a título de incentivo fiscal. Fl. 1296DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 11020.000933/200921 Acórdão n.º 1201001.200 S1C2T1 Fl. 7 6 A diligência solicitada visou a cobrir todas as questões acima, de modo a se poder concluir pela existência, ou não, do alegado erro de fato. Neste sentido, observo que, com os elementos trazidos aos autos, foi possível comprovarse os fatos a seguir relatados. A DIPJ/2005 (fls. 676812) não registra qualquer destinação para aplicação em incentivos fiscais no ano de 2004. Na ficha “01 Dados Iniciais” consta: “Finor/Finam/Funres: Não”. E, na Ficha “45A Ativo Balanço Patrimonial”, consta o registro do mesmo valor em reais, na linha “25. Investimentos Decorrentes de Incentivos Fiscais”, tanto para o ano calendário quanto para o ano calendário anterior. A DCTF do primeiro trimestre de 2004 (fls. 11841249), apresentada em 18/05/2004, consigna como devido o IRPJ, sob o código 0220, o valor de R$ 783.807,29, exatamente o valor que foi recolhido mediante o DARF preenchido com o código de receita 9020. A última destinação de recursos ao Finam feita pelo contribuinte foi aquela relativa ao 4o trimestre de 2001 e lançada contabilmente em fevereiro de 2002 (ficha do razão às fls. 130). Não houve novas destinações ao Finam pelo menos até 2010 (período coberto pela diligência solicitada), de acordo com as informações prestadas pela contribuinte, e não refutadas pelo fisco. Todas estas constatações, analisadas em seu conjunto, evidenciam, acima de qualquer razoável margem de dúvida, a ocorrência de mero erro de fato no preenchimento do DARF. Cediço que de meros erros de fato não se originam direitos, nem obrigações, sendo muito sólida a jurisprudência do CARF a respeito. Para acentuar ainda o desajuste da acusação fiscal e da decisão recorrida, destaquese que um dos motivos da diligência solicitada foi para que fosse trazido aos autos prova efetiva de que a contribuinte tivesse sido cientificada das inconsistências com relação à destinação ao incentivo fiscal Finam, afirmação esta que foi repetidamente feita por aquelas autoridades. O relatório de diligência fiscal, com relação a este ponto, limitase a afirmar que, verbis: “O elemento de prova de que a recorrente foi cientificada das inconsistências apuradas em relação a destinação de pagamento a incentivo fiscal encontrase na folha 21 do processo digitalizado. O Aviso de Recebimento da correspondência encaminhada e devidamente recebida pela contribuinte foi obtida através do sistema Sucop Imagem e apresenta a data de recebimento de 12/03/2007 com a identificação de que se referia ao "IRPJ 2005".” Ora, o referido Aviso de Recebimento foi expressamente citado no voto proferido por este colegiado quando da Resolução 1102000.225, nos seguintes termos: “O aviso de recebimento de fls. 21, contudo, não identifica minimamente o conteúdo do que foi encaminhado ao contribuinte naquela data, e o Extrato das Fl. 1297DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 11020.000933/200921 Acórdão n.º 1201001.200 S1C2T1 Fl. 8 7 Aplicações em Incentivos Fiscais, que teria sido a ele encaminhado, tampouco consta dos autos.” É por demais evidente que a mera expressão “IRPJ – 2005” dele constante nada prova quanto ao verdadeiro teor do que foi, naquela data, cientificado ao contribuinte. As inconsistências detectadas poderiam ser de várias naturezas. Se nem em sede de diligência veio aos autos a cópia do “Extrato das Aplicações em Incentivos Fiscais” — se é que de fato existiu tal documento — como é possível afirmar que o contribuinte foi notificado, naquela oportunidade, de que “o percentual destinado ao referido fundo é superior ao permitido em lei”, e que, apesar de cientificada, “não apresentou o Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais (Perc)”, como o fizeram a autoridade lançadora e a instância julgadora a quo? Simplesmente não há como. Caem por terra, portanto, todas as premissas com base nas quais foi efetuado o lançamento fiscal e proferida a decisão recorrida. Não há qualquer sentido em afirmar estar precluso o direito da recorrente à discussão das questões atinentes à controversa opção pelo Finam e ao alegado erro de fato, em face da não apresentação do PERC, se não há qualquer prova da ciência do contribuinte quanto às supostas inconsistências das quais teria sido notificado. Em razão de tudo o quanto exposto, desnecessário neste momento tecerse comentários quanto às considerações da autoridade executora da diligência (no sentido da existência de coligação entre a recorrente e a Tramontina Belém S/A, empresa detentora de projeto próprio incentivado pelo Finam), ou às demais alegações da recorrente (no sentido da impossibilidade material de formalizar, em face da legislação vigente à época, aplicação no Finam a título de incentivo fiscal, e da inexistência da mencionada coligação), pois tais questões refletem apenas uma discussão relativa a uma mera possibilidade (ou não) de a recorrente vir a fazer tais destinações, na medida em que a recorrente pudesse estar enquadrada (ou não), à época, nas condições para a fruição do incentivo; impostas pela Medida provisória nº 2.19914/2001, de 24.08.2001. Tal debate não se faz mais necessário porque, conforme dito, os elementos trazidos aos autos na diligência me levam à convicção de que houve, no caso, mero erro de preenchimento no DARF de recolhimento, não se tendo materializado, de fato, a propalada opção pela aplicação no fundo de investimento Finam. Pelo exposto, dou provimento ao recurso, para cancelar o lançamento de ofício efetuado. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator Fl. 1298DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 11020.000933/200921 Acórdão n.º 1201001.200 S1C2T1 Fl. 9 8 Fl. 1299DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME
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Numero do processo: 13558.000113/2005-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Dec 17 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1302-000.381
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Eduardo Andrade.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Eduardo Andrade. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 35 58 .0 00 11 3/ 20 05 -7 3 Fl. 726DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13558.000113/200573 Resolução nº 1302000.381 S1C3T2 Fl. 3 2 RELATÓRIO Conforme Termo de Constatação e Intimação Fiscal de fls. 115/117, analisando os valores devidos no período de 11/1999 a 09/2004, a autoridade fiscal apurou as seguintes irregularidades relativamente ao IRPJ, objeto de exigência por meio de lançamento cientificado à contribuinte em 15/02/2005: · No anocalendário 1999: falta de recolhimento do IRPJ devido no 4º trimestre/99; · No anocalendário 2000: falta/insuficiência de recolhimento de estimativas de IRPJ nos meses de outubro e novembro, e insuficiência de recolhimento do IRPJ devido no ajuste anual; · No anocalendário 2001: falta de recolhimento de estimativas de IRPJ nos meses de julho, agosto e outubro; · No anocalendário 2002: falta de recolhimento de estimativas de IRPJ nos meses de outubro e novembro; · No anocalendário 2003: falta de recolhimento de estimativas de IRPJ nos meses de junho, julho e agosto; e · No anocalendário 2004: falta de recolhimento de estimativas de IRPJ nos meses de junho, julho e agosto; Na sessão plenária de 09 de março de 2010 foi julgado o recurso voluntário interposto nestes autos. A decisão está formalizada no Acórdão nº 110100.256, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 IRPJ — AUTO DE INFRAÇÃO — BASE DE CÁLCULO — ESTIMATIVAS MENSAIS — INSUFICIÊNCIA — IMPOSSIBILIDADE — Encerrado o anocalendário, é defeso à Fiscalização formalizar exigência de crédito que corresponda a diferença de imposto de renda e contribuição social recolhidos com insuficiência, quando feita opção para pagamento por estimativa. Ocorrida a hipótese de incidência do tributo, o lançamento tributário deve contemplar a diferença do tributo efetivamente devido por ocasião do encerramento do período base e o valor apurado segundo a declaração de ajuste anual. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. ANOS CALENDÁRIO 2001 a 2004. Optando pela apuração anual dos lucros, fica a pessoa jurídica obrigada a recolher estimativas mensais e, se não o faz, sujeitase a multa isolada, mesmo que já encerrado o anocalendário correspondente. Fl. 727DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13558.000113/200573 Resolução nº 1302000.381 S1C3T2 Fl. 4 3 Cientificada em 11/01/2011 (fl. 457), a Procuradoria da Fazenda Nacional opôs, tempestivamente, embargos em 17/01/2011 (fls. 458/466), nos quais apontou os seguintes vícios no julgado: · O primeiro excerto da ementa não espelha o conteúdo do julgado, mas sim o entendimento vencido do Conselheiro Relator; e · A ementa não contempla qualquer referência à decadência ou exclusão da multa isolada por concomitância no anocalendário 2000, embora estas matérias tenham sido deliberadas pelo Colegiado. Por meio do Despacho nº 110000.283 os embargos foram admitidos porque constatado que, de fato, na formalização do voto, o Conselheiro Relator deixou de consignar as razões para declarar, de ofício, a decadência das exigências pertinentes ao anocalendário 1999. Quanto à contradição entre a primeira parte da ementa e a deliberação do Colegiado acerca da multa isolada exigida no anocalendário 2000, observouse que o Conselheiro Relator manteve no voto condutor do julgado seu entendimento inicialmente apresentado, e que se prestava à exclusão da exigência em todos os períodos de apuração. Não foi feita, portanto, a necessária adequação ao aspecto que, para a maioria do Colegiado, foi determinante para dar provimento ao recurso voluntário apenas em relação à exigência do anocalendário 2000 (fls. 696). Na sessão de julgamento de 25 de setembro de 2014 este Colegiado decidiu, por unanimidade de votos, ACOLHER e PROVER os embargos de declaração, sem efeitos infringentes. O Acórdão nº 1101001.199 restou assim ementado: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. Confirmado o descompasso entre o resultado do julgamento e a exposição contida na ementa e no voto condutor do julgado, o conteúdo deve ser ajustado para refletir a decisão do Colegiado, reformulandose integralmente a ementa nos termos seguintes. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 AJUSTE ANUAL. ANOCALENDÁRIO 1999. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. A Câmara Superior de Recursos Fiscais uniformizou jurisprudência no sentido de que, a partir da Lei n° 8.383/91, o IRPJ sujeitase a lançamento por homologação. Assim sendo, o prazo para efeito da decadência é de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. ANO CALENDÁRIO 2000. CONCOMITÂNCIA. Encerrado o período de apuração do tributo, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter eficácia, uma vez que prevalece a exigência do tributo efetivamente devido, apurado na ação fiscal com base no lucro real. Não comporta a cobrança de multa isolada em lançamento de oficio, por falta de recolhimento de tributo por estimativa, sob pena de dupla incidência de multa de oficio sobre uma mesma infração. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. ANOS CALENDÁRIO 2001 a 2004. Optando pela apuração anual dos lucros, fica a pessoa jurídica obrigada a recolher estimativas mensais e, se não o faz, sujeitase a multa isolada, mesmo que já encerrado o anocalendário correspondente. Fl. 728DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13558.000113/200573 Resolução nº 1302000.381 S1C3T2 Fl. 5 4 Cientificada dos acórdãos, a recorrente opôs os embargos de fls. 713/717 parcialmente admitidos nos termos do despacho de fls. 722/724, elaborado por esta Conselheira e acolhido pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão: Os autos retornaram à origem e a recorrente opôs embargos em 08/01/2015, afirmando ter sido cientificada dos dois acórdãos em 05/01/2015. Inexistindo prova em contrário nos autos, os embargos devem ser admitidos como tempestivos. A embargante observa que restou mantida a multa isolada sobre os valores de estimativa dos anoscalendário de 2001 a 2004, mas não foi apreciada sua alegação de que, por ter apurado prejuízo fiscal no encerramento dos anoscalendário de 2003 e 2004, não haveria materialidade para imposição da questionada multa isolada. Aduz, também, que não foi avaliada sua observação acerca do parcelamento da estimativa referente ao anocalendário 2001, e conseqüente denúncia espontânea da infração. As exigências em referência foram mantidas com fundamento nas razões expostas no voto vencedor de lavra desta Conselheira, integrado ao Acórdão nº 110100.256. No que tange à multa isolada por falta de recolhimento das estimativas apuradas nos anoscalendário de 2003 e 2004, foi esclarecido que: Concluise, daí, que o legislador estabeleceu a possibilidade de a penalidade ser aplicada mesmo depois de encerrado o anocalendário correspondente, e ainda que evidenciada a desnecessidade das antecipações, nesta ocasião, por inexistência de IRPJ ou CSLL devidos na apuração anual. Para exonerarse da referida obrigação, cumpria contribuinte levantar balancetes mensais de suspensão, e evidenciar a inexistência de base de cálculo para recolhimento das estimativas durante todo o anocalendário. (negrejouse) Nestes termos, não se verifica a primeira omissão apontada pela embargante. Sua alegação no sentido de que encerrado o exercício, com a apuração do imposto devido, desaparece a situação fática que justificava a aplicação da referida multa, mormente tendo em conta a apuração de prejuízo fiscal nos períodos em referência, foi refutada pela interpretação antes consignada acerca do alcance do dispositivo legal que determina a imposição da penalidade em discussão. Já com referência à multa isolada aplicada sobre a falta de recolhimento de estimativas em 2001, de fato, a recorrente alegara o parcelamento das estimativas, e esta ocorrência não foi considerada no voto condutor do julgado. Assim, neste ponto, há omissão a ser sanada. Portanto, neste juízo de cognição sumária, resta caracterizada a segunda omissão suscitada pela embargante, razão pela qual, com base no art. 25 e 65, §2o, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, propõese que sejam PARCIALMENTE CONHECIDOS os embargos de declaração opostos pela recorrente. Em recurso voluntário a contribuinte inicialmente relatou que a informação do parcelamento se referia à infração de "diferença apurada entre o valor escriturado e o declarado/pago nos anoscalendário de 1999 e 2000", consignando que, inclusive, foi denunciado valor superior ao efetivamente devido, já que, ao invés de incluir o saldo devedor do imposto apurado no encerramento do exercício, foram incluídos os valores das estimativas. Na sequência, manifestou discordância com a decisão que apenas reduziu o percentual da multa aplicada, consignando que, no tocante aos valores exigidos a título de imposto devido, se há valores em aberto nos anos de 1999 e 2000, há valores declarados a maior no PAES nos anos de 2001 e 2002. Fl. 729DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13558.000113/200573 Resolução nº 1302000.381 S1C3T2 Fl. 6 5 Mais à frente, depois de questionar a aplicação de penalidade quando já encerrado o período de apuração, assevera inexistir base para a aplicação da referida multa nos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002 porque a empresa, por conta própria, incluiu no Parcelamento Especial (PAES) os valores devidos a título de estimativa de IRPJ. Reproduz a decisão de 1ª instância na parte em que reconhece o parcelamento de valores devidos em 12/2000 (R$ 68.688,14), 12/2001 (R$ 177.501,86) e 11/2002 (R$ 306.119,48) e aduz: Ora, os valores incluídos no PAES, na rubrica de estimativa de IRPJ, absorveram as multas aplicadas. Assim, a inclusão dos valores devidos a título de estimativa no PAES, conforme expressamente averbado na r. decisão recorrida, torna indevida a aplicação de questionada multa por uma razão muito simples: deixou de existir a inadimplência alegada. Ademais, a adesão ao referido parcelamento especial representa a denúncia espontânea prevista no artigo 138 do CTN. Pede, assim, que seja afastado o questionado lançamento de ofício. Fl. 730DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13558.000113/200573 Resolução nº 1302000.381 S1C3T2 Fl. 7 6 VOTO Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Para melhor compreender a defesa da contribuinte necessário se faz retomar as alegações apresentadas em impugnação acerca do parcelamento de débitos de IRPJ. Informou a contribuinte, naquela ocasião, que aderiu ao Parcelamento especial instituído pela Lei nº 10.684/2003, declarando em DCTF os valores devidos e os respectivos créditos vinculados, isto tendo em conta os valores apurados em sua escrita fiscal. Aduziu, porém, que errou ao detalhar por período de apuração dentre as competências em referência em cada um das declarações entregues, e a Fiscalização, por sua vez, autuou a Impugnante pelos valores que deixaram de ser declarados nas devidas competências, ignorando o fato de que em outras diversas competências a Contribuinte declarou valor por demais superior ao devido naquele período, estando todos eles, de qualquer maneira, inclusos no PAES, cujo pagamento vem efetuando rotineiramente. Ressaltou sua boafé e reportouse a manifestações judiciais que, em tais circunstâncias, afastam penalidades impostas, mantendo o pagamento do principal, devidamente corrigido e acrescido dos juros legais, mormente tendo em conta o disposto no art. 112 do CTN. A autoridade julgadora de 1ª instância firmou o entendimento de que somente estariam parcelados os débitos indicados nos documentos apresentados pelo sujeito passivo, e relativamente aos débitos de IRPJ identificados no parcelamento assim se manifestou: · Período de apuração de dezembro/2000 (R$ 68.688,14): o valor parcelado foi, também, declarado e assim utilizado pela Fiscalização para reduzir a base de cálculo do imposto a pagar; · Período de apuração de dezembro/2001 (R$ 177.501,95): não houve lançamento de IRPJ neste período, bem como não foi declarada estimativa a pagar na DIPJ, e consequentemente não houve o correspondente abatimento deste valor parcelado; · Período de apuração de novembro/2002 (R$ 306.119,48): o valor parcelado foi, também, declarado e assim utilizado pela Fiscalização para reduzir a base de cálculo do imposto a pagar; Ao final, a decisão recorrida apenas expressa a redução das multas isoladas em razão do percentual adotado para seu cálculo, que passou de 75% para 50% em virtude da alteração do art. 44 da Lei nº 9.430/96 pela Lei nº 11.488/2007. Em recurso voluntário, a contribuinte alega que exigências decorrentes de diferenças apuradas nos anoscalendário 1999 e 2000 foram integralmente mantidas, a despeito de a empresa haver informado que os valores exigidos foram incluídos no Parcelamento Especial PAEX, inclusive denunciando valor superior ao efetivamente devido, já que, ao invés de incluir o saldo devedor do imposto apurado no encerramento do exercício, foram incluídos os valores das estimativas. Na sequência, a contribuinte diz não compreender a origem da diferença apurada em dezembro/2000, mas a multa isolada aplicada neste período foi afastada por meio dos Acórdãos nº 110100.256 e 1101001.199, em razão da concomitância com a multa proporcional. A recorrente passa, então, a questionar a exigência de multas isoladas sobre as Fl. 731DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13558.000113/200573 Resolução nº 1302000.381 S1C3T2 Fl. 8 7 estimativas devidas nos anoscalendário 2003 e 2004, por ter apurado prejuízo fiscal ao final destes períodos de apuração, e esta alegação foi apreciada e rejeitada no Acórdão nº 1101 00.256. Por fim, a interessada aduz: E também não base para a aplicação da referida multa nos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002 porque a empresa, por conta própria, incluiu no Parcelamento Especial (PAES) os valores devidos a título de estimativa de IRPJ. A esse respeito, vejamse as seguintes observações da r. decisão de primeira instância (fls. 208): [...] Ora, os valores incluídos no PAES, na rubrica de estimativa de IRPJ, absorvem as multas isoladas aplicadas. Assim, a inclusão dos valores devidos a título de estimativa no PAES, conforme expressamente averbado na r. decisão recorrida, torna indevida a aplicação da questionada multa por uma razão muito simples: deixou de existir a inadimplência alegada. Ademais, a adesão ao referido parcelamento especial representa a denúncia espontânea prevista no artigo 138 do CTN. A recorrente, nestes termos, não discorda dos valores identificados na decisão de 1ª instância como parcelados, e apenas questiona as consequências a eles atribuídas na decisão recorrida. Considerando que a multa isolada referente ao mês de dezembro/2000 foi afastada em razão da concomitância com a multa proporcional aplicada sobre o ajuste anual do ano calendário 2000, cumpre reavaliar os efeitos dos valores parcelados identificados pela autoridade julgadora de 1ª instância, em relação ao ajuste anual exigido em 2000 e às multas isoladas aplicadas sobre as estimativas não recolhidas em 2001 e 2002. No anocalendário 2000, a autoridade fiscal indica que apurou débito de R$ 113.054,45, e considerando a declaração da parcela de R$ 80.545,64, lançou a diferença de R$ 32.508,81. O IRPJ devido no ajuste anual está informado no LALUR (fl. 36), e o valor parcelado pela contribuinte está demonstrado na consolidação do PAES à fl. 147, no montante de R$ 68.688,14. Não há, nos autos, reprodução da DCTF ou informação sobre o pagamento parcial/total do débito declarado. Não é possível saber, também, se o débito declarado em DCTF engloba aquele parcelado no âmbito do PAES. Constatase, ainda, que ao apurar as estimativas devidas no anocalendário 2000, a autoridade fiscal identificou débitos de IRPJ nos meses de outubro e novembro/2000, nos valores de R$ 26.487,32 e R$ 81.534,34, tendo em conta a receita bruta e acréscimos. Apurou, também, recolhimentos de estimativas vinculados aos débitos de julho a outubro/2000, no valor principal total de R$ 18.348,26 (fl. 146). Ao final, indicou IRPJ a pagar em outubro e novembro/2000, mas nos valores de R$ 17.370,11 e R$ 55.047,52, depois de abater estimativas devidas em meses anteriores de R$ 9.117,21 e R$ 26.487,32, respectivamente. A base de cálculo para imposição da multa isolada foi reduzida, ainda, por recolhimento de R$ 1.506,71 referente a outubro/2000. Os valores assim apurados coincidem com os informados em DIPJ (fl. 123). Na mesma DIPJ, por sua vez, o débito de IRPJ no ajuste anual no valor de R$ 113.054,45 é reduzido por retenções na fonte de R$ 13.244,19 e estimativas de R$ 88.401,65 (fl. 124). Frente a tais circunstâncias observase que além das estimativas não recolhidas em outubro e novembro/2000, outros valores eram devidos e foram pagos ao longo do ano calendário 2000, mas não é possível afirmar se eles foram considerados na apuração fiscal do IRPJ a pagar no ajuste anual, dado que abatido o débito declarado em DCTF, que não se sabe Fl. 732DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13558.000113/200573 Resolução nº 1302000.381 S1C3T2 Fl. 9 8 se foi parcialmente vinculado aos pagamentos verificados ao longo do anocalendário 2000. Além disso, a autoridade fiscal nada diz a respeito das retenções na fonte indicadas em DIPJ no valor de R$ 13.244,19, as quais, se consideradas juntamente com as estimativas pagas no ano calendário 2000, aproximariam o IRPJ devido no ajuste anual de 2000, na forma do art. 2º, §4º da Lei nº 9.430/96, do montante considerado como declarado (R$ 113.054,50 R$ 13.244,19 18.348,30 = 81.462,00). Ressaltese que a DCTF também não foi juntada pela defesa. Em impugnação, a contribuinte apenas juntou a relação de débitos parcelados no âmbito do PAES, e em recurso voluntário agregou cópia das DIPJ. Passando ao débito de IRPJ parcelado em dezembro/2001, no valor de R$ 177.501,95, cumpre recordar que a autoridade julgadora de 1ª instância negoulhe efeitos porque não houve lançamento de IRPJ neste período, bem como não foi declarada estimativa a pagar na DIPJ, e consequentemente não houve o correspondente abatimento deste valor parcelado. Em verdade, no anocalendário 2001, a autoridade fiscal identificou falta de recolhimento de estimativas em julho/2001 (R$ 138.803,52), agosto/2001 (R$ 17.109,74) e outubro/2001 (R$ 72.022,78), e sobre tais montantes exigiu multas isoladas, reduzidas a 50% na decisão de 1ª instância e mantidas nos acórdãos embargados em razão da ausência de concomitância com a exigência de multa proporcional sobre o ajuste anual. As estimativas devidas naqueles meses coincide com os valores informados pelo sujeito passivo em DIPJ (fls. 125/126), sendo que em dezembro/2001 houve informação, na mesma declaração, de imposto de renda negativo de R$ 65.607,80, mas isto depois de deduzidas estimativas devidas em períodos anteriores no valor de R$ 227.936,03, equivalente à soma das faltas de recolhimento apuradas pela Fiscalização. O débito consolidado no PAES está informado sob código 5993, destinado ao IRPJ devido no ajuste anual, mas também não há informação acerca da origem deste valor, apesar de ele já estar consolidado no parcelamento antes da formalização do lançamento, consoante se vê no demonstrativo de fl. 148. Por fim, com referência ao débito de R$ 306.119,48 parcelado a título de IRPJ devido em novembro/2002 (R$ 306.119,48), a autoridade julgadora de 1ª instância claramente informa que ele foi utilizado pela Fiscalização para reduzir a base de cálculo do imposto a pagar. De fato, à fl. 150 vêse que a estimativa de IRPJ apurada em novembro/2002, no valor de R$ 314.181,66, foi reduzida pelo débito declarado de R$ 306.119,48, restando em aberto a parcela de R$ 8.062,18, sobre a qual foi aplicada a multa isolada, inicialmente calculada em R$ 6.046,64, mas reduzida na decisão de 1ª instância a R$ 4.031,09. Diante do exposto, o presente voto é no sentido de CONVERTER o julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal competente informe: · A origem do débito de R$ 80.545,64 considerado como declarado no ajuste anual do IRPJ em 31/12/2000, informando se houve créditos vinculados a este débito, ou se há outras evidências que justifiquem a desconsideração, na apuração do IRPJ devido no ajuste anual consoante art. 2º, §4º da Lei nº 9.430/96, dos pagamentos promovidos ao longo do anocalendário 2000 e das retenções na fonte informadas em DIPJ; Fl. 733DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13558.000113/200573 Resolução nº 1302000.381 S1C3T2 Fl. 10 9 · A origem do débito de IRPJ parcelado em dezembro/2001, no valor de R$ 177.501,95, confirmando também a inexistência de estimativas de IRPJ declaradas ou parceladas ao longo do anocalendário 2001. Ao final dos trabalhos a autoridade fiscal deve produzir relatório circunstanciado, descrevendo suas análises e conclusões daí resultantes, dele cientificando a interessada, com reabertura de prazo de 30 (trinta) dias para complementação de suas razões de defesa. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 734DF CARF MF Impresso em 17/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2015 por EDELI PEREIRA BESSA
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Numero do processo: 16561.720007/2011-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2007, 2008, 2009
JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC.
A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic.
LUCROS AUFERIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. AJUSTES. MARCAÇÃO A MERCADO. IMPOSSIBILIDADE.
Os lucros auferidos por controlada no exterior, a serem adicionados ao resultado da controladora no Brasil, são os lucros contábeis, a serem apurados pela controlada com base na legislação de seu domicílio fiscal. Tais lucros devem ser demonstrados segundo as normas da legislação brasileira. Inexistindo a previsão legal de ajustes a serem feitos ao lucro contábil apurado pela controlada no exterior, essa pretensão não pode ser acatada.
LUCROS AUFERIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO COM PREJUÍZOS AUFERIDOS PELA CONTROLADA EM EXERCÍCIOS ANTERIORES. CONVERSÃO EM REAIS.
Os lucros, bem assim os prejuízos, são apurados no exterior pela controlada. O montante a ser adicionado ao resultado da controladora no Brasil é o valor líquido, correspondente ao lucro da controlada no período, deduzido de prejuízos apurados em períodos anteriores. Tal dedução há que ser feita na moeda em que apurados os lucros e os prejuízos. Somente após a determinação do saldo líquido a ser adicionado ao resultado da controladora no Brasil é que se fará a conversão para moeda nacional, na data prevista no § 4º do art. 25 da lei nº 9.249/1995.
Numero da decisão: 1301-001.858
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, vencido o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo, que dava provimento em maior extensão.
(assinado digitalmente)
Wilson Fernandes Guimarães - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Gilberto Baptista e Wilson Fernandes Guimarães.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2007, 2008, 2009 JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. LUCROS AUFERIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. AJUSTES. MARCAÇÃO A MERCADO. IMPOSSIBILIDADE. Os lucros auferidos por controlada no exterior, a serem adicionados ao resultado da controladora no Brasil, são os lucros contábeis, a serem apurados pela controlada com base na legislação de seu domicílio fiscal. Tais lucros devem ser demonstrados segundo as normas da legislação brasileira. Inexistindo a previsão legal de ajustes a serem feitos ao lucro contábil apurado pela controlada no exterior, essa pretensão não pode ser acatada. LUCROS AUFERIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO COM PREJUÍZOS AUFERIDOS PELA CONTROLADA EM EXERCÍCIOS ANTERIORES. CONVERSÃO EM REAIS. Os lucros, bem assim os prejuízos, são apurados no exterior pela controlada. O montante a ser adicionado ao resultado da controladora no Brasil é o valor líquido, correspondente ao lucro da controlada no período, deduzido de prejuízos apurados em períodos anteriores. Tal dedução há que ser feita na moeda em que apurados os lucros e os prejuízos. Somente após a determinação do saldo líquido a ser adicionado ao resultado da controladora no Brasil é que se fará a conversão para moeda nacional, na data prevista no § 4º do art. 25 da lei nº 9.249/1995.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, vencido o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo, que dava provimento em maior extensão. (assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimarães - Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Gilberto Baptista e Wilson Fernandes Guimarães.
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COMPENSAÇÃO COM PREJUÍZOS ANTERIORES. POSSIBILIDADE. PROVA. Havendo nos autos provas suficientes de prejuízos apurados pela controlada no exterior, em períodos anteriores, fato confirmado inclusive mediante diligência fiscal, cabível sua compensação com os lucros auferidos por essa mesma controlada. A mera falta de transcrição, no livro Diário da controladora no Brasil, das demonstrações financeiras da controlada no exterior não deve ser impeditivo para essa compensação, desde que, como é o caso, haja prova suficiente e aceita pelo Fisco de que os prejuízos efetivamente ocorreram. LUCROS AUFERIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. AJUSTES. MARCAÇÃO A MERCADO. IMPOSSIBILIDADE. Os lucros auferidos por controlada no exterior, a serem adicionados ao resultado da controladora no Brasil, são os lucros contábeis, a serem apurados pela controlada com base na legislação de seu domicílio fiscal. Tais lucros devem ser demonstrados segundo as normas da legislação brasileira. Inexistindo a previsão legal de ajustes a serem feitos ao lucro contábil apurado pela controlada no exterior, essa pretensão não pode ser acatada. LUCROS AUFERIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO COM PREJUÍZOS AUFERIDOS PELA CONTROLADA EM EXERCÍCIOS ANTERIORES. CONVERSÃO EM REAIS. Os lucros, bem assim os prejuízos, são apurados no exterior pela controlada. O montante a ser adicionado ao resultado da controladora no Brasil é o valor líquido, correspondente ao lucro da controlada no período, deduzido de prejuízos apurados em períodos anteriores. Tal dedução há que ser feita na AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 07 /2 01 1- 97 Fl. 1307DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.308 2 moeda em que apurados os lucros e os prejuízos. Somente após a determinação do saldo líquido a ser adicionado ao resultado da controladora no Brasil é que se fará a conversão para moeda nacional, na data prevista no § 4º do art. 25 da lei nº 9.249/1995. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2007, 2008, 2009 JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, vencido o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo, que dava provimento em maior extensão. (assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimarães Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Gilberto Baptista e Wilson Fernandes Guimarães. Relatório LOUIS DREYFUS COMMODITIES BRASIL S/A, já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 16056.533, de 27/03/2014, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome do minucioso relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito. Fl. 1308DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.309 3 Tratase de impugnação a autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (fls. 133/142) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (fls. 143/152) lavrados contra a contribuinte qualificada em epígrafe, que teria deixado de adicionar às respectivas bases de cálculo tributáveis, relativas aos anoscalendário 2006 e 2007, lucros auferidos por suas controladas, domiciliadas no exterior, Coinbra Investment and Trading Limited e Coinbra International Trading N.V, bem como teria compensado indevidamente R$ 29.986.231,99, em 2008, de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL. Os valores lançados e a fundamentação legal dos autos de infração são os seguintes: IRPJ R$ 54.280.195,86 Juros de Mora R$ 20.443.005,54 Multa R$ 40.710.146,88 Infração 001 GLOSA DE PREJUÍZOS COMPENSADOS INDEVIDAMENTE SALDOS DE PREJUÍZOS INSUFICIENTES Enquadramento legal Arts. 247, 250, inciso III, 251, parágrafo único, 509 e 510 do RIR/99 Infração 002 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL – LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR Enquadramento legal Lei nº 9.249/95, art. 25, §§ 2º e 3º; RIR/99, art. 249; Lei nº 9.959/00, art. 3º; Lei nº 9.430/96, art. 16; MP nº 2.158/01, art. 74; Multa (Lei nº 9.430/96, art. 44, I); Juros de Mora (Lei nº 9.430/96, art. 28 c/c art. 6º, § 2º da Lei nº 9.430/96). CSLL R$ 19.459.608,84 Juros de Mora R$ 7.328.408,09 Multa R$ 14.594.706,62 Infração 001 CSLL FALTA DE RECOLHIMENTO Enquadramento legal Lei nº 7.689/88, art. 2º e §§; Lei nº 9.316/96, art. 1º; Lei nº 9.430/96, art. 28; Lei nº 10.637/02, art. 37) Infração 002 CSLL – BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE PERÍODOS ANTERIORES – COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE PERÍODOS ANTERIORES Enquadramento legal Lei nº 7.689/88, art. 2º e §§; Lei nº 8.981/95, art. 58 e Lei nº 9.065/95, art. 16; Lei nº 7.689/88, art. 3º, com as alterações introduzidas pelo art. 17 da Lei nº 11.727/08; Multa (Lei nº 9.430/96, art. 44, I); Juros de Mora (Lei nº 9.430/96, art. 28 c/c art. 6º, § 2º da Lei nº 9.430/96). Notificada dos lançamentos por via postal em 31/10/2011 (fls. 177), a contribuinte apresentou impugnação em 30/11/2011 (fls. 179/196), alegando, em síntese, o quanto se segue: (i) Concorda com o procedimento da autoridade fiscal que resultou na apuração de lucros de R$410.496,00 e R$223.183,80, respectivamente, nos anos calendário 2006 e 2007, de sua controlada Coinbra Investment and Trading Limited, motivo pelo qual deixa de impugnar as exigências fiscais decorrentes desse item do auto de infração; (ii) Quanto à controlada Coinbra International Trading N.V., a fiscalização acertadamente efetuou a compensação do prejuízo fiscal apurado de US$ 10.596.000,00 no anocalendário de 2005, contra seus lucros do exercício seguinte, de US$ 31.549.000,00, como determina o artigo 4o, parágrafo 2o, da Instrução Fl. 1309DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.310 4 Normativa SRF nº 213/02, obtendo um valor de US$ 20.953.000,00 a ser adicionado às bases de cálculo tributáveis do anocalendário de 2006; (iii) Porém, Coinbra International Trading N.V apurou prejuízos fiscais nos anoscalendário de 2002 a 2005, cujos demonstrativos não foram localizados à época da fiscalização, mas que agora, ora juntados, devem ser utilizados para fins de compensação contra os lucros adicionados pela fiscalização ao lucro real e à base de cálculo da CSLL, relativos aos anoscalendário de 2006 e 2007, conforme tabela abaixo: Demonstrativo de Resultados Societários Em milhares de dólares 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Resultado do exercício (após IR) 7.590 20.178 35.143 6.993 24.631 75.710 Imposto de Renda Diferido 0 31.652 17.437 3.603 6.918 45.388 Ajuste de Lucros Acumulados 23.962 Resultado do exercício (antes do IR) 31.552 51.830 52.580 10.596 31.549 121.098 (iv) Ressalva que Coinbra International Trading N.V está domiciliada em Curaçao, nas Antilhas Holandesas, onde inexistem regras comerciais ou contábeis prescrevendo forma específica para a apuração das demonstrações financeiras, jurisdição que permite que as sociedades ali constituídas adotem os critérios contábeis que entenderem conveniente para a adequada demonstração de seus resultados, o que geralmente envolve a utilização dos padrões contábeis internacionalmente aceitos, como o International Accounting Standard (IAS) ou o Generally Accepted Accounting Principies (GAAP), motivo pelo qual sua controlada optou por elaborar suas demonstrações financeiras, utilizando o critério de marcação a mercado na avaliação de seus ativos; (v) Ocorre que tal situação determina, nos termos do § 1º do artigo 6º da IN SRF nº 213/2002, que o lucro auferido no exterior, a ser objeto de tributação no Brasil, deveria ser apurado de acordo com as regras contábeis brasileiras, que determinavam a avaliação dos ativos pelo seu custo de aquisição ou produção, motivo pelo qual deveriam ter sido expurgados os efeitos da marcação a mercado das demonstrações financeiras apresentadas por Coinbra International Trading N.V; (vi) Afirma que, de acordo com os dados dos balanços patrimoniais (docs. 05/09, fls. 206/278), balancetes (docs. 10/15, fls. 279/332) e do relatório sobre a evolução dos resultados fiscais da controlada Coinbra International Trading N.V relativos a 2002 a 2007 (fls. 333/340) juntados, teria apurado prejuízos no valor de aproximadamente USD 177.129.000,00 entre os anoscalendário de 2002 a 2005, valor suficiente para compensar integralmente seus lucros auferidos em 2006 e 2007, no valor aproximado de USD 140.874.000,00. (vii) Os prejuízos apurados por Coinbra International Trading N.V., nos anos calendário de 2002 a 2005, devem ser convertidos para reais com base na taxa de câmbio vigente em 31 de dezembro de cada um desses períodos, conforme redação do § 3º do art. 6º da IN SRF nº 213/2002, para então serem compensados contra os lucros no exterior a serem adicionados ao lucro real e à base de cálculo da CSLL; e, (viii) Subsidiariamente, na hipótese de manutenção do principal, aduz ser improcedente a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, por expressa ausência de autorização legal. Pediu, ao final, para que, uma vez decretada a improcedência do lançamento em relação à Coinbra International Trading N.V, seja restabelecido o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL do período da impugnante e, desta forma, Fl. 1310DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.311 5 compensados com os lucros tributáveis da controlada Coinbra Investment and Trading Limited e cancelados os respectivos lançamentos. A impugnante acostou documentos que não haviam sido apresentados em fase de fiscalização e que poderiam interferir no deslinde da lide. Desta feita, de forma a satisfazer o princípio da ampla defesa, da verdade material e da paridade de armas, foi determinada a realização de diligência para que a autoridade fiscal informasse se (a) os demonstrativos financeiros acostados aos autos pela impugnante evidenciavam a apuração de prejuízos contábeis relativos aos períodos correspondentes a 2002/2005 de sua controlada Coinbra International Trading N.V; (b) caso afirmativo, confirmasse/identificasse os valores dos prejuízos apurados pela controlada Coinbra International Trading N.V, passíveis de compensação; e, (c) caso negativo, apontasse os elementos determinantes desta conclusão. A autoridade fiscal elaborou relatório, acostado às fls. 1215/1218, cujas conclusões e considerações seguem sintetizadas abaixo: (a) Em momento algum, durante a fase de fiscalização, a contribuinte apresentou as demonstrações financeiras de Coinbra International Trading N.V, para os anoscalendário anteriores a 2005, nos moldes apresentados junto à impugnação; (b) Os resultados em milhares de US$ (antes e depois do imposto de renda) de Coinbra International Trading N.V, no período de 2002 a 2007, conforme as referidas demonstrações financeiras foram os seguintes: ANO Resultado Resultado Antes IR Depois do IR 2002 (7.590) (7.590) 2003 (51.830) (20.178) 2004 (52.580) (35.143) 2005 (10.596) (6.993) TOTAL (122.596) (69.904) 2006 31.549 24.631 2007 121.098 75.710 (c) Além das demonstrações financeiras, foi apresentado relatório com a evolução dos resultados contábeis e fiscais daquela controlada, elaborado pela mencionada empresa de auditoria em 28 de novembro de 2011, data posterior à lavratura do auto de infração; (d) As informações reportadas nas Demonstrações Financeiras e os atos societários formalizados no exterior e em idioma estrangeiro, para efeito legal no Brasil, exigem sua apresentação em vernáculo do país firmada por tradutor juramentado, consoante disciplinam os termos do art. 224 do Código Civil, do art. 157 do Código de Processo Civil, dos arts. 129 e 148 da Lei n° 6.015, de 31/12/1973 (Lei de Registros Públicos) e do Parecer Normativo CST n° 250, de 15/03/1971; Fl. 1311DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.312 6 (e) As Demonstrações Financeiras deverão ter sua manutenção em boa guarda à disposição das autoridades tributárias competentes, demandando o sistema tributário brasileiro, para lhes conferir eficácia, conversões de seus valores em reais, com base na taxa de câmbio para venda, fixada pelo BACEN, do país de domicílio da sociedade controlada e na data do levantamento dos respectivos Balanços, além de transcrição no Livro Diário da sociedade controladora, que, a propósito, deve ser registrado perante o órgão competente, providências essas não observadas pela contribuinte; (f) Analisando a parte B do Lalur dos anoscalendário de 2002 a 2007, não existem rubricas que controlem o saldo de prejuízos acumulados de controladas no exterior; (g) As informações consignadas nas Demonstrações Financeiras de Coinbra International Trading N.V, relativas aos anoscalendário de 2002 a 2007, auditadas à época dos fatos por Constantin Brasil Auditores e Contadores SS, com exceção do anocalendário de 2002, refletem aquelas noticiadas nas Fichas (Participações no Exterior) e (Participações no Exterior — Resultado do Período de Apuração) da Declaração de Informações EconômicoFiscais de Pessoas Jurídicas atinentes aos anoscalendário 2002 a 2007 (Dipj 2003 a 2008): ANO Resultado Resultado Taxa de Resultado Depois IR(US$) DIPJ(R$) Câmbio* DIPJ(US$) 2002 (7.590) (94.320.150) 3,5333 (26.694.633) 2003 (20.178) (58.299.431) 2,8892 (20.178.399) 2004 (35.143) (93.283.902) 2,6544 (35.143.121) 2005 (6.993) (16.369.213) 2,3407 (6.993.298) 2006 20.348 43.504.347 2,1380 20.348.151 2007 120.626 213.664.000 1,7713 120.625.529 *valores utilizados pelo fiscalizado (fl.472) (h) Os documentos trazidos pelo impugnante ao processo comprovam a existência de um saldo de prejuízos acumulados na Coinbra International Trading N.V, no anocalendário de 2005, no valor de US$ 122.596.000,00, passíveis de compensação com os lucros apurados nos anoscalendário de 2006 e 2007. A contribuinte manifestouse acerca do resultado da diligência fiscal, mediante petição juntada às fls. 1222/1229, em que concorda com suas conclusões, mas reitera as ressalvas quanto aos critérios para mensuração dos prejuízos no exterior, o que implicaria excluir os ajustes relativos à marcação a mercado e converter os prejuízos apurados por Coinbra International Trading, para reais, com base na taxa de câmbio vigente em cada anocalendário de 2002 a 2005, para então serem compensados contra os lucros auferidos em 2006 e 2007; A 1ª Turma da DRJ em São Paulo I / SP analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 16056.533, de 27/03/2014 (fls. 1231/1247), considerou procedente o lançamento com a seguinte ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Fl. 1312DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.313 7 Anocalendário: 2006, 2007, 2008 JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício decorrente de tributos e contribuições administrados pela Receita Federal é considerada débito para com a União, sendo devidos juros de mora sobre o valor lançado inadimplido a partir de seu vencimento. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 CONTROLADAS E COLIGADAS NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS. REQUISITOS. LIVRO DIÁRIO. TRANSCRIÇÃO. A transcrição ou cópia de demonstrações financeiras de controladas ou coligadas domiciliadas no exterior, em moeda e classificação contábil nacional, em livro Diário de pessoa jurídica no Brasil, constitui requisito essencial para que prejuízos contábeis apurados por cada uma daquelas sejam compensados com seus próprios lucros. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2006, 2007, 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida em relação aos fatos que levaram à manutenção do IRPJ impõese também à CSLL, naquilo que for cabível, uma vez que ambos os lançamentos estão assentados nos mesmos elementos de prova. Ciente da decisão de primeira instância em 28/05/2014, conforme termo à fl. 1252, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 26/06/2014 conforme termo de análise de solicitação de juntada à folha 1285. No recurso interposto (fls. 1257/1280), a interessada rememora, sob sua ótica, o procedimento de fiscalização, a autuação, a impugnação ao lançamento e a decisão de primeira instância. Sobre essa decisão, assim se manifesta (fl. 1260, grifo no original): É importante registrar que a própria DRJ/SPO reconheceu que a Recorrente apresentou (i) demonstrações financeiras e balanços patrimoniais da Coinbra International Trading, acompanhadas das respectivas traduções juramentadas; (ii) relatório elaborado por empresa de auditoria (Constantin Brasil Auditores e Contadores S/S), juntamente com demonstrativo da evolução dos resultados acumulados pela controlada Coinbra International Trading entre 2002 a 2007, em moeda corrente (reais) e dólares americanos, com ajustes contábeis e fiscais, acompanhado de explicações sobre a forma de contabilização e disponibilidade jurídica dos resultados da empresa; (iii) informações a respeito dos critérios utilizados para conversão dos valores em moeda estrangeira para moeda corrente (Reais). Fl. 1313DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.314 8 Dessa forma, o único ponto de discordância da DRJ/SPO reside em um aspecto meramente formal, relativo à falta de transcrição das demonstrações financeiras da Coinbra International Trading no Livro Diário da Recorrente. · Do direito à compensação dos prejuízos fiscais apurados no exterior pela Coinbra International Trading N.V. A recorrente lembra que a diligência levada a efeito pela DEMAC/SP, em cumprimento de determinação do julgador de primeira instância, teria reconhecido a existência de um saldo de prejuízos acumulados na Coinbra International Trading N.V. no anocalendário 2005 no valor de US$ 122.596.000,00 passíveis de compensação com os lucros apurados nos anoscalendário 2006 e 2007. O acórdão recorrido teria sido excessivamente rigoroso, apegandose a aspectos meramente formais para negar o direito à compensação. Em primeiro lugar, haveria arbitrariedade, posto que as demonstrações financeiras da Coinbra International Trading seriam suficientes para justificar a tributação dos lucros auferidos no exterior, mas insuficientes para permitir a compensação dos prejuízos. O julgador a quo teria demonstrado atitude desarmônica e heterogênea. Em segundo lugar, a DRJ teria desconsiderado o valor probatório de diversos documentos (que relaciona à fl. 1265) os quais, afirma, afastaria qualquer dúvida em relação à veracidade dos resultados apurados pela Coinbra International Trading. A mera transcrição das demonstrações financeiras no Livro Diário seria incapaz, por si só, de garantir a exatidão dos resultados auferidos no exterior. Deveria prevalecer o princípio da verdade material. Em terceiro lugar, a recorrente traz à colação a súmula CARF nº 93, a qual admite que a falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada, quando o sujeito passivo apresenta escrituração contábil e fiscal suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa. Conclui que “o raciocínio desenvolvido pelo CARF aplicase com ainda maior razão ao caso dos prejuízos apurados [no] exterior, pois não se pretende apenas aplicar uma penalidade pela falta de transcrição das demonstrações financeiras no Livro Diário, mas, sim, impedir completamente a compensação de prejuízos acumulados pela Coinbra International Trading entre os anoscalendário de 2002 a 2005”. Com esses fundamentos, a recorrente pede a reforma da decisão de primeira instância, que indeferiu o direito à compensação de prejuízos acumulados pela Coinbra International Trading, no valor de US$ 122.596.000,00, passível de compensação contra os seus lucros apurados nos anoscalendário de 2006 e 2007. · Da Marcação a Mercado MarktoMarket Computation ("Mtm") Sobre este tópico, a recorrente lembra que: Na decisão de primeira instância, a DRJ/SPO sequer chegou a examinar a questão da marcação a mercado, pois considerou que, diante da impossibilidade de compensação dos prejuízos apurados em demonstrações financeiras que não foram transcritas no Livro Diário, seria inócuo verificar o montante do prejuízo acumulado. De qualquer forma, considerando que a Recorrente demonstrou cabalmente acima o direito à compensação dos prejuízos contra os lucros da própria Coinbra Fl. 1314DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.315 9 International Trading, passa a ser relevante examinar a questão da marcação a mercado. A recorrente discorre longamente sobre a marcação a mercado. Em apertadíssima síntese, e no que interessa à discussão que aqui se trava, eis o que sustenta: a) Tratase de critério contábil de mensuração adotado para a avaliação de ativos a valor de mercado. Esse critério teria sido adotado pela Coinbra International Trading. b) Tal critério não deflagra efeitos tributários, por ausência de disponibilidade econômica ou jurídica de renda. c) Os ajustes relativos à mensuração a valor de mercado não devem influenciar na determinação dos resultados auferidos pela Coinbra International Trading. d) Em atenção ao art. 6º, § 1º, da IN SRF 213/2002, combinado com o art. 25, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.249/1995, fazse necessário expurgar os efeitos da marcação a mercado das demonstrações financeiras apresentadas pela Coinbra International Trading, a fim de adaptálas aos padrões contábeis brasileiros. Nesse sentido, traz à colação o acórdão nº 1102000.060, de 28/08/2009. A recorrente apresenta, então, o quadro de fl. 1274 (reproduzido a seguir), e conclui que “a Coinbra International Trading apurou prejuízos fiscais no valor de aproximadamente USD 177.129.000,00 durante os anoscalendário de 2002 a 2005, sendo esse valor suficiente para compensar integralmente os lucros por ela auferidos nos anos calendário de 2006 e 2007 (aproximadamente USD 140.874.000,00), o que, inclusive, justifica a falta de inclusão de lucros do exterior nas DIPJs transmitidas pelas Recorrente nestes anos calendário”. Demonstrativo de Resultados Societários Ajustado para Fins Fiscais Em milhares de dólares 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Resultado do Exercício (após IR) 7.590 20.178 35.143 6.993 24.631 75.710 Imposto de Renda Diferido 0 31.652 17.437 3.603 6.918 45.388 Ajuste de Lucros Acumulados 23.962 Resultado do exercício (antes do IR) 31.552 51.830 52.580 10.596 31.549 121.098 Reconciliação adições e exclusões resultado do exercício (tributário) Exclusões Marcação a mercado posição de futuros 1.653 19.997 0 1.992 0 0 Marcação a mercado posição financeira 0 5.709 459 761 11.329 444 Resultado do exercício tributário 33.205 77.536 53.039 13.349 20.220 120.654 Lucros / Prejuízos Acumulados 33.205 110.740 163.780 177.129 156.909 36.255 DOCUMENTO 05 06 07 08 08 09 · A taxa a ser utilizada na conversão das demonstrações financeiras Com base em sua interpretação do art. 25, § 4º, da Lei nº 9.249/1995, combinado com o art. 6º, § 3º, da IN SRF nº 213/2002, a recorrente sustenta que as demonstrações financeiras devem ser convertidas com base na taxa de câmbio para venda Fl. 1315DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.316 10 vigente na data do encerramento do respectivo período de apuração. Isso se aplicaria tanto no caso de lucros quanto no caso de prejuízos, ambos espécies do gênero resultados no exterior. Conclui (fl. 1278) que: Por todo o exposto, resta claro que os prejuízos apurados pela Coinbra International Trading nos anoscalendário de 2002 a 2005 devem ser convertidos para reais com base na taxa de câmbio vigente em 31 de dezembro de cada ano calendário, para então serem compensados contra os lucros do exterior a serem adicionados ao lucro real e à base de cálculo da CSLL. · Dos lucros auferidos no exterior pela Coinbra Investment and Trading A recorrente reitera que concordou com o procedimento adotado pela fiscalização. Pede, no entanto, caso seja dado provimento ao recurso, que “os lucros do exterior da Coinbra Investment and Trading Limited sejam compensados contra os seus saldos de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL que serão revertidos em caso de cancelamento total ou parcial da exigência fiscal discutida no tópico anterior”. · Da inaplicabilidade de juros de mora sobre multa de ofício A recorrente aduz razões contra a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. · Do direito à compensação dos prejuízos fiscais apurados no exterior pela Coinbra International Trading N.V. Quanto a esta matéria, acredito que o ponto em litígio foi bem fixado pela recorrente. Com efeito, inexiste controvérsia acerca do direito, em tese, à compensação de prejuízos de exercícios anteriores da Coinbra International Trading com os lucros auferidos por essa mesma pessoa jurídica, a serem tributados no Brasil por sua controladora. Quanto à efetiva existência dos prejuízos, também considero que a matéria foi exaurida em primeira instância, especialmente diante da diligência levada a efeito por determinação do julgador a quo. O Relatório de Diligência Fiscal (fls. 1215/1218) foi conclusivo: [...] Diante dos fatos relatados esta fiscalização resolveu aceitar os valores dos resultados da Coimbra International Trading N.V. relativas aos anos calendários de Fl. 1316DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.317 11 2002 a 2007 informados nas Demonstrações Financeiras auditadas a época dos fatos pela Constantin Brasil Auditores e Contadores SS (fls. 206/278). 3 – Conclusão Os documentos trazidos pelo impugnante ao processo comprovam a existência de um saldo de prejuízos acumulados na Coimbra International Trading N.V. no ano calendário de 2005 no vlaor de US$122.596.000,00 passíveis de compensação com os lucros apurados nos anos calendário de 2006 e 2007. Entretanto, a Turma Julgadora em primeira instância considerou indispensável o quanto estabelecido no art. 6º da IN SRF nº 213/2002, especialmente seu § 6º, confirase: Art. 6º As demonstrações financeiras das filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, serão elaboradas segundo as normas da legislação comercial do país de seu domicílio. § 1º Nos casos de inexistência de normas expressas que regulem a elaboração de demonstrações financeiras no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada, estas deverão ser elaboradas com observância dos princípios contábeis geralmente aceitos, segundo as normas da legislação brasileira. § 2º As contas e subcontas constantes das demonstrações financeiras elaboradas pela filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, depois de traduzidas em idioma nacional e convertidos os seus valores em Reais, deverão ser classificadas segundo as normas da legislação comercial brasileira, nas demonstrações financeiras elaboradas para serem utilizadas na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. § 3º A conversão em Reais dos valores das demonstrações financeiras elaboradas pelas filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, será efetuada tomandose por base a taxa de câmbio para venda, fixada pelo Banco Central do Brasil, da moeda do país onde estiver domiciliada a filial, sucursal, controlada ou coligada, na data do encerramento do período de apuração relativo à demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros dessa filial, sucursal, controlada ou coligada. § 4º Caso a moeda do país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada não tenha cotação no Brasil, os valores serão primeiramente convertidos em Dólares dos Estados Unidos da América e depois em Reais. § 5º As demonstrações financeiras levantadas pelas filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, que embasarem as demonstrações financeiras em Reais, no Brasil, deverão ser mantidas em boa guarda, à disposição da Secretaria da Receita Federal, até o transcurso do prazo de decadência do direito da Fazenda Nacional de constituir crédito tributário com base nessas demonstrações. Fl. 1317DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.318 12 § 6º As demonstrações financeiras em Reais das filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, deverão ser transcritas ou copiadas no livro Diário da pessoa jurídica no Brasil. § 7º Para efeito do disposto nesta Instrução Normativa, as participações em filiais, sucursais, controladas ou coligadas e as aplicações em títulos e valores mobiliários no exterior devem ser escrituradas separada e discriminadamente na contabilidade da pessoa jurídica no Brasil, de forma a permitir a correta identificação desses valores e as operações realizadas. Assim, a falta de transcrição das demonstrações financeiras da Coinbra International Trading no livro Diário da controladora no Brasil foi tida como fator impeditivo para a compensação de prejuízos pretendida pela interessada. Ressalto, por relevante, que, durante o procedimento de fiscalização, a interessada foi intimada a apresentar as demonstrações financeiras da controlada no exterior para os anos anteriores, mas somente foram apresentados documentos referentes aos anos calendário 2005, 2006 e 2007. O prejuízo apurado em 2005 foi prontamente aceito pelo Fisco e integralmente compensado com o lucro auferido em 2006, sem maiores ressalvas. Do exame dos autos, encontro às fls. 102/103 o balanço patrimonial da controlada, dos anoscalendário 2005, 2006 e 2007 e a respectiva demonstração do resultado em cada um desses anos, em português e com valores em US$. Os resultados antes do IR, em US$, que constam à fl. 103, são exatamente os considerados pelo Fisco na autuação, como se pode conferir no Termo de Verificação Fiscal às fls. 161/163. Não consta que tais documentos, plenamente aceitos pelo Fisco durante a fiscalização, tenham sido transcritos em Diário ou que tenham sido exigidas quaisquer outras formalidades. A justificativa da interessada, à época, para a não apresentação dos documentos de exercícios anteriores ao anocalendário 2005 foi de que não os teria encontrado, chegando mesmo a aventar a possibilidade (embora sem o afirmar expressamente) de que teriam sido destruídos, por muito antigos. Pois bem. Após a autuação, a interessada afirma ter encontrado os documentos, e os apresenta tempestivamente, em sede de impugnação. A diligência, prudentemente determinada pelo julgador em primeira instância, registrou todas essas circunstâncias mas, ao final, aplicou os mesmos critérios anteriores, ou seja, aceitou que se tratava de documentos capazes de provar os resultados da controlada em períodos pretéritos, muito embora não apresentados durante a fiscalização, e ainda que ausente sua transcrição no livro Diário da controladora. As formalidades, por certo, não existem por si sós, muito menos para dificultar a vida do contribuinte. Antes, consistem em garantias para ambas as partes. No entanto, assiste razão à interessada ao afirmar que as formalidades, tidas isoladamente, não seriam capazes de assegurar a veracidade do quanto viesse a estar escriturado ou transcrito no livro Diário. No caso concreto, a interessada trouxe aos autos as demonstrações financeiras (balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício) dos anos calendário 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007, em inglês e com tradução juramentada, com os respectivos relatórios de auditoria (fls. 206/278). Além disso, trouxe ainda balancetes Fl. 1318DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.319 13 analíticos de dezembro de cada ano (fls. 279/332), os quais confirmam os balanços e DREs. O balanço de 2005 apresentado com a impugnação (fls. 247/248) é consistente com aquele de fls. 102, anteriormente apresentado durante a fiscalização. Todos esses documentos foram examinados, em sede de diligência, e nenhuma suspeita foi levantada pela AuditoraFiscal quanto a sua veracidade ou conteúdo. Também relevante a constatação da diligência (fl. 1217) de que os resultados da controlada constantes das demonstrações financeiras apresentadas coincidiam com aquelas noticiadas nas fichas das DIPJs da controladora dos anos correspondentes. A única exceção foi o ano calendário 2002, para o qual foi reconhecido o valor constante da demonstração financeira, inferior ao que foi informado na DIPJ da controladora. Não se trata, pois, de negar validade aos requisitos formais, mas de têlos em sua devida importância. A mera falta de transcrição das demonstrações financeiras não pode ser tida como impeditivo do direito da recorrente, especialmente diante da presença das demonstrações financeiras que deveriam ter sido transcritas, não invalidadas pelo Fisco, e corroboradas por outros elementos de prova. Como bem lembrou a interessada, o raciocínio, aqui, há de ser análogo àquele que conduziu à construção da jurisprudência administrativa que resultou na súmula CARF nº 931. A ausência da formalidade pode ser superada diante de outros elementos de prova. Diante do exposto, voto pelo provimento do recurso voluntário, quanto a esta matéria, para reconhecer a existência de prejuízos na Coinbra International Trading nos anos calendário 2002 (US$ 7.590 mil), 2003 (US$ 51.830 mil), 2004 (US$ 52.580 mil) e 2005 (US$ 10.596 mil, este valor já aproveitado no lançamento) passíveis de compensação com lucros da mesma pessoa jurídica nos anos subsequentes. · Do ajuste pretendido no resultado do anocalendário 2002 Para o anocalendário 2002, encontro no recurso voluntário uma pretendida exclusão no valor de US$ 23.962 mil, a título de Ajuste de Lucros Acumulados (quadros às fls. 1262 e 1274). O recurso não explicita em que consistiria tal ajuste, mas a mesma rubrica se encontra no demonstrativo que consta no Relatório de Auditoria (fl. 337). A explicação para essa exclusão se encontra no mesmo relatório à fl. 339: Consideramos os resultados após o imposto de renda, sendo adicionados: (i) [...]; (ii) o Ajuste de Resultados Acumulados referente ao diferimento de despesas financeiras (Deferred financial expenses) no montante de US$ 23.962 de competência do exercício de 2002. [...]. Compulsando os autos, não localizei esse valor no balancete de fls. 279/287. Não está claro, para mim, por qual motivo ele deveria ser adicionado (algebricamente) ao prejuízo do período de US$ 7.590 mil para totalizar um prejuízo de US$ 31.552 mil. Esse ajuste também não aparece na demonstração do resultado do exercício (DRE) de fl. 214. No balanço de fl. 212, aparece no ativo, com o nome de Defered Financial Expenses, mesma explicação da auditoria à fl. 339. Partindo do pressuposto de que se trataria de despesas 1 Súmula CARF nº 93: A falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, quando o sujeito passivo apresenta escrituração contábil e fiscal suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa. Fl. 1319DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.320 14 financeiras antecipadas e registradas no ativo em 2002, não vislumbro motivo para a pretensão de apropriálas ao resultado no mesmo ano, pela via de ajuste. Prosseguindo na análise, constato que, no balanço de 2003 (fl. 212) esse valor já não aparece na conta de ativo. Talvez em face de alguma reclassificação contábil não identificada ou, ainda, porque tenha sido levado ao resultado nesse ano (2003). Mas, se fosse essa a hipótese, caberia um ajuste em sentido contrário ao do ano anterior, sob pena de permitir duplo benefício sobre uma única despesa. Em qualquer caso, penso que a pretendida exclusão, no valor de US$ 23.962 mil no anocalendário 2002 não encontra justificativa, pelo que nego provimento ao recurso, quanto a este ponto. · Da Marcação a Mercado MarktoMarket Computation ("Mtm") A recorrente pretende expurgar os efeitos da marcação a mercado das demonstrações financeiras apresentadas pela Coinbra International Trading, a fim de adaptálas aos padrões contábeis brasileiros. Sustenta sua pretensão no art. 6º, § 1º, da IN SRF 213/2002, combinado com o art. 25, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.249/1995. Eis os dispositivos mencionados pela interessada: Lei nº 9.249/1995 Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano.(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) [...] § 2º Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: I as filiais, sucursais e controladas deverão demonstrar a apuração dos lucros que auferirem em cada um de seus exercícios fiscais, segundo as normas da legislação brasileira; [...] IN SRF nº 213/2002 Art. 6º As demonstrações financeiras das filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, serão elaboradas segundo as normas da legislação comercial do país de seu domicílio. § 1º Nos casos de inexistência de normas expressas que regulem a elaboração de demonstrações financeiras no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada, estas deverão ser elaboradas com observância dos princípios contábeis geralmente aceitos, segundo as normas da legislação brasileira. Fl. 1320DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.321 15 Em apoio a sua tese, a recorrente colaciona o acórdão nº 110200.060, da 2ª TO da 1ª Câmara desta 1ª Seção de Julgamento do CARF, proferido em 28/08/2009. Acrescento, para facilitar a análise, o teor do art. 4º da citada IN SRF nº 213/2002: Art. 4º É vedada a compensação de prejuízos de filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, com os lucros auferidos pela pessoa jurídica no Brasil. § 1º Os prejuízos a que se refere este artigo são aqueles apurados com base na escrituração contábil da filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, efetuada segundo as normas legais do país de seu domicílio, correspondentes aos períodos iniciados a partir do anocalendário de 1996. § 2º Os prejuízos apurados por uma controlada ou coligada, no exterior, somente poderão ser compensados com lucros dessa mesma controlada ou coligada. § 3º Na compensação dos prejuízos a que se refere o § 2º não se aplica a restrição de que trata o art. 15 da Lei nº 9.065, de 1995. [...] Um ponto deve ser fixado: os prejuízos aqui discutidos são de natureza contábil, não se confundindo com os prejuízos fiscais de que trata a legislação brasileira, determinados a partir de adições e exclusões, previstas em lei, ao lucro líquido do exercício. Esses prejuízos contábeis devem ser apurados segundo as normas legais do país de domicílio da controlada no exterior, como bem esclarece o § 1º do art. 4º da IN SRF nº 213/2002, acima transcrito. Não há qualquer contrariedade em relação aos dispositivos anteriormente transcritos, os quais disciplinam não a apuração dos resultados, mas sim sua demonstração. Em outras palavras: o resultado deve ser apurado segundo as regras do país de domicílio da pessoa jurídica, e demonstrados segundo as regras vigentes no Brasil. Inexiste a previsão da realização de ajustes ao lucro contábil apurado segundo as regras no exterior com o fito de adequálas ao regramento fiscal existente no Brasil. O acórdão nº 110200.060, colacionado pela interessada, concluiu nesse sentido. Muito embora a análise lá empreendida tenha se baseado na pretérita IN SRF nº 38/1996, todas as conclusões a que chegou se aplicam igualmente à IN SRF nº 213/2002, a qual não inovou, no que toca a esse ponto. Confirase o seguinte excerto do voto da ilustre Conselheira Sandra Faroni, condutor do aresto2: O inciso I do § 2° do art. 25 da Lei n° 9.249, de 1995, não determinou que as pessoas nele mencionadas (filiais, sucursais ou controladas) apurassem o lucro segundo as normas da legislação brasileira, mas sim, que o lucro por elas auferido (e que devem ser adicionados ao lucro líquido da matriz ou controladora) deve ser demonstrado segundo as normas da legislação brasileira (ou seja, deve observar a discriminação prevista no art. 187 da Lei n° 6.404, de 1976). 2 Acórdão nº 110200.060, de 28/08/2009, proferido pela 2ª TO da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, nos autos do processo nº 16327.002171/200543. Relatora Cons. Sandra Faroni. Fl. 1321DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.322 16 Ao disciplinar a matéria, o art. 10 da Instrução Normativa n° 38, de 1996, detalhou a forma de cumprir o comando legal: (i) as demonstrações financeiras devem ser elaboradas segundo as normas da legislação comercial do país de domicílio; (ii) as contas e subcontas constantes das demonstrações assim elaboradas devem: (ii.a) ser traduzidas em idioma nacional; (ii.b) ter seus valores convertidos para Real; (ii.c) ser classificadas segundo as normas da legislação comercial brasileira, nas demonstrações financeiras elaboradas para serem utilizadas na determinação da base de cálculo do imposto de renda no Brasil. Assim, não há nenhum distanciamento entre a norma prevista no inciso I do § 2° do art. 25 da Lei n° 9.249, de 1995, e o disciplinamento do art. 10 da IN n° 38, de 1996. O lucro a ser adicionado deve demonstrado segundo as normas da legislação brasileira, a partir das demonstrações elaboradas segundo as normas da legislação comercial do país de domicílio, traduzidas e convertidas para a moeda nacional Alega a recorrente que inexistiriam, no país de domicílio da controlada, normas que impusessem a forma de apuração do lucro. Desta forma teria adotado o critério contábil de marcação a mercado (marktoMarket – “Mtm”), o que implicaria a avaliação de determinados ativos pelo valor de mercado, e não pelo custo de aquisição. Com isso, seria necessário efetuar ajustes para adequar o resultado assim apurado aos padrões e normas vigentes no Brasil. Não é como penso. Já consignei meu entendimento, com base nos normativos transcritos, de que o lucro a ser adicionado pela controladora no Brasil é aquele apurado pela controlada com base na legislação de seu (da controlada) domicílio tributário. As regras por ela adotadas, se não são impostas por aquele país, certamente não são também vedadas. E não há qualquer previsão legal de ajustes ao lucro auferido no exterior pela controlada, para fins de adição ao lucro da controladora no Brasil. Pensar diferente implicaria um controle praticamente impossível de ser feito em território nacional, com exclusões e, certamente, adições, para as quais também seria necessária verdadeira auditoria sobre os resultados e contabilidade da empresa controlada no exterior. Se a controlada adotou (por imposição legal ou, como parece ser o caso, por opção), para determinar seu resultado, o critério contábil de marcação a mercado, esse critério deve ser adotado de modo uniforme e é o resultado contábil assim apurado que deve ser adicionado ao lucro da controladora no Brasil. Apenas sua demonstração é que deve seguir as normas brasileiras. O acórdão nº 110200.060, já referido, não trata exatamente dessa situação. Não é correto afirmar que lá se tenha reconhecido a procedência dos ajustes positivos e negativos decorrentes da marcação a mercado, entre vários outros. O que se discutia, naquele processo, tinha por fundo a inobservância do regime de competência. Após fixar, como se viu, que o resultado a ser adicionado é o contábil, apurado segundo as normas do domicílio da controlada no exterior, aquela turma reconheceu que, em anos anteriores à autuação, a autuada havia efetuado adições a maior, em decorrência desses ajustes. Em assim sendo, foi reconhecido, para essa situação, tratarse de mera inobservância do regime de competência, e foilhe permitido compensar os valores oferecidos a maior, em anos anteriores, no ano objeto da autuação. Repito, por relevante: naquele caso restou comprovado o oferecimento a maior do que o devido, em anos anteriores, situação diversa daquela aqui enfrentada. Ademais, ainda que o acima exposto fosse insuficiente, a análise da documentação trazida pela interessada revela que: Fl. 1322DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.323 17 · Anocalendário 2002: o demonstrativo do Relatório de Auditoria (fl. 337) aponta uma exclusão de US$ 1.653 mil como Marcação a mercado – posição de futuros. Localizei esse valor a crédito no balancete de fl. 285 (nome da conta: MKT to MKT on future Positions), aumentando o resultado contábil. No entanto, no mesmo balancete (fl. 284) há um lançamento a débito, reduzindo o resultado, de US$ 19.215 mil (nome da conta: MKT to MKT on Open Position). Ou seja: diante de um possível ajuste positivo e outro negativo, a interessada traz somente aquele que lhe é favorável. · Anocalendário 2004: o demonstrativo do Relatório de Auditoria (fl. 337) aponta uma exclusão de US$ 459 mil como Marcação a mercado – posição financeira. Localizei esse valor a crédito no balancete de fl. 302 (nome da conta: MKT to MKT on open position), aumentando o resultado contábil. No entanto, no mesmo balancete (fl. 302) há um lançamento a débito, reduzindo o resultado, de US$ 28.492 mil (nome da conta: MKT to MKT on future Positions). Mais uma vez, diante de um possível ajuste positivo e outro negativo, a interessada traz somente aquele que lhe é favorável. · Anocalendário 2006: o demonstrativo do Relatório de Auditoria (fl. 337) aponta uma exclusão de US$ 11.329 mil como Marcação a mercado – posição financeira. Localizei esse valor a crédito no balancete de fl. 320 (nome da conta: MKT to MKT on open position), aumentando o resultado contábil. No entanto, no mesmo balancete (fl. 320) há um lançamento a débito, reduzindo o resultado, de US$ 59 mil (nome da conta: MKT to MKT on future Positions). Mais uma vez, diante de um possível ajuste positivo e outro negativo, a interessada traz somente aquele que lhe é favorável. O critério contábil de avaliação de ativos a valor de mercado, considerado ao longo do tempo, não aumenta nem reduz a tributação, apenas a distribui, no tempo, de modo diferente. Considerese o exemplo hipotético que segue. Um determinado ativo, adquirido por 1.000, ao final do exercício é avaliado a mercado por 1.200. A contrapartida será levada ao resultado, que ficará, nesse período, aumentado em 200. No período seguinte, o ativo é alienado por 1.300. O resultado na alienação, nesse segundo período, será de 100. O ganho total é de 300, considerandose o custo de aquisição. Apenas sucede que 200 foram tributados no primeiro período, e mais 100 no segundo. Se não se adotasse o valor de mercado ao final do primeiro período, a tributação se daria integralmente no segundo, incidindo sobre 300. Admitindose, apenas como hipótese argumentativa, a necessidade de ajustes ao lucro, caberia uma exclusão de 200 no primeiro período, mas também uma adição de 200 no segundo período, sob pena de beneficiarse o contribuinte em duplicidade, reduzindo a tributação no primeiro período sem aumentála no segundo. Ao que se depreende, é o que ocorre aqui. A interessada somente traz os ajustes que lhe seriam favoráveis, a saber, as exclusões a reduzir o resultado contábil, mas deixa de trazer as adições, que seriam indispensáveis para uma aplicação uniforme do critério pretendido. Observese: ainda que fosse possível aceitar o cabimento de ajustes, os valores teriam que ser objeto de minuciosa auditoria, o que foge ao escopo da discussão que ora se trava. Diante do exposto voto por negar provimento ao recurso quanto a este ponto por duplo fundamento: por falta de previsão legal para os ajustes pretendidos, e por se demonstrarem tais ajustes tendenciosos, possivelmente decorrentes de aplicação não uniforme do critério alegado. Fl. 1323DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.324 18 · A taxa a ser utilizada na conversão das demonstrações financeiras Com base em sua interpretação do art. 25, § 4º, da Lei nº 9.249/1995, combinado com o art. 6º, § 3º, da IN SRF nº 213/2002, a recorrente sustenta que as demonstrações financeiras devem ser convertidas com base na taxa de câmbio para venda vigente na data do encerramento do respectivo período de apuração. Isso se aplicaria tanto no caso de lucros quanto no caso de prejuízos, ambos espécies do gênero resultados no exterior. Mais uma vez, transcrevo os dispositivos em comento: Lei nº 9.249/1995: Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano.(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Os rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na apuração do lucro líquido das pessoas jurídicas com observância do seguinte: I os rendimentos e ganhos de capital serão convertidos em Reais de acordo com a taxa de câmbio, para venda, na data em que forem contabilizados no Brasil; II caso a moeda em que for auferido o rendimento ou ganho de capital não tiver cotação no Brasil, será ela convertida em dólares norteamericanos e, em seguida, em Reais; § 2º Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: I as filiais, sucursais e controladas deverão demonstrar a apuração dos lucros que auferirem em cada um de seus exercícios fiscais, segundo as normas da legislação brasileira; II os lucros a que se refere o inciso I serão adicionados ao lucro líquido da matriz ou controladora, na proporção de sua participação acionária, para apuração do lucro real; III se a pessoa jurídica se extinguir no curso do exercício, deverá adicionar ao seu lucro líquido os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, até a data do balanço de encerramento; IV as demonstrações financeiras das filiais, sucursais e controladas que embasarem as demonstrações em Reais deverão ser mantidas no Brasil pelo prazo previsto no art. 173 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. § 3º Os lucros auferidos no exterior por coligadas de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: Fl. 1324DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.325 19 I os lucros realizados pela coligada serão adicionados ao lucro líquido, na proporção da participação da pessoa jurídica no capital da coligada; II os lucros a serem computados na apuração do lucro real são os apurados no balanço ou balanços levantados pela coligada no curso do períodobase da pessoa jurídica; III se a pessoa jurídica se extinguir no curso do exercício, deverá adicionar ao seu lucro líquido, para apuração do lucro real, sua participação nos lucros da coligada apurados por esta em balanços levantados até a data do balanço de encerramento da pessoa jurídica; IV a pessoa jurídica deverá conservar em seu poder cópia das demonstrações financeiras da coligada. § 4º Os lucros a que se referem os §§ 2º e 3º serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da filial, sucursal, controlada ou coligada. § 5º Os prejuízos e perdas decorrentes das operações referidas neste artigo não serão compensados com lucros auferidos no Brasil. § 6º Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior, pelo método da equivalência patrimonial, continuarão a ter o tratamento previsto na legislação vigente, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º, 2º e 3º. IN SRF nº 213/2002: Art. 6ºAs demonstrações financeiras das filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, serão elaboradas segundo as normas da legislação comercial do país de seu domicílio. § 1ºNos casos de inexistência de normas expressas que regulem a elaboração de demonstrações financeiras no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada, estas deverão ser elaboradas com observância dos princípios contábeis geralmente aceitos, segundo as normas da legislação brasileira. § 2ºAs contas e subcontas constantes das demonstrações financeiras elaboradas pela filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, depois de traduzidas em idioma nacional e convertidos os seus valores em Reais, deverão ser classificadas segundo as normas da legislação comercial brasileira, nas demonstrações financeiras elaboradas para serem utilizadas na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. § 3ºA conversão em Reais dos valores das demonstrações financeiras elaboradas pelas filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, será efetuada tomandose por base a taxa de câmbio para venda, fixada pelo Banco Central do Brasil, da moeda do país onde estiver domiciliada a filial, sucursal, controlada ou coligada, na data do encerramento do período de Fl. 1325DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.326 20 apuração relativo à demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros dessa filial, sucursal, controlada ou coligada. § 4ºCaso a moeda do país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada não tenha cotação no Brasil, os valores serão primeiramente convertidos em Dólares dos Estados Unidos da América e depois em Reais. § 5ºAs demonstrações financeiras levantadas pelas filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, que embasarem as demonstrações financeiras em Reais, no Brasil, deverão ser mantidas em boa guarda, à disposição da Secretaria da Receita Federal, até o transcurso do prazo de decadência do direito da Fazenda Nacional de constituir crédito tributário com base nessas demonstrações. § 6ºAs demonstrações financeiras em Reais das filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, deverão ser transcritas ou copiadas no livro Diário da pessoa jurídica no Brasil. § 7ºPara efeito do disposto nesta Instrução Normativa, as participações em filiais, sucursais, controladas ou coligadas e as aplicações em títulos e valores mobiliários no exterior devem ser escrituradas separada e discriminadamente na contabilidade da pessoa jurídica no Brasil, de forma a permitir a correta identificação desses valores e as operações realizadas. Tenho que os lucros, bem assim os prejuízos, são apurados no exterior, pela controlada. O valor a ser adicionado corresponde ao lucro contábil assim apurado. De se observar que o valor a ser adicionado será o valor líquido, correspondente ao lucro apurado no período, deduzido de prejuízos contábeis apurados em períodos anteriores. E tal dedução há que ser feita na moeda em que apurados os resultados. Somente após se determinar o saldo líquido a ser adicionado ao lucro da controladora, no Brasil, é que se há de fazer a conversão para Reais, na data prevista no § 4º do art. 25 da Lei nº 9.249/1995. Essa conversão para Reais, dos lucros (saldo líquido) a serem adicionados pela controladora, não se confunde com a conversão dos valores das demonstrações financeiras da controlada, de que trata o § 3º do art. 6º da IN SRF nº 213/2002. De se observar que um hipotético prejuízo apurado pela controlada, em um ano, não sofre qualquer influência da variação da taxa de câmbio no Brasil. Assim, se a controlada, no período subsequente, vier a apurar lucro, a lei brasileira permite que somente se traga à tributação da controladora no Brasil o saldo líquido, mas não faria sentido calcular esse saldo líquido em diferentes datas de conversão, como se o prejuízo auferido pela controlada no exterior houvesse sido trazido para o Brasil, no primeiro exercício. Observo, afinal, que esse foi o critério empregado pela AuditoraFiscal no lançamento. O lucro auferido em 2006 (US$ 31.549 mil) sofreu redução do prejuízo apurado em 2005 (US$ 10.596 mil), do que resultou o saldo líquido a ser tributado em 31/12/2006 de US$ 20.953 mil. Esse saldo foi, então, convertido para Reais, pela taxa de câmbio de 31/12/2006. Tais demonstrações constam às fls. 162/163 do Termo de Verificação Fiscal, e não há qualquer reparo a fazer. Fl. 1326DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.327 21 Nessa linha de raciocínio, voto por negar provimento ao recurso, também quanto a esta matéria. · Dos lucros auferidos no exterior pela Coinbra Investment and Trading A recorrente reitera que concordou com o procedimento adotado pela fiscalização. Pede, no entanto, caso seja dado provimento ao recurso, que os lucros do exterior da Coinbra Investment and Trading Limited sejam compensados contra os seus (da recorrente) saldos de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL que serão revertidos em caso de cancelamento total ou parcial da exigência fiscal discutida no tópico anterior. Este pedido depende da decisão que se há de tomar quanto às demais matérias. Assim, deixo para me pronunciar ao final do voto. · Da inaplicabilidade de juros de mora sobre multa de ofício Finalmente, cumpre apreciar a irresignação da recorrente quanto à incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. A matéria tem sido objeto de discussões ao longo do tempo, comportando decisões por vezes divergentes. A incidência de juros sobre a multa proporcional, aplicada no lançamento de ofício, conforme procedimento das Autoridades Administrativas, encontra seu fundamento no artigo 61 da Lei nº 9.430/1996 e, ainda, no art. 161 c/c art. 139, ambos da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – CTN), os quais transcrevo para maior clareza: Lei nº 9.430/1996: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Lei nº 5.172/1966 (CTN): Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da Fl. 1327DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.328 22 imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. A polêmica gira em torno da abrangência que se há de atribuir à expressão “débitos para com a União, decorrentes de tributos”, presente no caput do art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Tenho que os débitos decorrentes de tributos não podem se restringir ao principal, mas igualmente devem abranger os débitos pelo descumprimento do dever de pagar, ou seja, as multas proporcionais aplicadas de ofício ao lançamento. Nesse sentido, a abrangência dos débitos para com a União deve ser a mesma atribuída ao crédito tributário de que trata o CTN. O débito do contribuinte para com a União, visto pela ótica do sujeito passivo da obrigação tributária, é o crédito tributário em favor da União, visto pela ótica do sujeito ativo da mesma obrigação. Essa discussão já foi travada na Câmara Superior de Recursos Fiscais. Peço vênia para transcrever, por sua clareza e por espelhar com exatidão meu pensamento sobre o assunto, excerto do voto condutor do acórdão CSRF/0400.651, de 18/09/2007, da lavra do ilustre Conselheiro Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho. Desde já, adoto seus fundamentos também aqui como razões de decidir (grifo consta do original). Consoante relatado, a matéria ora posta à apreciação deste Colegiado se circunscreve à questão atinente a incidência de juros de mora, à taxa SELIC, sobre a multa de oficio proporcional aplicada. O art. 139 do CTN determina que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. O art. 113 do CTN, por sua vez, determina, em seu parágrafo primeiro, que a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como da penalidade pecuniária dela decorrente. Entendo, assim, que a obrigação tributária principal compreende tanto os próprios tributos e contribuições, como, em razão de seu descumprimento, e por isso igualmente dela decorrente, a multa de oficio proporcional, que é exigível juntamente com o tributo ou contribuição não paga. Observese que tanto o tributo quanto a multa de oficio proporcional serão devidos com a consumação do fato gerador. A multa de oficio proporcional, embora seja um acréscimo ao tributo, não se trata de obrigação acessória, que se caracteriza pelo objeto não pecuniário, classificandose como uma obrigação de fazer. A obrigação tributária principal consiste, assim, em todo e qualquer pagamento devido, incluindose o tributo, a multa ou penalidade pecuniária. Em decorrência, o crédito tributário, a que se reporta o art. 161 do CTN, corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo seus acréscimos legais, notadamente a multa de oficio proporcional. O art. 61, parágrafo terceiro, da Lei n. 9.430/97, fundamento legal da multa aplicada no caso concreto, prevê a aplicação de juros de mora sobre os débitos decorrentes de tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorreram a partir de 01 de janeiro de 1997. Dentre os débitos decorrentes dos tributos e contribuições, entendo, pelas razões indicadas acima, incluemse as multas de oficio proporcionais, aplicadas em função do descumprimento da obrigação principal, e não apenas os débitos correspondentes aos tributos e contribuições em si. Fl. 1328DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.329 23 Frisese, por oportuno, que dito parágrafo terceiro determina a aplicação dos juros sobre o valor dos débitos indicados no caput do artigo, e não sobre seu valor acrescido da multa de mora prevista no mesmo caput. Por outro lado, se o caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 admite a aplicação da multa de mora sobre valor que, a depender das circunstancia do lançamento, pode (considerando, por exemplo, a espontaneidade ou não do pagamento e o beneficio da denuncia espontânea), estar acrescido da multa de oficio proporcional, cabe ao aplicador da norma afastar a respectiva concomitância, cuja eventual aplicação, contudo, não tem o condão de modificar a legislação sobre a matéria, afastando a inclusão da multa de oficio proporcional na obrigação principal. Não é correta a afirmação de que toda penalidade pecuniária que se converte em obrigação principal é decorrente da observância de obrigação acessória. Não pagar tributo é o descumprimento de uma obrigação principal, constituindo parte desta. O fato de o dispositivo legal atribuir, à penalidade por descumprimento de obrigação acessória, a natureza de obrigação principal, não significa que toda e qualquer penalidade pecuniária é, em sua origem, uma obrigação acessória. Ou seja: a multa de oficio proporcional não é resultante do descumprimento de obrigação acessória, mas de obrigação principal. É obrigação principal em sua natureza, independentemente de conversão. Ressaltese, com relação aos juros de mora, que o art. 161 do CTN determina que o crédito não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora à taxa de 1% ao mês, caso a lei não disponha de modo diverso, e a Lei n. 9430/96 determina a aplicação da taxa Selic aos casos em questão. Como dito crédito, deve ser entender, pelas razões expostas, a obrigação tributária principal como um todo, incluindo a multa de oficio proporcional. Adicionalmente, especificamente quanto ao art. 43 da Lei n° 9.430/96, invocado pelo Contribuinte em sua defesa, destaquese que esse dispõe sobre a hipótese de "Auto de Infração Sem Tributo", razão pela qual não disciplina a aplicação da juros sobre a multa de oficio proporcional, que somente é exigida com o tributo. Ao final, por maioria de votos, a Câmara Superior decidiu conforme ementa abaixo: JUROS DE MORA — MULTA DE OFICIO — OBRIGAÇÃO PRINCIPAL— A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (Ac. CSRF/04 00.651, de 18/09/2007, proc. 16327.002231/200285, Rel. Cons. Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho) A matéria retornou à discussão na Câmara Superior em março de 2010, sendo prolatado o acórdão assim ementado, confirmando o entendimento aqui exposto: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a Fl. 1329DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.330 24 multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Ac. 910100.539, de 11/03/2010, proc. 16327.002243/9971, Rel. Cons. Valmir Sandri, Redatora Designada Cons. Viviane Vidal Wagner) Pelas mesmas razões, nego provimento, também quanto a esta matéria, ao recurso voluntário interposto. · Da conclusão Por todo o exposto, voto pelo provimento parcial do recurso voluntário, para reconhecer a existência de prejuízos na Coinbra International Trading nos anoscalendário 2002 (US$ 7.590 mil), 2003 (US$ 51.830 mil), 2004 (US$ 52.580 mil) e 2005 (US$ 10.596 mil, este valor já aproveitado no lançamento) passíveis de compensação com lucros da mesma pessoa jurídica nos anos subsequentes. Com isso, o valor lançado nestes autos, referente à controlada Coinbra International Trading no anocalendário 2006 (R$ 44.797.514,00) deve ser integralmente afastado. O valor lançado para o anocalendário 2007 deve ser reduzido de R$ 214.500.887,40 para R$ 53.229.336,30 (redução de R$ 161.271.551,10). O quadro a seguir sintetiza os prejuízos reconhecidos e o modo como os lucros em 2006 e 2007 os absorveram. AC Lucro/Prejuízo do ano Valor a tributar no ano Saldo de Prejuízos a compensar Taxa de Câmbio Valor a tributar no ano (US$ mil) (US$ mil) (US$ mil) R$ / US$ (R$) 31/12/2002 7.590 0 7.590 0,00 31/12/2003 51.830 0 59.420 0,00 31/12/2004 52.580 0 112.000 0,00 31/12/2005 10.596 0 122.596 0,00 31/12/2006 31.549 0 91.047 2,1380 0,00 31/12/2007 121.098 30.051 0 1,7713 53.229.336,30 A infração 002 do auto de infração do IRPJ (fl. 141), por adições não computadas na apuração do lucro real – lucros auferidos no exterior, passa a ter seus valores conforme o quadro abaixo: AC Valor Lançado Valor Afastado Valor Mantido (R$) (R$) (R$) 31/12/2006 45.208.010,00 44.797.514,00 410.496,00 31/12/2007 214.724.071,20 161.271.551,10 53.452.520,10 Todo o raciocínio e conclusões aqui expostos se aplica, de igual modo, à infração nº 001 do auto de infração da CSLL (fl. 151). Após a redução da infração acima discriminada, incumbirá à Unidade Preparadora recalcular o auto de infração como um todo, a fim de verificar os possíveis efeitos sobre a parcela mantida no que toca à compensação de prejuízos fiscais de exercícios anteriores da própria interessada Louis Dreyfus, inclusive a compensação indevida apurada no ano calendário 2008. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 1330DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 16561.720007/201197 Acórdão n.º 1301001.858 S1C3T1 Fl. 1.331 25 Fl. 1331DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
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Numero do processo: 10830.001933/2008-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2006
PIS. RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL.
Para os pedidos de restituição apresentados a partir de 09/06/2005, o prazo prescricional é de 5 anos contados do pagamento indevido.
PIS. RESTITUIÇÃO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. INDEFERIMENTO.
As contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre o faturamento, no qual está incluído o valor do ICMS incidente sobre as vendas.
INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3301-002.834
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Marcelo Costa Marques d'Oliveira que davam provimento parcial para reconhecer a não inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e Cofins. A Conselheira Maria Eduarda efetuou declaração de voto.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente e relator.
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Declaração de voto.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira (suplente), José Henrique Mauri e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. Para os pedidos de restituição apresentados a partir de 09/06/2005, o prazo prescricional é de 5 anos contados do pagamento indevido. PIS. RESTITUIÇÃO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. INDEFERIMENTO. As contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre o faturamento, no qual está incluído o valor do ICMS incidente sobre as vendas. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Marcelo Costa Marques d'Oliveira que davam provimento parcial para reconhecer a não inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e Cofins. A Conselheira Maria Eduarda efetuou declaração de voto. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente e relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 19 33 /2 00 8- 61 Fl. 99DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 100 2 Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Declaração de voto. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira (suplente), José Henrique Mauri e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 101 3 Relatório Por economia processual adoto o relatório elaborado na decisão recorrida, abaixo transcrito: Objeto da Restituição Tratase de Pedido de Restituição, formulado por Contribuinte que é fabricante de produtos de metal (metalúrgica), apresentado em 03/03/08 e relativo ao recolhimento de PIS do período de janeiro de 1998 a dezembro de 2006, em cuja base de cálculo foi incluído o ICMS. Acompanha o Pedido de Restituição (fl. 2) as “Razões do Pedido” (fls. 4/14), que vem acompanhado de planilha com a indicação dos valores para os quais pleiteia a restituição (fls. 16/17). Menciona o julgamento do Recurso Extraordinário n° 240.7852 — MG. Transcreve o voto do Relator, Ministro Marco Aurélio, que concluiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição para a COFINS, e cujo entendimento considera igualmente aplicável à contribuição para o PIS. Ressalva que, pela aplicação do que dispõe o artigo 110 do Código Tributário nacional (CTN), não pode ser dado outro entendimento ao conceito de faturamento. Defende, também, a tese, como o ICMS “... é um tributo e, como tal, não integra o patrimônio do contribuinte, portanto, não constitui uma receita deste”. Segue a argumentação declarando: “Em verdade, constitui uma receita do Estado e despesa do contribuinte. Nas palavras do Ministro Marco Aurélio: ‘Se alguém fatura ICMS, esse alguém é o Estado e não o vendedor da mercadoria’”. Além do mais, assim procedendo, o Fisco estaria deixando de observar o princípio da capacidade contributiva (artigo 145 da Constituição Federal – CF), na medida em que “... Estarseia tributando uma riqueza que não pertence ao contribuinte!” Indeferimento do Pedido O Pedido de Restituição foi indeferido (fls. 27/33) pela competente Delegacia da Receita Federal do Brasil (RFB), ressalvando, de início, quanto ao processo sob julgamento do STF e mencionado pelo Contribuinte, que não foi ainda nem mesmo concluído. Mas ainda que tivesse sido não poderia, dada a sua natureza e as disposições legais pertinentes, ter seus efeitos automaticamente estendidos ao Contribuinte: .... temos que observar que se trata de controle de constitucionalidade por via de exceção ou defesa (também conhecido por controle difuso ou aberto), o que traz conseqüências próprias, diferentes daquelas advindas do Fl. 101DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 102 4 controle concentrado ou via de ação direta (ação declaratória de constitucionalidade e ação direta de inconstitucionalidade). A principal é que os efeitos dessa decisão valerão apenas para as partes do processo (efeitos inter pars), não beneficiando nem prejudicando terceiros, como estatui o art. 472 do Código de Processo Civil (CPC). Ressalva, ainda, outro aspecto, quanto à eficácia de eventual decisão, caso esta venha a ser aplicável a todos os demais casos pertinentes: ... seus efeitos, apesar de, nesta hipótese1, passar a atingir todos os demais sujeitos passivos da Cofins (a decisão passará a ter efeitos erga omnes), poderão ser sentidos não retroativamente, mas somente a partir do trânsito em julgado da declaração de inconstitucionalidade ou de outro momento que venha a ser fixado, conforme estabelece o art. 27 da Lei n° 9.868, de 10 de novembro de 1999 (efeitos ex nunc). Quanto à exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição, destaca a aplicabilidade da legislação invocada pelo próprio Contribuinte, legislação esta que, aliás, não prevê a possibilidade de exclusão do ICMS da base de cálculo. Recorre também à jurisprudência para demonstrar a viabilidade legal da inclusão do ICMS na base de cálculo: Como se pode ver com clareza, é pacifico o entendimento nas jurisprudências administrativa e judicial (algumas decisões são, inclusive, posteriores ao inicio do julgamento do RE no 240.785 2/MG) de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo da Cofins. A tal ponto que o próprio STJ, guardião maior das leis federais, sumulou tal entendimento: "A parcela relativa ao 1CM incluise na base de cálculo do PIS." Súmula 68. "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do Finsocial." Súmula 94. Ressalva, em seguida, as disposições do artigo 166 do CTN, para concluir que, integrando o tributo o preço cobrado do adquirente, este teria efetivamente suportado o ônus tributário, que lhe repassou o Contribuinte, ora Requerente. Faltar lheia, pois, legitimidade para o pedido formulado. Finalmente, quanto ao prazo para o Contribuinte pleitear a restituição, ressalva as disposições dos artigos 165 e 168 do CTN. Ao que acrescenta as disposições do Ato Declaratório SRF 96/99, segundo a qual: "I o prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário, extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário — arts. 165, I, e 168, I, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional)." Fl. 102DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 103 5 Considerando, assim, tais disposições e, ainda, o que a respeito dispõe a Lei Complementar 118/05, no seu artigo terceiro, conclui que não poderiam ser incluídos no pedido os pagamentos eventualmente feitos indevidamente (ou a maior), até 03/03/03. Sob tais fundamentos, o Pedido de Restituição foi indeferido. Fundamentos da Manifestação de Inconformidade O Contribuinte apresentou sua Manifestação de Inconformidade (fls. 38/55), reiterando que o ICMS não integraria a base de cálculo da contribuição para o PIS, repetindo basicamente os argumentos das suas “Razões do Pedido” (fls. 4/14). Reportase novamente ao Recurso Extraordinário 240.7852, em trâmite pelo STF. Ressalva que o artigo 110 do CTN impediria a alteração de conceitos “previamente estabelecidos pelo Direito Privado”. Pugna pela possibilidade do reconhecimento pela instância administrativa da inconstitucionalidade de normas legais. Defende que o conceito de “faturamento” não pode abarcar o ICMS, pois “... não constitui uma receita do contribuinte”, não integrando, pois, seu patrimônio, configurando, sua inclusão, inobservância do princípio constitucional da “capacidade contributiva”, pois “Estarseia tributando uma riqueza que não pertence ao Contribuinte!”. Opõese, também, à tese de que seu pleito encontraria óbice nas disposições do artigo 166 do CTN, pois: A nãocumulatividade do PIS e da COFINS, ao contrário daquela aplicável ao ICMS e ao IPI, não transforma referidos tributos em indiretos, os quais repercutem diretamente no consumidor final. Isto, pois, conforme entendimento do STF nos RE's 205.355 7/DF, 230.3374/RN e 233.8074/RN, a incidência do PIS e COFINS não é afastada pela imunidade do art. 155, §3°, da CF, visto que seu fato gerador não são as operações com mercadorias, mas a totalidade das receitas delas decorrentes. Ademais, o PIS e a COFINS, cumulativos ou não cumulativos, não vem destacados nas notas fiscais de produtos e serviços tal como o ICMS e o IPI, o que impede a prova do não repasse exigido pelo art. 166 do CTN. Finalmente, quanto à “Decadência do direito de repetição do indébito tributário ...”, sustenta a prevalência do entendimento jurisprudencial no sentido de que, para os tributos sujeitos ao regime da homologação, a contagem do prazo, dar seia a partir da data da homologação (tácita ou expressa) e não da data do recolhimento. E, mais, que nem mesmo a Lei Complementar 118/05 poderia ter alterado retroativamente esta proposição. Não haveria, assim, período que tivesse sido atingido pela perda do direito de pleitear a restituição. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 104 6 Reitera pedido de deferimento da restituição. Ao julgar referida manifestação de inconformidade, a 7ª Turma da DRJ/Campinas proferiu o Acórdão nº 0537.515, de 04/04/2012, com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2006 EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O PIS. PRAZO PRESCRICIONAL Ora, consta que o Contribuinte ingressou com seu pedido em 03/03/08, encontrandose, portanto, não apenas submetido à regra do artigo 168 do CTN, mas também sob a égide da Lei Complementar 118/05. JUÍZOS DE LEGALIDADECONSTITUCIONALIDADE COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA Não há previsão legal que exclua o ICMS da base de cálculo da contribuição para o PIS/COFINS. É expressamente vedado à Autoridade Administrativa afastar, sob pretexto de inconstitucionalidade, a legislação que define a base de cálculo das contribuições. EXISTÊNCIA DE PROCESSOS JUDICIAIS PENDENTES DE DECISÃO A existência de processos judiciais pendentes de decisão final e definitiva, dos quais, aliás, o Contribuinte nem mesmo é parte, não legitimam o deferimento do Pedido, por falta de cumprimento dos requisitos legais pertinentes. RECEITA BRUTA ICMS Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições para o PIS/COFINS, pois esse valor é parte integrante do preço das mercadorias. É insofismável que o ICMS compõe o preço da mercadoria, configurando um dos elementos da receita bruta de vendas (é "calculado por dentro", isto é, representa ele mesmo um dos componentes de sua própria base de cálculo). CRÉDITO RESTITUÍVEL PROVA Cabe ao Requerente o ônus de demonstrar inequivocamente a efetiva existência do direito pleiteado, pois o ônus da prova compete a quem o alega, ou, neste caso, a quem pleiteia a restituição. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 104DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 105 7 Direito Creditório Não Reconhecido Não concordando com referida decisão o contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual apresenta basicamente os mesmos argumentos de sua manifestação de inconformidade e podem ser resumidas nos seguintes pedidos: que não houve a prescrição de parte de seu pedido de restituição, pois a LC nº 118/2005, de acordo com decisão do STJ, só seria aplicável para frente, sendo que para os períodos de apuração antes de sua vigência a regra reconhecida por reiteradas decisões do Poder Judiciário é de 10 anos (5 + 5); que seja autorizada a restituição dos valores decorrentes da indevida inclusão do ICMS da base de cálculo do PIS. Cita doutrina e jurisprudência administrativa e judicial a respeito da inconstitucionalidade dessa inclusão; quanto à alegação de falta de provas para autorizar a restituição, caso a mesma fosse autorizada, afirma que o Fisco tem acesso a todas as informações indicadas nos demonstrativos por meio das declarações apresentadas pelo contribuinte e ainda pode converter o julgamento em diligência para confirmação de tais dados. Conforme despacho de fl. 98, este processo estava sobrestado para aguardar o julgamento pelo STF do recurso extraordinário nº 574706, em face de determinação contida no então art. 62A do RICARF. Porém, com a revogação do citado dispositivo, não há mais amparo legal para se manter o sobrestamento. É o relatório. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 106 8 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, por isso deve ser conhecido. Conforme relatado o julgamento deste processo estava sobrestado em função do disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 62A do Regimento Interno do Carf, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009. Porém, a Portaria MF nº 545/2013 revogou os parágrafos do art. 62 A, não havendo portanto mais razão para a permanência do sobrestamento. Prescrição parcial do pedido de restituição. O pedido de restituição de PIS do contribuinte abrangem fatos geradores de janeiro/98 a dezembro/2006. Seu pedido foi apresentado em 03/03/2008. A decisão recorrida considerou prescritos todos os valores pagas antes de 03/03/2003, com base no art. 168 do CTN e art. 3º da LC nº 118/2005. Por sua vez o contribuinte afirma que não houve referida prescrição pois a LC nº 118/2005, de acordo com decisão do STJ, só seria aplicável para frente, sendo que para os períodos de apuração antes de sua vigência a regra reconhecida por reiteradas decisões do Poder Judiciário é de 10 anos (5 + 5). Esta questão já está devidamente pacificada pelo STF. O prazo para os contribuintes apresentar o pedido de restituição foi objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, que concluiu pela repercussão geral deste tema nos autos do Recurso Extraordinário nº 561.908, e passou a apreciar seu mérito nos autos do Recurso Extraordinário nº 566.621 sendo publicado em 11/10/2011 acórdão assim ementado: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4o, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/2005, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o Fl. 106DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 107 9 prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção de confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede a iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3o, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Após esta decisão, esta corte administrativa passou a adotála em face do disposto no § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF, o qual determina a observância de decisões proferidas pelo STF e STJ nos ritos de repercussão geral e dos recursos repetitivos: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 108 10 (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Portanto, para os pedidos de restituição protocolados a partir de 09/06/2005, é aplicável o prazo prescricional de 5 anos contados do pagamento indevido nos termos dos art. 168, I do CTN e art. 3º da LC nº 118/2005, abaixo transcritos: Código Tributário Nacional Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (...) LC nº 118/2005. Art. 3o Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Dessa forma, não há reparos a ser feito na decisão recorrida, não sendo possível a restituição de valores pagos antes de 03/03/2003. Exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS A decisão recorrida, no mérito, negou o pedido de restituição baseado na exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS. Discorreu sobre a impossibilidade das instâncias administrativas apreciarem a lei tributária sob o aspecto de eventuais inconstitucionalidades. Informou o arcabouço legal de onde se conclui pela legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins. Por sua vez, o contribuinte pede a revisão da decisão da DRJ, para que seja autorizada a restituição dos valores decorrentes da inclusão do ICMS da base de cálculo do PIS. Cita doutrina e jurisprudência administrativa e judicial a respeito da inconstitucionalidade dessa inclusão. Esta matéria está em análise pelo STF na Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC nº 18, e ainda não foi julgada por aquele tribunal. A Lei nº 9.718/98, em seu art. 3º, § 2º, I autoriza apenas a exclusão do ICMS “quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário”. Em nenhum momento, porém, autoriza a exclusão do ICMS das próprias vendas. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 109 11 Junto ao Superior Tribunal de Justiça esta matéria já encontrava se pacificada nos termos das súmulas 68 e 94, abaixo transcritas: Súmula 68: A parcela relativa ao ICM incluise na base de calculo do pis. Súmula 94: A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do Finsocial. Por fim, entendo que o ICMS integra o faturamento, que é o fato gerador do PIS e da Cofins, não havendo qualquer contrariedade à Constituição Federal, uma vez que ela mesma determina que o ICMS integra a sua própria base de cálculo. Veja como está disposto no art. 155 da CF: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (...) § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: XII cabe à lei complementar: i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço.(grifei) Ainda que assim não fosse, reconhecer este direito ao contribuinte implicaria afastar a aplicação de lei tributária, por inconstitucionalidade, o que não é permitido aos julgadores desta instância administrativa. Nestes termos, citase a súmula Carf nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Provas do indébito tributário A decisão recorrida pronunciou que o contribuinte não apresentou provas do pagamento indevido no seu pedido de restituição, afirmando ser ônus do contribuinte nos termos dos art. 36 da Lei nº 9.784/99 e art. 333 do CPC. Sendo assim, mesmo que no mérito houvesse reconhecimento do direito, não seria possível a autorização da restituição. Em sua defesa, o contribuinte argumenta que o Fisco teria acesso a todas as informações indicadas nos demonstrativos por meio das declarações apresentadas pelo contribuinte e ainda poderia converter o julgamento em diligência para confirmação de tais dados. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 110 12 Embora possa ter razão a recorrente a análise desta matéria fica prejudicada em face do não reconhecimento de seu direito creditório na análise das questões de direito. Portanto não conheço do recurso voluntário nesse ponto específico. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 110DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 111 13 Declaração de Voto Inicialmente, importa mencionar que, no que tange ao prazo prescricional do pedido de restituição, entendo que não há reparos a serem feitos quanto à conclusão constante do voto do relator, cujo teor encontrase acima indicado, pelo que acompanho os seus fundamentos quanto a tal ponto. Apresento a presente declaração de voto, portanto, apenas quanto ao mérito da presente demanda, qual seja, o direito à restituição decorrente da inclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. O Relator, ao julgar a presente demanda, entendeu pelo indeferimento do pleito do contribuinte, com base os seguintes argumentos: (i) esta matéria estaria em análise pelo STF nos autos da Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC nº 18, a qual ainda não teria sido julgada por aquele tribunal; (ii) a Lei nº 9.718/98, em seu art. 3º, § 2º, I autorizaria apenas a exclusão do ICMS “quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário”, não havendo autorização quanto à exclusão do ICMS das próprias vendas; (iii) a matéria já estaria pacificada no STJ por meio das suas súmulas 68 e 94; (iv) o ICMS integraria o faturamento, que é fato gerador do PIS e da COFINS; (v) reconhecer este direito do contribuinte implicaria afastar a aplicação de lei tributária, por inconstitucionalidade, o que seria vedado pela súmula nº 2 do CARF. Dada a devida vênia aos fundamentos constantes do voto do Relator, acima indicados, ouso discordar das conclusões constantes do mesmo, consoante fundamentos a seguir explanados. É cediço que a matéria em questão (exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS) é objeto de três ações judiciais perante o Supremo Tribunal Federal: ADC 18, RE nº 240.785 e RE nº 574.706, esta última com repercussão geral reconhecida. Sobre o tema, é válido destacar que a ADC 18 o STF não suspendeu o prosseguimento do julgamento objeto do RE nº 240.785. Ao contrário, vêse que o RE 240.785 já foi definitivamente julgado, consoante decisão abaixo colacionada, cuja publicação ocorreu em 16 de dezembro de 2014: TRIBUTO – BASE DE INCIDÊNCIA – CUMULAÇÃO – IMPROPRIEDADE. Não bastasse a ordem natural das coisas, o arcabouço jurídico constitucional inviabiliza a tomada de valor alusivo a certo tributo como base de incidência de outro. COFINS – BASE DE INCIDÊNCIA – FATURAMENTO – ICMS. O que relativo a título de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços não compõe a base de incidência da Cofins, porque estranho ao conceito de faturamento. (RE 240785, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 08/10/2014, DJe246 DIVULG 15122014 PUBLIC 16122014 EMENT VOL0276201 PP00001) Tanto que no próprio ADC 18, foi proferido despacho em que o Relator se manifestou expressamente sobre a impossibilidade de o ADC 18 suspender o curso do RE nº 240.785, consoante se extrai do teor a seguir transcrito: DESPACHO: O pleito ora formulado pela Confederação Nacional do Transporte – CNT, que entendo plenamente acolhível, há de ser dirigido, no entanto, para efeito Fl. 111DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 112 14 de sua apreciação, ao eminente Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal, em face da competência que lhe confere o RISTF, notadamente o que dispõem os seus arts. 13, III, 125, IV, 134 e 138. Observo, por relevante, que se iniciou, em 24/08/2006, o julgamento do RE 240.785/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, cujo “thema decidendum” coincide com o deste processo, valendo destacar que 07 (sete) votos já foram nele proferidos, faltando colher, unicamente, os votos dos eminentes Ministros GILMAR MENDES, ROSA WEBER e JOAQUIM BARBOSA, além do meu próprio. Cabe assinalar, ainda, que o julgamento do RE 240.785/MG, suspenso em decorrência de pedido de vista formulado pelo eminente Ministro GILMAR MENDES, já está em condições de prosseguir, eis que o Ministro GILMAR MENDES, segundo registra o sistema de consulta processual desta Corte, já devolveu os autos em 04/12/2007 para efeito de continuação do julgamento em referência. Nem se diga, de outro lado, que o ajuizamento da ADC 18/DF impediria o prosseguimento do julgamento em causa, pois a medida cautelar deferida em mencionado processo objetivo, mesmo que ainda vigente e eficaz, não impediria o exame do RE 240.785/MG, pois – é importante relembrar – o Plenário desta Suprema Corte, ao deferir o provimento cautelar em questão (hoje não mais subsistente), suspendendo o julgamento das demandas que envolvessem a aplicação do art. 3º, § 2º, inc. I, da Lei nº 9.718/98, expressamente excluiu do alcance de referida suspensão cautelar “os processos em andamento no Supremo Tribunal Federal”. Cumpre ressaltar, por relevante, que a existência de ações diretas ou de ações declaratórias de constitucionalidade, bem assim de arguições de descumprimento de preceito fundamental, não impede que se julguem recursos extraordinários (como o RE 240.785/MG) ou outras causas em cujo âmbito tenha sido instaurado idêntico litígio constitucional. A prática processual do Supremo Tribunal Federal tem revelado a possibilidade de o julgamento de processos subjetivos (como aquele a que se refere o RE 240.785/MG) preceder ao exame de processos objetivos de controle abstrato que versem o mesmo “thema decidendum”, como sucedeu, p. ex., com o RE 595.838RG/SP (em relação à ADI 2.594/DF) e com os RREE 377.457/PR e 381.964/MG (em relação à ADI 4.071/DF), valendo destacar, nesse mesmo sentido, outro precedente firmado pelo Plenário desta Suprema Corte: “ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. DIREITO MONETÁRIO E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. A LEI ESTADUAL Nº. 6.612/94 TEVE A SUA INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA NO RE Nº 561.836 TORNANDO PREJUDICADA A APRECIAÇÃO DA PRESENTE AÇÃO. ARGUIÇÃO JULGADA PREJUDICADA.” (ADPF 174/RN, Rel. Min. LUIZ FUX – grifei) Desse modo, tenho para mim que o pleito formulado pela Confederação Nacional do Transporte – CNT haverá de ser por ela dirigido, diretamente, ao Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, a quem incumbe compor a pauta do Plenário desta Corte e apregoar os processos cujo julgamento deva prosseguir após a devolução da vista solicitada pelos Ministros do Tribunal. Publiquese. Brasília, 20 de junho de 2014. Ministro CELSO DE MELLO Relator. Como se não bastasse, destaquese que o provimento cautelar outrora concedido na ADC 18 para fins de suspensão de demandas sobre o tema não mais subsiste. Isso porque o Plenário do STF, em decisão proferida em 25/03/2010, entendeu por prorrogar, pela última vez, por mais 180 (cento e oitenta) dias a eficácia da medida cautelar anteriormente deferida: Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, resolveu a questão de ordem no sentido de prorrogar, pela última vez, por mais 180 (cento e oitenta) dias, a eficácia da Fl. 112DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 113 15 medida cautelar anteriormente deferida. Votou o Presidente. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Gilmar Mendes (Presidente) e Eros Grau e, licenciado, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Cezar Peluso (VicePresidente). Plenário, 25.03.2010. E M E N T A: TERCEIRA QUESTÃO DE ORDEM AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE PROVIMENTO CAUTELAR PRORROGAÇÃO DE SUA EFICÁCIA POR MAIS 180 (CENTO E OITENTA) DIAS OUTORGA DA MEDIDA CAUTELAR COM EFEITO “EX NUNC” (REGRA GERAL) A QUESTÃO DO INÍCIO DA EFICÁCIA DO PROVIMENTO CAUTELAR EM SEDE DE FISCALIZAÇÃO ABSTRATA DE CONSTITUCIONALIDADE EFEITOS QUE SE PRODUZEM, ORDINARIAMENTE, A PARTIR DA PUBLICAÇÃO, NO DJe, DA ATA DO JULGAMENTO QUE DEFERIU (OU PRORROGOU) REFERIDA MEDIDA CAUTELAR, RESSALVADAS SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS EXPRESSAMENTE RECONHECIDAS PELO PRÓPRIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PRECEDENTES (RCL 3.309MC/ES, REL. MIN. CELSO DE MELLO, v.g.) COFINS E PIS/PASEP FATURAMENTO (CF, ART. 195, I, “B”) BASE DE CÁLCULO EXCLUSÃO DO VALOR PERTINENTE AO ICMS LEI Nº 9.718/98, ART. 3º, § 2º, INCISO I PRORROGAÇÃO DEFERIDA. Sendo certo que já transcorreu o referido prazo de 180 (cento e oitenta) dias, não há qualquer provimento cautelar em vigor apto a ensejar a suspensão de julgamentos sobre a matéria em questão. Nesse contexto, podese resumir a situação atual da matéria perante o Supremo Tribunal Federal da seguinte forma: (i) o RE nº 240.785 já foi definitivamente julgado pelo Plenário do STF a favor do contribuinte, no sentido de que o ICMS não compõe a base de cálculo da COFINS (decisão sem efeito vinculante, produzindo efeitos imediatos apenas às partes envolvidas); (ii) o ADC 18 encontrase no aguardo de julgamento; (iii) o RE nº 574.706, em que houve o reconhecimento da repercussão geral, encontrase no aguardo de julgamento. Quanto a este último processo, trazse a seguir o teor da decisão em que restou reconhecida a repercussão geral: Ementa: Reconhecida a repercussão geral da questão constitucional relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS. Pendência de julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal do Recurso Extraordinário n. 240.785. Este é, portanto, o atual cenário do tema perante o Supremo Tribunal Federal: ao passo que não há nenhuma decisão determinando a aplicação cogente do entendimento expresso no RE nº 240.785 (decisão sem efeitos vinculantes), tampouco há qualquer impedimento na sua adoção (ADC 18 não possui o condão de suspender a aplicação do entendimento exposto no RE nº 240.785). Quanto à base de cálculo do PIS e da COFINS, esta encontra previsão na Lei nº 9.718/1998, in verbis: Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Fl. 113DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 114 16 Art. 3o O faturamento a que se refere o art. 2o compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimento pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações societárias, que tenham sido computados como receita bruta; (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III (Revogado pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) IV as receitas de que trata o inciso IV do caput do art. 187 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, decorrentes da venda de bens do ativo não circulante, classificado como investimento, imobilizado ou intangível; e (Redação dada pela Lei nº 13.043 de 2014) (Vigência) V (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) VI a receita reconhecida pela construção, recuperação, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) Ou seja, a legislação pátria determina que o PIS e a COFINS deverá ser calculado com base no faturamento da empresa, compreendendo este a receita bruta nos moldes do disposto no art. 12 do DecretoLei nº 1.598 de 26 de dezembro de 1977, o qual, por seu turno, assim dispõe: Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) O entendimento constante da decisão prevalente, portanto, é no sentido de que, não tendo o parágrafo 2º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 excluído expressamente da receita Fl. 114DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 115 17 bruta o valor correspondente ao ICMS, este deveria compor a base de cálculo do PIS e da COFINS, e entender de forma diversa implicaria em afronta à súmula nº 2 do CARF. Entendo, contudo, que a essência da questão não está na ausência de previsão expressa determinando tal exclusão, mas sim na possibilidade de se considerar que o ICMS integra o conceito de faturamento, nos moldes do que dispõe a legislação pátria. A exclusão disposta no referido parágrafo segundo não pode ser interpretada no sentido de incluir na base de cálculo dessas contribuições valor que não integra o conceito de faturamento. Nesse sentido, transcrevese abaixo trecho do voto vencedor proferido pelo Ministro Marco Aurélio nos autos do RE nº 240.785: (...) As expressões utilizadas no inciso I do artigo 195 em comento hão de ser tomadas no sentido técnico consagrado pela doutrina e jurisprudencialmente. Por isso mesmo, esta Corte glosou a possibilidade de incidência da contribuição, na redação primitiva da Carta, sobre o que pago àqueles que não mantinham vínculo empregatício com a empresa, emprestando, assim, ao vocábulo “salários”, o sentido técnicojurídico, ou seja, de remuneração feita com base no contrato de trabalho – Recurso Extraordinário nº 128.5192/DF. Jamais imaginouse ter a referência à folha de salários como a apanhar, por exemplo, os acessórios, os encargos ditos trabalhistas resultantes do pagamento efetuado. Óptica diversa não pode ser emprestada ao preceito constitucional, revelador da incidência sobre o faturamento. Este decorre, em si, de um negócio jurídico, de uma operação, importando, por tal motivo, o que percebido por aquele que a realiza, considerada a venda de mercadoria ou mesmo a prestação de serviços. A base de cálculo da Cofins não pode extravasar, desse modo, sob o ângulo do faturamento, o valor do negócio, ou seja, a parcela percebida com a operação mercantil ou similar. O conceito de faturamento diz com riqueza própria, quantia que tem ingresso nos cofres de quem procede à venda de mercadorias ou à prestação dos serviços, implicando, por isso mesmo, o envolvimento de noções próprias ao que se entende como receita bruta. Descabe assentar que os contribuintes da Cofins faturam, em si, o ICMS. O valor deste revela, isto sim, um desembolso a beneficiar a entidade de direito público que tem a competência para cobrálo. A conclusão a que chegou a Corte de origem, a partir de premissa errônea, importa na incidência do tributo que é a Cofins, não sobre o faturamento, mas sobre outro tributo já agora da competência de unidade da Federação. No caso dos autos, muito embora com a transferência do ônus para o contribuinte, terseá, a prevalecer o que decidido, a incidência da Cofins sobre o ICMS, ou seja, a incidência de contribuição sobre imposto, quando a própria Lei Complementar nº 70/91, fiel à dicção constitucional, afastou a possibilidade de incluirse, na base de incidência da Cofins, o valor devido a título de IPI. Difícil é conceber a existência de tributo sem que se tenha uma vantagem, ainda que mediata, para o contribuinte, o que se dirá quanto a um ônus, como é o ônus fiscal atinente ao ICMS. O valor correspondente a este último não tem a natureza de faturamento. Não pode, então, servir à incidência da Cofins, pois não revela medida de riqueza apanhada pela expressão contida no preceito da alínea “b” do inciso I do artigo 195 da Constituição Federal. Cumpre ter presente a advertência do ministro Luiz Gallotti, em voto proferido no Recurso Extraordinário nº 71.758: “se a lei pudesse chamar de compra e venda o que não é compra, de exportação o que não é exportação, de renda o que não é renda, ruiria todo o sistema tributário inscrito na Constituição” RTJ 66/165. Conforme salientado pela melhor doutrina, “a Cofins só pode incidir sobre o faturamento que, conforme visto, é o somatório dos valores das operações negociais realizadas”. A contrário sensu, qualquer valor diverso deste não pode ser inserido na base de cálculo da Cofins.Há de se atentar para o princípio da razoabilidade, pressupondo Fl. 115DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 116 18 se que o texto constitucional mostrese fiel, no emprego de institutos, de expressões e de vocábulos, ao sentido próprio que eles possuem, tendo em vista o que assentado pela doutrina e pela jurisprudência. Por isso mesmo, o artigo 110 do Código Tributário Nacional conta com regra que, para mim, surge simplesmente pedagógica, com sentido didático, a revelar que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios para definir ou limitar competências tributárias. Da mesma forma que esta Corte excluiu a possibilidade de terse, na expressão “folha de salários”, a inclusão do que satisfeito a administradores, autônomos e avulsos, não pode, com razão maior, entender que a expressão “faturamento” envolve, em si, ônus fiscal, como é o relativo ao ICMS, sob pena de desprezarse o modelo constitucional, adentrandose a seara imprópria da exigência da contribuição, relativamente a valor que não passa a integrar o patrimônio do alienante quer de mercadoria, quer de serviço, como é o relativo ao ICMS. Se alguém fatura ICMS, esse alguém é o Estado e não o vendedor da mercadoria. Admitir o contrário é querer, como salientado por Hugo de Brito Machado em artigo publicado sob o título “Cofins Ampliação da base de cálculo e compensação do aumento de alíquota”, em “CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PROBLEMAS JURÍDICOS”, que a lei ordinária redefina conceitos utilizados por norma constitucional, alterando, assim, a Lei Maior e com isso afastando a supremacia que lhe é própria. Conforme previsto no preceito constitucional em comento, a base de cálculo é única e diz respeito ao que faturado, ao valor da mercadoria ou do serviço, não englobando, por isso mesmo, parcela diversa. Olvidar os parâmetros próprios ao instituto, que é o faturamento, implica manipulação geradora de insegurança e, mais do que isso, a duplicidade de ônus fiscal a um só título, a cobrança da contribuição sem ingresso efetivo de qualquer valor, a cobrança considerado, isso sim, um desembolso. Por tais razões, conheço deste recurso extraordinário e o provejo para, reformando o acórdão proferido pela Corte de origem, julgar parcialmente procedente o pedido formulado na ação declaratória intentada, assentando que não se inclui na base de cálculo da contribuição, considerado o faturamento, o valor correspondente ao ICMS. Com isso, inverto os ônus da sucumbência, tais como fixados na sentença prolatada. Tragase, ainda, os fundamentos do voto proferido pelo Ministro Celso de Mello, que seguiu o voto do Relator: O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: Peço vênia, Senhor Presidente, para, acompanhando o voto do eminente Ministro MARCO AURÉLIO, conhecer e dar provimento ao presente recurso extraordinário, por considerar incompatível com o modelo constitucional a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS. Também desejo reafirmar, Senhor Presidente, antes de mais nada, observações que fiz, a propósito do tema, no julgamento do pedido de medida cautelar formulado na ADC 18/DF. Tenho salientado, em diversas decisões que proferi no Supremo Tribunal Federal (RTJ 144/435436, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RE 428.354/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), que os desvios inconstitucionais do Estado, no exercício do seu poder de tributar, geram, na ilegitimidade desse comportamento do aparelho governamental, efeitos perversos, que, projetandose nas relações Fl. 116DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 117 19 jurídicofiscais mantidas com os contribuintes, deformam os princípios que estruturam a ordem jurídica, subvertem as finalidades do sistema normativo e comprometem a integridade e a supremacia da própria Constituição da República. Cumpre assinalar, por isso mesmo, que o caso ora em exame justifica, plenamente, que se reiterem tais asserções, pois é necessário advertir que a prática das competências impositivas por parte das entidades políticas investidas da prerrogativa de tributar não pode caracterizarse como instrumento, que, arbitrariamente manipulado pelas pessoas estatais, venha a conduzir à destruição ou ao comprometimento da própria ordem constitucional. A necessidade de preservação da incolumidade do sistema consagrado pela Constituição Federal não se revela compatível com pretensões fiscais contestáveis do Poder Público, que, divorciandose dos parâmetros estabelecidos pela Lei Magna, busca impor ao contribuinte um estado de submissão tributária absolutamente inconvivente com os princípios que informam e condicionam, no âmbito do Estado Democrático de Direito, a ação das instâncias governamentais. Bem por isso, tenho enfatizado a importância de que o exercício do poder tributário, pelo Estado, deve submeterse, por inteiro, aos modelos jurídicos positivados no texto constitucional, que institui, em favor dos contribuintes, decisivas limitações à competência estatal para impor e exigir, coativamente, as diversas espécies tributárias existentes. O fundamento do poder de tributar – tal como tem sido reiteradamente enfatizado pela jurisprudência desta Suprema Corte (RTJ 167/661, 675676) – reside, em essência, no dever jurídico de estrita fidelidade dos entes tributantes ao que imperativamente dispõe a Constituição da República. Cabe relembrar, neste ponto, consideradas as observações que venho de fazer, a clássica advertência de OROSIMBO NONATO, consubstanciada em decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (RE 18.331/SP), em acórdão no qual aquele eminente e saudoso Magistrado acentuou, de forma particularmente expressiva, à maneira do que já o fizera o Chief Justice JOHN MARSHALL, quando do julgamento, em 1819, do célebre caso “McCulloch v. Maryland”, que “o poder de tributar não pode chegar à desmedida do poder de destruir” (RF 145/164 – RDA 34/132), eis que – como relembra BILAC PINTO, em conhecida conferência sobre “Os Limites do Poder Fiscal do Estado” (RF 82/547562, 552) – essa extraordinária prerrogativa estatal traduz, em essência, “um poder que somente pode ser exercido dentro dos limites que o tornem compatível com a liberdade de trabalho, de comércio e de indústria e com o direito de propriedade” (grifei). Daí a necessidade de rememorar, sempre, a função tutelar do Poder Judiciário, investido de competência institucional para neutralizar eventuais abusos das entidades governamentais, que, muitas vezes deslembradas da existência, em nosso sistema jurídico, de um verdadeiro “estatuto constitucional do contribuinte”, consubstanciador de direitos e garantias oponíveis ao poder impositivo do Estado (Pet 1.466/PB, Rel. Min. CELSO DE MELLO, “in” Informativo/STF nº 125), culminam por asfixiar, arbitrariamente, o sujeito passivo da obrigação tributária, inviabilizandolhe, injustamente, o exercício de atividades legítimas, o que só faz conferir permanente atualidade às palavras do Justice Oliver Wendell Holmes, Jr. (“The powerto tax is not the power to destroy while this Court sits”), em “dictum” segundo o qual, em livre tradução, “o poder de tributar não significa nem envolve o poder de destruir, pelo menos enquanto existir esta Corte Suprema”, proferidas, ainda que como “dissenting opinion”, no julgamento, em 1928, do caso “Panhandle Oil Co. v. State of Mississippi Ex Rel. Knox” (277 U.S. 218). É por isso que não constitui demasia reiterar a advertência de que a prerrogativa institucional de tributar, que o ordenamento positivo reconhece ao Estado, não lhe outorga o poder de suprimir (ou de inviabilizar) direitos de caráter fundamental, Fl. 117DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 118 20 constitucionalmente assegurados ao contribuinte, pois este dispõe, nos termos da própria Carta Política, de um sistema de proteção destinado a amparálo contra eventuais excessos (ou ilicitudes) cometidos pelo poder tributante ou, ainda, contra exigências irrazoáveis veiculadas em diplomas normativos editados pelas instâncias governamentais. Assentadas tais premissas, que reputo necessárias ao julgamento deste recurso extraordinário, passo a apreciar o litígio constitucional em exame. Como resulta claro dos votos já proferidos, a controvérsia instaurada na presente causa concerne à discussão em torno da possibilidade constitucional, ou não, de se incluir, na base de cálculo da COFINS (e da contribuição ao PIS), o valor correspondente ao ICMS. Não se desconhece, Senhor Presidente, considerados os termos da discussão em torno da noção conceitual de faturamento, que a legislação tributária, emanada de qualquer das pessoas políticas, não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, para definir ou limitar competências tributárias. Vejase, pois, que, para efeito de definição e identificação do conteúdo e alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, o Código Tributário Nacional, em seu art. 110, “faz prevalecer o império do Direito Privado – Civil ou Comercial...” (ALIOMAR BALEEIRO, “Direito Tributário Brasileiro”, p. 687, item n. 2, atualizada pela Professora MISABEL ABREU MACHADO DERZI, 11ª ed., 1999, Forense – grifei), razão pela qual esta Suprema Corte, para fins jurídico tributários, não pode recusar a definição que aos institutos é dada pelo direito privado, sob pena de prestigiar, no tema, a interpretação econômica do direito tributário, em detrimento do postulado da tipicidade, que representa, no contexto de nosso sistema normativo, projeção natural e necessária do princípio constitucional da reserva absoluta de lei em sentido formal, consoante adverte o magistério da doutrina (GILBERTO DE ULHÔA CANTO, “in” Caderno de Pesquisas Tributárias nº 13/493, 1989, Resenha Tributária; GABRIEL LACERDA TROIANELLI, “O ISS sobre a Locação de Bens Móveis”, “in” Revista Dialética de Direito Tributário, vol. 28/711, 89). (...). É importante ressaltar, neste ponto, que a orientação que venho de mencionar encontra apoio em autorizado magistério doutrinário (JOSÉ ALFREDO FERRARI SABINO, “Da NãoInclusão dos Reembolsos, pelos Distribuidores, do ICMS Retido pela Indústria na Base de Cálculo do PIS e da Cofins”, “in” Revista Dialética de Direito Tributário nº 42, p. 59, item n. 4, 1999; HUGO DE BRITO MACHADO, “Cofins: Ampliação da Base de Cálculo e Compensação do Aumento de Alíquota”, “in” “Contribuições Sociais: Problemas Jurídicos: COFINS, PIS, CSLL e CPMF”, p. 95/113, 1ª ed., 1999, Dialética; DIEGO DINIZ RIBEIRO, “PIS e COFINS na Importação: Base de Cálculo e Questões Controvertidas”, “in” Repertório de Jurisprudência – IOB nº 11, vol. I/425, item n. 3, 2005; CARLOS ALEXANDRE DE AZEVEDO CAMPOS, “Exclusão do ICMS da Base de Cálculo de Tributos Federais”, “in” Revista Dialética de Direito Tributário nº 145, p. 22, out/07; ALLAN MORAES, “ICMS na Base de Cálculo do PIS e da Cofins não Cumulativos”, “in” Revista Dialética de Direito Tributário nº 141, p. 30/32, jun/07; SOLON SEHN, “PIS – COFINS – Não Cumulatividade e Regimes de Incidência”, p. 240/243, item n. 4.3.4, 2011, Quartier Latin, v.g.), cabendo ressaltar, no ponto, a precisa lição do ilustre jurista e tributarista ROQUE ANTONIO CARRAZZA, de quem tive a honra de haver sido colega no Ministério Público paulista, exposta em conhecida monografia que escreveu como doutrinador eminente (“ICMS”, p. 530/542, 12ª ed., 2007, Malheiros): Fl. 118DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 119 21 “‘Faturamento’ não é um simples ‘rótulo’. Tampouco, ‘venia concessa’, é uma ‘caixa vazia’, dentro da qual o legislador, o intérprete ou o aplicador podem colocar o que bem lhes aprouver. Pelo contrário, ‘faturamento’, no contexto do art. 195, I, da CF (que menciona este instituto próprio do Direito Comercial), tem uma acepção técnica precisa, da qual o Direito Tributário não pode afastarse. De fato, desde as clássicas lições de Gian Antonio Micheli (exCatedrático da Universidade de Roma) aceitase que o Direito Tributário é um ‘Direito de superposição’, na medida em que encampa conceitos que lhe são fornecidos pelo Direito Privado (Direito Civil, Comercial, do Trabalho etc.). Assim, por exemplo, quando a Constituição, em matéria de IPTU, alude à propriedade, é preciso buscar no Direito Civil a noção de propriedade. Quando a Constituição, em matéria de ICMS, trata de operação mercantil, é preciso buscar no Direito Comercial a noção de operação mercantil. Muito bem, quando a Constituição, em matéria de contribuições sociais para a seguridade social, alude a ‘faturamento’, é preciso buscar no Direito Comercial (art. 187, I, da Lei 6.404/1976, que se encontrava em vigor quando da promulgação da Constituição Federal) este conceito. Depois, é certo que quando o texto constitucional alude, sem reservas ou restrições, a um instituto ou a um vocábulo jurídico, endossa o sentido próprio que possuem, na doutrina e na jurisprudência. Ora, faturamento, para o Direito Comercial, para a doutrina e para a jurisprudência, nada mais é do que a expressão econômica de operações mercantis ou similares, realizadas, no caso em estudo, por empresas que, por imposição legal, sujeitamse ao recolhimento do PIS e da COFINS. O ‘faturamento’ (que, etimologicamente, advém de ‘fatura’) corresponde, em última análise, ao ‘somatório’ do valor das operações negociais realizadas pelo contribuinte. ‘Faturar’, pois, é obter ‘receita bruta’ proveniente da venda de mercadorias ou, em alguns casos, da prestação de serviços. Noutras palavras, ‘faturamento’ é a contrapartida econômica, auferida, como ‘riqueza própria’, pelas empresas em razão do desempenho de suas atividades típicas. Conquanto nesta contrapartida possa existir um componente que corresponde ao ICMS devido, ele não integra nem adere ao conceito de que ora estamos cuidando. Indo ao encontro desta linha de raciocínio, a Suprema Corte pacificou e reafirmou, no julgamento dos RE 346.084, 358.273, 357.950 e 390.840, em sessão do dia 9.11.2005, a distinção entre ‘faturamento’ e ‘receita’. Mais: deixou claro que ‘faturamento’ é espécie de ‘receita’, podendo ser conceituado como o ‘produto da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviço (...). ....................................................................................................... O ‘punctum saliens’ é que a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS leva ao inaceitável entendimento de que os sujeitos passivos destes tributos ‘faturam ICMS’. A toda evidência, eles não fazem isto. Enquanto o ICMS circula por suas contabilidades, eles apenas obtêm ‘ingressos de caixa’, que não lhes pertencem, isto é, não se incorporam a seus patrimônios, até porque destinados aos cofres públicos estaduais ou do Distrito Federal. Portanto, a integração do valor do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS traz como inaceitável conseqüência que contribuintes passem a calcular as exações sobre receitas que não lhes pertencem, mas ao Estadomembro (ou ao Distrito Federal) onde se deu a operação mercantil (cf. art. 155, II, da CF). A parcela correspondente ao ICMS pago não tem, pois, natureza de ‘faturamento’ (e nem mesmo de ‘receita’), mas de simples ‘ingresso de caixa’ (na acepção ‘supra’), não podendo, em razão disso, compor a base de cálculo quer do PIS, quer da COFINS. Fl. 119DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 120 22 Ademais, se a lei pudesse chamar de ‘faturamento’ o que ‘faturamento’ não é (e, a toda evidência, empresas não faturam ICMS), cairia por terra o rígido esquema de proteção ao contribuinte, traçado pela Constituição. Realmente, nos termos da Constituição, o PIS e a COFINS só podem incidir sobre o ‘faturamento’, que, conforme vimos, é o somatório dos valores das operações negociais realizadas. ‘A contrario sensu’, qualquer valor diverso deste não pode ser inserido na base de cálculo destes tributos. Enfatizese que, se fosse dado ao legislador (ordinário ou complementar) redefinir as palavras constitucionais que delimitam o ‘campo tributário’ das várias pessoas políticas, ele, na verdade, acabaria guindado à posição de Constituinte, o que, por óbvio, não é juridicamente possível. Foi o que, ‘venia concessa’, fez o legislador da União ao não contemplar, na alínea ‘a’ do parágrafo único do art. 2º da Lei Complementar 70/1991, a possibilidade de exclusão do ICMS da base de cálculo da COFINS. A perplexidade que a omissão causa é tanto maior em se atentando para o fato de o aludido dispositivo haver (corretamente, digase de passagem) determinado a exclusão do IPI. Com efeito, inexiste justificativa lógicojurídica para este tratamento diferenciado, já que ambos os impostos têm estrutura semelhante (são ‘tributos indiretos’), não integrando o ‘faturamento’, tampouco a receita, das empresas. ....................................................................................................... Irrelevante, portanto, que o parágrafo único do art. 2º da Lei Complementar 70/1991 não tenha se referido expressamente ao ICMS como passível de exclusão da base de cálculo da COFINS, já que tal exclusão é conseqüência inexorável da definição da ‘base de cálculo’ contida no ‘caput’, além de consagrada pelo art. 195, I, da CF. ....................................................................................................... Em boa verdade científica, não é possível inserir na base de cálculo do PIS e da COFINS algo que ‘faturamento’ não é. Fazêlo enseja a cobrança de novo tributo, que refoge à competência tributária federal. ....................................................................................................... Isto desconsidera, a todas as luzes, direito subjetivo fundamental dos contribuintes, qual seja, o de só serem tributados na ‘forma’ e nos ‘limites’ permitidos pela Constituição. Em suma, a inclusão, na base de cálculo do PIS e da COFINS, do valor corresponde ao ICMS pago abre espaço a que a União Federal locupletese com ‘exações híbridas e teratológicas’, que não se ajustam aos modelos de nenhum dos tributos que a Constituição, expressa ou implicitamente, lhe outorgou. ....................................................................................................... Daí por que a inclusão, na base de cálculo da COFINS, de elemento (o valor do ICMS) que não reflete receita própria do sujeito passivo distorce sua efetiva aptidão para contribuir e acarreta aumento indevido e – pior – inconstitucional da carga tributária.” (grifei) Registro, finalmente, que essa orientação doutrinária – que censura, de modo inequívoco (e correto), a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS – é perfilhada por ROBERTO CARLOS KEPPLER e por ROBERTO MOREIRA DIAS (“Da Inconstitucionalidade da Inclusão do ICMS na Base de Cálculo da Cofins”, “in” Revista Dialética de Direito Tributário nº 75, p. 178, item n. 4, 2001), que assim se pronunciam sobre a matéria: “(...) o ICMS não poderá integrar a base de cálculo da Cofins pelos seguintes motivos: (i) o alcance do conceito constitucional de faturamento e receita não permite referida dilação na base de cálculo da exação; (ii) isso representaria afronta aos princípios da isonomia tributária e da capacidade contributiva; e (iii) o previsto no art. 154, I, da Constituição Federal seria afrontado.” (grifei) Com estas Fl. 120DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 121 23 considerações, Senhor Presidente, dou provimento ao recurso extraordinário interposto pela empresa contribuinte. É o meu voto. Como se vê das razões supra transcritas, a decisão do STF proferida nos autos do RE nº 240.785 não concluiu pela inconstitucionalidade de nenhum dispositivo legal. Apenas esclareceu que o ICMS não poderia integrar o conceito de faturamento nos moldes do que determina a legislação pátria em vigor. Razões estas com as quais concordo. Para que fique ainda mais claro que a decisão do STF não declarou a inconstitucionalidade de lei tributária, mas apenas esclareceu o conceito de faturamento, colacionase abaixo trecho do inteiro teor da referida decisão: (...) O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES Senhora Presidente, na verdade, lembrome que participei desse intenso debate, mas nunca tive dúvida de que, tal como a questão se colocara época, o tema era, sim, constitucional. Na verdade, a minha divergência com o Ministro Cezar Peluso e os que o seguiram dizia respeito à compreensão do conceito no contexto geral e dos precedentes, inclusive, que se desenvolveram a partir da própria ADC n° 1. Entendo até que estamos diante daquilo que a doutrina e a teoria do direito chama de garantia de perfil institucional. Claro que podemos ter um debate, dependendo da singularidade, de perfil infraconstitucional. Mas, no caso específico, o que está em jogo é o próprio conceito. Porque podemos estar a discutir conceito de faturamento, conceito de propriedade, conceito de casamento ou de renda, e neste caso é evidente que a discussão se põe como discussão constitucional. Tanto é que temos tantos debates irrelevantes na alçada do Superior Tribunal de Justiça sobre o mesmo tema. Por quê? Claro que podemos ter detalhamentos outros, ou má ou boa aplicação da lei, mas, aqui, a indagação que se faz é sobre a substância do próprio conceito: se o legislador teria, ou não, extrapolado ao regular um determinado instituto. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) Ministro, Vossa Excelência me permite? O artigo 2°, parágrafo único, da Lei Complementar n° 70/91 não versa a inclusão ou a exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS. O SENHOR MINISTRO SEPULVEDA PERTENCE Sim, é uma interpretação a contrario. Mas para mim o problema é irrelevante, porque não é preciso declarar a inconstitucionalidade da lei para dizermos que a inclusão do ICMS na sua própria base de cálculo é inconstitucional. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) Exatamente. (Grifos apostos). Nesse contexto, entendo que a adoção das razões dispostas nos votos dos Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello, que restaram vencedores no julgamento final do RE nº 240.785, não encontra óbice na súmula 2 deste CARF, ou mesmo no art. 26A do Decreto nº 70.235/1972, pois não se está declarando a inconstitucionalidade de lei tributária. Ao contrário, estáse reconhecendo a sua constitucionalidade, porém, aplicandoa nos seus exatos termos, ou seja, tomandose por base o efetivo e correto conceito de faturamento, para fins de tributação do PIS e da COFINS. Não fazendo o ICMS parte desse conceito, não há que se falar em sua inclusão na base de cálculo de tais contribuições. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES Processo nº 10830.001933/200861 Acórdão n.º 3301002.834 S3C3T1 Fl. 122 24 Embora a decisão do STF no RE nº 240.785 não vincule o julgamento a ser proferido nesta esfera administrativa, a adoção dos seus fundamentos por este Conselho tampouco se encontra vedada, em especial quando se vê que não se está diante do reconhecimento de inconstitucionalidade de dispositivo legal, mas de reconhecimento da inconstitucionalidade da cobrança de PIS e COFINS sobre o valor do ICMS, quando tal exigência não encontra respaldo legal ou mesmo constitucional, face ao conceito de faturamento definido pelo Plenário do STF. Com base nos fundamentos acima expostos, entendo que, uma vez que o ICMS não deve compor a base de cálculo do PIS e da COFINS, a restituição dos valores pagos a maior a tal título deverá ser deferida, desde que não atingidas pela prescrição. Contudo, considerando que se trata de pedido de restituição, e que, consoante apontado pela decisão recorrida, o contribuinte não apresentou provas de que o pagamento indevido corresponde à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, entendo que deverá ser o presente feito convertido em diligência, para fins de confirmação e quantificação dos valores indevidamente pagos pelo contribuinte. Da conclusão Por todo o exposto, voto para dar parcial provimento ao recurso voluntário do contribuinte, para, em razão do reconhecimento do seu direito à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, determinar que a presente demanda seja convertida em diligência, para que seja confirmado e quantificado o valor a ser restituído, excluindose os valores anteriores a 03/03/2003, visto que já atingidos pela prescrição. Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Declaração de voto. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por MARIA EDUARDA ALENC AR CAMARA SIMOES
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