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Numero do processo: 13005.000602/2005-81
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITO DE ICMS A TERCEIRO. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. NÃO INCIDÊNCIA
Nos termos do art. 62, §2º do Anexo II do RICARF/2015, em obediência à decisão plenária do STF, no julgamento do RE 606.107, não há que se falar em incidência de PIS e Cofins sobre os valores recebidos a título de cessão onerosa a terceiros de créditos de ICMS provenientes de exportação.
Numero da decisão: 9303-006.901
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luis Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*
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camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITO DE ICMS A TERCEIRO. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. NÃO INCIDÊNCIA Nos termos do art. 62, §2º do Anexo II do RICARF/2015, em obediência à decisão plenária do STF, no julgamento do RE 606.107, não há que se falar em incidência de PIS e Cofins sobre os valores recebidos a título de cessão onerosa a terceiros de créditos de ICMS provenientes de exportação.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luis Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. Recorrente BRASFUMO IND BRASILEIRA DE FUMOS SA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITO DE ICMS A TERCEIRO. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. NÃO INCIDÊNCIA Nos termos do art. 62, §2º do Anexo II do RICARF/2015, em obediência à decisão plenária do STF, no julgamento do RE 606.107, não há que se falar em incidência de PIS e Cofins sobre os valores recebidos a título de cessão onerosa a terceiros de créditos de ICMS provenientes de exportação. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luis Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 00 06 02 /2 00 5- 81 Fl. 554DF CARF MF Processo nº 13005.000602/200581 Acórdão n.º 9303006.901 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 330100.235, que, na parte de interesse, decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS deve compor a base de cálculo das contribuições (PIS/Pasep e Cofins). Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial suscitando divergência quanto à incidência das contribuições sobre os valores oriundos de transferência de crédito de ICMS para terceiros. Em síntese, argumenta o recorrente que tais valores não se caracterizam como receita. Mediante despacho de admissibilidade do Presidente da Câmara competente da Terceira Seção do CARF, foi dado seguimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo. Após ciência do despacho, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.890, de 13/06/2018, proferido no julgamento do processo 11080.101559/200542, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.890): "Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo, em respeito ao art. 67 do RICARF/2015, vez que comprovada a divergência. Quanto ao cerne da lide, especificamente à discussão acerca da incidência de PIS sobre as receitas decorrentes da cessão onerosa de créditos de ICMS, vêse que deve ser reconhecida a ilegitimidade da inclusão na base de cálculo do PIS das r. receitas referentes à transferência de créditos de ICMS a terceiros. Ora, já houve decisão proferida no Recurso Extraordinário n° 606.107/RS que restou assim ementado: “IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA Fl. 555DF CARF MF Processo nº 13005.000602/200581 Acórdão n.º 9303006.901 CSRFT3 Fl. 4 3 EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestar lhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos, imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. Fl. 556DF CARF MF Processo nº 13005.000602/200581 Acórdão n.º 9303006.901 CSRFT3 Fl. 5 4 VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. Constatase que a decisão proferida no RE 606.107/RS, em sede de repercussão geral, deve ser aplicada de acordo com o disposto no RICARF: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Em vista de todo o exposto, dou provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo." Importante ressalvar que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o acúmulo de créditos do ICMS também foi decorrente de exportações para o exterior. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 557DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.722901/2013-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2009
COFINS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL.
No regime não-cumulativo de COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito da COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2009
PIS/PASEP. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL.
No regime não-cumulativo de PIS/Pasep, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito de PIS/Pasep, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-004.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2009 COFINS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime não-cumulativo de COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito da COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2009 PIS/PASEP. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime não-cumulativo de PIS/Pasep, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito de PIS/Pasep, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado.
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nome_relator_s : SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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secao_s : Terceira Seção De Julgamento
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro - Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Semíramis de Oliveira Duro.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2095; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 454 1 453 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.722901/201333 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301004.687 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2018 Matéria CREDITAMENTO NA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA Recorrente NORTE COMÉRCIO VAREJISTA E TRANSPORTE DE CAMINHÕES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009 COFINS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime nãocumulativo de COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito da COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009 PIS/PASEP. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime nãocumulativo de PIS/Pasep, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 29 01 /2 01 3- 33 Fl. 454DF CARF MF Processo nº 10280.722901/201333 Acórdão n.º 3301004.687 S3C3T1 Fl. 455 2 relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito de PIS/Pasep, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de autuação fiscal de PIS e COFINS, em decorrência das seguintes infrações: Valor do PIS Nãocumulativo apurado mensalmente nas planilhas, anexas, especificamente no quadro resumo. Na apuração relativa aos créditos registrados na DACON, excluímos as devoluções sobre vendas mensais, consideradas após análise, indevidas. Também foram excluídos os créditos relativos a despesas mensais com energia cujos valores não foram comprovados (planilhas anexas). Outros créditos excluídos foram os insumos, ditos mercadorias para revenda cujos produtos estão sujeitos à incidência monofásica, conforme expomos a seguir: Fl. 455DF CARF MF Processo nº 10280.722901/201333 Acórdão n.º 3301004.687 S3C3T1 Fl. 456 3 APURAÇÃO INDEVIDA DE CRÉDITO AQUISIÇÃO PARA REVENDA DE PRODUTOS SUJEITOS À INCIDÊNCIA MONOFÁSICA (TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA): Ficou configurado o aproveitamento, pelo contribuinte, de créditos de PIS/PASEP e COFINS calculados sobre aquisições de bens para revenda sujeitos à incidência monofásica (tributação concentrada). Nesta sistemática, a tomada de créditos por comerciantes atacadistas e varejistas é expressamente vedada pela legislação, conforme indica a alínea b, inciso I, do art. 3º das Leis n° 10.637/2002 e n° 10.833/2003, combinado com os incisos III e IV do § 1º do art. 2° dos mesmos diplomas legais. Notese que esses dispositivos excepcionam da regra geral dos bens adquiridos para revenda (e geradores de direito creditório), aqueles descritos nos parágrafos 1º e 1°A do art. 2° das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, quais sejam, justamente, os sujeitos ao regime de incidência monofásica. Desta forma, por si só, este comando legal veda, de forma inequívoca, a apuração de direito creditório em operações que envolvam produtos sujeitos à tributação mediante incidência monofásica. Em sede de impugnação, a empresa alegou que o próprio art. 17 da Lei n° 11.033/2004 não faz (e nem poderia) nenhuma distinção em relação à forma de tributação da origem do crédito. E, a parte final do dispositivo, exige apenas que os créditos estejam vinculados a essas operações de venda. Assim, qualquer limitação à manutenção dos créditos decorrentes da venda de produtos sujeitos ao regime "monofásico", estando o contribuinte vinculado à sistemática da nãocumulatividade, é inconstitucional por violar o princípio da igualdade tributária. Contestou as demais glosas por considerar que cumpriu o ônus probatório. A 9ª Turma da DRJ/SPO, no acórdão nº 1671.361, deu parcial provimento à impugnação, para reverter as glosas relativas a "devoluções sobre vendas mensais" e as glosas de despesas com energia, comprovadas nas efls. 308/333. A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009 COMPROVAÇÃO. Devem ser canceladas as glosas de crédito efetuadas por conta de falta de comprovação quando esta vem aos autos com a impugnação. DEVOLUÇÕES DE VENDAS.AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. É nula a glosa de créditos sem motivação. Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10280.722901/201333 Acórdão n.º 3301004.687 S3C3T1 Fl. 457 4 AQUISIÇÃO PARA REVENDA DE PRODUTO SUJEITO AO REGIME MONOFÁSICO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO A CRÉDITO. Inexiste crédito em relação às aquisições de produtos para revenda sujeitos ao regime monofásico. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009 COMPROVAÇÃO. Devem ser canceladas as glosas de crédito efetuadas por conta de falta de comprovação quando esta vem aos autos com a impugnação. DEVOLUÇÕES DE VENDAS.AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. É nula a glosa de créditos sem motivação. AQUISIÇÃO PARA REVENDA DE PRODUTO SUJEITO AO REGIME MONOFÁSICO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO A CRÉDITO. Inexiste crédito em relação às aquisições de produtos para revenda sujeitos ao regime monofásico. Tanto na impugnação, quanto em seu recurso voluntário, a Recorrente tece longo arrazoado para justificar o seu direito ao creditamento, para tanto interpreta a legislação federal e o princípio constitucional da nãocumulatividade. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, Relatora O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. A Recorrente tem como atividade comercial, a compra e venda, no atacado e varejo, de veículos novos e peças em geral relacionadas na Lei nº 10.485/02. A Lei nº 10.485/02, no art. 3º, §2º, I e II, prescreve que os produtos nela relacionados têm as alíquotas de PIS/COFINS reduzidas a 0% relativamente à receita bruta auferida por comerciantes atacadistas e varejistas. Alega que com a edição da Lei nº 10.833/2003, os produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 compõem a sua receita bruta para efeito de apuração de PIS/COFINS sob o regime da nãocumulatividade e que a manutenção dos créditos decorrentes da aquisição desses Fl. 457DF CARF MF Processo nº 10280.722901/201333 Acórdão n.º 3301004.687 S3C3T1 Fl. 458 5 produtos tem como fundamento legal o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 e o pedido de ressarcimento em espécie tem como fundamento legal o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Assim, com esse entendimento, os créditos de PIS/COFINS nãocumulativos, objeto do ressarcimento deste processo fiscal pela Recorrente, têm origem exclusiva na aplicação direta da alíquota de 7,6% sobre o valor de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), pois a alíquota das contribuições nas saídas subsequentes desses produtos foi reduzida a 0%. Então, a controvérsia nestes autos é o direito ao creditamento, no regime não cumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), ou seja, crédito com origem nas aquisições de produtos com incidência monofásica. Não assiste razão à Recorrente. Não há direito ao creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos e peças), conforme se justifica a seguir. Os art. 1o e 3o da Lei n° 10.485/2002 prescrevem: Art. 1o.As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Assim, para os veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI e dos produtos relacionados nos Anexos I e II, a cobrança de PIS/COFINS terá incidência monofásica, com alíquotas Fl. 458DF CARF MF Processo nº 10280.722901/201333 Acórdão n.º 3301004.687 S3C3T1 Fl. 459 6 diferenciadas para as pessoas jurídicas fabricantes e importadoras. O regime monofásico concentra a cobrança do tributo em uma etapa da cadeia produtiva, desonerando a etapa seguinte. E ainda, a referida lei reduziu a zero as alíquotas de PIS/COFINS incidentes sobre as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas ou varejistas com a venda desses mesmos produtos. O regime monofásico impõe que o fabricante ou importador dos produtos (monofásicos) recolham o PIS/COFINS com uma alíquota diferenciada e majorada, bem como a fixação de alíquota zero de PIS/COFINS sobre a receita auferida com a venda dos mesmos pelos demais participantes da cadeia produtiva (distribuidores, atacadistas e varejistas). Então, não se cogita do sistema de compensação entre créditos e débitos. Deste modo, a Lei nº 10.485/02 fixou a tributação devida ao PIS e à COFINS no início da cadeia produtiva, fabricantes e/ou importadores de veículos automotores e autopeças, estabelecendo alíquota mais elevada nesta etapa de comercialização, desonerando a fase posterior em que se encontram as concessionárias, mediante atribuição de alíquota zero, nos termos dos seus artigos 2º, § 2º, II; 3º, § 2º, I e II; e 5º, parágrafo único, esses dispositivos não foram revogadas pela Lei nº 10.833/03. A incidência monofásica das contribuições discutidas incorre na inviabilidade lógica e econômica do reconhecimento de crédito recuperável pelos comerciantes varejistas e atacadistas, pois inexistente cadeia tributária após a venda destinada ao consumidor final, razão pela qual o art. 17 da Lei nº 11.033/04, afigurase incompatível com este caso. Ademais, não há crédito em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485/2002 adquiridos para revenda, por vedação expressa dos art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art.1º, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). § 1º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) III no art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, Fl. 459DF CARF MF Processo nº 10280.722901/201333 Acórdão n.º 3301004.687 S3C3T1 Fl. 460 7 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) IV no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Logo, pela redação dos dispositivos supracitados, é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002, adquiridos para revenda. Alega a Recorrente que teria direito ao creditamento com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Esse dispositivo não se aplica ao caso em comento, pelas seguintes razões: a) referese à “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” nas operações de vendas com isenção, alíquota zero ou nãoincidência de PIS/COFINS, ou seja, tratase de créditos legalmente autorizados das contribuições (neste caso o crédito está proibido); b) é regra geral que coexiste com vedação ao creditamento por norma específica e, c) não revoga expressa ou tacitamente o inciso I, alínea “b”, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Por fim, quanto aos argumentos de inconstitucionalidade da vedação ao creditamento, por afronta ao princípio da nãocumulatividade, saliento que sobre esta matéria o CARF não pode se pronunciar, de acordo com a Súmula nº 2. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 460DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915955/2008-14
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jul 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/08/2001 a 31/08/2001
PIS/COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições para o PIS e Cofins, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Numero da decisão: 9303-006.406
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que não conheceram do recurso e, no mérito, por unanimidade de votos, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/08/2001 a 31/08/2001 PIS/COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições para o PIS e Cofins, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
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INCIDÊNCIA. VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. Recorrente SPECTRUM BRANDS BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2001 a 31/08/2001 PIS/COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições para o PIS e Cofins, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que não conheceram do recurso e, no mérito, por unanimidade de votos, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 55 /2 00 8- 14 Fl. 250DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pelo Contribuinte contra o Acórdão nº 3803004.515, de 24/09/2013, proferido pela 3ª Turma Especial da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que negou provimento ao recurso voluntário. No Recurso Especial, o contribuinte insurgiuse contra o não reconhecimento da isenção/imunidade das receitas decorrentes de vendas para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus (ZFM) ao pagamento da contribuição, alegando, em síntese, que as vendas realizadas para empresas localizadas naquela Zona Franca, para todos os efeitos fiscais, se equiparam a exportações e, por forca do disposto no art. 4º, do Decretolei nº 288/1967, c/c o art. 40 do ADCT da CF/1988, e, portanto, são isentas do PIS, nos termos do art. 14, II, c/ o § 1º da Medida Provisória nº 2.15835/2001, desde fevereiro de 1999. Por meio de despacho de exame de admissibilidade, o Presidente da Terceira Câmara da Terceira Seção deu seguimento ao recurso especial do contribuinte. Intimada do recurso especial do contribuinte e do despacho de sua admissibilidade, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.390, de 13/03/2018, proferido no julgamento do processo 10880.915948/200812, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.390): "O recurso apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos para sua admissibilidade. Portanto, deve ser conhecido. Fl. 251DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 4 3 Consoante o acórdão recorrido, o recurso voluntário do contribuinte foi improvido sob dois fundamentos a saber: i) falta de comprovação da certeza e liquidez do indébito reclamado, ou seja, não apresentou as notas fiscais (cópias) das vendas de mercadorias para empresas localizadas na ZFM nem documentos de suas internações naquela Zona Franca; e, ii) o não reconhecimento da isenção/imunidade das receitas de vendas de mercadorias para aquela Zona Franca ao pagamento do PIS e da Cofins. No entanto, o contribuinte, em seu recurso especial, suscitou divergência apenas em relação ao fundamento II: o não reconhecimento da isenção do PIS e da Cofins sobre as receitas de vendas à ZFM. Este fato, por si só, implicaria o não conhecimento do presente recurso, tendo em vista que apenas um dos fundamentos é suficiente para o indeferimento do ressarcimento pleiteado e, consequentemente, a não homologação da Dcomp em discussão. Contudo, por força do princípio da ampla defesa, entendo que o recurso deve ser conhecido. Como se trata de matéria recorrente nesta 3ª Turma da CSRF, adoto como fundamento para decidir, com base no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/1999, o Acórdão de nº 9303004.932, que proferi nos autos do processo nº 10380.008890/200202, na sessão realizada em 10 de abril de 2017, reproduzido a seguir: "O Sujeito Passivo sustenta que a isenção das contribuições teria como fundamento legal o art. 4º do DecretoLei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, abaixo transcrito: “Art. 4° A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.” (Grifouse) Entendo que esta tese não pode prevalecer, visto que o próprio dispositivo legal estabeleceu um limite temporal, qual seja, nos termos da legislação em vigor, isto é, a legislação tributária vigente em 1967. Assim sendo, este diploma legal e o DecretoLei nº 356/1968, que estendeu às áreas pioneiras, zonas de fronteira e outras localidades da Amazônia Ocidental os favores fiscais concedidos pelo DecretoLei nº 288/67, não têm o condão de produzir efeitos em relação à legislação superveniente. É certo que se interpreta literalmente a lei que dispõe sobre outorga de isenção, segundo o Código Tributário Nacional no art. 111, inciso II. Deste modo, em relação ao período de apuração objeto do presente processo, o art. 14 da Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de Junho de 1999 que passou a disciplinar os casos de isenção da contribuição cumulativa dispõe, in verbis: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: I dos recursos recebidos a título de repasse, oriundos do Orçamento Geral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelas empresas públicas de sociedades de economia mista; II da exportação de mercadorias para o exterior; III dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; Fl. 252DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 5 4 IV do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronave em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; V do transporte internacional de cargas ou passageiros; VI auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação, modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro REB, instituído pela Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997; VII de frete de mercadorias transportadas entre o País e o exterior pelas embarcações registradas no REB, de que trata o art. 11 da Lei nº 9.432, de 1997; VIII de vendas realizadas pelo produtor/vendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IX de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. § 1º São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. § 2º As isenções previstas no caput e no parágrafo anterior não alcançam as receitas e vendas efetuadas: I a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus, na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio; II a empresa estabelecida em zona de processamento de exportação; III a estabelecimento industrial, para industrialização de produtos destinados a exportação, ao amparo do art. 3º da Lei nº 8.402, de 8 de janeiro de 1992. (grifouse) Este diploma legal foi ajustado na Medida Provisória nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000, em razão de medida cautelar deferida pelo Excelso Supremo Tribunal Federal STF, na ADI n° 2.3489, impetrada pelo Governador do Estado do Amazonas, quanto ao disposto no inciso I do § 2º do artigo 14 da Medida Provisória n° 2.03724, de 2000, suspendendo ex nunc a eficácia da expressão “na Zona Franca de Manaus”. Não se pode perder de vista que o Supremo Tribunal Federal em 02 de fevereiro de 2005 declarou a perda de objeto da referida ADI, decisão transitada em julgado. Fl. 253DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 6 5 Destarte, da inteligência do artigo citado, concluise que até a edição da Medida Provisória nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000, em relação às vendas para empresas situadas na Zona Franca de Manaus, não havia isenção da contribuição e posteriormente a esta data a isenção alcança somente as receitas de vendas enquadradas nos incisos IV, VI, VIII e IX do citado diploma legal. Vale lembrar que esse status somente foi modificado pela Medida Provisória nº 202/2004, publicada em 26/7/2004, convertida na Lei 10.996/2004, com vigência em 16/12/2004, que estabeleceu a alíquota zero da Cofins incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus: “Art. 2º Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendemse como vendas de mercadorias de consumo na Zona Franca de Manaus ZFM as que tenham como destinatárias pessoas jurídicas que as venham utilizar diretamente ou para comercialização por atacado ou a varejo. § 2º Aplicamse às operações de que trata o caput deste artigo as disposições do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003.” Tal matéria já foi objeto de discussão neste Colegiado, razão pela qual adoto como fundamentos para decidir, com base no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784, de 1999, o entendimento aplicado no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, no qual foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Júlio César Alves Ramos, proferido pela CSRF no julgamento do processo 10650.902444/201141, conforme reproduzido abaixo: A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 Fl. 254DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 7 6 da MP nº 2.03724/ 00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/ 2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/ 2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais, nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já Fl. 255DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 8 7 vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia –pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decreto lei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de Fl. 256DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 9 8 algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse Fl. 257DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 10 9 entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 11 10 E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10880.915955/200814 Acórdão n.º 9303006.406 CSRFT3 Fl. 12 11 o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte." Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir. Como visto, com a edição da Medida Provisória nº 202/2004, publicada em 26/7/2004, convertida na Lei nº 10.996/2004, com vigência em 16/12/2004, o legislador, de forma acertada, reconheceu que não havia isenção das contribuições para o PIS e da Cofins sobre a receita de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus, pois não tinha lógica reduzir a alíquota zero uma receita que, em tese, estava isenta, como defendeu o Sujeito Passivo. Assim, até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Em suma, a receita de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus no período de apuração em discussão não era isenta ou imune da mencionada nos termos da legislação de regência." À luz do exposto, conheço do recurso especial do contribuinte e, no mérito, negolhe provimento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido mas, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 260DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10970.720131/2016-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Aug 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2012, 2013, 2014
SALÁRIO INDIRETO. PRÊMIO DE INCENTIVO ATRAVÉS DE CARTÕES.
Os prêmios são considerados parcelas salariais suplementares, pagas em função do exercício de atividades se atingidas determinadas condições, a título de incentivo ao aumento da produtividade. Neste sentido, adquirem caráter estritamente contra prestativo e integra o salário de contribuição por possuir natureza remuneratória.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO PELAS FONTES PAGADORAS.
A empresa é obrigada a arrecadar as contribuições sociais dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, mediante desconto na respectiva remuneração, e a recolher o produto arrecadado.
Para que a empresa possa se eximir de reter o valor da contribuição sobre a remuneração paga ao contribuinte individual que lhe preste serviço, é necessário que o profissional informe previamente que já sofreu o desconto até o limite máximo do salário-de-contribuição no mês, ou identifique as empresas que efetuarão o desconto até o limite máximo do salário-de-contribuição. Em qualquer caso, a empresa deve manter arquivadas, à disposição da RFB cópias dos comprovantes de pagamento ou a declaração apresentada pelo contribuinte individual, para fins de apresentação ao INSS ou à RFB, quando solicitado.
Numero da decisão: 2201-004.579
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Relator, Douglas Kakazu Kushiyama e Marcelo Milton da Silva Risso, que deram provimento parcial para afastar a qualificação da penalidade de ofício. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Ano-calendário: 2012, 2013, 2014 SALÁRIO INDIRETO. PRÊMIO DE INCENTIVO ATRAVÉS DE CARTÕES. Os prêmios são considerados parcelas salariais suplementares, pagas em função do exercício de atividades se atingidas determinadas condições, a título de incentivo ao aumento da produtividade. Neste sentido, adquirem caráter estritamente contra prestativo e integra o salário de contribuição por possuir natureza remuneratória. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO PELAS FONTES PAGADORAS. A empresa é obrigada a arrecadar as contribuições sociais dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, mediante desconto na respectiva remuneração, e a recolher o produto arrecadado. Para que a empresa possa se eximir de reter o valor da contribuição sobre a remuneração paga ao contribuinte individual que lhe preste serviço, é necessário que o profissional informe previamente que já sofreu o desconto até o limite máximo do salário-de-contribuição no mês, ou identifique as empresas que efetuarão o desconto até o limite máximo do salário-de-contribuição. Em qualquer caso, a empresa deve manter arquivadas, à disposição da RFB cópias dos comprovantes de pagamento ou a declaração apresentada pelo contribuinte individual, para fins de apresentação ao INSS ou à RFB, quando solicitado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Relator, Douglas Kakazu Kushiyama e Marcelo Milton da Silva Risso, que deram provimento parcial para afastar a qualificação da penalidade de ofício. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
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PRÊMIO DE INCENTIVO Recorrente MATABOI ALIMENTOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Anocalendário: 2012, 2013, 2014 SALÁRIO INDIRETO. PRÊMIO DE INCENTIVO ATRAVÉS DE CARTÕES. Os prêmios são considerados parcelas salariais suplementares, pagas em função do exercício de atividades se atingidas determinadas condições, a título de incentivo ao aumento da produtividade. Neste sentido, adquirem caráter estritamente contra prestativo e integra o salário de contribuição por possuir natureza remuneratória. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO PELAS FONTES PAGADORAS. A empresa é obrigada a arrecadar as contribuições sociais dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, mediante desconto na respectiva remuneração, e a recolher o produto arrecadado. Para que a empresa possa se eximir de reter o valor da contribuição sobre a remuneração paga ao contribuinte individual que lhe preste serviço, é necessário que o profissional informe previamente que já sofreu o desconto até o limite máximo do saláriodecontribuição no mês, ou identifique as empresas que efetuarão o desconto até o limite máximo do saláriode contribuição. Em qualquer caso, a empresa deve manter arquivadas, à disposição da RFB cópias dos comprovantes de pagamento ou a declaração apresentada pelo contribuinte individual, para fins de apresentação ao INSS ou à RFB, quando solicitado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 0. 72 01 31 /2 01 6- 69 Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 337 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Relator, Douglas Kakazu Kushiyama e Marcelo Milton da Silva Risso, que deram provimento parcial para afastar a qualificação da penalidade de ofício. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 272/287, interposto contra decisão da DRJ em Brasília/DF, de fls. 244/262, que julgou procedente o lançamento de contribuições previdenciárias de fls. 2/11 dos autos, lavrado em 1º/12/2016, relativo às competências de janeiro/2012 a dezembro/2014, com ciência da RECORRENTE em 06/12/2016, conforme termo de ciência de lançamento e encerramento total do procedimento fiscal (fls. 175). O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado no valor de R$ 256.713,19, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e a correspondente multa de ofício qualificada de 150%, aplicada nos termos do art. 44, I, e §1º da Lei n° 9.430/96. Conforme o Relatório Fiscal (fls.12/19) o crédito lançado é referente às contribuições previdenciárias devidas pelos segurados empregados e contribuintes individuais, não declaradas em GFIP e não recolhidas pela empresa RECORRENTE. Tratase de remuneração fora da folha de pagamento através de cartões magnéticos realizados pela empresa IS MARKETING LTDA a título de “prêmios de incentivo” para segurados empregados e contribuintes individuais. Sobre estas remunerações, a RECORRENTE não as declarou em GFIP tampouco recolheu as contribuições previdenciárias. Assim foi o procedimento fiscalizatório: Ao analisarmos a contabilidade do MATABOI, extraída através do Sistema Público de Escrituração Digital (Arquivos Hash: A57729D68938041E6DD6C5903ED72E760E795578; Fl. 337DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 338 3 7973DD347BDE9ED02D42196663081E9900A074AD e 46E3D8FF5304F768E556E2E88D64F40A541C82FE) verificamos que existiam duas contas de despesas com Publicidade e Propaganda, a conta nº 442020031 e a conta nº 441020008. Na conta n º 441020008 o histórico dos lançamentos faziam menção ao “Serviço de Incentivo/Premiação de Marketing” e também à empresa IS MARKETING LTDA, conforme podemos verificar no extrato dos lançamentos contábeis desta conta, que compõe o Anexo I a este relatório. Solicitamos então que o MATABOI apresentasse as notas fiscais de prestação de serviço, bem como a relação dos beneficiários dos pagamentos efetuados pela empresa e o contrato firmado entre as empresas. As notas fiscais foram apresentadas, mas nem o contrato de prestação de serviço entre as duas empresas, nem a relação de beneficiários foram apresentados. O MATABOI alegou que não tinha contrato assinado com a IS MARKETING LTDA nem a relação dos beneficiários. Posteriormente, em conversa com o Sr. Carlos G. Pena, gerente tributário da empresa, este nos informou que, como houve mudança na administração da empresa recentemente, com vários funcionários substituídos, o MATABOI não tinha os arquivos e informações referentes ao pagamento de prêmios, e que este procedimento não era mais adotado na empresa. Algumas notas fiscais apresentadas pelo MATABOI tinham como descrição do serviço “Campanha de Incentivo” e à parte, a “Comissão da Agência”. Posteriormente as notas fiscais passaram a descrever como serviço prestado “Campanha de Marketing”, permanecendo a “Comissão da Agência” em separado. Diante da situação colocada, decidimos por abrir uma diligência fiscal, autorizada pelo Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal nº 0610900.2016.00266 na empresa IS MARKETING LTDA, CNPJ: 10.319.534/000139, sendo solicitados os seguintes documentos por meio de Termo de Intimação Fiscal, ciência postal em 05/09/2016: Notas fiscais emitidas para a empresa MATABOI ALIMENTOS LTDA – CNPJ: 16.820.052/000144, bem como cópia dos contratos de prestação de serviços celebrados com a mesma, NO PERÍODO ENTRE 01/2012 E 12/2014. Relação dos beneficiários dos serviços prestados à MATABOI, informando PARA CADA MÊS, ENTRE 01/2012 E 12/2014: NOME, CPF, VALOR DO BENEFÍCIO, DATA DO DEPÓSITO, BANCO E AGÊNCIA DE DEPÓSITO. No Termo de Intimação informamos que a contabilidade da IS MARKETING LTDA seria baixada diretamente do Sistema Público de Escrituração Digital. A IS MARKETING LTDA apresentou as notas fiscais emitidas, bem como a relação dos beneficiários dos serviços prestados ao MATABOI, indicando para cada nota fiscal emitida, o nome, CPF, valor do benefício, Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 339 4 número do cartão de depósito, ou dados bancários para depósitos, conforme o caso. A empresa apresentou ainda, junto com a relação de beneficiários de cada nota fiscal, uma cópia do “Formulário Card” com data de 17/06/2011, onde constam os dados da empresa solicitante, o nome, cargo e email do responsável pela solicitação, endereço de entrega da nota fiscal e endereço de entrega dos cartões, data de vencimento da nota fiscal, data da premiação, taxa e campo para observações. No “Formulário Card” o Sr. Rubens Vicente, então Diretor Administrativo Financeiro do MATABOI, aparece como o responsável pela solicitação. Cópia do ‘Formulário Card” compõe o Anexo II a este relatório, e cópia das notas fiscais compõe o Anexo III. Nenhum contrato firmado entre as empresas foi apresentado pela IS MARKETING LTDA. No exame dos livros diários e razão da IS MARKETING LTDA, baixados diretamente do SPED, (Arquivos Hash 623797571FC73BD15A3CFCE5ED5E968D51C650E1; 401206EEE9FC2FB8971FEA3417829EBB8396237B e 29E769DBAB76C7BF10F43607C9AB954FABEA3422) verificamos que a empresa contabiliza como receita apenas a comissão destacada nas notas fiscais, o restante do valor da nota fiscal é contabilizado como pagamento de prêmios, e normalmente a saída dos recursos é imediata. Mesmo depois que as notas fiscais emitidas passaram a mencionar como serviço prestado “ Campanha de Marketing”, os lançamentos contábeis continuaram da mesma maneira. A empresa IS MARKETING LTDA, aparentemente, só trabalha com pagamento de prêmios, e não atua na área de marketing, uma vez que, no exame da contabilidade de 2014, na conta de “Receita Bruta” o valor total das receitas está lançado na sub conta “Receita de Serviços Incentivos”. Nas contas de despesas de “Custo Direto dos Serviços”, em 2014, a subconta “Campanha de Marketing” não teve nenhuma movimentação financeira, permanecendo zerada o ano todo, enquanto a sub conta de “Despesas com Premiação” recebeu a maior parte do valor dos lançamentos das despesas. A partir da relação de beneficiários informada pela IS MARKETING LTDA, fizemos um batimento com as folhas de pagamentos e GFIP do MATABOI, onde constatamos que, boa parte dos beneficiários das premiações eram segurados empregados da empresa, mas em diversos casos não localizamos os beneficiários nas folhas de pagamentos nem nas GFIP. Solicitamos então que o MATABOI nos informasse se os beneficiários eram segurados empregados ou contribuintes individuais, e qual a remuneração deles em cada competência, bem como a contribuição previdenciária descontada de cada segurado, incluída em folha de pagamentos. Recebidas as informações solicitadas do MATABOI ALIMENTOS LTDA, preparamos o Anexo IV, onde relacionamos a cada competência, Fl. 339DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 340 5 os segurados beneficiados com os pagamentos de prêmios, a contribuição descontada em folha de pagamentos, e a diferença de contribuição devida, quando era o caso, para os segurados que ainda não haviam contribuído até o limite máximo a cada competência, o valor da premiação recebida. Observação: O MATABOI não informou a remuneração dos segurados que solicitamos, assim também deixamos de incluir esta informação no Anexo IV. No Anexo IV é possível verificar que os valores foram pagos de forma contínua, em todo o período auditado, e a maioria dos beneficiários segurados empregados, receberam o benefício durante todo o período que mantiveram vínculo com a empresa no período, retirando toda a hipótese de pagamento eventual ou ocasional, e deixando explícito que tais valores deveriam compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias. (...) VI ALÍQUOTAS APLICADAS: Sobre as remunerações dos segurados empregados, foram aplicadas alíquotas variáveis entre 8% e 11%, de acordo com a remuneração do segurado. Sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais foi aplicada alíquota de 11%. As contribuições dos segurados foram apuradas considerandose o limite máximo de contribuição do segurado a cada competência, do qual foi deduzido o valor da contribuição já descontada pela empresa em folha de pagamentos. No caso dos contribuintes individuais, para os quais a empresa não informou que houve retenção da contribuição do segurado, fizemos um batimento com as GFIP, e só foram incluídas no Auto de Infração as contribuições devidas, limitadas ao teto máximo e também após deduzidas as contribuições já declaradas em GFIP.” Por fim, foi lavrada a multa qualificada de 150%, com base no art. 44, I e §1º da Lei nº 9.430/1996, haja vista estarem presente nos autos as circunstâncias previstas no artigos 71 e 72 da lei nº 4.502/1964, quais sejam, sonegação e fraude, conforme dispõe o Relatório Fiscal: O dolo na prática das infrações é comprovado pelo seu caráter reiterado. As ações e omissões foram feitas por anos a fio, mês a mês, retirando qualquer hipótese de que tenham ocorrido por mero erro. As circunstâncias demonstram que, na empresa, havia uma intenção deliberada de reduzir o valor do tributo declarado, tanto que além de não ser incluído em folha de pagamentos, nem declarado em GFIP, o benefício de pagamento de prêmios também era disfarçado na contabilidade da empresa, utilizando se para isto uma falsa conta de “Publicidade e Propaganda”. Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 341 6 Conclusão: estando presentes os requisitos legais, aplicase a penalidade prevista no § 1º do artigo 44 da Lei 9.430/64, acima transcrito. Da Impugnação Tomando ciência do lançamento na data de 06/12/2016, conforme termo de ciência de lançamento e encerramento total do procedimento fiscal (fl. 175), a empresa apresentou a impugnação de fls. 183/194 em 04/01/2017. Ante a clareza e precisão didática do resumo da Impugnação elaborada pela DRJ em Brasília/DF, adotase, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório: Em 04/01/2017, o contribuinte apresentou sua peça de Impugnação de fls. 183/194 e juntada de documentos de fls. 195/236. Essa Impugnação deduz as questões fáticas e jurídicas a seguir sintetizadas. Da Campanha – Marketing de Incentivo. A premiação por produtividade não compõe o saláriocontribuição. Alega que a cobrança é equivocada e seguramente não deveria ocorrer, haja vista que os chamados cartões de incentivo são elaborados por empresas do ramo de marketing de relacionamento, as quais viabilizam a realização de uma espécie de publicidade interna. Menciona que a premiação é uma forma de marketing na medida em que promove a empresa, valorizando o funcionário/prestador de serviço e fazendo com que ele acredite mais na corporação para a qual trabalha. Essa valorização traz melhores resultados à empresa a partir da valorização dos próprios colaboradores, o que justifica a denominação “endomarketing” ou campanha motivacional. Registra que as premiações ofertadas em razão de campanhas de marketing de incentivo não se confundem nem com salário, nem com remuneração, na medida em que não apresentam um caráter obrigatório. Argumenta que é importante verificar que, em uma gama de aproximadamente 2.800 (dois mil e oitocentos) empregados, menos de 30 (trinta) deles foram agraciados com a premiação (pouco mais que 1% dos colaboradores), o que demonstra a diminuta proporção dos premiados e a clara existência de uma circunstância especial que os qualificasse, que, no caso, correspondia ao alcance de metas prédeterminadas. Pois, de fato, a finalidade dos prêmios decorrentes de campanhas de incentivo não consiste em retribuir qualquer espécie de trabalho prestado. A premiação depende do cumprimento de metas, servindo aquelas quantias não como remuneração, mas como recompensa, incentivando o colaborador. Afirma que, considerando o fato de que o Direito Tributário não pode alterar conceitos de direito privado empregados na Fl. 341DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 342 7 demarcação da competência, é inconcebível pretender sujeitar os prêmios de incentivo à incidência de contribuições previdenciárias. Portanto, não há que se falar em incidência da contribuição previdenciária capitulada no artigo 22, I, da Lei n° 8.212/91, eis que os valores recebidos de forma parcelada a título de ganhos eventuais não estão sujeitos a incidência previdenciária. Com efeito, não se pode situar o prêmio dentre a base de cálculo da contribuição social de seguridade, visto que o legislador, elaborando a rígida catalogação das situações que dão lugar à incidência, exclui dessa estrutura fechada do tipo tributário toda e qualquer possibilidade de subsunção do item 7 do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei 8.212/91, eis que não integram o saláriode contribuição as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário. Concluiu que a Impugnante está desobrigada de reter e recolher a contribuição, uma vez que os valores indiscutivelmente se referem a premiações. Da impossibilidade da aplicação da multa agravada de 150%. Inexistência de conduta dolosa. Argumenta que, ao contrário do que acredita a Receita Federal, a conta “Publicidade e Propaganda” jamais foi utilizada com o intuito de mascarar os valores creditados aos empregados e contribuintes individuais. Para sustenta a sua tese, afirma que a operação de concessão de cartão é uma verdadeira “publicidade interna”, na medida em que o marketing é direcionado aos empregados e prestadores de serviço, que, ao serem recompensados pelo alcance de metas, são premiados pela empresa e acabam valorizando a sua posição na corporação. Logo, a premiação promove a empresa na medida em que faz o empregado ou o prestador de serviços acreditar no seu futuro dentro da corporação, trazendo melhores resultados. Tudo, graças a uma intensa campanha motivacional pautada no binômio resultado “versus” recompensa. Alegar que a identificação do dolo não pode se justificar exclusivamente pelo caráter reiterado do pagamento das premiações, que, como foi citado, decorre de simples fragmentação do prêmio. A conduta dolosa deve ser exaustivamente demonstrada, não podendo decorrer de presunções ou meros indícios. Isto porque, o dolo é a intenção evidenciada de suprimir o pagamento de tributos, o que não é o caso. E, mesmo que a D. Fiscalização entenda que a premiação concedida aos funcionários e prestadores de serviços da Impugnante tenha natureza salarial, não é possível afirmar que a própria corporação entendia da mesma forma. Menciona que mesmo que o Fisco entenda pela prática de uma conduta dolosa tendente à supressão de tributos no período de 2012 a 2014, seria desarrazoado transferir essa conduta personalíssima a uma gestão pautada na lealdade e boafé. E, Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 343 8 para isso, afirma o novo quadro societário do Mataboi tem demonstrado incessantemente a sua intenção de cumprimento integral das obrigações tributárias. Prova disso foi a adesão ao REFIS da Lei nº 12.996/2014, mediante o qual foi parcelado um débito de aproximadamente sessenta milhões de reais. Concluiu que a multa agravada deve ser afastada, tanto em razão da ausência de conduta dolosa, justificada pela divergência de entendimentos quanto à natureza jurídica da premiação, como em virtude da aquisição do Mataboi, acompanhada de um novo modelo de gestão, que abortou o modelo de premiação vigente em 2014. Da não identificação dos recolhimentos dos contribuintes individuais. Alega que, ao apurar o valor da contribuição previdenciária devida pelo prestador de serviços e retida pela empresa, a Receita Federal do Brasil não verificou outros recolhimentos que estavam sujeitos os contribuintes individuais, cobrando, em sua grande maioria, o teto de contribuição. Menciona que é impossível desvendar os recolhimentos efetuados por outras empresas que contrataram os prestadores de serviços citados na autuação, o que o coloca em uma situação de fragilidade perante as alegações do Fisco. Nesse sentido, é imprescindível que a Receita Federal identifique tais recolhimentos e comprove nos autos a necessidade do pagamento adicional das contribuições dos prestadores de serviços. Concluiu que, levando em consideração que a Receita Federal não comprovou que os segurados prestavam serviços apenas para a Impugnante, o presente auto de infração não merece prosperar. IV DOS PEDIDOS Requer que: 1. a total procedência da presente Impugnação para fins de desconstituição do crédito tributário ora lançado; 2. seja a Impugnante desobrigada de reter e recolher a contribuição dos segurados, relativas às premiações decorrentes de campanhas de marketing de incentivo, correspondentes ao período compreendido de janeiro de 2012 a dezembro de 2014; 3. seja o presente Auto de Infração anulado em virtude da ausência de comprovação pela Autoridade Fiscal de que os contribuintes individuais estariam sujeitos apenas aos recolhimentos efetuados pela Impugnante, exigindolhe, em sua maioria, o teto das contribuições, sem computar as quantias recolhidas por outras empresas concernentes aos mesmos segurados; Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 344 9 4. seja afastada a multa agravada, tanto em razão da ausência de conduta dolosa, justificada pela divergência de entendimentos quanto à natureza jurídica da premiação, como em virtude da aquisição do Mataboi, acompanhada de um novo modelo de gestão, que abortou o modelo de premiação vigente em 2014; 5. caso não seja o entendimento da D. Fiscalização, esperase que, ao menos, seja determinada a redução da multa, a fim de elidir seu efeito confiscatório; 6. A Impugnante protesta ainda por todos os meios de prova em direito admitidas, dentre elas a juntada de novos documentos, tudo em respeito ao princípio da verdade material. Requer ainda que as intimações sejam realizadas exclusivamente no endereço da sede da empresa, a saber: Av. Theodoreto Veloso de Carvalho, nº 2053 – Bairro Paineiras – Araguari/MG – CEP:38.445198. É o relatório. Da decisão da DRJ em Brasília/DF A DRJ, às fls. 244/262 dos autos, julgou procedente o lançamento, conforme acórdão com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2014 REMUNERAÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO OU DE INCENTIVO. SALÁRIO INDIRETO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter de retribuição pelo serviço, ou seja, contraprestação de serviço prestado. Inteligência do art. 28 da Lei 8.212/1991. As vantagens econômicas oferecidas aos segurados empregados e contribuintes individuais, por meio de cartão de premiação ou de incentivo ou ainda por meio de depósito em contas, configuramse ganho patrimonial do segurado beneficiário decorrente exclusivamente do trabalho, ostentando, portanto, natureza remuneratória na forma de salário indireto, e, nessa condição, parcela integrante do conceito legal de salário de contribuição, que é base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. REMUNERAÇÃO A PESSOAS FÍSICAS. INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. É devida contribuição sobre remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais a serviço da empresa. A contribuição Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 345 10 incidente sobre os valores recebidos por contribuintes individuais fica a cargo do tomador destes serviços (Impugnante). Inteligência do art. 4o da Lei 10.666/2003. MULTA QUALIFICADA. APURAÇÃO PELA AUTORIDADE AUTUANTE DE ATOS QUE SE ENQUADRAM NO ART. 44, §1° DA LEI N° 9.430/96, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI N° 11.488/07. Restando demonstrado que o contribuinte agiu de forma dolosa, com o intuito consciente de impedir ou retardar o conhecimento por parte do Fisco, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, conforme demonstrado nos autos, é de se aplicar à multa de ofício qualificada, nos termos do art. 44, § 1º da Lei 9.430/1996, com redação dada pela Lei 11.488/2007. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a penalidade de multa nos moldes da legislação em vigor. INTIMAÇÕES ENDEREÇADAS AO ENDEREÇO SEDE DA EMPRESA. O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço postal ou eletrônico fornecido pelo próprio contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fins cadastrais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Nas razões do voto do referido julgamento, rebateu, uma a uma, as alegações da RECORRENTE, mantendo o lançamento objeto do presente processo. Em síntese, entendeu no mérito que, para fins previdenciários, o conceito de remuneração não são apenas as verbas recebidas pelo trabalhador em razão direta e unívoca do trabalho prestado ao empregador, mas engloba, também, o chamado salário indireto. Portanto, ainda que pagas a título de bônus ou incentivo, sob tais valores devem incidir as contribuições previdenciárias. Quanto às alegações de que o fisco não verificou o teto de recolhimento dos contribuintes individuais, entendeu a DRJ que não compete ao fisco demonstrar que os valores apurados estariam acima de um suposto teto salarial de contribuição dos segurados. Deveria o contribuinte ter comprovado tais alegações através da juntada de documentação hábil e idônea, o que não foi feito no presente caso. Por fim, entendeu ser devida a aplicação da multa qualificada, pois a conduta do contribuinte foi reiterada ao longo do tempo, o que indica a vontade livre e consciente do RECORRENTE de praticar condutas que buscam ocultar a ocorrência do fato gerador. Portanto, presente o dolo de fraudar o fisco. Do Recurso Voluntário Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 346 11 A RECORRENTE, devidamente intimada da decisão da DRJ em 30/03/2017, conforme faz prova o “Termo de Ciência por Abertura de Mensagem” de fl. 269, apresentou seu recurso voluntário de fls. 272/287em 27/04/2017. Em suas razões de recurso, a RECORRENTE reiterou as afirmações de sua impugnação. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim – Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. Do lançamento das contribuições previdenciárias sobre os pagamentos efetuados a título de prêmios por desempenho Conforme relatado, a RECORRENTE pagava habitualmente aos seus colaboradores (internos e externos) prêmios de incentivo através de cartões magnéticos fornecidos e administrados pela empresa IS MARKETING COMUNICAÇÃO LTDA (CNPJ 10.319.534/000139), contudo, não declarava tais valores em GFIP nem tampouco efetuava o recolhimento das contribuições previdenciárias pois entendia não serem devidas. Quanto ao mérito em si, vale consignar que a questão central cingese em conferir ou não natureza salarial aos valores pagos a título de marketing de incentivo, já que sobre tais rubricas a empresa não fez incidir, nem mesmo recolher, as contribuições previdenciárias que ora se cobram. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras: "Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 347 12 convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa;" (Redação dada pela Lei n°9.528, de 10/12/97). Já para os trabalhadores contribuintes individuais, o art. 28, III da referida lei, assim dispõe: "Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o §5°;" A definição de "prêmios" dada pela RECORRENTE se coaduna com de parcelas suplementares pagas em razão do exercício de atividades, tendo o empregado alcançado resultados no exercício da atividade laboral. O ilustre professor Mauricio Godinho Delgado, em seu livro "Curso de Direito do Trabalho", 3° edição, editora LTr, pág. 747, assim referese ao assunto: "(...) Os prêmios consistem em parcelas contra prestativas pagas pelo empregador ao empregado em decorrência de um evento ou circunstância tida como relevante pelo empregador e vinculada à conduta individual do obreiro ou coletiva dos trabalhadores da empresa. (...) O prêmio, na qualidade de contraprestação paga pelo empregador ao empregado, têm nítida feição salarial." Claro é o posicionamento do STF, acerca da natureza salarial dos prêmios, posto o descrito na súmula 209, nestes termos: "Súmula 209 — SalárioPrêmio, salário —produção. O salário produção, como outras modalidades de salário prêmio, é devido, desde que verificada a condição a que estiver subordinado, e não pode ser suprimido, unilateralmente, pelo empregador, quando pago com habitualidade." Os prêmios são considerados parcelas salariais suplementares, pagas em função do exercício de atividades atingindo determinadas condições. Neste sentido, adquirem caráter estritamente contra prestativo, ou seja, de um valor pago a mais, um "plus", em função do alcance de metas e resultados. Não têm por escopo indenizar despesas, ressarcir danos, mas atribuir um incentivo ao empregado. Segundo o professor Amauri Mascaro Nascimento, em seu livro Manual do Salário, Ed. Ltr, p. 334, nestas palavras: "Prêmio é modalidade de salário vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalhador, como produtividade e eficiência. Os prêmios caracterizamse por seu aspecto condicional, sendo que uma vez instituídos e pagos com habitualidade não podem ser suprimidos ." Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 348 13 Pelo exposto o campo de incidência é delimitado pelo conceito remuneração. Remunerar significa retribuir o trabalho realizado. Desse modo, qualquer valor em pecúnia ou em utilidade que seja pago a uma pessoa natural em decorrência de um trabalho executado ou de um serviço prestado, ou até mesmo por ter ficado à disposição do empregador, está sujeito à incidência de contribuição previdenciária. Cabe destacar nesse ponto, que os conceitos de salário e de remuneração não se confundem. Enquanto o primeiro é restrito à contraprestação do serviço devida e paga diretamente pelo empregador ao empregado, em virtude da relação de emprego; a remuneração é mais ampla, abrangendo o salário, com todos os componentes, e as gorjetas, pagas por terceiros. Ora, perceba que a regra matriz de incidência das contribuições previdenciárias não é limitada pelo conceito de salário, mas sim por todas as remunerações recebidas pelos contribuintes (sejam eles individuais ou empregados). Ademais, a legislação previdenciária é clara quando destaca, em seu art. 28, §9°, quais as verbas que não integram o salário de contribuição. Tais parcelas não sofrem incidência de contribuições previdenciárias em razão de sua natureza indenizatória ou assistencial. Pela análise do dispositivo legal, podemos observar que não existe nenhuma exclusão quanto aos prêmios concedidos seja aos segurados empregados ou contribuintes individuais. Além disso, o texto legal não cria distinção entre as exclusões aplicáveis aos empregados e aos contribuintes individuais. Desta forma, em razão do princípio da estrita legalidade, considerando que as contribuições previdenciárias incidem sobre a remuneração (e não sobre o salário como argumenta o RECORRENTE) e considerando também que não há ressalva expressa acerca da incidência das contribuições previdenciárias sob os prêmios pagos com habitualidade, entendo ser procedente o lançamento. Da não identificação dos recolhimentos dos contribuintes individuais. Alega a RECORRENTE que “ao apurar o valor da contribuição previdenciária devida pelo prestador de serviços e retida pela empresa, a Receita Federal do Brasil não verificou outros recolhimentos que estavam sujeitos os contribuintes individuais, cobrando, em sua grande maioria, o teto de contribuição”. Neste sentido, defende que era dever da autoridade fiscal identificar o recolhimento dos contribuintes individuais e comprovar nos autos a necessidade de retenção, pela RECORRENTE, de contribuição adicional em razão da prestação dos serviços pelos contribuintes individuais. Contudo, não devem prosperar as alegações da RECORRENTE. Conforme dispõe o art. 216, §§ 28 e 29 do Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3048/99), caso o contribuinte individual preste serviços, no mesmo mês, a mais de uma empresa, cabe a ele comprovar às que sucederem à primeira o valor ou valores Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 349 14 sobre os quais já tenha incidido o desconto da contribuição, de forma a se observar o limite máximo do saláriodecontribuição. Desta feita, o mesmo contribuinte individual que prestar, regularmente, serviços a uma ou mais empresas, pode, sob sua inteira responsabilidade, indicar qual ou quais empresas e sobre qual valor deverá proceder o desconto da contribuição, de forma a respeitar o limite máximo, e dispensar as demais empresas dessa providência: Art. 216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais: (...) § 28. Cabe ao próprio contribuinte individual que prestar serviços, no mesmo mês, a mais de uma empresa, cuja soma das remunerações superar o limite mensal do saláriode contribuição, comprovar às que sucederem à primeira o valor ou valores sobre os quais já tenha incidido o desconto da contribuição, de forma a se observar o limite máximo do salário decontribuição. § 29. Na hipótese do § 28, o Instituto Nacional do Seguro Social poderá facultar ao contribuinte individual que prestar, regularmente, serviços a uma ou mais empresas, cuja soma das remunerações seja igual ou superior ao limite mensal do salário decontribuição, indicar qual ou quais empresas e sobre qual valor deverá proceder o desconto da contribuição, de forma a respeitar o limite máximo, e dispensar as demais dessa providência, bem como atribuir ao próprio contribuinte individual a responsabilidade de complementar a respectiva contribuição até o limite máximo, na hipótese de, por qualquer razão, deixar de receber remuneração ou receber remuneração inferior às indicadas para o desconto. Sobre o tema, dispõe o art. 67 da IN RFB nº 971/2009 o seguinte: Art. 67. O contribuinte individual que prestar serviços a mais de uma empresa ou, concomitantemente, exercer atividade como segurado empregado, empregado doméstico ou trabalhador avulso, quando o total das remunerações recebidas no mês for superior ao limite máximo do saláriodecontribuição deverá, para efeito de controle do limite, informar o fato à empresa em que isto ocorrer, mediante a apresentação: I do comprovante de pagamento ou declaração previstos no § 1º do art. 64, quando for o caso; II do comprovante de pagamento previsto no inciso V do art. 47, quando for o caso. § 1º O contribuinte individual que no mês teve contribuição descontada sobre o limite máximo do saláriodecontribuição, em uma ou mais empresas, deverá comprovar o fato às demais Fl. 349DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 350 15 para as quais prestar serviços, mediante apresentação de um dos documentos previstos nos incisos I e II do caput. § 2º Quando a prestação de serviços ocorrer de forma regular a pelo menos uma empresa, da qual o segurado como contribuinte individual, empregado ou trabalhador avulso receba, mês a mês, remuneração igual ou superior ao limite máximo do saláriode contribuição, a declaração prevista no inciso I do caput, poderá abranger um período dentro do exercício, desde que identificadas todas as competências a que se referir, e, quando for o caso, daquela ou daquelas empresas que efetuarão o desconto até o limite máximo do saláriodecontribuição, devendo a referida declaração ser renovada ao término do período nela indicado ou ao término do exercício em curso, o que ocorrer primeiro. § 3º O segurado contribuinte individual é responsável pela declaração prestada na forma do inciso I do caput e, na hipótese de, por qualquer razão, deixar de receber a remuneração declarada ou receber remuneração inferior à informada na declaração, deverá recolher a contribuição incidente sobre a soma das remunerações recebidas das outras empresas sobre as quais não houve o desconto em face da declaração por ele prestada, observados os limites mínimo e máximo do saláriode contribuição e as alíquotas definidas no art. 65. § 4º A contribuição complementar prevista no § 3º, observadas as disposições do art. 65, será de: I 11% (onze por cento) sobre a diferença entre o saláriode contribuição efetivamente declarado em GFIP, somadas todas as fontes pagadoras no mês, e o saláriodecontribuição sobre o qual o segurado sofreu desconto; ou II 20% (vinte por cento) quando a diferença de remuneração provém de serviços prestados a outras fontes pagadoras que não contribuem com a cota patronal, por dispensa legal ou por isenção. § 5º O contribuinte individual deverá manter sob sua guarda cópia das declarações que emitir na forma prevista neste artigo juntamente com os comprovantes de pagamento, para fins de apresentação ao INSS ou à RFB, quando solicitado. § 6º A empresa deverá manter arquivadas, à disposição da RFB, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária, cópias dos comprovantes de pagamento ou a declaração apresentada pelo contribuinte individual, para fins de apresentação ao INSS ou à RFB, quando solicitado. Do acima exposto, é possível constatar que, para que a empresa possa se eximir de reter o valor da contribuição sobre a remuneração paga ao contribuinte individual que lhe preste serviço, é necessário que o profissional informe previamente que já sofreu o desconto até o limite máximo do saláriodecontribuição no mês, ou identifique as empresas que efetuarão o desconto até o limite máximo do saláriodecontribuição. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 351 16 Ou seja, a apresentação das declarações ou dos comprovantes de recolhimento das contribuições em nome do contribuinte individual devem ser apresentadas periodicamente e relativas a cada mês. Caso o profissional preste serviço de forma regular a pelo menos uma empresa e receba dela remuneração igual ou superior ao limite máximo do saláriode contribuição é que ele pode apresentar uma declaração que terá validade por um período predeterminado dentro do exercício em que for emitida. E este tipo de declaração deve se revestir de certas formalidades, como identificar “todas as competências a que se referir, e, quando for o caso, daquela ou daquelas empresas que efetuarão o desconto até o limite máximo do saláriodecontribuição”. A IN acima prevê também que tal declaração deve ser renovada periodicamente. Em qualquer caso, a empresa deve “manter arquivadas, à disposição da RFB, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária, cópias dos comprovantes de pagamento ou a declaração apresentada pelo contribuinte individual, para fins de apresentação ao INSS ou à RFB, quando solicitado”, conforme dispõe o § 6º do art. 67, acima transcrito. Quando da apresentação de sua defesa, o contribuinte pode (e deve) apresentar e comprovar fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do Fisco de efetuar o lançamento. Dispõe neste sentido o art. 16 do Decreto 70.235/76, assim como o art. 373 do CPC, abaixo transcritos: Decreto 70.235/76 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; CPC Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Considerando ser ato volitivo do próprio contribuinte, cabe à empresa contribuinte comprovar que os prestadores de serviços citados na autuação expressamente optaram por não sujeitar seus rendimentos as contribuições previdenciárias por superar o limite máximo. Também nesta hipótese existe o dever legal da autoridade fiscalizadora de lançar o auto de infração fiscal, ante a expressa imposição legal contida art. 30, I, alínea “b”, da Lei 8.212/1991 e art. 4º da Lei 10.666/2003. De acordo com tudo o exposto, a RECORRENTE deveria ter solicitado dos contribuintes individuais a seu serviço, à época dos pagamentos efetuados, o comprovante de que as somas das remunerações recebidas por eles eram superiores ao limite máximo do saláriodecontribuição. Sem tal comprovação, não há como alterar o presente lançamento. Fl. 351DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 352 17 Da multa qualificada. Neste tópico, acredito assistir razão à RECORRENTE. Explico: Conforme o Relatório Fiscal (fls. 12/19) a multa de ofício qualificada em 150% foi capitulada no art. 44, I, e §1º da Lei n° 9.430/96. Em princípio, verificase que a autoridade lançadora não apresentou a necessária motivação da multa qualificada de forma detalhada. Como se sabe, a aplicação do percentual dobrado previsto no §1º do art. 44 da Lei n° 9.430/96 depende da ocorrência das circunstâncias previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, quais sejam, sonegação, fraude ou conluio. In casu, o auditor qualificou a multa com base na ocorrência de sonegação e fraude. Ocorre que tais condutas não podem ser presumidas e dependem da comprovação do dolo do RECORRENTE. Em outras palavras, competia à autoridade fiscal comprovar a vontade livre e consciente do contribuinte de prejudicar a arrecadação tributária. Contudo, o relatório fiscal apenas afirma que o dolo é comprovado pelo caráter reiterado da conduta, o que afastaria a hipótese de erro. Ora, de fato o caráter reiterado da conduta afasta a hipótese de erro, contudo, existe um enorme lapso entre ter sido uma conduta consciente do contribuinte e ter sido uma conduta consciente do contribuinte com o intuito de fraudar o fisco. Ademais, não há, por exemplo, notícia de que a RECORRENTE já sofreu uma autuação anterior com base nas mesmas fundamentações do presente lançamento. O caráter reiterado apontado pela autoridade fiscal ocorre dentro do próprio período de fiscalização que é objeto do presente lançamento (anos de 2012 a 2014), o que jamais pode se confundir com uma atitude reincidente da contribuinte. Para aplicar a multa no percentual majorado, não bastava a autoridade fiscal ter comprovado que o contribuinte de fato quis pagar premiações aos seus colaboradores através dos cartões de crédito disponibilizados pela IS MARKETING COMUNICAÇÃO LTDA, mas sim que ele o fez com o intuito claro e objetivo de fraudar o fisco. Como a própria autoridade lançadora expôs no Relatório Fiscal, esta prática de pagamento de “Prêmios de Incentivo à Produtividade” através de cartões magnéticos para remunerar pessoas era um “procedimento utilizado anos atrás por centenas de empresas”. Esta atitude demonstra que tal sistemática foi utilizada pelos contribuintes pois acreditavam não serem devidas contribuições previdenciárias sobre tais pagamentos. Contudo, este método de planejamento tributário não está de acordo com a lei, pois, conforme já exposto, os valores pagos através de tal sistemática são base de cálculo para as contribuições previdenciárias. Este relato evidencia que não houve uma atitude dolosa da RECORRENTE com o intuito claro de fraudar o fisco, mas sim um planejamento tributário equivocado. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 353 18 Assim, entendo que deve haver a desqualificação da multa pela nulidade da aplicação da multa de 150%, tendo em vista a não comprovação no dolo da conduta do autor, tendo em vista que inexiste o caráter supostamente reiterado. Em substituição à multa qualificada, deve ser aplicada ao caso a multa de 75%, a qual incide automaticamente em todo lançamento realizado de ofício pelo Fisco, nos termos do art. 44, I, da Lei nº 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Por fim, não merece prosperar a alegação do caráter confiscatório da multa. A verificação do caráter confiscatório perpassa por uma análise de constitucionalidade da legislação, cenário vedado em sede de recurso administrativo com base na Súmula nº 02 do CARF: Súmula 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Em razão do exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para desqualificar a multa aplicada em 150% para o percentual de 75%, devendo ser mantido integralmente o lançamento das contribuições previdenciárias. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Voto Vencedor Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra – Redator designado. Em que pese o brilhantismo do voto, divirjo do entendimento do i. Relator tão somente quanto à desqualificação da multa de ofício. O caso dos autos versa sobre o chamado “prêmio de incentivo à produtividade”, prática comum no passado recente entre diversos contribuintes, que se valiam das chamadas empresas de “marketing de incentivo” para a aquisição de cartões de premiação destinados aos seus empregados. Referida prática foi coibida pela Fiscalização previdenciária por se tratar de um planejamento tributário ilícito. O pagamento da premiação, através das empresas de Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10970.720131/201669 Acórdão n.º 2201004.579 S2C2T1 Fl. 354 19 marketing de incentivo, consiste em uma burla à legislação previdenciária, na medida em que suprime o tributo incidente sobre a folha de pagamento devido pelas empresas contratantes de mão de obra assalariada, caracterizando sonegação. No caso concreto, a Fiscalização ressaltou o caráter reiterado da prática da contribuinte, o que retira dela a hipótese de um mero desconhecimento de que a conduta seria ilícita. A repetição dos atos atesta o caráter doloso da agente de tentar esconder o fato gerador do tributo devido. De outro lado, restou caracterizada a fraude, na medida em que a contribuinte se utilizou de empresa interposta para pagar parte dos salários dos seus empregados, sob o disfarce de cartão de premiação, tentando excluir ou modificar as características essenciais fato gerador da obrigação tributária principal. Nesse diapasão, entendo que estão presentes os requisitos que fundamentam a qualificação da multa de ofício para 150% (cento e cinquenta por cento), notadamente o disposto nos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502/1964, a que faz remissão o art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/1996. Conclusão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Fl. 354DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11131.001402/2006-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 15/09/2003, 23/09/2003
DANO AO ERÁRIO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA.
O Dano ao Erário decorrente das infrações previstas no art. 23 do Decreto ei nº 1.455/1976 será punido com a pena de perdimento, sendo a mesma convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/09/2003, 23/09/2003
DA SUPOSTA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE. DA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. DO DESCABIMENTO.
Estando o crédito constituído em conformidade com o art. 142 do Códex Tributário e restando configurada a compreensão da autuada de tudo aquilo que lhe está sendo imputado, não se constitui em nulidade a ocorrência de mero lapso na indicação de normativos e ou dispositivos legais, por absoluta ausência de prejuízo ao sujeito passivo.
DA APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA DE JULGAMENTO. DO DESCABIMENTO.
A Administração Tributária deve se pautar pelo princípio da estrita legalidade, assim como pela presunção relativa de constitucionalidade das leis e atos normativos, não competindo à autoridade administrativa manifestar-se quanto à inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, incumbindo ao Poder Judiciário tal mister, seja no controle difuso, diante de um caso concreto, seja no controle concentrado, exercido pelo Supremo Tribunal Federal - STF.
Numero da decisão: 3401-005.102
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Mara Cristina Sifuentes - Relatora.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Marcos Roberto da Silva, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: MARA CRISTINA SIFUENTES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 15/09/2003, 23/09/2003 DANO AO ERÁRIO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA. O Dano ao Erário decorrente das infrações previstas no art. 23 do Decreto ei nº 1.455/1976 será punido com a pena de perdimento, sendo a mesma convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/09/2003, 23/09/2003 DA SUPOSTA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE. DA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. DO DESCABIMENTO. Estando o crédito constituído em conformidade com o art. 142 do Códex Tributário e restando configurada a compreensão da autuada de tudo aquilo que lhe está sendo imputado, não se constitui em nulidade a ocorrência de mero lapso na indicação de normativos e ou dispositivos legais, por absoluta ausência de prejuízo ao sujeito passivo. DA APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA DE JULGAMENTO. DO DESCABIMENTO. A Administração Tributária deve se pautar pelo princípio da estrita legalidade, assim como pela presunção relativa de constitucionalidade das leis e atos normativos, não competindo à autoridade administrativa manifestar-se quanto à inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, incumbindo ao Poder Judiciário tal mister, seja no controle difuso, diante de um caso concreto, seja no controle concentrado, exercido pelo Supremo Tribunal Federal - STF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso. Rosaldo Trevisan - Presidente. (assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes - Relatora. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Marcos Roberto da Silva, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
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MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA. O Dano ao Erário decorrente das infrações previstas no art. 23 do Decreto ei nº 1.455/1976 será punido com a pena de perdimento, sendo a mesma convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/09/2003, 23/09/2003 DA SUPOSTA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE. DA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. DO DESCABIMENTO. Estando o crédito constituído em conformidade com o art. 142 do Códex Tributário e restando configurada a compreensão da autuada de tudo aquilo que lhe está sendo imputado, não se constitui em nulidade a ocorrência de mero lapso na indicação de normativos e ou dispositivos legais, por absoluta ausência de prejuízo ao sujeito passivo. DA APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA DE JULGAMENTO. DO DESCABIMENTO. A Administração Tributária deve se pautar pelo princípio da estrita legalidade, assim como pela presunção relativa de constitucionalidade das leis e atos normativos, não competindo à autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, incumbindo ao Poder Judiciário tal mister, seja no controle difuso, diante de um caso concreto, seja no controle concentrado, exercido pelo Supremo Tribunal Federal STF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 13 1. 00 14 02 /2 00 6- 56 Fl. 177DF CARF MF Processo nº 11131.001402/200656 Acórdão n.º 3401005.102 S3C4T1 Fl. 178 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso. Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes Relatora. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Marcos Roberto da Silva, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado. Relatório Tratase de auto de infração para exigência da penalidade prevista no § 3º do art. 23, do Decretolei nº 1.455/1976, lavrada em 05/12/2006, no valor de R$ 43.173,66, equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas devido à impossibilidade de serem apreendidas. A fiscalização visou verificar a proibição da importação de pneus usados, conforme disposto nas Portarias Secex n° 08/2000, 17/2003 e 14/2004, acobertados pelas Declarações de Importação – DIs 03/07851650,03/07851650 e 03/08157219 que tiveram os respectivos Licenciamentos de Importação deferidos ex vi de decisão judicial, em sede de Agravo Regimental n° 2000.05.00.0591429, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, ficando o presente crédito com sua exigibilidade suspensa até ulterior decisão. A DRJ Fortaleza julgou improcedente a impugnação, por unanimidade de votos, acórdão nº 0824.752, de 06 de fevereiro de 2013. No entanto a DRJ entendeu que a lavratura ocorreu para prevenir a decadência e que o crédito encontravase com sua exigibilidade suspensa já que a ação judicial encontravase sem decisão definitiva por ocasião do lançamento. A empresa apresentou recurso voluntário: 1) Alega prescrição intercorrente por os fatos geradores terem ocorrido em 15/09/2003 e 23/09/2003, ter sido intimada do auto de infração em 11/12/2006, ter apresentado impugnação em 10/01/2007, o julgamento pela DRJ ter ocorrido em 06/02/2013 e ter sido intimada do resultado do julgamento em 17/04/2013; 2) A decisão judicial revogada foi para determinar a expedição das licenças de importação para carcaças de pneus usados. Após a cassação da liminar as importações foram consideradas irregulares. Todos os documentos Fl. 178DF CARF MF Processo nº 11131.001402/200656 Acórdão n.º 3401005.102 S3C4T1 Fl. 179 3 necessários à importação estavam em perfeita ordem por isso não há porque desconsiderar o desembaraço aduaneiro; 3) Que deveria ser aplicada a penalidade por importação ao desemparo de guia de importação e não pena de perdimento; 4) O RA/85 aplicável ao caso dado o momento em que foi praticado o ato não possuía dispositivo com a redação atual do art. 618 do RA/02; 5) O RIPI não estipula alíquota para a importação de pneus usados (0%) razão pela qual não há que se aplicar multa; 6) A multa é desproporcional e não houve prejuízo ao Estado. É o relatório. Voto Conselheira Mara Cristina Sifuentes, Relatora. O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. Preliminarmente quanto a ação judicial MS 200081000321092/CE encontra se decidida e o agravo 200005000591429 encontrase arquivado. Outrossim, após consulta realizada ao sítio do Poder Judiciário Federal (Telas de Consulta às fls.117129), verifiquei que o Acórdão, julgado em 05/02/2009, da lavra do ilustre Relator: Desembargador Paulo Roberto, do Egrégio Tribunal Regional Federal – TRF da 5ª Região, deu provimento à apelação interposta pela Fazenda Nacional – APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 92261CE (2000.81.00.0321092), e reformou (denegando a segurança) a sentença de 1ª instância concessiva da segurança, por entender, em síntese, que não há qualquer arbitrariedade nas portarias do comércio exterior que vedam a importação de pneus usados, visto que, de há muito, o próprio Supremo Tribunal Federal STF vem reconhecendo em seus julgados a constitucionalidade dessas portarias proibitivas da importação de pneumáticos usados, sendo certo, também, considerar o pneu remoldado um pneu usado. Constatei ainda que, em 15/05//2009, foi publicada decisão denegando provimento aos embargos declaratórios interpostos; bem como, em 04/10/2010, foi publicado Despacho de Recurso Especial Não Admitido, tendo as decisões em sede de RESP/REXT já transitado em julgado. Dessa forma, estando o Acórdão Reformador julgado em definitivo, retornase ao status quo ante. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 11131.001402/200656 Acórdão n.º 3401005.102 S3C4T1 Fl. 180 4 Assim cabível a aplicação da Súmula STF 405, e possível a lavratura do auto de infração já que a licença de importação que foi concedida por meio de liminar perdeu seus efeitos: SÚMULA Nº 405 DENEGADO O MANDADO DE SEGURANÇA PELA SENTENÇA, OU NO JULGAMENTO DO AGRAVO, DELA INTERPOSTO, FICA SEM EFEITO A LIMINAR CONCEDIDA, RETROAGINDO OS EFEITOS DA DECISÃO CONTRÁRIA. Quanto ao pleito de aplicação da prescrição intercorrente, esse assunto encontrase sumulado pelo CARF, por isso deixo de aplicalo: Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Ademais, como relatado, os fatos geradores ocorreram em 15/09/2003 e 23/09/2003, e a intimação do auto de infração ocorreu em 11/12/2006, portanto dentro do prazo de decadência, ou seja, do direito de lançar, previsto na legislação. Como é de conhecimento geral o imposto de importação é um imposto cujo fato gerador ocorre na data de registro da declaração de importação. A incumbência de declarar o tributo é do contribuinte que declara e aguarda a homologação pela RFB, que ocorre após 5 anos de sua declaração. Durante esse interstício reportase correta a declaração do contribuinte que fica pendente de uma avaliação da administração. Dentro desse prazo legal a administração pode lançar o tributo que repute correto, foi o que ocorreu. Com a lavratura do auto de infração, consumase o lançamento do crédito tributário (art. 142 do C.T.N.). Por outro lado, a decadência só é admissível no período anterior a essa lavratura; depois, entre a ocorrência dela e até que flua o prazo para a interposição do recurso administrativo, ou enquanto não for decidido o recurso dessa natureza de que se tenha valido o contribuinte, não mais corre prazo para decadência, e ainda não se iniciou a fluência de prazo para prescrição; decorrido o prazo para interposição do recurso administrativo, sem que ela tenha ocorrido, ou decidido o recurso administrativo interposto pelo contribuinte, há a constituição definitiva do crédito tributário, a que alude o artigo 174, começando a fluir, daí, o prazo de prescrição da pretensão do fisco. STF – RE 94462 EDv, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES Assim dispõe sobre a decadência o art. 150 do CTN: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Fl. 180DF CARF MF Processo nº 11131.001402/200656 Acórdão n.º 3401005.102 S3C4T1 Fl. 181 5 § 1º. O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º. Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 4º. Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação Diferente do alegado os documentos que instruíram o despacho de importação não estavam em perfeita ordem nem completos. A licença de importação que é documento necessário ao despacho, pois é parte do controle administrativo das importações só foi autorizada por liminar, pois conforme Portaria Secex 08/2000 vigente à época dos fatos, a importação de pneumáticos recauchutados estava proibida. PORTARIA SECEX Nº 8 DE 25 DE SETEMBRO DE 2000 DOU de 27/9/2000 Dispõe sobre o não deferimento de licenças de importação de pneumáticos recauchutados e usados, seja como bem de consumo, seja como matériaprima, classificados na posição 4012 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM e revoga Portaria DECEX nº 18, de 13.07.1992. Conforme art. 493 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos, Decreto nº 4543, de 26/12/2002, a declaração de importação será instruída com outros documentos exigidos em decorrência de lei, regulamento ou ato normativo, e um documento que é exigido, devido ao controle administrativo das importações, é a licença de importação: Art. 493. A declaração de importação será instruída com (Decretolei no 37, de 1966, art. 46, com a redação dada pelo Decretolei no 2.472, de 1988, art. 2o): I a via original do conhecimento de carga ou documento de efeito equivalente; II a via original da fatura comercial, assinada pelo exportador; III o comprovante de pagamento dos tributos, se exigível; e IV outros documentos exigidos em decorrência de acordos internacionais ou por força de lei, de regulamento ou de ato normativo. Fl. 181DF CARF MF Processo nº 11131.001402/200656 Acórdão n.º 3401005.102 S3C4T1 Fl. 182 6 A respeito da sanção aplicada, a recorrente alega que deveria ser aplicada a penalidade por importação ao desemparo de guia de importação e não a pena de perdimento. Entendo que esta perfeitamente delimitado o escopo da autuação, e conforme já foi decidido no acórdão recorrido, a requerente demonstrou entender perfeitamente a sanção que lhe era aplicada. No auto de infração consta o enquadramento legal assim descrito, com a reprodução dos artigos respectivos: Arts. 602, 604, inciso IV, 618 e §1° do Decreto n° 4.523/02 e art. 73, §§ 1 0 e 2° da Lei n° 10.833/03 Art. 602. Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte de pessoa física ou jurídica, de norma estabelecida ou disciplinada neste Decreto ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálo (Decretolei no 37, de 1966, art. 94). Parágrafo único. Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, da natureza e da extensão dos efeitos do ato (Decretolei no 37, de 1966, art. 94, § 2o). Art. 604. As infrações estão sujeitas às seguintes penalidades, aplicáveis separada ou cumulativamente (Decretolei no 37, de 1966, art. 96; Decretolei no 1.455, de 1976, arts. 23, § 1o, com a redação dada pela Medida Provisória no 66, de 2002, art. 59, e 24; e Lei no 9.069, de 1995, art. 65, § 3o): I perdimento do veículo; II perdimento da mercadoria; III perdimento de moeda; e IV multa. Art. 618. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto lei no 37, de 1966, art. 105, e Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23 e § 1o, com a redação dada pela Medida Provisória no 66, de 2002, art. 59): ... § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido transferida a terceiro ou consumida (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23, § 3o, com a redação dada pela Medida Provisória no 66, de 2002, art. 59). ... Art. 73. Verificada a impossibilidade de apreensão da mercadoria sujeita a pena de perdimento, em razão de sua não Fl. 182DF CARF MF Processo nº 11131.001402/200656 Acórdão n.º 3401005.102 S3C4T1 Fl. 183 7 localização ou consumo, extinguirseá o processo administrativo instaurado para apuração da infração capitulada como dano ao Erário. § 1o Na hipótese prevista no caput, será instaurado processo administrativo para aplicação da multa prevista no § 3o do art. 23 do DecretoLei no 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002. § 2o A multa a que se refere o § 1o será exigida mediante lançamento de ofício, que será processado e julgado nos termos da legislação que rege a determinação e exigência dos demais créditos tributários da União. As multas aplicadas foram então, com reprodução dos artigos respectivos: Art. 23, § 3° do DecretoLei n° 1.455/76, com a redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637/02. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: I importadas, ao desamparo de guia de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa na forma da legislação específica em vigor; ... § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (Vide) No caso, conforme Portaria Secex 8/2000, reproduzida acima, a importação de pneus recauchutados estava vedada, e a sua emissão só foi possível por efeito de liminar. Quanto a alegação de aplicação do RA/85 não merece prosperar, o RA/02 entrou em vigor em 26/12/2002, portanto anterior aos fatos geradores, e estava plenamente vigente á época dos fatos. Quanto ao RIPI não estipular alíquota para a importação de pneus usados (0%) razão pela qual não há que se aplicar multa, temos que a multa aplicada foi sobre o valor aduaneiro da mercadoria, não incidindo sobre o IPI. Quanto a multa ser desproporcional e não ter havido prejuízo ao Estado, o CARF não é competente para questionar o conteúdo das leis, e o prejuízo ao Estado esta configurado a partir do momento que existe um controle administrativo com proibição de entrada no país de determinadas mercadorias. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e no mérito por negar lhe provimento. (assinado digitalmente) Fl. 183DF CARF MF Processo nº 11131.001402/200656 Acórdão n.º 3401005.102 S3C4T1 Fl. 184 8 Mara Cristina Sifuentes Relatora Fl. 184DF CARF MF
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Numero do processo: 10909.001591/2005-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO.
Comprovados nos autos que a atividade desempenhada pela recorrente trata-se de exportação de prestação se serviços, nos termos do art. 5º, II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 6º, II, da Lei nº 10.833/2003, o direito a restituição, compensação ou ressarcimento dos créditos verificados em face da exportação deve ser garantido ao contribuinte.
Numero da decisão: 3302-005.563
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães e Jorge Lima Abud que davam provimento parcial acompanhando o resultado da diligência. O Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède votou pela conclusões entendendo pela necessidade de novo despacho decisório acerca do indeferimento do direito creditório, o que implicaria a homologação tácita das compensações.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
José Renato Pereira de Deus - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Comprovados nos autos que a atividade desempenhada pela recorrente trata se de exportação de prestação se serviços, nos termos do art. 5º, II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 6º, II, da Lei nº 10.833/2003, o direito a restituição, compensação ou ressarcimento dos créditos verificados em face da exportação deve ser garantido ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães e Jorge Lima Abud que davam provimento parcial acompanhando o resultado da diligência. O Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède votou pela conclusões entendendo pela necessidade de novo despacho decisório acerca do indeferimento do direito creditório, o que implicaria a homologação tácita das compensações. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 00 15 91 /2 00 5- 85 Fl. 2758DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 3 2 (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Por bem retratar os fatos, reproduzse o relatório do acórdão nº 0715.751, da 4ª Turma da DRJ/FNS, de 17 de abril de 2009, vejamos: Trata o presente processo de Declarações de Compensação DCOMP, apresentadas pela contribuinte com o fim de ver compensados débitos seus com créditos relativos A Contribuição para o Programa de Integração Social PIS (apurada no regime nãocumulativo), relativos ao primeiro trimestre de 2005. Tais créditos referemse, pretensamente, a operações de exportação realizadas nos respectivos períodos de apuração. Na apreciação do pleito, manifestouse a Delegacia da Receita Federal em Itajai/SC pela não homologação das compensações (Parecer SARAC/DRF/ITJ n. ° 211/2008, As folhas 1701 a 1705, e Despacho Decisório, à folha 1706), fazendoo com base na alegação de que em todas as notas fiscais de prestação de serviços apresentadas pela contribuinte para embasar a existência de seus créditos aparecem como tomadores dos serviços empresas residentes e domiciliadas no Brasil. Assim, como o inciso II do artigo 5.° da Lei n.° 10.637/2002 e o inciso II do artigo 6.° da Lei ri.° 10.833/2003 exigiriam, para a caracterização da exportação de serviços, que o tomador fosse residente e domiciliado no exterior, não estaria configurada a hipótese de exportação de serviços, o que prejudicaria a pretensão da contribuinte. Irresignada com a não homologação de suas compensações, encaminhou a contribuinte a manifestação de inconformidade As folhas 1709 a 1728, na qual explicita seu modus operandi e destaca o equivoco em que teria incorrido a DRF/Itajai/SC ao deixar de considerar entendimento já pacificado mesmo em sede administrativa, de que "a intermediação de agente ou responsável, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só, não é suficiente para descaracterizar a operação como de exportação de serviços". Alega que a autoridade fiscal deixou de considerar "a forma pela qual se processam as prestações de serviços aos 'armadores' residentes e domiciliados no exterior (contratantes), representados no Brasil por outras pessoas jurídicas residentes e domiciliadas no Brasil (agentes/representantes), em perfeita consonância com regramento especifico do Bacen Banco Central do Brasil". Afirma que na qualidade de operadora portuária, presta serviços de movimentação de cargas importadas e exportadas, ora a tomadores residentes e domiciliados no Brasil e ora a tomadores residentes e domiciliados no exterior (transportador/armador internacional), Fl. 2759DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 4 3 sendo que os pagamentos relacionados a estes últimos contratantes são, em regra, realizados pelos agentes/representantes formalmente designados/constituídos do transportador estrangeiro, em moeda corrente nacional, conforme normas especificas do Bacen. Assim, defende a contribuinte que o ônus pelo serviço prestado recai sobre a pessoa jurídica domiciliada no exterior, e não sobre a pessoa jurídica que meramente a representa no pais. Na seqüência, a contribuinte discorre sobre as regulamentações do Bacen acerca da matéria, com o fim de deixar enfatizados não apenas a regularidade das operações realizadas por agentes marítimos representantes de pessoas jurídicas estrangeiras no pais, como também ofato de que tais operações não se descaracterizariam como "operações de comercio exterior", inclusive para fins tributários. Prossegue a contribuinte, analisando a legislação especifica do PIS e da Cofins (artigo 5. ° da Lei n. ° 10.637/2002 e artigo 6.° da Lei n.° 10.833/2003, com as redações dadas pela Lei n.° 10.865/2004), para fins de demonstrar que as operações vinculadas ao crédito ora pleiteado atendem aos requisitos legais, quais sejam: representam serviços prestados a pessoa fisica ou jurídica residente ou domiciliada no exterior e os pagamentos que lhes são respectivos representam ingressos de divisas. Faz referência a contribuinte, ainda, a entendimentos da própria Receita Federal do Brasil, expressos em soluções de consulta, no sentido que a mera intermediação de agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só não é suficiente para descaracterizar a operação de exportação. O acórdão do qual foi extraído o relatório acima transcrito recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITORIO. ONUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito especifico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório. Compensação não Homologada Inconformada com a decisão acima a contribuinte interpôs o recurso voluntário, onde, em apertada síntese, detalha suas operações, que se enquadrariam como exportação de serviços e, portanto, fora do campo de incidência do PIS e da COFINS, discorre sobre a regulamentação específica editada pelo Banco Central do Brasil BACEN, pois por ser Fl. 2760DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 5 4 o contratante estrangeiro que fica com o ônus pelo serviço prestado, ha necessariamente o ingresso de divisas no país, trazendo a fundamentação que dispões sobre a isenção das contribuições mencionadas quando a exportação de bens e serviços, transcreve diversas soluções de consulta que no seu entendimento, dizem respeito as mesmas operações que desempenha, requerendo ao final a total procedência de sua manifestação, revertendose o despacho decisório, deferindo o pedido de ressarcimento e, homologando as declarações de compensação vinculadas ao pedido de ressarcimento. Em sessão realizada em 08 de dezembro de 2010, a 3ª Turma Especial, da Terceira Seção de Julgamento, na resolução nº 3803000.070, restou observado que as notas fiscais trazidas aos autos demonstravam que os tomadores dos serviços teriam domicílio no exterior e, que tal fato comprovariam a entrada de dividas no país caracterizando a exportação de prestação se serviços. Resolveuse por tais razões, converter o processo em diligência para que a Delegacia de Receita Federal em Itajai procedesse da seguinte forma: a) intime a TECONVI para que apresente: a.l.) lista indicando o navio e o tomador correspondente a cada nota fiscal que a recorrente reputa estar vinculada a serviço prestado a residente e domiciliado no exterior; a.2) a documentação da viagem do navio correspondente a cada nota fiscal, especialmente os Bills of Landing, por meio da qual fique demonstrada a saída dos containeres, b) proceda à apuração do crédito da contribuinte, não importando se as saídas dos contenieres se deram cheios ou vazios (porquanto não se está a tratar aqui de exportação de mercadorias), dando ciência do resultado da diligência à contribuinte, na forma da legislação em vigor e, após, retornem os autos a este Conselho. Como decidido na resolução acima mencionada, o processo baixou em diligência, seguindose diversas intimações endereçadas à contribuinte recorrente que atendendoas, carreou aos autos diversos documentos e planilhas que teriam o condão de comprovar suas alegações. A conclusão da diligência nas folhas 2677 e seguintes do eprocesso foi no seguinte sentido: 6 Conclusão 1) Confirmase que, no período sob diligência do 4º trimestre de 2002 até o 4º trimestre de 2005, com base na verificação por amostragem do confronto de notas fiscais com a documentação apresentada, como sites na Internet dos clientes, relatórios de conferência de capatazia, relatório de movimentação de navios do porto de Itajaí, houve efetiva prestação de serviços pelo interessado para tomadores com domicílio no exterior, consistentes com as respectivas notas fiscais. Fl. 2761DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 6 5 2) Inexiste saldo credor de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep vinculado à receita de exportação nos meses do período para compensar com as declarações de compensação de fls. 09/11 (R$ 22.660,26 crédito de janeiro protocolada em 06/06/2005), 49/51 (R$ 2.402,52 – crédito de janeiro protocolada em 19/10/2005), 88/89 (R$ 20.706,52 – crédito de fevereiro protocolada em 30/06/2005) e fls. 125/126 (R$ 20.163,64 – crédito de março – protocolada em 30/06/2005). Cientificada da conclusão da diligência a contribuinte recorrente insurgiuse contra as novas conclusões, trazendo em sua manifestação razões já anteriormente expostas em peças de defesa outrora juntadas aos autos, trouxe novos argumentos como a suposta existência de vícios no processo administrativo, tendo em vista (i) o cumprimento o efetivo cumprimento das obrigações determinadas na resolução que resolveu pela diligência, ao contrário do alegado nas conclusões, (ii) impossibilidade de revisão de ofício do lançamento, (iv) decadência dos lançamentos dos anoscalendário 2002 a 2005, (iii) impossibilidade de alteração de critério jurídico de lançamento, e no mérito (v) pugnou pela legitimidade dos créditos de PIS e COFINS glosados pela fiscalização. Juntado ao processo a manifestação acima mencionada, os autos foram distribuídos a esse Conselheiro para relatar. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus Relator. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. I PRELIMINAR I.1 Do efetivo cumprimento das obrigações determinadas na resolução que resolveu pela diligência Alega a recorrente, indicando que tal digressão confundese com o cerne e mérito do processo, o seguinte: 30. Em suma, demonstrou a Requerente que efetivamente prestou serviços para pessoa jurídica residente e domiciliada no exterior, e, ainda, comprovou que o fato de existir um intermediador na nas operações realizadas com a linha marítima jamais desnaturaria prestação de serviços no exterior. Tanto foi feita essa prova que o próprio Sr. AuditorFiscal concluiu pela comprovação da prestação de serviços pela Requerente para tomadores com domicílio no exterior. 31. Pois bem. Cumpridas as determinações do E. CARF e comprovado que o serviço foi efetivamente prestado à pessoa jurídica residente e domiciliada no exterior o que legitima a apropriação dos créditos de PIS/COFINS , não há razão para Fl. 2762DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 7 6 qualquer outra análise ou justificativa de glosa de créditos por parte da fiscalização, tal como o fez o Sr. AuditorFiscal na sua conclusão. 32. Se a Requerente cumpriu à diligência determinada pelo CARF, não cabe, nessa fase processual administrativa, qualquer outra análise ou determinação por parte da Fiscalização. 33. Diante disso, é de rigor a manutenção dos créditos de PIS/COFINS apropriados pela Requerente. Em que pese a matéria tratada nesse momento se confundir com a questão meritória apresentada, tanto na manifestação de inconformidade, quanto no recurso voluntário, podemos observar dos documentos juntados desde o início da fiscalização, que a questão relacionada à exportação ou não da prestação de serviços, já poderia ter sido solucionada, uma vez que, mesmo em parte, os documentos juntados pela contribuinte na época já demonstravam que se tratava de exportação de prestação de serviços. Dessa forma, analisados os documentos acostados aos autos, entendo que a contribuinte recorrente logrou êxito na comprovação dos serviços prestados no exterior e, por consequência, deve ser atendido o seu pleito. As demais "preliminares", apresentadas quando da manifestação da recorrente em face da informação fiscal que trouxe o resultado da diligência requerida pelo E. CARF, deixo de apreciálas, pois entendo que não dizem respeito ao recorrido acórdão da DRJ, que, apreciou tão somente a comprovação por parte da recorrente da efetiva exportação dos serviços. Ao analisar as demais questões apresentadas como preliminares, no sentir desse conselheiro, estarseia a suprimir instâncias, pois não foram matérias analisadas na decisão de piso, fato esse que poderia levar à anulação de decisão prolatada por essa Turma. Pois bem. Passase à análise do mérito. II Do Mérito Exportação de serviços Pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior Segundo o entendimento da recorrente, exercendo a atividade de operadora portuária, presta serviços de movimentação de cargas importadas e exportadas, tanto para tomadores residente e domiciliados no Brasil como no exterior, sendo que os pagamentos relacionados a estes últimos contratantes são realizados em moeda corrente nacional, pelos agentes/representantes formalmente designados/constituídos do transportador estrangeiro, conforme normas específicas do Bacen, e que "a intermediação de agente ou responsável, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só, não é suficiente para descaracterizar a operação como de exportação de serviços". Nesse sentido, as atividades relacionadas a exportação de serviços lhe dariam o direito de restituir ou compensar créditos oriundos de tal operação, nos termos disciplinados pela Lei nº 10.637/2002, art. 5º, II, e pela Lei nº 10.833/2003, art. 6º, II, a seguir transcritos: Lei nº 10.637/2002 Fl. 2763DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 8 7 Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Lei nº 10.833/2003 Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Pois bem. É certo que na hipótese de pedido formulado pelo contribuinte, alegando direito a ressarcimento/compensação de crédito que lhe é garantido por lei, cabe a ele, contribuinte, a prova de seu alegado direito, trazendo os documentos necessários para tanto. No caso em tela, a DRJ, analisando a manifestação de inconformidade da contribuinte recorrente, em que pese entender que a atividade desempenhada pode ser considerada como exportação de serviços e ser perfeitamente possível a existência de créditos na forma pleiteada, considerou que os documentos trazidos aos autos não teriam o condão de comprovar as condições exigidas por lei para tanto, notadamente no que diz respeito à comprovação de entrada de divisas no território nacional. Como bem demonstrado na Resolução nº 3803000.075 pelo I. Conselheiro relator, a atividade desempenhada pela recorrente, operação de terminal de cargas portuárias, usualmente se materializa da seguinte forma: É usual a existência de contrato do armador estrangeiro com certas empresas movimentadoras de contêineres, com preços previamente dessa forma pactuados. Não havendo tal contrato, o armador servese de seu representante no Brasil, um agente portuário, para contratar serviço a serviço, além de cuidar de outros trâmites administrativos pertinentes ao embarque ou desembarque de cargas. Nesta última hipótese, o armador consulta o seu agente acerca do preço da movimentação de certa quantidade de contêineres. Orçada a despesa, o armador efetua a transferência do valor desta e das demais despesas referentes à operação. O contrato de câmbio é feito em nome do agente, sem especificações em seu conteúdo quanto ao destino específico de cada parte dos recursos. Da descrição acima, concluise uma vez configurado que as despesas efetuadas pelo agente são feitas em nome do tomador Fl. 2764DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 9 8 do serviço, o armador estrangeiro que haverá ingresso de divisas para o Brasil. A própria DRJ, no acórdão recorrido, reconhece a legitimidade da intermediação de agente agindo em nome do tomador de serviços residente e domiciliado no exterior, bem como a possibilidade de o pagamento ser feito em reais, relatando ainda a possível existência dos créditos utilizados na compensação realizada pela recorrente, contudo concluindo pela sua impossibilidade, uma vez não comprovado o ingresso de divisas no País. Segundo o I. Relator da resolução já mencionada, os documentos trazidos aos autos pela recorrente, ainda que em amostra aleatória, demonstrariam a entrada de dicisas no País, observese: Em visão sobre amostra aleatória de notas fiscais, é possível observar que na maioria delas os tomadores tem domicílio no exterior. Notese, também, que no campo ''observações" destas consta o nome do navio receptor/entregador da carga. Ao nome do navio, tendo em mira a data da nota fiscal, são regularmente vinculados conhecimento de transporte, número da viagem e Bills of Landing (BL) a indicar o destino da mercadoria embarcada, documento este que, uma vez assinado pelo comandante do navio, tornase atestado a confirmar a saída da carga do País. E cópias destes documentos ficam em poder do agente representante dos armadores estrangeiros. Há, inequivocamente, entrada de divisas não só na hipótese acima, sendo indiferente se os containeres encontramse cheios ou vazios (de regresso para o país estrangeiro), mas também nos serviços prestados no desembarque de cargas, no caso de importação de produtos.(grifos não originais) Seguindo o entendimento acima transcrito, o julgamento foi convertido em diligência para que a DRF de Itajaí, tomasse as seguintes providências: a) intime a TECONVI para que apresente: a.l.) lista indicando o navio e o tomador correspondente a cada nota fiscal que a recorrente reputa estar vinculada a serviço prestado a residente e domiciliado no exterior; a.2) a documentação da viagem do navio correspondente a cada nota fiscal, especialmente os Bills ofLanding, por meio da qual fique demonstrada a saída dos containeres, b) proceda à apuração do crédito da contribuinte, não importando se as saídas dos contenieres se deram cheios ou vazios (porquanto não se está a tratar aqui de exportação de mercadorias), dando ciência do resultado da diligência à contribuinte, na forma da legislação em vigor e, após, retornem os autos a este Conselho. A diligência foi realizada, sendo precedida de várias intimações endereçadas à recorrente, com o fito de serem apresentados os documentos solicitados na resolução. Fl. 2765DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 10 9 Conforme dito no tópico relacionado à preliminar, referidas intimações foram atendidas e os documentos solicitados entregues, não sendo possível a apresentação daqueles que são de uso exclusivo das empresas responsáveis pelas viagens dos navios, os quais não ficam na sua posse, e por tal razão não foram apresentados. A informação fiscal que trouxe as conclusões sobre a matéria debatida os presentes autos, após o cumprimento da diligência determinada na resolução nº 3803000.075, apontou em primeiro lugar que: 6 Conclusão 1) Confirmase que, no período sob diligência do 4º trimestre de 2002 até o 4º trimestre de 2005, com base na verificação por amostragem do confronto de notas fiscais com a documentação apresentada, como sites na Internet dos clientes, relatórios de conferência de capatazia, relatório de movimentação de navios do porto de Itajaí, houve efetiva prestação de serviços pelo interessado para tomadores com domicílio no exterior, consistentes com as respectivas notas fiscais. Desta forma, esta convalidada toda a tese esposada pela recorrente desde suas primeira intervenções realizadas no presente feito, bem como os apontamentos feitos pelo I. Relator da resolução que determinou a diligência a que se chegou à conclusão de que a atividade representada pelas notas fiscais trazidas aos autos, que geraram os créditos que se pretende compensar, caracterizamse como exportação de serviços. Noutro giro, a segunda parte da conclusão da informação fiscal, resposta da diligência, trouxe a seguinte informação: 2) Inexiste saldo credor de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep vinculado à receita de exportação nos meses do período para compensar com as declarações de compensação de fls. 272/273 (R$ 13.026,60 crédito de abril), 252/253 (R$ 19.446,50 crédito de maio) e 262/263 (R$ 17.613,76 crédito de junho) protocoladas em 12/11/2004. Pois bem. Em que pese a conclusão apontar para a inexistência de suposto crédito ter sido tomada com base em documentos trazidos pela recorrente, atendendo as intimações ocorridas durante a diligência determinada em resolução proferida pelo E. CARF, referida questão somente foi trazida aos autos quando da referida decisão, vale dizer, em nenhum momento do processo, até então, a recorrente se defendeu ou trouxe informações sobre os créditos. Observese: desde o parecer que culminou com o despacho decisório indeferindo o ressarcimento do crédito e não homologação das compensações apresentadas pela recorrente, até o r. acórdão da DRJ que chancelou as razões desses, a acusação seria de que as atividades representadas pelas notas fiscais apresentadas não se caracterizariam como exportação de serviços e, portanto, impossível a obtenção do crédito pretendido. E dessa acusação a recorrente se defendeu, trazendo aos autos documentos e apontamento de legislação e normas do Bacen, que demonstraram de forma satisfatória ser sua atividade caracterizada como exportação de serviços e, como tal, passível de gerar os créditos pleiteados e garantir as compensações informadas. Fl. 2766DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 11 10 Em nenhum momento, frisase, até a chegada da decisão prolatada em resolução, foi discutida a apuração do crédito requerido e sim, simplesmente, a sua existência e a possibilidade de ser compensado e desses fatos e apontamentos é que se insurgiu a recorrente. A persistir o entendimento esposado na segunda parte das conclusões trazidas pela informação fiscal, resultado da diligência determinada em resolução, no entender desse conselheiro, estarseia suprimindo instâncias, acolhendo decisão que não foi objeto de deliberação na decisão de piso, muito menos do despacho decisório que indeferiu o ressarcimento e não homologou a compensação informada pela recorrente, por essa razão, dessa parte da diligência não se toma conhecimento. Caso, hipoteticamente, fosse mantida a conclusão da diligência, poderíamos falar até em mudança do critério jurídico, pois num primeiro momento temos a glosa dos créditos por não ter a contribuinte comprovado a existência efetiva da exportação de prestação de serviços. No momento seguinte, afirmase comprovada a exportação, contudo, a modificação do fundamento do despacho decisório perpetrado pela Delegacia de Julgamento. Realmente, em que pese, supostamente, haver fundamentos válidos para a glosas dos créditos, a troca deste por aquele, no meu sentir, demonstra a modificação dos critérios jurídicos para a manutenção da cobrança. Assim, começa a contribuinte defendendose de uma cobrança de crédito porque não teria efetivamente comprovado a existência da operação que daria sustentação aos créditos, logo após, entende a Delegacia de julgamento pela existência da exportação dos serviços, contudo, mantém a cobrança por falta de comprovação da entrada de divisas, no terceiro momento, a cobrança já não é mais mantida em sua totalidade, pois verificouse, de uma vez por todas, a existência da exportação de serviços que ensejariam o crédito, no entanto, mantendo a glosa de outros créditos, dos quais não se defendeu a contribuinte. Por tais razões, acolho as razões trazidas no recurso voluntário e não tomo conhecimento da segunda parte da conclusão da diligência determinada em resolução. II Conclusão Por todo o acima exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, dandolhe integral provimento. É como voto. (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator Fl. 2767DF CARF MF Processo nº 10909.001591/200585 Acórdão n.º 3302005.563 S3C3T2 Fl. 12 11 Fl. 2768DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12268.000028/2008-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/1999 a 31/10/2003
RECURSO DE OFÍCIO. DECISÃO RECORRIDA FUNDAMENTADA EM SÚMULA VINCULANTE. NÃO CONHECIMENTO.
Não cabe a interposição de recurso de ofício quando a decisão estiver fundamentada em súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, ex vi do inc. VI do art. 27 da Lei 10522/02.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ABONOS. HABITUALIDADE. NÃO APLICAÇÃO DOS PRECEDENTES DO STJ E DO PARECER DA PGFN. VINCULAÇÃO À REMUNERAÇÃO.
Os valores foram pagos em reiteradas competências (03/1999, 04/1999, 11/2001, 09/2002 e 10/2003), de forma não eventual, não se aplicando as conclusões do STJ e nem as conclusões do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011. Houve habitualidade nos adimplementos e eles se vincularam à remuneração dos respectivos beneficiários, que inclusive passaram a ter a expectativa de recebê-los diante da reiteração dos pagamentos ao longo do período.
Numero da decisão: 2402-006.435
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, conhecer do recurso voluntário e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, José Alfredo Duarte Filho e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/1999 a 31/10/2003 RECURSO DE OFÍCIO. DECISÃO RECORRIDA FUNDAMENTADA EM SÚMULA VINCULANTE. NÃO CONHECIMENTO. Não cabe a interposição de recurso de ofício quando a decisão estiver fundamentada em súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, ex vi do inc. VI do art. 27 da Lei 10522/02. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ABONOS. HABITUALIDADE. NÃO APLICAÇÃO DOS PRECEDENTES DO STJ E DO PARECER DA PGFN. VINCULAÇÃO À REMUNERAÇÃO. Os valores foram pagos em reiteradas competências (03/1999, 04/1999, 11/2001, 09/2002 e 10/2003), de forma não eventual, não se aplicando as conclusões do STJ e nem as conclusões do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011. Houve habitualidade nos adimplementos e eles se vincularam à remuneração dos respectivos beneficiários, que inclusive passaram a ter a expectativa de recebê-los diante da reiteração dos pagamentos ao longo do período.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, conhecer do recurso voluntário e negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, José Alfredo Duarte Filho e Gregorio Rechmann Junior.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1627; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12268.000028/200851 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2402006.435 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 03 de julho de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL Recorrentes BANCO BANESTADO S.A. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/1999 a 31/10/2003 RECURSO DE OFÍCIO. DECISÃO RECORRIDA FUNDAMENTADA EM SÚMULA VINCULANTE. NÃO CONHECIMENTO. Não cabe a interposição de recurso de ofício quando a decisão estiver fundamentada em súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, ex vi do inc. VI do art. 27 da Lei 10522/02. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ABONOS. HABITUALIDADE. NÃO APLICAÇÃO DOS PRECEDENTES DO STJ E DO PARECER DA PGFN. VINCULAÇÃO À REMUNERAÇÃO. Os valores foram pagos em reiteradas competências (03/1999, 04/1999, 11/2001, 09/2002 e 10/2003), de forma não eventual, não se aplicando as conclusões do STJ e nem as conclusões do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011. Houve habitualidade nos adimplementos e eles se vincularam à remuneração dos respectivos beneficiários, que inclusive passaram a ter a expectativa de recebêlos diante da reiteração dos pagamentos ao longo do período. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, conhecer do recurso voluntário e negarlhe provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 8. 00 00 28 /2 00 8- 51 Fl. 269DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, José Alfredo Duarte Filho e Gregorio Rechmann Junior. Relatório A DRJ/CTA fez um relato preciso do lançamento e da impugnação, que passa a integrar, em parte, o presente relatório: Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD (DEBCAD 37.065.7624), cadastrada no COMPROT sob n° 12268.000028/200851, lavrada contra BANCO BANESTADO S/A, com a finalidade de apurar e constituir o crédito destinado à Seguridade Social, relativo a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados a título de "Abono' ou "Abono Único", nas competências 03/1999, 04/1999, 11/2001, 09/2002 e 10/2003, totalizando a importância de R$ 16.856.001,55 (dezesseis milhões, oitocentos e cinqüenta e seis mil e um reais e cinqüenta e cinco centavos). 2. Segundo o Relatório Fiscal de fls. 38 a 42, os abonos pagos encontram previsão em Acordo Coletivo ou Convenção Coletiva de Trabalho e não têm caráter transitório, pois tal previsão vem sendo mantida, todos os anos, como parte integrante nas Convenções Coletivas ou Acordos Coletivos firmados com a FENABAM. 3. O crédito lançado (valor originário, juros e multa) encontra se fundamentado na legislação constante do relatório Fundamentos Legais do Débito — FLD (fls. 10 a 13), com os respectivos períodos de vigência, e os valores apurados estão devidamente discriminados no relatório Discriminativo Analítico de Débito — DAD (fls. 04/05). 4. Cientificado pessoalmente em 28/12/2007, veio o Contribuinte impugnar tempestivamente o lançamento em 25/01/2008, por meio do instrumento de fls. 61 a 70, instruído com documentos de fls. 71 a 113, alegando, em síntese: 4.1. Da decadência parcial do direito de lançar. Pela inaplicabilidade do prazo previsto no art. 45 da Lei n° 8.212/91, já afastada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, deve ser reconhecida a decadência de parte dos créditos Fl. 270DF CARF MF Processo nº 12268.000028/200851 Acórdão n.º 2402006.435 S2C4T2 Fl. 3 3 tributários ora questionados (março e abril/99, novembro/2001 e setembro/2002), uma vez que o Impugnante foi intimado do lançamento em 28/12/2007, portanto, após o transcurso do prazo de 5 anos contados da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4 1, do CTN); 4.2. A remuneração tratada no art. 457 da CLT — requisito da habitualidade. A Lei n.° 8.212/91, em seu artigo 28, inciso I, na redação da Lei no 9.528/97, ao definir saláriodecontribuição, dispõe que a contribuição previdenciária incide somente sobre a remuneração, e nos termos do art. 457 e 458 da CLT, remuneração é o conjunto das retribuições recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, incluindose nesse conceito mais amplo a definição de salário e de gorjeta. Portanto, para que determinada verba possua natureza remuneratória e, desse modo, possa estar incluída no conceito de saláriodecontribuição do art. 28, I, da Lei no 8.212/91, deve ser pago com habitualidade, o que não é o caso; 4.3. O conceito do "abono" tal como colocado no Acordo Coletivo em tela pode ser entendido, também, como "gratificação", "prêmio" e outras verbas que venham a indicar uma mais valia salarial do empregado. Portanto, o importante é saber a sua natureza jurídica, se paga por ajuste, portanto, se habitual ou não. Nesse sentido cita Délio Maranhão e Amauri Mascaro Nascimento, e transcreve jurisprudência do TST (RR 192.660/953); 4.4. Do equívoco na apuração do crédito tributário. O percentual de alíquota referente a terceiros (2,7%) deve ser excluído do valor autuado, tendo em vista que: a) o Impugnante discute judicialmente a constitucionalidade do adicional de 2,5% nos autos do processo n° 89.00056310 e efetua depósitos judiciais para suspender a exigibilidade do crédito tributário; e b) possui decisão judicial favorável transitada em julgado em 28/06/2004 (Processo no 98.00198040), para afastar a exigência da alíquota de 0,2%; 4.5. Do pedido: Requer a improcedência do lançamento, quer em face da decadência parcial, quer em face da impossibilidade de se incluir o abono único na base de cálculo da contribuição previdenciária. Protesta pela juntada dos meios de prova que se fizerem necessários. 5. Em face das informações constantes da peça impugnatória e documentos juntados pelo Contribuinte, foram os autos encaminhados ao órgão preparador para instrução junto à Procuradoria da Fazenda Nacional no Paraná, que procedeu à juntada de cópias de autos judiciais às fls. 121 a 180, manifestandose às fls. 190/191. Posteriormente retornaram os autos à Douta Procuradoria, que providenciou a juntada dos documentos de fls. 198 a 201, pronunciandose às fls. 202. A DRJ/CTA julgou a impugnação procedente em parte, para reconhecer a decadência das contribuições devidas nas competências 03/1999, 04/1999, 11/2001 e 09/2002, Fl. 271DF CARF MF 4 e excluir do lançamento a contribuição destinada ao INCRA, na competência 10/2003 (conforme pronunciamento da Procuradoria da Fazenda Nacional no Paraná, nos autos de Ação Ordinária 98.00198040, foi considerado indevido o recolhimento da contribuição ao INCRA). Segue a ementa da decisão: LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. PRAZO. SÚMULA VINCULANTE DO STF. APLICAÇÃO DO CTN. A Súmula Vinculante n° 8 do STF, ao determinar a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212, de 1991, atraiu a incidência do prazo qüinqüenal de decadência estabelecido no Código Tributário Nacional. ABONO SALARIAL. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. As importâncias recebidas pelos segurados empregados a título de abonos, não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integram o saláriodecontribuição para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, 1, da Lei n.° 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei n.° 9.528, de 1997. INCRA. DECISÃO JUDICIAL. RETIFICAÇÃO. Retificase o lançamento em razão de decisão judicial transitada em julgado que reconheceu a ilegalidade da cobrança da contribuição ao INCRA. Houve a interposição de recurso de ofício, com base no art. 1º da Portaria MF n° 03/08. Intimado da decisão em 24/03/2009 (fl. 220), o sujeito passivo interpôs recurso voluntário em 31/03/2009 (fls. 222 e seguintes), no qual apenas reafirmou os fundamentos da sua impugnação no tocante ao abono. Em 13/08/2015, a contribuinte apresentou a petição de fls. 240/242, na qual afirmou a decadência das competências março e abril de 1999, novembro de 2001 e setembro de 2002, e quanto ao mérito, arvorouse na jurisprudência do STJ e no Parecer PGFN n° 2114/2011, tendo juntado, ainda, os comprovantes de recolhimentos de fls. 261/267. Sem manifestação ou contrarrazões pela Procuradoria. É o relatório. Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento No entender deste relator, o recurso de ofício não deve ser conhecido. Houve a sua interposição porque a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor superior a R$ 1.000.000,00. Fl. 272DF CARF MF Processo nº 12268.000028/200851 Acórdão n.º 2402006.435 S2C4T2 Fl. 4 5 A Portaria MF nº 63/2017 estabeleceu um novo limite para a interposição de tal recurso, elevando o aludido limite para R$ 2.500.000,00. Vejase: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. A Súmula CARF nº 103 preleciona que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância. Verbis: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Neste caso, observase que a exoneração ultrapassou o novo limite de alçada. Muito embora a decisão recorrida não esteja instruída com o Discriminativo Analítico de Débito Retificado — DADR (ao menos ele não se encontra em anexo aos autos), vêse que o débito foi reduzido para R$ 503.004,02, ao passo que foram lançados, a título de tributo e multa, um valor total de R$ 7.919.846,19. Ademais, e exemplificativamente, só o total de contribuições exonerado em duas competências (03/1999 e 04/1999) é superior a cinco milhões de reais. Vejase, nesse sentido, o resultado do acórdão de impugnação, comparado com o DAD de fl. 6: Fl. 273DF CARF MF 6 No entanto, e no entender deste relator, muito embora o recurso de ofício se enquadre no citado limite de alçada, ele não deve ser conhecido por um outro fundamento. Não é cabível a sua interposição quando a decisão estiver fundamentada em súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, ex vi do inc. VI do art. 27 da Lei 10522/02, abaixo transcrito: Art. 27. Não cabe recurso de ofício das decisões prolatadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, em processos relativos a tributos administrados por esse órgão: (Redação dada pela Lei nº 12.788, de 2013) [...] VI nas hipóteses em que a decisão estiver fundamentada em decisão proferida em ação direta de inconstitucionalidade, em súmula vinculante proferida pelo Supremo Tribunal Federal e no disposto no § 6o do art. 19. (Incluído pela Lei nº 12.788, de 2013) A leitura da ementa e do acórdão de impugnação demonstra, sem sombra de dúvida, que a instância a quo acolheu parcialmente a preliminar de decadência por força da Súmula Vinculante nº 8, da Suprema Corte, segundo a qual são inconstitucionais os arts. 45 e 46 da Lei 8212/1991. Já o recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Dos abonos Como remanesceu a competência 10/2003, cabe analisar o mérito acerca da natureza tributável ou não tributável dos abonos. Fl. 274DF CARF MF Processo nº 12268.000028/200851 Acórdão n.º 2402006.435 S2C4T2 Fl. 5 7 A recorrente afirma que os valores foram pagos em função de acordos coletivos de trabalho, de forma eventual e desvinculada do salário, o que descaracterizaria a sua natureza remuneratória. Pois bem. O § 1º do art. 457 da CLT preleciona que integram o salário não só a importância fixa estipulada, mas também os abonos pagos pelo empregador. Contudo, o art. 144 da mesma Consolidação, reduzindo o alcance daquela regra legal, e já sob a égide da Lei 9.528/97, preceitua que o abono de férias e o abono concedido em virtude do contrato de trabalho, do regulamento da empresa ou de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedentes de vinte dias do salário, não integrarão a remuneração para os efeitos da legislação trabalhista. Por sua vez, a legislação especial a respeito do custeio da seguridade social, a Lei 8.212/91, em seu art. 28, § 9º, alínea "e", item 7, expressamente prevê que não integram o saláriodecontribuição as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário. Tal dispositivo explicita que as importâncias pagas sem habitualidade o que revela a sua eventualidade , desvinculadas do salário, não constituem base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social, mesmo porque, como não são pagas de forma continuada ao trabalhador, não serão futuramente substituídas pelos benefícios previdenciários a lhe serem pagos. Logo, resta sopesar se os pagamentos realmente foram feitos de forma eventual e desvinculada do salário. No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, é assente que o abono único, estabelecido em convenção ou acordo coletivo, a teor do art. 28, § 9º, alínea "e", item 7, da Lei 8.212/91, não integra a base de cálculo das contribuições. Vejase, nesse sentido, a ementa do seguinte julgamento da Segunda Turma com destaques: PROCESSO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA ABONO ÚNICO NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. [...] 2 Por expressa determinação legal o abono único não integra a base de cálculo do saláriodecontribuição (Lei nº 8212/91, artigo 28 da, § 9º, acrescentado pela Lei 9528/97, letra "e", item 7, acrescentado pela Lei 9711/98). 3. Recurso especial provido. (REsp 434.471/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/12/2004, DJ 14/02/2005, p. 155) Da Primeira Turma, calha destacar o julgado abaixo: TRIBUTÁRIO E TRABALHISTA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O CHAMADO Fl. 275DF CARF MF 8 "ABONO" DE FÉRIAS PREVISTO EM ACORDO COLETIVO (ART. 144 DA CLT). INADMISSIBILIDADE. 1 A redação do art. 144, da CLT, possui dicção cristalina ao dispor que "O abono de férias de que trata o artigo anterior, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente a vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do empregado para os efeitos da legislação do trabalho e da previdência social" (redação anterior à Lei nº 9.528/97, que suprimiu a expressão "e da previdência social" da parte final do dispositivo). 2 O acordo coletivo celebrado pela empresa ora recorrida e o sindicato representante da categoria de seus empregados, que previu a possibilidade, em sua cláusula nº 23, de concessão de um "prêmio", por ocasião do primeiro pagamento após o retorno das férias, de um valor máximo correspondente a 80 (oitenta) horas sobre o salário nominal, possuiu vigência apenas no período de 01/09/86 a 31/08/87, durante a eficácia, portanto, da antiga redação do art. 144, da CLT, que admitia a não incidência da contribuição previdenciária desde que o abono não excedesse vinte dias do salário. 3 Há de ser respeitado, na hipótese, o ato jurídico perfeito, o qual se consumou segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (art. 6º, da LICC, e 5º, XXXVI, da CF/88), sendo perfeitamente aplicável o Princípio da Irretroatividade da Lei. 4 Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 201.936/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/04/1999, DJ 01/07/1999, p. 138) Esses e outros precedentes daquele Sodalício levaram a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional a prolatar o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011, que culminou com a edição do Ato Declaratório nº 16/2011, que dispensa a apresentação de contestação, a interposição de recursos e a desistência dos já interpostos em relação às demandas/decisões judiciais sobre o tema em análise. Deste Colegiado, pode ser citado o seguinte julgado, de relatoria do ilustre Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 [...] ABONO. ACORDO COLETIVO. PARCELA ÚNICA. NÃO INCIDÊNCIA. O abono salarial pago sem habitualidade e em parcela única, em decorrência de norma coletiva de trabalho, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. [...] Recurso Voluntário Provido em Parte. Fl. 276DF CARF MF Processo nº 12268.000028/200851 Acórdão n.º 2402006.435 S2C4T2 Fl. 6 9 (CARF, acórdão 2402005.334, julgado em 14/06/2016) Neste caso, todavia, os valores foram pagos em reiteradas competências (03/1999, 04/1999, 11/2001, 09/2002 e 10/2003), de forma não eventual portanto, não se aplicando as conclusões do STJ nos casos supra mencionados e nem as conclusões do Parecer da PGFN. Houve habitualidade nos adimplementos e eles se vincularam à remuneração dos respectivos beneficiários, que inclusive passaram a ter a expectativa de recebêlos diante da reiteração dos pagamentos ao longo do período. Deve ser negado provimento ao recurso, pois, neste particular. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de não conhecer do recurso de ofício e de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 277DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.720173/2009-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Aug 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 04/06/2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - DCOMP. ERRO NO ENVIO.
Comprovado o erro do contribuinte no envio da DCOMP, deve ser cancelado o crédito apurado pela homologação parcial da compensação, relativo a diferença correspondente à multa por suposto recolhimento em atraso, que, de fato, não ocorreu.
Numero da decisão: 2401-005.698
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Matheus Soares Leite, substituído pelo conselheiro Thiago Duca Amoni.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro e Thiago Duca Amoni (suplente convocado). Ausente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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ERRO NO ENVIO. Comprovado o erro do contribuinte no envio da DCOMP, deve ser cancelado o crédito apurado pela homologação parcial da compensação, relativo a diferença correspondente à multa por suposto recolhimento em atraso, que, de fato, não ocorreu. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Declarouse impedido de participar do julgamento o conselheiro Matheus Soares Leite, substituído pelo conselheiro Thiago Duca Amoni. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro e Thiago Duca Amoni (suplente convocado). Ausente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 95/101) interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte – DRJ/BHE (fls. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 01 73 /2 00 9- 36 Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10680.720173/200936 Acórdão n.º 2401005.698 S2C4T1 Fl. 169 2 84/90), que considerou improcedente manifestação de inconformidade do contribuinte (fls. 22/ 23) em face de Despacho Decisório (fl. 3) que homologou parcialmente a compensação informada na Declaração de Compensação – DCOMP nº 35953.26059.040604.1.3.042226, transmitida em 04/06/2004 (fls. 4/9). De acordo com o Despacho Decisório: Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do credito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 804.091,54. Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, constatouse a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP, reconhecendose o valor do crédito pretendido. [...] Entretanto. considerando que o crédito reconhecido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP, HOMOLOGO PARCIALMENTE a compensação declarada. Valor devedor consolidado. correspondente aos débitos indevidamente compensados, para pagamento até 30/09/2008. Principal Multa Juros 91.259,73 18.251,94 117.350,88 O contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 22/23), alegando, em síntese, que: O IRRF apurado na 1ª semana de agosto de 2000 importou em R$ 804.091,54, conforme DCTF, enquanto o recolhimento efetuado para o período importou em R$ 804.284,09, ocasionando um pagamento a maior no valor de R$ 192,55. Para recuperação do valor recolhido a maior foram apresentadas duas DCOMPs: 35953.26059.040604.1.3.042226 (cadastrada neste processo), onde foi utilizada a importância de R$ 804.091,54 na extinção do IRRF referente à 1ª semana de agosto de 2000, através da compensação. 24406.40726.040604.1.3.040810, quando foi utilizada a importância de R$ 192.55 na extinção do IRRF apurado na 2ª semana de novembro de 2000, através da compensação. O manifestante argumenta que o procedimento executado na DCOMP de n° 35953.26059.040604.1.3.042226 foi “indevido”, considerando que no caso em questão a compensação efetuada era desnecessária. Esclarece que “tal procedimento gerou indevidamente a aplicação de multa, motivada por erro operacional e não por um valor efetivamente devido pela empresa”. Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10680.720173/200936 Acórdão n.º 2401005.698 S2C4T1 Fl. 170 3 Requereu o cancelamento do PER/DCOMP efetuado indevidamente, o cancelamento da cobrança no Despacho Decisório n° 808238107 e a suspensão da exigibilidade dos débitos em cobrança, nos termos do Decreto 70.235/72. A DRJ/BHE, por meio do Acórdão 0223.163 (fls. 84/90), considerou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme disposto a seguir: Delimitou o litígio à parcela de compensação não homologada. O argumento utilizado pelo contribuinte neste processo reportase unicamente à solicitação de cancelamento da DCOMP, por considerála desnecessária, e que, uma vez apresentada, gerou a multa de mora que deu origem ao saldo de débitos exigidos. A Declaração de Compensação é um instrumento fundamental na execução do procedimento, na medida em que identifica os créditos utilizados e os débitos compensados. Esta foi a ferramenta instituída pelo legislador com o intuito de permitir ao fisco o controle dos atos praticados pelos contribuintes. Neste contexto, os elementos essenciais da DCOMP se traduzem na identificação dos créditos utilizados e dos débitos compensados (extintos pela compensação). Os créditos utilizados pelo contribuinte na DCOMP, bem como os débitos por ele compensados não podem simplesmente ser ignorados ou substituídos quer seja por ato informal do contribuinte ou mesmo exofício pela Administração Pública. Contudo, a legislação tributária também prevê a alteração destes dados, considerando exatamente possíveis erros cometidos pelos contribuintes no preenchimento destas declarações. Cita a Lei 9.430/97, as Instruções Normativas SRF 460/2004 e RFB 900/2008, e esclarece que a retificação ou o cancelamento da PER/DCOMP somente é possível na hipótese de inexatidões materiais verificadas no seu preenchimento. Contudo, não indiscriminadamente, o procedimento é efetuado formalmente, quer seja através da apresentação de formulário ou de PER/DCOMP eletrônica, e somente para as declarações ainda pendentes de decisão administrativa. Concluiu que a operacionalização da compensação em litígio neste processo foi efetuada nos termos em que determinada na legislação tributária vigente, embasada pelas informações prestadas pelo próprio contribuinte nas declarações apresentadas à RFB. Assim sendo, não há como alterála. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 95/101), alegando, em síntese, o que segue: Diz que caso seja mantido o entendimento da DRJ, haverá enriquecimento sem causa da arrecadação fazendária. Cita o CTN, art. 165, o Código Civil, artigos 876 e 877, e disserta sobre o conceito de pagamento indevido. Afirma que o Acórdão da DRJ se baseou em norma infralegal (Instrução Normativa) e seu direito não pode ser limitado por norma infralegal. Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10680.720173/200936 Acórdão n.º 2401005.698 S2C4T1 Fl. 171 4 Requer a reforma do acórdão recorrido, o cancelamento do PER/DCOMP efetuado indevidamente, e que o valor considerado como compensado seja efetivado como valor devido da primeira semana de agosto/2000, e considerado sua quitação pelo próprio DARF de R$ 804.284,09, vencido e quitado em 06/09/2000, o cancelamento da cobrança no Despacho Decisório n° 808238107 e a suspensão da exigibilidade dos débitos em cobrança. É o relatório. Voto Conselheira Miriam Denise Xavier Relatora. ADMISSIBILIDADE Conforme despacho de fl. 167, o recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. MÉRITO No caso em análise, vêse que o contribuinte cometeu um equívoco ao preencher a DCOMP, para justificar o crédito de R$ 192,55 que seria usado para compensar parte do IRRF devido relativo à 2ª semana de novembro de 2000. Conforme relatado, o contribuinte apurou o IRRF para 1ª semana de agosto de 2000 no valor de R$ 804.091,54 e efetuou o recolhimento a maior, no vencimento da obrigação, em 6/9/2000, no valor de R$ 804.284,09. A DCOMP com tais informações foi transmitida em 4/6/04. Da análise do documento de fl. 83, Despacho Decisório Detalhamento da compensação, observase que foram efetuadas os seguintes ajustes: Crédito reconhecido de R$ 804.091,54, recolhido em 6/9/2000, valorado de juros, pois a DCOMP foi enviada em 4/6/04. Foi apurado o valor utilizado do crédito na data da valoração da seguinte forma: Principal R$ 712.831,81 Multa R$ 142.566,36 Juros R$ 400.754,04 Vêse que o crédito total valorado seria para abater do valor devido, considerando principal, juros e multa (20%). Fezse a conta ao inverso: partindose do total recolhido, ele foi rateado em principal, juros e 20% de multa, os dois últimos incidentes sobre o valor do principal. Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10680.720173/200936 Acórdão n.º 2401005.698 S2C4T1 Fl. 172 5 Da análise da situação que se apresenta é possível verificar que valor lançado é a multa apurada na conta invertida, que seria devida caso o recolhimento tivesse ocorrido com atraso. A diferença se deve aos juros aplicado sobre R$ 804.091,54 na valoração e sobre R$ 712.831,81 na conta invertida = R$ 51.306,22; logo a multa de R$ 142.566,36 R$ 51.306,22 = R$ 91.260,14, com erro de aproximação, já que o valor lançado como não homologado foi de R$ 91.259,73. Assim, sob o aspecto formal, tratouse a compensação declarada, sendo valorado o crédito e extinto parte do débito na data do encontro de contas, 4/6/04. Contudo, sob o aspecto material, o débito relativo à 1ª semana de agosto/2000, foi extinto pelo pagamento na data do vencimento, 6/9/2000. Conforme as instruções normativas citadas no acórdão recorrido, não seria possível cancelar a DCOMP. Acontece, que a verdade material que se apresenta é realmente a cobrança de uma multa de mora, decorrente do erro do contribuinte ao enviar a DCOMP que serviu de base para o Despacho Decisório que apurou crédito tributário, diante da compensação parcialmente homologada. A Lei 9.430/96, assim dispõe: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (grifo nosso) . § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Logo, o crédito tributário lançado, que equivale à multa de mora apurada por suposto atraso no pagamento não pode prosperar, pois o pagamento ocorreu na data do vencimento da obrigação (6/9/2000). CONCLUSÃO Sendo assim, prestigiando o princípio da verdade material, dou provimento ao recurso voluntário, para declarar extinto o crédito tributário constituído por meio do Despacho Decisório de fl. 3. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10680.720173/200936 Acórdão n.º 2401005.698 S2C4T1 Fl. 173 6 (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 173DF CARF MF
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Numero do processo: 13433.000319/2009-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INSUMOS. CONCEITUAÇÃO
O direito ao crédito presumido e ao crédito básico de IPI restringe-se às aquisições de matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados no processo produtivo e consumidos a partir de contato direto sobre o produto em fabricação.
CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA CRIAÇÃO DE CAMARÕES. POSSIBILIDADE.
Os produtos utilizados na fabricação de produtos exportados, que atendam os requisitos para se classificar como insumos, podem ser computados no cálculo do crédito presumido de IPI.
Recurso Voluntário Provido.
Direito Creditório Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.304
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Presidente.
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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INSUMOS. CONCEITUAÇÃO O direito ao crédito presumido e ao crédito básico de IPI restringese às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados no processo produtivo e consumidos a partir de contato direto sobre o produto em fabricação. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA CRIAÇÃO DE CAMARÕES. POSSIBILIDADE. Os produtos utilizados na fabricação de produtos exportados, que atendam os requisitos para se classificar como insumos, podem ser computados no cálculo do crédito presumido de IPI. Recurso Voluntário Provido. Direito Creditório Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 43 3. 00 03 19 /2 00 9- 33 Fl. 119DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. Relatório Trata o presente processo de deferimento parcial relativo a pedido de compensação que teve como origem o ressarcimento de crédito presumido de IPI do 4º trimestre/2003, calculado sobre insumos adquiridos para a industrialização de produtos para exportação e fundado na Lei nº 9.363/96. A fiscalização deferiu parcialmente o pedido porque não aceitou a inclusão na base de cálculo do benefício as aquisições de insumos utilizados na fase primária da criação de camarões. Segundo a autoridade tributária, o Contribuinte não teria direito a solicitar os créditos calculados sobre insumos na fase pré industrial de pós larva até a obtenção do camarão in natura. A empresa somente faria jus ao ressarcimento do crédito presumido sobre os insumos utilizados na fase industrial de produção do camarão congelado exportado, atinente à aquisição de matériaprima original (camarão in natura) e de material de embalagem. A Recorrente se insurgiu contra tal entendimento e apresentou manifestação de inconformidade com os seguintes argumentos: a) Todo o problema se origina da classificação fiscal, na TIPI, do produto camarão. Tratase de produto industrializado, no campo de incidência do IPI, com alíquota zero, ainda que in natura. Vejase o at.10 da Lei 7.798/89, transcrito às fls.68. No anexo V, estão citados nominalmente, na posição fiscal correspondente aos crustáceos em geral (03.06), independentemente do estado ou peso. A Tabela TIPI, Decreto 4.070/2001 aponta a posição 03.06, com alíquota zero. Em suma: crustáceos, independentemente de estado ou peso, são produtos industrializados, tributados pelo IPI, com alíquota zero; b) O sentido de classificar um produto quase in natura, apenas aperfeiçoado para consumo e embalado, conforme disse o Auditor Fiscal, é que a lei não pode omitirse às mudanças da economia, no mundo e no Brasil. No nordeste do Brasil vem se implantando a indústria da criação, engorda e ceva de peixe (tilápia) e do crustáceo (camarão). De complexa atividade industrial resulta o produto final, o crustáceo industrializado, muito diferente da atividade extrativista de jogar a rede ao mar. Formase uma linha de fabricação industrial, com os seus insumos de matériasprimas (alevinos, produtos intermediários (rações e tratos culturais) e material de embalagem, obtendose, por fim, o produto final, o camarão made in Brazil. E bote, por favor, tecnologia nessa história; c) No caso em foco, partindose do camarão em estado larvar, evidente que não congelado, da posição TIPI 0306.2300. As larvas são submetidas ao “processo industrial” da ‘fabricação”. Evidentemente uma ficção legal, mais o arraçoamento, o manejo e a tecnologia, e terseá a partir das tais larvas, um produto pronto para a segunda etapa de “beneficiamento”, com a conseqüente mudança da classificação fiscal. Segundo a legislação do IPI, “industrialização” é conceito exlege, identificandose uma das operações clássicas previstas na Lei 4.502/64: transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento. Assim é que, com uso de tecnologia, aquele produto primitivo, classificado na posição Fl. 120DF CARF MF Processo nº 13433.000319/200933 Acórdão n.º 3402005.304 S3C4T2 Fl. 120 3 0306.23.00 (não congelados), transformase no produto enquadrado na posição 0306.1300 (congelado), ambos com alíquota zero. Ato contínuo, a DRJRECIFE (PE) julgou a manifestação de inconformidade do contribuinte nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003 DESPESAS GERAIS DA EMPRESA. GLOSA DOS CRÉDITOS PRESUMIDOS DE IPI INDEVIDAMENTE REGISTRADOS. Conforme a disciplina normativa que rege a matéria, com base no PN COSIT nº 65/79, afastamse do cômputo do crédito presumido de IPI, as aquisições referentes a despesas gerais da empresa com alimentação de trabalhadores, com combustíveis, com telefone, energia elétrica ou com peças de reposição para manutenção de bens do ativo permanente. CRIAÇÃO DE CAMARÃO. CRÉDITO PRESUMIDO. IMPOSSIBILIDADE. A criação de camarão (carcinicultura), por ser atividade que não se enquadra no conceito de industrialização, não propicia que os produtos nela empregados gerem direito ao crédito presumido do IPI. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Em seguida, devidamente notificada, a Recorrente interpôs o presente recurso pleiteando a reforma do acórdão. Em seu Recurso Voluntário, a Empresa repisou os mesmos argumentos utilizados na Manifestação de Inconformidade quanto ao seu direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Sousa Bispo O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. Depreendese da leitura da decisão recorrida que a DRJ manteve a glosa dos insumos sob o fundamento de que a carcinicultura (criação de camarão) é atividade agrícola que não se enquadra no conceito de industrialização, não propiciando direito ao crédito presumido do IPI sobre os insumos utilizados nessa atividade. Fl. 121DF CARF MF 4 A Recorrente informa que a sua produção de camarões envolve as seguintes atividades, conforme fluxograma a seguir reproduzido: As seis primeiras atividades que fazem parte da primeira etapa da produção de camarões é conhecida como carcinicultura. Nela se parte das larvas de camarões que são armazenadas e alimentadas em tanque, tornandose estes, após decorridos alguns dias, animais juvenis. Posteriormente, esses animais são transferidos para viveiros onde são devidamente alimentados por vários dias, ocorrendo a sua engorda até a etapa da despesca que faz surgir o camarão "in natura". A etapa seguinte constituída pelas seis últimas atividades, que segundo entendimento da fiscalização seria a etapa da industrialização propriamente dita, na qual o camarão in natura passa por processo químico e de lavagem visando seu controle de qualidade. Na sequência, o camarão é limpo (onde são retirados cabeça, casca e a veias do sistema digestivo), congelado e embrulhado, surgindo assim, o produto final "camarão congelado" que é exportado. Os insumos glosados objeto do processo foram aqueles utilizados nas seis primeiras etapas, denominada carcinicultura, conforme trecho reproduzido do despacho decisório, in verbis: Através de duas intimações a Maricultura Tropical apresentou notas fiscais e demonstrativos de crédito presumido do ano de 2003. Verificase a existência de muitas notas fiscais que não poderiam compor a base de cálculo do crédito presumido de IPI. Muitas são referentes a fase préindustrial da produção do camarão, como aquisição de larvas, ração e produtos químicos usados na carcinicultura. A mesma matéria já foi enfrentada por outras turmas desta Câmara do contencioso administrativo. A Turma Especial da Terceira Seção analisou a mesma questão, envolvendo outra empresa produtora de camarão congelado, em voto proferido pelo Relator Hélcio Lafetá Reis no acórdão nº 380301.639, no qual se entendeu que caberia incluir na base do crédito presumido do IPI os insumos utilizados diretamente na etapa inicial de industrialização do camarão congelado, correspondente à criação dos camarões. Dessa forma, com a devida vênia, filiome aos fundamentos explicitados no referido acórdão, por entender que foi dada a melhor solução para a lide diante dos fatos relatados e legislação que rege a matéria. A seguir transcrevo o trecho do voto esclarecedor da questão: Quanto à glosa dos insumos aplicados na atividade de criação de camarões, não se consegue extrair da legislação tributária que rege a matéria tal vedação. A autoridade administrativa amparou a glosa no fato de que, por se tratar de atividade agrícola, a criação de camarões estaria excluída do conceito de industrialização, em razão do que os insumos consumidos não poderiam gerar crédito presumido de IPI. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 13433.000319/200933 Acórdão n.º 3402005.304 S3C4T2 Fl. 121 5 O crédito presumido não se confunde com o crédito básico de IPI, não podendo se invocar a sistemática da não cumulatividade em sua apuração, pois constituise em incentivo à exportação a partir do afastamento dos efeitos da cumulatividade da Cofins e da Contribuição para o PIS, sendo relevante, na situação, ter havido a incidência dessas contribuições nas etapas anteriores do ciclo de produção, independentemente de haver ou não incidência do IPI. 1 Esse entendimento foi o esposado em inúmeros acórdãos deste Conselho, destacandose os de número 29218.294, de 19 de setembro de 2007, CSRF/02.01.888, de 11 de abril de 2005, e CSRF/0202.260, de 24 de abril de 2006. Além disso, no presente caso, o produto camarão encontrase classificado na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) como sujeito à alíquota zero, fato esse que, por si só, fragiliza o fundamento adotado pela Fiscalização para descaracterizar, como atividade industrial, a cultura do camarão que precede o beneficiamento do produto a ser exportado. Como bem consignou o julgador de piso vencido no julgamento a quo, em declaração de voto (fls.135 a 148), apesar de existir a possibilidade de ocorrerem de forma independente operações de criação de camarão (atividade agrícola) e de beneficiamento do camarão (industrialização), inexiste nos autos qualquer evidência do exercício simultâneo, ou paralelo, de ambos os tipos de atividade envolvendo camarões, descrevendose apenas a atividade de industrialização do camarão. Merece transcrição, ainda, pelo seu caráter esclarecedor, o excerto a seguir transcrito, extraído da mesma declaração de voto referenciada no parágrafo anterior (fl. 137): No presente processo, a partir da descrição dos fatos no relatório, e consultada a documentação acostada, podese concluir que a atividade descrita é eminentemente industrial, dentro dos limites disciplinados no RIPI. A partir da maturação das póslarvas de camarão, numa primeira etapa da produção industrial, o processo avança para as etapas seguintes na linha industrial de produção, para a classificação, limpeza, congelamento e embalagem final. Pedese atenção neste ponto, não é possível abstrair a figura do camarão desse processo industrial. As larvas, as póslarvas e os camarões adultos em que aquelas se transformam, compõem necessariamente o produto final obtido ao final do processo industrial (as larvas e as póslarvas convergem para serem os próprios camarões presentes no produto final industrializado). Não há nos autos nenhuma evidência de comércio, pela interessada, de camarões in natura (nem muito menos, de larvas ou póslarvas de camarão) Vale dizer, no caso, se do produto final industrializado for retirada a figura dos camarões maturados na própria empresa, seres em que se transformaram as larvas e póslarvas, não haveria nenhum produto final industrializado a ser considerado, o que evidentemente não faz sentido ante a evidência de que 1 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. Porto Alegre: Esmafe, 2008, p. 46. Fl. 123DF CARF MF 6 houve exportação de camarões industrializados. Portanto, neste caso, o camarão é matériaprima industrial no stricto sensu. Portanto, no que se refere aos produtos utilizados na criação de camarões – póslarva, rações e alimentos diversos para o camarão –, dado que comprovado o atendimento dos requisitos para se classificar como insumos, nos termos abordados no item I deste voto, devese acatar sua inclusão no cálculo do crédito presumido de IPI. Cabe esclarecer que no item I do citado voto, o Relator, após a análise da legislação regente do IPI vigente à época e com a orientação normativa exarada por meio do PN COSIT nº 65/79, conclui que o direito ao crédito presumido se restringe às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados no processo produtivo que foram consumidos no processo de industrialização a partir de contato direto sobre o produto em fabricação. Da mesma forma, no caso concreto, entendo que a produção do camarão congelado da Recorrente se constitui em uma produção industrial em duas fases integradas na qual ocorre uma etapa inicial de maturação das larvas e póslarvas do camarão até ele se tornar um animal adulto in natura, que, em seguida, dentro da mesma linha de produção, é classificado, limpo, congelado e embalado para venda ao exterior. No processo produtivo as operações de beneficiamento e acondicionamento são aplicadas visando a obtenção do produto final, camarão congelado. Frisese, por oportuno, que, da mesma forma como ocorrida no voto reproduzido, no presente caso também inexiste qualquer informação a respeito da venda do camarão in natura. Ademais, observo que a matériaprima essencial em todas as etapas da produção, desde a maturação até o beneficiamento e embalagem, é o camarão,. Ao longo do processo produtivo, essa matériaprima principal pode se apresentar na forma de larva, pós larva ou in natura mas sempre será mantida a sua natureza de camarão do início ao fim do processo produtivo, dando origem ao produto final camarão classificado por tamanho, limpo, congelado e embalado. Consequentemente, as larvas adquiridas para a produção do camarão são matériasprimas essenciais ao processo, ensejando a sua inclusão no cálculo do benefício fiscal do crédito presumido de IPI. Nessa mesma direção, aqueles insumos aplicados na maturação do camarão em seu estado de larva ou póslarva para conserválas e desenvolvêlas se caracterizam como produtos intermediários se foram consumidos no processo produtivo decorrente de contato físico direto com o produto final fabricado, no caso, o camarão, nos termos explicitados no Parecer Normativo CST nº 65/1979, in verbis: 10. Resumese, portanto, o problema na :determinação do que se deva entender como produtos que embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização. 10.1. Como o texto fala em "incluindose entre as matérias primas e os produtos intermediários", é evidente que tais bens hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários stricto sensu, semelhança esta que reside no fato de exercerem na operação de industrialização função análoga a destes, ou seja, se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 13433.000319/200933 Acórdão n.º 3402005.304 S3C4T2 Fl. 122 7 10.2 A expressão `consumidos...' há de ser entendida em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde de que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre o insumo. (negrito nosso). Depreendese que, tal qual ao caso das aquisições de larvas utilizadas como a matériaprima industrial principal, as rações e produtos químicos aplicados na conservação e alimentação dessas larvas e póslarvas de camarão na sua maturação são caracterizados como produto intermediário e também devem ser incluídos no cálculo do benefício fiscal do crédito presumido de IPI. Confirmando esse entendimento de natureza industrial da fase de maturação na linha de produção da indústria do camarão, o Conselheiro Relator Henrique Torres, em voto proferido no acórdão nº 9303003.191 no julgamento de Recurso Especial referente ao mesmo voto anteriormente reproduzido, negou provimento ao recurso da PGFN fundado na classificação fiscal do camarão in natura na TIPI que se encontra em posição de produto industrializado sujeito à alíquota zero, conforme argumentos a seguir transcritos: Ocorre que na Tabela de Incidência do Imposto de Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto 4.542, de 26 de dezembro de 2002 (vigente à época dos fatos geradores), tanto o camarão vivo, o fresco, quanto o congelado (beneficiado) são tributados à alíquota zero, segundo transcrição a seguir (grifos acrescidos): Desta forma, temos que a criação de camarões, cujo produto final é o camarão fresco, é atividade industrial, dado que os camarões, ainda que vivos ou frescos, são produtos tributados à alíquota zero, ou seja, sujeitos à incidência do imposto. Fl. 125DF CARF MF 8 A partir dessa constatação, a conclusão a que se chega é que a criação de camarões, por ser atividade sujeita à incidência do imposto (atividade industrial), enseja direito ao crédito presumido do IPI. Desta forma, as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na criação dos camarões podem ser incluídas na base de cálculo do benefício, pois é o camarão oriundo da criação que, após congelado e embalado, é exportado. (negrito nosso) Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para apuração do quantum a ressarcir. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 126DF CARF MF
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Numero do processo: 10821.720034/2016-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 19/06/2011
DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. DOCUMENTOS INSTRUTIVOS. APRESENTAÇÃO.
O descumprimento, pelo importador, da obrigação de apresentar à fiscalização aduaneira os documentos originais exigidos na legislação para instrução da declaração de importação caracteriza a ocorrência da infração em apreço.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.743
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Valcir Gassen - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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PETROBRAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 19/06/2011 DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. DOCUMENTOS INSTRUTIVOS. APRESENTAÇÃO. O descumprimento, pelo importador, da obrigação de apresentar à fiscalização aduaneira os documentos originais exigidos na legislação para instrução da declaração de importação caracteriza a ocorrência da infração em apreço. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente. (assinado digitalmente) Valcir Gassen Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 1. 72 00 34 /2 01 6- 80 Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 215 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 145 a 163) interposto pelo Contribuinte, em 4 de abril de 2017, contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 0739.276 (fls. 133 a 139), de 22 de fevereiro de 2017, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (DRJ/FNS), que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a Impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do Acórdão ora recorrido (fls. 134 e 135): Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 9.474.935,53, referente a multa proporcional ao valor aduaneiro, que está lastreada no item “1”, da alínea “b”, do inciso II, do artigo 70, da Lei n° 10.833/03. Conforme se depreende da leitura da descrição dos fatos do auto de infração e dos demais documentos constantes dos autos, a interessada registrou a declaração de importação (DI) n° 11/07680168 em 24/04/2011, modalidade de despacho antecipado, e submeteu a despacho mercadoria (petróleo tipo Yoho) nos termos da Instrução Normativa SRF n° 175/02. Contudo, em razão da apresentação incompleta dos documentos instrutivos do despacho, para fins de desembaraço das mercadorias que chegaram ao País no navio Delta IOS (primeira atracação em 29/04/2011), a autuada formalizou Termo de Responsabilidade (na própria declaração de importação) se comprometendo a apresentar os documentos faltantes no prazo de até 50 dias contados da sua assinatura. Ocorre que, expirado o prazo de 50 dias (18/06/2011), o importador só apresentou os documentos faltantes em 15/09/2011. Motivo pelo qual, no entender da fiscalização, deve ser aplicada a multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor aduaneiro das mercadorias importadas (fl. 07): ..., já que se configura a penalidade de deixar de apresentar os documentos relativos às transações realizadas, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, ou da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira quando exigidos, compreendendo tanto os documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras, como a correspondência comercial, incluídos os documentos de negociação e cotação de preços, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais, bem como outros que a Secretaria da Receita Federal venha a exigir em ato normativo, ... Cientificada, a interessada apresentou impugnação. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, o mercado das mercadorias importadas é atípico, apresenta uma série de explicações relacionadas à operacionalização do negócio e fluxo dos documentos. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 216 3 Mas ressalta que os documentos originais, ainda que a destempo, sempre foram entregues à fiscalização; Que, a penalidade prevista no dispositivo indicado não poderia ser aplicada ao caso em tela, haja vista que a contribuinte não deixou de manter em boa guarda e ordem os documentos de importação, mas apenas o entregou com atraso, porém ainda no curso do despacho aduaneiro de importação; Que, o Regulamento Aduaneiro, ao tratar dessa infração em seu artigo 710, dispôs expressamente (§1ºA) que a multa em tela não se aplica no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; Que, os fatos não se subsumem ao tipo infracional previsto na Lei; Que, não houve prejuízo ao controle aduaneiro. Agiu com boafé. Não houve dano ao Erário; Que, devem ser aplicados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade; Que, em razão da mutação normativa (evolução), a qual tem caminhado para um posicionamento mais favorável quanto ao afastamento do evento ilícito, requer, desde logo, a incidência do preceito esculpido no artigo 106, inciso II, alínea “b” do CTN para afastar a aplicação da norma pretérita ao caso concreto; Requer seja julgado improcedente o lançamento. Tendo em vista a decisão consubstanciada no referido Acórdão, o Contribuinte ingressou com Recurso Voluntário para que seja reformada a decisão e declarada a improcedência do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Valcir Gassen Relator O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0739.276 é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 19/06/2011 DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. DOCUMENTOS INSTRUTIVOS. APRESENTAÇÃO. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 217 4 O descumprimento, pelo importador, da obrigação de apresentar à fiscalização aduaneira os documentos originais exigidos na legislação para instrução da declaração de importação caracteriza a ocorrência da infração em apreço. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido No Recurso Voluntário o Contribuinte repete o requerido quando da Impugnação (esclarecimentos sobre o seu contexto negocial, sobre a alegada ausência de dano ao erário e a respeito da mutação normativa) e aponta a revogação do artigo 106, IV, “a”, do DecretoLei nº 37/66 e sobre a inaplicabilidade do art. 70 da Lei 10.833 de 2003. Assim, o Contribuinte, por meio do Recurso Voluntário, por primeiro apresenta esclarecimentos acerca do contexto negocial das operações que realiza no mercado internacional. Citase trechos para melhor esclarecer (fls. 148 e seguintes): (...) (...) Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 218 5 Por segundo o Contribuinte aponta que o art. 94 da Lei 10.833 de 2003 revogou o a norma do art. 106, IV do DecretoLei nº 37 de 1966, que prevê a incidência de multa aduaneira pela apresentação de fatura comercial fora do prazo, ou pela ausência de apresentação. Neste sentido afirma (fls. 151 e 152): Neste ponto, insta salientar que foi expressamente revogado o dispositivo que previa a incidência de multa aduaneira pela apresentação da fatura comercial fora do prazo fixado em termo de responsabilidade. (...) Dessa forma, fica latente que, muito embora inicialmente o legislador tenha decidido apenas os casos em que o importador não entregava a fatura comercial no praxo estabelecido no termo de responsabilidade, em momento posterior, optou por revogar tal penalidade por entender que a conduta não feriria mais os interesses da fiscalização. Poe esta razão, em virtude da clara opção legislativa, faleceu à autoridade administrativa a competência para restaurar a penalidade com base em outro fundamento, qual seja, um suposto descumprimento do importador de manter em boa guarda e ordem os documentos relativos às transações que realizarem. Em seguida o Contribuinte aduz pela inaplicabilidade do art. 70 da Lei 10.833 de 2003, por entender que: De outra parte, vale destacar que, diversamente do que fora sustentado no auto de infração, o artigo 70 da lei nº 10.833/2003 não tem aplicabilidade ao presente caso eis que estabelece penalidades acerca de duas hipóteses taxativamente previstas, quais sejam,: (i) o descumprimento da obrigação de manter em boa guarda e ordem os documentos relativos às transações que realizarem pelo prazo decadencial; ou (ii) descumprimento da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira. Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 219 6 Todavia, para que o tipo infracional descrito na norma se configure, mostrase indispensável que as situações indicadas nos itens “i” e “ii” acima mencionados impliquem na impossibilidade de a fiscalização aferir a regularidade do tributo devido e/ou recolhido pela contribuinte, impondose, desta forma, o seu arbitramento e/ou aferição por método substitutivo. A multa, desta forma, se impõe em caráter complementar somente quando se verificar impossibilidade na aferição de regularidade do tributo devido e recolhido pelo Contribuinte na operação, por conta da não apresentação dos documentos indicados nos artigos 70, caput e incisos I e II, da Lei 10.833/03. E aduz ainda: Assim, como os fatos tratados nos autos ocorreram durante o despacho aduaneiro (ou seja, quando a fiscalização ainda estava em curso), impossível seria a aplicação da multa em razão do comando expresso previsto no art. 710, § 1A do Regulamento Aduaneiro. (...) Neste contexto, tornase patente a necessidade de cancelamento da penalidade lançada, seja pela não subsunção dos fatos ao tipo infracional previsto no art. 70 da Lei nº 10.833/2003 e regulamentado pelo art. 710, caput, do RA, seja pela expressa vedação contida no § 1A do art. 710 do RA, o que desde já se requer. Alega o Contribuinte, ainda, que não se verifica prejuízo ao controle aduaneiro; que não houve nenhum dano ao Erário visto que a autoridade administrativa fiscal não apontou recolhimento a menor do tributo devido; que agiu de boafé; e, que fazse necessário no presente caso a aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade de acordo com o previsto no art. 2º da Lei nº 9.748/1999. Por fim, o Contribuinte argumenta no sentido de que houve uma “mutação normativa” do Regulamento Aduaneiro que passou a aceitar a entrega de documentos em formato digital, mantendo a guarda da documentação original, e, portanto, a aplicação art. 106, II, alínea “b”, do Código Tributário Nacional. Nos seguintes termos (fl. 161): Em um passado recente, a apresentação dos documentos originais de importação (BL e fatura), por ocasião da finalização do despacho aduaneiro, era obrigatória. Tal flexibilização, deveuse a alteração do Regulamento Aduaneiro que passou a permitir a entrega de documentos em formato digital, mantendo, todavia, a guarda da documentação original. Notese, por oportuno, que as alterações são claras quando se trata da mutação normativa da IN RFB 680/2006. No entanto, a IN RFB 1282/2012, norma específica para importação de graneis, ainda não contém disposição expressa a dispensar a apresentação dos documentos originais por ocasião do desembaraço aduaneiro. A prática internacional nunca exigiu a apresentação dos documentos originais em via física, sendo necessária, tãosomente, a apresentação das cópias para finalização dos procedimentos de desembaraço e despacho aduaneiro. Foram citados como exemplo, as práticas da Coréia do Sul, Emirados Árabes, China, Singapura, Japão e Filipinas. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 220 7 (...) Sob essa ótica, em razão da mutação normativa, a qual tem caminhado para um posicionamento mais favorável quanto ao afastamento do evento ilícito (hoje são aceitos documentos em formato digital em substituição aos originais), requeremos, desde logo, a incidência do preceito esculpido no artigo 106, inciso II, alínea “b”, do CTN para afastar a aplicação da norma pretérita ao caso concreto. Vejamos (...). Sendo assim, o Contribuinte requer a improcedência do Auto de Infração que gerou o presente processo uma vez que o considera insubsistente. Portanto, observase que a questão central na presente lide, é a aplicação ou não da multa de 5% pelo fato do Contribuinte não ter apresentado, em tempo hábil, a documentação exigida pela administração fazendária. Diante de todos os argumentos formulados pelo Contribuinte em seu recurso, cabe citar trechos do Acórdão ora recorrido como razões para decidir, bem como, para elucidar os fatos e a legislação aplicável ao caso (fls. 136 a 139): Inicialmente cumpre esclarecer que, quanto à perda do prazo assumido no Termo de Responsabilidade para entrega da documentação original instrutiva da declaração de importação, não há litígio (a própria impugnante ratifica em sua peça de defesa folha 67); a interessada apenas discorda quanto aos critérios de aplicação do direito. A interessada alega que o disposto no §1ºA do artigo 710 do Decreto no 6.759/09 impede a aplicação da multa em trato em: Art. 710. Aplicase a multa de cinco por cento do valor aduaneiro das mercadorias importadas, no caso de descumprimento de obrigação referida no caput do art. 18, se relativo aos documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras (Lei no 10.833, de 2003, art. 70, inciso II, alínea “b”, item 1). ... § 1ºA A multa referida no caput não se aplica no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria. (Incluído pelo Decreto no 8.010, de 2013) ...(Grifos acrescidos) Ocorre que no presente caso, como relatado pela fiscalização, ocorreu o desembaraço aduaneiro em razão da formalização do Termo de Responsabilidade pela interessada. Portanto, o caso trata de fato ocorrido em momento posterior ao desembaraço aduaneiro. Situação normatizada no artigo 4º da Instrução Normativa SRF n° 175/02, então vigente: Art. 4º O desembaraço aduaneiro será procedido de acordo com a quantidade de mercadoria manifestada, à vista do conhecimento de carga e demais documentos exigíveis no despacho aduaneiro. § 1º No caso de apresentação incompleta dos documentos exigidos, a mercadoria somente poderá ser desembaraçada e entregue ao importador mediante a formalização de Termo de Responsabilidade. Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 221 8 § 2º Na hipótese do parágrafo anterior, os documentos deverão ser apresentados no prazo de dez dias, contado da data da assinatura do Termo de Responsabilidade. § 3º Tratandose de importação de petróleo e seus derivados, e de gás natural e seus derivados, o prazo referido no § 2o será de até cinqüenta dias. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB no 855, de 08 de julho de 2008) ... (Grifos acrescidos) Consulta ao sistema “Siscomex Importação” em 21/02/2017, por este Relator, ratifica a ocorrência do desembaraço na data de 29/04/2011: Situação DI DI desembaraçada Data/Hora:29/04/2011 15:54:20 ... A fiscalização informa que o prazo concedido para apresentação dos documentos expirou em 18/06/2011, momento posterior ao desembaraço aduaneiro, prazo concedido com base no disposto na norma anteriormente transcrita. Embora a infração esteja relacionada com os documentos instrutivos do despacho aduaneiro, a infração foi implementada com o descumprimento do prazo concedido para apresentação dos documentos originais, prazo este posterior ao desembaraço aduaneiro. Portanto, no caso concreto não se vislumbra a possibilidade de aplicação do disposto no §1ºA do artigo 710 do Decreto nº 6.759/09, posto que o descumprimento do compromisso assumido no termo de responsabilidade ocorreu em data posterior ao efetivo desembaraço das mercadorias. Também não prospera a tese de que ao caso seria possível aplicar o disposto no artigo 106, inciso II, alínea “b” da Lei n° 5.172/66 (Código Tributário Nacional – CTN): Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. ...(Grifos acrescidos) Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 222 9 É que no plano concreto, até o presente momento, não houve a publicação de lei que tenha afastado a exigência de apresentação dos documentos originais instrutivos da declaração de importação à fiscalização para casos como o registrado nos autos. Impossível aplicar ao caso os princípios da razoabilidade ou proporcionalidade: ou a conduta em questão não se subsume ao descrito na lei, e sendo este o caso não se aplica a pena; ou está perfeitamente tipificada na lei, e sendo este o caso, a lei determina a respectiva pena. Não há espaço para qualquer interpretação discricionária que possa deixar margem para que sejam aplicados tais princípios pela autoridade julgadora ou fiscal. As autoridades administrativas são regidas pelo princípio da estrita legalidade. Como se sabe, a administração pública regese pelo princípio da estrita legalidade (CF, art. 37, caput), especialmente em matéria de administração tributária, que é uma atividade administrativa plenamente vinculada (CTN, arts. 3o e 142, parágrafo único). Conforme relatado, à interessada foi atribuída responsabilidade pelo crédito tributário em virtude do atraso ocorrido para a entrega dos documentos originais que deve instruir a declaração de importação (conhecimento de embarque e fatura). O enquadramento legal indicado pela fiscalização é o item “1”, da alínea “b”, do inciso II, do artigo 70, da Lei n° 10.833/03: Art. 70. O descumprimento pelo importador, exportador ou adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, da obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, ou da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira quando exigidos, implicará: (Vide) I se relativo aos documentos comprobatórios da transação comercial ou os respectivos registros contábeis: a) a apuração do valor aduaneiro com base em método substitutivo ao valor de transação, caso exista dúvida quanto ao valor aduaneiro declarado; e b) o nãoreconhecimento de tratamento mais benéfico de natureza tarifária, tributária ou aduaneira eventualmente concedido, com efeito retroativos à data do fato gerador, caso não sejam apresentadas provas do regular cumprimento das condições previstas na legislação específica para obtêlo; II se relativo aos documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras: a) o arbitramento do preço da mercadoria para fins de determinação da base de cálculo, conforme os critérios definidos no art. 88 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, se existir dúvida quanto ao preço efetivamente praticado; e b) a aplicação cumulativa das multas de: 1. 5% (cinco por cento) do valor aduaneiro das mercadorias importadas; e Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 223 10 2. 100% (cem por cento) sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado. § 1º Os documentos de que trata o caput compreendem os documentos de instrução das declarações aduaneiras, a correspondência comercial, incluídos os documentos de negociação e cotação de preços, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais, bem como outros que a Secretaria da Receita Federal venha a exigir em ato normativo. ... § 6º A aplicação do disposto neste artigo não prejudica a aplicação das multas previstas no art. 107 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação dada pelo art. 77 desta Lei, nem a aplicação de outras penalidades cabíveis. (Grifos acrescidos) Quanto ao dever de apresentar os documentos instrutivos da declaração de importação à fiscalização, a regra geral, como se sabe é a citada no artigo 553 do Decreto nº 6.759/09, isto é, os documentos originais são apresentados juntamente com a respectiva declaração de importação: Art. 553. A declaração de importação será instruída com (DecretoLei no 37, de 1966, art. 46, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2o): I a via original do conhecimento de carga ou documento de efeito equivalente; II a via original da fatura comercial, assinada pelo exportador; ...(Grifos acrescidos) Contudo, para mercadorias como a do caso dos autos, foi facultada a apresentação de tais documentos no prazo de até 50 dias, contados da data de assinatura do Termo de Responsabilidade, conforme preconizado no já citado artigo 4º da Instrução Normativa SRF n° 175/02. A faculdade de apresentar os documentos originais, mediante a formalização de Termo de Responsabilidade, em momento posterior à apresentação da declaração de importação é opção do declarante, e não dever. Porém, ao exercer tal direito, a interessada assume, concomitantemente, o dever de apresentar os documentos faltantes à fiscalização até o termino do prazo. O descumprimento, pelo importador, da obrigação de apresentar à fiscalização aduaneira os documentos originais exigidos na legislação para instrução da declaração de importação caracteriza a ocorrência da infração em apreço. Portanto, contrariamente ao entendimento apresentado na peça de defesa, os fatos se subsumem à hipótese descrita na lei. Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10821.720034/201680 Acórdão n.º 3301004.743 S3C3T1 Fl. 224 11 O argumento apresentado, no sentido de que o procedimento adotado não acarretou em prejuízo ao controle aduaneiro, dano ao Erário ou de que houve boafé, não pode ser acatado. No presente caso a responsabilidade é objetiva, independe da intenção do agente ou responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. É o que preceitua o artigo 136 da Lei n° 5.172/66 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. (Grifos acrescidos) Assim, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário. Ocorre que, como bem demonstrou o voto da decisão ora recorrida, houve o descumprimento por parte do Contribuinte da obrigação de apresentar os documentos originais à Fiscalização no prazo avençado no Termo de Responsabilidade, salientando que a opção da entrega dos documentos originais em momento posterior a Declaração de Importação foi a opção do Contribuinte e esta não foi adimplida. Portanto, tendo em vista a legislação aplicável ao caso e os autos do processo, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário apresentado, mantendo a decisão consubstanciada no Acórdão ora recorrido. (assinado digitalmente) Valcir Gassen Fl. 224DF CARF MF
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