Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,070)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,821)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,490)
- Segunda Turma Ordinária d (15,373)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,232)
- Segunda Turma Ordinária d (13,956)
- Primeira Turma Ordinária (12,798)
- Primeira Turma Ordinária (11,971)
- Segunda Turma Ordinária d (11,932)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,387)
- Terceira Câmara (64,066)
- Segunda Câmara (52,396)
- Primeira Câmara (17,064)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,374)
- Segunda Seção de Julgamen (110,145)
- Primeira Seção de Julgame (72,676)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,769)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,790)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,010)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,802)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,220)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 10283.006468/2004-74
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/1999 a 30/06/2004
Recurso Especial de Divergência. Admissibilidade.
A admissibilidade do recurso especial de divergência está condicionada à demonstração de que outro Colegiado do CARF ou dos extintos Conselhos de Contribuintes, julgando matéria similar, tenha interpretado a mesma legislação de maneira diversa da assentada no acórdão recorrido.
Conseqüentemente, não há que se falar divergência jurisprudencial, quando estão em confronto situações diversas, que atraem incidências específicas, cada qual regida por legislação própria.
Da mesma forma, se os acórdãos apontados como paradigma só demonstram divergência com relação a um dos fundamentos assentados no acórdão recorrido e o outro fundamento, por si só, é suficiente para a manutenção do decisum, não há como se considerar demonstrada a necessária divergência de interpretação. Recurso Especial Não Conhecido
COFINS CUMULATIVO
A base de cálculo da Cofins é o faturamento que corresponde à receita bruta da venda de mercadorias, de serviços, mercadorias e serviços; o disposto no § 1°, do art. 3°, da Lei n° 9.718/98 foi afastado, por sentença transitada em julgado do STF. Logo, não incide Cofins sobre os valores de créditos de ICMS, decorrentes de subvenção estadual.
NORMAS TRIBUTÁRIAS. COFINS INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE INCENTIVO FISCAL ESTADUAL. TRIBUTAÇÃO
A teor do art. 44 da Lei 6.404/76 consituem receita da entidade valores recebidos a título de subvenções, ainda que de ente de direito público.
Como tal, integram elas a base de cálculo da Cofins devida na sistemática não-cumulativa, visto ser esta a integralidade das receitas auferidas
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte
Numero da decisão: 9303-003.858
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado,pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para restabelecer os créditos relativos aos fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 10.833/2003. Vencidos os Conselheiros Demes Brito (Relator), Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Martins Camargo, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Júlio César Alves Ramos. As Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que apresentará declaração de voto, votaram pelas conclusões.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Demes Brito - Relator
Júlio César Alves Ramos - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto, Henrique Pinheiro Torres,Tatiana Midori Miyiana, Demes Brito Gilson Macedo Rosenburg Filho, Rodrigo da Costa Pôssas, Érika Costa Camargos, Júlio César Alves Ramos, Vanessa Cecconello e Maria Teresa Martínez.
Nome do relator: DEMES BRITO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201605
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/11/1999 a 30/06/2004 Recurso Especial de Divergência. Admissibilidade. A admissibilidade do recurso especial de divergência está condicionada à demonstração de que outro Colegiado do CARF ou dos extintos Conselhos de Contribuintes, julgando matéria similar, tenha interpretado a mesma legislação de maneira diversa da assentada no acórdão recorrido. Conseqüentemente, não há que se falar divergência jurisprudencial, quando estão em confronto situações diversas, que atraem incidências específicas, cada qual regida por legislação própria. Da mesma forma, se os acórdãos apontados como paradigma só demonstram divergência com relação a um dos fundamentos assentados no acórdão recorrido e o outro fundamento, por si só, é suficiente para a manutenção do decisum, não há como se considerar demonstrada a necessária divergência de interpretação. Recurso Especial Não Conhecido COFINS CUMULATIVO A base de cálculo da Cofins é o faturamento que corresponde à receita bruta da venda de mercadorias, de serviços, mercadorias e serviços; o disposto no § 1°, do art. 3°, da Lei n° 9.718/98 foi afastado, por sentença transitada em julgado do STF. Logo, não incide Cofins sobre os valores de créditos de ICMS, decorrentes de subvenção estadual. NORMAS TRIBUTÁRIAS. COFINS INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE INCENTIVO FISCAL ESTADUAL. TRIBUTAÇÃO A teor do art. 44 da Lei 6.404/76 consituem receita da entidade valores recebidos a título de subvenções, ainda que de ente de direito público. Como tal, integram elas a base de cálculo da Cofins devida na sistemática não-cumulativa, visto ser esta a integralidade das receitas auferidas Recurso Especial do Procurador Provido em Parte
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10283.006468/2004-74
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5728336
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-003.858
nome_arquivo_s : Decisao_10283006468200474.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : DEMES BRITO
nome_arquivo_pdf_s : 10283006468200474_5728336.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado,pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para restabelecer os créditos relativos aos fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 10.833/2003. Vencidos os Conselheiros Demes Brito (Relator), Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Martins Camargo, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Júlio César Alves Ramos. As Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que apresentará declaração de voto, votaram pelas conclusões. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Demes Brito - Relator Júlio César Alves Ramos - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto, Henrique Pinheiro Torres,Tatiana Midori Miyiana, Demes Brito Gilson Macedo Rosenburg Filho, Rodrigo da Costa Pôssas, Érika Costa Camargos, Júlio César Alves Ramos, Vanessa Cecconello e Maria Teresa Martínez.
dt_sessao_tdt : Wed May 18 00:00:00 UTC 2016
id : 6779232
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213118447616
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 26; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2089; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 663 1 662 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10283.006468/200474 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303003.858 – 3ª Turma Sessão de 18 de maio de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MOTO HONDA DA AMAZÔNIA LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/1999 a 30/06/2004 Recurso Especial de Divergência. Admissibilidade. A admissibilidade do recurso especial de divergência está condicionada à demonstração de que outro Colegiado do CARF ou dos extintos Conselhos de Contribuintes, julgando matéria similar, tenha interpretado a mesma legislação de maneira diversa da assentada no acórdão recorrido. Conseqüentemente, não há que se falar divergência jurisprudencial, quando estão em confronto situações diversas, que atraem incidências específicas, cada qual regida por legislação própria. Da mesma forma, se os acórdãos apontados como paradigma só demonstram divergência com relação a um dos fundamentos assentados no acórdão recorrido e o outro fundamento, por si só, é suficiente para a manutenção do decisum, não há como se considerar demonstrada a necessária divergência de interpretação. Recurso Especial Não Conhecido COFINS CUMULATIVO A base de cálculo da Cofins é o faturamento que corresponde à receita bruta da venda de mercadorias, de serviços, mercadorias e serviços; o disposto no § 1°, do art. 3°, da Lei n° 9.718/98 foi afastado, por sentença transitada em julgado do STF. Logo, não incide Cofins sobre os valores de créditos de ICMS, decorrentes de subvenção estadual. NORMAS TRIBUTÁRIAS. COFINS INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE INCENTIVO FISCAL ESTADUAL. TRIBUTAÇÃO A teor do art. 44 da Lei 6.404/76 consituem receita da entidade valores recebidos a título de subvenções, ainda que de ente de direito público. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 64 68 /2 00 4- 74 Fl. 664DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 664 2 Como tal, integram elas a base de cálculo da Cofins devida na sistemática nãocumulativa, visto ser esta a integralidade das receitas auferidas Recurso Especial do Procurador Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado,pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para restabelecer os créditos relativos aos fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 10.833/2003. Vencidos os Conselheiros Demes Brito (Relator), Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Martins Camargo, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Júlio César Alves Ramos. As Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que apresentará declaração de voto, votaram pelas conclusões. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Demes Brito Relator Júlio César Alves Ramos Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto, Henrique Pinheiro Torres,Tatiana Midori Miyiana, Demes Brito Gilson Macedo Rosenburg Filho, Rodrigo da Costa Pôssas, Érika Costa Camargos, Júlio César Alves Ramos, Vanessa Cecconello e Maria Teresa Martínez. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional contra ao acórdão nº 3202001.429, proferido pela 2ª Câmara/1ª Turma da 3º Seção, julgado em 24 de setembro de 2013, que deu provimento ao Recurso do Contribuinte, decorrente da não inclusão do benefício fiscal (subvenção) concedido pelo Estado do Amazonas por meio da Lei Estadual nº 1.939/89 e da Lei nº 2.390/96 no cômputo das receitas tributáveis pela contribuição,conforme se verifica da sua ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/1999 a 30/06/2004 COFINS CUMULATIVO A base de cálculo da Cofins é o faturamento que corresponde à receita bruta da venda de mercadorias, de serviços, mercadorias e serviços; no entanto o disposto no § 1°, do art. 3°, da Lei n° 9.718/98 foi afastado, por sentença transitada em julgado do STF. Logo, não incide Cofins sobre os valores de créditos de ICMS, decorrentes de subvenção estadual. Fl. 665DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 665 3 COFINS NÃOCUMULATIVO Da mesma forma, não incide Cofins sobre valores de créditos de ICMS, decorrentes de subvenção estadual, tendo em vista sua natureza jurídica não ser considerada como receita. Recurso Voluntário Provido. Por bem, reproduzo trecho do relatório do acórdão a quo, com a descrição inicial do litígio: “Trata o presente processo de Auto de Infração relativamente a COFINS, dos meses de fevereiro a dezembro de 1999, janeiro a dezembro de 2000, janeiro a dezembro de 2001, janeiro a dezembro de 2002, janeiro a dezembro de 2003, e janeiro a junho de 2004, no valor originário de R$ 10.044.591,89, que acrescido de multa e juros atingiu o montante de R$ 20.725.586,45, fls 08 a 30. 2.A autoridade fiscalizadora descreveu que houve diferença apurada entre o valor escriturado e o valor pago, decorrente do benefício concedido pelo Estado do Amazonas, em relação ao ICMS, com base nas Leis Estaduais nº 1.939, de 1989, e nº 2.390, de 1996, que se caracterizam como subvenção, integrando a base de cálculo da COFINS, e citou a legislação pertinente. 3.Inconformada a litigante apresentou impugnação (fls. 172/199) protocolada na data de 06/12/2004, através de seu bastante procurador, conforme Instrumento de Procuração, fl. 269, onde argumentou em seu favor, em resumo, o seguinte: a) Primeiramente, que operou a decadência para os lançamentos relativos aos meses de fevereiro/99 a outubro/99 e que o lançamento seria nulo em relação a esses fatos geradores. Fundamenta seu entendimento no artigo 150, “caput”, e § 4º.; b) Questionou a constitucionalidade da Lei nº 9.718/98. c) Na restituição ou apropriação de créditos tributários, ou, de forma mais generalizada, de custos ou despesas, não há auferimento de receita. Nada de novo se acresce ao patrimônio em termos de renda, de receita efetivamente auferida. d) Entende que os valores que fizeram frente a custos e despesas, mais especificamente, os montantes que serviram para o pagamento do ICMS devido, já foram tributados pela Contribuição ao PIS, por serem parte constituinte da receita bruta da empresa, sendo que sua saída não ocasionou qualquer diminuição na base tributável dessa contribuição. Portanto, tributálos no momento em que simplesmente retornam ao patrimônio da pessoa jurídica seria tributar duplamente; e)O incentivo fiscal conferido pela Lei Estadual n° 1.939/89, do qual a Impugnante foi beneficiária, não se refere à recuperação de tributo pago indevidamente ou a maior. No entanto, é perceptível a semelhança existente Fl. 666DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 666 4 entre essa recuperação supramencionada e a restituição ou apropriação de créditos presumidos de ICMS a que a Impugnante tem direito. f) Em ambos os casos a empresa realiza pagamento maior do que o efetivamente devido, com posterior recuperação desse montante, o qual não configura receita nova. Na primeira situação, tratada pelo ADI citado, a diferença se deve ao recolhimento indevido ou a maior; já na hipótese de restituição e apropriação de créditos de ICMS, objeto desta Impugnação, o valor recuperado pela empresa se relaciona a benefício fiscal a ela concedido. g) Transcreveu ementas do julgado da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes sobre o Recurso n° 135.519 (Acórdão n° 10194.676). h) Ao ser beneficiada com a restituição do ICMS pago anteriormente e a outorga de créditos desse tributo, a Impugnante, pautada no quanto já exposto, não reconhece tal valor como receita bruta, eis que, ao contrário, estarseia tributando novamente o mesmo ICMS que já compusera a base de cálculo da Contribuição ao PIS na venda da mercadoria. i) Assim, desconsiderar esse fato conduz à dupla tributação de um mesmo evento, só que em momentos diferentes: (1o) quando da sua composição do preço de venda das mercadorias e (2o) quando da sua recuperação, seja por restituição, seja por créditos; j) Que apurou haver diferenças em relação a alguns valores considerados como base de cálculo pelo AFRF, que por certo não levou em consideração os registros por ela mantidos em seu Livro Razão (doc. 03), os quais demonstram que, em alguns meses, houve o estorno de valores restituídos ou creditados de benefício de ICMS em virtude de devolução de mercadorias; k) Afora o período já abarcado pela decadência, a Impugnante constatou que existem divergências das bases de cálculo entre os meses de novembro de 1999 (inclusive) e fevereiro de 2004 (inclusive), com as poucas exceções dos meses de maio e outubro de 2000, setembro, novembro e dezembro de 2001, janeiro, junho e novembro de 2002 e abril de 2003; l) As diferenças de valores constatadas não devem prosperar, vez que não dizem respeito a incentivo efetivamente gozado pela empresa, tendo sido estornados a contabilidade da Impugnante (via débito na conta específica)em virtude de se relacionarem a mercadorias devolvidas. m)Apontese que em relação ao mês de outubro de 1999, para o qual também já se efetivou a decadência da autoridade administrativa de proceder ao lançamento, a Impugnante, em 19/11/99, efetuou o recolhimento do montante de R$ 1.210.643,92 (...) (doc. 04), referente ao ICMS, justamente o valor da diferença identificado pela Impugnante para o referido mês. 4.Por fim, requer que sejam acolhidos seus argumentos, para que seja extinto o crédito tributário Fl. 667DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 667 5 5.Face às alegações do contribuinte de que existem divergências das bases de cálculo entre os meses de novembro de 1999 (inclusive) e fevereiro de 2004 (inclusive), com as poucas exceções dos meses de maio e outubro de 2000, setembro, novembro e dezembro de 2001, janeiro, junho e novembro de 2002 e abril de 2003, a Segunda Turma de Julgamento da DRJ/Belém, através do despacho de fls. 202/205, determinou a realização de diligência, a fim de que fosse: a) juntada aos autos documentação comprobatória de que em 13/07/2004, o Sr. Akiteru Kasai ocupava o cargo de VicePresidente da autuada; b) confirmado os valores das vendas canceladas, como alegado pela impugnante, relacionando mês a mês os valores desses cancelamentos; c) informado se tais vendas canceladas foram consideradas para apuração dos respectivos créditos tributários, quando da elaboração do auto de infração; d) caso negativo, informado o quantum devido, para cada período de apuração, em planilha informativa dos valores das vendas brutas, as deduções previstas na legislação específica, inclusive vendas canceladas, e as vendas líquidas da fiscalizada. e) com base na análise da escrituração contábil e da documentação fiscal, confirmar os valores relacionados pela autuada em planilhas de fls. 58/131, lavrando relatório circunstanciado de tal análise, informando, inclusive, das divergências apuradas; 6.A delegacia da Receita Federal em Manaus através da Informação Fiscal de fls. 207/209, informa que: “Ressalvese apenas, nos meses de julho/2001, agosto/2001 e novembro/2002, conforme expresso na comunicação da interessada, houve alguns ajustes nos valores das aludidas vendas canceladas, que de uma maneira mais efetiva, não afetaram, sobremaneira, os valores das bases de cálculo da contribuição.” 7.Cientificada da Informação Fiscal em 21/09/2001 (fl. 209), a empresa não se manifestou. Portanto, reputamse corretos todos os valores constantes do Auto de Infração e seus anexos. O pleito foi deferido em parte, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/BEL no 0123.980, de 17/01/2012, proferida pelos membros da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém/PA, DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DO LANÇAMENTO. FATO GERADOR. Havendo antecipação do tributo, a homologação do lançamento ocorrerá no prazo de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, na forma do artigo 150, § 4°, do CTN. RECEITA. CONCEITO.O conceito de receita, tanto no direito privado, como no direito público, é o de totalidade dos recebimentos, não importando a que título foram contabilizados. INCENTIVO FISCAL. SUBVENÇÃO FISCAL. RENÚNCIA FISCAL. IRRELEVÂNCIA. Fl. 668DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 668 6 Resta irrelevante se os valores ora discutidos, de fato, classificamse como subvenções para investimento, subvenções para custeio, incentivo fiscal ou renúncia fiscal (“redução de despesa”), dado coadunaremse, de um ou de outro modo, com a receita bruta conceituada como acréscimo de patrimônio. A universalidade deste conceito foi confirmada pelo art. 3°, §1°, da Lei nº 9.718/98 para determinação da base de cálculo do PIS. Ademais, independentemente do vocábulo utilizado, tal receita não se encontra dentre as possíveis de exclusão da base de cálculo do PIS na forma do art. 3°, §2°, da Lei n° 9.718/1998. BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. A partir da vigência da Lei nº 9.718/98, a base de cálculo das Contribuições é composta de todas as Receitas Operacionais, independendo da denominação que lhes for atribuída. INCONSTITUCIONALIDADE INAPRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA COMPETÊNCIADO PODER JUDICIÁRIO A argüição de inconstitucionalidade ou ilegalidade não pode ser apreciada na esfera administrativa porque é prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. O julgamento foi no sentido de que como a empresa antecipou orecolhimento da COFINS, conforme atesta a própria autoridade fiscal, no auto de infração econfirmado no sistema informatizado da RFB, aplicase o artigo 150, § 4°, do Código Tributário NacionalCTN. Como o Auto de Infração foi lavrado somente em 03/11/2004 e ciência do contribuinte em 08/11/04, logo, já se extinguira o direito da Fazenda Pública de cobrar o tributo relativo ao meses de fevereiro a outubro de 1999, haja vista o transcurso decadencial". A Fazenda Nacional, em seu recurso, aponta divergência jurisprudencial, pugna pela procedência do lançamento, sustentando que: as subvenções de investimentos e de custeio incluem no conceito de receita previsto nas leis nºs 9.718/98, 10.637/2002 e 10.833/2003; que o STF mesmo tendo declarado a inconstitucionalidade §1do art. 3º da Lei nº 9718/98, não poderia afastar as receitas ali incluídas; o benefício fiscal de ICMS concedido pelo Estado do Amazonas deveria ter sido incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS, considerando que as receitas configuramse como receita operacional, e que a partir da vigência das leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, a base de cálculo das contribuições do PIS/COFINS passou a ser a totalidade da receita bruta mensal da venda de bens e serviços, além de todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarazões. É o relatório. Voto Vencido Demes Brito Conselheiro Relator Fl. 669DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 669 7 i) Objeto da Lide Tratase de lançamento de COFINS (fev/1999 a jun 2004), referente a exclusão da base de cálculo de valores referentes ao ICMS decorrente de benefício fiscal concedido pelo Estado do Amazonas. ii) Do Mérito Versa o processo de Auto de Infração relativamente a COFINS, onde a fiscalização descreveu que houve diferença apurada entre o valor escriturado e o valor pago, decorrente do benefício concedido pelo Estado do Amazonas, em relação ao ICMS, com base nas Leis Estaduais nº 1.939, de 1989, e nº 2.390, de 1996, que se caracterizam como subvenção, integrando a base de cálculo da COFINS. Como visto a decisão de turma baixa em sintonia com a DRJ decidiu por unanimidade em excluir a exigência dos meses de fevereiro a outubro de 1999, haja vista o transcurso decadencial, tendo em vista aplicação do artigo 150, § 4°, do Código Tributário NacionalCTN. Sem embargo, a concessão de incentivos fiscais referentes ao ICMS é uma forma praticada para atrair e manter investimentos pelos Estados e Distrito Federal, dentre eles, o crédito presumido do ICMS, que não originários de entradas de mercadorias tributadas pelo ICMS e sim, pelas subvenções. As subvenções podem ser: correntes para custeio e subvenção para investimento. A subvenção para investimento diferenciase da subvenção para custeio pelo fato daquela ter por objetivo capitalizar a empresa privada subvencionada, já subvenção para investimento não pressupõe a aplicação dos recursos recebidos no ativo permanente da pessoa jurídica e podem ser destinadas a aumentar o capital de giro da empresa. O ponto central da lide, diz respeito a inclusão ou não das subvenções de custeio consolidadas em créditos presumidos de ICMS, na base de cálculo do PIS/COFINS da das pessoas jurídicas enquadradas no regime de apuração nãocumulativo de que tratam as Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, que veremos a diante. Observase que, o período em litígio, abrange uma sistemática híbrida, seja pelo regime cumulativo e nãocumulativo. Com efeito, em relação ao período que engloba o regime de apuração cumulativo do PIS/COFINS, as contribuições têm por base de cálculo o faturamento, cujo conceito já está consolidado pelo STF no sentido de compreender apenas as receitas decorrentes da venda de mercadorias e serviços. Desse modo, as subvenções não se consubstanciam em entradas financeiras decorrentes da venda de mercadorias ou serviços, logo, esses benefícios concedidos não integram a base de cálculo do PIS/COFINS na sistemática cumulativa. É o que se extrai dos artigos 2° e 3°, caput e §1°, da Lei n° 9.718/1998, assim prescrevem em relação à base de cálculo do PIS e da Cofins: "Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Fl. 670DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 670 8 Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas". Neste mesmo sentido, o STF ao julgar o Recurso Extraordinário nº 358.273, definiu que: "CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindo as à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada.” Deste modo, afasto a aplicação da norma sob o fundamento de inconstitucionalidade, tendo em vista decisão do STF, conforme inciso I, do Parágrafo Único, do artigo 62, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009. Assim, afastada a ampliação da base de cálculo da PIS/COFINS, prevista na Lei nº 9.718/98, o PIS/COFINS volta a incidir somente sobre o faturamento nos termos da LC nº 7/70, logo considerado faturamento a receita de venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços. Portanto, o crédito de ICMS advindo da submissão não são receitas de vendas de mercadorias ou receita de serviços, logo, não compõe a base de cálculo do PIS/COFINS. A Lei nº 10.833/2003 ao instituir a apuração da Cofins para o período nãocumulativo definiu no seu art. 1º a base de cálculo a ser considerada para apuração da contribuição. Vejamos: 1ºA Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitascompreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput 3º Não integram a base de cálculo a que se refere este artigoas receitas: I isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); II não operacionais, decorrentes da venda de ativo permanente; III auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de Fl. 671DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 671 9 mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição que tenham sido computados como receita. VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1º do art. 25 da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996. ( Redação dada pela Lei nº 11.945, de 4 de junho de 2009. Em outro giro, ao delimitar as subvenções como auxílios recebidos para fazer face às suas despesas, sua natureza esta estritamente ligada ao ressarcimento de despesas tributárias não se relacionando diretamente com "receita" na acepção do vocábulo. Contudo, a Contribuinte faz jus ao crédito de ICMS que beneficia as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus – ZFM. Portanto, do benefício fiscal ofertado pelo Estado do Amazonas, entendo que a sistemática de obtenção de créditos transcorre com a escrituração na contabilidade da Contribuinte para posterior utilização. Verifico ainda, que os valores escriturados destes créditos, operações de alteração patrimonial, visto que, os créditos não utilizados se constituem em direitos, contudo, não se constituem em ingresso de receitas. São incentivos voltados à redução de custo, concedidos as empresas localizadas no Polo Industrial de Manaus, com fim aumentar a disputa fiscal entre os Estados gerando a famigerada "guerra fiscal". Deste modo, em minha visão o crédito de ICMS não constitui em entrada de recursos, não podendo ser assim avaliado. Portanto, os valores escriturados a título de crédito de ICMS não compõe a base de cálculo do PIS/COFINS nãocumulativo. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. Demes Brito É como voto é como penso. Voto Vencedor Conselheiro Júlio César Alves Ramos Redator para o acórdão Fl. 672DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 672 10 Designoume a Presidência para a redação do acórdão, visto que o colegiado, por voto de qualidade, divergiu da proposta do relator no que tange ao período da não cumulatividade. A matéria relativa à incidência das contribuições PIS e COFINS sobre valores decorrentes de incentivos fiscais concedidos pelos governos estaduais no âmbito de tributos de sua competência, especialmente o ICMS, não é nova nesta Casa. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos debruçar sobre aqueles originados nos estados do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte e concluímos serem todos eles enquadráveis como subvenção para custeio e não para investimento como pretendem os contribuintes. De fato, a característica que os une é configurarem sempre uma renúncia fiscal em resposta à implantação de empreendimentos industriais no estado, diferindo eles na forma de implementação dessa renúncia. Já concluímos que essa pequena diferença que será examinada ao final não altera o fato de que, em todos eles, os valores não têm que ser aplicados na implantação ou ampliação do empreendimento, mas podem ser usados, e são, no giro normal dos negócios da empresa. Por isso, entendo, têm aplicação as considerações que seguem, embora proferidas em julgamento do incentivo concedido pelo Governo do Ceará no âmbito do Programa PROVIN. Disse naquela ocasião: Quanto à segunda matéria, se refere ao correto enquadramento contábil das subvenções e, por decorrência, à incidência da Cofins. O primeiro registro do tema pode ser encontrado na norma legal que tratava dos lançamentos contábeis para efeito de exigência do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, antes da edição da Lei nº 6.404/76 (Lei das SA), ou seja, a Lei nº 4.506/64. Assim dispunha: Art. 44. Integram a receita bruta operacional: I O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria; II O resultado auferido nas operações de conta alheia; III As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões; IV As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. Mesmo tendo sido adaptada, pelo Decretolei nº 1.598/77, às disposições da lei das S.A., neste particular não sofreu alteração. Vale dizer que o segundo não revogou a norma anterior. Ele dispôs: Fl. 673DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 673 11 Art. 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: I ágio na emissão de ações por preço superior ao valor nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem valor nominal destinadas à formação de reservas de capital; II valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; III prêmio na emissão de debêntures; IV lucro na venda de ações em tesouraria. § 1º O prejuízo na venda de ações em tesouraria não será dedutível na determinação do lucro real. § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedida como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e as doações não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no artigo 36 e seus parágrafos; ou b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. Examinando o assunto, a Coordenação do Sistema de Tributação da SRF expediu o Parecer Normativo (PN CST) nº 112/78, que esclareceu os requisitos para que as subvenções recebidas possam ser tratadas como para investimento, permitindose o seu lançamento direto em conta de reserva de capital sem transitar pelo resultado do período. Assim, tomando como referência o PN CST nº 02/78, adotou o seguinte entendimento: 2.12 – Observase que a subvenção para investimento apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o” animus” de subvencionar para investimento. Impõese, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na Fl. 674DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 674 12 implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. Mais adiante em seu item 2.14: ... As SUBVENÇÕES, em princípio, serão todas elas, computadas na determinação do lucro líquido: as subvenções para custeio ou operação, na qualidade de integrantes do resultado operacional; as subvenções para investimento, como parcelas do resultado não operacional. Resta ainda definir se essa inclusão das subvenções no resultado operacional, se de custeio, e nãooperacional, se para investimento, implica sua tributação pela COFINS, após a edição da Lei nº 9.718/98. É que entendem alguns que, mesmo integrando o resultado operacional, não se conformariam a um conceito de receitas, mais restritivo, que exigiria uma efetiva contraprestação em bens ou serviços por parte da recebedora dos recursos. Essa linha de raciocínio pretende estabelecer uma distinção entre acréscimo patrimonial, o gênero, e receitas, definindoas como espécie daquele, que incluiria ainda as recuperações de despesas, as subvenções e as doações. Podese encontrar na literatura contábil exemplo (embora aparentemente isolado) de tal definição, na seguinte conceituação13 Receita é a expressão monetária, validada pelo mercado, do agregado de bens e serviços da entidade, em sentido amplo, em determinado período de tempo e que provoca um acréscimo concomitante no ativo e no patrimônio líquido, considerado separadamente da diminuição do ativo (ou do acréscimo do passivo) e do patrimônio líquido provocados pelo esforço em produzir tal receita. Entretanto, tal definição (ou, melhor dizendo, a interpretação que nela pretenda ver a possibilidade de excluir alguns tipos de acréscimo patrimonial) não encontra guarida nas normas técnicas de contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), órgão legalmente habilitado a disciplinar o exercício da profissão. Com efeito, a Norma Técnica NBT 10, subitem 10.16, aprovada pela Resolução CFC nº 922, de 13 de dezembro de 2001 estabelece: 1 3 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1986. p.127 Fl. 675DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 675 13 10.16.2 REGISTRO CONTÁBIL 10.16.2.1 As transferências a título de subvenção que correspondam ou não a uma contraprestação direta de bens ou serviços para a entidade transferidora, devem ser contabilizadas como receita na entidade recebedora dos recursos financeiros. 10.16.2.2 As transferências a título de contribuição, mesmo que não correspondam a uma contraprestação direta de bens ou serviços para a entidade transferidora, devem ser contabilizadas como receita na entidade recebedora dos recursos financeiros. 10.16.2.3 Os auxílios ou contribuições para despesas de capital devem ser contabilizados diretamente em conta específica de Reserva de Capital, no Patrimônio Líquido. De igual modo, os auxílios ou contribuições devem ser contabilizados em conta específica, designativa da operação, no Patrimônio Social das entidades que se sujeitam às normas contábeis mencionadas no item 10.16.1.4. 10.16.2.4 As doações financeiras para custeio devem ser contabilizadas em contas específicas de receita. As doações para investimentos e imobilizações, que são consideradas patrimoniais, inclusive as arrecadadas na constituição da entidade, devem ser contabilizadas no Patrimônio Líquido ou Social, conforme seja o caso específico da pessoa jurídica beneficiária da transferência. Essa determinação do órgão responsável pelo disciplinamento do exercício da contabilidade no nosso País ratifica, como não poderia deixar de ser, o que já vem expresso na norma legal específica do assunto, qual seja a Lei nº 6.404/76: Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; Fl. 676DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 676 14 b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures; d) as doações e as subvenções para investimento. § 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto nãocapitalizado. § 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela assembléiageral. § 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. § 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição. Guarda, além disso, e igualmente como não poderia deixar de ser, inteira coerência com as resoluções do mesmo Conselho que definem e explicam os princípios de contabilidade geralmente aceitos. São elas a Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, que diz SEÇÃO VI O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. § 3º As receitas consideramse realizadas: I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetiválo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente Fl. 677DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 677 15 pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados; II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; III – pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções. e a de nº 774, de 16 de dezembro de 1994 (DOU de 18.01.1995) que, aprofundando a anterior, menciona: 1.4 Dos objetivos da Contabilidade O objetivo científico da Contabilidade manifestase na correta apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas mutações. Já sob ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma Entidade particularizada, busca prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do Patrimônio da Entidade e suas mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios. O tema, tão claro no quadrante científico, comporta comentários mais minuciosos quando direcionado aos objetivos concretos perseguidos na aplicação da Contabilidade a uma Entidade em particular. Adentramos, no caso, o terreno operacional, regulado pelas normas. Assim, ouvese com freqüência dizer que um dos objetivos da Contabilidade é o acompanhamento da evolução econômica e financeira de uma Entidade. No caso, o adjetivo “econômico” é empregado para designar o processo de formação de resultado, isto é, as mutações quantitativoqualitativas do patrimônio, as que alteram o valor do Patrimônio Líquido, para mais ou para menos, correntemente conhecidas como “receitas” e “despesas”. Já os aspectos qualificados como “financeiros” concernem, em última instância, aos fluxos de caixa. E mais adiante: 2.6.1 As variações patrimoniais e o Princípio da Competência A compreensão do cerne do Princípio da COMPETÊNCIA está diretamente ligada ao entendimento das variações Fl. 678DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 678 16 patrimoniais e sua natureza. Nestas encontramos duas grandes classes: a daquelas que somente modificam a qualidade ou a natureza dos componentes patrimoniais, sem repercutirem no montante do Patrimônio Líquido, e a das que o modificam. As primeiras são denominadas de “qualitativas”, ou “permutativas”, enquanto as segundas são chamadas de “quantitativas”, ou “modificativas”. Cumpre salientar que estas últimas sempre implicam a existência de alterações qualitativas no patrimônio, a fim de que permaneça inalterado o equilíbrio patrimonial. A COMPETÊNCIA é o Princípio que estabelece quando um determinado componente deixa de integrar o patrimônio, para transformarse em elemento modificador do Patrimônio Líquido. Da confrontação entre o valor final dos aumentos do Patrimônio Líquido – usualmente denominados “receitas” – e das suas diminuições – normalmente chamadas de “despesas” –, emerge o conceito de “resultado do período”: positivo, se as receitas forem maiores do que as despesas; ou negativo, quando ocorrer o contrário. Observase que o Princípio da Competência não está relacionado com recebimentos ou pagamentos, mas com o reconhecimento das receitas geradas e das despesas incorridas no período. Mesmo com desvinculação temporal das receitas e despesas, respectivamente do recebimento e do desembolso, a longo prazo ocorre a equalização entre os valores do resultado contábil e o fluxo de caixa derivado das receitas e despesas, em razão dos princípios referentes à avaliação dos componentes patrimoniais. Quando existem receitas e despesas pertencentes a um exercício anterior, que nele deixarem de ser consideradas por qualquer razão, os competentes ajustes devem ser realizados no exercício em que se evidenciou a omissão. Por tudo quanto exposto, não parece haver dúvida de que, sendo as subvenções para custeio, RECEITAS integrantes do subgrupo dos Resultados Operacionais, estão englobadas no conjunto de elementos contábeis sujeitos à tributação pela COFINS após o advento da Lei nº 9.718/98. No caso em discussão, a impropriedade de sua classificação como subvenção para investimento avulta da leitura da documentação acostada aos autos, da qual inequivocamente se conclui não haver qualquer exigência para que os recursos recebidos dos cofres do Estado do Ceará sejam obrigatoriamente aplicados na aquisição de ativos necessários à implantação ou à expansão do parque fabril da autuada. Fl. 679DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 679 17 Muito ao contrário, a concessão de tais recursos apenas encontra como condições: 1. a implantação do empreendimento no Estado do Ceará; 2. uma vez implantado, a sua continuidade dentro de padrões de desempenho vagamente definidos e acompanhados pelo governo do Estado. Em resumo, pois, subvenções, mesmo aquelas originadas de entes de direito público, são, do ponto de vista contábil, receitas, nada importando se são para custeio ou para investimento. Essa é uma determinação legal (art. 44 da Lei 4.506/64) e dos pronunciamentos técnicos competentes. Para estas últimas, entretanto, a legislação fiscal atinente ao Imposto de Renda admitiu a não tributação por aquele imposto se registradas em conta de reserva de capital destinada exclusivamente à implantação ou ampliação de empreendimentos. Assim, desde que caracterizada como tal para investimento poderseiia passar à discussão sobre não tributação pelas contribuições, isto é, se a benesse concedida para o IR se estenderia às contribuições incidentes sobre a receita. Como está apontado no voto acima, aquela renúncia do estado do Ceará não cumpre nenhum dos requisitos da legislação do IR. Veremos, mais à frente, se a do estado do Amazonas é diferente. Por ora, é importante enfatizar que, em contraposição aos argumentos postos no recurso voluntário e reproduzidos nas contrarrazões não é a doutrina quem separa as subvenções em para custeio e para investimento; é a própria lei. E, como assinalado, é apenas a lei fiscal atinente ao IR que dá à última um tratamento diferenciado, logo, apenas aplicável, a princípio, àquele imposto. Destarte, ratificada como quer a empresa, a supremacia da escrituração comercial, outra conclusão não se pode extrair senão a tributação da parcela pela COFINS, receita que é. E, valer mais uma vez frisar, elas o são por expressa disposição legal: o art. 44 da Lei 4.506/64, válido e eficaz quando dos fatos geradores aqui analisados. Despiciendo, portanto, analisar as alterações datadas de 2007 e 2009, face à disposição do art. 142 do CTN2 ainda que oportuno deixar também registrado que sobre tais alterações tampouco chego à mesma conclusão da empresa. E por serem receita por expressa disposição legal, assim ficamos: a lei impositiva das contribuições define a sua base de cálculo como o somatório das receitas; uma outra lei define que a parcela em discussão receita é. O que falta para concluir que é tributável? 2 Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Fl. 680DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 680 18 Acredito que apenas se aceitarse o argumento de que receita para efeito tributário é diferente de receita para fins contábeis. Um simples exemplo mostra que não é assim: o art. 9º da Lei 9.718 não declarado inconstitucional define como tributáveis as variações monetárias ativas, da mesma forma que as disposições contábeis. Ora, uma simples análise dos requisitos para sua escrituração já mostra que elas não satisfazem aqueles exigidos pelos proponentes das tais "receitas tributáveis": não há nem ingresso de dinheiro, nem contraprestação alguma a favor de quem as deve registrar. Com efeito, decorrem elas tãosomente da variação da taxa de câmbio ou de índice de correção monetária contratualmente definido. E não se alegue que a introdução do regime de caixa, previsto pelo art. 30 da Medida Provisória 2.158, seria um reconhecimento de não se tratarem de receita: bem ao contrário, tal reconhecimento implicaria sua nãotributação. O que a alteração legal fez foi permitir que sua apuração se fizesse apenas quando da efetiva realização em dinheiro. Resta, portanto, apenas averiguar se o regime do estado do Amazonas tem alguma diferença substancial que o exclua da tributação. O recurso voluntário do contribuinte responde a tal questão. Com efeito, admite ele que o incentivo consiste na devolução do ICMS inicialmente recolhido: Ela se efetiva tanto por meio de restituição (supõese, em dinheiro) e como créditos do imposto que são escriturados contabilmente. Em aMbas as situações nenhuma contrapartida em termos de aplicação é exigida, ao menos, nada disso pe dito no recurso. O último argumento utilizado é o do bis in idem: segundo ele a mesma parcela estaria sendo tributada em duplicidade na medida em que se trata do mesmo ICMS que já teria sido tributado pela contribuição quando da venda realizada. Vale dizer que a autoridade responsável pelo lançamento afirma que não chega a haver o recolhimento, mas isso não é relevante, de modo que se pode raciocinar como se recolhimento efetivamente haja. Esse argumento guarda relação com o anterior porque ambos se baseiam na ideia de que não há um elemento novo sendo acrescido ao patrimônio da empresa. Mas é dessa premissa que discordo: o valor devolvido pelo estado, em qualquer de suas modalidades é, sim, um direito novo. Para verificar isso, basta observar que a empresa adquire o primeiro direito (o valor integral do preço cobrado) ao realizar a operação de venda; todo o valor aí exigido de seu cliente a ela pertence, mas há a ele está associada uma obrigação consistente no ICMS sobre vendas previsto na norma legal. E que os dois são autônomos provao o fato de que eventual não recebimento da operação não traz qualquer implicação sobre a obrigação tributária, ou seja, não pode o contribuinte pretender se esquivar da obrigação tributária sob a alegação de que o cliente não honrou a parte que lhe cabia. Concluída a operação de venda, e recolhido o ICMS devido naquela operação, é a norma tributária estadual específica que autoriza a posterior transferência de uma quantia por parte do sujeito ativo. Esse direito, que não necessariamente corresponde à integralidade do ICMS devido pela venda, ingressa no patrimônio do contribuinte em momento distinto. Nessas condições, não vejo como possa ser contabilizado senão pela abertura de conta credora que tem todos os requisitos de conta de receita: registra a contrapartida de aumento no patrimônio ao qual não está vinculada qualquer obrigação. Fl. 681DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 681 19 Obviamente, tal receita não corresponde ao restrito conceito de faturamento que o STF entendeu aplicável à sistemática cumulativa da COFINS definida pela Lei 9.718 ao julgar inconstitucional o parágrafo 1º de seu artigo 3º. Desse modo, embora receita sendo, não pode ser tributada pela COFINS até o advento da Lei 10.833, que estabeleceu a incidência não cumulatividade tendo como base de cálculo a integralidade das receitas. É por tudo isso que votei pelo provimento parcial do recurso da Fazenda Nacional para restabelecer a exigência para os períodos de apuração em que aplicável a sistemática nãocumulativa. E tive a honra de ser acompanhado pela maioria (qualificada) do colegiado, sendo esse o acórdão que me coube redigir. Conselheiro Júlio César Alves Ramos redator para o acórdão. Declaração de Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello A controvérsia posta nos presentes autos cingese à inclusão ou não das receitas de subvenção (benefícios fiscais de créditos de ICMS) na base de cálculo da COFINS apurada pela sistemática da cumulatividade e da nãocumulatividade. COFINS REGIME CUMULATIVO No que tange ao período de apuração abrangido pela Lei nº 9.718/98, regime de apuração cumulativo do PIS e da COFINS, imperiosa a aplicação do julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, nos autos do Recurso Extraordinário nº 346.084 PR, no qual foi declarada a inconstitucionalidade do §1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98. A observância obrigatória decorre da disposição contida no art. 62 do RICARF. Por conseguinte, para os fatos geradores ocorridos sob a vigência do regime de apuração cumulativo, não devem ser incluídos na base de cálculo da COFINS os valores relativos aos incentivos fiscais de ICMS recebidos do Estado do Amazonas, tendo em vista não se enquadrarem no conceito de receitas, sendo estas compreendidas unicamente como decorrentes da venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. COFINS REGIME NÃOCUMULATIVO De outro lado, com relação aos fatos geradores ocorridos na vigência do regime de apuração nãocumulativo da COFINS, ponto crucial na análise do presente tema é perquirir se se o valor que se pretende tributar pode ser conceituado como receita, pois esse o critério que definirá a incidência das contribuições para o PIS e a COFINS, nos termos do que dispôs o legislador nos artigos 1º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Assim, mais importante que a classificação contábil do incentivo em tela, é a definição de sua natureza jurídica, pois dela dependerá o seu regime jurídico de tributação. Deixou claro o legislador que a essência assume maior relevância que a forma, indicando que a tributação não dependerá de o valor estar registrado como receita, mas sim que o mesmo seja efetivamente uma receita. Fl. 682DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 682 20 Visando à melhor compreensão da natureza dos valores objeto do litígio, importa tecer algumas considerações sobre as características singulares dos benefícios fiscais concedidos pelos Governos Estaduais na forma de subvenções de ICMS. Estáse, no presente caso, diante de benesse concedida pelo Estado do Amazonas, com base na Lei Estadual nº 1.939/89, posteriormente modificada pelas Leis nºs 2.380/96 e 2.629/00. Os artigos 1º e 2º da Lei nº 1.939/89, com nova redação dada pela Lei nº 2.269/00, tratam da concessão do benefício, sendo que as condições para a obtenção e fruição do mesmo estão estabelecidas nos artigos 17 a 20: Art. 1º O sistema de incentivos fiscais, extrafiscais e sociais é definido por esta Lei, obedecidos os princípios emanados da Constituição da República Federativa do Brasil e da Constituição do Estado do Amazonas. Art. 2º Os incentivos fiscais de competência do Estado são os relativos ao art. 145, inciso I, alínea "b" da Constituição do Estado do Amazonas e destinarseão às empresas industriais, agroindustriais e agropecuárias, instaladas ou que venham a se instalar no Estado do Amazonas. § 1º O incentivo fiscal do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, constituise na restituição total ou parcial, de acordo com as características da empresa beneficiária. § 2º Os incentivos fiscais a serem concedidos às empresas beneficiárias devem guardar obediência aos seguintes princípios: I reciprocidade contrapartida a ser oferecida pela beneficiária, expressa em salários, encargos e benefícios sociais locais, definidos nos arts. 8º e 212, da Constituição do Amazonas; II transitoriedade condição ou caráter de prazo certo que deve ter o incentivo; III regressividade condição necessária à retirada do incentivo num processo gradual; IV gradualidade concessão diferenciada do benefício de acordo com prioridades estabelecidas. § 3º A concessão do incentivo obedecerá às seguintes diretrizes gerais: I tratamento diferenciado às empresas de micro e pequeno porte, inclusive as de base tecnológica, às empresas localizadas no interior do Estado, aquelas que utilizem matériaprima regional, as empresas que produzem bens de consumo imediato destinados à alimentação, vestuário e calçado, e aquelas complementares ao parque industrial; Fl. 683DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 683 21 II Terão benefício máximo, na forma da Lei, obedecidos os princípios do § 2º deste artigo: a) as empresas industriais, agroindustriais e agropecuárias localizadas no interior do Estado pertencentes a setores prioritários definidos na regulamentação desta Lei; b) as empresas que tenham por objetivo único a produção de medicamentos que utilizem, basicamente, plantas medicinais regionais e a industrialização de pescado; c) as micro e pequenas empresas de base tecnológica. § 4º Poderão atingir até o benefício máximo, as empresas produtoras de bens intermediários fabricados no Estado, obedecidos os princípios do § 2º deste artigo. [...] Art. 17. As empresas incentivadas ficam obrigadas a manter atualizadas as suas informações cadastrais junto a Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Turismo, devendo justificar prévia e expressamente qualquer alteração no parque fabril e/ou no processo produtivo, que implique ou não em redução do programa de investimentos, e/ou absorção de mãodeobra, em relação ao projeto que deu origem à concessão dos incentivos fiscais. Art. 18. Para efeito de autorização, ficam as empresas incentivadas obrigadas a submeter à apreciação da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Turismo, as modificações pretendidas, nas hipóteses de: a) cisão, fusão e incorporação, envolvendo empresas incentivadas; b) transferências de etapas do processo de produção, qualquer que seja a modalidade de operacionalização do acordo firmado entre as partes. Parágrafo único. O pedido de autorização, de que trata este artigo, poderá, a critério da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Turismo, ser instruído com projeto técnico e de viabilidade econômica. Art. 19. As empresas beneficiadas com incentivos fiscais, deverão cumprir as seguintes exigências: I implantar o projeto técnico e de viabilidade econômica na forma aprovada pelo CODAM; II manter programas de benefícios sociais para os seus empregados, de acordo com o enunciado nos art. 8º e 212, parágrafo 1º da Fl. 684DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 684 22 Constituição Estadual, especialmente, nas áreas de alimentação, saúde, lazer, educação, transporte e creche a preços subsidiados; III apresentar à SIC programas de regionalização, implementandoos na forma homologada pelo CODAM; IV apresentar à SIC programas plurianuais de investimento em desenvolvimento tecnológico no Estado do Amazonas, a serem implementados na forma homologada pelo CODAM; V manter em seus estabelecimentos, em local visível ao público, placa alusiva aos incentivos previstos nesta Lei, de acordo com modelo e especificações aprovados pela SIC; VI conceder, nas vendas para empresas comerciais locais, regulamente inscritas na SEFAZ, desconto equivalente à parcela do ICMS restituído na operação; VII manter a administração, inclusive a contabilidade e recolher o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS e contribuições sociais e previdenciárias no Estado do Amazonas, bem como utilizar a infraestrutura de serviço local. VIII manter menores em seu quadro funcional, salvo se a empresa incentivada desenvolver atividades penosas, perigosas ou insalubres. IX – recolher, em caráter irretratável e irrevogável, contribuição financeira, durante todo o período de fruição dos incentivos, em importância correspondente a um e meio por cento sobre o valor do ICMS restituível, em cada período de apuração, em favor da Universidade do Estado do Amazonas UEA, na forma e no prazo previstos em regulamento. § 1º As exigências previstas nos incisos II,III,IV,VI, e VIII, não se aplicam às microempresas. § 2º O disposto nos incisos III e VI não se estende às empresas produtoras de bens enumerados nos incisos I,III,V,VII,VIII e IX do artigo 13 desta Lei. Art. 20. As empresas incentivadas ficam sujeitas ao acompanhamento, avaliação e fiscalização de suas atividades pelas Secretarias de Estado da Fazenda e da Indústria, Comércio e Turismo. Parágrafo único. Para fins deste artigo, as Secretarias poderão requerer informações, examinar documentos, livros, arquivos, projetos, inspecionar processos de produção e realizar diligências afins. (grifou se) Fl. 685DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 685 23 Na leitura dos dispositivos inferese que os créditos de ICMS, para serem concedidos, exigem uma contraprestação por parte da Contribuinte, que deve cumprir as determinações contidas na legislação estadual para a obtenção e fruição do benefício. Ainda, não se tratam de simples obrigações acessórias, mas sim implicam verdadeiros desembolsos realizados pelo Sujeito Passivo no aprimoramento do desenvolvimento de sua atividade econômica que tragam resultados efetivos para o Governo do Estado (geração de empregos, desconcentração especial dos adensamentos industriais, integração das cadeias produtivas e de comercialização, etc). Assim, os benefícios de ICMS concedidos podem ser conceituados como ingressos condicionados, restando inequivocamente afastados da definição de receita. A afirmação encontra lastro no entendimento do Supremo Tribunal Federal consignado em julgamento proferido nos autos do Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que tratou da incidência de PIS e COFINS sobre a transferência de saldos credores de ICMS, no sentido de que o conceito constitucional de receita bruta implica em um "ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições". Em razão do entendimento externado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, esvaziase a discussão sobre a correta classificação contábil do referido crédito de ICMS (subvenção para custeio, para investimento, recuperação de custo ou de despesa). Ao trazer o conceito constitucional de receita bruta, definiu a Suprema Corte como cerne verificar se a existência de condicionantes ou contraprestação para o ingresso patrimonial da pessoa que o recebe. Importa a transcrição da ementa do julgado: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do Fl. 686DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 686 24 montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. (RE 606107, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe231 DIVULG 22112013 PUBLIC 25112013) (grifouse) No caso em análise, portanto, os créditos de ICMS concedidos Governo Estadual do Amazonas não constituem receita bruta em virtude de não serem concedidos sem reservas ou condições e por não se constituírem em elemento novo e positivo. Assim, inequivocamente afastada hipótese de incidência da contribuição para a COFINS também na sistemática nãocumulativa. Confirmando a não inclusão dos créditos presumidos de ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS nãocumulativo, o Superior Tribunal de Justiça manifestouse no sentido de que o crédito presumido deve ser sempre entendido como redutor de custos e não como efetivo ingressos de receitas. Ilustram precedentes da Primeira e da Segunda Turmas da Primeira Seção daquela Corte: Fl. 687DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 687 25 TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. PRECEDENTES. 1. As Turmas da Primeira Seção desta Corte firmaram entendimento no sentido de que os valores provenientes do crédito do ICMS não ostentam natureza de receita ou faturamento, mas de recuperação de custos na forma de incentivo fiscal concedido pelo governo para desoneração das operações, de forma que não integram a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. Precedentes: AgRg no REsp 1.363.902/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe 19/08/2014 e AgRg no AREsp 509.246/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 10/10/2014. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 596.212/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014) (grifouse) TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. 1. A controvérsia dos autos diz respeito à inexigibilidade do PIS e da COFINS sobre o crédito presumido do ICMS decorrente do Decreto n. 2.810/01. 2. O crédito presumido do ICMS consubstanciase em parcelas relativas à redução de custos, e não à obtenção de receita nova oriunda do exercício da atividade empresarial como, verbi gratia, venda de mercadorias ou de serviços. 3. "Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditos presumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS." (REsp 1.025.833/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 6.11.2008, DJe 17.11.2008.) Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1229134/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe 03/05/2011) (grifou se) Ainda que se entenda importar ao deslinde do feito adentrarse na classificação contábil dos créditos presumidos de ICMS, é possível atribuir aos mesmos natureza jurídica de subvenção financeira ou de investimento, uma vez que se trata de auxílio ou doação que só pode ser concretizada se atendidos os requisitos estabelecidos na respectiva legislação de regência. Nesse sentido, pronunciouse o Ilustre Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis ao proferir Voto Vencedor no acórdão nº 3401001976, de 26/09/2012, que também consignou entender de menor relevância a classificação contábil, em face da predominância natureza jurídica do incentivo. Além disso, de acordo com o art. 182, §1º, alínea "d" da Lei nº. 6.404/76, vigente à época do período lançado, as subvenções para investimento eram classificadas como reservas de capital, não interferindo na apuração do lucro líquido da Empresa, de que a receita faz parte, e se destinando a incrementar o Ativo Permanente. Também por esse prisma, não há de se entender subvenção como receita. Fl. 688DF CARF MF Processo nº 10283.006468/200474 Acórdão n.º 9303003.858 CSRFT3 Fl. 688 26 Nessa linha relacional, considerando que os créditos decorrentes de subvenção não integram o conceito de receita, afastando a incidência do PIS e da COFINS na sistemática da nãocumulatividade, pronunciouse a 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento em acórdão assim ementado, cujos fundamentos passam a integrar a presente fundamentação: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. Ano Calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A obstrução à defesa, motivadora de nulidade do ato administrativo de referência, deve apresentarse comprovada no processo. PIS. DECADÊNCIA. PRAZO O prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário da contribuição para o PIS/PASEP extinguese em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador. PIS. CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições para o PIS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. PIS. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS DO ICMS. NÃO INCIDÊNCIA. Não incide PIS sobre os valores de créditos de ICMS, obtidos em razão de subvenção estadual. PIS. RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRSUMIDO DO IPI. NÃO INCIDÊNCIA. Não incide PIS sobre os valores de créditos presumido do IPI, previsto na Lei nº 9.336/96. PIS NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS DO ICMS. BASE DE CÁLCULO. Não incide PIS sobre os valores de créditos de ICMS, obtidos em razão de subvenção estadual, uma vez sua natureza jurídica não se revestir de receita. Recurso Voluntário Provido. (Acórdão nº 340300.799, P.A. 10283.000091/200521, Rel. Cons. Winderley Morais Pereira, julgado em 03.02.2011) (grifouse) Portanto, reconhecese que os créditos presumidos de ICMS concedidos pelo Governo Estadual do Amazonas ao Sujeito Passivo não se constituem em receita bruta, restando afastada a incidência da COFINS do regime nãocumulativo sobre os mesmos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o Voto. Vanessa Marini Cecconello Fl. 689DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.003098/2008-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2802-000.134
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, sobrestar o julgamento nos termos do §1º do art. 62A do Regimento Interno do CARF c/c Portaria CARF nº 01/2012.
(assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos André Ribas de Mello - Relator.
EDITADO EM: 15/04/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos André Ribas de Mello (Relator), Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), German Alejandro San Martin Fernandez, Jaci De Assis Junior e Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado). Ausente, justificadamente, Dayse Fernandes Leite.
Nome do relator: Não se aplica
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201303
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10660.003098/2008-01
anomes_publicacao_s : 201707
conteudo_id_s : 5739149
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2802-000.134
nome_arquivo_s : Decisao_10660003098200801.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : Não se aplica
nome_arquivo_pdf_s : 10660003098200801_5739149.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, sobrestar o julgamento nos termos do §1º do art. 62A do Regimento Interno do CARF c/c Portaria CARF nº 01/2012. (assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello - Relator. EDITADO EM: 15/04/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos André Ribas de Mello (Relator), Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), German Alejandro San Martin Fernandez, Jaci De Assis Junior e Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado). Ausente, justificadamente, Dayse Fernandes Leite.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2013
id : 6841589
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:02:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213128933376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1064; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE02 Fl. 176 1 175 S2TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.003098/200801 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2802000.134 – 2ª Turma Especial Data 13 de março de 2013 Assunto Recorrente ALBERTO MORETTI Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, sobrestar o julgamento nos termos do §1º do art. 62A do Regimento Interno do CARF c/c Portaria CARF nº 01/2012. (assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente. (assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello Relator. EDITADO EM: 15/04/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos André Ribas de Mello (Relator), Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente), German Alejandro San Martin Fernandez, Jaci De Assis Junior e Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado). Ausente, justificadamente, Dayse Fernandes Leite. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 60 .0 03 09 8/ 20 08 -0 1 Fl. 365DF CARF MF Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 177 ___________ Contra o contribuinte foi emitido o auto de infração do Imposto de Renda da Pessoa Física (101 e ss.), referente ao exercício 20006, anocalendário de 2005, em razão de dedução indevida de IRRF. Impugnou o lançamento (fl. 100) , instruída com os elementos de fls. 101/150. Nessa oportunidade, contesta o lançamento, aos fundamentos de que houve “erro da fonte pagadora quanto ao valor denunciado”; “não houve consideração tempestiva pela Receita da DAA do ano base de 2001” estando prescritos os fatos geradores; que é “relevante a peça judicial que atribui a Fonte Pagadora a responsabilidade pelo IRRF; em vez de pagálo aocontribuinte, a Fonte o recolheu razão do pedido de restituição na DAA 2006." Em julgamento, a 4ª Turma da DRJ/JFA, em sessão realizada no dia 18/09/2009, por unanimidade, manteve o lançamento em parte, aos fundamento principal de que, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, incide o imposto inclusive sobre juros e atualização monetária, podendo seu montante ser diminuído, para fins de se apurar o quantum tributável, do valor das despesas com ação judicial, inclusive advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Cientificado da supramencionada decisão, conforme fl. 165, o contribuinte, tempestivamente, interpôs Recurso Voluntário a fl. 166, atacando a decisão exarada pela DRJ, repisando os argumentos esgrimidos na impugnação. Conselheiro Carlos André Ribas de Mello, Relator. Os autos versam sobre rendimentos trabalhistas recebidos acumuladamente em razão de decisão judicial. Considerando que o Recurso Extraordinário 614406RS, que versa acerca da matéria, teve sua repercussão geral reconhecida em 20.10.2010 e ainda encontrase pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, tenho como inquestionável o enquadramento do presente caso ao art. 26A, §1º, da Portaria 256/09 e à Portaria nº1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único). É que, nos termos do artigo 543B do CPC, a admissão da repercussão geral de um ou mais recursos extraordinários implica em que sejam os mesmos identificados como representativos de controvérsia, sobrestandose os demais, verbis: Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10660.003098/200801 Resolução nº 2802000.134 S2TE02 Fl. 178 3 Art. 543B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. § 1 o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhálos ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. § 2 o Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerarseão automaticamente não admitidos. § 3 o Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declarálos prejudicados ou retratarse. Isto posto, é de se determinar o sobrestamento do presente, até o julgamento definitivo da ação judicial mencionada. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello. Fl. 367DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.722244/2010-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
Ementa:
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO.
O sujeito ativo da conduta ilícita tipificada no artigo 18, caput, e no inciso II, do seu § 2°, da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é o sujeito passivo das obrigações tributárias cujos respectivos débitos estão declarados nas DCOMP em que se deram as compensações indevidas. Descabe a atribuição de responsabilidade pela multa à. pessoa jurídica sucedida, detentora original do direito creditório utilizado nas DCOMP inquinadas de falsidade.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DA COMPENSAÇÃO. ÂMBITO PROCESSUAL DE DISCUSSÃO.
Havendo processo administrativo instaurado para discutir a procedência das compensações efetuadas por meio das DCOMP cuja falsidade ensejou a aplicação de multa à declarante, descabe (re)discutir se houve ou não homologação tácita das compensações declaradas, no âmbito do processo administrativo que cuida da aplicação da multa.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO EVENTUAL.
Constatada a participação, conluio na simulação e na fraude que ensejou o crédito que se pretendia compensar, correta a lavratura de Auto de Infração exigindo multa isolada qualificada no percentual de 150%, nos termos do artigo 18 da Lei 10.833/2003, sobre as DCOMPs não homologadas.
RETROATIVIDADE BENIGNA.
A Lei 10.833/2003 não foi alterada, não havendo que se falar em retroatividade benigna.
Numero da decisão: 1402-002.475
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em , rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999 Ementa: COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO. O sujeito ativo da conduta ilícita tipificada no artigo 18, caput, e no inciso II, do seu § 2°, da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é o sujeito passivo das obrigações tributárias cujos respectivos débitos estão declarados nas DCOMP em que se deram as compensações indevidas. Descabe a atribuição de responsabilidade pela multa à. pessoa jurídica sucedida, detentora original do direito creditório utilizado nas DCOMP inquinadas de falsidade. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DA COMPENSAÇÃO. ÂMBITO PROCESSUAL DE DISCUSSÃO. Havendo processo administrativo instaurado para discutir a procedência das compensações efetuadas por meio das DCOMP cuja falsidade ensejou a aplicação de multa à declarante, descabe (re)discutir se houve ou não homologação tácita das compensações declaradas, no âmbito do processo administrativo que cuida da aplicação da multa. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO EVENTUAL. Constatada a participação, conluio na simulação e na fraude que ensejou o crédito que se pretendia compensar, correta a lavratura de Auto de Infração exigindo multa isolada qualificada no percentual de 150%, nos termos do artigo 18 da Lei 10.833/2003, sobre as DCOMPs não homologadas. RETROATIVIDADE BENIGNA. A Lei 10.833/2003 não foi alterada, não havendo que se falar em retroatividade benigna.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10380.722244/2010-53
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5728366
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1402-002.475
nome_arquivo_s : Decisao_10380722244201053.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
nome_arquivo_pdf_s : 10380722244201053_5728366.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em , rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
id : 6779530
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213131030528
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1977; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 315 1 314 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.722244/201053 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.475 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 12 de abril de 2017 Matéria IRPJ Recorrente CONSTRUTORA MARQUISE S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 Ementa: COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO. O sujeito ativo da conduta ilícita tipificada no artigo 18, caput, e no inciso II, do seu § 2°, da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é o sujeito passivo das obrigações tributárias cujos respectivos débitos estão declarados nas DCOMP em que se deram as compensações indevidas. Descabe a atribuição de responsabilidade pela multa à. pessoa jurídica sucedida, detentora original do direito creditório utilizado nas DCOMP inquinadas de falsidade. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DA COMPENSAÇÃO. ÂMBITO PROCESSUAL DE DISCUSSÃO. Havendo processo administrativo instaurado para discutir a procedência das compensações efetuadas por meio das DCOMP cuja falsidade ensejou a aplicação de multa à declarante, descabe (re)discutir se houve ou não homologação tácita das compensações declaradas, no âmbito do processo administrativo que cuida da aplicação da multa. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO EVENTUAL. Constatada a participação, conluio na simulação e na fraude que ensejou o crédito que se pretendia compensar, correta a lavratura de Auto de Infração exigindo multa isolada qualificada no percentual de 150%, nos termos do artigo 18 da Lei 10.833/2003, sobre as DCOMPs não homologadas. RETROATIVIDADE BENIGNA. A Lei 10.833/2003 não foi alterada, não havendo que se falar em retroatividade benigna. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 22 44 /2 01 0- 53 Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10380.722244/201053 Acórdão n.º 1402002.475 S1C4T2 Fl. 316 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em , rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Ausentes momentaneamente o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone e justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10380.722244/201053 Acórdão n.º 1402002.475 S1C4T2 Fl. 317 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário face v. acórdão, que manteve a aplicação de multa isolada qualificada no percentual de 150% sobre R$672.802,05, com base nos pedidos de compensação não homologados no processo 10380.901733/200693 e o apenso10380.720380/200894. O autuado apresentou, apresentou, em 14/07/2005, Declarações de Compensação (DCOMP) recepcionadas com os n's 11907.08296.140705.1.7.020500 e 16611.78828.140705.1.7.022776, cujos débitos confessados corresponderam a R$ 86.479,71 e R$ 586.322,34 respectivamente. Em tais compensações, o sujeito passivo informou estar utilizando suposto crédito de pagamento indevido ou a maior, posteriormente retificado para, a priori, Saldo Negativo do IRPJ, anocalendário 1999. As Declarações de Compensação ora referidas foram analisadas nos autos do processo administrativo n o 10380.720380/200894. Em decisão administrativa proferida em 23/06/2010, as fls. 667/679 do processo 10380.901733/2006 93, tais compensações NÃO FORAM HOMOLOGADAS, em razão da caracterização de fraude e conluio(Lei n° 4.502/64, arts. 72 e 73), correspondendo falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Na Decisão de não homologação, consta que o suposto crédito apontado pelo sujeito passivo inexiste, fictício, conforme as conclusões reveladas nos atos investigatórios ou de diligência realizados por autoridade competente deste orgão, materializados através do Relatório de Análise Tributária de fls.111/181, daquele processo, aprovado pela Delegada da Receita Federal do Brasil em Fortaleza/CE. Na Decisão de não homologação, consta que o suposto crédito apontado pelo sujeito passivo inexiste, fictício, conforme as conclusões reveladas nos atos investigatórios ou de diligência realizados por autoridade competente deste orgão, materializados através do Relatório de Análise Tributária, daquele processo final 200693, aprovado pela Delegada da Receita Federal do Brasil em Fortaleza/CE. Naquele processo de final 200693, restou comprovado no Relatório de Análise Tributária da SAPAC de 11/05/2010, um esquema de fraude, simulação e conluio entre empresas, com origem remota em negócios fictos de compra e venda de imóveis, geradores de créditos inexistentes de tributos federais e subsequente celebração de contratos simulados entre as empresas dos grupos empresariais CEC Internacional S/A e Grupo Marquise, com o fim de auferimento de vantagens fiscais ilícitas em prejuízo da fazenda nacional. Segundo consta do Relatório de Análise Tributária da SAPAC, o Grupo Marquise, por meio de uma série de atos, incorporava empresas do Grupo Empresarial CEC Internacional S/A, com prejuízos fiscais, utilizando tais créditos para compensar tributos devidos. Contudo, "tais créditos" eram ilegítimos, visto que decorrentes de dolo, simulação e conluio entre as empresas do Grupo Marquise e as empresas do Grupo CEC, as primeiras lucrativas e as segundas em estado de insolvência. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10380.722244/201053 Acórdão n.º 1402002.475 S1C4T2 Fl. 318 4 Restou comprovado também nos autos do processo final 200693, que os atos praticados por cada uma das empresas citadas não podem ser vistos de forma isolada e autônoma, como ocorre na maioria dos negócios imobiliários, financeiros e empresariais em geral, mas contêmse (cada um deles) num conjunto global de atos que buscava, em verdade, um objetivo pré ordenadamente planejado entre as partes. Ao Grupo CEC, estão ligadas as empresas: Sul Diesel S/A; Iracema Florestamento e Reflorestamento Ltda e Maximar Fomento Mercantil Ltda EPP; Xingu Empreendimentos Imobiliários Ltda; Xingu Administração e Participação S/A; à RCA International Commodities S/A estão ligadas as empresas BEX Internacional S/A; Canavieira Florestamento e Reflorestamento S/A e Panagra do Brasil S/A; Agropecuária e Reflorestadora Parente S/A e quanto ao Grupo capitaneado pela Construtora Marquise S/A a Capitalize Fomento, Comercial Ltda, Construtora Marquise S/A e Ecofor Ambiental S/A. Diante dos fatos, e em cumprimento ao disposto no art. 18, § 2 ° , da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, com redação dada pela Lei n° 11.051/04, alterada pela Lei no 11.488/07 e Medida Provisória n° 472, de 15 de dezembro de 2009, onde se manteve a mesma previsão da multa aplicável, constituise, pelo presente Auto de Infração, a multa isolada regulamentar nos valores abaixo demonstrados, que corresponde a aplicação do percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento) sobre a totalidade dos débitos indevidamente compensados que totalizaram R$ 672.802,05. Inconformada com a lavratura do Auto de infração, a Recorrente apresentou impugnação de fls. 100/116. Foi proferido v. acórdão de fls. 162/186 , com a seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1999 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. DESCABIMENTO. O sujeito ativo da conduta ilícita tipificada no artigo 18, caput, e no inciso II, do seu § 2°, da Lei ri° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é o sujeito passivo das obrigações tributárias cujos respectivos débitos estão declarados nas DCOMP cm que se deram as compensações indevidas. Descabe a atribuição de responsabilidade pela multa à pessoa jurídica sucedida, detentora original do direito creditório utilizado nas DCOMP inquinadas de falsidade. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. CERTEZA E LIQUIDEZ DO DIREITO CREDITÓRIO. ÂMBITO PROCESSUAL DE DISCUSSÃO. Fl. 318DF CARF MF Processo nº 10380.722244/201053 Acórdão n.º 1402002.475 S1C4T2 Fl. 319 5 Havendo processo administrativo instaurado para discutir a certeza e liquidez do direito creditório postulado nas DCOMP cuja falsidade ensejou a aplicação de multa à declarante, descabe (re)discutir essa matéria no âmbito do processo administrativo que cuida da aplicação da multa. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. HOMOLOGAÇÃO TACITA DA COMPENSAÇÃO. ÂMBITO PROCESSUAL DE DISCUSSÃO. Havendo processo administrativo instaurado para discutir a procedência das compensações efetuadas por meio das DCOMP cuja falsidade ensejou a aplicação de multa à declarante, descabe (re)discutir se houve ou no homologação tácita das compensações declaradas, no âmbito do processo administrativo que cuida da aplicação da multa. PROVA INDIRETA. INDÍCIOS. PRESUNÇÃO SIMPLES. VALIDADE. VERDADE MATERIAL. A Administração Pública tem o poderdever de investigar livremente a verdade material diante do caso concreto, analisando todos os elementos necessários à formação de sua convicção acerca da existência e conteúdo do fato jurídico. A liberdade de investigação do Fisco pressupõe o direito de considerar fatos conhecidos não expressamente previstos em lei como indícios de outros fatos, cujos eventos são desconhecidos de forma direta. As presunções assumem vital importância quando se trata de produzir provas indiretas acerca de atos praticados mediante dolo, fraude, simulação, dissimulação e má fé geral, tendo em vista que, nessas circunstâncias, o sujeito pratica o ilícito de forma a dificultar em demasia a produção de provas diretas da infração. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO. PROVA. Cada ato ilícito contém uma determinada carga de lesão à ordem tributária, de modo que determinadas condutas são tão graves a ponto de, por si sós, imediatamente consubstanciarem o intuito doloso. Outros procedimentos, de menor poder ofensivo, se analisados individualmente, não caracterizam a ação premeditada, no entanto, podem evidenciar o dolo pela forma como foram executados, de onde emergem os subterfúgios utilizados pelo contribuinte para lesar o Fisco. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO EVENTUAL. Age com dolo — no mínimo, eventual — a pessoa jurídica que transmite DCOMP para extinguir débitos próprios, a despeito dos indícios graves, precisos e concordantes que apontam para a Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10380.722244/201053 Acórdão n.º 1402002.475 S1C4T2 Fl. 320 6 inexistência do direito creditório reclamado, havido por sucessão empresarial. Nesse caso, a Declarante assumiu o risco de produzir o resultado delituoso (compensar débitos próprios com créditos inexistentes), circunstancia suficiente para a configuração do dolo. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. DOLO. RELATÓRIO DE TERCEIRO QUE ATESTA A MATERIALIDADE DO DIREITO CREDITÓRIO. INAPTIDÃO PARA AFASTAR A CULPABILIDADE. É ineficaz, para atuar como excludente do dolo da pessoa jurídica que transmitiu DCOMPs inquinadas de falsidade, o fato de existir relatório elaborado por terceiro, atestando a certeza e liquidez do direito creditório pleiteado na Declaração. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seguida, foi interposto Recurso Voluntário pela Construtora Marquise S/A, descrevendo os fatos ocorridos, requerendo basicamente a reforma do v. acórdão recorrido, reiterando as alegações da manifestação de inconformidade e basicamente alegando erro na identificação do sujeito passivo, que não pode ser responsabilizada por atos ilícitos praticados por suas sucedidas e terceiros, eis que agiu de boafé e não pode ser responsabilizada pelo multa após a incorporação da empresa PANAGRA. É o relatório. Fl. 320DF CARF MF Processo nº 10380.722244/201053 Acórdão n.º 1402002.475 S1C4T2 Fl. 321 7 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e foi interposto por seu representante com poderes para tanto, motivo pelo qual deve ser admitido. Da alegação de nulidade, por erro de sujeição do sujeito passivo. Tal alegação não deve ser provida. Vejamos. 1 Ficou constatado nos autos, que a Recorrente incorporou a parte cindida da empresa Panagra do Brasil Ltda., que transportou o saldo negativo de IRPJ, objeto do da compensação do processo 10380.901739/200661. 2 Quem fez o pedido de compensação, foi a empresa incorporadora Capitaliza Recorrente. 3 Restou comprovado que a Recorrente, pertencia ao grupo empresarial Marquise, que juntamente com o grupo CEC, criaram um sistema de geração de créditos indevidos, que foram utilizados nos pedidos de compensação do processo com final 200661, que fundamentou a lavratura deste Auto de Infração. 4 A Recorrente e o grupo empresarial o qual pertencia, participaram e trabalharam em conjunto com as empresas do Grupo CEC, para criar um sistema de produção de créditos e compensálos, por meio de simulação de contratos/promessas de compra e venda de terrenos. 5 O objetivo final, era reduzir ou deixar de pagar imposto. Tais constatações da auditoria da fiscalização, estão muito bem descritas na Informação Fiscal, que se fundamentou no Relatório de Análise Tributária da SAPAC de 11/05/2010, e nas provas juntadas nestes autos e nos outros ligados aos grupos CEC e Marquise, mais a frente colacionados. Sendo assim, como quem praticou o ato de pedir as compensações dos créditos indevidos que não foram homologados devido a constatação da simulação e do conluio em sua criação foi a Recorrente incorporadora, entendo que a sujeição passiva do Auto de Infração está correta, coesa e precisa. Em relação as alegações de que a sucessão da empresa PANAGRA, não poderiam prejudicar a Recorrente, também entendo que não devem ser providas. Em relação as alegações de que a sucessão da empresa PANAGRA, não poderiam prejudicar a Recorrente, entendo que não devem ser providas. Fl. 321DF CARF MF Processo nº 10380.722244/201053 Acórdão n.º 1402002.475 S1C4T2 Fl. 322 8 No presente caso, insta alertar que, em 29/12/2003 ocorreu uma cisão parcial da emprese PANAGRA DO BRASILS.A. e, posteriormente, um incorporação de uma parte da empresa cindida pela CONSTRUTORA MARQUISE S/A. (informação constata no processo 10380.901739/200661, que fundamentou o processo de compensação 10380.901737/200671 que ensejou a lavratura deste auto de infração ora em análise). A parte que foi cindida e incorporada pela Construtora, é relativa a parcela do patrimônio liquido estimada por Laudo de Avaliação de 31/12/2003 em R$ 1.080.807,00 representada por direitos creditórios e obrigações a pagar. (Instrumento de Protocolo de Cisão, com registro do documentos na Junta Comercial do Estado do Ceará em 23/01/2004). Nesta operação de cisão parcial, consta que da versão de parcela do patrimônio da CINDIDA, para a sociedade receptora (Construtora), será reduzida a participação dos acionistas Jose Carlos Valente Pontes, CPF, n° 022926533/20 e José Erivaldo Arraes, CPF no 048941383/87, que substituirão parcela de sua participação societária na CINDIDA, por ações de capital da RECEPTORA, recebendo cada acionista, da CINDIDA, 4.156.950 (quatro milhões, cento e cinquenta e seis mil, novecentas e cinqüenta) ações, sem valor nominal,[...] Ou seja, quando da cisão e incorporação da PANAGRA, pela Construtora Marquise, foi constatado que os Srs. Jose Carlos Valente Pontes, CPF, n° 022926533/20 e José Erivaldo Arraes, CPF n° 048941383/87, eram acionistas das duas. ( protocolo de cisão) Sendo assim, entendo que no momento da cisão parcial da PANAGRA e incorporação pela Construtora Marquise, tinham os mesmos principais acionistas, não tendo como acolher agora a alegação da Recorrente de que não tinha conhecimento das ilegalidades do crédito e que não poderia ser responsabilizada pelos atos praticados pela BEX e PANAGRA. Assim, em relação ao Auto de Infração de multa isolada, aplicada pela não homologação da compensação, em tramite nos autos deste processo final 201053, tendo em vista a constatação da fraude, simulação e conluio nas operações que criaram os créditos, entendo que deve ser mantido em seus termos. O Auto de Infração foi lavrado exigindo multa isolada qualificada no percentual de 150% sobre o valor de R$672.802,05, que foi o total dos débitos indevidamente compensados, informados nas compensações que não foram homologadas do processo10380.720380/200894, apenso ao principal 10380.901733/200693, com base no parágrafo segundo do artigo 18 da Lei 10833/03. O dispositivo e a legislação que fundamentaram a multa acima apontados, não foram alterados até o momento, não se aplicando o pedido de retroatividade benigna da Recorrente, que trata de multa disposta no artigo 74 da Lei 9.430/99. Em relação a impossibilidade de aplicação da multa de ofício em casos de sucessão, entendo que tal pedido também não pode ser acatado, eis que existe a Sumula 47 do CARF/MF, cujo colaciono seu verbete abaixo. Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que Fl. 322DF CARF MF Processo nº 10380.722244/201053 Acórdão n.º 1402002.475 S1C4T2 Fl. 323 9 as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Acrescentando ao entendimento sumulado acima, como foi constatado dolo, fraude, simulação e conluio, a multa foi agrava para o percentual de 150%. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento, mantendo integralmente o Auto de Infração. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 323DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.019988/2007-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003
PIS. BASE DE CÁLCULO. AGENCIAS DE PUBLICIDADE.
Nos termos da legislação de regência, a base de cálculo das contribuições PIS e COFINS corresponde ao faturamento. Não demonstrado nos autos que os serviços prestados pela agência de publicidade aos seus clientes resumiram-se na concepção da campanha, o seu faturamento consiste no total registrado nas notas fiscais faturas por elas emitidas sem exclusão de parcelas aí indicadas como objeto de repasse aos veículos de comunicação.
Recurso Especial do Procurador provido.
Numero da decisão: 9303-004.917
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator), Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acompanharam o relator pelas conclusões as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
(assinado digitalmente)
Júlio César Alves Ramos - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 PIS. BASE DE CÁLCULO. AGENCIAS DE PUBLICIDADE. Nos termos da legislação de regência, a base de cálculo das contribuições PIS e COFINS corresponde ao faturamento. Não demonstrado nos autos que os serviços prestados pela agência de publicidade aos seus clientes resumiram-se na concepção da campanha, o seu faturamento consiste no total registrado nas notas fiscais faturas por elas emitidas sem exclusão de parcelas aí indicadas como objeto de repasse aos veículos de comunicação. Recurso Especial do Procurador provido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Jun 30 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10680.019988/2007-15
anomes_publicacao_s : 201706
conteudo_id_s : 5737966
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Jul 01 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-004.917
nome_arquivo_s : Decisao_10680019988200715.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 10680019988200715_5737966.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator), Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acompanharam o relator pelas conclusões as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
id : 6833055
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:02:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213141516288
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1820; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2.612 1 2.611 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10680.019988/200715 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.917 – 3ª Turma Sessão de 10 de abril de 2017 Matéria COFINS. FATURAMENTO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ACME FÁBRICA DE IDÉIAS LTDA. ME ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 PIS. BASE DE CÁLCULO. AGENCIAS DE PUBLICIDADE. Nos termos da legislação de regência, a base de cálculo das contribuições PIS e COFINS corresponde ao faturamento. Não demonstrado nos autos que os serviços prestados pela agência de publicidade aos seus clientes resumiramse na concepção da campanha, o seu faturamento consiste no total registrado nas notas fiscais faturas por elas emitidas sem exclusão de parcelas aí indicadas como objeto de repasse aos veículos de comunicação. Recurso Especial do Procurador provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator), Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acompanharam o relator pelas conclusões as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 99 88 /2 00 7- 15 Fl. 2612DF CARF MF 2 Charles Mayer de Castro Souza – Relator (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 3402002.314, de 29/01/2014, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção deste CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 COFINS/PIS. BASE DE CÁLCULO. AGÊNCIA DE PROPAGANDA E PUBLICIDADE. CONCEITO DE RECEITA OU FATURAMENTO PRÓPRIOS. RECEITA DE TERCEIROS. EXCLUSÃO. VALORES RECEBIDOS E DEVIDOS PELOS ANUNCIANTES AOS VEÍCULOS DE DIVULGAÇÃO. POSSIBILIDADE. ART. 2º DA LEI Nº 9.718/98 PRECEDENTES DO CC. Ao utilizar o pronome possessivo “seu” para se referir ao “faturamento” da pessoa jurídica tributada pelo PIS e pela COFINS, o art. 2º da Lei nº 9718/98 indica que a base de cálculo inerente à hipótese de incidência estabelecida pela lei, é exclusivamente o “faturamento próprio” da pessoa jurídica, o que de plano exclui da referida base de cálculo das referidas contribuições, quaisquer outras incidências sobre faturamentos de terceiros. Assim embora recebidos pelas agências de propaganda e incluídos em suas notas fiscais, os valores devidos pelos anunciantes aos veículos de divulgação não são conceituados como receitas próprias da agência e, conseqüentemente, não integram a base de cálculo da Cofins e do PIS, sendo irrelevante o posterior reconhecimento da possibilidade de exclusão da base de cálculo das contribuições, pela legislação superveniente (art. 13 e 18 da Lei nº 10.925/04). No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente suscitou divergência em relação ao entendimento adotado na decisão recorrida de que a agência de publicidade e propaganda pode excluir, da base de cálculo da Fl. 2613DF CARF MF Processo nº 10680.019988/200715 Acórdão n.º 9303004.917 CSRFT3 Fl. 2.613 3 Cofins, as importâncias transferidas para outras pessoas jurídicas, antes da vigência da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004. Visando comprovar as divergências, apresentou, como paradigmas, os Acórdãos nº 20313.079, 03/07/2008, e 930301.821, 01/02/2012, cujas ementas estão transcritas no recurso. O exame de admissibilidade do Recurso Especial encontrase às fls. 2600/2602. Não foram apresentadas contrarrazões. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos, tal como proposto no exame de admissibilidade, que o recurso especial deve ser conhecido. Com efeito, enquanto no acórdão recorrido decidiuse que os valores devidos pelos anunciantes aos veículos de divulgação, na apuração da Cofins no regime cumulativo, não são conceituados como receitas próprias da agência de propaganda, não integrando, portanto, a base de cálculo do PIS/Cofins, nos acórdãos paradigmas entendeuse justamente o contrário, ou seja, que tais valores deveriam compor a base de cálculo da contribuição. No mérito, entendemos não assistir razão à Recorrente. Antes, porém, para melhor ilustrar o tema, reproduzimos os argumentos muito bem delineados no voto condutor do Acórdão nº 930301.821, de 01/02/2012, da lavra do il. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, que o levaram a concluir, diferentemente do que aqui se fará, pela inclusão, na apuração da Cofins, de todos valores os valores recebidos pelas agências de propaganda: “A teor do relatado, a questão que se apresenta a debate diz respeito à base de cálculo do PIS/Pasep devido pelas agências de propaganda. De um lado, a Fazenda entende que a contribuição incide sobre o total da receita proveniente do faturamento constante das Notas Fiscais emitidas pela reclamante, enquanto esta defende a exclusão dos valores pagos por ela aos veículos de divulgação. A meu sentir, não merece reparo o acórdão recorrido, pois a contribuição para o PIS/Pasep, diferentemente do que acontece com o IRPJ e a CSLL, à época da ocorrência dos fatos geradores objeto destes autos, incidia sobre o total do faturamento, assim entendido, as receitas proveniente da venda de mercadorias, de serviços ou de ambos, e não sobre o lucro ou a diferença entre as receitas e as despesas, como acontece com esses dois tributos. No caso dos autos, dúvida não há que a Fiscalização tributou, tãosomente, as receitas oriundas do faturamento realizado pela recorrente, com base nas Notas Fiscais de serviços por ela emitidas, como determinava a legislação dessa contribuição, vigente à época dos fatos geradores objeto do lançamento em análise. É incontroverso nos autos que os valores lançados correspondem aos constantes nas faturas emitidas pela Fl. 2614DF CARF MF 4 Fiscalizada, a discórdia entre ela e o Fisco reside na pretensão de se excluir da base de cálculo os valores correspondentes aos pagamentos efetuados aos veículos de divulgação, para tanto, a defesa socorrese da Lei 4.680/65 que dispõe sobre o exercício da profissão de publicitário e de agenciador de propaganda. Acontece, porém, que essa lei não dispõe sobre o tratamento tributário das pessoas que menciona, como não poderia ser. A incidência das contribuições devidas pelas agências publicitárias e pelos veículos de divulgação, à época dos fatos em análise, obedecia à regra geral das demais pessoas jurídicas, sem qualquer regalia ou diferenciação. De outro lado, o que a recorrente pretende, na realidade, é tributar apenas a receita líquida, deduzindo as despesas incorridas com a prestação dos serviços. Essa pretensão poderia encontrar abrigo se estivéssemos tratando de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou ainda da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, onde a incidência está associada ao conceito de lucro, grosso modo, receitas menos despesas, mas não sobre as contribuições incidentes sobre o faturamento, como é o caso do PIS/Pasep, que tem como base de cálculo as receitas oriundas da venda de bens, de serviços ou de ambos. As exclusões permitidas são somente aquelas listadas, numerus clausus, na lei instituidora da contribuição, in casu, a Lei Complementar 07/1970, e nas demais que alteraram o texto original, sobretudo a Lei 9.715/1998 e 9.718/1998. Dentre as exclusões legais não se encontra a pretendida pelo sujeito passivo. De outro lado, como já dito linhas acima, não se pode aplicar a essa contribuição os mesmos critérios adotados para o IRPJ e para a CSLL, que tem forma diversa de tributação. Pelas mesmas razões não se pode transmutar para o PIS/Pasep a legislação do ISS do Município da Cidade de São Paulo. Aqui, peço licença para transcrever excerto do voto condutor do acórdão recorrido, da Lavra do eminente Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis, que, como de costume, discorreu brilhantemente sobre o tema: ‘Para o deslinde da questão importa analisar, primeiro, a legislação afeta ao mercado de propaganda e publicidade, visando definir se os pagamentos efetuados pela recorrente aos veículos seriam meros repasses financeiros, ou seriam custos, como considerou a Fiscalização, e também para saber de que modo as agências de propaganda devem faturar os serviços por elas prestados; segundo, analisar as bases de cálculo do PIS, do IRPJ e do ISS, para saber se as legislações dos dois impostos podem ser aplicadas à contribuição; terceiro, as decisões administrativas citadas, que supostamente confirmariam os argumentos da recorrente. A Lei nº 4.680/65, como sua ementa indica, dispõe “sobre o exercício da profissão de Publicitário e de Agenciador de Propaganda e dá outras providências.” Após definir que agenciadores são “os profissionais que, vinculados aos veículos da divulgação, a eles encaminhem propaganda por conta de Fl. 2615DF CARF MF Processo nº 10680.019988/200715 Acórdão n.º 9303004.917 CSRFT3 Fl. 2.614 5 terceiros” (art. 2º), e que agência é a pessoa jurídica especializada em publicidade (art. 3º), estabelece no seu art. 11 que a comissão constitui a remuneração dos agenciadores, enquanto o desconto a remuneração das agências, sendo ambas fixadas pelos veículos de divulgação, sobre os preços estabelecidos em tabela destes. A finalidade da referida Lei é regular as profissões de publicitário e agenciador de propaganda e não o mercado de propaganda e publicidade. Tanto assim que nos seus artigos finais determinou a sua fiscalização a cargo do antigo Departamento Nacional do Trabalho, enquanto sua regulamentação ficou para o Ministério do Trabalho. Além do mais, o meio da publicidade não funciona como prevê a lei, sendo comum as agências substituírem as pessoas físicas que exercem a atividade regulamentada de agenciador de propaganda. Embora o artigo 17 da referida Lei nº 4.680/65 estabeleça que a atividade publicitária nacional será regida pelos princípios e normas do Código de Ética dos Profissionais da Propaganda, instituído em 1957, nem na Lei, nem no Código, há qualquer dispositivo de índole tributária, tampouco dispondo sobre os valores das faturas/notas fiscais a serem emitidas pelas agências ou pelos veículos de propaganda. As disposições acerca do faturamento, mas não sobre os valores de faturas ou notas fiscais, repitase, encontramse no Decreto nº 4.680/65, que dispõe: “Art 9º Nas relações entre a Agência e o cliente serão observados os seguintes princípios básicos. (...) IV – O Cliente comprometerseá a liquidar à vista, ou no prazo máximo de trinta (30) dias, as notas de honorários e de despesas apresentadas pela Agência. (...) Art 15. O faturamento da divulgação será feito em nome do Anunciante, devendo o Veículo de Divulgação remetêlo à Agência responsável pala propaganda.” (Grifos nosso) Os dois dispositivos acima precisam ser lidos em conjunto, impondose uma interpretação sistemática. Assim, percebese que a agência poderá cobrar os seus honorários e apresentar ao anunciante as despesas que realizar. Todavia, cada nota fiscal ou fatura deve ser emitida com o valor dos serviços que cada empresa realizar: a da agência com o valor dos seus diversos serviços, a do veículo com o valor da veiculação. Uma fatura englobando as outras, como no caso em tela, é prova de que quem emitiu pelo total contratou todos os serviços. Fl. 2616DF CARF MF 6 Por que o veículo deve remeter a sua fatura à agência de propaganda? Para que esta confira os serviços e apresentea ao anunciante, demonstrando que a propaganda elaborada foi devidamente veiculada e que cada um (agência e veículo) possa receber a sua parte, a par das faturas emitidas, na forma dos contratos firmados. A interpretação feita pela recorrente não se sustenta porque transforma simples apresentação da fatura do veículo, ao anunciante, numa suposta obrigatoriedade de emissão da sua fatura por valor irreal, que não refletiria as operações. Pretende fazer prevalecer sobre a legislação tributária e comercial dispositivos isolados da Lei nº 4.680/65 e do Decreto que a regulamenta, numa interpretação assaz desarrazoada que não encontra guarida nem ao menos na literalidade dos textos legais. As agências de propaganda desenvolvem atividades complexas, sendo remunerada de diversas formas, tanto por parte dos veículos quanto pelos clientesanunciantes. Neste sentido a própria recorrente informa que tal remuneração pode ser decomposta em três parcelas: honorários à base de 20%, cobrados dos veículos; honorários de no mínimo 15%, cobrados dos clientesanunciantes; e honorários diversos, por serviços especiais, como pesquisas de mercado, promoção de vendas, relações públicas, etc. Destarte, uma agência pode realizar os contratos mais diversos, tanto com os seus anunciantes quanto com os veículos, a depender de cada situação específica. O desconto a ser recebido dos veículos, de que fala o art. 11 da Lei nº 4.680/65, é apenas uma das formas possíveis de remuneração, constituindose na hipótese em que a agência é remunerada pelos veículos e não pelos anunciantes. A hipótese dos autos é outra, pois a recorrente, ao emitir a nota fiscal/fatura pelo valor total dos serviços, deixa caracterizado um contrato em que é remunerada de forma global pelos anunciantes. Tratase de um “pacote fechado”, nos quais dentre outros serviços encontrase o de veiculação, a ser contratado junto a emissoras de televisão, rádios, editoras, etc. Daí os pagamentos aos veículos serem custos e não meros repasses financeiros. Neste ponto cabe destacar que a fatura é o documento comprobatório de um serviço prestado ao seu destinatário por quem a emite, no valor da importância total nela consignada. É o que informa o art. 20 da Lei nº 5.474/68, cuja dicção é a seguinte: “Art. 20. As emprêsas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que se dediquem à prestação de serviços, poderão, também, na forma desta lei, emitir fatura e duplicata. § 1º A fatura deverá discriminar a natureza dos serviços prestados. § 2º A soma a pagar em dinheiro corresponderá ao preço dos serviços prestados.” (destaque nosso) Fl. 2617DF CARF MF Processo nº 10680.019988/200715 Acórdão n.º 9303004.917 CSRFT3 Fl. 2.615 7 Interpretando o artigo acima, Rubens Requião informa que “a fatura discriminará a natureza do serviço prestado, e a soma a pagar corresponderá ao seu valor.”1 Valor este que corresponde a receita auferida pela recorrente, embora parte dela seja destinada aos veículos de propaganda. Ressaltese que após emitida a fatura o prestador dos serviços poderá acompanhala de duplicata, que como se sabe é título executivo extrajudicial. Ou seja, a recorrente tornase titular do direito de crédito junto ao anunciante, no valor da fatura emitida. No caso dos autos, em que os veículos também emitem notas fiscais contra os anunciantes, de forma que a soma dos documentos comerciais resulta num valor superior à soma dos serviços, o procedimento não está correto. Os veículos deveriam faturar em nome da recorrente. Da forma como está há duplicidade de valores faturados contra o anunciante. De todo modo, e apesar da incorreção, o fato de a recorrente ter em seu poder vias de notas fiscais emitidas por terceiros contra o seu credor, o anunciante, não lhe permite deduzir tais valores da sua receita bruta. Até porque é certo que o PIS também incidirá sobre os valores faturados pelos veículos, em face da sua incidência em cascata ou bis in idem (bis repetição; in idem sobre o mesmo). Passase agora à análise da base de cálculo do PIS, que no período é o faturamento ou receita bruta, na forma das Leis nºs 9.715/98 e 9.718/98, sendo despiciendo analisar as alterações promovidas por esta última. Do total das receitas auferidas, relativas a vendas de mercadorias e prestação de serviços, não são deduzidos os custos ou despesas, ainda que o resultado implique em prejuízo. Daí não se aplicar ao PIS nem à Cofins o conceito contábil de receita como acréscimo patrimonial, não havendo nisto qualquer ofensa ao art. 110 do CTN. Neste sentido o pronunciamento do STF na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 1, mais precisamente no voto do relator, Min. Moreira Alves, ao acentuar a conceituação de faturamento para fins tributários, nos termos da LC nº 70/91. Também não tem qualquer importância a contabilidade, não alterando a base de cálculo do PIS a apropriação dos valores recebidos dos anunciantes, na parte destinada aos veículos, em conta do passivo. Como obrigações também podem ser apropriados outros custos e despesas, sem qualquer influência no cálculo do PIS. Neste sentido a Lei nº 9.718/98 veio explicitar, no seu art. 3º, § 1º, que “Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.” As deduções possíveis na base de cálculo do PIS são somente aquelas elencadas expressamente em lei, a depender das especificidades de cada atividade. Assim acontece, por exemplo, com as sociedades cooperativas, as instituições financeiras e as Fl. 2618DF CARF MF 8 operadoras de planos de saúde, mas não com a atividade de propaganda e publicidade, sujeitas às mesmas regras das outras prestadoras de serviços. No IRPJ, bem diferente do PIS e da Cofins, a base de cálculo é a renda ou resultado do período, podendo ser deduzidos das receitas os custos e as despesas incorridos. Por isto é que a legislação do IRPJ prevê que a retenção desse imposto, na atividade de agência de propaganda, se dê sobre o valor líquido, após a dedução dos pagamentos aos veículos. Quanto à IN Conjunta SRF/STN/SFC nº 04/97, cujo art. 13 é citado no Recurso, determina que a retenção se dê sobre o valor de cada nota fiscal, não podendo ser aplicada como pretende a recorrente. Observese: “Art. 13. Nos pagamentos de serviços de propaganda e publicidade, quando efetuados por intermédio de agência de propaganda, a retenção será efetuada em relação a esta e a cada uma das demais pessoas jurídicas prestadoras do serviço, pelo valor das respectivas notas fiscais de sua emissão. (...) § 3º O valor do imposto e das contribuições retido será compensado pela empresa emitente da nota fiscal, na proporção de suas receitas, devendo o comprovante de retenção ser fornecido em seu nome.” O ISS, por sua vez, é tributo cuja base de cálculo pode variar de um Município para outro, no âmbito de suas competências tributárias. Dessarte, sua legislação, assim como a do IRPJ, não podem ser aplicadas ao PIS, como já assentado na decisão de primeira instância. Adentrase agora no terceiro e último ponto desta análise, cabendo afirmar que, do mesmo modo como a legislação do IRPJ não pode ser aplicada ao PIS, também assim acontece com as decisões administrativas citadas no Recurso, quase todas relativas a esse imposto ou a CSLL, que lhe segue. Apenas Solução de Consulta da SRRF da 7ª Região Fiscal nº 350/98 e o Acórdão nº 20173.944 é que dizem respeito à contribuição. Esta Solução de Consulta da SRRF da 7ª Região Fiscal nº 350/98 informa que as agências de turismo podem excluir das bases de cálculo do PIS e da Cofins os valores repassados às empresas de transportes aéreos, relativamente às vendas de passagens. Tratase de vendas em consignação, que não é o caso das agências de propaganda. Quanto ao Acórdão nº 20173.944, invocado sob o argumento de que cabe à fiscalização comprovar que os valores arrecadados por ordem dos veículos de propaganda se constituem em receita por ela auferida, trata da Cofins em situação distinta da dos autos e que serve, inclusive, para demonstrar a diversidade dos contratos no ramo da publicidade. Conforme o relatório daquele julgado, ali o preço total do serviço publicitário, incluindo a veiculação, é contratado Fl. 2619DF CARF MF Processo nº 10680.019988/200715 Acórdão n.º 9303004.917 CSRFT3 Fl. 2.616 9 diretamente entre o cliente anunciante e a agência, havendo duas formas de pagamento. No chamado “desconto” o veículo recebe diretamente do anunciante oitenta por cento do total, emitindo nota fiscal nesse valor, enquanto a agência recebe também do anunciante o restante, faturando o equivalente a vinte por cento. Já na chamada “comissão” a situação é semelhante à destes autos, com o veículo no lugar da agência. Na primeira situação não há dúvida quanto à tributação, até porque os valores e faturas são independentes. Na segunda, todavia, o veículo fatura pelo total e emite a duplicata correspondente, cobrando o total mas considerando não tributável a parcela que repassará para a agência, a título de comissão. O ilustre relator, Conselheiro Jorge Freire fundamentase em julgamento anterior Recurso nº 109.019, quando ficou assentado que o valor referente ao repasse de verbas de empresas consorciadas, para empresa responsável pela administração de obra a cargo daquelas, não constituía faturamento a ensejar a incidência da norma impositiva. Não aplicaria o mesmo fundamento, pelo que chego à conclusão diferente. Tanto no julgado mais antigo, relativo a obra subcontratada, quanto no Acórdão nº 20173.944, em que o veículo de divulgação fatura e recebe pelo total dos serviços, para efeito de base de cálculo do PIS deve ser tomada a soma dos valores faturados por cada empresa. É vedado o abatimento em virtude de subcontratos e também o decorrente de repasses dos veículos de propaganda às agências. De igual modo neste julgado, em que a emissão de faturas/notas fiscais pelo total, por parte da recorrente, caracteriza a remuneração global a cargo dos anunciantes. A referendar a interpretação ora adotada, cabe mencionar que esta Terceira Câmara, por unanimidade de votos, já decidiu conforme a ementa seguinte: “Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 30/04/1997 a 30/04/2000 Ementa: PIS/PASEP. FALTA DE RECOLHIMENTO. EMPRESA DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DE VALORES REPASSADOS A TERCEIROS. DESCABIMENTO. Inexistia dispositivo legal à época dos fatos autorizando a exclusão da base de cálculo dos valores que, computados como receita de prestação de serviços, ou integrantes do faturamento, foram destinados a terceiros (veículos de comunicação) para fazer frente aos custos com a divulgação de propaganda.”(Acórdão nº 20312.093, Recurso nº 129.059, sessão de 24/05/2007, relator Odassi Guerzoni Filho, unânime, sendo que na mesma sessão foi julgado o processo da Cofins, com idêntico resultado Acórdão nº 20312.094, Recurso nº 129.130) Fl. 2620DF CARF MF 10 Por fim, destaco que não caberia cogitar aqui da aplicação do art. 13 da Lei nº 10.925/2004, publicada em 26/07/2004, segundo o qual “O disposto no parágrafo único do art. 53 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, aplicase na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS das agências de publicidade e propaganda, sendo vedado o aproveitamento do crédito em relação às parcelas excluídas.” O art. 53 da Lei nº 7.450/85 trata de casos nos quais há incidência de imposto na fonte sobre alguns serviços prestados, inclusive o de propaganda, sendo que o seu parágrafo único exclui de tal retenção os valores por serviços de propaganda e publicidade, pagos diretamente ou repassados a empresas de rádio, televisão, jornais e revistas. A Lei nº 10.925/2004 introduziu norma nova relativa ao PIS e à Cofins, já sob a égide da nãocumulatividade, sendo impertinente qualquer retroatividade na sua eficácia.’ Desta feita, não há como atender à pretensão da recorrente de tributar apenas a receita líquida, isto é, a receita pertinente ao faturamento deduzida das despesas para sua obtenção.” (grifamos) Portanto, na forma da tese encartada no voto condutor do acórdão e conforme ao final ressaltado, somente a partir da vigência da Lei nº 10.925, de 2004, é que se teria previsto a exclusão, da base de cálculo das contribuições devidas pelas agências de publicidade, dos valores pagos aos veículos de divulgação. Nada obstante os fatos geradores objeto dos autos sejam anteriores à Lei nº 10.925, de 2004, as características do presente litígio, conforme comprovam os documentos a eles anexados, autorizam concluir que à contribuinte cabia, desde sempre, apenas uma parte do que lhes foi pago por seu contratante: uma comissão sobre os serviços contratados. Confiram se, exemplificativamente, os seguintes: Contrato da Acme Fábrica de Ideias com a Prefeitura Municipal de Santa Luzia/MG (fl. 428 e ss.): CLÁUSULA PRIMEIRA DO OBJETO Constitui objeto do presente, a contratação de Agência de Propaganda, objetivando a prestação de serviços técnicos e especializados de Comunicação Social e Marketing do Poder Executivo do Município de Santa Luzia; Os serviços de Comunicação e Marketing compreendem campanhas de lançamento e sustentação de produtos e serviços de comunicação institucional e campanhas ou peças de caráter educativo, informativo e de orientação social à comunidade e de prestação de serviço público, dentre os quais destacamse os seguintes: a) prestação de serviços de Consultoria e Planejamento na área de comunicação social, publicidade, propaganda e marketing e programação visual; Fl. 2621DF CARF MF Processo nº 10680.019988/200715 Acórdão n.º 9303004.917 CSRFT3 Fl. 2.617 11 b) assessorar o CONTRATANTE na área de pesquisa motivacional e de opinião, visando a avaliação da qualidade dos serviços pela Administração Direta ou Indireta, bem como sondagens da necessidade de elaboração de novos serviços para toda cidade e/ou bairros e/ou regiões de influência do Município. c) Criação, produção, veiculação e distribuição de campanhas publicitárias; d) produção e veiculação de anúncios e publicidade institucional e legal em emissoras de rádio, TV, jornais, revistas e meios alternativos, podendo, cada qual, ter abrangência local, regional, estadual e/ou nacional; e) serviços de elaboração, execução e distribuição de publicações diversas, necessárias à atividade da Comunicação Social; f) Assessorar o CONTRATANTE na área de promoção de eventos e divulgação de interesse do Município ou órgão; g) Promoção e realização de Eventos sociais, culturais, esportivos e artísticos. h) Formulação do plano de Propaganda; i) Execução do Plano apresentado conforme anuência da CONTRATANTE; j) intermediação na veiculação de peças nos diferentes meios de comunicação. Para tanto, será levada em consideração a análise de situações em relação à população que se quer atingir, mediante ordens de serviço expedidas pelo CONTRATANTE ao tempo e consoante às suas necessidades, segundo seus critérios. (...) CLÁUSULA SEXTA DO PAGAMENTO O CONTRATANTE efetuará os pagamentos à CONTRATADA, (de acordo com a remuneração das agências de publicidade, segundo Lei 4.680/65 e regulamentada pelo Decreto n° 57.690/66 ), após a entrega da nota fiscal/fatura, atestada pelo órgão responsável pelo recebimento de todo serviço da respectiva nota, acompanhada dos seguintes documentos: a) faturamento original dos veículos e/ou Notas Fiscais de fornecedores, conforme cada caso; b) comprovante (jornais: páginas inteiras, com identificação e data; revistas: números completos; rádio, televisão e outdoor: mapas de exibição); Fl. 2622DF CARF MF 12 c) cópias das estimativas de custos, bem como dos mapas de datas, quando for o caso, devidamente assinados pelo CONTRATANTE; d) cópia das autorizações enviadas aos veículos e/ou representantes. Parágrafo Primeiro O Contratante efetuará o pagamento dos serviços no 10° dia útil, após cumpridas as exigências contratuais. Parágrafo Segundo O Contratante pagará pelos serviços constantes no objeto do presente contrato no prazo estipulado por cada veículo de divulgação, para suas respectivas tabelas de preços em vigor, na data de execução do serviço, após cumpridas as exigências contratuais. Parágrafo Terceiro O CONTRATANTE se exime do pagamento de quaisquer despesas, quer oriundas de veiculação, quer de produção e/ou outras que a Contratada faça sem prévia aprovação. Parágrafo Quarto O Contratante pagará comissões à Contratada, de acordo com a legislação referida no caput deste artigo, assim determinadas: sobre veículos de comunicação 20% (vinte por cento) sobre produção e contratação de terceiros; 15% ( quinze por cento), sobre serviços internos da Agência, observados valores da tabela vigente. (grifamos) Nota fiscal de Serviço nº 001640 (emitida pela Acme Fábrica de Ideias para a Prefeitura de Santa Luiza; fl. 445): Fl. 2623DF CARF MF Processo nº 10680.019988/200715 Acórdão n.º 9303004.917 CSRFT3 Fl. 2.618 13 Nota fiscal de Serviço nº 001641 (emitida pela Acme Fábrica de Ideias para a Prefeitura de Santa Luiza; fl. 448): Fl. 2624DF CARF MF 14 Como se vê, as notas fiscais acima, como as demais anexadas aos autos, discriminam os valores reembolsados à Acme, em face da contratação, por esta, dos veículos de divulgação/gráficas, e a comissão que lhe cabia em razão dos valores contratados, em conformidade com os percentuais previamente estabelecidos no contrato realizado com o município. Assim, resta indubitável que somente os valores que compunham a comissão da Acme é que podem integrar o seu faturamento (excepcionalmente, também acrescidos de alguns outros valores, como, no caso da nota fiscal nº 001641, de pagamento pela criação de uma revista), não os valores por ela repassados aos veículos de divulgação/gráficas. Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 2625DF CARF MF Processo nº 10680.019988/200715 Acórdão n.º 9303004.917 CSRFT3 Fl. 2.619 15 Voto Vencedor Conselheiro Júlio César Alves Ramos, Redator Designado O colegiado, por maioria, rejeitou a proposta do n. relator para quem a parcela discutida não compõe mesmo a base de cálculo da exação por não ser faturamento da agência. Registro, mais uma vez, que não partilho totalmente a posição firmada no acórdão da lavra do nosso expresidente Henrique. É que, nela, se entende que sempre que constar da nota fiscal fatura a totalidade do valor que vem a ser tributado pela fiscalização, a esta assiste razão. Para mim, de forma mais flexível, pode o contribuinte trazer a prova de que, embora assim tenha agido, sua receita efetivamente apenas corresponde a uma parcela daquele total. Tal prova, sempre o disse, corresponderia aos contratos assinados com seus clientes os anunciantes nos quais ficasse indubitavelmente demonstrado o que se alega. Pois bem, segundo o n. relator este seria o caso aqui. Ocorre que dos excertos contratuais por ele colacionados no seu voto, chego à conclusão precisamente oposta. De relevo, nesse sentido, a discriminação minuciosa dos serviços prestados pela agência: Constitui objeto do presente, a contratação de Agência de Propaganda, objetivando a prestação de serviços técnicos e especializados de Comunicação Social e Marketing do Poder Executivo do Município de Santa Luzia; Os serviços de Comunicação e Marketing compreendem campanhas de lançamento e sustentação de produtos e serviços de comunicação institucional e campanhas ou peças de caráter educativo, informativo e de orientação social à comunidade e de prestação de serviço público, dentre os quais destacamse os seguintes: a) prestação de serviços de Consultoria e Planejamento na área de comunicação social, publicidade, propaganda e marketing e programação visual; b) assessorar o CONTRATANTE na área de pesquisa motivacional e de opinião, visando a avaliação da qualidade dos serviços pela Administração Direta ou Indireta, bem como sondagens da necessidade de elaboração de novos serviços para toda cidade e/ou bairros e/ou regiões de influência do Município. c) Criação, produção, veiculação e distribuição de campanhas publicitárias; d) produção e veiculação de anúncios e publicidade institucional e legal em emissoras de rádio, TV, jornais, revistas e meios Fl. 2626DF CARF MF 16 alternativos, podendo, cada qual, ter abrangência local, regional, estadual e/ou nacional; e) serviços de elaboração, execução e distribuição de publicações diversas, necessárias à atividade da Comunicação Social; f) Assessorar o CONTRATANTE na área de promoção de eventos e divulgação de interesse do Município ou órgão; g) Promoção e realização de Eventos sociais, culturais, esportivos e artísticos. h) Formulação do plano de Propaganda; i) Execução do Plano apresentado conforme anuência da CONTRATANTE; j) intermediação na veiculação de peças nos diferentes meios de comunicação. Pareceume, assim, diversamente do que foi defendido pelo dr. Charles, que o contrato prevê muito mais do que a prestação daquilo que é remunerado sob a forma de comissões. Ao contrário, tratase de contrato cujo objeto é a entrega de uma campanha pronta e devidamente anunciada em veículo da escolha da agência (naturalmente sujeita a aprovação pelo anunciante). Nesses contratos, a agência é remunerada pelo total, a ela cabendo escolher (e remunerar) quem produzirá efetivamente as peças, quem as "estrelará", e quem as divulgará. Não olvido nem desconsidero que nem sempre é assim. De fato, situações há em que a agência apenas atua, nos estritos termos da Lei por elas tão mencionadas, na "concepção da campanha". Mas em tais casos, entendo, deve expressamente constar do contrato que a agência está sendo contratada apenas para conceber (isto é, idealizar) a campanha e, eventualmente, orientar o seu cliente na contratação, que ele fará em seu nome, de todas as demais empresas cuja atuação será necessária à efetiva implementação de tais ideias. Pareceme, mesmo, que o próprio autuado confirma que assim não é. Com efeito, de sua impugnação expressamente consta (negritos não constam do original): II 3 DAS PROVAS Apresentada em anexo as provas documentais do repasse aos veículos de comunicação contratados pela impugnante, as notas ficais emitidas, fotocópia dos livros de escrituração contábil obrigatórios e cheques comprovando os pagamentos aos veículos de comunicação contratados pela agência para divulgação das idéias publicitárias. Ora, se os veículos são por ela mesma contratados, como se pode estar aqui a falar de mera intermediação? Vale, ainda, o registro de que, dentre as provas acima mencionadas, não encontrei qualquer contrato com veículos de comunicação, no qual ficasse demonstrado que a Fl. 2627DF CARF MF Processo nº 10680.019988/200715 Acórdão n.º 9303004.917 CSRFT3 Fl. 2.620 17 passagem acima constituiu mera má redação, tendo sido mesmo o veículo contratado pelo cliente da agência, contando com sua intermediação, o que, aí sim, e apenas aí, validaria a pretensão acolhida pela Câmara recorrida. Por fim, somente a partir de 2004, como bem indicado no acórdão de primeiro grau, passou a haver previsão expressa na legislação tributária para exclusão de tais valores. Cuidase, entretanto, de PIS e COFINS não cumulativos. Com essas considerações, votou o colegiado pelo provimento do recurso da Fazenda, sendo esse o acórdão que me coube redigir. (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos Fl. 2628DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720937/2012-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO. IMPROCEDÊNCIA.
Inexistindo nos autos decisão judicial determinando, especificamente que o processo administrativo fique suspenso ou sobrestado, deve ser dado prosseguimento ao feito.
PEDIDO DE CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Se os processos conexos não estiverem no CARF, devem ser incluídos em pauta os processos que estiverem no Conselho, não sendo acolhido o pedido de conexão destes.
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ENTIDADE FILANTRÓPICA. IMUNIDADE. DECISÃO JUDICIAL. LANÇAMENTO. MEDIDA LIMINAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 48
É procedente a constituição do crédito com suspensão da sua exigibilidade, realizada em cumprimento à decisão judicial que determinou o lançamento, ainda que liminarmente, considerando a atividade empresarial não filantrópica, portanto, sem imunidade da contribuição previdenciária incidente sobre as remunerações dos segurados declaradas nas GFIP. A Súmula CARF nº 48 estabelece que " suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração".
CONCOMITÂNCIA. SÚMULA CARF Nº 1.
Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ENTIDADE FILANTRÓPICA. DECISÃO JUDICIAL. FPAS INCORRETO. INFRAÇÃO. MULTA.
Configura descumprimento de obrigação acessória, que enseja a aplicação de penalidade, a apresentação de GFIP com omissão de informações, em decorrência de decisão judicial que determinou, ainda que liminarmente, o lançamento das contribuições devidas, considerando a atividade empresarial não filantrópica, portanto, sem imunidade.
Numero da decisão: 2202-003.721
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação às obrigações principais, por concomitância com ação judicial; rejeitar as preliminares e, no mérito, na parte conhecida, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO. IMPROCEDÊNCIA. Inexistindo nos autos decisão judicial determinando, especificamente que o processo administrativo fique suspenso ou sobrestado, deve ser dado prosseguimento ao feito. PEDIDO DE CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Se os processos conexos não estiverem no CARF, devem ser incluídos em pauta os processos que estiverem no Conselho, não sendo acolhido o pedido de conexão destes. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ENTIDADE FILANTRÓPICA. IMUNIDADE. DECISÃO JUDICIAL. LANÇAMENTO. MEDIDA LIMINAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 48 É procedente a constituição do crédito com suspensão da sua exigibilidade, realizada em cumprimento à decisão judicial que determinou o lançamento, ainda que liminarmente, considerando a atividade empresarial não filantrópica, portanto, sem imunidade da contribuição previdenciária incidente sobre as remunerações dos segurados declaradas nas GFIP. A Súmula CARF nº 48 estabelece que " suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração". CONCOMITÂNCIA. SÚMULA CARF Nº 1. Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ENTIDADE FILANTRÓPICA. DECISÃO JUDICIAL. FPAS INCORRETO. INFRAÇÃO. MULTA. Configura descumprimento de obrigação acessória, que enseja a aplicação de penalidade, a apresentação de GFIP com omissão de informações, em decorrência de decisão judicial que determinou, ainda que liminarmente, o lançamento das contribuições devidas, considerando a atividade empresarial não filantrópica, portanto, sem imunidade.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16682.720937/2012-55
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5723046
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-003.721
nome_arquivo_s : Decisao_16682720937201255.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARTIN DA SILVA GESTO
nome_arquivo_pdf_s : 16682720937201255_5723046.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação às obrigações principais, por concomitância com ação judicial; rejeitar as preliminares e, no mérito, na parte conhecida, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado).
dt_sessao_tdt : Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
id : 6758164
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213146759168
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2050; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 223 1 222 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.720937/201255 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.721 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de março de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FACULDADES CATÓLICAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO. IMPROCEDÊNCIA. Inexistindo nos autos decisão judicial determinando, especificamente que o processo administrativo fique suspenso ou sobrestado, deve ser dado prosseguimento ao feito. PEDIDO DE CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Se os processos conexos não estiverem no CARF, devem ser incluídos em pauta os processos que estiverem no Conselho, não sendo acolhido o pedido de conexão destes. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ENTIDADE FILANTRÓPICA. IMUNIDADE. DECISÃO JUDICIAL. LANÇAMENTO. MEDIDA LIMINAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 48 É procedente a constituição do crédito com suspensão da sua exigibilidade, realizada em cumprimento à decisão judicial que determinou o lançamento, ainda que liminarmente, considerando a atividade empresarial não filantrópica, portanto, sem imunidade da contribuição previdenciária incidente sobre as remunerações dos segurados declaradas nas GFIP. A Súmula CARF nº 48 estabelece que " suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração". CONCOMITÂNCIA. SÚMULA CARF Nº 1. Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 09 37 /2 01 2- 55 Fl. 223DF CARF MF Processo nº 16682.720937/201255 Acórdão n.º 2202003.721 S2C2T2 Fl. 224 2 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ENTIDADE FILANTRÓPICA. DECISÃO JUDICIAL. FPAS INCORRETO. INFRAÇÃO. MULTA. Configura descumprimento de obrigação acessória, que enseja a aplicação de penalidade, a apresentação de GFIP com omissão de informações, em decorrência de decisão judicial que determinou, ainda que liminarmente, o lançamento das contribuições devidas, considerando a atividade empresarial não filantrópica, portanto, sem imunidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação às obrigações principais, por concomitância com ação judicial; rejeitar as preliminares e, no mérito, na parte conhecida, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente Convocado). Relatório Tratase recurso voluntário interposto em face de acórdão nº 1259.102 (fls. 166/172) da 12a. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil do Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), julgado na sessão de 27 de agosto de 2013, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente impugnação apresentada pela contribuinte, mantendose, assim o lançamento fiscal. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os relatou: Tratase, no presente processo, de créditos constituídos pela fiscalização mediante a lavratura de autos de infração, em razão do descumprimento da obrigação principal (AI nº 37.385.5010, 37.385.5025), e pelo descumprimento de obrigação acessória (AI nº 37.385.5063), no período de 01/2008 a 12/2008, como decorrência de decisão judicial, em caráter liminar, com intuito de prevenir a decadência. Fl. 224DF CARF MF Processo nº 16682.720937/201255 Acórdão n.º 2202003.721 S2C2T2 Fl. 225 3 2. No relatório fiscal de fls. 23/37 a fiscalização informou, em síntese, que: 2.1. Foram lavrados dois autos de infração pelo descumprimento de obrigação principal, a saber: AI nº 37.385.5010, referente às contribuições previdenciárias a cargo da empresa, incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais que lhe prestaram serviços e que foram declaradas nas GFIP; AI nº 37.385.5025, referente às contribuições previdenciárias a cargo da empresa, incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados, destinadas as outras entidades ou fundos e que foram declaradas em GFIP. 2.2. Foi lavrado o AI nº 37.385.5036 pelo descumprimento de obrigação acessória, em razão da apresentação de GFIP com omissão de informações (CFL 68), em razão da utilização de FPAS próprio de entidade imune; 2.3. O lançamento foi realizado em decorrência de decisão judicial, nos autos da Ação Popular n° 502655863.2010.404.7100, que concedeu liminar determinando que a RFB constituísse os créditos da Seguridade Social, relativamente aos fatos geradores ocorridos nos períodos de 01/01/2004 a 31/12/2006 e 01/01/2007 a 31/12/2009, em face da relevância dos argumentos e de modo a evitar a decadência, suspendendo a sua exigibilidade; 2.4. Não se pretende discutir a natureza filantrópica da autuada, nem o reconhecimento da imunidade, matérias que são objetos da referida Ação Popular, apenas o lançamento para prevenir a decadência, o que não é obstado pela suspensão da exigibilidade; 2.5. A fim de cumprir a decisão judicial enquadrou a empresa no código FPAS 574, próprio dos estabelecimentos de ensino em geral, que não são reconhecidos como entidades filantrópicas, de maneira a permitir o cálculo da contribuição previdenciária devida sobre os fatos geradores declarados com o código FPAS 639 (entidade imune); 2.6. Realizou a comparação das multas a fim de aplicar a mais benéfica, em razão das alterações ocorridas a partir da MP 449/08, conforme explicitado no relatório fiscal e demonstrado nos itens 16 a 21 de fls. 30/32; 2.7. Em razão da omissão das contribuições devidas, pela utilização do código FPAS 639 nas declarações em GFIP, das competências 01 a 12/2008, lavrou o AI nº 37.385.5036, pelo descumprimento da obrigação acessória, conforme a regra anterior às alterações da MP 449/08, por ser mais benéfica ao contribuinte. Fl. 225DF CARF MF Processo nº 16682.720937/201255 Acórdão n.º 2202003.721 S2C2T2 Fl. 226 4 3. A Impugnante apresentou as defesas, de fls. 83/139, em 06/02/2013, aduzindo, em síntese, que: 3.1. A autoridade fiscalizadora motivou a lavratura quanto ao decidido na ação popular enfatizando que não caberia discutir a natureza filantrópica e o direito à isenção, cuja conclusão decorrerá do julgamento de mérito da referida ação. Em razão do alegado cabe a Impugnante sustentar sua flagrante imunidade e natureza filantrópica, em que pese a imediata suspensão do crédito tributário; 3.2. Fazse necessário a suspensão, não somente do crédito, mas também, do processo administrativo, até ulterior decisão no processo de ação popular; 3.3. Possui demonstrações cabais de que é entidade filantrópica e imune aos tributos em geral, sendo desarrazoada a presente autuação. 3.4. A autuação pelo descumprimento de obrigação acessória em GFIP é descabida e deve ser julgada insubsistente, pois, ao enquadrar a Impugnante no FPAS 754, adentrou ao mérito da imunidade, ao arrepio da liminar e contrariando sua própria fundamentação de que não discutiria a natureza filantrópica e o reconhecimento da isenção. A DRJ de origem entendeu pela improcedência da impugnação apresentada pela contribuinte. Inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 193/212, onde são reiterados os argumentos já lançados em impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Preliminares. Pedido de conexão Por meio de apresentação de memoriais foi requerido pelo contribuinte a conexão deste processo com o de nº 16682.720944/201257. Será realizada a análise de tal pedido como preliminar de mérito. O presente processo trata de recurso voluntário interposto em face de acórdão nº 1259102 da Delegacia da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro I (DRJ/RJI), julgado na sessão de 27 de agosto de 2013. O Relatório Fiscal do Processo, de fls. 2324, diz o seguinte: Fl. 226DF CARF MF Processo nº 16682.720937/201255 Acórdão n.º 2202003.721 S2C2T2 Fl. 227 5 Portanto, do MPF nº 07.1.85.002012007280, conforme fl. 24 dos autos, foram realizados 5 (cinco) autos de infração, estando 3 (três) autos de infração no presente processo administrativo fiscal (16682.720937/201255), quais sejam: · AI nº 37.385.5010 (obrigação principal); · AI nº 37.385.5028 (obrigação principal); · AI nº 37.385.5036. Enquanto que nos autos do processo administrativo fiscal nº 16682.720944/201257 há outros 2 (dois) autos de infração: · AI nº 51.014.4861 (obrigação principal); · AI nº 51.014.4870 (obrigação principal). Verificase que se tratam de de processos reflexos, nos termos do art. 6º, § 1º, inciso III, do RICARF, que assim dispõe: Fl. 227DF CARF MF Processo nº 16682.720937/201255 Acórdão n.º 2202003.721 S2C2T2 Fl. 228 6 Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a locali zação do processo. § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III d o § 1º, se o processo principal não estiver localizado no CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para a unidade preparadora, para determinar a vinculação dos autos ao processo principal. § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos eo sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. § 6º Na hipótese prevista no § 4º se não houver recurso a ser apreciado pelo CARF relativo ao processo principal, a unidade preparadora deverá devolver ao colegiado o processo convertido em diligência, juntamente com as informações constantes do processo principal necessárias para a continuidade do julgamento do processo sobrestado. § 7º No caso de conflito de competência entre Seções, caberá ao Presidente do CARF decidir, provocado por resolução ou despacho d o Presidente da Turma que ensejou o conflito. § 8º Incluemse na hipótese prevista no inciso III do § 1º os lançamentos de contribuições previdenciárias realizados em um mesmo procedimento fiscal, com incidências tributárias de diferentes espécies. Fl. 228DF CARF MF Processo nº 16682.720937/201255 Acórdão n.º 2202003.721 S2C2T2 Fl. 229 7 (grifouse) No entanto, o processo a qual se pretende a conexão (16682.720944/201257) está suspenso por medida judicial e encontrase na DEMAC/RJ. Ocorre que se os processos conexos não estiverem no CARF, devem ser incluídos em pauta os processos que estiverem no Conselho, não devendo ser acolhido o pedido de conexão destes. Portanto, indeferese o pedido de conexão, sendo rejeitada a referida preliminar. Pedido de sobrestamento do processo A contribuinte alega em recurso voluntário nos autos postulando o sobrestamento do presente processo administrativo até decisão final nos autos Ação Popular n° 502655863.2010.404.7100. Passo a analisar tal pedido como preliminar de mérito. No entanto, o Regimento desde Conselho, a qual está em consonância com a não estabelece, em sua atual redação, possibilidade de autos ficarem sobrestados aguardando decisão judicial. Diante disso, por considerar que não há nos autos uma determinação judicial para que este processo fique suspenso/sobrestado, entendo que deve ser rejeitada a referida preliminar. Mérito Das Obrigações Principais AI's nº 37.385.5010 e 37.385.5025 Constou no relatório fiscal que o presente lançamento decorreu de determinação judicial, o que por si só justifica a exação levada a cabo pela fiscalização, sob pena de se responsabilizar a autoridade tributária pelo seu descumprimento. Além disso, o dispositivo da sentença é cristalino, permite compreender que a medida salvaguardou o direito da Fazenda, por um lado, prevenindo a decadência, e de outro, o da Impugnante, porque suspendeu a exigibilidade do crédito que mandou constituir, até que haja a decisão de mérito. Sabese que a suspensão da exigibilidade do crédito não impede que a Fazenda efetue o lançamento, pois o decurso do prazo decadencial continua a fluir, não estando sujeito à suspensão ou à interrupção de seu curso, o que poderia conduzir à perda do direito material de constituir o crédito. A suspensão da exigibilidade do crédito obsta tão somente a prática de atos que visem à cobrança do crédito, tais como a inscrição na dívida ativa, a propositura de execução fiscal, a penhora, bem como a certidão negativa (CPDEN) A matéria encontrase sumulada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Súmula CARF nº 48: A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 16682.720937/201255 Acórdão n.º 2202003.721 S2C2T2 Fl. 230 8 Quanto aos argumentos da contribuinte acerca da sua natureza filantrópica e do direito à imunidade de contribuições previdenciárias, não serão apreciados, em razão da concomitância com o objeto da Ação Popular n° 502655863.2010.404.7100, incidindo, neste caso, o entendimento contido na súmula n° 1 do CARF: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. A fim de dar cumprimento ao comando contido na liminar, a autoridade fiscal não teria outra forma de atuar, senão reenquadrar a contribuinte no código FPAS 574, próprio dos estabelecimentos de ensino em geral, que não são filantrópicos, nem gozam de imunidade. Assim procedendo, a fiscalização não agiu ao arrepio da liminar, menos ainda, em contradição com os fundamentos do lançamento, pois, ao conceder a medida, o juiz é quem reconheceu liminarmente a ausência de imunidade, que poderá ou não ser confirmada na decisão de mérito. Mas, por força e nos termos da medida liminar, a fiscalização teve que considerar, para efeitos do lançamento preventivo, que a Impugnante não tinha imunidade, logo, não deveria ter utilizado o código FPAS 639, pois este código acarretou a ausência de informação e apuração das contribuições devidas em GFIP, no período de 01 a 12/2008. Portanto, a autoridade fiscal não adentrou ao mérito, apenas realizou o lançamento na forma como determinada na liminar, ou seja, considerando a empresa não imune, mas foi o juízo quem exarou tal entendimento. A fiscalização explicitou no relatório fiscal a forma de apuração e cálculo das contribuições devidas, contudo, a Impugnante não apresentou contestação expressa acerca da apuração e dos cálculos das contribuições e das multas aplicadas, de maneira que se considera matéria não impugnada, a teor do artigo 17 do Decreto nº 70.235/72. Da Obrigação Acessória AI nº 37.385.5036 Quando do julgamento pela DRJ de origem, foi já manifestado que a fiscalização realizou a comparação das multas, em razão das alterações ocorridas a partir da MP 449/08. Assim constou no referido voto: Quanto à obrigação acessória, houve infração, na medida em que a Impugnante utilizou o FPAS 639, omitindo nas GFIP as contribuições devidas, quando deveria ter utilizado o FPAS 574, próprio dos estabelecimentos de ensino em geral, que não são filantrópicos, nem gozam de imunidade, consoante a conclusão exarada na medida liminar. A fiscalização realizou a comparação das multas a fim de aplicar a mais benéfica, em razão das alterações ocorridas a partir da MP 449/08, conforme explicitado no relatório fiscal e demonstrado nos itens 16 a 21 de fls. 30/32, contudo, a Impugnante não contestou os cálculos da penalidade aplicada, Fl. 230DF CARF MF Processo nº 16682.720937/201255 Acórdão n.º 2202003.721 S2C2T2 Fl. 231 9 de forma que se considera matéria não impugnada, a teor do artigo 17 do Decreto nº 70.235/72. No presente caso, não houve alegação da contribuinte de que o cálculo da multa estaria incorreto ou que este não foi realizado da forma mais favorável. Além do mais, a autuação foi lavrada em 14 de janeiro de 2013, quando já em a Lei 11.941/09, oriunda da conversão da MP 449/08 em lei. Assim, não verifico que possa ser reconhecida de ofício recálculo da multa para outra forma de cálculo mais benéfica. Portanto, não há reparos a serem realizados no acórdão da DRJ quanto a esta matéria. Conclusão. Ante o exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso em relação às obrigações principais, por concomitância com ação judicial; rejeitar as preliminares e, no mérito, na parte conhecida, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 231DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.902727/2011-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário:2006
PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL.
No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE.
A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.311
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques dOliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário:2006 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10120.902727/2011-81
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5722024
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3301-003.311
nome_arquivo_s : Decisao_10120902727201181.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
nome_arquivo_pdf_s : 10120902727201181_5722024.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques dOliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6755195
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213149904896
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1819; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10120.902727/201181 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301003.311 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de março de 2017 Matéria COFINS/PIS. TOMADA DE CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. Recorrente CIAASA MERCANTIL DE VEÍCULOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário:2006 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime nãocumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 27 27 /2 01 1- 81 Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10120.902727/201181 Acórdão n.º 3301003.311 S3C3T1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER, formulado através do programa PER/Dcomp, por intermédio do qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS NãoCumulativa – Mercado Interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado. A origem do direito creditório alegado seria o saldo credor acumulado em razão da aquisição de produtos monofásicos (veículos novos). A Recorrente tem como atividade comercial a compra e venda, no atacado e varejo, de veículos novos e peças em geral, relacionadas na Lei nº 10.485/02. A Lei nº 10.485/02, no art. 3º, § 2º, I e II, prescreve que os produtos nela relacionados têm as alíquotas de PIS e COFINS reduzidas a 0% relativamente à receita bruta auferida por comerciantes atacadistas e varejistas. A Recorrente alega que com a edição das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 compõem a sua receita bruta para efeito de apuração de PIS e COFINS sob o regime da nãocumulatividade e que a manutenção dos créditos decorrentes da aquisição desses produtos tem como fundamento legal o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 e o pedido de ressarcimento em espécie tem como fundamento legal o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Assim, com esse entendimento, os créditos de COFINS nãocumulativa, objeto do ressarcimento deste processo fiscal pela Recorrente, têm origem exclusiva na aplicação direta das alíquotas previstas nas leis 10.637/02 (PIS) e 10.833/03 (COFINS), que introduziram a nova sistemática do regime da nãocumulatividade para ambas as Contribuições, sobre o valor de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), pois a alíquota da Contribuição nas saídas subsequentes desses produtos foi reduzida a 0%. Então, a controvérsia nestes autos é o direito ao creditamento, no regime não cumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), ou seja, crédito com origem nas aquisições de produtos com incidência monofásica. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 03050.588. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que há vedação legal e normativa para o aproveitamento do crédito das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, nas vendas submetidas à incidência monofásica. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10120.902727/201181 Acórdão n.º 3301003.311 S3C3T1 Fl. 4 3 Tanto na manifestação de inconformidade, quanto em seu recurso voluntário, a Recorrente tece longo arrazoado para justificar o seu direito ao creditamento, para tanto interpreta a legislação federal e o princípio constitucional da nãocumulatividade. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.248, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.902719/201135, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.248): O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Não há direito ao creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), conforme se justifica a seguir. Os art. 1o e 3o da Lei n° 10.485/2002 prescrevem: Art. 1o.As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10120.902727/201181 Acórdão n.º 3301003.311 S3C3T1 Fl. 5 4 § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Assim, para os veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI e dos produtos relacionados nos Anexos I e II, a cobrança da COFINS terá incidência monofásica, com alíquotas diferenciadas para as pessoas jurídicas fabricantes e importadoras. O regime monofásico concentra a cobrança do tributo em uma etapa da cadeia produtiva, desonerando a etapa seguinte. E ainda, a referida lei reduziu a zero as alíquotas da COFINS incidentes sobre as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas ou varejistas com a venda desses mesmos produtos. O regime monofásico impõe que o fabricante ou importador dos produtos (monofásicos) recolham o PIS/COFINS em uma alíquota diferenciada e majorada, bem como a fixação de alíquota zero de PIS/COFINS sobre a receita auferida com a venda dos mesmos pelos demais participantes da cadeia produtiva (distribuidores, atacadistas e varejistas). Então, não se cogita do sistema de compensação entre créditos e débitos. Deste modo, a Lei nº 10.485/02 fixou a tributação devida ao PIS e à COFINS no início da cadeia produtiva, fabricantes e/ou importadores de veículos automotores e autopeças, estabelecendo alíquota mais elevada nesta etapa de comercialização, desonerando a fase em que se integram as concessionárias, mediante atribuição de alíquota zero, nos termos dos seus artigos 2º, § 2º, II; 3º, § 2º, I e II; e 5º, parágrafo único, esses dispositivos não foram revogadas pela Lei nº 10.833/03. A incidência monofásica das contribuições discutidas incorre na inviabilidade lógica e econômica do reconhecimento de crédito recuperável pelos comerciantes varejistas e atacadistas, pois inexistente cadeia tributária após a venda destinada ao consumidor final, razão pela qual o art. 17 da Lei nº 11.033/04, afigurase incompatível com este caso. Ademais, não há crédito em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485/2002 adquiridos para revenda, por vedação expressa dos art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art.1º, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10120.902727/201181 Acórdão n.º 3301003.311 S3C3T1 Fl. 6 5 § 1º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) III no art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) IV no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Logo, pela redação dos dispositivos supracitados, é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002, adquiridos para revenda. Alega a Recorrente que teria direito ao creditamento com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Esse dispositivo não se aplica ao caso em comento, pelas seguintes razões: 1 Referese a “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” nas operações de vendas com isenção, alíquota zero ou nãoincidência da COFINS, ou seja, tratase de créditos legalmente autorizados da COFINS (neste caso o crédito está proibido); 2 É regra geral que coexiste com vedação ao creditamento por norma específica e 3 Não revoga expressa ou tacitamente o inciso I, alínea “b”, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Por fim, quanto a argumentos de inconstitucionalidade da vedação ao creditamento, por afronta ao princípio da nãocumulatividade, saliento que sobre esta matéria o CARF não pode se pronunciar, de acordo com a Súmula nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10120.902727/201181 Acórdão n.º 3301003.311 S3C3T1 Fl. 7 6 na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos) aplicase tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 148DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.003817/2004-04
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 1995, 1996
ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. ISENÇÃO. CONDIÇÕES.
Para que as Áreas de Interesse Ecológico para a proteção dos ecossistemas sejam isentas do ITR, é necessário que sejam assim declaradas por ato específico do órgão competente, federal ou estadual, e que estejam sujeitas a restrições de uso superiores àquelas previstas para as áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente.
Numero da decisão: 9202-005.165
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Redator-Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 1995, 1996 ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. Para que as Áreas de Interesse Ecológico para a proteção dos ecossistemas sejam isentas do ITR, é necessário que sejam assim declaradas por ato específico do órgão competente, federal ou estadual, e que estejam sujeitas a restrições de uso superiores àquelas previstas para as áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10283.003817/2004-04
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5728381
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-005.165
nome_arquivo_s : Decisao_10283003817200404.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : PATRICIA DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 10283003817200404_5728381.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Redator-Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6779851
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213187653632
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1747; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 398 1 397 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10283.003817/200404 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202005.165 – 2ª Turma Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria ITR. Recorrente ISAAC BENAYON SABBA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1995, 1996 ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. Para que as Áreas de Interesse Ecológico para a proteção dos ecossistemas sejam isentas do ITR, é necessário que sejam assim declaradas por ato específico do órgão competente, federal ou estadual, e que estejam sujeitas a restrições de uso superiores àquelas previstas para as áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva – Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior –RedatorDesignado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 38 17 /2 00 4- 04 Fl. 398DF CARF MF 2 Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Em sessão plenária de 26/07/2011, foi julgado o Recurso Voluntário n° 332.230, prolatandose o Acórdão nº 220201.272 (efls. 226/247), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1995, 1996 ÁREAS DE DECLARADO INTERESSE ECOLÓGICO. EXCLUSÃO DA ÁREA TRIBUTÁVEL. As áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas por ato do órgão competente, federal ou estadual, que ampliem as restrições de uso previstas pelas áreas de preservação permanente e de reserva legal poderão ser excluídas da área tributável para fins de apuração do ITR, devendo o contribuinte comprovar o reconhecimento específico para a área da sua propriedade particular para que possa gozar do benefício fiscal. VALOR DA TERRA NUA (VTN). REVISÃO DO VALOR MÍNIMO. REQUISITOS. O valor do terra nua (VTN) mínimo por hectare, fixado pelo fisco para os exercícios 1995 e 1996, poderá ser revisto, desde que seja apresentado Laudo Técnico de avaliação, emitido por entidade de reconhecida capacidade técnica ou por profissional devidamente habilitado, que se reporte à época do fato gerador e demonstre, de forma inequívoca, a legitimidade da alteração pretendida, inclusive com a indicação das fontes pesquisadas (Súmula CARF no 23, em vigor desde 22/12/2009). ALÍQUOTA DO ITR. CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO. A alíquota aplicada na apuração do valor do ITR é função do percentual de utilização efetiva da área aproveitável do imóvel rural, do tamanho da propriedade e das desigualdades regionais. O percentual aplicado será duplicado no segundo ano consecutivo e seguintes em que o percentual de utilização efetiva da área aproveitável for igual ou inferior a trinta por cento. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL DO TRABALHADOR RURAL (CONTAG). PROPRIEDADE COM TRABALHADOR RURAL. EXIGÊNCIA. Os proprietários de imóvel rural, com pelo menos um trabalhador rural, estão sujeitos à cobrança da Contribuição Sindical Rural do Trabalhador (CONTAG), junto com do Imposto Territorial Rural ITR, até 31/12/1996. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL RURAL DO EMPREGADOR (CNA). PROPRIEDADE COM TRABALHADOR RURAL. MAIS Fl. 399DF CARF MF Processo nº 10283.003817/200404 Acórdão n.º 9202005.165 CSRFT2 Fl. 399 3 DE UM IMÓVEL EM QUE A ÁREA É SUPERIOR AO MÓDULO RURAL. Os proprietários de imóvel rural, com pelo menos um trabalhador rural, assim como aqueles que possuam mais de um imóvel rural na região, cuja soma de suas áreas é superior à dimensão do módulo rural, estão sujeitos à cobrança da Contribuição Sindical Rural do Empregador (CNA), junto com do Imposto Territorial Rural ITR, até 31/12/1996. CONTRIBUIÇÃO AO SENAR. RECOLHIMENTO OBRIGATÓRIO. Os proprietários de imóvel rural estão sujeitos à contribuição ao SENAR, exceto se a propriedade tiver área equivalente a até três módulos fiscais e apresente grau de utilização da terra igual ou superior a 30% ou se classificada como minifúndio ou empresa rural, nos termos da legislação vigente. Cientificada do acórdão em 14/10/2011 (efls. 187), que por maioria dos votos negou provimento ao recurso, o Contribuinte interpôs, no dia 31/10/2011, o Recurso Especial de efls. 279/292, com fundamento nos art. 64, inciso II e art. 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do CARF, visando rediscutir a nulidade do julgamento por não realização de diligência, e o restabelecimento da área de interesse ecológico declarada na DIRT. Em exame de admissibilidade, foi dado seguimento parcial ao Recurso Especial, conforme o Despacho s/n, de 17/02/2014 (efls. 371/372), para rediscutir a matéria acerca do reconhecimento de 50% da área do imóvel rural como de interesse ecológico. Em sede de reexame de admissibilidade mantevese o seguimento parcial do recurso (efls. 377/378). Quanto a temática admitida no Recurso Especial, o Contribuinte alega, em síntese que: a discussão repousa sobre a outra parte do imóvel, tendo como ponto fulcral o reconhecimento da aplicação da isenção estabelecida pelo art. 11, da Lei n.° 8.847/94; a regra de isenção estabelecida no art. 11, da Lei n.° 8.847/94 é um benefício concedido ao contribuinte do ITR por não poder fazer o devido uso do imóvel rural de que tem a posse ou propriedade; ou seja, a isenção é conferida por força de restrição, que nesse caso, concretizase por meio de instituição das áreas de reserva legal, preservação permanente e interesse ecológico; tais restrições, como é notório, tem o objetivo precípuo de proteger o meio ambiente. Assim, uma vez instituídas devem ser observadas e respeitadas por aqueles sobre quem elas recaem, isso é, o contribuinte do ITR; nesse sentido, a criação de quaisquer umas das restrições ao direito de uso e gozo da propriedade só depende da lei, e, no caso em tela, instituída pela Lei n.° 8.847/94 e regulamentada pela LCE n.° 52/1991; Fl. 400DF CARF MF 4 ao tratar do assunto, nos termos do seu art. 11, a Lei n.° 8.847/94 delegou a competência quanto à matéria de isenção do ITR para que os órgãos federais e/ou estaduais regulamentassem por ato próprio, e o Estado de Rondônia, por sua vez, o fez mediante a edição da LCE n.° 52/1991; ora, se a isenção é consequência lógica da restrição, essa, uma vez devidamente instituída, como é o caso dos autos, independe a isenção de qualquer outro ato para que seja aplicada; reconhecida a inclusão do imóvel denominado “São João” nesta Zona 4, conforme consta a fls. 240, da própria decisão recorrida, não há que se discutir sobre a aplicação ou não da isenção; o que se quer comprovar é que o fato do contribuinte, ora Recorrente, ter efetivamente provado que sua área está enquadrada como de preservação ambiental, por si só basta para lhe garantir o direito à isenção do ITR, por expressa disposição legal (art. 11, da Lei n.° 8.847/94 c.c LCE n.° 52/1991); nesse contexto, restou demonstrada a caracterização do imóvel denominado “São João” como área de interesse ecológico, passível, portanto, de isenção do ITR; contudo, não bastasse isso, imprescindível ressaltar que a isenção do ITR decorre do reconhecimento da área como de restrição e/ou preservação ambiental, aí incluídas as áreas de reserva legal, preservação permanente e interesse ecológico; por tal motivo, de suma importância se faz resgatar o trecho do acórdão recorrido que trata do parecer da SEDAM: “o SEDAM, por sua vez, limitouse a informar que o imóvel denominado “São João” estava inserido na Liminar Ação Civil Pública Processo n.° 2004.42.000018873, classe 7100, de 02/08/2004, vetado de acervar a Reserva Legal (fl. 170).”; a impossibilidade de averbação como área de reserva legal, decorre da epigrafada Ação Civil Pública (ACP), revela a caracterização e/ou enquadramento do imóvel em questão, como área de preservação permanente, na qual é proibida qualquer atuação degradante ao meio ambiente, o que demonstra o direito à isenção do ITR; dentro dessa linha, é forçoso concluir, para o caso em tela, que a isenção pleiteada encontra amparo legal na Lei n.°8.847/94, art. 11, inciso I, que trata dos casos de isenção para as áreas de preservação permanente, independente, portanto, de qualquer outro ato ou norma regulamentar, no caso a LCE n.° 52/1991. Ao final, o Contribuinte pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, para, em primeiro lugar, converter o feito em diligência para conclusão da 2° diligência solicitada pela instância anterior, e em segundo lugar, ultrapassada a questão preliminar, declarar a insubsistência do lançamento tributário, afastando a exigência tributária mantida no acórdão impugnado. Cientificada, a Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões alegando que, no caso em análise, o contribuinte deve comprovar o reconhecimento específico como área de uso restrito para a área de sua propriedade almejando o gozo do benefício fiscal (efls. 391/395). É o relatório. Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10283.003817/200404 Acórdão n.º 9202005.165 CSRFT2 Fl. 400 5 Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial do Contribuinte, contra decisão por maioria dos votos, proferida em 26/07/2011, foi interposto na modalidade de divergência jurisprudencial, com fundamento nos art. 64, inciso II e art. 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Destarte, sendo tempestivo e estando de acordo com os demais requisitos do Regimento Interno, o Recurso Especial deve ser conhecido. Esclareçase que, embora a peça apresentada pela Fazenda Nacional está nominada de “Recurso Especial”, tratase de contrarrazões. Tratase de exigência de ITR Imposto Territorial Rural do exercício de 1995 e 1996, tendo em vista glosa de 50% da área declarada como de interesse ecológico, uma vez que entendeu o Fisco não haver o Contribuinte comprovado a existência da área de interesse ecológico a justificar a isenção do ITR. Adentrando na questão, vale destacar que a LC n° 52/91 é específica ao caracterizar a Zona 4 como área em que o desmatamento é restrito em virtude de serem as terras desta zona destinadas à recuperação, ordenamento e desenvolvimento do extrativismo vegetal, vejamos os termos do dispositivo legal: Art. 2° A primeira aproximação do Zoneamento Sócio EconômicoEcológico de Rondônia, define 06 (Seis) zonas sócio econômicoecológicas, segundo as características regionais específicas e capacidade de ofertas ambientais próprias de cada zona, as quais apresentam os seguintes aspectos: (...) IV – Zona 4 – Caracterizada pela ocorrência, predominantemente de médias e grandes propriedades rurais, porém com baixa incidência de domínios privados, contrapondo ao alto índice de terras públicas, refletindo baixa intensidade ocupacional e rarefeita ação antrópica; ambientes de floresta aberta e densa, com domínio fitofisionômico de espécies do extrativismo vegetal em ecossistemas frágeis; solos de baixa fertilidade natural (distróficos) em relevos planos a ondulados. As terras desta zona, destinamse à recuperação, ordenamento e desenvolvimento do extrativismo vegetal com manejo auto sustentado dos recursos naturais renováveis, cujo aproveitamento racional permeia a pesca e agricultura de subsistência, sem alteração significativa do meio físico, garantido a autosustentação da unidade produtiva. Nesta zona o desmatamento fica restrito a autosustentação da comunidade extrativista, limitando a 5 ha por Unidade Produtiva, cujo excedente dependerá de aprovação baseada em estudos prévios, conforme legislação em vigor. Fl. 402DF CARF MF 6 O zoneamento ambiental é instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente conforme no inciso II do artigo 9º da Lei n.º 6.938/1981, e regulamentado pelo Decreto Federal Nº 4.297/2002, que diz: Art. 2º O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população. Art. 3º O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, levará em conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais. Como se extrai dos dispositivos acima, o ZEE possui força vinculante tanto aos agentes públicos como privadas. Assim, as restrições e demais determinações contidas no zoneamento ambiental devem ser observadas. Posto isso, afirma que o fato de um imóvel rural está inserido dentro de uma zona tida como restrita para atividades que afetem a preservação ambiental, segundo determinado zoneamente social econômicoecológico, por si só não é suficiente soa contraditório. Ora, esse instrumento de política pública tem força vinculativa, portanto, merece ser observado, mais que isso, deve ser observado. Desta forma, entendendo que é legitima as restrições impostas pelo ZEE, que no caso em tela, tratase da LC n° 52/91, que “dispõe sobre o Zoneamento SócioEconômico Ecológico de Rondônia, e dá outras providências”, é preciso a averiguação de que a propriedade do contribuinte está inserida em zona tida como restrita. O Contribuinte apresentou declarações nas quais os órgãos oficiais afirmam que a área do imóvel está inserida dentro da Zona 4 do ZEERO (efls. 10 e 18). A Fazenda Nacional, em que pese contestar tratarse a área do imóvel não averbada como de preservação ambiental, não trouxe elementos que contraponham as provas trazidas pelo Contribuinte. O art. 11 da Lei n° 8.847/94 dispunha que: Art. 11. São isentas do imposto as áreas: I de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 1965, com a nova redação dada pela Lei nº 7.803, de 1989; (Revogado pela Lei nº 9.393, de 19.12.96) Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10283.003817/200404 Acórdão n.º 9202005.165 CSRFT2 Fl. 401 7 II de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declarados por ato do órgão competente federal ou estadual e que ampliam as restrições de uso previstas no inciso anterior; III reflorestadas com essências nativas. Em que pese o referido dispositivo legal ter sido revogado, o intento do legislador de imprimir o caráter de extrafiscalidade permanece, razão pela qual o vigente art. 10, §1°, II, b, da Lei n° 9.393/96, possui a seguinte redação: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: (...) b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; (...) Portanto, uma vez que são isentas as áreas declaradas de interesse ecológico por órgão competente, e a LC n° 52/91 estipula uma ampliação das restrições de uso de propriedade rural, mediante o seu ZEE, e ainda restou demonstrada que a propriedade do Contribuinte está inserida em uma das zonas de interesse ecológico, merecer ser reconhecida a isenção dos 50% da propriedade que não estão averbadas à margem da escritura do imóvel. Assim voto por DAR PROVIMENTO ao recurso do Contribuinte, para reforma o acórdão recorrido e reconhecer como área de preservação ambiental os 50% da propriedade “São João” que não estão averbados em cartório como ARL. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 404DF CARF MF 8 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, RedatorDesignado Com a devida vênia ao posicionamento esposado pela Relatora, ouso discordar de seu posicionamento quanto aos requisitos aplicáveis para fins de exclusão das áreas de interesse ecológico da base de cálculo do ITR. A propósito, estabelece o art. 11 da Lei no. 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação à época do fato gerador em questão: Art. 11. São isentas do imposto as áreas: I de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 1965, com a nova redação dada pela Lei nº 7.803, de 1989; (Revogado pela Lei nº 9.393, de 19.12.96) II de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declarados por ato do órgão competente federal ou estadual e que ampliam as restrições de uso previstas no inciso anterior; III reflorestadas com essências nativas. Necessária assim, conforme o referido dispositivo legal em seu inciso II, a declaração das referidas áreas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior, de forma a se poder excluir tais áreas da base de cálculo do ITR. Declarações como as de efls. 10 e 18, que se limitavam a afirmar que o imóvel de denominação em questão se encontrava em determinada Zona de Zoneamento Sócio EconômicoEcológico Estadual conforme a Lei Complementar Estadual no. 52, de 20 de dezembro de 1991, não suprem tal requisito, por se revestir tal ato normativo de caráter genérico, inespecífico quanto ao imóvel sob análise. Adicionalmente a propósito, adotamse aqui as brilhantes razões de decidir do recorrido, in verbis: (...) No caso, conforme disposto no art. 1o da Lei Complementar no 52, de 1991, o Zoneamento Sócioeconômicoecológico do Estado de Rondônia constitui instrumento básico de planejamento e orientação de política e diretrizes governamentais, necessárias ao desenvolvimento harmônico e integrado do Estado, no qual foram definidas diversas zonas, segundo as características regionais específicas e capacidade de ofertas ambientas próprias. A propriedade da contribuinte estaria inserida na zona 4 que possui a seguinte definição (art. 2o da Lei Complementar no 52, de 1991): Art. 2o [...] Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10283.003817/200404 Acórdão n.º 9202005.165 CSRFT2 Fl. 402 9 IV Zona 4 Caracterizada pela ocorrência, predominantemente de médias e grandes propriedades rurais, porém com baixa incidência de domínios privados, contrapondo ao alto índice de terras públicas, refletindo baixa intensidade ocupacional e rarefeita ação antrópica; ambientes de floresta aberta e densa, com domínio fitofisionomico de espécies do extrativismo vegetal em ecossistemas frágeis; solos de baixa fertilidade natural (distróficos) em relevos planos a ondulados. As terras desta zona, destinamse à recuperação, ordenamento e desenvolvimento do extrativismo vegetal com manejo autosustentado dos recursos naturais renováveis, cujo aproveitamento racional permeia a pesca e agricultura de subsistência, sem alteração significativa do meio físico, garantido a autosustentação da unidade produtiva. Nesta zona o desmatamento fica restrito a auto sustentação da comunidade extrativista, limitando a 5 ha por Unidade Produtiva, cujo excedente dependerá de aprovação baseada em estudos prévios, conforme legislação em vigor. Entretanto, não obstante a definição dessa zona traga em seu bojo algumas restrições de uso, não foi vedado totalmente a exploração agrícola, permitindose o desmatamento dentro de certos limites. (grifei) Assim, para a caracterização das áreas protegidas ambientalmente pelo poder público situadas no Estado de Rondônia, devese observar, ainda, o disposto nos arts. 5o e 6o da referida lei complementar: Art. 5o Nos termos do artigo 228, da Constituição Estadual, são áreas de permanente interesse ecológico do Estado, cujos atributos essenciais serão preservados, as unidades de preservação e conservação de âmbito federal, legalmente instituídas em Rondônia. Parágrafo único O Estado, através da Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral SEPLAN, em articulação com os órgãos federais competentes, poderá promover a delimitação e demarcação topográfica das áreas das unidades de preservação e conservação federais que ainda não tiverem seus limites definidos e materializados em campo, bem como a manutenção das picadas topográficas nos perímetros delimitados de suas superfícies. Art.6o De acordo com o disposto no artigo 18 das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Estadual, o Poder Executivo implantará, implementará e gerenciará as unidades de preservação e conservação, de âmbito Estadual, cujas áreas estão preconizadas na primeira aproximação do Zoneamento SócioEconômicoEcológico de Rondônia, definidas no mapa citado no §1o do art. 1o desta Complementar. Parágrafo único As áreas das unidades de preservação e conservação de que trata este artigo serão delimitadas e demarcadas topograficamente, observado o disposto nesta Lei Complementar, bem como os procedimentos e normas técnicas e legais vigentes, quanto aos serviços topográficos. Fl. 406DF CARF MF 10 Por sua vez, assim dispõe o art. 18 das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição do Estado de Rondônia: Art. 18 Fica autorizada, em acordo com o Zoneamento Sócio EconômicoEcológico, a criação das seguintes Unidades de Conservação: I Parque Estadual: a) do Corumbiara; b) da Serra dos Parecis; c) da Serra dos Reis; d) de GuajaráMirim; e) do Cautário; f) do Candeias. II Reserva Estadual Biológica: a) do Rio Ouro Preto; b) do Traçadal. III Estação Estadual Ecológica: a) da Serra dos Três Irmãos; b) do Cuniã. Destarte, para que o imóvel em questão pudesse ser considerado como área interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas caberia à contribuinte comprovar que sua propriedade estava inserida em uma unidade de preservação e conservação de âmbito federal ou estadual, legalmente instituída à época do fato gerador, o que não ocorreu. Analisandose a documentação apresentada pelo contribuinte observase que tanto a certidão fornecida pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM (fl. 89) quanto a fornecida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA (fl. 90) limitamse a afirmar que um conjunto de imóveis de propriedade do contribuinte encontramse situados na Zona 4 do zoneamento SócioEconômicoEcológico do Estado de Rondônia, determinado pela Lei Complementar no 52, de 1991, dentre os quais, o imóvel objeto do presente lançamento, denominado “São João” e localizado no Município de Porto Velho/RO. Com o intuito de esclarecer a questão, a Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuinte converteu o julgamento em diligência (fls. 131 a 137). Instado a informar se o fato de imóvel estar localizado na zona 4 do zoneamento Sócioeconômicoecológico do Estado de Rondônia, estabelecido pela Lei Complementar no 52, de 1991, implicava caracterizálo como área de utilização limitada, para Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10283.003817/200404 Acórdão n.º 9202005.165 CSRFT2 Fl. 403 11 efeito de exclusão de tributação do ITR o INCRA respondeu (fl. 165): Em atenção ao Oficio no 293/2007DRF/PV0/SAFIS, informamos que após pesquisa realizada no Sistema Nacional de Cadastro RuralSNCR, não foi constatado o registro do imóvel denominado: São João. 14 De conformidade com a Lei Complementar no 52, de 20/12/1991 as áreas da zona 4, tiveram uso restrito, com a nova aproximação sugerimos consulta junto a SEDAM. Relativamente a exclusão de ITR deixamos de opinar, tendo em vista que o INCRA não mais tributa. Quanto a classificação por zona e a exclusão da obrigação da averbação de Reserva Legal, sugerimos consulta junto a SEDAM. O SEDAM, por sua vez, limitouse a informar que o imóvel denominado “São João” estava inserido na Liminar Ação Civil Pública Processo no 2004.41.00.0018873, classe 7100, de 02/08/2004, vetado de averbar a Reserva Legal (fl. 170). Entendendo que as respostas dos órgãos ambientais foram pouco conclusivas, a Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF determinou o retorno dos autos para que a autoridade preparadora solicitasse manifestação do IBAMA para informar: (a) as áreas de registradas ou aceita pelo referido órgão como áreas de reserva legal, de preservação permanente ou de interesse ecológico para a proteção de ecossistemas; e (b) o se o imóvel encontrase localizado na zona 4 do zoneamento Sócioeconômicoecológico do Estado de Rondônia, estabelecido pela Lei Complementar no 52, de 1991, e, em caso positivo, se essa localização é suficiente para reconhecêlo como área de reserva legal, de preservação permanente ou de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (fls. 204 e 205). Por meio do Oficio No 527/2010/GAB/IBAMA/R0, o IBAMA informa que (fls. 214 e 215): 1. Considerando que o objeto das consultas formuladas por Vossa Senhoria é o mesmo para todos os casos relatados nos ofícios acima relacionados, presto aqui as informações solicitadas, que certamente se coadunam à totalidade das situações apresentadas. Tais informações serão dispostas de acordo com as alíneas contidas naqueles documentos, a saber: a) a quantidade de áreas do imóvel que estava registrada ou aceita por essa autarquia, nos anos de 1994 e 1995, como de reserva legal, de preservação permanente ou de interesse Fl. 408DF CARF MF 12 ecológico para a proteção dos ecossistemas (art. 11 da Lei n°8.847/94,); Resposta válida para todos os lotes: 2. Antes da edição da Medida Provisória no 216667/2001, de 24 de agosto de 2001, mais especificamente nos anos 1994 e 1995, de interesse da consulta formulada, a averbação de 50% do imóvel como área de reserva legal constituía procedimento feito diretamente pelo interessado junto à margem da inscrição da matrícula do imóvel constante no registro de imóveis competente. A participação do IBAMA mantinhase restrita à conferência dos dados do mapa e memorial descritivo apresentados pelo proprietário e chancelamento no respectivo termo de averbação da reserva legal a ser levado ao cartório. 3. Geralmente o proprietário rural só tomava essa iniciativa — de fazer a averbação quando da necessidade de apresentar um projeto de natureza florestal à aprovação do IBAMA, vez que o dever de averbar a reserva legal, embora previsto em lei, não acarretava sanção o seu não cumprimento. Logo, a maioria de Processo nº 10283.003817/200404 Acórdão n.º 220201.272 S2 C2T2 Fl. 8 15 proprietários rurais declinava da obrigação, mesmo porque esta impunha limitações ao uso do solo pelo desmatamento. 4. Nesse contexto, a informação objetiva sobre a situação da reserva legal do imóvel em comento, seja de qual período for, só pode ser obtida com segurança junto a sua matrícula no cartório de registro de imóvel competente. 5. Quanto à área de preservação permanente, esta não constava do termo de averbação da reserva legal, apenas de um termo de compromisso específico, sem carecimento de averbação no cartório de imóvel, que normalmente acompanhava o mapa de projeto florestal trazido eventualmente à apreciação do IBAMA. Não há registro de projeto dessa natureza tendo como objeto o imóvel em questão. 6. No tocante a área de interesse ecológico para a proteção de ecossistemas, assim declarada por ato deste órgão federal, não consta registro sobre a incidência de tais áreas no imóvel sob consulta, b) sobre se esse imóvel está localizado na zona 4 do zoneamento sócioeconômico ecológico do Estado de Rondônia, estabelecido pela Lei Complementar n° 52/91 (art. 2°, IV, abaixo transcrito), e, em caso positivo, se essa localização implica ou é suficiente para reconhecêlo como área de reserva legal, de preservação permanente ou de interesse ecológico para proteção dos ecossistemas. Resposta válida para todos os lotes: 7. Quanto a localização do imóvel na zona 4 do zoneamento sócioeconômico ecológico do Estado de Rondônia, estabelecido pela Lei Complementar no 52/91, nada pode o IBAMA afirmar, tendo em vista ter sido esse instrumento legal o zoneamento construído e administrado pelo Estado de Rondônia por meio de seus órgãos competentes. Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10283.003817/200404 Acórdão n.º 9202005.165 CSRFT2 Fl. 404 13 As declarações fornecidas pelos órgãos ambientais permitem, no máximo, evidenciar que o imóvel encontrase na zona 4 do zoneamento Sócioeconômicoecológico do Estado de Rondônia, não estando claro entretanto que se trata de uma interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas passível de isenção. FInalmente, quanto a eventual suprimento de tal ato pela averbação da área adicional litigada em cartório (ainda que inexistente no caso, visto que vetada conforme documento de efl. 177), aplicáveis perfeitamente ao presente caso as considerações feitas pela Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, no âmbito do Acórdão 9.202004.576, de 24 de novembro de 2016, verbis: "(...) Nesse contexto, o Ilustre Conselheiro Relator aceitou a averbação na matrícula do imóvel como prova do cumprimento das condições para que a área ora analisada seja considerada como de Interesse Ecológico, para fins de isenção da tributação do ITR. Entretanto, no entender desta Conselheira, dita averbação prova apenas que o Contribuinte firmou com o Ibama um acordo de preservação florestal, em um percentual de área que se encontra inclusive rasurado, sem que tal informação tenha o condão de suprir a prova de que se trata efetivamente de uma Área de Interesse Ecológico, assim declarada por ato específico do Poder Público, muito menos com restrições de uso superiores àquelas estabelecidas para a Reserva Legal e de Preservação Permanente. (...)" Assim, diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, mantendose a glosa da área adicional de Reserva Legal perpretada pela autoridade lançadora. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Júnior Fl. 410DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.903630/2013-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009
ESTIMATIVAS QUITADAS POR COMPENSAÇÃO DE SALDO(S) NEGATIVO(S) DE PERÍODO(S) ANTERIOR(ES). POSSIBILIDADE.
As estimativas da CSLL convertem-se no próprio tributo após encerramento do período de apuração. Assim, o que se cobrará após o encerramento do exercício não é a estimativa, e sim a própria Contribuição Social. Nos termos do Parecer PGFN/CAT nº 88/2014, a compensação, por meio de declaração de compensação, de débitos de estimativas do ano-corrente do crédito de saldo negativo apurado, pode ser executada pela PGFN, razão pela qual o crédito formado no período pode ser reconhecido se esta for a única pendência apresentada.
Numero da decisão: 1401-001.916
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Declarou-se impedido de votar o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto e Daniel Ribeiro Silva.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2009 ESTIMATIVAS QUITADAS POR COMPENSAÇÃO DE SALDO(S) NEGATIVO(S) DE PERÍODO(S) ANTERIOR(ES). POSSIBILIDADE. As estimativas da CSLL convertem-se no próprio tributo após encerramento do período de apuração. Assim, o que se cobrará após o encerramento do exercício não é a estimativa, e sim a própria Contribuição Social. Nos termos do Parecer PGFN/CAT nº 88/2014, a compensação, por meio de declaração de compensação, de débitos de estimativas do ano-corrente do crédito de saldo negativo apurado, pode ser executada pela PGFN, razão pela qual o crédito formado no período pode ser reconhecido se esta for a única pendência apresentada.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10882.903630/2013-36
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5749466
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1401-001.916
nome_arquivo_s : Decisao_10882903630201336.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
nome_arquivo_pdf_s : 10882903630201336_5749466.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Declarou-se impedido de votar o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto e Daniel Ribeiro Silva.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
id : 6875834
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:03:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213192896512
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1493; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 145 1 144 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.903630/201336 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401001.916 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de junho de 2017 Matéria SALDO NEGATIVO DE CSLL Recorrente NOVA CIDADE DE DEUS PARTICIPAÇÕES S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 ESTIMATIVAS QUITADAS POR COMPENSAÇÃO DE SALDO(S) NEGATIVO(S) DE PERÍODO(S) ANTERIOR(ES). POSSIBILIDADE. As estimativas da CSLL convertemse no próprio tributo após encerramento do período de apuração. Assim, o que se cobrará após o encerramento do exercício não é a estimativa, e sim a própria Contribuição Social. Nos termos do Parecer PGFN/CAT nº 88/2014, a compensação, por meio de declaração de compensação, de débitos de estimativas do anocorrente do crédito de saldo negativo apurado, pode ser executada pela PGFN, razão pela qual o crédito formado no período pode ser reconhecido se esta for a única pendência apresentada. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Declarouse impedido de votar o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 36 30 /2 01 3- 36 Fl. 145DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto e Daniel Ribeiro Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 6ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), que, por meio do Acórdão nº 1454.690, de 31 de outubro de 2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Apresento abaixo o breve relatório da DRJ/RPO: (início da transcrição do relatório do acórdão da DRJ/RPO) Trata o presente processo do PER/Dcomp protocolizado sob o nº 40757.87562.300908.1.2.037466, no qual a interessada acima identificada alega possuir crédito contra a Fazenda Pública no valor original de R$ 321.570,54, decorrente de saldo negativo da contribuição social sobre o lucro líquido – CSLL apurada no exercício de 2008, anocalendário de 2007. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Osasco/SP, proferiu o Despacho Decisório de fl. 54, o qual não deferiu qualquer valor a ser restituído e não homologou a compensação em virtude de não confirmação Valor do Saldo Negativo disponível. Conseqüentemente, foi promovida a cobrança dos débitos indevidamente compensados, com os acréscimos legais decorrentes da mora (multa de mora e juros). Inconformada, a interessada interpôs a manifestação de inconformidade de fls. 03/14, na qual alega, em síntese, o seguinte: Que a Autoridade Administrativa não reconheceu o valor do crédito apurado porque não confirmou as estimativas que compuseram o saldo negativo pleiteado, não só em razão de terem sido quitadas por meio de compensações com saldo negativo de CSLL do anobase de 2007, não homologadas nos autos do processo administrativo n° 10882.900911/201256, entendeu o r. despacho decisório que, não tendo sido homologadas as compensações relativas às referidas estimativas de 2007, inexistiria saldo negativo suficiente ao final daquele anobase, objeto de compensação neste feito. Contudo, data máxima venia, a d. Autoridade Administrativa não se apercebeu que o valor daquelas estimativas de CSLL referentes aos meses de janeiro a agosto e outubro de 2007 já é objeto de cobrança nos autos do Processo Administrativo n° 10882.900911/201256 (doc. 03), sendo certo que com a homologação daquelas compensações ou o seu pagamento restará convalidada o saldo negativo questionado nos presentes autos, de forma que a sua desconsideração, cm qualquer hipótese, implica cobrança cm duplicidade. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10882.903630/201336 Acórdão n.º 1401001.916 S1C4T1 Fl. 146 3 Ademais, nos autos daquele processo n° 10882.900911/201256 ainda encontrase pendente de julgamento recurso voluntário apresentado pela Impugnante, de modo que, quando menos, deverseia aguardar o julgamento daquele processo prejudicial para então avaliar os reflexos da decisão lá proferida. É manifesta a necessidade de sobrestamento do presente feito até decisão final a ser proferida no que diz respeito ao Processo Administrativo n° 10882.900911/201256, relativo às estimativas do anobase de 2007, ou então ao menos a suspensão da exigibilidade do presente crédito tributário, haja vista a manifesta a relação de prejudicialidade e dependência entre os processos, nos termos do artigo 265, inciso IV, alínea 'a', do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal. (término da transcrição do relatório do acórdão da DRJ/RPO) A 6ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), por meio do Acórdão nº 1454.690, de 31 de outubro de 2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, assim ementado: Assunto: Normas de Administração Tributária Exercício: 2008 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DA CSLL. VALORES DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO NÃO CONFIRMADOS. O saldo negativo da CSLL pode ser objeto de pedido de restituição ou utilizado como crédito em declaração de compensação somente se confirmado que os valores a título de antecipação excedem o valor devido ao final do período de apuração. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A empresa foi cientificada do acórdão da DRJ/RPO na data de 09/01/2015 sextafeira (cf. AR de fl. 104). Irresignada com a decisão da DRJ, a empresa interpôs Recurso Voluntário (fl. 107 a 121) tempestivamente na data de 09/02/2015, apresentando os seguintes argumentos: I. O EFEITO DA NÃO HOMOLOGAÇÃO DAS COMPENSAÇÕES EFETUADAS EM OUTRO PROCESSO É A COBRANÇA DOS DÉBITOS COMPENSADOS NAQUELES AUTOS, E NÃO A ALTERAÇÃO DO SALDO NEGATIVO, SOB PENA DE COBRANÇA EM DUPLICIDADE 1) A DRJ não poderia indeferir o pedido de homologação dos créditos com base no indeferimento de compensação de saldos negativos apurados no anocalendário de Fl. 147DF CARF MF 4 2002, que são objeto do processo nº 10882.001396/200339, pois os débitos eventualmente não homologados naquele processo serão objeto de cobrança com os devidos acréscimos legais. 2) Critica o conteúdo da declaração de voto constante na decisão de piso, em que reforça a decisão da turma de não homologação do crédito do processo nº 10882.001396/200339, por se aplicar no caso o teor do Parecer PGFN/CAT nº 1.658/2011. Segundo a recorrente, o referido Parecer trata de estimativa não computada no ajuste anual, não se aplicando ao caso concreto, que, por sua vez, pode ter os valores de crédito indeferido perfeitamente cobrados, inclusive conforme entendimento exarado pelo Parecer PGFN/CAT nº 88/2014, apresentando conclusão da Procuradoria de que há "possibilidade de cobrança dos valores decorrentes de compensação não homologada, cuja origem foi para extinção de débitos relativos a estimativa, desde que já tenha se realizado o fato que enseja a incidência do imposto de renda e a estimativa extinta na compensação tenha sido computada no ajuste", conclusão que a recorrente entende que se aplica ao caso deste processo. 3) Informa que a Solução de Consulta Cosit nº 18/2006 conclui que "na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ;". Afirma que, nos termos do art. 9º da Instrução Normativa RFB nº 1396/2013, com redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.434/2013, aqueles atos têm efeito vinculante no âmbito da Receita Federal do Brasil. II PREJUDICIALIDADE: NECESSIDADE DE SOBRESTAMENTO DO FEITO 4) Pede subsidiariamente o sobrestamento do presente feito, até decisão final a ser proferida no Processo Administrativo nº 10882.900911/201256, ou, ainda, ao menos a suspensão da exigibilidade do presente crédito tributário, em face da manifesta relação de prejudicialidade entre os processos, nos termos do art. 265, IV, "a" do revogado Código de Processo Civil (CPC), hoje constante no art. 313, V, "a", do novo CPC. No CARF, o processo foi distribuído, cabendo a mim sua relatoria. É o Relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Como visto, a lide cingese a verificar se a quitação de estimativas a partir de compensação com saldo(s) negativo(s) de período(s) anterior(es) pode ser considerada para a formação do saldo negativo do período de que se pleiteia o crédito, mesmo que a compensação não tenha sido homologada, ou ainda esteja pendente de julgamento. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10882.903630/201336 Acórdão n.º 1401001.916 S1C4T1 Fl. 147 5 Tanto no Despacho Decisório quanto no julgamento da impugnação pela DRJ, a Receita Federal se pronunciou no sentido de que não é possível homologar a compensação deste processo, pois não há certeza e liquidez do crédito utilizado para quitar as estimativas do período objeto do saldo negativo gerado, uma vez que a formação do crédito utilizado para pagar as estimativas também se dava com saldos negativos de anos anteriores. Na época do Despacho Decisório, as compensações de estimativas advieram do processo originário de crédito nº 10882.900911/201256. Pois bem. Verifiquei em alguns votos neste Conselho em que a turma concluiu pela impossibilidade de deferir, de plano, créditos tributários de saldo negativo originado a partir de estimativas quitadas por meio de compensação. Em voto constante no processo nº 10882.903769/201207, que gerou a Resolução 1302000.378, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta Seção de Julgamento, a relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa efetuou análise percuciente sobre situação similar à aqui analisada e destacou que a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN/CAT nº 1.658/2011, já havia se pronunciado acerca da falta de certeza e liquidez da exigibilidade das antecipações devidas a título de estimativas mensais, fato a comprometer a cobrança e a inscrição em Dívida Ativa de tais débitos, impossibilitando a compensação de recolhimentos de estimativas decorrentes de saldos negativos de períodos anteriores. No citado voto, a turma decidiu por baixar o processo em diligência para aguardar o julgamento do processo que originou o pedido de crédito compensado naquele processo em análise. Não obstante o brilhante voto da Conselheira, entendo que a situação aqui discutida merece ser analisada sob outro olhar: É que, após o encerramento do período de apuração, as estimativas se convertem nos próprios tributos que foram quitados mediante antecipação, qual seja, IRPJ e CSLL. Vejase na redação dos art. 2º c/c 6º da Lei 9.430/1996, vigentes na época dos fatos, que o imposto a pagar apurado no final do período de apuração é calculado abatendose, dentre outras rubricas, os valores pagos por estimativa: Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. § 1º O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento. § 2º A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ficará sujeita à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. Fl. 149DF CARF MF 6 § 3º A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§ 1º e 2º do artigo anterior. § 4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV do imposto de renda pago na forma deste artigo. (negritei) (...) Art. 6º O imposto devido, apurado na forma do art. 2º, deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir. § 1º O saldo do imposto apurado em 31 de dezembro será: I pago em quota única, até o último dia útil do mês de março do ano subseqüente, se positivo, observado o disposto no § 2º; II compensado com o imposto a ser pago a partir do mês de abril do ano subseqüente, se negativo, assegurada a alternativa de requerer, após a entrega da declaração de rendimentos, a restituição do montante pago a maior. § 2º O saldo do imposto a pagar de que trata o inciso I do parágrafo anterior será acrescido de juros calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. § 3º O prazo a que se refere o inciso I do § 1º não se aplica ao imposto relativo ao mês de dezembro, que deverá ser pago até o último dia útil do mês de janeiro do ano subseqüente.” Por sua vez, o § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, com redação dada pela Lei 10.637/2002 (conversão da MP nº 66/2002), dispõe sobre o tratamento a ser dado às declarações de compensação: § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10882.903630/201336 Acórdão n.º 1401001.916 S1C4T1 Fl. 148 7 A MP nº 135/2003, convertida posteriormente na Lei nº 10.833/2003, atribuiu à declaração de compensação a natureza de instrumento de confissão de dívida, conforme § 6º do art. 74 da Lei n. 9.430/1996, vejase: § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Quanto aos períodos anteriores à vigência da MP nº 135/2003, a confissão de dívida se dava por meio da DCTF. No mesmo sentido se pronunciou a Procuradoria da Fazenda no Parecer PGFN/CAT nº 1.658/2011, que, apesar de concluir pela impossibilidade de se aceitar a compensação das estimativas, já verificamos que tal conclusão não se aplica ao caso aqui analisado: 26. Atentese para a ressalva: se o pleito de compensação foi anterior à Medida Provisória no 135 (30.10.2003), a DCOMP não se prestou à constituição do crédito tributário, o que decorre da declaração de débitos e créditos tributários federais – DCTF. 27. Portanto, relativamente à compensação declarada mas não homologada, o crédito tributário poderá ser cobrado com base na DCOMP, salvo se o pleito foi feito no período no qual este documento não apresentava a natureza de confissão de dívida, hipótese em que sua constituição se dá pela DCTF (ou, se inexistente, pelo Fisco)1. Da leitura dos dispositivos legais supra, inferese que, independentemente de homologação da compensação declarada à Receita Federal, a cobrança no processo de origem dos créditos compensados será necessariamente efetuada. E foi esta a interpretação dada pela Receita Federal e pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, respectivamente, por meio da Solução de Consulta Interna COSIT nº 18/2006 e do Parecer/PGFN/CAT nº 88/2014, cujas ementas transcrevo abaixo: Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit n° 18, de 13 de outubro de 2006: Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. PARECER PGFN/CAT/Nº 88/2014: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei nº 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. 1 Quanto à compensação tida por não declarada, o crédito tributário respectivo ou foi objeto de DCTF ou deverá ser constituído de ofício pelo Fisco, pois a DCOMP não se presta à sua constituição. Fl. 151DF CARF MF 8 No referido Parecer, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional traça arrazoado de que as estimativas convertemse no próprio tributo que se quer antecipar. Desta feita, revela a PGFN que a compensação das estimativas pode ser considerada no cálculo do saldo negativo do IRPJ e da CSLL, uma vez que a sua não homologação definitiva torna o crédito passível de execução, qual seja, o crédito (titularizado pela fazenda) do próprio tributo. Vejase: (início da transcrição do Parecer PGFN/CAT/nº 88/2014) (...) 13. Ao final do período ocorre à substituição das estimativas pelo ajuste anual, não existindo liquidez e certeza na estimativa, razão pela qual é impossível a inscrição e cobrança das estimativas, conforme exposto no Parecer PGFN/CAT n.º 1.658/2011, do qual extraímos o trecho a seguir: 28. Ocorre que, como visto e reiterado, os valores do IRPJ e da CSLL apurados por estimativa não se qualificam como crédito tributário, mas como mera antecipação do pagamento deste. 29. Assim, ainda que a DCOMP se preste à confissão de dívida, tal confissão não tem o poder de transformar a antecipação do tributo (estimativa) em crédito tributário. 30. Disto decorre que, mesmo declarada esta antecipação do tributo como débito (e até confessada), em não sendo homologada a compensação ela é tida por inexistente, tendo como efeitos o não pagamento e a não extinção desta parte do crédito tributário, a teor do art. 156, inciso II, do Código Tributário Nacional. 31. Conclusivamente, o débito relativo à antecipação do IRPJ e da CSLL apurada por estimativa não constitui crédito tributário e assim não se converteu pelo fato de ter sido objeto de DCOMP, não se sustentando como líquido e certo, inclusive porque é necessário o ajuste, ao final, para apuração do saldo do imposto. 32. De fato, conforme preceitos do art. 2o c.c. art. 6o da Lei no 9.430, de 1996, caso não recolhido ou pago a menor o valor da antecipação mensal dos tributos, é necessária a apuração destes ao final (31 de dezembro ou na data do encerramento das atividades ou dos demais eventos indicados na lei), com previsão de penalidade pecuniária, ainda que a pessoa jurídica venha a apurar prejuízo no balanço. 33. A propósito, não é desarrazoado prever a ocorrência de situação em que os valores antecipados sejam superiores ao valor do tributo devido, hipótese que reforça a conclusão de inexistência de certeza e liquidez das referidas antecipações. 14. A mesma conclusão foi adotada no Parecer PGFN/CAT n.º 193/2013, conforme excerto a seguir: “12. A existência da compensação não implica em sua possibilidade de cobrança, afinal, ao ser concluído o exercício, a estimativa é substituída pelo imposto apurado, consoante exposto no Parecer PGFN/CAT nº 1.658/2011 e assim como é definido pela própria Receita Federal do Brasil no Art. 16 da Instrução Normativa SRF Nº 093, de 24 de Dezembro de 1997: Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá: I a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10882.903630/201336 Acórdão n.º 1401001.916 S1C4T1 Fl. 149 9 II o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto.” 15. O IRPJ e a CSLL substituem as estimativas, contudo, é possível que os valores relativos à estimativa tenham sido compensados e computados como pagamento no momento do ajuste anual, contudo, essa compensação pode não ser homologada, ocorrendo a decisão após a apuração do lucro real. Assim, tratarse iam de valores referentes a tributo consolidados com o ajuste anual, não mais de mera estimativa do imposto de renda e da contribuição sobre o lucro. 16. Esse entendimento já é aplicado pela Receita Federal do Brasil, vejamos trecho da Nota Cosit nº 31/2013, a qual serve de lastro à consulta: “Portanto, ao apurar, em 31 de dezembro, o valor total do imposto devido em todo o anocalendário, o sujeito passivo há de pagar esse valor, não havendo porque a RFB manter a cobrança de um débito (estimativa) que foi incorporado por outro (imposto a pagar). Isso é pacífico. A RFB não cobra estimativa não paga no anocalendário: aplica multa de ofício e cobra o imposto devido na forma de saldo a pagar.” 17. A leitura do trecho acima deixa claro que a RFB tem consciência da inviabilidade de cobrança das estimativas, pelo menos até a ocorrência do fato jurídico que enseja a incidência do IRPJ e CSLL na modalidade anual. 18. Ocorre que, após o ajuste, a estimativa é substituída pelo tributo, portanto, a estimativa extinta por meio de compensação foi incorporada ao ajuste, como explicado pela própria Receita Federal do Brasil na Nota Cosit n.º 31/2013: “21. Ocorre que não se está tratando de estimativa não paga no ano calendário, mas de estimativa extinta por meio da compensação, cujo efeito legal é o mesmo do pagamento, conforme se depreende da leitura do art. 156, Incisos I e II, do CTN e do art. 6º da Lei nº 8.212, de 29 de agosto de 1991. 21.1. Por sua vez, a Lei n.º 9.430, de 1996, não previa – e não foi atualizada nesse ponto – a hipótese de que o valor devido fosse antecipado por forma diversa do pagamento, in casu, a compensação, cujas regras próprias possibilitam a contestação dessa antecipação por meio da nãohomologação, que ocorre, via de regra, apenas depois de 31 de dezembro, ou seja, depois de a Declaração de Informações EconômicoFiscais (DIPJ) ser entregue e o imposto pago ou o saldo negativo apurado. 21.2. Ora, enquanto não homologada a compensação, extinto está o débito declarado a título de estimativa e, portanto, corretamente deduzido do total do imposto devido no ano e demonstrado no DIPJ. Essa extinção, entretanto, não é definitiva, mas se submete a condição resolutória de a RFB homologála ou não no prazo de cinco anos. 21.3 Assim, ao compor o imposto de renda apurado e devido ao final do ano calendário, e ser declarado extinto por meio de estimativa, temse que esse valor informado na DIPJ como compensado já não é mais estimativa, mas imposto sobre a renda, crédito tributário definitivamente constituído por apuração e confissão do sujeito passivo. Tal caráter de confissão tanto se encontra assentado na informação do valor estimado e compensado prestada na DCTF, como na DComp. 19. O entendimento que podemos extrair do excerto acima é de que tratamos de tributo em si, não mais de estimativas, cuja existência se encerra com o ajuste Fl. 153DF CARF MF 10 anual, consoante exposto nos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, razão pela qual podemos ter uma conclusão diferente daqueles constantes nos pareceres mencionados, contudo, sem modificarlhes em nenhum ponto, apenas por considerar que no caso estamos tratando de tributo propriamente dito. 20. A conclusão que podemos formular, a partir do questionamento da Receita Federal do Brasil, é pela legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo à substituição da estimativa pelo imposto de renda. 21. Devemos ressaltar, porém, que deverão ser realizados ajustes para que fique claro que os valores cobrados, quando da não homologação de compensação de estimativa, são, na verdade, IRPJ ou CSLL e não estimativa dos tributos, pois a confusão pode influenciar as chances de êxito da cobrança, pois a nomenclatura inadequada pode levar órgãos administrativos e judiciais a entenderem que a cobrança seria ilegal. III CONCLUSÃO 22. Em síntese, os questionamentos levantados na consulta oriunda da Secretaria da Receita Federal do Brasil devem ser respondidos nos seguintes termos: a) Entendese pela possibilidade de cobrança dos valores decorrentes de compensação não homologada, cuja origem foi para extinção de débitos relativos a estimativa, desde que já tenha se realizado o fato que enseja a incidência do imposto de renda e a estimativa extinta na compensação tenha sido computada no ajuste; (negritei) b) Propõese que sejam ajustados os sistemas e procedimentos para que fique claro que a cobrança não se trata de estimativa, mas de tributo, cujo fato gerador ocorreu ao tempo adequado e em relação ao qual foram contabilizados valores da compensação não homologada, a fim de garantir maior segurança no processo de cobrança. (término da transcrição do Parecer PGFN/CAT/nº 88/2014) Em acórdão publicado recentemente, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, a partir do voto proferido pelo Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, acompanhou a conclusão constante no Parecer PGFN/CAT/nº 88/2014, conforme Acórdão nº 9101002.493, da sessão de 23/11/2016, cuja ementa reproduzo abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração deCompensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10882.903630/201336 Acórdão n.º 1401001.916 S1C4T1 Fl. 150 11 No mesmo sentido, caminhou decisão exarada no Acórdão 1201001.054, de 30 de julho de 2014, da 1ª TO, da 2ª Câmara, da 1ª Seção do CARF: (início da transcrição de trecho do voto no Acórdão 1201001.054) Ora, temos aqui uma situação gravosa sendo imposta a ora Recorrente. Isso porque, temos, de um lado, processos administrativos relacionados a não homologação/homologação parcial das compensações efetuadas para fins de liquidação dos débitos de estimativa que passaram e compor o saldo negativo do ano de 2004 e, de outro, o presente processo, por meio do qual a Fiscalização e a DRJ entendem que a estimativas em discussão não devem compor o saldo negativo utilizado pelo Recorrente, reduzindo o crédito utilizado, fazendo remanescer um débito em aberto. Assim, caso entendêssemos no presente processo que tais estimativas, extintas por compensações (em discussão administrativa) devem ser desconsideradas para fins de composição do saldo negativo do respectivo período e, nos demais processos, a Recorrente venha a ter uma decisão desfavorável, teríamos uma cobrança em duplicidade dos respectivos valores. Isso porque, a Recorrente seria chamada a pagar as estimativas indevidamente compensadas, com os devidos acréscimos legais ao mesmo tempo em que seria obrigada também, a pagar os débito liquidados através do aproveitamento do saldo negativo do período. A não homologação das compensações vinculadas às estimativas de IRPJ e CSLL tem determinado, em efeito cascata, o não reconhecimento dos saldos negativos apurados ao final do exercício, o que vem causando um verdadeiro imbróglio processual. (término da transcrição de trecho do voto no Acórdão 1201001.054) O que posso extrair da conclusão da Procuradoria, da Receita Federal e da CSRF é que não seria justo, sob o ponto de vista da celeridade processual, indeferir crédito tributário ou suspender julgamento de processos que têm como única pendência o pagamento de estimativas com compensações de saldos negativos de períodos anteriores, que, como visto, podem ser cobradas pela PGFN, caso não forem homologadas em definitivo. Portanto, concluise que o valor de estimativas quitado por compensação não pode obstar o direito creditório ora pleiteado. Desta forma, devese homologar o crédito tributário ora alegado conforme as razões acima aduzidas. Os demais pontos argumentados pela recorrente tornamse insubsistentes em razão do deferimento de seu pleito. Conclusão Diante do exposto, voto por DAR provimento ao recurso voluntário da recorrente. Fl. 155DF CARF MF 12 (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 156DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18088.000214/2007-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
O art. 42 da Lei nº 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de rendimentos tributáveis com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, a qual não pode ser substituída por meras alegações.
Numero da decisão: 2301-005.057
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para negar-lhe provimento na parte devolvida pelo julgamento da CSRF.
(assinado digitalmente)
Andréa Brose Adolfo Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Fábio Piovesan Bozza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: FABIO PIOVESAN BOZZA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2001 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. O art. 42 da Lei nº 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de rendimentos tributáveis com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, a qual não pode ser substituída por meras alegações.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 18088.000214/2007-11
anomes_publicacao_s : 201707
conteudo_id_s : 5740013
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2301-005.057
nome_arquivo_s : Decisao_18088000214200711.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : FABIO PIOVESAN BOZZA
nome_arquivo_pdf_s : 18088000214200711_5740013.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para negar-lhe provimento na parte devolvida pelo julgamento da CSRF. (assinado digitalmente) Andréa Brose Adolfo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Fernanda Melo Leal.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
id : 6848078
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:03:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213206528000
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1419; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 281 1 280 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18088.000214/200711 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301005.057 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 07 de junho de 2017 Matéria IRPF Recorrente ARNALDO ADASZ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. O art. 42 da Lei nº 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de rendimentos tributáveis com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, a qual não pode ser substituída por meras alegações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para negarlhe provimento na parte devolvida pelo julgamento da CSRF. (assinado digitalmente) Andréa Brose Adolfo – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 08 8. 00 02 14 /2 00 7- 11 Fl. 281DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Fernanda Melo Leal. Relatório Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza Tratase de recurso voluntário interposto por Arnaldo Adasz contra o acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo (DRJ/São Paulo), que negou provimento à impugnação e manteve o lançamento de ofício. A fiscalização lavrou auto de infração contra o ora Recorrente com o intuito de exigir o recolhimento de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF e consectários legais sobre omissão de rendimentos oriundos de depósitos bancários de origem não comprovada em conta de depósito ou de investimento, mantida em instituição financeira no País, relativa ao ano calendário de 2001. Houve lançamento de multa de ofício qualificada de 150% sobre o valor do IRPF, em virtude de a fiscalização vislumbrar no caso a existência de sonegação, fraude ou conluio. A ciência do auto de infração ocorreu em 18/07/2007. O Recorrente apresentou impugnação, mas, em 14/05/2008, a DRJ/São Paulo julgoua improcedente, mantendo a exigência fiscal. A ementa do julgado está assim redigida: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2001 PRELIMINAR. DECADÊNCIA. Aplicase a regra geral do art. 173, inciso I, do CTN, iniciando se o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, quando os elementos constantes dos autos caminham no sentido da caracterização da ação dolosa. Preliminar rejeitada. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizam omissão de rendimentos, sujeitos ao lançamento de ofício, os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Lançamento Procedente Irresignado, o Recorrente apresentou recurso voluntário argumentando: (i) ser piloto de aviação civil; Fl. 282DF CARF MF Processo nº 18088.000214/200711 Acórdão n.º 2301005.057 S2C3T1 Fl. 282 3 (ii) no ano de 2001, vendeu uma aeronave de sete lugares, e adquiriu outra menor, de quatro lugares, mais apta à operação de lançamento de paraquedistas, operação para a qual o Recorrente seria habilitado; (iii) entretanto, enfrentou grave crise em negócio próprio, tendo esta sido provocada por dois sócios, que furtaram os documentos da empresa; por essa razão, ficou impedido de efetuar o atendimento das solicitações/notificações expedidas pela Receita Federal; (iv) entende que não agiu de máfé nos casos dos depósitos bancários de origem não comprovada, de forma que deveria ter sido aplicada o disposto no artigo 150, §4°, do CTN, em relação à regra decadencial, ao contrário do que entendeu a decisão recorrida, que aplicou o disposto no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal; (v) reforça que se encontra impedido de comprovar a origem dos depósitos em razão de não estar em posse dos documentos pertinentes, tendo em vista terem sido furtados; (vi) expõe suas razões em relação aos custos de seu trabalho, mais precisamente, em relação aos custos de operação de sua aeronave, alegando que estes eram excessivos por ter o referido aparelho mais de 60 anos de idade. (vii) ademais, aponta que uma só operação da aeronave, gerou sozinha, a receita bruta de R$ 114.840,00, mais a movimentação financeira da troca da aeronave no valor de R$ 35.000,00, somandose um valor de R$ 149.840,00. (viii) repisa que não constou dos autos qualquer comprovação de prática de dolo, fraude ou simulação de sua parte, sendo que por tal motivo, a regra decadencial a ser aplicada seria aquela prevista no artigo 150, §4° do CTN. Em 20/10/2010, a 2ª Turma da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF julgou o recurso voluntário procedente e cancelou a exigência fiscal. A turma desqualificou a multa de 150% e reconheceu a extinção do crédito tributário pelo transcurso do lapso decadencial, nos termos do art. 150, §4º do CTN. A ementa do acórdão nº 210200.942 encontrase assim redigida: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2001 MULTA QUALIFICADA. Para a qualificação da multa de ofício deve restar comprovado nos autos a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme definido na lei. A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF n° 14. Fl. 283DF CARF MF 4 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O imposto sobre a renda pessoa física é tributo sob a modalidade de lançamento por homologação sendo que o prazo decadencial encerrase depois de transcorridos cinco anos do encerramento do anocalendário, salvo nas hipóteses de dolo, fraude e simulação, o que não ocorre no presente caso. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Súmula CARF n° 38, com efeito vinculante. Recurso voluntário provido. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial contestando o reconhecimento da decadência nos termos do art. 150, §4º do CTN, uma vez que no caso não teria havia antecipação do pagamento do tributo. Aplicável à espécie seria a contagem pela regra do art. 173, inc. I do CTN, que acabaria por afastar a declaração de extinção do crédito tributário, uma vez que o lapso quinquenal não teria ainda ocorrido no momento da ciência do auto de infração. Em 30/01/2013, a Câmara Superior de Recursos Fiscais acolheu o recurso especial da Fazenda Nacional, afastando a declaração de extinção e determinando o retorno ao CARF para julgamento das demais matérias do recurso voluntário. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). No caso dos autos, verificase que não houve antecipação de pagamento. Destarte, há de se aplicar a regra decadencial expressa no I, Art. 173 do CTN, ou seja, o direito da Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Contra o acórdão da CSRF, o Recorrente opôs embargos de declaração e agravo, os quais tiveram seus seguimentos negados. É o relatório. Voto Fl. 284DF CARF MF Processo nº 18088.000214/200711 Acórdão n.º 2301005.057 S2C3T1 Fl. 283 5 Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza Presunção Legal de Omissão de Rendimentos Oriunda de Depósitos Bancários sem Origem Comprovada Questão importante referese à validade da presunção constante do art. 42 da Lei nº 9.430/96 quanto à existência de omissão de rendimentos tributáveis pelo imposto de renda, em virtude de o Fisco ter identificado depósitos bancários em favor do contribuinte, sem origem comprovada. A redação do dispositivo, durante o período fiscalizado, era a seguinte: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 1997) § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Este CARF já foi instado a se manifestar inúmeras vezes sobre essa presunção legal contida nesse dispositivo. Muitas dessas manifestações tornaramse súmulas, cujo teor daquelas importantes para o deslinde do presente caso transcrevemos agora: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Fl. 285DF CARF MF 6 Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Súmula CARF nº 61: Os depósitos bancários iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 (doze mil reais), cujo somatório não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) no anocalendário, não podem ser considerados na presunção da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no caso de pessoa física. Pois bem. A fiscalização observou todos esses enunciados, não havendo qualquer mácula que pudesse afetar a validade do lançamento de ofício. Quanto ao mérito propriamente dito, a Recorrente não inova nas explicações nem confronta as razões do acórdão recorrido que manteve a exigência fiscal. E mais importante, não junta comprovação documental hábil e idônea capaz de afastar a presunção legal de omissão de rendimentos. Por esse motivo, a exigência fiscal deve ser mantida. Multa Qualificada de 150% Quanto à multa qualificada de 150%, deixo de me pronunciar sobre ela, uma vez que o acórdão nº 210200.942, de 20/10/2010, já havia desqualificado a referida penalidade para o patamar de 75%, não havendo alteração pelas decisões subsequentes. Comprova o alegado o fato de a CSRF analisar o recurso especial da Fazenda Nacional em função da falta de antecipação de pagamento do tributo. Se a multa qualificada de 150% ainda estivesse valendo, referida análise seria despicienda, mercê do disposto na parte final do art. 150, §4º do CTN: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Conclusão Em face do exposto, voto por conhecer e negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a exigência contida no auto de infração. Esta decisão deverá ser conjugada com o decidido no acórdão nº 210200.942, de 20/10/2010, na parte não modificada pela CSRF, atinente à redução da multa de ofício de 150% para 75%. É como voto. Fl. 286DF CARF MF Processo nº 18088.000214/200711 Acórdão n.º 2301005.057 S2C3T1 Fl. 284 7 (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator Fl. 287DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12585.000021/2011-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.961
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 12585.000021/2011-41
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5722975
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-003.961
nome_arquivo_s : Decisao_12585000021201141.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RICARDO PAULO ROSA
nome_arquivo_pdf_s : 12585000021201141_5722975.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6757194
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213209673728
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1743; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12585.000021/201141 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.961 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de março de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente GRAND MOTORS COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 00 21 /2 01 1- 41 Fl. 121DF CARF MF Processo nº 12585.000021/201141 Acórdão n.º 3302003.961 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.458. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 122DF CARF MF Processo nº 12585.000021/201141 Acórdão n.º 3302003.961 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 12585.000021/201141 Acórdão n.º 3302003.961 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 124DF CARF MF Processo nº 12585.000021/201141 Acórdão n.º 3302003.961 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 125DF CARF MF Processo nº 12585.000021/201141 Acórdão n.º 3302003.961 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 126DF CARF MF
score : 1.0
